1 Ano 1 | Novembro 2007 | n° 2
Transcrição
Ano 1 | Novembro 2007 | n° 2 1 EXPEDIENTE Editorial Muita coisa boa encontramos nessa nossa edição número 2 da Revista Virtual Ilusionista Moderno. Temos o imenso orgulho de ter em nosso quadro o amigo Ruy Texas com o artigo inaugural “Domínio de cena”, e que passará a colaborar conosco com seus maravilhosos escritos todos os meses, e ainda contamos com a entrada do Tux em nosso time cuidando do design gráfico da revista. Esse mês contamos com as matérias dos amigos Campelo com “Aprenda a treinar”; o texto “A criação da personagem” de Robson (Jago) Abreu; o poema “O Mago” da nossa querida Vanessa Saldanha, e os Pergaminhos Mágicos com o artigo “João Peixoto” trazido pelo nosso amigo Wilho. Esperamos de coração que tenham gostado de nossa edição e aguardamos os comentários de todos no e-mail [email protected] Ilusionista Moderno Nº 2 – Novembro de 2007 Publicação mensal dirigida para Mágicos Amadores e Profissionais. Direção / Editor/Capa: Robson Abreu (Jago) [email protected] Redação: Campelo [email protected] Ruy Texas [email protected] Vanessa Saldanha [email protected] Magiabraços, Jago William [email protected] Design Gráfico: Tux [email protected] Colaboraram nesta edição: Fabrini www.magicartoon.com Fórum Mágico Amador www.magicoamador.com.br Mágica e Ilusão www.magicaeilusao.com.br 2 Aprenda a treinar Por Campelo É sabido por todos que para ser um bom mágico necessita-se de muito treino e dedicação. Estudar técnica, passes, rotinas, isto tudo aliado a um bom visual, movimentos limpos, uma boa expressão corporal, uma linguagem pura e objetiva e um bom ângulo. Para que tudo isso se encaixe de forma uniforme em uma apresentação é necessário muito treino. Vejo que muita gente aqui fala sempre: TREINE! Mas...Treinar como? Existem várias formas de treinar, isto vai mudar de pessoa para pessoa. Mas podemos dividir o treino de um efeito em 3 partes: A técnica, a desenvoltura e o misdirection. Comece pela técnica que o efeito exige, seja vanish, palming, sleeving, etc etc etc. Deve-se treinar até a exaustão até que o movimento fique natural. Lembre que em uma apresentação de mágica você utilizará várias técnicas aplicadas para cada mágica executada...Então...Tenha o domínio de cada uma delas. Pouco se aproveitará se uma mágica for bem feita e você falhar na próxima técnica. O espelho ajuda bastante nesta hora. De frente pra ele você tem a visão do espectador e fica mais fácil de corrigir "as vazadas". Depois de perceber que o movimento está bom e natural, tente gravar a execução do movimento em uma câmera, assim você poderá executar o movimento sem olhar para o que você está fazendo (antes você acompanhava tudo olhando o reflexo do espelho) e depois conferir para ver se tudo está correndo como planejado. Depois de dominado todo os movimentos técnico que a mágica exige, chegou a hora de caprichar na desenvoltura. Chamo de desenvoltura toda a parte cênica e de linguagem da mágica, seja ela falada ou corporal. É a apresentação propriamente dita. Monte suas rotinas, suas falas, seu gestos, e que tudo isso se encaixe a mágica que você irá realizar. Treine bastante as falas, tudo tem que estar em sintonia. O mágico pode apresentar uma mágica calado, falando, com música, sem música, isto vai da escolha do mágico e que tenha um feeling com a mágica apresentada...Mas o que importa é que tudo deve ser ensaiado e treinado evitando assim que na hora da apresentação você “trave” e comprometa a execução da técnica por um movimento ou ato não ensaiado previamente. 3 Agora que você já consegue fazer tudo isso é hora do misdirection. Lembre-se que o espectador não “simplesmente olha pra onde o mágico ta olhando”. Misdirection é muito mais do que isto, mas se aprofundar aqui seria assunto para um outro tópico. Mas para que entendam como treinar misdirection (se você precisar) pensem no seguinte. O cérebro humano capta algumas informações, as seqüências de movimentos repetidos condicionam o cérebro a processar algo automaticamente. Experimente jogar uma moeda para cima 3 vezes consecutivas e deixe alguém olhando ela subir e cair. Na quarta vez diga que vai jogar o mais alto que você pode. Faça o movimento, mas não jogue. A pessoa sem dúvidas irá olhar para cima, independente de você também olhar para cima ou não. Isto acontece porque você condicionou a pessoa a olhar para a moeda. Sabendo disso treine sempre os movimentos que serão usados como misdirection e façaos parecer natural...Eles vão compor a apresentação...O movimento do misdirection é parte da mágica e não algo externo, uma manobra, um artefato usado para atrair o público...Ele é também a mágica propriamente. Estas são apenas algumas dicas de como treinar mágica. Não é bíblia, nem manual, mas certamente ajudará um pouco a pensar e refletir sobre como treinar. Pronto...Agora estão prontos. Espero que gostem! Um grande abraço do amigo Campelo 4 A criação da personagem Por Robson Campos de Abreu - jago O Mágico hoje em dia além de ter a preocupação diária de ensaiar suas rotinas e ter pleno domínio das mágicas que realiza precisa criar um personagem conforme seu estilo de trabalho. Por que a criação de uma personagem? Simples! De que adianta ter uma rotina interessante e ter uma grande destreza se durante a apresentação não há uma interação ou convencimento da platéia de que há um Mágico atuando? Vejamos abaixo alguns passos primordiais para a criação de seu personagem: 1. 2. 3. 4. 5. Estilo Vestuário Voz Corpo Acreditar! Estilo: Muitas pessoas preocupam-se em criar um visual interessante, mas não há o convencimento daquilo que se está fazendo. Temos Mágicos de estilo Sombrio/Misterioso, outros de estilo Clássico, Humorístico, etc. Porém a pergunta que vêm à cabeça é “Como criar meu estilo?”. O estilo do Mágico é o primeiro passo na criação de sua personagem, então pense calmamente em qual tipo de mágica você tem preferência. Usaremos como exemplo o Mágico que prefere Salão e apresentar para o público infantil. Um estilo Sombrio pode ser assustador; um estilo clássico exigirá muita simpatia e habilidade; porém um estilo alegre e humorístico ou um tanto voltado ao palhaço com certeza irá ganhar muita atenção e gargalhadas e tornar a apresentação marcante do começo ao fim. Vestuário: Esse é um complemento do que foi dito anteriormente, pois de nada adianta ter um estilo Misterioso e estar usando bermuda e chinelos. Procure adequar o seu vestuário ao seu estilo e de forma que tanto o Mágico como a platéia possam sentir-se a vontade. 5 Tente também transmitir sua mensagem claramente com seu vestuário, pois de nada adianta ter um ótimo repertório e ter um péssimo visual. Lembre-se de que a primeira impressão é a que fica, e um bom visual é um bom caminho para futuras contratações. Voz: Primeiramente tenha ensaiado tudo o que irá ser dito no seu roteiro, e procure corrigir quaisquer erros de português. Após ter feito isso faça com regularidade exercícios de projeção vocal, para isso existem diversos cursos no mercado, e muitos gratuitos em oficinas de Teatro. Treine muito a projeção de voz pelo diafragma, pois nem sempre teremos um microfone a disposição. Tenha muita clareza em sua voz e se necessário utilize tonalidades de voz diferentes da que se está acostumado em seu dia a dia, então haverá a necessidade de um policiamento ostensivo a fim de evitar deslizes durante uma apresentação. Corpo: Essa é uma das partes mais difíceis e trabalhosas na criação de uma personagem. Defina como será essa personagem em seus mínimos detalhes. Observe o jeito de andar e a postura, defina os trejeitos físicos e trabalhe muito o olhar. O olhar é a principal ferramenta de qualquer ator e para o Mágico pode auxiliar em cinqüenta por cento durante qualquer apresentação. Se o seu estilo é humorístico utilize o olhar alegre, gestos estabanados aliados com um andar descompassado. Pode ser utilizado muito da linguagem Clown. Se o seu estilo é o misterioso tenha a seriedade no olhar, um andar lento aliado a suaves e rápidos trejeitos com as mãos. Se o estilo é clássico então utilize o olhar calmo e firme, o nadar normal trejeitos firmes e distintos. Há sempre a necessidade de trabalhar o corpo com maestria e dedicação para que tudo seja natural ao espectador. Acreditar!: Acredite em sua personagem, pois ela é uma extensão de sua personalidade, e é aquele que marcará para sempre aqueles que o assistiram em ação. Acredite sempre naquilo que estiver fazendo e o sucesso do seu trabalho estará com certeza muito mais facilmente alcançável. E lembre-se que para tudo nessa vida o estudo e o aperfeiçoamento diário sempre serão necessários. Robson Campos de Abreu – [email protected] 6 O Mago Por Vanessa Saldanha O ar era de mistério. Ele sorria singelamente, mas naquele sorriso notávamos algo mais. Sabíamos que de tudo ele era capaz. Em simples movimentos objetos se erguiam, talheres se entortavam. E nem víamos esforço. Seus olhos diziam que sabia mais. Ficávamos quietos pensando em mil coisas e com certo receio que ele fosse descobrir. Não havia segredo para ele. Pensávamos em números, pensávamos em cartas e ele sabia, sempre sabia. Nomes, datas, cores, animais, não importava, ele sempre sabia, com aquele olhar silenciador. E o seu tom de voz comandava. Até de produzir fogo suas mãos eram capazes. Sua segurança extrema era assustadora. Ele sabia o que fazer e quando deve fazer. Suas mãos se moviam em acorde. Ele parecia controlar. Olhávamos para onde ele desejava. Prendia nossa atenção quando queria, e nos distraia em momento qualquer. 7 Ele envolvia. Nós sempre chocados. Mas ele não, para ele não havia surpresas. Fogo, metal, mente, ar ou qualquer coisa. Para nós incrível, para ele normal. Bruxo não! Magicordial! Domínio de cena Por Ruy Texas Não é fácil de definir, mas alguém já sugeriu que corresponde à diferença entre servir uma boa posta de salmão em salva de prata, e simplesmente atirar algum peixe para um prato. Pode-se chamar-lhe de energia, brilho ou imagem: o domínio de cena é aquilo que transforma uma ocasião num acontecimento, tornando-o mais excitante. Não posso fazer muito mais do que dar sugestões, mas penso que um mágico nunca se limita a tirar cartas de uma caixa - na verdade, ele faz com que elas saiam da caixa com um passe de magia. Se um mágico no verdadeiro sentido da palavra quisesse que lhe trouxessem uma mesa, esta apareceria apenas graças ao seu desejo. O domínio de cena é a cereja que se põe no bolo, aquela fita extra à volta de um ramo de flores. Magicordialmente, Ruy Texas 8 Para o Ofertas “Mágicas” nosso amigo Mágico 9 “João Peixoto” Nesta edição temos o prazer de trazer aos amigos leitores uma breve apresentação da vida de João Peixoto. Como já citamos nas edições anteriores, J. Peixoto foi um dos precursores da arte mágica no Brasil. É e será sempre lembrado não só como um grande artista, mas como um homem que muito se empenhou na preservação dos trabalhos de gerações anteriores a sua e no desenvolvimento das futuras. É com grande admiração e respeito que extraímos do “Boletim Mágico’ o texto a seguir:. Depois de ter o “Boletim Mágico” apresentado o retrato e a biographia de tantos amadores e artistas de magia é justo que se facão mesmo em relação ao ilustre confrade e amigo João Peixoto. Editor deste boletim e uma das figuras de maior destaque dentre os amadores brasileiros. João Peixoto nasceu no estado de Minas Geraes em 17 de maio de 1879. Desde muito cedo manifestou vocação pela magia. Na idade de 15 annos lia e relia todos os livros que podia adquirir nas livrarias. Infelizmente, porém a falta de contacto com amadores e profissionaes mágicos concorria para serem morosos os seus progressos na arte; não obstante, entre os seus collegas e amigos, fazia diabruras, porque sempre sabia inventar e improvisar alguma cousa. Do anno de 1900 em diante, porém, começou a se desenvolver devéras, pois vendo alguns artistas taes como: Faure Nicolay, Dr. Richards, Watry, Maieroni, Chefalo Raymond e outros, foi-lhe isso sufficiente para o seu aperfeiçoamento. Mais ou menos há esse tempo, como muitos outros, veio a saber que existiam na Europa e Estados Unidos casas de artigos de prestidigitação. Soube que os mágicos tinham os seus órgãos assim como academias ou sociedades onde se podiam aperfeiçoar. Ah! Foi então um passo de gigante que deu! Pois se existiam casas que vendiam taes apparelhos que tantas vezes viu recommendado nos livros e que tão complicado achava para sua fabricação! Eil-o pois um bello dia em Pariz nas casas de Caroly, De Vere, e outras menos especialistas como a Societé de la Gaité Française, Baudot, etc. Tornou-se freguez daquelles dois primeiros e conhecidos fabricantes, enriquecendo, desde então o seu já modesto gabinete de amador, com o qual dava sessões aos seus amigos. Entretanto como succede á muitos bons amadores de nossa terra, jamais quis envergar a casaca para se apresentar em publico. Conservaria seu titulo de simples amador, mesmo porque as occupações da profissão, mal permeteriam. O seu gabinete começava a se enriquecer de tudo quanto a magia vinha produzindo de melhor. Muitas vezes era obrigado a ceder aos seus amigos também amadores 10 alguns apparelhos ou desvendar-lhes trucs que mais não queria permanentemente servir; assim um dia veio-lhe a idéia de fundar uma casa de artigos de prestidigitação, uma “Academia de Magia” onde pudesse ensinar esta arte que tantos annos e sacrifícios lhe tinha custado. Eil-o de 1910 para cá transformado em “Professor”. É na sua casa que se reúnem todos os amadores de prestidigitação. Todos vão consulta-lo sobre magia, é com ele que se encontra tudo, pois sua casa se transformou num museu mágico! Todos os artistas de passagem por São Paulo, pressurosamente procuram vel-o e quase todos artistas e notabilidades mágicas do mundo inteiro correspondem-se com este homem extraordinário, certos de que actualmente elle é a maior autoridade em assumptos mágicos no Brasil. A magia no Brasil muito deve a João Peixoto. Depois que fundou a sua academia, muitas pessoas tem ahi bebido os seus conhecimentos mágicos e muitos tem se tornado profissionaes. Muito se esforçou também para a fundação de uma sociedade mágica entre nós. Assim é que em 1918, auxiliado por alguns amadores de boa vontade conseguiu a fundação da” Associação dos Artistas Prestidigitadores”, mas por falta de apoio persistente de outros elementos, foi dissolvida. Nessa época chegou a publicar um jornal mágico, que era para ser o orgam da sociedade “O Prestidigitador” que egualmente teve sua publicação interrompida. Presentemente edita o “Boletim Mágico” que esta no seu quart anno de existência e que, baseado em uma nova forma e auxiliado por um grupo de amigos acha-se em franca prosperidade. Os assignantes deste jornal recebem o titulo de membros do “Circulo Mágico Internacional” que será definitivamernte organisado quando houver numero suficiente de sócios. Em colaboração com Correa Pereira escreveu um livro:”A prestidigitação Revelada” cuja segunda edição já se acha esgotada em todas as livrarias. Escreveu também um “Curso de Prestidigitação e Transmissão do Pensamento”, no qual expoz muitas experiências originaes sobre telepathia fallada. Possue uma rica bibliotheca mágica, única talvez no Brasil, compostade obras e revistas em todos os idiomas, assim como uma bella colleção de cartazes, programas, photographias e autographos das maiores notabilidades mágicas do mundo inteiro. Resumindo emfim: João Peixoto nasceu para prestidigitador: O céu que nol-o conserve ainda por muitos annos! ALEXANDRE HAAS. Boletim Mágico, Vol. IV , N.9, maio de 1925. 11 http://fabriniart.carbonmade.com/ www.magicartoon.com 12
Documentos relacionados
David Blaine - Mágico Amador
matemática pode ser adequada numa rotina
mental, mas não numa demonstração de
apostas). Não se esqueça que o que parece ser
uma indução óbvia para nós, pode não parecer
para uma pessoa "comum", e q...
1 Ano 2 | Julho/Agosto 2008 | n° 7
abrilhantando nossas páginas com um ótimo artigo e uma
entrevista exclusiva cedida a Revista Ilusionista Moderno e
realizada por nosso querido amigo Fábio DeRose, mais
conhecido como El Bigodon que...
ENTENDENDO A MÁGICA
bastante conhecido no mercado o que
levou a abrir sua própria empresa de
consultoria e treinamento em 2003, a
Quality Results Consultoria e
Treinamento. E temos o orgulho de tê-lo
como ilustre memb...
Ego do mágico - A Guilhotina
era se inicia: analisar a arte mágica com o respeito que ela
merece, de modo a não fazermos apenas “truques”. E devo
dizer que me sinto honrado em desfrutar disso com
vocês, meus caros amigos leito...