Arquivos de Fisioterapia - V.1 - Nº2
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Arquivos de Fisioterapia - V.1 - Nº2
Volume – 1 Número – 2 Setembro de 2006 AArrqquuiivvooss ddee FFiissiiootteerraappiiaa Editorial O Editor - Luís Ev a Ferreira Na hora em que editamos este nosso seguindo número, tem já o nosso 1º uma tiragem oficiosa de mais de três milhares de exemplares. Teoricamente existe, distribuído, um exemplar deste nosso número por cada fisioterapeuta em Portugal! É pois com grande satisfação que vos disponibilizamos agora a informação de que os acessos aos artigos desse primeiro número superaram as nossas melhores expectativas. Um muito obrigado por isso aos responsáveis pelo sucesso, os nossos autores e leitores. Acabado que está este sumário balanço, impõem-se redigir algumas linhas sobre o presente número. Sem pretender fazer aqui a apologia de qualquer matéria em especial, cremos ter encontrado um equilíbrio entre estas matérias agora publicadas e as do nosso primeiro número. Desde os fisioterapeutas até à remota ultrasonoterapia passando pelas sempre indispensáveis escalas e pelas novas abordagens terapêuticas, de abordagem incontornável pelo fisioterapeuta, como a TB-A, se completa a esta edição. Fazendo jus à nossa transversalidade iniciamos, neste número, uma nova rubrica, ““N”- Reflexões”, uma intervenção técnica dirigida aos aspectos não clínicos da nossa profissão. A vertente plástica da AF traz-nos agora, na capa, mais uma fotografia da colega Lúcia Pedrosa, a quem de novo agradecemos a disponibilidade. A todos os colegas fica o repto: da vossa criatividade, enviem-nos as vossas “imagens”, “desenhos”, “fotografias” para as nossas futuras capas e Galeria. Certos de que vamos, mais uma vez, ser lidos com rigor e sentido crítico, aguardamos a vossa visita, as vossas notícias bem como os vossos artigos para os nossos próximos números. A Fisioterapia em Portugal precisa, e merece, que o nosso trabalhos seja lido e discutido, e para esse efeito disponibilizamos desde já as nossas páginas. A todos uma boa leitura. O Editor Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página I AArrqquuiivvooss ddee FFiissiiootteerraappiiaa Nota aos Autores e Leitores Como é sabido, pois está na nossa Carta de Intenções, a propriedade dos artigos publicados pela Arquivos de Fisioterapia (AF) permanece dos seus autores. Nesta filosofia de Imprensa de Acesso Livre (permita-se esta “tradução livre” do conceito), os autores concedem à AF apenas a autorização para publicar, guardar, distribuir na íntegra ou em parte, os seus artigos. Assim fazemos notar que, ainda que sendo nós uma fonte para a recolha dessas peças, os seus autores, e não só a AF, devem ser sempre contactados quando estiver em causa a utilização das suas matérias, textos, imagens ou outros elementos, Por outro lado, é sabido que a qualidade e utilidade dos artigos se encontra no local, forma e número de vezes que são citados. Nesse intuito está já ao dispor de todos, Autores e Leitores, na nossa página de Internet um formulário de preenchimento online, para que possam ser averbadas as informações referentes às citações dos nossos artigos. Assim podemos simultaneamente, enriquecer o curriculum da comunidade, “completar” os temas por nós publicados e fornecer aos leitores artigos relacionados com os assuntos tratados. Por isso pedimos a todos para que nos informem, através da www.afisioterapia.com, sempre que no decurso dos vossos trabalhos citem os artigos da AF. Só assim podemos construir bases sólidas e credíveis de conhecimento. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página II AArrqquuiivvooss ddee FFiissiiootteerraappiiaa Director: Luís Eva Ferreira Editor: Luís Eva Ferreira Editores Adjuntos: João Brites de Sousa Paulo Gaspar Acessoria de Edição: SFC - Consultores Colaboradores: Fátima Belo; Lúcia Pedrosa; José Mata; Marta Freitas; Ana Ferreira; Paulo Geraldo; Manuela Nogueira; Susana Simão; Luís C. Pereira; Leonor Madureira; Ana Santos Francisco; Elsa Silva, Isabel Coutinho. Endereços: Rua Prof. Fernando Gonçalves da Silva, nº 3, 2300-398 Tomar www.afisioterapia.com [email protected] [email protected] Tiragem 1000 exemplares Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página III AArrqquuiivvooss ddee FFiissiiootteerraappiiaa Páginas Editorial I Nota aos Autores e Leitores II Ficha Técnica III Índice 1 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses 2 - 13 Emanuel V.; Carla B.; Cristina G.; Isabel M. Ultra-som e Meios de Contacto: Medição das Condutibilidades Específicas 14 - 22 Ferreira, L.; Stattmiler,C.; Belo,F.; Pinheiro, H.; Pedrosa, L.; Gaspar,P.; Coutinho, I.; Dias, N. Publirreportagem Terapia com Ondas de Choque 23 - 26 Palma, E. - Sorisa 27 - 45 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos Rito, M. Fisioterapia e Toxina Botulínica do Tipo A 46 - 53 Casaca, I. “N”- Reflexões - Trabalho ou Profissão? 54 - 56 Eva-Ferreira, A. Índice de Anunciantes Arquivos de Fisioterapia 57 Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 1 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses Emanuel V.; Carla B.; Cristina G.; Isabel M. Autores - Vital, Emanuel Fisioterapeuta - Baltazar, C.arla Fisioterapeuta - Gavinho, Cristina Fisioterapeuta - Isabel, Mendes Fisioterapeuta RESUMO: Enquadramento: Identificar o projecto profissional dos fisioterapeutas portugueses releva-se pertinente e de especial importância num momento social de mudança nas políticas de saúde. O estudo do posicionamento daquele grupo profissional, no quadro social de divisão de trabalho das profissões da saúde, permitirá vislumbrar o jogo de forças e interesses que vários actores sociais estão a desenvolver no sentido de manter ou ganhar dominância neste campo do mercado de trabalho. Objectivos: Analisar o processo de profissionalização dos fisioterapeutas portugueses no contexto das profissões da saúde. Materiais e Métodos: Estudo de caso através da observação fenomenológica e pesquisa bibliográfica. Resultados: Este grupo ocupacional está associado a um papel de subordinação ao médico na divisão de trabalho na área da saúde. Observa-se uma evolução nos serviços prestados, reveladora de uma tendência para um crescente grau de autonomia. Registam-se pressões formais no sentido “profissionalizante” a nível corporativo e institucional. Notam-se, igualmente, pressões formais e informais por parte de grupos profissionais dominantes, no sentido “desprofissionalizante”. O Estado e os utentes destes serviços partilham responsabilidades no status quo. Discussão e Conclusões: As alterações ao nível da formação poderão potenciar o desenvolvimento do projecto profissional dos fisioterapeutas portugueses. Apesar de se registar alguma evolução, replicando trajectos verificados noutros países e contextos sociais, não é possível determinar o ritmo a que este grupo profissional poderá vir a aceder a um estatuto social de paridade com outras profissões estabelecidas, devido à influência que grupos profissionais dominantes exercem no contexto político e social. Palavras Chave: Profissionalização; Fisioterapeutas; Portugal. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006 , Página 2 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses componentes de regulação política, social e Introdução O discurso político dos grupos económica completam a abordagem. profissionais estabelecidos, ou daqueles que procuram estabelecer-se no mercado de trabalho, recorre a argumentos que têm a sua base numa ideologia de profissionalismo Objectivos Este processo estudo de pretende analisar profissionalização o dos (Rodrigues, 1997) visando reclamar para si um fisioterapeutas portugueses no contexto das estatuto social ímpar. Esta ideologia de profissões da saúde profissionalismo surge e/ou é reforçada em determinadas circunstâncias e reflecte a tomada de consciência profissional desses grupos ocupacionais. Material e Métodos Para a elaboração do presente trabalho procedeu-se à recolha e tratamento dos dados O estatuto social de determinado grupo que resultam da observação dos fenómenos profissional ou, se quisermos, o seu processo reais, e da pesquisa bibliográfica em vasta de profissionalização, ultrapassa, no entanto, legislação e outras fontes documentais. A os seus traços “funcionais” ou as suas partir do cruzamento das várias fontes de circunstanciais informação, procurou-se definir o trajecto “tomadas de consciência profissional”. Numa efectuado pelos fisioterapeutas portugueses, perspectiva sociológica, a abordando os traços ou características que profissionalização de um grupo ocupacional aquele grupo reclama possuir e identificando dependerá, acima de tudo, quer da negociação as circunstâncias em que se registaram os da divisão do trabalho, quer da criação de saltos de percurso. Os dados recolhidos foram espaços próprios no mercado de trabalho, analisados conquistado pela influência desse grupo e dos integradora e são apresentados de modo a seus membros enquanto actores na cena revelar a dinâmica relativa ao processo de social (Paradeise, 1988). Para a compreensão obtenção do estatuto de profissão numa abordagem descritiva da situação actual do grupo profissional dos fisioterapeutas necessária portugueses uma perspectiva torna-se histórica (Rodrigues, 1997) e uma abordagem que permita, por um lado, identificar os estatutos e Resultados A emergência da Fisioterapia enquanto profissão jogos sociais (McDonald, 1995; Rodrigues, Trata-se aqui de situar, no tempo e no 1997), e, por outro, analisar as condições que contexto, a atribuição oficial de um título permitem às profissões desenvolverem e profissional – fisioterapeuta - a um grupo manterem situações de privilégio e de poder ocupacional. Assim, a Portaria no 22034, de 4 (Carapinheiro, 1994; Freidson, 1998). As de Junho de 1966, introduz oficialmente o título profissional de “fisioterapeuta”, a que passaram a ter acesso os diplomados pela Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006 , Página 3 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses Escola de Reabilitação da Santa Casa da momento, a procurar situar o estatuto social Misericórdia de Lisboa (SCML) A atribuição do fisioterapeuta! deste título foi estendida a todos os indivíduos que tiveram aprovação final nos Cursos de A evolução dos Fisioterapeutas em Reabilitação que a SCML vinha realizando Portugal desde 1957. Deste modo, os primeiros fisioterapeutas portugueses surgiram com os cursos iniciados em 1957. Este facto decorreu da necessidade de, conforme refere o preâmbulo do citado documento legal, “formar adequadamente pessoal técnico especializado”, permitindo servir o propósito de rentabilizar as estruturas a desenvolver no “Plano Nacional de Serviços de Reabilitação”, que iria surgir no “esforço de unidade nacional” para dar resposta às necessidades criadas pela “guerra do ultramar”. A habilitação mínima para a admissão aos cursos era o antigo sétimo ano dos Liceus – a mesma exigida para o acesso ao ensino superior. Convém, no entanto, referir a existência de cursos iniciados em 1957 e, portanto, anteriores à referida “guerra do ultramar” (Gouveia, 2002). Antes de surgirem os fisioterapeutas titulados, a actividade na área de fisioterapia era desempenhada por outros profissionais e as referências mais antigas reportam a um Diário do Governo de 1901 (No 293 de 27/12/1901). De notar, ainda, que durante alguns anos, na década de 1930, os médicos reclamaram o título de fisioterapeuta, em consequência do Decreto-Lei no 28794, de Julho de 1938, que regulamentava o acesso a funções no âmbito da fisioterapia. Tivessem aqueles apropriado provavelmente, não Arquivos de Fisioterapia o título para estaríamos, si, neste O Processo Educativo O modelo do processo educativo transita sem sobressaltos da década de 60 para os anos 70. A década de 70 assiste a uma transformação social radical com a “Revolução de Abril”, em 1974. No que diz respeito à formação dos fisioterapeutas, assistiu-se a um forte movimento que visava o reconhecimento académico da formação, sendo proposta a sua integração no sistema educativo, ao nível do ensino superior. Foram desenvolvidos contactos com o Ministério da Educação. Este Ministério assumiu protagonismo ao liderar aquele projecto de integração no que seria apoiado pelo Banco Mundial que garantiria a sua viabilidade, conforme é referido no Relatório MCKIE. Entretanto, em Novembro de 1977, o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, do qual a Escola de Reabilitação fazia parte, passou para a tutela da Direcção Geral dos Hospitais (DGH). Este organismo, que era contrário à integração da formação dos fisioterapeutas no nível de ensino superior, inviabilizou aquela mudança. No mesmo ano, ocorreram alterações importantes na carreira dos fisioterapeutas, mas como a regulamentação específica sobre o ensino não foi revogada, mantiveram-se os mesmos níveis de formação. Volume 1, nº2, Ano 2006 , Página 4 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses legais O Relatório MCKIE Pretendendo abrir o ensino superior de para académica a integração no ensino da formação superior, foram, curta duração às profissões da área da saúde, certamente, políticas as razões que naquela o Ministério da Educação convidou, em 1979, data se interpuseram neste processo. um perito britânico, o Prof J. McKie, para Um Passo Atrás avaliar a situação e emitir um parecer. O No início dos anos 80, foi publicada a relatório McKie (McKie, 1979), permitiria Portaria no 709/80 de 23 de Setembro que compreender a situação do ensino dos criou os Centros de Formação de Técnicos fisioterapeutas e revelar a posição antagónica Auxiliares de Diagnóstico e Terapêutica de dos dois ministérios. O relatório concluiria pela Lisboa, Porto e Coimbra, que sucederam aos viabilidade ensino Centros de Formação criados pela Portaria no superior, em moldes que seguiriam o padrão 18523 de 1961. Estes Centros, coordenados de de pelo Departamento dos Recursos Humanos do Reabilitação de Alcoitão, onde fisioterapeutas e Ministério da Saúde, passaram a dar início à outros técnicos eram formados a níveis aceites formação internacionalmente. Este relatório frisava a alterações introduzidas pelo Decreto-Lei no vantagem de serem adoptados padrões de 87/77. Como condição de admissão era formação académica e não de treino técnico, exigido o 9o ano de escolaridade. ensino da implementação ministrado pela do Escola permitindo aos profissionais formados estarem de Do fisioterapeutas, movimento de à luz das protesto ao nível do contexto europeu e preparando-os protagonizado pela Associação Portuguesa de para as constantes mudanças tecnológicas e Fisioterapeutas e pelas suas congéneres de do mercado de emprego. Deste relatório Terapia resultou um Despacho Conjunto dos dois resultaria a publicação do Despacho no 59/80 ministérios envolvidos, que criaria um grupo de de 31 de Dezembro, do Ministro dos Assuntos trabalho encarregue de apresentar um estudo Sociais, que determinou a suspensão da sobre a viabilidade de reconversão dos cursos formação da Escola de Reabilitação de Alcoitão em Ocupacionais e Terapeutas da Fala naqueles cursos de ensino superior de curta duração. Os Centros. Este Despacho não chegou a produzir resultados desse grupo de trabalho nunca efeitos ao nível dos referidos Centros de viriam a ser conhecidos. Formação. A situação não seria objecto de da Fala de e Terapia Fisioterapeutas, Ocupacional, Terapeutas Em 1979, é criado o Ensino Superior qualquer clarificação, dado o abandono do Politécnico e surgem, nos Institutos Superiores ministro da tutela, na sequência da morte do Politécnicos de Lisboa e do Porto, as Escolas então Superiores de Saúde (Decreto-Lei no 513- remodelação governamental. Primeiro Ministro e consequente T/79, de 26 de Dezembro), cuja concretização O Decreto-Lei no 371/82, de 10 de aconteceria, apenas, na década de noventa. Setembro, preconizou a revisão das estruturas Estando reunidas as condições técnicas e de ensino, considerando como fazendo parte Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006 , Página 5 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses integrante do sistema de formação de fisioterapeutas a Escola de Reabilitação de Alcoitão e as Escolas Técnicas dos Serviços de mobilizado em acções de pressão pública, nomeadamente, manifestações de rua. Em 1993, com o Decreto-Lei no Saúde de Lisboa, do Porto e de Coimbra. A 415/93 de 23 de Dezembro, as Escolas estas atribuídas Técnicas dos Serviços de Saúde (ETSS) seriam “desenvolver integradas no sistema educativo nacional. actividades relacionadas com a formação e Seguir-se-iam a Escola de Saúde Militar e a aperfeiçoamento do pessoal técnico auxiliar Escola de Reabilitação de Alcoitão. Escolas foram responsabilidades para dos serviços de saúde” (preâmbulo do DecretoLei no 371/82, de 10 de Setembro). Finalmente, no final do século XX, a pretensão de ser criada uma licenciatura de Em 1985, após demorado processo o raiz foi negada, sendo, contudo, tornado negocial, foi publicado o Decreto-Lei n 384- possível aceder ao grau de licenciatura através B/85, de 30 de Setembro, que extinguiu a de uma formação que seguiria um modelo bi- Carreira de Técnico Auxiliar e criou a Carreira etápico. de Técnico de Diagnóstico e Terapêutica (TDT) Bacharelato foi dada a possibilidade da onde se integraram os fisioterapeutas. Este obtenção do grau de Licenciado. No momento o Após o grau académico de diploma passaria a exigir o 12 ano para presente, e decorrendo da implementação do admissão nos cursos e faria uma revisão “Processo de Bolonha” assinado por 29 países, curricular e do perfil funcional dos respectivos em 1999 está em curso o processo de profissionais. uniformização do ensino superior ao nível do Dois Passos à Frente espaço europeu. Em 1986, a entrada de Portugal na Relativamente ao processo de Comunidade Económica Europeia (CEE), imporia profissionalização, contudo, a influência dos a necessidade de se proceder a ajustamentos níveis de formação académica é relativa. O na área da formação dos fisioterapeutas e dos saber não é poder (Krause, 1988), pois que as TDT, em geral, no respeito pelas Directivas inter-relações entre os vários actores sociais Europeias (Directiva Geral no 89/48 de 21 de também Dezembro de 1988). Foi notória a inércia na contabilizadas naquele processo, tornando-se actualização que pertinente o estudo sociológico das profissões permitissem a integração da formação dos das Tecnologias da Saúde. Debrucemo-nos fisioterapeutas no sistema educativo nacional então sobre este aspecto. dos dispositivos legais influenciam e devem ser ao nível do ensino superior. Tal só foi concretizado 7 anos após a entrada de A Divisão do Trabalho Portugal na CEE, não sem antes, e sobretudo As profissões da saúde surgiram como em 1992, os profissionais, os alunos e os resultado do alargamento do âmbito da docentes medicina (Blane, 1991). Deste modo, foram das várias escolas se terem sendo criadas ocupações para o desempenho Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006 , Página 6 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses de trabalhos menores que não requeriam Reabilitação de Alcoitão), o reduzido número de saberes actividade fisioterapeutas (inferior a 200), um amplo conceptual. Esses grupos de assalariados, espaço no mercado de trabalho e ligações formados as próximas com o poder, em especial com o instituições, ficavam subordinados à profissão Presidente do Conselho do antigo regime, médica. Segundo Freidson, esta dominância podem ter estado na origem da dinâmica médica, assume várias formas (Freidson, profissional que começava a registar-se. diferenciados pelas nem instituições e para de A queda do antigo regime, em 25 de controlar directamente o exercício de outros Abril de 1974, poderá ter causado uma profissionais); a limitação (capacidade de alteração no jogo de influências e ter servido delimitar grupos para o grupo profissional médico reforçar o ocupacionais); e a exclusão (capacidade de seu lugar de destaque. Em consequência desta negar práticas conjuntura foi bloqueado o acesso ao ensino características de grupos ocupacionais). O superior como atrás já referido. Em 1977 foi trabalhador paramédico que resulta desta promulgado o Decreto-Lei no 87/77 de 30 de forma de dominância é uma realidade mais Dezembro, que criou a Carreira dos Técnicos sociológica que técnica (Freidson, 1998). Auxiliares de Diagnóstico e Terapêutica e 1998): a (capacidade subordinação o território legitimidade de de outros certas actividade determinou um retrocesso no processo de daqueles trabalhadores que se desdobram em profissionalização. O título de Fisioterapeuta múltiplos ofícios. O fisioterapeuta a tempo ficou “embrulhado” no pacote das carreiras de inteiro surge na década de 1960. O seu nível Técnicos de formação, ao nível dos padrões dos países Terapêutica com níveis habilitacionais mais mais evoluídos nesta área (a responsável pela baixos e que acediam a esta carreira através formação em Portugal era a fisioterapeuta de cursos de formação que visavam o americana Anne Cepik), coloca-o acima de “adestramento destes técnicos” conforme outras profissões da saúde (enfermeiros, por referia a Portaria no 18523 de 12 de Junho de exemplo), logo abaixo da profissão médica e a 1961. par de outras ocupações com habilitações autónoma e a prática profissional passou a ser académicas de nível superior de curta duração mais “disciplinada” pela classe médica. Assim se desenrola a Foi Auxiliares impedida de a Diagnóstico actividade e liberal A própria definição de Fisioterapia na (assistentes sociais, por exemplo). Na década de setenta, integrados na legislação portuguesa revela a vulnerabilidade e carreira de Técnicos Terapeutas (Decreto-Lei “incapacidade” do Estado como elemento no 414/71), os profissionais começaram a sair regulador desta actividade laboral. Apenas em das instituições e a envolver-se no âmbito da 1993, o Ministério da Saúde viria a definir a prática privada. A qualidade dos serviços Fisioterapia, pela primeira vez (Decreto-Lei no prestados 261/93 de 24 de Julho). Até essa data a em Especializados instituições (Centro Arquivos de Fisioterapia de e Centros Medicina de definição da Fisioterapia era evitada, Volume 1, nº2, Ano 2006 , Página 7 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses preferindo-se definir e enquadrar o âmbito de constituíam aquela amostra consideravam que actuação do fisioterapeuta. Na mesma época, as relações profissionais e a autonomia eram foi as dimensões mais importantes da sua possível consoante assistir os profissional a várias contextos (Classificação Profissões, de definições, do exercício Nacional 1980; das Portaria actividade profissional, mas afirmavam, igualmente, que estas dimensões eram as que beneficiariam menos com a licenciatura. os Entretanto, na Assembleia da República, Trabalhadores ao Serviço de Instituições seria apresentado o projecto de diploma que Particulares de Solidariedade Social, D.R. 1a iria definir o acto médico e que poderia Série, no 31, 22/85; e Portaria no 256-A/86 constituir a resposta da classe médica aos de 28 de Maio). avanços dos outros grupos profissionais da Regulamentadora do Trabalho para No momento presente, mesmo depois saúde. O veto presidencial ao referido diploma da publicação do Decreto-Lei no 564/99 de 21 legal pode indiciar a existência de disposições de Dezembro, que permite ao fisioterapeuta menos assumir novas atitudes e responsabilidades, o aguardando-se a sua revisão. Regista-se, ainda, controlo do processo de trabalho não está nas uma inércia do Estado no processo de mãos do fisioterapeuta. Assiste-se, contudo, a regulamentação do exercício da Fisioterapia, a uma autonomia técnica, mais ou menos par de uma permissividade relativamente à “elástica”, consoante os contextos dos locais de formação e invasão do mercado de trabalho de trabalho. Nos locais onde se ensaiou a trabalhadores menos diferenciados no âmbito aplicação da referida disposição legal, no que à das clínicas privadas de reabilitação dominadas autonomia técnica diz respeito, foi o próprio pelo órgão de poder institucional que interveio para regulamentação da actividade de Fisioterapia proteger a classe dominante. tem permitido a intromissão de vários outros O escasso tempo que medeia entre a adequadas grupo para médico. o Este bem público, vazio na grupos profissionais (enfermeiros, professores, entrada recente no mercado de trabalho de educadores de infância, professores de fisioterapeutas licenciados e a elaboração do educação física, entre outros) nesta actividade presente estudo, não permite avaliar o impacto económica. que estes profissionais, detentores de um nível Analisemos, agora, a inter-relação entre académico superior, poderão ter no mercado os principais actores sociais que poderão ter de trabalho. Num estudo académico realizado influência no processo de profissionalização dois anos após à introdução do grau de dos fisioterapeutas. licenciatura (E. Vital, Baltazar, Gavinho, & Mendes, 2001), perspectivas foram profissionais estudadas dos as novos licenciados em tecnologias da saúde nos quais se incluíam fisioterapeutas. Os licenciados que Arquivos de Fisioterapia O Tabuleiro, as Peças e o Jogo Os Fisioterapeutas São um grupo profissional recente na área da saúde. Organizados em associação Volume 1, nº2, Ano 2006 , Página 8 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses profissional (Associação Portuguesa de TDT juntos reunirem um número apreciável de Fisioterapeutas), desde 1960, suportam-se nas profissionais (cerca de 20 mil), em negociações estruturas com internacionais - Confederação os outros actores, a reduzida Mundial dos Fisioterapeutas, Região Europeia homogeneidade da Confederação Mundial - e nas suas desvantagem. Entretanto, foi publicado em congéneres. 2005, no Diário da República, a Classificação Europeia, As ao Directivas apontarem da no Comissão sentido de do grupo constitui uma Nacional das Áreas de Educação e Formação uniformização dos padrões de formação e de (CNAEF) exercício nos países europeus, constituem os paramédicos / tecnologias / tecnólogos da seus argumentos legítimos nos processos de saúde luta. Dispõem, desde 1997, de um sindicato “tecnologias de diagnóstico e terapêutica” próprio, mas recebem, também, apoio de (código 725) e “terapia e reabilitação” (código outros dois sindicatos, mais generalistas, que 726), conglomeram os técnicos dos vários ramos da fisioterapeutas. Este dado poderá favorecer um saúde. reforço da identidade profissional desta classe. Os fisioterapeutas sendo duas as áreas incluídos, áreas TDT designadas nesta última, / por os Os fisioterapeutas (cerca de 2500), outras lutando sós, estão em clara situação de profissões mais estabelecidas (Gosling, 1999; inferioridade relativamente aos enfermeiros Gouveia & Lopes, 1990; Kjølsrød & Thornquist, (cerca de 35.000) e aos médicos (cerca de 2000; Lopes, 1990; Richardson, 1999), isto é, 25.000). As características da sua actividade defendem tornam “funcionalistas” o conhecimento prolongada, controlo baseados organização na os em separa mesmos argumentos usam que que formação numa e formação profissional as suas formas de luta, nomeadamente a greve, relativamente inócuas. com Em Portugal, por condicionalismos vários, grupos de interesse e código deontológico e designadamente restrições no acesso a fundos reclamam um ideal de serviço. para A identificação de uma área de saber e pesquisa, desenvolvido os fisioterapeutas reduzida actividade têm de intervenção específica – a fisiopatologia do investigação que contribua para a consolidação movimento – pode constituir uma estratégia no e desenvolvimento dos seus saberes. No sentido de evitar a concorrência com o grupo entanto, num contexto de globalização do médico e garantir uma autonomia dos saberes. saber, este facto terá uma importância A licenciatura pode constituir um recurso para reduzida. Estão algo distantes dos grandes o desenvolvimento do seu profissionalismo. interesses económicos e encontram-se muito Como zonas sombrias, têm um título mais afastados, que o grupo médico, dos profissional misturado num “saco” onde se “lobbies” políticos, sociais e económicos. Têm encontram muitos outros profissionais de um estatuto social inferior ao grupo médico e perfis diferentes (carreira dos Técnicos de ao grupo enfermeiro, o que leva a que, Diagnóstico e Terapêutica - TDT). Apesar dos comparativamente a estes, sejam objecto de Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006 , Página 9 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses poucos estudos, poucas referências e poucas profissionalismo que influenciou fortemente as notícias. primeiras Os Enfermeiros Profissões. O número de enfermeiros e o seu lugar abordagens da Sociologia das O Estado no sistema de saúde permitiram-lhes ganhar Será que o Estado tem um papel de posições no processo de profissionalização árbitro e de regulador nas lutas inter- (Abbott & Meerabeau, 1998). Têm uma Ordem profissionais ou um papel de defensor dos profissional, sindicato, mas ainda estão a interesses estabelecidos pondo e dispondo de percorrer um trajecto no sentido de consolidar uma o seu corpo de saberes e, por este meio, interesses aceder ao controlo do processo de trabalho, distribuição dos privilégios profissionais reflecte ainda sempre nas mãos do grupo médico. divisão de das a trabalho classes distribuição favorável aos dominantes? do poder A numa Comparativamente aos fisioterapeutas, estão sociedade e a sua legitimação faz-se em mais perto do “fechamento social” (Couture, termos das ideologias dos grupos dominantes 1988). (Dussault, 1988). Ora, o Estado são indivíduos. Os Médicos Frequentemente, membros do grupo médico Constituem a “profissão tipo” estão colocados em posições-chave do (Carapinheiro, 1994; Rodrigues, 1997). São o aparelho do Estado, não sendo invulgar os grupo profissional mais antigo no campo da decisores políticos serem médicos. A saúde. Detêm um elevado estatuto e prestígio observação dos processos de social e está nas suas mãos o controlo do profissionalização em vários contextos sociais trabalho nessa área. A sua força advém da sugere uma intervenção desequilibradora do legitimação social adquirida, e regulamentada Estado em relação aos grupos profissionais juridicamente, do envolvidos, no sentido de favorecer o grupo trabalho. Estão intimamente relacionados com dominante, nem sempre a favor do bem-estar o poder (Speranza, 2000), com os interesses social. detendo o monopólio sociais, culturais, políticos e económicos. Têm Em Portugal, o Estado, habitualmente, facilidade de formar alianças e de exercer tem cedido aos interesses instalados, seja por pressões para que o Estado use os seus acção seja por omissão (Moreira, 1997). poderes em seu favor. Dispõem de uma Ordem Moreira (1997) constata que em Portugal, Profissional e de generosos recursos sociais, entre 1975 e meados da década seguinte, o tendo prioridade no acesso a fundos de Estado, relativamente à Ordem dos Médicos, investigação. Reclamam controlo limitou-se a legitimar todas as acções daquele epistemológico e corpo grupo. Interessante notar que é nesse mesmo constituem o seu campo de saber. Acrescente- período que o potencial de profissionalização se que, a par do que foi referido, esta classe dos fisioterapeutas é cerceado. No entanto, profissional assiste sempre ao Estado a responsabilidade criou Arquivos de Fisioterapia as o ciências uma do doutrina do Volume 1, nº2, Ano 2006 , Página 10 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses de gerir os equilíbrios - veja-se por exemplo a contribuinte e pagador) e um aumento do evolução do poder médico nos Estados Unidos conhecimento, transformam-no em agente e ainda, activo do sistema, crítico e com maiores níveis responsabilidade do Estado desenvolver acções de exigências (P. Vital, 1997). As expectativas dirigidas ao controlo do desempenho dos que tem, em geral, dos serviços médicos não serviços, à racionalidade de gestão e ao fazem dele um indivíduo conivente com o controlo de qualidade. O Instituto de Qualidade sistema, na Entidade potencial utente de serviços alternativos (Mc organismos Intyre & Silva, 1999; "Your Guide to Choosing governamentais incumbidos dessas acções. Quality Care," 1998). É ele, igualmente, quem, Será neste contexto que terão de ser em primeira e última instância, atribui o aproveitadas os prestígio social a uma profissão. Terá, por isso, grupos profissionais se estabeleçam e criem um papel na legitimação de uma profissão e, os seus espaços próprios no mercado de por trabalho da saúde. profissionalização. É aí que se joga o poder real Inglaterra Saúde (Krause, e, Reguladora 1988). recentemente, da Saúde são oportunidades É, a para que pelo essa contrário, via, no tornam-no seu um processo de O mercado de trabalho tornou-se, e os dados apontam para um crescimento do entretanto, cada vez mais globalizante. Na reconhecimento social do grupo profissional União Europeia, as mudanças que serão dos enfermeiros ("Centros de Saúde Muito impostas pela implementação do “Processo de Doentes. Bolonha”, em articulação com a “Organização reagirá o grupo médico e como integrarão os das Qualificações Europeias”, tornarão mais fisioterapeutas as novas regras de jogo. DECO," 2001). Veremos como competitivas as relações inter-profissionais (P. Vital, 2006). O alcance destas recentes Conclusão medidas é, ainda, imprevisível mas a mobilidade O desenvolvimento do projecto profissional, não apenas no sentido geográfico profissional dos fisioterapeutas portugueses mas, principalmente, na esfera profissional sugere depender: (através da valorização da aprendizagem ao • dos processos de negociação inter- longo da vida), permitirá a “permeabilização” profissionais, do perfil ideológico e do das profissões aos indivíduos que lhes queiram saber dos políticos; aceder e a quem competências sejam reconhecidas nessas áreas, • força dos argumentos esgrimidos na independentemente do perfil de formação académica de base. O Consumidor O consumidor é o utente dos serviços de saúde. A crescente participação do utente da capacidade de movimentação e da arena do poder político; • da qualidade dos seus serviços e das necessidades que eles poderão suprir junto do consumidor - se bem sucedidos, poderão reclamar e obter no financiamento dos serviços de saúde (como Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006 , Página 11 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses • • legitimidade para regular e explorar Adalgisa de Brito pelo seu relevante contributo uma faixa do mercado de trabalho; na revisão deste trabalho. da capacidade de convencer os utentes Bibliografia e o Estado de que os serviços prestados - Abbott, P., & Meerabeau, L. (1998). The Sociology são os que oferecem melhor qualidade of the Caring Professions (2nd ed.). London: UCL e que melhor servem os interesses do Press Lt. público nesta área do mercado da - Blane, D. (1991). Health Professions. In G. O. saúde; Scambler (Ed.), Sociology as Applied to Medicine. da capacidade de gerir os conflitos internos e externos, de ganhar a London: Bailière Tindall. - Carapinheiro, G. (1994). Saberes e Poderes no Hospital. Porto: Afrontamento. confiança do utente e do Estado, e de - Centros de Saúde Muito Doentes. DECO. (2001). bem servir a ordem social e económica. Teste e Saúde, 30. Cumprindo estes pressupostos o grupo - Couture, D. (1988). Technologies Médicales e profissional dos fisioterapeutas poderá Statut des Corps Professionnels dans la Division du alcançar prestígio social e paridade com as Travail Socio-Sanitaire. . Sociologie et Societés: La profissões dominantes no campo da saúde. Sociologie des Professions., XX(2). Gradualmente, parecem estar a ser criadas condições para evolução neste processo. A pressão social dos consumidores e a pressão económica de um sistema de saúde falido e em ruptura fazem antever mudanças - Dussault, G. (1988). La Régulation des Professions Sanitaires: l’Experience du Québec. Sociologie et Societés: La Sociologie des Professions, XX(2). - Freidson, E. (1998). O Renascimento do Profissionalismo. S. Paulo: EDUSP. Gosling, G. (1999). CPD and Competence: related profundas. Qual o sentido destas mudanças? A but different. Physiotherapy, 85(10), 536-540. que ritmo se farão? Certamente, resultarão do - Gouveia, M. L. (2002). História de uma vida, jogo de influências atrás referido e da história de uma profissão. V Congresso Nacional de sustentabilidade Fisioterapeutas. Lisboa. também, do do bom sistema. senso Resultarão, dos actores Reconhecimento do Fisioterapeuta como um intervenientes. Parece-nos que, do equilíbrio de posições de todas as partes, surgirão as soluções mais - Gouveia, M. L., & Lopes, A. (1990). O adequadas e estáveis. Acreditamos que o mercado de trabalho tem espaço para os fisioterapeutas e que estes o saberão conquistar. Profissional. Fisioterapia, 1(1), 17-20. - Kjølsrød, l., & Thornquist, E. (2000). From a Liberal Occupation to an Occupation of the Welfare State; How Changing Institutional Arrangements Affect Jurisdictional Tensions Between Norwegian Physiotherapy and Medicine. In P. P. a. P. S. Paper for the Lisbon Conference on State (Ed.). Lisbon - Krause, E. A. (1988). Les Guildes, l’État et la Agradecimentos Os autores desejam expressar o seu profundo agradecimento à socióloga Maria Arquivos de Fisioterapia Progression du Capitalisme: les Professions Savantes, de 1930 à nos Jours. Sociologie et Societés: La Sociologie des Professions, XX(2). Volume 1, nº2, Ano 2006 , Página 12 O Processo de Profissionalização dos Fisioterapeutas Portugueses - Lopes, A. (1990). Da “Herança” dos Saberes à - Speranza, L. (2000). Pofessional Powers. In P. P. a. “Construção” dos Saberes. Fisioterapia, 1(1), 11- P. S. Paper for the Lisbon Conference on State (Ed.). 16. Lisbon - Mc Intyre, T., & Silva, S. (1999). Estudo - Vital, E., Baltazar, C., Gavinho, C., & Mendes, I. Aprofundado da Satisfação dos Utentes dos (2001). Perspectivas Profissionais dos Licenciados Serviços de Saúde na Região Norte. Porto ARS de uma Escola Superior de Tecnologias de Saúde. Norte e Universidade do Minho. (não publicada) Monografia final do Curso de - McDonald, K. M. (1995). The Sociology of the Fisioterapia, Escola Superior de Tecnologias de Professions. London: Sage Publications. Saúde de Lisboa, Lisboa. - McKie, J. (1979). Report on Visit to Lisbon - Vital, P. (1997). Comunicação Médico-Utente. (não Arranged by the British Council at Request of the publicada) Dissertação para obtenção do grau de Ministry of Education and Culture, To Investigate Mestre em Psicologia da Saúde, Instituto Superior Aspects de Psicologia Aplicada, Lisboa of the Education and Training of Paramedical Technicians. Lisboa. - Vital, P. (2006). Processo de Bolonha nas - Moreira, V. (1997). Auto-Regulação Profissional e Profisões da Saúde da Área da Terapia e Administração Pública. Coimbra: Almedina. Reabilitação (in press). Hospitais de Portugal. - Paradeise, C. (1988). Les Professions comme - Your Guide to Choosing Quality Care. (1998). US marchés du travail fermés. . Sociologie et Societés: Department of Health and Human Services. La Sociologie des Professions, XX(2). - Richardson, B. (1999). Professional Development: 1. Professional Socialization and Professionalization. Physiotherapy, 85(9), 461-467. - Rodrigues, M. L. (1997). Sociologia das Profissões. Oeiras. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006 , Página 13 Ultra-som e Meios de Contacto: Medições das Condutibilidades Específicas Ultra-som e Meios de Contacto: Medição das Condutibilidades Específicas* Ferreira, L.; Stattmiler,C.; Belo,F.; Pinheiro, H.; Pedrosa, L.; Gaspar,P.; Coutinho, I.; Dias, N. Autores - Ferreira, Luís Fisioterapeuta Hospital S. João Baptista - Entroncamento - Stattmiler,Cristina Fisioterapeuta Hospital - Santarém - Belo. Fátima Fisioterapeuta Hospital - Santarém - Pinheiro, Hélder Fisioterapeuta - Pedrosa, Lúcia Fisioterapeuta IPO – Lisboa - Gaspar, Paulo Fisioterapeuta CUF Infante Santo - Coutinho, Isabel Fisioterapeuta, Profª. Coordenadora ESTeSL RESUMO: Enquadramento: O Ultra-som é uma modalidade de eleição na prática da fisioterapia. Um dos requisitos determinantes na qualidade terapêutica com este agente físico é o meio de contacto utilizado na sua administração. Objectivos: Medir a diferentes condutividades específicas de trinta e sete meios mais comummente utilizados na nossa prática clínica, propor uma forma de agrupar os mesmos, e assim contribuir para a facilitação da escolha, em ambiente clínico, do agente condutor a utilizar em ultrasonoterapia. Materiais e Métodos: Os produtos testados, foram seleccionados, tendo por critério: Produtos utilizados na nossa prática diária; Produtos constantes da bibliografia recolhida. O protocolo e metodologia utilizados basearam-se no trabalho publicado por Henrrion G. (1990), ao qual foram introduzidas algumas alterações. Resultados: De uma forma geral os produtos fabricados especificamente para este tipo de utilização (geles) registaram condutividades elevadas. Da mesma forma nos fármacos de aplicação tópica com denominações gele ou emulgel registámos valores igualmente elevados. Contrastando no entanto com estes, com uma excepção, os cremes loções e pomadas, apresentaram condutividades muito baixas ou mesmo nulas. Nos três óleos minerais testados, obtiveram-se medições entre o muito elevadas (glicerina) e média baixa (vaselina) tendo a parafina revelado valores médio/altos. Conclusões: Existe coincidência entre os nossos resultados e os de trabalhos anteriores. A nossa proposta de agrupamento dos produtos testados encontra-se justificada pela homogeneidade de impedâncias acústicas registadas, podendo ser utilizada, a par das outras variáveis, como orientação na escolha do meio de interposição para ultrasonoterapia. . Palavras Chave: Ultra-som; Meios de Contacto; Condutividades Específicas. - Dias, Nuno Fisioterapeuta GOI * Apresentado oralmente: Fisiotroia 2004 (ESSIPS) e FiTS 2005 (ESTeSL) Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 14 Ultra-som e Meios de Contacto: Medições das Condutibilidades Específicas primeira preocupação do fisioterapeuta, seja a de Introdução e Objectivos Hoje em dia, ser científico é ser ter a certeza de que esta chega sem alterações à evidente, reprodutível e mensurável. Em fisioterapia, área a tratar. Nesse contexto a escolha do meio de que se quer mais e mais científica, a electroterapia acoplamento é de vital importância. Na literatura especifica ou mais geral sobre apresenta-se como um campo em que, do ponto de vista técnico, medir tem vindo a tornar-se menos electroterapia e ultra-som é referida esta difícil e mais exacto. importância, mas a busca de informação sobre as Aquilo que se pretende com este trabalho, é propriedades dos diversos produtos utilizados, acrescentar um pouco mais de credibilidade à resulta frequentemente na descoberta de pouco prática da ultrasonoterapia. mais que meia dúzia de artigos e autores. Reid (1973) citado por Henrion em 1990 Para tal traçamos à partida um primeiro e condutibilidade utilizou um osciloscópio para medir a percentagem (impedância) de diversos produtos comummente de passagem do ultra-som a 870Khz no intervalo utilizados como meios de contacto, entre o nosso de 0,7 a 3,5 W/cm2 3 mm de agente transmissor. principal objectivo: medir a Warren em 1976 avaliou a condutibilidade doente e a cabeça ultra sónica. Como nos parece óbvio destes resultados de uma série de substâncias com um ultra-som de pretende-se ainda a extracção de uma série de 1 MHz a 1 W/cm2 e um voltímetro, tendo observações que permitam aos fisioterapeutas concluídos que de todas elas apresentavam uma uma prática mais fundamentada, quer no acto da condução semelhante e eficaz, à excepção das aquisição na hidrocortisonas e cremes, admitindo por isso a elaboração dos objectivos terapêuticos e da escolha do meio de contacto, com base em dosimertria. critérios de custo financeiro. dos referidos produtos quer Sendo uma área pouco explorada do ponto Griffin (1980) mediu a condução da água, de vista da investigação, acreditamos ser crescente glicerina e outros óleos minerais, com duas preocupação cabeças ultra-sónicas totalmente imersas, sobre este assunto na nossa diversas intensidades (0,1 a 2 W/cm2), distancias comunidade. com e O ultra-som em fisioterapia utiliza a vibração (0,5 a 5 cm) e temperaturas, utilizando igualmente objectivos um mecânicos, térmicos e voltímetro, tendo observado alterações significativas com a variação dos parâmetros e as permeabilizantes. A forma como reagem os tecidos à energia ultrasónica, balizada pela frequência (Hz), modo diferentes substâncias. Em 1982 foram, pela primeira vez. (continuo/pulsado), energia (Wcm2) e duração classificados 14 diferentes meios de acoplamento (mn), expressão de uma Dose, determina o efeito comercial tendo sido utilizado com uma cabeça terapêutico pretendido. ultra-sónica de 2MHz, Docker, o autor do estudo, Seja com que objectivo for é sempre definiu então como ideal a substancia que conjuga- de se altas, viscosidade transmissão e impedância, acoplamento e transmissão, para que a energia baixa atenuação susceptibilidade a formar bolhas seja transmitida ao corpo a tratar. de ar e custo, a par de um odor agradável. necessária a colocação de um meio Assim, parece-nos lógico que, após se ter Balmaseda (1986) comparou a impedância decido pela aplicação desta técnica e equacionado da água, óleo, gel e silicone com uma cabeça de 1 a respectiva dose, na normal sequência de acção, a MHz a distâncias variáveis de 1 a 30mm utilizando Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 15 Ultra-som e Meios de Contacto: Medições das Condutibilidades Específicas um osciloscópio, concluindo pela inocuidade do silicone (como por exemplo em implantes mamários) dada a sua alta impedância e baixo grau de atenuação. Material e Métodos Os produtos utilizados, para este trabalho, foram seleccionados, tendo por critérios: Produtos Benson em 1988 com uma câmara de medição Medsonics utilizando frequências de 0.75, utilizados na nossa prática diária Produtos constantes da bibliografia recolhida (7 com a 2 1 e MHz, com 1,5 W/cm e um afastamento de 4 mesma denominação comercial e 4 com o mesmo mm de uma membrana de Kapton para confrontar principio activo). os valores de 43 fármacos, de aplicação tópica, Deste processo, resultou uma selecção de 37 com os da água, concluindo, face a grande produtos, para alem da água, que dividimos em diversidade de resultados, pela necessidade de uma categorias para podermos, de forma mais simples e reformulação da composição dos ingredientes dos eficaz, apresentar resultados, tirar conclusões e medicamentos em forma de gel, com vista a melhor futuramente orientar a prática terapêutica. a sua eficácia quando utilizados em fonoforese. Henrion (1990), no trabalho cujo protocolo GELES (10) serviu de base a este nosso estudo, confrontou os Nome Comercialização Aquasound-basic Sorisa Brygel Vitmed Cardio Gel Febranca Lda Conti-Gel Sorisa Eco Supergel- Seracarta E2R+ Seracarta resultados vale a pena referir a diversidade de Enraf Nonius Gel Enraf Nonius respostas às interrupções dos contactos que Electro Gel Febranca Lda consubstanciam, em alguns casos, perdas muito FisioSport Gel FisioSport Gimna Contact-Gel Sorisa/Gimna Transsonic-Gel Telic valores medidos em osciloscópio, de 16 meios de contacto (medicamentos, geles e parafina), introduzindo um novo parâmetro de teste, a incorporação de ar (bolhas) nos diversos produtos testados após cinco afastamentos e junções do transdutor com a cabeça receptora. Dos seus acentuadas Cameron em 1992 uma vez mais compara os valeres de substâncias normalmente utilizadas FÁRMACOS: em fonoforese, com a água classificando-as em dois - Geles e Emulgeles (13) grupos: acima de 80% e abaixo de 40%, intervalo que considera como de eficácia de transmição de Nome um produto. Uma vez mais Benson (1994) utilizando um watimetro Bio-tek, frequências de 0.75, 1 e MHz , Aulin Gel DM Gel com 1,5 W/cm2 e um afastamento de 4 mm testou seis medicamentos de aplicação tópica (anti- Fastum Gel inflamatórios não asteróides, AINE) concluindo pela Principio activo Nimesulida Salicilato de Dietilamina Quetoprofeno de Lisina Comercialização Helsinn Byk Sanitas interferência na condutibilidade, relacionada com Feldene Gel Piroxicam Farmanova frequência da emissão ultra-sónica, e admitindo Fenil- V Gel Diclofenac Vitória como válidas as formulações dos produtos para Fenogel Etofenamato Basi utilização em fonoforese Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 16 Ultra-som e Meios de Contacto: Medições das Condutibilidades Específicas - Óleos (3) - Geles e Emulgeles (continuação) Nome Principio activo Comercialização Mobilisin Gel Acido Flufnâmico Sankyo Ozonol Gel Ibuprofeno Sterling Profenid Gel Quetoprofeno de lisina Vitória Reumon Gel Etofenamato Bial Tantun Gel Benzidamina L. Lepori Diclofenac Normal Diclofenac Novartis Nome Comercialização Glicerina Vaz Pereira Parafina Vaz Pereira Vaselina Vaz Pereira Os equipamentos, o osciloscópio (Tektonics Digital 2220 de 60 MHz) e medidor de ultra-som Flameril Emugel Voltaren Emulgel (Ohmic Instruments modelo UPM-DT), utilizado na calibragem do aparelho de Ultra-som utilizado, estavam devidamente aferidos e certificados pelo Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) (Foto. 1). O equipamento de emissão utilizado, foi um - Cremes, loções e pomadas (11) Nome Algesal Creme Principio activo Salicilato de Dietilamina Comercialização aparelho de ultra-som, novo, marca Enraf Nonius, modelo Sonopuls 190, equipado com um transdutor de 1MHz, superfície geométrica de 6,2 cm2, uma área efectiva de radiação (effective radiating area- Solvayfarma ERA) de 5 cm2, e Beam Nonuniformity Ratio BNR máximo igual a 6 (Fotografia 1). IDR Creme Fentiazac Sidfarma Mobilisin Creme Ácido FlufnâmicoSankyo Picalm Creme Picetoprofeno Grunenthal Protaxil Creme Proglumetac Delta Reumon Crem Etofenamato Bial O transdutor receptor, possuía a mesma superfície geométrica e ERA, do emissor, e encontrava-se montado num suporte de acoplação plástico, inserido numa mesa própria executada em baclite para o efeito. O transdutor emissor foi adaptado ao Reumoxican Piroxicam Creme Medinfar Tantum Creme Benzidamina L. Lepori Zemalex Creme Picetoprofeno Reumon Loção Etofenamato Nifluril Pomada Bristol-Myers Ácido niflúmico Squibb suporte de acoplação por um molde em polietileno expandido tipo “wall mate” da Bayer para melhor fixação e isolamento de vibrações parasitas, por sua vez estabilizado horizontalmente por quatro grampos limitadores (figura 1). Uma bitola, foi utilizada na calibração do afastamento de 3mm entre os dois transdutores. ITF Farma Os ensaios forma efectuados nos laboratórios da SUCH em Maio de 2003, e os resultados relativos Bial à condutibilidade específica de cada um dos produtos, foi registada numa folha de cálculo informática. O protocolo, de base, de execução utilizado foi o descrito por Henrrion (1990). Todos os meios de contacto são submetidos a dois ensaios consecutivos com uma intensidade de Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 17 Ultra-som e Meios de Contacto: Medições das Condutibilidades Específicas Molde em Polietileno Emissor Ultra-Sónico Grampo Limitador 1 W/cm2 Meio de Contacto Transdutor Emissor 3mm Suporte de Acoplação Plástico Mesa em Baclite Transdutor Receptor Osciloscópio Figura 1 emissão de 1W/cm2.Sendo as leituras em osciloscópio feitas de “pico a pico” (Figura 1). Fotografia 1 ensaio simular a utilização do ultra-som na prática clínica. O primeiro ensaio é executado mantendo os Para ambos os ensaios, e como termo de dois transductores devidamente em contacto com o comparação, foram utilizados os valores da água produto em teste durante o tempo apenas como referência, a cuja medida foi atribuído o valor necessário para efectuar a medição 100%. No segundo ensaio, com parâmetros iguais ao primeiro, recolhem-se os valores após cinco afastamentos/junções das cabeças emissora e Resultados Das leituras dos diversos ensaios receptora, para avaliar a capacidade ou não de incorporação de bolhas de ar no produto, bem como extraíram-se as tabelas e gráficos que se das alterações que estas podem produzir na apresentam, devidamente identificados com condução da energia emitida. Pretende-se com este os grupos e subgrupos propostos. 2º Ensaio 26 78.79 33 100.00 Brygel 34 103.03 33 100.00 Cardio Gel 34 103.03 30.5 92.42 Conti-Gel 20 60.61 22.5 68.18 Eco supergel-Ceracata 26 78.79 12 36.36 Electro Gel 35 106.06 30 90.91 Enraf Nonius Gel 22 66.67 20 60.61 FisioSport Gel 29 87.88 31 93.94 Gimna Contact- Gel 30 90.91 25 75.76 Transsonic-Gel 30 90.91 33 100.00 80 60 40 20 Ec o A ta el ca er on ti G ge l-C Su pe r C G el di o ry g el 0 qu a % G el Fi si oS or tG na el C on ta ct Tr G el an ss on ic G el Aquasound-basic 100 G im 100.00 G el 33 2º Ensaio on iu s 100.00 N 33 1º Ensaio ec tr o Água 120 % B Valor El % En ra f Valor Nome Ca 1º Ensaio Ág ua so un dba si c Geles Tabela 1 – Geles Arquivos de Fisioterapia Gráfico 1 - Geles Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 18 Ultra-som e Meios de Contacto: Medições das Condutibilidades Específicas Fármacos: 1º Ensaio Geles, Emulgeles 120 2º Ensaio 1º Ensaio Nome Valor % Valor % 2º Ensaio 100 33 100.00 33 100.00 Aulin Gel 30 90.91 0 0.00 DM Gel 31 93.94 29.5 89.39 Fastum Gele 31 93.94 32 96.97 Feldene Gel 25 75.76 25 75.76 Fenil- V Gel 24 72.73 19 57.58 Fenogel 32 96.97 29 87.88 Mobilisin Gel 26 78.79 27 81.82 Ozonol Gel 31 93.94 29 87.88 Profenid Gel 23 69.70 26 78.79 Reumon Gel 33 100.00 37 112.12 Tantun Gel 30 90.91 31 93.94 Flameril Emugel 22.5 68.18 24.5 74.24 Voltaren Emulgel 27 81.82 26 78.79 80 % 60 40 20 0 Á gu a A ul in G el D M G Fa el st um Fe G el ld en e G Fe el ni l-V G el Fe no M ge ob l i li si n G O el zo no lG Pr of el en id R G eu el m on G Ta el nt Fl un am er G e il Vo Em l lta ul re ge n Em l ul ge l Água Tabela 2 – Fármacos: Geles e Emulgeles Algesal Creme 100.00 33 % 100.00 0 0.00 0 0.00 IDR Creme 18 54.55 20 60.61 Mobilisin Creme 36 109.09 34 103.03 Picalm Creme 0 0.00 0 0.00 Protaxil Creme 0 0.00 0 0.00 Reumon Creme 3.5 10.61 1 3.03 Reumoxican Creme 8 24.24 12.5 37.88 Tantum Creme 1 3.03 0 0.00 Zemalex Creme 0 0.00 0 0.00 Reumon Loção 2 6.06 1 3.03 Nifluril Pomada 9 27.27 0 0.00 Tabela 3 – Fármacos: Cremes Loções e Pomadas Óleos 1º ENSAIO 120 1º Ensaio 80 % 60 40 20 0 Gráfico 3 – Fármacos: Cremes Loções e Pomadas 2º ENSAIO Valor % Valor % Água 33 100.00 33 100.00 Glicerina 62 187.88 60 181.82 Parafina 21 63.64 30 90.91 Vaselina 10.5 31.82 18 54.55 % 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 1º Ensaio 2º Ensaio G Nome Tabela 4 – Óleos Arquivos de Fisioterapia 2º Ensaio 100 Va se lin a 33 Valor fin a Água % Pa ra Valor lic er in a Nome 2º Ensaio Ág ua 1º Ensaio Loções, Pomadas A Á lg gu es a al C re m ID e R M C ob re i li m si e n C Pi re ca m e lm C Pr re ot m ax e il R C eu re m m R e on eu m C ox re m ic e an C Ta re nt m um e Ze C re m m al e ex R C eu re m m e on N L ifl oç ur âo il Po m ad a Fármacos: Cremes, Gráfico 2 – Fármacos: Geles e Emulgeles Gráfico 4 – Óleos Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 19 Ultra-som e Meios de Contacto: Medições das Condutibilidades Específicas Geles Cremes Geles Emulgeles Loções Óleos Totais Pomadas Subidas 4 (40%) 6 (46.15%) 2 (18.18%) 2 (66.7%) 14 (37.83%) Descidas 6 (60%) 6 (46.15%) 5 (45.45%) 1 (33.3%) 18 (48.64%) 1 (7.69%) Sem Alteração 4 (36.36%) 5 (13.51%) Tabela 5 – Comparação das alterações da condutibilidade, entre o 1º e o 2º ensaio No que diz respeito ao grupo dos óleos as observações efectuadas levaram-nos á constatação Conclusão Da análise dos resultados podemos desde já equacionar três formas de abordagem das Numa primeira abordagem julgamos importante a apreciação dos resultados dentro do Assim acreditamos que se reveste de algum significado a divisão e sub divisões propostas, - Geles, Fármacos (Geles Emulgeles; Cremes Luções e Pomadas), Óleos - já que se encontrou alguma coerência no comportamento das substâncias em Dentro do grupo dos geles, tal como no subgrupo geles e emulgeles observamos alguma uniformidade de resultados, que pelos seus elevados valores, julgamos vantajosos na prática clínica, uma a dose expressa no No conjunto destes produtos observou-se apenas um caso que apresentou um perda total da condutibilidade, no segundo ensaio, o que de alguma maneira nos leva a concluir que a sua utilização seja De forma inversa no subgrupo cremes, loções e pomadas, observamos que apesar de dois produtos, um com resultados de condutibilidade outro segundo lugar, os resultados apresentados neste estudo confirmam de alguma maneira aqueles que se encontram na bibliografia consultada (muito especialmente Benson, 1994, e Henrion, 1990), onde os Geles são considerados ultra-sónica. Ainda que com algumas flutuações de condutibilidade, devidas por ventura a diferenças de protocolo, também os óleos, mais propriamente a parafina, e os cinco fármacos coincidentes, Uma terceira forma de abordagem diz respeito à vertente prática da utilização dos resultados. A escolha ou exclusão de um produto deve, em nosso entender, respeitar dois critérios: mais criteriosa. e Em apresentam valores idênticos. equipamento da que na realidade se aplica. média factores que se prendam sobre tudo com critérios como o meio mais eficaz na condução da energia relação aos grupos e subgrupos utilizados. aproximam selecção destes produtos como meio de contacto, de relação entre a viscosidade e o custo/eficácia. contexto específico do trabalho. que baixos. Julgamos pois, que deva estar presente na conclusões. vês de valores distribuídos entre muito elevados e elevada, os restantes nove apresentam valores muito baixos ou mesmo nulos. Cremos pois estar na presença de produtos especialmente pouco indicados como meio de 1 - considerar com não indicados para a prática do ultra-som os produtos cujos valores obtidos sejam iguais a zero; 2 - utilizar os valores de condutibilidade propostos por Cameron em 1992, superiores a 80% e inferiores a 40%, com forma de classificar e balizar a escolha de um agente de transmissão. contacto para ultra-som. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 20 Ultra-som e Meios de Contacto: Medições das Condutibilidades Específicas Assim parece-nos evidente que na escolha da dose de ultra-som se tenham em conta vários contacto existente, na prática clínica, entre a cabeça ultra-sónica e a área em tratamento. critérios bem como a forma como se relacionam. A utilização de fármacos pressupõe a Agradecimentos validade da fonoforese. Nesse sentido os critérios de escolhas devem recair sobre o princípio activo do fármaco e a condutibilidade do produto. Para além dos critérios apresentados julgamos que a dosificação do ultra-som deve Um agradecimento á SHUCH pela disponibilização dos equipamento e seus laboratórios, profissionais, muito especialmente na pessoa do Sr. Mestre cuja igualmente reflectir, ainda que enquadrada nas sabedoria e interesse foram determinantes evidentes limitações, a diferença de condutibilidade para levarmos a cabo o nosso trabalho. Igualmente verificada entre o primeiro e o segundo ensaio (Cameron, 1992)., ao qual devemos associar as cedência discrepâncias entre a energia realmente emitida e a utilizado nos ensaios. indicada nos aparelhos (Artho, 2002), do à Enraf equipamento Nonius de pela Ultra-som e percentagem de coincidência entre a ERA e área de Bibliografia contacto a tratar. - Artho, P. A., Thyne, J. G., Warring, B. P., Willis, C. As inclusões ou exclusões dos produtos, D., Brisme’e, J., Latman, N. S.. (2002)A Calibration com valores superiores a zero, para esta prática, Study of Therapeutic Ultrasound Units. Phys. Ther., devem pois ser criteriosas e estar enquadrados nos 82 (3), 257 - 263. valores razoáveis de tempo (minutos) e intensidade - Balmaseda, M. T. Jr., Fatehi, M. T., Koozekanani, S. 2 (W/cm ). H. & Lee, A. L. (1986) Ultrasound Therapy: a Comparative Study of Coupling Media. Arch. Phys. Limitações Med. Rehabil., 67(3), 147 - 150. Foi-nos ainda possível identificar algumas - Benson, H. A. E. & McElnay, J. C. (1988). limitações no nosso estudo, que acreditamos que Transmition of Ultrasound Energy Through Topical. uma vez resolvidas possam propiciar resultados Pharmaceutical com maiores índices de precisão e de aplicabilidade 587 - 589 . prática. A saber: - Benson, H. A. E. & McElnay, James C. (1994). 1 - a distância entre as cabeças (emissora e Topical Non-steroidal Anti- inflamatory Products as receptora) pode alterar os resultados de certos Ultrasound produtos de menor viscosidade, Phonophoresis. Physiotherapy, 80, 74 - 76. 2 – ausência de critério para o valor do afastamento - Cameron, M.H. & Monroe, L.G. (1992). Relative entre os transdutores (encontramos valores entre transmission of ultrasound by media customarily 1mm e 50mm) e consequente dificuldade used for phonophoresis. Phys. Ther., 72(2), 142 - na Products. Physiotherapy, 74(11), Couplants: Their Potential in comparação com outros estudos já efectuados, 148. 3 - os procedimentos do segundo ensaio, ainda que - Docker, M. F. & Patrick, M. K. (1982). Ultrasound sendo um bom método para avaliar a incorporação Couplants for Physiotherapy. Physiotherapy, 68(4), de ar no produto, não reproduzem fielmente o 124 - 125. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 21 Ultra-som e Meios de Contacto: Medições das Condutibilidades Específicas - Griffin, J.E. (1980). Transmissiveness of ultrasound through tap water, glycerin, and mineral oil. Phys. Ther., 60(8), 1010 - 1016. - Henrion, G. (1990). Passage des ultrasons à travers des substances médicamenteuses. Ann. Kinésithér., 17(9), 453 - 458. - Warren, C.G., Koblanski, J.N. & Sigelmann, R.A. (1976). Ultrasound coupling media: their relative transmissivity. Arch. Phys. Med. Rehabil., 57(5), 218 - 222. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 22 Publirreportagem Terapia com Ondas de Choque e As ondas mecânicas aplicadas no exterior do corpo são utilizadas desde os anos 80 na área da urologia para destruir os cálculos renais. É a terapia com ondas de choque extra-corpóreas ou ESWT (Terapia de Ondas de Choque Extra-Corpóreas). Neste caso específico, falamos de litotrícia. ELIO DI PALMA LICENCIADO EM CINESIOTERAPIA E REEDUCAÇÃO LICENCIADO EM OSTEOPATIA PROFESSOR DE ELECTROFISIOTERAPIA E BIOMECÂNICA DA LA HAUTE ÉCOLE ANDRÉ VESALE DE LIÈGE, SECÇÃO CINESIOTERAPIA. GYMNAUNIPHY SORISA SA N o início dos anos 90, começaram a ser estudadas em traumatologia pela sua capacidade de favorecimento da cicatrização de fracturas, em particular nos casos de atraso na consolidação de fracturas, de não-união ou de pseudartrose. Subsequentemente, esta terapia é cada vez mais utilizada para tratar diferentes tipos de lesões músculo-esqueléticas. Neste caso, falamos de ortotrícia. Estas ondas de choque caracterizam-se pelo aumento muito abrupto da pressão, seguido de uma fase rápida da pressão negativa. A zona de acção é em forma elipsoidal (ou em forma de cigarro). Os diferentes tipos de geradores de ESWT criam as suas ondas de choque com a ajuda de complexos processos físicos. Em paralelo “A Terapia de Ondas de Choque extra-corpóreas tem indicações diferentes de acordo com as intensidades de energia” Níveis de energia com estes aparelhos de ondas de choque surgem os A terapia com baixa densidade de energia: utiliza os aparelhos que desenvolvem uma energia muito mais impulsos de 0,04 e 0,12mJ/mm². É utilizada para tratar fraca RSWT (terapia de ondas de choque radiais), ver a dor. Não é necessária uma anestesia local antes da adiante. São classificados como «onda de choque forte» aplicação e provoca poucos efeitos secundários. O para a ESWT e «onda de choque suave» para a RSWT. tratamento é repetido durante 5 a 7 dias. A terapia com média densidade de energia: utiliza os A energia é expressa em joules ou milli joules (mJ), e a impulsos que variam entre 0,12 e 0,28mJ/mm². Até pressão em bar ou em mega pascais (MPa). A dosagem 0,22mJ/mm² é utilizada para o tratamento de do tratamento é feita em função da densidade da tendinopatias, tecidos calcificados, terapia dos pontos energia acústica: energia (mJ)/superfície (mm²) e do gatilho (trigger points). Não é necessária uma anestesia número de impulsos gerados. Atenção, não existe uma local e é efectuada uma sessão por semana. Poderá relação directa entre a pressão em bar e a energia pois provocar pequenos hematomas. Além de 0,22mJ/mm², depende do tipo de material, e fabrico das peças, … é utilizada para os problemas de consolidação óssea. O que significa que dois aparelhos que forneçam 4bar Neste caso, é talvez necessária uma anestesia local e não fornecem necessariamente o mesmo nível de poderá provocar pequenos hematomas. O tratamento energia. A terapia com ondas de choque extra-corpóreas não é repetido antes de uma a doze semanas. tem indicações diferentes de acordo com as densidades A terapia com alta densidade de energia: geralmente de energia: entre 0,28 e 1,5mJ/mm² por impulso, é utilizada sobretudo para destruir cálculos renais, os tecidos calci- Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 23 Publirreportagem ficados ou os problemas de consolidação óssea. Exige uma anestesia e está associada a efeitos secundários mais importantes. Em geral, um tratamento é suficiente. Diferenças entre ESWT e RSWT Para o tratamento da dor e dos tecidos moles, o nível de energia necessário é fraco a médio, não é necessária a focalização muito precisa efectuada pela ESWT e a profundidade da acção não deverá ser necessariamente grande, surgindo um novo tipo de aparelho: RSWT. RSWT: Radial Shock Wave Therapy ou ondas de choque radiais. Na realidade, devia utilizar-se antes do termo terapia com ondas balísticas. As ondas de choque são produzidas pelo impulso pneumático que cria um movimento balístico. Esta onda será transmitida aos tecidos em contacto. Aplicam-se pelo intermédio de um aplicador leve e prático, colocado directamente em contacto com a pele no local da lesão. Quando o projéctil atinge o aplicador, cria uma onda mecânica radial (ou esférica). Ao contrário da ESWT clássica, a zona de acção da onda radial é um cone cuja ponta se situa na extremidade da peça. A onda radial é entregue directamente em contacto com a pele e desaparece rapidamente penetrando nos tecidos, não atingindo mais do que 3 a 3,5cm de profundidade. Cabeças específicas de ondas de choque Certos fabricantes da RSWT propõem também uma cabeça «focal». A focalização de uma onda radial não é possível a não ser através de uma lente acústica colocada na extremidade do aplicador. Apesar desta lente, não se atinge a focalização e as possibilidades que podem proporcionar a ESWT. Esta possibilidade de «focalizar» a onda radial e de ter uma zona de acção em forma de cigarro é útil para problemas muito localizados e/ou perto de uma zona ossuda muito superficial como por exemplo no epicondilo, epitróclea, tendão de Aquiles,… O problema é que a zona de focalização não é modificada pois é fixada pela lente acústica. Em geral, a zona em cigarro produz-se a uma profundidade aproximada de 20mm. Foi desenvolvido também um outro tipo de aplicador para RSWT que associa a onda Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 24 Publirreportagem de choque e uma vibração (infra-sons). Esta associação • Formação de micro-correntes essenciais ao processo abre a porta à utilização da RSWT nas patologias de cicatrização; musculares como as contracturas, alongamentos, • Modificação da permeabilidade das membranas lacerações, enxaquecas de tensão… celulares, por exemplo, das fibras nervosas nociceptivas, Existem ainda outros tipos de cabeças para aplicações podendo ir até à quebra mais ou menos completa, específicas como a cabeça para os pontos desen- prevenindo assim a sua despolarização; cadeantes e a cabeça para os pontos de acupunctura • (acupressão). provocada Analgesia por por hiperestimulação determinadas semelhante aplicações à de electroanalgesia e remete para a teoria “gate control” Modo de acção de Melzack e Wall e para a libertação de endorfinas; Os mecanismos de acção das terapias através de ondas • Modificação do arco reflexo do controlo do tónus acústicas ainda não são claros. muscular; As características das ondas extra-corpóreas induzem • Aumento da difusão de citocina através das paredes uma cavitação (produção de bolhas gasosas) nos líquidos vasculares, acelerando a cicatrização; intersticiais, produzindo micro-danos nos tecidos. Os • Fragmentação e detersão do tecido patológico micro-danos induzidos pela cavitação são responsáveis debilitado (aqui supõe-se que uma parte dos tecido não é por uma parte do efeito terapêutico. patológica e pode ajudar à cicatrização). O esquema abaixo ilustra a continuação dos efeitos mecânicos das diferentes técnicas nos tecidos moles: Fricção transversa de Cyriax Mobilização aumentada dos tecidos moles RSWT ESWT Técnicas de aplicação O tratamento deve ser efectuado sobre o local exacto de uma lesão bem diagnosticada, localizada e palpável. Esta precaução é mais imperativa se a zona de tratamento for pequena. Geralmente, são suficientes três sessões “ O tratamento deve ser efectuado sobre o local exacto de uma lesão bem diagnosticada, localizada e palpável” Os outros micro-danos são produzidos directamente pelos efeitos mecânicos no tecido. Certos autores sugerem que para as doenças degenerativas dos tecidos moles, como as tendinopatias degenerativas ou crónicas, a estimulação de um processo inflamatório pode ajudar a estimular a regeneração do tendão. Os efeitos principais atribuídos são: • Aumento da circulação sanguínea e criação de uma neovascularização da zona tratada; • Quebra dos depósitos cálcicos de modo a promover a sua reabsorção; Arquivos de Fisioterapia de tratamento de 1000 a 2000 ondas mecânicas (5 a 15 minutos por tratamento). Indicações • Bursites; • Tendinopatias (epicondilites, epitrócleites, tendão de Aquiles, tendão da rótula, …); • Tendinite calcificante do ombro; • Esporão do calcâneo; • Fasceíte plantar; • Periostite; • Banda iliotibial; • Doença de Lapeyronie; • Pontos gatilho (com cabeça específica); • Pontos de acupunctura (com cabeça específica); Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 25 Publirreportagem • Contracturas musculares e sequelas de lesões Bibliografia musculares, cefaleia de tensão, lombalgia. Brunet-Guedj, E. et coll.: "Traitement des tendinopathies chroniques par ondes de choc radiales", J Traumatol Sport, 19 : 239-243, 2002. Buchbinder, R. et coll.: "Ultrasound guided shockwave extracorporeal shock wave therapy for plantar fasciitis. A randomized controlled trial", JAMA, 19; 288: 1364-1372, 2002. Cosentino, R. et coll.: "Efficacy of extracorporeal shock wave treatment in calcaneal enthesophytosis", Ann Rheum Dis, 60: 1064-1067, 2001. 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Contra-indicações • Uma dor mal localizada e não palpável; • Local de passagem dos troncos nervosos ou dos grandes vasos sanguíneos; • As cavidades onde se encontra ar como os pulmões ou os intestinos; nd • A gravidez para os casos ao nível do tronco e da pélvis; • Risco de hemorragia, como no caso de hemofilia, ou dos pacientes sob tratamento com anticoagulantes; • Presença de tromboflebite; • A zona cardíaca; • Uma cicatriz aberta na zona a tratar; • A presença de infecção ou de inflamação aguda no local da lesão a tratar; • Um paciente não cooperante, por exemplo, em estado de demência; • Cartilagem de crescimento; • As vértebras em geral, principalmente as cervicais; • Os tecidos fragilizados, por exemplo, as metástases ou devido à corticoterapia intensiva prolongada. Poderão surgir pequenos efeitos secundários como por exemplo dores, hematomas, inchaços, irritações cutâneas e aumento dos sintomas em alguns casos. Em geral, no dia seguinte à primeira sessão, a dor poderá ser muito forte. Conselho A terapia de ondas de choque pode ser considerada desconfortável e até dolorosa. De modo a evitar este inconveniente, aconselha-se começar o tratamento com um pouco de crioterapia a fim de provocar uma analgesia que tornará o tratamento mais confortável e por conseguinte mais eficaz. Mais informações: www.gymnauniphy.com/en/shockmaster/index.php Sorisa SA Tel. 21 381 80 00 E-mail: [email protected] Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 26 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos Rito, M. Autores - Rito, Marisa Fisioterapeuta Hospital S. João Baptista - Entroncamento RESUMO: Enquadramento: A Doença de Parkinson é uma doença que atinge aproximadamente 1% a 2% da população mundial e só em Portugal segundo dados da Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, estima-se que entre 12.000 a 15.000 pessoas são atingidas por esta enfermidade. Objectivos: Esta revisão sistemática teve por objectivo mostrar alguns instrumentos avaliativos e evidência relativa às suas características psicométricas. Materiais e Métodos: Fora efectuadas pesquisas nas seguintes: PEDRO; Medline; Science direct, num período de tempo entre 1990 e 2005. Resultados e Conclusões: Foram encontrados 22 estudos. Existe pouca evidência relativamente às características psicométricas da maior parte dos instrumentos encontrados. Palavras Chave: Parkinson; Fisioterapia; Escalas de Classificação; Medidas Avaliativas; Estudos de Validação Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 27 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos INTRODUÇÃO: é suficiente para suportar ou refutar a eficácia da A Doença de Parkinson (DP), também fisioterapia e das suas técnicas na DP. conhecida por parkinsonismo ou paralysis agitans Para que se consiga atingir estes objectivos, foi descrita pela primeira vez em 1817, pelo é necessária a realização duma criteriosa avaliação médico inglês James Parkinson. Esta é uma do paciente, com vista a determinar o seu real nível afecção crónica, progressiva e idiopática do de comprometimento, uma vez que, por esta ser sistema nervoso central, envolvendo os gânglios da uma patologia degenerativa e progressiva, a base e resultando em perturbações do tónus, intervenção tem de ser adequada às reais posturas anormais e movimentos involuntários. O necessidades. (Aminoff & Simon, 2002) seu quadro clínico é constituído, principalmente, Existem diversos instrumentos que se pela tríade: tremor, rigidez e bradicinesia. (Levy & podem utilizar na avaliação desta doença, e é com Joaquim, 2003) base neste ponto fulcral à nossa intervenção que Atinge 1 a 2 % da população mundial com este trabalho se irá evidenciar, abordando algumas idade superior a 65 anos e prevê-se que os valores dessas de incidência e prevalência desta doença tendam a construção e características psicométricas. aumentar significativamente nas próximas décadas. medidas, Um teste aspectos é relativos à sua fundamentalmente um processo objectivo e padronizado cuja finalidade (Levy & Joaquim, 2003) Só em Portugal, segundo a Associação passa por medir diferenças entre os vários Portuguesa de Doentes de Parkinson estima-se que indivíduos. A administração é conjuntamente com a entre 12000 a 15000 pessoas são atingidas por selecção esta enfermidade. importantes para que este se torne num excelente dos itens, uma das fases mais custos, meio de medição, ou seja, que mantenha óptimas especialmente nos últimos estágios da doença, não qualidades psicométricas. A objectividade requerida apenas com as pessoas que sofrem directamente num teste é-lhe conferida pela padronização, com este problemas, mas também com a própria criando-lhe condições, do mais uniforme possível, Sociedade (em termos de produtividade), bem para os indivíduos examinados com o mesmo teste. como para o Sistema de Saúde pela despesa com (Pocinho & Figueiredo, 2004). A DP envolve grandes É consensual que tenham de existir pelo os tratamentos necessários. (Dodel et al., 1998). A Fisioterapia adquire um importante papel na reabilitação destes pacientes, cujo objectivo passa por minimizar e retardar a evolução dos sintomas, funcionalidade proporcionando e uma consequente melhor melhoria da qualidade de vida. (Partridge, 2003) menos três requisitos a uma boa psicometria, a fidedignidade, a validade e a sensibilidade. Um dos aspectos essenciais na questão da padronização de um teste, é o facto de esperar que diferentes pessoas a quem este possa ser administrado, medindo o mesmo atributo, em Os pacientes com DP poderão beneficiar termos de resultados, possam ser semelhantes. com um programa de reabilitação que se foque na Depois de estimados os índices de fidedignidade, há disfunção motora como a bradicinésia, bem como que iniciar uma nova tarefa que se designa nas disfunções músculo-esqueléticas, mesmo em validação do teste. Um índice de validade traduz o estágios iniciais da doença. (Dural et al., 2003) grau em que um teste mede o que visa medir, Contudo, segundo duas revisões realizadas por (Deane, et al., 2001), a evidência existente não Arquivos de Fisioterapia comparado com critérios externos reconhecidos (Pocinho & Figueiredo, 2004). Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 28 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos Existem vários tipos de validade, entre as METODOLOGIA: quais (Marinus et al., 2002): Validade de Conteúdo Esta revisão sistemática foi conduzida com que reflecte a extensão com que o instrumento o aborda todos os tópicos e dimensões importantes. instrumentos avaliativos utilizados na DP, bem Esta é uma forma de validade estimada através da como avaliação da relevância dos itens do teste, instrumentos, individualmente e em conjunto. Cada item deve ser credibilidade científica. objectivo de evidência recolher relativa no que informação a diz esses respeito sobre mesmos à sua uma amostra de conhecimentos ou de rendimentos Foram utilizadas na pesquisa as bases de que o teste se propõe medir; Validade Preditiva dados PEDRO, Medline e Science Direct, com as que seguintes palavras-chave: Parkinson; physiotherapy; consiste na probabilidade de ocorrer determinado fenómeno com base num fenómeno rehabilitation; anterior; Validade de Construto, que é avaliada instruments; outcome measures; rating scales; medindo a extensão com que a escala se validation studies. correlaciona positivamente com physical therapy; evaluation outros Literatura adicional foi obtida a partir de instrumentos de medida que possuem o mesmo pesquisas nas bibliotecas dos Hospitais de Alcoitão, construto (validade convergente), ou negativamente Santa Maria e São José, onde foi identificada com medidas que abordam construtos opostos bibliografia útil a este tema. (validade divergente), em situações onde não está Foram tidos como critérios de inclusão disponível uma medida standard ou “de ouro”. Outro estudos realizados entre 1990-2005; artigos em método de validação de construto é a análise das língua Inglesa e Portuguesa; revisões sistemáticas; diferenças entre Grupos Conhecidos “known meta-análises; estudos de validação e RCT`s. groups”. Neste método os pacientes são agrupados Como resultados, foram identificados 22 na base de algumas características – como por estudos que corresponderam aos critérios de exemplo, severidade da doença ou dificuldade em inclusão. realizar determinadas actividades. Validade concorrente, que mede o grau de concordância MATERIAIS: entre os dois instrumentos. Também se pode demonstrar a validade concorrente provando que um instrumento corresponde apropriadamente às medidas de outros fenómenos. Este método é particularmente relevante para instrumentos de auto-avaliação. Além da fiabilidade e da validade uma medida deve ser suficientemente sensível para reflectir alterações significativas no estado do paciente e concisa o suficiente para ser útil clinicamente (McDowell &. Newell, 1999). Instrumentos específicos avaliativos da DP têm sido usados comprometimento com e base podem no ser nível de úteis na determinação das consequências da patologia, severidade, prognóstico e efectividade de algumas intervenções. (Ramaker et al., 2002) Dois grupos de métodos são utilizados para a avaliação dos doentes de Parkinson: (Levy & Joaquim, 2003) 1. Métodos qualitativos – avaliações subjectivas para inventariar os sintomas, sinais e a perda funcional; Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 29 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos 2. Avaliações quantitativas – objectivas, usam testes simples ou complexos para medir e sintomas da doença; alterações nas actividades da vida diária e qualidade de vida do paciente. sinais físicos. (não abordados neste trabalho) Nos métodos qualitativos, as variáveis 1. Tipos de Escalas com Métodos Qualitativos: geralmente avaliadas por estas escalas são: sinais 1.1 Escalas de estadiamento ESCALA CARACTERÍSTICAS PSICOMÉTRICAS Classificação de Hoehn e Yahr Método simples e tradicional que serve para estabelecer a severidade da DP e determinar o estádio da doença, mas que (Levy & Joaquim, 2003) não é útil para a sua monitorização. Permite repartir os doentes segundo 5 estádios, em que "0" corresponde à normalidade (sem sinais de doença) e o "5" corresponde a um doente acamado e totalmente dependente. Apesar de ser bastante utilizada, apresenta baixa sensibilidade à mudança e baixa fiabilidade, principalmente para os estádios precoces da doença. 1.2 Escalas de perda de funcionalidade dirigidas à avaliação dos sinais e sintomas da doença ESCALAS CARACTERÍSTICAS PSICOMÉTRICAS Columbia University Rating Scale (CURS) Esta escala foi apresentada em 1970 por investigadores da Universidade de Columbia, que a usaram nos seus primeiros (Hely et al., 1993) ensaios clínicos com L-dopa. Neste estudo a CURS obteve uma reprodutibilidade intra observador entre moderada a boa e inter observador entre pobre a moderada, para todos os itens, com excepção da rigidez. Possui 10 itens e a sua pontuação vai de 0 a 65 onde (0) é normal e (65) corresponde à máxima incapacidade. Esta escala corresponde a uma modificação da Webster Scale. Evidência disponível mostra que a CURS possui validade Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 30 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos moderada a boa. Nove estudos abordaram a reprodutibilidade (Ramaker et al., 2002) inter observador dos itens em separado, e apenas um avaliou a reprodutibilidade intra observador. Webster Scale Esta escala contém 10 itens, 1 item sobre incapacidade (autocuidado) e 9 itens sobre funcionalidade o que a torna (Ramaker et al., 2002) conceptualmente pouco clara. Apenas dois estudos, de (Geminiane et al., 1991) e (Martinez-Martin et al., 1987), mostraram a sua reprodutibilidade inter observador, que foi tida como baixa a moderada. (Levy & Joaquim, 2003) Escassos dados publicados sobre a sua validade e fiabilidade. Parkinson´s Disease Impairment Scale (PDIS) Apenas um estudo de (Reynolds et al., 1987), avaliou a validade e reprodutibilidade desta escala, e por possuir um factor de (Ramaker et al., 2002) análise pouco claro e consequentemente uma validade de construto baseada nesses factores, a validade desta escala foi sugerida como sendo bastante questionável. Unified Parkinson´s Disease Rating Scale (UPDRS) Com o aparecimento de várias escalas ao longo dos anos, a comparação entre diferentes estudos tornou-se difícil. Surgiu (Martignoni et al., 2003) neste âmbito a ideia de criar uma escala unificadora, a UPDRS, criada por Fahn e colaboradores (1987). Nove estudos testaram e avaliaram esta escala. A secção actividades da vida diária (ADLs) da UPDRS é conceptualmente (Ramaker et al., 2002) pouco clara, porque inclui diversos itens sobre funcionalidade, como salivação, quedas, tremor e queixas sensoriais. Não obstante, a UPDRS demonstra alta consistência interna e alta reprodutibilidade inter observador, bem como moderada validade de construto e um factor estrutural estável. (Rabey et al., 1997); (Martínez-Martin et al., 1987); (Stebbins et al., 1998; 1999); Richards et al., 1994). O tempo de administração da escala foi declarado entre 10-20 minutos. (Martínez-Martin et al., 1987). Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 31 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos 1.3 Escalas de incapacidade, dirigidas à avaliação do impacto da doença sobre as AVD (s) ESCALA CARACTERÍSTICAS PSICOMÉTRICAS Schwab and England Activities of Daily Living Scale As suas características psicométricas nunca foram estabelecidas e a informação disponível existente em relação a (Ramaker et al., 2002) este instrumento encontra-se nos estudos cujo principal objectivo foi avaliar características de outras escalas. E quando em comparação com essas mesmas escalas, os dados sugeriram que a Schwab and England possui uma validade moderada e uma boa reprodutibilidade. (Martínez-Martin et al., 1987); (Martínez-Martin et al., 1995); Stebbins GT et al., 1998) Northwestern University Disability Scale (NUDS or NWUDS) Dois estudos (Henderson et al., 1991) e (Martínez-Martin et al., 1987) mostraram que esta escala possui uma validade de (Ramaker et al., 2002) construto entre moderada a boa e que o seu score total se correlaciona altamente com o score total da Webster e CURS, que são escalas que avaliam funcionalidade. A reprodutibilidade inter observador da NUDS foi considerada excelente, pelos seus autores (Canter et al., 1961) mas apenas moderada por outros autores (Geminiani et al., 1991); (Martínez-Martín et al., 1988); (Martínez-Martin et al., 1987). Esta escala continua a ser usada frequentemente, apesar de não existir informação disponível sobre a sua consistência interna e reprodutibilidade intra observador. Intermediate Scale for Assessment of PD (ISAPD) Avaliada apenas pelos seus autores, (Martínez-Martín et al., 1995), a ISAPD mostra uma correlação boa com a Hoehn e (Ramaker et al., 2002) Yahr, com a UPDRS e a Schwab and England. No mesmo estudo, o resultado também foi excelente quanto à consistência interna e boa quanto à reprodutibilidade inter observador. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 32 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos Extensive Disability Scale (EDS) Esta escala é uma versão modificada da escala Minimal Record of Disability (MRD), que é usada na examinação de pacientes (Ramaker et al., 2002) com Esclerose Múltipla e apenas foi utilizada e testada pelos seus autores, que encontraram uma boa validade de construto e reprodutibilidade inter observador. O tempo de administração, por um revisor treinado, foi referido entre 1520 minutos. (Martínez-Martin et al., 1987). 1.4 Escalas que incluem uma avaliação da perda de funcionalidade e da incapacidade: ESCALA CARACTERÍSTICAS PSICOMÉTRICAS Short Parkinson´s Evaluation Scale (SPES) A SPES é uma escala específica de doença, que omite os itens da UPDRS considerados de difícil avaliação, e com pouco valor clínico. (Ramaker et al., 2002) Evidência sobre a validade de construto e reprodutibilidade inter observador da SPES foi considerada boa, contudo esta apenas foi reportada num artigo pelos seus autores originais. A vantagem desta escala prende-se com o facto de ser uma escala pequena, de fácil e rápida administração (7-10 minutos por neurologistas), válida e de confiança na avaliação de pacientes com DP. (Hely et al., 1993). A SPES surge como um instrumento com propriedades psicométricas semelhantes às da UPDRS, mas com redução (Martignomi et al., 2003) do número de itens e níveis ordinais de cada item (produziu mais secções homogéneas que as versões originais). Segundo este estudo, os itens relacionados com o tremor deveriam ser apresentados individualmente numa secção separada, para ambas as escalas. A escala Hoehn e Yahr mostrou correlação com cada uma das duas secções da UPDRS e da SPES. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 33 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos University of Califórnia Los Esta escala tem sido utilizada muito raramente, e para além de Angeles Scale (UCLA) (Martínez-Martin et al., 1988), que lhe encontrou uma reprodutibilidade inter observador moderada a boa, mais (Ramaker et al., 2002) nenhuma evidência foi publicada. New York University Parkinson´s Disease Evaluation (NYU) Para esta escala apenas foi declarada uma pobre validade de construto em correlação com a Hoehn e Yahr. E o tempo de (Ramaker et al., 2002) administração foi declarado em 10 minutos por um examinador treinado. (Lieberman et al., 1980). 1.5 Escalas de qualidade de vida ESCALA CARACTERÍSTICAS PSICOMÉTRICAS Parkinson´s Disease Questionnaire-39 (PDQ-39) O PDQ-39 possuiu 39 itens divididos em 8 dimensões. É considerado um instrumento válido, específico de doença que (Peto, Jenkinson & Fitzpatrick, avalia a qualidade de vida na DP. Altamente fiável em termos de 1998) consistência interna e nos resultados de reprodutibilidade. Possui uma validade de conteúdo e construto boa, estando significativamente associada à escala SF36. O PDQ-39 parece ser sensível às mudanças que realmente interessam aos pacientes mas que não são assunto primário na avaliação dos clínicos que se focam essencialmente na funcionalidade. Isto junta ao PDQ-39 um importante valor para o seu uso em ensaios clínicos. Traduzido e validado para muitos países e línguas, torna-o um instrumento de eleição para a pesquisa nesta patologia. Os seus itens foram criados a partir de entrevistas com pacientes portadores da DP. O PDQ-39 possui uma consistência interna adequada (0.72-0.95) e uma boa reprodutibilidade (0.68-0.94), com associações (Damiano et al., 1999) significativas a diversas medidas clínicas. Este instrumento não completa os problemas de mobilidade ligados às transferências, sono, auto-imagem e sexualidade. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 34 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos Dois estudos de Fitzpatrick et al, avaliaram a sensibilidade do PDQ39, encontrando moderada sensibilidade estandardizada para as (Marinus et al., 2002) sub escalas de mobilidade e actividades da vida diária, em 51 pacientes que indicaram o agravamento da sua condição, num período de 4 meses. No outro estudo, de Harrison et al, as quatro sub escalas do PDQ-39 (mobilidade, AVDs, estigma, suporte social) foram sensíveis à deterioração no estado de saúde. A sub escala suporte social mostrou consistência interna insuficiente e uma correlação inferior a 0.7. A validade de construto foi estabelecida usando escalas genéricas de qualidade de vida associadas à saúde, instrumentos específicos de doença, comparações entre “grupos conhecidos” e outros instrumentos de medida em saúde. Quanto à validade de conteúdo, quase metade dos itens do PDQ-39 dizem respeito a aspectos físicos (19 itens). As sub escalas foram construídas na base de um factor de análise exploratório. Por ser específico de doença, este questionário não pode ser utilizado na população em geral, dada a especificidade das suas (Marinus et al., 2002) questões. A sensibilidade desta escala necessita ser melhor avaliada, especialmente no que diz respeito a situações em que os pacientes esperam melhorar a sua condição (por exemplo, estudos sobre intervenções). RCTs deveriam incluir medidas de qualidade de vida como a PDQ39 que avalia todos os aspectos da vida do paciente e é sensível (Wheatley et al., 2002) às mudanças, consideradas importantes pelos próprios mas não identificadas pelas escalas clínicas normais. O PDQ-39 é um instrumento válido e fiável que pode ser usado apropriadamente em estudos transculturais. No entanto, existe (Jenkinson et al., 2003) uma dimensão, Suporte Social, que pode não ser suficientemente fiável quanto à sua utilização em ensaios clínicos. Embora seja um instrumento promissor, o PDQ-39 necessita de mais trabalho de desenvolvimento e um suporte mais forte de (Hagell et al., 2003) validade, antes que seja considerado totalmente satisfatório na avaliação de doentes com DP, particularmente nos estágios iniciais da doença. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 35 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos Parkinson´s Disease Quality of Life (PDQL) O PDQL possui 37 itens e divide-se em 4 sub escalas. Este mostrou ser um importante instrumento de avaliação (Hobson et al., 1999) adicional, que reflecte o impacto da DP pela perspectiva do próprio utente. Mostra pobre qualidade de vida quando associado ao aumento da idade, à severidade da doença, à mais severa sintomatologia depressiva e a alterações na função cognitiva. Os seus itens derivaram de entrevistas com pacientes portadores de DP bem como a partir de informação proveniente de neurologistas. A validade de construto e de conteúdo foram consideradas boas e a consistência interna de todos os totais e sub totais do PDQL foi (Marinus et al., 2002) tida também como boa. Quanto à reprodutibilidade teste-reteste, não foi avaliada neste questionário. Parkinson´s Impact Scale (PIMS) A PIMS é uma escala de 10 itens (possui mais dois itens opcionais – sexualidade e segurança financeira). Os seus itens foram (Calne et al., 1996) formulados com vista a abordar determinadas dimensões preocupantes em vez de situações específicas. Este é um instrumento específico de doença cujo objectivo é medir o impacto da DP na qualidade de vida de pacientes com essa doença. Esta deliberadamente não incluiu itens relativos a sintomas físicos, que são directamente medidos por sub escalas da UPDRS. A reprodutibilidade teste-reteste foi considerada como sendo razoavelmente alta, bem como a sua validade de construto, que foi avaliada através da comparação de scores entre pacientes sem flutuações e pacientes com flutuações no seu estado “off”. A PIMS foi desenvolvida primariamente para pacientes com DP idiopática em meio clínico. Mais estudos são necessários para averiguar o seu grau de sensibilidade, para poder reflectir a mudança do impacto da doença ao longo do tempo. Os itens incluídos na escala resultam da preocupação universal de indivíduos que vivem com uma doença crónica. O uso da PIMS deverá ser considerado apenas como uma forma de identificar áreas de potenciais problemas. Aos itens desta (Marinus et al., 2002) escala falta especificidade e a validade de conteúdo é insuficientemente fundada, inclusive a validade de construto e sensibilidade não são de todo avaliadas. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 36 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos Este instrumento possui excelentes características psicométricas, (Schulzer et al., 2003) incluindo alta fiabilidade, validade, e sensibilidade, constituindo assim uma valiosa ferramenta para uso em ensaios clínico e na administração em pacientes com DP e dos seus cuidadores. Parkinson´s LebensQualitat A PLQ possui 44 itens agrupados em 9 sub escalas. (PLQ) O uso desta escala deverá ser apenas considerado em estudos envolvendo doentes de Parkinson que falem alemão, porém existe (Marinus et al., 2002) insuficiente avaliação no que concerne à sua validade, fiabilidade e sensibilidade. Os seus itens derivam de entrevistas com os pacientes. EQ-5D Instrumento válido e com boa fiabilidade na avaliação da qualidade de vida em doentes com Parkinson, reflectindo a severidade e as (Schrag et al., 2000) complicações da patologia. Apresenta um alto grau de correlação com a escala PDQ-39, bem com o score “físico” da escala SF36 e uma correlação considerada significante com as escalas Hoehn e Yahr, Schwab and England Disability Scale e a secção exame motor da UPDRS. No entanto não foi avaliada a sua sensibilidade à mudança, factor bastante importante num instrumento de qualidade de vida que seja usado em ensaios clínicos para testar efectividade de tratamentos. Desta forma, novas investigações são necessárias com vista a avaliar esta característica no EQ-5D. SF36 (Versão Portuguesa) O SF-36 é um questionário abreviado resultante das baterias de saúde da RAND (Research ANd Development) Corporation, (Meneses, Ribeiro & Silva, baseadas numa definição multidimensional de saúde criadas para 2002) o Health Insurance Experiment (HIE) e, posteriormente, o Medical Outcomes Study (MOS). Este pretende ser um instrumento de observação, com 36 questões, e que tem vários objectivos. É um instrumento de medida genérico sobre o estado de saúde e é amplamente usado como uma medida de qualidade de vida mais ampla, uma vez que é multidimensional. O SF-36 permite descrever diferenças no funcionamento e bem-estar em indivíduos doentes – com diferentes patologias físicas ou psiquiátricas crónicas – e saudáveis. O SF36 é um instrumento genérico de qualidade de vida com sensibilidade para avaliar diferentes tipos de pacientes e em diferentes fases da mesma condição. Este pode ser aplicado à Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 37 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos (Ferreira, 2000) população em geral e em pacientes com outras doenças em particular. Existe uma versão Portuguesa deste instrumento, que possui uma boa validade convergente, de conteúdo e construto. Mostrou ainda possuir sensibilidade a diferentes tipos de pacientes e em diferentes fases da mesma condição. Nottingham Health Profile Trata-se de um questionário de auto-administração, constituído (NHP) por 38 itens, organizados em 6 categorias, baseados na (Teixeira-Salmela et al., 2004) Organização Mundial de Saúde. O NHP é um instrumento genérico de qualidade de vida, desenvolvido originalmente para avaliar a qualidade de vida em pacientes portadores de doenças crónicas. Tem sido utilizado nos últimos anos para avaliação da qualidade de vida em idosos, portadores de hemiplegia e em pacientes com DP. Embora seja um instrumento promissor, o NHP necessita de mais trabalho de desenvolvimento e um suporte mais forte de validade, (Hagell et al., 2003) antes que seja considerado totalmente satisfatório na avaliação de doentes com DP, particularmente nos estágios iniciais da doença. 1.6 Outros instrumentos ESCALA CARACTERÍSTICAS PSICOMÉTRICAS/ OUTRAS INFORMAÇÕES Modified AIMS Esta escala avalia complicações do tratamento (discinésias e (Levy & Joaquim, 2003) flutuações). Não foi encontrada informação sobre as suas características psicométricas. Parkinson’s Disease Sleep Scale (PDSS) A PDSS é composta por 15 sintomas comuns associados a distúrbios do sono, que foram escolhidos com base na experiência própria de 800 pacientes com Parkinson atendidos entre 1996- (Chaudhuri et al., 2002) 2000 num hospital público, bem como através da experiência dos seus cuidadores. Vantagens adicionais desta escala incluem a sua fácil utilização, podendo ser administrada pelo próprio paciente ou pelo seu cuidador, e a sua capacidade de prover medidas quantitativas de sintomas, contribuindo assim para a avaliação deste tipo de distúrbio. A PDSS é importante dada a função do sono e das implicações dos seus distúrbios na própria DP. Possui Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 38 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos alta sensibilidade à mudança, bem como boa reprodutibilidade intra e inter observador. No entanto, contém algumas limitações tais como todas as escalas subjectivas que tentam avaliar holisticamente a etiologia dos problemas do sono. Este instrumento não foi validado tendo em conta a própria arquitectura do sono medida por um polígrafo, todavia este por identificar sintomas individuais que contribuem para o distúrbio do sono, proporciona um método objectivo no delineamento de intervenções no tratamento de sintomas nocturnos na DP. Short Psychosocial questionnaire for patients with parkinson´s disease : Para se quantificar o impacto psicossocial da DP, é necessário um SCOPA-PS instrumento que apenas inclua itens direccionados para as emoções percepcionadas e as dificuldades experimentadas em (Marinus et al., 2003) situações sociais. É neste âmbito que surge o questionário psicossocial (SCOPA-PS) que é apenas uma parte dum grande projecto de investigação, o “SCales for Outcomes in PArkinson’s disease (SCOPA) ”, no qual escalas pequenas e práticas são seleccionadas e desenvolvidas para todos os domínios relevantes na DP. O SCOPA-PS é um questionário psicossocial novo, curto e com propriedades psicométricas boas que foi construído para avaliar pacientes com DP. A sua consistência interna e fiabilidade testereteste são boas e a validade convergente com outras escalas correspondeu às expectativas dos autores. Os autores da escala crêem que esta pode ser utilizada adequadamente para monitorizar a função psicossocial ao longo do tempo e pode servir como um indicador de áreas com potenciais problemas. O SCOPA-PS compreende assim a necessidade duma escala pequena com boas características psicométricas, que aborda as dificuldades vivenciadas pelos pacientes na esfera social e emocional. A escala pode ser adequadamente utilizada em situações de pesquisa considerando que o seu uso em prática clínica deverá ser discutido. Questionário psicossocial BELA-P-k Os instrumentos existentes para avaliar a DP são valiosas ferramentas para serem usadas em estudos clínicos mas falham (Noelle et al., 2003) quando não focalizam a avaliação subjectiva dos próprios pacientes, não incluindo factores psicológicos e psico-sociológicos da DP que reflectem a natureza multi-dimensional da experiência Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 39 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos subjectiva. É neste contexto que surge um novo instrumento específico da DP, o questionário (BELA-P-k). O Bela-P-k consiste em 19 itens distribuídos em 4 sub-escalas. Este foi testado quanto às suas diferenças culturais, relevância e viabilidade num estudo piloto (n=10) e comparado num estudo de validação (n=54), com o Sickness Impact Profile, o COOP/WONCA Functional Health Assessment Charts e o Loneliness Questionnaire. A consistência interna e fiabilidade dos seus scores Bb (0.90) e NfH (0.93) foram consideradas excelentes (Cronbach`s alfa) e quase todas as sub-escalas tiveram correlações altas (P <0.001) com as escalas correspondentes dos índices de qualidade de vida standard. Não houve relações significativas entre a severidade da doença (Hoehn and Yahr) e o BELA-P-k. Este questionário mostrou ser um instrumento apropriado, válido e potencialmente útil na avaliação de problemas psicossociais em estudos clínicos sobre a DP e na prática clínica diária. Contudo, futuras pesquisas são necessárias em grupos maiores de doentes. Major Depression Inventory in patients with Parkinson´s A identificação de sintomas depressivos entre as manifestações Disease clínicas da DP foi sempre bastante difícil. Em estudos científicos com indivíduos portadores de DP, as escalas de avaliação da (Bech & Wermuth, 1998) depressão enfatizam a intensidade de sintomas de humor em vez da sua frequência. A escala Hamilton Depression Scale (HAM-D) é a versão clínica mais difundida e o Beck Depression Inventory (BDI) é o questionário mais utilizado na auto-avaliação dos pacientes. O Major Depression Inventory ICD-10 (MDI) foi construído tendo em conta o conceito de depressão major introduzido no DSM-IV e no ICD-10. A validade interna deste questionário foi avaliada por meio de ambos os coeficientes de homogeneidade e análise factorial, considerando que a validade externa foi só a validade concorrente, usando a padronização do questionário anteriormente construído, o Zung Self-Rating Depression Scale, como índex. Os resultados da análise psicométrica da validade interna, avaliando até que ponto as escalas são unidimensionais, mostrou que a MDI foi superior à Zung-SDS. A validade de conteúdo da MDI teve uma fechada associação com os 10 itens sobre sintomas de depressão usados no ICD-10, segundo o qual, a depressão surge na DP como uma desordem orgânica do humor. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 40 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos Entre as desordens médicas mais usualmente associadas com depressão clínica a DP ocupa um lugar privilegiado. A depressão é (Sawabini & Watts, 2004) a perturbação psiquiátrica mais frequente nesta patologia, estando presente em 40 a 50% dos doentes e é associada a uma incapacidade significante com consequente impacto negativo na qualidade de vida. Medição da “máscara expressiva” da DP Uma das consequências mais perturbantes da DP é um corpo indiferente e inexpressivo. Com o progresso da doença, há um (Tickle-Degnen & Lyons, 2004) declínio na capacidade do corpo para interiorizar emoção e pensamento. A depleção do neurotransmissor dopamina nos gânglios basais resulta numa dificuldade em iniciar o movimento bem como alterações no fluxo e coordenação. A face torna-se fixa e rígida, em '' máscara '', e os movimentos da cabeça perdem o ritmo de resposta espontânea. Pode medir-se a “máscara expressiva”, através do item expressão facial da secção exame motor da escala UPDRS. A avaliação deste item dentro da UPDRS, foi considerado como sendo altamente associado com comportamento expressivo e esta teve ainda negativas associações com fluidez de movimento, rapidez de discurso e de gestos, expressão vocal e tremor. Parkinson Fatigue Scale (PFSA experiência subjectiva de fadiga, apesar de não existir uma 16) definição standard, pode ser descrita como um estado de extremo (Brown et al., 2005) cansaço, fraqueza e exaustão, quer mental e física. Vários estudos têm abordado a importância da fadiga na DP, no entanto estes centram-se mais em relação à sua prevalência e impacto na vida dos doentes, que na sua própria natureza ou etiologia, ou até mesmo na busca de mais meios clínicos para a tratar. Uma possível razão para esta lentidão no seu progresso deve-se à falta de um instrumento de medida apropriado para a sua avaliação na DP. Foi proposto então a “Parkinson Fatigue Scale (PFS-16) ”, um instrumento cujo objectivo é o de melhorar a intervenção clínica na DP, para além de contribuir para o progresso científico nesta patologia. A PFS-16 foi construída especialmente para DP e o seu objectivo foi o de ser um instrumento válido e seguro. Esta escala mostrou (Brown et al., 2005) possuir boas propriedades intrínsecas, evidenciadas pela sua alta consistência interna e fiabilidade, no entanto existiram algumas dúvidas, que levaram os autores a considerarem a sua fiabilidade Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 41 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos teste-reteste como apenas razoável. Em relação à validade concorrente desta escala, foi bastante problemática de avaliar, dado não existir “medida de ouro” da fadiga que possa ser usada como termo de comparação. O que se conclui é que o estudo por detrás desta escala não mostrou ser suficiente para se poder afirmar que a PFS-16 é uma escala superior, em relação às outras, até porque as suas qualidades psicométricas levantam algumas questões e outros estudos precisam explorar estes factores. No entanto, os autores esperam que possa vir a ser um instrumento útil na progressão do estudo da fadiga na DP, e mesmo encorajar o desenvolvimento e o melhoramento de novas intervenções no controlo deste problema comum e tão incapacitante. Modified Falls Efficacy Scale (MFES) As quedas não são um problema novo na DP. Realmente, na descrição inicial por James Parkinson, foram feitas várias (Wood et al., 2002) referências às quedas. No entanto, poucos são os estudos publicados sobre as quedas nesta patologia. Segundo (Keith Hill et al., 1996) no contexto da Fisioterapia, a MFES parece ser um instrumento de medida útil para analisar a (Hill et al., 1996) pontuação obtida pela maior parte dos idosos inquiridos aquando da realização de determinadas actividades do seu quotidiano e perceber quais delas apresentam maior risco de queda, quais os idosos que apresentam maior predisposição para a queda e dinamizar programas de despiste e prevenção da sua ocorrência. A MFES contribui ainda para verificar as maiores dificuldades e limitações funcionais do idoso, definir a melhor abordagem terapêutica e avaliar a eficácia do tratamento aplicado. Mini-Mental State Examination Scale (MMSE) Este exame constitui uma medida sumária e quantitativa que avalia o estado cognitivo em adultos. Pode ser usado para http://www.minimental.com procurar alterações cognitivas, calcular a sua severidade e seguir o curso dessas mudanças com o passar do tempo num indivíduo. Pode documentar ainda a resposta a determinado tratamento. Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 42 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos The Parkinson’s disease A DP é associada a um conjunto de sinais, sintomas e flutuações symptom inventory (PDSI) motoras. Em conjunto, tratamentos com levedopa e agonistas dopaminergicos são associados com efeitos secundários que têm (Hogana et al., 1999) os mesmos efeitos e impacto nas dimensões de saúde como a própria sintomatologia da doença. Para se poder avaliar de forma compreensiva e sensível as terapias medicamentosas em respeito aos sintomas e efeitos secundários foi desenhado o Parkinson’s disease symptom inventory (PDSI), que demonstrou possuir características psicométricas boas, proporcionando valiosos dados relativamante à efectividade comparativa de terapias na DP. Este consiste em 51 itens de sintomas identificados a partir de opinião de peritos, entrevistas com pacientes e através duma revisão de literatura médica. A análise psicométrica efectuada nesta escala demonstrou uma excelente consistência interna e uma reprodutibilidade aceitável dos itens. Comparação de resultados com a UPDRS e a PIMS revelou uma correlação com a PDSI, de valores Pearson’s r de 0.5 e 0.7 respectivamente. Instrumentos avaliativos relacionados com Conclusão: A saúde é uma experiência multidimensional que incorpora as vertentes biopsico-social, e para se conseguir fazer uma avaliação desses domínios vários instrumentos avaliativos foram desenvolvidos ao longo do tempo. Existem os instrumentos genéricos que permitem a avaliação de grupos e populações com diferentes diagnósticos e os instrumentos específicos que estão indicados para avaliar o impacto duma doença específica. São também muitas as razões para que instrumentos de saúde sejam usados, estes identificam possíveis limitações das intervenções terapêuticas, ilustram os erros entre a percepção dos clínicos e a do próprio paciente acerca da sua doença e possibilitam a apreensão de outros aspectos adicionais ao processo da doença que podem faltar aos instrumentos de medida mais específicos de doença. a saúde são tidos como sendo muito úteis e de grande valor na rotina dos cuidados nos pacientes com DP, facilitando a detecção de aspectos relacionados com a doença, ajudando os profissionais de saúde a determinar prioridades, particularmente ao nível de objectivos de tratamento, facilitando a própria comunicação e promovendo a decisão em conjunto com o doente. No entanto, estes instrumentos na minha opinião são pouco conhecidos no nosso país e daí a possível negligência na sua aplicação nestes pacientes. Tendo em conta este aspecto, procurouse com esta revisão, mostrar algumas características sobre determinados instrumentos, que podem e devem ser utilizados pelos Fisioterapeutas na avaliação de pacientes com esta patologia. É importante medir em Fisioterapia pois permite investigar, documentar informação, e reclamar credibilidade científica. É através da Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 43 Doença de Parkinson: Instrumentos Avaliativos medição duma determinada situação que se pode - Brown, R.G. et al. (2005). The Parkinson fatigue obter um resultado específico de cada paciente scale. Parkinsonism and Related Disorders, 11, 49- permitindo assim uma tomada de decisões e 55. consequente comunicação entre profissionais. - Calne, S. et al. (1996).Validating a Quality of Life Afigura-se igualmente importante investir em futuras investigações, com desenhos Rating Scale for Idiopathic Parkinsonism: Parkinson’s: Parkinson’s Impact Scale (PIMS). metodológicos rigorosos, incluindo períodos de Parkinsonism and Related Disorders, 2(2),55-61. “follow up” mais significativos para um maior - Chaudhuri, K R. et al. (2002). The Parkinson’s entendimento Disease Sleep Scale. J Neurol Neurosurg Psychiatry, da contribuição dos diferentes componentes dos programas de tratamento, bem 73, 629–635. como apostar na pesquisa sobre intervenções - Damiano, A. et al. (1999). A review of health- psicológicas e educacionais, que deveriam ser related quality-of-life concepts and measures for também incorporadas no pacote multidisciplinar. Parkinson’s disease. Quality of Life Research, 8, Espera-se que o presente estudo possa 235-243. contribuir para aumentar, de certa forma, o - Deane, K. et al. (2001a). Physiotherapy for conhecimento em relação à DP no que diz respeito Parkinson’s disease: a comparison of techniques. à sua avaliação, bem como possa servir de estímulo The Cochrane Databases of Systematic Reviews para futuras validações de escalas/questionários 2001, Issue 1. aqui expostos, por parte de colegas na área, e 10.1002/14651858. CD002815. assim promover um maior enriquecimento da - Deane, K. et al. (2001b). Physiotherapy versus nossa profissão. placebo or no intervention in Parkinson´s disease. Conclui-se que existe pouca evidência Art. No.: CD002815. DOI: The Cochrane Databases of Systematic Reviews relativamente às características psicométricas da 2001, Issue 3. maioria dos instrumentos encontrados e deverá 10.1002/14651858. CD002817. ter-se em conta que estando estes quase na sua - Dodel, R. et al. (1998). Cost of drug treatment in totalidade em Inglês, não basta uma simples Parkinson´s disease. Mov Disord, 13, 249-53. tradução para que possam ser usados com - Dural, A. et al. (2003). Impairment, disability, and segurança no nosso País. life satisfaction in parkinson`s disease. Disability Art. No.: CD002817. DOI: and rehabilitation, 25 (7), 318-323. - Ferreira, PL. (2000). Development of the Bibliografia Portuguese version of MOS SF-36. Part I. Cultural - Aminoff, J., & Simon, R. (2002). Clinical neurology. and linguistic adaptation. Acta Med Port, 13(1-2), (5ªed.). McGraw Hill. 55-66. - Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson. www.apifarma.pt/uploads/11- APDF.pdf . Consultado em 1 de Julho de 2006 - Bech, P., & Wermuth, L. (1998). Applicability and validity of the Major Depression Inventory in patients with Parkinson´s Disease. Nord J Psychiatry, 52, 305-309. Arquivos de Fisioterapia - Hagell, P. et al. (2003). Health Status Measurement in Parkinson’s disease: Validity of the PDQ-39 and Nottingham Health Profile. Movement Disorders,18(7),773-783. - Hill, K. (1996). 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João Baptista - Entroncamento RESUMO: Enquadramento: A espasticidade é um síndrome que dificulta o processo de recuperação neuromotor do doente neurológico. Nos últimos anos, têm vindo a ganhar relevância a injecção intramuscular de toxina botulínica do tipo A (T.B.-A). Esta, quando complementada com um plano de tratamento de fisioterapia adequado, tem demonstrado resultados benéficos no que concerne, à redução temporária da espasticidade. Objectivos: Recolher informação sobre a actuação da fisioterapia face a um doente sujeito a terapêutica com T.B.-A, com o intuito de encontrar orientações de intervenção. Materiais e Métodos: Nesta perspectiva, procedeu-se a uma recolha bibliográfica actualizada, acerca da utilização da T.B.-A associada a um programa de fisioterapia personalizado em doentes do foro neurológico. Resultados e Conclusões: Pode-se concluir que, apesar de alguma escassez de estudos, a T.B.-A, parece ser uma técnica segura e útil no tratamento da espasticidade e consequentemente auxilia o fisioterapeuta, a melhorar a capacidade funcional destes indivíduos, devendo a sua intervenção ser o mais precoce e intenso possível. . Palavras Chave: espasticidade; toxina botulínica tipo A; fisioterapia Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 46 Fisioterapia e Toxina Botulínica do Tipo A muscular a longo prazo e, consequentemente, INTRODUÇÃO: Um dos principais obstáculos ao melhorar a capacidade funcional destes processo de recuperação funcional do doente indivíduos (Roussounis, 2000; Edwards, 2000; neurológico como sabemos, é a espasticidade. Chutorian 2001; & Morton, 2004). presença de A totalidade dos autores citados, refere involuntária que que a intervenção do fisioterapeuta após a frequentemente se associa à dor, deformidade injecção da T.B.-A é muito importante não só e incapacidade funcional. para que se consiga alcançar os benefícios Esta caracteriza-se hiperactividade pela muscular A recuperação neuromotora, que visa esperados, como para que se obtenha um restabelecer as condições de tónus e da força efeito mais prolongado muscular, normalmente funcionalidade dos membros. disfunções sensitivas e uma maior associadas a cognitivas, é É ainda consensual, a necessidade de determinante no combate à hipertonia que um programa de fisioterapia intenso para que dificulta se obtenham melhores resultados. e significativamente as capacidades funcionais destes doentes na sua vida diária. Neste âmbito, nos últimos anos, muitas técnicas/ métodos fisioterapêuticos foram desenvolvidos procurando minimizar as ENQUADRAMENTO HISTÓRICO: A toxina botulínica (T.B.) é uma proteína de origem biológica, produzida pela bactéria Clostridium dificuldades encontradas pelos doentes com anaeróbica, gram espasticidade. O fisioterapeuta, procura assim Botulinium, popularmente normalizar o tónus muscular, com técnicas que comercializada com o nome de “Botox®” promovem a inibição dos padrões anormais de (Laboratorio Allergan Pharmaceuticals Ireland) movimento e postura. Todavia, nos casos em e “Dysport®” (Laboratorio Ipsen Pharma S.A.). que existe uma hipertonia elevada, as técnicas Em, 2001, negativa, a conhecida Associação e Médica habitualmente utilizadas tais como: medicação Americana, definiu a T.B. como uma “arma oral, ortóteses, baclofeno intratecal, fenol/ biológica”, isto pelo facto desta toxina ser um álcool, cirurgia, entre outras, apresentam agente altamente letal. algumas limitações. De acordo com Stephen et al. (2001), Para fazer frente a estas limitações, os primeiros estudos com a T.B. foram têm vindo a ganhar relevância a injecção efectuados em 1920 em indivíduos vítimas de intramuscular de toxina botulínica do tipo A botulismo. Naquela época, estas bactérias (T.B.-A). Esta, quando complementada com um frequentemente contaminavam alimentos mal plano de tratamento de fisioterapia adequado, conservados que, quando ingeridos, levavam ao tem demonstrado resultados benéficos no que envenenamento. Surgia então um quadro concerne, da clínico caracterizado por, náuseas, mal-estar, espasticidade. Nestas circunstâncias pode vómitos, insuficiência respiratória, fraqueza à redução temporária mesmo atingir a normalização do tónus Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 47 Fisioterapia e Toxina Botulínica do Tipo A muscular progressiva que, com alguma tensionais e exaquecas, sialorreia, hiperidrose, destacando-se ainda a sua aplicação, no frequência, conduzia à morte. Laboratorialmente nos Estados Unidos, tratamento da espasticidade, causada por entre 1980 e 1996, essa “arma biológica”, foi acidentes vasculares cerebrais (A.V.C.s), ou por investigada e purificada, conhecendo-se hoje outras doenças do sistema nervoso central em (esclerose múltipla, paralisia cerebral, …) (Ring dia, sete toxinas distintas H.,2005). imunologicamente: A, B, C, D, E, F e G. Apesar da T.B.-B (Neurobloc®) Mais ter recentemente, têm surgido alguns algumas referências da sua aplicação no resultados no que concerne a tratamentos tratamento da depressão nervosa (Finzi, E. & terapêuticos (Fernández, 2006), autores como, Wasserman, E., 2006), assim como no Munchau (2000); Roussounis (2000); Morton tratamento de lombalgias. demonstrado, mais recentemente, (2004); Dressler et al. (2005), afirmam que a T.B.-A é a mais comercializada e usada MECANISMOS DE ACÇÃO: terapêuticamente no ser humano. De acordo com Dressler (2005), após a Nestes estudos, entre outros, verifica-se aplicação desta neurotoxina há uma inibição do que a T.B.-A, quando administrada por injecção mecanismo intramuscular, é provocando uma desnervação controlada com considerada um tratamento interessante no fraqueza muscular temporária e provável bloqueio neuromuscular selectivo, aliviando atrofia. espasmos musculares oriundos de actividade fisioterapeuta vencer essa grande barreira e neural excessiva. atingir resultados satisfatórios no processo de em doses adequadas, De acordo com a literatura consultada, a primeira experiência terapêutica realizada causador da Consequentemente, espasticidade, permite ao reabilitação dos doentes com um quadro neurológico espástico. em humanos com a aplicação desta toxina, Como sabemos, a contracção muscular teve lugar em 1980 por um Oftalmologista, inicia-se a partir de um impulso nervoso Allan B. Scott, visando encontrar uma forma proveniente do cérebro ou da medula espinal. não cirúrgica para tratar o estrabismo. Nas Este impulso chega às terminações nervosas últimas décadas vários estudos científicos as (Elizabeth, 2000; Munchau, 2000; Morton, neurotransmissora – acetilcolina (Ach) - na 2004 et al.) demonstram que a T.B.-A tem sido placa amplamente utilizada na área da estética – sináptica para o receptor colinérgico, ficando Botox, assim como na área da neurologia. Na assim a membrana pré-sináptica permeável ao vertente sódio (Na+) e ao potássio (K-), desencadeando o neurológica, encontra principal utilização em casos de distonias focais dos membros e da coluna cervical (torcicolo espasmódico), espasmos hemifaciais, cefaleias Arquivos de Fisioterapia quais libertam motora, uma difundindo-se substância pela fenda funcionamento da “bomba Na+/K-” (figura 1A). Do ponto de vista fisiológico, o mecanismo de acção da T.B.-A, surge na junção Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 48 Fisioterapia e Toxina Botulínica do Tipo A aplicação, causando uma diminuição da acção nas terminações nervosas, sendo que, à posteriori a recuperação do tónus muscular ocorre pelo crescimento dos botões axonais (“sprouting”) nas terminações nervosas que reinervam o músculo. A ADMINSTRAÇÃO DA TOXINA: De acordo com Elizabeth (2000), Barberá (2004), Morton (2004), Dressler (2005), os efeitos da T.B.-A surgem entre os 2 Figura 1 – Mecanismo de Acção da Toxina Botulínica do Tipo A. mioneural provocando o bloqueio da libertação deste neurotransmissor (Ach) na membrana pré-sináptica (Munchau et al.,2000 & Stephen, a 6 dias após a sua aplicação, perdurando o relaxamento muscular durante 3 a 4 meses. Casos há, em que o seu efeito terapêutico se estende até aos 6 meses após a sua administração. De acordo com Stuart (2001) 2001). Por outro lado, estruturalmente a T.B.-A é constituída por duas cadeias, uma cadeia leve e uma cadeia pesada, ligadas por uma ponte. A cadeia pesada actua ligando-se a receptores específicos da membrana pré-sináptica. Uma vez ligada, a T.B.-A entra na célula mediante vesículas sinápticas, unindo-se ao citosol onde realiza a sua acção enzimática. Entretanto a cadeia leve, vai inibir a libertação de Ach (Elizabeth, 2000 Muchau, 2000; Barberá, Segundo Munchau et al. (2000), a T.B.-A actua apenas na inibição da libertação da Ach, não interferindo na sua síntese e no seu a parésia muscular produzida depende da dose de toxina aplicada formação de anticorpos. De acordo com a “Food and Drug Administration's” – FDA (Botulinum Toxin: A Poison That Can Heal), 10% dos pacientes desenvolvem anticorpos à toxina, sendo mais provável que isso aconteça, em pacientes que recebem doses elevadas de T.B.-A em curtos fabricantes desta toxina biológica recomendam que a dosagem seja a mais baixa possível em cada administração. fisioterapia torna-se mais eficiente demonstra maiores benefícios, e quando efectuada durante o primeiro mês após a e, é reversível. Por outro lado, na análise aos estudos consultados, e as seguintes de forma a minimizar a Por outro lado, é de evidenciar que a armazenamento. assim, intervalos entre a primeira aplicação da toxina intervalos de tempo. Consequentemente os 2004) (figura 1B). Sendo & Barberá (2004), devem-se evitar grandes verifica-se que a fraqueza muscular ocorre apenas na área da sua Arquivos de Fisioterapia administração da T.B.-A. Segundo dados actuais fornecidos pelo Infarmed (“ Prontuário Terapêutico on-line” Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 49 Fisioterapia e Toxina Botulínica do Tipo A Ministério da Saúde), torna-se essencial uma 450 €). Cada unidade de Botox equivale a 3-4 U avaliação pormenorizada do indivíduo em de Dysport. causa, incluindo não só o exame clínico Na Tabela 1, apresentam-se exemplos subjectivo e objectivo, assim como, a utilização das doses a administrar no tratamento da de instrumentos / escalas de avaliação para espasticidade: que esta seja a mais objectiva possível. Por outro lado, salienta-se a eficácia do recurso aos exames complementares de Músculos diagnóstico, Dose de Botox Unidades nomeadamente a electromiografia, a qual permite identificar de uma forma mais precisa os músculos comprometidos (Edwards, S. et al. Deltóide Bícepede 2000; Stuart, 2001; Soucacos, 2003). Braquiorradial 25 a 75 A aplicação da toxina concretamente, Flexor radial do carpo 10 a 50 é Flexor cubital do carpo 10 a 50 Flexor profundo dos dedos Adutor do polegar 10 a 30 5 a 10 esta injectada especializado por (fisiatra um ou profissional neurologista), intramuscularmente, nos músculos espásticos previamente seleccionados. De acordo com Barberá (2004), podem-se aplicar injecções em vários pontos do grupo muscular, variando em geral entre 1 a 4 pontos no máximo. O 25 a 100 50 a 100 Interósseos 3a8 Psoas-ilíaco 100 a 200 Quadrícepede 100 a 200 Adutores 200 a 400 utente, normalmente, sente apenas a dor da Tibial anterior Tibial posterior 25 a 75 50 a 150 picada da agulha, o que torna a sua aplicação Longo peroneal 50 a 150 compatível com todas as idades. Gémeos 50 a 200 Longo flexor dos dedos 50 a 100 Por outro lado, a dose e os pontos de aplicação da T.B.-A dependem de alguns factores, intrínsecos, tais como: a idade e peso, a localização e a extensão Tabela -1 Doses de Botox Obs.: As doses de Dysport são quatro vezes maiores do que as de Botox. do comprometimento dos grupos musculares mais envolvidos na incapacidade funcional. Segundo o Infarmed (“ Prontuário Terapêutico on-line” Ministério da Saúde) a De acordo com Stuart (2001) e outros maioria das reacções adversas da injecção de autores, devem ser evitadas doses superiores T.B.-A são locais e dependem da difusão a 600 / 800 U por cada aplicação de Botox. passiva da toxina para músculos adjacentes ao O Botox®, têm uma apresentação injectado. Raramente ocorrem efeitos síndrome gripal, comercial em frasco-ampola de 100 U de sistémicos toxina e cada frasco de Dysport® contém 500 diminuição da força muscular em grupos U (comercializado com um valor aproximado de musculares distantes do local da injecção. tais com Ainda de acordo com a mesma fonte, não há Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 50 Fisioterapia e Toxina Botulínica do Tipo A a com paralisia cerebral sujeitas a T.B.-A: 1) da selecção do paciente, 2) pré-avaliação, 3) formulação. Por outro lado, a existência de definição dos objectivos, 4) fisioterapia pós T.B.- doenças que diminuam a força muscular A, 5) avaliação dos resultados e follow-up. contra-indicações absolutas hipersensibilidade aos excepto componentes constitui uma contra-indicação relativa. Após a administração da toxina, o Reforçando esta ideia, a “European Medicines Agency” - EMEA fisioterapeuta procede assim, a uma avaliação na “Lista das ou reavaliação do doente tendo como principal denominações, da forma farmacêutica, das objectivo a elaboração de um plano de dosagens e das vias de administração dos tratamento, visando o aumento da amplitude medicamentos, dos titulares das autorizações de movimento, a melhoria da função, promover de introdução no mercado e da apresentação e o controle selectivo, o ganho de força e dimensões das embalagens nos estados coordenação, bem membros” componentes de (2003), risco/benefício respeitadas as afirma desta que o terapêutica, doses perfil quando indicadas como o de desempenho outros motor indispensáveis no processo de reabilitação. pode considerar-se favorável. CONCLUSÕES: No que concerne à utilização simultânea A T.B.-A, pode pois ser considerada uma da T.B.-A com antibióticos do grupo dos técnica segura e útil no tratamento da aminoglicosídeos pode potenciar a diminuição espasticidade. da força muscular induzida pela toxina. È consensual que a sua eficácia está intimamente ligada aos critérios de selecção TOXINA BOTULÍNICA – A FISIOTERAPIA: Anteriormente, já foram referidas as do doente, músculos e pontos a injectar. Igualmente importante parece ser a indicações terapêuticas desta toxina, em precocidade e plano de tratamento em diversas disfunções neurológicas. fisioterapia para se obter um efeito óptimo. Na verdade, hoje em dia a sua aplicação Apesar disso, após a pesquisa veio alargar o arsenal terapêutico e reabilitativo bibliográfica efectuada, verifica-se uma grande disponível (Roussounis et al., 2000; Elizabeth et escassez de estudos que suportem a eficácia al,, 2000; Soucacos, et al., 2003; Bakheit, et al., das actividades fisioterapêuticas específicas. 2004; Coxon, 2004; Morton, et al., 2004). Ressalva-se então, a importância da realização De acordo com Leach (1997) citado de estudos no âmbito da intervenção do por Nolan (2006), torna-se importante uma fisioterapeuta após as injecções da Toxina selecção criteriosa do paciente que irá receber Botulínica do tipo A. a T.B.-A e consequentemente uma avaliação dos resultados finais. Para este autor o fisioterapeuta deverá estar presente em 5 etapas de avaliação e tratamento de crianças Arquivos de Fisioterapia AGRADECIMENTOS: Agradeço em especial ao médico fisiatra Dr. Renato Nunes e ao fisioterapeuta Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 51 Fisioterapia e Toxina Botulínica do Tipo A Luís Eva Ferreira por todo o apoio e auxílio que management of cerebral palsy. Gait and Posture, me foi prestado durante a realização deste 11, 67-79. artigo. - Leach J. (1997). Children undergoing treatment whith botulinum toxin: the role of the physical therapist. Muscle Nerve Suppl, 6, 194-207. BIBLIOGRAFIA: - Lista das denominações, da forma farmacêutica, - Barberá, M. A., Fortuny, I.B., et al. (2004). Guia terapéutica de la espasticidad del adult com toxina botulínica. Rev Neurol 38(10), 971-978. effect of botulinum toxin type A is maintained after repeated treatment cycles. J Neurol Neurosurg Psychiatry, 75(11), 1558-61. http://www.fda.gov/fdac/features/095_bot.html. 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Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 54 “N” Reflexões - Trabalho ou Profissão O trabalho faz-se; a profissão vive-se. Até que ponto você e sente disposto/a defender a sua empresa quando não está a trabalhar? Está nesse emprego porque precisa do dinheiro para sobreviver, porque gosta do que faz, ou porque admira a forma como empresa se organiza e funciona? Se costuma reflectir sobre o tipo de relações que estabelece com as pessoas com quem lida mas não o faz com a empresa onde trabalha, você corre o risco de se tornar uma pessoa muito pouco interessante. Na verdade, compreender o tipo de relação que estabeleceu com a sua organização é compreender-se a si próprio e reflectir sobre a maior fatia do seu tempo diário, por isso, aconselho-o/a a que faça este tipo de reflexão pelo menos duas vezes ao ano. Este exame também o ajudará a equacionar, de forma mais segura e responsável, o grau de entusiasmo com que encara a sua profissão, os sacrifícios ou desafios que está disposto a aceitar em prol do bem comum da sua empresa e o tipo de recompensa que espera alcançar através dela. Com efeito, se as empresas modernas vivem barricadas entre a procura incessante de eficácia e eficiência, de acordo com as cada vez mais exigentes - leis do mercado e um, aparentemente contraditório, incentivo à criatividade, à inovação e à iniciativa individual, modernamente designado de “postura próactiva”; os trabalhadores modernos devem encontrar nos factores motivacionais a base para uma actividade profissional bem sucedida e recompensadora e uma vivência mais positiva tanto no campo do desempenho da profissão como no campo da vivência em família e em sociedade. Longe vão os tempos em que, chegada a idade adulta, com ou sem formação, homens e mulheres partiam em busca de um trabalho, conceito bem diferente da actual ideia de felicidade, a qual pressupõe, entre outros requisitos, a necessidade de encontrar uma profissão. Se o primeiro reflecte a produtividade na vertente do esforço, da Arquivos de Fisioterapia obrigação, do mal necessário à subsistência enquanto ser vivo e à integração plena na sociedade – requisitos que Maslow (Coelho, C.; Correia, V. 1998) classificou como os dois primeiros degraus na base da sua pirâmide das necessidades (figura 1) - o segundo espelha a produtividade nos aspectos mais positivos de recompensa intrínseca, de espírito de missão, de positividade individual e de satisfação das necessidades de auto-estima e realização. Ora, é precisamente nestas duas que podemos e devemos enquadrar a motivação profissional. Elas representam para Maslow os degraus cimeiros da pirâmide e reflectem um processo bem sucedido de desenvolvimento do indivíduo, imprimindo uma capacidade efectiva de estabelecimento de objectivos pessoais, a par de um bem sucedido enquadramento social e profissional. Figura 1- Pirâmide de necessidades de Maslow Uma pessoa motivada positivamente – porque que também existe motivação negativa! – escolhe o esforço em detrimento da monotonia, estabelece níveis de recompensa tanto intrínsecos como extrínsecos, analisa a sua performance e procura ter consciência das suas reais capacidades para desempenhar as suas funções e inclui, nos seus objectivos, parâmetros de satisfação. Este é o tipo de pessoa que desenvolve uma profissão e que, por isso, está consciente de que trabalhar numa empresa implica concordar com o seu ideário, ter conhecimento da sua política interna e assumir-se parte integrante e responsável pela concretização dos seus objectivos. Para isso não basta trabalhar! É também necessário desenvolver as suas Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 55 “N” Reflexões - Trabalho ou Profissão competências profissionais e promover o desenvolvimento da organização e dos que dela fazem parte; é obrigatório possuir um sentimento de comunhão de objectivos e um espírito de equipa alargado; é essencial responder aos padrões de qualidade estabelecidos, para que, representando condignamente a empresa, possa prover a que ela o represente da mesma forma, através de uma imagem positiva no mercado em que actua. No fundo, esta atitude resume-se a atingir um grau de exigência individual que define a diferença entre ter um trabalho ou uma profissão. A verdade é que todos os trabalhadores gostariam de ser escolhidos por uma boa empresa, mas apenas os bons profissionais podem escolher trabalhar nelas. Arquivos de Fisioterapia Bibliografia - Coelho, C.; Correia, V. (1998). Manual de Introdução ao Marketing. Edição Praeducar. Leituras sobre este tema: - Almeida, Fernando Neves, Psicologia para Gestores, (1992). McGrraw Hill - Teixeira, Dora, Monteiro, Mª João, Desenvolvimento de Técnicas e Competências Interpessoais – Guia do Utilizador, INOFOR - Serra, Adriano Vaz, O Stress na Vida de Todos os Dias (1999), Edição do autor. Coimbra Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 56 AArrqquuiivvooss ddee FFiissiiootteerraappiiaa - Sede: Rua Joaquim António de Aguiar, nº 66, 2º Esq. 1070-153 Lisboa - Escritório Sul: Rua das Oliveiras, Edifício Adriático, 1º,C 8125-472, Vilamoura Telefones: 289 314 742 / 96 232 90 50 www.sorisa.pt LISBOA Av. Ressano Garcia, 1B - 1070-234 Lisboa Telefone: 21 381 80 00 | Fax: 21 381 80 88 PORTO Rua do Campo Alegre, 1308 - 4150-174 Porto Telefone: 22 606 10 00 COIMBRA Av. Fernão de Magalhães, 667-Loja C 3000-178 Coimbra Telefone: 239 84 13 17/8 FARO Av. Calouste Gulbenkian - Horta das Figuras, Lote 33/ Bloco A Loja B - 8005-541 Faro Telefones: 289 80 33 91 FUNCHAL Rua 31 de Janeiro, 146 A/B, - 9050-011 Funchal Telefones: 291 70 84 90 Arquivos de Fisioterapia Volume 1, nº2, Ano 2006, Página 57