- Sociedade Portuguesa de Hematologia
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Simpósio Internacional deTrombose de Trombose e Hemostase Porto Pousada do Freixo 31 de Março e 1 de Abril 2011 ª reunião do fórum hematológico do norte 5 Organização: Forum Hematológico do Norte Sociedade Portuguesa de Trombose e Hemostase Secretariado: skyros - congressos Av. Antunes Guimarães, 554 4100-074 Porto Tel. 226 165 450 Fax. 226 189 539 e-mail: [email protected] www.skyros-congressos.com Simpósio Internacional deTrombose de Trombose e Hemostase ª reunião do fórum hematológico do norte 5 Porto Pousada do Freixo 31 de Março e 1 de Abril 2011 Organização Comissão Organizadora Serviço de Hematologia Clínica CHP-Hospital de Santo António Presidente do Simpósio Dr Manuel Campos Forum Hematológico do Norte Sociedade Portuguesa de Trombose e Hemostase Comissão Cientifica Profª Graça Porto Profª Eugénia Cruz Profª Margarida Lima Dra Sara Morais Dr Jorge Coutinho 3 4 Welcome Dear colleagues and friends It is with great pleasure that we invite you to the 13th International Symposium on Thrombosis and Hemostasis organized by the Service of Clinical Haematology ,CHP-Hospital de Santo António Porto, and Forum Hematológico do Norte to be held at "Pousada do Freixo "on 31st March 1st April. The 1st Symposium organized in 1980, 31 years ago was an important mark for the beginning of regular meetings in the area of thrombosis and haemostasis with the participation of the main Portuguese centers, and others that deal with thrombotic and bleeding patients. The stimulating and enthusiastic response to these meetings along with the motivating participation of young physicians and biologists, is a guarantee of success for the now-called "Porto symposium" It gives us great pleasure to have the presence of the Portuguese and European centers of Thrombosis and Hemostasis represented by reference names in this area With the scientific contribution of all we hope to have guaranted the success of the event We would like to thank the public and private sponsors who have agreed to support this event, and look forward to seeing all. Welcome to Porto and to this charming place "Pousada do Freixo" Dr Manuel Campos 5 6 Programa 7 8 31-03, Quinta Feira / Thursday 08.30 Abertura do Secretariado Opening the Secretariat 09.00 Abertura do Simpósio Opening the Symposium 09.15 - 11.15 HEMOFILIA HEMOPHILIA Moderadores / Chair Dra Manuela Carvalho (H S.João ) Dr Miguel Galvão (H.Santa Maria ) 09.15 Dra Cármen Altisent (Barcelona) Novas estratégias terapêuticas na prevenção e tratamento de inibidores New therapeutic approaches in the prevention and treatment of inhibitors in haemophilia 10.00 Dr Cedric Hermans (Bruxelas ) Profilaxia versus on demad no tratamento da Hemofilia Prophylaxis versus on demand therapy in Hemophilia 10.45 Dra Isabel Pedroto( CHP.H.S.António) Doença hepática na Hemofilia Hepatic disease in Hemophilia 11.15 Coffee break 11.45 - 12.30 DOENÇA DE VON WILLEBRAND VON WILLEBRAND DISEASE Moderador / Chair Dr Manuel Campos (CHP-H.Santo António) Dr Augusto Federici (Milão) Actualidades na doença de Von Willebrand Current Challenges in Von Willebrand Disease 12.30 Almoço / Lunch 14.00 PLAQUETAS E DOENÇAS HEMORRÁGICAS LABORATÓRIO EM TROMBOSE E HEMOSTASE PLATELETS AND HEMORRHAGIC DISORDERS LAB IN THROMBOSIS AND HEMOSTASIS Moderador / Chair Dr Jorge Coutinho (CHP-Hospital de Santo António) 9 31-03, Quinta Feira / Thursday 14.00 Dr Joaquim Andrade (H.S.João) Púrpura trombocitopénica autoimune. Novas estratégias terapêuticas ITP.New therapeutic strategies Moderador / Chair Dra Eugénia Cruz (CHP-Hospital de Santo António) 14.45 Dr Jurgen Patzke (Alemanha) Um novo método de avaliação da actividade do FvW baseado na ligação da GPIbα na ausência de ristocetina A new particle enhaced vWF activity assay based on GPIba binding with no need of ristocetin 15.20 Dr Gines Escolar (Barcelona) Novidades sobre o PFA.cartuchos P2Y e aproximação a possíveis controlos de qualidade. News about PFA:new assays for P2Y and quality control 16.00 Coffee break 16.30 COAGULOPATIAS COAGULOPATHIES Moderador / Chair Dra Natália Martins (CHC-Coimbra) "Bleeding control" Mesa redonda sobre procedimentos de controlo de situações hemorrágicas "Bleeding control "Management of acute bleeding 16.30 Dr Ramón Salvador (Coimbra) Tratamento da hemorragia no trauma grave: Transfusão de componentes sanguíneos 16.45 Dra Manuela Carvalho (Hospital S. João E.P.E., Porto) All bleeding stops…How we can help. Hemorragias incontroláveis e transfusão maciça. Qual o papel dos concentrados de complexo protrombínico? 17.00 Dra Fernanda Leite (Porto) Thromboelastometry for the assessment of coagulation abnormalities in acute bleeding 17.15 Dr António Robalo Nunes (Lisboa) Concentrados de fibrinogénio no controlo das hemorragias agudas 17.30 Discussão 10 31-03, Quinta Feira / Thursday 17.45 COMUNICAÇÕES ORAIS E POSTERS ORAL COMUNICATIONS AND POSTERS CO1; CO2; CO3; CO4; CO5 Moderador / Chair Dra Graça Porto (CHP-H.S.António) CO1 - Seráo as mutações para o factor v leiden e gene da protrombina, factores de risco para eventos trombóticos arteriais? Autores: Maria Coutinho*, Ana Spínola*, Mónica Pereira, Rui Matos, Sara Morais e Manuel Campos Apresentadora: Ana Spinola Instituição: Serviço de Hematologia Clínica, Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto CO2 - Possível associação entre o polimorfismo VNTR da glicoproteína plaquetária GP Ib alfa e enfarte agudo do miocárdio em indivíduos com menos de 45 anos de idade Autores: Luís Pina-Cabral, Paulo Ferreira, Virgínia Carvalhais, Bárbara Mesquita, Cláudia Escórcio, Maria do Céu Monteiro, António Almeida-Dias, Paula Pinto, Teresa Afonso, Begoña Criado. Apresentador: Luís Pina-Cabral Instituição: CITS-CESPU CO3 - Activação de mecanismos protrombóticos nas NMP - correlação directa com a carga alélica JAK2V617F Autores: Margarida Coucelo, Teresa Sevivas, Gonçalo Caetano, Marta Duarte, Celeste Bento, M.Letícia Ribeiro Apresentadora: Margarida Coucelo Instituição: Departamento de Hematologia - Centro Hospitalar de Coimbra CO4 - Gémeas Monozigóticas portadoras de Hemofilia a com discordância Fenotípica Autores: C. Silva Pinto, T. Fidalgo, T. Sevivas, M. Benedito, E. Gonçalves, D. Marques, P. Martinho, R. Salvado, N. Martins e M.L. Ribeiro Apresentador: C. Silva Pinto Instituição: Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, E.P.E. CO5 - Utilização do Factor VII Recombinante Activado na Doença de von Willebrand com Aloanticorpos em Histerectomia Electiva Autores: Catarino C, Tavares A, Galvão M, Fidalgo T, Osório F Apresentador: Catarino C Instituição: Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Lisboa Norte; Lisboa; Portugal 11 1-4, Sexta-Feira / Friday 09.00 TROMBOEMBOLISMO E TERAPEUTICA ANTITROMBÓTICA THROMBOEMBOLISM AND ANTITHROMBOTIC THERAPY Moderador / Chair Dr Luis Manuel Cunha Ribeiro 09.00 Dr Manuel Monreal (Barcelona) Tratamento da TVP em situações particulares VTE treatment in patients with special conditions 09.45 Dr Carlos Aguiar (Lisboa) Novos anticoagulantes orais na patologia tromboembólica arterial New oral anticoagulants in arterial thrombosis 10.30 -11.00 Coffee Break 11.00 Dr Abílio Reis (CHP.H.S.António) Novos anticoagulantes na Patologia tromboembólica venosa New oral anticoagulants in venous thrombosis 11.45 Dra Sara Morais (CHP.H.S.António) Trombofilia e endotélio vascular na doença venosa Thrombophilia and new endothelial markers in the venous thrombosis 12.30 Almoço / Lunch 14.00 LABORATORIO NA TROMBOSE E HEMOSTASE LAB IN THROMBOSIS AND HEMOSTASIS Moderador / Chair Drª Eugénia Cruz (CHP.H.S.António) Descentralização de consulta de monitorização dos anticoagulantes orais Descentralization of oral anticoagulant monitoring Dra Maria Constantina Silva (ARS Norte) Rede de cuidados para os doentes hipocoagulados Relationship between the Central Hospital consultation and the primary health care units Dra Helena Oliveira (UCSP de Baião-ACES Baixo Tâmega) Monitorização da anticoagulação oral a nível dos Cuidados de Saúde Primários Monitorization of anticoagulant therapy at Primary Health Care 15.30 Coffee break 12 1-4, Sexta-Feira / Friday 16.00 COMUNICAÇÕES ORAIS E POSTERS ORAL COMUNICATIONS AND POSTERS CO6; CO7; CO8; CO9; CO10 Moderadora / Chair Dra Sara Morais (CHP-H.S.António) CO6 - Consulta de hipocoagulação na US de Baião – Perspectiva dos utentes Autores: Helena Maria de Lima Oliveira; Marc Frédéric da Costa Gomes; Joana Patrícia Pinto Teixeira Carneiro Instituição: UCSP Baião CO7 - Avaliação da qualidade do controlo da terapêutica anticoagulante oral em consulta hospitalar Autores: Maria Coutinho(1), Ana Spínola(1), Cláudia Moreira(2), Sara Morais(1), Margarida Miranda(1), Norival Pinho(1), Nilsa Seidi (1), Manuel Campos(1) e Eugénia Cruz(1) Apresentadora: Maria Coutinho Instituição: (1)Serviço de Hematologia Clínica, Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto (2)Serviço de Onco-Hematologia, Instituto Português de Oncologia do Porto CO8 - Descentralização parcial da consulta de coagulação: experiência do centro hospitalar cova da beira Autores: Jorge Martinez Marcos, Ana Cristina Ramalhinho Apresentador: Jorge Martinez Marcos Instituição: Centro Hospitalar Cova da Beira CO9 - Implantación del control del tratamiento anticoagulante oral (TAO) mediante punción digital en el Hospital de Cruz Roja de Gijón: calidad para pacientes y profesionales Autores: Corbillón M.L, Muñoz M.C, Blanco M, Paramio M, Martínez N. Instituição: Servicio de Hematología Clínica.Hospital da Cruz Roja de Gijón, Asturias. España. CO10 - Avaliação da incidência de hemorragias em doentes submetidos a intervenções dentárias sob anticoagulação oral Autores: Ana Spínola1, Paula Rocha2, Sara Morais1, Maria Coutinho1, Barbas do Amaral3; Eva Pacheco3, Manuel Campos1 e Eugénia Cruz1 Instituições: 1Serviço de Hematologia Clínica, Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto 2 Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de S. Teotónio, Viseu 3 Serviço Estomatologia, Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto 13 Posters PO1 - Variantes genéticas do receptor plaquetário do ADP P2Y12 na População Portuguesa: resultados preliminares Autores: Paula Salgado, Luís Pina-Cabral, Virgínia Carvalhais, Cláudia Escórcio, Bárbara Mesquita, Maria do Céu Monteiro, António Almeida-Dias, Begoña Criado Apresentador: Luís Pina Cabral Instituição: CITS-CESPU PO2 - Estudo comparativo da estabilidade dos reagentes de protrombina PTFibrinogen HS plus e Recombiplastin 2G da IL nos equipamentos ACL Top 500 e Advance Autores: Maria do Rosário Tello Gonçalves; Aurora Vilar e Paula Mendes Apresentadora: Aurora Vilar Instituição: Chmt - Unidade de Tomar PO3 - Discrepância entre o genotipo e o fenotipo do factor v leiden pós-transplante hepático Autores: T. Araújo; A. Ribeiro; M. J. Marques; A. I. Fernandes; M. M. Campos; A. Cordeiro Apresentador: T. Araújo Instituição: Serviço de Imunohemoterapia - Hospital Curry Cabral, Lisboa PO4 - Trombose arterial e venosa como manifestação catastrófica de Síndrome Anti-Fosfolipídeo Autores: Luís Loureiro; Joana Martins; Clara Nogueira; Carolina Vaz; Tiago Loureiro; Diogo Silveira; Sérgio Teixeira; Rui Machado; Rui Almeida Apresentador: Luís Loureiro Instituição: Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular - Hospital de Santo António – CHP PO5 - Cirurgia e Hemofilia A grave com inibidor. 4 casos clínicos Autores: Alexandra Santos, Maria João Diniz e Margarida Antunes Apresentador: Alexandra Santos Instituição: Hospital São José PO6 - Cirugía oflamológica de catara en pacientes en tratamiento con anticoagulantes orales: experiencia de un centro Autores: L. Corbillón *, R. Fau **, M.C. Muñoz *, J. Lorenzo **, G. Perez **, C. Cueto-Felgueroso *** * Servicio de Hematología,**Servicio de Oftalmología,***Consulta Preoperatoria. Instituição: Hospital da Cruz Roja de Gijón. Asturias, Españaa PO7 - Choque Anafilático e Fibrinólise: Caso clínico Autores: Diana Gonçalves; Graça Oliveira; Susana Fernandes; Carla Monteiro; Luis Manuel Cunha Ribeiro Apresentadores: Diana Gonçalves; Graça Oliveira Instituição: Serviço de Imuno-Hemoterapia do Hospital de São João, EPE. Porto. Portugal PO8 - Complexidade do Diagnóstico das Disfunções Plaquetares Autores: Teresa Sevivas, Margarida Coucelo, Dalila Patrício, Elsa Gonçalves, Teresa Fidalgo, Ramón Salvado, Natália Martins & M. Letícia Ribeiro Apresentadora: Teresa Sevivas Instituição: Departamento de Hematologia do Centro Hospitalar de Coimbra, EPE 14 Posters PO9 - Estudo multimérico e molecular em 38 indivíduos com DvW tipo 2 (2 N, 1/2E, 2M, 2U, 2B, 2A) e tipo 3 Autores: T. Fidalgo1, C. Silva Pinto1, D. Marques1, E. Gonçalves1, P.Martinho1, A. Tavares2, M. JDiniz3, T. Almeida4, L. Borges5, R. Salvado1, N. Martins1, ML Ribeiro1 Apresentador: T. Fidalgo1 Instituição: 1Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE, Coimbra - 2Serviço ImunoHemoterapia Hospital Santa Maria-Lisboa, 3Serviço ImunoHemoterapia Hospital São José, Lisboa; 4Serviço Pediatria, Hospital Estefânia- Lisboa; 5Serviço ImunoHemoterapia Hospital Infante D. Pedro, Aveiro PO10 - Associação portuguesa de coagulopatias congénitas Autor: Pela APCC A.Tavares Instituição: Associação Portuguesa de Coagulopatias Congénitas 15 Programa Social 19.30 Saída de transfer da Pousada do Freixo para o jantar Local: Fundação Museu de Serralves 20.30 JANTAR DO SIMPÓSIO Local: Fundação Museu de Serralves 16 Palestras 17 18 New therapeutic approaches in the prevention and treatment of inhibitors in haemophilia Carmen Altisent, MD Carmen Altisent completed her studies in Medicine and Surgery at the University of Barcelona, Spain, and her specialty training in Internal Medicine, Haematology and Haemostasis. She has been on the staff of the Haemophilia Unit at the Hospital Vall d’Hebrón in Barcelona since 1988. The development of inhibitor to the infused factor in patients with haemophilia remains the most costly and problematic clinical complication. Recent evidence suggests that, alongside the strong genetic contribution to inhibitor formation, there are a number of non-genetic factors which promote inhibitor formation. Today, the prophylactic use of factor concentrates to prevent bleeds is state-of-the-art. However, recent data also suggest that prophylaxis might modulate the immune response when started at a young age. For patients who develop inhibitor, it is important to achieve reliable control of bleeding episodes, and the principal issue is inhibitor eradication. Whether prophylactic treatment with bypassing agents could be useful in preventing joint haemorrhage remains open to debate. ................................................................................................. She has been involved in a number of clinical studies involving new forms of treatment for haemophilia patients and has published a number of papers on this topic and others related to the field of hamophilia. She serves as coordinator of the working group for the prevention and treatment of bleeding in haemophilia with inhibitors from the Spanish Society of Thrombosis and Haemostasis and is a member of the Scientific Committee of the Royal Victoria Eugenia Foundation. 19 Prophylaxis versus on demand treatment of haemophilia Professor Cedric Hermans, MD, PhD, MRCP (Lond), FRCP (Edin) Individuals with severe haemophilia experience recurrent hemorrhages leading to progressive joint damage. They require life-long treatment with expensive clotting factor concentrates given on-demand or prophylactically. The benefits of initiating regular prophylaxis therapy at an early age have been well demonstrated. Large retrospective, nonrandomized studies of patient cohorts followed over decades have showed that prophylaxis initiated at an early age before the onset of recurrent bleeding reduces the incidence of hemophilic arthropathy. Two recent prospective, multicenter, randomized trials conducted in Europe (the ESPRIT study) and the USA (the Joint Outcome Study) confirm the efficacy of prophylaxis in the prevention of hemarthroses and arthropathy. Regular prophylaxis initiated in early childhood enhances the quality of life for patients with severe hemophilia. Recent data also suggest that early start of prophylaxis and the avoidance of intensive treatment periods may protect patients from inhibitor development. The 'optimal' regimen for primary prophylaxis is still not identified and barriers to prophylaxis implementation remain relevant. Key issues include the optimal age at prophylaxis onset, the optimal dosage/schedule, the proper clinical and laboratory monitoring and patients' compliance. A new generation of young adults with zero to low Pettersson score is now entering adulthood and may benefit from protection from bleeding and progressive arthropathy. Numerous guidelines advise continuation of prophylactic treatment for life. By contrast with primary prophylaxis, there is much less evidence regarding the benefits of secondary prophylaxis (begun after development of some degree of hemophilic arthropathy) in adult patients. A prospective clinical trial has recently confirmed that late secondary prophylaxis in adults with severe haemophilia reduces the frequency of joint and other bleeds compared to on-demand treatment. The impact of secondary prophylaxis on improvement or stabilization of 20 ....................................................................................................................... Cliniques universitaires Saint-Luc Brussels, Belgium joint function remains remains to be studied. Besides reduction of joint bleeds, several arguments supports the use of prophylaxis in adults : reduction of the risk of traumatic bleeding and cerebral haemorrhage, improvement of the quality of life, reduction of the pain derived from bleeding, avoidance of bleedings derived from co-morbidities and co-medication (antithrombotics), reduction of osteoporosis. In light of the numerous beneficial effects, prophylaxis represents the first choice of treatment in children with severe haemophilia and should be continued in adulthood. There are several reasons for an increasing use of secondary prophylaxis in older adults. Doença Hepática na Hemofilia Isabel Pedroto Em meados dos anos 70, os doentes hemofílicos, tratados com factores derivados do plasma humano, começaram a desenvolver evidência clínica e bioquímica de hepatite. Na ausência de marcadores para a hepatite A e B, esta foi chamada de hepatite sérica não-A, não-B, até 1989, altura em que foi identificado o agente responsável pela grande maioria destas hepatites, o vírus da hepatite C (VHC). E de facto, a infecção pelo VHC representa actualmente uma causa major de morbilidade e mortalidade nos doentes com distúrbios hereditários da coagulação. O risco de mortalidade de causa hepática em doentes hemofílicos é 16,7 vezes superior ao da população geral . Em meados dos anos 80 a hepatite vírica era a causa de 1/5 das mortes em hemofílicos na Pennsylvania, tendo descido para 4,3 % entre 1986 e 1991, coincidindo com o dramático aumento nas mortes devido ao vírus da imunodeficiência humana (VIH) . Após a introdução da terapêutica "highly active antiretroviral treatment" (HAART), a sobrevida global dos doentes infectados com o VIH aumentou substancialmente e a morbilidade e mortalidade associadas à hepatite crónica C ganharam nova ênfase nos doentes hemofílicos. Cerca de 10-20% dos doentes infectados, elimina espontâneamente o vírus, com evolução para a cura, demonstrado pela presença de anticorpos anti-VHC e virémias do VHC persistentemente negativas. Os restantes 80-90% evoluem para a cronicidade (hepatite crónica C). A clearance viral ocorre habitualmente 1 a 2 anos após a infecção, sendo mais frequentemente observada em doentes jovens, com hemofilia leve a moderada, que não necessitaram de tratamentos frequentes com concentrados. A população de doentes hemofílicos representa .................................................................................................... Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar do Porto, Hospital de St.António. Chefe de Serviço de Gastrenterologia Sub-Especialidade de Hepatologia pela Ordem dos Médicos. Pós-Graduação em Gestão para Médicos da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa. Competência de Gestão de Serviços de Saúde pela Ordem dos Médicos. Assistente do Módulo de Gastrenterologia da Disciplina de Clínica Médica da Licenciatura de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Aluna de Doutoramento do ICBAS. um modelo único para o estudo da história natural da infecção pelo VHC e suas complicações: a data de contágio pode ser razoavelmente estimada (correspondendo ao primeiro tratamento com concentrados de factores); a longa duração da infecção; o curso da doença hepática pode ser determinado de forma precisa porque estes doentes são observados com frequência nos centros de hemofilia, com avaliações clínicas e analíticas periódicas; a boa aderência às consultas e um adequado follow-up. E sobretudo, representam um grupo homogéneo de doentes, com a mesma via de infecção e maioritariamente do sexo masculino.Vários estudos publicados relatam a história natural da infecção do VHC nos doentes hemofílicos como o "Multicenter Hemophilia Cohort study", publicado em 2002 e realizado em 16 centros de hemofilia (12 centros nos EUA e 4 centros na Europa). Aparentemente, com a duração mais longa da infecção, o risco de cirrose e "endstage liver disease" nos doentes hemofilicos é significativo, e o curso poderá não ser tão benigno como inicialmente suspeitado. Na realidade, a ausência de histologia na maioria dos cohorts poderá ter subestimado a prevalência de fibrose/cirrose. Embora pequenas séries demonstrem que a biópsia hepática pode ser realizada de forma segura em doentes hemofílicos após a reposição dos factores de coagulação, o relato de um caso de hemorragia fatal após biopsia hepática, levanta a questão do risco/benefício deste procedimento nos doentes hemofílicos. A maioria dos grupos que segue estes doentes, como o nosso, opta pela não realização da biópsia hepática, utilizando exames analíticos e de imagem como formas não invasivas da avaliação de fibrose. A elastografia representa uma alternativa atractiva 21 22 ............................................................................................................................................ para avaliação da fibrose neste grupo de doentes, dada a facilidade e segurança do método. O carcinoma hepatocelular constitui uma causa de mortalidade cada vez mais frequente na população de doentes hemofilicos. O seu diagnóstico numa fase precoce permite a aplicação de tratamentos potencialmente curativos. Um estudo prospectivo, multicêntrico do "Study Group of the Association of Italian Hemophilia Centers" descreve-nos os resultados de um programa de surveillance anual do carcinoma hepatocelular, iniciado em 1992 e no qual foram incluidos 385 doentes hemofílicos infectados com o VHC. Os objectivos do tratamento da hepatite crónica C são: atingir uma resposta virulógica sustentada (RVS), prevenir a progressão para cirrose, descompensação hepática, hepatocarcinoma e em última análise a morte. A terapêutica combinada, Interferão (IFN) com a ribavirina, e posteriormente o uso do IFN Peguilado, aumentou de forma significativa as taxas de RVS obtidas com IFN em monoterapia, tornando-se a terapêutica "standard of care" para estes doentes. A resposta ao tratamento anti-viral da hepatite C nos doentes hemofílicos, parece apresentar resultados semelhantes aos doentes não hemofílicos, no entanto os estudos publicados até agora são limitados e incluem um número pequeno de doentes. Em 1985, em Pittsburg, o grupo de Starzl realizou o primeiro transplante hepático ortotópico (THO) num doente hemofílico. Desde então muitos casos foram relatados na literatura. A sobrevida após THO nos doentes hemofílicos VIH negativos é sobreponível às restantes séries de cirroses virais em não-hemofílicos; contudo, a co-infecção pelo VIH condiciona uma sobrevida significativamente inferior. O transplante hepático está indicado em doentes com cirrose descompensada, sendo no caso dos doentes hemofílicos também a cura da coagulopatia. A gestão clínica integrada e multidisciplinar constitui um imperativo neste grupo de doentes. Desde 1996 que os Serviços de Hematologia Clínica e de Gastrenterologia do CHP-HSA, protocolaram o manuseamento clínico dos doentes hemofílicos infectados com o VHC. O tratamento da hepatite crónica C alcançou bons resultados, nomeadamente com a terapêutica actual, PegIFN+ Ribavirina, alterando eventualmente a história natural desta doença. A participação e forte envolvimento destes doentes (a motivação e o conhecimento da doença) condicionaram uma boa adesão ao tratamento e consequentemente os resultados obtidos. Um doente foi submetido a THO por falência hepática em 1998, encontrando-se clinicamente bem; 2 doentes faleceram no contexto de hemorragia digestiva por rotura de varizes eso-gástricas e 1 doente de carcinoma hepatocelular multifocal. Dos doentes que responderam ao tratamento, nenhum evoluiu para cirrose. Bibliografia: Choo QL, Kuo G, Weiner AJ, Overby LR, Bradley DW, Houghton M. Isolation of a cDNA clone derived from a blood-borne non-A, non-B viral hepatitis genome. Science. 1989 Apr 21; 244(4902): 35962. Darby SC, Ewart DW, Giangrande PL, Spooner RJ, Rizza CR, Dusheiko GM, Lee CA, Ludlam CA, Preston FE. Mortality from liver cancer and liver disease in haemophilic men and boys in UK given blood products contaminated with hepatitis C. UK Haemophilia Centre Directors' Organisation. Lancet. 1997 Nov 15; 350(9089):1425-31. Eyster ME, Schaefer JH, Ragni MV, Gorenc TJ, Shapiro S, Cutter S, Kajani MK, Abrams J, Barron LE, Odenwelder A, et al. Changing causes of death in Pennsylvania's hemophiliacs 1976 to 1991: impact of liver disease and acquired immunodeficiency syndrome. Blood. 1992 May 1; 79(9):2494Eyster ME, Sanders J, Goedert JJ. Viral clearance occurs very early during the natural resolution of hepatitis C virus infection in persons with haemophilia. Haemophilia. 2004 Jan;10(1):75-80. Goedert JJ, Eyster ME, Lederman MM, Mandalaki T, De Moerloose P, White GC 2nd, Angiolillo AL, Luban NL, Sherman KE, Manco-Johnson M, Preiss L, Leissinger C, Kessler CM, Cohen AR, DiMichele D, Hilgartner MW, Aledort LM, Kroner BL, Rosenberg PS, Hatzakis A. End-stage liver disease in persons with hemophilia and transfusion-associated infections. Blood. 2002 Sep 1;100(5):1584-9. Tradati F, Colombo M, Mannucci PM, Rumi MG, De Fazio C, Gamba G, Ciavarella N, Rocino A, Morfini M, Scaraggi A, Taioli E. A prospective multicenter study of hepatocellular carcinoma in italian hemophiliacs with chronic hepatitis C. The Study Group of the Association of Italian Hemophilia Centers. Blood. 1998 Feb 15;91(4):1173-7. Moreira T., Mariz M., Pedroto I., Morais S., Campos M., Areias J. The natural history of hepatitis c virus infection in a cohort of hemophilic patients. Abstract at the UEGW 2008, Gut/Endoscopy. Current Challenges in Von Willebrand Disease Augusto B. FEDERICI Division of Hematology and Transfusion Medicine, L. SACCO University Hospital Department of Internal Medicine, University of Milan, Milan, Italy Background: despite its complex and heterogeneous nature, nowadays von Willebrand disease (VWD) can be efficiently diagnosed and classified in most Western Countries. However, an improved diagnosis and classification is still required in many VWD cases in order to provide the best therapeutic approach. The use of the bleeding severity score at the time of diagnosis is important to evaluate the potential risk of bleeding of each VWD patient, as recently proposed in several prospective studies. The phenotypic diagnosis is still the most accessible taking into account the difficulties and costs of molecular diagnosis. The use of more sensitive and precise assays for ristocetin cofactor (VWF:RCo) activity now available can improve the laboratory diagnosis of VWD especially in patients with relatively low von Willebrand factor (VWF) levels. An infusion trial with desmopressin (DDAVP) should be always performed at diagnosis, because it can provide additional information on the VWF activities released from endothelial cells and identify cases who can benefit of this treatment. Molecular diagnosis can be useful to confirm specific VWF defects in VWD families, especially those with VWD2A, VWD2B, VWD2M and VWD2N since mutations are clustered in specific exons of VWF gene. In VWD3 patients, no specific mutations can be used as molecular markers for the disease; however, large deletions should be searched for, because they can be associated with the appearance of allo-antibodies against VWF. In VWD1, the probability of finding mutations within the entire VWF gene is high only when VWF levels are below 30 U/dL. For patients ................................................................................................. 2001-2005 Scientific Partner and Assistant Coordinator of the European Project entitled "Molecular and clinical markers of diagnosis and management of type 1 von Willebrand disease" 2001-2002 Responsible of the Operative Unit Diagnosis and management of Disorders of Hemostasis, IRCCS Maggiore Hospital, Milan 2002-2009 Associate Professor of Hematology , University of Milan, appointed to the Department to IRCCS Maggiore Hospital of Milan 2009-pres Associate Professor of Hematology , University of Milan, appointed as Director of Division of Hematology and Transfusion Medicine, L SACCO University Hospital unresponsive to DDAVP, VWF concentrates are the only form of available treatment. All VWF concentrates with or without FVIII are safe and effective in most VWD patients. A novel therapeutic preparation of recombinant VWF is currently on trial in clinical studies and it can be available soon for patient care. Attempts to partially correct VWD through gene replacement therapy are still in progress. Current challenges in VWD: differently from hemophilia, clinical and laboratory data obtained in VWD from retrospective studies and/or registries are not always reliable due to the difficulties of diagnosis and classification in several local centers. Therefore, evidence-based recommendations for VWD management should be obtained only in prospective studies organized in VWD patients characterized according to centrally confirmed phenotype and genotype. Several prospective studies with these methods have been organized recently in VWD1, VWD2B, VWD2A/2M and VWD3 and results are in publication. Another important challenge for VWD diagnosis is the development of more "physiologic" assays to reproduce in vitro or ex vivo the VWF activities which might be used instead of the current specific test, i.e. the VWF:RCo: however these novel assays should be available not only in a few research laboratory but also for routine diagnosis of VWD. Despite DDAVP has been always considered the treatment of choice in most VWD patients, this therapeutic approach is not frequently used in clinical practice especially during surgeries also in patients previously proven to be responsive after the infusion trial. The reasons of this 23 24 ............................................................................................................................................ behavior are currently under investigation in a large prospective trial in more than 200 patients. Several VWF concentrates with or without FVIII have been currently tested in prospective clinical trials and all of them have been proven to be safe and effective to treat bleeds, to prevent bleeding in surgery and during secondary longterm prophylaxis. However, the dosage and the frequency of administration of these VWF concentrates are still under debate especially when repeated injections are required after major surgeries. Once patients with frequent bleedings will be identified among the entire VWD cohort, the use of prophylaxis versus treatment on demand should be further investigated as recently proposed by a few prospective studies (PRO-WILL and VIP). Last but not least, the diagnosis of the rare patients showing anti-VWF inhibitors should be further improved by using more sensitive assays and these patients, once characterized by molecular defects, should be exposed to different therapeutic approaches in prospective clinical trials. Purpura Trombocitopenica autoimune (PTI). Novas estratégias terapeuticas Joaquim José Aguiar Andrade Hospital de S. João - Serviço de Hematologia Clinica Porto - Portugal Avanços recentes na compreensão da fisiopatologia da PTI e a disponibilidade de novos fármacos, com mecanismos de acção inovadores, tornaram necessária uma reflexão sobre quando, e como, tratar os doentes com PTI. Surgiram assim novos consensos, com novas respostas sobre o que podemos oferecer aos doentes e estes esperar dos tratamentos. Qu a n d o c o n s i d e r a r t ro m b o c i t o p e n i a ? Mais de 90 % dos adultos saudáveis com trombocitopenia (definida por plaquetas no sangue periférico inferiores a 150 000 / mm3), permaneceram, ao longo de mais de 10 anos de seguimento, com contagens de plaquetas sempre superiores a 100 000/mm3. Consenso no diagnostico de PTI primária PTI primária: doença auto-immune caracterizada por trombocitopenia isolada (plaquetas no s.p. < 100 000/ mm3), na ausencia de outras causas ou doenças associadas com trombocitopenia. Acima de que contagens os doentes estão seguros? Com contagens de plaquetas no sangue periférico superiores a 30 000/ mm3, as hemorragias espontâneas com necessidade de tratamento são raras; pacientes com plaquetas superiores a 50 000/ mm3 por regra são assintomáticos, resultando o conhecimento da trombocitopenia de hemogramas realizados por motivos não relacionados Qual a mor talidade associada com a trombocitopenia em adultos? Considerando a globalidade dos doentes com PTI, e na ausência de outras co- morbilidades, ............................................................................................... Licenciado (1972) na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Internato Geral (1973- 1976) no Hospital de S. João e Hospital de Vila Real (Serviço Médico à Periferia) Internato de de Hematologia e Hemoterapia no Hospital de S. João (1976- 1980) Especialista (Hematologia Clinica) no Instituto Português de Oncologia (1980- 1981) e no Hospital de S. João (1981- 1993); Chefe de Serviço no Serviço de Hematologia Clinica do Hospital de S. João (1993 - presente) Àreas de interesse actuais: diagnostico, tratamento e prevenção de doenças hematologicas em grávidas; diagnostico e tratamento de trombocitopenias; tratamento de doenças linfoproliferativas a morte por hemorragia é rara (1 /1 000 doentes /ano); todavia, com contagens de plaquetas inferiores a 30 000/ mm3 a mortalidade é bem mais elevada (40 /1 000 dts/ ano), principalmente em idades mais avançadas (> 60 anos: 130 /1 000 dts/ ano). Qual a mortalidade por complicações do tratamento? Estão bem estabelecidas as complicações dos tratamentos - particularmente as relacionadas com a utilização de corticoides-, de que resultam taxas de mortalidade elevadas (30 /1 000 dts/ ano). Consenso sobre quando tratar um doente com PTI: 1. Incontroverso na presença de sintomas hemorrágicos; 2. Sugerido quando plaquetas inferiores a 30 000 /mm3, mesmo na ausencia de sintomas hemorrágicos; 3. Caso a caso em situações bem definidas: cirurgia, parto, trauma, etc. Consenso sobre objectivos do tratamento das PTI 1. Intervenções cirurgicas: pequena cirurgia: > 50 000 / mm3; cir. major: > 80 000 /mm3; neurocirugia > 100 000/ mm3 2. Tratamentos dentários: extracções simples > 30 000/ mm3; extracções complexas: > 50 000/ mm3 3. Obstetricia: anestesia epidural / espinal: > 80 000/ mm3 ou seja, não é sempre necessário (ou possível) normalizar as contagens de plaquetas 25 Agonistas dos receptores da trombopoietina (romiplostim): tratamento semanal por via parenterica, dose ajustada às contagens de plaquetas; 70 - 80 % de respostas após 2 semanas; necessidade de tratamento continuado; Dexametasona: 4 X 40 mg /dia, repetido na 2ª (4ª) semanas, por 4 (6) ciclos; 90 % de respostas após alguns dias, sustentadas em 50 - 80 % dos doentes; Esplenectomia: preferencialmente laparoscópica; 80 % de respostas, 2/3 das quais mantidas aos 10 anos; complicações imediatas muito dependentes da experiencia cirurgica anterior; considerar profilaxia do tromboembolismo pulmonar; Gamaglobulina anti-D: 50 - 75 ug/ Kg, dose única; resposta rápida (2 - 3 dias) em mais de 80% dos doentes; raramente mantida após 4 semanas; só doentes Rh(D) positivos; Gamaglobulina polivalente: 1 - 2 gr/ Kg, ao longo de 1 - 5 dias; resposta rápida (frequentemente menos de 24 horas) em mais de 80% dos doentes, raramente mantida após 4 semanas; Imunossupressores: azatioprina; ciclosporina; ciclofosfamida; danazol; dapsona; micofenolato de mofetil; rituximab; alcaloides da vinca; resultados variaveis; inicio de resposta habitualmente tardio; por vezes respostas sustentadas Metilprednisolona: 30 mg/ Kg/ dia por 4 (7) dias; resposta rápida (4 - 5 dias) em mais de 90 % dos tratamentos, sustentada em 25% dos doentes Prednis(ol)ona: 0,5 - 2 mg/kg/ dia, continuado; 80 % de respostas em menos de uma semana, sustentadas em 10 % dos doentes Tratamentos adjuvantes: anti- fibrinolíticos, pensos com fibrina, tratamentos hormonais, transfusão com plaquetas, factor VII activado, etc Consenso no tratamento inicial de doentes com PTI de novo 1. Corticosteroides: dexametasona, metilprednisolona, prednis(ol)ona 2. Gamaglobulina anti-D; Gamaglobulina polivalente (IgGIV) Consenso no tratamento de 2ª linha de doentes com PTI 26 ............................................................................................................................................ Como tratar doentes com trombocitopenia ? 1. cirurgico - esplenectomia 2. médico: agonistas dos receptores da trombopoietina imunossupressores Bibliografia: Standardization of terminology, definitions and outcome criteria in immune thrombocytopenic purpura of adults and children: report from an international working group. Blood. 2009;113:2386-2393 International consensus report on the investigation and management of primary immune thrombocytopenia. Blood. 2010;115:168-185 A new particle enhanced VWF activity assay based on GPIbα binding with no need of ristocetin* Patzke J.1, Muth H.1, Wilkens M.1, Althaus H.1, Budde U.2, Schneppenheim R.3 1 Siemens Healthcare Diagnostics Products GmbH, Marburg, Germany 2 Hämostaseologie Medilys Laborgesellschaft mbH c/o Asklepios Klinik Altona, Hamburg, Germany 3 University Medical Center Hamburg-Eppendorf, Department of Pediatric Hematology and Oncology, Hamburg, Germany Aim: For many years the gold standard for measuring VWF activity has been the ristocetin cofactor assay (VWF: RCo). The search for a more precise and sensitive assay led to the development of ELISAs using GPIbα -receptor fragments as binding partners for VWF. We used a recombinant gain-of-function GPIbα fragment for the development of a fully automated particle enhanced VWF activity assay that does not need ristocetin. Method: Polystyrene microparticles are coated with a monoclonal mouse anti-GPIbα capture antibody. The rGPIbα fragment with two gainof-function mutations is produced by transformed HEK cells and purified before use in the assay. Three liquid reagents containing the microparticles, buffer and detergent and the rGPIbα fragments are mixed with the sample by the instrument. Sample predilution as well as the dilution of the calibrator is performed using Owrens Veronal Buffer. The VWF induced particle agglutination is measured by turbidimetry. Results: It was shown that the binding of VWF to the mutant GPIbα is independent of ristocetin. The assay was adapted on five fully automated hemostasis instrument types. The reference ranges of the different instrument types did not differ significantly. For these studies, measuring ranges from 4 to 600% (6-500% on Sysmex® CA-560 System) were established. VWF results of the VWF:Rco assay and the GPIbα binding assay of normal and von Willebrand disease type 1, 2A, 2B, 2M, 2N and type 3 samples were nearly identical. The limits of detection were .......................................................................................... 1959 Born in Cloppenburg/Germany 1980-1984 University of Göttingen/Germany, biology studies 1985 Diplome d`Etude Approfondie, Université Pierre et Marie Curie, CNRS Gif-sur-Yvette, Paris, France 1989 Research stay in Stanford, Carnegie Institution of Washington, California, USA 1990 PhD natural sciences, University of Göttingen/Germany 1992 Siemens Healthcare Diagnostics Products GmbH, Marburg/Germany, Assay development below 2.2 % VWF. Within-device coefficients of variation were typically below 6%, even at low levels of VWF. No recalibration was necessary during the precision measurements over 20 days. No interference by rheumatoid factors was observed. During a time period of more than 24 hours the level of VWF activity did not change in fresh whole blood and citrated plasma. Freezing did not change the VWF levels in plasma. Conclusions: The new GPIbα based VWF activity assay has the potential to replace the VWF:RCo assay. * Under development. Not available for sale. 27 New developments on the PFA-100: New P2Y cartridges an a possible approach to the development of quality controls. Novidades sobre o PFA.cartuchos P2Y e aproximação a possiveis controlos de qualidade The diagnose of disorders of primary hemostasis relays on a carefully directed clinical history, assessment of bleeding symptoms, performance of bleeding tests and evaluation of specific aspects of platelet function by aggregometry. While several advances have been made in scoring systems for the standardization of the intensity of bleeding symptoms [1], little success has been achieved in the standardization of the available laboratory techniques. The in vitro bleeding time performed in the PFA-100 with the conventional Col-Epi and Col-ADP cartridges has proven useful in the screening of platelet disorders. This test has demonstrated an elevated sensitivity for detecting mild forms of von Willebrand´s disease [2] or congenital or acquired defects of platelet secretion [3,4]. The reduced specificity and the lack of quality controls for the PFA-100 have limited its application to a systematic screening of platelet disorders. We have established technical conditions that could help setting a quality control for the PFA100. Using a series of additives incorporated into standard coagulation tubes (sodium citrate 109-129mM) we were able to reproduce four characteristic response patterns in the PFA-100: A) normal response to Col-Epi and Col-ADP cartridges; B) ASA-like, prolonged closure time (CT) with Col-Epi; C) mild-VWD, prolonged CT with both cartridges; and D) severe disorder with very prolonged CT with both cartridges, in samples of blood drawn from ostensibly healthy volunteers. In recent years, the concept of resistance to antiplatelet drugs has generated a widespread debate [5,6]. There is clinical and laboratory evidence on subsets of patients with elevated cardiovascular risk that are hyporesponsive or resistant to current antiplatelet therapy. Genetic polymorphisms, underlying inflammatory conditions and elevations in adhesive plasma proteins, have been involved in these attenuated responses to antiplatelet drugs. The PFA-100 with Col-Epi cartridges has proven effective in 28 ....................................................................................................................... Dr. Ginés Escolar G, Servicio de Hemoterapia y Hemostasia. Hospital Clinic, Barcelona the detection of patients with suboptimal response to aspirin [7,8]. Recently developed INNOVANCE P2Y cartridges for the PFA-100 [9] allow a clear discrimination of patients hyporesponsive to clopidogrel treatment using the PFA-100. Results of these P2Y cartridges are not influenced by the concomitant use of aspirin. The PFA-100 provides a fast, simple and sensitive test for the detection of various hemostatic disturbances and can be used for the detection of antiplatelet hyporesponsiveness. The combined use of bleeding scores with adequate quality controls for the PFA-100 may facilitate an oriented screening of bleeding disorders an improve its specifity. Patients with suboptimal responses to aspirin or clopidogrel seem to be at increased cardiovascular risk. The PFA-100 with Col-Epi and the new P2Y cartridges has an interesting application in the detection of subsets of patients who do not get full protection from antiplatelet therapies. References 1. Rodeghiero F, Castaman G, Tosetto A et al.: The discriminant power of bleeding history for the diagnosis of type 1 von Willebrand disease: an international, multicenter study. J Thromb Haemost 2005: 3:2619-2626. 2. Fressinaud E, Veyradier A, Truchaud F et al.: Screening for von Willebrand Disease with a new analyzer using high shear stress: a study of 60 cases. Blood 1998: 91:1325-1331. 3. Cattaneo M, Lecchi A, Agati B et al.: Evaluation of platelet function with the PFA-100 system in patients with congenital defects of platelet secretion. Thromb Res 1999: 96:213-217. 4. Escolar G, Cases A, Vinas M et al.: Evaluation of acquired platelet dysfunctions in uremic and cirrhotic patients using the platelet function analyzer (PFA 100 (TM)): Influence of hematocrit elevation. Haematologica 1999: 84:614-619. 5. Cattaneo M: Aspirin and clopidogrel: efficacy, safety, and the issue of drug resistance. Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004: 24:19801987. ............................................................................................................................................ 6. Ferguson AD, Dokainish H, Lakkis N: Aspirin and clopidogrel response variability: review of the published literature. Tex Heart Inst J 2008: 35:313-320. 7. Sambola A, Heras M, Escolar G et al.: The PFA-100" detects sub-optimal antiplatelet responses in patients on aspirin. Platelets 2004: 15:439-446. 8. Favaloro EJ: Clinical utility of the PFA-100. Semin Thromb Hemost 2008: 34:709-733. 9. Elsenberg EH, van Werkum JW, van de Wal RM et al.: The influence of clinical characteristics, laboratory and inflammatory markers on 'high on-treatment platelet reactivity' as measured with different platelet function tests. Thromb Haemost 2009: 102:719-727. 29 Tratamento da hemorragia no trauma grave: Transfusão de componentes sanguíneos O trauma grave é um problema de saúde pública com enorme peso social: é a primeira causa de morte entre os 15 e 44 anos de idade e é responsável por cerca de 10% de todas as mortes ocorridas no mundo. A hemorragia incontrolável é a principal causa de morte "evitável" nas primeiras 24 horas após a lesão e a sua severidade depende de múltiplos factores, nomeadamente, da natureza e intensidade da lesão vascular, da medicação, das co-morbilidades prévias, e do desenvolvimento de coagulopatia adquirida. O sangramento da lesão vascular, em geral, pode ser reparado cirurgicamente, no entanto, a hemorragia relacionada com a coagulopatia adquirida é multifactorial e muitas vezes difícil de controlar. Pode estar associada ao consumo e diluição das plaquetas e dos factores de coagulação, a disfunção plaquetar, hiperfibrinólise, hipotermia, acidose metabólica e coagulação intravascular disseminada. Um terço dos doentes com hemorragia póstrauma já apresenta uma coagulopatia aquando da admissão no hospital, o que se associa a uma frequência significativamente mais elevada de falência multiorgânica e morte, quando comparado com os doentes com lesões traumáticas semelhantes sem coagulopatia adquirida. O diagnóstico e monitorização das alterações hemostáticas baseiam-se na correlação dos parâmetros clínicos e laboratoriais. Os testes básicos, como os tempos de protrombina, de tromboplastina parcial activado e de trombina, o doseamento do fibrinogénio e a contagem de plaquetas, têm várias limitações, necessitam de amostras bem colhidas e em quantidade adequada, nem sempre fáceis de obter, e são demorados. As novas técnicas de tromboelastografia/tromboelastometria possibilitam a avaliação, em "tempo útil", das principais etapas do processo da coagulação, necessitam de uma quantidade menor de sangue, são rápidas e têm-se revelado muito promissoras no apoio a uma decisão terapêutica célere e adequadamente dirigida. 30 ............................................................................................................................ Ramón Salvado Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra E.P.E. O tratamento inicial dos doentes com hemorragia incontrolável pós-trauma compreende a infusão de grandes volumes de cristalóides e colóides, seguida da transfusão de concentrados eritrocitários (CE), com o objectivo de manter um volume intravascular adequado e uma perfusão tecidular suficiente. No entanto, os CE contêm quantidades insignificantes de plaquetas (não funcionais) e de plasma e contribuem, por fenómeno de diluição, para o agravamento da possível coagulopatia. Para minimizar este efeito, a transfusão de CE deverá ser acompanhada de transfusão de plasma fresco congelado (PFC), de plaquetas e, se necessário, de concentrados de factores da coagulação e/ou de outros agentes hemostáticos. A relação entre o volume de sangue perdido, o administrado e a diminuição de plaquetas e factores da coagulação é difícil de estabelecer. Num estudo realizado em 39 doentes com trauma grave transfundidos com uma média de 21 unidades de CE, Martinowitz et all verificaram que a média de fibrinogénio perdido era de 1.5 g por litro-1. Não existe consenso sobre as proporções óptimas de cada um dos componentes sanguíneos a administrar para atingir um efeito adequado em cada doente e a monitorização com técnicas de tromboelastografia/tromboelastometria pode ser de grande ajuda na decisão. Não se devem esquecer os possíveis efeitos negativos do tratamento com CE sobre a evolução pós-lesão, como por exemplo infecção ou falência multiorgânica amplamente referidos por diferentes autores. O controlo efectivo da hemorragia aguda com medidas locais, tratamento de reposição adequado, controlo da hipotermia e da acidose, entre outras, são estratégias para prevenir a coagulopatia adquirida que reduzem a quantidade de componentes sanguíneos a administrar, contribuindo para a diminuição da mortalidade e morbilidade dos doentes vítimas de trauma. Armand R, JR Hess. Treating coagulopathy in trauma patients: Transfus Rev Med 2003; 17 223 -31 Claridge JA, Sawyer RG, Schulman AM, McLemore EC, Young JS. Blood transfusions correlate with infections in trauma patients in a dose-dependent manner. Am Surg 2002; 68: 566-72 Cothren CC, Moore EE, Hedegaard HB, Meng K: Epidemiology of urban trauma deaths: a comprehensive reassessment 10 years later. World J Surg 2007, 31:1507-1511. Di Benedetto P; Baciarello M; Cabetti L; Martucci M; Chiaschi A; Bertini L. Thrombelastography. Present and future perspectives in clinical practice. Minerva Anestesiol 2003; 69:501-509, 9-15) D.R. Spahn and R. Rossaint. Coagulopathy and blood component transfusion in trauma. British Journal of Anaesthesia 2005, 95 (2): 130-9 Dzik WH. Predicting hemorrhage using preoperative coagulation screening assays. Curr Hematol Rev Rep 2004; 3:324-330 Edna TH, Bjerkeset T. Association between blood transfusion and infection in injured patients. J Trauma 1992; 33: 659-61 Holcomb JB. Methods for improved hemorrhae control: Crit Care 2004; 8 Suppl 2 S57-S60 Hoyt DB. A clinical review of bleeding dilemmas in trauma: Semin Hematol 2004; 41 40 -3 Ketchum L; Hess JR; Hiippala S. Indication for early fresh frozen plasma, cryoprecipitate, and platelet transfusion in trauma. J Trauma 2006; 60:851-858 Maegele M, R Lefering, Yucel N, T Tjardes, Rixen D, T Paffrath, Simanski C, E Neugebauer, Bouillon B: Early coagulopathy in multiple injury: an analysis from the German Trauma Registry on 8724 patients. Injury 2007, 38:298-304. MacLeod JB, Lynn M, McKenney MG, Cohn SM, ............................................................................................................................................ Bibliografia Murtha M: Early coagulopathy predicts mortality in trauma. J Trauma 2003, 55:39-44. Martinowitz U, Michaelson M on behalf of the Israeli Multidisciplinary rFVIIa Task Force. Guidelines for the use of recombinant activated factor VII (rfFVIIa) in uncontrolled bleeding: a report by the Israeli Multidisciplinary rFVIIa Task Force. J. Thromb. Haemost ln press Moore FA, Moore EE, Sauaia A. Blood transfusion. An independent risk factor for postinjury multiple organ failure. Arch Surg 1997; 132: 620-4 Murray Lopez AD, CJ. Alternative projections of mortality and disability by cause 1990-2020: Global Burden of Disease Study. Lancet 1997; 349: 1498 -504 Peden M, McGee K, Sharma G. The njuri Chart Book: A Graphical Overview of the Global Burden of Injuries. Geneve: Wordl Health Organization, 2002 Rolf Rossaint e tal. Critical Care 2010, 14:R52. Management of bleeding following major trauma: an updated European guideline Sauaia A, Moore FA, Moore EE, et al. Multiple organ failure can be predicted as early as 12 h after injury. J Trauma 1998; 45: 291-301 World Health Organisation:cause-specific mortality and morbidity (http://www.who.int/whosis/whostat/EN_WHS0 9_table2.pdf ) Zallen G, Offner PJ, Moore EE, et al. Age of transfused blood is na independent risk factor for postinjury multiple organ failure. Am J Surg 1999; 178: 570-2 31 All bleeding stops…How we can help. Hemorragias incontroláveis e transfusão maciça. Qual o papel dos concentrados de complexo protrombínico? A hemorragia maciça é um dos desafios em cuidados críticos, nos doentes com trauma, cirúrgicos, obstétricos e com patologia gastrointestinal. É definida como a perda de uma volemia em 24 horas, 50% em 3 horas ou uma velocidade de perda de 150 ml/minuto. A definição usada de hemorragia maciça como transfusões nas 24 horas, ignora o facto de que 80% de todas as transfusões maciças ocorrem nas primeiras 6 horas de hospitalização, que é o ponto em que, ou a hemorragia é controlada, ou o doente não sobrevive. A hemorragia incontrolável pós-traumática é a principal causa de morte que potencialmente se pode prevenir nos doentes com trauma e é responsável directa por 40% das mortes relacionadas com o trauma. É uma situação multifactorial que resulta da combinação do choque, geração de trombina relacionada com o tecido lesado pelo traumatismo e a activação das vias anticoagulante e fibrinolítica. Esta condição é influenciada por factores ambientais e terapêuticos que contribuem para a acidose, hipotermia, diluição, hipoperfusão e consumo de factores hemostáticos. A maior parte dos protocolos de transfusão maciça não corrige adequadamente a coagulopatia e a coagulopatia precoce não corrigida é preditiva da mortalidade. A hipotermia e a acidose devem ser prevenidas e tratadas com a terapêutica do choque. Segundos alguns autores, se houver transfusão maciça com plasma fresco congelado (PFC) e concentrado de eritrócitos (CE), deve ser atingida uma razão de PFC/CE 1:2-1:1, baseada em estudos retrospectivos militares nos Estados Unidos. Esta política, chamada "damage control ressuscitation" envolve a rápida correcção da hipotermia e acidose, restrição de cristaloides, tratamento directo da coagulopatia e transfusão precoce nos doentes politraumatizados. Assume que os doentes com hemorragias "life threatening" por coagulopatia pós-traumática, devem receber terapêutica de componentes na razão aproximada do sangue total, com razões altas PFC/CE, com melhoria na mortalidade e mais baixos consumos de 32 ......................................................................................................................... Manuela Carvalho Instituição: S. Imuno-hemoterapia, Hospital S. João E.P.E., Porto componentes no final. O que é geralmente aceite, é que o fibrinogénio deve ser substituído com concentrado de fibrinogénio ou na sua indisponibilidade, crioprecipitados, quando os níveis forem < 1.5g/L, uma vez que tem um papel crítico na manutenção da hemostase, particularmente nos défices adquiridos, como é o caso da hemorragia maciça e o seu défice precede o défice de plaquetas e de outros factores. Os CE devem ser transfundidos com Hb < 10g/L e o hematócrito alvo deve ser 30%. O PFC é uma fonte de todos os factores da coagulação e é necessário quando o tempo de protrombina e o aPTT são > 1.5 vezes o controlo normal. As plaquetas devem ser mantidas > 50x109/L. A cola de fibrina e outros hemostáticos locais, o garrote e a desmopressina têm um papel específico em algumas situações. Uma grande limitação dos protocolos correntes de transfusão maciça é a falta de acesso em tempo real aos testes de rotina da coagulação, para orientar a necessidade de substituição de componentes sanguíneos. A tromboelastografia ou tromboelastometria é recomendada para servir de guia para o diagnóstico da alteração da coagulação e terapêutica substitutiva, uma vez que faz uma avaliação funcional global da coagulação em tempo útil, e dirige a transfusão maciça baseada nas necessidades individuais. A tromboprofilaxia venosa standard deve ser iniciada logo que a hemorragia estiver controlada, uma vez que os doentes desenvolvem rapidamente um estado pró-trombótico. O uso de concentrados de complexo protrombínico, que incluem os factores da coagulação dependentes da vitamina K, está recomendado para reversão urgente dos anticoagulantes orais (grau 1B). O risco de complicações trombóticas, historicamente associados aos CCP pode estar aumentado pela doença de base (motivo da terapêutica com anticoagulantes), doses altas ou frequentes de CCP ou CCP com constituintes pouco equilibrados. Com a inclusão de inibidores da coagulação e outros melhoramentos de fabrico, os CCP de ............................................................................................................................................ hoje são mais seguros que os de antigamente. Com a esperança de vida a aumentar e o envelhecimento da população, mais doentes traumatizados aparecem a tomar anticoagulantes orais. Embora haja algumas recomendações clínicas do uso de CCP em situações que não a reversão da anticoagulação, não há estudos ainda que suportem uma recomendação. É apresentada a experiência do Serviço de Imuno-hemoterapia do Hospital de S. João, E.P.E., com o uso de CCP em doentes que não tomavam anticoagulantes orais, com hemorragia activa, sendo na maioria das vezes não uma terapêutica isolada, mas em conjunto com outros componentes sanguíneos, de forma a ser atingido mais rapidamente o controlo da hemorragia. 33 Thromboelastometry for the assessment of coagulation abnormalities in acute bleeding Thromboelastometry (TE) is a diagnostic point of care test that measures multiple risk factors for coagulation, including coagulation factor defects, platelet function, abnormal fibrinogen polymerisation, anticoagulant defects and hyperfibrinolysis in a sample of whole blood. It is used to assist with the diagnosis and management of haemostasis disorders, primarily during surgery that is associated with high blood loss (e.g. cardiac surgery, liver transplantation). It can differentiate whether excessive bleeding is induced by surgery or by abnormalities in haemostasis. The ROTEM analyzer (Pentapharm GmbH, Munich, Germany) is a TE measuring unit operated by a laptop computer. There are four temperaturecontrolled measuring channels in which the global assays are performed. The complete results take up to 20 minutes to produce and inform on the presence and type of coagulation disorders. Treatment for such disorders may involve the transfusion of red blood cells and blood products. Timely and accurate diagnostic information should allow clinicians to take effective steps to manage the blood loss. Effective treatment of a coagulation disorder depends upon an accurate diagnosis of its cause. The delay in obtaining laboratory results means that often blood products are ordered in a 'prophylactic' fashion in case the patient experiences excessive bleeding for an unreasonable time. The literature search established that TE is not useful pre-operatively for identifying patients who would subsequently experience excessive bleeding. The information provided is also different from standard laboratory tests (SLT) fibrinogen concentration, prothrombin time (PT), international normalised ratio (INR), platelet count (PC) and activated partial thromboplastin time (APTT) and thus TE is additional to standard laboratory tests, not a replacement. In our clinical experience in liver transplantation we perform SLT, peripheral blood cell counting and TE using ROTEM technology since April 2010. We believe that TE is a very sensitive 34 ............................................................................................................................ Fernanda Leite, Cidália Silva, Eugénia Cruz, Manuel Campos method for the diagnosis of blood clotting factors and fibrinogen deficiency and for fibrinolysis. TE study gives information concerning time to clot formation to guide the use of fresh frozen plasma, clot strength to judge platelet infusion, degree of lysis to indicate the need for antifibrinolytic therapy and the effect of heparinase to assess the need for protamine. Abnormal TE results haven´t prognostic value for clinical bleeding during surgery in the same way as SLT. The results from TE, together with clinical judgement and SLT results should inform transfusion decisions in accordance with validated transfusion algorithms. It will be presented clinical cases that illustrate the role of TE in the management of acute bleeding during liver transplantation at our center. Concentrado de fibrinogénio - que papel na hemorragia crítica? Diversos cenários médico-cirúrgicos são susceptíveis de se exprimir por quadros hemorrágicos cuja amplitude, velocidade de instalação ou local de ocorrência podem assumir um carácter critico, com risco de vida. Tem-se vindo a verificar um incremento neste tipo de quadros, decorrentes nomeadamente de intervenções cirúrgicas de grande complexidade, complicações obstétricas, bem como em âmbito de traumatismos major onde se aponta para valores que podem atingir cerca de 80% de choque hemorrágico no intra-operatório e 50% de mortes nas primeiras 24 horas. É neste âmbito que existem recomendações para a concepção e implementação hospitalar de um protocolo estruturado para a abordagem da hemorragia crítica, assente na articulação de respostas efectivas nos planos clínico, laboratorial e logístico. Para além das medidas de carácter geral de controlo objectivo da hemorragia, avaliação laboratorial básica, estabilização hemodinânica pela administração de fluídos e, eventualmente, componentes sanguíneos, torna-se relevante não afastar nunca o juízo clínico do doente em causa, uma vez que frequentemente os indicadores laboratoriais são distorcidos pela rapidez de instalação da hemorragia. A incompetência hemostática num quadro de hemorragia crítica depende do volume perdido, da causa subjacente e da situação prévia do doente. A intervenção precoce e enérgica no sentido do restabelecimento ou melhoria do equilíbrio, conduz amiúde a situações de coagulopatia dilucional com descida da contagem plaquetária e níveis de factores de coagulação circulantes. Noutras situações de hemorragia crítica, existe o risco de coagulopatia de consumo e consequente compromisso hemostático sem que se verifique diluição significativa, sendo este cenário mais frequentemente associado a hemorragias obstétricas (descolamento súbito da placenta, embolia de líquido amniótico), em doentes com by-pass cardiopulmonar, grandes ....................................................................................................................... António Robalo Nunes Médico Imunohemoterapeuta Serviço de Imunohemoterapia do CHLN (Pólo Hospital de Pulido Valente) -Lisboa Coordenador da Unidade de Medicina Transfusional do Hospital dos SAMS-SBSI traumatismos com envolvimento cefálico e no contexto de sépsis. O Fibrinogénio ( Factor I), ocupa um papel de importância relevante no sistema hemostático, pelo seu papel de precursor da matriz de fibrina como base do coágulo. Daí que nos quadros de hemorragia seja de capital importância a sua monitorização, uma vez que é um dos primeiros a poder atingir níveis criticos e susceptíveis de comprometer uma hemostase eficaz. A monitorização concretiza-se por doseamento dos níveis circulantes, bem como a noção da sua articulação funcional balanceada na performance global do sistema hemostático, é actualmente possível com recurso a técnicas viscoelastométricas (TEG, ROTEM), as quais nem sempre estão disponíveis. Actualmente, o produto de eleição para intervenção substitutiva de deficiências de fibrinogénio é o Concentrado de Fibrinogénio, o qual se revela mais eficaz e seguro quando comparado com as alternativas históricas do Plasma Fresco Congelado e do Crioprecipitado, por questões de volume e de segurança biológica acrescida com os processos de inactivação. O seu âmbito de aplicação cobre as situações de deficiência congénita (extremamente raras) e principalmente as situações de deficiência adquirida - falência hepática, hiperfibrinólise (primária ou secundária a coagulação intravascular disseminada). Cenários de hemorragia associada a traumatismo craneano, descolamento súbito da placenta, cirurgia cardíaca, rotura de aneurisma aórtico e leucemia aguda promielocítica, podem cursar com quadros de fibrinólise e fibrinogenólise desproporcionalmente elevadas. Estudos disponíveis evidenciam de forma consistente que o uso do Concentrado de Fibrinogénio é eficaz no controlo de hemorragia e na redução da necessidade de transfusão de componentes sanguíneos. Adicionalmente há evidências de toxicidade relativa baixa, alocando os efeitos secundários principalmente quando é aplicado em doentes com contra-indicação 35 36 ............................................................................................................................................ formal prévia (por exemplo enfarte agudo de miocárdio recente ou quadros trombo-embólicos). A evolução futura do Concentrado de Fibrinogénio como produto terapêutico, decorrente de estudos que permitam optimizar o seu uso clínico com base em algoritmos de monitorizaçao e administração, antevê-se numa eventual alteração das doses de apresentação, na segurança biológica acrescida dos passos de inactivação e no desenvolvimento de produto de tecnologia recombinante. Na comunicação integrada na presente mesa redonda, a propósito da apresentação de casos reais, pretende-se contribuir para a discussão do tema, nomeadamente em questões relevantes como o tempo apropriado de intervenção, nível crítico e estratégias de monitorização. Treatment of venous thromboembolism in patients with special conditions Manuel Monreal, MD, Ph.D. Head of Section, Department of Internal Medicine. Hospital Universitari Germans Trias i Pujol. Badalona (Barcelona). Spain. Facultat de Medicina. Universitat Autónoma de Barcelona. Manuel Monreal was born in Gerona (Spain) on April 4th, 1952. Manuel Monreal, M.D., is Clinical Professor of Internal Medicine at the Facultad de Medicina, Universidad Autónoma in Barcelona, and is Head of Section of Internal Medicine at the Hospital Universitari Germans Trias i Pujol, in Badalona (Barcelona), Spain. Dr. Monreal earned his M.S. at the Facultat de Medicina, Universitat Autónoma de Barcelona. He completed his internship and residency in Internal Medicine at Hospital Universitari Vall d'Hebrón, in Barcelona. He is Professor of Internal Medicine since 1984, and Head of Section of Internal Medicine at the Hospital Universitari Germans Trias i Pujol in Badalona since 1983. Dr. Monreal has authored or co-authored more than 200 articles, book chapters and abstracts and has presented many lectures and exhibits on the study and treatment of venous thromboembolism, peripheral artery disease, and related topics. His articles are published in J Thromb Haemost, Chest, Circulation, Arch Intern Med, and Thromb Haemost, to name a few. He serves on the editorial board or as a reviewer for J Thromb Haemost, Circulation, Thromb Haemost, Am J Med, and Med Clin, among others. Anticoagulant therapy is the treatment of choice for most patients with venous thromboembolism (VTE). The proceedings of the American College of Chest Physicians (ACCP) Consensus Conference provide an extensive critical review of the literature related to the management of patients with VTE and lay the scientific groundwork for the standard of care, based largely on data from randomized controlled clinical trials. However, a number of patients with VTE are often excluded from clinical trials (for example due to pregnancy, renal insufficiency or high risk of bleeding). Thus, there is no evidence about what would be the best therapeutic approach for these patients. The RIETE Registry was initiated in March 2001 to record current clinical management of VTE within Spanish hospitals. Developed under the guidance of a scientific advisory committee comprising of leading physicians and scientists, ........................................................ He is a member of many societies, including the International Society on Thrombosis and Haemostasis and the Mediterranean League against Thromboembolism. He is also a founding member and Trustee of the Fundación pare el Estudio de la Enfermedad Tromboembólica (FUENTE), and Coordinator of the Registro Informatizado de la Enfermedad Trombo Embólica (RIETE) and the Factores de Riesgo y ENfermedad Arterial (FRENA) registries. the registry is a multicenter, observational study designed to gather and analyze data on treatment patterns and outcomes in patients with symptomatic VTE. In contrast to a randomized controlled trial, there is no imposed experimental intervention: management is determined solely by physicians. Data captured and reported in the registry will therefore reflect "real-world" approaches and outcomes in the treatment of VTE. Physicians need to be aware of factors that influence a patient's response to anticoagulant therapy. Paradoxically, many VTE patients at high risk to develop VTE recurrences or bleeding complications are excluded from the randomized clinical trials upon which the recommendations for the treatment of VTE are based. By contrast, the RIETE registry has already collected data on VTE treatment in many of these patient subgroups. The data already obtained indicate 37 As the RIETE database (or other, similar registries) grows, these apparent treatment differences will be clarified, providing physicians with outcomes data based on "real-world" data, rather than results of highly controlled clinical trials with restricted study populations. The database will provide information on the number of patients treated, the mean daily dosage of therapies and the frequency of associated patient outcomes (hemorrhagic events, recurrent VTE, death) in each instance. Data for different subgroups, including those with malignancies, older patients, and those with differing types and sites of bleeding will be analyzed separately by the website, allowing a simulation of many different therapeutic situations. In the RIETE registry, selection bias is avoided by including consecutive patients with objectively confirmed, symptomatic, acute VTE who were referred to study centers. Enrolled patients are treated according to standard practice, and prospective follow-up is completed for all patients. Objective criteria are strictly applied for the diagnosis of initial and recurrent VTE, including contrast venography and pulmonary angiography if indicated, and major bleeding was classified according to widely accepted and validated criteria. The main limitation lies on the likely underestimated incidence rate of fatal pulmonary embolism (PE) after discharge. Certainly, the death of some patients at home or in long-term care facilities may be due to PE, but these will not be included since the Adjudication Committee only accepts VTE events that have been objectively confirmed. 38 ............................................................................................................................................ that standard recommended therapy for VTE (unfractionated heparin or low-molecular-weight heparin during the acute phase followed by a vitamin K antagonist for at least 3 months) may not be optimal in some subgroups of patients. Further, the risk of bleeding complications may not be directly dose-related in certain patient groups. Although patient numbers for many subsets within the RIETE database are currently small, numerical differences in outcomes suggest the possibility of clinically relevant treatment differences. 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Thromb Haemost 2008; 100: 26-31. 39 Novos Anticoagulantes Orais na Patologia Tromboembólica Arterial Carlos Aguiar A fibrilhaçao auricular (FA) é a arritmia mais comum na prática clínica. O risco de acidente vascular cerebral (AVC) ou embolismo sistémico está cinco vezes aumentado na FA; o risco absoluto destas complicações varia substancialmente, desde <1% a mais de 20% por ano, dependendo da idade e do género do doente e da presença de certas características clínicas, particularmente a história prévia de eventos tromboembólicos, a insuficiência cardíaca, a hipertensão arterial, a diabetes mellitus, a história prévia de enfarte do miocárdio, a doença arterial periférica e a presença de placas ateromatosas na aorta torácica descendente. Os antivitamínicos K e o ácido acetilsalicílico (AAS) são actualmente, na Europa, as únicas terapêuticas aprovadas para a prevenção tromboembólica na FA. Os antivitamínicos K são muito eficazes, reduzindo em 64% o risco de AVC na FA. No entanto, apenas metade dos doentes com FA elegíveis para anticoagulação oral são tratados com um antivitamínico K e, destes, apenas metade mantém os níveis de INR dentro dos valores terapêuticos. Por outro lado, metade dos doentes descontinuam a terapêutica nos três a cinco anos a seguir à sua iniciação. A subutilização da anticoagulação oral deve-se em parte às suas numerosas limitações e à dificuldade em manter um controlo adequado do efeito terapêutico e conduziu à procura de novas estratégias antitrombóticas, que sejam 40 ........................................................................................ • Licenciatura em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, em 1993 • Grau de Especialista em Cardiologia, em 2002, sendo Assistente do Serviço de Cardiologia do Hospital Santa Cruz, CHLO • Assessor da Coordenação Nacional para as Doenças Cardiovasculares desde 2005, sendo um dos redactores das "Recomendações Nacionais para a Terapêutica Antitrombótica na Fibrilhação Auricular" • Coordenador do Grupo de Estudo de Cuidados Intensivos Cardíacos da Sociedade Portuguesa de Cardiologia e do Registo Nacional de Síndromes Coronárias Agudas, no biénio 2007-2009 • Secretário Geral da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, no biénio 2009-2011 • Fellow da European Society of Cardiology e membro do seu Working Group on Acute Cardiac Care, membro do seu Working Group on Thrombosis e membro da sua Heart Failure Association • Autor de 37 artigos originais publicados em revistas indexadas • Áreas de maior interesse científico: aterotrombose, fibrilhação auricular, insuficiência cardíaca, prevenção cardiovascular pelo menos tão eficazes e seguras quanto os antivitamínicos K, mas de aplicação mais fácil, dispensando monitorização laboratorial. As principais limitações dos antivitamínicos K são a ocorrência de efeitos adversos fatais, a interacção significativa com os alimentos e outros fármacos, a janela terapêutica estreita e semi-vida longa, a variabilidade genética da resposta terapêutica, a obrigatoriedade de monitorização laboratorial e ajustes posológicos e a inconveniência para o doente. A percentagem do tempo de seguimento durante o qual o doente é mantido com níveis de INR terapêuticos influencia a mortalidade e condiciona o risco de AVC, embolismo sistémico e hemorragia grave. O anticoagulante oral ideal deve ter um regime posológico simples; a sua eficácia não deve ser influenciada pelas características do doente; não deve interagir significativamente com os alimentos e outros fármacos; a relação doseefeito deve ser previsível; o início de acção deve ser rápido; a monitorização laboratorial por rotina não deve ser necessária. Os novos fármacos em estudo são inibidores da trombina ou do factor Xa. Os resultados promissores dos primeiros ensaios clínicos de fase II e III permitem antever o potencial para aumentar a proporção de doentes com FA adequadamente anticoagulados, o que representará um avanço significativo na prevenção do AVC atribuível à FA. Os inibidores da trombina foram a primeira ............................................................................................................................................ classe de novos anticoagulantes avaliados na prevenção do AVC em doentes com FA. Três inibidores directos da trombina orais foram estudados até à data: ximelagatran, dabigatran e AZD-0837. No estudo RELY (Randomized Evaluation of Longterm anticoagulant therapY), 18113 doentes com FA não valvular foram aleatorizados para varfarina (para INR 2,0 a 3,0) ou uma de duas doses de dabigatran (110 mg ou 150 mg, duas vezes por dia). Todos os doentes incluídos tinham pelo menos um outro factor de risco para AVC; cerca de metade dos doentes estavam medicados com antivitamínico K antes da inclusão; a média do índice CHADS2 era 2,1. O objectivo primário de eficácia foi a ocorrência de AVC ou embolismo sistémico. O seguimento mediano foi de dois anos. Na dose de 150 mg, duas vezes por dia, o dabigatran foi superior à varfarina na redução do risco de AVC ou embolismo sistémico e não aumentou o risco de hemorragia grave. Na dose de 110 mg, duas vezes por dia, o dabigatran foi não inferior à varfarina quanto à incidência de AVC ou embolismo sistémico, mas reduziu em 20% o risco de hemorragia grave. A incidência de AVC hemorrágico foi significativamente menor nos doentes tratados com dabigatran, independentemente da dose. O rivaroxabano é o inibidor directo do factor Xa mais estudado. No estudo ROCKET-AF (Rivaroxaban Once daily, oral, direct factor Xa inhibition Compared with vitamin K antagonism for prevention of stroke and Embolism Trial in Atrial Fibrillation), 14264 doentes com FA não valvular e um índice CHADS2 ≥2 foram tratados com rivaroxabano (20 mg uma vez por dia; 15 mg se a clearance de creatinina é 30 a 49 ml/min) ou varfarina (para INR 2,0 a 3,0), em dupla ocultação. Cerca de 63% dos doentes estavam medicados com antivitamínico K antes da inclusão; a média do índice CHADS2 era 3,5. O objectivo primário de eficácia foi a ocorrência de AVC ou embolismo sistémico. O seguimento mediano foi de 707 dias. O rivaroxabano foi não inferior à varfarina na redução do risco de AVC ou embolismo sistémico, não aumentou o risco de hemorragia grave e reduziu a incidência de AVC hemorrágico. O apixabano, outro inibidor directo do factor Xa, também está a ser avaliado para prevenção tromboembólica em doentes com FA não valvular. No estudo AVERROES, o apixabano (5 mg, duas vezes por dia; 2,5 mg, duas vezes por dia em doentes com idade ≥80 anos, peso ≤60 kg ou creatinina ≥1,5 mg/dl) foi comparado com o AAS (81 a 324 mg, uma vez por dia), em dupla ocultação, em doentes nos quais a ACO é considerada inapropriada. Este estudo foi interrompida prematuramente devido à redução de 54% do risco de AVC ou embolismo sistémico. O estudo ARISTOTLE compara o apixabano (5 mg, duas vezes por dia) com a varfarina em dupla ocultação em doentes com índice CHADS2 ≥1. Os resultados deste estudo são esperados em 2011. O edoxabano, outro inibidor directo do factor Xa, está a ser avaliado no estudo ENGAGE-AF TIMI-48, um ensaio de fase III em cerca de 16500 doentes com FA não valvular e índice CHADS2 ≥2, que compara duas doses do fármaco (30 mg ou 60 mg, uma vez por dia) com a varfarina. O objectivo primário de eficácia é a ocorrência de AVC ou embolismo sistémico. Os resultados são esperados em 2011. Entretanto ... no processo de definição do lugar dos novos anticoagulantes orais na patologia tromboembólica arterial, algumas questões que merecem consideração: • A ausência de monitorização afectará a qualidade dos cuidados prestados a doentes anticoagulados? • Qual o melhor alvo terapêutico para os novos anticoagulantes orais (factor Xa ou trombina)? Qual deles é mais seguro? • Como usar os novos anticoagulantes orais nos insuficientes renais? • Como se comparam com o encerramento do AAE? • Terão um lugar nos doentes estáveis sob antivitamínico K? • Terão um lugar num contexto de excelente controlo dos INRs? • Como torná-los custo-eficazes? • O que mais se pode fazer para melhorar a eficácia e a segurança dos antivitamínicos K? 41 Novos anticoagulantes orais na prevenção e tratamento do Tromboembolismo Venoso O Tromboembolismo Venoso (TEV), nas suas apresentações clínicas mais frequentes, Trombose Venosa Profunda (TVP) e Embolia Pulmonar (EP), mantem-se ainda hoje, um importante problema de saúde pública a nível mundial, pelo seu impacto em termos de morbilidade, mortalidade e consumo de recursos. Estima-se que o TEV provocará cerca de 540.000 mortes/ano, nos 25 países da UE, número superior à soma das mortes provocadas pela infecção pelo VIH, cancro da mama, próstata e acidentes de viação. Nos hospitais americanos, o TEV é a segunda complicação médica e a causa de prolongamento de internamento mais frequente, sendo, ainda, a terceira causa de morte prevenível e de custos hospitalares evitáveis. As consequências da TVP não tratada - síndrome pós-flebítico, EP e hipertensão pulmonar - frequentemente desvalorizadas, contribuem significativamente para o impacto da doença. Saliente-se, ainda, o facto, também muitas vezes esquecido, de que boa parte destes eventos ocorrem após o internamento hospitalar e, por isso, poderem passar despercebidos. Longe vão os tempos, anos 30 e 40, em que após a descoberta da heparina, esta era administrada em perfusão endovenosa para prevenção do TEV no pós-operatório. Na década de 80 surgiram os primeiros estudos demonstrando a eficácia das Heparinas de Baixo Peso Molecular (HBPM) na prevenção e tratamento do TEV agudo. Posteriormente ficou comprovada a sua superioridade, em relação à heparina não fraccionada, em termos de eficácia na prevenção, comodidade posológica, complicações hemorrágicas e custos. Estas estão, hoje, aprovadas na maioria dos países para a prevenção primária e tratamento do TEV agudo, sendo, ainda hoje, o comparador padrão para qualquer anticoagulante a estudar para estas situações. A busca do anticoagulante ideal, tem levado à descoberta de novas moléculas que se encontram em fase adiantada de investigação, algumas já 42 ...................................................................................................................... Abílio Reis Chefe de Serviço de Medicina Interna Clínica de Doentes Respiratórios Hospital da Arrábida - Gaia aprovadas e comercializadas. O Apixaban e Rivaroxaban, inibidores directos e selectivos do Factor Xa (FXa) e o Dabigatran, inibidor directo da trombina (FIIa), são os mais estudados, estando o segundo e terceiro já aprovados e recomendados, para a tromboprofilaxia em Ortopedia. Os bons resultados dos estudos realizados, já concluídos e publicados, no tratamento do TEV agudo com o dabigatran (Re-COVER) e rivaroxaban (EINSTEN - DVT) fazem prever a sua aprovação a curto prazo para esta indicação. As grandes vantagens destes fármacos são a comodidade da via de administração e posológica, a seletividade do mecanismo de ação e a previsibilidade do seu efeito anticoagulante, o que dispensa a monitorização laboratorial. Alguns inconvenientes permanecem ainda por resolver, como sejam as limitações na avaliação da atividade, por falta de testes laboratoriais específicos e a inexistência de antídoto específico. Trombofilia e Endotélio vascular na doença venosa O tromboembolismo venoso (TEV) mantém-se um grave problema de saúde pública, constituindo uma importante causa de morbilidade e mortalidade nos países desenvolvidos. Ocorre habitualmente como Trombose Venosa Profunda (TVP) dos membros inferiores ou Embolia Pulmonar (EP), e com uma incidência de 1-3/1000/ano dependente da idade. De acordo com a tríade de Virchow, a trombose venosa pode ocorrer quando há redução da velocidade ou pulsatilidade do fluxo sanguíneo, quando o balanço da hemostase é alterado, ou quando há perda da integridade vascular. A trombose venosa ocorre no contexto de um sistema de baixa pressão e fluxo lento, em que o ateroma não ocorre. Tipicamente envolve mais do que uma anomalia da tríade de Virchow, sendo que a estase não é por si só suficiente para induzir trombose, requerendo alterações simultâneas na função do endotélio e/ou alterações da hemostase, das quais resultam um coágulo obstrutivo no sistema venoso. Factores adquiridos, transitórios ou crónicos, para além de poderem actuar ao nível da estase venosa (ex: imobilização), desempenham um papel importante na perturbação da hemostase, influenciando o risco de trombose. As alterações da hemostase podem também ser geneticamente determinadas. Em 1965, foi descrita, pela primeira vez, uma associação entre deficiência de antitrombina e trombose venosa, o que levou ao reconhecimento da importância dos factores de risco genéticos na trombose venosa. Estes factores podem ser subdivididos em factores de risco fortes (risco de trombose venosa 5 a 10 vezes aumentado) e que incluem as deficiências dos anticoagulantes naturais (mutações com perda de função da antitrombina, proteína C e proteína S); factores de risco moderados (aumento de risco 2 a 5 vezes) incluem as mutações com ganho de função factor V Leiden e e protrombina 20210A, grupos sanguíneos não-O e fibrinogénio 10034T; e factores de risco fracos (aumento de risco inferior a 1.5) que incluem variantes de fibrinogénio, .......................................................................................................................... Dra. Sara Morais Trombose e Hemostase, Serviço de Hematologia Clínica, Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto factor XIII e factor XI. A maioria dos portadores de factores de risco (incluindo factores de risco moderados) nunca desenvolverão trombose, e no caso de factores de risco fracos, a sua utilidade clínica numa base individual, é mesmo nula. De notar que, muitos dos factores adquiridos se associam a um risco muito superior de trombose venosa e sendo muitos deles transitórios, conferem melhores oportunidades de intervenção clínica. O TEV é pois actualmente considerado uma doença multi-causal, requerendo a presença simultânea de vários factores de risco genéticos e adquiridos. Embora os factores de risco ambientais (que podem actuar em mais do que um nível da tríade de Virchow) desempenhem um papel indiscutivelmente importante, as alterações genéticas desempenham um papel fundamental, podendo mesmo levar a doença trombótica aparentemente espontânea. O terceiro componente da tríade de Virchow é a alteração da integridade vascular. Um papel fisiológico fundamental do endotélio vascular é o de facilitar o fluxo de sangue, ao providenciar uma superfície antitrombótica que inibe a adesão plaquetária e a activação da coagulação. No entanto, quando o endotélio é perturbado, transforma-se numa superfície pró-trombótica, sendo a indução do factor tecidular (FT) crucial nessa transformação. A lesão franca do endotélio venoso (mesmo com cirurgia) é rara, sendo mais comum a sua activação por estase, hipoxia e/ou mediadores inflamatórios. Evidência recente sugere que na trombose venosa a activação da coagulação mediada pelo FT (hemostase secundária) precede a activação plaquetária (hemostase primária). A fonte do FT é matéria de debate, tendo sido sugerida a expressão de FT pelas células endoteliais (CE) ou pelas micropartículas em circulação. Apesar de ainda não estar provado o papel do endotélio na patogénese da trombose in vivo, evidência crescente aponta no sentido da desregulação da função da CE como primordial no desenvolvimento de doença arterial, ou 43 Bibliografia: Rosendaal FR and Reitsma PH. Genetics of venous thrombosis. J Thromb Haemost 2009; 7 (Suppl 1): 301-304. Aird WC. Vascular bed-specific thrombosis. J Thromb Haemost 2007; 5 (Suppl 1): 283-291. Mackman N. The many faces of tissue factor. J Thromb Haemost 2009; 7 (Suppl 1): 136-139. Mackman N, Tilley RE, Key NS. Role of the extrinsic pathway of blood coagulation in Hemostasis and Thrombosis. Arterioscler Thromb Vasc Biol 2007; 27: 1687-1693. Blann AD, Woywodt A, Bertolini F et al. Circulating endothelial cells: biomarker of vascular disease. Thromb Haemost 2005; 93: 228-235 44 ............................................................................................................................................ noutras doenças sistémicas que envolvem lesão vascular. Vários estudos encontraram um aumento das células endoteliais circulantes (CEC) sendo provável que esse aumento seja o resultado do processo patológico que de forma irreversível, lesiona o endotélio. No sentido de detecção de activação endotelial e de actividade pró-coagulante, quantificamos as CEC por citometria de fluxo e avaliamos marcadores de activação endotelial em doentes com história de TEV espontâneo. Observamos um aumento significativo no número de CEC, um aumento de CEC activadas e um aumento de CEC expressando FT (correlacionando-se este último com o número de tromboses) relativamente ao grupo controlo. Rede de cuidados para os doentes hipocoagulados Em 2007 a Coordenação Nacional para as Doenças Cardiovasculares do Alto Comissariado da Saúde lançou um desafio às Administrações Regionais de Saúde no sentido de promoverem o controlo da hipocoagulação oral nos Cuidados de Saúde Primários, com sistemas "point of care". O objectivo último consistia na redução da morbilidade e da mortalidade pelas doenças cardiovasculares a nível nacional, nomeadamente por AVC. Era, também, um desígnio da Coordenação Nacional para as Doenças Cardiovasculares alargar a prescrição médica de anticoagulantes orais com segurança, evitando deslocações frequentes aos Hospitais ou a Laboratórios convencionados. A população alvo seria os doentes com Fibrilação Auricular não reumática, situação em que o controlo da anticoagulação oral seria feito nos Cuidados de Saúde Primários. O Alto Comissariado da Saúde disponibilizou às Administrações Regionais de Saúde equipamento que permitisse o controlo da terapêutica anticoagulante nos Cuidados de Saúde Primários com sistemas "point of care". A Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte, I.P.) aceitou o desafio e desenvolveu um programa para implementar uma Rede de Cuidados na área da hipocoagulação com os objectivos de melhorar a articulação entre os cuidados hospitalares e os cuidados de saúde primários e permitir maior proximidade de c u i d a d o s a o d o e n t e h i p o c o a g u l a d o. Desconhece-se o número de casos de fibrilação auricular que existem em Portugal, mas estimase que cerca de 40% dos doentes não faz prevenção. A ARSN pretende alterar esta realidade através da criação de uma Rede envolvendo o Hospital e os Agrupamentos de Centros de Saúde de referência. A mudança teria de conferir confiança e credibilidade aos utentes e aos profissionais. Para a implementação no terreno do Projecto de hipocoagulação, a ARS Norte, IP estabeleceu que deveriam ser criadas Equipas: dois médicos de medicina geral e familiar e dois enfermeiros sendo um dos médicos o coordenador. As ............................................................................................................................... Dra. Maria Constantina Silva (ARS Norte) Equipas teriam a supervisão de médico especialista de Imunohemoterapia do hospital de referência. Por hospital e Equipas deveriam ser criados um Manual de procedimentos, um Protocolo de articulação e haver Formação. Decorrente do desenho do programa, a ARS Norte, I.P. adquiriu, por concurso público, um Sistema para Determinação do Tempo de Protrombina e Gestão da Terapêutica Anticoagulante Oral (TAO), tendo sido adjudicado à empresa "Roche Sistemas de Diagnóstico, Lda". Este sistema é constituído pelos aparelhos de determinação de protrombina, respectivos reagentes e "software" que permite a gestão integrada das diversas consultas, "online", quer nos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) quer nos Hospitais, havendo integração com o R N U ( Re g i s t o Na c i o n a l d e Ut e n t e s ) . A avaliação está prevista no programa elaborado, sendo uma parte importante do programa de Hipocoagulação. São os seguintes os itens a avaliar: 1. Número de determinações /doente /ano. 2. Duração média da avaliação clínico-laboratorial efectuada 3. Tempo médio de doente em margem terapêutica 4. Número de episódios hemorrágicos / doente / tempo (major e minor) 5. Número de episódios trombóticos / doente / tempo (major e minor) 6. Mortalidade / doente / ano 7. Avaliação da satisfação dos doentes. A implementação do Programa nos Cuidados de Saúde Primários tem demorado um pouco mais que o tempo previsto, que decorre da reforma que está em implementação. Esperamos para breve a generalização da sua implementação na Região Norte. 45 Monitorização da anticoagulação oral ao nível dos Cuidados de Saúde Primários A descentralização para os Cuidados de Saúde Primários do controlo clínico-laboratorial da anticoagulação oral surge como uma iniciativa da Coordenação Nacional de Doenças Cardiovasculares (subscrita pela ARSNorte) e n q u a n t o e s t r a t é g i a p a r a re d u z i r a morbimortalidade cardiovascular a nível nacional e como modo de melhorar a acessibilidade ao tratamento de referência na prevenção do tromboembolismo sem diminuir a qualidade desse mesmo controlo. Os autores propõem-se avaliar a qualidade de controlo da anticoagulação oral aos doentes frequentadores da consulta de hipocoagulação oral do Centro de Saúde de Baião (ACES Baixo Tâmega) desde Março de 2010 a Fevereiro de 2011 inclusive, bem como a satisfação dos doentes relativamente a este novo serviço. A consulta começou em finais de Fevereiro de 2010, às Quartas-feiras de manhã, inicialmente apenas com doentes transferidos da Consulta de Hipocoagulação do CHP e posteriormente também com doentes que faziam controlo de RNI em laboratórios com postos de colheita de análises clínicas locais ou nas consultas do hospital de referência (CHTS). Nos últimos meses começaram a ser integrados na consulta doentes encaminhados pelos médicos de família ou hospitalares para início de anticoagulação oral. Atendendo à limitação funcional de vários doentes foi possível implementar a determinação do RNI (capilar) no domicílio do doente (7 doentes). Durante o período em avaliação passaram pela consulta 49 doentes, mantendo-se activos na consulta 44. Foram considerados na análise de resultados apenas os doentes a fazer anticoagulação há mais de 8 semanas. Assim, foram admitidos no estudo 41 doentes. Atendendo ao pequeno nº, optou-se por avaliar todas as consultas com determinação de RNI realizadas aos 41 doentes seleccionados. No caso de doentes previamente seguidos noutros locais, foram excluídos da avaliação os valores da primeira consulta por se considerarem 46 .......................................................................................................................... Helena Maria de Lima Oliveira (Médica de Família - UCSP de Baião), Joana Patrícia Pinto Teixeira Carneiro (Interna do Ano Comum), Marc Frédéric da Silva Gomes (Interno de Medicina Geral e Familiar), Maria Glória de Queiroz e Silva (Enfermeira - UCSP de Baião) exteriores à consulta propriamente dita. Assim, foram validadas 344 consultas com determinação do INR aos 41 doentes com critérios para integração no estudo. Foram considerados fora do intervalo terapêutico os valores de RNI±0.3 (abaixo ou acima do intervalo terapêutico estabelecido para o doente). Avaliando a população de doentes, verifica-se um ligeiro predomínio no sexo masculino (53%; n=23) com média de idades de 69 anos, com predomínio de tratamento com acenocumarol (68%; n=28), sendo a fibrilação auricular a principal patologia de base (61%; n= 25). Do total de consultas validado (n=344), 72% (n= 248) estavam dentro do intervalo terapêutico. Extraindo as 7 consultas fora do intervalo terapêutico por preparação para cirurgias ou procedimentos invasivos, verificou-se um total de cerca de 26% (n=89) de desvio. Abaixo do intervalo terapêutico excluindo preparação para cirurgias ou procedimentos encontraram-se cerca de 12,5% (n=43), sendo que 5% (n=18) apresentaram RNI ≤ 1,5. Acima do intervalo terapêutico encontravam-se 13,4% (n=46) e destes, 2% (n=7) apresentavam valores de RNI entre 5 e 8. Com base num pequeno questionário de resposta individual, confidencial, foi possível avaliar o grau de satisfação dos utentes relativamente à consulta. Os dados do inquérito serão objecto de análise numa comunicação livre neste mesmo Simpósio. Evidenciou-se um grau de satisfação muito elevado (93%) por parte dos utentes, em relação à globalidade da consulta de hipocoagulação. Ficou demonstrada a possibilidade de manter uma boa qualidade de controlo da anticoagulação ao nível dos Cuidados de Saúde Primários com clara satisfação dos utilizadores relativamente a este serviço de proximidade. Palavras-chave: Cuidados de Saúde Primários; Anticoagulação; Qualidade de controlo; Satisfação. Comunicações Orais 47 48 CO 1 - Seráo as mutações para o factor v leiden e gene da protrombina, factores de risco para eventos trombóticos arteriais? As duas mutações mais comuns na trombofilia hereditária, o factor V Leiden (FVL) (F5c.1691G>A) e mutação do gene da protrombina (FII) (F2g.10210G>A) , estão associados a um risco aumentado de trombose venosa. Contudo a associação com trombose arterial é mais controversa, sendo aceite que a existir será provavelmente associada a outros factores de risco trombóticos. O objectivo deste estudo foi determinar a frequência do FVL e da mutação FII em doentes com tromboembolismo arterial, comparando a frequência destas mutações com uma população controlo. Foram estudados retrospectivamente 464 doentes com eventos trombóticos arteriais (383 com acidente vascular cerebral (AVC) isquémico, 67 com enfarte agudo do miocárdio (EAM) e 12 com trombose arterial periférica) que cumprissem os seguintes critérios de inclusão: trombose arterial em idade jovem (<50 anos), especialmente sem factores de risco para doença arterial ateromatosa proeminentes; e trombose arterial recorrente apesar da terapia antitrombótica. Foram usados também 347 controlos saudáveis (dadores de sangue). A determinação do FVL e da mutação FII foi efectuada por PCR em tempo real (Nanogen KIT). Para a análise estatística foi aplicado o teste do qui-quadrado. Para o FVL, 15 de 464 pacientes e 7 de 203 controlos eram heterozigóticos, com frequências alélicas de 1,61% e 1,72%, respectivamente (p = 0.526). Para a mutação FII, de 453 doentes 16 eram heterozigóticos e 1 homozigóticos; e de 347 controlos, 18 eram heterozigóticos. Estes valores correspondem a frequências alélicas de 1,98% e 2,66%, respectivamente (p = 0,096). Os doentes foram agrupados por categorias major de diagnóstico de trombose arterial: nos doentes com AVC isquémico, 10 (1,3%) apresentaram FVL e 11 (1,43%) mutação FII (1 homozigótico); nos doentes com EAM, 4 (2,9%) apresentaram FVL e 3 (2,2 %) mutação FII; nos doentes com trombose arterial periférica, 1 ....................................................................................................................... Autores: Maria Coutinho*, Ana Spínola*, Mónica Pereira, Rui Matos, Sara Morais e Manuel Campos Apresentadora: Ana Spinola Instituição: Serviço de Hematologia Clínica, Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto (4,1%) apresentou FVL e 3 (12,5%) apresentaram mutação para FII. Apenas se verificou aumento estatisticamente significativo da frequência alélica do FII nos doentes com trombose arterial periférica (p = 0,025). Não foi verificada associação entre FVL e mutação FII com eventos trombóticos arteriais no AVC isquémico e no EAM. Apenas foi encontrado uma associação entre a mutação do FII e trombose arterial periférica. No entanto a amostra de doentes que preenchiam estes requisitos era reduzida. Terá interesse continuar a aumentar a amostra para de futuro se tentar esclarecer esta eventual associação. 49 CO2 - Possível associação entre o polimorfismo VNTR da glicoproteína plaquetária GP Ib alfa e enfarte agudo do miocárdio em indivíduos com menos de 45 anos de idade A glicoproteína (GP) Ib-V-IX é a proteína principal ligada à fase de adesão plaquetária após a lesão da parede do vaso. Esta glicoproteína é constituída por quatro sub-unidades designadas por GP Ib alfa, GP Ib beta, GP IX e GP V. A sub-unidade GP Ib alfa apresenta um polimorfismo VNTR (variable numbers of tandem repeats – número variável de repetições em tandem) que consiste na repetição de uma sequência de 39 nucleotídeos que codificam um segmento de 13 aminoácidos. Até à presente data foram descritos 5 alelos ligados a este polimorfismo. Os 5 alelos são designados respectivamente por A, B, C, D e E. O alelo A apresenta 4 repetições do segmento de 13 aminoácidos anteriormente referido. O número de repetições vai decrescendo do alelo A até chegar ao alelo E que não apresenta o segmento de 13 aminoácidos. Conforme o número de repetições aumenta, aumenta também o tamanho da GP Ib alfa, fazendo com que o terminal funcional da GP Ib alfa (local de ligação ao factor de von Willebrand) fique mais exposto ao meio exterior à célula. Neste estudo foram calculadas as frequências alélicas e genotípicas do polimorfismo VNTR numa população de indivíduos que tinham sofrido enfarte agudo do miocárdio (EAM) antes dos 45 anos de idade. Comparando os resultados obtidos com os de um grupo controlo (indivíduos aparentemente sem problemas cardíacos ou hemostáticos), verificou-se que a distribuição alélica e genotípica diferia entre os dois grupos. O alelo B (3 repetições) era mais comum no grupo EAM (15.50%) do que no grupo controlo (8.45%). O genótipo CC (normalmente associado na literatura a um menor risco de doença coronária apresentava uma menor incidência no grupo EAM comparando com o grupo controlo (60.60% vs. 69.80%). Por outro lado, o genótipo BC apresentava uma maior incidência no grupo EAM comparando com o grupo controlo (30.30% vs. 16.40%). 50 ..................................................................................................................... Autores: Luís Pina-Cabral, Paulo Ferreira, Virgínia Carvalhais, Bárbara Mesquita, Cláudia Escórcio, Maria do Céu Monteiro, António Almeida-Dias, Paula Pinto, Teresa Afonso, Begoña Criado. Apresentador: Luís Pina-Cabral Instituição: CITS-CESPU Estes resultados sugerem que o polimorfismo VNTR da sub-unidade GP Ib alfa poderá contribuir ou acelerar o aparecimento de doença cardíaca, nomeadamente enfarte agudo do miocárdio. Agradecimentos: O presente estudo foi suportado financeiramente pela CESPU, CRL (projecto número 3221) e pela Comissão de Fomento da Investigação em Cuidados de Saúde – Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (86/2007). CO3 - Activação de mecanismos protrombóticos nas NMP - correlação directa com a carga alélica JAK2V617F Introdução: As neoplasias mieloproliferativas, nomeadamente, a Policitémia Vera (PV) e Trombocitémia Essencial (TE), estão associadas a uma elevada incidência de episódios trombóticos e hemorrágicos. Alterações qualitativas das plaquetas e leucócitos, interacções celulares e a presença da mutação JAK2V617F parecem ter um papel determinante na fisiopatologia destas complicações. Objectivo: Num grupo de doentes com NMP avaliar a activação das plaquetas e dos leucócitos e correlacionar o estado de activação com a sua história trombótica e hemorrágica. Métodos: Foram estudados 28 doentes com PV com mutação JAK2V6127F, 45 com TE, dos quais 29 com a mutação JAK2V6127F, e um grupo controlo (GC) de 47 indivíduos saudáveis. Dez doentes com PV e 16 com TE tinham história de trombose; e 6 PV e 10 TE tinham história hemorrágica. Por citometria de fluxo foram analisadas a expressão de P-selectina (CD62P) e granulofisina (CD63) plaquetar, basal e após estímulo com agonistas; capacidade de captação/libertação de mepacrina nas plaquetas; agregados plaqueta-leucócito (PLA) e expressão de CD11b nos leucócitos e de factor tecidular (FT) nos monócitos. A mutação JAK2V617F foi quantificada por RQ-PCR. Resultados: A carga alélica era significativamente mais elevada nas PV do que nas TE (68% vs 31%; p<0.01). Todos os doentes apresentavam, em relação ao GC: i) aumento basal de CD62P, CD63 e de resposta ao ácido araquidónico (p<0.01); ii) diminuição de resposta ao TRAP6 (p<0.01); iii) aumento de CD11b (p<0.01) e FT nos monócitos (p<0.001) e de agregados PLA (p<0.01). Em todos estes parâmetros não encontrámos diferenças significativas entre os grupos TE com e sem mutação JAK2V617F. Em 77% das PV e 50% das TE havia indicadores de “storage pool disease”. Nas PV e TE JAK2 positivas encontrámos uma relação directa entre carga alélica, expressão de CD11b nos monócitos .................................................................................................................... Autores: Margarida Coucelo, Teresa Sevivas, Gonçalo Caetano, Marta Duarte, Celeste Bento, M.Letícia Ribeiro Apresentadora: Margarida Coucelo Instituição: Departamento de Hematologia - Centro Hospitalar de Coimbra e agregados plaqueta-leucócito e uma relação inversa entre carga alélica e resposta ao TRAP6 (CD62P: r=-0.4; p<0.04; CD63: r=-0.5; p<0.01). Nas PV encontrámos uma relação directa entre: carga alélica e FT (r=0.7; p<0.001); carga alélica e agregados plaqueta-neutrófilo (r=0.5; p<0.01), expressão de CD11b nos monócitos e FT (r=0.6; p<0.002). Nas TE foi encontrada correlação estatisticamente significativa entre trombose (n=16), mutação JAK2V617 (p<0.01) e carga alélica>50% (p<0.05) e entre história hemorrágica (n=10) e valores de carga alélica mais baixos (p<0.02). Estas associações não foram encontradas nas PV. Não foi encontrada correlação entre “storage pool disease” e hemorragia, tanto nas TE como nas PV. Discussão: Os resultados apresentados demonstram uma correlação directa entre a carga alélica JAK2V617F e mecanismos que favorecem a trombose, nomeadamente, activação basal das plaquetas, monócitos e neutrófilos, aumento de FT nos monócitos e de agregados plaqueta-leucócito em circulação. A carga alélica JAK2V617F parece ter maior influência na activação dos monócitos, do que dos neutrófilos, o que é evidenciado nas PV que associam uma carga alélica mais elevada a uma maior activação dos monócitos, com aumento de expressão do CD11b e FT (vs TE). As TE com carga alélica mais baixa têm mais frequentemente manifestações hemorrágicas. 51 CO4 - Gémeas Monozigóticas portadoras de Hemofilia a com discordância Fenotípica Introdução: A Hemofilia A (HA), coagulopatia hemorrágica recessiva ligada ao cromosoma X (CrX), é resultante de mutações no gene do FVIII (F8). As mulheres são geralmente portadoras assintomáticas, com níveis de FVIII:C dependentes do padrão de inactivação do CrX. Para além de casos raros de homozigotia ou heterozigotia composta para mutações no F8, têm sido descritos casos esporádicos de crianças do sexo feminino com hemofilia por desvio extremo da lionização do CrX ou em associação com Síndroma de Turner (45,X). A isodissomia uniparental, em que ambas as cópias de todo ou de parte do cromossoma são herdadas do mesmo progenitor, tem sido descrita em várias patologias, mas não em mulheres com HA. Objectivo: Elucidar o mecanismo genético que condiciona níveis de FVIII:C de 29% e 94% em 2 gémeas monozigóticas monocoriónicas, com 5 anos de idade. Têm um irmão com HA ligeira (FVIII:C 34%), a mãe e avó materna são portadoras com FVIII:C 68 e 59%, respectivamente, e o pai tem FVIII:C 97%. Metodologia: DNA isolado a partir de sangue periférico e cabelo. Por sequenciação foram identificadas as mutações no gene F8, e no DNA da gémea III.2 (FVIII:C 29%) foi feita a sequenciação de todo o F8 e exões 18-27 do gene do FvW (domínio de ligação ao FVIII). Foram avaliados 15 micro-satélites de vários cromossomas (AmpFl STR® Identifiler® Plus PCR Amplification Kit, Applied Biosystems) e os marcadores (AC)n e (CTT)n localizados 4.28kb e 18.6 kb, respectivamente, a jusante do gene G6PD. O grau de inactivação do CrX foi avaliado pelo ensaio HUMARA; foram pesquisadas mutações no gene XIST por sequenciação. Resultados: O estudo do F8 revelou que ambas gémeas são apenas portadoras da mutação identificada na família: c.5738 A>G, p.Asn1913Ser, no exão 17, com um padrão de sequenciação com picos de intensidade semelhante do alelo normal e do alelo mutado, no DNA extraído do sangue periférico e do cabelo. Na gémea III.2 52 ....................................................................................................................... Autores: C. Silva Pinto, T. Fidalgo, T. Sevivas, M. Benedito, E. Gonçalves, D. Marques, P. Martinho, R. Salvado, N. Martins e M.L. Ribeiro Apresentador: C. Silva Pinto Instituição: Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, E.P.E. foi excluída a DvW tipo 2N. A monozigotia foi estabelecida com 99% de probabilidade através da avaliação de 15 marcadores polimórficos; o ensaio HUMARA mostrou em ambas um desvio de lionização semelhante, no sentido do CrX materno - alelo mutado (30:70); no gene XIST não foram detectadas mutações. Os marcadores (AC)n e (CTT)n apresentam um padrão de homozigotia nas duas gémeas. Discussão: Os dados apresentados demonstram que os diferentes níveis de FVIII:C nestas duas gémeas monozigóticas não é resultado de um desvio da lionização do CrX, e suportam a hipótese de o evento de separação ter ocorrido após a inactivação do CrX. O Síndrome de Turner está excluído porque estão presentes os dois alelos. A hipótese de mosaicismo somático foi excluída pela análise do padrão de sequenciação que é semelhantes no DNA dos dois tecidos analisados. O mecanismo mais provável que poderá estar na origem da discordância de fenótipo é a isodissomia uniparental. A favor desta hipótese está a homozigotia para os diferentes SNP’s do F8 e dos marcadores (AC)n e (CTT)n. Está em curso a análise dos SNPs F8 da outra gémea e dos pais e um estudo mais detalhado do CrX por microssatélites e por técnicas de FISH. A existência de mosaicismo a nível hepático, onde o FVIII é maioritariamente sintetizado, é uma outra hipótese a considerar. CO5 - Utilização do Factor VII Recombinante Activado na Doença de von Willebrand com Aloanticorpos em Histerectomia Electiva A Doença de von Willebrand (DvW) é a mais frequente das coagulopatias congénitas e está relacionada com uma alteração, quantitativa ou qualitativa, do Factor de von Willebrand. O tipo 3 é uma forma grave da doença, caracterizandose por níveis muito baixos ou indetectáveis de FvW no plasma e nas plaquetas e por doseamentos baixos de Factor VIII (FVIII). A terapêutica com concentrados de FVIII/FVW pode levar, em cerca de 10% dos doentes, ao desenvolvimento de aloanticorpos contra o FVW, com a consequente ineficácia terapêutica e o risco de reações anafiláticas relacionadas com a formação de complexos imunes. O Factor VII recombinante activado (rFVIIa) tem sido utilizado com algum sucesso, no controlo da hemostase em doentes com DVW e aloanticorpos anti-FVW. Apresentamos o caso de uma doente com DvW tipo 3 seguida, desde a infância, no Centro de Coagulopatias Congénitas do Hospital de Santa Maria, com história de menometrorragias frequentes tratadas com concentrados de FVIII/FvW. Durante um internamento por menorragias suspeitou-se, ao 5º dia de terapêutica, por ausência de melhoria clínica e resultados laboratoriais não coincidentes com a terapêutica instituída, da presença de anticorpos. A pesquisa de inibidores para o FVIII foi negativa mas a presença de anticorpos para o FvW foi desmonstrada laboratorialmente.Desde essa data, o tratamento dos episódios hemorrágicos agudos (menometrorragias, hematúria) passou a ser realizado com rFVIIa na dose de 115 µg/kg, com controlo da hemorragia. Por apresentar menometrorragias frequentes, com necessidade de múltiplos internamentos, foi decidido em reunião multidisciplinar realizar histerectomia electiva por via laparoscópica. Nesta intervenção foram efectuadas, pré e intraoperatoriamente, duas administrações de rFVIIa na dose de 150 µg/kg com intervalo de 2H, que foi mantido nas primeiras 48H com doses entre ....................................................................................................................... Autores: Catarino C, Tavares A, Galvão M, Fidalgo T, Osório F Apresentador: Catarino C Instituição: Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Lisboa Norte; Lisboa; Portugal 100 e 115 µg/kg. Até à data da alta, ao 8º dia, os intervalos entre administrações foram progressivamente alargados tendo sido mantida a dose de 100 µg/kg. Efectuou, durante mais 2 dias, terapêutica domiciliária com 115 µg/kg de 12/12H. Ao 13º dia após a cirurgia, foi reinternada por perdas vaginais que cederam à 2ª administração de 115 µg/kg de rFVIIa. A cirurgia ginecológica decorreu sem complicações hemorrágicas e sem necessidade de transfusão de outros componentes sanguíneos. Não se observaram fenómenos de natureza tromboembólica Concluímos que apesar de, neste caso, o rFVIIa se ter revelado eficaz, será necessário avaliar, num maior número de doentes, a eficácia e segurança desta terapêutica de forma a definir quais as doses e esquemas terapêuticos mais adequados. 53 CO6 - Consulta de hipocoagulação na US de Baião – Perspectiva dos utentes Introdução O programa de descentralização da consulta de hipocoagulação para as Unidades de Cuidados de Saúde Primários, foi elaborado com a finalidade de proporcionar uma maior comodidade e acessibilidade aos seus utentes, sem prejudicar a qualidade do controlo quando equiparada ao Hospital de referência. Conforme as orientações técnicas da ARS-Norte, em Fevereiro de 2010, foi implementada a respectiva consulta na US de Baião após um período de formação em duas fases (teórica e prática). Concomitantemente, é mantida uma estreita articulação com o Serviço de Imunohemoterapia do Centro Hospitalar do Porto. Objectivo Avaliação da satisfação dos utentes no que respeita à consulta da hipocoagulação, ao nível dos Cuidados de Saúde Primários. Métodos Trata-se de um estudo descritivo e transversal. A amostra, seleccionada através de um processo não probabilístico, é constituída por 85% (n=41) dos utentes da consulta de hipocoagulação de Baião. Foi aplicado um inquérito de satisfação, confidencial e individual, elaborado pelos autores do estudo, no período de 04 a 23 de Fevereiro de 2011. Resultados Os doentes da consulta de hipocoagulação da US de Baião estão, de um modo geral, muito satisfeitos (93%; n=38). Todos os utentes mencionam o Centro de Saúde como sendo o local de preferência para a realização desta consulta, quando comparado com os locais anteriores de controlo (hospital, laboratório). A proximidade, foi destacada como sendo o aspecto mais positivo (84%; n=31). Apenas 1 em cada 3 utentes (n=14) considera a existência de pontos desfavoráveis, relativos à consulta. Destes, 72% (n=10) mencionam as condições físicas da sala de espera como aspecto mais negativo. 54 .......................................................................................................................... Autores: Helena Maria de Lima Oliveira; Marc Frédéric da Costa Gomes; Joana Patrícia Pinto Teixeira Carneiro Instituição: UCSP Baião Conclusão Evidenciou-se um grau de satisfação muito elevado por parte dos utentes, em relação à globalidade da consulta de hipocoagulação. Ficou demonstrada a importância da descentralização desta consulta para os seus usuários. Este estudo alerta, ainda, para a necessidade de desenvolver condições físicas adequadas, principalmente ao nível da sala de espera, considerado um elemento para a obtenção de um maior grau de satisfação. Palavras-chave: Cuidados de Saúde Primários; Hipocoagulação; Satisfação dos utentes. Anticoagulation Monitorization in Baião´s Primary Care Center – The outpatient’s view Background Decentralization program of anticoagulation control in Primary Care Centers was developed as a way to provide accessibility and welfare to patients in need of this special health care, without jeopardizing the follow-up quality when compared with reference hospital. Following ARS-Norte orientations, in February 2010, the anticoagulation consult started in Baião after a two-steps learning process under the coordination of the CHP Imuno-hemotherapy team. This supervising and counseling is kept online whenever we need it and reassures our team. Objective To evaluate the satisfaction of patients with the anticoagulation consult at Primary Health Care level. Methods This is a descriptive and cross-sectional study. The sample, selected through a non probabilistic process, represents 85% (n=41) of outpatients, who were followed in Baião´s anticoagulation Results The patients are, in general, very satisfied (93%; n=38) with the health cares provided. All patients assumed to prefer the follow up in Baião´s Primary Health Care to the previous places (Hospital, lab). The proximity was highlighted as being the most positive point (84%; n=31). One third (n=14) of outpatients considered the existence of somewhat negative features. The most criticized aspect (72% of those) was the physical conditions of the waiting area. Conclusion It was evident the very high degree of satisfaction felt by patients, towards the anticoagulation service. There is no doubt about the importance of this service decentralization for Baião´s outpatients. This study emphasizes the importance of appropriate waiting conditions (seats for all, less cold) as an element to achieve an ideal degree of satisfaction. Key-words: Primary Health Care; Anticoagulation; Patient Satisfaction. ............................................................................................................................................ practice. The authors prepared a satisfaction inquiry, confidentially and individual, to be answered by each patient, during the period of 04 to 23 of February 2011. 55 CO7 - Avaliação da qualidade do controlo da terapêutica anticoagulante oral em consulta hospitalar A anticoagulação oral (ACO) é a terapêutica mais utilizada na profilaxia de eventos tromboembólicos. O seu uso apresenta-se como um desafio na prática clínica diária devido aos inúmeros factores de interferência, tais como janela terapêutica estreita, variabilidade interpessoal significativa na dose-resposta e interacção medicamentosa e dietética. O objectivo deste estudo foi a avaliação da qualidade do controlo da terapêutica de ACO no Centro Hospitalar do Porto. Procedeu-se à análise da proporção de valores de RNI (Razão Normalizada Internacional) dentro do intervalo terapêutico, em doentes em regime de ambulatório, durante 2 meses. Foram apenas incluídos doentes a fazer controlo de ACO há mais de 8 semanas, sendo considerados fora do intervalo terapêutico aqueles com RNI +/0.3 do intervalo definido para cada doente. Foram avaliados os controlos de 1067 doentes, com média de idades de 69 +/- 13 anos, sendo que 54% (n=576) eram do sexo feminino. Os principais motivos de ACO encontrados foram fibrilação auricular (44%), cardiopatia (14%), trombose venosa profunda (14%) e prótese valvular mecânica (10%). Do total da amostra, 71% (n=756) dos doentes apresentavam valores dentro do intervalo terapêutico. Fora do intervalo terapêutico encontraram-se 27% (n=287) dos doentes, após exclusão dos doentes com cirurgia ou procedimentos invasivos programados. Abaixo do intervalo terapêutico encontravam-se 13.8% (n=148), sendo que 8.6% (n=92) apresentavam RNI inferior a 1.5. Acima do intervalo terapêutico encontravam-se 13.2% (n=139) e destes 4.4% (n=46) apresentavam RNI entre 5-8 e 0.3% (n=4) RNI ≥8. Não foram encontradas diferenças significativas nas características epidemiológicas e principal motivo de ACO entre o grupo de doentes com RNI fora do intervalo terapêutico e o total da amostra. 56 ................................................................................................................. Autores: Maria Coutinho(1), Ana Spínola(1), Cláudia Moreira(2), Sara Morais(1), Margarida Miranda(1), Norival Pinho(1), Nilsa Seidi (3), Manuel Campos(1) e Eugénia Cruz(1) Apresentadora: Maria Coutinho Instituição: (1)Serviço de Hematologia Clínica, Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto (2)Serviço de Onco-Hematologia, Instituto Português de Oncologia do Porto A avaliação da qualidade do controlo da terapêutica de ACO é extremamente importante para garantir uma eficaz monitorização dos doentes. Os resultados encontrados no estudo estão de acordo com os 15 mais recentes artigos nesta área (vêr revisão Wan et al., Circ Cardiovas Qual Outcomes, 2008). Esta avaliação torna-se extremamente importante para se poder assegurar uma boa qualidade da monitorização desta terapêutica, tendo em conta o crescente aumento do controlo da terapêutica ACO a nível dos cuidados de saúde primários. CO8 - Descentralização parcial da consulta de coagulação: experiência do centro hospitalar cova da beira A Consulta da Coagulação do Centro Hospitalar Cova da Beira tem por objectivo prestar serviços de saúde à população da área geográfica dos concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte, actuando na vertente dos doentes hipocoagulados com Varfarina sódica e Acenocumarol para evitar o risco trombótico. A população que acorre a esta Consulta é maioritariamente envelhecida e provém de freguesias que podem distar mais de 50 km do Hospital. De maneira a manter a equipa hospitalar habitualmente envolvida com o utente, e a possibilidade de num Centro de Saúde “âncora”, localizado num ponto geográfico central equidistante a várias freguesias, serem reunidos doentes de vários Centros de Saúde do Agrupamento numa mesma sessão de consultas, criou-se uma colaboração entre o Agrupamento de Centros de Saúde da Cova da Beira e a equipa do Serviço de Imunohemoterapia do CHCBeira, descentralizando os procedimentos de análise capilar implementados no Hospital. A consulta concretiza-se com a deslocação de um enfermeiro ao Centro de Saúde, que é responsável por executar os procedimentos técnicos inerentes à avaliação de INR (International Normalized Ratio) capilar e por registar e enviar online todas as informações necessárias à interpretação do valor de INR pelo médico, que acompanha remotamente a consulta no Hospital. É da responsabilidade do médico interpretar o valor de INR capilar, definir a dosificação terapêutica, marcar a consulta subsequente e enviar estas informações para o Centro de Saúde, onde são recebidas pelo enfermeiro e explicadas ao utente. A descentralização da consulta de coagulação iniciou-se em Março de 2009 no Centro de Saúde de Belmonte. Até Dezembro de 2009 foram feitas 448 consultas e em 2010 realizaram-se 887 consultas. Seguiu-se Silvares em Outubro de 2009 e até final desse ano foram efectuadas neste centro 152 consultas, tendo sido realizadas 1071 durante o ano de 2010. Tortosendo iniciou- ....................................................................................................................... Autores: Jorge Martinez Marcos, Ana Cristina Ramalhinho Apresentador: Jorge Martinez Marcos Instituição: Centro Hospitalar Cova da Beira se em Dezembro do mesmo ano e durante o ano 2010 realizaram-se 1156 consultas neste centro. Teixoso foi o último centro a ser implementado, em Julho de 2010, e foram realizadas 359 consultas. A implementação deste projecto visou sempre a manutenção dos requisitos de qualidade exigidos pela norma NP EN ISO 9001 e pela Joint Comission International. Neste momento, cerca de 27% dos utentes da consulta hospitalar são beneficiados com a descentralização da consulta e prevê-se que cerca de 33% dos utentes possam ser atendidos num Centro de Saúde da sua aérea de residência quando o projecto estiver totalmente implementado com os últimos centros, Unhais, em Março, e Alpedrinha, em Julho de 2011. O índice de satisfação global dos utentes da consulta descentralizada é de 93%. Com o desenvolvimento da Descentralização Parcial da Consulta de Coagulação foi possível conseguirse uma melhoria da acessibilidade dos utentes à Consulta de Coagulação, a melhoria da sua satisfação, a redução de tempos de espera e a optimização dos recursos da instituição. 57 CO9 - Implantación del control del tratamiento anticoagulante oral (TAO) mediante punción digital en el Hospital de Cruz Roja de Gijón: calidad para pacientes y profesionales OBJETIVO Mejorar el servicio a los pacientes sometidos a TAO ofreciéndoles un método fiable, menos invasivo, que no incremente sustancialmente los costes del proceso y que suponga una reducción significativa del tiempo de espera en el Hospital, conservando en todos los casos la consulta con el hematólogo como punto final del proceso. METODOLOGIA Y RESULTADOS Para la validación de resultados: plan de muestreo simple por atributos AQL (Aceptable Quality Level) según las normas UNE 66.020 y UNE 66.030 (tablas de la MIL-STD-105D) comparando el resultado del INR obtenido en cada paciente mediante determinaciones simultáneas en sangre venosa y en sangre capilar. Para el estudio económico: cuenta analítica de resultados de explotación de la Consulta del Tratamiento Anticoagulante Oral (TAO) de la Dirección de Gestión del Hospital. Para el estudio de tiempos: tabla de muestreo, comparativa de tiempos de espera desde obtención de muestra hasta entrada en consulta en ambos casos. RESULTADOS El estudio de validación de los resultados obtenidos mediante Hemochron (punción digital) versus obtenidos mediante CA-1500 (punción venosa) demostró la equivalencia de resultados entre las dos técnicas en un 96% de los casos y permitió establecer criterios de control fiables para el 4% restante. El estudio de costes demostró que la introducción del sistema de determinación capilar del INR no incrementa significativamente los costes. Capilar 10,91 € por consulta versus venosa 10,63 € (Incremento del 2,6%). El estudio de tiempos de espera realizado demostró que la espera del paciente se reduce en un promedio de 33 minutos en cada control mensual (4' de espera en consulta con 58 ........................................................................................................................ Autores: Corbillón M.L, Muñoz M.C, Blanco M, Paramio M, Martínez N. Instituição: Servicio de Hematología Clínica.Hospital da Cruz Roja de Gijón, Asturias. España. determinación capilar versus 37' de espera en consulta por determinación venosa). CONCLUSIONES El control del tratamiento anticoagulante oral mediante la determinación del tiempo de protombina (INR) con sangre capilar es una técnica fiable, menos invasiva para el paciente, que no incrementa los costes del proceso de forma sustancial y que permitirá incrementar la productividad. La determinación en sangre capilar supone una reducción del tiempo de espera en consulta muy significativa para los pacientes, hecho a tener en cuenta ya que el control se debe realizar con una periodicidad media mensual durante largos periodos de tiempo. EL Hospital de Cruz Roja ha establecido desde septiembre de 2009 que la determinación del INR en sangre capilar es la técnica de elección para el control del TAO con las excepciones establecidas por protocolo, permitiendo establecer un doble control en sangre venosa a criterio del especialista, para los casos fuera de rango de aceptación (4%). CO 10 - Avaliação da incidência de hemorragias em doentes submetidos a intervenções dentárias sob anticoagulação oral O uso de anticoagulantes orais (ACO) está associado ao aumento do risco hemorrágico, principalmente após procedimentos invasivos, como intervenções dentárias. A suspensão dos ACO antes das intervenções dentárias é prática cada vez menos comum, dado o risco trombótico associado à suspensão desta medicação. O protocolo estabelecido no nosso centro preconiza a realização de procedimentos dentários até valores de RNI (Razão Normalizada Internacional) ≤3.5, sem interrupção da terapêutica ACO. O objectivo deste estudo foi avaliar os episódios hemorrágicos em doentes sob terapêutica ACO submetidos a intervenção dentárias em função do RNI na data da intervenção e do tipo de intervenção dentária. Dois tipos de estudos foram efectuados: estudo retrospectivo de 155 intervenções dentárias (correspondendo a 64 doentes) através de inquérito aos doentes e consulta do processo clínico após a realização do procedimento; e estudo prospectivo de 62 intervenções dentárias (correspondendo a 46 doentes) através de inquérito fornecido aos doentes no dia do procedimento. No total foram analisadas 217 intervenções dentárias que corresponderam a 110 doentes (1.94 intervenção/doente), 68 mulheres e 42 homens com média de idades 64±13 anos (máx. 87, min. 24). Todos estavam hipocoagulados há mais de 12 meses, pelos motivos principais de: fibrilação auricular 32%, tromboses venosas profundas 21%, próteses valvulares mecânicas 21% e cardiopatias 16%. As intervenções dentárias realizadas foram: 136 extracções dentárias (114 simples, 21 duplas e 1 de 4 dentes), 78 destartarizações, 2 dentisterias e 1 endodontia. Ocorreram hemorragias em 6.4% (n=14) das intervenções, sendo que 0.9% (n=2) foram moderadas/graves, com necessidade de reversão da hipocoagulação com vitamina K (1 caso, com RNI=2.90) e concentrado de complexo protrombínico (outro caso com RNI=2.17), sem .................................................................................................................. Autores: Ana Spínola1, Paula Rocha2, Sara Morais1, Maria Coutinho1, Barbas do Amaral3; Eva Pacheco3, Manuel Campos1 e Eugénia Cruz1 Instituições: 1Serviço de Hematologia Clínica, Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto 2 Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de S. Teotónio, Viseu 3 Serviço Estomatologia, Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto necessidade de transfusão de glóbulos rubros. Em 3.7% (n=8) dos casos os doentes recorreram ao Serviço de Urgência (SU) com necessidade apenas de compressão local com tampão de antifibrinolítico. Para analisar os episódios hemorrágicos em função do RNI à data da intervenção dentária foram definidos 3 grupos: Grupo I RNI≤1.5 (n=14), Grupo II RNI>1.5-≤2.5 (n=114), Grupo III RNI>2.5-≤3.5 (n=89). Ocorreram hemorragias em 7.1% (1/14) das intervenções no Grupo I, em 7.9% (9/114) no Grupo II e em 4.5% (4/89) no Grupo III (n.s.). Dos 8 doentes que necessitaram de assistência no SU, 1 era do Grupo I, 5 do Grupo II e 2 do Grupo III. Relativamente ao tipo de intervenção dentária, as 14 hemorragias ocorreram após extracções dentárias Em conclusão os episódios hemorrágicos após procedimentos dentários em doentes com RNI terapêuticos (≤3.5) são pouco frequentes (6%) e as moderadas a graves são raras (<1%). Estas, não têm relação com o RNI. De salientar que as intervenções dentárias sujeitas a hemorragias são apenas as extracções dentárias. Não ocorreram episódios de hemorragias após destartarizações. Assim, doentes com RNI terapêutico podem efectuar tratamentos dentários com relativa segurança pelo que não se justifica a interrupção/alteração da ACO no caso de tratamentos dentários descritos. 59 60 Posters 61 62 PO1 - Variantes genéticas do receptor plaquetário do ADP P2Y12 na População Portuguesa: resultados preliminares A activação plaquetária resulta da interacção entre agonistas activadores da função plaquetária e receptores específicos para esses agonistas. Um dos principais agonistas activadores da função plaquetária é o ADP libertado pelas próprias plaquetas após a sua activação, o que desencadeia um mecanismo de feedback positivo que promove a agregação plaquetária. O primeiro receptor do ADP descrito (P2Y1) é responsável pelo aumento de Ca++ citosólico, enquanto o segundo (P2Y12) leva à diminuição de AMPc intracelular. Outra das acções importantes resultante da ligação do ADP ao receptor P2Y12 é a activação da GPIIb-IIIa responsável pela agregação plaquetária. Ambos os receptores estão ligados a proteínas G, Gq no P2Y1 e Gi no P2Y12. O receptor P2Y12 apresenta-se assim como um importante alvo na terapia antiplaquetária. A variação da resposta interindividual a medicamentos antiplaquetários que actuam neste receptor, como por exemplo o prasugrel, poderá dever-se a variações genéticas existentes no gene P2RY12 (gene codificante do receptor P2Y12). No presente trabalho calcularam-se as frequências alélicas e genotípicas de três polimorfismos SNP’s (single nucleotide polymorphisms) ligados ao gene P2RY12, nomeadamente o rs2046934, o rs6801273 e o rs6798347 numa amostra representativa da população de Portugal. Os três polimorfismos estudados apresentavamse dentro do equilíbrio de Hardy-Weinberg e não diferiam significativamente de outros resultados obtidos noutras populações Caucasianas (não Portuguesas) já previamente estudadas. Esta análise será importante para futuros estudos ligados à resposta individual antiplaquetária. .................................................................................................................... Autores: Paula Salgado, Luís Pina-Cabral, Virgínia Carvalhais, Cláudia Escórcio, Bárbara Mesquita, Maria do Céu Monteiro, António Almeida-Dias, Begoña Criado Apresentador: Luís Pina Cabral Instituição: CITS-CESPU 63 PO2 - Estudo comparativo da estabilidade dos reagentes de protrombina PT-Fibrinogen HS plus e Recombiplastin 2G da IL nos equipamentos ACL Top 500 e Advance O parâmetro tempo de protrombina, é importante quer como avaliador da hemostase (via extrínseca), quer como parâmetro de monitorização de pacientes sujeitos a terapêutica anticoagulante oral, e portanto muito requisitado pelo corpo clínico do nosso Hospital. Por isso, a sua execução merece-nos cuidado e atenção desde a fase pré analítica até à fase pós analítica. Portanto, é um parâmetro para o qual o binómio aparelho/ reagente, deve expressar sensibilidade, precisão e exactidão, de modo a fornecermos ao clínico um resultado que melhor expresse , a situação clínica (in vivo) do paciente. Para que se cumpram estes requisitos e se melhore a qualidade da nossa resposta, fizemos um estudo de 2 tromboplastinas, com boa sensibilidade e acreditadas no mercado fornecedor. Para este estudo fizemos 100 determinações, em plasmas de população saudável, socorrendo-nos para isso dos dadores de sangue do nosso Hospital. Concluimos: Os dois reagentes têm um bom desempenho. A tromboplastina PT – Fibrinogen HS plus, apresenta um valor médio (14.8 segundos) e uma dispersão de resultados superiores aos resultados obtidos com a tromboplastina Recombiplastina 2G,( valor médio da recombiplastina 11,5 segundos). A Recombiplastina mostrou-se mais estável a bordo no aparelho do que o reagente PTFibrinogen HS plus, por outro lado, apresenta menor variabilidade de resultados, o que nos dá garantia de melhoria de desempenho. Estas vantagens, devem-se ao facto de apresentar na sua constituição factor recombinante do tecido humano (RTF), fosfolípidos sintéticos, cloreto de cálcio, tampão e conservante. 64 ........................................................................................................................ Autores: Maria do Rosário Tello Gonçalves; Aurora Vilar e Paula Mendes Apresentadora: Aurora Vilar Instituição: Chmt - Unidade de Tomar PO3 - Discrepância entre o genotipo e o fenotipo do factor v leiden pós-transplante hepático INTRODUÇÃO: A trombose da artéria hepática ou da veia porta são as complicações vasculares mais frequentes pós-transplante hepático, e das principais causas de perda do enxerto e de mortalidade pós-transplante. A avaliação de factores de risco protrombóticos inclui o estudo genético do doente com a pesquisa das mutações do factor V Leiden e da protrombina G20210A. Contudo nos doentes transplantados hepáticos, o genotipo, avaliado no DNA dos linfocitos do doente, pode não corresponder ao fenotipo expresso pelos hepatocitos do orgão transplantado, podendo resultar em discrepância entre o genotipo e o fenotipo do doente. MÉTODOS: Efectuámos a pesquisa da resistência à proteína C activada (APCR) em 126 doentes consecutivos, submetidos a transplante hepático entre Março 2007 e Junho 2008. No pré-transplante hepático encontrámos uma APCR positiva em 5 doentes. Estes doentes foram retestados após o transplante hepático e avaliados com estudo genético. Um destes 5 doentes, com o diagnóstico de paramiloidose familiar, doou o seu fígado a outro doente num transplante sequencial. O doente receptor era APCR negativo pré-transplante e também foi retestado pós transplante com APCR e estudo genético. RESULTADOS: Os 5 doentes que apresentavam APCR positiva pré-transplante hepático revelaramse negativos pós-transplante, embora o estudo genético efectuado fosse positivo para a mutação do Factor V Leiden. O doente APCR negativo pré-transplante hepático que recebeu o fígado do dador APCR positivo, passou a testar APCR positivo no pós-transplante hepático, apesar do estudo genético se revelar negativo para a mutação do Factor V Leiden. CONCLUSÃO: Estes casos ilustram as dificuldades que podem surgir na avaliação do risco trombofílico do doente submetido a transplante ....................................................................................................................... Autores: T. Araújo; A. Ribeiro; M. J. Marques; A. I. Fernandes; M. M. Campos; A. Cordeiro Apresentador: T. Araújo Instituição: Serviço de Imunohemoterapia - Hospital Curry Cabral, Lisboa hepático, devido a possíveis discrepâncias entre o genotipo e a expressão fenotípica de algumas proteínas da coagulação. 65 PO4 - Trombose arterial e venosa como manifestação catastrófica de Síndrome AntiFosfolipídeo O síndrome anti-fosfolipídeo é classificado como a presença de um anticorpo antifosfolipídeo e uma manifestação clínica da doença (um ou mais episódios de trombose arterial, venosa ou de pequenos vasos, ou então, morbilidade associada à gravidez). Apresentamos o caso de um doente do sexo masculino, 31anos, fumador, sem outros factores de risco pró-trombóticos conhecidos, que se apresentou no Serviço de Urgência com isquemia sub-aguda do membro inferior direito, com 5 d i a s d e e vo l u ç ã o. Fo i s u b m e t i d o a t ro m b o e m b o l e c t o m i a t r a n s p o p l í t e a e hipocoagulado com heparina não-fraccionada. No dia seguinte voltou a ter trombose das artérias da perna direita, sendo submetido a tromboembolectomia transpoplítea, fibrinólise intra-arterial e hipocoagulado com dose mais elevada de heparina não fraccionada. Apesar de níveis de aPTT elevados desenvolveu uma trombose venosa ileo-femoro-poplitea direita ao 13ºdia de internamento. Ao 17ºdia diagnosticou-se tromboembolismo pulmonar, tendo-lhe sido colocado um filtro na veia cava inferior por via femoral esquerda. Seis dias após este procedimento teve trombose do eixo venoso ileo-femoro-poplíteo esquerdo até ao filtro da veia cava. Durante o internamento desenvolveu trombocitopenia, tendo passado para hipocoagulação oral com acenocumarol, com níveis de INR entre 3-4. Realizou estudo imunológico que mostrou IgG anti-beta 2 – glicoprotéina 1 positivos e homozigotia para o gene da protrombina. O estudo imunológico foi repetido cerca de 3 anos depois com resultados sobreponíveis. Trata-se desta forma de uma primeira manifestação catastrófica de síndrome antifosfolipídeo, num doente do sexo masculino, de difícil tratamento, tendo sido necessário recorrer ao todo o armamentarium da Angiologia e Cirurgia Vascular, Hematologia Clínica e Imunologia Clínica. 66 .................................................................................................................... Autores: Luís Loureiro; Joana Martins; Clara Nogueira; Carolina Vaz; Tiago Loureiro; Diogo Silveira; Sérgio Teixeira; Rui Machado; Rui Almeida Apresentador: Luís Loureiro Instituição: Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular - Hospital de Santo António – CHP PO5 - Cirurgia e Hemofilia A grave com inibidor. 4 casos clínicos INTRODUÇÃO Os doentes com hemofilia e inibidores têm um risco hemorrágico acrescido no caso de trauma ou cirurgia. Os agentes de bypass, correntemente utilizados no tratamento de episódios hemorrágicos e com eficácia demonstrada mesmo em contexto cirúrgico, não fazem a substituição directa da proteína coagulante em falta (factor VIII ou IX). Deste modo, a cirurgia no doente com hemofilia e inibidores apresenta-se como um desafio, existindo um risco acrescido de hemorragia intra e pós-operatória. O objectivo deste trabalho é apresentar as cirurgias efectuadas nos últimos dois anos no Hospital São José em doentes com hemofilia A grave e inibidores do FVIII. MATERIAL E MÉTODOS Revisão dos processos clínicos dos doentes com hemofilia A grave e inibidores do FVIII que foram submetidos a um procedimento cirúrgico no Hospital de São José, no período compreendido entre Janeiro de 2008 e Janeiro de 2011. RESULTADOS Foram identificados 4 doentes adultos com hemofilia A grave submetidos a 4 cirurgias major: duas em contexto de urgência (apendicectomias) e duas electivas (colecistectomia laparoscópica e nefrectomia total). A terapêutica de bypass usada foi rFVIIa (NovoSeven®) em duas cirurgias, CCPa (FEIBA®) numa outra e terapêutica com ambos na quarta. Todas as cirurgias decorreram sem complicações hemorrágicas relevantes. O resultado hemostático global foi considerado bom. CONCLUSÃO O ganho de experiência na cirurgia no doente com hemofilia A e inibidor permite afirmar que esta situação clínica não é, per se, uma contraindicação para cirurgia electiva. Os agentes de bypass revelam ser eficazes na hemostase durante os procedimentos. No entanto, o risco hemorrágico pós cirúrgico é elevado, com ......................................................................................................................... Autores: Alexandra Santos, Maria João Diniz e Margarida Antunes Apresentador: Alexandra Santos Instituição: Hospital São José potencial aumentado de re-sangramento, pelo que a duração do tratamento substitutivo deve ser prolongada. Não foram registados fenómenos tromboembólicos. 67 PO6 - Cirugía oflamológica de catara en pacientes en tratamiento con anticoagulantes orales: experiencia de un centro En los últimos años, un número importante de pacientes de edad avanzada se somete a cirugía de catarata ocular. Muchos de ellos se encuentran en tratamiento con anticoagulantes orales. No obstante, gracias a los avances de la cirugía oftalmológica podemos realizar este tipo de cirugía sin modificar su pauta de tratamiento y así evitar los riesgos que conlleva la substitución o supresión del mismo. Objetivo: Determinar la tasa de complicaciones hemorrágicas intraoperatorias y postoperatorias de los pacientes que mantienen el tratamiento anticoagulante durante la cirugía de catarata simple para lo que efectuamos un estudio retrospectivo de las cirugías realizadas en nuestro hospital durante el año 2007. Material y métodos: Realizamos una revisión de un total 103 cirugías que correspondieron a 62 pacientes en su mayoría sometidos a cirugía bilateral. La edad de estos pacientes estaba comprendida entre 70-90 años en el 87,1% de los casos. En la consulta preoperatoria no se modificó la pauta de tratamiento anticoagulante oral habitual del paciente. El protocolo del servicio de Hematología incluye un estudio de coagulación con valor de INR (Sysmex® CA1500, Siemens) aproximadamente dos horas antes de la cirugía. Como técnica quirúrgica para la cirugía de catarata simple se realiza la facoemulsificación con implantación de lente intraocular con anestesia tópica/intracamerular. El protocolo del servicio de Oftalmología incluye una revisión postoperatoria al día, semana y mes siguiente a la cirugía. Resultados: Analizamos el valor de INR del propio día de la cirugía con el siguiente resultado: en el 11,25% de los casos presentaron un valor de INR: 1,5-1,7, el 30% un valor de INR:1,7-1,99, el 47,5% tenían un INR dentro del rango terapéutico y en un 11,25% de los casos el valor fue superior a 3. Estos pacientes que 68 ....................................................................................................................... Autores: L. Corbillón *, R. Fau **, M.C. Muñoz *, J. Lorenzo **, G. Perez **, C. Cueto-Felgueroso *** * Servicio de Hematología,**Servicio de Oftalmología,***Consulta Preoperatoria. Instituição: Hospital da Cruz Roja de Gijón. Asturias, Españaa presentaron un resultado superior a 3,5 también fueron sometidos ese mismo día a la cirugía, sin corrección del INR, salvo en un caso en que la cirugía se aplazó para el día siguiente. En ningún caso se registraron complicaciones hemorrágicas intraoperatorias y solamente un paciente (0,9%) presentó una hemorragia subconjuntival durante el postoperatorio. No hay registros de otras complicaciones como equimosis, hifema, hemorragia retrobulbar o supracoroidal. Conclusiones: En nuestra experiencia la cirugía de catara simple que realizamos en nuestro hospital mediante la técnica de facoemulsificación con implantación de lente intraocular con anestesia tópica e intracamerular resulta una intervención segura y eficaz en los pacientes que se encuentran en tratamiento con anticoagulantes orales. Al igual que en otras series publicadas, la hemorragia subconjuntival ha sido la complicación hemorrágica más frecuente. Nuestro protocolo también ha resultado eficiente puesto que durante el período analizado solamente fue necesario aplazar una intervención q u i r ú rg i c a lo que no incrementó substancialmente los costes hospitalarios. PO7 - Choque Anafilático e Fibrinólise: Caso clínico Introdução: Hiperfibrinólise é um termo aplicado a casos de coagulopatia intravascular disseminada em que as manifestações clínicas e laboratoriais são dominadas pelos efeitos da fibrinólise. Estes casos são caracterizados por hipofibrinogenemia marcada, níveis de d-dímeros elevados e em muitos casos por hemorragias catastróficas. São raros os casos descritos de anafilaxia e hiperfibrinolise. Caso clínico: Doente de 27 anos, sexo masculino, com diagnóstico de Doença de Crohn, deu entrada no Serviço de Urgência do Hospital de São João, em Junho de 2010, por agravamento do quadro clínico. Para estadiamento da doença efectuou entero-TAC com produto de contraste: Xenetix® 300. Durante a realização deste, iniciou quadro de dispneia, vómitos, movimentos tónico-clónicos do membro superior direito e midríase. Foi activada equipa de reanimação intra-hospitalar por peri-paragem Deu entrada na Sala de Emergência com diagnóstico de provável choque anafilático ao produto de contraste. Por persistência do quadro clínico, o doente foi sedado, submetido a entubação endotraqueal e colocado em ventilação mecânica. O estudo analítico mostrou: Hemoglobina - 11,6 g/dL; Plaquetas - 96 x 109/L; aPTT – 85,7 seg.; T. Quick – 40,3 seg.; Fibrinogénio – 18 mg/dL; Antitrombina - 0,37 U/mL e D-Dímeros > 200 microg/mL. Atendendo ao elevado risco hemorrágico, o doente foi transfundido com: 5 plasmas frescos (1000mL), 2g de fibinogénio e 2.000UI de antitrombina. Efectuou TAC cerebral que não revelou hemorragia intra-craniana. A terapêutica de substituição revelou-se eficaz sem manifestações hemorrágicas e normalização dos parâmetros laboratoriais. Discussão: Várias abordagens terapêuticas estão descritas nesta situação clínica. Apesar de existirem casos ....................................................................................................................... Autor(es): Diana Gonçalves; Graça Oliveira; Susana Fernandes; Carla Monteiro; Luis Manuel Cunha Ribeiro Apresentadores: Diana Gonçalves; Graça Oliveira Instituição: Serviço de Imuno-Hemoterapia do Hospital de São João, EPE. Porto. Portugal de reversão espontânea das alterações da coagulação, no caso supra-citado optou-se pela correcção dos valores anormais a fim de prevenir hemorragias life-threatening. 69 PO8 - Complexidade do Diagnóstico das Disfunções Plaquetares Introdução: As disfunções plaquetares hereditárias são um grupo de patologias com uma clínica hemorrágica de severidade heterogénea. Os defeitos dos receptores de membrana, como a Síndrome de Bernard-Soulier e a Trombastenia de Glanzman, são os mais fáceis de caracterizar a nível laboratorial, mas são também os mais raros. Todas as outras entidades têm grande complexidade diagnóstica, com testes laboratoriais de difícil execução e interpretação, sendo, por isso, subdiagnosticadas. Estima-se que algumas formas têm uma prevalência semelhante à Doença de von Willebrand tipo 1. Uma história de tendência hemorrágica (pessoal e familiar), com testes de screening de coagulação - número e morfologia das plaquetas, tempo de protrombina (TP) e tromboplastina parcial activado (TTPa) normais, levam à suspeição do diagnóstico, no entanto, não existe um teste único que permita diferenciar os diversos tipos de disfunção plaquetar. O PFA permite avaliar de forma global a função plaquetar; testes mais diferenciados, como estudos de agregação plaquetar (AP), testes de secreção, citometria de fluxo (CF) e microscopia electrónica, podem possibilitar uma caracterização mais específica, mas nem sempre garantem um diagnóstico exacto. Objectivo: Descrever 4 casos clínicos de crianças com disfunção plaquetar da nossa consulta e ilustrar a complexidade do diagnóstico. Caso 1: menino actualmente com 14 anos, sintomatologia hemorrágica desde o primeiro ano de vida, história de epistaxis abundantes repetidas, equimoses e hematomas fáceis, que motivaram várias idas ao Serviço de Urgência e internamentos, com anemia sideropénica secundária às hemorragias. Descartada causa local pela ORL. Sem história familiar de diátese hemorrágica. Caso 2: menina de 13 anos com antecedentes de hemangioma da face com necessidade de múltiplas cirurgias. História de bolhas hemorrágicas no local da cicatriz. Sem história 70 ....................................................................................................................... Autores: Teresa Sevivas, Margarida Coucelo, Dalila Patrício, Elsa Gonçalves, Teresa Fidalgo, Ramón Salvado, Natália Martins & M. Letícia Ribeiro Apresentadora: Teresa Sevivas Instituição: Departamento de Hematologia do Centro Hospitalar de Coimbra, EPE familiar de tendência hemorrágica. Caso 3: menino de 3 anos, história de epistaxis frequentes desde os 18 meses, sem causa local ORL. Pai com história de epistaxis frequentes, mãe e irmã com história de equimoses fáceis. Caso 4: menina de 12 anos, antecedentes de trissomia 21 e CAV completo com hipertensão pulmonar, operada anteriormente sem complicações hemorrágicas, a aguardar cirurgia cardíaca de revisão. Sem história familiar de hemorragia. Metodologia: Em todos os doentes foi feito Hemograma, TP e TTPa, PFA, doseamento de FVIII e FvW e quantificação de glicoproteínas de membrana por CF. Foram feitos estudos de activação plaquetar (CD 62p e CD63) e captação/libertação da mepacrina por CF nos casos 2, 3 e 4. Os estudos de AP foram realizados em todos os casos, excepto no caso 3 dada a idade da criança. Resultados: Em todos os doentes as plaquetas tinham número e morfologia normais, o TP e TTPa eram normais, foi excluída DvW e o PFA estava prolongado em Col/Epi e Col/ADP, excepto no caso 2 que tinha um PFA normal. Caso 1: AP com ausência de resposta ao ADP, Colagéneo e Epinefrina. Suspeitado diagnóstico de Trombastenia de Glanzmann, que foi confirmado pela diminuição dos marcadores para a GpIIb/IIIa por técnicas de CF. Caso 2: AP com resposta diminuída à Epinefrina; diminuição da expressão da P-selectina em resposta ao mesmo agonista por CF. Provável Deficiência de receptores alfa-adrenérgicos. Caso 3: Diminuição do número de sites per cell de GpIa por CF, de acordo com o diagnóstico de Deficiência de Glicoproteína Ia. Caso 4: AP sem alterações. Na CF foram detectadas alterações da activação, modificação conformacional da GpIIb/IIIa e de captação/libertação à estimulação com TRAP-6. Diagnóstico de Provável Alteração das vias de sinalização. Conclusões: Nos casos descritos o fenótipo ............................................................................................................................................ hemorrágico é heterogéneo - mais grave na Trombastenia de Glanzmann e muito ligeiro nos restantes. O PFA está alterado em 3 dos casos, confirmando a sua importância como teste de screening, no entanto, um PFA normal não exclui disfunção plaquetar. As técnicas de CF são uma mais-valia no estudo de disfunções plaquetares. Têm particular interesse na criança, dado que a volémia limita a realização de testes que requerem grandes quantidades de amostra. Nos defeitos dos receptores de membrana (Trombastenia de Glanzmann e Deficiência de Glicoproteína Ia, nos casos descritos) a CF tem a vantagem de permitir um estudo quantitativo. As alterações das vias de sinalização são as mais difíceis de caracterizar em termos laboratoriais, com resultados muitas vezes difíceis de interpretar, sendo apenas possível um diagnóstico de presunção. 71 PO9 - Estudo multimérico e molecular em 38 indivíduos com DvW tipo 2 (2 N, 1/2E, 2M, 2U, 2B, 2A) e tipo 3 A DvW, fenotipicamente heterogénea, é classificada em 3 grandes tipos (Scientific Subcommittee do FvW da International Society on Thrombosis and Haemostasis (ISTH)), com base em critérios clínicos e laboratoriais: tipo 1 – deficiência quantitativa parcial, tipo 2 – deficiência qualitativa, e tipo 3 – ausência total do FvW do plasma. Não existe um teste laboratorial único, suficientemente sensível e específico, para detectar os diferentes tipos de DvW, sendo necessário recorrer a vários testes de avaliação. As alterações qualitativas reflectem anomalias nos diferentes domínios funcionais da proteína e podem ser confirmadas por análise em electroforese de SDS dos perfis multiméricos do FvW. A presença ou ausência dos multímeros de alto peso molecular (APM), a presença de multímeros aberrantes e o padrão de distribuição permite uma melhor elucidação do subtipo e orientam o estudo molecular. A presença de determinado tipo de mutações correlaciona-se com alterações de clearance, de secreção ou de aumento de susceptibilidade à proteólise, com implicações no padrão de resposta ao DDAVP. Com o objectivo de providenciar o diagnóstico e tratamento mais correctos, efectuamos o estudo multimérico e molecular de 38 indivíduos (25 famílias) observados e/ou estudados no nosso Serviço: 25 famílias com DvW tipo 2 e 2 famílias com DvW tipo 3 (ISTH). Metodologia: Estudos funcionais: FvW:Ag, FvW:Rco, FvW:CB e FvW:VIIIB por ELISA; agregação plaquetar induzida por ristocetina (RIPA) e a estrutura multimérica do FvW por electroforese em agarose-SDS; PCR/sequenciação nucleotídica directa dos exões 18-27 (domínio D’-D3), exão 28 (domínio A1-A2) do gene do FvW. Resultados e Discussão: Na tabela 1 são 72 ............................................................................................................ Autores: T. Fidalgo1, C. Silva Pinto1, D. Marques1, E. Gonçalves1, P.Martinho1, A. Tavares2, M. J-Diniz3, T. Almeida4, L. Borges5, R. Salvado1, N. Martins1, ML Ribeiro1 Apresentador: T. Fidalgo1 Instituição: 1Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE, Coimbra - 2Serviço ImunoHemoterapia Hospital Santa Maria-Lisboa, 3Serviço ImunoHemoterapia Hospital São José, Lisboa; 4Serviço Pediatria, Hospital Estefânia- Lisboa; 5Serviço ImunoHemoterapia Hospital Infante D. Pedro, Aveiro apresentados os estudos funcionais e moleculares. Nas 2 famílias DvW tipo 3 foi encontrada a mutação nonsense Q1556X (não descrita), em homozigotia. O estudo multimérico corroborou a subclassificação das DvW tipo2, efectuada com base nos ratios FvW:RCo/FvWAg, FvW:CB/FvWAg e FVIII/FvW:FVIIIB, em todos os doentes excepto 1 que foi reclassificado como DvW tipo 1 ligeiro. Este doente é heterozigótico para a mutação Y1584C associada a aumento de susceptibilidade à proteólise pela ADAMTs13 e, referida como modulador negativo para níveis de FvW. Nas restantes famílias com DvW tipo 2 foram detectadas 15 mutações diferentes. Oito famílias confirmadas com DvW tipo 2N, distribuição multimérica normal e mutações no domínio de ligação ao FVIII (D’): a heterozigotia para a R816W tem níveis de FVIII muito baixos e ausência de FvW:VIIIB, o que sugere a existência um alelo nulo em trans; a heterozigotia para H817Q está associada a 2 mutações C1142S e P1162L, em homozigotia, localizadas numa região que codifica o domínio D3, e que embora por si só não causem DvW tipo 2N, podem contribuir para os níveis baixos de FVIII. Três doentes (1 família) apresentaram um perfil multimérico com estrutura em triplete aberrante característica da mutação de cisteína C1130R que afecta o domínio D3. Este perfil, proposto por alguns autores como DvW1/2E, é caracterizado por défice de clearance-multimerização-secreção; o doente com a mutação T1156M, não-cisteina, tem as mesmas características mas com perfil multimérico normal. As 2 famílias (5 doentes) DvW tipo 2B têm a mesma mutação no domínio A1, que é usualmente associada a trombocitopenia moderada a ligeira, no entanto, apenas uma (2 doentes) tem trombocitopenia (54±20x109). Num doente foi identificada uma nova mutação 2A C1272F em heterozigotia, localizada na primeira grande auxiliar na orientação do estudo molecular. .................................................... cisteína do loop C1272-C1458, uma região crítica para a interacção entre o FvW e a GPIbα, onde já foram descritas outras mutações em doentes com fenótipo semelhante a este doente. Dos 5 doentes com níveis de FvW:RCo baixos e FvW:CB normais, 2 apresentaram multimeros normais, DvW 2M/2U (n=2) - R1374C, R1379C, F1369I; os outros 3 doentes apresentam um perfil multimérico de smear, portadores da mutação R1399C. Dos 8 doentes DvW 2A - 2 apresentam padrão multimérico característico do grupo 2A/I e a mutação S1506L, associada a um fenótipo mais severo; 6 têm o padrão multimérico característico do grupo 2A/II e a mutação I1628T, associada a um fenótipo mais ligeiro. O estudo multimerico revelou uma excelente concordância entre o tipo de alteração observado e as anomalias estruturais encontradas nos domínios da proteína e demonstrou ser um Tabela 1- DvW tipo 2 (2 N, 1/2E, 2A, 2B, 2M) tipo 1 e tipo 3 -Dados Laboratoriais Família/ FVIII:C Doentes (n) (%) 6/8 1/1 21 -33 PFA®100 N 32 1/1 5 1/3 32-38 1/2 80-100 1/1 22 2/5 18-50 1/1 48 1/1 45 2/3 80-94 2/2 27-28 3/6 34-49 1/1 60 2/3 0-2 Ratios - FVIII/ FvW:Ag <0.5 N - FvW:Co/ FvW:Ag 0.14-0.6 -/ FvW:Co/ FvW:Ag 0.20-0.6 e FvW:CB/ 0.8-1 FvW:Co/ FvW:Ag 0.1-0.6 - PM Exão/ Domínio Mutação N 20/D' R854Q Hmz 19/D' 26/D3 H817Q C1142S P1162L Hmz N 19/D' R816W Htz 2N / alelo nulo? Ab/IIE 26/D3 C1130R Htz 1/2E N N Htz 2N 2N + 1/2E 26/D3 T1156M Htz 1/2E ligeira MAPM 28/A1 C1272F Htz 2A MAPM 28/A1 R1306W Htz 2B F1369I Htz 2M/2U N 28/A1 R1379C Htz N 28/A1 R1374C Htz 2M smear MAPM 2A/I MAPM 2A/II 28/A1 R1399C Htz 2M/2U 28/A2 S1506L Htz 2A 28/A2 I1628T Htz 2A 28/A2 Y1584C Htz Tipo 1 28/A2 Q1556X Hmz 3 FvW:Co/ FvW:Ag Normal 0.6 0 Tipo DvW ausentes PM - Perfil multimérico; MAPM- multimeros de alto peso molecular; N- Normal; Hmz- homozigótico; Htz- heterozigótico 73 PO10 - Associação portuguesa de coagulopatias congénitas A Associação Portuguesa de Coagulopatias Congénitas recentemente criada é o resultado da vontade de um grupo de médicos, que trabalham nos Centros de Hemofilia de maior relevância a nível nacional, nomeadamente: Hospital Dona Estefânia, Hospital Geral de Coimbra, Hospital de Santa Maria, Hospital de São João, Hospital de São José e Hospital de Sto António Desde há muito se sentia a necessidade de formar uma organização que possibilitasse o diálogo entre os médicos que prestam cuidados de saúde a doentes com coagulopatias congénitas, de modo a poder contribuir para a investigação clínica e laboratorial destas patologias, a avaliar e reconhecer os problemas existentes e promover cuidados de saúde de excelência a estes doentes. Após vários anos de reuniões, em Maio de 2009 foi finalmente lavrada a escritura desta Associação Científica. A APCC tem como principais tarefas entre outras, a promoção de reuniões, conferências, colóquios, seminários, congressos ou quaisquer tipos de eventos para exposição e discussão da actividade científica relacionada com o problema de saúde das coagulopatias congénitas e suas consequências. Neste ano de 2011, na 1ª quinzena de Outubro, irá ter lugar o 1º Simpósio Nacional da APCC, no qual contamos desde já com a presença de todos os colegas interessados. Visite-nos em www.parceiro-base.pt 74 ............................................................................................................................ Autor: Pela APCC A.Tavares Instituição: Associação Portuguesa de Coagulopatias Congénitas Sponsors 75 76 Major Sponsors A comissão organizadora agradece a colaboração das seguintes empresas: 77 78 Sponsors BAXTER BAYER BOEHRINGER INGELHEIM CSL BEHRING GRIFOLS PORTUGAL KEDRION PORTUGAL SANOFI AVENTIS 79 `pi=_ÉÜêáåÖ=áë=ÅçããáíÉÇ=íç=ë~îáåÖ=äáîÉë ~åÇ=áãéêçîáåÖ=íÜÉ=èì~äáíó=çÑ äáÑÉ=Ñçê=éÉçéäÉ=ïáíÜ=ê~êÉ=~åÇ=ëÉêáçìë ÇáëÉ~ëÉëI=ïçêäÇïáÇÉ