AUDUBON ENVIRONMENTAL DESENHO ECOLÓGICO para o
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AUDUBON ENVIRONMENTAL DESENHO ECOLÓGICO para o
AUDUBON ENVIRONMENTAL DESENHO ECOLÓGICO para o CAMPO DE GOLFE DA ADT3 NA HERDADE DA COMPORTA Elaborado por: Audubon Environmental 1000 St Albans Dr, Suite 350, Raleigh, NC 27609 Audubon Environmental Europe Av. António Augusto de Aguiar, Nº66, 5ºesq,1069-115 Lisboa, Portugal Julho 2009 © Audubon Environmental. All rights reserved. Contribuíram para este documento: Miles M. Smart, Ph.D. Susana Morais, MS Russ Bodie, MS Charles Peacock, Ph.D. Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta ÍNDICE ÍNDICE .....................................................................................................................................................................................................1-3 SUMÁRIO EXECUTIVO .........................................................................................................................................................................1-6 1.0 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................................1-8 1.2 A estrutura para o programa “the gold signature” ............................................................................................................1-10 1.2.1 Análise do Espaço e sua Classificação......................................................................................................................1-10 1.2.2 Definição de Requisitos Programáticos Específicos.................................................................................................1-10 1.2.3 Aprovação do Plano.....................................................................................................................................................1-11 1.2.4 O Plano de Gestão de Recursos Naturais.................................................................................................................1-12 1.2.5 Programa de Educação Ambiental.............................................................................................................................1-12 1.2.6 Certificação e a Designação Diamante ......................................................................................................................1-12 1.3 Análise do espaço ecológico..............................................................................................................................................1-13 1.3.1 Espécies em Risco ......................................................................................................................................................1-13 1.3.2 Zonas Húmidas ............................................................................................................................................................1-15 1.3.3. Outras Comunidades Raras ou Importantes .............................................................................................................1-15 1.3.4 Enquadramento Histórico da Comunidade Natural...................................................................................................1-15 1.4 O papel do restauro ecológico no campo de golfe da ADT3 na Herdade da Comporta...............................................1-16 1.4.1 Plantas endémicas ou autóctones..............................................................................................................................1-17 1.4.2 Estrutura Vegetal .........................................................................................................................................................1-17 1.4.3 Faixas de Protecção ripícolas e aquáticas ................................................................................................................1-18 1.4.4 Fronteiras/ Limites........................................................................................................................................................1-18 2.0 AVALIAÇÃO DO ESPAÇO E CLASSIFICAÇÃO DA AUDUBON ENVIRONMENTAL................................................................2-1 2.1 Elementos de interesse particular .......................................................................................................................................2-3 2.2 Objectivos para a sustentabilidade......................................................................................................................................2-4 2.2.1 Requisitos de desenvolvimento sustentável ................................................................................................................2-4 2.2.2 Planeamento, Desenho e Gestão.................................................................................................................................2-5 2.2.3 Linhas de Orientação da Qualidade da Água..............................................................................................................2-7 2.2.4 Linhas de Orientação da Audubon International para os Habitats ...........................................................................2-9 3.0 REQUISITOS ESPECÍFICOS DO DESENHO PARA A PRESERVAÇÃO DOS HABITATS .....................................................3-1 3.1 Áreas dunares e corredores verdes ....................................................................................................................................3-2 3.2 Os lagos como habitat..........................................................................................................................................................3-4 4.0 GESTÃO DAS ÁGUAS PLUVIAIS...................................................................................................................................................4-6 4.1 4.1.1 Zonas especiais de gestão no campo de golfe da ADT3 da Herdade da Comporta ......................................................4-7 Zona Especial de Gestão A: Proibição de áreas de pulverização .............................................................................4-8 Audubon Environmental Pag 1-3 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 4.1.2 4.2 4.2.1 Zona Especial de Gestão B: Áreas de pulverização limitada.....................................................................................4-8 Boas práticas de gestão e engenharia de sistemas naturais............................................................................................4-9 Estabelece uma abordagem à Engenharia de Sistemas Naturais em conjunto com o processo sequencial de Boas Práticas de Gestão (BMP) para a maximização da Protecção Ambiental.......................................................................4-9 4.2.2 Engenharia de Sistemas Naturais e Práticas Preventivas BMPs ..............................................................................4-9 4.2.3 BMPs de controlo dos usos do solo ...........................................................................................................................4-13 5.0 CLASSIFICAÇÃO FINAL PARA DIAMOND RATING....................................................................................................................5-1 6.0 DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE GESTÃO E MONITORIZAÇÃO EM CURSO................................................................6-3 6.3.1 Fase I: período antecedente ao processo de construção: considerações relativas às águas subterrâneas .........6-5 6.3.1.1. Localização dos pontos de amostragem ........................................................................................................................6-5 6.3.1.2. Frequência das amostragens ..........................................................................................................................................6-5 6.3.1.3. Variação de Amostragem ................................................................................................................................................6-6 6.3.1.4. Métodos de recolha de campo ........................................................................................................................................6-6 6.3.1.5. Métodos laboratoriais......................................................................................................................................................6-9 6.3.2 Fase II: período pós-construção: considerações relativas às águas superficiais e subterrâneas ..........................6-9 6.3.2.1. Localização da amostragem............................................................................................................................................6-9 6.3.2.2. Frequência das amostragens ..........................................................................................................................................6-9 6.3.2.3. Amostra de variáveis......................................................................................................................................................6-10 6.3.2.4. Métodos de Campo ........................................................................................................................................................6-10 6.3.2.5. Métodos laboratoriais.....................................................................................................................................................6-11 6.3.6 Considerações sobre Controlo de Campo de Qualidade e Amostragem da Água em Geral................................6-15 6.3.6.1. Medidas gerais ..............................................................................................................................................................6-15 6.3.6.2. Prevenção da Contaminação das Amostras...............................................................................................................6-15 6.3.6.3. Controlo de Qualidade de Campo................................................................................................................................6-16 7.0 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................................................................7-1 ANEXO I...................................................................................................................................................................................................... II Boas Práticas de Gestão recomendadas pela Audubon International .............................................................................................. II ANEXO II...................................................................................................................................................................................................VII Pesticide Scan S150............................................................................................................................................................................VII ANEXO III....................................................................................................................................................................................................X Data Reporting Forms ...........................................................................................................................................................................X ANEXO IV ................................................................................................................................................................................................. 14 Plano de Fertilização para a Herdade da Comporta......................................................................................................................... 14 ANEXO V .................................................................................................................................................................................................. 22 Análise de espécies de relvado a utilizar na ADT3 na Herdade da Comporta............................................................................... 22 ANEXO VI ................................................................................................................................................................................................. 32 Análise da necessidade de Rega para a Herdade da Comporta..................................................................................................... 32 Audubon Environmental Pag 1-4 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta ANEXO VI ................................................................................................................................................................................................. 38 AUDUBON INTERNATIONAL ............................................................................................................................................................ 38 APPROVED LAND PLAN ................................................................................................................................................................... 38 LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 – Estabelecimento de zonas de buffer como faixas de protecção ripícolas e aquáticas ..............................................1-19 Figura 2.1 – Masterplan do Campo de Golfe da ADT3 sobre fotografia aérea..................................................................................2-2 Figura 3-1 - Conceito de desenho de conservação para a Herdade da Comporta ...........................................................................3-3 Figura 4-1. Secção transversal de uma Zona Especial de Gestão tipo..............................................................................................4-8 Figura 4-2. Exemplo de uma sequência de BMP, mostrando os vários passos utilizados no tratamento efectivo de águas pluviais. ....................................................................................................................................................................................................4-9 Figura 4-3. Tratamento das águas pluviais no interior dos lotes, para a sua gestão eficaz ...........................................................4-11 (retirado de Low Impact Development-Technical Guidance Document for Puget Sound, January 2005) LISTA DE TABELAS Tabela 6-1. Variáveis a serem analisadas (x) nas águas subterrâneas do Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta6-6 Tabela 6-2. Variáveis, Tipo de Recipiente, Conservação, e Tempos de Espera para as amostras de água subterrânea ............6-8 Tabela 6-3. Variáveis a serem analisadas (x) nas águas superficiais e subterrâneas do Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta ..........................................................................................................................................................................................6-10 Tabela 6-4. Limiares de Resposta para as Variáveis no Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta...........................6-14 Tabela 6-5. Número e tipos de amostras recolhidas para o Controlo de Qualidade de Campo ....................................................6-17 Audubon Environmental Pag 1-5 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta SUMÁRIO EXECUTIVO 1. O Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta aderiu ao Programa “Gold Signature” da Audubon International, o que representa uma parceria para a sustentabilidade do projecto. 2. Como ponto de partida para esta parceria, este documento define o desenho de concepção das áreas naturais a serem preservadas ou criadas na propriedade. Estas últimas incluem a definição de corredores ao nível do pinhal, com instalação de vegetação dunar. 3. As principais estratégias a ter em conta com vista à classificação com a categoria de Três Diamantes deverão ser: Preservação, recuperação e manutenção de buffers ao longo do sistema florestal e dunar. Protecção das espécies e habitats identificadas como ameaçadas pela EU e Portugal. Implementação de um plano para erradicação das espécies invasoras, promovendo a sua substituição por espécies autóctones. Definição de uma sequência de tratamento de BMP (“Best Management Practices” – Boas Práticas de Gestão) ao longo da propriedade, de modo a interceptar, filtrar e tratar as águas pluviais e evitar contaminações e degradação da qualidade da água. Instalação de vegetação no litoral e vegetação ripícola nas áreas envolventes a lagos e charcos criados, de modo a fornecer condições para o estabelecimento de habitats. Adaptar as características do habitat local a preservar com a paisagem envolvente. Protecção dos aquíferos e águas subterrâneas. 4. Este documento descreve a estratégia de desenho em termos projectuais, com vista a proceder ao restauro e manutenção da qualidade da água, dos habitats ribeirinhos e Dos que se encontram mais a montante. As principais estratégias consistem em: Audubon Environmental Pag 1-6 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta a. Implementação de um sistema integrado de gestão das águas pluviais, com vista à prevenção da degradação dos recursos naturais. b. Instalação e manutenção dos buffers em torno de todos os sistemas ribeirinhos. c. Criação de Zonas Especiais de Gestão, Engenharia de Sistemas Naturais e de uma sequência de Boas Práticas de Gestão (BMP - “Best Management Practices”), promovendo a máxima protecção aos recursos naturais. d. Integração da Engenharia de Sistemas Naturais e das Boas Práticas de Gestão (BMPs) para gerir as águas pluviais. e. Estabelecimento de um programa de monitorização da qualidade da água. Audubon Environmental Pag 1-7 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 1.0 INTRODUÇÃO 1.1 CONCEITOS BASE A Herdade da Comporta tem uma área de aproximadamente 12500 ha, localizando-se nos municípios de Alcácer do Sal e Grândola, no Alentejo. Aproximadamente 742 ha da propriedade irão corresponder a um uso de recreio e alojamento, apresentando-se o campo de Golfe divido em três áreas distintas. No seguimento da intenção de proceder à sua implementação de um modo ecologicamente sustentável, atendeu-se ao estabelecimento de uma parceria com a Audubon International (AI), com vista à sua integração na AI’s Gold Signature Program. O campo de Golfe em causa corresponde à área designada por ADT3 (Área de Desenvolvimento Turístico nº 3), sendo de referir o facto de parte da área por ele abrangida estar identificada em zona de Rede Natura 2000. A Audubon International (AI) define o conceito de “sustentável” como o uso de recursos de um modo que vai de encontro às nossas presentes necessidades sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. Com a aplicação do referido conceito, a Herdade da Comporta constituirá uma comunidade humana, próspera, ligada à integridade ecológica, poder económico e integração cultural. A Audubon Environmental (AE) deverá providenciar o conhecimento técnico e apoio no terreno com vista a suportar este processos. As bases para o programa Gold Signature da Audubon International assentam em cinco conceitos, que serão aplicados ao Campo de Golfe da ADT3 nomeadamente: 1. Projecto integrado na Paisagem. Projectar de forma integrada com a paisagem, de modo a minimizar as perturbações no espaço e possibilitar uma maior compatibilização com a Audubon Environmental Pag 1-8 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta envolvente. Projectar sem respeitar a paisagem natural afectará negativamente a biodiversidade, a estabilidade e ao normal funcionamento da estrutura ecológica do espaço. 2. Projectar de uma forma Eco-cêntrica. A forma de projectar eco-cêntrica, assegura maior estruturação do espaço, integra a ecologia e a sua envolvente paisagística, estabelecendo continuidade entre o desenho e o espaço envolvente. Esta medida será fundamental para o projecto pois garante que os atributos ecológicos serão devidamente considerados no processo de tomada de decisão. 3. Usar o Projecto para Aumentar a Sensibilidade Ecológica e Biodiversidade. O conceito do campo de golfe deverá integrar a vida selvagem, não só a residente na propriedade mas também da sua envolvente, de modo a potenciar um aumento da biodiversidade. Os elementos básicos essenciais para a vida selvagem são: espaço, alimento, abrigo e água. Combinando estes elementos com o conceito do projecto, não só contribuirá para uma gestão da vida selvagem, como garantirá uma maior harmonia entre nos novos usos do solo e a paisagem envolvente, evitando a fragmentação e habitats e contribuindo para a sua continuidade. Assim, a integração dos elementos necessários para a vida selvagem, na fase de projecto, maximizará o aspecto ambiental e o valor económico do espaço depois de desenvolvido. 4. Projectar de modo Proactivo. Uma abordagem proactiva à protecção e aumento dos recursos naturais é um dos princípios para a Herdade da Comporta. Abordagens ambientais proactivas em vez de reactivas são mais prováveis de serem bem sucedidas e a probabilidade de erros de gestão podem ser significativamente reduzidas (Smart et al. 1993; Peacock and Smart 1995; Peacock et al. 1996; Smart and Peacock 2002). 5. Concepção do corpo edificado de um modo Sustentado. Sustentabilidade no ambiente construído é um dos objectivos para o Campo de Golfe da ADT3 da Herdade da Comporta. Uma grande variedade de soluções aplicadas a projectos sustentáveis será identificada, e Audubon Environmental Pag 1-9 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta inclui: energia, resíduos, materiais de construção, água e qualidade do ar. As referidas soluções estratégicas serão optimizadas para benefício ambiental e económico. 1.2 A ESTRUTURA PARA O PROGRAMA “THE GOLD SIGNATURE” O Programa “Gold Signature” assenta em cinco fases principais, que correspondem a várias etapas no desenvolvimento e implantação do Campo de Golfe da ADT3. 1.2.1 Análise do Espaço e sua Classificação Esta fase ocorre no início das etapas de planeamento do projecto, antes do desenho do projecto estar finalizado. A Audubon International desenvolveu um processo de análise e classificação do espaço tendo por base um sistema anteriormente publicado (O’Connell and Noss 1992). O sistema baseia-se numa análise da área do projecto, das espécies e comunidades existentes, e na paisagem envolvente, em que o projecto se encontra inserido. As características da propriedade de Herdade da Comporta serão discutidas no Capítulo 1.3. Tendo por base esta análises, são desenvolvidos uma série de objectivos para o local. Estes objectivos descrevem os requisitos que o plano de desenvolvimento do projecto devem cumprir, em termos da Audubon International, de modo a constituir um projecto sustentável. Posteriormente, estes objectivos serão usados para avaliar a sustentabilidade de soluções para espaços específicos (ver capítulo 1.2.3). Os mesmos objectivos ajudarão na determinação de requisitos específicos que o projecto deverá seguir de modo a ser elegível de certificação do programa “Gold Signature”. 1.2.2 Definição de Requisitos Programáticos Específicos A Audubon International possui requisitos padrão, que devem ser seguidos na elaboração do projecto de modo a ser elegível no Programa “Gold Signature”. Todos os projectos, independentemente da sua classificação, conforme referido no capítulo anterior, deverão contratar um Gestor de Recursos Naturais que, para além da implementação dos requisitos da Audubon; deverá desenvolver um programa de educação ambiental a ser divulgado não só na comunidade, mas também para o exterior. Deverá ainda seguir uma variedade de outros critérios padronizados (ver Capítulo 2.2). Este requisitos são os mesmos para todos os projectos “Gold Signature”. Audubon Environmental Pag 1-10 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta É de salientar que cada espaço é único e diferente, e tem a sua própria identidade. Não seria razoável que, por exemplo, os requisitos para habitats de vida selvagem aplicada a um projecto florestal adjacente a um Parque Natural, fossem idênticos a um projecto de “selagem” de um aterro sanitário, num meio urbano (Woolbright 2004). Ou que, os mesmos requisitos para a qualidade da água aplicados a um espaço rodeado por campos de agrícola, fossem idênticos a um campo próximo de um importante curso de água. Assim, os requisitos programáticos serão específicos para cada projecto. Serão definidos requisitos programáticos específicos para o Campo de Golfe da Herdade da Comporta, em cada uma das três áreas programáticas seguintes: • Habitat de vida selvagem (Capítulo 3) • Qualidade da água (Capítulo 4) • Planeamento, Desenho e Gestão (Capítulo 2.2) Em geral, os requisitos para os habitats de vida selvagem tendem a depender da classificação do local, e os da qualidade da água tendem a ser uma mistura de requisitos padrão e específicos do local. Uma das funções chave do presente documento é o de resumir os resultados do processo de classificação, bem como apresentar os requisitos que dele dependem. Requisitos para o planeamento, desenho e gestão são apresentados no Capítulo 2.2. 1.2.3 Aprovação do Plano Quando a classificação do espaço é concluída, e os requisitos específicos estão estabelecidos, a Audubon International avaliará os planos de modo a estimar se eles cumprirão, ou não, os objectivos e requisitos do Programa “Gold Signature”. É frequente haver um aconselhamento para revisão dos planos propostos, como resposta a preocupações específicas e programáticas. Quando é verificado que o plano proposto cumpre, aparentemente, os objectivos e requisitos para o Programa “Gold Signature”, é emitido um documento oficial com a aprovação do mesmo. Este procedimento ocorre, geralmente na fase de licenciamento do projecto. A referida aprovação comprova que o desenho do projecto cumpre os requisitos mínimos do Programa “Gold Signature”. Não serve de garantia a uma aprovação na fase de certificação final ou compromete Audubon Environmental Pag 1-11 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta algum resultado particular na Escala de Classificação Diamante da AI (Diamond Rating Scale - ver Capítulo 1.2.6). Estas classificações são aplicadas apenas após a fase de construção. No anexo VI é apresentado o documento “Land Plan Approval” emitido para a Herdade da Comporta – ADT3. 1.2.4 O Plano de Gestão de Recursos Naturais Após a aprovação do plano e a finalização do documento do Desenho Ecológico (Ecological Design), o conceito base do projecto é “fechado” e inicia-se o processo de análise da gestão do projecto. O Plano de Gestão de Recursos Naturais constitui um documento abrangente, que resume recomendações de gestão para o projecto. Para a AI constitui um “manual de instruções” ecológico para a área de intervenção. O Plano de Gestão de Recursos Naturais (NRMP - “Natural Resources Management Plan”) constitui um documento “vivo”, sujeito a múltiplas revisões, atendendo ao desenvolvimento do projecto. Ou seja, à medida que se vão desenvolvendo as especialidades e detalhes projectuais, são adicionados novos capítulos compatíveis com estes novos itens desenvolvidos. Geralmente, a versão final coincide com o fecho da obra, momento em que o NRMP é revisto e, sendo daí para a frente procedida à sua revisão anual. 1.2.5 Programa de Educação Ambiental Um importante documento, final, para a operação do projecto é o Programa de Educação Ambiental da Audubon International, que identifica linhas de orientação para a Educação Ambiental e Informação da Comunidade (CEIG - “Community Education and Information Guidelines”). Este documento desenvolve estratégias programáticas para os residentes, visitas e vizinhos, no contexto ambiental do projecto. O programa de Educação Ambiental é aplicado pelo Gestor de Recursos Naturais em conjunto com os membros técnicos da Audubon International e do CEIG. 1.2.6 Certificação e a Designação Diamante Só após a construção se pode analisar o projecto, de modo a determinar se os resultados cumprem com o plano aprovado e se todos os requisitos programáticos foram satisfeitos. Nesta fase a AI certifica oficialmente o projecto como Gold Signature Sanctuary. O projecto é ainda classificado com Um, Dois ou Três Diamantes, na fase final. A classificação de Um Diamante significa que o projecto cumpriu com os Audubon Environmental Pag 1-12 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta requisitos mínimos; a classificação de Dois Diamantes significa que o projecto excedeu os requisitos mínimos; a classificação de Três Diamantes indica um projecto que excedeu de longe todos os requisitos programáticos. A atribuição de Diamantes é feita através de um processo que avalia, separadamente, os três requisitos acima referidos (Habitat de vida selvagem, Qualidade da água, Planeamento, Desenho e Gestão). O projecto recebe, em geral, a classificação mínima das três classificações individuais. Por exemplo, um projecto que é classificado de 1 Diamante em Planeamento, 2 Diamantes em Vida Selvagem e 2 Diamantes em Água irá ser certificada como Um Diamante no Programa “Gold Signature”. De forma a garantir que um projecto completo continua a operar de acordo com os padrões estabelecidos no Desenho Ecológico, no Plano de Gestão de Recursos Naturais e no Programa de Educação Ambiental, a Audubon International conduz visitas de re-certificação anuais. A classificação de um projecto pode ser aumentada ou diminuída em resultado desta visita de re-certificação anual. Em casos extremos, poderemos também reservar o direito de reanalisar e retirar a certificação se o projecto não cumprir com os padrões. 1.3 ANÁLISE DO ESPAÇO ECOLÓGICO A análise do espaço ecológico é necessária para determinar a natureza do local e da sua envolvente, como parte de um processo de diagnóstico do local e de um processo de classificação. A análise do espaço ecológico é efectuada, em parte, pela análise de relatórios de técnicos locais de arqueologia, flora, fauna, e de outros temas de interesse para o projecto. A equipa da Audubon International conduzirá visitas ao local, de modo a sintetizar dados e completar os restantes requisitos processuais. A visita inicial ao local da ADT3 foi conduzida pela Arq. Pais. Susana Morais em Dezembro de 2009, à qual se seguiram outras visitas, tendo uma das últimas sido conduzida pela Arq. Pais. Susana Morais e pelo Dr. Charles Peacock. Para além dessas visitas, foi ainda revista informação ambiental regional e nacional acerca do local. Esta compilação de informação e de abordagens fornece um quadro razoavelmente completo dos elementos biológicos presentes no local. 1.3.1 Espécies em Risco A função primária de um projecto de conservação da natureza, é a de proteger o habitat das espécies e a continuação da sua existência, principalmente quando estão em risco, ou em eminente perigo de extinção ou, simplesmente, se mostram tendências que poder ter problemas no futuro. Para além das listagens de Audubon Environmental Pag 1-13 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta protecção de espécies identificadas pelas autoridades nacionais, a Audubon International inclui ainda uma variedade de espécies sem estatuto formal, nos planos de conservação. O programa acredita que uma boa administração ambiental inclui a necessidade de uma especial atenção nas populações de espécies que estão: • Em perigo, ameaçadas ou raras; • Endémicas; • Importantes para processos chave nos ecossistemas; • Sensíveis ao distúrbio humano; ou • Importante para os esforços de educação da comunidade. Quando estas espécies são identificadas e estão presentes, é a nossa obrigação e desafio proporcionar a sua protecção especial. Quando não estão presentes, então deve focar-se na manutenção e restauro de combinações suficientes de habitats naturais de modo a prevenir o seu desaparecimento, fragmentação ou diminuição da biodiversidade do local. A área em estudo está integrada no “Sítio PTCON0034 Comporta/Galé”, tendo sido verificada uma reduzida ocorrência de habitats e espécies ameaçadas (segundo a classificação da União Europeia (EU)). É importante integrar estas classificações no contexto da Directiva Habitats, entendida como um instrumento legislativo comunitário no âmbito da conservação da natureza. Estabelece um enquadramento geral para a conservação da fauna, flora e habitats naturais com relevância para a comunidade, promovendo a criação de uma rede para áreas especiais de conservação. Esta última é designada por Natura 2000, tendo como principal objectivo “manter e restaura habitats naturais e espécies de fauna e flora com interesse ao nível da comunidade”. Os habitats e espécies associadas ao local incluem-se na seguinte lista: Habitat 2150* Dunas fixas descalcificadas atlânticas. (Calluno-Ulicetea) Habitat 2250 * Dunas litorais com Juniperus spp. Habitat 2260 Dunas com vegetação esclerófila da Cisto-Lavanduletalia Audubon Environmental Pag 1-14 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 1.3.2 Zonas Húmidas Não foi detectada a presença de zonas de escorrimento e acumulação de água à superfície na zona a que diz respeito a ADT3. Os solos de natureza arenosa assumem rápidas taxas de infiltração, determinando o deslocamento da água à superfície para níveis subterrâneos. A análise à capacidade de drenagem dos solos foi levada a cabo pela equipa de técnicos a cargo do campo de golfe, tendo sido determinada uma taxa de infiltração na ordem dos 1208.4 mm/h hr (47.56 in/hr; “The Projecto para licenciamento, Campo de Golfe ADT 3 Poente”, DMK 2008). A boa capacidade de drenagem do solo implica que seja tomadas medidas com vista a evitar que certos materiais possam ser transportados para as águas subterrâneas. Sempre que for verificada a possibilidade de existência de uma torrente de água a atravessar o campo até chegar a um ponto mais baixo, deverá ser definido um sistema de drenagem com vista a captar a água das diversas bacias de recepção, conduzindo-as rapidamente para fora do fairway e da área de jogo desenvolvida a cotas mais baixas. Para além destas áreas, deverá ser tomada especial atenção para a envolvente dos greens e bunkers, assegurando que a água não se acumule nestas áreas importantes. 1.3.3. Outras Comunidades Raras ou Importantes A Audubon International acredita que uma das melhores maneiras de preservar a biodiversidade tem por base a preservação de comunidades inteiras. Assim são identificados habitats que suportem as comunidades naturais que são vulneráveis, raras, evidenciando a existência de espécies ricas, ou endémicas. Para além das comunidades associadas às zonas húmidas, as comunidades terrestres presentes na região são igualmente significativas, como consequência de variações de orientação e elevação nos sistemas dunares, bem como das diferentes condições atribuídas aos sistemas dos festos e talvegues - contribuindo para a definição de uma grande variedade de condições climáticas, suportando uma grande variedade de vida selvagem. 1.3.4 Enquadramento Histórico da Comunidade Natural Os padrões de uso do solo e os eventos que podem constituir episódios negativos na paisagem deixam marcas que podem ajudar a determinar as condições actualmente existentes no local, bem como prever o que poderá vir a ser posteriormente instalado neste mesmo enquadramento. Desta forma, é essencial obter o máximo de informação sobre este Audubon Environmental Pag 1-15 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta histórico de ocorrências no local. Uma das prioridades em termos de conservação por parte da Audubon International consiste na preservação das comunidades naturais, com destaque para os habitats característicos de uma dada paisagem, sejam eles raros ou não. Uma grande porção da área de estudo está actualmente abrangida por uma combinação de Pinheiro-bravo (Pinus Pinaster), Pinheiro-manso (Pinus pinea) e vegetação dunar. Infelizmente, os Pinheiros-bravos encontram-se atacados pela doença do nemátodo. Sendo nativos da América do Norte e que embora não sejam considerados primariamente como nocivos para os pinheiros das regiões de onde são originários, apresentam uma série ameaça para os pinhais não nativos. O nemátodo do pinheiro é transmitido às coníferas pelos besouro do pinheiro, envolvendo uma transmissão primária ou secundária. No primeiro caso os besouros alimentam-se da casca e do floema dos ramos das árvores mais susceptíveis, enquanto que o segundo caso de transmissão envolve a deposição de ovos na madeira recém-cortada ou em árvores mortas. Os nemátodos introduzidos na transmissão primária podem reproduzir-se rapidamente, afectando e podendo aniquilar a árvore hospedeira no espaço de semanas, caso se verifiquem as condições favoráveis ao desenvolvimento da doença. Como resultado deste problema, muitas destas árvores na área de implantação do golfe deverão ser cortadas, evitando a potencial propagação para as áreas envolventes. 1.4 O PAPEL DO RESTAURO ECOLÓGICO NO CAMPO DE GOLFE DA ADT3 NA HERDADE DA COMPORTA O restauro ecológico pode ser visto como um processo contínuo, que vai desde a regeneração (plantação de exóticas e/ou monoculturas para prevenir a perda de serviços proporcionados pelos ecossistemas) à reabilitação (plantação de um subconjunto de espécies autóctones como o primeiro passo na função de restabelecimento da vegetação), ao verdadeiro restauro (um termo reservado para o restabelecimento da estrutura e diversidade originalmente presentes no local) (Lamb and Gilmour 2003). O restauro no Campo de Golfe da ADT3 deve focalizar-se na erradicação das espécies exóticas, particularmente a Acacia sp. e o chorão-das-praias (Carpobrotus edulis) e no controlo da doença do nemátodo do pinheiro, envolvendo ainda a criação áreas de enquadramento e buffers com flora autóctone. A remoção do chorão e das acácias deverá levar algum tempo, não invalidando contudo a rápida implementação de um plano para a sua remoção e posterior plantação de espécies nativas. As comunidades resultantes estarão próximas de associações naturais, intactas e completas, contribuindo assim para um aumento da biodiversidade local; melhorando as funções dos ecossistemas e fornecendo oportunidades para a educação ambiental e um Audubon Environmental Pag 1-16 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta estilo de vida sustentável. Nos capítulos seguintes são apresentadas algumas abordagens básicas para a implementação desses princípios. 1.4.1 Plantas endémicas ou autóctones A Audubon International acredita que a gestão sustentável de recursos requer sempre que possível o uso de plantas autóctones. Esta prática cumpre uma variedade de objectivos positivos, incluído: • Fornecimento à fauna as mesmas espécies para alimentação e refúgio; • Minimização dos consumos de água, fertilizantes, pesticidas e de outros cuidados, atendendo a que as espécies já se apresentam bem adaptadas ao local; • Redução da necessidade de aplicação de pesticidas pelo facto de as plantas, se encontrarem co-envolvidas com pragas locais. Assim, os princípios da Audubon International incitam à introdução do maior número possível de espécies autóctones no espaço sujeito a acções de recuperação. Este procedimento maximiza em grande medida a biodiversidade de flora e fauna. Deverá ser elaborada uma lista das espécies a utilizar, podendo vir a ser rectificada e completada mediante sugestões de botânicos e peritos locais. No caso de algumas dessas espécies não estarem comercialmente disponíveis, será analisada a possibilidade de recolha de sementes locais, ou de propagação de algumas espécies. Recomenda-se, ainda, o estabelecimento de um viveiro para transplantes no local. Este procedimento irá permitir a criação de um local onde se poderão colocar espécies autóctones, à medida que seja necessário intervir em determinadas áreas. Deste modo, previnese o desperdício de material útil, bem como uma redução nos custos de aquisição de plantas em fases posteriores. 1.4.2 Estrutura Vegetal Os Ecossistemas naturais são compostos por diferentes estratos de vegetação, que incluem árvores de grande porte, árvores de pequeno porte, arbustos, sub-arbustos, e herbáceas. A vida selvagem depende largamente de habitats estruturados. Assim, pode promover-se um aumento de diversidade de fauna pelo aumento da estrutura e composição da vegetação. O restauro de áreas e de corredores para a vida selvagem deve incluir o estrato arbustivo e herbáceo, bem com o estrato arbóreo. Audubon Environmental Pag 1-17 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 1.4.3 Faixas de Protecção ripícolas e aquáticas É recomendada a criação de faixas de protecção de vegetação natural nas zonas adjacentes às massas de água da propriedade, nomeadamente em torno dos dois lagos propostos. As características da água doce são essenciais para a saúde do ecossistema, fornecendo água potável para toda a vida selvagem, habitat para espécies aquáticas e semi-aquáticas, e locais de reprodução para muitos anfíbios. De modo a cumprir estas funções, estes locais devem ser limpos (i.e., livres de resíduos químicos) e seguros para o uso animal (i.e., rodeados de vegetação natural, de modo a proteger de predadores). Ambas as funções podem ser garantidas através da naturalização das faixas de protecção. Estudos indicam que quanto mais largas forem as referidas faixas, melhor poderá ser garantido o seu desempenho face a situações críticas (Woolbright, 2003). Recomenda-se que seja criado um buffer com um mínimo de 20 no caso dos lagos. As referidas faixas podem estender-se dentro dos limites dos lotes habitacionais, apenas se para eles forem definidas regras contra a perturbação das comunidades animais, definidas pelo condomínio ou regulamento do Empreendimento. Nas áreas de protecção podem também ser localizadas estações de tratamento de águas pluviais, ou biofiltros, pertencendo estes a uma “sequência de tratamento” mais abrangente. 1.4.4 Fronteiras/ Limites Deverão estabelecer-se transições suaves entre diferentes tipos de habitats tais como, áreas florestais e zonas abertas, ou habitats terrestres e aquáticos. Estas zonas de transição são as que apresentam maior diversidade de espécies. Vários estudos indicam que os ecótonos (os limites entre diferentes tipos de habitat) podem suportar maior diversidade de vida selvagem se houver uma zona de transição em vez de uma mudança abrupta. A plantação de uma camada arbustiva ou de estrato herbáceo, conforme foi referido em capítulos anteriores, constitui o primeiro passo na definição e estabelecimento de uma fronteira gradual. O segundo passo, é definido pelo estabelecimento de zonas naturalizadas onde não são permitidos os cortes frequentes ou aplicações de pesticidas entre áreas de relva e áreas naturais. A largura destas zonas de transição pode ser variável de modo a acomodar as diferentes funções dos corredores de vegetação, mas devem ter no mínimo 10 metros. Estas faixas não têm de ser arbustivas, podendo ser revestidas com prado em conjunto com flores silvestres, cortado apenas uma vez por ano, no Audubon Environmental Pag 1-18 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta final do Outono (depois das flores silvestres tenham libertado a semente) ou no início da Primavera. Figura 1.1 – Estabelecimento de zonas de buffer como faixas de protecção ripícolas e aquáticas Audubon Environmental Pag 1-19 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 2.0 AVALIAÇÃO DO ESPAÇO E CLASSIFICAÇÃO DA AUDUBON ENVIRONMENTAL A primeira etapa na avaliação ecológica da área de estudo é a de determinar que comunidades biológicas existem no local. É apenas dentro do contexto da ecoregião que as comunidades biológicas locais poderão ser avaliadas. O que é comum numa ecoregião pode ser um recurso criticamente raro noutra. A propriedade engloba aproximadamente 12500 ha localizados em domínio florestal, sistemas dunares e zonas agrícolas. Aproximadamente 742 há para além dos 12500 ha iram ser ocupados por áreas com uma vertente de recreio e alojamento. A zona da ADT3 irá ocupar cerca de 377 ha da referida área, ocupando o campo de golfe cerca de 88,8 ha da área da ADT3, entendida como área de intervenção. As condições existentes no local são apresentadas na Figura 2-1. Como resultado da localização da área de intervenção e da sua topografia, poderá ser detectada a presença de espécies próprias da vegetação litoral, tal como anteriormente descrito. A totalidade da propriedade abrange uma área suficientemente grande com vista ao estabelecimento de zonas de preservação da vida selvagem, segundo um critério de sustentabilidade. Deverá ser analisada num contexto maior, a nível da ecoregião, podendo funcionar como parte integrante de um ecossistema de maior dimensão. Assim, é importante identificar as ligações externas à propriedade, proporcionado uma continuidade regional estendida ao seu máximo potencial. O primeiro passo na avaliação da Audubon International para membro do Programa “Gold Signature” é a classificação da propriedade. Uma vez que esta última é propriedade de uma única entidade, foi utilizado o projecto global para a sua classificação, da qual resultou uma atribuição 2B. A classificação da classe 2 reflecte uma área ampla na qual se destaca a presença de comunidades naturais e elementos com um significado regional relevante. A categoria B, da paisagem, reconhece que a propriedade é ladeada por uma floresta mista de pinhal, ecossistemas dunares e algumas zonas de agricultura, evidenciando a presença de comunidades com relevância a nível regional, com particular destaque para os sistemas dunares e arbustivos. Audubon Environmental Pag 2-1 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta As principais implicações desta classificação são as seguintes: Classe 2: O principal objectivo deverá ser a preservação dos elementos significativos. As medidas de protecção são necessárias com vista à minimização dos riscos associados à degradação de um determinado elemento. A protecção será igualmente necessária ao nível de algumas áreas com uma elevada probabilidade de ocupação futura ao nível de algumas espécies, dependo da categoria atribuída à paisagem. A proporção da parcela que poderá ser usada para outras funções encontra-se limitada por este factores, atendendo-se ao facto do habitat dever constituir uma área contínua, desprovida de fragmentações. Categoria de Paisagem B: A gestão da propriedade deverá ser entendida a dois níveis. Num primeiro nível deverá assegurar a futura expansão dos elementos significativos e ameaçados; devendo secundariamente funcionar como um buffer para prevenir a degradação de sistemas significativos na envolvente. Deverá ser estabelecida uma área de dimensões significativas num local estratégico no contexto da propriedade, sujeita a medidas de preservação para potenciar a inclusão dos habitats circundantes, funcionando no conjunto como um buffer face a eventuais elementos exteriores não desejáveis. Figura 2.2 – Masterplan do Campo de Golfe da ADT3 sobre fotografia aérea Audubon Environmental Pag 2-2 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 2.1 ELEMENTOS DE INTERESSE PARTICULAR Os sistemas dunares e florestais são elementos de interesse significativo. A gestão destes elementos e o seu restauro, onde for apropriado, será de grande importância para a integridade ecológica da propriedade, a longo prazo. Habitat 2150* Dunas fixas descalcificadas atlânticas. (Calluno-Ulicetea) Dunas descalcificadas colonizadas por charnecas dominadas por Ericion umbellatae, classe Calluno-Ulicetea. Inclui as seguintes espécies: Calluna vulgaris, Erica umbellata, Halimium halimifolium, Stauracanthus genistoides, Ulex australis subsp. welwitschianus. Habitat 2250* Dunas litorais com Juniperus spp. Zimbrais mediterrânicos e formações dunares termo-atlânticas. Pertence à associação Daphno gnidii-Juniperetum navicularis, ordem Pistacio lentisci-Rhamnetalia, classe Quercetea ilicis. Inclui as seguintes espécies: Juniperus turbinata spp. turbinate, J. navicularis, Asparagus aphyllus, Corema album, Daphne gnidium, Phillyrea angustifolia, Pistacia lentiscus e Rhamnus alaternus Na costa mediterrânica e atlântica da Península Ibérica este tipo de habitat está associado com as formações dunares associados à Corema album, bem como às etapas de substituição dos matagais associados ao Halimium halimifolium Habitat 2260 Dunas com vegetação esclerófila da Cisto-Lavanduletalia Vegetação esclerofítica estabelecida nas formações dunares da região mediterrânica e nas zonas quentes e húmidas de clima temperado, com a Stauracanthus sp. como espécie dominante Considera-se que a melhor abordagem para maximizar a biodiversidade do projecto é focalizar a actuação ao nível de comunidade, assegurando desta forma uma maior continuidade entre os habitats, a sua largura e bom estado de desenvolvimento. Este tipo de abordagem é mais abrangente, em comparação com uma visão mais estreita, focada apenas em espécies individuais. Audubon Environmental Pag 2-3 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 2.2 OBJECTIVOS PARA A SUSTENTABILIDADE Como resultado da avaliação do local e da aplicação da metodologia de classificação, a Audubon International identificou os seguintes objectivos onde se procederá posteriormente à avaliação da sustentabilidade do projecto: 2.2.1 Requisitos de desenvolvimento sustentável 1. Considerar o Gestor de Recursos Naturais como um membro da equipa de desenvolvimento/gestão, presente no local, durante as fases de construção e funcionamento. 2. Estabelecer e seguir um Plano de Gestão de Recursos Naturais (NRMP) durante as fases de construção e funcionamento. 3. Identificar e proteger a vida selvagem e os habitats durante e depois da construção. 4. Proteger a qualidade das águas durante e depois da construção. a. Não efectuar a descarga de água proveniente de superfícies construídas directamente numa massa de água, sem uma prévia filtragem adequada. 5. Desenhar e gerir a propriedade de forma a minimizar a manutenção intensiva e a utilização de recursos não-renováveis, e a minimização das áreas relvadas em favor da vegetação nativa ou naturalizada. 6. Onde for necessária a utilização de relvados, utilizá-los de acordo com as condições ecológicas do local. 7. Preparar e utilizar uma apropriada Gestão Integrada das Pragas (IPM) que inclua: a. Criação de um programa de gestão para os relvados que inclua o corte, gestão dos nutrientes, cultivo, fertirrigação, etc. b. Integração, na tomada de decisão, de estratégias de controlo biológico, cultural e químico. c. Selecção de pesticidas através da utilização de protocolos de avaliação dos riscos ecológicos. d. Identificação de potenciais problemas como pragas e o seu tratamento apropriado. e. Monitorizar potenciais populações de pragas e o seu ambiente. f. Estabelecer o tratamento e os limiares de danos causados pelas pestes. g. Inspecciona os relvados numa diariamente. h. Identificar o momento apropriado para o tratamento e realização de tratamento-localizado, sempre que possível. Audubon Environmental Pag 2-4 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta i. Avaliar os resultados do tratamento e adaptar a gestão de acordo com essa avaliação. j. Informar o pessoal sobre as medidas de segurança a ter com os pesticidas. k. Pôr em acção planos de prevenção e de resposta. 8. Desenhar de sistemas de rega de forma a conservar água e energia 9. Construir e manter um apropriado Centro de Gestão de Recursos Naturais (ex.: instalações de manutenção) que incluam: a. Um sistema de reciclagem das águas de lavagem. b. Um armazém para pesticidas e uma área de preparação. c. Uma “ilha” para combustíveis que inclua um abrigo e um centro de contenção. Nota: deverá ser considerado a aplicação do IPM onde se assista a um valor de conservação baixo ou onde este se encontre degradado. 2.2.2 Planeamento, Desenho e Gestão 1. Vegetação/Paisagem a. O desenho da paisagem deverá maximizar a diversidade e a estrutura das espécies das árvores nativas, arbustos e espécies de revestimentos do solo. As plantas nativas deverão corresponder às indígenas da região ecológica da propriedade. b. Introdução de plantas de baixa manutenção em 100% das áreas que não estejam plantadas com as plantas de origem c. Criar um viveiro para o transplante/renovação. d. Constituir sistemas de paisagem de baixa manutenção. e Desenhar, plantar e manter planos de paisagismo que maximizem as plantas que tenham um valor directo na vida selvagem como fonte de alimentação. f. Plantar e manter a vegetação autóctone. g Sempre que possível, a vegetação a utilizar nos projectos de paisagismo devem ser provenientes do local ou da sua proximidade, de forma a manter a integridade genética das comunidade de plantas nativas locais. h. Identificar e remover espécies exóticas invasoras e substitui-las por espécies nativas. Audubon Environmental Pag 2-5 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta i. Manter no terreno as árvores mortas, se estas não apresentarem perigos para a segurança. 2. Conservação da água a. Monitorizar regularmente e manter sob exame o equipamento de rega exterior e interior. b. Instalar procedimentos de poupança de água, incluindo: modelos de poupança das casas-debanho, autoclismos e chuveiros com torneiras de baixo fluxo; etc. c. Recolha das águas pluviais para serem utilizadas na rega do empreendimento. d. Os relvados e os jardins serão regados tendo em consideração as previsões climatéricas de forma a evitar as regas quando existam previsões de chuva. Instalar sistemas de irrigação programados para que se desliguem quando chove. e. Os relvados e os jardins deverão ser regados de manhã cedo ou ao final da tarde de forma a evitar perdas de água causadas pela evaporação. f. Os relvados deverão ser regados em profundidade e não frequentemente, de forma a promover a saúde da planta. g. Deve ser utilizado “Mulch” (revestimentos orgânicos do solo) nos jardins e áreas tratadas de forma a reduzir as perdas de água. 3. Construção sustentável a. Ir ao encontro das linhas orientadoras do programa aprovado da AI existente ou ir ao encontro dos princípios de construção verdes dando à AI uma lista de materiais e práticas de construção verdes que tenham sido implementados. b. Disponibilizar para a Audubon International um pacote de opções para casas “verdes”. 4. Informação e Divulgação a. Interna i. Desenhar e implementar educação e formação para toda a equipa de projecto, incluindo staff, consultores e contratados. ii. Educar e informar os proprietários das casas e os visitantes através de oportunidades Audubon Environmental Pag 2-6 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta recreativas, programas, etc. iii. Coordenar a divulgação interna, através da criação de um Comité de Informação e Divulgação presidido pela NRM e que inclua o pessoal de vendas, gestor da associação da comunidade, etc. b. Externa i. Educar e informar as agências autorizadas, intervenientes na comunidade, etc. durante o período de titularidade. ii. Trabalhar com as escolas locais, grupos da comunidade, etc. durante a fase de operação. Utilizar o projecto como uma oportunidade de educar e envolver a comunidade. 5. Resíduos e Reciclagem a. O projecto tem um programa escrito para a redução dos resíduos e tem políticas em prática de forma a reduzir os resíduos sólidos. b. Foi criado um programa de reciclagem para encorajar os proprietários das casas, os empregados e os hóspedes. c. Os lixos serão removidos, de forma rotineira, das estradas das entradas e dos espaços comuns. d. É feita a compostagem no local, ou em centros de compostagem, dos resíduos vegetais, tais como aparas da relva, folhagem e os ramos das árvores. 6. Energia a. Deverão ser promovidas práticas de utilização eficiente da energia, tais como janelas viradas a sul, e árvores que façam sombra de forma a manter os edifícios mais quentes ou que formem barreiras contra o vento. As sombras e persianas serão utilizados de modo a permitir a entrada do sol nos dias frios e reduzir a luz do sol e a necessidade do aumento do ar condicionado nos dias quentes. 2.2.3 Linhas de Orientação da Qualidade da Água 1. Preservar, restaurar e manter uma área de buffer ao longo dos lagos. Audubon Environmental Pag 2-7 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 2. Implementar BMP (“Best Management Practices” – Boas Práticas de Gestão) com vista à protecção dos recursos. Recomenda-se a consulta do Anexo I para obter a listagem dos BMP’s mais frequentemente aplicados. Cada local apresenta condições particulares, justificando a aplicação de BMP’s apropriados para cada situação. 3. Desenhar a drenagem das estradas com as BMPs de tratamento da qualidade da água apropriadas para as condições do local para cada tabela BMP, recomendada pela AE. 4. Desenhar drenagens para as águas pluviais noutras áreas que não as estradas com as BMPs de tratamento da qualidade da água apropriadas para as condições do local para cada tabela BMP, recomendada pela AE. 5. A gestão das águas pluviais que inclua largas bacias em cimento e condutas ou outras superfícies “construídas” são menos desejáveis do que a utilização de um maior número de bacias de menor dimensão ou zonas húmidas para armazenar a água. As condutas deverão ser feitas de materiais naturais, com corredores ripícolas que, de uma maneira geral oferecem uma boa gestão das águas e valorizam o habitat. 6. Os parqueamentos serão construídos sem lancis nem sarjetas e utilizarão canais de drenagem vegetalizados (ou BMP apropriadas), ou materiais permeáveis em vez de cimento ou pavimento de forma a reduzir a quantidade de escoamento. 7. Todos os corpos de água (tanques, lagos, cursos de água, etc.) terão uma faixa de protecção vegetalizada. 8. A qualidade das águas é protegida através da criação de zonas de gestão em torno dos corpos de água. Os primeiros 10 m na envolvente deverão estar livres de qualquer aplicação de químicos, sendo a extensão entre os 10 e 20 m abrangida por uma área na qual apenas poderão ser aplicados alguns químicos, tendo sempre em consideração uma análise de risco para a protecção da vida selvagem 9. Será estabelecido, na propriedade, um programa de monitorização da qualidade da água. 10. Foi iniciado durante a pré-construção um programa de monitorização da qualidade da água por forma a estabelecer as condições envolventes. 11. Durante as fases de construção e desenvolvimento, manter-se-á o programa de monitorização da qualidade da água Audubon Environmental Pag 2-8 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 2.2.4 Linhas de Orientação da Audubon International para os Habitats O projecto deverá maximizar as condições dos habitats naturais, seguindo as seguintes orientações: 1. Protecção dos habitats que são identificados como ameaçados no contexto da UE e Portugal. Eles incluem: Habitat 2150* Dunas fixas descalcificadas atlânticas. (Calluno-Ulicetea) Habitat 2250 * Dunas litorais com Juniperus spp. Habitat 2260 Dunas com vegetação esclerófila da Cisto-Lavanduletalia 2. Preservar não sós os sistemas húmidos mas também o sistema seco, envolvendo ainda a erradicação das espécies exóticas, com destaque para o chorão e Acácias. 3. Incluir todos os habitats a proteger numa única área contínua e não fragmentada. 4. Se existirem parcelas pequenas do habitat noutros locais do projecto, estas deverão ser ligadas ao local de conservação principal através de corredores de habitats. 5. Incluir zonas litorais com plantas emergentes nas zonas húmidas de todas as margens dos lagos. 6. Apresentar faixas de vegetação tão densas quanto possível à volta da margem de todos os lagos e cursos de água. 7. Ligar todos os lagos e cursos de água que não estejam incluídos na rede de conservação à principal reserva utilizando corredores de habitats. 8. Localizar as reservas do habitat de forma a permitir a ligação a qualquer habitat existente na área envolvente à propriedade. 9. Evitar atravessar habitats primários com estradas. Se tal passagem for inevitável, disponibilizar uma ponte que permita atravessamento quer dos habitats aquáticos, quer dos terrestres, sem provocar perturbação. Audubon Environmental Pag 2-9 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 3.0 REQUISITOS ESPECÍFICOS DO DESENHO PARA A PRESERVAÇÃO DOS HABITATS O campo de Golfe da ADT3 encontra-se parcialmente localizado numa zona classificada como Rede Natura 2000. Tal como descrito anteriormente, a Directiva Habitats é um instrumento legislativo comunitário no âmbito da conservação da natureza que estabelece um enquadramento geral para a conservação da fauna, flora e habitats naturais com relevância para a comunidade; promovendo a criação de uma rede para áreas especiais de conservação, designada Natura 2000 - com vista a “manter e restaura habitats naturais e espécies de fauna e flora com interesse ao nível da comunidade”. Foram identificados alguns habitats e assinalada a existência de algumas espécies protegidas dentro da propriedade, cuja existência importa considerar com vista à sua integração no projecto do campo de golfe. Foram desta forma delineados corredores e identificadas áreas a preservar, constituindo elementos da maior importância na leitura global da paisagem. Os habitats dominantes considerados para cada buraco são apresentados na seguinte tabela: Classificação do Habitat Habitat 2150* Dunas fixas descalcificadas atlânticas (Calluno-Ulicetea) Habitat 2250* Dunas litorais com Juniperus spp. Habitat 2260 Dunas com vegetação esclerófila da Cisto-Lavanduletalia Buraco Nº 1,2,3,4,5,11,12,13,14,15, 16 9,18 6,7,8,10,11,12,16 O conceito de desenho de conservação para a Herdade da Comporta é apresentado na Figura 3-1. Segue-se a descrição das principais áreas de conservação a ter em conta no projecto do campo de golfe, assim como outros aspectos a considerar. Audubon Environmental Page 3-1 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 3.1 ÁREAS DUNARES E CORREDORES VERDES O sistema dunar consiste num dos principais núcleos de habitats na propriedade. Deverá ser preservado, constituindo um elemento chave para o estabelecimento de corredores verdes, integrando uma série de áreas distintas no conjunto da paisagem local. Dentro do campo de golfe foram identificados alguns corredores verdes, assumidos como áreas que deverão ser poupadas a qualquer tipo de perturbação exterior, promovendo a conectividade dentro e fora do campo de golfe. Foi avaliada neste âmbito uma área total de 16,5 ha. Para além disto, foram detectadas áreas entre os diferentes buracos, onde será possível proceder a acções de requalificação, promovendo a conectividade com os corredores existentes. Neste âmbito a área em causa corresponde a cerca de 31 ha. Nestas áreas, foi verificada a presença de alguns habitats evidenciando alguma degradação, sendo extremamente importante proceder à sua valorização, promovendo a sua recuperação. Antes de ter lugar a construção do campo de golfe propriamente dito, será determinante proceder ao transplante de todas as espécies nativas identificadas nas futuras áreas de jogo para estas áreas para as quais se pretende o estabelecimento de espaços com um estatuto de conservação. Numa primeira fase as áreas de transplantes funcionaram como viveiros, acabando por se assistir posteriormente a uma integração dos corredores verdes assim estabelecidos como os corredores existentes. Todo o material para propagação (sementes, estacas, exemplares provenientes de transplantes e plantas desenvolvidas em viveiro) deverá ser colhido e salvaguardado da área envolvente, com vista ser directamente instalado no local. Os exemplares colhidos poderão ser importantes com vista a auxiliar na propagação de algum material vegetal, à medida que as acções de recuperação forem tendo lugar. Audubon Environmental Page 3-2 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta Figura 3-1 - Conceito de desenho de conservação para a Herdade da Comporta Embora se pretenda minimizar as operações de movimentos de terra, por forma a serem atingidos os padrões necessários, irá ser necessário proceder à passagem de máquinas fora das principais áreas de jogo. Este facto justifica a preocupação de se replantar estas áreas, com vista a recriar o melhor possível as condições da paisagem original. A ideia é utilizar o mesmo tipo de revestimentos do solo, com vista a renaturalizar as áreas que sofreram perturbações em resultado da construção do campo de golfe. Deverão ser potenciadas todas as oportunidades para incrementar a biodiversidade da vida selvagem. Para além da existência dos sistemas ribeirinhos e vegetação associada (que por si só constituem ecossistemas ricos) deverá ser considerada a existência de outros elementos, como por exemplo a manutenção de algumas árvores mortas no terreno. Estas últimas poderão funcionar como nichos para alguns animais, funcionam simultaneamente como elementos interessantes na paisagem. Audubon Environmental Page 3-3 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta Os corredores verdes a estabelecer não terão de ser particularmente largos e estar em perfeito estado selvagem. Qualquer elemento ou estrutura na paisagem que aumente o nível de conforto das deslocações de um animal de pequeno porte, terá utilidade, recomendam-se neste âmbito a utilização de faixas de vegetação autóctone. Mesmo elementos mais formais, como sebes de compartimentação constituídas por espécies arbustivas autóctones, de folha perene, poderão ser usadas para aumentar a conectividade entre parcelas. O desafio está em descobrir como ligar o maior número de habitats possível, do modo mais consistente possível, em cada local. O sucesso da preservação da vida selvagem na área a intervencionar depende, em grande parte, da dimensão da área natural disponibilizada dentro dessa parcela do território. Esta área terá de ser capaz de fornecer os recursos necessários para a sobrevivência de populações suficientemente grandes, de modo a que estas possam ser geneticamente viáveis. O valor de uma determinada parcela de vegetação, em termos da conservação da vida selvagem, depende da sua dimensão e do seu grau de conectividade com outros habitats (Woolbright, 2003). Habitats lineares (corredores) entre parcelas permitem aos animais movimentarem-se, de um modo seguro, entre os seus abrigos e os seus locais de alimentação e pontos de água, podendo constituir movimentos frequentes ou apenas sazonais. Estes corredores permitem ainda a dispersão dos animais jovens e o movimento anual das espécies migratórias. 3.2 OS LAGOS COMO HABITAT Outro aspecto importante no Herdade da Comporta relaciona-se com a capacidade em transformar os lagos construídos em habitats para peixes, anfíbios e outro tipo de espécies aquáticas ou semi-aquáticas. Em geral, os lagos construídos em empreendimentos limitam-se à sua função de retenção de água, não estando geralmente prevista, na sua construção, a instalação de vegetação que possa contribuir para a integridade destes sistemas aquáticos, enquanto habitat. Também não costumam possuir margens correctamente vegetalizadas, com espécies características de zonas húmidas. No entanto, são precisamente estas áreas vegetalizadas, tanto as zonas inundadas de baixa profundidade como as zonas emersas adjacentes, que valorizam um lago, enquanto habitat. Uma parte importante do projecto para o campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta consiste na reabilitação da vegetação ripícola existente e na criação de alguns lagos de pequena dimensão. Apesar de serem bacias artificiais, estas Audubon Environmental Page 3-4 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta poderão ser executadas de modo a se assemelharem, o mais possível, com um elemento natural. O objectivo está em maximizar a área marginal aos lagos, as quais deverão incluir zonas imersas, de baixa profundidade, plantadas com vegetação emergente, associadas a uma faixa de vegetação natural na zona adjacente à margem dos lagos. Deste modo, deveria ser considerada a instalação de vegetação marginal associada aos lagos, caso possam ser encontradas plantas que reproduzam ao máximo possível o seu aspecto natural. Embora ainda não tenha sido definida a fonte de abastecimento dos referidos lagos, poderá ser adiantada a utilização de poços profundos como uma hipótese. Deverá ser ainda garantida a manutenção do bom estado da água, procedendo-se à sua oxigenação por via da instalação de unidades instaladas abaixo do plano de água. Outra condição essencial diz respeito ao estabelecimento de boas condições para o desenvolvimento das plantas. A profundidade de solo e água disponível é essencial para o seu desenvolvimento, recomendando-se ainda a sua plantação em conjuntos de 20 a 50 plantas. Quando plantadas tomando em consideração o estabelecimento das profundidades adequadas face ao plano de águas, será de prever o seu bom desenvolvimento. Audubon Environmental Page 3-5 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 4.0 GESTÃO DAS ÁGUAS PLUVIAIS A Gestão das Águas Pluviais na Herdade da Comporta utiliza uma abordagem integrada para prevenir a degradação dos recursos naturais. É um programa de gestão pensado ao nível da paisagem, que age de forma a proteger áreas ambientais sensíveis, tais como zonas húmidas e rios. Através da utilização de Zonas Especiais de Gestão, Engenharia de Sistemas Naturais e de uma sequência de Boas Práticas de Gestão (BMP - “Best Management Practices”), os impactos do projecto no ambiente podem ser minimizados. No Capítulo 4.2 iremos discutir a integração da Engenharia de Sistemas Naturais e das Boas Práticas de Gestão (BMPs) para gerir as águas pluviais. Neste documento iremos discutir a gestão das águas pluviais em relação ao planeamento e ao desenho para o total da propriedade. No Plano de Gestão de Recursos Naturais, estas ideias serão totalmente exploradas e os detalhes da gestão a longo prazo serão especificados. O processo de gestão da propriedade em termos de sensibilidades ambientais envolve o seguinte: 1. Estabelecimento de Zonas Especiais de Gestão no empreendimento. As Zonas Especiais de Gestão são definidas como áreas que têm práticas de gestão distintas que coincidem com a sua posição na bacia de drenagem. Para o Campo da ADT3, estas áreas são baseadas na análise dos recursos e nos requisitos de protecção dos habitats (Ver Capítulo 4.1 para mais detalhes). 2. Utilização de Engenharia de Sistemas Naturais no empreendimento. A Engenharia de Sistemas Naturais é uma abordagem para a gestão de águas pluviais que maximiza a utilização de sistemas naturais para o tratamento das águas. Este tipo de gestão das águas pluviais é muito eficaz porque aumenta o tempo de retardação do escoamento superficial das águas pluviais e, desta forma, reduz a quantidade de água nos canais em qualquer momento. 3. Estabelecimento de sequências de Boas Práticas de Gestão (BMP-“Best Management Practices”) para maximizar a protecção ambiental. A forma mais eficaz de proteger as águas Audubon Environmental Page 4-6 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta superficiais e subterrâneas é através da utilização de abordagens de sistemas detalhados que incluam a integração de práticas de preservação e de controlo estrutural (Smart & Peacock 2002). As medidas preventivas incluem práticas não-estruturais (que utilizam sistemas e métodos naturais) as quais minimizam ou previnem a criação de escoamentos superficiais e a sua contaminação por poluentes, através de, por exemplo, a utilização de fertilizantes orgânicos em pastagens. Os controlos estruturais são melhoramentos de especial importância, desenhados para remover, filtrar, deter e redireccionar potenciais contaminadores que se encontrem nas águas superficiais. Uma vez que a água é o principal mecanismo de movimento para os contaminantes, a protecção dos recursos hídricos fornece, também, as bases para a protecção de áreas e espécies sensíveis. No Anexo I encontram-se exemplos efectivos de BMPs. Esta ampla abordagem dos sistemas será utilizada no Campo da ADT3 da Herdade da Comporta, optimizando o planeamento do local e a utilização de sistemas de drenagem naturais. Esta abordagem pode ser entendida como uma sequência de Boas Práticas de Gestão (BMP) em que cada BMPs é apenas uma “peça”. Quanto mais BMPs forem incorporadas nesse sistema de procedimentos, melhor será a performance da sequência de tratamento. As primeiras “peças” incluem BMPs preventivas de forma a minimizar o escoamento superficial e as últimas incluem, geralmente, controlos estruturais (ver Capítulo 4.2.2 para maior detalhe). A eficácia da remoção de poluentes depende de três factores inter-relacionados: 1) os mecanismos de remoção utilizados pelas BMP que incluem processos físicos, químicos e biológicos: 2) a fracção de escoamento tratado pelas BMP; e 3) a natureza do poluente a ser removido. Uma cadeia efectiva de BMP é aquela que trata 100% do escoamento através dos processos físicos, químicos e biológicos. Ao se incluir o maior número mecanismos de remoção possível em cada sequência de tratamento de BMP, aumenta-se a possibilidade de sucesso de remoção de um determinado poluente. 4.1 ZONAS ESPECIAIS DE GESTÃO NO CAMPO DE GOLFE DA ADT3 DA HERDADE DA COMPORTA O processo de gestão do Campo de Golfe da ADT3 da Herdade da Comporta, de uma forma sensível e Audubon Environmental Page 4-7 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta responsável em termos ambientais, implica o estabelecimento de Zonas Especiais de Gestão na área do empreendimento. As Zonas Especiais de Gestão são definidas como áreas que têm práticas de gestão diferenciadas, que coincidem com a sua posição na bacia de drenagem, baseando-se na análise dos recursos e dos requisitos de protecção dos habitats. As Zonas Especiais de Gestão trabalham lado a lado com a Engenharia de Sistemas Naturais e a aplicação das Boas Práticas de Gestão e da Gestão Integrada de Pragas (IPM - “Integrated Pest Management”). As Zonas Especiais de Gestão e as faixas de protecção ocupam os mesmos espaços. As Zonas Especiais de Gestão encontram-se representadas na Figura 4-1. 4.1.1 Zona Especial de Gestão A: Proibição de áreas de pulverização Não são permitidas zonas de pulverização junto de massas de água (zonas húmidas, rios, charcas), numa faixa de 10 metros para terra, medida a partir da linha correspondente ao nível normal das águas. Nestas áreas não poderão ser utilizados pesticidas, mas apenas fertilizantes azotados de libertação lenta. Não poderão ser utilizados fertilizantes à base de fósforo, a menos que uma análise ao solo indique um nível reduzido. Zone B Zone A Stream Zone A Zone B Figura 4-1. Secção transversal de uma Zona Especial de Gestão tipo. 4.1.2 Zona Especial de Gestão B: Áreas de pulverização limitada São estabelecidas áreas de pulverização limitada em torno de cada curso de água (zonas húmidas, rios, charcas) correspondentes a uma faixa de 10 metros de largura medida a partir do fim da Zona A. Só poderá ser utilizado um leque limitado de pesticidas (identificados no Plano de Gestão de Recursos Naturais e baseados no Tier 1 Risk Assessment) e o tipo de fertilizantes descritos para a Zona Especial de Gestão A. Audubon Environmental Page 4-8 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 4.2 BOAS PRÁTICAS DE GESTÃO E ENGENHARIA DE SISTEMAS NATURAIS 4.2.1 Estabelece uma abordagem à Engenharia de Sistemas Naturais em conjunto com o processo sequencial de Boas Práticas de Gestão (BMP) para a maximização da Protecção Ambiental A drenagem das águas pluviais de todas as áreas da propriedade será tratada através de uma combinação da Engenharia de Sistemas Naturais e a sequência de BMPs. A Engenharia de Sistemas Naturais resulta numa menor quantidade de águas pluviais que precisa de ser tratada, e a sequência de BMPs oferece uma série de tratamentos de forma a assegurar que a água tenha a melhor qualidade possível (Figura 4-2). Stormwater Generation From a home roof 80% Rain Barrel 20% Irrigate Garden 50 ft Vegetated Swale on The lot 35 foot easement behind The home that is an Undisturbed vegetated filter strip Diversion berm To detention basin 35 foot stream buffer Figura 4-2. Exemplo de uma sequência de BMP, mostrando os vários passos utilizados no tratamento efectivo de águas pluviais. 4.2.2 Engenharia de Sistemas Naturais e Práticas Preventivas BMPs As medidas preventivas são consideradas as “primeiras linhas de defesa” num sistema de gestão integrado de águas pluviais. As medidas preventivas utilizadas no Campo de Golfe da ADT3 na Herdade Audubon Environmental Page 4-9 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta da Comporta incluem o controlo do uso dos solos e práticas de prevenção de base. A Engenharia de Sistemas Naturais faz parte das medidas de prevenção das BMP e a implementação que se recomenda inclui quer o desenho/construção, quer protocolos de gestão. 1. Minimização dos distúrbios no local. Para a prossecução do objectivo de desenvolvimento ambientalmente responsável, a quantidade de distúrbios locais deverá ser minimizada. A preservação da paisagem existente, através da limitação da quantidade de distúrbios, permite reduzir: • a necessidade de estabilização do solo e medidas de controlo da erosão; • os custos de revegetalização e reconstituição associados à implementação do empreendimento; • a ruptura no ecossistema. Para minimizar os distúrbios no local: a. A introdução de perturbações deverá limitar-se às áreas de implementação do empreendimento; b. Deverá ser utilizada uma abordagem ecossistémica para o planeamento ambiental; c. As áreas a construir deverão ser áreas que já tenham sofrido alterações pelo homem; d. Deverão ser criados habitats de conexão entre espaços abertos; e. Os usos do solo com potencial impacto nos recursos ecológicos deverão ser localizados longe desses recursos; f. Reduzir ao mínimo o aumento de área impermeabilizada resultante da implementação do empreendimento; g. Enquadrar paisagisticamente os elementos naturais mais significativos, tais como zonas húmidas, cursos de água e habitats de alta-qualidade. h. Incorporar os recursos naturais, no desenho, enquanto mais-valia para o empreendimento; i. Restaurar e melhorar as funções ecológicas eventualmente danificadas por usos anteriores. j. Utilização de engenharia dos sistemas naturais para gerir as águas pluviais na propriedade. 2. Utilização da abordagem da Engenheira de Sistemas Naturais para promover a protecção Audubon Environmental Page 4-10 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta dos recursos hídricos e aumentar os habitats da vida selvagem. Os pontos-chave na abordagem da Engenharia de Sistemas Naturais no Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta incluem os itens que se indicam abaixo. a. Integração de um sistema de drenagem no campo de golfe, o qual irá trazer vantagens ao empreendimento, nomeadamente pela recolha de água que, posteriormente, poderá ser utilizada para rega. b. As estradas não deverão ter lancis nem sarjetas. A água proveniente destas superfícies será drenada através de valetas de escoamento vegetalizadas. c. As águas pluviais são tratadas em pequenas quantidades, permitindo um tratamento eficaz sem a necessidade de grandes bacias. Cada lote residencial é o local ideal para iniciar o tratamento das águas pluviais (Figura 4-3). Figura 4-3. Tratamento das águas pluviais no interior dos lotes, para a sua gestão eficaz (retirado de Low Impact Development-Technical Guidance Document for Puget Sound, January 2005). d. Armazenamento de águas pluviais para recarga das águas subterrâneas, para rega ou como elemento de lazer. e. As condutas serão feitas de materiais naturais, com corredores ripícolas de modo a assegurar Audubon Environmental Page 4-11 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta uma boa gestão das águas e valorização do habitat. f. Enquanto que as áreas de grande densidade de construção poderão não englobar todos os pontos acima descritos, uma combinação de, por exemplo, controlo no local, descargas para os canais de drenagem natural, mecanismos de tratamento naturais nos pontos de descargas e faixas de protecção ao longo dos canais de escoamento, poderão ser utilizados no tratamento das águas pluviais. Considerações para a aplicação de processos de Engenharia de Sistemas Naturais no campo de Golfe da ADT3: a. As águas de escoamento do campo de golfe não serão descarregadas directamente em àreas ambientais sensíveis, tais como: zonas húmidas, rios ou de protecção florestal, sem um tratamento prévio adequado. Deverão ser criadas pequenas depressões no terreno funcionando como sistemas de drenagem natural, promovendo a infiltração ao mesmo tempo que desempenham uma função de filtragem. b. A qualidade da água será protegida pela abordagem da sequência de BMPs. c. Deve ser utilizada vegetação natural nas áreas residenciais ou outras áreas que funcionem como canais de drenagem natural. d. Considerar a construção, no subsolo de cada lote, de bacias de armazenamento de água das chuvas, para aproveitamento para rega. e. Minimizar a largura das estradas e dos passeios. Audubon Environmental Page 4-12 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta f. Identificar sistemas de rega apropriados e a localização dos aspersores (um sistema que tenha a quantidade certa de água, no lugar certo e à hora certa). g. Identificar as áreas afectas às habitações e a localização das estradas. Não é recomendada a intervenção paisagística no exterior daquelas áreas. Na área afecta às habitações é permitida a instalação de jardins e introdução de outros elementos. h. Identificar os períodos e locais apropriados para a utilização de fertilizantes e realizar análises ao solo para o estabelecimento de taxas de aplicação dos fertilizantes. Utilizar fertilizantes de libertação lenta. i. Controlo de pragas através de métodos físico ou de práticas culturais ou encorajamento de controlo biológico natural. j. Estabelecimento de faixas de protecção para as áreas sensíveis. k. Utilizar um processo de avaliação do risco para seleccionar os pesticidas menos tóxicos, persistentes, solúveis ou voláteis, sempre que possível. Apenas serão incluídos na listagem dos pesticidas recomendados os produtos que tenham uma margem razoável de segurança. l. Identificar e formar técnicos de paisagismo, ou limitar o seu número a um ou dois, de forma a assegurar que estes seguem o Plano de Gestão de Recursos Naturais, aquando da manutenção da paisagem no Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta. 4.2.3 BMPs de controlo dos usos do solo As BMPs de controlo dos usos do solo que serão utilizadas incluem diferentes práticas vegetativas, as quais serão identificadas posteriormente. Neste momento, na avaliação e análise da propriedade, é importante salientar que as BMPs serão integradas nas “sequências de tratamento” e que poucas infraestruturas construídas, se tal for necessário, serão utilizadas para tratar as águas pluviais. Audubon Environmental Page 4-13 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 5.0 CLASSIFICAÇÃO FINAL PARA NíVEL DIAMANTE Não se poderá atribuir uma certificação ou classificação enquanto “diamond rating” antes que se tenham conhecimentos substanciais no que diz respeito a cada tipo de uso de solo. No entanto, podemos prever o que seria desejável em termos de resultados finais, propondo sugestões com vista a potenciar a atribuição do “diamond rating”, embora nenhum destes pressupostos deva ser entendido enquanto garantia para tal. A certificação final estará a cargo da Audubon International, que irá avaliar todo o projecto, baseando-se nas condições de projecto existentes em dado momento. A partir da análise apresentada neste documento não se encontraram razões que impeçam a certificação do Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta enquanto “Gold Signature Sanctuary”. Acreditamos que os objectivos e requisitos específicos enunciados neste documento se ajustam ao processo de planeamento desenvolvido até a data, bem como às aspirações expressas pela equipa projectista aquando das visitas ao local. Caso as fases de planeamento e construção se adequam aos pressupostos enunciados neste documento, acreditamos que passa ser atribuída uma classificação de pelo menos Dois Diamantes, potencialmente Três Diamantes. O desafio a cargo da equipa que vai desenvolver o projecto consiste em conduzir o processo de forma a ser atingida uma classificação de Três Diamantes. As estratégias chave para alcançar esta classificação serão: 1. Preservar, restaurar e manter faixas de protecção ao longo dos sistemas dunares. 2. Proteger os habitats identificados como ameaçados no contexto da U.E. e Portugal: Habitat 2150* Dunas fixas descalcificadas atlânticas. (Calluno-Ulicetea) Habitat 2250 * Dunas litorais com Juniperus spp. Habitat 2260 Dunas com vegetação esclerófila da Cisto-Lavanduletalia 3. Desenvolver um plano com vista à erradicação das espécies invasoras, promovendo a sua substituição por espécies da flora local. Audubon Environmental Page 5-1 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 4. Utilizar um sistema sequencial de tratamento de BMP a montante dos planos de água, com o intuito de interceptar e tratar a água das chuvas, evitando problemas ao nível da qualidade da água a jusante. 5. Promover a integração dos elementos de paisagem dentro da propriedade com os elementos exteriores. 6. Proteger os sistemas de águas subterrâneas. Estas seis estratégias estão ajustadas ao actual desenho conceptual estabelecido para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta, sendo que todas elas devem ser implementadas a diversos níveis, dos menos significativos aos mais relevantes. Uma vez que este documento está a ser elaborado ao mesmo tempo que o projecto está a ser finalizado, é impossível, nesta fase, estimar os impactos resultantes da sua implementação. No entanto, logo que o projecto esteja finalizado e aprovado, poderemos desenvolver projecções com maior precisão, bem como disponibilizar aconselhamento específico. Teremos muito gosto em continuar a actualizar as nossas projecções à medida que as fases de planeamento e construção forem avançando. É nosso objectivo que este projecto seja o mais ambientalmente são possível e que, assim, possa atingir a melhor classificação ambiental. Audubon Environmental Page 5-2 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 6.0 DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE GESTÃO E MONITORIZAÇÃO EM CURSO O planeamento ambiental não é uma ciência exacta. A total compreensão ecológica de ecossistemas complexos não está ainda completamente desenvolvida. O que funciona num determinado tipo de ecossistema pode não ser válido para outro. Os riscos que existem actualmente ao nível da extinção de algumas espécies bem como ao nível das alterações climáticas fazem adivinhar uma situação ainda mais incerta no que diz respeito às previsões para cenários futuros. Desta forma, o impacto de qualquer plano de gestão deve ser avaliado depois de estar implementado no local, devendo pressupor, da nossa parte, uma disponibilidade para proceder à sua reavaliação e ajustamento. Este tipo de entendimento é um dos pontos-chave para o sucesso de qualquer plano de conservação (Peck 1998). 6.1 POPULAÇÕES COM ESPECIAL INTERESSE Uma das principais tarefas do Gestor de Recursos Naturais do projecto, consiste em identificar e seguir as populações das espécies identificadas como sendo especialmente relevantes, neste local. A localização das áreas com uma vertente de conservação poderá estar sujeita a adaptações decorrentes desta análise. Adicionalmente, propõe-se que o levantamento das espécies animais possa ser uma parte essencial de Programa Educacional dirigido à comunidade, quer ao nível do campo de golfe, que da Herdade da Comporta como um todo. Deverá ser disponibilizada uma lista relativa a mamíferos, aves, répteis e anfíbios, e a população residente deverá ser encorajada a informar quanto ao avistamento de animais e ao seu registo na referida lista. Esta deverá constar nos relatórios anuais enviados para a Audubon International. Recomendamos igualmente que o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta possa ser integrado no Plano de monitorização anual de “casas de pássaros” da Audubon International. Deverá proceder-se à instalação dos referidos elementos, encorajando os residentes a inclui-los nos respectivos lotes, procedendo ao registo anual do Audubon Environmental Page 6-3 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta sucesso ao nível das taxas de nidificação. Para além disto deverão ser instaladas estruturas de maiores dimensões na envolvente dos lagos. A Audubon International deverá distribuir anualmente uma folha de registo afecta a cada um dos membros, pressupondo da nossa parte o seu tratamento ao nível de análise estatística. 6.2 COMUNIDADES NATURAIS SUJEITAS A MONITORIZAÇÃO CONTÍNUA Com o intuito de avaliar o sucesso das principais áreas de preservação, a diversidade ao nível das comunidades vegetais deverá ser registada anualmente em cada uma delas. Os elementos vegetais deverão ser monitorizados ao longo de transectos de vegetação permanentes que poderão corresponder às vias de circulação pedonal, procedendo-se ao registo fotográfico anual das comunidades vegetais a partir de pontos de visualização previamente definidos. É importante avaliar se estas comunidades conseguem manter a sua integridade, ou se se encontram ameaçadas pelo desenvolvimento de espécies exóticas. Neste último caso, será importante proceder às devidas acções correctivas. A recolha de amostras relativas às comunidades vegetais bem como aos registos da qualidade da água constituem tarefas essenciais do Gestor de Recursos Naturais. Fornecem dados importantes que necessitam de ser monitorizados regularmente, utilizando metodologias fiáveis e standartizadas. Para tal é essencial dispor de boa documentação. Para além destes requisitos básicos sugerimos uma estratégia de gestão orientada para a procura de oportunidades de recolha de mais informação relativa ao contexto ecológico da ADT3 na Herdade da Comporta. As escolas locais poderão ser encorajadas a adoptar esforços de monitorização como parte integrante dos Programas de Educação Ambiental. Seria desejável se uma ou mais escolas pudessem identificar professores da área científica, disponíveis para participar neste projecto a longo prazo. As associações ambientalistas da zona poderiam igualmente dispensar a sua experiência, nomeadamente no que diz respeito à contabilização de factores relativos às comunidades de avifauna. Os custos de tais parcerias serão mínimos, largamente compensados pela recolha de um amplo conjunto de informações, para além de reverterem em grande parte para uma maior exposição pública do projecto. A padronização e repetição são menos críticas com esta parceria. Audubon Environmental Page 6-4 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 6.3 MONITORIZAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS A Gestão de Recursos Naturais no Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta deverá incluir acções de monitorização das águas superficiais e subterrâneas com vista a: 1. Estabelecer um nível de referência relativo à qualidade da água anterior à construção; 2. Fornecer informação que determinará as condições ambientais, assim constituído a base para a avaliação da sua conformidade com os regulamentos ambientais; 3. Assegurar que a gestão da propriedade se está a efectuar correctamente. As acções de monitorização irão focalizar-se na manutenção da qualidade ambiental e na obtenção de informação a partir da qual se farão ajustes em termos dos programas e operações. O Programa de Monitorização Ambiental é estabelecido numa série de fases que coincidem com o desenvolvimento do empreendimento. A FASE I define as condições existentes a priori, antes da construção, ao passo que a FASE II corresponde a esta fase propriamente dita, envolvendo a implementação das propostas. 6.3.1 Fase I: período antecedente ao processo de construção: considerações relativas às águas subterrâneas O objectivo principal da FASE I consiste na avaliação da qualidade das águas superficiais e subterrâneas durante o período antecedente à construção, durante a fase de construção e no período imediatamente a seguir. Nesta fase de monitorização não serão aplicados pesticidas e fertilizantes em toda a propriedade. 6.3.1.1. Localização dos pontos de amostragem Águas subterrâneas. A localização dos seus pontos de amostragem deverá corresponder aos buracos ACP1A e ACS1. Os pontos de localização das amostras deverão ser identificados em mapas e fotografados, com vista a uma mais fácil identificação em acções de amostragem posteriores. 6.3.1.2. Frequência das amostragens Águas subterrâneas. Nesta fase deverão ser recolhidas três amostras de água. Esta fase do programa de Audubon Environmental Page 6-5 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta monitorização estará terminada quando o crescimento dos relvados se tiver iniciado. 6.3.1.3. Variação de Amostragem As águas as águas subterrâneas serão analisadas de acordo com as variáveis listadas na Tabela 6-1. Tabela 6-1. Variáveis a serem analisadas (x) nas águas subterrâneas do Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta Variáveis Fase I Águas Subterrâneas Análises de campo pH X Temperatura da água X Condutividade especifica X Oxigénio dissolvido Análises Laboratoriais Nitritos e Nitratos X Azoto total X Fósforo total X Cloro X Sólidos totais dissolvidos X Turbidez X Pesticidas Pesticide Scan S150 6.3.1.4. Métodos de recolha de campo As variáveis, tipo de recipientes utilizados, conservação e tempos de espera relativos às amostras de água, são enunciados na Tabela 6-2. Audubon Environmental Page 6-6 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta Águas subterrâneas. O nível de água é verificado para cada furo de captação e para cada local de amostragem. Após a medição do nível de água procede-se á remoção da água estagnada e sua substituição por uma nova. A quantidade de água removida depende da dimensão do furo e da sua taxa de enchimento. De um modo geral, furos de elevada recarga são purgados em três volumes de água e os de baixa recarga são bombeados até ao seu completo esgotamento. A água de cada furo é retirada usando uma bomba portátil, sujeita a um processo de limpeza efectuado entre cada amostragem. A água encontra-se adequada para amostragem quando três leituras consecutivas indicarem uma estabilização ao nível do pH, temperatura e condutividade específica. É permitido o reenchimento dos furos após este processo, permitindo o equilíbrio do sistema. A profundidade da toalha de água é novamente medida e as amostras de água são extraídas. A extracção ocorre com um bomba ou uma bailer Teflon® própria. A temperatura da água, pH e condutividade específica são medidas em água que não será utilizada para análises laboratoriais. As amostras de água são extraídas e decantadas, ou vertidas, para um recipiente de amostras apropriado, assegurando boas condições de conservação e etiquetagem. As amostras são transferidas para um recipiente de amostragem de forma a minimizar a turbulência e a perda de componentes voláteis. As amostras serão colocadas imediatamente num aparelho de refrigeração com gelo, sendo colocados no laboratório para análise. Sempre que não sejam utilizados os devidos equipamentos, os procedimentos de limpeza deverão ser especialmente cuidados, em especial na limpeza das amostras, tubagens e demais equipamentos. De forma a assegurar que as amostras não estão contaminadas, amostras de controlos deverão ser recolhidas e analisadas. Segue-se um processo de armazenamento para transporte com vista a assegurar que as condições de transporte e armazenamento são devidamente documentadas e que as análises são correctamente realizadas. Será mantido um registo de campo relativo às amostragens e respectivas observações. O documento deverá conter os registos das condições existentes no local, incluindo a profundidade da água, observações, as condições meteorológicas e as medições de campo. Apresenta-se um exemplo de uma das páginas deste livro de registos no Anexo III. Audubon Environmental Page 6-7 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta Tabela 6-2. Variáveis, Tipo de Recipiente, Conservação, e Tempos de Espera para as amostras de água subterrânea Tipo de Variável Tempo de Recipiente espera Conservação Método pH não aplicável não aplicável não aplicável EPA 150.1 Temperatura da água não aplicável não aplicável não aplicável EPA 170.1 PH não aplicável não aplicável não aplicável EPA 150.1 Temperatura da água não aplicável não aplicável não aplicável EPA 170.1 Oxigénio dissolvido não aplicável não aplicável não aplicável EPA 360.1 Condutividade não aplicável não aplicável não aplicável EPA 120.1 P, G Cool, 4 C 48 h EPA 353.1, 353.2 P, G Cool, 4 C 7d APHA 4500 or EPA summation for Kjeldahl, Específica Nitratos e Nitritos Azoto Total Fósforo Total nitrato e ammonia nitrogen P. G Cool, 4 C, 28 d EPA 365.4 H2SO4 to pH <2 Cloro P, G Cool, 4̊C 28 d EPA 325.3 Sólidos Totais P, G Cool, 4 C 7d EPA 160.1 P, G Cool, 4 C 48 h EPA 180.1 Dissolvidos Turbidez Pesticidas – seguirão as práticas standard Retirado de: Methods are from USEPA or Standard Methods for Chemical Analysis of Water and Wastes. Audubon Environmental Page 6-8 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 6.3.1.5. Métodos laboratoriais As amostras deverão ser analisadas num laboratório certificado. A análise das amostras deverá seguir as metodologias standard definidas por laboratórios acreditados e detalhadas ao nível dos procedimentos de Garantia de Qualidade e Controlo de Qualidade. 6.3.2 Fase II: período pós-construção: considerações relativas às águas superficiais e subterrâneas O objectivo da FASE II é a monitorização da qualidade da água superficial e da água subterrânea durante o período de construção e no período imediatamente a seguir. 6.3.2.1. Localização da amostragem Águas superficiais. A amostragem será realizada ao nível dos dois lagos. Águas subterrâneas. A amostragem deverá ser feita nos locais descritos na FASE I. 6.3.2.2. Frequência das amostragens Águas superficiais. Nesta fase, as amostras deverão ser colhidas nos períodos fora da época de chuvadas, assim definidos caso existam três dias consecutivos sem chuva. Águas subterrâneas. A amostragem deve ser realizada no mesmo momento que as anteriores. Frequência das amostragens nos anos seguintes. A amostragem deverá ser reduzida para duas vezes por ano, ao fim de terem lugar os três primeiros anos, caso não tenham sido detectadas alterações na qualidade da água (Capítulo 6.3.5). Audubon Environmental Page 6-9 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 6.3.2.3. Amostra de variáveis As águas superficiais e as águas subterrâneas serão analisadas de acordo com as variáveis listadas na Tabela 6-3 Tabela 6-3. Variáveis a serem analisadas (x) nas águas superficiais e subterrâneas do Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta Fase I Variáveis Águas Superficiais Águas Subterrâneas pH X X Temperatura da água X X Condutividade específica X X Oxigénio dissolvido X Análises de campo Análises Laboratoriais Nitritos e Nitratos Azoto total Fósforo total X X X X X X Cloro X Sólidos totais dissolvidos X X Turbidez X X Pesticidas Pesticide Scan S150 Pesticide Scan S150 6.3.2.4. Métodos de Campo As variáveis, tipo de recipiente, conservação e tempos de espera para as amostras de água são apresentadas na Tabela 6-2. Audubon Environmental Page 6-10 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta Águas superficiais. Um grande número de variáveis deverão ser analisados no local, incluindo o Ph, temperatura da água, teor de oxigénio dissolvido e condutividade específica. O pH deverá ser calculado por um medidor próprio, devidamente calibrado antes da sua utilização. A condutividade específica deverá ser avaliada igualmente através de uma escala calibrada. O teor de oxigénio dissolvido será aferido com recurso a um medido ajustado face à altitude; medindo-se a temperatura da água através de um medidor de condutividade ou medidor de oxigénio. Deverão ser extraídas amostras ao nível da estação de amostragem atingindo cerca de 15 cm de profundidade abaixo da superfície. A água deverá recolhida em recipientes próprios sendo posteriormente transferida para contentores de amostragem devidamente etiquetados e com conservantes. Estes últimos deverão ser imediatamente colocados numa câmara frigorífica e levados para um laboratório para análise. Será desenvolvido um processo em cadeira como vista a assegurar que todas as condições de transporte e armazenamento estão devidamente registadas e que os procedimentos de análise recomendados estão a ser seguidos. Será elaborado um livro de registos que irá documentar todas as condições do local, incluindo a profundidade dos canais de água, as condições climatéricas e restantes medições de campo. Um exemplo de uma página do livro de registos é apresentada no Anexo III. Águas subterrâneas. As amostras das águas subterrâneas deverão seguir os protocolos estabelecidos para a Fase I. 6.3.2.5. Métodos laboratoriais Os laboratórios utilizados para a análise das amostras deverão seguir os protocolos estabelecidos para a Fase I. 6.3.3. Tratamento e armazenamento de dados Os dados gerados por este programa de monitorização serão mantidos pelo Gestor de Recursos Naturais. Esta informação será fornecida anualmente ao Signature Program Office da Audubon International. Audubon Environmental Page 6-11 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta Os dados monitorizados das amostras de campo e das análises laboratoriais serão passados para uma folha de cálculo (ex. EXCEL, QuattroPro). As análises dos dados serão apresentadas através deste conjunto de dados. Os dados serão impressos após cada actualização e arquivados numa pasta. Será mantido, no computador, uma cópia de segurança das folhas de cálculo, conservando-se igualmente os registos em papel. Será mantido um resumo dos resultados das amostras das águas superficiais, das águas subterrâneas, juntamente com uma listagem das acções correctivas que tenham sido efectuadas. O supervisor do campo de golfe manterá relatórios das actividades culturais do campo. Os itens destes relatórios deverão incluir o calendário da aplicação de todos os pesticidas e fertilizantes no campo de golfe, tal como sublinhado na secção dos pesticidas na NRMP, quando estiver completo. A informação incluirá os dados de aplicação, taxas de aplicação, produtos utilizados, e locais específicos onde os manterias foram aplicados. Serão também mantidos registos de inspecções, como parte do programa de IPM. 6.3.4. Análise de Dados Os dados gerados através dos programas de monitorização serão comparados com as concentrações anteriores e com os valores padrão estatais para águas superficiais e águas subterrâneas. Os dados das análises aos pesticidas serão comparados com os triggers (valores críticos) toxicológicos, conforme especificado na Tabela 6-4. Na Fase II, as variáveis das concentrações de águas e de sedimentos serão comparadas com as concentrações anteriores, de forma a determinar alterações às condições prévias. Os dados serão comparados com os critérios de qualidade de água estatais e a USEPA pesticide Health Advisories Limits [HAL's, ver Anexo I, Tabela I-1 do Plano de Gestão de Recursos Naturais (NRMP)] que foram reduzidos por um factor de 0.5. Este é um factor muito conservador, dado que a HAL’s tem uma margem de segurança de 100 a 1000 já incorporado no número HAL. A protecção da vida no meio aquático será avaliada através da comparação de medidas de concentração com os dados LC50 (Anexo I, Tabela I-1 nas NRMP) que foram reduzidas num factor de 10. Os dados LC50 existem para a maioria dos químicos e o LC50 mais baixo obtido para os pesticidas foi dividido por uma correcção do factor 10, de forma a obter um critério de despistagem (Suter et al., 1989; Warren-Hicks et al., 1989, 1995). Este é um factor de conservação que serve como estimativa para valores constantes. Audubon Environmental Page 6-12 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 6.3.5. Critérios para Respostas de Gestão Os critérios para as respostas de gestão estão resumidos na Tabela 6-4. 6.3.5.1. Análises a Não-Pesticidas Se as concentrações das variáveis de não-pesticidas excederem os Critérios Aplicáveis da Qualidade da Água, ou se as concentrações de nutrientes medidas excedam, mais de duas vezes, o desvio-padrão dos níveis anteriores, então a média deverá ser reamostrada e as práticas de gestão, das condições do local e das condições climatéricas serão revistas, de forma a determinar as razões para o aumento das concentrações. Uma acção imediata incluirá, também, uma redução na utilização de fertilizantes e/ou um aumento de fertilizantes de libertação lenta. No seguimento da revisão acima mencionada, estas restrições imediatas poderão ser retiradas ou modificadas, de acordo com o mais apropriado. Será mantido pelo supervisor um registo das acções implementadas. 6.3.5.2. Concentração de Pesticidas abaixo de níveis significativos de Toxicidade Se um pesticida listado na Tabela 6-1 for detectado nas amostras, em concentrações abaixo de níveis significativos de toxicidade [ex., metade dos USEPA Health Advisory Limits (HAL x 0.5) ou um décimo LC50 para os organismos aquáticos mais sensíveis (LC50 x 0.1), dependendo de qual o valor mais baixo] serão implementadas as seguintes medidas: 1. No local da amostra de onde a detecção foi obtida será retirada uma nova amostra, imediatamente após a recepção dos dados laboratoriais, e reanalisada para detecção de pesticidas. 2. A estação de amostragem relativamente á qual for detectada a existência do pesticida será sujeita a outras reamostragens: uma imediatamente após ter sido recebida a informação do laboratório e outra aproximadamente dez dias após a recepção desta informação. Estas amostras serão então analisadas para se proceder à detecção dos pesticidas. 3. Se os resultados desta reamostragem indicarem a detecção deste pesticida, não se procederá á sua utilização. 6.3.5.3. Concentração de Pesticidas acima de níveis significativos de Toxicidade Se um pesticida listado na Tabela 6-4 for detectado em amostras, em concentrações acima de níveis Audubon Environmental Page 6-13 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta significantes de toxicidade (conforme determinado pela USEPA Health Advisories Limits (HAL x 0.5)) ou pela toxicidade aquática (conforme medido pela LC50 x 0.1), dependendo de qual o valor mais baixo, serão implementadas as seguintes medidas: 1. O pesticida será imediatamente removido da lista de pesticidas recomendados e deixará de ser utilizado. 2. A estação de amostragem onde os valores de toxicidade foram obtidos, será analisada por duas vezes (uma imediatamente após a recepção dos dados do laboratório e outra aproximadamente dez dias depois) e reanalisada para detecção de pesticidas. 3. Se os resultados desta reamostragem indicarem a detecção deste pesticida, não se procederá á sua utilização Tabela 6-4. Limiares de Resposta para as Variáveis no Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta Variável Água superficial Água subterrânea pH Fora do intervalo 6.5 - 8.5 Fora do intervalo 6.5 - 8.5 Oxigénio Dissolvido Acima de 4 mg/L NAa Nitratos e Nitritos Padrões portugueses para a água ou dois 5 ppm ou dois desvio-padrão acima da média desvio-padrão acima da média de base, de base, devendo-se utilizar o valor mais devendo-se utilizar o valor mais baixo. Fósforo Total baixo. Padrões portugueses para a água ou dois Padrões portugueses para a água ou dois desvio-padrão acima da média de base, desvio-padrão acima da média de base, devendo-se utilizar o valor mais baixo. devendo-se utilizar o valor mais baixo. Cloro Dois desvio-padrão acima da média de base 250 ppm Sólidos Totais Dissolvidos 500 ppm NA Turbidez O valor de base não deve aumentar NA Pesticidas: Podem-se considerar como níveis críticos os limites do USEPA Health Advisories (HAL x 0.5) ou a toxididade aquática (LC50 x 0.1), devendo-se utilizar o valor mais baixo. As concentrações HAL e LC50 constam no Anexo I das NRMP. a NA significa não aplicável. Audubon Environmental Page 6-14 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 6.3.6 Considerações sobre Controlo de Campo de Qualidade e Amostragem da Água em Geral O programa de campo de segurança da qualidade é um processo sistemático que, juntamente com os programas laboratoriais de certificação de qualidade, assegura um determinado grau de confiança nos dados recolhidos para um estudo ambiental. O programa de campo de garantia de qualidade envolve uma série de passos, procedimentos e práticas, os quais são seguidamente descritos: 6.3.6.1. Medidas gerais a. Todos os equipamentos, aparelhos e instrumentos deverão ser mantidos limpos e em boas condições de funcionamento. b. Deverão manter-se registos de todas as reparações dos instrumentos e aparelhos e de quaisquer incidentes ou experiências que possam afectar as medições efectuadas. c. É essencial que as metodologias padronizadas e aprovadas sejam utilizadas pelos técnicos que realizam o trabalho de campo. 6.3.6.2. Prevenção da Contaminação das Amostras A qualidade dos dados gerados em laboratório depende, em primeiro lugar, da integridade das amostras a analisar. Consequentemente, os técnicos de campo devem tomar as medidas necessárias, de modo a proteger as amostras de deterioração e de contaminação. a. As medições realizadas no campo deverão ser sempre feitas em sub-amostras separadas, as quais serão descartadas após a realização da medição. Nunca deverão ser feitas na amostra de água a ser enviada para laboratório, para a realização das análises químicas. b. As garrafas para amostras, novas ou usadas, têm de ser limpas de acordo com os procedimentos recomendados. c. Para cada parâmetro, apenas deverá ser usado o tipo de garrafa de amostra recomendada. d. As garrafas para amostra de água apenas deverão ser utilizadas para amostras de água. e. Deverão ser utilizados os métodos de conservação recomendados. Todos os conservantes têm de ter uma escala analítica. f. Fitas de Teflon poderão ser utilizadas para prevenir a contaminação das cápsulas das garrafas das amostras de água que vão ser analisadas em termos de compostos orgânicos. g. O interior das garrafas das amostras e das cápsulas nunca deverão ser tocadas com as mãos Audubon Environmental Page 6-15 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta nuas, luvas, etc. h. As garrafas de amostras deverão ser mantidas num ambiente limpo, afastados de pós, sujidade e fumos. A higiene dos veículos é importante. i. Todos os produtos estranhos, especialmente os objectos de metal não deverão entrar em contacto com os ácidos e as amostras das águas. Os produtos petrolíferos e os fumos de escape também não deverão estar em contacto com as amostras. j. Os valores de condutividade específica nunca deverão ser medidos nas amostras de água antes utilizadas para as medições de pH. O cloreto de potássio proveniente das sondas de pH altera a condutividade das amostras. k. As amostras nunca poderão estar ao sol, devendo ser guardadas numa contentor com gelo. l. As amostras deverão ser enviadas para o laboratório com a maior brevidade possível. m. A pessoa que recolhe a amostra deverá manter as mãos limpas e evitar fumar enquanto estiver a trabalhar com as amostras da água. 6.3.6.3. Controlo de Qualidade de Campo O controlo de qualidade é um elemento essencial para um programa de garantia da qualidade de campo. Juntamente com a padronização dos procedimentos no campo, o controlo de qualidade de campo requer a apresentação de amostras de controlo, e em duplicado, para verificar se existem contaminações, de recipientes para amostras, ou qualquer equipamento que seja utilizado na recolha e manuseamento das amostras, e para detectar outros erros ocasionais ou sistemáticos que ocorram, desde a recolha da amostra até à sua análise. A duplicação das amostras terá também de ser efectuada para a verificação da reprodutibilidade da amostragem. O momento e a frequência das amostras de controlo, duplicações e réplicas das amostras estão listados na Tabela 6-5. Amostras de controlo. Uma amostra de controlo é preparada diariamente no campo, no final de cada amostragem. Uma amostra de controlo é preparada para cada 12 amostras de água. A sua preparação é feita através do enchimento das garrafas apropriadas para amostras, com água destilada ultrapura, utilizando equipamento de amostragem de campo. Devem ser adicionados conservantes, tapando bem as garrafas com as cápsulas, e transportando-as para o laboratório, Audubon Environmental Page 6-16 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta tudo realizado do mesmo modo como é feito para as amostras de água. Duplicados. As duplicações de amostras (splits) são obtidas através da divisão da amostra em duas sub-amostras. Uma amostra em cada doze deve ser dividida. As divisões são feitas periodicamente de forma a detectar a magnitude dos erros provocados por contaminação e a erros sistemáticos ou ocasionais, e quaisquer outras variáveis que possam ter sido introduzidas, desde a recolha da amostra até ao momento em que chega ao laboratório. Réplicas. Duas amostras são recolhidas em simultâneo numa dada localização. As amostras são recolhidas para medir as variações transversais na concentração de parâmetros que interessam para o sistema. Uma amostra por componente ambiental por trimestre, será replicada. Tabela 6-5. Número e tipos de amostras recolhidas para o Controlo de Qualidade de Campo Audubon Environmental Amostra de controlo 1 por cada 12 amostras Duplicados 1 por cada 12 amostras Réplicas 1 por trimestre por componente ambiental Page 6-17 Desenho Ecológico para o Campo de Golfe da ADT3 na Herdade da Comporta 7.0 BIBLIOGRAFIA Balogh, J.C. and J.L. Anderson. 1992. Environmental impacts of turfgrass pesticides. Pp 221-353 In Balogh and Walker (eds.) Golf Course Management and Construction: Environmental Issues. Lewis Publishers, Chelsea MI. DMK. 2008. The Projecto Para Licenciamento, Campo De Golfe ADT 3 Poente, Essex, England, 51 p. Harker, D., S. Evans, M. Evans, and K. Harker. 1993. Landscape Restoration Handbook. CRC Press. Boca Raton, FL. Lamb, D. and D. Gilmour. 2003. Rehabilitation and Restoration of Degraded Forests. IUCN, Gland, Switzerland and Cambridge, UK and WWF, Gland, Switzerland. Noss, R.F., M.A. O’Connell, and D.D. Murphy. 1997. The Science of Conservation Planning. Island Press, Washington D.C. O’Connell, M.A. and R.F. Noss. 1992. Private land management for biodiversity conservation. Environmental Management 16:435-450. Peacock, C.H. and M.M. Smart. 1995. IPM, monitoring, and management plans - a mandate for the future. USGA Green Section Record 33:10-14. Peacock, C.H., M.M. Smart, and W.H. Warren-Hicks. 1996. Best management practices and integrated pest management strategies for protection of natural resources on golf course watersheds. Pp 335-338 In Watershed ‘96, Proceedings of the Conference for Watershed Protection. Baltimore, June 1996. Peck, S. 1998. Planning for Biodiversity: Issues and Examples. Island Press, Washington DC. Smart, M.M., J.D. Spencer, R.N. Calvo, and C.H. Peacock. 1993. Environmental considerations in the design, construction, and operation of golf courses. Urban Land. March 1993. Smart, M.M. and C.H. Peacock. 1996. Maintaining Water Quality: Complete Site Supervision. Irrigation Business and Technology: 12 - 19. Smart, M.M. and C.H. Peacock. 2002. Chapter 5, Best Management Practices for Golf Courses located on Sprinngsheds, in DCA/DEP BMP Manual to Protect Florida's Springs. Woolbright, L. 2003. Terrestrial Habitat Buffers for Wetland Preserves. Audubon International’s White Paper Series on Ecological Research. (www.auduboninternational.org/resources /whitepapers). Woolbright, L. 2003. The corridor connection. Stewardship News 6(2):9. Woolbright, L. 2004. Habitat assessment tools foster green developments. Stewardship News 7(4):10. Audubon Environmental Page 7-1 ANEXO I BOAS PRÁTICAS DE GESTÃO RECOMENDADAS PELA AUDUBON INTERNATIONAL Page II Audubon International Boas Práticas de Gestão Para a Drenagem O objectivo da Audubon International é o de proteger a qualidade da água através de um tratamento apropriado do escoamento antes da sua descarga nas águas superficiais ou em áreas ambientais sensíveis. Práticas de Controlo Inlet Existe um grande número de práticas de controlo para a redução do impacto das águas pluviais nos corpos de água que a recebem. As medidas de controlo Inlet são definidas para proteger a qualidade das águas através da gestão do escoamento antes que este seja integrado no sistema de drenagem • Inlets localizados em áreas naturais/não geridas • Plano de gestão Inlet • curb cuts / não utilização de lancis ou sarjetas ** Na maioria das circunstâncias, os controlos inlet terão de ser seleccionados conjuntamente com uma ou mais práticas da seguinte lista de BMPs ** Utilização da Vegetação A vegetação pode ser utilizada para reduzir a velocidade das águas pluviais, que ajudam a promover a infiltração no solo e fixar os sólidos. As plantas também protegem contra a erosão e removem os poluentes através de fixação. Canais de drenagem secos/húmidos • Os canais são de terra e estão cobertos com um tapete denso de relva forte. Estes canais têm uma capacidade limitada de abarcar grandes volumes de escoamento, mas são dispositivos de escoamento eficazes na sequência de tratamento das BMP. A eficiência dos canais poderá ser aumentada ao adicionar-lhe pequenos açudes (4-10 polegadas de altura) no canal, aumentando, desta forma, o tempo de retenção. Faixas de filtragem / Saída para áreas naturais • Faixas de filtragem são normalmente bandas de vegetação de crescimento fechado, normalmente herbáceas, plantadas entre as fontes poluidoras e o meio aquático receptor (ex. tanques, lagos e cursos de água). Podem, também, ser utilizadas como mecanismos de escoamento ou pré-tratamento para outras práticas de controlo das águas pluviais. As faixas de filtragem reduzem os poluentes, tais como sedimentos, materiais orgânicos e muitos vestígios metálicos através da acção de filtragem pela vegetação, infiltração de águas que transportam poluentes e deposição de sedimentos. Page III Audubon International Boas Práticas de Gestão Para a Drenagem Faixas de protecção vegetalizadas • Uma faixa de protecção vegetalizada é uma faixa de terreno natural, ou plantado, que protege os limites dos corpos de água, promovendo o tratamento das águas de escoamento. Práticas da infiltração Estruturas de tratamento que promovam a entrada de água no solo e a recarga ou a reposição das águas subterrâneas. Os mecanismos de infiltração incluem bacias, canais, e poços secos. Se forem desenhados e mantidos de forma apropriada, os mecanismos de infiltração podem, realmente, remover os poluentes através da absorção das particulas no solo. Bacias de infiltração / Trincheiras • As bacias de infiltração são escavações preenchidas normalmente por pedras agregadas utilizadas para capturar e permitir a infiltração das águas pluviais. A água infiltra-se gradualmente através do fundo e dos lados da bacia, no subsolo e, eventualmente, alcança a toalha freática. Os sistemas de infiltração são limitados às áreas com solos altamente porosos e onde a toalha freática e/ou rocha-mãe estão a um nível muito inferior em relação à bacia. As bacias de infiltração não deverão acumular sedimentos devendo incorporar, no seu desenho, medidas de prétratamento apropriadas, de forma a prevenir o seu entupimento e consequente inutilização. Área de Bioretenção • Os mecanismos de bioretenção são bacias superficiais (6"-9" polegadas) de águas pluviais ou áreas tratadas paisagisticamente que utilizem solos e vegetação de modo a que promovam a infiltração e o tratamento das águas pluviais. Estas áreas são, normalmente, escavadas e preenchidas com uma mistura de solos porosos e depois plantados. Os solos deverão permitir a drenagem da água em dois dias ou menos. As áreas de bioretenção são mais apropriadas para tratar pequenas áreas de drenagem, parqueamentos, estradas e terrenos individuais. Drenos Franceses • Os drenos franceses são sistemas de tubos perfurados colocados nos canais. Os canais são preenchidos com pedras porosas que permitam o escoamento da água directamente para o solo envolvente. Os drenos franceses foram desenhados para permitirem apenas a infiltração de pequenos volumes de água. As medidas de prétratamento poderão ser necessárias para prevenir o seu entupimento e inutilização. Page IV Audubon International Boas Práticas de Gestão Para a Drenagem Estruturas de Controlo de Escoamento As medidas de controlo são desenhadas para tratar as águas de escoamento recolhidas e transportados até si através do sistema de drenagem. Através destas medidas os escoamentos são tratados no ponto de descarga através de deposição, fixação biológica de substâncias e infiltração. Fitozona • A fitozona é uma pequena zona húmida localizada na extremidade de um lago e desenhada para funcionar como uma combinação de estruturas de tratamento. As fitozonas são constituídas para receber as águas de escoamento directamente do sistema de drenagem das águas pluviais, onde o escoamento é retido e tratado antes de ser libertado no corpo principal do lago. O sistema húmido é limitado por barreiras de terra bem vegetalizadas com plantas aquáticas apropriadas. As fitozonas são normalmente dimensionadas para tratar os escoamentos resultantes de chuvadas pequena dimensão, mais frequentes, através de uma combinação da deposição dos sedimentos sólidos e fixação, pelas plantas aquáticas, de nutrientes dissolvidos. As fitozonas também poderão ser benéficas como habitat e como área de alimentação de aves aquáticas e outras espécies de vida selvagem. Qualidade da Água dos Charcos • As charcas de águas pluviais podem ser desenhadas e construídas de forma a parecem depressões naturais. As estruturas de escoamento, porém, são desenhadas de forma a reterem uma parte das águas de escoamento para tratamento. São retidas, nos charcos, as águas de escoamento resultantes de cada chuvada e tratados primeiramente por deposição e fixação biológica estabelecido. Bacias de Retenção Secas • As bacias de retenção secas retêm, temporariamente, uma parte do escoamento das águas pluviais por um certo período de tempo, libertando-as lentamente, de forma a permitir a redução da inundação e remoção de uma certa quantidade de poluentes. Estas bacias são desenhadas para secar entre os fenómenos de tempestade. Os poluentes são removidos ao permitirem a libertação de sólidos e partículas e fixação limitada pela vegetação. Zonas Húmidas Construídas • Sistemas artificiais de zonas húmidas que se comportam como zonas húmidas naturais. Estas removem os poluentes através de deposição e fixação pela vegetação. As zonas húmidas poderão oferecer inúmeros benefícios ao reduzir os fluxos de águas pluviais, uma eficiente filtragem de poluentes, oferecendo habitats de vida selvagem e sendo peças centrais num empreendimento. Page V Audubon International Boas Práticas de Gestão Para a Drenagem Estruturas de Escoamento Vegetalizadas • As medidas de controlo de escoamento vegetalizado deverão ter um mínimo de comprimento de fluxos de 25 pés para reduzir eficazmente os poluentes antes de entrarem nas águas receptoras. Estas medidas incluem grandes relvados, faixas de filtragem e faixas de protecção. Deverá ter-se cuidado com o tamanho apropriado da área de tratamento, de forma a minimizar inclinações e velocidade e para prevenir fenómenos erosivos. Filtros em linha Os filtros são desenhados para tratar as águas em movimento através de sistemas de recolha do escoamento. Os filtros em linha usam um meio específico (turfa, areia ou carbono activado granulado) para tratar as águas de escoamento no sistema de drenagem, antes da descarga. Estas medidas requerem uma manutenção e inspecção activa. *** A eficiência das BMP na remoção dos poluentes aumentará através da criação de uma sequência de tratamento de duas ou mais medidas. Por exemplo, uma valeta de drenagem de estradas que recolhe o escoamento antes da descarga para uma zona húmida construída.*** Page VI Audubon International ANEXO II PESTICIDE SCAN S150 Page VII Audubon International Pesticide Scan S150 Chemical MRL Units Alachlor 0.1 ug/L Aldrin 0.1 Ametryn Chemical MRL Units Etridiazole 0.1 ug/L ug/L Fenamiphos 0.1 ug/L 0.1 ug/L Fenarimol 0.1 ug/L Atrazine 0.1 ug/L Fenoxaprop-ethyl 0.1 ug/L Benfluralin 0.1 ug/L Fluazifop-butyl 0.1 ug/L Butylate 0.1 ug/L Flurprimidol 0.1 ug/L Chloroneb 0.1 ug/L Flutolanil 0.1 ug/L Chlorothalonil 0.1 ug/L Heptachlor 0.1 ug/L Chlorpyrifos 0.1 ug/L Heptachlor epoxide 0.1 ug/L Chlorpyrifos methyl 0.1 ug/L Hexazinone 0.1 ug/L Cyanazine 0.1 ug/L Iprodione 0.1 ug/L Cyfluthrin 0.5 ug/L Isofenphos 0.1 ug/L DCPA 0.1 ug/L Metolachlor 0.1 ug/L Deltamethrin 0.1 ug/L Metribuzin 0.1 ug/L Desethylatrazine 0.1 ug/L Metsulfuron-methyl 5 ug/L Desisopropylatrazine 0.1 ug/L Molinate 0.1 ug/L Diazinon 0.1 ug/L Myclobutanil 0.1 ug/L Dichlobenil 0.1 ug/L Napropamide 0.1 ug/L Dicofol 0.1 ug/L Norflurazon 0.1 ug/L Dieldrin 0.1 ug/L Oxyfluorfen 0.1 ug/L Diphenamid 0.1 ug/L Pebulate 0.1 ug/L Dithiopyr 0.1 ug/L Pendimethalin 0.1 ug/L EPTC 0.1 ug/L Pentachloronitrobenzene 0.1 ug/L Page VIII Audubon International Pesticide Scan S150 Chemical MRL Units Endosulfan I 0.1 ug/L Endosulfan II 0.1 Endosulfan sulfate MRL Units Profluralin 0.1 ug/L ug/L Prometon 0.1 ug/L 0.1 ug/L Prometryn 0.1 ug/L Endrin 0.1 ug/L Pronamide 0.1 ug/L Esfenvalerate 0.1 ug/L Propachlor 0.1 ug/L Ethalfluralin 0.1 ug/L Propiconazole isomer a 0.1 ug/L Ethofumesate 0.1 ug/L Propiconazole isomer b 0.1 ug/L Ethoprop 0.1 ug/L Simazine 0.1 ug/L Terbacil 0.1 ug/L beta-BHC 0.1 ug/L Thiobencarb 0.1 ug/L delta-BHC 0.1 ug/L Trichlorfon 5 ug/L gamma-BHC (Lindane) 0.1 ug/L Trifluralin 0.1 ug/L lambda -Cyhalothrin 0.1 ug/L 1 ug/L 4,4'-DDD 0.1 ug/L Vernolate 0.1 ug/L 4,4'-DDE 0.1 ug/L Vinclozolin 0.1 ug/L 4,4'-DDT 0.1 ug/L alpha-BHC 0.1 ug/L Trinexapac-ethyl Chemical Page IX Audubon International ANEXO III DATA REPORTING FORMS Page X Audubon International Surface Water Sampling Data General Information 1. Sample Station ID 2. Station Description 3. Date Collected 4. Time Collected 5. Collector 6. Weather 7. Rain within past 3 days? (circle one) 8. Observations (turbidity, algae, fish, wildlife, odor, etc.) heavy medium light dry Page XI Audubon International Field Analyses 1. Air Temperature (̊F) 2. Water Temperature (̊F) 3. DO (mg/l) 3. Conductivity (mS/cm) 4. pH 5. Turbidity (mg/l) Page XII Audubon International Ground Water Field Sampling Sheet Well Number: Samplers: Description: Weather: Date of Sampling: Day Time of Sampling: Hour Month Minute Field Measurements Water Temp (̊C) Air Temp (̊C) pH Specific Cond (µ S) Depth of Water at which sample was taken (m): Calibration of Instruments Specific Conductance: Meter Meter Reading in KC1 soln: pH Meter Model: Calibration buffers used: Sample Apparatus: Mode of Transport: Shipping Date: Remarks: Year ANEXO IV PLANO DE FERTILIZAÇÃO PARA A HERDADE DA COMPORTA 14 Plano de Fertilização para a Herdade da Comporta Preparado por: Dr. Charles H. Peacock Senior Agronomist Audubon Environmental 1000 St. Albans Drive, Suite 350 Raleigh, North Carolina 27609, USA Audubon Environmental Europe Av. António Augusto de Aguiar, 66, 5ºEsq. 1069-115 Lisboa, Portugal Fevereiro 2009 15 Os planos de fertilização são importantes pois fornecem nutrientes suficientes para que a relva apresente boas condições de saúde e qualidade, ao mesmo tempo que diminuem o risco ambiental de contaminação de aquíferos ou superfícies de água por migração de nutrientes. Consideram-se quatro componentes principais no que diz respeito aos planos de fertilização, enunciando-se os principais requisitos a obedecer em cada um deles: Fonte: - Conhecimento das características físico-químicas das fontes de nutrientes; - Conhecimento das técnicas de aplicação desses materiais de modo a evitar perdas potenciais por volatilização, escorrimento ou lixiviação. Quantidades: - Um balanço entre o crescimento excessivo das folhas versus uma relva que é fina, fraca e espigada por não ter Azoto (N); - Manter um balanço adequado de nutrientes que possam ser utilizados pela planta Localização - Oportunidades na fase de pré-plantação para introdução fósforo, potássio e cal - Implementar um programa de fertilização em curso como forma de um programa cultural Aplicação – timing - listagem dos itens mais críticos - maximizar o uso eficiente da relva de modo a evitar perdas - planear as primeiras e últimas aplicações no período de crescimento é crucial para “capacidade de jogo”, capacidade de recuperação, e susceptibilidade para doenças. Quando um fertilizante é aplicado em excesso e a planta não o pode utilizar, ou quando a planta não está activa – dormência por causa da temperatura, água, luz, falta de nutrientes, etc, muitas das aplicações podem ser perdidas para fora do campo de golfe. Por essa razão, antes de se proceder à aplicação de um fertilizante devem ser considerados os factores limitantes ao crescimento da relva. Para além disso, só um fertilizante que contenha os nutrientes na forma correcta a ser utilizada pelas plantas deve ser usado ou aplicado na proporção e 16 frequência correcta. As plantas só respondem a um fertilizante se este contiver nutrientes que estão em deficit no perfil do solo. O primeiro passo a finalização do plano de fertilização para a Herdade, imediatamente antes do início da plantação, é fazer uma análise de solos total, de modo a determinar o pH, cálcio, magnésio, fósforo e potássio disponível e o seu balanço. A partir desta informação deve proceder-se a uma correcção do pH e rectificação do programa de fertilização com a segurança de que não serão introduzidos no solo excesso de nutrientes. O Azoto é o elemento utilizado pelas plantas em maior quantidade. A sua função é estimular o crescimento vegetativo e fornecer à planta a cor verde. Uma fertilização com Azoto será determinada pela cor, densidade e taxa de crescimento da relva. Podem ser feitas aplicações controladas utilizando fertilizantes solúveis e aplicando os materiais com pulverizadores calibrados para aplicar uma quantidade exacta de material por hectare. Pode-se controlar a taxa e a frequência da aplicação do fertilizante, reduzindo deste modo a tendência em aplicar quantidades excessivas de nitrato e amónio. Estas aplicações suplementares de azoto serão uma mistura de fontes rapidamente disponíveis tais como ureia, nitrato de amónio, sulfato de amónio, mono ou di-fosfato de amónio e fontes de libertação lenta, como as fontes orgânicas naturais (Milorgranite, Sustane, Nature Safe, etc.), diureia do isobutilideno (IBDU), ureias do metileno (MU) ou ureias revestidos (SCU, Polyon, poly-s, Sulfurkote-II e outro). Têm a vantagem de fornecer uma fonte duradoura mais uniforme de azoto, um índice mais baixo de salinidade e uma lixiviação reduzida de azoto. Através da combinação de fontes solúveis de azoto com os produtos de azoto de libertação lenta, a disponibilidade pode ser estendida ao relvado sem receio que o azoto seja lixiviado para os lençóis freáticos. Programa básico de fertilização Todas as variedades ‘cool-season’ consideradas para esta localização podem ser instaladas considerando uma vasta gama de pH. No entanto, para uma óptima actividade microbiana do solo e uma disponibilidade de nutrientes melhorada é preferível manter o pH na escala de 6 a 7. A seguinte discussão fornece uma ideia global sobre a aplicação de azoto, de fósforo e potássio em várias superfícies de jogo. Os ajustes às taxas aqui fornecidas serão feitos baseados nas análises que incluirão a cor, a densidade e a taxa de crescimento do relvado, análise aos tecidos e ainda as reservas do azoto do solo. É também importante manter uma proporção de 10:1 de cálcio em relação ao magnésio. 17 GREENS: Se o teste do solo mostrar que, ou a dolomite para a correcção do pH do solo e/ou o fósforo são necessários, estes devem ser aplicados imediatamente após arejamento de modo a que possam ser aplicados na zona da raiz. Se o potássio for requerido, este deve ser fornecido em aplicações separadas, 6 a 8 aplicações, numa taxa de 2.5 a 5.0 g/m2. As fontes de libertação lenta de azoto devem ser aplicadas na taxa de 2.5 a 5.0 g/m2 (Tabelas 1-1 e 1-2). Os testes ao solo poderão ajudar a ajustar as quantidades necessárias para cada área. Se forem utilizadas micro-doses nos “greens”, pequenos incrementos de nutrientes poderão ser aplicados semanalmente ou de duas em duas semanas. A taxa exacta de aplicação deve ser determinada pelo greenkeeper. As taxas anuais totais da aplicação do azoto estarão normalmente na escala de 20 a 30 g N/m2, independentemente do método utilizado. Isto deve-se à natureza porosa dos solos arenosos e o facto de uma boa parte dos nitratos se poderem perder em lixiviação se não houver cuidados para minimizar este potencial risco. TEES: Se o teste do solo mostrar que para a correcção do pH do solo é necessário adicionar dolomite e/ou fósforo, estes devem ser aplicados imediatamente após arejamento de modo a que possam ser aplicados na zona da raiz. Se for necessária a adição do potássio, esta deve ser feita entre 6 a 8 aplicações, e aplicada na taxa de 2.5 a 5.0 g/m2. A aplicação de fontes de Azoto de libertação lenta deve ser aplicadas na taxa de 2.5 a 5.0 g/m2. Análises de solo ajudarão nos ajustes necessários ao plano de fertilização de cada área. O azoto e o potássio devem ser aplicados numa taxa mais elevada do que para os fairways por causa do stress intenso do tráfego (Tabelas 1-1 e 1-3). 18 Tabela 1-1. Taxas anuais propostas de aplicação de fertilizante nos Greens e Tees. Área Greens/Tees Azoto Fósforo Potássio (g/m2/ano) (g/m2/ano) (g/m2/ano) 20 a 30 10 a 20 25 a 30 Os ajustes devem ser feitos baseados nos resultados dos testes e na resposta do relvado. Tabela 1-2. Programa de fertilização proposto para os Greens. Azoto (g/m2) Mês Fev Mar Abr Mai Jun Jul Solúvel em Libertação água lenta Fósforo Potássio (g/m2) (g/m2) 1.25 2.5 1.25 1.25 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 1.25 1.25 1.25 2.5 1.25 1.25 1.25 Ago Set Out Nov Dez Total 1.25 1.25 2.5 2.5 2.5 2.5 1.25 2.5 2.5 1.25 1.25 2.5 2.5 15 2.5 20 1.25 26.25 Os ajustes devem ser feitos baseando-se nos resultados dos testes e na resposta do relvado. 19 Tabela 1-3. Programa de fertilização proposto para os Tees. Azoto (g/m2) Mês Mar Abr Mai Jun Fósforo Potássio (g/m2) (g/m2) Solúvel em Libertação água lenta 1.25 1.25 1.25 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 1.25 2.5 1.25 1.25 1.25 1.25 2.5 1.25 2.5 Jul Ago Set Out Nov 2.5 2.5 2.5 1.25 2.5 2.5 1.25 10 2.5 17.5 Total 25 Os ajustes devem ser feitos baseando-se nos resultados dos testes e na resposta do relvado. FAIRWAYS: As aplicações de dolomite e de fósforo devem ser baseadas em resultados de teste do solo. Nenhuma aplicação individual de azoto ou de potássio deve exceder 45 kg/ha, e pelo menos metade do azoto deve ser de uma fonte de libertação lenta (tabelas 1-4 e 1-5). ROUGHS: Os roughs devem ser fertilizados duas vezes por ano. As aplicações de dolomite e de fósforo devem ser baseadas em resultados de teste do solo. As aplicações individuais de azoto ou de potássio não devem exceder 45 kg/ha, com pelo menos metade do azoto sob a forma de libertação lenta (tabelas 1-4 e 1-6). Tabela 1-4. Taxas anuais propostas de aplicação de fertilizante em Fairways e Roughs. Area Azoto (kg/ha) Fósforo (kg/ha) Potássio (kg/ha) Fairways 90 a 180 45 a 90 90 a 180 Roughs 45 a 90 22 a 45 90 a 180 Os ajustes devem ser feitos baseando-se nos resultados dos testes e na resposta do relvado. 20 Tabela 1-5. Programa de fertilização proposto para os Fairways. Azoto (Kg/ha) Mês Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Total Fósforo Potássio (Kg/ha) (Kg/ha) Solúvel em Libertação água lenta 22 22 22 45 11 11 11 45 11 11 22 45 11 45 22 22 22 11 66 180 165 Os ajustes devem ser feitos baseando-se nos resultados dos testes e na resposta do relvado. Tabela 1-6. Programa de fertilização proposto para os roughs. Azoto (Kg/ha) Mês Mai Jun Solúvel em Libertação água lenta 22 22 Jul Ago Set Total 22 Fósforo Potássio (Kg/ha) (Kg/ha) 11 22 11 22 11 33 22 66 22 88 Os ajustes devem ser feitos baseando-se nos resultados dos testes e na resposta do relvado. 21 ANEXO V ANÁLISE DE ESPÉCIES DE RELVADO A UTILIZAR NA ADT3 NA HERDADE DA COMPORTA 22 Análise de espécies de relvado a utilizar na ADT3 na Herdade da Comporta Preparado por: Dr. Charles H. Peacock Senior Agronomist Audubon Environmental 1000 St. Albans Drive, Suite 350 Raleigh, North Carolina 27609, USA Audubon Environmental Europe Av. António Augusto de Aguiar, 66, 5ºEsq. 1069-115 Lisboa, Portugal Fevereiro 2009 23 A sustentabilidade de algumas espécies de relvado para utilização num campo de golfe depende de um complexo número de factores. Os factores que limitam o crescimento do relvado influenciam igualmente a selecção das espécies. Enunciam-se seguidamente os principais factores a ter em conta: o Luz – ensombramento em determinadas áreas. o Temperatura – numa escala macroclimatica influenciada pelos dados históricos no que diz respeito a informação climatérica; e numa escala microclimática, influenciada pela orientação dos ventos dominantes, condições de ensombramento, topografia e exposição solar. o Humidade – a quantidade e qualidade de água disponível. o Nutrientes – a necessidade de fornecer os nutrientes necessários ao desenvolvimento e que não estão naturalmente disponíveis no solo. o Oxigénio – necessário para garantir um bom funcionamento radicular, e limitar as trocas gasosas que ocorrem dentro da zona radicular, controlada pela textura do solo e problemas ao nível da sua compactação. o Capacidade de Carga – escolha de um tipo de relva com uma capacidade de carga suficiente para suportar situações de circulação de veículos, manifestando uma capacidade regenerativa após estas situações. o Pragas – um relvado saudável é o principal requisito para minimizar problemas de pragas, possibilitando uma boa recuperação após os mesmos terem efeito. Deverá ser feita uma selecção de espécies com um mínimo de problemas associados a pragas e que os consigam tolerar e recuperar com um uso limitado de pesticidas. Luz As condições de ensombramento não deverão constituir um factor crítico. A grande maioria da área de intervenção apresenta uma baixa densidade no que diz respeito ao grau de cobertura abrangido pelas copas dos pinheiros, permitindo a entrada de uma quantidade significativa de luz. O sub-bosque é maioritariamente constituído por arbustos de pequeno porte e herbáceas, que não deverão oferecer grandes situações de ensombramento. Deste modo, as condições de ensombramento não deverão constituir um aspecto relevante quanto à escolha de espécies. 24 Temperatura Foi conduzida uma análise às temperaturas registadas no local. O intervalo de temperaturas ideal para as espécie de relvado ‘warm-season’ foi avaliado entre 26.7 to 35 C, caso da Bermuda (Cynodon sp.) e do Paspalum vaginatum. No que diz respeito às espécies de ‘cool-season’ este intervalo está entre os 15.6 e 23.9 C, como é o caso da Agrostis sp. e Festuca sp. A Figura 1 apresenta a máxima, mínima e média mensal para a área de intervenção, incluindo igualmente os intervalos de temperatura óptimos para o crescimento das espécies de ‘warm-season’ e ‘cool-season’. As principais conclusões são enunciadas de seguida. Para as espécies de ‘warm-season’, a média da temperatura mensal nunca atinge o mínimo da temperatura considerada como óptima para o crescimento. Para além disto, a máxima temperatura mensal apenas excede a temperatura mínima óptima para as espécies de ‘warm-season’ nos meses de Junho, Julho e Agosto. Os resultados deste facto traduzem-se na ocorrência de uma série de meses de dormência e semi-dormência, que deverão coincidir com o pico de utilização em termos de jogo, a par de uma menor capacidade de regeneração após situações de tráfego de veículos. Para as espécies de ‘coolseason’ a temperatura média mensal encontra-se acima das respectivas mínimas para o crescimento óptimo durante seis meses no ano, sendo a máxima temperatura mensal acima da temperatura óptima para o resto do ano. A temperatura máxima mensal está acima do máximo crescimento óptimo durante o Verão, embora a baixa humidade relativa e as baixas temperaturas no período nocturno possam permitir que o relvado consiga fazer face ao stress térmico desde que sujeito apenas a uma exposição diurna. Para além disto, deverão considera-se os meses de Verão como o período em que se deverá prever uma menor apetência para o jogo, em comparação com os períodos de Primavera e Outono. Figura 1. Gráfico comparativo das temperaturas (ºC) associadas às variedades ‘cool-season’ e ‘warm-season’ na Comporta 25 Humidade A implementação de um sistema de rega é essencial para fazer face à escassez de água proveniente da precipitação, sobretudo na localização em causa, onde as características do clima mediterrânico se traduzem numa reduzida disponibilidade de água nos meses de Verão (Figura 2). Deste modo, é essencial perceber as necessidades hídricas em causa, determinado quais as espécies mais adequadas para os relvados. Foi realizado um estudo comparativo para a ADT2 (campos Poente e Nascente), destacando o Paspalum vaginatum, uma espécie ‘warm-season’; tendo sido também levada a cabo uma avaliação para as espécies ‘wam-season’ e ‘coolseason’ na ADT3. Estas conclusões são apresentadas no Anexo I, apresentando-se um resumo da análise nas Figuras 3 e 4. A Figura 3 apresenta a estimativa da água a ser utilizada anualmente para cada campo de golfe de acordo com o desenho actual. Estima-se que as taxas de utilização de água venham a ser semelhantes às da ADT2, embora seja de prever um aumento face a estes últimos, em virtude do incremento da área de relvado regado (Figura 4). No entanto, comparando a quantidade de rega a aplicar por metro quadrado, as taxas de utilização deverão ser praticamente iguais. A redução da área de relvado a regar na ADT3 implicaria uma redução no volume de água para rega. Figura 2. Precipitação e ET (mm) relativas à Herdade da Comporta 26 Figura 3. Estudo comparativo do volume de utilização de água (m3 por ano). Figura 4. Estudo comparativo do volume de utilização de água (m3 por m2 de área regada) Nutrientes A aplicação de fertilização adequada é essencial para garantir a máxima performance de jogo, sendo particularmente importante dada a natureza arenosa do solo. Aplicações anuais de Azoto (N), Fósforo (P) e Potássio (K), bem como outros nutrientes como o Ferro (Fe) e Manganês (Mn) deverão ser ajustadas de acordo com análises ao solo e testes suplementares ao estado dos tecidos, identificando potências carências. Uma vez que se prevê que os principais ‘picos’ de utilização de jogo ocorram no Outono e Primavera, deverá ser feita uma selecção das espécies cujas condições óptimas e taxas de crescimento coincidam com estes períodos. Como referido anteriormente, as espécies de ‘cool-season’ são as que melhor correspondem a estas situações. 27 Estas espécies apresentam genericamente baixas necessidades nutricionais, dadas as suas características em termos de crescimento e época do ano onde as taxas de crescimento óptimas são solicitadas. A produção de uma grande quantidade de biomassa no caso das espécies de ‘warm-season’ no período do Verão não é desejável, visto que o ‘pico’ de utilização do campo de golfe coincida com momento em que estas espécies não se encontrem no auge do seu crescimento óptimo. Oxigénio A natureza arenosa do solo é ideal para proporcionar a quantidade de oxigénio necessária para as trocas gasosas, potenciando igualmente as condições de drenagem nos meses sujeitos a chuvadas mais intensas. Quando sujeito a condições de tráfego automóvel intenso, este tipo de solo deverá resistir à compactação. Capacidade de Carga A selecção das espécies de relvado para cada uma das situações é essencial para garantir uma maior resistência à utilização, aliada a boas taxas de recuperação quando sujeitos a cargas elevadas. A capacidade de carga é dependente do tipo de utilização do campo de golfe, dependendo das espécies utilizadas em cada uma das situações. Por exemplo, uma altura de corte normal para os fairways ronda os 25 mm, podendo ser inferior. Para as Festucas sp. e Agrostis sp. este facto não deverá constituir um problema, mas para o Lolium perenne e Poa pratensis, manter uma cobertura densa e homogénea deverá depender fortemente de uma escolha adequada da variedade a utilizar. Pragas Os problemas associados a pragas não deverão ser significativos, para além de ser pouco provável a ocorrência de bancos de sementes, cuja existência se poderia traduzir em problemas significativos dado o uso passado e presente que a área apresenta. Os problemas a nível de insectos deverão estar restritos aos períodos de eclosão de larvas de lepidopteros durante os meses de Verão, devendo ser controlados com aplicações pontuais de insecticidas de baixo risco ambiental. Problemas relacionados com doenças poderão estar associadas ao aparecimento de manchas nas folhas, nomeadamente Sclerotinia homeocarpa, Helminthosporium sp. e Rhizoctonia, e durante os meses de Outono Pythium. Dada a natureza arenosa do solo, não deverão ser previstos problemas de podridão ao nível das raízes. Considerando a ocorrência de ventos e os baixos níveis de humidade durante os meses de Verão, os problemas ao nível de doenças deverão ser mínimos. Estes problemas poderão ser detectados a partir dos greens que serão utilizados diariamente, sendo tratados aquando da sua observação. 28 Espécies potenciais a utilizar: Putting greens: A escolha recai na Agrostis stolonifera ou numa mistura de Agrostis tenuis, Festuca rubra commutata e Festuca rubra trichophylla. A Agrostis stolonifera produz uma qualidade superior ao nível da superfície de jogo, particularmente com a utilização das novas variedade da série A e G, apresentando uma densidade considerável ao nível dos rebentos. Tees, Fairways and Roughs: As espécies potenciais são a Festuca, Poa, Agrostis e Lolium. Dada a localização e a natureza arenosa do solo, uma mistura de espécies de baixa manutenção com boa tolerância a situações de seca e calor intenso será desejável. Festucas Festuca rubra A Festuca rubra ocorre numa generalidade de situações em praticamente todo o tipo de solos e sob um vasto leque de condições de disponibilidade hídrica. Apresenta um crescimento relativamente lento no primeiro ano e apresenta folhas bastante finas em forma de agulha, com uma alta densidade de rebentos. Prospera numa grande diversidade de situações, sendo notável a sua tolerância à seca e a solos pobres. É bastante resistente ao congelamento e tolera a existência de lençóis de água à superfície durante o Inverno. A tolerância à sombra é melhor do que face à grande generalidade das espécies. Existem três tipos para utilização em campos de golfe: Strong; Slender; Chewings Festuca rubra rubra A Festuca rubra rubra destaca-se pela sua grande adaptabilidade a uma variedade de ambientes e condições. O facto de formar fortes rizomas reflecte-se na sua grande capacidade de recuperação quando sujeita a utilizações mais intensas. Tolera bem temperaturas extremas quando comparada com as outras Festucas. É mais fácil de estabelecer quando comparada com a trichophylla ou commutata e pode ser usada individualmente ou em conjunto com outros tipos de Festucas com vista a assegurar uma boa recuperação do relvado. 29 Segue-se duas Festucas rubra, a Trichophylla e a Commutata, caracterizando-se pelo crescimento denso e baixo. Toleram bastante bem as acções de mobilização ao nível da superfície. A primeira apresenta uma boa tolerância à seca, mantendo uma boa aparência durante o Verão, possibilitando uma redução ao nível dos gastos de rega. A F. commutata está entre as mais tolerantes a Invernos intensos, sendo também bastante adequada para situações de baixa manutenção. A generalidade das Festucas pode ser combinada com a Agrostis tenuis, caso se pretenda um fairwway com uma aparência densa e de baixa altura de corte. Festuca rubra trichophylla A Festuca rubra trichophylla apresenta rizomas curtos, o que facilita a capacidade de regeneração, embora com uma menor taxa de recuperação quando comparada com a F. rubra rubra. A densidade de rebentos é bastante elevada, possibilitando cortes a baixa altura. A tolerância à seca e situações de emsombramento é mais elevada quando comparada com outros tipo de Festucas, acrescentando-se ainda o facto de esta sub-espécie tolerar situações de clima com uma influência marítima. Festuca rubra commutata A Festuca rubra commutate, não apresenta rizomas, embora apresente a maior densidade de rebentos quando compara com os três tipos de Festucas. Quando utilizada em misturas, torna-se muitas vezes necessário acrescentar um dos outros tipos de Festucas com rizomas, permitindo facilitar a capacidade de regeneração. Em áreas de clima mais frio, a F. commutata apresenta um maior desempenho quando comparada com as outras Festucas. Sendo a densidade de rebentos bastante considerável, a F. commutata é parte integrante de muitas misturas onde se requer uma boa tolerância a acções de cortes intensos. Tal será particularmente ao nível dos greens. Festuca arundinacea A Festuca arundinacea, é uma das mais tolerantes á seca, calor e utilização intensa. Em virtude do seu profundo raizame é capaz de extrair agua nos períodos secos, quando outras variedades já pararam o seu crescimento. Isto significa que esta Festuca se mantém verde durante os Verões secos, tolerando as altas temperaturas. A textura da folha desta Festuca é bastante mais grosseira quando comparada com as outras, embora as novas variedade já se apresentem melhoradas no que diz respeito a folhas estreitas e densidade. A cor da folhagem desta Festuca é normalmente verde escuro, sendo a sua instalação bastante rápida. Em general, pode classificar-se como apresentando uma boa tolerância ao aparecimento de doenças. 30 Estudos foram levados a cabo na Universidade de Hohenheim em Estugarda (Alemanha), com vista a avaliar o comportamento da Agrostis stolonifera ‘Penncross’, Festuca rubra trichophylla ‘Barcrown’, e da Poa supina ‘Supra’ face a uma série de factores; tendo revelado que a Festuca rubra trichophylla como a que apresenta maior tolerância à seca, seguida da Agrostis stolonifera. A Poa supina apresentou de entre as três a menor tolerância à seca. Agrostis Agrostis capillaris=tenuis Sendo nativa de Portugal, este tipo de Agrostis é caracterizada por uma textura foliar fina, encontrando-se bem adaptada a condições de clima temperado oceânico. Prospera em condições de solo bem drenado, arenoso, de características ácidas a semi-acidas. Embora não apresente as características de tolerância ao calor e seca como as Festucas, tolera acções de corte abaixo dos 7.5 mm. A selecção de variedades ‘cool-season’ deverá responder bem para a localização em causa, dadas as condições do solo e factores climáticos em causa, devendo apresentar baixos requisitos de fertilidade. 31 ANEXO VI ANÁLISE DA NECESSIDADE DE REGA PARA A HERDADE DA COMPORTA 32 ADT3 Warm season turf Kc Precipitation ET Greens Tees Fairways Roughs Subtotal m2 11.930 9.879 194.714 25.653 0,71 0,71 0,71 0,71 0,71 242.176 Range Total m2 59.903 302.079 Effective Precipitation Jan 73,8 37,2 36,9 2,5 2,1 41,5 5,5 12,8 Feb 112,1 44,8 56,05 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Mar 78,6 71,3 39,3 271,0 224,5 4423,9 582,8 1361,0 Apr 42,0 105,0 21 711,5 589,2 11612,7 1529,9 3572,6 May 31,9 139,5 15,95 1046,5 866,6 17080,4 2250,3 5254,7 Jun 15,1 165,0 7,55 1333,6 1104,4 21767,0 2867,7 6696,5 Jul 2,2 182,9 1,1 1539,9 1275,2 25133,3 3311,2 7732,2 Aug 1,5 164,3 0,75 1385,3 1147,2 22610,3 2978,8 6956,0 Sep 15,4 123 7,7 976,6 808,7 15939,9 2100,0 4903,8 Oct 76,9 74,4 38,45 304,5 252,2 4970,0 654,8 1529,0 Nov 79,7 36 39,85 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Dec 79,7 27,9 39,85 0,0 0,0 0,0 0,0 Total 608,9 1171,3 304,45 12.482 6.270 118.669 48.844 Subtotal m3 186.265 0,0 34.988 Total m3 221.253 33 Audubon International ADT3 Cool season turf Kc Precipitation ET Greens Tees Fairways Roughs Subtotal m2 Range Total m2 11.930 9.879 194.714 25.653 242.176 59.903 302.079 0,94 0,94 0,94 0,94 0,85 Effective Precipitation Jan 73,8 37,2 36,9 3,4 2,8 54,9 7,2 15,3 Feb 112,1 44,8 56,05 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Mar 78,6 71,3 39,3 358,9 297,2 5857,0 771,6 1629,4 Apr 42,0 105,0 21 942,0 780,0 15374,6 2025,6 4277,1 May 31,9 139,5 15,95 1385,5 1147,3 22613,5 2979,3 6290,9 Jun 15,1 165,0 7,55 1765,7 1462,1 28818,3 3796,7 8017,0 Jul 2,2 182,9 1,1 2038,7 1688,2 33275,1 4383,9 9256,8 Aug 1,5 164,3 0,75 1834,1 1518,8 29934,7 3943,8 8327,6 Sep 15,4 123 7,7 1293,0 1070,7 21103,5 2780,3 5870,8 Oct 76,9 74,4 38,45 403,2 333,8 6580,0 866,9 1830,5 Nov 79,7 36 39,85 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Dec 79,7 27,9 39,85 0,0 0,0 0,0 0,0 Total 608,9 1171,3 304,45 16.526 8.298 157.111 118.567 Subtotal m3 300.502 0,0 45.515 Total m3 346.017 Assumptions: Km for turf equal among all sites. Sc for all sites equal. Range area for ADT2 sites equal to warm season ADT3 site. 34 Audubon International An analysis of irrigation requirements at Comporta based on adjusted Kc values. ADT3 Warm season turf (fairways, roughs e range) Kc 1/3 Roughs Greens Tees Fairways 11.930 9.879 194.714 25.653 0,85 0,80 0,71 0,71 0,71 3,0 2,4 41,5 5,5 12,8 irrigated Subtotal m2 242.176 Range Total m2 59.903 302.079 Precipitation ET Effective Precipitation Jan 73,8 37,2 36,9 Feb 112,1 44,8 56,05 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Mar 78,6 71,3 39,3 324,5 252,9 4423,9 582,8 1361,0 Apr 42,0 105,0 21 851,8 663,9 11612,7 1529,9 3572,6 May 31,9 139,5 15,95 1252,9 976,4 17080,4 2250,3 5254,7 Jun 15,1 165,0 7,55 1596,6 1244,4 21767,0 2867,7 6696,5 Jul 2,2 182,9 1,1 1843,5 1436,8 25133,3 3311,2 7732,2 Aug 1,5 164,3 0,75 1658,5 1292,6 22610,3 2978,8 6956,0 Sep 15,4 123 7,7 1169,2 911,2 15939,9 2100,0 4903,8 Oct 76,9 74,4 38,45 364,6 284,1 4970,0 654,8 1529,0 Nov 79,7 36 39,85 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Dec 79,7 27,9 39,85 0,0 0,0 0,0 0,0 Total 608,9 1171,3 304,45 9.064,59 7.064,67 123.578,94 16.281,16 Subtotal m3 155.989,37 0,0 Total m3 38.018,58 194.008 35 Audubon International An analysis of irrigation requirements at Comporta based on adjusted Kc values. ADT3 Cool season turf Kc Greens Tees Fairways Roughs Subtotal m2 Range Total m2 11.930 9.879 194.714 25.653 242.176 59.903 302.079 0,9 0,85 0,8 0,8 0,8 Precipitation ET Effective Precipitation Jan 73,8 37,2 36,9 3,2 2,5 46,7 6,2 14,4 Feb 112,1 44,8 56,05 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Mar 78,6 71,3 39,3 343,6 268,7 4984,7 656,7 1533,5 Apr 42,0 105,0 21 901,9 705,4 13084,8 1723,9 4025,5 May 31,9 139,5 15,95 1326,6 1037,5 19245,5 2535,5 5920,8 Jun 15,1 165,0 7,55 1690,5 1322,1 24526,2 3231,3 7545,4 Jul 2,2 182,9 1,1 1952,0 1526,6 28319,2 3731,0 8712,3 Aug 1,5 164,3 0,75 1756,0 1373,4 25476,4 3356,4 7837,7 Sep 15,4 123 7,7 1238,0 968,2 17960,4 2366,2 5525,5 Oct 76,9 74,4 38,45 386,0 301,9 5600,0 737,8 1722,8 0,0 Nov 79,7 36 39,85 0,0 0,0 0,0 0,0 Dec 79,7 27,9 39,85 0,0 0,0 0,0 0,0 Total 608,9 1171,3 304,45 9.597,80 7.506,21 139.243,88 18.344,97 Subtotal m3 174.692,87 0,0 Total m3 42.837,83 217.531 Changed Kc values based on recent research Assumptions: Km for turf equal among all sites. Sc for all sites equal. Range area for ADT2 sites equal to warm season ADT3 site. 36 Audubon International 37 Audubon International ANEXO VI AUDUBON INTERNATIONAL APPROVED LAND PLAN 39 Audubon International