Draft Estudo da Situação de Referência sobre a
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Draft Estudo da Situação de Referência sobre a
Maio 2015 PROJECTO DE DESENVOLVIMENTO NO ÂMBITO DO APP E PROJECTO DE GPL DA SASOL, PROVÍNCIA DE INHAMBANE, MOÇAMBIQUE Avaliação da Biodiversidade do Habitat Crítico do Riacho Costeiro Nhangonzo RELATÓRIO ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA SOBRE A FAUNA TERRESTRE Apresentado à: Sasol Petroleum Temane, Moçambique Sasol Exploration & Petroleum International Londres ELABORADO POR: EOH Coastal and Environmental Services Autores: Prof. Dr. W Branch Relatório Número:1521646-13541-15 Distribuição: SEPI Londres MWC Golder Associados Moçambique Lda. ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE RESUMO NÃO TÉCNICO Introdução A Avaliação de Impacto Ambiental (EIA) relativa à expansão do Projecto de Gás Natural da Sasol na Província de Inhambane, em Moçambique, a Leste do Rio Govuro, identificou um ‘Habitat Crítico’ localizado na área de influência directa do projecto. Em termos das especificações preconizadas pela International Finance Corporation um habitat crítico é considerado como sendo uma área com alto valor de biodiversidade. Neste caso, o habitat crítico está concentrado em redor do riacho costeiro Nhangonzo, que está localizado a Oeste da Ilha de Bazaruto e faz o escoamento para uma bacia de captação com uma extensão de cerca de 4.339 ha. A AIA identificou várias espécies de plantas endémicas e possivelmente novas, bem como um habitat de turfeiras associado com o riacho costeiro, ligado a uma vasta área de florestas costeiras de mangais e leitos de ervas marinhas junto à costa. A única componente faunística que apoia esta categorização foi a presença de vários mamíferos de grande porte, em grande parte exterminados das áreas circundantes devido à caça indiscriminada. Foram assim justificadas investigações adicionais sobre a fauna terrestre que utiliza estas importantes terras húmidas e que são, possivelmente, consideradas únicas a nível regional. Presente Estudo Realizaram-se levantamentos limitados no terreno concentrados na área da bacia de captação do Habitat Crítico para fins do levantamento faunístico integrado na AIA. O presente levantamento objectiva proporcionar um melhor entendimento científico sobre a fauna terrestre existente no Habitat Crítico, integrado numa “Avaliação Geral da Biodiversidade do Riacho Costeiro Nhangonzo e respectiva Área de Captação, na Província de Inhambane, em Moçambique”. Metodologia Diversidade Faunística A diversidade faunística terrestre documentada durante o levantamento para fins da AIA foi comparada e contrastada com literatura recente, em particular no que se relaciona com espécies conhecidas como existindo na região ou em regiões adjacentes com habitats semelhantes àquele que se encontra na área de estudo. Esta fauna documentada e que foi identificada durante o presente levantamento foi avaliada para fins de determinar a existência de Espécies de Preocupação Especial (SSC), ou seja Espécies Ameaçadas: Espécies que estão incluídas nas Listas Vermelhas da África do Sul ou em outras listas internacionais (por ex., a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN de 2014). Espécies Sensíveis: Espécies que não têm, necessariamente, importância para fins de conservação mas que se encontram listadas: no Anexo I ou II da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES). Espécies Endémicas: a nível nacional - espécies endémicas a Moçambique; a nível regional – espécies endémicas à Província de Inhambane; e a nível local – espécies endémicas à região de Inhassaro-Vilankulos e ao Arquipélago de Bazaruto. Técnicas de Amostragem Realizou-se uma única visita ao local entre 16 e 28 de Março de 2015. A maior parte das observações da fauna foram feitas visualmente com o uso de binóculos e a identificação por referência segundo guias de campo estabelecidos. Foram efectuadas amostras de todos os habitats presentes na região. Na área de estudo, foi prestada atenção especial a aves que estão dependentes das terras húmidas. Realizaram-se visitas ao anoitecer a várias áreas ribeirinhas e locais de terras húmidas adjacentes a fim de se fazer uma avaliação da ranicultura. Para fins de confirmação da identidade de espécies, as visualizações Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 i ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE observadas foram comparadas com evidência documental de vocalizações estabelecidas relativamente a anfíbios da África Austral. Os répteis e mamíferos de pequeno porte foram recolhidos com vários tipos de armadilhas de funil e cercas de deriva colocadas nos habitats naturais durante 7-8 dias e noites. Os mamíferos de pequeno porte também foram recolhidos com armadilhas do tipo Sherman colocadas nos vários tipos de armadilhas de funil e cercas de deriva. Área de Estudo Esta região tem um relevo topográfico baixo e é dominada pelos riachos costeiros que possuem bacias de captação num enquadramento de cerca de 7 km da costa, sendo alimentados por infiltrações subterrâneas e que fluem directamente para o mar. A vegetação original é constituída por um mosaico de Matas e Brenhas Baixas de JulbernardiaBrachystegia, que se encontra degradado e fragmentado na parte sul da bacia de captação do Habitat Crítico, tendo sido desmatada para fins agrícolas (machambas). As principais subdivisões deste tipo de vegetação são as Matas Baixas Fechadas de Miombo, Mosaico de Matas e Brenhas Baixas Fechadas de Miombo, Mosaico de Brenhas Baixas Fechadas, e pequenas secções de mangais nos trechos inferiores dos riachos costeiros. Existem também pequenas áreas de Savanas Higrófilas, Caniçais e Vegetação Dunar Arbustiva que no entanto não têm qualquer importância em termos de fauna. Desenvolvimentos Propostos Existem dois grandes desenvolvimentos propostos que podem afectar esta área: A expansão do existente Projecto de Gás Natural da Sasol na Província de Inhambane, Moçambique, que inclui a localização de quatro novas cabeças de poços e a construção das infra-estruturas associadas incluindo estradas de acesso e ligações à conduta. O Projecto Âncora de Desenvolvimento Turístico de Inhassoro situado imediatamente a sul do Habitat Crítico. Este projecto tem uma extensão de aproximadamente 2.500ha. Os desenvolvimentos previstos foram adiados em resultado da redução nos níveis de turismo. Resultados Anfíbios Todas as populações de anfíbios nesta região se desenvolvem directamente e estão1, portanto, dependentes, das águas estagnadas para fins de reprodução. Devido à existência de solos arenosos e de um relevo baixo, só existem terras húmidas nas áreas onde a água subterrânea ressurge à superfície. As terras húmidas associadas com os riachos costeiros possuem, portanto, uma importância primária para a ocorrência da fauna de anfíbios. Em Moçambique ocorrem cinquenta e três espécies de rãs, das quais trinta e cinco foram registadas a Sul do Rio Zambeze. Na área de estudo foram registadas onze espécies(cinco durante a realização da AIA e seis adicionais durante o presente levantamento). Sabe-se existirem aproximadamente vinte espécies no Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos, mas somente nove no Arquipélago de Bazaruto. É provável que ocorram entre quatro a seis outras espécies de anfíbios na área de estudo. Não existem anfíbios endémicos a Moçambique, e não foram registadas, no Habitat Crítico, quaisquer espécies endémicas ou limitadas em termos de âmbito. As espécies mais comuns encontradas incluem o Sapo Gutural (Amietophrynus gutturalis) e a Rela de Argus (Hyperolius argus), ambas as quais se encontravam num estado de reprodução activa na altura do levantamento no terreno, onde os machos se encontravam com uma coloração e chamar típicos da época de reprodução nas terras húmidas. Não foram identificadas ameaças directas aos Anfíbios. 1 Girinos que se desenvolvem em terra do estado de incubação do ovo a metamorfose. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ii ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Répteis A fauna de répteis de Moçambique nunca foi alvo de uma avaliação formal, e portanto continua a existir pouca informação a este respeito. Na região sul de Moçambique ocorrem aproximadamente 153 espécies de répteis. Prevê-se que ocorram pelo menos 90 espécies na Província de Inhambane, tendo sido registadas 40 espécies no Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos. Prevê-se que a maior parte destas espécies também ocorra na área de estudo. O período de levantamento teve lugar no final da estação das chuvas quando a actividade dos répteis é reduzido, e somente foram registadas vinte e seis espécies. No Habitat Crítico foram registadas dezanove espécies, em comparação com o registo de uma única espécie encontrada durante o levantamento para a AIA. Entre as Espécies de Preocupação Especial a AIA registou somente a existência de tartarugas marinhas ameaçadas na área de estudo, mas estas não são relevantes para o presente estudo. No entanto, existem vários outros répteis SSC nesta região. Foram recolhidos dois exemplares da Lagartixa Bronzeada (Trachylepis boulengeri) no habitat ribeirinho nas proximidades do Riacho Costeiro Nhangonzo. Conhecidas anteriormente como alcançando o limite sul do seu âmbito no Delta do Rio Zambeze, os novos registos efectuados nesta área de estudo alargaram, de forma significativa, a sua distribuição mais para sul. É provável que os três exemplares de Lagartixa-de-olhos-cobra (Panaspis cf. wahlbergii) encontrados na área de estudo representem uma espécie nova, e podem estar relacionados com uma possível espécie nova de Panaspis da Beira. Foram recolhidos exemplares da Lagartixa-Dourada sem-pés (Acontias aurantiacus) numa brenha secundária adjacente ao troço da nova ponte (e conduta proposta) que atravessa o Rio Govuro, tendo também sido recolhida uma Lagartixa com Marcas (Mochlus cf lancelatum) na área de estudo. Estes exemplares podem estar relacionados com uma espécie muito rara, por exemplo, a Acontias aurantiacus bazaurutoensis e a Mochlus lancelatum, cuja existência só é presentemente conhecida como ocorrendo nas ilhas do Arquipélago de Bazaruto e Península do Cabo de São Sebastião adjacente. Não se registaram indícios de uso significativo directo de répteis na região, tanto para fins de comércio internacional como para consumo alimentar. No entanto, as populações locais confirmaram que as tartarugas terrestres eram apanhadas para fins alimentares. Não foram encontradas nenhumas durante o levantamento. A caça e a exploração de répteis marinhos são proibidas em Moçambique pela Lei de Floresta e Fauna Bravia (Decreto Nº. 12/2002, de 6 de Junho de2002). No entanto, foi encontrada evidência do abatimento de tartarugas verdes adultas (Chelonia mydas) na área frontal da praia na foz do Riacho Costeiro Nhangonzo no Habitat Crítico. Não foram encontrados répteis classificados como sendo de Preocupação Especial (SSC) nas terras húmidas do riacho costeiro. O lagarto furador SSC, endémico, localizado, bem como as espécies provavelmente não descritas de Panaspis eAtractaspis (ver acima) encontravam-se distribuídos nos vários habitats terrestres. Aves Ocorrem em Moçambique pelo menos 669 espécies de aves, das quais a ocorrência de 289 espécies foi registada no Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos. O presente levantamento de aves realizou-se no fim do Verão, em finais da estação chuvosa altura em que já cessou a maior actividade de reprodução de aves. Apesar disso, foram registadas 135 espécies de aves durante o levantamento, das quais 132 espécies foram confirmadas como existindo na área de estudo. Somente foi registada uma espécie Vulnerável, a Água Marcial, na área de estudo. A sua presença na área de estudo é provavelmente marginal (não foi registada durante o presente levantamento). Foram observados vários bandos de Canários-de-peito-limão na margem Oeste da área de estudo. Não foi registada evidência directa do uso significativo de aves nesta região. No entanto, as populações locais confirmaram durante entrevistas realizadas, que muitas das aves são apanhadas com armadilhas ou abatidas (principalmente com fisgas ou arco e flechas). A ausência, ou quase ausência de muitas aves de tamanho grande, particularmente as que fazem ninho no chão, tal como borrelhos, francolins, perdizes e alcaravões, é indicada de um nível elevado de pressão devido à caça. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 iii ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Os pântanos de turfas dos riachos costeiros onde existe uma vegetação densa suportam somente aves aquáticas crípticas, pequenas como frangos-de-água, codornizes e felosas. Não foram observados patos nem outras aves aquáticas. Durante os períodos de chuvas intensas após a ocorrência de ciclones, as terras húmidas podem conter áreas extensas de águas abertas e atrair, portanto, aves aquáticas. Os mangais, lodaçais e margens arenosas dos trechos estuarinos dos riachos costeiros, particularmente, os do Riacho Costeiro Nhangonzo, constituem um habitat apropriado para muitas aves especialistas (por ex., o Pica-Peixe dos Mangais, a Águia-Pesqueira Ocidental, e muitas aves pernaltas residentes e Paleárticas). Mamíferos A exploração insustentável causou a perda quase total de mamíferos de grande porte nas áreas rurais de Moçambique. Durante o levantamento anterior para a AIA só foram registadas duas espécies de mamíferos (Manguço-de-água e Lebre Saltadora) na área de estudo. A maior parte de observações de mamíferos durante o presente levantamento foi incidental, e somente foram recolhidos duas espécies de mamíferos com diversas armadilhas. Durante este levantamento não foram observados mamíferos de tamanho médio ou de grande porte. Os mamíferos de pequeno porte que foram observados (por exemplo, o Manguço-Vermelho e o MacacoSimango eram muito tímidos. Muito embora tenha sido registada, durante o levantamento anterior, a presença de impalas, inhalas e leopardos esta não pode ser confirmada durante este levantamento. Segundo as populações locais a inhala e o leopardo (registados durante a AIA com base em entrevistas efectuadas com outras populações de outros povoados) já não se encontravam presentes nesta área. Por outras palavras, as conversas tidas anteriormente com os residentes foram subsequentemente contestadas por outros residentes e não é possível determinar-se com segurança se existem leopardos e inhalas na área de estudo. No entanto, dado o estado da área no presente momento, é improvável que estes animais existam aqui. Nenhum dos mamíferos remanescentes na área de estudos e encontram ameaçados a nível global ou regional, e a maior parte tem uma distribuição relativamente vasta. No entanto, algumas espécies estão em vias de extinção a nível local (por ex., o Macaco-Simango, o Macaco-Cão-Cinzento, a impala, e a jágara), e portanto, o Habitat Crítico contém algumas das últimas populações sobreviventes nesta região. As comunidades locais têm um impacto elevado sobre a ecologia da área de estudo. A caça para fins de subsistência, extracção de recursos, perda de habitats devido ao desmatamento e a pastagem de gado, são todos aspectos que afectam, de forma severa, os agrupamentos de mamíferos. A raridade ou ausência de muitos mamíferos de tamanho médio a mamíferos de grande porte nesta região, incluindo no Habitat Crítico, é indicativo de um longo historial de uso. O impacto da caça contínua de mamíferos nesta área foi ilustrada de forma clara durante a avaliação no terreno quando foram encontrados caçados na área do Habitat Crítico (21°44’40.1”S, 35°14’57.5”E) a transportarem animais recentemente caçados, incluindo três Macacos-Simango (Cercopithecus mitis) e uma Geneta-de-malhas-grandes(Genetta tigrina). Estes animais tinham sido caçados em áreas de mato denso com uma matilha de cães e abatidos com arco e flechas, para fins de consumo da carne. Um macaco jovem, provavelmente a cria de um dos adultos abatidos, foi capturado vivo para venda ou como animal de estimação. Fauna e o Habitat Crítico Os Habitats Críticos são áreas com um alto valor de biodiversidade, e incluem: Habitat de importância significativa para Espécies Criticamente Ameaçadas (CR) e/ou Ameaçadas (EN); Habitat de importância significativa para espécies endémicas e/ou espécies com um raio de acção restrito; Habitat de importância significativa para concentrações globalmente significativas de espécies migratórias e/ou congregantes; Áreas com ecossistemas únicos e/ou altamente ameaçados; e/ou Áreas que estão associadas a processos evolutivos chave. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 iv ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Entre as características significativas adicionais (relevantes para este exemplo) é que o Habitat Crítico tanto deve ser: Uma área onde existem concentrações elevadas de espécies Vulneráveis (VU) nos casos em que exista incerteza relativamente à sua listagem, e onde o estatuto real das espécies possa ser EN ou CR; Uma área com níveis especialmente elevados de diversidade de espécies; e Uma área com alto valor científico, como aquelas que contêm concentrações de espécies novas e/ou pouco conhecidas pela ciência. As parcelas de matas e brenhas fechadas baixas de miombo existentes no Habitat Crítico circundantes aos habitats de terras húmidas oferecem abrigo aos ungulados remanescentes. No entanto, estas parcelas são demasiado pequenas para manter uma viabilidade, a longo prazo, das populações de mamíferos, mesmo se a pressão da caça insustentável for completamente eliminada. Dada a sua maior mobilidade e tamanho menor, várias aves utilizam estes bolsões de vegetação mais densa. Em associação com os mangais e habitats estuarinos adjacentes, estes formam um mosaico de diversidade de habitats que suporta uma diversidade significativa de aves. A proximidade com outros santuários protegidos na Península do Cabo de São Sebastião e no Arquipélago de Bazaruto permite o recrutamento e fluxo de genes para aves que não é possível para os mamíferos de maior porte. O Habitat Crítico pode, portanto, funcionar como par de uma rede de refúgios protegidos para aves. O suporte mais significativo para a fauna relativamente a uma área como um Habitat Crítico é a presença de vários répteis pequenos escavadores SSC que existem nos habitats arenosos. Estas espécies, anteriormente consideradas como sendo endémicas às ilhas no Arquipélago de Bazaruto, têm distribuições muito limitadas. Estas constituem alguns dos poucos répteis endémicos a Moçambique. O seu estado de conservação não foi formalmente avaliado, mas é provável que sejam Vulneráveis, e possivelmente mesmo Ameaçadas. Para além disso, o Habitat Crítico abriga possíveis espécies novas de Lagartixa-de-olhos-cobra (Panaspis sp.) e de Cobra-Estilete (Atractaspis sp.). A fauna desta região suporta, portanto, o seu estatuto como um Habitat Crítico, especificamente com base no indicado a seguir: Constitui um habitat com importância significativa para alguns dos poucos répteis endémicos a Moçambique (Acontias aurantiacus bazarutensis e Mochlus lanceolatum), bem como ao Canário-depeito-limão com um raio de acção restrito (Crithagra citrinipectus). A diversidade dos habitats terrestres e de terras húmidas suporta as espécies de aves migratórias paleárticas e infra-africanas, incluindo o Rolieiro-Europeu e o Falcão-Sombrio Quase Ameaçados a nível global. É uma área com concentrações elevadas de espécies vulneráveis (VU) (os répteis endémicos indicados na alínea a), cujo estado de conservação não foi formalmente avaliado, mas que possuem Áreas de Ocupação muito limitadas que as podem classificar como espécies Vulneráveis em termos dos existentes critérios da IUCN. É uma área com um elevado valor científico que contém concentrações de espécies novas e/ou pouco conhecidas em termos de ciência (Panaspis sp., Atractaspis sp.), e com uma nova delimitação sul relacionada com a Lagartixa Bronzeada (Trachylepis boulengeri). Por último, é uma área associada com processos evolutivos chave devido ao número fora do comum de novidades taxonómicas conhecidas e suspeitas nesta região. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 v ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Conclusões Com base no estudo da fauna de vertebrados da área de estudo, chegou-se às seguintes conclusões: Os vários levantamentos faunísticos não puderam determinar a diversidade completa de anfíbios ou de répteis devido à brevidade e ocasião desfavorável no que se relaciona com os padrões sazonais de actividade destes grupos. A região suporta uma diversidade relativamente baixa de anfíbios e não existem anfíbios SCC, e a sua presença não suporta a região como um Habitat Crítico para anfíbios. A diversidade de répteis na área contém um número significativo de espécies importantes que confirma que este constitui um Habitat Crítico. A diversidade dos tipos de vegetação suportam uma diversidade relativamente alta de aves. O Habitat Crítico constitui parte de uma rede de habitats relativamente intactos que permitem a manutenção da diversidade de aves e movimentação na região, e que também é usado por aves migratórias tanto paleárticas como intra-africanas. As parcelas de habitats de matas e brenhas fechadas intactas, tornadas relativamente inacessíveis pelo Riacho Costeiro Nhangonzo, formam um refúgio para alguns dos primatas e ungulados de tamanho médio que sobrevivem na região. Muito embora o tamanho reduzido do Habitat Crítico impeça que este suporte populações significativas destas espécies a longo prazo, este serve como uma área chave para a área regional protegida, mais vasta. A diversidade faunística no Habitat Crítico está provavelmente relacionada com a relativa inacessibilidade de muitas áreas devido às extensas terras húmidas, particularmente o Riacho Costeiro Nhangonzo central e o seu relativo isolamento de assentamentos populacionais. A falta de acesso pelo homem tem protegido estes habitats da exploração por indivíduos. Na ausência de propriedade ou investimento individual de terras o Habitat Crítico irá sofrer a ‘Tragédia dos Comuns’, com um aumento de exploração e comercialização dos recursos faunísticos e florísticos em decréscimo. Os indícios evidentes do que está a ocorrer no Riacho Costeiro Chimera situado a norte da área de estudo, o qual está a ser utilizado para fins de pastagem de gado durante a estação seca e é provavelmente queimado regularmente a fim de melhorar a pastagem, são indicativos da provável tendência na eventualidade de as populações se espalharem para a área circundante ao Riacho Costeiro Nhangonzo. A pesca nesta região costeira produz proteína para a população local, mas no entanto continua a ocorrer a exploração de ‘carne de caça’ com o abater de quatro Macacos-Simango e uma Geneta testemunhados durante o período do levantamento. De forma semelhante, a observação de uma carapaça de uma tartaruga verde abatida encontrada na praia, mais uma vez reflecte as pressões sobre a fauna selvagem devido à caça para fins de subsistência. Muitas áreas em Moçambique continuam a sofrer perdas em termos de mamíferos devido a este comportamento (consultar Lindsey & Bento, 2010), e a conservação significativa de mamíferos e de aves de tamanho grande requer uma rede de reservas protegidas bem como acções de educação da população neste sentido. O Habitat Crítico pode vir a formar uma área viável de equilíbrio de biodiversidade, particularmente dado esta estar situada muito próximo do proposto Projecto Âncora de Desenvolvimento Turístico. A incorporação das terras húmidas do Rio Costeiro Xivange na delimitação Sul da área de estudo irá aumentar o tamanho da área, que pode vir a conter habitats naturais praticamente imperturbados que continuam a suportar uma porção substancial da biodiversidade da região. Também constitui uma área dentro da qual devem continuar a operar processos evolutivos ecológicos e naturais em termos da biota terrestre e aquática. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 vi ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Índice RESUMO NÃO TÉCNICO ................................................................................................................................................... I 1.0 2.0 3.0 4.0 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 1 1.1 Descrição do Projecto e Objectivos do Estudo ............................................................................................. 1 1.2 Objectivo ....................................................................................................................................................... 3 1.3 Termos de Referência .................................................................................................................................. 5 1.4 Pressupostos e Limitações ........................................................................................................................... 5 1.5 Competências Profissionais da Equipa ........................................................................................................ 6 MÉTODOS ................................................................................................................................................................. 6 2.1 Diversidade Faunística ................................................................................................................................. 6 2.2 Espécies de Importância para a Conservação ............................................................................................. 7 2.3 Técnicas de Amostragem ............................................................................................................................. 7 2.3.1 Observações ......................................................................................................................................... 7 2.3.2 Levantamentos Auditivos .................................................................................................................... 7 2.3.3 Armadilhas para Répteis e Anfíbios .................................................................................................... 8 2.3.4 Armadilhas para Mamíferos de Pequeno Porte .................................................................................. 8 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................................................................................... 9 3.1 Dimensão Espacial da Área de Estudo ........................................................................................................ 9 3.2 Vegetação da Área de Estudo ...................................................................................................................... 9 3.3 Riachos costeiros na área de estudo.......................................................................................................... 10 3.4 Desenvolvimentos Propostos que afectam a Área ..................................................................................... 11 FAUNA DE VERTEBRADOS .................................................................................................................................. 11 4.1 Introdução ................................................................................................................................................... 11 4.2 Anfíbios....................................................................................................................................................... 13 4.2.1 Panorama Geral de Anfíbios a nível Regional .................................................................................. 13 4.2.2 Espécies de Anfíbios Registados na Área de Estudo ..................................................................... 14 4.2.3 Espécies de Anfíbios de Importância para a Conservação............................................................. 14 4.2.4 Ameaças aos Anfíbios ........................................................................................................................ 15 4.2.5 Associações de habitats de Anfíbios ................................................................................................ 15 4.3 4.3.1 Répteis ....................................................................................................................................................... 18 Panorama Geral de Répteis a nível Regional ................................................................................... 18 Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 vii ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE 4.3.2 Espécies de Répteis Registadas na Área de Estudo ....................................................................... 18 4.3.3 Espécies de Répteis de Importância para a Conservação (SCC) ................................................... 19 4.3.4 Ameaças aos Répteis ......................................................................................................................... 23 4.3.5 Uso a nível Local e Conhecimentos sobre os Répteis .................................................................... 23 4.3.6 Associações de Habitats de Répteis ................................................................................................. 24 4.4 Aves............................................................................................................................................................ 24 4.4.1 Panorama Geral das Aves a Nível Regional ..................................................................................... 24 4.4.2 Espécies de Aves Registadas na Área de Estudo ........................................................................... 25 4.4.3 Espécies de Aves de Importância para a Conservação (SCC) ....................................................... 25 4.4.4 Ameaças a Aves .................................................................................................................................. 25 4.4.5 Associações de Habitats de Aves ..................................................................................................... 26 4.5 Mamíferos ................................................................................................................................................... 27 4.5.1 Panorama Geral de Mamíferos a nível Regional .............................................................................. 27 4.5.2 Mamíferos Registados na Área de Estudo ....................................................................................... 27 4.5.3 Espécies de Mamíferos de Importância para a Conservação (SCC) .............................................. 28 4.5.4 Ameaças aos Mamíferos .................................................................................................................... 28 4.5.5 Uso Local de Mamíferos ..................................................................................................................... 30 4.5.6 Associações de habitats de Mamíferos ............................................................................................ 30 5.0 JUSTIFICAÇÃO FAUNÍSTICA PARA O HABITAT CRÍTICO ................................................................................. 31 6.0 CONCLUSÕES ........................................................................................................................................................ 32 7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................................ 34 LISTA DE FIGURAS Figura1-1: Mapa de localização a indicar o posicionamento do Habitat Crítico no enquadramento da área de estudo o que compreende a área do desenvolvimento turístico e o Habitat Crítico. ................................................. 4 Figura 3-1: Área de estudo a ilustrar os tipos de vegetação e os riachos costeiros................................................................. 10 Figura4-1: Diversidade de anfíbios e de répteis em Moçambique (extraído de Schnieder et al. 2005 com alterações). ............................................................................................................................................................. 12 Figura4-2: Diversidade de Aves e de Mamíferos em Moçambique (extraído de Schnieder et al. 2005 com alterações). ............................................................................................................................................................. 13 LISTA DE FOTOGRAFIAS Fotografia 2-1: Conjuntos de Armadilhas: Conjunto 1, um pedaço de terreno com canópia fechada de miombo e ecótono com brenhas abertas; Conjunto 2, matas abertas; Conjunto 3, brenhas abertas em solos arenosos; Conjunto 4, ecótono na orla ribeirinha e brenhas, com maior cobertura de folhas secas espalhadas. ............................................................................................................................................................... 8 Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 viii ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Fotografia 4-1: Dois anfíbios registados durante o levantamento de base de referência do Habitat Crítico; À esquerda: Sapo Gutural(Amietophrynus gutturalis), à direita: Rela de Argus (Hyperolius argus) ........................... 14 Fotografia 4-2: Lagartos registados durante o levantamento de base de referência do Habitat Crítico. Canto superior à Esquerda – Lagartixa Bronzeada (Trachylepis boulengeri), canto superior à direita – Lagartixa-da-Costa-Leste (Trachylepis depressa); centro – Lagartixa-com-marcas-de-Moçambique (Mochlus cf. afrum); canto inferior à esquerda – Lagartixa Dourada Sem-pés (Acontias aurantiacus), canto inferior à direita – Lagarto-comum-da-areia (Meroles squamulosus). ........................................................... 20 Fotografia 4-3: Cobras registadas durante o levantamento de base de referência do Habitat Crítico. Canto superior à esquerda – Cobra-do-mato-variegada (Philothamnus semivariegatus), canto superior à direita – Cobra-da-barriga-listrada(Psammophis orientalis); canto inferior à esquerda – Cobra-cega de Fornasin (Afrotyphlops fornasini), canto inferior à direita – Cobra-cuspideira (Naja mossambica). ........................ 21 Fotografia 4-4: Uma possível espécie nova de Lagartixa-de-olhos-cobra (Panaspis sp.) do Habitat Crítico. .......................... 22 Fotografia 4-5: Tartaruga Marinha Verde grande esquartejada na praia na foz do Riacho Costeiro Nhangonzo .................... 23 Fotografia 4-6: Maçarico-galego, Borrelho Cinzento, Rolas do mar na foz do Riacho Costeiro Nhangonzo. .......................... 26 Fotografia 4-7: Rato-comum-da-floresta (Grammomys dolichurus). ........................................................................................ 28 Fotografia 4-8: Musaranho-almiscardo-vermelho (Crocidura hirta) .......................................................................................... 28 Fotografia 4-9: Animais caçados – três Macacos-Simango adultos e uma Geneta de Malhas Grandes ................................. 29 Fotografia 4-10: Um Macaco-Simango juvenil vivo mantido por um dos caçadores para venda. ............................................ 29 LISTA DE TABELAS Tabela4-1: Resultados dos conjuntos de armadilhas colocados.............................................................................................. 16 ANEXOS ANEXO A Lista de Controlo de Anfíbios ANEXO B Lista de Controlo de Répteis ANEXO C Lista de Controlo de Aves ANEXO D Lista de Controlo sobre Mamíferos ANEXO E Dados sobre o Autor Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ix ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE LISTA DE TERMOS E ACRÓNIMOS AIA Avaliação de Impacto Ambiental AIAS Avaliação de Impacto Ambiental & Social CES Coastal & Environmental Services CITES Convention of International Trade in Endangered Species (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção) CR Critically Endangered (em Perigo Crítico) EN Endangered Species (Espécies Ameaçadas) FEED Front End Engineering Design (Fase conceitual do Projecto de Engenharia) GPL Gás de Petróleo Liquefeito IBAs Important Birding Areas (Áreas Importantes para as Aves) IFC International Finance Corporation (Corporação Internacional de Finanças) INATUR Instituto Nacional do Turismo IPAs Important Plant Areas (Áreas Importantes para Plantas) IUCN International Union for Conservation of Nature (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) KBAs Key Birding Areas (Áreas Chave para Aves) MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental MITADER Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural PES Present Ecological State (Estado Ecológico Presente) RDB Red Data Book (Livro Vermelho de Dados) SCC Species Of Conservation Concern (Espécies de Importância para a Conservação) SSC Species of Special Concern (Espécies de Preocupação Especial) VU Espécies Vulneráveis Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 x ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE 1.0 1.1 INTRODUÇÃO Descrição do Projecto e Objectivos do Estudo Em 2014, a Sasol incumbiu a Golder Associates de elaborar uma Avaliação de Impacto Ambiental relativamente à expansão do seu Projecto de Gás Natural na Província de Inhambane, Moçambique. A expansão irá envolver o desenvolvimento adicional de reservas de gás em terra na área de Temane, bem como o desenvolvimento de reservas de petróleo em terra a Este do Rio Govuro na área de Inhassoro. A aprovação ambiental para o projecto foi concedida em Dezembro de 2014 pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER). Os estudos especializados realizados pela Golder (2014) identificaram a existência de um ‘Habitat Crítico’ enquadrado na área de influência directa do projecto. O conceito de ‘Habitat Crítico’ foi desenvolvido pela International Finance Corporation (IFC, 2012) relativamente a áreas com alto valor de biodiversidade, e incluem: Habitat de importância significativa para Espécies Criticamente Ameaçadas (CR) e/ou Ameaçadas (EN)2; Habitat de importância significativa para espécies endémicas e/ou espécies com um raio de acção restrito3; Habitat de importância significativa para concentrações globalmente significativas de espécies migratórias e/ou congregantes4; Áreas com ecossistemas únicos e/ou altamente ameaçados5; e/ou Áreas que estão associadas a processos evolutivos chave Os critérios adicionais para as Áreas Críticas incluem (IFC, 2012b): Áreas que sejam exigidas para a reintrodução de Espécies Criticamente Ameaçadas (CR) e de Ameaçadas (EN) bem como constituem locais de refúgio para estas espécies (habitats utilizados durante períodos de pressão, por ex., durante inundações, secas ou fogos); Ecossistemas conhecidos como possuindo significância especial para as espécies EN ou CR para fins de adaptação climática; 2Espécies Criticamente Ameaçadas e/ou Espécies Ameaçadas refere-se a espécies ameaçadas de extinção a nível global e listadas como CR e EN na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. As espécies Criticamente Ameaçadas deparam-se com um risco extremamente elevado de extinção no seu habitat natural enquanto as espécies Ameaçadas se deparam com um risco muito alto de extinção no seu habitat natural (IFC, 2012b). 3 Uma espécie endémica é definida como aquela que tem ≥ 95% do seu território global dentro do país ou região a ser analisada e uma espécie de acção restrita é definida da seguinte forma (IFC, 2012b): Para vertebrados terrestres, aquela que possui uma extensão de ocorrência de 50.000 quilómetros quadrados ou menos. Para sistemas marinhos, aquela que possui uma extensão de ocorrência de 100.000 quilómetros quadrados ou menos. Para sistemas de água doce, não foram definidos limites padronizados a nível global. Para plantas, as espécies de distribuição restrita podem estar listadas como parte da legislação nacional. 4 As espécies migratórias são definidas como quaisquer espécies cuja proporção significativa dos seus membros se move de forma cíclica e previsível de uma área geográfica para outra. Espécies congregantes são definidas como espécies cujos indivíduos se reúnem em grandes grupos de forma cíclica e se movimentam, de forma previsível, de uma área geográfica para outra (IFC, 2012b). 5 Ecossistemas altamente ameaçados ou únicos são os que (IFC, 2012b): Estão em risco de serem reduzidos significativamente em área ou qualidade Possuem uma pequena dimensão espacial; e/ou Contêm um grupo único de espécies, incluindo grupos ou concentrações de espécies restritas ao bioma. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 1 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Áreas onde existem concentrações elevadas de espécies Vulneráveis (VU) nos casos em que exista incerteza relativamente à sua listagem, e onde o estatuto real das espécies possa ser EN ou CR; Áreas de florestas primárias/virgens/inalteradas e/ou outras áreas com níveis especialmente altos de diversidade de espécies; Processos ecológicos e de paisagem terrestre (por ex., áreas de captação de água, áreas críticas para o controlo de erosão, regimes de perturbação (por ex., incêndios, inundações) necessários para manter o habitat crítico; Habitat necessário para a sobrevivência das espécies centrais, ou seja, de espécies que actuam como engenheiros do ecossistema e controlam o processo e funções do ecossistema, por exemplo, elefantes nas áreas de savanas, e o seu comportamento em termos de busca de recursos alimentares, que mantêm a estrutura da vegetação; Áreas de alto valor científico, como aquelas que contêm concentrações de espécies novas e/ou pouco conhecidas pela ciência; e Áreas internacional e/ou nacionalmente reconhecidas de alto valor de biodiversidade. Áreas Chave para Aves (KBAs) que compreendem, entre outros, Sítios Ramsar, Áreas importantes para as Aves (IBAs), Áreas Importantes para as Plantas (IPAs) e a Aliança por Locais com Extinção de Zero Uma área com concentrações elevadas de recursos naturais explorada pelas populações locais; Áreas que atendem aos critérios das Categorias de Gestão Ia, Ib e II de Área Protegida da IUCN, embora as áreas que atendem a esses critérios no que se relaciona com as Categorias de Gestão IIIVI também poderão ser qualificadas dependendo dos valores de biodiversidade inerentes a esses locais; Nos estudos iniciais sobre a biodiversidade botânica elaborados para fins da AIA pela Golder, de Castro e Brits (2014) argumentaram que o Riacho Costeiro Nhangonzo, que está localizado a Oeste da Ilha de Bazaruto e faz o escoamento para uma bacia de captação com uma extensão de cerca de 4.339 ha, adere a vários dos critérios especificados no padrão de desempenho da IFC. Juntamente com outros estudos especializados sobre a fauna realizados para a AIA (Deacon, 2014; 2014a), de Castro e Brits (2014) destacaram a biodiversidade relativamente alta existente no Habitat Crítico e correspondente área tampão circundante. Estes estudos determinaram a necessidade de se fazerem trabalhos biológicos adicionais em detalhe com a finalidade de se fazer a classificação completa destes recursos e determinar a sua significância no contexto da região, mas acautelaram que quaisquer danos a um sistema importante e único como este poderiam ter impactos significativos sobre a biodiversidade, tanto em terra como no mar, e ainda que eram necessárias medidas de conservação visadas à protecção deste sistema. Com base nos resultados obtidos pela AIA, a Sasol comprometeu-se a fazer uma avaliação adicional do Habitat Crítico, antes de serem tomadas decisões finais a respeito da localização dos poços na área da bacia de captação deste riacho. Este compromisso incluiu o assumir da responsabilidade de efectuar um levantamento mais detalhado sobre a biodiversidade do Habitat Crítico bem como consultas adicionais com as partes interessadas relevantes, a fim de definir estratégias de gestão apropriadas e atribuir as responsabilidades para a implementação destas estratégias. A Sasol elaborou, simultaneamente, o estudo sobre a Fase Conceitual do Projecto de Engenharia (FEED) para o projecto, o qual definiu com maior exactidão a localização preferida para o poço e linhas de fluxo no Habitat Crítico e em redor do mesmo. O Relatório sobre a Avaliação de Impacto Ambiental apresenta uma descrição detalhada do Projecto de Desenvolvimento no Âmbito do Acordo de Partilha de Produção (APP) e Projecto de Produção de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL) da Sasol apresenta uma discussão mais detalhada, que deve ser consultada para mais dados a este respeito (Golder, 2014). No presente relatório serão discutidos aspectos do projecto que tenham relevância para o levantamento da situação de referência relativa à fauna terrestre na área de estudo definida (consultar a Secção 2.1). Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 2 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE 1.2 Objectivo Muito embora se tenham realizado estudos preliminares sobre a fauna terrestre como parte da investigação para fins da AIA original (Deacon, 2014), foram consideradas como sendo justificáveis investigações adicionais sobre a fauna terrestre que utiliza a área definida por Castro e Grobler (2014) como constituindo um Habitat Crítico, que incluir terras húmidas importantes e possivelmente consideradas únicas a nível regional. O presente levantamento sobre a fauna terrestre constitui um de vários estudos adicionais instruídos pela Sasol, em conformidade com esta recomendação. Estes estudos adicionais formam parte de um relatório detalhado intitulado “Avaliação da Biodiversidade do Riacho Costeiro e Bacia de Retenção do Nhangonzo, na Província do Inhassoro, Moçambique”, que estão integradas na Adenda à AIA. A área de estudo é definida como a área conjunta do Habitat Crítico e área do desenvolvimento turístico do INATUR (Figura 1-1). No centro desta área de estudo está situado o Riacho Costeiro Nhangonzo (Figura 1-1) descrito por de Castro e Grobler (2014) como se encontrando num estado praticamente imperturbado devido à sua relativa inacessibilidade por parte das populações locais bem como não tendo sido alvo de colheitas ou extracção de recursos legais ou ilegais. Dado o facto de o existente habitat imperturbado bem como a inacessibilidade ao mesmo providenciar condições que são ideais para a fauna, anteviu-se que a fauna existente neste Habitat Crítico também fosse diversificada. O âmbito geral do presente projecto é de complementar o trabalho efectuado por Deacon em 2014 de modo a providenciar uma base de referência mais detalhada sobre a fauna de vertebrados existente na área de estudo designada, com particular referência às espécies constantes na Lista Vermelha ou a outras espécies de importância para a conservação; bem como efectuar uma avaliação do actual estado ecológico (PES) e importância de conservação dos sistemas afectados. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 3 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Figura 1-1: Mapa de localização a indicar o posicionamento do Habitat Crítico no enquadramento da área de estudo o que compreende a área do desenvolvimento turístico e o Habitat Crítico. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 4 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE 1.3 Termos de Referência Apresentam-se a seguir os Termos de Referência para a presente avaliação faunística: Identificar e listar todas as espécies de vertebrados terrestres que ocorrem na área de estudo (Área Crítica e área de desenvolvimento turístico do INATUR), com base na literatura existente, registos publicados sobre exemplares ou sobre o local, bem como prováveis ocorrências. Efectuar o registo das espécies de fauna identificadas na área de estudo através da execução das seguintes actividades: busca activa, observações oportunistas, colocação de armadilhas e recolha de exemplares. Caracterizar os grupos de espécies de anfíbios, répteis, aves e mamíferos comuns aos habitats característicos existentes na área de estudo. Providenciar uma sinopse dos relacionamentos ecológicos entre os grupos de animais e a vegetação em colaboração com os especialistas que estão a efectuar o levantamento da flora. Estabelecer o valor ecológico e de conservação dos habitats e das comunidades de animais dentro da área de estudo. Identificar quaisquer espécies ou ocorrências novas. Identificar as Espécies de Importância para a Conservação (SCC) em termos de endemicidade e referência à Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais). Definir e fazer o mapeamento dos habitats faunísticos que são sensíveis e requerem acções de conservação. Talvez seja necessário que estes sejam definidos como áreas de Acesso Interdito ou áreas de Desenvolvimento Restrito. Descrever os impactos do actual uso da terra sobre os grupos faunísticos. 1.4 Fazer uma avaliação da preferência de habitats por parte da fauna e utilizar estas preferências de habitats para a avaliação da presença das espécies faunísticas. Providenciar uma descrição geral da fauna natural de vertebrados terrestres da área do Habitat Crítico e das áreas adjacentes, e determinar a presença e distribuição das Espécies de Importância para a Conservação, bem como determinar as associações de habitats destas espécies a disponibilidade do habitat. Pressupostos e Limitações Os pressupostos e limitações específicos ao estudo realizado incluem: Moçambique não possui listas nacionais de Espécies de Importância para a Conservação (SCC). Consequentemente a avaliação de Espécies de Importância para a Conservação é difícil e deve ser baseada em listas internacionais (por ex., as Listas Vermelhas da IUCN e os anexos da CITES), ou através da relevância de uma lista semelhante que tenha sido elaborada em países adjacentes. Existem limitações de tempo em levantamentos de curto prazo e somente se pode antever a determinação directa de uma amostra da fauna da área. O levantamento teve lugar durante o mês de Março. Muito embora este período seja tecnicamente definido com estando integrado na designada ‘estação das chuvas’, não ocorreram chuvas durante todo o período do levantamento. Assim, este realizou-se demasiado tarde em termos da época de reprodução de anfíbios para poder permitir uma determinação completa da diversidade de anfíbios. A actividade dos répteis também foi coarctada pelas condições quentes, secas, o que limitou a avaliação da diversidade. Por último, muitas das aves migrantes no interior do continente africano (por exemplo, muitos cucos, andorinhas e pica-peixes, etc.) já tinham partido desta área e a sua presença e Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 5 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE dependência dos habitats não pode ser determinada. No entanto, os dados recolhidos durante o levantamento são suficientemente adequados para confirmar o estado da área de estudo. Não foi efectuado qualquer levantamento durante a estação seca. Os conhecimentos sobre a fauna de Moçambique são relativamente limitados e as espécies listadas no presente relatório podem não ser detalhadas. É provável que durante as fases de construção e de operação do desenvolvimento venham a ser encontradas espécies adicionais de Importância para a Conservação (SCC). A resolução taxonómica de espécies crípticas em Moçambique através do uso de estudos genéticos está ainda uma fase inicial, e sabe-se que a diversidade taxonómica não resolvida nas taxa fossoriais tais como as lagartixas-de-olhos-cobra está subestimada, existindo pelo menos 5 potenciais espécies novas em Moçambique já identificadas (Medina et al., 2015). 1.5 O acesso a toda esta área foi limitado devido à presença de extensas terras húmidas bem como devido dos constrangimentos de tempo. Competências Profissionais da Equipa Professor Dr. William R. Branch (Cientista Chefe: Fauna) O Prof. Dr. Branch é Professor Associado Honorário de Investigação no Departamento de Ciências Animais e Biologia Animal e Vegetal, na Universidade de Witwatersrand, Associado de Investigação no Departamento de Zoologia, na universidade Nelson Mandela Metropolitan University, e Conservador Emérito em Herpetologia, no Museu de Port Elizabeth Museum (Bayworld). Participou em várias comissões internacionais, em particular relacionadas com a conservação de répteis e de anfíbios. Editou a versão revisada do Livro Vermelho de Dados da África do Sul – Répteis e Anfíbios (1988), é co-editor do Atlas de Répteis e da Lista Vermelha de Dados da África do Sul, Suazilândia e Lesotho (2013), bem como autor do Guida de Campo relativo a répteis na África Austral (1998). O Prof. Dr. Branch tem estado envolvido em várias AIAs e possui vasta experiência em levantamentos faunísticos e identificação de espécies de importância para a conservação. Publicou mais de 100 artigos científicos em periódicos especializados, fez palestras em plenários em vários conferências internacionais, e tem actuado como guia científico em expedições da National Geographic. Efectuou também levantamentos faunísticos em África em nome do centro Smithsonian Institute. Dra. Amber Jackson (Especialista em Fauna) A Dra. Amber é Consultora Ambiental encontrando-se ao serviço da EOH CES nos últimos 3 anos. Possui um Doutoramento (MPhil) em Gestão Ambiental, tendo também experiência em trabalhos na área Social e Ecológica. Os seus estudos universitários centraram-se em matéria de Ecologia, Conservação e Ambiente com particular referência aos efeitos paisagísticos sobre a Herpetofauna, tendo completado o grau de Mestrado em gestão ambiental de sistemas sociais e ecológicos, com uma dissertação cujo tema se centrou na segurança alimentar, a qual investigou o complexo sistema alimentar dos mercados de distribuição informal e formal. Enquanto ao serviço da CES a Dra. Amber tem efectuado vasto trabalho em Moçambique na função de gestão de várias Avaliações de Impacto Ambiental e Social. Foi coordenadora de duas avaliações AIAS de grande envergadura (> $200 000.00) para a empresa Green Resources (uma empresa de Plantações Florestais estabelecida em Moçambique) realizadas em conformidade tanto com os padrões do MICOA como os padrões dos financiadores internacionais, em cumprimento dos requisitos estipulados pelos financiadores (AfDB, EIB e IFC). Os seus interesses específicos incluem estudos ecológicos que lidam com a fauna e flora indígena, bem como a gestão do uso da terra e de recursos naturais. 2.0 2.1 MÉTODOS Diversidade Faunística Deacon (2014) efectuou uma avaliação sobre a diversidade faunística em termos da região geral, com levantamentos limitados realizados na área do Habitat Crítico. A diversidade documentada da fauna de vertebrados na área mais vasta de estudo (Deacon, 2014) foi comparada e contrastada com a que se encontra documentada em literatura recentemente publicada (ver a seguir). As espécies conhecidas da Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 6 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE região, ou das regiões adjacentes cujo(s) habitat(s) preferido(s) se sabia ocorrer(em) na área de estudo, também foram incluídas. As fontes literárias incluíram: Anfíbios – Channing (2001), Jacobsen et al., (2010), Pickersgill (2007), Poynton & Broadley (19851991), Schiotz (1999), Frost (2012). Répteis – Broadley (1990a, b, 1992, 2000), Branch (1998, 2008), Branch et al., (2005a,b), Downs & Wirminghaus (1997), Jacobsen et al., (2010), Pietersen (2014), Spawls & Branch (1995), Spawls et al., (2003). Aves – Sinclair & Ryan (2010), Parker (1999, 2001, 2005), Lepage (2013). Mamíferos – Kingdon (2004), Smithers & Tello (1976). 2.2 Espécies de Importância para a Conservação Para fins de categorização das Espécies de Importância para a Conservação (SCC), neste estudo, foram utilizadas as definições indicadas a seguir : Espécies Ameaçadas: Não existe Livro Vermelho de Dados (RDB) para as espécies ameaçadas de Moçambique. É feita referência a Livros Vermelhos de Dados relevantes relativos à adjacente África do Sul (por ex., anfíbios, Minter et al., 2004; répteis Bates et al., 2014; aves, Harrison et al., 1997; mamíferos, Freidman & Daly 2004) no que se relaciona com espécies comuns a ambos os países, e a espécies incluídas noutras listas internacionais (por ex., 2014 Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN). As definições das categorias ameaçadas prescritas pela IUCN encontram-se em Bates et al., (2014) ou Deacon (2014). Espécies Sensíveis: São espécies que não têm necessariamente importância para a conservação mas que se encontram listas no Anexo I ou II da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES). O Anexo I lista as espécies que estão sob maior ameaça de entre os animais e plantas listados pela CITES; o Anexo II lista as espécies que não estão necessariamente ameaçadas de extinção mas que podem alcançar esse estado caso não exista um controlo rigoroso das actividades de comercialização. Espécies Endémicas: a nível Nacional - espécies endémicas a Moçambique; a nível Regional – espécies endémicas à Província de Inhambane; a nível Local – espécies endémicas à região de Inhassoro-Vilankulo e ao Arquipélago de Bazaruto. 2.3 Técnicas de Amostragem Realizou-se uma única visita ao local entre 16 e 28 de Março de 2015. 2.3.1 Observações Devido à vastidão da área, alvo de estudo, as observações das aves foram feitas visualmente com o auxílio de binóculos, e a respectiva identificação com referência a guias de campo (consultar as fontes literárias acima referidas). Foi prestada particular atenção à chamada das aves de manhã cedo, altura em que as aves reprodutoras exibem nos seus territórios. Foi extraída uma amostra de todos os habitats presentes na área de estudo. Dentro do Habitat Crítico foi dada especial atenção a aves dependentes das terras húmidas. As observações de mamíferos de pequeno porte incluíram a busca e identificação dos seus trilhos e rastros a fim de complementar os dados obtidos através da captura de mamíferos de pequeno porte. 2.3.2 Levantamentos Auditivos Foram efectuadas visitas após o anoitecer a vários locais ribeirinhos e de terras húmidas adjacentes a fim de fazer uma avaliação da reprodução de rãs. Para se fazer a confirmação da identidade das espécies foi Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 7 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE feita uma comparação das chamadas vocais das mesmas com o material bibliográfico de registo de vocalizações de anfíbios na África Austral (Du Preez & Carruthers, 2009). 2.3.3 Armadilhas para Répteis e Anfíbios Foram colocadas várias armadilhas de funil e cercas de deriva nos habitats naturais. Estas incluem uma cerca única de deriva com 20 metros de comprimento em plástico preto colocada verticalmente. Ao longo das armadilhas. Ao longo da cerca foram colocadas armadilhas de queda (baldes de plástico de 50 litros) em cada uma das extremidades e no meio. Foram colocadas quatro armadilhas de intercepção com funis duplos, duas em cada lado no entremeio do espaço entre os baldes de queda (Fotografia 2-1). Os grupos de armadilhas eram verificados duas vezes por dia, de manhã e ao fim da tarde. Foram retidos exemplares de controlo e amostras de ADN para cada uma das espécies, e todos os exemplares excedentes foram liberados no local das armadilhas. Os conjuntos de armadilhas de cerca de deriva foram colocados em habitats não perturbados dentro da área de estudo definida acima. Estes ficaram colocados durante 7-8 dias e noites. As coordenadas e os habitats dos quatro conjuntos de armadilhas instalados encontram-se resumidos na Tabela4-1 2.3.4 Armadilhas para Mamíferos de Pequeno Porte A captura de mamíferos de pequeno porte foi feita de uma forma humana com armadilhas do tipo Sherman. Foram colocadas entre 6 e 10 armadilhas de Sherman em cada conjunto de armadilhas de intercepção com funis e cercas de deriva, com um mínimo de aberturas de 10 metros entre todas as armadilhas. Estas foram colocadas perto de características naturais (por ex., paralelamente a terras húmidas, entre vegetação densa) a fim de extrair amostras dos diferentes habitats. Em cada uma foram colocados iscos em forma de pasta de mistura de manteiga de amendoim – aveia. Estas armadilhas foram verificadas duas vezes por dia, de manhã e ao fim da tarde. Foram retidos exemplares de controlo e amostras de ADN para cada uma das espécies, e todos os exemplares adicionais foram liberados no local onde tinham sido colocadas as armadilhas. Fotografia 2-1: Conjuntos de Armadilhas: Conjunto 1, um pedaço de terreno com canópia fechada de miombo e ecótono com brenhas abertas; Conjunto 2, matas abertas; Conjunto 3, brenhas abertas em solos arenosos; Conjunto 4, ecótono na orla ribeirinha e brenhas, com maior cobertura de folhas secas espalhadas. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 8 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE 3.0 3.1 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Dimensão Espacial da Área de Estudo A localização e principais componentes da área de estudo e região circundante encontram-se detalhados na Figura 3-1. Esta região possui um relevo topográfico baixo e é dominada pelos riachos costeiros existentes no Habitat Crítico designado e na área de desenvolvimento turístico do INATUR a Sul. Os riachos costeiros neste estudo são definidos como riachos que possuem bacias de captação num enquadramento de cerca de 7 km da costa e que fluem directamente para o mar. O Riacho Costeiro Nhangonzo de dois braços constitui a característica dominante do Habitat Crítico, com o Riacho Costeiro Cherimera mais pequeno situado para Norte e perifericamente a entrar na orla Nordeste do Habitat Crítico, e o Riacho Costeiro Xivange na área de desenvolvimento turístico do INATUR para Sul(consultar a Error! Reference source not found.). 3.2 Vegetação da Área de Estudo A vegetação da área de estudo foi caracterizada no estudo de situação de referência Florístico e sobre a Vegetação (Anexo B), e encontra-se ilustrada na Figura 3-1. A vegetação original é constituída por um mosaico de matas e brenhas baixas de Julbernardia-Brachystegia (de Castro & Grobler, 2014a), das quais algumas se encontram agora num estado degradado e fragmentado depois do seu desmatamento para fins de agricultura (estabelecimento de machambas). A relativa ausência de árvores de grande porte nas áreas transformadas e a presença de um crescimento secundário indicam a existência de um longo historial de perturbação humana e danos causados por fogos. No entanto, existem manchas, relativamente comuns, de vegetação não perturbada, e que são representadas pelas comunidades fechadas de matas ilustradas na Figura 3-1. As principais subdivisões deste tipo de vegetação encontram-se resumidas a seguir. Também existem pequenas áreas de Savanas Higrófilas, Caniçais e Vegetação Dunar Arbustiva que no entanto não têm qualquer importância em termos de fauna. Mosaico de Matas e Brenhas Baixas Fechadas de Miombo – Este tipo de vegetação encontra-se num estado primitivo ou imperturbado a quase imperturbado e compreende um mosaico de manchas de matas e de brenhas densas dominadas pelas espécies de miombo tais como a Julbernadia globiflora e a Brachystegia spiciformis com uma cobertura de vegetação herbácea que incluiu as espécies Panicum maximum, Schizachyrium sangineum e Sporobolus pyramidalis. Brenhas Baixas Fechadas de Miombo – No centro do mosaico de matas e brenhas baixas fechadas de miombo existem pequenas manchas de brenhas densas, caracterizadas pela presença de arbustos a crescerem uns próximos dos outros e que têm uma altura entre 2 a 5 metros, e que tornam difícil a penetração a este tipo de vegetação. Mosaico de Brenhas Baixas Abertas de Miombo – Este tipo de vegetação ocorre por toda a área de estudo e é dominante na secção Sul. Esta é caracterizada por arbustos e árvores de pequeno porte com uma canópia aberta e uma camada distinta de herbáceas sub-bosque ou de baixa estatura. Este tipo de vegetação varia entre vegetação transformada (machambas antigas) a perturbadas (perto das estradas e dos povoados) a áreas em estado praticamente imperturbado ou primitivo nas áreas que são inacessíveis. Floresta de Mangais – Este tipo de vegetação estende-se por aproximadamente 6.1 km ao longo da costa, e constitui o único sistema de mangais encontrado numa faixa de 90 km da linha costeira entre a Baía da Ponta Chiuzine, a Sul de Vilanculos, e o Rio Govuro a Norte. São comuns a esta área, três espécies principais, nomeadamente, Sonneratia alba, Avicennia marina e Rhizophora mucronata, mas existem outras espécies que incluem a Ceriops tagal, a Lumnitzera racemosa e a Xylocarpus granatum. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 9 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Figura 3-1: Área de estudo a ilustrar os tipos de vegetação e os riachos costeiros. 3.3 Riachos costeiros na área de estudo A característica central do Habitat Crítico é constituída pelo Riacho Costeiro Nhangonzo, cujos afluentes Norte e Sul de “pântanos de turfas” confluem a cerca de 2 km antes do mar para formar o canal principal que drena para o mar através de um vasto pântano estuarino de mangais (70 ha). O estuário do Nhangonzo encontra-se em média a 2 metros abaixo do nível do mar, o que indica que o estuário pode receber a influência das marés (Estudo de Base de Referência sobre o Estuário). O Riacho Costeiro Xivange mais pequeno (com uma extensão de 2.3 km) encontra-se localizado na orla Sul da área de estudo dentro da área de desenvolvimento de turismo do INATUR. A foz do rio com uma largura de 300 metros está situada num ponto elevado ou mesmo acima do nível médio do mar, com uma intrusão limitada de água do mar durante as marés-altas. Este sistema não possui qualquer habitat estuarino visível e drena para o mar através de duas pequenas saídas localizadas nas margens Norte e Sul e através da infiltração difusa. Não existem quaisquer pântanos estuarinos de mangais. Devido à natureza vasta das Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 10 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE terras húmidas (pântanos de turfeiras) deste sistema, este também é considerado como sendo um sistema perene. No norte da área de estudo, somente o trecho Sul do Riacho Costeiro Cherimera entra no Habitat Crítico. O riacho drena num sentido Sul para uma área de 25 ha de mangais na costa com uma protuberância para o pântano de mangais do Nhangonzo, que confina nas partes interiores das dunas costeiras com uma faixa estreita de Floresta Dunar. A fonte do canal principal deste riacho são as terras húmidas em formato rectangular (1000m x 500m) localizadas a cerca de 3.0 km a montante da costa. Esta turfeira antiga constitui as terras húmidas que sofrem um impacto mais acentuado da pastagem de gado dos povoados circunvizinhos e dos incêndios durante a estação seca. Todos estes riachos costeiros são perenes com extensas turfeiras vegetadas nos trechos superiores, drenados por pequenos canais. Durante a estação chuvosa estes têm caudais elevados, mas a drenagem é, em grande medida, atenuada, pelos vastos pântanos de turfeiras com uma vegetação densa. Estas terras húmidas saturadas são, em grande medida, alimentadas através da infiltração de água subterrânea que assegura que os caudais do riacho sejam sustidos durante os meses secos do Inverno. 3.4 Desenvolvimentos Propostos que afectam a Área A área de estudo é o local de dois grandes desenvolvimentos propostos: A expansão do existente Projecto de Gás Natural da Sasol na Província de Inhambane, Moçambique. Este irá envolver o desenvolvimento das reservas de petróleo em terra na área de Inhassoro a Este do Rio Govuro, particularmente o posicionamento de pelo menos quatro novos poços e a construção das infra-estruturas associadas dentro da área de estudo, incluindo as estradas de acesso e as linhas de fluxo (consultar a Figura 3-1). A área de desenvolvimento turístico do INATUR (INATUR, CES 2010), que se encontra situado imediatamente a Sul do Habitat Crítico. Tem uma extensão de aproximadamente 2,500ha, sendo a sua delimitação a Sul formada pelo Riacho Costeiro Xivange (designado por Rio Inhagondzono relatório da CES, 2010),que desaguar para o mar na Ponta Inhagondzo. Este local âncora estende-se por uma área de 5 quilómetros para o interior em direcção à estrada de acesso público situada a meio caminho entre Vilankulos e Inhassoro. Os empreendimentos previstos encontram-se descritos no relatório da CES (2010), mas estes foram adiados em resultado da redução nos níveis de turismo previstos. 4.0 4.1 FAUNA DE VERTEBRADOS Introdução Os conhecimentos existentes sobre a fauna de vertebrados em Moçambique continuam relativamente limitados, essencialmente em consequência prolongada guerra civil que afectou o acesso a muitas áreas. No entanto, a recente estabilidade política e rápido melhoramento das infra-estruturas permitiram uma revitalização dos estudos faunísticos por todo o país. Como consequência, existe um Atlas detalhado sobre Aves no país que se encontra relativamente completo (Parker, 1999, 2001, 2005a-b), tendo também sido feita a descrição de numerosos répteis recentemente identificados (Broadley,1990b, 1992; Branch & Bayliss, 2009, Branch & Tolley, 2010, Branch et al., 2014, Portik et al., 2014). A parte sul do país, ou seja, a sul do Rio Zambeze, tem, tradicionalmente, sido incorporada na região da África Austral e a sua fauna foi incorporada em numerosas avaliações monográficas do subcontinente. Contudo, só recentemente se fez a descrição de várias espécies e subespécies endémicas de répteis das ilhas no interior do Arquipélago de Bazaruto(Broadley, 1990b, 1992), algumas das quais foram subsequentemente documentadas relativamente ao território continental adjacente (Jacobsen et al., 2010). Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 11 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Figura4-1: Diversidade de anfíbios e de répteis em Moçambique (extraído de Schnieder et al. 2005 com alterações). Schnieder et al. (2005) efectuaram o mapeamento dos Centros de Diversidade de Vertebrados em Moçambique, destacando as enormes lacunas existentes na análise da região norte de Moçambique. Estas lacunas não reflectem a falta de diversidade faunística a norte do Rio Zambeze, mas, simplesmente, a falta de dados para a análise de todos os grupos de vertebrados terrestres (Figura4-1 & Figura4-2). Moçambique possui uma herpetofauna diversificada (Figura4-1)) devido à variedade de diferentes tipos de habitats disponíveis e à vasta dimensão do país. Muito embora não existam publicações formais que lidem, de forma explícita, com este tópico, antecipa-se que ocorram em Moçambique 69 espécies de anfíbios (Amphibiaweb 2012) e 215 espécies de répteis (Uetz et. al. 2012). Não existe qualquer dúvida quanto à subestimação da diversidade que existe efectivamente, devido a uma falta de amostragens realizadas em muitas das áreas remotas do país, especialmente nas regiões norte de Moçambique, mas também quanto à fauna costeira na área de estudo. Em Moçambique existe uma avifauna diversificada (Figura4-2) com mais de 680 espécies de aves registadas (Lepage 2013). Muito embora algumas aves sejam comensais, adaptando-se de forma rápida e bem-sucedida a ambientes modificados, a maior parte das aves são sensíveis a perturbações e ou migram para locais distantes ou sofrem um maior nível de mortalidade em habitats degradados. No entanto, devido à sua mobilidade elevada, as aves conseguem recolonizar, de forma rápida, habitats reabilitados. Não existe qualquer avaliação recente a nível nacional de aves em Moçambique, mas foi compilado um atlas da avifauna da região a Sul do Rio Save (Parker, 1999). Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 12 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Figura4-2: Diversidade de Aves e de Mamíferos em Moçambique (extraído de Schnieder et al. 2005 com alterações). A última avaliação da fauna de mamíferos de Moçambique foi efectuada por Smithers e Tello (1976), com aproximadamente238 espécies de mamíferos em Moçambique (IUCN, 2012). Muito embora a endemicidade de mamíferos na África Austral seja elevada (42%), este não é o caso em Moçambique onde a endemicidade é relativamente baixa e a fauna de mamíferos é essencialmente transicional entre a que existe no cinturão costeiro da África Oriental e a região temperada do Cabo. Os resultados das capturas por armadilhas realizadas na área de estudo relativamente a mamíferos, répteis e anfíbios de pequeno porte encontram-se apresentados na Error! Reference source not found.. 4.2 4.2.1 Anfíbios Panorama Geral de Anfíbios a nível Regional Os anfíbios são importantes nos sistemas de terras húmidas, em particular onde os peixes sejam excluídos ou tenham uma importância menor. Nestes habitats, as rãs são predadores dominantes de invertebrados, muitos dos quais são vectores de doenças como malária e bilhárzia. Os relatórios sobre o declínio nas populações de anfíbios continuam a aumentar a nível global, mesmo em parques protegidos em estado primitivo. Estes declínios não são simples eventos cíclicos: por exemplo, as rãs são consideradas como espécies bio-indicadoras que reflectem o bom estado dos ecossistemas aquáticos. Avaliações recentemente efectuadas (Poynton e Broadley, 1985-1991) reconhecem a existência de 53 espécies de rãs em Moçambique, 35 das quais foram registadas a Sul do Rio Zambeze. Não obstante esta diversidade relativamente alta, não existem anfíbios endémicos presentemente registados de Moçambique, Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 13 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE muito embora levantamentos faunísticos mais detalhados nas regiões do país com relação às quais se sabe relativamente muito pouco, em particular em áreas montanhosas isoladas, venham provavelmente a revelar espécies únicas que tenham passado despercebidas ou tenham sido isoladas. Ocorrem efectivamente várias espécies com uma distribuição geográfica restrita em Moçambique, mas todas se estendem para as regiões adjacentes. 4.2.2 Espécies de Anfíbios Registados na Área de Estudo Dado a visita ao local ter tido lugar no fim Verão, no final da estação de chuvas, grande parte da actividade de reprodução dos anfíbios já tinha cessado e somente foram registadas sete espécies durante o levantamento (Anexo A), todas estas da zona do Habitat Crítico. Dos habitats de Terras Húmidas costeiras foram registadas cinco espécies de anfíbios (Amietophrynus gutturalis, Kassina senegalensis, Phrynobatrachus mababiensis, P. natalensis e Ptychadena anchietae) durante o levantamento realizado para a AIA (Deacon, 2014). Em conjunto, foram portanto registadas 11 espécies de anfíbios do Habitat Crítico, muito embora só tenha sido capturada uma numa armadilha de fossa (Error! Reference source not found.). A fauna de anfíbios conhecida como existindo no Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos (Jacobsen, et al., 2010) totaliza quase 20 espécies, com numerosas espécies não registadas da área de estudo. A fauna de anfíbios das ilhas ao largo do Arquipélago de Bazaruto também se encontra empobrecida, tendo somente sido registadas nove espécies da Ilha de Bazaruto, das quais quatro também ocorrem na Ilha de Benguerra (Broadley, 1990b, 1992). Fotografia 4-1: Dois anfíbios registados durante o levantamento de base de referência do Habitat Crítico; À esquerda: Sapo Gutural(Amietophrynus gutturalis), à direita: Rela de Argus (Hyperolius argus). As espécies mais comuns encontradas incluíram o Sapo Gutural (Amietophrynus gutturalis) e a Rela de Argus (Hyperolius argus) (Fotografia 4-1), ambas continuando a ser reprodutivamente activas com as rãs machos em coloração e chamadas vocalizadas de reprodução nas terras húmidas. Outros registos de vocalizações de rãs durante o levantamento incluíram: Hyperolius marmoratus, H. tuberlinguis, Afrixalus fornasini e Ptychadena mascarieniensis. No Anexo A apresenta-se uma lista completa dos anfíbios observados dentro do Habitat Crítico e da área de estudo durante o levantamento, bem como do Arquipélago de Bazaruto(Broadley, 1990b, 1992) e do Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos, Península de São Sebastião (Jacobsen et al., 2010). 4.2.3 Espécies de Anfíbios de Importância para a Conservação Nenhum dos anfíbios recolhidos na área mais vasta de estudo (Deacon, 2014) ou no Habitat Crítico (o presente levantamento) têm importância para a conservação. Todos estes são anfíbios característicos da faixa costeira do Oceano Índico, e a maior parte tem distribuições que se estendem desde Maputoland na África do Sul até à região costeira no sul do Quénia. A única espécie com uma distribuição geográfica restrita que ocorre perto da área de estudo é o Sapo Dourado (Afrixalus aureus), que ocorre nas terras baixas costeiras desde a província de KwaZulu-Natal na África do Sul até à região Sul de Moçambique (Poynton e Broadley, 1987). Esta espécie foi registada desde o Rio Jantique, a Sul do Chibuto (Branch, 2002), e é provável que ocorra na área de estudo dado existir um habitat apropriado. Esta espécie está bem Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 14 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE protegida em várias reservas da África Austral, e não está ameaçada a nível global. Jacobsen et al., (2010) registaram uma extensão considerável de distribuição geográfica do Sapo-das-árvores do Natal (Leptopelis natalensis), com uma população isolada no Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos na Península do Cabo de São Sebastião. Pensava-se anteriormente que esta espécie era endémica à Província do KwaZulu Natal e Província do Eastern Cape na África do Sul (Channing, 2001, Minter et al., 2004). Mais recentemente, esta espécie foi registada em Kosi Bay perto da fronteira com Moçambique (Pietersen et al.,, 2008). Portanto, a sua presença na região de Inhassaro-Vilankulo foi surpreendente e não foi subsequentemente confirmada, e não foi localizada no Habitat Crítico durante o presente levantamento. 4.2.4 Ameaças aos Anfíbios Não existe evidência de uso significativo directo de anfíbios nesta região, tanto para comércio internacional como para consumo como alimento a nível local. Assim, as ameaças aos anfíbios são indirectas, das quais as mais significativas são a perda de habitat devido às práticas agrícolas e de turismo existentes, ou a futuros empreendimentos na região, dos quais faz parte a proposta extracção de petróleo. A criação de estradas de acesso adicionais, associada com as fases de construção e de operação do projecto da Sasol pode dar origem a um aumento no acesso humano ao Habitat Crítico e consequente perda de habitat e fragmentação derivada do desmatamento de terras e degradação resultante da extracção de recursos. O aumento da fragmentação dos habitats pode dar origem a impactos secundários, incluindo mortalidades por atropelamento nas estradas e exposição a predadores conforme os anfíbios se movimentam de e para os locais de reprodução nas terras húmidas. A nível global, os anfíbios estão ameaçados devido à destruição dos habitats, uso de herbicidas e de pesticidas, e devido ao escoamento de fertilizantes. Para além disso, os números de anfíbios estão em declínio devido ao fungo quitrídio de anfíbios, que afecta os animais que estejam com um estado de saúde débil ou sob pressão por factores bióticos ou abióticos. 4.2.5 Associações de habitats de Anfíbios Nenhuns dos anfíbios confirmados no Habitat Crítico efectuam um desenvolvimento directo e estão todos portanto dependentes das águas estagnadas para a sua reprodução. Os sapos dos géneros Breviceps sp. (Sapos-da-Chuva) e os sapos Arthroleptis sp. têm girinos que se desenvolvem em terra do estado de incubação do ovo a metamorfose e ambos têm uma distribuição vasta em Moçambique. Embora os mapas gerais encontrados em Channing (2001) e Du Preez & Carruthers (2007) ilustram que estes estão distribuídos por toda a área costeira, não foram encontradas espécies destes géneros durante o presente levantamento, nem houve qualquer registo dos mesmos durante o levantamento de poços no Arquipélago de Bazaruto ou na Península de São Sebastião (Broadley, 1990b, 1992, Jabcobsen et al.,, 2010). A sua ausência na região parece, portanto, ser genuína. Devido ao substrato arenoso profundo do Habitat Crítico e área circundante, as terras húmidas encontramse somente onde a água subterrânea emerge na superfície. O escoamento nos riachos costeiros é ligeiro e pode-se antecipar que seja apropriado para o desenvolvimento de girinos. As terras húmidas associadas com os riachos costeiros são, portanto, de importância primária para a fauna de anfíbios, tanto para fins de reprodução como para alimentação. O uso directo dos tipos de vegetação circundante é portanto limitado e restrito às espécies maiores, mais tolerantes à dissecação, tais como os sapos (por ex., Amietiophrynus gutturalis). A degradação dos habitats circundantes devido ao desmatamento para o estabelecimento de machambas e derivado de danos causados por incêndios pode, no entanto, dar origem a mudanças na hidrologia das terras húmidas e assim, ter impacto indirecto sobre a fauna de anfíbios. Devido à sua intolerância à água salgada, não existem espécies de anfíbios em habitats de mangais, e este habitat não tem qualquer importância para os anfíbios locais. Devido às mudanças cíclicas na profundidade da água subterrânea, a área da superfície dos lagos-barreira na região circundante ao Habitat Crítico varia. Muitos são caracterizados por orlas desnudadas, arenosas com pouca vida vegetal emergente. Este facto inibe a reprodução dos anfíbios uma vez que os girinos a nadarem livremente na água são alvo de um nível elevado de predação por peixes e pequenas aves aquáticas, como por exemplo, o mergulhão-pequeno. Assim, a nível regional, estes têm uma importância menor na manutenção da diversidade de anfíbios. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Tabela4-1: Resultados dos conjuntos de armadilhas colocados. 1 (19-27 Março) Mosaico de canópia fechada de miombo e brenhas (21˚42’39.4”S, 35˚14’18.4”E, 47masl) 3 baldes 6 funis 10 Sherman Dias em que a armadilha foi deixada no local 24 baldes 48 funis 80 Sherman 2 (19-27 Março) Mosaico de matas e brenhas abertas (21˚41’58.2”S, 35˚12’49.1”E, 51masl.) Manchas arenosas extensas de brenhas abertas (21˚42’30.9”S, 35˚14’18.4”E, 31masl.) Orla da vegetação ribeirinha e ecótono com brenhas abertas (21˚42’30.6”S, 35˚14’22.9”E, 18masl.) 3 baldes 4 funis 8 Sherman Conjunto de Armadilhas 3 (20-27 Março) 4 (20-27 Março) Habitat & Localização RESUMO Armadilhas Capturas Número apanhado Grupo 4 2 1 1 1 1 1 4 Réptil Réptil Réptil Réptil Réptil Réptil Mamífero Mamífero 24 baldes 32 funis 64 Sherman 3 1 3 baldes 4 funis 6 Sherman 21 baldes 28 funis 42 Sherman 3 baldes 4 funis 6 Sherman 21 baldes 28 funis 42 Sherman 90 baldes 136 funis 228 Sherman 16 Nomes Científicos Réptil Réptil Lagartixa-da-Costa-Leste Lagartixa Bronzeada Cobra-Cuspideira Cobra-do-mato-variegada Cobra-da-barriga-listrada Osga-das-casas-tropical Musaranho-almiscardovermelho Rato-comum-da-floresta Lagarto-comum-da-areia Cobra-da-barriga-listrada Grammomys dolichurus Meroles squamulosus Psammophis orientalis 1 Réptil Cobra-da-barriga-listrada Psammophis orientalis 1 1 3 2 Réptil Réptil Réptil Anfíbio Lagartixa-da-Costa-Leste Lagartixa-com-marcas de Bazaruto Lagartixa-de-olhos-cobra Sapo-gutural Trachylepis depressa Mochlus cf. lanceolatum 14 4 2 3 1 3 1 Lagartos: Lagartixa-da-Costa-Leste Lagartixa Bronzeada Lagarto-comum-da-areia Lagartixa-com-marcas de Moçambique Lagartixa-de-olhos-cobra Osga-das-casas-tropical Trachylepis depressa, Trachylepis boulengeri Meroles squamulosus Mochlus cf. afrum Cobras: Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 Nomes Comuns Trachylepis depressa, Trachylepis boulengeri Naja mossambica Philothamnus semivariegatus Psammophis orientalis Hemidactylus mabouia Crocidura hirta Panaspis cf. wahlbergii Amietophrynus gutturalis Panaspis cf. wahlbergii Hemidactylus mabouia ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Conjunto de Armadilhas Habitat & Localização Armadilhas Dias em que a armadilha foi deixada no local Capturas Número apanhado Grupo 1 1 3 2 Nomes Comuns Nomes Científicos Cobra-Cuspideira Cobra-do-mato-variegada Cobra-da-barriga-listrada Naja mossambica Philothamnus semivariegatus Psammophis orientalis Sapo-gutural Amietophrynus gutturalis Musaranho-almiscardovermelho Rato-comum-da-floresta Crocidura hirta Anfíbios: 1 4 Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 17 Pequenos Mamíferos: Grammomys dolichurus ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE 4.3 4.3.1 Répteis Panorama Geral de Répteis a nível Regional Com a excepção das tartarugas de terra todos os répteis terrestres são carnívoros, muito embora alguns lagartos maiores complementem a sua alimentação com matéria vegetal em certas estações do ano. Assim, os répteis desempenham uma função importante na ciclagem de nutrientes nos ecossistemas e no controlo dos números dos animais abatidos por caça, que muitas vezes incluem espécies comuns de pestes. A fauna de répteis de Moçambique nunca foi sujeita a uma avaliação formal e portanto, existem conhecimentos limitados a este respeito. A fauna de répteis da região Sul de Moçambique (a sul do Rio Zambeze) foi alvo de uma avaliação em Branch (1998) e as cobras por Broadley (1990a). A integração das publicações acima referidas indica que ocorrem aproximadamente 153 espécies de répteis na região Sul de Moçambique. Devido à uniformidade topográfica e geológica na área de estudo existe uma diversidade relativamente baixa de habitats para répteis. A paisagem rural geralmente continua a reter uma diversidade rica de répteis, particularmente de lagartos. Ocorrem nesta região cobras grandes venenosas (por ex., a víbora, e a víbora-de-focinho e a cobra-cuspideira de Moçambique) (Jacobsen et al. 2010; Deacon, 2014), mas os seus números irão provavelmente ser reduzidos devido à caça e à perda de habitats e de animais de caça devido ao desmatamento de terras. Muitas espécies pequenas, terrestres, nocturnas provavelmente continuam a ser comuns nesta região. Os habitats de água doce em estado relativamente intocado (terras húmidas nos trechos superiores dos riachos costeiros) terão algumas espécies aquáticas (cágado-de-carapaça, Monitor do Nilo e cobras de água que se alimentam de rãs tais como as espécies Philothamnus sp. e Crotaphopeltis hotamboeia). Ocorrem em Moçambique aproximadamente 250 espécies de répteis, mas a endemicidade é considerada baixa (11-12 espécies), e é na sua maioria associada com as ilhas ao largo ou a regiões montanhosas isoladas. Segundo Broadley e Howell (2000), as florestas costeiras do norte de Moçambique, entre os Rios Rovuma e Zambeze continuam, na sua maior parte, inexploradas e necessitam urgentemente de uma investigação dado existirem espécies adicionais que continuam por ser descobertas. Para além disso, as espécies endémicas de regiões montanhosas isoladas (‘ilhas elevadas’) na região centro de Moçambique revelaram numerosas espécies endémicas novas (Branch & Bayliss, 2009, Branch & Tolley, 2010, Branch et al., 2014, Portik et al., 2013). A compilação de literatura publicada indica que pelo menos ocorrem 90 espécies na região de Inhambane. Jacobsen et al., (2010) registaram 40 espécies do Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos e pode-se também antecipar a ocorrência de muitas espécies na área de estudo (Anexo B). O MICOA (1998) providencia uma lista de répteis de possíveis espécies que podem ocorrer em Moçambique que se encontram listadas no Livro Vermelho de Dados da África do Sul (Branch, 1988b). No entanto, esta lista está desactualizada uma vez que a recente revisão à Lista Vermelha de Dados da África do Sul (Bates et al., 2014) efectuou uma revisão substancial ao estado de conservação de muitas espécies. Adicionalmente, o estado de conservação regional de espécies que se sabe ocorrerem na região sul de Moçambique irá provavelmente diferir. 4.3.2 Espécies de Répteis Registadas na Área de Estudo Durante o período do levantamento não ocorreram chuvas, o que ocorreu no final da estação de chuvas. A maior actividade dos répteis tinha portanto reduzido e somente foram registadas 26 espécies na área de estudo durante o levantamento actual e de levantamentos para a AIA realizados na área mais vasta de estudo (Deacon, 2014, Anexo 2). Destas espécies, 19 ou foram recolhidas ou indicadas como ocorrendo no Habitat Crítico. Somente uma das espécies (Varano-da-Água, Varanus niloticus) foi registada no habitat de terras húmidas costeiras durante o levantamento da AIA (Deacon, 2014). A actividade das cobras também reduziu e somente foram recolhidos oito exemplares (quatro espécies). O lagarto mais conspícuo devido ao substrato arenosos e aos habitats abertos foi o Lagarto-comum-da-areia (Meroles squamulosus), embora as lagartixas fossoriais e semi-fossoriais sejam comuns na região costeira Inhassaro-Vilankulo e no Arquipélago de Bazaruto e provavelmente não foram recolhidas amostras suficientes. A fauna de répteis conhecida no Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos (Jacobsen et al., 2010) totaliza 40 espécies, das quais muitas não foram registadas na área de estudo (Anexo B). Contudo, devido à brevidade deste levantamento e ocasião desfavorável para uma actividade de nível ideal de répteis, é provável que muitos destes também ocorram no Habitat Crítico e áreas circundantes. Pieterson (2014) adicionou um registo da Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 18 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Osga-de-veludo (Homopholis wahlbergii (= H. arnoldi, Broadley et al., 2013) de Inhassoro à fauna de répteis a nível regional. O Anexo B contém uma lista completa dos répteis observados no Habitat Crítico e na área de estudo durante o levantamento, e do Arquipélago de Bazaruto (Broadley, 1990b, 1992) e do Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos, Península de São Sebastião (Jacobsen et al., 2010). Os lagartos e cobras representativos do Habitat Crítico encontram-se ilustrados na Fotografia 4-2 e na Fotografia 4-3, respectivamente. 4.3.3 Espécies de Répteis de Importância para a Conservação (SCC) Embora o relatório da AIA sobre a fauna (Deacon, 2014) liste vários répteis de importância para a conservação, somente as tartarugas marinhas ameaçadas ocorrem nas proximidades da área de estudo, e não são relevantes para o presente estudo. Deacon (2014) incluiu a espécie Cordylus maculae (endémica à Serra Mecula no extremo norte de Moçambique), a espécie Kinixys natalensis (limitada às províncias de Mpumalanga e de KwaZulu-Natal na África do Sul, e não registadas em Moçambique), a espécie Platysaurus imperator (conhecida como existindo no Nordeste do Zimbabué e somente com uma ocorrência periférica em Moçambique), e a espécie Lycophidion nanus (limitada ao vale do Rio Zambeze e registada nas Planícies de Púnguè e recentemente no Parque Nacional da Gorongoza), mas nenhuma destas é sequer conhecida na Província de Inhambane e é pouco provável que qualquer uma delas venha a ocorrer na área de estudo. O Cágado-de-carapaça-mole do Zambeze (Cycloderma frenatum, considerado vulnerável na lista da IUCN) atinge o seu limite a Sul na bacia do Rio Save, e é desconhecida a partir do Rio Govuro. Incidentes recentes no Lago Malawi indicam que este cágado-de-carapaça-grande de grandes dimensões – o maior que existe e águas do Sul e Este de África – está a ser alvo de captura ilegal para o mercado asiático (Anon, 2013). Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 19 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Fotografia 4-2: Lagartos registados durante o levantamento de base de referência do Habitat Crítico. Canto superior à Esquerda – Lagartixa Bronzeada (Trachylepis boulengeri), canto superior à direita – Lagartixa-da-Costa-Leste (Trachylepis depressa); centro – Lagartixa-com-marcas-de-Moçambique (Mochlus cf. afrum); canto inferior à esquerda – Lagartixa Dourada Sem-pés (Acontias aurantiacus), canto inferior à direita – Lagarto-comum-da-areia (Meroles squamulosus). A Lagartixa Bronzeada (Trachylepis boulengeri, Fotografia 4-2) existe em habitats mésicos desde o Sul da Tanzânia até à região central de Moçambique. Foram recolhidos dois exemplares no habitat ribeirinho nas proximidades do Riacho Costeiro Nhangonzo. As espécies foram anteriormente consideradas como atingindo o limite a Sul da sua distribuição geográfica no Delta do Rio Zambeze, e os novos registos do Habitat Crítico estendem, de forma significativa, a sua distribuição em pelo menos mais 300 km para Sul. O único réptil com Importância para a Conservação (SCC) na área mais vasta de estudo ou no Habitat Crítico (o presente levantamento) podem ser vários répteis descritos como existindo no Arquipélago de Bazaruto, as quais estes foram considerados endémicos. A sua presença e o seu estado de conservação não foram levados em consideração no relatório da AIA (Deacon, 2014). Broadley (1990b, 1992) apresentou os resultados de uma série de levantamentos sobre a herpetofauna do Arquipélago de Bazaruto, e descreveu três espécies novas e três subespécies novas, todas as quais se pensa sejam endémicas às Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 20 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE ilhas. Subsequentemente, Jacobsen et al., (2010) registou três destas taxa (Lygosoma (=Mochlus) lancelatum, Scelotes arenicola insularis (= Scelotes insularis, Broadley, 1994), e Typhlosaurus (= Acontias) aurantiacus bazarutoensis) do continente (Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos, Península do Cabo de São Sebastião). Mais tarde, Broadley & Broadley (1997) relegou o anfisbénio fossorial Zygaspis longicauda (Broadley, 1990, Ilha de Bazaruto) como sinónimo de Z. violacea. Fotografia 4-3: Cobras registadas durante o levantamento de base de referência do Habitat Crítico. Canto superior à esquerda – Cobra-do-mato-variegada (Philothamnus semivariegatus), canto superior à direita – Cobra-da-barrigalistrada(Psammophis orientalis); canto inferior à esquerda – Cobra-cega de Fornasin (Afrotyphlops fornasini), canto inferior à direita – Cobra-cuspideira (Naja mossambica). Durante o presente levantamento foram encontrados no Habitat Crítico três exemplares de uma pequena lagartixa-de-olhos-cobra (Panaspis cf. wahlbergii) (Fotografia 4-4). Esta espécie também foi registada nas ilhas ao largo (Bazaruto e Benguerra) por Broadley (1990b, 1992), e no Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos (Jacobsen et al., 2010), mas não foi localizada no levantamento para a AIA (Deacon, 2014), muito embora tenha sido referida como de provável ocorrência na região. Os recentes estudos filogenéticos moleculares em lagartixas-de-olhos-cobra registaram níveis elevados de divergência elevada e numerosas linhagens crípticas presentemente subassumidas com enquadradas na ‘Panaspis wahlbergii’. Pelo menos seis novas espécies de Panaspis anteriormente confundidas com a espécie P. wahlbergii são agora indicadas como ocorrendo em Moçambique (Medina et al., 2015). Foi identificada uma suposta espécie nova de Panaspis da Beira, enquanto se sabe que a verdadeira espécie P. wahlbergii se estende até Inhambane. Não se realizaram estudos moleculares comparáveis em lagartixas-de-olhos-cobra(Panaspis sp.) do Habitat Crítico, do Arquipélago de Bazaruto, ou do Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos. O seu estado taxonómico correcto continua assim por resolver e a existência de uma nova espécie de Panaspis na região não pode ser excluída. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 21 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Fotografia 4-4: Uma possível espécie nova de Lagartixa-de-olhos-cobra (Panaspis sp.) do Habitat Crítico. Foi também registada uma série de três Lagartixas Douradas sem-pés escavadoras (Acontias aurantiacus) durante o actual levantamento de uma brenha secundária adjacente ao trilho para a ponte nova (e proposta conduta) que atravessa o Rio Govuro. Adicionalmente, foram recolhidas duas cobras-cegas fossoriais (Afrotyphlops fornasinii) e uma Lagartixa com Marcas (Mochlus cf sundevallii) no mesmo local, enquanto outra Lagartixa com Marcas (Mochlus cf afrum) foi recolhida numa armadilha de fossa no Habitat Crítico. Esta última é morfologicamente semelhante à Lygosoma (= Mochlus) lancelatum, considerada endémica às Ilhas de Bazaruto, Benguerra e Magaruque (Broadley, 1990b, 1992), mas subsequentemente registadas no Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos (Jacobsen et al., 2010). De forma semelhante, exemplares da Lagartixa-Dourada-sem-pés do Habitat Crítico partilha características morfológicas tanto da Acontias aurantiacus típica como da espécie ‘endémica’ A. a. bazaurutoensis. Jacobsen et al., (2010) referiram os exemplares desta lagartixa recolhida no habitat das matas de Miombo e Brenhas de Dunas na Península do Cabo de São Sebastião a esta subespécie, mas fizeram uma observação sobre a variação morfológica na série que era um composto das raças insular e do continente. Segundo o que se sabe actualmente, somente duas das seis endemias insulares descritas por Broadley (1990b, 1992), ou seja, a Lagartixa de Dutton (Scelotes duttoni) e a Lagartixa-Dourada-sem-pés de Santa Carolina (Typhlosaurus (= Acontias) aurantiacus carolinensis, continuam como espécies rigorosamente endémicas ao arquipélago. Jacobsen et al., (2010), e anteriormente, Broadley (1990b, 1992) fizeram uma anotação da variação fora do comum da escala na população de Cobras-Estilete (Atractaspis bibroni) no Arquipélago de Bazaruto e área continental adjacente. Esta cobra venenosa fossorial tem uma distribuição vasta nos habitats arenosos na África Oriental e Austral, e filogenias moleculares preliminares também sugeriram uma divergência genética profunda e espécies crípticas no complexo da espécie (Portillo, Greenbaum, Branch não publ. obs.). É evidente que a confusão relativa à taxonomia dos répteis ‘endémicos’ do Arquipélago de Bazaruto e área continental adjacente (incluindo a área do Habitat Crítico) continua por resolver, e portanto requer um estudo filogenético molecular actualizado. O estado de conservação dos répteis ‘endémicos’ a Bazaruto nunca foi alvo de uma avaliação. Até ao presente levantamento, todos os registos das cinco taxa ‘endémicas’ presentemente reconhecidos eram atribuídos a locais protegidos, dado que as Ilhas de Bazaruto formam parte do Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto, enquanto o Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos é uma reserva privada na extremidade da Península do Cabo de São Sebastião. Não obstante este facto, ambas as áreas protegidas estão sob vários tipos de ameaças relacionadas com a fragmentação do habitat e a degradação causada pela extracção legal e ilegal de recursos pelas comunidades residentes no local e circunvizinhas. Devido à Área de Ocupação destas comunidades e as suas ameaças ambientais contínuas ser relativamente pequena, é provável que todos as cinco taxa adiram aos critérios da IUCN aplicável a espécies vulneráveis. A população de lagartixas-de-olhos-cobra provavelmente representa uma espécie nova, e portanto, constitui um outro candidato a ser levado de importância para a conservação na região. Pelo menos três, possivelmente mais, destes répteis fossoriais localizados ocorrem na região do Habitat Crítico. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 22 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE 4.3.4 Ameaças aos Répteis Não existe qualquer evidência de uso directo significativo dos répteis na região, tanto para o comércio internacional como para o consumo alimentar. Assim, as ameaças podem ser essencialmente indirectas, das quais o aspecto mais significativo é a perda de habitat devido às existentes práticas agrícolas na região. O estabelecimento de estradas de acesso também deu origem a um aumento no acesso à área a Leste do Rio Govuro, que pode estar ligado, até certo ponto, a uma presença humana mais acentuada e o aumento da perda do habitat e fragmentação derivada dos desmatamento das terras e a fragmentação devido aos desmatamento e degradação resultante da extracção de recursos. As densidades de cobras grandes na região estão provavelmente reduzidas devido à perseguição pelas populações locais. Todas as pessoas entrevistadas reconheceram que abatem todas as cobras que vêem, independentemente do seu tamanho e sejam ou não venenosas. De facto, todas as cobras são assumidas como sendo venenosas, e este comportamento só será mitigado através de acções educacionais visadas para o público. Todas as tartarugas terrestres são apanhadas para fins alimentares, e durante a realização deste levantamento não foram avistadas nenhumas, embora a maior parte da terra no Habitat Crítico seja apropriado para tartarugas. Não registada qualquer perseguição de lagartixas. A caça e a exploração de répteis marinhos são proibidas em Moçambique pela Lei de Floresta e Fauna Bravia (Decreto Nº. 12/2002, de 6 de Junho de 2002). No entanto, foi encontrada evidência do abatimento de tartarugas verdes adultas (Chelonia mydas) na área frontal da praia na foz do Riacho Costeiro Nhangonzo na área do Habitat Crítico (Fotografia 4-5), bem como uma caveira e outros fragmentos de ossos ao longo da praia. Jacobsen et al., (2010) também notou evidência da exploração ilegal de tartarugas marinhas, encontrando carapaças e caveiras de Tartarugas Verdes ao longo do perímetro da Península do Cabo de São Sebastião. Outras ameaças também incluem mortes incidentais de Tartarugas Oliváceas em redes de emalhar descartadas (Jacobsen et al., 2010). Fotografia 4-5: Tartaruga Marinha Verde grande esquartejada na praia na foz do Riacho Costeiro Nhangonzo. 4.3.5 Uso a nível Local e Conhecimentos sobre os Répteis Os conhecimentos e informação sobre o uso de mamíferos foram recolhidos através de uma entrevista com o Régulo Moisés Suquisso Vilanculos do povoado Mapanzene-Nhangonzo a 26 de Março de 2015. Foram mostradas ao régulo e a outros elementos da população, imagens de répteis comuns (Branch, 1998) na região e foi feito um registo dos seus comentários. Crocodilos – Não existe nenhum presente nos riachos costeiros, embora estes ainda ocorram o Rio Govuro. Camaleões – Estes répteis conspícuos existiam, e embora considerados venenosos, eram comidos. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 23 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Monitores (Varanus) – Somente está presente o Monitor da Água (V. niloticus), mas este não é usado para fins de alimentação. Quelónios – Entre as tartarugas terrestres somente existe o Cágado-Articulado-Oriental (Kinixys zombensis). Estes eram considerados como abundantes e usados para alimentação quando apanhados. Os cágados de água doce eram raros, limitados mais a águas abertas nos trechos medianos do Riacho Costeiro Nhangonzo, e não “são comidos devido ao seu cheiro”. Cobras – O Pitão (Python natalensis) era considerado comum e uma peste, encontrando-se um por mês, e com um cabrito morto por mês. Assim, os pitões eram mortos quando encontrados, mas não usados para a alimentação embora a gordura fosse usada na medicina tradicional. A Víbora-comum (Bitis arietans) e a Cobra-cuspideira (Naja mossambica) eram consideradas comuns. As mordidelas de cobras ocorriam (uma pessoa por ano mordida, mas sem fatalidades recentes) e geralmente tratada localmente com medicina tradicional. 4.3.6 Associações de Habitats de Répteis A diversa fauna de répteis da região encontra-se distribuída pelos vários tipos de vegetação. Existem alguns especialistas aquáticos, embora os crocodilos estejam agora extirpados localmente nos riachos costeiros e terras húmidas. É provável que existam varanos de água, cágados de água doce e várias cobras que se alimentam de rãs (por ex., Crotophpeltis hotamboeia, Dipsadoboa flavida broadleyi, etc.). e estão dependentes do funcionamento dos sistemas de terras húmidas. A maior parte das cobras na região são predadoras de lagartixas ou de mamíferos pequenos encontrados nos vários habitats. Somente o Grande Pitão da África Austral (Python natalensis) pode ser afectado, de forma significativa, pelo existente uso da terra e pelo declínio na sua classe de presas de mamíferos. As queixas de que este come os cabritos reflectem simplesmente a não disponibilidade de presas naturais para os pitões. Não existem especialistas de habitats de mangais nesta região, e este habitat tem uma importância muito pequena para os répteis locais. O réptil importante SCC, especialmente os lagartos endémicos, localizados fossoriais e a espécie provavelmente não descrita de Panaspis e Atractaspis (ver acima), são distribuídos por todos os habitats terrestres, particularmente em mosaicos de matas e brenhas com camadas profundas de folhas espalhadas não degradadas. Embora algumas destas espécies sobrevivam em vegetação secundária associada com machambas, estas são susceptíveis à frequência cada vez maior de incêndios durante a estação seca a à perseguição durante as actividades agrícolas (muitos destes lagartos assemelham-se a cobras). A protecção destes habitats essenciais dado estarem sujeitos a uma perturbação antropogénica cada vez maior causada pela população humana em crescimento. Pode-se antever que o melhoramento das ligações de transporte local, particularmente através da nova ponte que atravessa o Rio Govuro, resulte num aumento substancial no número populacional, que terá impacto sobre a área e o seu habitat. 4.4 4.4.1 Aves Panorama Geral das Aves a Nível Regional A Birdlife International (2013) registou 669 espécies de aves em Moçambique. Parker (1999) efectuou o mapeamento da distribuição de 525 espécies de aves a Sul do Save, Moçambique (ou seja, Moçambique a sul do Rio Save). Excluindo as espécies marinhas, foram registadas um total de 275 espécies de aves da região costeira de Inhambane durante o projecto do Atlas de Aves da África Austral (Harrison et a., 1997). Read et al., (2014) registaram 289 aves do Santuário de Fauna Costeira de Vilanculos, bem como 22 espécies não confirmadas, atingindo um total de avifauna de potencialmente301 espécies. Esta inclui populações notáveis de aves como o Flamingo Comum, Tarambola-caranguejeira, Abelharuco-malgaxe, e o Canário-de-peito-Limão. Outras espécies SCC incluem o Grou-carunculado, a Fragata-grande, o Marreco do Cabo, o Borrelho de Dedos-Compridos, a Águia-cobreira-barrada-oriental, a Gaivina-de-dorso-preto, a Gaivina-de-bico-peto, o Guincho-comum, e o Pica-pau-de-dorso-verde, todas elas espécies que são raras na região sul de Moçambique. A maior parte das aves que irá provavelmente ser encontrada na área de estudo são as que estão associadas com os rios costeiros, vegetação ribeirinha, áreas de terras húmidas e florestas costeiras de Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 24 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE mangais. Muitas destas aves têm uma distribuição extensa e são relativamente tolerantes de perturbações humanas; por ex.: a Carraceira, a Singanga, Peneireiro-de-bico-amarelo, Rola do Cabo, Rabo-de-junco-depeito-barrado, Seminarista, Tutinegra-de-olhos-negros, Peito-celeste, etc. Estas são espécies com algumas das densidades mais elevadas na região sul de Moçambique - Peito-celeste, 71 aves/100 ha; Rola do Cabo, 80 aves/100 ha; e Tutinegra-de-olhos-negros, 41 aves/100 ha (Parker, 1999). Parker (1999) faz a observação de que os dois habitats de aves mais ameaçados na região sul de Moçambique são as florestas de Brachystegia altas e as florestas costeiras, nenhuma das quais ocorre na área de estudo. No entanto, existem numerosas aves ameaçadas que estão associadas com terras húmidas, linhas de drenagem e brenhas abertas, e são muitas vezes intolerantes a habitats perturbados e cultivados. Das 55 espécies nativas listadas relativamente a Moçambique na Lista Vermelha da IUCN 2009, 9 espécies não marinhas têm âmbitos de distribuição que se enquadram na área de estudo (IUCN 2009), e é provável que ocorram. Não existem aves endémicas ao sul de Moçambique (Parker, 1999, 2000). Embora Mlingwa et al., (2000) listem várias espécies de aves endémicas ou quase endémicas ao mosaico regional Zanzibar-Inhambane (por ex., Petinhas Malindi (Anthus melindae), Zaragateiro Escamoso (Turdoides squamulatus), Fuinha-do-rio (Cisticola restrictus), Beija-flor de-peito-violeta (Nectarinia chalcomelas), Quebra-de-sementes-menor (Pyrenestes minor), e Beija-flor-cinzento (Nectarinia veroxii), nenhuma destas espécies foi registada a sul do Rio Zambeze (e a maior parte nem existe em Moçambique) e é portanto pouco provável que sejam encontradas na área de estudo. 4.4.2 Espécies de Aves Registadas na Área de Estudo Excluindo as espécies marinhas, foram registadas 130 espécies de aves durante os transectos de Verão no Levantamento para a AIA da área mais vasta de estudo (Deacon, 2014). Embora existam 92 espécies listadas como potencialmente ocorrendo nas terras húmidas costeiras, somente 24 foram na realidade listadas (Deacon, 2014, Anexo C). O presente levantamento de aves concentrou-se, essencialmente, no Habitat Crítico, mas foi feito no Outono no fim da estação chuvosa, quando a maior parte da actividade de reprodução de aves já tinha cessado. Não obstante este facto, foram registadas 135 aves durante este levantamento, das quais 132 espécies foram confirmadas como estando presentes no Habitat Crítico. No Anexo C apresenta-se uma lista de aves observadas no Habitat Crítico e área de estudo circundante durante o levantamento. 4.4.3 Espécies de Aves de Importância para a Conservação (SCC) A Bird Life International (2013) fez o registo de 28 aves globalmente ameaçadas em Moçambique, incluindo uma em Perigo Crítico, 11 espécies em Perigo e 14 espécies Vulneráveis. A Águia Marcial foi registada na área de estudo. A sua presença neste Habitat Crítico é provavelmente marginal (não foi registada durante o levantamento actual). Foram observados vários bandos de Canários-de-peito-limão quase endémicos na margem Oeste do Habitat Crítico. Embora anteriormente considerado Quase Ameaçado em Moçambique, este encontra-se listado somente como de Menor Preocupação (IUCN 2014). Este foi e pode ainda ocasionalmente ser alvo do comércio internacional e nacional de aves de estimação (Parker, 1999). 4.4.4 Ameaças a Aves Não foi registada evidência directa do uso significativo de aves nesta região. No entanto, as populações locais confirmaram durante entrevistas realizadas, que muitas das aves são apanhadas com armadilhas ou abatidas (principalmente com fisgas ou arco e flechas). A ausência, ou quase ausência de muitas aves de tamanho grande, particularmente as que fazem ninho no chão, tal como borrelhos, francolins, perdizes, e alcaravões, etc., é indicada de um nível elevado de pressão devido à caça. Registou-se uma carência semelhante de aves que nidificam nos caniçais, por ex., tecelões, cardeais, viúvas, etc. Os ovos dos ninhos são facilmente roubados durante a estação de reprodução e somente o Tecelão Malhado, que nidifica nas extremidades das folhas de palmeira, é comum perto dos povoados. Foram observadas várias aves de rapina, e a sua perseguição pelas populações locais era provavelmente devida à disponibilidade de proteína de peixes, e portanto, a falta de dependência das comunidades locais de galináceos. A um nível de sistema, o risco para a fauna, e em especial para as aves, nas terras húmidas de Nhangonzo, se as populações humanas na área vierem a melhorar, seria exacerbado pela prática de movimentar o gado para estas áreas durante os períodos secos. Este facto é exemplificado pela vasta turfeira na fonte do Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 25 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Riacho Costeiro Cherimera no sul da área de estudo, que ilustra as consequências do fácil acesso e da falta de protecção. As terras húmidas encontravam-se na sua maioria secas durante o período do levantamento, e foram portanto sujeita a uma pastagem extensiva. Esta área também é provavelmente queimada regularmente durante a estação seca para estimular mais o crescimento das gramíneas para a pastagem de gado. Estes impactos já estão a degradar estas áreas, e comprometem a estabilidade e funcionamento das terras húmidas a jusante, o que afecta toda a fauna. 4.4.5 Associações de Habitats de Aves Deacon (2014) faz o resumo das associações de habitats de grande parte da fauna de aves local, muito embora este não tenha levado em consideração a avifauna marinha e estuarina. Devido à sua natureza com vegetação densa, os trechos de turfeiras nos riachos costeiros suportam, presentemente, só aves aquáticas crípticas pequenas, tais como frangos-de-água, cordonizões e felosas. Não existem patos e somente foi observado um pequeno grupo de patos-ferrões nas pequenas manchas de águas abertas nestas terras húmidas. Durante os períodos de chuvas intensas, especialmente associadas com as actividades periódicas de ciclones, as terras húmidas podem ter águas abertas mais extensas e portanto atrair aves aquáticas, etc. Read et al. (2014) sugeriram que a recarga episódica das terras húmidas subterrâneas através dos ciclones tropicais constitui um factor ecológico importante e não considerado na criação de habitats apropriados para a reprodução de aves aquáticas em Moçambique. Segundo as condições actuais, as águas abertas dos lagos barreira e os lagos associados com a planície de inundação do Rio Govuro são mais apropriadas para espécies de águas abertas tais como corvos-marinhos, mergulhões-serpente e patos. Contudo as quantidades destas espécies nestes habitats são provavelmente reduzidas devido aos impactos antropogénicos (ver o acima referido). Os mangais, planícies lodosas e bancos de areia dos trechos estuarinos dos riachos costeiros, em particular o do Riacho Costeiro Nhangonzo formam um habitat apropriado para muitas aves especialistas, por ex.; o Pica-Peixe dos Mangais, a Águia-Pesqueira Ocidental, e muitas aves pernaltas residentes e paleárticas (Fotografia 4-6). Fotografia 4-6: Maçarico-galego, Borrelho Cinzento, Rolas do mar na foz do Riacho Costeiro Nhangonzo. A maior parte das aves na região estão dependentes dos habitats terrestres. Uma componente importante altamente visível da avifauna nos habitats terrestres foi o grande número de migrantes paleárticos e infraafricanos, particularmente rolieiros, abelharucos, lagareiro de dorso vermelho e vários tipos de andorinhas. Adicionalmente, é provável que numerosas aves migrantes insectívoras intra-africanas, particularmente pica-peixes e lagareiros, tivessem já partido. Assim, estes habitats formam parte de uma rede importante de habitats na faixa costeira de Moçambique utilizados tanto pela avifauna local como migrante. Pequenos passeriformes granívoros (pintadinhas, canários, etc.) registaram-se infrequentemente, provavelmente devido à falta de sementes da reduzida cobertura de vegetação herbácea nos solos arenosos. Desconhecese o papel do uso frequente de incêndios pela comunidade local para controlar a cobertura de vegetação herbácea, que tem um impacto indirecto sobre a disponibilidade de um recurso alimentar (sementes) para as aves granívoras. As aves granívoras maiores, particularmente o francolim e as perdizes eram raras, e os seus números estão provavelmente reduzidos devido à caça a nível local e ao uso de armadilhas. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 26 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE 4.5 4.5.1 Mamíferos Panorama Geral de Mamíferos a nível Regional A caça para fins de subsistência local e a destruição dos habitats durante um período de tempo prolongado causou uma enorme perda da biodiversidade de mamíferos de médio e grande porte e na densidade da população de mamíferos em muitas áreas de Moçambique. Este estudo no terreno não é excepção. A perda e fragmentação do habitat de matas e brenhas, em particular, significa que existiam poucos refúgios para os animais selvagens e outros mamíferos para estes fugirem às pressões da caça. A exploração não sustentável da fauna levou à perda quase total da fauna de mamíferos de grande porte que anteriormente ocorrera nesta região (Smithers e Tello, 1976). Este declino nos números de mamíferos está na base do levantamento aéreo nacional de fauna selvagem realizado por Agreco (2008), que englobou quase toda a área de Moçambique, e informou sobre os números de mamíferos de grande porte. Este levantamento cobre toda a Província de Inhambane, e em geral notou um declino nos âmbitos de distribuição de grande parte da vida selvagem. O estudo especializado sobre a fauna realizado pelo Projecto de Gás Natural da Sasol(Deacon, 2014) registou 47 espécies de mamíferos na Área mais vasta de estudo, mas somente foram registados dois mamíferos (Manguço da Água e Lebre Salteadora) nas terras húmidas costeiras. Devido à severa pressão da caça e aumento de assentamentos populacionais, é provável que a presença de mamíferos de grande porte nesta área seja muito limitada dado não existirem áreas não afectadas pela actividade humana. Os mamíferos de grande porte são caçados na área e os únicos mamíferos maiores que ainda são encontrados são antílopes pequenos, tímidos (por exemplo, a Imababala e o cabrito do mato). Foi registada nas ilhas do Arquipélago de Bazaruto uma fauna de mamíferos empobrecida. Todas incluem todas as espécies de tamanho pequeno a médio comuns na área continental adjacente. Todas incluíram espécies pequenas a médias comuns na área continental adjacente, e não se registaram quaisquer espécies ou subespécies mamíferas endémicas (Downs & Wirminghaus, 1997). 4.5.2 Mamíferos Registados na Área de Estudo A maior parte das observações de mamíferos foram incidentais, e foram recolhidos poucos mamíferos nos conjuntos de armadilhas. Não foram observados directamente quaisquer mamíferos de tamanho médio ou de grande porte, durante todo o levantamento. Durante uma entrevista com as populações locais e com base na observação ou visualização directa (ver a seguir) tornou-se evidente que os mamíferos na região estavam sujeitos a uma intensa pressão em termos de caça, e foi reconhecido que mutas espécies se encontravam no momento actual regionalmente extirpadas (por ex., o leopardo, o búfalo, o hipopótamo, o porco-espinho, o pangolim), ou existem em números muito baixos (macaco, esquilo, cabrito do mato, etc.). Os poucos mamíferos pequenos avistados (por ex., o manguço esbelta e o macaco-simango) eram tímidos e não permitiram um abordagem de perto (<100m). Os trilhos e rastros mais conspícuos eram os do manguço-de-água nas margens dos riachos costeiros e estuários, e da toupeira dourada e do rato-comumfurador em solos arenosos num habitat aberto de brenhas. De Castro & Grobler (2014b) registaram a presença de espécies adicionais, incluindo o manguço-listrado, impala, inhala e leopardo, todas elas a habitarem uma área de vegetação mais densa na orla Norte do Riacho Nhangonzo. A presença das últimas três espécies foi baseada em entrevistas com a população local, e a sua presença não foi confirmada durante este levantamento. Adicionalmente, a presença de dois destes mamíferos, (inhala e leopardo), foi especificamente negada durante as actuais entrevistas com as populações locais (ver a seguir). É possível que a inhala tenha sido confundida com uma imbabala que é uma espécie com uma morfologia semelhante, mais comum e mais vastamente dispersa. Só foi recolhida uma espécie no conjunto de armadilhas de Sherman (Fotografia 4-7).Esta espécie foi o Rato-comum-da-floresta (Grammomys dolichurus), tendo todos os quatro indivíduos sido capturados numa única noite numa pequena área de mosaico de matas de canópia fechada de miombo – mosaico de brenhas costeiras. Foi feita a recolha de um Musaranho-almiscardo-vermelho (Fotografia 4-8) numa armadilha de fossa na orla ribeirinha que delimita o pântano de turfas do Riacho Costeiro Nhangonzo (Tabela4-1). Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 27 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Fotografia 4-7: Rato-comum-da-floresta (Grammomys dolichurus). Fotografia 4-8: Musaranho-almiscardo-vermelho (Crocidura hirta). Encontra-se apresentada no Anexo D uma lista completa de 26 mamíferos observados no Habitat Crítico e na área de estudo durante o levantamento. No total, foi confirmada a presença de 13 espécies, enquanto foram registadas outras 13 adicionais (embora algumas necessitem de confirmações e a sua presença ou é disputada ou é duvidosa). 4.5.3 Espécies de Mamíferos de Importância para a Conservação (SCC) Nenhum dos mamíferos terrestres remanescentes no Habitat Crítico ou na área adjacente se encontram ameaçados tanto a nível global como regional (IUCN 2014) e a maior parte possui distribuições relativamente vastas. No entanto, devido aos números reduzidos existentes algumas espécies estão a tornar-se extintas a nível local (Macaco-Simango, Babuíno Chacma, impala, jágaras). 4.5.4 Ameaças aos Mamíferos As comunidades locais têm um impacto alto sobre a ecologia da área de estudo. A caça para fins de subsistência, recolha de recursos, perda de habitats devido ao desmatamento, e a pastagem de gado afectam todos, de forma severa, os agrupamentos de mamíferos em toda a região. Os cabritos, porcos e gado bovino têm uma influência óbvia sobre o ecossistema e sobre os vários habitats no local de estudo. Os cabritos e o gado bovino têm efeitos produtos de pastagem excessiva e espezinhar da vegetação e dos solos enquanto os porcos afectam de forma acentuada as terras húmidas devido ao chafurdar nas mesmas bem como devido aos efeitos de remoção de forragem. Os cães selvagens africanos (Canis africanus) têm uma influência profunda sobre os mamíferos de maior porte na área de estudo. Os cães nesta área formam Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 28 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE matilhas temporárias a fim de complementarem a sua alimentação. Estas matilhas também são usadas para caçar pelos caçadores locais. Com o aumento do acesso à região e a afluência crescente da população local, prevê-se um aumento no comércio de animais selvagens (carne de caça) devido às preferências culturais por certos tipos de carne, e devido ao valor económico atribuído ao gado (Lindsey & Bento, 2010). A raridade, e provável falta de muitos mamíferos de grande e médio porte nesta região, incluindo no Habitat Crítico, é indicativa de um longo historial de uso, tanto para consumo alimentar a nível local como regional. A caça insustentável contínua de mamíferos nesta região foi observada quando foram encontrados três caçadores no Habitat Crítico (21°44’40.1”S, 35°14’57.5”E) com animais de caça recentemente abatidos (Fotografia 4-9), incluindo três Macacos-Simango (Cercopithecus mitis) e uma Geneta-de-malhas-grandes (Genetta tigrina). Os animais tinham sido caçados em matas densas com matilhas de cães até recuarem para as árvores, e tinham sido abatidos com arco e flecha. Os caçadores confirmaram que os macacos tinham sido abatidos para uso da carne para alimentação. Estes também tinham apanhado um macaco jovem (Fotografia 4-10), provavelmente a cria de um dos adultos abatidos. Este macaco jovem ia ser vendido, com um preço antecipado de 1000 Meticais. Fotografia 4-9: Animais caçados – três Macacos-Simango adultos e uma Geneta de Malhas Grandes. Fotografia 4-10: Um Macaco-Simango juvenil vivo mantido por um dos caçadores para venda. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 29 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE 4.5.5 Uso Local de Mamíferos Os conhecimentos e informação sobre o uso de mamíferos foram recolhidos através de uma entrevista com o Régulo Moisés Suquisso Vilanculos do povoado de Mapanzene-Nhangonzo a 26 de Março de 2015. Foram mostradas ao régulo e a outros elementos da população, imagens de mamíferos comuns (Kingdon, 2004) na região e foi feito um registo dos seus comentários. A caça de animais selvagens de vários grupos para uso da carne era comum, existindo vários caçadores activos. As pessoas da ‘cidade’ também aqui se deslocavam para caçar a fim de vender o seu produto noutro local, mas não houve resposta relativamente à frequência desta ocorrência. Primatas – Os entrevistados não fizeram distinção entre o Macaco-Simango e o Babuíno Chacma. Ambas as espécies foram consideradas como pestes dado destruírem os campos de milho. Foi indicado que alguns macacos eram usados por algumas pessoas para fins de alimentação. As Jágaras, ambas espécies de jagras (Galago e Galagoides sp.) e a Jagra-Gigante (Otolemur crassicaudatus) foram reconhecidas, e foi confirmado que estas eram utilizadas para alimentação e apanhas com armadilhas. Chiroptera – Os morcegos insectívoros eram conhecidos (“nas habitações antigas”), mas os morcegos da fruta eram desconhecidos. Rodentia – Os esquilos eram conhecidos e usados para alimentação, mas raramente dado o número que remanesce é muito reduzido. Os Ratos-Toupeiras (Cryptomys hottentotus) também eram conhecidos, mas não usados para alimentação, enquanto o porco-espinho (Hystrix africaeaustralis) era frequentemente usado para alimentação, mas antigamente eram muitos, mas agora nenhuns”. Carnívoros – O leopardo (Panthera pardus), a Hiena Estriada (Crocuta crocuta), o Chacal Listrado (Canis adustus), e o Texugo-de-Mel (Mellivora capensis) existiam anteriormente, mas já não se conhecia a sua ocorrência nesta região. A Lontra do Cabo (Aonyx capensis) e vários manguços não eram conhecidos nem reconhecidos. A Genetade-malhas-grandes (Genetta tigrina) continuava a ser comum e era apanhada com armadilhas ou caçada com cães e com arco e flecha, mas geralmente não era vendida dados poucas pessoas a usarem para fins de alimentação. A Civeta Africana (Civettictis civetta) existia, era apanhada com armadilhas e consumida, não obstante o seu cheiro. Ruminantes – O Búfalo do Cabo (Syncersus caffa) existia quando o Régulo era jovem (1950-1960) mas já tinha desaparecido. Os ruminantes de grande porte, por exemplo, o Cudo (Tragelaphus strepsiceros), não eram conhecidos na região, muito embora espécies secretivas tais como a Imbabala (Tragelaphus scripta), o Cabrito Vermelho (Cephalophusnatalensis), e o Changane (Neotragus moschatus) existiam e eram ocasionalmente capturadas. De surpreender a referência feita à presença de um pequeno grupo de Impalas (Aepyceros melampus), sendo uma caçada por ano e vendida por mercado (150-200 Meticais por uma coxa). Outros – O Pangolim (Manis temminckii) era visto ocasionalmente durante a estação das chuvas e era sempre abatido devido ao valor das suas escamas na medicina tradicional, tanto a nível local como internacional. O Urso-formigueiro(Orycteropus afer) não era conhecido, e o Hipopótamo (Hippopotamus amphibius) muito embora existisse antigamente já não existia no Rio Govuro. O Porco-bravo (Potamochoerus porcus) existia, mas era raro, e causava danos às colheitas nos campos, enquanto o Javali-africano (Phacocoerus aethiopicus) não existia. 4.5.6 Associações de habitats de Mamíferos O único mamífero aquático nesta região foi o Manguço-de-água, muito embora fosse provável a ocorrência da Lontra do Cabo nesta região, embora com uma densidade baixa. Não existem mamíferos que estejam dependentes da floresta de pântanos ou do habitat de mangais, embora Downs e Wilminghaus (1997) tenham feito a observação de que foi frequentemente observado um bando de Macacos-Simango em florestas de pântanos na Ilha de Bazaruto. Pensou-se que a perda de recursos alimentares nos habitats terrestres adjacentes tenha estimulado esta mudança no uso de habitats. O único bando de MacacosSimango observado no Habitat Crítico também estava associado com a faixa estreita de floresta ribeirinha ao longo do braço inferior do Riacho Costeiro Nhangonzo(e que foi subsequentemente caçado – ver acima). Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 30 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE A maior parte da fauna de mamíferos sobrevivente no Habitat Crítico está associada com o habitat de matas e brenhas. Para os poucos ruminantes remanescentes (cabrito do mato, imbabala e possivelmente a impala) as manchas mais densas de Matas Baixas Fechadas de Miombo e o Mosaico adjacente de Matas & Brenhas, particularmente ao longo do braço superior do Riacho Costeiro Nhangonzo, oferecem refúgios devido à sua densidade e distância das machambas e povoados circundantes. Estes continuam a ser críticos para a sobrevivência desta componente em redução da fauna de mamíferos. É provável que estas matas fechadas também sejam importantes para outros mamíferos mais pequenos incluindo jágaras, esquilos e roedores das matas. 5.0 JUSTIFICAÇÃO FAUNÍSTICA PARA O HABITAT CRÍTICO O conceito de ‘Habitat Crítico’ foi desenvolvido pela International Finance Corporation (IFC, 2012) relativamente a áreas com alto valor de biodiversidade, e incluem: 1) Habitat de importância significativa para Espécies Criticamente Ameaçadas (CR) e/ou Ameaçadas (EN); 2) Habitat de importância significativa para espécies endémicas e/ou espécies com um raio de acção restrito; 3) Habitat de importância significativa para concentrações globalmente significativas de espécies migratórias e/ou congregantes; 4) Áreas com ecossistemas únicos e/ou altamente ameaçados; e/ou 5) Áreas que estão associadas a processos evolutivos chave. Entre as características significativas adicionais (relevantes para este exemplo) é que o Habitat Crítico tanto deve ser: 6) Uma área onde existem concentrações elevadas de espécies Vulneráveis (VU) nos casos em que exista incerteza relativamente à sua listagem, e onde o estatuto real das espécies possa ser EN ou CR; 7) Uma área com níveis especialmente elevados de diversidade de espécies; e 8) Uma área com alto valor científico, como aquelas que contêm concentrações de espécies novas e/ou pouco conhecidas pela ciência. A promoção da área de estudo como um ‘Habitat Crítico’ (De Castro & Grobler, 2014a, Deacon, 2014) foi baseada quase completamente na diversidade botânica e raridade associada com os pântanos de turfas e vegetação circundante dos riachos costeiros. O suporte faunístico para a região como um Habitat Crítico significava pouco mais do que a observação de que: “O Habitat Crítico contém o habitat remanescente mais importante para os ungulados, e provavelmente para outros mamíferos, dentro da área de estudo para Este do Govuro. Tal reflecte-se pelo facto de que o único bando de Babuínos Chacma na área de estudo foi registado dentro deste Habitat Crítico.” Com a excepção das rãs, existe um número relativamente baixo de espécies de vertebrados que estão dependentes das terras húmidas associadas com os riachos costeiros. A vegetação principal tanto impede a movimentação como gera condições relativamente anóxidas que restringem tanto os números de peixes como de girinos (consultar o Estudo de Base de Referência sobre a Fauna de Peixes e o Habitat Aquático – Anexo C). A falta de águas abertas também exclui as aves aquáticas e a maior parte das aves piscívoras, excepto o pica-peixe pequeno. As parcelas de matas e brenhas fechadas baixas de miombo existentes no Habitat Crítico circundantes aos habitats de terras húmidas oferecem abrigo aos ungulados remanescentes. No entanto, estas parcelas são demasiado pequenas para manter uma viabilidade, a longo prazo, das populações de mamíferos, mesmo se a pressão da caça insustentável for completamente eliminada. Dada a sua maior mobilidade e tamanho menor, várias aves utilizam estes bolsões de vegetação mais densa. Em associação com os mangais e habitats estuarinos adjacentes, estes formam um mosaico de diversidade de habitats que suporta uma diversidade significativa de aves. A proximidade do Habitat Crítico com outros santuários protegidos na Península do Cabo de São Sebastião e no Arquipélago de Bazaruto permite o recrutamento e fluxo de genes para aves que não é possível para os mamíferos de maior porte. O Habitat Crítico pode, portanto, funcionar como par de uma rede de refúgios protegidos para aves. O suporte mais significativo para a fauna relativamente a uma área como um Habitat Crítico é a presença de vários répteis pequenos escavadores SSC que existem nos habitats arenosos. Estas espécies, anteriormente consideradas como sendo endémicas às ilhas no Arquipélago de Bazaruto, têm distribuições muito limitadas. Estas constituem alguns dos poucos répteis endémicos a Moçambique e muito embora o seu estado de conservação não tenha sido formalmente avaliado, é provável que sejam Vulneráveis, e possivelmente até Ameaçadas. A importância do Habitat Crítico para estes répteis pode até ser mais Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 31 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE significativa caso as populações da Lagartixa-de-olhos-cobra (Panaspis sp.) e das espécies de escavadores (Atractaspis sp.) na região de Inhassoro-Vilankulos sejam confirmadas como sendo espécies novas. Em geral, a fauna da região suporte este estatuto como um Habitat Crítico das seguintes formas: Constitui um habitat com importância significativa para alguns dos poucos répteis endémicos a Moçambique (Acontias aurantiacus bazarutensis e Mochlus lanceolatum), bem como ao Canário-depeito-limão com um raio de acção restrito (Crithagra citrinipectus). A diversidade dos habitats terrestres e de terras húmidas suporta as espécies de aves migratórias paleárticas e infra-africanas, incluindo o Rolieiro-Europeu e o Falcão-Sombrio Quase Ameaçados a nível global. É uma área com concentrações elevadas de espécies vulneráveis (VU) (os répteis endémicos indicados na alínea a), cujo estado de conservação não foi formalmente avaliado, mas que possuem Áreas de Ocupação muito limitadas que as podem classificar como espécies Vulneráveis em termos dos existentes critérios da IUCN. É uma área com um elevado valor científico que contém concentrações de espécies novas e/ou pouco conhecidas em termos de ciência (Panaspis sp., Atractaspis sp.), e com uma nova delimitação sul relacionada com a Lagartixa Bronzeada (Trachylepis boulengeri). Por último, é uma área associada com processos evolutivos chave devido ao número fora do comum de novidades taxonómicas conhecidas e suspeitas nesta região. 6.0 CONCLUSÕES Com base no estudo da fauna de vertebrados da área de estudo, chegou-se às seguintes conclusões: Os vários levantamentos faunísticos não puderam determinar a diversidade complete de anfíbios ou de répteis devido à brevidade e ocasião desfavorável no que se relaciona com os padrões sazonais de actividade destes grupos. A região suporta uma diversidade relativamente baixa de anfíbios e não existem anfíbios SCC, e a sua presença não suporta a região como um Habitat Crítico para anfíbios. A diversidade de répteis na área contém um número significativo de espécies importantes que confirma que este constitui um Habitat Crítico. A diversidade dos tipos de vegetação suporta uma diversidade relativamente alta de aves. O Habitat Crítico constitui parte de uma rede de habitats relativamente intactos que permitem a manutenção da diversidade de aves e movimentação na região, e que também é usado por aves migratórias tanto paleárticas como intra-africanas. As parcelas de habitats de matas e brenhas fechadas intactas, tornadas relativamente inacessíveis pelo Riacho Costeiro Nhangonzo, formam um refúgio para alguns dos primatas e ungulados de tamanho médio que sobrevivem na região. Muito embora o tamanho reduzido do Habitat Crítico impeça que este suporte populações significativas destas espécies a longo prazo, este serve como uma área chave para a área regional protegida, mais vasta. A diversidade faunística no Habitat Crítico está provavelmente relacionada com a relativa inacessibilidade de muitas áreas devido às extensas terras húmidas, particularmente o Riacho Costeiro Nhangonzo central e o seu relativo isolamento de assentamentos populacionais. A falta de acesso pelo homem tem protegido estes habitats da exploração por indivíduos. Na ausência de propriedade ou investimento individual de terras o Habitat Crítico irá sofrer a ‘Tragédia dos Comuns’, com um aumento de exploração e comercialização dos recursos faunísticos e florísticos em decréscimo. Os indícios evidentes do que está a ocorrer no Riacho Costeiro Chimera situado a norte da área de estudo, o qual está a ser utilizado para fins de pastagem de gado durante a estação seca e é provavelmente queimado regularmente a fim de melhorar a pastagem, são indicativos da provável tendência na Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 32 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE eventualidade de as populações se espalharem para a área circundante ao Riacho Costeiro Nhangonzo. A pesca nesta região costeira produz proteína para a população local, mas no entanto continua a ocorrer a exploração de ‘carne de caça’ com o abater de quatro Macacos-Simango e uma Geneta testemunhados durante o período do levantamento. De forma semelhante, a observação de uma carapaça de uma tartaruga verde abatida encontrada na praia, mais uma vez reflecte as pressões sobre a fauna selvagem devido à caça para fins de subsistência. Muitas áreas em Moçambique continuam a sofrer perdas em termos de mamíferos devido a este comportamento (consultar Lindsey & Bento, 2010), e a conservação significativa de mamíferos e de aves de tamanho grande requer uma rede de reservas protegidas bem como acções de educação da população neste sentido. O Habitat Crítico pode vir a formar uma área viável de equilíbrio de biodiversidade, particularmente dado esta estar situada muito próximo do proposto Projecto Âncora de Desenvolvimento Turístico. A incorporação das terras húmidas do Rio Costeiro Xivange na delimitação Sul da área de estudo irá aumentar o tamanho da área, que pode vir a conter habitats naturais praticamente imperturbados que continuam a suportar uma porção substancial da biodiversidade da região. Também constitui uma área dentro da qual devem continuar a operar processos evolutivos ecológicos e naturais em termos da biota terrestre e aquática. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 33 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE 7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aregro, 2008 National Census of Wildlife in Mozambique. República De Moçambique, Ministério da Agricultura. December 2008. Anon, 2013. Turtle butchery discovered on Lake Malawi (https://www.youtube.com/watch?v=ZP1i2zSDT4k). Armitage, S.J., G.A.Botha, G.A.T. Duller, A.G. Wintle, L.P. Rebêlo& F.J. Momade 2006. The formation and evolution of the barrier islands of Inhaca and Bazaruto, Mozambique. Geomorphology 82: 295-308. Bates, M.F., Branch, W.R., Bauer, A.M., Burger, M., Marais, J., Alexander, G.J. & De Villiers, M.S. (eds). 2014. Atlas and Red Data Book of the Reptiles of South Africa, Lesotho and Swaziland. South African National Biodiversity Institute, Pretoria. Bates, M. F. And Maguire, D., 2009. Geographical Distribution: Zygaspis vandami arenicola Broadley & Broadley, 1997. African Herp News 47: 43–44. Birdlife International, 2013. 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Academic press, San Diego, 543p. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 36 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE GOLDER ASSOCIADOS MOÇAMBIQUE LIMITADA Mark Wood Coordenador Ambiental Tisha Greyling Directora - residente no País MW/TG/tg NUIT 400196265 Directores: R Hounsome, G Michau, RGM Heath As designações Golder, Golder Associates e o desenho do globo com as letras GA constituem marcas registadas da Golder Associates Corporation. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 37 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE ANEXO A Lista de Controlo de Anfíbios Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Lista de controlo de anfíbios registados na área de estudo NOME COMUM NOME CIENTÍFICO Local do Projecto* Península do Cabo de São Sebastião Arquipélago de Bazaruto ** AMPHIBIA ARTHROLEPTIDAE Sapo-de-patas-de-pá do Norte Arthroleptis stenodactylus Sapo-das-árvores do Natal Leptopelis natalensis S Sapo-de-costas-castanhas Leptopelis mossambica S Ba BUFONIDAE Sapo Gutural Amietophryne gutturalis Sapo Azeitona Amietophryne garmani PA (+D) S S BREVICIPIDAE Sapo-da-chuva de Moçambique Breviceps mossambicus MICROHYLIDAE Sapo-de-duas-listas S Phrynomantis bifasciatus Ba, B HEMISOTIDAE Sapo-marmóreo Hemisus marmoratus PIPIDAE XENOPODINAE Platana-tropical Xenopus muelleri PA S HYPEROLIIDAE Sapo dourado Afrixalus brachycnemis Sapo-das-folhasressonador Afrixalus crotalus Sapo-das-folhas-gigante Afrixalus fornasinii PA S Rela de Argus Hyperolius argus PA S Rela-sarapintada Hyperolius marmoratus PA S Ba, B Rela-dos-lírios Hyperolius pusillus S Ba Rela-vermelho Hyperolius tuberlinguis S Ba Sapo-de-patas-vermelhas Kassina maculata Sapo de Senegal Kassina senegalensis PA S PA (D) S Ba PHRYNOBATRACHIDAE S Rã-dos-charcos de África Oriental Phrynobatrachus acridoides Rã-dos-charcos-anã de Mababe Phrynobatrachus mababiensis PA (D) Rã-dos-charcos Phrynobatrachus natalensis PA (D) Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 S Ba ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE NOME COMUM NOME CIENTÍFICO Local do Projecto* Península do Cabo de São Sebastião Arquipélago de Bazaruto ** Ba, B PTYCHADENIDAE Rã-da-erva Ptychadena anchietae PA (D) Rã-da-erva de Mascarene Ptychadena mascareniensis PA (+D) Rã-de-listas-largas Ptychadena mossambica PA (D) S Rã-de-focinho-estreito Ptychadena oxyrhynchus PA (D) S PYXICEPHALIDAE Rã-boi Pyxicephalus edulis Rã-da-areia Tomopterna krugerensis S Rã-morena Tomopterna marmorata S TOTALS 13 (7, 8) 19 Ba, B 9 * Com base: no levantamento actual, (D) – Deacon, 2014 (Govuro River and Coastal Wetlands – Rio Govuro e Terras Húmidas Costeiras) ** Broadley 1990, 1992, Ba = Ilha de Bazaruto, B = Ilha de Benguerra Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE ANEXO B Lista de Controlo de Répteis Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Lista de controlo de répteis registados na área de estudo e áreas adjacentes NOME COMUM NOME CIENTÍFICO Região de Inhassoro (PA*) Península do Cabo de São Sebastião Arquipélago de Bazaruto+ LAGARTOS GEKKONIDAE Osga-de-veludo de Arnold Homopholis arnoldi Osga-das-casas-tropical Hemidactylus mabouia Osga-das-casas-de cabeça-chata Hemidactylus platycephalus Osga-diurna-anã-do-Cabo Lygodactylus capensis Pietersen 2014 Ba PA S Ba, B, M, SC Y S B Y, PA S Ba, B, M, SC S Ba, B PA (R, D) S Ba, B (R) PA (R) S B PA S VARANIDAE Varano das Rochas Varanus albigularis Varano da Água Varanus niloticus CHAMAELEONIDAE Camaleão-de-pescoçoachatado Chamaeleo dilepis AGAMIDAE AGAMA DO CHÃO Agama armata Agama de Moçambique Agama mossambica ? Lagarto-de-escamasrugosas do Cabo Ichnotropis capensis PA (?) S LAGARTO-COMUMDA-AREIA Meroles squamulosus PA S LAGARTO DE CAUDA AZUL Nucras caesicaudata LACERTIDAE S SCINCIDAE Lagartixa-com-marcas de Moçambique Mochlus afrum PA Lagartixa de Sundevall Mochlus sundevallii PA Lagartixa-com-marcas-de Bazaruto Mochlus lanceolatum Lagartixa-de-olhos-cobra Panaspiscf wahlbergii PA Lagartixa Bronzeada Trachylepis boulengeri PA Lagartixa-da-Costa-Leste Trachylepis depressa Lagartixa Estriada S S Ba, B, M S Ba, B PA S Ba, B, M, SC Trachylepis striata Y, PA S SC Lagartixa variegada Trachylepis varia PA S Ba, B Lagartixa Dourada SemPés de Bazaruto Acontias aurantiacus bazarutoensis PA S Ba, B Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE NOME COMUM NOME CIENTÍFICO Lagartixa Dourada SemPés de Santa Carolina Acontias aurantiacus carolinensis Lagartixa de Dutton Scelotes duttoni Lagartixa de Bazaruto Scelotes insularis Região de Inhassoro (PA*) Península do Cabo de São Sebastião Arquipélago de Bazaruto+ SC B Ba, B, M, SC GERRHOSAURIDAE Lagarto-de-escamasrugosas do Cabo Lagarto-amarelo-complacas Broadleysaurus major Ba Gerrhosaurus flavigularis Ba AMPHISBAENIDAE Anfisbenio-de-focinhoredondo-violeta Anfisbenio-delgado Zygaspis violacea S M Monopeltis sphenorhynchus S Ba SERPENTES TYPHLOPIDAE Cobra-cega-de-Fornasini Afrotyphlops fornasinii PA Ba, B, M, SC LEPTOTYPHLOPIDAE Cobra-críptica Leptotyphlops incognitus S B, SC S M, SC S Ba BOIDAE Pitão do sul de África Python natalensis PA (R) ATRACTASPIDIDAE Cobra de olhos pequenos Cobra-comedora-decentipedes do Cabo Cobra-fina-de-duas-cores Cobra do Transvaal Cobra-Estilete Amblyodipsas microphthalma Ba Aparallactus capensis Xenocalamus l. bicolor S Xenocalamus transvaalensis Ba Ba Atractaspis cf bibronii S Cobra-caseira-do Cabo Boaedon capensis S Cobra-lobo-do-leste Lycophidion semiannule Ba, B LAMPROPHIIDAE PSAMMOPHIINAE Cobra-de-areia-de Moçambique Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 Psammophis mossambicus B ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE NOME COMUM Cobra-da-barriga-listrada NOME CIENTÍFICO Região de Inhassoro (PA*) Psammophis orientalis PA Península do Cabo de São Sebastião Arquipélago de Bazaruto+ Ba, B PROSYMNINAE Cobra-de-focinho-de-pá moçambicana Prosymna janii Cobra-de-focinho-de-pápintado Prosymna stuhlmannii Ba, B Ba COLUBRIDAE COBR DE LÁBIOSVERMELHOS Crotaphopeltis hotamboeia S Ba Cobra-verde do Natal Philothamnus natalensis S Ba, M Philothamnus hoplogaster S Cobra-verde do Sul Cobra-do-mato-variegada Philothamnus semivariegatus Cobra de Mármore Dipsadoboa aulica Cobra-Tigre Telescopus semiannulatus PA S Ba B Y (R) Cobra das Árvores Dispholidus typus S Ba Cobra-trepadeira de Moçambique Thelotornis mossambicanus S Ba, B Cobra-comedora-delesmas Dasypeltis medici medici Ba, B ELAPIDAE Cobra-de-escudo de Moçambique Aspidelaps scutatus fulafula S Cobra-de-focinho Naja annulifera S Cobra-da-floresta Naja melanoleuca S Cobra-cuspideira Naja mossambica Mamba Negra Dendroaspis polylepis PA Ba S S VIPERIDAE Víbora Bitis arietans arietans PA (R) ORDEM: CHELONIA CHELONIIDAE Tartaruga Cabeçuda Caretta caretta Tartaruga Marinha Verde Chelonia mydas Tartaruga-de-bico-de- Eretmochelys imbricate Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 Ba, M PA S S, Ba, Ba ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE NOME COMUM NOME CIENTÍFICO Região de Inhassoro (PA*) Península do Cabo de São Sebastião Arquipélago de Bazaruto+ falcão Tartaruga Marinha Olivácea S Lepdiochelys olivacea DEMOCHELYIDAE Tartaruga Gigante Ba Dermochelys coriacea TESTUDINIDAE Cágado articulado Kinixys zombensisi PA (R) S PELOMEDUSIDAE Cágado-de-ventre-amarelo Cágado-de-carapaçaarticulada Ba (?) Pelusios castanoides Ba Pelusios subniger ? Crocodylus niloticus S Ba, B 40 (41 ?) 47 ORDEM: CROCODYLIA CROCODYLIDAE Crocodilo do Nilo TOTAL 65 26 Verde = quase endémico PA, Área de estudo; com base: no estudo actual, (D) – Deacon, 2014 (Govuro River and Coastal Wetlands – Rio Govuro e Terras Húmidas Costeiras), R – registado como existindo pelas populações locais ou A. de Castro (comentário pessoal) Com base em: Península do Cabo de São Sebastião, Jacobsen et al., (2010); Arquipélago de Bazaruto, Broadley, 1990b, 1992 + - Ilhas – Ba = Bazaruto, B = Benguerra, M = Magaruque, S = Santa Carolina Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE ANEXO C Lista de Controlo de Aves Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Lista de controlo de aves registadas na área de estudo Azul = Quase Ameaçado, Vermelho = Vulnerável, Verde = quase endémico Nome Comum Nome Científico * não registado por Deacon (2014) Área Crítica Região de Inhassoro Deacon, 2014 Mergulhão-pequeno Tachybaptus ruficollis * S Mergulhão-serpente Anhinga rufa * S Corvo-marinho-africano Phalacrocorax africanus S S Corvo-marinho-de-peitobranco S S Phalocrocorax alba Garça-real Ardea cinerea* Garça-branca-pequena Egretta garzetta Garça-branca-grande Egretta alba Carraceira Bubulcus ibis Cegonha-escopial Ciconia episcopus * Bico-aberto Anastomus lamelligerus Pássaro-martelo Scopus umbretta * Ibis-sagrado Threskiormis aethiopicus * Singanga Bostrychia hagedash * Pato-de-bico-amarelo Anas undulata * S S S S S S S S S S S S S S S S S Pato-assobiador-de-facesbrancas Dendrocygna viduata Pato-preto-africano Plectropterus gambiensis Peneireiro-cinzento Elanus caeruleus Águia-pesqueira Pandion haliaetus * Milhafre-de-bico-amarelo Milvus aegyptius Falcão-cuco Aviceda cuculoides Açor-preto Accipiter melanoleucus Gaivão-pequeno Accipiter minulatus Secretário-pequeno Polyboroides typus Gaivão-papa-lagartos Kaupifalco monogrammicus Açor-palrador Melierax gabar * Açor-cantor-escuro Melierax metabates Águia-sem-rabo Terathopius ecaudatus * Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Nome Comum Nome Científico Região de Inhassoro Deacon, 2014 S Águia-cobreira-de-peitopreto Circaetus grallicus * Águia-pesqueira-africana Haliacetus vocifer Águia-Marcial Polemaetus bellicosus Falcão-Sombrio Falco concolor * Perdiz-de-crista Dendroperdix sephaena Perdiz-de-gola-vermelha Pernistes afer Galinha-do-mato Numida meleagris * Galinha-do-mato-de-crista Guttera pucherani Frango-de-água-preta Amaurornis flavirostra Abetarda-de-barriga-preta Eupodotis melanogaster Jacana Africana Actophilornis africanus Borrelho-grande-de-coleira Charadrius hiaticula Borrelho-de-fronte-branca Charadrius marginatus * Borrelho-de-três-golas Charadrius tricollaris Borrelho de Kittlitz Charadrius pecuarius * Tarambola-cinzenta Pluvislis squartarola * S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S Tarambola-de-Cristabranca Vallenus albiceps * Rola-do-mar Arenaria interpres * Perna-verde-comum Tringa nebularia * Pilrito-de-bico-comprido Calidris ferruginea * Pilrito-pequeno Calidris minuta Pilrito-sanderlingo Calidris alba * Combatente Philomachus pugnax * Maçarico-galego Numenius phaeopus * Perna-longa Himanoptus Alcaravão do Cabo Burhinus capensis Gaivota-de-cabeçacinzenta Chroiocephalus cirrocephalus* Gaivina-de-bico-vermelho Hydroprogne caspia * Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 Área Crítica S S S S S S S S S S S S ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Nome Comum Nome Científico Gaivina-de-bico-amarelo Thalasserus bergii * Gaivina-de-faces-brancas Childonias hybrida * Rola do Cabo Streptopelia capicola Rola-de-olhos-vermelhos Streptopelia semitorquata Rola-esmeraldina Turtur chalcospilos Pombo-verde Treron calva Papagaio-de-cabeçacastanha Poicephalus cryptoxanthus Touraco-de-crista-violeta Tauraco porphyreolophus Cucal de Burchell Centropus burchellii Cuco-de-peito-vermelho Cuculus solitarius Cuco-bonzeado-menor Chrysococcyx klass Cuco-bonzeado-maior Chrysococcyx caprius Cuco-preto Cuculus clamosus Corujão-africano Bubo africanus Coruja-dos-pântanos Asio capensis * Noitibó de Moçambique Caprimulgus fossii * Região de Inhassoro Deacon, 2014 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S Noitibó-de-pescoçodourado Caprimulgus pectoralis Andorinhão-das-palmeiras Cypsiurus parvus Andorinhão-pequeno Apus affinis Rabo-de-junco-estriado Collius striatus Bico-de-cimitarra Rhinopomastus cyanomelas Pica-peixe-de-poupa Alcedo cristata * Pica-peixe-de-poupacastanha Halycon albiventris Pica-peixe-estriado Halcyon chelicuti Pica-peixe-dos-mangais Halcyon senegalensis * Pica-peixe-malhado Ceryle rudis Abelharuco-dourado Merops pusillus Abelharuco-europeu Merops apiaster Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 Área Crítica S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Nome Comum Nome Científico Abelharuco-malgaxe Merops supercilliosus * Abelharuco-róseo Merops nubicoides Abelharuco-andorinha Merops hirundineus * Rolieiro-de-peito-lilás Coracias caudatus Rolieiro-europeu Coracias garrulosus Rolieiro-de-sobrancelhasbrancas Corocais naevius * Rolieiro-de-bico-grosso Eurystomus glaucurus Calau-cinzento Tockus nasutus * Calau-coroado Tockus alboterminatus * Calau-trombeteiro Brcanistes bucinator * Poupa Africana Upupa Africana * Barbaças-de-colar-preto Lybius torquatus Barbaças-malhado Tricholaema leucomelas Barbadinho-de-fronteamarela Pogoniulus chrysoconus Região de Inhassoro Deacon, 2014 S S S S S Y S Y S Y S S S S S S S S S S Barbadinho-de-fronteamarela Pogoninulus bilineatus Indicadores Indicator Indicador-pequeno Indicator minor Pica-pau-cardeal Dendropicos fuscescens Pica-pau-de-caudadourada Campethera abingoni Calhandra-sombria Pinarocorys nigricans * Cotovia-das-castanholas Miafra rufocinnamomea Cotovia-de-nuca-vermelha Mirafra africana Andorinha-preta Psalidoprocne pristoptera Andorinha-das-chaminés Hirundo rustica S S S S S Andorinha-cauda-dearame Hirundo smithii Andorinha-das-mesquitas Cecropis senegalensis Andorinha-dos-beiras Delichon urbicum * Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 Área Crítica S S S S S S S S S S S ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Nome Comum Nome Científico Petinha Africana Anthus cinnamomeus * Unha-longa-amarelo Macronyx croceus Toutinegra Pycnonotus tricolour Tuta-sombria Andropadus importunes Tuta-amarela Chlorocichla flaviventris Tuta terrestre Phyllastrupus terrestris Tuta-de-garganta-branca Nicator gularis Drongo-de-cauda-forcada Dicrurus adsimilis Região de Inhassoro Deacon, 2014 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S Drongo-de-caudaquadrada Dicrurus ludwigii * Papa-figos-de-cabeçapreta Oriolus larvatus Seminarista Corvus albus Chapim-preto-meridional Parus niger Zaragateiro-castanho Turdoides jardineii Fuinha do Natal Cisticola natalensis Fuinha-dos-juncos Cisticola juncidis Fuinha-chocalheira Cisticola chiniana Fuinha-de-cabeça-ruiva Cisticola fulvicapilla Prínia-de-flancoscastanhos Prinia subflava Apalis-de-peito-amarelo Apalis flavida * Rouxinol-dos-caniçosafricano Acrocephalus baeticatus Felosa-palustre Acrocephalus palustris S S S S S S S S S S S S S S S S S S Camaróptera-de-dorsoverde Camaroptera brachyura Felosa-de-dorso-verde Sylvietta rufescens Papa-moscas do Paraíso Terpsihone viridis Papa-moscas-pálido Bradornis pallidus Papa-moscas-pretoafricano Melaenornis pammelaina Papa-moscas-cinzento Muscicapa striata Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 Área Crítica S S S S S S S S ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Nome Comum Nome Científico Região de Inhassoro Deacon, 2014 S Papa-moscas-rabo-deleque Myioparus plumbeus Pisco-de-peito-branco Cossypha humeralis * Pisco do Natal Cossypha natalensis * Brubru Nilaus ater Batis de Moçambique Batis soror * Picanço-de-almofadinha Dryoscopus cubla Picanço-assobiador-decoroa-preta Tchagra senegalus Picanço-assobiador Tchagra australis Picanço-ferrugíneo Laniarius ferrugineus Picanço-de-dorso-ruivo Lanius collurio Picanço-fiscal Lanius collaris * Picanço-de-peito-laranja Chlorophoneus sulfureopectus Picanço-quadricolor Chlorophoneus quadricolor Picanço-de-cabeçacinzenta Malaconotus blanchoti Atacador-de-poupa-branca Prionops plumatus Atacador-de-poupa-preta Prionops retzii Estorninho-de-dorsovioleta Cinnyricinclus leucogaster S S S S S S S S Y S S S S S S S S S S S S S S S S S S S Beija-flor-de-peitoescarlate Chalacomitra senegalensis * Beija-flor-preto Chalacomitra amethystine Beija-flor-cinzento Cyanomitra veroxii * Pardal-comum Passer domesticus * Pardal-de-cabeça-cinzenta Passer diffuses S S S S S S Pardal-de-gargantaamarela Gymnoris supercilliaris Tecelão-bicolor Ploceus bicolour * Tecelão-amarelo Ploceus subaureus * Tecelão-malhado Ploceus cucullatus * Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 Área Crítica S S S S ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Nome Comum Nome Científico Tecelão-de-lunetas Ploceus ocularis Tecelão-de-máscara Ploceus velatus Tecelão-de-cabeçavermelha Anaplectes rubiceps * Viúva-de-asa-branca Euplectes albonotatus * Viúva-de-espáduasvermelhas Euplectes axillaries Euplectes capensis Pintadinha-de-peito-rosado Hypargos marginatus Peito-celeste Uraeginthus angolensis Bico-de-lacre-comum Estrilda atrild Peito-de-fogo-de-Jameson Lagonosticta rhodopareia Freirinha-bronzeada Spermestes cucullatus Viuvinha Vidua macroura Viuvinha-do-paraíso Vidua paradisaea Canário-de-peito-amarelo Serinus mozambicus Canário-de-peito-limão Crithagra citrinipectus * Total: Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 Região de Inhassoro Deacon, 2014 S S S S S Viúva-de-rabadilhaamarela Escrevedeira-de-peitodourado Área Crítica S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S Emberiza flaviventris 179 (1)(3) 132 22 130 (47) ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE ANEXO D Lista de Controlo sobre Mamíferos Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Lista de controlo de mamíferos registados na área de estudo Nome Comum Nome Científico Área Crítica Inhassoro Deacon, 2014 Insectivora Soricidae Musaranho-almiscardovermelho S S S S Crocidura hirta Crisocloridae Toupeira-amarela-dourada Calcochloris obtusirostris Emballonuridae Morcego-de-cauda-livre de Ansorge(?) S Chaerephon ansorgei Lorisidae Jagra-gigante Otolemur crassicaudatus R Jagra-pequena Galago moholi R Macaco-simango Cercopithecus mitis S Macaco-de-cara-preta Cercopithecus aethiops Babuíno Chacama Papio ursinus S S Panthera pardus R R Canis adjustus R Manguço-de-água Atilax puludinosus S Manguço-listrado Mungos mungo R Manguço-vermelho Galerella sanguinea S Geneta-de-malhasgrandes Genetta tigrina Civeta Africana Civettictis civetta R Potamochoerus porcus R S Cabrito Cinzento Comum Sylivicarpa grimmia R S Changane Neotragus moschatus R S Cabrito Vermelho Cephalophus natalensis R S Chipene Raphicerus campestris Impala Aepyceros melampus R Inhala Tragelaphus angasi R Hystrix africaeaustralis S Cercopithidae S Felidae Leopardo Canidae Chacal-listrado Viverridae S S S S S Suidae Porco-bravo Bovidae S Rodentia Porco-espinho do Cabo Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 S ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Nome Comum Nome Científico Área Crítica Inhassoro S Deacon, 2014 Lebre-Saltadora Pedetes capensis S Esquilo-da-Savana Paraxerus cepapi Rato-Toupeira Hottentot Cryptomys hottentotus Gerboa de Peters Gerbilliscus leucogaster S Rato Espinhoso Acomys spinosissimus S Rato Bochechudo Saccostomus campestris S Rato-Vermelho da Savana Aethomys ineptus S Rato-Comum da Floresta Grammomys dolichurus S Lepus saxatilis S Manis temminckii R TOTAL 26 S S S Leporidae Lebre-de-Nuca-Dourada S Manidae Pangolim 1 22 * R = comunicados pela população dos povoados locais durante a entrevista, e/ou registado em De Castro & Grobler (2014b) Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE ANEXO E Dados sobre o Autor Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE CURRIULUM VITAE Dados Pessoais: Apelido Branch Título: Prof. Dr. Primeiros Nomes William Roy Data de Nascimento 12 de Maio de 1946 Local de Nascimento Londres, Reino Unido Nacionalidade Britânica Endereço Postal P.O. Box 13147, Humewood, 6013, South Africa. Nº de Tel. 041 3732021 (Casa); 041 5840650 (Serviço); Fax. 041 5840661 Endereço Electrónico: [email protected] Universidade de Southampton, Southampton, Hampshire, Reino Unido. 1965-1968; Licenciatura em Ciências, com especialização em Zoologia (Honours) 2A Universidade de Southampton, Southampton, Hampshire, Reino Unido. 1968-1971, Outubro 1971; conferido o Grau de Doutoramento, tese intitulada 'Studies on a foetal-specific alpha-globulin (AFP) in the rabbit' [Estudos sobre uma alfa-globulina específica ao feto no Coelho]. Experiência: Investigação: Cientista; Divisão “Life Sciences Division”, Atomic Energy Board, Pretória, África do Sul; Janeiro 1972. Envolvido na investigação da síntese AFP em seres humanos e o seu relacionamento com patologias de gravidez e de fígado, incluindo cancro hepático. Conservador de Herpetologia; Museu de Port Elizabeth, África do Sul; Fevereiro 1979 - 2011. Envolvido em diversos estudos herpetológicos. Interesses: Fotografia. Os seus trabalhos têm sido publicados em várias revistas e livros; por ex., The Naturalist (1981-2, 1984-5, 1988), African Wildlife (1984-5, 1989, 1999), Custos (1986, 1989, 1991), Africa Geographica (1994-9), Africa Birds and Birding (1997-8, 2003), Reptiles (1996), Reptilian, UK (1996), Travel Africa (2004), National Geographic (2002), American Scientist (2005). Perito Acompanhante Desde 2001 tenho participado em quase 50 safaris da National Geographic realizados na África Austral e na Tanzânia/Rwanda a apresentar palestras e partilhar conhecimentos peritos sobre fauna selvagem e conservação. Nomeações, Premiações/Distinções, Membro Associado: Membro Associado IUCN SSC Tortoise and Freshwater turtle Group, Fevereiro 1981 -numa base contínua IUCN SSC Snake group, Janeiro 1982-1988 (grupo foi desintegrado) IUCN SSC Lizard group, Novembro 1987 – 1993 (grupo foi desintegrado) IUCN SSC African Reptile and Amphibian Group, 1990 – 2003 (presentemente inactivo) IUCN SSC Captive Breeding Specialist Group (Herpetologia), 1990 - 1996 Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE Membro do Conselho de Administração IUCN SSC Declining Amphibian Population Task Group, 1991 - 1994 Presidente IUCN SSC African Reptile and Amphibian Group; convidado e ratificado 1997-2000 Presidente IUCN SSC African Reptile Group, 2001-2003 Secretário Herpetological Association of Africa, Junho 1982-1984. Docente Convidado 2001 – Convidado a apresentar a Palestra do Plenário ‘Distinguished Herpetologist’ [Herpetologia com Distinção] às instituições conjuntas Herpetologist League e Society for the Study of Amphibians and Reptiles, 44ª convenção anual, Universidade de Indiana, 26 de Julho 2001. Distinção ‘Exceptional Contribution to Herpetology’ (Contribuição Excepcional para a Herpetologia) uma distinção conferida pela Herpetological Association of Africa, 7ªConferência HAA, Port Elizabeth 6-9th Out. 2004. Conferida Filiação Vitalícia da HAA. Cátedra Honorária Investigação, Ciências Animais, de Plantas e Ambientais, Universidade de Witwatersrand, 2007. Avaliação NRF Período: 2004-2022, Nível 2B SACNSP Registado como Cientista Natural Profissional (Registo Nº 400493/11), South African Council for Natural Scientific Professionals, 2011- numa base contínua Pesquisador Associado Universidade Nelson Mandela Metropolitan University, 2010- numa base contínua Co-facilitador Conservation assessment of Arabian Snakes [Avaliação da Conservação das Cobras da Arábia] (juntamente com D. Egan), 9ª Sessão de Trabalho Anual sobre Conservação sobre a Fauna da Arábia, Instituição - Breeding Centre for Endangered Arabian Wildlife, Sharjah, EAU, 3-6 Fevereiro, 2008. Assessor Sessão de Trabalho da IUCN - Assessment of West African Reptiles [Avaliação dos Répteis da África Ocidental], Lomé, Togo, 16-20 Julho 2012. Assessor Sessão de Trabalho da IUCN - Assessment of East African Reptiles [Avaliação dos Répteis da África Oriental], Bayamoyo, Tanzânia, 27-31 Janeiro 2014. PUBLICAÇÕES: (podem ser disponibilizados dados completos a este respeito perante solicitação) Artigos científicos de destaque em periódicos especializados 192 Observações científicas em periódicos especializados 158 Livros e Capítulos de livros 26 Entrevistas Televisivas e Radiofónicas 39 Relatórios sobre Avaliações de Impacto Ambiental 64 Livros BRANCH, W. R. 2005. A Photoguide to the Snakes and other reptiles and amphibians of East Africa, Struik Publishers, Cape Town, 144 pp. ISBN 1-77007-150-4 BRANCH, B. 2008. Tortoises, Terrapins and Turtles of Africa. Struik Publishers, Cape Town, 128 pp. ISBN 978 1 77007 463 7. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE BRANCH, W. R. 2014. A Photoguide to the Snakes and other reptiles and amphibians of East Africa, rev. & expanded ed., Struik Publishers, Cape Town, 144 pp. ISBN 1-77584-165-4. Recentes (2012-14) trabalhos de pesquisa científica (dados sobre publicações anteriores à data especificada encontram-se disponíveis perante solicitação) KINDLER, C., BRANCH, W.R., HOFMEYR, M.F., MARAN5, J., ŠIROKÝ, P., VENCES, M., HARVEY, J., HAUSWALD, S., SCHLEICHER, A., STUCKAS, H. & FRITZ, U. 2012. Molecular phylogeny of African hinge-back tortoises (Kinixys Bell, 1827): implications for phylogeography and taxonomy (Testudines: Testudinidae). Journal of Zoological Systematics and Evolutionary Research 50(3): 192–201. CONRADIE, W., BRANCH, W.R., MEASEY, G.J. & TOLLEY, K.A. 2012. A new species of Hyperolius Rapp, 1842 (Anura: Hyperoliidae) from the Serra da Chela mountains, south-western Angola. Zootaxa 3269: 1–17. CONRADIE, W., BRANCH, W.R., MEASEY, G.J. & TOLLEY, K.A 2012. Revised phylogeny of Sand lizards (Pedioplanis) and the description of two new species from south-western Angola. African Journal of Herpetology 60(2): 91-112. FRITZ, U., BRANCH, W.R., GEHRING, S., HARVEY, J., KINDLER, C., DU PREEZ, L., ŠIROKÝ, S., VIEITES, D.R. & VENCES, M. 2012. Weak divergence among African, Malagasy and Seychellois hinged terrapins and evidence of human-mediated oversea dispersal (Pelomedusidae: Pelusios castanoides, P. subniger). Organisms Diversity & Evolution 13: 215-224. HERRMANN, H-W. & BRANCH, W.R. 2013. Fifty years of herpetological research in the Namib Desert and Namibia with an updated and annotated species checklist. J. Arid Environ. 93: 94-115. CONRADIE, W., BRANCH, W.R. & TOLLEY, K.A. 2012. Fifty Shades of Grey: Giving colour to the poorly known Angolan Ashy reed frog (Hyperoliidae: Hyperolius cinereus), with the description of a new species. Zootaxa 3635 (3): 201-223. EDWARDS, S. VANHOOYDONCK, B. HERREL, A., TOLLEY, K.A., BRANCH, W.R. & MEASEY, J.G. 2013. Taxonomic adjustments in the systematics of the southern African lacertid lizards (Sauria: Lacertidae). Zootaxa 3669: 101-114. PORTIK, D.M., TRAVERS, S., BAUER, A.M. & BRANCH, W.R. 2013. A new species of Lygodactylus (Squamata: Gekkonidae) endemic to Mount Namuli, an isolated ‘sky’ island of northern Mozambique. Zootaxa 3710 (5): 415–435. BAYLISS, J., TIMBERLAKE, J., ALVES6, T., BRANCH, W.R., BRUESSOW, C., COLLINS, S., CONGDON, C., DE SOUSA, C., DOWSETT-LEMAIRE, F., FISHPOOL, L., HARRIS, T., GIOGIARDIS, S. LIGGITT, B.,MONADJEM, A.,PATEL, H., SPOTTISWOODE, C., TAYLOR, P., WILCOCKS, S., RIBEIRO, D. & SMITH, P. 2014. The Discovery, Biodiversity, and Conservation of Mabu forest – the largest mid-altitude rainforest in southern Africa. Oryx, 48(2): 177-185. WAGNER, P.. GREENBAUM, E., MALONZA, P. & BRANCH, W.R. 2014. Resolving sky island speciation in populations of East African Adolfus alleni (Sauria: Lacertidae). Salamandra 50(1): 1-17. DALHUIJSEN, K., BRANCH, W.R. & ALEXANDER, G.J. 2014. Diet of Varanus albigularis and V. niloticus in South Africa. African Zoology 49(1): 83-93. FRITZ, U., PETZOLD, A., KEHLMAIER, C., KINDLER, C., CAMPBELL, P., HOFMEYR, M.D. & BRANCH, W.R. 2014. Disentangling the Pelomedusa complex using type specimens and historical DNA (Testudines: Pelomedusidae). Zootaxa 3795(5): 501-522. PETZOLD, A., VARGAS-RAMÍREZ, M., KEHLMAIER, C., VAMBERGER, M., BRANCH, W.R., DU PREEZ, L., HOFMEYR, M.D., MEYER, L., SCHLEICHER, A., ŠIROKÝ, P. & FRITZ, U. 2014. Diagnoses for African helmeted terrapins (Testudines: Pelomedusidae: Pelomedusa), with the description of six new species. Zootaxa 3795(5): 523-548. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE BRANCH, W.R., BAYLISS, J. & K. A. TOLLEY 2014. Pygmy chameleons of the Rhampholeon platyceps complex (Squamata: Chamaeleonidae): Description of four new species from isolated ‘sky islands’ of northern Mozambique. Zootaxa. 3814(1): 1-36. BATES, M.F., BRANCH, W.R., BAUER, A.M., BURGER, M., MARAIS, J., ALEXANDER, G.J. & DE VILLIERS, M.S. (eds). 2014. Atlas and Red Data Book of the Reptiles of South Africa, Lesotho and Swaziland. South African National Biodiversity Institute, Pretoria. Suricata 1. xvii + 485p. ISBN 9781-919976-96-9. BRANCH, W.R. & BAUER, A.M. 2014. Systematics and Phylogeny. Pp. 10-21.In: Atlas and Red Data Book of the Reptiles of South Africa, Lesotho and Swaziland. Eds: M.F. Bates, W.R. Branch,A.M. Bauer, M. Burger, J. Marais, G.J. Alexander & M.S. de Villiers. Suricata 1, South African National Biodiversity Institute, Pretoria. BRANCH, W.R. 2014. Reptiles of South Africa, Lesotho and Swaziland: Conservation status, diversity, endemism, hotspots and threats. Pp. 22-50. In: Atlas and Red Data Book of the Reptiles of South Africa, Lesotho and Swaziland. Eds: M.F. Bates, W.R. Branch, A.M. Bauer, M. Burger, J. Marais, G.J. Alexander & M.S. de Villiers. Suricata 1, South African National Biodiversity Institute, Pretoria. MEZZASALMA, M., ANDREONE, F., BRANCH, W.R., GLAW, F., GUARINO, F.M., NAGY, Z.T., ODIERNA, G. & APREA, G. 2014. Chromosome evolution in Pseudoxyrhophiine snakes from Madagascar: a wide range of karyotypic variability. Biological Journal of the Linnean Society, 112(3): 450-460. MENEGON, M., LOADER, S.P., MARSDEN, S.J., BRANCH, W.R, DAVENPORT, T. & URSENBACHER, S. 2014 Phylogeny of the East African genus Atheris (Serpentes: Viperidae): the role of rifting and climate in shaping the current pattern of species diversity. Mol. Phylogenet. Evol. 79: 12-22. Relatórios sobre Levantamentos Faunísticos 1. Herpetofauna survey of the Zambezi Delta, Zambezi Basin Wetlands Biodiversity Project, Biodiversity Foundation of Africa, 24 July - 10 August 1999 2. Rapid Assessment Program. Herpetofaunal survey of Haute Dodo and Cavalley Forest Reserves, Cote d’Ivoire. Conservation International, March 2002. 3. Herpetofauna survey of the Gamba Complex, Ogooué-Maritime Province, southwestern Gabon, May-June 2002, Smithsonian Institution Monitoring and Assessment of Biodiversity (SI/MAB) Program. 4. Herpetofauna survey of the Loango National Park, Ogooué-Maritime Province, southwestern Gabon, Sept.-Nov. 2002, Smithsonian Institution Monitoring and Assessment of Biodiversity (SI/MAB) Program. 5. Herpetological survey of the Niassa Game Reserve, Northern Moçambique, Sociedade para a Gestão e Desenvolvimento da Reserva do Niassa, March 2004. 6. Herpetological survey Mount Mulanje, Malawi, Mount Mulanje Conservation Trust, May 2005. 7. Herpetological survey of the Huila and Namibé Districts, SW Angola, SANBI/ISCED/UAN Angolan Biodiversity Assessment and Capacity Building Project, January 2009. 8. Biodiversity Rapid Assessment of the Lagoa Carumbo area, Lunda Norte District, NE Angola, ISCED/UAN/NG Angolan Biodiversity Assessment and Capacity Building Project, May 2011. 9. Mount Mabu, Moçambique: Biodiversity and Conservation. Timberlake, J.R., Bayliss, J., DowsettLemaire, F., Congdon, C., Branch, B., Collins, S., Dowsett, R.J., Fishpool, L., Francisco, J. Harris, T., Kopp, M. & da Sousa, C. (2012). Report produced under the Darwin Initiative Award 15/036: Monitoring and Managing Biodiversity Loss in South-East Africa’s Montane Ecosystems. Royal Botanic Gardens, Kew, London. pp. 94. Serviços de Consultoria (a título parcial) Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE 1 Coastal and Environmental Services, May-September, 1997. Genbique Moebase-Lipobane, Northern Mozambique, mining concession. Environmental Impact Assessment: Flora and Fauna Baseline Study, Terrestrial Vertebrates: Specialist Report. 2 NSR Environmental Consultants (Australia) and Coastal and Environmental Services, June 1998. SDM Ltd, Cuango River, Northern Angola, diamond mining concession. Preliminary Environmental Assessment: Faunal Baseline Study: Specialist Report. 3 Coastal and Environmental Services, November 1998. BHP Moma, Northern Mozambique, mining concession. Prefeasibility Assessment Report: Flora and Fauna Baseline Study, Terrestrial Vertebrates: Specialist Report. 4 Coastal and Environmental Services, June 1999. Environmental Impact Assessment of Timing Resources, Proposed Heavy Minerals Sand Mine, Kale District, Kenya. Baseline Data Report: Mine Site, Fauna: Terrestrial vertebrates. 5 Coastal and Environmental Services, June 1999. Environmental Impact Assessment of Timing Resources, Proposed Heavy Minerals Sand Mine, Kale District, Kenya. Baseline Data Report: Ship loading Facility Sites, Fauna: Terrestrial vertebrates. 6 Biodiversity Foundation of Africa, July 1999. IUCN Zambezi Delta Wetlands survey, Fauna Baseline Study, Herpetofauna: Specialist Report. 7 Coastal and Environmental Services, November 1999. BHP, Mt Nimbi Iron Ore mining concession. Prefeasibility Assessment Report: Faunal Review: Specialist Report. 8 Coastal and Environmental Services, Feb-June 2000, Kenmare, Moma, Northern Mozambique, heavy mineral mining concession. Environmental Impact Assessment: Terrestrial Vertebrates: Specialist Report. 9 Coastal and Environmental Services, July 2002. Kenmare, Moma, Northern Mozambique, NampulaMoma proposed 110 kV power line route. Environmental Impact Assessment: Ecological Issues Study, Terrestrial Vertebrates and Ecological Synthesis: Specialist Report. 10 Coastal and Environmental Services, December 2002. Pre-feasibility Environmental Assessment of Faunal issues for a proposed mineral mine in South-western Madagascar; Specialist Report. 11 Coastal and Environmental Services, April 2003. Malawi, proposed 110 kV powerline route. Environmental Impact Assessment: Ecological Issues Study, Terrestrial Vertebrates and Ecological Synthesis: Specialist Report. 12 Coastal and Environmental Services, May 2004; Chipoka Heavy Mineral Mining Project, Lake Malawi. Environmental Impact Assessment: Ecological Issues, Terrestrial Vertebrates and Ecological synthesis: Specialist Report. 13 Coastal and Environmental Services, May 2005; Faunal input to Ecological synthesis, Tiomin Resettlement, Kenya. 14 Coastal and Environmental Services, March 2006. Environmental Impact Assessment: Terrestrial Fauna, Tulear Sands Mine, South-western Madagascar; Specialist Report. 15 Envirolution Consulting (Pty), Sunninghill. Proposed Kalukundi mine (Democratic Republic of the Congo): Terrestrial fauna report, 2008. 16 Coastal & Environmental Services, July 2010, Kalumbila Deposit, Northern Zambia. Terrestrial Fauna Report. 17 Coastal & Environmental Services, December 2010, Trident Project, Northern Zambia. Terrestrial Fauna Report. Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 ESTUDO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DA FAUNA TERRESTRE 18 Scott Wilson Ltd (Basingstoke, UK), March 2011, Phase 1 DSO Mining Project, Nimba County, Liberia. Reptile Survey Report – Baseline Data, with additional observations on the Amphibian fauna. 19 Coastal & Environmental Services, March 2012, Niassa Green Resources Plantation Project, Northern Mozambique. Terrestrial Fauna Report. 20 Coastal & Environmental Services, March 2013, Toliara Sands Project, Madagascar. Faunal Baseline Assessment: Update of 2007 Report, Branch, W.R., (CES), Grahamstown. 21 Coastal & Environmental Services, December 2013: Syran Graphite Resources Project, Cabo Delgado, Mozambique. Faunal Impact Assessment Report, Branch, W.R., (CES), Grahamstown. 23 Coastal & Environmental Services Lda, October 2013: Baobab Resources, Tete, Mozambique. Terrestrial Fauna Baseline Report, Branch W.R. and Conradie, W., CES, Grahamstown. 24 Coastal & Environmental Services, September 2013: Zirco Roode Heuvel Mine, Northern Cape, South Africa. Faunal Impact Assessment Report, Branch, WR, Davenport, N, and Conradie, W., CES, Grahamstown. 25 Coastal & Environmental Services, March 2014: Lesotho Highlands Polihali Dam Project, Final Report -Terrestrial Fauna, Branch, W.R., CES, Grahamstown. Trabalho no Campo realizado em países africanos Realizou levantamentos faunísticos e avaliações de impacto nos países indicados a seguir (excluindo a África Austral): Angola (1998, 2009, 2011, 2012), Malawi (2002, 205), Moçambique (1997-98, 2001-5, 2009, 2012, 2013), Zâmbia (2010-12), DRC (2008), Madagáscar (2002, 2006), Tanzânia (2008, 2009), Quénia (2005), Etiópia (1994), Gabão (2002), Costa do Marfim (2002), Libéria (2010-11), Sierra Leone (2011), e Senegal (2003). Maio 2015 Relatório Nº.1521646-13541-15 Golder Associados Moçambique Limitada Avenida Patrice Lumumba Nº 577 Cidade de Maputo Moçambique T: [+258] (21) 301 292