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2013 O Programa de Cultura do Instituto Votorantim possui o papel de estimular projetos que promovam a democratização cultural em suas diferentes manifestações artísticas. A Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental é uma parceria de destaque do Instituto Votorantim, pois permite o acesso às questões socioambientais por meio de filmes, exposições e debates. Criar espaços em que jovens e adultos possam aprender mais sobre o meio ambiente é uma forma de contribuir para ampliar o debate e formar uma geração mais consciente. INSTITUTO VOTORANTIM The Culture Program of the Votorantim Institute has the role to encourage projects that promote cultural democratization in their different artistic expressions. The Ecofalante Environmental Film Festival is an important partnership of Votorantim Institute, as it allows to have access to social and environmental issues through movies, exhibitions and debates. Creating spaces where young people and adults can learn more about the environment is a way to broaden the debate and develop a generation more aware. VOTORANTIM INSTITUTE C riar deliciosos momentos de alegria. Parece simples, mas trata-se de uma grande responsabilidade, devidamente assumida por cada uma das 13 mil pessoas da Mondelez Brasil. Sabemos que um dia inesquecível é feito por cores, sabores, sensações e sorrisos. Por isso, além de levarmos até você as marcas que há décadas acompanham a sua história, investimos em projetos que garantam a continuidade das coisas boas da vida. E quer coisa melhor que um passeio pela mata, um banho de cachoeira, a vida selvagem ou mesmo um copo de água gelado numa tarde quente de verão? A Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental tem um papel fundamental na conscientização da população em geral para as questões que envolvem a sustentabilidade ao trazer informações de qualidade e fomentar o debate e a busca de soluções práticas para o desenvolvimento sustentável. A questão é conhecida: são as atitudes de hoje que ditarão o ritmo e o cenário de nosso futuro! Nós já estamos juntos nessa jornada. Faça parte deste grande time! Mondelez Brasil Create delicious moments of joy. Sounds simple, but it is a big responsibility, properly assumed by each of the 13 000 people at Mondelez Brazil. We know that an unforgettable day is made by colors, flavors, sensations and smiles. So, besides taking to you the brands that for decades has been accompanying your story, we invest in projects that will guarantee the continuation of good things of life. And is there anything better than a walk in the woods, a bath in the waterfall, the wildlife or even a glass of cold water on a hot summer afternoon? The Ecofalante Environmental Film Festival plays a key role in raising general population awareness on the sustainability issues, bringing quality information, and stimulating the debate and search for practical solutions to sustainable development. The issue is known: the attitudes of today will set the pace and scenery of our future! We have been together on this journey already. Be part of this great team! Mondelez Brazil a mostra the exhibition Criada em 2012 com o objetivo de cha- Founded in 2012 with the goal mar a atenção da população paulista of raising awareness of São Paulo para questões ambientais, de sustenta- population to environmental, bilidade, cidadania, governança, parti- sustainability, citizenship, cipação e políticas públicas, a Mostra governance, participation and public policy issues, the Ecofalante Ecofalante de Cinema Ambiental Environmental Film Festival reaches chega à sua segunda edição com diver- its second edition with many new sas novidades. features. Nossos objetivos principais são apresentar ao público uma farta gama de filmes que somem qualidade cinematográfica com análise de questões ambientais e democratizar cada vez mais à população o acesso às discussões propostas. Our main objectives are to present to the public a rich range of films that add cinematography quality to environmental issues analysis and to democratize the population access to discussions proposals A 2a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental more and more. é gratuita e este ano conta com maior número de salas, temáticas e filmes contemporâneos e The 2nd Ecofalante Environmental históricos. Outras novidades são a abertura de Film Festival is free and this year inscrições para filmes brasileiros – prestigiando has more theaters, thematics, and historical and contemporary films. Other news is the opening of registration for Brazilian films honoring our national production - and the transformation of the Child Shows into the School Exhibition, the result of our concern with the children and teenagers public and our commitment to education produced through a partnership with ComKids. nossa produção nacional – e a transformação da Mostra Infantil na Mostra Escola, fruto de nossa preocupação com o público infantojuvenil e nosso compromisso com a educação – produzida através da parceria com a Comkids. This year’s edition also includes special sessions during the Virada Sustentável (Sustainable Turnaround show), a week after the main program, and will feature itinerancies in the cities of Bauru, A edição deste ano conta ainda com ses- Santos and Piracicaba. sões especiais durante a virada sustentável, na semana seguinte à mostra principal, e con- The 2nd Ecofalante Environmental tará com itinerâncias nas cidades de Bauru, Film Festival is only possible Piracicaba e Santos. A realização da 2a Mostra thanks to the support of the São Ecofalante de Cinema Ambiental só é possível Paulo State Government Culture graças ao Programa de Apoio à Cultura – ProAC Programme - ProAC, through which do Governo do Estado São Paulo, através do qual the project is sponsored by Instituto patrocinam o projeto o Instituto Votorantim, Votorantim, Brazil Mondelez and Mondelez Brasil e White Martins. O evento White Martins. The event also has também conta com o apoio da AES Eletropaulo, the support of AES Eletropaulo, Cinemateca Brasileira, Instituto Akatu, Rede the Brazilian Cinematheque, Akatu Nossa São Paulo, Livraria Cultura, Instituto Institute, Rede Nossa São Paulo, de Estudos Avançados da USP, Programa de Livraria Cultura, São Paulo City Pós-Graduação em Ciência Ambiental da USP, Hall - Department of Culture, Ethos Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária Institute, Cinusp and Graduate da USP, Centro Universitário Maria Antônia, Program in Environmental Science Cinusp, Centro Cultural São Paulo, Galeria of USP - PROCAM. Olido, Departamento de Expansão Cultural da Prefeitura Municipal de São Paulo e da Prefeitura de São Paulo. os filmes the films A Comissão de Seleção e a Curadoria The selection committee and da 2a Mostra Ecofalante de Cinema the curator of the 2nd Ecofalante Ambiental avaliaram mais de 300 Environmental Film Festival evaluated more than 300 international films and filmes internacionais e 100 brasilei- 100 Brazilians among documentaries ros, entre documentários e ficções, and fictions, short, medium and de curta, média e longa-metragem. feature film. Foram selecionados 58 filmes contemporâneos: 42 internacionais (em sua maioria consagrados em festivais como Cannes, Berlim, Rotterdam, Locarno e Sundance) e 16 brasileiros, dos quais vários terão sua estreia durante a Mostra. Os filmes estão organizados em sete eixos temáticos: Água, Cidades, Contaminação, Economia, Globalização, Mobilização, e Povos e Lugares, de modo a destacar as principais questões ambientais que vêm sendo tratadas pelo cinema contemporâneo, permitindo assim um diálogo enriquecedor entre esses filmes. We selected 58 contemporary films: 42 international (mostly consecrated in festivals such as Cannes, Berlin, Rotterdam, Sundance and Locarno) and 16 Brazilian ones, many of which will have its premiere during the Festival. The movies are organized into seven themes: Water, Cities, Contamination, Economics, Globalization, Activism, and People and Places, in order to highlight the key environmental issues that are being addressed by contemporary film, Nesta edição, o Panorama Histórico ganha thus allowing a rich dialogue among um destaque especial com obras que tratam these films. da relação entre o homem e a natureza, de cineastas consagrados como Akira Kurosawa, In this edition, the historical Ermanno Olmi, Nicolas Roeg, Paul Newman, background has special highlight with Werner Herzog, Joris Ivens e Arne Sucksdorff. works that deal with the relationship Complementa a programação a Mostra Escola, between man and nature, of well voltada para alunos das redes municipais e esta- known filmmakers such as Akira duais de ensino. Kurosawa, Ermanno Olmi, Nicolas Roeg, Paul Newman, Werner Herzog, Joris Ivens and Arne Sucksdorff. The School Exhibition complements the programming, focusing on city and state schools students. O homenageado da 2a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental é Aloysio Raulino (19472013), cineasta e fotógrafo consagrado do cinema brasileiro, um dos principais colaboradores da Mostra desde sua criação, participando da comissão de curadoria e seleção do evento. Serão exibidos três curtas-metragens dirigidos por ele – e recentemente restaurados pela Cinemateca Brasileira – realizados nos anos 70 e 80: Lacrimosa, O Tigre e a Gazela e O Porto de Santos. Raulino é conhecido principalmente por seu trabalho como diretor de fotografia de obras fundamentais como Serras da Desordem e O Prisioneiro da Grade de Ferro. A programação, inteiramente gratuita, será acompanhada ainda por um ciclo de debates com cineastas e pesquisadores nacionais e internacionais. A Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental acredita assim contribuir não apenas para a difusão de importantes obras cinematográficas, mas também para o enriquecimento das discussões, inevitáveis e inadiáveis, sobre sustentabilidade e meio ambiente no Brasil e no mundo. The honoree of this 2nd Ecofalante Environmental Film Festival is Aloysio Raulino (1947-2013), filmmaker and photographer enshrined in Brazilian cinema, one of the main collaborators of the Festival since its conception, participating in the selection committee of the event. There will be three short films directed by him - and recently restored by the Brazilian Cinematheque - made in the 70s and 80s: Lacrimosa, O Tigre e a Gazela and Porto de Santos. Raulino was known specially for his work as director of photography on such fundamental works like Serras da Desordem and O Prisioneiro da Grade de Ferro. The program, entirely free, will be followed by a further round of discussions with national and international filmmakers and researchers. This way, the Ecofalante Environmental Film Festival believes that it is contributing not only to the dissemination of important films, but also for the enrichment of the discussions, inevitable and unavoidable, about sustainability and the environment in Brazil and worldwide. 12 sessão de abertura opening 14 sessão especial special exhibition 16 água water 28 cidades cities 46 contaminação contamination 60 economia economy 74 globalização globalization 84 mobilização mobilization 96 povos e lugares people and places 116 homenagem tribute 128 panorama histórico historical panorama 142 mostra escola school show 148 programação programming 154 virada sustentável programming 156 debatedores debaters índice por filmes index by films Sand 30 Enchente Não Arranca Raiz Aterro 31 Areia Aterro A Torneira Perfeita 141 The Perfect Faucet A Cidade É Uma Só Hood Movie: Is The City One Only? A Corrida do Carbono The Carbon Rush A Crise Global da Água Last Call at the Oasis A Fé nos Orgânicos In Organic We Trust A Grande Aventura The Great Adventure A História de Leonid Leonids Story A Longa Caminhada Walkabout Aluga-se For Rent Amargas Sementes Bitter Seeds A Morte de Alos The Dead of Alos Ao Mistral Pour le Mistral aka Le Mistral 28 A Última Montanha 86 The Last Mountain A Vingança do 75 Carro Elétrico 64 Fata Morgana Fata Morgana História do Vento A Tale of the Wind Inori Inori Jardim Suspenso Lacrimosa 62 Tearful Chá ou Eletricidade 101 Ceramists Cohab Neve Silenciosa: O Veneno Invisível 32 18 Brasil Orgânico Organic Brazil 62 Tea or Electricity 130 Cohab Dersu Uzala 48 Dersu Uzala 133 Louceiras 134 135 104 35 120 105 53 Silent Snow, the Invisible Poisoning of the World No Fundo Nem Tudo é Memória O Porto de Santos O Povo da Pluma People of a Feather O Sabor do Desperdício 67 Taste the Waste O Tempo Parou O Tigre e a Gazela O Último Recife 3D The Old Heater Patagônia se Levanta Desterro Guarani Pequim Sitiada pelo Lixo Detropia 76 Detropia Deus Salve o Verde 100 God Save the Green Eco-Pirata: A História 132 de Paul Watson Eco-Pirate: The Story of Paul Watson More Than Honey 33 O Escuro da Cidade The City Dark 34 O Gasoduto The Pipe 87 O Grande Processo do Amianto Dust, The Great Asbestos Trial 36 88 49 Perus - A Story Made With Iron, Cement And Love 50 Sobreviver ao Progresso 14 Solo Quem Controla a Água? 21 Sonhando Passarinhos 51 The Radiant Rebeldes com Causa 89 Rebels With a Cause Remissões do Rio Negro 38 Watershed – Exploring a New Water Ethic for the New West Rios de Homens 39 Roubando dos Pobres Submissão 55 Submission Sushi: A Caçada Global Trashed – Para Onde 90 Vai o Nosso Lixo? 79 69 Trashed – No Place for Waste 22 Uma Guerra Verde 91 A Fierce Green Fire: The Battle for a Living Planet Uma Lição Para 23 Não Esquecer 40 Lost Rivers Stealing from the Poor Dreaming Birds Global Catch Rivers of Men Rios Perdidos 142 110 Sushi: The 140 Raising Resistance Rio Colorado – O 20 Direito à Água 54 Solo Water Makes Money Radioativo 68 Surviving Progress Planet Z Resistência ao Crescimento Beijing Besieged by Waste Perus: Uma História Feita de Ferro, Cimento e Amor Planeta Z 41 Serra do Mar The Big Fix 15 Black River’s Redemptions The Last Reef 3D – Cities Beneath the Sea 103 Mais Que Mel 29 Guarani Exile 122 The Tiger and the Gazelle Patagonia Rising 13 136 Il Tempo si è Fermato 102 Deep Inside Is Not All Memory 37 The Sound of Limão O Velho Aquecedor 107 108 Petróleo: O Grande Vício Pricele$$ O Som do Limão 77 Serra do Mar Fishing Without Nets O Preço da Democracia 66 Desterro 131 Exile 121 Pescando Sem Redes The Port of Santos Flood Can’t Pull Out Roots Suspend Garden Revenge of the Eletric Car 19 78 137 Sometimes a Great Notion Um Dia de Sol 143 A Sunny Day Viver/ Construir Living/ Building 111 Mais Que Mel abertura opening More Than Honey Suíça/Alemanha/Áustria, 2013, 91 min Direção director Procurando respostas para o declínio mundial de abe- Markus Imhoof lhas, o diretor Markus Imhoof nos leva a uma viagem ao Produção producer redor do mundo para conhecer as pessoas que vivem Pierre-Alain Meier, com e das abelhas: produtores de amêndoa da CaliMarkus Imhoof, Thomas fórnia, um apicultor das montanhas suíças, um neuroKufus e Helmut Grasser cientista alemão investigando os cérebros das abelhas, Markus Imhoof um negociante de pólen na China, e pesquisadores de abelhas na Austrália. Entramos no mundo fascinante de Fotografia cinematographer Jörg Jeshel uma colmeia de abelhas, encontramos rainhas guerreiras e operárias dançarinas face a face e experimentamos Edição editor Anne Fabini sua sofisticada inteligência coletiva, onde o indivíduo serve constantemente às necessidades da comunidade. Roteiro writer Searching for answers for the global bee declines director Markus Imhoof takes us on a trip around the world to meet people living with and off honeybees: almond growers in California, a Swiss mountain beekeeper, a German neuroscientist investigating bee brains, a pollen dealer in China, and bee researchers in Australia. We enter the fascinating world of a bee hive, encounter fighting queens and dancing workers face to face and experience their highly sophisticated swarm intelligence, where the individual constantly serves the requirements of the community. abertura opening 13 O Último Recife 3D sessão especial special exhibition The Last Reef 3D – Cities Beneath the Sea EUA, 2012, 42 min Direção DIRECTOR O Último Recife é uma edificante e inspiradora experiên- Luke Cresswell e cia de cinema em 3D que captura uma das mais vibranSteve McNicholas tes e diversificadas maravilhas da natureza. Recifes de Produção PRODUCER corais exóticos, paredes do mar subártico pulsando com Luke Cresswell, anêmonas e crustáceos: esses locais de biodiversidaSteve McNicholas, D.J. Roller, Don Kempf de são tão vitais para nossas vidas como as florestas e David Marks tropicais. Filmado em Palau, Ilhas Vancouver, Polinésia Roteiro WRITER Francesa, México e Bahamas usando uma tecnologia Luke Cresswell e 3D inovadora, O Último Recife nos leva em uma viagem Steve McNicholas mundial para explorar a conexão de nossas cidades em Fotografia CINEMATOGRAPHER terra com o complexo e paralelo mundo dos corais de D.J. Roller recife no fundo do mar. Planeta Z Edição EDITOR Luke Cresswell e The Last Reef is an uplifting, inspirational 3D cinema Steve McNicholas Planet Z França, 2011, 9 min Em algum lugar… o Planeta Z. As plantas Direção DIRECTOR predominam, e tudo parece harmonioso e Momoko Seto delicado. Mas cogumelos líquidos e pegajo- Produção PRODUCER sos vão aparecendo aos poucos, destruindo Ron Dyens e Aurélia Prévieu a vida idílica. Roteiro WRITER Momoko Seto Somewhere… Planet Z. The vegetation begins Fotografia CINEMATOGRAPHER to settle on the planet, and all seem to live Boubkar Benzabat in harmony. But a fungus gradually invades, Edição EDITOR sticking this idyllic world. Nicolas Sarkissian experience capturing one of nature’s more vibrant and diverse wonderlands. Exotic coral reefs, vibrant sea walls in the sub-arctic pulsating with anemones and crustaceans: these biodiversity hot spots are as vital to our lives as the rainforests. Shot on location in Palau, Vancouver Island, French Polynesia, Mexico, and The Bahamas using groundbreaking 3D cinematography, The Last Reef takes us on a global journey to explore the connection of our cities on land with the ocean’s complex, parallel world of the coral reefs beneath the sea. e Momoko Seto sessão especial special exhibition 15 Água, problema ambiental, econômico, de saúde e de gestão Dal Marcondes água A incompetência na gestão da água gera desperdícios, contaminação de rios e mananciais e uma verdadeira epidemia de doenças causadas pela poluição, além de dificultar o desenvolvimento econômico em diversas regiões. water Rio Colorado – O Direito à Água / Watershed – Exploring a New Water Ethic for the New West Água é o recurso natural mais abundante do planeta. Está em todas as geografias e em todos os seres vivos. É um dos recursos mais abundantes nas paisagens e, ao mesmo tempo, é o recurso menos disponível para uso humano ou para os animais. Cerca de um terço da humanidade não dispõe de água de boa qualidade em Water, environmental, volume necessário para uma vida digna. Nas economic, health and regiões de maior densidade demográfica, além management problems de a água ser um bem escasso, está poluída e precisa de tratamento antes de ser disponibiliDal Marcondes zada para o público. E é bom lembrar que não há tratamento de água para oferecer aos animais, sejam terrestres ou aquáticos. Poucos se Incompetence in the lembram de que na natureza não há entrega de management of water generates água engarrafada. waste, contamination of rivers Sob o ponto de vista econômico a água é and springs, and an epidemic of parte de complexas equações sociais e ambiendiseases caused by pollution, also tais. A humanidade demanda cada vez mais hindering economic development energia e serviços prestados pela água, seja in various regions. para a produção de eletricidade, alimentos, proWater is the most abundant dutos industriais ou qualquer outro bem que natural resource on the planet. demande água em seu processo de elaboração. It is in all geographies and all O grande problema não está em utilizar a água living beings. It is one of the e os serviços que ela pode prestar para oferecer most abundant resources in the qualidade de vida à humanidade. O principal surroundings and, at the same time, problema do uso da água está em poluir suas is the least available resource for fontes, uma vez que a água doce não é tão dispouse in human or animals. About nível quanto se imagina. Apenas cerca de 3% de a third of humanity does not have toda a água da Terra está disponível como água good water in the volume needed água water 17 for a dignified life. In regions of higher demographic density, and water is a scarce resource, it is polluted and needs treatment before being released to the public. And it is good to remember that there is no water treatment to provide water for animals, whether terrestrial or aquatic. Few remember that in nature there is no delivery of bottled water. From the economic point of view the water is part of complex social and environmental equations. Humanity demands more and more energy and water services provided by water - the production of electricity, food, industrial or any other property that requires water in their development A maior parte dos poluentes process. The big problem is not to use encontrados nos rios é formada por the water and the esgotos urbanos, o que prejudica services that it can provide to offer quality não apenas os indicadores de saúde of life to humanity. The pública das cidades, mas também inibe main problem of water use is polluting their investimentos empresariais pelo alto sources, once the fresh custo de captação e tratamento de água. water is not as available as one might imagine. doce superficial e as cidades são as grandes Only about 3% of all water on Earth vilãs, ao despejar nos rios e lagos quantidades is available as surface freshwater imensas de resíduos e detritos, principalmente and cities are the major villains, when discharge into rivers and lakes esgotos sanitários não tratados. Apenas 1% dos rios que passam por cida- immense amounts of waste and des no Brasil tem ótima qualidade da água. debris, especially untreated sewage. Metade deles tem qualidade entre boa e regular, Only 1% of the rivers passing enquanto a outra metade fica com a qualificação through cities in Brazil have great de ruim ou péssima. Nas áreas rurais a situação water quality. Half of them have é melhor, mas não muito. 75% de 1.988 pon- quality between good and regular, tos monitorados pela Agência Nacional de Água while the other half gets the têm boa qualidade e 6% têm excelente quali- qualification poor or very poor. In dade, enquanto 18%, o que significa 358 pontos rural areas the situation is better, de análise, apresentam qualificação ruim ou but not much. 75% of 1,988 points monitored by National Water Agency have good quality and have excellent quality 6%, while 18%, which means Most of the pollutants found in rivers 358 points of analysis, have poor or very are formed by urban sewage, which poor rating. Most of harms not only the public health the pollutants found in rivers are formed indicators of the cities, but also inhibits by urban sewage, business investment by the high cost of which harms not only the public health collection and treatment of water. indicators of the cities, but also inhibits business investment by the high cost of collection and treatment of water. Cities and regions with limited availability of good quality water are bound to economic development of less intensity. Issues related to public health are also dramatic and urgent. Data from the World Health Organization indicates that 88% of diarrhea deaths worldwide are caused by inadequate sanitation, while Unicef demonstrates that A Crise Global da Água / Last Call at the Oasis água water 19 péssima. A maior parte dos poluentes encontrados nos rios é formada por esgotos urbanos, o que prejudica não apenas os indicadores de saúde pública das cidades, mas também inibe investimentos empresariais pelo alto custo de captação e tratamento de água. Cidades e regiões com pouca disponibilidade de água de boa qualidade estão fadadas a um desenvolvimento econômico de menor intensidade. As questões relacionadas à saúde pública são também dramáticas e urgentes. Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que 88% das mortes por diarreia no mundo são causadas pelo saneamento inadequado, enquanto o Unicef demonstra que essa é a segunda maior causa de mortes entre crianças de 0 a 5 anos, this is the second leading cause of cerca de 1,5 milhão morrem a cada ano em deaths among children 0-5 years, todo o mundo vítimas de doenças diarreicas. about 1.5 million die every year Em 2011, 396.048 pessoas deram entrada no worldwide victims of diarrheal sistema de saúde no Brasil com doenças diarrei- diseases. In 2011, 396,048 people cas. Mesmo com esse cenário de carência quase were admitted to the health care absoluta, quase 40% de toda a água tratada no system in Brazil with diarrheal Brasil não chega às torneiras dos consumidores, diseases. Even with this scenario se esvaem em sistemas de distribuição arcai- of almost an absolute shortage, cos e cheios de vazamentos. Dados do Sistema near 40% of all treated water in Nacional de Informações sobre Saneamento Brazil does not reach the taps of mostram que uma consumers, vanished redução de apenas The United Nations in archaic and full 10% nas perdas repreof leaks distribution believes that by 2030 sentaria aumentar a systems. Data receita operacional about half of the world from the National das empresas de água Information System population will face e saneamento em R$ on Sanitation show 1,3 bilhão. Esse valor problems relating to that a reduction of representa mais de only 10% in losses lack of supply of good 40% dos investimenwould increase tos realizados no setor quality water. This is the operating revenues de abastecimento de of the water and scenario for reflection. água em 2010. sanitation companies in U.S. $ 1.3 billion. This represents more than 40% of investments in the sector of water supply in 2010. Even with all these diagnoses made and the necessary technologies already dominated, Enchente Não Arranca Raiz / Flood Can’t Pull Out Roots A Organização das Nações Unidas acredita que em 2030 cerca de metade da população do planeta vai enfrentar problemas relativos à falta de abastecimento de água de boa qualidade. Este é o cenário para reflexão. Mesmo com todos os diagnósticos já feitos e com as tecnologias necessárias já dominadas, a Organização das Nações Unidas acredita que em 2030 cerca de metade da população do planeta vai enfrentar problemas relativos à falta de abastecimento de água de boa qualidade. Este é o cenário para reflexão. A falta de água de boa qualidade na natureza compromete a teia da vida e aprofunda as crises da humanidade. the United Nations believes that by 2030 about half of the world population will face problems relating to lack of supply of good quality water. This is the scenario for reflection. The lack of good quality water in nature compromises the web of life and deepens the crisis of humanity. Dal Marcondes é jornalista, diretor do Portal Envolverde, colunista da revista Carta Capital e aluno do Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental da USP. Dal Marcondes is a journalist, director of Envolverde Portal, columnist for Carta Capital magazine and a student at Environmental Science Post Graduation Course from USP. água water 21 A Crise Global da Água Enchente Não Arranca Raiz Last Call at the Oasis Flood Can’t Pull Out Roots EUA, 2011, 105 min A Crise Global da Água apresenta um argumento poderoso do porquê a crise mundial da água será a principal questão que nosso mundo precisará enfrentar neste século. Esclarecendo o papel fundamental que a água desempenha em nossas vidas, expondo os defeitos do sistema atual e retratando as comunidades que já lutam com seus efeitos colaterais, o filme apresenta a ativista Erin Brockovich e especialistas ilustres como Peter Gleick, Alex Prud’homme, Jay Famiglietti e Robert Glennon. Last Call at the Oasis presents a powerful argument for why the global water crisis will be the central issue facing our world this cenwwtury. Illuminating the vital role water plays in our lives, exposing the defects in the current system and depicting communities already struggling with its ill-effects, the film features activist Erin Brockovich and such distinguished experts as Peter Gleick, Alex Prud’homme, Jay Famiglietti and Robert Glennon. Brasil, 2012, 59 min Direção director Jessica Yu Produção producer Elise Pearlstein Roteiro writer Jessica Yu Fotografia cinematographer Jon Else Edição editor Kim Roberts Direção director Caio Cavechini Produção producer Caio Cavechini e Davi Paiva Roteiro writer Caio Cavechini Fotografia cinematographer Caio Cavechini e Lucas Barreto Edição editor Caio Cavechini A água sobe, cada ano um pouco mais, e os moradores de um trechinho de rio na foz do Ribeira preferem se adaptar a sair de suas terras. “Se todo povo procurasse só lugar bom, como ficaria um lugar desse aqui?” A frase é de seu Santarô, o mais velho morador da região. Esse documentário faz o registro de duas enchentes: da vida de homens e de bichos acostumados a andar sem olhar para o chão. The water rises, each year a little bit more, and the inhabitants of a little surrounding at the mouth of the Ribeira River prefer to adapt themselves instead of leaving their land. “If everybody would look only for good places, how would be a place like here?” This saying is from Santarô, the oldest inhabitant of the region. This documentary register two floods: the life of men and animals accustomed to walk without looking at the floor. água water 23 Patagônia se Levanta Quem Controla a Água? Patagonia Rising Water Makes Money EUA, 2011, 87 min Patagônia se Levanta investiga um plano para a construção de hidrelétricas em dois dos rios mais puros do Chile que fluem através do coração da Patagônia. A nação está dividida e debates sobre a proposta se espalham por todo o país e pelo mundo. Rastreando o ciclo hidrológico do rio Baker do gelo até o oceano, este documentário traz voz à população fronteiriça apanhada no fogo cruzado das demandas de energia do Chile. Justapondo o setor empresarial pró-barragem com especialistas em energia renováveis, o documentário traz conscientização e soluções para este conflito global sobre água e energia. Patagonia Rising investigates a plan to build hydroelectric dams on two of Chile’s purest rivers flowing through the heart of Patagonia. The nation is divided and debate about the proposal rages across the country and the world. Tracing the hydrologic cycle of the Baker River from ice to ocean, this documentary brings voice to the frontier people caught in the crossfire of Chile’s energy demands. Juxtaposing the pro-dam business sector with renewable energy experts, the documentary brings awareness and solutions to this global conflict over water and power. Direção director Brian Lilla Produção producer Greg Miller, Scott Douglas Fotografia cinematographer Brian Lilla França/Alemanha, 2010, 82 min Direção director As empresas francesas Veolia e Suez são as maiorais no Leslie Franke e Herdolor Lorenz crescente mercado mundial de abastecimento privaProdução producer Achille Du Genestoux Roteiro writer Leslie Franke, Markus Henn e Herdolor Lorenz Fotografia cinematographer Stefan Corinth e Lorenzo De Bandini Edição editor Véronique Cabois, Hermann Dolores e Leslie Franke do de água. Elas estão presentes em todos os cinco continentes, dificilmente uma semana se passa sem que entrem em um novo mercado. Mas na França, sua base, elas estão perdendo terreno. No início de 2010, as duas empresas tiveram que entregar, relutantemente, a gestão do abastecimento de água de Paris – sua sede – de volta para a cidade; o mesmo ocorreu na cidade francesa de Rouen. Provavelmente, Bordeaux, Toulouse, Montpellier, Brest e muitas outras cidades seguirão esse caminho e tomarão a gestão do abastecimento de água de volta às mãos públicas. Mas não só na França: na América Latina, EUA, África e Europa, em toda parte surgem movimentos para trazer o fornecimento de água de volta às mãos dos cidadãos. O filme Quem Controla a Água? ajuda a tomar uma decisão consciente. The French companies Veolia and Suez are the top dogs in the growing world-wide market of private water supply. They are present on all five continents, hardly a week passes without them entering a new market. But in France, their home base, of all things, they are losing ground. Early in 2010, both companies had to grudgingly hand over the management of the water supply of Paris, their headquarters, back to the city; the same occurred in the French city of Rouen. Presumably Bordeaux, Toulouse, Montpellier, Brest and many other cities will follow and take the management of the water supply back in communal hands. But not only in France: in Latin America, the US, Africa and Europe, everywhere are trends to take the water supply back into the hands of the citizens. The film Water Makes Money helps to make an informed decision. Edição editor Brian Lilla água water 25 Rio Colorado – O Direito à Água Rios de Homens Watershed – Exploring a New Water Ethic for the New West Rivers of Men EUA, 2012, 56 min “Uísque é para beber. Água é para se brigar”, diz Jeff Ehlert, um guia de pesca com mosca em Rocky Mountain National Park, lembrando um ditado popular ouvido em toda a bacia do rio Colorado. Enquanto um dos rios mais represados e desviado do mundo luta para sustentar 30 milhões de pessoas em todo o oeste dos Estados Unidos, podemos encontrar harmonia entre os interesses conflitantes das cidades, agricultura, lazer, vida selvagem e comunidades indígenas com direitos à água? “Whiskey is for drinkin’. Water is for fightin’,” says Jeff Ehlert, a fly fishing guide in Rocky Mountain National Park, recalling a well worn saying heard throughout the Colorado River Basin. As one of the most dammed, dibbed, and diverted rivers in the world struggles to support thirty million people across the western United States, can we find harmony amongst the competing interests of cities, agriculture, recreation, wildlife, and indigenous communities with rights to the water? México/Bolívia, 2011, 76 min Direção director Mark Dacena Produção producer James Redford, Jill Tidman Roteiro writer Mark Dacena Fotografia cinematographer John Behrens Edição editor Matt Notaro Direção director As lendas, detalhes e mentiras em torno da Tin Dirdamal cidade boliviana que foi à guerra pela água. Produção producer Uma mãe que perdeu seu filho, um general Tin Dirdamal, Christina Haglund, do exército que foi obrigado a enviar tropas Iliana Martínez, José Torres contra a sua própria terra-natal, um sem-teto que se tornou um herói e um pai solteiro Ezequiel Ferro que colhe flores ajudam a moldar o dito Fotografia cinematographer triunfo da guerra da água de Cochabamba. José Torres Com o tempo, a complexidade da realidade Edição editor Martín Boulocq transformou esta história em um conto de tragédia. Na tentativa de tornar-se parte do movimento deste povo, um jovem cineasta não tem escolha a não ser abandonar o que ele acredita. O que resta é uma investigação do relacionamento perdido entre o homem e a água, e, finalmente, a relação perdida do homem consigo mesmo. Roteiro writer The legend, the details and the lie surrounding the Bolivian city that went to war over water. A mother who lost her son, an Army General who was ordered to send troops against his own hometown, a homeless man who became a hero and a single father who harvests flowers help shape the so-called triumph of the Cochabamba water war. As time passed, the complexity of reality transformed this story into a tale of tragedy. In an attempt to become part of this people’s movement, a young filmmaker has no choice but to abandon what he believes in. What remains is an exploration of the lost relationship between man and water, and ultimately the lost relationship of man with himself. água water 27 Sustentabilidade no espaço urbano André Palhano cidades cities Aluga-se / For rent “Sustentabilidade é aquela coisa de preservação das florestas, animais em extinção, urso polar, certo? Eu nem gosto de natureza. Nem de bicho. Então para mim não faz diferença.” O relato acima, extraído de uma personagem tipicamente urbana da periferia de São Paulo Sustainability in urban space durante uma atividade da Virada Sustentável, em 2012, retrata bem o que ainda é hoje o pensamento médio sobre esse tema: algo distante André Palhano das urbes, quase etéreo, restrito às questões de preservação da natureza como água, biodiversidade e florestas. “Sustainability is that one thing As campanhas de ONGs e, mais recentefor the preservation of forests, mente, de empresas, também não ajudaram endangered animals, polar bear, muito. Bastava falar em sustentabilidade ou right? I do not like nature. Nor sustentável e lá estava a figura da plantinha, animals. So for me it makes no do verdinho, do peixinho no rio. E, com elas, a difference” insistente caricatura do “ecochato” com todos The above comment, said by seus imperativos. a typical urban character of the Colaram a sustentabilidade como um fardo, periphery of São Paulo during an activity of the “Virada Sustentável” um checklist interminável de ações cotidianas que, uma vez não cumprida, nos condena ao in 2012 depicts what is still today the average thinking on this topic: tortuoso grupo dos que não estão fazendo nada something away from large cities, para ajudar. O efeito não poderia ser pior: reforçou uma almost ethereal, restricted to nature conservation issues such as percepção de que sustentabilidade não tem nada a ver com quem mora nas grandes cidawater, biodiversity and forests. des, a não ser que a pessoa se torne ativista e The NGO campaigns and, more saia pelo mundo defendendo golfinhos em recently, companies campaigns, mares revoltos ou denunciando o desmatadid not help that much. It was mento em florestas tropicais. enough just to start talking about É uma percepção equivocada. Aliás, comsustainability or sustainable and pletamente equivocada. É nas grandes cidades there was the figure of the little plant, the little green thing, the little que está o grande impacto da atividade humana fish in the river. And with them, the sobre as condições de vida na Terra, que é afinal do que estamos falando quando o assunto insistent “ecochato” (ecoboring) character with all its requirements. é sustentabilidade. cidades cities 29 Nas cidades consumimos a maior parte de nossos recursos naturais, emitimos o grosso dos gases do efeito estufa, é ali que paramos em engarrafamentos colossais feito formigas tontas, disputamos empregos em busca de mais e mais dinheiro e tantas outras coisas. A falta de sustentabilidade é um problema, sobretudo, ligado ao modo como vivemos nas grandes cidades. Isso sem falar que sustentabilidade é um leque tão amplo de assuntos que pouquíssima gente consegue entender que temas não verdinhos como cidadania, direitos humanos, inclusão, diversidade ou cultura de paz, entre tantas outras “urbanices”, fazem parte desse intrincado – e fascinante – novo modo de enxergar a sociedade. E, sim, são tão importantes quanto os outros para a sustentabilidade planetária. Uma mostra de cinema ambiental trazer “cidades” como um tema próprio revela, no entanto, que nem tudo está perdido. E quando seleciona filmes que apontam não apenas um futuro sombrio e violento nesses locais, não obstante seus complexos desafios, aí sim a coisa muda de figura. No lugar do medo, entra a inspiração. E são justamente exemplos pra lá de inspiradores que filmes como Rios Perdidos (Canadá, 2012), Detropia (EUA, 2011) e especialmente Deus Salve o Verde (Itália, 2012) trazem ao público nesta 2a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental. Vontade de mudar realidades difíceis torna-se realidade quando bem conectada É nas grandes cidades que está o grande impacto da atividade humana sobre as condições de vida na Terra Sustainability was stuck as a burden, an endless checklist of everyday actions that once unfulfilled, will condemn us to the tortuous group who are not doing anything to help. The effect could not be worse: has reinforced a perception that sustainability has nothing to do with those who live in big cities, unless the person becomes an activist and skirt around the world defending dolphins in rough seas or denouncing deforestation in the rainforests. It is a misperception. In fact, completely wrong. It is in the cities where we find the major impact of the human activity on the conditions of life on Earth, which is ultimately what we’re talking about when it comes to sustainability. In the cities we consume most of our natural resources and we issue the bulk of greenhouse gases, it is where we stop in colossal traffic jams like dizzy ants and where we fight over jobs in search of more and more money and many other things. The lack of sustainability is an issue mainly related to the way we live in the big cities. Not to mention that sustainability is such a wide range of subjects that very few people can understand. And that a bunch of themes not so green, such as citizenship, human rights, inclusion, diversity and culture of peace, among many other “urbanices” (urbanissues), are part of this intricate - and fascinating - new way of seeing society. And, yes, they are as important as the other subjects for the planetary sustainability. e articulada. E isso não precisa ser An environmental film exhibition bringing necessariamente uma tarefa chata. “cities” as a theme itself reveals, however, that it Tudo bem que existam coisas is not all gloom and doom. And when selecting nem tão fáceis nem tão bonitas films that show not only a bleak and violent quanto parecem, como bem revela future on these locations, despite its complex Pequim Sitiada pelo Lixo (China, challenges, then the picture does change. In 2011), ou problemas invisíveis que the place of fear there it come the inspiration. sequer conhecemos (O Escuro da And there are more than inspiring examples Cidade, EUA, 2011), mas isso defi- brought to the public in this 2nd Ecofalante nitivamente não é motivo para nos Environmental Film Festival: Lost Rivers (Canada, 2012), deprimirmos, alardeando por aí que tudo It is in the cities where we Detropia (USA, 2011) and especially God está perdido e que as find the major impact of Save The Green (Italy, metrópoles estão con2012). The willing denadas à barbárie ou the human activity on the to change difficult ao caos. conditions of life on Earth realities becomes Pelo contrário. É nas reality when it is well grandes cidades, onde connected and articulated. And it does not tudo é tão difícil, que florescem necessarily have to be a boring task. as grandes ideias, onde nascem It is true that there are things not so easy nor coletivos e grupos com maneiras so beautiful as they look, as well reveals Beijing diferentes de pensar e agir, onde Besieged by Waste (China, 2011), or invisible conceitos até então demasiadamente heterodoxos se revelam em problems we have no idea (The City Dark, USA, toda sua força e obviedade, com 2011), but definitely it is not a reason to get uma espantosa capacidade de con- depressed, flaunting around that all is lost and that metropolises are doomed to barbarism taminação sobre as pessoas. and chaos. Ainda bem. On the contrary. It is in large cities, where André Palhano é jornalista, professor everything is so difficult, that great ideas universitário e organizador da Virada flourish, where collectives and groups are Sustentável, evento que reúne centenas de born with different ways of thinking and movimentos e grupos ligados ao tema na acting, where even too heterodox concepts are revealed in all their strength and obviousness, cidade de São Paulo. with an amazing ability to contaminate people. Fortunately. André Palhano is a journalist, lecturer and the organizer of “Virada Sustentável”, an event that brings together hundreds of groups related to the sustainable subject in the city of São Paulo. cidades cities 31 A Cidade É Uma Só? Aluga-se Hood Movie: Is The City One Only? For Rent Brasil, 2011, 73 min Reflexão sobre os 50 anos de Brasília, tendo como foco a discussão sobre o processo permanente de exclusão territorial e social que uma parcela considerável da população do Distrito Federal e do entorno sofre, e de como essas pessoas restabelecem a ordem social através do cotidiano. O ponto de partida dessa reflexão é a chamada Campanha de Erradicação de Invasões (CEI), que, em 1971, removeu os barracos que ocupavam os arredores da então jovem Brasília. Tendo a Ceilândia como referência histórica, os personagens do filme vivem e presenciam as mudanças da cidade. Brasil, 2012, 15 min Quanto o espaço urbano influi DIREÇÃO DIRECTOR DIREÇÃO DIRECTOR Adirley Queirós Marcela Lordy no nosso espaço interior? Como será amar alguém numa cidade PRODUÇ ÃO PRODUCER PRODUÇÃO PRODUCER Adirley Queirós, André Carvalheira Deborah Osborn que vive apagando sua memória? ROTEIRO WRITER Adirley Queirós FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Leonardo Feliciano EDIÇÃO EDITOR Marcius Barbieri Elenco cast Dilmar Durães, Wellington Abreu, A reflection on the 50 years of Brasilia, having as its main Nancy Araújo, Rosa Maria, focus the discussion on the ongoing process of territorial Yuri Pierri and social exclusion suffered by a considerable portion of the population of the Federal District and Environs, and of how these people reinstating the social order through the daily routine. The departure point of this reflection is the so called “Campaign for the eradication of Invasions (ERC)” which, in 1971, removed the shacks which were occupying the surroundings of the then young Brasilia. Using the neighborhood of Ceilândia as historical reference, the characters of the film live and witness the changes of the city. ROTEIRO WRITER Na história de Clarice e Antonio, Marcela Lordy e Martha Nowill um retrato da verticalização caóFOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Gabriela Bernd e Janice D’Ávila EDIÇÃO EDITOR José Eduardo Belmonte e Raimo Benedetti Elenco cast Martha Nowill, Silvio Restiffe, Maria Manoella, Gustavo Machado, Fernanda D’Umbra, Paulo Tiefenthaler, Nilton Bicudo, João Restiffe tica de São Paulo e a percepção do espaço público como uma tradução de nós mesmos. How much does the urban space influences in our interior space? How would it be to love someone in a city that lives by erasing its memory? Through the history of Clarice and Antonio, there is a portrait of the chaotic verticalization of São Paulo and the perception of the public space as a translation of ourselves. cidades cities 33 Areia Aterro Brasil, 2013, 16 min Brasil, 2011, 72 min Sand Um olhar sobre as contradições entre o ambiente natural e o ambiente construído. Documentário realizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, onde se caracteriza uma área de expressiva extração mineral de areia destinada à construção civil. Ressalte-se, porém, que o filme busca revelar na sequência de imagens a dicotomia relativa aos processos socioeconômicos e aos impactos sobre o meio ambiente. O passivo ambiental que o filme expõe, e que inclui a formação de várias lagoas, indica a reflexão: quais as alternativas futuras para o processo de edificação nas cidades? A gaze on the contradictions between the natural environment and the built environment. A documentary carried out in the Metropolitan Region of Rio de Janeiro, where it is characterized an area of significant mineral extraction of sand for construction. It should be stressed, however, that the movie search reveal in the sequence of images the dichotomy concerning the socio-economic processes and the impacts on the environment. The environmental liabilities that the film exposes and that includes the formation of several ponds, indicates the reflection: what are the future alternatives to the cities building process? Aterro DIREÇÃO DIRECTOR Humberto Kzure-Cerquera PRODUÇÃO PRODUCER José Mario Coelho e João Pedro Martins ROTEIRO WRITER Elcio Schroeder, Humberto Kzure-Cerquera e Paulette Veiga FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER André Michiles EDIÇÃO EDITOR André Michiles DIREÇÃO DIRECTOR Belo Horizonte é uma cidade planejada, Marcelo Reis construída e inaugurada sob os preceios PRODUÇÃO PRODUCER progressistas do final do século XIX. Em Marcelo Reis cerca de meio século, sua produção de lixo ROTEIRO WRITER ultrapassou os limites do sistema de gestão Marcelo Reis de resíduos e todo o lixo passou a ser jogado a céu aberto a menos de 5 km do centro da cidade. Aterro é um filme sobre sete mulheEDIÇÃO EDITOR res pioneiras da catação de lixo no Brasil. Marcelo Reis Diante do atual e controverso sistema de aterragem, elas falam do aparente inevitável destino do lixo. FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Guilherme Reis Belo Horizonte is a planned city, built and inaugurated under the progressive precepts at the end of the nineteenth century. In nearly half a century, its waste production has exceeded the limits of a waste management system and all the garbage started to be played the open sky to less than 5 km from the city center. Aterro is a film about seven women pioneers of garbage scavenging in Brazil. Before the current and controversial system of landing, they speak of the apparent inevitable fate of garbage. cidades cities 35 Detropia Cohab Detropia Cohab EUA, 2011, 90 min Brasil, 2012, 9 min Meu prédio: o horizonte, as crianças, os DIREÇÃO DIRECTOR amigos, os blocos. Um dia sóbrio no bairro Lincoln Péricles do Capão Redondo, periferia de São Paulo. PRODUÇÃO PRODUCER Lincoln Péricles e Nair de Lourdes My building: the horizon, children, friends, the blocks. One sober day at Capão Redondo, a ROTEIRO WRITER Lincoln Péricles neighborhood on the outskirts of Sao Paulo. FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Lincoln Péricles e Thiago Briglia EDIÇÃO EDITOR Lincoln Péricles DIREÇÃO DIRECTOR A história de Detroit abrange a emblemática Heidi Ewing narrativa dos Estados Unidos ao longo do e Rachel Grady PRODUÇÃO PRODUCER Craig Atkinson FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Tony Hardmon e Craig Atkinson EDIÇÃO EDITOR Enat Sidi último século – a grande migração de afro-americanos fugindo de Jim Crow; o crescimento da indústria e da classe média; o caso de amor com os automóveis; o nascimento do sonho americano; e agora... o colapso da economia americana e o esvaecimento do mito americano. Com sua vívida paleta pictórica e sua trilha sonora assustadora, Detropia esculpe uma colagem de sonhos de uma grande cidade à beira da dissolução. Esses pragmáticos comoventes e filósofos sólidos se esforçam para chegar a uma conclusão e tirar um sentido disso tudo, recusando-se a abandonar a esperança ou a resistência. Sua coragem encarna o espírito da “Cidade-Motor” enquanto ela se esforça para sobreviver à América pós-industrial e começa a enxergar um futuro radicalmente diferente. Detroit’s story has encapsulated the iconic narrative of America over the last century— the Great Migration of African Americans escaping Jim Crow; the rise of manufacturing and the middle class; the love affair with automobiles; the flowering of the American dream; and now... the collapse of the economy and the fading American mythos. With its vivid, painterly palette and haunting score, Detropia sculpts a dreamlike collage of a grand city teetering on the brink of dissolution. These soulful pragmatists and stalwart philosophers strive to make ends meet and make sense of it all, refusing to abandon hope or resistance. Their grit and pluck embody the spirit of the Motor City as it struggles to survive postindustrial America and begins to envision a radically different future. cidades cities 37 Deus Salve o Verde Jardim Suspenso God Save the Green Suspend garden Itália, 2012, 75 min Desde 2007 a maioria das pessoas que vive em nosso mundo, pela primeira vez na história, vive nos subúrbios das cidades e não mais no campo. Uma transformação antropológica está aumentando globalmente: pastores e agricultores torna-se cidadãos. No entanto, nos subúrbios, entre arranha-céus brilhantes, nos subúrbios anônimos, em favelas em ruínas, re-emerge muitas vezes a necessidade do homem em trabalhar a terra. Ser agricultor, essa necessidade constitutiva de nossa espécie, em todas as culturas, de trabalhar a terra, ressurge desequilibrando ritmos e deveres da vida urbana. A narrativa flui por caminhos possíveis e inovadores: o último jardim em uma das periferias mais movimentadas de Casablanca (Marrocos); o cultivo hidropônico em Teresina (Brasil); as hortas comunitárias em Berlim; a produção de vegetais dentro de sacos em uma das favelas de Nairobi (Quênia); jardins suspensos em Berlim, Turim e Bolonha; jardinagem de guerrilha em Berlim. Brasil, 2013, 8 min DIREÇÃO DIRECTOR Michele Mellara e Alessandro Rossi PRODUÇÃO PRODUCER Ilaria Malagutti ROTEIRO WRITER Michele Mellara e Alessandro Rossi FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Marco Mensa e Michele Mellara EDIÇÃO EDITOR DIREÇÃO DIRECTOR Garoto desafia a ecologia das cidades. Novas Isaac Donato plantas e árvores germinam dia a dia. Com PRODUÇÃO PRODUCER a radiação, nas metrópoles, ele terá que se Isaac Donato adaptar à paisagem urbana. ROTEIRO WRITER Isaac Donato A boy challenge the ecology of cities. New plants and trees germinate day to day. With the Rogério Teles radiation, in cities, he will have to adapt to the EDIÇÃO EDITOR urban landscape. FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Marcos Lé, Rogério Teles Marco Duretti Since 2007 the majority of people living in our world, for the first time in history, lives in the suburbs of the cities and no longer in the countryside. An anthropological transformation is rising globally: shepherds and farmers becomes citizens. However, in the suburbs, between shining crystal skyscrapers, in the anonymous suburbs, in crumbling slums, re-emerges so often the man’s need to work the land. That be farmers, that constitutive need of our species, in every culture, to work the land, resurfaces unhinged rhythms and duties of urban life. The narration flows into possible and innovative routes: the last garden in one of the most crowded peripheries of Casablanca (Morocco); hydroponic cultivation in Teresina (Brazil); community gardens in Berlin; growing vegetables inside bags in one of Nairobi’s slums (Kenya); hanging gardens in Berlin, Turin and Bologna; Guerrilla gardening in Berlin. cidades cities 39 O Som do Limão O Escuro da Cidade The Sound of Limão The City Dark EUA, 2011, 84 min O Escuro da Cidade é um documentário sobre a poluição luminosa e o desaparecimento do céu noturno. Depois de se mudar para a “luminosamente poluída” Nova York, vindo da rural Maine, o cineasta Ian Cheney pergunta: “Nós precisamos do escuro?” Explorando a ameaça de asteroides assassinos no Havaí, monitorando a incubação de tartarugas ao longo da costa da Flórida e resgatando pássaros feridos nas ruas de Chicago, Cheney desvenda a miríade de implicações de um globo brilhando com luzes – incluindo crescentes taxas de câncer de mama devido à exposição à luz durante a noite, e uma geração de crianças sem um vislumbre do universo acima. O Escuro da Cidade é a história definitiva da poluição luminosa e das estrelas que desaparecem. Brasil, 2012, 26 min DIREÇÃO DIRECTOR Ian Cheney PRODUÇÃO PRODUCER Ian Cheney ROTEIRO WRITER Ian Cheney FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Ian Cheney e Taylor Gentry EDIÇÃO EDITOR Ian Cheney e Frederick Shanahan DIREÇÃO DIRECTOR O filme conta a história do Bairro do Limão, Vinícius Soares São Paulo, a partir dos movimentos musiPRODUÇÃO PRODUCER cais dos diversos grupos sociais que por ali Caio Gonçalves passaram desde sua fundação até os dias ROTEIRO WRITER Vinícius Soares de hoje. FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER The movie tells the story of the neighborhood of Limão, in São Paulo, based on the musical EDIÇÃO EDITOR movements of the various social groups who Pedro Bezerra Jorge passed over there since its foundation until today. Gabriel Barrella The City Dark is a feature documentary about light pollution and the disappearing night sky. After moving to light-polluted New York City from rural Maine, filmmaker Ian Cheney asks: “Do we need the dark?” Exploring the threat of killer asteroids in Hawaii, tracking hatching turtles along the Florida coast, and rescuing injured birds on Chicago streets, Cheney unravels the myriad implications of a globe glittering with lights – including increased breast cancer rates from exposure to light at night, and a generation of kids without a glimpse of the universe above. The City Dark is the definitive story of light pollution and the disappearing stars. cidades cities 41 Pequim Sitiada pelo Lixo Perus: Uma História Feita de Ferro, Cimento e Amor Beijing Besieged by Waste Perus - A Story Made With Iron, Cement And Love China, 2011, 72 min Na mente das pessoas, Pequim é uma grande e moderna cidade, com um PIB de 10 mil dólares per capita. Esta antiga cidade é rica em história e cultura, com ruas limpas e parques cênicos... mas ela é realmente tão bonita quanto parece? Talvez tenhamos de fazer uma simples pergunta: para onde foi todo o lixo gerado diariamente pela população de mais de 20 milhões? Desde outubro de 2008, por mais de dois anos, Wang Jiuliang, um fotógrafo independente, partiu em uma jornada para visitar cerca de 500 lixões em torno de Pequim em sua motocicleta. As imagens e os vídeos que ele fez põem por terra completamente a beleza de Pequim bem diante de nós! Wang nos fala através de sua “lente”: Pequim tornou-se uma cidade sitiada pelo lixo! Brasil, 2012, 26 min DIREÇÃO DIRECTOR Wang Jiuliang PRODUÇÃO PRODUCER Wang Jiuliang ROTEIRO WRITER Wang Jiuliang FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Fan Xuesong EDIÇÃO EDITOR Wang Jiuliang DIREÇÃO DIRECTOR A memória do bairro a partir de três personagens que vivenciaram Rogério Corrêa os diferentes momentos de Perus, que foi perdendo sua identidade PRODUÇÃO PRODUCER tradicional e envolveu-se no dinâmico processo de expansão urbana Rogério Corrêa de São Paulo. ROTEIRO WRITER Rogério Corrêa The district memory from the point of view of three characters who FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Lucas Barreto EDIÇÃO EDITOR Mauricio Galdieri experienced the different moments of Perus, which has been loosing its traditional identity and became involved in the dynamic process of urban expansion of São Paulo. In people’s minds, Beijing is a large modern city with GDP amounting to $10,000 per capita. This ancient city is rich in history and culture, with clean streets and scenic parks… but is it really as beautiful as what it appears? Perhaps we need to ask a simple question: Where has all the waste generated every day by the population of over 20,000,000 gone? Since October 2008, for over two years, Wang Jiuliang, an independent photographer, set off on a journey of visiting nearly 500 dumps around Beijing, on his motorcycle. The images and videos he took completely crashed the beauty of Beijing in front of us! Wang tells us through his “lens”: Beijing has become a city besieged by waste! cidades cities 43 Serra do Mar Rios Perdidos Serra do Mar Lost Rivers Brasil, 2012, 15 min Canadá, 2012, 72 min Once upon a time, in almost every industrial city, countless rivers flowed. We built houses along their banks. Our roads hugged their curves. And their currents fed our mills and factories. But as cities grew, we polluted rivers so much that they became conduits for deadly waterborne diseases like cholera, which was 19th century’s version of the Black Plague. Our solution two centuries ago was to bury rivers underground and merge them with sewer networks. Today, under the city, they still flow, out of sight and out of mind… until now. That’s because urban dwellers are on a quest to reconnect with this denigrated natural world. Lost Rivers takes us on an adventure down below and across the globe, retracing the history of these lost urban rivers by plunging into archival maps and going underground with clandestine urban explorers. Could we see these rivers again? To find the answer, we meet visionary urban thinkers, activists and artists from around the world. DIREÇÃO DIRECTOR DIREÇÃO DIRECTOR Jonas vigia as torres de energia Iris Junges da Serra do Mar. Um incêndio Caroline Bâcle PRODUÇÃO PRODUCER PRODUÇÃO PRODUCER Katarina Soukup Angelo Ravazi ROTEIRO WRITER ROTEIRO WRITER Iris Junges Caroline Bâcle FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Jasmin Tenucci Alexandre Domingue ocorre na mata. Jonas watches the electricity towers of Serra do Mar. A fire occurs in the forest. EDIÇÃO EDITOR EDIÇÃO EDITOR Eduardo Chatagnier Howard Goldberg Elenco cast foto/photo: Andrew Emond Rodrigo Bolzan, Roney Villela, Luciana Paes foto/photo:Katarina Soukup Houve um tempo, em quase todas as cidades industriais, em que inúmeros rios fluíam. Construímos casas ao longo de suas margens. Nossas estradas abraçavam suas curvas. E suas correntes alimentavam nossas usinas e fábricas. Mas, conforme as cidades cresceram, nós poluímos tanto os rios que eles se tornaram veículos de doenças mortais transmitidas pela água, como a cólera, que era a Peste Negra do século XIX. Nossa solução há dois séculos foi enterrar rios subterrâneos e fundi-los às redes de esgoto. Hoje, sob a cidade, eles ainda fluem, fora de vista e de nossas mente... até agora. Isso porque os moradores urbanos estão em uma busca para se reconectar com o mundo natural denegrido. Rios Perdidos nos leva em uma aventura abaixo da terra e através do mundo, redescobrindo a história desses rios urbanos perdidos ao mergulhar em mapas de arquivos e indo ao subterrâneo com exploradores urbanos clandestinos. Será possível vermos esses rios de novo? Para encontrar a resposta, nos encontramos com visionários pensadores urbanos, ativistas e artistas de todo o mundo. cidades cities 45 Contaminação na sociedade de risco: uma jornada no escuro Daniela Vianna contaminação Quando minha mãe cursava o primário em uma escola de Leiria, no interior de Portugal, em 1945, presenciou a aplicação do pesticida DDT (diclorodifeniltricloroetano) no couro cabeludo de algumas de suas colegas e da prima Lena. O objetivo era erradicar lêndeas e piolhos. Durante a 2ª Guerra Mundial, o “milagroso poder” do DDT em exterminar mosquitos transmissores da febre amarela e da malária, Contamination in the risk bem como piolhos e pulgas, foi exalsociety: a journey in the dark tado pelo então primeiro ministro britânico Winston Churchill. Daniela Vianna contamination Solo / Solo Quase duas décadas depois, em 1962, a bióWhen my mother was attending loga Rachel Carson, em seu livro Primavera elementary school in a school Silenciosa (Silent Spring), denunciou os efeitos in Leiria, in the interior of maléficos do pesticida DDT na fauna, na flora Portugal, in 1945, witnessed the e na saúde humana. Ela chamou o pesticida de application of the insecticide DDT “elixir da morte”. (dichlorodiphenyltrichloroethane) O DDT é um organoclorado altamente perin the scalp of some of her sistente no meio ambiente e na cadeia alimentar. colleagues and the cousin Lena. Ele possui características carcinogênicas e pode The objective was to eradicate provocar alterações endócrinas. Os estudos de lice and nits. During the second Rachel Carson – conhecida como referência e war, the “miracle power” of DDT símbolo do ambientalismo moderno – abalaof exterminating mosquitoes that ram as estruturas de poder vigentes à época. transmit yellow fever and malaria, Por meio de fortes evidências, Carson mosas well as lice and fleas, was trou os limites e as consequências de um exalted by the then British Prime modelo de progresso econômico calçado no Minister Winston Churchill. uso de produtos químicos sintéticos – como o Almost two decades later, in 1962, DDT – desenvolvidos pela ciência, fabricados biologist Rachel Carson in her pelas indústrias e chancelados pelo governo dos book “Silent Spring” denounced Estados Unidos. contaminação contamination 47 A poderosa indústria química norte-ame- the harmful effects of the pesticide ricana investiu mais de 250 mil dólares em DDT on the fauna, flora and campanhas que objetivavam desacreditá-la. Foi human health. She called the em vão. Após uma longa batalha judicial – e pesticide “elixir of death.” toneladas de DDT pulverizadas em 80% das DDT is an organochlorine highly plantações ao redor do mundo – o uso do pes- persistent in the environment and ticida organoclorado foi proibido nos Estados food chain. He has carcinogenic Unidos pela Agência de Proteção Ambiental properties and may cause Americana (Environmental Protection Agency, endocrine changes. Studies EPA). Isso ocorreu em 1973. Já no Brasil, o DDT of Rachel Carson - known as foi totalmente banido do país 47 anos depois reference and symbol of modern das denúncias de Carson, mais precisamente environmentalism - have shaken em 2009, por meio da Lei no 11.936/09, san- the prevailing power structures. . cionada pelo então Through strong presidente Lula. Vivemos na chamada evidence, Carson O caso do DDT é the limits and “sociedade de showed apenas um exemplo consequences of a da complexidade que risco”, que é repleta model of economic envolve o tema da conbased on de incertezas e progress taminação, seja ela do the use of synthetic solo, da água, do ar de contradições chemicals - such as ou de alimentos, pro- developed by envolvendo a DDT vocando danos ao science, produced ambiente e à saúde sociedade industrial. by industries and humana. Na nossa released by the U.S.A dieta diária, nas roupas que vestimos, nos government. medicamentos e produtos que utilizamos, nos The powerful U.S. chemical ambientes de trabalho, nos terrenos que ocu- industry has invested more than $ pamos, em geral fazemos escolhas como se 250,000 in campaign that aimed caminhássemos no escuro. at discrediting it. It was in vain. Como nos mostra o sociólogo alemão Ulrich After a long legal battle - and tons Beck, vivemos na chamada “sociedade de risco”, of DDT sprayed in 80% of the que é repleta de incertezas e de contradições plantations around the world - the envolvendo a sociedade industrial. Como diz use of organochlorine pesticide um dos entrevistados pelo cineasta Stefan Jarl, was banned in the United States para o documentário Submissão (Suécia, 2010), by the U.S.A Environmental vivemos em um enorme oceano de ignorância. Protection Agency (EPA). This De acordo com a Agência Sueca de Produtos occurred in 1973. In Brazil, DDT was completely banned from the country after 47 years of complaints Carson, more precisely in 2009 by Law No. 11.936/09, sanctioned by President Lula. The case of DDT is just one example of the complexity surrounding the issue of contamination, be it soil, water, air or food, causing damage to the environment and human health. In our daily diet, the clothes we wear, the medicines and products that we use in the workplace, in the land we occupy, generally we make choices as if we are walking in the dark. As shown by the German sociologist Ulrich Beck, we live in the “risk society”, which is full of uncertainties and contradictions involving industrial society. As said one of the interviewed people by the filmmaker We live in the “risk society”, which is Stefan Jarl for the documentary full of uncertainties and contradictions Submission (Sweden, involving industrial society. 2010), we live in a huge ocean of Químicos, só se conhece os efeitos à saúde de ignorance. According to the um em cada cinco produtos químicos utiliza- Swedish Agency for Chemicals, dos hoje, entre combustíveis, plásticos, tintas, we only know the effects on cosméticos, medicamentos, pesticidas, retar- the health of one in each five dantes de chama e outros. products used today, including O próprio conceito de risco está intimamente fuels, plastics, paints, cosmetics, relacionado a questões culturais. A percepção medicines, pesticides, flame dos riscos é em si um fenômeno socialmente retardants and others. construído. E, quando nos referimos a subs- The concept of risk is closely tâncias químicas produzidas para suportar o related to cultural issues. The discurso do “progresso” da sociedade, é preciso perception of risk is itself a dar luz aos complexos caminhos que envolvem socially constructed phenomenon. as relações entre indústrias, governos e socie- And, when we refer to chemicals dade civil em questões de mercado, de lobbies, produced to support the de lucro a qualquer custo, de manutenção do discourse of “progress” of society, discurso da geração de empregos como justifi- it is necessary to give light to the cativa para a poluição ambiental. Os interesses complex pathways that involve the econômicos e a pressão para que empresas relationships between industries, apresentem bons resultados no curto prazo governments and civil society norteiam a tomada de decisões. on issues of market, lobbies, Na sociedade de risco, o “crime” ainda com- any profit cost of maintaining pensa. Grandes multinacionais ganham tempo the discourse of job creation as – e dinheiro – negando os efeitos nocivos de justification for environmental suas matérias-primas ou de seus produtos. Elas pollution. Economic interests se aproveitam de legislações nacionais fracas; and the pressure for companies da morosidade de processos judiciais e admi- to show good results in the short nistrativos; das dificuldades em comprovar a term to guide decision-making. contaminação contamination 49 relação de causa e efeito entre o contato com In the risk society, the “crime” a substância química e os agravos à saúde e ao still pays off. Large multinational ambiente. Também se valem da ausência de save time - and money - negating uma governança ambiental global. the harmful effects of their raw Casos como o do amianto utilizado pela materials or products. They Eternit, apresentado pelo documentário O take advantage of weak national Grande Processo do Amianto, e o do vazamento laws, the slowness of judicial de óleo provocado pela BP no Golfo do México, and administrative proceedings; em 2010, tema do documentário Petróleo: O Grande Vício, produ- A questão multicausal de doenças zido por Josh e Rebecca Tickell, é um dilema a ser superado para a são exemplos disso. A pressão e as denúncias fundamentadas sobre identificação das relações de causa casos de contaminação comee efeito envolvendo produtos çam a aumentar. O Greenpeace Internacional, por exemplo, lançou, químicos e contaminação. em 2012, um estudo intitulado “Dirty Laundry: Reloaded” (ainda não tradu- difficulties in proving the relation zido para o português). A ONG aponta a relação of cause and effect between the entre saúde humana, contaminação química e contact and the chemical hazards vestuário envolvendo marcas famosas. to health and the environment. Quando são identificados, em pesqui- Also it makes use of the absence of sas científicas, casos em que bebês, ao serem global environmental governance. amamentados pelo seio de suas mães, estão Cases such as asbestos used ingerindo metais pesados, pesticidas persis- by Eternit presented by the tentes e bioacumulativos, hormônios sintéticos documentary Dust, The Great e outros produtos químicos complexos, é pas- Asbestos Trial, and the oil spill sada a hora de repensarmos que sociedade e caused by BP in the Gulf of que herança queremos deixar. Mexico in 2010, subject of Como as mães que pulverizaram DDT na the documentary The Big Fix, tentativa de livrar suas filhas dos piolhos em produced by Josh and Rebecca meados do século XX, também as mães de hoje Tickell, are examples. The desconhecem os efeitos nocivos dos produtos pressure and accusations based que utilizam. A prima Lena faleceu de câncer on contamination cases begin to increase. Greenpeace International, for example, launched in 2012, a study entitled “Dirty Laundry: Reloaded”. The NGO points to the relationship between human health and chemical contamination and clothing involving brands. When cases are identified through scientific research pointing out that when babies are breastfed by their mothers’ bosom, in fact they are ingesting The issue of multifactorial diseases is a dilemma to be overcome in order to identify the cause and effect involving chemicals and contamination. no intestino há cinco anos. Nunca saberemos se a doença foi provocada pela exposição ao DDT. A questão multicausal de doenças é um dilema a ser superado para a identificação das relações de causa e efeito envolvendo produtos químicos e contaminação. Porém, o instrumento legal do princípio da precaução começa a ganhar força, como forma de impedir que substâncias sejam liberadas para consumo sem que seus efeitos sejam conhecidos. Esse princípio ainda é usado de forma pontual e incipiente diante da complexidade que envolve as substâncias químicas presentes em nosso cotidiano. Os filmes sobre contaminação, apresentados nesta 2a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, representam uma excelente oportunidade para que reflitamos sobre essas e outras questões e para que repensemos o mundo que queremos para nós, para as pessoas que amamos e para as futuras gerações. heavy metals, persistent and bioaccumulative pesticides, synthetic hormones and other chemicals complex, so it is already past time to rethink which society and legacy we want to leave. As the mothers who sprayed DDT in an attempt to get rid their daughters of lice in the midtwentieth century, also mothers today are unaware of the harmful effects of the products they use. Cousin Lena died of intestine cancer five year ago. We will never know if the disease was caused by exposure to DDT. The issue of multifactorial diseases is a dilemma to be overcome in order to identify the cause and effect involving chemicals and contamination. However, the legal instrument of the precautionary principle begins to gain force as a manner to prevent substances to be released for consumption without its effects being known. This principle is still used in a timely manner and incipient way in front of the complexity involving the chemicals present in our daily lives. Movies about contamination presented in this 2nd Ecofalante Environmental Film Festival, represent an excellent opportunity for us to reflect on these and other issues and to rethink the world we want for ourselves, for our loved ones and for future generations. Daniela Vianna is a journalist, PhD Daniela Vianna é jornalista, doutora pelo at the Graduation Program in EnvironPrograma de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (PROCAM/USP), especialista em Saúde Ambiental pela Faculdade de Saúde Pública (FSP/USP), consultora em sustentabilidade e sócia da empresa EcoSapiens Comunicação. mental Science from University of São Paulo (PROCAM / USP), specialist in Environmental Health from the School of Public Health (FSP / USP), sustainability consultant and partner at EcoSapiens Communication. contaminação contamination 51 A História de Leonid O Grande Processo do Amianto Leonids Story Dust, The Great Asbestos Trial Ucrânia/Alemanha, 2011, 19 min Uma família soviética à procura de um paraíso modesto é arrastada para um desastre imenso. Este mágico filme de animação combina fotografia, desenho e documentário para captar as emoções surreais da tragédia verdadeiramente real: Chernobyl 1986. Leonid cresceu na vila ao lado do reator. A catástrofe destruiu sua vida, arruinou sua saúde, e ameaçou seu filho ainda não nascido. No entanto, seu trabalho o leva direto para a zona contaminada. Esta animação conta a sua história. A Soviet family searching for a modest paradise is swept into an immense disaster. This magically animated film combines drawing, photography and documentary video to capture the surreal emotions of the too-real tragedy: Chernobyl 1986. Leonid grew up in the village next to the reactor. The catastrophe broke his life, ruined his health, and threatened his unborn child. Yet his work takes him right into the contaminated zone. This animated film tells his story. Itália/Suíça/Bélgica/França, 2011, 83 min Direção director Rainer Ludwigs Produção producer Tetyana Chernyavska Roteiro writer Rainer Ludwigs Fotografia cinematographer Rainer Ludwigs Edição editor Rainer Ludwigs Direção director Acusações: desastre intencional. Pena aplicável: 12 anos Niccolò Bruna e Andrea Prandstraller de prisão. Réus: nº 142 e nº 243 na lista dos homens mais Produção producer ricos do mundo. O primeiro grande julgamento criminal Enrica Capra contra os grandes mestres do amianto começou em Roteiro writer Turim, no inverno de 2010. Os números do desastre são Niccolò Bruna e Andrea Prandstraller impressionantes: a cada ano, em todo o mundo, 100 mil Edição editor Michèle Hubinon pessoas morrem de doenças relacionadas ao amianto. Charges: intentional disaster. Applicable punishment: 12 year sentence. Defendants: n.142 and n.243 in the world’s richest men chart. The first great criminal trial against the big masters of asbestos started in Turin in winter 2010. The figures of the disaster are striking: every year, throughout the world, 100,000 people die from diseases linked to asbestos. contaminação contamination 53 Petróleo: O Grande Vício Radioativo The Big Fix The Radiant EUA/França, 2011, 90 min No Dia da Terra, em 2010, a Deepwater Horizon causou o pior vazamento de petróleo da história. De acordo com a imprensa mundial, a história terminou quando o poço foi tamponado – mas aí que a verdadeira história começou. Ao expor as causas do vazamento de óleo e o que realmente aconteceu depois que as câmeras de televisão deixaram a região, os cineastas Josh e Rebecca Tickell revelam uma vasta rede de corrupção. On Earthday, 2010, the Deepwater Horizon offshore drilling rig sank creating the worst oil spill in history. According to the global media, the story ended when the well was capped – but that’s when the real story began. By exposing the root causes of the oil spill and what really happened after the news cameras left the Gulf states, filmmakers Josh and Rebecca Tickell uncover a vast network of corruption. Reino Unido / Alemanha, 2012, 64 min Direção director Direção director Josh Tickell e Rebecca Harrell Tickell Produção producer Rebecca Harrell Tickell Roteiro writer Johnny O’Hara Fotografia cinematographer Marc Levy Edição editor Tina Imahara e Sean P. Keenan Radioativo explora as consequências de 11 de The Otolith Group março de 2011, quando o grande terremoto de Tohoku atingiu a costa nordeste do Japão às 14h46, provocando um tsunami que Fotografia cinematographer matou dezenas de milhares de pessoas e Sebastian Mayer, Anjalika Sagar causando o colapso parcial da usina nuclear e Jonas Mortensen de Fukushima Daiichi. Nas fissuras abertas Edição editor por estas catástrofes, Radioativo viaja através Simon Arazi do tempo e espaço, invocando a promessa histórica da energia nuclear e convocando a futura ameaça de radiação que converge para o presente desconhecido. Sob essas condições, as cidades iluminadas e aldeias evacuadas do Japão podem ser entendidas como um laboratório para o regime nuclear global que expõe os seus cidadãos às necropolíticas de radiação. Produção producer The Otolith Group The Radiant explores the aftermath of March 11 2011, when the Great Tohoku Earthquake struck the North East Coast of Japan at 2:46 pm, triggering a tsunami that killed tens of thousands and causing the partial meltdown of the Fukushima Daiichi nuclear power plant. In the fissures opened by these catastrophes, The Radiant travels through time and space, invoking the historical promise of nuclear energy and summoning the future threat of radiation that converge upon the benighted present. Under these conditions, the illuminated cities and evacuated villages of Japan can be understood as a laboratory for the global nuclear regime that exposes its citizens to the necropolitics of radiation. contaminação contamination 55 Neve Silenciosa: O Veneno Invisível Silent Snow, the Invisible Poisoning of the World Holanda, 2011, 71 min Direção director Um silêncio ameaçador paira sobre as planícies árticas Jan van den Berg da Groenlândia e as comunidades esquimós que as Produção producer habitam: a poluição atmosférica a partir do acúmulo de Jan van den Berg and André resíduos químicos que vieram de outros lugares. Jan van Schreuders den Berg nos leva em uma expedição esquimó através Roteiro writer da paisagem glacial e em uma viagem com Pipauk Jan van den Berg e Knudsen-Ostermann, uma jovem mulher esquimó, para Pipaluk Knudsen-Ostermann as áreas onde se originam as emissões nocivas (Índia, Uganda e Costa Rica), em busca dos sinais e causas de Viraj Singh e Jan van den Berg uma ameaça invisível, porém não menos insidiosa, reveEdição editor Boris Everts lando suas implicações desastrosas para a Groenlândia, assim como para o resto do mundo. Fotografia cinematographer An ominous silence hangs over Greenland’s arctic plains and the Inuit communities that inhabit them: atmospheric pollution from the accumulation of chemical residues that have come from elsewhere. Jan van den Berg leads us on an Inuit expedition across the glacial landscape and on a journey with Pipauk Knudsen-Ostermann, a young Inuit woman, to the areas where the harmful emissions originate (India, Uganda and Costa Rica) in search of the signs and causes of an invisible yet no less insidious threat, revealing its disastrous implications for Greenland and the rest of the world as well. contaminação contamination 57 Submissão Solo Submission Solo Suécia, 2010, 87 min Japão, 2012, 11 min Com o tsunami que atingiu o Japão em 2011 como pano de fundo, o filme explora a relação entre os mortos e os vivos. Vagar em uma praia cheia de escombros representando a alma eterna do povo japonês é reviver a tragédia da catástrofe, lembrando o horror e as pessoas que perderam suas vidas. É uma meditação sobre a relação entre a morte e a memória; como as pessoas que faleceram ainda permanecem dentro de todos nós – eles estão vivos enquanto são lembrados. With the Tsunami that hit Japan in 2011 as a backdrop, explores the relationship between the dead and the living. Wandering on a beach filled with rubble representing the eternal soul of the Japanese people is reliving the tragedy of the catastrophe, remembering the horror and the people who lost their lives. It is a meditation on the relationship between death and memory; how the people who have passed away still remain inside all of us – they are alive as long as they are remembered. Direção director Mina Yonezawa Produção producer Yuta Yanagihori Roteiro writer Mina Yonezawa, Isamu Hirabayashi Fotografia cinematographer Sumio O’oki Edição editor Mina Yonezawa Direção director Submissão é um documentário sobre a Stefan Jarl “sociedade química” – a sociedade que estiveProdução producer mos construindo desde a Segunda Guerra Stefan Jarl Mundial. Naquela época, o ser humano Roteiro writer usava 1 milhão de toneladas de produtos Stefan Jarl químicos por ano, o número hoje é de 500 milhões de toneladas. A indústria química é a indústria que mais cresce no mundo, e Edição editor este filme é sobre os 100 mil produtos quíJoakim Jalin, Anette Lykke-Lundberg micos que usamos todos os dias, para o que são usados e o que fazem para nós e nossa saúde. Consultando um vasto leque de cientistas, o documentarista Stefan Jarl procura respostas: Que problemas podem causar esses produtos químicos? O que estamos passando para nossos filhos ainda não nascidos? E por que nos submetemos a isso? Fotografia cinematographer Joakim Jalin, Jörgen Persson Submission is a documentary about the ‘chemical society’ – the society we have been building since the Second World War. Back then, humans used 1 million tonnes of chemicals per year; the figure today is 500 million tonnes. The chemical industry is the fastest-growing industry in the world and this film is about the 100,000 chemicals we use every day, what they’re used for and what they do to us and our health. Consulting a wide range of scientists, documentary film maker Stefan Jarl seeks answers: What problems can these chemicals cause? What are we passing on to our unborn children? And why do we submit? contaminação contamination 59 Trashed – Para Onde Vai o Nosso Lixo? / Trashed – No Place for Waste Economia Amália Safatle economia Se no dicionário poucos verbetes distanciam ecologia de economia, na vida prática a humanidade deu conta de promover um verdadeiro racha entre esses significados que provêm de uma mesma raiz – oikos, palavra grega que designa casa ou lar. Embora siamesas, ecologia e economia foram separadas ao nascer e distanciadas ao longo da história da civilização. A arte de bem administrar uma casa ou um estabelecimento é a primeira definição para economia, mas bem que poderia se encaixar em ecologia. Economia gerencia e ordena a casa; ecologia estuda as relações entre os seres vivos e o ambiente onde moram. Um ambiente desequilibrado obviamente prejudica a boa administração de tudo o que nele vive e produz; Economy ao passo que a má gestão dos recursos leva ao desequilíbrio desse ambiente. Amália Safatle A economia não passa de um subsistema de uma ampla grade de relações ecossistêmicas da qual depende para existir e funcionar no longo If just a little few entries separate prazo. Apesar disso, o que se vê é uma inversão: ecology from economy, in practical o ambiente de que a vida depende é que está life mankind has promoted a real subjugado por decisões econômicas que o afebreak in between these meanings, tam o tempo todo. that come from the same root A humanidade, que subtrai continuamente oikos, a Greek word for house or recursos do ambiente e os devolve em forma de home. Although siamese, ecology resíduos e poluição, tem se mostrado uma pésand economy were separated at sima administradora. Ultimamente, tornou-se birth and spaced throughout the ainda mais consumista. Tem retirado recursos history of civilization. a um ritmo que a Terra, por meio dos serviços The art of running a household ecossistêmicos que presta, não consegue repor or an establishment is the first na mesma velocidade. E nem absorver a quantidefinition for the economy, but dade de carbono lançada na atmosfera, emissão it might as well fit in ecology. esta intensificada pela ação antrópica. Fosse economy economia economy 61 uma empresa, a Terra já teria quebrado. O consumo atual é de um planeta e meio, embora não haja notícias, por enquanto, de outro astro próximo apto a nos receber1. Sustentabilidade é o que almejamos, mas parece que nos demos conta dessa importância tarde demais. Isso porque alguns equilíbrios já foram rompidos e fronteiras ultrapassadas, como na perda de biodiversidade, com extinção galopante de espécies; na quantidade de nitrogênio despejada no ambiente por meio do uso de fertilizantes nitrogenados, gerando zonas mortas nos oceanos; e na mudança climática, fenômeno de alcance global capaz de afetar toda a delicada rede ecossistêmica2. Por quê? É a pergunta que nos faz tão humanos. Por que, sendo a espécie humana a mais inteligente, age de forma destrutiva e – o que é ainda mais inquietante – autodestrutiva, vítima do próprio sucesso evolutivo? Não faltam informações nem alertas. Nunca se produziram tantos dados e estudos a respeito. Mesmo assim, a política econômica dominante segue o seu rito, business as usual. Por quê? Economy manages and orders the house; ecology studies the relationships between living being and the environment. An unbalanced environment obviously affect the proper administration of all that lives and produces in it, while the mismanagement of resources leads to the imbalance of this environment. The economy is only a subsystem of a large grid of ecosystem relationships upon which it depends to exist and function in the long term. Nevertheless, what we see is a reversal: the environment that life depends on is subdued by economic decisions that affect them all the time. Mankind, which continuously despoil the environment resources and returns it in the form of waste and pollution, has proved as a poor administrator. Lately, it has become more and more consumer. It has taken resources at a rate Quem sabe o that the Earth, through ecosystem services problema seja ittheprovides, cannot a sensação de replace it at the same And cannot also impotência, de speed. absorb the amount of admitir que pouco carbon released into the atmosphere. This se pode fazer frente emission is intensified ao gigantismo by human action. If it was a company, the do problema? Earth would have gone bankrupt. The current consumption stands for a planet and a half. Although there is no news, up to now, on other close planet able to receive us1. Sustainability is what we crave for, but it seems that we realize its importance too late. That’s because some balance have been broken and boundaries have been breached; as the loss of biodiversity, with a rampant extinction of species; as the amount of nitrogen released into the environment through the use of nitrogen fertilizers, creating dead zones in the oceans; and the climate change, a global phenomenon that can affect the delicate ecosystem network2. Why? It is the question that makes us so human. Why, considering the Maybe the problem is the human species as the most intelligent feeling of powerlessness one, acts destructively and - what is even in assuming that little more disturbing - selfcan be done against the destructively, victim of enormity of the problem? its own evolutionary success? There is no Podemos arriscar algumas hipóteses. Talvez lack of information or alerts. So haja uma fé excessiva em tecnologias salva- much data and studies on this doras e na ideia de que a própria economia subject have never been produced contribuirá com soluções, ao oferecer produ- as nowadays. Even thus, the tos e serviços para as crescentes demandas dominant economic policy follows de ordem ambiental. Quem sabe o problema the rite, business as usual. Why? não tenha sido devidamente precificado? E We can venture some hypotheses. que seja apenas uma questão de saber valorar? Perhaps there is an excessive faith Ou, quem sabe, o preço será tão alto que tor- in saving technologies and in the nará inviável a ação, então é melhor manter as idea that the economy itself will coisas do jeito que estão? Ou talvez haja uma contribute to solutions, offering indiferença com as gerações que ainda nem products and services to the nasceram, levando a geração atual a se focar growing environmental demands. nos problemas do aqui e agora, que já são bem Maybe the problem has not been grandes. Ou talvez haja uma rejeição a qual- properly priced? And it’s just a quer coisa que remeta a um catastrofismo, e question of valuing? Or, perhaps, assim é melhor eliminar o mensageiro que the price will be so high that will traz notícias más e inconvenientes. Talvez become the action impossible, haja uma dificuldade por parte dos ambien- then it is best to keep things the talistas, cientistas, estudiosos, ativistas – e way they are? Or maybe there is an comunicadores – de comunicar o problema. indifference to the generations that Não só comunicar, mas sensibilizar. Não só have not even been born, leading sensibilizar, mas provocar a ação transforma- to the current generation to focus dora. Quem sabe o problema seja a sensação on the here and now issues, which de impotência, de admitir que pouco se pode are already quite large. Or maybe fazer frente ao gigantismo do problema? there is a rejection of anything economia economy 63 Ou, quem sabe, estamos apenas no início de uma evolução civilizatória, movidos essencialmente por impulsos da nossa natureza animal, de briga ou fuga. Como crianças, bagunçamos o A Fé nos Orgãnicos / In Organic We Trust quarto a um ponto que quase não tem conserto, mas somos novinhos demais para conseguir that refers to a catastrophism, nos organizar e agir para recuperar o estrago. and so it is better to eliminate Egocêntricos e narcisistas, como é próprio desta the messenger who brings bad idade, queremos mais é consumir, brincar, cur- and inconvenient news. Maybe it tir a vida. is difficult for environmentalists, Mas é na construção de uma nova concep- scientists, scholars, activists ção do que é o bem-estar que pode se abrir um - and communicators - to caminho de efetiva mudança. O que se entendia communicate the problem. por progresso não trouxe bem-estar, isso é cada Not only communicate, but vez mais patente. Marginalmente, surge a ideia to raise awareness. Not only de que se deve buscar prosperidade em vez de raise awareness but provoke mero crescimento, ou seja, qualidade acima de transformative action. Maybe quantidade. Buscar sentido verdadeiro no traba- the problem is the feeling of lho, no consumo, nas relações. powerlessness in assuming that Para isso, a economia e seus instrumentos little can be done against the devem ser repensados, reestruturados e resede- enormity of the problem? nhados, de forma que funcionem em prol do Or maybe this is just the bem-estar humano, ao mesmo tempo em que beginning of an evolution of respeitam os limites da Terra. Esta noção é revo- civilization, driven primarily by lucionária, capaz de abrir um capítulo novo na impulses of our animal nature, of fight or flight. As Marginalmente, surge a children, we mess up the room to a ideia de que se deve buscar point almost beyond prosperidade em vez de mero repair, but we are so new to be able crescimento, ou seja, qualidade brand to organize and take acima de quantidade. Buscar action to recover the damage. Egocentric sentido verdadeiro no trabalho, and narcissistic, as no consumo, nas relações. befits this age, what Brasil Orgãnico / Organic Brazil Marginally, here comes the idea that we must seek prosperity instead of mere growth, ie, quality above quantity. To search a true sense at work, in consumer, in the relations. we want is just to consume, to play, to enjoy life. But is the construction of a new conception of what is wellbeing that can open up a path for effective change. What was meant by progress did not bring wellbeing, it is increasingly clear. Marginally, here comes the idea that we must seek prosperity instead of mere growth, ie, quality above quantity. To search a true sense at work, in consumer, in the relations. For this, the economy and its instruments must be rethought, restructured and redesigned so that can work for the well-being, at the same time it respects the limits of the Earth. This concept is revolutionary, able to open a new chapter in the history of civilization. A reunion of oikos, between ecology and economy, will be a reveal. This time, with the economy at the service of life, not the reverse. This redesign will require hard work on brand new frontiers of economic knowledge, and it is in this regard that economists and other scholars can and should provide immeasurable contribution. história da civilização. Um reencontro de oikos, entre ecologia a economia, será revelador. Desta vez, com a economia a serviço da vida, e não o inverso. Este redesenho exigirá muito trabalho em novíssimas fronteiras do conhecimento econômico, e é em relação a isso que os economistas e demais estudiosos podem e devem prestar uma imensurável contribuição. 1 According to the calculation of ecological footprint developed by the Global 1 Segundo cálculo de pegada ecológica desenvolvido pela Footprint Network. Global Footprint Network. 2 According to a study from the Stock- 2 Segundo estudo do Stockholm Resilience Centre. Mais holm Resilience Centre. More in stockem stockholmresilience.org/planetary-boundaries holmresilience.org/planetary-boundaries Amália Safatle é jornalista fundadora e editora da Amalia Safatle is journalist and Revista Página22 founding editor of the Revista Página 22 economia economy 65 A Fé nos Orgânicos In Organic We Trust EUA, 2012, 82 min A Fé nos Orgânicos é um documentário revelador que mostra o verdadeiro significado de “orgânico”. Quando as corporações entraram no negócio e “orgânico” se tornou uma marca, a filosofia e o rótulo se separaram. Mas há esperança para os orgânicos e para nós! O diretor Kip Pastor olha para além do rótulo e desenterra soluções inspiradoras para a nossa saúde e para problemas ambientais. Cidadãos e comunidades estão resolvendo os problemas com suas próprias mãos, e a mudança está vindo do solo para cima. Direção director Kip Pastor Produção producer Kip Pastor e Emma Fletcher Roteiro writer Kip Pastor Fotografia cinematographer Todd Banhazl e Jeff Bierman Edição editor John-Michael Powell e Yoni Reiss In Organic We Trust is an eye-opening documentary that reveals the true meaning of “organic”. When corporations went into the business and “organic” became a brand, the philosophy and the label grew apart. But there’s hope for organic and for us! Director Kip Pastor looks beyond the label and unearths inspiring solutions for our health and environmental problems. Individual citizens and communities are taking matters into their own hands, and change is coming from the soil up. economia economy 67 A Vingança do Carro Elétrico Brasil Orgânico Revenge of the Electric Car Organic Brazil EUA, 2011, 90 min Brasil, 2013, 58 min Em A Vingança do Carro Elétrico, o diretor Chris Paine leva sua equipe de filmagem para trás das portas fechadas da Nissan, GM, e da start-up do Vale do Silício Tesla Motors para narrar a história do ressurgimento global dos carros elétricos. Não é apenas a próxima geração de carros ver- Direção director Chris Paine des que está em pauta. É o futuro do automóvel em si. Produção producer P. G. Morgan e Jessie Deeter In Revenge of the Electric Car, director Chris Paine takes Roteiro writer his film crew behind the closed doors of Nissan, GM, and Chris Paine e P. G. Morgan the Silicon Valley start-up Tesla Motors to chronicle the story Fotografia cinematographer of the global resurgence of electric cars. It’s not just the next Thaddeus Wadleigh generation of green cars that’s on the line. It’s the future of Edição editor the automobile itself. Chris Peterson Direção director O documentário revela histórias Lícia Brancher e Kátia Klock de pessoas que têm na produção Produção producer orgânica uma forte convicção Lícia Brancher de vida. O roteiro percorre os Roteiro writer biomas brasileiros, apresentando Kátia Klock a diversidade de ecossistemas, paisagens e culturas. Da pecuária no Pantanal à produção em larga Edição editor escala em São Paulo, das frutas Alan Langdon tropicais na Caatinga ao extrativismo na Floresta Amazônica; de empresas a agricultores familiares e cooperativas da Região Sul. São histórias e personagens de um país orgânico. Fotografia cinematographer Marx Vamerlatti The documentary reveals the stories of people who have on organic production a strong conviction of life. The script runs the Brazilian biomes, showing the diversity of ecosystems, landscapes and cultures. From the livestock in the Pantanal to the large-scale production in São Paulo, from the tropical fruits in the Caatinga to the extractivism in the Amazon Forest; from companies to family farmers and cooperatives of the Southern region; these are stories and characters of a an organic country. economia economy 69 O Preço da Democracia O Sabor do Desperdício Pricele$$ Taste the Waste EUA, 2010, 57 min O Preço da Democracia é a jornada pessoal de um cineasta através da América para responder a uma pergunta incômoda: por que algumas das políticas mais básicas do nosso governo, como alimentos e energia, são tão perigosas ambientalmente... e algo pode ser feito sobre isso? Compartilhando a suspeita de concidadãos e de uma turma de jovens estudantes de educação cívica de que o dinheiro de campanha política está envolvido, os cineastas iniciam uma jornada fascinante, e por vezes hilária, da América rural aos corredores do Congresso para descobrir mais, porque a democracia é um recurso muito precioso para se perder. Na verdade, não tem preço. Pricele$$ is a filmmaker’s personal journey across America to answer a burning question: why are some of our government’s most basic policies, like food and energy, so environmentally dangerous... and can anything be done about it? Sharing the suspicion of fellow-citizens and a class of young civics students that political campaign money is involved, the filmmakers set out on a spellbinding and at times hilarious ride from rural America to the halls of Congress to find out more, because democracy is too precious a resource to lose. In fact, it’s Pricele$$. Alemanha, 2011, 88 min Direção director Steve Cowan Produção producer Steve Cowan e Cameron Harrison Roteiro writer Steve Cowan e Cameron Harrison Fotografia cinematographer Barry Schienberg Edição editor Steve Cowan, Cameron Harrison e Barry Schienberg Direção director Valentin Thurn Produção producer Astrid Vandekerkhove e Valentin Thurn Roteiro writer Valentin Thurn Fotografia cinematographer Roland Breitschuh Edição editor Birgit Köster Incrível, mas verdadeiro: no caminho da fazenda para a mesa da sala de jantar, mais da metade dos alimentos vai para o lixo. A maioria antes mesmo de chegar aos consumidores. Por que cada vez maiores quantidades estão sendo destruídas? A agricultura é responsável por mais de um terço dos gases de efeito estufa em todo o mundo, pois a agricultura requer energia, fertilizantes e terra. Além do mais, sempre que comida apodrece em um depósito de lixo, o metano escapa para a atmosfera, um gás com um efeito 25 vezes mais potente que o dióxido de carbono. Em outras palavras, quando perdemos metade de nossa comida, isso tem um impacto desastroso sobre o clima mundial. Um documentário sobre o desperdício global de alimentos e o que podemos fazer sobre isso. Amazing but true: on the way from the farm to the dining-room table, more than half the food lands on the dump. Most of it before it ever reaches consumers. Why are ever-greater quantities being destroyed? Agriculture is responsible for more than a third of the greenhouse gases worldwide because farming requires energy, fertilizers and land. What’s more, whenever food rots away at a garbage dump, methane escapes into the atmosphere, a climate gas with an effect 25 times as powerful as carbon dioxide. In other words, when we waste half of our food that has a disastrous impact on the world climate. A documentary about global food waste and what we can do about it. economia economy 71 Sobreviver ao Progresso Trashed – Para Onde Vai o Nosso Lixo? Surviving Progress Trashed – No Place for Waste Canadá, 2011, 86 min Sobreviver ao Progresso apresenta a história dos avanços da humanidade como inspiradores e com duas faces. Ele revela o grave risco de rodar um software do século XXI – o nosso know-how – no hardware antigo de nosso cérebro primata, que não foi atualizado em 50 mil anos. Com ricas imagens e envolvente trilha sonora, os cineastas Mathieu Roy e Harold Crooks lançam-nos em uma jornada para contemplar nossa evolução de moradores de caverna a exploradores do espaço. Surviving Progress presents the story of human advancement as awe-inspiring and doubleedged. It reveals the grave risk of running the 21st century’s software — our know- how — on the ancient hardware of our primate brain which hasn’t been upgraded in 50,000 years. With rich imagery and immersive soundtrack, filmmakers Mathieu Roy and Harold Crooks launch us on journey to contemplate our evolution from cave-dwellers to space explorers. Reino Unido, 2012, 97 min Direção director Trashed – Para Onde Vai o Nosso Lixo? olha para os riscos causados Candida Brady pelo lixo para a cadeia alimentar e o meio ambiente através da poluiProdução producer Direção director Mathieu Roy e Harold Crooks Produção producer Daniel Louis e Denise Robert Roteiro writer Harold Crooks e Mathieu Roy Fotografia cinematographer Mario Janelle Edição editor Louis-Martin Paradis ção do nosso ar, terra e mar. O filme revela fatos surpreendentes so- Candida Brady bre os perigos reais e imediatos para a nossa saúde. É uma conversa e Titus Ogilvy global, da Islândia à Indonésia, entre o astro de cinema Jeremy Irons e cientistas, políticos e pessoas comuns, cuja saúde e meios de subsisCandida Brady tência foram fundamentalmente afetados pela poluição de resíduos. Roteiro writer Fotografia cinematographer Sean Bobbitt BSC Edição editor Trashed - No Place for Waste looks at the risks to the food chain and James Coward, the environment through pollution of our air, land and sea by waste. The Kate Coggins film reveals surprising truths about very immediate and potent dangers e Jamie Trevill to our health. It is a global conversation from Iceland to Indonesia, between the film star Jeremy Irons and scientists, politicians and ordinary individuals whose health and livelihoods have been fundamentally affected by waste pollution economia economy 73 Globalização é disputa Silvio Caccia Bava globalização globalization Globalization is a dispute Silvio Caccia Bava Roubando dos Pobres / Stealing from the Poor Globalization is a term widely used nowadays. A globalized world can be understood as a world that has become close, became smaller, allows exchanges on a global scale. From my house I can see on TV news of everything relevant that is happening in the world. With my cell phone I can talk to anyone on the planet. Through Internet there are no more distances, communication is instantaneous. But is it what are we talking about? More promptness and facilities for all of us? Cultural diversity Globalização é um termo muito usado hoje em dia. Um mundo globalizado pode ser entendido como um mundo que se tornou próximo, ficou menor, permite trocas em escala global. Da minha casa eu assisto nos telejornais tudo que está acontecendo de relevante no mundo. Com meu telefone celular posso falar com qualquer pessoa no planeta. Pela internet não existem mais distâncias, a comunicação é instantânea. Mas é disso que estamos falando? Mais facilidades para todos? Uma diversidade cultural compartilhada como riqueza da humanidade? No momento atual da história da humanidade não encontramos este padrão de solidariedade e cooperação como dominante. Muito ao contrário, vivemos uma era de competição, de individualismo, de ganância sem limites. E a globalização só pode ser entendida neste contexto. O avanço das tecnologias que permitem tudo isso não é ingênuo, tem um sentido e tem atores que lhes imprimem o sentido; a globalização, portanto, serve a interesses. A globalização, neste século XXI, nesta fase atual do capitalismo, é a integração dos mercados e a exploração sem limites, em escala global, dos recursos naturais. A globalização é a produção da desigualdade em escala global. É um processo que gera pobreza em larga escala e beneficia a poucos. Os atores que impulsionam este processo são empresas que têm como único objetivo a maximização dos lucros, não importam os danos ambientais e sociais que promovam. E o seu sentido trágico é que não globalização globalization 75 shared as a wealth of humankind? At the present moment in human history we do not find this solidarity and cooperation pattern as dominant. On the contrary, we live in an era of competition, individualism, and greed without limits. And globalization can only be understood in this context. The advance of technologies that allows all of this is not naive, has a meaning and has actors that bring sense to it, globalization, therefore, serves the interests. Globalization, in this century XXI, in the current phase of capitalism, is the integration of markets and exploitation with no limits, on a global scale, of the natural resources. Globalization is the result of inequality on a global scale. It is a process that generates large-scale poverty for few ones benefiting from it. The há quem lhes imponha actors that drive this limites. Estas empresas vão A globalização process are companies transformando tudo em whose sole purpose é a produção da mercadoria, deixam um rasis to maximize profits, tro de morte, de destruição, desigualdade em never mind the comprometem o futuro da environmental and escala global. É um social humanidade. damage that Os sofisticados equi- processo que gera it promotes. And its pamentos de pesca, com tragic sense is that pobreza em larga radares e sonares, não dão there is no one to qualquer chance para os escala e beneficia a build limits to them. cardumes cada vez mais These companies poucos. escassos de peixes. A escala will go on turning de produção destes barcos everything into a pesqueiros é de grande magnitude, são verda- commodity, leave a trail of death, deiras indústrias flutuantes que não respeitam destruction, compromising the qualquer tipo de regulação, seja ela nacional future of human beings. ou internacional, invadem territórios maríti- The sophisticated fishing mos de países que não têm como proteger suas equipment, with radars and águas de uma pirataria promovida pelo pri- sonars, do not give any chance meiro mundo. for the increasingly more scarce A globalização não é orquestrada a partir fish shoals. The production scale de um centro de decisões, que eventualmente of this fishing boats is of great magnitude, they are true floating industries that do not respect any kind of regulation, be it national or international, invading maritime territories of countries who cannot protect its waters from a piracy promoted by the first world. Globalization is not orchestrated from a decisions center, which eventually could change the course of things. She is the Sushi: A Caçada Global / Sushi: The Global Catch anarchic expansion of voracious animals, increasingly powerful predators consuming Globalization is the result all that lies ahead and of inequality on a global affect reproduction poderia mudar o curso rules of nature scale. It is a process that itself, causing the das coisas. Ela é a expansão anárquica de generates large-scale extinction of species animais vorazes, preand committing itself poverty for few ones playability of life on dadores cada vez mais poderosos que conbenefiting from it. our planet. somem tudo que tem When carbon pela frente e afetam as regras de reprodução emissions are denounced as da própria natureza, provocando a extinção de promoters of global warming, espécies e comprometendo a própria capaci- when scientists come to the dade de reprodução da vida em nosso planeta. conclusion that we are striding to Quando as emissões de carbono são denun- climatic catastrophes, then this ciadas como promotoras do aquecimento Midas who turns everything into global, quando os cientistas chegam à conclu- gold creates the carbon market são que estamos caminhando a passos largos as a solution to the crisis. And para catástrofes climáticas, então esse Midas companies are operating with que transforma tudo em ouro cria o mercado de carbon credits by promoting an carbono como solução para a crise. E as empre- alleged compensation for the sas passam a operar com créditos de carbono, ravages they promote. But forests promovendo uma suposta compensação pelas do not recompose... devastações que promovem. Mas as florestas When science discovers that não se recompõem... produce seeds that can increase Quando a ciência descobre que pode produ- productivity, but do not allow zir sementes que aumentam a produtividade, the reproduction of the species, mas não permitem a reprodução da espécie, this supposedly neutral science esta suposta neutra ciência captura todos os captures all the small farmers who pequenos agricultores, que têm de comprar must buy for all sowing GM seeds para toda semeadura as sementes transgênicas offered by transnational companies. oferecidas pelas transnacionais. E se não têm And if there is no way to buy, there com que comprar, não têm como comer. is no way to ea. globalização globalization 77 foto/photo: Anand Pande A Corrida do Carbono Amargas Sementes / Bitter Seeds The Carbon Rush Canadá, 2012, 85 min DIREÇÃO DIRECTOR Centenas de represas hidrelétricas no Pana- Amy Miller má. Incineradores de queima de lixo na Índia. A mesma produtividade perseguida pelas empresas demanda o uso de pesticidas, que correm para os rios e contaminam as águas, que envenenam a cadeia da vida na qual estas plantações se inscrevem. A globalização dos mercados e dos negócios, pois é disso que se trata, não tem ética, não tem valores, não visa senão ao lucro. E caminha cegamente para um ponto de não retorno, no qual a natureza perde sua capacidade de se recompor da faina devastadora das empresas, no qual a humanidade fica ameaçada na sua própria reprodução. E como a globalização é uma obra dos homens, assim como ela foi construída ela também pode ser transformada, resta saber se a mãe Natureza terá paciência de esperar este despertar da humanidade. Se ele vier... The same productivity pursued by companies demand the use of pesticides, that flow into rivers and contaminate the water, poisoning the chain of life in which these crops fall. The globalization of markets and business, which is what ii is about, has no ethics, no values, it refers only to profit. And it walks blindly into a point of no return, where nature loses its ability to recover from devastating companies toil, in which human beings are threatened in its own reproduction. And as globalization is a work of men, as it was built it can also be transformed, the question is whether Mother Nature will have the patience to wait this human being awakening. If it comes... Silvio Caccia Bava é sociólogo, Silvio Caccia Bava is a sociologist, fundador e coordenador de projetos do Instituto Pólis, diretor e editor-chefe do jornal Le Monde Diplomatique Brasil. founder and project coordinator of the Instituto Polis, director and chief editor of Le Monde Diplomatique Brazil newspaper. PRODUÇÃO PRODUCER Biogás extraído do óleo de palma em Hondu- Amy Miller e ras. Florestas de eucalipto ceifadas para carByron A. Martin ROTEIRO WRITER Amy Miller FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Paul Kell EDIÇÃO EDITOR Boban Chaldovich e Étienne Gagnon vão vegetal no Brasil. O que esses projetos têm em comum? Eles estão todos recebendo créditos de carbono para compensar a poluição criada em algum outro lugar. Mas qual o impacto que essas compensações estão tendo? Elas estão realmente reduzindo emissões? E as pessoas e as comunidades onde esses projetos foram criados? A Corrida do Carbono nos leva ao redor do mundo para conhecer as pessoas mais afetadas. Elas são as menos ouvidas na cacofonia em torno dessa emergente indústria multibilionária de “ouro-verde” de carbono. Hundreds of hydroelectric dams in Panama. Incinerators burning garbage in India. Biogas extracted from palm oil in Honduras. Eucalyptus forests harvested for charcoal in Brazil. What do these projects have in common? They are all receiving carbon credits for offsetting pollution created somewhere else. But what impact are these offsets having? Are they actually reducing emissions? And what about the people and the communities where these projects have been set up? The Carbon Rush takes us around the world to meet the people most impacted. They are the least heard in the cacophony surrounding in this emerging “green-gold” multi-billion dollar carbon industry. globalização globalization 79 Pescando Sem Redes Amargas Sementes Fishing Without Nets Bitter Seeds Quênia, 2011, 17 min USA/ Índia, 2011, 88 min DIREÇÃO DIRECTOR A cada 30 minutos um fazendeiro se mata por desespero na Índia por não poder mais suprir as necessidades de sua família. Será Ramkrishna o próximo? Um agricultor de algodão no epicentro da região atingida pela crise de suicídios, ele está lutando para manter sua terra. Manjusha, filha dos vizinhos, está determinada a superar as tradições da vila e se tornar uma jornalista. A situação de Ramkrishna é seu primeiro trabalho. Amargas Sementes levanta questões críticas sobre o custo humano da agricultura geneticamente modificada dentro de uma narrativa baseada em personagens emocionantes. Uma história de piratas na Somália contada Cutter Hodierne da perspectiva dos piratas. DIREÇÃO DIRECTOR Micha X. Peled PRODUÇÃO PRODUCER Cutter Hodierne, John Hibey, A story of pirates in Somalia told from the Raphael Swann, Harold Otieno perspective of the pirates. e AbuBakr Mire PRODUÇÃO PRODUCER Micha X. Peled FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Devendra Golatkar ROTEIRO WRITER Cutter Hodierne EDIÇÃO EDITOR Leonard Feinstein fotos/photos: Shaul Vitis Every 30 minutes a farmer in India kills himself in despair because he can no longer provide for his family. Will Ramkrishna be next? A cotton farmer at the epicenter of the suicide crisis region, he is struggling to keep his land. Manjusha, the neighbors’ daughter, is determined to overcome village traditions and become a journalist. Ramkrishna’s plight is her first assignment. Bitter Seeds raises critical questions about the human cost of genetically modified agriculture within a gripping character-based narrative. globalização globalization 81 Sushi: A Caçada Global Roubando dos Pobres Sushi: The Global Catch Stealing from the Poor Grécia, 2011, 55 min Alguma vez você já se perguntou de onde vem o peixe que você come? A demanda sempre crescente de peixe no mercado internacional tem impulsionado frotas de pesca europeias e asiáticas para as costas da África Ocidental. Centenas de navios piratas industriais estão pescando ilegalmente nas águas territoriais dos países da região, devastando todas as formas de vida no oceano e condenando milhões de africanos à pobreza e à fome. Roubando dos Pobres foi filmado no Senegal, onde a pesca pirata perpetrada por enormes navios pertencentes a países desenvolvidos está privando os habitantes daquele país do oeste africano de sua principal fonte de subsistência. Have you ever asked yourself where does the fish you eat come from? The ever-rising demand for fish in the international market has driven European and Asian fishing fleets towards the coasts of West Africa. Hundreds of industrial pirate ships are fishing illegally in the territorial waters of the nations of the area, devastating all forms of life in the ocean and condemning millions of Africans to poverty and hunger. Stealing from the Poor was filmed in Senegal, where pirate fishing perpetrated by huge ships belonging to developed countries is depriving the inhabitants of this West African country of their main source of subsistence. EUA, 2011, 84 min DIREÇÃO DIRECTOR Yorgos Avgeropoulos PRODUÇÃO PRODUCER Georgia Anagnou ROTEIRO WRITER Yorgos Avgeropoulos FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Yiannis Avgeropoulos EDIÇÃO EDITOR Yiannis Biliris, Anna Prokou DIREÇÃO DIRECTOR Como o sushi se tornou item de uma culinária global? O Mark Hall que começou como um alimento simples mas eleganPRODUÇÃO PRODUCER te comercializado por vendedores de rua em Tóquio Mark Hall tornou-se um fenômeno mundial nos últimos 30 anos. FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Sushi: A Caçada Global é um documentário de longa-me- Matt Franklin, Jason tragem filmado em cinco países que explora a tradição, o Faust e Kazu Furuya crescimento e o futuro dessa culinária popular. Belos pedaços de peixe cru e arroz aparecem agora de Varsóvia e Catie Cacci e Sandra Adair Nova York a jogos de futebol em cidades do Texas. Esse crescimento pode continuar sem consequências? EDIÇÃO EDITOR How did sushi become a global cuisine? What began as a simple but elegant food sold by Tokyo street vendors has become a worldwide phenomenon in the past 30 years. Sushi: The Global Catch is a feature-length documentary shot in five nations that explores the tradition, growth and future of this popular cuisine. Beautiful raw pieces of fish and rice now appear from Warsaw and New York to football games in Texas towns. Can this growth continue without consequence? globalização globalization 83 A luta continua (mas... com que cara?) Aron Belinky mobilização mobilization The struggle continues (but… with which face?) Aron Belinky Uma Guerra Verde / A Fierce Green Fire: The Battle for a Living Planet Being for more than 30 years a regular activist/promoter of marches and other public demonstrations on the democratic and environmental causes, watching A Fierce Green Fire made inevitable to feel a mixture of joy with nostalgia, half proud, half painful - mix of achievement with Sendo há mais de 30 anos um assíduo frequentador/promotor de passeatas e outras manifestações públicas pelas causas ambientais e democráticas, ao assistir a Uma Guerra Verde foi inevitável sentir um misto de alegria com nostalgia, meio orgulhosa, meio dolorosa – mescla de realização com esperança e frustração. Neste filme (e nos demais trazidos pela Ecofalante 2013 sobre o tema Mobilização), temos o registro de movimentos que há meio século vêm puxando a pauta ambiental, enfrentando – com maior ou menor sucesso – poderosíssimos obstáculos e interesses, tanto em nível global como local. Ver o quanto cresceu a questão socioambiental em termos de presença na mídia, nas conversas das pessoas comuns e nos discursos das empresas e políticos é motivo de contentamento: não há dúvida de que assuntos que até há não muito tempo atrás eram tachados de ingênuos ou ecochatice são agora discutidos por cidadãos e instituições bem distantes das convicções eminentemente filosóficas e éticas que motivaram os pioneiros do movimento. O espaço conquistado no discurso mainstream é um claro sinal de sucesso, mesmo que as mudanças práticas já obtidas ainda estejam bem aquém do necessário. Quanto avançamos, de fato? É impossível ignorar a semelhança dos chamados que vemos hoje na internet e nas mídias sociais com os clamores inflamados dos ativistas nos megafones mobilização mobilization 85 e as palavras de ordem nas faixas e cartazes de décadas passadas. Descontando o maior nível de informação e a maior urgência do que já era urgente, os alertas dos cientistas e líderes de então não diferem muito dos de agora. Daí o gosto de frustração, de preocupação quanto ao que foram, de fato, tais avanços. Como um espelho multitemporal, os documentários nos mostram lutas e conquistas do passado – fonte de realização e esperança –, mas também a persistência de desafios semelhantes no presente, trazendo um toque amargo às vitórias e uma preocupação pelo futuro: dará tempo? Teremos forças e ânimos renovados? Andar na contramão da cultura de consumo e concentração de renda/poder predominante não é um desafio pequeno: enquanto crescem a consciência e o engajamento, crescem também a alienação, o consumismo e a ganância. Difícil dizer com certeza qual a resultante... Entre avanços de um lado e de outro, o que mudou no conjunto? Estamos mais próximos ou mais distantes da sociedade socialmente justa, economicamente próspera e ambientalmente sustentável de que há tanto tempo falamos? Apesar dos pesares, como testemunha ocular do passado e do presente, creio que estamos hoje bem mais próximos desse ideal do que há 30 ou 40 anos. Há velhos e novos problemas, A geração nascida e crescida no mundo globalizado tipicamente não se conforma com a rigidez e limitações das instituições criadas nos séculos anteriores, e está ativamente criando novos caminhos. hope and frustration. In this film (and the other ones brought by Ecofalante 2013 regarding the subject Activism), we have the record of movements that for half a century have been pulling the environmental agenda, facing - with varying success - very powerful obstacles and interests, both globally and locally. Seeing how the environmental issue has grown in terms of media presence, in ordinary people conversation and in the politicians speeches and businesses is a reason for joy: there is no doubt that subjects who until not long ago were labeled as naive or ecoboringness are now discussed by citizens and institutions far from the highly philosophical and ethical convictions that motivated the pioneers of the movement. The space gained in mainstream discourse is a clear sign of success, even if the practical changes already obtained are still much below the needs. How has we moved forward, in fact? It is impossible to ignore the similarity of calls that we see today on the Internet and in social media with inflamed activists claims in megaphones and the slogans on banners and posters of the past decades. Discounting the highest level of information and greater urgency than it was already urgent, the warnings of scientists and leaders do not differ so much from the today´s ones. That is the reason for the taste of frustration, concerning to what were, in fact, such advances. Like a multi-timely mirror, the documentaries show us the struggles and achievements mas há também novos e poderosos recursos from the past - a source of nas mãos da sociedade, além do fato de que – a accomplishment and hope - but also despeito de algumas vozes dissonantes e inte- the persistence of similar challenges resses imediatistas – é geral o consenso sobre a in the present, bringing a bitter tasting to the winning and a concern importância do equilíbrio socioambiental. for the future: there will be enough Mas é preciso reconhecer que “nada será time? Will we have renewed the como antes, amanhã”: vivemos um novo constrength and spirits? texto, com novas formas de articulação e Walking in the opposite direction mobilização. Vejamos, por exemplo, o que of consumption and income ocorreu a propósito da reunião das partes da concentration / predominant power Convenção do Clima, em 2009, a COP 15. As culture is not a small challenge: as 100 mil pessoas que então marcharam pelas the awareness and engagement ruas de Copenhague geraram imagens memoráveis e momentos emocionantes. Mas, o que grow, there also grows the alienation, dizer dos 18 milhões de de assinaturas online consumerism and greed. It is difficult coletadas em apenas 4 meses e dos mais de to say with certainty what is the result 2.300 eventos simultâneos realizados sobre o ... Among advances on one side and mesmo tema, na mesma ocasião? Renderam the other, what has changed in the imagens menos vistosas, mas são por isso set? Are we closer or further from menos importantes? Como poderá o cinema the socially fair society, economically registrar e traduzir uma energia tão grande, mas prosperous and environmentally também tão dispersa? Os dirigentes mundiais sustainable that we have been talking não cederam ao enorme apelo da campanha for so long? In spite of everything, The generation born and as an eyewitness of past and present, raised in the globalized Ithe believe we are now world typically does much closer to this ideal than we were 30 or 40 not conform to rigidity years ago. There are old and limitations of the and new problems, but there are also new and institutions created in powerful resources in previous centuries, and the hands of society, beyond the fact that is actively creating new despite some dissenting paths. voices and immediate interests – there is general consensus on the importance of the socioenvironmental balance. But we must recognize that “tomorrow, nothing will be as before”: we live a new context, with new articulation and mobilization forms. Take, for example, what happened with regard to the meeting mobilização mobilization 87 TckTckTck (TicTacTicTac no Brasil), mas ela foi certamente um marco histórico nesta nova fase da mobilização socioambiental planetária. Talvez o ativismo do século XXI coloque gente nas ruas com menor volume e frequência, mas nem por isso deve ser visto como menos relevante ou engajado. Assim como mudam os tempos e os campos de ação, também mudam os atores e suas formas de agir. A geração nascida e crescida no mundo globalizado tipicamente não se conforma com a rigidez e limitações das instituições criadas nos séculos anteriores, e está ativamente criando novos caminhos. Da política representativa estamos rumando para a política autoral, na qual o cidadão não se limita a escolher e fiscalizar seus representantes eleitos, mas vai além, colocando-se direta e permanentemente na política e na esfera pública. Como isso funcionará, exatamente, não se sabe. Mas é certo que estamos fazendo e aprendendo a cada dia. E aqui retorno ao espelho multitemporal do cinema, com seu poder único de não só mostrar o passado nostálgico mas também de nos projetar o futuro. E como é ele? Pode ser sombrio e derrotista, mas também pode ser o resultado dos desejos e empenhos positivos que acalentarmos agora. Pode ser a vida precária num cenário pós-apocalíptico, como pode ser o bem viver conquistado com a superação dos desafios presentes, se desde já colocarmos nossa energia criativa para desenhar e construir o futuro desejado. of the parties in the 2009 Climate Convention, the COP 15. The 100,000 people who then marched through the streets of Copenhagen generated memorable images and exciting moments. But, what about the 18 million signatures collected online in just four months and more than 2,300 simultaneous events held on the same subject, at the same time? Less showy images yielded, but less important? How can the film record and translate a so great power, but also so dispersed? World leaders did not give the huge appeal of the TckTckTck Campaign (TicTacTicTac in Brazil), but it was certainly a milestone in this new phase of global socio-environmental mobilization. Perhaps the XXI century activism put people on the streets with lower volume and frequency, but by no means should be seen as less relevant or engaged. As the times and the fields of action changes, so do the actors and their ways of acting. The generation born and raised in the globalized world typically does not conform to rigidity and limitations of the institutions created in previous centuries, and is actively creating new paths. From the representative politics we are heading for copyright policy, in which the citizen is not limited to choosing and overseeing their elected representatives, but goes beyond, putting themselves directly and permanently in politics and in the public sphere. How will it work, exactly, nobody knows. But it is certain that we are doing and learning every day. And here I return to the cinema multi-timely mirror, with its unique power in not only showing the Uma Guerra Verde / A Fierce Green Fire: The Battle for a Living Planet Quanto falta para chegarmos lá, não sabemos, mas o certo é que temos ainda um bom caminho pela frente. E não adianta nostalgia, pois os tempos são outros: não é mais só o povo na rua (que saudades!), mas também a mudança positiva, o mudar já e fazer diferente, o rearranjar-se dinâmico dos cardumes. É bom aprender com o passado, mas é também essencial projetar e construir, nas telonas e telinhas, o futuro que queremos. Aron Belinky Coordenador de Desenvolvimento Local e de Articulação e Parcerias do GVces – Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas. nostalgic past but also in designing the future. And how is it? It may be gloomy and defeatist, but it can also be the result of positive desires and endeavors which we cherish now. May be the precarious life in a post-apocalyptic scenario, or even may be an achieved good living by overcoming the present challenges, if from now on we put our creative energy to design and build the expected future. How long will it take to get there, we do not know, but the truth is that we still have a long way to go. And nostalgia will not work here, because times have changed: it is no longer only the people in the street (we miss this!), but also a positive change, and changing means already doing differently, the dynamic rearranging of the shoals. It’s good to learn from the past, but it is also essential to design and build, on the big and small screen, the future we want. Aron Belinky Local Development and Partnerships Coordinator at GVces - Center for Sustainability Studies at the School of Business Administration of São Paulo, Fundação Getúlio Vargas. mobilização mobilization 89 Eco-Pirata: A História de Paul Watson A Última Montanha The Last Mountain Eco-Pirate: The Story of Paul Watson EUA, 2011, 95 min Nos vales dos Apalaches, uma batalha está sendo travada por uma montanha. É uma batalha com consequências graves, que afetam a todos os americanos, independentemente de sua condição social, econômica ou de onde vivem. É uma batalha que tem levado muitas vidas e continua a fazê-lo quanto mais tempo ela é travada. É uma batalha para proteger nossa saúde e meio ambiente do poder destrutivo do “grande carvão”. Uma história impetuosa e pessoal que homenageia o extraordinário poder dos americanos comuns que lutam por aquilo em que acreditam, A Última Montanha joga uma luz nas necessidades energéticas dos EUA e em como essas necessidades estão sendo atendidas. É uma luta por nosso futuro, que afeta a todos nós. In the valleys of Appalachia, a battle is being fought over a mountain. It is a battle with severe consequences that affect every American, regardless of their social status, economic background or where they live. It is a battle that has taken many lives and continues to do so the longer it is waged. It is a battle over protecting our health and environment from the destructive power of Big Coal. A passionate and personal tale that honors the extraordinary power of ordinary Americans who fight for what they believe in, The Last Mountain shines a light on America’s energy needs and how those needs are being supplied. It is a fight for our future that affects us all. Canadá, 2011, 110 min DIREÇÃO DIRECTOR Bill Haney PRODUÇÃO PRODUCER Bill Haney, Clara Bingham e Eric Grunebaum ROTEIRO WRITER Bill Haney e Peter Rhodes FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Jerry Risius, Stephen McCarthy e Tim Hotchner EDIÇÃO EDITOR Peter Rhodes DIREÇÃO DIRECTOR Eco-Pirata: A História de Paul Watson é um Trish Dolman documentário de longa-metragem sobre um PRODUÇÃO PRODUCER homem em uma missão para salvar o plane- Trish Dolman, Kevin ta e seus oceanos. O filme segue Watson em Eastwood ação conforme ele repetidamente desrespeiROTEIRO WRITER Trish Dolman FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Todd Craddock, Ian Kerr, Kristian Olsen EDIÇÃO EDITOR Brendan Woollard, Mike Jackson ta a lei para poder repreender os que ele vê como os mais graves infratores – os caçadores ilegais do mundo. Desde os primórdios da Greenpeace até o naufrágio de um navio baleeiro pirata em Portugal, de confrontos com pescador em Galápagos às recentes batalhas de Watson com a frota baleeira japonesa na Antártida, o documentário narra a extraordinária vida de uma das mais controversas figuras do movimento ambientalista. Eco-Pirate: The Story of Paul Watson is a feature-length documentary about a man on a mission to save the planet and its oceans. The film follows Watson in the act as he repeatedly flouts the law, so that he may apprehend what he sees as the more serious law-breakers – the illegal poachers of the world. From the genesis of Greenpeace to the sinking of a pirate whaling ship off Portugal, from clashes with fisherman in the Galapagos to Watson’s recent headlinegrabbing battles with the Japanese whaling fleet in Antarctica, this documentary chronicles the extraordinary life of one of the most controversial figures in the environmental movement. mobilização mobilization 91 Rebeldes com Causa O Gasoduto The Pipe Rebels With a Cause Irlanda, 2010, 83 min O Gasoduto conta a história da pequena comunidade de Rossport, que enfrentou o poder da Shell e do Estado irlandês. A descoberta de gás nessa remota vila costeira levou ao confronto de culturas mais dramático da Irlanda moderna. Os direitos dos agricultores sobre os seus campos e de pescadores sobre suas zonas de pesca entraram em conflito direto com uma das empresas de petróleo mais poderosas do mundo. Quando os cidadãos procuraram pelo Estado para proteger seus direitos, descobriram que o governo concedeu à Shell o direito de colocar um duto sob suas terras. A partir da experiência pessoal de três personagens principais no auge da tensão local, O Gasoduto é a história de uma comunidade tragicamente dividida, e a perspectiva de um gasoduto que pode trazer prosperidade econômica ou destruir um modo de vida compartilhado por gerações. EUA, 2012, 72 min DIREÇÃO DIRECTOR Risteard Ó Domhnaill PRODUÇÃO PRODUCER Rachel Lysaght e Risteard Ó Domhnaill FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Risteard Ó Domhnaill EDIÇÃO EDITOR Nigel O’Regan e Stephen O’Connell DIREÇÃO DIRECTOR Narrado por Frances McDormand, Rebeldes Nancy Kelly com Causa destaca um grupo de cidadãos de PRODUÇÃO PRODUCER muitos quadrantes, que lutaram para preser- Kenji Yamamoto e var espaços abertos, proteger a agricultura e a Nancy Kelly vida selvagem, estabelecendo parques públicos próximos a centros urbanos densamente Nancy Kelly povoados ávidos por acesso à natureza. ROTEIRO WRITER FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Lou Weinert Narrated by Frances McDormand, Rebels With Kenji Yamam’oto a Cause spotlights a group of citizens from many walks of life, who fought to preserve open space, protect agriculture and wildlife, establish public parks next to a densely populated urban center yearning for access to nature. EDIÇÃO EDITOR The Pipe tells the story of the small Rossport community which has taken on the might of Shell Oil and the Irish State. The discovery of gas off this remote coastal village has led to the most dramatic clash of cultures in modern Ireland. The rights of farmers over their fields, and of fishermen to their fishing grounds, has come in direct conflict with one of the world’s most powerful oil companies. When the citizens look to their State to protect their rights, they find that the government has put Shell’s right to lay a pipeline over their own land. Following the personal experience of three main characters at the height of local tension, The Pipe is a story of a community tragically divided, and the prospect of a pipeline that can bring economic prosperity or destroy of a way of life shared for generations. mobilização mobilization 93 Uma Guerra Verde Resistência ao Crescimento A Fierce Green Fire: The Battle for a Living Planet Raising Resistance Alemanha/Suíça, 2011, 85 min O documentário é sobre a luta dos campesinos, pequenos agricultores do Paraguai, contra a expansão, crescente e agressiva, da soja transgênica no país. Na base desse conflito, descreve o impacto global que o uso da mais moderna engenharia genética do século XXI tem sobre as pessoas e sobre a natureza. Uma parábola sobre a supressão da vida, a diversidade de plantas e culturas, e de como a resistência surge tanto nas pessoas quanto na natureza. EUA, 2012, 110 min DIREÇÃO DIRECTOR Bettina Borgfeld e David Bernet PRODUÇÃO PRODUCER Oliver Stoltz ROTEIRO WRITER Bettina Borgfeld, David Bernet e Christin Stoltz FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Marcus Winterbauer e Börres Weiffenbach EDIÇÃO EDITOR Inge Schneider The documentary is about the fight of the campesinos, the small farmers of Paraguay, against the escalating aggressively expanding production of genetic soy in the country. On the basis of this conflict it describes the global impact that the use of most modern genetic engineering in the 21st century has on people and on nature. A parable about the suppression of life, about the diversity of plants and cultures, and about how resistance arises both in people and in nature. DIREÇÃO DIRECTOR Uma Guerra Verde é a primeira grande Mark Kitchell investigação sobre o movimento ambiental PRODUÇÃO PRODUCER –ativismo global e local abrangendo 50 anos Mark Kitchell da conservação às mudanças climáticas. Do ROTEIRO WRITER bloqueio de barragens no Grand Canyon ao Mark Kitchell combate contra 20 mil toneladas de resí- duos tóxicos em Love Canal; do Greenpeace salvando as baleias a Chico Mendes e EDIÇÃO EDITOR os seringueiros salvando a Amazônia; de Ken Schneider, Veronica mudanças climáticas à promessa de transSelver e Jonathan formarmos nossa civilização, o filme conta Beckhardt histórias cheias de vida sobre pessoas lutando – e sendo bem-sucedidas – contra todas as probabilidades. Uma Guerra Verde foca no ativismo; é mais sobre movimentos do que sobre problemas. É uma abordagem mais envolvente, cheia de drama e paixão. FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Vicente Franco A Fierce Green Fire: The Battle for a Living Planet is the first big-picture exploration of the environmental movement – grassroots and global activism spanning fifty years from conservation to climate change. From halting dams in the Grand Canyon to battling 20,000 tons of toxic waste at Love Canal; from Greenpeace saving the whales to Chico Mendes and the rubber tappers saving the Amazon; from climate change to the promise of transforming our civilization, the film tells vivid stories about people fighting – and succeeding – against enormous odds. A Fierce Green Fire focuses on activism; it’s about movements more than issues. It’s a more engaging approach, full of drama and passion. mobilização mobilization 95 Espaço, memória, subjetividade: novos enlaces entre povos e lugares Cláudia Mesquita povos e lugares people and places Space, memory, subjectivity: new links between peoples and places Cláudia Mesquita Desterro Guarani / Guarani Exile Associations between peoples and places date back to the origins of photography and film documentaries, with the expansion – because of the image – of the known world. The cameramen trained by Lumière were directed, in the late nineteenth century, toward distant lands (for the European audience), producing “a filmed inventory on the planet” Associações entre povos e lugares remontam às origens da fotografia e do cinema documentários, com a ampliação – pela imagem – do mundo conhecido. Os cinegrafistas treinados pelos Lumière se orientaram, ainda no final do século XIX, em direção a terras longínquas (para o espectador europeu), produzindo “um inventário filmado do planeta” (GERVAISEAU, 2006:157). As primeiras “vistas” e “naturais” estão na origem dos chamados travelogues, filmes de viagem que, não raramente, prestaram-se a inscrever o ponto de vista dos colonizadores1. Neles, com frequência, nativos e indígenas aparecem como parte da paisagem, suas formas de vida classificadas como costumes exóticos, corpos e práticas materiais inscritos nos novos espaços atravessados por viajantes-cinegrafistas. No Brasil, os filmes de Thomaz Reis, major que registrou expedições oficiais aos confins do território, em torno de 1914 a 1938, podem ser aproximados deste tipo de posta em imagens, a par de suas inúmeras ambiguidades e qualidades2. Como nos travelogues típicos, os filmes resultantes tomam o fio da viagem como estrutura, colando tomadas com o recurso de cartelas explicativas. O relato inscreve assim um olhar externo, reunindo na montagem uma povos e lugares people and places 97 profusão de objetos heterogêneos, apanhados de (Gervaiseau, 2006:157). The first passagem. Entre eles, destacam-se os povos indí- “views” and “natural” are the source genas, tanto em coleções de retratos que reúnem of so-called travelogues, travel diferentes etnias – figurando um “índio gené- films that, not rarely, were made to rico” – como detendo-se sobre especificidades enter into the point of view of the pitorescas de alguns grupos, cujos rituais são colonizers1. On these movies the submetidos à mise en scène do cinema (a câmera native and indigenous are shown fixa definindo o espaço da dança, por exemplo). as part of the landscape, their ways Nas cartelas, os índios aparecem por vezes clas- of living are classified as exotic sificados –“selvagem” , “pacificado”, “civilizado” customs, bodies and material –, o ponto de vista do filme coincidindo, assim, practices enrolled in the new spaces com aquele do Estado que promove a viagem, crossed by travelers-cameramen. em uma legitimação da nação como território de In Brazil, the films of Thomaz pertencimento a que os indígenas na imagem Reis, a Major who recorded official são simbolicamente integrados3. expeditions to the uttermost Missionários salesianos filmados no parts of the territory, from around Alto Rio Negro em viagem de Inspetoria de 1914 to 1938, can be considered Fronteiras, na década de 1930, são abordados as close to this type of images, como integradores dos indígenas à civilização, along with its many ambiguities protagonizando registros que serão apropria- and qualities2. As in the typical in dos e ressignificados décadas depois por um travelogues, the films take the trip filme que integra esta mostra, Remissões do Rio as the wire structure, gluing the Negro. Como outros documentários recentes, shots by using the resources of Remissões se volta para a relação, em um dado explanatory cards. The report has território, entre indígenas e ocupantes, empe- therefore an outside look, bringing nhado em produzir um enunciado no qual os in the production a multitude of primeiros tenham privilégio na elaboração, heterogeneous objects, caught comentário e difusão de suas versões sobre when passing. Among them, we a história, em particular sobre seus lugares highlight the indigenous people, ancestrais, as ocupações e violências sofridas. both in collections of portraits that É o caso exemplar de Desterro Guarani, pro- bring together different ethnicities dução do Vídeo nas Aldeias em que o cineasta - figuring a “generic Indian” - like stopping on some specific picturesque groups, whose rituals A Morte de Alos / The Dead of Alos are subject to the film mise en scène (the fixed camera setting the dance space, for example). On the cards, the Indians appear sometimes classified - “wild”, “pacified”, “civilized” - the film point of view coinciding with the State´s which promotes trip on a legitimization of the nation as a belonging territory to where the indigenous people, in the image, are symbolically integrated3. Salesian Missionaries filmed in Alto Rio Negro in Inspectorate Borders trips, in the 1930s, are celebrated as integrators of indigenous to the civilization, Mbya-Guarani Ariel Ortega conduz uma refle- starring records that will be xão sobre a experiência histórica de seu povo appropriated and reinterpreted na região de São Miguel das Missões (RS), con- decades later by a film that is part tando com as narrativas de velhos indígenas of this movie exhibition, Remissões e de colonos. O amplo território de origem é do Rio Negro. Like other recent reconquistado simbolicamente no presente, documentaries, Remissions turns pela memória que ampara projetos e reivindica- to the relationship in a given ções políticas atuais (“O que eu queria entender territory, between indigenous and nesse filme é por que quase não temos terra, occupants, engaged in producing se nós andávamos e habitávamos esse terri- an utterance in which the first have tório antes dos brancos chegarem?”, indaga o privilege in the preparation, review cineasta-narrador). and dissemination of their versions Importante notar como a relação povos- of the story, in particular about -lugares, forma de pertencimento há muito their ancestral places, the suffered trabalhada pela imagem técnica documental, é occupations and violence. It is the atualizada nestes filmes sem inocência, reco- exemplary case of Guarani Exile, nhecida a fratura que separa historicamente os production of Video in the Aldeias povos tradicionais de seus territórios de origem, – villages / Indian settlement where definidores de suas identidades. Essa associação the filmmaker Mbya-Guarani Ariel não prescinde, assim, de construções memoria- Ortega leads a reflection on the lísticas, pois a relação plena com os lugares só historical experience of the people sobrevive nas narrativas que repõem a história in the region of São Miguel das desses povos segundo novas perspectivas (em Missões (RS), with the narratives oposição às maneiras como foi oficialmente of old indigenous and settlers. The registrada e contada). Mesmo um filme como vast territory of origin is symbolically Louceiras, que celebra a continuidade das tra- re-conquered in the present, by the dições e práticas materiais dos Kariri-Xocó do memory that currently supports baixo São Francisco – produção de panelas com projects and politic claims (“What o barro extraído da terra onde vivem, em Porto I wanted to understand on this film Real do Colégio (AL) –, dota o presente de uma is why we have almost no land, if perspectiva histórica, lançando mão de narrati- we walked and dwelt this territory vas memorialísticas desfiadas durante os gestos before the whites arrived?”, asks the atuais das louceiras em pleno trabalho. É como filmmaker-narrator). se a relação de povos tradicionais-lugares exi- It is important to notice how the gisse hoje essa dimensão diacrônica, sem cuja people-places relationship, a way elaboração a imagem careceria de um veio crí- of belonging that has been crafted tico – tantas foram as violências, invasões e by the image on the technical agressões que a ameaçaram e ameaçam. Mas documentary, it is refreshed in povos e lugares people and places 99 mudanças e a coexistência tensa e potencialmente conflituosa de perspectivas são também flagradas em plena atualidade, em um filme como Viver/Construir, que acompanha a construção de uma estrada no deserto da República do Chade, habitado por povos nômades. Outro traço merece destaque, além da associação frequente entre espaço e memória (que um filme como No Fundo Nem Tudo É Memória leva ao extremo, já que a antiga cidade de Nova Ponte, alagada por uma barragem, sobrevive apenas nas reminiscências de moradores, que a reinventam ao relembrar). Refiro-me à relação entre personagens individuais e lugares, em detrimento da equação povos-lugares trabalhada no coletivo. Este traço remete a Nanook, o Esquimó (1922), clássico fundador do cinema documentário. Como já se notou, em ruptura com os filmes de viagem de sua época, Robert Flaherty desenvolve um princípio de organização “interno” a seu assunto: o suceder das estações (e de práticas correlatas) durante um ano na vida de uma família esquimó. Ao integrar encenações e procedimentos dramáticos No documentário recente, é notável o privilégio às relações entre corpos e espaços, por vezes buscandose a figuração de subjetividades irredutíveis aos lugares e contextos englobantes. these movies without innocence, recognizing the fracture that separates historically traditional people from their territories of origin, as an identity definition. This association does not dispense thus built memorials, because the full relationship with the places only survives in the narratives that replace the history of these people according to new perspectives (as opposed to the ways it was officially registered and counted). Even a film like Ceramists, which celebrates the continuity of the traditions and material practices of the Rio São Francisco KaririXoco people - production of pots with clay extracted from the land where they live, in Porto Real do Colégio (AL) - endows the present a historical perspective, making use of memorial narratives shreds during the current gestures during the full work of the potters. It’s like the relationship of traditional people-places today demanded that diachronic dimension, without which development would lack the image came from a critic veilonce many were violence, assaults and invasions that threatened and threaten. But changes and coexistence tense and potentially conflicting perspectives are also caught in full today, in a movie like Living/Building following the construction of a road in the desert of the Republic of Chad, inhabited by nomadic people. Another feature is worth mentioning, besides the frequent association between space and memory (that in a movie like Deep Inside Is Not All Memory is taken to a extreme, as the ancient city of Nova Ponte, flooded by a dam, survives only in the reminiscences of residents, which reinvent when recalling). I refer to the relationship between individual characters and places, over the equation people-places worked in the collective. This trait refers to Nanook of the North (1922), the In the recent documentary, it is remarkable classical founder of documentary the privilege of the relations among film. As already noted, breaking bodies and spaces, sometimes seeking with the travel films of his era, Robert Flaherty develops an the figuration of irreducible subjectivity to “internal” organization principle to places and the encompassing context. his subject: the succession of the seasons (and related practices) along a year in the life of an à curiosidade pelos povos distantes típica dos Eskimo family. By integrating the travelogues, Flaherty valoriza a experiência de dramatic scenarios and procedures um personagem individual, ousando figurar o to the travelogues typical curiosity nativo como sujeito de um drama pela sobrevi- on distant peoples, Flaherty values vência em que se destacam situações adversas, the experience of an individual gestos de trabalho e desafios enfrentados em character, daring to show the terras geladas (mesmo que as cartelas este- native as survivor in a drama facing jam empenhadas em generalizar, valendo-se the adversity, work gestures and de Nanook como tipo que permite remeter aos challenges in icy lands (even if the esquimós e suas práticas no coletivo)4. cards are committed to generalize, No documentário recente, é notável o privilé- using Nanook as type that allows gio às relações entre corpos e espaços, por vezes referring to Eskimos and their buscando-se a figuração de subjetividades irre- practices in the collective)4. dutíveis aos lugares e contextos englobantes. In the recent documentary, it Menos interessados no esforço contextualista is remarkable the privilege of e representacional, filmes brasileiros atuais the relations among bodies and lançam mão dos locais de origem não para pro- spaces, sometimes seeking the duzir uma moldura (uma realidade prévia e figuration of irreducible subjectivity externa a que os personagens “pertenceriam”, to places and the encompassing sendo por ela significados), mas para sugerir context. Less interested in the povos e lugares people and places 101 associações entre imagens e figurar suas vivências atuais. Assim, as montanhas recônditas da Serra do Espinhaço ou da Serra Gaúcha podem traduzir, pelo trabalho de montagem, as interioridades indevassáveis de moradores adolescentes (em filmes como A Falta Que Me Faz e Morro do Céu, respectivamente5). Dentre os filmes aqui reunidos, eu destacaria as maneiras como alguns cineastas assumem sua própria voz, conduzindo em primeira pessoa relatos que não descartam uma inflexão afetiva e subjetiva pouco frequente na tradição cinematográfica que vincula povos e lugares (como em Desterro Guarani e No Fundo Nem Tudo É Memória, cada um a seu modo). O lugar aparece assim como “meu lugar” ou “lugar de meu bisavô”, em buscas pessoais que não descartam reflexões críticas sobre a história de um povo ou de um grupo. Chá ou Eletricidade / Tea or Electricity contextual and representational effort, current Brazilian films avail themselves to use the places of origin not to produce a frame (a reality prior and external to which the characters “belong” and were signified), but to suggest associations between images and to figure their current experiences. Thus, the secluded mountains Serra do Espinhaço or Serras Gaúchas can translate, by the work in the film, the impenetrable interiorities of teenagers residents (in films such as A falta que me faz and Morro do céu, respectively5). Among the films gathered here, I highlight the ways in which some filmmakers use their own voice, conducting first-person accounts that do not rule out an affective and subjective inflection not so frequent in cinematic tradition that links people and places (like in Guarani Exile and Deep Inside Is Not All Memory, each in its own way). The place appears as “my place” or “place of my great-grandfather,” on a personal search that does not dismiss critical reflections on the history of a people or a group. 1 See “A atualidade da imagem e a imagem da atualidade”, from Henri Gervaiseau (Doc On Line n.01, december 2006. www.doc.ubi.pt): “Burch emphatically stresses the role of cinema in the rising advertising campaign that aims to trivialize the scandal of colonization. In movies recorded in the colonies, the natives are presented as mysterious and full of charm, loyal and grateful to the protection of Europeans, and the Europeans, in its turn, how friendly admirers of indigenous traditions and customs. Most of these 1 Ver “A atualidade da imagem e a imagem da atualidade”, films have the objective of ensuring that de Henri Gervaiseau (Doc On Line n.01, dez. 2006. Western audiences observe the benefits of www.doc.ubi.pt): “Burch salienta com bastante ênfase o the colonial system, with the purpose of papel do cinema nascente na campanha de propaganda recovering its popularity.” (p.158). que visa banalizar o escândalo da colonização. Nos filmes registrados nas colônias, apresentam os nativos 2 On this subject, see “Thomaz Reis: macomo misteriosos e plenos de charme, leais e gratos à jor ou cineasta?”, from Cléber Eduardo proteção dos europeus; e os europeus, por sua vez, como (Revista Cinética, september 2009). simpáticos admiradores dos usos e costumes indígenas. A maior parte desses filmes teria o objetivo de assegurar as 3 See“Major Reis e a constituição visual audiências ocidentais a respeito dos benefícios do sistema do Brasil enquanto nação”, from Paulo colonial, com vistas à recuperação de sua popularidade.” Menezes (Horizontes Antropológicos, (p.158). v.14, n.29. Porto Alegre, January/june 2 A este respeito, ver “Thomaz Reis: major ou cineasta?”, 2008), that analyses Ao redor do Brasil de Cléber Eduardo (Revista Cinética, set. 2009). – aspectos do interior e das fronteiras 3 Ver “Major Reis e a constituição visual do Brasil (1932). enquanto nação”, de Paulo Menezes (Horizontes Antropológicos, v.14, n.29. Porto Alegre, jan/jun 2008), 4 See, de François Niney, L’Épreuve que analisa Ao redor do Brasil – aspectos do interior e du réel à l’écran. Essaisur le principe das fronteiras (1932). de réalité documentaire. Bruxelas, De 4 Ver, de François Niney, L’Épreuve du réel à l’écran. Boeck Université, 2000, 346 p. Essai sur le principe de réalité documentaire. Bruxelas, De Boeck Université, 2000, 346 p. 5 On this subject, see “A presença de 5 A este respeito, ver “A presença de uma ausência: uma ausência: A Falta Que Me Faze A Falta Que Me Faz e Morro do Céu” , de Cláudia Morro do Céu” , from Cláudia Mesquita Mesquita (Revista Devires, Belo Horizonte, v.7, n.2, (Revista Devires, Belo Horizonte, v.7, n.2, jul/dez 2010). july/december 2010). Cláudia Mesquita is a professor Cláudia Mesquita é professora no Curso de in the Social Communication (Media) Graduação e no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFMG, onde integra o grupo de pesquisa Poéticas da Experiência. Pesquisadora de cinema, com mestrado e doutorado na ECA/USP. Coautora, com Consuelo Lins, do livro Filmar o Real - sobre o documentário brasileiro contemporâneo (Zahar, 2008). with Graduation and Post Graduation at UFMG, where integrates the research group Poetics of Research Experience. In Cinema, master and doctorate at ECA / USP. Coauthor, with Consuelo Lins, of the book Real Film Making, related to the contemporary Brazilian documentary scenario (Zahar, 2008). povos e lugares people and places 103 A Morte de Alos Chá ou Eletricidade The Dead of Alos Tea or Electricity Itália/Dinamarca, 2011, 31 min Antonio Gairo é o único sobrevivente de um desastre terrível que, em 1964, atingiu Alos, uma vila no centro da Sardenha, agora uma sombria cidade fantasma. Quando sua memória volta, ele conta a história da vida da aldeia antes do evento fatal e, de uma forma incrivelmente clara, reconstrói as circunstâncias que levaram à tragédia. Uma mistura entre ficção e documentário, cinema e literatura, o filme utiliza uma grande variedade de imagens de arquivo para narrar o passo fatal para a “modernidade” tomado por uma pequena comunidade de pastores nos anos 1950, misturando a iconografia clássica sobre a Sardenha arcaica com a sugestiva e fascinante atmosfera relacionada com o gênero gótico. Antonio Gairo is the only survivor of a terrible disaster in 1964 that hit Alos, a village in the centre of Sardinia, now a gloomy shanty town. Once his memories return, he tells the story of the life of the village before the fateful event and in an incredibly clear way, reconstructs the circumstances that led to the tragedy. A mix between fiction and documentary, cinema and literature, the film uses a wide range of archive footages to narrate the fatal step towards “modernity” taken by a small community of shepherds in the 1950s, mingling classic iconography about archaic Sardinia with the suggestive and fascinating atmospheres related to the Gothic genre. Bélgica, 2012, 93 min Direção director Direção director Daniele Atzeni Jérôme le Maire Roteiro writer Daniele Atzeni Fotografia cinematographer Paolo Carboni Edição editor Daniele Atzeni Produção producer Isabelle Truc, Isabelle Mathy, Khadija Alami Roteiro writer Jérôme le Maire Fotografia cinematographer Jérôme Colin, Jérôme le Maire, Antoine Parouty Edição editor Matyas Veress Chá ou Eletricidade conta a épica história da implementação de eletricidade em uma pequena e isolada aldeia confinada no meio do Alto Atlas no Marrocos. Ao longo de mais de três anos, e estação após estação, o diretor pacientemente revela os contornos da rede que vai inevitavelmente acabar fechando sobre o povo de Ifri. Diante de nossos olhos é desenhada a imagem da modernidade impiedosa à qual a pequena vila será agora conectada. Tea or Electricity tells the epic story of the implementation of electricity in a tiny isolated village enclosed in the middle of the Moroccan High Atlas. Over more than three years and season after season, the director patiently reveals the outlines of the net that will inevitably end up closing on the people of Ifri. Before our eyes is drafted the image of the merciless modernity that the small village will now be connected to. povos e lugares people and places 105 Desterro Desterro Guarani Exile Brasil, 2011, 14 min O encontro e as memórias de Direção director Dona Pequenita e Tereza Fróes Cláudio Marques e Marília Hughes Batalha sobre uma das mais Produção producer impactantes intervenções do Vanessa Salles Estado brasileiro. Roteiro writer Cláudio Marques e Marília Hughes The encounter and the memories Fotografia cinematographer of Dona Pequenita and Tereza Wallace Nogueira e Nicolas Hallet Froes Batalha over one of the most Edição editor Lincoln Péricles impactful interventions of the Brazilian state. Guarani Exile Brasil, 2011, 38 min Aldeia Guarani - Será que quando os brancos veem essa placa pensam que a gente sempre esteve aqui neste mesmo lugar? Ou será que eles entendem que Direção director muito antes da chegada dos avós Ariel Ortega, Patrícia Ferreira, Ernesto deles nós já ocupávamos este Ignacio de Carvalho, Vincent Carelli vasto território, enquanto ele Produção producer ainda era floresta? Vídeo nas Aldeias Roteiro writer Guarani Village – When the Tatiana Almeida, Ernesto Ignacio de Carvalho, Vincent Carelli whites see this plate, would they Fotografia cinematographer Patrícia Ferreira, Ernesto Ignacio de Carvalho, Vincent Carelli Edição editor Tatiana Almeida, Ernesto Ignacio de Carvalho, Vincent Carelli think that we were always here in this same place? Or will they understand that long before the arrival of their grandparents we had already held this vast territory, while it was still a forest? povos e lugares people and places 107 Louceiras Inori Ceramists Inori Brasil, 2013, 54 min Japão, 2012, 72 min Na pequena comunidade montanhesa de Kannogawa, no Japão, as leis da natureza alteram o projeto humano daquela que costumava ser uma cidade animada. Enquanto as gerações mais jovens têm ido para as cidades, as poucas pessoas que permaneceram realizam as atividades cotidianas com uma admirável perspectiva sobre sua história e dos ciclos da vida. In the small mountain community of Kannogawa, Japan, the laws of nature reshape the human blueprint of what used to be a lively town. While the younger generations have gone to the cities, the few people left perform the everyday activities with a brave perspective on their history and the cycles of life. Na aldeia Kariri-Xocó, às margens do rio São Direção director Direção director Pedro González-Rubio Tatiana Toffoli Francisco, um grupo de mulheres empenha- Produção producer Naomi Kawase Fotografia cinematographer Pedro González-Rubio Edição editor Pedro González-Rubio Produção producer -se na produção de potes e panelas de barro Ulysses Fernandes que, há várias gerações, vêm sendo um dos principais meio de sustento da comunidade indígena. Mas a tradição corre o risco de Fotografia cinematographer desaparecer devido à mudança de comportaHélcio Alemão Nagamine mento nas novas gerações. Roteiro writer Tatiana Toffoli Edição editor Tatiana Toffoli In the village Kariri-Xoco, on the banks of the São Francisco River, a group of women is committed to the production of pots and clay pots that, for several generations, has been one of the main means of livelihood of the indigenous community. But the tradition is in danger of disappearing, due to a change in behavior among the new generations. povos e lugares people and places 109 No Fundo Nem Tudo É Memória Deep Inside Is Not All Memory Brasil, 2012, 75 min Direção director O filme traz a história de um narrador-personagem que, Carlos Segundo já de início, revela possuir um sonho, um sonho de Produção producer infância, o sonho de construir uma cidade. A sua cidade. Carlos Segundo Em seu caminho, ele se depara com a cidade velha de Roteiro writer Nova Ponte, que foi consumida pelas águas para dar lu- Carlos Segundo gar ao lago de uma usina hidrelétrica. Ainda no processo de construção de sua cidade, sua história se choca com a de outros personagens, moradores e não moradores Edição editor da velha cidade; uma mistura de várias diferentes meCarlos Segundo mórias que se cruzam, memórias inundadas pela água e pelo tempo, memórias registradas, memórias afetivas, paralelas ou até mesmo inventadas. Afinal, “reconstruir uma história nada mais é do que inventar uma outra”. Fotografia cinematographer Roberto Chacur The movie brings the story of a narrator-character who, since the beginning, shows that he has a dream, a childhood dream, the dream of building a city. His city. In his way, he is faced with the old town of Nova Ponte, which was consumed by the waters to give place to the lake of a hydroelectric plant. Still in the process of building his city, his history mixes with the other characters, residents and non-residents of the old city; a mixture of several different memories that intersect, memories flooded by water and time, registered memories, affectionate memories, parallel or even invented. After all, “reconstruct a history is nothing more than invent another”. povos e lugares people and places 111 O Povo da Pluma People of a Feather Canadá, 2011, 90 min Com imagens inovadoras de sete invernos no Ártico, O Povo da Pluma leva você através do tempo para o mundo dos esquimós nas Ilhas Belcher da Baía de Hudson. Conectando passado, presente e futuro está uma relação cultural única com o pato eider-edredão. Suas penas, consideradas as mais quente do mundo, permitem que tanto os esquimós quanto as aves sobrevivam aos invernos rigorosos do Ártico. Recriações de vida tradicional de 100 anos atrás são justapostas à vida moderna em Sanikiluaq, conforme tanto as pessoas quanto os eider-edredão enfrentam os desafios impostos pelas mudanças do gelo do mar e das correntes oceânicas prejudicadas pelas enormes barragens hidrelétricas que alimentam o leste da América do Norte. Os olhos de uma remota cultura de subsistência desafiam o mundo a encontrar soluções de energia que trabalham com as estações do nosso ciclo hidrológico. Direção director Joel Heath Produção producer Joel Heath Roteiro writer Joel Heath, Dinah Kavik, Johnny Kudluarok e a comunidade de Sanikiluaq Fotografia cinematographer Joel Heath Edição editor Jocelyne Chaput e Evan Warner Featuring groundbreaking footage from seven winters in the Arctic, People of a Feather takes you through time into the world of Inuit on the Belcher Islands in Hudson Bay. Connecting past, present and future is a unique cultural relationship with the eider duck. Eider down, the warmest feather in the world, allows both Inuit and bird to survive harsh Arctic winters. Recreations of traditional life 100 years ago are juxtaposed with modern life in Sanikiluaq, as both people and eiders face the challenges posed by changing sea ice and ocean currents disrupted by the massive hydroelectric dams powering eastern North America. The eyes of a remote subsistence culture challenge the world to find energy solutions that work with the seasons of our hydrological cycle. povos e lugares people and places 113 Viver / Construir Remissões do Rio Negro Living / Building Black River’s Redemptions França, 2012, 117 min 2010, 90 min Documentário sobre as missões salesianas no Alto Rio Negro, no Amazonas, e sua relação com Direção director o processo de colonização dos Erlan Souza e Fernanda Bizarria povos indígenas da região. O Fotografia cinematographer filme parte da história do Padre Erlan Souza Casimiro Béksta, que atuou nas Edição editor missões nas décadas de 50 e 60, Pedro Aspahan e também busca os ex-alunos indígenas que participaram dessa história. Documentary about the Salesianas Missions in Alto Rio Negro, in the Amazon, and its relation with the process of the indigenous people colonization in the region. The movie starts on the history of the Father Casimiro Béksta, who acted in the missions in the decades of 50 and 60, and also searches for ex-indigenous students who participated in this story. Direção director No meio do deserto do Chade, uma empresa francesa Clémence Ancelin constrói uma estrada de asfalto. Durante o período Fotografia cinematographer das obras, executivos estrangeiros, mestres de obra e Clémence Ancelin trabalhadores africanos ficam alojados em trailers, em Edição editor três acampamentos adjacentes, em contato com os Laureline Delom habitantes das vilas ao redor, que vão ao local das obras em busca de trabalho ou para montar um comércio. O sonho de uma vida melhor e o processo de aculturação de muitos dos moradores se misturam, enquanto a estrada avança, implacável, em direção à cidade, nesta região selvagem por onde nômades ainda vagueiam conduzindo seus rebanhos. In the middle of the Chadian desert, a French construction company is building an asphalt road. Expat executives, African site managers and workers, live in three adjacent trailer camps during the construction period, in contact with villagers from the area who come to the worksite to seek jobs or set up shops. The hope for a better life meets with acculturation among the various inhabitants, as the road relentlessly progresses towards the city in this wilderness where nomads still wander with their herds. povos e lugares people and places 115 Two or three things I know about Aloysio Raulino Arthur Autran The recent and unexpected death of Aloysio Raulino interrupted the career of one of the most important cinematographers of the contemporary Brazilian Cinema. In his curriculum, there are highlighted films of our cinematography, such as O homem que virou suco (João Batista de Andrade, 1981), Romance (Sérgio Bianchi, 1987), O Prisioneiro da Grade de Ferro (Paulo Sacramento, 2003), Serras da Desordem (Andrea Tonacci, 2006) and Cartola – Música para os Olhos (Lírio Ferreira and Hilton Lacerda, 2006). In the late 60s, Raulino studied Cinema at ECA-USP, later he was Professor of Photography at the same institution. In college, I had the opportunity to meet him because I was his student in the early 90s, a devastated land period for the Brazilian cinema, and the mediocrity empire of Fernando Collor de Mello as president. Despite, or perhaps because of, the intense crisis moment, there was at ECA a very rich discussion climate about cinema. Raulino certainly felt better filming than in the classroom, the somewhat formal university environment seemed to reinforce his natural shyness. At least in my experience, the random contacts with Raulino, on the school hall or having a coffee, were richer than the classes; in informal situations he seemed to feel more at ease. His comments and touches are part of my training, as certainly also homenagem tribute Duas ou três coisas que eu sei sobre Aloysio Raulino Arthur Autran A morte recente e inesperada de Aloysio Raulino interrompeu a carreira de um dos mais importantes diretores de fotografia do cinema brasileiro contemporâneo. No seu currículo há filmes de destaque da nossa cinematografia, tais como O Homem que Virou Suco (João Batista de Andrade, 1981), Romance (Sérgio Bianchi, 1987), O Prisioneiro da Grade de Ferro (Paulo Sacramento, 2003), Serras da Desordem (Andrea Tonacci, 2006) e Cartola – Música para os Olhos (Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, 2006). Em fins dos anos 1960, Raulino cursou Cinema na ECA-USP, posteriormente ele foi professor de Fotografia nesta mesma instituição. Na universidade, tive a oportunidade de conhecê-lo, pois fui seu aluno no início da década de 1990, época de terra arrasada para o cinema brasileiro e do império da mediocridade homenagem tribute 117 de Fernando Collor de Mello como presidente do país. Apesar disso, ou talvez por causa da situação de crise intensa, havia então na ECA um clima muito rico de discussão sobre cinema. Raulino certamente se sentia melhor filmando do que em sala de aula, o ambiente algo formal da universidade parecia que reforçava a sua timidez natural. Pelo menos na minha experiência, os contatos fortuitos com Raulino, pelos corredores da escola ou para tomar um café, foram mais ricos do que as aulas; em situações informais ele parecia se sentir mais à vontade e seus comentários e toques são parte da minha formação, como, certamente, também de muitas outras pessoas que estudaram ali naquele período (José Roberto Torero, Paulo Sacramento, Luiz Adelmo, Christian Saghaard, Geórgia Costa Araújo, Nathalia Rabczuk, Francisco Mosquera e Marcelo Toledo, só para citar alguns). Correndo o risco de ser muito pessoal, lembro de certa vez procurá-lo todo preocupado: eu iria fazer um filme com um ator negro e temia que as pessoas interpretassem erroneamente minha proposta, ele me disse para simplesmente filmar o roteiro e não me preocupar com isso naquele momento. Parece simples, mas foi algo essencial para um jovem muito inseguro que dirigia o seu primeiro curta-metragem. Não se afigura casual que boa parte dos filmes fotografados por Raulino nos últimos anos tenham sido dirigidos por pessoas bem mais novas do que ele. Uma mistura de companheirismo, inventividade e conhecimento técnico tornavam-no o diretor de fotografia adequado para os jovens realizadores. O falecimento de Raulino também impede que possamos ver um novo filme de sua autoria. Dirigiu apenas um longa-metragem de ficção, Noites paraguaias (1982), e no que pese are for many other people who studied there in that period (José Roberto Torero, Paulo Sacramento, Luiz Adelmo, Christian Saghaard, Georgia Costa Araújo, Nathalia Rabczuk, Francisco Mosquera and Marcelo Toledo, just to mention a few). At the risk of being too personal, I remember once looking for him very worried: I was going to make a film with a black actor and feared that people would misinterpret my proposal, he told me to just shoot the script and not worry about it at that time. Sounds simple, but it was something essential for a non confident young filmmaker on his first short film. It seems no coincidence that many of the films photographed by Raulino in recent years have been directed by people much younger than him. A mixture of camaraderie, ingenuity and expertise made him the suitable director of photography for young filmmakers. The death of Raulino also stops us from seeing a new film of his own autorship. He directed only one feature film fiction, Noites Paraguaias (1982), and in spite of the recent years he has not returned for directing, Raulino was an important inventor of the Brazilian Documentary Film, as indicated by the analyzes of Jean-Claude Bernardet in the book Cineastas e Imagens do Povo. Particularly, the act of handing the camera for an ordinary person to film some takes, such as in short Jardim Nova Bahia (1971), was the element of a crucial break with nos últimos anos ele não ter voltado a dirigir, Raulino foi um importante inventor do documentarismo brasileiro, conforme indicam as análises de Jean-Claude Bernardet no livro Cineastas e imagens do povo. Particularmente, o ato de entregar a câmera a um popular para que este filmasse algumas imagens, tal como ocorre no curta Jardim Nova Bahia (1971), foi um elemento de ruptura fundamental com a postura sociológica do documentarismo brasileiro de então. Não por acaso, Paulo Sacramento chamou Raulino para ser o diretor de fotografia de O Prisioneiro da Grade de Ferro, filme que retoma e amplifica a opção de entregar a câmera, pois boa parte das suas imagens foi gravada por presidiários. Trata-se de uma importante ligação estética na história do cinema brasileiro, a que relaciona Jardim Nova Bahia e O Prisioneiro da Grade de Ferro. Ao meu ver, os filmes de Raulino possuem algumas das imagens marcantes do nosso cinema: o longo travelling feito a partir de um carro pela Marginal Tietê em Lacrimosa (1970), o homem negro alto e musculoso que dança seminu ao som de Sidney Magal em O Porto de Santos (1978) e o lento travelling lateral que vai e volta enquadrando a entrada de uma estação do metrô em São Paulo – Cinemacidade (1994). Estes são apenas alguns poucos exemplos de imagens com uma pregnância intensa que caracterizavam o olhar deste fotógrafo e diretor, cuja obra possui um lirismo poético cada vez mais raro no cinema e que inclui ainda duas pérolas como O Tigre e a Gazela (1976) e Inventário da Rapina (1986). the sociological posture of the Brazilian documentaries at that time. It was not by chance that Paulo Sacramento called Raulino to be the director of photography for O Prisioneiro da Grade de Ferro, film that incorporates and amplifies the option of handing the camera to others, as much of its images were recorded by prisoners. It is an important aesthetical link in the history of Brazilian cinema, which relates Jardim Nova Bahia and O Prisioneiro da Grade de Ferro. In my view, Raulino´s movies have some of the most relevant images of our cinema: the long travelling made from the view of a car through Marginal Tietê in the movie Tearful (1970), the tall, muscular black man who dances half naked under Sidney Magal´s song in The Port of Santos (1978) and the slow travelling that goes back and forward framing the entry of a subway station in São Paulo - Cinemacidade (1994). These are just a few examples of images with an intense influence that characterized this photographer and director look, whose work has a poetic lyricism increasingly rare in film, and also includes two pearls as O Tigre e a Gazela (1976) and Inventário da Rapina (1986). Arthur Autran é formado em Cinema pela ECA- Arthur Autran is graduated in USP e doutor pelo Instituto de Artes da UNICAMP. É professor do Depto. de Artes e Comunicação da UFSCar. Dirigiu os documentários Minoria Absoluta (1994) e A Política do Cinema (2011). Escreveu o livro “Alex Viany: crítico e historiador”. Cinema by ECA-USP and doctor at the Art Institute of UNICAMP. He is a professor at the Department of Arts and Communication at UFSCar. He directed the documentaries Minoria Absoluta (1994) and A Política do Cinema (2011). He wrote the book “Alex Viany: critic and historian.” homenagem tribute 119 O som e a fúria Lacrimosa, O Tigre e a Gazela e O Porto de Santos Luís Alberto Rocha Melo Texto originalmente publicado na revista Filme Cultura – Edição 58 Em diversas ocasiões, Aloysio Raulino definiu a câmera como uma extensão de seu próprio corpo. Três curtas-metragens dirigidos e fotografados por Raulino nos anos 1970 e restaurados em 2009 pela Cinemateca Brasileira – Lacrimosa, O Tigre e a Gazela e O Porto de Santos – confirmam essa íntima relação The sound and the fury Lacrimosa, O Tigre e a Gazela do cineasta com a fotografia: são and The Port of Santos ensaios audiovisuais que arrebatam o espectador pela força das ima- Luis Alberto Rocha Melo gens. Mas o intuito aqui não é falar This text was originally published in the desses três curtas a partir da fotogra- magazine Filme Cultura, Issue 58 fia, e sim de um outro elemento com On several occasions, Aloysio o qual Raulino também soube lidar Raulino has set the camera as de forma admirável: o som e seus an extension of his own body. múltiplos significados políticos. Three short films directed and Lacrimosa (correalizado com Luna Alkalay, 1970) é certamente aquele que traduz com maior dramaticidade o clima de asfixia imposto pela ditadura. Compõe-se de um longo travelling de carro pela Marginal Tietê, então recém-aberta, e de vários planos tomados em uma favela, na periferia de São Paulo. O clima chuvoso torna a paisagem ainda mais desoladora. Na favela, crianças circulam pelo lixo; um morador canta algo para a câmera, em close. Mas não ouvimos a sua voz. Assim como não ouvimos nenhum som proveniente da favela ou da rodovia. A pista sonora é uma longa faixa de silêncio, quebrada aqui e ali por excertos musicais – entre eles, uma canção latina e photographed by Raulino in 1970 and restored in 2009 by the Brazilian Cinematheque Lacrimosa, O Tigre e a Gazela and The Port of Santos - confirm this close relationship of the filmmaker with the photography: audiovisual essays that enrapture the viewer by the force of the images. But the intention here is not to talk about these three short films based on photo, but based on another element that Raulino also learned how to deal with in an admirably way: the sound and its multiple political meanings. o Réquiem de Mozart, especialmente o trecho Tearful (co-directed by Luna “Lacrimosa”, usado em dois breves momentos Alkalay, 1970) is certainly the one que não ocupam mais do que 30 segundos. O that translates most dramatically silêncio é soberano – mas desafiado ao final the suffocation climate imposed pela canção chilena “Paloma Pueblo”, de Ángel by the dictatorship. It consists of a Parra: “Han muerto tantas palomas/de mil for- long car traveling on the Marginal mas y colores/pero a la paloma pueblo/no hay Tietê, newly opened, and several muerte que la aprisione.” takes on a slum on the outskirts Já nesse filme, portanto, insinua-se a impor- of São Paulo. The rainy weather tância da canção popular – embora cantada em makes the landscape even more outra língua – como forma de resistir e desobe- devastated. In the slum, children decer. Seis anos depois, em O Tigre e a Gazela roam the garbage; a villager (1976), essa estratégia será aprofundada. Na sings something to the camera faixa sonora, ainda persistem os momentos de in close. But we do not hear his longo silêncio. Mas eles disputam lugar com voice. Just as we do not hear any ritmos percussivos, batucadas, fragmentos de sound coming from the slum or música erudita e textos de Frantz Fanon narra- the highway. The soundtrack is dos por um locutor off. Aqui, a música popular a long stretch of silence, broken brasileira ganha maior relevância, quase sem- here and there by musical excerpts pre ressignificando as imagens. Por exemplo, - including a Latin song and Mozart’s Requiem, especially the verse “Lacrimosa”, used in two brief moments that do not take more than 30 seconds. The silence is sovereign - but challenged by the late Chilean song “Paloma Pueblo” O Porto de Santos / The Port of Santos by Ángel Parra: “Han muerto tantas palomas/de mil formas y colores/pero a la paloma pueblo/ no hay muerte que la aprisione.” Thus, already in this film, the importance of popular song although sung in another language – slowly instill as a way to resist and disobey. Six years later, in O Tigre e a Gazela (1976), this strategy will be deepened. On the soundtrack, there are still moments of long silence. But they follow vying place with percussive rhythms, drumming, fragments of classical music and texts by Frantz Fanon narrated by an off speaker. Here, Brazilian popular music gains more relevance, often reframing the images. An example is when the beautiful “Salve homenagem tribute 121 quando a bela “Salve Linda Canção Sem Linda Canção Sem Esperanaça”, Esperança”, de Luiz Melodia, dialoga com pla- of Luiz Melodia, dialogues with nos documentais de operários e populares em documentary plans of workers situações de ócio. Ou ainda quando a latina and people in leisure situations. “Pablo nº 2 (Festa)”, de Milton Nascimento, é Or when the Latin “Pablo number surpreendentemente combinada à coreografia (Party)” by Milton Nascimento, is dos passistas de uma escola de samba. Não só surprisingly combined to the dance a trilha sonora se diversifica como provém de choreography in a samba school. várias origens: fonogramas, locução gravada em Not only does the soundtrack estúdio para o filme e – o que é mais significativo diversifies as it also comes from – a voz na rua em som direto. Em dois momen- several sources: phonograms, tos, uma mulher negra, talvez moradora de rua, voiceovers recorded in studio rosto inchado pelo álcool, aparece cantando aos for the film and - what is more berros. No primeiro, ela canta o samba “Salve a significant - the voice on the street Princesa Isabel”: “Todo negro pode ser doutor/ in direct sound. On two occasions, Deputado, senador/Não há mais preconceito de a black woman, maybe homeless, cor”. No segundo momento, ela grita o Hino face swollen from alcohol, appears da Independência. Para além do sentido irônico singing blaring. At first, she sings que o filme empresta a essas músicas, importa samba “Salve a Princesa Izabel”: o gesto libertador de cantar, aqui reforçado pelo “All black can be a doctor/Deputy, uso do som direto em sincronismo – presente Senator/ No more color prejudice”. In the second time, she screams apenas nessas duas passagens. Em O Porto de Santos (1978), o som diegético the Anthem of Independence. parece ainda mais pronunciado. Mas se trata de Beyond the ironic sense that the uma ilusão: os sons que ouvimos destacam-se film lends to these songs, what com frequência da imagem referencial. A trilha matters is the liberating gesture of sonora compõe-se de trechos de música instru- singing, here enhanced by the use mental (“Entre Dos Aguas”, com Paco de Lucía), of the direct sound in sync – that muitos ruídos (embarcações, docas, ambiente appears just in these two passages. praiano, gaivotas, ondas de rádio, boates na In The Port of Santos (1978), the noite santista) e vozes gravadas em som direto. diegetic sound seems even more Além disso, a locução off também cumpre uma pronounced. But this is an illusion: função irônica: uma voz feminina, didática the sounds we hear often stand out e impessoal, fornece breves dados históricos the referral image. The soundtrack consists of excerpts of instrumental music (“Entre Dos Aguas” with Paco de Lucía), many noises (boats, docks, beach atmosphere, radio waves, night clubs O ruído, a voz e a música seagulls, from Santos) and recorded voices parecem ter enfim conquistado into direct sound. Furthermore, the off expression also fulfills an o direito à expressão – ironic function: a female voice, jamais como ilustração das imagens, e sim contraponto, elementos de criação poética. The noise, the voice and the music seem to have finally won the right to expression - never as an illustration of the images, and rather as a counterpoint, elements of poetic creation. didactic and impersonal, provides brief historical data on the city of Santos. The space for silence now is minimal, almost reduces the sound fades. The noise, the voice and the music seem to have finally won the right to expression - never as an illustration of the images, and rather as a counterpoint, elements of poetic creation. Thereof the total asynchrony (lines disconnected sobre a cidade de Santos. O espaço para o silên- from images) or an only apparent cio agora é mínimo, quase se reduz aos fades sync that also gives a new meaning sonoros. O ruído, a voz e a música parecem to popular music. In the most ter enfim conquistado o direito à expressão – striking scene of The Port of jamais como ilustração das imagens, e sim Santos, which shows a worker or a contraponto, elementos de criação poética. Daí fisherman in a swimsuit dancing o total assincronismo (falas desconectadas das “Amante Latino” (latin lover), imagens) ou a sincronização apenas aparente. sung by Sidney Magal, we have Daí também um novo sentido dado à música the synthesis of this new stance popular. Na cena mais marcante de O Porto de advocated by Raulino: the music Santos, a que mostra um operário ou caiçara (put on the image) not only as an dançando de sunga a canção “Amante Latino” instrument of denunciation, but (cantada por Sidney Magal), temos a síntese also as a place of pleasure and dessa nova postura defendida por Raulino: a sensuality. música (posta sobre a imagem) não apenas From the gray silence to the como instrumento de denúncia, mas também joy of singing and dancing, a new understanding of the word como espaço do prazer e da sensualidade. Do silêncio cinzento à alegria do canto e da “politics.” Or, as Fanon says in dança, um novo entendimento da palavra “polí- one of the signs of O Tigre e a tica”. Ou, como diz Fanon em um dos letreiros Gazela: “Despite all his technique de O Tigre e a Gazela: “Apesar de toda a sua téc- and his firepower, the enemy nica e de sua potência de fogo, o inimigo dá a seems to be wallowing and impressão de chafurdar e desaparecer pouco a gradually disappearing in the mud. We sing, sing.” pouco na lama. Nós cantamos, cantamos.” Luís Alberto Rocha Melo é cineasta, pesquisador Luis Alberto Rocha Melo is a e professor no Curso de Cinema e Audiovisual e no Mestrado em Artes, Cultura e Linguagens do Instituto de Artes e Design da UFJF. Dirigiu, entre outros trabalhos, o longa Nenhuma fórmula para a contemporânea visão do mundo (2012), o curta Que cavação é essa? (2008), e o média O Galante rei da Boca (2004). filmmaker and researcher. He is also professor in the Film and Audiovisual Course and in the Culture,Languages and Arts Master Course at the Institute of Art and Design from UFJF. He directed , among other works, the feature film Nenhuma Fórmula Para a Contemporânea Visão do Mundo (2012), the short feature film Que cavação é essa? (2008), and O Galante Rei da Boca (2004) homenagem tribute 123 Lacrimosa Direção director Aloysio Raulino Tearful Produção producer Brasil,1970, 12 min Tânia Savietto O retrato da cidade de São Paulo a partir de alguns itinerários. Pela Marginal Tietê e outras vias da metrópole, terrenos baldios, construções de edifícios, fachadas de fábricas e favelas compõem um triste cenário. E nesta lacrimosa paisagem urbana, crianças em completa miséria. Aloysio Raulino Roteiro writer The portrait of the city of São Paulo through some itineraries. From the Marginal Tietê and other avenues of the metropolis, vacant land, construction sites, factories facades and slums make up a sad scenario. And in this tearful urban landscape, children in complete misery. Direção director Aloysio Raulino e Luna Alkalay Produção producer Aloysio Raulino e Luna Alkalay Roteiro writer Aloysio Raulino e Luna Alkalay Fotografia cinematographer Aloysio Raulino Edição editor Aloysio Raulino O Porto de Santos The Port of Santos Brasil, 1978, 19 min Fotografia cinematographer Aloysio Raulino A histórica cidade de Santos e o seu porto. Embarcações atracadas e o trabalho dos José Motta doqueiros: suas atividades e reivindicações. Navios ancorados em alto-mar. O comércio do café, que desde 1909 propiciou a Santos a sua riqueza. O transporte de sacas de café e o carregamento num caminhão. Crianças e senhoras recolhem grãos caídos no chão. Monumento em exaltação ao trabalho. O transporte de caiçaras e a dificuldade de viver da pesca local. Destaque para um mulato dançando, com sensualidade, a canção “Amante Latino” e para outros homens jogando capoeira. O movimento noturno na zona de meretrício com prostitutas e luminosos de bares. Retorna o dia, e a rotina no porto recomeça. Edição editor The historic city of Santos and its port. Boats moored and dockers’ work: their activities and demands. Ships anchored in the high seas. The coffee trade, which since 1909 has provided Santos its wealth. The bags of coffee transport and loading of a truck. Children and ladies gather grains lying on the ground. Monument in exaltation to work. The transportation of caiçaras, and the difficulty of living of local fishing. Highlight for mulatto dancing with sensuality, the song “Amante Latino” and other men playing capoeira. The night movement in the red-light district with prostitutes and bright bars. Returns the day, and the routine restarts at the port. homenagem tribute 125 O Tigre e a Gazela The Tiger and the Gazelle Brasil, 1976, 14 min As fisionomias, os gestos e as Direção director falas de mendigos, pedintes, Aloysio Raulino loucos e foliões que passam Produção producer pelas ruas de São Paulo. Os sons Aloysio Raulino, Tânia Savietto e Jorge Bouquet e imagens são ilustrados com extratos de Frantz Fanon. Roteiro writer Aloysio Raulino Fotografia cinematographer The faces, gestures and speeches Aloysio Raulino of beggars, madmen and revelers Edição editor passing through the streets of São Aloysio Raulino Paulo. The sounds and images are illustrated with extracts of Frantz Fanon. homenagem tribute 127 panorama histórico historical panorama A contradição homem-natureza Liciane Mamede The contradiction man-nature Embora Liciane Mamede Although distinct from each other as aesthetic proposals, the eight films that comprise the Historical Panorama of the 2nd Ecofalante Environmental Film Festival can be understood from a perspective that places them side by side as parts of a single whole. The exercise conducted by the curatorial staff of the Festival to get to that final movie arrangement obviously has the search for common themes, distintos entre si como propostas estéticas, os oito filmes que compõem o Panorama Histórico da 2a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental podem ser compreendidos a partir de uma perspectiva que os coloca lado a lado como partes de um único conjunto. O exercício de curadoria realizado pela equipe da mostra para chegar a esse arranjo final de filmes passou obviamente pela busca de temas comuns, mas também por aquilo que essas obras trazem de sofisticação e relevância estilística. Apoio / Support Ao Mistral / Pour le Mistral panorama histórico historical panorama 129 but also for what these works offer regarding sophistication and stylistic relevance. Within this proposal, we seek to rescue some little seen film, as is the case of Walkabout, by Nicolas Roeg, Il Tempo si è Fermato, by Ermanno Olmi and The Great Dentro dessa proposta, procuramos resgatar Adventure, by Arne Sucksdorff, alguns filmes pouco vistos, como é o caso de A while including titles that, although Longa Caminhada, de Nicolas Roeg, O Tempo best known, have not been seen Parou, de Ermanno Olmi e A Grande Aventura, for a generation of viewers – Dersu de Arne Sucksdorff, sem deixar de incluir títu- Uzala, by Akira Kurosawa, and Fata los que, embora mais conhecidos, ainda não Morgana, by Werner Herzog. foram vistos por uma geração de espectado- Presenting them within a single res – Dersu Uzala, de Akira Kurosawa, e Fata view, the festival not only makes an invitation for these films to Morgana, de Werner Herzog. Ao apresentá-los dentro de um único pano- be seen or reviewed, but also rama, o festival não apenas lança um convite propose to think them under a para que estes filmes sejam vistos ou revistos, problematization that each of mas propõe ainda pensá-los a partir da proble- them makes about the man-nature matização que cada um deles faz da relação relationship. Perhaps the sequence that best homem-natureza. Talvez a sequência que melhor represente represents what these films have o que esses filmes têm em comum esteja em in common is in Une Histoire de História do Vento, quando o velho Joris Ivens, Vent, when the old Joris Ivens, aged com 90 anos na época da filmagem, cami- 90 at the time of filming, walks nha pelo imenso deserto de Gobi, localizado by the immense Gobi Desert, on na fronteira entre a China e a Mongólia. O the border between China and contraste evidente de duas grandezas, entre a Mongolia. The sharp contrast of figura frágil do velho cineasta e o deserto ime- two magnitudes, between the frail morial, se inscreve em nossa percepção de figure of the old filmmaker and the forma a abalar qualquer convicção numa visão timeless desert, subscribe to our de mundo estritamente humanista. Nesse sentido, o misticismo e as narrativas míticas que se desenvolveram desde períodos remotos, temas com os quais o filme de Ivens também lida, simbolizariam uma espécie de resignação do homem a uma condição de submissão à vontade do infinito. Essa submissão também está em Dersu Uzala, embora menos numa dimensão mística do que sensorial. Os sentidos de Dersu são Man, as mentor of the idea of progress and civilization, will always be in an opposite pole to what is natural, in the sense of wild and untouched, because the meaning of those words already are in opposition to each other. perception in order to undermine any belief in a strictly humanist worldview. In this sense, mysticism and mythical narratives which were developed from remote periods, subjects with which the film of Ivens also deals, symbolize a kind of resignation of man to a condition of submission to the condicionados pela floresta, estão totalmente infinity will. voltados a captar os modos como a natureza se This submission is also in Dersu apresenta, sem questioná-la. Vive da caça, por- Uzala, although in a less mystical tanto seu olhar, assim como sua audição ou seu more sensorial dimension. The paladar, não podem ser os mesmos do homem senses of Dersu are conditioned by urbano, e por isso esses homens precisam forest, fully orientated to pick up de Dersu para enfrentar a floresta e cumprir ways as the nature presents itself, without questioning sua missão. O velho it. He lives on hunting, homem sabe que, para O homem como so his look as well as que a floresta lhe conmentor da ideia de his hearing and palate, ceda suas graças, o cannot be the same sacrifício e a disciplina progresso e civilização man, and so são necessários. estará sempre em polo urban these men need Dersu Segundo o crítico to face the forest and Serge Daney, em texto oposto àquilo que é fulfill its mission. The clássico sobre Dersu natural, no sentido de ancient man knows Uzala, os filmes que that for the forest confrontam o selva- intocado e selvagem, grants you its grace, gem e o civilizado têm pois o próprio sentido sacrifice and discipline de escolher entre duas are needed. soluções: sacrificar o dessas palavras existe According to the selvagem às exigências em contraposição uma critic Serge Daney in do progresso humano Dersu Uzala classic ou culpar o civilizado à outra. text, the films that pelo revés da figura angélica do bom selvagem. Para Daney, Dersu confront the savage and civilized se perde porque se deixará domesticar no final. man must choose between two A chave da culpa é trabalhada no filme de solutions: the savage sacrificing to Werner Herzog, em que o homem é retratado the demands of human progress como uma espécie de ser desajustado da criação. or civilized blaming for the setback Fata Morgana é um mosaico das percepções de of the angelic figure of the noble Herzog sobre os locais que visitou no deserto savage. For Daney, Dersu is lost do Saara, passando por grandes construções de because he will tame in the end. panorama histórico historical panorama 131 Dersu Uzala / Dersu Uzala hoje e ruínas do passado, chegando aos vilarejos ancestrais de povos que vivem desde sempre naquela parte áspera do planeta. Assim como no filme de Ivens, há também aqui uma aura mística, projetada pela narração em off, o que nos ajuda a mergulhar no enigma e na estranheza do mundo de Herzog. Uma Lição Para Não Esquecer e O Tempo Parou mostram embates entre natureza e civilização, fazendo alusão à atroz trajetória do progresso. No primeiro, os choques são truculentos, no segundo, mais sutis. No primeiro, de Paul Newman, uma família vive de extrair madeira das imensas florestas de coníferas do Oregon, travando uma luta permanente com o meio e criando assim um ponto de equilíbrio instável, que pode ser rompido a qualquer momento. The key fault is crafted in the Werner Herzog film, in which the man is portrayed as a kind of creation misfit being. Fata Morgana is a mosaic of Herzog´s perceptions on the places he visited in the Sahara Desert, through the large buildings from now and ruins from the past, reaching ancestors villages where people has been living since ever in that rough area of the planet. As in the Ivens´ film, there is also here a mystical aura, designed by the off voiceover, which helps us to delve into the mystery and strangeness of Herzog´s world. Sometimes a Great Notion and Il Tempo si è Fermato show clashes between nature and civilization, alluding to the atrocious history of progress. In the first, the shocks are unruly, in the second, more subtle. In the first, by Paul Newman, a family lives on extracting timber from the immense conifer forests of Oregon, waging a constant struggle with the environment and thus creating an unstable equilibrium point, which can be broken at any time. In the second feature film, where debuts Ermanno Olmi, there seems to be a better balance of moods but still, man occupies a space that does not belong and can suffer the consequences of this act. The same goes for the Pour le Mistral, in which the residents of a given region of France are submitted to the temper of the wind that blows mercilessly. It, the wind, has always been there, the man, no. These films somehow give life to Daney´s statement, in the same text already quoted, that the film should keep alive the Já no segundo, longa-metragem de estreia de Ermanno Olmi, parece haver um equilíbrio maior de humores mas, ainda assim, o homem ocupa um espaço que não lhe pertence e pode sofrer as consequências desse ato. O mesmo se passa em Ao Mistral, no qual os moradores de determinada região da França estão submetidos ao temperamento do vento que sopra de forma impiedosa. Ele, o vento, sempre esteve lá, o homem, não. Estes filmes de certa forma dão vida à afirmação feita por Daney, no mesmo texto já citado, de que o cinema deve manter vivas as contradições pois são um dado do mundo real. Por isso, nenhum deles será bem-sucedido em sanar aquilo que é bipartido, haverá sempre uma tensão latente. O homem como mentor da ideia de progresso e civilização estará sempre em polo oposto àquilo que é natural, no sentido de intocado e selvagem, pois o próprio sentido dessas palavras existe em contraposição uma à outra. Mas os filmes também jogam luz sobre esse aspecto, também são parte da natureza, e talvez este seja o caminho para encontrar um ponto de equilíbrio possível. contradictions due to the fact they are a data of real world. Therefore, none of them will succeed in solving what is bipartite, there will be always an underlying tension. Man, as mentor of the idea of progress and civilization, will always be in an opposite pole to what is natural, in the sense of wild and untouched, because the meaning of those words already are in opposition to each other. But the films also shed lights on this aspect, are also part of nature, and perhaps this is the way to find a possible balance. Liciane Mamede é produtora cultural e fez parte Liciane Mamede is a cultural producda equipe de curadoria dos panoramas Histórico e er and was part of the curatorial team of Contemporâneo da 2a Mostra Ecofalante de Cinema Contemporary and Historical Panoramas Ambiental. of the 2nd Ecofalante Environmental Film Festival. panorama histórico historical panorama 133 A Longa Caminhada A Grande Aventura Walkabout The Great Adventure Suécia, 1953, 94 min Anders, um garoto de 10 anos, encontra e resgata uma lontra que havia ficado presa numa armadilha. Ele mantém o animal preso numa gaiola e, aos poucos, o vai domesticando. Tudo é mantido em segredo, apenas o irmão mais novo de Anders sabe da presença da lontra. Em tom realista, o filme tenciona a fronteira entre a ficção e o documentário, valendo-se de belas imagens de paisagem natural para compor o seu drama. Anders, a ten-year-old boy, finds and recues an otter that had been trapped in a burrow. He keeps the animal in a cage and ends up domesticating it. Only Ander’s six-year-old brother knows about the otter’s presence. In realistic style, this film strains the edge between fiction and documentary by using overwhelming shots of natural landscapes to compose its drama. Reino Unido, 1971, 100 min DIREÇÃO DIRECTOR Arne Sucksdorff PRODUÇÃO PRODUCER Arne Sucksdorff ROTEIRO WRITER Arne Sucksdorff FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Arne Sucksdorff EDIÇÃO EDITOR Arne Sucksdorff Elenco cast Gunnar Sjöberg, Luis Van Rooten, Anders Nohrborg, Kjell Sucksdorff, Holger Stockman, Arne Sucksdorff e Amanda Haglund DIREÇÃO DIRECTOR Duas crianças inglesas, após a traumática morte do pai, Nicolas Roeg se veem sós num deserto na Austrália. Sem saberem PRODUÇÃO PRODUCER como se orientar, começam uma longa caminhada em Si Litvinoff busca da sobrevivência. No meio do deserto, encontram um adolescente aborígene em fase de transição para vida adulta. Segundo a tradição nativa, antes de se torFOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER nar um adulto, o garoto precisa sobreviver sozinho no Nicolas Roeg deserto por seus próprios meios. EDIÇÃO EDITOR Tal encontro é seguido por um insuperável choque de Antony Gibbs e Alan Pattillo culturas e este fato vai deixar sua marca nas vidas deles. ROTEIRO WRITER Edward Bond Elenco cast Jenny Agutter, Luc Roeg, Two English children, after the traumatic death of their David Gulpilil e John father, end up alone in a desert in Australia. Without Meillon knowing how to orient themselves, they begin a long journey in search of survival. At a certain point, they encounter an Aboriginal teenager in transition to adulthood. According to native tradition, before becoming an adult, the boy needs to survive alone in the wilderness by his own means. Such an encounter is followed by an insurmountable clash of cultures and this fact will leave its mark on their lives. panorama histórico historical panorama 135 Ao Mistral Dersu Uzala Pour le Mistral Dersu Uzala França, 1965, 30 min O Mistral é um vento lendário, violento, frio e seco. Típico da Provença, ele inspirou gerações de escritores, pintores e o próprio Joris Ivens, para quem o vento é, acima de tudo, um leitmotiv estético. O filme mostra de forma lírica como o vento influencia a população da região onde ele sopra, assim como os animais e a dinâmica do local. União Soviética/Japão, 1975, 144 min DIREÇÃO DIRECTOR DIREÇÃO DIRECTOR Joris Ivens ROTEIRO WRITER René Guyonnet e Joris Ivens FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Gilbert Duhalde, André Dumaître e Pierre Lhomme EDIÇÃO EDITOR Mistral is a legendary, violent, cold and dry Jean Ravel e wind. Typical of Provence, it has inspired Emmanuele Castro generations of writers, painters and Joris Ivens himself, for whom the wind is above all things an aesthetic leitmotif. The film depicts how the wind affects the local inhabitants, animals and the dynamics of the site. Akira Kurosawa O capitão Vladimir Arseniev e sua tropa são PRODUÇÃO PRODUCER enviados pelo governo soviético para explo- ROTEIRO WRITER su Uzala, um caçador que vive nas florestas Yôishi Matsue rar e reconhecer as montanhas da Mongólia. e Nikolai Sizov Em meio à expedição, Vladimir encontra Der- Vladimir Arsenyev, e delas conhece cada detalhe. Se aproveitanAkira Kurosawa e do dos conhecimentos do velho caçador, o Yuri Nagibin capitão lhe propõe acompanhar a tropa até o término da missão. Fyodor Dobronravov, Yuri FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Gantman e Asakazu Nakai Captain Vladimir Arsenyev and his troops are EDIÇÃO EDITOR sent by the Soviet government to explore and Lyudmila Feiginova recognize the mountains of Mongolia. At a Elenco cast Maksim Munzuk, Yuri Solomin, Svetlana Danichenko, Dimitri Korshikov e Suimenkul Chokmorov certain point, Vladimir meets again Dersu Uzala, a hunter who lives in the woods and knows every detail of them. Taking advantage of the knowledge of the old hunter, the Captain suggests him to follow the troops until the end of the mission. panorama histórico historical panorama 137 História do Vento Fata Morgana A Tale of the Wind Fata Morgana França/Holanda, 1988, 80 min Alemanha Ocidental, 1971, 79 min Pelo seu tom grandiloquente, Fata Morgana pode ser comparado a um poema épico. Filmado no Deserto do Saara, suas imagens de beleza plástica exuberante e narrativa onírica cadenciadas em ritmo alucinatório evocam a ideia do deserto como sendo um local assombrado por miragens e habitado por civilizações perdidas no tempo. DIREÇÃO DIRECTOR Werner Herzog PRODUÇÃO PRODUCER Joschi Arpa ROTEIRO WRITER Werner Herzog FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Jörg Schmidt-Reitwein Elenco cast Because of its grandiloquent tone, Fata Morgana sounds like an epic poem. Shot in the Sahara Desert, its lush plastic images and dreamlike narrative cadenced in a hallucinatory rhythm evoke the idea of the desert as a site haunted by mirages and inhabited by lost in time civilizations. Lotte Eisner, Eugen des Montagnes, James William Gledhill e Wolfgang von Ungern-Sternberg DIREÇÃO DIRECTOR História do Vento é a viagem de Joris Ivens através de sua Joris Ivens e própria história, desde o primeiro filme sobre o vento, Marceline Loridan Ivens Ao Mistral (1965), até este seu último trabalho. De sua PRODUÇÃO PRODUCER terra natal, na Holanda, ao misticismo do oriente chinês, Marceline Loridan, num percurso simbólico que compreende 90 anos – a Jacques Zajdermann, Meyer Berreby idade do diretor. O filme flui entre a fantasia e a realidaROTEIRO WRITER de, se movendo entre as imagens que o cineasta fez, viu Joris Ivens e ou sonhou. Marceline Loridan Ivens FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER A Tale of the Wind is a Joris Ivens’ journey through Thierry Arbogast his own history, from his first film on the wind Pour Le e Jacques Loiseleux Mistral (1965) to this last work. From his homeland in EDIÇÃO EDITOR the Netherlands to the mysticism of the east China, in Genevieve Louveau a symbolic journey that takes 90 years – the age of the Elenco cast filmmaker. The film flows between fantasy and reality Henxiang Han, Joris Ivens, moving between the images the filmmaker has made, seen Giulian Liu, Hongyu Liu, Zhuang Liu, Marceline Loridan Ivens, or dreamt about. Hong Wang panorama histórico historical panorama 139 Uma Lição Para Não Esquecer O Tempo Parou Time Stood Still Sometimes a Great Notion Itália, 1959, 83 min A história deste filme se passa nas montanhas nevadas do norte da Itália, durante o inverno, onde um guarda veterano e um jovem estudante vigiam o local em que está sendo construída uma barragem. Forçados a viverem ambos num casebre construído para os trabalhadores do local, sem comunicação com mundo abaixo das montanhas e com pouco para fazer, a relação dos dois a princípio é taciturna. Quando uma tempestade de neve repentina corta o fornecimento de energia e ameaça demolir a frágil cabana de madeira, eles se descobrem unidos na luta pela sobrevivência. The story of this film takes place in the snowy mountains of northern Italy, where an old-timer guard and a young student keep watch over the construction site of a partially built dam during the winter. Forced to live in a tiny workers hovel and cut off from the world below with little to do, the ill-matched couple are at first taciturn. When a sudden snow storm cuts their power supply and threatens to demolish their rickety wooden hut, they find themselves thrown together in a fight for survival. EUA, 1970, 114 min A família Stamper, liderada pelo patriarca Henry Stamper, DIREÇÃO DIRECTOR DIREÇÃO DIRECTOR Ermanno Olmi Paul Newman se especializou em extrair madeira das florestas coníferas PRODUÇÃO PRODUCER Ugo Franchini ROTEIRO WRITER Ermanno Olmi FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Carlo Bellero EDIÇÃO EDITOR Carla Colombo Elenco cast Natale Rossi, Roberto Seveso e Paolo Guadrubbi PRODUÇÃO PRODUCER do Oregon. A região onde moram é dominada por uma John Foreman imensa paisagem verde e não são apenas eles que depen- dem dos recursos naturais do local. Os conflitos começam justamente quando o sindicato de madeireiros da cidade FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER determina que todas as empresas extrativistas entrem em Richard Moore greve. Frustrados e tomados pelo orgulho, os Stamper reEDIÇÃO EDITOR solvem continuar trabalhando para honrar o contrato que Bob Wyman haviam firmado com compradores de madeira. Tal atitude Elenco cast inicia uma onda de instabilidade na região. Paul Newman, Henry ROTEIRO WRITER John Gay Fonda, Lee Remick, Michael Sarrazin e The Stampers, led by the patriarch Henry Stamper, are Richard Jaeckel specialized in extracting wood from coniferous forests of Oregon. The district where they live is dominated by a vast green landscape and they are not the only ones to depend on the natural resources of the site. Conflicts begin precisely when the town loggers union requires all extractive companies to go on strike. Thwarted and taken by pride, the Stampers decide to carry on with the job in order to honor a contract. This attitude sets a wave of instability in the county. panorama histórico historical panorama 141 ComKids is a cultural initiative aimed at the encouragement, promotion and production of quality interactive audiovisual and digital material for children and youth in Brazil, Latin America and Portuguese-speaking countries. ComKids is a platform that gathers and produces content (Online and Offline publications), reflections (articles and resources) and activities (seminars, festivals, workshops and exhibitions) around the child audience universe and its relationship with art, culture and media. Through assumptions of social responsibility, culture, quality and innovation, ComKids believes in childhood as a cultural and social status to be respected and enhanced by adequate stimulation. Those who, in turn, through art and culture, allow the creation of a children´s repertoire that will leverage its authentic development O ComKids é uma iniciativa cultural voltada para o incentivo, promoção e of meanings, of their identity, of their relationships and their lives. produção de conteúdos audiovisuais With the support of an ecological interativos e digitais de qualidade understanding of life, ComKids para o público infantojuvenil no believes that in every age, there is Brasil, na América Latina e nos países latent potential to be developed de língua portuguesa. O ComKids and tested, and as we know, é uma plataforma que reúne e prochildhood is a time especially rich and intense that deserves duz conteúdos (publicações online e full attention to their emotional offline), reflexões (artigos e pesquieducation, social and cultural sas) e atividades (seminários, festieducation. Every subject matters vais, workshops e mostras) em torno are important for children and deserves to be treated, aesthetically do universo infantil e sua relação com arte, cultura e mídia. and ethically, measured up to them. From an objective and philosophical perspective, Por meio de pressupostos de responsabiComKids believes that the lidade social, cultura, qualidade e inovação, o environment is one of those topics ComKids acredita na infância como um status that merit special attention. cultural e social a ser respeitado e potencializado mostra escola school show por meio de estímulos de qualidade. Estes que, por sua vez, através da arte e da cultura, possibilitam a criação de um repertório infantil que irá alavancar a sua elaboração autêntica de significados, da sua identidade, das suas relações e da sua vida. Com o apoio de uma compreensão ecológica da vida, o ComKids acredita que, em cada idade, há potenciais latentes a serem desenvolvidos e experimentados e, como sabemos, a infância é um momento especialmente rico e intenso que merece toda a atenção para sua educação emocional, social e cultural. Todos os temas são importantes para as crianças e merecem ser tratados à altura delas, esteticamente e eticamente. A partir de um olhar objetivo e filosófico, o ComKids acredita que o meio ambiente é um destes temas que merecem atenção especial. ComKidsGreen and Ecofalante ComKids Green e a Ecofalante The partnership between ComKids and Ecofalante was born from the identification of a common goal: education for sustainable development by audiovisual path. Through the label ComKidsGreen, we began to research quality content for children that stimulate and delight child look for various dimensions of the environment. After seminars, researches and debates on the subject, we selected the material and developed the ComKids Green Show for children, which can be enjoyed at this event. Fun and quality in special sessions! A parceria do Comkids com a Ecofalante nasceu a partir da identificação de um objetivo comum: a educação para o desenvolvimento sustentável pelo caminho do audiovisual. Através do selo ComKids Green, começamos a pesquisar conteúdos infantis de qualidade que estimulem e encantem o olhar infantil para diversas dimensões do meio ambiente. Após seminários, pesquisas e debates sobre o assunto, selecionamos o material e montamos a Mostra ComKids Green para crianças, que poderá ser apreciada neste evento. Diversão e Team ComKids www.comkids.com.br qualidade em sessões especiais! Equipe ComKids educativo www.comkids.com.br mostra escola school show 143 A Torneira Perfeita O Velho Aquecedor The Perfect Faucet The Old Heater Uruguai, 2008, 07 min Uruguai, 2011, 09 min Em uma casa normal, ocorre um aconteci- Direção DIRECTOR mento mágico: os utensílios de banho se co- Tunda Prada municam com o menino Mateo e pedem sua Produção PRODUCER ajuda para que o velho aquecedor de água Lamano Estudio não morra de tristeza. Ao longo da história, Roteiro WRITER Mateo descobre a verdadeira importância da Tunda Prada água na vida de todos. Diretor de Animação ANIMATION DIRECTOR Sebastián Prada In a normal house, there is a magical event: the bathroom utensils communicate with Mateo, asking for his help so that the old water heater won’t die of sadness. Throughout the history, Mateo discovers the true importance of water in everyone’s life. Direção DIRECTOR Humberto está obcecado por inventar apa- Walter Tournier ratos que economizem água. Os resultados Produção PRODUCER que obtém são sempre pouco práticos e Mario Jacob muitas vezes perigosos. Tomás é um menino Roteiro WRITER de dez anos que vive no mesmo bairro de Walter Tournier Humberto e é atraído pelas surpreendentes Edição EDITIOR Leonardo Salas atividades do inventor. Humberto is obsessed with inventing devices that save water. The results he gets are always impractical and often dangerous. Thomas is a ten-year-old boy who lives in Humberto’s neighborhood and is attracted by the amazing activities of the inventor. mostra escola school show 145 Sonhando Passarinhos Um Dia de Sol A Sunny Day Alemanha, 2008, 4 min Dreaming Birds Brasil, 2011, 12 min Direção Direção Era uma vez uma menininha que olhava Bruna Carolli para o céu e nele enxergava a felicidade. Produção Uma felicidade feita de sonhos, passari- Pavirada Filmes nhos e pregadores de roupa. Roteiro Bruna Carolli There was once a little girl who looked to Fotografia the sky and saw it happiness. A happiness Jane Malaquias made of dreams, birds and clothespins. Edição O sol nasce toda manhã, mas desta vez ele Gil Alkabetz descobre que não é tão bem-vindo quanto Produção ARD / Sudwestrundfunk Baden Baden pensava que fosse. The sun rises every morning, but this time it discovers that it is not so welcome as it thought Gil Alkabetz it would be. Roteiro Edição Gil Alkabetz Alex Vidigal mostra escola school show 147 Reserva Cultural 23.maio quinta 27.maio segunda 21h00 ABERTURA Mais Que Mel (95 min) 15h00 Pequim Sitiada pelo Lixo (72 min) 24.maio sexta 17h00 Patagônia se Levanta (87 min) 19h00 Petróleo: 15h00 Desterro (14 min) No Fundo Nem seguido de debate com o realizador 21h00 Sushi: A Caçada Global (84 min) O Grande Vício (90 min) Tudo é Memória (75 min) 17h00 Viver/Construir (117 min) 19h00 A Morte de Alos (31 min) Inori (72 min) 21h00 Chá ou Eletricidade (93 min) 25.maio sábado 15h00 A Última Montanha (95 min) 17h00 A Fé nos Orgânicos (82 min) seguido de debate com o realizador 19h00 Uma Guerra Verde (110 min) 21h00 Neve Silenciosa: O Veneno Invisível (71 min) 26.maio domingo 15h00 Rios Perdidos (72 min) seguido de debate com o realizador 17h00 Eco-Pirata: A História de Paul Watson (110 min) 28.maio terça 15h00 O Preço da Democracia (57 min) 17h00 O Sabor do Desperdício (88 min) 19h00 Serra do Mar (15 min) A Cidade é Uma Só (73 min) 21h00 Trashed – Para Onde Vai o Nosso Lixo? (97 min) 29.maio quarta 15h00 Aterro (72 min) 17h00 O Escuro da Cidade (83 min) 19h00 Amargas Sementes (88 min) seguido de debate com o realizador 21h00 Areia (16 min) com presença do realizador Detropia (90 min) 30.maio quinta 19h00 Sobreviver ao Progresso (86 min) programação programming 21h00 Solo (11 min) A História de Leonid (19 min) Radioativo (71 min) 15h00 Cohab (9 min) Perus: Uma História Feita de Ferro, Cimento e Amor (26 min) O Som do Limão (26 min) Aluga-se (15 min) 17h00 Louceiras (54 min) Desterro Guarani (38 min) 19h00 Enchente Não Arranca Raiz (59 min) 20h00 Rio Colorado: O Direito à Água (56 min) 21h00 Quem Controla a Água? (82 min) 149 Cine Livraria Cultura Cinemateca Brasileira Todos os filmes em 35mm, exceto quando indicado 24.maio sexta 28.maio terça 16h00 A Vingança do 17h45 Brasil Orgânico (58 min) 19h00 A Fé nos Orgânicos (82 min) com presença do realizador 20h30 Debate Economia 16h00 Pescando Sem Redes (17 min) Roubando dos Pobres (55 min) 17h30 A Corrida do Carbono (85 min) 19h00 Amargas Sementes (88 min) com presença do realizador 20h30 Debate Globalização 25.maio sábado 29.maio quarta 16h30 Uma Lição Para 16h00 Pequim Sitiada 16h00 O Grande Processo 19h00 Fata Morgana (79 min) Digibeta 20h30 Dersu Uzala (144 min) Carro Elétrico (90 min) 24.maio sexta 19h00 A Longa Caminhada (100 min) DCP 21h00 Uma Lição Para Não Esquecer (114 min) 25.maio sábado Não Esquecer (114 min) pelo Lixo (72 min) do Amianto (83 min) 17h30 Rios Perdidos (72 min) com presença do realizador 19h00 Debate Cidades 21h00 Jardim Suspenso (8 min) Deus Salve o Verde (75 min) 17h30 Submissão (87 min) 19h00 Petróleo: 26.maio domingo 30.maio quinta 17h00 O Tempo Parou (83 min) 19h00 A Grande Aventura (94 min) 21h00 Ao Mistral (30 min) História do Vento (80 min) 16h00 Rios de Homens (76 min) 17h30 Patagônia se Levanta (87 min) 19h00 Debate Água 21h00 A Crise Global da Água (105 min) 16h00 Resistência ao 28.maio terça 27.maio segunda 16h00 Remissões do Rio Negro (90 min) 17h30 O Povo da Pluma (90 min) 19h00 Louceiras (54 min) Desterro Guarani (38 min) com presença do realizador 20h30 Debate Povos e Lugares 26.maio domingo O Grande Vício (90 min) com presença do realizador 20h30 Debate Contaminação Crescimento (85 min) 17h30 O Gasoduto (83 min) 19h00 Rebeldes Com Causa (72 min) 20h30 Debate Mobilização 18h00 Dersu Uzala (144 min) 21h00 Homenagem Aloysio Raulino seguida de debate Lacrimosa (12 min) O Tigre e a Gazela (11 min) O Porto de Santos (18 min) 29.maio quarta 19h00 Ao Mistral (30 min) História do Vento (80 min) 21h00 O Tempo Parou (83 min) 30.maio quinta 17h30 Fata Morgana (79 min) Digibeta 19h00 A Grande Aventura (94 min) 21h00 A Longa Caminhada (100 min) DCP mostra escola 29 . maio Sessões às 9h30 e 14h30 O Velho Aquecedor (9 min) A Torneira Perfeita (7 min) Sonhando Passarinhos (12 min) Um dia de sol (4 min) 151 Centro Cultural São Paulo Cinusp Maria Antônia 24.maio sexta 28.maio terça 24.maio sexta 27.maio segunda 17h00 A Crise Global da Água (105 min) 20h00 O Gasoduto (83 min) 17h00 Neve Silenciosa: 17h00 Quem Controla a Água? (82 min) 19h00 Resistência ao 15h00 Jardim Suspenso (8 min) Deus Salve o Verde (75 min) 17h00 Solo (11 min) A História de Leonid (19 min) Radioativo (71 min) 19h00 Desterro (14 min) No Fundo Nem 25.maio sábado O Veneno Invisível (71 min) 20h00 A Última Montanha (95 min) 29.maio quarta 25.maio sábado 17h00 Sushi: A Caçada Global (84 min) 20h00 Pescando Sem Redes (17 min) Roubando dos Pobres (55 min) 15h30 Rio Colorado: 30.maio quinta 17h00 Cohab (9 min) Perus: Uma História Feita de 28.maio terça Ferro, Cimento e Amor (26 min) O Som do Limão (26 min) Aluga-se (15 min) 19h00 O Povo da Pluma (90 min) 14h00 Uma Guerra Verde (110 min) 16h00 A Morte de Alos (31 min) Inori (72 min) 26.maio domingo 29.maio quarta 15h00 O Escuro da Cidade (83 min) 17h00 Chá ou Eletricidade (93 min) 18h30 Viver/Construir (117 min) 15h00 Homenagem Aloysio Raulino Lacrimosa (12 min) O Tigre e a Gazela (11 min) O Porto de Santos (18 min) 16h00 Remissões do Rio Negro (90 min) 16h00 Trashed – Para Onde Vai o Nosso Lixo? (97 min) 18h00 Serra do Mar (15 min) A Cidade é Uma Só (73 min) 20h00 A Corrida do Carbono (85 min) 26.maio domingo 17h00 Eco-Pirata: A História 16h00 Enchente Não Arranca Raiz (59 min) 18h00 O Grande Processo do Amianto (83 min) 20h00 A Vingança do Carro Elétrico (90 min) de Paul Watson (110 min) 20h00 Areia (16 min) com presença do realizador Detropia (90 min) Cine Olido 24.maio sexta 26.maio domingo 15h00 Sobreviver ao 15h00 O Sabor do Desperdício (88 min) 17h00 Brasil Orgânico (58 min) Progresso (86 min) 17h00 Rebeldes Com Causa (72 min) 19h00 Submissão (87 min) Crescimento (85 min) O Direito à Água (56 min) Tudo é Memória (75 min) 25.maio sábado 15h00 Rios de Homens (76 min) 17h00 Aterro (72 min) 19h00 O Preço da Democracia (57 min) 153 Centro Cultural São Paulo 31.maio sexta 17h00 Remissões do Rio Negro (90 min) 20h00 Rios de Homens (76 min) 01.junho sábado 16h00 Desterro (14 min) No Fundo Nem 07.junho sexta CineSesc 17h00 Chá ou Eletricidade (93 min) 20h00 O Sabor do Desperdício (88 min) 08.junho sábado 08.junho sábado 21h00 Planeta Z (9 min) O Último Recife 3D (42 min) 16h00 Amargas Sementes (88 min) 18h00 Viver/Construir (117 min) 20h00 Areia (16 min) Detropia (90 min) 09.junho domingo Tudo é Memória (75 min) 18h00 Resistência ao Crescimento (85 min) 20h00 Rebeldes Com Causa (72 min) 02.junho domingo 16h00 18h00 20h00 programação programming virada sustentável A Morte de Alos (31 min) Inori (72 min) O Povo da Pluma (90 min) Louceiras (54 min) Desterro Guarani (38 min) 16h00 A Fé nos Orgânicos (82 min) 18h00 Petróleo: O Grande Vício (90 min) 20h00 O Gasoduto (83 min) Praça Victor Civita 06.junho quinta Biblioteca São Paulo 08.junho sábado 15h00 A Vingança do Carro Elétrico (90 min) 09.junho domingo 15h00 Trashed – Para Onde Vai o Nosso Lixo? (97 min) Memorial da América Latina 04.junho terça 20h00 Deus Salve o Verde (75 min) 17h00 Uma Guerra Verde (110 min) 20h00 Aterro (72 min) 07.junho sexta 08.junho sábado 20h00 Rios Perdidos (72 min) 15h00 A Cidade é Uma Só (73 min) Cinemateca Brasileira 09.junho domingo 05.junho quarta 17h00 Quem Controla a Água? (82 min) 20h00 Submissão (87 min) 06.junho quinta 17h00 Rio Colorado: O Direito à Água (56 min) 20h00 O Preço da Democracia (57 min) 4, 5, 6 e 7 . junho Sessões às 9h30 e 14h30 15h00 Cohab (9 min) Perus: Uma História Feita de Ferro, Cimento e Amor (26 min) O Som do Limão (26 min) Aluga-se (15 min) O Velho Aquecedor (9 min) A Torneira Perfeita (7 min) Sonhando Passarinhos (12 min) Um dia de sol (4 min) 155 debatedores debaters ÁGUA Pedro Jacobi Ladislau Dowbor Formado em economia política pela Universidade de Lausanne, Suíça. Doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, Polônia (1976). Atualmente é professor titular no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, nas áreas de economia e administração. Continua com o trabalho de consultoria para diversas agências das Nações Unidas, governos e municípios, além de várias organizações do sistema “S” (Sebrae e outros). Atua como Conselheiro no Instituto Polis, CENPEC, IDEC, Instituto Paulo Freire e outras instituições. CIDADES Sociólogo, Mestre em Planejamento Urbano, Doutor em Sociologia e Livre Do- Ann-Marie Mitroff cente em Educação. Professor Titular da Ativista retratada pelo documentário Faculdade de Educação e do Programa Rios Perdidos, é diretora do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambien- de Rios da ONG ambiental norte-ametal da Universidade de São Paulo (PRO- ricana Groundwork Hudson Valley. Ela CAM-USP), do qual foi coordenador coordena a Coalização pelo Rio Saw Mill, entre 2010 e 2012. Coordenador do La- organizando a limpeza voluntária de boratório de Governança Ambiental da rios e o planejamento e implementação USP- GovAmb USP. Editor da revista de esforços na restauração de rios. ConAmbiente e Sociedade. duz ainda estudos de utilização da terra e áreas úmidas com faculdades e escoRenato Tagnin las de ensino médio, criando parcerias Arquiteto, com mestrado em Engenha- e trabalhando com municípios na proria Civil e Urbana pela Escola Politécnica teção de rios. Trabalhou a maior parte de da Universidade de São Paulo. Atual- sua carreira em projetos de conservação mente é doutorando em Arquitetura e de água e energia para governos muniUrbanismo junto à Faculdade de Arqu- cipais, serviços públicos e privados, preitetura e Urbanismo da Universidade de stando consultoria para todas as esferas São Paulo. É professor do Centro Uni- do poder público. versitário Senac e coordenador de módulo do Curso de Especialização em Gestão Alexandre Delijaicov e Controle Ambiental em Serviços de Arquiteto e urbanista formado pela FaSaúde, da Universidade Federal de São culdade de Belas Artes de São Paulo com Paulo. É membro de comissão técni- mestrado e doutorado pela Faculdade de co-científica do Movimento em Defesa Arquitetura e Urbanismo da USP. Foi um da Vida do ABC. dos responsáveis pela criação dos CEUs, os Centros Educacionais Unificados de São Paulo, e atualmente está empanhado em resolver questões relacionadas com a mobilidade urbana, em especial na construção de um anel hidroviário de 600 quilômetros de extensão, que serviria tanto para transporte de cargas, como também para o transporte de passageiros. José Bueno Arquiteto e Urbanista graduado pela FAUUSP. Desde 1994 dirige o Dojo Harmonia que oferece experiências de desenvolvimento humano por meio da arte Aikido. Coordena o projeto Tintim de educação não-formal entre gerações e é cocriador da iniciativa Rios e Ruas. Trabalhou como facilitador por dez anos na Amana-Key nos programas de educação para executivos. É diretor do Instituto Harmonia. Stela Goldenstein Geógrafa, atuou fundamentalmente na área pública, em políticas setoriais e no planejamento estratégico de governo. Desenvolveu projetos e programas para gestão de recursos hídricos, desenvolvimento regional, planejamento urbano, saneamento, habitação e planejamento ambiental. Foi Secretária Municipal e Estadual do Meio Ambiente. É diretora executiva da Associação Águas Claras do Rio Pinheiros. Luiz de Campos Jr Associado-fundador do Instituto Futuro Educação e netweaver da Rede Românticos Conspiradores pela Educação Democrática, além de cocriador da iniciativa Rios e Ruas. Tem formação nas áreas das Ciências da Terra, Educação e Comunicação. Trabalha profissionalmente com a temática dos “rios invisíveis” de São Paulo desde 1995, realizando pesquisas, coordenando cursos, oficinas e colaborando na produção de materiais paradidáticos e audiovisuais. CONTAMINAÇÃO Josh Tickell Diretor do filme Petróleo: O Grande Vício, nasceu na Austrália e foi criado nos Estados Unidos. Estudou Sustentabilidade na New College of South Florida e fez pós-graduação em Cinema pela Universidade do Estado da Flórida. É autor de dois livros sobre energia renovável. Em 2006, deu início ao projeto Veggie Van, para promover o uso do biodiesel. A jornada deu origem a seu filme de estreia, Fuel, vencedor do prêmio do júri popular no Festival de Sundance 2008. Paulo Saldiva É cientista e pesquisa os impactos da poluição urbana na saúde dos cidadãos. É chefe do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do Instituto Nacional de Análise Integrada de Risco Ambiental do CNPq. Suas pesquisas revelam que o paulistano respira 4 vezes o nível de poluição aceito pela OMS, causando alterações não somente no trato respiratório e cardiovascular, mas na fertilidade, desenvolvimento fetal, e desenvolvimento de neoplasias. Nelson Gouveia Graduado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, tem Mestrado em Epidemiologia em 1993 e Doutorado em Saúde Pública em 1998, ambos pela London School of Hygiene and Tropical Medicine - University of London. Atualmente é Professor Associado do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. É coordenador do Grupo Temático de Saúde e Ambiente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), e tem atuado em diversos comitês técnico-assessores do Ministério da Saúde. Tem experiência na área de Epidemiologia e Saúde Coletiva, com ênfase 157 em Saúde Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: poluição do ar, poluição eletromagnética, contaminação química, poluição das águas e sistemas de informação geográfica. ECONOMIA de Agricultura Biodinâmica e do Instituto Biodinâmico; co-criador do Curso Fundamental em Agricultura Biodinâmica da Associação ELO- desde 1991; Criador do Programa de Certificação do Instituto Biodinâmico; representante brasileiro na “Demeter International”. É diretor executivo do IBD Certificações. Kip Pastor Diretor de A Fé nos Orgânicos, graduou-se GLOBALIZAÇÃO pela Universidade da Pensilvânia, tendo trabalhado em um grande escritório de ad- Micha X Peled vocacia em Washington, DC; na Wildlife diretor de Amargas Sementes, é um doConservation Society em Vientiane, Laos; cumentarista nascido em Israel e radicomo consultor de comércio internacio- cado nos Estados Unidos, vencedor de nal na Cidade do México; e em Maryland, diversos prêmios internacionais e autor fazendo o trabalho de desenvolvimento e da Trilogia da Globalização: Store Wars: pós-produção de um programa do Histo- When Wal Mart Comes to Town, China ry Channel. Kip obteve seu mestrado em Blue e Bitter Seeds. Belas Artes pelo American Film Institute e, em seguida, tornou-se Gerente de Progra- Washington Novaes ma de Meaningful Media, em Los Angeles. Jornalista que trata com destaque os tePosteriormente, fundou a produtora Pas- mas de meio ambiente e povos indígeture Pictures, onde tornou-se um premia- nas. Atualmente, é colunista dos jornais do diretor e produtor. O Estado de São Paulo e O Popular, consultor de jornalismo da TV Cultura, doMaria Inês Dolci cumentarista e produtor independente É coordenadora institucional da Pro Tes- de televisão. te (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) e colunista da Folha. Es- Silvio Caccia Bava creve sobre direitos do consumidor a É sociólogo, diretor e editor-chefe do jorcada duas semanas no caderno “Merca- nal Le Monde Diplomatique Brasil. Codo”. Atua há mais de 20 anos na área de ordena a rede global Logolink – Learning defesa do consumidor, com passsagens Initiative on citizen participation and lopelo setor público e privado de defesa do cal governance. É também presidente do consumidor. É autora e coautora de vá- Conselho Diretor da Action Aid Brasil. rias publicações na área. Acompanhou Foi coordenador geral do instituto Póa implantação do Código de Defesa do lis, presidente da Associação Brasileira Consumidor, em 1990. de ONGs - ABONG por dois mandatos e presidente da Associação LatinoameAlexandre Harkaly ricana de Organizações de Promoção É engenheiro agrônomo formado pela do Desenvolvimento - ALOP. Foi tamEscola Superior de Agricultura Luiz de bém membro do Conselho Nacional de Queiroz (ESALQ) com especialização Segurança Alimentar e Nutricional; diem Agricultura Orgânica e Biodinâmica. retor da Associação Nacional de TransFoi co-fundador da Associação Brasileira portes Públicos – ANTP; vice-presidente do Conselho Estadual de defesa dos dire- Marcos Ferreira Santos itos humanos - CONDEPE, diretor para Folclorista, arte-educador e pedagogo. América Latina do Habitat International Doutor pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e pós-doutoCoalition - HIC. ramento em Hermenêutica Simbólica pela Universidad de Deusto. Atualmente é professor livre-docente de Mitologia MOBILIZAÇÃO na FE-USP. Membro do Conselho Consultivo da Aliança pela Infância no BraA Bicicletada É um movimento sem líderes inspira- sil. Tem atuação em pesquisa, ensino da na Massa Crítica, ou Critical Mass, e extensão na área de Antropologia da uma “coincidência organizada” que co- Educação. meçou a tomar as ruas de São Francisco nos EUA, no início dos anos 90. A Bi- Beto Ricardo cicletada Paulistana acontece sempre na Antropólogo, pesquisador e editor de puúltima sexta feira do mês há mais de 6 blicações, ativista com longa experiência anos, e em mais de 400 cidades do mun- no mundo das ONGs no Brasil. Um dos fundadores do CEDI, onde foi secretário do, simultaneamente. geral adjunto por onze anos. Formado em Ciências Sociais pela USP, onde tamHortelões Urbanos bém cursou o mestrado. Ex-professor do O grupo foi criado em junho de 2011 peColégio Santa Cruz e da UNICAMP. Idelas jornalistas Cláudia Visoni e Tatiana alizador e coordenador do projeto PoAchcar e tem como objetivo servir de vos Indígenas no Brasil/CEDI, membro rede de apoio para quem quer cultivar da Coordenação Nacional da campanha alimentos e inspirar comunidades para pelos direitos indígenas na Constituo plantio coletivo e voluntário de plantas inte. Recebeu o Prêmio Ambientalista comestíveis. Hoje possui mais de 3 mil Goldman/92 (EUA). Sócio fundador da participantes. CCPY, do NDI, do ISA e de Vídeo nas Aldeias. É coordenador do Programa Rio POVOS E LUGARES Negro e de maio de 2005 a abril de 2008, também foi secretário executivo do ISA. Patrícia Ferreira Diretora de Desterro Guarani, é nascida em 1985 na aldeia Tamanduá em Missiones na Argentina, morou na aldeia Kunhã Piru com 10 anos, com 13 foi para o Salto do Jacui, onde ficou dois anos. Foi para o acampamento na fonte missioneira em São Miguel das Missões, onde ficou um ano, voltou para Kunhã Piru, onde ficou dois anos, e com 17 anos mudou-se para a aldeia Koenju, em São Miguel das Missões/RS, onde é professora. Começou seus estudos em Tamanduá e se formou em magistério em 2010. Hoje é a cineasta mulher mais atuante nos quadros do Vídeo nas Aldeias. 159 2a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental . 2nd Ecofalante Environmental Film Festival patrocínio . sponsorship Instituto Votorantim Mondelez White Martins apoio . support AES Eletropaulo Cinemateca Brasileira Instituto Akatu Rede Nossa São Paulo Livraria Cultura Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo Centro Universitário Maria Antônia Cinusp Centro Cultural São Paulo Galeria Olido Departamento de Expansão Cultural da Prefeitura Municipal de São Paulo Prefeitura de São Paulo Projeto realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Programa de Ação Cultural 2012 realização . realization ecofalante curadoria . artist director Francisco César Filho comissão de seleção selection committee Alex Andrade Aloysio Raulino Beth Sá Freire Cândida Guariba Chico Guariba Cláudio Yosida Liciane Mamede Pedro Roberto Jacobi Saulo França Rosa seleção mostra escola school show selection ComKids educativo Cine-Educação direção geral . director Chico Guariba vinheta . vignette Estúdio Teremim produção executiva executive producer Daniela Guariba tradução e legendagem eletrônica dos filmes translation and electronic subtitling of films 4estações Video Trade coordenação de produção production coordinator Leonardo Mecchi pesquisa de filmes film’s research Cândida Cappello Guariba pesquisa histórica historical research Liciane Mamede produção . production Alex Andrade (nacional/local) Cândida Cappello Guariba (internacional/international) Liciane Mamede (panorama histórico/historical panorama) assistentes de produção production assistant Amanda Miranda Saulo França Rosa receptivo . receptive Erika Fromm monitoria . monitoring Fabiana Amorim assessoria de imprensa press office Regina Cintra e Luciana Rocha / Foco Jornalístico still Rodrigo Paiva concepção visual, projeto gráfico e site graphic design and website amatraca desenho gráfico revisão de textos . proofreading Rachel Ades tradução de textos . translation Luciana Quadros Canassa Rosane Martinez tradução simultânea dos debates simultaneous translation of debates Tela Mágica Produções ARK Intérpretes agradecimentos . thanks Ana Lígia Torres, Ana Neca, Ana Wilheim, Andre Palhano, Andrew Youdell, Benjamim Sergio Gonçalves, Berenice Raulino, Beth Carmona, Beth Raulino, Bianca Alves Costa, Bruno Amaro, Caio Magri, Camila Souza, Carlos Alberto Mattos, Carlos Magalhães, Carmen Accaputo, Carolina Freitas da Cunha, Caroline Chichorro, Célio Francesche, Danial Brännström, Daniel Caetano, Débora Ribeiro, Deborah Osborn , Denise Romeiro, Eder Mazini, Elena Orel, Eliana Batista da Silva, Elisabeth Barboza, Elizabeth Raulino Câmara, Eric Liknaitzky, Fabio Carvalho Barbosa, Fatima Stangueti, Fernando Monteiro, Filme Cultura, Funarte, Genesio Manoel, George Watson, Gustavo Racca, Gustavo Raulino, Guy Borlée, Hélio Mattar, Hermano Penna, Jean Thomas Bernardini, Joana Nogueira de Lima, Johan Ericsson, John Mandelbaum, Juca Ferreira, Juçara Carbonaro, Julio Cesar Doria Alves, Laure Bacqué, Leticia Santinon, Lucki Stipetic, Luís Alberto Rocha Melo, Luiza Guariba, Luke Brawley, Lurdinha Patrício, Magda Santos, Maia Fortes, Maiara Paiva, Manuela Mazzone Lopez, Marcela Souza, Marceline Loridan Ivens, Marcelo Bressanin, Marcos Martins, Maria do Rosário Ramalho, Maria Regina Lima, Marina Couto, Marleen Labijt, Mauricio Broinizi, Olga Futema, Olívia Patto, Otavio Savietto Raulino, Patricia de Filippi, Paula Piccin, Pedro Herz, Peter Langs, Priscila Ynoue, Regina Salete Gambini, Rodrigo Mathias, Sébastien Tiveyrat, Sergey Simagin, Sérgio Moriconi, Sérgio Tiezzi, Simone Yunes, Teresa Sanches, Thiago André, Ulysses Telles Guariba, Vanessa Fort, Vanessa Menegaldo, Vincent Carelli, Vivian Malusá apresentação patrocínio realização apoio cinemateca brasileira CULTURA Projeto realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Programa de Ação Cultural 2012