Untitled - 3ª Jornada Internacional de Estudos do Discurso e 2º
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Untitled - 3ª Jornada Internacional de Estudos do Discurso e 2º
0 Sumário Comissão Organizadora............................................................................................................................................................... 2 Programação Geral do evento .................................................................................................................................................... 3 Minicursos ................................................................................................................................................................................... 4 SIMPÓSIOS .................................................................................................................................................................................. 5 SIMPÓSIO 1 - Discurso político, política(s) e mídia.................................................................................................................. 5 SIMPÓSIO 2 - Discurso e literatura ........................................................................................................................................15 SIMPÓSIO 3 – Discurso, sujeito e sexualidade ......................................................................................................................25 SIMPÓSIO 4 – Discurso, ensino e formação de professores..................................................................................................35 SIMPÓSIO 5 – Discurso, insconsciente e ideologia ................................................................................................................47 SIMPÓSIO 6 – Discurso, língua e tradução ............................................................................................................................49 SIMPÓSIO 7 – Discurso, imagem e representação ................................................................................................................58 SIMPÓSIO 8 – Discurso e demandas sociais ..........................................................................................................................71 SIMPÓSIO 9 – Discurso e gêneros textuais ............................................................................................................................77 SIMPÓSIO 10 – Discurso da gramática e gramática do discurso ...........................................................................................83 SIMPÓSIO 11 – Discurso e plurilinguismo: letramentos e proficiência .................................................................................87 SIMPÓSIO 12 – Discurso, gênero e sociedade .......................................................................................................................93 SIMPÓSIO 13 – Discurso, história e memória ........................................................................................................................96 SIMPÓSIO 14 – Discurso, novas tecnologias e educação a distância ..................................................................................104 SIMPÓSIO 15 – Discurso, corpo e políticas de vida .............................................................................................................107 SIMPÓSIO 16 – Discurso, texto e circulação de sentidos ....................................................................................................117 SIMPÓSIO 17 – Discurso, arte e cultura...............................................................................................................................127 SIMPÓSIO nº18 - Discurso e(m) cartografias do espaço digital..........................................................................................134 SIMPÓSIO 19 – Discurso e(m) espaços de memória ...........................................................................................................140 SESSÃO DE PAINÉIS .................................................................................................................................................................144 1 Comissão Organizadora Coordenador: Pedro Navarro Membros docentes: Dulce Elena Coelho Barros Edson Carlos Romualdo Ismara Tasso Maria Célia Cortez Passetti Renata Marcelle Lara Roselene de Fátima Coito Membros discentes: Adélli Bortolon Bazza Aline Yuri Kiminami Andrea Zíngara Daniela Polla Erica Danielle Silva Jefferson Campos Juliana da Silveira Rejone Valentim Valéria Cristina de Oliveira Veronica Birello Secretaria do evento: Adelino Marques Programa de Pós-graduação em Letras Sala 01, bloco G-34, térreo Fone (44) 3011-4830 Promoção: GEDUEM - Grupos de Estudos em Análise do Discurso GEF - Grupo de Estudos Foucaultianos GPLEIADI - Grupo de pesquisa em leitura, análise do discurso e imagens GEPOMI - Grupo de Estudos Políticos e Midiáticos 2 Programação Geral do evento 24 DE MARÇO (TERÇA-FEIRA) 13h - Credenciamento 13h30min às 18h – Minicursos 25 DE MARÇO (QUARTA-FEIRA) 7h30 - Credenciamento 8h às 9h30 – Mesa-redonda 1 Discurso político brasileiro: enfoques, mutações e perspectivas de análise Maria Célia Cortez Passetti (UEM) Vanice Sargentini (UFSCar) Coordenador: Edson Carlos Romualdo (UEM) 10h às 11h30 – Mesa-redonda 2 Corpo e(m) Discurso Iconográfico: Inventários da contemporaneidade Ismara Tasso (UEM) Simone T. Hashiguti (UFU) Coordenadora: Renata Marcelle Lara (UEM) 13h30 às 17h30 - Simpósios 19h30 - Abertura oficial 20h às 21h30 – Conferência Superproduções pós-modernas e vídeoclipes Laurent Jullier (Sorbonne Nouvelle - Paris 3) 26 DE MARÇO (QUINTA-FEIRA) 8h às 9h30 – Mesa-redonda 3 Discurso, sujeito e sexualidade Eduardo Mattio (Universidad Nacional de Córdoba) Edson Carlos Romualdo (UEM) Coordenador: Pedro Navarro (UEM) 10h às 11h30 – Mesa-redonda 4 Discurso, sujeito e políticas de vida Denize Elena Garcia da Silva (UnB) Pedro Navarro (UEM) Coordenadora: Dulce Elena Coelho Barros (UEM) 13h30 às 17h30 - Simpósios 15h às 15h30 – Sessão de Painéis 19h30 às 21h – Conferência L'étrange objet de la pornographie: sexualités mises en discours Marie-Anne Paveau (Université Paris 13) 21h – Lançamento de livros 27 DE MARÇO (SEXTA-FEIRA) 8h às 9h30 – Mesa-redonda 5 Discurso, imagens no/do político e no/do literário Roselene de Fátima Coito (UEM) Roberto Leiser Baronas (UFSCar) Coordenadora: Maria Célia Cortez Passetti (UEM) 10h às 11h30 – Mesa-redonda 6 Discurso da arte e(m) discursos sobre a arte Luciene Jung de Campos (UCS) Renata Marcelle Lara (UEM) Coordenadora: Ismara Tasso (UEM) 13h30 às 17h30 – Simpósios 3 Minicursos Minicurso 1:- Discurso e Mídias Profa. Dra. Maria do Rosario Gregolin (UNESP / Araraquara) Propondo tratar da articulação entre discurso e mídias, este minicurso tem como objetivo geral promover o diálogo entre duas áreas de conhecimento: a Análise de Discurso e a Teoria das Mídias. Ao fazer essa aproximação, propõe discutir objetos, métodos e teorias que podem se articular para a compreensão da natureza e do funcionamento dos discursos nas mídias. A perspectiva teórica que norteia as discussões é a arquegenealogia de Michel Foucault pensada no interior do campo discursivo, a fim de refletir sobre os saberes e poderes que sustentam discursos em circulação nas mídias. Decorrentes dessas focalizações mais gerais, a partir dos pressupostos teóricos da análise de discurso foucaultiana, temas mais específicos serão abordados, tais como: a) as relações entre o linguístico e o histórico na produção de sentidos do discurso; b) as posições de sujeito e os dispositivos de subjetivação; c) a produção de identidades nas práticas discursivas das mídias. Minicurso 2:- Discurso e Políticas: reflexões e análises sobre mídia e voz no Brasil contemporâneo Prof. Dr. Carlos Piovezani (UFSCar) O minicurso proporá reflexões teóricas e empreenderá exercícios de análise sobre o funcionamento discursivo da mídia e da política no Brasil contemporâneo, focalizando particularmente alguns usos e efeitos da voz na propaganda eleitoral brasileira e certos discursos sobre a voz produzidos e/ou veiculados pela mídia nacional. Com base na Análise do discurso, derivada de Michel Pêcheux, e em contribuições oriundas do pensamento de Michel Foucault, identificaremos alguns aspectos do discurso político brasileiro, mediante um exame que privilegia o modo como a voz é ali empregada, em resposta a seu agenciamento pelo discurso; e depreenderemos o que atualmente se diz sobre a voz na mídia e como são formulados os enunciados a seu respeito. Noutros termos, nosso propósito é o de buscar responder a questões como as seguintes: como a voz é mobilizada pelo discurso político e concorre em alguma medida para a produção dos sentidos? Quais são seus usos, quando se trata de produzir efeitos de verdade, legitimidade, credibilidade e carisma? O que, como e por que se fala da voz na mídia brasileira de nossos dias? Quais são e de quais campos provêm os enunciados retomados, reformulados e apagados, quando nela se fala da voz? Minicurso 3:- Discurso e artes Profa. Dra. Nádia Nackel (UNISUL) Ancorado no dispositivo teórico e analítico da Análise do Discurso de linha francesa pecheutiana, esse minicurso se propõe pensar o funcionamento do Discurso Artístico por meio das formulações: tessitura, tecedura e projeções sensíveis, enquanto dispositivos de análise para as diferentes materialidades significantes e suas imbricações. Minicurso 4:- Discurso e psicanálise Profa.Dra. Maria Cristina Leandro Ferreira (UFRGS) Tema: Relações perigosas entre campos estranhamente afins. Objetivo: trabalhar no dispositivo teórico e analítico da Análise do Discurso de vertente pecheutiana buscando pontos de afetação com conceitos da psicanálise, como o sujeito dividido, o real da língua e a falta. O discurso não é objeto comum entre a análise do discurso e a psicanálise. Poderíamos dizer que o sujeito faz essa função de contato, ainda que com diferenças epistemológicas profundas. O sujeito desejante, sujeito do inconsciente, constituído pela linguagem, é o objeto que interessa aos psicanalistas. Já os analistas de discurso, que também são afetados pelo sujeito de natureza psicanalítica, tomam o discurso como objeto. E por falar em discurso, no campo discursivo, já estamos acionando, no mínimo, as noções de sujeito, história e ideologia. Os pontos de contato, portanto, não são nada simétricos. E isso passa também pela materialidade significante que, em análise do discurso, não é apenas linguística, mas histórico-social-cultural, donde a necessidade de introduzir o real da história, ao lado do real da língua e do real do inconsciente. Em todas essas noções que circulam nos dois territórios teóricos, observa-se a inscrição da falta produzindo um furo, efeito da incompletude, que o sujeito tenta incessantemente preencher, sem nunca conseguir. Vamos trazer alguns fragmentos para análise desse funcionamento, mobilizando o aparato teórico-metodológico da análise do discurso. 4 SIMPÓSIOS SIMPÓSIO 1 - Discurso político, política(s) e mídia Coordenadores: Maria Célia Cortez Passetti (UEM) e Carlos Félix Piovezani (UFScar) A REPRESENTAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA CAPA DA VEJA Autor Airton Donizete de Oliveira Resumo O presente trabalho analisa as capas da revista Veja, que retratam os movimentos sociais no Brasil, veiculadas entre 1968 (ano da fundação da revista) e 2012. Neste período, foram selecionadas 16 capas. Para apresentar na 3ª Jied – Jornada Internacional de Estudos do Discurso, selecionamos uma capa da Veja de 10 de maio de 2000, com os dizeres: Título: ―A tática da baderna‖, seguido da chamada: ―O MST usa o pretexto da reforma agrária para pregar a revolução socialista‖. As capas de revistas é uma espécie de vitrine, quase uma revista dentro da revista. Expostas, nas bancas de ruas ou na internet, funcionam como iscas para atraírem os leitores. Com Veja não é diferente. Suas capas são chamativas e, as que se referem aos movimentos sociais, não fogem à regra. Utilizando-se da metodologia Análise do Discurso, o estudo de tais capas concluiu que, através delas, a revista altera a representação dos movimentos sociais, mostrando-os como ameaça à ordem estabelecida. Para isso, muitas vezes, lança mão de recursos gráficos para alterar fotografias e utiliza efeitos de sentidos em títulos e chamadas. Portanto, justifica-se a realização deste estudo para servir de alerta ao leitor, principalmente professores do ensino médio, que utilizam os textos da revista em sala de aula. Tanto é que a Editora Abril dispõe de um projeto ―Veja na Sala de Aula‖, cujo objetivo é utilizar textos da revista como suporte em aula para estudantes do ensino médio. Segundo a Editora Abril, é um projeto que transforma reportagens da edição mais atual de Veja em planos de aula para auxiliar professores em sala de aula. Palavras-chave Mídia, Imagem, Movimentos sociais. MÃES CULPADAS, CRIANÇAS PREPARADAS PARA O FUTURO: IDEAIS (NEO)LIBERAIS DISSEMINADOS PELO JORNALISMO Autor Ariane Carla Pereira Fernandes Resumo Uma mão invisível a governar e a controlar populações. De maneira simplista, assim se configura o (neo)liberalismo. Poder político e econômico a vigorar, de modo geral, nos países ocidentais ao longo das últimas décadas. Porém, o regime se expande em todas as esferas da sociedade que, acreditando-se livre, é objetivada e subjetiva-se a partir de uma multiplicidade de discursos que se proliferam socialmente. Um desses discursos que age na condução das condutas das populações, trabalhando com as possibilidades de aderência do enunciado, é o jornalístico. Desse modo, esse estudo refutando o propalado papel do jornalismo como reflexo da sociedade e partindo do pressuposto de que tais discursos oferecem modos de ler o ser e estar no mundo - procura evidenciar a ação dos meios informativos no sentido de determinar comportamentos conformes para os membros da sociedade do tempo presente. Assim, a proposta é analisar, num gesto de leitura foucaultiano, os discursos jornalísticos da revista Pais e Filhos, publicação voltada para as mulheres que têm ou esperam bebês, ao longo de seus primeiros quarenta anos, objetivando apontar os modos de objetivação-subjetivação da mulher em mulher-mãe, de modo a atender às necessidades do regime político (neo)liberal. Ou seja, os discursos jornalísticos - não isentos, e sim de cunho político - estimulam às mães a criar filhos felizes, performáticos, com elevado capital humano e preparados para o sucesso. Uma via que leva ao estabelecimento de uma outra identidade feminina, a da mãe-culpada - sempre em falta com o filho, com sua educação, com a doação de si, com o dispensar do tempo, com os estímulos à inteligência, com o carinho e o amor. Palavras-chave Discurso jornalístico, (Neo)Liberalismo, Produção de Comportamentos Conformes 5 O POSICIONAMENTO DAS REVISTAS VEJA E CARTA CAPITAL NAS ELEIÇÕES 2010 Autor Célia Dias dos Santos Resumo O sujeito discursivo é interpelado a se posicionar. O posicionamento é uma das categorias basilares da Análise do Discurso; ele corresponde aos valores defendidos, de modo consciente ou inconsciente, que caracterizam a identidade social e ideológica. Neste trabalho temos como objetivo interpretar como as instituições midiáticas Carta Capital e Veja se posicionaram frente às candidaturas à presidência da República, principalmente de Dilma Rousseff e José Serra, no pleito de 2010. O corpus é composto por entrevistas impressas publicadas, nas duas revistas, no período de janeiro a junho de 2010. A entrevista é um acontecimento provocado, pois, em um espaço determinado. Ela aguça, incita o confronto de ideias. A metodologia de análise é de caráter qualitativo; o estudo parte de pistas enunciativas presentes nos textos das entrevistas selecionadas; e a reflexão interpretativa se faz por comparação. O campo teórico do nosso trabalho abrange os estudos da Comunicação, da Análise do Discurso e noções da Linguística Textual. Palavras-chave Mídia, Eleições 2010, Posicionamento. O MUNDO ÉTICO DA EFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA EM FILMES DA PROPAGANDA OFICIAL Autor Diego Michel Nascimento Bezerra Resumo O discurso político contemporâneo apresenta várias maneiras de interpelar o sujeito em sua condição cidadã. A propaganda oficial surge neste contexto como uma estrutura discursiva a serviço da valorização das ações de enunciadores filiados a grupos partidários no controle da máquina pública. Trata-se de um fazer político/publicitário que interpela o cidadão por meio da exposição atraente de imagens de um corpo político a ser aceito como produto consumível. Este estudo tem como propósito verificar como se estabelecem as representações do ―mundo ético‖ da política de Estado em textos de filmes publicitários do Governo do Pará, bem como demonstrar que a produção destes textos propagandísticos ocorre dentro de condições eminentemente discursivas. Para tal fim, recorre-se à articulação de dois planos constitutivos das práticas discursivas evidenciados por Maingueneau (2008a): (i) estatuto dos enunciadores e coenunciadores e (ii) modo de enunciação. Consolida-se, com os resultados da análise, a percepção de uma prática discursiva singular que projeta uma cena de enunciação híbrida (tensionada entre sentidos políticos e o publicitários) com cenografias variadas que são atravessadas pelo ethos discursivo da eficiência administrativa. Ao demandar esta estrutura, o discurso do Governo do Estado do Pará condiciona a adesão dos cidadãos ao mundo de sentidos construídos por sua propagada oficial. Palavras-chave Discurso Político, Propaganda Oficial, Prática Discursiva. 6 NOTICIAR, AVALIAR E ESTABILIZAR: A FOLHA DE S. PAULO DIANTE DAS MANIFESTAÇÕES DE RUA NA ATUALIDADE Autor Flávia Cristina Silva Barbosa Resumo A proposta deste trabalho é discutir como as manifestações de rua, ocorridas em 2013, foram noticiadas pelo jornal Folha de S. Paulo, questionando e considerando como tal veículo midiático designa e avalia o modo de manifestação atual. Fundamentada no território da Análise de Discurso francesa, pecheutiana, a investigação aponta para uma suposta improdutividade das Jornadas de Junho, em 2013, em relação a outras manifestações, principalmente pela presença da internet como mediadora desses atos. O material de análise é constituído por uma reportagem publicada no caderno ―Ilustrada‖, que circulou no dia 23 de junho de 2013, na versão impressa. Pela/na observação da materialidade linguística, verificou-se que as designações utilizadas pelo jornal de como foram se desenrolando as manifestações atuais retomam outras mobilizações na história do país, pela memória discursiva, sempre pelo confronto ―novas x tradicionais‖ formas de apresentar demandas à classe política. Dessa forma, o corpus foi sendo construído a partir das designações utilizadas pelo jornal para se referir às manifestações e suas características. Observa-se que essas expressões linguísticas demarcam, sobretudo, um funcionamento discursivo, avaliando esses eventos ocorridos em 2013. O retorno das manifestações de rua anteriores funciona como um suporte, a partir do qual o jornal Folha de S. Paulo compara as ações de junho de 2013 às mobilizações tradicionais de esquerda. Como efeito de sentido, as Jornadas de Junho são significadas de maneira negativa pelo rompimento que apresentam em relação ao padrão e à estética das ações públicas já ocorridas no país. Palavras-chave Manifestações de Rua, Jornal, Designação. O DISCURSO DO PEGIDA E O TEMOR DE UMA SUPOSTA ISLAMIZAÇÃO DA EUROPA Autor Gabriella Silveira Hóllas Resumo Desde outubro de 2014, a organização PEGIDA (Patriotas Europeus Contra a Islamização do Ocidente) promove passeatas na cidade alemã de Dresden. O movimento ganhou força e já abrange diversas cidades alemãs como: Berlin, Bonn, Colônia, Munique, Leipzig, entre outras. O objetivo do movimento é protestar contra as políticas atuais de imigração e de asilo em território germânico, sendo um dos grandes alvos o governo da chanceler Angela Merkel e sua suposta omissão à problemática da imigração na Europa. Muitos alemães simpatizantes com o movimento afirmam sentirem-se estrangeiros em sua própria terra. Acreditam ainda ter sua cultura e segurança ameaçadas por seus concidadãos muçulmanos. Entre as palavras de ordem utilizadas com frequência por organizadores e por apoiadores do grupo, estão termos já mencionados no discurso nacional-socialista da Alemanha da década de trinta, como: ―Volksverräter‖ (traidores do povo), ―Lügenpresse‖ (imprensa da mentira) e ―Überfremdung‖ (algo como ―hiperextrangeirização). Apesar disso, a organização nega ser islamofóbica, racista ou xenofóbica. Deste modo, com o aporte teórico da Análise do Discurso de linha francesa de Dominique Maingueneau, pretendemos analisar o discurso promovido pela organização PEGIDA. Iremos analisar o manifesto publicado pela própria organização, assim como suas postagens em sua página no Facebook. Pretendemos ainda traçar o modo como o islamismo, o governo de Angela Merkel e os opositores ao PEGIDA são caracterizados pelos simpatizantes do movimento, e analisar a relação do discurso promovido pelo PEGIDA com discursos extremistas e xenofóbicos. Palavras-chave Alemanha, Islamofobia, Manifestações 7 ETHOS, DISCURSO POLÍTICO, CIBERESPAÇO: ANÁLISE DAS MATERIALIDADES DISCURSIVAS DA POLÍTICA ELEITORAL NAS REDES SOCIAIS. Autor Geisa Fróes de Freitas Resumo Este trabalho tem como base os estudos discursivos de orientação francesa e as contribuições epistemológicas de M. Pêcheux, D. Maingueneau, J-J Courtine. Desse modo, pretendemos dar continuidade a estudos que vêm sendo desenvolvidos sobre o ethos e a materialidade sincrética do discurso político contemporâneo. Pautamo-nos na seguinte questão: como estabelecer um princípio teórico-analítico para a interpretação da constituição do ethos no texto sincrético que leve em conta sua materialidade constitutiva, sua relação com o sujeito, a memória discursiva, a historicidade, os efeitos de verdade, as formações discursivas, inscritos no interior das produções e transformações históricas dos discursos políticos? Nosso alicerce se pauta na noção de discurso proposta por Pêcheux (1995, 2007, 2008), em que ―o discurso é concebido como o lugar teórico em que se encontram as questões sobre língua, sujeito e história‖, além de adotar como suporte teórico as discussões desenvolvidas por Maingueneau (1997, 2008 e 2010), retomando seu esquema dos processos de constituição do ethos na cena enunciativa; segundo o referido autor a noção de ethos é entendida como a imagem de si que o enunciador cria no momento da enunciação, na instância do discurso; e, também, os aportes apresentados por Courtine (1989, 2006, 2009, 2011), para explicar as metamorfoses do discurso político contemporâneo no que tange o modelo semiológico do texto imagético. Trata-se, pois, de uma pesquisa de natureza qualitativa, tendo como procedimento metodológico o estudo bibliográfico para descrição, análise e interpretação de dados, para os quais foram utilizados como suportes de leitura de dados os discursos sincréticos. Palavras-chave Ethos, Discurso político, Ciberespaço. A IMAGEM DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NAS REVISTAS CARTA CAPITAL, VEJA E ISTO É. Autor Irení Aparecida Moreira Brito Resumo O objetivo deste trabalho é demonstrar como as revistas Carta Capital, Isto É e Veja constroem, discursivamente, a imagem dos sujeitos envolvidos em movimentos sociais ocorridos no Brasil. Analisa-se, nos discursos, como é construída a representação dos sujeitos que atuaram em alguns episódios específicos da história do Brasil: a passeata dos 100 mil (1968), realizada durante o regime militar, e os movimentos - Diretas já (1983-1984), Caras-pintadas (1992) e Jornadas de junho (2013), realizados a partir da abertura democrática. Busca-se demonstrar como os discursos foram organizados, nos diferentes contextos, para representar os atores – sociedade e governo – e como os enunciadores põem em cena um simulacro da realidade, de forma a orientar os leitores na aceitação de algumas verdades. Utilizou-se como aparato teóricometodológico a Semiótica greimasiana, bem como alguns conceitos propostos pela Análise Crítica de Discurso. A partir da análise dos textos verbais e não verbais, observou-se que as revistas utilizam mecanismos discursivos, em conformidade com o contexto histórico e social. Sendo assim, os enunciadores mudaram o ponto de vista tão logo mudou o panorama social e histórico. Palavras-chave Semiótica,Discurso,mídia. 8 A VIOLÊNCIA EM CAMPANHA: DUELOS NA TELEVISÃO Autor Luciana Carmona Garcia Manzano Resumo Este trabalho visa analisar os sentidos que irrompem nos programas eleitorais do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) dos candidatos à Presidência da República do ano de 2014, a fim de revelar como se constrói a violência no (do) discurso político na atualidade. A partir das reflexões de Michel Foucault ([1986] 2000) e de Jean-Jacques Courtine (2009; 2013), observar-se-á o entrecruzamento do dizer com a gestualidade do corpo, que produz um discurso combativo e agressivo e, a partir da configuração televisiva, instaura e legitima saberes e verdades que passam a circular na sociedade. A motivação para a apresentação desta comunicação parte da observação de uma discursividade na qual predominou, durante a campanha eleitoral de 2014, um discurso agressivo de ódio e aversão que apagou a disputa político-partidária e recaiu sobre o corpo dos candidatos Aécio Neves e Dilma Rousseff, os quais disputaram o segundo turno. Esse discurso de ódio se moveu num ir e vir entre as media pelas quais o espetáculo político circulou neste ano, a saber: a televisão, a partir tanto dos programas do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) quanto dos debates promovidos pelas redes de transmissão; e as redes sociais, mais especificamente o Facebook e o Twitter. Ainda que as configurações de cada medium produzam formas diferentes de dizer, seja unicamente verbal ou verbo-visual, com imagens estáticas ou em movimento, gravadas previamente ou transmitidas ao vivo, os sentidos que circularam socialmente nesse entremeio encontravam, sempre, um modo de agressão. Palavras-chave Análise do Discurso, discurso político, televisão A NOÇÃO DE ACONTECIMENTO SENDO REVISITADA NA PROPAGANDA DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Autor Mara Alice da Silva Costa Resumo A Analise do Discurso de Linha Francesa é uma disciplina de interpretação. Foucault cita em seu livro A Palavra e as Coisas, que o ―analista precisa sacudir as evidências‖.E é sacudir as evidências que este artigo pretende ao analisar a representação imagética de Machado de Assis nas propagandas da Caixa Econômica Federal divulgadas pelos canais da televisão(aberta). Para isto selecionamos a primeira propaganda em que aparece um ator branco desempenhando o papel do fundador da Academia Brasileira de Letras.Portanto,o presente artigo tem por objetivo analisar a propaganda da Caixa Econômica Federal, criada pela agência Borghierh\Lowe, a qual viaja no tempo para mostrar que até os ―imortais‖ foram correntistas do banco público, como acontecimento, tendo em vista que fugiu ao que era esperado, uma simples propaganda veiculada nos canais de televisão(aberta); para tornar-se, de repente, um acontecimento por ter despertado críticas das ONGs(Organizações Não-governamentais) que defendem os direitos dos Afro-descendentes no Brasil. Diante desse contexto, este artigo pretende demonstrar como essa propaganda se tornou um acontecimento utilizando a Metodologia do batimento descrição/interpretação proposto por Pêcheux(PÊCHEUX,1997). Palavras-chave Análise de Discurso, propaganda televisiva, Machado de Assis 9 A IMPRENSA ALTERNATIVA E A CRÍTICA DISFARÇADA À DITADURA NOS CARTUNS DO ALMANAQUE HUMORDAZ Autor Maria Magda de Lima Santiago Resumo Neste trabalho apresentamos a análise de sete cartuns/tirinhas presentes nas duas edições do Almanaque Humordaz, publicação que circulou em 1976, em Belo Horizonte, Minas Gerais, elaborada por jovens cartunistas engajados na luta contra a Ditadura Militar. A revista teve vida curta, pois a partir do terceiro número deveria ser submetida à Divisão de Censura Federal. Nesse contexto de cerceamento à liberdade de imprensa e de expressão, Humordaz não prosseguiu, mas revelou uma geração de talentosos cartunistas. Tomamos o tema ou plano de leitura da repressão como fio condutor para a escolha do corpus de análise, entre outros temas presentes nos cartuns/tirinhas - como miséria, poderio norteamericano e indiferença - procurando examinar as estratégias de sentido utilizadas para driblar a censura. Buscamos nos implícitos, nas metáforas e nos diálogos interdiscursivos, o caminho traçado pelos cartunistas para transmitir uma crítica disfarçada ao governo militar. Para as análises, utilizamos categorias propostas pela Análise Semiótica do Discurso, formulada por A. J. Greimas, aplicando as noções de temas e planos de leitura. Relacionamos o conceito de interdiscurso, apresentado por Pêcheux, às referências imagético-discursivas acessadas para despistar a oposição à conduta política do governo Geisel. Optamos por aplicar essas mesmas noções na análise das imagens, somadas à Semiótica Peirceana, que descreve os ícones, índices e símbolos. As análises indicam, de modo subentendido, que a repressão moral e física atuou sobre toda a população brasileira, num contexto de medo, reflexo da dissimulação, arbitrariedade, desigualdade social e violência, em que a insegurança predominou. Palavras-chave Ditadura, Imprensa Alternativa, Cartum. DISCURSOS SOBRE A ESCRAVIDÃO EM ARGUMENTAÇÕES PRESENTES EM JORNAIS DO SÉCULO XIX E DE SITES DA INTERNET Autor Nirce Aparecida Ferreira Silvério Resumo Nesta comunicação analisaremos enunciados do discurso político e sua manifestação como acontecimento, a partir do tema da escravidão. Tomamos como materialidade jornais do século XIX, da hemeroteca digital da Biblioteca Nacional e textos de sites da internet que tratam do tema. Baseamo-nos, teoricamente, na Análise do Discurso francesa derivada dos estudos de Pêcheux e Foucault e na semântica do acontecimento, com os estudos de Eduardo Guimarães. Desta forma, investigaremos os modos de dizer a escravidão, em que textualidade e em que cenas enunciativas, e como esta constituição pode relacionar-se com argumentações a respeito da escravidão. Buscaremos, então, a produção de sujeitos nestas argumentações e suas posições face ao político. As formulações a um só tempo ilusoriamente alçadas pelos enunciadores e suas posições enquanto sujeitos do dizer, inscritos numa memória e história. Assim, avaliaremos a presença ou não de forças contraditórias nas argumentações a respeito da escravidão, bem como sua relação com dizeres de antes da abolição da escravidão no Brasil e de textos da atualidade. Palavras-chave Discurso político, Escravidão, Argumentação 10 A QUESTÃO DAS CENOGRAFIAS DISCURSIVAS CONSTITUINTES EM UM DOS PROGRAMAS TELEVISIVOS DA CAMPANHA DE DILMA ROUSSEFF Autor Raquel de Freitas Arcine Coautor Douglas Zampar Resumo Nas eleições presidenciais de 2014, Dilma Rousseff e Aécio Neves protagonizaram a disputa eleitoral para presidente da república. Erigimos nossa reflexão acerca dessa disputa com base na Análise do Discurso de linha francesa, em especial os trabalhos de Michel Pêcheux e Dominique Maingueneau, e também sobre o conhecimento produzido em torno da interface mídia e política pelo Grupo de Estudos Políticos e Midiáticos da UEM, do qual fazemos parte. Nossa proposta constitui um primeiro gesto de leitura de um projeto que surge de uma inquietação ante as limitações de operarmos com uma delimitação do discurso político eleitoral do ponto de vista teórico, de forma que se faz relevante a descrição de funcionamentos constituintes e fundantes da semântica global do discurso político eleitoral na campanha presidencial de 2014. Nosso objetivo neste trabalho é descrever cenografias discursivas constituintes do último programa televisivo da campanha presidencial de Dilma Rousseff. A cenografia, fator imprescindível na compreensão da semântica global de um discurso, é estabelecida no próprio corpo do texto como, por exemplo, no caso de um político: ele não precisa necessariamente se dirigir aos seus eleitores por meio da mesma cenografia, ele pode apresentar-se como um jovem, amigo, experiente, executivo, operário dentre outros, que fala de política à sociedade. Palavras-chave Dilma Rousseff, Eleições 2014, Cenografia discursiva REESTABELECIMENTOS DAS RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS ENTRE ESTADOS UNIDOS E CUBA: AFORIZAÇÕES EM JORNAIS AMERICANOS E CUBANOS Autor RAQUEL TIEMI MASUDA MARECO Resumo As relações diplomáticas entre Estados Unidos (EUA) e Cuba foram rompidas em 3 de janeiro de 1961 e assim permaneceram por 53 anos. Esse rompimento veio acompanhado do embargo econômico que prejudicou muito ambos os países, mas principalmente Cuba. No dia 17 de dezembro de 2014, as relações diplomáticas entre os dois países foram reestabelecidas. O presidente Barack Obama e o presidente Raul Castro fizeram o comunicado, cada um em seu país, simultaneamente. Esse acontecimento foi considerado um marco na história de ambos os países e os discursos dos dois presidentes ganharam proporções globais e foram traduzidos para as mais diversas línguas. Essa ampla veiculação nos permitiu problematizar a tradução no processo de destextualização e de construção de aforizações. Diante dessa problematização, temos por objetivo compreender o funcionamento discursivo das construções de aforizações sobre os pronunciamentos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama e de Cuba, Raul Castro, considerando a tradução como um dos processos de construção de aforizações. Para tanto, nosso material de análise foi formado pelos pronunciamentos mencionados e suas respectivas transcrições, quatro jornais on-line cubanos e quatro norte-americanos. Nossas primeiras observações foram de que mesmo os jornais cubanos veicularam mais falas de Barack Obama do que de Raul Castro. As traduções mantiveram os mesmos efeitos de sentido produzido pelo texto de partida, tanto nas de inglês para espanhol quanto o contrário. Palavras-chave Discurso político-midiático, Aforização, Tradução 11 A CONSTITUIÇÃO DOS SENTIDOS SOBRE O ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI NO DISCURSO POLÍTICO DO HORÁRIO ELEITORAL DE AÉCIO NEVES Autor Rejone Valentim Alves Coautor Verônica da Silva Martins Resumo A juventude em conflito com a lei se constitui ponto de deriva e de formulação de sentidos de recorrência significativa na sociedade brasileira e, com isso, a rede de significação atrelada ao cometimento de contravenções do adolescente se faz presente em diferentes espaços do dizível, dentre eles, o da mídia. A questão de análise que norteia o percurso desse trabalho foi a de compreender como o espaço discursivo da mídia, em contexto eleitoral, produz sentidos sobre o sujeito adolescente em conflito com a lei. Para tanto, elegeu-se como objetivo a descrição/interpretação dos sentidos acerca do adolescente em conflito com a lei no discurso político eleitoral de Aécio Neves sobre a Redução da Maioridade Penal, nas Eleições de 2014. O gesto interpretativo orientou-se a partir de dois processos discursivos: o discurso de si, com referência ao candidato, e o discurso sobre a lei, com menção aos sentidos que (re)significavam os discursos remetidos ao ECA, ao Sistema Socioeducativo e ao Prisional. Os pressupostos teóricos desse trabalho são os da Análise de Discurso de Michel Pêcheux e apontará um percurso de leitura posto e construído nos meandros de um discurso que enaltece o presidenciável Aécio e sua defesa da Redução da Maioridade Penal. A partir da análise pode-se ressaltar que a constituição do dizível sobre o adolescente em conflito com a lei se dá engendrada na negação da essência humana e de adolescência desse sujeito, bem como de seu caráter de imputabilidade perante – discurso inscrito na ideologia de proteção integral da criança e do adolescente. Palavras-chave Adolescente em conflito com a lei, Discurso político eleitoral, Constituição do sujeito. ENUNCIADOS EM DESTAQUE: NO DISCURSO OITOCENTISTA NO BRASIL Autor Rilmara Rôsy Lima Resumo Alicerçada nos trabalhos teórico-metodológicos de Dominique Maingueneau, o presente trabalho tem por objetivo analisar alguns enunciados destacados do discurso político oitocentista no Brasil, mais precisamente entre a transição do período político monárquico para o republicano, procurando evidenciar alguns dos seus efeitos de sentido e o papel que desempenham nesse discurso. Para dar conta de tal empresa, mais especificamente, mobilizaremos os conceitos formulados por Dominique Maingueneau acerca de aforização, cena de enunciação e destacabilidade. Para compor o arquivo de pesquisa de nosso corpus de análise, selecionaremos algumas edições da coleção da Revista Illustrada, publicada por Ângelo Agostini. Com o propósito de investigar e compreender, por um lado, o papel da imprensa periódica oitocentista nos processos de produção, circulação e divulgação de textos inteiros, fragmentados e adaptados ao longo das edições da Revista Illustrada, e, por outro, verificar como essa mecânica de produção/circulação/divulgação interferiu nos gestos de leitura dos acontecimentos histórico políticos da sociedade brasileira do final do século XIX. Ancorando-nos em estudos da Análise do Discurso sobre os mecanismos destacados para uma análise do texto verbo-visual, esse trabalho terá como objetivo uma investigação e operacionalização dos conceitos da AD, por meio da análise de algumas litografias que pautou os discursos dos periódicos presentes na Revista Illustrada, publicada por Ângelo Agostini entre os anos de 1885 até 1893. Palavras-chave Enunciação aforizante, Pequenas Frases, Litografias 12 O DISCURSO SOBRE MARINA SILVA NAS FOTOMONTAGENS NO FACEBOOK NA CAMPANHA ELEITORAL DE 2014 Autor RONALDO NEZO Resumo A campanha presidencial em 2014 foi considerada a mais acirrada desde a reabertura democrática do Brasil, em 1985. As estratégias usadas pelos publicitários dos candidatos foram variadas e, na opinião de analistas, bastante agressivas. A ex-senadora Marina Silva, do PSB, foi uma das concorrentes ao cargo. Ela entrou na disputa após a morte do candidato do partido, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Em poucos dias de campanha, Marina estava empatada tecnicamente nas pesquisas eleitorais com a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff. Na internet, Marina tornou-se alvo de manifestações de apoio e rejeição. Por meio de textos, vídeos e também fotomontagens, partidários de outros candidatos colocaram em circulação vários dizeres que levaram inclusive a grande imprensa a considerá-la vítima de uma campanha de difamação. Tendo como referência as discussões de Michel Foucault sobre discurso, analisaremos fotomontagens de Marina Silva, no Facebook, a fim de entendermos como contribuíram na construção de uma verdade a respeito da candidata. Segundo o autor, não alcançamos uma verdade sobre as coisas, só a alcançamos a partir da ideia que dela construímos. Seguindo o pensamento de Foucault, Paul Veyne afirma que não se pode separar a coisa em si do discurso no qual ela se encontra contida. Ainda vamos tratar das especificidades dessa técnica retomando estudos de Dawn Ades, Annateresa Fabris, Demetrio E. Brisset entre outros. Observaremos a fotomontagem ao longo da história, suas descontinuidades e como, a partir das tecnologias digitais, ganharam novas funções, principalmente nas redes sociais na internet ao serem usadas como humor, sátira ou ironia política. Palavras-chave Discurso político, Facebook, Fotomontagens ANÁFORA, CATÁFORA E DISCURSO: O GÊNERO NOTICIA JORNALÍSTICA EM FOCO Autor Sandro Luis da Silva Resumo As diversas mídias, impressas ou digitais, para além de informar 'democraticamente', procuram persuadir o leitor/ouvinte para que este de credibilidade, por exemplo, à informação transmitida em uma dada situação enunciativa. É preciso considerar que os eventos midiáticos são fragmentados em virtude da multiplicidade de olhares e de percepções que recaem sobre eles. Propomos apresentar uma análise comparativa entre duas notícias jornalísticas - uma da Folha de São Paulo e outra de O Globo - dois jornais de grande circulação nacional - do mês de Setembro de 2010, ano em que ocorreram as eleições para Presidente da República no Brasil -, mais especificamente notícias que trazem em seu título pelo menos o nome de um dos candidatos com maior intenção de voto (Dilma Rousseff, José Serra, Marina Silva). O estudo evidencia os recursos anafóricos e catafóricos e seus possíveis efeitos de sentido no discurso midiático. Para atingir nosso objetivo, a base teórica pauta-se em Charaudeau (2000), Maingueneau (2002, 2008, 2010 e 2014), SulletNylander (1998), Calabrese (2012) e Ringoot e Utarde (2009). Pela análise realizada do corpus, pode-se afirmar que esses recursos endofóricos levam-nos a perceber um posicionamento discursivo em relação ao evento 'eleições', revelando a organização do discurso e as potencialidades argumentativas que eles promovem. Palavras-chave Discurso, Anáfora, Catáfora 13 CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E FORMAÇÕES IMAGINÁRIAS: UMA ANÁLISE DE PRODUÇÕES TEXTUAIS INFANTIS SOBRE AS ELEIÇÕES DE 2002 Autor Taynara Alcântara Cangussú Coautor Giordana França Ticianel Resumo O objetivo deste trabalho foi analisar o modo como as condições de produção constituem o sentido dos enunciados analisados, enfocando, para isso, a noção de formações imaginárias. Esses enunciados se constituem em 4 cartas, feitas por diferentes crianças da antiga segunda série, nas quais escrevem aos candidatos à presidência de 2002 sobre o que elas achavam que eles deveriam fazer para mudar o Brasil. Como resultado de análise, observamos que as crianças, ao ocuparem a posição de cidadão eleitor, projetam uma série de imagens de si, do seu discurso e do sujeito candidato. Quanto à imagem que faz de si, observamos que ela oscila entre: (a) a imagem de um eleitor submisso, instaurada pela luta de forças na qual o discurso é produzido; (b) a de um eleitor que reconhece o poder do voto como arma potencial para atingir seus objetivos. No que tange à imagem que faz de seu discurso, notamos que é a de um discurso altruísta e social e que não pode ter caráter pessoal. Por fim, no que diz respeito à imagem que tem do seu interlocutor, averiguamos que ora são determinadas pela ideologia de um candidato ou de outro, ora se ancoram na imagem do candidato como entidade capaz de solucionar todos os problemas do mundo. Palavras-chave Condições de produção, Formações imaginárias, Produções textuais infantis ELEIÇÕES 2014: DISCURSOS SOBRE A (IN)SEGURANÇA PÚBLICA Autor Vera Lucia da Silva Coautor Maria Célia Cortez Passetti Resumo Os problemas relacionados à falta de segurança pública e o modo como ela prejudica a rotina das pessoas resultaram na elaboração de propostas para a temática, nos programas de governos dos presidenciáveis e nos demais instrumentos que compuseram a campanha eleitoral das eleições de 2014. Amparada na teoria discursiva de linha pecheutiana, o objetivo desta comunicação é apresentar parte de um projeto maior a ser desenvolvido, através da pergunta norteadora: ―como as soluções para as mazelas que permeiam a segurança pública foram discursivamente apresentadas, retomadas e ressignificadas pelos presidenciáveis Dilma Roussef (PT) e Aécio Neves (PSDB)?. Para o momento, desenvolveremos uma análise das propostas-promessas produzidas pelos respectivos presidenciáveis que, ao utilizarem as estratégias construídas pelo marketing eleitoral, se apresentaram para o eleitorado, através de mecanismos linguísticos cambiáveis, fluidos e imediatos (COURTINE, 2003) com o propósito de produzir efeitos de convencimentos nos seus interlocutores/eleitores para conquistarem seus votos, apoiando-se nas metamorfoses que o mundo contemporâneo provocou na metodologia de se fazer campanha eleitoral (RUBIM, 2002). Amparada na máxima de Pêcheux (2009) de que os sentidos não estão nas palavras ou expressões, mas na posição-sujeito daqueles que enunciam, ideologicamente interpelados pela Formação Discursiva (FD) em que suas promessas-propostas podem e devem ser apresentadas, observaremos como o item ―segurança pública‖ foi produzido nos dois programas de governos apresentados oficialmente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Palavras-chave Discurso, Mídia, Política. 14 SIMPÓSIO 2 - Discurso e literatura Coordenadores: Roselene de Fátima Coito (UEM) e Marisa Martins Gama-Khalil (UFU) O(S) DISCURSO(S) QUE REPRESENTA(M) A SEXUALIDADE DA MULHER NA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA Autor Adrielle dos Santos Bergamasco Resumo O discurso produzido à partir das representações feitas sobre a sexualidade feminina na literatura canônica ocidental foi, quase que de forma unânime, dominante, opressor e patriarcal. Nesse ponto, não é difícil constatar como a mulher foi representada como objeto sexual, marcada e estereotipada como sedutora, tentadora e pecaminosa dentro da literatura tradicional brasileira. Tendo isso em vista, objetiva-se investigar como esse discurso é produzido em algumas obras da literatura de autoria feminina e em que medida eles veiculam diferentes ou semelhantes conceitos desse molde tradicional em que a sexualidade feminina foi/é representada. Também pretende-se analisar de que forma o(s) discurso(s) contidos nas obras analisadas emitem sentidos e significados específicos dentro do contexto abordado. Para isso, serão utilizadas principalmente teorias da Crítica Feminista, de Michel Foucault e outros que fundamentam o(s) significado(s) do(s) discurso(s) sobre a sexualidade em suas representações. Palavras-chave Discurso(s) na literatura de autoria feminina, A representatividade do discurso na literatura, A sexualidade da mulher na literatura e seus discursos O DISCURSO ―LIRICIZADO‖: MULTIPLICIDADE DE VOZES EM "EUS" SILENCIADOS NA NARRATIVA DE RAUL BRANDÃO Autor Alessandra Regina de Carvalho Coautor FERNANDA TONHOLI SASSO CURANISHI Resumo A narrativa romanesca, mesmo tendo em sua concepção embrionária o aspecto tradicional que lhe é incubido, transforma-se e categoriza-se no século XIX. Nessa evolução, contudo, o gênero aprimora-se, atingindo novos horizontes de expectativas, passando a contemplar seus elementos tradicionais a partir de um enfoque liricizado. Constata-se, assim, uma fragmentação dos elementos narrativos, evidenciados a partir da transposição do espaço e da ruptura temporal. Nessa multiplicidade de novas significações que podem ser construídas a partir da ruptura, o eu também se estilhaça, tornando-se paradoxalmente mais forte a medida que silencia para melhor compreender os fenômenos ao seu redor. Dentro desse contexto, o silêncio figura não apenas enquanto pausa ou mudez, mas sim é visto como um novo limiar de significações que a interioridade pulsiona no indivíduo. Nesse sentido, e considerando tais fatores, a análise em questão pontuará como a mudança da narrativa transcende os padrões já internalizados do gênero, e como se constrói a amplitude de significação a partir do discurso e outros elementos que contemplam a liricização da prosa. Palavras-chave Transformação, Liricização, Silenciamento. 15 CONEXÃO E ENSINO: COMO ALUNOS RELACIONAM TEXTOS E MEMÓRIAS Autor Ana Laura Garro dos Santos Coautor Renata Junqueira de Souza Resumo Pretende-se neste trabalho discutir e refletir sobre como alunos de quinto ano de Ensino Fundamental compreendem o texto literário a partir da estratégia de leitura da conexão (conexão texto-texto, conexão texto-leitor e conexão textomundo). As atividades aqui analisadas fizeram parte do projeto ―Estratégias de leitura e biblioteca escolar: leitura e formação de leitor‖ do Centro de Estudos em Leitura e Literatura Infantil e Juvenil (CELLIJ). A experiência relatada aqui aconteceu em 2014 com duas salas de quinto ano em uma escola municipal de Presidente Prudente, totalizando 61 alunos. Com objetivo principal de incentivar a leitura através de atividades de estratégias metacognitivas de compreensão, a metodologia adotada teve quatro momentos dentro de uma oficina pedagógica: a aula introdutória em que o professor modela a estratégia escolhida para ser trabalhada, a seguir a prática guiada período em que o educador elege um texto e pede às crianças que leiam em grupo discutindo as relações que estabelecem com o texto; em seguida, os discentes fazem a leitura independente para depois compartilhar a estratégia ensinada, neste caso a conexão. Na atividade com o livro ―Valentina‖ (VASSALO, 2007), as crianças foram incentivadas a discutirem que outros textos, eventos assistidos ou lidos o texto principal os remetia, bem como, debaterem as conexões pessoais que estabeleceram a partir da leitura. Os resultados obtidos mostraram que os discentes realizaram com mais frequência a conexão texto-leitor, seguido da conexão texto-texto e, por último, a conexão texto-mundo e que a discussão sobre suas conexões auxiliaram a compreensão do texto integral. Palavras-chave Leitura, Estratégias de Leitura, Conexão RELAÇÕES DISCURSIVAS: A POÉTICA INTERTEXTUAL EM LAVOURA ARCAICA E SEUS EFEITOS DE SENTIDO Autor BEATRIZ PAZINI FERREIRA Resumo Lavoura arcaica, de Raduan Nassar, se posiciona entre os bons romances aparecidos no Brasil na década de 70. O narrador-personagem, André, se mostra ao mesmo tempo confuso e consciente em relação a suas ações, definidas, com certa frequência, pelos diálogos e pelo fluxo de consciência, na medida em que esses recursos viabilizam os acontecimentos no plano diegético. Como narrador autodiegético, André tanto participa da história ―atuando‖ como dispõe e conduz a trama. No tecido narrativo, constatamos também a intertextualidade que produz sentidos ao leitor e é manifestado por meio de outro discurso já-dito e que ultrapassa o plano textual. Durante o processo de leitura, o leitor tenta interpretar os significados das palavras, adotando, para tanto, seu conhecimento de mundo. Contudo, a interpretação constitui-se de distintas formas, dependendo da formação e do contexto de recepção daquele que a faz. É por este motivo que nada deve ser desprezado dentro de um texto literário, no caso, a intertextualidade. Com essa base informativa, o artigo aqui proposto tem por objetivo analisar as marcas intertextuais e discursivas do romance nassariano, os textos árabes, como o Alcorão (Séc. VII) e um conto presente no livro As mil e uma noites (Séc IX): ―A história do sexto irmão do barbeiro‖. A base metodológica utilizada foram os estudos sobre intertextualidade de Authier Revuz (1982), Ingedore Koch (1989) e Julia Kristeva (2005). Palavras-chave Lavoura arcaica, Discurso, Intertextualidade 16 A SUBJETIVAÇÃO DA SENZALA COMO PROVOCAÇÃO IDEOLÓGICA: O ESPAÇO FICCIONAL E O DISCURSO DA RESISTÊNCIA FEMININA NEGRA NO ROMANCE UM DEFEITO DE COR Autor Fernanda de Andrade Resumo O artigo tem em seu escopo demonstrar os sentidos reinvestidos na escravidão brasileira ao se investigar a textualização do espaço ficcional, como elemento identitário ativo, na história contada pela perspectiva da escrava africana, narradora autodiegética do romance Um defeito de cor (2006), da escritora Ana Maria Gonçalves. Quando ressignifica os embates sob o inescrupuloso poder disciplinar do regime da casa-grande & senzala, termos notórios e significativos de Gilberto Freyre, a obra questiona não só a expropriação da herança cultural feminina afro-brasileira, bem como os discursos estereotípicos e as hierarquias impostas. Desse modo, a proposta ancora-se em um subsídio teórico multidisciplinar, tal qual o de Michel Foucault, de Marc Augé, de Edward Said, de Linda Hutcheon e de Stuart Hall, que auxilia a aclarar a produtividade polissêmica da literatura em sua específica cronotopia e diálogo social na transfiguração do real, a metaficção historiográfica neste trabalho, sendo um privilegiado discurso de subversão e de resistência, provocativo à via hegemônica. Palavras-chave Espaço Ficcional, Discurso, Metaficção Historiográfica. A ESCRITORA NO BRASIL: O DISCURSO FEMINISTA CONTEMPORÂNEO Autor Gabriela Fonseca Tofanelo Resumo Historicamente, o discurso predominante na literatura era sob o ponto de vista do cânone sempre masculino. Tais discursos acabavam por reforçar os ideais patriarcais acerca da inferioridade da mulher. Enquanto que à mulher, lhe era negado o papel de escrever. Com as diversas conquistas do movimento feminista em vários âmbitos, como o social, político e econômico, verifica-se uma grande mudança de paradigmas: a mulher deixa de ser somente (mal) representada pelo discurso masculino e passa também a representar, ela mesma, seus personagens e ideologias. Porém, em um primeiro momento, o faz ainda com a busca dos questionamentos acerca das problemáticas de gênero. Portanto, que esta pesquisa busca é analisar a trajetória da literatura de autoria feminina brasileira contemporânea, especificamente a do século XXI, para investigar se houve avanços no sentido de um discurso pautado em uma sociedade contemporânea, com outras problemáticas e considerações. Serão abordados, para tanto, livros de Adriana Lisboa, Tatiana Salem Levy e Paloma Vidal. Palavras-chave Discurso Feminista, Crítica Literária Feminista, Autoria Feminina 17 IDENTIDADE DO SUJEITO NIPO-BRASILEIRO NO ROMANCE NIHONJIN Autor Hugo Hajime Kimura Resumo Este trabalho tem como finalidade analisar a construção discursiva do romance Nihonjin, acerca da identidade do sujeito nipo-brasileiro; identificar como ocorre o processo de subjetivação da identidade do japonês e seus descendentes que se iniciou pela diáspora japonesa para o ocidente, procurando responder o modo em que o romance Nihonjin constrói ou põe em funcionamento os discursos sobre o sujeito nipo-brasileiro. Para tanto, partiremos dos pressupostos da Análise do Discurso, que discutem as questões sobre a identidade. Orlandi (1998, p.204) afirma que, ―a identidade é um movimento na história.‖ Outro ponto relevante partindo dos Estudos Culturais será de levantar e descrever o hibridismo cultural no processo de construção identitário, no livro, acerca do sujeito nipo-brasileiro em relação a aspectos valorativos da cultura brasileira e japonesa, partindo-se de Hall (2012), Canclini (2008) e Silva (2012). Assim, observamos no e pelo funcionamento discursivo do livro, o processo de (des)identificação do sujeito nipo-brasileiro em relação a aspectos culturais valorativo da cultura brasileira e japonesa, ou seja, como ao longo das gerações ocorrem o processo de identificação com traços de uma cultura ou outra. Opta-se no trabalho fazer recortes de partes que se relacionam a identidade do sujeito nipo-brasileiro. A época recortada perpassa entre a chegada dos imigrantes para o Brasil e a Segunda Guerra Mundial. Palavras-chave Identidade, Subjetivação, Nipo-brasileiro. ANÁLISE DISCURSIVA DO CONTO ―BERENICE‖ DE EDGAR ALLAN POE PARA A TV: NOÇÕES DE ADAPTAÇÃO, TRADUÇÃO E TRANSGRESSÃO. Autor Jaqueline Aparecida Campos Resumo O seguinte trabalho propõe discutir o conto do célebre Edgar Allan Poe ―Berenice‖ para a adaptação feita para a TV no seriado do canal FOX intitulado ― Contos de Edgar‖. Na TV o episódio recebe o nome de ―O sorriso de Berê‖, e acontece em São Paulo, em pleno século XXI. O elo entre o conto e o episódio se mostra pelo sorriso, que causa fascinação nos personagens dos primos de Berenice, no conto; e Berê, no seriado. A partir dessa reconfiguração, a proposta consiste em analisar as imagens discursivas em relação às duas materialidades situadas em diferentes condições de produção. A tradução recontextualiza a obra literária de um texto original (texto de partida), gerando outras imagens, reinscrevendo-a numa outra realidade, na qual é percebida. Inscrita na ideologia, a tradução é concebida, por Lefevere (1992), como um processo por meio do qual se transforma o texto original (texto de partida) tornando-a aceitável do ponto de vista da poética vigente em torno da obra e autor em que é traduzida. Ainda nos utilizaremos de Fish (1980), que nos ampara em relação a seguinte pergunta: até que ponto uma tradução pode ser considerada adaptação e vice-versa? O autor nos traz que o reconhecimento da noção de transgressão como fator constitutivo da prática tradutória não significa que qualquer forma de produção ou interpretação seja aceita como tradução. Por esses caminhos procuraremos entender um pouco melhor as noções de tradução, adaptação e transgressão no que se refere ao conto como texto de partida e ao episódio televisivo como texto de chegada. Palavras-chave Adaptação, Tradução, Discurso. 18 A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DO MEDO NO CONTO DE FADA BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES: UM COTEJO ANALÍTICO ENTRE O TEXTO ARQUÉTIPO E O CONTEMPORÂNEO Autor KARINE CAJAIBA SOARES SILVA FARIAS Resumo Os contos de fadas estão presentes nos lares das famílias brasileiras. Histórias sempre marcadas pela comparência de personagens malvadas, cruéis e vingativas. A pesquisa ora descrita, de natureza analítica, terá como corpus os contos de fadas, assim classificados: o texto arquétipo – ―Branca de Neve e os sete anões‖ dos irmãos Grimm - e o contemporâneo ―Branca de Neve, versão atualizada‖ de Pedro Migão. O intento deste trabalho consiste em investigar como o medo é engendrado discursivamente em ambos os contos, por serem esses datados de épocas diferentes. Para tanto, atentarnos-emos às possíveis desconstruções/atualizações advindas da versão contemporânea do conto de fadas ―Branca de Neve e os sete anões‖, em busca das motivações ideológicas que subjazem à perpetuação de discursos providos de temor. Diante do que fora dito, pretendemos analisar de que modo os elementos do interdiscurso possibilitam o discurso do medo materializado nos textos supracitados. Valendo-nos dos preceitos postulados por Pêcheux (1990, 1995, 1999), adotamos como metodologia algumas categorias de análise para ―classificarmos‖ o medo discursivamente, a saber: o medo como não aceitação do diferente, o medo como obediência, o medo como manual de conduta. Os contos em questão, nos quais o medo é personificado pela madrasta - mãe ilegítima da princesa - denunciam os lugares sociais atribuídos à maternidade, revelam as formações discursivas as quais autorizam o discurso e nos fazem pensar que há uma formação ideológica capaz de reger a representação das mães verdadeiras e mães não "verdadeiras‖, posto que o espúrio e o feio figuram como regra geral quando se quer ―assombrar‖ alguém. Palavras-chave Análise do discurso, Discurso do medo, Contos de fadas. VOZES DA TERRA: LITERATURA E RESISTÊNCIA NOS POEMAS DO MST Autor Luciana Vedovato Resumo A metáfora proposta Foucault (2005, p.26) do ―nó em uma rede‖ é bastante profícua para deliberarmos sobre a literatura como materialidade discursiva, em especial, a literatura de resistência como pode ser compreendida a do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, uma vez que ela só poder ser observada a partir da relação com as condições de produção e da leitura ao conjunto de remissões que faz a lugares históricos, outros textos, etc. Assim, rompendo com o conceito de inspiração romântica e do dom divino e entrelaçada com a luta e com a lida dos camponeses, a literatura do MST recompõem o cotidiano dos trabalhadores não na relação de massificação, mas do lugar da contradição, do rompimento com a ordem do real estabelecida pelas forças dominantes e, criando assim, espaços de memórias diferenciados para o se entende por Literatura, por poesia, a partir da infraestrutura. Nesse sentido, também reconfigura a própria histórias dos seres, uma vez que, questionando o cotidiano, impacta a realidade e desestabiliza a ideologia. Assim, torna-se ela própria, a Literatura, uma materialidade história e discursiva. Enuncia, em termos bakhtinianos, de forma dialética as relações dos seres com o mundo e com as instituições e torna-se também a resposta à interpretação do mundo a partir da realidade. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho é analisar como a Literatura pode ser compreendida como uma prática de resistência, de interpretação da realidade e de reconfiguração da história. Para tanto, utilizaremos os poemas do CD Arte em Movimento do MST (2002) como corpus de análise e como pressupostos teóricos, os os textos de Pêcheux (2009, 2010), Bakhtin (2004), Foucault (1995). Palavras-chave Discurso, Literatura, MST 19 ALENCAR: DA ALTERNÂCIA ENTRE O DISCURSO DRAMÁTICO E O DISCURSO FICCIONAL PARA AS TELAS DO CINEMA Autor Margarida da Silveira Corsi Resumo Nosso trabalho, vinculado ao projeto de pesquisa O romance e suas intersecções – versões e transposições da ficção literária (UEM), apresenta um esboço da produção literária de José de Alencar, especialmente no que se refere às razões que levam seus romances a serem adaptados ao cinema. Para tanto, embasados em BAKHTIN (1992), FARIA (1993; 1987); DE MARCO (1986); FRANCO (1984); MAGALHÃES Jr (1977); MACHADO (1987); MARTINS (2005), apresentamos aspectos de sua produção literária que enfocam sua versatilidade estilística, composicional e temática na produção de romances e peças teatrais, dando margem às adaptações e a uma produção que mescla traços do romance no teatro e deste no romance. Assim, quando a literatura brasileira dava os primeiros passos para sua afirmação diante das grandes produções europeias, Alencar, dividindo-se entre a dramaturgia e prosa de ficção, construiu uma literatura que retrata o Brasil oitocentista, seus costumes, suas paisagens e seus personagens, mesclando traços de drama e romance em suas produções. Os aspectos primordiais desta obra ficcional levaram o autor romântico, nascido na primeira década do século XIX, a participar da construção da cinematografia brasileira através de 21 adaptações de seus romances na produção audiovisual de todo o século XX. Palavras-chave Alencar, literatura, cinema VESTÍGIOS ROMÂNTICOS NA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA Autor Nincia Cecilia Ribas Borges Teixeira Resumo De acordo com Chartier (1991), a representação ocorre no momento em que há o encontro entre o mundo do texto e o mundo do leitor, e como cada leitor possui uma experiência de vida e pertence a um grupo social diferente, a forma final desse texto nunca será única, pois sofrerá a ação de poder que rege o grupo ao qual o indivíduo pertence.Assom, se o mundo é representação e a ligação entre as palavras e as coisas não se dá de maneira tão óbvia como se pode imaginar, o que se pode concluir é que sempre haverá um véu separando a linguagem e o mundo real, fazendo a função de revelar e esconder, mantendo a aura de mistério sobre o que realmente está do outro lado do fino e delicado tecido da representação, fazendo com que os sentidos devam constantemente ser reconstruídos, pois a visão do que está além é turvamente escondida pela transparência. Porém, é importante destacar que esse jogo da representação jamais acontece de maneira inocente, pois toda fala carrega consigo marcas de poder. O presente trabalho analisa minicontos de Lia Beltrão publicados no site literário Escritoras Suicidas, salientando os vestígios da tradição romântica a partir do subjetivismo encontrado na escrita da autora. Os textos estudados apresentam-se com um campo de instauração de novos significados; além disso, analisam-se conexões entre a identidade e a escrita de si que emerge no contemporâneo como campo de criação pelo qual a escrita de autoria feminina instaura novos significados ao ficcionalizar experiências vividas. Palavras-chave narrativa feminina contemporânea, romantismo, subjetivismo. 20 O MITO DO HERÓI DA PERSONAGEM JESUS CRISTO EM QUINTA-FEIRA SANTA, DE JOSÉ RÉGIO Autor Rafael Carlos dos Santos Resumo Ao propor-se pesquisar de forma breve o mito na poesia e sua história, podemos constatar a grande importância que o assunto traz para a evolução do homem e a construção da sociedade em que vive. Todos os períodos da história da humanidade foram eternizados por palavras, que nas escritas de grandes poetas e escritores tem o objetivo e finalidade de proporcionar prazer ou também como livre forma de manifestar seus desejos, anseios, angústias, dores e amores num dado momento de vida desses criadores. Dentre esses momentos, elegemos José Régio, um dos maiores autores da Literatura Portuguesa, que enfoca em suas obras conflitos internos naturais da existência humana. Dentro dessa perspectiva, optamos trabalhar o poema Quinta-Feira Santa, onde o objetivo de nossa pesquisa é analisar o mito do herói da personagem Jesus Cristo. A obra além de despertar o prazer de ler, serve também para envolver o leitor através de indagações internas sobre o assunto, ou seja, o homem que age por impulsivos na condição de julgar e o homem que demonstra seu lado de misericórdia e arrependimento. Palavras-chave Mito, Poesia, Sociedade. A FORMALIZAÇÃO DISCURSIVA DO UNIVERSO DO TRABALHO NA CÔNICA 8 DE OUTUBRO DE MACHADO DE ASSIS Autor Sueder Santos de Souza Resumo Para este trabalho partimos da premissa de que o discurso, sendo ele uma construção linguística, é atrelado ao contexto social no qual o texto é desenvolvido, assim, estabelecemos a relação de que o homem não só pensa sobre trabalho, como efetivamente trabalha, fala sobre trabalho, estabelece relações trabalhistas e em última instancia, escreve sobre trabalho, mas principalmente o reflexo que esse construto – relação trabalho-linguagem – tem na literatura. Assim, ao estabelecermos a relação entre trabalho e linguagem, fazendo uso principalmente das teorias de Engels e de Bakhtin, é que iremos analisar a crônica de Machado de Assis intitulada 8 de Outurbo. A crônica escolhida para compor a pesquisa circulou no dia 8 de Outubro de 1893, no jornal Gazeta de Notícias, na coluna A Semana, se tratando da vida do livreiro Baptiste Louis Garnier e de sua relação com universo do trabalho editorial. Dessa forma, analisaremos as relações discursivas sobre o trabalho, estabelecidas por Machado de Assis, levando em conta o contexto editorial do século XIX e sua relação com o livreiro, pois os critérios estabelecidos para a seleção da crônica concentraram-se na que possuísse maior referência sobre o universo trabalhista e a que mais representasse ideologicamente o discurso sobre trabalho, levando o discurso literário a alcançar um status de grande importância por ser uma fonte de conhecimento acerca de como o escritor percebe as formações sociais, no caso, seu discurso em relação ao o universo extraliterário do trabalho e como ele o representa através do gênero crônica. Palavras-chave Formação Discursiva, Discurso e Trabalho, Machado de Assis 21 É UM LIVRO: INDAGAÇÕES POSSÍVEIS SOBRE OS SUPORTES DE LEITURA DA CONTEMPORANEIDADE. Autor Taisa Andrade de Souza Silva Ribeiro Coautor Renata Junqueira de Souza Resumo Ao pensar sobre literatura, especificamente a infantil, bem como as formas como o leitor da contemporaneidade se apropria da leitura nos deparamos com um cenário de constantes mudanças onde se articulam gêneros não-literários e as narrativas midiáticas. Com o desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação, informação e entretenimento, o texto impresso, o livro, deixa de ser o único suporte de leitura. Além do livro, a televisão, o computador, videogames, tablets e celulares tem ocupado cada vez mais espaço na sociedade. A partir deles, narrativas são colocadas em circulação e podem possibilitar o acesso a outras ideias, proporcionar a experiência de diferentes sentimentos, e a formulação de novas e antigas indagações, além de informar e entreter. É a partir desta gama de modos de ler que apresentaremos a experiência de leitura do livro: ―É um livro‖, de Lane Smith (2010). Em atividades de contação de histórias com crianças de um quinto ano do Ensino Fundamental discutimos as semelhanças e diferenças entre dois suportes distintos: o livro infantil impresso e os de mídias digitais. Os discentes puderam estabelecer relações não só com o texto e as ilustrações de Lane Smith, mas também com a escola, ainda pautada no texto impresso, com as brincadeiras digitais, com a persistência do texto em insistir com os diversos elementos da leitura digital (rapidez das personagens, interatividade, etc.). Os resultados mostraram crianças que praticam diversos modos de ler e educadores ainda não preparados para explorar tais diferenças. Palavras-chave Leitura, Suportes de leitura, Preferências infantis. LEITURA DISCURSIVA DE UM CONTO PÓS MODERNO: PROPOSTA PARA ENSINO BÁSICO. Autor THAMIRES NASCIMENTO DEARO Resumo O ensino de leitura em língua materna é um tema que ainda suscita reflexões e encaminhamentos no campo de estudos de linguagem, por isso torna-se importante estudá-lo, tendo em vista as contribuições da Análise do discurso (doravante, AD) para práticas de leitura escolar. Neste trabalho, voltamos nosso olhar para uma turma de ensino básico, na medida em que sabemos da necessidade de os sujeitos-leitores terem, em sua formação inicial, experiências de leitura que fujam da materialidade do texto. Dessa forma, pretendemos apresentar uma abordagem didática de leitura de cunho discursivo do conto ―O corpo‖, de Sergio Sant‘Anna, um autor contemporâneo que escreve sobre temáticas pós-modernas, especificamente, no caso do conto em tela, sobre a realidade urbana atual. Para tanto, mobilizamos conceitos da AD tais como: posição discursiva, condições de produção e memória que são passíveis de serem trabalhados, visto que permitem ao professor contemplar o jogo entre a língua e a historicidade do dizer. Considerando a dimensão da literatura, a AD nos coloca diante da possibilidade de trabalhar os múltiplos sentidos que o corpo mencionado na narrativa produz a partir de posições distintas, ou seja, o professor pode implementar um trabalho de leitura polissêmica a partir dos pensamentos e visões de cada personagem, bem como examinar as condições de produção nas quais o conto emerge. Palavras-chave Leitura discursiva, Literatura e AD, Ensino e AD. 22 UMA ANÁLISE DA MEMÓRIA À LUZ DA TEORIA DOS PRÉ-DISCURSOS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE OS TEMPOS DE ESCOLA DO ESCRITOR IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO Autor Thiago José Rodrigues de Paula Resumo O trabalho de rememoração não opera exclusivamente numa esfera individual. Ele mobiliza conhecimentos, saberes e crenças de um estoque cultural coletivo que se entrecruzam com as recordações de um sujeito. Não há memória que não passe por um processo de simbolização das experiências de vida, nem que se constitua à revelia do momento sóciohistórico no qual o sujeito que se rememora está inserido. Nesses termos, buscando problematizar a inter-relação entre singularidade e coletividade, o presente estudo objetiva analisar as memórias de escola arroladas pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão numa entrevista concedida ao portal ―Educar para crescer‖. Como arcabouço teórico, utilizaremos a concepção de memória de Paveau (2013), que possibilita uma reflexão sobre a presença dos saberes coletivos no processo de rememoração. Tomaremos como categoria de análise o conceito de pré-discursos, entendidos como um ―conjunto de quadros pré-discursivos coletivos que têm um papel instrucional para a produção e a interpretação do sentido‖ (PAVEAU, 2013, p. 12) e que dão conta de uma memória ligada às condições sociais, históricas e cognitivas de produção dos discursos, denominada por Paveau de memória cognitivo-interdiscursiva. Palavras-chave Memória, Pré-discursos, Ignácio de Loyola Brandão. HOWL‘S MOVING CASTLE E HAURU NO UGOKU SHIRO - A LITERATURA E O CINEMA A LUZ DA ANÁLISE DO DISCURSO Autor Verônica Braga Birello Coautor Roselene de Fatima Coito Resumo Este trabalho retrata parte da pesquisa de mestrado da presente autora que trabalhou a autoria, a tradução, a interpretação e a literatura por meio de perspectivas discursivas. Neste trabalho que propomos trataremos da literatura vista por Foucault e Machado. Buscando compreender como o filósofo francês entendia a literatura e, portanto como poderíamos trabalhar com obras literárias por meio de uma perspectiva discursiva. Além disso, trabalhamos com os estudos de Propp, Todorov e Sperber, que retratam o romance maravilhoso e suas características, que serão fundamentais para nossa análise. Por meio dessa união mostramos que não estamos desprezando o que já vem sendo pesquisado de maneira frutífera no campo da literatura. Entendemos que os estudos literários e discursivos podem se encontrar e juntos contribuírem para o desenvolvimento de pesquisas que tenham como corpus o literário. Dessa forma, nosso corpus de análise que se configura como um romance maravilhoso intitulado Howl‘s moving castle de Diana Wynne Jones (1986) e sua tradução cinematográfica, Hauru no ugoku shiro, dirigido por Hayao Miyazaki (2004). Sendo assim, procuramos construir um percurso que unisse a teoria e a análise. Percebemos que a literatura possibilita uma pluralidade de olhares que nos permite articular teorias e conceitos em busca da compreensão de fenômenos presentes no cotidiano como o deslocamento dos sentidos quando acontece a mudança das materialidades – escrita para a tela do cinema. Palavras-chave Análise do Discurso, Cinema de animação, Literatura 23 O PODER DO DISCURSO LITERÁRIO: ALTERAÇÕES NA IMAGEM CANÔNICA DE CAIO FERNANDO ABREU Autor Wagner Vonder Belinato Resumo Em ―Raisons pratiques‖ (1994), Pierre Bourdieu define a atuação de novos autores que visam inserir-se no campo literário como ―pretendentes‖ (p. 71), afirmando que a luta entre autores dominantes (ou canônicos) e pretendentes é um dos fatores de constituição do campo literário. Razão central da tese ―Para além da escritura: negociações simbólicas do tornar-se autor literário – a busca por leitores a partir da imagem de Caio Fernando Abreu‖, em desenvolvimento no Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá, essa negociação é focada na imagem do autor gaúcho, que passa a exercer influência direta em um grupo verificado de 11 novos autores de literatura brasileira, entre os quais é possível destacar os nomes de Arturo Gouveia, Marcelo Mirisola e Ramon Mello, por exemplo. Ao mesmo tempo em que buscam assegurar, para suas obras, espaço tanto junto aos leitores quanto no campo literário, o processo acaba por reposicionar a imagem de Caio Fernando Abreu enquanto autor canônico, buscando, em intertextos mais ou menos integrados às tramas (para que valemo-nos das observações de Roland Barthes a respeito das funções narrativas – Barthes, 1977), valorizar a imagem do autor para, inserindo-o de modo mais eficiente no campo literário, atrelar aí seus próprios discursos, intentando, por outro lado, destacar a novidade de seus empreendimentos (Bourdieu, 2009), pelo que visam se distinguir do cânone vigente. O discurso que constroem demonstra que, mesmo na posição de pretendentes, esses autores possuem poder no campo. É na busca de revelar os mecanismos desses procedimentos que o presente trabalho se constitui, apresentando resultados parciais da tese. Palavras-chave Caio Fernando Abreu, Cânone, Pretendentes A PRESENÇA DA TRAGÉDIA E DO MITO NO DISCURSO JORNALÍSTICO Autor Wellington Stefaniu Resumo As notícias jornalísticas ditas como "trágicas" são um espelho assimétrico da sociedade: ao relatar o factual, refletindo o acontecimento, o fazem de uma maneira sensacionalista e peculiar. Tais notícias são narrações do real, que visam instigar a comoção pública, lançando mão de elementos encontrados em outras áreas do conhecimento, tais como na Tragédia Grega e em sua respectiva mitologia para compor a realidade, de forma que ele estabeleça uma conexão com o imaginário coletivo da cidade. Considerando que uma das funções da Tragédia foi despertar a compaixão do público ao relatar histórias de "homens comuns" e que o mito foi criado para servir de exemplo e organizar o social, o presente trabalho tem por objetivo analisar como as notícias jornalísticas brasileiras mantém traços trágicos e mitológicos recorrentes em suas narrativas, induzindo o seu público a (re) pensar seus valores com uma tentativa de "comoção em massa". Para isso nos utilizaremos das teorias sobre a Tragédia grega propostas por Vernant & Naquet (2011) e Brandão (1984), assim como nos estudos feitos por Traquina (2012) acerca da teoria jornalística e, ainda, Goldgrub (1995) e Camargo (2013) com as teorias do mito, para que possamos compreender como são utilizadas as características ressaltadas anteriormente no jornalismo brasileiro. Palavras-chave jornalismo, tragédia, mito. 24 SIMPÓSIO 3 – Discurso, sujeito e sexualidade Coordenadores: Alexandre Ferrari (Unioste) e Atílio Butturi Junior (UFSC) EFEITOS DA DESIGNAÇÃO JURÍDICA DAS MINORIAS PRODUZIDAS NA/PELA MÍDIA Autor Adilson Carlos Batista Resumo Filiamo-nos à Analise de Discurso do que dependa pensar nas práticas sociais e nos efeitos produzidos pelas designações de grupos que se inscrevem na formação discursiva das minorias que buscam se estabelecer como grupos, buscando conquistar os seus direitos e legitimar suas posições e opções. O surgimento desses grupos e a necessidade de nomeálos/designá-los, sem ferir ao tido como ‗politicamente correto‘, em voga na atualidade, fomentou designações que se legitimam a partir do jurídico, do histórico, do social e do cultural. No âmbito do político, que nos interessa nesse recorte, as designações são efeitos jurídicos constituídos em jurisprudências, que reivindicam o estatuto de lei. Diante das designações pautadas no jurídico, propomos buscar pelos processos de constituição de conceitos em torno do homossexualismo/homossexualidade, na legislação e analisar como essas designações vão se significando e ressignificando pela linguagem, no discurso da mídia – Internet (Páginas, Blogs, redes sociais etc.). Interessa-nos em torno dessas designações não a história, mas a historicidade, pensando em processos que resultam, pela pressão das minorias na alteração ou não da língua/linguagem, bem como os efeitos de sentidos dessa transformação ou repetição, conforme instaure redes parafrásticas ou inicie uma nova série, constituindo o acontecimento enunciativa ou discursivo. O fio condutor das análises é a memória, que resulta em práticas, porque se sustenta no já-significado antes em outro lugar. Palavras-chave Sujeito, Práticas discursivas, Designações DO DES-COBRIMENTO AO SÉCULO XXI: MEMÓRIA DISCURSIVA NA CONSTITUIÇÃO DA IMAGEM DO ÍNDIO. Autor Alexandra Aparecida de Araujo Figueiredo Resumo Propõe-se por meio desse trabalho refletir acerca dos discursos que dão subsidio a constituição da imagem do indivíduo indígena na atualidade, mais especificamente da população indígena das aldeias do Município de Dourados MS, e os reflexos desses discursos dentro da educação escolar indígena. Como base teórica para esse trabalho, nos pautamos nas concepções da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, mais especificamente de Pêcheux (1999) no que tange a questão sobre Memória Discursiva, por entendermos que os dizeres da atualidade estão atrelados a outros discursos, um já dito que torna possível um dizer atual. Desse modo, discursos de cunho inferior como, ―As crianças da aldeia não nascem espertinhas como as da cidade‖, proferido por uma educadora indígena, sugerem ser resquícios de uma sociedade colonizada e dominadora. Contudo, sabemos que as práticas discursivas não são estanques, estão em constantes transformações, da mesma forma são as estruturas sociais, como a ciência, religião, política, a escola, dentre outras que ditam o certo e o errado na sociedade, logo, não deixam de refratar a todo tempo suas bases históricas. Assim, tudo que destoa do que é determinado pelas referidas instâncias passa a ser considerado anormal, incompetente, feio, errado, entre outros adjetivos negativos. Nesse sentido, considerando a perspectiva de entremeio da AD, buscamos correlacioná-la com o texto – ―Entre Próspero e Caliban – Colonialismo e Pós - Colonialismo e Interidentidade, (2003)‖, do autor sociólogo, Boaventura de Sousa Santos, visto que o mesmo traz uma visão ampla de acontecimentos históricos da nossa sociedade que contribuem para sustentar os discursos atuais. Palavras-chave Análise do Discurso, Racismo, Indígena. 25 O DISCURSO SOBRE O/DO SUJEITO HOMOSSEXUAL NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO RESSIGNIFICANDO O SEU LUGAR NO BRASIL NA CONTEMPORANEIDADE Autor Alexandre sebastião ferrari soares Resumo Os discursos midiáticos sobre a homoafetividade, de uma forma quase que geral, têm se deslocado, sobretudo nos grandes meios de comunicação, para outras formas de construção das imagens dos sujeitos homossexuais, sejam eles, gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais. O discurso sobre a família tem se mostrado bastante presente quando se trata de novas formas de organização de núcleos afetivos produzindo, a partir disso, um discurso de normalidade das relações homoafetivas; ou, em se tratando de travestis, os discursos sobre a profissionalização e a educação formal também são recorrentes nos discursos da imprensa. Ou ainda, o discurso médico sobre os transgêneros efetivando um outro lugar para os transexuais na ordem do discurso midiático. Essas novas formas de ressignificação das Formações Imaginárias sobre a comunidade LGBTT, na mídia, acabam também produzindo novos sentidos nos discursos dessa comunidade sobre os seus estilos de vida e sobre as suas necessidades, direitos e o lugar na sociedade contemporânea. A partir da teoria francesa de análise de discurso, criada por Pêcheux, na França da década de 1960 e difundida, no Brasil, sobretudo, por Eni Orlandi, proponho analisar o funcionamento do discurso nos principais veículos onlines de informação a fim de compreender os novos sentidos produzidos pelos e sobre o sujeito homossexual. Duas perguntas me guiaram durante todo o percurso de realização desse trabalho A) Qual é o lugar, diante da proliferação cotidiana de linguagens na mídia, da memória pessoal, cultural e social sobre o/do homossexual? e B) Quais deslocamentos são materializados na língua que me permitem observar as novas formas de denomi nar? Palavras-chave Discurso-jornalístico, sujeito, homossexualidade ―A MONOGAMIA É UMA INVENÇÃO SOCIAL‖: A REPRESENTAÇÃO DOS ATORES SOCIAIS NO ‗POLIAMOR‘ Autor Ana Carolina de Almeida Marques Resumo Para os sociólogos, o Poliamor é o oposto mais preciso da monogamia. Numa escala evolutiva, ele seria a forma de relacionamento mais desenvolvida, pois não estaria sujeita aos ciúmes, traição, controle, mas sim à liberdade, honestidade e igualdade. Ainda assim, no Brasil, pouco se tem sabido sobre esse tema e, quando discussões são iniciadas, muitas delas, relacionam-no à imoralidade e perversão. Sendo assim, uma análise da representação dos atores sociais de uma publicação do site BBC Brasil que trata sobre esse tipo de relacionamento não convencional se faz necessária para que se possa discutir a construção discursiva e as representações sociais que se fazem dele no Brasil contemporâneo. Para isso, serão utilizadas as bases teóricas de Marcuschi (2007), seus pensamentos a respeito das categorias discursivas e mobiliário do mundo, de Alves (2007) quanto à cultura, assim como os pressupostos teóricos e metodológicos da Análise Crítica do Discurso, mais especificamente van Leeuwen (1997). Palavras-chave Poliamor, Análise Critica do Discurso, Representação dos Atores Sociais. 26 O LUGAR DO AMANTE E DO AMADO NO SITE DE RELACIONAMENTO Autor Andrea Volpato Wronski Resumo O objetivo deste trabalho é analisar as configurações que assumem as posições-sujeito de amante e de amado no site de relacionamento chamado ParPerfeito. Foram analisados os discursos presentes nas autoapresentações que consiste no preenchimento dos dados para que o usuário efetue seu cadastro no site. O interesse neste estudo surgiu por considerar que a experiência do sujeito no site surge como uma nova forma de contato e de sedução, uma vez que parece congregar pessoas com o mesmo objetivo: o encontro amoroso e por se tratar do discurso sobre o amor no meio digital, permitindo novos gestos de análise e interpretação. Recorremos a AD (Michel Pêcheux) e a psicanálise (Lacan) como aportes teóricos para compreender o discurso sobre o amor que emergem nesses espaços. A AD auxilia na compreensão, a partir de seus dispositivos teóricos, da opacidade dos discursos que ali emergem e vem desfazer a ilusão de que o sujeito controla seu dizer e os efeitos de sentido sobre aquilo que diz em relação ao amor, ou melhor dizendo, sua procura. Na psicanálise com Lacan (1992) encontramos a relação do amor e do desejo e por esta razão o autor estabelece, em relação ao amor, as posições do amante e do amado, uma vez que para ele o amor é da ordem da falta. O inconsciente e ideologia interpelam os discursos sobre o amor no site e deixam pistas para pensarmos a Formação Discursiva que esses dizeres se filiam e acabam por dar contornos a um novo corpo que emerge no digital que estamos chamando neste estudo de corpo-metálico. Um corpo que se configura em substituição do corpo físico, mas que imprime marcas discursivas quando pensamos as posições-sujeito de amante e de amado no contexto do site. Palavras-chave Site de relacionamento, Posição-sujeito amante, Posição-sujeito amado. A (RES) SIGNIFICAÇÃO DA GUERRA DOS SEXOS: O ESTATUTO DO HOMEM CONTEMPORÂNEO NA PRODUÇÃO DISCURSIVA MIDIÁTICA DE IDENTIDADE (S) Autor Andréa Zíngara Miranda Resumo Partindo da ideia de que a pretensa evidência acerca dos temas constituintes de uma sociedade pode ser criticada, objetiva-se entender nesta comunicação como as práticas discursivas midiáticas constituem o sujeito-homem ética e moralmente, construindo verdades que delineiam sua identidade. O corpus de análise vale-se de um recorte fílmico de um episódio veiculado pelo programa global ―Amor e sexo‖ exibido em 23/10/2014, cujo enunciado ―homens ‗queimam‘ cuecas e pedem igualdade‖ pode dar acesso à apreensão das condições de validade e de possibilidade do saber midiático com relação ao sexo e à sexualidade do homem. Parte-se da hipótese de que o estatuto do objeto tratado, isto é, do homem, altera-se nas descontinuidades históricas, o que aponta para uma ressignificação da tão discutida ―guerra‖ dos sexos. O aporte teórico pauta-se nos contributos da análise arquegenealógica proposta por Michel Foucault (1982, 1985, 2009) para quem o dispositivo, cuja função estratégica evidencia a manipulação e a tática, inscreve-se sempre em um jogo de poder. Palavras-chave Discurso, Mídia, Homem contemporâneo. 27 OS DISCURSOS DAS HOMOSSEXUALIDADES EFEMINIZAÇÃO E RESISTÊNCIA Autor POPULARES BRASILEIRAS: PASSIVIDADE, Atilio Butturi Junior Resumo A comunicação tem por objetivo apresentar uma problemática de trabalho e uma análise inicial dos discursos homossexuais brasileiros produzidos segundo a marca do "popular", entendido a partir das discussões da micro-história e cujo caráter seria o da configuração de uma resistência diante dos dispositivos e, na mesma medida, de instauração de uma deiscência na leitura dos discursos sobre a homossexualidade e da homossexualidade construídos por maquinarias e dispositivos do campo do saber e da cultura "erudita". Para tanto, recorre à análise das relações entre poder, saber, corpo e sujeito da arqueogenealogia foucauldiana e toma como corpus para análise os discursos de RomaGaga Guidini, espécie de personalidade midiática que tem publicado vídeos de grande popularidade no Youtube. As reflexões apontam para duas questões fundamentais: inicialmente, ratificam a hipótese de uma cisão entre discursos homossexuais positivos e abjetos, sendo os primeiros os marcados pela urbaneidade e pela masculinidade, enquanto os outros produzidos pelas séries dos enunciados arcaicos e efeminados; a segunda questão que se levanta, então, é a de que há uma proliferação e uma resistência nos discursos abjetos, que retomam e reescrevem as homossexualidades, tensionando os limites categóricos mas, ainda assim, informam sobre a intrincada relação entre sujeito, ética e moral sexual do dispositivo sexual brasileiro. Palavras-chave Discurso homossexual, Passividade, Popular PÕE NA RODA: UMA BREVE ANÁLISE SOBRE A IDENTIDADE GAY Autor Cássio Henrique Ceniz Coautor Pedro Navarro Resumo O universo da sexualidade, sobretudo a homossexualidade, tem ganhado mais espaço na sociedade contemporânea. Isso tem desencadeado estudos nas diferentes áreas do conhecimento, inclusive, no campo da linguagem. Em um processo que busca compreender os sentidos produzidos nos discursos é possível, entre outras coisas, analisar a constituição das identidades. Deste modo, a partir dos discursos materializados em vídeos do canal Põe na Roda, hospedado no YouTube, acredita-se que seja possível analisar como se dá a constituição da(s) identidade(s) gay. Para tanto, tomamos por base a Análise de Discurso de linha francesa, especialmente as discussões empreendidas por Michel Foucault (1999) no campo da sexualidade. Além disso, buscamos estabelecer uma discussão interdisciplinar sobre as identidades ancorada nos Estudos Culturais de Bauman (2001; 2005) e Hall (1996; 2000; 2006). Esses são subsídios teórico-metodológicos que auxiliam no diagnóstico dos efeitos de sentido dos discursos e dos sujeitos que produzem o canal. Portanto, partimos do pressuposto de que os sujeitos que enunciam no canal assumem seus papeis sexuais e demonstram que o sujeito gay não possui uma identidade homogênea. Palavras-chave Discurso, Identidade, Põe na Roda. 28 O ―NORMAL‖ E O ―ANORMAL? EM DISCURSOS DE EDUCADORES/AS: AS DISSIDÊNCIAS SEXUAIS NA AGENDA ESCOLAR Autor CLODOALDO FERREIRA FERNANDES Coautor ARIOVALDO LOPES PEREIRA Resumo Trazer para a agenda social a discussão sobre as dissidências sexuais e entender os diferentes efeitos de sentidos que damos às identidades do ponto de vista discursivo, torna-se relevante, na medida em que a linguagem nos constitui, construindo sentidos sobre o que somos e o que poderíamos ser no mundo social (MOITA LOPES, 2003, 2006). Nesta comunicação, almejamos desestabilizar o lugar da escola como uma instituição secular e, por isso, tradicional, que fabrica e assujeita aquele/a fora da norma. A pesquisa de mestrado concluída em 2014 se insere no campo da Linguística Aplicada (LA), em convergência com a educação e outros estudos que atravessam as fronteiras proibidas (PENNYCOOK, 2006). O objetivo central que moveu a investigação foi compreender como se dão os mecanismos de exclusão daquele/a construído/a como ―anormal‖ em detrimento do ―normal‖. Para alcançá-lo, adotamos uma busca de cunho qualitativo, conduzida em escola da rede pública estadual na cidade de Anápolis, em Goiás, cujos dados coletados foram a partir de instrumentos como grupo focal, observação de aulas e diários de campo. A fundamentação teórica assumida foi motivada nos princípios da Análise de Discurso Crítica (ADC). Nessa perspectiva, sob as lentes teóricas de autores como Fairclough (2001) e Foucault (2001, 2010), entendeu-se que os discursos moldam ações que posicionam o sujeito em realidades sociais localizadas em tempos e espaços distintos. Os resultados apontam uma fissura, por parte de docentes, para discutir temáticas relacionadas à diversidade sexual na escola; contudo, ao mesmo tempo em que a escola é o recinto do diverso, é também o lugar do negado, do normatizado e do centralizado. Palavras-chave discurso, dissidências sexuais, linguagem A CULTURA FUNK E O FEMINISMO: UMA RESISTÊNCIA ARTÍSTICA? Autor Dantielli Assumpção Garcia Resumo Neste trabalho, a partir da perspectiva teórica da Análise de Discurso francesa e mobilizando as noções teóricas de silêncio, ideologia e sujeito, analisaremos o vídeo Vou cortar sua pica, elaborado pelo coletivo feminista PaguFunk, e também a Carta Aberta desse coletivo, compartilhada na página do Facebook da Marcha das Vadias de Brasília. PaguFunk é um coletivo autônomo e apartidário de mulheres funkeiras que busca divulgar ―mensagens feministas‖ às mulheres das/nas favelas e periferias. O vídeo Vou cortar sua pica foi produzido com a finalidade de conscientizar as mulheres das favelas e das periferias das formas de violências às quais o feminino está submetido. Já a Carta Aberta foi produzida como resposta à censura que o vídeo sofreu Em nossa análise, inicialmente, buscaremos refletir sobre a cultura funk e sua relação com o movimento feminista. Em um segundo momento, motivados pela questão ―quais são os sentidos de mulher-funkeira-militante que emergem no vídeo e na carta aberta?‖ e refletindo sobre o funcionamento da interpelação ideológica, pretendemos analisar como, por meio de um discurso feminista revolucionário (violento?), a mulher é interpelada para assumir a posição-sujeito mulher-funkeira-militante e militar pelo fim do machismo e das formas de violência contra a mulher. No terceiro momento, refletindo sobre a resistência, analisaremos como há um deslizamento de sentido do que consiste a resistência pela militância. Há a passagem, no discurso do Coletivo, de uma resistência pela arte, pela cultura a uma resistência pela violência. Por fim, pretendemos analisar como a censura funciona ao proibir a circulação do vídeo. FAPESP, proc. nº 2013/16006-8) Palavras-chave Cultura Funk, Feminismo, Militância 29 SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE E AIDS: UM ESTUDO DISCURSIVO EM SUPERFÍCIES MIDIÁTICAS Autor HOSTER OLDER SANCHES Resumo A partir de uma visada da Análise do Discurso, tomando como principal aporte teórico os pressupostos foucaultianos da Análise do Discurso. O presente projeto de pesquisa objetiva investigar a sexualidade da terceira idade da população brasileira e a realidade da aids no Brasil, nessa população, materializada em discursos da superfície enunciativa televisiva e eletrônica a partir da década de 1990. Para isso, toma-se a grande mídia, cenas televisivas, e discursos eletrônicos como objetos empíricos deste trabalho; enquanto o exercício de dispositivos, tais como o de sexualidade e o de aliança, apresentam-se, por exemplo, como objetos teóricos da pesquisa. Ademais, considera-se que a contaminação da população idosa pelo vírus HIV pode ser efeito do deslocamento de práticas discursivas e não discursivas inerentes à sexualidade. Sendo assim, a presente pesquisa buscará, na grande mídia (televisão aberta) e na rede eletrônica, a materialidade de discursos cujo tema é a prática da sexualidade e os efeitos dessas práticas no corpo dos idosos. Palavras-chave Sexualidade, Terceira Idade, Dispositivo de Sexualidade MULHERES BRASILEIRAS: A TRAJETÓRIA TEXTUAL E AS ENTEXTUALIZAÇÕES DE DUAS CAMISETAS ESPORTIVAS Autor Juliana Tito Rosa Ferreira Resumo Na perspectiva de Giddens (1991) estamos em um momento de transição, Modernidade Tardia, em que o sujeito moderno uno começa a dar espaço ao sujeito social fragmentado, coexistindo no mesmo cenário. Para Bauman (2001), que denomina este momento de Modernidade Líquida, surgem novas relações entre tempo e espaço, o imediato ganhou lugar na liquidez contemporânea. Dentro deste contexto, em tempos de copa do mundo 2014, deparamos na mídia com a construção discursiva e performativa de mulheres brasileiras, interessa-nos, no entanto, aquela sugerida em duas camisetas esportivas, destinadas ao público norte-americano, para homenagear tais corpos femininos. A empresa esportiva ao lançar esses produtos enfatiza a construção discursiva das brasileiras como um ponto turístico que deve também ser conhecido. O lançamento das camisetas gerou uma polêmica que se materializou em protestos e se espalharam na web. Sendo assim, nosso objetivo geral é identificar a trajetória textual do texto multimodal camisetas para a copa do mundo 2014, e nosso objetivo específico é analisar as entextualizações do texto multimodal camisetas na trajetória textual estudada. Para isso, esta pesquisa se embasa nos estudos sobre gênero e sexualidade sugeridos pelas teorias queer (LOURO, 2000, 2001, 2004; BUTLER, 2001), na concepção de linguagem como atos de fala performativos (AUSTIN, [1962]1990; DERRIDA, [1972]1988), na proposta de trajetória textual de (BLOMMAERT, 2011) e nas entextualizações (BAUMAM e BRIGGS, 1999), (BLOMMAERT, 2011; MELO e MOITA LOPES, no prelo) e o constructo de análise se embasa nas pistas indexicais propostas por Wortham (2001). Palavras-chave Teorias Queer, Linguagem Como Performance, Mulheres Brasileiras 30 PORNOGRAFIA FEMINISTA, MULHER E SEXUALIDADE Autor Luana Ferreira de Souza Resumo As produções de filmes pornôs por mulheres para mulheres tem como proposta fundamental a possibilidade de outra representação da sexualidade das mulheres. Nesse sentido, a pluralidade dos corpos e das sexualidades das mulheres incide de modo direto na pauta dessas produções que, por sua vez, se constitui na oposição da produção pornográfica de/para homens, visto que, nessas produções, se presume uma prescrição dos modelos de mulheres, das práticas sexuais e uma hipererotização do corpo da mulher que (re)produzem uma sexualidade a serviço dos prazeres e interesses dos homens. Inscrito na análise do discurso materialista, este trabalho busca compreender os sentidos de mulheres e sexualidade constituídos no funcionamento do pornô feminista e como se dá a circulação dessa produção no Brasil. Para tanto, tomo como objeto de análise a película Projeto Barcelona da pornografa Erika Lust na qual há uma mulher brasileira falando sobre sexo e duas entrevistas que circularam no Brasil com esta pornografa. É o modo como os dizeres sobre/do pornô para mulheres são significados no imaginário brasileiro que faz com que este trabalho seja proposto como um gesto de interpretação dessa discursividade. A nossa proposta permite compreender, então, como a produção de sentidos do discurso pornográfico de orientação feminista busca causar uma ruptura com os sentidos dominantes de mulheres e sexualidade na pornografia e faz emergir outras significações. Logo, outras possibilidades de ancoragem de identificações no e para os sujeitos. Palavras-chave Mulheres, Pornô, Análise do Discurso. A ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA E O PÂNICO MORAL: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DAS RELAÇÕES HOMOAFETIVAS Autor Marcieli Cristina Coelho Resumo A sociedade está sempre em mutação, seja em questões sociais ou culturais, visto que as verdades são criadas conforme as necessidades de cada época. Assim, a família, por ser uma instituição que rege às condutas de uma sociedade e das relações estabelecidas de cunho amoroso e sexual produz, também, efeitos de verdades e sentidos discursivo. Embora em vigência na atualidade, as relações homoafetivas instauram temor à grande parte da população, devidos às supostas mudanças estruturais que isso traria, principalmente, no que diz respeito a uma das mais antigas e respeitadas instituições: a família tradicional patriarcal. Tais implicações incidem sobre o político e o social, produzindo árduos contrapontos e duros diálogos, pois ao mesmo tempo em que um regime de olhar se estabelece, relações homoafetivas são normalizadas. Em contrapartida, a norma, por si só, não produz a normalização, e sim incide e promove um efeito de pânico moral na sociedade ocidental. O pânico aumenta, à medida que as práticas sexuais e amorosas são reorganizadas pelo casamento em uma relação imaginária com o Estado, afetando, diretamente, a instituição que rege a família. Considerando que o dispositivo da aliança e da sexualidade são regidos pela biopolítica, e, portanto, estão nas malhas do poder, as mudanças nos modos de relações homossexuais criam possibilidades à instituição família e ao Estado de requerem condutas que fazem viver o pacto da aliança e a deixam morrer a possibilidade de existência de relações outras, não normalizadas. Palavras-chave (homo)sexualidade, norma/normalização, saber/poder 31 SUJEITO DO DESEJO: A PROSTITUIÇÃO COMO LUGAR DO POSSÍVEL Autor Mirielly Ferraça Resumo A prostituição é caracterizada como um espaço permissivo, lugar do possível e da manifestação do desejo. O cliente é caracterizado por ser aquele que paga para obter prazer e as garotas de programa são definidas como aquelas que o satisfaz sexualmente. Se prazer, desejo, fantasia e liberdade sexual é explicitamente ligado ao cliente, o mesmo não se poderia dizer sobre as garotas de programa entrevistadas para este artigo, pois todas negam gostar da prática que exercem, inclusive no jogo discursivo colocam-se fora da prostituição o tempo todo. Entretanto, apesar de negarem, questiona-se se na teia discursiva o desejo não escapa. Assim, a partir de sequências discursivas selecionadas de uma entrevista realizada com garotas de programa de uma boate de Cascavel, busca-se refletir sobre o lugar marginalizado que é a prostituição e buscar furos na ordem discursiva, contradições que possibilitam pensar sobre a ordem do inconsciente e do desejo. Utiliza-se como aporte teórico a Análise do Discurso de orientação francesa. Palavras-chave Desejo, Análise do Discurso, Prostituição. RENATO RUSSO E A MÚSICA COMO EXPRESSÃO DAS QUESTÕES DE GÊNERO Autor Natália Barros da Silva Gomes Resumo Alguns autores, como Hélio Roque Hartmann (2001), defendem que a arte funciona como reflexo da sociedade, uma forma de manifestação da verdade de uma determinada época. Para Michel Foucault, o discurso é aquela parte invisível em que se singulariza cada acontecimento da história. Com base nos estudos do filósofo francês, entendemos as diferentes formas de expressão artística como práticas discursivas que falam a respeito do sujeito e de sua relação com o mundo. Nesse contexto, encontra-se o objeto de estudo desta pesquisa, a música ―Meninos e Meninas‖ de Renato Russo, lançada em 1989. O momento era de abertura política no Brasil, foi o ano da primeira eleição direta para a presidência da República, após o fim do regime militar; assim como o início da consolidação do rock nacional e dos debates sobre ideais conservadores e preconceitos. Com base nas discussões teóricas acerca da relação entre arte e sociedade e do contexto sociopolítico e cultural do final dos anos 1980; temos como objetivo demonstrar que a música de Renato Russo vai além da melodia e do ritmo, mas trata de questões de gênero – como a homossexualidade e a bissexualidade; expressa sentimentos e a relação do compositor com a sociedade em que vivia. Para tanto, serão utilizados estudos sobre discurso na perspectiva foucaultiana, tendo como método fundamental compreender o texto a partir da premissa de que o sujeito pensa e reflete o que está na ordem do discurso. A partir disso, pretendemos situar a composição de Renato Russo como uma expressão da verdade de uma época, uma forma material e objetiva do discurso do artista. Palavras-chave Renato Russo, Questões de Gênero, Arte e Sociedade. 32 DISPOSITIVO E DESLOCAMENTO: SUJEITO E SEXUALIDADE NO BLOG DA MURIEL DE LAERTE NA FOLHA DA S.PAULO AOS OLHOS DA TEORIA QUEER Autor Ricardo Augusto Silveira Orlando Coautor Laura de Almeida Alves Resumo Com a expansão e fortalecimento da mídia ao longo do século 20, o exercício do poder (como ação sobre a acão ou a busca por governar a acão) na sociedade contemporânea, mais especificamente a brasileira, passa pelos meios de comunicação e seus processos de construção de necessidades, disseminação e produção do instituído e do legitimo. Participa, nesta direção, da intensa produção da subjetividade e de identidades. Este trabalho se propõe a discutir os questionamentos de identidades, dos sujeitos sexuais e da sexualidade instituída feitos pelo Blog da Muriel, tirinha da cartunista Laerte Coutinho publicada entre 2011 e 2012 no jornal Folha de S. Paulo. O jornal é considerado parte do dispositivo midiático que comporta em suas páginas uma produção discursiva de contestação, desconstrução e deslegitimação do instituído, problematizando a produção da sexualidade a partir de uma personagem que assume questões típicas de uma sexualidade em trânsito, em mutação. Partindo de problemas apresentados pela teoria queer, é possível verificar como a personagem de Laerte percorre pontos fundamentais da produção da sexualidade transformados pelas discussões queer. A tirinha, no universo do dispositivo midiático, constitui-se, nas caracteristicas próprias deste gênero textual e discursivo, como ponto de produção de rachaduras no discurso instituído. O Blog da Muriel traz ao público a fragilidade das identidades e sujeitos em contexto que, apesar da tendência a uma normalidade de fundo biológico e ao apagamento do constructo histórico, mostra complexidade de questões básicas e das amarras e investimentos do poder que visa a ação e a vivência da sexualidade. Palavras-chave Blog da Muriel, Dispositivo midiático, Teoria Queer ANÁLISE DO DISCURSO E SEXUALIDADE EM UMA PEÇA PUBLICITÁRIA DA BOMBRIL. Autor Suany Oliveira de Moraes Resumo O presente artigo tem por objetivo analisar, sob o viés dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa (AD), uma peça publicitária da marca BomBril, veiculada no ano de 2008, na Revista Veja, que teve como motivação principal a polêmica na qual se envolveu o jogador Ronaldo Nazário (o ―Fenômeno‖). Este teria sido vítima de extorsão de um dos três travestis contratados pelo jogador para fazer um programa, após ter saído de uma casa noturna, no Rio de Janeiro (RJ). O caso foi parar na polícia. Isso lhe rendeu fortes repercussões tanto na mídia impressa, quanto televisiva, surgindo, então, inúmeros textos humorísticos que, em tom irônico e sarcástico, colocavam em dúvida a imagem do famoso jogador, quanto à sua orientação sexual. À época, a marca BomBril produziu uma peça publicitária que teve forte repercussão no meio esportivo e na sociedade em geral. Tal texto, estabelecendo efeitos de sentido humorístico, não deixou de levantar sentidos outros ligados ao preconceito e à intolerância quanto à diversidade sexual. Por meio desta peça publicitária, posta em análise, trataremos das formações discursivas presentes no discurso da BomBril, como também das relações entre o discurso publicitário com outros discursos já ditos e cristalizados socialmente (interdiscurso), além da memória a que se ligam tais discursos em uma marca consagrada no Brasil. Palavras-chave Análise do Discurso, Peça publicitária, BomBril. 33 A IDEIA DA DESNATURALIDADE DA HOMOSSEXUALIDADE: REFUTAÇÃO DOS ARGUMENTOS DO DISCURSO HOMOFÓBICO Autor Wiliam César Ramos Resumo O sujeito alvo dos argumentos do discurso homofóbico é condenado a uma morte incorpórea, representada pela repressão da liberdade de expressão da sua natureza fisiológica e psíquica, ou seja, pelo uso ―incorreto‖ que faz do corpo ao utilizálo para expressar afetividade e satisfazer prazeres sexuais. Nas leis civis, esse discurso manifesta-se no nãoreconhecimento desse ―mau‖ uso do corpo como união afetiva legalmente legítima perante o Estado. Os argumentos que sustentam a execração e ilegitimidade da homossexualidade defendem a ideia da descorrespondência entre o corpo do sujeito e a expressão da sua sexualidade, isto é, da desnaturalidade do uso que faz do seu corpo em relações afetivosexuais. Todo argumento compreende uma conclusão apoiada em uma prova, e a sua força repousa na validade da prova apresentada e na relação lógica entre a prova e a conclusão. Com base na estrutura argumentativa de Toulmin (2003), o presente trabalho visa a demonstrar a nulidade dos argumentos presentes no discurso homofóbico, que defendem a desnaturalidade das relações homoafetivas. Palavras-chave Argumento, Desnaturalidade da homossexualidade, Discurso homofóbico 34 SIMPÓSIO 4 – Discurso, ensino e formação de professores Coordenadores: Cláudila Valéria Doná Hila (UEM) e Terezinha Costa-Hubües (Unioste) UMA ARQUEGENEALOGIA DA IDENTIDADE PROFISSIONAL DOCENTE Autor Alcione Gonçalves Campos Resumo Atualmente vivenciamos uma problemática social que diz respeito ao status e valorização da profissão docente. Diante dessa problemática relacionada a discussões sobre (des)identificação profissional docente e indagação acerca do papel de associações de classe nesse contexto, desenvolvo pesquisa de doutorado que busca analisar a trajetória histórica de uma associação profissional docente e os papeis por ela desempenhados ao longo dessa trajetória, com foco na (re)constituição identitária de seus membros associados. Os objetivos específicos desse estudo são: a) inventariar e catalogar documentos-monumentos relativos à associação; b) recompor o percurso existencial da organização, desde seu nascimento (surgimento) aos dias atuais, enfocando fenômenos de continuidade, ruptura, dissipação e transformação; c) analisar os papeis da organização ao longo de sua existência e construir crítica social educativa, profissional com vistas ao fortalecimento da organização e, consequentemente, dos profissionais que ela representa, diante de lacunas que possam ser encontradas durante a investigação. O estudo se baseia na perspectiva teórica da Análise de Discurso foucaultiana e concepção filosófica pós-moderna de subjetividade. Para esta comunicação, em particular, apresento a análise de documentos-monumentos da associação e entrevistas com líderes de suas gestões focando em formações discursivas que implicam na constituição da identidade profissional docente. Minhas interpretações dessas formações discursivas apontam para a constituição de uma identidade docente marcada por conflitos e contradições em meio a relações de poder. Palavras-chave Identidade Profissional Docente, Discurso, Associação de Classe profissional. A ESCOLA E SUAS APRENDIZAGENS: MATERIALIDADES SIGNIFICANTES DO/NO DISCURSO Autor ALEXANDRA TAGATA ZATTI Resumo Esta pesquisa em fase inicial pretende investigar as relações do discurso autoritário, polêmico e lúdico tomando o documentário ―La educación prohibida‖ (2012), tendo como proposição uma análise discursiva pensando a escola contemporânea e os discursos que a sustentam. Nossa questão é o funcionamento do discurso pedagógico acontecendo em ambientes de aprendizagens com proposições educativas contemporâneas que podem romper com certos funcionamentos tradicionais deste discurso. A base teórica parte de Orlandi (1983) em seu trabalho intitulado: ―A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso‖. A autora fala sobre o DP em dois subcapítulos; propõe uma tipologia para pensar o discurso pedagógico. Afirma que para pensar na linguagem existem formas de se pensar o discurso: formas que podemos considerar mais autoritárias, mais lúdicas, ou polêmicas. Mesmo que não queiramos admitir grande parte das práticas que se dá na escola tendem predominantemente as formas autoritárias o que confere ao Discurso Pedagógico (DP) um funcionamento autoritário. A discussão ocorre então, através de um vídeo documentário criado por professores, pesquisadores e a participação de alunos da América Latina e Europa que desenvolvem proposições pedagógicas que pensam o sujeito contemporâneo; pretendemos compreender o DP em confronto com outras formas discursivas lúdicas e polêmicas a ponto de deslocar as posições-sujeito inscritas na forma autoritária. Estaríamos então pensando contemporaneamente aprendizagens em diferentes linguagens que extrapolam a estrutura lógico-matemática ou verbal? Com se dá a relação cognitivo-sensível nesse ―novo‖ processo de aprendizagem e que discursos o sustentam? Palavras-chave Escola, Materialidades significantes, Aprendizagens. 35 TRABALHANDO A LEITURA EM GOT IT PLUS STARTER: UMA PROPOSTA DISCURSIVA Autor Aline Priscilla Brancalhão Züge Resumo O livro didático Got It Plus Starter tem sido utilizado para o ensino de língua inglesa, tanto em cursos livres como no Ensino Fundamental, abordando o trabalho com a gramática da língua inglesa, além das habilidades de leitura, escrita, fala e audição. O presente estudo, voltado especificamente para o trabalho com a leitura no referido material, visa verificar, primeiramente, em qual abordagem de leitura as atividades relativas a essa habilidade o livro se inscreve. Em seguida, apresenta-se uma proposta para o trabalho com a leitura pelo viés discursivo nos textos das quatro primeiras lições do livro. O escopo teórico abrange visões sobre as concepções de leitura – ascendente, descendente, interacionista e discursiva, tendo, essa última, bases na Análise do Discurso de linha francesa. Percebeu-se que as atividades de leitura oferecidas pelo livro são, em princípio, de cunho ascendente. Sugerem-se, assim, por meio de sequências didáticas, atividades de leitura que levam em conta a proposta discursiva, numa tentativa de promover, para os alunos, mais possibilidades de desenvolver uma interpretação mais aprofundada, auxiliando, por consequência, na formação de cidadãos mais críticos e conscientes. Palavras-chave Leitura em Livro Didático, Inglês como Língua Estrangeira, Análise do Discurso de Linha Francesa. A VOZ DO NARRADOR NO LIVRO "O MEU PÉ DE LARANJA LIMA" E NO FILME HOMÔNIMO Autor Anadir Aparecida Selória Resumo Esse trabalho faz parte da dissertação produzida no Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS, que é destinado à formação de professores do ensino fundamental da rede pública. A proposta é direcionada a alunos do 9º ano, desenvolve-se a partir da leitura da obra ―O meu pé de laranja lima‖, de José Mauro de Vasconcelos e da exibição do filme homônimo, dirigido por Marcos Bernstein, em 2012. Objetiva utilizar as ferramentas da Análise do Discurso para analisar a voz do narrador no livro e no filme. A narração realizada no livro é em primeira pessoa, pois a história é autobiográfica. Porém, a narração do filme é feita a partir dos enquadramentos e ângulos da câmera, conforme orientação do diretor. Assim, a câmera age como o narrador do livro, mas em vez de narrar, mostra as imagens. Pretende-se examinar a forma como o narrador da obra escrita fala de si e de sua vida, em contrapartida com a maneira como essa narração é feita na obra fílmica, uma vez que para produzir o filme, seus idealizadores filtram a história de acordo com seus parâmetros, experiências pessoais e perspectivas. Será objeto de análise, também, a narração efetuada pelo próprio personagem, que conta a história a partir de si e a mesma história contada por alguém que está do lado externo. Assim, além das dificuldades para realizar a transposição do verbal para o verbo-audiovisual, o fio da narrativa é conduzido por alguém que não participa da trama. De forma que tudo o que sabe a respeito do enredo passou pelo crivo individual do narradorpersonagem. O trabalho se fundamenta nos estudos de Análise do Discurso desenvolvidos por Fernandes (2005) e por Orlandi (1999). Palavras-chave Análise do Discurso, Narrador, Câmera 36 SENTIDOS SOBRE A LÍNGUA E SEU ENSINO NO DISCURSO DOCENTE Autor Andréa Rodrigues Resumo Nesta pesquisa, analiso relatórios produzidos por alunos de estágio supervisionado de ensino de língua portuguesa e literatura na educação básica, de modo a discutir as características da produção do relatório de estágio e sua presença na formação docente inicial. Pretendo, a partir dessas discussões, analisar a produção de sentidos sobre o ensino de língua no discurso do professor em formação, materializado na escrita de relatórios de observação de aulas e de desenvolvimento de projetos na disciplina língua portuguesa na educação básica. As seguintes questões nortearam a análise do discurso produzido nos relatórios: a) que concepções de ensino de língua inscrevem-se no discurso do professor em formação inicial? b) de que modo o discurso desse professor iniciante se relaciona a outros discursos instituídos? c) que contribuições a análise desses sentidos pode trazer para o processo de formação docente inicial? A pesquisa aponta para a necessidade de problematizar esses sentidos no processo de formação docente inicial e tem o principal objetivo de produzir material para fomentar esse debate em diferentes turmas de estágio supervisionado de ensino no curso de Letras. Uma das referências que tomo por base envolve a proposta apresentada por Brito (2012, p.162), de partir dos conflitos que aparecem na produção discursiva dos professores em formação para questionar ―as construções idealizadas acerca do processo de ensino/aprendizagem de línguas, do sujeito professor e da própria língua(gem)‖. A abordagem teórica utilizada na pesquisa é a Análise do Discurso de vertente francesa, sobretudo as noções de interdiscurso (Pêcheux, 1988) e memória discursiva (Courtine, 1981). Palavras-chave Língua, Ensino de língua, Discurso docente IDENTIDADE(S) EM CONFLITO: DILEMAS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESORES DE LÍNGUA PORTUGUESA Autor Aparecida de Fatima Peres Resumo A constituição de identidade(s) forja-se pelas interações e pelas relações de sujeitos em contexto situado, não podendo, portanto, ser analisada fora dos sistemas de ação em que esses indivíduos estão inseridos. A esfera da formação profissional constitui domínio relevante no processo de identificações do professor, inclusive no processo de formação inicial. Visando a contribuir com esse tema, este trabalho discute a(s) identidade(s) do professor de Língua Portuguesa em formação inicial na perspectiva dele e na de seus professores formadores. Os dados que subsidiam a discussão são oriundos de uma pesquisa que investigou percepções e crenças de professores e de alunos de um curso de Letras oferecido por uma instituição pública de ensino superior da região Noroeste do Paraná. Tais dados procedem de registros obtidos por meio da realização de duas sessões de entrevistas de grupo focal – uma com alunos e outra com professores do curso em tela. Ao comparar o discurso dos dois grupos entrevistados, observou-se a existência de um dilema entre querer e não querer ser professor de Língua Portuguesa. Esse dilema tem contribuído para o desenvolvimento de identidade(s) conflituosa(s), o que tem angustiado professores formadores e professores em formação inicial, de modo que é imperioso (re)pensar a formação do professor de Língua Portuguesa de maneira mais ampla, a fim de proporcionar a esse profissional segurança no desempenho de seu trabalho na sociedade, que é formar usuários competentes dessa língua. Palavras-chave Discurso, Identidade Profissional, Formação Docente. 37 ENSINO GEOGRÁFICO: ANÁLISE DO DISCURSO DAS MÍDIAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES Autor Camila Heimerdinger Coautor Marli Terezinha Szumilo Schlosser Resumo As mídias atualmente são parte do cotidiano das pessoas a ponto de não conseguir mais se imaginar relações econômicas, políticas e sociais sem sua intermediação. O fato é que divulgam discursos afirmando ―informar‖ a sociedade, embora se dissipe parte dos noticiários e/ou determinados pontos de vistas, que favoreçam certo grupo de indivíduos. Conseguiram conquistar um espaço onde aparentemente veicula-se entre aspas o mundo, transparecendo pureza e naturalidade, apesar de proferir fragmentos cobertos de intencionalidades. O presente estudo desenvolve reflexões sobre os discursos das mídias que merecem espaço nos cursos de formação de professores. Isso porque a prática de ensino, contando com teorias e metodologias específicas vincula-se a qualidade da aula. Logo, formação do aluno na escola ou acadêmica na universidade. Justifica-se as ponderações, perante os professores, sobretudo de Geografia, terem a oportunidade de colocar em pauta as incoerências e efetuar análises para com os discursos das mídias. Sob esta ótica, na formação de professores têm-se a necessidade de cogitar as possibilidades e contradições das mídias e seus discursos em favor do ensino-aprendizagem/formação cidadã. Assim, para que o ensinar nas escolas não fique comprometido por falta de orientação e análise do discurso. Há uma parcela da população que carece do hábito crítico-reflexivo na leitura e deixa de questionar ou duvidar dos discursos. Necessita-se perguntar o que é veiculado pelas mídias, o que estes discursos querem mostrar, o que realmente aconteceu e buscar encontrar outras possibilidades. Contudo, as mídias podem fazer com que o cidadão fique alienado ou amplie seu espírito crítico. Palavras-chave Ensino de Geografia, Análise do Discurso das Mídias, Formação de Professores. A LEITURA DIALOGADA EM QUESTÕES DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Autor Cleide Donizete Moreira Nunes Resumo O trabalho com a Língua Portuguesa tem se mostrado importante em relação à leitura e interpretação considerando o resultado do nosso país nas avaliações externas e internas. Isso demonstra que ler não é suficiente para responder perguntas que requerem compreensão. Nesse sentido, este trabalho objetiva apresentar os problemas do baixo desempenho em questões que envolvem leitura e interpretação e as possíveis causas para auxiliarem, como precaução, professores e alunos. Para isso, contamos com o dispositivo teórico da Análise de Discurso representado nas literaturas de Orlandi (2004) que considera a leitura atravessada por sentidos em seus aspectos discursivos, ideológicos e históricos. Enfim, serão reportados os resultados obtidos por meio da aplicação de uma prova diagnóstica composta por questões retiradas de edições anteriores do ENEM que valida a maneira em que o leitor se inscreve na língua e na história. Com isso, a presente pesquisa conclui-se oferecendo condições para a reflexão da importância da leitura dialogada e do posicionamento do sujeito leitor como coautor do texto em pauta. Palavras-chave Leitura, Interpretação, Diálogo. 38 ENTRE "-INHOS" E "-INHAS": ANALISE SOCIOCOGNITIVA DISCURSIVA DOS DIMINUTIVOS EM PORTUGUÊS E A AULA INTERCULTURAL DE PLE Autor Daniele Oliveira dos Anjos Resumo As pesquisas sobre o ensino e a aprendizagem de Português para estrangeiros tem despertado grande interesse acadêmico nos últimos anos. Do ponto de vista intercultural, ensinar língua para um estrangeiro não é apenas ensinar outra língua, mas também a cultura de seus falantes, e isto sugere não somente a aquisição de hábitos linguísticos, mas, a construção de novas formas de representação sociocultural. Esse processo, afirma Silveira (2009), requer um aprofundamento tanto de categorias gramaticais quanto de categorias cognitivas, sociais e discursivas. A aula de língua estrangeira, nesse contexto, se configura como um espaço de trocas interculturais entre professor e aluno. Nesse sentido, propomos nesse trabalho a elaboração de um material didático a ser utilizado em aula para aprendizes de Português Língua Estrangeira (PLE), em nível intermediário, com enfoque no uso dos diminutivos em Português Brasileiro (doravante PB). Focalizaremos, prioritariamente, o aspecto semântico-simbólico dos vocábulos em forma diminutiva, visto que nosso objetivo maior é analisar o valor e o emprego deles, e não suas regras de formação. Para tanto, além do arcabouço teórico que engloba os aspectos estruturais dos sufixos em PB (ALVES, 2006; PERINI, 2002), tomaremos por base teorias acerca das representações sociais (JOCVHELOCITCH, 1995), da linguística textual de viés sociocognitivo discursivo (VAN DIJK, 1992) e do matiz cultural do brasileiro (HOLANDA, 2010), com o fito de propiciar ao aprendiz, para além do conhecimento sobre as estruturas da língua, conhecimentos sobre os aspectos culturais do povo brasileiro. Palavras-chave Ensino de PLE, Interculturalidade, Cultura brasileira FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES E SUAS RELAÇÕES COM A PRÁTICA DE PRODUÇÃO, DIAGNÓSTICO E REESCRITA DE TEXTO Autor Dayse Grassi Bernardon Coautor Terezinha da Conceição Costa-Hübes Resumo No presente trabalho apresentamos parte dos resultados de uma pesquisa de campo, envolvendo a temática formação continuada de professores. O objetivo desta pesquisa é verificar, junto aos professores da Educação Básica - anos iniciais, participantes de momentos de um processo de formação em Língua Portuguesa em um dos municípios do Oeste do Paraná, se a formação continuada ofertada contribuiu significativamente para o trabalho pedagógico no que se refere à leitura, diagnóstico e reescrita de textos escritos pelos alunos. Esse propósito investigativo sustenta-se, dentre outras, na seguinte indagação: os conteúdos abordados durante as ações de formação continuada referente à condução da prática de produção, diagnóstico e reescrita contribuíram para o trabalho do professor em sala de aula na avaliação diagnóstica de textos escritos pelos alunos? Esta pesquisa se insere, ainda, no Programa Observatório da Educação –CAPES/INEP – em que atuamos como pesquisadora voluntária dentro do Projeto Institucional, intitulado Formação Continuada para professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná. Todavia, nesse momento, para a análise, fizemos um recorte dos dados gerados, focalizando, especificamente, alguns textos produzidos pelos alunos, seu diagnóstico e reescrita. Como resultado, esperamos verificar se a formação continuada ofertada contribuiu significativamente nas ações pedagógicas do professor ou se ainda há necessidade de maior aprofundamento por meio dessa prática formativa. Palavras-chave Formação, professores, reescrita 39 UMA ANÁLISE DISCURSIVA DO ENSINO RELIGIOSO NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E NAS DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA Autor Delba Tenorio Lima Patriota Villela Resumo Esta comunicação tem como objetivo apresentar os primeiros resultados de uma pesquisa de pós-graduação em Língua Portuguesa e Ensino (UENP-CP). O trabalho analisa discursivamente dois documentos, a saber, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE) no que tange à disciplina de Ensino Religioso. Para tanto, a investigação apoia-se nos aportes teóricos da Análise do Discurso (AD), no Interdiscurso e na Dialogia existentes no programa das Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Ensino Religioso (DCEER). Assim, levanta-se a seguinte questão: Como trabalhar as práticas discursivas do ensino religioso em um contexto multiétnico, multicultural e multirreligioso sem levar em conta os vieses dos discursos institucionais acadêmicos e eclesiásticos incrustados no ideário da sociedade brasileira e nas vozes sociais neles existentes? E com base nessa prerrogativa, o trabalho segue a seguinte ordem: a) análise da polifonia empregada pelos transmissores nos lugares ocupados pelos sujeitos em interlocução; b) reflexão dos efeitos de sentido que tais palavras provocam em face aos eventos socioideológicos; c) averiguação do trato disciplinar na manutenção discursiva das vozes dominantes, tornando-a, na prática, circular. Finalmente, propõe-se r um novo olhar ao ensino da disciplina Ensino Religioso, no que tange suas especificidades e seu lugar na academia, conforme declaram os próprios documentos oficiais que a instituem como tal. Palavras-chave Língua Portuguesa e Ensino, Análise do Discurso e Vozes Discursivas, Ensino Religioso e PCN/DCE. CARTA DO LEITOR: RESSIGNIFICANDO UMA PROPOSTA DE LIVRO DIDÁTICO Autor Edna Mariucio Aranha Coautor Lilian Cristina Buzato Ritter Resumo CARTA DO LEITOR: RESSIGNIFICANDO UMA PROPOSTA DE LIVRO DIDÁTICO Edna Mariucio Aranha (UEMProfletras/PG) [email protected] Lilian Cristina Buzato Ritter (UEM-Profletras) [email protected] O objetivo deste trabalho é apresentar resultados parciais de uma pesquisa de mestrado profissional, que evidenciam o processo de elaboração didática das práticas de leitura e análise linguística com o gênero discursivo carta do leitor para o nono ano da educação básica. A problematização a ser apresentada parte da análise de uma proposta de trabalho com o gênero carta do leitor realizado por Cereja e Magalhães (2012), autores de um livro didático (LD) adotado em escolas da rede pública paranaense para o ensino fundamental. O diagnóstico realiza-se por meio da análise de um capítulo do LD dos autores supracitados. A noção de elaboração didática (HALTÉ, 2008; RODRIGUES, 2007) passa por adaptação com a finalidade de ressignificar a proposta de leitura e análise linguística do gênero carta do leitor presente no livro analisado. As categorias de leitura e análise linguística serão definidas em momento posterior à investigação realizada no LD. O trabalho fundamenta-se nos estudos bakhtinianos (BAKHTIN, 2003) e de seus discípulos. Palavras-chave Elaboração Didática, Livro Didático, Carta do Leitor. 40 IMAGINÁRIO E DESEJO: O ATRAVESSAMENTO DO MUNDO DO TRABALHO NO ENSINO DE CRIAÇÃO PUBLICITÁRIA Autor Fábio Hansen Resumo O professor de disciplinas da área de criação publicitária inclui em sua aula o dizer proveniente do mercado publicitário, inserindo-o nos conteúdos e saberes pedagogizados. Mas qual mercado irrompe no discurso pedagógico de criação publicitária? O mercado real e/ou o mercado idealizado? E, sobretudo, quais são os efeitos de sentido produzidos no ensino de criação publicitária? Para apresentar uma reflexão sobre o ensino de criação publicitária na perspectiva teórica da Análise de Discurso francesa, e responder as perguntas de pesquisa expostas, iremos nos socorrer da noção de formações imaginárias associada a estudos específicos da área da publicidade e da educação. Ao examinar como o mundo profissional é projetado pelo professor, partimos da premissa de que as formações imaginárias compõem as condições de produção do discurso pedagógico. O professor projeta um lugar para o mercado de trabalho, embora em uma dimensão imaginária, incidindo nas práticas comunicativas. Ou seja, a imagem que o professor constrói do mundo profissional publicitário gera implicações nos procedimentos didático-pedagógicos. Diante disso, o objetivo da investigação é desvendar o modo como o mundo do trabalho publicitário é imaginado no processo de ensino de criação publicitária e seus efeitos de sentido nas práticas docentes. No que tange à materialidade discursiva utilizada para fins de análise, constituímos a montagem do arquivo discursivo a partir do registro - desde 2011, em instituições de ensino superior públicas e privadas - das produções discursivas de professores de disciplinas da área de criação publicitária em cursos de Publicidade e Propaganda. Palavras-chave Formações Imaginárias, Discurso Pedagógico, Criação Publicitária LETRAMENTOS CRÍTICOS E AS HIERARQUIAS HORIZONTAIS EM SALA DE AULA: NOVOS PAPÉIS PARA PROFESSORES E ALUNOS Autor Fernando da Silva Pardo Resumo Os Letramentos têm influenciado o modo como pensamos a questão da interatividade na sociedade em rede e suas implicações nas práticas sociais e nos processos de ensino e aprendizagem, visto que o indivíduo isolado e dissociado do mundo material extingue-se para dar lugar ao indivíduo interligado a uma estrutura maior e coletiva em que não apenas um, mas multiletramentos são acionados para que se possa compreender o caráter integrado, simultâneo e multimodal (KRESS, 2003) dos textos. Tratam-se de letramentos que unem pessoas, práticas sociais e mídias para a construção de sentidos e que também sugerem a maneira como moldamos e somos moldados por sistemas e redes integradas (LEMKE, 2010). Segundo Castells (2007) o surgimento da autocomunicação de massa, através da internet, celulares, das mídias digitais e de uma série de outras ferramentas, promoveu o desenvolvimento de redes horizontais de comunicação interativa, as quais conectam o local e o global, proporcionando a comunicação de muitos para muitos de forma sincrônica e assincrônica. Tal fator possibilitaria a interação global e a diversidade ilimitada, as quais constroem e reconstroem a produção de sentidos local e globalmente. Assim, o objetivo deste trabalho é repensar o papel de professores e alunos neste contexto da sociedade em rede e as implicações deste panorama para os processos de ensino e aprendizagem. Palavras-chave Letramentos, Ensino/aprendizagem, interatividade. 41 DIÁLOGO ENTRE PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO SUPERVISIONADO: VOZES DOS FORMANDOS EM LETRAS Autor Francisca Vilani de Souza Resumo Esse estudo tem como objetivo destacar a contribuição da disciplina Prática de Ensino para o desenvolvimento do Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa na Educação Básica. O corpus analisado foram vozes dos alunos do sexto e sétimo períodos do curso de Letras da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN. Como instrumentos para a coleta de dados utilizou-se um seminário de avaliação e a auto avaliação realizada pelos alunos após concluir a referida disciplina. A base teórica está referenciada em Fernandes (2009), Foucault (2008), Orlandi (2008) Barreiro (2006), Scarpato (2004), PCNs (1998), DCNEM (2012) entre outros. Os dados apresentados fundamentam-se nos postulados da Análise do Discurso de linha francesa e dialoga com o processo de formação discente como forma de refletir sobre a prática docente a partir de suas vozes. Esses discursos coletados constituem um conjunto de enunciados que destacam práticas pedagógicas diferenciadas em sala de aula a partir da leitura e análise dos instrumentos coletados definiu-se duas categorias de análise: prática de ensino e estágio supervisionado no processo de formação do professor de Língua Portuguesa e a relação entre teoria e prática no que se refere ao poder e ao saber do sujeito. Palavras-chave Discurso, estágio, prática de ensino. O TEXTO DRAMÁTICO COMO OBJETO DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UM DESAFIO MULTIMODAL Autor Larissa Minuesa Pontes Marega Resumo Este estudo ancora-se nos trabalhos dos pesquisadores do chamado Grupo de Nova Londres (Cope e Kalantzis, 2000) e no investimento teórico de Rojo (2009, 2012, 2013 e 2014), a respeito dos multiletramentos, estudos estes que conformam as bases teóricas para o que hoje entendemos como multimodalidade. A reflexão que se segue elege um caminho epistemológico que sustenta nosso objeto de investigação no campo dos estudos da linguagem e, em diálogo com os estudos teatrais, faz-nos compreender a interconstitutividade desse gênero. Em outros termos, busca-se identificar em qual conjuntura intelectual o texto dramático adquire pertinência para as teorias linguísticas e, mais especialmente, para o ensino de língua portuguesa. A problemática que impulsiona esta pesquisa configura-se no entendimento do texto dramático em dupla acepção proposta por estudiosos do domínio discursivo do teatro: 1) peça escrita para o teatro, composição de responsabilidade do dramaturgo, a ser executada por atores e 2) conjunto de sinais, signos e símbolos – verbais e não-verbais – proferidos durante a realização de um espetáculo; aquilo que os atores dizem e fazem – palavras e ações. Sob essa perspectiva, nosso objeto de investigação – o texto dramático – convoca a experimentação de múltiplas semioses: entonação, ações, gestos, movimento do corpo e dos olhos etc., apresentando-se, assim, como um desafio multimodal na aula de língua portuguesa; o que força-nos a pensar em uma ampliação dos métodos de ensino dos gêneros discursivos que frequentam o discurso didático-pedagógico (que circulam nos livros didáticos) e que apresentam um hibridismo constitutivo – é o caso de nosso objeto-gênero. Palavras-chave Ensino de Língua Portuguesa, Multimodalidade, Texto dramático. 42 A AFETIVIDADE E O DISCURSO DO PROFESSOR EM SALA DE AULA Autor LUCIANE BRAZ PEREZ MINCOFF Resumo A sala de aula não é o único local onde a aprendizagem acontece, mas, é exatamente nesse lugar que o ensinar e o aprender têm espaço reservado, principalmente porque falamos de realidade brasileira, onde esse processo fica restrito, na maioria das vezes, às quatro paredes de uma sala de aula. É justamente nesse ambiente e nessa situação, a fim de que algo seja aprendido, que os participantes do processo educacional acabam por se verem obrigados a interagirem uns com os outros. Com isso, a carga de responsabilidade do professor aumenta ainda mais, já que o discurso que direciona a aula, a discussão, o debate está em suas mãos. Assim, a interação torna-se, também, um alvo para o docente e as habilidades que ele possui, assim como as suas intenções determinarão, em geral, o engajamento do aluno no processo de ensino-aprendizagem por meio da interação. Portanto, as ações do professor são decisivas para direcionar o rumo da conversação em sala de aula: o aluno pode ser o sujeito passivo, que apenas ouve aquilo que é proferido, ou então, um sujeito participante, o qual apresenta-se como sujeito-autor do discurso. Ancorados em pesquisas realizadas em diferentes áreas do conhecimento e em uma pesquisa que realizamos, elaboramos esta proposta pensando que, em sala de aula, o conhecimento, a afetividade e a interação são realizados em virtude do uso da linguagem e é por meio dele que muitos ―acontecimentos‖ se efetivam em sala de aula. Nosso intuito aqui é mostrar parte de resultados de uma pesquisa que buscou verificar qual é a importância e a influência da afetividade no processo de interação em sala de aula por meio do discurso oral. Palavras-chave Afetividade, discurso do professor, interação. MEMÓRIAS EM CONFLITO COM A LEI: AUTORIA DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS Autor LUCILENE LUSIA ADORNO DE OLIVEIRA Coautor CLELIA MARIA IGNATIUS NOGUEIRA Resumo O presente artigo foi construído a partir da análise de Situações Problemas, elaboradas nas aulas de Matemática, por alunos que estão internados em um Centro de Socioeducação, como resultado de um trabalho que analisa como um adolescente em conflito com a lei pode ser autor de um texto matemático que movimente as marcas de seu funcionamento discursivo pelas memórias do social, da escola e da própria Matemática, num processo que se iniciou em 2011. Busca-se nesse trabalho uma compreensão sobre a maneira pela qual esse sujeito (não) identifica a Matemática como algo possível de ser apreendido. O sujeito não é unilateral, os sentidos que produz em aulas de Matemática são interfaces de sua constituição, portanto a necessidade de se considerar o sujeito dentro de um discurso. As condições de produção emergem de uma Escola que funciona em um Centro de Socioeducação de internação para adolescentes infratores, não sendo possível separar o texto matemático produzido, das condições de produção apresentadas, nas suas conexões com outros discursos, inclusive sobre seus laços desfeitos, descritos em suas narrativas de vida. Nas relações matemáticas delineadas pelo sujeito adolescente durante a resolução de Situações Problemas, produto de sua autoria, é descortinado o sujeito enunciador. Adotou-se princípios teóricos da Análise de Discurso materialista, pautados em Michel Pêcheux, Eni Orlandi, Solange Gallo e Suzy Lagazzi. Palavras-chave Análise de discurso materialista, Autoria de Situações Problemas em Matemática, Socioeducação. 43 GÊNERO TEXTUAL AUTOBIOGRAFIA EM AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EJA: UMA PERSPECTIVA DE APRENDIZAGEM NA TERCEIRA IDADE Autor Margaret de Lourdes Volponi Resumo Esse trabalho faz parte da dissertação produzida no Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS e tem como objetivo apresentar uma proposta de atividade pedagógica, para eventual utilização didática, a fim de instrumentalizar o professor de Língua Portuguesa do ensino fundamental quando este for trabalhar o gênero textual autobiografia, com alunos da terceira idade da EJA. Assim, pretende-se, contribuir com a melhoria de materiais de ensino e, consequentemente, propiciar ao educando escrever sua própria história, partindo de uma situação concreta de comunicação, em uma determinada esfera social. Através de suas histórias de vida, das dificuldades enfrentadas, ajudálo a perceber o que a escola representa para estes sujeitos, quais os motivos que levam pessoas da terceira idade a voltar a estudar na EJA, depois de tantos anos fora da escola. Além disso, busca verificar quem são e como se constitui a identidade desses sujeitos e o lugar social ocupado pelos educandos idosos, permitindo, assim, uma reavaliação das características próprias desta modalidade de ensino, especificamente deste segmento, podendo propiciar a abertura de novos caminhos, os quais contribuirão para a efetivação da aprendizagem. Palavras-chave Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Terceira idade, Ensino-aprendizagem MARCAS FONOLÓGICAS EM TEXTOS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL – EJA Autor MARIA MÔNICA GIMENEZ BERTI Coautor Margaret de Lourdes Volponi Resumo Esse trabalho faz parte da disciplina Fonologia, Variação e Ensino, desenvolvido no Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS e é destinado à formação de professores do ensino fundamental. Desenvolve-se a partir de marcas fonológicas encontradas em texto de aluno do ensino fundamental – EJA. Investiga como os textos são apresentados, pretendendo mostrar como o aluno do ensino fundamental, fase II, ao produzir texto espontâneo, se apega as regras que revelam usos possíveis do sistema de escrita do português. Para isso fez se uma análise em texto de aluno, comprovando que essas regras são tiradas da própria realidade fonética e do uso ortográfico. O objetivo desta análise dos erros é mostrar por que e como os alunos cometem tais erros e, acima de tudo, oferecer aos professores uma amostragem que lhes possa ser útil na análise dos erros contidos nos textos de seus alunos para futuras aplicações. Muitas vezes, as dificuldades de leitura e/ou produção escrita advêm do desconhecimento da língua, da interferencia de traços da oralidade/fonologia e erros que se explicam. Os resultados mostraram que sendo a EJA uma modalidade da educação básica pautada pelos princípios postos na LDB, o aluno em estudo apresentou transcrição fonética, uso indevido de letras, modificação da estrutura segmental das palavras, juntura e segmentação, forma estranha de traçar letras, uso indevido de letras maiúsculas ou minúsculas. Dessa forma, constata-se que a abordagem tem papel fundamental no processo de alfabetização. Palavras-chave Fonologia, produção de textos, ensino. 44 A DISCURSIVIZAÇÃO DA MORTE DE EDUARDO CAMPOS NAS CAPAS E EDITORIAIS DE REVISTAS NOTICIOSAS E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES Autor Marinês Lonardoni Resumo A sociedade atual, vista sob o paradigma da pós-modernidade, entende não haver mais espaço para o pensamento newtoniano-cartesiano, no qual predomina o homogênio, o estático, o reducionismo, entre outros, ainda largamente utilizado nas escolas. Mediante a nova dinâmica social, fruto da modernidade, é necessário pensar a escola sob um novo paradigma: lugar de construção de saberes produzidos e gerenciados por professores e alunos que vivem numa sociedade do heterogêneo, do imprevisível, do não linear, do inter/trandisciplinar. Nesse sentido, este simpósio se propõe a analisar a discursivização da morte do presidenciável Eduardo Campos a partir dos gêneros capa de revista e editorial veiculados nas revistas. Cartacapital, Época, Istoé e Veja. Objetiva-se demonstrar como cada um desses veículos de imprensa produziu suas capas e editoriais, os diálogos estabelecidos entre esses gêneros, bem como os efeitos de sentido explicitados pelos discursos verbais e aqueles perpassados pelo não-dito repercutiram nos leitores. Além disso, procura-se evidenciar os multi-olhares das revistas acerca do fato noticiado e, aliado a esses aspectos, busca-se integrar à questão dos gêneros verbais e não-verbais com a necessária inclusão do viés político, temática praticamente alienada na formação de educadores. A reflexão e análise terão como base de apoio a Teoria de Gêneros e a Análise do Discurso Francesa. Palavras-chave discurso, capa de revista, editorial TEORIAS SOCIAIS DE FORMAÇÃO DOCENTE E ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA Autor MICHELE SALLES EL KADRI Coautor LUCIANA CABRINI SIMÕES CALVO Resumo A presente comunicação tem como objetivo apresentar e discutir alguns diálogos interdisciplinares realizados entre os referenciais de teorias socioculturais de aprendizagem e Análise de Discurso Crítica (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2003, 2011, RAMALHO; RESENDE, 2011, dentre outros). Mais especificamente, traçamos paralelo entre teorias sociais de formação docente por meio dos paradigmas de Comunidades de Prática (LAVE; WENGER, 1991; WENGER, 1998; WENGER et. al, 2002, dentre outros) e {co-ensino|diálogo-cogerativo} e a ADC. Nossa análise está fundamentada em autores que tem defendido a necessidade de se unir teorias de aprendizagem com teorias linguísticas (BOAG-MUNROE, 2004; ROGERS, 2011; ROWE, 2011; WILLIAM; DAVIS; BLACK, 2007). Para tanto, traz recortes das teses de doutorado de Calvo (2013) e El Kadri (2014). Ambas argumentam pela necessidade de incorporar uma analise crítica da linguagem nas pesquisas sobre formação de professores. Utilizou-se o arcabouço metodológico da ADC para a análise de dados, especialmente para a compreensão da dinâmica das relações estabelecidas entre as participantes da CP na negociação das ações do ―empreendimento conjunto‖ (CALVO, 2013) e para a compreensão das maneiras de agir, representar e ser de professores em formação inicial no contexto do Pibid (poder, representação e identidade) (EL KADRI, 2014). Os resultados apontam a compatibilidade da teoria linguística da ADC com a teoria de aprendizagem dos arcabouços teóricos de comunidade de prática e do co-ensino e diálogo cogerativo e avanços na pesquisa na área de formação de professores. Palavras-chave ADC, teoria sócio-historico-cultural, formação de professores. 45 A RELAÇÃO CAMPO E GÊNEROS DISCURSIVOS E O DISCURSO JORNALÍSTICO: DISCUSSÕES PARA A FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL Autor Neil Armstrong Franco de Oliveira Resumo Nosso trabalho é resultado de discussões cujo objetivo, entre outros, foi o de promover a reflexão sobre o tratamento dos gêneros jornalísticos em sala de aula, dentro de projeto de formação docente inicial, em curso de Letras, quando acadêmicos se preparavam para incursões em sala de aula do Ensino Médio, tendo os gêneros como instrumento de mediação para o ensino de Língua Portuguesa. Para tanto, recorremos ao conceito de campo em Bakhtin e Bourdieu, buscando compreender a relação campo e gêneros discursivos no discurso jornalístico. Ambos os teóricos formularam observações relevantes para esclarecer como os gêneros são condicionados pelas características do campo de onde emergem, como se relacionam entre si e com gêneros de outros campos. É de conhecimento no meio acadêmico e no da educação básica que uma parte do repertório de gêneros discursivos presentes nas aulas das diversas disciplinas, sobretudo nas de Língua Portuguesa, é oriunda do campo jornalístico que, como todo campo, possui coerções inerentes ao meio em que circulam, (re)produzindo discursos dos diferentes momentos sócio-históricos e ideológicos. Palavras-chave Formação docente, Discurso jornalístico, campo e gêneros discursivos 46 SIMPÓSIO 5 – Discurso, insconsciente e ideologia Coordenadores: Luciene Jung de Campos (UCS) e Maria Cristina Leandro Ferreira (UFRGS) A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO NO GÊNERO RELATO NO PROCESSO DA AVALIAÇÃO SERIADA – PAS/UEM Autor Eliana Alves Greco Resumo O PAS é uma modalidade, dividida em três etapas, de processo seletivo para ingresso na universidade, destinado aos alunos matriculados regularmente no Ensino Médio. No PAS da Universidade Estadual de Maringá, de 2010, na etapa 1, que é destinada aos alunos matriculados no primeiro ano do Ensino Médio, a proposta de redação apresentou uma coletânea de textos que abordava o tema ―relações entre os seres humanos e os animais de estimação‖. O candidato, com base na coletânea, deveria produzir dois gêneros: o relato e a carta pessoal. O objetivo desta comunicação é analisar a constituição do sujeito no gênero discursivo relato no Processo da Avaliação Seriada – PAS da Universidade Estadual de Maringá. O corpus da pesquisa é constituído pelas produções do gênero discursivo relato, proposto na Etapa 1 do PAS/UEM–2010. A pesquisa está situada no âmbito da Análise do Discurso conhecido como de linha francesa, detendo-se principalmente nas noções de sujeito, discurso e interdiscurso. A pesquisa considera as condições de produção do discurso, ou seja, a situação do vestibular, e busca analisar as marcas de subjetividade e a constituição do sujeito do discurso nos relatos. Palavras-chave Gênero discursivo relato, Sujeito, Discurso OS DISCURSOS SOBRE INFANTICÍDIO A PARTIR DA ANÁLISE DO DISCURSO E DA PSICANÁLISE LACANIANA Autor Katia Alexsandra dos Santos Resumo Este trabalho é parte da nossa tese de doutorado na qual analisamos manchetes de notícias sobre infanticídio. Partindo da Análise do Discurso Pêcheutiana e da psicanálise lacaniana, o objetivo foi compreender os efeitos de sentido possibilitados por notícias divulgadas em portais eletrônicos acerca de casos de infanticídio cometido por mulheresmães. A análise apontou para um processo interdiscursivo assentado na ideologia que naturaliza a relação mulher e maternidade, de modo que é possível pensar no conjunto universal: mulher-mãe. Por outro lado, a consideração da psicanálise trouxe a possibilidade do furo, do impossível materializar-se na própria língua. O processo produzido discursivamente pelas manchetes e pelas notícias ao trazer o elemento fora do conjunto-mulher que pratica infanticídioparece materializar o axioma lacaniano de que A mulher, enquanto conjunto, não existe, já que produz um efeito duplo: da exceção enquanto algo que não existe, conforme as fórmulas de sexuação (Lacan,2008); mas também de uma exceção que regulamenta e define o conjunto, apoiando-se no pré-construído sobre a maternidade. Desse modo, perguntamos: se tudo que faz de uma mulher, mulher, passa pela feminilidade e pela maternidade, o ato de matar um filho a colocaria fora desse conjunto? Cremos que isso não possa ser afirmado, mas podemos dizer que tais casos materializam um lugar de impossibilidade, de vazio discursivo, de modo que é preciso recorrer à regra (o conjunto de mulheres mães) para poder dar conta de explicitar esse vazio. Palavras-chave infanticídio, análise do discurso, psicanálise 47 A IDEOLOGIA NA ESTRUTURA DA OBRA LITERÁRIA INFANTO-JUVENIL: A FORMAÇÃO DE LEITORES Autor Mariana Cristine Gonçalles Resumo Segundo Lucien Goldmann (1976), a literatura é fortemente influenciada pela sociedade, sendo ela a expressão de uma visão social do mundo. No entanto, como é considerado por Antonio Candido (2006), a obra de arte não é pura e unicamente social, deve-se tomar como parte constituinte dela também a sua estrutura. Assim, é, por refletir em sua forma uma ideologia, que ela contribui diretamente na formação de seus leitores. Em conseqüência desses fatos, esse artigo visa estudar porque e como essa ideologia se dá representada nos romances e a sua influência na formação crítica dos leitores de literatura infanto-juvenil, já que é evidente a relevância desta como instrumento de formação e compreensão da realidade sócio-cultural pelos leitores jovens. Para tanto, serão utilizadas algumas obras premiadas pelo Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, na categoria narrativa juvenil, e os livros premiados pelo Prêmio Melhor para o Jovem, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, nos anos de 2006 a 2010. Palavras-chave Ideologia, Literatura infanto-juvenil, Formação de leitores. ÀS MULHERES, O ETERNO LABOR Autor STEFANY RETTORE GARBIN Resumo A pesquisa integra o projeto Artesanato e Turismo: transformações nos saberes e nas trocas (PPGtur – ARTESATUR), entretanto, desenvolvia-a durante o período de mobilidade no Mestrado Integrado em Estudos Feministas, na Universidade de Coimbra. A partir do dispositivo teórico-analítico da Análise de Discurso de origem francesa e do aprofundamento teórico nas discussões de filosofia feminista, esse estudo bibliográfico é um conjunto do que venho desenvolvendo como uma proposta sobre as mulheres e o trabalho. Compreendendo que o autor, no discurso científico, opera como indicador de verdade, procura-se compreender como, depois da obra crítica de Marx, o conceito de trabalho do qual este partiu, manteve no cerne do termo, os grilhões das mulheres. Enquanto o trabalho dos homens é condição da sua humanização pela sua desvinculação e transformação da natureza, as mulheres foram e permanecem discursivamente vinculadas a funções reprodutivas e naturais. Bem, se isso é trabalho, então o que fazem as mulheres? Qual o efeito discursivo que essas teorias têm? Como patriarcado, capital e ideologia se relacionam nessa trama? Não se pode incluir as mulheres na história de uma categoria teórica à qual elas não fazem parte discursivamente, não sem que essa participação permaneça desvalorizada. Enquanto feminista, que busca a desconstrução histórica e a emancipação das mulheres em todas as esferas sociais, não posso conviver com um conceito crítico de trabalho que continue baseado na libertação do homem. Na conclusão desta discussão, ao final do texto abro o estudo dos termos ‗work‘ e ‗labour‘ para busca de uma palavra que defina o trabalho das mulheres para as mulheres. Palavras-chave Análise de Discurso, Feminismo, Trabalho 48 SIMPÓSIO 6 – Discurso, língua e tradução Coordenadores: Rosa Maria Olher (UEM) e Vânia Maria Lescano Guerra (UFMS) TRADUÇÃO PARA O SECRETARIADO EXECUTIVO – AS RELAÇÕES DE IDENTIDADE E DIFERENÇA Autor Aline Cantarotti Resumo Quando pensamos em identidade, pensamos em nossa constituição e no processo de desenvolvimento dessa constituição. Somos constituídos socialmente e culturalmente de diversas maneiras e em uma diversidade de momentos. Quando relacionamos, então identidade e diferença, elas são, inicialmente e aparentemente, dicotômicas. Afirmar a identidade, por exemplo, significa ao mesmo tempo dizer o que sou e o que não sou, porque ao mesmo tempo que incluo características à minha descrição, excluo outras. Assim, se o outro tem as características que eu excluí da descrição de quem eu sou, ele é o diferente. Sob tal perspectiva, como relacionamos identidade e diferença com a atividade tradutória para o secretariado executivo? Em que medida as questões de identidade e diferença agem na construção de concepções e de práticas de tradução para esse público? No âmbito do ensino e formação em tradução para o secretariado executivo, buscamos entender como se constitui o sujeito secretário/tradutor. Para tanto, analisaremos entrevistas com alunos do secretariado executivo sobre concepções acerca da figura do tradutor e das atividades tradutórias. Nos estudos e nas pesquisas na área secretarial, é possível identificar claramente a identidade do secretário executivo em termos de atividade profissional e de rotina de trabalho bem como sobre sua constituição enquanto sujeito profissional e perspectivas de transformações (que não se findam e se redefinem constantemente). Porém, o objetivo desta pesquisa é relacionar a construção do sujeito secretário/tradutor considerando os estudos e reflexões sobre as configurações de identidade no contexto da atuação em atividades tradutórias. Palavras-chave Tradução, Secretariado Executivo, Identidade. POEMAS ESTRANGEIROS PARA JOVENS LEITORES BRASILEIROS Autor Angela Enz Teixeira Resumo O tema deste artigo é a coleção Di-versos da editora Scipione, composta pelos livros de poemas Di-versos alemães (1993), Di-versos russos (1992) e Di-versos hebraicos (1991), que visam apresentar poemas das respectivas culturas traduzidos/adaptados para crianças brasileiras. As questões que norteiam esta escrita referem-se ao quê tal coleção traz de inovador e ao como a infãncia é apresentada. Para respondê-las, o objetivo geral proposto é refletir sobre a adaptação de poemas estrangeiros para a infância brasileira, alcançando os seguintes objetivos específicos: descrever a estruturação dos livros da coleção Di-versos; examinar os poemas das obras desta coleção, com enfoque nos temas privilegiados, nas ideologias subjacentes e nas estruturas trabalhadas. Metodologicamente, é feito um estudo bibliográfico, com análise estrutural e de conteúdo, tratando os textos analisados enquanto obras autônomas, mesmo sendo produtos do processo tradutório-adaptativo, o que os vincula, na origem a suas respectivas obras matrizes. Palavras-chave Poemas, Tradução, Adaptação 49 UM OLHAR HISTÓRICO SOBRE A DIFERENÇA: IDENTIDADES E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS Autor Ayla Lizandra Campos de Vasconcellos Resumo Este trabalho apresenta, a partir de pesquisa bibliográfica e dados históricos sobre práticas docentes na educação de surdos, como era o professor de surdos nas teorias educacionais mais tradicionais e como a visão deles influenciou a construção da identidade do aluno surdo em relação à aquisição da Língua Portuguesa. Nosso objetivo é problematizar o processo identitário do aluno surdo e provocar uma reflexão sobre as possíveis abordagens desse trabalho docente. Esta pesquisa busca entender alguns questionamentos que surgem dentro desse contexto legal, bem como apresentar o percurso histórico do discurso do professor imergido na educação de surdos diante das propostas educacionais pela qual foram expostos. Isso porque com a criação da Lei 10.436 de 2002 se reconhece o estatuto linguístico da Libras e assinala que esta não pode substituir a Língua Portuguesa na modalidade escrita. Muitos questionamentos surgem deste encadeamento e nosso intuito é refletir sobre eles, já que nos inquietam enquanto profissionais da área. Para isso, fundamentamo-nos na perspectiva de Skliar (2000) que toma o discurso da teoria crítica na direção do respeito, da tolerância e do reconhecimento aos sujeitos surdos, numa reflexão sobre a norma invisível do ouvintismo e sua tentativa de contenção, acomodação/assimilação da alteridade surda dentro dos modelos ouvintes. Resultados preliminares nos levam a afirmar que a sociedade ouvinte sempre se impôs sobre a minoria surda, e no âmbito educacional, muitas práticas equivocadas foram impostas aos surdos com o objetivo principal de torná-los "normais" para viver e serem aceitos na sociedade.Todo esse percurso vivido deixou marcas profundas nos Surdos. Palavras-chave Sujeito Surdo, Língua Portuguesa como segunda língua, Discurso Docente IDENTIDADE E EXCLUSÃO: SILENCIAMENTO E ESCRITA DE SI Autor Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento Resumo A questão tratada tem como foco o sujeito adolescente infrator que tem sido uma das preocupações maiores dos últimos tempos de transformações das relações de poder e das referências culturais (LESOURD, 2004). Objetivamos analisar as representações que esses adolescentes fazem de si e do outro, a partir da escrita de si nas Unidades Educacionais Internas do Mato Grosso do Sul, interpretando como as relações de saber-poder e resistências são construídas entre os alunos infratores. Trata-se de uma pesquisa que se insere na perspectiva teórica metodológica discursiva desconstrutivista com base no método arqueo-genealógico foucaultiano. Fundamentamos nossas reflexões em Pêcheux (1997) sobre as condições de produção, ideologia e discurso, com apoio das teorias de Foucault (1998; 2006) e Coracini (2003; 2007) sobre a produção, controle e interdição do discurso, subjetividade e identidade. Na arqueologia foucaultiana, investigam-se as formações discursivas a partir da noção de arquivo, que, além de indicar os interdiscursos que perpassam na escrita dos alunos, também possibilita reconhecer certas práticas discursivas sociais ao demonstrar o que pode ou deve ser dito de acordo com a época ou situação social. Quanto ao córpus consiste em recortes dos escritos dos alunos-infratores em seus respectivos locais de produção (escolas das UNEI de Mato Grosso do Sul). Sobre os resultados, notamos formas de silenciamento nas escritas, em razão das normas internas emanadas dos dirigentes da Instituição, especialmente, por serem atravessados pela interdição, pois esses alunos, embora passem por um controle (de disciplina, ideologias, discursos), deixam marcas de subjetividade em sua escrita. Palavras-chave Discurso, Subjetividade, Representação 50 O ACONTECIMENTO DISCURSIVO URBANO: O INDÍGENA TERENA NA/DA ALDEIA MARÇAL DE SOUZA Autor Cristiane Pereira de Morais e Sousa Resumo Neste artigo, temos por objetivo problematizar os possíveis efeitos de sentido que emergem dos dizeres do indígena sulmato-grossense, determinados pelas condições de produção do discurso do indígena da aldeia urbana Marçal de Souza, sobre o seu modo de vida na cidade, especialmente acerca do espaço urbano. Sob a perspectiva da Análise do Discurso (AD) de origem francesa e do método foucaultiano, analisamos um recorte discursivo selecionado a partir de entrevista oral com a cacique Terena da referida aldeia. Resultados preliminares nos levam a refletir que o indígena que mora na aldeia urbana encontra-se em conflito, no entre-lugar, entre-cultura, haja vista ele se encontrar em um momento de trânsito, passado e presente, inclusão e exclusão, interior e exterior, em que espaço e tempo se cruzam produzindo figuras complexas de diferença e identidade (BHABHA, 2013). Assim, na imbricação das culturas, há um (des)conforto para o indígena, visto que ele pode/sabe (con)viver na aldeia urbana, porém almeja ter aqui (cidade) o que ele tinha lá (aldeia). Palavras-chave Identidade, Análise do Discurso, Indígena Terena. FRASEOLOGIA NO DICIONÁRIO TERMINOLÓGICO Autor CRISTINA APARECIDA CAMARGO Resumo As necessidades de comunicação entre profissionais e leigos, tornam-se cada vez mais urgentes. E um dicionário de especialidade caracteriza-se por tentar restringir ao máximo o índice de possíveis ambiguidades, na comunicação especializada. O dicionário terminológico se constitui assim, num gênero específico, que se define por suas características formais bem marcadas, como a alfabetação e a composição por termos, cuja função é social e pragmática, de acordo com Krieger ( 2007), envolvendo deste modo, todos os aspectos relacionados à estrutura e funcionamento da língua, tais como, ortográficos, prosódicos, gramaticais e discursivos. Dentre os elementos do dicionário terminológico, a fraseologia é um elemento que coexiste ao lado dos termos. E a descrição dessas estruturas contribui largamente para a produção de sentido aplicada á terminologia, seja para produção de glossário, dicionários, seja para a construção de programas especiais voltados à extração automática das unidades terminológicas e fraseológicas. Diante disso, este trabalho tem por objetivo apresentar o panorama da fraseologia na produção terminológica buscando seu funcionamento no discurso. Para tanto apresentamos, inicialmente, a perspectiva nos dicionários de língua geral. Em seguida, abordamos as propostas de entendimento da fraseologia no campo da linguagem especializada e por fim a demonstração de que a fraseologia não se limita a um ponto de vista sintagmático, mas que se relaciona à área que se inscreve. Com isto, evidenciamos que a fraseologia é fenômeno de grande importância tanto para os profissionais usuários da terminologia quanto para tradutores. Palavras-chave Fraseologia, terminologia, gênero 51 IRONY IN LITERATURE: TRANSLATING LEACOCK'S HUMOUROUS DISCOURSE Autor Davi Silva Gonçalves Resumo Retextualising Leacock's ironic approach in Sunshine Sketckes of a Little Town towards ―finite values and things‖ (Rourke, 58) to a new Brazilian context is a process haunted by the already existing temporal merging often applied as a trigger of laughter in the very original piece. That is, the translator‘s task is not only to make one laugh from one temporal configuration that was inserted in another temporal configuration; his task, many times, is that of making one laugh from one singular relationship between more than one temporal configurations that are being inserted in another position where other temporal configurations are also in dialogue – hence my insistence in problematising time normativity in this literary translation research. Mr. Smith is, by the way, one of the novel's characters who best impersonate Leacock‘s ironic usage of time dialogues in order to provoke laughter. The usage of irony, therefore, seems to be divided in the novel between the tragic and the comic; that which causes dismay and that which causes laughter (Freud, Veatch). Temporal and spatial constraints nonetheless do not make the book less interesting or less pertinent to the contemporary Brazilian context. Time, like space, is bound to travel; and it is exactly the writer and the translator that stand for those who can drive them from one spot in time and space into another. The discussion between the rural and urban settings, just like the antagonism of those who come from the city and those who stay in the county, which is promoted within Leacock‘s novel is a microcosm of the whole systems of meaning wherein it was produced and whereto it is now being guided once again by this PhD. Palavras-chave Translation, Literature, Humour UMA ANÁLISE DISCURSIVA SOBRE A POLÍTICA DO SILÊNCIO NAS INSTITUIÇÕES ESTADUAIS DE ENSINO Autor Icléia Caires Moreira Resumo Ao longo da história da Educação instaurou-se um processo de automatização do fazer pedagógico com vistas à democratização do acesso escolar (MASCIA,2003), cuja fixação de moldes pode ter paulatinamente levado à exclusão o sujeito professor em relação a sua decidibilidade, na direção do silenciamento destes sujeitos, não como forma de calar, mas de fazer dizer uma coisa para não permitir que outras sejam ditas (ORLANDI, 2007). A partir desse cenário temos por objetivo problematizar o movimento de silenciamento identitário do professor da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul. Partimos da hipótese de que há no cenário educacional vigente uma circulação contínua de (re)formas, e que estas, mais quantitativas do que qualitativas, engendram, por meio de dispositivos reguladores das práticas educacionais homogeneizantes e direcionadores, poder-saber e deixam à margem a decidibilidade dos docentes. Como corpus, serão utilizados entrevistas/relatos de professores da Rede Estadual de Ensino e para a análise da materialidade linguística, pautamo-nos na perspectiva da Análise do Discurso de linha francesa (PÊCHEUX, 1988) e no aporte teórico-metodológico foucaultiano (1988, 1997, 2013), especificamente o arqueogeneológico, em face dos mecanismos de monitoramento e de cerceamento da/na atuação dos docentes. Reflexões iniciais apontam que o professor situa-se, (in)conscientemente, no ―entre-lugar‖ da (re)produção de práticas discursivas institucionalizadas, em uma postura de obediência e passividade às imposições, ―veladas‖, provenientes da hierarquização dos serviços. Palavras-chave Silenciamento identitário, Entre-lugar, Decidibilidade 52 O CHILE ARAUCANO CONSTITUI SUA IDENTIDADE ATRAVÉS DO VIÉS POÉTICO Autor Isabel Cristina Rissato dos Santos Resumo Este estudo analítico pretende conhecer a visão da literatura chilena e hispano-americana do século XX, especificamente a apresentada sobre o povo mapuche. Com tal objetivo, selecionaram-se duas obras representativas desse período, o poema Araucanos da poetisa chilena Gabriela Mistral e o poema épico La Araucana do escritor espanhol Alonso de Ercilla y Zúñiga, obra considerada fundadora da literatura chilena e que inaugura o ―mito araucano‖, elevando o nativo chileno à categoria de personagem heroico. A análise dos textos mencionados se realiza em articulação a Análise do Discurso Francesa (AD) e pretende estabelecer comparações nos discursos das duas obras citadas, e como no transcurso da investigação se apresentam, de forma introdutória, diversos aspectos constitutivos do povo mapuche, sociedade indígena do sul do Chile, e da literatura indigenista chilena e hispano-americana que permitem ao leitor situar-se na temática aqui pretendida. A análise das obras que transformam o mapuche em personagem literário revela diferentes visões. Assim, analisar na obra ercillana, como se apresenta o discurso constitutivo do nativo chileno, em contraste com o nativo chileno construído no poema de Mistral. Uma análise do discurso constitutivo de como se apresentam nos textos literários analisados sociedade chilena percebida nos seus antepassados. Palavras-chave Mapuche, Identidade, Representação. ARQUIVO E MEMÓRIA: UM ESTUDO DISCURSIVO SOBRE A CARTA DO CACIQUE SEATTLE. Autor João Paulo F. Tinoco Machado Resumo Temos como objetivo problematizar os efeitos de sentido da Carta do Chefe Seattle, no que tange ao seu processo identitário, por meio do movimento de arquivo e memória (Foucault, 1995), a partir de recortes significativos, com suas regularidades enunciativas no âmbito das relações de poder. É importante trazer à baila os sujeitos que estão à margem da sociedade, para mostrar as ―verdades‖ cristalizadas da história, especialmente focalizando os estudos sobre os povos indígenas. Pois, pesquisas nos relatam que ainda esses povos enfrentam discriminação e descaso pela sociedade hegemônica (Guerra, 2010). Assim, procuramos problematizar os enunciados a partir dos conflitos que Seattle enfrentou ao proferir, em 1854, o seu apelo sobre a vida. Sua resistência à imposição do governo de compra e venda da Terra, onde habitavam, fez com que Seattle questionasse suas ações e práticas ao se ver no olhar do outro, no caso, o governador de Washington/EUA. Para alcançarmos nossos objetivos, nos apoiamos nos procedimentos teóricos e metodológicos da Análise do Discurso, de linha francesa, de perspectiva foucaultiana, sobretudo nas fases arqueológica e genealógica do historiador do presente. Buscamos, também, concepções postuladas por sociólogos e filósofos à luz da transdisciplinaridade, como Bhabha (1998), Hall (2006) e Bauman (2005) que discorrem sobre a noção de identidade. Resultados preliminares nos levam a verificar que, ao ser confrontado, Seattle recorre à sua história ao tentar buscar na memória arquivos socioculturais que o ajudem a apreender o pensamento capitalista, engendrando uma (des)construção de identidades procurando negociar as diferenças. Palavras-chave Arquivo e Memória, Análise do Discurso, Chefe Seattle. 53 TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA E AGÊNCIA: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO ALUNO DA TERCEIRA IDADE NAS AULAS DE LITERATURA EM LÍNGUA INGLESA Autor Liliam Cristina Marins Prieto Resumo O presente trabalho pretende discutir a relação entre aspectos práticos e teóricos que envolvem a recepção da tradução intersemiótica do texto literário The Taming of the Shrew, de William Shakespeare (aproximadamente 1523), para a telenovela O Cravo e a Rosa (2000), de Walcyr Carrasco e Mário Teixeira, por um grupo de alunos participantes da disciplina Literatura em língua inglesa e multimodalidades: Shakespeare e a telenovela, da Universidade Aberta à Terceira Idade (uma instituição vinculada à Universidade Estadual de Maringá). Ao levar em consideração, sobretudo, os preceitos da Análise do Discurso via Orlandi (1996) e o conceito de ―agência‖ de Giroux (1997), é possível observar a construção da identidade desse sujeito aluno da terceira idade perante o contato com a tradução intersemiótica ao exercer sua agência nas aulas, o que evidencia uma dinâmica na qual os sujeitos envolvidos se transformam, re-enunciando, em toda sua atualidade, os desafios teóricos e práticos do ensino de tradução e de literatura. Palavras-chave Agência, Tradução, Terceira idade. RELAÇÕES DE PODER NA TRADUÇÃO: A QUESTÃO DAS NOTAS DE AVISO EM MANUAIS TÉCNICOS Autor Lucas Schenoveber dos Santos Junior Resumo Pretendemos neste trabalho estabelecer um possível diálogo entre a analítica de poder de Foucault (1980; 1987; 1997) e Estudos da Tradução segundo Hermans (1996) e Derrida (2002). Considerando tal diálogo possível, objetiva-se estudar as relações de poder postas em funcionamento na tradução técnica sob a ótica da visão pós-moderna de tradução, orientada pela desconstrução derridiana. A aproximação entre os efeitos de poder, e os saberes que estão no discurso e a teoria do Skopos (REIS; VERMEER, 1989) ou propósito de tradução, permite compreender como e porque ocorrem as transformações no texto traduzido, bem como quais relações de poder estas transformações estabelecem. Partimos do pressuposto de que a lógica de funcionamento do manual vai além da simples função de instruir o usuário acerca do uso correto do aparelho (smartphone), no discurso do manual estão postos em funcionamento saberes dos quais a fabricante se vale para estabelecer relações de força entre si e o usuário final do produto. O material de análise é composto pelo manual de Smartphone da fabricante Samsung, em sua versão em língua inglesa e sua respectiva tradução para o português do Brasil. O corpus é composto por recortes discursivos retirados do material coletado e justapostos para melhor compreensão e análise. O estudo da tradução à luz da analítica de poder de Foucault aponta para a reafirmação do caráter complexo e transformador da tradução técnica. Palavras-chave Tradução Técnica, Transformação, Relações de Poder. 54 AS MARCAS DOS SUJEITOS NO PROCESSO TRADUTÓRIO DO TEXTO CIENTÍFICO Autor MARIA AMELIA LOBO PIRES Resumo A partir de uma perspectiva discursivo-desconstrutivista de tradução, esta comunicação tem como objetivo principal analisar as marcas dos sujeitos tradutor e revisor de textos científicos envolvidos no processo tradutório de artigos da área biomédica. Como objetivo específico, discutir e problematizar escolhas lexicais desses sujeitos, no processo tradutório de quatro artigos científicos da Odontologia, publicados em revista eletrônica especializada da área. O sujeito-tradutor, ao fazer suas escolhas lexicais e linguísticas deixa fora outras tantas escolhas durante o processo tradutório, escolhas tais que também seriam possíveis e plausíveis. O tradutor é o sujeito que se coloca no ―entre-lugar‖, entre línguas e culturas, e torna o texto escrito em uma língua de partida compreensível ao leitor da cultura alvo, no idioma de chegada. O sujeitorevisor possui formação em Odontologia e domínio da língua inglesa, o que lhe confere poder que, geralmente, determina que suas escolhas tenham a palavra final, na seleção de termos traduzidos. Nesse processo, por meio de suas escolhas, os sujeitos conferem um cunho pessoal de coautoria ao texto traduzido (MITTMANN, 2003). A metodologia adotada consiste nas seguintes etapas: (i) revisão de literatura para embasamento do arcabouço teórico; (ii) seleção de quatro artigos da área de odontologia para compor o corpus de análise; (iii) entrevista com os tradutores e revisores. (iv) Análise e discussão dos dados obtidos. A pesquisa, de cunho qualitativo interpretativo; a discussão e problematização têm como base teórica as perspectivas da Análise do Discurso foucaultiana, Análise do Discurso pêcheutiana e do Desconstrucionismo derridiano. Palavras-chave Discurso, Processo Tradutório, Texto Científico. TRADUÇÃO E TECNOLOGIA: O USO E RECEPÇÃO DE TRADUTORES ELETRÔNICOS POR PROFISSIONAIS DA TRADUÇÃO Autor ROSA MARIA OLHER Resumo A tradução permeia e contribui culturalmente com a sociedade desde tempos remotos. No entanto, diferente de séculos atrás, ela não é mais um mero trabalho feito com ajuda de livros e dicionários impressos. Hoje, além desses recursos, a tradução é feita com a ajuda de softwares e tradutores online, graças a inúmeras pesquisas em busca de um programa que possa tornar a tarefa do tradutor menos complexa. Por outro lado, nem todos os tradutores concordam com o uso dessas ferramentas tecnológicas, alegando que elas atrapalham o processo tradutório. Uma das ferramentas mais rejeitadas é o Google Translator, site da Google que traduz um termo ou parte de um texto instantaneamente. Devido a essas decorrentes diferenças de opiniões sobre o assunto, este trabalho problematiza e discute o uso da tecnologia como parte da tarefa do tradutor, assim como o uso do Google Translator, a partir de um questionário respondido por 12 tradutores profissionais. Com base na analise das respostas enviadas, percebemos que a grande maioria dos tradutores está ciente de que é impossível viver sem a tecnologia na sociedade contemporânea, mesmo porque a maior parte da demanda por tradução vem de meios como redes sociais e e-mail. O uso da tecnologia na tradução é também visto como favorável, pois a internet é grande aliada de tradutores em busca de maiores informações sobre o assunto a ser traduzido. O tradutor online, no entanto, é aceito como apenas uma ferramenta a mais, não para a tradução de textos ou grandes sentenças, mas para a busca de termos isolados, dada a sua rapidez e praticidade. Palavras-chave Tradução, tradutores, tecnologia 55 OS BRASIGUAIOS NO INTERIOR DA FD DO MST: SUJEITO OU POSIÇÃO-SUJEITO NA LUTA PELA TERRA NA REGIÃO DA FRONTEIRA BRASIL-PARAGUAI? Autor ROSEMERE DE ALMEIDA AGUERO Resumo Neste trabalho o drama em torno da questão agrária vivido pelo sujeito denominado brasiguaio transforma-se em objeto de análise. Expulsos dos campos brasileiros no século XX pela mecanização da agricultura, pela concentração fundiária e pelo milagre econômico esses brasileiros atravessaram a fronteira física em direção ao Paraguai atraídos pela promessa de terras baratas e pela possibilidade de uma vida melhor. Cinquenta anos após a emigração esses trabalhadores e seus descendentes continuam a tomar parte em conflitos fundiários, agora em território paraguaio. Expulsos do território paraguaio por não terem como comprovar a titulação das propriedades, muitos retornam ao Brasil integrando-se a outros movimentos nacionais como o MST na luta pela reforma agrária. No interior da FD do MST o brasiguaio se constitui como um novo sujeito histórico ou uma posição-sujeito? Sua irrupção se configura como um acontecimento discursivo ou enunciativo? Essas questões são tratadas com base em análises realizadas em sequências discursivas recortadas da imprensa sul-mato-grossense e de outros arquivos pelo viés da Análise do Discurso de linha francesa, na perspectiva teórica de Michel Pêcheux. As análises mostram a irrupção da denominação brasiguaio como um acontecimento enunciativo e como uma diferente posição-sujeito no interior da FD do MST, singularizada pelo histórico de suas lutas, suas demandas e reivindicações às autoridades brasileiras. Palavras-chave Discurso, Brasiguaios, Posição-Sujeito. REPRESENTAÇÕES DE LETRAMENTO DO SUJEITO IDOSO: MEMÓRIA E IDENTIDADE Autor Silvana Cosmo Dias Cosmo Dias Coautor Silvane Aparecida de Freitas Resumo Silvana Cosmo Dias (UEMS) Silvane Aparecida de Freitas (UEMS) Partindo do princípio da inclusão, é direito do idoso adquirir condições de uso da linguagem nas diversas situações comunicativas. Assim, ampliar as práticas de letramento do idoso é um meio de oferecer a esse sujeito, condições para interagir na sociedade contemporânea. O objetivo, nesta pesquisa, é analisar o discurso de um idoso inserido no processo de Letramento do sistema Educação de Jovens e Adultos ao relatar suas memórias e interpretar as representações que circulam no imaginário desse idoso, estabelecendo relações com o processo de constituição identitária. O narrador desta pesquisa está inserido no processo de letramento, no sistema de Educação de Jovens e Adultos, em uma Escola Municipal de Santa Fé do Sul-SP. Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi utilizado do método arqueológico de Foucault (1997), aliando aos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa, com o fito de problematizar a questão do idoso na sociedade contemporânea, entender os interdiscursos que atravessam seus dizeres, que ideologias defendem, como valorizam o letramento em suas vidas. Assim, observou-se que as representações imaginárias que o sujeito idoso constrói de si são marcas dos processos identificatórios de sua formação identitária, marcadas pelos equívocos do decorrer da vida. Esta representação, por meio de discursos, advém da ideologia dominante, estabelecendo uma relação desse sujeito idoso com os muitos ―outros‖ que o constitui. Esse idoso encontra-se em estado de incompletude, em permanente busca de um saber para completar-se enquanto sujeito que anseia inserir-se na sociedade pós-moderna. Palavras-chave Discurso, Idoso, Letramento. 56 MIGRAÇÃO E IDENTIDADE: O DISCURSO DIDÁTICO SOBRE OS INDÍGENAS KAIOWÁ Autor Vania Maria Lescano Guerra Resumo Esta pesquisa problematiza o processo identitário dos indígenas guarani kaiowá, a partir do texto do livro didático intitulado "Kaiowá: um povo que caminha", organizado por Cledes Markus (2013) e utilizado como recurso pedagógico. Trata-se de uma oportunidade para refletir sobre a história e a cultura kaiowá, por ocasião da "Semana dos Povos Indígenas", ocorrida de 14 a 20 de abril de 2013. A fundamentação teórica transdisciplinar desta pesquisa, com base na perspectiva discursivo-desconstrutivista, traz estudos de Coracini (2003, 2007), Deleuze (1992), Bhabha (1998) e Pêcheux (2009), a partir da alteridade e da desnaturalização dos estereótipos. A coleta e a análise/discussão dos dados, com base no método arqueogenealógico foucaultiano, utilizam distintos procedimentos, a saber: (1) pesquisa em bibliografia pertinente; (2) pesquisa documental; (3) seleção de enunciados; (4) constituição de corpus; (5) análise de discursos (mediante seleção de enunciados e constituição de corpus), que partem de uma representação das condições e do processo de produção do discurso e consideram formações discursivas e os interdiscursos (CORACINI, 1991). Na relação entre memória coletiva, memória histórica e produção de identidades, apesar de assumirmos que o passado ressurge nos discursos didáticos, ele se configura como uma fonte para a construção, no presente, de uma memória que fornece elementos para a construção de identidades; ele não pode ser sujeito a qualquer apropriação. Nesse discurso manifesta-se um conjunto de questões que fomentam seu aparecimento-acontecimento: as condições dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul, as relações de poder e os interesses contraditórios. Palavras-chave Identidade, Discurso, Indígenas. MULHER INDÍGENA E LEI MARIA DA PENHA: A ESTATIZAÇÃO DA SUBJETIVIDADE FRONTERIZA Autor Willian Diego de Almeida Resumo Partindo do pressuposto de que na escrita de uma lei os significados se (des)locam no entrecruzamento das convenções discursivas, temos por objetivo problematizar os possíveis efeitos de sentidos no texto da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340) em relação à representação da mulher indígena e a constituição de uma subjetividade fronteriza. Articulamos a hipótese de que a lei, ao incluir o gênero feminino na ordem do discurso jurídico, por outro lado marginaliza a mulher indígena, sobretudo pelo lócus cultural fronteiriço em que esta se encontra, como um dispositivo discursivo que agencia a construção de uma subjetividade. O trabalho ancora-se na transdisciplinaridade teórica entre: perspectiva discursiva francesa, desconstrução — por meio das balizagens teóricas derridianas –, no suporte teórico-metodológico foucaultiano (1995, 2005) — arqueogenealógico, por compreenderem o enunciado na estreiteza de sua singularidade; e por outro fio teórico-condutor: o ponto de vista teórico-culturalista de Anzaldúa (2005, 2009) e Menchú Tum (2001), que articulam um deslocamento para a análise de uma epistemologia fronteriza. Mobilizamos que o texto da lei, um dispositivo institucional, pode escamotear e divorciar direitos de fatos, estando inevitavelmente afetado pela subjetividade, por construções sucedidas de crenças e valores compartilhados na dimensão cultural que constituem a experiência histórica e coletiva dos sujeitos. Palavras-chave Análise do Discurso, mulher indígena, Lei Maria da Penha 57 SIMPÓSIO 7 – Discurso, imagem e representação Coordenadores: Silmara Dela Silva (UFF) e Giovanna Flores (Unisul) A REPRESENTAÇÃO/ CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO ALUNO DE LÍNGUA INGLESA POR COMERCIAIS DA ESCOLA DE INGLÊS ON-LINE OPEN ENGLISH Autor Aline Yuri Kiminami Resumo O presente artigo propõe analisar como se dá a construção identitária do aluno de língua inglesa (LI) a partir da representação desse sujeito a partir, principalmente, das contribuições de Michel Foucault. Como pano de fundo, a fundamentação teórica está embasada no conceito de sujeito pós-moderno, o qual se constitui em sua historicidade, no jádito sobre o que é ser aluno de LI. Pretende-se tomar como objeto de análise um comercial de ensino de inglês on-line da escola Open English veiculado em 2012 em emissoras de televisão e disponível no ciberespaço. O foco desta análise está em realizar uma leitura quanto à forma como essa escola de inglês retrata seu público-alvo e na forma como é feita essa representação, relacionando-a a identidade do aluno de LI no contexto de escola de inglês presencial versus on-line. Com o estudo realizado, foi possível entender que, uma vez que um comercial pode servir como instrumento ―doador‖ de identidade a um aluno de LI, como no caso do comercial analisado, é importante que voltemos nosso olhar para a forma como são e somos representados pela mídia, uma vez que a representação é diretamente ligada à identificação, e ela age sobre todos nós, de forma direta ou indireta. Palavras-chave Identidade, Aluno de Língua Inglesa, Representação ENTRE A NORMA E O DESVIO: O PRINCÍPIO DA CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS DE NORMALIDADE E PATOLGIA NOS PRIMEIROS DICIONÁRIOS MONOLÍNGUES DE LÍNGUA PORTUGUESA Autor Amanda Bastos Amorim de Amorim Resumo Nesta apresentação, indicamos o princípio de uma investigação na área de História das Ideias Linguísticas, apoiada no arcabouço da Análise de Discurso francesa, sobre verbetes relacionados a patologias e seus respectivos significados nos dicionários de Raphael Bluteau (1728) e Antonio de Moraes Silva (1789), primeiros dicionários monolíngues de Língua Portuguesa. Os objetivos específicos desta apresentação são: (i) identificar como os dicionários citados se relacionam ao momento histórico pelo qual a Medicina passa durante o século XVIII; (ii) indicar eixos parafrásticos que permitam compreender como os sentidos de normalidade e patologia - mesmo não estando ali presentes da forma como atualmente conhecemos - começam a ser construídos. A metodologia aplicada é semelhante à apresentada por Nunes (2006), observando os eixos parafrásticos e analisando o processo de aparição ou não dos verbetes nos dicionários, bem como o movimento de mudanças nas definições. Nesta apresentação, iniciaremos tal construção a partir dos verbetes e significados de "norma" e "desvio", que representam temas fundamentais para estudos que se dediquem a questões de saúde mental, processos de patologização e despatologização, bem como pela relação entre a História da Medicina e a representação de termos médicos nos dicionários monolíngues. Palavras-chave História das Ideias Linguísticas, Dicionários, Patologização 58 CARTAS DOS CONSULTÓRIOS SENTIMENTAIS DE REVISTAS FEMININAS: DO MITO AO RITO Autor Ceres Ferreira Carneiro Resumo Este trabalho se relaciona ao projeto de pesquisa de doutorado em Estudos de Linguagem, da Universidade Federal Fluminense. A proposta é analisar cartas escritas por mulheres e publicadas nos chamados ―consultórios sentimentais‖ de revistas femininas (Cláudia, Marie Claire, Glamour, Seleções, Ana Maria, Viva Mais e Vai dar Certo), nas últimas cinco décadas, que permitam, a partir dos discursos das remetentes, averiguar a imagem que as mulheres fazem umas das outras quando traídas por seus companheiros. As esferas do público e do privado se superpõem nessa seção e a torna um fértil local para evocar as palavras em que as mulheres afirmam ou assumem suas condutas. O primeiro alicerce da pesquisa será a análise de discurso de linha francesa, tendo os trabalhos de Pêcheux e Orlandi como base do quadro teórico-metodológico. Considerando que toda fala pertence a uma rede de sentidos instituída por uma ideologia e pelo inconsciente, será analisado o discurso, não só de quem produziu as cartas, mas de outras tantas mulheres. Uma das versões apresentada por Junito Brandão sobre o mito da Medusa diz que: ―Medusa era uma jovem lindíssima e muito orgulhosa de sua cabeleira. A deusa da inteligência, Atená, puniu a adversária, porque Posídon, tendo-a raptado, violoua‖. A proposta é averiguar se o mito se mantém na realidade e no tempo, ou seja, se as mulheres permanecem punindo ou condenando, quando traídas por seus parceiros, suas rivais e não o seu verdadeiro traidor, tal qual Atená fez com Medusa. Palavras-chave Análise do Discurso, Gênero, Imagem. AS CANTIGAS DE LOUVOR DE D. AFONSO X E O ESPAÇO SAGRADO: ESTUDO DO TEXTO E DA IMAGEM Autor Clarice Zamonaro Cortez Resumo As Cantigas de Santa Maria, de D. Afonso X, são consideradas por Ângela Vaz Leão (1997, p. 33) como a ―verdadeira comédia humana do século XIII‖, em que todas as classes sociais se fazem representar. Além de precioso documento linguístico e verdadeira obra de arte literária, iconográfica e musical, constituem uma fonte histórica inigualável que possibilita o conhecimento dos hábitos, costumes e mentalidade da Idade Média na Península Ibérica. Apresentam duas vertentes temáticas: a profana e a religiosa, de teor lírico ou lírico-narrativo. Integram o códice de cantigas dedicadas à Santa Maria as cantigas de loor (cantigas de louvor), manifestações do gênero lírico, e as cantigas de miragre (cantigas de milagre), que pertencem ao gênero narrativo, mas que apresentam traços de lirismo laudatórios, sobretudo, nos refrães e nos finais dos milagres. De acordo com a teoria da literatura, é no espaço que a ação se desenvolve e as personagens se movimentam. Com base nessa premissa, cabe a ele, conforme Dimas (1985), funcionar como armadilha virtual do texto, na medida em que poderá provocar a adesão ou a repulsão do leitor, bem como instigar sua curiosidade através das referências sobre o cenário. As Cantigas de Santa Maria referem-se às cidades, locais de romaria e peregrinação na Idade Média. O espaço sagrado, retratado nos textos e em imagens iconográficas, representa episódios e cenas de louvor e milagres ocorridos nos conventos, santuários e igrejas, onde a Virgem louvada curava as doenças e livrava as pessoas do pecado. Palavras-chave Espaço sagrado, Cantigas, Iconografia 59 ENTRE O CÂNONE E O POP: REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DO LEITOR JOVEM NOS ―CLÁSSICOS FANTÁSTICOS‖ Autor Clarissa Neves Conti Resumo Dentre as transformações sócio-político-históricas que afetam as formas do discurso, o papel das inovações midiáticas e tecnológicas vem se tornando cada vez mais evidente na sociedade contemporânea, em razão da emergência e popularização tão rápida de novos objetos e técnicas de interação social, de produção de conteúdo, de escrita e de leitura. Nesse sentido, a evolução tecnológica vem exercendo um impacto nas redes discursivas e nas práticas de escrita e leitura – particularmente no que concerne aos discursos sobre o literário e sobre a leitura. Encontramo-nos, assim, num momento de instabilidade, onde velhas e novas práticas, bem como velhos e ―novos‖ discursos, encontram-se em convergência e também em confronto, já que as inovações não raro são vistas como deturpações. Busca-se neste trabalho observar um dos fenômenos particulares a este momento, a saber, os chamados mashups literários, gênero editorial que consiste na mistura de textos clássicos da literatura com elementos de uma cultura pop contemporânea e outras figuras típicas da cultura de massa. Tais textos possivelmente encontram sua raiz nas possibilidades de apropriação (de textos, músicas, vídeos, softwares...) viabilizadas pela cultura digital. Assim, com base na Análise do Discurso de linha francesa, especialmente no trabalho de Michel Foucault, e nos princípios da História Cultural da Leitura representada por Roger Chartier, estudamos a recepção desses livros por meio da análise de resenhas, comentários e notícias que circularam quando da publicação desses livros, a fim de observar as representações discursivas da leitura e do leitor jovem que se encontram nessa relação entre cânone e pop. Palavras-chave Representações do leitor, Mashups literários, Análise do discurso O DISCURSO DA SENSUALIDADE NA SÉRIE CHAPEUZINHO VERMELHO DE FRANCISCO BRENNAD Autor Cristiane Renata da Silva Cavalcanti Resumo A proposta deste trabalho é analisar discursivamente telas do artista plástico pernambucano Francisco Brennand, que se encontram na Accademia, na oficina Brennand, em seu funcionamento imagético, tendo como ponto de partida a noção de memória discursiva, conforme proposta pela análise de discurso de linha francesa. O nosso objetivo, neste trabalho, é analisar discursivamente quatro telas, do acervo de 20 obras da série criada pelo artista titulada Chapeuzinho Vermelho, correlacionando-as com o conto de fadas escrito por Charles Perrault: Chapeuzinho Vermelho, publicado em 1695, num manuscrito intitulado Contes de ma mère l‘Oye, e depois publicado, em 1697, em Contes et histoires du temps passé, Avec des moralités sob o nome autoral de Pierre Darmancour, filho de Charles Perrault, membro da Academia Francesa. Consideramos que a memória suposta pelo discurso é sempre reconstruída na perene incompletude dos fatos da linguagem, assim como o dizer é ponto de deriva para outros sentidos possíveis. Desse modo, enquanto discurso, as telas reportam à memória discursiva quando percebemos retomadas constantes do que é dito em outro lugar, tanto para apoiar quanto para deslocar sentidos, e que é nessa relação entre repetições e deslocamentos que sentidos outros podem acontecer. Acreditamos que tais análises podem contribuir para reflexões sobre as noções de memória discursiva e social, e o funcionamento discursivo no discurso imagético de obras de arte. Palavras-chave Discurso, Memória discursiva, Funcionamento imagético. 60 IMAGEM E SENTIDOS DA/NA PUBLICIDADE SUSTENTÁVEL Autor Dinair Velleda Teixeira Resumo Este artigo analisa o discurso da empresa Natura S.A em um de seus anúncios publicitários veiculados em 2005. O recorte temporal marca o início da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (DEDS) de 2005 a 2014, conforme decretado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) quando toda sociedade civil deve demonstrar compromisso com práticas sustentáveis. A escolha do discurso da empresa Natura para análise deve-se ao resultado de pesquisa documental empreendida no Banco de Dados da Revista Veja S/A Digital, na qual aponta a Natura entre as empresas que mais acionam os sentidos de sustentabilidade em seus anúncios, na década. Nesse sentido, o objetivo da análise é compreender como a Natura constrói sentidos de sustentabilidade, sendo este anúncio parte do corpus do arquivo de tese que vem sendo analisado sobre o mesmo tema. Buscou-se na Análise do Discurso (AD) francesa, nas noções de Formação Discursiva (FD), Posição-Sujeito (PS) e Memória Discursiva, subsídio para o desenvolvimento deste artigo. Estas noções estão inter-relacionadas e são interdependentes na construção dos sentidos de sustentabilidade posto em movimento pelo anúncio. Dentre outras conclusões, percebe-se que alguns sentidos de sustentabilidade deslizam de uma Posição-Sujeito para outra, evidenciando a multiplicidade de vozes presente no discurso e a heterogeneidade das FDs. Importa salientar que a intenção deste artigo não é avaliar se a empresa Natura é ou não sustentável, mas compreender os sentidos de sustentabilidade acionados por ela, através de como é dito o que ela diz. Palavras-chave Imagem, Publicidade Sustentável, Sentidos ENTRE O DISCURSO MIDIÁTICO E A LÍNGUA INGLESA: O ALUNO E SUA APRENDIZAGEM Autor Elaine Pereira Daróz Resumo A partir dos pressupostos teórico-analíticos da Análise de Discurso de linha francesa, reterritorializada no Brasil com os trabalhos de Eni Orlandi, buscamos compreender os efeitos de sentido do discurso midiático nos modos de subjetivação do aluno à língua inglesa. Em decorrência da mundialização e, em especial, o advento da internet, somos expostos cotidianamente à língua inglesa quer por propagandas, quer por celulares e computadores dentre outros. Tal situação faz reverberar discursividades distintas sobre a língua inglesa na atualidade, ressoando no discurso pedagógico efeitos de sentidos com implicações nos modos de subjetivação do aluno ao idioma. De acordo com Pêcheux (1960), as imagens que o locutor faz de si mesmo, do seu interlocutor assim como do objeto estão diretamente relacionadas aos processos de identificação/interpelação pelo qual o indivíduo se torna sujeito do discurso. Considerando que a mídia, como Aparelho Ideológico do Estado (ALTHUSSER, 1970), ocupa papel relevante no imaginário de língua inglesa e seu ensino na atualidade, propomos neste trabalho uma análise do discurso publicitário sobre o ensino da língua inglesa na contemporaneidade, uma vez que tal discursividade reverbera no discurso do aluno, produzindo efeitos de sentido que, a nosso pensar, interferem nos modos de identificação/subjetivação do aluno à língua inglesa e, por conseguinte, na sua aprendizagem do idioma. Palavras-chave análise de discurso, língua inglesa, discurso midiático 61 NÃO, SENHOR! AS DIFERENTES POSIÇÕES-SUJEITO Autor Giovanna Gertrudes Benedetto Flores Resumo A proposta desta pesquisa é analisar discursivamente o documentário Não, Senhor!, produzido pela acadêmica de Cinema e Audiovisual da Unisul, Gabriela Brandão. Nossa pesquisa tem como suporte teórico a Análise do Discurso, como proposto por Pêcheux (1988), e pretende compreender as diferentes posições-sujeito das mulheres dos praças da Polícia Militar de Santa Catarina no movimento de 2008 que reivindicou o cumprimento da lei 254. A nossa análise terá como corpus de pesquisa o documentário e reportagens da mídia de referência de Santa Catarina. A partir da perspectiva discursiva, podemos pensar nas diferentes posições-sujeitos das mulheres dos praças no documentário e nas reportagens e como o discurso jornalístico produz um efeito de atuar como niveladora de sentidos, organizando filiações possíveis para um acontecimento, operando como referência do que vemos e onde projetamos imaginariamente nossas reais condições, atuando na institucionalização social de determinados sentidos, contribuindo na constituição do imaginário social. Palavras-chave Posição-sujeito, Discurso jornalístico, Sentidos ENTRE ―CIDADES DE COLONIZAÇÃO EUROPEIA‖ E CIDADES DE ―HERANÇA AFRICANA‖: REPRESENTAÇÕES DE IDENTIDADES NO GUIA 4 RODAS/BRASIL 2014. Autor Glória da Ressurreição Abreu França Resumo Este trabalho se situa no campo teórico da Análise de discurso e se propõe a analisar as (re)produções de uma determinada memória da colonização nos nomes das cidades e nas diferentes formas de determinação linguística nas nomeações desses lugares no Guia quatro rodas, 2014. Percebe-se que as nomeações se relacionam com um determinado espaço de memória que retoma um imaginário que se constitui e circula na/pela língua. Esse imaginário corresponde a duas constituições de sentidos que se autodeterminam: por um lado, um discurso que enfatiza o ―orgulho‖ da identidade local e/ou enfoca a influência europeia na cidade, (como se vê, por exemplo, em ―orgulho de suas raízes alemãs‖, ―o orgulho de ser belenense aumenta cada vez mais‖, ―a Nova Veneza‖, ―ostenta a influência italiana‖); por outro lado, um discurso que, pelas diferentes formas de nomeação que vinculam a cidade a apenas uma parte de sua história de colonização, efetua, pela não-nomeação, um apagamento de outras ―raízes‖, como as indígenas e africanas. corpus se constitui a partir do guia de viagens supracitado e de um arquivo de análises efetuadas em materialidades de língua francesa e de imagens publicadas no site do Ministério do Turismo brasileiro. Tal constituição do corpus me permite, pela comparação de diferentes materialidades e de espações de enunciação, perceber as diferentes formas de constituição dos sentidos para a construção da ideia de Brasil e de brasileiro/a. Busco, desse modo, compreender como se constituem os discursos que nos identificam como brasileiro/a/s, que, ao mesmo tempo, evocam uma certa memória da colonização e que determinam igualmente a forma como nos relacionamos com essa memória. Palavras-chave Processos de identificação, Representações, Turismo 62 A DISCURSIVIDADE DA NEGRITUDE FEMININA NA REVISTA RAÇA BRASIL Autor Jacilene da Silva Souza Resumo O presente trabalho consiste na abordagem da construção discursiva da mulher negra, na Revista raça Brasil, tendo como foco as reflexões sobre o modo como a negritude feminina é dicursivizada na revista. Partindo da análise do discurso que busca na falha que fala e no silenciamento, os possíveis sentidos e baseia-se na análise das construções históricas e ideológicas que constituem o enunciado, serão analisados os discursos que circulam nessa revista tentando mostrar que mesmo uma revista de valorização da raça negra, acaba proferindo discursos que reforçam a não aceitação do negro enquanto ser de potencial, com suas belezas próprias. O escopo teórico desse plano de trabalho está centrado na Análise de Discurso de Linha Francesa, tendo como base os estudos de Orlandi e Pêcheux, 1997. A Análise de Discurso francesa, concebe o discurso como efeito de sentidos entre enunciadores, ou seja, não há como se determinar um sentido fixo, ou a priori à situação de enunciação, como se retirássemos da língua a historicidade e o equívoco dela constitutivos. Palavras-chave Análise do discurso, Negritude feminina,Revista Raça Brasil REVISTA EXAME E A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DA IMAGEM DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO. Autor Jackeline de Azevedo Silva Resumo Este estudo refere-se a uma pesquisa que busca analisar a Revista Exame e a construção discursiva da imagem da mulher no mercado de trabalho. Através deste tema pretende-se retomar os sentidos que permeiam o modelo de mulher e a sua relação com o mercado de trabalho, a partir da representação da mesma na Revista Exame, que é uma revista de cunho empresarial, direcionada a debater questões relativas ao mercado de trabalho. A partir dessa análise, será possível inquirir como ocorre a construção discursiva da imagem da mulher no mercado de trabalho, sendo tal análise, portanto, importante para a compreensão do que é ser ―Mulher‖ no âmbito mercadotologico, e de como a sua imagem circula socialmente. O escopo teórico está centrado na Análise de Discurso pecheutiana, tendo como base os estudos de Orlandi (2010), e Pecheux (1997, 2002). Desse modo, algumas categorias tais como as marcas dos já ditos sobre as mulheres no mercado de trabalho que constituem o interdiscurso, bem como as formações discursivas e ideológicas nas quais as mesmas são representados na revista Exame. Com base no corpus selecionado através da revista Exame destacamos textos escritos imagéticos que circulam no Brasil e que revelam uma dada imagem discursiva da ―Mulher‖, observando o modo como a mesma é caracterizada discursivamente num ambiente empresarial, que até pouco tempo atrás era essencialmente masculino. Vale ressaltar ainda que apesar de ser colocada, no espaço empresarial a partir de uma construção discursiva masculinizada, ainda é possível observar a tensão entre a liderança e o papel atribuído socialmente à mulher como dona de casa e mãe. Palavras-chave Análise do discurso, imagem da mulher no mercado de trabalho,; revista Exame. 63 ANÁLISE DO DISCURSO DE FOTOGRAFIAS: A FAVELA CARIOCA VISTA PELO OUTRO Autor Janaina Dias Barcelos Resumo Durante o surgimento e o desenvolvimento das favelas no Rio de Janeiro, foram sendo elaboradas representações sociais desses locais e de seus moradores. Apesar de partirem de discursos provenientes de diversas práticas sociais, a maior parte delas relaciona-se, social e historicamente, ao imaginário da pobreza e da violência. Nosso objeto de estudo são fotografias e nossa intenção é verificar os sentidos possíveis de serem encontrados a partir dos imaginários engendrados pelo discurso que elas apresentam. Neste trabalho, analisamos um discurso estrangeiro sobre a favela: 19 fotografias produzidas pelo francês Alexis Pazoumian, em cinco favelas do Rio: Vidigal, Rocinha, Chapéu Mangueira, Cantagalo e Cidade de Deus. Nosso aporte teórico é a Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau. Partimos da noção de que o discurso é uma troca comunicativa, produzida por meio da interlocução entre sujeitos, com intencionalidades, regida por um contrato e em dada situação de comunicação. A metodologia empregada na análise parte de três categorias principais, que nos ajudam a dar pistas sobre os sentidos possíveis: linguagem fotográfica, interdiscursividade e imaginário sociodiscursivo. Ao articular esses aspectos, juntamente com a observação da superfície da imagem, do que ela nos mostra ao primeiro olhar, caminhamos na direção de compreender como os aspectos icônicos, aliados aos dados paraimagéticos, funcionam como operadores de discurso. Essa metodologia está sendo desenvolvida em nosso doutorado e esta análise é mais uma maneira de testar nossa proposta, bem como de receber contribuições de colegas da área que também se interessam por discurso, imagem e representação. Palavras-chave Discurso, Fotografia, Favela DITOS E NÃO DITOS NAS IMAGENS DA PROPAGANDA DO SILENCIAMENTO E RESISTÊNCIA PROJETO NOVO RECIFE: DISCURSO, Autor José Reginaldo Gomes de Santana Coautor NADIA PEREIRA DA SILVA GONÇALVES DE AZEVEDO Resumo Este trabalho pretende analisar o discurso das imagens da propaganda veiculada na mídia pernambucana pelo Consórcio Novo Recife‖. A análise se inicia com a desconstrução do discurso de evidência dicotômica entre o velho e o novo existente nas imagens da propaganda, entre progresso/atraso, ordem/desordem às quais essa dicotomia remete na conjuntara do empreendimento, nas condições de produção do discurso e na memória discursiva. Essa análise visa a observar o funcionamento discursivo nos depoimentos de diferentes sujeitos ocupantes de diversas posições empíricas e discursivas no desenrolar dos acontecimentos de apoio ou de resistência ao projeto arquitetônico e urbanístico do consórcio. Com relação à metodologia, recorreu-se às bases teóricas e metodológicas da Análise de Discurso de linha francesa, filiada a Michel Pêcheux e com desdobramentos teóricos e metodológicos no Brasil. Dentre essas bases, estão as noções de não dito, de posição-sujeito, as noções de tipologia do discurso e das formas do silêncio no movimento dos sentidos (ORLANDI). O corpus é constituído das imagens da propaganda e dos depoimentos nos sites do consórcio e em sites que marcam diferentes posições discursivas ao projeto do consórcio. Conclui-se, analisando a posição discursivoideológica daqueles que representam, defendem o Projeto Novo Recife ou dele se beneficiam como de sujeitos identificados à formação discursiva do mercado imobiliário (FDMI) e a posição dos sujeitos que são contra esse consórcio como identificados a uma formação discursiva de resistência a FDMI. Palavras-chave Imagem, Discurso, Silenciamento. 64 A MULHER ―BONITA DE VERDADE‖ NA CAMPANHA PUBLICITÁRIA DE NATURA: O DISCURSO SOBRE A MULHER NA PERSPECTIVA DA ANÁLISE DE DISCURSO PECHEUTIANA Autor Marcia Rita dos Santos Sales Resumo Orientada à luz da Análise de discurso desenvolvida por Pêcheux, a proposta desse trabalho é analisar o discurso sobre a mulher ―bonita de verdade‖, proposta pela campanha publicitária da marca de cosméticos natura, levando em consideração a memória discursiva historicamente marcada e determinada por posicionamentos ideológicos na propaganda de cosméticos. Nas sociedades modernas, é justamente esse setor de produtos um forte revelador de padrões estéticos impostos pela formação social capitalista. Influenciadas por tais posicionamentos evidenciados pela mídia, as mulheres são instadas a consumir produtos que lhes assegurem o corpo esguio, magro, a pele rejuvenescida e bem cuidada, o cabelo em tons e cortes modernos que lembrem as modelos e atrizes bem sucedidas de seus comerciais. A análise aqui faz pensar o discurso sobre a mulher e os padrões de beleza impostos a ela através da propaganda de cosméticos, observando a relação entre língua e ideologia. Uma relação atestada pelo fato de que a língua(gem) não é transparente e, portanto, também os sentidos não o são. Isso porque, como o sujeito não é dono do seu dizer, faz-se mister considerar que o interdiscurso determina os sentidos de uma formação discursiva. A campanha publicitária de natura, com o slogan ―bem estar bem‖, tematiza sobre ―mulheres de verdade‖ abordando o fato de que apesar de serem bonitas e bem sucedidas (a peça publicitária traz imagens da famosa jornalista Marília Gabriela, da atriz e cantora Thalma de Fretas e da, não tão famosa, consultora de produtos da marca, Mônica Batoni), elas tem em comum o anseio de perfeição estética. A mulher é representada nesse discurso sob a imagem de mulher moderna e bem Palavras-chave Propaganda, Discurso, Mulher. QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ: O DIABO E A CRIANÇA EM HOJE É DIA DE MARIA Autor Maria Aparecida Conti Resumo Pretendemos, neste trabalho, mostrar alguns processos enunciativos que construíram as imagens da criança e do diabo na minissérie Hoje é dia de Maria utilizando fotos congeladas das imagens em movimento. A exemplo de Foucault (1999) ao nomear as figuras humanas que aparecem na tela de Velásquez ao analisar o quadro ―As meninas‖ (porque os nomes próprios constituiriam indícios úteis e evitariam designações ambíguas), selecionamos imagens da criança e do diabo tal como aparecem na minissérie para tentar correlacioná-las com as imagens representacionais constituídas pela linguagem. Embora não tratemos de pintura, mas de imagens congeladas da minissérie, estabelecemos o entendimento dessas imagens como fez Foucault com a pintura. Antecipando as dificuldades encontradas para a análise imagética, optamos por selecionar imagens do diabo e da criança, na minissérie, para mostrarmos, como esses sujeitos foram representados, imageticamente, no decorrer das apresentações da primeira e segunda jornadas. Nosso intuito, após essa descrição, é discutir as formas de representação sócio-histórico-ideológica e a inter-relação das representações imagéticas desses dois sujeitos discursivos em Hoje é dia de Maria, vislumbrando esclarecer se a noção de representação adquire ou não uma nova perspectiva na análise do discurso do diabo e da criança. Palavras-chave Análise do Discurso, Imagem, Representação 65 O EXERCÍCIO DA AUTORIA NAS MENSAGENS COMPARTILHADAS: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DOS ENUNCIADOS LITERÁRIOS NA REDE Autor Pâmela da Silva Rosin Resumo Dentre os compartilhamentos comuns aos usuários das redes sociais, como textos, músicas, imagens, etc., atentamos nosso olhar a prática de compartilhamento de trechos de livros, entrevistas, enunciados, entre outros materiais atribuídos a autores reconhecidos nos mais diversos campos do saber, o que ocasiona, de certo modo, a emergência de discursos acerca do funcionamento da autoria. Diante desse cenário, visamos neste trabalho à compreensão do funcionamento da autoria nas mensagens compartilhadas, isto é, nos enunciados destacados de obras literárias de autores contemporâneos, como Caio Fernando Abreu e Clarice Lispector, que passam por processos de seleção, destacamento e adaptação, além de serem acrescidos de imagens que buscam, de alguma forma, a construção de um texto sincrético. Não nos valemos apenas dos enunciados, mas também dos comentários dos leitores que validam ou recusam a atribuição de autoria dessas mensagens que circulam em páginas da rede social Facebook. Assim, com base na articulação teórica entre Análise do Discurso de linha francesa, especialmente nos trabalhos de Michel Foucault acerca da ―função autor‖ e nos princípios e conceitos da História Cultural da leitura, principalmente nos trabalhos de Roger Chartier, debruçamo-nos acerca da questão da leitura, de modo a compreendermos as permanências e mutações por que passam nossas práticas de leitura na atualidade, o que permite levantar alguns indícios da representação desse novo leitor/autor que emerge com as novas tecnologias digitais. Palavras-chave Autoria, Enunciados Destacados, Representação. O DISCURSO DAS FOTOGRAFIAS DO TORNEIO UFC: ESTETIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA? Autor Rafael de Souza Bento Fernandes Resumo Desde 2011, no Brasil (correspondendo a um fenômeno mundial), o MMA, sigla que em tradução do inglês significa ―Artes Marciais Mistas‖, vem conquistando cada vez mais fãs, alcançando o patamar de terceiro esporte mais popular no país (somente atrás da Fórmula 1 e do Futebol), conforme Ferreira e Orsolini (2012), em reportagem especial para revista Istoé Dinheiro. Estima-se que a indústria da marca UFC (Ultimate Fighting Championship), principal torneio mundial da modalidade MMA, valha cerca de um bilhão de dólares, desconsiderando os segmentos de comercialização de roupas, produtos esportivos e canais de TV a cabo, vinculados a ela. Sob tais condições de produção, desenvolveram-se campanhas publicitárias intensivas no Brasil que, conforme apontam as análises, propiciaram uma fortuita desvinculação do agora reformulado MMA em relação ao Vale-Tudo, tido como brutal e animalesco, elevando-o à condição de esporte, em certo sentido, negando a violência intrínseca a essa modalidade de combate físico. Tendo em vista tais condições de produção, especula-se se não há no cerne dessa ―operação de memória‖ (que nega a vinculação histórica entre MMA e Vale-Tudo) certa ―estetização da violência‖ no UFC com determinadas práticas ritualizadas, em especial, as fotografias de combate. Para o desenvolvimento do estudo, elencam-se teóricos que tratam do advento da fotografia na era da ―reprodutibilidade técnica‖ como Benjamin (1987), bem como se utilizam os pressupostos teórico-metodológicos da análise do discurso de orientação francesa. Palavras-chave MMA/UFC, Fotografia e memória, Fotografia e discurso. 66 A TELEVISÃO COMO INSTRUMENTO LINGUÍSTICO: POSIÇÕES DISCURSIVAS EM UM PROGRAMA TELEVISIVO SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA Autor Ronaldo Adriano de Freitas Resumo Os programas televisivos de debates e entrevistas têm um papel importante na construção do imaginário popular, tendo muitas vezes o efeito de evidência comparado ao discurso científico, uma vez que enquanto suportados pelo aparelho midiático hegemônico, se caracterizam pelo o que Romão (2007) denomina ―efeito de legitimidade‖ e ―credencial simbólica de verdade‖. No dia 15 de agosto de 2014 o programa Na Moral, da Rede Globo de Televisão, que segundo seu apresentador, o jornalista Pedro Bial, pretende discutir temas polêmicos dando voz a ―todos os vetores‖ e possibilitando a visão de ―todos os ângulos‖, teve como tema a Língua Portuguesa. No presente trabalho, filiado ao programa História das Ideias Linguísticas (Auroux, Orlandi), - que se volta para a construção dos instrumentos linguísticos, em especial a gramática e o dicionário, mas que percebe a importância de outras construções culturais que reproduzem ideias linguísticas, como a literatura e o jornal – defende-se que ao tematizar as práticas linguageiras sobre um enfoque analítico, a televisão, com seu poder de penetração e envolvimento, pode ser classificada como um Instrumento Linguístico, tendo o poder de produzir/reforçar/alterar imaginários de língua no senso comum da sociedade. Adotando a visada teórica da AD (Pêcheux, Orlandi) descrevemos os efeitos de sentido produzidos pelo citado programa de TV, tanto do ponto de vista dos discursos individuais reproduzidos, analisando diferentes posições discursivas que se fazem presentes (do intelectual, do jornalista, do artista, do professor, do cientista) como o efeito de colagem de seu conjunto, responsável pela imagem final do programa. Palavras-chave Televisão, Instrumentos Linguísticos, Discurso. UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA LINGUAGEM GRÁFICA NA NICARÁGUA SANDINISTA Autor Rozinaldo Antonio Miani Resumo Em julho de 1979 a revolução popular na Nicarágua, conduzida pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), tornou-se vitoriosa. Os primeiros anos após a insurreição revolucionária foram marcados pela implantação de um amplo programa de transformações sociais, bem como por ações de resistência do povo nicaraguense contra as investidas dos contra-revolucionários. As lutas e experiências construídas ao longo da década de 1980, que marcou a construção de uma nova identidade e cultura cotidiana na Nicarágua sandinista, foram registradas por meio de cartazes e pôsteres que apresentavam ou disseminavam valores e ideias para os novos tempos vindouros. Os documentos gráficos que ilustraram o despertar político-cultural do povo nicaraguense são reveladores dos desafios enfrentados e das conquistas obtidas na sua luta pelo direito de autodeterminação e pela condução de um processo de transformação revolucionária da sociedade. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo realizar uma análise do discurso derivado da produção gráfico-imagética na Nicarágua sandinista durante a década de 1980, verificando como uma formação discursiva centrada na exaltação do nacionalismo se constituiu como força motriz para o avanço dos objetivos da revolução nicaraguense. Palavras-chave Nicarágua, Revolução Sandinista, Produção Gráfico-Imagética. 67 FORMAÇÕES IMAGINÁRIAS NO DISCURSO PELA DEFESA DO BRASIL DO SÉCULO XXI Autor Sandra Nascimento da Hora Resumo As ações em prol da defesa de um país são permeadas de estratégias e dizeres que visam mapear os cenários prospectivos de atuação das forças militares em operações de guerra e de não guerra. Os cenários prospectivos remetem a uma representação do futuro construída no tempo presente com base em possíveis ameaças à soberania nacional. Nesse processo, várias imagens são formadas a respeito do Brasil, dos países estrangeiros, das instituições militares e dos sujeitos participantes das ações de defesa da nação, a partir dos discursos do presente que vão se entrelaçando com os do passado, e que, através dos quais, resgatam-se vários já-ditos, inscritos na memória institucional dos órgãos de preservação da integridade do país. Considerando que as formações imaginárias não são construídas previamente, são construídas no dizer como decorrência de discursos anteriores, este artigo se propõe a apresentar uma análise do funcionamento do discurso pela defesa do Brasil e das condições de produção que o atravessam, a partir dos dizeres inscritos nos documentos orientadores das ações e estratégias a serem adotadas para atuação nos novos cenários. A análise de sequências discursivas tem com foco as imagens que uma formação social de defesa constrói a respeito do Brasil de hoje, em seu ambiente interno e no cenário de relações internacionais; a respeito dela mesmo como órgão de defesa; e a respeito dos profissionais que compõem seu efetivo. Palavras-chave Análise de Discurso, Formações Imaginárias, Defesa Nacional DAS IMAGENS NO DISCURSO: REPRESENTAÇÕES DO SUJEITO HOJE Autor Silmara Cristina Dela da Silva Resumo Em consonância aos objetivos deste simpósio, propomos neste trabalho refletir acerca da relação entre imagem e representação nos discursos em circulação na mídia, centrando-nos, especificamente, nos processos de produção de sentidos para o sujeito na atualidade. Da perspectiva teórico-metodológica da análise de discurso de linha francesa, tomamos como ponto de partida a noção de formação imaginária proposta por Michel Pêcheux – compreendida como a projeção no discurso das representações que o sujeito faz de si mesmo e do outro, bem como daquilo sobre o que fala em seu dizer –, para analisarmos as imagens que se constituem para os sujeitos e, em especial, para o sujeito homem, em edições especiais de revistas semanais de informação. Este trabalho vincula-se, assim, aos objetivos do projeto de pesquisa ―Do acontecimento jornalístico às práticas discursivas: o sujeito no discurso da/na mídia‖ (FAPERJ), que tem como proposta analisar os dizeres da/na mídia sobre o sujeito, tomando como foco reportagens jornalísticas com circulação em revistas semanais de informação que tematizem o sujeito na atualidade como acontecimento jornalístico. Para a constituição do corpus de análise, revisitamos o assim chamado arquivo digital da revista Veja, tradicional publicação semanal de informações, em circulação no Brasil desde 1968, para questionarmos acerca de seus gestos de interpretação sobre o sujeito, voltando-nos inicialmente às edições especiais dessa publicação que instauram gestos de interpretação sobre o homem na atualidade. Palavras-chave Análise de discurso, Sujeito, Formações imaginárias. 68 ―QUEM LÊ VIAJA,‖: UM PANORAMA DISCURSIVO DE ALGUMAS REPRESENTAÇÕES CONTEMPORÂNEAS SOBRE AS PRÁTICAS DE LEITURA Autor Simone Garavello Varella Resumo Tendo em vista o imaginário contemporâneo que se constrói acerca da leitura, no presente trabalho, depreendido a partir de constatações efetuadas em nossa dissertação de mestrado, que recebeu o apoio da CAPES, visamos aventar algumas de suas representações discursivas tomando como objeto de análise vídeos que circulam sob a forma de campanhas pró-leitura no site do YouTube. Mais especificamente, ocupamo-nos da análise daqueles vídeos que compartilham entre si uma representação da leitura como prática que permite aos leitores viajarem sem sair do lugar. Para tanto, valemo-nos do aporte teórico da Análise do Discurso de linha francesa, em especial das contribuições de Michel Foucault acerca dos conceitos de enunciado e formação discursiva, que nos orientam na identificam dos discursos que subsidiam a produção desses vídeos e na descrição de seu funcionamento. Também nos apoiamos em alguns legados da História Cultural da Leitura, tal como desenvolvidos por Roger Chartier, em especial a noção de representação, que funciona discursivamente e pode ser apreendida nas formas materiais dos objetos culturais, nos textos assim como na declaração de sujeitos e Instituições. Assim, buscamos analisar algumas projeções de práticas de leitura inscritas na produção desses vídeos acerca de um dado imaginário partilhado contemporaneamente acerca do que ela é e como deve ser exercida. Palavras-chave Análise do Discurso, Representações da Leitura, Vídeos do YouTube. LIBERDADE DE IMPRENSA: DISCURSO E SENTIDOS DE JE SUIS CHARLIE Autor Simone Rocha Coautor Katia Cristina Schuhmann Zilio Resumo O presente trabalho parte dos acontecimentos relatados pela imprensa acerca dos ataques ocorridos na França e das manifestações que deles decorreram a fim de realizar uma reflexão ancorada na Análise do Discurso de linha francesa. Compreender os discursos que se descolam da mídia sobre os acontecimentos relatados é deslocar o olhar além do que é dito e compreender o que é silenciado e o que se ampara na memória para fazer este e não outro sentido. Para realizar a análise, partimos de um enunciado: Je suis Charlie e tentamos mobilizar dispositivos teóricos e analíticos que nos permitissem entender não só o fato ou o enunciado simplesmente, mas o discurso que deles decorrem. Para tanto, foi importante discutir o papel da memória no arcabouço da história para que evocássemos não o significado, mas o que dele pode se depreender como o discurso da liberdade a qualquer preço e a qualquer tempo. Para isso, buscamos estabelecer sentido a partir dos trabalhos sobre o fundamentalismo religioso presentes nas obras de Karem Armstrong e Eric Hobsbawn. No que tange às discussões sobre a Análise do Discurso, partimos dos trabalhos de Gregolin, Pêcheux e Orlandi. Foi importante relacionar a base linguística do enunciado Je suis Charlie a outras invocando a mídia, a história e a ideologia que enfim nos remete ao sujeito do discurso. Palavras-chave Imprensa, Análise do Discurso, Je sui Charlie. 69 A MAQUINARIA FÍLMICA O DIÁRIO DE BRIDGET JONES:UMA PRÁTICA DISCURSIVA NA PRODUÇÃO DE EFEITOS DE VERDADE Autor Sônia Berveglieri Resumo O presente estudo teórico-analítico propõe, em um gesto analítico, fazer uma leitura discursiva da materialidade fílmica O diário de Bridget Jones, visando um movimento descritivo-interpretativo arqueológico em que trabalha as questões imagéticas enquanto materialidade discursiva. Trata-se da leitura da imagem em movimento, busca-se como aporte teórico a Análise de Discurso de linha francesa e seus desdobramentos no Brasil, em que se tem por base as noções foucaultianas, principalmente, as funções enunciativas. O trabalho apoia-se, ainda, nos aportes teóricos sobre a imagem, assim como a linguagem cinematográfica. Trabalhar essa materialidade discursiva justifica-se pelo fato do cinema, por meio de seus dispositivos maquínicos, potencializar modos de realidades sociais, contribuindo para a identificação dos sujeitos. É possível, dentro das condições de produções circunscritas, evidenciar efeitos de verdade, seja no plano da visibilidade ou da invisibilidade, sobre o discurso da mulher contemporânea, a qual é representada como uma identidade em crise, vivenciando os conflitos da sociedade de sua época. Palavras-chave Discurso, Imagem em movimento, Verdade LENDO IMAGENS: UMA ANÁLISE DOS CONTEXTOS DE PRODUÇÃO E DA CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS Autor Thais Priscilla Papa Jerônimo Duarte Resumo Todo o domínio do visível está diretamente relacionado ao movimento do olhar. Tudo que vemos é constantemente mediado por nossos conhecimentos e pelo contexto que nos envolve. Compreender as imagens, sua concepção, ou fabricação, sugere modos de classificá-las e localizá-las, elucidando a evolução da visualidade e suas implicações no olhar. Toda imagem é fortemente marcada por escolhas históricas e culturais do indivíduo, logo, é irreal pensar em imagens sem subjetividade. A parcela de escolha individual, e cultural, na produção de imagens demonstra a perspectiva usada para construí-las e, de certa forma, molda a maneira como serão interpretadas. A possibilidade de diferentes leituras de uma mesma imagem pode ser encarada como um fenômeno de legitimação múltipla. São diferentes formas, ou chances, de decodificar o código imagético, com consequentes leituras, abertas e contínuas. No presente trabalho, partindo das premissas teóricas de: Jacques Aumont, Alberto Manguel, Nelson Goodman, José Gil e, fundamentalmente, da fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty, discutiremos os aspectos que envolvem os contextos de produção e de recepção das imagens, entendendo que, a um mesmo objeto, podem corresponder fenômenos de visualidade distintos. Demonstraremos, por meio de desenhos que representam importantes momentos da história social, econômica e política do Brasil, como o conhecimento do contexto de produção das imagens pode interferir na condução da experiência do olhar e, consequentemente, na construção de sentidos. Palavras-chave Contexto, Imagem, Sentido. 70 SIMPÓSIO 8 – Discurso e demandas sociais Coordenadores: Dulce Elena Coelho de Barros (UEM) e Denize Elena Garcia da Silva (UNB) A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO OPERADOR DE NEGÓCIOS PELO DISCURSO DA REVISTA HSM MANAGEMENT Autor ADILSON DO NASCIMENTO GOMES Resumo Após o advento da globalização, as práticas sociais, dentro dos escritórios ao redor do mundo se (re)configuraram. No interior das empresas, o profissional operador de negócios, maneja o tratamento das informações essenciais para a permanência no mercado de trabalho em que está inserido e na tomada de decisões. Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa, ainda inicial, é observar como os discursos existentes no mercado corporativo, na atualidade, estruturam um modelo de executivo ideal para o mercado corporativo e verificar como esse profissional se constrói por meio desses discursos assumindo práticas sociais que o constituem. Observaremos nos textos vinculados pela revista HSM Management, especializada em gestão empresarial, como ocorrem os processos discursivos que caracterizam o operador de negócios, verificando como esses discursos constituem o sujeito executivo no mundo corporativo globalizado. Buscouse reunir um corpus de análise formado por reportagens das edições de 2013 da revista HSM. As análises se fundamentarão nas teorias da Análise do Discurso de linha francesa e nas reflexões de Michel Foucault. Para a seleção dos textos que formam o corpus de análise recorreu-se à noção de ―acontecimento discursivo‖, (FOUCAULT, 2008) dos enunciados que emergem dos textos selecionados. Como se trata de uma pesquisa em estágio inicial espera-se, como resultado, buscar compreender as coerções e prescrições formais e não formais que constituem parte das práticas discursivas presentes nos discursos corporativos que norteiam o trabalho do executivo de negócios na contemporaneidade e o constituem como sujeito. Palavras-chave Constituição do Sujeito, Mundo Corporativo, Executivo FOUCAULT: UMA REFERÊNCIA PARA OS ESTUDOS DO ―LAZER NÃO-USUAL‖ EM REGIÕES FRONTEIRIÇAS Autor Alexandre Paulo Loro Coautor Giuliano Gomes de Assis Pimentel Resumo Pretendemos com esse trabalho discutir o lazer não-usual, também conhecido como lazer desviante ou anormal (ROJEK, 2005). A partir de revisão bibliográfica alicerçada em Foucault procuramos estabelecer um diálogo a partir de alguns conceitos do referido autor. Estes servirão de subsídios no desenvolvimento de uma pesquisa empírica qualitativa, de abordagem sociocultural, em região de fronteira de países latino-americanos. Na tentativa de estabelecer possíveis relações com o lazer não-usual e os estudos fronteiriços, remetemo-nos a alguns categoriais centrais: arqueologia, descontinuidade, biopoder, governar, dispositivo, repressão, ilegalidade, legalidade, segurança, território, população, racismo, soberania, tática e estratégia. As práticas sociais podem originar novos sujeitos de conhecimento, bem como, controle e vigilância. A fronteira é percebida (pelo turista), vivida (pelo nativo) e controlada (pelo Estado) de distintas formas, tornando-se um local oportuno de investigação das estratégias de controle social. Existe na sociedade o controle do indivíduo sobre o indivíduo (normas). Este controle, por sua vez, pode ser mais efetivo que o controle do próprio Estado sobre o indivíduo (leis). Essa lógica aplica-se aos estudos do lazer anormal, onde a categoria Biopoder torna-se central na explicação de determinadas práticas sociais. Palavras-chave Lazer não-usual, Fronteira, Práticas sociais. 71 DO DISCURSO LEGAL AOS DEPOIMENTOS DE IDOSOS: UM OLHAR CRÍTICO Autor Alley Cândido Júnior Resumo O propósito do estudo é discutir em que medida as propostas presentes no discurso do Estatuto do Idoso se materializam na vida cotidiana de um grupo de idosos em situação de vulnerabilidade social e econômica. Para tanto, examino alguns artigos do Estatuto do Idoso assim como depoimentos espontâneos de idosos colhidos durante eventos de letramento. No sentido de respaldar teórico e metodologicamente as discussões propostas neste estudo, proponho uma análise da interioridade da linguagem à luz da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), com base em Halliday e Matthiessen (2014), assim como de sua exterioridade à luz da ADC, com base em Fairclough (2003). Do ponto de vista metodológico, o estudo se insere nos moldes da pesquisa qualitativa (descritiva e interpretative). Dados de duas naturezas serão cruzados: documental, gerados mediante a análise de artigos do Estatuto do Idoso; e de natureza empírica, gerados a partir de depoimentos espontâneos de idosos. Os resultados preliminares apontam para um hiato entre o que prescreve a lei e o serviço de saúde disponível para os idosos em situação de pobreza. Há, portanto, uma demanda de ações urgentes que garantam aos idosos seus diretos já contemplados por lei. Palavras-chave Letramento, Lei, Idosos. CONTRIBUIÇÕES FOUCAULTIANAS NA COMPARAÇÃO DE DISCURSOS DISCIPLINADORES EM INSTITUIÇÕES DO DISTRITO FEDERAL Autor Ana Cláudia Camargo Carvalho Resumo Esta proposta encontra-se relacionada a questões de identidade e poder, na perspectiva dos estudos críticos do discurso. O objetivo da pesquisa é realizar um estudo comparativo de práticas discursivas disciplinadoras, aplicadas, por um lado, a adolescentes da Unidade de Internação de Santa Maria no Distrito Federal (UISM) e, por outro, a estudantes do Colégio Militar de Brasília (CMB). A base teórica da investigação é a Análise de Discurso Crítica, proposta por Fairclough (2001, 2003, 2010), para quem linguagem e sociedade estão interconectadas dialeticamente, com contribuições pontuais de Foucault (1979, 2004) referentes a poder e disciplina. A ADC, aqui, associa-se à Linguística Sistêmico-Funcional, teoria da linguagem desenvolvida por Halliday (1994). Quanto à metodologia, trata-se de pesquisa qualitativa (descritiva e interpretativa) com instrumentos de geração de dados efetuados por duas naturezas: seleção de dados documentais e geração de dados de natureza etnográfica. O contexto da pesquisa envolve duas instituições oficiais que, embora se alinhem de modo paralelo, em termos de princípios de formação disciplinar, pedagógica, cívica, bem como de inserção cultural e (re)integração total do cidadão ao meio social, distanciam-se em termos de práticas sociais. Os primeiros estudos apontam que os excertos dos Regimentos, ainda que tenham como escopo principal a educação integral da juventude, fazem parte do mesmo campo lexical, entretanto, divergem na tessitura semântica no contexto em que são registrados, pois os rótulos da ―cultura negativa‖ (Fairclough, 2003, p.23) tornam-se visíveis na comparação dos documentos. Palavras-chave Adolescente, Discurso disciplinador, Poder 72 O FUNCIONAMENTO DO DISCURSO POLÍTICO NO PRONUNCIAMENTO DA PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF SOBRE AS MANIFESTAÇÕES SOCIAIS DO BRASIL EM 2013 Autor Angela Ribeiro Vidal Cypriano Coautor Dulce Elena Coelho Barros Resumo A compreensão do funcionamento do discurso político é uma das formas que se tem para lutar contra uma representação já naturalizada de toda a prática social vigente ao longo dos séculos em nosso país. Para este artigo, essa forma naturalizada corresponde justamente à maneira de dominação que se tem da instituição governamental sobre seus destinatários – o povo brasileiro – muitas vezes concebido como elo mais fraco desse embate, devido a um contexto sócio histórico marcante. A fim de dar conta desse funcionamento, é lançado mão dos pressupostos teóricos da Análise Crítica do Discurso ou ACD, que entende o discurso pertencente a uma teoria social, e, por isso, multidisciplinar, pois ele é constituído socialmente e, ao mesmo tempo, constitui o discurso social. O corpus de análise se constrói a partir de recortes do pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, em rede nacional, sob a perspectiva das categorias do discurso político e suas subcategorias: tópicos, esquemas e semântica, sob o olhar da ACD. Palavras-chave Análise Crítica do Discurso, Discurso político, Discurso parlamentar NOVAS VELHAS MULHERES? REFLETINDO SOBRE OS DISCURSOS DE GÊNERO Autor Edinéia Aparecida Chaves de Oliveira Resumo O presente artigo é o resultado de uma das etapas do PDE 2013 (Programa de Desenvolvimento Educacional ofertado pelo Estado do Paraná), em Língua Portuguesa, o qual focou-se nos estudos sobre os mecanismos linguísticos usados para comodificar a imagem da mulher nas propagandas de vendas de carros, nos dias atuais. A etapa aqui descrita demonstra como um grupo de jovens alunas do ensino médio noturno, de Jesuítas, PR, se autorrepresenta, a partir dos diálogos suscitados pelo projeto sobre pornografia, sexualidade e identidade feminina na modernidade tardia. Assim, partindo de autores que discutem a importância da linguagem e do discurso na ACD- Análise Crítica do Discurso, o estudo concluiu que embora os tempos tenham mudado, a representação feminina objetificada sexualmente ainda se perpetua, sobretudo na mídia. Também foi possível constatar que a escola e a família precisam assumir a responsabilidade de educar para essas constantes demandas sociais, instrumentando homens e mulheres a saberem refletir e agir, criticamente, no e pelos discursos, compreendendo e assumindo, conscientemente, suas escolhas. Palavras-chave Discurso, Sexismo, Educação. 73 A TRAJETÓRIA TEXTUAL DOS DISCURSOS DE RAÇA NO SLOGAN "SOMOS TODOS MACACOS" Autor Érika Pereira Vilela Resumo Essa pesquisa pretende analisar a trajetória textual do slogan, ―Somos Todos Macacos‖, publicado nas redes sociais Facebook, Twitter e Instagram, por um jogador brasileiro em resposta aos atos de racismo praticados nos estádios de futebol europeus. Além disso, propõe-se a investigar o processo de entextualização do slogan por outros meios, especificamente jornais online. Para realizar este estudo, as teorias que o embasam são atos de fala performativos (Austin, 1990 e Derrida, 1988). Ancora-se também na concepção de raça proposta pelas Teorias Queer (Sommerville, 2000; Sullivan, 2003; Butler, 2004; Barnard, 2004; Louro, 2004, Wilchins, 2004). A pesquisa é qualitativa e os instrumentos de geração de dados são artigos publicados em jornais online sobre o slogan ―Somos Todos Macacos‖, e postagens sobre a campanha em redes sociais, especificamente, Facebook, Twitter e Instagram. Este trabalho se torna relevante na medida em que aborda o racismo, tema de grande interesse social, como uma construção histórica, social, discursiva e performativa. Além disso, pretende contribuir para a reflexão sobre a raça como construção discursiva, principalmente, no que se refere ao mito da democracia racial, baseada no conceito de mestiçagem, historicamente defendido no Brasil, questionado e problematizado pelas pesquisas mais recentes que consideram a realidade contemporânea das relações de raça no Brasil. Palavras-chave Trajetória Textual, Discursos de Raça, Teorias Queer ACD E A LSF NA REPORTAGEM: ―MEC LAVA AS MÃOS NO CASO DO LIVRO COM ERROS‖ Autor Fernanda Callefi Panichella Resumo Este trabalho tem como proposta analisar a reportagem ―MAC lava as mãos no caso dos livros com erros‖, publicada no Jornal ―O Globo‖, no dia 15/05/2011, na qual será possível demonstrar a relação de poder por meio daqueles que conservam a língua padrão culta como a única que deve ser utilizada pelos falantes de língua portuguesa, não dando importância para as demais variações linguísticas, que acabam sendo concebidas como ―erro‖. Para tanto, apresentaremos algumas considerações teóricas a respeito da análise crítica conjuntamente com as ferramentas da gramática sistêmico-funcional (GSF), mais especificamente as três dimensões em que o discurso pode ser analisado. Sendo elas a dimensão representacional, acional e identirária, à luz dos pressupostos teóricos de Halliday (2004) e Fairclough (2001). Dessa forma, serão analisadas algumas categorias como: modalização, itens lexicais, negações, etc; que serão visualizados nos próprios excertos da reportagem em questão. Serão verificados nos trechos da reportagem alguns elementos que demostraram essa relação de poder que serão discutidos no decorrer do trabalho. Assim tem-se como base teórica: Bourdieu (1996), Koch (2010), Halliday (2004), Fairclough (2003), entre outros. A maior preocupação da ACD é a investigação do papel da linguagem na "produção, manutenção e mudança de relações sociais de poder." Na reportagem em questão demonstraremos que é evidente a produção e a manutenção das relações de poder de um grupo que se beneficia, por meio do domínio da língua padrão, o que fica evidente com os recursos linguísticos que foram empregados. Palavras-chave Discurso, Linguística Sistêmico Funcional, Poder 74 O DISCURSO SOBRE A MAIORIDADE PENAL: MATERIALIZAÇÃO DAS IDEOLOGIAS NA CONSTITUIÇÃO DO ADOLESCENTE INFRATOR Autor Paula Adriana de Oliveira da Silva Coautor Dulce Elena Coelho Barros Resumo O presente artigo engloba reflexões sobre argumentação, convencimento e persuasão na linguagem, bem como acerca dos efeitos ideológicos que recaem sobre os sujeitos sociais por meio das práticas linguístico-discursivas. O foco deste estudo se volta para os posicionamentos sociopolíticos e discursivos relativos ao tema ―adolescente infrator e maioridade penal‖ em excertos de entrevistas e textos de opinião favoráveis à redução da maioridade penal brasileira, veiculados na mídia on line. Os dados selecionados para a análise são discutidos à luz da Análise Crítica do Discurso (ACD). Ao conceber a linguagem enquanto código ideológico, moldado política e culturalmente, capaz de agir sobre a realidade/estrutura social, essa perspectiva de estudo multidisciplinar do discurso sugere abordar as estruturas linguísticas ligadas dialeticamente às estruturas sociais. Nesse sentido, buscamos compreender o alcance do discurso persuasivo sobre a corrente culpabilização do adolescente em conflito com a lei pelas práticas sociais violentas de que são atores e descontextualização dessas práticas da estrutura social vigente. Palavras-chave Discurso, Maioridade penal, Argumentação e ideologia. ESTUDANTE ASSENTADO: IDENTIDADE DO SUJEITO NOS TEXTOS ESCOLARES Autor Terezinha Coelho de Souza Resumo A proposta deste trabalho é apresentar um recorte de pesquisa em desenvolvimento, intitulado: Percursos da Significação: Um olhar sobre a Identidade do Aluno Assentado do MST. Está inserido na linha de pesquisa: Estudos de Língua(gens) e Discursos, do Programa de Pós-Graduação em Letras, na área de concentração Linguística e Transculturalidade. E visa analisar como é construída a identidade do estudante assentado que frequenta o Ensino Médio em uma escola pública da cidade de Juti no Mato Grosso do Sul. Neste trabalho, analisaremos um texto escrito por um estudante assentado da Reforma Agrária no intuito de demonstrar a posição desse sujeito a partir dos textos escolares produzidos em sala de aula, evidenciando posições ideológicas que, através da cadeia discursiva utilizada no texto revelem marcas da sua identidade. Utilizaremos para isso, os pressupostos teóricos da análise do discurso. Dessa forma pretendemos demonstrar, por meio da análise discursiva presente nos textos escolares desses estudantes assentados marcas identitárias desses sujeitos, de modo a identifica-lo como sujeito assentado Palavras-chave identidade, sujeito, estudante assentado 75 MODOS DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O TRABALHO SECRETARIAL Autor Viviane Cristina Poletto Lugli Resumo O objetivo desta comunicação é apresentar reflexões acerca do trabalho secretarial. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que demonstra por meio da análise de gêneros discursivos o modo como as representações sociais estão vinculadas às relações de poder e cognição de dominantes e dominados. A partir da lei da Presidência da República no. 7377 de 30/09/85, que legitimou a profissão de Secretariado Executivo no Brasil, uma série de atribuições passaram a fazer parte do trabalho do profissional de secretariado executivo. No entanto, apesar de todas essas atribuições estarem dispostas na lei, ainda encontramos práticas discursivas que refletem uma desconsideração das atribuições desse profissional, reproduzindo práticas sociais não condizentes com a função do profissional de secretariado. É devido a essas práticas que consideramos que propagam compreensões parciais sobre o trabalho secretarial que direcionamos o nosso olhar para os gêneros do discurso que emergem na esfera secretarial, uma vez que entendemos que os gêneros atendem aos interesses particulares dos quadros em que são gerados e os gêneros discursivos podem reproduzir esteriótipos infiéis sobre determinada categoria profissional. Palavras-chave Representações, discurso, secretariado 76 SIMPÓSIO 9 – Discurso e gêneros textuais Coordenadores: Edson Carlos Romualdo (UEM) e Aparecida Feola Sella (UNIOESTE) O FUNCIONAMENTO DIALÓGICO-VALORATIVO DE RECORRÊNCIAS GRAMATICAIS NA NOTÍCIA Autor Adriana Delmira Mendes Polato Resumo A partir da proposta metodológica e analítico-interpretativa da Análise Dialógica do Discurso (ADD), Brait (2006), sustentada pelos postulados do Círculo de Bakhtin e que compreende a necessária articulação entre gênero e discurso, o trabalho apresenta a relação entre categorias gramaticais recorrentes na notícia e valorações dialógicas que se concretizam estilístico-composicionalmente no gênero, em movimentos discursivizados regulares, cujas funções respondem a sua orientação interna e externa na realidade. A ADD se interessa pela análise de regularidades linguístico-discursivas e enunciativas, compreendendo a constituição e o funcionamento dos gêneros a partir de sua relação com a situação social de interação e o campo da atividade humana de onde merge. O trabalho se constitui na análise interpretativa de um exemplar de notícia publicado na revista Carta Capital, no ano de 2013 e demonstra a importância dos aspectos extralinguísticos para compreensão dos linguísticos, evidenciando como o funcionamento dialógico-valorativo dessas recorrências desvelam a não parcialidade do relato, porque deixam entrever a posição da empresa jornalística sobre determinado objeto do discurso. Palavras-chave recorrências gramaticais, valorações dialógicas, notícia O GÊNERO TEXTUAL PARÁBOLA: POR QUE TRABALHÁ-LO EM SALA DE AULA? Autor Adriana Gisele Estevão Resumo Este trabalho tem como objetivo apresentar um estudo acerca do gênero textual parábola, traçando seu percurso histórico desde o seu surgimento até os dias atuais e, com base em sua presente configuração, argumentar sobre a importância de se ensinar esse gênero na escola. Por muito tempo, a parábola permaneceu como um gênero restrito à esfera religiosa, com características específicas que foram se desenvolvendo e que transformaram as narrativas parabólicas em um gênero da esfera literária. Hoje, a parábola está presente em variadas práticas discursivas, o que justifica a importância do desenvolvimento desse trabalho. Assim, por meio do levantamento de características do gênero, procuramos discutir e explicitar a contribuição que o trabalho com esses textos em sala de aula pode proporcionar aos alunos, considerando, entre outros aspectos, o caráter doutrinário, argumentativo e persuasivo apresentado pelas parábolas. Para tanto, pautamos nosso trabalho nos estudos desenvolvidos por Sant‘Anna (2010) acerca das narrativas parabólicas e em Bakhtin (2003) acerca dos gêneros discursivos, entre outros estudiosos, procurando estabelecer algumas regularidades e instabilidades do gênero em estudo, bem como delimitar sua finalidade social. Palavras-chave Gênero Textual Parábola, Práticas Discursivas, Finalidade Social. 77 O FILME ―UMA MENTE BRILHANTE‖ SOB A PERSPECTIVA DO DIALOGISMO DE BAKHTIN Autor Célia Tamara Coêlho Resumo A análise do filme ―Uma mente Brilhante‖ fundamenta-se nos estudos bakhtinianos sobre a linguagem, na medida em que a considera como dialógica e polifônica. Para tanto, o surgimento do cinema colorido e sonoro, uma vez que repercute o cotidiano do indivíduo por meio das personagens do texto multimodal possibilita realizar estudos sobre como as verdades sociais, os hábitos, os modismos, os conflitos e o discurso dos arquétipos socias são identificáveis em nossa memória coletiva, ao mesmo tempo em que são reabsorvidos e reinterpretados pelos telespectadores que se identificam com os conflitos e dilemas ideológicos dessas personagens. Dessa forma, a construção do sentido no texto fílmico apoia-se tanto pelo discurso verbal quanto não-verbal que expressam a visão de mundo do autor por meio das personagens por meio da multidiscursividade e multintertextualidade presentes na narrativa. A representação da vida por meio da sua fusão com as distintas ―vozes sociais‖ expressas pelo cinema direcionam a considerar a linguagem, não somente, como meio para representar o mundo a seu redor, mas como mecanismo de interação com o ―outro‖, que garante a reinterpretação daquilo que se vê e ouve. Portanto, o homem por meio da ilusão referencial toma como seu aquilo que provém do ―outro‖, para poder fazer parte da realidade expressa pela sua relação dialógica com seu semelhante e com seu cotidiano social. Palavras-chave Gênero fílmico, Multimodalidade, Dialogismo O FAIT DIVERS COMO GÊNERO DISCURSIVO Autor Conrado Moreira Mendes Resumo Partindo da definição bakhtiniana de gêneros do discurso, ou seja, um conjunto de enunciados relativamente estáveis que conjugam um conteúdo temático, um estilo e uma construção composicional – e que necessariamente se inter-relacionam com as atividades humanas –, abordamos o gênero fait divers. Essa expressão, que deriva da imprensa francesa do século XIX, refere-se a notícias de natureza grotesca, causadoras de grande impacto e, por isso, em certo sentido, inesperadas. Nosso objetivo é demonstrar que o fait divers se configura como um gênero discursivo, porquanto reúne os três elementos acima aludidos. Quanto ao estilo, podemos verificar que o gênero em questão se ancora no estilo sensacionalista, mas também no melodramático/folhetinesco. No que se refere ao conteúdo temático, nota-se uma pequena variabilidade de temas: desastres, mortes, acidentes e bizarrices em geral. Finalmente, no respeita à construção composicional, o fait divers pode ser textualizado de distintas maneiras, a depender da linguagem em questão, seja verbal ou sincrética. Palavras-chave Gêneros do discurso, Discurso midiático, Fait divers. 78 GÊNEROS DO DISCURSO NO PROINÍCIO Autor Cristiane Carneiro Capristano Resumo Neste trabalho, o objetivo é discutir a relevância da noção de gêneros do discurso (BAKHTIN, 2003) para efetivação das práticas de produção textual realizadas no Programa de Formação Inicial (PROINÍCIO) da Pró-Reitoria de Ensino (PEN) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Esse programa busca proporcionar aos alunos dos cursos de graduação da UEM contato com conhecimentos considerados básicos e necessários em diferentes áreas, como as de Língua Portuguesa, Matemática, Informática e Inglês. A estrutura curricular do PROINICIO é organizada em diferentes disciplinas, dentre as quais estão incluídas as disciplinas de Introdução à Língua Portuguesa (módulos I e II). Nessas duas disciplinas, o propósito é contribuir para o desenvolvimento do letramento acadêmico dos alunos atendidos, uma vez que se supõe que elas devem promover a interação desses alunos com as práticas de leitura, interpretação e produção de diversos gêneros do discurso que circulam no contexto universitário, assim como com as habilidades e capacidades necessárias para o desenvolvimento dessas práticas. As aulas de Língua Portuguesa do PROINÍCIO são, nesse sentido, organizadas prevendo atividades de produção de diferentes gêneros do discurso, como resenhas e resumos. Neste trabalho, serão analisadas algumas dessas atividades com a finalidade de discutir como, por meio da noção de gêneros do discurso, a produção textual é colocada em prática no PROINÍCIO. Palavras-chave Gêneros do Discurso, Produção Textual, Letramento Acadêmico VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: O GÊNERO DISCURSIVO PROPAGANDA E A CIRCULAÇÃO DOS SENTIDOS NA MÍDIA DE AMBIENTE Autor Juliana de Mello Chagas Lima Coautor Edson Carlos Romualdo Resumo Desde que se tornou crime no Brasil, a violência contra a mulher tem sido tema frequente nos discursos midiáticos. Materiais de comunicação que tratam da prevenção de situações de abuso têm circulado em diferentes esferas, como é o caso de uma recente campanha de propaganda veiculada na cidade de Curitiba, Paraná, que teve como foco os abusos sofridos pelas mulheres durante a utilização do transporte coletivo. Tal campanha foi veiculada por meio de peças de propaganda instaladas em ambientes urbanos e espaços públicos, uma categoria que é conhecida como mídia de ambiente e entendida, neste contexto, como um gênero textual passível de ser analisado pelos estudos da linguagem. Percebendo uma recorrência do tema em materiais similares, fazemos, neste trabalho, uso de conceitos e pressupostos teóricos da Análise do Discurso (AD) de linha francesa pêcheuxtiana, para analisar alguns exemplos de peças publicitárias de mídia de ambiente que, tendo como tema a violência contra a mulher, permitem uma articulação entre a produção de sentidos, seus interlocutores e sua forma de circulação. Nossa intenção é analisar essas relações, de forma a mostrar como se discursivisa a questão da violência/abuso contra as mulheres em propagandas e a forma como circulam em nossa sociedade atual. Palavras-chave Mídia de ambiente, discurso, violência contra a mulher. 79 PELAS LENTES DE BAKHTIN: DISCURSO DIRETO E IDEOLOGIA NO GÊNERO RELATÓRIO Autor Juliane Ferreira Vieira Resumo Este trabalho objetiva analisar, em um Relatório Final de Perícia Antropológica em Terra Indígena (1998), como o discurso direto, uma das principais marcas da presença do outro no discurso, sinaliza para o posicionamento ideológico dos sujeitos discursivos, conforme a perspectiva teórica do Círculo de Bakhtin (2002). O Relatório foi produzido a partir de uma determinação judicial e elaborado após uma pesquisa antropológica, que visava levantar traços do tipo de ocupação das terras por parte dos índios Kaiowá da aldeia Panambizinho, área indígena localizada no município de Dourados-Mato Grosso do Sul. O discurso direto é compreendido como uma referência às palavras do outro, ou seja, uma forma de representação do discurso do outro, de uma maneira não aleatória, mas sinalizadora para sentidos a serem desvendados. Os estudos do Círculo de Bakhtin apontam que a ideologia determina a linguagem, pois as mudanças na infraestrutura revelam-se nas ideologias ou nas esferas ideológicas (manifestações superestruturais) e, portanto, na língua, ideologicamente saturada. Os signos são vistos como o alimento da consciência individual e se a esta for negado o seu conteúdo semiótico e ideológico, haverá apenas o ato fisiológico. Ademais, o signo leva consigo a individualidade do sujeito enunciador, mas essa individualidade é social, pois foi produzida nas interações com os outros (BAKHTIN, 2002). As análises do Relatório apontaram que a presença do discurso direto sinaliza em que contexto social, político e ideológico os sujeitos estão situados, como também indica para um jogo de aproximação e de distanciamento do sujeito enunciador com o que relatado. Palavras-chave Ideologia, Discurso Direto, Gênero Relatório. IMAGENS E REPRESENTAÇÕES NO DISCURSO RELIGIOSO MIDIÁTICO Autor Letícia Jovelina Storto Resumo No discurso religioso, a construção de representações e de imagens, realizada de maneira coerente com relação ao público que se quer atingir, é um importante recurso para a adesão do auditório. Pensando nisso, objetivamos verificar esse processo no discurso religioso de pastores midiáticos brasileiros. Como o objeto de pesquisa é o gênero textual oral pregação, elencamos como corpus de pesquisa 27 horas de pregações dos seguintes pastores: Edir Macedo (da Igreja Universal do Reino de Deus); Valdemiro Santiago (da Igreja Mundial do Poder de Deus); Silas Malafaia (da Igreja Assembleia de Deus Vitória Verdadeira); e R. R. Soares (da Igreja Internacional da Graça de Deus). A teoria que embasa as nossas discussões pertence à Análise do Discurso, às Teorias da Argumentação e à Análise da Conversação. Nas pregações analisadas, verificamos que os pastores projetam muitas representações e imagens de si mesmos em suas pregações, de acordo com o auditório e os objetivos da interação (conquistar novos fiéis, manter os fiéis já cativos, tecer críticas a condutas consideradas inapropriadas, arrecadar fundos etc.), e que isso se reflete em aspectos tanto linguísticodiscursivos quanto prosódicos e paralinguísticos. Assim, Edir Macedo projeta uma imagem de sabedoria, poder e riqueza; R. R. Soares, de benevolência, paz e paternidade; Silas Malafaia, de sabedoria, respeito e força; e Valdemiro Santiago, de humildade, emotividade e proximidade. Palavras-chave Discurso Religioso Midiático, Pregação, Imagem de si. 80 O GÊNERO DISCURSIVO FOTO POESIA EM UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA Autor Maria de Fátima Pereira de Sena Resumo Disseminados na década de 1980, os estudos do ciclo bakhtiniano vigoram em todo país. A linguagem se propaga como forma de interação, ou seja, como uma ação orientada para uma finalidade específica que se realiza nas práticas sociais existentes, nos diferentes grupos sociais, nos distintos momentos da história. E é neste contexto que os gêneros tornam-se objetos de estudo. O objetivo deste trabalho é o de produzir uma sequência didática ao gênero discursivo foto poesia, com a finalidade de contribuir com docentes de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental I e II na construção de atividades que precisam ser levadas para o interior da sala de aula. Assim como também provocar nos alunos o interesse por diferentes leituras. O gênero foto poesia mescla duas formas de linguagens: a fotografia e a língua verbal, expressa através de versos. A proposta deste gênero é refletir sobre os impactos e as sensações que as fotografias trazem para a nossa formação cultural. É um gênero que instiga o educando a mergulhar nas particularidades do mundo, vendo não o global e sim o específico, o detalhe. O objetivo é fazer com que o sujeito social fique atento para as belezas que estão impregnadas na sociedade, mas não se consegue perceber por não dar o zoom necessário aos pormenores do todo, às vezes é no mínimo, é na particularidade que se encontra a perfeição da totalidade. O poema é uma obra de arte, em verso ou não, em que há poesia. As palavras são escolhidas pela sua beleza e som e arrumadas com cuidado. Palavras-chave Gênero Discursivo, Sequência Didática, Foto Poesia ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS DO GÊNERO CRÔNICA Autor Mayara Yukari Kato Resumo A presente pesquisa tem por objetivo analisar os efeitos de sentido que emergem na crônica ―O convidado agradece‖, escrita por Carlos Drummond de Andrade e presente no livro De notícias e não notícias faz-se a crônica, bem como os aspectos provenientes da polifonia e da ironia, que perpassam todo o texto em questão, entre outros aspectos menos recorrentes.Trata-se, portanto, de constatar que a não neutralidade do discurso é evidente, pois este é construído por várias vozes, as quais são constituídas por ideologias diversas. A crônica, por sua vez, é um gênero discursivo permeado pelo cotidiano, tornando-se um espaço propício para os estudos polifônicos e, consequentemente, para os estudos acerca da heterogeneidade enunciativa. Para tanto, esta pesquisa está alicerçada nos estudos da Análise do Discurso de orientação francesa e está vinculada ao projeto de pesquisa ―PAD – Pesquisas em Análise do Discurso‖, coordenado pela prof.ª dr.ª Rosemeri Passos Baltazar Machado na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Palavras-chave Efeitos de Sentido, Heterogeneidade Enunciativa, Polifonia. 81 UMA PROPOSTA DE MANUAL PARA TURISTAS E AS RELAÇÕES ENTRE IRONIA, HUMOR E CRÍTICA. Autor Nataly Gurniski Rosa Resumo Em 2009, o Brasil conquistou o direito de ser a sede das Olimpíadas de 2016, gerando comentário favorável e desfavorável à realização dos jogos no país. Nesse ano, por meio de uma proposta de produção do gênero Manual de Conversação para Turistas, sugerida por Jô Soares, vislumbramos dois posicionamentos ideológicos em relação a essa conquista: no primeiro, temos a posição da Comissão organizadora das Olimpíadas no Rio de Janeiro, bem como a do governo, convictos de que até a realização dos jogos tudo estará bem preparado, organizado e todos os problemas sociais da cidade serão superados; no segundo, observamos a posição do programa e do apresentador sobre a organização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, que se posiciona contrariamente em relação à primeira, chamando a atenção para os sérios problemas de infraestrutura e planejamento da cidade. Nesse viés, procuramos desenvolver uma reflexão sobre a proposta do Manual de Conversação para Turistas, sugerida por Jô Soares em 2009, para as Olimpíadas no Brasil em 2016, a fim de verificar os processos discursivos de construção da ironia e de sua função no delineamento da argumentação. Nesta pesquisa, de natureza qualitativa interpretativista, os pressupostos teóricos estão pautados nos estudos sobre ironia, realizados por Ducrot (1987), Passetti (1995) e nos estudos sobre gênero realizados por Koch & Elias(2013) a partir dos estudos de Bakhtin (2003). Os resultados das análises demonstram que há uma fusão do Manual de Conversação para Turistas com o gênero piada, servindo de pretexto para a produção de ironia e humor. Palavras-chave Manual de Conversação para Turistas; ironia; humor e argumentação. JORNALISMO POLÍTICO E O GÊNERO REPORTAGEM: INFORMAÇÃO X ARGUMENTAÇÃO NA COBERTURA DAS ELEIÇÕES EM MS Autor Vanessa Amin Resumo Tecer reflexões sobre gêneros do discurso jornalístico e o acontecimento discursivo das eleições. Esta é a proposta deste trabalho que pretende analisar o posicionamento de um jornal impresso de Mato Grosso do Sul a partir da análise do gênero do discurso jornalístico Reportagem articulado na cobertura das eleições de 2006 e 2010 para o cargo de governador do Estado. As duas eleições foram polarizadas, principalmente, pela disputa entre candidatos do PMDB e PT. Para tanto, consideramos disciplinas tradicionais, como Linguística e a Análise do Discurso francesa em um esforço inter e transdisciplinar com a Comunicação, utilizando o método arquegenealógico de Michel Foucault, segundo o qual, para efetuar as análises devemos buscar no arquivo as regras, práticas, condições de produção e funcionamento, relações de saber-poder, indo além da materialidade discursiva e realizando um corte horizontal de mecanismos e uma leitura horizontal das discursividades. Atualmente, há necessidade de se conhecer melhor o modo como as práticas sociais e discursivas dos diversos meios sociais se concretizam em gêneros de textos, por isso a relevância deste estudo e por acreditarmos que que esse conhecimento seja importante para o campo do ensino de linguagem e do jornalismo, como uma forma de levar estudantes, professores e profissionais das duas áreas – Comunicação e Letras - a pensarem sobre suas práticas e sobre o uso dos jornais em sala de aula como material didático,como práticas às leituras crítica e reflexiva. Palavras-chave Gêneros do Discurso, Reportagem, Eleições 82 SIMPÓSIO 10 – Discurso da gramática e gramática do discurso Coordenadores: Juliano Desiderato Antonio (UEM) e Edson Rosa Francisco de Souza (UNESP) GRAMATIZAÇÃO DO PORTUGUÊS E POLÍTICA LINGUÍSTICA NO BRASIL: O LUGAR OCUPADO POR EVANILDO BECHARA Autor Agnaldo Almeida de Jesus Resumo A elaboração do saber metalinguístico de uma determinada língua está diretamente relacionada à construção de uma identidade linguística e nacional de seus sujeitos falantes. Assim, a gramática, tomada enquanto objeto histórico, é um dos lugares institucionais de representação e constituição dessa unidade/identidade. No presente trabalho, adotando a perspectiva materialista do discurso e da História das Ideias Linguísticas, refletimos sobre: (i) as duas revoluções técnicolinguísticas – a escrita e a gramatização (AUROUX, 1998, 2009), em especial sobre a gramatização do português no Brasil (GUIMARÃES, 1996; ORLANDI, 1997, 2000, 2005), que se desdobra em novas condições histórico-temporais em relação ao processo desencadeado na Europa; (ii) a distribuição e a política de línguas no espaço de enunciação brasileiro (GUIMARÃES, 2005a, 2005b, 2006); (iii) o lugar ocupado em tal processo por Evanildo Bechara e como o gramático, considerado ―um dos mais respeitados especialistas da língua portuguesa‖ (Veja, 2011), é significado na/pela mídia. Para tanto, tomamos como corpus entrevistas com o sujeito em questão e matérias que versam sobre sua vida e obra. Em nossas análises, observamos que Evanildo Bechara ocupa um lugar interessante no processo de gramatização do português no Brasil, por sua importância advinda da escritura de gramáticas, pelo exercício docente, assim como pelos sentidos institucionais, como da Academia Brasileira de Letras, que perpassam sua autoria. Palavras-chave Gramatização, Política linguística, Evanildo Bechara. UMA ANÁLISE SEMÂNTICA DAS CONSTRUÇÕES CONDICIONAIS CONCESSIVAS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Autor Andre Vinicius Lopes Coneglian Resumo As construções adverbiais condicionais concessivas, nas gramáticas, não são consideradas como uma categoria unificada. Elas são analisadas e catalogadas ou como construções condicionais ou como construções concessivas. Neste trabalho, por meio de uma análise primariamente semântica, que provê um dos suportes conceptuais para a categorização linguística, propõem-se parâmetros que unifiquem a categoria das construções adverbiais condicionais concessivas. Segundo Haspelmath e König (1998), essas construções adverbiais podem ser de três tipos: (i) escalares ; (ii) alternativas; (iii) universais. Essas construções, no português brasileiro, podem ser introduzidas por conjunções como mesmo se, quer... quer, como quer que, respectivamente. Partindo-se de uma análise nos moldes da lógica modular, que reitera a tricotomia de Haspelmath e König, mas limita a descrição semântica completa dessas construções, vai-se a uma análise nos moldes funcionais e cognitivos, considerando-se que essas construções adverbiais estão ainda mais genericamente ancoradas em dois componentes semânticos: a escalaridade e a alternatividade. No molde da teoria dos espaços mentais, o que se observa é que, no espaço mental estruturado pela prótase condicional concessiva, a escalaridade e a alternatividade são manipuladas de diferentes modos pelos falantes, dependendo do subtipo da construção. Além disso, esta moldura teórica, permite explorar as relações de causalidade e condicionalidade implicadas na estrutura semântica dessas construções. As análises oferecidas neste trabalho são fundamentadas com ocorrências de córpus. Palavras-chave Espaços Mentais, Construções Condicionais Concessivas, Semântica Cognitiva. 83 A MODALIZAÇÃO ―FANTÁSTICO‖ EPISTÊSMICA PRESENTE NA ENTREVISTA Autor Daiane Karla Correia Jodar Coautor Monique Bisconsim Ganasin DE GRAÇA FOSTER AO PROGRAMA Resumo Este trabalho tem como objetivo analisar a presença das modalidades epistêmica e deôntica – e verificar qual é a predominante – por meio do emprego de algumas manifestações modalizadoras presentes na entrevista de Maria das Graças Foster ao programa Fantástico, pertencente à Rede Globo de Televisão. A pesquisa baseia-se na teoria funcionalista de linguagem, a qual crê que a língua possui, em sua Gramática, mecanismos que permitem indicar a orientação argumentativa dos enunciados, ou seja, a argumentatividade está inscrita na própria língua. É a esses mecanismos que se costuma denominar marcas linguísticas de enunciação ou da argumentação e, outras vezes, tais elementos são denominados modalizadores, já que têm a função de determinar o modo como aquilo que se diz é dito. Dessa forma, todo o enunciado apresenta um determinado grau de modalização, a qual consiste, essencialmente, numa modificação introduzida pelo locutor ao nível da predicação, como resultado das condições postas à sua realização e da relação entre os elementos envolvidos na produção. Pretende-se, por meio do corpus de análise (entevista de Graça Foster), apontar quais são as expressões modalizadoras utilizadas no discurso da entrevistada e quais efeitos são produzidos a partir disso. Palavras-chave Funcionalismo, Modalidade, Expressões modalizadoras A GRAMATICALIZAÇÃO DE ―NO CASO DE (QUE)‖ NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Autor Edson Rosa Francisco de Souza Coautor Kátia Elaine de Souza Barreto Resumo Este trabalho analisa, com base na perspectiva teórica da Gramática (Discursivo)-Funcional (HENGEVELD e MACKENZIE, 2008; DIK, 1997) e da Gramaticalização (TRAUGOTT, 1995; BYBEE, 2003), o processo de gramaticalização de ―no caso de (que)‖ como locução conjuncional no português brasileiro, tendo em vista os aspectos pragmáticos, semânticos e morfossintáticos atrelados a uso dessa expressão como conectivo condicional. O universo de investigação é composto pelo Corpus do Português (DAVIS e FERREIRA, 2006), disponível em www.corpusdoportugues.org, e os parâmetros de análise englobam as dimensões pragmática, semântica e morfossintática. Em termos morfossintáticos, verificamos que: i) as orações condicionais introduzidas pela locução conjuncional ―no caso de (que)‖ tendem a ocorrer na forma não-finita; ii) o sujeito da oração condicional tende a aparecer na forma nominal, seguida de pronome; iii) as orações condicionais introduzidas por ―no caso de (que)‖ podem ocorrer tanto na posição inicial quanto na posição final. Em termos semântico-discursivos, i) as orações condicionais inseridas por ―no caso de (que)‖ tendem a designar uma entidade de terceira ordem (proposição) e são não-factuais, exatamente por conta de sua natureza semântica (indicam uma hipótese: algo que pode ou ser realizado/podia ser realizado); iii) os sujeitos das duas orações não são correferenciais, fato que aponta para um grau menor de integração sintática entre as orações; v) o tempo verbal das duas orações tende a seguir o padrão presente do indicativo-oração principal/ sentença infinitiva-oração subordinada, resultado que explica a preferência do falante pela forma não-finita na oração condicional. Palavras-chave Funcionalismo, Gramaticalização, Locução conjuncional "no caso de (que)" 84 O USO DO ―ENTÃO‖ NA RETOMADA DE TÓPICO DE INSERÇÕES PARENTÉTICAS NA LÍNGUA FALADA Autor Fernanda Trombini Rahmen Cassim Resumo A recorrente utilização do vocábulo ―então‖ na língua falada pode ser justificada de várias maneiras. Neste trabalho, investigou-se a produtividade do uso do ―então‖ na retomada de tópico das inserções parentéticas no texto falado, a quantidade de parentetizações que o falante insere em seu discurso e os motivos pelos quais o faz. O trabalho foi realizado com o corpus de pesquisa do Funcpar (Grupo de Pesquisas Funcionalistas do Norte/ Noroeste do Paraná), composto por uma aula de cerca de 60 minutos e outra de cerca de 80 minutos, e realizou uma análise quantitativa. A partir da pesquisa realizada, foi possível perceber que nem sempre o uso do ―então‖ em parentetizações tem uma função exclusiva de retomada de tópico. Em diversos momentos, no corpus, ele tem uma dupla função, podendo ser de retomada de tópico e sequenciação temporal; retomada de tópico e apresentação de causa; retomada de tópico e apresentação de conclusão; retomada de tópico e interpelação fática ou retomada de tópico e repetição. Além disso, viu-se que, nesses casos em que o ―então‖ está presente em inserções parentéticas, o seu uso prototípico, indicador de sequência temporal, é pouco produtivo em textos falados, uma vez que ocorre somente uma vez no corpus analisado. Isso quer dizer que seu processo de gramaticalização continua ocorrendo, pois, cada vez mais, esse vocábulo apresenta novas funções na produção do texto e abandona a função primeira de advérbio temporal, ainda preconizada pelas gramáticas tradicionais. Nesse sentido, este trabalho buscou mostrar, com base na teoria funcionalista, as múltiplas funções deste vocábulo, especialmente na língua falada. Palavras-chave Então, Inserção Parentética, Gramática Funcional. ELEMENTOS LINGUÍSTICO-DISCURSIVOS CONDICIONADORES DO USO DO PRONOME-SUJEITO DIANTE DE VERBO NO INFINITIVO Autor Jacqueline Ortelan Maia Botassini Resumo Atribui-se ao português a característica de língua que prescinde do uso do sujeito pronominal porque as desinências verbais são suficientemente marcadas para indicar o pronome sem que haja a necessidade de deixá-lo expresso. Assim, ressalta-se que a explicitação do pronome ocorre por motivos como dar ênfase, evitar ambiguidades, opor as pessoas gramaticais. O presente estudo, fundamentado na metodologia da Sociolinguística Variacionista, examinou o uso do pronome-sujeito de 1.a pessoa do singular diante de verbos no infinitivo. O objetivo foi procurar esclarecer o(s) motivo(s) que leva(m) o falante do corpus analisado a mais elidir do que a explicitar o pronome ―eu‖ diante de verbos no infinitivo. Contrariando as outras formas verbais que, na ausência de uma marca específica para indicar o pronome ―eu‖, apresentam-no expresso, o infinitivo traz maior peso relativo para ausência (.77) do que para presença (.23) do pronome. A explicação para esse fato pode estar relacionada, dentre outras razões, ao tipo de oração em que a maior parte dos verbos no infinitivo aparece e à posição dessas orações no período. A amostra deste trabalho – que foi submetida às rodadas do programa Varbrul – é constituída de dados levantados a partir da fala de 96 informantes do Projeto Variação Linguística Urbana na Região Sul do Brasil (Varsul), referentes ao estado do Paraná. Palavras-chave Elipse, Pronome-sujeito, Infinitivo 85 ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA NAS CATILINÁRIAS, DE CÍCERO: AS ORAÇÕES CONDICIONAIS COMO FUNDAMENTO PARA O DISCURSO DE ACUSAÇÃO Autor Juliana Carla Barbieri Steffler Resumo As Catilinárias de Cícero são, talvez, um dos exemplos de maior envergadura do discurso jurídico de acusação. A repercussão dos textos tem atravessado séculos por seu efeito argumentativo/persuasivo e, por extensão, suscita ainda hoje estudos de natureza linguística que analisem a configuração sintática que lhe é própria e, por extensão, seu funcionamento na construção da argumentação. O presente estudo avalia os usos das construções condicionais/hipotéticas a partir de um levantamento prévio do corpus selecionado, no qual elas constituem maioria absoluta. Para tanto, toma-se como referencial a tradução de D‘ Azevedo (1953) em razão de sua fidelidade à sintaxe do original latino. Além disso, o aparato teórico fundamenta-se nas considerações de Perelman (1999), Pereman e Olbrechets-Titeca (2005), bem como Neves (2000) e Dik (1989;1997). Os resultados apontam, por um lado, empregos dessas construções que estão para muito dos tradicionalmente apresentados e, por outro, a relação direta com as presunções, bem como com os argumentos recíprocos. Palavras-chave Catilinárias, argumentação, orações condicionais HÁ BIUNIVOCIDADE ENTRE CONECTORES E RELAÇÕES RETÓRICAS? Autor Juliano Desiderato Antonio Resumo Autores de gramáticas escolares e de materiais didáticos costumam sugerir que há biunivocidade entre conectores e determinadas relações entre orações ou partes do texto por eles sinalizadas (chamadas, neste trabalho, relações retóricas). Nesse caso, o conector serviria como marca formal para identificação da relação. O objetivo deste trabalho é demonstrar, a partir da perspectiva da RST (Rhetorical Structure Theory – Teoria da Estrutura Retórica), que os conectores funcionam como pistas para identificação das relações, mas não como marca de identificação. De acordo com a RST, as relações são de sentido, e não de forma. Utilizando-se o corpus de língua falada no Grupo de Pesquisas Funcionalistas do Norte/Noroeste do Paraná (Funcpar), serão apresentadas ocorrências nas quais diferentes relações são sinalizadas pelo mesmo conectores, bem como ocorrências nas quais um mesmo conector sinaliza diferentes relações, além de ocorrências nas quais as relações são estabelecidas sem qualquer conector. Palavras-chave RST, Conectores, Relações Retóricas 86 SIMPÓSIO 11 – Discurso e plurilinguismo: letramentos e proficiência Coordenadores: Ismara Tasso (UEM) e Letícia Fraga (UEPG) DESEMPENHO LINGUÍSTICO: UMA QUESTÃO DE REPRESENTAÇÃO Autor Amarili Sequeira Nogueira Resumo Este trabalho faz parte de uma pesquisa de mestrado que está sendo realizada em um colégio da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná e tem como um de seus objetivos identificar se o desempenho linguístico do aluno influencia seu encaminhamento à Sala de Recursos Multifuncional Tipo I pelos professores das salas comuns do Ensino Fundamental. Para isso iremos analisar e refletir teoricamente sobre a representação (OSTI, 2004, 2010, MAZZOTTI, 2008) de professores, a partir de dados oriundos de entrevistas semiestruturadas, que versam sobre as dificuldades de escrita (MOLLICA, 2007, BRITO, 2009) apresentadas, segundo eles, por alguns alunos de uma turma do 6º ano do Ensino Fundamental. Como resultados parciais, podemos apontar até agora que, de acordo com alguns professores, os alunos devem ser encaminhados à Sala de Recursos porque ―escrevem espelhado‖, ―trocam consoantes‖, ―trocam letras‖, ―copiam errado do quadro‖, ―tem a letra fei ―não utilizam acentuação, pontuação e concordância de acordo com a norma padrão‖, dentre outras. Palavras-chave Desempenho linguístico, Representação, Sala de Recursos Multifuncional. O DISCURSO EFÊMERO SOBRE A BELEZA: CONDIÇÃO DE POSSIBILIDADE PARA A PRÁTICA DE LETRAMENTO DA MATERIALIDADE FÍLMICA Autor Claudinéia Cristina Valim Resumo A leitura dos elementos verbo-visuais é o que permeia o desenvolvimento desse empreendimento de caráter teóricoanalítico e em desenvolvimento, dessa forma os resultados obtidos são parciais. A partir da perspectiva da Análise do Discurso, de linha francesa, em diálogo com os Estudos Culturais, com ênfase nos aporte teórico foucaultiano acerca dos regimes de verdade e da relação saber/poder, consideramos no estudo empreendido a possibilidade de aprimoramento do letramento da materialidade fílmica como prática de leitura escolar, o que mobiliza, na pesquisa empreendida, compreender, na articulação entre discurso e leitura imagética, os efeitos de verdade sobre a beleza no corpo feminino construídos no jogo cênico e linguístico do filme ―Espelho, espelho meu‖ (2012). O estudo teórico-analítico deve-se às demandas contemporâneas dos campos social, comunicacional e educacional, sobretudo pelo modo como o cinema pode intervir na vida das pessoas e estabelecer condutas pela tecnologia da biopolítica, ainda que de forma velada. Sob tal perspectiva e por meio do movimento descritivo-interpretativo sugerido por Tasso (2003), servimo-nos de quatro cenas do filme para explicitar o funcionamento discursivo das dimensões visual e verbal e dos planos da visibilidade e da invisibilidade como possibilidade de aprimoramento da prática de letramento escolar. Palavras-chave Saber-poder, Beleza, Letramento da imagem fílmica 87 A GOVERNAMENTALIDADE E A PROFICIÊNCIA LINGUÍSTICA EM FORMANDOS DO INSTITUTO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE QUELIMANE Autor David António Resumo Com o objetivo de compreender como a biopolítica, tecnologia de governamentalidade, intervém sobre o processo da proficiência linguística dos formandos do Instituto de formação de Professores (IFP), em Quilemane/Moçambique, dada a relevância desse processo à constituição da identidade linguística naquele país, cujas condições de (co) existência envolvem práticas discursivas e não discursivas. Sob esta perspectiva, concebemos a proficiência linguística como intimamente ligada à prática de letramento e como ela possibilita o exercício da governamentalidade atráves da ―manifestação da verdade sob a forma de subjetividade‖ (FOUCAULT, 2010:64). Neste sentido, a proficiência e o letramento se dão em um conjunto de práticas sociais constituídas historicamente, que atuam por meio de dispositivos estratégicos que alcançam [e governam] a todos e dos quais ninguém pode escapar, considerando que não se encontra uma região da vida social que esteja isenta de mecanismos de qualquer poder (RAGO & VEIGA-NETO, 2008:47). Assim, questionamos como o exercício do poder correlato com a manifestação da verdade atravessa a proficiência e o letramento nas produções escritas dos formandos dos IFPs, pelo prisma multilíngue em Moçambique. O estudo se baseará no método arqueogenealógico concebido por Michel Foucault, considerando a materialidade dos discursos em sua função enunciativa. Neste sentido, analisamos enunciados saídos dos testes dos formandos no IFP de Quelimane. Palavras-chave Governamentalidade, Proficiência, Letramento POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA FRENTE AOS DESAFIOS DA CONTEMPORANEIDADE. Autor Deleon Betim Resumo Neste trabalho, pretendo focalizar alguns discursos que perpassam o ensino de língua inglesa, sobretudo, explicitando as relações entre políticas linguísticas e ensino de línguas (CORREA,2014); a possibilidade de um ensino crítico (PENNYCOOK, 2004) frente aos desafios atuais de um mundo globalizado e, ainda, a reprodução de discursos hegemônicos no que se refere à língua inglesa, muitas vezes, nas nossas próprias vozes como professores de língua. Dessa forma, o que se propõe no momento, nas palavras de Edmundo, ( 2013 ) ―é a expansão da perspectiva sobre o ensino de línguas, considerando a dinâmica da sociedade, as mudanças nela perceptíveis e que suscitam que os olhares se desloquem de modo a reexaminar questões por outros ângulos.‖ Para tanto, a pesquisa em questão, parte de um contexto muito específico: um instituto de ensino de línguas, situada na cidade de Carambeí-PR, na qual estamos realizando algumas intervenções de cunho qualitativo, a fim de investigar a perspectiva desses profissionais no que diz respeito aos temas apontados anteriormente. Nesse sentido, nos localizamos dentro da Linguística Aplicada, pois esta passou ―a interrogar [sobre] os significados sociais das práticas linguísticas, o que representou um ganho epistemológico e social significativo.‖ (RIBEIRO DA SILVA, 2011, p.102). Por fim, adianta-se que a acepção de linguagem adotada pelo docente influencia fortemente sua atuação. Com isso, espera-se contribuir na formação dos(as) professores(as) participantes, uma vez que, serão interpelados pelas suas próprias reflexões. Palavras-chave Práticas sociais, Ensino crítico, Professores(as). 88 A VOZ, A VERDADE, O ORÁCULO: REGIMES DE GOVERNAMENTALIDADE Autor Iana da Costa Pires Resumo Na Grécia antiga instituições, saberes políticos e crenças religiosas se articulavam estruturando-se unificadamente. Sob regime democrático e não submetido à análise integralmente racional, o governo apoiava-se na autoridade e no poder religioso, condições de emergência circunscrita em devoção e hábitos herdados. A partir desses princípios de governamentalidade grega articulados ao contemporâneo, refletimos o dizer-a-verdade em duas materialidades: A tragédia de Íon (Eurípides) e a trilogia fílmica Matrix, em razão de discursivizarem a busca da verdade almejando o poder. Sob tal perspectiva, os oráculos na posição do deus Apolo e na posição do programa da Matrix, personificado na mulher, materializam respostas a questões pessoais dos sujeitos do discurso: Íon e Neo. Os dispositivos, portadores de função estratégica e inscritos numa relação de poder, são distintos para Íon e Neo: Desejo de dizer a verdade/parresía (Íon) e desejo de verdade, guia das ações (Neo). Considerando as condições de produção, analisamos o dizer-a-verdade dos oráculos com intuito de compreender o manejo dos enunciados para amparar os dispositivos. Uma leitura paralela, porém não simétrica das obras, permitiu contrapor as trilhas que conduzem às verdades, já que os oráculos permitem que a realidade seja tecida por meio das vias de pensamento dos sujeitos. Privilegiou-se a teorização de Foucault para reflexão no uso de conceitos históricos ao recodificar história, memória e singularidades, revelando que desqualificar ou escavar enunciados racionaliza os dispositivos que apoiam as práticas que fazem frente à urgência e obtém os efeitos de poder almejados circunscritos na biopolítica. Palavras-chave Enunciados, Saber-poder, Verdade. UM ESTUDO POLÍTICO-LINGUÍSTICO, SOCIAL E PEDAGÓGICO DAS COMUNIDADES INDÍGENAS DO ESTADO DO PARANÁ: PROFICIÊNCIA E LETRAMENTO Autor Letícia Fraga Coautor Ismara Tasso Resumo Este trabalho é um recorte de uma pesquisa mais ampla, intitulada ―Comunidades indígenas paranaenses bi/multilíngues: estudo político-linguístico, social e pedagógico‖. Nesta etapa, discutiremos dados que permitem relacionar quantitativamente o índice declarado de proficiência em língua indígena e de letramento/alfabetização em português nas dezenove Terras Indígenas (T.I.) paranaenses. Os dados analisados são oriundos do último Censo Demográfico (IBGE, 2012) e complementam uma discussão já iniciada em Fraga, Tasso e Kastelic (no prelo). Metodologicamente, o estudo quantitativo (LÜDKE, ANDRÉ, 1986) é de natureza documental (OLIVEIRA, 2007) e pretende subsidiar a análise qualitativa a ser realizada posteriormente. Os resultados encontrados até o presente momento, considerando os parâmetros previstos para a definição do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (PNUD, 2013), indicam que, das dezenove T.I., 36,8% têm índice de alfabetismo menor que 80%. Dessas, a quase totalidade tem índice de falantes de língua indígena em média de 93,9%. Por outro lado, 31,5% das T.I. apresentam índice de alfabetismo maior que 80% (89,8%, em média) e índice de falantes de língua indígena (também em média) de 46,5%. Desse modo, considerando que esses dois dados se complementam, pode-se dizer que, em 68,3% das T.I. paranaenses, estabelece-se a seguinte relação entre proficiência em língua indígena e letramento em língua portuguesa: se o índice de proficiência em língua indígena é alto, o nível de analfabetos é maior do que o índice geral do país (que é 20%). Por outro lado, se o nível de alfabetização é alto (maior que 80%), o nível de proficiência em língua indígena é, em média, menor que 50%. Palavras-chave Proficiência em língua indígena, Letramento em língua portuguesa, Educação básica. 89 REGULARIDADES E PROFICIÊNCIA NO III VESTIBULAR PARA OS POVOS INDÍGENAS NO PARANÁ Autor Luana de Souza Vitoriano Resumo A proficiência em Língua Portuguesa, em sua modalidade escrita, é um requisito fundamental para os sujeitos que pretendem ingressar nas universidades brasileiras. O mesmo acontece no vestibular indígena, os candidatos realizam provas de língua portuguesa e de redação, e precisam, obrigatoriamente, comprovar desempenho linguístico adequado na língua oficial do país. As redações desse processo seletivo tornam-se, assim, valioso campo investigativo, já que é possível averiguar as habilidades linguístico-discursivas dos candidatos. Então, para o movimento analítico do presente estudo, selecionamos seis redações realizadas, no ano de 2003, por candidatos do III Vestibular para os Povos Indígenas no Paraná, com o objetivo de abranger quais os usos das classes adverbiais e dos conectivos, pelo candidato indígena, e seus efeitos de sentidos, pois consideramos que o campo enunciativo de onde o sujeito indígena discursiviza traça uma linha entre funcionamento enunciativo e memória e nos delimita possibilidades de leitura. Além disso, procuramos constatar a forma como a proficiência da Língua Portuguesa é certificada ou não na coerência desses usos da linguagem, e contrastar os resultados entre as redações a fim de identificar tanto as regularidades discursivas, quanto as regularidades estabelecidas no processo de construção dos enunciados de conformidade com os padrões requeridos na modalidade escrita. Para isso, nos apropriamos das categorias da função enunciativa proposta por Foucault (1997) e das categorias gramaticais: conjunção e advérbio, dada a possibilidade de esses elementos revelarem o funcionamento linguísticodiscursivo empregado na redação desse vestibular específico. Palavras-chave Proficiência, Regularidades, Efeitos de sentido. O PAPEL DAS ESTRATÉGIAS COGNITIVAS E METACOGNITIVAS NO PROCESSAMENTO TEXTUAL EM LE EM UM CONTEXTO LINGUÍSTICO, SOCIODISCURSIVO E DE LETRAMENTO ESCOLAR Autor Nívia Maria Assunção Costa Resumo Esta pesquisa investigará o papel das estratégias cognitivas e metacognitivas e seus potencias efeitos processuais para o conhecimento linguístico demonstrado por aprendizes de português e de inglês em contexto de letramento educacional e de imersão nos Estados Unidos e no Brasil, respectivamente, como línguas estrangeiras (LEs). A investigação terá como foco as práticas discursivas pela leitura de um mesmo tipo de texto nos dois diferentes idiomas. A pesquisa observará, ainda, as estratégicas demonstradas pelos aprendizes após o input intervencionista, a fim de constatar se houve atenção consciente pelos aprendizes de dois grupos de 60 participantes, em cada país, subdivididos em dois subgrupos em relação ao tipo de instrução (explícita e implícita) para investigar possíveis diferenças. A pesquisa é de cunho quantitativo e qualitativo etnográfico, de modo complementar. Os resultados procurarão mostrar as estratégias mais usadas pelos participantes dos dois objetos desta pesquisa, o inglês e o português, observando se ambos os grupos apresentam um melhor aproveitamento na utilização das estratégias em nível de compreensão e interpretação textual, e, se, os grupos em contextos socioculturais diversificados apresentam os mesmos resultados ou resultados diferentes. E, ainda, esta investigação procura mostrar se os resultados evidenciam correlações positivas entre os níveis de atenção consciente (estratégias metacognitivas), níveis inconscientes (estratégias cognitivas) e o desempenho linguístico em um contexto de interação discursiva, levando-se em consideração os dados cruzados entre os participantes de um mesmo subgrupo e entre os grupos de línguas diferentes. Palavras-chave Letramento em contextos de LE, Intervenção explícita e implícita, Estratégias de processamento textual e o desempenho linguístico-interacional. 90 LETRAMENTO ESCOLAR EM REDAÇÕES DO VESTIBULAR INDÍGENA: ARTICULAÇÃO ENTRE O SOCIAL E O POLÍTICO Autor Raquel Fregadolli Cerqueira Reis Gonçalves Resumo O Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná prima por constituir, formular e ser realizado de acordo com as especificidades linguísticas e culturais indígenas. Por essa razão, as provas de redação têm abordado temáticas relativas à cultura indígena, cujo parâmetro de avaliação é o domínio da língua portuguesa, articulando letramento social com letramento escolar, respeitando a diversidade cultural na elaboração da prova visando ao ingresso dos candidatos. Sob essa perspectiva e compreendendo o letramento escolar como o conjunto de práticas escritas específicas de cada comunidade, quais requisitos precisam ser contemplados no processo de avaliação das redações de modo a estabelecer coerência entre as especificidades étnicas linguísticoculturais e a exigência das universidades públicas? Coerência que se estabelece no âmbito do político, em respeito ao diverso, e do social pela possibilidade de integração. Assim, buscamos verificar se os componentes curriculares compositivos do gênero carta (estrutura, tema e conduta linguística) apresentados nas redações correspondem ao exigido pelo letramento escolar em condição de avaliação. Como corpus, elegemos as redações do X Vestibular Indígena (2010), cujo enunciado-comando exige a escrita de uma carta de reivindicação. Para tanto, pautamo-nos na Linguística, na Linguística Aplicada e na Análise de Discurso de perspectiva foucaultiana e seus desdobramentos no Brasil. Como resultado, a pesquisa verificou regularidades quanto aos componentes curriculares: uso inadequado ou não uso de vocativos e pronomes de tratamento e da norma culta; reivindicações com argumentação frágil; conduta linguística (in)adequada; fragilidade na estrutura. Palavras-chave Letramento escolar, Vestibular, Redação. O ENSINO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: DA LÍNGUA MATERNA À LÍNGUA ESTRANGEIRA Autor Sonia Merith Claras Resumo A língua portuguesa, enquanto língua estrangeira tem garantido espaço no cenário mundial. Podemos citar, como razões de interesse pelo português brasileiro, acordos e parecerias estabelecidas entre Universidades, de diferentes países, que promovem a vinda de alunos para estudar no Brasil. Além destes, há outros alunos/visitantes, oriundos de programas de intercâmbios, que visitam, e permanecem no Brasil por um longo período, ocasião em que necessitam aprender o português brasileiro. É neste último contexto que se insere o projeto de extensão, a ser relatado neste trabalho, o qual tinha como principal objetivo ensinar o português brasileiro para intercambistas de três países distintos, na UNICENTRO (Universidade do Centro-Oeste). Sendo assim, propomo-nos discutir, e apresentar dados acerca das aulas ministradas pelos acadêmicos, focalizando as impressões registradas por estes em diários de campos. Nosso intuito é evidenciar o deslocamento de viés destes alunos, em formação inicial, preparados para atuarem como docentes da língua materna, ou de língua estrangeira (língua inglesa), observando como perceberam a sua prática com o português brasileiro, ocasião em que a língua materna passou a ser ensinada por eles, pela primeira vez, como língua estrangeira. Em suma, o projeto de extensão tinha como foco, além de promover o ensino básico do português brasileiro, despertar nos futuros docentes um novo olhar para a língua portuguesa, com possibilidades de um novo campo de trabalho o qual requer, também, formação específica. Palavras-chave Português brasileiro, Ensino, Língua estrangeira 91 LETRAMENTO DIGITAL E A FORMAÇAO CONTINUADA DO PROFESSOR Autor Tacia Rocha Resumo Na atual conjetura do mundo globalizado, em que a informação e o conhecimento são reconhecidos como elementos fundamentais na e para a engrenagem social, as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), representantes de todas as tecnologias, interferem e mediam os processos informáticos e comunicativos. A temática acerca da necessidade de inserção das TICs no contexto escolar, bem como a urgência da inovação nos métodos didáticos por meio delas estão em permanentes discussões em âmbito nacional. Nesse quadro, os professores constituem-se agentes da prática pedagógica contemporânea, o que tem mobilizado cursos em ambiente virtual que se proponham a preparar esses profissionais da educação, por meio de formação docente continuada, a usufruir da tecnologia como inovação. A partir dessa emergência e pela coexistência de discursos pedagógicos e tecnológicos que tratam da questão, interessa-nos compreender como esses discursos se relacionam a fim de estabelecer regimes de verdade sobre o que é ser professor inovador na atualidade. Para tanto e sob o arcabouço teórico-analítico da Análise do Discurso franco-brasileira, em especial da função enunciativa e derivada de Michel Foucault, servimo-nos da plataforma digital da Fundação Telefônica Vivo, uma fundação cultural privada de caráter permanente e sem fins lucrativos. Palavras-chave Novas tecnologias, Formação docente continuada, Letramentos. 92 SIMPÓSIO 12 – Discurso, gênero e sociedade Coordenadores: Maria de Lourdes Paniago (UFG ) e Maria Regina Momesso (UNIFRAN) IMPERATIVO E MULHER: ANÁLISE DO PERFIL FEMININO DOS ANOS 80 Autor Eloisa Elena Resende Ramos da Silva Resumo Esta estudo, ancorado na semântica da enunciação proposta por Guimarães (2005) propõe uma reflexão mais aprofundada acerca da concepção que privilegia a relação língua e exterioridade na busca de domínios de referência que a sustentam e auxiliam no entendimento das estruturas formais (DIAS, 2013). Refletiremos sobre o uso das formas imperativas em músicas endereçadas à mulher, considerando fatores enunciativos que contribuem para a identificação do perfil discursivo da mulher dos anos 80. Por meio de uma análise da relação sujeito pronome e foma verbal, é possível verificar a constituição de um perfil singular de mulher, postura e papel histórico e socialmente determinados. Assumimos uma abordagem segundo a qual unidades alinhadas e estruturadas organicamente é apenas uma das nuances que buscam explicação para um estudo de língua na esfera da gramática. Trabalhamos com uma abordagem gramatical que esteja apta a dar conta do funcionamento da língua, ―trabalhando a relação entre a configuração orgânica e suas projeções de acionamento enunciativo.‖ (DIAS, 2005, p.121). Entraremos na questão da discursividade: lugar de chamamento para o histórico, uma questão de apontamento, conceito abordado por Berrendoner (1990). Tal temática pode ser subsidiada pela investigação filiada a Boudieu (204), Perrot (2012), entre outros. Por fim, salientaremos a consistência da pesquisa no que se refere aos estudos das formas gramaticays com abordagem enunciativa, como contribuição efetiva, inclusive, na questão do gênero social e sua importante discussão que mescla conhecimento entre língua e sociedade. Palavras-chave Enunciação, Formas imperativas, Mulher MATERNIDADE: CONSOLIDAÇÃO DE UMA PRÁTICA DE SERVIDÃO Autor Luciane Thomé Schröder Resumo Este trabalho é uma reflexão sobre dois discursos tomados como representativos de uma imagem da mulher-mãe, construída e consolidada (ainda) na atualidade. O primeiro momento diz respeito a um diálogo ocorrido entre um casal de namorados, ambos na faixa dos 30 anos de idade, financeiramente estáveis e de boa formação educacional e cultural. O recorte problematizado se dá sobre o momento de ‗visita‘ do filho à casa dos pais e a ‗cobrança‘ daquele sobre aquilo que o rapaz compreende como obrigatoriedade materna e que encontra amparo na voz da namorada. O segundo córpus se apropria de uma situação emblemática, em que o homem (pai) se ausenta da convivência de um filho menor para dar continuidade à sua formação profissional. E essa opção do homem é dada como algo corriqueiro, ou seja, não causa qualquer polêmica que venha a questionar o papel masculino quanto às suas responsabilidades paternas, sobretudo, se o pai se mantiver como provedor de parte das necessidades financeiras da criança. Os quadros brevemente apresentados são analisados por meio dos dispositivos teóricos da Análise de Discurso francesa e buscam mostrar como ambos se tornam dados de ratificação de um posicionamento discursivo socioideológico que gera para a mulher-mãe um estado de servidão do qual não há, efetivamente, saída sem que conflitos externos, mas, sobretudo, internos a confrontem com aquilo que é delas, simplesmente, esperado. Palavras-chave Mulher, Mãe, Sociedade 93 O ATO DE FALA IRÔNICO E O QUESTIONAMENTO DO PAPEL FEMININO EM TIRAS DE MAFALDA Autor Maria da Penha Pereira Lins Coautor Mônica Lopes Smiderle de Oliveira Resumo Sabe-se que o humor irônico tem por característica provocar não só o riso, mas também a crítica; pois, quando se ironiza algo, o riso surge porque há a crítica, a ridicularização do outro, tornando-o inferior em relação ao produtor da crítica. Então, para entender melhor o funcionamento do humor, foram tomados como base para este trabalho alguns estudos que focalizam o tema supracitado. Diferentes são as perspectivas e as abordagens sobre o tema, porém todos têm um objetivo comum: o motivo de o homem ser o único animal capaz de rir e provocar o riso de forma consciente. Nessa perspectiva, esse trabalho tem por objetivo analisar tiras cômicas, referentes à Mafalda, personagem das tiras em quadrinhos de Quino, que versam sobre a condição feminina no contexto social. Partindo dos preceitos de Austin (1990), e Searle (1969), que desenvolvem a noção de atos de fala e que estabelecem critérios para analisar as ações praticadas via enunciados; Bergson (1983), Raskin (1985) e Lins (2002) para melhor explicar o processo de construção do humor e de Gumperz (1998), que possibilita a busca da construção de sentido no texto, a partir de pistas de contextualização, efetua-se um estudo da composição destes textos humorísticos, enfocando o papel da mulher na sociedade e o humor aí instaurado, em consequência do gênero textual Quadrinhos. Nota-se que, na análise das tiras, algumas marcas de ironia e humor podem ser percebidas nos atos de fala encenados pela personagem e pelas pistas de contextualização contidas nos elementos verbais e não verbais que compõem o gênero e, ainda, através de conhecimentos prévios. Palavras-chave Humor Irônico, Quadrinhos, Pragmática QUEM AMA NÃO MATA: APONTAMENTOS SOBRE OS CRIMES PASSIONAIS NA IMPRENSA ESCRITA DO SÉC. XX Autor Marília Valencise Magri Resumo O presente trabalho objetiva demonstrar de que modo a mediatização dos temas jurídicos no século XX conduziu à juricização do cotidiano conforme percebemos na atualidade, contexto em que as práticas discursivas da mídia instituem diversos direitos para além daquele legitimado pelo poder estatal. Como efeito, a mídia desloca para seu campo de atuação as funções de promoção, produção e execução dos conteúdos jurídicos frente a casos concretos, constituindo esferas jurisdicionais paralelas que se digladiam, entre si e com o Direito institucionalizado, na consecução dos ideais de justiça social. Como efeito, os saberes do campo jurídico, espetacularizados no discurso da grande mídia, inegavelmente deslocam-se para uma seara mais ampla, o que implica em uma popularização de um tema cujas reflexões estiveram historicamente restritas ao conjunto daqueles que dominam a técnica jurídica. Para tanto, agenciamos os dispositivos teórico-analíticos da Análise do Discurso (AD) de linha francesa em diálogo com as contribuições foucaultianas, referenciais que nos permitem recuperar, na espessura histórica, as condições de possibilidades que conduziram à emergência e inscrição dos enunciados na história. Interessa-nos pois perscrutar o solo epistemológico que possibilitou a irrupção de discursos que, na longa duração da história, cristalizaram sentidos que se arrastam até a atualidade acerca das relações de gênero em território brasileiro. Na esteira desta proposta, elegemos o binômio crime/paixão como trajeto temático que nos permite o recorte metodológico, no feixe de possibilidades do arquivo, do objeto em foco nesta pesquisa, cuja seleção de corpora considera a cobertura midiática de Palavras-chave violência de gênero, mídia, Direito. 94 EFEITO CULPABILIDADE E RELAÇÕES DE GÊNERO: DISCURSIVAÇÕES MIDIÁTICAS SOBRE CRIMES PASSIONAIS Autor Vânia da Silva Coautor Silvia Caroline Gonçalves Resumo À enunciação da mulher pela mídia, sobretudo quando posta sob a édige da criminalidade passional, advém uma discursivização ainda desproporcional, visto que o número de enunciações, em relação ao homem criminoso, e as práticas, não-violência, passividade, preservação das relações conjugais e familiares, reservadas socio-historicamente às mulheres. De acordo com o Mapa da Violência 2012 (Waiselfisz, 2012), o Brasil encontra-se em sétimo lugar, dentre 84 países, em número de homicídios cometidos contra mulheres. Embora não haja estatísticas específicas que apontem a relação entre crime e paixão, a disposição de uma nova ordem do discurso permite que sejam enunciadas não mais apenas o homem homicida passional, mas também que funcionem efeitos de verdade a respeito da mulher criminosa. Em meio a discursivizações noticiosas de ―mulheres rés‖ e ―homens réus‖ é que este trabalho se constitui. Nesse sentido, a partir de uma perspectiva da Análise de Discurso pêcheutiana, objetiva-se analisar o funcionamento discursivo midiático da criminalidade passional no estado do Paraná, terceiro em número de homícidios contra mulheres. Por meio do funcionamento das variáveis ―causa‖ da morte, histórico social e/ou sexual da(o) ré (réu) e da vítima e reações posteriores ao ato transgressor, este trabalho analisará quatro notícias da versão online do jornal Gazeta do Povo, a fim de compreender como a culpabilidade social em funcionamento produz relações de gênero distintas, pertencentes à emancipação ou calcadas em estereótipos ainda vigentes. Palavras-chave Análise de Discurso, Práticas midiáticas, Crimes passionais 95 SIMPÓSIO 13 – Discurso, história e memória Coordenadores: Maria do Rosário Gregolin (UNESP/Araraquara) e Kátia Menezes de Sousa (UFG) A PRÁTICA DA REMEMORAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DE SUBJETIVIDADES DE IDOSO Autor Adélli Bortolon Bazza Resumo Neste trabalho, procura-se descrever as relações estabelecidas na constituição da subjetividade de idoso a partir da prática discursiva de rememoração. Tal reflexão faz parte de uma pesquisa maior que, amparada pelo pensamento de Michel Foucault, propõe analisar o processo de subjetivação do idoso em contexto de estudos na UNATI-UEM, a partir de elementos descritos como técnicas de cuidado de si. Uma das técnicas compreende o processo de rememoração, pois segundo os pressupostos foucaultianos, a memória é a forma pela qual reflexividade e verdade se estabelecem (Foucault 2011). A série enunciativa analisada é composta de entrevistas feitas com idosos matriculados na UNATI e também de relatos produzidos por eles para descreverem sua forma de viver a terceira idade. Enquanto os entrevistados manifestaram não usar dessa prática e viverem mais voltados ao presente, os autores dos resumos, mesmo sendo convidados a relatar sua experiência atual, optaram predominantemente por retomar sua história de vida, remontando muitas vezes até a infância. Discursivamente, o que se observa é um sujeito na contradição, dividido entre um ontem e um hoje. De um lado, associa-se ã subjetividade de um velho idoso a prática de rememoração das vivências; de outro, relações de saber e de poder excluem tal prática da subjetividade do novo idoso. Na constituição de sua arte de viver, tais sujeitos manifestam resistência a esse elemento do discurso sobre o novo idoso. Palavras-chave Rememoração, Subjetividade, Idoso A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO DO SER NEGRO NO CONTEXTO BRASILEIRO DOS ANOS 2000 Autor Carina Merkle Lingnau Resumo O Concurso Negro e Educação foi a primeira ação afirmativa de dotação de pesquisa sobre o negro e educação, perdurou de 1998 até 2007 e foi promovido pela cooperação entre ANPEd, Ação Educativa tendo apoio financeiro da Fundação Ford. Neste tempo foram realizadas quatro edições do Concurso e cada uma delas gerou uma publicação que reuniu os artigos elaborados pelos pesquisadores participantes do Negro e Educação. Este estudo apresenta como recorte um histórico sobre alguns momentos importantes para a construção do discurso do ser negro no contexto brasileiro dos anos 2000. O objetivo foi apresentar um histórico sobre o discurso do ser afro-brasileiro na época em que as edições do Concurso foram realizadas. Esta é uma amostra de um trabalho de pesquisa realizado em pós-graduação nível mestrado que analisa os textos escritos nos livros do Concurso Negro e Educação centrados na história da educação do afro-brasileira. Como metodologia utilizamos o levantamento bibliográfico, pesquisa documental, entrevistas narrativas e o aporte teórico da Análise do Discurso Crítica. Como resultados percebemos um crescimento de ações que desenvolveram e estimularam a formação de pesquisadores negros e a dispersão dos discursos elaborados a partir de suas pesquisas no período histórico pesquisado. Palavras-chave Afro-brasileiros, Pesquisa étnico-racial, Discurso. 96 EDUCAÇÃO PARA O SUJEITO IDOSO: DISCURSO(S), IDENTIDADE(S) E SABER(ES) Autor Celso Ricardo Ribeiro de Aguiar Coautor SILVANE APARECIDA DE FREITAS Resumo A ciência admite hoje em dia que o ser humano é capaz de aprender por todo o período de vida. Diversas pesquisas sobre envelhecimento buscam analisar como a sociedade brasileira está se preparando para um futuro bem próximo em que, de acordo com estatísticas oficiais, o Brasil deixará de ser um país de jovens. A nossa pesquisa centra-se na análise de duas instituições de atendimento educacional para sujeitos idosos: Educação de Jovens e Adultos - EJA (educação formal) e Universidade Aberta da Terceira Idade - UNATI (educação não-formal) na cidade de Fernandópolis-SP. Por meio dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa buscamos seguir o método arqueológico de Foucault (2002) que analisa o saber em detrimento do conceito de verdade além de se concentrar nas regularidades do discurso que funcionam como lei de dispersão. O nosso objetivo está nas propostas pedagógicas das duas instituições onde há a presença de formação de saberes advindos de discursos que se articulam também com práticas nãodiscursivas. O problema que propomos almeja encontrar marcas nas práticas discursivas e não-discursivas das entidades que apresentem indícios de inclusão/exclusão educacional do sujeito idoso pois ambas declaram praticar a pedagogia de Paulo Freire. Além da análise das instituições (por meio de documentos, entrevistas, artefatos) faz-se importante situar o sujeito idoso de acordo com a visão pós-moderna de sujeito e identidade, e para isso elencamos Coracini (2007) para a nossa pesquisa para sustentar que a identidade não é mais fixa, e o sujeito está descentrado, em constante reconstrução. Palavras-chave Educação, Sujeito Idoso, Análise do Discurso QUANDO O ESCRITOR FALA DE SI MESMO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE "SOLO DE CLARINETA", AS MEMÓRIAS DE ERICO VERISSIMO Autor Daniele Marcon Resumo O presente trabalho tem por objetivo analisar as memórias de Erico Verissimo registradas nos dois volumes de Solo de clarineta – publicados em 1973 e 1976, respectivamente, pela Editora Globo – a partir dos estudos que versam sobre passado, memória, identidade e autobiografia. Dentre eles, estão os estudos de David Lowenthal (1998), Joël Candau (2001), Philippe Lejeune (2008), Mikhail Bakhtin (2003) e Marta Campos (1992). Com base nesses pressupostos teóricos – discutindo-se, ainda, o problema da verdade na questão da autobiografia –, pretende-se verificar a maneira como o romancista cruz-altense caracteriza a si próprio enquanto escritor e ser humano, partindo-se da premissa de que suas memórias podem ser consideradas um importante documento autobiográfico. Assim, o seu discurso nos permite tentar traçar um dos seus possíveis perfis. Além disso, verificar-se-á o pensamento do escritor no que diz respeito ao contexto histórico no qual estava inserido, o que envolve, também, questões políticas e sociais. Palavras-chave Memórias, Autobiografia, Erico Verissimo 97 REMINISCÊNCIAS DE UMA POLÍCIA DA CORTE: O DISCURSO DA POLÍCIA CIVIL DO RIO DE JANEIRO NO SÉCULO XXI Autor Fernando de Alvarenga Barbosa Resumo Este trabalho busca compreender a construção da Polícia Civil, suas funções e objetivos, podendo melhor refletir sobre seus efeitos hodiernos no palco da segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. Para tanto, observar-se-á registros históricos do Rio de Janeiro - em especial os documentos da Academia de Polícia Sylvio Terra/ACADEPOL/RJ - capital da monarquia portuguesa e também nos tratados ratificados pelo Estado brasileiro na contemporaneidade, sobre o ―Uso legítimo da força‖ (Weber, 1919). Em um Brasil ainda colônia portuguesa, D. João estava preocupado com a segurança da Corte que acabava de chegar a terras selvagens ―tupiniquins‖, em 1808. Visando precaver-se contra espiões e agitadores franceses e diante de uma possível disseminação das ideias liberais de 1789, que vorazmente atravessaram o Atlântico, criou o cargo de intendente-geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil. Àquela época, a Polícia não representava um mecanismo repressor de crimes comuns, mas uma proteção para a nobreza. O desejo do Príncipe Regente era dispor de um Corpo Policial principalmente político, que amparasse a Corte, desse informes sobre o comportamento do povo e principalmente, de agitadores de ideias liberais. Esta Polícia, além de dar cobertura política a D. João, foi à estrutura básica da atividade policial judiciária no Brasil. Hoje, a segurança pública é tema discutido nas primeiras linhas da imprensa escrita e falada. Ela ainda é a proteção da Corte ou refez sua história sendo uma Polícia garantidora de direitos? Palavras-chave Estado, Polícia, Segurança Pública. O DISCURSO NOS TERREIROS DE CANDOMBLÉ E UMBANDA NA REGIÃO DE POUSO ALEGRE Autor Francisco Marcelo Ivo Resumo Esta pesquisa tem como objetivo geral estudar as várias formas de poder exercidas através da e pela linguagem em diversos terreiros de Candomblé e Umbanda em Pouso Alegre, MG, nos dias atuais. O problema da pesquisa é o como se dá a construção do empoderamento pela e na linguagem nesses cultos. Como dispositivo teórico-analítico, selecionouse a análise de discurso. Tomando como ponto de partida a teoria do discurso que analisaremos entrevistas áudio-visuais realizadas com os líderes religiosos dos terreiros e outros membros da comunidade religiosa. Serão observados valores comportamentais, relacionais e conceituais. As entrevistas são norteadas por um questionário composto por vinte e cinco questões, que abrangem aspectos culturais, sociais, religiosos e econômicos. Os dados serão comparados, transcritos e analisados a fim de observar as formas discursivas apresentadas pelos entrevistados, os lugares, os modos de sua produção. A questão chave da pesquisa é a possibilidade da percepção da linguagem enquanto fator de empoderamento. A linguagem dos/nos terreiros são imagéticas e constituídas na/pela oralidade. Essa construção da imagem dada pela linguagem oral é histórica e está profundamente cimentada e ritualizada, funcionando como memória-arquivo. A memória está para a regularização e fica entre o histórico e o linguístico, consoante Achard, 2010. Os resultados ainda são parciais uma vez que o estudo em questão está em desenvolvimento, mas já apontam para o fato de que é pelo simbólico, pelo poder da palavra, que as religiões matriz africana se constituem, se consolidam e constroem seu legado que é, pela oralidade substancialmente, passado de geração em geração. Palavras-chave Sincretismo, Memória, Discurso 98 O COTIDIANO DO ASSASSINO EM SÉRIE PARA UM ASSASSINO EM SÉRIE NO COTIDIANO: UMA ANÁLISE DA ABERTURA DO SERIADO "DEXTER" Autor Glaucia Mirian Silva Vaz Resumo Juntamente a outras séries exibidas em canais por assinatura, como ―The Following‖ (2013), ―Hannibal‖ (2013), ―Bates Motel‖ (2013), ―Dexter‖ (2006-2013) e toda a publicidade que envolve este seriado configuram uma construção do assassino em série (serial killer) como objeto de fascínio. O que queremos refletir é sobre o lugar do qual emerge uma construção identitária do assassino em série (e que é transposto para a ficção). Por ora, a partir da abertura do seriado, identificaremos regularidades discursivas que produzem uma esfera de familiaridade em torno do assassino, em que memória discursiva, a partir da associação entre a prática de matar e ações cotidianas banais, atua na produção de sentidos atualizando e transformando enunciados sobre este sujeito. Nossa base teórica e metodológica está ancorada na Análise do Discurso de linha francesa, especificamente para esta análise, em conceitos como enunciado e memória discursiva, conforme a arqueologia de Michel Foucault (1969) e fotogenia, conceito barthesiano para pensar a imagem na produção de sentidos. Tal aporte teórico, apoiado em outros conceitos, nos permite tomar o enunciado em seu aspecto semiológico, ampliando a possibilidade de analisar os discursos em materialidades heterogêneas, como o seriado televisivo. Palavras-chave Memória discursiva, Seriado, Assassinos em série FORMAÇÃO DO DISCURSO DA ANÁLISE DE DISCURSO NO BRASIL: DOMÍNIOS DE MEMÓRIA E REGIMES DE ENUNCIAÇÃO Autor Jefferson Fernando Voss dos Santos Resumo Na esteira do tema proposto para este simpósio, que concentra trabalhos que refletem sobre a relação entre discurso, história e memória, investigo a memória do discurso da análise de discurso brasileira (AD) e, a partir disso, especifico alguns traços de sua história e da vontade de saber que atravessa suas práticas. O material que analiso são teses e dissertações defendidas entre 1990 e 2012 no Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. Além de me valer dos conceitos de enunciado, discurso, prática discursiva e domínio de memória, da arqueologia de Foucault, ainda recorro à teoria enunciativa de Bakhtin, a fim de especificamente discutir os temas, elementos composicionais e estilos que marcam a circulação dos gêneros do discurso da AD. Tal discurso, dado o espaço institucional acadêmico que o faz circular, é bem característico em seus temas, conceitos, objetos e modos de enunciar. É bem sabido que, em As palavras e as coisas, Michel Foucault historia mudanças interessantes havidas na relação das sociedades ocidentais com suas próprias experiências de linguagem e, portanto, com suas subjetividades. Tais mudanças dão condições para os saberes das ciências humanas e para os conceitos de homem e de vida. O discurso da AD, sob diversos fatores históricos de circulação de saberes específicos, também está condicionado a este domínio de memória, a partir do qual o conceito de homem importa na medida mesmo em que o conceito de história passa a ser atravessado pelo de inconsciente. Não é a toa que alguns saberes ocidentais modernos se constituem a partir de uma suspeita em relação à linguagem. Minha hipótese é a de que a AD seja um deles. Palavras-chave Formação discursiva, Análise de Discurso Brasileira, Memória. 99 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA PESQUISA NOS CURSOS DE LETRAS ENQUANTO MEMÓRIA DO PROCESSO HISTÓRICO DE (RES)SIGNIFICAÇÃO EDUCACIONAL Autor Jocyare Cristina Pereira de Souza Resumo No artigo 14 das Diretrizes Curriculares Nacionais é enfatizada a necessidade de uma maior flexibilidade dos cursos de graduação em Letras; esse mesmo artigo, em seu parágrafo primeiro, afirma que ―a flexibilidade abrangerá as dimensões teóricas e práticas de interdisciplinaridade, dos conhecimentos a serem ensinados, dos que fundamentam a ação pedagógica, da formação comum e específica, bem como dos diferentes âmbitos do conhecimento e da autonomia intelectual e profissional‖. Ao historicizar o discurso pedagógico, o sujeito interpretante abre espaço na memória para novo sentido ou não; para Foucault (1972), a análise do campo discursivo deve ser orientada para compreender o enunciado na estreiteza e singularidade de seu acontecimento; o enunciado, que é um acontecimento singular, ao mesmo tempo está aberto à repetição, à transformação e à reativação e, assim, está ligado não somente à situação concreta que o provocou e a enunciados que o precederam, mas também àqueles que o seguem; assim, enunciados diferentes em sua forma, dispersos no tempo, formam um conjunto se eles se referem a um único e mesmo objeto. Interessa-nos compreender, considerando os pressupostos teóricos da análise de discurso foucaultiana, o deslocamento de sentido da Pesquisa Institucional – de garantia de autonomia universitária / garantia da identidade de fundação comunitária para espaço real de produção de conhecimento frente às relações sociais; assim como entender o funcionamento da pesquisa, isto é, o movimento dos sentidos por ela construídos a partir de um Projeto Pedagógico de Curso. Palavras-chave Discurso pedagógico, História, Memória ACONTECIMENTO E MEMÓRIA NO DISCURSO DE INOVAÇÃO: RECONDUÇÃO DA VONTADE DE VERDADE; RECONFIGURAÇÃO DOS DISPOSITIVOS DE PODER Autor Kátia Menezes de Sousa Resumo A proposta deste trabalho é pensar, com base nas contribuições teóricas e analíticas de Michel Foucault, a inovação como uma tecnologia que integra, em seu funcionamento, os dispositivos de poder de forma a atender às exigências do biopoder e que, nesta produtiva integração, acaba por se tornar também um dispositivo. A inovação constitui a ordem do mundo moderno que se pauta pelas verdades da ciência, compondo as práticas discursivas e não-discursivas, os objetos, as instâncias enunciativas, as configurações dos saberes, as formas de exercício do poder e as subjetividades. Foucault parece ter percebido que não se pode olhar para as coisas do mundo sem que se leve em conta o caráter potencial de mutação dos objetos, dos saberes e das relações de poder e tomou essa atmosfera de iminência como a forma de construir sua investigação e elaborar a apresentação de suas análises, fazendo da teoria uma prática discursiva. Ao pormenorizar a noção de enunciado em A arqueologia do saber, Foucault (1995) demonstra que os enunciados não são uma transparência infinita; mas coisas que se transmitem ou se conservam, que têm um valor, e das quais nos apropriamos; que repetimos e transformamos; para as quais preparamos circuitos preestabelecidos e às quais damos uma posição dentro da instituição; coisas que são desdobradas pelo comentário e pela proliferação interna do sentido. Objetivamos refletir, a partir de enunciados, sobre sua singularidade de acontecimento, que abre para si mesmo um campo de uma memória, e sobre a vontade de verdade, que, no caso da inovação, torna obsoleta a ideia de solidez da modernidade positivista, produzindo a necessidade de fluidez na atualidade globalizada. Palavras-chave Inovação, Dispositivo, Vontade de Verdade. 100 ENTRE AMÉLIAS E AMÁLIAS: A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DA FEMINILIDADE NO JORNAL DAS MOÇAS, DA DÉCADA DE 50. Autor Palmira Virgínia Bahia Heine Alvarez Resumo Este trabalho objetiva discutir o modo como ocorre a construção discursiva da mulher na década de 50, a partir da análise de textos e anúncios publicitários da revista Jornal das Moças, periódico muito difundido no período e que servia como aliado na educação das mulheres da época. Tendo como base a Análise de discurso pecheutiana, que trabalha com a opacidade da língua, investigando o modo como os sentidos são gerados a partir do imbricamento entre língua e história, uma vez que a exterioridade é constitutiva do discurso, pretende-se debater o fato de que os sentidos sobre a mulher e feminilidade são moldados a partir de do funcionamento ideológico que normaliza os sentidos sobre o feminino, colocando a mulher em condição de natural fragilidade e, conseqüente submissão ao homem. Dessa forma, pretende-se observar o modo como a ideologia dominante sobre a feminilidade na época naturalizava os discursos de submissão feminina, na esfera doméstica e no âmbito do trabalho. Os resultados apontam para uma construção discursiva que colocava a mulher no lugar a ela reservado ―naturalmente‖: a esfera doméstica, esfera privada do lar. Quando apontada como apta a exercer algum trabalho, o mesmo logo era representado como a extensão da esfera doméstica, sendo apenas algumas das funções adequadas para as mulheres da época. Assim, os sentidos de feminilidade no período abordado se diferenciam dos sentidos de feminilidade que circulam atualmente, uma vez que, nos dias de hoje, há elementos de formações discursivas e ideológicas diversas que já reivindicam um outro lugar para a mulher na sociedade, apesar de não haver ainda a igualdade nas relações de gênero. Palavras-chave discurso, mulher, jornal das moças O SERTÃO CENTRAL DA AMÉRICA DO SUL: A URBANIZAÇÃO A PARTIR DO AINDA NÃO DITO, DO NÃO-SENTIDO Autor Taisir Mahmudo Karim Coautor JOCINEIDE MACEDO KARIM Resumo Esse artigo estuda, a partir da Análise de Discurso, o processo de ocupação do território matogrossense pelos portugueses no fim do século XVII e início do XVIII. A reflexão nos coloca o confronto político discursivo estabelecido por diferentes lugares a partir da força simbólica da linguagem. Tomamos como materialidade para análise, textos escritos do lugar de dizer da coroa portuguesa, o lugar dos desbravadores dos sertões brasileiros, representantes de Portugal e da igreja católica, o lugar do civilizado, do já-dito, do sentido estável. Observamos como esse lugar de dizer diz sobre os habitantes do ―Novo Mundo‖, os sujeitos-nativos, o lugar do desconhecido da barbárie/selvageria, do não-dito, dos sentidos que estão por vir. As análises nos mostram como esse confronto passa a construir o sentido fundante de ocupação e urbanização da região das ―Minas do Cuyabá‖ e da resistência dos nativos. Procuramos observar por este recorte das histórias do Brasil o funcionamento discursivo que faz significar a ocupação e institucionalização do Mato Grosso. As análises nos mostram o deslocamento de sentidos que se constrói do território nesse movimento discursivo. A dualidade imaginária sobre o sentido de terra: de um lado, o sujeito-colonizador, que considera a região como o lugar da exploração extrativista, a terra como parte da geopolítica de uma nação, a do Estado do Reino de Portugal. De outro, o sujeito-nativo, habitantes índios, que tomam a Terra como lugar de seu convívio social. A análise procura mostrar como esse movimento constrói um novo contorno da geografia territorial da recente colônia portuguesa, o território que dá existência e identidade ao Estado de Mato Grosso. Palavras-chave Discurso, Sertão, Deslocamento 101 A MEMÓRIA DO PAÍS DO FUTEBOL E AS REPRESENTAÇÕES DO BRASIL CONTEMPORÂNEO NO PERÍODO DA COPA DO MUNDO Autor Thiago Ferreira da Silva Resumo Este trabalho faz parte do projeto de doutorado em andamento intitulado ―O ANALISTA DOS INDÍCIOS E O DETETIVE DO DISCURSO: ANÁLISE DO DISCURSO E SEMIOLOGIA NA SOCIEDADE DA MÍDIA‖, que apresenta a proposta de uma reflexão epistemológica a respeito da chamada Semiologia Histórica, proposta por Jean-Jacques Courtine, e as possibilidades e consequências de sua incorporação ao projeto teórico da Análise do Discurso dita de linha francesa, embasada nos trabalhos de Michel Pêcheux e Michel Foucault, tendo em vista que Courtine nega a filiação de seu projeto semiológico a uma semiologia barthesiana/estrutural, o que o direcionaria para outra teoria do signo e, necessariamente, para outra teoria da linguagem que não aquela derivada dos trabalhos de Ferdinand de Saussure. Para tanto, procederemos uma breve análise do videoclipe ―País do futebol‖, do funkeiro Mc Guimé, demonstrando como a confluência entre história, linguagem(s) e memória constroem sentidos por meio do audiovisual, e busca estabelecer o que seríamos nós, os brasileiros, hoje, e mais do que isso, produzir uma imagem do próprio Brasil no contexto socioeconômico internacional atual, em que o Brasil desponta não só como potência econômica, mas também política e cultural. Partindo deste vídeo, buscaremos demonstrar como uma semiologia estrutural, de matriz barthesiana, pode ser fundamental para a compreensão do caráter semiológico do discurso, mas que também o caráter indiciário e histórico da semiologia proposta por Courtine contribuem imensamente para a apreensão do discurso não apenas como estrutura, mas também como acontecimento. Palavras-chave Semiologia, Brasil, Copa do Mundo A METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA NO ROMANCE TERRA VERMELHA DE DOMINGOS PELLEGRINI Autor Vanderson de Souza Neves Resumo A história da colonização de Londrina é recorrentemente abordada por escritores e dramaturgos que se apoiam na metaficção historiográfica para climatizar o cenário e o enredo de suas criações ficcionais. E em muitas vezes esses autores acabam apropriando-se de fatos reais e os retomando por outras vias, ou seja, narrativas ficcionais. E é justamente essa a proposta de Domingos Pellegrini ao escrever o ―romance épico brasileiro‖ com o significativo título de Terra vermelha (2003) em que a vida dos personagens segue em uníssono com o desenvolvimento da ―pequena Londres‖. Para tanto nos apoiaremos nos estudos realizados por Linda Hutcheon – criadora do termo ―metaficção historiográfica‖ – em sua obra Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção (1991); assim como, estudiosos da área metaficcional como: Gustavo Bernardo, em O livro da metaficção (2010) e mais recentemente uma abordagem de Bernardo Antonio Vezzaroa no livro derivado de sua dissertação de mestrado intitulado A metaficção historiográfica no romance a filha do escritor (2014). Palavras-chave Metaficção historiográfica, Domingos Pellegrini, História de Londrina 102 O JORNALISTA COMO SUJEITO DA/À HISTÓRIA: PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO NA HISTÓRIA DA IMPRENSA BRASILEIRA Autor Vinícius Durval Dorne Resumo Ao longo da história da imprensa no/do Brasil, o jornalismo e, consequentemente, o jornalista se tornou objeto e sujeito de diferentes discursos, entre eles o de historiadores que se debruçaram em (re)contar a própria história da imprensa brasileira. É a partir destes discursos que esta pesquisa no âmbito de doutoramento busca compreender como ao longo da história da imprensa do país, constroem-se identidades para o sujeito jornalista. Para tanto, ampara-se na Análise do Discurso francesa em suas relações com as contribuições do filósofo francês Michel Foucault para tal corrente teórica, especialmente nas reflexões sobre saber/poder e subjetivação. No percurso analítico, ressalta-se a importância do conceito de ―acontecimento discursivo‖, que, como instrumento importante de adentramento no corpus, permite a busca por regularidades discursivas que apontam para a subjetivação do sujeito jornalista presentes nos discursos de historiados da imprensa brasileira. Desta forma, a partir de acontecimentos discursivos como o jornalismo abolicionista, a modernização da imprensa, o surgimento das primeiras escolas de jornalismo no Brasil, observou-se como o sujeito jornalista, ao longo da história, é tomado como subversivo, sujeito de/à resistência, representante da ―verdade‖, literato etc. Destarte, assevera-se que analisar discursivamente a história da imprensa no Brasil em sua relação com a subjetivação do sujeito jornalista é, sobretudo, compreender como os discursos (re)significam a (nossa) história, os sujeitos, o próprio jornalismo. Palavras-chave Análise do Discurso francesa, História do jornalismo, Identidade O SILÊNCIO COMO ESTRATÉGIA DISCURSIVA DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA Autor Weslei Roberto Cândido Resumo A presente comunicação tem o objetivo de discorrer sobre o silêncio como um discurso estrategicamente pensado para preservar a memória. O silêncio é uma forma de reter na mente certos acontecimentos que, em determinado contexto social e político, são tabus, seja por sua violência, seja pela posição dos atores sociais envolvidos na trama histórica. Portanto, esquecer está longe da estratégia do silêncio, esse se disfarça sob os códigos do mutismo para se converter em memória, aguarda o tempo para se transformar em necessidade enunciativa dos sujeitos que se calaram. Em geral, as vítimas de grandes eventos como o holocausto, as ditaduras latino-americanas ou os fanatismos religiosos aguardam o tempo necessário para deixar a posição de sobreviventes para a de testemunhas. Esse reposicionamento dos atores sociais no tempo histórico permite romper o silêncio e mostrar todas as informações que se calaram por anos. Ao romper o silêncio, as personagens se convertem em autores de sua história e com isso se preservam diante da deterioração do tempo. O silêncio tem seus motivos: autoproteção, necessidade de aceitação, reelaboração discursiva dos fatos que, de tão terríveis, só se tornam aceitáveis diante da ficcionalização. Nesse caso, a literatura latino-americana que se dedicou à ditadura exerceu um papel fundamental, pois ao ficcionalizar a realidade, também funcionou como veículo para romper o silêncio e se tornou uma via paralela de revisão da memória dos países que sofreram com as políticas ditatoriais. Assim, uma necessidade presente obriga o sujeito a sair de seu mutismo. Por isso, o silêncio se converte em uma das estratégias discursivas de preservação da memória. Palavras-chave Silêncio, Memória, Preservação 103 SIMPÓSIO 14 – Discurso, novas tecnologias e educação a distância Coordenadores: Marcio Roberto do Prado (UEM) e Jaime dos Reis Sant'Anna (UEL) FORMAÇÃO DE PROFESSORES À DISTÂNCIA: O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SOB A ÓTICA DA ARQUITETÔNICA BAKHTINIANA Autor Ana Amélia Calazans da Rosa Resumo A recente expansão do ensino à distância no Brasil trouxe diversos questionamentos para a área da pesquisa em educação. Neste estudo discutimos a formação de professores à distância com ênfase na educação para os multiletramentos e para este simpósio trazemos duas questões: (1) o estudo da arquitetônica do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) no qual a formação ocorreu e (2) os discursos produzidos por meio da realização arquitetônica do AVA, no caso, o TelEduc. A principal teoria de análise nesta etapa da pesquisa foi o conceito de Arquitetônica de Bakhtin e seu círculo. Dessa forma, as análises realizadas não se encerram nas funções e nas propiciações do TelEduc em si, isto é, somente enquanto plataforma de ensino, mas avançam em direção ao uso das ferramentas e às propiciações que emergem da realização dos discursos dentro do AVA. Os resultados parciais mostram que, embora o TelEduc possa ser tecnicamente classificado como uma plataforma baseada no trabalho em grupo e na aprendizagem colaborativa, a análise da arquitetônica revela que o uso dos recursos disponíveis e o design do ambiente privilegiam a reprodução de práticas presenciais tradicionais. Uma vez que a formação só foi possível por causa da plataforma TelEduc, ancoramo-nos em Bakhtin (1998 [1975]) para defender que analisar um curso ou um AVA apenas pela sua ―forma‖ é correr o risco de compreender somente a parte técnica do objeto. Se, porém, partirmos do pressuposto que a forma composicional realiza uma forma arquitetônica que unifica e organiza os valores, os sentidos e as representações, poderemos chegar a modos mais úteis e produtivos de pensar o ensino à distância e o uso de tecnologias na educação. Palavras-chave Formação de Professores, Arquitetônica, Ambientes Virtuais de Aprendizagem. O DISCURSO DO TUTOR DA EAD SOBRE AS NTICS Autor ANNIE ROSE DOS SANTOS Resumo Em uma pesquisa qualitativa da Linguística Aplicada com 10 tutores a distância do curso de Letras a Distância de uma IES pública paranaense, investiguei, mediante entrevistas semiestruturadas (BULEA, 2010) empreendidas antes, durante e depois de sua ação na tutoria, entre outros fatores, o discurso dos tutores sobre os instrumentos e ferramentas que medeiam a sua prática educacional, as NTICs, novas tecnologias de informação e comunicação aplicadas ao ensino, com o objetivo de compreender como esses profissionais concebem esses artefatos digitais à sua disposição, buscando contextualizar e desvelar seu trabalho. O quadro teórico-metodológico adotado foi o Interacionismo Sócio-Discursivo (ISD) (BRONCKART, 2003; 2005), com aportes do Interacionismo Social (BAKHTIN, [1992] 2003), além das contribuições das pesquisas atuais que fazem uso das Ciências do Trabalho, como a Ergonomia da Atividade e a Clínica da Atividade (CLOT, 2007; BUENO, 2007) e das Ciências da Linguagem. Os resultados alcançados permitem entender o processo de mediação empregado nesse agir, sobressaindo-se a mediação entre os objetos de ensino, docentes e acadêmicos do curso; e no plano do agir, possibilitaram identificar que os artefatos tecnológicos por eles utilizados são as ferramentas virtuais constantes no AVA e os artefatos simbólicos são os diferentes gêneros textuais mobilizados e o gênero de atividade do trabalho da tutoria em EaD. Palavras-chave ISD, tutores da EaD, ensino. 104 ACESSO E ACESSIBILIDADE AOS/NOS CURSOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA UFMS Autor Camila de Freitas Vieira Coautor Elaine de Moraes Santos Resumo Com base em estudos desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa em Literatura, Discurso e Mídias Digitais(CÍRCULO), este trabalho tematiza, dentre alguns aspectos das políticas públicas de interiorização do ensino superior no Brasil, os debates em torno dos desafios da formação inicial nos cursos de educação a distância ofertados pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Desde o surgimento das primeiras turmas na instituição, entre as dificuldades inerentes ao oferecimento de graduação na modalidade a distância, está, de um lado, a escolha de estratégias para a produção de sentidos entre professores e acadêmicos na comunicação mediada pela internet e, de outro, o amparo legal, pedagógico e igualitário para que os cursos oportunizem ao corpo discente o mesmo apoio oferecido historicamente pelo ensino presencial. No cruzamento entre a realidade existente e os discursos provenientes dos documentos que regulamentam nacional e institucionalmente a EAD, esta pesquisa, em fase inicial, é fundamentada nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa e tem por objetivos: a) realizar o mapeamento dos alunos com necessidades especiais nas licenciaturas ofertadas a distância pela UFMS; b) contribuir para que esse corpo discente tenha direito ao acompanhamento que é realizado pela Divisão de Acessibilidade da universidade; c) buscar apoio tecnológico para a elaboração de um Moodle acessível; d) promover a realização de capacitações a fim de que editais, sites, projetos pedagógicos e materiais possam ser adaptados de forma a garantir o acesso e a acessibilidade de alunos, tutores e professores com necessidades especiais nos cursos oferecidos através da UAB. Palavras-chave EAD, Acessibilidade, Discurso. DESAFIOS DA FORMAÇÃO DOCENTE NO CONTEXTO DA EAD FRENTE ÀS COMPLEXIDADES DA ERA TECNOLÓGICA. Autor Mirian Ligia Endo Karolesky Resumo o ritmo ditado pelas inovações tecnológicas nos dias atuais provoca ao mesmo tempo fascínio e temor. Vivemos um momento em que a celeridade da propagação de informações, advindas de todas as áreas do desenvolvimento humano, vêm em turbilhões. Manter-se atualizado diante de tantos recursos novos é uma tarefa árdua, que exige mentes abertas à complexidade, ao pensamento não linear. Preparar profissionais competentes para uma Educação que atenda aos anseios de uma sociedade, que vem sendo forjada pelo intenso uso de recursos tecnológicos, principalmente no uso das Tecnologias de Comunicação Digital apresenta-se como um grande desafio para as instituições de Ensino Superior tanto na modalidade presencial como na modalidade a distância. Assim, a proposta aqui apresentada é de trazer à baila reflexões sobre este panorama que se configura em desafio, no que concerne à formação de professores para uma Educação voltada para a Era tecnológica, analisando o discurso imanado das políticas públicas existentes para a formação de professores. Para o embasamento teórico e conceitual que permeiam as discussões de uma Educação voltada para esta Era tecnológica convidamos nomes conceituados no panorama atual, como SERRES (2000), DAL MOLIN (2003), LÉVY (2001,1999,1993), CATAPAN (2001), MORIN (2005, 2002), MORAN (1995), entres outros teóricos. Palavras-chave Formação docente, Educação a distância, Tecnologia de Comunicação Digital 105 ―EU E A INTERNET‖: INTERAÇÃO E EMOÇÃO Autor SANDRA RODRIGUES SAMPAIO CAMPÊLO Resumo Este artigo tem como objetivo analisar as emoções de adolescentes presentes em discursos escritos através de textos em que narram suas relações quanto ao uso da internet. Trata-se de um recorte de uma pesquisa de mestrado de natureza qualitativa (descritiva e interpretativa) sobre as interações dos adolescentes no espaço virtual iniciada em 2013. A Linguística Sistêmico-Funcional é a base teórico-metodológica principal utilizada para a análise da interioridade dos discursos dos adolescentes, e se fundamenta pela utilização de ferramentas dos sistemas de transitividade (HALLIDAY, 1994; HALLIDAY & MATTHIESSEN, 2004)e do Sistema da Avaliatividade (MARTIN E WHITE, 2005). Os primeiros resultados sinalizam para uma mudança comportamental na interação homem (adolescente) x máquina/internet ligados ao vício e à metaforização da internet. Tais mudanças merecem ser observadas pelo professor na busca de interações com seus estudantes e na remodelagem de suas aulas que aproxime desses novos atores sociais virtualizados. Palavras-chave Adolescentes, Internet, Interação 106 SIMPÓSIO 15 – Discurso, corpo e políticas de vida Coordenadores: Nilton Milanez (UESB) e Denise Gabriel Witzel (Unicentro) A DISCURSIVIDADE NO/DO CORPO DE MISS(ES) - MUÇULMANA E MUNDO Autor ADRIANA STELA BASSINI EDRAL Coautor Ana Paula Vieira de Andrade Assumpção Resumo A mídia como porta-voz de uma pluralidade de discursos é também um aparelho ideológico de estado, como nos afirma Althusser (1985). É nesse espaço midiático que o corpo – objeto simbólico – é discursivisado. Assim, com vistas a compreender o funcionamento discursivo no/do corpo e sabendo de antemão que ele revela a presença de valores sociais e ideológicos congruentes à cultura de um povo, é que propomos um estudo a partir de discursos veiculados na mídia online especificamente sobre os concursos de beleza segundo os moldes ocidental e oriental – Miss Mundo e Miss Muçulmana. Convém lembrar que ao produzir o discurso, o sujeito parte de uma determinada formação discursiva que determina seu posicionamento. Isso significa dizer que o sentido não existe em si, mas é determinado pelas relações ideológicas em jogo. Assim, entendemos que a mídia, ao colocar o Miss Muçulmana como resposta ao Miss Mundo, sugere uma questão de gênero, de cultura e religião diferentes, reforçando que o islamismo é aquele que nos ataca, que nos contradiz, que nos responde. Buscamos, portanto, compreender de que forma estaria o poder sendo simbolizado no corpo; que estratégias estariam sendo usadas pela mídia ocidental e oriental; que significados o corpo das Misses produz sobre a perspectiva do gênero e de que forma o ―corpodiscurso‖ revela a interpelação ideológica. Palavras-chave Corpo, Discurso, Cultura. MULATA EXPORTAÇÃO: O CORPO NEGRO EM CADEIA ENUNCIATIVA Autor Amanda Braga Resumo O poema de Elisa Lucinda, intitulado Mulata Exportação, é um jogo de memórias que ecoam pelo tempo. Da escrava sexual à mulata brasileira contemporânea, e, do mesmo modo, do senhor de escravos ao homem branco contemporâneo, o texto nos mostra as vozes que constituem esses sujeitos atualmente a partir das marcas que cada um carrega (no corpo, inclusive) da história escravista do país. Tomando como ponto de partida estas vozes e memórias, este trabalho tem por finalidade fazer uma leitura dos discursos produzidos sobre o corpo da mulata brasileira no decorrer das temporalidades históricas. Para tanto, primeiramente, demonstraremos o modo como surge, no período escravocrata brasileiro, a imagem de uma mulata fácil, como diria Freyre (1933), além do modo como o corpo dessa mulata foi discursivizado pela época. Posteriormente, interessar-nos-ão os concursos de beleza promovidos pelas associações negras durante todo o século XX, os quais colocarão em xeque essa imagem e se apresentarão na tentativa de construir outro lugar para a mulher negra. Por fim, valer-nos-emos dos tantos acontecimentos discursivos que se apropriam dessas memórias na atualidade, multiplicando os efeitos de sentido produzidos a partir do corpo negro. Assim, o intuito é acompanhar a Mulata Exportação sendo tecida pela história, num enredo que envolve continuidades e descontinuidades. Para tanto, estaremos ancorados em uma Análise do Discurso derivada de Michel Pêcheux, mas que incorpora as contribuições de Michel Foucault, bem como as discussões empreendidas por Jean-Jacques Courtine mais atualmente, principalmente aquelas que dizem respeito ao corpo, às imagens e à perspectiva semiológica. Palavras-chave Corpo, Memória, Mulata. 107 A FELICIDADE COMO URGÊNCIA HISTÓRICA: DISPOSITIVOS DE PODER E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE Autor ANTONIO FERNANDES JUNIOR Resumo O presente estudo se propõe a discutir processos de subjetivação construídos na sociedade de controle, focalizando-os a partir da conexão com os dispositivos de poder produzidos na atualidade. A ideia é problematizar o conceito de dispositivo enquanto categoria de análise vinculada aos exercícios de poder e práticas de subjetivação que incidem sobre o sujeito na canção. Se na sociedade disciplinar o corpo e o indivíduo eram tidos como alvo ou superfície de inscrição de discursos, agora o foco recai sobre a população, na medida em que os dispositivos de segurança colocam a vida (o biológico) no centro do debate. O conceito de dispositivo funciona como uma categoria analítica que articula um conjunto de elementos heterogêneos entre si, envolvendo discursos, instituições, leis, enunciados científicos etc., e procuram responder a uma dada demanda histórica. Como forma de diálogo aos postulados foucaultianos, poderíamos expor as seguintes questões: o que se configura, na atualidade, como uma demanda de nosso tempo histórico? Quais elementos comuns são colocados/impostos a várias pessoas e/ou grupos sociais como algo a ser alcançado a qualquer custo? Dentre um leque variado de elementos, mas interligados pela busca do bem-estar, delimitamos, para este texto, o tema da felicidade, como uma questão que atravessa distintos discursos e se coloca como um imperativo: seja feliz! Não sofra! Mas o que significa ser feliz hoje? Que estratégias são mobilizadas para que a felicidade entre na ordem do dia? Quais estratégias e/ou laços podem ser estabelecidos entre diferentes discursos que tomam a felicidade como objeto discursivo? Palavras-chave Dispositivo, Felicidade, Singularidade QUE ROSTO TEM O MALDITO? SOBRE UMA ORDEM DISCURSIVA DA VISIBILIDADE DO SUJEITO CRIMINOSO NO CINEMA Autor Cecília Pinheiro Freire Barros Cairo Resumo A proposta central deste trabalho é compreender a constituição do rosto criminoso no cinema em uma ordem discursiva da visibilidade. Tomamos o cinema como arquivo operador de memória que permite, quadro a quadro, a ativação de uma rede de elementos discursivos e de imagens em movimento que, associadas, fazem com que o sujeito criminoso possa ser delimitado no campo de uma desordem jurídica e social. Neste sentido, entendemos ser importante observar o rosto criminoso no dispositivo fílmico como acontecimento em uma rede de práticas discursivas que, em um conjunto de regras históricas determinadas no tempo e no espaço, definem e possibilitam que a cristalização desse sujeito como irregular torne-se reconhecível desde a tela do cinema até as relações sociais entre as quais todos nós existimos. Nesta presente análise tomaremos como suporte o filme ―M., le maudit‖ (1931), produção dirigida por Fritz Lang e inspirada nos crimes cometidos pelo assassino alemão Peter Kürten. Discutiremos a materialização do rosto criminoso de M. no cinema considerando o que ele tem de recitação tanto a partir de imagens em movimento provenientes de outras ênfases cinematográficas de mesmo viés, quanto de outras materialidades históricas dispersas que, da mesma forma, estão atravessadas por discursos jurídico-biológicos. Acreditamos ter, através do dispositivo fílmico, mais um modo de observar as relações de poder e saber sobre os sujeitos, nas quais a produção de subjetividades faz compreender o crime, classifica o criminoso e delimita que ordem social deve ser produzida em um determinado contexto histórico mediante suas particulares políticas de vida. Palavras-chave Rosto Criminoso, Discurso Jurídico-Biológico, Visibilidade 108 A PRÁTICA BIOPOLÍTICA E A ANORMALIDADE: A FICCIONALIZAÇÃO DO CORPO E AS TECNOLOGIAS DE PODER SOBRE A VIDA Autor Érica Danielle Silva Resumo Tomar o corpo anormal como objeto do discurso implica, necessariamente, construirmos uma arqueogenealogia de (in)visibilidades de um corpo marcado pela história, que se constitui como um lugar de inscrição de práticas discursivas e não-discursivas produzidas em diversas instâncias e instituições, dentre elas o cinema. Problematizar a historicidade da representação cinematográfica da anormalidade a partir dos pressupostos teórico-metodológicos foucaultianos revela um corpo tanto individual como coletivo, que se configura como um ponto de articulação entre os níveis biológico e político, sob o regime da tecnologia da biopolítica, caracterizada pelo poder de ―causar a vida ou devolver à morte‖ (FOUCAULT, 2009). Nessa perspectiva, para compreendermos as rupturas representativas das práticas cinematográficas, é preciso considerar as condições de produção e de possibilidade que as sustentam, bem como as necessidades político-econômicas, culturais e sociais que as cercam. Nosso objetivo, assim, neste trabalho, é tomar dois exemplares do cinema contemporâneo, Intocáveis (2011) e Colegas (2012), como materialidades discursivas que propiciam a reflexão sobre as formas de ver e de enunciar o corpo anormal próprias às tecnologias políticas do corpo da contemporaneidade. Dessa forma, pretendemos demonstrar o modo como a ficcionalização do corpo anormal, no e pelo discurso cinematográfico, produz regularidades que regem a formulação, a (co)existência, a transformação e o desaparecimento de enunciados, que, pela memória que os atravessam, adequam-se à ordem do discurso contemporâneo. Palavras-chave Anormalidade, Ficcionalização do Corpo, Biopolítica. CORPO GOVERNADO E A POLÍCIA DA VIDA: POLÍTICAS DE SOBREVIVÊNCIA NOS AVATARES DA SÉRIE RESIDENT EVIL Autor George Lima Resumo Nosso objetivo no presente trabalho é enfrentarmos o funcionamento do videogame numa perspectiva discursiva. Para isso, verificamos modalidades de existência nas mecânicas de jogo, considerando que aí há produção de sujeitos que são atravessados por discursos sobre exigência de manter-se vivo. Desse modo, analisamos, sob a ótica foucaultiana, unidades do discurso realizadas em três jogos (1996, 1998 e 1999) da série Resident Evil, a fim de compreender as formas de governo que aí são materializadas. Ao observarmos as estratégias das mecânicas de jogo, analisaremos os avatares, em específico, os policiais. O aspecto principal desses avatares é o governo de seus corpos por uma política de sobrevivência, que exige e lhes impõe a necessidade de manterem-se vivos, predicado dos domínios biopolíticos, cuja força deve servir à utilidade do espaço e do corpo social. Para tanto, nessa medida, os avatares policias assumem a posição de ‗polícia‘ no controle e manutenção da vida, protegendo os corpos dos outros personagens no jogo e afastando-os dos perigos da destruição. Considerando essas evidências, investigaremos a medida pela qual os corpos dos avatares policiais são administrados e a forma pela qual é calculado o governo de suas vidas no quadro das estratégias e procedimentos de controle dados nestes jogos. Seguimos, portanto, três passos: primeiro, descrevemos o funcionamento das mecânicas do jogo; em seguida, analisamos de que modo os corpos dos avatares policiais são atravessados pelo funcionamento das mecânicas de jogo; e, por fim, pontuamos quais são as táticas que colocam em evidência uma política de sobrevivência como determinação de conduta para o sujeito no jogo. Palavras-chave Corpo, Política de Sobrevivência, Videogames Resident Evil. 109 CORPO MASCULINO E SAÚDE; GOVENAMENTALIDADE E MODOS DE SUBJETIVAÇÃO Autor José Gevildo Viana Coautor Francisco Paulo da Silva Resumo O trabalho objetiva fazer uma genealogia do corpo masculino e seus modos de subjetivação com foco nos efeitos da governamentalidade, observando, a produção de sentidos sobre o corpo e o sujeito em propagandas que discursivizam a saúde do corpo masculino. Para balizar nossa discussão, usamos os pressupostos teóricos da AD de origem francesa, bem como seus produtivos diálogos com Michel Foucault na perspectiva de uma arqueogenealogia. Nessa esfera de discussão, o corpo e o sujeito são vistos como um acontecimento discursivo e devem ser descritos e interpretados considerando-se a relação saber/poder que produz sentidos sobre o corpo e os modos de subjetivação que constituem o sujeito masculino nessa relação e que o atravessa historicamente. Assim, o corpo é alvo de sistemas de sociedade que criam dispositivos que atuam sobre ele, tratando-o como corpo-máquina ou anatomia-política, perspectivado pelo poder disciplinar, ou, ainda, corpo-espécie, produzido sob desdobramentos de um poder biopolítico que atua no controle dos corpos.Considera-se aqui que há sempre uma nova ordem do discurso sobre o corpo constituindo-se como um conjunto de regras que geram novos sentidos sobre o ele e o sujeito e atiçam variados modos de subjetivação. Com base na noção de biopolítica, a análise da produção e circulação de sentidos sobre o corpo masculino dar-se-á por meio da leitura de propagandas veiculadas pelo governo brasileiro que tematizam a saúde do corpo masculino e circularam na mídia impressa e virtual. A análise demonstrou que os enunciados que compõem esse corpus fabricam sentidos sobre a saúde do corpo masculino, inscrevendo uma Vontade de Verdade produtora de efeitos de sentidos Palavras-chave Corpo, Governamentalidade, Modos de Subjetivação. CORPO E CASTIGO: SUBJETIVIDADE, DISCIPLINA E RESISTÊNCIA NO DISCURSO FEMINISTA CONTEMPORÂNEO Autor Juliane de Araujo Gonzaga Resumo Esta comunicação propõe analisar o discurso feminista produzido nas redes sociais a fim de compreender como os jogos de saber-poder se inscrevem no corpo feminino na contemporaneidade. Para tanto, tomamos como corpus de análise o texto ―A cultura do estupro gritando e ninguém ouve‖, publicado por Nadia Lappa em sua página Cem Homens, no qual a feminista se manifesta contra a atitude do diretor Gerald Thomas ao corpo da modelo Nicole Bahls durante uma cobertura midiática. Assim, nossos objetivos específicos buscam descrever e compreender: i) os processos de subjetivação nestes enunciados; ii) o modo como a moral, as regras de conduta e as relações de poder objetivam o corpo feminino; iii) o papel da mídia na constituição de dizeres do corpo e iv) os efeitos de sentido resultantes do lugar ocupado pelo discurso feminista. O aparato teórico-metodológico que conduz esta pesquisa é o da Análise do Discurso francesa, mais especificamente, as contribuições de Foucault para uma abordagem arqueológica e genealógica do discurso, que visa descrever as condições históricas e as regras de formação dos discursos e compreender os jogos de saber-poder. Visto que o corpo se insere em um conjunto de regras de conduta, verificamos nesses discursos a existência de procedimentos de controle e vigilância constantes por lentes, câmeras, olhares, que resultam em disciplina e espetacularização da sexualidade. Constatamos também que os processos de subjetivação no discurso feminista funcionam como pontos de resistência às disciplinas e normas da mídia. A circulação desses saberes abre possibilidades outras de conduta e subjetivação e, consequentemente, de novas organizações e exercícios do poder. Palavras-chave Poder, Corpo, Subjetividade. 110 O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DE SABERES VINCULADOS AO CORPO: A PRISÃO E SEUS EFEITOS NO IMAGINÁRIO DE APENADAS Autor Luciana Iost Vinhas Resumo Para Michel Foucault, as instituições de arquitetura panóptica, dentre elas a prisão, têm o objetivo de extrair a totalidade do tempo dos indivíduos e controlar os seus corpos, transformando a vida dos homens em força produtiva. Neste cenário, os indivíduos presos passam a ser corpos objeto de vigilância, de controle e de correção. Isso é feito através da fixação dos indivíduos a um aparelho de normatização, e o corpo deve ser qualificado para o trabalho. Esses sentidos relacionados à instituição prisional são tidos como óbvios, vinculados ao discurso dominante da superestrutura jurídico-político-ideológica. Enquanto essencializados, esses sentidos reproduzem uma representação estereotipada de prisão e de sujeito preso, sendo eles materializados tanto pelos sujeitos em liberdade quanto pelos próprios presos. Em Foucault, então, encontramos os elementos que ancoram essas representações, sendo a subjetividade reduzida a corpo: um corpo vigiado, controlado capilarmente, objeto do poder do Estado, cujo funcionamento depende de uma rotina minuciosamente trabalhada. A partir do dispositivo teórico-analítico da Análise do Discurso de Michel Pêcheux, aliados à reflexão de Michel Foucault sobre o funcionamento das prisões, buscamos debater sobre os efeitos de sentido estabelecidos pela fala de mulheres que vivem em regime de privação de liberdade na Penitenciária Feminina Madre Pelletier. O trabalho revela que as apenadas, ocupando a posição dominada no seio da formação social capitalista, reproduzem saberes que as subjugam e discriminam, e a identificam ao Aparelho de Estado, sendo parte de uma política de vida do tempo de trabalho e do corpo de trabalho. Palavras-chave Corpo, Sujeito, Prisão. OS POVOS INDÍGENAS NAS TELAS: IMAGENS CORTADAS Autor Maurício Neves Corrêa Resumo Durante uma reportagem da Rede Globo na Terra Indígena Sororó, lar dos índios Aikewára, Maria Suruí observava os movimentos da filmadora e da repórter. Maria não nasceu Aikewára, é negra e não apresenta traços indígenas, mas foi integrada ao grupo ainda muito nova, quando passou a viver com Arikassu Suruí e com ele teve dez filhos. Ela foi responsável por manter viva a tradição do grafismo corporal e é considerada por eles uma das grandes mães da aldeia. No final da matéria, ela comentou: ―Eu sabia que eles não iam me filmar. Se fosse a equipe só do projeto eu apareceria, mas nesta televisão aí, tem que ser índio puro!‖. Existe uma produção de discursos sobre os indígenas brasileiros que chega pelos meios de comunicação massivos e pelas redes sociais. Estas produções contribuem para as formulações que a sociedade brasileira faz sobre as identidades indígenas. Por tantas particularidades, as produções audiovisuais das/e sobre as sociedades indígenas apresentam um universo bastante amplo de pesquisa. Ainda sabemos muito pouco sobre as construções discursivas que aparecem nestas produções e nem mesmo podemos afirmar que os suportes por onde são transmitidas já representam um ponto pacífico nas reflexões acadêmicas. As identidades são multifacetadas como concebe Gregolin (2008:88), não existe uma identidade fixa, completa e envolta em si como um calvário ou uma virtude. Para Foucault (2007), as identidades se apresentam como máscaras, uma paródia orquestrada por relações de poder. A pesquisa com os povos indígenas, nesta perspectiva da história genealogicamente dirigida, não deve procurar achar a raiz de uma identidade pura e estereotipada de um ―índio‖. Palavras-chave Discurso, Indígenas, Identidade 111 DOAÇÃO DE ÓVULOS, PARENTALIDADE E POLÍTICAS DA VIDA. Autor Neilza Alves Barreto Resumo O presente trabalho a ser apresentado faz parte de projeto de pesquisa do curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá, RJ. A pesquisa pretende problematizar as instituições (afetivas, histórias e sociais) presentes no discurso de mulheres que recebem óvulos de outras mulheres para fertilização In Vitro. Nos deteremos a grupos de mulheres que entraram na menopausa, período em que não há mais produção de óvulos e que desejam receber óvulos doados de mulheres mais jovens (e portanto óvulos mais jovens e capazes de serem fecundados).A força motriz para a busca de fertilização em contraposição à adoção é o fato da criança adotada ser ―um de fora‖ da relação entre o homem e a mulher que desejam o bebê, além de atravessar sentimentos narcísicos tão comum aos casais. Como ocorre a parentalidade e o conceito de ―um de dentro‖ tendo em vista que os genes da criança não é o mesmo da mãe? E mais, seria a gestação e em consequência a maternidade que passe pelo corpo algo tão fundamental para construção de vínculos parentais? Estaria ainda a mulher contemporânea atrelada simbolicamente à maternidade? Mulheres que retardaram a maternidade em função da carreira e formação acadêmica estariam em busca de novos corpos para antigos sonhos?Le Breton assinala que em algumas décadas se remodelou profundamente as representações e os usos que definiam o homem ocidental. O corpo contemporâneo está no centro da vida, mas alguns autores (Le Breton) assinalam que mesmo diante desta centralidade, o corpo tornou-se um cadáver que busca fugir da fragilidade e da morte. A tecnociência compreende o corpo humano como uma máquina imperfeita a ser aperfeiçoada continuamente, corpos pós-orgânicos. Palavras-chave Óvulos, Corpo, Parentalidade O CORPO MONSTRUOSO DO ZUMBI NO CINEMA: DISCURSO E POLÍTICAS DE VIDA Autor Renata Celina Brasil Maciel Resumo O presente trabalho se propõe a descrever e analisar os processos de constituição do corpo monstruoso do zumbi no cinema, tomando a rede de discurso e memória que o constitui, levando em consideração que a compressão da maneira pela qual esse corpo monstruoso se dá a ver no cinema evidencia discussões que podem ser inseridas no quadro de problematizações foucaultianas sobre o corpo e as políticas de vida, tendo em vista que tais discussões abordam as formas de controle e de gestão dos corpos e das vidas. Para tal, será realizado o batimento entre três filmes que serão tomados como suporte: Night of the Living Dead (1968), Dawn of the Dead (1978) e Day of the Dead (1985), todos dirigidos por George A. Romero. Para a realização deste trabalho, serão identificadas as técnicas que o cinema utiliza para produzir discursivamente esse corpo monstruoso, tomando como referência para tal os estudos de Jacques Aumont e entendendo que os recursos audiovisuais efetuam produções de sentido que demarcam o zumbi na esfera da monstruosidade, recorrendo, também, aos estudos do discurso e do corpo para a realização desta análise, entendendo que essa anormalidade apresentada dá a ver as relações de saber/poder que a constituem. Palavras-chave Corpo, Políticas de Vida, Discurso 112 CORPO, BELEZA, FAMA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE ATRIZES BRASILEIRAS EM CAPAS DA REVISTA BOA FORMA Autor Rhaysa Ricci Correa Resumo Os meios de comunicação de massa desempenham um papel a ser questionado quanto à formação de conceitos e na transmissão de valores. Pensando nisso, o objetivo deste artigo é refletir sobre o modo como a mídia impressa propaga o corpo, a beleza e a fama representados por corpos de atrizes brasileiras estampados em capas da revista Boa Forma. A partir dos postulados da Análise do Discurso Foucaultiana, bem como estudiosos brasileiros que compreendem o corpo e a constituição das representações sociais subjetivas dos sujeitos, a apresentação do corpus é exposta por meio da análise de quatro capas, de anos subsequentes, da revista Boa Forma, que servem como materialidade para se pensar o corpo ideal perante a representação midiática para com o cuidado de si. Por meio da análise da imagem, portanto, bem como a linguagem que está concomitante a ela, é possível perceber os discursos e os efeitos de sentidos que provocam no público leitor quanto à representação e propagação de conceitos de corpo feminino saudável. Palavras-chave Corpo, Discurso, Sujeito. POLÍTICAS DO CORPO NA TRANSEXUALIDADE Autor Ricardo Andrade Amaral Resumo A importância da sexualidade, para Foucault, radica em que o sexo situa-se no ponto em que se cruzam o eixo das disciplinas e o eixo da política do corpo. É esse cruzamento que o referido estudo toma como bússola para compreensão da produção discursiva sobre a transexualidade, a partir da análise do corpo. Para tanto, elegemos o curta-metragem ―Joelma‖, do diretor baiano Edson Bastos, como materialidade que, através de alguns extratos fílmicos, serviram como suporte de análise. ―Joelma‖ é um curta de ficção, baseado na história de uma das primeiras transexuais da Bahia. Uma vida marcada por conflitos, nos quais o corpo e a busca por um governo de si aparecem em primeiro plano. A disciplina e a política do corpo sobrepõem-se e superpõem-se constante e incessantemente. Entendemos a política do corpo não como algo individual, mas pelo contrário, entendemos como uma ação sobre a coletividade. Não intervém, no seu corpo, como faz o poder disciplinar; ao contrário, intervém exatamente naqueles fenômenos coletivos que podem atingir a população e afetála. No curta ―Joelma‖, temos uma prática sob o coletivo. Tais práticas se configuram em discursos que vinculam uma verdade ao sujeito. Sejam através das técnicas de confissões, de inquéritos, ou de outras, essas verdades são ―aprendidas‖. Na análise, observamos o envolvimento do sujeito Joelma num assassinato que a leva à prisão. Discursivamente, temos um corpo-sujeito transexual aprisionado e que responde a uma forma de governo que insiste na privação da liberdade. Portanto, ao fazer esse batimento entre a prisão e ao corpo transexual, estaremos diante de técnicas disciplinares e formas de governo que incidem sobre o corpo. Palavras-chave Corpo, Transexualidade, Políticas de vida 113 DESCONTINUIDADES E POLÍTICAS DO CORPO NA DANÇA: OS CONTORNOS DO CORPO NOS VIDEOS DO "GRUPO CORPO" Autor Samene Batista Pereira Santana Resumo Esse trabalho problematiza o corpo enquanto descontinuidade e observa as linhas de mudanças e rupturas sob ―o olhar‖ de uma política do corpo na dança. Tal descontinuidade é marcada por transformações históricas que sustentam uma política de vida para os corpos na dança que é considerada profissional no Brasil. Entretanto, o trabalho não trata de acompanhar a trama ideológica que torna possível um progresso linear do corpo para a dança, mas de interrogar a história a partir de suas marcas presentes, suas dispersões, limiares, descontinuidades e não sua permanência. Assim, a noção de descontinuidade é apropriada como metodologia e teoria, que é deslocada dos trabalhos sobre os usos da história na Arqueologia de Foucault, a fim de mostrar o corpo que dança. Neste trabalho, verificamos o que Foucault define como os mecanismos de sujeição do corpo como uma tecnologia. Desta forma, por meio de uma história política do corpo na dança, observa-se que o corpo do dançarino profissional está sempre sujeito a uma utilização econômica que torna possível seu funcionamento como ―força de trabalho‖ ou ainda, como ―modelo‖ para a dança profissional. Utilizamos como suporte para análise, alguns extratos de vídeos dos espetáculos do Grupo Corpo, uma companhia de dança contemporânea fundada em 1975, na cidade de Belo Horizonte, onde permanece sediada e é reconhecida mundialmente pela mídia como uma das principais e mais bem sucedidas companhias de dança contemporânea existente. A partir da análise dos vídeos, verificamos que o corpo do dançarino se produz na história por meio de um encadeamento de descontinuidades coreográficas e estéticas, bem como, se submete a tecnologias políticas. Palavras-chave Corpo,Descontinuidade, Política. SEXUALIDADE E MORAL: O CORPO NA PORNOCHANCHADA BRASILEIRA DOS ANOS 1970 Autor Tyrone Coutinho Chaves Filho Resumo As materialidades fílmicas que compõem o quadro cinematográfico da pornochanchada – gênero conhecido pela sua suposta transgressão ao apresentar temas tabus como sexo, nudez e ―linguagem imprópria‖– dos anos de 1970 apresentam, por meio de seu teor narrativo e da forma como a sexualidade é exposta, um modo de visibilidade para o corpo que, em meio às condições de possibilidade e de recepção, supõe uma espécie de contravenção moral ao exibir um tipo de entretenimento que eleva o sexo e a sexualidade dos sujeitos aos níveis tidos, a priori, como graus pejorativos da experiência do ser diante de suas possibilidades sexuais. Entretanto, em estreito contato com essas materialidades fílmicas, ao contrário do que se sugere inicialmente, verificamos que existe uma grande rede de princípios que regularizam um tipo de estatuto de funcionamento para o sujeito que é dado a ver a partir da forma como se gravita no corpo um tipo de poder que legitima ou não sua maneira de estar no mundo. Constatamos, por exemplo, em Amadas e violentadas (1976) e Escola penal de meninas violentadas (1977) que existe, um tipo de discurso que regulariza as práticas de si pelas quais o corpo deve se submeter para entrar na ordem do discurso, caso contrário, o corpo – este estilhaço da história e do discurso – sofrerá as sanções. Neste sentido, analisaremos que tipo de moral emerge das relações que há entre sexualidade, sujeito e história para alcançarmos a mobilização de um discurso que se inscreve no corpo, discurso esse que reafirma uma norma e um saber. Para tanto, utilizaremos como corpus de análise a materialidade fílmica de Pecado na sacristia, filme de 1975 dirigido por Miguel H. Borges. Palavras-chave Corpo, Sexualidade, Discurso. 114 A FOTOGRAFIA EM MOVIMENTO: GUERRA E CORPOS BIOPOLÍTICOS Autor Valéria Cristina de Oliveira Resumo O presente trabalho tem por objetivo discutir, neste simpósio, os conceitos da biopolítica na materialidade significativa da fotografia em movimento, capturada no evento: Guerra do Contestado (1912-1916), observando que, por essa tecnologia, o biopoder, representado pelo Estado brasileiro do início do século XX, produziu efeitos diversos, cujos saber-poder individualizaram e assujeitaram corpos contestados. Nesse sentido, buscamos em Foucault (2008, 2010, 2012), Kossoy ( 2007,2009), Flusser (2009), Farhi Neto (2010), Lins (2007, 2008, 2011) entre outros, bases teórico-metodológicas para questionarmos a fotografia em movimento, no documentário Olhar Contestado: desvendando códigos de um conflito (2012), como um discurso que pode legitimar o saber/poder biopolítico. A partir de uma sequência fílmica entre os minutos: 10:13 a 12:08, os corpos contestados e docilizados pelo poder jurídico-político apresentam-se como naturalizados nos discursos do deixar morrer nas práticas de rendição de guerra, produzindo efeitos de sentidos que alcançam, por esta materialidade significativa, a visibilidade na contemporaneidade. Palavras-chave Fotografia em movimento, guerra, biopolítica MATERIALIDADES PARA UM CORPO SUICIDA: RELAÇÕES DE GOVERNO E PODEREM VÍDEOS DE CURTA DURAÇÃO Autor Vilmar Prata Resumo Este trabalho aborda reflexões sob o viés da análise do discurso voltadas para o suicídio ou tentativa de suicídio flagrados em lugares públicos e capturados em vídeos de curta duração, com exposições na plataforma youtube. O objetivo é apontar, problematizar e discutir as materialidades discursivo-históricas do corpo suicida frente às formas de governo e poder estabelecidas na sociedade. São adotados como base os postulados de Michel Foucault no que tange às formas de governo e poder, imbricados às relações do sujeito suicida com outros indivíduos, apontando para a negativa de um poder político que condena o ato de se tirar a vida. Os aspectos presentes na singularidade do corpo, de suas práticas e, principalmente, de suas relações sociais, econômicas históricas e culturais lhe proporciona autenticidade e autonomia, conforme a imposição de suas aceitações e negações, diante do que o corpo social vigente lhe imputa como regra. Nessa linha, destacamos o conceito foucaultiano de que não existe ‗o Poder‘ propriamente dito, o que há são relações dadas em intersecção e intercambio com esse poder. Compreendendo o corpo nessa perspectiva é que podemos visualizá-lo como instrumento de força ou submissão, a depender de cada sujeito e sua relação com os outros. Por fim, para o desenvolvimento deste trabalho serão elencadas duas questões primordiais: Que elementos corporais se evidenciam nas relações de poder entre o sujeito suicida e os outros indivíduos presentes nesta prática? Quais materialidades emergem do corpo diante do governo social que dita as regras gerenciais de sobrevivência? Palavras-chave CORPO, SUJEITO SUICIDA, GOVERNO 115 AUTOMUTILAÇÃO E POLÍTICAS DE VIDA EM VIDEOS DA INTERNETE: NO CORPO, SEUS CORTES E DISCURSOS Autor Vinicius Lemos da Silva Reis Resumo O presente trabalho visa observar, analisar e problematizar as práticas de automutilação que circulam na internete, especificamente, a modalidade caracterizada como cutting, que consiste em utilizar materiais cortantes e pontiagudos para provocar lesões (cortes) sobre o próprio corpo. Os questionamentos e problematizações inerentes ao trabalho serão abordados a partir dos posicionamentos teóricos sobre o corpo, discurso e políticas de vida, construídos sob a luz dos postulados de Michel Foucault, levando-os a dialogar com teorizações em torno da materialidade audiovisual, tendo em vista que o corpus levantado para dar base e ser analisado na pesquisa é composto por vídeos encontrados no site www.heavy-r.com que expõem sujeitos anônimos cortando e filmando a si mesmos. Objetivamos com este trabalhado evidenciar como a constituição do corpo e seus discursos, em vídeos de automutilação, estão a serviço de políticas que gerenciam a vida. Para esta tarefa, tomaremos metodologicamente, a busca por regularidades discursivas e repetições nos vídeos, a partir de batimentos entre as unidades do corpus, alçando indícios sobre as nossas inquietações teóricas e como os recursos de produção do audiovisual podem materializar os discursos sobre o corpo e políticas de vida. Palavras-chave Automutilação, Corpo, Políticas de Vida 116 SIMPÓSIO 16 – Discurso, texto e circulação de sentidos Coordenadores: Sonia Lopes Benites (UEM) e Júlia Maria Costa de Almeida (UFES) ENQUADRAMENTOS INTERPRETATIVOS DOS ENUNCIADOS DESTACADOS DO/NO DISCURSO DE AUTOAJUDA Autor Anna Flora Brunelli Resumo Como observa Maingueneau (2014), na sociedade, circula um grande número de enunciados que podem ser designados pelo termo vago de fórmulas. Trata-se de enunciados curtos, cujo significante e significado são considerados no interior de uma enunciação pregnante que facilita a sua memorização e, consequentemente, sua circulação. Muitos desses enunciados foram extraídos, quer dizer, destacados de textos. Na verdade, a aforização não resulta necessariamente do destacamento de um fragmento de texto seguido de sua inserção em um novo texto, pois, além das aforizações desse tipo, há um grande número de aforizações primárias, tais como os provérbios e os slogans. Ainda segundo Maingueneau, a atividade interpretativa é muito solicitada pela aforização, uma vez que o enunciado destacado só tem o contexto do texto em que se apresenta. Mais exatamente, conforme observa o autor, quando lidamos com aforizações destacadas ―por natureza‖, a construção do sentido se efetua com base em instruções incorporadas à aforização, mas, no caso das aforizações destacadas de um texto, que não formam um conjunto homogêneo, a interpretação do enunciado depende do tipo de enquadramento a que o destinatário submete a aforização, a fim de concluir seu tratamento interpretativo. Diante do exposto, neste trabalho, vamos analisar enunciados destacados (aforizações) do/no discurso de autoajuda, procurando identificar o(s) enquadramento(s) a que podem ser atribuídos, os fatores que favorecem essa(s) associação(ões) e os efeitos de sentido dela(s) decorrentes. Palavras-chave Aforização, Enquadramento Interpretativo, Discurso de Autoajuda. O DISCURSO DA CIÊNCIA E A (DES)CONSTRUÇÃO DE UM OBJETO DE VALOR: AS PLANTAS MEDICINAIS Autor Carla Andreia Schneider Coautor RITA DE CASSIA PACHECO LIMBERTI Resumo As inserções nas mídias dos textos de divulgação dos resultados das pesquisas com as plantas medicinais para explicar o seu potencial terapêutico ou de seus princípios ativos foram intensificadas nas últimas décadas, cuja seleção das espécies para estudo baseia-se na indicação de grupos populacionais específicos em determinados contextos de uso (etnodirigida). Considerando essa modificação da significação das plantas medicinais no código social, este estudo objetiva realizar uma análise sobre a (re)construção das plantas medicinais enquanto objeto de valor, a partir do interesse depositado nelas como lugar de investimento dos valores e respectiva manipulação, verificando, assim, a circulação dos sentidos atribuídos a elas. A teoria norteadora é a Semiótica Greimasiana, especificamente o esquema de programação elaborado por Greimas em seu artigo ―La soupe au ―pistou‖ou la construction d'un object de valeur" (1983), e o objeto de análise é o texto ―Cicatricure ge (GENOMALAB BRASIL, 2011) por possuir em sua estrutura os procedimentos de qualificação/valorização das plantas medicinais. O estudo mostra que os efeitos terapêuticos das plantas medicinais (que em algum momento perderam sua credibilidade), valorizam-se no texto ―Cicatricure Gel‖: seu valor retomado enquanto conhecimento do senso comum (opinião) é enriquecido pelo cunho científico que lhe é conferido, atribuindo dupla credibilidade. Este processo, demarcado pela cultura, pelo contexto sócio-histórico, constitui-se uma reconstrução, um novo investimento de valor, no qual as plantas medicinais sofrem novas determinações dos sujeitos envolvidos, ocorrendo um deslocamento de sentidos. Palavras-chave Discurso, Mídias, Plantas Medicinais. 117 A SALVAÇÃO DO MUNDO: BREVE ANÁLISE DE UMA FÓRMULA Autor Daiane Rodrigues de Oliveira Bitencourt Resumo Tendo em vista que a análise de uma fórmula pode ser a entrada produtiva para análise de um corpus, o objetivo deste trabalho é analisar a circulação da expressão ―a salvação do mundo‖ a partir da noção de fórmula proposta por KriegPlanque (2010). Para a autora, para que uma determinada sequência possa ser caracterizada como fórmula, é necessário que possua quatro propriedades, a saber: ter um caráter cristalizado, inscrever-se numa dimensão discursiva, funcionar como um referente social e comportar um aspecto polêmico. A expressão ―a salvação do mundo‖ comporta um caráter polêmico, uma vez que permite uma série de perguntas como: ―Quem salvará o mundo?‖, ―O que é mundo?‖, ―O que é salvar?‖ e ainda ―Salvar o mundo de quê?‖. A análise mostra que, a partir da resposta dada a tais perguntas, essa expressão pode funcionar em diferentes domínios discursivos. No domínio da ecologia, a fórmula funciona como sinônimo de ―salvação do planeta‖, relacionando-se a questões ambientais e de sustentabilidade. Na política, estabelece relações com políticas imperialistas e pode ser sinônimo de ―salvar a democracia‖. Já no domínio religioso, é possível explorar diferentes sentidos da fórmula dentro do cristianismo, contrapondo o posicionamento católico ao protestante. Discutindo essas questões, este trabalho busca realizar um breve levantamento da ocorrência da expressão em diferentes textos, a fim de verificar, portanto, a possibilidade de caracterizá-la como fórmula. Palavras-chave Análise do discurso, Fórmula, Memória. REFLEXÕES ACERCA DO HIPERENUNCIADOR E O SISTEMA DE PARTICITAÇÃO NA MÍDIA CONTEMPORÂNEA Autor Daiany Bonácio Resumo O presente trabalho tem por objetivo discorrer sobre novas ferramentas conceituais que chegam para o analista do discurso operar com os enunciados curtos os quais vemos emergir na mídia contemporânea. Estamos falando das noções de hiperenunciador e de particitação desenvolvidas por Dominique Maingueneau em seus estudos recentes. Os referidos conceitos abordam a ação de destacar enunciados de textos particulares e fazê-los circular em diferentes contextos e gêneros. A noção de particitação vem para dar conta da citação de enunciados sem a menção de seus autores, porque o locutor acredita que a comunidade compartilhe daquilo que está se fazendo memória, o chamado Thesaurus Cultural. Segundo Maingueneau (2008) a particitação é um sistema de citação singular que difere daquela citação prototípica que geralmente conhecemos quando falamos de discurso citado. No discurso citado, geralmente vemos o corte de um fragmento realizado de um texto e que foi inserido em outra situação de comunicação. Nessa ação, mantém-se uma distância entre o discurso citado e o discurso que cita o fragmento. Ademais, a fonte do fragmento citado é explicitada. Já na particitação, ―o locutor estabelece um desnível entre si mesmo e uma segunda instância de enunciação que o domina.‖ (MAINGUENEAU, 2011, p. 43). Como as particitações levam consigo pontos de vistas diferentes, surge a figura do hiperenunciador para conjugar o ponto de vista do enunciado destacado com a enunciação que ele está sendo inserido. Para exemplificar as referidas ferramentas conceituais, utilizaremos enunciados destacados de textos midiáticos e os ensinamentos do pesquisador francês Dominique Maingueneau. Palavras-chave Hiperenunciador, Particitação, Enunciados Destacados 118 O FUNCIONAMENTO IDEOLÓGICO NA PRODUÇÃO/CIRCULAÇÃO DOS EFEITOS DE SENTIDO Autor Dayane Caroline Pereira Coautor Rosemeri Passos Baltazar Machado Resumo O processo de produção e circulação dos sentidos está diretamente ligado ao sujeito do discurso e, consequentemente, aos aspectos que o constitui, como por exemplo, a língua, o sócio-histórico, a ideologia, entre outros. Com o respaldo da Análise do Discurso (orientação francesa), esse trabalho visa apreender como os sentidos são proferidos, como nos inscrevemos no mundo e como nos constituímos enquanto sujeitos por meio da linguagem. Além disso, pretendemos entender a forma como a ideologia é materializada no processo de produção e circulação dos sentidos, levando em conta, obviamente, o fato de que todo discurso possui sujeito e todo sujeito é ideológico por natureza. Foi selecionada uma tira do designer Carlos Ruas, cuja abordagem é sempre relacionada a aspectos ligados à religião e escolhidos alguns comentários de internautas a respeito dela como corpus para análise. Nesse sentido, não nos atentaremos ao ―o que‖, mas sim ―ao como‖ é dito, pois, dessa forma, acreditamos ser possível compreender pelo menos parte dos processos ideológicos envolvidos na constituição dos sentidos. Esse artigo está vinculado ao projeto de pesquisa intitulado ―PAD - Pesquisas em Análise do Discurso: o processo de significação em diversos gêneros‖, coordenado pela professora Rosemeri Passos Baltazar Machado, na Universidade Estadual de Londrina, cujo principal objetivo é analisar, nos mais variados gêneros, os processos de produção e apreensão dos efeitos de sentido e sua relação com os sujeitos do discurso. Palavras-chave Sujeito, Ideologia, Efeitos de Sentido. CONSCIÊNCIA NEGRA: GÊNESE DE UMA FÓRMULA DISCURSIVA Autor Helio de Oliveira Resumo Inserido numa pesquisa que mobiliza a noção de fórmula discursiva (KRIEG-PLANQUE, 2010, 2011) e que investiga as ocorrências de ―consciência negra‖ no espaço social brasileiro contemporâneo, o trabalho aqui apresentado se detém na análise da gênese discursiva da fórmula em questão. De acordo com Krieg-Planque (2010, p. 82), não raro a palavra ou sintagma preexiste a sua chegada à condição de fórmula. Assim, o analista não deve buscar uma nova forma, mas usos particulares por meio dos quais o sintagma assume um estatuto especial e passa a funcionar de maneira peculiar aos usos anteriores, por exemplo, começa a ser (re)definido, discutido, recusado e reformulado por parte dos atores sociais. No traçado desse caminho, a fórmula vai estabelecendo, no âmbito do interdiscurso, relações de polêmica ou aliança que são constitutivas de sua própria identidade e dos discursos nos quais se insere. No caso de ―consciência negra‖, a origem desse composto parece incerta: alguns textos apontam para as ocorrências de ―black consciousness‖ na África do Sul, anos 70/80, durante o apartheid. Outros, de acordo com os excertos do corpus, defendem que é um sintagma legitimamente brasileiro, uma vez que aparece em textos de um grupo de militantes contra o racismo no Rio Grande do Sul, no final dos anos sessenta – portanto, anterior ao ápice do apartheid. Além disso, o ―dia da consciência negra‖ (20 de novembro) surge como uma forma de oposição ao 13 de maio, data da abolição da escravatura no Brasil, esta última descrita como ―mentira histórica‖, ―propaganda política que favoreceu as elites‖ e ―fruto da benevolência de uma princesa branca‖. Palavras-chave Fórmula discursiva, Polêmica, Racismo 119 PROCESSOS DE AUTORIA NAS PROVAS DO ENEM Autor Joseilda Martins de Jesus Resumo Tomando como base teórica a Análise do Discurso de Linha Francesa Pecheutiana, a pesquisa intitulada: Processos de autoria nas provas do ENEM, tem como objetivo analisar os processos pelo qual os sujeitos-candidatos se constituem como autores nas provas do ENEM, verificando se há um controle da produção da autoria a partir dos textos motivadores, que se caracterizam como textos que apresentam um conjunto de informações com a temática proposta, servindo como motivadores para que o aluno elabore seu próprio texto. Desta maneira pretende-se discutir a constituição do sujeito-autor nestas provas, e analisar se os textos motivadores direcionam ou não o processo de autoria. Para o desenvolvimento desta pesquisa utiliza-se como corpus as propostas de redações do ENEM de 2010 a 2013, bem como duas redações com nota 1000, que dentro dos parâmetros avaliativos apresenta os melhores quesitos no que se refere aos objetivos estipulados pelo processo. Visto que o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) se tornou a partir de 2009 um importante mecanismo de seleção para o ingresso no ensino superior em algumas instituições públicas e privadas., entendemos que é de suma importância se fazer um estudo acerca de como se dão os processos de construção da autoria, levando em conta a observação do modo de funcionamento dos textos motivadores das redações. A análise dos dados se dará segundo a proposta da Análise do Discurso de Linha Francesa (ADLF), tomando o texto como materialidade e buscando ver nele a sua discursividade, visando assim observar se há a repetição de sentidos veiculados nos textos motivadores ou se há abertura para a polissemia, com sentidos outros não trazidos nesses textos, o Palavras-chave Autoria, Textos Motivadores, Formação discursiva. SOBRE ―VIRALATISMO‖ E ―PESSIMISMO‖: O DISCURSO DA INFERIORIDADE VOLUNTÁRIA DO BRASILEIRO NO ENTORNO DA COPA DE 2014 Autor Júlia Maria Costa de Almeida Resumo O entorno discursivo da Copa do Mundo no Brasil traz às mídias as expressões ―complexo de vira-latas‖, ―viralatismo‖, ―viralatice‖ e a discussão sobre a capacidade dos brasileiros no âmbito da organização desse evento. Partindo de um corpus de textos da Folha de São Paulo e outras mídias no período do evento, pretendemos analisar a reaparição do discurso da inferioridade voluntária do brasileiro e a circulação de termos (―pessimismo‖, ―péssimo‖) que lhe parecem associados. Embora não tivéssemos de saída a pretensão de apreender essas expressões como fórmulas, no sentido de Faye/KriegPlanque, isto é, como formulações que se tornam passagens obrigatórias em relação às quais os locutores são constrangidos a tomar posições e a fazê-las circular (KRIEG-PLANQUE, 2011), a ambientação conceitual dessa noção nos serviu como aporte fundamental. Examinando a circulação dessas expressões no período de realização da Copa do Mundo de 2014, percebe-se que o debate recente sobre o complexo de vira-latas retorna fortemente marcado por polarizações entre grupos políticos e sociais, como objeto de polêmica, ficando seu uso crítico restrito a alguns enunciadores políticos e comentaristas em blogs e sites online, cabendo à grande mídia replicar o ―clima de pessimismo‖ e seu léxico, sem incorporar a crítica que foi levantada contra ela sobre seu papel na difusão do sentimento de inferiorização do brasileiro. Palavras-chave Discurso, Fórmula, Complexo de vira-lata 120 O EFEITO DAS PÁGINAS DO FACEBOOK NO DISCURSO POLÍTICO-ELEITORAL Autor Lafayette Batista Melo Resumo Este trabalho trata da circulação de sentidos a partir da rede social Facebook por meio do discurso político-eleitoral. O objetivo é investigar sentidos produzidos a partir de páginas do Facebook com base em conceitos da análise do discurso francesa (ethos, gênero discursivo e aforização) e com ênfase no suporte material da interface. Como amostra para a investigação, parte-se das atividades realizadas nas páginas do Facebook dos dois principais candidatos à presidência do Brasil no ano de 2014. A pesquisa demonstra como é constituído um corpus linguístico-discursivo com a ajuda de ferramentas e estratégias de busca específicas, tomando um evento discursivo específico (a discussão após a eleição) associado a seções próprias da interface (timeline, perfil, imagens, etc.). Conclui-se que as postagens convergem para evidenciar ditos de vários acontecimentos, dispersos na internet e na mídia em geral. Isso faz com que: 1) o ethos mostrado seja sempre atravessado por um ethos discursivo, procurando fugir da imagem de si que é discursivizada na página do oponente; 2) os gêneros discursivos percam realce em favorecimento da cenografia pelo fato de a página do Facebook ter uma estrutura dinâmica; e 3) a circulação de pequenas frases seja um recurso cada vez mais elaborado – tanto quanto seções de imagens e vídeos integradas às pequenas frases – para definir uma posição política, contrária a da outra página. Tal fato mostra que a língua e os registros na interface em conjunto são marcadores discursivos fundamentais e se inserem em um momento histórico no qual a tecnologia pode reformatar o discurso político que também é reformatado pelas redes sociais em um ciclo contínuo. Palavras-chave Facebook, Gêneros discursivos, Aforização SAUSSURE - ENTRE O PODER ACADÊMICO E O SABER CIENTÍFICO Autor Leonard Christy Souza Costa Resumo Este trabalho se propõe a examinar a fundação da linguística moderna por Ferdinand de Saussure (1857-1913) através de um olhar foucaldiano. As perguntas de pesquisa que norteiam o presente trabalho são: quais são as táticas de poder utilizadas para o discurso Saussureano ser considerado o fundador da linguística no século XX? Quais são os procedimentos de controle discursivo que cristalizam a fala de Saussure como fundamental para o surgimento do linguista moderno? O percurso para se responder a tais perguntas passam por uma revisão teórica dos trabalhos de Michel Foucault. Os conceitos de poder, saber e subjetividade são o guia através do qual as respostas são elaboradas. O poder acadêmico, o saber científico e as epistemologias, com especial atenção para o estruturalismo, são os delineamentos que servem de reflexão para a constituição da subjetividade do linguista moderno. A (falta de) parresía é, de acordo com a presente análise, a pedra angular que sustenta a compreensão do linguista como O cientista da linguagem em nosso tempo. A forma como o linguista constrói as verdades científicas sobre a língua pode ser melhor compreendida quando linguistas do tempo presente respondem a perguntas como: a linguística é ciência? Para que serve a linguística? E o que é linguística? Perguntas que, mutatis mutandis, estavam na reflexão Saussureana pouco mais de um século atrás. Refletir sobre a construção da subjetividade do linguista como um produto do poder acadêmico, inserido no viés de um saber científico é o objetivo primaz do presente trabalho que se articula como uma análise discursiva fundamentada nos princípios estabelecidos por Michel Foucault. Palavras-chave Discurso, Poder Acadêmico, Saussure. 121 DISCURSO BÍBLICO: O ARROSTAMENTO DE DUAS FORMAÇÕES DISCURSIVAS DISTINTAS Autor Luana Cimatti Zago Resumo Este trabalho constitui um gesto de leitura sobre um conjunto de textos bíblicos registrados no Antigo e no Novo Testamento, por meio dos quais promovemos o arrostamento de duas formações discursivas (FDs) distintas, uma relativa ao discurso dos judeus, outra ao discurso de Jesus Cristo. Objetivamos identificar as relações polêmicas, bem como os pontos de intersecção entre as FDs, tendo em vista contradições ideológicas que, concomitantemente, as unem e dividem. O conceito de FD com o qual trabalhamos parte de Pêcheux e ancora-se em Courtine (2006, 2009), que a vê como uma unidade dividida em si mesma e assombrada por seus antagonistas. Tanto os enunciados atribuídos aos judeus quanto os atribuídos a Jesus Cristo constituem-se a partir do reagrupamento de já-ditos que se apoiam em tradições discursivas distintas. O discurso de Jesus Cristo figura como o antagonista assombrador da FD judaica. Esse antagonismo dá-se principalmente pelas diferentes ―formas-sujeito messiânicas‖ apresentadas pelas FDs. Enquanto o Messias da FD judaica apresenta-se acentuadamente político-terreno, com a função de aniquilar os inimigos, o Messias da FD cristã apresenta-se transcendente, com a missão de trazer perdão de pecados. A análise demonstra que o discurso do sujeito da FD cristã, tendo assumido uma posição-sujeito divina, figura como o que não pode e não deve ser dito na FD judaica. A homogeneidade entre as duas FDs pode ser constatada na repetibilidade de elementos do discurso religioso e na memória discursiva; a heterogeneidade, por sua vez, dá-se tanto em termos de contraste entre o material e o transcendente, o terreno e o celestial, como também em termos de afrontamento ideológico. Palavras-chave Formação Discursiva, Homogeneidade, Heterogeneidade REFLEXÕES EM TORNO DO SUJEITO DISCURSIVO NA CANÇÃO "O MEU GURI" Autor Maria Irenilce Rodrigues Barros Resumo Este estudo objetiva analisar a canção "O meu guri", de Chico Buarque, levando em consideração os lugares ocupados pelos sujeitos, nos discursos existentes na tessitura enunciativa, e também os efeitos de sentido que se constroem, tendo em vista as questões políticas da época de sua produção. Teórica e metodologicamente, esse estudo fundamenta-se na Análise do Discurso de linha francesa, que fornecerá os subsídios norteadores da análise. A partir das reflexões propostas, o sujeito será compreendido como, sócio-historicamente, constituído pelos discursos que se enredam, pelas vozes que se contradizem e divergem, por agrupamentos de dizerem que o compõem. Ressalta-se, pois, que o sujeito não é o centro de seu dizer; ele não domina e nem detém o sentido do que diz. Assim, escapa-lhe, pelo discurso - e é reverberado pela história - o controle, restando-lhe apenas a ilusão do domínio de si e daquilo que diz. A materialidade linguística selecionada autoriza ponderar que, atravessado pela divagação entre o poder e o saber, o sujeito encontra-se em constante relutância consigo e com o outro, na ordem de sua incompletude, do seu desejo, da insaciedade e da contradição. Isso ocorre de forma movente, fluida, em uma atividade, eminentemente, de (des)aparecer do sujeito discursivo. Já os efeitos de sentido vão se construindo e se apresentando no permanente exercício da falta, do desejo, da inquietação, em um jogo simultâneo de desprender-se e atar-se na teia discursiva, ao que escapa, mas também permite interpretar. Palavras-chave Discurso, Sujeito, Sentido. 122 LUGARES DE IDENTIFICAÇÃO DO POVO KINIKINAU Autor Nair Cristina Carlos de Medeiros Resumo Este trabalho se propõe a problematizar como a produção das identidades do povo kinikanau se manifesta na carta do Povo Kinikinau, elaborada por ocasião da 1ª Assembleia do Povo Kinikinau, ocorrida na Aldeia Cabeceira, terra indígena Nioaque, no período de 06 a 09 de novembro de 2014 e em comentários de professores indígenas à respeito desta mesma carta. Os Kinikinau são um subgrupo Chané (Guaná). A maior parte da população Kinikinau encontra-se na aldeia São João, a 75 km da cidade de Bonito - Mato Grosso do Sul, região Centro Oeste do Brasil. A terra em que moram, cuidam da pecuária e da agricultura pertence aos índios Kadiwéu (Guaicuru). A partir das regularidades enunciativas e das dispersões constitutivas do discurso, interessa-nos examinar as formações discursivas e os efeitos de sentido possíveis que atravessam a memória discursiva do povo kinikinau inscritas na materialidade linguística deste documento a partir da construção discursiva da referência de ‗índio‘, de ‗nós‘ , ‗território‘ e ‗terra‘, observada, sobretudo, pelo processo de denominação/determinação. O referencial teórico compreende conceitos da Análise do Discurso de origem francesa propostos por Foucault (1995 [1969], 1996 [1970]) , Coracini (2003, 2007) , Orlandi (2005, 1997) . Palavras-chave Análise do Discurso, Identificação, Povo Kinikinau JORNALISMO E DOENÇAS NEGLIGENCIADAS: AS SIMILARIDADES E DISTINÇÕES ENTRE DENGUE E FEBRE CHIKUNGUNYA NOS DISCURSOS DOS JORNAIS MEIO NORTE, O DIA, O GLOBO E FOLHA DE S. PAULO Autor Nayana Duarte da Silva Resumo Este artigo apresenta uma análise de discursos sobre a Dengue e Febre Chikungunya em um corpus de jornais. A pesquisa se insere no projeto de Mestrado (em andamento) em Divulgação Científica e Cultural (IEL, Labjor/ Nudecri/Unicamp) - ― Jornalismo e Saúde: a produção de sentidos sobre a dengue nos jornais Meio Norte, O Dia, O Globo e Folha de S. Paulo‖, em que se procura compreender como os discursos estão presentes nos jornais através das citações e como se dão as inversão ―no falar‖ da dengue e febre chinkungunya. Como corpus comum do projeto foram reunidos textos de jornais coletados durante o ano de 2014. Deste material selecionamos 11 notícias que tratavam de questões relacionadas à dengue e a febre chikungunya assuntos analisados neste artigo, que utiliza como metodologia a Análise de Discursos proposta por Pechêux e Orlandi. Não saindo do lugar da comunicação e do jornalismo, o artigo mobilizará alguns conceitos da Análise de Discursos para perceber como os discursos, termos especificos, jargões estão presentes no corpus através do discurso científico, falado, didático representados na cena discursiva. Palavras-chave Análise de Discursos, Dengue, Febre Chikungunya 123 A CIRCULAÇÃO DE ―APOCALIPSE‖ PARA ALÉM DO CAMPO RELIGIOSO: UMA POSSÍVEL FÓRMULA Autor Paulo Henrique Silva Resumo As fórmulas discursivas propostas por Krieg-Planque (2010, 2011) têm sido descritas como uma produtiva entrada para corpora de pesquisa (MAINGUENEAU, 2009; POSSENTI, 2010) na medida em que elas permitem reunir materiais diversos em torno de um tema polêmico. Embasando-se na noção de fórmula, esta comunicação faz parte de uma pesquisa em fase inicial de desenvolvimento que investiga a circulação de termos e sintagmas relacionados à ideia de ―fim do mundo‖ em suas diferentes acepções, por exemplo, ―apocalipse‖ e ―armagedom‖. Explora-se a circulação dessas formulações por diferentes campos discursivos na tentativa de identificar traços característicos das fórmulas, tais como descritos pela autora citada. Um desses traços é o funcionamento como referente social (aliado a um caráter polêmico). Alguns exemplos desse aspecto foram encontrados em pequenas frases, slogans, notícias, charges, anúncios publicitários e outros textos. As ocorrências dizem respeito a formulações como ―apocalipse fiscal‖, ―apocalipse cultural‖, ―apocalipse do texto‖ etc. Às vezes, a formulação é restrita a um universo particular, bastante subjetivo, como o vilarejo descrito na obra ―O vale do fim do mundo‖ (LENARD, 2013). Em outros casos, representa uma dimensão bem mais abrangente, como a inteira ordem mundial criticada em ―Vivendo no fim dos tempos‖ (ZIZEK, 2012). Nesse primeiro momento de coleta de material e organização do corpus, interessa saber se ―apocalipse‖ (e suas variantes) corresponderia a uma fórmula, no sentido de Krieg-Planque, ou seria uma espécie de chave, tal como proposto por Maingueneau (2014)? Palavras-chave Fórmula Discursiva, Polêmica, Apocalipse. O WEBLOG COMO LUGAR DE RESISTÊNCIA Autor Renata Adriana de Souza Resumo A Internet é parte constitutiva da vida do sujeito na sociedade contemporânea. O uso dessa ferramenta não se reduz apenas ao digital, as relações entre os sujeitos se movimentam do virtual para o social e vice-versa, fato que pode ser observado a partir das diversas formas de atuação e materialização de diferenças nas diversas áreas sociais. Temos consolidado um novo espaço de disputa por sentidos resultantes de uma multiplicidade de posições existentes e postas em circulação que têm afrontado a ordem pré-estabelecida, fazendo com que dizeres silenciados fossem ouvidos por um número considerável de sujeitos. Isso acrescenta uma outra característica ao ciberespaço, a possibilidade de resistência a posições dominantes. Muitos grupos se apropriam do ciberespaço para formar e fortalecer movimentos e lutar contra tais posições dominantes que fazem circular sentidos também dominantes e se materializam como lugares de interpelação/identificação para os sujeitos. Inseridos nesse movimento, encontram-se os weblogs, veículos que têm sido utilizados para a produção e circulação de discursos de protestos. É esse fato que nos interessa discutir, a utilização do blog como forma de resistência. Para isso, selecionamos um caso específico, a discussão sobre liberdade de expressão no Brasil, mais especificamente, nosso objetivo é analisar o funcionamento do enunciado liberdade de expressão em blogs progressistas. Palavras-chave análise do discurso, circulação, weblog 124 ANÁLISE DE UM CARDÁPIO DE RESTAURANTE: O JOGO DISCURSIVO DE ELEMENTOS PERSUASIVONOSTÁLGICOS E DA TRADIÇÃO Autor Richarles Souza de Carvalho Resumo O presente trabalho, situado no campo da Análise do Discurso, tem como principal objetivo investigar recursos verbais e imagéticos constituintes de um cardápio de uma rede de restaurantes de fast-food. Tais recursos compõem textos multissemióticos que se valem de elementos persuasivos, característicos do campo publicitário. Dentre os textos que compõem meu referencial teórico, destaco ao menos um de cada campo: i) publicidade: Meneguin (2009); ii) Análise do discurso: Maingueneau (1998); memória: Halbwachs (2002) e no que diz respeito à constituição discursiva por meio de elementos não verbais, Barthes (1990). Para a análise foi selecionado um cardápio de 35 páginas da rede de restaurantes Kharina. A tipografia empregada na descrição dos produtos, as cores utilizadas, e algumas imagens propriamente ditas, foram levadas em consideração, pois no gênero analisado, são elementos que remetem ao passado. Portanto, tais elementos foram classificados como persuasivo-nostálgicos. Também fazem parte do corpus alguns enunciados verbais: ―Old is cool‖ (trocadilho com ―Old school‖), ―Um tempo feito pra acontecer de novo‖, entre outros. Os resultados preliminares da análise (esse trabalho é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento) sugerem que: diferentes semioses verbais e não verbais que constituem o cardápio analisado qualificam os produtos oferecidos pelo restaurante; tais quais outros exemplos na publicidade contemporânea, diversos elementos persuasivo-nostálgicos são colocados em jogo para a valorização de determinados produtos, ajudando na construção de um discurso da tradição, no caso desse trabalho, uma tradição gastronômica. Palavras-chave Análise do discurso, Publicidade, Tradição. COMUNICAÇÃO POLÍTICA, FRASES SEM TEXTO & FÓRMULAS DISCURSIVAS: ALGUMAS QUESTÕES ANALÍTICAS Autor Roberto Leiser Baronas Resumo Comunicação política, frases sem texto & fórmulas discursivas: algumas questões analíticas Nesta comunicação, com base na proposta de uma análise discursiva da comunicação, concebida por Alice Krieg-Planque (2006; 2009 e 2011) e na teoria das frases sem texto, perscrutada por Dominique Maingueneau (2010; 2011; 2012 e 2014), buscamos compreender o funcionamento discursivo da comunicação política brasileira. Para tanto, frequentamos um arquivo constituído por um conjunto de matérias e posts que dizem as eleições presidenciais brasileiras, no período de abril a outubro de 2014 e que foram dados a circular em diferentes plataformas discursivas e referem-se aos três principais candidatos a presidente do Brasil: Dilma Rousseff; Aécio Neves e Eduardo Campos. Num primeiro momento, procurando compreender a comunicação política de um ponto de vista discursivo, mobilizamos bases linguísticas e discursivas, por intermédio das quais são postas à luz a capacidade dos enunciados de serem destacados e entrarem em circulação nas diferentes plataformas midiáticas eleitas para a análise. Num segundo momento, após elencarmos as pequenas frases com maior circulação nos textos e plataformas eleitas, perseguindo seus diferentes percursos de retomada ou transformação, discorremos sobre as características linguístico-discursivas que favoreceram a retomada, a transformação e a circulação dessas pequenas frases destacadas em diferentes ambientes. Em conclusão, discutimos os diferentes acontecimentos discursivos que foram engendrados pela retomada, transformação e circulação dessas pequenas frases durante as eleições presidenciais brasileiras de 2014. Palavras-chave Comunicação política, Aforização, Discurso 125 SER OU NÃO, EIS A QUESTÃO Autor SIRIO POSSENTI Resumo ―Je suis Charlie‖ foi certamente a pequena frase / fórmula mais ―acontecimental‖ dos últimos tempos. A fórmula significou expressão de solidariedade aos humoristas do ―Charlie Hebdo‖, atacados e mortos no local de trabalho. Logo foi transformada em súmula ideológica, resumindo posições implicadas, embora não necessariamente ―sinônimas‖: civilização, liberdade de pensamento e de expressão. As teses, que pareciam óbvias, logo foram contestadas, basicamente de duas maneiras, representadas por duas variantes da fórmula original: ―Je suis Charlie, mas...‖ e ―Je suis XXX‖. ―Je suis Charlie, mas‖, resume o discurso de adesão aos princípios democráticos, mas (a) faz restrições ao trabalho do jornal; e/ou (b) apresenta explicações para comportamentos ou teses contrárias a essa posição (ou contra os jornalistas). ―Je suis XX‖, por sua vez, representa outras posições, resumidamente, de ―solidariedade aos islâmicos‖. Ocorrerem, por exemplo, ―Je suis Coulibaly‖ e ―Je suis Mohamed‖, em lugares e circunstâncias diferentes. Este trabalho apresenta sumariamente estes três ―posicionamentos‖, que mostram: (i) que fórmulas são polêmicas, como já se tornou sabido, sendo esta, aliás, exatamente uma das características da fórmula; (ii) que há discursos internamente heterogêneos, isto é, que consideram, eventualmente, no mesmo ―texto‖ o ponto de vista do Outro; (iii) que há discursos que excluem a heterogeneidade, exceto pelos simulacros. A hipótese é que os discursos ―heterogêneos‖ são análises e explicações e que os discursos ―homogêneos‖ são de militância. O corpus é coletado na imprensa brasileira. Palavras-chave fórmula, posicionamentos, heterogeneidade A REPRESENTAÇÃO DA INDISCIPLINA NO DISCURSO DO PROFESSOR E SEUS MOVIMENTOS IDENTITÁRIOS NA ERA DIGITAL Autor Solange Almeida de Medeiros Resumo Esta pesquisa tem como objetivo problematizar a possível relação existente entre as novas tecnologias de informação e a indisciplina na escola, a partir de discursos de professores de Língua Portuguesa, bem como analisar as representações da indisciplina, a construção identitária do sujeito professor e a concepção de novas tecnologias que permeiam esses discursos. A base teórica da pesquisa traz a Análise do Discurso (AD) de linha francesa, a partir de Pechêux (1988), Coracini (2007), Foucault (1987), entre outros. Para isso, mobilizamos o método arqueogenealógico apresentado por Foucault, com o objetivo de estudar, no corpus de análise, o modo como aparecem os discursos dos professores em questão. A análise possibilitou compreender que as novas tecnologias na escola e a indisciplina surgem no ambiente escolar cada vez com mais força e que o comportamento dos alunos é fortemente influenciado pela ideologia da globalização, que produz indivíduos imersos nos meios tecnológicos, modificando dessa forma o modo de agir, de ver, de perceber o mundo e, consequentemente, o aprendizado. Resultados preliminares mostram que as relações de saber/poder, presentes nos discursos do sujeito professor, reforçam o discurso regulado pela globalização, que impõe a esse sujeito uma situação de incompletude, por ―excluí-lo‖ pelos meios tecnológicos inseridos no ambiente escolar. O Estado, assim, promove um controle do poder sobre o saber do sujeito professor, ao impor determinadas políticas educacionais que devem ser seguidas. Palavras-chave Indisciplina, Identidade, Novas tecnologias 126 SIMPÓSIO 17 – Discurso, arte e cultura Coordenadores: Renata Marcelle Lara (UEM) e Nádia Régia Maffi Neckel (Unisul) DISCURSO, IMAGEM E REPRESENTAÇÃO DO HOMEM EM POEMAS DE EUGÊNIO DE ANDRADE Autor Amanda Aparecida Rodrigueiro Resumo O presente estudo objetiva discutir a relação entre discurso e imagem presentes na poética de Eugênio de Andrade, por meio da leitura de alguns poemas e o diálogo desses com telas de pintores contemporâneos. Atentando para a representação do homem por meio do discurso poético altamente imagístico de Andrade, o que permite não só vislumbrar imagens do homem em sua plenitude, mas também promover o diálogo com o discurso pictórico. Para a discussão desses discursos artísticos buscou-se conceitos importantes acerca das teorias que explicam o papel do leitor na construção da leitura (teoria da recepção e do efeito), segundo Hans Jauss e Iser. Quanto à construção poéticolingüística, recorreu-se a retórica e a estilística, conforme Reboul, Tringali entre outros, além de estudos sobre a imagem produzida pela palavra, segundo alguns autores, como Manguel, Walty, Ferrara, entre outros. Diante dos estudos realizados e discussões feitas sobre a poesia de Eugênio de Andrade observa-se que é um discurso permeado de imagens, evocadas pelos movimentos metafóricos, pelo qual o homem consegue ver-se e ter-se na sua realidade mais autêntica, tendo a possibilidade de ser ele mesmo. A visão da dimensão profunda do homem diante da vida e da morte presentificam-se nos poemas eugenianos sob um discurso aparentemente despojado (por uma linguagem hermética); contudo, muito rico, imagético e plurissígnico, tornando-se, desse modo, denso e representativo do homem e sua existência. Palavras-chave Discurso poético, Imagem, Produção de sentido. O CORPO FEMININO NA VÍDEO-INSTALAÇÃO "ESPELHO DIÁRIO" DE ROSÂNGELA RENNÓ. Autor Carla Süssenbach Resumo Tomamos a Análise do Discurso como base teórica deste trabalho justamente por compreender que ―os sentidos não se encontram em um único lugar de significações, sempre se encontra em um espaço de ressignificações‖, conforme Neckel (2004). Trazemos aqui alguns pontos que compõe o início da pesquisa de doutorado ―O corpo feminino na vídeoinstalação ―Espelho Diário‖ de Rosângela Rennó‖. Para refletir sobre o corpo feminino, e como essa produção compreende o papel social da mulher, tomamos o corpo feminino nas diferentes posições sujeitos marcadas nas personagens de Rosângela Rennó na vídeo-instalação ―Espelho Diário‖. A artista multimídia encarna 133 personagens, colecionadas durantes 8 anos notícias de jornais brasileiros que envolviam mulheres que se chamavam Rosângela. Pretendemos a partir desse corpus, falar em sujeito, o que remete à uma construção teórica da forma sujeito. A forma histórica sujeito que é do capitalismo ancorada no materialismo histórico. Orlandi (2007) ―O Sujeito discursivo implica a relação do simbólico com o político‖, é essa relação indissociável entre inconsciente e ideologia, que se dá o processo de interpelação, trabalham juntos, na tomada de posição do sujeito no interior de uma formação discursiva e isso determina como o sujeito produz sentidos. Desta forma este trabalho procura compreender as diferentes posições sujeitos nas personagens do\no vídeo, e problematizar o jogo entre memória e identidade nos modos de subjetivação do corpo feminino na contemporaneidade. Palavras-chave Corpo, Sujeito, Modos de Subjetivação 127 SALVAGUARDA: NO LIMIAR DA BRINCADEIRA DO TAMBOR DE CRIOULA DO MARANHÃO Autor CONCEIÇÃO DE MARIA DOS SANTOS PACHECO Resumo Apoiados na Análise do Discurso de filiação francesa foi possível encontrar, no discurso, a materialidade histórica política que permite, ao leitor, enxergar a opacidade dos efeitos de sentidos que perpassam a transparência das manifestações culturais populares afro-maranhenses enquanto Patrimônio Imaterial reconhecido pelo IPHAN em 2007. Essa pesquisa tem como objeto a brincadeira do Tambor de Crioula do Maranhão enquanto manifestação cultural que tem seu início do Batuque das Senzalas, praticado pelos africanos trazidos para o Maranhão para trabalharem nas lavouras de algodão, adotou a proteção de São Benedito para sair das senzalas e realizar-se nas casas de particulares durante as festas catolicismo dedicado ao pagamento de promessas em louvor ao santo. Notadamente, em São Luís, coexiste outra forma de realização da brincadeira do Tambor de Crioula do Maranhão que se realiza informalmente. Sem o compromisso com o pagamento de promessa a São Benedito, ou com a conterraneidade, ou com os eventos culturais da cidade, é a brincadeira de Ponta de Rua: onde o ―dono da brincadeira‖ possui uma parelha de tambor, do Tambor de Crioula que tem um formato próprio, e que num determinado lugar e num determinado horário promove a sua batucada, sua cantoria e sua brincadeira de pungas no meio do rodopio das coreiras atraindo a atenção dos que passam sem maiores preocupações, envolvidos apenas no ato ―brincar‖ o Tambor de Crioula do Maranhão. Quais os efeitos de sentidos que reverberam na brincadeira de ponta de rua frente ao movimento de institucionalização do Tambor de Crioula enquanto Patrimônio Imaterial? Palavras-chave Cultura, Salvaguarda, Tambor de Crioula IMAGEM, CINEMA E MITO: FUNDAMENTOS PARA UMA EDUCAÇÃO VISUAL E ESTÉTICA Autor Hertz Wendel de Camargo Resumo O presente trabalho constitui uma breve incursão ao universo teórico-filosófico das imagens técnicas (FLUSSER, 2005). Para tanto, pretende-se relacionar tais apontamentos com o momento iconofágico no qual vivemos (BAITELLO JUNIOR, 2005), bem como delinear a genealogia cultural das imagens midiáticas (BAITELLO JUNIOR, 2014). As imagens criam ambiências e, por ser impossível a classificação das imagens, podemos classificar os ambientes criados por elas. Atualmente, podemos classificar os ambientes midiático, artístico, cúltico e mítico. As imagens do cinema pertencem ao ambiente da mídia e possuem em sua genealogia as imagens do ambiente da arte, do ambiente de culto e, finalmente, as imagens míticas. A partir do pressuposto de que os atuais meios de comunicação participam da educação visual e estética do homem contemporâneo (ALMEIDA, 1994, 1999), pretende-se, por meio de tais aportes teóricos, aproximar as estruturas narrativas do mito e do cinema. Este trabalho integra o livro ―Mito e Cinema: ritual, totem e magia‖, desenvolvido conforme o projeto de pesquisa intitulado ―Etnografias urbanas: mitos, consumo e narrativas contemporâneas‖, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) e no departamento de Comunicação Social (DECOM) da Universidade Federal do Paraná. Palavras-chave Imagem, Cinema, Mito. 128 VÍDEOS-RESENHAS DE FILMES NO SÍTIO ELETRÔNICO DA REVISTA VEJA: A DIVULGAÇÃO DA CULTURA EM MEIO AO ESPETÁCULO Autor Luciana Cristina Ferreira Dias Di Raimo Resumo Tendo em vista a materialidade significante de vídeos disponibilizados no site da Revista Veja a respeito de críticas de filmes contemporâneos, buscamos, ancorados na Análise de discurso de linha francesa, pensar a respeito dos efeitos que a divulgação cultural, no funcionamento do jornalismo, produz em meio ao advento das novas tecnologias . Primeiro, a resenha de filmes, como parte do compromisso do jornalismo cultural reconhecido social e ideologicamente como editoria de cunho crítico/opinativo que cumpre uma função de divulgador da cultura, ao emergir no sítio eletrônico de Veja, assume uma textualização que se constitui a partir da imbricação de diferentes linguagens (a verbal, a visual, a do movimento) em meio ao suporte da tecnologia do vídeo, o que está ligado a um imaginário de que a informação na internet deve ser mais dinâmica, moderna e atraente ao leitor/telespectador. Assim sendo, a Revista Veja deixa de lado as tradicionais resenhas escritas geralmente encontradas na sua versão impressa para, em seu sítio eletrônico, dar espaço a uma versão na qual o vídeo é suporte da descrição do filme, da apresentação de seu tema e da crítica. Divulgar cultura atualmente na internet coloca em cena novos gestos de leitura a partir dos quais o sujeito-leitor-internauta lida com a dinâmica das imagens postas em cena no vídeo e com um efeito-espetáculo. Interessa-nos compreender tanto o processo de justaposição ou combinação de imagens produz efeitos de sentidos quanto o papel das intervenções do(a) resenhista que, em um jogo entre cenas do filme resenhado e sua própria imagem em primeiro plano, interpreta ―filme‖ a partir de uma posição que legitima seu olhar crítico. Palavras-chave análise do discurso, leitura digital, jornalismo cultural O CÂNCER DE MAMA E O FACEBOOK COMO TRANSFORMADOR DO DISCURSO E DAS REPRESENTAÇÕES Autor Luísa Gonçalves Santos Resumo A presente proposta busca discutir de que forma o uso do Facebook pode ajudar as pessoas a enfrentarem o adoecimento por câncer de mama, como as pessoas com esse diagnóstico têm utilizado o Facebook e de que forma a utilização do Facebook tem se estabelecido como ferramenta para mudanças da representação social sobre a doença. De acordo com dados do INCA, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres, representando a quinta causa de morte por câncer em geral e a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres, sendo o mais incidente em mulheres de todas as regiões, exceto na região Norte. Através da análise do discurso presente nas postagens em fanpages do Facebook, busca-se compreender as concepções das mulheres sobre o câncer de mama, suas escolhas sobre o que expressar nas postagens e o objetivo da postagem, bem como as reações das pessoas que leem esses posts, de modo a analisar o impacto dessas fanpages nas representações sociais sobre o câncer e o adoecimento. Pesquisas revelam que a representação social relacionada ao câncer está imensamente atrelada a conceitos considerados negativos, como morte, hospitalização, depressão, mutilação, perda de cabelo, dentre outros. No entanto, acredita-se que embora o impacto inicial do diagnóstico ainda esteja conectado a esses antigos estigmas, em um segundo momento, as mulheres escolhem se distanciar desse estigma e dar um novo significado ao seu processo de tratamento. Através das suas postagens, essas mulheres inserem na representação social já estabelecida novas possibilidades para o significado do câncer de mama e seu tratamento, fazendo do Facebook um espaço de transformação. Palavras-chave Câncer de mama, Facebook, Representações Sociais 129 A CONSTITUIÇÃO DISCURSIVA DAS QUALIDADES VOCAIS DOS CANTORES EDNARDO, FAGNER E BELCHIOR Autor Maria das Dores Nogueira Mendes Resumo Nesta pesquisa, nos detemos a abordar, com base em critérios diversos e na perspectiva da Análise do Discurso delineada por Maingueneau (2005), a constituição das qualidades vocais (intervocalidade constitutiva) do cantores Belchior, Ednardo e Fagner, que tomam parte do Pessoal do Ceará. Fundamentamo-nos também em Latorre (2002) e Machado (2011) para tratar dos referenciais vocais na música popular brasileira e relacioná-los com o investimento vocal dos cantores em foco. Identificamos, portanto, como a relação de imitação ou captação dos investimentos vocais de outros posicionamentos do discurso literomusical contribuíram para a produção das qualidades vocais daqueles, produzindo investimentos vocais inovadores no campo discursivo literomusical brasileiro. Verificamos também como esses novos dados servem a diversos ―tons‖, reatualizando e recriando estereótipos vocais e contribuindo para a ampliação das possibilidades de emprego da voz na canção. Constatamos, nos investimentos vocais de Belchior, Ednardo e Fagner, um viés identitário regional, forjado pela convergência e divergência de características vocais e sonoras presentes na ambiência rural e urbana do Ceará, uma influência de outras vertentes da música nacional da época (Bossa Nova, Tropicalismo, Jovem Guarda) e do discurso literomusical estrangeiro (Rock), e uma assimilação das características vocais de outros posicionamentos e ritmos do discurso literomusical nacional (seresteiros, baião) e internacional (tangos, boleros) que lhes foram anteriores. Palavras-chave Intervocalidade constitutuiva, Investimento vocal, posicionamento ERA UMA VEZ UMA PRINCESA LOIRA E MAGRA: O EFEITO FIONA NA CULTURA MODERNA Autor Mariana de Oliveira Wayhs Coautor ELIZABETH FONTOURA DORNELES Resumo Verde e gorda, sem deixar de ser princesa e, acima de tudo, de ser feliz. Eis a princesa Fiona de Shrek, que veio para romper com o padrão estético de beleza plena relacionada ao conceito de representação do bem, recorrente nos contos de fadas e, especialmente, nas versões cinematográficas dessas narrativas, que reiteram os estereótipos impostos pela mídia ao retratar o ―belo‖. A estética da princesa e do príncipe e, também, do cenário em que os contos se desenvolvem, costuma girar em torno da ideia de perfeição, especialmente no momento final onde, enfim, a paz e a alegria se instauram para sempre proporcionando o ambiente tão desejado no decorrer da trama, um belo castelo, onde o casal poderá viver um amor sem fim, sem problemas, uma eternidade de pura felicidade. A integridade da personalidade do príncipe e da princesa, a educação exemplar e a bondade também são características marcantes até o lançamento de Shrek em 2001, baseado em um livro de William Steig (1990). Levando em consideração essa ruptura na repetibilidade de contos de fadas, onde a princesa vira ogro e se apaixona também por um ogro rústico e totalmente sem classe, a proposta deste trabalho é, ancorada nos procedimentos teórico-metodológicos da Análise de Discurso Francesa (AD), focalizar em uma reflexão acerca dos efeitos de sentido dessa movimentação de padrões no imaginário social. Dessa forma, por meio da pista linguística ―princesa que vira ogro‖ este estudo analisa a representação dessa nova possibilidade de ser nobre e feliz, mesmo sendo diferente do esperado pela maioria das pessoas, ressaltando o que isso representa na cultura da sociedade moderna. Palavras-chave Efeitos de sentido, Padrão Estético, Cultura 130 O CORPO QUE RESTA: PERMEABILIDADE DA FUNÇÃO/EFEITO AUTOR NO DISCURSO ARTÍSTICO Autor NÁDIA RÉGIA MAFFI NECKEL Resumo Essa análise debruça-se sobre o vídeo arte "Ano Branco" de Luiz Roque exposto na XIX Bienal do Mercosul de Porto Alegre em 2013. Toma como base teórica a Análise do Discurso de linha francesa pecheutiana e procura realizar uma escuta dos estudos das políticas de diversidade atualmente conhecido como Teoria Queer em Butler (2008-2013) e Preciado (2008). Na esteira da compreensão de que uma análise é sempre formulação e que se realiza no batimento do dispositivo teórico como o dispositivo analítico, é que essa reflexão procura recortar, no modo de funcionamento do artístico, as diferentes formas de dizer o corpo na contemporaneidade. Para tal intento é que se presentifica as noções de imbricação material (LAGAZZI, 2011), Tecedura e Tessitura (NECKEL 2010), efeito-autor (Gallo, 2001) e, principalmente a volta, sempre produtiva à Michel Pêcheux (1997) em sua formulação do gesto no nível simbólico. Nas fronteiras diluídas entre ficção e realidade, proposições teóricas, artísticas e políticas é que se tece a leitura desse corpus inscrito na efemeridade do artístico. Palavras-chave Arte, Corpo, Discurso A CANÇÃO E O PROBLEMA DA LUDICIDADE DISCURSIVA Autor Nelson Barros da Costa Resumo Abordamos aqui a visão de algumas teorias do discurso sobre a questão da ludicidade. Tomaremos 3 dessas teorias para verificar como elas destacam diferentes dimensões da ludicidade discursiva e o espaço que reservam para os usos nãoúteis ou não-sérios da linguagem. Tais orientações são a Teoria dos Atos de Fala (Austin e Searle); a Análise do Discurso Francesa de Orlandi; e o Dialogismo Bakhtiniano. Discutiremos tais teorias usando como elemento problematizador a inserção do gênero canção no âmbito das tipologias criadas para enquadrar os diferentes usos da linguagem. A conclusão que tiramos é que ao que parece ainda não se atingiram categorias homogêneas o suficiente e ligadas a critérios coerentes que possam ser aperfeiçoados ou refutados. A ambiguidade do discurso literomusical, por exemplo, desafia as atuais tipologias: se, por um lado, se comporta como um ―ato de fala parasitário‖; por outro, tem tal influência sobre o comportamento das pessoas que se torna indefensável advogar sua ―não seriedade‖. Se, por um lado, facilmente se enquadra como discurso lúdico, inutilitário, leve, de sentido fluido etc; por outro, pode, em determinadas ocasiões, se manifestar de modo contestatório e polêmico, sisudo, solene e autoritário. Se pode, de um lado, posicionar-se subversivamente diante dos valores e hierarquias cristalizados socialmente; do outro, pode disciplinar e uniformizar comportamentos, provocando alienação para grandes populações. Se pode, por fim, funcionar como espaço de manifestação das vozes populares, onde figuram os vários personagens e as múltiplas apreciações dos sujeitos sociais; por outro lado, pode aparecer como pura expressão da voz íntima do cancionista. Palavras-chave Canção, Ludicidade Discursiva, Tipologia 131 ANÁLISE DO DISCURSO NÃO-VERBAL ATÉ ONDE O EFEITO SE TORNA PARADIGMA Autor Paula Elisie Madoglio Izidoro Resumo A análise do discurso é uma teoria da linguística, que tem como objetivo analisar, além do texto em si, a ideologia ligada a um contexto social, ou seja, a análise do discurso vai além de uma análise social, pois ela busca na ideologia seu respaldo. Como já diz Focault (1998) em a Ordem do Discurso, que a sociedade que fomenta o contexto do discurso, que é a base da estrutura textual. Porém com tudo isso, ainda cabe dizer que o sentido do discurso não é único, por infindáveis motivos. O sentido está sempre a mercê de novas interpretações. Considerando, sabemos que os sentidos de um texto vão muito além de palavras ali escritas, principalmente nos dias de hoje, que nos torna possível pesquisas e buscas nos mais distintos níveis e temas. O autor de uma obra, seja ela transmitida via escrita ou gravura, tem o poder de se comunicar com o leitor além da obra, sendo possível o uso das entrelinhas, estilística, interdiscurso, fotos estratégicas, entre outros fatores que podem contribuir para o entendimento de sua obra. E através desses artifícios linguísticos, usaremos a análise de discurso para compreendermos o quanto o efeito dos sentidos está presente em capas de filmes dos mais diferentes níveis, porém que acompanham um mesmo padrão estético. Sendo assim, esse artigo tem como objetivo, apresentar uma pesquisa fundamentada na analise do discurso e a partir dos conceitos de condições de produção, memória discursiva, noção de sujeito, noção de discurso, entre outros conceitos, buscar apresentar os pressupostos e subentendidos que habitam as capas de filmes que muitas vezes passam despercebidos aos nossos olhos. Palavras-chave Discurso, imagem, representação. PROBLEMAS DE ETHOS: O ETHOS SEMIOTIZADO COMO RAMIFICAÇÃO NECESSÁRIA DA NOÇÃO Autor Renata de Oliveira Carreon Resumo Todo ato de tomar a palavra implica a constituição de uma imagem de si, seja ela proposital ou não. Tal intento, por meio do discurso, integra o conceito de ethos. Noção que tem despertado grande interesse nas disciplinas que estudam a retórica e o discurso, o ethos, por muitos anos, foi rotulado como pertencente a um corpus retórico. Essa crescente atenção, para Dominique Maingueneau, surge da mudança de interesse que tem havido no domínio das mídias audiovisuais, em que houve um deslocamento das doutrinas e aparelhos ligados às mídias para a apresentação de si, para o ―look‖. Sendo assim, este trabalho, em forma de comunicação, objetiva: traçar breves apontamentos sobre a releitura do conceito de ethos pela Análise do discurso, mais especificamente por Dominique Maingueneau; os problemas inerentes ao se operar com a noção; e a importância da ramificação ―ethos semiotizado‖ para teorizações acerca da imagem de si. Mais especificamente, visamos dar a circular as reflexões feitas, em nível de Mestrado e, atualmente, de Doutorado, em relação à construção de uma imagem como interação entre muitos pontos: traços de caráter, físico, vestimentas, ethos dito, ethos mostrado e o ethos semiotizado. Tendo em vista tal arcabouço teórico, serão mobilizadas as campanhas presidenciais do 2º turno de 2014 no Brasil – Aécio Neves e Dilma Rousseff - especificamente na rede social Facebook, a fim de operar de fato com a ramificação necessária do conceito: o ethos semiotizado. Para isso, mobilizaremos os pressupostos teórico-metodológicos da Análise do discurso de orientação francesa, ancorados, principalmente, em Dominique Maingueneau. Palavras-chave Ethos, Ethos Semiotizado, Discurso Político 132 O SUJEITO NO FACEBOOK E A CULTURA DO (I)MEDIATO Autor RENATA MARCELLE LARA Resumo Em A Ideia de Cultura, Eagleton (2011, p. 184) afirma que a cultura não se restringe àquilo ―de que vivemos‖, mas é também ―para o que vivemos‖. Relacionamento, parentesco, lugar, prazer intelectual, cita o autor, entre outros. Mas ele chama a atenção para o fato de a cultura poder ficar ―desconfortavelmente próxima demais‖. Intimidade beirando ao mórbido e à obsessão, a não ser que seja inserida num ―contexto político esclarecido‖. O cenário cultural ―para o que vivemos‖ na relação com ―de que vivemos‖, levou-nos a buscar compreender inscrições pessoais de sujeitos no facebook na e como ―cultura do (i)mediato‖, por uma abordagem discursivo-materialista. Necessidade real e/ou forjada do sujeito e para o sujeito do imediatismo mediato, no imbricamento do (entre)meio, da temporalidade e do sujeito Outro, no contexto do interdiscurso. A cultura vinculada a laço social, relacionada à alteridade, ao desejo e ao que o limita, ou mesmo o narcisismo intolerante, aparece em Mariani (2009, p.45) ao falar de cultura em capítulo de O Discurso na contemporaneidade. E por considerarmos possível pensar em ―real da cultura‖ como aquele que ―tem a ver com o que sempre falta, o que retorna, o que resiste a ser simbolizado, o impossível que sem cessar subsiste‖ – a partir de um incômodo de Ferreira (2011, p. 60), num capítulo de Memória e História na/da Análise do Discurso –, interrogamos como esses sujeitos culturais (imagem-corpo, imagem-sonora, imagem-escrita, imaginários, dizeres de si e do outro, em si e no outro) se (in)significam no facebook, como sujeitos de linguagem e à linguagem, na/como cultura do (i)mediato. Palavras-chave Discurso, Cultura, Facebook. 133 SIMPÓSIO nº18 - Discurso e(m) cartografias do espaço digital Coordenadores: Solange Leda Gallo e Suzy Laggazi OBJETOS EDUCACIONAIS DUGITAIS - NA FIXIDEZ DA PLATAFORMA, CONFRONTOS DISCURSIVOS Autor Ádria Ramos Lustosa Nakamura Coautor Ana Silvia Couto de Abreu Resumo Apresentamos um recorte da pesquisa ―Acesso aberto e recursos educacionais – análise de um discurso oficial‖, em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL/UFSCar), na qual vimos analisando o funcionamento discursivo do repositório digital de livre acesso denominado Banco Internacional de Objetos Educacionais. Buscamos compreender o discurso do Ministério da Educação – instituição responsável pelo sistema educacional brasileiro – em relação a esses recursos educacionais e a uma política pública que diz respeito à docência, bem como compreender os efeitos de sentidos de livre acesso no repositório em questão. Isso assim se coloca por nos filiarmos à Análise de discurso francesa, segundo a qual o discurso não é mera transmissão de informação, mas um processo de produção de efeitos de sentidos. Assim, o fato da plataforma se configurar enquanto um repositório digital permite determinadas funcionalidades aos professores e alunos, as quais podem, potencialmente, ressignificar o campo da construção de saberes, trazendo efeitos também aos sentidos de construção colaborativa quanto aos de acesso aberto. Concluímos que na aparente linearidade da plataforma, formações discursivas colocam-se em confronto, misturam-se, marcando desafios a serem vencidos no que se refere às condições de produção com seus reflexos nos processos de filiação Palavras-chave BIOE, Análise do discurso, MEC ARTE GRÁFICA COMO ATIVISMO DIGITAL FEMINISTA Autor Ana Lúcia Dacome Bueno Resumo O presente trabalho propõe reflexões acerca do ativismo digital ou ativismo social na "internet" a partir da perspectiva de José Roberto S. Machado por entender que a rede mundial de computadores e os recursos gráficos digitais criam e recriam novas formas de se fazer ativismo social através da geração e distribuição eficaz de informações em um espaço muito curto de tempo. Neste contexto contemporâneo de grande concentração de tecnologia avançada surgem novos tipos de produções discursivas, como o ativismo digital feminista da artista gráfica paranaense Elisa Riemer. A fim de saber quais relações podem ser estabelecidas entre as artes gráficas como materialidade discursiva e sua circulação nas redes sociais, pensamos as condições de produção desse discurso também pensando sua relação com o espaço digital. Machado foi nosso ponto de partida para uma compreensão do discurso imagético como ativismo social no ciberespaço a fim de discutir as produções feministas nas artes como forma de ativismo. Palavras-chave Artes Digitais, Ativismo, Movimento Feminista. 134 O CIBERATIVISMO DA MARCHA DAS VADIAS: ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS DE PERSUASÃO NO ESPAÇO DIGITAL Autor Bruna Toso Tavares Coautor Eduardo Luis Mathias Medeiros Resumo Desde 2011, vêm acontecendo, no Brasil e no mundo, uma série de manifestações de reivindicações feministas com o nome de Marcha das Vadias. Esse movimento social, que se iniciou no Canadá e se espalhou pelo mundo, tem como característica comum a todas as suas edições o uso de redes sociais, sobretudo o Facebook, para sua organização, convocação, discussão e também repercussão. Assim, esse ciberativismo não acontece apenas no momento préocupação das ruas. Durante e após as manifestações nas cidades, os participantes alimentam as redes sociais com fotos que retratam o que vem acontecendo nas ruas durante as Marchas. Com isso, a repercussão e discussão das reivindicações feministas se amplia, o que é possível pelo Facebook ser uma mídia livre e participativa, favorecendo o desenvolvimento de movimentos horizontais e descentralizados, como é o coletivo Marcha das Vadias. Assim, neste trabalho iremos refletir sobre as estratégias discursivas de persuasão utilizadas por esse discurso político de militância feminista online, buscando observar como este movimento social busca seduzir e persuadir o maior número de cidadãos possíveis, levando-os a aderir aos ideais de igualdade e equidade de gênero, enfocando, sobretudo, as implicações do uso do Facebook para o movimento e seu discurso. Além dos trabalhos da Análise do Discurso, de Charaudeau (1992 e 2008), e da Retórica aristotélica, considerando o caráter interdisciplinar da AD, utilizaremos também, para compreender as questões relativas à Comunicação, as reflexões do filósofo da informação, Piere Lévy, além de trabalhos de Castells, sobre mídias participativas. Palavras-chave Discurso Feminista, Facebook, Estratégias Discursivas. REDES SOCIAIS (DE)LIMITADAS: TERRITÓRIOS DE LIVROS E LEITURA? Autor Cidarley Grecco Fernandes Coelho Resumo O trabalho que desenvolvemos questiona os sentidos que circulam nas redes a cerca do objeto livro e da leitura, nas quais as discussões são (de)limitadas pelo uso das ―novas‖ tecnologias na transparência de produtos à disposição de todos. Pela perspectiva da Análise de Discurso, a proposta é analisar o dito e o não-dito através de um movimento de (des-re)territorialização do sujeito-professor filiado a redes sociais educacionais e outras redes – pensando esta filiação na chamada era da informação, o acesso ao saber e aos dispositivos eletrônicos – nas quais há um dizer (e um nãodizer) sobre leitura, livro e tecnologia. Para tanto, verificaremos as posições do sujeito-professor, proposto por Pfeiffer (2002), assumidas em diferentes redes, em uma cartografia político e ideológica do espaço digital, tal como nos coloca Dias (2004), e na própria configuração das redes na forma de repositórios de conteúdos que priorizam a comunicação em detrimento do conhecimento, apagando assim a possibilidade de ruptura (DIAS, 2014). O sujeito-professor cercado de propostas cada vez mais atraentes de compartilhamento de seu saber em rede filia-se a uma discursividade de obsolescência da escola e a uma formação discursiva que determina ideologicamente um revisionismo de suas práticas; e com ele, o ensino busca uma reconfiguração em sua formulação. Do mesmo modo, as discussões sobre a leitura, o livro e o ensino ganham um novo formato diante das possibilidades de trocas e na internet, (des)valorizando o dispositivo eletrônico de acordo com a rede ao qual se filia. Assim, nos perguntamos até que ponto as (re)configurações não são apenas quantidade, conforme Orlandi (2001), reiteração do mesmo. Palavras-chave Análise de Discurso, Leitura, Tecnologia. 135 VLOGS, AUTORIA E DIREITOS AUTORAIS: (DES)CAMINHOS DA LEGITIMAÇÃO NO DIGITAL Autor Guilherme Adorno de Oliveira Resumo Questões sobre as chamadas redes sociais na Internet, como Twitter, Facebook e Instagram, tem sido realizadas a partir da Análise de Discurso na tentativa de compreender os processos discursivos do digital. Neste trabalho, tomo como ponto de partida a reflexão, proposta por Solange Gallo, sobre o discurso da escritorialidade para analisar vlogs (videologs) que circulam e são produzidos para a plataforma Youtube. Estes vídeos têm a especificidade de ser um espaço de individualização dos sujeitos na tomada de um ―eu‖ que fala diretamente para a câmera, assumindo o ―falar sobre‖ a vida pessoal, o cotidiano e tematizações ligadas a jogos de vídeo-games, beleza, gastronomia, política e ciência. Nesta profusão de dizeres me pergunto como se dá os processos de reconhecimento de uma legitimidade, permitindo não só o efeito de livre circulação como a efetiva demanda de milhões de usuários do Youtube. Como recorte de análise trago a relação tensa entre a composição autoral de língua, imagem e corpo e o ritual de criação de um vlog para o Youtube na esteira dos direitos autorais. Trata-se de uma abordagem materialista da historicidade do digital com ancoragem nos estudos de Michel Pêcheux, Suzy Lagazzi, Eni Orlandi, Bernard Edelman e, já citada, Solange Gallo. Palavras-chave Legitimidade, Vlog, Youtube "O QUE É UMA BLOGUEIRA FEMINISTA?": FEMINISMOS EM BLOGUEIRAS FEMINISTAS Autor Jaqueline gonçalves araujo Resumo O presente trabalho tem por objeto o estudo dos discursos e das atuais práticas feministas realizadas no ciberespaço, ou os ciberfeminismos, assim entender como se constroem as identidades feministas nos espaços ocupados pelas Blogueiras Feministas(BF) nos anos 2000, contexto atravessado e constituído pela/na internet. Os ciberfeminismos surgem nos anos 1980/90, e podem ser definidos de diversas formas como crítica a negação do feminino na tecnologia, afirmando o ciberespaço como um lugar de articulação feminina. Em um contexto em que as formas de comunicação, informação e tecnologias parecem fluidas e rizomáticas, devido a grande difusão e popularização da Internet. No entanto, C.Dias e O.F. Couto (2011) nos chama atenção para essa contínua construção de efeitos de sentidos, que apresentam a internet como um local da fluidez. Apagando as relações de poder, os sentidos que fazem do conhecimento uma construção politica. Nesse contexto gostaria de analisar os enunciados ―quem somos‖ e ―o que é uma blogueira feminista?‖. Em ambos é possível efeitos de sentidos que nos faz pensar as filiações identitárias dessas blogueiras a partir dos textos publicados no BF. O site BF foi criado para abrigar e divulgar a pluralidade de opiniões sobre os feminismos. E para entender como essas filiações exploro as pesquisas bibliográficas de D Haraway. E como método a Análise do Discurso, disciplina que trabalha a opacidade do texto e vê nesta ―o funcionamento da linguagem: a inscrição da língua na história para que ela signifique‖ Orlandi(2005). Ao explorar a materialidade discursiva das produções pretendo analisar as problematizações partir das quais essas questões se formam. Palavras-chave Análise do Discurso, Ciberfeminismo, Identidades 136 (RE)PENSAR O MÉTODO NA COMPOSIÇÃO DOS OBEJTOS: POR UMA ANÁLISE DO DISCURSO DIGITAL Autor Jefferson Gustavo dos Santos Campos Resumo Lançar luz sobre as práticas discursivas contemporâneas para tratar dos processos de produção de sentidos e de sujeitos é uma tarefa comum na prática analítica inspirada nos trabalhos de Michel Foucault. Assim, o procedimento analítico problematiza as realidades materiais que pululam pelos diferentes espaços sociais, a fim de (re)encontrar o conjunto de práticas que dão vigor ao aparecimento, à manutenção e aos diferentes regimes de verdade dos discursos. Seguindo essa via analítica, nossa contribuição ao presente simpósio visa desestabilizar uma dessas ―realidades materiais‖ que englobam o campo dos estudos do virtual. Embora haja uma profusão (e um certo consenso) das pesquisas sobre o virtual, inclusive, no esteio da análise de discurso francesa, várias pesquisas assinalam a importância de uma visada que amplie as possibilidades de leitura do virtual em seu funcionamento significante, isto é, na constituição do objeto discursivo. A formação dos objetos de discurso se dá, para Foucault, no interior de um sistema de regras ao qual os enunciados de um dado campo de saber se filiam para produzir eles mesmos os objetos de que falam. Sob tal orientação, nesta intervenção, (re)traçaremos o trajeto metodológico a partir do qual, em nossa pesquisa de doutoramento, (re)constituímos alguns pontos teóricos que nos permitem avançar na análise discursiva do espaço virtual para além das considerações já desenvolvidas em outros campos de saber. Nossa tese é a de que, para tal empreendimento, é preciso desviar de certas categorizações que nos são familiares sob pena de não ultrapassar a opacidade da espessura significante dessa heterotopia contemporânea que é o espaço virtual. Palavras-chave Percurso metodológico, Espaço virtual, Formação dos objetos. CARTOGRAFIAS POLÍTICAS NO ESPAÇO DO DIGITAL: REFLEXÕES SOBRE O ARQUIVO E A MEMÓRIA NA PRODUÇÃO DISCURSIVA DA HASHTAG #JESUISNICO Autor Juliana da Silveira Resumo A proposta deste trabalho é refletir, à luz das noções de arquivo e memória da Análise de Discurso, sobre as cartografias (DIAS, 2012; AZEVEDO,2013) políticas que se constroem no espaço e tempo do digital. Analisamos um conjunto de imagens vinculadas à hashtag #jesuisnico, que circulou na web em janeiro de 2015, após o ataque ao jornal francês Charlie Hebdo. Na ocasião os Chefes de Estado de diferentes países estiveram presentes em Paris para participarem de uma marcha civil em homenagem às vítimas do atentado, durante a qual posaram para uma foto oficial que foi divulgada em toda a imprensa mundial como símbolo da união desses governos contra o ―terrorismo‖. A presença em posição de destaque do ex-presidente Nicolas Sarkozy, que apareceu na referida foto ao lado dos Chefes de Estado, chamou a atenção dos usuários da web que criaram a hashtag #jesuisnico. Ao recuperarem fotografias célebres e imagens ícones da história mundial e ―incrustrarem‖ a figura de Sarkozy em diferentes acontecimentos históricos, vinculando-as à hashtag #jesuisnico, os sujeitos produziram tanto um processo derrisório sobre Sarkozy quanto uma ressignificação das imagens históricas recuperadas e dos sentidos que circulavam sobre a hashtag #jesuischarlie. Refletir sobre as noções de arquivo e memória, nesse caso, se torna relevante para iniciarmos uma discussão de como a hashtag - compreendida aqui como instrumento técnico-discursivo (PAVEAU, 2013) – permite aos sujeitos uma prática política que afeta diretamente a produção do arquivo e da memória política ao mesmo tempo em que possibilita aos analistas traçar as cartografias políticas próprias do espaço e tempo específico do digital. Palavras-chave #jesuisnico, #jesuischarlie, cartografias políticas do digital. 137 DAS VIDEOBIOGRAFIAS DE SUJEITOS CLIENTES À CARTOGRAFIA DO BANCO ITAÚ NO ESPAÇO DIGITAL: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA SÉRIE ―FILMES QUE MUDARAM NOSSAS VIDAS‖ Autor Luciana Fracasse Resumo O presente trabalho realiza um gesto de interpretação a partir de uma série com três filmes publicitários sobre o Banco Itaú, postados no site Youtube em novembro de 2014, tendo como título ―Filmes que mudaram nossas vidas‖ e como slogan ―#issomudaomundo‖. O referencial teórico que fundamenta a pesquisa é a Análise de Discurso (AD) de base materialista, a partir dos trabalhos de Michel Pêcheux. O trabalho com o discurso da propaganda tem sido uma constante em minha caminhada acadêmica, e, nesse percurso, as agências bancárias públicas e privadas têm se constituído um profícuo material de análise no qual busco compreender a produção de sentidos a partir dos processos de produção dos discursos - constituição, formulação e circulação-. Nessa perspectiva, os conceitos de arquivo, memória discursiva, formações imaginárias, efeito metafórico e cartografia ganham relevância na pesquisa. Ao ser deslocado do espaço da geografia, o conceito de cartografia projeta, em AD, o sentido de movência, de desterritorialidade, de texto. Assim sendo, pretendo realizar um percurso de leitura que considere os registros do Banco Itaú, enquanto cartografia que se forma nas/pelas propagandas no espaço digital, na busca de uma legitimação da imagem do banco por meio da (re)tomada de discursos familiares, projetados nas videobiografias dos casais que contracenam na série, e do próprio cinema, ao se reproduzirem os filmes que constituíram a história dos casais e os ressignificarem pelo Espaço Itaú de Cinema. Vale destacar que a análise a ser realizada projeta-se para o espaço das salas de aula, num intuito de pensar a relação discurso e ensino na/pela leitura das propagandas bancárias no ciberespaço. Palavras-chave propaganda bancária, cartografia, espaço digital. DISCURSIVIDADES ONLINE E AUTORIA Autor Solange Maria Leda Gallo Resumo Este trabalho tem o objetivo de apresentar alguns resultados já obtidos em análises de textualidades digitais inscritas em discursividades online. Nosso objetivo é refletir acerca desses resultados preliminares, tempo em perspectiva a questão do sujeito do discurso e a questão da autoria. Uma questão central norteia essa discussão: podemos nos valer das noções de função-autor e/ou de efeito-autor para compreendermos o sujeito dessas textualidades e dessa discursividade? Estamos tomando a função-autor como uma das funções constitutivas de todo sujeito, conforme proposição de Orlandi. Ao mesmo tempo tomo efeito-autor como efeito do Discurso de Escrita, conforme Gallo. A primeira dimensão é relativa ao sujeito e a segunda é relativa ao discurso. A primeira diz respeito à tomada de posição do sujeito no discurso e sua responsabilidade pelo dizer, sua maior ou menor condição de identificação com os sentidos das formações discursivas que o determinam. A segunda diz respeito ao efeito de verdade e de legitimidade que todo discurso de escrita produz, mesmo não sendo grafado. O efeito-autor tem relação com o efeito de fecho. A questão, então, que colocamos para discussão é a respeito da validação dessas categorias de autoria em textualidades digitais, e mais precisamente em discursividades online. Ou seja, como podemos pensar essas categorias na Escritoralidade (Gallo)? Palavras-chave Discursividades online, Autoria, Escritoralidade 138 POSIÇÕES DE SUJEITO E AUTORIA NO DIGITAL Autor Suzy Lagazzi Resumo A discussão da autoria no espaço digital mobiliza a produção do conhecimento na relação entre alunos e professores identificados em diferentes posições de sujeito. Que posições são essas que compõem o cenário da prática docente no digital? Como fica situada a possibilidade da autoria para professores e alunos no espaço digital? Quais os desafios apresentados pela análise da materialidade significante no espaço digital? Questões que movem esta reflexão. Pensar a produção do conhecimento sustentada na relação entre professor e aluno é necessariamente discutir a autoria como responsabilização pelos sentidos em seus limites e possibilidades. Trazer essa discussão para o espaço digital significa considerar as diferentes ordens de determinações históricas que constituem a relação entre professor e aluno nesse espaço, assim como os pré-construídos mobilizados pela memória do dizer. Abordo nesta reflexão os processos de identificação do sujeito e a questão do reconhecimento que constitui essa identificação, reiterando a importância de nos distanciarmos de qualquer leitura idealista que ligue a identificação à vontade do sujeito. Tomando a hierarquia na autoridade de saber como uma determinação importante na identificação dos sujeitos aluno e professor, ponto vital a ser discutido na compreensão das posições de sujeito que compõem o discurso pedagógico, estabeleço a contraposição com o desejo de saber e o reconhecimento da importância do conhecimento, também determinações estruturantes no campo do ensino. Palavras-chave Discurso e autoria no espaço digital, Processos de identificação no espaço digital, Materialidade significante e espaço digital NOS SUBSOLOS DE UMA REDE Autor Vitor Pequeno Resumo Essa pesquisa centrou suas investigações sobre as redes de relacionamento como dispositivos tecnológicos de comunicação e estabelecimento das relações sociais. Por meio da apropriação e aplicação de diversos dispositivos teóricos da teoria discursiva e do materialismo histórico, buscou analisar aspectos técnicos dessas redes como produções de cunho ideológico, desconstruindo as formulações de sujeito, relação social e circulação do sentido implícitas em sua estruturação. Essa pesquisa também se apoiou fortemente no método filosófico de Jean Baudrillard para repensar certas operações nocionais de dualização, principalmente no caso de online e off-line, e sua relevância, tanto epistêmica, quanto social, na contemporaneidade. Nos apropriamos aqui da noção de Arquivo como princípio ideológico de circulação do sentido, e desenvolvemos a noção de clivagens subterrâneas, que Pêcheux sugere em Ler o Arquivo Hoje (1982). Apesar da intensa heterogeneidade possibilitada pela materialidade do online, o que de predominante que acabamos por encontrar na estrutura técnica das redes de relacionamento foi a forma-histórica do capitalismo contemporâneo, estruturando as relações sociais, e a própria constituição da subjetividade, através do que acabamos por categorizar como relações de consumo. Palavras-chave Redes de Relacionamento, Arquivo, Clivagens Subterrâneas. 139 SIMPÓSIO 19 – Discurso e(m) espaços de memória Coordenadores: Maria Cleci Venturini (UNICENTRO) e Gesualda dos Santos Rasia (UFPR) FUNCIONAMENTO DO IDEOLÓGICO NOS DISCURSOS SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DE RUA Autor Amanda Beatriz Gomes de Souza Resumo O objetivo do presente trabalho é analisar discursivamente o funcionamento da ideologia em discursos sobre as manifestações de rua, em textos-imagens. O corpus de análise constitui-se de dois textos-imagens, sendo um da Revista Istoé (04 de dezembro, de 2013) e outro da Revista Veja (agosto de 2014, aproximadamente dois meses após o início das manifestações de 2013). Na perspectiva teórica, a partir da qual realizamos o nosso gesto analítico, as palavras significam pela e na história e adquirem sentidos pelas posições dos sujeitos em uma determinada formação discursiva. Por isso, faz-se necessário buscar as relações entre as manifestações da atualidade e as manifestações, que se realizaram em outros tempos e lugares, para compreendermos o modo como o movimento de 2013 foi veiculado, de acordo com a linha editorial de cada revista, sinalizando para a filiação ideológica e a formação discursiva em que se inscreve. Focando no objetivo deste trabalho, problematizamos a relação do verbal e do não-verbal, buscando saber como na/pela língua se constituem evidências de homogeneidade da língua e pelo não-verbal, pelos não-ditos, se instauram heterogeneidades. O fio condutor das análises dos textos-imagens, em tela, é a noção enunciado-imagem, pela qual o não-verbal significa pelo funcionamento da memória, constituindo-se como espaço interdiscursivo. Disso podemos dizer que os textos- imagens significam pela memória e esta comporta/reproduz ideologias. Nas análises das materialidades trabalhamos a tensão entre o verbal (dito) e o não-verbal (não-dito, mas visto). Palavras-chave discurso, enunciado-imagem, ideologia ―PERCA A VERGONHA, MAS NÃO PERCA O RESPEITO" : UMA ANÁLISE DISCURSIVA Autor Célia Bassuma Fernandes Resumo O carnaval é, com toda a certeza, uma das maiores festas populares do mundo e uma das maiores do Brasil. Do domínio do religioso, foi introduzida pelos colonizadores europeus, e ocorre em todo o território nacional, sob diferentes formas. Contudo, qualquer que seja o ―lugar‖ onde ele ocorre, algumas práticas como a ―paquera‖ são comuns nesses dias, mas ela nem sempre se dá de forma respeitosa. Liderada pela ONU Mulheres, em parceria com outras instituições, foi lançada, em 09/02, a campanha ―Perca a vergonha, mas não perca o respeito‖, que conta ainda com o apoio institucional das Secretarias de Políticas para as Mulheres da Presidência da República e do Município do Rio de Janeiro, e visa chamar a atenção dos foliões sobre os direitos das mulheres no carnaval brasileiro. Para tanto, foram criados dois vídeos, além de cartazes e ventarolas, cujos enunciados principais são ―Chega bem, quem chega direito‖ e ―Ter pegada não é faltar com respeito‖, que orientam a população sobre como identificar atitudes violentas, o que fazer e quais os serviços existentes para esses casos e como se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis. A partir dessas considerações, respaldado nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de corrente francesa, tal como proposta por Michel Pêcheux e reterritorializada por Orlandi, no Brasil, e demais pesquisadores, este trabalho tem por objetivo analisar, nos vídeos da campanha, como os sujeitos feminino e masculino são discursivizados, além de verificar que memórias neles ressoam. Palavras-chave Discurso, Sujeito, Memória 140 PROGRAMA MAIS MÉDICOS EM CHARGES: A IMBRICAÇÃO LÍNGUA E POLÍTICA Autor GESUALDA DE LOURDES DOS SANTOS RASIA Resumo Este trabalho ocupa-se em analisar como é discursivizado o Programa Mais Médicos em charges que circularam em mídias online no segundo semestre de 2013. ―Parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde Brasileiro, que prevê mais investimentos em infraestrutura nos hospitais e unidades de saúde, o referido programa visa, sobretudo, levar mais médicos para regiões onde há escassez e ausência de profissionais‖, conforme consta no site do Ministério da Saúde. Contudo, não é esse tom de positividade que se depreende da maior parte das charges veiculadas em mídias online. Ao contrário, sobressai a crítica, materializada via domínio parafrástico, o qual reporta a dois pré-construídos basilares: ―os médicos ‗importados‘ não têm a competência exigida e necessária para o desempenho da função‖, e ―o fato de serem estrangeiros gerará, inevitavelmente, problemas de (des)entendimento em situações de consultas médicas‖. Vale dizer que o programa prevê a participação de médicos formados no Brasil e em instituições estrangeiras de modo geral. Entretanto, a repetibilidade do âmbito chargístico cristalizou um universo de sentidos que associa a nomeação do programa ao médico estrangeiro e, mais do que isso, ao estrangeiro falante do espanhol, na medida em que recorrentemente coloca o português em dissenso com esse idioma no que tange ao suposto não entendimento entre médico e paciente. Ora, a ancoragem de sentido são os médicos provenientes de Cuba, e aí o domínio de memória articulado pelos pré-construídos acionados relaciona questões de língua a questões políticas. Além disso, o dissenso, que se embasa aparentemente no pressuposto linguístico, é so Palavras-chave Língua, política, Mais Médicos. A CONSTRUÇÃO DO SIGNIFICANTE ‗MADRASTA‘ NA/PELA MEMÓRIA DOS CONTOS DE FADAS Autor Leandro Tafuri Resumo Alicerçados nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso de vertente pecheuxtiana, destacamos a produção de sentidos produzidos pela mídia, como interpretadora da formação social a partir de sujeitos interpelados pela ideologia e atravessados pelo inconsciente. Objetivamos evidenciar os discursos de (memória) que sustentam e atualizam discursos referentes à violência familiar, designados como discursos sobre. Interessam-nos materialidades centradas na figura do sujeito madrasta, recortando sujeitos que protagonizaram a morte de seus ‗enteados‘, menores de idade, dentre eles, Isabella Nardoni e Bernardo. Trata-se de dois crimes violentos e, nos dois, a mídia denunciou e veiculou matérias sinalizando para o envolvimento da madrasta, como responsável pela morte das crianças, com a participação dos pais. A pesquisa realizada evidenciou que, nos dois crimes, a madrasta, enquanto sujeito, sustenta-se nos discursos advindos dos contos de fadas, pelos quais se constituem efeitos de verdade e de realidade. Neles, a madrasta arquiteta a morte e o sumiço dos filhos do marido por ciúmes, buscando afastá-los do convívio dos pais, os quais, nos discursos ficcionais, caracterizam-se pela ingenuidade e confiança na esposa. Contrariamente, nas materialidades recortadas em nosso corpus, os pais participam como cúmplices dos crimes, rompendo com os discursos dos contos de fadas e com as memórias que sustentam/ancoram os discursos da atualidade. Recortamos, para fins de análise, reportagens veiculadas por revistas semanais (VEJA e ISTOÉ) que discursivizam a cena do crime, configurando a madrasta e o pai como criminosos. Palavras-chave Memória, Discurso de/Discurso sobre, Efeitos de Violência 141 ESPAÇOS DE MEMÓRIA E RESISTÊNCIA À DOMESTICAÇÃO/HIGIENIZAÇÃO DA/NA LÍNGUA Autor Maria Cleci Venturini Resumo A língua, na perspectiva discursiva, define-se pela falta, pela falha, que resultam dos furos que são/estão nela. Contraditoriamente, essa língua incompleta e sempre em processo, se constitui para o sujeito, como totalidade e como completude, dada a sua ilusão adâmica de ser/estar na origem do dizer e de esquecer que esse dizer resulta de redes parafrásticas, alicerçadas nas repetições e regularidades. Por essas e por outras razões é que a metáfora da torre de Babel continua sendo perfeita para falar de língua e de sujeito e, a partir disso, rememorar/comemorar o acontecimento da língua em funcionamento e as instituições socioculturais e políticas, que a significam como incompleta e resultante de processos, mas que têm sinalizado para práticas de gerenciamento e de coerção (acordos, manuais e projetos de lei) que buscam determinar como falar, como escrever, como ser sujeito-cidadão por meio da língua na história. Nosso objetivo, nessa fala, dadas essas condições de produção, é a partir da noção espaço de memória, dar visibilidade à resistência à domesticação/higienização da língua, recortando charges que se sustentam/ancoram no acontecimento do manual do politicamente correto, publicado em 2004, no governo Lula. Essas materialidades tem como fio condutor o riso, a polêmica, a resistência, que se constituem pelos espaços de memória que convocam e fazem funcionar, instaurando efeitos de sentidos que encaminham para o absurdo, para o inusitado, enfim para contradições e antagonismos discurso sobre a língua, estruturada por um sistema e por processos discursivos. Palavras-chave Espaço de Memória, Resistência, Língua O CORPO FALA: A MATERIALIDADE DO CORPO E A PRODUÇÃO DE DISCURSOS Autor Marilda Aparecida Lachovski Resumo Pensar o sujeito e sua relação com o real da história e da língua é espaço propício para estudos em AD. Neste sentido, o sujeito significa no e pelo discurso, textualizando a si, o outro e o mundo, o que constitui um ato político. É assim que (se) significa e é sempre objeto de representação simbólica de valores e atributos que ora contribuem para a construção de processos identitários dos sujeitos, constituindo-os em sua posição sócio-histórica. Logo, busca-se pensar neste trabalho, as formas como os discursos derivam e se modificam, produzindo efeitos de sentido, numa relação entre a memória e os regimes de historicidade, sendo que esse sujeito esquece que não é origem e fonte do dizer, mas antes o é, interpelado pela ideologia. Como objeto de análise foram selecionadas três capas da revista Istoé veiculadas nos período do pleito eleitoral de 2014, mais especificamente, duas semanas entre o primeiro e segundo turno. A análise é ancorada nos estudos da AD de linha francesa, com Pêcheux e Orlandi, buscando-se pensar os modos como o discurso político é também espaço de memóri na atualidade, bem como o modo como esses significam em diferentes condições de produção, numa relação sujeito/linguagem/mundo. Para tanto, destaca-se o papel da memória discursiva, da historicidade e da concepção de um sujeito assujeitado. As imagens (capas da referida revista) são entendidas enquanto textos, portanto como objetos simbólicos, fazem parte do processo de constituição desses mesmos sujeitos, provocando o curso da linguagem, seu funcionamento, logo seu deslize, sua condição de vir a ser outro, em discurso. Palavras-chave Discurso,Imagem,Memória 142 SENTIDOS ATRIBUÍDOS À TATUAGEM DE ÍNDIA Autor Naiara Souza da Silva Coautor Ercília Ana Cazarin Resumo A presente proposta visa refletir, no âmbito da Análise de Discurso de tradição pecheuxtiana, sobre diferentes leituras da tatuagem de índia: a primeira delas foi apresentada pela Cartilha de Orientação Policial – Tatuagens: Desvendando Segredos, feita pela Polícia Militar do Estado do estado da Bahia; a segunda, é a que fazemos, a partir de uma entrevista realizada com um sujeito que possui a mesma tattoo, e que desconhece a Cartilha. Compreendemos que se tratam de sentidos produzidos e mobilizados por duas instâncias distintas, inscritas em diferentes formações discursivas e, afetados por imaginários também distintos. Concebemos a tatuagem como um texto portador de discursividade, mas o foco desta nossa análise é contrapor o sentido pré-determinado pela referida Cartilha com aquele que nos foi possível produzir a partir da análise da entrevista do sujeito tatuado. A partir de leituras e de outros trabalhos por nós realizados, entendemos que a tattoo significa em relação ao contexto sócio-histórico e à memória discursiva que a mesma mobiliza e, assim como as palavras não são dotadas de um sentido a priori, com as tattoos o processo de produção de sentido também não nos permite pré-determinar sentidos de forma autoritária. Na leitura/interpretação de uma tatuagem, múltiplas leituras podem ser produzidas, dependendo dos efeitos de memória que nelas sejam mobilizados. Novas interpretações podem ser projetadas e esse trabalho discursivo de atribuição de sentidos é que pode, inclusive, influenciar a sociedade leitora em (pré)conceitos sobre o sujeito tatuado e/ou com a tatuagem que ele carrega no seu corpo. Palavras-chave Tatuagem, Interpretação, Sentidos. O SILÊNCIO SOBRE O NEGRO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE CURITIBA-PR: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO Autor Tatiane Valéria Rogério de Carvalho Resumo Com base na Análise do Discurso, na perspectiva de Pêcheux, este texto tem por objetivo verificar o discurso sobre o negro e o apagamento do dizer sobre ele na história da construção da identidade de Curitiba-PR. Para atingir tais objetivos, será analisado o discurso sobre negros/escravos de notícias do jornal "O Dezenove de Dezembro", do século XIX, a fim de demonstrar a presença deles na formação da população paranaense; e apresentado o contexto histórico da invisibilidade do negro na história de Curitiba-PR, com o intuito de mostrar como a teoria do branqueamento e da imagem criada pelos paranistas, ao longo do tempo, contribuíram, e muito, para a invisibilidade do negro na capital. Portanto, mesmo existindo documentos que demonstrem a existência de escravos e africanos em Curitiba-Paraná, o negro passou a não existir em sua história. Como fundamentação teórica será utilizada a Análise do Discurso (AD) na perspectiva de Michael Pêcheux (esquecimento e memória) e a concepção de Eni Puccinelli Orlandi (1997) sobre as formas do silêncio. Para AD, as palavras chegam até nós carregadas de sentidos. Isto ocorre porque para significar elas já foram ditas. Assim, é por meio do já-dito (interdiscurso), mas esquecido, que temos a construção do sentido, visto que é por meio da memória que as palavras significam. No entanto, essa memória é frágil. E é no entremeio dessa fragilidade da memória que temos o silenciamento, que não significa exclusão da memória, mas, sim, deixar em suspenso, trabalhando, produzindo sentidos. E é esse o ponto central desse texto: mostrar que a questão do negro é ―uma ausência presente‖, pois não é dita, mas sabemos que existe. Palavras-chave Memória, Silêncio, Negro 143 SESSÃO DE PAINÉIS O GÊNERO TEXTUAL CANÇÃO EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO: UMA ANÁLISE A PARTIR DO DISCURSO DOS PCN Autor Ana Claudia Nogueira Marques Resumo Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) propõem uma mudança na abordagem do ensino de Língua Portuguesa, afastando-se da perspectiva tradicional e tomando o texto como unidade e os gêneros como objeto de ensino. Entre os gêneros da esfera literária, ele apresenta a canção como gênero possível de embasar atividades escolares, o que levou autores a incluí-lo nos livros didáticos. Este trabalho apresenta as reflexões parciais de uma pesquisa ainda em andamento que procura observar como o gênero textual canção aparece em 4 livros didáticos das séries iniciais do Ensino Fundamental e em 4 do Ensino Médio, aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Mais especificamente, buscamos: 1) caracterizar a canção enquanto gênero; 2) analisar se a proposta de trabalho com a canção está direcionada para a prática de escuta e leitura de textos ou para a de produção de textos orais e escritos; e 3) analisar se as propostas de trabalho com a canção levam em consideração seu caráter intersemiótico. Os resultados parciais apontam para o fato de que as propostas de trabalho com a canção nos livros didáticos estão direcionadas prioritariamente à prática de escuta e leitura de textos e, na maioria das vezes, a canção não é vista e analisada como um todo, mas sim de forma fragmentada. O aspecto intersemiótico do gênero é abandonado, descaracterizando a canção enquanto gênero, pois a grande parte das atividades parecem levar em conta somente o aspecto verbal. Contribui ainda para essa descaracterização nas atividades propostas, a falta de identificação do contexto sócio-histórico de produção das canções, afastando seu estudo na escola do discurso preconizado pelos PCN. Palavras-chave Canção, Parâmetros Curriculares Nacionais, Programa Nacional do Livro Didático. O IMAGINÁRIO DE LEITURA NO DISCURSO DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NOS CONTEXTOS DO PÚBLICO E DO PRIVADO Autor Ana Paula Kuchla Coautor Luciana Fracasse Resumo Esta pesquisa faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) a ser realizado ao longo de 2015 e tem como objetivo geral identificar o imaginário de leitura no discurso de alunos do 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública e de uma escola particular no município de Guarapuava-PR. Nesse contexto, procuramos compreender qual é a concepção de leitura apresentada pelos sujeitos participantes da pesquisa, buscando proporcionar-lhes voz sobre o processo da leitura e levando-os a refletirem sobre a formação ideológica e a formação imaginária que os constituem. Sendo assim, a pesquisa se faz importante por contribuir com os estudos voltados à prática da leitura dentro e fora do contexto escolar, colaborando na formação de futuros sujeitos leitores e com os interessados pela temática aqui desenvolvida. Para realizarmos esta pesquisa, faremos, em parceria com os professores, a aplicação de um mesmo questionário com questões abertas e fechadas para as duas escolas no qual os sujeitos alunos responderão a questões referentes ao ato de ler. Na sequência, analisaremos os dados coletados pelo viés da Análise de Discurso, uma vez que essa teoria nos possibilita gestos de interpretação que contemplem a pluralidade de sentidos que poderão ser identificados a partir dos discursos produzidos pelos sujeitos alunos. Assim sendo, acreditamos que essa pesquisa permitirá identificar a imagem que se constrói em torno da leitura, a concepção de leitura que é trabalhada durante as aulas, assim como nos apontará a existência de possíveis diferenças ou semelhanças nos discursos que permeiam os espaços da Escola Pública e da Escola Privada. Palavras-chave Imaginário de Leitura, Análise de Discurso, Escola Pública e Particular. 144 REPENSANDO A PRÁTICA DOCENTE NA ESCOLA PÚBLICA Autor Analice Maria da Silva Cardoso Resumo A escola é o lugar onde professores devem desenvolver junto aos alunos a sua prática docente de forma eficiente e sistemática. Por essa razão, deve ser um ambiente de formação, em que a aprendizagem de conteúdos favoreça ao aluno conhecimentos referente às questões sociais e culturais. Nesse ponto de vista, se faz necessário dar oportunidade ao aluno, para que o mesmo desenvolva capacidades e habilidades que os ajude na compreensão dos fenômenos sociais, culturais e econômicos. Com isso em mente elencamos: analisar a prática da docência no contexto atual em que vivemos. Avaliar a postura do docente em sala de aula, constatar como o ensino está sendo desenvolvido nas escolas públicas e fazer uma reflexão do discurso docente e seu verdadeiro papel para a educação. Assim sendo, este trabalho torna-se indispensável para professores e alunos dos cursos de licenciatura, já que, sua leitura provoca um despertar para o papel do docente quanto à sua forma de ensinar. Analisar a educação pública escolar é um trabalho que requer estudos e com base em pesquisa de campo em escolas públicas de Teresina- PI e bibliográfica: Freire (2001), Texeira (1963), Zalbaza (1998) Pimenta (2012). Concluímos que, embora existam algumas políticas de ensino e gestão nas escolas públicas é necessário que, haja um despertar para a prática docente. Ou seja, cabe ao educador repensar a forma como está ministrando sua aula, planejar e procurar metodologias que melhorem a qualidade de seu ensino, visando à necessidade de seus alunos; mesmo com os poucos recursos existentes nas escolas, é o professor que, além de ensinar, também auxilia no desenvolvimento humano e forma cidadões para a vida. Palavras-chave Prática Docente, Ensino, Escola Pública A FORÇA DO DISCURSO RELIGIOSO NEOPENTECOSTAL: UMA ANÁLISE SOBRE A COMUNIDADE EVANGÉLICA SARA NOSSA TERRA Autor ANDRÉ LUIZ DE CASTRO SILVA Resumo O campo religioso cristão neopentecostal brasileiro tem investido sistemicamente nos últimos anos na mídia eletrônica para levar aos sujeitos interpelados, a todo instante, mensagens que atinjam um número maior de pessoas que buscam ―fortalecer o ser‖, ou seja, o emocional. O objetivo é analisar a integração do ethos e o pathos retóricos aos quadros teóricos dos estudos discursivos apoiando-se em Maingueneau (1997, 2005) e Charaudeau (2007, 2010) e Amossy (2005) de trechos de mensagens apresentadas por uma das denominações que mais fomentam a paternalização – a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra. A metodologia utilizada foi a análise do programa ―Vida com Esperança‖, exibida e gravada da Rede Gênesis de Televisão entre os dias 03 e 07 de setembro de 2014. Selecionamos o corpus restrito em cinco minutos de sermões. A análise mais detalhada, de caráter qualitativo, resumiu-se ao corpus restrito. Observamos que a denominação liderada pelo professor, físico, empresário e também Bispo Robson Rodovalho, através do uso da mídia eletrônica (Rádio e TV) constrói, por meio de formações discursivas distintas, determinados dizeres que podem ou devem ser apresentados, com o intuito de promover um feeling gerando maior visibilidade a igreja, aos seus feitos e, depois, o nome de Jesus Cristo. Neste campo está imbricada a busca por práticas discursivas através de estratégias argumentativas voltadas para um público cada vez mais necessitado em satisfazer anseios, necessidades e desejos através da ação dos sujeitos que reconstroem sentidos através de discursos dos lugares em que falam. Palavras-chave Discurso, Phatos, Religião 145 FOTOGRAFIA MATRIMONIAL: A CARACTERIZAÇÃO DA NOIVA COMO UMA DAS BASES DE CONSTRUÇÃO DE UM ARQUIVO FOTOGRÁFICO Autor Andressa Izepe Coautor Edson Carlos Romualdo Resumo O século XIX presenciou o advento de uma nova tecnologia que iria revolucionar a forma como as pessoas viam o mundo: a fotografia. No contexto em que foi criada, a fotografia passou a ser considerada uma possibilidade inovadora de informação e conhecimento, bem como instrumento de apoio à pesquisa. Ao passo que a tradição fotográfica foi aumentando, fez-se necessário o surgimento de arquivos imagéticos que abarcassem as fotos captadas, a fim de tornálas fontes históricas e possíveis corpora para pesquisas posteriores. Entendendo a fotografia um documento de cunho histórico de suma importância para a sociedade e para os estudos acadêmicos, estamos desenvolvendo um projeto de pesquisa cuja finalidade é criar as bases de construção do arquivo JASON FOTOGRAFIAS, que compreende centenas de fotos de casamentos desde a década de 50 até a década de 70. Mais especificamente, buscamos criar uma ficha de catalogação que seja capaz de ser utilizada para inventariar as fotografias de casamento que formam o acervo em questão, com a finalidade de poder abri-lo a pesquisas acadêmicas. No percurso da pesquisa, temos trabalhado o conceito de arquivo e como se dá a montagem de um arquivo fotográfico, apoiando-nos no que expõem autores como Kossoy (1980, 1989, 2009), Dubois (1994) e Barthes (1984). Os resultados até o momento mostram que uma das bases para a criação do arquivo fotográfico é a caracterização identitária da figura da noiva. Assim sendo, abordamos, neste trabalho, a figura da noiva e a simbologia dos elementos que compõem sua caracterização identitária. Palavras-chave Fotografia, Arquivo, Casamento. PROPOSTA DE LEITURA DE TEXTOS VERBO-VISUAIS PUBLICADOS NA OBRA "O PASQUIM - ANTOLOGIA — 1969 - 1971": OS EFEITOS DE SENTIDO DO HUMOR NA/PELA MEMÓRIA. Autor Bruna Caires Delgado Resumo Partindo de um interesse no ensino da leitura de Língua Portuguesa, tendo-se em vista uma ancoragem na Análise do discurso de linha francesa, nossa proposta constitui uma perspectiva discursiva de textos extraídos da obra "O Pasquim - Antologia — 1969 - 1971", uma compilação feita por Jaguar e Sérgio Augusto das 150 primeiras edições do semanário retirados do jornal em questão. Levando em conta uma abordagem da materialidade verbal e visual do texto jornalístico, neste caso, de diversos gêneros discursivos tais como: crônica, charge, infográfico, biografia, paródia, capa produzidos pelo Jornal "O Pasquim", publicação que se consagrava como jornalismo alternativo e de posição de resistência à ditadura, a proposta de leitura elaborada está voltada para alunos do Ensino Médio (3ª. série) e possui como ponto de apoio a Proposta Multidimensional-Discursiva (SERRANI, 2005). O trabalho apresenta possibilidades de encaminhamentos de leitura cujos gestos de interpretação tencionam conduzir os alunos "a uma relação menos ingênua com a linguagem", nas palavras de Orlandi (1999, p. 9). Palavras-chave Antologia O Pasquim, Proposta Multidimensional-discursiva, Componente Cultural 146 DISCURSOS ACERCA DO ARTESANATO E DA ARTE Autor Bruno Arnold Pesch Coautor RENATA MARCELLE LARA Resumo Este resumo aborda sobre o projeto de iniciação científica (PIBIC/ CNPq- FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA-UEM) ―O artesanato em (des)encontros discursivos com o artístico‖, em desenvolvimento na Universidade Estadual de Maringá. Objetiva-se compreender, pelos entremeios de discursos instituídos/legitimados sobre o artesanato e a arte, a especificidade do artesanato em seus (des)encontros com o artístico. Para isso, utiliza-se como teoria e método a Análise de Discurso francesa fundada por Michel Pêcheux, que busca pensar como se produzem os efeitos de sentidos entre sujeitos do discurso. Sentidos esses nunca acabados/prontos. Nesse projeto, toma-se para análise dois documentos que norteiam o artesanato: Base Conceitual do Artesanato Brasileiro (2012), do Governo Federal, e o Termo de Referência: Atuação do Sistema SEBRAE no Artesanato (2010). Neles, o artesanato é apresentado, conteudisticamente, como uma produção resultante da transformação de matérias-primas em objetos e artefatos, envolvendo técnicas aliadas à criatividade, destreza, qualidade e valor cultural, valorizando o manual. Entretanto, discursivamente, não se pode pré-afirmar a existência de um distanciamento ou aproximação entre arte e artesanato, de forma excludente, e como isso se dá. O corpus analítico é construído por recortes discursivos dos documentos. Na construção do corpus, as marcas encontradas, até então, sinalizam que ambos os documentos, em certo ponto, se assemelham a um glossário/dicionário, ―definindo‖ o que é ou não artesanato, isto é, ―padronizando‖ as diversas formas de artesanato, além de estabelecerem parâmetros para atuação das duas entidades em todo o território nacional. Palavras-chave Análise de Discurso, Arte, Artesanato. ENTRE AUTOR E PÚBLICO - POSIÇÕES DO MINISTÉRIO DA CULTURA CIRCULANTES NO YOUTUBE Autor Camila Martins de Oliveira Coautor Ana Silvia Couto de Abreu Resumo No presente trabalho, inscrito na filiação teórica da Análise de Discurso francesa, analisamos vídeos disponíveis no YouTube http://www.youtube.com/user/ministeriodacultura do Ministério da Cultura do Brasil (MinC), a fim de compreender a posição do MinC em relação à questão da autoria, analisando o funcionamento discursivo dessa mídia social, com base em algumas categorias centrais da teoria da Análise de Discurso como: formação discursiva e posição sujeito. Foram analisados vários vídeos, no decorrer do trabalho, e compreendemos que há um embate entre os sentidos de direito do autor e o de livre acesso do público aos bens culturais, caracterizando determinadas formações discursivas e posições sujeito circulantes no MinC, durante o período de análise, no qual houve troca de responsáveis pelo Ministério. Para um efeito de síntese, destacamos que na gestão de Juca Ferreira, que volta a ser o Ministro da Cultura em 2015, ele afirma que ―precisamos evoluir para uma lei do direito autoral que garanta a realização plena do direito autoral dos criadores brasileiros sem ferir o direito patrimonial dos empresários e garantindo o acesso pleno por parte da população.‖; já na gestão de Ana de Hollanda, embora se fale do direito do público, os sentidos vão na direção de enfatizar o valor do autor, ao afirmar: ―Mas ele tem que viver do seu direito autoral‖. O uso do operador argumentativo de oposição não deve aí ser menosprezado. O fato de essas posições discursivas circularem por vídeo permite um alcance intenso e indica, pelo número de acessos e compartilhamentos, como os sentidos vão se estabilizando na sociedade, marcando posições em confronto. Palavras-chave Análise de discurso, Mídias sociais, Direitos autorais. 147 SABERES SOBRE A FEBRE AMARELA: 1890 À 1906 Autor CAMILA SAFRANSKI Coautor Stefanie Griebeler Oliveira Resumo Neste trabalho analisamos as condições para o aparecimento dos saberes sobre a febre amarela na perspectiva foucaultiana. Está inserido no pós-estruturalismo foucaultiano que coloca sob suspenção a essência das coisas, das continuidades, não se tratando de recusá-las definitivamente, mas de sacudir a quietude com que as aceitamos. O material empírico foi constituído por documentos legais referentes a febre amarela, publicados no Diário Oficial da União, entre 1890 à 1906. Os 371 documentos encontrados foram organizados e identificados conforme o ano, selecionamos ―4‖ para composição do trabalho e na sua análise foram utilizadas ferramentas foucaultianas: poder e saber. Percebemos que, em 1892, o saber sobre a doença era explicado pela teoria miasmática e se dizia que o pântano náutico era propagador das moléstias. Eis a primeira hipótese sobre a origem da doença, dada de forma abstrata. Acreditavam que o ―pântano náutico‖ estava presente em porões de navios, onde se acumulavam água, dejetos orgânicos vivos e em processo de decomposição, formando uma atmosfera pútrida. Todavia, no período, conhecia-se a existência de microrganismos causadores da patologia e principiavam as discussões médicas sobre como vencer esses seres através da higiene e o cuidado com a saúde pública. Nascia um novo saber sobre a transmissão da febre amarela, legitimado até hoje, através da picada de um mosquito. Por fim, observamos os deslocamentos de saberes sobre a febre amarela devido a algumas condições: observações médicas; ausência do pântano náutico devido a troca do material do casco do navio, de madeira para ferro; medidas disciplinadoras de controle; e a introdução da vacina. Palavras-chave Febre Amarela, Poder, Saber A ESTRUTURA RETÓRICA DE RESUMOS DE ARTIGO CIENTÍFICO DAS ÁREAS DE PSICOLOGIA E FILOSOFIA Autor Cláudia Aparecida Macon Coautor Quézia do Prado Silva Resumo O gênero resumo de artigo científico tem como objetivo promover a publicação e a leitura do artigo que acompanha. Para isso, é preciso que o pesquisador conheça as convenções linguísticas adotadas pela comunidade científica a que se dirige, como, por exemplo, a organização retórica que compreende a forma como as informações referentes ao artigo são apresentadas e enfatizadas (contextualização, apresentação, metodologia, resultados, conclusão). Em um contexto científico em que diversos trabalhos são submetidos para publicação, disputando um lugar em revistas de grande difusão, escrever um resumo que apresente o artigo de forma atraente, persuadindo o comitê editorial a encaminhá-lo aos pareceristas e, depois de publicado, leve o público-alvo a lê-lo, torna-se uma habilidade imprescindível a todo pesquisador que almeja reconhecimento. O presente Projeto de Iniciação Científica visa a analisar a estrutura retórica de resumos de artigo científico das áreas de Psicologia e Filosofia, para verificar como os pesquisadores de cada área se dirigem à sua comunidade científica, privilegiando certas funções retóricas em detrimento de outras. Palavras-chave Gênero, Resumo de artigo científico, Estrutura retórica 148 NARRATIVA E VIDA SOCIAL: UMA PROPOSTA DE ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO NA CONDUÇÃO DE INTERROGATÓRIOS POLICIAIS Autor EDUARDO FILIPE DUARTE NUNES Coautor Silvia Regina Emiliano Gonzaga Resumo A pragmática linguística permite que analisemos discursos em contextualização, o que nos dá a chance de evidenciar, determinar fundamentos e origens, analisar e, finalmente, desenvolver conceitos e prerrogativas, novas ou aperfeiçoadas, acerca de circunstancias específicas. Este é o pano de fundo proposto e o cenário é o momento crucial, único e definitivo em si – eis que tem a pretensão de extrair a verdade em sua melhor apresentação: o interrogatório policial. Partindo da base teórica do Círculo de Bakhtin, filósofo linguista, levantaremos as peculiaridades que constroem o discurso do interrogatório sob a ótica de quem dele é alvo: vítima ou autor, não importa. Assim, tem-se como objetivo específico estabelecer quais as mais eficazes técnicas na construção do interrogatório e porque melhor se aplicam. O momento do interrogatório, peça chave em inquéritos, policiais ou judiciais, é único e pode definir o destino das partes, sejam elas autores ou réus. Desde o perfil do interrogador e daquele que é interrogado, até os motivos e circunstâncias de cada personagem, cada fator contribui efetivamente para a construção do discurso. Nossa intenção é extrair, buscando a ótica de cada um, os parâmetros, as diretrizes que melhor constroem o interrogatório com fins a elucidação clara, a apresentação da verdade objetivada e quais as prerrogativas teóricas melhor auxiliam nesse processo. Elementos da pragmática linguística, filosofia e psicologia da linguagem, tem a condição de orientar na análise do discurso utilizado, nas posturas dos personagens que deles participam e na construção de interrogatórios realmente eficazes. Palavras-chave Linguagem, Interrogatório, Discurso. O TRABALHO (IN)VISÍVEL DAS MURALHAS E IDENTIDADE DO TRABALHADOR. Autor Evelyn Yamashita Biasi Resumo O presente trabalho refere-se a uma pesquisa de mestrado sobre os processos identitários do agente de escolta e vigilância do estado de São Paulo. Esta proposta justifica-se a partir do pressuposto de que o trabalho nas muralhas carrega características de invisibilidade que contribuem para a exclusão social e consequentemente para a constituição da identidade desse trabalhador. Desta forma, este estudo visa investigar como as formas de invisibilidade do trabalho influenciam na formação dos processos identitários desse trabalhador, bem como analisar as formas de reconhecimento no trabalho e as representações do trabalhador frente ao ideário social. A base teórica está fundamentada na Análise do Discurso de linha francesa que compreende o discurso como lugar onde se pode observar a relação entre língua e ideologia do sujeito que é clivado, incompleto e inconsciente. O método utilizado é o foucaultiano arquegenealógico (FOUCAULT, 1987; 1988) e, por se tratar de uma pesquisa de cunho qualitativo, a coleta do corpus foi realizada por meio de entrevista semi-estruturada (MINAYO, 2000). Os resultados encontrados apontam o trabalhador de muralha percebe a invisibilidade como um mecanismo de proteção dos riscos decorrentes da execução de seu trabalho; o sujeito acredita que quanto maior invisibilidade tem o seu trabalho maior é a eficácia do mesmo, pois para que seu trabalho se torne efetivo é necessário que não apareça. Por outro lado, as formas de reconhecimento no trabalho são permeadas pela relação de poder do trabalhador frente à população carcerária e a geral; o sujeito se vê como sendo um agente da ordem e da proteção social. Palavras-chave Análise do Discurso, Trabalho nas muralhas, Invisibilidade 149 ESPAÇO DE SIGNIFICAÇÃO NO FILME ―O MENINO DO PIJAMA LISTRADO‖ A CASA E A RUA Autor Fabiana Cristine Antoniucci de Lima Resumo Este trabalho tem como objetivo analisar o filme ―O menino do pijama listrado‖ pelo viés da Análise de Discurso, observando como é discursivizado os espaços da casa e da rua no filme. Pela perspectiva discursiva, como sujeitos afetados pela ideologia e pelo inconsciente, somos sempre instados a interpretar, sendo essa capacidade de significar o mundo e de nos significar aquilo que nos torna diferentes dos animais. O filme é composto por imagens, sons, palavras, músicas e corpos, e constitui um texto que demanda sentidos e se abre para diferentes possibilidades de análise, uma vez que a incompletude é constitutiva da perspectiva teórica na qual nos inscrevemos. A materialidade analisada é uma adaptação do famoso livro de mesmo nome, de autoria de John Boyne, e tem como pano de fundo a II Guerra Mundial. O filme conta a história da amizade entre Bruno, filho de um comandante da elite nazista, diretor de um campo de concentração, e Shmuel, um menino judeu prisioneiro neste campo. Os dois têm oito anos e levavam vidas muito parecidas, antes da guerra. Bruno, a princípio, acredita que o local visto da janela de seu quarto é uma fazenda, na qual vivem fazendeiros estranhos que passam o dia vestidos de pijamas listrados. Porém, mais tarde, descobre que a fazenda, na verdade, é um campo de concentração. Por fim, o garoto compreende a natureza do trabalho de seu pai, o que lhe causa muitas dúvidas, como por exemplo, pensar se o pai é mesmo o herói que ele sempre pensou que fosse. Desse modo, ―O menino do pijama listrado‖ não revela somente a história da guerra, mas de conflitos familiares, que se estabeleceram a partir das consequências do nazismo. Palavras-chave Análise de Discurso, ideologia, casa e rua OS CONTOS DE FADAS E O ENSINO DE FLE: EM BUSCA DE UMA ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA DE RIQUET Á LA HOUPPE DE CHARLES PERRAULT Autor FERNANDA GIACOPINI RAMOS Coautor NATALIA GODOY Resumo Buscando incentivar o gosto pela leitura do texto literário francês, esta pesquisa, vinculada ao Grupo de Pesquisa ―Língua e literatura: interdisciplinaridade e docência (UNIFESP)‖ e ao projeto de pesquisa ―A narrativa francesa como suporte para a aprendizagem de FLE. É possível encontrar novos caminhos?‖(UEM), parte do estudo analítico do conto de fadas Riquet à la Houppe de Charles Perrault, em que a análise está centrada nos três pilares constitutivos de gêneros discursivos – conteúdo temático, estilo e estrutura composicional –, para apreender as características do gênero conto de fadas, segundo os conceitos literários de COELHO (1997); GOTLIB (2011) relacionados aos conceitos de gêneros de Bakhtin (1992). A partir desta análise do conto, o estudo embasa a produção do material didático – centrada nas suas versões impressa e em áudio – aplicado na disciplina: Língua Francesa: Habilidades comunicativas integradas 2, do segundo ano do curso de Letras Português/Francês, da Universidade Estadual de Maringá. A partir da realização do trabalho, é possível afirmar que a proposta interacionista de ensino de estimula o ensino-aprendizagem do gênero conto não apenas para a aquisição de vocabulário, mas também para o estudo da gramática, para a prática da oralidade, da leitura e da escrita, assim como o aprimoramento de conhecimentos sócio-histórico-ideológicos do aprendiz-leitor, contribuindo para a formação de um leitor crítico, consciente da riqueza linguístico-cultural da narrativa literária francesa, capacitando-o para interagir com e a partir dela. Palavras-chave Gêneros Literários, Gêneros Discursivos, Leitura. 150 PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO DE FONÉTICA E FONOLOGIA PARA DEFICIENTES VISUAIS: UMA PRÁTICA INCLUSIVA Autor Gabriela de Souza Marques Coautor Edson Carlos Romualdo Resumo Embora os sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem de línguas sejam tratados de forma unívoca, de modo que a homogeneidade mascare a heterogeneidade (Coracini, 2011), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9.394/96) afirma que os sistemas de ensino no Brasil devem assegurar ao aluno com necessidades especiais especificidades que atendam às suas peculiaridades. No mesmo viés de inclusão, as Diretrizes Curriculares do curso de Letras preveem que todo futuro profissional da área desenvolva capacidades relacionadas à escrita e à oralidade, o que implica a indispensabilidade do estudo de Fonética e Fonologia. A partir disso, surgiu o fomento desta pesquisa: a ausência de meios para levar os símbolos fonéticos e fonológicos a uma acadêmica deficiente visual do curso de Letras da Universidade Estadual de Maringá. Favorável à inclusão, este projeto almejou encontrar um modo de representação para esses símbolos, uma vez que tais conhecimentos auxiliam o professor a elaborar atividades que facultam a aprendizagem do alunado e devem estar ao alcance de todos os futuros profissionais. Nessa busca, realizaram-se entrevistas semiestruturadas com especialistas em Educação Especial que trabalham com cegos na cidade de Maringá– PR. Acreditava-se que a melhor maneira de representar os símbolos seria o relevo, todavia informantes não videntes revelaram aspectos negativos acerca desse material que foram considerados e, somados a outras informações, deram à investigação um novo rumo: a adaptação em Braille, feita pelo Centro de Apoio Pedagógico (CAP) de Maringá, de um livro acerca de Fonética e Fonologia – inclusive dos símbolos –, escrito e organizado por professores da UEM. Palavras-chave Inclusão, Ensino-aprendizagem, Deficientes visuais. MODOS DE CONSTRUIR O DISCURSO DE CRISE NA GESTÃO DOS HOSPITAIS CONTEMPORANEIDADE: UM OLHAR SOB A PERSPECTIVA DOS ESTUDOS CULTURAIS Autor Giovana Cóssio Rodrigues Coautor Fernanda Sant´Ana Tristão PÚBLICOS NA Resumo Introdução: a mídia chama a atenção para a crise financeira vivida pelos hospitais públicos brasileiros.É vasta a proliferação discursiva sobre a situação da saúde que ocorre na mídia atualmente percebe-se a veiculação de enunciados potentes como os que tratam sobre a crise na saúde e precarização dos hospitais públicos.Objetivo: analisar alguns discursos sobre crise na gestão dos hospitais universitários em reportagens veiculadas em uma revista com circulação nacional.Referencial teórico metodológico:o trabalho segue as perspectivas pós-estruturalistas, assumidas nos Estudos Culturais.Desenvolvimento:foram analisadas reportagens publicadas em uma revista de grande circulação nacional desde seu lançamento até o presente ano. Foram identificados o discurso da governança e o discurso da qualidade e produtividade. Tais discursos evidenciam preocupação com o futuro dos hospitais universitários federais e indicam ser necessário implementação do controle administrativo, relacionado à melhoria da qualidade para conquistar vantagem competitiva, desempenho, produtividade e retorno sobre os investimentos. Para tanto, indicam a necessidade de instituir-se mudanças nos processos administrativos articulando de forma mais produtiva pessoas, instalações, equipamentos e demais recursos, visando produzir resultados superiores.Considerações Finais:a mídia se ocupa da divulgação de formas de gestão eficiente, utilizando em seus textos a linguagem técnica da administração gerencial afim de instituir verdades e assim mostrar a população as inúmeras iniciativas e novas tecnologias que se tem a mão para encaminhar o problema da gestão dos referidos hospitais. Palavras-chave Estudos Culturais, Mídia, Hospitais 151 UM SÓ CORPO: ABUSO SEXUAL E O PAPA FRANCISCO Autor Heitor Messias Reimão de Melo Coautor Milene Cardoso Gonzaga de Melo Resumo Ao colocar o abuso sexual em pauta, percebe-se que nunca houve uma tolerância e supostamente nunca haverá, assim diante de tal tema é possível observar discursos de indignação, repúdio até reparação. A exploração sexual constitui-se como uma prática muito ofensiva para a sociedade, ainda mais quando esse ato esta relacionado a menores e, ainda, causado por um integrante do clero. Quanto mais esse assunto é exposto, mais os discursos da imoralidade, do errado, do pecado e da descrença dos fieis para com a Igreja circulam pela sociedade, fazendo até com que Papa se manifeste sobre, até porque uma vez que um sacerdote cai em tentação mancha a imagem de todos, afinal, são um só corpo e uma só Igreja. Sabe-se que o discurso religioso suscita grandes discussões, não só em relação à postura espiritual, mas também quando esse tema encontra diálogos ou embates com os valores sociais. Este trabalho tem como objetivo analisar uma homília do Papa Francisco, em uma missa realizada com algumas vítimas de abusos sexuais cometido por um clerical. Este artigo não pretende questionar o discurso religioso, mas visa a entender os sentidos presentes, relacionando-os com as condições de produção e o interdiscurso, desconstruindo alguns dizeres. Esta pesquisa está pautada na Análise do Discurso de linha francesa, utilizando, principalmente, o aporte teórico: Pêcheux (1997), Orlandi (2001) e Lagazzi (1988). Palavras-chave Abuso sexual, Papa Francisco, Análise do discurso. GOVERNO DO CORPO E DISCIPLINA: O CORSELET EM VIDEOCLIPES DAS DIVAS DO POP (1980 – 2014) Autor Leonardo Teófilo da Silva Santos Coautor Nilton Milanez Resumo Investigamos neste trabalho, em específico, o corselet como um objeto que exerce governo sobre o corpo e como elemento discursivo com base nos estudos de Foucault, em especial naqueles em que discorre sobre disciplina, formas de governo e discurso. Além disso, problematizamos o funcionamento do figurino em videoclipes da cultura denominada pop como um instrumento socio-histórico produzido para governar e modelar os contornos corporais. Para tanto, analisaremos suas (trans)formações de 1980 a 2014. Selecionamos videoclipes referentes a cada década a fim de verificar a produção discursiva sobre o corpo e sua materialização em produtos audiovisuais. Tomaremos a construção de identidade, as políticas de uso desse elemento e a auto-espetacularização do corpo do sujeito como uma metamorfose que emerge do interior para o exterior, focalizando a roupa como uma segunda pele. Nessa perspectiva, compreenderemos os códigos que o vestuário veicula exercendo uma espécie de ―poder‖ cultural, exercendo formas de governo sobre o comportamento e as atitudes sociais. Dessa forma, as perguntas que conduzirão esta pesquisa são: quais as políticas, regras para o uso do corselet? Como o corselet é atualizado e se torna um elemento de discurso disciplinar sobre formas de governar e se auto-governar o corpo? Para responder nossas perguntas, analisamos o corselet em diversos aspectos, incluindo questionamentos sobre como o ele é mostrado, à qual espécie de governo ele está servindo, qual corpo ele molda e quais as mudanças da peça de um videoclipe para outro. Palavras-chave Figurino, Governo do Corpo, Discurso 152 DA IMAGEM AO SILÊNCIO: A CENSURA NO ANIME DRAGON BALL Autor Lucas Mestrinheire Hungaro Resumo A Análise do Discurso de linha francesa tem como objeto de estudo o discurso e seu sentido, ou seja, ela se interessa por estudar a ―língua funcionando para a produção de sentidos‖. Tendo os animes, os desenhos animados japoneses, como uma imagem que se produz e que produz sentido, este trabalho propõe-se a discutir como as formas de censura se dão no anime Dragon Ball. Foi escolhido este anime pela popularidade, pelo grande sucesso mundial e também por conter material em grande quantidade e qualidade para a análise do discurso, como por exemplo a censura. Verificar-seá como as cenas originais, ao serem configuradas para a linguagem televisiva, sofrem censuras e, que, a partir disso, produz outros efeitos de sentido que promovem o silêncio e o silenciamento do dizer desencadeando assim um alijamento do sujeito frente à sociedade, sociedade esta (a japonesa) que cria a imagem futurista no mercado tecnológico pressupondo uma ampla democracia social mas que se contradiz ao instaurar o silêncio de dizer. Palavras-chave Análise do Discurso, Censura, Anime ANÁLISE DE UMA CHARGE SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DE JULHO: CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO, SENTIDO E MEMÓRIA. Autor Luis Fernando Aguiar de Souza Coautor Ludiane Aparecida de Souza Resumo O objetivo deste painel é analisar os discursos manifestados na charge intitulada ―Infiltração Urbana‖, produzida por Mariano, em julho de 2013, durante as manifestações chamadas ―Manifestações de Julho‖, e veiculada na internet. Para desenvolver a análise, a pesquisa fundamentou-se nas bases teóricas da Análise do Discurso, conhecida como de linha francesa, em especial na vertente atualmente representada por Maingueneau, trabalhando com as noções de condições de produção, discurso, interdiscurso e memória discursiva. As condições de produção são um dos fatores mais importantes a serem levados em conta na análise de discursos, ou seja, as condições que envolvem o sujeito no momento em que o discurso foi produzido devem ser analisadas. Nesse sentido, a pesquisa verifica os aspectos sociais, históricos e ideológicos que envolveram a produção da charge. Além disso, também considera a memória discursiva na compreensão dos efeitos de sentido no corpus. O estudo evidencia que há diferentes sujeitos e diferentes discursos materializados na linguagem verbal e não-verbal presentes na charge. Palavras-chave discurso, condições de produção, memória discursiva. 153 BAILARINAS DE RUA: O DANÇAR INCONSCIENTE. Autor Macuri Peteffi Coautor Luciene Jung de Campos Resumo O presente trabalho é parte de uma reflexão dos pesquisadores do projeto de pesquisa Artesanato e turismo: saberes e trocas simbólicas. Esta pesquisa trabalha com aportes teóricos da psicanálise, da linguística e do materialismo histórico para ler a arte e o deslocamento humano cotidiano. A materialidade em análise neste texto é a fotografia, linguagem imagética, fruto de uma performance do projeto artístico chamado Bailarinas de rua. Na rua, o balé clássico deixa de apresentar-se como a arte erudita de outrora e se encarrega de tangenciar o opaco do real, inscrevendo-se como ―a outra cena‖, da arte, do urbano, do feminino. Eis que estabelecemos um diálogo teórico na interface arte-psicanálise, num deslizamento entre estes dois campos intimistas que se desnudam na cidade. Sigmund Freud instaurou no século XX um verdadeiro divisor de águas ao analisar as mulheres confinadas no espaço doméstico, conhecidas como histéricas .Este trabalho busca um diálogo em dupla direção: com a estética da histeria de Charcot a Freud e com a arte de Louise Bourgeois em sua reconhecida obra ―O arco da histeria‖. Esta revisão teórica reafirma que a arte antecede os preceitos psicanalíticos. E é ele, Freud, quem nos avisa: "Seja qual for o caminho que eu escolher, um poeta já passou por ele antes de mim." As bailarinas de rua engendram o clássico ao contemporâneo, num dinamismo perturbador aos olhos de uma sociedade marcada pelas heranças do sexismo, do machismo e do consumo. Desloca uma dança, antes concernente às elites, para o corpo disforme das ruas. Este choque acaba por rasurar a cidade na cena contemporânea. Palavras-chave bailarinas de rua, psicanálise, análise do discurso. O CINEMA FRANCÊS SOB O VIÉS DAS PRÁTICAS DE SUBJETIVAÇÃO E BIOPOLÍTICA: O CORPO TRANSEXUAL INFANTIL EM ENTRELUGAR Autor Maraisa Daiana da Silva Coautor Ismara Tasso Resumo O presente trabalho, vinculado ao projeto PIBIC (CNPq – UEM), subsidiado pelo escopo teórico da Linguística e da Análise do Discurso franco-brasileira, recorre aos procedimentos teórico-metodológicos foucaultianos com ênfase nos componentes crítico e genealógico. Sob tal perspectiva, investiga como a transexualidade infantil masculina é discursivada no filme francês Ma vie en rose, dirigido por Alain Berliner (1997), dada a atualidade e a emergência que o tema impo?e ao espaço educacional brasileiro e a? sociedade como um todo. Por ser o cinema uma mi?dia de excelência para ale?m do entretenimento, um dispositivo de congregaça?o entre saberes ―tecnocienti?fico‖ (LUZ, 2007), discursivos poli?tico e socioculturais para o dizer da sociedade sobre o corpo e a sexualidade, adotou-se a materialidade fílmica como objeto de investigação, em razão de o dispositivo do pânico moral circunscrever-se em práticas discursivas educacionais sobre o tema. Diante disso e da asseveraça?o de que ocorreram mutaço?es importantes no regime do dizer e do olhar o corpo a partir de 1968, interessa-nos, avaliar a produça?o cinematográfica francesa sob o status de vanguarda na relação de distanciamento entre o que é visível (o acontecimento real) e o que é enunciado. O objetivo deste trabalho é o de compreender o modo como a transexualidade infantil é discursivizada no cinema francês. E, dessa forma, a partir desse viés, é estabelecido um paralelo através do qual se analisou como essas (in)visibilidades entram em circulação e proclamam demandas políticas no e pelo social. Palavras-chave Transexualidade infantil, Corpo, Dispositivo 154 O CORPO EM DISCURSIVIZAÇÕES ARTÍSTICAS NA SÉRIE ―EXTIRPAÇÃO DO MAL‖ Autor MARIA EDUARDA CARRENHO FABRIN Coautor RENATA MARCELLE LARA Resumo A presente temática aborda o discurso artístico na pintura da artista plástica carioca Adriana Varejão em que o corpo se faz presente, como nas obras da série Irezumi (1997-1999), intituladas Extirpação do Mal, nas quais se veem o corpo retratado de modo incomum, descarnificado. A investigação parte de um recorte do Projeto de Iniciação Científica ―O Discurso Artístico do Corpo e da Arte pelo Corpo na Pintura de Adriana Varejão‖ (PIBIC/FA-UEM), objetivando estudar o corpo como discurso (artístico) e observar as formas de inscrição e o funcionamento desse corpo na construção e no discurso da pintura artística de Varejão, a fim de compreender como ele (se) significa. Trata-se de uma abordagem materialista do discurso – este compreendido como efeito de sentidos –, já que o corpo e a arte pictórica são tomados como discurso artístico a partir do referencial teórico-metodológico da Análise de Discurso, proposto pelo filósofo francês Michel Pêcheux. As obras selecionadas para o desenvolvimento deste trabalho foram Extirpação do Mal por Incisura, Extirpação do Mal por Revulsão e Extirpação do Mal por Overdose, que, além de Extirpação do Mal por Curetagem e Extirpação do Mal por Punção, foram expostas no salão da 22ª Bienal de São Paulo (1994). O corpus se contrói nessas e por essas produções artísticas, que se compõem da técnica de pintura a óleo e outros materiais como: poliuretano, emplastro sabiá, bolsa de sangue, maca e campânulas. Com base no funcionamento discursivo do corpo (artístico) inscrito nas pinturas analisadas, foram apontadas significações outras referentes ao corpo pictórico, considerando as condições de produção de cada uma das três obras. Palavras-chave Corpo Pictórico Discursivo, Discurso Artístico, Extirpação do Mal. PRIVACIDADE EM TEMPOS DE REDE: A ESCRITA DE UM VERBETE Autor Maria Fernanda Moreira Resumo Propomos com este trabalho uma análise do funcionamento discursivo da privacidade em tempos de rede. Buscamos identificar, sustentados na Análise de Discurso, como se tecem e se formulam os discursos reguladores e de governança na produção de sentidos no ciberespaço. Isto se dá nas condições de produção do ciberespaço, cada vez mais marcado pela vinculação em rede do que fazemos com quem somos, que toma corpo principalmente através dos recentes fenômenos da personalização e da bolha de filtros - tecnologias que criam um mundo exclusivo para cada um pautado no recolhimento massivo de dados pessoais (desde cópias de arquivos até mesmo o acesso à câmera e ao microfone) e do monitoramento dos usos realizados (cliques, pesquisas, históricos). E que funcionam, basicamente, acoplados a tantos outros negócios de análise de dados a fim de depreender perfis de comportamento e antecipar possíveis intenções e então empregá-las para fins lucrativos. Assim, para empreender esse trabalho, selecionamos como material de análise e arquivo de pesquisa: 1) a legislação do Estado no que tange o controle privado de informações pessoais, 2) as vozes institucionais que regulam o navegar, materializado pelos termos de serviço e políticas de privacidade e 3) o verbete ―privacidade‖ em alguns dicionários de língua portuguesa.Escolhemos esses recortes por serem oportunos à proposta de leitura prismática de arquivo. O nosso objetivo é desenvolver um trabalho que resulte na formulação de um verbete autoral, polissêmico e discursivo para a ENDICI: Enciclopédia Discursiva da Cidade, em um gesto de leitura que problematize as evidências da definição. Palavras-chave Redação de verbete, Ciberespaço, Privacidade 155 THE BIG BANG THEORY E A TRADUÇÃO DO HUMOR POR LEGENDADORES VIRTUAIS Autor Mariane Oliveira Caetano Coautor Liliam Cristina Marins Prieto Resumo O presente trabalho tem como objetivo geral analisar as legendas em português de trechos específicos dos episódios 4 (1ª temporada), 17 (2ª temporada), 18 (3ª temporada), 3 e 16 (4ª temporada) e 4 (6ª temporada) da sitcom americana The Big Bang Theory, com direção de Chuck Lorre, que envolvem comicidade e questões culturais. Ao considerar a expansão e abrangência das séries televisivas e a repercussão dessa sitcom em específico, o trabalho de legendagem é cada vez mais realizado por legendadores virtuais, os quais precisam obedecer normas de formatação, entregar as legendas em um curto prazo de tempo e ainda causar o efeito do humor na língua-alvo. Dessa forma, tais trechos serão analisados a partir das escolhas e estratégias de tradução utilizadas por tais legendadores para obter o efeito cômico característico do gênero sitcom, levando em conta aspectos culturais das línguas envolvidas. Para tanto, essa análise se fundamenta em Rosas (2001), Venuti (2002), Gorovitz (2006), Vermeer (1985) e Derrida (2002). Palavras-chave Legendadores, Tradução, Humor. ARQUEOLOGIA CRÍTICA DA POESIA PARANAENSE DE AUTORIA FEMININA III: GLACY DE ANDRADE FIGUEIRA, RHADAIL VELLOZO, ROSY DE MACEDO PINHEIRO LIMA E POMPÍLIA LOPES DOS SANTOS Autor Mariany Camilo Nabarrete Resumo Inicialmente, o presente PIBIC, coordenado pelo Prof. Dr. Maricano Lopes e Silva, encontrava-se vinculado ao projeto Portal da Literatura Paranaense: formação e consolidação de um campo literário, com o objetivo de realizar o levantamento de informações sobre a vida, a obra poética e a recepção crítica das escritoras paranaenses Glacy de Andrade Figueira (Ponta Grossa, 1912), Rhadail Vellozo (Curitiba, 1920), Rosy de Macedo Pinheiro Lima (Paris, 1914) e Pompília Lopes dos Santos (Curitiba, 1900). No entanto, com a morte do Professor Marciano e posterior coordenação da Prof. Dra. Marcele Aires Franceschini, o projeto tomou contornos distintos. Ao invés de se traçar a formulação de verbetes sobre cada autora, priorizou-se o estudo comparativo delas com escritoras contemporâneas, a exemplo da premiada autora francesa Marie Étienne. Seu nome se configura no estudo porque a aluna está fazendo um ano de intercâmbio na Universite Rennés 2, na França, e se empenhou em traduzir o poema ―Sonetos do céu‖, disposto no livro Dormans (2006). Apostou-se na análise dos textos focada na temática do eu-lírico contemporâneo e sua relação de intimidade poética com seus devaneios e seu cotidiano, posição bastante contraditória da visão romantizada do início do século XX. De fato, o diálogo entre as escritoras supracitadas no título – em especial Rosy de Macedo Pinheiro Lima – com Étienne foi uma opção viável para se preservar a linha original do projeto, que se interessava na produção de autoria feminina e na consequente reflexão sobre a vivência poética destas escritoras, contudo, agora com o enfoque da mulher que transita um século depois das vozes paranaenses. Palavras-chave Escritoras Paranaenses, Poesia de Autoria Feminina, Recorte Temporal 156 (DES)GOVERNO DO CORPO: EXCESSOS DO CORPO EM VÍDEOS ERÓTICOS Autor Matheus Vieira Rocha Lima de Pinho Coautor Nilton Milanez Resumo Nesta pesquisa objetivamos analisar o discurso fílmico de vídeos encontrados em sites eróticos e discutir as noções de (des)governo e intemperanças, compreendidas nos estudos de Michel Foucault e materializadas nos audiovisuais. Estes vídeos materializam relações sexuais que envolvem atos de tortura, mutilação e abuso, tendo por objetivo sodomizar e/ou matar um ou mais participantes. Dessa forma, utilizamos dos elementos discursivos apresentados por Foucault para investigamos os eróticos a partir de três questionamentos teóricos. Primeiro: de que forma as ações funcionam enquanto expressões de domínio dos desejos e das intemperanças? Segundo: como estão marcados os lugares do (des)governo de si e do outro nos audiovisuais selecionados?. Terceiro: como esses sujeitos e suas ações afrontam as políticas de gerenciamento de vida e controle populacional. Para que esses questionamentos pudessem ser problematizados e estudados, traçamos as regularidades entre os vídeos no que se refere a forma de construírem uma relação entre prazer, dor e morte, fixando um lugar de embate entre norma e transgressão. Alem disso, voltamos nosso olhar para as políticas governamentais, definidas por Foucault como biopolítica. Assim, discutimos como as ações (des)governadas dos participantes vão ao encontro desse controle de massa, a suas normas estruturais/morais e seu controle de comportamentos para a manutenção da vida. Palavras-chave discurso fílmico, (des)governo, biopolítica DO CASO DORA AO FUNK: POSSIBILIDADES DE SUBJETIVAÇÃO FEMININA Autor Mônica Restelatto Coautor Luciene Jung de Campos Resumo Tem-se aqui um recorte do trabalho de conclusão de curso apresentado para graduação de psicologia tendo como temática a mulher e o funk. Este trabalho tem como objetivo analisar a poética feminina no funk e estabelecer um diálogo com o Caso Dora para observar as possibilidades da subjetividade feminina na contemporaneidade. Esse texto é fruto da atividade como bolsista de iniciação científica na pesquisa Artesanato e Turismo: saberes e trocas simbólicas e aborda as possiblidades criativas e artísticas das mulheres como possibilidade de subjetivação, sob a perspectiva da Análise de Discurso Francesa de linha pecheutiana. Trata da desconstrução de sentidos e de efeitos de evidencia para a compreensão das relações de força implícitas nas posições que cada sujeito ocupa na ideologia. O corpus desta pesquisa é composto pelas sequencias discursivas provenientes de letras de funk produzidos no Brasil, onde se pode observar duas posições-sujeito-mulher: a fiel e a amante. Identifica-se que as funkeiras fazem uma ruptura no silêncio e dão voz a outras possibilidades de sentido para o feminino e para sua classe social, o que torna possível um diálogo com o clássico Caso Dora, descrito por Freud. Entre Dora e as funkeiras existe o drama da mulher dividida em fiel e amante. Porém, é no espaço público, onde a voz das mulheres funkeiras ecoa de forma desigual, produz-se um enfrentamento às imposições historicamente apresentadas ao feminino e à expressão de seu desejo. Palavras-chave Subjetivação Feminina, Funk, Análise do Discurso. 157 ENTRE TRADIÇÃO E REVOLUÇÃO: A MULHER E A PÍLULA NO DISCURSO JORNALÍSTICO Autor Nathália Tomazini Pereira Coautor Susana de Araujo Gastal Resumo A década de 1960 marca o início da comercialização da pílula anticoncepcional, no Brasil, tendo como público alvo a mulher. O termo mulher diz respeito a uma forma de reflexão sobre o feminino no imaginário a ele associado. A mulher é marcada sexualmente e se coloca como uma invenção histórica e civilizatória. Para a presente análise, interessam as transformações e reproduções das posições sociais e as suas condições de produção, sob a perspectiva teórica e analítica da Análise de Discurso (AD) pecheutiana. O presente trabalho apresenta um recorte de pesquisa mais ampla, no âmbito do Trabalho de Conclusão no Curso de Psicologia da Universidade de Caxias do Sul, e busca analisar a produção de sentidos mulher no discurso jornalístico em artigo sobre o cinquentenário da pílula anticoncepcional, publicada em 2010 em uma revista brasileira. Para isso, busca identificar as Formações Discursivas que concorrem para a produção do sentido mulher; analisar o funcionamento da memória discursiva através do já-dito sobre mulher; e investigar as transformações e a reprodução do sentido mulher no discurso jornalístico da revista em análise. O corpus é composto por sete sequências discursivas retiradas da referida matéria jornalística. Encontrou-se identificação e contraidentificação da posição-jornalista com saberes da Formação Discursiva Religiosa, da Formação Discursiva Patriarcal e da Formação Discursiva Capitalista. Observou-se que esse agenciamento concorre para a produção de sentido sobre a mulher no contexto histórico, social e político, no ano de 2010. Palavras-chave Psicologia, Mulher, Pílula Anticoncepcional. VADIA: METÁFORA DE MULHER NO IDEAL DE LIBERDADE Autor Raquel Alquatti Coautor Luciene Jung de Campos Resumo A Marcha das Vadias surge no ano de 2011, no Canadá, sob a denominação de Slut Walk enquanto resposta ao pronunciamento policial que declara que as mulheres deviam evitar vestirem-se como vadias para não serem estupradas. O presente trabalho aborda os sentidos para o feminino através do discurso reivindicatório do corpo, com o corpo e pelo corpo da mulher na cidade. Trata-se de um recorte da pesquisa apresentada como trabalho de conclusão de curso da graduação em psicologia. Compreende-se, contudo, que a temática abordada vincula-se ao arcabouço teórico que circunda a pesquisa Artesanato e Turismo: saberes e trocas simbólicas do qual a autora participa enquanto bolsista de iniciação científica, onde se discute a relação mulher-trabalho-cidade. Procura-se problematizar a Marcha das Vadias no entrelaçamento entre corpo feminino e cidade na perspectiva da Análise do Discurso. O corpus de análise foi configurado a partir de sequências discursivas apresentadas em fotografias da Marcha das Vadias, em edições brasileiras dos anos de 2012, 2013 e 2104. Neste recorte, busca-se compreender os sentidos do termo vadia, em suas constantes re-apresentações. Portanto, é a partir da metáfora que se pode analisar discursivamente a Marcha das Vadias, enquanto um sintoma social que emerge nas ruas. A Marcha apropria-se do significante vadia e o reapresenta, desloca seus sentidos. Ativa a memória discursiva do termo vadia e opera uma substituição, devolvendo-o para as ruas. Como uma metáfora, a marcha marca o corpo da cidade com palavras de ordem sobre os corpos das mulheres, anunciando um deslocamento de sentidos sobre o feminino. Palavras-chave Marcha das Vadias, Metáfora, Análise do Discurso 158 WORLD OF WARCRAFT: ANÁLISE DAS ESCOLHAS TRADUTÓRIAS DAS FALAS DA RAÇA TROLESA Autor Rebecka Maestrelli Villarreal Coautor Luís Antonio Trigolo Júnior Resumo A popularidade dos jogos digitais cresceu nos últimos anos e isso motivou um maior investimento por parte das empresas que os desenvolvem. Além da criação do jogo em si, há também a preocupação com sua tradução, uma vez que, quando traduzido, o jogo é capaz de atingir um número maior de compradores. O processo tradutório pode ser feito de várias maneiras, uma delas é, segundo Vermeer (1985), a domesticação, que busca aproximar o conteúdo original à cultura do público receptor. O presente trabalho tem por objetivo analisar a técnica de tradução utilizada no jogo World of Warcraft, da empresa Blizzard, e estudar as escolhas dos tradutores do comando /joke (/bobo) na raça troll (trolesa). O jogo é classificado como MMORPG (Massively multiplayer online role-playing game) e é, atualmente, o segundo jogo online mais jogado no mundo. Para jogar, o gamer deve criar sua conta e, em seguida, escolher uma das 11 raças disponíveis no jogo e customizar o seu personagem. O jogo foi, inicialmente, criado em inglês e traduzido para 13 idiomas diferentes, entretanto, a análise desse trabalho focará apenas na tradução para o português brasileiro. Nessa perspectiva, o embasamento teórico desse estudo será pautado em Vermeer, Venuti (1995) e estudos sobre localização. Palavras-chave Tradução, World of Warcraft, Jogos. CHARLES PERRAULT: UMA LEITURA DE AS FADAS Autor Renata Kelen da Rocha Coautor Vilma da Silva Araujo Resumo O estudo sobre gêneros, até meados do século XIX, é marcado por estudiosos como Ferdinand Brunetière e Benedetto Croce, e, depois disso, aparecem teorias mais modernas, até chegarmos às primeiras décadas do século XX, quando surge a teoria dos gêneros discursivos proposta por Mikhail Bakhtin. O autor, a partir da proposta sociointeracionista do discurso, propõe que o estudo dos gêneros se faça a partir dos três pilares constitutivos de gêneros discursivos: sendo o conteúdo temático, estilo e estrutura composicional. A partir desses pilares, temos como objetivo, nesta pesquisa, analisar o conto Les Fées, de Charles Perrault. Buscamos, neste estudo, compreender a evolução dos gêneros desde as definições propostas por Platão, Aristóteles e Horácio até a expansão do conceito de gêneros apresentada por Bakhtin. Descrevemos, para tanto, alguns traços peculiares dos gêneros contos de fadas e contos maravilhosos para, em seguida, apresentarmos a análise do conto de fadas, de Perrault. Nossa pesquisa estará embasada nas teorias de Coelho (1987), Machado (2005), Aragão (1986), Bakhtin (1997), Moisés (1967) e Soares (2007), com vista nos pressupostos analíticos da narrativa sugeridos por Gancho (1991). Por meio da análise, notamos que o conto de fadas Les Fèes, de Perrault, buscou ensinar valores, condutas e comportamentos para a nova geração e, com uso de expressões literárias, ressaltou que o bem sempre é recompensado e o mal punido. Neste sentido, a análise literária, baseada nos estudo dos três pilares, agregou diversos conhecimentos, não apenas sobre a teoria literária do conto, mas também sobre as dimensões culturais e sociais do contexto no qual a obra foi escrita. Palavras-chave gêneros, contos, Perrault 159 REGIMES DE (IN)VISIBILIDADES: O CORPO TRANSEXUAL INFANTIL NO CINEMA FRANCÊS Autor Talita Dias Tomé Coautor Ismara Tasso Resumo A partir do conceito de biopolítica trazido por Foucault e subsidiado pelo escopo teórico da Análise do Discurso francobrasileira e da Linguística, propõe-se, neste trabalho, avaliar a produção cinematográfica francesa sob o status de vanguarda na abordagem do tema da transexualidade infantil feminina no filme Tomboy, de Céline Sciamma. A opção pela materialidade fílmica como objeto de investigação está fundamentada na ausência deste componente curricular na grade do curso de Letras, habilitação português-francês, e, dessa forma, inexistente na formação do professor, além da condição singular de ser o cinema uma mídia de excelência para além do entretenimento, um dispositivo de congregação entre saberes ―tecnocientífico‖ (LUZ, 2007), discursivos e político-culturais para o dizer da sociedade sobre o corpo e a sexualidade. Sob tal contexto, o cinema é, sobretudo, um espaço visual, de expressão político-social, no qual o discurso se consolida por condições de emergência e de (co)existência, projetando o corpo como condição de possibilidade à visibilidade do espetáculo. Trata-se de uma arte capaz de se articular com diferentes temas, dentre os quais a sexualidade e, sobretudo, de tratamento e abordagem pela literatura, na qual a palavra é o elemento central. O cinema apresenta uma narrativa que abarca outras possibilidades artísticas, seja pelo figurino, pela cenografia, pela fotografia e por meio do diálogo entre a imagem e o mundo extra fílmico. O objetivo deste trabalho é compreender como o corpo transexual infantil é discursivizado no cinema francês de modo a estabelecer regimes do olhar esse sujeito. Palavras-chave Transexualidade infantil, dispositivo, corpo 160