IP-45 Privada.pmd - Escola Interativa
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[ editorial ] Caros Educadores “A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.” (Jean Piaget) Não é por acaso que iniciamos este editorial com Jean Piaget. Sempre que cada um de nós lê e interpreta as matérias da Impressão Pedagógica tem a exata noção de que realmente trabalhamos por uma educação construtivista e interacionista. Aliás, na edição nº 2161 de 21 de abril da Revista Veja, Cláudio de Moura Castro foi muito feliz em escrever: “O construtivismo é uma hipótese teórico-atraente e que pode ser útil na sala de aula. Mas, nos seus desdobramentos espúrios, vira [ índice ] uma cruzada religiosa, claramente nefasta ao ensino”. Essa matéria deve ser lida por todo educador que optou pelo Sistema Expoente de Ensino e(ou) acredita que o construtivismo é a melhor opção para uma educação que valoriza o desenvolvimento do ato criativo e do pensar em detrimento da simples absorção do conhecimento. Na entrevista “Aprender a Aprender”, com o articulador do Comitê Científico da CICI 2010 e da Escola de Redes, o leitor entenderá que estamos falando de uma educação construtivista. Ao abordamos o bullying, idem. A educação não é apenas o que está no material que a escola usa, é também a interação com os temas que nos afligem e(ou) nos afetam no dia a dia. O artigo da professora Cleusa Maria Fuckner, mestre e doutora em Educação e professora da Faculdade Expoente, nos mostra que “é na escola que podemos ter um espaço de reflexão privilegiado, que nos permite fazer leituras de tantas construções”. Isso também é Piaget e(ou) Vigotski. Há muito mais sobre o tema. A matéria sobre o Enem “Formação escolar substitui decoreba” fala que o novo forAngerer mato privilegia Armindo Diretor-Geral a interdiscipli- Grupo Educacional Expoente naridade e o espírito crítico, buscando a troca do “acúmulo excessivo do conteúdo” pela solução de problemas. Por fim, todos temos a clareza de que o Sistema de Ensino Expoente busca com exacerbada convicção o que há de melhor na educação. Uma educação que contribua para que tenhamos alunos críticos, pensadores, que saibam contextualizar o conhecimento absorvido e que possam contribuir para um mundo cada vez melhor. Uma boa e proveitosa leitura para todos. 4 19 Enem: novo formato de prova descarta a decoreba Entrevista: o professor e escritor Augusto de Franco fala sobre educação inovadora [ expediente ] Direção-Geral: Armindo Vilson Angerer CEEE: Sandra Poli Revisão: Daniela Lemos da Cruz Gabriela Sbeghen Design: Augusto de Paiva Vidal Neto eixeira Marketing: Jomara TTeixeira Jornalista Responsável: Danielle Ribas (Mtb 3853/15/46v) Pré-Impressão: Alexandre Straube Fotolitos e Impressão: Editora Gráfica Expoente: Antonio Both Av. Maringá, 350 – Pinhais-PR CEP: 83324-000 – TTel.: el.: 41 3312 43 50 Fax: 41 3312 43 70 Tiragem: 20 000 exemplares. Impressão Pedagógica é uma publicação semestral, de circulação nacional, dirigida a diretores de escolas, coordenadores e professores, sendo distribuída por mailing personalizado. Não nos responsabilizamos por opiniões expressas nos artigos assinados. Todos os direitos reservados. 8 Matéria de capa: bullying, agressões físicas e psicológicas no ambiente escolar 24 Saúde: ajude a prevenir e combater o vírus da gripe H1N1 13 26 Artigo: o que fazer para aumentar o interesse dos alunos na carreira pedagógica Artigo: uma reflexão sobre a necessidade de transformar as práticas avaliativas impressão Pedagógica [ 3 ] [ entrevista ] O professor e escritor Augusto de Franco fala sobre a educação que transforma o mundo e as pessoas Aprender a aprender “Na transição que vivemos, da sociedade hierárquica para a sociedade em rede, o que é educação?” Especialistas, docentes e a comunidade debateram esta questão durante um dos simpósios da I Conferência Internacional de Cidades Inovadoras [ 4 ] impressão Pedagógica (CICI 2010), que aconteceu em março em Curitiba. A Revista Impressão Pedagógica entrevistou com exclusividade Augusto de Franco, articulador do Comitê Científico da CICI 2010, e da Escola de Redes, autor de 18 livros sobre desenvolvimento local, capital social, redes sociais e democracia. Entre eles: “Alfabetização democrática”, “A revolução do Local”, “Escola de Redes: novas visões”, “Uma nova formação política no Brasil”, e “Três gerações de políticas sociais”. escola? IP - Isso também vai se refletir na transformação do papel do professor? Augusto - Os novos ambientes edu- Augusto - Totalmente, pois o professor cativos valorizam outras habilidades. deve ser um catalisador do processo Uma delas é saber não apenas de aprendizagem. Ele também acessar, mas produzir e repassar aprende mais quando compartilha seu informações. Outra é conseguir não conhecimento com os outros. Por só trabalhar em grupo, mas também isso, ele não deveria ser um fazer amigos e viver e atuar em “ensinante”, mas um “aprendente”. Ele comunidade. As escolas ainda são não vai somente transferir um instituições muito fechadas, feitas por conhecimento. No processo educa- muros, portas e cadeados. As escolas tivo, ele vai colocar as visões dele, os ainda não entenderam nem como usar caminhos que viu, os itinerários de o computador, que normalmente fica aprendizagem que percorreu, e trancado numa sala, fora do alcance compartilhar com aquela comunidade. de todos. É a “antifunção” da Isso é o papel do agente de educação. ferramenta. Os computadores deve- É preciso desaprender a ensinar, e riam estar nas mãos dos alunos, aprender a aprender, individual e sendo usados no momento em que coletivamente. Porque no futuro, eles quisessem. como buscadores e polinizadores, IP - Na sua opinião, que outras “Quando apareceu o computador, a máquina de escrever continuou existindo, mas foi se tornando irrelevante. Assim vai ser com o formato atual da escola.” IP - Com a transformação da sociedade, os sistemas socioeducativos também serão transformados. Qual será o futuro da escola? Augusto - O processo não acontece de um dia para o outro. As novas instituições surgem e as antigas continuam. Quando apareceu o computador, a máquina de escrever continuou existindo, mas foi se tornando irrelevante. Assim vai ser com o formato atual da escola. Os novos processos, mais adaptados à dinâmica e à estrutura moderna da sociedade, vão se impor aos poucos. A escola hoje é uma instituição heterodidata. Tem um professor e um aluno. Um que sabe e um que não sabe. E parte do princípio de que “o que sabe” vai transmitir para “o que não sabe”, como se o conhecimento fosse um objeto que pudesse ser depositado, assim como você deposita um dinheiro no banco. O conhecimento não é isso, ele é uma relação social que é reconstruída e reinventada cada vez que se estabelece essa interação. A escola hoje precisa deixar de ser uma estrutura de ensino e passar a ser uma instituição de aprendizagem. mudanças vão acontecer com a seremos todos aprendentes. IP - No lugar do heterodidatismo, o senhor ressalta a ideia de que o futuro pertence ao autodidatismo e principalmente ao alterdidatismo. Como será essa mudança? Augusto - Hoje nós já percebemos que a escola é a rede. E assim será a IP - Diante da quantidade de informações disponíveis na rede, todos nós precisaremos desenvolver ainda mais nossa capacidade de reflexão e crítica. Como filtrar tanta informação? transição do heterodidatismo para o autodidatismo, que é você aprender por si mesmo, e o alterdidatismo, que pode ser resumido como o aprendizado com seus amigos. As pessoas estão conectadas e podem buscar o conhecimento que quiserem, do jeito e na hora em que quiserem. E o principal do alterdidatismo é que elas ainda podem polinizar esse conhecimento com outro conhecimento, interagindo com outras pessoas. Esses são os dois pilares das nossas experiências com Arranjos Educativos Locais: aprender a aprender, e “Hoje nós já percebemos que a escola é a rede. E assim será a transição do heterodidatismo para o autodidatismo, que é você aprender por si mesmo.” aprender a polinizar. impressão Pedagógica [ 5 ] Augusto defende a transformação do papel do professor de “ensinante” para “aprendente” Augusto - Esse filtro vai se dar pela interação, e não porque teremos um tribunal epistemológico para estabelecer o que é conhecimento verdadeiro e falso. É o fim das alfândegas ideológicas, que determinam quais ideias podem ou não passar. Durante muito tempo, a igreja foi essa alfândega. Os bispos e cardeais determinavam quais livros poderiam ser impressos e reproduzidos. Depois, as universidades se transformaram em tribunais epistemológicos, que julgavam se o conhecimento estava de acordo com seus cânones. Agora, nenhum tipo de instituição vai poder assumir esse papel. A interação entre as pessoas é que vai dizer o que é consistente ou não. IP - Mas muitos jovens, e até mesmo profissionais da comunicação, têm reproduzido informa[ 6 ] impressão Pedagógica ções absurdas, que foram colocadas na internet por brincadeira. É um sinal de que ainda não chegamos nessa etapa da “autofiltragem”? Augusto - A tendência desses enganos é acabar, porque nós mesmos desenvolveremos critérios para selecionar o conhecimento. Quando o número de acessos é muito grande, os erros tendem a ser corrigidos automaticamente. É uma curva de correção de erros. É o mesmo processo pelo qual você seleciona um produto no mercado. O fabricante não é proibido de fazer um produto muito ruim. No primeiro dia, as pessoas vão comprar. No segundo dia, vão perceber que o produto é ruim. E depois não vão comprar mais. É um processo organizado de baixo para cima, e não de cima para baixo. O problema do tribunal epistemológico é querer ser um conselho de sábios que diz: “isso pode, isso não pode”. Hoje em dia, não temos como impedir o conhecimento de chegar a um jovem com acesso à internet banda larga, que saiba um pouco de português, inglês e o básico de raciocínio lógico. Ele vai sozinho. Não adianta nem querer proibir. IP - Mas a tendência natural do aluno é só buscar informações sobre assuntos dos quais ele gosta. Isso não pode ser um limitador de uma visão global? Augusto - O conhecimento real não é e nunca foi segmentado. Não é através de determinadas disciplinas que a pessoa vai ter visão global. Senão seria muito fácil, bastava criar uma disciplina chamada “visão global”. A verdade é que um conhecimento puxa o outro. A partir do momento em que a pessoa se dispõe a aprender sobre determinado assunto, existem sempre assuntos perpendiculares, pelos quais ela também vai ter interesse em aprender. Cada um sabe o que é necessário para o desenvolvimento de suas potencialidades e para a execução do seu papel social. “Hoje em dia, não temos como impedir o conhecimento de chegar a um jovem com acesso à internet banda larga, que saiba um pouco de português, inglês e o básico de raciocínio lógico.” Anuncio [ Matéria de capa ] [ 8 ] impressão Pedagógica Bullying Agressividade na escola Um terço dos alunos já sofreu agressões físicas e psicológicas no ambiente escolar. Reconhecer a existência do bullying é o primeiro passo no combate e na prevenção A pequena Aiko de 8 anos queixava-se de dores no estômago e ansiedade. Durante seis dias não foi à escola. Só então os pais descobriram que o verdadeiro motivo das queixas era um grupo de meninos que intimidava os colegas de classe. O incidente seria algo corriqueiro, mas ganhou as capas dos jornais mundo afora no início deste ano por um motivo simples – a vítima de bullying era a princesa Aiko, neta do imperador e única filha do herdeiro ao Trono do Japão, Naruhito. A palavra de origem inglesa ainda não possui tradução específica em português, e compreende “todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, adotadas por um ou mais estudantes contra outro, causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder”. As agressões físicas, chutes, socos e empurrões são mais facilmente percebidos, mas podem acontecer outras formas de agressões mais sutis. São piadas, apelidos, fofocas, exclusão e até mesmo olhares e risinhos. “A essência desse comportamento agressivo e negativo está pautada na [1] intolerância e no desrespeito às diferenças. Negros, magros, gordos, deficientes, ricos, pobres, nerds, emos1 são exemplos de vítimas típicas de bullying. A lista de possíveis vítimas é infindável, pois qualquer diferença física, social ou racial pode servir como desculpa e estimular uma agressão”, explica o psicólogo, especialista em comportamento, Erick Huber. “Durante algum tempo, esse comportamento foi tratado como coisa de criança. Hoje, porém, existem pesquisas, artigos e livros comprovando que o bullying tem consequências sérias no desenvolvimento humano”, afirma Erick. Baixo rendimento escolar, falta de apetite, insegurança, ansiedade, fobia escolar, depressão e até suicídio podem ser algumas delas. Os casos que chegam à mídia são normalmente os que vão às últimas consequências. Nos Estados Unidos, mais de 37 tiroteios em escolas foram atribuídos ao bullying. Um dos primeiros, em 1999, foi o massacre de Columbine – quando dois alunos mataram a tiros doze colegas e um professor, suicidando-se em seguida. No Brasil, já existem registros desses ataques nas cidades de Taiuva (SP), Remanso (BA) e Petrolina (PE). Um estudo inédito no país, a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar de 2009 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), mostra que quase um terço dos alunos (30,8%) já sofreu com o bullying. O fenômeno acontece em ambos os sexos, 32,6% dos meninos e 28,3% das meninas. E apresenta mais vítimas nas escolas particulares (35,9%) do que nas públicas (29,5%). Prevenção e orientação A volta da princesa Aiko à sala de aula aconteceu depois que um representante da Casa Imperial japonesa solicitou a resolução do problema. Reconhecer e admitir a existência do bullying dentro da escola é o primeiro passo par combatê-lo, afirma Erick. A postura dos educadores também é peça chave na prevenção. “É uma situação que pode acontecer em praticamente todas as escolas do mundo. Educadores, pais e alunos Emo ou Emocore (abreviação do inglês emotional hardcore) é um gênero de música derivado do hardcore punk. Emos seriam os adeptos desse estilo musical. impressão Pedagógica [ 9 ] precisam ter o maior conhecimento possível a respeito do bullying”, garante Erick. “Antes de incluirmos o assunto no nosso planejamento curricular, muitos alunos agressores não identificavam seu próprio comportamento nem o relacionavam ao bullying, portanto não tinham noção das consequências que ele acarretava para o outro”, afirma Adriane Fernandes dos Santos, diretora da Escola CEC, de Nova Friburgo (RJ). Ao perceber qualquer situação atípica, o corpo docente do CEC é orientado a procurar a direção ou o professor Marcus Vinícius Buaiz, responsável pela disciplina “Educação para a Vida”, que aborda o tema bullying com os alunos. “Nós construímos uma linha de frente nesse combate. Centralizamos as informações e traçamos as estratégias, que podem ser desde uma simples conversa individual, quando o caso é menos extenso, até uma conversa em grupo visando conscientizar e direcionar as atitudes. Nós também utilizamos dinâmicas de socialização”, explica Marcus. Há alguns anos, o CEC percebeu problemas de agressão entre alunos fora dos muros da escola. Antes que a situação chegasse à sala de aula, os responsáveis começaram a agir efetivamente contra o bullying. Os professores participaram de palestras com especialistas, e colocaram em prática os ensinamentos sobre prevenção e o peit sres s e d mà cia, e r â n ão leva s e l o t ç In a stra físic e fru s s õ e s s agre l ó g i c a o psic orientação aos alunos. As ações preventivas do CEC acontecem nos primeiros meses de aula, o que também ajudou a reduzir a prática do bullying. “Os alunos do 8° e 9° ano preparam palestras com o tema ‘A sua liberdade termina quando começa a do seu próximo’ e apresentam para os alunos mais novos, do 6° e 7° anos “, conta Marcus. Além disso, são feitas mesasredondas onde os alunos falam abertamente sobre apelidos e provocações que os incomodam. [ 10 ] impressão Pedagógica Marcus exemplifica duas situações reais: “Em uma turma, isoladamente, tivemos casos de tapas nos alunos que falavam ou faziam algo contrário a um grupo específico. Depois de um conversa e da dinâmica de grupo, tudo foi solucionado. Em outro caso, recente, uma aluna sofreu bullying de um colega por causa do seu cabelo. Nesse episódio, uma conversa individual com ambos foi o suficiente para encerrar o assunto”. Nos casos mais graves, é solicitado o envolvimento dos pais. “Na maioria das vezes os pais se surpreendem porque também desconhecem essa faceta do comportamento dos filhos”, conta Adriane. Frustrações e desconforto “O bullying é uma projeção das dificuldades que eles têm. Às vezes, até mesmo um aluno brilhante em sala de aula acaba reproduzindo suas frustrações através desse comportamento”, explica Eloisa Helena Chagas Monteiro Alves, diretora pedagógica e psicóloga do Colégio Auxiliadora, em São Gonçalo (RJ). Ela conta que a entrada dos alunos no 6º ano do Ensino Fundamental, em geral, provoca uma sensação de liberdade que pode terminar em bullying: “Eles dão apelidos para todos. Por medo de não ser aceito pelo grupo, o aluno vai suportando a brincadeira até o momento em que todo o desconforto vem à tona de uma só vez. Ele se sujeita, mas não percebe que não tem estrutura para suportar os ataques.” Eloísa cita um caso emblemático, de um aluno muito tranquilo, com boas notas e elogiado pelos professores, mas educado a não reagir: “Após uma queixa da família, a escola chamou os agressores e a situação de bullying foi resolvida. Algum tempo depois, os ataques voltaram a acontecer. Desta vez, o aluno não se queixou diretamente aos pais, falou apenas que estava passando mal e que não queria mais voltar à sala de aula. A família pediu transferência e não deu chance à escola de resolver o problema. A pressão social dos colegas é tão grande que, mesmo trocando de escola, o aluno não contou quem eram os novos agressores.” No entanto, a saída do aluno não foi motivo para que a instituição deixasse de tomar providências. A coordenação descobriu de quem partiam os ataques, e os agressores foram suspensos, com o apoio das próprias famílias. “Um deles inclusive não tinha o perfil, mas como os ataques ocorriam pela internet ele contava com o anônimato virtual”, conta Eloisa. O ciberbullying acontece com frequência entre os alunos de 12 a 16 anos, no Ensino Médio. “Nesse período, a prática do bullying se torna maliciosa e camuflada e geralmente acontece pela internet, nas redes sociais. No entanto, se o ataque virtual ocorre entre alunos, também é papel da escola intervir”, alerta Eloisa. A instituição deve evitar que um pai tente resolver o assunto diretamente com o outro, explica, pois existem grandes chances de ambos perderem o controle. “O grande erro de algumas escolas é fechar os olhos. Nós procuramos orientar pais e alunos para que procurem a direção. A instituição precisa traçar um canal de confiança, mostrar que é presente”, afirma Eloisa. Periodicamente, são feitas reuniões com os professores e funcionários, nas quais todos se comprometem a verificar e informar os casos suspeitos. “Nós reforçamos que somos uma equipe. Se um de nós fecha os olhos, não está colaborando com o restante da equipe. O companheirismo entre os professores não deixa de ser uma forma de o aluno sentir confiança e perceber que pode contar conosco”, diz Eloisa. Para finalizar, ela lembra que o papel da escola é sempre protetor, até mesmo em relação aos agressores. “A punição precisa ser corretiva, e não a punição pela Um o lh ajuda ar atento r a id p vítim entific ode as e a g r e s ar sores punição. Tem que servir para ajudar o aluno a refletir.” Pode ocorrer por meio de uma conversa com os pais, advertência, suspensão e em alguns casos avaliação psicopedagógica para identificar um possível evento que possa ter dado início ao comportamento, como a separação dos pais, morte de um parente, o nascimento de um irmão. “Um comportamento agressivo é inaceitável, porém, nada justifica o uso de algumas técnicas igualmente inaceitáveis: exposição do aluno, humilhação e retaliações que prejudiquem os estudos”, finaliza Erick. impressão Pedagógica [ 11 ] Conselhos para as escolas Envolvimento da comunidade escolar O agressor • Atitude hostil, desafiadora e agressiva; Mostre aos pais e à comunidade que a responsabilidade pelo comportamento dos alunos é de todos. Faça reuniões, palestras com profissionais, explique o que é o bullying, e peça a participação e contribuição de pais, professores, coordenadores, vizinhos, funcionários, enfim, de qualquer um que tenha contato com situações de violência. • Ameaças constantes para pessoas Capacitação de Profissionais outras pessoas; Torne o assunto pauta das reuniões de professores. Existem apostilas, vídeos, cursos, e muito material de pesquisa na internet. Vários profissionais da escola devem ter um “olhar clínico” para identificar, caracterizar, diferenciar e pensar em possíveis soluções para casos de bullying. Incentive a observação da rotina dos alunos, de forma próxima e presente. Serviço de Denúncia Por medo, a maioria das vítimas não procura ajuda. Facilite o contato através da divulgação de um e-mail para receber denúncias e investigá-las. Outra possível solução, simples e de baixo custo, consiste na criação de uma “Caixa Anti-Bullying”, que deve ficar num local de fácil acesso para que qualquer um possa denunciar ou pedir ajuda através de bilhetes. Por outro lado, nunca deixe a caixa num lugar de grande concentração de alunos, pois a vítima pode ter medo de ser vista pelo agressor. Estimulação de Comportamentos Positivos próximas (independente da idade); • Habilidade para sair de situações difíceis; • Tentava de impor autoridade sobre • Portar dinheiro ou pertences sem justificar a origem dos mesmos. A vítima • comportamento pouco sociável; • forte sentimento de insegurança (o que os impede de solicitar ajuda); • tem poucos amigos, são passivos, quietos e não reagem efetivamente aos atos de agressividade sofridos; • apresenta com frequência dores de cabeça, pouco apetite, dor de estômago, tonturas; • mudanças de humor inesperadas e recorrentes, apresentando, às vezes, “explosões de irritação”; O ser humano aprende pela observação. Antes de cobrar determinados comportamentos dos alunos, é preciso garantir que todos os adultos da escola comportam-se de maneira solidária e cooperativa, demonstrando tolerância, empatia e até cuidado com outras pessoas. Nenhum comportamento se altera da noite pra o dia, mas pode ser moldado aos poucos. Valorize e elogie os bons comportamentos. Estimule o envolvimento dos jovens em projetos sociais, que desenvolvem valores como o respeito, a colaboração, e o trabalho em equipe. • volta da escola com roupas Orientação familiar ou arranhões sem saber dizer onde se Promova encontros com os pais, faça cartilhas de orientação e procure, com muito cuidado, sensibilizá-los sobre a importância de participarem do processo, afinal eles são os primeiros modelos dos filhos. Explique que o uso da agressão em casa (física e verbal) aumenta as chances da criança reproduzir o mesmo comportamento na escola, e que as demonstrações de afeto, envolvimento, e dedicação estão diretamente relacionadas a comportamentos pró-sociais e também com a autoestima dos filhos. Fonte – Erick Huber [ 12 ] impressão Pedagógica amassadas ou rasgadas ou até com material escolar danificado; • desleixo gradual em tarefas escolares; • aparenta tristeza, contrariedade ou aflição constantes; • apresenta feridas, contusões, cortes machucou; • dá muitas desculpas para faltar às aulas; • possui poucos amigos ou passa muito tempo isolado deles; • pede dinheiro extra à família ou chega a furtar dinheiro, gastos altos na cantina. [ artigo ] É preciso reencantar a educação Cleusa Maria Fuckner* “Quando a humanidade tem um problema e ela não consegue resolver, é preciso que se eduquem as crianças para resolverem na geração seguinte. Por isso a pedagogia é a questão fundamental no mundo.” Michel Serres, filósofo francês No início dos anos 80, quando cursei Magistério no Instituto de Educação do Paraná, estudar naquela instituição, usar aquele uniforme azul e branco e ser professora ainda faziam parte do sonho de muitas jovens. Éramos dezenas de alunas, e alguns poucos alunos, cientes do que representava a carreira docente e tínhamos orgulho de abraçarmos aquele caminho. O curso de Magistério representava um ideal, um objetivo de vida. Sabíamos das dificuldades que enfrentaríamos na profissão: turmas superlotadas, salário desvalorizado, falta de estrutura, mesmo assim acreditávamos. Formamo-nos em um evento marcado pela emoção, éramos professoras normalistas. A grande maioria foi para a universidade cursar Pedagogia ou licenciaturas nas áreas de Línguas, História, Sociologia, Matemática etc. O tempo passou, prestamos concursos e assumimos a carreira docente nas áreas pública e privada. O curso de Magistério foi extinto e a legislação passou a exigir o curso superior para atuar na atuar nas séries iniciais. Depois o Magistério retornou, já não mais com o glamour do passado. Agora, quase trinta anos depois, muitas já estão próximas da aposentadoria, mas continuam atuando na área de educação, e continuam acreditando que, aos poucos, a educação será o carro chefe de transformação da sociedade brasileira. Em 2000 terminei o meu mestrado sobre a Educação Feminina em Curitiba nas décadas passadas. Na pesquisa, entrevistei muitas professoras e ex-alunas do Magistério. Em todas encontrei o brilho no olhar ao falar da suas experiências. Nessas três décadas vivemos muitas mudanças. O Brasil conquistou a democracia, passou por crises econômicas, pacotes, controlou a inflação, elegeu presidentes da república, conquistou avanços tecnológicos, sociais. Mas e a educação? Não é sem espanto que vemos muitas reportagens na mídia mostrando o desencanto dos jovens pela profissão e pela possibilidade de seguir a carreira docente. Dados estatísticos das instituições de pesquisa demonstram que sobram vagas nas universidades nas áreas da Pedagogia e licenciaturas, enquanto apenas 2% dos estudantes do ensino médio, em um universo de 9 milhões de estudantes, pretendem cursar Pedagogia ou licenciaturas, cujo principal mercado de trabalho é a área educacional. Não se trata de cair no saudosismo do que representava ser professor(a) em um passado próximo ou distante. A história da educação nos mostra as contradições dessa profissão, em um país em que, durante séculos, apenas uma pequena parcela da sociedade teve acesso à formação escolar. impressão Pedagógica [ 13 ] É preciso avaliar o que ocorre com a carreira docente. Por que hoje os estudantes estão desmotivados? Dados do IBGE demonstram que já faltam em torno de 700 mil professores no Brasil. E no futuro? Outras áreas da economia se desenvolveram e atraíram mais os jovens. O que é preciso para atrair jovens para as carreiras docentes? O país continua a amargar os últimos lugares nos rankings de educação. É frequente o discurso político do investimento em educação como fator de desenvolvimento do país, mas, na prática, o que é preciso? Entendemos que a educação envolve quatro atores: o Estado, o professor, o aluno e a família. Para reverter este quadro atual toda a sociedade precisa repensar suas práticas e discursos. O Estado precisa criar propostas sérias de investimento e formação continuada na carreira docente. É necessário estabelecer um plano nacional de incentivo e de valorização, em que a formação continuada represente também melhorias salariais, que estimulem o professor a buscar a pesquisa e o conhecimento. Na rede pública do Estado do Paraná, por exemplo, conquistas como mestrado ou mesmo doutorado não representam avanços na carreira, desvinculou-se a formação individual, como se os estudos de pós-graduação só se destinassem àqueles que vão atuar no ensino superior. Sabemos que os países que hoje apresentam índices de destaque na educação incentivam a formação permanente, por meio de políticas públicas e de incentivos individuais. A família precisa passar a ver na educação não apenas um caminho para garantir conquista de emprego, mas um valor de formação e transformação. Como já afirmou Paulo Freire, se “a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”. [ 14 ] impressão Pedagógica Estamos vivendo um momento em que há a necessidade de enfrentar novos desafios, como as questões ambientais, as modificações geradas pela tecnologia no relacionamento entre as pessoas, a compreensão da diversidade e a superação das diferentes formas de preconceito. Percebemos que é na escola que podemos ter um espaço de reflexão privilegiado, que nos permite fazer leituras de tantas construções que a mídia nos impõe diariamente naturalizando o consumismo, impondo uma competição exacerbada: as práticas de tirar vantagens. Como professora do curso de Pedagogia percebo que, à medida que vamos desvelando o contexto histórico da educação no Brasil e no mundo, que vamos apresentando os pensadores, as ideias, os alunos em geral começam a se questionar e perceber as possibilidades que o Magistério oferece, não apenas como um trabalho de dificuldade, mas de realizações, de ideal, de saber que estão contribuindo para mudanças. Acredito que também, na prática, podemos reencantar os jovens com a possibilidade de despertar o ideal pelo processo de ensinar e aprender, de perceber a conscientização que somente a escola tem a possibilidade de construir, de descobrir que educar é trabalhar, agir, buscar o novo, apesar de todos os percalços, no sentido de compromisso social e político. A educação, sem dúvida, é o caminho do futuro, mas, para isso, todos precisamos agir: escola, estado e família. *Professora Titular da Faculdade Expoente, em Curitiba (PR), e da Secretaria de Estado de Educação do Paraná, graduada em História, mestre e doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná UFPR. [ conveniadas ] 1º Encontro Expoente – Ateneu Evento promove reflexão, capacitação e aperfeiçoamento das atividades pedagógicas Mais de 180 profissionais reunidos com o mesmo objetivo – atualização e aprimoramento da prática pedagógica. O 1º Encontro Expoente - Ateneu aconteceu em Fortaleza, em março de 2010 e reuniu gestores, coordenadores e professores de todas as sedes do Colégio Ateneu (CE). O encontro possibilitou discussões sobre metodologias e práticas de ensino e deu aos professores novas perspectivas quanto à utilização de uma linguagem mais adequada para otimizar os resultados da relação ensino-aprendizado. “Além de congregar mais ainda nossos profissionais, eles tiveram a oportunidade de um contato mais próximo com as novas abordagens e concepções da educação moderna”, conta Regina Moraes, diretora pedagógica. Após a abertura do evento, realizada pelo professor Portela, diretor da instituição, os participantes assistiram à palestra da gerente do Centro de Excelência em Educação Expoente, Sandra Poli, sobre “O Mundo de Hoje e a Escola”. Em seguida o professor do Expoente Edgar Silva falou sobre o novo Enem. À tarde os professores participaram de oficinas, que foram divididas nas áreas de ciências humanas, biológicas e exatas. Regina destaca o entusiasmo e satisfação dos participantes diante dos trabalhos e discussões propostos pelos palestrantes: “Um dos grandes destaques foi o tema Enem, enfocado em debates realizados com professores de distintas áreas disciplinares, considerando as novas formas de abordagem das questões, bem como a transversalidade dos temas”. impressão Pedagógica [ 15 ] [ conveniadas ] Pais e filhos uma convivência saudável O primeiro encontro do ano com os pais dos alunos da Escola Principius do Saber e Dominius, em Curitiba (PR), foi muito além da apresentação de procedimentos, recados gerais e regulamentos. Para reforçar a relação família-escola, a psicopedagoga Marilza Regazzo realizou a palestra “Pais e filhos - uma convivência saudável”. Na Educação Infantil, foi abordado o tema da imposição de limites. Para os pais dos alunos do Ensino Fundamental, Marilza falou sobre a adaptação escolar, o diálogo com os filhos e a questão das drogas. “Nossa intenção é contribuir com os pais e aproximá-los de seus filhos e da escola”, afirma Vanda Luci Poletto Cabral, diretora pedagógica. Muitas vezes, segundo Vanda, a presença de um especialista facilita a abordagem de temas mais delicados. Em 2010, a escola completa 20 anos de história. “É emocionante trabalhar todo esse tempo a serviço da educação, tendo como valores a ética, a aprendizagem e a disciplina”, conta Vanda. “O exercício desses valores proporcionará a toda comunidade escolar condições de enfrentar os novos desafios, que provocam nosso interior e nos fazem voar cada vez mais alto”. Conveniadas em destaque A Escola Caminho do Sol foi premiada como Escola Destaque de 2009 no Congresso Internacional de Educação, com o projeto “Inteligência adormecida”, que ficou entre os quatro melhores do Brasil. Nos anos anteriores, a escola também foi premiada pelos projetos “Neuróbica”, “Reconstituição coletiva de laço social, ambiental e ética maternal” e “Inspiração para matemática faz trilhar caminhos éticos com determinação e lógica”; A aluna Mayra Nascimento Gomes, do 2º ano do Ensino Médio da Escola Dom Mota, de Afogados de Ingazeira (PE), é a campeã pernambucana de xadrez e vice-campeã brasileira de 2009; Na Paraíba, a 2º colocação em xadrez no campeonato estadual ficou com a Escola Compacto, de Piancó; Alunos do Ensino Fundamental e Médio do Colégio Estillo, de Pinhais (PR), lançaram o livro À Helena Kolody – A Dama dos Haikais. A obra apresenta poemas sobre temas variados, selecionados por uma comissão julgadora. [ 16 ] impressão Pedagógica [ conveniadas ] O Jardim dos Desejos O objetivo do projeto “O Jardim dos Desejos”, do Colégio Vivência, em Petrolina (PE), é proporcionar ações práticas para que as crianças compreendam a importância de cuidar da natureza. Trata-se de uma nova forma de educar, que substitui os métodos tradicionais por diálogos, ações, descobertas e muitas emoções. Cada aluno escolheu um tipo de planta, recebeu as informações sobre os cuidados com aquela espécie e criou sua própria jardineira. Histórias, poesias e músicas também fizeram parte desse projeto, que teve atividades como cantigas de roda e exposição de telas pintadas pelos alunos. “Imaginamos e desejamos um jardim que pudesse permitir às nossas crianças conhecer melhor o processo de vida no planeta Terra, tornando-as conscientes da importância de cada ser nessa grande luta”, afirma a professora Thacyana Gonzaga. O projeto, segundo ela, deixou a sensação de ter plantado uma sementinha de conscientização, que será regada por valores, crescerá e dará origem a um fruto chamado mundo melhor. Prevenção de acidentes Os acidentes domésticos são uma das principais causas de hospitalização de crianças no país. Preocupado em promover um momento de reflexão e alerta, o Colégio Literato, de São Luís (MA), realizou uma visita dos alunos do 5o e 6o ano à Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação. Os estudantes participaram de uma palestra sobre prevenção de acidentes e, com o uso de um protótipo de esqueleto, aprenderam o que acontece com o corpo humano ao passar por um trauma. Relatos de crianças que sofrem com sequelas, como incapacitação física, devido à imprudência no trânsito e acidentes domésticos, foram um ponto emocionante da visita. Essa experiência, sem dúvida, irá conscientizar e provocar a mudança de atitude desses alunos. impressão Pedagógica [ 17 ] [ conveniadas ] A forma de pensar e agir em relação ao nosso papel individual e coletivo no futuro do planeta e da humanidade passa por profundas transformações. O avanço na conscientização é inegável, porém ainda temos um longo caminho a percorrer. No Encontro Temático 2010, o Grupo Expoente propõe Por Um Mundo Melhor - Um Novo Olhar como tema de reflexão. O evento oferece a oportunidade da discussão dos temas mais relevantes do Poli, gerente do Centro de Excelência em Educação Expoente (CEEE). Um dos desafios desta edição é influenciar e modificar a forma de pensar das pessoas em relação ao consumo, tendo em vista os limites ecológicos da Terra. O ciclo de palestras e oficinas promove a troca de experiências e a partilha de saberes, que consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, o papel do formador e do formando. São reflexões e questionamentos para que educadores e gestores sejam os agentes aceleradores dessa transformação. momento sob uma perspectiva crítico-reflexiva, e a oportunidade de aprimoramento profissional a Programação - Encontros Temáticos 2010 professores, coordenadores e VI Encontro Temático Expoente de Curitiba 24 de abril gestores das escolas conveniadas. VI Encontro Temático Expoente de Fortaleza 15 de maio V Encontro Temático Expoente de Recife 22 de maio IX Encontro Temático Expoente de São Paulo 29 de maio consequências diretas na nossa VI Encontro Temático Expoente de Goiânia 14 de agosto vida. Somente mudando conceitos, VI Encontro Temático Expoente do Rio de Janeiro 21 de agosto “Precisamos rever e ampliar o nosso olhar sobre as conexões dos acontecimentos globais e suas mudaremos atitudes”, afirma Sandra [ 18 ] impressão Pedagógica [ enem ] Formação escolar substitui decoreba Material Didático do Sistema de Ensino Expoente contextualiza e correlaciona as disciplinas, preparando o aluno para os novos formatos de provas de seleção Fraude, investigação da Polícia Federal, alteração de data, seleção unificada... A 11ª edição do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi destaque, nem sempre positivo, nos noticiários. Polêmicas à parte, a mudança no formato da prova reforça o fim da segmentação do conhecimento em nome da interdisciplinaridade e do espírito crítico. Segundo o MEC, a reformulação busca trocar o “acúmulo excessivo de conteúdo” pela “solução de problemas”. A proposta do chamado “novo Enem” não é novidade para as escolas conveniadas ao Sistema de Ensino Expoente. Há 15 anos, o material didático é voltado ao modelo construtivista-interacionista, que trata o aluno como sujeito ativo do seu processo de aprendizagem. “A prova da forma como foi concebida, dividida em áreas de conhecimento, é fácil de entender e de responder. Cobra raciocínio e vivência e descarta a prática da decoreba”, afirma Renaldo Franque, diretor do Colégio Expoente Comendador Araújo, em Curitiba (PR). O desempenho do aluno no Enem será cada vez mais resultado de sua experiência escolar e formação, e cada vez menos do treino de última hora. Oitenta por cento do conteúdo cobrado na prova do MEC são contemplados no material didático Expoente de 1ª e 2ª séries do Ensino Médio e apenas 20% na terceira série. “Não tive dificuldade com o conteúdo, nem com a interpretação das questões, pois sempre estudei nesse formato crítico. O pior foi a quantidade de perguntas e a duração da prova, que se torna muito cansativa”, relata Larissa Schraier, aluna do Expoente, que prestou o Enem 2009 na época em que terminava o segunda série do Ensino Médio. Enquanto 50% dos estudantes do país não atingiram a média de 500 pontos sugerida pelo MEC, ela chegou aos 690 pontos. Aplicação e contextualização “No nosso material didático, a divisão entre as matérias impressão Pedagógica [ 19 ] (Português, História, Matemática) existe unicamente para situar os alunos. Mas, na prática, os temas já estão correlacionados e contextualizados. Eles conversam entre si,” explica Renaldo. Fotos, quadrinhos, tabelas e notícias complementam e contextualizam as informações contidas no material didático. Toda a seleção de testes é voltada para questões dos vestibulares que já seguem a linha interpretativa, como UFRJ, UEM, Fuvest, UFPR, entre outras. “Nem sempre as conexões entre as disciplinas são explícitas, mas elas estão presentes para que o aluno as identifique”, explica Edgar da Silva, consultor pedagógico e professor de Robótica do Expoente. Mas, antes do aluno, defende Edgar, o professor precisa enxergar e se dedicar à aplicação e contextualização da sua disciplina no dia-a-dia. “Eu leciono há 12 anos, e ainda passo várias noites preparando as minhas aulas, com situações que vi ou vivi naquele dia. Com todo o material que possuo, poderia ficar meses sem preparar nada, mas a atualização se transforma em hábito.” Ele destaca também a importância das atividades práticas exercidas desde a infância: “Eu leciono Robótica para alunos do 3º ano do Ensino Fundamental. Em uma das aulas, sobre o tema Meios de Transporte, eles construíram helicópteros de sucata. Alguns usaram hélices maiores, outros menores. E ao verem a diferença de vôo dos dois modelos, aprenderam implicitamente as condições de equilíbrio da Física, sem falar em nenhuma teoria. Essa é uma lição que eles nunca mais vão esquecer”. “Para um aluno ir bem, o professor precisa despertar o interesse dele sobre o assunto. Depois disso, a gente mesmo vai atrás de mais informações na internet, nos jornais, etc.”, afirma Larissa. A faísca do interesse pode surgir em debates, pesquisas e na produção de textos, por exemplo. Dessa forma, o aluno consegue convencer-se da importância desse conhecimento. “Em algumas disciplinas, como Física e Química, ainda existe uma herança de imagem negativa. As médias são sempre baixíssimas, um sinal de que o aluno não entende por que precisa estudar aquilo. O professor precisa trabalhar com a visualização e com a contextualização do conhecimento”, afirma Edgar. A uniformidade no desempenho nas quatro áreas de conhecimento (linguagens, ciências humanas, ciências da natureza e matemática) pode ser a diferença para garantir uma vaga no ensino superior, já que a nota do Enem passou a ser usada para a seleção em algumas universidades federais, além de ser parte do critério para distribuição das bolsas de estudo no Programa Universidade para Todos (ProUni). Renaldo ressalta que a aparente facilidade da prova elevou o nível de disputa. “Até o ano passado, por exemplo, alunos com nota acima de 5 eram facilmente aprovados nos cursos de Engenharia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Em 2010, a nota de corte no Sisu passou para 7,5, em virtude da concorrência com candidatos do Brasil inteiro”. O Sistema de Seleção Unificada (SISU) é responsável por boa parte da controvérsia em torno do Enem. Pela internet, os alunos candidataram-se gratuitamente a uma das 47,9 mil vagas em cursos superiores de todo o país, usando somente a nota da prova como critério. Nesta primeira edição, 51 instituições participaram da seleção unificada. Os críticos à proposta do MEC alegam a perda da identidade regional das provas. Além disso, O educador precisa mostrar a aplicação do conteúdo no dia-a-dia, com atividades práticas [ 20 ] impressão Pedagógica Metade dos alunos brasileiros não atingiu a média de 500 pontos, sugerida pelo MEC acreditam que o acesso de alunos do Brasil inteiro às mesmas vagas pode prejudicar os estudantes de determinadas regiões. Para os defensores, o ponto forte é justamente a vantagem econômica e logística do processo para o aluno, afinal ele não precisa mais sair de sua cidade para concorrer às vagas. Aplicação e logística O ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou que o Enem 2010 será aplicado em novembro, portanto após o segundo turno das eleições presidenciais, em 31 de outubro. Com isso, o governo federal espera minimizar os riscos de uso político de uma eventual fraude no exame. A preocupação é legítima, pois mais de 4 milhões de estudantes foram prejudicados pela alteração da data do Enem no ano passado, após o vazamento da prova – que foi oferecida para a imprensa em troca de dinheiro. O caso continua sendo investigado pela Polícia Federal, e cinco suspeitos foram indiciados. “Nos Estados Unidos e na Europa, esse modelo de avaliação é utilizado há décadas e não há falhas no sistema. No Brasil, ainda estamos muito no início do processo, esta é 11ª edição, a primeira no novo formato. Acredito que a tendência do Enem é crescer em credibilidade e consolidar-se”, afirma Renaldo. Professores e Enem Educação Expoente (CEEE) sobre como os Acompanhe as dicas do Centro de Excelência em didático: professores podem potencializar o uso do material sala de aula, desde eventos sociais e políticos, • Esteja atualizado – Use temas dos noticiários na até os da natureza, como terremotos e tsunamis; ssores para elaborar questões • Faça provas em conjunto – Junte-se a outros profe contextualizadas e interdisciplinares; o mesmo tema dentro da sua disciplina, o • Use o tema do ano – Se cada professor trabalhar estão interligados; aluno consegue perceber como todos os assuntos ulares e até mesmo no Enem, mas tendem a • Evite pegadinhas – Elas ainda existem nos vestib elas não valem a pena; diminuir. A preocupação e o tempo que se perde com ção do conhecimento, o aluno se torna mais • Faça atividades práticas – Ao visualizar a aplica receptivo; e faça os alunos buscarem informações pró e • Promova debates – Aproveite temas do dia a dia, contra determinados assuntos. impressão Pedagógica [ 21 ] [ fique por dentro ] Lançamento Musical O ano de 2011 é a data limite estabelecida pela Lei 11.769 para a inclusão do ensino musical nos currículos do Ensino Fundamental e Médio das escolas brasileiras. O Expoente disponibiliza os livros “Coleção História da Música Volume I e II” e “Desvendando a Orquestra – Formando Plateias do Futuro”, comercializados diretamente com os educadores e com as escolas públicas e privadas. A coleção História da Música é formada por dois volumes: A Música e sua relação com outras Artes e Os Instrumentos Musicais. O primeiro apresenta a história da música clássica ocidental até o século XXI e sua relação com outras artes. O segundo enfoca a evolução histórica da orquestra, o ritual universal do concerto, a importância do maestro, e todos os instrumentos que compõem uma orquestra. A coleção é acompanhada por um CD com pequenos trechos musicais didáticos, e traz ainda atividades, curiosidades e indicação de sites. “Desvendando a Orquestra – Formando Plateias do Futuro” é voltado às crianças, tem ilustrações coloridas e a participação de três personagens: Chiquinha (homenagem à Chiquinha Gonzaga), Villinha (homenagem a Villa-Lobos) e Mozart (homenagem ao gênio da música). Além das informações do livro, um CD com jogos, palavras cruzadas e sons acompanha o material, junto com uma minibatuta. Expoente na Feira do Saber Entre os dias 16 e 18 de setembro, o Grupo Expoente participa de um dos maiores eventos educacionais do país - o 14o Congresso e Feira Saber, que será realizado no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo (SP). Em um espaço de 4 mil metros quadrados, com nove auditórios destinados a palestras, mesas de debate, workshops e oficinas, a Feira Saber reúne produtos e serviços do mercado educacional. A expectativa dos organizadores é de superar os números da edição de 2009, que teve 60 expositores e mais de 30 mil visitantes. [ 22 ] impressão Pedagógica [ fique por dentro ] Robótica Educacional A robótica na educação é um fantástico instrumento para inovar o método de trabalho do professor, possibilitando uma nova aprendizagem lúdica, interatividade e troca de experiências. O aluno passa a ser um construtor de seu próprio conhecimento. A Robótica Educacional nada mais é do que a caracterização de ambientes de aprendizagem que reúnem materiais de sucata compostos por peças diversas, entre os quais motores e sensores controláveis por computador e softwares que permitem programar, de alguma forma, o funcionamento de modelos. O Grupo Expoente oferece, com exclusividade, Soluções Educacionais de Robótica, desenvolvidas por uma equipe técnica pedagógica. O projeto, comercializado para escolas públicas ou privadas, contempla: Aquisição de Kits de Robótica, Software e Formação de Professores conforme a necessidade de cada cliente. Trata-se de uma inovação de mercado que cria uma nova dimensão à tarefa de ensinar, incentivando a participação das escolas, dos educadores e dos alunos de forma ativa no processo de qualificação da aprendizagem e promovendo um grande desenvolvimento na relação interpessoal, além de constituir uma ferramenta interdisciplinar. Revista do Como complemento ao Expodicas, material de apoio que reforça os assuntos mais importantes das disciplinas do Pré-Vestibular, o Expoente oferece também a Revista do Vestiba, disponível exclusivamente no portal Escola Interativa. Trata-se de um espaço virtual, com dicas, resultados de vestibulares e gabaritos comentados, podendo ser usado por alunos e professores. As últimas provas e resultados do Enem 2009 podem ser consultadas com um clique. No simulado virtual, o aluno escolhe a matéria, o número de questões e acompanha a correção com comentários. A Revista do Vestiba é um guia indispensável na preparação dos alunos do Ensino Médio. Vestiba impressão Pedagógica [ 23 ] [ saúde ] Prevenção e controle da Influenza A H1N1 Governo Federal recomenda prevenção como principal medida nas escolas contra novo surto de gripe. Também é preciso saber identificar os casos suspeitos e agir rapidamente No último inverno, o surto da Influenza A H1N1 gerou pânico entre pais e educadores pela falta de conhecimento e informações. Recesso, alteração no calendário escolar, alunos sem sair de casa e reposição de aulas no final do ano [ 24 ] impressão Pedagógica foram apenas alguns dos efeitos para as escolas. Agora, o governo aposta na prevenção, com campanhas informativas e de vacinação antes da chegada do período crítico. Também foram realizados encontros regionais e reuniões para estabelecer as medidas de combate em conjunto com as instituições de ensino. O Grupo Expoente participou da Audiência Pública de Vigilância Sanitária, promovida pelo Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (SINEPE) e pela Prefeitura Municipal de Curitiba, que definiu as principais medidas a serem adotadas na prevenção e controle da circulação do vírus. Cabe aos educadores e responsáveis promover as ações de higiene, repassar informações sobre a doença, conhecer as medidas de prevenção e saber como agir diante de casos suspeitos. Cartazes, fôlderes, notícias, filmes e áudios que podem ser utilizados pelas escolas estão à disposição no site www.vacinacaoinfluenza.com.br. Outra forma de conscientização é o desenvolvimento de atividades pedagógicas com os alunos, para que eles se tornem repassadores de conhecimento aos pais e à comunidade. Peças da campanha de prevenção estão no site www.vacinacaoinfluenza.com.br Para facilitar a identificação de casos suspeitos, aconselha-se que um responsável acompanhe a rotina diária de chegada dos alunos em cada turno. Alunos com tosse, olhos vermelhos, febre e dor de garganta durante o período de aulas devem ser mantidos afastados dos colegas, preferencialmente usando máscara cirúrgica descartável, até a chegada dos pais. Um alerta – a escola deve notificar imediatamente a Unidade de Saúde mais próxima se houver três ou mais casos de gripe ao mesmo tempo na mesma sala. Se a doença for confirmada, a criança deve ficar afastada da escola por um período mínimo de 14 dias do início dos sintomas e adultos, 7 dias. Vacinação O fato de crianças e adolescente entre 2 e 19 anos não aparecerem na lista de vacinação do governo gerou muita reclamação e questionamentos dos pais. O Ministério da Saúde afirma que as pessoas entre 20 e 49 anos foram as mais atingidas em quantidade e índice de mortalidade, por isso se tornaram o grupo prioritário. Mas, caso a situação epidemiológica no país se altere, e se houver disponibilidade de vacina, as crianças podem ser incluídas na campanha de vacinação. Enquanto isso, muitos pais procuram pela vacina em clínicas particulares. A orientação do governo em relação à vacinação em clínicas particulares segue uma portaria da Anvisa, de 2000. Nenhum estabelecimento privado de vacinação pode funcionar sem licença sanitária e sem responsável técnico (médico). Os estabelecimentos de ensino podem disponibilizar vacinas aos alunos, professores ou trabalhadores, dentro das dependências da escola, somente com a liberação da autoridade sanitária competente e com a contratação de clínica com licença específica para atuação externa. É absolutamente proibido comprar ou aplicar, por conta própria, qualquer tipo de vacina adquirida diretamente em farmácias, distribuidores ou fabricantes. Ações de prevenção na escola • Instalar porta-copos junto aos bebedouros, para evitar o contato da boca com o bico ejetor d´água; • Disponibilizar álcool em gel na entrada dos ambientes; • Realizar a limpeza adequada das mesas e carteiras; • Preparar palestras de esclarecimento a professores e funcionários; • Utilizar os materiais de campanha do Ministério da Saúde na escola; • Praticar ações diretas com os pais e alunos. impressão Pedagógica [ 25 ] [ artigo ] Práticas Avaliativas Ferramenta como de Inclusão Liliane Aparecida dos Santos Dutra* O sociólogo suíço Philippe Perrenoud, nas suas incansáveis buscas à procura de uma saída, provou que “o fracasso não é a simples tradução lógica de desigualdades reais. O fracasso é, assim, um julgamento institucional”. A prova está presente na maioria de nossas escolas, no entanto, nos dados estatísticos sobre a educação brasileira o ensino está muito abaixo do nível ideal de proficiência. Então para que prova? São muitas as incoerências do do a Caminho ca da Escol aduada em gi gó da pe gr *Diretora ei (MG), é e João Del R pedagogia, Sol, de São s-graduada em Psico o da UFSJ. pó çã , ca ia Pedagog do em Edu al do Mestra aluna especi sistema avaliativo, apenas para mostrar números. A avaliação é pensada sem levar em conta a realidade da comunidade escolar. Avalia-se o aluno sem considerar a sociedade em que ele vive, transfigurada por problemas familiares, econômicos e sociais. Qual o perfil do [ 26 ] impressão Pedagógica educador que temos? Cumpridor do calendário escolar, passivo, desatualizado? Qual o perfil do educador que necessitamos? Essa é uma questão a ser posta. A escola, ao contrário do que se prega, não consegue criar um espaço efetivamente formativo para seus alunos; um espaço inclusivo, que consiga cumprir a sua função social. Para criar uma nova cultura de avaliação, ajustes precisam ser promovidos, e mais práticas pedagógicas desenvolvidas nos estabelecimentos de ensino. Reavaliar seus métodos e repensar o ato de avaliar torna-se necessário aos profissionais da educação em exercício. Nas últimas décadas a experiência que o país vive no campo educacional mostra a importância de avaliar a curto, médio e longo prazo. Entretanto a avaliação suscita muitas discussões e polêmicas, assim como uma grande dificuldade da escola em estabelecer parâmetros para sua implementação. Uma das consequências desse fenômeno são as “provas”, até hoje aplicadas, e o tradicional modelo de avaliar que continua prevalecendo em muitas escolas brasileiras, onde o processo de ensino resume-se à tarefa de mera transmissão de conteúdo, sobrecarregando o aluno com prática de “decorebas”. A defesa de uma nova forma de avaliação tem sido um tema largamente divulgado nos últimos anos por renomados pesquisadores; mas devido a vários fatores, como o tempo para tomada de decisão e a complexidade da legislação, a avaliação da aprendizagem escolar hoje praticada acaba por causar consequências que são decisivas nos resultados e na obtenção de êxito ou insucesso. Mas aplicações práticas dessa nova postura de avaliação exigem das escolas e dos professores a clareza de como o trabalho docente pode prestar um efetivo serviço à população que mais necessita. O respeito ao saber sistematizado, aos conteúdos a serem assimilados, assim como a uma recolocação de práticas pedagógicas, deve ser voltado para respostas às exigências profissionais, políticas e culturais postas por uma sociedade que ainda não alcançou a democracia plena. Os atores sociais mudaram, a hipermodernidade os influenciou radicalmente, e ainda assim a avaliação educacional continua sendo um processo equivocado e descontextualizado, que não deve, porém, ser encarado como um problema sem solução, e sim como uma solução extremamente viável e libertadora. Atualmente o sistema de avaliação instituído no Brasil descarta uma cultura pedagógica historicamente construída pelo coletivo de educadores e, enfatizando o seu aspecto meramente técnico, reduz esse processo a um complexo de números, quadros, médias, contribuindo com isso para que o prazer de aprender desapareça. A avaliação pode servir, ainda, para minimizar impasses no ambiente escolar, servindo de subsídio para a solução de problemas e semeando uma nova consciência que possibilite a revisão do plano de ensino e o encaminhamento do trabalho docente para uma Qual o perfil do educador que temos? Cumpridor do calendário escolar, passivo, desatualizado? Qual o perfil do educador que necessitamos? necessidade de se fazer anotações para acompanhar efetivamente o progresso. Os autores mencionados apontam para um processo de avaliação como maneira de organizar o ensino e subsidiar novas políticas de gestão de conhecimento. Contudo a escola convive, ainda, com um grande impasse entre a prática desejável e a realizada, pois enfrenta uma rotina pesada de cobranças externas e internas, além de contar com a alta rotatividade de professores. Propiciar momentos de estudo com os professores dentro do ambiente escolar é uma das atividades primordiais. A finalidade desses estudos deve ser o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos professores em suas habilidades em avaliar, renovando conhecimentos, repensando a sua prática avaliativa e buscando novas metodologias de trabalho voltadas para as necessidades da comunidade. direção mais adequada, correta e mais humana. O ato de avaliar não deve ser uma tarefa exclusiva dos professores. Essa atividade pode ser partilhada entre pais, alunos e outros profissionais da educação. O entendimento do conceito de avaliação deve estar de acordo com as grandes concepções de transformações da ciência. A prática de avaliar deve estar voltada para um novo paradigma educacional, uma prática voltada para a qualidade do conhecimento e também para a construção de um conhecimento emancipatório. A prova não deve ser aplicada, conforme alerta o Mestre em Didática das Ciências, Vasco Moretto, como acerto de conta. Ele defende que “a avaliação da aprendizagem precisa ser coerente com a forma de ensinar. Se a abordagem no ensino for dentro dos princípios da construção do conhecimento, a avaliação da aprendizagem seguirá a mesma orientação”. A Mestra em Educação e Avaliação Jussara Hoffmann sugere cuidados ao avaliar para não amputar o crescimento e a autonomia dos aprendizes e fala da impressão Pedagógica [ 27 ] [ salada cultural ] A sala depelo aula olhar sétima arte da A Corrente do Bem No primeiro dia de aula do ano, sem grandes expectativas, o professor de Estudos Sociais Eugene Simonet (Kev in Spacey, vencedor do Oscar de Mel hor Ator por Beleza Americana) sugere que os alunos pensem em um projeto para mudar o mundo na prática. O que ele não esperava é que o estudante Trev or Mckinney (Haley Joel Osment) levasse a tarefa a sério. Dessa forma, surge a ideia da corrente do bem: faça por alguém algo que ele não pode fazer por si mesmo; faça o bem para três pessoas; e peça aos três que ajudem outras três pessoas. Assim, a corrente cresce em progressão geométrica, de três para nove, de nov e para vinte e sete, e assim por diante. O filme mostra que as pequenas ações podem sim transformar nosso mundo. A Corrente do Bem (Pay it Forwar d) EUA, 2000 Duração/Gênero: 122 min, Drama - Direção: Mimi Leder Nenhum a menos Wei Minzhi tem apenas 13 anos e se torna professora substituta da escola de seu vilarejo na China. O professor titular teve que viajar para ajudar a mãe doente. Antes de partir, ele recomenda à garota que não deixe nenhum aluno abandonar a escola durante sua ausência. Mesmo perdida em meio aos alunos, a menina não esquece a recomendação do professor. Quando descobre que um garoto desapareceu da escola, e foi em direção à cidade em busca de emprego, para ajudar no sustento da família, inicia uma jornada incansável para trazê-lo de volta à sala de aula. Filme premiado no Festival de Veneza. Nenhum a Menos (Not one less) China, 1999 Duração/Gênero: 106 min, Drama - Direção: Zhang Yimou Glossário do Aluno A-J Para falar a língua dos alunos, o professor precisa conhecer os temas e ídolos do momento Anime – refere-se aos desenhos animados feitos em geral no Japão. Os personagens são caracterizados por olhos muito grandes. Podem ter o gênero de comédia, terror, drama ou ficção científica. [ 28 ] impressão Pedagógica Bella – personagem fictícia da série Crepúsculo, da escritora americana Stephenie Meyer, que se envolve numa trama com vampiros e outras criaturas. Interpretada pela atriz Kristen Stewart. educação retratada literatura A pela Clube do Filme crítico de Jesse, de 15 anos, o professor e Cansado das reclamações do filho ola com esc a se o adolescente abandonas cinema David Gilmour permitiu que a mic por semana ao lado do pai. A polê uma condição – assistir três filmes pai biográfica. O livro mostra como o história do “Clube do Filme” é auto tos, em Jun a. dox orto co filho, de maneira pou consegue cuidar da formação do velo, coto de dor sobre mulheres, música, constante diálogo, eles aprendem asobr s As lições saem da mais variada trabalho, drogas, amor e amizade. inado, até Vida, Os Reis do Iê, Iê, Iê, O Ilum primas da sétima arte, de A Doce o cinema. anos, Jesse escreve roteiros para O Poderoso Chefão. Hoje, aos 22 ca Gilmour - Editora - Intrínse Clube do Filme - Autor – David Entre os Muros da Escola Narrado do ponto de vista de um jovem professor de francês, o livro mostra sua relação com uma turma desinte ressada e que não faz questão de coo per ar com a aula. A classe representa um mic rocosmo da França, com mistura s étnicas e choque entre diferentes cultura s. O idioma lecionado se torna um dos motivos de conflito, principalmente porque diversos alunos são provenient es de outros países, colônias francesas ou não. O retr ato do comportamento dos ado lescentes nas escolas e dos professores den tro da sala de aula foi transforma do em filme, que ganhou a Palma de Ouro no Fes tival de Cannes e foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Uma curiosi dade - Quem faz o papel do pro fessor é o autor do livro Fra nçois Bégaudeau. Entre os Muros da Escola Autor – François Bégaudeau - Editora – Martins Cine – banda paulista, considerada a grande revelação de 2009 pelo Vídeo Music Brasil, premiação da MTV, e pelo Prêmio Multishow. O clipe da música “Garota Radical” já foi visto no Youtube mais de 5 milhões de vezes. Habbo Hotel – jogo virtual que virou febre entre os jovens. Cada usuário tem um avatar (uma versão de si mesmo) que passeia pelos espaços do hotel, compra e troca móveis virtuais adquiridos com dinheiro real. Um dos objetivos é ganhar status ao interagir com o maior número de pessoas. Eragon – Filme adaptado do livro de Christopher Paolini. Um garoto órfão, Eragon encontra uma pedra azul e descobre que se trata do último ovo de dragão. Ele se torna um cavaleiro e luta ao lado do dragão Saphira contra o mal. Justin Drew Bieber - cantor pop canadense, de 16 anos, que é considerado pela revista Celebuzz um dos 10 maiores artistas revelados pelo Youtube da década. impressão Pedagógica [ 29 ] nal 21ª Bie nal do Internacio Livro de Educasul 2010 [ 30 ] impressão impressão Pedagógica Pedagógica O evento, que acontece em Florianópolis ser o ponto (SC), de 21 a 23 de julho, se propõe a jam de encontro para educadores que dese da participar do processo de transformação a deste tem educação e da sociedade brasileira. O na ano é “Lugares e Desafios da Docência site Educação Básica”. Inscrições on-line no fone: (48) www.educasul.com.br, informações pelo 3028-2004. CONGRESSOS Com o tema Energia e Meio Ambien te – Soluções para o Futuro, a premia ção distribui R$ 150 mil entre cinco categorias, incluind o R$ 30 mil para a instituição de ensino com o maior número de trabalhos com mérito científico inscritos. O público-alvo é constituído por jovens estudantes que criam alternativas para diminuir os impacto s ambientais causados pelo uso de diferentes fontes de energia. As inscrições são feitas pela Interne t, no site www.jovemcientista.cnpq.br, até 30 de junho. FEIRAS Prêmio Jovem Cientista PRÊMIOS São Paulo de De 12 a 22 de agosto, o Pavilhão lo Pau Exposições do Anhembi, em São das o ontr (SP), torna-se palco de enc idoras principais editoras, livrarias e distribu ates em do país. O público participa de deb Café espaços como o Salão de Ideias, a Par Literário e Fala Professor. acesse o acompanhar a programação 2010 site www.bienaldolivrosp.com.br. EVENTOS [ agenda ]
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