revista 80 - Conselho Regional de Fonoaudiologia
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REVISTA DA Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região Nº 80 | JAN • FEV • MAR / 2009 GESTÃO DE NEGÓCIO Aprendizado cada vez mais necessário I SEMANA DA FISSURA LABIOPALATINA Orientação para um atendimento precoce DIA DO FONOAUDIÓLOGO Veja como foram as comemorações E ditorial Conscientização e ações políticas em 2009 O a no s e in icia com prefeitos e vereadores a s sum indo s eu s ma ndatos. O que nós, fonoaudiólogos, temos a ver com is s o? Muit a s cois a s. Veja mos. Há fonoaudiólogos nos s erv iços públicos de s aúde e da e ducação, t ra No ent a nto, s a b emos que o núm ero de prof is siona is na re de a inda é insuf iciente para de fato cons t r uir o sis tema público do nos s o Pa ís. Com a renovação dos nos s os repres ent a ntes na s Câmara s e na s P refeit ura s, temos a op or t un idade de cobrar dos parla m ent ares eleitos p olít ica s pública s de s aúde e e ducação que rea lm ente s eja m capa zes e ef ica zes na t ra nsfor mação da rea lidade da nos s a cidade, Es t ado e Pa ís. A Fonoaudiologia deve integrar a s agenda s dos prefeitos e dos vereadores. Como par te da s prop os t a s de s aúde e e ducação. Para is s o, os fonoaudiólogos têm de s e fa zer pres entes como repres ent a ntes da categoria, cobra ndo, ex igindo e prop ondo. A categoria p ode cont ar com o ap oio e a parceria do Cons elho. Aqueles que s e excluírem des s e proces s o es t arão cont ribuindo efet iva m ente para que não haja muda nça s ne ces s ária s e imp or t a ntes para a nos s a s ocie dade. Pens em n is s o. Nes t a prim eira e dição do a no, t rat a mos a resp eito do tema da f is sura la biopa lat a l no que t a nge ao pap el que temos a s sum ido qua nto à prevenção, t rat a m ento enca m in ha m ento e orient ações. Em ou t ra rep or t agem, apres ent a mos a celebração do Dia do Fonoaudiólogo, com emorado em 9 de dezem bro. Apres ent a mos a s hom enagens e reflexões ap ont ada s nos dis curs os da s p es s oa s pres entes. Na rep or t agem de capa, dis cu t imos a resp eito de como o fonoaudiólogo p ode gerenciar sua s comp etência s e o próprio negócio. Em temp os de cris e globa l e conôm ica, temos de nos preparar cada vez ma is, prima ndo p ela excelência técn ica e p ela ét ica nos s erv iços que ofere cemos. Temos cer tez a de que 20 09 s erá um excelente a no para todos. Boa leitura a todos! Paulo Eduardo Damasceno Melo Presidente do 8º Colegiado do CRFa. 2ª Região/SP Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 3 Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região 8º Colegiado 5 PRESIDENTE Paulo Eduardo Damasceno Melo VICE-PRESIDENTE Isabel Gonçalves DIRETORA-SECRETÁRIA Maria Cristina Pedro Biz Abra Gagueira e UVA realizam I Encontro Brasileiro de Pessoas que Gaguejam Evento teve como objetivo integrar e discutir temas relevantes a esse público O fonoaudiólogo como gestor de seu negócio 6 DIRETORA-TESOUREIRA Cristina Lemos Barbosa Furia Consultores orientam profissionais que pretendem estar à frente de um empreendimento próprio CONSELHEIROS Alexsandra Aparecida Moreira • Andrea Soares da Silva • Andrea Wander Bonamigo • Camila Carvalho Fussi • Carolina Fanaro da Costa Damato • Claudia Silva Pagotto Cassavia • Cristina Lemos Barbosa Furia • Daniela Soares de Queiroz • Gisele Gotardi de Oliveira • Isabel Gonçalves • Lica Arakawa Sugueno • Lilian Cristina Cotrim • Maria Cristina Pedro Biz • Monica Bevilacqua • Nadia Vilela • Paulo Eduardo Damasceno Melo • Renata Cristina Dias da Silva • Renata Strobilius • Rodrigo Chinelato Frederice • Yalís Maria Folmer-Johnson Pontes DELEGACIA DA BAIXADA SANTISTA Rua Joaquim Távora, 93 – cj. 15 – Vila Matias CEP 11075-300 – Santos/SP Fone: (13) 3221-4647 – Fax: (13) 3224-4908 [email protected] DELEGACIA DE MARÍLIA Rua Paes Leme, 47 – 5º andar – sala 51 – Centro CEP 17500-150 – Marília/SP Fone/Fax: (14) 3413-6417 [email protected] DELEGACIA DE RIBEIRÃO PRETO Rua Bernardino de Campos, 1001 – 13º andar – cj. 1303 CEP 14015-130 – Ribeirão Preto/SP Fone: (16) 3632-2555 – Fax: (16) 3941-4220 [email protected] DEPARTAMENTOS CONTABILIDADE [email protected] DIVULGAÇÃO [email protected] DEPTO. PESSOAL [email protected] JURÍDICO [email protected] ORIENTAÇÃO E FISC. [email protected] RECEPÇÃO [email protected] REGISTROS/TESOURARIA [email protected] SECRETARIA [email protected] SUPERVISÃO [email protected] COMISSÕES Audiologia • Divulgação • Educação • Ética • Legislação e Normas • Licitação • Orientação e Fiscalização • Saúde • Tomada de Contas COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO Carolina Fanaro da Costa Damato – Presidente Andrea Soares da Silva Lilian Cristina Cotrim Nadia Vilela E m D ia Í ndice 8 Entidades unidas no Dia Internacional de Erradicação da Violência contra a Mulher com e sem Deficiência Conselho Regional de Fonoaudiologia apoiou sessão solene realizada na Assembléia Legislativa de São Paulo 9 Fonoaudiologia celebra seu dia com homenagens na Assembléia Legislativa Evento é prestigiado pela categoria, que reafirma sua importância na sociedade 12 Fonoaudiólogo do ano Conheça as três profissionais indicadas para concorrer como destaque em 2008 (exceto capa) Alexandre Barros – Célula1 Comunicação REDAÇÃO Conexão Nacional (11) 3151-5516 e 3151-5752 wwww.conexaonacional.com.br [email protected] Reportagem e edição: Ana Maria Ferraz Tavares • Luísa de Oliveira • Maria Ligia Pagenottox IMPRESSÃO Prol Editora Gráfica Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região/SP Rua Dona Germaine Burchard, 331 – Água Branca CEP 05002-061 – São Paulo/SP Fone/Fax: (11) 3873-3788 – www.fonosp.org.br 14 Pelo brilho no olhar no portador de fissura labiopalatal Entre os dias 17 e 21 de novembro, São Paulo se organizou para discutir medidas que garantam o atendimento precoce e integral de pessoas com o problema 14 19 Fonoaudiólogos virtuais Quem são os fonoaudiólogos virtuais? 21 Fonoaudiologia marca presença na 25ª Expomusic Estande divulgou a importância de músicos e técnicos de som cuidarem da saúde auditiva 23 O que fazemos por vocês Acompanhe os trabalhos das Comissões do Conselho Envio de artigos, sugestões ou reclamações: [email protected] As opiniões emitidas em textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. a reprodução de textos desta edição é permitida, exclusivamente para uso editorial, desde que claramente identificada a fonte. Textos assinados e fotos com crédito identificado somente podem ser reproduzidos com autorização por escrito, de seus autores. Evento teve como objetivo integrar e discutir temas relevantes a esse público C erca de 200 pessoas participaram do I Encontro Brasileiro de Pessoas que Gaguejam, realizado pela Associação Brasileira de Gagueira (Abra Gagueira) e a Universidade Veiga de Almeida (UVA), no Rio de Janeiro, em 18 de outubro. O evento foi uma das ações do Dia Internacional de Atenção à Gagueira e teve como principal objetivo integrar e discutir os assuntos mais relevantes para as pessoas que gaguejam. A fonoaudióloga Mônica Britto Pereira falou sobre avaliação e as colegas Silvia Friedman e Fabíola Juste abordaram a terapia da gagueira. O período da tarde foi reservado às atividades envolvendo as pessoas com gagueira. Um manifesto foi lido e discutido pelos presentes (leia a íntegra no quadro abaixo). Após o ato, todos participaram de uma mesa redonda sobre a importância e a evolução dos grupos de apoio para as pessoas com gagueira, que promovem encontros comandados por fonoaudiólogos, psiólogos ou pessoas que gaguejam com a intenção de realizar um trabalho em conjunto através da troca de experiências. “Esperamos que este seja apenas o início de um grande movimento de integração, discussão e conscientização dos direitos das pessoas que gaguejam”, comentou a fonoaudióloga Daniela Verônica Zackiewicz, fundadora e presidente da Abra Gagueira. Ela apresentou as ações da associação. O destaque foi o livro “Autoterapia para as Pessoas que Gaguejam”, escrito por Malcolm Fraser e traduzido para o português numa parceria com o Laboratório de Fluência, Motricidade e Funções Orofaciais do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e que será lançado em breve. O documentário “Gagueira não tem graça. Tem tratamento”, produzido pelos jornalistas Leonardo Lisboa, Maurício Júnior, e Patrícia Barros, da Universidade Católica de Pernambuco, foi lançado no encontro. • Para saber mais Mais informações pelo e-mail: [email protected] Manifesto - Gagueira não tem graça JORNALISTA RESPONSÁVEL Sérgio de Castro Rodrigues (MTb 23.903) PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA ABRA GAGUEIRA e UVA realizam I Encontro Brasileiro de Pessoas que Gaguejam 24 Notas 26 Cartas O título desse nosso texto talvez lhe cause algum estranhamento. Afirmar que gagueira não tem graça, que não é engraçado ver alguém gaguejando, talvez não faça sentido para muitos dentro da nossa sociedade. A gagueira e, conseqüentemente, as pessoas que gaguejam, ao longo de séculos, sempre foram motivos de gozação, intolerância, agressividade e discriminação. Existem relatos de que, já na Grécia Antiga, os gagos eram colocados em jaulas e obrigados a falar para alegria da platéia. De acordo com o que sentimos, é possível observar que, atualmente, pouca coisa mudou. É verdade que não existem mais as jaulas, mas a gagueira ainda continua presa à veia cômica, à discriminação. Porém, há um outro lado que todos merecem tomar conhecimento. Em nosso dia-a-dia, é comum sofrermos preconceitos e sermos alvos de chacotas por causa da gagueira. No período escolar, muitas vezes nossa dificuldade não é considerada e somos obrigados a apresentar trabalhos oralmente, para obtenção de nota. Quando vamos à procura de emprego, esta inserção muitas vezes também é difícil, pois somos preteridos supostamente (já que isso não é reconhecido abertamente) por conta da gagueira; ou deixamos de procurar para evitar a exposição, para evitar que o outro descubra o que mais desejo esconder, pois tememos a reação do ouvinte. A rejeição que sentimos na escola, no ambiente de trabalho e até mesmo dentro de nossas famílias, muitas vezes é reforçada pelos meios de comunicação. Em novelas e programas televisivos, por exemplo, a personagem que gagueja é sempre do núcleo da comédia, nunca do gênero dramático. Veiculações deste tipo reforçam, cada vez mais, as gozações diárias que sofremos por conta do modo como falamos. Com isso, as situações comunicativas tornam-se cada vez mais difíceis e temidas; tornam-se a nossa maior dificuldade, o nosso maior problema, que nos gera sofrimento. É compreensível que você que não gagueja estranhe o nosso falar diferente, afinal de contas, para a maioria das pessoas, falar é absolutamente espontâneo, fácil. Talvez, por conta desta facilidade, muitos pensam que para deixar de gaguejar basta querer, mas não é bem assim. A vivência, por longos anos, considerando a fala algo desafiador, gera movimentação específica tanto em nossa consciência, quanto em nosso cérebro. A mudança necessita de tratamento especializado. O tratamento fonoaudiológico quanto mais cedo for iniciado, maiores serão as possibilidades de êxito. Se você possui um filho, um aluno que está gaguejando, a primeira coisa a ser feita é aceitar esta diferença. Está claro que a criança está com uma dificuldade. Quem tem dificuldade não precisa de castigo, mas de compreensão e ajuda. A segunda coisa é o encaminhamento precoce a um fonoaudiólogo especializado em gagueira.Da mesma forma que a criança necessita da sua compreensão, o adulto que gagueja também. Não existem regras para se conversar com alguém que tem gagueira. O respeito e atenção são requisitos básicos para qualquer processo interativo. No desejo de maior reconhecimento da sociedade nos reunimos no Rio de Janeiro, no dia 18 de outubro de 2008 e organizamos o “I Encontro Brasileiro de Pessoas que Gaguejam”. Esta cidade berço de Machado de Assis, um dos maiores gênios do Brasil, que era gago, foi escolhida para sediar o nosso evento que segue uma tendência mundial: a reunião das pessoas que gaguejam para discutir suas peculiaridades, dificuldades e desafios. Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 5 R eportagem de C apa Divulgação O fonoaudiólogo como gestor de seu negócio Consultores orientam profissionais que pretendem estar à frente de um empreendimento próprio “O primeiro passo é definir a estratégia de atuação”, diz o consultor Marcos Alberto de Oliveira V ocê é um fonoaudiólogo empregado, mas sentiu que é o momento de ter o seu próprio espaço, seu consultório, ou tocar ambas as atividades paralelamente. Ou optou por deixar o emprego e começar a gerenciar sua clínica. Ou, ainda, sua primeira atividade profissional será como empresário, à frente de seu próprio negócio. Em todas essas situações, ou em outras similares, para que o empreendimento vá adiante com sucesso, é preciso mais do que competência técnica. Parece óbvio, mas, muitas vezes, na empolgação por começar o trabalho, o fonoaudiólogo acaba deixando de lado algumas regras básicas de administração de um negócio. “Ele, fonoaudiólogo, é o negócio. É preciso ter isso em mente desde o início do processo”, afirma o consultor de orientação empresarial do Sebrae-SP Sergio Diniz. Para abrir uma clínica – ou um negócio, como prefere Diniz –, o candidato a empreendedor tem que ter visão de mercado e das oportunidades. “Primeiramente, tem que descobrir um grupo de pessoas que estejam dispostas a comprar o produto que ele quer vender”, ensina o consultor. Isso significa “definir o negócio” e qual sua estratégia de atuação, segun6 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 do o professor Marcos Alberto de Oliveira, coordenador de pós-graduação em Administração de Empresas da Faap, de São Paulo (SP). Desta questão, de acordo com ele, irão depender todas as outras. “Quando eu defino o tipo de negócio que eu pretendo tocar, na seqüência estou definindo a localização, o valor a ser cobrado pelo atendimento, o nicho de público a ser atendido, o posicionamento do negócio, as ameaças que ele possa sofrer e as oportunidades que são oferecidas”, observa o professor. Ele exemplifica: “No bairro onde você está ou pretende estar, há outras clínicas? Veja como é fundamental planejar bem tudo isso”, sublinha. Ele ressalta que hoje em dia é importante saber de antemão se o profissional quer atender uma clientela de alto, médio ou baixo poder aquisitivo ou se deseja mesclar isso. “Por aí, você já define a localização do seu empreendimento, por exemplo.” E outra dica: quais os preços praticados no mercado? Que estudo preliminar foi feito disso? Também é por esta via que se determina a forma de pagamento que será oferecida: particular? Por convênio? Ambas as opções? Alguma outra? Segundo o professor Oliveira e o consultor Diniz, os fonoaudiólogos não devem perder de vista o atual momento em que a profissão se encontra quando forem montar o seu negócio. “É preciso ter um panorama da realidade: quantos profissionais se formam por ano? O ambiente está competitivo? Que ramo está sendo mais procurado? Eu tenho competência técnica para atender essa área? Posso fazer parcerias? Até que ponto elas serão benéficas ou não para o meu negócio?”, pontua Oliveira. A clareza sobre que tipo de empreendimento se quer levar adiante é o primeiro passo de um negócio bem-sucedido, segundo ambos os especialistas. “Além do conhecimento técnico diferenciado e de qualidade, o fonoaudiólogo tem de se municiar de informações sobre gestão administrativa”, recomenda Diniz. Afinal, ressalta ele, ter seu próprio negócio significa mais do que escolher um bom ponto de atendimento. “O fonoaudiólogo se verá diante de uma série de questões para as quais não foi preparado na universidade, como pendências fiscais e dúvidas trabalhistas e contábeis. Ele também deverá estar apto – ou ter alguém do seu lado que esteja – a realizar controles financeiros e balanços”, observa. E haverá a hora certa de o empreendedor saber fazer novos investimentos de capital ou, ao contrário, cortar custos num momento de aperto. Como ge- renciar isso? Sem falar nas relações interpessoais, pensando em funcionários, parceiros e colaboradores, e na manutenção do espaço físico. Estudo da viabilidade Sobre a dificuldade em determinar os preços a serem cobrados no consultório, uma dúvida persistente entre os fonoaudiólogos que se propõem a gerir um empreendimento próprio, o consultor Sergio Diniz lembra que é fundamental fazer um amplo estudo geral da viabilidade antes de se instalar e de definir esses valores. “Por exemplo: se eu estou em Campinas, pensando em abrir o consultório num bairro X, preciso analisar que tipo de demanda há neste local para o meu negócio”, afirma o especialista. Porque, segundo ele, um erro muito comum é se esquecer de que uma empresa precisa ser viável mensalmente – ou seja, vender todo mês uma quantidade X de serviços, no caso dos fonoaudiólogos, que gerem X de lucro, senão ela não será viável economicamente. “É preciso pensar que o volume de vendas tem que ser freqüente, tem de vender todo dia e não de vez em quando”, pontifica. E aí é necessário fazer um estudo de viabilidade da clientela, explica Diniz. “Quem potencialmente neste bairro pode ser meu cliente?” Campinas, por exemplo, diz o consultor, tem 1 milhão de habitantes, mas quantos efetivamente serão os clientes do consultório de Fonoaudiologia que está abrindo? “Mil pessoas?”, arrisca Diniz. Ele orienta, então, que é preciso levantar as características deste público potencial, segmentar nichos, os hábitos desta clientela, suas preferências, como fazem suas escolhas. “Isso vale para todo e qualquer negócio. E é preciso investir em qualidade: nas necessidades da clientela, na pontualidade, na hora marcada, na emergência”. Outra dica de Diniz: não se deve misturar contas pessoais com a re- tirada da empresa, o chamado prólabore. “O primeiro destino do lucro da empresa deve ser reinvestir na própria empresa. É isso que irá dar mais vida a ela, torná-la mais competitiva”, assinala. O preço final do produto – ou do serviço –, pontua o especialista, é a somatória dos gastos todos mais o lucro que o empreendedor pretende ter em seu negócio. “É importante ter isso em vista sempre. E na hora de contabilizar gastos, não se deve esquecer de nada, nem daquele caderninho da papelaria que você comprou para anotar recados”, ensina. Divulgação como vou pagar? Porque certamente vou precisar fazer contato com eles ou até mesmo com outros profissionais que vão estar agregados à clínica”, afirma o especialista do Sebrae. E isso tudo, ressalta, irá influenciar no preço final do serviço. Outro ponto importante que Diniz faz questão de destrinchar é sobre o relacionamento pessoal com os funcionários. Definir funções e quanto cada um vai ganhar antes de contratar é o básico, segundo ele. Hoje, diz o especialista, uma das queixas mais comuns entre funcionários é sobre a inabilidade dos gestores em lidar com pessoas. Portanto, é preciso investir em conhecimento que ajude a lidar com essa questão também, caso haja dificuldade em gerenciar a equipe. A clínica é a imagem do profissional Para que o consultório não se torne oneroso demais, é fundamental se cercar de um profissional – um contador, aconselham os especialistas –, que possa orientar sobre qual formato é mais interessante estruturar o negócio em relação a questões tributárias. “É importante investir sempre em qualidade”, afirma o consultor Sergio Diniz Aprenda a usar concorrência a favor Sem medo dos concorrentes. Quem vai trabalhar por conta própria não deve olhar para a concorrência com receio. Segundo Diniz e Oliveira, é preciso mais que tudo aprender com eles. “Aprender com os erros e com os acertos”, afirma Diniz. Por exemplo: ver o que o concorrente faz de bom e imitar. “E evitar o que você considera ruim ou mesmo mediano. É importante querer ser o melhor”, diz. Além do cliente e do concorrente, Diniz lembra que é preciso levar em conta também o fornecedor no negócio. “Não se pode esquecer desta presença. Quem são meus fornecedores? De quem vou comprar, Por fim, os dois consultores entrevistados – Marcos Alberto de Oliveira e Sergio Diniz – lembram que a clínica é a porta de entrada para o serviço que o profissional está vendendo. E nisso está embutida sua imagem também. Se ele é um profissional meticuloso, atencioso, tem de deixar transparecer isso nos cuidados com que recebe a clientela. Isso inclui limpeza e organização na sala de espera e no banheiro, por exemplo, e eficiência no atendimento para marcação de consultas e retorno de ligações. Para isso, é preciso se cercar de equipe eficiente. Também pesa, obviamente, a apresentação pessoal do próprio profissional e dos colaboradores. • Para saber mais Site do Sebrae: www.sebraesp.com.br. Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 7 I nclusão D ia Entidades unidas no Dia Internacional de Erradicação da Violência contra a Mulher com e sem Deficiência Conselho Regional de Fonoaudiologia apoiou sessão solene do F onoaudiólogo Fonoaudiologia celebra seu dia com homenagens na Assembléia Legislativa Evento é prestigiado pela categoria, que reafirma sua realizada na Assembléia Legislativa de São Paulo T 8 odo tipo de discriminação é uma violência.” O slogan é uma das bases do Projeto Viva a Diferença, entidade idealizadora da Sessão Solene realizada na Assembléia Legislativa de São Paulo na noite de 28 de novembro. Na pauta, o Dia Internacional de Erradicação da Violência contra a Mulher com e sem Deficiência, celebrado três dias antes. O objetivo do evento foi combater a invisibilidade das mulheres com deficiência e a violência, explícita ou velada, que esse segmento sofre na sociedade. Segundo Censo 2000 do IBGE, há por volta de 13 milhões de mulheres com deficiência no Brasil. no e feminino, não nascemos para concorrer entre nós, mas para cooperarmos mutuamente”. A Sessão Solene também teve o apoio de vários parceiros: Governo Federal, Secretaria Especial de Política para as Mulheres, Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Infraero, Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, SPTrans, Conselho Estadual da Condição Feminina, Elas por Elas – Vozes das Ações das Mulheres, e Coordenadoria dos Assuntos da População Negra. • Iniciativa do Projeto Viva a Diferença e realização da Frente Parlamentar pelo Direito da Pessoa com Deficiência, o evento contou com o apoio do Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região. “Apoiamos a cerimônia por conta do fato de as pessoas portadoras de distúrbios da comunicação serem mais suscetíveis a sofrer violência. Há várias pesquisas que comprovam isso”, explica Paulo Mello, presidente do CRFa 2ª Região. “Como essa Campanha é focada na mulher com deficiência e a madrinha do projeto é uma pessoa com deficiência auditiva, temos várias razões para dar nosso apoio”, continua ele, lembrando a modelo carioca Brenda Costa (leia quadro ao lado). Durante a Sessão Solene, foi lançado o compromisso para o mapeamento sobre a violência contra a mulher com deficiência. Criado pela direção do Projeto Viva e Diferença junto com a ONG Elas Por Elas – Vozes e Ações das Mulheres, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo e o Conselho Estadual da Condição Feminina, o mapeamento visa levantar dados sobre O trabalho do Projeto Viva a Diferença sobre a violência contra a mulher com deficiência tem um apoio especial: a modelo Brenda Costa, embaixatriz da causa. Deficiente auditiva, Brenda é sinônimo de superação e esperança. Lutou contra o preconceito até tornar-se modelo requisitada internacionalmente. Hoje, figura na lista do site Models.com como uma das 25 modelos mais belas do mundo. todo tipo de violência que naturalmente ocorre contra o gênero feminino. “Abordaremos a violência de gênero, doméstica, familiar, física, institucional, moral, patrimonial, psicológica e sexual”, detalha Marcelo Liotti, diretor executivo do Projeto Viva a Diferença. O objetivo é apresentar os resultados dentro de um ano, no dia 30 de novembro de 2009, em outra Sessão Solene na Assembléia. O Projeto Viva a Diferença nasceu há quase dois anos. “A mulher com deficiência sofre mais violência. Ela é invisível para a sociedade. E não se discute violência, e muito menos políticas públicas, para pessoas invisíveis”, comenta Liotti. Segundo ele, faltam ações Divulgação que contemplem a mulher portadora de deficiência. E exemplifica com as campanhas de prevenção do câncer de mama. “Como uma mulher que não tem os membros superiores pode fazer o auto-exame?”, questiona ele. “E como uma surda pode ligar para o Disque Denúncia?”, continua. A top Brenda Costa Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 Definir essas questões e lutar para que resultem em políticas efetivas, é um dos objetivos do Projeto. “Nossa missão é combater a tripla invisibilidade institucional e social das mulheres com deficiência, propondo um amplo resgate dos direitos e valores de maior inerência desse segmento”, explica Liotti. Entenda-se por tripla invisibilidade, o fato de sofrer preconceitos por ser mulher e deficiente, além de fatores étnicos ou culturais. Liotti convida os homens a participar da luta. “É muito importante que o gênero feminino dê liberdade e espaço para que mais e mais homens possam se engajar e contribuir com seu olhar para essas pautas”, explica o diretor do Viva a Diferença. “Nós, dos gêneros masculi- importância na sociedade Osmar Bustus Top model é embaixatriz do projeto “Ela é um ícone de luta e de esperança para muitas meninas e mulheres com deficiência”, explica Marcelo Liotti. Em março, Brenda lançou sua autobiografia no Brasil, A Bela do Silêncio.“Fico muito grata por contar minha história para outras pessoas surdas, e também não surdas”, declarou à revista Sentidos no início do ano. Ela só não esteve na Assembléia no dia 28 porque acaba de tornar-se mãe. Em agosto nasceu Antônia, filha de sua união com Karin Al-Fayed.A carioca Brenda foi descoberta na praia do Arpoador, aos 16 anos. “No início tive de enfrentar barreiras e preconceitos, mas consegui superá-los”, contou à Sentidos.Brenda não aprendeu Libras, mas desde pequena teve acompanhamento fonoaudiológico. Foram anos trabalhando linguagem oral e leitura labial. E foi lendo os lábios dos produtores que ela lançou-se no mundo da Moda. Há pouco mais de um ano, Brenda fez implante coclear e não se esquece da primeira vez que ouviu o vento, em uma sessão de fotos numa montanha da África do Sul.Conta que ficou nervosa no início, desacostumada a tanto barulho. Agora, deslumbra-se com os sons e aprende a identificar as palavras. O presidente do CRFa 2ª Região/SP, Paulo Melo, discursa para os presentes. Na mesa, importantes personalidades da Saúde e da Fonoaudiologia U m profissional entusiasmado. Assim deve ser o fonoaudiólogo de hoje: capaz de, com seu empenho, “transformar as ideologias dos visionários em ações profissionais.” Dessa forma o presidente do 8º Colegiado do CRFa. 2ª Região/SP, Paulo Melo, abriu, na Assembléia Legislativa de São Paulo, as comemorações do Dia do Fonoaudiólogo, celebrado em 9 de dezembro. Muitos profissionais compareceram ao Auditório Franco Montoro para participar da noite de celebração e homenagens, que contou com a bela voz dos cantores da ONG Vez da Voz antes do início da cerimônia. Melo ressaltou a contribuição que a Fonoaudiologia oferece à sociedade, “prezando pela excelência téc- nica e ética em nossas ações” (leia o discurso completo no quadro da página 11). selho, participando das iniciativas que o órgão promove em prol da profissão. A deputada estadual Maria Lúcia Prandi prestigiou a cerimônia e enfatizou o caráter preventivo da profissão e sua importância no contexto político e social do país. “A Fonoaudiologia vai muito além do tratamento”, disse a parlamentar. A noite foi também de muitas homenagens e emoção. Maria Tereza Cera Sanches, mestre em Saúde Materno-Infantil e doutora em Saúde Pública/USP, foi a profissional vencedora como destaque do ano. Ela apresentou o maior número de votos no site do conselho entre as três indicadas para a premiação. Além dela, concorreram Márcia Helena Moreira Menezes e Sandra Regina Gomes. As três foram indicadas pelo Plenário do Conselho Regional de Fonoaudiologia - 2ª Região. Melo aproveitou a ocasião para fazer um balanço de sua gestão durante o ano de 2008 e lembrou que o papel do Conselho de Fonoaudiologia é de fiscalizar ações, mas não apenas isso. “Somos um órgão que orienta e garante a excelência dos serviços prestados à Fonoaudiologia”. O presidente disse esperar ainda que mais pessoas se aproximem do Con- A indicação levou em conta a realização de um trabalho inovador na área de políticas públicas ou voltado à abertu- Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 9 D ia do F onoaudiólogo ra de mercado para o fonoaudiólogo. A atividade desempenhada deveria ter repercutido beneficamente para a profissão no Estado de São Paulo. “Fiquei muito emocionada e feliz com a premiação”, disse Tereza. Ela não achava que seria a escolhida. A fonoaudióloga dedicou o prêmio à mãe, presente à platéia, e a todos que sempre acreditaram em seu trabalho. Tereza é formada pela PUC de Campinas e desde 1988 trabalha na saúde coletiva, com enfoque na importância do aleitamento materno. Atuante em hospital “Amigo da Criança” por 15 anos, é capacitadora em Aconselhamento e Manejo do Aleitamento Materno pela SES/SP e consultora do Método Canguru pelo Ministério da Saúde. “Dou cursos e consultorias, promovendo a saúde e a prevenção de problemas na área”, afirmou. Tereza contribuiu ainda para a inserção oficial da Fonoaudiologia no Método Canguru e sistematização da prática fonoaudiológica neonatal para promoção do Aleitamento Materno. Atua em cursos de capacitação na área em todo o Estado São PauOsmar Bustus Homenagem teve apresentação musical 10 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 Osmar Bustus Osmar Bustus A assessora da diretoria Marli Pulice Mascarenhas recebe flores de Paulo Melo lo. Dedica-se também à pesquisa no Núcleo de Práticas de Saúde do Instituto de Saúde, atuando na promoção da saúde da mulher/criança, humanização e aleitamento materno. “Fico muito feliz de ver meu trabalho valorizado e multiplicado. Quero ressaltar que sempre, desde antes de me formar, acreditei na profissão e trabalho com muito entusiasmo pelas causas da Fonoaudiologia”, disse a premiada. Ela recebeu uma placa indicando a premiação. “Quero deixar essa mensagem para quem está começando: trabalhem com garra e ânimo, não desanimem diante das dificuldades. Acho que se temos entusiasmo pelo que fazemos, conseguimos superar com muito mais facilidade os obstáculos”, assinalou Tereza. Sandra Gomes e Márcia Menezes ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente. Elas também vibraram com as indicações e agradeceram os votos que receberam no site. Especialista em voz, professora universitária com mestrado em Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP e doutoranda pela FMUSP, a fonoaudióloga Márcia Helena Moreira Menezes atua no município de Guarulhos e região. Seu trabalho contribuiu para a divulgação da Fonoaudiologia e o reconhecimento sócio-político do profissional, além de colaborar para a instituição do Dia da Voz na cidade. Já Sandra se destaca por sua atuação junto a idosos. Especializada em Gerontologia pelo Hospital do Servidor Público e com mestrado em Neurociências pela FMUSP, é atualmente mestranda em Gerontologia pela PUC-SP, com grande interesse pelas patologias de linguagem. Professora universitária, atua também como assessora técnica da prefeitura, com população em situação de rua, albergues e abrigos. As fonoaudiólogas Sandra, Maria Tereza e Márcia foram os destaques da noite Outra homenageada da noite foi a fonoaudióloga Marli Pulice Mascarenhas, assessora da diretoria do Conselho Regional de Fonoaudiologia. Ela recebeu flores das mãos do presidente Paulo Melo, que enfatizou o agradecimento de todos da entidade ao seu trabalho. “Marli é uma peça fundamental para o andamento do Conselho e sempre se comportou de forma extremamente ética diante das dificuldades. Estendo essa homenagem a Marli por parte de todos os funcionários”, afirmou Melo. Marli, muito emocionada com a surpresa, não conseguiu se pronunciar. A noite terminou com um coquetel de confraternização. Sobre o Dia do Fonoaudiólogo O dia 9 de dezembro foi escolhido para homenagear o fonoaudiólogo porque nesta data, em 1981, foi sancionada a Lei n° 6965. A legislação determina a competência do fonoaudiólogo e cria os Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia. Em 15 de setembro de 1984, foi aprovado o primeiro Código de Ética da profissão, revisado e atualizado em 1995. • A saúde do povo brasileiro em primeiro lugar Íntegra do discurso feito pelo presidente do CRFa.2ª Região/SP, Paulo Melo, em 9/12/08 “Autoridades presentes, senhoras e senhores, boa noite! Hoje celebramos 27 anos de reconhecimento da profissão de fonoaudiólogo em território nacional. Portanto, é motivo de confraternização, alegria e comemoração. Falar a respeito da profissão, da sua importância para a sociedade nesse momento é desnecessário. As publicações científicas e práticas de excelência que realizamos falam por si só. No entanto, gostaria de falar a respeito do entusiasmo necessário para o desenvolvimento de qualquer profissão. Qual de nós, fonoaudiólogos, não viveu a emoção ao ver os resultados do seu trabalho favorecendo pessoas e famílias e, conseqüentemente, contribuindo para o desenvolvimento do País? ções e satisfações pessoais. Não podemos abandonar o comportamento arrojado, ativo e proativo do fonoaudiólogo e a capacidade de transformar as ideologias dos visionários em ações profissionais. O terceiro milênio também é marcado pelo avanço das ciências e das tecnologias. Práticas estas rotineiras na Fonoaudiologia. Ser entusiasta é saber cruzar a intuição e a razão, determinando as diretrizes de nossas ações. A Fonoaudiologia certamente contribui com nossa sociedade, prezando pela excelência técnica e ética em nossas ações. Reconheçamos verdadeiramente nossas habilidades e aptidões, sem esquecermos dos objetivos como profissionais, dentre eles, a saúde da comunicação do povo brasileiro. Parabéns, fonoaudiólogo. Grandes profissionais são empreendedores de carreiras sólidas, perpassadas por realiza- Muito obrigado.” Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 11 D estaques Sandra Regina Gomes Fonoaudiólogo do ano Conheça as três profissionais indicadas para concorrer como destaque em 2008 R ealizar um trabalho inovador na área de políticas públicas ou voltado à abertura de mercado, que tenha repercutido beneficamente para a profissão no Estado de São Paulo. Estes foram os principais critérios que nortearam as indicações para a escolha do Fonoaudiólogo do Ano. Márcia Helena Moreira Menezes, Maria Tereza Cera Sanches e Sandra Regina Gomes foram os nomes indicados pelo Plenário do Conselho Regional de Fonoaudiologia - 2ª Região para a votação realizada no site da entidade. Conheça um pouco do trabalho feito por estas profissionais. Arquivo pessoal A fonoaudióloga Sandra Regina Gomes é formada pela PUC-SP, tem especialização em Gerontologia pelo Hospital do Servidor Público e mestrado em Neurociências pela FMUSP e atualmente é mestranda em Gerontologia pela PUC-SP, com grande interesse pelas patologias de linguagem, em especial a Afasia. Professora universitária há sete anos, atua como docente na Universidade Aberta da Terceira Idade. Foi uma das fundadoras do Grupo de Afásicos da Faculdade de Fonoaudiologia-Unilus e da Associação de Afásicos, Próximos e Familiares da Baixada Santista. Tem forte atuação como Assessora Técnica da Prefeitura de São Paulo, função que a torna responsável por políticas públicas para idosos e por projetos de capacitação de técnicos que atuam com esta população em situação de rua, albergues e abrigos. Desta forma, desenvolve oportunidades do exercício do protagonismo social dos idosos e divulga a profissão num mercado diferenciado. “É muito gratificante ter a oportunidade de participar do planejamento de diretrizes de assistência social e introduzir a Fonoaudiologia nesse universo”, comenta ela. “Fiquei muito honrada e feliz com essa indicação.” Márcia Helena Moreira Menezes Especialista em voz, professora universitária há mais de dez anos, mestre em Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP e doutoranda pela FMUSP, a fonoaudióloga Márcia Helena Moreira Menezes realiza trabalho sistemático em Guarulhos e na região. Sua atuação, em parceria com as mais diversas campanhas de saúde, contribuiu para a divulgação da Fonoaudiologia e o reconhecimento sócio-político do profissional. Divulgação Este trabalho também foi fundamental para que Guarulhos instituísse o “Dia da Voz” através de Lei Municipal. A campanha coordenada por ela, por sinal, já foi premiada pela SBFa três vezes como uma das melhores do Brasil (3º lugar em 2004, 1º lugar em 2007 e 2008). “Eu não esperava essa indicação.Foi uma surpresa. A gente acaba não dimensionando o tamanho de alguns trabalhos. Fico feliz com o reconhecimento”, comenta ela, que também é assessora de comunicação verbal do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e sócia-diretora da empresa Plenavox – Fonoaudiologia e Consultoria em Comunicação Verbal. “Nossa grande meta é chegar a todos os lugares onde haja uma campanha de saúde”, avisa. Maria Tereza Cera Sanches Osmar Bustus Mestre em Saúde MaternoInfantil e Doutora em Saúde Pública/USP, a fonoaudióloga Maria Tereza Cera Sanches dedica-se à saúde coletiva desde 1988, com enfoque para aleitamento materno, na clínica, no ensino e na pesquisa. Atuante em hospital “Amigo da Criança” por 15 anos, é capacitadora em Aconselhamento e Manejo do Aleitamento Materno pela SES/ SP e consultora do Método Canguru pelo Ministério da Saúde. 12 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 Contribuiu para a inserção oficial da Fonoaudiologia no Método Canguru e sistematização da prática fonoaudiológica neonatal para promoção do Aleitamento Materno. Atua em cursos de capacitação na área em todo o Estado São Paulo. Também teve participação ativa na associação e sindicato de fonoaudiólogos em Santos e foi membro fundador do Comitê de Saúde Coletiva da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Atualmente, é pesquisadora do Núcleo de Práticas de Saúde do Instituto de Saúde (SES-SP), atuando na promoção da saúde da mulher/criança, humanização e aleitamento materno. “Essa indicação foi muito interessante. Quando a gente trabalha, é legal ter essa valorização, esse reconhecimento”, agradece. Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 13 F issura labiopalatina Pelo brilho no olhar do portador de fissura labiopalatal Entre os dias 17 e 21 de novembro, São Paulo se organizou para discutir medidas que garantam o atendimento precoce e integral de pessoas com o problema F oram três dias de muitas discussões, explanações, trocas de experiências e conclusões importantes. Ao final da I Semana Municipal de Educação Conscientização e Orientação sobre a Fissura Labiopalatina, realizada na capital paulista, os participantes do evento saborearam o gosto da vitória, mas a certeza que fica é que ainda há muito a ser feito pelos portadores do problema. A luta da categoria é antiga, mas este ano se tornou oficial, com a instituição do projeto de lei que criou a semana no ano passado, pela Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa do então vereador Carlos Neder. “Queremos que os portadores de fissuras labiopalatinas tenham atendimento cada vez mais precoce, que os profissionais sejam bem capacitados e que haja uma divulgação melhor do evento a cada ano”, apontou, na abertura do encontro, a odontologista Lucy Dalva Lopes Mauro, da Universidade de São Paulo (USP), uma das maiores autoridades em fissuras labiopalatinas do país e responsável pelo serviço oferecido no Hospital da Cruz Vermelha Brasileira – Centro de Reabilitação de Deformidades Faciais. A dra. Lucy Dalva é também presidente da Associação Brasileira de Fissuras Palatinas. Seu objetivo é claro: “Queremos ampliar e estender a possibilidade de atendimento a pessoas portadoras de deficiências labiopalatinas”, explicou na segunda-feira, dia 17 14 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 de novembro, no Centro de Formação (Cefor) do Itaim Bibi, da Secretaria Municipal da Saúde. Segundo dados divulgados na abertura da I Semana de Municipal de Educação, Conscientização e Orientação sobre a Fissura Labiopalatina, a fissura é uma das malformações mais co- Divulgação muns que advém do nascimento. mole. A criação e sistematização de uma semana para abordar o encaminhamento dos portadores de fissura são de extrema importância, segundo a fonoaudióloga Zelita Ferreira Guedes, professora doutora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e tesoureira da Sociedade Brasileira de Fon o au d i ol o g ia, também presente ao Cefor. No Brasil, segundo ela, é De acordo urgente que se com ela, o que façam pesquisas mais se precomais atualizadas niza atualmente sobre o tema, é o atendimenmas os estudos to precoce dos mais recentes nascidos com – que datam deficiência. dos anos 1990 A profa. dra. Lucy Dalva, uma das maiores autoridades a “Hoje em dia, é – indicam que em fissura labiopalatal no Brasil há um caso para cada 650 crianças possível saber que uma mulher terá nascidas. Há mais homens portado- um filho com a fissura labiopalatina res do problema do que mulheres (na já no pré-natal”, afirmou. “Essa gesproporção de 2 para 1), sendo que a tante deve receber orientação desde prevalência recai sobre os asiáticos, essa etapa e no berçário a criança já com uma criança para cada 300 nas- deve receber todos os procedimencidos. Na raça negra, por exemplo, a tos necessários para a sua máxima incidência é de um para cada 2.700 recuperação e pronta integração sonascimentos. Em termos estatísti- cial”, orientou a especialista. cos, ocupa o segundo lugar nas deEla sublinhou que a precocidade formidades craniofaciais, podendo aparecer isoladamente ou fazendo no tratamento evita uma série de problemas importantes – e mais diparte de algumas síndromes. Nestes casos, em geral, é asso- fíceis de serem tratados conforme a ciada a malformações de membros e idade do paciente avança. “Na idade cardíacas. Na maioria das vezes atin- escolar, essa criança não tratada irá ge nariz, lábio, palato duro e palato ser vítima de chacota. Ela certamen- te terá ainda mais dificuldade para falar, para aprender a ler e a escrever e para se relacionar socialmente”, observou. A complexidade do tratamento do portador de fissura labiopalatal, que exige reabilitação estética e funcional, foi outro tema bastante abordado. “É um paciente que precisa de acompanhamento por um período muito longo de sua vida. E o atendimento necessariamente envolve uma equipe multidisciplinar: cirurgião plástico, odontólogo, fonoaudiólogo, psicólogo, assistente social, nutricionista, pediatra, otorrinolaringologista, especialistas em medicina fetal, biologia molecular e genética, neurologistas clínico e cirúrgico, enfermeiro, especialistas em próteses e cirurgião pediátrico”, sublinhou a especialista Lucy Dalva, lembrando que esse conceito de uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar é da Organização Mundial de Saúde (OMS) e já data de 1930. Para o paciente, é fundamental que esses profissionais trabalhem de forma integrada e bem afinada. “Por isso também a importância de uma semana, congregando especialistas de diversas áreas”, segundo a coordenadora do evento Maria Candelária Soares, da área técnica da saúde bucal da Secretaria Municipal de Saúde. Entre as causas apontadas como conhecidas para o aparecimento da fissura labiopalatal estão as malformações de origem genética e/ou ambiental, segundo a Associação Brasileira de Fissuras Palatinas (ver quadro acima). Necessidade de notificação No ano passado, durante a oficialização da I Semana na Câmara Municipal, o presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia – 2ª Região/SP, fonoaudiólogo Paulo Melo, pronunciou-se sobre a importância da abordagem fonoaudiológica da fissura labiopalatina. “A Fonoaudiologia é Causas da fissura do lábio e palato • São malformações do terço médio da face, decorrentes da falta de fusão dos processos maxilares e palatinos, de origem genética e/ou ambiental. • Na presença de uma predisposição genética, fatores ambientais podem precipitar o surgimento da anomalia. • Os fatores ambientais são nutricionais (carência de minerais e vitaminas), químicos (drogas, fumo e álcool utilizados pela gestante), endócrinos (alterações hormonais), atômicos (radiações) e infecciosos (contato com doenças infecciosas no primeiro trimestre de gestação). • Ocorrem em geral entre a 4ª e 12ª semana de gestação. Fonte: Associação Brasileira de Fissuras Palatinas (www.abfp.org.br). a profissão que trata dos distúrbios da comunicação humana em todos os seus aspectos”, afirmou na ocasião. “Indivíduos portadores de malformações craniofaciais sofrem com a existência desses distúrbios, apresentando dificuldades no seu desempenho comunicativo”, prosseguiu o especialista, que este ano foi representado no evento no Cefor pela conselheira Maria Cristina Pedro Biz. Durante sua apresentação na Câmara, Paulo Melo ressaltou a importância do profissional de Fonoaudiologia para o êxito e sucesso do tratamento dessas pessoas. E falou sobre a necessidade de notificação do nascimento de crianças portadoras de fissuras como um dos instrumentos para elaborar estimativas que podem ser diferentes das que temos atualmente. Esse foi outro ponto abordado neste ano. Segundo a odontóloga Lucy Dalva, os números podem estar subestimados e é importante também trabalhar nas medidas preventivas, evitando o nascimento de crianças fissuradas. Com indicadores epidemiológicos bem claros, segundo a especialista, é possível justificar a necessidade de centros especializados de forma descentralizada, o que não ocorre no Brasil atualmente. “A criação da semana torna compulsória a notificação dos recém-nascidos com fissura”, disse Lucy. Mapear e oferecer tratamento Além das especialistas Lucy Dalva, que falou especificamente sobre “Epidemiologia e fatores associados à prevenção e equipe multidisciplinar”, e Zelita Guedes, participaram do evento no Cefor, com um painel sobre os serviços oferecidos para o portador de fissura labiopalatina, a cirurgiã plástica dra. Vera Lúcia Cardim, do Hospital Beneficência Portuguesa; a odontologista Maria Cristina de Andrade Almeida, do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus; a dra. Dulce Maria F.S. Martins, cirurgiã plástica do Hospital Estadual Infantil Darcy Vargas, Hospital Santa Marcelina e Unifesp; e a dra. Lídia D’Agostino, fonoaudióloga do Instituto de Cirurgia Plástica Santa Cruz. Ainda na apresentação falaram o dr. Emil Adib Razuk, do Conselho Regional de Odontologia (CRO), e a dra. Tânia Turra, da Secretaria Estadual de Saúde. “Estamos mapeando em todo Estado nossos serviços para trazer equidade às famílias, pois o tratamento do portador de fissura é muito longo”, observou Tânia. “Nossa idéia é formular um projeto de referência integral, convidando todos os serviços do Estado, para que todos os pacientes possam ser beneficiados com o tratamento, pois este é um dos princípios do SUS”, afirmou. Em sua fala, a dra. Lucy Dalva lembrou que a abordagem do problema deve ser centrada na família e baseada na comunidade: “Nossa maior recompensa é ver o sorriso estampado no rosto de uma criança depois de tratada. Dá para notar nas fotografias como muda o brilho de seu olhar”. Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 15 F issura labiopalatina A importância da alimentação correta A cirurgiã plástica Vera Lúcia Cardim dirige o Face (Facial Anomalies Center), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), criada oficialmente em 2005. Segundo ela, o Face nasceu com o objetivo de prestar atendimento aos portadores de deformidades craniofaciais de origem congênita em situação de vulnerabilidade socioeconômica, além de prevenir o aparecimento de novos casos de deformidade. A entidade conta com o apoio do Hospital da Beneficência Portuguesa, na cidade de São Paulo. “Não basta ope- Divulgação rar esse paciente, ele precisa ser educado na parte muscular também”, ressaltou a especialista, que lembrou a discriminação social que sofrem os portadores de deformidades faciais. de Anomalias Craniofaciais da USP de Bauru, conhecido como Centrinho, hoje um serviço sobrecarregado. “Somos referência na cidade de São Paulo para tratar a fissura labiopalatina, mas muitos profissionais da saúde não sabem disso e os pacientes acabam indo para Bauru”, disse Cristina. “Temos vagas no momento no Menino Jesus”, garantiu. Cristina, como todos os profissionais que se apresentaram, falou sobre a necessidade da intervenção fonoaudiológica já no berçário. o peito ou é preciso entrar com a mamadeira, há um bico especialmente desenvolvido por fonoaudiólogos para suprir esse problema”, lembrou Lucy Dalva, que citou ainda as mamadeiras ortopédicas. A intervenção da Fonoaudiologia é necessária no sentido de orientar a alimentação, a mastigação, o desenvolvimento da fala, a aquisição da linguagem e a função auditiva. Vale lembrar ainda, segundo a especialista, os diversos problemas de dentição que essas crianças apresentam. “Elas precisam de acompanhamento constante, desde os primeiros dentes, até a adolescência e idade adulta”, ressaltou. Direitos dos pacientes em debate No período da tarde, “São pessoas que vivem o Cefor recebeu para um à margem da sociedade, debate o médico e profesnão têm coragem de se exsor doutor da Faculdade por, não vão para a escola e de Saúde Pública da USP não arrumam empregos. Na Paulo Antônio de Carvalho grande maioria, não apreFortes. Ele esteve ao lado sentam nenhum problema do promotor de justiça douneurológico, mas se não tor Julio César Botelho, do forem tratadas, com cerGrupo de Atuação Especial teza ficarão com seqüelas de Proteção à Pessoa Porpsicossociais importantes, A dra. Maria Cristina, do Hospital Menino Jesus, e a profa. dra. Zelita Guedes, fga.: tadora de Deficiência para que exigirão intervenção”, participação ativa nos debates e apresentação de políticas públicas debater “A importância e o observou. A médica chamou atenção “A orientação é dada à mãe para papel das organizações da sociedade ainda para outro dado: “Esses indiví- o recém-nascido e até os 3 anos”, civil ou das associações de usuários duos, quando recebem apoio e trata- afirmou a especialista. Segundo ela, no SUS”. O encontro foi mediado pela mento, se superam intelectualmente e nessa fase é muito importante orien- coordenadora técnica da Secretaria nos surpreendem”, disse. Ela contou tar a amamentação correta. “Assim Municipal da Pessoa com Deficiência que entre os assistidos por sua equipe que o bebê com fissura labiopalatina e Mobilidade Reduzida, fga. Mirna Tehá vários pacientes de origem humilde nasce, é comum no berçário os profis- desco. que se tornaram médicos, administra- sionais passarem uma sonda no nariz dores, engenheiros, todos bem posi- da criança, por acharem que ele não Um dos temas discutidos, entre cionados socialmente. tem capacidade de sucção”, lembrou outros, foi a questão do acesso graa odontóloga. Mas isso não procede, tuito dos portadores de fissura labio“Fico muito feliz de ver depois segundo ela. “Quando o bebê tem di- palatina nos transportes públicos da como eles estão integrados e imagi- ficuldade para sugar, colocamos uma capital – um direito que havia sido no o que poderia acontecer caso não placa para substituir temporariamen- concedido, mas foi negado, pois há tivessem recebido atenção”, afirmou a te o palato aberto”, explicou. “Isso entendimento de que a fissura não se especialista, emocionada. A cirurgiã- facilita a mamada, que deve ser feita caracteriza como uma deficiência. “Há dentista Maria Cristina Almeida falou sempre com a criança o mais em pé muita polêmica sobre isso, pois o pordo seu trabalhou no Hospital Munici- possível”. tador do problema tem de se deslocar pal Infantil Menino Jesus e ressaltou a Da mamada correta irá depender diversas vezes, especialmente quando necessidade de descentralizar o traba- a nutrição adequada do bebê e o ga- está em tratamento fonoaudiológico e lho feito no Hospital de Reabilitação nho de peso. “Se a criança não pega odontológico”, disse, da platéia, a fo16 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 noaudióloga Zelita Guedes. O promotor Botelho solicitou então que fosse expedido um documento solicitando uma revisão sobre a questão, para que ele pudesse pedir a isenção da tarifa para quem tem fissura labiopalatina. Fortes falou sobre a Cartilha dos Direitos do Paciente, uma lei que data de 1999, ressaltando o direito à informação e liberdade de locomoção. • Investimento em capacitação é diferencial do evento Os dias que se seguiram à abertura da semana foram de capacitação para profissionais da rede básica de saúde. Estiveram envolvidas as Coordenadorias Regionais de Saúde Leste, Sul, Centro-Oeste, Norte e Sudeste. Divulgação Este trabalho foi um diferencial importante da I Semana, pois envolveu, o legislativo – que criou a data –, associações de portadores de fissuras, a Secretaria Municipal de Saúde, a Unifesp, a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia e também Conselhos Profissionais. Como em outras regiões, eles participaram da aula sobre “O acolhimento do portador de fissura labiopalatina na atenção básica”. O primeiro a falar foi o chefe do setor de ortodontia da Unifesp, o odontologista Nelson Bardella Filho, que forneceu dados epidemiológicos sobre as fissuras labiopalatinas. “O que mais estigmatiza o paciente é a dificuldade dele se comunicar”, frisou, ressaltando mais uma vez a importância do tratamento coadjuvante No CEU Azul da Cor O prof. dr. Nelson Bardella Filho, da Unifesp, apresenta entre a Odontologia e a Fonoaudiologia. do Mar, em Itaquera, para a platéia dados epidemiológicos sobre fissura zona leste de São PauEm seguida foi a vez da odontopediatra e cirurgiã lo, reuniram-se na manhã do dia 18 um grupo de dentista Yara Cavallari se pronunciar. Especialista profissionais da rede, convidados por Zuleica Aeme do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, ela Uehara, interlocutora de saúde bucal da Coordenafalou, entre outros assuntos, sobre a necessidade doria Leste da Prefeitura de São Paulo. de descentralizar os serviços, facilitando o atendi- mento dos portadores em regiões próximas de suas residências. E lembrou que é importante que mais pacientes sejam encaminhados ao Menino Jesus. “Para tratar problemas simples de dentição, o próprio dentista da rede básica tem que dar conta, não é preciso deslocar essa criança”, observou. A fonoaudióloga Zelita Guedes, da Unifesp e da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, finalizou as apresentações com colocações sobre o que a rede básica pode oferecer aos portadores de fissuras labiopalatinas, reforçando também o atendimento descentralizado. “É importante o diagnóstico prénatal, para orientar a amamentação correta”, lembrou. Ela falou ainda sobre os cuidados básicos que devem ser dados à mãe para desenvolvimento da linguagem da criança: contação de histórias, muita conversa e estímulo. “Essa criança, em geral, é muito paparicada pelos pais e apresenta problemas de comportamento. Isso torna, às vezes, o tratamento mais difícil; é preciso colocar a ela situações que a estimulem”, afirmou. Para finalizar, Zelita disse que o fonoaudiólogo na rede básica não pode ser um especialista. Ele tem de ser um generalista. “E isso não significa que ele entende de tudo, mas sim do todo”, frisou. Iracema e Ana Paula: pelo direito de olhar a vida de frente Arquivo pessoal “Eu nunca me intimidei, sempre parti para a briga”, garantiu a sorridente Iracema Santos Andrade Rocha, fonoaudióloga de 28 anos. Ex-portadora de fissura labiopalatina, Iracema é hoje um exemplo de reabilitação bem-sucedida em vários aspectos. “Acho que tive muita sorte, pois logo que eu nasci meus pais seguiram todas as orientações e foram buscar uma equipe bem preparada para me atender”, contou a jovem, que recebeu seu primeiro atendimento especializado no Hospital Infantil Menino Jesus. Até hoje, já fez sete cirurgias e acredita que terá de fazer mais algumas correções. “Mas me sinto muito bem”, afirmou. Iracema: “Desde meu nascimento meus pais foram em busca de soluções para meu problema. O tratamento precoce foi muito importante para minha inclusão social” Quando criança, disse que nunca se deixou abater pelos amigos que comentavam sobre sua deficiência. “Ia tirar satisfações, e logo via que tinha um monte de gente para me defender”, brincou. Ela disse que sempre teve muitos amigos e nunca teve problemas de relacionamento. Agora está casada e muito feliz. E, por estar tão inserida no universo da Fonoaudiologia desde criança, apaixonou-se pela profissão. “Acho que ajudo muito as pessoas com fissura mostrando o meu exemplo. Também passo muita segurança para as mães que chegam com seus bebês, aflitas”. Segundo ela, como qualquer deficiência, a fissura precisa ser desmitisficada. “O segredo de tudo, acho, está no apoio da família e de uma equipe profissional supercapacitada”. O percurso da brasiliense Ana Paula de Lima foi um pouco mais árduo do que o de Iracema. Mesmo assim ela não se queixa dos resultados. “Hoje me sinto bem integrada socialmente, mas sofri bastante na infância e especialmente na adolescência.” Ana Paula, formada em Serviço Social, sofreu 25 intervenções cirúrgicas. “Não foi fácil”. Ela se casou duas vezes e com o primeiro marido tem uma filha, hoje com 17 anos, também portadora de fissura labiopalatina. “Fiquei sabendo com quatro meses de gestação que ela teria o problema. Foi complicado, pois ao fazer o seu tratamento, eu revi todo o meu passado”, disse. Mas hoje Ana Paula sente-se recompensada porque vê que a filha está mais bem entrosada socialmente do que ela na mesma idade. “Acho que o fato de eu ter o problema de certa forma também facilitou um pouco as coisas”. Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 17 F issura P onto labiopalatina Reciclada geral Fonoaudiólogos virtuais Divulgação Uma de São Paulo, outra do Rio e a terceira de Juiz de Fora (MG): as três fonoaudiólogas, residentes do programa saúde da família da Faculdade Santa Marcelina, de Itaquera, zona leste de São Paulo, participaram da capacitação no CEU Azul da Cor do Mar. Quem são os fonoaudiólogos virtuais? S “Acho bem interessante, porque dá uma reciclada geral nos conhecimentos”, disse Rosângela Almeida, a mineira. Luciene Iacobucci, formada pela Unifep, concordou com a colega e disse que o trabalho junto às famílias é de prevenção, mas também de reabilitação. “Temos de estar preparadas para tudo, porque o contato com as famílias é muito grande e diário”, finalizou a carioca Carolina Farah. Outras três amigas também elogiaram a iniciativa da capacitação. Fonoaudiólogas formadas em São Paulo – Cíntia Ferreira (USP), Michelle Guzman (PUC) e Ligia Mendes da Silva (Unifesp) –, elas trabalham na região leste, na prefeitura, em núcleos de reabilitação. Fonoaudiólogas Luciene, Caroline e Rosângela: do Programa Saúde da Família para a aula de capacitação no CEU Azul da Cor do Mar O relacionamento com outros profissionais no tratamento também foi um ponto que chamou atenção das fonoaudiólogas. Segundo elas, falta mais integração entre os serviços. E, como o portador de fissura labiopalatina necessita de um atendimento interdisciplinar, é fundamental que os vários profissionais conheçam bem a área de atuação dos outros colegas e saibam encaminhar para os tratamentos adequados no momento correto. Michelle, Ligia e Cíntia: fonoaudiólogas avaliam como muito importante a integração entre os diversos profissionais da rede para o atendimento completo ao paciente Atendimento ao paciente • Hospital Darcy Vargas (Jardim Guedala) Tel. (11) 3723-3700 • Hospital São Paulo – Unifesp (Vila Clementino) Tel. (11) 5576-4522 • Centro de Reab. das Deformidades Faciais (Moema) Tels. (11) 5055-3448 / 5055-8866 • Hospital da Cruz Vermelha Brasileira (Moema) Tel. (11) 5056-8710 – Cirurgia Plástica Tel. (11) 5056-8740 – Odontologia • Hospital Santa Cruz (Vila Mariana) Tel. (11) 5080-2000 • Faculdade de Odontologia da USP (Butantã) Tel. (11) 3091-7814 • Hospital Menino Jesus (Bela Vista) Tel. (11) 3253-5200 Serviços públicos e privados no município de São Paulo que atendem pacientes com fissuras labiopalatinas: 18 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 ão fonoaudiólogos e estudantes de Fonoaudiologia que prestam atendimento indevidamente utilizandose de fóruns de discussão e sites de relacionamento na Internet. Usualmente, abrem tópicos em fóruns online e criam perfis falsos no Orkut (site de relacionamento). Cadastram-se em diversos fóruns e em comunidades relacionadas a problemas de voz, audição, linguagem e motricidade orofacial, onde é possível encontrar clientes em potencial, e se aproveitam dos fóruns para atendê-los online, propondo a melhor prótese para o deficiente auditivo, terapias inovadoras, dislexia, voz, ceceio e muitos outros. Divulgação “Acho importante a gente se aproximar mais dos odontologistas da rede”, observou Cíntia. Elas contam que realmente o paciente com fissura chega, na média, muito tarde atrás de tratamento. “É importante saber como acolher melhor essa pessoa e encaminhá-la de forma adequada”, disse Ligia. “A capacitação nos ajuda a entender melhor esse processo”, afirmou Cíntia. de vista • Hospital Santa Marcelina (Itaquera) Tel. (11) 2070-6000 O CRFa 2ª Região/SP considera importante divulgar a prática indevida entre os profissionais da área e discutir meios de alertar estes pacientes para a provável falta de capacitação destes indivíduos, que, por vezes, nem concluíram o curso e fazem uso da prática ilegal da profissão. Existindo ainda aqueles que, tendo sido clientes, ou ouvido falar de algum tratamento, presumem ter o direito de fazer um atendimento online. Em contrapartida, excluímos deste rol aqueles fonoaudiólogos que se utilizam de grupos de discussão e comunidades online para a sua evolução e aperfeiçoamento. A utilização destas novas ferramentas para fins de atualização, intercâmbio de informações entre fonoaudiólogos e profissionais de outras áreas, visando promover a Fonoaudiologia, orientar e esclarecer a opinião pública sobre a ciência fonoaudiológica e atuação do fonoaudiólogo são sempre produtivas e devem ser incentivadas por todos nós. (Art. 18 e 19 do Código de Ética da Fonoaudiologia). Aproveitamos para lembrar algumas regras relacionadas com este tópico (*): • é vedado ao fonoaudiólogo dar diagnóstico e realizar terapia fonoaudiológica por meio de mensagens em sites de relacionamento, como o Orkut, fóruns, blogs, ou qualquer meio de comunicação em massa; • é proibido publicar na Internet artigos de conteúdo depreciativo acerca da profissão ou de outro fonoaudiólogo; • é proibido propagar idéias, descobertas e ilustrações como inéditas, bem como novos conhecimentos que ainda não estejam reconhecidos pela comunidade científica da categoria, induzindo a opinião pública a acreditar que exista reserva de atuação clínica para determinados procedimentos, quando o mesmo não for verdade; • é obrigatória a identificação dos fonoaudiólogos, com o nome e respectivo registro no CRFª, quando se tratar de divulgações de cursos, eventos, trabalhos e afins, assim como, na divulgação de produtos, estes deverão estar sob a responsabilidade de um fonoaudiólogo ou de alguma Instituição correlata; • a linguagem nos anúncios deverá ser educada e respeitosa para com os colegas, demais profissionais e o público em geral. (Res.CFFª 267/04) • é proibido anunciar preços, modalidades de pagamento em publicações abertas, exceto na divulgação de cursos, seminários e afins; • deve-se visar à promoção da Fonoaudiologia e não do próprio profissional, garantindo o esclarecimento e orientação do público; (*) Fontes: Código de Ética da Fonoaudiologia e Resolução CFFa. no 267/04 Sendo assim, lembramos, somos privilegiados por dispormos destes novos meios tão interativos e ágeis de comunicação, nos proporcionando um novo e vasto meio de troca de informações, discussões e acesso a novos conhecimentos. Porém, assim como em outros processos evolutivos das ciências, devemos aprender a usufruir das inovações, com bom senso e ética acima de tudo. Delegacia de Ribeirão Preto Não é ilegal a participação de fonoaudiólogos em qualquer tipo de comunidade on-line, porém, ao promover publicamente os seus serviços, o fonoaudiólogo deve fazê-lo com exatidão e dignidade, e ainda, ao utilizar da Internet para fins profissionais deve seguir os preceitos do Código de Ética da Fonoaudiologia, bem como as normas dos Conselhos Regionais e Federal. Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 19 P onto E ventos de vista Postura profissional Na edição 79 da Revista da Fonoaudiologia, publicamos por engano a versão inicial do texto produzido para esta coluna. Abaixo, a versão final, Fonoaudiologia marca presença na 25ª Expomusic com a participação de todas as comissões envolvidas N as visitas aos consultórios e aos estabelecimentos onde os fonoaudiólogos atuam, podemos perceber que é notável a relação entre a postura profissional e o resultado das fiscalizações. Ao visitar os municípios do estado de São Paulo, os representantes da Comissão de Orientação e Fiscalização (COF) observam que embora a diversidade das cidades seja grande e as políticas envolvidas nos serviços públicos também variem, constata-se uma relação direta entre a qualidade do serviço e a postura dos profissionais. O profissional seguro de sua atuação disponibiliza alguns minutos de atenção para o representante do Conselho, cede um local para preenchimento dos documentos, responde prontamente às questões do Fiscal e, caso haja uma irregularidade, se prontifica a regularizar sua situação. A visita de fiscalização cumpre seu papel e o profissional se sente protegido pelo órgão de representação. Já no caso das irregularidades, a situação é outra. Muitos profissionais alegam desconhecimento de qualquer norma, lei e ou resolução do Conselho. Mesmo depois de orientados e alertados pelo fiscal, vários deles não mudam a postura: continuam, por exemplo, sem apresentar laudos de calibração de equipamentos para realização de exames ou deixam de cumprir prazos concedidos. Muitas empresas, inclusive hospitais, nem sequer sabem da presença de um fonoaudiólogo na equipe de colaboradores. O profissional não se impõe no seu próprio ambiente de trabalho. Com isso, ele não cria seu espaço, não divulga sua atuação, fica aguardando ser chamado. Também é comum os fonoaudiólogos delegarem a terceiros a discussão de assuntos que dizem respeito a sua própria atuação. Em convocações profissionais, o fonoaudiólogo por vezes insiste na participação de uma pessoa da família. Ressaltam-se, também, os endereços eletrônicos de alguns profissionais, que utilizam diminutivos ou termos inadequados, configurando mais uma situação não profissional. Outro fato comum ocorre com relação à falta de quorum destes profissionais quando se realizam eventos de assuntos não técnicos, como, por exemplo, sobre ética ou sobre postura profissional. A falta de interesse por tais assuntos demonstra que o fonoaudiólogo ainda não tem uma visão da importância de seu comportamento na sociedade. Muitos ainda não compreendem que a Fonoaudiologia precisa amadurecer e se mostrar profissional para ganhar a credibilidade da população. As situações citadas podem não ser bem aceitas e nem praticadas pela maioria dos profissionais, mas, infelizmente, fazem parte de muitas das visitas que os fiscais realizam. Para que a Fonoaudiologia seja uma profissão respeitada e valorizada como um todo, os profissionais precisam agir com ética, cordialidade e sempre manter boa postura profissional. • Comissão de Orientação e Fiscalização Delegacia da Baixada Santista Estande divulgou a importância de músicos e técnicos de som cuidarem da saúde auditiva Q uem Ama Cuida: Proteja sua Audição foi o tema da campanha de conservação auditiva realizada durante a 25ª Expomusic, entre 24 e 28 de setembro, no Expo Center Norte. Iniciativa da fonoaudióloga Katya Freire, representante de uma empresa de monitores e protetores auriculares para músicos, a Audicare, o assunto mobilizou os visitantes. “Nosso principal objetivo é promover a saúde auditiva do músico. Tanto eles quanto os técnicos de áudio não têm noção de como preservar a audição e não sabem como nós, fonoaudiólogos, podemos atuar nessa área”, explica Katya, que participou da feira pela segunda vez. preconceito por parte desse público”, conta Katya. “Alguns acreditam que o uso de protetores pode distorcer o som”, continua. “E como a música está ligada a prazer, diferente do ruído industrial, todos acham que não vão ter problemas auditivos, até aparecer o primeiro zumbido após um show”, alerta ela. Segundo a fonoaudióloga, a resistência também é uma conseqüência da falta de O trabalho vem rendendo frutos. “Este ano aumentou a procura em nosso estande. Estou tentando plantar uma semente e um dia essa árvore irá crescer”, prevê Katya. Durante a feira, a fonoaudióloga distribuiu folhetos alertando sobre a importância da proteção auditiva, no qual constava uma tabela com os níveis de pressão sonora e o período em que o músico pode ficar exposto sem que haja perigo de alteração na audição. Durante toda a exposição, uma TV mostrava DVDs dos artistas clientes. Divulgação Tanto eles quanto os técnicos de áudio não têm noção de como preservar a audição e não sabem como nós, fonoaudiólogos, podemos atuar nessa área”, explica Katya, que participou da feira pela segunda vez. Cerca de três mil pessoas, entre músicos, técnicos, compradores, lojistas e público em geral visitaram o estande e tomaram contato com o tema. “O cuidado auditivo é um assunto que ainda gera informação sobre os produtos existentes no mercado. Atualmente, já existem no mercado protetores com filtro linear, especialmente desenvolvidos para músicos. Eles atenuam o som sem distorcer o espectro de freqüência. Além disso, há o próprio atendimento ao músico, que envolve várias medidas. Começa com avaliação e mapeamento audiológico, medição da pressão sonora no palco e orientação aos técnicos de som. Fga. Katya Freire: “Nosso principal objetivo é promover a saúde auditiva do músico” Entre os visitantes do estande, estava o baterista Jean Montelli. Ele usa o protetor há seis meses e relata que o maior Uso de MP3 também merece atenção Além dos músicos e técnicos de som, que fazem a música, o público também precisa ser alertado sobre os perigos a que estão expostos. “Nosso trabalho na feira foi focado no músico, mas também alertamos sobre possíveis perdas auditivas devido ao uso constante do MP3”, conta Katya Freire. “As pessoas não percebem que estão tendo sérios problemas com o uso dos MP3 em intensidade elevada”, relata. Uma das razões para isso, segundo a fonoaudióloga, é utilizarem fones de ouvido sem isolamento acústico e, para conseguirem compensar os ruídos externos, acabam elevando o volume. ”Se essas pessoas utilizarem fones com isolamento acústico, poderão manter o volume mais baixo, pois o som do ambiente externo será atenuado”, ensina a fonoaudióloga. Segundo ela, os pais andam mais preocupados com a audição de seus 20 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 filhos. “Tenho feito mais avaliações audiológicas em jovens enviados pela família”, conta Katya. Segundo ela, os fonoaudiólogos têm papel importante com relação a essa questão. “O importante é o profissional ter consciência de que sempre existem campanhas a serem feitas e que se cada um de nós fizer uma pequena ação, poderemos atingir muitas pessoas e realmente divulgar nosso trabalho”, propõe. Para ela, é preciso estar sempre atento às oportunidades. “Somos profissionais da comunicação, nosso campo é muito vasto e ainda tem muita coisa a ser desbravada. Afinal de contas, quem não se comunica, se estrumbica!!”, conclui. Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 21 A ções E ventos benefício é não ter o zumbido que sentia pós-ensaios e apresentações. “Agora, uso o protetor não só nos shows, mas também nos ensaios porque, além de não incomodar, não distorce o som. Quando eu chego em casa, não fico mais ouvindo aquele apitinho”, relata. Divulgação O que fazemos por você Acompanhe o trabalho das Comissões do Conselho Casos como esse, infelizmente, ainda não são a maioria. Levantamento realizado pela empresa representada pela fonoaudióloga aponta que 40% dos indivíduos expostos à música de intensidade elevada apresentam perda auditiva permanente. A perda auditiva temporária e o zumbido acometem entre 70 a 80% dos indivíduos após esta exposição. “Dos músicos que procuram a Audicare, 90% apresentam algum tipo de perda”, calcula Katya. • Comissão de Divulgação | Julho a Novembro de 2008 Encontro na Expomusic: 40% das pessoas expostas à música de intensidade elevada apresentam perda auditiva permanente 1 Reunião com a comissão de Divulgação do CRFa 1a região/ RJ sobre estratégias de divulgação e campanhas realizada em 09/07/2008; 2 Reunião Interconselhos de Divulgação realizada em Brasília em julho/2008, com as seguintes pautas: • Ações no Congresso; • Campanha de divulgação em 2009; Santos promove Simpósio de Triagem Auditiva A Delegada Regional de Santos, Maria Cristina Jabbur, e a conselheira Maria Cristina Biz participaram, no dia 7 de novembro, do I Simpósio de Triagem Auditiva Neonatal da Região Metropolitana da Baixada Santista, organizado pelo Departamento Regional de Saúde – DRS IV e pelo Hospital Guilherme Álvaro, junto a Seção de Reabilitação Física e Mental. O evento, destinado aos profissionais dos serviços de triagem auditiva da região, teve como objetivo atualizar práticas, possibilitar aos diversos profissionais da área a troca de experiências e, conseqüentemente, promover uma melhoria da qualidade dos serviços prestados à população. Com base na Resolução SS-25, de 26/2/2008, que dispõe sobre a implantação do diagnóstico de audição em crianças Recém Nascidas de Alto Risco nas maternidades e hospitais de referência no Estado • Dia do fonoaudiólogo; de São Paulo, foram promovidas discussões e reflexões, destacandose a necessidade da criação de uma rede de informações e serviços padronizados entre os municípios da Baixada Santista. As fonoaudiólogas Dóris Ruth Lewis e Mônica Chapchap relataram, respectivamente, suas experiências na implantação da triagem auditiva neonatal e sobre os dez anos do GATANU. Elas também foram moderadoras das mesas redondas nas quais fonoaudiólogos apresentaram o trabalho de TAN desenvolvido nas cidades da região da Baixada Santista. Fonoaudiólogos da região, estudantes e profissionais de saúde de diversas áreas assistiram às palestras. A conselheira Cristina Biz foi palestrante com o tema “Reflexões sobre a Fonoaudiologia e Triagem Auditiva Neonatal” e a delegada Cristina Jabbur foi a moderadora da mesa redonda sobre “TAN - Vivência nos Hospitais Privados”. Divulgação 3 Participação no estande e na coordenação da Mesa redonda Autonomia Profissional e Reconhecimento Social no 16º Congresso de Fonoaudiologia; 4 Desenvolvimento do novo site do CRFa 2ª Região/SP; 5 Organização da comemoração do Dia do Fonoaudiólogo na Assembléia Legislativa; 6 Participação na elaboração do folder sobre Educação – Campanha nacional; 7 Representação em evento sobre Meio Ambiente; 8 Participação na elaboração do folder sobre Dislexia. L ivros Disfagia em Crianças e Adultos “Tratado da Deglutição e Disfagia – No adulto e na criança”, lançado pelo otorrinolaringologista Geraldo Pereira Jotz e pelas fonoaudiólogas Elisabete Carrara-de Angelis e Ana Paula Brandão Barros, faz um verdadeiro levantamento sobre o tema. Em 59 capítulos, os autores abordam desde a morfofisiologia da deglutição até o tratamento de seus distúrbios. Para obter uma visão realmente abrangente, contaram com a participação de profissionais brasileiros e estrangeiros de Otorrinolaringologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Fonoaudiologia, Neurologia, Psiquiatria, Reumatologia, Gastroenterologia, Radioterapia, Cirurgia Digestiva, Odontologia, entre outras áreas. Tratado da Deglutição e Disfagia – No adulto e na criança de Geraldo Pereira Jotz, Elisabete Carrara-de Angelis e Ana Paula Brandão Fgas. delegada Cristina Jabbur, a convidada palestrante Dóris Ruth Lewis e a organizadora do evento, Tereza Cristina Ferreira de Souza 22 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 23 N otas Fonoaudióloga Cláudia Godim ganha prêmio Amigas do Parto A fonoaudióloga Cláudia Godim da Silva Chanes foi uma das contempladas com o prêmio “Amigas do Parto 2008”. A premiação, ocorrida em agosto, fez parte das comemorações da Semana Mundial da Amamentação pela ONG “Amigas do Parto” e tem como objetivo promover pessoas que trabalham em prol da amamentação.A entidade avaliou o trabalho de diversos profissionais ibero-americanos. Para saber mais detalhes, acesse: www.amigasdoparto.org.br/2007/index.php?option=com_ content&task=view&id=650&Itemid=84.org.br Divulgação A fonoaudióloga Cláudia Godim da Silva Chanes Encontro homenageia Comunidade Surda No dia 10 de novembro, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência promoveu o Encontro da Semana Nacional da Surdez. O evento foi realizado para homenagear a Comunidade Surda Brasileira, que comemora, na mesma data, o Dia Nacional de Surdez.O evento teve como objetivo conscientizar o indivíduo surdo, visando o fortalecimento de sua identidade na sociedade, na política e na cultura e mostrando suas perspectivas e desafios. Cerca de 200 pessoas compareceram ao auditório da secretaria. Durante o evento, foram apresentadas as palestras voltadas a diversas áreas correlatas à surdez, como direitos das pessoas com deficiência auditiva, educação e identificação e intervenção junto à pessoa com deficiência. Também teve grande destaque a apresentação de novas tecnologias para surdos, como o implante coclear. Para falar do implante foram escalados o dr. Rubens de Brito Neto (Implante Coclear: Experiência do HC-FMUSP) e as fonoaudiólogas Cristina Ornelas Peralta (O que esperar do Implante Coclear?) e Márcia Kimura (Acompanhamento pós-cirúrgico no Implante Coclear). Servidores Públicos reúnem-se em Salto No dia 28 de novembro, o CRFa- 2ª Região/SP esteve “Como avaliamos a Gestão e Epidemiologia nos Servipresente ao XI Encontro de Fonoaudiólogos do Serviço ços de Saúde e Educação com participação do fonoaudiPúblico, realizado em Salto, representado pela conselheiólogo?” A questão norteou os trabalhos dos grupos, que ra Maria Cristina Pedro Biz. identificaram pontos fortes, potencialidades e soluções. O encontro teve a participação de Divulgação Permearam as conclusões dos gestores públicos, do prefeito José grupos, a importância do trabalho Geraldo Garcia, do secretário muem equipe (interdisciplinaridade), a nicipal de saúde José Carlos Servicapacitação profissional (educação lha, de integrantes do legislativo, do permanente), a formação da rede Conselho Federal de Fonoaudiolode atenção (fluxo de atendimengia, representado por Sandra Vieira, to), a necessidade de protocolos e de fonoaudiólogos que atuam nos de atendimento, a integralidade na diversos setores públicos. atenção, e dados estatísticos que Fonoaudiólogos reúnem-se na cidade de Salto, interior de Na oportunidade foram proferidas São Paulo, para discutir políticas públicas possibilitem, entre outros, justificar palestras motivadoras, Políticas Púa importância do trabalho fonoaublicas em Saúde: interfaces da atuação do fonoaudiólogo, diológico (epidemiologia). por Mirna Tedesco, e Epidemiologia, por Aparecida Machado, que subsidiaram as discussões em grupo. Telesserviço na Happy Hour “Ética na atuação fonoaudiológica em Telesserviço” foi o tema da Happy Hour de agosto, promovido pelo CRFa. 2ª Região/SP na Casa do Fonoaudiólogo. O conceito de ética, o Código de Ética da profissão, a Fonoaudiologia e uma reflexão sobre a relação entre os profissionais e as empresas foram pontos abordados pela fga. Ana Elisa Moreira Ferreira. Para ver o arquivo da apresentação, acesse: www.fonosp.org.br/publicar/imagens/geral/HH/HH_2008%20Ana%20 Elisa.pdf 24 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 Divulgação Evento reuniu políticos e especialistas Concurso premia roupas adaptadas a pessoas com deficiência A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência acaba de lançar o concurso Moda Inclusiva. Patrocinado pela Universidade Anhembi Morumbi, em parceria com Pense Moda, Vicunha e as principais faculdades de moda de São Paulo, o concurso chama os estudantes da área a apresentarem propostas de vestuário adaptado que atendam às necessidades e demandas das pessoas com deficiência. O objetivo da iniciativa é promover a discussão no meio sobre a necessidade de se pensar e fazer moda que respeite a diversidade. Segundo os organizadores do evento, o vestuário para pessoas com deficiência tem potencial para se tornar um expressivo segmento no mercado de moda. O Brasil tem hoje 24,6 milhões de pessoas com deficiência. As inscrições para o concurso vão até 27 de fevereiro e podem ser feitas pelo site da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br). [email protected] Encontro na Casa do Fonoaudiólogo em agosto: ética foi o tema proferido pela fga. Ana Elisa Ferreira Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009 25 C artas Doações da Happy Hour A ONG Banco de Alimentos agradece a empresa Conselho Regional de Fonoaudiologia pela doação de 27 kg de alimentos não perecíveis no dia 16 de setembro de 2008. A ONG Banco de Alimentos é uma organização não governamental que nasceu de uma iniciativa civil e trabalha desde janeiro de 1999 com o objetivo de combater o desperdício de alimentos e minimizar os efeitos da fome. Arrecada “sobras de comercialização” ou “excedentes de produção” e distribui para instituições filantrópicas cadastradas. Além disso, a ONG realiza um trabalho de educação nutricional com as instituições. Através desta colaboração pudemos beneficiar 90 crianças na seguinte instituição: Creche Santa Ana. Atenciosamente, EXTRAVIOS Isabel Marçal Coordenadora de Operações CRN3 17320 Veja a lista de fonoaudiólogos que perderam carimbos e cédula Agradecimento Recebi a revista do Conselho com a divulgação do livro “Gagueira: um Distúrbio de Fluência”. Agradeço muito! Espero que o aumento das vendas nos auxilie no financiamento de nossa campanha. Estamos encerrando o período de trabalho relativo ao Dia Internacional de Atenção à Gagueira e o próximo objetivo é uma cartilha para orientação aos professores a respeito de gagueira. Um abraço, Eliana Maria Nigro Rocha Carimbo Valeria Lacerda Rodrigues Cristiane Mayumi Okamura Renata de Souza Lima Figueiredo Andréa Monteiro Correia Medeiros Christiana Turner Marquez CARIMBO E CÉDULA Patrícia Benigno Rodrigues da Silva CLAS SIFICADOS VENDO Audiômetro Interacoustics AD229E R$ 8.000,00 com manual e maleta. Também vendo Audiômetro Kamplex AC3 R$ 3.000,00. Tel. (14) 8126-1060. Falar com Mara. VENDO MINItymp MT10 Interacoustic - R$ 4.500,00. Tel. (11) 71529728. Falar com Lúcia. VENDO Audiômetro semi-novo - Beta6000. Tel. (18) 3263 1536. Cel. (18) 8122 5459. Falar com Simone. VENDO Cabine Aud. Vibrasom mod. VSA40 sem uso R$ 1.250,00.Cel. (11) 8394-6594. Falar com Evelyn. VENDO Adaptador para audiômetro processamento aud. central Acústica Orlandi pouco uso R$2500,00 em 3 vezes. Tel. (11)83811088 laura. [email protected]. Falar com Laura. VENDO Audiômetro e Cabine Vibrasom AVS500 semi-novos calibrados. Tel. (16) 9601-0652. Falar com Fernanda. 26 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 80 • jan/fev/mar • 2009
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Edição 77 - Conselho Regional de Fonoaudiologia
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