boletim 17
Transcrição
Há vinte anos, no dia 20 de Janeiro de 1986, era feita a escritura de constituição do INEGI, que resulta da visão e da dinâmica do então DEMec – Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. No início, o INEGI, que não possuía quadros próprios, tinha uma estrutura coincidente com a do DEMec e ocupava um pequeno gabinete no edifício Parcauto, da Rua dos Bragas. Ao longo destes 20 anos, transformou-se numa importante infra-estrutura tecnológica, com um quadro de pessoal constituído por cerca de 160 Colaboradores (dos quais 100 pertencem aos seus quadros, entre contratados e bolseiros de investigação), com um volume de negócios anual que ultrapassa os 3,7 milhões de euros e mais de 300 Clientes/ano. Uma infra-estrutura tecnológica que, ao longo destes 20 anos, ultrapassou, com maiores ou menores dificuldades, as sucessivas crises da indústria nacional, aproveitou as oportunidades que se abriram com as políticas de incentivo às actividades de ID&I, consolidou a base dos seus Clientes e soube adaptar-se e mesmo prever as novas tendências do mercado tecnológico e das necessidades das empresas. O êxito deste percurso deve-se ao esforço e dedicação de todos aqueles que, de uma ou outra forma, trabalharam e trabalham no Instituto. É, assim, um percurso que nos enche de orgulho, razão pela qual a Direcção decidiu implementar um programa comemorativo do 20º Aniversário, que se vai prolongar até Janeiro de 2007, e que integrará um conjunto significativo de iniciativas. Umas procuram assinalar os principais marcos da História do INEGI, outras procuram envolver todos os Colaboradores nesta data festiva. Outras ainda visam reflectir, com os nossos Associados, Clientes e com o Estado, sobre os novos desafios que se nos colocam. De entre esses desafios, o início da construção do novo edifício do INEGI (que ocorrerá no segundo trimestre deste ano do 20º aniversário) será aquele que, nos próximos dois anos, mais mobilizará o esforço de todos aqueles que colaboram com o Instituto. Com a certeza de que, se nos orgulhamos hoje dos 20 anos da História do INEGI, temos que, olhando para o futuro, criar as condições para que mais duas décadas se repitam com redobrado êxito. Professor Augusto Barata da Rocha Presidente da Direcção INEGI comemora 20 anos de existência Desde 1986 que o Instituto vem sendo um agente activo na inovação e transferência de tecnologia para a indústria, através de projectos nacionais, europeus e internacionais, fortalecendo a sua missão e o seu papel enquanto instituição de utilidade pública. Projecto europeu CASAM Instituto vai participar no desenvolvimento de um sistema óptico de detecção e despistagem de ataques terroristas com mísseis portáteis a aeronaves comerciais. Entrevista com o Professor P. Camanho Em entrevista ao INEGInotícias, o Professor Pedro Camanho dá a conhecer o trabalho que tem vindo a desenvolver enquanto investigador do INEGI. FEUP e INEGI desenvolvem veleiro de competição e cruzeiro INEGI comemora 20 anos de existência Desde 1986 que o Instituto vem sendo um agente activo na inovação e transferência de tecnologia para a indústria, através de projectos nacionais, europeus e internacionais, fortalecendo a sua missão e o seu papel enquanto instituição de utilidade pública. Criado em Janeiro de 1986 no seio do Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (DEMEGI/FEUP), com a Universidade do Porto (UP), Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial (APGEI), e Associação dos Antigos Alunos do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Porto (ADEMEC) como sócios fundadores, o INEGI desde logo se assumiu como um instituto de investigação com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento da indústria nacional através de investigação e desenvolvimento, demonstração, transferência de tecnologia nas áreas de concepção e projecto, materiais, produção, energia, manutenção, gestão, ambiente. Ao longo dos últimos 20 anos o INEGI tem vindo a crescer de forma consistente, intervindo em praticamente todos os domínios da Engenharia Mecânica e Gestão Industrial e desenvolvendo mais de mil e duzentos projectos para empresas públicas e privadas e organismos estatais, segundo modalidades de contratação diversas e conforme a natureza dos projectos e das organizações envolvidas. Paralelamente, o INEGI procurou sempre manter uma cooperação com outras infraestruturas tecnológicas, nacionais e estrangeiras, em actividades de I&D e de transferência de tecnologia. Esta forma de estar no meio científico e industrial resultaria, em Julho de 1990, na atribuição ao INEGI do estatuto de Instituição de Utilidade Pública, tendo sido, também, reconhecido como Instituição Relevante para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico do País. A dimensão do INEGI Actualmente, como forma de assegurar o cumprimento da sua missão, o INEGI possui um quadro de pessoal contratado, pago por verbas próprias, constituído por cerca de 70 profissionais de várias áreas, como a engenharia, gestão, comunicação e imagem, entre outras. Acrescentam-se a estes números mais de 50 bolseiros de investigação e um número de colaboradores universitários que ultrapassa a centena. Recursos humanos que dão um enorme contributo para a constante evolução tecnológica e científica do INEGI, com reflexos claros na sua actividade e traduzindo-se em colaborações com mais de 300 empresas. Aliás, o INEGI não se limita a desenvolver projectos de I&D e a transferir tecnologia para a indústria. Ao longo dos anos tem apostado na aprestação de serviços em várias áreas, como as do ambiente ou energia, aumentando a sua capacidade de crescimento e atingindo valores em volume de negócios próximo dos 4 milhões de Euros. O novo edifício Como qualquer instituição também o INEGI necessita de instalações que lhe permitam crescer e desenvolver a sua actividade. Nesse sentido o INEGI vai mudar de instalações a médio prazo, passando a integrar o Campus da FEUP. As obras de construção do novo edifício do INEGI, em parceria com o Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC) da FEUP, têm início em 2006 e abrangem uma área total de 7609 m2. O novo edifício, apoiado no âmbito do Programa PRIME, Medida Formação 5.1, Acção B, com um incentivo de 3 milhões de Euros, a fundo perdido, trará enormes vantagens para a actividade do INEGI, pois permitirá criar condições de trabalho adequadas à realidade tecnológica do Instituto e, inevitavelmente, aumentará os níveis de motivação dos seus colaboradores. Por outro lado, a inclusão no Campus da FEUP aumentará a proximidade entre o INEGI e o DEMEGI, com reflexos na qualidade do ensino e fomentando uma maior aproximação entre docentes e alunos na actividades de Investigação, Inovação e Desenvolvimento. Facilitava também o envolvimento dos investigadores universitários em projectos de ID&I direccionados para a indústria. Projectos de sucesso Ao longo dos seus 20 anos o INEGI esteve envolvido em mais de mil projectos. No entanto, e como não se podem referir todos, destacaram-se alguns pelo seu impacto junto dos mercados e da opinião pública, não só pela inovação mas também pelo lado económico e social. O INEGI orgulha-se de ter colaborado e continuar a colaborar em vários projectos, nacionais e internacionais, que foram, são e virão a ser uma referência. O mais recente talvez seja o da nova garrafa de gás da Galp, a Pluma. Mas também a colaboração com a Vulcano no desenvolvimento dos seus esquentadores, a participação em projectos europeus e internacionais, como os com a ESA e a NASA, o PIBRAC e CASAM que reunem nomes como a SAGEM, AIRBUS e LUFTHANSA, o EREBIO com a Volkswagen e a Renault, entre muitos outros, são exemplos bem representativos das capacidades do INEGI e do seu reconhecimento, enquanto agente activo na inovação e transferência de tecnologia para a indústria. Vice-presidente da Comissão Permanente de Contrapartidas visitou INEGI A Drª Helena Loureiro, Vice-presidente da Comissão Permanente de Contrapartidas e adjunta do Ministro da Economia e da Inovação do XVII Governo Constitucional, visitou, no passado dia 28 de Novembro, as instalações do INEGI. A visita da Drª. Helena Loureiro dividiu-se em duas partes. Durante a manhã debateu-se o papel das instituições de I&D no âmbito das contrapartidas, que contou com a participação não só de representantes do INEGI, mas também do INESC Porto e do PIEP da Universidade do Minho, e discutiram-se assuntos relacionados com as competências/serviços do INEGI que possam ter especial interesse no âmbito da missão da Comissão de Contrapartidas, em particular formas de colaboração para o futuro que beneficiem ambas as partes e potenciem uma cooperação entre a comissão, empresas e institutos de interface. Aliás, a Drª. Helena Loureiro deixou bem claro que esse é um dos objectivos da Comissão, ou seja, “criar oportunidades de negócios. Todos os projectos estruturantes que possam beneficiar a economia portuguesa são do nosso interesse”, salientou. A terminar o Presidente da Direcção do INEGI, Professor Augusto Barata da Rocha, faria uma apresentação do INEGI e das áreas onde desenvolve actividade, salientando alguns projectos nos quais o Instituto está, actualmente, envolvido, casos das colaborações com a NASA, ESA, AIRBUS, ZOLLERN, Amtrol-Alfa, entre outros. Da parte da tarde visitaram-se as instalações do INEGI e entrou-se em contacto com alguns dos projectos mais relevantes do Instituto. Durante a visita pretenderam-se demonstrar as capacidades do INEGI em áreas que se enquadravam no âmbito da Comissão de Contrapartidas, destacando-se as de trabalho de metais em chapa, da prototipagem rápida, fabrico rápido de ferramentas e desenvolvimento de tecnologias de fundição, materiais compósitos ao nível do desenvolvimento de materiais, componentes e tecnologias, simulação estrutural e de processos, bem como no fabrico de protótipos e apoio tecnológico às empresas, desenvolvimento de técnicas de inspecção não destrutivas para aeronáutica e das capacidades do INEGI na área da energia, com ênfase nas energias renováveis. Nesse sentido foram importantes os contributos de alguns dos investigadores do INEGI, como os Professores Álvaro Rodrigues, Mário Vaz, Pedro Camanho, Joaquim Silva Gomes e António Torres Marques, e do Engenheiro Ricardo Paiva, que esclareceram todas as dúvidas da Drª. Helena Loureiro que, durante a visita, salientou a importância da existência de instituições como o INEGI e do seu papel enquanto agentes de inovação e transferência de tecnologia para a indústria e impulsionadores do seu desenvolvimento. INEGI participou na TPI e na MIDEST O Instituto participou, em Novembro de 2005, em dois importantes eventos, a nível nacional (TPI - 1ª Feira Internacional de Tecnologias e Produtos para a Indústria) e internacional (MIDEST). Durante a TPI o stand do INEGI foi visitado pelo Secretário de Estado do Ambiente. A participação do INEGI na TPI, que decorreu entre os dias 16 e 19 de Novembro de 2005, na Feira Internacional de Lisboa (FIL), e cujo objectivo foi criar o cenário ideal para um contacto com “as novidades do mercado no que se refere à oferta e à procura das melhores soluções para os diversos sectores da actividade industrial”, procurou dar a conhecer aos visitantes da feira as várias áreas de intervenção do Instituto, com particular destaque nas capacidades de desenvolver soluções para a indústria nacional. Nesse sentido o INEGI disponibilizou informações acerca da sua actividade bem como expôs casos práticos onde esteve envolvido, como o da primeira pilha de combustível a hidrogénio portuguesa, a HW 125, que está a ser comercializada pela SRE – Soluções Racionais de Energia, ou da PLUMA, a nova garrafa de gás da GALP, despertando a curiosidade do Secretário de Estado do Ambiente, Professor Humberto Delgado Rosa, que realizou uma visita ao stand do Instituto e, no final, felicitou o INEGI pelo trabalho que tem vindo a desenvolver. INEGI presente na MIDEST Integrado no espaço do ICEP dedicado à Inovação e Desenvolvimento em Portugal, o Instituto marcou presença em mais uma edição da MIDEST, considerado o maior evento industrial de subcontratação a nível europeu. No evento, que decorreu entre os dias 15 e 18 de Novembro de 2005, em Paris-Nord Villepinte, França, paralelamente com a EUROPLAST, uma feira europeia de plásticos, borracha e materiais compósitos, e a MAINTENANCE EXPO, uma exibição direccionada para as soluções de manutenção para a indústria, propriedade e sector dos serviços, o INEGI disponibilizou informação variada sobre os seus serviços e actividades de I&D. INEGI participa em projecto europeu CASAM Instituto vai participar no desenvolvimento de um sistema óptico de detecção e despistagem de ataques terroristas com mísseis portáteis a aeronaves comerciais. O Projecto CASAM – Civil Aircraft Security Against MANPADS que, além do INEGI, conta com a participação de empresas líderes do sector aeronáutico europeu, como a SAGEM, THALES, EADS e a Lufthansa, tem como objectivo desenvolver um sistema para a detecção e despistagem de ataques terroristas com mísseis portáteis (MANPADS) a aeronaves comerciais. O orçamento global envolve verbas no valor dos 9 milhões de euros. Aprovado no âmbito do 6º Programa Quadro de I&D da Comissão Europeia para a 4ª área prioritária (Aeronáutica e Espaço), o CASAM ficou classificado em primeiro lugar numa lista de 42 projectos aprovados para financiamento pela Comissão Europeia. Com um orçamento de 9 milhões de euros, o CASAM arrancou em Janeiro deste ano e terá uma duração de 24 meses. O consórcio responsável pelo projecto envolve nomes fortes da indústria aeronáutica europeia, como as francesas SAGEM, THALES e ONERA, e as alemãs LUFTHANSA, EADS e DIEHL-BGT. O INEGI faz-se representar através da sua Unidade de Investigação de Mecânica Experimental e Novos Materiais. Actualmente, após alguns episódios recentes relacionados com actos terroristas e o iminente aumento das probabilidades de ataques a alvos civis, a segurança e prevenção contra o terrorismo têm sido alvo de prioridade da parte de governos e instituições internacionais. A Comissão Europeia, após os atentados de Madrid e Londres, tem demonstrado empenho na promoção e apoio a projectos cujo objectivo passa pela prevenção e defesa contra ataques terroristas que ponham em risco a segurança dos cidadãos europeus. É nesta lógica que surge o projecto CASAM, aliado ao perigo crescente do uso dos “MANPADS” por organizações terroristas. MANPADS: uma ameaça às aeronaves comerciais Os “MANPADS”, cujo nome resulta das iniciais “Man Portable Air Defense Systems”, são pequenos mísseis que podem ser lançados a partir de lançadores portáteis, facilmente transportáveis e descartáveis, que estão a ser cada vez mais utilizados por grupos de terroristas junto de aeroportos. Quem o garante é o Professor Joaquim Silva Gomes, coordenador da Unidade de Mecânica Experimental e Novos Materiais do INEGI adiantando, ainda, que “embora de alcance reduzido, estes mísseis são razoavelmente eficazes e perigosos aquando da descolagem e aterragem dos aviões. Normalmente são guiados por uma sonda de raios infra-vermelhos, que segue o rasto quente dos motores dos aviões. Uma vez atingido o avião, o dano pode ser mais ou menos grave, dependendo da zona atingida, incluindo o abate da aeronave”. O objectivo do CASAM é proteger as aeronaves comerciais contra este tipo de ataques. Nesse sentido caberá ao INEGI desenvolver um sistema óptico de detecção dos “MANPADS”. “O sistema óptico de detecção do míssil consiste exactamente em desenvolver um equipamento Sistema CASAM Totalmente Autónomo Sem intervenção de qualquer operador Imediatamente após o míssil ter sido detectado pelos sensores, o sistema inicia automaticamente as medidas defensivas 0| 1| 2| 3| Lançamento do míssil Detecção do míssil pelo sistema CASAM Feixe laser aplicado sobre o sistema de guiamento do míssil O sistema de guiamento do míssil é induzido em erro pelo feixe laser do CASAM 4 | A aeronave deixa de estar no campo de visão do míssil 5 | O míssil já não é mais uma ameaça para o avião. É desligado o laser e o sistema está pronto para uma nova ameaça com sensores capazes de detectar a emissão dos raios infravermelhos pelo propulsor do míssil. Tratase dum sistema opto-mecânico de elevada precisão, com exigências muito apertadas em termos de peso e estabilidade”, explica o investigador do INEGI. Após a detecção do míssil pelo sistema óptico a ser desenvolvido pelo INEGI é então activado um sistema laser de potência alojado no sistema CASAM “que emite uma fonte de calor adicional e dirigida no sentido de confundir o sistema de orientação do míssil que, assim, falha o alvo. O míssil cai então no terreno onde, mesmo que cause algum outro tipo de dano, será sempre bem menos gravoso do que se tivesse atingido o avião”, esclarece. O período de resposta do sistema, desde o momento de detecção do lançamento até ao seu desvio, é de cerca de 4 segundos. Com um orçamento global de 9 milhões de euros, cabendo ao INEGI uma fatia de cerca de 400 mil euros, o CASAM pretende ser uma arma eficaz contra possíveis ataques terroristas contribuíndo, assim, para a segurança dos cidadãos comunitários que usem aeronaves comerciais como meio de transporte. Comportamento mecânico de cabos usados na indústria automóvel - Modelos físicos e numéricos A Unidade de Tribologia, Vibrações e Manutenção Industrial (CETRIB), do INEGI, em parceria com a empresa Ficosa Internacional, está a desenvolver o SimCable, um modelo de simulação mecânica de accionamentos por cabo usados em automóveis. Para um automobilista o acto de abrir uma porta ou ajustar o banco de um automóvel é um gesto habitual e rotineiro. Mas esses actos são possíveis graças a um componente mecânico específico e, sempre, camuflado pelos revestimentos e acessórios de um veículo. Falamos dos cabos. Quem já desmontou uma porta de um automóvel deve ter reparado que, no seu interior, são visíveis cabos de vários tipos e formas. São estes, quando accionados através do rodar da chave na fechadura ou do recurso ao puxador, que nos permitem abrir a porta do automóvel. Mas também no abrir do compartimento do motor, mala, tampa de combustível, etc. Gestos habituais mas que envolvem esforços que, com o tempo, acabam por afectar o rendimento de todo o sistema de transmissões por cabo. Nesse sentido, o INEGI, através do CETRIB, está a desenvolver para a Ficosa Internacional - Unidade de Negócios de Sistemas de Porta e Assentos um modelo de simulação mecânica de accionamentos por cabo usados em automóveis. Segundo o Professor Jorge Seabra, director do CETRIB e investigador do INEGI, o objectivo deste projecto é “desenvolver uma aplicação informática que determine os esforços envolvidos e o rendimento em transmissões por cabo, com accionamento manual ou mecânico”. Em simultâneo, será desenvolvido um extenso trabalho experimental para validar os modelos físicos de comportamento mecânico dos cabos, nomeadamente no que diz respeito à influência dos esforços envolvidos, da geometria dos cabos, dos materiais usados e do atrito interno. Um banco de ensaios específico está a ser desenvolvido e fabricado pela Ficosa Internacional para esse fim. Mendes, responsável pela Unidade de Negócios de Sistemas de Porta e Assentos da Ficosa Internacional, que vê no SimCable uma ferramenta importante “na redução de custos. Com a aposta na simulação poderemos validar o produto numa fase em que os custos são bastante reduzidos”. Mas para o responsável da Ficosa Internacional a implementação do SimCable não se justifica apenas pela redução de custos. José Mendes enquadra o projecto numa outra perspectiva e que passa pelo “melhoramento do nosso Centro Técnico de Sistemas de Portas e Assentos em termos de I&D. Queremos caminhar para a excelência e a implementação deste simulador é o primeiro passo”. Uma aposta importante tendo em conta que “os processos de I&D na área dos cabos, nos dias de hoje, continuam a ser perfeitamente experimentais e baseados nas capacidades técnicas dos colaboradores da própria organização”, refere. Pretendem-se definir os esforços e rendimentos dos cabos consoante a sua utilização para que, assim, seja possível melhorar a sua qualidade. Por exemplo, as especificidades de um cabo usado no acto de abrir uma porta são diferentes das do que é usado para ajustar um banco. Este modelo de simulação permitirá, antes do processo de fabrico, obter dados que permitam encontrar as melhores soluções para a aplicação dos cabos aumentando, assim, a sua qualidade e resistência. As grandes vantagens do recurso a um modelo informático que simule o comportamento mecânico dos cabos são “a concepção rápida de soluções específicas com garantia de bom funcionamento, a resposta imediata na concepção da aplicação, a rápida orçamentação e a diminuição muito significativa da componente de validação experimental” refere o investigador do INEGI. Quem partilha da mesma opinião é o Engº. José O SimCable, um modelo inovador de simulação mecânica de accionamentos por cabo usados em automóveis, é um projecto que surge de uma parceria entre a Ficosa Internacional - Unidade de Negócios de Sistemas de Porta e Assentos e o INEGI – CETRIB envolvendo um investimento global de 145 mil euros. Cooperação Universidade-Indústria em Portugal. O papel do INEGI. Joaquim Silva Gomes Licenciado em Engenharia Mecânica pela FEUP e doutorado pela Universidade de Manchester (UMIST), UK, é Professor Catedrático da FEUP e coordenador da Unidade de Investigação Mecânica Experimental e Novos Materiais do INEGI. Fez parte da 1ª Direcção do INEGI em 1986 e foi Presidente do Instituto durante mais de 10 anos. A criação do INEGI em 1986 teve como objectivo essencial o estabelecimento de uma interface entre o DEMEGI-Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da FEUP e a comunidade empresarial. Inicialmente o INEGI não era mais do que um instrumento do DEMEGI, mediante o qual os seus docentes e investigadores prestavam serviços especializados às empresas, através de acções de Inovação, Investigação e Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia para a indústria. O estabelecimento duma ponte deste tipo entre a Universidade e as Empresas apresentava então, e apresenta ainda hoje, vantagens indiscutíveis para ambas as partes e constitui um importante factor de desenvolvimento. Do lado da Indústria essa ligação justifica-se sobretudo porque, no contexto global da economia do presente, o sucesso das empresas depende, em grande medida, da sua capacidade de inovação. Em qualquer país industrializado moderno cabe à Indústria a responsabilidade maior no desenvolvimento das acções necessárias para manter a competitividade dos seus produtos e respectivas tecnologias e processos de fabricação. Isso passa, naturalmente, pela preocupação em fomentar permanentemente as actividades de Inovação e I&D, através dos agentes próprios das empresas e em estreita colaboração com as Universidades e Infraestruturas Tecnológicas. Em Portugal, porém, é por todos reconhecida a falta de tradição das actividades de I&D nas empresas, em parte devido ao facto do sector industrial português ser caracterizado pela existência maioritária de unidades de pequena e média dimensão, sem capacidade de suporte autónomo a actividades de Investigação e Desenvolvimento. A contribuição financeira do sector empresarial para as actividades de Inovação e de Investigação e Desenvolvimento é manifestamente insuficiente e muito inferior ao que se verifica na generalidade dos restantes países europeus, Estados Unidos da América e Japão (segundo os dados mais recentes relativos a 2001, há pouco tempo divulgados pelo Ministério da Ciência e do Ensino Superior, a contribuição das empresas em Portugal cobre apenas 30% das despesas totais em actividades de I&D, o que é, em percentagem, menos de metade do valor médio dos países da União Europeia). E esta situação verifica-se numa altura em que as condições impostas por uma economia aberta como aquela em que vivemos coloca as empresas nacionais numa posição de manifesta inferioridade, face à concorrência, num mercado altamente competitivo, em que os investimentos em Inovação e actividades de I&D, para o desenvolvimento de novos produtos, processos e tecnologias, e as exigências de qualidade são absolutamente indispensáveis à sua sobrevivência. É então aqui que as Universidades e as InfraEstruturas Tecnológicas como o INEGI podem intervir e desempenhar um papel extremamente importante, colaborando com as empresas na realização de actividades de Inovação e Desenvolvimento para aperfeiçoamento dos seus produtos e aumento de competitividade. Ao mesmo tempo, esta prática continuada de convivência deverá contribuir para que, cada vez mais, os processos de inovação se desenvolvam dentro das empresas, aproximando-as dos índices mais favoráveis dos restantes países europeus. Por outro lado, desse relacionamento com as empresas resultam também benefícios importantes para as Universidades, na medida em que a exposição permanente aos problemas reais da indústria constitui uma enorme motivação para os seus docentes, investigadores e alunos e permite uma melhor definição e constante actualização dos temas de investigação e dos curricula dos cursos que aí são ministrados. Permite ainda a geração de meios alternativos de financiamento para a realização de acções e projectos específicos, aquisição de novos equipamentos e até mesmo recrutamento de pessoal especializado. É neste contexto que o INEGI tem vindoa desempenhar a sua missão no domínio da Inovação e da Transferência de Tecnologia, utilizando os mecanismos tradicionais de (i)-Prestação de Serviços no apoio directo às empresas; (ii)Realização de projectos de I&D em colaboração com a indústria e (iii)-Acções de formação contínua, mediante a realização de cursos e estágios para técnicos e quadros superiores empresariais. Nos últimos anos o INEGI teve um crescimento notável, em grande parte como resultado dos investimentos avultados que foram realizados com financiamentos do PEDIP, do CIENCIA, do POE/PRIME e de outros programas estruturais. Numa altura em que comemora 20 anos de existência, o INEGI tem vindo a beneficiar do reconhecimento da valia da actividade por si desenvolvida ao longo dos anos, desde a declaração de Utilidade Pública da Instituição por Despacho da Presidência do Conselho de Ministros em 22 de Junho de 1990, até à mais recente classificação de excelência por parte de um Júri internacional de avaliação promovido pela FCT-Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Por outro lado, a confirmação recente do apoio do PRIME à construção do novo edifício do INEGI, no campus da FEUP, traduz bem a confiança e o apreço do Ministério da Economia pela importância das actividades desenvolvidas no Instituto. As áreas de especialização do INEGI situam-se, sobretudo, no campo da Engenharia Mecânica, abrangendo um conjunto muito diversificado de domínios tecnológicos: Materiais Compósitos, Automação, Instrumentação e Controlo, Prototipagem Rápida e Fabrico Rápido de Ferramentas, Tribologia e Manutenção Industrial, Novas Tecnologias de Fundição, Tecnologias de Conformação Plástica, Energia Eólica, Térmica Industrial, Integridade Estrutural, Gestão Industrial, etc., com aplicações nos mais variados sectores da indústria nacional, tais como Metalomecânica, Automóvel, Transportes, Química e Petroquímica, Cortiça e Derivados, Madeiras e Mobiliário, Indústria Têxtil, Aeronáutica e Aeroespacial, Defesa, etc. Desde a sua criação em 1986 o INEGI, através das suas diferentes Unidades Tecnológicas, tem estabelecido relações comerciais e de cooperação com algumas centenas de empresas nacionais e mantém contactos com muitas outras empresas e instituições de I&D europeias, estas sobretudo no âmbito de relações de parceria em projectos comunitários de Investigação e Desenvolvimento. É o caso mais recente, por exemplo, da participação do INEGI em dois consórcios europeus para o desenvolvimento de projectos para a indústria aeronáutica. Um desses projectos (PIBRACPiezoelectric Break Actuator), consiste no desenvolvimento de um novo tipo de travão para aviões comerciais, baseado numa tecnologia inovadora que recorre à utilização de actuadores piezoeléctricos; no outro projecto (CASAM- Civil Aircraft Security Against MANPADS), o que está em causa é o desenvolvimento de um sistema para identificação e despistagem de acções terroristas contra aeronaves civis. Desses dois consórcios fazem parte empresas lideres no sector da indústria aeronáutica europeia, tais como a SAGEM (F), AIRBUS (UK), MESSIER-BUGATTI (F), EADS (De) SKODA (Cz), entre outras. FEUP e INEGI desenvolvem veleiro de competição e cruzeiro O Projecto Lusitano VIP – Veleiro Inovador Português, que conta ainda com a participação da Associação de Estudantes da FEUP e Administração Portos Douro e Leixões (APDL), sob a orientação do arquitecto naval Tony Castro, tem como objectivo conceber e construir um veleiro inovador de 10 metros. O projecto conta com a colaboração de mais de 30 estudantes e investigadores e um orçamento, para a fase de concepção, de cerca de 100 mil euros. O projecto Lusitano VIP tem por objectivo conceber e construir um veleiro inovador de 10 metros, sob a orientação do arquitecto naval Tony Castro (TC), apoiado nas capacidades de engenharia e gestão da FEUP, AEFEUP, INEGI e APDL, com envolvimento no projecto de equipas interdisciplinares de alunos e investigadores. Na fase de concepção, estimada em 15 meses, estarão envolvidos quatro grupos de investigação nas áreas de materiais, desenvolvimento de produto, simulação numérica e sensores electrónicos. Segundo o Professor João Falcão e Cunha, investigador do INEGI e Director da Unidade de Engenharia e Gestão Industrial (GEIN), este projecto “tem dois objectivos. Numa primeira fase a concepção de construção de um veleiro inovador que envolva as capacidades dos investigadores e alunos da FEUP e dos seus institutos de interface, como o INEGI. A segunda fase passa pelo desejo de comercialização do veleiro”. Nesse sentido, a promoção será fundamental, pelo que a AEFEUP virá a formar “uma equipa que possa utilizar o veleiro em competição”, refere o investigador do INEGI. Além de todos os intervenientes, o Professor Falcão e Cunha espera vir a contar com “o envolvimento de alguns clubes de vela, fornecedores de materiais e equipamentos, estaleiros navais e algumas instituições ao nível dos patrocínios”. Sobre o envolvimento de Tony Castro, actualmente a residir em Southampton, no Reino Unido, e reconhecido internacionalmente como um dos melhores arquitectos navais de iates de recreio e competição, o investigador salienta a sua experiência e competência como forma de “assegurar a qualidade do projecto e, por outro lado, tendo em conta a sua reputação, tornar possível que o iate venha a ter uma oportunidade no mercado internacional”. Durante a fase de construção serão construidos, nos laboratórios da FEUP e do INEGI, protótipos em escala reduzida do iate, bem como protótipos de componentes em dimensão real que, adianta o Director do GEIN, posteriormente serão utilizados para “promover a imagem das instituições envolvidas e para promoção do desporto da vela em Portugal, em particular junto dos alunos candidatos a cursos de engenharia na FEUP. Com este projecto pretende-se transmitir uma imagem de engenharia inovadora, com capacidade de interdisciplinaridade e onde a participação de alunos e investigadores é realizada num contexto internacional”. Entrevista com o Professor Pedro Camanho A Unidade do Estudo do Comportamento à Fadiga de Estruturas e a Unidade de Materiais Compósitos fundiram-se e deram origem à nova Unidade de Materiais e Estruturas Compósitas. Em entrevista ao INEGInotícias, o Professor Pedro Camanho explica o porquê desta fusão e dá a conhecer o trabalho que tem vindo a desenvolver enquanto investigador do INEGI. materiais compósitos, exige estudos detalhados sobre o seu comportamento mecânico. Estes estudos permitem reduzir os custos recorrentes e não recorrentes. Os custos não recorrentes são reduzidos porque os estudos sobre o comportamento mecânico de novos materiais permitem reduzir o número de ensaios necessários para certificar uma estrutura, para além de diminuírem o tempo necessário para o desenvolvimento de um novo produto. Os custos recorrentes também podem ser reduzidos dado que um conhecimento mais aprofundado sobre o Os modelos computacionais que desenvolvemos não são apenas utilizados no projecto de estruturas fabricadas em materiais compósitos; estes modelos foram também utilizados pela NASA e pelo National Transportation Safety Board (NTSB) no estudo das causas da rotura do estabilizador vertical do Airbus A300R que resultou na queda do avião em Nova Iorque. A Unidade do Estudo do Comportamento à Fadiga de Estruturas (CEFAD) fundiu-se, recentemente, com a Unidade de Materiais Compósitos (CEMACOM). Até que ponto esta fusão irá beneficiar ambas as unidades? Ou seja, a actividade de ambas obterá resultados positivos e permitirá que o seu trabalho, visto ambas desenvolverem actividade na área de materiais, seja mais eficiente? A fusão entre a Unidade do Estudo do Comportamento à Fadiga de Estruturas e a Unidade de Materiais Compósitos, e a consequente criação da Unidade de Materiais e Estruturas Compósitas (UMEC), resultou numa unidade mais eficiente e com uma maior massa crítica. A Unidade de Materiais e Estruturas Compósitas tem recursos humanos com competências nas várias áreas fundamentais para a I&D em novos materiais e em integridade estrutural: fabrico, mecânica experimental e modelação do comportamento mecânico de materiais. As sinergias criadas pela existência de recursos humanos qualificados em diferentes áreas reflectem-se de uma forma muito positiva nas actividades de I&D, desenvolvimento de novos produtos, e de apoio à indústria. Qual a importância dos estudos do comportamento à fadiga das estruturas? Quais as vantagens destes estudos, não só em termos de segurança como aproveitamento de novos materiais para novas aplicações? Os estudos de fractura são fundamentais no projecto e análise de estruturas. No projecto mecânico é fundamental garantir que uma determinada estrutura ou componente mecânico não irá ceder sob o efeito das cargas aplicadas durante a sua vida útil. Para além das óbvias questões de segurança, os custos económicos associados à fractura de estruturas são muito elevados: por exemplo, em 1982 estes custos ascenderam a aproximadamente 120 milhões de Dólares nos E.U.A. Por outro lado, os estudos de fractura são fundamentais para a manutenção de estruturas e para a identificação das causas do colapso estrutural e consequente atribuição de responsabilidades. A utilização eficaz de novos materiais, como os destes modelos, assim como a demonstração do seu rigor na previsão do comportamento mecânico de materiais compósitos, tornou-os atractivos para a indústria aeroespacial, pois permitem realizar ‘ensaios virtuais’ em estruturas e diminuir o número de ensaios experimentais necessários para o desenvolvimento de um produto. O trabalho desenvolvido no INEGI foi seleccionado e implementado em programas comerciais que são utilizados pela indústria aeroespacial no projecto de estruturas em materiais compósitos. Acha que tem existido uma evolução, em Portugal, em termos de I&D na área da aeronáutica e aeroespacial? comportamento mecânico de novos materiais permite reduzir coeficientes de segurança e fabricar estruturas mais leves. Tem desenvolvido vários trabalhos em colaboração com a ESA e a NASA. Em que consistem esses trabalhos? Globalmente têm existido uma evolução positiva na I&D nas áreas de aeronáutica e aeroespacial. A adesão de Portugal à Agência Espacial Europeia (ESA) permitiu a participação de Universidades, de Institutos de Investigação e da Indústria Portuguesa em vários programas da ESA. Esta participação ocorreu principalmente nas áreas do desenvolvimento de software e telecomunicações. Os trabalhos que temos desenvolvido poderão ser divididos no que é normalmente designado em inglês por push technologies e pull technologies. Os trabalhos em colaboração com a Agência Espacial Europeia (ESA) são um exemplo de pull technologies, em que houve uma identificação da necessidade de novas tecnologias por parte da indústria aeroespacial europeia e o INEGI foi contratado pela ESA para desenvolver essas tecnologias. O trabalho do INEGI consistiu no desenvolvimento de novos métodos de dimensionamento das ligações em materiais compósitos avançados. Estes novos métodos de dimensionamento foram desenvolvidos com base em estudos experimentais, analíticos e numéricos, e irão ser implementados nos manuais de projecto da ESA (Structural Materials Handbook). O INEGI também desenvolveu um programa computacional que poderá ser utilizado pela indústria aeroespacial para uma análise expedita do campo de tensões e deformações e para a previsão de cargas de rotura. O trabalho em colaboração com a NASA é um exemplo de push technologies. Desde 2000 temos vindo a desenvolver novos modelos analíticos e numéricos para simular os vários mecanismos de dano que ocorrem em materiais compósitos avançados. A implementação computacional Seria desejável que Portugal diversificasse a sua participação nos projectos da ESA e que tivesse uma maior actividade nas áreas tradicionalmente ligadas à Engenharia Mecânica. Relativamente à aeronáutica, tem existido uma evolução evidente nas actividades de I&D em Portugal, nomeadamente através da participação em Projectos Europeus em colaboração com a Airbus. O INEGI e o DEMEGI estiveram envolvidos em vários destes projectos, como por exemplo o SMAAC, o ADMIRE e o PIBRAC. No entanto, penso que o Estado Português desperdiçou uma excelente oportunidade para desenvolver a sua indústria aeronáutica ao desistir da participação no consórcio para o desenvolvimento do Airbus A400M. Este projecto permitiria dinamizar a indústria aeronáutica Portuguesa, nomeadamente através do desenvolvimento de actividades de maior valor acrescentado e da criação de recursos humanos qualificados. Evidentemente que existem outras oportunidades para dinamizar a indústria aeronáutica Portuguesa, como por exemplo o retorno industrial associado à compra de aviões militares, mas estas são situações pontuais, sem grande impacto a longo prazo. Para além das actividades que dependem do Estado ou de empresas públicas, existem projectos de investimento privados para a construção de aviões em Portugal, como por exemplo o projecto para o fabrico do bimotor Skylander em Évora. Este projecto envolve um investimento de 375 milhões de euros e deverá criar aproximadamente 900 novos postos de trabalho. Além das áreas mencionadas existem outras onde o seu trabalho é aplicável e que podem trazer benefícios para as mesmas, não só em termos de aumento de fiabilidade dos materiais usados como, também, o recurso a outro tipo de materiais? O nosso trabalho é aplicável em qualquer indústria que utilize materiais compósitos. Por exemplo, na construção civil, indústria química, indústria automóvel e construção naval. Por outro lado, o nosso trabalho poderá promover a entrada dos materiais compósitos em novas indústrias que não têm os recursos necessários para desenvolver as tecnologias necessárias à utilização destes materiais. Por exemplo, os métodos de dimensionamento que desenvolvemos para a indústria aeroespacial no projecto financiado pela ESA serão divulgados em manuais de projecto. Desta forma, qualquer empresa poderá aceder à informação necessária para projectar componentes em materiais compósitos sem ter de realizar grandes investimentos no desenvolvimento de novas tecnologias. Olhando para o futuro como perspectiva o seu trabalho ou, por outras palavras, quais são os seus grandes objectivos? Contribuir para que a Unidade de Materiais e Estruturas Compósitas (UMEC) seja reconhecida internacionalmente como uma Unidade de excelência na I&D nas áreas dos materiais compósitos, da integridade estrutural e do desenvolvimento de novos produtos, assim como transferir o conhecimento que é criado na UMEC para a indústria. Alunos da FEUP desenvolvem tampo de guitarra em materiais compósitos no INEGI O projecto Ideia.M permitiu substituir a madeira, material tradicional usado na construção de instrumentos musicais, por materiais compósitos. A primeira fase, que incluía a concepção do tampo de uma guitarra clássica, foi superada com sucesso. Com excepção para os instrumentos eléctricos e digitais, é do senso comum que os instrumentos cordofones clássicos são construídos com recurso à madeira. No entanto, essa tradição poderá alterarse devido à forte evolução que os materiais têm sofrido e a trabalhos como os do projecto Investigação e Desenvolvimento de Instrumentos e Acessórios Musicais (Ideia.M), cujo objectivo é substituir gradualmente a madeira por materiais compósitos na construção de instrumentos. Nesse sentido, a equipa liderada pelo investigador do INEGI, Professor António Torres Marques, e pelo aluno finalista Júlio Martins, que integra seis alunos de vários anos do curso de engenharia mecânica e de engenharia civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), construiu o tampo de uma guitarra clássica com recurso a materiais compósitos. O protótipo revelou resultados “muito positivos” e, segundo Júlio Martins, “os especialistas que entraram em contacto com o protótipo”, chegando mesmo a tocar algumas melodias, “ficaram bastante satisfeitos com os resultados obtidos”. As vantagens dos materiais compósitos Os materiais convencionais utilizados na construção de instrumentos clássicos, neste caso a madeira, têm algumas desvantagens. As variações de humidade e temperatura, bem como as variações de pressão, têm efeitos secundários nos instrumentos que afectam o seu desempenho ou potenciam a sua deterioração. Falamos das tensões nas cordas, deformação das estruturas, entre outras mais que, inevitavelmente, se traduzem num desgaste do instrumento. Com os materiais compósitos o instrumento não fica tão vulnerável a este tipo de “deficiências” e surge, assim, como uma “alternativa viável”, salienta Hugo Faria, investigador do INEGI que prestou apoio à equipa Ideia.M e, ele próprio, músico. “A sonoridade alterase ligeiramente, mas isso é algo que poderá ser aperfeiçoado com o tempo. Para já a grande vantagem acaba por ser a maneabilidade do instrumento, que se torna mais leve, e a sua capacidade de resistência aos ambientes a que está sujeito”, clarifica Hugo Faria. Quanto à comercialização de instrumentos construídos com este tipo de materiais, substituindo a madeira, os responsáveis pelo projecto adiantam que “não será possível a curto prazo”. Isto porque os materias usados envolvem custos elevados e, sobretudo, porque há ainda um longo caminho a percorrer para se atingirem performances acústicas (timbre, projecção sonora, ressonância) de qualidade elevada. Assim, depois do primeiro passo, que passou pela construção do tampo da guitarra clássica em fibra de carbono, a equipa já se encontra empenhada no estudo de outras partes do instrumento e consequentes melhorias a efectuar. A equipa espera, dentro de um ano, poder apresentar algumas novidades. O projecto Ideia.M tem, além do objectivo de fomentar e transferir inovação, criar um contacto real entre os alunos de engenharia mecânica (e outros cursos) e o mundo industrial e tecnológico. FEUP e INEGI organizam M2D’2006 A quinta edição da M2D - International Conference on Mechanics & Materials in Design decorrerá, entre os dias 24 e 26 de Julho, nas instalações da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). O prazo para entrega dos resumos das comunicações termina a 24 de Fevereiro. INEGI vai participar na IV Mostra da Universidade do Porto O Instituto vai marcar presença em mais uma edição da Mostra da Universidade do Porto (UP) cujo objectivo é dar a conhecer as actividades das Faculdades e Laboratórios da maior universidade do país. Assim, entre os dias 16 e 19 de Março, 14 faculdades e mais de 40 centros de investigação vão marcar presença no Pavilhão Rosa Mota (Palácio de Cristal). Durante a Mostra, os visitantes podem reunir informação variada e entrar em contacto com alunos, professores e investigadores da UP, além de poderem participar e assistir a várias actividades, entrando em contacto com o trabalho desenvolvido por todos aqueles que fazem parte do universo UP. À semelhança das edições anteriores o INEGI também marca presença na actual edição da Mostra. O Instituto terá um espaço próprio onde divulgará as suas actividades de investigação e de prestação de serviços. Protótipos variados desenvolvidos através da tecnologia de Prototipagem Rápida e Fabrico Rápido de Ferramentas, protótipos de aeromodelos não pilotados, bem como as três fases de desenvolvimento da nova garrafa Pluma, da Galp, vão estar expostos na área reservada ao Instituto, além de variada informação institucional sobre o INEGI. Depois da primeira conferência, que teve lugar em Toronto (1996), e das edições de Nottingham (1998), Orlando (2000) e Nagoya (2002), a quinta edição da M2D decorrerá no Porto, mais concretamente nas instalações da FEUP. Segundo um dos responsáveis pela organização do evento, o investigador do INEGI e Professor da FEUP Joaquim Silva Gomes, “o âmbito desta Conferência é relativamente alargado, cobrindo diversos temas nas áreas de Engenharia Mecânica, Desenvolvimento de Produto e Engenharia dos Materiais (Intelligent Design, Computational Mechanics, New Techniques in Sensory and Instrumentation, Materials Processing & Surface Engineering, Engineered Materials, Novel Techniques in Manufacturing, E-Teaching Mechanics & Materials and Case Studies), como aliás vem sendo hábito nas edições anteriores”. O período para a recepção dos resumos das comunicações está aberto até ao próximo dia 24 de Fevereiro de 2006. Todas as informações sobre a conferência estão disponíveis no site da M2D (http://paginas.fe.up.pt/~m2d/). A organização da M2D’2006 é da responsabilidade conjunta dos Professores Joaquim Silva Gomes (Catedrático da FEUP e Colaborador do INEGI) e Shaker A. Meguid (Catedrático das Universidades de Toronto/Canadá e Nanyang/Singapura). INTERNACIONALIZAÇÃO O Professor António Torres Marques, do CEMACOM, participou em mais uma reunião do Projecto Europeu CORONET – Thermoplastic Composites Infrastructure Co-operation Network”, entre 4 e 7 de Outubro, em Barcelona, Espanha. Os Professores Augusto Barata da Rocha e Abel Dias dos Santos, do CETECOP, participaram na 9ª Conferência Internacional de Forjamento/BR e 8ª Conferência Nacional de Conformação de Chapas, que decorreu nos dias 6 e 7 de Outubro, na Universidade do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, Brasil. Entre 1 e 13 de Novembro, o Professor Carlos Pinho, do CETERM, deslocou-se a Ouro Preto, no Brasil, para participar no Congresso Brasileiro de Engenharia Mecânica – COBEM 2005, onde viria a apresentar dois artigos relacionados com os trabalhos que tem desenvolvido enquanto investigador do INEGI. INEGI marcou presença no “Dia do Espaço” No evento, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e no âmbito da semana da Ciência e Tecnologia, o Instituto divulgou vários projectos na área da aeronáutica e espaço. O “Dia do Espaço”, 2º Fórum Espacial, que decorreu no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, no passado dia 26 de Novembro, teve como objectivo divulgar as actividades de Portugal na ESA (European Space Agency) 2000-2005. Nesse sentido realizaram-se sessões sobre as perspectivas para o sector Espacial Europeu e debateu-se o futuro do sector. O INEGI, que faz parte da Task Force Portuguesa para a ESA, teve à sua disposição um espaço onde procurou divulgar a sua actividade na área da aeronáutica e espaço, nomeadamente através de projectos como o PIBRAC, um novo sistema de travões para a indústria aeronáutica, ou dos trabalhos com a NASA e ESA sobre a rotura de compósitos, entre outros mais. Visitado por várias individualidades do sector, o “Dia do Espaço” contaria com a participação do ministro José Mariano Gago, o director-geral da ESA Jean Jacques Dordain e a directora do GRICES Virgínia Corrêa. INEGI apoia Comptest 2006 O programa oficial foi apresentado no final do passado mês de Dezembro A Composites Testing and Model Identification (COMPTEST), conferência internacional na área dos materiais compósitos, decorrerá na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) de 11 a 12 de Abril de 2006. A COMPTEST tem como objectivo principal reunir a comunidade científica internacional que desenvolve trabalhos de investigação nas áreas de testes e modelagem de compósitos, partilhando novas técnicas, projectos de I&D e todos os avanços operados nesta área de intervenção científica. Depois das duas primeiras edições, Châlons-enChampagne (França/2003) e Bristol (Reino Unido/2004), a FEUP recebe a terceira edição de uma Conferência que, na sua última edição, contou com a presença de cerca de 140 participantes de 25 nacionalidades diferentes. Além da FEUP a COMPTEST 2006 conta com o apoio de outras instituições e empresas, como o INEGI e a Airbus, entre outros. Mais informações sobre a conferência em www.fe.up.pt/comptest2006. INEGI edita novo livro sobre tecnologia mecânica O terceiro volume da colecção “Tecnologia Mecânica”, intitulado “Tecnologia da Embutidura – Princípios e Aplicações”, é a mais recente edição do serviço “Edições INEGI” do Instituto. Da autoria dos professores Augusto Barata da Rocha, Abel Dias dos Santos e José Ferreira Duarte, “Tecnologia da Embutidura – Princípios e Aplicações” é uma obra que apresenta os princípios e aplicações da tecnologia da embutidura, além de procurar explicar as suas potencialidades através de exemplos concretos na elaboração de protótipos. “Tecnologia da Embutidura – Princípios e Aplicações” é o terceiro volume da Colecção “Tecnologia Mecânica”, ao qual se seguirão mais três volumes que abordam temas como o corte por laser, jacto de água e plasma ou quinagem e corte em guilhotina. Com esta colecção, como se pode ler na nota dos autores, pretende-se “transmitir um conjunto coerente de conhecimentos, dados e conceitos fundamentais para os que já trabalham ou pretendem iniciar-se nestes domínios da Tecnologia Mecânica”. De referir que este livro é o oitavo a ser editado pelas Edições INEGI. Todas as publicações editadas pelo Instituto podem ser consultadas em www.inegi.up.pt, na rubrica “Publicações”, obtendo-se informações sobre os conteúdos dos livros através de resumos e consultas dos índices das obras. Gabinete de formação profissional do inegi INEGI e FEUP organizam IDDRG – Porto 2006 Sob o lema “Drawing the Things to Come – Trends and Advances in Sheet Metal Forming”, a IDDRG – International Deep Drawing Research Group decorrerá na cidade do Porto, entre os dias 19 e 21 de Junho, nas instalações da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). O objectivo da IDDRG é apresentar dados novos sobre investigação e desenvolvimento na área da conformação plástica e assuntos relacionados com esta temática. Nesse sentido serão abordados temas como o comportamento de materiais, modelos de teste, ferramentas avançadas de design ou processos de conformação plástica. Todas as informações sobre a IDDRG podem ser consultadas através do site oficial em http://www.inegi.up.pt/iddrg2006. Prosseguindo a sua missão de dar um contributo efectivo para o aumento da competitividade da indústria e tirando partido da sua relação privilegiada à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, o INEGI renova a sua aposta na formação especializada de quadros técnicos nas áreas de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial através da criação de uma oferta de formação desenhada à medida das necessidades de cada empresa e dos formandos. -Curso de Trabalho de Metais -Curso de Gestão da Produção -Curso de Formação em Desenho de Construção Mecânica -Curso de Formação em Prototipagem Rápida, Tecnologias de Conversão e Fabrico Rápido de Ferramentas -Curso de Formação em Materiais Mais informações sobre as acções de formação do Instituto em www.inegi.pt Sede: Rua do Barroco, nº174, 4465-591 Leça do Balio | Tlf.: 351 229578710 - Fax: 351 229537352 | Site: www.inegi.pt | Propriedade: INEGI | Director: Engº Jorge Lino | Coordenação e Direcção: Engº Jorge Lino / Jorge Baldaia | Edição: INEGI | Design: Nelson Pereira | Gestão Editorial: Jorge Baldaia | Distribuição: INEGI | Periodicidade: Trimestral | Tiragem: 1500 exemplares
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