A IMPORTNCIA DO ISLAMISMO POLTICO NO MDIO ORIENTE
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A IMPORTNCIA DO ISLAMISMO POLTICO NO MDIO ORIENTE
O CLUSTER DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS – UMA COMPARAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS EM VÁRIAS REGIÕES DA EUROPA E DO CANADÁ Susana Costa Escária 1 Resumo O objectivo deste trabalho é analisar até que ponto o desenvolvimento das energias renováveis está associado ao desenvolvimento de clusters. Como foi aplicado o conceito para explicar a criação de clusters cujo catalisador é uma ou mais fontes de energia renovável, em várias regiões/países da Europa e do Canadá? Na generalidade dos 15 casos analisados os clusters de energias renováveis resultam de uma estratégia de desenvolvimento regional ou nacional, com uma orientação clara da política pública, nuns casos para atingir uma sociedade baseada no hidrogénio, sendo o exemplo mais visível a Dinamarca, e na maioria dos casos para atingir um desenvolvimento sustentável. As sinergias dentro e fora do clusters são dinamizadas e dinamizam as tecnologias energéticas. Os instrumentos mais comuns para a consolidação dos clusters são a promoção de projectos de investigação e de implementação das tecnologias, bem como, orientações da política pública por via da regulamentação, incentivos financeiros e isenções fiscais. As experiências analisadas são diversificadas quer em termos do objectivo, quer em termos do funcionamento, do modo de organização e do estádio de maturidade do cluster. Independentemente das proximidades que se podem estabelecer, a constituição de qualquer cluster é uma forma privilegiada de perpetuar a interacção e cooperação entre os diversos actores, num ambiente de complementaridade entre a acção da política pública e de funcionamento dos mecanismos de mercado. CLUSTER’S RENEWABLES – CASE STUDIES IN EUROPEAN AND CANADIAN REGIONS Abstract The purpose of this working paper is to find out how the renewables development can be associated to clusters. How the cluster’s renewables apper in Europe and in Canada? Are they built strategically by the government or its roots lay on the actors dinamism? 1 [email protected] – Técnica Superior da Direcção de Serviços de Prospectiva Estratégica. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | Almost in the 15 cases studied the government action determine the creation of the cluster’s renewables. Since most of them were part of regional strategic development, or even national development, is the best way to the increase the research, development, deployment and commercialisation of energy technologies and in particular renewables technologies. Usually the countries ou regions promote research projects to deployment of the energy technologies. This is the common way to put in place the public policy orientations. Among that measures and incentives to invest in renewables energies are also common in the majority of the cases studies. In any cluster the most important thing is to mantain the cooperation between actors through time. The dinamism in clusters’s renewables is sustain by energy tecnhologies and it is only possible because it O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões alies government policy with market mechanisms. 2 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais I. INTRODUÇÃO O objectivo deste trabalho é analisar até que ponto o desenvolvimento das energias renováveis está associado ao desenvolvimento de clusters. O conceito de “cluster de energias renováveis” tem implícito muito mais do que uma mera iniciativa isolada de uma empresa ou de uma autoridade pública na promoção das energias renováveis. Naturalmente, a conjugação destes dois aspectos (clusters e energias renováveis) estão relacionados com o desenvolvimento sustentável e num sentido mais estrito, com a protecção do ambiente. Além disso, a análise dos “cluster de energias renováveis” só faz sentido num contexto de inserção no território, decorrente das suas localizações e dinâmica regional/local. A criação de clusters pode ser justificada por três tipos de argumentos: competitivos e a factores de produção, em geral, mais adequados. Os mecanismos de mercado são facilitados pela comunidade de interesses e pela confiança depositada no funcionamento dos clusters. A complementaridade entre as empresas permite economias de escala, por exemplo no domínio comercial. Factores de produção como trabalho e equipamentos são mais acessíveis devido à massa crítica de empresas que os requisita. 2. o grau de inovação das empresas aumenta devido a uma forte interacção entre os fornecedores e os clientes e à proximidade aos centros de conhecimento. 3. a criação de novas empresas é favorecida pela existência de melhor informação sobre as oportunidades de mercado. O cluster atrai as empresas, no sentido em que facilita o financiamento e minimiza o risco de entrada no mercado. O desenvolvimento das energias renováveis... As energias renováveis reúnem todos os requisitos necessários para uma oferta sustentável de energia. Existe um consenso alargado de que as energias renováveis são a via sustentável para o sistema energético: são a única via que permite uma estabilidade e flexibilidade do mercado, uma estabilidade geopolítica e uma segurança no abastecimento. Com as energias renováveis é possível atingir-se a eficiência nos mercados. Finalmente mas não menos importante, a utilização das energias renováveis garantem a conservação da natureza, a protecção do ambiente e do clima (Figura 1). Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 3 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões 1. os ganhos de produtividade devem-se à melhoria de acesso aos inputs, a preços mais Figura 1: O Triângulo da Energia Suportado pelas Energias Renováveis (RES): Possibilitado pelas Energias Renováveis (RES): - Estabilidade e flexibilidade do mercado - Estabilidade geopolítica - Segurança de abastecimento Triângulo da Energia - Preços aceitáveis - Mercados eficientes - Eficiência económica Garantido pelas Energias Renováveis (RES): - Conservação da natureza - Estabilidade do clima -Prevenção dos riscos nucleares - Protecção do ambiente e do clima O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Fonte: Elaborado com base em "Renewable Energies", Federal Ministry of the Environment, Nature Conservation and Nuclear Safety of Germany (2006). No âmbito do conceito de desenvolvimento sustentável definido pela Comissão Brundtland na Conferência do Rio de 1992 2 , “...the use of energy is only sustainable if the sufficient and permanent availability of suitable energy resources is assured, while at the same time limiting the detrimental effects of supplying, transporting and using the energy...”. De acordo com esta definição, parte das potencialidades das energias renováveis poderá derivar do facto destas fontes de energia primárias reunirem um conjunto de características que permitem assegurar uma oferta sustentável de energia: Igualdade de acesso e de distribuição: acesso universal e igualdade de oportunidades aos recursos e serviços de energia; Conservação dos recursos: manutenção dos recursos e ou de opções idênticas de recursos e serviços de energia; Compatibilidade entre ambiente, clima e saúde: a adaptabilidade e capacidade de regeneração dos recursos idêntica ou superior aos problemas relacionados com o consumo de energia, como poluição, produção de resíduos e riscos para a saúde humana e animal; Compatibilidade social: participação de todas as partes interessadas; Baixo risco; 2 “Sustainable development is development that meets the needs of the present without compromising the ability of future generations to meet their own needs”. (Federal Ministry for the Environment, Nature Conservation and Nuclear Safety: “Renewable Energies – Innovations for the future”, April 2006). 4 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Eficiência económica; Disponibilidade e segurança do abastecimento; Cooperação internacional. A base das energias renováveis reside em três fontes: na radiação solar, no movimento gravitacional da Lua e na energia libertada pelo interior do planeta Terra (Figura 2): Figura 2: As Fontes de Energia Renováveis MANIFESTAÇÃO CONSERVAÇÃO NATURAL DA ENERGIA CONSERVAÇÃO TÉCNICA DA ENERGIA ENERGIA FINAL Calor, Electricidade e Combustível Biomassa Produção Biomassa Central de Cogeração / Central de Conversão Hidroelectricidade Evaporação, Precipitação e Derretimento Central Hídrica Electricidade Movimento atmosférico Turbinas eólicas Electricidade Movimento das ondas Central de energia das ondas Electricidade Correntes oceânicas Central de energia das correntes oceânicas Electricidade Aquecimento da superfície da Terra e da atmosfera Bomba de calor Eólica Radiação Solar Calor Conversão de energia térmica oceânica Radiação solar Fotólise* Células solares, Central de energia fotovoltaica Colectores solares, Central témica solar Electricidade Combustível Electricidade Calor Gravidade Ondas Central de energia das ondas Electricidade Energia libertada interior da Terra Geotérmica Central de cogeração geotérmica Calor, Electricidade Fonte: Elaborado com base em "Renewable Energies", Federal Ministry of the Environment, Nature Conservation and Nuclear Safety of Germany (2006). As potencialidades tecnológicas de utilização das energias renováveis dependem de vários critérios, designadamente, dos limites à eficiência e à dimensão da central de geração de energia e do potencial de desenvolvimento tecnológico; de restrições estruturais que limitam a disponibilidade e consumo da fonte de energia e de restrições ecológicas de espaço físico necessário, perturbações nos cursos de água ou de recursos naturais necessários. Actualmente, a disponibilidade de energias renováveis é cerca de seis vezes superior ao consumo de energia, o que deixa antever um enorme potencial de utilização 3 . No entanto, a disponibilidade de energias renováveis (sendo este um dos aspectos que tem impedido uma maior aceitação pública e um perpetuar da falta de vontade política) é variável ao longo do tempo e da localização geográfica. Quanto maior for a diversificação de fontes de energia primária renovável e de tecnologias disponíveis, de uma dada região, mais fácil se torna compensar os diferenciais de potência, mais diversificado será o mercado, com reflexo nas opções de política de energia. 3 In Federal Ministry for the Environment, Nature Conservation and Nuclear Safety: “Renewable Energies – Innovations for the future”, April 2006. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 5 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões FONTE DE ENERGIA PRIMÁRIA O que é um ”cluster de energias renováveis”… Existem inúmeras definições de clusters, que provavelmente não cabe no âmbito deste documento analisá-las, mas antes ver como foi aplicado o conceito para explicar a criação de clusters cujo catalisador é uma ou mais fontes de energia renovável. Um cluster pode ser definido como um grupo de empresas independentes mas relacionadas que cooperam e concorrem entre si 4 . Os clusters podem-se situar geograficamente numa dada região e a cooperação pode assumir duas formas: formal e informal. A ideia básica de um cluster reside numa empresa que catalisa e atrai outras empresas para o grupo. Um cluster bem sucedido actua, no longo prazo, num sentido de bottom –up (de baixo para cima), beneficiando de um processo de top-down (de cima para baixo) aquando da criação do mesmo. Este processo inicial é muito útil para criar as bases de sustentação do cluster: estratégia política, cultura e dinâmica das actividades a nível regional. A nível regional, o desenvolvimento do mercado beneficia das vantagens da constituição de um cluster, designadamente: a criação de sinergias, que levam a uma poupança de recursos O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões de marketing e de formação, desenvolvimento de parcerias, da investigação e desenvolvimento (I&D) e de iniciativas de exportação. A região da Wallonia 5 , na Bélgica, adaptou o conceito de cluster, desenvolvido por Porter 6 , e define-o como um modo de organização do sistema produtivo estabelecido de acordo com a iniciativa privada (empresas e centros de investigação) e que se caracteriza: pela presença de um quadro de cooperação ao nível das actividades relacionadas e pelo desenvolvimento voluntário de relações de complementaridade, verticais e horizontais, de mercado ou não, entre as empresas para a promoção de uma visão comum de desenvolvimento. Neste âmbito, o cluster surge como um factor de competitividade. Desta forma, a definição de cluster não se confunde com um clube de empresários, ou com uma associação empresarial, ou com uma aliança estratégica ou com uma joint-venture 7 . A importância para o desenvolvimento sustentável das regiões... O desenvolvimento sustentável das regiões pode beneficiar da conjugação dos vários argumentos que a criação de clusters de energias renováveis podem proporcionar: 1) A criação de clusters de energias renováveis pode ser vista como uma rede de vários peritos na área da arquitectura, da poluição e electromagnetismo, construtores e empresas activas na renovação urbana “verde”, empresas fabricantes de materiais e componentes 4 “Green Energy Clusters , KanEnergi Sweden AB, 2007. 5 http://www.investinwallonia.com/ofi-belgium/. 6 Porter, Michael E. (1989) "A Vantagem Competitiva das nações", Campus, Rio Janeiro, Campus, 1989. 7 Joint venture ou empreendimento conjunto é uma associação de empresas, não definitiva e com fins lucrativos, para explorar determinado(s) negócio(s), sem que nenhuma delas perca a sua personalidade jurídica. Difere da sociedade comercial (partnership) porque visa um único projecto e a associação é dissolvida automaticamente após o seu término. 6 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais para construção “verdes”, empresas e centros de investigação empenhados no desenvolvimento das energias renováveis (por exemplo, no desenvolvimento de tecnologias relativas a bombas de calor, turbinas, aerogeradores, colectores solares, equipamentos hidráulicos), promotores de projectos especializados em tratamento de águas e organizações de promoção das energias renováveis. 2) As alterações estruturais no sistema energético, potenciam a utilização de energias renováveis. A Agência Internacional para a Energia 8 , definiu seis áreas onde alterações estruturais irão beneficiar as energias renováveis: o aumento da capacidade da rede eléctrica e o reforço das ligações entre fronteiras; o equilíbrio e a regulamentação dos mercados de energia; o reforço da adopção de mecanismos eficientes do lado da procura; a instalação de uma capacidade de produção mais flexível de electricidade com a o tirar partido dos diferentes ciclos naturais das energias renováveis, reduzindo a volatilidade e a incerteza no sistema energético; a melhoria dos modelos de previsão das flutuações naturais, com recurso à utilização das TIC na disseminação da informação entre operadores da rede eléctrica e os mercados. 3) As potencialidades económicas e financeiras das energias renováveis residem, basicamente, na protecção face à especulação e instabilidade dos preços dos combustíveis fósseis. As energias renováveis podem ser vistas como activos que reduzem o risco das carteiras devido à diversificação dos investimentos e fazendo a cobertura do risco. A delimitação regional dos clusters em estudo à Europa e ao Canadá, reside apenas numa questão de dimensão do documento, uma vez que a diversidade de situações nos EUA e, provavelmente no Japão, exige um documento autónomo, dada a riqueza de informação, podendo ser considerado uma via de continuação desta análise no futuro. Este documento está dividido em três secções: introdução, seguido da análise dos estudos de caso mais interessantes do ponto de vista mundial (II), repartidos pelos clusters em torno de energias renováveis “consolidados” (II.1), “emergentes” (II.2), salientando-se o caso de Portugal (II.2.1) e em torno dos “biocombustíveis” (II.3) e na secção III analisa-se brevemente a proximidade dos clusters em termos de objectivo, de organização e funcionamento e em termos de posicionamento ao nível das tecnologias energéticas renováveis. Na secção IV conclui-se, dando pistas para desenvolvimentos futuros. 8 “Contribution of Renewables to Energy Security” – OCDE, Abril 2007. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 7 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões introdução e diversificação das fontes de energia primária; II. ESTUDOS DE CASO A base deste documento é a análise das experiências, em várias regiões, da constituição de clusters cujos catalisadores são as energias renováveis. Ao nível da Europa e do Canadá, são visíveis múltiplos casos, tendo-se procedido a uma selecção dos considerados mais importantes do ponto de vista das potencialidades do desenvolvimento tecnológico das energias renováveis. Neste âmbito, a Alemanha surge como uma referência no mercado mundial das energias renováveis, sendo visível a opção clara de estratégia de desenvolvimento do Governo, estabelecendo-se como um dos objectivos a atingir, em 2050, que metade do consumo de energia primária tenha origem em energias renováveis. Nos vários segmentos de mercado (solar fotovoltaico, biocombustíveis, energia eólica, energia geotérmica, eficiência energética e energia obtida a partir dos resíduos), o principal impulsionador do mercado foram as medidas adoptadas pelo governo, aumentando O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões significativamente as oportunidades de investimento: no solar fotovoltaico – em todas as fases da cadeia de valor; nos biocombustíveis e na bioenergia baseada em processos químicos – no bioetanol a curto prazo, na segunda geração de biocombustíveis, biorrefinarias, tecnologias relacionadas com enzimas e processos bioquímicos ; na energia eólica – em todas as fases da produção e comercialização da energia eólica off-shore; na energia geotérmica – ao nível dos projectos de geotermia profunda e hidrotérmica na eficiência energética – processos e equipamentos para a indústria, transportes, produção de electricidade e edifícios na energia obtida a partir dos resíduos – gaseificação de pneus, utilização de plásticos para produção de calor e de electricidade. Paralelamente, a existência de centros de investigação e de pessoal qualificado, com uma longa tradição em investigação e desenvolvimento, tornam a Alemanha, num país muito atractivo para o desenvolvimento das energias renováveis, em especial de clusters, devido à rede intensa de cooperação nacional e com fortes conexões com o exterior. Os três mapas seguintes resumem a importância das empresas e de centros de investigação ao nível das energias renováveis e a sua localização geográfica no País: 8 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Mapa 1: As Empresas do Solar Fotovoltaico na Alemanha Hamburg Sharp Solar Hamburg Solara Hamburg Conergy Hannover Hannover Alfasolar Aleo Solar Solarnova Solland Solar Energy Aachen Saint Gobain Glass Solar Aachen Oldenburg Wedel Solon Essen Berlim Solar Factory Degussa Gelsenkirchen Deutsche Cell Shell Solar Gelsenkirchen Freiberg Deutsche Solar AG First Solar Mainz Magdeburg Leipzig SolarWorld Bonn Scheuten Solar Technology KGE Kommunalgrund Berlim Q-Cells Schott Solar SMA Technologie AG Kassel Frankfurt Künzelsau Solar Fabrik AnTec Solar Arnstadt Engcotec Stuttgart Wacker S.M.D. Würth Solar Freiburg PV Silicon Arnstadt Erfurt Sunways Munique ErSol Solar Energy Arnstadt GSS e IPEG Deutsche Cell Freiburg ASI Erfurt Webasto Stockdorf Freiberg Solarwatt Solar Systems Dresden Alzenau RWE Schott Solar Alzenau Fraunhofer Munique WIP GP Solar PV Technology Evaluation Centre (PV TEC) Munique Munique Phönix SonnerStrom AG Sulzemoos Löbichau Phocos joint-venture Freiburg Solland Solar Energy capital social alemão e holandês situada na fronteira com a Holanda Fonte: Elaborado com base em www.invest-in-germany.com (2007). As regiões com maior concentração de empresas com actividade no solar fotovoltaico são: a Schleswig – Holstein, a NorthRhine – Westphalia, no Oeste, e a Baden – Wurttenberg, a Baviera e a Thurinsia no Sudeste da Alemanha. Mapa 2: As Empresas de Energia Eólica na Alemanha Husum Husum North Frisia Wilhelmshaven VENSYS Norderstedt Emden Bard Engineering Multibrid Bremerhaven DEWI Nordex AG Lübeck DeWind REpower Systems AG Hamburg Innovative windpower Bremerhaven Vestas Bremerhaven Hocheifel Holzhausen Ochtrup Pollenfeld Schneebergerhof Aurich Emden Magdeburg Siemens Power Generation Enercon Berlin Fuhrländer Aktiengesellschaft Waigandshain ISET Kassel WAB Bremerhaven EWE AG Fraunhofer Munique General Electric Munique Siemens Wind Power Gmbh Munique EMS Mannheim GE Wind Fonte: Elaborado com base em www.invest-in-germany.com (2007). Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 9 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Fronius International As empresas produtoras de turbinas eólicas e componentes estão mais concentradas geograficamente do que as empresas da área do solar fotovoltaico, em especial, na região de Hamburgo (Schleswig – Holstein) e de Husum e Bremen (Lower Saxony). Mapa 3: Os Actores em Biocombustíveis na Alemanha Brunbüttel Institute for Wood Chemistry and Chemical Technology of Wood Cutec Institute ClausthalZellerfeld Reinische Bioester Marl Cargill Danisco Sugar Agri Nordzucker ADM Bülstringen Anklam University of Applied Sciences Natural Energie West Institute Energy Environment Kassel Institute of Crop Science Karlsruhe Research Center Karlsruhe Institute Energy Environment Research Heidelberg University of Hohenheim Stuttgart Ulrich Biodiesel Mannheim Biofuel Kaufungen Mannheim ForNeBik Bavarian Biofuels Network Technical University Freiberg Freiburg EOP Biodiesel Kklein Wanzleben Verbio KL Biodiesel O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Ecomotion JohannW.Goethe University of Frankfurt Frankfurt / Main Lülsdorf Leer Hamburg Man Ferrostaal Agravis Sternberg Lünen Federal Agricultural Research Center Braunschweig Neuss Marina Biodiesel Falkenhagen Schwedt Neubrandenburger Zörbig Umesterungswerke Schwedt Eberswalde Leibniz Institute for Agricultural Engineering Leipzig Postdam Crop Energies Biopetrol Industries Scharzheide Rostock Zeitz Mitteldeutsche Umesterungswerke Bitterfeld Straubing Technische Universität Munich Südstärke Schrobenhausen Munique Fraunhofer Energy Alliance Munique Fonte: Elaborado com base em www.invest-in-germany.com (2007). Os actores relacionados com os biocombustíveis marcam uma presença muito significativa por toda a Alemanha, em especial, em Bradenburg, Saxony e Saxony – Anhaalt, Baden – Wurttenberg, Hesse, Lower Saxony e NorthRhine – Westphalia. O dinamismo dos actores alemães em energias renováveis é ainda visível pela forte participação ao nível das plataformas tecnológicas relacionadas com a energia como a plataforma do solar fotovoltaico e da energia eólica 9 : 9 “Plataformas Tecnológicas – Como se Organizam em Torno das Tecnologias Energéticas?”, Setembro 2007, (p. 78 e 79-80). 10 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 3: Os Actores De Origem Alemã Nas Plataformas Tecnológicas Europeias empresas produtoras equipamentos WIP GP Solar GmbH Engcotec GmbH KGE Kommunalgrund FOTOVOLTAICA Deutsche Energie-Agentur GmbH (dena) empresas reguladoras centros de investigação Forschungszentrum Juelich GmbH Fraunhofer Institut für Systemtechnik und Innovationsforschung DGS Deutsche Gesellschaft für Sonnenenergie e.V. ISET University of Kassel Bundesministerium für Umwelt, Naturschutz und Reaktorsicherheit (BMU) Fonte: Elaborado com base nos sites das plataformas tecnológicas europeias empresas produtoras equipamentos GE Wind EÓLICA EWE AG empresas operadoras electricidade/ energia centros de investigação Flensburg University Fonte: Elaborado a partir do artigo da Da Sphera: “Plataformas Tecnológicas – Como se Organizam em Torno das Tecnologias Energéticas?”, Setembro 2007. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 11 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões B.V. Shell Solar empresas consultoras empresas petrolíferas SMA Technologie AG Schott Solar GmbH First Solar Phönix SonnenStrom AG Conergy AG Solar World AG Sharp Solar Systems Group Würth Solar GmbH & Co. KG Q-Cells Fronius International GmbH PV Silicon Forschungs und Produktions AG As experiências de vários países europeus, como é o caso alemão, no desenvolvimento dos clusters de energias renováveis foi a principal razão para o desenvolvimento desta análise, sistematizada segundo um conjunto de critérios. Os critérios de análise dos clusters das energias renováveis... De forma a proceder-se a uma análise comparativa destas experiências estabeleceram-se, um conjunto de critérios, de modo a tirar o máximo partido da informação recolhida, sistematizando-a e tentando responder às seguintes questões 10 : 1. O desenvolvimento do cluster é baseado numa fonte de energia específica ou no desenvolvimento “transversal” do cluster a todas as fontes de energia renovável? 2. O estádio do cluster: é um cluster emergente ou já maduro, que perspectivas de evolução e potencial poderá ter aquele Cluster? 3. As tecnologias energéticas envolvidas levam à dinamização ou não do cluster? São O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões utilizadas tecnologias já “maduras” ou a criação dos “clusters de energias renováveis” induz o desenvolvimento e implementação no mercado de novas tecnologias energéticas? 4. Que sinergias é que se vislumbram da dinâmica dos clusters? Que interacções se estabelecem entre os actores, actividades e com o exterior? Que tipo de actores integram os clusters? 5. A criação do cluster resultou da promoção pelo governo, através da acção da política pública ou pelo empenho dos actores (empresas/centros de investigação)? 6. A localização no espaço do cluster: nacional, regional/local, inserido num pólo de competitividade: resultado de uma estratégia de desenvolvimento? Ou de uma conjugação de interesses de agentes privados? 7. A forma de financiamento: pública (nacional ou por iniciativa comunitária), privada, em parceria? Nas três subsecções seguintes serão analisados os clusters, por um lado, segundo o grau de maturação: consolidados (II.1), emergentes (II.2) e, por outro lado, relacionados com biocombustíveis (II.3). 10 A exaustividade de cada um destes pontos analisados, seguidamente, depende da informação disponível, do grau de aprofundamento do cluster (consolidado, emergente) e da especificidade de cada caso analisado, podendo este factor de diferenciação ser visto como uma vantagem, pois enriquece a análise. 12 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais II.1. ESTUDOS DE CASO: OS CLUSTERS “CONSOLIDADOS” No âmbito deste trabalho, consideram-se clusters de energias renováveis “consolidados” aqueles que apresentam todas as características típicas da formação de um cluster e num estádio de evolução considerado de velocidade cruzeiro: complementaridade, interacção, ganhos de produtividade, sinergias resultantes da proximidade, do conhecimento e da dinâmica própria do cluster e cujo motor são as energias renováveis. Encontram-se, regionalmente diversos casos, designadamente: a energia eólica na Dinamarca, as energias renováveis em Espanha (no País Basco) e no Canadá (regiões de Atlanta Canada e Vancouver Vitoria). Far-se-á uma breve referência ao cluster do desenvolvimento sustentável na Finlândia 11 e do hidrogénio da Islândia. CAIXA 1: O CLUSTER DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA FINLÂNDIA E RUMO À ECONOMIA DO HIDROGÉNIO NA ISLÂNDIA O cluster da energia na Finlândia faz parte do desenvolvimento de um cluster mais vasto, globalizado, desenvolvido no âmbito da estratégica nacional da Finlândia, cuja aposta foi tornar-se uma referência mundial em termos de desenvolvimento sustentável. A criação do cluster da energia na Finlândia beneficiou de um conjunto de factores, nomeadamente, a localização geográfica, o clima, uma importância significativa de indústrias intensivas em energia e uma longa tradição de uma frutuosa cooperação entre o Estado, os centros de investigação e empresas privadas, que contribuíram para serem líderes mundiais em conhecimento, gestão e tecnologias energéticas. A antecipação da liberalização do mercado da energia, permitiu a introdução de medidas de redução de custos de energia, serviços orientados para os clientes e a possibilidade de integrar as tecnologias energéticas e ambientais, mantendo a competitividade das empresas. Sendo um líder em tecnologias energéticas e ambientais, a Finlândia quadruplicou as suas exportações na última década. O desenvolvimento do cluster da energia, baseou-se no núcleo de competências nacionais: bioenergia, componentes para produção de energia eólica, aquecimento central, tecnologias poupadoras de energia e produção combinada de calor e energia. O estado da arte da tecnologia serviu como alavanca para o desenvolvimento das tecnologias energéticas em áreas-chave como: a combustão dos resíduos municipais; a utilização e produção da tecnologia para pellets (biomassa); os catalisadores e tecnologias de redução das emissões poluentes; tecnologias na área das turbinas eólicas; aplicação de novas tecnologias de combustão da biomassa, como os ciclos orgânicos de Rankine e pilhas de combustível; aplicações comerciais baseadas na pirólise de óleos e de biocombustíveis; novas oportunidades de negócio criadas pelos acordos internacionais de alterações climáticas – implementação conjunta, comércio de emissão e mecanismos de desenvolvimento limpo; criação de mercados “verdes” de electricidade – utilização da energia resultante da combustão da madeira para produção de electricidade e calor. 11 Existem diversos casos de clusters vocacionados para o desenvolvimento sustentável, objecto muito mais lato do que as energias renováveis, pelo que não serão objecto de análise neste documento. Faz-se uma breve referência ao caso da Finlândia pela importância que adquiriu em termos nacionais com projecção internacional, estendendo a sua influência a países como a China. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 13 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Finlândia: Este cluster reúne centros de investigação em tecnologias ambientais em Helsínquia, Lathi, Truku e Jyväskylä, a administração pública e empresas de consultoria, produtoras de equipamentos e operadoras de energia. Figura 4: Os Actores do Cluster da Energia na Finlândia CLUSTER ENERGIA FINLÂNDIA alguns actores Centros de investigação Helsinki ABB Oy Truku Jyväskylä Lathi TEKES O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões VTT Technical Research Centre of Finland investigação em energia: nuclear, bioenergia, eficiência energética Stora enzo UPM fabricante de automatismos Metso Kemira Pulp Paper produtos químicos p/ indústria papel Greennet cleantech rede de empresas ambientais e Estado Cluster do ambiente finlandês para a China: Neste promoção e Oil cooperação em protecção ambiente e desenvolvimento empresa empresa florestal Altia Oy fabricante de bebidas (etanol) petrolífera e biodiesel a partir de plantas tratadas com hidrogénio produção energia a partir de renováveis e soluções de controlo energia em processos industriais Wärtsilä Biopower Oy produtora de biocombustíve is c/ base na gaseificação da biomassa Outokumpu Technology tecnologias de processamento de metais e minerais St1 Biofuels distribuição da fornecedora de produção de etanol centrais combustão a partir de resíduos de biocombustíveis, alimentares e de petróleo e gás pequenas plantas natural Fonte: Elaborado com base Cleantech (2007), Greennet (2007), invest in Finland (2006). As sinergias obtidas com este cluster são múltiplas, proporcionadas pela investigação e desenvolvimento, traduzida pela interacção de vários sectores de actividade e tecnologias: pasta, papel, tecnologias de co-geração, tecnologias de comunicação e informação, produtos metálicos, entre outros. Um dos grandes dinamizadores do cluster da energia na Finlândia é o Centro Tecnológico de Merinova 12 , situado na região de Vaasa, que através da promoção de projectos de investigação reúne os actores mais importantes em três áreas: Value Engineering, (optimização de sistemas de energia), Ecoenergy Programme (monitorização de aplicações de energia solar na Finlândia) e Innovation Management Programme ( aproveitamento do conhecimento e das potencialidades regionais das empresas de alta tecnologia). Para além disso, o dinamismo do cluster da energia, como parte integrante do cluster do ambiente finlandês, tem projecção internacional, através das redes de cooperação estabelecidas com países como a China (FECC) e a Greennet: ▪ 12 14 o FECC (Finnish Environmental Cluster for China): foi estabelecida em 2006, por iniciativa do governo finlandês com o objectivo de promover a cooperação na área da protecção do ambiente e do desenvolvimento sustentável entre a Finlândia e a China. Opera sob a designação “Cleantech Finland” e representa todos os actores relacionados com o ambiente; http://www2.merinova.fi/ | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais ▪ a Green Net Finland: uma organização em rede que visa construir um cluster de ambiente, reunindo actores desde centros de investigação até pequenas e médias empresas. Promove e desenvolve projectos a nível nacional e internacional, sendo exemplo disso, os projectos na região do Mar Báltico e na Estónia. Em Fevereiro de 2007 foi criado o Programa Nacional para o Negócio Ambiental, com o objectivo de desenvolver as tecnologias “limpas”, como base de orientação para a indústria finlandesa, de modo a que o País se torne um líder no negócio ambiental em 2012. Islândia: Desde da década de 70 a Islândia apostou claramente na alteração do paradigma energético, rumo a uma sociedade baseada no hidrogénio. Durante trinta anos, a Universidade da Islândia desenvolveu uma investigação profunda em hidrogénio. A partir de 1997, o Governo Central desenvolveu uma política de energia centrada na produção doméstica de combustíveis e numa política do hidrogénio. A partir de 1999, intensificaram-se os projectos de investigação internacionais, desenvolvidos pela cooperação entre entidades islandesas, comunitárias e outros actores. Este empenhamento público e a adesão de entidades abastecimento de hidrogénio, associada à estação de abastecimento convencional e testasse os primeiros autocarros movidos a hidrogénio. A partir de 2003, a Islândia encontra-se empenhada em consolidar parcerias em termos internacionais, passando a ser membro da IPHE (Parceria Internacional para a Economia do Hidrogénio). Os aspectos-chave deste processo, residem na sustentabilidade do uso das energias renováveis; na segurança e diversidade da oferta de energia; nos desafios das alterações climáticas; qualidade do ar e da saúde e na protecção do ambiente e no valor acrescentado possibilitado pelas oportunidades de mercado e na cooperação global entre entidades públicas e privadas. A partir de 2005, o Governo tem estado empenhado em eliminar os impostos sobre os veículos a hidrogénio; em elaborar o roadmap do hidrogénio; em criar o Centro Tecnológico do Hidrogénio e o desenvolvimento da economia do hidrogénio através da criação do cluster do hidrogénio. Os projectos de demonstração mais recentes dizem respeito: i) parceria público/privada (Icelandic New Energy) entre a Shell Hydrogen, Norsk Hydro, Daimler Chrysler; ii) o roadmap iniciado em 2000, em três estádios: demonstração de autocarros a hidrogénio (ECTOS), seguido do programa de demonstração de veículos de passageiros a pilhas de combustível e mais tarde a demonstração de projectos de embarcações de pesca movidas a pilhas de hidrogénio; iii) rede de infra-estruturas de hidrogénio; iv) armazenamento de hidrogénio geotérmico. Paralelamente, assiste-se a uma investigação fundamental de várias entidades em: materiais híbridos; nanoestruturas e hidrogénio; hidrogénio associado a geotérmica, através da utilização de metais híbridos para compressão de hidrogénio; estudos socioeconómicos do hidrogénio; bio–hidrogénio; boro–híbridos; formação e educação em hidrogénio. O dinamismo da Islândia ao nível do hidrogénio, extravasa para outros países (como os acordos de cooperação com os Países Bálticos, o Euro–Ártico), pois o Governo considera que só com o estabelecimento de parcerias internacionais é que é possível acelerar e facilitar a transição para uma economia baseada no hidrogénio. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 15 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões privadas e de investigação levou a que, em 2003, a Islândia construísse a primeira estação de O CLUSTER EÓLICO DA DINAMARCA 13 DENMARK THE WORLD’S LEADING WIND ENERGY CLUSTER A Dinamarca é o país, por excelência, da energia eólica. Depois da crise petrolífera de 1973, este país passou, grosso modo, de uma dependência energética do exterior para uma autosuficiência em termos de oferta de energia. Mais de trinta anos de uma política de energia O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões assente no desenvolvimento dos recursos energéticos endógenos foi a catapulta necessária para a Dinamarca se tornar líder na utilização das tecnologias energéticas renováveis. O sucesso da energia eólica na Dinamarca decorre da conjugação de um número de factores, que compreende a política energética adoptada e as infra-estruturas materiais e imaterais que as empresas beneficiam para o desenvolvimento do seu negócio. Os ganhos de produtividade obtidos e as sinergias resultantes, só são possíveis pelo forte pendor da investigação e desenvolvimento em tecnologias energéticas, especialmente para estabelecer uma economia baseada no hidrogénio e em pilhas de combustível, assente na energia eólica, como fonte primária de energia Actualmente, um dos principais objectivos da política energética é a promoção da utilização das energias renováveis, fazendo com que esta tenha um peso crescente na estrutura do consumo total de energia. A Dinamarca está, assim, na vanguarda do desenvolvimento tecnológico das energias renováveis e das pilhas de combustível (fuel cells). Breve enquadramento geográfico, económico e social A Dinamarca é um pequeno país do Norte da Europa, com mais de 5 milhões de habitantes, em 2007, e que é constituído pela Península da Jutlândia e por um conjunto vasto de ilhas, muitas delas habitadas. É na Península da Jutlândia que se localiza a maior parte do cluster eólico, com destaque para a cidade de Odense que desenvolveu um cluster regional de energia com a perspectiva de atingir os objectivos propostos em Quioto. 13 16 http://www.energistyrelsen.dk/ | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 5: Localização Geográfica do Cluster Eólico na Dinamarca população total em 2007 5 447 084 habitantes densidade populacional 2 126 hab. / km superfície 2 43 094 km Fonte: Wikipédia 2007. A energia e as indústrias associadas à produção de energia ocupam uma posição importante ao nível da estrutura sectorial da Dinamarca, actividades estas que incorporam um elevado investigação e desenvolvimento. É uma das economias mais desenvolvidas da União Europeia e não faz parte da zona Euro. Segundo a Danish Energy Authority 14 , o consumo de energia renovável na Dinamarca representou 15,6% do total em 2006 e 26,5% da produção de electricidade teve a mesma origem. Sendo um país auto-suficiente em energia, o único da União Europeia, a produção, em 2006, foi 44% superiores às necessidades do consumo. Baseado na energia eólica e não só... Devido às suas potencialidades, a energia eólica é aquela onde se tem assistido a um reforço das competências e do desenvolvimento na Dinamarca 15 : desde 1990 até 2006, a produção primária de energia eólica cresceu 901%, representando 13,4% da produção de electricidade (em 2006, considerado mau ano de vento). No entanto, a par da energia eólica, a biomassa (incluindo resíduos), seguida da térmica solar, geotérmica e energia das ondas, ocupam uma posição destacada ao nível do balanço energético, em termos de produção primária de energia (15,6% do total em 2006 e 26,5% da produção de electricidade). Cluster eólico consolidado mas ainda com grandes potencialidades... líder a nível mundial Segundo o Ministério dos Assuntos Externos da Dinamarca 16 , existem cinco razões que explicam o sucesso das actividades relacionadas com a energia eólica (cluster) no País: i) a Associação Dinamarquesa das Empresas Eólicas indica uma quota de mercado mundial das 14 Energy Statistics 2006. 15 Energy Statistics 2006. 16 http://www.investindk.com/ Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 17 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões conteúdo tecnológico, dadas as sinergias criadas entre a actividade produtiva e os centros de empresas dinamarquesas de 40%; ii) acesso a recursos humanos altamente qualificados, empregando-se 20 000 pessoas; iii) volume de negócios apreciável para os produtores de equipamentos (mais de 3 biliões de euros); iv) acesso a uma completa cadeia de valor de fornecedores e de serviços prestados no âmbito das energia eólica e v) em 2005, 60% da capacidade mundial de energia eólica off-shore operava na Dinamarca. As potencialidades da energia eólica, criou a necessidade de tornar competitivo o armazenamento de energia e de aproveitar este potencial para uma procura de investigação e desenvolvimento orientada para o hidrogénio. Em consequência do desenvolvimento do cluster eólico, a Dinamarca surge como um benchmark de uma futura sociedade do hidrogénio. São apontadas 17 cinco razões para o desenvolvimento das actividades relacionadas com o hidrogénio: i) a Dinamarca tem uma posição reconhecida internacionalmente no que respeita o desenvolvimento das tecnologias energéticas do hidrogénio; ii) um cluster eólico consolidado que traduz um mercado energético eficiente, pois são integradores do sistema O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões de energia; iii) uma forte posição na investigação e desenvolvimento de pilhas de combustível PEM, SOFC e DMFC 18 ; iv) provas dadas na introdução, implementação e comercialização no mercado de pilhas de combustível e produtos e componentes associados; v) apoio governamental para a investigação, o desenvolvimento, a experimentação e implementação das tecnologias do hidrogénio no mercado. 17 17 18 18 http://www.investindk.com/ PEM – proton exchange fuel cells; SOFC – solid oxide fuel cells; DMFC – direct methanol fuel cells. | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais CAIXA 2: O ROADMAP TECNOLÓGICO DO HIDROGÉNIO A Dinamarca desenvolveu um roadmap tecnológico do hidrogénio muito particular, com uma relação estreita entre as flutuações da produção da energia eólica e a mobilidade (com transportes movidos a hidrogénio). Figura 6: Programa de Energia – Hidrogénio – Dinamarca Criação Objectivo: Âmbito: 1998 demonstrar possibilidades concretas de uilização de tecnologias do hidrogénio no sistema energético. transportes, armazenamento de hidrogénio, segurança e planeamento 1) veículo ligeiro de passageiros a gasolina com um sistema de injecção a hidrogénio; 2) veículo ligeiro de passageiros eléctrico da Fiat (Nora) movido a pilhas de combustível PEM 3) veículo pesado de passageiros MAN movido a pilhas de combustível com hidrogénio liquefeito dois tanques de combustível: 1) 20 Mpa hidrogénio comprimido a gás em depósitos de materiais compósitos de fibras leves 3 2) 20 Nm depósito em metal de taitânio e zirconio Horizonte temporal: 2030 com a produção de hidrogénio a ser feita em 50% por energias renováveis e até 2050 admitindo a utilização de energias renováveis a 100% Fonte: Elaborado com base em Bent Sørensen e Finn Sørensen, Roskilde University. As flutuações da produção de energia eólica são resolvidas de três formas: i) actualmente, por sistemas de back-up disponíveis movidos a centrais de carvão e de gás natural; ii) até 2010, exportação líquida de energia assegurada através da utilização das oportunidades de importação e exportação de energia com a Noruega, Suécia e Alemanha; iii) no horizonte de 2020-2030, um sistema dedicado de armazenamento de energia (biocombustíveis, biogás, hidrogénio e eólica off-shore, as duas últimas utilizadas com tecnologias de conversão de energia como a electrólise e as pilhas de combustível). Neste processo, a produção de hidrogénio pode ser centralizada ou descentralizada, sendo que a segunda tem uma probabilidade mais baixa de acontecer. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 19 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões três veículos movidos a hidrogénio: Figura 7: Roadmap Tecnológico do Hidrogénio – Dinamarca Produção Centralizada de Hidrogénio produção de parques eólicos + eólica off-shore trajectória de probabilidade mais elevada Mobilidade Metanol a partir das estações de combustíveis fósseis com ligeiras modificações e / ou estações de distribuição hidrogénio distribuição via gasodutos de gás natural adaptados exportação líquida de energia assegurada 1ª sistema de back-up disponível: movido a centrais de combustão de carvão e de gás natural Flutuações da produção de energia eólica (três formas de resolver as flutuações) 1998 2007 2ª utilização das oportunidades de importação e exportação de energia com Noruega, Suécia e Alemenha 2010 Produção de hidrogénio em grandes centrais com base em electricidade gerada a partir energia eólica sistema dedicado de armazenamento energia 2020 2040 rede eléctrica trajectória de baixa probabilidade Flutuações da produção de energia eólica (três formas de resolver as flutuações) 2050 abastecimento residencial produção hidrogénio excesso energia O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões 2030 produção de parques eólicos + eólica off-shore metanol ? (produto secundário) 3ª Armazenemento de hidrogénio produzido a partir do excesso da eólica off-shore (electrólise ou reconversão de pilhas combustível) 3ª utilização de energia armazenada: biocombustíveis biogás Produção Descentralizada de Hidrogénio Mobilidade necessidade de upgrading tecnológico produção de electricidade e calor exportação líquida de energia assegurada sistema dedicado de armazenamento energia 1ª sistema de back-up disponível: movido a centrais de combustão de carvão e de gás natural 1998 2007 2ª utilização das oportunidades de importação e exportação de energia com Noruega, Suécia e Alemenha 2010 Ponto de partida: rede de distribuição de gás natural alargada edifícios com equipamentos reversíveis de pilhas de combustível 3ª utilização de energia armazenada: biocombustíveis biogás 2020 2030 3ª Armazenemento de hidrogénio produzido a partir do excesso da eólica off-shore (electrólise ou reconversão de pilhas combustível) 2040 metanol ? (produto secundário) 2050 Fonte: Elaborado com base em Bent Sørensen e Finn Sørensen, Roskilde University. Admitindo que o caminho para a economia baseada no hidrogénio é pela via da produção centralizada, em grandes centrais com base em electricidade gerada a partir de energia eólica, seria necessário um upgrading tecnológico, que permitiria a distribuição do hidrogénio pela adaptação dos gasodutos de gás natural. O metanol poderia surgir como um produto secundário ou ser utilizado directamente a partir de estações de combustíveis fósseis com ligeiras modificações, coexistindo em paralelo, com as estações de distribuição de hidrogénio. Num caminho com produção descentralizada de hidrogénio, baseado no abastecimento residencial, que se traduziria em edifícios com pilhas de combustível reversíveis, que tivessem como ponto de partida uma rede de distribuição de gás natural alargada, produziriam calor e electricidade. O excesso de energia teria duas alternativas possíveis: rede eléctrica e produção de hidrogénio. A produção de hidrogénio seria utilizada na mobilidade como combustível. A constituição do cluster eólico foi e continua a ser baseada numa política para a energia de contornos voluntaristas, no sentido que há indicações claras para o mercado, incentivos fiscais, medidas regulamentares e da orientação que a investigação e desenvolvimento deve seguir. As autoridades dinamarquesas impõem normas explícitas para as utilities no sentido de adoptarem no seu modelo de negócio uma proporção significativa de energias renováveis na produção de electricidade. 20 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Durante os primeiros anos, o desenvolvimento tecnológico permitiu um crescimento enorme das turbinas eólicas, indo ao encontro de uma procura muito significativa. Esta tendência foi suportada por um enquadramento regulamentar que garantiu a rendibilidade dos investimentos e a colocação da produção no mercado num contexto de preços muito favorável. O Estado financiava os custos adicionais necessários ao desenvolvimento das turbinas eólicas. Com a liberalização do mercado da electricidade, os consumidores passaram a ser co financiadores, no sentido em que foram reflectidos nos preços da energia os investimentos realizados ao nível das turbinas eólicas. Deste modo, o Estado é o principal promotor do cluster eólico na Dinamarca, mas num contexto de funcionamento do mercado, reunindo os actores, incentivando as sinergias e a cooperação entre as diversas entidades envolvidas e prestando o apoio financeiro, Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas... São as tecnologias energéticas, designadamente, relacionadas com as energias renováveis (neste caso e, em particular, a energia eólica e o desenvolvimento do hidrogénio e das pilhas de combustível), as principais áreas de investigação e desenvolvimento na Dinamarca 19 . Há assim uma permanente investigação tecnológica com reflexos que possibilita a implementação contínua no mercado de novas tecnologias energéticas. A rede de investigação e desenvolvimento com uma longa tradição tem tido avanços notáveis ao nível das tecnologias aplicadas a novas turbinas adaptadas às variações climatéricas. O up-grading tecnológico das turbinas eólicas actuais e a definição de novos standards são as principais preocupações dos investigadores. Estas tecnologias cobrem a totalidade da cadeia energética, fazendo apelo a áreas multidisciplinares que vão desde a aerodinâmica ao conhecimento e experiência de eólica off-shore, passando pelas tecnologias de armazenamento de energia e daquelas que visam atingir uma sociedade baseada no hidrogénio. 19 Não se deve esquecer a importância que a biomassa, nas suas várias origens, tem ao nível do balanço energético na Dinamarca 6,8% do total da energia produzida no País. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 21 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões tecnológico e a informação necessária ao público. CAIXA 3: A SOCIEDADE DO HIDROGÉNIO DINAMARQUESA Para se atingir uma sociedade baseada no hidrogénio, o ponto de partida é a infra-estrutura de gás natural. Um crescimento da electricidade produzida a partir de energia eólica, admitindo que fosse superior ao consumo, levaria a que o excesso fosse utilizado para produzir hidrogénio, o qual seria distribuído pela rede de gás natural. A legislação adequada e uma aposta na produção descentralizada de hidrogénio poderá ter grandes potencialidades de crescimento na Dinamarca. O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Figura 8: A Sociedade do Hidrogénio Dinamarquesa Fonte: Ministry of Foreign Affairs of Denmark (2006). Pela observação da figura 8, a sociedade do hidrogénio dinamarquesa teria como fontes de energia primárias renováveis (a energia eólica, o solar fotovoltaico, as hídricas, a biomassa) e o gás natural. As energias renováveis são utilizadas na produção de electricidade, por via da electrólise da água. A electricidade também poderá continuar a ser produzida a partir das centrais de combustão convencionais a petróleo, gás e carvão. A biomassa, para além da sua utilização directa na produção de electricidade, pode ser purificada, juntamente no processo de reformação do gás natural. Após a purificação (seja a biomassa, gás natural, central química, ou refinaria), procede-se à compressão do hidrogénio ou à sua condensação: no caso da compressão do hidrogénio, este pode ser de seguida transportado em camiões próprios até um pipeline ou armazenado (em cavernas ou não); no caso da condensação, o hidrogénio liquefeito é transportado em camiões próprios e armazenado em estado líquido. Após estar armazenado, faz-se a sua reformação e pode ser consumido de diversas formas: como combustível para veículos, para alimentar pilhas de combustível (fuel cells) ou armazenado em cavernas para posterior utilização. 22 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Ao nível da tecnologia de eólicas off-shore, a investigação neste domínio ao longo de vários anos, viabilizou a instalação de vários parques eólicos na Dinamarca, tendo presente o eventual impacto ambiental e respectivas medidas de protecção. Devido aos impactos da eólica on-shore, designadamente, o impacto visual, a eólica off-shore tem-se tornado cada vez mais atractiva, beneficiando da redução de custos operacionais e de instalação devido ao crescimento significativo da produção. Para além das tecnologias relacionadas com a energia eólica, o governo tem vindo a intensificar os esforços de investigação, desenvolvimento e demonstração de outras tecnologias relacionadas com: i) a segunda geração de biocombustíveis para os transportes; ii) os edifícios com baixo consumo de energia; iii) as tecnologias de “carvão limpo”, constituindo uma opção muito atraente para continuar a utilizar o carvão como fonte primária de energia; iv) o desenvolvimento do hidrogénio e das pilhas de combustível, tanto nos transportes, como em aplicações estacionárias e de portabilidade; v) exploração do espectro de cores do sol para serem utilizadas em células fotovoltaicas, bem como o estudo e o alargamento do projecto Wave Dragon 20 em larga escala à zona costeira europeia; vii) a reconversão do aquecimento central, passando a ser baseado na biomassa (sólida e biogás) e no gás natural e viii) tecnologias que explorem todas as formas de obtenção de petróleo e gás natural do Mar do Norte. As sinergias e os actores... O centro de todo o desenvolvimento tecnológico e que suporta toda a actividade do cluster eólico na Dinamarca é o Risø National Laboratory 21 . Fundado com base nos conhecimentos da Universidade Técnica da Dinamarca nas áreas da meteorologia, tecnologia dos materiais, e nos conhecimentos de outras universidades no domínio da mecânica dos fluidos, o Risø National Laboratory, teve como primeira função, disponibilizar os conhecimentos e serviços tecnológicos às empresas que se dedicavam à energia eólica, as quais, isoladamente, não dispunham de recursos suficientes para levar a cabo o desenvolvimento tecnológico necessário à continuação da sua actividade. Sendo o principal promotor de projectos de investimento relacionados com a produção de turbinas eólicas, o Risø National Laboratory foi, e continua a ser, o interlocutor privilegiado entre as empresas e o governo pela via do Danish Energy Authority. A partir de 2002, esta posição foi reforçada com a constituição de um consórcio que integra o Risø National Laboratory, a Universidade Técnica da Dinamarca, a Universidade de Aalborg e a DHI – Água e Ambiente. 20 O projecto Wave Dragon reuniu um elevado número de investigadores europeus com o objectivo de criar a primeira central de produção de energia das ondas ligada à rede eléctrica. 21 http://www.risoe.dk/About_risoe/research_departments/VEA.aspx Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 23 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões de células fotovoltaicas de plástico e a sua aplicação à protabilidade; vi) a energia das ondas, O consórcio tem como objectivo fazer a interacção entre o financiamento da I&D do Estado com a I&D desenvolvida no seio das empresas, criando sinergias entre os centros de competência dinamarqueses, fortalecendo, ainda mais, o desenvolvimento tecnológico ao nível da energia eólica. Associado a este objectivo, o consórcio desenvolve acções de formação na área da energia eólica. Figura 9: Algumas das Sinergias Proporcionadas pelo Cluster Eólico da Dinamarca TECNOLOGIAS DE EXTRACÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL Projecto Wave Dragon primeira central energia das ondas ligada à rede eléctrica Haldor Topsøe A/S Consórcio I&D para cluster eólico O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Universidade de Aarhus Danfoss A/S produtora equipamento electrónico e componentes RENEWABLE ENERGY ISLAND SAMSØ oferta de energia local e 100% renovável Danish Energy Authority LINTRUP BIOGAS PLANT Risø National Laboratory Solid Oxid Fuel Cells produtora catalisadores p/ pilhas combustível Células Fotovoltaicas de Plástico SISTEMA DE HIDROGÉNIO design aeroelástico; sistemas energéticos eólicos; turbinas eólicas; testes, demonstrações e medições; Programa Educional de Energia Eólica Danish Hydraulic Institute PEM Fuel Cells Universidade Técnica Dinamarca Universidade de Aalborg IRD Fuel Cells dkTEKNIK produtora miniprotótipos de fuel cells p/ aplicações estacionárias Rica-Tec Horns Rev Elsam A/S operadora eólica utility produção energia larga escala em em centrais CHP Danish Fluid Bed Technology novo método de gaseificação de biomassa Tec Wise MARSTAL SOLAR HEATING PLANT empresas energia eólica (por ex:) - meterologia; - PVSOLGARDEN em Kolding financiado: - Energy Research Programme - Development Programme for Renewable Energy das maiores centrais térmico solar do mundo c/ ligação à rede de aquecimento central na ilha de AErø Vestas Wind Systems Siemens Wind Power Nordex Energy Gamesa Suzlon Energy LM Glasfiber Sydlangeland Aquecimento Central Weiss A/S caldeira flexível p/ biomassa Fonte: Elaborado com base no Ministry of Foreign Affairs of Denmark (2006) e Danish Energy Authority (2007). As sinergias que irradiam do consórcio das instituições de I&D não se cingem apenas aos actores interessados na energia eólica mas, também, às outras fontes de energia renovável como a biomassa, solar fotovoltaico, energia das ondas e ao desenvolvimento das pilhas de combustível e do hidrogénio, até mesmo novas tecnologias de extracção de petróleo e gás natural no Mar do Norte. No âmbito do cluster nacional, embora focalizado na energia eólica, interagem também um conjunto vasto e diversificado de actores, dinamizados, primeiro pelo Estado, através das instituições públicas vocacionadas para o efeito, e no estado actual de maturidade do cluster, pelo próprio dinamismo do mercado. 24 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 10: Os Actores do Cluster Eólico CLUSTER EÓLICO DINAMARCA alguns actores Risø National Laboratory Danish Hydraulic Institute Universidade de Aalborg Danfoss A/S produtora equipamento electrónico e componentes IRD Fuel Cells Haldor Topsøe A/S produtora catalisadores p/ pilhas combustível Nordex Energy produtora miniprotótipos de fuel cells p/ aplicações estacionárias fabricante de turbinas eólicas Gamesa Universidade de Aarhus operadora eólica Universidade Técnica Dinamarca Vestas Wind Systems fabricante de turbinas eólicas LM Glasfiber fabricante de pás para turbinas eólicas Horns Rev Siemens Wind Power fabricante de turbinas eólicas Rønland Elsam A/S utility produção energia larga escala em em centrais CHP Suzlon Energy operadora eólica offshore operadora eólica Vindeby operadora eólica offshore Samsø Dong Energy exploração de infraestruturas e produção electricidad e, calor operadora eólica offshore Frederikshavn operadora eólica offshore operadora eólica offshore Tunø Knob Middelgrunden operadora eólica offshore operadora eólica offshore operadora eólica offshore Nysted Offshore Wind Farm Vattenfall produtora de energia Fonte: Elaborado com no base Ministry of Foreign Affairs of Denmark (2006) e Danish Energy Authority (2007). Alguns dos actores mais importantes são naturalmente, operadores de energia eólica e de energia em geral, agências governamentais e centros de investigação e universidades. A figura 10 não esgota todos os actores envolvidos neste cluster, que dado o seu estado de maturação e consolidação, integra muitos mais, inclusivamente, os consumidores, e actores de outros sectores de actividade e empresas com projecção mundial. Criação do cluster eólico resultado da acção da política para a energia... A crise petrolífera de 1973 marcou o início de uma nova era na política económica na Dinamarca. Embora com variações em termos de prioridades da política para a energia, as energias renováveis estiveram sempre nas primeiras prioridades mas de forma, mais visível a partir de 1981. O primeiro Plano de Energia Dinamarquês (1976) teve como preocupação fundamental a segurança de abastecimento, sendo o objectivo principal a redução da dependência das importações de petróleo. No âmbito deste plano foram realizados investimentos de conversão das centrais petrolíferas para centrais a carvão. Neste plano, as energias renováveis tiveram um papel marginal na oferta de energia, estando apenas vocacionadas para aproveitamentos dos resíduos para aquecimento central e em lareiras nas residências e para a agricultura. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 25 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Danish Energy Authority Danish Forest and Nature Agency O Plano de Energia 81, com um ênfase especial nas considerações socioeconómicas da política de energia, foi a base para um crescimento muito rápido da produção de energia, em particular pelo aproveitamento mais eficiente do petróleo e do gás natural do Mar do Norte. Neste Plano foi definida a construção da rede nacional de infra-estruturas de gás natural e foram concedidos subsídios para a construção e operação de turbinas eólicas e de centrais de combustão de biomassa. A aplicação de impostos sobre os produtos petrolíferos e de carvão, incentivaram o desenvolvimento das energias renováveis, tornando-as competitivas, tendose construído diversas centrais de combustão de palha e resíduos de madeira para lareiras para aquecimento central. A partir de 1990, a política para a energia integrou objectivos de protecção do ambiente. O Plano Energia 2000, estabeleceu uma redução das emissões de CO2 em 20% entre 1998 e 2005. Os instrumentos mais importantes para atingir esta meta eram: a utilização das energias renováveis, uma maior utilização do gás natural em aplicações estacionárias e uma poupança energética efectiva. Os resultados do Plano Energia 2000 consubstanciaram-se, em 2005, num consumo de 10% de electricidade com base em energia eólica e numa O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões duplicação do consumo de energias renováveis. A partir de 1993, assistiu-se a um aumento do consumo de biomassa (palha e resíduos florestais) para aplicações estacionárias. Simultaneamente, a adopção de subsídios e de medidas de promoção das energias renováveis, incentivaram o desenvolvimento das turbinas eólicas, das centrais de combustão de biomassa em pequena escala, centrais de combustão de biogás e o aquecimento solar. Em 1996, o Plano Energia 21, tornou os objectivos ambientais mais precisos, clarificando-os e colocando a tónica nas energias renováveis. Este Plano estabelecia que as energias renováveis deviam representar, em 2005, 12 a 14% do consumo de energia. Até 2030, o consumo de energias renováveis deveria crescer a 1% ao ano, situando-se em 35% do total do consumo nesse ano. Em 1999, no âmbito da reforma do sector da produção de electricidade, foi definido que 20% da produção de electricidade deveria ter origem em energia eólica e com um contributo da biomassa. Este objectivo foi ultrapassado uma vez que o consumo de electricidade com base em energias renováveis excedeu os 25%. A partir de 2002, com a perspectiva da criação do Mercado Interno da Energia na União Europeia, o governo dinamarquês colocou a tónica na adopção de instrumentos de mercado, transformando os incentivos e subsídios ao desenvolvimento das energias renováveis num enquadramento regulamentar favorável ao funcionamento deste mercado. A necessidade de aumentar a concorrência no mercado da energia, levou à liberalização e ao incentivo ao aumento da eficiência e à redução dos custos das centrais com base em energias renováveis. Neste âmbito, em 2003, assistiu-se à adopção de instrumentos que induzissem a redução das emissões de CO2 e ao fortalecimento dos instrumentos de mercado que capitalizem os benefícios da sociedade em produzir energia a partir de fontes primárias renováveis. 26 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Em 2005, é lançado um acordo sobre medidas de eficiência energética e em simultâneo é publicada a visão dinamarquesa sobre a política para a energia em 2025 com as seguintes propostas: i) um mercado de poupança de energia – a partir de 2010 concedem-se subsídios às empresas e famílias para adoptarem medidas de eficiência energética nos edifícios, processo de produção, obrigatoriedade para as utilities visível pelo uso de certificados; ii) aumento dos requisitos de poupança de energia pelas utilities – poupanças de energia rentáveis através do comércio de certificados de poupança de energia; iii) poupança de energia em sectores não sujeitos a quotas de emissões de CO2; iv) campanhas para promover a poupança de energia em edifícios; v) reforma do sistema de subsídios para a promoção de energias renováveis – negócio; vi) mais biogás – aumento da utilização do biogás para resolver problemas relacionados com os resíduos agrícolas, emissão de gás metano e reduzir o consumo de combustíveis fósseis; vii) mais energia éolica através da definição de um planeamento estratégico para a construção de parques eólicos – acções de promoção e de demonstração da eólica onshore e offshore e de um plano de infra-estruturas para as turbinas eólicas offshore; viii) melhoria na exploração da energia obtida de resíduos – aumentar a utilização desta biomassa para a produção de energia e calor; ix) racionalização do sistema fiscal – as taxas sobre a energia devem ser reorganizadas no sentido de promoverem a competitividade das energias renováveis; x) mais bombas de calor para o sector residencial – iniciação de uma campanha para promover as bombas de calor em substituição dos aquecedores a combustíveis fósseis; xi) aumento da flexibilidade na escolha de combustíveis – liberalização da utilização de combustíveis para produzir electricidade e calor, o que permitirá a utilização gradual de biocombustíveis na geração de e conversão de calor; xii) biocombustíveis para transportes – a proporção de biocombustíveis nos transportes deverá atingir 10% do consumo em 2020; xiii) reforço da cooperação estratégica no âmbito de iniciativas de I&D para tecnologias de extracção de petróleo e gás natural do Mar do Norte; xiv) isenção fiscal para veículos movidos a hidrogénio. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 27 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões aumentar a transparência na atribuição dos subsídios e a competitividade do Toda esta evolução da política para a energia foi acompanhada: i) pelo financiamento público da investigação e desenvolvimento, através da implementação de programas de I&D; ii) pela imposição de obrigações às utilities no sentido de adoptarem na sua produção de energia, turbinas eólicas, centrais de combustão de biomassa para aplicações estacionárias. Cluster de carácter nacional, permitindo o desenvolvimento económico regional... As energias renováveis tornaram-se num motor poderosíssimo para o desenvolvimento económico das regiões. Dois exemplos são o Cluster da Energia de Fiona e a ilha “renovável” de Samsø: inserido na Península da Jutlândia, na cidade de Odense, foi criado o Cluster de Energia de Fiona. Localizado na terceira maior cidade da Dinamarca, beneficia de um porto, de uma estrutura sectorial baseada na agricultura, serviços e em indústria ligeira, de um pólo universitário e de investigação e de uma tradição cultural bem O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões vincada. Estas características favorecem a criação de um cluster de energia, com o objectivo de cumprir regionalmente as metas do Protocolo de Quioto, focado em dois aspectos duais da sustentabilidade energética: energias renováveis, em especial bioenergia, e na poupança energética, quer na produção, quer no consumo. Definido o enquadramento, o Cluster de Energia de Fiona tem massa crítica para dinamizar e atrair os actores relacionados com: as tecnologias de informação e comunicação utilizadas no controlo do consumo de energia; a optimização do consumo de energia no que respeita à emissão de gases com efeitos de estufa; a energia de alta voltagem; a energia solar; as tecnologias para a produção de bioenergia e para a produção de calor e a eficiência energética, transversal a todo o sistema energético. A combinação destas sinergias levou ao desenvolvimento de projectos: de soluções regionais de utilização da bioenergia; de I&D em biorefinarias; de conhecimento em aquecimento central, de demonstração em climatização central; soluções de eficiência energética com impacto nos gases com efeito de estufa; de demonstração de biodiesel; de incentivos e alteração de comportamentos das empresas e famílias no que diz respeito ao consumo de energia. O desenvolvimento regional do cluster desenrolar-se-á segundo uma tripla conjugação: oportunidade de negócio, investigação e apoio da política pública. a ilha de Samsø foi escolhida para no decurso de uma década se converter e basear a sua oferta de energia 100% em renováveis endógenas à região. O projecto de demonstração inicial serve para mostrar que, com o empenhamento de todos os actores locais, é possível uma região tornar-se auto-suficiente em energia renovável que irá beneficiar o desenvolvimento e o crescimento da economia local. 28 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Este projecto baseia-se em tecnologias existentes no mercado, sendo esta ilha muito diversificada em termos de tecnologias energéticas: eólica on-shore e off-shore, biogás e com potencialidades de utilização de renováveis para produzir hidrogénio utilizado nos transportes. Em termos nacionais, o sucesso do cluster eólico na Dinamarca, é o resultado da adopção de uma estratégia equilibrada entre o financiamento e os incentivos cobrindo todas as fases da investigação desde a investigação fundamental, ao desenvolvimento, à demonstração, à comercialização, estudos de fiabilidade e simulação no mercado. A capacidade das empresas dinamarquesas de aderirem a esta iniciativa nacional, força o desenvolvimento da rede de cooperação formal e informal. O dinamismo do cluster eólico permitiu que a Dinamarca se tornasse no hub da energia eólica mundial e com capacidade tecnológica futura para competir estende-se igualmente à economia baseada no hidrogénio. Financiamento público e medidas e incentivos regulamentares, e o papel dos consumidores... A evolução da política para a energia foi acompanhada pelo financiamento público da investigação e desenvolvimento, através da implementação de programas de I&D pela Danish Energy Authority, como por exemplo, o Programa de Investigação de Energia Aplicada em 1976 e o Programa de Desenvolvimento das Energias Renováveis entre 1981 e 2001. Os programas nacionais de apoio à investigação permitiram a introdução de novas tecnologias energéticas no mercado e foram o impulso necessário para a iniciativa privada considerar as energias renováveis como uma oportunidade de negócio. Simultaneamente, à adopção destes programas de I&D, foram assegurados as vendas de energia à rede eléctrica, concedidos subsídios à produção de electricidade e isenção de impostos sobre emissões de CO2 às centrais de biomassa e solares para aquecimento central. Os consumidores financiam, igualmente, o cluster eólico na Dinamarca, pela via do preço da energia, o qual incorporou as imposições de utilização de energias renováveis na produção de electricidade pelas utilities. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 29 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões comercialmente com as tecnologias energéticas convencionais. Esta característica PAÍS BASCO E O CLUSTER DE ENERGIA 22 O objectivo do Cluster da Energia é promover actividades e a investigação, para melhorar a competitividade das empresas do sector energético que operam no País Basco, região situada no Litoral Norte de Espanha. A constituição deste cluster pretende dar uma resposta integral às necessidades do sector energético. Este cluster surgiu num contexto de desenvolvimento económico global da região, levado a cabo, desde de 1990, e que definiu, como um dos instrumentos da política industrial, a constituição de organizações que suportariam e dinamizariam a cooperação empresarial. Os O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões “clusters” 23 desenvolvidos, a partir daí, beneficiam da sólida rede de infra-estruturas, salientando-se a “Rede de Tecnologia Basca”, que inclui um total de 25 entidades públicas e privadas, dedicadas à investigação e desenvolvimento (I&D). Breve enquadramento geográfico, económico e social O País Basco é uma região muito dinâmica de Espanha com uma larga tradição de implantação de empresas industriais e comerciais. Com um peso significativo na economia espanhola, foi berço de várias empresas multinacionais e tem relações económicas privilegiadas com a América Latina, entre os quais o Brasil, União Europeia e E.U.A. Em 2006, estimava-se uma população acima dos dois milhões de habitantes (em 2006), numa pequena região (figura 11). Figura 11: Localização Geográfica do Cluster da Energia população total em 2006 2 100 000 habitantes densidade populacional 296,2 hab. / km2 superfície 7 089 km2 Fonte:Elaborado com base em Wikipédia 2007; Euskadi.net 22 http://www.clusterenergia.com/ 23 aeronáutica; automóvel; audiovisual; conhecimento; electrodomésticos; electrónica, informática e telecomunicações; energia; indústria marítima; meio ambiente e papel. 30 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Aos sectores tradicionais da metalurgia e do aço, seguiram-se, na década de 90, novas actividades relacionadas com a energia, telecomunicações, electrónica, aeronáutica, biotecnologia e meio ambiente. A aposta na conversão da estrutura sectorial com uma clara orientação para actividades com elevado conteúdo tecnológico foi suportada pela densa malha de pequenas e médias empresas, que beneficiaram igualmente do desenvolvimento deste ambiente. Baseado no mix de fontes de energia primária... O Cluster de Energia, ao preocupar-se com a competitividade das empresas que se dedicam ao sector energético, abrange um mix de fontes de energia primarias, que vão desde o petróleo, o gás natural e a energia nuclear, até às energias renováveis, como hídrica, eólica, solar fotovoltaico e biomassa (biogás). Cluster consolidado... criando organizações sectoriais, que se converteram em agentes, e que promovem a colaboração técnica e comercial entre as empresas, e entre entidades externas, dinamizam a participação em fóruns e mercados nacionais e internacionais, sendo um dos instrumentos da política industrial e de desenvolvimento regional. O dinamismo destas organizações sectoriais, como é o caso do Cluster da Energia, é traduzido na cooperação interempresarial muito forte ao nível da actividade industrial, visível pelas sinergias e ganhos de produtividade na economia basca, características típicas de um cluster. A actividade produtiva no País Basco está, de tal forma estruturada, que permite a consolidação da posição competitividade de cada sector, tanto a nível nacional como internacional, projectando a região no mundo, atraindo o investimento estrangeiro para a região. Ao nível do sector da energia, o objectivo é o fortalecimento das redes de energia e a criação de postos de trabalho. Este cluster abrange 83 empresas, emprega 27000 pessoas e representa cerca de 30% do PIB regional. As áreas de intervenção do Cluster da Energia incluem: os projectos de investigação: que pretendem aumentar a eficiência energética e a competitividade das empresas do sector energético e de sectores relacionados, quer no País Basco, quer em regiões exteriores de interesse. A implementação de projectos inclui as questões de financiamento, internacionalização, tecnologia adoptada, redução dos custos energéticos e incentivos e promoção de sinergias com as utilities; identificação das oportunidades comerciais e criação de consórcios específicos; a promoção da cooperação, entre os sectores público e privado, para orientar as iniciativas de acordo com a estratégica definida. Salienta-se o papel dado à promoção e informação ao público (figura 12): Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 31 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Desde 1990 o governo do País Basco, no âmbito do seu Programa de Competitividade, foi Figura 12: As Áreas de Actividade do Cluster – Promoção da Cooperação em Projectos Específicos Apoio à internacionalização na busca por financiamento - estratégias comerciais conjuntas em mercados externos e melhoria da capacidade para financiar projectos de investimento - criação de mecanismos de coordenação, incluindo aqueles para concorrer a projectos estrangeiros - definição das acções necessárias para melhorar a actividade comercial e intensificar a presença em mercados potenciais - estebelecimento de um fundo para financiar projectos internacionais O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões optimização do consumo e dos custos da energia - estabelecimento de medidas que visam optimizar o consumo de energia e o desempenho do processo de produção, equipamentos - definição de um conjunto de acções com vista a redução dos preços da energia Coordenação da investigação e desenvolvimento tecnológico - definição das áreas da I&D em energia necessárias à região - análise de novos produtos e novas tecnologias a serem desenvolvidas em cooperação com as empresas - apoio e coordenção das actividades de I&D - acção conjunta para promover o acesso aos fundos que financiam investimentos em tecnologia - cooperação com centros de investigação internacionais novas oportunidades de negócio na área da distribuição de electricidade, gás, água e comunicações - análise das novas oportunidades de negócio basaedas na cooperação entre empresas - optimização dos recursos humanos e de capital na preparação e produção de serviços comuns (partilhados) Fonte: Elaborado com base em informação do site do Cluster da Energia. O cluster consolida-se pela dinamização de acções relacionadas com a internacionalização das actividades empresariais, a coordenação da investigação e desenvolvimento, a definição de medidas para optimizar o consumo de energia e reduzir os preços da energia e no apoio logístico e financeiro às empresas no aproveitamento de novas oportunidades de negócio. Para cada projecto, o cluster da energia é capaz de dar uma resposta completa que se adapta perfeitamente às especificidades de cada projecto e de cada negócio e empresa. O espectro de actividades que cada empresa desenvolve, no seio do cluster, é muito diversificado e abrange actividades como: análise de viabilidade: empenhamento efectivo de cada empresa na execução dos projectos para os quais se demonstrou a sua viabilidade; concepção do modelo de financiamento e o tipo de contrato: a intervenção das entidades de financiamento justifica o modelo de financiamento e de cobertura de riscos adoptado, modelo esse que é o mais adequado a cada projecto; engenharia básica e detalhe: essencial a cooperação entre os produtores de equipamento, empresas de engenharia e utilizadores, beneficiando da cooperação em experiências anteriores semelhantes; 32 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais gestão do projecto: é condição básica a coordenação entre as empresas e o planeamento dos prazos, custos, entre outros; oferta de equipamentos e de serviços: inclui todas as tecnologias e serviços necessários ao desenvolvimento de uma cadeia energética, desde da fonte de energia primária, passando pela produção, transporte e distribuição; operação: condições logísticas do cluster para suportar acções com entidades externas no apoio à implementação de projectos. Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas... Partindo da experiência adquirida na região, infra-estruturas disponíveis e as sinergias criadas, o Cluster da Energia é claramente dinamizado e dinamizador das tecnologias energéticas, sendo um veículo privilegiado para a introdução no mercado de novas tecnologias energéticas. Ao nível da produção de energia salienta-se o know-how adquirido em: centrais de produção de biogás, tecnologias de co-geração, centrais de produção de electricidade a diesel, distribuição de electricidade, plataformas petrolíferas marítimas e centrais de isomerização 24 . CAIXA 4: A PARTICIPAÇÃO DO PAÍS BASCO NO PROGRAMA BEST (BIOETHANOL FOR SUSTAINABLE TRANSPORT) Sob iniciativa comunitária ao abrigo do 6º Programa–Quadro de Investigação e Desenvolvimento, foi adoptado em Janeiro de 2006, com duração até ao final de 2009, o programa BEST (Bioethanol for Sustainable Transport – bioetanol para transportes sustentáveis), no qual participaram, entre outras regiões, o País Basco e a BioFuel Region na Suécia (subsecção II.3 deste documento). Inserido no domínio Sistemas Energéticos Sustentáveis/Combustíveis Alternativos para Motores de Combustão – Cidades de Biocombustíveis, pretende pôr a operar mais de 10 000 automóveis e 160 autocarros movidos a etanol. Para o efeito, foram criados postos de abastecimento de etanol E85 e E95, e irão ser desenvolvidos e testados combustíveis com baixo teor de carbono. As regiões participantes (Biofuel Region (Suécia); Brandenburg (Alemanha); Somerset (Reino Unido), Roterdão (Países Baixos); País Basco e Madrid (Espanha); La Spezia (Itália); Nanyang (China); São Paulo (Brasil) e Estocolmo (Suécia, entidade co-coordenadora do Projecto), são benchmarking para a introdução dos veículos movidos a biocombustíveis, inspirando e liderando experiências em outras regiões. 24 Isomerização significa transformação de parafinas (lineares ou levemente ramificadas em muito ramificadas). Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 33 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões termoeléctricas e de hidroelectricidade, mini centrais de produção de electricidade, centrais As sinergias e os actores... Todo o desenvolvimento do Cluster da Energia é no sentido de fortalecer, continuamente, as sinergias entre os actores. Figura 13: As Sinergias no Cluster da Energia CLUSTER DE ENERGIA Mecanica de la Peña centrais de processamento tratamento ambiental estudo e execução de projectos ambientais, medição de impacto e possíveis aproveitamentos dos resíduos serviços consultoria Graver Spain serviços financeiros Iberinco consultoria em tecnologia, operações estratégicas e optimização de recursos serviços de engenharia em vários sectores: metalurgias, metalomecânica, pasta e papel, petroquímica, refinaria, produção de cimento, refinarias, plantas de água e indústrias alimentares Iberese Iberdrola IKEI banca de retalho, de investimento e gestão de carteiras, mediador e financiador de projectos de investimento BBK operadores de instalações BBVA Gamesa Energy produção electricidade Babcock Wilcox Spain O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Ingenhydro de gás, electricidade, água, transporte e redes de distribuição; serviços de manutenção e reparação de centrais eléctricas Idom Sener centrais térmicas (combustíveis fósseis, gás natural e nuclear) centrais hídricas e de outras energias renováveis (eólica, fotovoltaica, biogás e incineração resíduos urbanos) Elecnor consorcio de Aguas Bilbao Bizkaia centrais de co - geração Guascor Iberinco Iberese Elecnor EVE utilizadoras de produção de energia, água quente, produção de vapor para processos industriais, aquecimento e arrefecimento Millennium Energy Tamoin Iberdrola REDE DE TECNOLOGIA BASCA Miesa instrumentos, controlo e protecções subestações e instalações eléctricas ABB Power Technology Siemsa Norte redes marítimas de altas voltagens e de média e alta voltagem em subestações Zigor Ormazabal Cobra Ingelectric Consonni Eskoop Babcock Wilcox Spain Oasa Babcock Wanson inclui vários tipos de turbinas, caldeiras, torres de arrefecimento, válvulas, transformadores Alstom Power ZIV Alkargo AGÊNCIA BASCA DE INOVAÇÃO INNOBASQUE Tekener Miguel Carrera Guibe bens mecânicos e eléctricos Team Team Arteche serviços de engenharia em especial na área da electricidade, automatismos e telecomunicações Tubos Reunidos Fonte: Elaborado com base em informação do site do Cluster da Energia. Observa-se a participação de um mesmo actor em várias fases da cadeia de energia, como por exemplo, a empresas Babcock Wilcox Spain a operar na produção de electricidade, na produção de bens mecânicos e eléctricos, no tratamento ambiental e em centrais de processamento, ou a Iberdrola a produzir electricidade, actuar em centrais de co-geração e a prestar serviços de consultoria, entre outras. 34 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais CAIXA 5: A CRIAÇÃO DE EVE (ENTE VASCO DE LA ENERGÍA) 25 O Governo Basco decidiu, em 1982 criar o ENTE VASCO DE LA ENERGÍA (EVE), com o objectivo de resolver os problemas energéticos do País. Sendo o principal agente da política energética do País Basco, a sua actividades desenrola-se, essencialmente, em três áreas: promoção de medidas de poupança e eficiência energéticas, aproveitamento das potencialidades das fontes de energia renováveis, desenvolvimento do gás natural e a diversificação das fontes primárias de energia. No âmbito do Cluster da Energia, desempenha um papel fundamental criando sinergias ao nível dos serviços de consultoria, centrais de co-geração e em operações em centrais geradoras de electricidade. Ao nível do desenvolvimento das energias renováveis, o EVE tem sido o dinamizador de estudos de potencial viabilidade; análise dos estado da arte da tecnologia, estabelecimento de incentivos e de medidas legislativas e de estratégias de disseminação e promoção de investimento em energias como o térmico solar, a eólica, as mini-hídricas e mais, recentemente, a energia oceânica. Os actores do Cluster da Energia, são essencialmente, empresas privadas, produtoras de equipamentos, operadoras de energia e de serviços de consultoria, engenharia. Figura 14: Os Actores do Cluster da Energia CLUSTER DE ENERGIA ABB Power Technology BBVA Team Team Arteche promoção projectos em energia, água e telecomunicações Elecnor construções mecânicas Tamoin sistemas eléctricos e automatismos insttituição financeira desenho, produção de sistemas e eq. electrónicos Ingenhydro Iberdrola Consonni consorcio de Aguas Bilbao Bizkaia engenharia em sistemas hidraulicos EVE BBK Sener ZIV Alkargo Ormazabal insttituição financeira consultora em integração de sistemas soluções integradas em sistemas eléctricos operadora electricidade Zigor fabrico sistemas alimentação Iberese Tubos Reunidos fabricação de tubos Iberinco consultora em engenharia grupo Iberdrola centros e postos de transformação Ingelectric Miesa montagens industriais Siemsa Norte promoção projectos em produção electricidade, co-geração, renováveis e resíduos instalações eléctricas sistemas de automação Babcock Wilcox Spain Cobra operadora de energia Gamesa Energy Idom operadora de água operadora de energia consultora em engenharia Tekener fabrico e distribuição queimadores líquidos produtora componentes p/ produção electricidade produtora caldeiras industriais Oasa transformadores electricidade Miguel Carrera Guibe Eskoop construção e exploração centrais e cogeração energia e mini-hídricas produtora componentes de calor Babcock Wanson consultora em engenharia Millennium Energy Guascor Alstom Power produtora equipamentos fornecedora eq. electrónico bens mecânicos e eléctricos transformação industrial; distribuidores engenharia e instalações eléctricas produtora equipamentos Fonte: Elaborado com base em informação do site do Cluster da Energia. 25 http://www.eve.es/index_hc.asp Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 35 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Ao nível da energia oceânica, destaque para as potencialidades da energia das ondas, com o desenvolvimento de colaboração com as empresas industriais e os centros tecnológicos, estando em curso o projecto de demonstração NEREIDA MOWC. Este projecto tem como objectivo demonstrar as potencialidades da tecnologia OWC (Oscillating Water Column), com uma capacidade instalada de 250 kW e 16 turbinas, prevendo-se uma produção anual de energia de 485 MWh. Este cluster ao beneficiar de todo o ambiente envolvente da região, que lhe fornece infraestruturas físicas e imateriais de elevado conteúdo tecnológico, científico e logístico, sendo essas empresas e ou instituições comuns aos diversos clusters implementados no País Basco. As sinergias com outros clusters... As sinergias com outros clusters decorre da estratégia de desenvolvimento adoptada para a região, sendo visível a presença de um mesmo actor em vários clusters. Figura 15: As Sinergias com outros Clusters CLUSTER AUDIOVISUAL EIKEN Cluster Aeronautica e Espaço HEGAN Sener subestações e instalações eléctricas tratamento ambiental O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões ZIV Team Team Arteche Ormazabal centrais de co - geração centrais de processamento BBK serviços consultoria BBVA serviços financeiros operadores de instalações FORO MARÍTIMO BASCO instrumentos, controlo e protecções Miesa CLUSTER AUTOMÓVEL ACICAE PORTO UNIPORT BILBAO CLUSTER DE ENERGIA produção electricidade CLUSTER DE TELECOMUNICAÇÕES GAIA CLUSTER DO CONHECIMENTO bens mecânicos e eléctricos AGÊNCIA BASCA DE INOVAÇÃO INNOBASQUE CLUSTER ELECTRODOMÉSTICOS ACEDE CLUSTER PAPEL CLUSP AP CLUSTER DE MEIO AMBIENTE ACLIMA Fonte: Elaborado com base em informação do site do Cluster da Energia. Naturalmente que há interacções mais marcantes entre clusters do que outras, decorrendo da especificidades de cada um. As sinergias entre os clusters são particularmente visíveis entre o Cluster da Energia e o HEGAN (aeronáutica e espaço), em actividades relacionadas com produção de electricidade, unidades de co-geração e centrais de processamento; e entre o GAIA (de telecomunicações) nas subsestações e instalações eléctricas e nos instrumentos, controlo e protecções. Iniciativa pública...conjugação de interesses privados... A definição da estratégia de desenvolvimento adoptada pelo País Basco, como forma de superar a crise económica, favoreceu a criação de clusters, suporte de várias actividades económicas. O Programa de Competitividade Basco permitiu o fortalecimento da cooperação inter empresarial, podendo-se concluir que a iniciativa pública promoveu a conjugação dos interesses privados na região. 36 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Uma estratégia de desenvolvimento de uma região...em conjugação com os interesses privados O Cluster da Energia, em conjugação com outros clusters que se desenvolveram no País Basco, formam um todo coeso, resultado de uma orientação estratégica com sucesso e que ultrapassou as fronteiras da região, com projecção internacional. O ambiente envolvente criado no País Basco foi condição primordial para o dinamismo do tecido empresarial. A iniciativa privada tem um papel activo na consolidação dos clusters, designadamente no da energia. Financiamento privado... Sendo principalmente a conjugação dos interesses privados o motor do Cluster da Energia, o financiamento tem uma componente maioritaraimente privada, resultado das instituições investimento, serviços de mediação, gestão de activos e de carteiras e banca de retalho e de investimento com uma forte implantação regional. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 37 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões financeiras integradas no cluster e que proporcionam financiamentos aos projectos de O CLUSTER DAS TECNOLOGIAS ENERGÉTICAS DA BAVIERA 26 "....today's knowledge for tomorrow's innovation..." O cluster da energia da região da Baviera, Alemanha, é um cluster orientado para o desenvolvimento de produtos na área das tecnologias energéticas. É um cluster consolidado e surgiu de uma estratégia de desenvolvimento muito agressiva da região alemã, que pretende intensificar a cooperação empresarial e criar sinergias muito fortes entre as actividades económicas dentro e fora da região. Tanto na Alemanha como na Baviera, a inovação foi central ao longo da história, sendo O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões considerada, nas suas mais variadas formas, a base para o sucesso ao nível da competitividade internacional. A inovação, ao fortalecer os mercados existentes, cria novos segmentos de mercado, novas oportunidades de negócio e gera emprego. Devido a isso, o desenvolvimento contínuo de produtos e processos inovadores é a base da criação dos clusters na região da Baviera, em especial o da energia. Breve enquadramento geográfico, económico e social A Baviera localiza-se na região Sudeste da Alemanha e faz fronteira com a Áustria e a sua capital é Munique. Com mais de 11 milhões de habitantes, é a segunda região mais populosa da Alemanha e a primeira em área ocupada. Figura 16: Localização Geográfica do Cluster Energia na Baviera Baviera população total em 2006 11 600 000 habitantes superfície 70 553 km2 densidade populacional 164,4 hab. / km2 Munique Fonte: Bayern Innovativ e Wikipédia (2007). 26 38 http://www.invest-in-bavaria.com/; http://www.bavaria.org/energy.php | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais A Baviera é um dos locais mais atraentes do ponto de vista da localização das tecnologias. Desde 1960 que se tem afirmado a rede de infra-estruturas de investigação e desenvolvimento, estando em curso uma Iniciativa para preparar a Região para o futuro com actividades com elevado conteúdo tecnológico (Offensive Zukunft Bayern): com um investimento de 15% do total do orçamento regional e um peso das despesas de investigação e desenvolvimento no produto de 3% e com cerca de 28% do total de patentes da Alemanha (em 2003). Baseado nas energias renováveis... A região da Baviera tem uma longa tradição de utilização da hidroelectricidade, e tem-se assistido a um crescimento progressivo da biomassa, solar fotovoltaico, energia eólica e geotérmica para a produção de electricidade. A consolidação do cluster da energia só é possível pelo ambiente muito favorável à cooperação entre as empresas, possui um emprego altamente qualificado em áreas chave para o desenvolvimento das tecnologias energéticas, infra-estruturas e logística adequadas e uma investigação contínua e de alta qualidade. Sendo um cluster orientado para o desenvolvimento dos produtos, tem uma longa tradição na adopção de programas de promoção das energias renováveis e na racionalização do consumo. O primeiro programa com este objectivo remonta a 1978. O mercado da Baviera é muito atractivo para as empresas na área das tecnologias energéticas porque: as energias renováveis representam 8% do total do consumo de energia; cerca de 60% da produção de hidroelectricidade na Alemanha tem origem na região; cerca de um terço dos paineis solares e um quarto das bombas de calor na Alemanha estão instaladas na Baviera, das quais muitas delas beneficiaram de subsídios definidos por programas de incentivos regionais à adopção de tecnologias energéticas; cerca de dois terços da utilização da energia geotérmica ocorre na Baviera. Em 1997 foi criado o Fórum de Energia da Baviera com o objectivo de, a partir de várias fontes de energia, impulsionar a utilização das melhores práticas para o uso mais eficiente da energia. Esta entidade proporciona uma plataforma de cooperação bastante atractiva, em particular nas áreas da utilização eficiente da energia e das energias renováveis. O Fórum de Energia da Baviera desenvolve actividades de promoção de eventos, troca de informações e experiências, promove projectos de investigação com a indústria, sendo um dos parceiros privilegiados das empresas de solar fotovoltaico. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 39 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Cluster de energias renováveis consolidado... Já em 1996 tinha sido criado o Centro de Coordenação para a Iniciativa do Hidrogénio (WIBA), pelo Governo da Baviera com o objectivo de desenvolver e apoiar as tecnologias baseadas no hidrogénio. Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas...possibilitando a implementação permanente de novas tecnologias no mercado... O Governo da Baviera concentra as suas orientações no cluster da energia ao nível das tecnologias das centrais convencionais de geração de electricidade, energia nuclear e solar fotovoltaico, consideradas como três tecnologias chave no futuro mix energético. É uma região que está muito bem posicionada no que respeita à geração da electricidade e à distribuição, baseada na hidroelectricidade mas com um crescimento progressivo da biomassa, solar fotovoltaico, energia eólica geotérmica para a produção de electricidade. Existem diversos projectos em todas as áreas das energias renováveis, desde produtos de O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões elevado conteúdo tecnológico em células fotovoltaicas, até projectos para optimizar a produção de energia e de calor com base em biomassa e em energia geotérmica. Este tipo de projectos são um meio de inspirar novos projectos em novas tecnologias energéticas, as quais requerem grandes investimentos em investigação e desenvolvimento. O solar fotovoltaico é particularmente desenvolvido na Baviera, existindo empresas em todos os elos da cadeia de valor: cristais, sistemas, produção de células e de módulos e centrais solares fotovoltaicas completas. São líderes no mercado internacional as empresas produtoras de células fotovoltaicas com base em silício. Um dos exemplos mais interessantes da exploração do solar fotovoltaico é a criação do Bavaria Solarpark 27 , projecto que abrange 62 acres de terreno, para dispor 57600 paneis solares com uma potência instalada de 10MW e utilizando como tecnologia PowerLight/PowerTracker. Para além disso, são visíveis produtores de electricidade diversos com base em várias fontes primárias de energia como produtores de tecnologia para centrais eléctricas convencionais e energia nuclear. Os centros de investigação e as universidades têm uma longa tradição no desenvolvimento de tecnologias relacionadas com os sistemas energéticos e a utilização racional de energia; energias renováveis; tecnologias de combustão e de pilhas de combustível e energia nuclear. As sinergias controlodas pela gestão dos clusters e os actores... As redes de actividades e de inovação alimentadas continuamente na Baviera provocam sinergias muito fortes dentro e fora do cluster, com projecção além fronteiras. As plataformas de cooperação criadas na Baviera permitem uma rede de contactos permanente 27 40 http://www.scribd.com/doc/338243/Bavaria-Solarpark | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais entre as empresas, estabelecimentos de investigação, associações, investidores, instituições de suporte e consultores, entre outros. O gestor de cada cluster está encarregue de criar as estruturas de comunicação entre as empresas e o conhecimento científico, sendo os principais motores na promoção de projectos inovadores. Em termos de redes de inovação há uma ligação nítida do Fórum da Energia na Baviera com a Iniciativa de Cooperação e Inovação dos Fornecedores de Automóveis (BAIKA), com a Iniciativa de Cooperação e Inovação para as Tecnologias Ambientais (BAIKUM), com a Rede de Ciências da Vida (biotecnologia) e com a Inovação em Têxteis (novos materiais). Em 2006, foi criada uma empresa de base de dados “Key Technologies in Bavaria”, com o objectivo de reunir informação de todos os actores, regionais, nacionais e estrangeiros em de indústria biotecnologia, call aeroespacial centers, tecnologias energéticas, informação, logística, e química, tecnologias engenharia navegação construção, ambientais, mecânica, por satélite, engenharia serviços megatrónica, indústria eléctrica financeiros, media, e automóvel, electrónica, tecnologias tecnologia de médica, nanotecnologias, novos materiais, fotónica, tecnologia ferroviária. A organização das actividades em clusters (novos materiais, madeira, logística, automóvel, energia, tecnologias ambientais, ciências da vida e têxteis inovadores) torna o acesso à informação e partilha de experiência muito mais fácil. Deste modo, na Baviera identificam-se três tipos de clusters: 1. de alta tecnologia: aeroespacial; navegação por satélites; biotecnologia; tecnologias ambientais; tecnologias da informação e da comunicação; tecnologia médica; 2. orientados para os produtos: engenharia e indústria automóvel; química; tecnologias energéticas; serviços financeiros; floresta e madeira; logística; media; nutrição; tecnologia ferroviária; sensores e electrónica; 3. tecnologias horizontais: megatrónica; robótica; sistemas de produção eficientes; nanotecnologias e novos materiais. Estes clusters apresentam um grau de competência em termos de: criação de valor em todos os elos da cadeia; um ambiente marcado pelos sectores utilizadores, eficiência e orientação da investigação e das aplicações e disponibilidade de pessoal altamente qualificado. O foco nas actividades industriais reside, desta forma, nas áreas de novos materiais, produtos florestais, na logística, entre outros. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 41 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões matéria Figura 17: As Sinergias Proporcionadas pelo Cluster da Energia na Baviera REDES SUSTENTÁVEIS Instituto Fraunhofer PowerLight Corporation German Pattent Office Centros Excelência Baveria Joint Venture Max Bögl / Klebl Construção civil Design e desenvolvimento Automóvel Tecnologias Ambientais Siemens AG / E.ON Projecto Solarpark Ciências Vida / Biotecnologia Equipamento eléctrico e construção Sharp Corporation Deutsche Structured Finance Centros de Inovação e Incubadoras produtora paneis solares Financiador K&S Consulting Centro de Tecnologias Energéticas O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Gestão de Projectos entre empresas e centros I&D Electrónica / Microtecnologia Tecnologias médicas Tecnologias Energéticas Novos Materiais consultora Têxtil Inovador Logística empresas células solares Schott Solar Shell Solar Wacker Chemie Florestal Feira de exposições LFA Foerderbank Fundação de Investigação Unidade UE na rede de centros de inovação Fonte: Bayern Innovativ (2007). As sinergias são visíveis pela interacção dos vários clusters da Baviera de alta tecnologia com os orientados para o produto e com aqueles que são mais transversais do ponto de vista da utilização da tecnologia. Mas não menos importante, a criação do WIBA para coordenar os projectos e a investigação no domínio do hidrogénio, resulta uma interacção com variados actores interessados em desenvolver pilhas de combustível. 42 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 18: As Sinergias Proporciondas pelo Cluster Energia na Baviera Fonte: Bayern Innovativ (2007). Entre os actores salienta-se a existência de aproximadamente 1250 empresas com origem em 10 países (como a ABB, Alstom, Bayerngas, EnBW, E.ON, E.ON Ruhrgas, General Electric, RWE, Siemens, Stahlwerke Bremen, STEAG, Südzucker, Vattenfall, Wacker); cerca de 75 institutos científicos (como os departamentos do Centro de Investigação Aplicada em Energia da Baviera, FH Amberg-Weiden, GE – Centro Global de Investigação para a Europa, Garching, TU Munic), para além da cooperação com actores ao nível da gestão da energia municipal, reconstrução de edifícios para os tornar poupadores de energia, incluido solar fotovoltaico, energia geotérmica, geração combinada de calor e electricidade e aumento da eficiência em centrais de geração eléctrica convencionais. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 43 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões O Caso do Hidrogénio Figura 19: Os Actores Mais Importantes em Energia Eólica, Fotovoltaica e Biocombustíveis na Baviera Biocombustíveis Fraunhofer Energy Alliance Südstärke Technische Universität Munich General Electric Munique GP Solar WIP O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Fraunhofer Schott Solar Wacker Webasto RWE Schott Solar ForNeBik Bavarian Biofuels Network Siemens Wind Power Gmbh Eólico PV Technology Evaluation Centre (PV TEC) Phönix SonnerStrom AG Fotovoltaico Fonte: Elaborado com base www.invest-in-germany.com A presença de empresas produtoras de equipamentos, especialmente ao nível do solar fotovoltaico, é muito importante na região, devido à sua posição em termos do mercado internacional, com filiais e sucursais em vários países. Saliente-se igualmente, a criação da Rede de Biocombustíveis da Baviera (ForNeBik), que serve de interface entre a investigação em biocombustíveis, empresas industriais e a política económica, financiando a consolidação do mercado de biocombustíveis de primeira geração e o desenvolvimento dos biocombustíveis de segunda geração no que respeita o biogás e biometano. Criação do cluster energia parte de uma estratégia do governo regional....... O Governo da Baviera, através de uma estratégia de constituição de clusters nos mais variados domínios, procura mobilizar e concentrar as forças e oportunidades das empresas, através de redes de cooperação, dando origem a clusters de base industrial e em tecnologias energéticas e ambientais. Partindo de um processo muito bem estruturado, a estratégia de criação e de consolidação de clusters vem na linha de continuidade dos Programas Iniciativa para a Alta Tecnologia e Iniciativa para o Futuro da Baviera (Allianz Bayern Innovativ). 44 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Cluster de carácter regional, permitindo o desenvolvimento económico regional... A Estratégia de desenvolvimento de Clusters pretende o desenvolvimento económico regional, associando a gestão do cluster automóvel à gestão dos clusters logística, novos materiais, tecnologias energéticas e ambientais. A campanha para a consolidação dos Clusters da Baviera (Allianz Bayern Innovativ) é uma nova estratégia de modernização que pretende motivar a localização de empresas numa região com elevado conteúdo tecnológico. Esta campanha tem como objectivo estabelecer uma rede de empresas e de potencial científico em 19 clusters industriais identificados, cujo promotor é o Allianz Bayern Innovativ, designado para estabelecer regionalmente redes intersectoriais. Toda a estratégia de desenvolvimento passa por um processo de inovação, realizado através da cooperação em três níveis articulados: regional, nacional e internacional. As principais empresas e o estabelecimento da cooperação destas com os centros de investigação; implementação, comercialização e utilização dos resultados científicos e alargamento do projecto em termos internacionais, através da cooperação tecnológica. Financiamento marcadamente público e papel do capital de risco... O acesso ao financiamento faz-se na sua maioria através de programas de financiamento público como o Programa “Maior Eficiência na Produção e Utilização de Energia” e do apoio da Fundação de Investigação da Baviera (Bayerische Forschungsstifte). No entanto, é cada vez mais notório o acesso crescente ao capital de risco e a financiamneto bancário através do LFA – Foerderbank, dedicado ao financiamento de projectos qualificados, oferecendo condições de financiamento pouco onerosas. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 45 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões tarefas são: a inicialização de um processo de inovação, em especial em pequenas e médias CANADÁ E OS CLUSTERS DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS 28 O Canadá é uma referência mundial ao nível do desenvolvimento sustentável e das energias renováveis. Diversas regiões do Canadá têm um grande potencial, ao nível da hidroelectricidade (58,5% do total da electricidade produzida em 2004), a energia das ondas (em estudo desde 1984, sendo promissora a ligação desta energia à rede eléctrica), da energia eólica (com uma capacidade actual instalada de 1500 MW), da biomassa (para ser utilizada na conversão de calor e na produção de etanol para transportes), dos resíduos O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões florestais (para produção de electricidade em algumas regiões), do térmico solar, da recuperação do calor dos resíduos e dos biocombustíveis (biodiesel). Devido à diversidade de experiências encontradas no Canadá, analisa-se com maior detalhe o cluster de Vancouver – Victoria na região de British Columbia com competências no solar, geotérmica, ondas, mini-hídricas, biocombustíveis e hidrogénio e pilhas de combustível e o cluster eólico na Ilha Prince Edward na região Atlantic Canada, o qual está intimamente ligado à exploração off-shore de petróleo e gás e de pasta e papel. Breve enquadramento geográfico, económico e social O Canadá localiza-se no Norte do Continente Americano, à excepção do Alasca, beneficiando de uma diversidade de clima, recursos naturais e de actividades é um dos países mais desenvolvidos do Mundo. 28 46 http://index.nrc-cnrc.gc.ca/; http://www.energyplan.gov.bc.ca/; http://www.weican.ca/. | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 20: Localização Geográfica dos Clusters Energia no Canadá população total em 2005 32 270 507 habitantes superfície 9 093 507 km2 Os sectores com maiores ganhos de competitividade estão relacionados com a indústria aeroespacial, química, electrónica, dispositivos médicos, farmacêutica, indústria de precisão, telecomunicações, biotecnologia, design de software, web e multimédia. As grandes potencialidades em termos de clusters decorrem da conjugação de factores que algumas das regiões canadianas apresentam ao nível: da disponibilidade de trabalho qualificado, da proximidade a mercados de grande dimensão, dos custos do trabalho inferiores aos de outros clusters de referência mundial, dos incentivos e benefícios fiscais concedidos à investigação e desenvolvimento e ao financiamento de demonstração de tecnologias ambientais e às grandes empresas, das regulamentações ambientais, das acessibilidades e redes de infra-estruturas rodoviárias, marítimas e portuárias. Baseado nas energias renováveis... O Canadá, designadamente, as regiões de British Columbia e de Atlantic Canada, são férteis em recursos energéticos. No caso da região de British Columbia em bioenergia e nas energias geotérmica, ondas, curso dos rios, solar e eólica; no caso da região Atlantic Canada em hídrica, nuclear, petróleo, carvão, gás natural e eólica. Clusters com grandes potencialidades... Para além da excelência no desenvolvimento de tecnologias na área da gestão de resíduos, água e tratamento de água, o Canadá investiu fortemente no desenvolvimento das tecnologias energéticas renováveis, as quais permitiram a consolidação de vários clusters de energia, sendo um factor de desenvolvimento regional e de competitividade. Ao dispor de grandes quantidades de recursos energéticos, um dos drivers mais importantes da economia no Canadá está relacionado com a exploração do sector da energia, o qual, em Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 47 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Fonte: Elaborado com base em Foreign Affairs and International Trade of Canada (2007). 2006 29 representava 5,9% do produto, sendo que, apenas a produção de petróleo e gás para gerar electricidade empregava 345 000 pessoas e 22% do total das exportações tinham origem no sector da produção de energia. O desenvolvimento de clusters de energias renováveis pretende fazer face ao aumento da procura de energia, e ao aumento dos custos na utilização de combustíveis fósseis. Foram identificados, no Canadá, 7 clusters de âmbito regional de tecnologias ambientais, dos quais fazem parte, naturalmente, as tecnologias energéticas (renováveis) e 13 regiões com centros de excelência de investigação e desenvolvimento em tecnologias energéticas (quadro 1). Quadro 1: Os Clusters e os Centros de Excelência em Tecnologias Energéticas no Canadá CLUSTERS CENTROS DE EXCELÊNCIA Calgary – Edmonton: Alberta Em areias betuminosas e em materiais com baixo teor de carbono; combustíveis limpos e químicos específicos; produção com procura reduzida de energia, de consumo de água e impacto ambiental, incluindo captura de CO2, transporte e armazenamento e utilização final a longo prazo. British Columbia Centro internacional de investigação, desenvolvimento e comercialização em tecnologias de hidrogénio e pilhas de combustível. O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Cluster com competências em tecnologias ambientais, com especial vocação para as indústrias do petróleo e do gás Vancouver – Victoria: Cluster em energias alternativas e fortes competências e capacidades em construção e design “verde”. Integra o Conselho Nacional de Investigação e Centro de Inovação em Pilhas de Combustível Integra actuações no desenvolvimento de pilhas de combustível a hidrogénio e desenvolve projectos e produtos de energia geotérmica, solar, ondas, mini-hídricas, bioenergia e tecnologias relacionadas Especializado em gestão e tratamento de água, produção de autocarros híbridos, produtos para edifícios com elevada eficiência energética e tecnologias energéticas renováveis 48 Crescimento do interesse pela energia oceânica Manitoba Winnipeg: 29 Líder na produção de pellets (biomassa), permite que a bioenergia muito relevante na região, beneficiando dos conhecimentos Hub emergente em tecnologias de hidrogénio de vanguarda: teste de autocarros e outros veículos híbridos a pilhas de combustível e parceiro do novo Centro de Expertise em Hidrogénio. Maior região de instalações geotérmicas per capita Hub para tecnologias de calor “verdes”: aplicações de múltiplas perfurações, tecnologias de bombas de calor de emergência e estratégias financeiras inovadoras “A Shared Vision for Energy in Canada - August 2007”, Council of the Federation Scretariat. | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais New Brunswick Tecnologia nuclear, energia marinha e integração na rede eléctrica e investigação na integração de produção de electricidade intermitente na rede New Brunswick Tecnologia nuclear, energia marinha e integração na rede eléctrica e investigação na integração de produção de electricidade intermitente na rede NewFoundl and and Labrador Exploração de hidrocarbonetos off-shore e desenvolvimento de tecnologias energéticas em ambientes de condições climatéricas adversas. NorthWest Territories Investigação e desenvolvimento pelo Instituto de Investigação Aurora de novas tecnologias energéticas e de adaptação de novas tecnologias energéticas no Norte do Canadá. Cooperação com os japoneses no desenvolvimento dos hidratos de metano e na fiabilidade da energia eólica no Ártico. Nova Scotia Tem a única central de produção de energia das ondas da América do Norte: Annapolis Royal. Toronto Ontário: e Sudoeste de Nunavut Procura de parcerias locais para investigar, desenvolver e comercializar tecnologias de produção de energia num clima do Ártico, designadamente, turbinas eólicas Ontário O Centro de Excelência de Ontário (OCE) desenvolve a sua actividade no mercado da energia, sistemas energéticos, tecnologias energéticas de emergência e desenvolvimento de competências/qualificações Atlantic Canada O Instituto Canadiano de Energia Eólica (WEICan) apoio o desenvolvimento da produção de electricidade com base em energia eólica, exportação de produtos e serviços relacionados com a energia eólica. Quebéc O Instituto de Investigação Hídrica do Quebéc (IREQ) é um centro de excelência de produção e distribuição de electricidade. Salientam-se as áreas de investigação: integração da energia eólica na rede eléctrica e produção de etanol celulósico a partir da biomassa. Maior cluster com competências em tecnologias ambientais Prince Edward Island: Desenvolve projectos no âmbito da investigação, produção e comercialização de tecnologias eólicas Montréal: Segundo maior cluster com competências em tecnologias ambientais O Instituto de Investigação sobre Hidrogénio, realiza ainda a pesquisa de armazenamento de hidrogénio e distribuição segura Saskatoon: Especializado em gestão ambiental de ecossistemas e de tratamento, reservas e oferta de água Saskatche wan O Centro de Investigação Tecnológica do Petróleo desenvolve a investigação mundial em tecnologias de recuperação de petróleo e armazenamento de CO2 É intenção desenvolver centros de excelência em bio-produtos e produção de hidrogénio Yukon Desenvolvimento do Cluster de Inovação em Climas Frios de Yukon, para desenvolver, comercializar e exportar tecnologias sustentáveis de climas frios para regiões do subÁrtico Fonte: Elaborado com base em Foreign Affairs and International Trade of Canada (2007) e Council of the Federation Scretariat (2007). Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 49 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Dedicam-se ao processo de produção de etanol celulósico a partir da floresta, agricultura e de resíduos de outros bioprodutos. A disseminação das energias renováveis pelas várias regiões do Canadá é visível especialmente em termos de centros de excelência de investigação e desenvolvimento, concentrando-se mais, regionalmente, a criação de clusters associados às energias renováveis. Salienta-se a investigação em diversas regiões relacionada com o hidrogénio e as pilhas de combustível (British Columbia, Manitoba, Quebéc e Saskatchewan), indo muito para além do desenvolvimento de tecnologias ambientais, suporte do desenvolvimento sustentável. CAIXA 6: O ROADMAP TECNOLÓGICO PARA O HIDROGÉNIO DO CANADÁ O Canadá ainda não definiu um roadmap tecnológico para o hidrogénio, apresentando um Plano de Acção 30 onde estabelece o caminho a privilegiar para atingir uma economia baseada no hidrogénio. Contudo, é dos países que há mais tempo se preocupa com o desenvolvimento do hidrogénio como intermediário energético. O Plano de Acção contém seis objectivos distintos: 1) estabelecimento de um objectivo para as reduções das emissões de CO2; 2) transformar o sistema energético canadiano; O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões 3) desenvolvimento da produção de hidrogénio, baseada, no médio prazo, nos combustíveis fósseis com tecnologias de captura e armazenamento de CO2 e, no longo prazo, na electricidade. Devido aos riscos envolvidos na construção de infra-estruturas vocacionadas para o hidrogénio, deverão surgir, no médio prazo, aplicações industriais utilizando produção descentralizada de hidrogénio em pequena escala. O desenvolvimento da produção de hidrogénio deverá basear-se na distribuição geográfica das fontes de energia primária, envolvendo um mix de energia nuclear, hidroelectricidade, energia eólica, biomassa e combustíveis fósseis. A distribuição será feita por via de pipelines; 4) desenvolvimento dos sistemas de armazenamento e distribuição de hidrogénio, baseados numa produção descentralizada; 5) transporte e tecnologias de conversão, salientando-se a transição para veículos movidos a pilhas de combustível, ou com motores de combustão interna que utilizam hidrogénio, veículos híbridos e as “estações de energia” (combinação de geração, distribuição e abastecimento de electricidade); 6) desenvolvimento dos mercados de hidrogénio: incentivos; adaptação às necessidades dos consumidores e exportação de hidrogénio. Os casos analisados, Vancouver–Victoria e Atlanta Canada, são bastante distintos: no primeiro privilegia-se o desenvolvimento do mix de energias, enquanto o segundo focaliza-se na energia eólica. O funcionamento do cluster de Vancouver – Victoria resulta da actividade dos parques tecnológicos, os quais facilitam a instalação de várias entidades (empresas, centros de investigação, entre outras) ao proporcionarem uma rede de infra-estruturas, apoio logístico e ao desenvolvimento de empresas e à criação de empresas de elevado conteúdo tecnológico. Exemplo disso, é o Vancouver Island Technology Park (VITP), propriedade da Universidade Victoria Enterprise. 30 50 “Hydrogen Systems” - Canadian Hydrogen Association (2004). | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais O funcionamento do cluster de Atlanta Canada, através do seu promotor WEICan (Wind Energy Institute of Canada) procura apoiar os projectos de investigação em energia eólica. Desde da década de 80 que a sua acção é muito importante a nível nacional, pela promoção e colaboração na investigação, teste e demonstração nas áreas de: electricidade distribuída; turbinas eólicas de pequena dimensão; sistemas eólico – diesel para aplicações remotas e fora da rede eléctrica e aplicações eólica – hidrogénio. Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas, tornando o Canadá líder a nível mundial, assistindo-se à permanente implementação de novas tecnologias energéticas... As novas tecnologias e inovações em energia “limpa/verde” e os avanços obtidos na eficiência energética constituem fundamentos para a liderança global do Canadá e oferecerem oportunidades aos níveis económico, de negócio, social e ambiental. É assim visível a associação de tecnologias maduras com uma investigação contínua em novas O Cluster de Vancouver–Victoria baseia-se em energias alternativas e fortes competências e capacidades em construção e design “verde”. Integra actuações no desenvolvimento de pilhas de combustível a hidrogénio e desenvolve projectos e produtos de energia geotérmica, solar, ondas, mini-hídricas, bioenergia e tecnologias relacionadas. Este cluster evoluiu extraordinariamente pela integração da Universidade de British Columbia, desde 1996, nos conceitos de “construção verde”, como é o centro de jogos olímpicos de Inverno de 2010. Apoiado pelo Fundo de Energia Limpa promovido pela região de British Columbia, naqueles clusters as tecnologias energéticas privilegiadas são: recursos renováveis como a biomassa, oceânica, hídrica, solar, eólica e geotérmica; melhorias no desenvolvimento e utilização de energias não renováveis como o petróleo e gás natural convencional e não convencional; desenvolvimento de intermediários energéticos e tecnologias de armazenamento como o hidrogénio e as pilhas de combustível; desenvolvimento de tecnologias de gaseificação, captura e armazenamento do CO2, gestão de emissões, integração de sistemas de energia, gestão e medidas de produção de energia; conservação e eficiência energética; tecnologias relacionadas com a mobilidade: eficiência dos motores, dos veículos, combustíveis alternativos como o biodiesel e etanol; tecnologias relativas à captura e utilização de energia. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 51 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões tecnologias energéticas. O Cluster Atlanta Canada, ao desenvolver projectos no âmbito da investigação, produção e comercialização de tecnologias eólicas, tem uma forte ligação aos recursos naturais endógenos. Os projectos em curso estão relacionados com: o design, verificação e desenvolvimento de novas turbinas eólicas e seus componentes; o desenvolvimento de sistemas híbridos, integradores da energia eólica com sistemas de geração a diesel para a criação de um sistema integrado de controlo. Este sistema, único no mundo, está sediado na Ilha de Prince Edward, sendo o Canadá o primeiro país a fazer a integração entre os sistemas eólico e diesel. Nos últimos cinco anos, este cluster tem estado a desenvolver diversos estudos no âmbito do Sistema de Controlo Integrado Eólico – Diesel (WDICS) de modo a integrar completamente as turbinas eólicas em centrais a diesel. Recentemente esta tecnologia entrou em fase O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões de pré-comercialização na região de Newfoundland; o desenvolvimento de um inversor universal que permita a integração da energia eólica na rede eléctrica, seja unívoca ou biunívoca; o estudo de sistemas de conversão de energia eólica e testes a simuladores de turbinas eólicas, sistemas de armazenamento de energia, facilidades na conversão de energia e centros de controlo de energia. As sinergias e os actores... No Canadá, o principal impulsionador do desenvolvimento de clusters é uma entidade pública (NRC – National Research Council) 31 que assegura a cooperação entre os vários actores, dá orientações específicas, promove projectos de investimento e divulga potenciais oportunidades de negócio, favorecendo o crescimento e desenvolvimento económico regional. 31 52 “Ambiente, Inovação e Competitividade da Economia”, DPP (2007). | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 21: As Sinergias em Redor do Cluster Energia no Canadá CLUSTER BIORECURSOS CLUSTER SISTEMAS WIRELESS CLUSTER CIÊNCIAS DA VIDA CLUSTER TECNOLOGIAS OCEÂNICAS CLUSTER TIC'S e -BUSINESS CLUSTER TECNOLOGIAS ALUMÍNIO CLUSTER AEROESPACIAL CLUSTER NANOTECNOLOGIAS CLUSTER AGRICULTURA BIOTECNOLÓGICA E BIOPRODUTOS CLUSTER CIÊNCIAS DA VIDA E DISPOSITIVOS MÉDICOS CLUSTER FOTÓNICA CLUSTER CIÊNCIAS DA VIDA Fonte: Elaborado com base NCR e DPP (2007). O Cluster de Vancouver–Victoria, que integra pilhas de combustível, hidrogénio e energias alternativas (ondas), foi suportado pela Ballard Power Systems, produtor de pilhas de combustível e que desenvolveu a cooperação com as empresas de toda a cadeia energética: produtores e integradores de tecnologia de base, actividades baseadas em tecnologia das pilhas PEMFC, produtores e fornecedores de produtos e sistemas especializados, as entidades responsáveis pela infra-estrutura de abastecimento e armazenagem, serviços especializados e instalações de ensaio e teste. Figura 22: As Sinergias e os Actores do Cluster Energia na Região de British Columbia Plutonic Power DynaMotive Energy Systems West Tech Energy Noram Engineering Constructors Ballard Power Systems Fuel Cell Canada serviços especializados energias alternativas Carmanah Technologies GrowthWorks Venture West Chrysalix Power Technology Alliance OREG ondas universidades e centros de investigação entidades públicas, laboratórios e ensaios teste Palcan Fuel Cell produtores e integradores de tecnolgia de base Cellex Power Products Angstrom Power CLUSTER HIDROGÉNIO E PILHAS COMBUSTÍVEL E RENOVÁVEIS Universidade Victoria Universidade British Columbia VITP Praxair Inc QuestAir Technology Pathway Desing and Manufacturing Greenlight Power Technologies NCR - IFCI NCR PEM Fuel Cells fornecedores de produtos e sistemas especializados Xantrex Technology Cimtex Industries infra-estrutura de abastecimento armazenagem Clean Energy Canada BC Hydro (Powertech) General Hydrogen Methanex BOC Gases IMW Fonte: Elaborado com base NCR e DPP (2007). Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 53 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões CLUSTER HIDROGÉNIO E PILHAS COMBUSTÍVEL Sob a égide do NCR, o Institute for Fuel Cell Innovation, sediado em Vancouver, e em parceria com o Natural Resources of Canada, a associação industrial do Canadá e o governo regional de British Columbia, tem desenvolvido imensos esforços para introduzir na produção industrial (Ballard Power Systems) a tecnologia do hidrogénio e das pilhas de combustível. Paralelamente, tem-se desenvolvido um cluster com base em energia oceânica (OREG – Ocean Renewable Energy Group) o qual pretende reunir todos os interessados na energia oceânica, propondo soluções energéticas. O cluster eólico de Atlanta Canada, promovido pelo WEICan, estabelece sinergias dentro e fora do cluster. Dentro do cluster, através da interacção entre os parques eólicos, centros de investigação, governo regional e as várias empresas produtoras de equipamentos, gestoras dos parques eólicos e de actividades de suporte, de consultoria e outras. Figura 23: As Sinergias e os Actores do Cluster Eólico Na Região Atlantic Canada O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Centro p/ Compressão Gás Natural Centro Investigação p/ Medicina Remota Centro Investigação Recursos Terra Alliance Marine Remote Sensing Centro Excelência em Desenvolvimento Petróleo Bedford Institute de Oceanografia Centro Canadiano p/ Comunicações Marinhas Centro p/ Simulações Marinhas C-CORE centros I&D Emera Newfoundland Power Universidades de Montreal; Newfoundland; Toronto, China, etc General Hydrogen produção gás e petróleo Maritime Electric Sustainable Power Research Group produção electricidade Wind-Hydrogen Village NCR Testes Operacionalida de turbinas Eólicas projectos em energia eólica Vestas protótipo V-90 ATLANTICA CENTRE FOR ENERGY projectos Universidade New Brunswick em eólica Annapolis Tidal Generating Station Inversor Universal CLUSTER EÓLICO NB Power Churchill Falls Investigação em Petróleo de Atlantic Canada energia ondas Point Tupper Fractionation Plant Nova Scotia Pubnico Point Newfoundland and Labrador Hydro Newfoundland Ocean Industries Association Irving Oil Refinery Centro Investigação em Engenharia Oceância Instituto Tecnologia Oceância Imperial Oil Refinery Centro Investigação Energia Nuclear Associação Tecnologias Offshore / onshore de Nova Scotia Centro p/ engenharia do Petróleo WEICan Frontier Power Systems WEICan testes biodiesel North Cape Wind Farm Natural Resources Canada pás madeira p/ turbinas eólicas École de Technologies Supérieure financiadores AIF ACOA TPC SDTC TEAM Atlantic Wind Test Site Wind Diesel R&D Ramea Wind Diesel Hexatronic Inc CIDA Green Minicipal Funds CFI IRAP NSERC Fonte: Elaborado com base NCR (2007). Para além dos projectos desenvolvidos em energia eólica, o cluster eólico de Atlanta Canada beneficia da actuação ao nível da produção de electricidade, produção de gás e petróleo, das energias das ondas, dos projectos desenvolvidos com a parceria e nos centros de investigação e nas diversas universidades, suportados por programas de financiamento e de entidades financeiras parceiras. 54 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Criação dos clusters resultado da acção da política para a energia... Os governos nacional e regionais são, em geral, os primeiros impulsionadores da criação dos clusters em geral no Canadá. No caso dos clusters analisados, os governos põem em prática objectivos, metas a atingir em 2020, definindo as orientações políticas que enquadram toda a actividade económica. Estando perante clusters amadurecidos e com projecção internacional, a tarefa da política pública é continuar a apoiar o financiamento dos projectos de investigação na exploração de novas tecnologias energéticas e adequar a sua actuação ao funcionamento dos mercados e condicioná-los às suas orientações estratégicas. Por exemplo, o Plano de Energia da região de British Columbia incide sobre três áreas relevantes: liderança em tecnologias ambientais: emissões zero das centrais de combustão a carvão; dos projectos de produção de electricidade a partir de gás e das centrais térmicas; assegurar que 90% da produção de electricidade tem origem em energias métodos convencionais de produção de petróleo e gás; conservação e eficiência energética: manutenção da presença de capitais públicos na empresa BC Hydro; definir objectivos ambiciosos de aumentar a conservação de energia; atingir a auto-suficiência em electricidade em 2016; investimento em inovação: definir um Fundo para a Inovação em Energia Limpa; implementar uma Estratégia em Bioenergia para tirar partido das vantagens dos recursos energéticos endógenos em biomassa. Clusters induzem o desenvolvimento económico regional... O governo nacional definiu a visão partilhada para o futuro da energia no Canadá 32 . Esta visão estabelece um plano de acção com sete aspectos que procuram o consenso entre a segurança no abastecimento energético, responsabilidade ambiental e social e um crescimento económico continuado: 1) promoção da eficiência e da conservação de energia: através da promoção das melhores práticas, identificação de oportunidades e iniciativas multilaterais; 2) aceleração do desenvolvimento e da implementação da investigação em tecnologias energéticas, que permita uma produção e transporte e distribuição mais eficiente, adoptando tecnologias “limpas” ao nível das fontes de energia convencionais; 3) facilitar o desenvolvimento de energias renováveis, fontes de energia“verdes” ou “limpas” para fazer face ao aumento da procura e contribuindo para atingir os objectivos propostos em matéria de protecção do ambiente; 32 “A Shared Vision for Energy in Canada (August 2007)” – Council of the Federation Secretariat. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 55 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões “limpas” ou renováveis;não utilização da energia nuclear; redução progressiva dos 4) desenvolvimento de uma rede energética moderna, fiável, ambientalmente segura e eficiente, ao nível do transporte, distribuição e exportação e importação das várias fontes de energia; 5) melhoria nos tempos necessários para a tomada de decisão, mantendo, em simultâneo, uma rigorosa protecção do ambiente e do interesse público; 6) desenvolvimento e implementação de estratégias para fazer face às necessidades humanas do século XXI, em termos de energia; 7) persuadir as várias regiões a tomar parte das negociações e do diálogo ao nível da energia. Este plano, ao nível da região de British Columbia deu origem à adopção de 55 medidas, das quais 9 relacionadas com conservação e eficiência energética; 19 relativas ao sector da electricidade; 20 em matéria de petróleo e gás e 7 no que respeita às energias alternativas: estabelecimento de um Fundo para a Inovação em Energia Limpa, para apoiar o O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões desenvolvimento de tecnologias limpas ao nível da produção e eficiência energética de electricidade; implementação da Estratégia em Bioenergia para tirar partido das potencialidades dos recursos em biomassa da região; proposta de utilização dos resíduos florestais para a produção de electricidade, ajudando à minimização dos impactos da infestação ocorrida nas florestas da região; introduzir até 2010, 5% de combustíveis renováveis no diesel e desenvolver esforços ao nível da utilização de combustíveis renováveis no sector industrial e doméstico; apoiar a estratégia nacional de incluir 5% de etanol na gasolina; desenvolver uma economia baseada no hidrogénio, perpetuando a Estratégia da região para o Hidrogénio e Pilhas de Combustível; estabelecer, em 2010, um quadro regulamentar harmonizado para o hidrogénio, consolidando o cluster na região. Na figura 24 é definido o Plano de Energia do British Columbia desde 2007 até 2026: 56 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 24: O Plano de Acção de Energia da Região de British Columbia 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 Adquirir 50% das necessidades de energia da BC Hydro por via da conservação de energia Implementar standards de eficiência energética em edifícios Assegurar auto-suficiência em electricidade Assegurar auto-suficiência em electricidade sustentável apoiar a proposta da BC Hydro de substituir as fontes de energia na central térmica de Burrad introdução de 5% de combustíveis renováveis no diesel apoiar a decisão do governo de introduzir 5% de etanol na gasolina Estabelecer um novo quadro regulamentar para o hidrogénio Eliminar as medidas que facilitavam a produção tradicional de petróleo e gás Reduzir as medidas que facilitavam a produção tradicional de petróleo e gás Fonte: BC Energy Plan (2007). A região de Atlantic Canada, beneficia da sua localização e da política energética que procura projectar internacionalmente a energia eólica. Para o governo local, um dos objectivos é que em 2015, 100% do consumo local de electricidade tenha origem em energia eólica. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 57 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões emissões zero nas centrais térmicas de produção de electricidade actuais Financiamento público por via de programas de financiamento... O NRC (National Research Council) é a entidade nacional financiadora, promotora de projectos de investigação, participando e patrocinando muitas iniciativas no âmbito das energias renováveis, tecnologias ambientais e no desenvolvimento do hidrogénio e das pilhas de combustível. Para além desta fonte de financiamento, as regiões analisadas beneficiam do apoio de financiamento local e regional. No caso do cluster sediado na British Columbia, uma das fontes mais importantes de financiamento é através do Fundo para a Inovação em Energia Limpa com um orçamento de 25 milhões de dólares. Outra forma de financiamento, especialmente dirigida ao desenvolvimento do hidrogénio e das pilhas de combustível, é o investimento de 89 milhões de dólares para aquisição de 20 autocarros a pilhas de hidrogénio e a criação entre regiões de uma infra-estrutura de abastecimento destes autocarros. No caso do cluster eólico de Atlantic Canada, no âmbito dos projectos promovidos pelo WEICan (Wind Energy Institute of Canada), existe uma diversidade de fontes de O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões financiamento: ACOA: designa a Agência de Oportunidades da Atlantic Canada, com o objectivo de reunir todos os actores interessados no desenvolvimento de produtos de base tecnológica e serviços associados, com especial vocação para a identificação de tecnologias ambientais; AIF: Fundo de Inovação Atlantic, fundo através do qual o Governo do Canadá realiza investimentos estratégicos na região com capacidade inovadora. Este fundo é uma componente da Parceria de Investimentos de Atlantic, que reúne actores de vários municípios; CFI: Fundação para a Inovação Canadiana: reúne entidades com capacidade de conduzir investigação como universidades, hospitais, escolas secundárias e instituições sem fins lucrativos; CIDA: Programa de Cooperação Industrial, suporta actividades de negócio sustentáveis a nível internacional, em especial em países em desenvolvimento; IRAP: Programa de Assistência à Investigação Industrial, apoia pequenas e médias empresas com projectos em fase de pré-comercialização; NSERC: apoia projectos em universidades em quatro domínios – define projectos e as parcerias com entidades privadas, o envolvimento de investigação de alta qualidade em ciências naturais e de engenharia, o apoio na procura de oportunidades de investigação e envolvimento em projectos com reconhecido potencial de transferência de tecnologia; SDTC: Tecnologia de Desenvolvimento Sustentável do Canadá, integra actores de toda a cadeia de valor relacionada com as novas tecnologias ambientais; 58 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais TPC: Parcerias Tecnológicas do Canadá: entidades que conduzem investigação em tecnologias ambientais e com custos superiores a 3 milhões de dólares; TEAM: Medidas de Acção Iniciais em Tecnologia (NRCan), actores que tenham projectos orientados para desenvolver tecnologias mitigadoras das emissões de gases com efeitos de estufa; Green Municipal Funds: Federação de Municípios Canadianos, apoio a projectos relacionados com a protecção do ambiente e mitigação das alterações climáticas, utilização sustentável de recursos renováveis e não renováveis. No âmbito dos clusters consolidados, encontra-se uma diversidade de situações, sendo possível verificar dois objectivos distintos mas que se interligam, isto é, existem clusters claramente criados para promover o desenvolvimento sustentável pela via da adopção de energias renováveis (experiências finlandesa e basca) e sociedade baseada no hidrogénio (experiências dinamarquesa, islandesa, baveriana e das regiões canadianas), sendo que estes últimos partem de uma base de energias renováveis, com claro predomínio da energia eólica em alguns países (como na Dinamarca e na Alemanha). Com uma forte presença do Estado na definição, orientação e apoio financeiro, logístico e científico ao desenvolvimento e consolidação dos clusters, encontram-se experiências diferentes em termos do modo de organização e de funcionamento dos clusters: desde da organização da actividade económica em clusters industriais como é visível nas experiências basca e baveriana, com forte interacção dos actores entre clusters e dentro de cada um; ou experiências em que se define uma visão, planos de acção e planos estratégicos com um desígnio nacional como na Dinamarca e Canadá. II.2. ESTUDOS DE CASO: OS CLUSTERS “EMERGENTES” Consideram-se clusters de energias renováveis “emergentes” todos aqueles que apresentam potencialmente todas as características de um cluster mas ainda num estádio de evolução inicial, no sentido em que as sinergias entre os actores são ainda poucas ou frágeis, correspondendo a uma fase inicial de um processo. Existem diversos casos de projectos internacionais e de acções regionais/locais relacionadas com a utilização inteligente da energia e de desenvolvimento das energias renováveis. No entanto, devido à dimensão do documento, não se pretendeu aqui explorá-los a todos, mas sim analisar aqueles que apresentam características de clusters e simultaneamente, parecem mais importantes do ponto de vista do desenvolvimento das tecnologias energéticas e do desenvolvimento sustentável das regiões. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 59 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões outros mais ambiciosos com o objectivo de acelerar o processo rumo a uma CAIXA 7: “CALOR A PARTIR DE FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEL – 21 PROJECTOS NA EUROPA” A agência da Comissão Europeia Intelligent Energy Executive Agency (IEEA), publicou em Dezembro de 2006, a evolução dos projectos suportados pelo Programa Intelligent Energy – Europe. A IEEA implementa o programa europeu para a promoção da eficiência energética e das energias renováveis, através do financiamento de projectos internacionais e de acções regionais/locais relacionadas com a utilização inteligente da energia e de desenvolvimento das energias renováveis. Neste âmbito, foi dada uma atenção especial ao sector da climatização (aquecimento e arrefecimento), e ao desenvolvimento de projectos de cooperação internacional nas áreas de: legislação, normas para combustíveis e sistemas de aquecimento e arrefecimento baseados em energias renováveis; cadeias energéticas e estruturas de mercados para produtos de aquecimento e arrefecimento baseados em energias renováveis e acções de promoção e formação. A figura A2 em anexo pretende sintetizar os projectos em curso. O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Dos 21 projectos salienta-se o projecto “Green Energy Clusters”, com o objectivo de fortalecer os mercados regionais de aquecimento com base na biomassa, através da criação de clusters regionais de pequenas e médias empresas. Coordenado pela KanEnergi Sweden AB, da Suécia, conta com a participação de entidades de cinco países: O.Ö.Energiesparverband da Áustria, da GreenPartner e da Norsk Enök & Energi da Noruega, da South West Wood Fuels Ltd do Reino Unido, da Rhônalpénergie-Environnement e da Chambre de Commerce et d’Industrie de Lyon de França. A participação de actores portugueses nestes projectos, entre 2005 e 2006, cingiu-se aos projectos: ▪ EURES (Five European RES Heat Pilots) pelo Instituto Superior Técnico e a empresa Irradiare (uma spin off, que se dedica à consultoria em arquitectura, engenharia e protecção meio ambiente), com o objectivo de desenvolver o mercado da bioenergia em Portugal; ▪ ELVA (Establishing Local Value Chains for Renewable Heat), pelo Centro da Biomassa para a Energia, associação científica p/ apoio e promoção tecnológica da biomassa, com o fim de facilitar o estabelecimento de uma valor local ao nível do aquecimento por biomassa; ▪ EUBIONET II (Efficient Trading of Biomass Fuels and Analysis of Fuel Supply Chains and Business Models), pelo Centro da Biomassa para a Energia, para promover a utilização de biocombustíveis nos domínios do comércio, cadeias energéticas e regulamentação; ▪ SOLARKEYMARK – II (Large Open EU Market for Solar Thermal Products), pelo Instituto Nacional de Engenharia Tecnologia e Inovação, para melhorar o acesso dos consumidores a produtos térmicos solares de qualidade; ▪ ThERRA (Thermal Energy from Renewables – References and Assessment), pela ADENE Agência para a Energia, no sentido de desenvolver e difundir a metodologia para monitorizar a quantidade total de calor produzida a partir da biomassa; ▪ IGEIA (Integration of Geothermal Energy into Industrial Applications) e o REFUND+ (Refund Individual Investments in RES Heating Systems through Direct Tax Measures), iniciados em 2007, para a introdução da energia geotérmica em aplicações industriais e para promover os investimentos individuais em sistemas de aquecimento por energias renováveis, especialmente, através de impostos directos. Fonte: IEEA (2006). No âmbito deste capítulo, podem-se integrar os casos regionais de PACA (Provence, Alpes et Côte d’Azur) e Corse em França e no Principado do Mónaco, Rhône-Alpes e Languedoc Roussilon, em França, o caso da Escócia e a emergência do cluster solar na região de Saxónia-Anhalt, no Leste da Alemanha. Faz-se, ainda, uma breve alusão ao caso da Catalunha, pela tentativa de criar um cluster em energia. Analisa-se, separadamente, o caso de Portugal, dada a sua importância e o potencial impacto no sistema energético nacional (II.2.1). 60 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais FRANÇA E O PÓLO DE COMPETITIVIDADE CAPENERGIES 33 Pôle de Compétitivité Energies non Génératrices de Gaz à Effet de Serre O pólo de competitividade Capenergies é centrado nas energias do futuro, não geradoras de gases com efeitos de estufa. Este pólo visa desenvolver a expertise a nível regional, apoiar a actividade das pequenas e médias empresas na definição das suas estratégias, com o objectivo de responder aos desafios colocados ao desenvolvimento das energias não geradoras de gases com efeito de estufa, ou seja, de um mix de fontes de energia primárias que passa pelas energias renováveis, energia nuclear, hidrogénio e procura energética eficiente. Nuclear – Centre de recherche sur l'énergie nucléaire) e pelo EDF (operadora em energia, nomeadamente electricidade). Localiza-se na região de PACA (Provence Alpes et Côte d’Azur) e Corse em França e no Principado do Mónaco, reúne, actualmente, mais de 190 parceiros nas áreas da investigação e desenvolvimento, formação e desenvolvimento industrial. Breve enquadramento geográfico, económico e social A região de PACA (Provence, Alpes et Côte d’Azur) e Corse em França e no Principado do Mónaco, reúne a terceira região mais desenvolvida de França, com forte componente turística e em actividades de serviços, com um tecido empresarial com predomínio em pequenas e médias empresas. Em 2006, a população era mais de 5 milhões de habitantes. Figura 25: Localização Geográfica do Pólo Capenergies população total em 2006 5 094 000 habitantes densidade populacional 127 hab. / km2 superfície 40 082 km2 Fonte:Elaborado com base em Wikipédia 2007 33 http://www.capenergies.fr/ Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 61 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões A criação deste pólo é resultado do trabalho desenvolvido pelo CEA (Centro de Investigação Associado à forte actividade turística estão as condições naturais muito diversificadas (de montanha (Alpes) e Mar Mediterrâneo) e o património cultural, fazendo desta região um ponto turístico de projecção mundial. A actividade turística, pela sua natureza, implica uma relação estreita com um conjunto diversificado de actividades com impacto significativo ao nível das emissões de gases com efeito de estufa. Baseado nas energias do futuro não geradoras de gases com efeitos de estufa... O Capenergies compreende todas as fontes primária de energia que farão parte no mix de energias renováveis do futuro, de modo a responder à protecção do ambiente e às alterações climáticas. Por isso mesmo, contempla o domínio da procura de energia, e no da oferta a energia solar, eólica, hídrica, biomassa, hidrogénio, a fissão e a fusão nuclear. Cluster consolidado... O pólo Capenergies é ambicioso e articula a sua acção em torno de três eixos, característica O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões de um cluster: Assegura o desenvolvimento tecnológico e de inovação nos domínios da produção centralizada e descentralizada de electricidade, do aquecimento e arrefecimento (climatização) e dos combustíveis de síntese; Favorece o desenvolvimento económico, designadamente, o apoio a grandes projectos de investimento e de exploração de grandes equipamentos; Informa e sensibiliza os actores industriais, colectividades e público em geral. As actividades do Capenergies estão organizadas em torno de uma associação criada para o efeito que desenvolve a sua actividade da que se explicita na figura 26: Figura 26: A Organização Funcional do Capenergies Assegura o funcionamento do pólo e é o interlocutor com o Estado Executa as orientações decididas pelo Conselho Administração; Disponibiliza o que for necessário p/ funcionamento do pólo Dá apoio financeiro à investigação aos promotores dos projectos Comité de Coordenação Comissão de Financiadores Comissão científica Conselho de Administração Comité Estratégico Bureau Colégio dos Industriais Domínio Procura Energia Colégio de Investigadores Eólica Solar Hídrica Colégio de Formação Biomassa / Hidrogénio Todas as acções relacionadas com a promoção de projectos, critérios de elegibilidade, orientação de I&D no pólo Favorece a interacção dos actores dentro do pólo Colégio de Institucionais Fissão Nuclear Fusão Nuclear Fonte: Elaborado com base na informação do site capenergies, http://www.capenergies.fr. A partir dos comités de coordenação, conselho de administração, bureau, comité estratégico, os actores (empresas, centros de investigação) estão organizados por colégios de acordo com a sua actividade para os vários domínios em que o pólo vai actuar: procura de energia, eólica, solar, hídrica, biomassa e hidrogénio, fissão e fusão nuclear. 62 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Esta organização funcional facilita a implementação de projectos de investimento orientados estrategicamente para os objectivos que é suposto atingir com a criação do pólo. Como a base de funcionamento do Capenergies, designadamente, as sinergias resultantes partem da implementação de projectos, foi criado no âmbito da associação que gere o pólo uma metodologia de avaliação dos projectos a implementar (figura 27). eventuais retrocessos Discussão do projecto no âmbito do domínio em que vai ser desenvolvido Elaboração da proposta final Apresentação do Projecto ao Comité Estratégico Apresentação do Projecto ao Conselho de Administração para deliberação Aceitação do Projecto Fonte: Elaborado com base na informação do site capenergies, http://www.capenergies.fr. Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas... O Capenergies é claramente dinamizado pelas tecnologias energéticas. A implementação de novas tecnologias energéticas vai de encontro com as orientações estratégicas definidas na missão deste pólo de competitividade. Ao analisa-lo salienta-se a orientação estratégica que lhe está subjacente: satisfazer as necessidades de consumo do século XXI, num contexto de insegurança de abastecimento, esgotamento dos combustíveis fósseis e alterações climáticas. Deste modo, a matriz de consumo deve evoluir no sentido da utilização de energias sem emissão de gases com efeitos de estufa, optimização dos processo de produção, limitando os resíduos e reciclando os materiais, privilegiando-se os seguintes domínios: Tecnologias no domínio da procura de energia: conjunto de equipamentos e de métodos que visam optimizar o consu0mo de energia, limitando os custos das infra- Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 63 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Proposta inicial por um parceiro ou pelo Comité Estratégico ou pelo Conselho de Administração eventual estudo realizado por um perito externo em qualquer fase do proecesso Figura 27: Metodologia de Avaliação dos Projectos a Implementar no Capenergies estruturas públicas e os danos no ambiente em três categorias: no desempenho intrínseco dos equipamentos (relacionado com a eficiência energética das lâmpadas, equipamentos domésticos); nos dispositivos e nos sistemas de gestão da iluminação e das necessidades permanentes de energia; substituição da electricidade por energias renováveis em sistemas térmicos de aquecimento, água quente, entre outros. Energia solar eficaz a sua utilização na produção de electricidade, de calor e processo químicos. Salienta-se a importância dada ao solar fotovoltaico. Energia eólica: das mais promissoras formas de energia renováveis em termos de competitividade e desenvolvimento económico; Hídrica: das tecnologias energéticas com fortes potencialidades de crescimento em França; Biomassa, hidrogénio e combustíveis sintéticos: criação de condições favoráveis ao O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões desenvolvimento de uma fileira industrial relacionada com a produção de hidrogénio, combustíveis de substituição dos hidrocarbonetos, produção de electricidade a partir da decomposição da água, co-geração e produção de energia com base em resíduos, biomassa. Isto requer o desenvolvimento de sistemas de conversão eficazes, trocas térmicas entre produção de calor e produção de electricidade, pilhas de combustível, motores a gás, e dessalinização da água do mar. Fissão nuclear: o desenvolvimento da fissão nuclear tem como objectivo a produção de electricidade em grande escala, segura, competitiva e sem produzir gases com efeitos de estufa. Fusão nuclear: é na região de PACA que está a ser desenvolvido o projecto ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor), tendo este pólo um triplo objectivo: aproveitar o conhecimento científico da região para o desenvolvimento do reactor, facilitar o desenvolvimento das empresas industriais associadas e assegurar as acções de acompanhamento e de formação de jovens técnicos qualificados em matéria de energia nuclear. As sinergias e os actores... Com o Capenergies pretende-se criar uma fileira energética de excelência, adaptada às alterações estruturais da indústria e coerente com a evolução dos mercados internacionais. O potencial de recursos energéticos endógenos, o dinamismo da política energética regional, a densidade do tecido empresarial e dos centros de investigação e laboratórios, bem como o desenvolvimento do projecto ITER, são os factores essenciais para a projecção mundial da região, só possível pelo fortalecimento das sinergias deste pólo. 64 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 28: As Sinergias no Capenergies Hídrica: 4 projectos em 2006 1 projecto em 2007 Facilitar a implementação da indústria através do apoio a projectos específicos a PME's e Grandes Empresas Tranversais 3 projectos em 2006 1 projecto em 2007 (1 projecto sequestração de CO2 em 2005) Domínio Procura Energia: 6 projectos em 2006 12 projectos em 2007 (5 projectos eficiência energética em edifícios em 2005) Biomassa / Hidrogénio 19 projectos em 2006 19 projectos em 2007 (3 projectos hidrogénio e 2 em bioenergia em 2005) Solar: 7 projectos em 2006 11 projectos em 2007 (1 projecto solar fotovoltaico em 2005) Fissão Nuclear 2 projectos em 2006 Eólica: 3 projectos em 2006 Fusão Nuclear 6 projectos em 2006 1 projectos em 2007 Fonte: Elaborado com base no site capenergies, http://www.capenergies.fr. Os projectos através dos quais é possível verificar as sinergias estabelecidas no Capenergies estão relacionados com: Tecnologias no domínio da procura de energia: estudo de materiais, nanoestruturas e solar passivo em edifícios, tecnologias de aquecimento e arrefecimento e criação de um serviço de quotas de emissão de CO2; Energia solar: desempenho paneis fotovoltaicos e fluxos eléctricos nos paneis solares, melhoria da competitividade no mercado do solar fotovoltaico, sistemas adaptativos de concentração solar, produção descentralizada de energia e sistemas de optimização de produção e consumo de solar fotovoltaico; Energia eólica: desenvolvimento de um sistema automatizado de produção de pás para turbinas eólicas, suporte interactivo a três dimensões para apoio à decisão de instalação de parques eólicos; Hídrica: construção de barragens e sistemas de gestão de produção e transporte de energia hídrica; Biomassa, hidrogénio e combustíveis sintéticos: desenvolvimento de materiais e de estabilizadores para as pilhas de combustível, análise do comportamento de materiais inorgânicos a elevadas temperaturas, produção de bio-hidrogénio, pela utilização de microorganismos e enzimas, optimização de bio-catalisadores para serem utilizados em pilhas de combustível, gaseificação ligno-celulósica Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais para a produção de da Sphera | Março 2008 | 65 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Desenvolvimento Plataformas de demonstração de tecnologias ou territoriais Acções Formação Programas de I&D combustíveis sintéticos, métodos de armazenamento de hidrogénio e investigação fundamental em biomassa e hidrogénio; Fissão nuclear: análise de equipamento utilizado como microscópios electrónicos de transmissão nuclear; Fusão nuclear: formação em fusão nuclear, plataforma de simulação e validação de tele-operações no reactor ITER, combustíveis e materiais utilizados e análise das várias fases em que é utilizado o plasma. Os actores do Capenergies estão organizados por colégios, que designa a origem de cada um deles, isto é, os industriais, correspondem às empresas; os investigadores, aos centros de investigação; os de formação, aos centros de formação e qualificação de recursos humanos e os institucionais, que integram as entidades públicas e privadas de regulação, inovação, O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões financiamento e desenvolvimento. 66 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 29: As Actores no Capenergies Colégio dos Industriais A3E Hídrica Fusão Nuclear consultora em economia da energia ASSYSTEM FRANCE Fissão Nuclear consultora em energias renováveis, procura electricidade e utilização racional energia fornecedor gás industrial AIR LIQUIDE ALTRAN TECHNOLOGIES spin off em energia e ambiente ALPHEEIS ASTRIANE sistemas energéticos consultora em inovação produtora equipamentos p/ nuclear, tratamento resíduos e sistemas bombagem CREDIT AGRICOLE PRIVATE EQUITY EcoCHANGE formação ambiente p/ indústria EDF DR PACA EDF / GDF Véolia-Eau Générale des Eaux VALCOBIO apoia projectos; I&D e industria petróleo HERTEMAN GENIE Gaz de France GROUPE SNEF operadora em elect icidade LES GRANULES DE BOIS TECHNOPLUSINDUSTRIES RESISTEX EXPLOITATION VOLTALIA SA materiais solar passivo SOLAR EUROMED SAS WEIR VALVES & CONTROLS TEP2E ERM Automatismes Industriels GROUPE SNEF produtora equipamentos energia solar INGEROP LUMIWAY ENERGY 21 HYPNOW SARL consultora em energia POLYMAGE PONTICELLI FRERES POWERSYS POWEO RPE construção RESOLTECH operadora gás e electricidade promove proj.energias renováveis Société Française d'Eoliennes SODITECH SAS TRANSENERG IE SOLAR EUROMED SAS SOLAR SYSTEM Industries CHROMAGEN CSMR serviços energéticos manutenção industrial e despoluição SMEG ENERG'ETHICS GREENACCESS HELION fabricante de pilhas combustível Polygonal Design sistemas automáticos e electrónicos PRAMSYS PRINCIPIA RD exploração de instalações industrais de alta tecnologia TENESOL SA QUANTUM MECHANICAL TECHNOLOGIES soc. electrotécnica SEGULA Technologie Sud SUEZ consultora em recursos humanos CNIM DALKIA simulação de energia Société du Canal de Provence CLIPSOL operadora em energias renováveis apoia projectos no pólo em fabricante de energia e água unidades mecânicas e JUWI NHEOLIS SARL NANOTECH SAS start-up em energia e petroquímica produtora linhas eléctricas e telecomuni cações CHANTRE DAVNIERE construção industrial operadora em energia ECO DELTA DEVELOPPEMENT EEEi.g.o EIFFEL Constructions métalliques GIORDANO Industries d COMPAGNIE NATIONALE DU RHONE soluções tecnológicas produção electricidade formação recursos humanos ELECTRICITE DE MARSEILLE operadora em energia ALSTOM CSC DCMP consultora em segurança edifícios produtora equipamentos energia solar soluções wireless soluções tecnológicas em térmico solar consultora em energia engenharia nuclear e manutenção centrais CORUSCANT informátic a soluções robótica e automatismos operadora em energia COMEX NUCLEAIRE COTS CYBERNETIX ART ENGENIERE CETE APAVE SUD EUROPE centro investigação poluição água soluções EDF Energies Nouvelles construção e obras públicas CARI CEDRE soluções em energias limpas BUREAU VERITAS CRISTOPIA Energy Systems SA financiamento em energias renováveis spin off em energia e ambiente soluções tecnológicas AREVA em energias limpas ACD2 AMC ETEC SARL BERTIN Technologies Biomassa / Hidrogénio consultora em engenharia VELEANCE SAS empresa de alta tecnologia em térmico solar Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais RUMP EQUIPEMENTS SA eficiência energética das indústrias produtora de veículos eléctricos VIBRIA SHERPA engineering WATTECO SOLAIRE DIRECT TRANSFIELD ENERGY VENTURES da Sphera | Março 2008 | 67 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Solar Eólica Domínio Procura Energia O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Colégio de Investigadores Colégio de Formação Colégio de Institucionais Fonte: Elaborado com base na informação do site capenergies, http://www.capenergies.fr. 68 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Iniciativa pública... A criação do pólo Capenergies resultou de uma iniciativa do Governo Central que instituiu, através de legislação, a definição do pólo e das competências e limites ao seu desenvolvimento. A partir daí, procedeu-se à criação de uma associação para gerir, coordenar, financiar e orientar a I&D dos projectos dos membros, a desenvolver no seio do Capenergies e servir de interlocutor com o Governo Central. Uma estratégia de desenvolvimento... O objectivo do Capenergies é incentivar e reunir os diversos actores regionais da área da energia, promotores de projectos, para desenvolver um mix de fontes primárias de energia não geradores de emissões de gases com efeitos de estufa. Beneficiando das condições naturais de recursos energéticos, competências tecnológicas, centros de investigação, o Capenergies apresenta como estratégia global, criar condições para a projecção regional, Este pólo surge, assim, como uma plataforma de demonstração de natureza tecnológica e territorial com vista a um novo paradigma energético baseado em “energias limpas” como o hidrogénio e a fusão nuclear. Financiamento público e privado e em parceria... O financiamento dos projectos desenvolvidos no Capenergies podem beneficiar do financiamento de diversas fontes como: do fundo interministerial para a investigação e desenvolvimento a aplicar em pequenas e médias empresas (PME’S) e grandes empresas e laboratórios) incentivos e benefícios fiscais e sociais para as empresas que desenvolvem a sua actividade no pólo de competitividade; financiamentos regionais (OSEO ANVAR) a grandes e médias empresas; financiamentos pela Agência Nacional de Investigação, a projectos de investigação fundamental e aplicada de mérito científico e técnico reconhecido, desenvolvidos por laboratórios e em parcerias de empresas com laboratórios das universidades; financiamentos pela Agência de Inovação Industrial, a projectos de investigação industrial e desenvolvimento pré–comercial, em especial para grandes empresas; outros financiamentos para a criação de emprego, formação profissional e governância ao nível do pólo de competitividade. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 69 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões nacional e internacional das indústrias locais. A FRANÇA E OS PÓLOS DE COMPETITIVIDADE TENERRDIS E DERBI 34 …un pôle nouvelles énergies d’ambition mondiale TENERRDIS é um pólo de competitividade de Novas Tecnologias Energéticas e Energias Renováveis localizado na região de Rhône-Alpes, em especial nas subregiões de Drôme, Isère e Savoie, em França. O objectivo deste pólo de competitividade é o desenvolvimento das tecnologias energéticas renováveis, componente fundamental do desenvolvimento sustentável. Apresentando características de cluster, designadamente a actuação em rede, a criação de sinergias entre actores, para o desenvolvimento de projectos comuns de carácter inovador, O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões foi dinamizado pelo governo, reunindo um número alargado de 2500 investigadores. Breve enquadramento geográfico, económico e social TENERRDIS localiza-se na região Este de França, de elevado potencial económico, científico e tecnológico. Em 2006, foi considerada a região mais industrializada de França, com uma importância significativa das actividades e serviços com elevado conteúdo tecnológico e com uma forte presença de capitais estrangeiros; a segunda região em termos de produto gerado e exportações; o segundo pólo de ensino superior e de investigação franceses; com uma população de mais de 6 milhões de habitantes (figura 30). Figura 30: Localização Geográfica do Pólo Tenerrdis população total em 2006 6 004 957 habitantes densidade populacional 137 hab. / km2 superfície 43 698 km2 Fonte: Wikipédia 2007 Dotada de dois centros urbanos importantes, Lyon e Grenoble, é considerado o maior hub rodoviário da Europa, ligando o Norte ao Mediterrâneo. Fazendo parte da região dos Alpes tem relações económicas transfronteiriças privilegiadas com Geneva (Suíça). 34 70 http://www.tenerrdis.fr/ | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Baseado em energias renováveis... O TENERRDIS pretende desenvolver a produção de energias renováveis, nomeadamente, solar, biomassa e hídrica, actuar e transformar os vectores de energia actuais (electricidade e calor) e futuros (hidrogénio) e optimizar a utilização das energias nos edifícios e nos transportes. Cluster em consolidação... O elevado potencial da região de Rhône-Alpes, é fundamental para a consolidação deste pólo de competitividade. Pelo menos desde 2005, é possível analisar a actividade intensa do pólo na dinamização de projectos relacionados com cinco tecnologias energéticas: solar, gestão dos rede eléctrica, biomassa, hidrogénio e pilhas de combustível e hídrica. Na confluência desta região está a surgir um novo cluster em energias renováveis, fruto do desenvolvimento de um pólo de competitividade (DERBI) proposto pelo Governo, e que irá O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões ter um relacionamento directo com TENERRDIS. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 71 CAIXA 8: “O Pólo de Competitividade DERBI – para o desenvolvimento das energias renováveis ao nível dos edifícios e da indústria” Em 2005, foi criado na região Languedoc Roussillon, no Sudeste de França, um pólo de competitividade com o objectivo de acelerar o desenvolvimento da inovação tecnológica ao nível das energias renováveis. DERBI (pour Développément des Énergies Renouvelables dans le Bâtiment et l’ Industrie) reúne os actores da região com interesse no desenvolvimento das energias renováveis, em especial daquelas relacionadas com a produção de electricidade fotovoltaica, o térmico solar, a concentração solar, a energia eólica, a valorização energética da biomassa, formação especializada e demonstração de casos de “energia positiva”. Figura 31: Localização Geográfica do Pólo Derbi população total em 2006 2 520 000 habitantes O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões densidade populacional 93 hab. / km2 superfície 27 376 km2 Fonte: Wikipédia 2007 A sua missão é a de desenvolver a nível regional, nacional e internacional, a inovação, a investigação, a formação, a transferência de tecnologia, o desenvolvimento e a criação de empresas, através do apoio a projectos. Os actores vão desde centros de investigação regionais e ligados à universidade, a agência regional de desenvolvimento, entidades governamentais e as empresas, entre outras: G16 (associação empresarial), Apex – BP Solar (especializada em paineis solares e módulos fotovoltaicos), Tenesol (produção, instalação de paneis solares fotovoltaicos), Tecsol As (especializada em aquecedores solares), Solarte (concepção de arquitecturas de térmico solar), a Federação Francesa de Instalações Eléctricas e a Federação Francesa de Construção e Obras Públicas. O financiamento deste cluster é feito, na sua maioria por financiamento público local e nacional, com participação universitária. O TENERRDIS, nos últimos dois anos, dinamizou 80 projectos nessas cinco áreas das tecnologias energéticas para um total de 144 parceiros. Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas... As tecnologias energéticas dinamizam e são dinamizadas no seio de TENERRDIS, através das cinco plataformas de competências criadas para dinamizar os projectos das tecnologias energéticas: Solar nos edifícios: optimizar a gestão global da energia em edifícios, e melhoria da eficácia energética, pelo recurso à energia solar fotovoltaica, para a produção de electricidade e da energia térmica solar para o aquecimento e arrefecimento; 72 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Gestão da rede eléctrica: melhorar à escala de um edifício e ou de um território a eficácia da segurança na rede de distribuição de electricidade, tendo em consideração a diversidade de fontes de energia primária e a capacidade dos consumidores revenderem a sua produção de electricidade; Biomassa: produção de biocombustíveis, de electricidade e do hidrogénio (com base no tratamento termoquímico da biomassa florestal); Hidrogénio e pilhas de combustível: desenvolver os transportes adequados para utilizarem as pilhas de combustível e a hidrogénio e produção de hidrogénio a partir de energias renováveis (electrólise e gaseificação da biomassa); Hídrica: aumentar a eficácia dos equipamentos, melhorar o controlo e a gestão dos recursos da água, promover os novos conceitos de máquinas, que satisfaçam as As sinergias e os actores... As sinergias são muito fortes no seio deste pólo por duas vias: a elaboração dos projectos que, muitas vezes, conjugam mais do que uma das cinco áreas privilegiadas em torno das tecnologias energéticas; um mesmo actor que promove o projecto pode actuar em mais de uma área e em mais do que um projecto. Por exemplo: a CEA, centro de investigação em matéria de energia, tecnologias de informação e da saúde, defesa e segurança, em 2007, colaborava em três áreas: biomassa, hidrogénio e pilhas de combustível e solar em 25 projectos diferentes; a empresa AXANE, detida a 100% pela empresa Air Liquide, dedica-se a desenvolver sistemas completos de produção de energia a partir de pilhas de combustível alimentadas a hidrogénio, participa em 4 projectos diferentes ao nível do hidrogénio e pilhas de combustível; o Groupe Grenoble INP, grupo de investigação nos domínios da energia, ambiente, nanotecnologias, materiais, sistemas de produção, informação e comunicação, reúne projectos na área da gestão da rede eléctrica e no hidrogénio e pilhas de combustível. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 73 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões normas e se posicionem nos grandes mercados externos. Quadro 2: Exemplos de “Sinergias” no Tenerrdis 2007 CEA AXANE Programa de Acção Biomassa Hidrogénio e pilhas de combustível Solar nos edifícios Programa de Acção Hidrogénio e pilhas de combustível Os Projectos Os Projectos AMEIRICC - estudo de membranas BALISES - estudos de fiabilidade da tecnologia AMMPERE - aparelhos multifunções em edifícios solares BALISES phase 2 - - estudos de fiabilidade da tecnologia passivos CINE-HT - transformação biomassa por via de HYCHAIN PRECURSEUR - equipar um veículo utilitário temperaturas elevadas ligeiro com as pilhas PEMFC MDM - mecanismos de degradação das PEMFC em Cool PV - materiais e conservação energia aplicações estacionárias DLD-PV - localização paneis solares DVD - AME - optimização da duração das PEMFC O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões DYNASIMUL - simulação dinâmica de consumo de enrgia em edifícios Groupe Grenoble INP ECLIPSE alteração geotérmica compacta em edifícios EMAIL - materiais p/ electrodos a temperaturas elevadas Esprit - estudos de integração de técnicas fotovoltaicas na rede eléctrica H2PAC - desempenho pilhas combustível PAC na portabilidade INNOVAME - estudo de materiais p/ membranas Programa de Acção Gestão da rede eléctrica Hidrogénio e pilhas de combustível INORGANIQUES - optimizar a produção de biocombustíveis de 2ª geração Module LiPV - armazenamento e sistemas fotovoltaicos MOISE - modelização de electrodos de temperaturas elevadas Multisol - optimização dos fluxos eléctricos em edifícios fotovoltaicos CLIPPAC - aumentar a temperatura de funcionamento das pilhas PEMFC Multixen - silício multicristalino p/ células fotovoltaicas PREDIS - gestão inteligente das redes Os Projectos Nanorgysol - células fotovoltaicas de baixo custo OPTIMECA - optim.parâmetros mecânicos p/ reduzir a degradação das pilhas PEMFC PHARE - conseguir um rendimento das células fotovoltaicas de 20% QC Passi - silicio e interrigidez dos materiais SEG-Si - silicio e optimização electromagnética SEMI-EHT - produção em massa de hidrogénio Siclades - silicio metalúrgico p/ produção de silicio fotovoltaico THERMOCAPT - processos termoquímicos de gaseificação de biomassa Fonte: Elaborado com base na informação disponível no site. 74 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Os actores Os actores do TENERRDIS são classificados em seis categorias: i) outros organismos e associações (27 entidades), relacionadas com associações regionais (CCI de Savoie, CCI Drôme, Envirhônalp), associações de promoção do hidrogénio e de energias renováveis (ALPHEA Hydrogène), ASDER (Association Savoyarde du Développement des Energies), Enigma Energy, Technologique), FIBRA (Fédération Forêst du Bois Rhône-Alpes); FCBA (Institut ii) centros de formação e laboratórios (21 parceiros): CEA, Cemagref, CSTB, Groupe Grenoble INP, INERIS, INSA Lyon, UJF Grenoble, Université Claude Bernard Lyon, Université de Savoie, ARMINES; iii) colectividades territoriais (11 entidades): Conseil Général de la Drôme, Conseil Général de la Savoie, Conseil Général de l'Isère, La Métro, Conseil Général du Rhône, Ville de Bourgoin Jallieu, Conseil Général de Haute – Savoie, Conseil Régional RhôneAlpes, Ville de Grenoble, Chambéry Métropole, ROVALTAIN; Power Hydro, Apollon Solar, CIAT, EDF, Gaz de France, Gaz Electricité de Grenoble, Photowatt, Schneider Electric, Air Liquide, ECM; v) entidades governamentais (6 entidades): ADEME, DGE, DRIRE, Oséo, S.G.A.R., ANR; vi) pólos de competitividade (7 pólos): S²E², Capenergies, DERBI, Industries et agroressources, Minalogic, Mobilité et transports avancés, Véhicules du Futur. Iniciativa pública O TENERRDIS faz parte de uma iniciativa do governo francês de criação de pólos de competitividade em diversas regiões. Neste caso, este pólo procura responder aos desafios que se colocam ao ambiente devido às alterações climáticas. Ao promover projectos de investigação em energias renováveis dinamiza todos os actores regionais, indo ao encontro das medidas definidas para a política de energia nacional. Um projecto coerente de acordo com as orientações do governo... A missão deste pólo é tornar-se um pólo de novas energias com ambição mundial, que responda aos desafios cruciais do ambiente e das alterações climáticas, aproveitando as potencialidades regionais relacionadas com os centros de investigação e desenvolvimento das empresas e das universidades, estruturados em torno de cinco áreas de projecto das tecnologias energéticas mencionadas anteriormente: solar, gestão de rede eléctrica, biomassa, hidrogénio e pilhas de combustível e hídrica. Financiamento segundo duas vias diferentes mas complementares... O financiamento dos projectos submetidos no âmbito do pólo podem beneficiar de dois tipos de apoios: públicos, através dos fundos de competitividade das empresas e do fundo único interministerial de financiamento para projectos em pólos de competitividade e em parceria com alguma das entidades participantes no projecto. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 75 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões iv) grupos empresariais e pequenas e médias empresas (72 empresas): 2ES, Alstom O FUTURO DA ENERGIA NA ESCÓCIA 35 A Escócia é uma região do Reino Unido privilegiada em termos de recursos energéticos. A diversidade de fontes de energia é muito significativa, desde do petróleo e gás natural até ao carvão, hídrica, eólica, ondas, biomassa florestal e nuclear. O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Nesta região, emerge uma dinâmica em torno das tecnologias energéticas renováveis e não renováveis, que beneficia das potencialidades da região, das empresas instaladas e dos centros de investigação e meio universitário. Existe, deste modo, um ambiente que favorece a criação de clusters. Dois exemplos disso são o cluster da indústria florestal na Escócia, que foi criado, em 2000, com o objectivo de fomentar a introdução no mercado das tecnologias energéticas relacionadas com a biomassa, através de apoios às pequenas e médias empresas e o Scottish Renewables que promove a criação de um cluster de empresas industriais relacionadas com as energias renováveis. Breve enquadramento geográfico, económico e social A Escócia é a região a Norte da Ilha da Grã-Bretanha, com governo autónomo do Reino Unido e com uma forte tradição em sectores tradicionais têxtil, agrícola, pesca e de produção de whisky. Com uma população de mais de 5 milhões de habitantes tem duas cidades importantes Edimburgo e Glasgow. Figura 32: Localização Geográfica da Escócia população total em 2001 5 062 011 habitantes densidade populacional 64 hab. / km2 superfície 78 782 km2 Fonte: Wikipédia 2007 35 76 http://www.sdi.co.uk/pages/Industries/Energy/Overview/index.asp | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais As potencialidades ao nível das fontes primárias de energia contribuem para a dinamização de um cluster em torno das energias renováveis. Baseado em energias renováveis...e em emergência? A promoção desta região vai no sentido de explorar uma diversidade de fontes de energia, muitas das quais renováveis, aproveitando as potencialidades endógenas: Um quarto da potencialidade eólica europeia; Mais de um quarto da potencialidade de ondas e marés da Europa; As energias renováveis são responsáveis por cerca de 13% da produção de electricidade da Escócia, estabelecendo o governo como meta 40% em 2020; Tecido empresarial dinâmico, visível pela criação de emprego, pelo investimento petróleo, hidroelectricidade e energia nuclear; É uma região pioneira na investigação das tecnologias relacionadas com as pilhas de combustível. A aposta do governo é a promoção da região como uma referência em termos de energia, podendo-se concluir da viabilidade e das potencialidades para a criação de clusters. A criação 4do fórum Scottish Renewables é um veículo privilegiado para as empresas industriais da Escócia ao nível das oportunidades de negócio que as energias renováveis oferecem: biomasa, eólica, ondas e hídrica. A importância das tecnologias energéticas... A importância das tecnologias energéticas é visível pelo dinamismo imprimido recentemente, com a adopção da política pública de uma visão para o futuro energético da região. Além disso, beneficiando da tradição de explorar petróleo e gás, na Escócia existe uma vasta experiência nas tecnologias submarinhas, constituindo, um impulsionador do desenvolvimento de novas tecnologias energéticas. Por outro lado, o ITI Energy é uma organização escocesa que identifica quais serão as tecnologias do futuro, financia e promove projectos de investigação, demonstração e implementação no mercado destas em oito áreas: estruturas compósitas de pipelines; dispositivos de elevação de turbinas eólicas; desenvolvimento de materiais para aplicar em superfícies internas em várias indústrias; sistemas de gestão de baterias utilizadas em veículos eléctricos; armazenamento de energia em larga escala; baterias recarregáveis; gestão de redes eléctricas; materiais de armazenamento de hidrogénio. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 77 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões estrangeiro, sendo um exportador líquido de electricidade, baseada em carvão, gás, As sinergias criadas em torno das tecnologias energéticas e os actores..... As sinergias em torno das tecnologias energéticas são mais visíveis ao nível da investigação & desenvolvimento, como exemplifica a figura 33, nas mais diversas fontes. Figura 33: As “Sinergias” das Tecnologias Energéticas na Escócia EÓLICA PETRÓLEO E GÁS ESCÓCIA produção mais eficiente tecnologias sub-marinhas BIOMASSA tecnologias de conversão de biomassa em energia (milho, resíduos animais e florestais) O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Centro p/ Energia, Petróleo Política Mineral na Universidade de Dundee Centro Petróleo e Gás da Universidade de Aberdeen Scottish Entreprise Centro Economico p/ Distribuição Energia Renovável investigação em energia ondas e das marés PILHAS COMBUSTÍVEL desenvolvimento das tecnologias das várias pilhas Instituto da Engenharia do Petróleo da Universidade Herriot - Watt Arquitectura Naval e Engenharia Marítima OCEÂNICA Instituto Sistemas Energéticos Centro Investigação em energia e Ambiente na Universidade Robert Gordon PRODUÇÃO ELECTRICIDADE engenharia das centrais; nuclear; combustão a carvão; tecnologias "carvão limpo" up-grading das centrais de electricidade ITI Energy Scottish Renewables Fonte: Elaborado com base em informação do site. Ao nível da energia oceânica, destaca-se, por exemplo, os investimentos da empresa irlandesa l’OpenHydro que está a desenvolver, actualmente, um projecto na Escócia para testar equipamentos na área das energias das ondas e das marés. Pretende-se a partir daqui criar um Centro de Excelência mundial para as energias renováveis, comparando a Escócia em energia oceânica à “Arábia Saudita da Energia das Marés”. Os actores que actuam no domínio energético na Escócia, para além do Governo e das universidades e centros de investigação, são empresas muitas delas multinacionais relacionadas com as energias renováveis, produtoras de equipamentos, empresas exploradoras de petróleo, entre outras (figura 34). 78 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 34: Os Actores na Área da Energia Centro Economico p/ Distribuição Energia Renovável Plurion Ltd opera no desenvolvimento e comercialização de sistemas de armazenamento de electricidade de capacidade elevada Centro p/ Energia, Petróleo Política Mineral na Universidade de Dundee Centro Investigação em energia e Ambiente na Universidade Robert Gordon ITI Energy Arquitectura Naval e Engenharia Marítima FMC Tecchnologies opera no desenvolvimento e comercialização de tecnologias p/ produção off-shore de petróleo e gás Howden Power St.Andrews Fuel Cells spin off especializada em tecnologia de fuel cells BP especializada em eq. Aquecimento do ar p/produção electricidade, petroquímicas, papel e ind. açúcar Universidade de Edimburgo Instituto Sistemas Energéticos Centro Petróleo e Gás da Universidade de Aberdeen Instituto da Engenharia do Petróleo da Universidade Herriot - Watt Scottish Entreprise Offshore Hydrocarbon Mapping (OHM) empresa investiga explorações de petróleo e gás offshore MCS lta Scottish and Southern Electricity empresa engenharia p/ produção offshore TUV NEL lta empresa consultora em engenharia operadora de energia SHELL Services Scottish Power Open Hydro operadora de energia opera no desenvolvimento de turbinas p/ energia ondas operadora em energia (petróleo e renováveis) operadora em energia (petróleo e renováveis) Proven Energy produtora turbinas eólicas Instituto de Energia e Ambiente, na Universidade deStrathclyde Scottish Renewables Dooson Babcock Energy empresa engenharia p/ exploração petróleo e gás Renewables Energy Systems operadora em energia eólica Rigtrain consultora e formação em perfuração e exploração de petróleo Fonte: Elaborado com base em informação do site. Promovido pelo Governo... O forte empenhamento dos decisores da política económica, impõe que a energia deverá continuar a ser um factor chave (driver) da economia escocesa, reconhecendo que para tal, é necessário orientar e promover o empenhamento de todos os actores regionais. Esta iniciativa tem o largo apoio dos vários centros de investigação e de universidades escocesas. Estratégia de desenvolvimento com o objectivo de criar sinergias... A aposta no desenvolvimento das tecnologias energéticas foi objecto em 2006 – 2007 da formulação de um roadmap para o futuro renovável da Escócia. Nesse documento, é apresentada a visão para a Escócia até 2050 (com a descrição dos progressos alcançados em 2010, 2020 e 2050) para as energias renováveis. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 79 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões ESCÓCIA Figura 35: O Roadmap do Futuro Renovável da Escócia 2006 - a procura de electricidade na Escócia situa-se em 35 TWh - a oferta de energia preenche 19% da procura total de electricidade - crescimento da procura de calor e da utilização dos transportes, apesar dos progressos registados ao nível da eficiência da utilização de energia em edifícios e das medidas adoptadas para os transportes - as prioridades da política energética residem nos transportes, microgeração, financiamento da investigação em energia oceânica 2010 - a procura de electricidade aumentou para 36,7 TWh - cerca de 30% da produção de electricidade pode ter origem em energias renováveis - não é clara a resposta do aumento da procura de calor ao facto de haver maior eficiência energética, mas espera-se que se reduza com o aumento da eficiência - a circulação de veículos aumentará mas, o aumento do consumo de biocombustíveis compensará o efeito sobre as emissões de CO2 com origem nos transportes O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões 2020 2050 - metade da procura de electricidade é satisfeita pela utilização das energias renováveis - o consumo de energia tenderá a estaibilizar-se a partir daqui, mas sem diminuir, pelo menos até 2026 - com o aumento do consumo de energias renováveis, as emissões de CO2 irão continuar a diminuir - a maior parte da produção de calor tem origem em energias renováveis e no consumo crescente de biocombustíveis - O Governo Britânico está empenhado em reduzir as emissões de CO2 em 60%. - A Escócia para ir de encontro a este objectivo terá que planear a combinação entre a maximização das energias renováveis, com o desenvolvimento de soluções de armazenamento de energia, captura, sequestração e armazenamento de CO2 e utilização de motores de combustão interna mais eficientes. - as tecnologias de microgeração atingirão um estádio de massificação no mercado, só possível pela associação da eficiência energética e de transportes de baixo teor em carbono e sustentáveis Fonte: Elaborado pela autora No centro da visão está a necessidade de reduzir a procura de energia em 2050, comparativamente aos níveis de 1998. A passagem para um sistema energético com uma produção de electricidade mais descentralizada, requer a utilização de tecnologias ainda não comercializadas, o que aumenta o risco para os decisores da política económica. Um financiamento público nacional e comunitário na investigação universitária... O Proof of Concept Fund é a base do financiamento de inúmeros projectos de investigação em diferentes estádios de evolução (fundamental, aplicada, experimentação, demonstração e pré-comercialização). No caso escocês, tem financiado projectos relacionados com tecnologias energéticas, designadamente, em perfurações de plasma, tecnologias de microequilíbrio ao nível da perfuração de petróleo e de gás e novos projectos em materiais nas áreas de geração eléctrica a partir de energias eólicas, ondas e marés. Para além deste financiamento, com origem num co-financiamento entre o Governo da Escócia e da União Europeia existe, desde 1999, todo o financiamento gerado pelas empresas que actuam na região. 80 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais UM CLUSTER SOLAR FOTOVOLTAICO NA SAXÓNIA-ANHALT 36 WITH ENERGY FUTURE UNLIMITED INTO THE Em Bitterfeld, na região da Saxónia-Anhalt, no Leste da Alemanha, está a desenvolver-se um cluster baseado na indústria de solar fotovoltaico e componentes. Este cluster emerge num contexto de recuperação da crise económica que assolou a região após o êxodo da população mais jovem para a antiga Alemanha Ocidental. No núcleo central está a empresa produtora de paneis solares Q-Cells em parceria com as empresas associadas EverQ e CSG Solar. O cluster em causa localiza-se perto da cidade de Bitterfeld, na região da Saxónia-Anhalt, no Leste da Alemanha, com uma população em 2006, inferior a 16000. Figura 36: Localização Geográfica do Cluster Solar Fotovoltaico população total em 2006 15 646 habitantes densidade populacional 562 hab. / km2 Cluster Solar Fotovoltaico superfície 27,9 km2 Bitterfeld Fonte: Wikipédia 2007. Nesta região as indústrias alimentar e química têm uma forte implantação, assim como o solar fotovoltaico e a energia eólica, sendo uma das regiões alemãs mais atraentes do ponto de vista de captura de investimento directo estrangeiro. 36 http://www.qcells.de/ Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 81 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Breve enquadramento geográfico, económico e social Baseado em solar fotovoltaico em consolidação... Desde de 2001, a empresa Q-Cells iniciou a sua produção de paneis solares, sendo a segunda maior empresa mundial produtora de paneis solares fotovoltaicos. A oportunidade de criação do cluster surgiu da decisão de instalação da empresa nesta região em parceria com as suas empresas associadas Ever-Q e a CSG Solar, beneficiando do financiamento comunitário, no âmbito do FEDER, sendo uma forma de dinamizar uma região deprimida devido ao exôdo e à crise económica que ocorreu após a queda do muro de Berlim. Esta empresa, desde da sua criação em 1999, têm aumentado progressivamente e significativamente o volume de negócios, a produção e a introdução de novas tecnologias no mercado, atingindo em 2006, € 539,5 milhões, 253,1 Mwp e introduzindo a linha de produção para paneis fotovoltaicos modelo Q6LPS, respectivamente. A rede de empresas associadas e os parceiros internacionais, formam um todo muito dinâmico com características de cluster com uma atenção especial à introdução de tecnologias energéticas no mercado e à investigação e desenvolvimento em matéria de solar O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões fotovoltaico. A importância das tecnologias do solar fotovoltaico... A Q-Cells assumindo uma posição de ruptura tecnológica com o estado actual das tecnologias energéticas, tem como objectivo aumentar a capacidade de produção, acelerar a implantação no mercado das tecnologias relacionadas com o solar fotovoltaico com uma permanente redução dos custos de utilização desta tecnologia energética chave para o futuro. Esta empresa domina toda a cadeia de valor na produção e fornecimento de paneis solares, desde da obtenção da matéria-prima (silício), passando pela sua transformação em blocos e depois em waffers, que por sua vez são a base para a produção dos módulos fotovoltaicos, que constituem os sistemas solares fotovoltaicos. A produção de paneis solares integra diversas tecnologias, em resposta às solicitações da procura: multicristalino (modelos Q5 e Q6), monocristalinos (modelos Q6M e Q6LM) e de células multicristalinas (modelos Q6LTT, Q6LTT3, Q6LPS e Q8TT3, a penúltima como a introdução mais recente no mercado e a última como a maior inovação ao nível do solar fotovoltaico). As sinergias criadas em torno das tecnologias energéticas e os actores... A permanente busca de soluções tecnológicas para a produção de paneis solares, bem como a estratégia de desenvolvimento orientada para o crescimento e redução dos custos desta tecnologia energética, induzem uma interacção muito grande com empresas associadas, centros de investigação e universidades e com o estabelecimento de parcerias comerciais no resto do mundo. 82 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 37: A Interacção dos Actores do Solar Fotovoltaico Norwegien Renewable Energy e líder na produção de waffers de Bitterfeld silício policristalino Hahn Meitner Institute (HMI) (Berlim) REC Group Energy Research Centre (Países Baixos) Fraunhofer Institute of Solar Energy Systems (ISE) (Freiburg) KIOTO Photovoltaics (Áustria) ISSOL S.A./N.V (Bélgica) Day4Energy Inc (Canada) Enfoton Solar (Chipre) Naps Systems Oy (Finlândia) Tenesol (França) Alemanha: Aleo Solar IBC Solar Scheuten Solar Solon AG Tenesol Hameln Institute of Solar Research (ISFH) University of Constance Jülich Research Centre Empresas Associadas e Subsidiadas Centros de Investigação CSG SOLAR AG EverQ desenvolve tecnologias de silício com base em Thin Film em cooperação c/ o Jülich Research Centre Energy Solutions (Grécia) Solar Semicondutor (India) Photon Energy Systems (India) MSK (Japão) Symphony Energy (Coreia) KD Solar (Coreia) produz waffers, células e módulos solares. Resulta de uma joint-venture com a America Evergreen Solar e a Norwegien Renewable Energy sediada na Califórnia (EUA) e produz células de silício com baixa concentração de tecnologia produz módulos deThinFilm baseado na tecnologia Cadmium-Telluride-(CdTe) p/ a qual tem a patente Solaria CALYXO BRILLIANT 234 Parceiros Comerciais desenvolve modulos solares c/ silício cristalino e vidro segundo a tecnologia da Australia’s Pacific Solar Ltd Solibro FlexCell VHF Technologies produz módulos solares flexíveis produz paneis solares. Resulta de uma jointventure com a Swedish Solibro AG Fonte: Elaborado com base no site da Q-Cells. As sinergias criadas em torno da actividade da Q-Cells são claramente visíveis ao nível do desenvolvimento da tecnologia e das trocas comerciais (figura 37). Várias formas de internacionalização foram utilizadas desde a exportação até à criação de empresas em jointventures. A produção dos componentes para os paneis solares está em permanente ligação aos centros de investigação e universidades, constituindo a Q-Cells uma via de demonstração e implementação de novas tecnologias no mercado muito importante ao nível do solar fotovoltaico. Estratégia de desenvolvimento regional com o objectivo de superar a crise económica...mas de iniciativa privada... Com a queda do muro de Berlim, a região entrou em recessão económica devido à rápida desindustrialização, com um crescimento significativo do desemprego o que originou uma emigração maciça dos jovens para a Alemanha Ocidental. Com apoio comunitário, foi decidido criar um cluster industrial com base no solar fototvoltaico. A estratégia da Q-Cells resume-se a crescimento e redução de custos. O crescimento da empresa é feito numa base de empresas em rede, com uma forte presença internacional, quer no fornecimento de paneis solares fotovoltaicos, quer na criação de joint-ventures e outras formas de parcerias com outras empresas e com centros de investigação. Esta estratégia consubstancia-se assim, num crescimento da empresa, da produção e do mercado de energia solar fotovoltaica, que leve a uma redução de custos desta tecnologia energética, com benefícios claros para o ambiente. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 83 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Saxónia e SaxóniaAnhalt Um financiamento público nacional e comunitário... Este cluster que está a emergir no Leste da Alemanha é financiado, desde 2000, pelo Fundo Comunitário FEDER em parceria com o investimento realizado pela empresa Q-Cells. CAIXA 9: “O CLUSTER DE ENERGIA EM BARCELONA – UM CENTRO URBANO DE INOVAÇÃO NO SUL DA EUROPA” No âmbito do processo de planeamento urbano de Barcelona, região da Catalunha, Espanha, iniciado em 2000, surge em 2006 o conceito de criar uma cidade compacta completamente urbanizada e que oferece infra-estruturas excelentes no âmbito de actividades intensivas em conhecimento, designada por 22@ Barcelona 37 . Inserido no 22@ Barcelona, o Parc de l’Energia reúne a universidade técnica de engenharia, centros de investigação e tecnologia em energia, um cluster de empresas, um gabinete internacional de apoio ao desenvolvimento do ITER (o reactor de fusão nuclear a ser construído em França), providencia métodos de aprendizagem ao longo da vida e sessões de formação relacionadas com energia. O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões No que respeita aos centros de investigação e tecnologia em energia, privilegiaram-se as energias renováveis, designadamente, a eólica e os biocombustíveis, a eficiência energética, as redes eléctricas inteligentes, os novos materiais para sistemas energéticos, a captura e armazenamento de CO2 e o laboratório de electrónica. A criação do cluster de empresas decorre da conjugação de interesses em criar valor na área da energia, através do desenvolvimento de projectos em comum. Estando ainda numa fase inicial (a constituição do parque deverá estar concluída em 2010), o Parc de l’Energia será dotado ainda de uma empresa de spin off e de uma de capital de risco. 37 84 http://www.btec.org/EN/ | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais II.2.1. O CLUSTER DAS EÓLICAS EM PORTUGAL “Uma nova era para a energia eólica em Portugal…” assumida pelo governo português como um vector estratégico nacional consubstanciado na Estratégia Nacional para a Energia (Resolução de Conselho de Ministros nº 169/2005 de 24 de Outubro). Com esta iniciativa, pretende-se incentivar a investigação, o desenvolvimento, a demonstração e o fabrico de equipamentos, componentes e tecnologias energéticas em geral, além da prestação de serviços relacionados com as energias renováveis. Para tal, foi lançado em 2006, um concurso com o duplo objectivo de utilizar a energia eólica como base da criação de uma actividade industrial e da exploração mais eficiente da energia eólica. Considerado como uma referência a nível internacional, a criação deste cluster constitui um instrumento de política de desenvolvimento regional sustentável. Breve enquadramento geográfico, económico e social Portugal 38 tem uma área de 92 090 km2 e em 2005 a população era estimada em 10 570 mil habitantes, dos quais mais de metade são do sexo feminino, com uma densidade populacional de 115 habitantes/ km2. Com um crescente envelhecimento da população e uma redução do saldo migratório, a taxa de desemprego situou-se, neste ano, em 7,6% e o produto cresceu 0,5% (1,3% m 2006). No final de Agosto de 2007 39 , a potência eólica instalada acumulada era de 1984 MW (o que correspondeu a um crescimento médio anual entre 2006 e 2000 de 67,5%) e proporcionou uma produção de energia eléctrica de 3944 GWh (ano móvel entre Setembro de 2006 a 38 “Anuário Estatístico de Portugal dados de 2005”. Edição de 2006 – INE. 39 “Estatísticas rápidas de renováveis – Agosto 2007”, DGEG. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 85 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões A dinamização do cluster das energias renováveis e, em particular, do cluster eólico, foi Agosto de 2007), o que representa 7,4% do total da produção bruta e do saldo importador. A energia eólica tem tido um peso crescente no total da produção de energia renovável, representando (ano móvel entre Setembro de 2006 a Agosto de 2007) 20,1% do total. O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Mapa 4: Potência Instalada de Produção Energia Eólica em Portugal Fonte: MEI (2007). A produção de energia estava distribuída, em Agosto de 2007, por 149 parques eólicos, com um total de 1087 aerogeradores instalados. A maioria dos parques tem uma potência instalada inferior a 25 MW, e os distritos com maior potência instalada localizam-se a Norte do rio Tejo, nomeadamente, Viseu, Coimbra, Castelo Branco, Lisboa, Vila Real, Santarém, Leiria e Braga. Baseado na energia eólica... A opção estratégica do desenvolvimento de um cluster eólico em Portugal decorre das potencialidades que o País tem em termos de disponibilidade de uma fonte de energia primária doméstica, proporcionada pela sua situação geográfica e geomorfológica nas zonas 86 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais de montanha, em especial, a Norte do rio Tejo e a Sul junto à Costa Vicentina e da Ponta de Sagres. Como embrião deste cluster, existem mais quatro projectos de Parques Eólicos que entraram em funcionamento, entre 2005 e 2007, e que podem ser considerados como o embrião do cluster eólico em Portugal. CAIXA 10: “PROJECTOS DE PARQUES EÓLICOS EM PORTUGAL” ▪ Parque Eólico do Pinhal Interior: localiza-se na zona Centro na sub-região Pinhal Interior e abrange os concelhos de Oleiros, Proença-a-Nova, Sertã e de Vila Velha de Rodão, correspondendo a sete áreas de implantação. Este projecto teve início em 2004, terminando em Maio de 2007, abrange cerca de 64 aerogeradores, que entraram em funcionamento em Dezembro de 2005. A potência instalada é cerca de 146 MW esperando-se uma produção de 335 GWh/ano. Com um investimento de 150 milhões de euros faz parte do Projecto Eólico da Beira Interior, promovido pela GENERG. ▪ Parque Eólico do Alto Minho: encontra-se em fase de construção nos concelhos de Melgaço, Monção, Paredes de Coura e Valença, promovido pela empresa Empreendimentos Eólicos do Vale do Minho S.A. que investiu cerca de 360 milhões de euros. Este parque eólico tem uma capacidade instalada de 240 MW decorrente dos 120 aerogeradores ENERCON de 2 MW. ▪ Parque Eólico de Arga: localizado em Caminha e pertencendo também à empresa Empreendimentos Eólicos do Vale do Minho S.A, entrou em funcionamento em 2006. A empresa investiu 39 milhões de euros para obter uma potência instalada de 36 MW de 12 aerogeradores VESTAS de 3 MW cada um, que irão produzir cerca de 71,6 GWh/ano. ▪ Parque Eólico de Candeeiros: situa-se na região entre Alcobaça e Rio Maior, na Serra dos Candeeiros e é propriedade da Companhia das Energias Renováveis da Serra dos Candeeiros, entrando numa 1ª fase em funcionamento em 2005 e a segunda fase em 2006. Tem uma potência instalada de 111 MW de 37 aerogeradores VESTAS de 3 MW cada um, que irão produzir cerca de 294,15 GWh/ano. Estes parques eólicos utilizam todos tecnologia importada, investimento nacional e não existe uma interacção entre eles. Cluster emergente... O cluster eólico em Portugal 40 é definido como um conjunto de actividades complementares de empresas com competências tecnológicas específicas que fornecem equipamentos, componentes ou serviços para o fabrico e exploração de aerogeradores e Parques Eólicos com uma determinada implantação regional, que promova o adensamento das relações intra e inter-industriais. A Estratégia Nacional para a Energia definiu como unm dos objectivos a atingir uma potência instalada de energia eólica de 5100 MW em 2012 (com um acréscimo de 600 MW por upgrading tecnológico do equipamento). 40 Adaptado de “ Programa e Condições do Concurso – DGEG (2006)”. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 87 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Com o objectivo de intensificar o aproveitamento da energia eólica em Portugal foram lançados vários projectos de constituição de parques eólicos, designadamente: CAIXA 11: “A ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A ENERGIA” A Estratégia Nacional para a Energia, consubstanciada na Resolução do Conselho de Ministros nº 169/2005, publicada a 24 de Outubro de 2005, assemelha-se nos seus três principais objectivos à política energética para a Europa: garantir a segurança do abastecimento de energia, através da diversificação dos recursos primários e dos serviços energéticos e da promoção da eficiência energética; estimular e favorecer a concorrência, a competitividade e a eficiência das empresas; garantir a adequação ambiental de todo o processo energético. Estes objectivos, foram traduzidos em oito linhas de orientação: 1) liberalização do mercado da electricidade, do gás e dos combustíveis: irá realizar-se de forma progressiva e de promoção da concorrência até se atingir plenamente o Mercado Único da Energia, sendo uma das etapas intermédias, a constituição do Mercado Ibérico de Energia para a electricidade e o gás natural (MIBEL). Para tal, irão ser desenvolvidas acções ao nível da definição do enquadramento legal e das regras gerais de funcionamento do mercado, da regulação e supervisão e da execução pelas empresas. As medidas adoptar nesta matéria dizem respeito: à aprovação de leis de base e regulamentar, à operacionalização do MIBEL (em termos de simetria tarifária e paridade de regulação), à antecipação da liberalização do gás natural, ao O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões reforço das redes de transporte e distribuição de electricidade, estendendo-se estas às ligações entre Portugal – Espanha e Espanha – França, à monitorização da evolução da capacidade de ligação à rede e ao desenvolvimento de infra-estruturas do gás natural em todo o país; 2) enquadramento estrutural da concorrência nos sectores da electricidade e do gás natural: na produção de energia eléctrica (com a agilização dos mecanismos de instalação de novos centros eléctroprodutores, harmonização dos princípios de compensação e alargamento do âmbito de actividade das empresas), no transporte (com o estabelecimento das condições de acesso às redes e separação jurídica e de propriedade dos operadores das redes de transporte de energia), na distribuição e comercialização (com o direito dos consumidores escolherem o seu comercializador, proporcionada pela operacionalidade e transparência dos procedimentos associados à mudança de comercializador e a constituição de uma única empresa continental de distribuição), na importação de gás natural (revisão do contrato de concessão com a Transgás, cisão desta empresa e integração numa empresa das redes de transporte de electricidade e de gás natural, das actuais instalações de armazenamento e do terminal de gás liquefeito); 3) reforço das energias renováveis: Portugal deverá assegurar, em 2010, que a produção de energia eléctrica final, com origem em fontes renováveis, deverá ser de 39%. Isto implica a entrada no mercado de novos actores, o que justifica a criação de uma plataforma de negociação de certificados verdes. A energia eólica e hídrica serão aquelas com menor impacto nas tarifas médias dos consumidores, dado os custos de produção mais reduzidos, incentivandose, deste modo, uma maior exploração do potencial hídrico nacional e o aumento da capacidade de produção eólica para os 5100 MW. Associado a isto, está o maior incentivo: à biomassa florestal (compatível com indústrias de madeira e de papel), aos investimentos na transformação desta matéria-prima e na actividade agrícola para a produção de culturas energéticas, aos usos directos da energia solar (Projecto Água Quente Solar para Portugal e da revisão do Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios), à clarificação e agilização dos mecanismos administrativos de licenciamento, à transposição da directiva sobre biocombustíveis e à avaliação dos critérios de remuneração da electricidade produzida. Da comparação entre o que foi definido em 2003, com o estipulado na nova política para a energia, é visível o reforço das energias renováveis: 88 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 38: Metas para as Energias Renováveis em Portugal. Novos Objectivos 2007-2010 Novas Novas metas metas Eólica Eólica +1950 5.100 5.100 MW MW ++ 3.750 3.750 MW MW MW 600 600 MW MW • Viabilização de potência por flexibilização de 600 MW de sobre-equipamento • Criação de clusters industriais associados aos dois concursos já lançados • Lançamento de concursos para atribuição de 200MW a pequenos promotores Hídrica Hídrica 5.575 +575 5.575 MW MW 5.000 5.000 MW MW MW (2020) 7.000MW (2020) 7.000MW(2020) • Aposta no investimento em reforços de potência e bombagem - Antecipação de reforços e duplicação do Alqueva até 2010 Biomassa Biomassa 150 150 MW MW +100 MW Solar Solar 150 150 MW MW Micro geração Ondas Ondas 50 50 MW MW 250 250 MW MW 150 150 MW MW Aposta na a Aposta n na micromicro -geraç geração micro-geração +200 Zona Zona piloto piloto MW com com 250 250 MW MW • Criação de rede descentralizada de centrais de biomassa (~15 novas centrais) • Articulação estreita com os recursos e potencial florestal regional e com políticas de combate ao risco de incêndios • Construção da maior central fotovoltaíca do mundo com unidade fabril • Obrigatoriedade de pre instalação de solar térmica na nova construção • Aposta na micro-geração • Criação de Zona Piloto com potencial de exploração até 250MW • Promoção de desenvolvimento tecnológico industrial e pré-comercial com instalações de protótipos em tecnologias emergentes 10% 10% dos dos Sem Sem +10% combustí combust íveis combustíveis objectivos objectivos rodovi rodoviá ários rodoviários • Reforço dos objectivos em biocombustíveis (5,75% -> 10%)(1) • Isenção de ISP para combustíveis rodoviários e incorporação agrícola nacional • Lançamento de novo concurso no 1º semestre de 2007 Biogás Biogás Sem Sem +100 objectivos objectivos MW 100 100 MW MW • Criação de unidades de tratamento anaeróbico de resíduos • Resolução de problemas ambientais, designadamente a “Ribeira dos Milagres” Micro-geração Micro-geração (várias (várias tecnologias) tecnologias) Sem Sem +50k objectivos objectivos 50.000 50.000 telhados telhados • “Renováveis na hora” – sistema simplificado para micro fotovoltaíco e eólico • Programa para instalar 50.000 sistemas até 2010, com incentivo à instalação de Água Quente Solar em casas existentes. 2 Biocombustíveis Biocombustíveis2 (1) Antecipando em 10 anos o nov o objectivo da União Europeia Fonte: Bento de Morais Sarmento, Comissão de Planeamento Energético de Emergência (2007). 4) promoção da eficiência energética: através da promoção da utilização de tecnologias energéticas incorporadas em equipamentos, sistemas e processos mais eficientes, quer de edifícios, quer de transportes, a reforma do Regulamento de Gestão do Consumo de Energia, a transposição da Directiva de Co-geração, a introdução de fontes alternativas ao petróleo, em especial nos transportes públicos, melhoria da articulação das intervenções entidades nacionais com as locais e financiamento de acções de promoção da eficiência energética; 5) aprovisionamento público energeticamente eficiente e ambientalmente relevante: criação, pelo Estado, de boas práticas de organização de compras de equipamentos mais eficientes, promoção de projectos e de execução de obras; 6) reorganização da fiscalidade e dos sistemas de incentivos do sistema energético: traduzida na criação de uma taxa de carbono, correspondente ao valor das externalidades geradas pelas emissões de CO2, introdução dos acordos voluntários com os grandes consumidores de energia e reapreciação dos princípios de tributação de energia; 7) prospectiva e inovação em energia: através do Plano Tecnológico, pretende-se estimular a inovação tecnológica com fins energéticos, pelo estabelecimento de parcerias com instituições científicas que orientarão a sua actividade inovadora para as energias renováveis, eficiência energética e melhoria do tratamento de emissões de CO2, incluindo a captura e armazenamento de CO2; 8) comunicação, sensibilização e avaliação da estratégia nacional para a energia: como a criação de um prémio de excelência, a promoção do acesso à informação e de iniciativas de sensibilização e de um sistema de monitorização da Estratégia Nacional para a Energia. Neste âmbito, o cluster eólico em Portugal resultou do lançamento do concurso para atribuição de capacidade de injecção de potência na rede do sistema eléctrico de serviço público e pontos de recepção associados, para a energia eléctrica produzida em centrais eólicas. Este concurso (aberto em várias fases) que visa alavancar a criação de um novo sector industrial que permita: investimento e emprego em regiões mais desfavorecidas, transferência de tecnologia e a passagem de Portugal a exportador líquido em actividades relacionadas com a energia eólica. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 89 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões RCM RCM 63/2003 63/2003 A abertura do concurso pretendia atribuir uma capacidade de injecção de potência até ao limite máximo de 1500 MVA. Esta foi feita em duas fases (A e B), com o objectivo de seleccionar a melhor proposta para atribuição de lotes de potência até 800 MVA, na fase A, e de 400 MVA, na fase B, ambas a disponibilizar na rede SEP (Sistema Eléctrico de Serviço Público), para injecção de potência com origem em centrais eólicas e para atribuição dos Pontos de Recepção associados. A estes lotes de potência foram acrescidos, devido ao mérito das propostas apresentadas, 200 MVA, na fase A, e de 100 MVA, na fase B, podendo incluir 20% de Sobre-Equipamento. Segundo o definido no concurso, as primeiras turbinas eólicas deverão ser instaladas em 2008 e até 31 de Dezembro de 2013 deverá estar concluída a capacidade de instalação O vencedor da fase A do concurso não pode concorrer à fase B. As propostas a apresentar deverão incluir um projecto industrial com características ligeiramente diferentes entre a fase A e a fase B. Os critérios de avaliação das propostas, bem como as respectivas ponderações em ambas fases encontram-se descritas no quadro seguinte: O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Quadro 3: Critérios de Avaliação e Ponderadores do Concurso Critério Sub-critério ou factor Fase A Fase B Ponderação Critério A. Impacte económico A.1 Desconto à remuneração da energia entregue à rede por Parques Eólicos 20,0% B.1 Volume de investimento directo do projecto industrial B.2 Volume de investimento indirecto do projecto industrial B. Criação de um cluster industrial de apoio ao sector B.3 Emprego directo gerado no cluster industrial Sub-critério 45,0% Critério Sub-critério 17,5% 20,0% 17,5% 11,0% 12,5% 8,0% 7,5% 11,0% 47,5% 12,5% B.4 Emprego indirecto gerado no cluster industrial 8,0% 7,5% B.5 VAB do cluster industrial 7,0% 7,5% 10,0% 10,0% B.6* Grau de coerência e solidez do Projecto Industrial C.1 Capacidade de gestão técnica de agrupamentos de Parques Eólicos C. Gestão técnica do sistema D. Apoio à inovação C.2 Gestão da produção 2,5% 25,0% 2,5% 25,0% C.3 Soluções de armazenamento 7,5% 7,5% C.4 Controlo adicional de reactiva 2,5% 2,5% C.5 Participação na regulação primária de frequência 2,5% 2,5% 10,0% D.1 Apoio à inovação 10,0% 10,0% 10,0% * factor B.6 é multiplicativo, pelo que não tem ponderação. Fonte: Adaptado de DGEG (2006). 90 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Com base na ponderação dos critérios de avaliação, torna-se visível que há uma preferência clara pelos critérios relativos à criação de um cluster industrial de apoio ao sector das energias eólicas (especialmente na fase B) e uma preocupação com a gestão técnica do sistema, a qual está intrinsecamente relacionada com as tecnologias energéticas envolvidas, nomeadamente, ao nível da produção e do armazenamento. O impacte económico considerado diz respeito ao desconto à remuneração da energia entregue à rede por Parques Eólicos mais privilegiado na fase A do que na fase B. As zonas de rede e respectiva potência postas a concurso abrangem a maior parte do território nacional do Continente. Como resultado da abertura do concurso nas suas diversas fases e com os prémios atribuídos em termos de potência foi possível constituir um primeiro cluster designado por “Agrupamento Eólicas de Portugal” e, que corresponde ao vencedor da fase A do concurso. A segunda fase do concurso foi ganha pelo consórcio “Ventinveste”, ao qual foi atribuído o lote de potência a concurso na fase B mas sem mérito, o que possibilitou a atribuição da Serão as empresas e entidades incluídas nos vários consórcios aquelas que serão os actores do cluster eólico em Portugal. Cluster dinamiza as tecnologias energéticas... Tendo como base a transferência de tecnologia e a promoção da investigação e desenvolvimento, as tecnologias mais dinamizadas e por efeito de retorno dinamizam elas próprias a actividade do cluster estão relacionadas com a geração de electricidade descentralizada, armazenamento de energia, apuramento de modelos de previsão refinados e gestão da produção em tempo real, produção de aerogeradores, nomeadamente, a produção integral do modelo E-82 da marca Enercon, de pás de rotor e soluções de armazenamento de energia. Este cluster está associado ao desenvolvimento de outros sectores de actividade como unidades industriais de produção de fibra de vidro, de aço, torres de betão, módulos eléctricos e transformadores, entre outros. Ao explorar mais eficientemente o recursos eólico, salienta-se o papel da investigação e desenvolvimento proporcionado pela criação de um Fundo para a Inovação. Este cluster parte do estado da arte da tecnologia com potencialidades para, no futuro, se introduzirem novas tecnologias energéticas. Sinergias que se desenvolvem entre os actores... As sinergias desenvolvem-se, naturalmente, numa primeira fase em torno das empresas integradoras dos consórcios “Agrupamento Eólicas de Portugal”, “Ventinveste” e potencialmente “Novas Energias Ibéricas”. Dado o desenvolvimento do “Agrupamento Eólicas de Portugal”, é interessante analisar as sinergias que se desenvolvem com a criação deste cluster (figura 39). Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 91 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões potência restante a um terceiro consórcio designado por “Novas Energias Ibéricas”. Figura 39: As Sinergias do “Agrupamento Eólicas de Portugal” promotores Agrupamento Eólico de Portugal GENERG construção de aerogeradores fábrica pás do rotor SAERTEX Fibra vidro Rebelco madeira, espumas moldadas e cortadas ENERCONPOR torres de betão préfabricadas agregados areia cascalho Aurélio Martins CIMPOR Rolamentos componentes fundidos Hempel Construção Civil nos Parques Eólicos PARQUES EÓLICOS W.E.C transformadores O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões fundações A.Silva Matos Metalomecânica SIEMENS Gabriel Couto DST aditivos / pinturas degussa REDE ELÉCTRICA METALOGALVA TEGAEL Fundo para a Inovação Jayme da Costa Painhas ENRCONPOR Gonçalo montagem aerogeradores fundações Linhas Aéreas AT Linhas Aéreas MAT e Subestações AT/MT SIEMENS Est.Viana Castelo transporte e logística TEGOPI CME Redes Subterrâneas MT e Subestações AT/MT DST secções torres aço componentes de aço SONAE Painhas Estudos Ambientais Liebherr Ibérica componentes aço fábrica de mecatrónica E-MODULE EDP F.Gulbenkian PROCESL FAG motor e caixa redutora do controlo de azimute pinturas Pedereira da Ribeira S.A FINERGE F.Oriente ELECTRABEL TEGAEL SKF Dow Chemical Officer Meller ENDESA FLAD aerogeradores: fábrica de mecatrónica fábrica geradores BASF Resina Spray endurecedor financiadores TP - Térmica Portuguesa ENERNOVA Gestão Tempo Real Soluções Armazenamento Energia Integração c/ as Hídricas Probilog MONTALGRUA ENRCONPOR EWG Fonte: Elaborado com base em Aníbal Fernandes – ENEOP (Eólicas de Portugal 2007). Ao nível das sinergias deste cluster podemos distinguir a dinâmica em redor da construção de todas as componentes dos aerogeradores (ou turbinas eólicas), sua montagem e o seu transporte até aos parques eólicos. Depois existem todas as actividades relacionadas com a constituição dos parques eólicos, desde de estudos de impacto ambiental, construção civil de cada parque, até todas as actividades relacionadas com a ligação do parque eólico à rede eléctrica. Isto só se torna possível porque existem promotores, financiados por empresas do grupo ou entidades privadas de solidariedade social e porque a constituição de um fundo para a inovação irá alimentar ao longo do tempo a interacção no seio do cluster. Admitindo que os actores são aqueles que compõem os três consórcios aos quais foram atribuídas lotes de potência, é possível verificar que são compostos de acordo com o representando nas três figuras seguintes. O “Agrupamento Eólicas de Portugal”, resulta da conjugação de quatro promotores no âmbito do negócio da energia eólica com um dos maiores produtores mundiais de aerogeradores. Este consórcio ganhou o fase A do concurso promovido pelo Governo. 92 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Figura 40: Os Actores do Agrupamento Eólicas de Portugal Agrupamento Eólicas de Portugal num total de 29 empresas Promotores Financiado por: Enernova empresa Grupo EDP p/ renováveis empresa Grupo Endesa p/ renováveis Enercon produtora aerogeradores de origem alemã TP - Soc. Térmica Portuguesa GENERG centro I&D de software em Portugal Fonte: Elaborado com base em informação disponível diversa. O consórcio “Ventinveste” ganhou a fase B do concurso e é constituído por empresas relacionadas com a produção de energia, em particular, combustíveis, produtoras de equipamentos, apoiadas por um fundo de inovação. Figura 41: Os Actores da Ventinveste VENTINVESTE com 19 unidades industriais associadas Promotores Financiado por: Galp Power SGPS empresa Grupo Efacec p/ sol.integradas p/ dist. energia empresa Grupo Galp Energia comercializa electricidade Power Blades SA fabricante pás p/ areogeradores Galp Energia empresa Grupo Endesa de distribuição eléctrica na América latina Parque Eólico da Penha da Gardunha produtora energia eólica do Grupo SEMAPA Martifer Energia Repower systems AG Repower Portugal SA empresas Grupo Martifer p/ energia opera no petróleo e gás natural operadora eléctrica Grupo que opera na pasta / papel, cimento e energia (ENERSIS 90%) constr. Metalomecânicas; eq. energia metalomecânico c/ act., energia, engenharia e transportes e logística M Energy SA Fonte: Elaborado com base em informação disponível diversa. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 93 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões empresa Grupo Electrobel p/ renováveis Por último, o consórcio “Novas Energias Ibéricas” 41 , que devido à proximidade de pontuações com o consórcio “Ventinveste” na fase B do concurso, ficou com o remanescente do lote de potência. Este consórcio integra empresas da área da energia de origem espanhola com empresas nacionais metalomecânicas, de construção, produtoras de equipamentos e consultoras em engenharia. Figura 42: Os Actores da Novas Energias Ibéricas NOVAS ENERGIAS IBÉRICAS Promotores Grupo operadora energia e renováveis fabricante de aerogeradores O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Grupo telecomunicaçoes e construção Grupo construção consultora em engenharia na área da energia e utilities fabricante máquinas agrícolas e eq. transporte Fonte: Elaborado com base em informação disponível diversa. A criação do cluster eólico em Portugal surge, assim, de um concurso público do qual resultaram atribuição de lotes de potência de dimensões diferentes e que obrigava à conjugação de três tipos de características: a criação de cluster de empresas de base industrial que iriam fazer a transferência de tecnologia para o País, passando a ser produção nacional o que dantes eram importações e um papel de relevo dado ao I&D através da criação do Fundo da Inovação. Iniciativa pública O cluster eólico de Portugal é uma iniciativa pública mas os actores são, essencialmente, empresas privadas, que viram nos incentivos dados pelo Governo, uma forma de conjugar os seus interesses para aproveitar a oportunidade de negócio que este cluster pode proporcionar. 41 Como este consórcio ficou com um lote de potência muito inferior ao previsto por ele mesmo, as informações recolhidas relativamente ao impacto económico (potencial) não estão actualizadas, pelo que faz apenas referência à sua existência e futura operacionalidade. 94 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Historicamente, a dinamização do aproveitamento da energia eólica em Portugal tem tido uma componente pública muito forte, podendo-se distinguir três etapas do seu desenvolvimento: em 1988 surge o primeiro parque eólico na Madeira; em 2001 inicia-se o Programa E4 42 (Eficiência Energética e Energias Endógenas), para promover a eficiência energética e a utilização de fontes endógenas e renováveis de energia. As medidas do programa podem ser descritas como na figura seguinte: Fonte: Ministério da Economia (Direcção-Geral de Energia, 2001). em final de 2005 início de 2006, o concurso público para a constituição de um cluster eólico em Portugal, visou transformar a energia “limpa” num sector estratégico para o desenvolvimento económico nacional. Resultado de uma estratégia de desenvolvimento... O cluster eólico de Portugal permitiu a endogeneização e transferência de tecnologia para o território nacional 43 . Neste âmbito, a abertura do concurso para atribuição de capacidade de injecção de potência na rede do sistema eléctrico de serviço público e pontos de recepção associados para energia eléctrica produzida características em centrais eólicas, definia, no presentes dos projectos candidatos anexo a III, concurso uma que listagem induzissem das o desenvolvimento regional do sector eólico (quadro 4). 42 Resolução de Conselho de Ministros nº 154 / 2001 de 27 de Setembro. 43 O impacto económico (potencial) descrito a seguir insere-se numa lógica de eventual estratégia de desenvolvimento do território. Relativamente ao consócio “VENTINVESTE” não se dispõe de informação completa no que respeita à localização geográfica do cluster. Ainda relativamente ao consórcio “Novas Energias Ibéricas”, como este consórcio ficou com um lote de potência muito inferior ao previsto por ele mesmo, as informações recolhidas relativamente ao impacto económico (potencial) não estão actualizadas, pelo que faz apenas referência à sua existência e futura operacionalidade. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 95 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Figura 43: As Medidas do Programa E4 Quadro 4: Caracterização do Projecto Industrial/Impacte Socioeconómico Caracterização da capacidade industrial a instalar e desenvolvimento de Know–how Localização Área total e área coberta Infra-estruturas a implementar Principais equipamentos de produção a instalar Descrição do tipo de equipamentos, módulos, componentes ou soluções avançadas de gestão técnica de agrupamentos de parques eólicos a produzir Capacidade instalada Transferências tecnológicas a efectuar para o tecido industrial português Plano de negócio do projecto industrial Investimento total a realizar em unidade fabril Investimento a realizar em unidade de montagem de turbinas Investimento em unidades fabris de produção de módulos para turbinas eólicas Investimento em unidades fabris para abastecimento de componentes, equipamentos, sistemas de controlo dos aerogeradores, soluções para a gestão de agrupamentos de parques eólicos e outros serviços para as unidades de nível superior O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Investimento em instalações de investigação e desenvolvimento, teste e certificação de quaisquer componentes e sistemas Plano de negócio detalhado, financiamentos, conta de resultados e balanço previsional a cinco anos Volume e valor das vendas total estimado (total e por componente) Volume de vendas associado à potência atribuída aos concorrentes Volume de vendas associado à exportação, com identificação dos mercados Descrição detalhada dos contratos de financiamento a executar e estrutura de capital prevista Valor Acrescentado Bruto Valor dos fornecimentos regionais Emprego a gerar (colaboradores não especializados) Emprego a gerar (colaboradores especializados) Emprego a gerar (colaboradores com formação superior) Emprego a gerar (colaboradores c/ grau de Mestre ou Doutor) Cronograma de implementação Cronograma de implementação, arranque e exploração Cronograma financeiro de implementação Cronograma / curva de lançamento até funcionamento da unidade em velocidade cruzeiro Acordos e contratos estabelecidos para a implementação dos projectos industriais e constituição das cadeias de abastecimento Tipologia das unidades e projectos de I&D a implementar (especificar para cada caso) – SÓ NA FASE B Identificação do projecto Identificação da área do conhecimento a desenvolver Tecnologias a transferir Investimento a realizar e fontes de financiamento associadas Emprego a gerar e especialização associada Cronograma de implementação, arranque e exploração Cronograma financeiro de implementação Cronograma/curva de lançamento até funcionamento da unidade em velocidade cruzeiro Apresentação de soluções técnicas que contribuam para a melhoria da eficiência do fornecimento e distribuição de energia eléctrica produzida a partir de fontes renováveis Fonte: Adaptado de DGEG (2006). 96 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Das características apresentadas, mais exigentes na fase do B do concurso que incluía as alíneas relativas à tipologia das unidades de I&D a implementar, especificadas para cada caso, destaque para as especificações requeridas ao nível do investimento a realizar, da qualificação do emprego a criar e das tecnologias utilizadas e produzidas. O consórcio “Agrupamento Eólicas de Portugal” é aquele que tem maior dimensão, visível pela criação de 29 empresas; o desenvolvimento de um pólo industrial de 5 fábricas em Viana do Castelo para a produção integral de aerogeradores de última geração; uma preocupação clara com a transferência de tecnologia e com a I&D com a criação de um centro de formação profissional, parcerias com universidades e uma contribuição de 35 milhões de euros para o Fundo de Inovação; a criação de 48 parques eólicos (mapa 5); distribuição da riqueza em zonas rurais, através das receitas obtidas pelos municípios e das rendas recebidas pelos proprietários dos terrenos. Este cluster irá produzir mais de 2700GWh de electricidade limpa, o que evitará mais de um milhão de toneladas de emissões de CO2 Mapa 5: Distribuição Geográfica Figura 44: “Impacto Económico” do Cluster Eólicas de Portugal do Cluster Eólicas de Portugal 1800 novos postos trabalho directos 5500 empregos indirectos anuais nos 1ºs 6 anos IMPACTO ECONÓMICO CLUSTER EÓLICAS DE PORTUGAL VAB do cluster: 116 milhões euros / ano VAB parques eólicos: 170 milhões euros / ano Emprego VAB Balança Comercial I&D Fundo de Inovação: 35 milhões de euros exportações: mais de 60% do total da produção 200 milhões euros / ano a partir 2010 importações: poupança de importações matérias-primas de 100 milhões euros / ano redução da compra de licenças emissão CO2 em 1 milhão de toneladas de CO2 Fonte: Elaborado com base em MEI (2007). O consórcio Ventinveste prevê a criação de oito parques eólicos, 19 unidades industriais que produzirão, anualmente 130 aerogeradores e 267 conjunto de pás, contribuindo em 35 milhões de euros para o Fundo da Inovação. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 97 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões (figura 44). Figura 45: “Impacto Potencial” do Cluster Ventinveste 1300 novos postos trabalho directos 460 milhões euros IMPACTO ECONÓMICO CLUSTER VENTINVESTE Emprego Investiment o Produção I&D Fundo de Inovação: 35 milhões de euros chegar até 535 milhões de euros 130 aerogeradores 267 conjuntos de pás 400MW capacidade energia eléctrica armazenável 50 horas de interruptibilidade Fonte: Elaborado com base em informação disponível diversa. O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Financiamento O financiamento tem duas componentes: pela tarifa que garante o preço ao produtor e privado, promovido pelas empresas do grupo e pelas fundações, que apoiaram as empresas à constituição do cluster eólico em Portugal. Os clusters de energias renováveis emergentes, apresentam uma diversidade de situações, quer do ponto de vista da fonte de energia renovável utilizada (várias renováveis como em França, Escócia e Catalunha, ou apenas energia eólica em Portugal), quer do ponto de vista de “organização” e do promotor do cluster (pólo de competitividade, em França, governo regional (Escócia e Catalunha) ou governo nacional (Portugal) e ainda, do envolvimento dos actores (públicos e privados com forte ênfase nos centros de I&D, na França, Escócia, Catalunha ou privados como em Portugal). Sendo clusters que apresentam potencialmente todas as características de um cluster mas ainda num estádio de evolução inicial, no sentido em que as sinergias entre os actores são ainda poucas ou frágeis, correspondendo a uma fase inicial de um processo. Distinguem-se os casos franceses, com um modelo mais evoluído dos restantes, em termos de interacção clara entre os actores, e o escocês como o caso menos claro dessa interacção (mas, provavelmente o mais natural). Em qualquer dos casos, a política pública foi decisiva para o impulso inicial de desenvolvimento destes clusters e todos tiveram na base as potencialidades de recursos energéticos endógenos. 98 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais II.3. ESTUDOS DE CASO: OS CLUSTERS EM “BIOCOMBUSTÍVEIS” Alguns dos casos mais interessantes sobre clusters de energias renováveis são aqueles que se relacionam com os biocombustíveis, designadamente o caso das regiões de Ghent na Bélgica e de Västernorrland e Västerbotten na Suécia. GHENT BIO-ENERGY VALLEY 44 “…a leading european initiative for the development of the biobased economy of the future…” O Ghent Bio-Energy Valley é uma parceria público–privada que foi criada com o objectivo de desenvolver actividades de bioenergia sustentáveis inseridas na dinâmica de crescimento económico da cidade de Ghent, principal cidade da região Este da Flandres, na Bélgica. Com uma área aproximadamente de 156,18 km2, em 2006 tinha 233.120 habitantes, dos quais cerca de 49% eram homens e uma densidade populacional de 1493 habitantes/km2. Figura 46: Localização Geográfica do Ghent Bio-Energy Valley BIOENERGY VALLEY Fonte: Wikipédia (2007). 44 http://www.gbev.org/ Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 99 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Breve enquadramento geográfico, económico e social Baseado na biomassa... Este cluster tem como catalisador a constituição de uma economia baseada na bioenergia. A bioenergia pode ser definida 45 como o conjunto de todas as formas de energia que tem origem na biomassa, especialmente, em plantas. Este cluster tem como objectivo a reunião de todos os actores interessados e vocacionados para o desenvolvimento da bioenergia, desde a produção, distribuição, armazenamento, utilização final e investigação e desenvolvimento. Cluster em consolidação... Ghent Bio-Energy Valley é um cluster em consolidação, com elevado potencial de desenvolvimento. Resultado de parcerias estratégicas e da criação de fortes sinergias entre actividades industriais do próprio cluster, bem como da interacção com outros clusters nacionais e internacionais, designadamente, do cluster petroquímico dos portos de Antuérpia e Roterdão (Bélgica e Países Baixos) e do Silicon Valley na Califórnia (EUA). O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões O desenvolvimento da economia baseada na bioenergia passa, por isso, pelo estímulo à investigação e desenvolvimento (I&D), apoio à inovação tecnológica, através de projectos e da criação de infra-estruturas de I&D, incentivo à integração industrial, promoção do investimento na região e de campanhas de informação e sensibilização do público e divulgação de produtos bioenergéticos (produtos químicos, ingredientes alimentares e farmacêuticos, fragrâncias, cosméticos, detergentes, bioplásticos, biocombustíveis e biogás). Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas... Este cluster é claramente dinamizado pelas tecnologias energéticas relacionadas com a biomassa. Dada a pretensão de se tornar uma economia baseada na bioenergia e uma referência em biomassa em termos internacionais, permite concluir que há um contínuo desenvolvimento das novas tecnologias energéticas e de introdução destas no mercado. Em termos de tecnologias energéticas, o Bio-Energy Valley possui, entre outras: produção de bioetanol em bio-refinarias, proporcionada pela boa base tecnológica, que permitiu uma elevada eficiência de conversão, uma integração com sucesso de diferentes tecnologias, com operação em larga escala e simultaneamente produzindo uma grande diversidade de produtos. Utilizando como principal matéria-prima a cana de açúcar e os cereais, estão em desenvolvimento novas formas de obter o etanol a partir de resíduos celulósicos e de outros resíduos orgânicos. É exemplo disso, a recente instalação de uma fábrica 46 de bio-etanol com capacidade para uma produção de 80000 toneladas a partir de cereais e de açúcar; instalação de uma central de produção de biodiesel 47 , à base de óleos vegetais, com uma capacidade de 200000 toneladas; de um sistema anaeróbico de tratamento de 45 http://www.gbev.org/ 46 Alco Bio Fuel (www.alcogroup.com). 47 BIORO (www.bioro.be) 100 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais resíduos sólidos municipais 48 , onde se realiza, também, testes laboratoriais de tratamento de resíduos biológicos; presença de uma empresa 49 de armazenagem de combustíveis líquidos com um terminal com uma capacidade para 700000 m3 e de uma empresa 50 dedicada à biodegradação química de componentes de recursos naturais renováveis como óleos e gorduras. As sinergias e os actores... Este cluster está perfeitamente integrado com outras actividades que extravasam o núcleo do cluster, com sinergias visíveis entre a bio-refinaria, as centrais de geração de electricidade movidas a carvão e a biomassa e uma unidade de impressão e edição de jornais cujo resíduos de papel são reciclados e utilizados para gerar electricidade e calor segundo um processo de co-geração com base em biomassa (figura 47). Biotecnologia / plantas Microbiologia e Fuel Cells (LabMET) Química orgânica (ENVOC) Sist. biológicos plantas Lab. proteínas engenharia Lab.industrial de Microbilogia e Biocatalisadores (LIMAB) Engenharia / Biociência Laboratório de madeira Lab. enzimas e carbohidratos Lab. Bioquímica (INWE) Inst.Invest. Agric. Pescas (ILVO) empresa produtora e distribuição energia do Grupo Suez utiliza na produção de electricidade p/ além das fontes tradicionais, 610 000 ton de biomassa c/ origem em resíduos de oliveira, madeira, grãos de café e lama dos esgotos maior complexo integrado de produção de biocombustíveis na Europa Produção de 200 000 ton biodiesel Produção de 150 000 m3 bioetanol maior unidade de edição de jornais na Europa Biorefinery Rodenhuize docks Stora Enso Produção de 100 000 ton biodiesel empresa integrada de pasta de papel, produção de papel, produtos florestais e edição e impressão de revistas e jornais. Situada no Porto de Ghent utiliza como matéria-prima papel reciclado e partículas de madeira "maior bioporto" da Europa Fonte: Elaborado com base em informação do site do Ghent Bio-Energy Valley. 48 Organic Waste Systems (www.ows.be) 49 Oiltanking (www.oiltanking.com) 50 Oleon Biodiesel (www.oleonbiodiesel.com) Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 101 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Figura 47: Exemplo das Sinergias do Ghent Bio-Energy Valley As sinergias criadas neste cluster resultam da interacção dos actores públicos e privados, sendo potencialmente mais vasta e mais intensa do que a apresentada na figura anterior. No caso deste cluster, a criação resultou do emprenho de 19 actores, em especial daqueles relacionados com a academia e o sector empresarial, que obtiveram o apoio de entidades públicas para o desenvolvimento conjunto da região. Figura 48: Os Actores do Ghent Bio-Energy Valley Produção Biodiesel Porto Produção Bioetanol O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Centro Investigação Câmara Municipal Agência Desenvolvimento Produção Distribuição Electricidade c/ base em Consultora em matérias-primas, eólica, hídrica e biogás tecnologias e serviços em biomassa Consultora em soluções engenharia Produção Distribuição Electricidade do Grupo Suez Genencor International Produção Comercialização Produtos Bioquímicos e Biocatalisadores Tratamento Resíduos Sólidos Municipais e Industriais Armazenagem líquidos / prod. químicos Produção comp. químicos biodegradáveis (óleos / gorduras) Armazenagem, Processamento, Serviços Distribuição de Transporte óleos vegetais e (especilizado matérias agrícolas em biomassa) Actividades Portuárias Actividades portuárias e armazenamento Consultora em soluções engenharia e inovação tecnológica Fonte: Elaborado com base em informação do site do Ghent Bio-Energy Valley. O conjunto de actores da figura 48 mantém uma estreita cooperação, criando sinergias no sentido de uma parceria estratégica essencial ao desenvolvimento da região de Ghent na Bélgica. Iniciativa público–privada... O Ghent Bio-Energy Valley é uma iniciativa conjunta da Universidade de Ghent, da Camâra Municipal, do Porto de Ghent, da Agência de Desenvolvimento da Este Flandres e diversas empresas industriais, de logística, de consultoria e engenharia relacionadas com produção de bioenergia, distribuição, armazenamento e utilização final. 102 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Resultado de uma estratégia de desenvolvimento... Sendo O Ghent Bio-Energy Valley o resultado de uma iniciativa público–privada, pode ser considerada uma iniciativa que é em si mesma uma estratégia de desenvolvimento, no sentido em que o seu fim último é direccionar as suas acções para uma sociedade sustentável, baseada na bioenergia:”...a leading european initiative for the development of the bio-based economy of the future…” 51 . Naturalmente, que esta estratégia de desenvolvimento tem uma base de interesses privados conjugados entre si. No entanto, a definição de uma orientação das políticas públicas no sentido de apoiar esta iniciativa, imprime um carácter estratégico a este cluster. Financiamento resultado da parceria... O financiamento do cluster é resultado da parceria entre entidades públicas e privadas, e aparentemente com uma componente pública significativa. As acções desenvolvidas no seio tecnológica ,quer pela elaboração de projectos, quer pela implementação de infra-estruturas de I&D, apoio das sinergias entre empresas e centros de investigação e apoio ao investimento directo na região, desenvolvimento de acções de sensibilização e de informação ao público. 51 http://www.gbev.org/ Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 103 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões do Ghent BioEnergy Valley vão, por isso mesmo, no sentido de estimular a inovação BioFuel Region 52 …a region that leads the world in biofuel … A BioFuel Region foi criada por um conjunto de actores independentes, isto é, indivíduos, empresas, centros de investigação, universidades, autoridades públicas municipais e agências de desenvolvimento e governamentais, com o fim de elaborar uma visão comum em termos de crescimento económico sustentável para a região de Västernorrland e Västerbotten, no Norte da Suécia. O objectivo desta região é tornar-se independente de combustíveis fósseis em 2020, assegurando o desenvolvimento regional e industrial em simultâneo à protecção do ambiente O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões e à segurança de oferta de energia. Breve enquadramento geográfico, económico e social A BioFuel Region situa-se nos condados Västernorrland e Västerbotten, no Norte da Suécia a 600 km de Estocolmo, compreende uma área de 77 100 km2 dos quais 49 300 km2 são de floresta, 1 600 km2 de área agrícola. Figura 49: Localização Geográfica do Biofuel Region A Suécia está dividida em 21 condados (län, em sueco), que são os seguintes (a letra denota posição no mapa): Blekinge (K) Dalarna (W) Estocolmo (AB) Gotland (I) Gävleborg (X) Halland (N) Jämtland (Z) Jönköping (F) Kalmar (H) Kronoberg (G) Norrbotten (BD) BioFuel Region Skåne (M) Södermanland (D) Uppsala (C) Värmland (S) Västerbotten (AC) Västernorrland (Y) Västmanland (U) Västra Götaland (O) Örebro (T) Östergötland (E) Fonte: Wikipédia (2007). 52 http://www.biofuelregion.se/ 104 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Em 2003 53 tinha cerca de 255 956 habitantes, tendo-se assistido nos últimos anos a uma redução da quebra dos nascimentos e a um aumento da migração líquida. Baseado na biomassa... A BioFuel Region pretende criar uma nova base de actividades económicas assente em biocombustíveis com origem em matérias-primas celulósicas. Sendo um cluster baseado numa única fonte de energia renovável, o seu catalisador é o desenvolvimento dos biocombustíveis de segunda geração, designadamente, a produção de etanol a partir de matérias lignocelulósicas e dos BTL diesel, obtido pelo processo sintético de Fischer-Tropsch destinado à gaseificação da biomassa. Cluster em consolidação... Sendo uma iniciativa começada em 2002, assistiu-se entre 2003 e 2006, a uma fase de movidos a biocombustíveis. O BioFuel Region é um cluster com base na investigação e desenvolvimento e ao localizar-se numa região com uma cultura de floresta, biomassa e engenharia associada, é facilitado o processo de criação de um cluster integrador de toda a dinâmica relacionada com o desenvolvimento da indústria de base florestal, o fornecimento das matérias-primas (biomassa), as universidades, os centros de investigação e as instituições públicas de apoio e promoção de sistemas de I&D e a aceitação pelos consumidores de um novo combustível para os seus veículos. Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas... As tecnologias energéticas dinamizam o BioFuel Region. A experiência dos principais actores da região, permitiram associar a produção de etanol, à do diesel obtido pelo processo sintético de Fischer-Tropsch (FT) destinado à gaseificação da biomassa. Deste modo, à iniciativa histórica do etanol, produzido pela hidrólise e fermentação, juntou-se o o diesel FT e o etanol também produzido por gaseificação e liquefacção. Como é um cluster em consolidação discute-se o alargamento do processo de produção de etanol, utilizando a biomassa sólida (pellets) e o biogás, bem como outros processo de gaseificação e liquefacção como o hidrogénio obtido a partir do gás. Deste modo, há margem para a implementação de novas tecnologias energéticas relacionadas com a biomassa. O BioFuel Region como está inserido numa região com uma longa tradição de actividades relacionadas com a floresta, facilmente se estabelecem sinergias que levam naturalmente à constituição do cluster e entre este e outras actividades e clusters. 53 Estatísticas da Suécia, retiradas do site da região de Västernorrland e Västerbotten. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 105 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões preparação de região para se tornar, em 2020, numa região auto-suficiente em transportes As sinergias e os actores... Existem quatro factores que contribuíram para a criação da BioFuel Region. O primeiro está relacionado com o interesse genuíno da região na energia, em especial em actividades baseadas em matérias–primas celulósicas. O segundo factor diz respeito ao passado em protecção ambiental dos principais actores, que consideram que o desenvolvimento sustentável é a base de todo o processo. O terceiro corresponde à forma de gestão e de financiamento do cluster e que resulta da herança de cada um dos actores na articulação das políticas nacionais e regionais no lançamento de iniciativas de longo prazo. O quarto factor diz respeito à nova política para a energia comunitária, que ao colocar a tónica nas energias renováveis e em particular à biomassa, deu credibilidade ao desenvolvimento da actividade económica na região. O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Figura 50: Exemplo das Sinergias do Biofuel Region Produção de energia e materiais químicos reciclados p/ ind. papel consórcio regional Aliança entre instituição financeira e seguradoras regionais Ecodevelopment Nordsvensk Etanolsamverkan AB aquisição Empresa distribuidora de energia SKELLEFTEA KRAFT AB Empresa instalação de equipamentos eléctricos e energia Empresa instalação de equipamentos eléctricos e energia Norrtull Energi integração Etek Etanolteknik Empresa na área de aproveitamento de pellets produtora etanol a partir de biomassa florestal Fonte: Elaborado com base em informação do site do BioFuel Region. As sinergias do BioFuel Region vão muito para além daquelas exemplificadas e que ocorrem na região de Västernorrland e Västerbotten, com integração de actores deste cluster em projectos internacionais, considerados como exemplos de boas práticas para se atingir uma economia sustentável baseada em energias renováveis. 106 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais CAIXA 12: “SEKAB - BioFuel NA SUÉCIA” Ao nível comunitário, a SEKAB está envolvida no Projecto BEST (Bioethanol for Sustainable Transport), que visa promover a introdução do etanol e dos veículos fuel-flexible no mercado comunitário, e no projecto NILE (New Improvements for Ligno-cellulosic Ethanol), financiado no âmbito do 6º Programa–Quadro de Investigação e Desenvolvimento para o desenvolvimento de enzimas, novos tipos de açúcar para produzir etanol e crescente integração do processo de produção para reduzir o consumo de energia, promovendo o desenvolvimento dos biocombustíveis de segunda geração. Este cluster integra cerca de 200 a 250 membros, organizados por grupos de trabalho, incluindo investigadores e peritos em biocombustíveis e indústria florestal, gestores de empresas fabricantes de veículos automóveis, de petróleo, pasta e papel e autoridades públicas (figura 51). Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 107 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões A SEKAB é produtora de biocombustíveis na Suécia há mais de vinte anos, fornecendo este combustível aos transportes públicos de passageiros. Actualmente existem cerca de 600 autocarros, movidos a etanol, a operarem na Suécia. Em 1994, foram introduzidos os primeiros veículos fuel-flexible, movidos a petróleo e etanol. Simultaneamente, a BAFF (BioAlcohol Fuel Foundation) e a SSEU (Swedish Etanol Development Foundation) iniciaram um processo de promoção da utilização do etanol junto dos munícipios. A aquisição de veículos e a instalação de bombas de abastecimento, baseados em etanol, demoraram 10 anos a ser introduzidos. As principais construtoras de veículos automóveis como a SAAB, a VOLVO e a Ford Sweden, são líderes na produção de veículos fuel-flexible. Actualmente, existem cerca de 1000 bombas de abastecimento de etanol na Suécia (espera-se um aumento para 2400 em 2009) e mais de 70000 veículos fuel-flexible. Figura 51: Os Actores da Biofuel Region Municípios: Härnösand, Kramfors, Lycksele Norsjö, Robertsfors, Skellefteª Sorsele, Storuman, Sundsvall Umeª, Vilhelmina, Vindeln Vännäs, Aªsele, Örnsköldsvik Administração Pública: Universidades: Umeª University Mid Sweden University Swedish University of Agr.Sciences O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões ESAM AB Equipamento transporte e componentes Västernorrland County Västerbotten County Swedish Road Administration Nutek EcoDevelopment AB Produção de energia e materiais químicos reciclados p/ ind. papel empresa construtora / imobiliária Empresa consultora em desenvolvimento sustentável Norrskog Economic Association empresa fab.produtos madeira Produtora e distribuidora de bioetanol Produtora de diesel sintético Fonte: Elaborado com base em informação do site do BioFuel Region. Uma iniciativa pública... O aparecimento deste cluster tem origem num programa nacional de financiamento de sistemas de inovação e clusters (Visanu), resultado da parceria entre a ISA (Invest in Sweden Agency), agência pública de promoção do investimento, a Nutek (Swedish Agency for Economic and Regional Growth), agência pública para incentivar a expansão de empresas para regiões dinâmicas e a VINNOVA (Swedish Agency for Innovation Systems), agência pública de promoção do crescimento sustentado e sistemas de inovação eficientes. Resultado de uma estratégia de desenvolvimento... O BioFuel Region localiza-se numa região com longa tradição de desenvolvimento de biocombustíveis e da engenharia, sendo os condados de Västernorrland e Västerbotten, uma das principais regiões florestais e de actividades económicas relacionadas com a floresta da Suécia. Este cluster, considerado como um processo de longo prazo, com actores motivados e uma produção crescente de matéria-prima, apresenta grandes potencialidades em termos de 108 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais negócio, sendo visível a interacção entre sector público/privado/centros de investigação com o objectivo de atingir uma economia regional sustentável, baseada em energias renováveis e líder em conhecimento. A estratégia passa pela mobilização, comprometimento e participação activa dos actores, que actuam grupos: I&D, Acção Pública, Desenvolvimento industrial, Financiamento, Escolas e Envolvimento da Educação de Adultos (quadro 5): Quadro 5: Estratégia de Mobilização dos Actores na Biofuel Region Grupo das Matérias-primas: análise dos ciclos de vida inventário das matérias-primas da região programa de investigação p/ aumentar a oferta de matérias-primas na região Grupo de Investigação: gaseificação da biomassa, hidrólise de materiais celulósicos estacionamento público p/ veículos "limpos" influenciar a opinião pública p/ aceitar novas estações de abastecimento divulgação de informação na região Financiamento de longo prazo identificação das potenciais fontes de financiamento financiamento público nacional e comunitário estudo preliminar de demonstração da produção de etanol, p/ incentivar ao financiamento aquisição da SEKAB (Svensk Etanolkemi AB) empresa sueca produtora de etanol por um consórcio de empresas industriais Desenvolvimento industrial mapeamento da actividade industrial existente e das potenciais opções estratégicas testes na unidade industrial piloto de produção de etanol possibilidades de estabelecer um consórico de mepresas industriais p/ aquisição da SEKAB estudo preliminar de produção de diesel sintético encontros c/ empresas Escolas projectos p/ preparação de estudantes do secundário estudos de materiais Envolvimento e Educação de Adultos estudo de materiais formação Fonte: Visanu 2005. No final de 2004, a BioFuel region estabeleceu uma agenda estratégica, definiu a visão e missão deste cluster (quadro 6), mas de uma forma flexível, podendo sempre adaptar-se ao dinamismo do cluster. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 109 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões workshops e redes de cooperação Acção Pública Quadro 6: A Estratégia da Biofuel Region Missão e motivação comum: iniciativa regional que decorreu da necessidade de converter o sistema de transportes p/ um modo sustentável. Esta iniciativa reuniu todas as partes interessadas da região e do Governo Visão: os transportes da região serão abastecidos a 100% por biocombustíveis e passará a ser um exemplo mundial de boas práticas de conversão p/ um sistema de transporte sustentável: 1. Modelo de um Mundo autosuficiente em 2020 2. Desenvolvimento económico regional 3. Líder em conhecimento em 2020 Estratégia: activar e mobilizar o maior número possível de actores p/ o crescimento e desenvolvimento económico sustentável. A iniciativa alarga-se ao exterior se isso for necessário p/ promover a sustentabilidade do modelo: - integração de actores independentes - enviar sinais claros ao mercado do que se pretende e de onde se quer estar - fornecer informação e proporcionar a construção de alianças estratégicas - desenvolver o conhecimento e alterar preconceitos p/ desenvolver projectos industriais Exemplos de objectivos quantificados: O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões 85% dos cidadãos devem ter contaco c/ a BioFuel Regio em 2008 80% dos actores individuais em posições chave devem estar envolvidos antes de 2010 80% da frota de veículos públicos devem ser abastecidos por biocombustíveis em 2010 60 estações de abastecimento adicionais em 2009 30 autocarros a mais movidos a etanol antes de 2010 Fonte: Visanu 2005. Financiamento resultado do incentivo público à investigação e desenvolvimento... A BioFuel Region é financiada pelo programa nacional sueco de apoio aos sistemas de inovação e clusters (Visanu). Este cluster é financiado por um grupo constituído para o efeito e que reúne um conjunto de actores relacionados com empresas privadas, fundos comunitários (6º Programa–Quadro I&D) e financiamento público (The Swedish Climate Investment Program – KLIMP), (Innovation Action e The Northern Periphery). Os clusters baseados em biocombustíveis aqui descritos, Ghent Bio-Energy Valley e o BioFuel Region, são clusters com uma base de investigação e desenvolvimento tecnológico muito forte, focalizados numa única fonte de energia renovável, orientados para o desenvolvimento estratégico de uma região, mas com um pendor para a internacionalização e de ambição de serem considerados boas práticas na definição de uma economia baseada em biomassa. 110 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais III. GRAU DE PROXIMIDADE DOS CLUSTERS SEGUNDO O OBJECTIVO, O MODO DE ORGANIZAÇÃO E AS TECNOLOGIAS. UMA INTERPRETAÇÃO. A tradição cultural, história económica e social são fundamentais na análise dos clusters porque estes são o resultado do passado de maior ou menor empreendorismo, do grau de intervenção da política económica na economia, das necessidades reveladas em termos de cooperação, de partilha de informação e de conhecimento. Os clusters de energias renováveis têm uma relação fortíssima com o nível de inovação de cada país e ou região. A permanente investigação e desenvolvimento é um pilar fundamental na consolidação dos clusters. Das 16 experiências analisadas foi possível observar que existe uma proximidade entre clusters de vários países/regiões em torno de três princípios: o objectivo de cada cluster, o energéticas. De acordo com cada um dos princípios assim se pode estabelecer a proximidade dos clusters. Em qualquer um dos objectivos, os clusters surgem sempre como uma via para acelerar a transição para um novo paradigma energético, mobilizar os actores e partilhar a informação e o conhecimento. Proximidade dos clusters pelo objectivo... Das experiências analisadas, os objectivos mais frequentemente referidos para a constituição dos clusters foram atingir uma economia baseada no hidrogénio e atingir o desenvolvimento sustentável, seja do País e ou de uma região. Admitindo que destes 16 casos se destacam dois objectivos, embora possa haver situações híbridas: o objectivo de se atingir uma economia baseada no hidrogénio, quer a partir do conjunto das energias renováveis, quer a partir da energia eólica por si só; o objectivo de atingir o desenvolvimento sustentável, quer pela via do conjunto das energias renováveis, quer a partir da biomassa, ou da energia eólica ou do solar fotovoltaico mais isoladamente. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 111 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões modo de funcionamento e de organização e o posicionamento em termos de tecnologias Figura 52: Proximidade dos Clusters por Objectivo atingir sociedade baseada no hidrogénio RENOVÁVEIS EÓLICA BAVIERA DINAMARCA CLUSTER CONSOLIDADO REFERÊNCIA MUNDIAL BRITISH COLUMBIA / VANCOVUER VICTORIA ISLÂNDIA ATLANTA CANADA / PRINCE EDWARD ISLAND CAPENERGIES TENERRDIS O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões CLUSTER EM CONSOLIDAÇÃO DERBI CLUSTER EMERGENTE atingir desenvolvimento sustentável RENOVÁVEIS BIOMASSA EÓLICA SOLAR FINLÂNDIA CLUSTER CONSOLIDADO PAÍS BASCO REFERÊNCIA MUNDIAL ESCÓCIA BIOFEUEL REGION CLUSTER EM CONSOLIDAÇÃO CLUSTER EMERGENTE GHENT BIOENERGY VALLEY Barcelona PORTUGAL SAXÓNIAANHALT BITTERFELD Legenda: as cores dos clusters estão relacionadas com as cores das bandeiras dos respectivos países. Fonte: Elaborado com base na informação recolhida dos diversos sites. 112 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Da observação da figura 52, verifica-se que cinco países apostaram num caminhar para uma economia baseada no hidrogénio: Dinamarca, Canadá, França, Alemanha e Islândia. O posicionamento dos actores (públicos e privados) nestes países induzem uma actividade industrial, científica e de promoção e informação ao público de tecnologias energéticas renováveis que permitam atingir uma economia baseada no hidrogénio, naturalmente condicionadas pela disponibilidade de recursos energéticos endógenos de cada país. Nos restantes sete países a constituição dos clusters das energias renováveis é uma forma de acelerar o processo para atingir uma sociedade com um desenvolvimento sustentável. Inclui-se o caso de Portugal com a aposta no desenvolvimento do cluster eólico. Outra forma de analisar a proximidade dos clusters, complementar à análise da proximidade por objectivo, é através das energias renováveis que estiveram na base da criação dos clusters. De uma forma simplificada 54 , podem-se posicionar os clusters num quadrado cujos vértices são pilhas de combustível/hidrogénio; eólica on-shore, eólica off-shore e energia das Figura 53: Proximidade dos Clusters por Energias Renováveis Hidrogénio e Fuel Cells VANCOVUER VICTORIA ALEMANHA DINAMARCA BAVIERA ESCÓCIA Eólica Eólica offshore Energia Ondas ATLANTA CANADA SAXÓNIAANHALT PAÍS BASCO PORTUGAL CAPENER GIES DERBI Solar Fotovoltaico Térmico TENERRDIS FINLÂNDIA GHENT BIOENERGY VALLEY BIOFEUEL REGION Suécia Biocombustíveis 54 Não se considerou a energia hídrica, apesar da sua importância na maioria dos países, ao nível do balanço energético. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 113 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões ondas; solar fotovoltaico e térmico solar e bicombustíveis/bioenergia. Hidrogénio e Fuel Cells Eólica Eólica offshore Energia Ondas Solar Fotovoltaico Térmico Biocombustíveis ALEMANHA DINAMARCA ESCÓCIA VANCOVUER VICTORIA ATLANTA CANADA O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões BAVIERA PAÍS BASCO FINLÂNDIA CAPENER GIES TENERRDIS PORTUGAL GHENT BIOENERGY VALLEY BIOFEUEL REGION SAXÓNIAANHALT DERBI Ligação Forte com as energias renováveis Ligação Fraca com as energias renováveis Legenda: as cores dos clusters estão relacionadas com as cores das bandeiras dos respectivos países. Fonte: Elaborado com base na informação recolhida dos diversos sites. 114 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Os clusters mais focalizados numa única fonte de energia renovável são aqueles localizados na Islândia, Portugal, Saxónia-Anhalt, Biofuel Region, Atlanta Canada, Dinamarca e Escócia. Os mais diversificados do ponto de vista de fontes de energia primária renováveis são os clusters situados na Baviera, País Basco e no pólo de competitividade Capenergies. Proximidade dos clusters pelo modo de organização e consequente funcionamento... Da observação do modo de organização dos clusters e consequente funcionamento, verificou-se que, independentemente, do objectivo que se propõem, “atingir uma sociedade baseada no hidrogénio” ou “atingir o desenvolvimento sustentável”, há diferentes formas de organizar o cluster. Sumariamente, distinguiram-se três categorias de organização dos clusters: aqueles que resultam da organização da actividade económica, em conjugação com outros clusters que se desenvolveram na região, formam um todo coeso, resultado de uma orientação estratégica com sucesso e que ultrapassou as fronteiras da região, aqueles que resultam de muito mais do que uma estratégia de desenvolvimento, é um desígnio nacional/regional, com a formulação dos poderes públicos de uma visão e de planos de acções que enquadram a acção do Governo e orientam as escolhas dos actores; dois exemplos de uma conjugação clara dos interesses privados e públicos e que não reflectem apenas uma orientação da política pública. Figura 54: Proximidade dos Clusters por modo de Organização e de Funcionamento organização da actividade económica em clusters CLUSTER CONSOLIDADO REFERÊNCIA MUNDIAL BAVIERA PAÍS BASCO CAPENERGIES Desígnio Nacional / Região Construção de uma Visão; Roadmap ou Plano de Acção DINAMARCA FINLÂNDIA ISLÂNDIA ATLANTA CANADA / PRINCE EDWARD ISLAND BRITISH COLUMBIA / VANCOVUER VICTORIA GHENT BIOENERGY VALLEY ESCÓCIA CLUSTER EM CONSOLIDAÇÃO conjugação interesses privados e públicos TENERRDIS BIOFEUEL REGION DERBI CLUSTER EMERGENTE PORTUGAL Barcelona SAXÓNIAANHALT BITTERFELD Legenda: as cores dos clusters estão relacionadas com as cores das bandeiras dos respectivos países. Fonte: Elaborado com base na informação recolhida dos diversos sites. A proximidade dos clusters pelo modo como se organizam é distinta da verificada pelo objectivo. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 115 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões com projecção internacional; As regiões da Baviera e País Basco apresentam uma organização dos clusters muito bem estruturada, com uma entidade pública que gere as relações entre os actores dentro do cluster e entre clusters. Surgem ainda nesta categoria os pólos de competitividade franceses e o parque tecnológico de Barcelona, em diferentes estádios de maturidade dos clusters. A maior parte dos casos analisados são um “instrumento” de um desígnio nacional, uma aposta clara do Governo nacional/regional ao nível de orientação estratégica: Dinamarca, Finlândia, Canadá, Islândia, Escócia, Portugal e a Região de Västernorrland e Västerbotten, na Suécia. Incluem-se as experiências de Ghent, na Bélgica e de Bitterfeld na Saxónia-Anhalt, na Alemanha, pela sua singularidade, na relação entre os agentes públicos e privados. O posicionamento dos clusters ao nível das tecnologias energéticas.... A criação dos clusters reflecte, para além das fontes de energia primária endógenas, a tradição cultural, económica e científica, do país ou região, as sinergias que se estabelecem Para a maioria dos clusters analisados é possível constatar as relações entre as tecnologias energéticas e as tecnologias relacionadas com a mecânica e equipamentos electrónicos, os equipamentos eléctricos e automatismos, a aeronautica e aerodinamismo, a indústria offshore de petróleo, gás e tecnologias submarinhas, as tecnologias de informação e comunicação, a pasta e papel, os produtos metálicos, a química, as indústrias de resíduos e a floresta e os novos materiais. Figura 55: Pontos Fortes Sectoriais nas Regiões de alguns Clusters de Energia Renovável Novos Materiais FINLÂNDIA Química FINLÂNDIA Energia Florestal PORTUGAL BAVIERA BIOFEUEL REGION Suécia Rhône-Alpes ESCÓCIA GHENT BIOENERGY VALLEY TENERRDIS Madeira & Resíduos Off-Shore Industries DINAMARCA Electrónica & TIC's Pasta e Papel ATLANTA CANADA Material Eléctrico Mecânica O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões ao nível das tecnologias de origem diversa, base do padrão sectorial. PAÍS BASCO Agroindústrias Automóvel Aeronautica Legenda: as cores dos clusters estão relacionadas com as cores das bandeiras dos respectivos países. As cores dos sectores pretendem distingui-los um dos outros. Fonte: Elaborado com base na informação recolhida dos diversos sites. 116 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Analisando com mais detalhe 12 dos clusters, é possível afirmar que, na generalidade, a interacção com actividades de mecânica, electrónica & TIC’s, material eléctrico, automóvel e aeronautica é muito importante. Nos clusters baseados na energia eólica, em especial eólica off-shore, como a Escócia, Atlanta Canada e Dinamarca, salienta-se a importância das indústrias off-shore de petróleo e gás e tecnologias submarinhas. Os clusters baseados em biomassa e bioenergia, como Ghent, na Bélgica, e a BioFuel Region na Suécia, têm uma ligação natural com as actividades madeira e resíduos, pasta e papel, química e agroindústrias. Os clusters da Baviera, do País Basco e o pólo de competitividade capenergies, pela sua estrutura e organização têm uma diversidade de inter-relações com outras actividades, salientando a importância da mecânica, electrónica & TIC’s, aeronáutica, automóvel e os novos materiais. princípios: o objectivo de cada cluster e o modo de funcionamento e de organização, e que não são coincidentes na forma como os clusters “se posicionam”. Em qualquer um dos objectivos, os clusters surgem sempre como uma via para acelerar a transição para um novo paradigma energético, mobilizar os actores e partilhar a informação e o conhecimento. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 117 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Existe uma proximidade entre clusters de vários países/regiões em torno de dois IV. CONCLUSÃO O objectivo deste trabalho é analisar até que ponto o desenvolvimento das energias renováveis está associado ao desenvolvimento de clusters. Isto tem implicações em termos da definição de “cluster de energias renováveis”, como se constituem, extravasando para lá do que é considerado como uma mera iniciativa isolada de uma empresa ou de uma autoridade pública na promoção das energias renováveis. Naturalmente, a conjugação destes dois aspectos (clusters e energias renováveis) estão relacionados com o desenvolvimento sustentável e num sentido mais estrito, com a protecção do ambiente. Além disso, a análise dos “cluster de energias renováveis” só faz sentido num contexto de inserção no território, decorrente das suas localizações e dinâmica regional/local. Foram analisadas 16 experiências, cinco das quais de âmbito nacional, e as restantes com um carácter regional, com detalhe diferenciado segundo a informação disponível e a O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões importância atribuída em termos das potencialidades de desenvolvimento tecnológico das energias renováveis. No âmbito dos clusters consolidados, encontra-se uma diversidade de situações, sendo possível verificar dois objectivos distintos mas que se interligam, isto é, existem clusters claramente criados para promover o desenvolvimento sustentável pela via da adopção de energias renováveis (experiências finlandesa, francesa e basca) e outros mais ambiciosos com o objectivo de acelerar o processo rumo a uma sociedade baseada no hidrogénio (experiências dinamarquesa, islandesa, baveriana e das regiões canadianas), sendo que estes últimos partem de uma base de energias renováveis, dominada pela energia eólica e menos em solar fotovoltaico. Com uma forte presença do Estado na definição, orientação e apoio financeiro, logístico e científico ao desenvolvimento e consolidação dos clusters, encontram-se experiências diferentes em termos do modo de organização e de funcionamento dos clusters: desde a organização da actividade económica em clusters industriais como é visível nas experiências basca, baveriana e francesa (através da criação do pólo de competitividade Capenergies) com forte interacção dos actores entre clusters e dentro de cada um; ou experiências em que se define uma visão, planos de acção e planos estratégicos com desígnio nacional como na Dinamarca e Canadá. Os clusters de energias renováveis emergentes, apresentam uma diversidade de situações, quer do ponto de vista da fonte de energia renovável utilizada (várias renováveis como em França, Escócia e Catalunha, ou apenas energia eólica em Portugal), quer do ponto de vista de “organização” e do promotor do cluster (pólo de competitividade, em França, Governo Regional (Escócia e Catalunha) ou governo nacional (Portugal) e ainda, do envolvimento dos actores (públicos e privados com forte ênfase nos centros de I&D, na França, Escócia, Catalunha ou privados como em Portugal). 118 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Sendo clusters que apresentam potencialmente todas as características de um cluster mas ainda num estádio de evolução inicial, no sentido em que as sinergias entre os actores são ainda poucas ou frágeis, corresponde a uma fase inicial de um processo. Distingue-se o caso francês, com um modelo mais evoluído dos restantes, em termos de interacção clara entre os actores, e o escocês como o caso menos claro dessa interacção (mas, provavelmente o mais natural). Em qualquer dos casos, a política pública foi decisiva para o impulso inicial de desenvolvimento destes clusters e todos tiveram na base as potencialidades de recursos energéticos endógenos. Os clusters baseados em biocombustíveis aqui descritos, Ghent Bio-energy Valley e o BioFuel Region, são clusters com uma base de investigação e desenvolvimento tecnológico muito forte, focalizados numa única fonte de energia renovável, orientados para o desenvolvimento estratégico de uma região, mas com um pendor para a internacionalização e de ambição de serem considerados boas práticas na definição de uma economia baseada em energias energético no sentido de se atingir o desenvolvimento sustentável. Existe uma proximidade entre clusters de vários países/regiões em torno de dois princípios: o objectivo de cada cluster e o modo de funcionamento e de organização. Em qualquer um dos objectivos, os clusters surgem sempre como uma via para acelerar a transição para um novo paradigma energético, mobilizar os actores e partilhar a informação e o conhecimento. A diversidade de experiências registadas não esgota a análise. Novos desenvolvimentos deste documento, poderão ser a extensão desta análise aos clusters de energias renováveis das regiões dos Estados Unidos da América e dos países Asiáticos. De facto, constataram-se várias outras experiências fora da Europa e do Canadá, bastante interessantes no modo de funcionamento e de organização como as experiências da Califórnia, Massachusetts, Connecticut, Texas, New Mexico e Oregon. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 119 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões renováveis. Em qualquer destes casos, o objectivo último é a alteração do paradigma BIBLIOGRAFIA Alemanha www.invest-in-germany.com (2007). Região Baviera http://www.bavaria.org/energy.php http://bayern-innovativ.de http://www.invest-in-bavaria.com/ http://www.scribd.com/doc/338243/Bavaria-Solarpark Região Saxonia-Anhalt http://www.qcells.de/ O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Bélgica Região Ghent http://www.gbv.org/ Wim Soetaert: “Ghent Bio-Energy Valley – A Public Private Partnership to Promote BioEnergy Devolopment” apresentação no seminário Renewables 2020, Julho de 2007, Presidência Portuguesa da União Europeia. Alco Bio Fuel (www.alcogroup.com). BIORO (www.bioro.be) Oiltanking (www.oiltanking.com) Ole Langnib e Katrin – Dorothee Heer (2007). 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Checa Eslováquia Eslovénia Hungria Estónia Winrock International India Promotor Entidades Públicas/ associações empresas 1)KanEnergie Ecoex 2)O.Ö.Energisparve rband - OEC 3)GreenPartner Norsk Enök & Energi 4)South-West Wood Fuels 5)RhônalpénergieEnvironment – ÉcoÉnergies Lyon Chambre of Commerce 1) Biomassa solar 2) Renováveis 3) Biomassa 4) Biomassa 5) Renováveis Empresa privaa 1) Tecnologias ambientais, gestão resíduos e energias renováveis 2) agro-indústrias 3) engenharia mecânica e ferramentas e componentes Empresa privada 1) Gestão recursos naturais 2) energia e ambiente 3)alterações climáticas Centro de investigação ISET energias renováveis electricidade distribuída 1) construção laboratório pan-europeu de integração de fontes energia descentralizadas 2) Multi-micro redes 3) I&D integração em larga escala de fontes na electricidade distribuída 4) centrais eléctricas virtuais em larga escala 5) roadmaps p/ electricidade distribuída 6) estabilização da rede eléctrica 7) penetração elevada de energias renováveis 8) tecnologias de armazenamento p/ renováveis intermitentes 9) introdução TIC e sist. inteligentes na rede 10) renováveis na rede e novas tecnologias Empresa consultora IRED Integrated of Renewable Energy Sources and Distributed Generation into the European Electricity Grid Cluster Europeu de Projectos I&D da UE Alemanha Projectos: 1) Der-Lab 2) More MICROGRIDS 3) SOLID-DER 4) FENIX 5) SUSTELNET 6) DISPOWER 7 )Dgnet 8) INVESTIRE 9) CRISP 10) DGFACTS 124 | da Sphera | Março 2008 1) Alemanha 2) Grécia 3) Países Baixos 4) Espanha 5) Países Baixos 6) Alemanha 7) Espanha 8) França 9) Países Baixos 10) Espanha Fonte energia 1) ISET (11 parceiros) 2) ICCS / NTUA (22 parceiros) 3) ECN (15 parceiros) 4) IBERDROLA (22 parceiros) 5) ECN (10 parceiros) 6) ISET (38 parceiros) 7) IBERDROLA (38 parceiros) 8) CEA/GENEC (35 parceiros) 9) ECN (10 parceiros) 10) LABEIN (12 parceiros) Estádio I&D / cluster Tecnologias existentes; Criação mercado (PME’s) / Inicial (2005 – 2007) Tecnologias existentes; Criação mercado (PME’s) Tecnologias existentes; Criação mercado (PME’s) Investigação fundamental Apoio tecnológico à indústria Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais (continuação) País Cluster das eólicas Portugal Cluster das eólicas Espanha Cluster da energia Espanha Cluster das energias renováveis Espanha Região Promotor Norte do País (nacional) Governo Norte e costa este (nacional) Governo País Basco Governo regional Fonte energia éolica Investigação aplicada; criação do cluster / emergente eólica Investigação aplicada / cluster em consolidação sinergias c/ aeronautica, automóveis renováveis Tecnologias existentes; Criação mercado/ cluster em consolidação renováveis e fusão nuclear (projecto ITER em Barcelona) Investigação fundamental e aplicada (IREC); renováveis, materiais avançados e electrónica / cluster em consolidação Massachusetts Governo regional renováveis Investigação fundamental e aplicada cluster consolidado/ sinergias c/ electrónica, centros de I&D, eficiência indústria Oregon biomassa ondas Investigação fundamental e aplicada cluster em emergência / consolidação/ sinergias com co-geração, fuel cells, outras renováveis renováveis, eficiência energética, conservação energia, energia limpa Tecnologias existentes; cluster em consolidação/ sinergias de pólos de competitividade biomassa Investigação fundamental e aplicada/ cluster consolidado/ biohidrogénio renováveis eficiência energética, conservação energia Investigação fundamental e aplicada/ cluster em emergência/ sinergias c/ TIC’s, ENEOP (utilities) Acciona, Iberdrola; Endesa (utilities) Associação empresarial Catalunha Governo regional “cluster completo” Massachusetts EUA clean energy cluster Hub das actividades energias renováveis “cluster completo” OREGON Science and Technological Partnership EUA Intervenção governo regional – plano de acção Green Building Bélgica Cluster Wallonia Ghent BioEnergy Valley Ghent Bélgica Energy Cluster Dinamarca Fionia Governo regional Parcerias públicoprivadas “knowledge based bioeconomy” Regional energy cluster with Kyoto Perspective Empresa privada c/ ligação à academia Sul do País – Odense capital de Funen Iniciativa conjunta público-privada da Universidade, Câmara, Porto e Agência Desenvolvimento Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 125 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Designação Estádio I&D / cluster (continuação) Designação País Cluster Energia Eólica Dinamarca Região Promotor Fonte energia Nacional Governo eólica Environmental Finlândia Technology Cluster Nacional Governo desenvolvimento Investigação sustentável fundamental e aplicada/ cluster consolidado (1994) Finnish Finlândia / Environmental China Cluster for China (FECC) Actuar na China Governo desenvolvimento Tecnologias existentes/ sustentável cluster emergente (2006) Derbi (pour França Dévelopment des Énergies Renouvelables dns le Bâtiment et l’Industrie) Languedoc Roussilon Governo renováveis Tecnologias existentes/ cluster emergente / consolidação (2005) (pólo de competitividade) Tenerrdis França Rhône-Alpes Governo renováveis Investigação fundamental e aplicada (pólo de competitividade de investigadores)/ I&D em Hidrogénio / fuel cells Capenergies França Capa e Corse CEA e EDF renováveis e nuclear Investigação fundamental e aplicada (pólo de competitividade)/ fusão nuclear, hidrogénio, rede eléctrica, produção centralizada / descentralizada, combustíveis sintéticos “cluster completo” Futura sociedade do hidrogénio O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Estádio I&D / cluster Green Net Finland Investigação fundamental e aplicada/ cluster consolidado/sinergias c/ clusters TIC’s, ciências da vida energias renováveis/Innovation Center Denmark ligação a Silicon Valley Environmental Canadá Technology Cluster British Governo Columbia, Alberta, Quebéc, Atlantic Canadá, Saskatchewan, Manitoba renováveis, Investigação desenvolvimento fundamental e aplicada/ sustentável clusters consolidados/ sinergias entre actividades Oreg (Ocean Renewable Energy Group) Canadá British Columbia (inicio) Nacional Associação empresas / Powertech Labs oceânica Investigação fundamental e aplicada / cluster em emergência RENERTEC (Regional Centre for Renewable Energies) Itália South Tyrol Innovation Park TIS renováveis Investigação fundamental e aplicada/ cluster em consolidação/ sinergias com outros clusters: TI, Alimentar, Floresta, Desporto, etc Tynedale Renwables Cluster Reino Unido Tynedale (região Inglaterra e País Gales) Governo regional desenvolvimento Tecnologias existentes / sustentável apoio a PME’s/ sinergias entre sectores mas não cluster 126 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais (continuação) Designação East England Energy Group País Reino Unido Região East England Promotor Fonte energia Estádio I&D / cluster Empresa privada criada da associação de empresas de energia energia (renováveis, gás e petróleo) Investigação fundamental e aplicada biomassa Tecnologias existentes; Criação mercado rede de instituições Beacon Innovation Centre Scottish Forest Industries Cluster Reino Unido Escócia BioFuel Region Suécia Västernorrland Governo e Västerbotten regional biomassa (2ª geração) Investigação fundamental e aplicada/cluster em consolidação Taupo / nacional geotérmica e biomassa Tecnologias existentes; Criação mercado/ Empresa que fomenta redes entre empresas NZCEC O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Nova New Zeland Zelândia Clean Energy Centre (NZCEC) Scottish Enterprise Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 127 Figura A2: Projectos de Aquecimento e Arrefecimento com Energias Renováveis Designação 5 EURES Constituição de mercados regionais de bioenergia como ex. de projectos futuros BIOMASS PARTNERSHIPS Estabelecimento do mercado da biomassa Transmitir conhecimento e experiências das regiões mais desenvolvidas para as menos desenvolvidas O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões BioProm Criação de emprego; promoção da implementação das energias renováveis; novos mercados para a prestação de serviços e poupanças em combustíveis fósseis. Objectivo Duração Financiamento Transferência de know-how p/ 5 estruturas regionais: IST e Irradiare – Portugal FOAL, Avridis – Lituânia DMAH – Espanha FHE, Cebra, Finpro – Alemanha VTT, Metla, NCP, LUVA – Finlândia 01/2005 – 12/2007 € 2.044.150 (50% UE) Criar pelo menos uma parceria em cada região: STEM – Suécia Motiva Oy – Finlândia O .Ö. Energiesparverband – Áustria SWEA –Reino Unido IZES – Alemanha RAEE – França VITO – Bélgica SEC – Bulgaria NIFES – Reino Unido 01/2005 – 02/2007 € 832.062 (50% UE) 01/2005 – 06/2007 € 717.942 (49.7% UE) 01/2005 – 02/2007 € 943.434 (50% UE) Criação da visão da bioenergia: ABA – Áustria AEBIOM / VALBIOM – Bélgica EUBA – Bulgaria FINBIO – inlandia ITEBE – França BBE – Alemanha SVEBIO – Suécia CARMEN – Alemanha 01/2005 – 12/2006 € 720.029 (50% UE) Formação p/ instalação de equipamentos de aquecimento água solar, caldeiras e sistemas de aquecimento a biomassa na: APE – Eslovénia BSREC – Bulgária CRES – Grécia FhG-ISI – Alemanha Intiam Ruai Sl – Espanha IT Power, ISPQ – Reino Unido LEI – Lituânia AEA, Arsenal – Áustria Solpros Avoin – Finlândia WIP – KG – Alemanha 01/2005 – 12/2006 € 1.500.000 (50% UE) Identificação de barreiras que entravam a entrada da biomassa no mercado em áreas urbanas: RAEE – França ESV – Áustria JSI – Eslovénia URV – Espanha WRS / IER – Alemanha Encorajar o desenvolvimento dos mercados de aquecimento e arrefecimento com base na biomassa, Aumentar o uso da biomassa com parceiros em: florestar para propósitos energéticos; minimizar o CENER, GAVR Navarra; EHN, L.Sole, consumo de combustíveis Iniciativas Innovadoras – Espanha fósseis; redução dos incêndios Energia.T.A, R.Tuscany, U.Florence, M.Abetone – Itália VTT – Finlândia Energidalen / Sollefteà – Suécia APE – Eslovénia European Biomass Industry – Bélgica BIO-SOUTH BOOSTING BIO Desenvolvimento da visão p/ a bioenergia c/ participação de decisores e empresas privadas EARTH Formar recursos humanos qualificados p/ instalação de sistemas de aquecimento baseados em energias renováveis 128 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais (continuação) EAST-GSR Desenvolvimento das indústrias e das redes de distribuição local Encorajar a emergência de um mercado de térmico solar sustentável: Arsenal – Áustria CRES – Grécia DENA – Alemanha KAPE – Polónia OVM – ICCPET – Roménia SEA – Eslováquia SEC – Bulgária ADEME, TECSOL SA – França UL FME – Eslovénia 01/2006 – 12/2008 € 1.082.394 (50% UE) 01/2005 – 12/2006 €641.556 (50% UE) Facilitar a criação de cadeias de valor p/ o calor c/ base em renováveis na: NEPAS – Noruega AEA – Áustria ECCM – Escócia EST – Reino Unido CBE – Portugal CRES – Grécia SWS – Irlanda APE – Eslovénia 01/2005 – 06/2007 € 581.940 (50% UE) Aumentar a utilização de biocombustíveis na: VTT, NKUAS – Finlândia SLU – Suécia SenterNovem – Países Baixos DTI – Dinamarca FNR – Alemanha CRES – Grécia FJ – BLT – Áustria SWS – Irlanda CRA – WBélgica Andalusian Energy Agency – Espanha U.Manchester – Reino Unido CBE – Portugal ADEME – França 01/2005 – 12/2007 € 1.238.466 (50% UE) Fortalecer os mercados regionais de aquecimento com base em energias renováveis, através da criação de clusters regionais de pequenas e médias empresas na: KanEnergie Sweden AB – Suécia AEA – Áustria GreenPartner, NEE – Noruega SWWF – Reino Unido RAEE, CCI Lyon – França 01/2005 – 02/2007 € 517.754 (50% UE) Avaliação das potencialidades do mercado europeu de aquecimento e Comparação de dados; arrefecimento, em especial de identificação de acções e sistemas centralizados na: DFF – Dinamarca instrumentos; potencialidades de poupança Finish Energy Industries – Finlândia AGFW0) – Alemanha energética e da utilização das renováveis no sector do AIRU – Itália aquecimento e arrefecimento FGVW – Áustria Swedish DH Association – Suécia EuroHeat & Power, EREC, CEWEP – Bélgica Norewegian DH Ass – Noruega SNCU – França ELVA Metodologia p/ as comunidades locais criarem negócios c/ base em aquecimento a partir de energias renováveis EUBIONET II Melhor conhecimento das tendências do mercado de biocombustíveis, das cadeias energéticas e das directivas implementadas GREEN ENERGY CLUSTERS Cooperação entre empresas nos clusters, troca de experiências e de conhecimento Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 129 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões ECOHEATCOOL (continuação) K4RES – H Aumento de importância das energias renováveis no aquecimento e redução do peso dos combustíveis fósseis e da energia nuclear PREHEAT Abordagem europeia coerente no que respeita o desenvolvimento e a implementação das tecnologias e armazenagem de calor O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões PROBIOGAS Estabelecimento de uma plataforma p/ o desenvolvimento de iniciativas p/ a implementação do biogás PROPELLETS Ultrapassar as barreiras no mercado e promover a utilização dos sistemas de aquecimento c/ base em “pellets” QUOVADIS Proporcionar regras comuns p/ a reconversão de combustíveis fósseis. SOLARGE Benefícios ao nível dos combustíveis fósseis, protecção ambiente, criação de emprego e desenvolvimento económico regional 130 | da Sphera | Março 2008 Desenvolvimento de um Plano de Acção p/ o sector da climatização na Europa c/ participação de entidades da: ESTIF, AEBIOM, EGEC, EREC – Bélgica EC – JRC – Itália Agencia d’Energia de Barcelona, IDAE – Espanha Energie 2000 – Alemanha 01/2005 – 06/2007 € 1.396.766 (50% UE) Aumentar as possibilidades de implementação e desenvolvimento das tecnologias de armazenagem de calor com parceiros em: ECN – Países Baixos FISES – Alemanha Ellehauge & Kildemoes – Dinamarca Building Research Establishment – Reino Unido CSTB – França 01/2006 – 06/2008 € 579.538 (50% UE) Promoção das tecnologias de biogás na Europa: incentivos fiscais, clarificação das barreiras e dos benefícios ambientais e económicos: U.Southern Denmark, DRIFE, Risoe N.L, DRAS, DAAC – Dinamarca Association Solagro – França CRES – Grécia SenterNovem – Países Baixos U.Barcelona – Espanha Methanogen – Irlanda ValBiom Asbl – Bélgica 01/2005 – 06/2007 € 887.178 (50% UE) Promoção no mercado dos sistemas de “pellet heating”: ESCAN – Espanha JSP – Finlândia ESV – Áustria RHPL – Inglaterra ETA – Itália 01/2005 – 01/2008 € 789.906 (50% UE) Validar as especificações da reconversão de combustíveis sólidos e reconhecimento das suas potencialidades na: CESI, ENEL, IRC, etc – Itália TAUW - Países Baixos IVD, REMONDIS – Alemanha CREED, Stratene – França Green Land R – Reino Unido VTTFinlândia Scoribel – Bélgica Sveriges L – Suécia 01/2005 – 12/2007 €2.103.978 (50% UE) Apoiar a promoção de sistemas solares térmicos na: Target, Berliner E, BSW – Alemanha ADEME, Enerplan – França Ambiente Italia – Itália Ecofys – Países Baixos Ecofys – Espanha ESTIF – Bélgica Ramboll – Dinamarca U. Ljublijana – Eslovénia 01/2005 – 12/2007 € 1.367.243 (50% UE) Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais (continuação) SOLARKEYMARK – II Melhorar o acesso dos consumidores aos produtos térmicos solares Crescimento do mercado europeu de produtos térmicos solares c/ participação de: ESTIF – Bélgica Solar KI – Dinamarca ITW – Alemanha CSTB – França SNTRI – Suécia Greenone Tec, Arsenal – Áustria Solarhart I – Países Baixos THERMOMAX – Reino Unido DEMOKRITOS – Grécia INETI – Portugal Canary Island Inst. of Tecn .Espanha 01/2006 – 12/2008 € 784.616 (50% UE) 01/05/2005 – 31/12/2007 € 2.835.190 (50% UE) Desenvolver uma metodologia p/ avaliar a quantidade de calor que é produzido por energias renováveis: SenterNovem – Países Baixos ADEME – França ADENE – Portugal AEA – Áustria CRES – Grécia KAPE – Polónia BEA – Alemanha 01/2006 – 12/2008 € 468.490 (50% UE) Proporcionar informação p/ incentivar os projectos de calor a partir de águas residuais: Berliner E – Alemanha Norconsult – Noruega ESS – Suécia GEA – Áustria 01/2006 – 12/2007 € 471.908 (50% UE) Apoio à implementação da biomassa por processos térmicos Reunir os actores da indústria para combustíveis e por e da academia p/ troca de combustão, gaseificação e pirólise conhecimentos e experiências p/ a geração de electricidade no: BioEnergy Research Group, RGL, Mitsui Babcock, U.Manchester – Reino Unido TNO, ECN – Países Baixos TUV – ICE, JOANNEUM R – Áustria VTT – Finlândia TPS – Suécia CREAR – Itália CIRAD – França ThERRA Os resultados do projecto permitirão estabelecer metas e avaliar o alcance do calor a partir de energias renováveis WasteWaterHeat Redução do consumo de combustíveis fósseis pela utilização da quase – energia renovável c/ origem nos esgotos Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais da Sphera | Março 2008 | 131 O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões ThermalNet O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões Em 2007, iniciaram-se um conjunto de projectos relacionados com: ▪ a introdução da energia geotérmica em aplicações industriais (IGEIA), com participação de países como França, Alemanha, Suécia, Portugal e Estónia; ▪ a definição das linhas de orientação para a gaseificação da biomassa segura (Gasification Guide), com participação apenas dos Países Baixos, Áustria, Alemanha, Reino Unido, Dinamarca e Bulgária; ▪ revisão e estabelecimento de regulamentação ao nível da energia geotérmica p/ a produção de calor (GTR-H). Participam o Reino Unido, Bélgica, Hungria, Polónia, frança, Alemanha e Países Baixos; ▪ promoção do mercado europeu de pellets e criação do Atlas Europeu de Pellets (PELLETS@LAS): Alemanha, Dinamarca, Áustria, Países Baixos, Bélgica, Itália, Polónia, Estónia, Hungria, França e Reino Unido são os países participantes; ▪ difusão, educação e standardização da base de dados Phyllis p/ biocombustíveis e biomassa florestal (PHYDADES). Participam os Países Baixos, a Finlândia, a Suécia, a Polónia, a Estónia, a Espanha, a Itália e a Áustria; ▪ análise das oportunidades de negócio da biomassa (BIOBUSINESS), especialmente ao nível das pequenas e médias empresas em países como Espanha, Finlândia, Alemanha, Hungria e Eslovénia; ▪ redução das barreiras ao desenvolvimento do mercado da biomassa, nomeadamente, garantir a sustentabilidade económica e a distribuição justa do valor acrescentado ao longo da cadeia de valor (RENEWED). Participam a Itália, a Hungria, a Grécia, a França, a Áustria e a Espanha; ▪ desenvolver, testar e demonstrar o kit de instrumentos (RES-HEAT/COOL-TOOL) relativo à utilização das energias renováveis no aquecimento e arrefecimento. Participam a Dinamarca, a Áustria, a Espanha, a Polónia, a Hungria, a Eslovénia, a Bulgária e a Eslováquia; ▪ promover a utilização da lenha no aquecimento mas com melhoria da qualidade e baixas emissões de carbono (Quality WOOD). São participantes a Finlândia, a Noruega, a França, a Áustria, a Espanha e a Eslovénia; ▪ apoio às iniciativas regionais de bioenergia e do mercado para aquecimento da biomassa (REGBIE+), em países como Alemanha, Polónia, Eslováquia, República Checa, Suécia, Áustria, França, Espanha, Itália, Reino Unido, Irlanda e Lituânia; ▪ e reembolso dos investimentos individuais em sistemas de aquecimento por energias renováveis, especialmente, medidas de impostos directos (REFUND+): França, Bélgica, Portugal, Áustria, Lituânia e Polónia. Fonte: Elaborado com base em “Intelligent Energy Europe: 21 innovative projects for an energyintelligent Europe”, December 2006. 132 | da Sphera | Março 2008 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais