universidade de são paulo - Pós
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO ANABELLE SILVA CORNACHIONE Efeitos da aplicação de diferentes protocolos de reabilitação em músculos esqueléticos de ratas submetidas previamente à imobilização do membro posterior direito Ribeirão Preto 2011 ANABELLE SILVA CORNACHIONE Efeitos da aplicação de diferentes protocolos de reabilitação em músculos esqueléticos de ratas submetidas previamente à imobilização do membro posterior direito Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde Aplicadas ao Aparelho Locomotor. Área de Concentração: Reabilitação Orientadora: Profa. Dra. Ana Cláudia Mattiello-Sverzut Ribeirão Preto 2011 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. FICHA CATALOGRÁFICA Cornachione, Anabelle Silva Efeitos da aplicação de diferentes protocolos de reabilitação em músculos esqueléticos de ratas submetidas previamente à imobilização do membro posterior direito, 2011. 154 p. : il. ; 30cm Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Reabilitação. Orientador: Mattiello-Sverzut, Ana Cláudia. 1. Ratas. 2. Imobilização. 3. Exercício excêntrico. 4. Alongamento mantido. 5. Morfometria. 6. Morfologia. 7. Músculo sóleo. 8. Músculo plantar. FOLHA DE APROVAÇÃO Nome: Anabelle Silva Cornachione Título da tese: Efeitos da aplicação de diferentes protocolos de reabilitação em músculos esqueléticos de ratas submetidas previamente à imobilização do membro posterior direito. Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde Aplicadas ao Aparelho Locomotor. Área de concentração: Reabilitação Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr._______________________________________________________ Instituição:_______________________Assinatura:_____________________ Prof. Dr._______________________________________________________ Instituição:_______________________Assinatura:_____________________ Prof. Dr._______________________________________________________ Instituição:_______________________Assinatura:_____________________ Prof. Dr._______________________________________________________ Instituição:_______________________Assinatura:_____________________ Prof. Dr._______________________________________________________ Instituição:_______________________Assinatura:_____________________ DEDICATÓRIA “Enfrentei muitos desafios para chegar até aqui...uns fáceis outros mais difíceis. Esse foi mais um deles...talvez o mais difícil e cansativo....” (Fevereiro de 2007). Engraçado essas foram minhas palavras há 4 anos atrás quando defendi minha dissertação de mestrado. Eu mal podia imaginar o tamanho do desafio que ainda iria enfrentar...desafio? ou crescimento? Nossa, foi dessa vez que aprendi o significado das palavras perseverança, paciência e esperança. Vontade de desistir? Sim , inúmeras vezes...mas persisti, tive paciência e esperança, pois ao meu redor pessoas queridas acreditavam em mim. Por isso dedico esse trabalho à todos os que torceram por minha vitória, em especial meus queridos e amados pais, Reginaldo e Marlene e, meu amigo e esposo Welber, pois esses acompanharam de perto todos os meus dias de angústias, tristezas e alegrias. Obrigada, AGRADECIMENTOS Claro, sem dúvida nehuma agradeço a Eles e a Ela...Deus, Jesus Cristo e Nossa Senhora...obrigada por ouvirem minhas preces, obrigada por me manter em pé e não me deixar desistir, obrigada por essa maravilhosa e dolorida experiência, pois foi com ela que amadureci e conheci de verdade as pessoas que me cercavam!!! Além de dedicar à eles também os agradeço, meus pais e meu esposo. Obrigada meus queridos. Aos meus pais por sempre me ensinarem a ser humilde e correta. Obrigada pelos incentivos e conselhos, nunca me deixando desistir. E por fim ao meu esposo, meu querido companheiro que já esta ao meu lado a longos 12 anos. Também agradeço as palavras de conforto e incentivo, obrigada por me ouvir chorar e rir durante muitas noites antes de dormir e por sempre entender os meus sonhos de querer crescer profissionalmente, mesmo que isso custasse a nossa “separação” temporária!!! Agradeço minha Orientadora Profa. Dra. Ana Cláudia Mattiello-Sverzut. Muito obrigada por acreditar em mim. Por não ter desistido frente as dificuldades. Obrigada pelos ensinamentos durante todos esses anos. Ao meu querido supervisor Dr. Dilson Rassier que me recebeu na McGill University, Montreal – Canadá, como orientador e como amigo. Obrigada pelos novos ensinamentos. Ao Prof. Dr. José Batista Volpon, Chefe do Programa de pós-graduação, o qual faço parte. Obrigada pela sua honestidade, qualidade esta muito difícil de encontrar nas pessoas hoje em dia. Obrigada por acreditar no meu potencial e me ajudar tanto quando mais precisei. Agradeço à FAPESP, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, pelos auxílios financeiros nesta pesquisa (processos FAPESP: 07/52506-4, 07/51715-9 e 07/52961-3). Agradeço, As minhas queridas irmãs Adriana e Analu, que sempre me apoiaram e se orgulharam de mim. Aos meus queridos sobrinhos Ygor, Yuri e agora Octávio, pelos momentos de distração, diversão e alegrias. Amo vocês!!! Aos meus queridos avós Joana, Ignácio, Dermina e Adriano (em memória), que mesmo distante, tenho certeza que sempre rezaram por mim. A minha grande amiga e “mãe” Deise Lucia Chesca, por todo ensinamento prático, por todos os conselhos, por todos os dias de oração, pelos choros e risadas. Você é especial!!! As alunas de Iniciação Científica, Letícia Cação Benedini de Oliveira, Beatriz A. A. Accordi e Maria Laura R. Pucciarelli que tanto me ajudaram na elaboração desta tese. Também agradeço os momentos de distração e boas coversas. Ah...Lê muito obrigada pelos conselhos!! Aos amigos do Laboratório de Neuropatologia, Renata, Patrícia, Priscila, Maikol, Tatiana, Paula, Eduardo, Keite, Mariana e Ju Polizello por todos os momentos de trabalho e descontração. Especialmente, agradeço a Renata que nos momentos difíceis sempre me dizia palavras de conforto e a Patrícia que passava algumas noites me fazendo companhia. A minha querida Professora e também amiga, Cyntia Rogean, por todos os ensinamentos, desde a graduação, pelos bons conselhos e pelas orações. Aos meus mais novos amigos do laboratório Muscle Physiology and Biophysics, McGill University, Montreal, Fabio, Ivan, Tiby, Albert, Rowan, Sara e Clara, pelos novos ensinamentos e pela companhia enquanto estive no Canadá. Aos coordenadores do ponto de apoio da Fapesp, Sra. Marisa de Castro Pereira e Sr. Juliano Oliveira Marquetti, por toda atenção, amizade, torcida e belas palavras de conforto. Ao Prof. Dr. Luciano Neder do Departamento de Patologia, pelos ensinamentos e por ceder seu laboratório para realização deste trabalho. Ao Prof. Dr. Edson Martinez do Departamento da Medicina Social, pelos ensinamentos e todo apoio na parte estatística deste projeto. Ao Prof. Paulo Quemelo pela amizade e colaboração nos momentos difíceis. A técnica da Patologia do Hospital das Clínicas, Ana Anselmi, pelo carinho e por todo ensinamento em imuno-histoquímica. A técnica, do Laboratório de Microscopia Eletrônica do Departamento de Patologia, Monica Azevedo de Abreu pelos ensinamentos em microscopia de alta resolução. Aos funcionários do Laboratório de Bioengenharia de Ribeirão Preto, Teresinha, Francisco (Chico), Henrique, Moro e Reginaldo, pelos auxílios prestados durante a realização deste trabalho. Às secretárias do Departamento de Patologia Rosângela, Camila e Neide, por todo atendimento e informações prestados a mim. A chefe administrativa, Silvia Helena Costa, do serviço de pós-graduação pela paciência e informações prestadas. Ao Sr. Jorge Ikawa do serviço de pós-graduação pelas informações prestadas. Às secretárias do Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor Fátima e Elisâgela por todo atendimento e informações prestados. E a todas as pessoas que rezaram e acreditaram em mim!!! Muito Obrigada a todos! A vida me ensinou... A dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração; Sorrir às pessoas que não gostam de mim, Para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam; Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, para que eu possa acreditar que tudo vai mudar; Calar-me para ouvir; aprender com meus erros. Afinal eu posso ser sempre melhor. A lutar contra as injustiças; sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo... ...Me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente, como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que eu mesmo tenha que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher. Charles Chaplin ATIVIDADES CIENTÍFICAS DESENVOLVIDAS COM OS DADOS DESTA TESE Cornachione, A. S.; Benedini-Elias, P. C. O.; Polizello, J. C.; Carvalho, L. C.; Mattiello-Sverzut, A. C. Characterization of Fiber Types in Different Muscles of the Hindlimb in Female Weanling and Adult Wistar Rats. Acta Histochem. Cytochem. 44 (2): 43-50, 2011(ANEXO A). Cornachione A. S.; Accordi B. A. A.; Mattiello-Sverzut A.C. Eccentric training improves collagen type I and III in rat skeletal muscles after disuse. (Trabalho apresentado em forma de pôster no 16th International WCPT Congress – World Physical Therapy, Amsterdam, Holanda, a ser realizado em junho de 2011) (ANEXO B). Cornachione A. S.; Cação-Benedini, L. O.; Martinez, E. Z.; Mattiello-Sverzut A.C. Rehabilitation using eccentric training and maintained stretching on capillarization in rat skeletal muscles after immobilization. (Trabalho apresentado em forma de pôster no 16th International WCPT Congress – World Physical Therapy, Amsterdam, Holanda, a ser realizado em junho de 2011) (ANEXO C). Cornachione A. S.; Martinez, E. Z.; Mattiello-Sverzut A.C. Phasic muscles respond promptly to eccentric training after immobilization than tonic muscles. (Trabalho apresentado em forma de pôster no II International Meeting in Exercise Physiology, São Pedro, Brasil, maio 2011) (Anexo D). Pucciarelli, M. L. R.; Cornachione A. S.; Martinez, E. Z.; Mattiello-Sverzut A.C. Estudo das alterações do tecido conjuntivo perimisial determinadas pelos protocolos de alongamento e exercício excêntrico em ratas. (Trabalho apresentado em forma de pôster no 18º SIICUSP, Ribeirão Preto, novembro 2010) (Anexo E). Pucciarelli, M. L. R.; Cornachione A. S.; Martinez, E. Z.; Mattiello-Sverzut A.C. A influência do treinamento excêntrico no tecido conjuntivo perimisial. (Trabalho apresentado em forma de pôster no XVIII COBRAF, Rio de Janeiro, outubro 2009) (Anexo F). Cornachione A. S.; Cação-Benedini, L. O.; Martinez, E. Z.; Mattiello-Sverzut A.C. Exercício excêntrico estimula a angiogênese no músculo sóleo após imobilização de 10 dias. (Trabalho apresentado em forma de pôster no XVIII COBRAF, Rio de Janeiro, outubro 2009) (ANEXO G). Cornachione A. S.; Accordi B. A. A.; Mattiello-Sverzut A.C. Protocolo excêntrico de reabilitação restabelece colágeno muscular após desuso. (Trabalho apresentado em forma de pôster no XVIII COBRAF, Rio de Janeiro, outubro 2009) (Anexo H). Cornachione A. S.; Cação-Benedini, L. O.; Benedini-Elias, P. C. O.; MattielloSverzut A.C. Twenty-one days of eccentric exercise increment further capillarization of soleus muscle in adult rats than baby rats afther immobilization. (Trabalho apresentado em forma de pôster no 45 th International Congress on Anatomy and 46th Lodja Symposium on Histochemystry, Pilsen, República Tcheca, setembro 2009) (Anexo I). Cação-Benedini, L. O.; Cornachione A. S.; Martinez, E. Z.; Mattiello-Sverzut A.C. Análise dos efeitos da exercício excêntrico sobre a microcirculação dos músculos sóleo e plantar de ratas submetidas à imobilização. (Trabalho apresentado em forma de pôster no 16º SIICUSP, Ribeirão Preto, novembro 2008) (Anexo J). Accordi B. A. A.; Cornachione A. S.; Mattiello-Sverzut A.C. Efeitos do exercício excêntrico na expressão de diferentes tipos de colágeno muscular após imobilização do membros posterior de ratas (Trabalho apresentado em forma de pôster no 16º SIICUSP, Ribeirão Preto, novembro 2008) (Anexo K). RESUMO CORNACHIONE, A. S. Efeitos da aplicação de diferentes protocolos de reabilitação em músculos esqueléticos de ratas submetidas previamente à imobilização do membro posterior direito. 2011. 154F. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2011. É sabido que o exercício do tipo excêntrico e o alongamento são protocolos frequentemente aplicados na reabilitação do sistema músculo esquelético. O objetivo do presente estudo foi analisar as respostas teciduais dos músculos sóleo e plantar, de ratas adultas imobilizadas por 10 dias e depois submetidas a programas de reabilitação em dois períodos diferentes (10 e 21 dias). Quarenta e duas ratas Wistar adultas foram divididas em 9 grupos: Três grupos controles; Imobilizado 10 dias; Imobilizado e Treinado Excentricamente durante 10 e 21 dias; Imobilizado e Alongado durante 10 e 21 dias; e Anestesiado. Após os procedimentos os músculos sóleo e plantar foram removidos e dois fragmentos foram obtidos de cada músculo. O primeiro fragmento foi congelado e processado sob diferentes métodos histológicos, histoenzimológico, bioquímico e imuno-histoquímico. O outro fragmento foi incluído em historesina para realização da técnica de microscopia de alta resolução. Os resultados foram subdivididos em três experimentos. Experimento 1: efeitos do exercício excêntrico após procedimento de imobilização. Experimento 2: efeitos do alongamento mantido após procedimento de imobilização. Experimento 3: comparação dos dados obtidos com os procedimentos de reabilitação acima. De acordo com os experimentos 1 e 2 a imobilização determinou anormalidades morfológicas no músculo sóleo como fibras em alvo, centralização nuclear, redução do número de fibras do tipo I e aumento das fibras tipo IIC, redução do diâmetro menor das fibras tipos I, IIA e IIAD, redução do número de capilares por fibra, redução da expressão da MHCI e aumento da expressão dos colágenos tipos I e III. O plantar mostrou redução do diâmetro das fibras tipos I, IIC, IIA e IID e aumento da expressão dos colágenos tipos I e III. Após 10 dias de exercício excêntrico (experimento 1) foi observado redução das fibras em alvo no sóleo mas aumento da centralização nuclear e fibras lobuladas. Este mesmo período de treinamento não foi eficaz para garantir a distribuição proporcional dos diferentes tipos de fibras, relação capilar/fibras, expressão da MHCI e expressão dos colágenos, como observado no controle. Contudo, 21 dias de reabilitação melhorou as anormalidades alcançando valores obtidos no grupo controle. No plantar 10 dias de treinamento excêntrico aumentou o diâmetro menor das fibras e reduziu a expressão dos colágenos tipos I e III. Considerando o experimento 2 foi possível observar que 21 dias de alongamento incrementaram a proporção de fibras e o diâmetro menor, no músculo sóleo. Porém, este período não foi eficaz para restabelecer os aspectos morfológicos, relação capilar/fibra e expressão de ambos os tipos de colágenos, como no grupo controle. A análise comparativa, experimento 3, mostrou que o treinamento excêntrico foi mais efetivo no restabelecimento das variáveis citoarquiteturais e quantitativas analisadas, que o alongamento mantido. Nossos dados mostraram que o período para recuperar o músculo sóleo é maior do que para o músculo plantar, principalmente considerando que as alterações observadas no primeiro são superiores as observadas no segundo. Palavras Chaves: Ratas. Imobilização. Exercício excêntrico. Alongamento mantido. Morfometria. Morfologia. Músculo sóleo. Músculo plantar. ABSTRACT CORNACHIONE, A. S. Effects of different rehabilitation protocols in skeletal muscles of rats previously submitted to immobilization of the right hindlimb. 2011. 154F. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2011. It is known that eccentric exercise and maintained stretching protocols are often used in rehabilitation of skeletal muscle. The aim purpose of the present study was to analyze the skeletal muscle responses of the soleus and plantaris muscles in adult rats previously immobilized and after submitted to rehabilitation program in two different periods (10 and 21 days).Forty-two adults female Wistar rats were divided into nine groups: Three control groups; Immobilized during 10 days; Immobilized and trained eccentrically during 10 and 21 days; Immobilized and stretched during 10 and 21 days; and anesthetized. After the experimental period the soleus and plantaris muscles were removed and two fragments were obtained of each muscle. The first fragment was frozen and processed by different methods histological, histochemical, biochemical and immunohistochemical. The other fragment was included in historesin to high resolution microscopy technique. The results were subdivided into three experiments. Experiment 1: effects of eccentric exercise after immobilization procedure. Experiment 2: effects of maintained stretching after immobilization procedure. Experiment 3: comparison of the data obtained with the above rehabilitation procedures. According experiments 1 and 2, the immobilization procedure determined morphological abnormalities in soleus as target fibers, nuclear centralization, reduction of the number of type I fibers, increased of the number of type IIC fibers, decreased lesser diameter of type I fibers, decreased capillary/fiber ratio, decreased MHCI expression and increased the immunoreactivity of the collagen types I and III. Plantaris muscle showed reduction in lesser diameter of the type I, IIC, IIA and IID fibers and increased the immunoreactivity the both collagen. After 10 days eccentric exercise (experiment 1) was observed reduction of the target fibers in soleus muscle but increased nuclear centralization and lobulated fibers. This same protocol was not effective to reestablish the proportional distribution of different types of fibers, capillary/fibers ratio, MHCI expression and collagen expression, as observed in control group. However, 21 days of rehabilitation improved the abnormalities reaching values obtained in the control group. On plantaris muscle, 10 days of eccentric exercise increased lesser diameter and decreased of immunoreactivity of the collagen type I and III. Considering the Experiment 2, it was possible to observe increment the fibers proportion and lesser diameter, in soleus muscle after 21 days of stretching program. Nevertheless, this period was not effective to restore the morphological aspects, capillary/fibers ratio and collagen expression as control. The comparative analysis, Experiment 3, showed that eccentric exercise was more effective in restoration of cytoarchitecture and quantitative variables analyzed than maintained stretching. Our data showed that the period to recover the soleus muscle is longer than to plantar muscle mainly considering that the abnormalities observed in the first are superior that observed in the second. Key words: Rats. Immobilization. Eccentric exercise. Maintained stretching. Morphometry. Morphology. Soleus muscle. Plantaris muscle. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Esquema da estrutura de tripla-hélice do colágeno............................. 32 Figura 2 – Esquema da síntese de colágeno........................................................ 33 Figura 3 – Imobilização da articulação tíbio-társica em flexão plantar.................. 43 Figura 4 – Modelo de imobilização Coutinho et al., (2002)................................... 44 Figura 5 – Esteira motorizada para ratos da marca Insight - modelo EP-131 com declinação de 16º. Fonte: Cornachione A, 2007.......................... Figura 6 45 – Membro posterior direito em flexão dorsal máxima, mantida por uma fita adesiva........................................................................................... 46 Figura 7 – Exposição e dissecação do músculo sóleo e plantar........................... 47 Figura 8 – Fotomicrografias do músculo sóleo nas colorações hematoxilinaeosina e azul de toluidina e, na reação histoenzimológica para mATPase pH 4.6 no experimento 1..................................................... Figura 9 54 – Fotomicrografias do músculo sóleo na coloração de tricrômico de gomori-modificado, nas reações histoenzimológicas mATPase pH 4.6, NADH2-TR, NASBI-PAS e imuno-histoquímica para desmina....... Figura 10 55 – Fotomicrografias do músculo plantar nas colorações hematoxilinaeosina e azul de toluidina e, na reação histoenzimológica para mATPase pH 4.6 no experimento 1..................................................... Figura 11 – Porcentagem das médias de FTI, FTIIC, FTIIA e FTIIAD do músculo sóleo em diferentes grupos analisados do experimento 1................... Figura 12 59 – Porcentagem das médias de FTI, FTIIC, FTIIA, FTIID e FTIIB do músculo plantar em diferentes grupos analisados no experimento 1.. Figura 14 58 – Foto do gel de eletroforese e análise quantitativa da expressão das bandas da MHCI e MHCIIa do músculo sóleo do experimento 1......... Figura 13 56 60 – Foto do gel de eletroforese e análise quantitativa da expressão das bandas da MHCI, MHCIIa, MHCIId do músculo plantar do experimento 1....................................................................................... Figura 15 – Fotomicrografias das lâminas dos músculos sóleo e plantar demonstrando a expressão do colágeno tipo I do experimento 1........ Figura 16 65 – Fotomicrografias das lâminas dos músculos sóleo e plantar demonstrando a expressão do colágeno tipo III do experimento 1...... Figura 17 61 67 – Fotomicrografias do músculo sóleo nas colorações hematoxilinaeosina e azul de toluidina e, na reação histoenzimológica para mATPase pH 4.6 no experimento 2..................................................... 85 Figura 18 – Fotomicrografias do músculo plantar nas colorações hematoxilinaeosina e azul de toluidina e, na reação histoenzimológica para mATPase pH 4.6 no experimento 2..................................................... Figura 19 – Porcentagem das médias de FTI, FTIIC, FTIIA e FTIIAD do músculo sóleo em diferentes grupos analisados do Experimento 2................... Figura 20 experimento 2....................................................................................... 95 – Fotomicrografias das lâminas dos músculos sóleo e plantar demonstrando a expressão do colágeno tipo III do experimento 2...... Figura 25 91 – Fotomicrografias das lâminas dos músculos sóleo e plantar demonstrando a expressão do colágeno tipo I do experimento 2 ....... Figura 24 90 – Foto do gel de eletroforese e análise quantitativa da expressão das bandas da MHCI, MHCIIa e MHCIId do músculo plantar do Figura 23 89 – Porcentagem das médias de FTI, FTIIC, FTIIA, FTIID e FTIIB do músculo plantar em diferentes grupos analisados no experimento 2.. Figura 22 88 – Foto do gel de eletroforese e análise quantitativa da expressão das bandas da MHCI e MHCIIa do músculo sóleo do experimento 2......... Figura 21 86 96 – Fotomicrografias do músculo sóleo nas colorações hematoxilinaeosina e azul de toluidina e, na reação histoenzimológica para mATPase pH 4.6 no experimento 3..................................................... Figura 26 – Porcentagem das médias de FTI, FTIIC, FTIIA e FTIIAD do músculo sóleo em diferentes grupos analisados do Experimento 3................... Figura 27 111 – Porcentagem das médias de FTI, FTIIC, FTIIA, FTIID e FTIIB do músculo plantar em diferentes grupos analisados no experimento 3.. Figura 29 110 – Foto do gel de eletroforese e análise quantitativa da expressão das bandas da MHCI e MHCIIa do músculo sóleo do experimento 3......... Figura 28 108 112 – Foto do gel de eletroforese e análise quantitativa da expressão das bandas da MHCI, MHCIIa e MHCIId do músculo plantar do experimento 3....................................................................................... Figura 30 – Fotomicrografias das lâminas dos músculos sóleo e plantar demonstrando a expressão do colágeno tipo I do experimento 3 ....... Figura 31 113 116 – Fotomicrografias das lâminas dos músculos sóleo e plantar demonstrando a expressão do colágeno tipo III do experimento 3...... 117 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Esquema de dias e periodização do treinamento............................. Tabela 2 – Alterações morfológicas das fibras do músculo sóleo identificadas 45 pelas colorações e reações histoenzimológicas nos diferentes grupos do experimento 1.................................................................. Tabela 3 53 – Médias do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA e FTIIAD com os respectivos intervalos de confiança de 95% do músculo sóleo dos diferentes grupos estudados no experimento 1................................ Tabela 4 62 – Médias do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA, FTIID e FTIIB com os respectivos intervalos de confiança de 95% de o músculo plantar dos diferentes grupos estudados no experimento 1............. Tabela 5 63 – Médias da relação capilar/fibra com os respectivos intervalos de confiança de 95% dos músculos sóleo e plantar dos diferentes grupos estudados no experimento 1................................................ Tabela 6 64 – Análise semi-quantitativa da imunoreatividade dos colágenos tipos I e III nos músculos Sóleo e Plantar para os diferentes grupos analisados no Experimento 1........................................................... Tabela 7 64 – Alterações morfológicas das fibras do músculo sóleo identificadas pelas colorações e reações histoenzimológicas nos diferentes grupos do experimento 2.................................................................. Tabela 8 83 – Médias do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA e FTIIAD com os respectivos intervalos de confiança de 95% do músculo sóleo dos diferentes grupos estudados no experimento 2................................ Tabela 9 92 – Médias do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA, FTIID e FTIIB com os respectivos intervalos de confiança de 95% do músculo plantar dos diferentes grupos estudados no experimento 2............. Tabela 10 93 – Médias da relação capilar/fibra com os respectivos intervalos de confiança de 95% dos músculos sóleo e plantar dos diferentes grupos estudados no experimento 2................................ Tabela 11 93 – Análise semi-quantitativa da imunoreatividade dos colágenos tipos I e III nos músculos Sóleo e Plantar para os diferentes grupos analisados no Experimento 2........................................................... Tabela 12 94 – Alterações morfológicas das fibras do músculo sóleo identificadas pelas colorações e reações histoenzimológicas nos diferentes grupos do experimento 3.................................................................. 107 Tabela 13 – Médias do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA e FTIIAD com os respectivos intervalos de confiança de 95% do músculo sóleo dos diferentes grupos que compuseramo experimento 3....................... Tabela 14 114 – Médias do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA, FTIID e FTIIB com os respectivos intervalos de confiança de 95% do músculo plantar dos diferentes grupos que compuseram o experimento 3.... Tabela 15 114 – Médias da relação capilar/fibra com os respectivos intervalos de confiança de 95% dos músculos sóleo e plantar dos diferentes grupos estudados no experimento 3................................ Tabela 16 115 – Análise semi-quantitativa da imunoreatividade dos colágenos tipos I e III nos músculos Sóleo e Plantar para os diferentes grupos analisados no Experimento 3........................................................... 115 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CETEA - Comissão de Ética em Experimentação Animal DAB - Diamino-Benzidina FTI - Fibra Tipo I FTIIC - Fibra Tipo IIC FTIIA - Fibra Tipo IIA FTIIAD - Fibra Tipo IIAD FTIID - Fibra Tipo IID FTIIB - Fibra Tipo IIB FGF - Fator de Crescimento de Fibroblastos GC(Imob) - Grupo Controle do Grupo Imobilizado GI - Grupo Imobilizado GC(10) - Grupo Controle dos Grupos GITE(10) e GIAL(10) GITE(10) - Grupo Imobilizado 10 dias e treinado excêntrico 10 dias GIAL(10) - Grupo Imobilizado 10 dias e alongado 10 dias GC(21) - Grupo Controle dos Grupos GITE(21) e GIAL(21) GITE(21) - Grupo Imobilizado 21 dias e treinado excêntrico 21 dias GIAL(21) - Grupo Imobilizado 21 dias e alongado 21 dias GA - Grupo Anestesiado GAGs - Glicosaminoglicanas GGT - Galatosil-Lisil-Glucotransferase HE - Hematoxilina-Eosina IGF - Fator de Crescimento Insulínico IL-1 - Interleucina - 1 MAPK - Ativador Mitogênico de Proteína Kinase mATPase - Adenosina Trifosfatase Miofibrilar MEC - Matriz Extracelular MHC - Cadeia Pesada da Miosina MMP Matriz Metalloproteinase MOAR - Microscopia de Alta Resolução NADH2-TR - Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Reduzido Tetrazolium Redutase NAS-BI.PA - Naftol AS-BI Fosfatase PBS - Tampão Fosfato Salino P-4-H - Prolil 4-Hidroxilase rC/F - Relação Capilar/Fibra RE - Retículo endoplasmático SDH - Desidrogenase Succínica TBST - Tampão Tris Salino com Tween 20 TGF-β - Fator de Crescimento Tumoral – β TIMP - Tecidos Inibidores de Metaloproteínases USP - Universidade de São Paulo VEGF - Fator de Crescimento Endotelial Vascular LISTA DE SÍMBOLOS m/min - metros por minuto cm - centímetro mg/kg - miligramas por kilograma o - graus Celsius mm - milímetro m - metro g - grama s - segundo ml - mililitro kg - kilograma min - minuto m - Micrômetro C SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO__________________________________________________ 21 2 OBJETIVOS ___________________________________________________ 25 3 REVISÃO DA LITERATURA _______________________________________ 28 3.1 Músculo-Esquelético _________________________________________ 28 3.1.1 Características do músculo esquelético ______________________ 28 3.1.2 Classificação das fibras musculares _________________________ 29 3.1.3 Matriz extracelular do músculo-esquelético ___________________ 31 3.2 Efeitos do desuso e da reabilitação física no músculo-esquelético ___ 34 3.2.1 Desuso por imobilização ___________________________________ 34 3.2.2 Reabilitação física do músculo esquelético ___________________ 36 4 MATERIAIS E MÉTODOS _________________________________________ 41 4.1 Animais ____________________________________________________ 41 4.2 Grupos experimentais ________________________________________ 41 4.3 Procedimentos experimentais _________________________________ 43 4.3.1 Técnica de Imobilização ___________________________________ 43 4.3.2 Técnica de Treinamento em Esteira em Declive – Exercício Excêntrico ____________________________________________________ 44 4.3.3 Técnica de Alongamento Mantido ___________________________ 45 4.3.4 Processamentos dos Fragmentos musculares _________________ 46 4.3.5 Estudo Morfológico _______________________________________ 49 4.3.6 Estudo Morfométrico ______________________________________ 49 4.3.7 Análise Estatística ________________________________________ 51 5 RESULTADOS EXPERIMENTO 1 __________________________________ 53 5.1 Morfologia _________________________________________________ 53 5.2 Morfometria ________________________________________________ 57 5.2.1 Proporção de Fibras e Expressão dos Diferentes Tipos de MHC __ 57 5.2.2 Diâmetro Menor __________________________________________ 62 5.2.3 Relação Capilar/fibra ______________________________________ 63 5.3 6 Colágenos tipo I e tipo III _____________________________________ 64 DISCUSSÃO EXPERIMENTO 1 ____________________________________ 69 6.1 Morfologia _________________________________________________ 69 6.2 Morfometria ________________________________________________ 71 6.2.1 Alterações na Proporção de Fibras e na MHC __________________ 71 6.2.2 Alterações na Área de Secção Transversa ____________________ 73 6.2.3 Alterações na Relação Capilar/fibra __________________________ 75 6.3 Alterações na Expressão do Colágeno Tipo I e Tipo III _____________ 77 6.4 Limitações do Experimento 1 __________________________________ 79 7 CONCLUSÃO EXPERIMENTO 1 ___________________________________ 81 8 RESULTADOS EXPERIMENTO 2 __________________________________ 83 8.1 Morfologia _________________________________________________ 83 8.2 Morfometria ________________________________________________ 87 8.2.1 Proporção de Fibras e Expressão dos Diferentes Tipos de MHC __ 87 8.2.2 Diâmetro Menor __________________________________________ 92 8.2.3 Relação Capilar/fibra ______________________________________ 93 8.3 9 Colágenos tipos I e tipo III ____________________________________ 94 DISCUSSÃO EXPERIMENTO 2 ____________________________________ 98 9.1 Morfologia _________________________________________________ 98 9.2 Morfometria ________________________________________________ 99 9.2.1 Alterações na Proporção de fibras e na MHC __________________ 99 9.2.2 Alterações na Área de Secção Transversa ___________________ 100 9.2.3 Alterações na Relação Capilar/fibra _________________________ 101 9.3 Alterações na Expressão dos Colágenos Tipo I e Tipo III __________ 102 9.4 Limitações Experimento 2 ___________________________________ 103 10 CONCLUSÃO EXPERIMENTO 2 __________________________________ 105 11 RESULTADOS EXPERIMENTO 3 _________________________________ 107 11.1 Morfologia ________________________________________________ 107 11.2 Morfometria _______________________________________________ 109 11.2.1 Proporção de Fibras e Expressão dos Diferentes Tipos de MHC _ 109 11.2.2 Diâmetro Menor _________________________________________ 114 11.2.3 Relação Capilar/fibra _____________________________________ 115 11.3 Colágenos tipo I e tipo III ____________________________________ 115 12 DISCUSSÃO EXPERIMENTO 3 ___________________________________ 119 13 CONCLUSÃO EXPERIMENTO 3 __________________________________ 123 14 CONCLUSÕES ________________________________________________ 125 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________ 127 ANEXOS________________________________________________________ 139 Introdução - 21 1 INTRODUÇÃO Os músculos esqueléticos são constantemente requisitados a gerar um extenso espectro de força e de movimento. A atitude antigravitacional de quadrúpedes favorece o constante recrutamento do músculo sóleo no desenvolvimento da postura estática (ROY et al., 1991; GREGOR et al., 2006) ao contrário do músculo plantar que atua como coadjuvante nos movimentos fásicos rápidos e rítmicos de flexão plantar durante a marcha. Situações de desuso, determinadas por procedimentos de imobilização, tem mostrado desencadear alterações morfológicas, bioquímicas e funcionais mais expressivas em músculos tônicos, como o sóleo, que em músculos fásicos, como plantar. As fibras musculares são estruturas dinâmicas capazes de ter seu fenótipo alterado em diversas condições, desde o desuso até a sobrecarga (TALMADGE, 2000). Redução da transdução de estímulos mecânicos, determinados pelo procedimento de imobilização, pode desencadear uma cascata de alterações estruturais no músculo esquelético (PETTE; STARON, 2000). Estudos prévios que submeteram o músculo sóleo de ratos a situações de hipocinesia, através de imobilização em posição encurtada (Loughna et al, 1990) ou suspensão (Stevens et al, 2000; Cornachione et al., 2008) mostraram que o procedimento determina alterações citoarquiteturais, atrofia e trânsito da isoforma da cadeia pesada da miosina (MHC) de lenta (tipo I) para rápida (tipo II), proporcionando aumento da MHCIIa concomitante diminuição da MHCI. A matriz extracelular (MEC) é uma malha complexa e dinâmica que oferece suporte e manutenção estrutural para os tecidos (TAKALA; VIRTANEN, 2000). Composta predominantemente por colágenos, essa estrutura tem apresentado alterações significativas após situações de desuso. JÄRVINEN e colaboradores (2002) observaram aumento da expressão dos colágenos dos tipos I e III nos músculos sóleo e gastrocnêmio após três semanas de imobilização. O aumento da expressão de colágeno intramuscular pode reduzir o fluxo sanguíneo nos capilares comprometendo a homeostase do tecido. Estudos recentes também têm mostrado redução significativa da relação capilar/fibra (rC/F) de músculos de animais adultos após situações de hipocinesia (CORNACHIONE et al., 2011; DESPLANCHES et al., 1990; DESPLANCHES et al., 1991). Filamentos intermediários, como a desmina, responsáveis pela manutenção arquitetural da célula e transdução de estímulos, Introdução - 22 tanto do meio extra como do meio intrecelular (Kamiñska et al., 1996; Cízková et al., 2006), também podem ser acometidos pela imobilização (VATER et al., 1992). Concomitante, essa proteína tem mostrado ser um importante marcador de regeneração quando o músculo retoma à sobrecarga ou são estimulados por atividade física. Dentro da literatura científica, há uma diversidade de programas de atividade física que são aplicados na reabilitação do músculo esquelético. O exercício excêntrico tem mostrado ser um potente indutor da regeneração muscular após períodos de hipocinesia (CORNACHIONE et al., 2008; CORNACHIONE et al., 2011) ao contrário do que se tem visto em estudos pregressos (EVANS, 1986). Não se pode deixar de enfatizar a sua característica lesiva devido ao aumento de tensão, consequência esta determinada pelo menor recrutamento de unidades motoras (MAYHEW et al., 1995). Paralelamente, este mesmo estímulo que lesa também é capaz de aumentar o trofismo e o número de capilares após hipocinesia por suspensão (CORNACHIONE et al., 2011). Dentro do acervo científico são muitos os estudos que abordam o exercício excêntrico como um fator lesivo do tecido muscular em fases agudas de treinamento (Sonobe et al., 2010; Liao et al., 2010), porém são poucos aqueles que o abordam como uma importante ferramenta na reabilitação, principalmente quando aplicado por períodos mais longos (McBRIAN; GORIN; CARLSEN, 1995). Outro programa de reabilitação que merece destaque é o alongamento mantido. Este recurso é comumente utilizado na prática reabilitadora com intuito de prevenir a proliferação de tecido conjuntivo (WILLIAMS et al., 1988) e a perda de sarcômeros em série em músculos imobilizados (GOLDSPINK, 2002). Alguns estudos também afirmam que o alongamento pode ser um estímulo mecânico determinante da hipertrofia muscular (COUTINHO et al., 2004; GOMES et al., 2004; GOLDSPINK et al., 2002). Mas, por outro lado, existem relatos na literatura científica descrevendo que essa força tensional passiva longitudinal pode acarretar lesões degenerativas importantes no tecido muscular após imobilização, assim como o exercício excêntrico (MATTIELLO-SVERZUT et al., 2006; GOMES et al., 2007). De um modo geral os estudos científicos creditam os benefícios do alongamento, após desuso, especialmente ao aumento do trofismo, da amplitude de movimento e da reorganização do tecido conjuntivo, porém são escassos os resultados frente aos diferentes tipos de fibras, capilares e expressões colagênicas. Introdução - 23 Dentro da prática fisioterapêutica é sabido que os convênios de saúde, rotineiramente, elegem 10 sessões terapêuticas como suficientes para reabilitar o músculo esquelético após período de desuso determinado pelo procedimento ortopédico de imobilização. Previamente foi mostrado que o desuso desencadeia alterações histopatológicas significativas no músculo esquelético e que programas de reabilitação aplicados a este sistema parecem reverter tais disfunções (TALMADGE, 2000; CORNACHIONE et al., 2008; CORNACHIONE et al., 2011). Porém, a descrição das capacidades adaptativas de remodelação acompanhadas por períodos de 10 e 21 dias, sendo este último o tempo que se encerra o processo de regeneração celular, não foram ainda investigados. Frente aos fatos aqui levantados, pergunta-se: o período terapêutico de 10 dias é realmente suficiente para restabelecer as características de músculos funcionalmente similares, porém bioquimicamente distintos? Considerando que 10 dias não completam o período de proliferação, diferenciação e fusão das células satélites, nossa hipótese é que somente após 21 dias de estímulo terapêutico, o tecido muscular apresentará características normais e estará preparado para realizar as funções cotidianas. Vale ressaltar que ambos os procedimentos experimentais, imobilização e reabilitação, foram aplicados em ratas e seu metabolismo é expressivamente mais acelerado quando comparado aos seres humanos. Objetivos - 25 2 OBJETIVOS Objetivo Geral Para os profissionais da saúde, especialmente para os fisioterapeutas, estudar a plasticidade do tecido muscular, pode trazer informações adicionais à aplicação de recursos terapêuticos controversos na literatura, ainda que estes estudos sejam realizados em ratos e que devam ser cuidadosamente extrapolados para o âmbito humano. Em decorrência da realidade observada no nosso sistema de saúde, frente ao número de sessões de fisioterapia prescritas aos pacientes, o objetivo do presente estudo foi analisar as respostas teciduais dos músculos sóleo e plantar, de ratas previamente imobilizadas por 10 dias, submetidos a programas de reabilitação (10 e 21 dias) independentes, exercício excêntrico e alongamento mantido, por 40 minutos. Objetivos Específicos Experimento 1 – 40 minutos de Treino Excêntrico Pós-Imobilização Confrontar achados histopatológicos, qualitativos e quantitativos, em diferentes períodos (10 e 21 dias) de treinamento do tipo excêntrico aplicado em animais adultos que foram previamente submetidos ao desuso por 10 dias de imobilização. Experimento 2 – 40 minutos de Alongamento Mantido Pós-Imobilização Confrontar achados histopatológicos, qualitativos e quantitativos, em diferentes períodos (10 e 21 dias) de alongamento mantido em animais adultos que foram previamente submetidos ao desuso por 10 dias de imobilização. Experimento 3 – Treinamento Excêntrico X Alongamento Mantido Confrontar achados histopatológicos, qualitativos e quantitativos, dos protocolos exercício excêntrico e alongamento mantido aplicados em diferentes períodos, 10 e 21 dias de reabilitação, em animais adultos que foram previamente submetidos ao desuso por 10 dias de imobilização. Objetivos - 26 Nos experimentos, as alterações musculares foram avaliadas através: da análise qualitativa dos aspectos gerais morfológicos; da análise quantitativa, obtendo dados de diâmetro menor, proporção dos diferentes tipos de fibras; relação capilar/fibra e expressão das diferentes isoformas de miosina; da análise semi-quantitativa para expressão dos colágenos tipo I e tipo III. Revisão da Literatura - 28 3 REVISÃO DA LITERATURA Os músculos esqueléticos são constantemente requisitados a gerar um extenso espectro de força e de movimento, muitas vezes acompanhados de situações de resistência à fadiga. Estas funções, geração de força e movimento, podem ser comprometidas por situações de desuso, como restrição ao leito, que conduzem o músculo a um estado de hipocinesia, assim como pela atividade física, gerando um profundo impacto na atividade morfofuncional do mesmo. Para se adaptar a estas diferentes situações (desuso e atividade física), fibras musculares especializadas desenvolveram-se com propriedades genéticas, fisiológicas, bioquímicas e morfológicas diferentes (KELLY; RUBINSTEIN, 1994). Assim, estudos experimentais utilizando animais, em situações de hipocinesia e programas de reabilitação, têm sido extensivamente explorados pela literatura científica com o objetivo de contribuir parcialmente ou integralmente na reestruturação do sistema músculo-esquelético. 3.1 Músculo-Esquelético 3.1.1 Características do músculo esquelético O músculo esquelético é constituído por dois grandes conjuntos de células, um especializado em promover contração, composto pelas miofibrilas e outro responsável em promover sustentação, composto pelo tecido conjuntivo, que possui dentre os seus constituintes os fibroblastos (KJÆR et al., 2003). A organização, o número, o tamanho e o tipo dessas fibras variam de músculo para músculo (WANG; KERNELL, 2001), mas cada fibra muscular é envolvida por uma membrana chamada sarcolema. Como as outras células do organismo, a fibra muscular é composta por citoplasma, denominado de sarcoplasma. Essas duas regiões, sarcolema e sarcoplasma, estão interligadas por um conjunto de proteínas. Essas proteínas são responsáveis pela transmissão das forças geradas pelas miofibrilas à matriz extracelular (MEC), e vice-versa (HERRMANN et al., 2007). As miofibras apresentam arquitetura longa, cilíndrica e com vários núcleos em sua periferia; possuem tipos e subtipos com diferentes propriedades. Cada miofibrila Revisão da Literatura - 29 está envolvida por uma quantidade de tecido conjuntivo denominado endomísio. Agrupadas em feixes elas encontram-se envolvidas por outra camada de tecido conjuntivo denominada perimísio, sendo esse conjunto denominado de fascículo. Ao redor do músculo encontra-se o epimísio, que representa a camada mais externa de tecido conjuntivo. Esse tecido possui continuidade até os tendões. Adicionalmente, nervos motores penetram pelo músculo e inervam por meio de axônios terminais, cada miofibrila. Nervos sensoriais penetram no fuso muscular enviando e recebendo informações do estado de contração. Além destes constituintes, o músculo esquelético é altamente vascularizado o que fornece nutrientes essenciais para a função muscular (KJÆR et al., 2003). A miofibrila é composta por filamentos finos e grossos chamados miofilamentos. O miofilamento fino é composto pela proteína actina e o grosso pela proteína miosina. A interação desses dois miofilamentos é essencial na contração muscular. O miofilamento fino é formado por dois filamentos de actina, um enrolado no outro, onde moléculas de proteína globular, chamadas de troponina, são encontradas nos sítios de ligação entre os dois filamentos, e a proteína tropomiosina liga-se em cada molécula de troponina. A troponina e tropomiosina possuem ativação cálcio dependentes, sendo componentes essenciais para regulação da contração muscular (CLARK et al., 2002). O miofilamento grosso é composto por grandes moléculas de miosina, organizadas para formar um filamento longo. Cada molécula tem um alargamento, chamado de cabeça. As cabeças da miosina são capazes de mover-se e ligar-se aos sítios da actina, gerando assim a contração ou relaxamento muscular (LEVITSKY, 2004). 3.1.2 Classificação das fibras musculares Uma das características únicas dos músculos esqueléticos é a sua composição de diferentes tipos de fibras musculares que contribuem para uma variedade de capacidades funcionais. A velocidade da contração muscular está diretamente relacionada à atividade adenosina trifosfatase miofibrilar (mATPase), que por sua vez, está intimamente relacionada com as distintas isoformas da miosina. Revisão da Literatura - 30 Músculos adultos apresentam 4 tipos de fibras representativas, uma população distinta que expressa específicas isoformas de miosina e, portanto, considerada pura (MHCIIa, MHCIIb, MHCIId/x (rato/humano) e MHCI). Outra heterogênia, composta por um amplo espectro de isoformas da miosina, considerada híbridas, (MHCIIb + MHCIId/x, MHCIId/x + MHCIIa ou MHCIIa + MHCI) (PETTE; STARON, 1997). Em 1969, Guth e Samatha propuseram um método de coloração histoquímico do tecido muscular, utilizando diversos meios ácidos e básicos de préincubação. Com base na instabilidade da atividade da miosina, as fibras foram classificadas em tipos I (FTI) e II (FTII) e subtipos IIA (FTIIA), IID/X (FTIID/X) e IIB (FTIIB) (ALLEN et al., 1996; STARON; PETTE, 1986; 1993). A identificação das fibras puras e híbridas está bem estabelecida na literatura, entretanto as mesmas podem variar em quantidade conforme a espécie estudada, ou mesmo se concentrarem numa determinada região de um mesmo músculo (ARMSTRONG; PHELPS, 1984; STARON et al. 1999; WANG; KERNELL, 2001). Um exemplo claro desses diferentes aspectos enzimáticos foi documentado por Staron et al. (1999) quando estudaram quatro diferentes músculos dos membros posteriores de ratos Fischer 344. Cornachione et al., (2011) também desmonstraram, através da técnica para mATPase, diferentes tipos de fibras que compõe diferentes músculos de ratas da raça Wistar. As fibras musculares são estruturas dinâmicas capazes de ter seu fenótipo alterado em diversas condições, como aumento ou redução da atividade neuromuscular e/ou carga mecânica (TALMADGE, 2000), alterações hormonais (em especial hormônios tireoidianos), idade, entre outros fatores (PETTE; STARON, 2000). O esquema abaixo demonstra os possíveis sentidos de transformações fenotípicas das fibras segundo Pette e Staron (2000): O suprimento sanguíneo do músculo esquelético esta diretamente relacionado com o tipo de fibra e a transição entre os diferentes tipos. As fibras de contração lenta (FTI) apresentam tipicamente mais capilares que as fibras de contração rápida (FTII) (ANNEX et al., 1998; CHERWEK et al., 2000). Os capilares Revisão da Literatura - 31 têm a importante função de levar oxigênio e substratos necessários para as fibras musculares realizarem a contração. Um exemplo claro desse aspecto histológico é o músculo sóleo e o plantar. Apesar dos músculos sóleo e plantar apresentarem certa proximidade anatômica, os mesmos são distintos nas características citoarquiteturais e bioquímicas. O sóleo é, considerado um músculo postural, composto na sua maioria de FTI e FTIIA, porém, estudos têm mostrado que outros subtipos, tais como FTIID e FTIIB, estão sendo identificados no mesmo (SOUKUP et al., 1979; ZURMANOVÁ et al., 2007; 2008). Chopard et al. (2001) e Schuenke et al. (2008) mostraram que as FTI predominam proporcionalmente no músculo sóleo de animais adultos. Os autores atribuíram essa característica a constante ativação deste músculo durante atividades funcionais e, consequentemente, deste tipo específico e predominante de fibra. Outros autores também sugerem que a atividade antigravitacional de quadrúpedes favorece a atividade do músculo sóleo no desenvolvimento da postura estática (ROY et al., 1991; GREGOR et al., 2006). Diferentemente é o músculo plantar composto predominantemente, na porção profunda, por FTIID (ROY et al. 1997; FULLER et al. 2006). Esta característica glicolítica pode ser atribuída às contrações intermitentes recrutadas durante a marcha. 3.1.3 Matriz extracelular do músculo-esquelético A matriz extracelular (MEC) é uma malha complexa e dinâmica que oferece suporte e manutenção estrutural para organismos multicelulares e, ajuda na regulação de diversos processos celulares, tais como: crescimento, proliferação, diferenciação, migração e adesão celular (TAKALA; VIRTANEN, 2000). As principais classes de macromoléculas encontradas na MEC são das cadeias de polissacarídeos, glicosaminoglicanas (GAGs), que estão normalmente ligadas a uma proteína formando assim, um polissacarídeo e a classe das proteínas fibrosas, constituída por dois tipos funcionais: estruturais (colágeno e elastina) e adesivas (fibronectina e laminina). O colágeno é a proteína mais abundante da matriz extracelular. Sua estrutura é de tripla-hélice constituída por 3 cadeias-α de polipeptídios. As cadeias-α são configuradas por repetitivas sequências de aminoácidos (glicina, prolina e hidroxiprolina) (Figura 1) (ALBERTS et al., 2002). Revisão da Literatura - 32 Figura 1 – Esquema da estrutura de tripla-hélice do colágeno. Fonte: Molecular Biology of the Cell, Alberts et al. (2002) - Modificado Até o presente momento foram encontrados cerca de 24 diferentes tipos de colágeno, geralmente divididos em dois principais grupos, denominados colágeno fibrilar e não-fibrilar. Em ratos, os colágenos tipos I e III (fibrilar) são distribuídos em todos os três níveis de tecido muscular (epi-, peri- e endomísio) porém o colágeno tipo IV (não-fibrilar) está localizado em vasos e membrana basal. O colágeno tipo V é o menor tipo, e é encontrado também no endomísio (GONDRET et al., 2005). Os fibroblastos são os principais sintetizadores do colágeno e é dentro do retículo endoplasmático (RE) desta célula que ocorre a produção (Figura 2). A biosíntese é caracterizada por extensivos números de modificações pré- e póstransducionais das cadeias polipeptídicas que contribuem na qualidade e na estabilidade do mesmo (KIVIRIKKO; MYLLYLÄ, 1982). A confecção de uma fibra de colágeno ocorre tanto no meio intracelular como no extracelular. Após o estímulo mecânico fatores de crescimento, tais como: fator de crescimento tumoral - β (TGFβ), fator de crescimento insulínico (IGF), interleucina – 1 (IL-1), fator de crescimento de fibroblastos (FGF) e fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), desempenham importante papel na regulação da ativação do gene do colágeno. Revisão da Literatura - 33 Figura 2 – Esquema da síntese de colágeno. Fonte: Michael Kjaer, Physiol Rev 84:649-698, 2004 - Modificado Dentro do núcleo ocorre a transcrição do DNA dando origem ao mRNA. Este último passa por modificações transducionais formando as cadeias de polipeptídio. No RE essas cadeias sofreram a ação de enzimas sintetizadoras, Prolil 4-Hidroxilase (P-4-H) e a Galatosil-Lisil-Glucotransferase (GGT), originando as cadeias-α (KJAER 2003). Ainda dentro do RE essas cadeias se auto-estruturam dando origem ao procolágeno com formato de tripla-hélice. Através do aparelho de Golgi o procolágeno é exocitado para o meio extracelular e sofrerá clivagem dos seus terminais amino e carboxil, formando uma molécula de colágeno. As moléculas de colágeno também têm a característica de se auto-estruturarem para formar a fibrila de colágeno que por fim se agregam e formam a fibra propriamente dita (ALBERTS et al., 2002). A estabilidade e força tensil do colágeno são dadas por ligações covalentes de lisina, chamadas de cross-linked. Por outro lado, o estímulo mecânico também estimula degradação e remodelação do colágeno. As metaloproteínases da matriz (MMPs) são proteinases que participam da regulação e degradação da MEC. São classificadas como colagenases e gelatinases. As gelatinases dos tipos 2 (MMP-2) e 9 (MMP-9) são as mais encontradas no tecido muscular sendo a MMP-2 responsável pela degradação dos colágenos tipos I e III. Outra notável função da MMP-2 é a regulação da Revisão da Literatura - 34 proliferação e diferenciação de mioblastos e fibroblastos. Concomitante a ativação das MMPs os tecidos inibidores de metaloproteínases da matriz (TIMPs) também são ativados desempenhando o papel de inibição das MMPs conforme o tipo de estímulo imposto (FASSINA et al., 2000). As células do tecido conjuntivo desempenham importante papel de distinguir e transduzir diferentes estímulos mecânicos, como forças compressivas, tenseis e cisalhantes. Essas forças são propagadas através da mecanotransdução. Esse mecanismo é responsável pela sobrevivência e crescimento da célula, pois estímulos mecânicos são transformados em estímulos químicos influenciando diretamente na morfologia, bioquímica e arquitetura do músculo esquelético. Assim, o aumento ou a redução da atividade física podem influenciar na síntese e diferenciação dos componentes da MEC e nas proteínas do costâmero (KJÆR, 2004). 3.2 Efeitos do desuso e da reabilitação física no músculo-esquelético 3.2.1 Desuso por imobilização A manutenção da citoarquitetura do músculo esquelético requer uma mínima quantidade de carga repetitiva. Situações de hipocinesia como acamamento ou imobilização, podem conduzir a musculatura às alterações citoarquiteturais importantes, tais como: atrofia, redução da extensibilidade, da força e da resistência, resultando em aumento da fibrose intramuscular (WILLIAMS; GOLDSPINK, 1983; KANNUS et al., 1998; SILVA et al., 2006), além de transtornos de circulação e edema, devido a uma redução da densidade capilar (McNULTY et al., 1992; KVIST et al., 1995), alterações ligamentares e rigidez articular (LOITZ et al., 1989). Condições de inatividade determinaram alterações importantes, observadas no eixo longitudinal como: encurtamentos e contraturas; e no eixo transversal como: redução do volume, devido a degradação de proteínas, aumento do volume, decorrente de tumefação celular e até mesmo aumento no número de células do músculo esquelético, provenientes de fragmentações (splitting) (PICQUET et al., 1998; MATTIELLO-SVERZUT et al., 2006; GOMES et al., 2007). Polizelllo (2009) observou redução do diâmetro menor de todos os tipos de fibras do músculo sóleo, após imobilização por 14 dias consecutivos. O mesmo procedimento mostrou reduzir Revisão da Literatura - 35 significativamente o tamanho da área de secção transversa das FTI, FTIIAD e FTIID na porção medial do músculo gastrocnêmico (CARVALHO, 2009). Gamrin et al., (1998) e Silva et al., (2006) observaram significativa redução de força e massa muscular após 48 horas de imobilização. Hebert e Balnave (1993) e Kannus et al., (1998) relataram que o músculo sóleo imobilizado em posição encurtada por 7 dias, apresentou uma redução significativa de 37% da massa muscular. Este fato pode ser justificado pela rápida degradação das miofibrilas e proteínas musculares (GOLDSPINK, 1991; KASPER et al., 1993; BALDWIN et al., 1994; OKITA et al., 2001). Ainda, a imobilização em posição encurtada gera encurtamento dos sarcômeros em série afetando assim, o comprimento funcional ideal (WILLIAMS et al., 1988; COUTINHO et al., 2004). De forma semelhante, a imobilização na posição alongada causa redução da massa muscular e aumento do tecido conjuntivo, porém essa alteração é menos evidente quando comparada à imobilização em encurtamento, além de apresentar aumento de cerca de 17% do número de sarcômeros em série (JÓZSA et al., 1990; PATTULLO, et al., 1991; PETTE; STARON, 2000). Então, a imobilização de músculos em posição encurtada é seguida de atrofia muscular mais marcante e maior perda das propriedades elásticas do que aqueles imobilizados em posição de alongamento (JARVINEN et al., 1992). Além de proporcionar alterações no volume da fibra muscular, o desuso determinado pela imobilização também gera mudanças na isoforma da MHC. A transição da isoforma da MHC, de rápida (tipo II) para lenta (tipo I) ou de lenta para rápida, depende do tipo e da intensidade do estímulo aplicado (BOTTINELLI et al., 1994). Essa mudança na expressão da MHC respeita uma seqüência hierárquica (MHCI MHCIIa MHCIId MHCIIb) conforme a atividade específica da mATPase e da tensão. Após períodos de imobilização, alterações na configuração das fibras são observadas na musculatura esquelética (BOOTH; KELSO, 1973; PETTE; STARON, 2000). Estudos mostraram, no músculo sóleo de ratos, que situações de desuso, como a imobilização em posição encurtada, determinam atrofia e trânsito da isoforma da MHC de lenta para rápida, proporcionando aumento da expressão da MHCIIa concomitante diminuição da MHCI (LOUGHNA et al, 1990; THOMASON; BOOTH, 1990; STEVENS et al, 2000; CORNACHIONE et al., 2011). Por outro lado, a imobilização realizada em músculos compostos predominantemente por fibras de contração rápida (FTII), como EDL, mostrou Revisão da Literatura - 36 determinar um trânsito da MHC mais rápida para mais lenta (PATTULLO, et al., 1992; LOUGHNA et al., 1990; GOLDSPINK, 1999). Contudo, é sabido que músculos de contração lenta são mais afetados pelo procedimento de imobilização quando comparados a músculos de contração rápida (THOMASON; BOOTH, 1990; GOLDSPINK, 1999; PETTE; STARON, 2000; SILVA et al., 2006). Somada às alterações do tecido muscular, a imobilização gera ainda redução da densidade capilar. Essa alteração é marcante na primeira semana, porém continua até a terceira semana, paralelamente ao aumento de tecido conjuntivo intramuscular (JÓZSA et al., 1990; KANNUS et al., 1998b). Isso ocorre devido à obliteração da luz dos capilares de forma que, o aumento do tecido intramuscular contribui para a redução do fluxo sanguíneo nos capilares estimulando aumento na quantidade deste tecido, iniciando assim, um ciclo vicioso (JÓZSA et al., 1990). Cornachione et al. (2008) observaram redução significativa da relação capilar/fibra, no músculo sóleo, após situação de hipocinesia. Quanto ao colágeno é sabido que a musculatura esquelética é composta por três formas de colágeno fibrilar, tipo I, III e V, e uma forma não fibrilar, o colágeno do tipo IV, e que alterações dos níveis de atividade física pode comprometer a biosíntese dos mesmos (TAKALA; VIRTANEN, 2000). Situações de desuso, induzidas por procedimento de imobilização, mostraram redução da atividade enzimática na síntese do colágeno (AHTIKOSKI, et al., 2001). Han et al. (1999) observaram redução nos níveis de mRNA, nos músculos sóleo e plantar, dos prócolágenos tipos I e III após sete dias de imobilização do membro posterior direito de ratos. Por outro lado, Järvinen e colaboradores (2002) observaram aumento no colágeno I e III nos músculos sóleo e gastrocnêmio após três semanas de imobilização. 3.2.2 Reabilitação física do músculo esquelético Os efeitos morfofuncionais determinados pelo desuso, relatados acima, são extensivamente destacados na literatura científica. No entanto, os efeitos morfofuncionais determinados por diferentes procedimentos de remobilização são escassos na literatura, mas são infinitamente maiores que os relatos comparativos entre dois procedimentos. Revisão da Literatura - 37 Na busca da prevenção da atrofia muscular determinada pelo desuso e redução da proliferação de tecido conjuntivo, modalidades de exercícios terapêuticos têm sido apresentados pela literatura científica. Programas de exercício excêntrico têm sido analisados e sugere-se que os músculos, quando assim exercitados, podem gerar maior nível de tensão que durante a contração concêntrica e isométrica (DOSS; KARPOVICH, 1965; OLSON et al. 1972; CUCCURULLO, 2010). Alguns autores argumentam que o estímulo excêntrico aumenta a síntese de proteína, acarretando maior estímulo para hipertrofia muscular comparado com outros tipos de contração (ATHA, 1981 apud MAYHEW et al., 1995). Exercícios de corrida aplicados em ratos, com freqüência de 3 vezes por semana, restabeleceram as propriedades musculares e a amplitude de movimento perdidas durante o período de imobilização (SAKAKIMA et al., 2004). Ratas jovens, submetidas ao treino de corrida por 8 semanas, apresentaram transição de isoformas de MHCIIb para MHCIId e IIa no músculo plantar (SULLIVAN et al., 1995). Já no músculo sóleo de ratos adultos, houve aumento de fibras musculares com características oxidativas-glicolíticas (FOG) após treinos, estático e dinâmico, com contrações excêntricas (MELICHNA et al., 1987). Cornachione et al. (2008) observaram que os achados relativos a proporção de fibras do músculo sóleo, equipararam-se à situação controle após reabilitação com exercício excêntrico. Por outro lado, tem sido destacado que a escolha deste tipo de exercício pode determinar lesão tecidual significativa. Estudos realizados em nosso laboratório, utilizando a técnica de suspensão caudal de ratas e treinamento excêntrico por 21 dias, mostraram menor incidência de lesão celular que a técnica de treinamento concêntrico (CORNACHIONE et al., 2008). Além disso, os mesmos autores observaram restabelecimento da relação capilar/fibra após aplicação deste programa de reabilitação. Kano e colaboradores (2002) relatam que o exercício físico pode ser um importante estímulo para a angiogênese no músculo esquelético através do recrutamento de maior oferta de oxigênio e substratos para o tecido. O fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) e a hipoxia realizam papel importantes na proliferação capilar em resposta ao exercício (BLOOR, 2005). Muitas situações no músculo esquelético que exibem a angiogênese envolvem aumento do fluxo sanguíneo, e muitas evidências apontam que o aumento do fluxo sanguíneo sozinho é suficiente para induzir o crescimento capilar (BROWN; HUDLICKA, 2003). Revisão da Literatura - 38 Outro procedimento terapêutico de remobilização frequentemente utilizado para restabelecer a amplitude de movimento e o desempenho funcional do músculo esquelético após situações de desuso é o alongamento muscular passivo. A meta geral de um programa de alongamento é restabelecer a amplitude de movimento aos padrões de normalidade das articulações e a mobilidade dos tecidos moles que as cercam (KISNER, 1998; WELDON; HILL, 2003). É uma importante técnica capaz de prevenir a proliferação de tecido conjuntivo e a perda de sarcômeros em série de músculos imobilizados (JÄRVINEN et al., 1992; COUTINHO et al., 2004), e tem sido indicada para prevenção de lesões inclusive, em atletas (WELDON; HILL, 2003). No entanto, alguns estudos sugerem que esta técnica é capaz de determinar hipertrofia tecidual (OKITA et al., 2001; COUTINHO et al., 2004; COUTINHO et al., 2006). A freqüência e duração do estímulo mecânico realizado pela técnica de alongamento são importantes fatores que podem influenciar nas respostas de síntese ou degradação protéica, além da adaptação do tecido conjuntivo muscular. Estudos desenvolvidos em nosso laboratório têm demonstrado que uma única sessão semanal de alongamento não foi suficiente para prevenir a redução da massa muscular e do número de sarcômeros em série (GOMES et al., 2004). Os mesmos autores observaram que o alongamento muscular pode causar intenso dano tecidual quando utilizado numa freqüência igual ou superior a uma vez na semana por 40 minutos (GOMES et al., 2007). Alterações ultraestruturais significativas relacionadas ao processo de tumefação celular e alta reatividade celular foram observadas, representando processos de degeneração e/ou regeneração desencadeados pelo alongamento (MATTIELLO-SVERZUT et al., 2006, GOMES et al., 2007). Mudanças no fenótipo e no trofismo dos tipos de fibras musculares podem ser influenciada pela aplicação do alongamento. Programa de alongamento diário, após imobilização, apresentou aumento significativo na quantidade de FTIIC, FTIIAD com redução expressiva na proporção de FTIIA e FTIID no músculo sóleo de ratas adultas (POLIZELLO, 2009). Por outro lado, o alongamento 2 vezes ao dia também reduziu a quantidade de FTIID, enquanto a quantidade de FTIIA apresentou-se aumentada quando comparada com aos animais submetidos à livre movimentação (POLIZELLO, 2009). O aumento do diâmetro das FTI em músculos sóleo previamente imobilizados foi possível com o alongamento mantido por 30 minutos e aplicado seis vezes por semana durante três semanas consecutivas (OKITA et al., Revisão da Literatura - 39 2001). Sessões diárias de alongamento pós-imobilização uma ou duas vezes ao dia, aplicado no músculo sóleo de animais adultos, provocaram hipertrofia dos diferentes tipos de fibras musculares (COUTINHO et al., 2006; POLIZELLO, 2009). Há aproximadamente 30 anos, os efeitos do alongamento em músculos encurtados vêm sendo estudados, porém alguns aspectos citoarquiteturais merecem ainda melhor detalhamento científico, de forma a subsidiar, a escolha desse recurso de modo seguro para a prática clínica terapêutica. Ainda, somam-se as dificuldades encontradas na adoção da periodicidade da aplicação deste programa de treinamento, quer seja durante a atividade física convencional, quer seja na reabilitação física (WILLIAMS; GOLDSPINK, 1973; 1983; COUTINHO et al., 2004). De acordo com os dados acima descritos, fica claro que os programas terapêuticos do tipo alongamento e exercício excêntrico podem favorecer o restabelecimento morfofuncional da musculatura esquelética após situações de desuso. No entanto, até o presente momento, não existem relatos que confrontem programas de alongamento com programas de exercício excêntrico após imobilização dos membros posteriores de ratos. Materiais e Métodos - 41 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Animais Foram utilizadas 42 ratas Wistar, fornecidas pelo Biotério Central da Prefeitura do Campus de Ribeirão Preto – USP com 21 dias de idade, divididas em gaiolas com quatro animais cada, permanecendo nas mesmas até completarem 81 dias de idade para início dos procedimentos. Os animais tiveram livre acesso à água e à comida e as gaiolas foram higienizadas de acordo com os procedimentos do laboratório. 4.2 Grupos experimentais O organograma 1 ilustra os diferentes grupos de animais utilizados no presente estudo. Todos os procedimentos tiveram início quando os animais completaram 81 dias de idade. O procedimento de imobilização foi mantido durante 10 dias tanto no grupo somente imobilizado (n=6) quanto nos grupos posteriormente reabilitados (protocolos de exercício excêntrico e alongamento mantido nos períodos de 10 e 21 dias) (n=6). Além desses, o estudo contou com 3 grupos de animais controles (n=3) que respeitaram a idade dos respectivos grupos tratados (GI – 91dias de idade; GITE(10) e GIAL(10) -101 dias de idade e GITE(21) e GIAL(21) 112 dias de idade). Por fim, também foi incluído o grupo apenas anestesiado (n=3), os quais receberam as mesmas dosagens de anestesia, nos mesmos, dias do grupo imobilizado e alongado por 21 dias. Portanto, os grupos utilizados foram: Grupo Imobilizado (GI); Grupo Controle do grupo imobilizado (GC(Imob)); Grupo Imobilizado e Treinado Excentricamente por 10 dias (GITE(10)); Grupo Imobilizado e Alongado por 10 dias (GIAL(10)); Grupo Controle 10 (GC(10)); Grupo Imobilizado e Treinado Excentricamente por 21 dias (GITE(21)); Grupo Imobilizado e Alongado por 21 dias (GIAL(21)); Grupo Controle 21 (GC(21)) e Grupo Anestesiado (GA). Materiais e Métodos - 42 Organograma 1 - Diferentes grupos experimentais. Grupos Experimentais Controles Imobilizado Imobilizados e Treinados em esteira Imobilizados e Alongados Anestesiado GC(imob) GI GITE(10) GIAL(10) GA GITE(21) GIAL(21) GC(10) GC(21) O organograma 2 representa o peso médio, em gramas, dos diferentes grupos antes do início dos procedimentos. Organograma 2 – Peso médio dos diferentes grupos com 81 dias de idade GC(imob) 317g GI 299g GITE(10) GIAL(10) 300g 294g GC(10) 323g GITE(21) 350.5g GIAL(21) 346g GC(21) 327g GA 318g Materiais e Métodos - 43 4.3 Procedimentos experimentais 4.3.1 Técnica de Imobilização Com os animais previamente anestesiados com Ketamina (95 mg/kg) e Xylazina (12 mg/kg) intraperitoneal, foi realizado o encurtamento do músculo sóleo e plantar através da imobilização da articulação tíbio-társica em flexão plantar máxima, com auxílio de uma fita adesiva (WILLIAMS, 1988) (Figura 3) Figura 3 - Imobilização da articulação tíbio-társica em flexão plantar O modelo de imobilização do membro posterior direito dos animais utilizado seguiu o modelo proposto por Coutinho et al., (2002). Este procedimento é constituído por duas partes: parte superior, similar a uma camiseta de algodão, que permite o animal movimentar livremente a cabeça e os membros superiores (Figura 4A) e, uma parte inferior, dividida em anterior e posterior, composta por uma malha de aço que teve suas bordas envolvidas com fita adesiva para prevenir lesões no corpo do animal (Figura 4B). Além disso, no compartimento anterior foi preenchida com algodão para proteger a região anterior do membro. Em seguida, a parte inferior foi unida à parte superior através de grampos. Após este procedimento, a camiseta foi vestida no animal e o membro posterior direito foi imobilizado através da união das partes anterior e posterior, fixadas com fita crepe. Materiais e Métodos - 44 Figura 4A e B - Modelo de imobilização Coutinho et al., (2002). A: Parte superior, similar a uma camiseta de cotton. B: Parte inferior, dividida em anterior e posterior. Os animais permaneceram imobilizados por 10 dias consecutivos e separados em número de 4 em gaiolas plásticas com livre acesso a água e ração. A imobilização não impediu a alimentação e locomoção dos animais dentro da gaiola. No assoalho da gaiola foi colocada serragem para higienização que foi trocada diariamente. 4.3.2 Técnica de Treinamento em Esteira em Declive – Exercício Excêntrico Após ficarem imobilizados por 10 dias, os animais do GITE (10) e GITE(21) passaram por um período de 10 e 21 dias, respectivamente, de treinamento em esteira em declive (Figura 5), seguindo o protocolo desenvolvido por Norman et al. (2000). Neste, o período de exercício iniciou com 10 minutos diários de corrida. A cada dia foi feito um acréscimo de 5 minutos até completar 40 minutos de treinamento. Este aumento progressivo no período de treinamento é fundamental para que o animal se adapte ao exercício e também para que não ocorra sobrecarga nas estruturas óssea e muscular. Materiais e Métodos - 45 Tabela 1 - Esquema de dias e periodização do treinamento. Norman et al. (2000) Dias 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Perí Período de Treinamento (minutos) - 10 15 20 - 25 30 35 - 40 40 40 * - 40 40 40 - 40 40 40 - 40 * Último dia Imobilização Descanso * Sacrifício dos animais A velocidade média da esteira foi de 17 m/min com inclinação descendente de 16 graus (TAKEKURA et al., 2001; HAYWARD et al., 1999; LYNN; MORGAN, 1994; ARMSTRONG et al., 1983). Os animais realizaram este protocolo de treinamento ao longo de 10 e 21 dias, tendo 3 dias consecutivos de treino, seguido por 1 dia de descanso. Segundo Norman et al. (2000), o objetivo deste intervalo é para reduzir o estresse dos animais e prevenir o excesso de treinamento, “overtraining”. Figura 5 – Esteira motorizada para ratos da marca Insight modelo EP-131 com declinação de 16º. Fonte: Cornachione A, 2007. 4.3.3 Técnica de Alongamento Mantido Posterior ao procedimento de imobilização, os animais dos grupos GIAL (10) e GIAL(21) passaram por um período de 10 e 21 dias, respectivamente, de alongamento mantido respeitando os dias, o tempo e o intervalo determinados no treinamento em esteira. Materiais e Métodos - 46 A técnica de alongamento mantido, para os músculos sóleo e plantar, foi realizada no membro posterior direito das ratas (Figura 6). A articulação do tornozelo foi fixada em flexão dorsal máxima por uma fita adesiva (GOMES et al., 2007). Para a realização do alongamento, os animais foram previamente anestesiados com Ketamina (95 mg/kg) e Xilazina (12 mg/kg) via intraperitonial. Os animais do grupo GA foram apenas anestesiados paralelamente com os animais do GIAL (21) para verificar possíveis efeitos do anestésico sobre a musculatura analisada. Figura 6 - Membro posterior direito em flexão dorsal máxima, mantida por uma fita adesiva (seta). 4.3.4 Processamentos dos Fragmentos musculares Obtenção dos Músculos Após o período de experimento, os animais foram pesados e eutanasiados com overdose anestésica. Foi realizada uma incisão distal na tíbia do membro posterior direito, próxima à articulação do tornozelo, de forma a expor os músculos sóleo e plantar. A partir dessa exposição, foram dissecados os músculos e retirado os fragmentos para criotomia e microtomia (Figura 7A, B e C). Para realização da criotomia, os fragmentos foram envolvidos em talco, congelados em nitrogênio líquido e estocados em um freezer à –80ºC até o processamento do material. Já para a microtomia, os fragmentos foram fixados em formol a 3,7% em tampão fosfato salino (PBS) por 24 horas. Materiais e Métodos - 47 Figura 7 A-C – A- Exposição e dissecação do músculo sóleo (seta preta); B- Exposição e dissecação do músculo plantar (seta branca); C- Retirada de um fragmento da porção média (ventre muscular) do músculo sóleo. Processamento Histológico Os fragmentos musculares de todos os animais dos grupos experimentais foram seccionados em cortes transversos com Criótomo Leica CM 1850 UV a uma temperatura de -25ºC. Os cortes tiveram espessura de 5m, colhidos em lamínulas de 24x32 mm. O processamento teve a seguinte metodologia: colorações de HematoxilinaEosina (HE) para análise dos aspectos morfológicos gerais, tais como: centralização nuclear, basofilía, necrose, fibras lobuladas entre outros; Tricrômico de Gomori – Modificado para identificação de fibras em alvo e alterações do tecido conjuntivo, e reações histoenzimológicas: Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Reduzido Tetrazolium Redutase (NADH2-TR) para análise da atividade enzimática e identificação de fibras em alvo; Naftol AS-BI Fosfatase (NASBI-PA) para identificação de lesão a nível lisossomal (fosfatase ácida – positividade focal); e Adenosina Trifosfatase Miofibrilar (mATPase) incubadas em meios ácidos e alcalinos com os seguintes valores de pH: Sóleo: valores de pH – 9.4; 4.6; 4.3 Plantar: valores de pH – 10.4; 4.6; 4.3 Esta última reação foi realizada para identificação e mensuração dos diferentes tipos de fibras. As reações descritas foram desenvolvidas no Laboratório de Neuropatologia do Departamento de Patologia da FMRP-USP seguindo a rotina de processamento de músculo esquelético deste laboratório. Materiais e Métodos - 48 Processamentos Imuno-histoquímicos para Capilares, Colágenos Tipo I e Tipo III e Desmina Os fragmentos foram seccionados (para obtenção de cortes transversos) em Criótomo Leica CM 1850 UV a uma temperatura de –25º C. Foram obtidos cortes com espessura de 5m que foram colhidos em lâminas 26x76mm. A técnica, realizada no Laboratório de Neuropatologia do Departamento de Patologia da FMRP-USP, contou com aplicação dos anticorpos mouse anti-rat CD31 (Serotec), mouse anti-rat collagen type I e type III (Sigma) e monoclonal mouse anti-human desmin (Dako). As lâminas foram fixadas em acetona gelada por 10 minutos, lavadas com PBS e incubadas em solução a 1% H2O2 por 15 minutos para bloqueio da peroxidase endógena. As lâminas foram novamente lavadas e em seguida foi realizado o bloqueio de ligações inespecíficas com Soro Albumina Bovina (BSA) 2% e Soro Normal de Cabra (S-1000 - Vector) por 20 minutos. Os excessos de líquido foram removidos e as amostras foram incubadas com os anticorpos primários mouse anti-rat CD31 (1:6000), mouse anti-rat collagen type I (1:18000), mouse anti-rat collagen type III (1:36000) e monoclonal mouse anti-human desmin (Dako) (1:100) à 4º C “overnight”. Foi feito um controle negativo (blank), onde não foi gotejado o anticorpo primário no tecido. No dia seguinte, as lâminas foram lavadas em Tampão Tris Salino com Tween 20 (TBST) por 9 minutos e incubadas com o anticorpo secundário do kit LSAB2-HRP durante 30 minutos Seguiu lavagem e incubação com o link Streptavidina Peroxidase no escuro por 10 minutos, após esse procedimento foi realizada nova lavagem com TBST e TRIS-HCl para incubação do cromógeno DAB, durante 5 minutos. Seguiu lavagem em água destilada, contracoração com Hematoxilina por 10 segundos, desidratação e diafanização e por fim a montagem em Permount (Fisher). *O anticorpo para a desmina foi aplicado para confirmar a identificação e classificação das fibras em alvo. Processamento para Microscopia Óptica de Alta Resolução (MOAR) Após 24 horas de fixação em formol 3,7%, os fragmentos dos músculos sóleo e plantar foram desidratados em soluções crescentes de álcool (70%, 95% e 100%, 2 trocas 1 hora cada), passaram pela solução pré-infiltradora (24 horas) em Materiais e Métodos - 49 geladeira, solução infiltradora “overnight” e incluídos em resina. (Historesin® - Leica Instruments GmbH, Heidelberg, Alemanha). Os fragmentos foram deixados por pelo menos 24 horas em estufa a 60°C para o endurecimento da resina. Foram realizados cortes de 2.5 μm (transversais – grupos controles e longitudinais – grupos tratados) em micrótomo Sorvall JB4-A (DuPont Company, Newtown, CT, EUA), estirados em banho-maria à temperatura ambiente. Em seguida foram colocados em lâminas 26x76mm e secos em platina aquecedora a 55-60ºC. Logo após, os cortes foram corados com Azul de Toluidina para análise em Microscópio de Luz (Leica DM 2500). Processamento Bioquímico – Eletroforese para cadeia pesada da miosina A amostra dos fragmentos para análise bioquímica foi feita a partir da coleta de 20 a 30 cortes de cada músculo colhidos em eppendorf. Aos cortes foram acrescentados 450L do seguinte meio: 10% (w/v) glicerol, 5% (v/v) 2 mercaptoetanol e 2,3% (w/v) dodecilsulfato de sódio (SDS) em 62,5 mM de tampão Tris/HCL (pH 6,8). Os cortes foram agitados durante um minuto e aquecidos por 10 minutos em banho maria a 60ºC. Em seguida pequenas porções do extrato (5-7 l) foram submetidas à eletroforese em gel (gradiente de 7-10%) de poliacrilamida com 24-30 horas de corrida a 120 V. Ao término do experimento, os géis foram corados com Coomassie Blue e depois submetidos à descoloração progressiva, mantendo-se somente a marcação das proteínas. 4.3.5 Estudo Morfológico A análise qualitativa das lâminas foi feita em Microscópio de Luz Leica DM 2500. Os aspectos morfológicos gerais do tecido muscular foram avaliados através da coloração H.E., Tricrômico de Gomori-Modificado e Azul de Toluidina e também pelas reações enzimáticas SDH, NADH2-TR e NAS-BI-PA. Os subtipos específicos de fibras dos diferentes músculos foram classificados pela reação mATPase. 4.3.6 Estudo Morfométrico Análise morfométrica foi realizada com auxílio do software QualiView – Atonus cujas imagens foram capturadas a partir do microscópio óptico Leica DM Materiais e Métodos - 50 2500 pela câmera de vídeo digital Leica DFC 300FX, conectada a um microcomputador. A análise das diferentes bandas da cadeia pesada da miosina foi utilizado o software “Kodak Digital Science 1D” para fotografar o gel e visualizar a expressão das diferentes bandas da cadeia pesada da miosina. A análise densitométrica das bandas foi realizada usando o software de imagem GeneTools v3.06 software (Syngene, Cambridge, UK). Análise de Proporção Para obter a proporção dos diferentes tipos de fibras dos músculos, sóleo e plantar, foram colhidas imagens de 3 campos aleatórios (objetiva de 20X) dos cortes de cada animal, processado pela mATPase. A análise de proporção dos músculos sóleo e plantar foi realizada principalmente a partir de lâminas incubadas em meio ácido com valor de pH 4.6, pois neste valor de pH é possível identificar o maior espectro de cores dos diferentes tipos de fibras. Contudo, para confirmar a classificação de alguns tipos de fibras foi utilizado os pH nos valores 9.4 e 4.3, para o músculo sóleo, e 10.4 e 4.3, para o músculo plantar. Diferentes tipos de fibras analisadas no músculo sóleo Foram quantificadas, no pH 4.6, as fibras puras - FTI (cor escura); FTIIA (cor clara) e fibras intermediárias/híbridas - FTIIC (cor intermediária escura) e FTIIAD (cor intermediária clara). Para confirmar a classificação das fibras FTIIC e FTIIAD, foi utilizado o valor de pH 4.3 que demonstra de forma clara a marcação deste tipo de fibra no músculo sóleo, onde as FTIIC apresentam coloração intermediária clara e as FTIIAD apresentam-se claras. Diferentes tipos de fibras analisadas na porção profunda do músculo plantar Foi escolhida a porção profunda do músculo porque nela é possível identificar todos os tipos de fibras. Foram quantificadas, no pH 4.6, as fibras puras – FTI (cor escura); FTIIA (cor clara); FTIID (cor intermediária clara); FTIIB (cor intermediária clara) e fibras intermediárias/híbrida – FTIIC (cor intermediária escura). Para confirmar a classificação da FTIIC foi utilizado o valor de pH 4.3, enquanto para confirmar a classificação das FTIID e FTIIB foi utilizado o valor de pH 10.4, no qual as FTIID apresentam coloração escura e as FTIIB coloração intermediária escura. Materiais e Métodos - 51 Diâmetro Menor A escolha pela medida do diâmetro menor foi feita para evitar possíveis distorções conseqüentes ao seccionamento transverso imperfeito da amostra. A mensuração das fibras foi feita com o mesmo material e software utilizado para a análise da proporção (mATPase), avaliando-se o diâmetro menor dos diferentes tipos de fibras, como descrito anteriormente, num total de 200 fibras colhidas em 3 campos aleatórios (mínimo) dos cortes de cada animal. Relação Capilar/Fibras Utilizando imunomarcação pelo anticorpo CD31, a partir de imagens colhidas em 5 campos aleatórios das lâminas dos músculos sóleo e plantar, foram contados capilares transversais e fibras musculares dos grupos. Análise semi-quantitativa para os colágenos do tipo I e III Análise semi-quantitativa da imunomarcação dos colágenos do tipo I e III foi feita em Microscópio de Luz Leica DM 2500, por dois examinadores independentes, dos grupos aqui estudados. Na análise foi utilizada a classificação descrita por Kurose et al. (2006) levando em conta a reatividade dos mesmos: (-) negativo; (±) ligeiramente positivo; (+) fracamente positivo; (++) moderadamente positivo; (+++) fortemente positivo. 4.3.7 Análise Estatística A estatística referente ao diâmetro menor, proporção de fibras e relação capilar/fibra dos músculos sóleo e plantar de cada animal foi realizada entre os grupos utilizando o Modelo Linear de Efeitos Mistos, com nível de significância de 5% (α=5%) e um intervalo de confiança de 95% (IC=95%), usando PROC MIXED do programa SAS versão 9.2. A seguir, os itens resultados e discussão serão apresentados considerando os objetivos propostos neste projeto de pesquisa a partir da divisão dos grupos em experimentos descritos na página 25. Resultados Experimento 1 - 53 5 RESULTADOS EXPERIMENTO 1 5.1 Morfologia Histoenzimologia e Histologia Básica Aos cortes transversais, as fibras dos músculos sóleo e plantar dos grupos controle apresentaram contornos poligonais e núcleos situados na periferia. Pela análise detalhada das lâminas do músculo sóleo coradas em HE, foram observadas fibras lobuladas e fibras com núcleos centralizados (50%) nos animais do GI. Pôde-se constatar também que 33% dos fragmentos dos animais apresentaram basofilia e 66% variação no tamanho das fibras (Tabela 2 e Figura 8d). Através da reação NASBI-PA foi observado aumento da fosfatase ácida pela positividade focal em todos os animais do GI. Em 100% dos animais do grupo imobilizado também foi observado, nas colorações H.E, Tricrômico de Gomori e reações histoenzimológicas mATPase, NADH2-TR e NASBI-PAS, alteração do tipo fibras em alvo (target fibers). Essa alteração também foi identificada e confirmada na análise qualitativa das lâminas processadas pelo anticorpo desmina (Figura 9a, b, c, d). Nos alvos das fibras foi possível observar aumento da imunoreatividade para desmina. Tabela 2 – Alterações morfológicas das fibras do músculo sóleo identificadas pelas colorações e reações histoenzimológicas nos diferentes grupos do experimento 1. Alterações Morfológicas GI GC(imob) GITE(10) GC(10) GITE(21) GC(21) Centralização Nuclear 50% 66%* 100% 33%* 83%* - Fragmentação 17%* - 50% - 17%* - Variação de Tamanho 66% - 83% - 33%* - Halo Basofílico - - 83% - 33%* - Necrose 33%* 33%* 17% - - - Fibras Lobuladas 33% - 83% - - - Área de rarefação citoplasmática 83% - - - - - Fibras Basofílicas - - 33% - - - Aumento da Fosfatase Ácida 100% 100%* 100% 100%* 50% 17%* Fibras em alvo 100% - 100% - 17%* - % Referencia o número de ratas que apresentaram a anomalia no grupo * Menos de 5% de células Resultados Experimento 1 - 54 GC(imob) GI GITE(10) GITE(21) Figura 8 – Fotomicrografias do músculo sóleo nas colorações hematoxilina-eosina (a, d, g, j – cortes transversais) e azul de toluidina (b - corte transversal, e, h, k – cortes longitudinais) e na reação histoenzimológica para mATPase pH 4.6 (c, f, i, l – cortes transversais). a,b,c – fibras poliédricas com núcleos na periferia (Barras: 45,4m); d – variação no tamanho das fibras, fibras lobuladas (seta grossa), centralização nuclear (seta fina) e fibras em alvo (*) com basofilía no centro (Barra: 28,4m); e – fibras em alvo (*) e perda das estriações transversais () (Barra: 27,4m); f – fibras em alvo (*) (Barra: 24,8m); g - grande variação no tamanho das fibras, fibras lobuladas (setas grossas) e muitos núcleos centralizados (setas finas) (Barra: 21,2m); h – centralização nuclear (seta fina), rarefação citoplasmática (cabeça seta) e fibra com vacuolização (círculo) (Barra: 23,6m). i – fibras em alvo (*) (Barra: 28,3m); j- fibras poliédricas com núcleos na periferia (Barra: 42,9m); k – áreas de fusão entre duas extremidades “cicatriz” (setas vazias); l - não apresentaram alterações significativas (Barras: 43,9m). Resultados Experimento 1 - 55 Figura 9 – Fotomicrografias, do músculo sóleo, do GI. a - Coloração de Tricrômico de Gomori-Modificado; b – reação histoenzimológica para mATPase pH 4.6; c – reação histoenzimológica NADH2-TR; d – reação histoenzimológica NASBI-PA; e – reação imuno-histoquímica para desmina (Barras: 24,8m – aumento de 40x). Observe a presença de fibras em alvo nas diferentes reações (setas). No músculo plantar, desse mesmo grupo (GI), não foi identificado alterações relevantes na coloração HE (Figura 10d). No músculo sóleo do GITE(10), muitas amostras, coradas em HE, apresentaram variação no tamanho das fibras, fibras lobuladas, centralização nuclear, halo basofílico e fibras em fragmentação (Figura 8g). Fibras em alvo foram observadas em 100% dos animais deste grupo, porém o alvo mostrou-se reduzido quando comparado ao GI (Figuras 8f e 8i). Por outro lado, poucas foram as alterações observadas para o GITE(21) para este mesmo músculo (Tabela 2 e Figura 8j). Para o músculo plantar, não foi observado alterações significativas para ambos os grupos reabilitados (Figura 10g e 10j). Resultados Experimento 1 - 56 GC(imob) GI GITE(10) GITE(21) Figura 10 – Fotomicrografias do músculo plantar nas colorações hematoxilina-eosina (a, d, g, j – cortes transversais) e azul de toluidina (b – corte transversal, e, h, k – cortes longitudinais) e na reação histoenzimológica para mATPase pH 4.6 (c, f, i, l – cortes transversais). a,b,c – fibras poliédricas com núcleos na periferia (Barras: 36,8m); d – fibras sem alterações (Barra: 26,4m); e – fibras com estriações transvesais normais e nucleos na periferia (Barra: 26,4m); f – predomínio de FTIID (Barra: 24,8m); g – sem alterações (Barra: 33,1m); h – citoarquitetura normal da fibras em corte longitudinal (Barra: 32,1m). i – sem alterações (Barra: 33,4m); j- fibras poliédricas com núcleos na periferia (Barra: 32,8m); k – sem alterações (Barra: 32,7m); l - não apresentaram alterações relevantes (Barras: 35,8m). Resultados Experimento 1 - 57 Microscopia Óptica de Alta Resolução As fibras musculares analisadas, referentes aos grupos controles dos músculos sóleo e plantar, mostraram em cortes transversais contornos arredondados ou poligonais e núcleos situados na periferia, como mostra a Figura 8b e 10b. Após o procedimento de desuso foram observadas alterações citoarquiteturais importantes no músculo sóleo de todos os animais imobilizados. As mais relevantes foram: centralização nuclear, fibras em alvo, rarefação citoplasmática e perda das estriações transversais (Figura 8e). O procedimento de remobilização, realizado no período de 10 dias, mostrou intensificar algumas das alterações previamente determinadas pelo desuso e ainda, determinou lesões degenerativas do tipo vacuolização no músculo sóleo (Figura 8h). Com a manutenção do estímulo, exercício excêntrico por 21 dias, o músculo sóleo mostrou morfologia adequada, com possíveis áreas de fusão entre duas extremidades de uma mesma fibra “cicatriz” (Figura 8k). Na analise morfológica realizada a partir da técnica de MOAR, o músculo plantar não mostrou comprometimentos significativos tanto após o procedimento de desuso quanto aos de reabilitação (Figura 10e, 10h e 10k). 5.2 Morfometria 5.2.1 Proporção de Fibras e Expressão dos Diferentes Tipos de MHC Na Figura 11 é possível observar as diferenças entre as médias obtidas para proporção de fibras entre os diferentes grupos analisados no experimento 1. A imobilização determinou redução no número das FTI do músculo sóleo (GCI vs GI, p<0.01) e significativo aumento das FTIIC (GCI vs GI, p<0.01). As fibras do tipo IIA e IIAD não apresentaram alterações proporcionais significativas frente ao procedimento de desuso (GCI vs GI, p≥0.05) (Figura 11). Frente à expressão da MHC a imobilização reduziu tanto a MHCI quanto da MHCIIa no sóleo (Figura 12). Os dois programas de exercício excêntrico, 10 e 21 dias, aplicados após período de imobilização determinaram aumento no número das FTI do músculo sóleo. O treinamento excêntrico realizado durante 10 dias induziu aumento no Resultados Experimento 1 - 58 número das FTI correspondente ao valor do grupo controle (GC (10) vs GITE(10), p=0.47), já com a manutenção do estímulo excêntrico durante 21 dias, foi possível observar aumento proporcional dos valores de FTI superior aos valores de referência (GC(21) vs GITE(21), p<0.01). Para as fibras do tipo IIC e IIA o exercício excêntrico realizado durante 10 dias reduziu significativamente essa proporção quando comparado ao GI (GI vs GITE(10), p<0.01), sendo que as FTIIA apresentaram valores inferiores ao respectivo controle (GC(10) vs GITE(10), p<0.01) enquanto as FTIIC não alcançaram os valores de referência (GC(10) vs GITE(10), p<0.01), apresentando valores superiores ao mesmo. Já o protocolo aplicado durante 21 dias mostrou reduzir o número das FTIIC e FTIIA quando comparado ao grupo imobilizado (GI vs GITE(21), p<0.01), onde as FTIIA mantiveram-se proporcionalmente inferiores ao grupo controle (GC(21) vs GITE(21), p<0.01) e as FTIIC atingiram os valores de base (GC(21) vs GITE(21), p=0.71). As FTIIAD não mostram ser afetadas tanto pelo procedimento de desuso quanto pelos procedimentos de remobilização. Ambos os programas de exercício excêntrico (10 e 21 dias) aumentaram a expressão da MHCI e IIa, no músculo sóleo, quando comparado ao GI, porém, apenas 21 dias de treinamento mostrou valores similares ao grupo controle (Figura 12). 100% 80% 6.13% 1.48% 4.30% 26.83% 21.13% 0.12% 0.94% 20.82% 28.02% 9.07% 28.99% 3.69% 2.25% 60% 14.12% * 40% 70.32% 20% 4.12% 33.79% 2.83% 1.35% 65.48% 75.39% 63.82% 63.18% 51.71% * 0% GI GCimob GITE(10) FTI FTIIC GC(10) FTIIA GITE(21) GC(21) FTIIAD Figura 11 – Porcentagem das médias de FTI, FTIIC, FTIIA e FTIIAD do músculo sóleo em diferentes grupos analisados do Experimento 1.*p<0.01 comparado com GC(Imob); p< 0.01 comparado com GI; p<0.01 comparado com GC(10);.p<0.01 comparado com GC(21). Resultados Experimento 1 - 59 A B Figura 12 – A – Foto do gel de poliacrilamida apresentando as diferentes bandas da MHC do músculo sóleo. B – Análise quantitativa da expressão das bandas da MHCI e MHCIIa em unidade arbitrária do músculo sóleo do experimento 1. Para o músculo plantar a imobilização determinou aumento das FTIID concomitante à redução do número das fibras do tipo FTIIB (Figura 13). Após o treinamento de 10 dias foi observado aumento no número das FTI e FTIID (GI vs GITE(10), p<0.01), onde esta última manteve valores acima aos de referência (GC(10) vs GITE(10), p<0.01), e redução do número das FTIIA e FTIIB (GI vs GITE(10), p<0.02), quando comparadas ao grupo imobilizado. Já o treinamento de 21 dias mostrou aumentar significativamente a proporção de FTI e FTIID apenas comparado ao grupo imobilizado (Figura 13). Resultados Experimento 1 - 60 Para a expressão da MHC a imobilização determinou aumento da expressão da MHCIIa e IId enquanto, os treinamentos excêntricos de 10 e 21 dias reduziram a expressão dessas bandas, quando comparadas ao GI, apresentando assim, valores próximos aos grupos controles (Figura 14). 100% 9.66% * 1.02% 2.05% 3.44% 18.76% 80% 60% 57.02% 59.18% 24.37% 23.69% 0.56% 0.07% 2.80% 13.88% 16.47% 14.24% GC(10) GITE(21) 62.92% 54.98% * 57.78% 49.56% 40% 20% 0% 25.56% 21.60% 22.82% 0.44% 9.33% 0.16% 8.68% GI GCimob FTI GITE(10) FTIIC FTIIA 26.71% FTIID 0.35% 11.70% GC(21) FTIIB Figura 13 – Porcentagem das médias de FTI, FTIIC, FTIIA, FTIID e FTIIB do músculo plantar em diferentes grupos analisados no experimento 1.* p< 0.01 comparado com GC(imob); p< 0.02 comparado com GI; p< 0.03 comparado com GC(10). Resultados Experimento 1 - 61 A B Figura 14 – A – Foto do gel de poliacrilamida apresentando as diferentes bandas da MHC do músculo plantar. B – Análise quantitativa da expressão das bandas da MHCI, MHCIIa e MHCIId em unidade arbitrária do músculo plantar do experimento 1. Resultados Experimento 1 - 62 5.2.2 Diâmetro Menor A imobilização determinou redução significativa do diâmetro menor tanto das FTI, FTIIA e FTIIAD do músculo sóleo como das FTI, FTIIC, FTIIA e FTIID do músculo plantar (GC(imob) vs GI, p<0.01). As FIIC e as FTIIB mostraram não ser afetadas pelo procedimento de imobilização no sóleo e no plantar, respectivamente (GC(imob) vs GI, p=0.07; p=0.22) (Tabela 3 e 4). Os protocolos de treinamento excêntrico, 10 e 21 dias, mostraram aumentar o diâmetro menor das FTIIA e FTIIAD após procedimento de desuso, no músculo sóleo, (GI vs GITE(10); GI vs GITE(21), p<0.03) recuperando assim, os valores de referência apresentados pelos respectivos controles (GC(10) vs GITE(10); GC(21) vs GITE(21), p>0.05). As FTI não apresentaram aumento do diâmetro em relação ao grupo imobilizado após o treinamento excêntrico de 10 dias (GI vs GITE(10), p=0.06). Por outro lado, o treinamento realizado durante 21 dias aumentou significativamente o diâmetro das mesmas quando comparado ao grupo imobilizado (GI vs GITE(21), p=0.01), apresentando valores equitativos ao GC(21) (GC(21) vs GITE(21), p=19) (Tabela 3). Tabela 3 - Médias do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA e FTIIAD com os respectivos intervalos de confiança de 95% do músculo sóleo dos diferentes grupos estudados no experimento 1. GI GC(Imob) GITE(10) GC(10) GITE(21) GC(21) FTI 36.04* (33 – 39) 47.51 (43 – 52) 40.52 (37 – 44) 46.77 (42 – 51) 41.96 (39 – 45) 45.81 (41 – 50.5) FTIIC 29.37 (26 – 33) 36.64 (29 – 44) 37.18 (33.5 – 41) 40.53 (34 – 47) 35.96 (32 – 40) 36.97 (31 – 42.5) FTIIA 30.78* (27 – 34) 37.97 (33 – 43) 42.20 (39 – 46) 40.43 (36 – 45) 39.52 (36 – 43) 39.06 (34 – 44) FTIIAD 29.12* (25 – 33) 39.62 (33 – 46) 39.51 (35 – 43.5) 55.64 (39 – 72) 35.92 (31 – 41) 36.35 (31 – 42) * p< 0.01 comparado com GC(imob); p<0.02 comparado com GI; p<0.03 comparado com GC(10). Para o músculo plantar, foi observado aumento satisfatório no diâmetro menor das FTIIC, FTIIA e FTIID após os treinamentos excêntricos de 10 e 21 dias, alcançando os respectivos valores de referência (GC(imob) vs GITE(10); GC(imob) vs GITE(21), p>0.05) (Tabela 4). Para as FTI, 10 dias não foram suficientes para retomar as condições controle (GC(imob) vs GITE(10), p<0.01), por outro lado, 21 dias Resultados Experimento 1 - 63 alcançaram valores similares ao respectivo controle para este tipo de fibra (GC(imob) vs GITE(21), p=0.97). Já para as FTIIB, foi observada redução no diâmetro após 10 dias de exercício excêntrico (GC(imob) vs GITE(10), p<0.01). As mesmas não foram observadas na porção profunda do músculo plantar no GITE(21) (Tabela 4). Tabela 4 - Médias do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA, FTIID e FTIIB com os respectivos intervalos de confiança de 95% de o músculo plantar dos diferentes grupos estudados no experimento 1. GI GC(Imob) GITE(10) GC(10) GITE(21) GC(21) FTI 26.92* (24 – 29) 36.22 (33 – 40) 32.29 (30 – 35) 39.26 (36 – 42.5) 36.78 (34 – 39) 36.70 (33 – 40) FTIIC 18.75* (13 – 24) 37.14 (29 – 46) 32.66 (28.5 – 37) 38.57 (27 – 50) 33.46 (31 – 36) 34.24 (26 – 43) FTIIA 27.22* (25 – 29.5) 32.55 (29 – 36) 33.85 (31.5 – 36) 34.56 (31 – 38) 34.69 (32 – 37) 33.51 (30 – 37) FTIID 32.86* (30.5 – 35) 38.94 (36 – 42) 37.74 (35 – 40) 40.92 (38 – 44) 38.07 (36 – 40) 37.71 (34 – 41) FTIIB 39.26 (37 – 42) 41.88 (38.5 – 45) 40.93 (38 – 44) 47.52 (43 – 52) – 40.05 (36 – 44) * p< 0.01 comparado com GC(imob); p<0.02 comparado com GI; p<0.03 comparado com GC(10). 5.2.3 Relação Capilar/fibra O procedimento de imobilização determinou no músculo sóleo acometimento significativo na rC/F. Na Tabela 5, pode ser observado que o grupo imobilizado apresentou redução do número de capilares por fibra quando comparado ao GC (Imob) (GC(Imob) vs GI, p<0.01). O treinamento em esteira em declive durante 21 dias mostrou aumentar significativamente os valores da rC/F, após o procedimento de imobilização (GI vs GITE(21), p<0.01), alcançando assim os valores do GC(21) (GC(21) vs GITE(21), p= 0.76). Por outro lado, o treinamento realizado durante 10 dias não mostrou recuperar esta relação (GI vs GITE(10), p=0.27), mantendo seus valores significativamente inferiores ao seu controle (GC(10) vs GITE(10), p= 0.01) (Tabela 5). Ao considerar a rC/F para o músculo plantar, observou-se que as alterações resultantes do procedimento de imobilização não foram relevantes. A imobilização mostrou não afetar diretamente a rC/F (GC(Imob) vs GI, p=0.09). No quesito reabilitação, o único procedimento que mostrou alterar a rC/F foi o treinamento de 21 Resultados Experimento 1 - 64 dias em esteira em declive. Este grupo apresentou aumento significativo da rC/F quando comparado ao GI e ao GITE(10) (GI vs GITE(21), p=0.05 e GITE(10) vs GITE(21), p= 0.03) (Tabela 5). Tabela 5 - Médias da relação capilar/fibra com os respectivos intervalos de confiança de 95% dos músculos sóleo e plantar dos diferentes grupos estudados no experimento 1. Sóleo Plantar GI GC(Imob) GITE(10) GC(10) GITE(21) GC(21) 2.04* 2.43 2.16 2.49 2.34 2.38 (1.8 – 2) (2 – 3) (2 – 2.3) (2.3 – 2.7) (2 – 2.5) (2.2 – 2.6) 1.50 1.72 1.48 1.65 1.72 1.58 (1.5 – 2) (1.4 – 2) (1.5 - 3) (1.5 – 2) (1.3 – 2) (1.3 - 2) * p< 0.01 comparado com GC(imob); p<0.02 comparado com GI; p<0.03 comparado com GC(10); p<0.03 comparado com GITE(10). 5.3 Colágenos tipo I e tipo III Considerando o procedimento imuno-histoquímico adotado nos cortes dos fragmentos dos músculos sóleo e plantar, foram observadas alterações na reatividade para os colágenos I e III. Pela análise detalhada das lâminas dos músculo sóleo e plantar foi observado, aumento significativo da expressão dos colágenos do tipo I e do tipo III nos animais submetidos ao procedimento de imobilização quando comparados aos animais do grupo controle (GC(Imob)) (Tabela 6 e Figuras 15b, 15f, 16b e 16f). Tabela 6 – Análise semi-quantitativa da expressão dos colágenos tipos I e III nos músculos Sóleo e Plantar para os diferentes grupos analisados no Experimento 1. Colágeno Tipo I Colágeno Tipo III Grupos Sóleo Plantar Sóleo Plantar GI +++ ++ +++ +++ GC(Imob) + ± ++ ++ GITE(10) +++ ± +++ ++ GC(10) + ± + ++ GITE(21) + + ++ ++ GC(21) + + ++ ++ (-) negativo; (±) ligeiramente positivo; (+) fracamente positivo; (++) moderadamente positivo; (+++) fortemente positivo Resultados Experimento 1 - 65 GC(imob) GI GITE(10) GITE(21) Figura 15 – Fotomicrografias das lâminas dos músculos sóleo (a-d) e plantar (e-h) demonstrando a expressão do colágeno tipo I através da imunomarcação pelo método imuno-histoquímico. a, e imunomarcação do colágeno tipo I sem alterações (Barras= 74m); b, f – observe aumento da expressão do colágeno I (Barras= 65;100m, respectivamente); c, g – aumento da expressão é observada no músculo sóleo e nenhuma alteração para o plantar (Barras= 65;100m, respectivamente); d,h – imunomarcação do colágeno tipo I (Barras= 76m). Resultados Experimento 1 - 66 O programa de corrida em esteira em declive por 10 dias mostrou manter a expressão aumentada, previamente determinada pela imobilização, em ambos os tipos de colágenos no músculo sóleo (Tabela 6 e Figuras 15c e 16c). Com a manutenção do estímulo excêntrico, por 21 dias, a expressão dos colágenos mostrou-se similares ao GC(21) (Tabela 6 e Figuras 15d e 164d). Em contrapartida, o músculo plantar mostrou alcançar as características dos grupos controles, para os dois tipos de colágeno, já no menor período de treinamento excêntrico (10 dias) (Tabela 6 e Figuras 15g e 16g). Vinte dias mostraram imunoreatividade adequada para ambos os colágenos neste mesmo músculo (Tabela 6 e Figuras 15h e 16h). Resultados Experimento 1 - 67 GC(imob) GI GITE(10) GITE(21) Figura 16 – Fotomicrografias das lâminas dos músculos sóleo (a-d) e plantar (e-h) demonstrando a expressão do colágeno tipo III através da imunomarcação pelo método imuno-histoquímico. a, e imunomarcação do colágeno tipo III sem alterações (Barras= 88m); b, f – aumento da expressão do colágeno III Barras= 65; 80m); c, g – observe aumento da expressão do colágeno no músculo sóleo e nenhuma alteração para o plantar (Barras= 65;100m, respectivamente) d,h – imunomarcação do colágeno tipo III (Barra= 94; 75m, respectivamente). Discussão Experimento 1 - 69 6 DISCUSSÃO EXPERIMENTO 1 6.1 Morfologia O desuso por tempo prolongado induz uma rápida e profunda transformação na arquitetura e na histoquímica das fibras dos músculos esqueléticos, principalmente em músculos predominantemente lentos, aqueles classificados como posturais. Kannus et al. (1998a, b) observaram que essas alterações patológicas induzidas pela hipocinesia poderiam ser reversíveis com a remobilização associada ao treinamento físico (corrida esteira). No presente estudo, alterações de caráter degenerativo/regenerativo como centralização nuclear e fibras em alvo foram observadas no músculo sóleo dos animais submetidos à imobilização. A centralização nuclear observada pode representar maturação de fibras musculares recém reparadas, onde é sabido ocorrer esse processo através da ativação de células precursoras da miogênese (células satélites) que irão proliferar-se e diferenciarem-se para depois se fundirem as miofibras lesadas. Após o processo de fusão, a miofibra regenerada apresentará núcleos centralizados, oriundos das células satélites, os quais mais tarde migrarão para periferia da fibra (ITAI; KARIYA; HOSHINO 2004; HAWKE; GARRY, 2001). As fibras em alvo podem ser facilmente confundidas com lesão tipo central core, já que ambas apresentam áreas hipocrômicas no centro das células na reação histoenzimológica para mATPase e NADH2-TR. Contudo, tais alterações morfológicas apresentam diferenças marcantes. Os conhecidos cores, comumente observados na doença de central core, são caracterizados pela ausência de desmina enquanto as fibras em alvo apresentam aumento na concentração da mesma sugerindo assim, processo de regeneração das fibras musculares (FELLENBERG; LIN; BURGUNDER, 2003; KAMIÑSKA; SZYLUK, 1996). Nossos achados para desmina nas lâminas processadas pela imuno-histoquímica mostraram corroborar com os resultados científicos supracitados. Na literatura científica achados morfológicos, para fibras em alvo, como “manchas avermelhadas” no centro da célula e padrão de manchas irregulares com ausência de tingimento central, são observados na reação de coloração Tricrômico de Gomori-Modificado e na reação para mATPase, respectivamente (FELLENBERG; LIN; BURGUNDER, 2003). Tais achados foram encontrados no presente estudo. Discussão Experimento 1 - 70 Outra característica que diferencia cores e fibras em alvo, facilmente observada em reações enzimáticas como NADH2-TR, é a presença de zonas de atividade oxidativa (FELLENBERG; LIN; BURGUNDER, 2003). O core apresenta duas zonas: uma central com ausência total de atividade oxidativa e glicolítica e outra periférica com atividade normal. Nas fibras em alvo são observadas 3 zonas: central sem atividades enzimáticas, intermediária que apresenta alta atividade formando um estreito anel que separa a zona central da zona periférica, onde esta última é caracterizada pela atividade enzimática normal. Além disso, em um corte longitudinal é possível observar que o core estende-se de extremidade a extremidade na fibra muscular apresentando uma zona pálida no centro da fibra enquanto, nas fibras em alvo esta zona é mais curta. Contudo, as fibras em alvo podem apresentar variações caracterizando estágios de evolução ou regressão das mesmas. Dentre essas variações a mais destacada são fibras em alvo que apresentaram alterações do tipo “roído de traça” (moth-eaten) evidenciando aumento da atividade oxidativa no centro da fibra (CARPENTER; KARPATI, 2001). No presente estudo foi observado na reação NADH2-TR aumento da atividade enzimática no centro da célula. Kamiñska e Szyluk (1996) observaram alterações similares, no músculo sóleo de ratos tenotomizados, na mesma reação enzimática. Fellenberg e colaboradores (2003) atribuem que o complexo fisiopatológico da formação do alvo nas fibras musculares pode ser decorrente da inibição ou redução do fluxo aferente de informações vindo dos mecanoreceptores. No procedimento de desuso é observado redução da mecanotransdução, ou seja, redução dos estímulos mecânicos aferentes e eferentes, hipótese esta que pode justificar aqui o achado de fibras em alvo no grupo imobilizado. Baewer et al., (2008) atribuem a formação de fibras em alvo ao aumento dos níveis de cálcio nas células musculares. Esses autores observaram no músculo sóleo de ratos submetidos ao desuso por tenotomia que a concentração de cálcio aumenta gradativamente e alcança um platô em 4 dias e ainda, acreditam que esse aumento no nível de cálcio pode ativar a calpaína-3, maior protease responsável pela clivagem de proteínas no processo de degradação mediada pela ubiquitina. O programa de reabilitação, realizado em esteira em declive por 10 dias, intensificou algumas das alterações morfológicas pré determinadas pelo procedimento de desuso, no músculo sóleo. Warren et al. (1994) acreditam que as Discussão Experimento 1 - 71 lesões das fibras musculares determinadas por programas de remobilização, no caso contrações excêntricas por eletroestimulação, após períodos de desuso podem estar associadas à diminuição das propriedades contráteis, lesões pré-existentes e até perda de material miofibrilar induzido pela imobilização. Armand et al. (2003) após treinarem ratos em esteira em declive, concluíram que o exercício excêntrico determina acentuado processo de degeneração/regeneração muscular. Esses achados científicos podem justificar o aumento de algumas alterações morfológicas aqui observadas, através das diferentes técnicas histológicas e histoenzimológicas, no músculo sóleo. Por outro lado, o exercício excêntrico parece estimular o processo de regeneração do músculo sóleo. Esta afirmação pode ser justificada pela involução das fibras em alvo desenvolvidas pelo procedimento de desuso. Carpenter e Karpati (2001) afirmam que uma fibra em alvo uma vez formada pode ser revertida a qualquer momento. No presente estudo parece que o exercício excêntrico estimulou progressivamente a remodelação das fibras musculares já que com 10 dias de treinamento foi possível observar redução do alvo dessas fibras e com a manutenção do estímulo (21 dias) essas alterações morfológicas quase desapareceram por completo. Proske e Morgan (2001) relatam que as alterações de caráter degenerativo são observadas nos primeiros dias de trabalho excêntrico e que a manutenção do protocolo minimiza o grau de lesão muscular. 6.2 Morfometria 6.2.1 Alterações na Proporção de Fibras e na MHC Através da análise de proporção dos diferentes tipos de fibras, o músculo sóleo do grupo imobilizado apresentou redução significativa no número de FTI e aumento das FTIIC. Estudo realizado por Sakakima e colaboradores (2004) mostrou resultados similares aos aqui apresentados, para o músculo sóleo, após 14 dias de imobilização gessada. Estudos científicos têm mostrado que situações de desuso desencadeiam acúmulo de Ca+ no citosol (YOSHIOKA et al., 1996; BASTIDE et al., 2002), seja pelo influxo de cálcio vindo do espaço extracelular através de canais de cálcio existentes na membrana ou pelo vazamento de cálcio vindo dos canais do retículo sarcoplasmático (RS) (SHENKMAN; NEMIROVSKAYA, 2008). Esse Discussão Experimento 1 - 72 acúmulo de Ca2+ nas miofibrilas pode estimular vias responsáveis pela transição dos diferentes tipos de fibras. A calcineurina-NFAT1 (NFATc1) mostra ser uma das vias responsáveis pela mudança da MHCI (SHENKMAN; NEMIROVSKAYA, 2008). Dupont-Versteegden et al. (2002) encontraram NFATc1 no núcleo das fibras do músculo sóleo após hipocinesia do membro inferior. Allen et al. (2001) observaram que NFATc1 possuem afinidade em promover MHCIIa. O presente estudo mostrou redução da expressão da MHCI, no músculo sóleo, após dez dias de imobilização. Estudos prévios apresentaram resultados similares aos aqui apresentados para o músculo sóleo de animais submetidos à hipocinesia (STARON et al., 1998; CORNACHIONE et al., 2011). Por outro lado, resultados contraditórios aos aqui apresentados também foram observados na literatura científica. Gomes e colaboradores (2007) utilizaram o mesmo dispositivo, ao aqui apresentado, e não observaram alterações na proporção dos diferentes tipos de fibras, do músculo sóleo, após 21 dias de imobilização. Após 10 dias de imobilização gessada Mattiello-Sverzut et al. (2006) e Polizello (2009) também não observaram alterações significativas na porcentagem dos diferentes tipos de fibras, do músculo sóleo. Os dois programas de remobilização realizados após a imobilização determinaram aumento no número das FTI do músculo sóleo recuperando (GITE (10)) ou até ultrapassando (GITE(21)) os valores obtidos no grupo controle, já o número de FTIIC reduziu quando comparado ao grupo imobilizado, porém apenas o grupo treinado durante 21 dias recuperou os valores de referência (GC(21)). Sakakima et al. (2004) observaram no músculo sóleo de ratas Wistar redução significativa no número das FTII, aumentadas com imobilização, após diferentes protocolos de corrida em esteira. Esse achado pode sugerir que o exercício excêntrico deve recrutar preferencialmente as FTIIC transformando-as em FTI. Estes dados estão de acordo com os relatos de Nardone e Schieppati (1988) que, durante contrações excêntricas, as fibras rápidas são preferencialmente recrutadas quando comparadas às fibras de contração lenta. Estudos conduzidos por Proctor et al., (1995) e Waters et al., (2004) mostraram que o exercício de endurance converte fibras de contração rápida (tipo II) em fibras de contração lenta (tipo I). Esses estudos científicos também podem justificar os achados da análise bioquímica para os diferentes tipos de bandas da MHC para o músculo sóleo, onde através da técnica de eletroforese foi possível observar aumento da expressão da MHCI após os dois programas de Discussão Experimento 1 - 73 treino excêntrico quando comparados ao grupo imobilizado. Contudo, foi necessário tempo prolongado do estímulo excêntrico (21 dias) para o músculo sóleo apresentar suas características bioquímicas basais. Apesar das similaridades na função, o sóleo e o plantar são morfologicamente distintos. Por ser um músculo dinâmico o plantar atua como coadjuvante nos movimentos fásicos rápidos e rítmicos de flexão plantar durante a marcha. Sendo considerado um músculo de contração rápida é possível constatar, na literatura científica, o predomínio de fibras glicolíticas. Roy et al., (1997) e Fuller et al., (2006) observaram predomínio de FTIID no plantar de animais adultos, utilizando técnicas de imuno-histoquímica e de bioquímica. Após os procedimentos de imobilização e reabilitação o plantar apresentou alterações menos evidentes quando comparadas com o músculo sóleo. O procedimento de desuso reduziu proporcionalmente FTIIB concomitante ao aumento das FTIID. Pela análise do gel de eletroforese tanto a banda da MHCIIa quanto a banda da MHCIId aumentaram enquanto, a banda que corresponde a MHCIIb não foi expressa. Loughna et al., (1990); Pattullo et al., (1992) e Goldspink (1999) observaram que a imobilização de um músculo composto predominantemente por fibras de contração rápida (tipo II), determina um trânsito da MHC mais rápida (tipo II) para mais lenta (tipo I). Os resultados, deste estudo, referentes a proporção de fibras e análise da expressão dos diferentes tipos de MHC, do músculo plantar, podem sugerir que pode estar ocorrendo uma transformação das FTIIB no sentido das FTIIA. Por outro lado, o treinamento excêntrico de 10 e 21 dias mostrou reduzir a expressão da MHCIIa e MHCIId sendo que, no grupo treinado 10 dias foi possível observar também redução da banda MHCI que apresentava-se mais expressa no grupo controle correspondente (GC(10)). 6.2.2 Alterações na Área de Secção Transversa O procedimento de imobilização determinou redução no diâmetro das FTI, FTIIA e FTIIAD no músculo sóleo. Estudos científicos corroboram com os achados aqui apresentados, para o músculo sóleo, após 14 dias de imobilização gessada (SAKAKIMA et al., 2004; POLIZELLO, 2009). Cornachione et al., (2008) também observaram redução significativa do trofismo do músculo sóleo de ratas previamente submetidas à hipocinesia. O mesmo dispositivo de imobilização usado no presente estudo foi utilizado em ratos adultos por 3 semanas e foi observado atrofia Discussão Experimento 1 - 74 significativa de todos os tipos de fibras do sóleo quando comparado ao controle (GOMES et al., 2007). Os autores sugerem que a atrofia muscular esteja mais relacionada ao aumento dos mecanismos da proteólise do que à diminuição na síntese protéica. Durante o processo de atrofia muscular, a proteólise pode ocorrer através de três sistemas principais: sistema calpaína (via cálcio-dependente), via catepsina e sistema ubiquitina-proteossoma. O sistema calpaína é modulado pela proteína calpastatina que facilita a quebra de moléculas protéicas posteriormente disponibilizadas para a ubiquitinação (proteólise miofibrilar). A via catepsina também é ativada durante a atrofia, onde ocorre aumento de mRNA das isoformas de catepsina, protease responsável pela proteólise lisossomal com eliminação de proteínas e organelas celulares. O sistema ubiquitina-proteossoma não degrada as miofibrilas intactas e assim, para exercer a sua função, torna-se dependente dessas outras vias. Esse sistema envolve três enzimas principais: E1 que ativa a ubiquitina, E2 com a função de transportá-la e conjugá-la, E3 que faz a ligação específica da ubiquitina na proteína alvo. A atuação das três enzimas é fundamental para que ocorra a proteólise já que o proteossoma só conseguirá fazer a degradação protéica quando as proteínas estiverem poliubiquitinadas (KANDARIAN; JACKMAN, 2006). Após a aplicação dos protocolos excêntricos, 10 e 21 dias, resultados satisfatórios foram observados em relação ao trofismo das FTIIA e FTIIAD. Por outro lado, apenas o protocolo de 21 dias foi capaz de restabelecer as características de base para as FTI. Cornachione et al., (2008) realizaram o mesmo protocolo de reabilitação excêntrica durante 21 dias e observaram restabelecimento dos valores de referência para o diâmetro menor, dos diferentes tipos de fibras do músculo sóleo, previamente reduzido pelo procedimento de suspensão. Sakakima et al. (2004) realizou treino de corrida de baixa, média ou alta frequência por 6 semanas em ratas jovens após período de imobilização gessada. Todos os treinos foram capazes de aumentar a área das FTI e FTII, porém somente os treinos de média e alta frequência alcançaram os valores obtidos no membro contralateral, para o músculo sóleo. O músculo plantar em situações normais não é tonicamente ativo na manutenção da postura, porém é o extensor primário do tornozelo de ratos na corrida (JASMIN; GARDINER, 1987). Estudos científicos têm mostrado que músculos compostos predominantemente por fibras de contração rápida são menos Discussão Experimento 1 - 75 afetados perante situações de desuso (OHIRA et al., 1992; LETERME; FALEMPIN 1994; CORNACHIONE et al., 2008). O músculo plantar mostrou requerer menor período de reabilitação para alcançar resultados satisfatórios para o diâmetro menor das FTIIC, FTIIA e FTIID, porém para fibras do tipo I foi necessária a manutenção do mesmo para alcançar valores de referência. 6.2.3 Alterações na Relação Capilar/fibra Tem sido documentado que vários fatores podem alterar a quantidade capilar no músculo esquelético, incluindo o envelhecimento e alterações no nível de atividade muscular como exercício físico ou desuso (KANO et al., 2002). A angiogênese no músculo esquelético em resposta ao exercício tem sido atribuída a estímulos metabólicos e/ou a presença de uma variedade de fatores de crescimento. Porém, não está identificado qual deles inicia ou mantém o crescimento capilar. Muitas situações no músculo esquelético que exibem a angiogênese envolvem aumento do fluxo sanguíneo, e muitas evidências apontam que o aumento do fluxo sanguíneo sozinho é suficiente para induzir o crescimento capilar (BROWN; HUDLICKA, 2003). A variável rC/F apresenta intrínseca analogia com o nível de atividade muscular (DESPLANCHES 1997). A redução da atividade muscular induzida pela imobilização influenciou, significativa e negativamente, a rC/F no músculo sóleo deste estudo. É sabido que fibras de contração lenta apresentam maior número de capilares do que fibras de contração rápida (ANNEX et al., 1998; CHERWEK et al., 2000) e que o desuso induz um trânsito das fibras de contração lenta para fibras de contração mais rápida, como observado no presente estudo. Portanto, a redução da rC/F aqui documentada pode ser justificada pela redução de FTI. Cornachione et al. (2008) observaram resultados similares, aos aqui apresentados, para o músculo sóleo após período de hipocinesia (suspensão). Após a aplicação dos protocolos excêntricos de reabilitação foi observado que o período de 10 dias de exercício não restabeleceu as características angiogênicas do músculo sóleo. Com a manutenção do estímulo (exercício excêntrico) por 21 dias foi possível observar uma recuperação satisfatória da variável rC/F, equiparando-se aos valores de referência. Apesar do consumo de oxigênio ser inferior no treinamento excêntrico quando comparado aos outros tipos de contração, fatores de Discussão Experimento 1 - 76 crescimento e proteínas sinalizadoras devem ter sido mais expressas durante fases mais tardias do treinamento. O processo de angiogênese parece estar relacionado com a adaptação do tecido muscular esquelético ao exercício. Uma série de fatores são liberados nos tecidos ao redor dos pequenos vasos envolvidos na atividade física. O fator de crescimento vascular endotelial (VEGF) é um dos fatores promotores da angiogênese pois, estimula a proliferação e diferenciação de células endoteliais. Durante o exercício físico o consumo de oxigênio aumentam em comparação a situações de repouso e com isso há um aumento do fluxo sanguíneo para compensar a demanda de oxigênio exigido (BLOMSTRAND et al., 1997). Outros resultado determinados pelo exercício físico é a hipóxia e a tensão de cisalhamento na parede dos capilares (MILKIEWICZ et al., 2001). No músculo extensor longo dos dedos de ratos tanto a hipóxia quanto aumento da tensão de cisalhamento induziram a angiogênese através da super expressão de VEGF pelos miócitos, após exercício físico (EGGINTON et al., 2001). Por outro lado, o músculo plantar, apresentou aumento significativo na rC/F após a realização do protocolo de 21 dias de exercício excêntrico quando comparado aos animais do grupo imobilizado e treinado 10 dias. A hipótese mais sugestiva para esse achado é que este não foi afetado pelo procedimento de hipocinesia, mas sim, pelo treinamento de 21 dias aqui adotado. Kano et al. (1997) e Waters et al. (2004), observaram aumento na densidade capilar de músculos rápidos, em animais normais, após treinamento de corrida. Jensen et al. (2004), observaram que exercícios de alta intensidade recrutam mais fibras do tipo II, determinando aumento significativo no número de capilares das mesmas. Gute et al. (1996) aplicaram treino de corrida em esteira com alta intensidade por 5 dias da semana durante 14 semanas em ratos adultos saudáveis. Eles observaram melhor resposta capilar do músculo gastrocnêmio ao treino de alta intensidade, que demonstrou aumento significativo da rC/F em todas as suas porções. Cornachione et al. (2011) observaram aumento da rC/F do músculo tibial anterior (músculo predominantemente rápido) após treinamento excêntrico em esteira durante 21 dias. Os mesmos observaram ainda, que o músculo tibial anterior não foi afetado pelo procedimento de desuso. O tempo necessário para ocorrer a angiogênese em resposta ao exercício pode variar de acordo com o tipo de fibra, e assim, conforme o predomínio cada tipo Discussão Experimento 1 - 77 no músculo alvo. Foi observado crescimento capilar precoce em fibras rápidas do gastrocnêmio quando comparado às fibras lentas do músculo sóleo de ratos jovens treinados (BROWN; HUDLICKA, 2003). O aumento da área de secção transversa da fibra em resposta ao exercício também pode induzir a angiongênese para evitar uma queda no desempenho muscular aeróbico (DEGENS et al., 2006). Dessa forma, a variação entre a resposta angiogênica dos músculos sóleo e plantar também pode ser explicada pela diferença no predomínio e tamanho entre os tipos de fibras, que indicará o perfil de contração muscular. Poucos são os relatos na literatura científica que correlacionam diferentes períodos de protocolos exêntricos de reabilitação e rC/F de músculos de animais previamente submetidos ao desuso por imobilização. 6.3 Alterações na Expressão do Colágeno Tipo I e Tipo III Estudos prévios têm mostrado que a inatividade, através de várias formas de desuso, resulta em alterações no músculo esquelético e em suas propriedades. Os resultados aqui apresentados enfocam importantes modificações e adaptações dos constituintes da rede de tecido conjuntivo dos músculos sóleo e plantar principalmente em ratas submetidas à imobilização. Alguns recursos utilizados na reabilitação, como o treinamento excêntrico, parecem favorecer a reorganização adequada desse tecido. O colágeno tipo I compõe fibras em paralelo, confere força tênsil e rigidez ao tecido (KOVANEN 2002). Esse tipo de colágeno é encontrado principalmente no epimísio, conforme foi demonstrado bioquimicamente por Light e Champion (1984) e confirmado por outros estudos (SALONEN et al. 1985; KUROSE et al., 2006). Já o colágeno tipo III é encontrado no perimísio e no endomísio, sendo mais evidente neste último e sua principal função é conferir complacência ao tecido (LIGHT; CHAMPION, 1984; SALONEN et al., 1985; KUROSE, 2006). No presente estudo foi observado aumento da reatividade dos diferentes tipos de colágeno em ambos os músculos estudados. Józsa et al. (1990) e Järvinen et al. (2002) também observaram aumento pronunciado do tecido conjuntivo nas regiões peri- e endomisial, no músculo sóleo de ratas após 1, 2 e 3 semanas de imobilização gessada. Sabe-se que o tecido conjuntivo sofre alterações em curtos períodos de desuso e estudos têm mostrado que em apenas dois dias de imobilização o tecido Discussão Experimento 1 - 78 conjuntivo aumenta significativamente na região intramuscular. Inicialmente esta elevação tem sido identificada no perimísio (após dois dias) e após sete dias de imobilização, o endomísio sofre mudanças. Alterações enzimáticas também são observadas. Kovanen (2002) demonstrou, após um dia de imobilização dos membros posteriores de ratos, redução da atividade da Prolil 4-Hidroxilase (P4H), enzima que cataliza as primeiras modificações da biossíntese do colágeno. Contudo, mais estudos serão necessários para entender melhor a biossíntese e a degradação do colágeno frente situações de desuso. Com o procedimento de remobilização, treinamento excêntrico, realizado durante 10 dias foi observado aumento da reatividade do colágeno tipo I e III, no músculo sóleo. Por outro lado, esse mesmo músculo mostrou redução da expressão colagênica (colágenos tipos I e III) com 21 dias de treinamento, mostrando resultados similares ao grupo controle (GC(21)), o que mostra que músculos tônicos são capazes de retomar suas características colagênicas normais quando submetidos a períodos mais longos (21 dias) de treinamento excêntrico, após à imobilização. Kannus et al. (1998a, b) enfocam que alterações causadas pela imobilização, como acúmulo de tecido conjuntivo intramuscular, podem ser fenômenos reversíveis especialmente se a remobilização for intensificada por treinamento físico. Esses mesmos autores observaram que o treinamento em esteira reduziu o volume percentual do tecido conjuntivo do músculo sóleo de ratas, previamente imobilizadas. Diferentemente, o músculo plantar mostrou responder prontamente ao treinamento de menor período (10 dias) recuperando assim, as características de base. Os resultados finais apresentados neste estudo confirmam dados da literatura de que a imobilização desencadeia alterações importantes na expressão do colágeno do tecido muscular esquelético. Através de programas de exercício excêntrico os músculos podem ser reabilitados retornando às suas características morfofuncionais normais, o que implica em melhora da complacência tecidual e diminuição da rigidez intrínseca. Contudo, sugerimos que dentro da nossa prática clínica programas de reabilitação excêntrica, após situações de desuso, possam ser indicados precocemente com a finalidade de recuperar as características de força, tensão e rigidez do sistema aqui enfocado. Discussão Experimento 1 - 79 6.4 Limitações do Experimento 1 Considerando os achados supracitados, para o experimento 1, devemos considerar que os animais, tanto do grupo treinado 10 dias quanto do grupo treinado 21 dias, foram reabilitados por 40 minutos de corrida descendente em esteira. Após este período os animais permaneceram livres nas gaiolas até o próximo dia de treinamento, ou seja, durante aproximadamente 23 horas e meia tiveram retorno da sobrecarga, nos membros, gerada pelo próprio peso corporal. Em estudo prévio, nosso grupo de pesquisa analisou alterações morfológicas, proporção dos diferentes tipos de fibras, diâmetro menor e rC/F dos músculos sóleo e tibial anterior de ratas submetidas previamente à suspensão caudal por 28 dias e, posteriormente reabilitadas pelo exercício do tipo excêntrico (21 dias) (Cornachione et. al., 2007). Os autores também analisaram um grupo de animais que foram suspensos e depois deixados livres nas gaiolas (21 dias). Frente as variáveis morfológicas e morfométricas, os autores constataram que o retorno da sobrecarga, determinado pela livre movimentação, melhorou a distribuição dos diferentes tipos de fibras e a rC/F para os músculos estudados, porém não incrementou o volume celular. Por outro lado, os animais reabilitados pelo exercício excêntrico mostraram melhores resultados em relação ao trofismo além, da proporção de fibras e rC/F. Portanto, no presente documento optou-se pela não inserção dos grupos livres. Porem, não são excluídas as possibilidades de que, outros resultados, diferentes dos apresentados aqui, poderiam ser obtidos e que, tais resultados, suscitam a reflexão desses autores. Conclusão Experimento 1 - 81 7 CONCLUSÃO EXPERIMENTO 1 O exercício excêntrico mostrou ser uma ferramenta importante na reabilitação do músculo esquelético, principalmente tratando-se de músculos tônicos, como o sóleo que apresentam alterações citoarquiteturais significativas após situações de desuso, quando comparado a músculos fásicos, como o plantar. O período de 10 dias de treinamento excêntrico parece estimular o processo inicial de regeneração muscular, no músculo sóleo, porém não foi suficiente para alcançar as características qualitativas e quantitativas de base. Somente com a manutenção do estímulo por um período mais prolongado, 21 dias, esse músculo foi capaz de determinar modificações satisfatórias, apresentando aspectos morfológicos e morfométrico equivalentes ao controle. Por outro lado, o músculo plantar se restabelece em menor período de treinamento, considerando que este músculo foi menos acometido pela imobilização. Resultados Experimento 2 - 83 8 RESULTADOS EXPERIMENTO 2 8.1 Morfologia Histoenzimologia e Histologia Básica A análise morfológica dos músculos de animais que compuseram o Experimento 2 foi realizada da mesma forma como descrita no Experimento 1. A Tabela 7 demonstra a quantidade das alterações histopatológicas encontradas no músculo sóleo. Tabela 7 – Alterações morfológicas das fibras do músculo sóleo identificadas pelas colorações e reações histoenzimológicas nos diferentes grupos do experimento 2. Alterações Morfológicas GI Centralização Nuclear 50% 66%* 50% 33%* 33% - - Fragmentação 17%* - 50% - 17% - - Variação de Tamanho 66% - - - - - - Halo Basofílico - - 50% - - - - Necrose 33%* 33%* 33% - 17%* - - Fibras Lobuladas 33% - - - - - - 83% - - - - - - Fibras Basofílicas - - - - - - - Aumento da Fosfatase Ácida 100% 100%* 66% 100%* 17% 17%* 100%* Fibras em alvo 100% - 50%* - 17%* - - Área de rarefação citoplasmática GC(imob) GIAL(10) GC(10) GIAL(21) GC(21) GA % Referencia o número de ratas que apresentaram a anomalia no grupo * Menos de 5% de células As alterações citoarquiteturais observadas no grupo imobilizado (GI) foram descritas anteriormente no Experimento 1, contudo a tabela 7 e a figura 17 reapresentam tais alterações. Pela análise detalhada das lâminas do músculo sóleo coradas com HE, o grupo alongado 10 dias apresentou centralização nuclear, fragmentação e halo Resultados Experimento 2 - 84 basofílico em 50% dos animais (Tabela 7 e Figura 17g). Pôde-se constatar também que 33% dos cortes apresentaram necrose. Através das reações histoenzimológicas para mATPase (Figura 17i) e NADH2-TR não foram observadas alterações relevantes. Já para os animais alongados durante 21 dias, poucas foram as alterações patológicas encontradas, sendo a centralização nuclear foi a mais evidente, porém observada em apenas 33% dos animais (Tabela 7 e Figura 17j). Para o músculo plantar não foram observadas alterações significativas nas reações de coloração e histoenzimológicas aqui aplicadas, para os grupos do experimento 2 (Figura 18). Resultados Experimento 2 - 85 GC(imob) GI GIAL(10) GIAL(21) Figura 17 – Fotomicrografias do músculo sóleo nas colorações hematoxilina-eosina (a, d, g, j – cortes transversais) e azul de toluidina (b – corte transversal, e, h, k – cortes longitudinais) e na reação histoenzimológica para mATPase pH 4.6 (c, f, i, l – cortes transversais). a,b,c – fibras poliédricas com núcleos na periferia (Barras: 45,4m); d – variação no tamanho das fibras, fibras lobuladas (seta grossa), centralização nuclear (seta fina) e fibras em alvo (*) com basofilía no centro (Barra: 28,4m); e – fibras em alvo (*) e perda das estriações transversais () (Barra: 27,4m); f – fibras em alvo (*) (Barra: 24,8m); g - variação no tamanho das fibras, fragmentação (setas pontilhadas) e núcleos centralizados (setas finas) (Barra: 39,6m); h – poucos nucleos centralizados (seta fina) e rarefação citoplamática (cabeça de seta). i – sem alterações (Barra: 35,6m); jdiscreta centralização nuclear (seta fina) (Barra: 29,7m); k – poucos núcleos centralizados (setas finas); l - não apresentaram alterações significativas (Barras: 29,7m). Resultados Experimento 2 - 86 GC(imob) GI GIAL(10) GIAL(21) Figura 18 - Fotomicrografias do músculo plantar nas colorações hematoxilina-eosina (a, d, g, j – cortes transversais) e azul de toluidina (b – corte transversal, e, h, k – cortes longitudinais) e na reação histoenzimológica para mATPase pH 4.6 (c, f, i, l – cortes transversais). a,b,c – fibras poliédricas com núcleos na periferia (Barras: 36,8m); d – fibras sem alterações (Barra: 26,4m); e – fibras com estriações transvesais normais e nucleos na periferia (Barra: 26,4m); f – predomínio de FTIID (Barra: 24,8m);g – sem alterações (Barra: 26,1m); h – poucos núcleos centralizados (setas finas). i – sem alterações (Barra: 22,4m); j- Fibras poliédricas com núcleos na periferia (Barra: 28,8m); k – sem alterações; l - não apresentaram alterações relevantes (Barra: 28,8m). Resultados Experimento 2 - 87 Microscopia Óptica de Alta Resolução Após o procedimento de desuso foram observadas alterações citoarquiteturais importantes, através da MOAR, no músculo sóleo de todos os animais imobilizados. Tais alterações foram descritas previamente no Experimento 1, porém fotomicrografias do mesmo podem ser observadas na figura 17. As fibras musculares analisadas do músculo sóleo, referentes ao grupo alongado durante 10 dias, mostraram corroborar com os achados da coloração HE, confirmando assim, a centralização nuclear (Figura 17h). Outra alteração representativa observada neste mesmo grupo foi a rarefação citoplasmática. Já o músculo sóleo reabilitado durante 21 dias pelo procedimento de alongamento, mostrou citoarquitetuta normal, porém com raros núcleos centralizados. Na análise morfológica realizada a partir da técnica de MOAR o músculo plantar não mostrou comprometimentos significativos tanto após o procedimento de desuso quanto aos de alongamento (Figura 18). 8.2 Morfometria 8.2.1 Proporção de Fibras e Expressão dos Diferentes Tipos de MHC Na Figura 19 é possível observar as diferenças entre as médias da proporção de fibras obtidas nos diferentes grupos analisados no experimento 2. As alterações determinadas na proporção dos diferentes tipos de fibras, pelo procedimento de imobilização, no músculo sóleo foram descritas no item 5.2.1 no experimento 1. Os dois programas de alongamento, 10 e 21 dias, aplicados após período de imobilização determinaram aumento no número das FTI do músculo sóleo em relação aos animais do grupo imobilizado (GI vs GIAL(10), GI vs GIAL(21), p<0.01), porém apenas o treino de 21 dias foi capaz de aumentar significativamente os valores proporcionais, ultrapassando os valores de referência (GC (21) vs GIAL(21), p=0.03) (Figura 19). Por outro lado, as FTIIC mostraram valores satisfatórios após os dois programas de alongamento (GC(10) vs GIAL(10), GC(21) vs GIAL(21), p>0.05). As fibras do tipo IIA e IIAD mostraram não ser afetadas pelo procedimento de desuso, contudo os procedimentos de alongamento, 10 e 21 dias, reduziram as FTIIA (GC (10) Resultados Experimento 2 - 88 vs GIAL(10), GC(21) vs GIAL(21), p<0.01) e as FTIIAD aumentaram apenas com 10 dias de alongamento (GC(10) vs GIAL(10), p<0.01). Pela análise do gel de eletroforese foi observado aumento da expressão da MHCI após os programas de alongamento, quando comparado ao grupo imobilizado, porém o grupo alongado por 21 dias mostrou resultados mais satisfatórios em relação ao controle (Figura 20). 100% 80% 1.48% 6.13% 10.42% 26.83% 28.02% 25.47% 0.12% 33.79% 5.74% 14.12% * 20.81% 4.12% 21.79% 4.22% 3.69% 2.25% 40% 70.32% 51.71% 20% 58.34% 2.09% 28.99% 7.80% 1.35% 60% 2.97% 63.82% 68.34% GC(10) GIAL(21) 63.18% 71.91% * 0% GI GCimob GIAL(10) FTI FTIIC FTIIA GC(21) GA FTIIAD Figura 19 – Porcentagem das médias de FTI, FTIIC, FTIIA e FTIIAD do músculo sóleo nos diferentes grupos analisados do Experimento 2.* p<0.01 comparado com GC(imob); p< 0.01 comparado com GI; p<0.01 comparado com GC(10); p<0.01 comparado com GC(21). Resultados Experimento 2 - 89 A B Figura 20 – A – Foto do gel de poliacrilamida apresentando as diferentes bandas da MHC do músculo sóleo. B – Análise quantitativa da expressão das bandas da MHCI e MHCIIa em unidade arbitrária do músculo sóleo do experimento 2. Resultados Experimento 2 - 90 No músculo plantar poucas foram as alterações observadas. O aumento das FTIID e redução das FTIIB foram acentuados após o procedimento de alongamento aplicado durante 10 dias (GC(10) vs GIAL(10), p<0.01) (Figura 21). Além disso, foi observada redução na proporção de FTI e FTIIA (GC(10) vs GIAL(10), p<0.03). Já com 21 dias de alongamento foi observada redução das FTIIA concomitante ao aumento das FTIID (GC(21) vs GIAL(21), p<0.03). Para a expressão da MHC os programas de 10 e 21 dias reduziram a expressão das bandas MHCIIa e MHCIId, quando comparadas ao GI, apresentando assim, valores próximos aos grupos controles (Figura 22). 100% 9.66% * 0.82% 2.05% 3.21% 3.44% 3.45% 57.02% 61.76% 57.78% 58.22% 20.92% 26.71% 25.11% 16.47% 2.31% 11.79% 0.35% 11.70% 0.08% 13.10% GC(10) GIAL(21) GC(21) GA 18.76% 80% 60% 54.98% 65.84% * 49.56% 40% 24.37% 20% 0% 22.82% 20.32% 0.44% 9.33% 0.16% 8.68% 1.39% 11.59% GI GCimob 25.56% GIAL(10) FTI FTIIC 0.07% FTIIA FTIID FTIIB Figura 21 – Porcentagem das médias de FTI, FTIIC, FTIIA, FTIID e FTIIB do músculo plantar nos diferentes grupos analisados do Experimento 2.* p<0.01 comparado com GC(imob); p< 0.01 comparado com GI; p<0.01 comparado com GC(10); p<0.01 comparado com GC(21). Resultados Experimento 2 - 91 A B Figura 22 – A – Foto do gel de poliacrilamida apresentando as diferentes bandas da MHC do músculo plantar. B – Análise quantitativa da expressão das bandas da MHCI, MHCIIa e MHCIId em unidade arbitrária do músculo plantar do experimento 2. Resultados Experimento 2 - 92 8.2.2 Diâmetro Menor Os dados referentes ao diâmetro menor obtidos no grupo imobilizado foram descritos no item 5.2.2 do Experimento 1. O protocolo de 21 dias de alongamento aumentou o diâmetro das FTI, FTIIA e FTIIAD que foi reduzido previamente pelo procedimento de imobilização para o músculo sóleo (GC(21) vs GIAL(21), p>0.05) (Tabela 8). Já o protocolo de 10 dias mostrou aumentar apenas o trofismo das FTIIA (GC(10) vs GIAL(10) p>0.05) (Tabela 8). Tabela 8 - Médias do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA e FTIIAD com os respectivos intervalos de confiança de 95% do músculo sóleo dos diferentes grupos estudados no experimento 2. GI GC(Imob) GIAL(10) GC(10) GIAL(21) GC(21) GA FTI 36.04* (33 – 39) 47.51 (43 – 52) 40.40 (37 – 44) 46.77 (42 – 51) 41.48 (38 – 45) 45.81 (41 – 50) 42.49 (38 – 47) FTIIC 29.37 (26 – 33) 36.64 (29 – 44) 35.08 (31 – 39) 40.53 (34 – 47) 34.78 (31 – 38) 36.97 (31 – 42) 34.29 (29 – 40) FTIIA 30.78* (27 – 34) 37.97 (33 – 43) 38.56 (35 – 42) 40.43 (36 – 45) 39.61 (36 – 43) 39.06 (34 – 44) 37.30 (32 – 42) FTIIAD 29.12* (25 – 33) 39.62 (33 – 46) 38.24 (35 – 42) 55.64 (39 – 72) 39.33 (35 – 43) 36.35 (31 – 42) 34.04 (28 – 40) * p< 0.01 comparado com GC(imob); p<0.02 comparado com GI; p<0.03 comparado com GC(10). Para o músculo plantar o protocolo de alongamento, realizado durante 21 dias, determinou aumento do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA e FIID atingindo valores similares aos grupos controles (GC(21) vs GIAL(21), p>0.05) e as FTIIB ultrapassaram os valores de referência (GC(21) vs GIAL(21), p<0.01) (Tabela 9). Já o protocolo de 10 dias mostrou aumentar apenas o diâmetro das FTI e FTIIA (GI vs GIAL(10) p<0.01) em relação aos animais previamente imobilizados, porém apenas as FTIIA alcançaram os valores de referência (GC(10) vs GIAL(10) p>0.05). Os animais do grupo anestesiado apresentaram aumento do diâmetro em relação aos animais do GC(21) (GA vs GC(21), p<0.01). Resultados Experimento 2 - 93 Tabela 9 - Médias do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA, FTIID e FTIIB com os respectivos intervalos de confiança de 95% do músculo plantar dos diferentes grupos estudados no experimento 2. GI GC(Imob) GIAL(10) GC(10) GIAL(21) GC(21) GA FTI 26.92* (24 – 29) 36.22 (33 – 40) 32.07 (27 – 34) 39.26 (36 – 42) 36.08 (34 – 38.5) 36.70 (33 – 40) 37.93 (34–41) FTIIC 18.75* (13 – 24) 37.14 (29 – 46) 25.40 (22 – 28) 38.57 (27 – 50) 28.32 (25 – 31) 34.24 (26 – 43) – FTIIA 27.22* (25 – 29) 32.55 (29 – 36) 31.89 (29.5 – 34) 34.56 (31 – 38) 33.67 (31 – 36) 33.51 (30 – 37) 35.44 (32 – 39) FTIID 32.86* (30 – 35) 38.94 (36 – 42) 34.10 (32 – 36) 40.92 (38 – 44) 38.59 (36 – 41) 37.71 (34 – 41) 40.94 (38 – 44) 39.26 (37 – 42) 41.88 (38.5 – 45) 35.85 (38 – 44) 47.52 (43 – 52) 47.99 (45 – 51) 40.05 (36 – 44) 48.85 (45 – 53) FTIIB * p< 0.01 comparado com GC(imob); p<0.02 comparado com GI; p<0.03 comparado com GC(10); p<0.01 comparado com GC(21). 8.2.3 Relação Capilar/fibra O procedimento de imobilização determinou no músculo sóleo acometimento significativo na análise da rC/F, como descrito anteriormente no item 5.2.3. Os procedimentos de alongamento, de 10 e 21 dias, mostraram não recuperar os valores basais para o músculo sóleo (GC(10) vs GIAL(10); GC(21) vs GIAL(21) p<0.04), mantendo seus valores inferiores aos respectivos controles (Tabela 10). Ao considerar a rC/F para o músculo plantar, observou-se que as alterações resultantes do procedimento de imobilização e remobilização, pelo alongamento, não foram relevantes (Tabela 10). Tabela 10 - Médias da relação capilar/fibra com os respectivos intervalos de confiança de 95% dos músculos sóleo e plantar dos diferentes grupos estudados no experimento 2. GI GC(Imob) GIAL(10) GC(10) GIAL(21) GC(21) GA Sóleo 2.04* (1.8–2) 2.43 (2.2 – 2.6) 2.08 (1.9 – 2.2) 2.49 (2.2– 2.7) 2.11 (1.9 – 2.2) 2.38 (2.1– 2.6) 2.45 (2.2-3) Plantar 1.50 (1.3-2) 1.72 (1.5 – 1.9) 1.52 (1.4 – 1.7) 1.65 (1.5 - 3.2) 1.63 (1.5 – 1.8) 1.58 (1.4–1.8) 1.72 (1.5– 2) * p< 0.01 comparado com GC(imob); p<0.02 comparado com GI; p<0.03 comparado com GC(10); p<0.03 comparado com GC(21). Resultados Experimento 2 - 94 8.3 Colágenos tipos I e tipo III Na descrição dos resultados para o colágeno I e III realizada anteriormente, no experimento 1, foi possível observar que o procedimento de imobilização determinou, nos músculos sóleo e plantar, aumento significativo da expressão dos mesmos (Tabela 11). Os programas de reabilitação, alongamento mantido 10 e 21 dias, realizado nos músculos sóleo e plantar, mostraram não restabelecer a expressão dos diferentes tipos de colágeno (Tabela 11 e Figuras 23 e 24). Tabela 11 - Análise semi-quantitativa da expressão dos colágenos tipos I e III nos músculos Sóleo e Plantar para os diferentes grupos analisados no Experimento 2. Grupos GI GC(Imob) GIAL(10) GC(10) GIAL(21) GC(21) GA Colágeno Tipo I Sóleo Plantar +++ ++ + ± ++ + + ± ++ ++ + + + ++ Colágeno Tipo III Sóleo Plantar +++ +++ ++ + ++ ++ + + +++ ++ ++ + ++ + (-) negativo; (±) ligeiramente positivo; (+) fracamente positivo; (++) moderadamente positivo; (+++) fortemente positivo Resultados Experimento 2 - 95 GC(imob) GI GIAL(10) GIAL(21) Figura 23 - Fotomicrografias das lâminas dos músculos sóleo (a-d) e plantar (e-h) demonstrando a expressão do colágeno tipo I através da imunomarcação pelo método imuno-histoquímico. a, e – imunomarcação do colágeno tipo I sem alterações (Barras= 74m); b, f - observe aumento da expressão do colágeno I para o músculo sóleo (Barras= 65;74m, respectivamente); c, g – aumento da expressão observada no músculo sóleo e nenhuma alteração para o plantar (Barras= 65;75m, respectivamente); d,h – imunomarcação do colágeno tipo I mais reativo para o músculo sóleo (Barras= 76m). Resultados Experimento 2 - 96 GC(imob) GI GIAL(10) GIAL(21) Figura 24 - Fotomicrografias das lâminas dos músculos sóleo (a-d) e plantar (e-h) demonstrando a expressão do colágeno tipo III através da imunomarcação pelo método imuno-histoquímico. a, e imunomarcação do colágeno tipo III sem alterações significativas (Barras= 88m); b, f - aumento da expressão do colágeno III (Barras= 65; 80m); c, g – aumento da expressão é observada no músculo sóleo e nenhuma alteração para o plantar (Barras= 65;100m, respectivamente); d, h – aumento da expressão no sóleo (d) e nenhuma alteração no plantar (h) para o colágeno tipo III (Barra=94;75m, respectivamente). Discussão Experimento 2 - 98 9 DISCUSSÃO EXPERIMENTO 2 9.1 Morfologia O músculo sóleo dos animais do grupo alongado 10 dias apresentaram maior incidência de núcleo centralizado, halo basofílico e fragmentação quando comparados aos animais do GIAL(21). O alongamento mantido por 40 minutos aplicado após o procedimento de imobilização foi realizado de forma similar por Gomes et al. (2007) em ratos adultos. A frequência de 1 ou 3 vezes por semana de alongamento foi comparada e os autores encontraram alterações morfológicas mais pronunciadas no músculo sóleo do grupo imobilizado e no grupo imobilizado e alongado por 3 vezes na semana, durante 40 minutos. Eles apontam que a reatividade aumentada do músculo pode estar associada a um distúrbio de tumefação celular relacionado a processos de degeneração celular. O músculo sóleo de ratas adultas, submetidas à imobilização e alongamento, apresentou alterações morfológicas moderadas através de fibras em regeneração, núcleo centralizado, necrose hialina, halo basofílico e fibras lobuladas (MATTIELLO-SVERZUT et al., 2006). A alta intensidade da resposta muscular frente a diferentes intervenções no membro posterior do animal indica que o comprimento funcional muscular e a tensão imposta a ele são importantes para manter a massa e arquitetura muscular (GOMES et al., 2007). Núcleos centralizados foram observados no músculo sóleo dos animais alongados, em maior quantidade nos animais tratados por 10 dias. Sabe-se que o alongamento mantido pode causar microlesões nas fibras musculares levando a subsequente regeneração (YANG et al., 1997). Miofibras recentemente regeneradas podem ser identificadas pela presença de núcleos centralizados, derivados de células satélites (OUSTANINA et al., 2004), que são células miogênicas precursoras residentes entre o sarcolema e a lâmina basal da miofibra (KAWANO et al., 2008). Tem sido mostrado que essas células funcionam como fontes de novos mionúcleos durante o processo de regeneração após a lesão muscular e durante a sobrecarga funcional (WANG et al., 2006). E ainda, o alongamento passivo das fibras musculares pode ser necessário para manter a ativação e proliferação das células satélites (WANG et al., 2006). Portanto, o aumento no número e/ou função das células satélites, devido ao estímulo mecânico longitudinal, desempenha importante Discussão Experimento 2 - 99 papel na recuperação do número de mionúcleos e, consequentemente, restabelecimento do tamanho da fibra muscular (WANG et al., 2006). Por outro lado, a quantidade de fibras em alvo encontrada no grupo imobilizado reduziu após a aplicação dos programas de alongamento mantido, principalmente no grupo alongado 21 dias. Baewer et al., (2008) observaram redução de targetoid fibers ou fibras com lesão tipo central core, no músculo sóleo de ratos, tenotomizados e alongados por 20 minutos durante 7 dias. Esses autores acreditam que vias de degradação proteossomicas mediadas pela ubiquitina, ativadas pelo acúmulo de cálcio determinado pelo procedimento de desuso (tenotomia), podem ser inibidas pelo estímulo do alongamento e, vias sintetizadoras podem ser ativadas, como o ativador mitogênico de proteína kinase (MAPK). 9.2 Morfometria 9.2.1 Alterações na Proporção de fibras e na MHC Através da análise da proporção dos diferentes tipos de fibras, o músculo sóleo, mostrou aumento no número de FTI após os dois programas de alongamento mantido em relação aos animais imobilizados, porém apenas o programa de 21 dias foi capaz de aumentar significativamente os valores proporcionais, ultrapassando os valores de referência. A mesma técnica de alongamento mantido foi utilizada por Gomes et al., (2007) em ratos adultos, durante o período de imobilização. Eles não observaram nenhuma mudança na proporção entre os diferentes tipos de fibras do músculo sóleo. Ausência de alterações na proporção também foi demonstrado por Mattiello-Sverzut et al. (2006) em músculo sóleo de ratas adultas, submetidas ao alongamento intermitente pós-imobilização. Por outro lado, Polizello (2009) observou no músculo sóleo de ratas, imobilizadas por 14 dias e posteriormente submetidas ao alongamento intermitente durante 10 dias, redução significativa no número de fibras rápidas (FTII) e aumento de fibras lentas (FTI). Esses resultados corroboram aos aqui apresentados, apesar das técnicas de alongamento serem diferentes, e ainda, indicam que o alongamento tanto intermitente quanto o mantido podem estimular um trânsito das fibras de contração mais rápidas para fibras de contração mais lentas. Discussão Experimento 2 - 100 Na literatura científica, são poucos os relatos que abordam os efeitos da remobilização, através de alongamento mantido, frente a transição dos diferentes tipos de fibras e da MHC do músculo esquelético após período de desuso. 9.2.2 Alterações na Área de Secção Transversa A técnica de alongamento aplicada por 21 dias aumentou o diâmetro menor das FTI, FTIIA e FTIIAD, do músculo sóleo, que foi reduzido previamente pelo procedimento de imobilização. Achados similares foram observados por Gomes et al. (2007) com o alongamento mantido 3 vezes por semana, durante o período de imobilização no músculo sóleo. Polizello (2009) observou que o alongamento aplicado 1 ou 2 vezes por dia aumenta o diâmetro menor dos diferentes tipos de fibras do músculo sóleo. Okita et al. (2001) avaliaram o efeito do alongamento passivo pós-imobilização mantido por 30 minutos, realizado 6 vezes por semana durante 3 semanas e observaram aumento do diâmetro das FTI no músculo sóleo. Coutinho et al. (2006) relatam que, após três semanas de alongamento passivo, ocorre hipertrofia muscular associado ao aumento no número de sarcômeros em série, no sóleo após imobilização. Essa hipertrofia tem sido atribuída aos fatores regulatórios miogênicos (MRFs), um grupo de moléculas que controlam a transcrição de genes relacionados a hipertrofia muscular (WATANABE, 2001). Os MRFs se dividem em quatro componentes: miogênico de diferenciação (myo-D), fator regulador miogênico 5 (MRF-5), miogenina e fator regulatório miogênico 4 (MRF-4) (SABORIN et al., 2000). A ativação desses está condicionada à presença ou não de estímulo tensional e a imobilização em posição de alongamento mostra aumentar a expressão de myo-D (ZÁDOR; DUX; WUYTACK, 1999). Outra via que pode estar relacionada ao aumento do volume celular após o estímulo de alongamento é a via IGF-1/fosfatidilinositol 3-quinase (PI3K)/AKT/proteína alvo da rapamicina em mamíferos (mTOR) (BAEWER et al., 2008; TEGTBUR; BUSSE; KUBIS, 2009). Outros processos estão presentes na cascata de eventos que envolvem as mudanças de trofismo com alongamento. As células satélites estão envolvidas em processos de regeneração e reparo tecidual em lesões do tecido muscular (CHARGE; RUDNICK, 2004). Quando o tecido é alongado, além de sua fase elástica, microlesões são desencadeadas o que contribui para sequência de eventos Discussão Experimento 2 - 101 ativadores das células satélites e consequente início de um ciclo reparativo. Quando essas células se fundem à miofibra lesada é observado um aumento do volume celular. Por outro lado, Gomes e colaboradores (2007) demonstraram que o alongamento realizado 1 vez por semana reduziu ainda mais a área das fibras, quando comparado ao grupo somente imobilizado. Mattiello-Sverzut et al. (2006) demonstraram que o alongamento manual por 10 dias consecutivos, sendo 10 séries de 15 segundos cada, não foi capaz de aumentar o diâmetro de nenhuma das fibras do músculo sóleo (FTI, FTII e fibras tipo híbridas - FTH), quando comparado ao grupo somente imobilizado. Existem muitos estudos controversos aos resultados aqui apresentados. Essa divergência de dados pode ser atribuída ao tipo de alongamento aplicado, intermitente ou mantido, a intensidade e a periodização do estímulo. 9.2.3 Alterações na Relação Capilar/fibra O procedimento de imobilização determinou no músculo sóleo acometimento significativo na análise da rC/F, como discutido anteriormente no experimento 1. As técnicas de alongamento mantido, 10 e 21 dias, não foram eficazes para modificar os prejuízos da imobilização sobre a rC/F no músculo sóleo, enquanto que, para o músculo plantar, nenhuma alteração relevante foi observada após o procedimento de desuso e reabilitação. Estudo realizado por Hellsten e colaboradores (2008) mostrou aumento no fluxo sanguíneo e dos níveis de VEGF no músculo vasto lateral de humanos após alongamento passivo. Os mesmos sugerem que esses fatores estimulantes fisiológicos estão associados ao crescimento de novos vasos no músculo esquelético. Talvez, o stress longitudinal passivo aqui aplicado, através do alongamento, ou o tempo de aplicação deste estímulo não tenham sido suficientes para estimular fatores angiogênicos e incrementar a proporção de capilares. Contudo, são escassos os estudos que abordam as alterações vasculares desencadeadas por recursos de alongamento, seja ele mantido ou intermitente. Discussão Experimento 2 - 102 9.3 Alterações na Expressão dos Colágenos Tipo I e Tipo III Após períodos de imobilização em posição encurtada, a atrofia muscular e a proliferação do tecido conjuntivo são consideradas adaptações importantes no sistema musculoesquelético. Ambas as alterações são causadas por mudanças na síntese de proteínas musculares e colagênicas (KARPAKKA et al., 1990). Devido à redução das proteínas contráteis e proliferação do tecido conjuntivo intramuscular, alterações na flexibilidade e na elasticidade do músculo têm sido observadas acometendo a capacidade funcional do mesmo. O alongamento do musculoesquelético é conhecido como um potente estímulo para remodelar e reorganizar as fibras de colágeno intramuscular (WILLIAMS et al., 1988; GOLDSPINK et al., 2002). O presente estudo mostrou que 10 e 21 dias de alongamento passivo não foram suficientes para recuperar a expressão dos colágenos tipo I e tipo III, dos músculos sóleo e plantar, alteradas pelo procedimento de imobilização. A biossíntese do colágeno é caracterizada por um amplo número de modificações pré- e pós- transducionais das cadeias polipeptídicas. A prolil 4hidroxilase é uma enzima que cataliza as primeiras modificações da biossíntese do colágeno. O aumento da atividade desta enzima catalizadora e subseqüente acúmulo de colágeno têm sido observados em músculos submetidos ao trabalho de hipertrofia (TURTO et al. 1974). Esse estudo pode justificar os achados aqui apresentados para o protocolo de 21 dias de alongamento, já que o mesmo mostrou aumento do diâmetro menor para as FTI, FTIIA e FTIIAD no músculo sóleo. Estudo prévio realizado por Myllylä e colaboradores (1986) também mostrou uma correlação importante entre o aumento do colágeno muscular e o grau de lesão determinado por protocolos de remobilização acompanhados á regeneração musculoesquelética. Esses dados podem subsidiar os achados aqui observados para os animais submetidos à 10 dias de alongamento mantido, pois esse grupo apresentou alterações histopatológicas mais significativas concomitantes ao aumento da reatividade colagênica. Embora os efeitos do alongamento no músculo esquelético têm sido amplamente investigados, a influência mecânica do alongamento passivo, comumente utilizado na prática reabilitadora para recuperação do trofismo muscular Discussão Experimento 2 - 103 e reversão de possíveis alterações do tecido conjuntivo intramuscular após períodos de desuso, ainda continua escassa dentro da literatura científica. 9.4 Limitações Experimento 2 Assim já destacado no item 6.4, grupos experimentais submetidos a imobilização e posteriormente liberados durante 10 e 21 dias não foram incluídos no desenho experimental deste estudo. Em 2009, Polizello analisou alterações morfológicas, expressão dos colágenos tipo I e tipo III, proporção e diâmetro menor dos diferentes tipos de fibras do músculo sóleo de ratas submetidas à imobilização gessada por 14 dias. Este mesmo estudo contou com um grupo liberado após a imobilização e um grupo submetido ao alongamento intermitente, duas vezes ao dia, por 10 dias consecutivos. Os dados obtidos por Polizello (2009) mostraram que a imobilização não alterou a proporção dos diferentes tipos de fibras do músculo sóleo mas reduziu significativamente o diâmetro das mesmas além, de aumentar a expressão do colágeno tipo I. Após 10 dias de livre movimentação não foi possível observar melhora dessas variáveis. Já com o procedimento de alongamento o músculo sóleo mostrou reestabelecer suas características basais frente a expressão do colágeno tipo I, porém não incrementou o trofismo das fibras. Portanto, por motivos similares aos apontados anteriormente, não são excluídas as possibilidades que outros resultados poderiam ser obtidos nestes grupos (imobilizados e livres). Conclusão Experimento 2 - 105 10 CONCLUSÃO EXPERIMENTO 2 O período de 10 dias de alongamento mantido não foi eficaz para restabelecer as características qualitativas e quantitativas para o músculo sóleo. Somente 21 dias mostrou alcançar parcialmente, os valores de referência para as variáveis aqui analisadas. Para o músculo plantar o procedimento de alongamento mantido parece ser mais eficaz, pois recuperou quase que totalmente as variáveis analisadas, exceto a expressão dos colágenos. Resultados Experimento 3 - 107 11 RESULTADOS EXPERIMENTO 3 11.1 Morfologia Histoenzimologia e Histologia Básica A análise morfológica no Experimento 3 foi realizada da mesma forma como descrita nos experimentos supracitados. A partir da comparação entre os grupos reabilitados por ambos os programas durante 10 dias (GITE(10) e GIAL(10)) foi possível observar alterações citoarquiteturais mais relevantes, no músculo sóleo, de animais submetidos ao exercício excêntrico quando comparado aos animais submetidos ao alongamento (Tabela 12). Por outro lado, os programas de exercício excêntrico e alongamento mantido, realizados durante 21 dias, determinaram poucas alterações morfológicas no músculo sóleo, sendo a centralização nuclear a mais evidente para o GIAL(21) e o aumento da fosfatase ácida para o GITE(21) (Figura 25). Para o músculo plantar, não foram observadas alterações significativas para ambos os grupos sobrescritos. Tabela 12 – Alterações morfológicas das fibras do músculo sóleo identificadas pelas colorações e reações histoenzimológicas nos diferentes grupos do experimento 3. Alterações Morfológicas GITE(10) GIAL(10) GITE(21) GIAL(21) Centralização Nuclear 100% 50% 83%* 33% Fragmentação 50% 50% 17%* 17% Variação de Tamanho 83% - 33%* - Halo Basofílico 83% 50% 33%* - Necrose 17% 33% - 17%* Fibras Lobuladas 83% - - - Área de rarefação citoplasmática - - - - Fibras Basofílicas 33% - - - Aumento da Fosfatase Ácida 100% 66% 50% 17% Fibras em alvo 100% 50%* 17%* 17%* % Referencia o número de ratas que apresentaram a anomalia no grupo * Menos de 5% de células Resultados Experimento 3 - 108 GITE(10) GIAL(10) GITE(21) GIAL(21) Figura 25 - Fotomicrografias do músculo sóleo nas colorações hematoxilina-eosina (a, d, g, j – cortes transversais) e azul de toluidina (b – corte transversal, e, h, k – cortes longitudinais) e na reação histoenzimológica para mATPase pH 4.6 (c, f, i, l – cortes transversais). a – grande variação no tamanho das fibras, fibras lobuladas (setas grossas) e muitos núcleos centralizados (setas finas) (Barra: 21,2m); b – centralização nuclear (seta fina), rarefação citoplasmática (cabeça de seta) e fibra com vacuolização (círculo) (Barra: 23,6m). c – fibras em alvo (*) (Barra: 28,3m); d - variação no tamanho das fibras, fragmentação (setas pontilhadas) e núcleos centralizados (setas finas) (Barra: 39,6m); e – poucos nucleos centralizados (seta fina) e rarefação citoplamática (cabeça de seta). f – sem alterações (Barra: 35,6m); g- fibras poliédricas com núcleos na periferia (Barra: 42,9m); h – áreas de fusão entre duas extremidades “cicatriz” (setas vazias); i - não apresentaram alterações significativas (Barras: 43,9m); ); j- discreta centralização nuclear (seta fina) (Barra: 29,7m); k – poucos núcleos centralizados (setas finas); l - não apresentaram alterações significativas (Barras: 29,7m). Resultados Experimento 3 - 109 Microscopia Óptica de Alta Resolução (MOAR) Os achados morfológicos encontrados através da MOAR também mostraram alterações mais intensas para o músculo sóleo quando submetido ao treino excêntrico quando comparado ao alongamento. Com a manutenção dos estímulos, exercício excêntrico e alongamento por 21 dias, o músculo sóleo praticamente retomou as características normais apresentando pequenos focos de fusão entre as extremidades de uma mesma fibra e raros núcleos centralizados. 11.2 Morfometria 11.2.1 Proporção de Fibras e Expressão dos Diferentes Tipos de MHC A comparação entre os protocolos de reabilitação de 10 e 21 dias adotados pós-imobilização foi avaliada através da proporção entre os diferentes tipos de fibras do músculo sóleo e plantar. A análise da proporção do músculo sóleo de animais tratados por 10 dias, exercício excêntrico e alongamento mantido, mostraram diferenças significativas na proporção dos diferentes tipos de fibras I, IIA e IIAD. O GITE (10) mostrou maior proporção para FTI e menor para as FTIIA e FTIIAD quando comparado ao GIAL (10). Da mesma forma, as FTI apresentaram-se em maior proporção para o grupo treinado excêntrico durante 21 dias quando comparado ao alongamento. Outro achado significativo observado na análise de proporção dos animais tratados por 21 dias foi para o de fibra FTIIC, onde a mesma mostrou menores proporções para GITE(21) quando comparado ao GIAL(21) (Figura 26). Na análise das diferentes bandas da MHC, no músculo sóleo, foi possível observar que o GITE(10) apresentou maior valores para MHCI e menores para MHCIIa quando comparado ao GIAL(10). Enquanto o GITE(21) mostrou valores superiores aos do GIAL(21) para ambos os tipos de MHC (Figura 27). Resultados Experimento 3 - 110 100% 4.30% 0.94% 2.97% 20.82% 20.81% 10.42% 21.13% 80% 25.47% 2.83% 75.39% 7.80% 9.07% 5.74% 60% 40% 65.48% 68.34% 58.34% 20% 0% GITE(10) GIAL(10) FTI FTIIC GITE(21) FTIIA GIAL(21) FTIIAD Figura 26 – Porcentagem das médias de FTI, FTIIC, FTIIA e FTIIAD do músculo sóleo nos diferentes grupos analisados do Experimento 3. p<0.01 comparado com GIAL(10); p< 0.01 comparado com GIAL(21). A análise da proporção do músculo plantar tanto dos animais submetidos ao protocolo de exercício excêntrico quanto ao de alongamento, nos diferentes períodos, 10 e 21 dias, não mostraram diferenças proporcionais significativas dentre os tipos de fibra (Figura 28). Por outro lado, os grupos treinados pelo exercício, 10 e 21 dias, destacaram-se frente a expressão das bandas da MHCIIa e MHCIId apresentando valores superiores os grupos alongados 10 e 21 dias, respectivamente (figura 29). Resultados Experimento 3 - 111 A B Figura 27 – A – Foto do gel de poliacrilamida apresentando as diferentes bandas da MHC do músculo sóleo. B – Análise quantitativa da expressão das bandas da MHCI e MHCIIa em unidade arbitrária do músculo sóleo do experimento 3. Resultados Experimento 3 - 112 100% 1.02% 0.82% 62.92% 65.84% 21.60% 20.32% 0.56% 13.88% 1.39% 11.59% 14.24% 2.31% 11.79% GITE(10) GIAL(10) GITE(21) GIAL(21) 3.21% 80% 59.18% 61.76% 60% 40% 23.69% 20% 2.80% 20.92% 0% FTI FTIIC FTIIA FTIID FTIIB Figura 28 – Porcentagem das médias de FTI, FTIIC, FTIIA, FTIID e FTIIB do músculo plantar nos diferentes grupos analisados do Experimento 3. Resultados Experimento 3 - 113 A B Figura 29 – A – Foto do gel de poliacrilamida apresentando as diferentes bandas da MHC do músculo plantar. B – Análise quantitativa da expressão das bandas da MHCI, MHCIIa e MHCIId em unidade arbitrária do músculo plantar do experimento 3. Resultados Experimento 3 - 114 11.2.2 Diâmetro Menor Para análise do diâmetro menor do músculo sóleo não foram observadas diferenças entre os grupos que compuseram os distintos protocolos de reabilitação do experimento 3 (Tabela 13). Do mesmo modo o músculo plantar não mostrou resultados relevantes, já que o mesmo apresentou apenas aumento do diâmetro das FTIIC dos grupos treinado excentricamente (Tabela 14). Tabela 13 – Médias do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA e FTIIAD com os respectivos intervalos de confiança de 95% do músculo sóleo dos diferentes grupos que compuseram o experimento 3. GITE(10) GIAL(10) GITE(21) GIAL(21) FTI 40.52 (37– 44) 40.40 (37 – 44) 41.96 (39 – 45) 41.48 (38 – 45) FTIIC 37.18 (33– 41) 35.08 (31 – 39) 35.96 (32 – 40) 34.78 (31 – 38) FTIIA 42.20 (39 – 46) 38.56 (35 – 42) 39.52 (36 – 43) 39.61 (36 – 43) FTIIAD 39.51 (35 – 43.5) 38.24 (35 – 42) 35.92 (31 – 41) 39.33 (35 – 43) Tabela 14 – Médias do diâmetro menor das FTI, FTIIC, FTIIA, FTIID e FTIIB com os respectivos intervalos de confiança de 95% do músculo plantar dos diferentes grupos que compuseram o experimento 3. GITE(10) GIAL(10) GITE(21) GIAL(21) FTI 32.29 (30 – 35) 32.07 (27 – 34) 36.78 (34 – 39) 36.08 (34 – 38) FTIIC 32.66 (28 – 37) 25.40 (22 – 28) 33.46 (31 – 36) 28.32 (25 – 31) FTIIA 33.85 (31.5 – 36) 31.89 (29.5 – 34) 34.69 (32 – 37) 33.67 (31 – 36) FTIID 37.74 (35 – 40) 34.10 (32 – 36) 38.07 (36 – 40) 38.59 (36 – 41) FTIIB 40.93 (38 – 44) 35.85 (38 – 44) – 47.99 (45 – 51) p<0.01 comparado com GIAL(10); p< 0.01 comparado com GIAL(21). Resultados Experimento 3 - 115 11.2.3 Relação Capilar/fibra A análise da rC/F mostrou aumento desta variável apenas no grupo submetido ao treinamento excêntrico durante 21 dias (Tabela 15) quando comparado ao alongamento de 21 dias. Enquanto para o plantar não foram observadas alterações significativas. Tabela 15 – Médias da relação capilar/fibra com os respectivos intervalos de confiança de 95% dos músculos sóleo e plantar dos diferentes grupos estudados no experimento 3. GITE(10) GIAL(10) GITE(21) GIAL(21) Sóleo 2.16 (2– 2.3) 2.08 (1.9 – 2.2) 2.34 (2 – 2.5) 2.11 (1.9 – 2.2) Plantar 1.48 (1.4 – 2) 1.52 (1.4 – 1.7) 1.72 (1.5 – 2) 1.63 (1.5 – 1.8) p< 0.03 comparado com GIAL(21). 11.3 Colágenos tipo I e tipo III Na comparação entre os grupos submetidos a 10 dias de reabilitação, no músculo sóleo, os colágenos dos tipos I e III mostram maior expressão no GITE(10) quando comparado ao GIAL(10). Por outro lado essa relação mostrou características inversas para os protocolos de 21 dias, onde o GIAL(21) apresentou maior imunoreatividade para os colágenos quando comparado ao GITE(21) (Tabela 16 e Figuras 30 e 31). Tabela 16 – Análise semi-quantitativa da imunoreatividade dos colágenos tipos I e III nos músculos Sóleo e Plantar para os diferentes grupos analisados no Experimento 3. Grupos GITE(10) GIAL(10) GITE(21) GIAL(21) Colágeno Tipo I Sóleo Plantar +++ ± ++ + + ++ - Colágeno Tipo III Sóleo Plantar +++ ++ ++ ++ ++ ++ +++ ++ (-) negativo; (±) ligeiramente positivo; (+) fracamente positivo; (++) moderadamente positivo; (+++) fortemente positivo Para o músculo plantar os protocolos de reabilitação não apresentaram diferenças significativas entre si (Tabela 16 e Figuras 30 e 31). Resultados Experimento 3 - 116 GITE(10) GIAL(10) GITE(21) GIAL(21) Figura 30 - Fotomicrografias das lâminas dos músculos sóleo (a-d) e plantar (e-h) demonstrando a expressão do colágeno tipo I através da imunomarcação pelo método imunohistoquímico. a, b – Observe no GITE(10) intensa reatividade para músculo sóleo quando comparado ao GIAL(10) (Barras= 65m), c, d – Observe menor expressão do colágeno I no GITE(21) quando comparado ao GIAL(21) (Barras=76; 94m, respectivamente); e, f, g, h imunomarcação normal do colágeno tipo I para o músculo plantar (Barras=100, 75m, respectivamente). Resultados Experimento 3 - 117 GITE(10) GIAL(10) GITE(21) GIAL(21) Figura 31 - Fotomicrografias das lâminas dos músculos sóleo (a-d) e plantar (e-h) demonstrando a expressão do colágeno tipo I através da imunomarcação pelo método imunohistoquímico. a, b - intensa reatividade é observada no GITE(10) no músculo sóleo quando comparado ao GIAL(10) (Barras= 65m), c, d – Observe menor expressão do colágeno III no GITE(21):quando comparado ao GIAL(21) (Barra=94m); e, f, g, h - imunomarcação normal do colágeno tipo III para o músculo plantar (Barras=100, 75m, respectivamente). Discussão Experimento 3 - 119 12 DISCUSSÃO EXPERIMENTO 3 O treinamento excêntrico realizado durante 10 dias mostrou alterações citoarquiteturais mais intensas, para o músculo sóleo, quando comparado ao alongamento neste mesmo período. Esses achados podem ser justificados pelas diferentes cargas tensionais impostas em uma fase mais aguda após a imobilização. O exercício excêntrico desencadeia forças de cisalhamento nos constituintes do músculo esquelético enquanto o alongamento gera forças longitudinais. Essas diferenças vetoriais para a força podem favorecer a presença de maiores alterações durante a fase inicial da resposta do tecido muscular para o exercício excêntrico quando comparado ao alongamento. Os músculos sóleos dos animais do GITE(21) e GIAL(21) não apresentaram alterações significativas quando comparados entre si. Por outro lado, quando comparados aos grupos submetidos a reabilitação durante 10 dias foi possível observar características citoarquiteturais mais condizentes ao normal. Supõe-se que o tecido muscular é capaz de se adaptar aos estímulos mecânicos quando exposto a períodos mais longos de treinamentos. Sakakima et al., (2004) observaram que músculo sóleo é capaz finalizar o processo de reparação tecidual quanto treinado por maior período de tempo, pelo exercício excêntrico. Mais uma vez o músculo sóleo mostrou maior destaque frente aos diferentes estímulos aplicados. Na análise proporcional dos diferentes tipos de fibras, os programas de exercício excêntrico aplicados mostraram reduzir fibras de caráter mais glicolítico, FTIIAD e FTIIA após 10 dias e FTIIC após 21 dias de treinamento, e aumentar significativamente a proporção das FTI, quando comparados com os grupos de alongamento, nos respectivos períodos. Esses achados sugerem e corroboram com estudos científicos, já citados anteriormente no corpo do presente estudo, que o exercício excêntrico têm maior poder para desencadear o trânsito de fibras rápidas para lentas quando comparados ao alongamento passivo. Por outro lado, o trofismo dos diferentes tipos de fibras do músculo sóleo não mostraram diferenças significativas quando comparamos os distintos programas de reabilitação, exercício excêntrico e alongamento passivo, aqui apresentados. Já o músculo plantar apresentou um sutil aumento no número das FTIIC nos grupos treinados excentricamente. As tensões longitudinal e de cisalhamento impostas por 10 dias, pelo alongamento e exercício excêntrico, mostraram não estimular a síntese de novos Discussão Experimento 3 - 120 capilares no músculo sóleo quando comparados os grupos entre si. Já o treinamento excêntrico aplicado por um maior período (21 dias) mostrou incrementar a rC/F, pois o mesmo apresentou valores superiores ao grupo alongado. Apesar do baixo consumo de oxigênio imposto pelo treinamento excêntrico, fatores estimulantes da angiogênese, como a hipóxia, podem ter induzido eficazmente a formação de novos capilares. O aumento do número de capilares está intimamente relacionado à manutenção adequada de oxigenação do tecido para permitir o desempenho muscular ideal (DEGENS et al. 2006; KANO et al. 2002; RIPOLL; SILLAU BANCHERO, 1979). A pressão de oxigênio local regula a resposta angiogênica do tecido. Degens et al. (2001) demonstraram que animais colocados em situação de hipóxia apresentaram aumento da rC/F dos músculos sóleo e diafragma. Acredita-se que o exercício excêntrico requer maior aporte sanguíneo local e, devido a essa necessidade pode ocorrer aumento do stress de cisalhamento no tecido vascular. Fator esse que não parecem ser tão requisitado pelo procedimento de alongamento mantido. Assim, a exigência metabólica dada pelo exercício excêntrico pode ser maior do que aquela observada no alongamento mantido e talvez, seria a responsável pelo maior estímulo angiogênico no tecido muscular. As características colagênicas observadas, no músculo sóleo, para os colágenos dos tipos I e III mostraram estar mais expressas no GITE(10) quando comparado com o GIAL(10). Estudos científicos têm relatado que o exercício do tipo excêntrico determina sérios danos ao músculo esquelético e ao tecido conjuntivo, incluindo o colágeno (XIAO-YAN et al., 1999). Aceleração da síntese e acúmulo de colágeno foi observada no músculo de roedores durante o reparo de lesões induzidas pelo exercício (MYLLYLÄ et al., 1986). Com a manutenção do estímulo mecânico foi observado que a expressão de ambos os tipos de colágeno reduziram no grupo treinado 21 dias em esteira enquanto o grupo alongado neste mesmo período parece ter estimulado a síntese de colágeno. Uma hipótese sugestiva, para os achados do grupo treinado excêntrico, é a plasticidade muscular onde, o músculo pode ter se adaptado ao estímulo e tornando-se mais resistente as lesões. Como estudo realizado por Sakakima e colaboradores (2004) que apresentou resultados satisfatórios de adaptação muscular após maior tempo de treinamento. Diferenças nas características contrátil, estrutural e funcional do músculo alvo podem interferir no perfil muscular e, consequentemente, na sua resposta frente ao Discussão Experimento 3 - 121 desuso e ao tipo/intensidade dos protocolos de reabilitação. Dentro da literatura científica são escassos os estudos que confrontam métodos de força passiva e força ativa frente a reabilitação de músculos com a mesma função e características contráteis distintas. Conclusão Experimento 3 - 123 13 CONCLUSÃO EXPERIMENTO 3 Face ao confronto entre os protocolos, o treinamento excêntrico foi mais efetivo no restabelecimento do conjunto de variáveis analisadas, citoarquiteturais, quantitativas e semi-quantitativas, que o alongamento mantido. Conclusões - 125 14 CONCLUSÕES Os resultados aqui apresentados, nos experimentos 1, 2 e 3, parecem indicar alterações citoarquiteturais mais significativas, frente à hipocinesia, para o músculo sóleo do que para o plantar. Ao retomar o questionamento do início deste estudo, concluímos que o período terapêutico de 10 dias não é suficiente para restabelecer as características de músculos funcionalmente similares, porém bioquimicamente distintos. O músculo sóleo necessita de período mais prolongado de reabilitação do que o plantar. Referências Bibliográficas - 127 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AHTIKOSKI, A. M.; KOSKINEN, S. O.; VIRTANEN, P.; KOVANEN, V.; TAKALA, T. E. Regulation of synthesis of fibrillar collagens in rat skeletal muscle during immobilization in shortened and lengthened positions. Acta physiologica scandinavica, Stockholm, v. 172, n. 2, p. 131-140, 2001. ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. Molecular biology of the cell. New York and London:Garland Science, 2002. ALLEN, D. L.; YASUI, W.; TANAKA, T.; OHIRA, Y.; NAGAOKA, S.; SEKIGUCHI, C.; HINDS, W. E.; ROY, R. R.; EDGERTON, V. R. Myonuclear number and myosin heavy chain expression in rat soleus single muscle fibers after spaceflight. Journal applied of physiology, Washington v. 81; p. 145-151, 1996. ALLEN , D. L.; SARTORIUS, C. A.; SYCURO, L. K.; LEINWAND, L. A. 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ANEXO B – Cópia da aceitação do resumo, Eccentric training improves collagen type I and III in rat skeletal muscles after disuse, no 16th International WCPT Congress – World Physical Therapy, Amsterdam, Holanda, a ser realizado em junho de 2011. ANEXO C – Cópia da aceitação do resumo, Rehabilitation using eccentric training and maintained stretching on capillarization in rat skeletal muscles after, no 16th International WCPT Congress – World Physical Therapy, Amsterdam, Holanda, a ser realizado em junho de 2011. ANEXO D – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, Phasic muscles respond promptly to eccentric training after immobilization than tonic muscles, no II International Meeting in Exercise Physiology, São Pedro, Brasil, maio 2011. ANEXO E – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, Estudo das alterações do tecido conjuntivo perimisial determinadas pelos protocolos de alongamento e exercício excêntrico, no 18º SIICUSP, Ribeirão Preto, novembro 2010. ANEXO F – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, A influência do treinamento excêntrico no tecido conjuntivo perimisial, no XVIII COBRAF, Rio de Janeiro, outubro 2009. ANEXO G – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, Exercício excêntrico estimula a angiogênese no músculo sóleo após imobilização de 10 dias, no XVIII COBRAF, Rio de Janeiro, outubro 2009. ANEXO H – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, Protocolo excêntrico de reabilitação restabelece colágeno muscular após desuso, no XVIII COBRAF, Rio de Janeiro, outubro 2009. ANEXO I – Cópia resumo publicado do trabalho, Twenty-one days of eccentric exercise increment further capillarization of soleus muscle in adult rats than baby rats afther immobilization, publicado nos anais. E cópia do certificado de participação do 45th International Congress on Anatomy and 46th Lodja Symposium on Histochemystry, Pilsen, República Tcheca, setembro 2009, para apresentação do poster. ANEXO J – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, Análise dos efeitos do exercício excêntrico sobre a microcirculação dos músculos sóleo e plantar de ratas submetidas à imobilização, no 16º SIICUSP, Ribeirão Preto, novembro 2008. ANEXO K – Cópia do certificado de apresentação do trabalho. Efeitos do exercício excêntrico na expressão de diferentes tipos de colágeno muscular após imobilização do membros posterior de ratas, no 16º SIICUSP, Ribeirão Preto, novembro 2008. Anexos - 140 ANEXO L – Protocolo de aprovação do trabalho pela Comissão de Ética em Experimentação Animal (CETEA) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Anexos - 141 ANEXO A – Cópia do artigo Characterization of Fiber Types in Different Muscles of the Hindlimb in Female Weanling and Adult Wistar Rats aceito para publicação na revista Acta Histochemica et Cytochemica. 44 (1): 000–000, 2011. Anexos - 142 ANEXO B – Cópia do certificado de apresentação do trabalho Eccentric training improves collagen type I and III in rat skeletal muscles after disuse, no 16th International WCPT Congress – World Physical Therapy, Amsterdam, Holanda, a ser realizado em junho de 2011. Anexos - 143 ANEXO C – Cópia do certificado de apresentação do trabalho Rehabilitation using eccentric training and maintained stretching on capillarization in rat skeletal muscles after, no 16th International WCPT Congress – World Physical Therapy, Amsterdam, Holanda, a ser realizado em junho de 2011. Anexos - 144 ANEXO D – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, Phasic muscles respond promptly to eccentric training after immobilization than tonic muscles, no II International Meeting in Exercise Physiology, São Pedro, Brasil, maio 2011. Anexos - 145 ANEXO E – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, Estudo das alterações do tecido conjuntivo perimisial determinadas pelos protocolos de alongamento e exercício excêntrico, no 18º SIICUSP, Ribeirão Preto, novembro 2010. Anexos - 146 ANEXO F – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, A influência do treinamento excêntrico no tecido conjuntivo perimisial, no XVIII COBRAF, Rio de Janeiro, outubro 2009. Anexos - 147 ANEXO G – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, Exercício excêntrico estimula a angiogênese no músculo sóleo após imobilização de 10 dias, no XVIII COBRAF, Rio de Janeiro, outubro 2009. Anexos - 148 ANEXO H – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, Protocolo excêntrico de reabilitação restabelece colágeno muscular após desuso, no XVIII COBRAF, Rio de Janeiro, outubro 2009. Anexos - 149 ANEXO I – Cópia resumo publicado do trabalho, Twenty-one days of eccentric exercise increment further capillarization of soleus muscle in adult rats than baby rats afther immobilization, publicado nos anais. E cópia do certificado de participação do 45th International Congress on Anatomy and 46th Lodja Symposium on Histochemystry, Pilsen, República Tcheca, setembro 2009, para apresentação do poster. Anexos - 150 ANEXO J – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, Análise dos efeitos da exercício excêntrico sobre a microcirculação dos músculos sóleo e plantar de ratas submetidas à imobilização, no 16º SIICUSP, Ribeirão Preto, novembro 2008. Anexos - 151 ANEXO K – Cópia do certificado de apresentação do trabalho, . Efeitos do exercício excêntrico na expressão de diferentes tipos de colágeno muscular após imobilização do membros posterior de ratas, no 16º SIICUSP, Ribeirão Preto, novembro 2008. Anexos - 152 ANEXO L – Protocolo de aprovação do trabalho pela Comissão de Ética em Experimentação Animal (CETEA) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.