A IMPORTNCIA DO ISLAMISMO POLTICO NO MDIO ORIENTE

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A IMPORTNCIA DO ISLAMISMO POLTICO NO MDIO ORIENTE
O CLUSTER DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS – UMA COMPARAÇÃO DAS
EXPERIÊNCIAS EM VÁRIAS REGIÕES DA EUROPA E DO CANADÁ
Susana Costa Escária 1
Resumo
O objectivo deste trabalho é analisar até que ponto o desenvolvimento das energias renováveis está
associado ao desenvolvimento de clusters. Como foi aplicado o conceito para explicar a criação de
clusters cujo catalisador é uma ou mais fontes de energia renovável, em várias regiões/países da Europa
e do Canadá?
Na generalidade dos 15 casos analisados os clusters de energias renováveis resultam de uma estratégia
de desenvolvimento regional ou nacional, com uma orientação clara da política pública, nuns casos para
atingir uma sociedade baseada no hidrogénio, sendo o exemplo mais visível a Dinamarca, e na maioria
dos casos para atingir um desenvolvimento sustentável.
As sinergias dentro e fora do clusters são dinamizadas e dinamizam as tecnologias energéticas. Os
instrumentos mais comuns para a consolidação dos clusters são a promoção de projectos de
investigação e de implementação das tecnologias, bem como, orientações da política pública por via da
regulamentação, incentivos financeiros e isenções fiscais.
As experiências analisadas são diversificadas quer em termos do objectivo, quer em termos do
funcionamento, do modo de organização e do estádio de maturidade do cluster. Independentemente das
proximidades que se podem estabelecer, a constituição de qualquer cluster é uma forma privilegiada de
perpetuar a interacção e cooperação entre os diversos actores, num ambiente de complementaridade
entre a acção da política pública e de funcionamento dos mecanismos de mercado.
CLUSTER’S RENEWABLES – CASE STUDIES IN EUROPEAN AND
CANADIAN REGIONS
Abstract
The purpose of this working paper is to find out how the renewables development can be associated to
clusters. How the cluster’s renewables apper in Europe and in Canada? Are they built strategically by the
government or its roots lay on the actors dinamism?
1
[email protected] – Técnica Superior da Direcção de Serviços de Prospectiva Estratégica.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 |
Almost in the 15 cases studied the government action determine the creation of the cluster’s
renewables. Since most of them were part of regional strategic development, or even national
development, is
the
best way to
the increase
the
research, development, deployment and
commercialisation of energy technologies and in particular renewables technologies.
Usually the countries ou regions promote research projects to deployment of the energy technologies.
This is the common way to put in place the public policy orientations. Among that measures and
incentives to invest in renewables energies are also common in the majority of the cases studies.
In any cluster the most important thing is to mantain the cooperation between actors through time. The
dinamism in clusters’s renewables is sustain by energy tecnhologies and it is only possible because it
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
alies government policy with market mechanisms.
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| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
I. INTRODUÇÃO
O objectivo deste trabalho é analisar até que ponto o desenvolvimento das energias
renováveis está associado ao desenvolvimento de clusters. O conceito de “cluster de
energias renováveis” tem implícito muito mais do que uma mera iniciativa isolada de uma
empresa ou de uma autoridade pública na promoção das energias renováveis.
Naturalmente, a conjugação destes dois aspectos (clusters e energias renováveis) estão
relacionados com o desenvolvimento sustentável e num sentido mais estrito, com a
protecção do ambiente. Além disso, a análise dos “cluster de energias renováveis” só faz
sentido num contexto de inserção no território, decorrente das suas localizações e dinâmica
regional/local.
A criação de clusters pode ser justificada por três tipos de argumentos:
competitivos e a factores de produção, em geral, mais adequados. Os mecanismos de
mercado são facilitados pela comunidade de interesses e pela confiança depositada no
funcionamento dos clusters. A complementaridade entre as empresas permite
economias de escala, por exemplo no domínio comercial. Factores de produção como
trabalho e equipamentos são mais acessíveis devido à massa crítica de empresas que
os requisita.
2. o grau de inovação das empresas aumenta devido a uma forte interacção entre os
fornecedores e os clientes e à proximidade aos centros de conhecimento.
3. a criação de novas empresas é favorecida pela existência de melhor informação sobre
as oportunidades de mercado. O cluster atrai as empresas, no sentido em que facilita
o financiamento e minimiza o risco de entrada no mercado.
O desenvolvimento das energias renováveis...
As energias renováveis reúnem todos os requisitos necessários para uma oferta sustentável
de energia. Existe um consenso alargado de que as energias renováveis são a via
sustentável para o sistema energético: são a única via que permite uma estabilidade e
flexibilidade do mercado, uma estabilidade geopolítica e uma segurança no abastecimento.
Com as energias renováveis é possível atingir-se a eficiência nos mercados. Finalmente mas
não menos importante, a utilização das energias renováveis garantem a conservação da
natureza, a protecção do ambiente e do clima (Figura 1).
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O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
1. os ganhos de produtividade devem-se à melhoria de acesso aos inputs, a preços mais
Figura 1: O Triângulo da Energia
Suportado pelas Energias
Renováveis (RES):
Possibilitado pelas Energias
Renováveis (RES):
- Estabilidade e flexibilidade do
mercado
- Estabilidade geopolítica
- Segurança de abastecimento
Triângulo
da
Energia
- Preços aceitáveis
- Mercados eficientes
- Eficiência económica
Garantido pelas Energias Renováveis
(RES):
- Conservação da natureza
- Estabilidade do clima
-Prevenção dos riscos nucleares
- Protecção do ambiente e do clima
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Fonte: Elaborado com base em "Renewable Energies", Federal Ministry of the
Environment, Nature Conservation and Nuclear Safety of Germany (2006).
No âmbito do conceito de desenvolvimento sustentável definido pela Comissão Brundtland na
Conferência do Rio de 1992 2 , “...the use of energy is only sustainable if the sufficient and
permanent availability of suitable energy resources is assured, while at the same time
limiting the detrimental effects of supplying, transporting and using the energy...”.
De acordo com esta definição, parte das potencialidades das energias renováveis poderá
derivar do facto destas fontes de energia primárias reunirem um conjunto de características
que permitem assegurar uma oferta sustentável de energia:
Igualdade de acesso e de distribuição: acesso universal e igualdade de oportunidades
aos recursos e serviços de energia;
Conservação dos recursos: manutenção dos recursos e ou de opções idênticas de
recursos e serviços de energia;
Compatibilidade entre ambiente, clima e saúde: a adaptabilidade e capacidade de
regeneração dos recursos idêntica ou superior aos problemas relacionados com o
consumo de energia, como poluição, produção de resíduos e riscos para a saúde
humana e animal;
Compatibilidade social: participação de todas as partes interessadas;
Baixo risco;
2
“Sustainable development is development that meets the needs of the present without compromising
the ability of future generations to meet their own needs”. (Federal Ministry for the Environment, Nature
Conservation and Nuclear Safety: “Renewable Energies – Innovations for the future”, April 2006).
4
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Eficiência económica;
Disponibilidade e segurança do abastecimento;
Cooperação internacional.
A base das energias renováveis reside em três fontes: na radiação solar, no movimento
gravitacional da Lua e na energia libertada pelo interior do planeta Terra (Figura 2):
Figura 2: As Fontes de Energia Renováveis
MANIFESTAÇÃO
CONSERVAÇÃO NATURAL DA ENERGIA
CONSERVAÇÃO TÉCNICA DA ENERGIA
ENERGIA FINAL
Calor,
Electricidade e
Combustível
Biomassa
Produção Biomassa
Central de Cogeração / Central de
Conversão
Hidroelectricidade
Evaporação, Precipitação e Derretimento
Central Hídrica
Electricidade
Movimento atmosférico
Turbinas eólicas
Electricidade
Movimento das ondas
Central de energia das ondas
Electricidade
Correntes oceânicas
Central de energia das correntes oceânicas
Electricidade
Aquecimento da superfície da Terra e da
atmosfera
Bomba de calor
Eólica
Radiação Solar
Calor
Conversão de energia térmica oceânica
Radiação solar
Fotólise*
Células solares, Central de energia
fotovoltaica
Colectores solares, Central témica solar
Electricidade
Combustível
Electricidade
Calor
Gravidade
Ondas
Central de energia das ondas
Electricidade
Energia libertada
interior da Terra
Geotérmica
Central de cogeração geotérmica
Calor,
Electricidade
Fonte: Elaborado com base em "Renewable Energies", Federal Ministry of the Environment, Nature
Conservation and Nuclear Safety of Germany (2006).
As potencialidades tecnológicas de utilização das energias renováveis dependem de vários
critérios, designadamente, dos limites à eficiência e à dimensão da central de geração de
energia e do potencial de desenvolvimento tecnológico; de restrições estruturais que limitam
a disponibilidade e consumo da fonte de energia e de restrições ecológicas de espaço físico
necessário, perturbações nos cursos de água ou de recursos naturais necessários.
Actualmente, a disponibilidade de energias renováveis é cerca de seis vezes superior ao
consumo de energia, o que deixa antever um enorme potencial de utilização 3 . No entanto, a
disponibilidade de energias renováveis (sendo este um dos aspectos que tem impedido uma
maior aceitação pública e um perpetuar da falta de vontade política) é variável ao longo do
tempo e da localização geográfica.
Quanto maior for a diversificação de fontes de energia primária renovável e de tecnologias
disponíveis, de uma dada região, mais fácil se torna compensar os diferenciais de potência,
mais diversificado será o mercado, com reflexo nas opções de política de energia.
3
In Federal Ministry for the Environment, Nature Conservation and Nuclear Safety: “Renewable Energies
– Innovations for the future”, April 2006.
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O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
FONTE DE ENERGIA PRIMÁRIA
O que é um ”cluster de energias renováveis”…
Existem inúmeras definições de clusters, que provavelmente não cabe no âmbito deste
documento analisá-las, mas antes ver como foi aplicado o conceito para explicar a criação de
clusters cujo catalisador é uma ou mais fontes de energia renovável.
Um cluster pode ser definido como um grupo de empresas independentes mas relacionadas
que cooperam e concorrem entre si 4 . Os clusters podem-se situar geograficamente numa
dada região e a cooperação pode assumir duas formas: formal e informal. A ideia básica de
um cluster reside numa empresa que catalisa e atrai outras empresas para o grupo. Um
cluster bem sucedido actua, no longo prazo, num sentido de bottom –up (de baixo para
cima), beneficiando de um processo de top-down (de cima para baixo) aquando da criação
do mesmo. Este processo inicial é muito útil para criar as bases de sustentação do cluster:
estratégia política, cultura e dinâmica das actividades a nível regional.
A nível regional, o desenvolvimento do mercado beneficia das vantagens da constituição de
um cluster, designadamente: a criação de sinergias, que levam a uma poupança de recursos
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
de
marketing
e
de
formação,
desenvolvimento
de
parcerias,
da
investigação
e
desenvolvimento (I&D) e de iniciativas de exportação.
A região da Wallonia 5 , na Bélgica, adaptou o conceito de cluster, desenvolvido por Porter 6 , e
define-o como um modo de organização do sistema produtivo estabelecido de acordo com a
iniciativa privada (empresas e centros de investigação) e que se caracteriza: pela presença
de um quadro de cooperação ao nível das actividades relacionadas e pelo desenvolvimento
voluntário de relações de complementaridade, verticais e horizontais, de mercado ou não,
entre as empresas para a promoção de uma visão comum de desenvolvimento. Neste
âmbito, o cluster surge como um factor de competitividade.
Desta forma, a definição de cluster não se confunde com um clube de empresários, ou com
uma associação empresarial, ou com uma aliança estratégica ou com uma joint-venture 7 .
A importância para o desenvolvimento sustentável das regiões...
O desenvolvimento sustentável das regiões pode beneficiar da conjugação dos vários
argumentos que a criação de clusters de energias renováveis podem proporcionar:
1) A criação de clusters de energias renováveis pode ser vista como uma rede de vários
peritos na área da arquitectura, da poluição e electromagnetismo, construtores e empresas
activas na renovação urbana “verde”, empresas fabricantes de materiais e componentes
4
“Green Energy Clusters , KanEnergi Sweden AB, 2007.
5
http://www.investinwallonia.com/ofi-belgium/.
6
Porter, Michael E. (1989) "A Vantagem Competitiva das nações", Campus, Rio Janeiro, Campus, 1989.
7
Joint venture ou empreendimento conjunto é uma associação de empresas, não definitiva e com
fins lucrativos, para explorar determinado(s) negócio(s), sem que nenhuma delas perca a sua
personalidade jurídica. Difere da sociedade comercial (partnership) porque visa um único projecto e a
associação é dissolvida automaticamente após o seu término.
6
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para
construção
“verdes”,
empresas
e
centros
de
investigação
empenhados
no
desenvolvimento das energias renováveis (por exemplo, no desenvolvimento de tecnologias
relativas a bombas de calor, turbinas, aerogeradores, colectores solares, equipamentos
hidráulicos), promotores de projectos especializados em tratamento de águas e organizações
de promoção das energias renováveis.
2) As alterações estruturais no sistema energético, potenciam a utilização de energias
renováveis. A Agência Internacional para a Energia 8 , definiu seis áreas onde alterações
estruturais irão beneficiar as energias renováveis:
o aumento da capacidade da rede eléctrica e o reforço das ligações entre fronteiras;
o equilíbrio e a regulamentação dos mercados de energia;
o reforço da adopção de mecanismos eficientes do lado da procura;
a instalação de uma capacidade de produção mais flexível de electricidade com a
o tirar partido dos diferentes ciclos naturais das energias renováveis, reduzindo a
volatilidade e a incerteza no sistema energético;
a melhoria dos modelos de previsão das flutuações naturais, com recurso à utilização
das TIC na disseminação da informação entre operadores da rede eléctrica e os
mercados.
3)
As
potencialidades
económicas
e
financeiras
das
energias
renováveis
residem,
basicamente, na protecção face à especulação e instabilidade dos preços dos combustíveis
fósseis. As energias renováveis podem ser vistas como activos que reduzem o risco das
carteiras devido à diversificação dos investimentos e fazendo a cobertura do risco.
A delimitação regional dos clusters em estudo à Europa e ao Canadá, reside apenas numa
questão de dimensão do documento, uma vez que a diversidade de situações nos EUA e,
provavelmente no Japão, exige um documento autónomo, dada a riqueza de informação,
podendo ser considerado uma via de continuação desta análise no futuro.
Este documento está dividido em três secções: introdução, seguido da análise dos estudos
de caso mais interessantes do ponto de vista mundial (II), repartidos pelos clusters em torno
de energias renováveis “consolidados” (II.1), “emergentes” (II.2), salientando-se o caso de
Portugal (II.2.1) e em torno dos “biocombustíveis” (II.3) e na secção III analisa-se
brevemente a proximidade dos clusters em termos de objectivo, de organização e
funcionamento e em termos de posicionamento ao nível das tecnologias energéticas
renováveis. Na secção IV conclui-se, dando pistas para desenvolvimentos futuros.
8
“Contribution of Renewables to Energy Security” – OCDE, Abril 2007.
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O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
introdução e diversificação das fontes de energia primária;
II. ESTUDOS DE CASO
A base deste documento é a análise das experiências, em várias regiões, da constituição de
clusters cujos catalisadores são as energias renováveis. Ao nível da Europa e do Canadá, são
visíveis múltiplos casos, tendo-se procedido a uma selecção dos considerados mais
importantes do ponto de vista das potencialidades do desenvolvimento tecnológico das
energias renováveis.
Neste âmbito, a Alemanha surge como uma referência no mercado mundial das energias
renováveis, sendo visível a opção clara de estratégia de desenvolvimento do Governo,
estabelecendo-se como um dos objectivos a atingir, em 2050, que metade do consumo de
energia primária tenha origem em energias renováveis.
Nos vários segmentos de mercado (solar fotovoltaico, biocombustíveis, energia eólica,
energia geotérmica, eficiência energética e energia obtida a partir dos resíduos), o principal
impulsionador do mercado foram as medidas adoptadas pelo governo, aumentando
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
significativamente as oportunidades de investimento:
no solar fotovoltaico – em todas as fases da cadeia de valor;
nos biocombustíveis e na bioenergia baseada em processos químicos – no bioetanol a
curto prazo, na segunda geração de biocombustíveis, biorrefinarias, tecnologias
relacionadas com enzimas e processos bioquímicos ;
na energia eólica – em todas as fases da produção e comercialização da energia eólica
off-shore;
na energia geotérmica – ao nível dos projectos de geotermia profunda e hidrotérmica
na eficiência energética – processos e equipamentos para a indústria, transportes,
produção de electricidade e edifícios
na energia obtida a partir dos resíduos – gaseificação de pneus, utilização de plásticos
para produção de calor e de electricidade.
Paralelamente, a existência de centros de investigação e de pessoal qualificado, com uma
longa tradição em investigação e desenvolvimento, tornam a Alemanha, num país muito
atractivo para o desenvolvimento das energias renováveis, em especial de clusters, devido à
rede intensa de cooperação nacional e com fortes conexões com o exterior. Os três mapas
seguintes resumem a importância das empresas e de centros de investigação ao nível das
energias renováveis e a sua localização geográfica no País:
8
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Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Mapa 1: As Empresas do Solar Fotovoltaico na Alemanha
Hamburg
Sharp
Solar
Hamburg
Solara
Hamburg
Conergy
Hannover
Hannover
Alfasolar
Aleo
Solar
Solarnova
Solland Solar
Energy
Aachen
Saint Gobain
Glass Solar
Aachen
Oldenburg
Wedel
Solon
Essen
Berlim
Solar
Factory
Degussa
Gelsenkirchen
Deutsche
Cell
Shell
Solar
Gelsenkirchen
Freiberg
Deutsche
Solar AG
First
Solar
Mainz
Magdeburg
Leipzig
SolarWorld
Bonn
Scheuten
Solar
Technology
KGE
Kommunalgrund
Berlim
Q-Cells
Schott
Solar
SMA
Technologie
AG
Kassel
Frankfurt
Künzelsau
Solar
Fabrik
AnTec
Solar
Arnstadt
Engcotec
Stuttgart
Wacker
S.M.D.
Würth
Solar
Freiburg
PV Silicon
Arnstadt
Erfurt
Sunways
Munique
ErSol Solar
Energy
Arnstadt
GSS e
IPEG
Deutsche
Cell
Freiburg
ASI
Erfurt
Webasto
Stockdorf
Freiberg
Solarwatt Solar
Systems
Dresden
Alzenau
RWE Schott
Solar
Alzenau
Fraunhofer
Munique
WIP
GP Solar
PV Technology
Evaluation
Centre (PV TEC)
Munique
Munique
Phönix
SonnerStrom
AG
Sulzemoos
Löbichau
Phocos
joint-venture
Freiburg
Solland Solar
Energy
capital social alemão e holandês situada na fronteira com a Holanda
Fonte: Elaborado com base em www.invest-in-germany.com (2007).
As regiões com maior concentração de empresas com actividade no solar fotovoltaico são: a
Schleswig – Holstein, a NorthRhine – Westphalia, no Oeste, e a Baden – Wurttenberg, a
Baviera e a Thurinsia no Sudeste da Alemanha.
Mapa 2: As Empresas de Energia Eólica na Alemanha
Husum
Husum
North
Frisia
Wilhelmshaven
VENSYS
Norderstedt
Emden
Bard
Engineering
Multibrid
Bremerhaven
DEWI
Nordex AG
Lübeck
DeWind
REpower
Systems AG
Hamburg
Innovative
windpower
Bremerhaven
Vestas
Bremerhaven
Hocheifel
Holzhausen
Ochtrup
Pollenfeld
Schneebergerhof
Aurich
Emden
Magdeburg
Siemens Power
Generation
Enercon
Berlin
Fuhrländer
Aktiengesellschaft
Waigandshain
ISET
Kassel
WAB
Bremerhaven
EWE AG
Fraunhofer
Munique
General
Electric
Munique
Siemens
Wind Power
Gmbh
Munique
EMS
Mannheim
GE Wind
Fonte: Elaborado com base em www.invest-in-germany.com (2007).
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O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Fronius
International
As empresas produtoras de turbinas eólicas e componentes estão mais concentradas
geograficamente do que as empresas da área do solar fotovoltaico, em especial, na região de
Hamburgo (Schleswig – Holstein) e de Husum e Bremen (Lower Saxony).
Mapa 3: Os Actores em Biocombustíveis na Alemanha
Brunbüttel
Institute for
Wood Chemistry
and Chemical
Technology of
Wood
Cutec
Institute
ClausthalZellerfeld
Reinische
Bioester
Marl
Cargill
Danisco
Sugar
Agri
Nordzucker
ADM
Bülstringen
Anklam
University of
Applied
Sciences
Natural
Energie West
Institute
Energy
Environment
Kassel
Institute of
Crop Science
Karlsruhe
Research
Center
Karlsruhe
Institute Energy
Environment
Research
Heidelberg
University of
Hohenheim
Stuttgart
Ulrich
Biodiesel
Mannheim
Biofuel
Kaufungen
Mannheim
ForNeBik
Bavarian Biofuels
Network
Technical
University
Freiberg
Freiburg
EOP
Biodiesel
Kklein
Wanzleben
Verbio
KL Biodiesel
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Ecomotion
JohannW.Goethe
University of
Frankfurt
Frankfurt / Main
Lülsdorf
Leer
Hamburg
Man Ferrostaal
Agravis
Sternberg
Lünen
Federal
Agricultural
Research Center
Braunschweig
Neuss
Marina
Biodiesel
Falkenhagen
Schwedt Neubrandenburger
Zörbig
Umesterungswerke
Schwedt
Eberswalde
Leibniz
Institute for
Agricultural
Engineering
Leipzig
Postdam
Crop
Energies
Biopetrol
Industries
Scharzheide
Rostock
Zeitz
Mitteldeutsche
Umesterungswerke
Bitterfeld
Straubing
Technische
Universität
Munich
Südstärke
Schrobenhausen
Munique
Fraunhofer
Energy
Alliance
Munique
Fonte: Elaborado com base em www.invest-in-germany.com (2007).
Os actores relacionados com os biocombustíveis marcam uma presença muito significativa
por toda a Alemanha, em especial, em Bradenburg, Saxony e Saxony – Anhaalt, Baden –
Wurttenberg, Hesse, Lower Saxony e NorthRhine – Westphalia.
O dinamismo dos actores alemães em energias renováveis é ainda visível pela forte
participação ao nível das plataformas tecnológicas relacionadas com a energia como a
plataforma do solar fotovoltaico e da energia eólica 9 :
9
“Plataformas Tecnológicas – Como se Organizam em Torno das Tecnologias Energéticas?”, Setembro
2007, (p. 78 e 79-80).
10
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Figura 3: Os Actores De Origem Alemã Nas Plataformas Tecnológicas Europeias
empresas
produtoras equipamentos
WIP
GP Solar GmbH
Engcotec GmbH
KGE
Kommunalgrund
FOTOVOLTAICA
Deutsche Energie-Agentur
GmbH (dena)
empresas
reguladoras
centros de investigação
Forschungszentrum Juelich GmbH
Fraunhofer Institut für Systemtechnik und Innovationsforschung
DGS Deutsche Gesellschaft für Sonnenenergie e.V.
ISET
University of Kassel
Bundesministerium für Umwelt, Naturschutz und Reaktorsicherheit (BMU)
Fonte: Elaborado com base nos sites das plataformas tecnológicas europeias
empresas
produtoras
equipamentos
GE Wind
EÓLICA
EWE AG
empresas
operadoras
electricidade/
energia
centros de investigação
Flensburg University
Fonte: Elaborado a partir do artigo da Da Sphera: “Plataformas Tecnológicas – Como se Organizam em
Torno das Tecnologias Energéticas?”, Setembro 2007.
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O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
B.V.
Shell Solar
empresas
consultoras
empresas
petrolíferas
SMA Technologie AG
Schott Solar GmbH
First Solar
Phönix SonnenStrom AG
Conergy AG
Solar World AG
Sharp Solar Systems Group
Würth Solar GmbH & Co. KG
Q-Cells
Fronius International GmbH
PV Silicon Forschungs und Produktions
AG
As experiências de vários países europeus, como é o caso alemão, no desenvolvimento dos
clusters de energias renováveis foi a principal razão para o desenvolvimento desta análise,
sistematizada segundo um conjunto de critérios.
Os critérios de análise dos clusters das energias renováveis...
De forma a proceder-se a uma análise comparativa destas experiências estabeleceram-se,
um conjunto de critérios, de modo a tirar o máximo partido da informação recolhida,
sistematizando-a e tentando responder às seguintes questões 10 :
1.
O desenvolvimento do cluster é baseado numa fonte de energia específica ou no
desenvolvimento “transversal” do cluster a todas as fontes de energia renovável?
2. O estádio do cluster: é um cluster emergente ou já maduro, que perspectivas de
evolução e potencial poderá ter aquele Cluster?
3. As tecnologias energéticas envolvidas levam à dinamização ou não do cluster? São
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
utilizadas tecnologias já “maduras” ou a criação dos “clusters de energias renováveis”
induz o desenvolvimento e implementação no mercado de novas tecnologias
energéticas?
4. Que sinergias é que se vislumbram da dinâmica dos clusters? Que interacções se
estabelecem entre os actores, actividades e com o exterior? Que tipo de actores
integram os clusters?
5. A criação do cluster resultou da promoção pelo governo, através da acção da política
pública ou pelo empenho dos actores (empresas/centros de investigação)?
6. A localização no espaço do cluster: nacional, regional/local, inserido num pólo de
competitividade: resultado de uma estratégia de desenvolvimento? Ou de uma
conjugação de interesses de agentes privados?
7. A forma de financiamento: pública (nacional ou por iniciativa comunitária), privada,
em parceria?
Nas três subsecções seguintes serão analisados os clusters, por um lado, segundo o grau de
maturação: consolidados (II.1), emergentes (II.2) e, por outro lado, relacionados com
biocombustíveis (II.3).
10
A exaustividade de cada um destes pontos analisados, seguidamente, depende da informação
disponível, do grau de aprofundamento do cluster (consolidado, emergente) e da especificidade de cada
caso analisado, podendo este factor de diferenciação ser visto como uma vantagem, pois enriquece a
análise.
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Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
II.1. ESTUDOS DE CASO: OS CLUSTERS “CONSOLIDADOS”
No âmbito deste trabalho, consideram-se clusters de energias renováveis “consolidados”
aqueles que apresentam todas as características típicas da formação de um cluster e num
estádio de evolução considerado de velocidade cruzeiro: complementaridade, interacção,
ganhos de produtividade, sinergias resultantes da proximidade, do conhecimento e da
dinâmica própria do cluster e cujo motor são as energias renováveis.
Encontram-se,
regionalmente
diversos
casos,
designadamente:
a
energia
eólica
na
Dinamarca, as energias renováveis em Espanha (no País Basco) e no Canadá (regiões de
Atlanta Canada e Vancouver Vitoria). Far-se-á uma breve referência ao cluster do
desenvolvimento sustentável na Finlândia 11 e do hidrogénio da Islândia.
CAIXA 1: O CLUSTER DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA FINLÂNDIA E RUMO À
ECONOMIA DO HIDROGÉNIO NA ISLÂNDIA
O cluster da energia na Finlândia faz parte do desenvolvimento de um cluster mais vasto,
globalizado, desenvolvido no âmbito da estratégica nacional da Finlândia, cuja aposta foi
tornar-se uma referência mundial em termos de desenvolvimento sustentável.
A criação do cluster da energia na Finlândia beneficiou de um conjunto de factores,
nomeadamente, a localização geográfica, o clima, uma importância significativa de indústrias
intensivas em energia e uma longa tradição de uma frutuosa cooperação entre o Estado, os
centros de investigação e empresas privadas, que contribuíram para serem líderes mundiais em
conhecimento, gestão e tecnologias energéticas.
A antecipação da liberalização do mercado da energia, permitiu a introdução de medidas de
redução de custos de energia, serviços orientados para os clientes e a possibilidade de integrar
as tecnologias energéticas e ambientais, mantendo a competitividade das empresas. Sendo um
líder em tecnologias energéticas e ambientais, a Finlândia quadruplicou as suas exportações na
última década.
O desenvolvimento do cluster da energia, baseou-se no núcleo de competências nacionais:
bioenergia, componentes para produção de energia eólica, aquecimento central, tecnologias
poupadoras de energia e produção combinada de calor e energia.
O estado da arte da tecnologia serviu como alavanca para o desenvolvimento das tecnologias
energéticas em áreas-chave como: a combustão dos resíduos municipais; a utilização e
produção da tecnologia para pellets (biomassa); os catalisadores e tecnologias de redução das
emissões poluentes; tecnologias na área das turbinas eólicas; aplicação de novas tecnologias
de combustão da biomassa, como os ciclos orgânicos de Rankine e pilhas de combustível;
aplicações comerciais baseadas na pirólise de óleos e de biocombustíveis; novas oportunidades
de negócio criadas pelos acordos internacionais de alterações climáticas – implementação
conjunta, comércio de emissão e mecanismos de desenvolvimento limpo; criação de mercados
“verdes” de electricidade – utilização da energia resultante da combustão da madeira para
produção de electricidade e calor.
11
Existem diversos casos de clusters vocacionados para o desenvolvimento sustentável, objecto muito
mais lato do que as energias renováveis, pelo que não serão objecto de análise neste documento. Faz-se
uma breve referência ao caso da Finlândia pela importância que adquiriu em termos nacionais com
projecção internacional, estendendo a sua influência a países como a China.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 13
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Finlândia:
Este cluster reúne centros de investigação em tecnologias ambientais em Helsínquia, Lathi,
Truku e Jyväskylä, a administração pública e empresas de consultoria, produtoras de
equipamentos e operadoras de energia.
Figura 4: Os Actores do Cluster da Energia na Finlândia
CLUSTER ENERGIA
FINLÂNDIA
alguns actores
Centros de
investigação
Helsinki
ABB Oy
Truku
Jyväskylä
Lathi
TEKES
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
VTT
Technical
Research
Centre of
Finland
investigação em
energia: nuclear,
bioenergia,
eficiência
energética
Stora
enzo
UPM
fabricante de
automatismos
Metso
Kemira
Pulp
Paper
produtos
químicos p/
indústria
papel
Greennet
cleantech
rede de empresas
ambientais e
Estado
Cluster do ambiente
finlandês para a
China:
Neste
promoção e
Oil
cooperação em
protecção ambiente
e desenvolvimento
empresa
empresa
florestal
Altia Oy
fabricante de
bebidas
(etanol)
petrolífera e
biodiesel a
partir de
plantas
tratadas com
hidrogénio
produção energia a
partir de renováveis e
soluções de controlo
energia em processos
industriais
Wärtsilä
Biopower
Oy
produtora de
biocombustíve
is c/ base na
gaseificação
da biomassa
Outokumpu
Technology
tecnologias de
processamento de
metais e minerais
St1
Biofuels
distribuição da
fornecedora de
produção de etanol
centrais combustão a partir de resíduos
de biocombustíveis, alimentares e de
petróleo e gás
pequenas plantas
natural
Fonte: Elaborado com base Cleantech (2007), Greennet (2007), invest in Finland (2006).
As sinergias obtidas com este cluster são múltiplas, proporcionadas pela investigação e
desenvolvimento, traduzida pela interacção de vários sectores de actividade e tecnologias:
pasta, papel, tecnologias de co-geração, tecnologias de comunicação e informação, produtos
metálicos, entre outros.
Um dos grandes dinamizadores do cluster da energia na Finlândia é o Centro Tecnológico de
Merinova 12 , situado na região de Vaasa, que através da promoção de projectos de investigação
reúne os actores mais importantes em três áreas: Value Engineering, (optimização de sistemas
de energia), Ecoenergy Programme (monitorização de aplicações de energia solar na Finlândia)
e Innovation Management Programme ( aproveitamento do conhecimento e das potencialidades
regionais das empresas de alta tecnologia).
Para além disso, o dinamismo do cluster da energia, como parte integrante do cluster do
ambiente finlandês, tem projecção internacional, através das redes de cooperação
estabelecidas com países como a China (FECC) e a Greennet:
▪
12
14
o FECC (Finnish Environmental Cluster for China): foi estabelecida em 2006, por
iniciativa do governo finlandês com o objectivo de promover a cooperação na área da
protecção do ambiente e do desenvolvimento sustentável entre a Finlândia e a China.
Opera sob a designação “Cleantech Finland” e representa todos os actores relacionados
com o ambiente;
http://www2.merinova.fi/
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
▪
a Green Net Finland: uma organização em rede que visa construir um cluster de
ambiente, reunindo actores desde centros de investigação até pequenas e médias
empresas. Promove e desenvolve projectos a nível nacional e internacional, sendo
exemplo disso, os projectos na região do Mar Báltico e na Estónia.
Em Fevereiro de 2007 foi criado o Programa Nacional para o Negócio Ambiental, com o
objectivo de desenvolver as tecnologias “limpas”, como base de orientação para a indústria
finlandesa, de modo a que o País se torne um líder no negócio ambiental em 2012.
Islândia:
Desde da década de 70 a Islândia apostou claramente na alteração do paradigma energético,
rumo a uma sociedade baseada no hidrogénio. Durante trinta anos, a Universidade da Islândia
desenvolveu uma investigação profunda em hidrogénio.
A partir de 1997, o Governo Central desenvolveu uma política de energia centrada na produção
doméstica de combustíveis e numa política do hidrogénio. A partir de 1999, intensificaram-se
os projectos de investigação internacionais, desenvolvidos pela cooperação entre entidades
islandesas, comunitárias e outros actores. Este empenhamento público e a adesão de entidades
abastecimento de hidrogénio, associada à estação de abastecimento convencional e testasse os
primeiros autocarros movidos a hidrogénio.
A partir de 2003, a Islândia encontra-se empenhada em consolidar parcerias em termos
internacionais, passando a ser membro da IPHE (Parceria Internacional para a Economia do
Hidrogénio).
Os aspectos-chave deste processo, residem na sustentabilidade do uso das energias
renováveis; na segurança e diversidade da oferta de energia; nos desafios das alterações
climáticas; qualidade do ar e da saúde e na protecção do ambiente e no valor acrescentado
possibilitado pelas oportunidades de mercado e na cooperação global entre entidades públicas e
privadas.
A partir de 2005, o Governo tem estado empenhado em eliminar os impostos sobre os veículos
a hidrogénio; em elaborar o roadmap do hidrogénio; em criar o Centro Tecnológico do
Hidrogénio e o desenvolvimento da economia do hidrogénio através da criação do cluster do
hidrogénio.
Os projectos de demonstração mais recentes dizem respeito: i) parceria público/privada
(Icelandic New Energy) entre a Shell Hydrogen, Norsk Hydro, Daimler Chrysler; ii) o roadmap
iniciado em 2000, em três estádios: demonstração de autocarros a hidrogénio (ECTOS),
seguido do programa de demonstração de veículos de passageiros a pilhas de combustível e
mais tarde a demonstração de projectos de embarcações de pesca movidas a pilhas de
hidrogénio; iii) rede de infra-estruturas de hidrogénio; iv) armazenamento de hidrogénio
geotérmico.
Paralelamente, assiste-se a uma investigação fundamental de várias entidades em: materiais
híbridos; nanoestruturas e hidrogénio; hidrogénio associado a geotérmica, através da utilização
de metais híbridos para compressão de hidrogénio; estudos socioeconómicos do hidrogénio;
bio–hidrogénio; boro–híbridos; formação e educação em hidrogénio.
O dinamismo da Islândia ao nível do hidrogénio, extravasa para outros países (como os acordos
de cooperação com os Países Bálticos, o Euro–Ártico), pois o Governo considera que só com o
estabelecimento de parcerias internacionais é que é possível acelerar e facilitar a transição para
uma economia baseada no hidrogénio.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 15
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
privadas e de investigação levou a que, em 2003, a Islândia construísse a primeira estação de
O CLUSTER EÓLICO DA DINAMARCA 13
DENMARK
THE WORLD’S LEADING WIND ENERGY CLUSTER
A Dinamarca é o país, por excelência, da energia eólica. Depois da crise petrolífera de 1973,
este país passou, grosso modo, de uma dependência energética do exterior para uma autosuficiência em termos de oferta de energia. Mais de trinta anos de uma política de energia
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
assente no desenvolvimento dos recursos energéticos endógenos foi a catapulta necessária
para a Dinamarca se tornar líder na utilização das tecnologias energéticas renováveis.
O sucesso da energia eólica na Dinamarca decorre da conjugação de um número de factores,
que compreende a política energética adoptada e as infra-estruturas materiais e imaterais
que as empresas beneficiam para o desenvolvimento do seu negócio. Os ganhos de
produtividade obtidos e as sinergias resultantes, só são possíveis pelo forte pendor da
investigação e desenvolvimento em tecnologias energéticas, especialmente para estabelecer
uma economia baseada no hidrogénio e em pilhas de combustível, assente na energia eólica,
como fonte primária de energia
Actualmente, um dos principais objectivos da política energética é a promoção da utilização
das energias renováveis, fazendo com que esta tenha um peso crescente na estrutura do
consumo total de energia. A Dinamarca está, assim, na vanguarda do desenvolvimento
tecnológico das energias renováveis e das pilhas de combustível (fuel cells).
Breve enquadramento geográfico, económico e social
A Dinamarca é um pequeno país do Norte da Europa, com mais de 5 milhões de habitantes,
em 2007, e que é constituído pela Península da Jutlândia e por um conjunto vasto de ilhas,
muitas delas habitadas.
É na Península da Jutlândia que se localiza a maior parte do cluster eólico, com destaque
para a cidade de Odense que desenvolveu um cluster regional de energia com a perspectiva
de atingir os objectivos propostos em Quioto.
13
16
http://www.energistyrelsen.dk/
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Figura 5: Localização Geográfica do Cluster Eólico na Dinamarca
população total em 2007
5 447 084 habitantes
densidade populacional
2
126 hab. / km
superfície
2
43 094 km
Fonte: Wikipédia 2007.
A energia e as indústrias associadas à produção de energia ocupam uma posição importante
ao nível da estrutura sectorial da Dinamarca, actividades estas que incorporam um elevado
investigação e desenvolvimento. É uma das economias mais desenvolvidas da União
Europeia e não faz parte da zona Euro.
Segundo a Danish Energy Authority 14 , o consumo de energia renovável na Dinamarca
representou 15,6% do total em 2006 e 26,5% da produção de electricidade teve a mesma
origem. Sendo um país auto-suficiente em energia, o único da União Europeia, a produção,
em 2006, foi 44% superiores às necessidades do consumo.
Baseado na energia eólica e não só...
Devido às suas potencialidades, a energia eólica é aquela onde se tem assistido a um reforço
das competências e do desenvolvimento na Dinamarca 15 : desde 1990 até 2006, a produção
primária de energia eólica cresceu 901%, representando 13,4% da produção de electricidade
(em 2006, considerado mau ano de vento). No entanto, a par da energia eólica, a biomassa
(incluindo resíduos), seguida da térmica solar, geotérmica e energia das ondas, ocupam uma
posição destacada ao nível do balanço energético, em termos de produção primária de
energia (15,6% do total em 2006 e 26,5% da produção de electricidade).
Cluster eólico consolidado mas ainda com grandes potencialidades... líder a nível
mundial
Segundo o Ministério dos Assuntos Externos da Dinamarca 16 , existem cinco razões que
explicam o sucesso das actividades relacionadas com a energia eólica (cluster) no País: i) a
Associação Dinamarquesa das Empresas Eólicas indica uma quota de mercado mundial das
14
Energy Statistics 2006.
15
Energy Statistics 2006.
16
http://www.investindk.com/
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da Sphera | Março 2008 | 17
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
conteúdo tecnológico, dadas as sinergias criadas entre a actividade produtiva e os centros de
empresas dinamarquesas de 40%; ii) acesso a recursos humanos altamente qualificados,
empregando-se 20 000 pessoas; iii) volume de negócios apreciável para os produtores de
equipamentos (mais de 3 biliões de euros); iv) acesso a uma completa cadeia de valor de
fornecedores e de serviços prestados no âmbito das energia eólica e v) em 2005, 60% da
capacidade mundial de energia eólica off-shore operava na Dinamarca.
As potencialidades da energia eólica, criou a necessidade de tornar competitivo o
armazenamento de energia e de aproveitar este potencial para uma procura de investigação
e desenvolvimento orientada para o hidrogénio. Em consequência do desenvolvimento do
cluster eólico, a Dinamarca surge como um benchmark de uma futura sociedade do
hidrogénio.
São apontadas 17 cinco razões para o desenvolvimento das actividades relacionadas com o
hidrogénio: i) a Dinamarca tem uma posição reconhecida internacionalmente no que respeita
o desenvolvimento das tecnologias energéticas do hidrogénio; ii) um cluster eólico
consolidado que traduz um mercado energético eficiente, pois são integradores do sistema
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
de energia; iii) uma forte posição na investigação e desenvolvimento de pilhas de
combustível PEM, SOFC e DMFC 18 ; iv) provas dadas na introdução, implementação e
comercialização no mercado de pilhas de combustível e produtos e componentes associados;
v) apoio governamental para a investigação, o desenvolvimento, a experimentação e
implementação das tecnologias do hidrogénio no mercado.
17 17
18
18
http://www.investindk.com/
PEM – proton exchange fuel cells; SOFC – solid oxide fuel cells; DMFC – direct methanol fuel cells.
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
CAIXA 2: O ROADMAP TECNOLÓGICO DO HIDROGÉNIO
A Dinamarca desenvolveu um roadmap tecnológico do hidrogénio muito particular, com uma
relação estreita entre as flutuações da produção da energia eólica e a mobilidade (com
transportes movidos a hidrogénio).
Figura 6: Programa de Energia – Hidrogénio – Dinamarca
Criação
Objectivo:
Âmbito:
1998
demonstrar possibilidades concretas de
uilização de tecnologias do hidrogénio no
sistema energético.
transportes, armazenamento de hidrogénio,
segurança e planeamento
1) veículo ligeiro de passageiros a gasolina com
um sistema de injecção a hidrogénio;
2) veículo ligeiro de passageiros eléctrico da
Fiat (Nora) movido a pilhas de combustível PEM
3) veículo pesado de passageiros MAN movido a
pilhas de combustível com hidrogénio liquefeito
dois tanques de combustível:
1) 20 Mpa hidrogénio comprimido a gás em
depósitos de materiais compósitos de fibras
leves
3
2) 20 Nm depósito em metal de taitânio e
zirconio
Horizonte temporal:
2030 com a produção de hidrogénio a ser feita
em 50% por energias renováveis e
até 2050 admitindo a utilização de energias
renováveis a 100%
Fonte: Elaborado com base em Bent Sørensen e Finn Sørensen, Roskilde University.
As flutuações da produção de energia eólica são resolvidas de três formas: i) actualmente, por
sistemas de back-up disponíveis movidos a centrais de carvão e de gás natural; ii) até 2010,
exportação líquida de energia assegurada através da utilização das oportunidades de
importação e exportação de energia com a Noruega, Suécia e Alemanha; iii) no horizonte de
2020-2030, um sistema dedicado de armazenamento de energia (biocombustíveis, biogás,
hidrogénio e eólica off-shore, as duas últimas utilizadas com tecnologias de conversão de
energia como a electrólise e as pilhas de combustível).
Neste processo, a produção de hidrogénio pode ser centralizada ou descentralizada, sendo que
a segunda tem uma probabilidade mais baixa de acontecer.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 19
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
três veículos movidos a hidrogénio:
Figura 7: Roadmap Tecnológico do Hidrogénio – Dinamarca
Produção Centralizada
de Hidrogénio
produção de
parques eólicos
+ eólica off-shore
trajectória de probabilidade mais elevada
Mobilidade
Metanol a partir das estações de
combustíveis fósseis com ligeiras
modificações e / ou estações de
distribuição hidrogénio
distribuição via
gasodutos de gás
natural adaptados
exportação
líquida de
energia
assegurada
1ª sistema de
back-up
disponível:
movido a
centrais de
combustão de
carvão e de gás
natural
Flutuações da produção de energia eólica
(três formas de resolver as flutuações)
1998
2007
2ª utilização das
oportunidades
de importação e
exportação de
energia com
Noruega, Suécia
e Alemenha
2010
Produção de
hidrogénio em
grandes centrais
com base em
electricidade
gerada a partir
energia eólica
sistema dedicado de armazenamento
energia
2020
2040
rede
eléctrica
trajectória de baixa probabilidade
Flutuações da produção de energia eólica
(três formas de resolver as flutuações)
2050
abastecimento
residencial
produção
hidrogénio
excesso
energia
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
2030
produção de
parques eólicos
+ eólica off-shore
metanol ?
(produto
secundário)
3ª Armazenemento
de hidrogénio
produzido a partir
do excesso da
eólica off-shore
(electrólise ou
reconversão de
pilhas combustível)
3ª utilização de
energia
armazenada:
biocombustíveis
biogás
Produção Descentralizada
de Hidrogénio
Mobilidade
necessidade de upgrading
tecnológico
produção de electricidade e calor
exportação
líquida de
energia
assegurada
sistema dedicado de armazenamento
energia
1ª sistema de
back-up
disponível:
movido a
centrais de
combustão de
carvão e de gás
natural
1998
2007
2ª utilização das
oportunidades
de importação e
exportação de
energia com
Noruega, Suécia
e Alemenha
2010
Ponto de partida:
rede de distribuição
de gás natural
alargada
edifícios com
equipamentos
reversíveis de pilhas
de combustível
3ª utilização de
energia
armazenada:
biocombustíveis
biogás
2020
2030
3ª Armazenemento
de hidrogénio
produzido a partir
do excesso da eólica
off-shore
(electrólise ou
reconversão de
pilhas combustível)
2040
metanol ?
(produto
secundário)
2050
Fonte: Elaborado com base em Bent Sørensen e Finn Sørensen, Roskilde University.
Admitindo que o caminho para a economia baseada no hidrogénio é pela via da produção
centralizada, em grandes centrais com base em electricidade gerada a partir de energia eólica,
seria necessário um upgrading tecnológico, que permitiria a distribuição do hidrogénio pela
adaptação dos gasodutos de gás natural. O metanol poderia surgir como um produto
secundário ou ser utilizado directamente a partir de estações de combustíveis fósseis com
ligeiras modificações, coexistindo em paralelo, com as estações de distribuição de hidrogénio.
Num caminho com produção descentralizada de hidrogénio, baseado no abastecimento
residencial, que se traduziria em edifícios com pilhas de combustível reversíveis, que tivessem
como ponto de partida uma rede de distribuição de gás natural alargada, produziriam calor e
electricidade. O excesso de energia teria duas alternativas possíveis: rede eléctrica e produção
de hidrogénio. A produção de hidrogénio seria utilizada na mobilidade como combustível.
A constituição do cluster eólico foi e continua a ser baseada numa política para a energia de
contornos voluntaristas, no sentido que há indicações claras para o mercado, incentivos
fiscais, medidas regulamentares e da orientação que a investigação e desenvolvimento deve
seguir. As autoridades dinamarquesas impõem normas explícitas para as utilities no sentido
de adoptarem no seu modelo de negócio uma proporção significativa de energias renováveis
na produção de electricidade.
20
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Durante os primeiros anos, o desenvolvimento tecnológico permitiu um crescimento enorme
das turbinas eólicas, indo ao encontro de uma procura muito significativa. Esta tendência foi
suportada
por
um
enquadramento
regulamentar
que
garantiu
a
rendibilidade
dos
investimentos e a colocação da produção no mercado num contexto de preços muito
favorável. O Estado financiava os custos adicionais necessários ao desenvolvimento das
turbinas eólicas.
Com a liberalização do mercado da electricidade, os consumidores passaram a ser co financiadores, no sentido em que foram reflectidos nos preços da energia os investimentos
realizados ao nível das turbinas eólicas.
Deste modo, o Estado é o principal promotor do cluster eólico na Dinamarca, mas num
contexto de funcionamento do mercado, reunindo os actores, incentivando as sinergias e a
cooperação entre as diversas entidades envolvidas e prestando o apoio financeiro,
Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas...
São as tecnologias energéticas, designadamente, relacionadas com as energias renováveis
(neste caso e, em particular, a energia eólica e o desenvolvimento do hidrogénio e das pilhas
de combustível), as principais áreas de investigação e desenvolvimento na Dinamarca 19 . Há
assim
uma
permanente
investigação
tecnológica
com
reflexos
que
possibilita
a
implementação contínua no mercado de novas tecnologias energéticas.
A rede de investigação e desenvolvimento com uma longa tradição tem tido avanços
notáveis ao nível das tecnologias aplicadas a novas turbinas adaptadas às variações
climatéricas. O up-grading tecnológico das turbinas eólicas actuais e a definição de novos
standards são as principais preocupações dos investigadores. Estas tecnologias cobrem a
totalidade da cadeia energética, fazendo apelo a áreas multidisciplinares que vão desde a
aerodinâmica ao conhecimento e experiência de eólica off-shore, passando pelas tecnologias
de armazenamento de energia e daquelas que visam atingir uma sociedade baseada no
hidrogénio.
19
Não se deve esquecer a importância que a biomassa, nas suas várias origens, tem ao nível do balanço
energético na Dinamarca 6,8% do total da energia produzida no País.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 21
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
tecnológico e a informação necessária ao público.
CAIXA 3: A SOCIEDADE DO HIDROGÉNIO DINAMARQUESA
Para se atingir uma sociedade baseada no hidrogénio, o ponto de partida é a infra-estrutura de
gás natural. Um crescimento da electricidade produzida a partir de energia eólica, admitindo que
fosse superior ao consumo, levaria a que o excesso fosse utilizado para produzir hidrogénio, o
qual seria distribuído pela rede de gás natural. A legislação adequada e uma aposta na produção
descentralizada de hidrogénio poderá ter grandes potencialidades de crescimento na Dinamarca.
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Figura 8: A Sociedade do Hidrogénio Dinamarquesa
Fonte: Ministry of Foreign Affairs of Denmark (2006).
Pela observação da figura 8, a sociedade do hidrogénio dinamarquesa teria como fontes de
energia primárias renováveis (a energia eólica, o solar fotovoltaico, as hídricas, a biomassa) e o
gás natural. As energias renováveis são utilizadas na produção de electricidade, por via da
electrólise da água. A electricidade também poderá continuar a ser produzida a partir das
centrais de combustão convencionais a petróleo, gás e carvão. A biomassa, para além da sua
utilização directa na produção de electricidade, pode ser purificada, juntamente no processo de
reformação do gás natural. Após a purificação (seja a biomassa, gás natural, central química, ou
refinaria), procede-se à compressão do hidrogénio ou à sua condensação: no caso da
compressão do hidrogénio, este pode ser de seguida transportado em camiões próprios até um
pipeline ou armazenado (em cavernas ou não); no caso da condensação, o hidrogénio liquefeito
é transportado em camiões próprios e armazenado em estado líquido. Após estar armazenado,
faz-se a sua reformação e pode ser consumido de diversas formas: como combustível para
veículos, para alimentar pilhas de combustível (fuel cells) ou armazenado em cavernas para posterior
utilização.
22
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Ao nível da tecnologia de eólicas off-shore, a investigação neste domínio ao longo de vários
anos, viabilizou a instalação de vários parques eólicos na Dinamarca, tendo presente o
eventual impacto ambiental e respectivas medidas de protecção. Devido aos impactos da
eólica on-shore, designadamente, o impacto visual, a eólica off-shore tem-se tornado cada
vez mais atractiva, beneficiando da redução de custos operacionais e de instalação devido ao
crescimento significativo da produção.
Para além das tecnologias relacionadas com a energia eólica, o governo tem vindo a
intensificar os esforços de investigação, desenvolvimento e demonstração de outras
tecnologias relacionadas com: i) a segunda geração de biocombustíveis para os transportes;
ii) os edifícios com baixo consumo de energia; iii) as tecnologias de “carvão limpo”,
constituindo uma opção muito atraente para continuar a utilizar o carvão como fonte
primária de energia; iv) o desenvolvimento do hidrogénio e das pilhas de combustível, tanto
nos transportes, como em aplicações estacionárias e de portabilidade; v) exploração do
espectro de cores do sol para serem utilizadas em células fotovoltaicas, bem como o estudo
e o alargamento do projecto Wave Dragon 20 em larga escala à zona costeira europeia; vii) a
reconversão do aquecimento central, passando a ser baseado na biomassa (sólida e biogás)
e no gás natural e viii) tecnologias que explorem todas as formas de obtenção de petróleo e
gás natural do Mar do Norte.
As sinergias e os actores...
O centro de todo o desenvolvimento tecnológico e que suporta toda a actividade do cluster
eólico na Dinamarca é o Risø National Laboratory 21 . Fundado com base nos conhecimentos
da Universidade Técnica da Dinamarca nas áreas da meteorologia, tecnologia dos materiais,
e nos conhecimentos de outras universidades no domínio da mecânica dos fluidos, o Risø
National Laboratory, teve como primeira função, disponibilizar os conhecimentos e serviços
tecnológicos às empresas que se dedicavam à energia eólica, as quais, isoladamente, não
dispunham de recursos suficientes para
levar a cabo o desenvolvimento tecnológico
necessário à continuação da sua actividade.
Sendo o principal promotor de projectos de investimento relacionados com a produção de
turbinas eólicas, o Risø National Laboratory foi, e continua a ser, o interlocutor privilegiado
entre as empresas e o governo pela via do Danish Energy Authority. A partir de 2002, esta
posição foi reforçada com a constituição de um consórcio que integra o Risø National
Laboratory, a Universidade Técnica da Dinamarca, a Universidade de Aalborg e a DHI – Água
e Ambiente.
20
O projecto Wave Dragon reuniu um elevado número de investigadores europeus com o objectivo de
criar a primeira central de produção de energia das ondas ligada à rede eléctrica.
21
http://www.risoe.dk/About_risoe/research_departments/VEA.aspx
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 23
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
de células fotovoltaicas de plástico e a sua aplicação à protabilidade; vi) a energia das ondas,
O consórcio tem como objectivo fazer a interacção entre o financiamento da I&D do Estado
com a I&D desenvolvida no seio das empresas, criando sinergias entre os centros de
competência dinamarqueses, fortalecendo, ainda mais, o desenvolvimento tecnológico ao
nível da energia eólica. Associado a este objectivo, o consórcio desenvolve acções de
formação na área da energia eólica.
Figura 9: Algumas das Sinergias Proporcionadas pelo Cluster Eólico da Dinamarca
TECNOLOGIAS DE
EXTRACÇÃO DE
PETRÓLEO E GÁS
NATURAL
Projecto
Wave Dragon
primeira central energia das
ondas ligada à rede
eléctrica
Haldor
Topsøe
A/S
Consórcio I&D para
cluster eólico
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Universidade de
Aarhus
Danfoss
A/S
produtora
equipamento
electrónico e
componentes
RENEWABLE
ENERGY
ISLAND
SAMSØ
oferta de energia local e 100%
renovável
Danish
Energy
Authority
LINTRUP
BIOGAS
PLANT
Risø
National
Laboratory
Solid Oxid
Fuel Cells
produtora
catalisadores p/
pilhas combustível
Células
Fotovoltaicas
de Plástico
SISTEMA DE
HIDROGÉNIO
design aeroelástico;
sistemas energéticos eólicos;
turbinas eólicas;
testes, demonstrações e medições;
Programa Educional de Energia Eólica
Danish
Hydraulic
Institute
PEM
Fuel Cells
Universidade
Técnica
Dinamarca
Universidade de
Aalborg
IRD Fuel
Cells
dkTEKNIK
produtora miniprotótipos de fuel
cells p/ aplicações
estacionárias
Rica-Tec
Horns
Rev
Elsam
A/S
operadora
eólica
utility
produção energia
larga escala em em
centrais CHP
Danish Fluid
Bed
Technology
novo método de
gaseificação de
biomassa
Tec Wise
MARSTAL
SOLAR
HEATING
PLANT
empresas
energia
eólica
(por ex:)
- meterologia;
-
PVSOLGARDEN
em Kolding
financiado:
- Energy Research Programme
- Development Programme for
Renewable Energy
das maiores centrais térmico solar
do mundo c/ ligação à rede de
aquecimento central na ilha de AErø
Vestas
Wind
Systems
Siemens
Wind
Power
Nordex
Energy
Gamesa
Suzlon
Energy
LM
Glasfiber
Sydlangeland
Aquecimento
Central
Weiss
A/S
caldeira
flexível p/
biomassa
Fonte: Elaborado com base no Ministry of Foreign Affairs of Denmark (2006) e Danish Energy Authority
(2007).
As sinergias que irradiam do consórcio das instituições de I&D não se cingem apenas aos
actores interessados na energia eólica mas, também, às outras fontes de energia renovável
como a biomassa, solar fotovoltaico, energia das ondas e ao desenvolvimento das pilhas de
combustível e do hidrogénio, até mesmo novas tecnologias de extracção de petróleo e gás
natural no Mar do Norte.
No âmbito do cluster nacional, embora focalizado na energia eólica, interagem também um
conjunto vasto e diversificado de actores, dinamizados, primeiro pelo Estado, através das
instituições públicas vocacionadas para o efeito, e no estado actual de maturidade do cluster,
pelo próprio dinamismo do mercado.
24
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Figura 10: Os Actores do Cluster Eólico
CLUSTER EÓLICO
DINAMARCA
alguns actores
Risø
National
Laboratory
Danish
Hydraulic
Institute
Universidade de
Aalborg
Danfoss
A/S
produtora
equipamento
electrónico e
componentes
IRD Fuel
Cells
Haldor
Topsøe
A/S
produtora
catalisadores p/
pilhas combustível
Nordex
Energy
produtora miniprotótipos de fuel
cells p/ aplicações
estacionárias
fabricante
de turbinas
eólicas
Gamesa
Universidade de
Aarhus
operadora
eólica
Universidade
Técnica
Dinamarca
Vestas
Wind
Systems
fabricante
de turbinas
eólicas
LM
Glasfiber
fabricante
de pás para
turbinas
eólicas
Horns
Rev
Siemens
Wind
Power
fabricante
de turbinas
eólicas
Rønland
Elsam
A/S
utility
produção energia
larga escala em em
centrais CHP
Suzlon
Energy
operadora
eólica offshore
operadora
eólica
Vindeby
operadora
eólica offshore
Samsø
Dong
Energy
exploração
de infraestruturas e
produção
electricidad
e, calor
operadora
eólica offshore
Frederikshavn
operadora
eólica offshore
operadora
eólica offshore
Tunø
Knob
Middelgrunden
operadora
eólica offshore
operadora
eólica offshore
operadora
eólica offshore
Nysted
Offshore
Wind
Farm
Vattenfall
produtora
de energia
Fonte: Elaborado com no base Ministry of Foreign Affairs of Denmark (2006) e Danish Energy Authority
(2007).
Alguns dos actores mais importantes são naturalmente, operadores de energia eólica e de
energia em geral, agências governamentais e centros de investigação e universidades. A
figura 10 não esgota todos os actores envolvidos neste cluster, que dado o seu estado de
maturação e consolidação, integra muitos mais, inclusivamente, os consumidores, e actores
de outros sectores de actividade e empresas com projecção mundial.
Criação do cluster eólico resultado da acção da política para a energia...
A crise petrolífera de 1973 marcou o início de uma nova era na política económica na
Dinamarca. Embora com variações em termos de prioridades da política para a energia, as
energias renováveis estiveram sempre nas primeiras prioridades mas de forma, mais visível
a partir de 1981.
O primeiro Plano de Energia Dinamarquês (1976) teve como preocupação fundamental a
segurança de abastecimento, sendo o objectivo principal a redução da dependência das
importações de petróleo. No âmbito deste plano foram realizados investimentos de
conversão das centrais petrolíferas para centrais a carvão. Neste plano, as energias
renováveis tiveram um papel marginal na oferta de energia, estando apenas vocacionadas
para aproveitamentos dos resíduos para aquecimento central e em lareiras nas residências e
para a agricultura.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 25
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Danish
Energy
Authority
Danish
Forest and
Nature Agency
O Plano de Energia 81, com um ênfase especial nas considerações socioeconómicas da
política de energia, foi a base para um crescimento muito rápido da produção de energia, em
particular pelo aproveitamento mais eficiente do petróleo e do gás natural do Mar do Norte.
Neste Plano foi definida a construção da rede nacional de infra-estruturas de gás natural e
foram concedidos subsídios para a construção e operação de turbinas eólicas e de centrais de
combustão de biomassa. A aplicação de impostos sobre os produtos petrolíferos e de carvão,
incentivaram o desenvolvimento das energias renováveis, tornando-as competitivas, tendose construído diversas centrais de combustão de palha e resíduos de madeira para lareiras
para aquecimento central.
A partir de 1990, a política para a energia integrou objectivos de protecção do ambiente. O
Plano Energia 2000, estabeleceu uma redução das emissões de CO2 em 20% entre 1998 e
2005. Os instrumentos mais importantes para atingir esta meta eram: a utilização das
energias renováveis, uma maior utilização do gás natural em aplicações estacionárias e uma
poupança energética efectiva. Os resultados do Plano Energia 2000 consubstanciaram-se,
em 2005, num consumo de 10% de electricidade com base em energia eólica e numa
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
duplicação do consumo de energias renováveis.
A partir de 1993, assistiu-se a um aumento do consumo de biomassa (palha e resíduos
florestais) para aplicações estacionárias. Simultaneamente, a adopção de subsídios e de
medidas de promoção das energias renováveis, incentivaram o desenvolvimento das turbinas
eólicas, das centrais de combustão de biomassa em pequena escala, centrais de combustão
de biogás e o aquecimento solar.
Em 1996, o Plano Energia 21, tornou os objectivos ambientais mais precisos, clarificando-os
e colocando a tónica nas energias renováveis. Este Plano estabelecia que as energias
renováveis deviam representar, em 2005, 12 a 14% do consumo de energia. Até 2030, o
consumo de energias renováveis deveria crescer a 1% ao ano, situando-se em 35% do total
do consumo nesse ano.
Em 1999, no âmbito da reforma do sector da produção de electricidade, foi definido que 20%
da produção de electricidade deveria ter origem em energia eólica e com um contributo da
biomassa. Este objectivo foi ultrapassado uma vez que o consumo de electricidade com base
em energias renováveis excedeu os 25%.
A partir de 2002, com a perspectiva da criação do Mercado Interno da Energia na União
Europeia, o governo dinamarquês colocou a tónica na adopção de instrumentos de mercado,
transformando os incentivos e subsídios ao desenvolvimento das energias renováveis num
enquadramento regulamentar favorável ao funcionamento deste mercado. A necessidade de
aumentar a concorrência no mercado da energia, levou à liberalização e ao incentivo ao
aumento da eficiência e à redução dos custos das centrais com base em energias renováveis.
Neste âmbito, em 2003, assistiu-se à adopção de instrumentos que induzissem a redução
das emissões de CO2 e ao fortalecimento dos instrumentos de mercado que capitalizem os
benefícios da sociedade em produzir energia a partir de fontes primárias renováveis.
26
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Em 2005, é lançado um acordo sobre medidas de eficiência energética e em simultâneo é
publicada a visão dinamarquesa sobre a política para a energia em 2025 com as
seguintes propostas:
i)
um mercado de poupança de energia – a partir de 2010 concedem-se subsídios às
empresas e famílias para adoptarem medidas de eficiência energética nos edifícios,
processo de produção, obrigatoriedade para as utilities visível pelo uso de
certificados;
ii) aumento dos requisitos de poupança de energia pelas utilities – poupanças de
energia rentáveis através do comércio de certificados de poupança de energia;
iii) poupança de energia em sectores não sujeitos a quotas de emissões de CO2;
iv) campanhas para promover a poupança de energia em edifícios;
v) reforma do sistema de subsídios para a promoção de energias renováveis –
negócio;
vi) mais biogás – aumento da utilização do biogás para resolver problemas relacionados
com os resíduos agrícolas, emissão de gás metano e reduzir o consumo de
combustíveis fósseis;
vii) mais energia éolica através da definição de um planeamento estratégico para a
construção de parques eólicos – acções de promoção e de demonstração da eólica
onshore e offshore e de um plano de infra-estruturas para as turbinas eólicas offshore;
viii) melhoria na exploração da energia obtida de resíduos – aumentar a utilização desta
biomassa para a produção de energia e calor;
ix) racionalização do sistema fiscal – as taxas sobre a energia devem ser reorganizadas
no sentido de promoverem a competitividade das energias renováveis;
x) mais bombas de calor para o sector residencial – iniciação de uma campanha para
promover as bombas de calor em substituição dos aquecedores a combustíveis
fósseis;
xi) aumento da flexibilidade na escolha de combustíveis – liberalização da utilização de
combustíveis para produzir electricidade e calor, o que permitirá a utilização gradual
de biocombustíveis na geração de e conversão de calor;
xii) biocombustíveis para transportes – a proporção de biocombustíveis nos transportes
deverá atingir 10% do consumo em 2020;
xiii) reforço da cooperação estratégica no âmbito de iniciativas de I&D para tecnologias
de extracção de petróleo e gás natural do Mar do Norte;
xiv) isenção fiscal para veículos movidos a hidrogénio.
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da Sphera | Março 2008 | 27
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
aumentar a transparência na atribuição dos subsídios e a competitividade do
Toda esta evolução da política para a energia foi acompanhada: i) pelo financiamento público
da investigação e desenvolvimento, através da implementação de programas de I&D; ii) pela
imposição de obrigações às utilities no sentido de adoptarem na sua produção de energia,
turbinas eólicas, centrais de combustão de biomassa para aplicações estacionárias.
Cluster de carácter nacional, permitindo o desenvolvimento económico regional...
As energias renováveis tornaram-se num motor poderosíssimo para o desenvolvimento
económico das regiões. Dois exemplos são o Cluster da Energia de Fiona e a ilha “renovável”
de Samsø:
inserido na Península da Jutlândia, na cidade de Odense, foi criado o Cluster de
Energia de Fiona. Localizado na terceira maior cidade da Dinamarca, beneficia de um
porto, de uma estrutura sectorial baseada na agricultura, serviços e em indústria
ligeira, de um pólo universitário e de investigação e de uma tradição cultural bem
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
vincada.
Estas características favorecem a criação de um cluster de energia, com o objectivo
de cumprir regionalmente as metas do Protocolo de Quioto, focado em dois aspectos
duais da sustentabilidade energética: energias renováveis, em especial bioenergia, e
na poupança energética, quer na produção, quer no consumo.
Definido o enquadramento, o Cluster de Energia de Fiona tem massa crítica para
dinamizar e atrair os actores relacionados com: as tecnologias de informação e
comunicação utilizadas no controlo do consumo de energia; a optimização do
consumo de energia no que respeita à emissão de gases com efeitos de estufa; a
energia de alta voltagem; a energia solar; as tecnologias para a produção de
bioenergia e para a produção de calor e a eficiência energética, transversal a todo o
sistema energético.
A combinação destas sinergias levou ao desenvolvimento de projectos: de soluções
regionais de utilização da bioenergia; de I&D em biorefinarias; de conhecimento em
aquecimento central, de demonstração em climatização central; soluções de eficiência
energética com impacto nos gases com efeito de estufa; de demonstração de
biodiesel; de incentivos e alteração de comportamentos das empresas e famílias no
que diz respeito ao consumo de energia.
O
desenvolvimento
regional
do
cluster
desenrolar-se-á
segundo
uma
tripla
conjugação: oportunidade de negócio, investigação e apoio da política pública.
a ilha de Samsø foi escolhida para no decurso de uma década se converter e basear a
sua oferta de energia 100% em renováveis endógenas à região. O projecto de
demonstração inicial serve para mostrar que, com o empenhamento de todos os
actores locais, é possível uma região tornar-se auto-suficiente em energia renovável
que irá beneficiar o desenvolvimento e o crescimento da economia local.
28
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Este projecto baseia-se em tecnologias existentes no mercado, sendo esta ilha muito
diversificada em termos de tecnologias energéticas: eólica on-shore e off-shore,
biogás e com potencialidades de utilização de renováveis para produzir hidrogénio
utilizado nos transportes.
Em termos nacionais, o sucesso do cluster eólico na Dinamarca, é o resultado da
adopção de uma estratégia equilibrada entre o financiamento e os incentivos cobrindo
todas
as
fases
da
investigação
desde
a
investigação
fundamental,
ao
desenvolvimento, à demonstração, à comercialização, estudos de fiabilidade e
simulação no mercado. A capacidade das empresas dinamarquesas de aderirem a
esta iniciativa nacional, força o desenvolvimento da rede de cooperação formal e
informal.
O dinamismo do cluster eólico permitiu que a Dinamarca se tornasse no hub da
energia
eólica
mundial
e
com
capacidade
tecnológica
futura
para
competir
estende-se igualmente à economia baseada no hidrogénio.
Financiamento público e medidas e incentivos regulamentares, e o papel dos
consumidores...
A evolução da política para a energia foi acompanhada pelo financiamento público da
investigação e desenvolvimento, através da implementação de programas de I&D pela
Danish Energy Authority, como por exemplo, o Programa de Investigação de Energia
Aplicada em 1976 e o Programa de Desenvolvimento das Energias Renováveis entre 1981 e
2001.
Os programas nacionais de apoio à investigação permitiram a introdução de novas
tecnologias energéticas no mercado e foram o impulso necessário para a iniciativa privada
considerar as energias renováveis como uma oportunidade de negócio.
Simultaneamente, à adopção destes programas de I&D, foram assegurados as vendas de
energia à rede eléctrica, concedidos subsídios à produção de electricidade e isenção de
impostos sobre emissões de CO2 às centrais de biomassa e solares para aquecimento
central.
Os consumidores financiam, igualmente, o cluster eólico na Dinamarca, pela via do preço da
energia, o qual incorporou as imposições de utilização de energias renováveis na produção
de electricidade pelas utilities.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 29
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
comercialmente com as tecnologias energéticas convencionais. Esta característica
PAÍS BASCO E O CLUSTER DE ENERGIA 22
O objectivo do Cluster da Energia é promover actividades e a investigação, para melhorar a
competitividade das empresas do sector energético que operam no País Basco, região
situada no Litoral Norte de Espanha. A constituição deste cluster pretende dar uma resposta
integral às necessidades do sector energético.
Este cluster surgiu num contexto de desenvolvimento económico global da região, levado a
cabo, desde de 1990, e que definiu, como um dos instrumentos da política industrial, a
constituição de organizações que suportariam e dinamizariam a cooperação empresarial. Os
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
“clusters” 23 desenvolvidos, a partir daí, beneficiam da sólida rede de infra-estruturas,
salientando-se a “Rede de Tecnologia Basca”, que inclui um total de 25 entidades públicas e
privadas, dedicadas à investigação e desenvolvimento (I&D).
Breve enquadramento geográfico, económico e social
O País Basco é uma região muito dinâmica de Espanha com uma larga tradição de
implantação de empresas industriais e comerciais. Com um peso significativo na economia
espanhola, foi berço de várias empresas multinacionais e tem relações económicas
privilegiadas com a América Latina, entre os quais o Brasil, União Europeia e E.U.A. Em
2006, estimava-se uma população acima dos dois milhões de habitantes (em 2006), numa
pequena região (figura 11).
Figura 11: Localização Geográfica do Cluster da Energia
população total em 2006
2 100 000 habitantes
densidade populacional
296,2 hab. / km2
superfície
7 089 km2
Fonte:Elaborado com base em Wikipédia 2007; Euskadi.net
22
http://www.clusterenergia.com/
23
aeronáutica; automóvel; audiovisual; conhecimento; electrodomésticos; electrónica, informática e
telecomunicações; energia; indústria marítima; meio ambiente e papel.
30
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Aos sectores tradicionais da metalurgia e do aço, seguiram-se, na década de 90, novas
actividades
relacionadas
com
a
energia,
telecomunicações,
electrónica,
aeronáutica,
biotecnologia e meio ambiente. A aposta na conversão da estrutura sectorial com uma clara
orientação para actividades com elevado conteúdo tecnológico foi suportada pela densa
malha de pequenas e médias empresas, que beneficiaram igualmente do desenvolvimento
deste ambiente.
Baseado no mix de fontes de energia primária...
O Cluster de Energia, ao preocupar-se com a competitividade das empresas que se dedicam
ao sector energético, abrange um mix de fontes de energia primarias, que vão desde o
petróleo, o gás natural e a energia nuclear, até às energias renováveis, como hídrica, eólica,
solar fotovoltaico e biomassa (biogás).
Cluster consolidado...
criando organizações sectoriais, que se converteram em agentes, e que promovem a
colaboração técnica e comercial entre as empresas, e entre entidades externas, dinamizam a
participação em fóruns e mercados nacionais e internacionais, sendo um dos instrumentos
da política industrial e de desenvolvimento regional.
O dinamismo destas organizações sectoriais, como é o caso do Cluster da Energia, é
traduzido na cooperação interempresarial muito forte ao nível da actividade industrial, visível
pelas sinergias e ganhos de produtividade na economia basca, características típicas de um
cluster.
A actividade produtiva no País Basco está, de tal forma estruturada, que permite a
consolidação da posição competitividade de cada sector, tanto a nível nacional como
internacional, projectando a região no mundo, atraindo o investimento estrangeiro para a
região. Ao nível do sector da energia, o objectivo é o fortalecimento das redes de energia e a
criação de postos de trabalho. Este cluster abrange 83 empresas, emprega 27000 pessoas e
representa cerca de 30% do PIB regional.
As áreas de intervenção do Cluster da Energia incluem:
os projectos de investigação: que pretendem aumentar a eficiência energética e a
competitividade das empresas do sector energético e de sectores relacionados, quer
no País Basco, quer em regiões exteriores de interesse. A implementação de projectos
inclui as questões de financiamento, internacionalização, tecnologia adoptada,
redução dos custos energéticos e incentivos e promoção de sinergias com as utilities;
identificação das oportunidades comerciais e criação de consórcios específicos;
a promoção da cooperação, entre os sectores público e privado, para orientar as
iniciativas de acordo com a estratégica definida. Salienta-se o papel dado à promoção
e informação ao público (figura 12):
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 31
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Desde 1990 o governo do País Basco, no âmbito do seu Programa de Competitividade, foi
Figura 12: As Áreas de Actividade do Cluster – Promoção da Cooperação em
Projectos Específicos
Apoio à internacionalização na busca por
financiamento
- estratégias comerciais conjuntas em
mercados externos e melhoria da capacidade
para financiar projectos de investimento
- criação de mecanismos de coordenação,
incluindo aqueles para concorrer a projectos
estrangeiros
- definição das acções necessárias para
melhorar a actividade comercial e intensificar a
presença em mercados potenciais
- estebelecimento de um fundo para financiar
projectos internacionais
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
optimização do consumo e dos custos da
energia
- estabelecimento de medidas que visam
optimizar o consumo de energia e o
desempenho do processo de produção,
equipamentos
- definição de um conjunto de acções com vista
a redução dos preços da energia
Coordenação da investigação e
desenvolvimento tecnológico
- definição das áreas da I&D em energia
necessárias à região
- análise de novos produtos e novas
tecnologias a serem desenvolvidas em
cooperação com as empresas
- apoio e coordenção das actividades de I&D
- acção conjunta para promover o acesso aos
fundos que financiam investimentos em
tecnologia
- cooperação com centros de investigação
internacionais
novas oportunidades de negócio na área
da distribuição de electricidade, gás, água
e comunicações
- análise das novas oportunidades de negócio
basaedas na cooperação entre empresas
- optimização dos recursos humanos e de
capital na preparação e produção de serviços
comuns (partilhados)
Fonte: Elaborado com base em informação do site do Cluster da Energia.
O cluster consolida-se pela dinamização de acções relacionadas com a internacionalização
das actividades empresariais, a coordenação da investigação e desenvolvimento, a definição
de medidas para optimizar o consumo de energia e reduzir os preços da energia e no apoio
logístico e financeiro às empresas no aproveitamento de novas oportunidades de negócio.
Para cada projecto, o cluster da energia é capaz de dar uma resposta completa que se
adapta perfeitamente às especificidades de cada projecto e de cada negócio e empresa. O
espectro de actividades que cada empresa desenvolve, no seio do cluster, é muito
diversificado e abrange actividades como:
análise de viabilidade: empenhamento efectivo de cada empresa na execução dos
projectos para os quais se demonstrou a sua viabilidade;
concepção do modelo de financiamento e o tipo de contrato: a intervenção das
entidades de financiamento justifica o modelo de financiamento e de cobertura de
riscos adoptado, modelo esse que é o mais adequado a cada projecto;
engenharia básica e detalhe: essencial a cooperação entre os produtores de
equipamento, empresas de engenharia e utilizadores, beneficiando da cooperação em
experiências anteriores semelhantes;
32
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
gestão do projecto: é condição básica a coordenação entre as empresas e o
planeamento dos prazos, custos, entre outros;
oferta de equipamentos e de serviços: inclui todas as tecnologias e serviços
necessários ao desenvolvimento de uma cadeia energética, desde da fonte de energia
primária, passando pela produção, transporte e distribuição;
operação: condições logísticas do cluster para suportar acções com entidades
externas no apoio à implementação de projectos.
Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas...
Partindo da experiência adquirida na região, infra-estruturas disponíveis e as sinergias
criadas, o Cluster da Energia é claramente dinamizado e dinamizador das tecnologias
energéticas, sendo um veículo privilegiado para a introdução no mercado de novas
tecnologias energéticas.
Ao nível da produção de energia salienta-se o know-how adquirido em: centrais
de produção de biogás, tecnologias de co-geração, centrais de produção de electricidade a
diesel, distribuição de electricidade, plataformas petrolíferas marítimas e centrais de
isomerização 24 .
CAIXA 4: A PARTICIPAÇÃO DO PAÍS BASCO NO PROGRAMA BEST (BIOETHANOL FOR
SUSTAINABLE TRANSPORT)
Sob iniciativa comunitária ao abrigo do 6º Programa–Quadro de Investigação e Desenvolvimento,
foi adoptado em Janeiro de 2006, com duração até ao final de 2009, o programa BEST
(Bioethanol for Sustainable Transport – bioetanol para transportes sustentáveis), no qual
participaram, entre outras regiões, o País Basco e a BioFuel Region na Suécia (subsecção II.3
deste documento).
Inserido no domínio Sistemas Energéticos Sustentáveis/Combustíveis Alternativos para Motores
de Combustão – Cidades de Biocombustíveis, pretende pôr a operar mais de 10 000 automóveis e
160 autocarros movidos a etanol. Para o efeito, foram criados postos de abastecimento de etanol
E85 e E95, e irão ser desenvolvidos e testados combustíveis com baixo teor de carbono.
As regiões participantes (Biofuel Region (Suécia); Brandenburg (Alemanha); Somerset (Reino
Unido), Roterdão (Países Baixos); País Basco e Madrid (Espanha); La Spezia (Itália); Nanyang
(China); São Paulo (Brasil) e Estocolmo (Suécia, entidade co-coordenadora do Projecto), são
benchmarking para a introdução dos veículos movidos a biocombustíveis, inspirando e liderando
experiências em outras regiões.
24
Isomerização significa transformação de parafinas (lineares ou levemente ramificadas em muito
ramificadas).
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 33
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
termoeléctricas e de hidroelectricidade, mini centrais de produção de electricidade, centrais
As sinergias e os actores...
Todo o desenvolvimento do Cluster da Energia é no sentido de fortalecer, continuamente, as
sinergias entre os actores.
Figura 13: As Sinergias no Cluster da Energia
CLUSTER DE ENERGIA
Mecanica de
la Peña
centrais de processamento
tratamento ambiental
estudo e execução de
projectos ambientais,
medição de impacto e
possíveis
aproveitamentos dos
resíduos
serviços consultoria
Graver
Spain
serviços financeiros
Iberinco
consultoria em
tecnologia, operações
estratégicas e
optimização de
recursos
serviços de
engenharia em vários
sectores: metalurgias,
metalomecânica,
pasta e papel,
petroquímica,
refinaria, produção de
cimento, refinarias,
plantas de água e
indústrias alimentares
Iberese
Iberdrola
IKEI
banca de retalho,
de investimento e
gestão de
carteiras,
mediador e
financiador de
projectos de
investimento
BBK
operadores de instalações
BBVA
Gamesa
Energy
produção electricidade
Babcock
Wilcox
Spain
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Ingenhydro
de gás, electricidade,
água, transporte e redes
de distribuição; serviços de
manutenção e reparação
de centrais eléctricas
Idom
Sener
centrais térmicas
(combustíveis fósseis,
gás natural e nuclear)
centrais hídricas e
de outras energias
renováveis
(eólica, fotovoltaica,
biogás e incineração
resíduos urbanos)
Elecnor
consorcio
de Aguas
Bilbao
Bizkaia
centrais de co - geração
Guascor
Iberinco
Iberese
Elecnor
EVE
utilizadoras de
produção de energia,
água quente,
produção de vapor
para processos
industriais,
aquecimento e
arrefecimento
Millennium
Energy
Tamoin
Iberdrola
REDE DE TECNOLOGIA
BASCA
Miesa
instrumentos, controlo e
protecções
subestações e instalações
eléctricas
ABB Power
Technology
Siemsa
Norte
redes marítimas de
altas voltagens e de
média e alta voltagem
em subestações
Zigor
Ormazabal
Cobra
Ingelectric
Consonni
Eskoop
Babcock
Wilcox
Spain
Oasa
Babcock
Wanson
inclui vários tipos de
turbinas, caldeiras,
torres de
arrefecimento,
válvulas,
transformadores
Alstom
Power
ZIV
Alkargo
AGÊNCIA BASCA DE
INOVAÇÃO
INNOBASQUE
Tekener
Miguel
Carrera
Guibe
bens mecânicos e eléctricos
Team
Team
Arteche
serviços de
engenharia em
especial na área da
electricidade,
automatismos e
telecomunicações
Tubos
Reunidos
Fonte: Elaborado com base em informação do site do Cluster da Energia.
Observa-se a participação de um mesmo actor em várias fases da cadeia de energia, como
por exemplo, a empresas Babcock Wilcox Spain a operar na produção de electricidade, na
produção de bens mecânicos e eléctricos, no tratamento ambiental e em centrais de
processamento, ou a Iberdrola a produzir electricidade, actuar em centrais de co-geração e a
prestar serviços de consultoria, entre outras.
34
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
CAIXA 5: A CRIAÇÃO DE EVE (ENTE VASCO DE LA ENERGÍA) 25
O Governo Basco decidiu, em 1982 criar o ENTE VASCO DE LA ENERGÍA (EVE), com o objectivo
de resolver os problemas energéticos do País. Sendo o principal agente da política energética do
País Basco, a sua actividades desenrola-se, essencialmente, em três áreas: promoção de
medidas de poupança e eficiência energéticas, aproveitamento das potencialidades das fontes
de energia renováveis, desenvolvimento do gás natural e a diversificação das fontes primárias
de energia.
No âmbito do Cluster da Energia, desempenha um papel fundamental criando sinergias ao nível
dos serviços de consultoria, centrais de co-geração e em operações em centrais geradoras de
electricidade. Ao nível do desenvolvimento das energias renováveis, o EVE tem sido o
dinamizador de estudos de potencial viabilidade; análise dos estado da arte da tecnologia,
estabelecimento de incentivos e de medidas legislativas e de estratégias de disseminação e
promoção de investimento em energias como o térmico solar, a eólica, as mini-hídricas e mais,
recentemente, a energia oceânica.
Os actores do Cluster da Energia, são essencialmente, empresas privadas, produtoras de
equipamentos, operadoras de energia e de serviços de consultoria, engenharia.
Figura 14: Os Actores do Cluster da Energia
CLUSTER DE ENERGIA
ABB Power
Technology
BBVA
Team
Team
Arteche
promoção projectos em
energia, água e
telecomunicações
Elecnor
construções
mecânicas
Tamoin
sistemas eléctricos e
automatismos
insttituição
financeira
desenho, produção de
sistemas e eq.
electrónicos
Ingenhydro
Iberdrola
Consonni
consorcio
de Aguas
Bilbao
Bizkaia
engenharia em
sistemas hidraulicos
EVE
BBK
Sener
ZIV
Alkargo
Ormazabal
insttituição
financeira
consultora em
integração de sistemas
soluções integradas em
sistemas eléctricos
operadora
electricidade
Zigor
fabrico sistemas
alimentação
Iberese
Tubos
Reunidos
fabricação de
tubos
Iberinco
consultora em
engenharia
grupo Iberdrola
centros e postos
de
transformação
Ingelectric
Miesa
montagens
industriais
Siemsa
Norte
promoção projectos em
produção electricidade,
co-geração, renováveis
e resíduos
instalações
eléctricas
sistemas de
automação
Babcock
Wilcox
Spain
Cobra
operadora de
energia
Gamesa
Energy
Idom
operadora de
água
operadora de
energia
consultora em
engenharia
Tekener
fabrico e
distribuição
queimadores
líquidos
produtora
componentes p/
produção
electricidade
produtora
caldeiras
industriais
Oasa
transformadores
electricidade
Miguel
Carrera
Guibe
Eskoop
construção e
exploração
centrais e cogeração energia
e mini-hídricas
produtora
componentes de
calor
Babcock
Wanson
consultora em
engenharia
Millennium
Energy
Guascor
Alstom
Power
produtora
equipamentos
fornecedora eq.
electrónico
bens mecânicos
e eléctricos
transformação
industrial;
distribuidores
engenharia e
instalações
eléctricas
produtora
equipamentos
Fonte: Elaborado com base em informação do site do Cluster da Energia.
25
http://www.eve.es/index_hc.asp
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 35
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Ao nível da energia oceânica, destaque para as potencialidades da energia das ondas, com o
desenvolvimento de colaboração com as empresas industriais e os centros tecnológicos, estando
em curso o projecto de demonstração NEREIDA MOWC. Este projecto tem como objectivo
demonstrar as potencialidades da tecnologia OWC (Oscillating Water Column), com uma
capacidade instalada de 250 kW e 16 turbinas, prevendo-se uma produção anual de energia de
485 MWh.
Este cluster ao beneficiar de todo o ambiente envolvente da região, que lhe fornece infraestruturas físicas e imateriais de elevado conteúdo tecnológico, científico e logístico, sendo
essas empresas e ou instituições comuns aos diversos clusters implementados no País Basco.
As sinergias com outros clusters...
As sinergias com outros clusters decorre da estratégia de desenvolvimento adoptada para a
região, sendo visível a presença de um mesmo actor em vários clusters.
Figura 15: As Sinergias com outros Clusters
CLUSTER AUDIOVISUAL
EIKEN
Cluster Aeronautica e
Espaço HEGAN
Sener
subestações e instalações
eléctricas
tratamento ambiental
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
ZIV
Team
Team
Arteche
Ormazabal
centrais de co - geração
centrais de processamento
BBK
serviços consultoria
BBVA
serviços financeiros
operadores de instalações
FORO MARÍTIMO BASCO
instrumentos, controlo e
protecções
Miesa
CLUSTER AUTOMÓVEL
ACICAE
PORTO
UNIPORT BILBAO
CLUSTER DE ENERGIA
produção electricidade
CLUSTER DE
TELECOMUNICAÇÕES
GAIA
CLUSTER DO
CONHECIMENTO
bens mecânicos e eléctricos
AGÊNCIA BASCA DE
INOVAÇÃO
INNOBASQUE
CLUSTER
ELECTRODOMÉSTICOS
ACEDE
CLUSTER PAPEL
CLUSP AP
CLUSTER DE MEIO
AMBIENTE
ACLIMA
Fonte: Elaborado com base em informação do site do Cluster da Energia.
Naturalmente que há interacções mais marcantes entre clusters do que outras, decorrendo
da especificidades de cada um. As sinergias entre os clusters são particularmente visíveis
entre o Cluster da Energia e o HEGAN (aeronáutica e espaço), em actividades relacionadas
com produção de electricidade, unidades de co-geração e centrais de processamento; e entre
o GAIA (de telecomunicações) nas subsestações e instalações eléctricas e nos instrumentos,
controlo e protecções.
Iniciativa pública...conjugação de interesses privados...
A definição da estratégia de desenvolvimento adoptada pelo País Basco, como forma de
superar a crise económica, favoreceu a criação de clusters, suporte de várias actividades
económicas.
O Programa de Competitividade Basco permitiu o fortalecimento da cooperação inter
empresarial, podendo-se concluir que a iniciativa pública promoveu a conjugação dos
interesses privados na região.
36
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Uma estratégia de desenvolvimento de uma região...em conjugação com os
interesses privados
O Cluster da Energia, em conjugação com outros clusters que se desenvolveram no País
Basco, formam um todo coeso, resultado de uma orientação estratégica com sucesso e que
ultrapassou as fronteiras da região, com projecção internacional. O ambiente envolvente
criado no País Basco foi condição primordial para o dinamismo do tecido empresarial. A
iniciativa privada tem um papel activo na consolidação dos clusters, designadamente no da
energia.
Financiamento privado...
Sendo principalmente a conjugação dos interesses privados o motor do Cluster da Energia, o
financiamento tem uma componente maioritaraimente privada, resultado das instituições
investimento, serviços de mediação, gestão de activos e de carteiras e banca de retalho e de
investimento com uma forte implantação regional.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 37
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
financeiras integradas no cluster e que proporcionam financiamentos aos projectos de
O CLUSTER DAS TECNOLOGIAS ENERGÉTICAS DA BAVIERA 26
"....today's
knowledge for
tomorrow's
innovation..."
O cluster da energia da região da Baviera, Alemanha, é um cluster orientado para o
desenvolvimento de produtos na área das tecnologias energéticas. É um cluster consolidado
e surgiu de uma estratégia de desenvolvimento muito agressiva da região alemã, que
pretende intensificar a cooperação empresarial e criar sinergias muito fortes entre as
actividades económicas dentro e fora da região.
Tanto na Alemanha como na Baviera, a inovação foi central ao longo da história, sendo
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
considerada, nas suas mais variadas formas, a base para o sucesso ao nível da
competitividade internacional. A inovação, ao fortalecer os mercados existentes, cria novos
segmentos de mercado, novas oportunidades de negócio e gera emprego. Devido a isso, o
desenvolvimento contínuo de produtos e processos inovadores é a base da criação dos
clusters na região da Baviera, em especial o da energia.
Breve enquadramento geográfico, económico e social
A Baviera localiza-se na região Sudeste da Alemanha e faz fronteira com a Áustria e a sua
capital é Munique. Com mais de 11 milhões de habitantes, é a segunda região mais populosa
da Alemanha e a primeira em área ocupada.
Figura 16: Localização Geográfica do Cluster Energia na Baviera
Baviera
população total em 2006
11 600 000 habitantes
superfície
70 553 km2
densidade populacional
164,4 hab. / km2
Munique
Fonte: Bayern Innovativ e Wikipédia (2007).
26
38
http://www.invest-in-bavaria.com/; http://www.bavaria.org/energy.php
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
A Baviera é um dos locais mais atraentes do ponto de vista da localização das tecnologias.
Desde
1960
que
se
tem
afirmado
a
rede
de
infra-estruturas
de
investigação
e
desenvolvimento, estando em curso uma Iniciativa para preparar a Região para o futuro com
actividades com elevado conteúdo tecnológico (Offensive Zukunft Bayern): com um
investimento de 15% do total do orçamento regional e um peso das despesas de
investigação e desenvolvimento no produto de 3% e com cerca de 28% do total de patentes
da Alemanha (em 2003).
Baseado nas energias renováveis...
A região da Baviera tem uma longa tradição de utilização da hidroelectricidade, e tem-se
assistido a um crescimento progressivo da biomassa, solar fotovoltaico, energia eólica e
geotérmica para a produção de electricidade.
A consolidação do cluster da energia só é possível pelo ambiente muito favorável à
cooperação entre as empresas, possui um emprego altamente qualificado em áreas chave
para o desenvolvimento das tecnologias energéticas, infra-estruturas e logística adequadas e
uma investigação contínua e de alta qualidade. Sendo um cluster orientado para o
desenvolvimento dos produtos, tem uma longa tradição na adopção de programas de
promoção das energias renováveis e na racionalização do consumo. O primeiro programa
com este objectivo remonta a 1978.
O mercado da Baviera é muito atractivo para as empresas na área das tecnologias
energéticas porque:
as energias renováveis representam 8% do total do consumo de energia;
cerca de 60% da produção de hidroelectricidade na Alemanha tem origem na região;
cerca de um terço dos paineis solares e um quarto das bombas de calor na Alemanha
estão instaladas na Baviera, das quais muitas delas beneficiaram de subsídios
definidos
por
programas
de
incentivos
regionais
à
adopção
de
tecnologias
energéticas;
cerca de dois terços da utilização da energia geotérmica ocorre na Baviera.
Em 1997 foi criado o Fórum de Energia da Baviera com o objectivo de, a partir de várias
fontes de energia, impulsionar a utilização das melhores práticas para o uso mais eficiente
da energia. Esta entidade proporciona uma plataforma de cooperação bastante atractiva, em
particular nas áreas da utilização eficiente da energia e das energias renováveis. O Fórum de
Energia da Baviera desenvolve actividades de promoção de eventos, troca de informações e
experiências, promove projectos de investigação com a indústria, sendo um dos parceiros
privilegiados das empresas de solar fotovoltaico.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 39
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Cluster de energias renováveis consolidado...
Já em 1996 tinha sido criado o Centro de Coordenação para a Iniciativa do Hidrogénio
(WIBA), pelo Governo da Baviera com o objectivo de desenvolver e apoiar as tecnologias
baseadas no hidrogénio.
Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas...possibilitando a implementação
permanente de novas tecnologias no mercado...
O Governo da Baviera concentra as suas orientações no cluster da energia ao nível das
tecnologias das centrais convencionais de geração de electricidade, energia nuclear e solar
fotovoltaico, consideradas como três tecnologias chave no futuro mix energético.
É uma região que está muito bem posicionada no que respeita à geração da electricidade e
à distribuição, baseada na hidroelectricidade mas com um crescimento progressivo
da
biomassa, solar fotovoltaico, energia eólica geotérmica para a produção de electricidade.
Existem diversos projectos em todas as áreas das energias renováveis, desde produtos de
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
elevado conteúdo tecnológico em células fotovoltaicas, até projectos para optimizar a
produção de energia e de calor com base em biomassa e em energia geotérmica. Este tipo
de projectos são um meio de inspirar novos projectos em novas tecnologias energéticas, as
quais requerem grandes investimentos em investigação e desenvolvimento.
O solar fotovoltaico é particularmente desenvolvido na Baviera, existindo empresas em todos
os elos da cadeia de valor: cristais, sistemas, produção de células e de módulos e centrais
solares fotovoltaicas completas. São líderes no mercado internacional as empresas
produtoras de células fotovoltaicas com base em silício. Um dos exemplos mais interessantes
da exploração do solar fotovoltaico é a criação do Bavaria Solarpark 27 , projecto que abrange
62 acres de terreno, para dispor 57600 paneis solares com uma potência instalada de 10MW
e utilizando como tecnologia PowerLight/PowerTracker.
Para além disso, são visíveis produtores de electricidade diversos com base em várias fontes
primárias de energia como produtores de tecnologia para centrais eléctricas convencionais e
energia nuclear.
Os centros de investigação e as universidades têm uma longa tradição no desenvolvimento
de tecnologias relacionadas com os sistemas energéticos e a utilização racional de energia;
energias renováveis; tecnologias de combustão e de pilhas de combustível e energia nuclear.
As sinergias controlodas pela gestão dos clusters e os actores...
As redes de actividades e de inovação alimentadas continuamente na Baviera provocam
sinergias muito fortes dentro e fora do cluster, com projecção além fronteiras. As
plataformas de cooperação criadas na Baviera permitem uma rede de contactos permanente
27
40
http://www.scribd.com/doc/338243/Bavaria-Solarpark
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
entre as empresas, estabelecimentos de investigação, associações, investidores, instituições
de suporte e consultores, entre outros. O gestor de cada cluster está encarregue de criar as
estruturas de comunicação entre as empresas e o conhecimento científico, sendo os
principais motores na promoção de projectos inovadores.
Em termos de redes de inovação há uma ligação nítida do Fórum da Energia na Baviera com
a Iniciativa de Cooperação e Inovação dos Fornecedores de Automóveis (BAIKA), com a
Iniciativa de Cooperação e Inovação para as Tecnologias Ambientais (BAIKUM), com a Rede
de Ciências da Vida (biotecnologia) e com a Inovação em Têxteis (novos materiais).
Em 2006, foi criada uma empresa de base de dados “Key Technologies in Bavaria”, com o
objectivo de reunir informação de todos os actores, regionais, nacionais e estrangeiros em
de
indústria
biotecnologia,
call
aeroespacial
centers,
tecnologias
energéticas,
informação,
logística,
e
química,
tecnologias
engenharia
navegação
construção,
ambientais,
mecânica,
por
satélite,
engenharia
serviços
megatrónica,
indústria
eléctrica
financeiros,
media,
e
automóvel,
electrónica,
tecnologias
tecnologia
de
médica,
nanotecnologias, novos materiais, fotónica, tecnologia ferroviária.
A organização das actividades em clusters (novos materiais, madeira, logística, automóvel,
energia, tecnologias ambientais, ciências da vida e têxteis inovadores) torna o acesso à
informação e partilha de experiência muito mais fácil. Deste modo, na Baviera identificam-se
três tipos de clusters:
1. de alta tecnologia: aeroespacial; navegação por satélites; biotecnologia; tecnologias
ambientais; tecnologias da informação e da comunicação; tecnologia médica;
2. orientados para os produtos: engenharia e indústria automóvel; química; tecnologias
energéticas; serviços financeiros; floresta e madeira; logística; media; nutrição;
tecnologia ferroviária; sensores e electrónica;
3. tecnologias horizontais: megatrónica; robótica; sistemas de produção eficientes;
nanotecnologias e novos materiais.
Estes clusters apresentam um grau de competência em termos de: criação de valor em todos
os elos da cadeia; um ambiente marcado pelos sectores utilizadores, eficiência e orientação
da investigação e das aplicações e disponibilidade de pessoal altamente qualificado.
O foco nas actividades industriais reside, desta forma, nas áreas de novos materiais,
produtos florestais, na logística, entre outros.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 41
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
matéria
Figura 17: As Sinergias Proporcionadas pelo Cluster da Energia na Baviera
REDES
SUSTENTÁVEIS
Instituto
Fraunhofer
PowerLight
Corporation
German Pattent
Office
Centros
Excelência
Baveria
Joint Venture
Max Bögl / Klebl
Construção civil
Design e
desenvolvimento
Automóvel
Tecnologias
Ambientais
Siemens AG / E.ON
Projecto
Solarpark
Ciências Vida /
Biotecnologia
Equipamento eléctrico e
construção
Sharp
Corporation
Deutsche
Structured
Finance
Centros de
Inovação e
Incubadoras
produtora paneis
solares
Financiador
K&S Consulting
Centro de
Tecnologias
Energéticas
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Gestão de
Projectos entre
empresas e
centros I&D
Electrónica /
Microtecnologia
Tecnologias
médicas
Tecnologias
Energéticas
Novos
Materiais
consultora
Têxtil
Inovador
Logística
empresas
células solares
Schott
Solar
Shell
Solar
Wacker
Chemie
Florestal
Feira de
exposições
LFA Foerderbank
Fundação de
Investigação
Unidade UE na
rede de centros
de inovação
Fonte: Bayern Innovativ (2007).
As sinergias são visíveis pela interacção dos vários clusters da Baviera de alta tecnologia com
os orientados para o produto e com aqueles que são mais transversais do ponto de vista da
utilização da tecnologia.
Mas não menos importante, a criação do WIBA para coordenar os projectos e a investigação
no domínio do hidrogénio, resulta uma interacção com variados actores interessados em
desenvolver pilhas de combustível.
42
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Figura 18: As Sinergias Proporciondas pelo Cluster Energia na Baviera
Fonte: Bayern Innovativ (2007).
Entre os actores salienta-se a existência de aproximadamente 1250 empresas com origem
em 10 países (como a ABB, Alstom, Bayerngas, EnBW, E.ON, E.ON Ruhrgas, General
Electric, RWE, Siemens, Stahlwerke Bremen, STEAG, Südzucker, Vattenfall, Wacker); cerca
de 75 institutos científicos (como os departamentos do Centro de Investigação Aplicada em
Energia da Baviera, FH Amberg-Weiden, GE – Centro Global de Investigação para a Europa,
Garching, TU Munic), para além da cooperação com actores ao nível da gestão da energia
municipal, reconstrução de edifícios para os tornar poupadores de energia, incluido solar
fotovoltaico, energia geotérmica, geração combinada de calor e electricidade e aumento da
eficiência em centrais de geração eléctrica convencionais.
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da Sphera | Março 2008 | 43
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
O Caso do Hidrogénio
Figura 19: Os Actores Mais Importantes em Energia Eólica, Fotovoltaica e
Biocombustíveis na Baviera
Biocombustíveis
Fraunhofer
Energy
Alliance
Südstärke
Technische
Universität
Munich
General
Electric
Munique
GP Solar
WIP
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Fraunhofer
Schott
Solar
Wacker
Webasto
RWE Schott
Solar
ForNeBik
Bavarian Biofuels
Network
Siemens
Wind Power
Gmbh
Eólico
PV Technology
Evaluation
Centre (PV TEC)
Phönix
SonnerStrom
AG
Fotovoltaico
Fonte: Elaborado com base www.invest-in-germany.com
A presença de empresas produtoras de equipamentos, especialmente ao nível do solar
fotovoltaico, é muito importante na região, devido à sua posição em termos do mercado
internacional, com filiais e sucursais em vários países. Saliente-se igualmente, a criação da
Rede de Biocombustíveis da Baviera (ForNeBik), que serve de interface entre a investigação
em biocombustíveis, empresas industriais e a política económica, financiando a consolidação
do
mercado
de
biocombustíveis
de
primeira
geração
e
o
desenvolvimento
dos
biocombustíveis de segunda geração no que respeita o biogás e biometano.
Criação do cluster energia parte de uma estratégia do governo regional.......
O Governo da Baviera, através de uma estratégia de constituição de clusters nos mais
variados domínios, procura mobilizar e concentrar as forças e oportunidades das empresas,
através de redes de cooperação, dando origem a clusters de base industrial e em tecnologias
energéticas e ambientais.
Partindo de um processo muito bem estruturado, a estratégia de criação e de consolidação
de clusters vem na linha de continuidade dos Programas Iniciativa para a Alta Tecnologia e
Iniciativa para o Futuro da Baviera (Allianz Bayern Innovativ).
44
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Cluster de carácter regional, permitindo o desenvolvimento económico regional...
A Estratégia de desenvolvimento de Clusters pretende o desenvolvimento económico
regional, associando a gestão do cluster automóvel à gestão dos clusters logística, novos
materiais, tecnologias energéticas e ambientais.
A campanha para a consolidação dos Clusters da Baviera (Allianz Bayern Innovativ) é uma
nova estratégia de modernização que pretende motivar a localização de empresas numa
região com elevado conteúdo tecnológico. Esta campanha tem como objectivo estabelecer
uma rede de empresas e de potencial científico em 19 clusters industriais identificados, cujo
promotor é o Allianz Bayern Innovativ, designado para estabelecer regionalmente redes
intersectoriais.
Toda a estratégia de desenvolvimento passa por um processo de inovação, realizado através
da cooperação em três níveis articulados: regional, nacional e internacional. As principais
empresas e o estabelecimento da cooperação destas com os centros de investigação;
implementação, comercialização e utilização dos resultados científicos e alargamento do
projecto em termos internacionais, através da cooperação tecnológica.
Financiamento marcadamente público e papel do capital de risco...
O acesso ao financiamento faz-se na sua maioria através de programas de financiamento
público como o Programa “Maior Eficiência na Produção e Utilização de Energia” e do apoio
da Fundação de Investigação da Baviera (Bayerische Forschungsstifte).
No entanto, é cada vez mais notório o acesso crescente ao capital de risco e a financiamneto
bancário através do LFA – Foerderbank, dedicado ao financiamento de projectos qualificados,
oferecendo condições de financiamento pouco onerosas.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 45
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
tarefas são: a inicialização de um processo de inovação, em especial em pequenas e médias
CANADÁ E OS CLUSTERS DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS 28
O Canadá é uma referência mundial ao nível do desenvolvimento sustentável e das energias
renováveis.
Diversas
regiões
do
Canadá
têm
um
grande
potencial,
ao
nível
da
hidroelectricidade (58,5% do total da electricidade produzida em 2004), a energia das ondas
(em estudo desde 1984, sendo promissora a ligação desta energia à rede eléctrica), da
energia eólica (com uma capacidade actual instalada de 1500 MW), da biomassa (para ser
utilizada na conversão de calor e na produção de etanol para transportes), dos resíduos
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
florestais (para produção de electricidade em algumas regiões), do térmico solar, da
recuperação do calor dos resíduos e dos biocombustíveis (biodiesel).
Devido à diversidade de experiências encontradas no Canadá, analisa-se com maior detalhe
o cluster de Vancouver – Victoria na região de British Columbia com competências no solar,
geotérmica, ondas, mini-hídricas, biocombustíveis e hidrogénio e pilhas de combustível e o
cluster eólico na Ilha Prince Edward na região Atlantic Canada, o qual está intimamente
ligado à exploração off-shore de petróleo e gás e de pasta e papel.
Breve enquadramento geográfico, económico e social
O Canadá localiza-se no Norte do Continente Americano, à excepção do Alasca, beneficiando
de uma diversidade de clima, recursos naturais e de actividades é um dos países mais
desenvolvidos do Mundo.
28
46
http://index.nrc-cnrc.gc.ca/; http://www.energyplan.gov.bc.ca/; http://www.weican.ca/.
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Figura 20: Localização Geográfica dos Clusters Energia no Canadá
população total em 2005
32 270 507 habitantes
superfície
9 093 507 km2
Os sectores com maiores ganhos de competitividade estão relacionados com a indústria
aeroespacial, química, electrónica, dispositivos médicos, farmacêutica, indústria de precisão,
telecomunicações, biotecnologia, design de software, web e multimédia.
As grandes potencialidades em termos de clusters decorrem da conjugação de factores que
algumas das regiões canadianas apresentam ao nível: da disponibilidade de trabalho
qualificado, da proximidade a mercados de grande dimensão, dos custos do trabalho
inferiores aos de outros clusters de referência mundial, dos incentivos e benefícios fiscais
concedidos à investigação e desenvolvimento e ao financiamento de demonstração de
tecnologias ambientais e às grandes empresas, das regulamentações ambientais, das
acessibilidades e redes de infra-estruturas rodoviárias, marítimas e portuárias.
Baseado nas energias renováveis...
O Canadá, designadamente, as regiões de British Columbia e de Atlantic Canada, são férteis
em recursos energéticos. No caso da região de
British Columbia em bioenergia e nas
energias geotérmica, ondas, curso dos rios, solar e eólica; no caso da região Atlantic Canada
em hídrica, nuclear, petróleo, carvão, gás natural e eólica.
Clusters com grandes potencialidades...
Para além da excelência no desenvolvimento de tecnologias na área da gestão de resíduos,
água e tratamento de água, o Canadá investiu fortemente no desenvolvimento das
tecnologias energéticas renováveis, as quais permitiram a consolidação de vários clusters de
energia, sendo um factor de desenvolvimento regional e de competitividade.
Ao dispor de grandes quantidades de recursos energéticos, um dos drivers mais importantes
da economia no Canadá está relacionado com a exploração do sector da energia, o qual, em
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 47
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Fonte: Elaborado com base em Foreign Affairs and International Trade of Canada (2007).
2006 29 representava 5,9% do produto, sendo que, apenas a produção de petróleo e gás para
gerar electricidade empregava 345 000 pessoas e 22% do total das exportações tinham
origem no sector da produção de energia.
O desenvolvimento de clusters de energias renováveis pretende fazer face ao aumento da
procura de energia, e ao aumento dos custos na utilização de combustíveis fósseis. Foram
identificados, no Canadá, 7 clusters de âmbito regional de tecnologias ambientais, dos quais
fazem parte, naturalmente, as tecnologias energéticas (renováveis) e 13 regiões com centros
de excelência de investigação e desenvolvimento em tecnologias energéticas (quadro 1).
Quadro 1: Os Clusters e os Centros de Excelência em Tecnologias Energéticas no
Canadá
CLUSTERS
CENTROS DE EXCELÊNCIA
Calgary – Edmonton:
Alberta
Em areias betuminosas e em materiais com baixo
teor de carbono; combustíveis limpos e químicos
específicos; produção com procura reduzida de
energia, de consumo de água e impacto ambiental,
incluindo
captura
de
CO2,
transporte
e
armazenamento e utilização final a longo prazo.
British
Columbia
Centro
internacional
de
investigação,
desenvolvimento e comercialização em tecnologias
de hidrogénio e pilhas de combustível.
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Cluster com competências em
tecnologias ambientais, com
especial
vocação
para
as
indústrias do petróleo e do gás
Vancouver – Victoria:
Cluster em energias alternativas
e
fortes
competências
e
capacidades em construção e
design “verde”.
Integra o Conselho Nacional de Investigação e
Centro de Inovação em Pilhas de Combustível
Integra
actuações
no
desenvolvimento de pilhas de
combustível a hidrogénio e
desenvolve projectos e produtos
de energia geotérmica, solar,
ondas, mini-hídricas, bioenergia
e tecnologias relacionadas
Especializado em gestão e
tratamento de água, produção
de autocarros híbridos, produtos
para edifícios com elevada
eficiência
energética
e
tecnologias
energéticas
renováveis
48
Crescimento do interesse pela energia oceânica
Manitoba
Winnipeg:
29
Líder na produção de pellets (biomassa), permite
que a bioenergia muito relevante na região,
beneficiando dos conhecimentos
Hub emergente em tecnologias de hidrogénio de
vanguarda: teste de autocarros e outros veículos
híbridos a pilhas de combustível e parceiro do novo
Centro de Expertise em Hidrogénio.
Maior região de instalações geotérmicas per capita
Hub para tecnologias de calor “verdes”: aplicações
de múltiplas perfurações, tecnologias de bombas de
calor de emergência e estratégias financeiras
inovadoras
“A Shared Vision for Energy in Canada - August 2007”, Council of the Federation Scretariat.
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
New
Brunswick
Tecnologia nuclear, energia marinha e integração
na rede eléctrica e investigação na integração de
produção de electricidade intermitente na rede
New
Brunswick
Tecnologia nuclear, energia marinha e integração
na rede eléctrica e investigação na integração de
produção de electricidade intermitente na rede
NewFoundl
and
and
Labrador
Exploração
de
hidrocarbonetos
off-shore
e
desenvolvimento de tecnologias energéticas em
ambientes de condições climatéricas adversas.
NorthWest
Territories
Investigação e desenvolvimento pelo Instituto de
Investigação
Aurora
de
novas
tecnologias
energéticas e de adaptação de novas tecnologias
energéticas no Norte do Canadá. Cooperação com
os japoneses no desenvolvimento dos hidratos de
metano e na fiabilidade da energia eólica no Ártico.
Nova
Scotia
Tem a única central de produção de energia das
ondas da América do Norte: Annapolis Royal.
Toronto
Ontário:
e
Sudoeste
de
Nunavut
Procura de parcerias locais para investigar,
desenvolver
e
comercializar
tecnologias
de
produção de energia num clima do Ártico,
designadamente, turbinas eólicas
Ontário
O Centro de Excelência de Ontário (OCE)
desenvolve a sua actividade no mercado da
energia,
sistemas
energéticos,
tecnologias
energéticas de emergência e desenvolvimento de
competências/qualificações
Atlantic
Canada
O Instituto Canadiano de Energia Eólica (WEICan)
apoio o desenvolvimento da produção de
electricidade com base em energia eólica,
exportação de produtos e serviços relacionados
com a energia eólica.
Quebéc
O Instituto de Investigação Hídrica do Quebéc
(IREQ) é um centro de excelência de produção e
distribuição de electricidade. Salientam-se as áreas
de investigação: integração da energia eólica na
rede eléctrica e produção de etanol celulósico a
partir da biomassa.
Maior cluster com competências
em tecnologias ambientais
Prince Edward Island:
Desenvolve projectos no âmbito
da investigação, produção e
comercialização de tecnologias
eólicas
Montréal:
Segundo maior cluster com
competências em tecnologias
ambientais
O Instituto de Investigação sobre Hidrogénio,
realiza ainda a pesquisa de armazenamento de
hidrogénio e distribuição segura
Saskatoon:
Especializado
em
gestão
ambiental de ecossistemas e de
tratamento, reservas e oferta de
água
Saskatche
wan
O Centro de Investigação Tecnológica do Petróleo
desenvolve a investigação mundial em tecnologias
de recuperação de petróleo e armazenamento de
CO2
É intenção desenvolver centros de excelência em
bio-produtos e produção de hidrogénio
Yukon
Desenvolvimento do Cluster de Inovação em
Climas Frios de Yukon, para desenvolver,
comercializar
e
exportar
tecnologias
sustentáveis de climas frios para regiões do subÁrtico
Fonte: Elaborado com base em Foreign Affairs and International Trade of Canada (2007) e Council of the
Federation Scretariat (2007).
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 49
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Dedicam-se ao processo de produção de etanol
celulósico a partir da floresta, agricultura e de
resíduos de outros bioprodutos.
A disseminação das energias renováveis pelas várias regiões do Canadá é visível
especialmente em termos de centros de excelência de investigação e desenvolvimento,
concentrando-se mais, regionalmente, a criação de clusters associados às energias
renováveis. Salienta-se a investigação em diversas regiões relacionada com o hidrogénio e
as pilhas de combustível (British Columbia, Manitoba, Quebéc e Saskatchewan), indo muito
para além do desenvolvimento de tecnologias ambientais, suporte do desenvolvimento
sustentável.
CAIXA 6: O ROADMAP TECNOLÓGICO PARA O HIDROGÉNIO DO CANADÁ
O Canadá ainda não definiu um roadmap tecnológico para o hidrogénio, apresentando um Plano
de Acção 30 onde estabelece o caminho a privilegiar para atingir uma economia baseada no
hidrogénio. Contudo, é dos países que há mais tempo se preocupa com o desenvolvimento do
hidrogénio como intermediário energético. O Plano de Acção contém seis objectivos distintos:
1) estabelecimento de um objectivo para as reduções das emissões de CO2;
2) transformar o sistema energético canadiano;
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
3) desenvolvimento da produção de hidrogénio, baseada, no médio prazo, nos combustíveis
fósseis com tecnologias de captura e armazenamento de CO2 e, no longo prazo, na
electricidade. Devido aos riscos envolvidos na construção de infra-estruturas vocacionadas
para o hidrogénio, deverão surgir, no médio prazo, aplicações industriais utilizando produção
descentralizada de hidrogénio em pequena escala. O desenvolvimento da produção de
hidrogénio deverá basear-se na distribuição geográfica das fontes de energia primária,
envolvendo um mix de energia nuclear, hidroelectricidade, energia eólica, biomassa e
combustíveis fósseis. A distribuição será feita por via de pipelines;
4) desenvolvimento dos sistemas de armazenamento e distribuição de hidrogénio, baseados
numa produção descentralizada;
5) transporte e tecnologias de conversão, salientando-se a transição para veículos movidos a
pilhas de combustível, ou com motores de combustão interna que utilizam hidrogénio,
veículos híbridos e as “estações de energia” (combinação de geração, distribuição e
abastecimento de electricidade);
6) desenvolvimento dos mercados de hidrogénio: incentivos; adaptação às necessidades dos
consumidores e exportação de hidrogénio.
Os casos analisados, Vancouver–Victoria e Atlanta Canada, são bastante distintos: no
primeiro privilegia-se o desenvolvimento do mix de energias, enquanto o segundo focaliza-se
na energia eólica.
O funcionamento do cluster de Vancouver – Victoria resulta da actividade dos parques
tecnológicos, os quais facilitam a instalação de várias entidades (empresas, centros de
investigação, entre outras) ao proporcionarem uma rede de infra-estruturas, apoio logístico e
ao desenvolvimento de empresas e à criação de empresas de elevado conteúdo tecnológico.
Exemplo disso, é o Vancouver Island Technology Park (VITP), propriedade da Universidade
Victoria Enterprise.
30
50
“Hydrogen Systems” - Canadian Hydrogen Association (2004).
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
O funcionamento do cluster de Atlanta Canada, através do seu promotor WEICan (Wind
Energy Institute of Canada) procura apoiar os projectos de investigação em energia eólica.
Desde da década de 80 que a sua acção é muito importante a nível nacional, pela promoção
e colaboração na investigação, teste e demonstração nas áreas de: electricidade distribuída;
turbinas eólicas de pequena dimensão; sistemas eólico – diesel para aplicações remotas e
fora da rede eléctrica e aplicações eólica – hidrogénio.
Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas, tornando o Canadá líder a nível
mundial,
assistindo-se
à
permanente
implementação
de
novas
tecnologias
energéticas...
As novas tecnologias e inovações em energia “limpa/verde” e os avanços obtidos na
eficiência energética constituem fundamentos para a liderança global do Canadá e
oferecerem oportunidades aos níveis económico, de negócio, social e ambiental. É assim
visível a associação de tecnologias maduras com uma investigação contínua em novas
O Cluster de Vancouver–Victoria baseia-se em energias alternativas e fortes competências e
capacidades em construção e design “verde”. Integra actuações no desenvolvimento de
pilhas de combustível a hidrogénio e desenvolve projectos e produtos de energia geotérmica,
solar, ondas, mini-hídricas, bioenergia e tecnologias relacionadas. Este cluster evoluiu
extraordinariamente pela integração da Universidade de British Columbia, desde 1996, nos
conceitos de “construção verde”, como é o centro de jogos olímpicos de Inverno de 2010.
Apoiado pelo Fundo de Energia Limpa promovido pela região de British Columbia, naqueles
clusters as tecnologias energéticas privilegiadas são:
recursos renováveis como a biomassa, oceânica, hídrica, solar, eólica e geotérmica;
melhorias no desenvolvimento e utilização de energias não renováveis como o
petróleo e gás natural convencional e não convencional;
desenvolvimento de intermediários energéticos e tecnologias de armazenamento
como o hidrogénio e as pilhas de combustível;
desenvolvimento de tecnologias de gaseificação, captura e armazenamento do CO2,
gestão de emissões, integração de sistemas de energia, gestão e medidas de
produção de energia;
conservação e eficiência energética;
tecnologias relacionadas com a mobilidade: eficiência dos motores, dos veículos,
combustíveis alternativos como o biodiesel e etanol;
tecnologias relativas à captura e utilização de energia.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 51
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
tecnologias energéticas.
O Cluster Atlanta Canada, ao desenvolver projectos no âmbito da investigação, produção e
comercialização de tecnologias eólicas, tem uma forte ligação aos recursos naturais
endógenos.
Os projectos em curso estão relacionados com:
o
design,
verificação
e
desenvolvimento
de
novas
turbinas
eólicas
e
seus
componentes;
o desenvolvimento de sistemas híbridos, integradores da energia eólica com sistemas
de geração a diesel para a criação de um sistema integrado de controlo. Este sistema,
único no mundo, está sediado na Ilha de Prince Edward, sendo o Canadá o primeiro
país a fazer a integração entre os sistemas eólico e diesel. Nos últimos cinco anos,
este cluster tem estado a desenvolver diversos estudos no âmbito do Sistema de
Controlo Integrado Eólico – Diesel (WDICS) de modo a integrar completamente as
turbinas eólicas em centrais a diesel. Recentemente esta tecnologia entrou em fase
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
de pré-comercialização na região de Newfoundland;
o desenvolvimento de um inversor universal que permita a integração da energia
eólica na rede eléctrica, seja unívoca ou biunívoca;
o estudo de sistemas de conversão de energia eólica e testes a simuladores de
turbinas eólicas, sistemas de armazenamento de energia, facilidades na conversão de
energia e centros de controlo de energia.
As sinergias e os actores...
No Canadá, o principal impulsionador do desenvolvimento de clusters é uma entidade pública
(NRC – National Research Council) 31 que assegura a cooperação entre os vários actores, dá
orientações
específicas,
promove
projectos
de
investimento
e
divulga
potenciais
oportunidades de negócio, favorecendo o crescimento e desenvolvimento económico
regional.
31
52
“Ambiente, Inovação e Competitividade da Economia”, DPP (2007).
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Figura 21: As Sinergias em Redor do Cluster Energia no Canadá
CLUSTER
BIORECURSOS
CLUSTER
SISTEMAS
WIRELESS
CLUSTER
CIÊNCIAS DA
VIDA
CLUSTER
TECNOLOGIAS
OCEÂNICAS
CLUSTER
TIC'S
e -BUSINESS
CLUSTER
TECNOLOGIAS
ALUMÍNIO
CLUSTER
AEROESPACIAL
CLUSTER
NANOTECNOLOGIAS
CLUSTER
AGRICULTURA
BIOTECNOLÓGICA E
BIOPRODUTOS
CLUSTER
CIÊNCIAS DA
VIDA E
DISPOSITIVOS
MÉDICOS
CLUSTER
FOTÓNICA
CLUSTER
CIÊNCIAS DA
VIDA
Fonte: Elaborado com base NCR e DPP (2007).
O Cluster de Vancouver–Victoria, que integra pilhas de combustível, hidrogénio e energias
alternativas (ondas), foi suportado pela Ballard Power Systems, produtor de pilhas de
combustível e que desenvolveu a cooperação com as empresas de toda a cadeia energética:
produtores e integradores de tecnologia de base, actividades baseadas em tecnologia das
pilhas PEMFC, produtores e fornecedores de produtos e sistemas especializados, as entidades
responsáveis pela infra-estrutura de abastecimento e armazenagem, serviços especializados
e instalações de ensaio e teste.
Figura 22: As Sinergias e os Actores do Cluster Energia na Região de British Columbia
Plutonic Power
DynaMotive Energy
Systems
West Tech
Energy
Noram
Engineering
Constructors
Ballard Power Systems
Fuel Cell Canada
serviços
especializados
energias
alternativas
Carmanah Technologies
GrowthWorks
Venture West Chrysalix
Power Technology
Alliance
OREG
ondas
universidades e
centros de
investigação
entidades
públicas,
laboratórios e
ensaios teste
Palcan Fuel Cell
produtores e
integradores de
tecnolgia de
base
Cellex Power Products
Angstrom Power
CLUSTER
HIDROGÉNIO E
PILHAS
COMBUSTÍVEL
E RENOVÁVEIS
Universidade Victoria
Universidade British
Columbia
VITP
Praxair Inc
QuestAir Technology
Pathway Desing and
Manufacturing
Greenlight Power
Technologies
NCR - IFCI
NCR
PEM Fuel Cells
fornecedores de
produtos e
sistemas
especializados
Xantrex Technology
Cimtex Industries
infra-estrutura
de
abastecimento
armazenagem
Clean Energy Canada
BC Hydro (Powertech)
General Hydrogen
Methanex
BOC Gases
IMW
Fonte: Elaborado com base NCR e DPP (2007).
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 53
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
CLUSTER
HIDROGÉNIO E
PILHAS
COMBUSTÍVEL
Sob a égide do NCR, o Institute for Fuel Cell Innovation, sediado em Vancouver, e em
parceria com o Natural Resources of Canada, a associação industrial do Canadá e o governo
regional de British Columbia, tem desenvolvido imensos esforços para introduzir na produção
industrial (Ballard Power Systems) a tecnologia do hidrogénio e das pilhas de combustível.
Paralelamente, tem-se desenvolvido um cluster com base em energia oceânica (OREG –
Ocean Renewable Energy Group) o qual pretende reunir todos os interessados na energia
oceânica, propondo soluções energéticas.
O cluster eólico de Atlanta Canada, promovido pelo WEICan, estabelece sinergias dentro e
fora do cluster. Dentro do cluster, através da interacção entre os parques eólicos, centros de
investigação, governo regional e as várias empresas produtoras de equipamentos, gestoras
dos parques eólicos e de actividades de suporte, de consultoria e outras.
Figura 23: As Sinergias e os Actores do Cluster Eólico Na Região Atlantic Canada
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Centro p/ Compressão
Gás Natural
Centro Investigação
p/ Medicina Remota
Centro Investigação
Recursos Terra
Alliance Marine
Remote Sensing
Centro Excelência
em
Desenvolvimento
Petróleo
Bedford Institute de
Oceanografia
Centro Canadiano p/
Comunicações
Marinhas
Centro p/ Simulações
Marinhas
C-CORE
centros
I&D
Emera
Newfoundland
Power
Universidades
de Montreal;
Newfoundland;
Toronto, China,
etc
General Hydrogen
produção gás
e petróleo
Maritime
Electric
Sustainable
Power
Research
Group
produção
electricidade
Wind-Hydrogen Village
NCR
Testes
Operacionalida
de turbinas
Eólicas
projectos
em energia
eólica
Vestas
protótipo V-90
ATLANTICA CENTRE FOR
ENERGY
projectos
Universidade
New
Brunswick
em eólica
Annapolis
Tidal
Generating
Station
Inversor
Universal
CLUSTER
EÓLICO
NB
Power
Churchill
Falls
Investigação
em Petróleo de
Atlantic Canada
energia
ondas
Point Tupper Fractionation
Plant
Nova Scotia Pubnico Point
Newfoundland and
Labrador Hydro
Newfoundland
Ocean
Industries
Association
Irving Oil Refinery
Centro Investigação
em Engenharia
Oceância
Instituto Tecnologia
Oceância
Imperial Oil Refinery
Centro Investigação
Energia Nuclear
Associação
Tecnologias
Offshore /
onshore de
Nova Scotia
Centro p/
engenharia do
Petróleo
WEICan
Frontier Power
Systems
WEICan
testes
biodiesel
North Cape
Wind Farm
Natural
Resources
Canada
pás madeira p/
turbinas
eólicas
École de Technologies
Supérieure
financiadores
AIF
ACOA
TPC
SDTC
TEAM
Atlantic
Wind Test
Site
Wind Diesel
R&D
Ramea
Wind
Diesel
Hexatronic
Inc
CIDA
Green
Minicipal
Funds
CFI
IRAP
NSERC
Fonte: Elaborado com base NCR (2007).
Para além dos projectos desenvolvidos em energia eólica, o cluster eólico de Atlanta Canada
beneficia da actuação ao nível da produção de electricidade, produção de gás e petróleo, das
energias das ondas, dos projectos desenvolvidos com a parceria e nos centros de
investigação e nas diversas universidades, suportados por programas de financiamento e de
entidades financeiras parceiras.
54
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Criação dos clusters resultado da acção da política para a energia...
Os governos nacional e regionais são, em geral, os primeiros impulsionadores da criação dos
clusters em geral no Canadá. No caso dos clusters analisados, os governos põem em prática
objectivos, metas a atingir em 2020, definindo as orientações políticas que enquadram toda
a
actividade
económica.
Estando
perante
clusters
amadurecidos
e
com
projecção
internacional, a tarefa da política pública é continuar a apoiar o financiamento dos projectos
de investigação na exploração de novas tecnologias energéticas e adequar a sua actuação ao
funcionamento dos mercados e condicioná-los às suas orientações estratégicas.
Por exemplo, o Plano de Energia da região de British Columbia incide sobre três áreas
relevantes:
liderança em tecnologias ambientais: emissões zero das centrais de combustão a
carvão; dos projectos de produção de electricidade a partir de gás e das centrais
térmicas; assegurar que 90% da produção de electricidade tem origem em energias
métodos convencionais de produção de petróleo e gás;
conservação e eficiência energética: manutenção da presença de capitais públicos na
empresa BC Hydro; definir objectivos ambiciosos de aumentar a conservação de
energia; atingir a auto-suficiência em electricidade em 2016;
investimento em inovação: definir um Fundo para a Inovação em Energia Limpa;
implementar uma Estratégia em Bioenergia para tirar partido das vantagens dos
recursos energéticos endógenos em biomassa.
Clusters induzem o desenvolvimento económico regional...
O governo nacional definiu a visão partilhada para o futuro da energia no Canadá 32 . Esta
visão estabelece um plano de acção com sete aspectos que procuram o consenso entre a
segurança no abastecimento energético, responsabilidade ambiental e social e um
crescimento económico continuado:
1) promoção da eficiência e da conservação de energia: através da promoção das melhores
práticas, identificação de oportunidades e iniciativas multilaterais;
2) aceleração do desenvolvimento e da implementação da investigação em tecnologias
energéticas, que permita uma produção e transporte e distribuição mais eficiente, adoptando
tecnologias “limpas” ao nível das fontes de energia convencionais;
3) facilitar o desenvolvimento de energias renováveis, fontes de energia“verdes” ou “limpas”
para fazer face ao aumento da procura e contribuindo para atingir os objectivos propostos
em matéria de protecção do ambiente;
32
“A Shared Vision for Energy in Canada (August 2007)” – Council of the Federation Secretariat.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 55
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
“limpas” ou renováveis;não utilização da energia nuclear; redução progressiva dos
4) desenvolvimento de uma rede energética moderna, fiável, ambientalmente segura e
eficiente, ao nível do transporte, distribuição e exportação e importação das várias fontes de
energia;
5) melhoria nos tempos necessários para a tomada de decisão, mantendo, em simultâneo,
uma rigorosa protecção do ambiente e do interesse público;
6) desenvolvimento e implementação de estratégias para fazer face às necessidades
humanas do século XXI, em termos de energia;
7) persuadir as várias regiões a tomar parte das negociações e do diálogo ao nível da
energia.
Este plano, ao nível da região de British Columbia deu origem à adopção de 55 medidas, das
quais 9 relacionadas com conservação e eficiência energética; 19 relativas ao sector da
electricidade; 20 em matéria de petróleo e gás e 7 no que respeita às energias alternativas:
estabelecimento de um Fundo para a Inovação em Energia Limpa, para apoiar o
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
desenvolvimento de tecnologias limpas ao nível da produção e eficiência energética de
electricidade;
implementação da Estratégia em Bioenergia para tirar partido das potencialidades dos
recursos em biomassa da região;
proposta de utilização dos resíduos florestais para a produção de electricidade,
ajudando à minimização dos impactos da infestação ocorrida nas florestas da região;
introduzir até 2010, 5% de combustíveis renováveis no diesel e desenvolver esforços
ao nível da utilização de combustíveis renováveis no sector industrial e doméstico;
apoiar a estratégia nacional de incluir 5% de etanol na gasolina;
desenvolver uma economia baseada no hidrogénio, perpetuando a Estratégia da
região para o Hidrogénio e Pilhas de Combustível;
estabelecer, em 2010, um quadro regulamentar harmonizado para o hidrogénio,
consolidando o cluster na região.
Na figura 24 é definido o Plano de Energia do British Columbia desde 2007 até 2026:
56
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Figura 24: O Plano de Acção de Energia da Região de British Columbia
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026
Adquirir 50% das necessidades de energia da BC Hydro por via da
conservação de energia
Implementar
standards de
eficiência energética
em edifícios
Assegurar auto-suficiência em electricidade
Assegurar auto-suficiência em electricidade sustentável
apoiar a proposta da BC Hydro de substituir
as fontes de energia na central térmica de
Burrad
introdução de 5% de
combustíveis
renováveis no diesel
apoiar a decisão do
governo de introduzir
5% de etanol na
gasolina
Estabelecer um novo
quadro regulamentar
para o hidrogénio
Eliminar as medidas que facilitavam a produção
tradicional de petróleo e gás
Reduzir as medidas
que facilitavam a
produção tradicional
de petróleo e gás
Fonte: BC Energy Plan (2007).
A região de Atlantic Canada, beneficia da sua localização e da política energética que procura
projectar internacionalmente a energia eólica. Para o governo local, um dos objectivos é que
em 2015, 100% do consumo local de electricidade tenha origem em energia eólica.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 57
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
emissões zero nas centrais térmicas de produção de
electricidade actuais
Financiamento público por via de programas de financiamento...
O NRC (National Research Council) é a entidade nacional financiadora, promotora de
projectos de investigação, participando e patrocinando muitas iniciativas no âmbito das
energias renováveis, tecnologias ambientais e no desenvolvimento do hidrogénio e das pilhas
de combustível. Para além desta fonte de financiamento, as regiões analisadas beneficiam do
apoio de financiamento local e regional.
No caso do cluster sediado na British Columbia, uma das fontes mais importantes de
financiamento é através do Fundo para a Inovação em Energia Limpa com um orçamento de
25
milhões
de
dólares.
Outra
forma
de
financiamento,
especialmente
dirigida
ao
desenvolvimento do hidrogénio e das pilhas de combustível, é o investimento de 89 milhões
de dólares para aquisição de 20 autocarros a pilhas de hidrogénio e a criação entre regiões
de uma infra-estrutura de abastecimento destes autocarros.
No caso do cluster eólico de Atlantic Canada, no âmbito dos projectos promovidos pelo
WEICan (Wind Energy Institute of Canada), existe uma diversidade de fontes de
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
financiamento:
ACOA: designa a Agência de Oportunidades da Atlantic Canada, com o objectivo de
reunir todos os actores interessados no desenvolvimento de produtos de base
tecnológica e serviços associados, com especial vocação para a identificação de
tecnologias ambientais;
AIF: Fundo de Inovação Atlantic, fundo através do qual o Governo do Canadá realiza
investimentos estratégicos na região com capacidade inovadora. Este fundo é uma
componente da Parceria de Investimentos de Atlantic, que reúne actores de vários
municípios;
CFI: Fundação para a Inovação Canadiana: reúne entidades com capacidade de
conduzir
investigação
como
universidades,
hospitais,
escolas
secundárias
e
instituições sem fins lucrativos;
CIDA:
Programa
de
Cooperação
Industrial,
suporta
actividades
de
negócio
sustentáveis a nível internacional, em especial em países em desenvolvimento;
IRAP: Programa de Assistência à Investigação Industrial, apoia pequenas e médias
empresas com projectos em fase de pré-comercialização;
NSERC: apoia projectos em universidades em quatro domínios – define projectos e as
parcerias com entidades privadas, o envolvimento de investigação de alta qualidade
em ciências naturais e de engenharia, o apoio na procura de oportunidades de
investigação e envolvimento em projectos com reconhecido potencial de transferência
de tecnologia;
SDTC: Tecnologia de Desenvolvimento Sustentável do Canadá, integra actores de
toda a cadeia de valor relacionada com as novas tecnologias ambientais;
58
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
TPC: Parcerias Tecnológicas do Canadá: entidades que conduzem investigação em
tecnologias ambientais e com custos superiores a 3 milhões de dólares;
TEAM: Medidas de Acção Iniciais em Tecnologia (NRCan), actores que tenham
projectos orientados para desenvolver tecnologias mitigadoras das emissões de gases
com efeitos de estufa;
Green Municipal Funds: Federação de Municípios Canadianos, apoio a projectos
relacionados com a protecção do ambiente e mitigação das alterações climáticas,
utilização sustentável de recursos renováveis e não renováveis.
No âmbito dos clusters consolidados, encontra-se uma diversidade de situações,
sendo possível verificar dois objectivos distintos mas que se interligam, isto é,
existem clusters claramente criados para promover o desenvolvimento sustentável
pela via da adopção de energias renováveis (experiências finlandesa e basca) e
sociedade
baseada
no
hidrogénio
(experiências
dinamarquesa,
islandesa,
baveriana e das regiões canadianas), sendo que estes últimos partem de uma base
de energias renováveis, com claro predomínio da energia eólica em alguns países
(como na Dinamarca e na Alemanha).
Com uma forte presença do Estado na definição, orientação e apoio financeiro,
logístico e científico ao desenvolvimento e consolidação dos clusters, encontram-se
experiências diferentes em termos do modo de organização e de funcionamento
dos clusters: desde da organização da actividade económica em clusters industriais
como é visível nas experiências basca e baveriana, com forte interacção dos
actores entre clusters e dentro de cada um; ou experiências em que se define uma
visão, planos de acção e planos estratégicos com um desígnio nacional como na
Dinamarca e Canadá.
II.2. ESTUDOS DE CASO: OS CLUSTERS “EMERGENTES”
Consideram-se clusters de energias renováveis “emergentes” todos aqueles que apresentam
potencialmente todas as características de um cluster mas ainda num estádio de evolução
inicial, no sentido em que as sinergias entre os actores são ainda poucas ou frágeis,
correspondendo a uma fase inicial de um processo.
Existem diversos casos de projectos internacionais e de acções regionais/locais relacionadas
com a utilização inteligente da energia e de desenvolvimento das energias renováveis. No
entanto, devido à dimensão do documento, não se pretendeu aqui explorá-los a todos, mas
sim analisar aqueles que apresentam características de clusters e simultaneamente, parecem
mais importantes do ponto de vista do desenvolvimento das tecnologias energéticas e do
desenvolvimento sustentável das regiões.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 59
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
outros mais ambiciosos com o objectivo de acelerar o processo rumo a uma
CAIXA 7: “CALOR A PARTIR DE FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEL – 21 PROJECTOS NA
EUROPA”
A agência da Comissão Europeia Intelligent Energy Executive Agency (IEEA), publicou em
Dezembro de 2006, a evolução dos projectos suportados pelo Programa Intelligent Energy –
Europe. A IEEA implementa o programa europeu para a promoção da eficiência energética e das
energias renováveis, através do financiamento de projectos internacionais e de acções
regionais/locais relacionadas com a utilização inteligente da energia e de desenvolvimento das
energias renováveis.
Neste âmbito, foi dada uma atenção especial ao sector da climatização (aquecimento e
arrefecimento), e ao desenvolvimento de projectos de cooperação internacional nas áreas de:
legislação, normas para combustíveis e sistemas de aquecimento e arrefecimento baseados em
energias renováveis; cadeias energéticas e estruturas de mercados para produtos de
aquecimento e arrefecimento baseados em energias renováveis e acções de promoção e
formação. A figura A2 em anexo pretende sintetizar os projectos em curso.
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Dos 21 projectos salienta-se o projecto “Green Energy Clusters”, com o objectivo de fortalecer
os mercados regionais de aquecimento com base na biomassa, através da criação de clusters
regionais de pequenas e médias empresas. Coordenado pela KanEnergi Sweden AB, da Suécia,
conta com a participação de entidades de cinco países: O.Ö.Energiesparverband da Áustria, da
GreenPartner e da Norsk Enök & Energi da Noruega, da South West Wood Fuels Ltd do Reino
Unido, da Rhônalpénergie-Environnement e da Chambre de Commerce et d’Industrie de Lyon de
França.
A participação de actores portugueses nestes projectos, entre 2005 e 2006, cingiu-se aos
projectos:
▪
EURES (Five European RES Heat Pilots) pelo Instituto Superior Técnico e a empresa
Irradiare (uma spin off, que se dedica à consultoria em arquitectura, engenharia e
protecção meio ambiente), com o objectivo de desenvolver o mercado da bioenergia em
Portugal;
▪
ELVA (Establishing Local Value Chains for Renewable Heat), pelo Centro da Biomassa para
a Energia, associação científica p/ apoio e promoção tecnológica da biomassa, com o fim
de facilitar o estabelecimento de uma valor local ao nível do aquecimento por biomassa;
▪
EUBIONET II (Efficient Trading of Biomass Fuels and Analysis of Fuel Supply Chains and
Business Models), pelo Centro da Biomassa para a Energia, para promover a utilização de
biocombustíveis nos domínios do comércio, cadeias energéticas e regulamentação;
▪
SOLARKEYMARK – II (Large Open EU Market for Solar Thermal Products), pelo Instituto
Nacional de Engenharia Tecnologia e Inovação, para melhorar o acesso dos consumidores
a produtos térmicos solares de qualidade;
▪
ThERRA (Thermal Energy from Renewables – References and Assessment), pela ADENE
Agência para a Energia, no sentido de desenvolver e difundir a metodologia para
monitorizar a quantidade total de calor produzida a partir da biomassa;
▪
IGEIA (Integration of Geothermal Energy into Industrial Applications) e o REFUND+
(Refund Individual Investments in RES Heating Systems through Direct Tax Measures),
iniciados em 2007, para a introdução da energia geotérmica em aplicações industriais e
para promover os investimentos individuais em sistemas de aquecimento por energias
renováveis, especialmente, através de impostos directos.
Fonte: IEEA (2006).
No âmbito deste capítulo, podem-se integrar os casos regionais de PACA (Provence, Alpes et
Côte d’Azur) e Corse em França e no Principado do Mónaco, Rhône-Alpes e Languedoc
Roussilon, em França, o caso da Escócia e a emergência do cluster solar na região de
Saxónia-Anhalt, no Leste da Alemanha. Faz-se, ainda, uma breve alusão ao caso da
Catalunha, pela tentativa de criar um cluster em energia. Analisa-se, separadamente, o caso
de Portugal, dada a sua importância e o potencial impacto no sistema energético nacional
(II.2.1).
60
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
FRANÇA E O PÓLO DE COMPETITIVIDADE CAPENERGIES 33
Pôle de Compétitivité Energies
non Génératrices de Gaz à Effet
de Serre
O pólo de competitividade Capenergies é centrado nas energias do futuro, não geradoras de
gases com efeitos de estufa. Este pólo visa desenvolver a expertise a nível regional, apoiar a
actividade das pequenas e médias empresas na definição das suas estratégias, com o
objectivo de responder aos desafios colocados ao desenvolvimento das energias não
geradoras de gases com efeito de estufa, ou seja, de um mix de fontes de energia primárias
que passa pelas energias renováveis, energia nuclear, hidrogénio e procura energética
eficiente.
Nuclear – Centre de recherche sur l'énergie nucléaire) e pelo EDF (operadora em energia,
nomeadamente electricidade). Localiza-se na região de PACA (Provence Alpes et Côte d’Azur)
e Corse em França e no Principado do Mónaco, reúne, actualmente, mais de 190 parceiros
nas áreas da investigação e desenvolvimento, formação e desenvolvimento industrial.
Breve enquadramento geográfico, económico e social
A região de PACA (Provence, Alpes et Côte d’Azur) e Corse em França e no Principado do
Mónaco, reúne a terceira região mais desenvolvida de França, com forte componente
turística e em actividades de serviços, com um tecido empresarial com predomínio em
pequenas e médias empresas. Em 2006, a população era mais de 5 milhões de habitantes.
Figura 25: Localização Geográfica do Pólo Capenergies
população total em 2006
5 094 000 habitantes
densidade populacional
127 hab. / km2
superfície
40 082 km2
Fonte:Elaborado com base em Wikipédia 2007
33
http://www.capenergies.fr/
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 61
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
A criação deste pólo é resultado do trabalho desenvolvido pelo CEA (Centro de Investigação
Associado à forte actividade turística estão as condições naturais muito diversificadas (de
montanha (Alpes) e Mar Mediterrâneo) e o património cultural, fazendo desta região um
ponto turístico de projecção mundial. A actividade turística, pela sua natureza, implica uma
relação estreita com um conjunto diversificado de actividades com impacto significativo ao
nível das emissões de gases com efeito de estufa.
Baseado nas energias do futuro não geradoras de gases com efeitos de estufa...
O Capenergies compreende todas as fontes primária de energia que farão parte no mix de
energias renováveis do futuro, de modo a responder à protecção do ambiente e às alterações
climáticas. Por isso mesmo, contempla o domínio da procura de energia, e no da oferta a
energia solar, eólica, hídrica, biomassa, hidrogénio, a fissão e a fusão nuclear.
Cluster consolidado...
O pólo Capenergies é ambicioso e articula a sua acção em torno de três eixos, característica
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
de um cluster:
Assegura o desenvolvimento tecnológico e de inovação nos domínios da produção
centralizada e descentralizada de electricidade, do aquecimento e arrefecimento
(climatização) e dos combustíveis de síntese;
Favorece o desenvolvimento económico, designadamente, o apoio a grandes
projectos de investimento e de exploração de grandes equipamentos;
Informa e sensibiliza os actores industriais, colectividades e público em geral.
As actividades do Capenergies estão organizadas em torno de uma associação criada para o
efeito que desenvolve a sua actividade da que se explicita na figura 26:
Figura 26: A Organização Funcional do Capenergies
Assegura o
funcionamento do
pólo e é o
interlocutor com o
Estado
Executa as orientações
decididas pelo Conselho
Administração;
Disponibiliza o que for
necessário p/
funcionamento do pólo
Dá apoio financeiro à
investigação aos
promotores dos projectos
Comité de Coordenação
Comissão de
Financiadores
Comissão científica
Conselho de
Administração
Comité Estratégico
Bureau
Colégio dos Industriais
Domínio Procura Energia
Colégio de Investigadores
Eólica
Solar
Hídrica
Colégio de Formação
Biomassa / Hidrogénio
Todas as acções
relacionadas com a
promoção de projectos,
critérios de elegibilidade,
orientação de I&D no
pólo
Favorece a interacção
dos actores dentro do
pólo
Colégio de Institucionais
Fissão Nuclear
Fusão Nuclear
Fonte: Elaborado com base na informação do site capenergies, http://www.capenergies.fr.
A partir dos comités de coordenação, conselho de administração, bureau, comité estratégico,
os actores (empresas, centros de investigação) estão organizados por colégios de acordo
com a sua actividade para os vários domínios em que o pólo vai actuar: procura de energia,
eólica, solar, hídrica, biomassa e hidrogénio, fissão e fusão nuclear.
62
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Esta organização funcional facilita a implementação de projectos de investimento orientados
estrategicamente para os objectivos que é suposto atingir com a criação do pólo. Como a
base de funcionamento do Capenergies, designadamente, as sinergias resultantes partem da
implementação de projectos, foi criado no âmbito da associação que gere o pólo uma
metodologia de avaliação dos projectos a implementar (figura 27).
eventuais retrocessos
Discussão do projecto no âmbito do domínio em
que vai ser desenvolvido
Elaboração da proposta final
Apresentação do Projecto ao Comité Estratégico
Apresentação do Projecto ao Conselho de
Administração para deliberação
Aceitação
do
Projecto
Fonte: Elaborado com base na informação do site capenergies, http://www.capenergies.fr.
Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas...
O Capenergies é claramente dinamizado pelas tecnologias energéticas. A implementação de
novas tecnologias energéticas vai de encontro com as orientações estratégicas definidas na
missão deste pólo de competitividade.
Ao analisa-lo salienta-se a orientação estratégica que lhe está subjacente: satisfazer as
necessidades de consumo do século XXI, num contexto de insegurança de abastecimento,
esgotamento dos combustíveis fósseis e alterações climáticas. Deste modo, a matriz de
consumo deve evoluir no sentido da utilização de energias sem emissão de gases com efeitos
de estufa, optimização dos processo de produção, limitando os resíduos e reciclando os
materiais, privilegiando-se os seguintes domínios:
Tecnologias no domínio da procura de energia: conjunto de equipamentos e de
métodos que visam optimizar o consu0mo de energia, limitando os custos das infra-
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 63
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Proposta inicial por um parceiro ou pelo Comité
Estratégico ou pelo Conselho de Administração
eventual estudo realizado por um perito externo
em qualquer fase do proecesso
Figura 27: Metodologia de Avaliação dos Projectos a Implementar no Capenergies
estruturas públicas e os danos no ambiente em três categorias: no desempenho
intrínseco dos equipamentos (relacionado com a eficiência energética das lâmpadas,
equipamentos domésticos); nos dispositivos e nos sistemas de gestão da iluminação e
das necessidades permanentes de energia; substituição da electricidade por energias
renováveis em sistemas térmicos de aquecimento, água quente, entre outros.
Energia solar eficaz a sua utilização na produção de electricidade, de calor e processo
químicos. Salienta-se a importância dada ao solar fotovoltaico.
Energia eólica: das mais promissoras formas de energia renováveis em termos de
competitividade e desenvolvimento económico;
Hídrica: das tecnologias energéticas com fortes potencialidades de crescimento em
França;
Biomassa, hidrogénio e combustíveis sintéticos: criação de condições favoráveis ao
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
desenvolvimento de uma fileira industrial relacionada com a produção de hidrogénio,
combustíveis de substituição dos hidrocarbonetos, produção de electricidade a partir
da decomposição da água, co-geração e produção de energia com base em resíduos,
biomassa. Isto requer o desenvolvimento de sistemas de conversão eficazes, trocas
térmicas entre produção de calor e produção de electricidade, pilhas de combustível,
motores a gás, e dessalinização da água do mar.
Fissão nuclear: o desenvolvimento da fissão nuclear tem como objectivo a produção
de electricidade em grande escala, segura, competitiva e sem produzir gases com
efeitos de estufa.
Fusão nuclear: é na região de PACA que está a ser desenvolvido o projecto ITER
(International Thermonuclear Experimental Reactor), tendo este pólo um triplo
objectivo: aproveitar o conhecimento científico da região para o desenvolvimento do
reactor, facilitar o desenvolvimento das empresas industriais associadas e assegurar
as acções de acompanhamento e de formação de jovens técnicos qualificados em
matéria de energia nuclear.
As sinergias e os actores...
Com o Capenergies pretende-se criar uma fileira energética de excelência, adaptada às
alterações estruturais da indústria e coerente com a evolução dos mercados internacionais. O
potencial de recursos energéticos endógenos, o dinamismo da política energética regional, a
densidade do tecido empresarial e dos centros de investigação e laboratórios, bem como o
desenvolvimento do projecto ITER, são os factores essenciais para a projecção mundial da
região, só possível pelo fortalecimento das sinergias deste pólo.
64
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Figura 28: As Sinergias no Capenergies
Hídrica:
4 projectos
em 2006
1 projecto
em 2007
Facilitar a implementação
da indústria através do
apoio a projectos
específicos a PME's e
Grandes Empresas
Tranversais
3 projectos em
2006
1 projecto em
2007
(1 projecto
sequestração
de CO2 em
2005)
Domínio Procura Energia:
6 projectos em 2006
12 projectos em 2007
(5 projectos eficiência
energética em edifícios em
2005)
Biomassa / Hidrogénio
19 projectos em 2006
19 projectos em 2007
(3 projectos hidrogénio e
2 em bioenergia em
2005)
Solar:
7 projectos em
2006
11 projectos em
2007
(1 projecto solar
fotovoltaico em
2005)
Fissão Nuclear
2 projectos em
2006
Eólica:
3
projectos
em 2006
Fusão Nuclear
6 projectos em 2006
1 projectos em 2007
Fonte: Elaborado com base no site capenergies, http://www.capenergies.fr.
Os projectos através dos quais é possível verificar as sinergias estabelecidas no Capenergies
estão relacionados com:
Tecnologias no domínio da procura de energia: estudo de materiais, nanoestruturas e
solar passivo em edifícios, tecnologias de aquecimento e arrefecimento e criação de
um serviço de quotas de emissão de CO2;
Energia solar: desempenho paneis fotovoltaicos e fluxos eléctricos nos paneis solares,
melhoria da competitividade no mercado do solar fotovoltaico, sistemas adaptativos
de
concentração
solar,
produção
descentralizada
de
energia
e
sistemas
de
optimização de produção e consumo de solar fotovoltaico;
Energia eólica: desenvolvimento de um sistema automatizado de produção de pás
para turbinas eólicas, suporte interactivo a três dimensões para apoio à decisão de
instalação de parques eólicos;
Hídrica: construção de barragens e sistemas de gestão de produção e transporte de
energia hídrica;
Biomassa, hidrogénio e combustíveis sintéticos: desenvolvimento de materiais e de
estabilizadores para as pilhas de combustível, análise do comportamento de materiais
inorgânicos a elevadas temperaturas, produção de bio-hidrogénio, pela utilização de
microorganismos e enzimas, optimização de bio-catalisadores para serem utilizados
em
pilhas
de
combustível,
gaseificação
ligno-celulósica
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
para
a
produção
de
da Sphera | Março 2008 | 65
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Desenvolvimento
Plataformas de
demonstração de
tecnologias ou territoriais
Acções
Formação
Programas de
I&D
combustíveis sintéticos, métodos de armazenamento de hidrogénio e investigação
fundamental em biomassa e hidrogénio;
Fissão nuclear: análise de equipamento utilizado como microscópios electrónicos de
transmissão nuclear;
Fusão nuclear: formação em fusão nuclear, plataforma de simulação e validação de
tele-operações no reactor ITER, combustíveis e materiais utilizados e análise das
várias fases em que é utilizado o plasma.
Os actores do Capenergies estão organizados por colégios, que designa a origem de cada um
deles, isto é, os industriais, correspondem às empresas; os investigadores, aos centros de
investigação; os de formação, aos centros de formação e qualificação de recursos humanos e
os institucionais, que integram as entidades públicas e privadas de regulação, inovação,
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
financiamento e desenvolvimento.
66
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Figura 29: As Actores no Capenergies
Colégio dos Industriais
A3E
Hídrica
Fusão Nuclear
consultora em economia da energia
ASSYSTEM
FRANCE
Fissão Nuclear
consultora em
energias renováveis,
procura electricidade
e utilização racional
energia
fornecedor gás
industrial
AIR
LIQUIDE
ALTRAN
TECHNOLOGIES
spin off em energia e
ambiente
ALPHEEIS
ASTRIANE
sistemas
energéticos
consultora em
inovação
produtora
equipamentos p/
nuclear, tratamento
resíduos
e sistemas bombagem
CREDIT
AGRICOLE
PRIVATE
EQUITY
EcoCHANGE
formação
ambiente
p/ indústria
EDF DR
PACA
EDF /
GDF
Véolia-Eau
Générale
des Eaux
VALCOBIO
apoia
projectos; I&D
e industria
petróleo
HERTEMAN
GENIE
Gaz de
France
GROUPE
SNEF
operadora
em
elect icidade
LES
GRANULES
DE BOIS
TECHNOPLUSINDUSTRIES
RESISTEX
EXPLOITATION
VOLTALIA
SA
materiais solar
passivo
SOLAR
EUROMED SAS
WEIR VALVES
& CONTROLS
TEP2E
ERM
Automatismes
Industriels
GROUPE
SNEF
produtora
equipamentos
energia solar
INGEROP
LUMIWAY
ENERGY
21
HYPNOW
SARL
consultora em
energia
POLYMAGE
PONTICELLI
FRERES
POWERSYS
POWEO
RPE
construção
RESOLTECH
operadora gás
e electricidade
promove
proj.energias
renováveis
Société
Française
d'Eoliennes
SODITECH
SAS
TRANSENERG
IE
SOLAR
EUROMED
SAS
SOLAR SYSTEM
Industries
CHROMAGEN
CSMR
serviços
energéticos
manutenção
industrial e
despoluição
SMEG
ENERG'ETHICS
GREENACCESS
HELION
fabricante de
pilhas
combustível
Polygonal
Design
sistemas
automáticos e
electrónicos
PRAMSYS
PRINCIPIA
RD
exploração de
instalações industrais
de alta tecnologia
TENESOL SA
QUANTUM
MECHANICAL
TECHNOLOGIES
soc.
electrotécnica
SEGULA
Technologie
Sud
SUEZ
consultora
em recursos
humanos
CNIM
DALKIA
simulação de
energia
Société du
Canal de
Provence
CLIPSOL
operadora em
energias renováveis
apoia projectos
no pólo em
fabricante de
energia e água
unidades
mecânicas e
JUWI
NHEOLIS
SARL
NANOTECH
SAS
start-up em
energia e
petroquímica
produtora
linhas
eléctricas e
telecomuni
cações
CHANTRE
DAVNIERE
construção
industrial
operadora em
energia
ECO DELTA
DEVELOPPEMENT
EEEi.g.o
EIFFEL
Constructions
métalliques
GIORDANO
Industries
d
COMPAGNIE
NATIONALE
DU RHONE
soluções tecnológicas
produção
electricidade
formação
recursos
humanos
ELECTRICITE
DE
MARSEILLE
operadora
em energia
ALSTOM
CSC
DCMP
consultora em
segurança
edifícios
produtora
equipamentos energia
solar
soluções
wireless
soluções
tecnológicas em
térmico solar
consultora em
energia
engenharia
nuclear e
manutenção
centrais
CORUSCANT
informátic
a
soluções robótica e
automatismos
operadora em
energia
COMEX
NUCLEAIRE
COTS
CYBERNETIX
ART
ENGENIERE
CETE APAVE
SUD
EUROPE
centro
investigação
poluição água
soluções
EDF Energies
Nouvelles
construção e
obras públicas
CARI
CEDRE
soluções em
energias
limpas
BUREAU
VERITAS
CRISTOPIA
Energy
Systems SA
financiamento
em energias
renováveis
spin off em
energia e
ambiente
soluções tecnológicas
AREVA
em energias limpas
ACD2
AMC ETEC
SARL
BERTIN
Technologies
Biomassa / Hidrogénio
consultora em
engenharia
VELEANCE
SAS
empresa de
alta tecnologia
em térmico
solar
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
RUMP
EQUIPEMENTS
SA
eficiência
energética das
indústrias
produtora de
veículos
eléctricos
VIBRIA
SHERPA
engineering
WATTECO
SOLAIRE
DIRECT
TRANSFIELD
ENERGY
VENTURES
da Sphera | Março 2008 | 67
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Solar
Eólica
Domínio Procura Energia
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Colégio de Investigadores
Colégio de Formação
Colégio de Institucionais
Fonte: Elaborado com base na informação do site capenergies, http://www.capenergies.fr.
68
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Iniciativa pública...
A criação do pólo Capenergies resultou de uma iniciativa do Governo Central que instituiu,
através de legislação, a definição do pólo e das competências e limites ao seu
desenvolvimento. A partir daí, procedeu-se à criação de uma associação para gerir,
coordenar, financiar e orientar a I&D dos projectos dos membros, a desenvolver no seio do
Capenergies e servir de interlocutor com o Governo Central.
Uma estratégia de desenvolvimento...
O objectivo do Capenergies é incentivar e reunir os diversos actores regionais da área da
energia, promotores de projectos, para desenvolver um mix de fontes primárias de energia
não geradores de emissões de gases com efeitos de estufa. Beneficiando das condições
naturais de recursos energéticos, competências tecnológicas, centros de investigação, o
Capenergies apresenta como estratégia global, criar condições para a projecção regional,
Este pólo surge, assim, como uma plataforma de demonstração de natureza tecnológica e
territorial com vista a um novo paradigma energético baseado em “energias limpas” como o
hidrogénio e a fusão nuclear.
Financiamento público e privado e em parceria...
O
financiamento
dos projectos desenvolvidos no
Capenergies podem beneficiar do
financiamento de diversas fontes como:
do fundo interministerial para a investigação e desenvolvimento a aplicar em
pequenas e médias empresas (PME’S) e grandes empresas e laboratórios)
incentivos e benefícios fiscais e sociais para as empresas que desenvolvem a sua
actividade no pólo de competitividade;
financiamentos regionais (OSEO ANVAR) a grandes e médias empresas;
financiamentos pela Agência Nacional de Investigação, a projectos de investigação
fundamental e aplicada de mérito científico e técnico reconhecido, desenvolvidos por
laboratórios e em parcerias de empresas com laboratórios das universidades;
financiamentos pela Agência de Inovação Industrial, a projectos de investigação
industrial e desenvolvimento pré–comercial, em especial para grandes empresas;
outros
financiamentos
para
a
criação
de
emprego,
formação
profissional
e
governância ao nível do pólo de competitividade.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 69
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
nacional e internacional das indústrias locais.
A FRANÇA E OS PÓLOS DE COMPETITIVIDADE TENERRDIS E DERBI 34
…un
pôle
nouvelles énergies
d’ambition mondiale
TENERRDIS é um pólo de competitividade de Novas Tecnologias Energéticas e Energias
Renováveis localizado na região de Rhône-Alpes, em especial nas subregiões de Drôme,
Isère e Savoie, em França.
O objectivo deste pólo de competitividade é o desenvolvimento das tecnologias energéticas
renováveis, componente fundamental do desenvolvimento sustentável.
Apresentando características de cluster, designadamente a actuação em rede, a criação de
sinergias entre actores, para o desenvolvimento de projectos comuns de carácter inovador,
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
foi dinamizado pelo governo, reunindo um número alargado de 2500 investigadores.
Breve enquadramento geográfico, económico e social
TENERRDIS localiza-se na região Este de França, de elevado potencial económico, científico e
tecnológico. Em 2006, foi considerada a região mais industrializada de França, com uma
importância significativa das actividades e serviços com elevado conteúdo tecnológico e com
uma forte presença de capitais estrangeiros; a segunda região em termos de produto gerado
e exportações; o segundo pólo de ensino superior e de investigação franceses; com uma
população de mais de 6 milhões de habitantes (figura 30).
Figura 30: Localização Geográfica do Pólo Tenerrdis
população total em 2006
6 004 957 habitantes
densidade populacional
137 hab. / km2
superfície
43 698 km2
Fonte: Wikipédia 2007
Dotada de dois centros urbanos importantes, Lyon e Grenoble, é considerado o maior hub
rodoviário da Europa, ligando o Norte ao Mediterrâneo. Fazendo parte da região dos Alpes
tem relações económicas transfronteiriças privilegiadas com Geneva (Suíça).
34
70
http://www.tenerrdis.fr/
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Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Baseado em energias renováveis...
O TENERRDIS pretende desenvolver a produção de energias renováveis, nomeadamente,
solar, biomassa e hídrica, actuar e transformar os vectores de energia actuais (electricidade
e calor) e futuros (hidrogénio) e optimizar a utilização das energias nos edifícios e nos
transportes.
Cluster em consolidação...
O elevado potencial da região de Rhône-Alpes, é fundamental para a consolidação deste pólo
de competitividade. Pelo menos desde 2005, é possível analisar a actividade intensa do pólo
na dinamização de projectos relacionados com cinco tecnologias energéticas: solar, gestão
dos rede eléctrica, biomassa, hidrogénio e pilhas de combustível e hídrica.
Na confluência desta região está a surgir um novo cluster em energias renováveis, fruto do
desenvolvimento de um pólo de competitividade (DERBI) proposto pelo Governo, e que irá
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
ter um relacionamento directo com TENERRDIS.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 71
CAIXA 8: “O Pólo de Competitividade DERBI – para o desenvolvimento das energias
renováveis ao nível dos edifícios e da indústria”
Em 2005, foi criado na região Languedoc Roussillon, no Sudeste de França, um pólo de
competitividade com o objectivo de acelerar o desenvolvimento da inovação tecnológica ao nível
das energias renováveis. DERBI (pour Développément des Énergies Renouvelables dans le
Bâtiment et l’ Industrie) reúne os actores da região com interesse no desenvolvimento das
energias renováveis, em especial daquelas relacionadas com a produção de electricidade
fotovoltaica, o térmico solar, a concentração solar, a energia eólica, a valorização energética da
biomassa, formação especializada e demonstração de casos de “energia positiva”.
Figura 31: Localização Geográfica do Pólo Derbi
população total em 2006
2 520 000 habitantes
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
densidade populacional
93 hab. / km2
superfície
27 376 km2
Fonte: Wikipédia 2007
A sua missão é a de desenvolver a nível regional, nacional e internacional, a inovação, a investigação,
a formação, a transferência de tecnologia, o desenvolvimento e a criação de empresas, através do
apoio a projectos.
Os actores vão desde centros de investigação regionais e ligados à universidade, a agência
regional de desenvolvimento, entidades governamentais e as empresas, entre outras: G16
(associação empresarial), Apex – BP Solar (especializada em paineis solares e módulos
fotovoltaicos), Tenesol (produção, instalação de paneis solares fotovoltaicos), Tecsol As
(especializada em aquecedores solares), Solarte (concepção de arquitecturas de térmico solar),
a Federação Francesa de Instalações Eléctricas e a Federação Francesa de Construção e Obras
Públicas.
O financiamento deste cluster é feito, na sua maioria por financiamento público local e nacional,
com participação universitária.
O TENERRDIS, nos últimos dois anos, dinamizou 80 projectos nessas cinco áreas das
tecnologias energéticas para um total de 144 parceiros.
Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas...
As tecnologias energéticas dinamizam e são dinamizadas no seio de TENERRDIS, através das
cinco plataformas de competências criadas para dinamizar os projectos das tecnologias
energéticas:
Solar nos edifícios: optimizar a gestão global da energia em edifícios, e melhoria da
eficácia energética, pelo recurso à energia solar fotovoltaica, para a produção de
electricidade e da energia térmica solar para o aquecimento e arrefecimento;
72
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Gestão da rede eléctrica: melhorar à escala de um edifício e ou de um território a
eficácia da segurança na rede de distribuição de electricidade, tendo em consideração
a diversidade de fontes de energia primária e a capacidade dos consumidores
revenderem a sua produção de electricidade;
Biomassa: produção de biocombustíveis, de electricidade e do hidrogénio (com base
no tratamento termoquímico da biomassa florestal);
Hidrogénio e pilhas de combustível: desenvolver os transportes adequados para
utilizarem as pilhas de combustível e a hidrogénio e produção de hidrogénio a partir
de energias renováveis (electrólise e gaseificação da biomassa);
Hídrica: aumentar a eficácia dos equipamentos, melhorar o controlo e a gestão dos
recursos da água, promover os novos conceitos de máquinas, que satisfaçam as
As sinergias e os actores...
As sinergias são muito fortes no seio deste pólo por duas vias: a elaboração dos projectos
que, muitas vezes, conjugam mais do que uma das cinco áreas privilegiadas em torno das
tecnologias energéticas; um mesmo actor que promove o projecto pode actuar em mais de
uma área e em mais do que um projecto.
Por exemplo:
a CEA, centro de investigação em matéria de energia, tecnologias de informação e da
saúde, defesa e segurança, em 2007, colaborava em três áreas: biomassa, hidrogénio
e pilhas de combustível e solar em 25 projectos diferentes;
a empresa AXANE, detida a 100% pela empresa Air Liquide, dedica-se a desenvolver
sistemas completos de produção de energia a partir de pilhas de combustível
alimentadas a hidrogénio, participa em 4 projectos diferentes ao nível do hidrogénio e
pilhas de combustível;
o Groupe Grenoble INP, grupo de investigação nos domínios da energia, ambiente,
nanotecnologias, materiais, sistemas de produção, informação e comunicação, reúne
projectos na área da gestão da rede eléctrica e no hidrogénio e pilhas de combustível.
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O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
normas e se posicionem nos grandes mercados externos.
Quadro 2: Exemplos de “Sinergias” no Tenerrdis
2007
CEA
AXANE
Programa de Acção
Biomassa
Hidrogénio e pilhas de combustível
Solar nos edifícios
Programa de Acção
Hidrogénio e pilhas de combustível
Os Projectos
Os Projectos
AMEIRICC - estudo de membranas
BALISES - estudos de fiabilidade da tecnologia
AMMPERE - aparelhos multifunções em edifícios solares
BALISES phase 2 - - estudos de fiabilidade da tecnologia
passivos
CINE-HT - transformação biomassa por via de
HYCHAIN PRECURSEUR - equipar um veículo utilitário
temperaturas elevadas
ligeiro com as pilhas PEMFC
MDM - mecanismos de degradação das PEMFC em
Cool PV - materiais e conservação energia
aplicações estacionárias
DLD-PV - localização paneis solares
DVD - AME - optimização da duração das PEMFC
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
DYNASIMUL - simulação dinâmica de consumo de
enrgia em edifícios
Groupe Grenoble INP
ECLIPSE alteração geotérmica compacta em edifícios
EMAIL - materiais p/ electrodos a temperaturas elevadas
Esprit - estudos de integração de técnicas fotovoltaicas
na rede eléctrica
H2PAC - desempenho pilhas combustível PAC na
portabilidade
INNOVAME - estudo de materiais p/ membranas
Programa de Acção
Gestão da rede eléctrica
Hidrogénio e pilhas de combustível
INORGANIQUES - optimizar a produção de
biocombustíveis de 2ª geração
Module LiPV - armazenamento e sistemas fotovoltaicos
MOISE - modelização de electrodos de temperaturas
elevadas
Multisol - optimização dos fluxos eléctricos em edifícios
fotovoltaicos
CLIPPAC - aumentar a temperatura de funcionamento das
pilhas PEMFC
Multixen - silício multicristalino p/ células fotovoltaicas
PREDIS - gestão inteligente das redes
Os Projectos
Nanorgysol - células fotovoltaicas de baixo custo
OPTIMECA - optim.parâmetros mecânicos p/ reduzir a
degradação das pilhas PEMFC
PHARE - conseguir um rendimento das células
fotovoltaicas de 20%
QC Passi - silicio e interrigidez dos materiais
SEG-Si - silicio e optimização electromagnética
SEMI-EHT - produção em massa de hidrogénio
Siclades - silicio metalúrgico p/ produção de silicio
fotovoltaico
THERMOCAPT - processos termoquímicos de
gaseificação de biomassa
Fonte: Elaborado com base na informação disponível no site.
74
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Os actores
Os actores do TENERRDIS são classificados em seis categorias:
i)
outros organismos e associações (27 entidades), relacionadas com associações
regionais (CCI de Savoie, CCI Drôme, Envirhônalp), associações de promoção do
hidrogénio e de energias renováveis (ALPHEA Hydrogène), ASDER (Association
Savoyarde du Développement des Energies), Enigma Energy,
Technologique), FIBRA (Fédération Forêst du Bois Rhône-Alpes);
FCBA
(Institut
ii) centros de formação e laboratórios (21 parceiros): CEA, Cemagref, CSTB, Groupe
Grenoble INP, INERIS, INSA Lyon, UJF Grenoble, Université Claude Bernard Lyon,
Université de Savoie, ARMINES;
iii) colectividades territoriais (11 entidades): Conseil Général de la Drôme, Conseil
Général de la Savoie, Conseil Général de l'Isère, La Métro, Conseil Général du Rhône,
Ville de Bourgoin Jallieu, Conseil Général de Haute – Savoie, Conseil Régional RhôneAlpes, Ville de Grenoble, Chambéry Métropole, ROVALTAIN;
Power Hydro, Apollon Solar, CIAT, EDF, Gaz de France, Gaz Electricité de Grenoble,
Photowatt, Schneider Electric, Air Liquide, ECM;
v) entidades governamentais (6 entidades): ADEME, DGE, DRIRE, Oséo, S.G.A.R., ANR;
vi) pólos de competitividade (7 pólos): S²E², Capenergies, DERBI, Industries et agroressources, Minalogic, Mobilité et transports avancés, Véhicules du Futur.
Iniciativa pública
O TENERRDIS faz parte de uma iniciativa do governo francês de criação de pólos de
competitividade em diversas regiões. Neste caso, este pólo procura responder aos desafios
que se colocam ao ambiente devido às alterações climáticas. Ao promover projectos de
investigação em energias renováveis dinamiza todos os actores regionais, indo ao encontro
das medidas definidas para a política de energia nacional.
Um projecto coerente de acordo com as orientações do governo...
A missão deste pólo é tornar-se um pólo de novas energias com ambição mundial, que
responda aos desafios cruciais do ambiente e das alterações climáticas, aproveitando as
potencialidades regionais relacionadas com os centros de investigação e desenvolvimento
das empresas e das universidades, estruturados em torno de cinco áreas de projecto das
tecnologias energéticas mencionadas anteriormente: solar, gestão de rede eléctrica,
biomassa, hidrogénio e pilhas de combustível e hídrica.
Financiamento segundo duas vias diferentes mas complementares...
O financiamento dos projectos submetidos no âmbito do pólo podem beneficiar de dois tipos
de apoios: públicos, através dos fundos de competitividade das empresas e do fundo único
interministerial de financiamento para projectos em pólos de competitividade e em parceria
com alguma das entidades participantes no projecto.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 75
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
iv) grupos empresariais e pequenas e médias empresas (72 empresas): 2ES, Alstom
O FUTURO DA ENERGIA NA ESCÓCIA 35
A Escócia é uma região do Reino Unido privilegiada em termos de recursos energéticos. A
diversidade de fontes de energia é muito significativa, desde do petróleo e gás natural até ao
carvão, hídrica, eólica, ondas, biomassa florestal e nuclear.
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Nesta região, emerge uma dinâmica em torno das tecnologias energéticas renováveis e não
renováveis, que beneficia das potencialidades da região, das empresas instaladas e dos
centros de investigação e meio universitário. Existe, deste modo, um ambiente que favorece
a criação de clusters. Dois exemplos disso são o cluster da indústria florestal na Escócia, que
foi criado, em 2000, com o objectivo de fomentar a introdução no mercado das tecnologias
energéticas relacionadas com a biomassa, através de apoios às pequenas e médias empresas
e o Scottish Renewables que promove a criação de um cluster de empresas industriais
relacionadas com as energias renováveis.
Breve enquadramento geográfico, económico e social
A Escócia é a região a Norte da Ilha da Grã-Bretanha, com governo autónomo do Reino
Unido e com uma forte tradição em sectores tradicionais têxtil, agrícola, pesca e de produção
de whisky. Com uma população de mais de 5 milhões de habitantes tem duas cidades
importantes Edimburgo e Glasgow.
Figura 32: Localização Geográfica da Escócia
população total em 2001
5 062 011 habitantes
densidade populacional
64 hab. / km2
superfície
78 782 km2
Fonte: Wikipédia 2007
35
76
http://www.sdi.co.uk/pages/Industries/Energy/Overview/index.asp
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
As potencialidades ao nível das fontes primárias de energia contribuem para a dinamização
de um cluster em torno das energias renováveis.
Baseado em energias renováveis...e em emergência?
A promoção desta região vai no sentido de explorar uma diversidade de fontes de energia,
muitas das quais renováveis, aproveitando as potencialidades endógenas:
Um quarto da potencialidade eólica europeia;
Mais de um quarto da potencialidade de ondas e marés da Europa;
As energias renováveis são responsáveis por cerca de 13% da produção de
electricidade da Escócia, estabelecendo o governo como meta 40% em 2020;
Tecido empresarial dinâmico, visível pela criação de emprego, pelo investimento
petróleo, hidroelectricidade e energia nuclear;
É uma região pioneira na investigação das tecnologias relacionadas com as pilhas de
combustível.
A aposta do governo é a promoção da região como uma referência em termos de energia,
podendo-se concluir da viabilidade e das potencialidades para a criação de clusters. A criação
4do fórum Scottish Renewables é um veículo privilegiado para as empresas industriais da
Escócia ao nível das oportunidades de negócio que as energias renováveis oferecem:
biomasa, eólica, ondas e hídrica.
A importância das tecnologias energéticas...
A importância das tecnologias energéticas é visível pelo dinamismo imprimido recentemente,
com a adopção da política pública de uma visão para o futuro energético da região.
Além disso, beneficiando da tradição de explorar petróleo e gás, na Escócia existe uma vasta
experiência
nas
tecnologias
submarinhas,
constituindo,
um
impulsionador
do
desenvolvimento de novas tecnologias energéticas.
Por outro lado, o ITI Energy é uma organização escocesa que identifica quais serão as
tecnologias do futuro, financia e promove projectos de investigação, demonstração e
implementação no mercado destas em oito áreas: estruturas compósitas de pipelines;
dispositivos de elevação de turbinas eólicas; desenvolvimento de materiais para aplicar em
superfícies internas em várias indústrias; sistemas de gestão de baterias utilizadas em
veículos eléctricos; armazenamento de energia em larga escala; baterias recarregáveis;
gestão de redes eléctricas; materiais de armazenamento de hidrogénio.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 77
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
estrangeiro, sendo um exportador líquido de electricidade, baseada em carvão, gás,
As sinergias criadas em torno das tecnologias energéticas e os actores.....
As sinergias em torno das tecnologias energéticas são mais visíveis ao nível da investigação
& desenvolvimento, como exemplifica a figura 33, nas mais diversas fontes.
Figura 33: As “Sinergias” das Tecnologias Energéticas na Escócia
EÓLICA
PETRÓLEO E
GÁS
ESCÓCIA
produção mais
eficiente
tecnologias
sub-marinhas
BIOMASSA
tecnologias de
conversão de
biomassa em
energia (milho,
resíduos animais e
florestais)
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Centro p/
Energia, Petróleo
Política Mineral
na Universidade
de Dundee
Centro
Petróleo e Gás
da
Universidade
de Aberdeen
Scottish
Entreprise
Centro
Economico p/
Distribuição
Energia
Renovável
investigação
em energia
ondas e das
marés
PILHAS
COMBUSTÍVEL
desenvolvimento
das tecnologias das
várias pilhas
Instituto da
Engenharia do
Petróleo da
Universidade
Herriot - Watt
Arquitectura
Naval e
Engenharia
Marítima
OCEÂNICA
Instituto
Sistemas
Energéticos
Centro
Investigação em
energia e
Ambiente na
Universidade
Robert Gordon
PRODUÇÃO
ELECTRICIDADE
engenharia das centrais;
nuclear; combustão a
carvão; tecnologias
"carvão limpo"
up-grading das centrais
de electricidade
ITI Energy
Scottish
Renewables
Fonte: Elaborado com base em informação do site.
Ao nível da energia oceânica, destaca-se, por exemplo, os investimentos da empresa
irlandesa l’OpenHydro que está a desenvolver, actualmente, um projecto na Escócia para
testar equipamentos na área das energias das ondas e das marés. Pretende-se a partir daqui
criar um Centro de Excelência mundial para as energias renováveis, comparando a Escócia
em energia oceânica à “Arábia Saudita da Energia das Marés”.
Os actores que actuam no domínio energético na Escócia, para além do Governo e das
universidades e centros de investigação, são empresas muitas delas multinacionais
relacionadas
com
as
energias
renováveis,
produtoras
de
equipamentos,
empresas
exploradoras de petróleo, entre outras (figura 34).
78
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Figura 34: Os Actores na Área da Energia
Centro
Economico p/
Distribuição
Energia
Renovável
Plurion Ltd
opera no
desenvolvimento e
comercialização de
sistemas de
armazenamento de
electricidade de
capacidade elevada
Centro p/
Energia, Petróleo
Política Mineral
na Universidade
de Dundee
Centro
Investigação em
energia e
Ambiente na
Universidade
Robert Gordon
ITI Energy
Arquitectura
Naval e
Engenharia
Marítima
FMC
Tecchnologies
opera no
desenvolvimento e
comercialização de
tecnologias p/
produção off-shore
de petróleo e gás
Howden Power
St.Andrews Fuel
Cells
spin off especializada
em tecnologia de fuel
cells
BP
especializada em eq.
Aquecimento do ar
p/produção
electricidade,
petroquímicas, papel
e ind. açúcar
Universidade
de Edimburgo
Instituto
Sistemas
Energéticos
Centro
Petróleo e Gás
da
Universidade
de Aberdeen
Instituto da
Engenharia do
Petróleo da
Universidade
Herriot - Watt
Scottish
Entreprise
Offshore
Hydrocarbon
Mapping (OHM)
empresa investiga
explorações de
petróleo e gás offshore
MCS lta
Scottish and
Southern
Electricity
empresa engenharia
p/ produção offshore
TUV NEL lta
empresa consultora
em engenharia
operadora de
energia
SHELL Services
Scottish Power
Open Hydro
operadora de
energia
opera no
desenvolvimento de
turbinas p/ energia
ondas
operadora em
energia (petróleo e
renováveis)
operadora em
energia (petróleo e
renováveis)
Proven Energy
produtora turbinas
eólicas
Instituto de
Energia e
Ambiente, na
Universidade
deStrathclyde
Scottish
Renewables
Dooson Babcock
Energy
empresa engenharia
p/ exploração
petróleo e gás
Renewables
Energy Systems
operadora em
energia eólica
Rigtrain
consultora e
formação em
perfuração e
exploração de
petróleo
Fonte: Elaborado com base em informação do site.
Promovido pelo Governo...
O forte empenhamento dos decisores da política económica, impõe que a energia deverá
continuar a ser um factor chave (driver) da economia escocesa, reconhecendo que para tal,
é necessário orientar e promover o empenhamento de todos os actores regionais. Esta
iniciativa tem o largo apoio dos vários centros de investigação e de universidades escocesas.
Estratégia de desenvolvimento com o objectivo de criar sinergias...
A aposta no desenvolvimento das tecnologias energéticas foi objecto em 2006 – 2007 da
formulação de um roadmap para o futuro renovável da Escócia. Nesse documento, é
apresentada a visão para a Escócia até 2050 (com a descrição dos progressos alcançados em
2010, 2020 e 2050) para as energias renováveis.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 79
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
ESCÓCIA
Figura 35: O Roadmap do Futuro Renovável da Escócia
2006
- a procura de electricidade na Escócia situa-se em 35 TWh
- a oferta de energia preenche 19% da procura total de electricidade
- crescimento da procura de calor e da utilização dos transportes, apesar dos progressos registados ao
nível da eficiência da utilização de energia em edifícios e das medidas adoptadas para os transportes
- as prioridades da política energética residem nos transportes, microgeração, financiamento da
investigação em energia oceânica
2010
- a procura de electricidade aumentou para 36,7 TWh
- cerca de 30% da produção de electricidade pode ter origem em energias renováveis
- não é clara a resposta do aumento da procura de calor ao facto de haver maior eficiência energética,
mas espera-se que se reduza com o aumento da eficiência
- a circulação de veículos aumentará mas, o aumento do consumo de biocombustíveis compensará o
efeito sobre as emissões de CO2 com origem nos transportes
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
2020
2050
- metade da procura de electricidade é satisfeita pela utilização das energias renováveis
- o consumo de energia tenderá a estaibilizar-se a partir daqui, mas sem diminuir, pelo menos até 2026
- com o aumento do consumo de energias renováveis, as emissões de CO2 irão continuar a diminuir
- a maior parte da produção de calor tem origem em energias renováveis e no consumo crescente de
biocombustíveis
- O Governo Britânico está empenhado em reduzir as emissões de CO2 em 60%.
- A Escócia para ir de encontro a este objectivo terá que planear a combinação entre a maximização
das energias renováveis, com o desenvolvimento de soluções de armazenamento de energia, captura,
sequestração e armazenamento de CO2 e utilização de motores de combustão interna mais eficientes.
- as tecnologias de microgeração atingirão um estádio de massificação no mercado, só possível pela
associação da eficiência energética e de transportes de baixo teor em carbono e sustentáveis
Fonte: Elaborado pela autora
No centro da visão está a necessidade de reduzir a procura de energia em 2050,
comparativamente aos níveis de 1998. A passagem para um sistema energético com uma
produção de electricidade mais descentralizada, requer a utilização de tecnologias ainda não
comercializadas, o que aumenta o risco para os decisores da política económica.
Um financiamento público nacional e comunitário na investigação universitária...
O Proof of Concept Fund é a base do financiamento de inúmeros projectos de investigação
em diferentes estádios de evolução (fundamental, aplicada, experimentação, demonstração e
pré-comercialização).
No
caso
escocês,
tem
financiado
projectos
relacionados
com
tecnologias energéticas, designadamente, em perfurações de plasma, tecnologias de microequilíbrio ao nível da perfuração de petróleo e de gás e novos projectos em materiais nas
áreas de geração eléctrica a partir de energias eólicas, ondas e marés.
Para além deste financiamento, com origem num co-financiamento entre o Governo da
Escócia e da União Europeia existe, desde 1999, todo o financiamento gerado pelas
empresas que actuam na região.
80
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
UM CLUSTER SOLAR FOTOVOLTAICO NA SAXÓNIA-ANHALT 36
WITH
ENERGY
FUTURE
UNLIMITED
INTO
THE
Em Bitterfeld, na região da Saxónia-Anhalt, no Leste da Alemanha, está a desenvolver-se um
cluster baseado na indústria de solar fotovoltaico e componentes. Este cluster emerge num
contexto de recuperação da crise económica que assolou a região após o êxodo da população
mais jovem para a antiga Alemanha Ocidental.
No núcleo central está a empresa produtora de paneis solares Q-Cells em parceria com as
empresas associadas EverQ e CSG Solar.
O cluster em causa localiza-se perto da cidade de Bitterfeld, na região da Saxónia-Anhalt, no
Leste da Alemanha, com uma população em 2006, inferior a 16000.
Figura 36: Localização Geográfica do Cluster Solar Fotovoltaico
população total em 2006
15 646 habitantes
densidade populacional
562 hab. / km2
Cluster Solar
Fotovoltaico
superfície
27,9 km2
Bitterfeld
Fonte: Wikipédia 2007.
Nesta região as indústrias alimentar e química têm uma forte implantação, assim como o
solar fotovoltaico e a energia eólica, sendo uma das regiões alemãs mais atraentes do ponto
de vista de captura de investimento directo estrangeiro.
36
http://www.qcells.de/
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da Sphera | Março 2008 | 81
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Breve enquadramento geográfico, económico e social
Baseado em solar fotovoltaico em consolidação...
Desde de 2001, a empresa Q-Cells iniciou a sua produção de paneis solares, sendo a
segunda maior empresa mundial produtora de paneis solares fotovoltaicos. A oportunidade
de criação do cluster surgiu da decisão de instalação da empresa nesta região em parceria
com as suas empresas associadas Ever-Q e a CSG Solar, beneficiando do financiamento
comunitário, no âmbito do FEDER, sendo uma forma de dinamizar uma região deprimida
devido ao exôdo e à crise económica que ocorreu após a queda do muro de Berlim.
Esta empresa, desde da sua criação em 1999, têm aumentado progressivamente e
significativamente o volume de negócios, a produção e a introdução de novas tecnologias no
mercado, atingindo em 2006, € 539,5 milhões, 253,1 Mwp e introduzindo a linha de
produção para paneis fotovoltaicos modelo Q6LPS, respectivamente.
A rede de empresas associadas e os parceiros internacionais, formam um todo muito
dinâmico com características de cluster com uma atenção especial à introdução de
tecnologias energéticas no mercado e à investigação e desenvolvimento em matéria de solar
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
fotovoltaico.
A importância das tecnologias do solar fotovoltaico...
A Q-Cells assumindo uma posição de ruptura tecnológica com o estado actual das
tecnologias energéticas, tem como objectivo aumentar a capacidade de produção, acelerar a
implantação no mercado das tecnologias relacionadas com o solar fotovoltaico com uma
permanente redução dos custos de utilização desta tecnologia energética chave para o
futuro.
Esta empresa domina toda a cadeia de valor na produção e fornecimento de paneis solares,
desde da obtenção da matéria-prima (silício), passando pela sua transformação em blocos e
depois em waffers, que por sua vez são a base para a produção dos módulos fotovoltaicos,
que constituem os sistemas solares fotovoltaicos.
A produção de paneis solares integra diversas tecnologias, em resposta às solicitações da
procura: multicristalino (modelos Q5 e Q6), monocristalinos (modelos Q6M e Q6LM) e de
células multicristalinas (modelos Q6LTT, Q6LTT3, Q6LPS e Q8TT3, a penúltima como a
introdução mais recente no mercado e a última como a maior inovação ao nível do solar
fotovoltaico).
As sinergias criadas em torno das tecnologias energéticas e os actores...
A permanente busca de soluções tecnológicas para a produção de paneis solares, bem como
a estratégia de desenvolvimento orientada para o crescimento e redução dos custos desta
tecnologia energética, induzem uma interacção muito grande com empresas associadas,
centros de investigação e universidades e com o estabelecimento de parcerias comerciais no
resto do mundo.
82
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Figura 37: A Interacção dos Actores do Solar Fotovoltaico
Norwegien Renewable
Energy e líder na
produção de waffers de
Bitterfeld
silício policristalino
Hahn Meitner Institute
(HMI) (Berlim)
REC Group
Energy Research Centre
(Países Baixos)
Fraunhofer Institute of
Solar Energy Systems (ISE)
(Freiburg)
KIOTO Photovoltaics
(Áustria)
ISSOL S.A./N.V
(Bélgica)
Day4Energy Inc
(Canada)
Enfoton Solar
(Chipre)
Naps Systems Oy
(Finlândia)
Tenesol (França)
Alemanha:
Aleo Solar
IBC Solar
Scheuten Solar
Solon AG
Tenesol
Hameln Institute of Solar
Research (ISFH)
University of Constance
Jülich Research Centre
Empresas
Associadas e
Subsidiadas
Centros de
Investigação
CSG SOLAR AG
EverQ
desenvolve tecnologias de
silício com base em Thin Film em cooperação c/ o
Jülich Research Centre
Energy Solutions
(Grécia)
Solar Semicondutor
(India)
Photon Energy Systems
(India)
MSK
(Japão)
Symphony Energy
(Coreia)
KD Solar
(Coreia)
produz waffers, células e módulos
solares.
Resulta de uma joint-venture com
a America Evergreen Solar e a
Norwegien Renewable Energy
sediada na Califórnia (EUA) e
produz
células de silício com baixa
concentração de tecnologia
produz módulos deThinFilm baseado na tecnologia
Cadmium-Telluride-(CdTe) p/
a qual tem a patente
Solaria
CALYXO
BRILLIANT 234
Parceiros
Comerciais
desenvolve modulos solares c/
silício cristalino e vidro segundo a
tecnologia da Australia’s Pacific
Solar Ltd
Solibro
FlexCell
VHF Technologies
produz módulos
solares flexíveis
produz paneis solares.
Resulta de uma jointventure com a
Swedish Solibro AG
Fonte: Elaborado com base no site da Q-Cells.
As sinergias criadas em torno da actividade da Q-Cells são claramente visíveis ao nível do
desenvolvimento da tecnologia e das trocas comerciais (figura 37). Várias formas de
internacionalização foram utilizadas desde a exportação até à criação de empresas em jointventures. A produção dos componentes para os paneis solares está em permanente ligação
aos
centros
de
investigação
e
universidades,
constituindo
a
Q-Cells
uma
via
de
demonstração e implementação de novas tecnologias no mercado muito importante ao nível
do solar fotovoltaico.
Estratégia de desenvolvimento regional com o objectivo de superar a crise
económica...mas de iniciativa privada...
Com a queda do muro de Berlim, a região entrou em recessão económica devido à rápida
desindustrialização, com um crescimento significativo do desemprego o que originou uma
emigração maciça dos jovens para a Alemanha Ocidental. Com apoio comunitário, foi
decidido criar um cluster industrial com base no solar fototvoltaico.
A estratégia da Q-Cells resume-se a crescimento e redução de custos. O crescimento da
empresa é feito numa base de empresas em rede, com uma forte presença internacional,
quer no fornecimento de paneis solares fotovoltaicos, quer na criação de joint-ventures e
outras formas de parcerias com outras empresas e com centros de investigação. Esta
estratégia consubstancia-se assim, num crescimento da empresa, da produção e do mercado
de energia solar fotovoltaica, que leve a uma redução de custos desta tecnologia energética,
com benefícios claros para o ambiente.
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da Sphera | Março 2008 | 83
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Saxónia e SaxóniaAnhalt
Um financiamento público nacional e comunitário...
Este cluster que está a emergir no Leste da Alemanha é financiado, desde 2000, pelo Fundo
Comunitário FEDER em parceria com o investimento realizado pela empresa Q-Cells.
CAIXA 9: “O CLUSTER DE ENERGIA EM BARCELONA – UM CENTRO URBANO DE
INOVAÇÃO NO SUL DA EUROPA”
No âmbito do processo de planeamento urbano de Barcelona, região da Catalunha, Espanha,
iniciado em 2000, surge em 2006 o conceito de criar uma cidade compacta completamente
urbanizada e que oferece infra-estruturas excelentes no âmbito de actividades intensivas em
conhecimento, designada por 22@ Barcelona 37 .
Inserido no 22@ Barcelona, o Parc de l’Energia reúne a universidade técnica de engenharia,
centros de investigação e tecnologia em energia, um cluster de empresas, um gabinete
internacional de apoio ao desenvolvimento do ITER (o reactor de fusão nuclear a ser construído
em França), providencia métodos de aprendizagem ao longo da vida e sessões de formação
relacionadas com energia.
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
No que respeita aos centros de investigação e tecnologia em energia, privilegiaram-se as
energias renováveis, designadamente, a eólica e os biocombustíveis, a eficiência energética, as
redes eléctricas inteligentes, os novos materiais para sistemas energéticos, a captura e
armazenamento de CO2 e o laboratório de electrónica.
A criação do cluster de empresas decorre da conjugação de interesses em criar valor na área da
energia, através do desenvolvimento de projectos em comum. Estando ainda numa fase inicial
(a constituição do parque deverá estar concluída em 2010), o Parc de l’Energia será dotado
ainda de uma empresa de spin off e de uma de capital de risco.
37
84
http://www.btec.org/EN/
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
II.2.1. O CLUSTER DAS EÓLICAS EM PORTUGAL
“Uma nova era
para a energia
eólica em
Portugal…”
assumida pelo governo português como um vector estratégico nacional consubstanciado na
Estratégia Nacional para a Energia (Resolução de Conselho de Ministros nº 169/2005 de 24
de Outubro).
Com
esta
iniciativa,
pretende-se
incentivar
a
investigação,
o
desenvolvimento,
a
demonstração e o fabrico de equipamentos, componentes e tecnologias energéticas em
geral, além da prestação de serviços relacionados com as energias renováveis.
Para tal, foi lançado em 2006, um concurso com o duplo objectivo de utilizar a energia eólica
como base da criação de uma actividade industrial e da exploração mais eficiente da energia
eólica.
Considerado como uma referência a nível internacional, a criação deste cluster constitui um
instrumento de política de desenvolvimento regional sustentável.
Breve enquadramento geográfico, económico e social
Portugal 38 tem uma área de 92 090 km2 e em 2005 a população era estimada em 10 570 mil
habitantes, dos quais mais de metade são do sexo feminino, com uma densidade
populacional de 115 habitantes/ km2. Com um crescente envelhecimento da população e
uma redução do saldo migratório, a taxa de desemprego situou-se, neste ano, em 7,6% e o
produto cresceu 0,5% (1,3% m 2006).
No final de Agosto de 2007 39 , a potência eólica instalada acumulada era de 1984 MW (o que
correspondeu a um crescimento médio anual entre 2006 e 2000 de 67,5%) e proporcionou
uma produção de energia eléctrica de 3944 GWh (ano móvel entre Setembro de 2006 a
38
“Anuário Estatístico de Portugal dados de 2005”. Edição de 2006 – INE.
39
“Estatísticas rápidas de renováveis – Agosto 2007”, DGEG.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 85
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
A dinamização do cluster das energias renováveis e, em particular, do cluster eólico, foi
Agosto de 2007), o que representa 7,4% do total da produção bruta e do saldo importador.
A energia eólica tem tido um peso crescente no total da produção de energia renovável,
representando (ano móvel entre Setembro de 2006 a Agosto de 2007) 20,1% do total.
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Mapa 4: Potência Instalada de Produção Energia Eólica em Portugal
Fonte: MEI (2007).
A produção de energia estava distribuída, em Agosto de 2007, por 149 parques eólicos, com
um total de 1087 aerogeradores instalados. A maioria dos parques tem uma potência
instalada inferior a 25 MW, e os distritos com maior potência instalada localizam-se a Norte
do rio Tejo, nomeadamente, Viseu, Coimbra, Castelo Branco, Lisboa, Vila Real, Santarém,
Leiria e Braga.
Baseado na energia eólica...
A opção estratégica do desenvolvimento de um cluster eólico em Portugal decorre das
potencialidades que o País tem em termos de disponibilidade de uma fonte de energia
primária doméstica, proporcionada pela sua situação geográfica e geomorfológica nas zonas
86
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
de montanha, em especial, a Norte do rio Tejo e a Sul junto à Costa Vicentina e da Ponta de
Sagres.
Como embrião deste cluster, existem mais quatro projectos de Parques Eólicos que entraram
em funcionamento, entre 2005 e 2007, e que podem ser considerados como o embrião do
cluster eólico em Portugal.
CAIXA 10: “PROJECTOS DE PARQUES EÓLICOS EM PORTUGAL”
▪
Parque Eólico do Pinhal Interior: localiza-se na zona Centro na sub-região Pinhal
Interior e abrange os concelhos de Oleiros, Proença-a-Nova, Sertã e de Vila Velha de
Rodão, correspondendo a sete áreas de implantação. Este projecto teve início em 2004,
terminando em Maio de 2007, abrange cerca de 64 aerogeradores, que entraram em
funcionamento em Dezembro de 2005. A potência instalada é cerca de 146 MW
esperando-se uma produção de 335 GWh/ano. Com um investimento de 150 milhões de
euros faz parte do Projecto Eólico da Beira Interior, promovido pela GENERG.
▪
Parque Eólico do Alto Minho: encontra-se em fase de construção nos concelhos de
Melgaço, Monção, Paredes de Coura e Valença, promovido pela empresa
Empreendimentos Eólicos do Vale do Minho S.A. que investiu cerca de 360 milhões de
euros. Este parque eólico tem uma capacidade instalada de 240 MW decorrente dos 120
aerogeradores ENERCON de 2 MW.
▪
Parque Eólico de Arga: localizado em Caminha e pertencendo também à empresa
Empreendimentos Eólicos do Vale do Minho S.A, entrou em funcionamento em 2006. A
empresa investiu 39 milhões de euros para obter uma potência instalada de 36 MW de 12
aerogeradores VESTAS de 3 MW cada um, que irão produzir cerca de 71,6 GWh/ano.
▪
Parque Eólico de Candeeiros: situa-se na região entre Alcobaça e Rio Maior, na Serra
dos Candeeiros e é propriedade da Companhia das Energias Renováveis da Serra dos
Candeeiros, entrando numa 1ª fase em funcionamento em 2005 e a segunda fase em
2006. Tem uma potência instalada de 111 MW de 37 aerogeradores VESTAS de 3 MW
cada um, que irão produzir cerca de 294,15 GWh/ano.
Estes parques eólicos utilizam todos tecnologia importada, investimento nacional e não existe
uma interacção entre eles.
Cluster emergente...
O cluster eólico em Portugal 40 é definido como um conjunto de actividades complementares
de empresas com competências tecnológicas específicas que fornecem equipamentos,
componentes ou serviços para o fabrico e exploração de aerogeradores e Parques Eólicos
com uma determinada implantação regional, que promova o adensamento das relações intra
e inter-industriais.
A Estratégia Nacional para a Energia definiu como unm dos objectivos a atingir uma potência
instalada de energia eólica de 5100 MW em 2012 (com um acréscimo de 600 MW por
upgrading tecnológico do equipamento).
40
Adaptado de “ Programa e Condições do Concurso – DGEG (2006)”.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 87
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Com o objectivo de intensificar o aproveitamento da energia eólica em Portugal foram lançados
vários projectos de constituição de parques eólicos, designadamente:
CAIXA 11: “A ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A ENERGIA”
A Estratégia Nacional para a Energia, consubstanciada na Resolução do Conselho de Ministros nº
169/2005, publicada a 24 de Outubro de 2005, assemelha-se nos seus três principais objectivos
à política energética para a Europa: garantir a segurança do abastecimento de energia, através
da diversificação dos recursos primários e dos serviços energéticos e da promoção da eficiência
energética; estimular e favorecer a concorrência, a competitividade e a eficiência das empresas;
garantir a adequação ambiental de todo o processo energético.
Estes objectivos, foram traduzidos em oito linhas de orientação:
1) liberalização do mercado da electricidade, do gás e dos combustíveis: irá realizar-se
de forma progressiva e de promoção da concorrência até se atingir plenamente o Mercado Único
da Energia, sendo uma das etapas intermédias, a constituição do Mercado Ibérico de Energia
para a electricidade e o gás natural (MIBEL). Para tal, irão ser desenvolvidas acções ao nível da
definição do enquadramento legal e das regras gerais de funcionamento do mercado, da
regulação e supervisão e da execução pelas empresas. As medidas adoptar nesta matéria dizem
respeito: à aprovação de leis de base e regulamentar, à operacionalização do MIBEL (em termos
de simetria tarifária e paridade de regulação), à antecipação da liberalização do gás natural, ao
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
reforço das redes de transporte e distribuição de electricidade, estendendo-se estas às ligações
entre Portugal – Espanha e Espanha – França, à monitorização da evolução da capacidade de
ligação à rede e ao desenvolvimento de infra-estruturas do gás natural em todo o país;
2) enquadramento estrutural da concorrência nos sectores da electricidade e do gás
natural: na produção de energia eléctrica (com a agilização dos mecanismos de instalação de
novos centros eléctroprodutores, harmonização dos princípios de compensação e alargamento
do âmbito de actividade das empresas), no transporte (com o estabelecimento das condições de
acesso às redes e separação jurídica e de propriedade dos operadores das redes de transporte
de energia), na distribuição e comercialização (com o direito dos consumidores escolherem o
seu comercializador, proporcionada pela operacionalidade e transparência dos procedimentos
associados à mudança de comercializador e a constituição de uma única empresa continental de
distribuição), na importação de gás natural (revisão do contrato de concessão com a Transgás,
cisão desta empresa e integração numa empresa das redes de transporte de electricidade e de
gás natural, das actuais instalações de armazenamento e do terminal de gás liquefeito);
3) reforço das energias renováveis: Portugal deverá assegurar, em 2010, que a produção de
energia eléctrica final, com origem em fontes renováveis, deverá ser de 39%. Isto implica a
entrada no mercado de novos actores, o que justifica a criação de uma plataforma de
negociação de certificados verdes. A energia eólica e hídrica serão aquelas com menor impacto
nas tarifas médias dos consumidores, dado os custos de produção mais reduzidos, incentivandose, deste modo, uma maior exploração do potencial hídrico nacional e o aumento da capacidade
de produção eólica para os 5100 MW. Associado a isto, está o maior incentivo: à biomassa
florestal
(compatível
com
indústrias
de
madeira
e
de
papel),
aos
investimentos
na
transformação desta matéria-prima e na actividade agrícola para a produção de culturas
energéticas, aos usos directos da energia solar (Projecto Água Quente Solar para Portugal e da
revisão do Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios), à
clarificação e agilização dos mecanismos administrativos de licenciamento, à transposição da
directiva sobre biocombustíveis e à avaliação dos critérios de remuneração da electricidade
produzida. Da comparação entre o que foi definido em 2003, com o estipulado na nova política
para a energia, é visível o reforço das energias renováveis:
88
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Figura 38: Metas para as Energias Renováveis em Portugal.
Novos Objectivos 2007-2010
Novas
Novas
metas
metas
Eólica
Eólica
+1950 5.100
5.100 MW
MW ++
3.750
3.750 MW
MW MW
600
600 MW
MW
• Viabilização de potência por flexibilização de 600 MW de sobre-equipamento
• Criação de clusters industriais associados aos dois concursos já lançados
• Lançamento de concursos para atribuição de 200MW a pequenos promotores
Hídrica
Hídrica
5.575
+575
5.575 MW
MW
5.000
5.000 MW
MW MW
(2020)
7.000MW
(2020)
7.000MW(2020)
• Aposta no investimento em reforços de potência e bombagem
- Antecipação de reforços e duplicação do Alqueva até 2010
Biomassa
Biomassa
150
150 MW
MW
+100
MW
Solar
Solar
150
150 MW
MW
Micro
geração
Ondas
Ondas
50
50 MW
MW
250
250 MW
MW
150
150 MW
MW
Aposta
na
a
Aposta n
na
micromicro
-geraç
geração
micro-geração
+200 Zona
Zona piloto
piloto
MW com
com 250
250 MW
MW
• Criação de rede descentralizada de centrais de biomassa (~15 novas centrais)
• Articulação estreita com os recursos e potencial florestal regional e com
políticas de combate ao risco de incêndios
• Construção da maior central fotovoltaíca do mundo com unidade fabril
• Obrigatoriedade de pre instalação de solar térmica na nova construção
• Aposta na micro-geração
• Criação de Zona Piloto com potencial de exploração até 250MW
• Promoção de desenvolvimento tecnológico industrial e pré-comercial com
instalações de protótipos em tecnologias emergentes
10%
10% dos
dos
Sem
Sem
+10% combustí
combust
íveis
combustíveis
objectivos
objectivos
rodovi
rodoviá
ários
rodoviários
• Reforço dos objectivos em biocombustíveis (5,75% -> 10%)(1)
• Isenção de ISP para combustíveis rodoviários e incorporação agrícola nacional
• Lançamento de novo concurso no 1º semestre de 2007
Biogás
Biogás
Sem
Sem
+100
objectivos
objectivos MW
100
100 MW
MW
• Criação de unidades de tratamento anaeróbico de resíduos
• Resolução de problemas ambientais, designadamente a “Ribeira dos Milagres”
Micro-geração
Micro-geração
(várias
(várias
tecnologias)
tecnologias)
Sem
Sem
+50k
objectivos
objectivos
50.000
50.000
telhados
telhados
• “Renováveis na hora” – sistema simplificado para micro fotovoltaíco e eólico
• Programa para instalar 50.000 sistemas até 2010, com incentivo à instalação
de Água Quente Solar em casas existentes.
2
Biocombustíveis
Biocombustíveis2
(1) Antecipando em 10 anos o nov o objectivo da União Europeia
Fonte: Bento de Morais Sarmento, Comissão de Planeamento Energético de Emergência (2007).
4) promoção da eficiência energética: através da promoção da utilização de tecnologias
energéticas incorporadas em equipamentos, sistemas e processos mais eficientes, quer de
edifícios, quer de transportes, a reforma do Regulamento de Gestão do Consumo de Energia, a
transposição da Directiva de Co-geração, a introdução de fontes alternativas ao petróleo, em
especial nos transportes públicos, melhoria da articulação das intervenções entidades nacionais
com as locais e financiamento de acções de promoção da eficiência energética;
5) aprovisionamento público energeticamente eficiente e ambientalmente relevante:
criação, pelo Estado, de boas práticas de organização de compras de equipamentos mais
eficientes, promoção de projectos e de execução de obras;
6) reorganização da fiscalidade e dos sistemas de incentivos do sistema energético:
traduzida na criação de uma taxa de carbono, correspondente ao valor das externalidades
geradas pelas emissões de CO2, introdução dos acordos voluntários com os grandes
consumidores de energia e reapreciação dos princípios de tributação de energia;
7) prospectiva e inovação em energia: através do Plano Tecnológico, pretende-se estimular
a inovação tecnológica com fins energéticos, pelo estabelecimento de parcerias com instituições
científicas que orientarão a sua actividade inovadora para as energias renováveis, eficiência
energética e melhoria do tratamento de emissões de CO2, incluindo a captura e armazenamento
de CO2;
8) comunicação, sensibilização e avaliação da estratégia nacional para a energia: como
a criação de um prémio de excelência, a promoção do acesso à informação e de iniciativas de
sensibilização e de um sistema de monitorização da Estratégia Nacional para a Energia.
Neste âmbito, o cluster eólico em Portugal resultou do lançamento do concurso para
atribuição de capacidade de injecção de potência na rede do sistema eléctrico de serviço
público e pontos de recepção associados, para a energia eléctrica produzida em centrais
eólicas. Este concurso (aberto em várias fases) que visa alavancar a criação de um novo
sector industrial que permita: investimento e emprego em regiões mais desfavorecidas,
transferência de tecnologia e a passagem de Portugal a exportador líquido em actividades
relacionadas com a energia eólica.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 89
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
RCM
RCM
63/2003
63/2003
A abertura do concurso pretendia atribuir uma capacidade de injecção de potência até ao
limite máximo de 1500 MVA. Esta foi feita em duas fases (A e B), com o objectivo de
seleccionar a melhor proposta para atribuição de lotes de potência até 800 MVA, na fase A, e
de 400 MVA, na fase B, ambas a disponibilizar na rede SEP (Sistema Eléctrico de Serviço
Público), para injecção de potência com origem em centrais eólicas e para atribuição dos
Pontos de Recepção associados. A estes lotes de potência foram acrescidos, devido ao mérito
das propostas apresentadas, 200 MVA, na fase A, e de 100 MVA, na fase B, podendo incluir
20% de Sobre-Equipamento.
Segundo o definido no concurso, as primeiras turbinas eólicas deverão ser instaladas em
2008 e até 31 de Dezembro de 2013 deverá estar concluída a capacidade de instalação O
vencedor da fase A do concurso não pode concorrer à fase B. As propostas a apresentar
deverão incluir um projecto industrial com características ligeiramente diferentes entre a fase
A e a fase B.
Os critérios de avaliação das propostas, bem como as respectivas ponderações em ambas
fases encontram-se descritas no quadro seguinte:
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Quadro 3: Critérios de Avaliação e Ponderadores do Concurso
Critério
Sub-critério ou factor
Fase A
Fase B
Ponderação
Critério
A. Impacte económico
A.1 Desconto à remuneração da
energia entregue à rede por
Parques Eólicos
20,0%
B.1 Volume de investimento directo
do projecto industrial
B.2 Volume de investimento
indirecto do projecto industrial
B. Criação de um cluster
industrial de apoio ao
sector
B.3 Emprego directo gerado no
cluster industrial
Sub-critério
45,0%
Critério
Sub-critério
17,5%
20,0%
17,5%
11,0%
12,5%
8,0%
7,5%
11,0%
47,5%
12,5%
B.4 Emprego indirecto gerado no
cluster industrial
8,0%
7,5%
B.5 VAB do cluster industrial
7,0%
7,5%
10,0%
10,0%
B.6* Grau de coerência e solidez do
Projecto Industrial
C.1 Capacidade de gestão técnica
de agrupamentos de Parques
Eólicos
C. Gestão técnica do
sistema
D. Apoio à inovação
C.2 Gestão da produção
2,5%
25,0%
2,5%
25,0%
C.3 Soluções de armazenamento
7,5%
7,5%
C.4 Controlo adicional de reactiva
2,5%
2,5%
C.5 Participação na regulação primária
de frequência
2,5%
2,5%
10,0%
D.1 Apoio à inovação
10,0%
10,0%
10,0%
* factor B.6 é multiplicativo, pelo que não tem ponderação.
Fonte: Adaptado de DGEG (2006).
90
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Com base na ponderação dos critérios de avaliação, torna-se visível que há uma preferência
clara pelos critérios relativos à criação de um cluster industrial de apoio ao sector das
energias eólicas (especialmente na fase B) e uma preocupação com a gestão técnica do
sistema, a qual está intrinsecamente relacionada com as tecnologias energéticas envolvidas,
nomeadamente, ao nível da produção e do armazenamento. O impacte económico
considerado diz respeito ao desconto à remuneração da energia entregue à rede por Parques
Eólicos mais privilegiado na fase A do que na fase B. As zonas de rede e respectiva potência
postas a concurso abrangem a maior parte do território nacional do Continente.
Como resultado da abertura do concurso nas suas diversas fases e com os prémios
atribuídos em termos de potência foi possível constituir um primeiro cluster designado por
“Agrupamento Eólicas de Portugal” e, que corresponde ao vencedor da fase A do concurso.
A segunda fase do concurso foi ganha pelo consórcio “Ventinveste”, ao qual foi atribuído o
lote de potência a concurso na fase B mas sem mérito, o que possibilitou a atribuição da
Serão as empresas e entidades incluídas nos vários consórcios aquelas que serão os actores
do cluster eólico em Portugal.
Cluster dinamiza as tecnologias energéticas...
Tendo como base a transferência de tecnologia e a promoção da investigação e
desenvolvimento, as tecnologias mais dinamizadas e por efeito de retorno dinamizam elas
próprias a actividade do cluster estão relacionadas com a geração de electricidade
descentralizada, armazenamento de energia, apuramento de modelos de previsão refinados
e gestão da produção em tempo real, produção de aerogeradores, nomeadamente, a
produção integral do modelo E-82 da marca Enercon, de pás de rotor e soluções de
armazenamento de energia. Este cluster está associado ao desenvolvimento de outros
sectores de actividade como unidades industriais de produção de fibra de vidro, de aço,
torres de betão, módulos eléctricos e transformadores, entre outros.
Ao explorar mais eficientemente o recursos eólico, salienta-se o papel da investigação e
desenvolvimento proporcionado pela criação de um Fundo para a Inovação. Este cluster
parte do estado da arte da tecnologia com potencialidades para, no futuro, se introduzirem
novas tecnologias energéticas.
Sinergias que se desenvolvem entre os actores...
As sinergias desenvolvem-se, naturalmente, numa primeira fase em torno das empresas
integradoras
dos
consórcios
“Agrupamento
Eólicas
de
Portugal”,
“Ventinveste”
e
potencialmente “Novas Energias Ibéricas”.
Dado o desenvolvimento do “Agrupamento Eólicas de Portugal”, é interessante analisar as
sinergias que se desenvolvem com a criação deste cluster (figura 39).
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 91
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
potência restante a um terceiro consórcio designado por “Novas Energias Ibéricas”.
Figura 39: As Sinergias do “Agrupamento Eólicas de Portugal”
promotores
Agrupamento Eólico de Portugal
GENERG
construção de aerogeradores
fábrica pás do rotor
SAERTEX
Fibra vidro
Rebelco
madeira, espumas
moldadas e cortadas
ENERCONPOR
torres de betão préfabricadas
agregados
areia
cascalho
Aurélio Martins
CIMPOR
Rolamentos
componentes
fundidos
Hempel
Construção Civil
nos Parques
Eólicos
PARQUES
EÓLICOS
W.E.C
transformadores
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
fundações
A.Silva Matos
Metalomecânica
SIEMENS
Gabriel Couto
DST
aditivos / pinturas
degussa
REDE
ELÉCTRICA
METALOGALVA
TEGAEL
Fundo para a Inovação
Jayme da Costa
Painhas
ENRCONPOR
Gonçalo
montagem aerogeradores
fundações
Linhas Aéreas AT
Linhas Aéreas MAT e
Subestações AT/MT
SIEMENS
Est.Viana Castelo
transporte e logística
TEGOPI
CME
Redes Subterrâneas MT e
Subestações AT/MT
DST
secções torres aço
componentes de aço
SONAE
Painhas
Estudos
Ambientais
Liebherr
Ibérica
componentes aço
fábrica de mecatrónica
E-MODULE
EDP
F.Gulbenkian
PROCESL
FAG
motor e caixa
redutora
do controlo de
azimute
pinturas
Pedereira da
Ribeira S.A
FINERGE
F.Oriente
ELECTRABEL
TEGAEL
SKF
Dow Chemical
Officer Meller
ENDESA
FLAD
aerogeradores:
fábrica de mecatrónica
fábrica geradores
BASF
Resina Spray
endurecedor
financiadores
TP - Térmica
Portuguesa
ENERNOVA
Gestão Tempo Real
Soluções Armazenamento
Energia
Integração c/ as Hídricas
Probilog
MONTALGRUA
ENRCONPOR
EWG
Fonte: Elaborado com base em Aníbal Fernandes – ENEOP (Eólicas de Portugal 2007).
Ao nível das sinergias deste cluster podemos distinguir a dinâmica em redor da construção
de todas as componentes dos aerogeradores (ou turbinas eólicas), sua montagem e o seu
transporte até aos parques eólicos. Depois existem todas as actividades relacionadas com a
constituição dos parques eólicos, desde de estudos de impacto ambiental, construção civil de
cada parque, até todas as actividades relacionadas com a ligação do parque eólico à rede
eléctrica. Isto só se torna possível porque existem promotores, financiados por empresas do
grupo ou entidades privadas de solidariedade social e porque a constituição de um fundo
para a inovação irá alimentar ao longo do tempo a interacção no seio do cluster.
Admitindo que os actores são aqueles que compõem os três consórcios aos quais foram
atribuídas lotes de potência, é possível verificar que são compostos de acordo com o
representando nas três figuras seguintes.
O “Agrupamento Eólicas de Portugal”, resulta da conjugação de quatro promotores no
âmbito do negócio da energia eólica com um dos maiores produtores mundiais de
aerogeradores. Este consórcio ganhou o fase A do concurso promovido pelo Governo.
92
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Figura 40: Os Actores do Agrupamento Eólicas de Portugal
Agrupamento Eólicas de Portugal
num total de
29 empresas
Promotores
Financiado por:
Enernova
empresa
Grupo EDP p/
renováveis
empresa Grupo
Endesa p/
renováveis
Enercon
produtora
aerogeradores de
origem alemã
TP - Soc.
Térmica
Portuguesa
GENERG
centro I&D de
software em
Portugal
Fonte: Elaborado com base em informação disponível diversa.
O consórcio “Ventinveste” ganhou a fase B do concurso e é constituído por empresas
relacionadas com a produção de energia, em particular, combustíveis, produtoras de
equipamentos, apoiadas por um fundo de inovação.
Figura 41: Os Actores da Ventinveste
VENTINVESTE
com 19 unidades
industriais associadas
Promotores
Financiado por:
Galp Power
SGPS
empresa Grupo
Efacec p/
sol.integradas p/
dist. energia
empresa
Grupo Galp
Energia
comercializa
electricidade
Power Blades
SA
fabricante pás p/
areogeradores
Galp Energia
empresa Grupo
Endesa de distribuição
eléctrica na América
latina
Parque Eólico
da Penha da
Gardunha
produtora
energia eólica
do Grupo
SEMAPA
Martifer Energia
Repower systems AG
Repower Portugal SA
empresas
Grupo Martifer
p/ energia
opera no petróleo e
gás natural
operadora eléctrica
Grupo que opera na pasta /
papel, cimento e energia
(ENERSIS 90%)
constr.
Metalomecânicas; eq.
energia
metalomecânico c/ act.,
energia, engenharia e
transportes e logística
M Energy SA
Fonte: Elaborado com base em informação disponível diversa.
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da Sphera | Março 2008 | 93
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
empresa Grupo
Electrobel p/
renováveis
Por último, o consórcio “Novas Energias Ibéricas” 41 , que devido à proximidade de pontuações
com o consórcio “Ventinveste” na fase B do concurso, ficou com o remanescente do lote de
potência. Este consórcio integra empresas da área da energia de origem espanhola com
empresas nacionais metalomecânicas, de construção, produtoras de equipamentos e
consultoras em engenharia.
Figura 42: Os Actores da Novas Energias Ibéricas
NOVAS ENERGIAS IBÉRICAS
Promotores
Grupo operadora
energia e
renováveis
fabricante de
aerogeradores
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Grupo
telecomunicaçoes e
construção
Grupo construção
consultora em
engenharia na área
da energia e utilities
fabricante máquinas
agrícolas e eq.
transporte
Fonte: Elaborado com base em informação disponível diversa.
A criação do cluster eólico em Portugal surge, assim, de um concurso público do qual
resultaram atribuição de lotes de potência de dimensões diferentes e que obrigava à
conjugação de três tipos de características: a criação de cluster de empresas de base
industrial que iriam fazer a transferência de tecnologia para o País, passando a ser produção
nacional o que dantes eram importações e um papel de relevo dado ao I&D através da
criação do Fundo da Inovação.
Iniciativa pública
O cluster eólico de Portugal é uma iniciativa pública mas os actores são, essencialmente,
empresas privadas, que viram nos incentivos dados pelo Governo, uma forma de conjugar os
seus interesses para aproveitar a oportunidade de negócio que este cluster pode
proporcionar.
41
Como este consórcio ficou com um lote de potência muito inferior ao previsto por ele mesmo, as
informações recolhidas relativamente ao impacto económico (potencial) não estão actualizadas, pelo que
faz apenas referência à sua existência e futura operacionalidade.
94
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Historicamente, a dinamização do aproveitamento da energia eólica em Portugal tem tido
uma
componente
pública
muito
forte,
podendo-se
distinguir
três
etapas
do
seu
desenvolvimento:
em 1988 surge o primeiro parque eólico na Madeira;
em 2001 inicia-se o Programa E4 42 (Eficiência Energética e Energias Endógenas),
para promover a eficiência energética e a utilização de fontes endógenas e renováveis
de energia. As medidas do programa podem ser descritas como na figura seguinte:
Fonte: Ministério da Economia (Direcção-Geral de Energia, 2001).
em final de 2005 início de 2006, o concurso público para a constituição de um cluster
eólico em Portugal, visou transformar a energia “limpa” num sector estratégico para o
desenvolvimento económico nacional.
Resultado de uma estratégia de desenvolvimento...
O cluster eólico de Portugal permitiu a endogeneização e transferência de tecnologia para o
território nacional 43 .
Neste âmbito, a abertura do concurso para atribuição de capacidade de injecção de potência
na rede do sistema eléctrico de serviço público e pontos de recepção associados para energia
eléctrica
produzida
características
em centrais eólicas, definia, no
presentes
dos
projectos
candidatos
anexo
a
III,
concurso
uma
que
listagem
induzissem
das
o
desenvolvimento regional do sector eólico (quadro 4).
42
Resolução de Conselho de Ministros nº 154 / 2001 de 27 de Setembro.
43
O impacto económico (potencial) descrito a seguir insere-se numa lógica de eventual estratégia de
desenvolvimento do território. Relativamente ao consócio “VENTINVESTE” não se dispõe de informação
completa no que respeita à localização geográfica do cluster. Ainda relativamente ao consórcio “Novas
Energias Ibéricas”, como este consórcio ficou com um lote de potência muito inferior ao previsto por ele
mesmo, as informações recolhidas relativamente ao impacto económico (potencial) não estão
actualizadas, pelo que faz apenas referência à sua existência e futura operacionalidade.
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da Sphera | Março 2008 | 95
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Figura 43: As Medidas do Programa E4
Quadro 4: Caracterização do Projecto Industrial/Impacte Socioeconómico
Caracterização da capacidade industrial a instalar e desenvolvimento de Know–how
Localização
Área total e área coberta
Infra-estruturas a implementar
Principais equipamentos de produção a instalar
Descrição do tipo de equipamentos, módulos, componentes ou soluções avançadas de gestão
técnica de agrupamentos de parques eólicos a produzir
Capacidade instalada
Transferências tecnológicas a efectuar para o tecido industrial português
Plano de negócio do projecto industrial
Investimento total a realizar em unidade fabril
Investimento a realizar em unidade de montagem de turbinas
Investimento em unidades fabris de produção de módulos para turbinas eólicas
Investimento em unidades fabris para abastecimento de componentes, equipamentos, sistemas de
controlo dos aerogeradores, soluções para a gestão de agrupamentos de parques eólicos e outros
serviços para as unidades de nível superior
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Investimento em instalações de investigação e desenvolvimento, teste e certificação de quaisquer
componentes e sistemas
Plano de negócio detalhado, financiamentos, conta de resultados e balanço previsional a cinco anos
Volume e valor das vendas total estimado (total e por componente)
Volume de vendas associado à potência atribuída aos concorrentes
Volume de vendas associado à exportação, com identificação dos mercados
Descrição detalhada dos contratos de financiamento a executar e estrutura de capital prevista
Valor Acrescentado Bruto
Valor dos fornecimentos regionais
Emprego a gerar (colaboradores não especializados)
Emprego a gerar (colaboradores especializados)
Emprego a gerar (colaboradores com formação superior)
Emprego a gerar (colaboradores c/ grau de Mestre ou Doutor)
Cronograma de implementação
Cronograma de implementação, arranque e exploração
Cronograma financeiro de implementação
Cronograma / curva de lançamento até funcionamento da unidade em velocidade cruzeiro
Acordos e contratos estabelecidos para a implementação dos projectos industriais e
constituição das cadeias de abastecimento
Tipologia das unidades e projectos de I&D a implementar (especificar para cada caso) – SÓ
NA FASE B
Identificação do projecto
Identificação da área do conhecimento a desenvolver
Tecnologias a transferir
Investimento a realizar e fontes de financiamento associadas
Emprego a gerar e especialização associada
Cronograma de implementação, arranque e exploração
Cronograma financeiro de implementação
Cronograma/curva de lançamento até funcionamento da unidade em velocidade cruzeiro
Apresentação de soluções técnicas que contribuam para a melhoria da eficiência do
fornecimento e distribuição de energia eléctrica produzida a partir de fontes renováveis
Fonte: Adaptado de DGEG (2006).
96
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Das características apresentadas, mais exigentes na fase do B do concurso que incluía as
alíneas relativas à tipologia das unidades de I&D a implementar, especificadas para cada
caso, destaque para as especificações requeridas ao nível do investimento a realizar, da
qualificação do emprego a criar e das tecnologias utilizadas e produzidas.
O consórcio “Agrupamento Eólicas de Portugal” é aquele que tem maior dimensão, visível
pela criação de 29 empresas; o desenvolvimento de um pólo industrial de 5 fábricas em
Viana do Castelo para a produção integral de aerogeradores de última geração; uma
preocupação clara com a transferência de tecnologia e com a I&D com a criação de um
centro de formação profissional, parcerias com universidades e uma contribuição de 35
milhões de euros para o Fundo de Inovação; a criação de 48 parques eólicos (mapa 5);
distribuição da riqueza em zonas rurais, através das receitas obtidas pelos municípios e das
rendas recebidas pelos proprietários dos terrenos. Este cluster irá produzir mais de 2700GWh
de electricidade limpa, o que evitará mais de um milhão de toneladas de emissões de CO2
Mapa 5: Distribuição Geográfica
Figura 44: “Impacto Económico”
do Cluster Eólicas de Portugal
do Cluster Eólicas de Portugal
1800 novos postos
trabalho directos
5500 empregos
indirectos anuais nos
1ºs 6 anos
IMPACTO
ECONÓMICO
CLUSTER
EÓLICAS DE
PORTUGAL
VAB do cluster:
116 milhões euros / ano
VAB parques eólicos:
170 milhões euros / ano
Emprego
VAB
Balança
Comercial
I&D
Fundo de Inovação:
35 milhões de
euros
exportações:
mais de 60% do total da produção
200 milhões euros / ano a partir 2010
importações:
poupança de importações matérias-primas
de 100 milhões euros / ano
redução da compra de licenças emissão CO2
em 1 milhão de toneladas de CO2
Fonte: Elaborado com base em MEI (2007).
O consórcio Ventinveste prevê a criação de oito parques eólicos, 19 unidades industriais que
produzirão, anualmente 130 aerogeradores e 267 conjunto de pás, contribuindo em 35
milhões de euros para o Fundo da Inovação.
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da Sphera | Março 2008 | 97
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
(figura 44).
Figura 45: “Impacto Potencial” do Cluster Ventinveste
1300 novos postos
trabalho directos
460 milhões euros
IMPACTO
ECONÓMICO
CLUSTER
VENTINVESTE
Emprego
Investiment
o
Produção
I&D
Fundo de Inovação:
35 milhões de euros
chegar até 535 milhões
de euros
130 aerogeradores
267 conjuntos de pás
400MW capacidade energia eléctrica
armazenável
50 horas de interruptibilidade
Fonte: Elaborado com base em informação disponível diversa.
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Financiamento
O financiamento tem duas componentes: pela tarifa que garante o preço ao produtor e
privado, promovido pelas empresas do grupo e pelas fundações, que apoiaram as empresas
à constituição do cluster eólico em Portugal.
Os clusters de energias renováveis emergentes, apresentam uma diversidade de
situações, quer do ponto de vista da fonte de energia renovável utilizada (várias
renováveis como em França, Escócia e Catalunha, ou apenas energia eólica em
Portugal), quer do ponto de vista de “organização” e do promotor do cluster (pólo
de competitividade, em França, governo regional (Escócia e Catalunha) ou governo
nacional (Portugal) e ainda, do envolvimento dos actores (públicos e privados com
forte ênfase nos centros de I&D, na França, Escócia, Catalunha ou privados como
em Portugal).
Sendo clusters que apresentam potencialmente todas as características de um
cluster mas ainda num estádio de evolução inicial, no sentido em que as sinergias
entre os actores são ainda poucas ou frágeis, correspondendo a uma fase inicial de
um processo. Distinguem-se os casos franceses, com um modelo mais evoluído dos
restantes, em termos de interacção clara entre os actores, e o escocês como o caso
menos claro dessa interacção (mas, provavelmente o mais natural).
Em qualquer dos casos, a política pública foi decisiva para o impulso inicial de
desenvolvimento destes clusters e todos tiveram na base as potencialidades de
recursos energéticos endógenos.
98
| da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
II.3. ESTUDOS DE CASO: OS CLUSTERS EM “BIOCOMBUSTÍVEIS”
Alguns dos casos mais interessantes sobre clusters de energias renováveis são aqueles que
se relacionam com os biocombustíveis, designadamente o caso das regiões de Ghent na
Bélgica e de Västernorrland e Västerbotten na Suécia.
GHENT BIO-ENERGY VALLEY 44
“…a
leading
european
initiative
for
the
development of the biobased economy of the
future…”
O Ghent Bio-Energy Valley é uma parceria público–privada que foi criada com o objectivo de
desenvolver actividades de bioenergia sustentáveis inseridas na dinâmica de crescimento
económico da cidade de Ghent, principal cidade da região Este da Flandres, na Bélgica.
Com uma área aproximadamente de 156,18 km2, em 2006 tinha 233.120 habitantes, dos
quais cerca de 49% eram homens e uma densidade populacional de 1493 habitantes/km2.
Figura 46: Localização Geográfica do Ghent Bio-Energy Valley
BIOENERGY
VALLEY
Fonte: Wikipédia (2007).
44
http://www.gbev.org/
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da Sphera | Março 2008 | 99
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Breve enquadramento geográfico, económico e social
Baseado na biomassa...
Este cluster tem como catalisador a constituição de uma economia baseada na bioenergia. A
bioenergia pode ser definida 45 como o conjunto de todas as formas de energia que tem
origem na biomassa, especialmente, em plantas. Este cluster tem como objectivo a reunião
de todos os actores interessados e vocacionados para o desenvolvimento da bioenergia,
desde
a
produção,
distribuição,
armazenamento,
utilização
final
e
investigação
e
desenvolvimento.
Cluster em consolidação...
Ghent Bio-Energy Valley é um cluster em consolidação, com elevado potencial de
desenvolvimento. Resultado de parcerias estratégicas e da criação de fortes sinergias entre
actividades industriais do próprio cluster, bem como da interacção com outros clusters
nacionais e internacionais, designadamente, do cluster petroquímico dos portos de Antuérpia
e Roterdão (Bélgica e Países Baixos) e do Silicon Valley na Califórnia (EUA).
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
O desenvolvimento da economia baseada na bioenergia passa, por isso, pelo estímulo à
investigação e desenvolvimento (I&D), apoio à inovação tecnológica, através de projectos e
da criação de infra-estruturas de I&D, incentivo à integração industrial, promoção do
investimento na região e de campanhas de informação e sensibilização do público e
divulgação de produtos bioenergéticos (produtos químicos, ingredientes alimentares e
farmacêuticos, fragrâncias, cosméticos, detergentes, bioplásticos, biocombustíveis e biogás).
Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas...
Este cluster é claramente dinamizado pelas tecnologias energéticas relacionadas com a
biomassa. Dada a pretensão de se tornar uma economia baseada na bioenergia e uma
referência em biomassa em termos internacionais, permite concluir que há um contínuo
desenvolvimento das novas tecnologias energéticas e de introdução destas no mercado.
Em termos de tecnologias energéticas, o Bio-Energy Valley possui, entre outras:
produção de bioetanol em bio-refinarias, proporcionada pela boa base tecnológica,
que permitiu uma elevada eficiência de conversão, uma integração com sucesso de
diferentes tecnologias, com operação em larga escala e simultaneamente produzindo
uma grande diversidade de produtos. Utilizando como principal matéria-prima a cana
de açúcar e os cereais, estão em desenvolvimento novas formas de obter o etanol a
partir de resíduos celulósicos e de outros resíduos orgânicos. É exemplo disso, a
recente instalação de uma fábrica 46 de bio-etanol com capacidade para uma produção
de 80000 toneladas a partir de cereais e de açúcar;
instalação de uma central de produção de biodiesel 47 , à base de óleos vegetais, com
uma capacidade de 200000 toneladas; de um sistema anaeróbico de tratamento de
45
http://www.gbev.org/
46
Alco Bio Fuel (www.alcogroup.com).
47
BIORO (www.bioro.be)
100 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
resíduos sólidos municipais 48 , onde se realiza, também, testes laboratoriais de
tratamento de resíduos biológicos;
presença de uma empresa 49 de armazenagem de combustíveis líquidos com um
terminal com uma capacidade para 700000 m3 e de uma empresa 50 dedicada à
biodegradação química de componentes de recursos naturais renováveis como óleos e
gorduras.
As sinergias e os actores...
Este cluster está perfeitamente integrado com outras actividades que extravasam o núcleo
do cluster, com sinergias visíveis entre a bio-refinaria, as centrais de geração de
electricidade movidas a carvão e a biomassa e uma unidade de impressão e edição de jornais
cujo resíduos de papel são reciclados e utilizados para gerar electricidade e calor segundo
um processo de co-geração com base em biomassa (figura 47).
Biotecnologia / plantas
Microbiologia e
Fuel Cells (LabMET)
Química orgânica (ENVOC)
Sist. biológicos plantas
Lab. proteínas engenharia
Lab.industrial de
Microbilogia e
Biocatalisadores (LIMAB)
Engenharia / Biociência
Laboratório de madeira
Lab. enzimas e
carbohidratos
Lab. Bioquímica (INWE)
Inst.Invest. Agric. Pescas
(ILVO)
empresa
produtora e
distribuição
energia do
Grupo Suez
utiliza na produção de
electricidade p/ além das
fontes tradicionais, 610
000 ton de biomassa c/
origem em resíduos de
oliveira, madeira, grãos de
café e lama dos esgotos
maior complexo
integrado de produção
de biocombustíveis na
Europa
Produção de
200 000 ton
biodiesel
Produção de
150 000 m3
bioetanol
maior unidade
de edição de
jornais na
Europa
Biorefinery
Rodenhuize
docks
Stora
Enso
Produção de
100 000 ton
biodiesel
empresa integrada de
pasta de papel, produção
de papel, produtos
florestais e edição e
impressão de revistas e
jornais. Situada no Porto
de Ghent utiliza como
matéria-prima papel
reciclado e partículas de
madeira
"maior bioporto" da
Europa
Fonte: Elaborado com base em informação do site do Ghent Bio-Energy Valley.
48
Organic Waste Systems (www.ows.be)
49
Oiltanking (www.oiltanking.com)
50
Oleon Biodiesel (www.oleonbiodiesel.com)
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da Sphera | Março 2008 | 101
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Figura 47: Exemplo das Sinergias do Ghent Bio-Energy Valley
As sinergias criadas neste cluster resultam da interacção dos actores públicos e privados,
sendo potencialmente mais vasta e mais intensa do que a apresentada na figura anterior.
No caso deste cluster, a criação resultou do emprenho de 19 actores, em especial daqueles
relacionados com a academia e o sector empresarial, que obtiveram o apoio de entidades
públicas para o desenvolvimento conjunto da região.
Figura 48: Os Actores do Ghent Bio-Energy Valley
Produção
Biodiesel
Porto
Produção
Bioetanol
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Centro
Investigação
Câmara
Municipal
Agência
Desenvolvimento
Produção
Distribuição
Electricidade
c/ base em
Consultora em
matérias-primas, eólica, hídrica
e biogás
tecnologias e
serviços em
biomassa
Consultora
em
soluções
engenharia
Produção
Distribuição
Electricidade
do Grupo Suez
Genencor
International
Produção
Comercialização
Produtos
Bioquímicos e
Biocatalisadores
Tratamento
Resíduos
Sólidos
Municipais e
Industriais
Armazenagem
líquidos / prod.
químicos
Produção comp.
químicos
biodegradáveis
(óleos /
gorduras)
Armazenagem,
Processamento,
Serviços
Distribuição de
Transporte
óleos vegetais e
(especilizado
matérias agrícolas
em biomassa)
Actividades
Portuárias
Actividades
portuárias e
armazenamento
Consultora em
soluções
engenharia e
inovação
tecnológica
Fonte: Elaborado com base em informação do site do Ghent Bio-Energy Valley.
O conjunto de actores da figura 48 mantém uma estreita cooperação, criando sinergias no
sentido de uma parceria estratégica essencial ao desenvolvimento da região de Ghent na
Bélgica.
Iniciativa público–privada...
O Ghent Bio-Energy Valley é uma iniciativa conjunta da Universidade de Ghent, da Camâra
Municipal, do Porto de Ghent, da Agência de Desenvolvimento da Este Flandres e diversas
empresas industriais, de logística, de consultoria e engenharia relacionadas com produção de
bioenergia, distribuição, armazenamento e utilização final.
102 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Resultado de uma estratégia de desenvolvimento...
Sendo O Ghent Bio-Energy Valley o resultado de uma iniciativa público–privada, pode ser
considerada uma iniciativa que é em si mesma uma estratégia de desenvolvimento, no
sentido em que o seu fim último é direccionar as suas acções para uma sociedade
sustentável, baseada na bioenergia:”...a leading european initiative for the development of
the bio-based economy of the future…” 51 .
Naturalmente, que esta estratégia de desenvolvimento tem uma base de interesses privados
conjugados entre si. No entanto, a definição de uma orientação das políticas públicas no
sentido de apoiar esta iniciativa, imprime um carácter estratégico a este cluster.
Financiamento resultado da parceria...
O financiamento do cluster é resultado da parceria entre entidades públicas e privadas, e
aparentemente com uma componente pública significativa. As acções desenvolvidas no seio
tecnológica ,quer pela elaboração de projectos, quer pela implementação de infra-estruturas
de I&D, apoio das sinergias entre empresas e centros de investigação e apoio ao
investimento directo na região, desenvolvimento de acções de sensibilização e de informação
ao público.
51
http://www.gbev.org/
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da Sphera | Março 2008 | 103
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
do Ghent BioEnergy Valley vão, por isso mesmo, no sentido de estimular a inovação
BioFuel Region 52
…a region that leads
the world in biofuel …
A BioFuel Region foi criada por um conjunto de actores independentes, isto é, indivíduos,
empresas, centros de investigação, universidades, autoridades públicas municipais e
agências de desenvolvimento e governamentais, com o fim de elaborar uma visão comum
em termos de crescimento económico sustentável para a região de Västernorrland e
Västerbotten, no Norte da Suécia.
O objectivo desta região é tornar-se independente de combustíveis fósseis em 2020,
assegurando o desenvolvimento regional e industrial em simultâneo à protecção do ambiente
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
e à segurança de oferta de energia.
Breve enquadramento geográfico, económico e social
A BioFuel Region situa-se nos condados Västernorrland e Västerbotten, no Norte da Suécia a
600 km de Estocolmo, compreende uma área de 77 100 km2 dos quais 49 300 km2 são de
floresta, 1 600 km2 de área agrícola.
Figura 49: Localização Geográfica do Biofuel Region
A Suécia está dividida em 21 condados (län,
em sueco), que são os seguintes (a letra
denota posição no mapa):
Blekinge (K)
Dalarna (W)
Estocolmo (AB)
Gotland (I)
Gävleborg (X)
Halland (N)
Jämtland (Z)
Jönköping (F)
Kalmar (H)
Kronoberg (G)
Norrbotten (BD)
BioFuel
Region
Skåne (M)
Södermanland (D)
Uppsala (C)
Värmland (S)
Västerbotten (AC)
Västernorrland (Y)
Västmanland (U)
Västra Götaland (O)
Örebro (T)
Östergötland (E)
Fonte: Wikipédia (2007).
52
http://www.biofuelregion.se/
104 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Em 2003 53 tinha cerca de 255 956 habitantes, tendo-se assistido nos últimos anos a uma
redução da quebra dos nascimentos e a um aumento da migração líquida.
Baseado na biomassa...
A BioFuel Region pretende criar uma nova base de actividades económicas assente em
biocombustíveis com origem em matérias-primas celulósicas. Sendo um cluster baseado
numa única fonte de energia renovável, o seu catalisador é o desenvolvimento dos
biocombustíveis de segunda geração, designadamente, a produção de etanol a partir de
matérias lignocelulósicas e dos BTL diesel, obtido pelo processo sintético de Fischer-Tropsch
destinado à gaseificação da biomassa.
Cluster em consolidação...
Sendo uma iniciativa começada em 2002, assistiu-se entre 2003 e 2006, a uma fase de
movidos a biocombustíveis.
O BioFuel Region é um cluster com base na investigação e desenvolvimento e ao localizar-se
numa região com uma cultura de floresta, biomassa e engenharia associada, é facilitado o
processo de criação de um cluster integrador de toda a dinâmica relacionada com o
desenvolvimento da indústria de base florestal, o fornecimento das matérias-primas
(biomassa), as universidades, os centros de investigação e as instituições públicas de apoio e
promoção de sistemas de I&D e a aceitação pelos consumidores de um novo combustível
para os seus veículos.
Cluster dinamizado pelas tecnologias energéticas...
As tecnologias energéticas dinamizam o BioFuel Region. A experiência dos principais actores
da região, permitiram associar a produção de etanol, à do diesel obtido pelo processo
sintético de Fischer-Tropsch (FT) destinado à gaseificação da biomassa. Deste modo, à
iniciativa histórica do etanol, produzido pela hidrólise e fermentação, juntou-se o o diesel FT
e o etanol também produzido por gaseificação e liquefacção.
Como é um cluster em consolidação discute-se o alargamento do processo de produção de
etanol, utilizando a biomassa sólida (pellets) e o biogás, bem como outros processo de
gaseificação e liquefacção como o hidrogénio obtido a partir do gás. Deste modo, há margem
para a implementação de novas tecnologias energéticas relacionadas com a biomassa.
O BioFuel Region como está inserido numa região com uma longa tradição de actividades
relacionadas com a floresta, facilmente se estabelecem sinergias que levam naturalmente à
constituição do cluster e entre este e outras actividades e clusters.
53
Estatísticas da Suécia, retiradas do site da região de Västernorrland e Västerbotten.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 105
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
preparação de região para se tornar, em 2020, numa região auto-suficiente em transportes
As sinergias e os actores...
Existem quatro factores que contribuíram para a criação da BioFuel Region. O primeiro está
relacionado com o interesse genuíno da região na energia, em especial em actividades
baseadas em matérias–primas celulósicas. O segundo factor diz respeito ao passado em
protecção ambiental dos principais actores, que consideram que o desenvolvimento
sustentável é a base de todo o processo. O terceiro corresponde à forma de gestão e de
financiamento do cluster e que resulta da herança de cada um dos actores na articulação das
políticas nacionais e regionais no lançamento de iniciativas de longo prazo. O quarto factor
diz respeito à nova política para a energia comunitária, que ao colocar a tónica nas energias
renováveis e em particular à biomassa, deu credibilidade ao desenvolvimento da actividade
económica na região.
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Figura 50: Exemplo das Sinergias do Biofuel Region
Produção de
energia e materiais
químicos reciclados
p/ ind. papel
consórcio
regional
Aliança entre
instituição
financeira e
seguradoras
regionais
Ecodevelopment
Nordsvensk
Etanolsamverkan
AB
aquisição
Empresa
distribuidora de
energia
SKELLEFTEA KRAFT AB
Empresa instalação
de equipamentos
eléctricos e energia
Empresa instalação
de equipamentos
eléctricos e energia
Norrtull Energi
integração
Etek
Etanolteknik
Empresa na área de
aproveitamento de
pellets
produtora etanol a
partir de biomassa
florestal
Fonte: Elaborado com base em informação do site do BioFuel Region.
As sinergias do BioFuel Region vão muito para além daquelas exemplificadas e que ocorrem
na região de Västernorrland e Västerbotten, com integração de actores deste cluster em
projectos internacionais, considerados como exemplos de boas práticas para se atingir uma
economia sustentável baseada em energias renováveis.
106 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
CAIXA 12: “SEKAB - BioFuel NA SUÉCIA”
Ao nível comunitário, a SEKAB está envolvida no Projecto BEST (Bioethanol for Sustainable
Transport), que visa promover a introdução do etanol e dos veículos fuel-flexible no mercado
comunitário, e no projecto NILE (New Improvements for Ligno-cellulosic Ethanol), financiado no
âmbito do 6º Programa–Quadro de Investigação e Desenvolvimento para o desenvolvimento de
enzimas, novos tipos de açúcar para produzir etanol e crescente integração do processo de
produção para reduzir o consumo de energia, promovendo o desenvolvimento dos
biocombustíveis de segunda geração.
Este cluster integra cerca de 200 a 250 membros, organizados por grupos de trabalho,
incluindo investigadores e peritos em biocombustíveis e indústria florestal, gestores de
empresas fabricantes de veículos automóveis, de petróleo, pasta e papel e autoridades
públicas (figura 51).
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 107
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
A SEKAB é produtora de biocombustíveis na Suécia há mais de vinte anos, fornecendo este
combustível aos transportes públicos de passageiros. Actualmente existem cerca de 600
autocarros, movidos a etanol, a operarem na Suécia. Em 1994, foram introduzidos os primeiros
veículos fuel-flexible, movidos a petróleo e etanol. Simultaneamente, a BAFF (BioAlcohol Fuel
Foundation) e a SSEU (Swedish Etanol Development Foundation) iniciaram um processo de
promoção da utilização do etanol junto dos munícipios. A aquisição de veículos e a instalação de
bombas de abastecimento, baseados em etanol, demoraram 10 anos a ser introduzidos. As
principais construtoras de veículos automóveis como a SAAB, a VOLVO e a Ford Sweden, são
líderes na produção de veículos fuel-flexible. Actualmente, existem cerca de 1000 bombas de
abastecimento de etanol na Suécia (espera-se um aumento para 2400 em 2009) e mais de
70000 veículos fuel-flexible.
Figura 51: Os Actores da Biofuel Region
Municípios:
Härnösand, Kramfors, Lycksele
Norsjö, Robertsfors, Skellefteª
Sorsele, Storuman, Sundsvall
Umeª, Vilhelmina, Vindeln
Vännäs, Aªsele, Örnsköldsvik
Administração Pública:
Universidades:
Umeª University
Mid Sweden University
Swedish University of
Agr.Sciences
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
ESAM AB
Equipamento
transporte e
componentes
Västernorrland County
Västerbotten County
Swedish Road Administration
Nutek
EcoDevelopment AB
Produção de energia
e materiais químicos
reciclados p/ ind.
papel
empresa construtora /
imobiliária
Empresa consultora
em desenvolvimento
sustentável
Norrskog Economic
Association
empresa
fab.produtos madeira
Produtora e
distribuidora de
bioetanol
Produtora de diesel
sintético
Fonte: Elaborado com base em informação do site do BioFuel Region.
Uma iniciativa pública...
O aparecimento deste cluster tem origem num programa nacional de financiamento de
sistemas de inovação e clusters (Visanu), resultado da parceria entre a ISA (Invest in
Sweden Agency), agência pública de promoção do investimento, a Nutek (Swedish Agency
for Economic and Regional Growth), agência pública para incentivar a expansão de empresas
para regiões dinâmicas e a VINNOVA (Swedish Agency for Innovation Systems), agência
pública de promoção do crescimento sustentado e sistemas de inovação eficientes.
Resultado de uma estratégia de desenvolvimento...
O BioFuel Region localiza-se numa região com longa tradição de desenvolvimento de
biocombustíveis e da engenharia, sendo os condados de Västernorrland e Västerbotten, uma
das principais regiões florestais e de actividades económicas relacionadas com a floresta da
Suécia.
Este cluster, considerado como um processo de longo prazo, com actores motivados e uma
produção crescente de matéria-prima, apresenta grandes potencialidades em termos de
108 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
negócio, sendo visível a interacção entre sector público/privado/centros de investigação com
o objectivo de atingir uma economia regional sustentável, baseada em energias renováveis e
líder em conhecimento.
A estratégia passa pela mobilização, comprometimento e participação activa dos actores,
que actuam grupos: I&D, Acção Pública, Desenvolvimento industrial, Financiamento, Escolas
e Envolvimento da Educação de Adultos (quadro 5):
Quadro 5: Estratégia de Mobilização dos Actores na Biofuel Region
Grupo das Matérias-primas:
análise dos ciclos de vida
inventário das matérias-primas da região
programa de investigação p/ aumentar a oferta de matérias-primas na região
Grupo de Investigação:
gaseificação da biomassa, hidrólise de materiais celulósicos
estacionamento público p/ veículos "limpos"
influenciar a opinião pública p/ aceitar novas estações de abastecimento
divulgação de informação na região
Financiamento de longo prazo
identificação das potenciais fontes de financiamento
financiamento público nacional e comunitário
estudo preliminar de demonstração da produção de etanol, p/ incentivar ao financiamento
aquisição da SEKAB (Svensk Etanolkemi AB) empresa sueca produtora de etanol por
um consórcio de empresas industriais
Desenvolvimento industrial
mapeamento da actividade industrial existente e das potenciais opções estratégicas
testes na unidade industrial piloto de produção de etanol
possibilidades de estabelecer um consórico de mepresas industriais p/ aquisição da SEKAB
estudo preliminar de produção de diesel sintético
encontros c/ empresas
Escolas
projectos p/ preparação de estudantes do secundário
estudos de materiais
Envolvimento e Educação de Adultos
estudo de materiais
formação
Fonte: Visanu 2005.
No final de 2004, a BioFuel region estabeleceu uma agenda estratégica, definiu a visão e
missão deste cluster (quadro 6), mas de uma forma flexível, podendo sempre adaptar-se ao
dinamismo do cluster.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 109
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
workshops e redes de cooperação
Acção Pública
Quadro 6: A Estratégia da Biofuel Region
Missão e motivação comum:
iniciativa regional que decorreu da necessidade de converter o sistema de transportes p/
um modo sustentável. Esta iniciativa reuniu todas as partes interessadas da região
e do Governo
Visão:
os transportes da região serão abastecidos a 100% por biocombustíveis e passará a ser um
exemplo mundial de boas práticas de conversão p/ um sistema de transporte sustentável:
1. Modelo de um Mundo autosuficiente em 2020
2. Desenvolvimento económico regional
3. Líder em conhecimento em 2020
Estratégia:
activar e mobilizar o maior número possível de actores p/ o crescimento e desenvolvimento
económico sustentável. A iniciativa alarga-se ao exterior se isso for necessário p/ promover
a sustentabilidade do modelo:
- integração de actores independentes
- enviar sinais claros ao mercado do que se pretende e de onde se quer estar
- fornecer informação e proporcionar a construção de alianças estratégicas
- desenvolver o conhecimento e alterar preconceitos p/ desenvolver projectos industriais
Exemplos de objectivos quantificados:
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
85% dos cidadãos devem ter contaco c/ a BioFuel Regio em 2008
80% dos actores individuais em posições chave devem estar envolvidos antes de 2010
80% da frota de veículos públicos devem ser abastecidos por biocombustíveis em 2010
60 estações de abastecimento adicionais em 2009
30 autocarros a mais movidos a etanol antes de 2010
Fonte: Visanu 2005.
Financiamento resultado do incentivo público à investigação e desenvolvimento...
A BioFuel Region é financiada pelo programa nacional sueco de apoio aos sistemas de
inovação e clusters (Visanu). Este cluster é financiado por um grupo constituído para o efeito
e que reúne um conjunto de actores relacionados com empresas privadas, fundos
comunitários (6º Programa–Quadro I&D) e financiamento público (The Swedish Climate
Investment Program – KLIMP), (Innovation Action e The Northern Periphery).
Os clusters baseados em biocombustíveis aqui descritos, Ghent Bio-Energy Valley e
o BioFuel Region, são clusters com uma base de investigação e desenvolvimento
tecnológico muito forte, focalizados numa única fonte de energia renovável,
orientados para o desenvolvimento estratégico de uma região, mas com um pendor
para a internacionalização e de ambição de serem considerados boas práticas na
definição de uma economia baseada em biomassa.
110 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
III. GRAU DE PROXIMIDADE DOS CLUSTERS SEGUNDO O OBJECTIVO, O MODO DE
ORGANIZAÇÃO E AS TECNOLOGIAS. UMA INTERPRETAÇÃO.
A tradição cultural, história económica e social são fundamentais na análise dos clusters
porque estes são o resultado do passado de maior ou menor empreendorismo, do grau de
intervenção da política económica na economia, das necessidades reveladas em termos de
cooperação, de partilha de informação e de conhecimento.
Os clusters de energias renováveis têm uma relação fortíssima com o nível de inovação de
cada país e ou região. A permanente investigação e desenvolvimento é um pilar fundamental
na consolidação dos clusters.
Das 16 experiências analisadas foi possível observar que existe uma proximidade entre
clusters de vários países/regiões em torno de três princípios: o objectivo de cada cluster, o
energéticas. De acordo com cada um dos princípios assim se pode estabelecer a proximidade
dos clusters.
Em qualquer um dos objectivos, os clusters surgem sempre como uma via para acelerar a
transição para um novo paradigma energético, mobilizar os actores e partilhar a informação
e o conhecimento.
Proximidade dos clusters pelo objectivo...
Das experiências analisadas, os objectivos mais frequentemente referidos para a constituição
dos clusters foram atingir uma economia baseada no hidrogénio e atingir o desenvolvimento
sustentável, seja do País e ou de uma região.
Admitindo que destes 16 casos se destacam dois objectivos, embora possa haver situações
híbridas:
o objectivo de se atingir uma economia baseada no hidrogénio, quer a partir do
conjunto das energias renováveis, quer a partir da energia eólica por si só;
o objectivo de atingir o desenvolvimento sustentável, quer pela via do conjunto das
energias renováveis, quer a partir da biomassa, ou da energia eólica ou do solar
fotovoltaico mais isoladamente.
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da Sphera | Março 2008 | 111
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
modo de funcionamento e de organização e o posicionamento em termos de tecnologias
Figura 52: Proximidade dos Clusters por Objectivo
atingir sociedade baseada no
hidrogénio
RENOVÁVEIS
EÓLICA
BAVIERA
DINAMARCA
CLUSTER
CONSOLIDADO
REFERÊNCIA MUNDIAL
BRITISH
COLUMBIA /
VANCOVUER VICTORIA
ISLÂNDIA
ATLANTA
CANADA /
PRINCE EDWARD
ISLAND
CAPENERGIES
TENERRDIS
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
CLUSTER EM
CONSOLIDAÇÃO
DERBI
CLUSTER EMERGENTE
atingir desenvolvimento
sustentável
RENOVÁVEIS
BIOMASSA
EÓLICA
SOLAR
FINLÂNDIA
CLUSTER
CONSOLIDADO
PAÍS BASCO
REFERÊNCIA MUNDIAL
ESCÓCIA
BIOFEUEL
REGION
CLUSTER EM
CONSOLIDAÇÃO
CLUSTER EMERGENTE
GHENT
BIOENERGY
VALLEY
Barcelona
PORTUGAL
SAXÓNIAANHALT
BITTERFELD
Legenda: as cores dos clusters estão relacionadas com as cores das bandeiras dos respectivos países.
Fonte: Elaborado com base na informação recolhida dos diversos sites.
112 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Da observação da figura 52, verifica-se que cinco países apostaram num caminhar para uma
economia baseada no hidrogénio: Dinamarca, Canadá, França, Alemanha e Islândia. O
posicionamento dos actores (públicos e privados) nestes países induzem uma actividade
industrial, científica e de promoção e informação ao público de tecnologias energéticas
renováveis que permitam atingir uma economia baseada no hidrogénio, naturalmente
condicionadas pela disponibilidade de recursos energéticos endógenos de cada país.
Nos restantes sete países a constituição dos clusters das energias renováveis é uma forma
de acelerar o processo para atingir uma sociedade com um desenvolvimento sustentável.
Inclui-se o caso de Portugal com a aposta no desenvolvimento do cluster eólico.
Outra forma de analisar a proximidade dos clusters, complementar à análise da proximidade
por objectivo, é através das energias renováveis que estiveram na base da criação dos
clusters. De uma forma simplificada 54 , podem-se posicionar os clusters num quadrado cujos
vértices são pilhas de combustível/hidrogénio; eólica on-shore, eólica off-shore e energia das
Figura 53: Proximidade dos Clusters por Energias Renováveis
Hidrogénio
e Fuel Cells
VANCOVUER VICTORIA
ALEMANHA
DINAMARCA
BAVIERA
ESCÓCIA
Eólica
Eólica offshore
Energia Ondas
ATLANTA
CANADA
SAXÓNIAANHALT
PAÍS
BASCO
PORTUGAL
CAPENER
GIES
DERBI
Solar
Fotovoltaico
Térmico
TENERRDIS
FINLÂNDIA
GHENT
BIOENERGY
VALLEY
BIOFEUEL
REGION
Suécia
Biocombustíveis
54
Não se considerou a energia hídrica, apesar da sua importância na maioria dos países, ao nível do
balanço energético.
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da Sphera | Março 2008 | 113
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
ondas; solar fotovoltaico e térmico solar e bicombustíveis/bioenergia.
Hidrogénio
e Fuel Cells
Eólica
Eólica offshore
Energia Ondas
Solar
Fotovoltaico
Térmico
Biocombustíveis
ALEMANHA
DINAMARCA
ESCÓCIA
VANCOVUER VICTORIA
ATLANTA
CANADA
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
BAVIERA
PAÍS
BASCO
FINLÂNDIA
CAPENER
GIES
TENERRDIS
PORTUGAL
GHENT
BIOENERGY
VALLEY
BIOFEUEL
REGION
SAXÓNIAANHALT
DERBI
Ligação Forte com as energias renováveis
Ligação Fraca com as energias renováveis
Legenda: as cores dos clusters estão relacionadas com as cores das bandeiras dos respectivos países.
Fonte: Elaborado com base na informação recolhida dos diversos sites.
114 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Os clusters mais focalizados numa única fonte de energia renovável são aqueles localizados
na Islândia, Portugal, Saxónia-Anhalt, Biofuel Region, Atlanta Canada, Dinamarca e Escócia.
Os mais diversificados do ponto de vista de fontes de energia primária renováveis são os
clusters situados na Baviera, País Basco e no pólo de competitividade Capenergies.
Proximidade
dos
clusters
pelo
modo
de
organização
e
consequente
funcionamento...
Da observação do modo de organização dos clusters e consequente funcionamento,
verificou-se que, independentemente, do objectivo que se propõem, “atingir uma sociedade
baseada no hidrogénio” ou “atingir o desenvolvimento sustentável”, há diferentes formas de
organizar o cluster.
Sumariamente, distinguiram-se três categorias de organização dos clusters:
aqueles que resultam da organização da actividade económica, em conjugação com
outros clusters que se desenvolveram na região, formam um todo coeso, resultado de
uma orientação estratégica com sucesso e que ultrapassou as fronteiras da região,
aqueles que resultam de muito mais do que uma estratégia de desenvolvimento, é
um desígnio nacional/regional, com a formulação dos poderes públicos de uma visão
e de planos de acções que enquadram a acção do Governo e orientam as escolhas dos
actores;
dois exemplos de uma conjugação clara dos interesses privados e públicos e que não
reflectem apenas uma orientação da política pública.
Figura 54: Proximidade dos Clusters por modo de Organização e de Funcionamento
organização da actividade
económica
em clusters
CLUSTER
CONSOLIDADO
REFERÊNCIA MUNDIAL
BAVIERA
PAÍS BASCO
CAPENERGIES
Desígnio Nacional / Região
Construção de uma Visão;
Roadmap ou Plano de Acção
DINAMARCA
FINLÂNDIA
ISLÂNDIA
ATLANTA
CANADA /
PRINCE EDWARD
ISLAND
BRITISH
COLUMBIA /
VANCOVUER VICTORIA
GHENT
BIOENERGY
VALLEY
ESCÓCIA
CLUSTER EM
CONSOLIDAÇÃO
conjugação interesses
privados e públicos
TENERRDIS
BIOFEUEL
REGION
DERBI
CLUSTER EMERGENTE
PORTUGAL
Barcelona
SAXÓNIAANHALT
BITTERFELD
Legenda: as cores dos clusters estão relacionadas com as cores das bandeiras dos respectivos países.
Fonte: Elaborado com base na informação recolhida dos diversos sites.
A proximidade dos clusters pelo modo como se organizam é distinta da verificada pelo
objectivo.
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da Sphera | Março 2008 | 115
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
com projecção internacional;
As regiões da Baviera e País Basco apresentam uma organização dos clusters muito bem
estruturada, com uma entidade pública que gere as relações entre os actores dentro do
cluster e entre clusters. Surgem ainda nesta categoria os pólos de competitividade franceses
e o parque tecnológico de Barcelona, em diferentes estádios de maturidade dos clusters.
A maior parte dos casos analisados são um “instrumento” de um desígnio nacional, uma
aposta clara do Governo nacional/regional ao nível de orientação estratégica: Dinamarca,
Finlândia, Canadá, Islândia, Escócia, Portugal e a Região de Västernorrland e Västerbotten,
na Suécia.
Incluem-se as experiências de Ghent, na Bélgica e de Bitterfeld na Saxónia-Anhalt, na
Alemanha, pela sua singularidade, na relação entre os agentes públicos e privados.
O posicionamento dos clusters ao nível das tecnologias energéticas....
A criação dos clusters reflecte, para além das fontes de energia primária endógenas, a
tradição cultural, económica e científica, do país ou região, as sinergias que se estabelecem
Para a maioria dos clusters analisados é possível constatar as relações entre as tecnologias
energéticas e as tecnologias relacionadas com a mecânica e equipamentos electrónicos, os
equipamentos eléctricos e automatismos, a aeronautica e aerodinamismo, a indústria offshore de petróleo, gás e tecnologias submarinhas, as tecnologias de informação e
comunicação, a pasta e papel, os produtos metálicos, a química, as indústrias de resíduos e
a floresta e os novos materiais.
Figura 55: Pontos Fortes Sectoriais nas Regiões de alguns Clusters de Energia
Renovável
Novos
Materiais
FINLÂNDIA
Química
FINLÂNDIA
Energia
Florestal
PORTUGAL
BAVIERA
BIOFEUEL
REGION
Suécia
Rhône-Alpes
ESCÓCIA
GHENT
BIOENERGY
VALLEY
TENERRDIS
Madeira &
Resíduos
Off-Shore
Industries
DINAMARCA
Electrónica
& TIC's
Pasta e
Papel
ATLANTA
CANADA
Material
Eléctrico
Mecânica
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
ao nível das tecnologias de origem diversa, base do padrão sectorial.
PAÍS
BASCO
Agroindústrias
Automóvel
Aeronautica
Legenda: as cores dos clusters estão relacionadas com as cores das bandeiras dos respectivos países. As
cores dos sectores pretendem distingui-los um dos outros.
Fonte: Elaborado com base na informação recolhida dos diversos sites.
116 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Analisando com mais detalhe 12 dos clusters, é possível afirmar que, na generalidade, a
interacção com actividades de mecânica, electrónica & TIC’s, material eléctrico, automóvel e
aeronautica é muito importante.
Nos clusters baseados na energia eólica, em especial eólica off-shore, como a Escócia,
Atlanta Canada e Dinamarca, salienta-se a importância das indústrias off-shore de petróleo e
gás e tecnologias submarinhas.
Os clusters baseados em biomassa e bioenergia, como Ghent, na Bélgica, e a BioFuel Region
na Suécia, têm uma ligação natural com as actividades madeira e resíduos, pasta e papel,
química e agroindústrias.
Os clusters da Baviera, do País Basco e o pólo de competitividade capenergies, pela sua
estrutura e organização têm uma diversidade de inter-relações com outras actividades,
salientando a importância da mecânica, electrónica & TIC’s, aeronáutica, automóvel e os
novos materiais.
princípios: o objectivo de cada cluster e o modo de funcionamento e de
organização, e
que
não são coincidentes
na forma como
os clusters “se
posicionam”. Em qualquer um dos objectivos, os clusters surgem sempre como
uma via para acelerar a transição para um novo paradigma energético, mobilizar os
actores e partilhar a informação e o conhecimento.
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da Sphera | Março 2008 | 117
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Existe uma proximidade entre clusters de vários países/regiões em torno de dois
IV. CONCLUSÃO
O objectivo deste trabalho é analisar até que ponto o desenvolvimento das energias
renováveis está associado ao desenvolvimento de clusters. Isto tem implicações em termos
da definição de “cluster de energias renováveis”, como se constituem, extravasando para lá
do que é considerado como uma mera iniciativa isolada de uma empresa ou de uma
autoridade pública na promoção das energias renováveis.
Naturalmente, a conjugação destes dois aspectos (clusters e energias renováveis) estão
relacionados com o desenvolvimento sustentável e num sentido mais estrito, com a
protecção do ambiente. Além disso, a análise dos “cluster de energias renováveis” só faz
sentido num contexto de inserção no território, decorrente das suas localizações e dinâmica
regional/local.
Foram analisadas 16 experiências, cinco das quais de âmbito nacional, e as restantes com
um carácter regional, com detalhe diferenciado segundo a informação disponível e a
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
importância atribuída em termos das potencialidades de desenvolvimento tecnológico das
energias renováveis.
No âmbito dos clusters consolidados, encontra-se uma diversidade de situações, sendo
possível verificar dois objectivos distintos mas que se interligam, isto é, existem clusters
claramente criados para promover o desenvolvimento sustentável pela via da adopção de
energias renováveis (experiências finlandesa, francesa e basca) e outros mais ambiciosos
com o objectivo de acelerar o processo rumo a uma sociedade baseada no hidrogénio
(experiências dinamarquesa, islandesa, baveriana e das regiões canadianas), sendo que
estes últimos partem de uma base de energias renováveis, dominada pela energia eólica e
menos em solar fotovoltaico.
Com uma forte presença do Estado na definição, orientação e apoio financeiro, logístico e
científico ao desenvolvimento e consolidação dos clusters, encontram-se experiências
diferentes em termos do modo de organização e de funcionamento dos clusters: desde a
organização da actividade económica em clusters industriais como é visível nas experiências
basca, baveriana e francesa (através da criação do pólo de competitividade Capenergies)
com forte interacção dos actores entre clusters e dentro de cada um; ou experiências em
que se define uma visão, planos de acção e planos estratégicos com desígnio nacional como
na Dinamarca e Canadá.
Os clusters de energias renováveis emergentes, apresentam uma diversidade de situações,
quer do ponto de vista da fonte de energia renovável utilizada (várias renováveis como em
França, Escócia e Catalunha, ou apenas energia eólica em Portugal), quer do ponto de vista
de “organização” e do promotor do cluster (pólo de competitividade, em França, Governo
Regional (Escócia e Catalunha) ou governo nacional (Portugal) e ainda, do envolvimento dos
actores (públicos e privados com forte ênfase nos centros de I&D, na França, Escócia,
Catalunha ou privados como em Portugal).
118 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
Sendo clusters que apresentam potencialmente todas as características de um cluster mas
ainda num estádio de evolução inicial, no sentido em que as sinergias entre os actores são
ainda poucas ou frágeis, corresponde a uma fase inicial de um processo. Distingue-se o caso
francês, com um modelo mais evoluído dos restantes, em termos de interacção clara entre
os actores, e o escocês como o caso menos claro dessa interacção (mas, provavelmente o
mais natural).
Em qualquer dos casos, a política pública foi decisiva para o impulso inicial de
desenvolvimento destes clusters e todos tiveram na base as potencialidades de recursos
energéticos endógenos.
Os clusters baseados em biocombustíveis aqui descritos, Ghent Bio-energy Valley e o BioFuel
Region, são clusters com uma base de investigação e desenvolvimento tecnológico muito
forte, focalizados numa única fonte de energia renovável, orientados para o desenvolvimento
estratégico de uma região, mas com um pendor para a internacionalização e de ambição de
serem considerados boas práticas na definição de uma economia baseada em energias
energético no sentido de se atingir o desenvolvimento sustentável.
Existe uma proximidade entre clusters de vários países/regiões em torno de dois princípios:
o objectivo de cada cluster e o modo de funcionamento e de organização. Em qualquer um
dos objectivos, os clusters surgem sempre como uma via para acelerar a transição para um
novo paradigma energético, mobilizar os actores e partilhar a informação e o conhecimento.
A diversidade de experiências registadas não esgota a análise. Novos desenvolvimentos
deste documento, poderão ser a extensão desta análise aos clusters de energias renováveis
das regiões dos Estados Unidos da América e dos países Asiáticos. De facto, constataram-se
várias outras experiências fora da Europa e do Canadá, bastante interessantes no modo de
funcionamento e de organização como as experiências da Califórnia, Massachusetts,
Connecticut, Texas, New Mexico e Oregon.
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 119
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
renováveis. Em qualquer destes casos, o objectivo último é a alteração do paradigma
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Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 123
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Suécia
ANEXOS
Figura A1: Os Clusters de Energias Renováveis
Designação
Green Energy
Clusters
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Um dos 21
Projectos do
“Energy
Intelligent
Europe 20052007”
Global
Cluster
Project (UE)
Empresa que
fomenta
redes entre
empresas e
clusters
País
1) Suécia
2) Áustria
3) Noruega
4) Reino
Unido
5) França
Região
1) West
Sweden
2) Upper
Austria
3) BTV –
Region
4) SouthWest
5) RhôneAlpes
Alemanha
França
Bélgica
Itália
Reino Unido
Finlândia
Espanha
Polónia
Rep. Checa
Eslováquia
Eslovénia
Hungria
Estónia
Winrock
International
India
Promotor
Entidades Públicas/
associações
empresas
1)KanEnergie Ecoex
2)O.Ö.Energisparve
rband - OEC
3)GreenPartner
Norsk Enök &
Energi
4)South-West Wood
Fuels
5)RhônalpénergieEnvironment – ÉcoÉnergies
Lyon Chambre of
Commerce
1) Biomassa
solar
2) Renováveis
3) Biomassa
4) Biomassa
5) Renováveis
Empresa privaa
1) Tecnologias
ambientais, gestão
resíduos e energias
renováveis
2) agro-indústrias
3) engenharia mecânica
e ferramentas e
componentes
Empresa privada
1) Gestão recursos
naturais
2) energia e ambiente
3)alterações climáticas
Centro de
investigação
ISET
energias renováveis
electricidade distribuída
1) construção
laboratório pan-europeu
de integração de fontes
energia
descentralizadas
2) Multi-micro redes
3) I&D integração em
larga escala de fontes
na electricidade
distribuída
4) centrais eléctricas
virtuais em larga escala
5) roadmaps p/
electricidade distribuída
6) estabilização da rede
eléctrica
7) penetração elevada
de energias renováveis
8) tecnologias de
armazenamento p/
renováveis
intermitentes
9) introdução TIC e sist.
inteligentes na rede
10) renováveis na rede
e novas tecnologias
Empresa
consultora
IRED
Integrated of
Renewable
Energy
Sources and
Distributed
Generation
into the
European
Electricity
Grid
Cluster
Europeu de
Projectos I&D
da UE
Alemanha
Projectos:
1) Der-Lab
2) More
MICROGRIDS
3) SOLID-DER
4) FENIX
5) SUSTELNET
6) DISPOWER
7 )Dgnet
8) INVESTIRE
9) CRISP
10) DGFACTS
124 | da Sphera | Março 2008
1) Alemanha
2) Grécia
3) Países
Baixos
4) Espanha
5) Países
Baixos
6) Alemanha
7) Espanha
8) França
9) Países
Baixos
10) Espanha
Fonte energia
1) ISET (11
parceiros)
2) ICCS / NTUA (22
parceiros)
3) ECN (15
parceiros)
4) IBERDROLA (22
parceiros)
5) ECN (10
parceiros)
6) ISET (38
parceiros)
7) IBERDROLA (38
parceiros)
8) CEA/GENEC (35
parceiros)
9) ECN (10
parceiros)
10) LABEIN (12
parceiros)
Estádio I&D
/ cluster
Tecnologias
existentes;
Criação
mercado
(PME’s)
/
Inicial
(2005 –
2007)
Tecnologias
existentes;
Criação
mercado
(PME’s)
Tecnologias
existentes;
Criação
mercado
(PME’s)
Investigação
fundamental
Apoio
tecnológico à
indústria
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
(continuação)
País
Cluster das
eólicas
Portugal
Cluster das
eólicas
Espanha
Cluster da
energia
Espanha
Cluster das
energias
renováveis
Espanha
Região
Promotor
Norte do País
(nacional)
Governo
Norte e costa
este
(nacional)
Governo
País Basco
Governo regional
Fonte energia
éolica
Investigação
aplicada; criação
do cluster /
emergente
eólica
Investigação
aplicada
/ cluster em
consolidação
sinergias c/
aeronautica,
automóveis
renováveis
Tecnologias
existentes;
Criação mercado/
cluster em
consolidação
renováveis e
fusão nuclear
(projecto ITER em
Barcelona)
Investigação
fundamental e
aplicada (IREC);
renováveis,
materiais
avançados e
electrónica /
cluster em
consolidação
Massachusetts Governo regional
renováveis
Investigação
fundamental e
aplicada
cluster
consolidado/
sinergias c/
electrónica,
centros de I&D,
eficiência
indústria
Oregon
biomassa
ondas
Investigação
fundamental e
aplicada
cluster em
emergência /
consolidação/
sinergias com
co-geração, fuel
cells, outras
renováveis
renováveis,
eficiência
energética,
conservação
energia, energia
limpa
Tecnologias
existentes;
cluster em
consolidação/
sinergias de
pólos de
competitividade
biomassa
Investigação
fundamental e
aplicada/ cluster
consolidado/
biohidrogénio
renováveis
eficiência
energética,
conservação
energia
Investigação
fundamental e
aplicada/ cluster
em emergência/
sinergias c/ TIC’s,
ENEOP (utilities)
Acciona, Iberdrola;
Endesa (utilities)
Associação
empresarial
Catalunha
Governo regional
“cluster
completo”
Massachusetts EUA
clean energy
cluster
Hub das
actividades
energias
renováveis
“cluster
completo”
OREGON
Science and
Technological
Partnership
EUA
Intervenção
governo regional –
plano de acção
Green Building Bélgica
Cluster
Wallonia
Ghent BioEnergy Valley
Ghent
Bélgica
Energy Cluster Dinamarca
Fionia
Governo regional
Parcerias públicoprivadas
“knowledge
based bioeconomy”
Regional energy
cluster with
Kyoto
Perspective
Empresa privada c/
ligação à academia
Sul do País –
Odense
capital de
Funen
Iniciativa conjunta
público-privada da
Universidade,
Câmara, Porto e
Agência
Desenvolvimento
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 125
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Designação
Estádio I&D /
cluster
(continuação)
Designação
País
Cluster
Energia Eólica
Dinamarca
Região
Promotor
Fonte energia
Nacional
Governo
eólica
Environmental Finlândia
Technology
Cluster
Nacional
Governo
desenvolvimento Investigação
sustentável
fundamental e aplicada/
cluster consolidado
(1994)
Finnish
Finlândia /
Environmental China
Cluster for
China (FECC)
Actuar na
China
Governo
desenvolvimento Tecnologias existentes/
sustentável
cluster emergente (2006)
Derbi (pour
França
Dévelopment
des Énergies
Renouvelables
dns le
Bâtiment et
l’Industrie)
Languedoc
Roussilon
Governo
renováveis
Tecnologias existentes/
cluster emergente /
consolidação (2005)
(pólo de competitividade)
Tenerrdis
França
Rhône-Alpes
Governo
renováveis
Investigação
fundamental e aplicada
(pólo de competitividade
de investigadores)/
I&D em Hidrogénio /
fuel cells
Capenergies
França
Capa e Corse
CEA e EDF
renováveis e
nuclear
Investigação
fundamental e aplicada
(pólo de
competitividade)/ fusão
nuclear, hidrogénio,
rede eléctrica,
produção centralizada
/ descentralizada,
combustíveis
sintéticos
“cluster
completo”
Futura
sociedade do
hidrogénio
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Estádio I&D / cluster
Green Net
Finland
Investigação
fundamental e aplicada/
cluster
consolidado/sinergias
c/ clusters TIC’s,
ciências da vida
energias
renováveis/Innovation
Center Denmark
ligação a Silicon Valley
Environmental Canadá
Technology
Cluster
British
Governo
Columbia,
Alberta,
Quebéc,
Atlantic
Canadá,
Saskatchewan,
Manitoba
renováveis,
Investigação
desenvolvimento fundamental e aplicada/
sustentável
clusters consolidados/
sinergias entre
actividades
Oreg (Ocean
Renewable
Energy
Group)
Canadá
British
Columbia
(inicio)
Nacional
Associação
empresas /
Powertech
Labs
oceânica
Investigação
fundamental e aplicada /
cluster em emergência
RENERTEC
(Regional
Centre for
Renewable
Energies)
Itália
South Tyrol
Innovation
Park TIS
renováveis
Investigação
fundamental e aplicada/
cluster em consolidação/
sinergias com outros
clusters: TI, Alimentar,
Floresta, Desporto, etc
Tynedale
Renwables
Cluster
Reino
Unido
Tynedale
(região
Inglaterra e
País Gales)
Governo
regional
desenvolvimento Tecnologias existentes /
sustentável
apoio a PME’s/ sinergias
entre sectores mas não
cluster
126 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
(continuação)
Designação
East England
Energy Group
País
Reino
Unido
Região
East England
Promotor
Fonte energia
Estádio I&D / cluster
Empresa
privada criada
da associação
de empresas
de energia
energia
(renováveis, gás
e petróleo)
Investigação fundamental
e aplicada
biomassa
Tecnologias existentes;
Criação mercado
rede de instituições
Beacon
Innovation
Centre
Scottish Forest
Industries
Cluster
Reino
Unido
Escócia
BioFuel Region
Suécia
Västernorrland Governo
e Västerbotten regional
biomassa (2ª
geração)
Investigação fundamental
e aplicada/cluster em
consolidação
Taupo /
nacional
geotérmica e
biomassa
Tecnologias existentes;
Criação mercado/
Empresa que fomenta
redes entre empresas
NZCEC
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Nova
New Zeland
Zelândia
Clean Energy
Centre (NZCEC)
Scottish
Enterprise
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 127
Figura A2: Projectos de Aquecimento e Arrefecimento com Energias Renováveis
Designação
5 EURES
Constituição de mercados
regionais de bioenergia como
ex. de projectos futuros
BIOMASS PARTNERSHIPS
Estabelecimento do mercado
da biomassa
Transmitir conhecimento e
experiências das regiões mais
desenvolvidas para as menos
desenvolvidas
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
BioProm
Criação de emprego;
promoção da implementação
das energias renováveis;
novos mercados para a
prestação de serviços e
poupanças em combustíveis
fósseis.
Objectivo
Duração
Financiamento
Transferência de know-how p/ 5
estruturas regionais:
IST e Irradiare – Portugal
FOAL, Avridis – Lituânia
DMAH – Espanha
FHE, Cebra, Finpro – Alemanha
VTT, Metla, NCP, LUVA – Finlândia
01/2005 –
12/2007
€ 2.044.150
(50% UE)
Criar pelo menos uma parceria em
cada região:
STEM – Suécia
Motiva Oy – Finlândia
O .Ö. Energiesparverband – Áustria
SWEA –Reino Unido
IZES – Alemanha
RAEE – França
VITO – Bélgica
SEC – Bulgaria
NIFES – Reino Unido
01/2005 –
02/2007
€ 832.062
(50% UE)
01/2005 –
06/2007
€ 717.942
(49.7% UE)
01/2005 –
02/2007
€ 943.434
(50% UE)
Criação da visão da bioenergia:
ABA – Áustria
AEBIOM / VALBIOM – Bélgica
EUBA – Bulgaria
FINBIO – inlandia
ITEBE – França
BBE – Alemanha
SVEBIO – Suécia
CARMEN – Alemanha
01/2005 –
12/2006
€ 720.029
(50% UE)
Formação p/ instalação de
equipamentos de aquecimento água
solar, caldeiras e sistemas de
aquecimento a biomassa na:
APE – Eslovénia
BSREC – Bulgária
CRES – Grécia
FhG-ISI – Alemanha
Intiam Ruai Sl – Espanha
IT Power, ISPQ – Reino Unido
LEI – Lituânia
AEA, Arsenal – Áustria
Solpros Avoin – Finlândia
WIP – KG – Alemanha
01/2005 –
12/2006
€ 1.500.000
(50% UE)
Identificação de barreiras que
entravam a entrada da biomassa no
mercado em áreas urbanas:
RAEE – França
ESV – Áustria
JSI – Eslovénia
URV – Espanha
WRS / IER – Alemanha
Encorajar o desenvolvimento dos
mercados de aquecimento e
arrefecimento com base na biomassa,
Aumentar o uso da biomassa
com parceiros em:
florestar para propósitos
energéticos; minimizar o
CENER, GAVR Navarra; EHN, L.Sole,
consumo de combustíveis
Iniciativas Innovadoras – Espanha
fósseis; redução dos incêndios Energia.T.A, R.Tuscany, U.Florence,
M.Abetone – Itália
VTT – Finlândia
Energidalen / Sollefteà – Suécia
APE – Eslovénia
European Biomass Industry – Bélgica
BIO-SOUTH
BOOSTING BIO
Desenvolvimento da visão p/
a bioenergia c/ participação
de decisores e empresas
privadas
EARTH
Formar recursos humanos
qualificados p/ instalação de
sistemas de aquecimento
baseados em energias
renováveis
128 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
(continuação)
EAST-GSR
Desenvolvimento das
indústrias e das redes de
distribuição local
Encorajar a emergência de um
mercado de térmico solar
sustentável:
Arsenal – Áustria
CRES – Grécia
DENA – Alemanha
KAPE – Polónia
OVM – ICCPET – Roménia
SEA – Eslováquia
SEC – Bulgária
ADEME, TECSOL SA – França
UL FME – Eslovénia
01/2006 –
12/2008
€ 1.082.394
(50% UE)
01/2005 –
12/2006
€641.556
(50% UE)
Facilitar a criação de cadeias de
valor p/ o calor c/ base em
renováveis na:
NEPAS – Noruega
AEA – Áustria
ECCM – Escócia
EST – Reino Unido
CBE – Portugal
CRES – Grécia
SWS – Irlanda
APE – Eslovénia
01/2005 –
06/2007
€ 581.940
(50% UE)
Aumentar a utilização de
biocombustíveis na:
VTT, NKUAS – Finlândia
SLU – Suécia
SenterNovem – Países Baixos
DTI – Dinamarca
FNR – Alemanha
CRES – Grécia
FJ – BLT – Áustria
SWS – Irlanda
CRA – WBélgica
Andalusian Energy Agency –
Espanha
U.Manchester – Reino Unido
CBE – Portugal
ADEME – França
01/2005 –
12/2007
€ 1.238.466
(50% UE)
Fortalecer os mercados regionais de
aquecimento com base em energias
renováveis, através da criação de
clusters regionais de pequenas e
médias empresas na:
KanEnergie Sweden AB – Suécia
AEA – Áustria
GreenPartner, NEE – Noruega
SWWF – Reino Unido
RAEE, CCI Lyon – França
01/2005 –
02/2007
€ 517.754
(50% UE)
Avaliação das potencialidades do
mercado europeu de aquecimento e
Comparação de dados;
arrefecimento, em especial de
identificação de acções e
sistemas centralizados na:
DFF – Dinamarca
instrumentos;
potencialidades de poupança Finish Energy Industries – Finlândia
AGFW0) – Alemanha
energética e da utilização
das renováveis no sector do AIRU – Itália
aquecimento e arrefecimento FGVW – Áustria
Swedish DH Association – Suécia
EuroHeat & Power, EREC, CEWEP –
Bélgica
Norewegian DH Ass – Noruega
SNCU – França
ELVA
Metodologia p/ as
comunidades locais criarem
negócios c/ base em
aquecimento a partir de
energias renováveis
EUBIONET II
Melhor conhecimento das
tendências do mercado de
biocombustíveis, das cadeias
energéticas e das directivas
implementadas
GREEN ENERGY
CLUSTERS
Cooperação entre empresas
nos clusters, troca de
experiências e de
conhecimento
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 129
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
ECOHEATCOOL
(continuação)
K4RES – H
Aumento de importância das
energias renováveis no
aquecimento e redução do
peso dos combustíveis
fósseis e da energia nuclear
PREHEAT
Abordagem europeia
coerente no que respeita o
desenvolvimento e a
implementação das
tecnologias e armazenagem
de calor
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
PROBIOGAS
Estabelecimento de uma
plataforma p/ o
desenvolvimento de
iniciativas p/ a
implementação do biogás
PROPELLETS
Ultrapassar as barreiras no
mercado e promover a
utilização dos sistemas de
aquecimento c/ base em
“pellets”
QUOVADIS
Proporcionar regras comuns
p/ a reconversão de
combustíveis fósseis.
SOLARGE
Benefícios ao nível dos
combustíveis fósseis,
protecção ambiente, criação
de emprego e
desenvolvimento económico
regional
130 | da Sphera | Março 2008
Desenvolvimento de um Plano de
Acção p/ o sector da climatização na
Europa c/ participação de entidades
da:
ESTIF, AEBIOM, EGEC, EREC –
Bélgica
EC – JRC – Itália
Agencia d’Energia de Barcelona,
IDAE – Espanha
Energie 2000 – Alemanha
01/2005 –
06/2007
€ 1.396.766
(50% UE)
Aumentar as possibilidades de
implementação e desenvolvimento
das tecnologias de armazenagem de
calor com parceiros em:
ECN – Países Baixos
FISES – Alemanha
Ellehauge & Kildemoes – Dinamarca
Building Research Establishment –
Reino Unido
CSTB – França
01/2006 –
06/2008
€ 579.538
(50% UE)
Promoção das tecnologias de biogás
na Europa: incentivos fiscais,
clarificação das barreiras e dos
benefícios ambientais e económicos:
U.Southern Denmark, DRIFE, Risoe
N.L, DRAS, DAAC – Dinamarca
Association Solagro – França
CRES – Grécia
SenterNovem – Países Baixos
U.Barcelona – Espanha
Methanogen – Irlanda
ValBiom Asbl – Bélgica
01/2005 –
06/2007
€ 887.178
(50% UE)
Promoção no mercado dos sistemas
de “pellet heating”:
ESCAN – Espanha
JSP – Finlândia
ESV – Áustria
RHPL – Inglaterra
ETA – Itália
01/2005 –
01/2008
€ 789.906
(50% UE)
Validar as especificações da
reconversão de combustíveis sólidos
e reconhecimento das suas
potencialidades na:
CESI, ENEL, IRC, etc – Itália
TAUW - Países Baixos
IVD, REMONDIS – Alemanha
CREED, Stratene – França
Green Land R – Reino Unido
VTTFinlândia
Scoribel – Bélgica
Sveriges L – Suécia
01/2005 –
12/2007
€2.103.978
(50% UE)
Apoiar a promoção de sistemas
solares térmicos na:
Target, Berliner E, BSW – Alemanha
ADEME, Enerplan – França
Ambiente Italia – Itália
Ecofys – Países Baixos
Ecofys – Espanha
ESTIF – Bélgica
Ramboll – Dinamarca
U. Ljublijana – Eslovénia
01/2005 –
12/2007
€ 1.367.243
(50% UE)
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
(continuação)
SOLARKEYMARK – II
Melhorar o acesso dos
consumidores aos produtos
térmicos solares
Crescimento do mercado europeu
de produtos térmicos solares c/
participação de:
ESTIF – Bélgica
Solar KI – Dinamarca
ITW – Alemanha
CSTB – França
SNTRI – Suécia
Greenone Tec, Arsenal – Áustria
Solarhart I – Países Baixos
THERMOMAX – Reino Unido
DEMOKRITOS – Grécia
INETI – Portugal
Canary Island Inst. of Tecn
.Espanha
01/2006 –
12/2008
€ 784.616
(50% UE)
01/05/2005 –
31/12/2007
€ 2.835.190
(50% UE)
Desenvolver uma metodologia p/
avaliar a quantidade de calor que é
produzido por energias renováveis:
SenterNovem – Países Baixos
ADEME – França
ADENE – Portugal
AEA – Áustria
CRES – Grécia
KAPE – Polónia
BEA – Alemanha
01/2006 –
12/2008
€ 468.490
(50% UE)
Proporcionar informação p/
incentivar os projectos de calor a
partir de águas residuais:
Berliner E – Alemanha
Norconsult – Noruega
ESS – Suécia
GEA – Áustria
01/2006 –
12/2007
€ 471.908
(50% UE)
Apoio à implementação da
biomassa por processos térmicos
Reunir os actores da indústria para combustíveis e por
e da academia p/ troca de
combustão, gaseificação e pirólise
conhecimentos e experiências p/ a geração de electricidade no:
BioEnergy Research Group, RGL,
Mitsui Babcock, U.Manchester –
Reino Unido
TNO, ECN – Países Baixos
TUV – ICE, JOANNEUM R – Áustria
VTT – Finlândia
TPS – Suécia
CREAR – Itália
CIRAD – França
ThERRA
Os resultados do projecto
permitirão estabelecer metas
e avaliar o alcance do calor a
partir de energias renováveis
WasteWaterHeat
Redução do consumo de
combustíveis fósseis pela
utilização da quase – energia
renovável c/ origem nos
esgotos
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
da Sphera | Março 2008 | 131
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
ThermalNet
O Cluster das Energias Renováveis – uma Comparação das Experiências em Várias Regiões
Em 2007, iniciaram-se um conjunto de projectos relacionados com:
▪
a introdução da energia geotérmica em aplicações industriais (IGEIA), com
participação de países como França, Alemanha, Suécia, Portugal e Estónia;
▪
a definição das linhas de orientação para a gaseificação da biomassa segura
(Gasification Guide), com participação apenas dos Países Baixos, Áustria, Alemanha,
Reino Unido, Dinamarca e Bulgária;
▪
revisão e estabelecimento de regulamentação ao nível da energia geotérmica p/ a
produção de calor (GTR-H). Participam o Reino Unido, Bélgica, Hungria, Polónia, frança,
Alemanha e Países Baixos;
▪
promoção do mercado europeu de pellets e criação do Atlas Europeu de Pellets
(PELLETS@LAS): Alemanha, Dinamarca, Áustria, Países Baixos, Bélgica, Itália, Polónia,
Estónia, Hungria, França e Reino Unido são os países participantes;
▪
difusão, educação e standardização da base de dados Phyllis p/ biocombustíveis e
biomassa florestal (PHYDADES). Participam os Países Baixos, a Finlândia, a Suécia, a
Polónia, a Estónia, a Espanha, a Itália e a Áustria;
▪
análise das oportunidades de negócio da biomassa (BIOBUSINESS), especialmente
ao nível das pequenas e médias empresas em países como Espanha, Finlândia,
Alemanha, Hungria e Eslovénia;
▪
redução das barreiras ao desenvolvimento do mercado da biomassa,
nomeadamente, garantir a sustentabilidade económica e a distribuição justa do valor
acrescentado ao longo da cadeia de valor (RENEWED). Participam a Itália, a Hungria, a
Grécia, a França, a Áustria e a Espanha;
▪
desenvolver, testar e demonstrar o kit de instrumentos (RES-HEAT/COOL-TOOL)
relativo à utilização das energias renováveis no aquecimento e arrefecimento.
Participam a Dinamarca, a Áustria, a Espanha, a Polónia, a Hungria, a Eslovénia, a
Bulgária e a Eslováquia;
▪
promover a utilização da lenha no aquecimento mas com melhoria da qualidade e
baixas emissões de carbono (Quality WOOD). São participantes a Finlândia, a Noruega, a
França, a Áustria, a Espanha e a Eslovénia;
▪
apoio às iniciativas regionais de bioenergia e do mercado para aquecimento da
biomassa (REGBIE+), em países como Alemanha, Polónia, Eslováquia, República Checa,
Suécia, Áustria, França, Espanha, Itália, Reino Unido, Irlanda e Lituânia;
▪
e reembolso dos investimentos individuais em sistemas de aquecimento por
energias renováveis, especialmente, medidas de impostos directos (REFUND+):
França, Bélgica, Portugal, Áustria, Lituânia e Polónia.
Fonte: Elaborado com base em “Intelligent Energy Europe: 21 innovative projects for an energyintelligent Europe”, December 2006.
132 | da Sphera | Março 2008
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais