1˚ Fórum Latino-americano de Fotografia de São Paulo Paradigmas
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1˚ Fórum Latino-americano de Fotografia de São Paulo Paradigmas
1˚ Fórum Latino-americano de Fotografia de São Paulo Paradigmas: Mercado De Arte, Mercado De Fotografía Iatã Cannabrava: É muito importante fazer essa reconciliação com a America Latina. Depois de muitos anos em que se pensou em trazer um colóquio latino-americano de fotografía pro Brasil, não fizemos um colóquio, mas fizemos o fórum. Trouxemos a discussão da fotografía latino-americana pro Brasil num momento oportuno, num momento ideal, e espero que isso deixe legados práticos para a discussão e evolução do desenvolvimento da fotografía. Vou convocar agora os integrantes para a mesa “Paradigmas: Mercado de Arte, Mercado de Fotografía”. Espero que esta seja uma mesa interessante e polêmica, e a grande pergunta que fica no ar é: Há um mercado para fotografía? Vamos convidar em primeiro lugar Alexis Fabry, francês, editor de livros de fotografía contemporânea e curador da Fundación Torreal em Madrid. Eduardo Brandão, paulista, editor e fundador da Galeria Vermelho em São Paulo. Marcia Fortes, carioca do Leblon, nascida na Tijuca. Crítica e diretora da Galeria Fortes Vilaça. Formada em literatura inglesa e americana. Ramón López Quiroga, mexicano do Distrito Federal. Fundador em 1981 da galeria que leva o seu nome e que trabalha com arte moderna e contemporânea. E para mediar essa encrenca, Ronaldo Entler, paulistano, professor da Fundação Armando Álvares Penteado e da Unicamp. Ronaldo Entler: Em primeiro lugar acho importante a gente deixar claro que não vem ao caso aqui, discutir os limites, as fronteiras, que separam arte e fotografía, porque essa conversa não teria fim, e a gente tem que voltar pra casa ainda hoje. A questão principal é que de fato a gente tem uma tradição de um mercado da arte, mercado bastante consolidado, e a gente tem alguma coisa ainda em formação que é o mercado da fotografía. Contextos que certamente dialogam de maneira constantes e inconstantes. São contextos formados por histórias distintas, que eu acho que a gente pode detectar eventualmente algumas especificidades, apesar de todos os diálogos. A partir disso a gente pode detectar duas situações: uma primeira que é um mercado consolidado a partir de uma certa especificidade da fotografía, quer dizer, uma situação em que o artista, que atua nesse contexto, ainda se situa confortavelmente a partir do nome de fotógrafo. E uma outra situação que é o mercado da arte contemporânea, que dentro de todos os seus processos de abertura, de flexibilidade, incorpora de maneira mais ou menos espontânea, a presença de fotografías ou de processos que incluem a fotografía, mas sem que necessariamente a gente precise caracterizar esse autor como fotografo. Reforçando um pouco essa ideia de que é difícil discutir essas fronteiras, a gente tem muitas situações em que o mesmo trabalho aparece dentro desses dois contextos. Espaços dedicados a uma fotografía direta, uma fotografía que se afirma a partir de uma historia que lhe é peculiar, e esse mercado da arte contemporânea. A questão é discutir se esse mercado da fotografía é um mercado consolidado. Na mesa de ontem, foi colocada uma questão: o mercado existe efetivamente, mas o espaço ainda é muito pequeno e certamente não há e nunca haverá espaço para todo mundo. E não é essa a questão, a questão que podemos colocar é se os caminhos que podem conduzir a esse mercado são minimamente transparentes. Se esse mercado tem autonomia para poder se constituir a partir de valores que são dados pela própria produção. Porque a gente se depara com algumas situações, algumas explosões. Eu acho que pensando no mercado mais global, principalmente no mercado norte americano, a fotografía se faz presente em grandes quantidades. Se a gente pensar nessas grandes leilões de arte contemporânea, a gente tem algumas experiências de preços bastante surpreendentes. Algumas pessoas podem se empolgar bastante com essa situação, outras ficam um pouco assustadas. É como se fosse um edifício muito alto, construído muito rapidamente, e que fizesse a gente desconfiar um pouco da solidez desses alicerces. Mas em todo caso, a gente provavelmente supõe que existe ainda um degrau muito grande. Primeiro, existe um mercado? Faz sentido falar em um mercado latino-americano? Existe essa especificidade? Qual é o tamanho desse degrau que separa esse mercado latinoamericano de uma experiência outra internacional? Uma outra questão que a gente pode pensar, em um sentindo talvez um pouquinho mais técnico, mais prático: quais são as condições que essa fotografía tem que ter para poder penetrar nesse mercado? Se a gente pensa em termos de uma fotografía mais histórica, temos algumas condições bastante claras: esperamos uma cópia de época, um vintage, uma cópia autorizada, legitimada por algum tipo de autoridade. Mas quando a gente pensa na produção contemporânea, se ela está marcada por algum tipo de cruzamento com outras técnicas, com outras experiências que dão um certo caráter de artesania para esse trabalho, ela tenha talvez uma autenticidade que o mercado tradicional reivindica. A questão é: outras fotografías, em que condições elas podem se afirmar? Que tipo de acordo, contrato, limitação existe, com relação às possibilidades de multiplicação dessa obra? Num debate mais acadêmico, essa discussão já é bastante antiga para a gente, mas eu acho que ela coloca questões muito práticas na hora em que um fotógrafo leva o seu trabalho para que seja representado por uma galeria no mercado. Eu acho que muito provavelmente os nossos convidados não têm a pretensão de chegar à uma conceituação desse mercado que se pretenda tão estável e universal. O que a gente vai ter aqui são relatos de experiências e a gente supõe que essas falas sejam mais informais. Essas questões que eu coloquei, vocês podem se sentir a vontade para passar por elas e colocar outras questões na própria fala de vocês que vão ser lançadas para os outros convidados. Em primeiro lugar eu passo a palavra pra Márcia Fortes. Marcia Fortes: A primeira coisa que eu tenho que confessar é que eu não vou falar da fotografía latino-americana, nem do suposto mercado latino-americano, por no mínimo total falta de autoridade para falar disso, e numa opinião um pouco mais polêmica, porque eu não creio nisso. Eu não vejo claramente o que seria a fotografía latino-americana, eu acho que o rótulo é perigoso, restringe muito mais do que qualifica. Eu acho que esse paradoxo entre a construção de uma identidade local e uma expressão global é vivenciado por todos nós todos os dias no mundo de hoje, e ele se transparece na arte, na foto, ou em qualquer lugar. Eu não acho que seja mais um agente definidor de nada essa questão geográfica. É muito mais um agente restritivo. Então eu não posso falar disso. Talvez porque eu não saiba, ou talvez porque eu não concorde. Eu acho que não há uma pratica fotográfica que caracterize o trabalho de fotógrafos latinos, assim como talvez haja ainda uma questão de rótulos. De qualquer maneira, eu acho que esses rótulos nacionais eles talvez existam em termos de cultura onde o mercado interno seja forte, como por exemplo no caso da Alemanha. Aqui no Brasil ainda é preciso que o fotografo faça sucesso lá fora para que ele seja reconhecido aqui dentro. Então que tipo de identidade é essa que se busca? Com esta questão eu gostaria só de explicar porque que agora eu vou falar o pouco que eu sei e o muito que eu adoro da fotografía nesses termos mundiais e atemporais, que é como eu sempre convivi com ela. Eu elegi aqui algumas poucas imagens de alguns heróis meus, da fotografía, mais contemporânea, que também é o que eu teria mais contato e intimidade para mostrar ou falar um pouco. Tem aqui algumas imagens da Cindy Sherman. Eu trago essas imagens para entrar nesse debate, por conta de uma pergunta colocada lá no começo por e-mail pelo Iatã, onde ele coloca que o mercado de arte parece ter incorporado definitivamente o suporte fotográfico, enquanto muitos fotógrafos parecem não ter achado seu espaço neste novo cenário. Então através dessas imagens eu vou discutir um pouco isso e já entrar de sola também no depoimento do Ronaldo, que colocou que o mercado de fotografía se consolida agora. Eu na verdade acho que o mercado de foto não é tão recente assim, eu acho que sempre houve um mercado de fotografía desde o século XIX, quando Eugéne Atget vendia os álbuns que ele fazia para colecionadores. Isso indica que existiam um comprador, existia um mercado. Desde o começo do século XX sempre houve um mercado de foto. Acontece que hoje o os mercados todos estão mais presentes, mais fortes. Vivemos numa sociedade altamente consumista, mercadológica, capitalista, então toda essa questão do mercado se torna mais premente. Mas isso não quer dizer que o mercado não existisse antes. O de fotografía existiu como sempre, o de arte também. A questão é que os mercados de hoje interagem muito mais com o processo artístico, às vezes eles ajudam até a moldar certos movimentos artísticos. Então talvez esta seja a questão mais forte do mercado, mas eu não acho que seja porque o mercado de fotografía está sendo formado agora. Tem galerias especializadas em fotografías na Rua 57 de Nova York, ou Paris, operando há muitas décadas, e isso já acontece há muito tempo. Man Ray vendia foto, Pierre Molinier, Stieglitz, o Hans Bellmer fazia uma mistura de foto com colagem. Sempre houve esse mercado e eu acho que o que essas imagens vem trazer agora é um pouco dessa discussão do que é o mercado de foto e o que é o mercado de arte. O mercado de fotografía e o mercado de arte sempre existiram e eles nunca foram paralelos, eles sempre se entrecruzaram. O Man Ray, por exemplo, operava no mercado de arte com o suporte fotográfico. Ele estava ali fazendo uma foto do grande vidro do Duchamp pensando arte, mas se utilizando da prática fotográfica, e operando dentro desse mercado. Quer dizer, esses cruzamentos também sempre existiram. Essa absorção da fotografía pelo mercado de arte contemporâneo vai acontecendo de uma forma gradativa, numa inércia eterna e crescente, eternamente crescente talvez. E eu acho mais do que natural. O mundo hoje tem mais a ver com a questão da imagem, daí a fotografía ter mais a ver com a questão da arte, que sempre procura traduzir o mundo. Hoje em dia a gente se relaciona tanto com a imagem que muitas vezes a gente se esquece até qual é a realidade. A imagem é mais forte que a realidade, muitas vezes. Então a fotografía só pode estar mais forte no mundo de hoje, só pode estar mais forte no mercado de arte, que reflete esse mundo. Eu acho que o que aconteceu primeiro, pelo pouco que eu entendo da coisa, foi que o mercado de arte primeiro absorveu os artistas que usavam a pratica fotográfica. Daí vem a primeira dessas imagens, eu acho que a Cindy Sherman é uma artista que elegeu o suporte fotográfico para expressão das suas ideias. Essa série se chama Untitled, e reproduz cenas fictícias de filmes hollywoodianos. Sherman inventa o still de um filme que só ela sabe qual é, às vezes com referencias mais nítidas de filmes realmente existentes, enfim, é uma série muito longa, onde ela fez várias fotos e as vende por preços absurdos. Algumas dessas fotos são consideradas mais clássicas e mais fortes que as outras. Cindy Sherman é um desses exemplos de artistas que trabalham com fotografía pensando arte, não necessariamente pensando foto. Mas claro, praticando e exercitando fotografía. Depois que o mercado absorveu esses artistas como a Cindy Sherman, você tem o outro caso que é o que o mercado da arte começou a fazer depois de redescobrir certos fotógrafos, que então passaram a ser vistos como artistas. O caso do japonês Nobuyoshi Araki, por exemplo, é um desses. Ele sempre teve uma questão altamente fotojornalística, aliás compulsiva. Vivia com três Leicas penduradas andando pelas ruas de Tóquio, principalmente pelo Distrito Vermelho, e ele é um dos heróis dos circuito das artes plásticas internacionais. Agora já expôs em todos os museus, está na coleção de todos os museus, já teve exposição em várias galerias, inclusive na Fortes Vilaça aqui em São Paulo, que foi uma curadoria da Adriana Varejão, que tem o Araki como uma das influências na obra dela. São dois exemplos, talvez exista esse diferencial. O mercado de arte absorvendo primeiro artistas que trabalham com fotografía, e depois fotógrafos que então, por essa mudança de contexto, passam a ser vistos como artistas. Eu acho que essa tendência, eternamente gradativa e crescente, se vê muito claramente quando você observa por exemplo uma galeria de arte contemporânea muito jovem, que é a Kurimanzutto, na cidade do México, que representa, entre outros artistas, o Gabriel Orozco e o Damián Ortega. Eles por exemplo redescobriram e revalorizaram a fotografía do Enrique Metinides, que era um fotojornalista que atuava na década de 1970 e 1980. A galeria recontextualizou a fotografía do Metinides completamente, fizeram um livro, e isso é uma galeria de arte contemporânea pura e simplesmente, que tem um fotógrafo ou um artista que só trabalhou com esse suporte, que é o Metinides. Eles também de o Gabriel Orosco que faz muita fotografía. Existem outros exemplos até mais radicais, como por exemplo a Andrea Rosen Gallery de Nova York, que também é uma galeria exclusivamente de arte contemporânea que representa Wolfgang Tilmans, que é um artista que trabalha com foto, e que representou por muito anos aquele pintor muito famoso, John Currin, e hoje é uma das representantes do acervo do Walker Evans, um fotógrafo clássico. Então, a galeria está recontextualizando dentro de um circuito de artes plásticas contemporâneas. existe esse tipo de migrações, e acho que existem casos de migrações muito bem sucedidas. O Miguel (Rio Branco) por exemplo, que era um fotógrafo da Magnum, e num determinado momento se descobriu artista, ou ele sempre foi e resolveu assumir, ou seja, foi um desvio, ou uma tomada de rumo, onde ele entrou nesse mercado de arte. Miguel fotografa como quem pinta, a pintura reverbera na fotografía dele de forma emocionante, lindissima. Ele é um exemplo de migração altamente bem sucedida. Hoje totalmente integrado no mercado de arte, com um trabalho também de instalação, de pintura. Ele é um artista completo. Robert Mapplerthorpe é um outro exemplo de artista que sempre trabalhou só com fotografía e de uma forma clássica, fotografía analógica, preto e branco. Ou seja, ele é claramente um fotógrafo. Então por que ele não é um fotografo no mercado de fotografía e sempre foi um fotógrafo no mercado de arte? Por outro lado tem as migrações, tem a questão do mercado de arte absorvendo alguns nomes, geralmente póstumos, e tem também aqueles que já nascem no berço da arte. Mapplerthorpe estudou arte na Pratt Institute. O primeiro corpo de trabalho dele foi uma série de colagens, ele sempre gostou de fazer colagem. A fotografía dele é escultórica, assim como a pintura reverbera na foto do Miguel. A escultura está ali, eu olho para uma foto de Mapplethorpe e vejo uma escultura clássica, mais do que penso em fotografía. Eu acho que ele era quase um escultor. Existe outro grupo de fotógrafos, que já nasceram nesse berço da arte. Esse é um exemplo bastante trágico, que é a Francesca Woodman, que se suicidou com 23 anos de idade se não me engano, extremamente jovem. Uma pena, porque ela era excelente, ela é definitivamente uma das minhas maiores heroínas no campo da fotografía e da arte. Francesca Woodman fazia esses trabalhos na década de 1970 e eu acho que era pensando no corpo muito mais do que pensando a foto, a inserção do corpo no espaço. Ela era totalmente enfronhada com as questões das artes plásticas naquela época. Ela tem tudo a ver com Vito Acconci, por exemplo. Ela tem uma séria muito vasta pro pouco tempo de trabalho que ela teve, e hoje em dia o acervo dela é representado pela galeria Victoria Miro, de Londres, que também é uma galeria exclusivamente de arte contemporânea, que representa o Chris Ofili, o Peter Doig, e alguns expoentes da chamada nova arte britânica. O Wolfgang Tilmans vem aqui nessa projeção só para confundir. Parece que às vezes ele está tirando um sarro do mercado de arte. Ele faz fotografías totalmente snapshot. Tem toda uma escola desse gênero, como Nan Goldin, Jack Pierson. Eu adoro o trabalho dele, mas ele nem emoldura, imprime em vários tamanhos, o papel fica amassado, ele joga um alfinete na parede do museu, e está lá, na Tate. Sem nem um passe-partout nem nada. E ele faz exposições lindíssimas com fotografías impressas em vários tamanhos, com muita saturação de cor geralmente, e acaba virando uma instalação em uma parede de dez, doze metros. Ele não está nem um pouco preocupado com questões de conservação da foto por exemplo, é muito mais a questão da instalação em si. E aí você tem os fenômenos como Andreas Gursky, que mantém hoje o recorde da fotografía mais cara jamais vendida no mercado. Uma coisa estrondosa, 2 milhões e meio de euros. Não preciso nem comentar que é um absurdo. O Gursky vem da chamada escola alemã de fotografía. Ele faz essas fotos em tiragens muito grandes. Teve uma exposição muito bonita dele no MAM de Nova York com um livro muito bonito também há alguns anos atrás. São tiragens muito pequenas, geralmente edições de três cópias e em escalas gigantescas. E essa é uma jovem artista, e é só mais um exemplo, que é a Janaina Tshäpe, que faz tudo: pinta, esculpe, faz instalação, performance, acho que ela só não sapateia e toca violão, mas de resto, tudo ela faz. Inclusive com um corpo de trabalho muito forte, muito focado em fotografía e filme. A Janaina traz a questão que eu queria lançar aqui, que é a questão do hibridismo. Você tem o mercado de arte meio que absorvendo esses outrora clássicos fotógrafos como o Walker Evans; você tem os outros artistas fotógrafos que já vieram desse berço das artes plásticas, como o Mapplethorpe; e você tem artistas que não estão nem preocupados se estão fazendo foto, filme, vídeo, escultura, instalação, você que categorize. Eles estão fazendo e preocupados em usar o melhor suporte para a expressão daquela ideia que eles tem naquele momento. Acho que isso acontece muito. O Edu é um expert nessa área, muitos artistas da galeria dele funcionam assim. Eu acho que essa questão do hibridismo é muito bonita, porque é ida e volta. Não é só o mercado da arte tomando para si uma coisa que é classicamente fotográfica nem é o artista que elegeu apenas a fotografía para trabalhar; é aquele ser humano criativo que está se utilizando do que está à mão, e a fotografía é uma das coisas que estão ali à mão. Existe isso, um mercado da arte que é meio ladrão, meio fominha. Ele rouba, ele toma para si o que considera melhor de todos os outros circuitos artísticos. Um bom exemplo disso é que uma das obras mais proeminentes e de maior sucesso no Documenta de Kassel é uma escultura, que também envolve performance, da Trisha Brown, que é uma renomada coreógrafa. E está lá, como uma das grandes artistas da Documenta de Kassel. Eu acho que isso acontece com todos os meios no mercado da arte, e com a fotografía também. As expressão de maior qualidade da fotografía, a tendência é que o mercado da arte queira roubar, tomar para si. E acontece esse movimento de ida e volta, que não é apenas o mercado da arte roubando para si, mas artistas de outros meios, que querem, e vão lá, e fazem, incursões no mercado de artes plásticas. Você tem o David Lynch fazendo pinturas; o David Cronenberg e o Peter Greenaway fazendo instalações; o Julian Schnabel partiu para o cinema, saiu da pintura. Isso são exemplos fortes desse hibridismo que acontece, esse hibridismo de linguagens e suportes que é cada vez mais comum. Os artistas estão cada vez menos preocupados com categorizações, se é foto, arte, escultura. Então acabou essa minha confusão, essa lenha que eu quis pôr na fogueira sobre o mercado de arte e o mercado de foto. Agora vem a questão do fenômeno do mercado em si, que é um das perguntas que o Iatã colocou em um e-mail para a gente: “os números de venda mostram um mercado consolidado?” Eu acho que ele quis dizer um mercado de arte, ou um mercado de fotos, eu não entendi. Mas eu acho que sim, para qualquer mercado que ele tenha querido dizer. Porque qualquer mercado está aquecido hoje, tudo é uma grande bolha, eu não sei onde isso vai dar, provavelmente em desastre, mas hoje o que acontece é isso. Tem muito dinheiro em todos os mercados e isso vale para todos os meios. Então aqui são alguns exemplos, muito rápidos: Malick Sidibé. Não posso dizer que é migração porque isso aconteceu depois, não foi o Malick que foi para arte, foi a arte que absorveu a fotografía dele depois. Africano, é representado por algumas galerias, uma delas é a Galerie du Jour de Paris. Ele por exemplo não tinha nada disso de número de edição, ou alguma coisa, tudo isso foi estabelecido postumamente. São fotografías muito pequenas, 44x44cm. Vê-se que ela foi tirada em 1962 e impressa em 1996, e aí alguém foi lá e pagou U$ 4.500 por ela. Isso ainda é muito recente, ele é ainda um dos novos sabores do mercado, praticamente. Já o Nobuyoshi Araki, é outro exemplo de artista que se recusa a pensar muito com essas chamadas regras éticas do mercado da arte, onde a questão da edição, da restrição dos tamanhos. Essas regras, que no entanto vão contra a própria natureza reprodutiva da fotografía, são as regras do mercado de arte. O mercado vai e rouba para si, recontextualiza certos fotógrafos, como por exemplo o Araki, ele se rebela e diz “não vou, eu faço foto, foto se reproduz, eu não vou dar uma edição”. O Araki não tem edição. Ele nem tem uma galeria no Japão que o representa, ele tem uma agente. É todo um pensamento diferente. A agente dele, Yoshico, (na montagem da exposição que fizemos) jurou para mim que ele não imprime mais de 10 cópias de uma mesma imagem, mas não existe um certificado que diga isso, porque para o Araki pouco importa. Essas fotos do Araki são bem pequenas. Ele varia, às vezes são 8x10 polegadas. Uma foto de 50x60 cm foi vendida por 22.000 dólares, uma coisa desse tamanho, colorida, sem edição, uma cibachrome. Um políptico, bem pequeno, foi vendido por 132.000 dólares. E temos um outro exemplo de um artista que elegeu o suporte fotográfico e que é um dos maiores fenômenos do circuito de artes hoje, que é o Vik Muniz. Muita gente diz que ele é fotógrafo, mas era escultor, e ainda é, ele diz. Ele era representado pela galeria Stux de Nova York, que chegou a fazer três exposições, exclusivamente de escultura, e que já lidavam com a questão dele com os atores, de usar materiais que atuam como outra coisa, que é o que ele faz hoje só que sobre o suporte fotográfico. Ele encontrou essa fórmula, esse modus operandi, muito bem sucedido, e está explorando isso até hoje, em variações formais mil. Tem o chocolate atuando como tinta, e uma fotografía que é desenho ou um desenho que é uma fotografía, tem sempre essa questão confusa nele. Essa foto foi vendida por R$ 126.000 dólares em um leilão, uma edição de 3, é o Jackson Polock na fotografía. Uma fotografía de um desenho que imita uma fotografía. Essa é uma outra obra do Vik Muniz que é feita de diamantes, um retrato da Marilyn (Monroe), uma edição de 10, e foi vendida por R$ 156.000 dólares. E aí temos a Rineke (Djikstra) que é uma outra artista que eu adoro, que também só trabalha com fotografía e filme. Eu acho muito curioso tudo isso. Essa é uma fotografía grande, 1,50mx1,30m, mas ela é uma artista que tem 40 anos, vendou por U$ 102.000. Eu faço questão de mostrar isso porque eu acho muito impressionante, eu realmente não entendo o que está acontecendo. Aqui você tem o Thomas Demand, que é outro que trabalha com fotografía, mas baseado em esculturas que ele faz, espécies de maquetes. Isso é uma outra foto relativamente grande, porém não grande o suficiente, eu acho, para U$ 200.000 dólares, uma edição de 6. Nós também temos o (Hiroshi) Sugimoto, que é um clássico fotógrafo japonês, senhor, já teve uma exposição no Metropolitan Museum de Nova York. Essa fotografía ele vendeu por U$ 1.000.000,00. A Cindy Sherman vendeu por U$ 2.000.000,00. A Francesca Woodman vendeu por U$ 48.000,00. Essa é uma fotografía muito linda do Miguel Rio Branco que vendeu por U$ 3.600,00, uma fotografía de 80x80cm, pequena. Essa é uma fotografía da Francesca Woodman. Mas aí você vê uma coisa que é quase uma regra do mercado de fotografía. Mais classicamente, mas obviamente respeitada no mercado de arte: a regra da cópia vintage, da cópia feita pelo artista, da mão do artista ali na impressão. Você tem edições de 40, de todas as imagens da Francesca Woodman hoje, uma coisa que ela própria estabeleceu antes de morrer, mas também tem algumas fotos que foram feitas por ela, como esta. E foi vendida a U$ 48.000,00, uma fotografía muito pequena, de 15x16 cm. E o Gabriel Orozco, que também é um dos grandes fenômenos do mercado de arte hoje. Assim como o Vik, também tem uma identidade latina. Uma foto foi vendida por U$ 50.000,00, também muito pequena, 40x50 cm. Essas imagens são fotografías vendidas em leilões de fotografía. Essa da Francesca, por U$ 50.000,00. Manuel Alvarez Bravo por U$ 115.000,00, outro por U$ 127.000,00. Para terminar com o absurdo total, o Gursky. U$ 2.256.000,00. Ronaldo Entler: Eu vou passar a palavra para o Alexis Fabry, mas antes, queria completar muito rapidamente a pauta de pequenas questões que a gente lançou. De fato está muito claro que em termos de produção, talvez não haja nenhum sentido em pensar uma produção latino-americana, mas a gente podia considerar, e depois a Marcia no final da rodada pode voltar aí se ela quiser, a questão do mercado. Se essa situação, que de alguma maneira foi descrita aqui, a gente tem alguma correspondência, em termos quantitativos, no mercado latino-americano. Isso pode significar duas coisas: o espaço que alguns artistas brasileiros, quer dizer, os, encontram em outros lugares, como é o caso do Miguel, do Vik Muniz; ou também trabalhos que podem ser comercializados dentro desse espaço latino-americano. Aí talvez possa existir alguma diferença, e se me disserem que não, eu acredito. Mas a questão só não é discutir a diferença da produção, mas desse mercado, se faz sentido falar num mercado de uma fotografía latino-americana, mas num mercado latino-americano de fotografía. Alexis Fabry: Voy hablar en español aunque no es mi idioma original. Sé que hay muchos españoles en la sala, perdonen mis incorrecciones. Yo empezaría con un par de preguntas que creo que son centrales en el marco del debate. La primera que se evocó hace unos minutos es ¿Qué medida hace un mercado especifico para la fotografía? Yo creo que hay que distinguir la fotografía plástica de la fotografía directa, o como dijeran ayer, “la fotografía de agricultor”… ¿No es? ¿Eso de “cazador”?... Yo creo que la fotografía plástica se confunde con el arte contemporáneo, no creo que tenga sentido tratarla como otra cosa que no sea arte contemporáneo; el mercado no la trata de forma diferente. Entonces para la fotografía plástica no hay mercado específico, es un mercado que es el mercado del arte contemporáneo y que está regido por reglas que son las del mercado del arte comtemporáneo. El unico caso quizás donde hay un mercado específico es el de la fotografía directa que es un mercado distinto. Ayer se habló mucho de las diferencias entre la “fotografía de cazador” y la “fotografía de agricultor”, desde el punto de vista del mercado, creo que hay una cosa indiscutible para distinguirlas. La fotografía plástica es casi sistematicamiente de gran formato y numerada. Creo que es casi la unica cosa que la caracteriza, porque hay fotografías directas que tienen ambiciones plásticas y fotografías plásticas que documentan una realidad tangible. Entonces yo creo que la unica distinctión para mi desde el punto de vista del mercado es dada por el formato y la numeración lo cual es muy artificial pero es un hecho. A tal punto que hay fotógrafos, por ejemplo fotorreporteros como es el caso de Enrique Mequinides. Fotógrafo mexicano, es un caso emblemático porque es un reportero que trabajó para la prensa toda su vida y en un momento dado fue recuperado por una galería de arte mexicana muy potente e importante que decidió representarlo, contextualizarlo como si fuera un artista comtemporáneo. La primera cosa que hizo fue ampliar el formato, hacer copias de 40x50 y numerarlas. Yo creo que es casi la unica caracteristica, la unica cosa tangible de la fotografía plástica. El caso de Wolfgang Tilmans que se habló antes es curioso porque inicialmente Tilmans era un fotógrafo de moda. La caracteristica para salir de la fotografía de moda y para llegar al arte contemporáneo es eso: a través de la numeración. Marcia Fortes: Nunca ha hecho una foto muy grande. Alexis Fabry: No, son obras grande pero fragmentadas. Generalmente lo que logra son instalaciones de fotografía. Esas fotografías aisladas son como “peanuts” en términos de mercado. Hablaste de Hans Bellman y de de Man Ray para decir que la fotografía siempre se había considerado como fotografía, que nunca había habido problema cuanto a la definición de la fotografía. En los dos casos, de Bellman y de Man Ray, me parecía evidente que no era otra cosa sino fotografía plástica, para emplear algo que no se empleaba en la época. Pero el caso de Bellman siempre fue claro porque nunca hubo duda de lo que era Bellman, nunca se sospechó que Bellman podría ser fotografía directa. De esa generación hay muchísimos fotógrafos que por ser fotógrafos directos nunca llegarián a este tipo de precios, ya que la fotografía plástica tiene como característica también el precio. Es curioso como un fotógrafo, al ser considerado un fotógrafo plástico, se convierte en un fotógrafo muy caro a tal punto que los grande maestros de la fotografía directa llogran precios que siguen siendo muy inferiores que los de la fotografía plástica. Y ¿En que medida existe un mercado especifico para la fotografía latino-americana? No creo que es una pregunta que tenga sentido, para el arte contemporáneo latinoamericano hay una fluidez de mercado, es un mercado globalizado. Se ve Gabriel Orozco, se ve más quizás en Paris que en Mexico… bueno, se veía 10 años atrás más en Paris que en Mexico. Pero para la fotografía directa, o histórica, yo creo que es curioso ver en qué medida se puede ver la fotografía latinoamericana y dónde fluye, dónde se consigue esta fotografía. Creo que efectivamente se consigue muy poco, fluye muy poco y es muy difícil de conseguir. Es parte de mi trabajo buscarla, me cuesta mucho, más para la fotografía latinoamericana que para la fotografía occidental o “gringa”. Pero hay por exemplo la Galeria Vermelho que es bastante emblemática. Las galerías de arte contemporáneo, al exponer muchos fotografos plásticos que tenían como referencia explícita a fotógrafos directos históricos, empiezan a interesarse por ellos y les empiezan a exponer. En el caso de los latinoamericanos yo creo que Ramón López Quiroga es un contraejemplo. Sería fantastico el día en que todas las galerías latinoamericanas de arte moderno presenten solamente fotografía moderna latinoamericana, que no creo que sea el caso de ahora. También es curioso… no sé si en América Latina existen galerías especificamente fotográficas. Para el siglo XIX creo que es un asunto de libreros, porque como dijiste muchas veces son álbumes. Como he dicho, hasta ahora la fotografía latinoamericana así como la europe, ha sido mucho un asunto de librero antiguo. Pero en Europa y en Estados Unidos hay galerias que son especificamente fotográficas y que consiguen no sólo sobrevivir sino tener una presencia importante. Esta presencia la logran tener solamente vendiendo fotos de cierto precio, ya que para que una galería tenga presencia, tiene que viajar, exponer, irse a ferias importantes. No sé si hay muchas galerias latinoamericanas especificamente fotográficas que están en esos circuitos. Una cosa que quería decir a propósito de Gursky. Existen contraejemplos, pero la gran mayoría de los fotógrafos cuanto más populares son más caras son sus imágenes. En el caso de Gursky como en el caso de otros, el echo de que la obra sea múltiple permitió que se viera en muchos lugares y en particular em muchas instituciones y museos. Hay una seducción enorme para el colecionista poder tener exactamente el mismo Gursky que tiene el MoMA y eso es lo que permite la fotografía desde el punto de vista del mercado: el colecionista tiene la sensación de prolongar un museo. Eso es la multiplicidad de la fotografía y lo que podría ser un defecto de mercado: el “ser múltiple” se convierte en una ventaja desde el punto de vista del mercado. Después una cosa especifica y de la que se habla muy poco en la fotografía es el problema de la conservación. Hay un abismo entre las galerías de “foto-foto” y las galerías de “foto-plástica”. Hablan muy poco de la conservación de la foto y de los problemas que son enormes, por ejemplo Rineke Djikistra, aunque tenga 40 años ya está metida en problemas enormes de conservación de su obra. En cambio el mercado de la “foto-foto” - o “foto de cazador”es un mercado que ya es muy consciente de la falta de perenidad del proceso fotográfico y por eso sobrevalora el daytransfer por ejemplo. Un Eggleston en daytransfer vale 15 veces un Eggleston en cromogénico, porque saben que el cromogénico de los 1970 es viejo y en via de muerte. Ramón Lopez Quiroga: Me gustaría hablar especificamiente de lo que es el mercado latinoamericano, lo que se ha dado en llamar el mercado de la fotografía latinoamericana. En mi experiéncia concibo que el desarollo de la fotografía en nuestros países, nadie puede negar que ha sido un desarollo grande, con muchos fotógrafos pero con problemas muy serios de integración. Yo encuentro que el mercado es fragmentado, a pesar de las convocatorias, de los symposium, de los fórum que se han hecho tanto en México, de las bienales en diferentes países. Hay una fragmentacion que impide que esos fotógrafos se puedan ver y sobre todo que la fotografía latinoamericana se integre y que haya un mercado realmente sólido. En mi caso especial, nosotros tenemos muchos años trabajando con fotógrafos mexicanos, y con fotógrafos latinoamericanos. Nos cuesta mucho trabajo poner esta fotografía en países de Latinoamérica. Curiosamente tenemos mucha más demanda, mucho más interés fuera -hablo en el caso especifico de Estados Unidos y de los países europeos- que de los países de América. El mercado en México es bastante nuevo, es un mercado donde no hay prácticamente como decia Alexis- galerías que se dediquen unicamente a la fotografía. Los que nos dedicamos especificamente a ellas en Mexico, la mayoria empiezamos con estampas, con arte moderno y contemporáneo y fuimos incluyendo poco a poco la fotografía. Es un mercado incipiente, que comienza. Es un mercado escaso cuando uno busca determinadas cosas, en determinados momentos y con pocas excepciones como es el caso de Manuel Álvarez Bravo que alcanza precios muy altos en subastas internacionales. El resto no es un mercado muy pujado muy competido. Es escaso y difícil de encontrar quizás por esta falta de integración. Creo que basicamente al hablar del mercado, que es un poco a lo que fuimos convocados, el potencial es enorme. No sólo un potencial para la fotografía, sino para la estampa, la pintura. Es un potencial que hay que detonar y esto se detona un poco con educación y formación. No es un problema que tenga que ver con la cuestión económica: en México, un País con grandes fortunas y grandes miserias, hay un grupo grande de gente que podría estar incorporado al circuito del arte pero vemos con tristeza que la falta de educación y formación impide que haya realmente un crecimiento sostenido del mercado del arte. De momento es todo, me gustaría una cosa un poquito mas interactiva, que la gente preguntara sus dudas. Eduardo Brandão: Um pouco antes da mesa começar, eu estava ali em cima e estavam fazendo uma gravação que o Iatã pediu. Me perguntaram: qual que é, o que você vê como um ponto máximo de um fórum latino-americano? Agora eu estou começando a entender que, se a gente conseguir por toda uma nomenclatura em ordem, vai ser uma delicia. “Foto-foto”, “caçador”, eu fico tentando entender, porque eu também uso, então acho que se a gente sair daqui com essa nomenclatura em ordem já vai ser uma grande vitória. É a primeira vez que eu vou falar de mercado de fotografía. A minha entrada com a fotografía sempre foi outra, então eu achei justo com vocês e honrado comigo, dar mais um depoimento do que eu tenho vivido há 5 anos. Seria mais justo, porque parece que eu sei menos agora, depois da Marcia falando, porque parece que a gente tem informações completamente conflitantes. Mas eu também já aprendi que a história é redesenhada a cada instante. O que eu tinha entendido é que a fotografía não tinha um mercado até talvez os anos 1970. Claro, vendia-se uma coisa aqui, outra lá, mas era até um mercado mal visto durante um período pictórico, ali na virada do século, em que você não podia vender. Você não vendia arte fotográfica, isso fazia dela algo menor. Li uma vez uma entrevista do Man Ray dizendo como ele falsificava os vintages dele: ele punha chá na fotografía dele para envelhecer, porque a fotografía dele era uma fotografía aplicada, a fotografía surreal era pra Vogue, etc… sempre tinha uma função. Então, na minha leitura sobre mercado fotográfico, o que eu tinha vivenciado até então é que é um mercado mais difícil e inexistente. Em cima disto e de outras questões, eu e a Eliana abrimos a Vermelho. A ideia era ter uma galeria de arte contemporânea e eu queria sim uma atenção especial para a fotografía e o vídeo. Eu achei que eu pudesse defender conceitualmente, pelo tempo que eu já tinha passado com a fotografía, então fazia sentido batalhar por uma inserção fotográfica num mercado. Por razões simples também, sendo professor da FAAP você quer ver uma produção florescer, simples, e se não vende fica bem mais difícil. Depois de 5 anos, você começa a ter uma felicidade, porque você vê que vende. Fotografía sim, se vende, mas tenho que confessar que se a gente for ver talvez com uma lupa, ou com uma maior atenção, o que é o que está acontecendo ali na galeria, a gente vai ver que o que vende, em termos de fotografía, é o que a Marcia assinalou, é uma fotografía híbrida, uma fotografía feita já dentro do circuito da arte. Ela nasce na Universidade, e aí eu queria abrir um parêntesis, não queria falar em absolutos, e e óbvio que tem caminhos que interferem, estou tentando falar aqui em 10 minutos, jogar ideias, as coisas se cruzam. Mas as minhas tentativas de mostrar uma fotografía respondendo ao que a gente chama da arte fotográfica, que correu paralelo, são muito felizes na hora em que as pessoas vão, gostam, conversam, tem um público absurdo, mas não é a fotografía que vende. Eu fui entendendo que a fotografía que a gente chama de “fotografía/arte”, que tem a tradição da fotografía que vem paralela ao mundo da arte, é vista, percebida e saboreada, mas muitas vezes nem se pergunta o preço. Então continua-se vendo, fazendo, mas ela não entra no mercado. Diferente da outra fotografía, que já vem direto responder ao mundo da arte e não necessariamente as questões que a gente vem lendo, estudando, vendo, da tradição fotográfica. Isso me causou, claro, um certo espanto, porque aquilo vai de encontro ao seu ideal. Era isso que eu queria dividir aqui com vocês, o que eu venho pensando e as boas surpresas também, porque essa foi uma surpresa. Eu vejo muitos portfólios, o tempo todo na galeria, bons trabalhos dentro da tradição da fotografía. Porque é tão difícil a comercialização dessa fotografía? Era o que sempre me intrigou. Eu vou citar uma exposição, que coincidentemente eu curei aqui no Itaú Cultural, há uns 4 ou 5 meses atrás. Convidado pelo Itaú para apresentar dois portfólios, o conceito da exposição era jovens artistas, e o nome da exposição era Portfólio. Eu comecei a pensar: “o que é um portfólio de fotografía hoje?” Eu lembro do meu, uma coisa preta, grande, que abria e tinha uma fotografías e tal. Eu pensei, “eu acho que não deve ser mais isso”, e caí num trabalho que inclusive foi mostrado aqui ontem, da Cia de Foto. Três garotos, que por sinal estão fotografando aqui, e me intrigou que o portfólio deles é um banco de dados. Eles tinham um banco de dados, muito bem equipado, e eu comecei a pensar num outro circuito para aquela foto, e que está bem dentro da tradição da fotografía. É fácil ver como esbarra na fotografía documental, na fotografía aplicada, mas nem por um segundo deixa de responder também à questões da arte na fotografía. Então eu fui vendo aquele campo, e foi uma pesquisa. A primeira questão é como colocar isso no campo da arte, achando que eu não tinha que colocar nada, ela já estava ali, mas como apresentar isso. Deixar de ser fotografía, começar a falar em imagem, era super importante. Naquele instante eu não queria fazer nenhuma ampliação, não queria nem ter o custo, eu queria a apreciação. Já que as pessoas entravam na galeria, apreciavam tanto as fotografías, eu queria pensar nisso, queria pensar na apreciação. E foram colocadas televisões, e esse banco de imagens ia passando, passando, passando. Foi um experimento para mim, foi um laboratório. Ver uma produção, que se coloca dentro de uma tradição da fotografía, que obviamente é artística, mas também vejo e defendo ela como arte, e cumprindo função. Função de documentação, função de jornalismo, essa complexidade dessa produção, e como isso podia ser inserido dentro de um mercado, ou uma galeria, ou seja lá o que for; como essas pessoas viveriam daquela produção, mantendo aquela produção, vivendo dela. Isso me intrigou bastante e foi e continua sendo uma experiência boa, e recolocou o que eu faço na galeria. Me deu um xeque-mate do que eu faço, me mostrou que existem sim formas de se pensar como uma produção, dentro da tradição fotográfica feita hoje, pode se manter viva e quais os novos caminhos comerciais que se pode dar para essa produção. Eu sei que eu corro grandes riscos contrapondo isso com a galeria, mas sem risco não chegamos em nenhum lugar. Então eu não quis trazer apenas uma visão negativa do mercado da fotografía, porque ela não é negativa. Uma verdade que tenho vivenciado na minha galeria, que foi criada para pensar a fotografía, é que a grande venda, o grande mercado é o mercado da arte, não se tem um mercado de fotografía, é um mercado da arte que consome. E para isso a fotografía tem que se comportar, tem que muitas vezes até ignorar as próprias características e qualidades. Vou só citar um exemplo, Claudia Andujar, que acho uma grande artista. A Marcia chamou o nome dela, e por isso eu a trago, e o Alexis vai entender. A Claudia tem uma fotografía que pode até começar como uma documentação, mas vejo ali questões respondendo à arte. Ela não numera a fotografía dela, pouquíssimas séries são numeradas. A série “Marcados” é a série que vende, com raras exceções, com compradores com interesse específico na Claudia, e não com um interesse no mercado compram obras dela. O colecionador de arte tem sim, o olho para a Claudia, mas a hora que você fala: “não é numerado”, naquele instante, a venda cai. Então isso é uma realidade que a gente vive, não quero ver isso como bom ou ruim, me interessa é a gente discutir aqui. Para onde a gente vai? O que que é isso? Isso significa alguma coisa? E se isso é bom ou se é ruim importa menos. Quais são as formas que a gente pode dar continuidade a uma produção importante cultural? O mercado não dá conta dessa produção da fotografía, latino americana ou internacional, como a Marcia coloca. Ronaldo Entler: Tem uma questão bastante paradoxal que a gente está enfrentando aqui há dois dias. A gente tem se rebelado muito contra as categorias que dividem a produção em certas gavetas. Mas é curioso como a gente não escapa muito delas na hora de falar da fotografía. Então a gente realmente acaba patinando bastante nisso. Essa coisa da fotografía direta, da “fotografía de caçador”, da “fotografía de construtor”, como qualquer conceito, eu entendo muito mais como pontos de vista a partir dos quais a gente olha para uma dada realidade, ou para uma dada produção. O que significa que um mesmo objeto pode ser visto perfeitamente por dois pontos de vista distintos. É quase uma pequena ficção que a gente inventa para dar conta de uma dada realidade. Nesse sentido eu entendo que o Edu quando fala da Vermelho e da dificuldade que ele tem de vender efetivamente fotografía, e já encontrei pessoas que de alguma maneira lamentaram o fato de que já se foi o tempo, que a Vermelho, não trabalha mais com fotografía, e isso a gente a acaba ouvindo por aí. Em todo caso, eu sinto que tem uma questão que é que a fotografía ainda é um ponto de vista a partir do qual você permanece olhando para essa produção, porque tem uma história aí. O Edu foi editor, é professor de fotografía, e ainda que na prática essa produção se diversifique, esse ponto de vista, esse olhar, esse lugar de onde se fala e se trabalha, eu ainda sinto esse vínculo com a fotografía. Outra questão, que aí não é de ordem conceitual, é de ordem totalmente pragmática, é a realidade do mercado. O dinheiro que se tem ou que não se tem, coleções que existem ou não existem, e nesse sentido isso não é uma ficção. Quando eu falei sobre um mercado ainda incipiente, eu fiquei imaginando essas realidades, apesar de eu ter um olhar totalmente estrangeiro nesse mundo do mercado, a realidade de um mercado latino americano não se compara com uma situação que a gente sonha um dia em conquistar. Marcia Fortes: Tem uma galeria no Rio de Janeiro, a Pequena Galeria, que só trabalha com fotografías e sobrevive de alguma forma, eu acredito que é vendendo fotos. Eu já cheguei lá procurando coisas que não tinham mais, de tanto que tinha vendido. Walter Firmo por exemplo é de lá... Eduardo Brandão: Eu acho que tem um mercado sim, deve ter (risos). Marcia Fortes: E outra coisa curiosa é o trabalho que o Instituto Moreira Sales tem feito com o acervo de todo mundo, Marcel Gautherot, Marc Ferréz, Pierre Verger. Eles edicionaram, são edições de 40, dois tamanhos ou três, e eu cheguei lá, e eram vendidas a 500,00 reais a foto. Eu falei oba, me dá dez! São fotos lindas, maravilhosas, Rio de Janeiro antigo, aquelas coisas, construção de Brasília, umas coisas incríveis. Eles estavam na SP Arte com um stand, como qualquer galeria, e eu falei e essa foto aqui, era mais do que o dobro do preço. De R$ 500,00 passou a ser R$ 2.000,00. Mas como assim? Nossa, eu quero entrar nesse mercado de foto. O preço triplicou em seis meses, ou seja, deve existir um mercado de foto... E aí eles me falaram “ah, é porque está tendo muita demanda e saindo muito rápido, então o instituto percebeu que era melhor subir o preço.” Ou seja, existe um mercado de foto pelo que eu imagino... Ronaldo Entler: Vamos abrir para o público. Alejandro: Bueno, yo quería decir que desde luego ha empezado a haber un mercado y que el mercado está “chato”, todavía está débil. Pero creo que en relación a cinco o diez años atrás, hoy en América Latina hay galerías dedicadas a la fotografía, y hay en algunos países ferias específicas de galerías de arte, sólo de fotografía. Por ahí venden arte contemporáneo también, pero en esa feria sólo presentan fotografía. No sólo latino-americanas sino internacionales. Eso no quiere decir que se vendan mucho, sino que se empieza una mirada, de las galerías o quizás de posibles colecciones, hacia la fotografía. Eso para decir que ha habido un cambio, espero que este se incremente, pero el cambio existe y es positivo. Lo otro es una pregunta a la mesa. No quiero entrar en la discusión de “cazadores” y “agricultores” o todos los otros términos que por supuesto comparto. Desde el mercado, no el mercado específico o el mercado que compra, hablo más de los actores del mercado como las galerías,me pregunto si realmente hay un conocimiento de lo fotográfico, si realmente hay un asesoramiento hacia los coleccionistas sobre qué es una fotografía, qué vale una fotografía, qué cosas están implícitas, tanto en una fotografía construida como en una fotografía como la de Álvarez Bravo por citar alguien. Mi pregunta es: ¿Corresponde a los artistas o a los actores del mercado, galeristas, estos managers o como se llamen, conocer más y asesorar mejor sobre el universo todo de la fotografía? Ramon López Quiroga: Bueno, yo creo que corresponde a la galeria contestarle al cliente, las dudas que puede tener, porque al final de cuentas la galeria es donde el fotógrafo se individializa. El fotógrafo cuida de la galeria, la galeria individualiza el trabajo, lo cuelga, lo presenta, y creo que corresponde al galerista explicar al cliente lo que esta querendo comprar, lo que está querendo ver. Alejandro: Yo creo que la pregunta va mas allá. No hablo evidentemente de los panelistas, que son personas que están interesadas en la fotografía, pero ¿Qué acciones vislumbran ustedes que puedan llevar adelante? Quiero saber si ustedes mismos consideran que sus pares, quizás galeristas de arte comtemporáneo o de arte plástico, están formados realmente para generar un mercado fotográfico, si saben el valor que puede tener una pieza vintage o no vintage, si saben de la historia de la fotografía, de la historia de algunos autores que hacen el mundo de la fotografia. Pensemos juntos: ¿Existe la posibilidad de generar un nuevo espacio donde los coleccionaistas y el mercado en general también puedan de alguna forma informar a su publico, a su mercado? ¿De qué forma este mercado incipiente puede llegar a ser ignorante? ¿Qué consideran ustedes que se puede hacer para lograr este cambio en el mercado? Alexis Fabry: La ignorancia es altamente compatible con la compra, no creo que haya ningún campo. Incluso en literatura donde los premios hacen que la gente compre esos libros para leerlos. Lo que decías del papel del galerista: yo creo que en muchos casos es rumor, es él que ayuda. El rumor es una cosa bastante compleja, pero una cosa quería decir a los galeristas del arte contemporáneo: en muchos casos hay muchos fotógrafos que cambian de nucleo, que pasan de la “foto-foto” a la “foto plástica”. Me he dado cuenta de que había una reticencia de muchos galeristas contemporáneos en promover el vintage porque es contraproductivo para ellos. Promover el vintage es insistir sobre cualidades de cosas muy raras, cuando lo que están vendendo ellos en su mayoria van a ser cosas menos raras, como es el ejemplo de Enrique Metinides. Es casi imposible que una galería que venda Metinides en las copias modernas numeradas insista en la qualidad del vintage o del resto inicial porque es contradecir, es como dispararse en un pie. Jorge Luís Álvarez Pupo: Yo soy un fotógrafo cubano. Tengo basicamente tres preguntas rápidas que tienen relación una con la otra. Cuando ustedes se refieren al el mercado latinoamericano ¿Se refieren a lo que se consume en América Latina o a lo que se hace en América Latina? Esa es una. La otra: ¿Es un mercado que se consume en América Latina? Y la tercera pregunta seria: ¿Qué se hace para que los colecionistas consuman esta “artefotografía” o como lo quieran llamarlo? Esto por el echo de la qualidad que tiene y no por el echo de que sea chic tener una inversión que embellezca la casa y que de un estatus. No sé si entendieron la tercera pregunta... Marcia Fortes: Eu talvez possa responder parte da terceira. Eu sou uma otimista incorrigível, tendo a acreditar que quem compra, compra por amor. Eu não acho que seja que a grande maioria que compra por status, porque é chique ou porque é igual ao que está no MoMA. Eu acho que tem muita gente que pensa assim, de fato, mas eu não acho que seja a maioria. Eu acho que o colecionismo é uma doença, a pessoa nasce com aquela fissura, ela tem que ter, e tem que ter o que ela gosta, o que ela não pode viver sem. Eu acho que passa muito mais por patologia do que por status de querer ser chique. Arte como investimento não é um bom negócio. A bolsa de valores é melhor, e eu acho que tem muita gente que pensa em arte como investimento, porque também acho que não é todo mundo que quer afundar milhões num objeto qualquer. É uma das questões que o colecionador se pergunta, eu não acho que seja A questão, se aquilo vai se valorizar. Acho que gostam se está reproduzida num livro, acho que gostam se está incluída na coleção do MoMA, mas eu acho que se ele gosta daquilo, daquela imagem, daquela foto, ele vai comprar de qualquer jeito, porque ele gostou. Eduardo Brandão: Eu concordo 100% com a Marcia, não sei a parte da patologia, mas você vê que tem um caminho ali também. O colecionador ele faz aquilo como uma forma de conviver com uma cultura, e ele vai ficando especialista no que ele compra. Então essa coisa de modismo pode ser uma leitura um pouco errada, no dia a dia não é o que a gente vive. Alexis Fabry: No creo que haya que cuestionar lo que motiva una compra, quien compra una foto tiene la virtud de dar diñero a quien la hizo. Son preguntas que nadie hace en literatura cuando es exáctamente lo mismo. Un libro de García Marquez llega a mucha gente que no lo lee. No importa dar dinero a García Marquez, lo que es importante es que Garcia Marquez hace buenos libros. Jorge Luis Alvarez Pupo: Desculpe, yo creo que hice dos otras preguntas… Ramón Lopez Quiroga: Cuando hablas del mercado latinoamericano, o por lo menos cuando yo hablo, estoy hablando de lo que se produce en Latinoamérica, de lo que los fotógrafos producen en Latinoamérica. Orlando Azevedo: Quero fazer uma pregunta curta. Espero que não seja interpretada como deselegante, nem grossa. Falamos de mercado de arte e mercado de galeria, minha pergunta é especificamente para o senhor Eduardo Brandão. Quantas obras fotográficas a sua galeria vendeu e quanto faturou com fotografía até agora? Eduardo Brandão: Eu acho que a gente vendeu muita fotografía. O ganho eu não sei, porque a fotografía não vale tanto no mercado quanto as outras práticas artísticas, como por exemplo a pintura e a escultura. Mas não é o mundo que eu vivo aquele que a gente viu ali da Sotheby’s. E como vocês sabem, o custo é alto. Então, eu não entendi muito onde você quer chegar, se é quanto que eu tenho de dinheiro no banco, ou…. Orlando Azevedo: Não, quero chegar unicamente ao mercado de arte da fotografía. Meu nome é Orlando Azevedo, sou fotógrafo, sou curador. Já tangenciamos várias questões paralelas, como a Claudia Andujar, e eu estou interessado em saber como é que se posiciona o mercado, por que as cifras eu as conheço todas. Sotheby’s Christie’s, ArtPrice, está tudo lá. Eu quero saber sobre o mercado local, nacional, como se processa isso. Claro que a sua galeria é uma referência. Claro que eu entendi muito bem que a Galeria Vermelho, pelo que você colocou, não trabalha no vermelho. Eu coloquei inicialmente que esperava que você não me interpretasse como deselegante. Ao que me parece, você levou para outro percurso, outro caminho. Eduardo Brandão: Eu tomei um choque. Orlando Azevedo: Não vou perguntar quanto você tem no banco. Mas nós estamos falando de mercado, de cifras. Eduardo Brandão: Foi ótimo você ter falado da Cláudia. Como a gente trabalha com ela? Você compra uma fotografía da Cláudia por R$ 5.000 ou R$ 6.000,00. Deste valor, por volta de talvez R$ 1.200,00 a gente gasta na impressão com o papel XYZ e com a moldura. Aí você vai fazendo a conta. 30% disso vem pra galeria, 30% pra Claudia, 30% vai pros Yanomamis. Você acha que eu tenho um bom negócio? Senão, eu não estou entendendo o que você está falando. Alexis Fabry: No hay que justificar… es absurdo. Ronaldo Entler: Tudo bem, a gente pode seguir o debate. Eduardo Brandão: Eu acho que a gente não está falando sobre isso, eu não estou entendendo o que você está querendo dizer. Ronaldo Entler: Eu acho que a gente pode seguir com outras perguntas, existem assuntos que não serão resolvidos nesta mesa. Ildefonso Azevedo: Yo soy mexicano, me encuentro por negocios aquí en Brasil y casualmente vi que estaba este Foro. Soy coleccionista de arte, colecciono desde hace 10 años solamente fotografías. Yo creo que hay algunos detalles aqui que no se han tocados, que considero son muy importantes, tanto para los galeristas cuanto para los artistas. En primer lugar, considero que aquel coleccionista que piensa que va a comprar arte para volverse rico está equivocado. El arte se compra o se adquiere por gusto o por pasión, no por pensar que estas obras van a subir extrepitosamente de precio como las fotos que Marcia nos mostró aquí. Por otra parte, nosotros como coleccionistas verdaderamente consideramos que la fotografía es susceptible a repetirse. En la fotografía actual uno tiene el ego de poseer algo que viene en una edición limitada, esos tirajes montruosos de fotografía. Yo en particular los odio. Cuando veo yo que algun artista con categoría como Gabriel Orozco -del cual tengo algunas obras- hace tirajes de 3, de 5, pues… tiene otro sentido para uno y es cuando puede convertirse inclusive en una inversión. Por el lado de l os artistas, la verdad creo que les falta muchísimo por aprender del aspecto del mercado, del aspecto de promoción, de saber cómo hacerlo. Ahí creo que muchas veces hay falta de comunicación entre los galeristas y los artistas que generalmente no entienden ese compromiso que representa el posicionar el arte en el mercado. Me siento afortunado de haber estado aquí por coincidencia y les felicito por este foro que está bastante interesante. Marcia Fortes: Me he quedado con una duda: ¿Usted decía que le parece bien edicionar las fotos o le parece malo? Ildefonso Azevedo: Me parece absolutamente correcto y necesario. Pergunta do público: Quanto deve ser a tiragem de uma fotografía? Ramón Lopéz Quiroga: Generalmente se considera que deben ser menos de 12 ejemplares. El artista decide cuantos van a ser y a partir del doceavo se considera ya un múltiple y no una edición limitada. Sí una edición limitada, pero como multiple. Es raro que estas fotografías sean grandes: en lo que es el mercado contemporáneo, generalmente las fotografías numeradas son entre 3 y 6 ejemplares, más las pruebas del artista. No hay una regla, el artista decide cuantos ejemplares hacer. Pergunta do público: Más que una pregunta es volver sobre algunos temas y reflexionar sobre ellos. Yo soy artista visual y mi experiencia comercial es bastante reducida. Lo que quiero decir es que no vendo lo que hago, vendo muy poco. Entonces lo que voy a decir aquí puede ser más especulativo en este sentido. Me gustaría hablar de una cosa que yo creo que es una relacion entre el mundo productivo y de alguna manera la audiencia. Yo veo el fotógrafo desde mi punto de vista como artista, como aquel que reside en el medio y la pulsión de la captura. Creo que voy a volver a la metáfora del cazador, pues esa puede ser operativa. La pulsión de la captura es el que anda siempre con la cámera en la mano. El artista opera de manera distinta, tiene un proyecto, tiene un tema que muchas veces transciende el medio. Entonces este tema toca tanto la pintura, como la escultura, las instalaciones… depende de lo que necesite para él. Para el artista no es inportante que la foto se vea, lo que es importante es que se parezca, que se vea este tema que está detrás. Esto es lo que yo creo que es más especulativo. Creo que allí hay público distinto, hay audiencia distinta. Y volviendo al tema de “cazador” y “agricultor” podemos decir que un público es vegetariano que está interesado en el proyecto, en la idea. Y el otro, el carnívoro voraz, cria esa foto, ese objeto. Yo creo que se prefigura un momento en que no tiene mucho que ver con el objeto fotografía, sino con que la fotografía esta entrando en otro mercado, pero coexiste en los dos al mismo tiempo. Leandro Mello: Meu nome é Leandro, trabalho com preservação de fotografía e tenho uma pergunta para a Marcia. Dentro desse panorama que você mostrou de um certo mercado de altos valores, eu gostaria de ter alguma informação sobre novos processos de impressão, já que tudo que você falou desses exemplos de maiores valores são processos de impressão fotográfica quimica, e sobre outros suportes para fotografía, suportes eletrônicos, como o Eduardo citou o exemplo da exposição aqui no Itaú. Marcia Fortes: Eu talvez seja a maior ignorante sobre questões técnicas de fotografía que está presente nessa sala. O único que eu posso dizer quando me perguntam, é: isso vai durar? E minha resposta é: nada dura para sempre. Porque eu não tenho certeza se isso vai durar, eu sei que alguém pagou mais de 2 milhões naquele Gurski mas eu sei que é em cor e dizem que não está garantido que dure mais que 60 anos. Isso eu li em algum lugar, então eu não sei. Eu acho que tem muitos suportes hoje, como o Jeff Wall que faz fotografías em lightboxes, tem gente que imprime sobre acrílico, tem gente que imprime sobre tela, fazendo silk screen como se fossem pinturas sobre telas. Eu acho que a fotografía de expandiu pra diversas áreas e diversos suportes, mas entender deles, tecnicamente falando eu não entendo. Leandro Mello: O que eu gostaria era mais um panorama de mercado mesmo. Marcia Fortes: Eu vejo muito essa preocupação mesmo: “isso vai durar?”. Eu realmente só posso ser sincera e dizer que não sei, provavelmente não, mantenha longe da luz do sol… O Miguel por exemplo gosta muito daquele vidro anti-reflexo. Às vezes, se me perguntam muito, se demonstram uma preocupação muito grande, eu recomendo: “olha, você pode botar nesse vidro, tem aqueles vidros que filtram..”. E são pequenas medidas de precaução que eu posso recomendar, mantenha longe da luz direta… Leandro Mello: Quanto à venda, a questão de procura por esses novos materiais… Márcia Fortes: Eu não vejo isso porque eu não trabalho com isso. Eu acho que a pessoa que entra no stand da minha galeria na feira, ou na galeria aqui em São Paulo, está buscando expressões de ideias, não está buscando técnicas. Visões do mundo expressas sobre algum suporte, seja ele fotográfico, pictórico ou uma imagem em movimiento. Então essa questão não perpassa muito pelo meu dia-a-dia. Geralmente as pessoas vêm buscando ou uma ideia ou a beleza. Elas vem buscando algo que não seja exatamente aquela questão técnica. Muito raramente me foi feita qualquer pergunta técnica fora essa questão da conservação. Eduardo Brandão: O que eu sinto é que a pessoa vai e compra a imagen, o trabalho, e ela quer ser orientada sobre como guardar, colocar, tem uma preocupação. Parece que já tem um senso comum que muita luz faz mal. As pessoas pedem: “me oriente como, onde posso por, onde não posso por”. Mas a conversa vai por aí, nunca chega ao material, se é cibachrome, se é papel de algodão, isso tem uma especificidade que no dia-a-dia também não importa lá na galeria. Alexis Fabry: El mercado se esta protegiendo. Por ejemplo, la escuela alemana esta teniendo problemas enormes de conservación, porque es un hecho que enviejece (Cindy Sherman também, entre otras personas). Generalmente lo que hacen las galerias y los artistas es que tienes que pagar la producción y te rehacen una impresión a partir del negativo o de los documentos originales. Lo cromogénico no es duradero. Ronaldo Entler: Nesse sentido acho que a fotografía é ainda bastante estável comparada a outras coisas que a gente vê no mundo da arte contemporânea. A gente tem coisas que são feitas para tocar, para mexer, para não se ter esse cuidado. Na hora que isso vai parar numa coleção você é obrigado a de alguma maneira contradizer o propósito da obra, porque ela tem que ser conservada. Então a fotografía até que não é a pior situação que a gente encontra nesse mundo da arte contemporânea. Rafael: Meu nome é Rafael. Eu não sou fotógrafo, mas se eu fosse, e se fosse um jovem fotógrafo, eu ficaria desesperado hoje. Porque eu não veria uma grande perspectiva da fotografía nessa situação de mercado que eu ouvi hoje aqui. E eu desde o começo comecei a pescar algumas entrelinhas da fala de cada um de vocês. Eu percebi no começo que a Marcia falou sobre vários fotógrafos. Mas eu notei uma coisa interesante: quando o valor era muito alto, Marcia, você falava assim: “mas que absurdo, essa coisa, esse valor, 1 milhão por essa coisa…”. Marcia Fortes: Eu não daria nunca. Rafael: Sim, você não daria. É mais uma informação. E eu vi que você mostrou várias fotos. E a única foto que tinha um valor vendido na média do valor estimado, era do Miguel Rio Branco. Eu não vou considerar o Vik Muniz, porque ele já está há 25 anos morando lá, já é uma pessoa incorporada no mercado americano. E eu não acho que o mercado americano também seja um bando de loucos que comprem por dois milhões, um milhão, 160 mil, 80 mil, uma foto. Alguma coisa existe por trás disso. Quando o Eduando falou, eu também notei uma certa reticencia. Você diz claramente que comercialmente a fotografía não vale a pena. Estou pescando informações aquí. E o Ramón falou: “no México a coisa é incipiente”, e o Alexis também não conseguiu dizer alguma coisa. O único que falou pra gente ou está tentando desde o inicio falar pra todo mundo: “pessoal, vamos então fazer negócios”, é o Ronaldo. Mas não tem rolado nada de negócio aqui, ou seja, eu estou achando que tem que se estabelecer um novo tipo de diálogo. Não está havendo um dialogo hoje entre aqueles que vendem as fotografías e aqueles que produzem as fotografías. Existe talvez uma língua que não se fale, talvez aquele que produz não saiba como se fazer um approach comercial. E aquele que vende não sabe traducir num valor comercial aquilo que o outro produz. Então a minha sugestão é que se estabeleça um novo diálogo, sem muitos entraves entre o comerciante e o produtor, mas um diálogo mais livre, mais aberto e dentro de uma sociedade. Eduardo Brandão: Quando a gente fala o outro escuta aquilo que quer. Eu tentei dizer aqui que eu acredito que tenham que ser pensadas várias formas de comercialização de uma imagem que vem na tradição da imagem fotográfica. Porque no fundo é imposto. Um meio que tem tiragem, tem 150, 170 anos, regras do mercado da arte. Então já que a gente está falando nisso agora, vale a pena pensar que pode ter outras formas na comercialização da fotografía do que enterrá-la numa galeria, numa parede. Eu vim aqui para pensar, para refeltir com vocês. Isso em cima de uma vivencia que eu tenho, com produção de arte que usa a fotografía, que insere a fotografía dentro de uma discussão, e mostrando também a imagem fotográfica dentro da tradição da fotografía, eu vejo que uma flui comercialmente muito mais fácil que a outra. É uma percepção que eu tenho ali, é uma verdade, vim aqui com vocês dividir isso. Eu comecei a fazer fotografía com 13 anos, fiquei dentro de uma escola de fotografía 6 anos, dou aula de fotografía há 20 anos, ou seja, adoro fotografía. E quando eu faço um investimento, e vejo que a fotografía que mais flui não é a que vem da tradição fotográfica, e sim uma outra, a minha obrigação é pensar como eu vou fazer para fluir a outra em cima da minha vivência. Eu não estou dizendo que não tenha um mercado fotográfico. É óbvio que tem um mercado fotográfico, eu estou passando uma experiência vivida aqui. É isso que a gente está falando, fotografía latino-americana. Eu estou querendo traduzir o que eu vivi nesses 5 anos, onde comecei com uma ideia totalmente diferente. Depois de 5 anos eu tenho uma historinha aqui para contar: que a fotografía que mais flui é a fotografía que já nasce no campo da arte. Ela já nasce, ela não está dentro daquele tradição que a gente leu da fotografía, o pictórico, o moderno, aquilo que 90% daqui deve conhecer muito bem. Não é essa a que flui comercialmente, é uma outra. Agora, gostaria de vender 100% da minha tentativa, e vendo 50%, que é essa fotografía que não tem preocupação nenhuma, se tem foco se não tem foco, porque não é a questão do trabalho. A questão da conservação, tanto faz se vai ser conservado ou não. Porque o todo não está na imagem, e eu achei que pudesse ser diferente a história. Eu investi numa coisa diferente, estou tentando fazer diferente, e o que eu estou tentando trazer aqui é que eu acho que tem outras formas desse sujeito que faz, desse criador, viver do que ele faz. Se eu fosse você, eu pensaria sim em ser fotógrafo, porque se eu sou e se eu pudesse escolher eu continuaria sendo. Agora, eu acho que essa arte chama uma reflexão de posicionamento no mercado. Que mercado vai ser esse? E eu achei genial, três moleques que tem um banco de dados, põe aquilo dentro de um sistema, manda a fotografía, não estão preocupados com a base da fotografía. Quer dizer, estão circulando aquela fotografía feita dentro da história da fotografía. Tanto é que ele foram mostrados ontem aqui como documentais, e eles vivem disso, e eu achei genial. E foi isso que vim aqui pensar com vocês. Talvez não se venda tanto a fotografía, mas tem outras fórmulas. Ronaldo Entler: Agradeço ao público e aos convidados. Obrigado.
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