pontifcia universidade catlica de minas gerais
Transcrição
pontifcia universidade catlica de minas gerais
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Faculdade de Odontologia ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS MASSETER SUPERFICIAL E TEMPORAL ANTERIOR EM DIFERENTES PADRÕES DE OCLUSÃO DENTÁRIA Alexandre Eustáquio Camargos Rocha Belo Horizonte - MG 2005 ALEXANDRE EUSTÁQUIO CAMARGOS ROCHA ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS MASSETER SUPERFICIAL E TEMPORAL ANTERIOR EM DIFERENTES PADRÕES DE OCLUSÃO DENTÁRIA Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Clínicas Odontológicas, ênfase em Prótese Dentária, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Paulo Isaias Seraidarian Belo Horizonte - MG 2005 FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais R672a Rocha, Alexandre Eustáquio Camargos Análise eletromiográfica dos músculos masseter superficial e temporal anterior em diferentes padrões de oclusão dentária / Alexandre Eustáquio Camargos Rocha. – Belo Horizonte, 2005. 126p. : il. Orientador: Prof. Dr. Paulo Isaías Seraidararian. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Faculdade de Odontologia. Bibliografia. 1. Eletromiografia. 2. Músculo Masseter. 3. Músculo Temporal. 4. Oclusão Dentária. 5. Placas Oclusais. I. Seraidarian, Paulo Isaías. III. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Faculdade de Odontologia. III. Título. CDU: 616.314-089.23 Valéria Inês S. Mancini – CRB-1682 Dedico este Trabalho à minha família Giovanna, Heitor e Sarah, que são, para mim, incentivo, energia e estímulo conhecimento. para a busca do Agradecimentos Ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Isaias Seraidarian, pelo seu incentivo constante, pela sua paciência, pelos seus ensinamentos e pela sua dedicação, que somados, me impulsionaram para a realização deste trabalho. Agradeço ainda, por acolher-me como aluno, com a certeza de que muito tenho que aprender, não só profissionalmente, mas também como pessoa. Ao Professor Martinho Campolina Rebello Horta, pelos ensinamentos de estatística, que muito me auxiliaram na compreensão dos resultados. Ao Prof. Dr. Roberval de Almeida Cruz (coordenador do programa de Mestrado em Clínicas Odontológicas) meus sinceros agradecimentos pela presença, sempre marcante, durante todo o tempo. A Sra. Angélica Paradizi e a Sra. Silvania Martins Ferreira, pelo apoio em todas as situações. Ao Prof. Marcelo Miranda e Silva, Diretor da Faculdade de Fisioterapia da PUC Minas, assim como aos professores e funcionários, pela disponibilização do aparelho de eletromiográfia. A Professora Níbia Cândido Ribeiro, pela revisão de português, que não só engrandeceu este trabalho, mas também, muito me ensinou da nossa língua. Aos colegas de mestrado, Bruno, Márcia e Vinícius pelos ensinamentos, pela convivência e pela amizade, na certeza de que iremos estar sempre unidos na busca do conhecimento. Aos alunos que cursavam, no segundo semestre do ano de 2004, o sexto período do curso de odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, pela sua disponibilidade e interesse por este estudo. Em especial, ao meu pai e a minha mãe pelos ensinamentos e pela ética que direcionam a minha vida. A minha irmã, Profa. Dra. Andréia, pelo exemplo de dedicação e de determinação na busca pelo conhecimento. A minha secretária Alice e ao técnico em prótese dentária Edirce, pela dedicação e disponibilidade. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a execução deste trabalho. Resumo A comunidade odontológica vem assistindo a uma mudança em seus fundamentos, dando menos ênfase às observações clínicas, muitas vezes puramente empíricas, e fundamentando-se em métodos mais relacionados à fisiologia neuromuscular do sistema estomatognático. Com esse intuito, a eletromiografia de superfície vem sendo utilizada para avaliar a influência da condição oclusal na função muscular. Este trabalho se propôs a desenvolver uma análise, por meio de eletromiografia de superfície, dos músculos masseter superficial e temporal anterior, bilateralmente, em diferentes padrões de oclusão. Objetivou-se, assim, contribuir para o entendimento da atividade desses músculos, em relação aos dispositivos interoclusais completos, os quais vêm sendo o método mais comum no tratamento do bruxismo associado a sintomas craniomandibulares. Participaram deste estudo nove indivíduos, com idade entre 21 e 24 anos, que atenderam aos critérios de inclusão. Para cada um dos participantes, foi confeccionado e instalado, na maxila, um dispositivo interoclusal de acrílico, de recobrimento completo, que proporcionava inicialmente uma superfície oclusal plana, com um contato por cúspide de contenção nos dentes posteriores e nas incisais dos anteriores, em relação ao arco antagonista. Em seguida, construiu-se uma rampa, na região do canino, que proporcionava a simulação de um padrão de oclusão lateral em canino. O próximo passo, durante a realização dos testes, foi modificá-lo para proporcionar um padrão de oclusão balanceada posterior. Foram realizados registros eletromiográficos, em contração isométrica máxima voluntária, nas diversas simulações proporcionadas pelo dispositivo interoclusal completo, por meio do qual era possível a análise da amplitude do sinal eletromiográfico e do índice de assimetria. De posse dos resultados, foi aplicado o teste t’ de student, para dados pareados. O índice de assimetria foi avaliado, também, pelo teste dos sinais. Os resultados mostraram que a maior redução da atividade muscular ocorreu quando da presença de guia de canino. Entretanto, esta foi acompanhada da maior assimetria muscular. O uso do padrão de oclusão balanceada bilateral, no dispositivo interoclusal completo, apesar de promover maior atividade eletromiográfica, em relação ao padrão de oclusão em canino, promoveu uma redução da assimetria dos músculos masseter superficial e temporal anterior. Palavras chaves: eletromiografia, placas oclusais, músculo masseter, músculo temporal e Oclusão Dentária. Summary The dental community has been observing a change in its fundaments, with less emphasis on many times purely empirical clinical observations, and basing upon methods that are more concerned to the neuromuscular physiology of the stomatognatic system. With this objective, the surface electromyography has been used to assess the influence of the occlusal condition on the muscle function. The present work has the purpose of developing an analysis, by means of surface electromyography, of the superficial masseter and anterior temporal muscles, bilaterally, in different occlusion patterns using surface electromyography. Thus, the aim was to improve the knowledge of activity of those muscles, regarding the complete interocclusal appliances, which is the most common method to manage the bruxism associated to craniomandibular symptoms. Nine subjects aged 21 to 24 years, who meet the inclusion criteria, participated in this study. For each of the participants, a full coverage interocclusal appliance, which initially provided a flat occlusal surface, with one contact by retention cusp on the posterior teeth and on the anterior incisals, related to the antagonist arch was fabricated and placed on the maxilla. Next, a ramp that provided the simulation of a lateral canine occlusion pattern was made on the canine region. The next step, during the execution of the tests, was to modify it to provide a posterior balanced occlusion pattern. Electromyographic tests were performed, during maximum voluntary isometric clenching, in the diverse simulations provided by the complete interocclusal appliance, through which the analysis of the electromyographic signal amplitude and do asymmetry index was possible. Based on the results, the paired student’s t test was applied. The asymmetry index was also assessed by the sign test. The results have shown that the greatest reduction of the muscular activity occurred in the presence of the canine guidance; however, this reduction was followed by the greatest muscular asymmetry. The use of the bilateral balanced occlusion pattern for the complete interocclusal appliance, despite promoting the greatest electromyographic activity regarding the canine occlusion pattern, provided an asymmetry reduction of the superficial masseter and anterior temporal muscles. Key words: Electromyography, occlusal splints, masseter muscle, temporal muscle, dental oclusion. Lista de Abreviaturas ATM.............................................. Articulação Temporomandibular CMV..............................................Contração Máxima Voluntária DTM..............................................Desordem Temporomandibular DVO..............................................Dimensão Vertical de Oclusão EMG.............................................Eletromiografia IA..................................................índice de assimetria CEP..............................................Comitê de Ética na Pesquisa FGB-D …………………………...(Function generating bite for deep bite correction) MIH…………………………………Máxima intercuspidação habitual TPD..............................................Técnico de Prótese Dentária µv.................................................microvolt mv................................................microvolt ms................................................mili-segundo mm2.............................................milímetro quadrado kHz..............................................Kilo hertz Hz................................................hertz 0 c.................................................grau centígrado Ω..................................................omega Ag................................................prata AgCl.............................................cloreto de prata ml.................................................mililitros MANOVA.....................................análise multifatorial de variância SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO .............................................................................. 15 2 - REVISÃO DA LITERATURA ............................................................ 17 2.1 - Eletromiografia.......................................................................................17 2.1.1 - Conceitos básicos em eletromiografia. ................................................17 2.1.2 - Estudos envolvendo a eletromiografia.................................................19 2.2 - Desordem Temporomandibular .............................................................62 3 - OBJETIVO .................................................................................. 72 3.1 - Objetivo Geral........................................................................................72 3.2 - Objetivos Específicos ............................................................................72 4- METODOLOGIA ............................................................................ 73 4.1- Autorização para condução do estudo ...................................................73 4.2- Universo e Amostra ................................................................................73 4.3 - Consentimento.......................................................................................74 4.4 - Confecção do dispositivo interoclusal completo ....................................74 4.5 - Análise Eletromiográfica ........................................................................77 4.5.1 - Protocolo Experimental........................................................................79 4.6 - Processamento do sinal eletromiográfico ..............................................80 4.7 - Análise Estatística .................................................................................81 4.7.1 – Caracterização das Variáveis .............................................................81 4.7.2 – Testes Estatísticos..............................................................................82 5- RESULTADOS.............................................................................. 84 5.1 - Descrição dos Resultados .....................................................................84 5.2 - Análise estatística..................................................................................94 6- DISCUSSÃO .............................................................................. 100 7- CONCLUSÕES ........................................................................... 109 8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 111 9- CRONOGRAMA .......................................................................... 118 ANEXO A - TERMO DE APROVAÇÃO PELO CEP .............................. 120 ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO ....................................... 122 15 1 Introdução A redução da atividade muscular seria um dos principais benefícios esperados da placa de Michigan, e a alteração do esquema oclusal seria um dos responsáveis por essa propriedade. Entretanto, ainda existem controvérsias sobre qual esquema oclusal promoveria a melhor redução (WILLIAMSON e LUNDQUIST, 1983; GRAHN e RUGH, 1988; BORROMEO, SUVINEN e READE, 1995). Além da redução da atividade muscular, a redução da assimetria muscular, em nível fisiológico, poderia ser alcançada pelos dispositivos interoclusais completos (McCARROL et al 1989b; BABA et al 2000). Tais propriedades seriam importantes visto que a maioria dos dispositivos interoclusais altera a posição condilar, objetivando uma posição músculo-esqueletal mais estável e também funcional (OKESON, 1992). Além disso, o uso de dispositivos interoclusais elimina a influência da oclusão dental na determinação da posição da mandíbula (LANDULPHO et al, 2004), dessa forma, seria possível que a posição condilar fosse obtida pela contração dos músculos mastigatórios (MCKEE, 2005). Sendo assim, os músculos temporais seriam o maior alvo desse efeito, visto que eles seriam, entre os músculos da mastigação, os principais responsáveis pela manutenção da posição mandibular no plano horizontal (FERRARIO et al. 1993). Com o objetivo de estudar e compreender a atividade muscular, na década de 50, foram realizados os primeiros trabalhos sobre eletromiografia na Odontologia. As buscas contínuas por novos trabalhos até os nossos dias, apóiam-se nas amplas aplicações clínicas dos resultados passíveis de serem obtidos. Sendo assim, tornase evidente a importância de novas tentativas e de se adicionarem informações sobre a atividade eletromiográfica em indivíduos com situações funcionais alteradas 16 (RILO et al. 1997; RILO et al. 1998). Atualmente, a eletromiografia vem sendo empregada para diagnóstico de doenças neuromusculares e traumatismo, bem como para o estudo do movimento mandibular (NAKASHIMA, 2003). Entretanto, especial atenção deveria ser dada a possíveis erros metodológicos, que poderiam influenciar os resultados fornecidos pelos aparelhos de eletromiografia (CECERE, RUF e PANCHERZ, 1996). Ao se analisar a literatura de aproximadamente 30 anos, encontram-se inúmeros trabalhos que utilizam a eletromiografia quantitativa para avaliar a função muscular. Entretanto, observam-se poucos estudos que comparam a atividade dos músculos masseteres superficiais e temporais anteriores, em relação ao padrão oclusal, com guia em canino, e o padrão de oclusão balanceada bilateral. Dessa forma, este trabalho se propôs a desenvolver uma análise, por meio de eletromiografia de superfície, dos músculos masseter superficial e temporal anterior, bilateralmente, em diferentes padrões de oclusão, visando a contribuir para o entendimento da atividade desses músculos, em relação aos dispositivos interoclusais completos. 17 2 Revisão da Literatura Para o desenvolvimento deste capítulo, optou-se por apresentar os trabalhos em tópicos, possibilitando, assim, que o leitor tenha uma melhor compreensão do assunto. A subdivisão dos tópicos seguirá a ordem de importância, em relação a este estudo. 2.1 Eletromiografia 2.1.1 Conceitos básicos em eletromiografia Cram e Rommen (1989) avaliaram o efeito da preparação da pele no registro eletromiográfico e as características de impedância não só dos eletrodos de superfície de contato direto como também dos de acoplamento por attachment. Para possibilitar a criação de índice de generalização dos grupos musculares, os sítios musculares foram analisados em um único indivíduo, um caucasiano de 32 anos. O procedimento do estudo foi descrito ao individuo e este foi assentado, confortavelmente, em postura suportada. Os músculos monitorados foram o frontal, o temporal, o esternocleidomastóideo, os cervicais, o trapézio e o T1 paraespinhal. Cada sítio muscular foi estudado em quatro condições distintas: com preparação da pele por limpeza prévia, feita com fricção com álcool antes da colocação do eletrodo; sem preparação da pele; com umedecimento do eletrodo com pasta eletrolítica e sem a utilização da pasta. Para a fricção com álcool, utilizou-se um chumaço de algodão grosso e áspero o suficiente para promover uma limpeza adequada, embebido em álcool. Este foi esfregado na pele em quatro a seis movimentos, sem 18 que causasse vermelhidão. A colocação dos eletrodos ocorreu imediatamente após a limpeza da pele, quando esta já estava livre do álcool. A pasta eletrolítica, pasta de eletrodo Beckman, foi usada suavemente antes de cada gravação. Para a mensuração da impedância foi utilizado o J&J T -68 com o pré-amplificador IG-3 e, para as gravações eletromiográficas, o eletromiógrafo J&J M-53 com eletrodos J&J SE-25 e J&J SE-35. O estudo da impedância foi similar em todos os sítios avaliados. A condição ‘’sem fricção e sem pasta’’ apresentou a mais alta impedância, nas outras três condições, o nível ficou abaixo de 500 Kohms. A condição de uso da pasta, com o passar do tempo, apresentou um aumento da impedância, talvez pelo fenômeno de evaporação da pasta. Os achados do estudo eletromiográfico foram similares em todos os sítios musculares. A gravação eletromiográfica sem fricção e sem pasta condutora iniciou-se acima dos valores obtidos nas demais situações e, com o transcorrer do exame, declinou-se para baixo. As gravações nas demais condições apresentaram um rápido aumento e estabilização do sinal eletromiográfico. Pela análise dos resultados, foi possível concluir que a limpeza da pele por fricção com álcool, com o uso ou não da pasta condutora, promoveria adequada condição para gravação eletromiográfica por eletrodos de superfície, independentemente de sua conecção. A condição de não limpeza da pele e sem o uso da pasta condutora seria inadequada para a realização do exame eletromiográfico. Nakashima (2003) analisou o tratamento dos sinais eletromiográficos com o uso dos filtros de Wiener e Wiener adaptativo. Segundo o autor a eletromiografia (EMG) consiste no estudo dos músculos pelos sinais elétricos emitidos por eles. Esses sinais são captados por meio de eletrodos, que são dispositivos ou unidades através dos quais uma corrente elétrica penetra ou deixa um eletrólito. A captação 19 do sinal eletromiográfico pode ser feita por um ou dois eletrodos, que assim são conhecidos por eletrodos de configuração monopolar e bipolar. Há, ainda, dois tipos de eletrodos, os invasivos ou de agulha e os não invasivos ou de superfície. Os eletrodos bipolares recebem dois sinais de entrada, que são subtraídos e amplificados. Esses sinais são então filtrados, retificados, suavizados e integrados, o que possibilita a visualização gráfica dos sinais eletromiográficos. Devido ao fato de o processo de captação dos sinais elétricos ser muito susceptível a variações e interferências não relacionadas diretamente com o movimento muscular, foram implementados os filtros de Wiener e Wiener adaptativo, tendo a análise da relação do sinal ⁄ ruído dos sinais obtidos demonstrado que não há diferença significativa entre os filtros. Dessa forma, pode-se concluir que no tratamento dos sinais eletromiográficos, podem ser usados ambos os filtros com a mesma eficiência. 2.1.2 Estudos que envolvem a eletromiografia. Matson (1976) analisou o momento em que ocorria o início, a máxima e a mínima atividade elétrica do músculo masseter, durante a contração muscular necessária para levar os dentes da posição de repouso para a de máxima intercuspidação. Foram estudados cinco pacientes, desprovidos de próteses, com dentição completa, com ausência de sinal ou sintoma de problemas articulares e sem contatos prematuros. Para a captação do sinal eletromiográfico eram utilizados eletrodos de superfície, os quais eram fixados à pele, por meio de fita adesiva, na porção mais superficial do músculo masseter. Era respeitada uma distância de 10 mm entre os eletrodos e, antes de sua fixação, era utilizada pasta eletrolítica no eletrodo, para facilitar a captação da diferença de potencial. Com a finalidade de se 20 determinar o momento que em ocorria o contato dos dentes, era colocado um microfone na frente dos lábios do paciente. Este, ao executar o movimento de fechamento da boca, quando os dentes se tocavam, produzia um ruído que era captado pelo microfone. O paciente era instruído para, a partir da posição de repouso, ocluir os dentes, com a finalidade de produzir o som característico do toque dos dentes. Esse movimento era repetido oito vezes, com intervalos de 5s, perfazendo um total de 40s. Os três primeiros toques eram considerados como aprendizados, assim, foram analisados as gravações eletromiográficas dos últimos cinco toques dos dentes. Obtidos os resultados, estes eram submetidos à análise estatística, que determinava a média, o coeficiente de variação e o intervalo de confiança da média. Diante da análise dos resultados, foi possível concluir que o início da atividade elétrica ocorreu antes do toque dos dentes, que a máxima atividade elétrica positiva ocorreu após o contato dos dentes, que a máxima atividade elétrica negativa ocorreu após a máxima atividade e que o final da atividade elétrica, do músculo masseter, após o toque dental, era bastante difícil de se avaliar eletromiograficamente. Pancherz (1980) analisou quantitativamente a atividade eletromiográfica dos músculos temporal e masseter, bilateralmente, utilizando uma técnica padrão, para comparar as gravações obtidas em um grupo homogêneo de crianças e adultos. O grupo de crianças era composto de 23 indivíduos, com idades entre dez e 13 anos, e o grupo de adultos de 21 indivíduos, com idades entre 23 e 33 anos. Todos apresentavam um padrão de oclusão normal e sem evidência clínica de disfunção do sistema estomatognático. Para a captação dos sinais eletromiográficos, foram utilizados eletrodos em forma de gancho, que foram colocados em uma posição padrão para todos os indivíduos. Os sinais foram integrados pelo EMG Mingograph 21 8001, com amplificação de 500 ou 1000 microvolt (µv). A velocidade do papel era de 50 mm/s. Os registros foram realizados em apertamento máximo, em relação cêntrica e durante a mastigação de cinco amendoins. Foi medida a razão entre a atividade do músculo temporal e do músculo masseter para cada indivíduo. Diante dos resultados era calculada a média aritmética e o desvio padrão. A diferença entre os dois músculos e entre os dois grupos foi testada pelo teste t’ de Student. A interdependência entre apertamento máximo e mastigação era analisada pelo coeficiente de correlação de Pearson. Os resultados apontaram a relação entre o aumento da atividade do masseter e o aumento da idade, entretanto constatou-se que o temporal parece não sofrer alteração com a idade. Williamsom e Lundquist (1983) realizaram um estudo com cinco pacientes (quatro com história ou dor relacionada à desordem temporomandibular) do sexo feminino, com o objetivo de avaliar o efeito da guia anterior e a presença de contato posterior durante os movimentos excêntricos, na atividade eletromiográfica dos músculos masseter e temporal, bilateralmente. Avaliaram, ainda, se a eliminação dos contatos posteriores, ou se a desoclusão em canino poderiam reduzir a tensão muscular. A obtenção da guia anterior foi simulada através de uma placa maxilar. Eletrodos de superfície da Teca EMG2 foram posicionados nos músculos masseter e temporal, em ambos os lados, e foram obtidos os seguintes registros, para ambos os esquemas oclusais: apertamento voluntário máximo contra a placa; movimentação em laterotrusão direita e retorno para a posição de contato retrusivo; movimentação laterotrusiva esquerda e volta para a posição de contato retrusivo e movimentação protusiva. Durante todas as tarefas, os pacientes eram orientados a manter o apertamento máximo voluntário. Após a obtenção dos registros com a placa que 1 2 Elema-Schonander, Stockholm Teca EMG 2 (Teca Corp., Pleasantville, N.Y.) 22 simulava a guia anterior, esta foi sendo gradativamente eliminada até que os contatos em dentes posteriores fossem conseguidos, nos movimentos excêntricos. Registros eletromiográficos foram obtidos segundo os testes descritos anteriormente, assim como foi realizado registros sem a placa, com o uso da mesma seqüência de testes, com o objetivo de proporcionar um modelo de comparação. Após a análise dos resultados, os autores concluíram que a atividade dos músculos avaliados apresentou-se reduzida quando se obteve a desoclusão por meio de uma guia anterior apropriada. Entretanto, esses autores sugeriram que não é o contato de canino que diminui a atividade dos músculos elevadores, mas, sim, a eliminação de contatos posteriores. Wood e Tobias (1984) estudaram o efeito na atividade eletromiográfica da redução do número de contatos oclusais e da variação da localização desses contatos, em um dispositivo interoclusal. Foram selecionados sete estudantes de odontologia, do sexo masculino, com dentição completa e ausência de sintomas de desordem temporomandibular (DTM). Para cada participante foram confeccionados dois dispositivos interoclusais, maxilares, em acrílico termopolimerizável, que proporcionava um único ponto de contato por cúspide de trabalho do dente antagonista e com a incisal dos dentes anteriores, obtendo, assim, equilíbrio oclusal. O dispositivo aumentava a dimensão vertical de oclusão (DVO) em 1 a 2,5 mm, ao ser fixado sobre os dentes com pasta de oxido de zinco-eugenol para impressão, a fim de se conseguir melhor estabilidade. Durante os testes foram removidas seções dos pontos de contato com o auxilio de uma ponta de alta rotação. Foram realizados registros eletromiográficos em posição de máxima intercuspidação dentária, após a incorporação do primeiro dispositivo em equilíbrio oclusal, depois da remoção dos contatos referentes aos dentes 3.1 a 3.6 e dos contatos referentes aos dentes 3.1 a 23 3.7. Em seguida, foi obtido o registro eletromiográfico com o uso do segundo dispositivo em equilíbrio oclusal e com a remoção dos contatos referentes aos dentes 3.4 a 3.7 e 4.4 e 4.7. Todas as tarefas foram realizadas em contração máxima voluntária (CMV). Os registros eletromiográficos da atividade dos músculos masseteres, temporais anteriores e posteriores foram conseguidos com o uso de eletrodos de superfície de prata bipolar. Os sinais foram amplificados, filtrados, retificados e convertidos para um computador. Observou-se, então, um aumento significativo na atividade eletromiográfica, com a inserção do dispositivo (27% no masseter, 15% no temporal anterior e 14% no temporal posterior), quando comparado à atividade em máxima intercuspidação habitual. O registro com o dispositivo que apresentava somente os contatos anteriores levou a uma redução significativa na atividade dos músculos avaliados (13% no temporal anterior, 14% no temporal posterior e 13% no masseter). O teste com o dispositivo que continha os contatos do lado direito e o do 2o molar esquerdo registrou uma redução de 20% da atividade eletromiográfica. A eliminação dos contatos do lado esquerdo gerou uma redução de 21% na atividade total. Não foi encontrada variação significativa quando o suporte no lado direito era comparado com o do lado esquerdo. Os autores concluíram que a mudança no número de contatos não causou alteração significativa na atividade eletromiográfica total dos músculos. Entretanto, a mudança da posição dos contatos gerou uma alteração da atividade muscular. Shupe et al. (1984) investigaram o efeito de diferentes guias oclusais na atividade eletromiográfica dos músculos elevadores da mandíbula. Participaram da pesquisa nove voluntários, quatro do sexo feminino e cinco do sexo masculino, com idade média de 30,6 anos (23 a 41 anos). Todos apresentavam dentição saudável, oclusão classe I de Angle, sem história de tratamento ortodôntico e sem disfunção 24 mandibular. Foram simulados três esquemas oclusais em um único dispositivo oclusal, confeccionado em resina acrílica autopolimerizada, que acrescentava um mínimo aumento na dimensão vertical de oclusão. Foram analisadas as atividades do músculo masseter e temporal anterior, durante apertamento máximo voluntário, mastigação de chicletes e ranger dos dentes contra o dispositivo, em uma seqüência padronizada. Os padrões oclusais simulavam guia em canino com desoclusão pronunciada, com pouca desoclusão e padrão de desoclusão em grupo. O dispositivo foi ajustado para proporcionar uma estabilidade oclusal em cêntrica, e os pacientes foram instruídos a utilizar o dispositivo durante uma semana, por um período de 24 horas ao dia, exceto no horário de alimentação e de higiene oral. As gravações eletromiográficas foram realizadas através de dois eletromiógrafos integrados3. Os sinais foram captados por eletrodos de superfície bipolar ativo, os quais foram colocados paralelos às fibras musculares, com 20 mm de distância entre um e outro. Foram captados, amplificados, filtrados, retificados, integrados e armazenados os potenciais acima de 1 µv. Os registros foram obtidos nos diferentes padrões de desoclusão: o primeiro, a partir do padrão usado durante a fase de adaptação e os demais, em uma seqüência aleatória. Os testes foram realizados em três séries de 10s cada, respeitando-se um intervalo de 3 minutos entre uma série e outra. Entre as variações da guia, foi permitido um descanso de 15 minutos. O tempo total do teste foi de 4,5 horas. Das três guias de desoclusão avaliadas, observou-se a menor atividade na guia canino, que proporcionava uma grande desoclusão, ao longo de todas as tarefas. Durante contração máxima voluntária, a média da atividade muscular com proteção por canino foi de 3431µvs. A diferença entre desoclusão em grupo e guia em canino foi estatisticamente diferente, embora 3 Aaron Laboratotries, San Antonio, Tex. 25 tenha sido pequena e clinicamente possa não ser significativa. Os autores concluíram que embora os achados não tenham podido ser generalizados para toda a população, os resultados sugeriram que a guia de proteção por canino deve ser considerada, quando a restauração dela for necessária, sendo assim reduzidas as forças incidentes nos dentes posteriores. Belser e Hannam (1985) investigaram o efeito de quatro situações oclusais diferentes (função em grupo, guia canino, presença de interferência no lado de trabalho e oclusão balanceada bilateral) na atividade eletromiográfica dos músculos elevadores da mandíbula. Foram analisados 12 indivíduos, sendo três do sexo feminino e nove do sexo masculino, com idade média de 31 anos. Todos apresentavam desgaste oclusal, particularmente na região do canino, o que proporcionava uma distinta função em grupo no lado de trabalho, durante excursão lateral da mandíbula, e um contato oclusal na região de molar, no lado de balanceio. Para cada individuo, foi construída uma guia canino dominante, no lado esquerdo, que proporcionava uma desoclusão mínima dos arcos antagonistas, quando da realização de lateralidade esquerda. Esta foi obtida pelo uso de um aparato metálico que recobria parcialmente o canino. Em adição, foram construídos overlays em resina acrílica, sobre os primeiros molares, que possibilitava a simulação de interferência nos lados de trabalho e balanceio. Por meio de um sistema computadorizado, os sinais eletromiográficos e de deslocamento mandibular foram coletados simultaneamente durante funções específicas (mastigação unilateral de goma de mascar) e tarefas parafuncionais (deslizamento mandibular e tarefas de apertamento dentário). Os sinais eletromiográficos foram captados por eletrodos de superfície de prata com uma distância de 20 mm entre um eletrodo e outro. Quando a função em grupo foi alterada para guia canino dominante, observou-se uma 26 significativa redução geral na atividade dos músculos temporal anterior, temporal posterior e masseter, bilateralmente, quando os indivíduos exerceram esforços isométricos de apertamento dental em posição lateral. O padrão original de coordenação muscular (relação de contração de músculo para músculo) permaneceu inalterado durante os testes. Na tarefa de mastigação unilateral de chicletes, não foram constatadas mudanças significativas na atividade ou na coordenação dos músculos, quando a guia canino foi introduzida. A inserção de contatos oclusais balanceados bilateralmente causou significativa alteração na atividade e na coordenação muscular durante apertamento dental, em posição lateral. Os resultados sugeriram que a oclusão protegida por canino não alteraria significantemente a atividade muscular durante a mastigação, mas poderia gerar uma redução importante da atividade muscular durante apertamento parafuncional. Foi também sugerido que a presença de contatos oclusais predominantes, em balanceio, alteraria dramaticamente a distribuição da atividade muscular durante apertamento parafuncional e que esta poderia afetar a natureza da direção das forças resultantes na articulação temporomandibular (ATM). Wood (1987) revisou os conhecimentos sobre a ação dos músculos da mastigação em humanos, dentados, durante a realização de tarefas de apertamento, abertura mandibular e mastigação, em uma revisão de literatura. No estudo da ação dos músculos da mastigação, a avaliação de todos os músculos envolvidos, em um mesmo individuo, ao mesmo tempo, é tecnicamente difícil, no entanto quatro ou seis músculos poderiam ser testados ao mesmo tempo e as informações obtidas seriam reunidas para formar uma descrição global do sistema. Os quatro métodos mais comuns de gravação da atividade muscular seriam realizados com eletrodos de superfície, com eletrodos de fio fino, inserido através de uma agulha hipodérmica; 27 eletrodos de agulha, concêntricos e eletrodos de agulha bipolar. Algumas das técnicas de obtenção de sinais eletromiográficos poderiam apresentar problemas, que poderiam ser vistos como a razão dos diferentes resultados obtidos entre as investigações. Eletrodos de superfície seriam satisfatórios para gravar a ação global dos músculos, mas poderiam, também, captar alguma atividade dos músculos adjacentes. Por isso, eletrodos de superfície vêm sendo usados para gravar os músculos masseter superficial e profundo e a porção anterior e posterior do temporal. Foi analisada, na literatura, a ação muscular durante apertamento isométrico em máxima intercuspidação, em esforço posterior, em esforço anterior, em esforço lateral direito e esquerdo, em esforço excêntrico incisal, durante a mastigação e durante o movimento de abertura. Essa revisão possibilitou concluir que os músculos elevadores demonstraram atividade máxima em apertamento, na posição intercuspídea; que foram ativados simultaneamente na zona de contato dental, quando os contatos oclusais eram balanceados bilateralmente e que o aumento de contatos oclusais excêntricos aumentou a atividade muscular. Grahn e Rugh (1988), em estudo que envolvia dez pacientes com idade média de 26,7 anos, compararam a guia de canino com a guia de primeiro molar, a fim de determinar qual das duas seria responsável pela redução da atividade eletromiográfica dos músculos mastigatórios, durante os movimentos laterais e durante o apertamento em excursão lateral. Foram confeccionadas placas interoclusais, para uso em voluntários, os quais não apresentavam dor e disfunção temporomandibular e tinham dentição completa. Os autores observaram, através de eletromiografia de superfície, a atividade dos músculos masseter e do feixe anterior do temporal, bilateralmente, durante o apertamento em oclusão cêntrica, apertamento na posição de excursão lateral direita e apertamento em posição 28 protusiva. Foi constatado que guia de canino e padrão de guia de primeiro molar reduziram, semelhantemente, a atividade eletromiográfica dos músculos mandibulares, durante os movimentos laterais e excursão, a partir da posição de apertamento, em relação à atividade eletromiográfica obtida em apertamento cêntrico. Dahlstrom e Haraldson (1989) compararam, através de eletromiografia, a influência imediata da inserção da placa oclusal anterior e do dispositivo interoclusal total estabilizador, nos músculos masseteres e temporais. Foram selecionados dois grupos de dez pacientes. Foram incluídos no grupo com desordem temporomandibular oito mulheres e dois homens, cuja média de idade era 29 anos, todos com dentição natural completa e sinais e sintomas relacionados à desordem muscular. O grupo controle foi constituído de oito mulheres e dois homens, com idade média de 25 anos, estudantes de Odontologia, que apresentavam dentição natural completa e ausência de sinais e sintomas de desordem temporomandibular. Para cada paciente, foi construída uma placa oclusal que cobria os dentes anteriores superiores e um dispositivo interoclusal que cobria todos os dentes superiores e possibilitava uma estabilização oclusal. Para os registros eletromiográficos, foi utilizado o aparelho Grass, modelo 7B polygraph com o amplificador 7P3. Após a limpeza da pele, foram colocados eletrodos de superfície J&J silver/silver choride sobre a porção mais volumosa do músculo, separados 2 cm um do outro, na direção das fibras musculares, bilateralmente. Os pacientes foram submetidos a um exame clínico do sistema mastigatório, que incluiu a palpação dos músculos e articulação temporomandibular, a avaliação do deslocamento mandibular, a função da articulação temporomandibular, dor e movimentos mandibulares. Os pacientes pontuaram o desconforto em uma escala de 1 a 5, na qual 1 significava ausência de 29 desconforto e 5 desconforto severo. Os registros eletromiográficos foram realizados com os pacientes assentados, sem suporte de cabeça, em um ambiente tranqüilo, semi-escuro e sozinhos. A comunicação era realizada através de um interfone. Foram realizadas gravações com e sem os aparelhos, em posição de repouso mandibular e em contração máxima voluntária. Foi permitido um período de descanso de 10 minutos entre as gravações. Os sinais clínicos encontrados no grupo com desordem temporomandibular foram relacionados ao índice de Helkimo com variação de I a II (média de II). Das gravações, foram eliminadas 18%, no grupo controle, e 12%, no grupo com desordem temporomandibular, por deficiência técnica. Com a placa anterior, a atividade em repouso aumentou no masseter e no temporal, no grupo com desordem temporomandibular, embora não significativamente, e não alterou no grupo controle. Durante apertamento máximo, a atividade decresceu temporomandibular, em ambos quando os músculos, comparada ao no grupo apertamento com em desordem máxima intercuspidação habitual. O decréscimo no grupo controle tendeu a ser significativo no masseter, mas não no temporal. Com o dispositivo interoclusal total, a atividade na posição de repouso aumentou no masseter e diminuiu no temporal, mas não foi estatisticamente significativa, no grupo com desordem temporomandibular. Durante contração máxima voluntária, não houve variação significativa da atividade em ambos os grupos, embora no temporal ocorresse uma tendência a diminuir, no grupo com desordem temporomandibular. A atividade média foi menor durante contração máxima voluntária com o uso da placa anterior, quando comparada ao dispositivo total, sendo, esta, estatisticamente significativa no grupo controle. Os autores concluíram que, com a metodologia empregada, os aparelhos não causaram nenhuma modificação significativa na atividade eletromiográfica dos músculos 30 masseter e temporal, na posição de repouso. Durante contração máxima voluntária, a placa anterior induziu a uma diminuição da atividade, quando comparada à posição de intercuspidação ou com o dispositivo total, provavelmente devido ao pequeno número dos contatos oclusais e à sua localização anterior. Os dados da avaliação eletromiográfica deste estudo não refletem a freqüência, a intensidade e a duração da atividade dos músculos mastigatórios nas tarefas naturais. Algumas variáveis poderiam apresentar alterações nos diferentes grupos com e sem os aparelhos, e alguns destes fatores são, provavelmente, importantes para o resultado clínico. Lund e Widmer (1989), em uma revisão de 151 artigos, analisaram o uso da eletromiografia de superfície como meio auxiliar no diagnóstico diferencial e no tratamento de pacientes odontológicos. A eletromiografia tem sido preconizada para a determinação da posição oclusal de repouso e para a detecção de hiperatividade e hipoatividade muscular, espasmo, fadiga e desequilíbrio muscular. Entretanto, essa pretensão era sempre baseada em estudos que deixavam de incluir um grupo controle, quando se comparavam vários parâmetros clínicos e atividade eletromiográfica dos músculos da mastigação. Quando o grupo controle era incorporado, os autores usualmente deixavam de parear os pacientes em variáveis como a idade, o sexo, a morfologia facial e a presença de bruxismo. Essas variáveis teriam uma significante influência no nível da atividade eletromiográfica e poderiam gerar um alto nível de variabilidade entre os grupos. Diante da revisão de literatura, pôde-se concluir que não há evidência que suporte o uso da eletromiografia na clínica odontológica, exceto no tratamento da parafunção diurna pelo biofeedback, ainda assim, constatou-se que o baixo nível dos sintomas não se mantinha após a interrupção da terapia por biofeedback. Observou-se, também, que a eletromiografia 31 era mal aplicada no diagnóstico e tratamento da desordem temporomandibular, reabilitação oral, ortodontia e na cirurgia. Sendo assim, para que a eletromiografia pudesse ser utilizada em investigações clínicas ou laboratoriais, seria necessária a descrição de uma população normal e a influência das variáveis, idade, sexo, peso e padrão esqueletal, nos parâmetros eletromiográficos. Além disso, seria importante verificar se um grupo de pacientes difere significantemente da população normal. McCarroll et al. (1989a) avaliaram se um dispositivo interoclusal, em posição retruída da mandíbula, levaria a uma redução imediata da assimetria da atividade dos músculos mandibulares, em apertamento submáximo, e se uma placa reposicionadora lateral geraria um aumento imediato dessa assimetria. Participaram deste estudo dez pacientes saudáveis, sendo cinco de cada sexo, com idade média de 30,8 anos, mais ou menos nove anos e meio. Os participantes tinham uma discrepância da posição retruída da mandíbula para máxima intercuspidação habitual de aproximadamente 0,5 mm. Para cada paciente foram construídos dois dispositivos em resina acrílica autopolimerizada, um proporcionava um padrão de oclusão em posição retruída da mandíbula e o outro uma posição lateral direita forçada, em deslizamento de 1 a 1,5 mm à direita do contato oclusal em posição retruída. Os dispositivos proporcionavam superfícies oclusais planas e contatos em todos os dentes antagonistas. Para a captação do sinal eletromiográfico foram utilizados eletrodos de prata, de superfície, bipolar, de 4 mm de diâmetro, observando-se uma distância de 14 mm entre os eletrodos. Estes foram colocados por um mesmo operador na direção das fibras musculares, e o local de fixação foi determinado por palpação. Os sinais captados foram amplificados e armazenados em um disco magnético4. Os pacientes atingiram o nível de apertamento desejado 4 Ampex FR 1300A recorder, Belgium. 32 com o auxilio de feedback visual. Foram avaliadas três tarefas: posição de máxima intercuspidação habitual; apertamento com o dispositivo estabilizador na posição retruída e na presença do dispositivo que proporcionava uma posição lateral forçada. Para cada tarefa, obteve-se o valor da atividade muscular em contração máxima voluntária e, por cinco vezes, apertamento durante 5s a 10% e a 50% do nível da contração máxima voluntária. Foi respeitado um período de descanso de 5 minutos entre as tarefas. Os dados eletromiográficos foram digitalizados, e a média da raiz quadrada foi obtida, para cada gravação, a fim de possibilitar a quantificação da atividade eletromiográfica. A análise estatística foi realizada com o uso do teste de studen’t, no qual p<0,05 era considerado estatisticamente significante. Em máxima intercuspidação habitual, não foi observada diferença estatisticamente significativa entre os valores da assimetria a 10% e 50% do nível de ativação do temporal anterior. Entretanto, o masseter mostrou maior assimetria a 10% que a 50%, apesar dessa diferença não ser estatisticamente significativa. A inserção do dispositivo estabilizador não afetou a assimetria do músculo masseter. Da mesma maneira, o temporal anterior não sofreu alteração. A inserção do dispositivo de reposição lateral não gerou uma alteração estatisticamente significativa na assimetria do músculo masseter. Considerando-se o índice absoluto de assimetria do músculo temporal, houve um aumento a 10% do nível (p<0,01). Observou-se, ainda, um acréscimo relativo na atividade do temporal direito, em relação ao valor em máxima intercuspidação habitual, a 10% e a 50% de contração muscular. Pelos resultados encontrados, pode-se concluir que o músculo temporal anterior é sensível à alteração imediata na posição lateral da mandíbula de 1,0 a 1,5mm em volta da posição retruída. Nesses limites a atividade do masseter manteve-se inalterada, na presença de contatos oclusais bilaterais estabilizadores. Esses resultados 33 fundamentavam o conceito de que a remoção de interferências oclusais entre a posição retruída e a de máxima intercuspidação habitual poderia empurrar a mandíbula 1 mm ou mais unilateralmente. McCarrol et al. (1989b) analisaram a assimetria, em apertamento submáximo, dos músculos masseteres e temporais anteriores, após o uso de um dispositivo interoclusal estabilizador por sete dias. Participaram do estudo dez indivíduos, sendo cinco do sexo masculino e cinco do sexo feminino. Todos apresentavam dentição completa, à exceção dos terceiros molares, oclusão estável em máxima intercuspidação habitual, desvio lateral inferior ou igual a 0,5 mm da posição retruída da mandíbula para máxima intercuspidação habitual e idade média de 30,8, mais ou menos nove anos e meio. Antes das gravações eletromiográficas e da inserção do dispositivo estabilizador, a presença do contato prematuro na posição retruída foi registrada, com o auxilio de folha indicadora 5. Foram obtidos registros eletromiográficos do masseter e do temporal anterior a 50% e 10% da contração máxima voluntária, antes da inserção do dispositivo estabilizador em posição de máxima intercuspidação habitual, imediatamente após a inserção, após sete dias de uso contínuo e imediatamente após a sua remoção, em posição de máxima intercuspidação habitual. A posição dos eletrodos foi mantida constante pela marcação, na pele, do local de fixação, por meio de uma tinta preta resistente à água. Foi calculada a média da atividade direita e esquerda dos músculos, bem como o índice de assimetria e o índice de assimetria absoluto. Para a análise dos resultados, foi usado o teste t’, no qual p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Após a inserção do dispositivo estabilizador não foram encontradas alterações imediatas na assimetria de ambos os músculos analisados. Entretanto, 5 GHM, Nurtingen, F.R.G. 34 após sete dias de uso, observou-se um decréscimo na assimetria, entre o lado direito e o esquerdo do masseter, a 50% da contração máxima voluntária, o que foi estatisticamente significativo. No entanto, a 10% da contração máxima voluntária, houve uma tendência ao decréscimo, que não foi estatisticamente significativa. Após a remoção do dispositivo, ocorreu um aumento na assimetria do masseter em apertamento, em máxima intercuspidação habitual a 10% (p < 0,025) e a 50% (p < 0,05), em relação ao exame realizado antes do uso do dispositivo. Durante todos os testes, o temporal anterior não sofreu alterações do índice de assimetria. De acordo com os resultados, foi possível concluir que o uso de um dispositivo estabilizador maxilar, por uma semana, reduziria a assimetria na atividade do músculo masseter, durante contração isométrica a 10% e 50% da contração máxima voluntária, em indivíduos saudáveis. Essa redução teria sido maior a 50% da contração máxima voluntária. A assimetria do músculo masseter estaria relacionada ao número de contatos presentes em ambos os lados da mandíbula. Apertamento em máxima intercuspidação habitual, após a remoção do dispositivo, teria revelado um aumento na assimetria absoluta do músculo masseter, especialmente a 10% da contração máxima voluntária. A média da amplitude teria sido maior no lado correspondente à presença do contato prematuro, após o uso do dispositivo, em posição retruída. A 10% da contração máxima voluntária, o temporal anterior apresentou um aumento na atividade, no lado que a mandíbula desviou da posição retruída para máxima intercuspidação habitual. O fato de não terem ocorrido alterações na assimetria do temporal, sugeriram que este músculo necessitaria de um tempo maior de estabilização para a obtenção de resultados. O uso diagnóstico do índice de assimetria (IA) muscular em pacientes seria fundamentado por esses resultados, 35 que mostraram ter a atividade submáxima dos músculos mastigatórios relação com os parâmetros da oclusão. Naije, McCarrol e Weijs (1989) examinaram, em 21 pacientes saudáveis, o padrão de atividade dos músculos temporal e masseter, bilateralmente, durante apertamento a 10%, 20%, 30%, 40%, 50% da contração máxima voluntária, em posição de máxima intercuspidação habitual (MIH). Os pacientes selecionados tinham idade entre 24 e 46 anos, apresentavam boa oclusão, com suporte de molar e ausência de sinais e sintomas de desordem craniomandibular. O controle do nível de apertamento foi realizado por feedback visual. Para a captação do sinal eletromiográfico, foram utilizados eletrodos de superfície, bipolares, de prata (Ag) com 4 mm de diâmetro, com distância de 14 mm entre os eletrodos. Estes foram colocados por meio de palpação, na direção das fibras. Os sinais foram amplificados e armazenados. Para comparar a participação do masseter e do temporal na força de mordida e para descrever a assimetria muscular, foi calculado o índice de atividade e de assimetria, respectivamente. Para calcular o número de contatos oclusais, utilizou-se a técnica do alginato, descrita por Ingervall (1972). Quando foi aumentada a força de mordida de 10% para 40%, notou-se uma importante participação do masseter na realização da função. Pôde ser observada uma grande tendência dos indivíduos em morderem mais assimetricamente quanto menores foram os níveis de contração, em ambos os músculos. Não se encontrou uma correlação estatisticamente significativa entre a atividade média dos músculos e o número de contatos oclusais posteriores, porém observou-se maior tendência da atividade do masseter no lado com maior número de contatos oclusais posteriores. Diante dos resultados, os autores concluíram que as características do padrão de atividade dos músculos mastigatórios humanos dependiam muito do nível de 36 contração. Entretanto, quando comparada à atividade eletromiográfica em cada individuo, em ambos os lados, havia uma tendência de o músculo masseter apresentar maior atividade, e de esta ser no lado de maior número de contatos oclusais posteriores. Rugh et al. (1989) avaliaram a influência da guia de canino e da guia de molar, na atividade do bruxismo noturno e sintomas craniomandibulares. Pelo uso de um dispositivo interoclusal total, confeccionado em acrílico, foi simulado um padrão de desoclusão em canino e em molar. Foram avaliados oito pacientes que utilizaram o dispositivo por sete a 14 dias. Após este período, a guia foi alterada de canino para molar, respeitando-se um intervalo de sete a 14 dias, sem tratamento, entre a alteração do padrão oclusal. A obtenção dos dispositivos deu-se a partir de moldagens com hidrocolóide irreversível, modelos de gesso, os quais foram montados em articulador pelo uso do método preconizado por Dawson. Os dispositivos foram confeccionados sem cobertura do palato e ajustes, foram feitos com acrílico autopolimerizável, visando ao aumento da retenção, obtenção de múltiplos pontos de contato e alteração da guia de canino para a de primeiro molar. Foi medido o efeito no nível de bruxismo pelo monitoramento durante o sono, com eletromiografia do masseter unilateral; pelo exame clínico dos músculos mastigatórios, da articulação temporomandibular, pela mobilidade da mandíbula e através da avaliação do próprio paciente. Os resultados obtidos não mostraram diferenças estatísticas entre a guia de canino e a guia de molar, na atividade de bruxismo noturno, o que sugeriu que as teorias e o desenho dos dispositivos interoclusais deveriam ser reexaminados para determinar as características críticas do seu desenho e de seu mecanismo de ação. 37 Ferrario eletromiográfica et al. dos (1993) músculos avaliaram masseter os limites superficial normais e da atividade temporal anterior, bilateralmente, sua simetria e sua contribuição relativa, na força muscular em diferentes testes funcionais. A atividade eletromiográfica foi mensurada em 92 adultos jovens saudáveis (49 do sexo masculino e 43 do sexo feminino, com idades entre 20 a 27 anos), selecionados entre 160 estudantes de odontologia, por critérios de inclusão. Na seleção, foram utilizados os critérios seguintes: 1) ausência de severa ou moderada desordem mandibular clínica (ausência de sons articulares, de limitação de movimentos mandibulares, sensibilidade à palpação articular e muscular); 2) ausência de restaurações extensas; 3) ausência de tratamento ortodôntico corrente; 4) ausência de mordida cruzada anterior ou posterior; 5) ausência de doença periodontal; 6) ausência de história ou de sinal de bruxismo. Para a obtenção dos sinais eletromiográficos foram utilizados eletrodos de superfície bipolares que foram posicionados no feixe muscular paralelo às fibras. No masseter, os eletrodos foram fixados na pele, após limpeza desta para diminuir a impedância. O umedecimento do eletrodo foi realizado com uma pasta condutora. Os eletrodos foram fixados no masseter, 3 cm acima e anterior ao ângulo da mandíbula e, no temporal, ao longo da margem anterior do músculo, que corresponde à sutura fronto-parietal. O eletrodo terra foi colocado no esternocleidomastóideo. As gravações foram realizadas através aparelho Bio-Pack6 de oito canais, calibrado de 20 µv a 200 µv. O instrumento foi interligado a um computador portátil7, o qual apresentou os dados graficamente e os gravou em uma mídia magnética. Os exames foram realizados na posição de repouso mandibular, em oclusão cêntrica, sem apertamento, e em contração máxima voluntária. Os testes foram realizados 6 7 Bio-Research Associates, Inc., Milwaukee, WI, U.S.A. Jason, Huntington Beach, CA, U.S.A. 38 por um único operador, em um ambiente confortável, em silêncio, com os pacientes assentados em posição ereta e sem suporte de cabeça. A duração das gravações foi de 200 ms. Para a análise estatística dos resultados, utilizou-se o teste t’ de Student. Observou-se que na posição de repouso mandibular, não houve grande diferença na atividade eletromiográfica média, considerando-se os sexos e os músculos. Em oclusão cêntrica, sem apertamento, o potencial do músculo masseter foi maior, em relação ao temporal, com uma diferença de aproximadamente 4µv, em ambos os sexos. Em contração máxima voluntária, o temporal anterior não apresentou diferenças significativas em relação ao sexo. O masseter apresentou a média do potencial, nos homens, de 224,2 (masseter direito), 208,1 (masseter esquerdo), enquanto nas mulheres, esse potencial foi de 161,0 (masseter direito) e 152,6 (masseter esquerdo). O índice de assimetria foi calculado para quantificar as diferenças entre os lados direito e esquerdo, de cada músculo e em cada paciente, sendo que todos apresentaram assimetria na atividade muscular. A menor assimetria foi observada em contração máxima voluntária. Diante dos resultados, os autores concluíram que as pessoas são fisiologicamente assimétricas, e que em contração máxima voluntária, a obtenção de um índice abaixo de 18% é compatível com a normalidade funcional. A eletromiografia de superfície permitiria a detecção simples e rápida do índice de assimetria até mesmo em pacientes com patologias. O índice de assimetria pode ser calculado, em um mesmo paciente, sempre que necessário, seja com o objetivo de avaliar uma reconstrução protética, ou para a avaliação dos padrões fisiológicos de atividade muscular. Manns et al. (1993) analisaram o efeito imediato da variação da localização antero-posterior do contato oclusal, em contração máxima voluntária, na posição de lateralidade. Foram selecionados oito pacientes, sendo cinco mulheres e três 39 homens, com idades entre 21 e 26 anos. Todos apresentavam oclusão funcional saudável, suporte de molar bilateral, ausência de sinal e sintoma de desordem temporomandibular e guia de desoclusão em canino. Foi construído um dispositivo interoclusal maxilar unilateral em resina acrílica termopolimerizável, que cobria a superfície incisal e oclusal do incisivo lateral ao primeiro molar e que depois de seccionada, em três partes, permitia diferentes padrões de desoclusão lateral. O bloco anterior proporcionava desoclusão no incisivo lateral e canino, e apresentava uma superfície de suporte periodontal de 452 mm2. O bloco intermediário permitia contato nos pré-molares com superfície de suporte periodontal de 454 mm2. A porção posterior apresentava desoclusão no primeiro molar, com área de 433 mm2 de suporte periodontal. Para melhor retenção, os blocos foram cimentados com Temp Bond8. A gravação eletromiográfica foi obtida com eletrodos de superfície bipolar (Grass 5e 5s)9. A atividade eletromiográfica foi filtrada (10 kHz), amplificada 1000 vezes, amplificada novamente dez vezes, integrada com um tempo constante de 1800 msec e registrada em um polígrafo. Os registros foram obtidos dentro de uma gaiola de Faraday, com os pacientes sentados, em uma cadeira de dentista, em posição ereta e com a cabeça apoiada. As gravações foram realizadas em cinco séries de três contrações máximas voluntária de 4s, com descanso de 20s, para se evitar a fadiga muscular. Foram tomados registros na posição de máxima intercuspidação, em posição de lateralidade com os três blocos, com somente o bloco anterior, o intermediário e o posterior. Para cada série foram geradas curvas eletromiográficas, em que foi medido, manualmente, o pico de cada uma. Subseqüentemente, foi calculado o valor médio para cada músculo de cada paciente, com base no pico das três curvas. A contração máxima voluntária na 8 9 Kerr/Sybron, Romulus, Michigan Grass Instrument Co., Quineey, Massachusetts. 40 posição de máxima intercuspidação foi considerada como 100% da atividade e as demais, comparadas a esta. A atividade eletromiográfica com a utilização do bloco anterior foi reduzida significativamente em ambos os músculos, quando comparada com as demais situações. O bloco intermediário proporcionou menor atividade quando comparada ao bloco posterior. O registro com o bloco posterior e com os três blocos gerou um aumento na atividade em alguns pacientes e uma pequena diminuição em outros. Diante dos resultados, os autores concluíram que a atividade muscular reduziu significativamente quando se simulou um padrão de desoclusão na região anterior e que, neste estudo, foi mais importante a localização do contato de desoclusão do que o número de contatos. Akorem e Karaagaçlioglu (1995) avaliaram 30 pacientes com oclusão funcional saudável e sem sinais de disfunção do sistema estomatognático. Os pacientes foram divididos em dois grupos, sendo um constituído de 15 pacientes que apresentavam desoclusão em canino e o outro, com 15 pacientes com função em grupo. Compararam-se os dois padrões de desoclusão através da eletromiografia, durante mastigação de goma de mascar e excursão lateral. Não foi observada diferença estatisticamente significativa entre a guia de canino e função em grupo, durante a mastigação de goma de mascar. Entretanto, durante a excursão lateral, o temporal anterior foi mais ativado. Quando comparada a atividade muscular, em função do padrão de desoclusão, o temporal anterior foi mais ativado na função em grupo, e o masseter não apresentou variação. Blanksma e Eijden (1995) avaliaram a possível existência de diferenças regionais nos músculos masseter e temporal humano sob condições dinâmicas (mordida estática, excursões de abertura, fechamento e mastigação). Foram avaliados os músculos masseter e temporal de cinco voluntários do sexo masculino, 41 com idades que variavam de 37 a 43 anos e apresentavam oclusão classe I de Angle, sem sinais ou sintomas de desordem temporomandibular. O registro eletromiográfico foi obtido por meio de seis eletrodos bipolares de fios finos, inseridos por uma agulha hipodérmica descartável. Os registros foram tomados em contração isométrica máxima voluntária, em máxima intercuspidação e em posição incisal; durante excursões de fechamento e abertura em ambas as posições de intercuspidação, e em mastigação unilateral com goma de mascar e bala de alcaçuz, nos lados direito e esquerdo. A atividade máxima (100%) dos músculos avaliados ocorreu durante o apertamento em intercuspidação (oclusão estática). Durante o apertamento incisal, a atividade média do músculo temporal foi de 35%; a do masseter superficial foi de 86% e a do masseter profundo de 47%, em relação à atividade máxima. Durante todas as tarefas de mastigação, a atividade eletromiográfica máxima do músculo masseter e do músculo temporal anterior foi mais alta no lado de trabalho que no lado de balanço. Os autores concluíram que os músculos temporais e os masseteres apresentam regiões que são preferencialmente ativadas, dependendo da tarefa. Entretanto, foi observada, durante as tarefas de abertura, fechamento e mastigação, uma especialização regional menos detalhada do que a apresentada, durante o apertamento estático. Borromeo, Suvinen e Reade (1995) verificaram o papel da guia de canino e função em grupo durante o apertamento, na função do músculo masseter, em pacientes saudáveis. Simulações dos padrões de desoclusão foram obtidas com o uso de dois dispositivos interoclusais, confeccionados para cada um dos dez voluntários. Esses dispositivos foram utilizados durante a obtenção do registro eletromiográfico. Os pacientes tinham a idade média de 27 anos, sendo cinco do sexo masculino e cinco do sexo feminino. Os dispositivos interoclusais foram 42 construídos nos dois arcos, sendo que o do maxilar possuía guia de canino e introduzia um aumento na dimensão vertical de oclusão de 4,9 mm, em relação aos incisivos. O dispositivo da mandíbula proporcionava guia de função em grupo e aumentava a DVO em 5,9 mm, em relação aos incisivos. O aparelho eletromiográfico consistia do MEMAS-200010. Os registros obtidos do músculo masseter bilateral foram captados, filtrados, amplificados, retificados e integrados. Os resultados foram tabulados e analisados estatisticamente. Nessa análise, não se observou diferença significativa na atividade eletromiográfica do músculo avaliado, em relação à diferença na altura do dispositivo interoclusal. Em relação ao apertamento voluntário, em cêntrica, a atividade eletromiográfica do músculo masseter foi reduzida, ao se incorporarem os dispositivos interoclusais, quando comparada ao apertamento sem o dispositivo. O apertamento em posição cêntrica apresentou um aumento significativo da atividade elétrica, em relação ao apertamento em posição de lateralidade. Entretanto, não foi detectada diferença em relação aos padrões de desoclusão. Assim, foi possível concluir que não há diferença entre a alteração de guia de canino para guia de função de grupo na atividade do músculo masseter, em pacientes saudáveis. Macaluso e Laat (1995) estudaram a influência da posição de eletrodos de superfície na compreensão da resposta do exame eletromiográfico nos músculos masseter e temporal. Para a realização da pesquisa foram selecionados dez pacientes (sete do sexo feminino e três do sexo masculino) com idades entre 21 e 23 anos. Esses pacientes não apresentavam desordem temporomandibular ou discrepâncias oclusais. Para a realização das gravações eletromiográficas, os pacientes foram posicionados assentados a 90o em relação ao solo, com a cabeça 10 MEMAS-2000 (Mega Eletronics Ltd. Kuopio, Finland). 43 fixada, na posição de repouso, com uma tira de feltro, foram orientados a fechar os olhos, não apertar os dentes e manterem-se em posição de relaxamento mandibular. Os exames foram realizados em temperatura controlada de 200 a 250c e em ambiente com baixo nível de ruído. Para a realização do exame eletromiográfico, foi utilizada a técnica da agulha para a estimulação dos nervos massetérico e temporal. O eletrodo de estimulação utilizado foi da marca Dantec11, modelo 13L24. Gravações simultâneas do músculo masseter e temporal foram obtidas com eletrodos de superfície12, modelo 13L20, cuja posição de fixação na pele variou, para possibilitar a comparação da atividade elétrica. A impedância da pele e a colocação experimental dos eletrodos foram sempre checadas e mantidas a um nível menor que 10Ω, com a limpeza da pele e o uso do gel condutor. Diante dos resultados obtidos, os autores concluíram que o volume do potencial de condução originado no masseter pode ser gravado no pescoço. A configuração da gravação da resposta elétrica do masseter nas várias posições sobre a protuberância é muito variável entre os indivíduos, e a melhor posição para a colocação do eletrodo é sobre a parte anterior e inferior da protuberância do músculo. A configuração da resposta do músculo temporal anterior apresenta menos variabilidade. Os autores consideraram ainda que os investigadores e especialmente os clínicos são interessados na resposta global de um determinado músculo e que isto poderia ser perfeitamente obtido com eletrodos de superfície. Baba, Mizutani e Enosawa (1996) analisaram a influência das interferências oclusais artificiais na atividade eletromiográfica dos músculos elevadores da mandíbula, quando a força de apertamento é exercida em posição mandibular excêntrica. Participaram deste estudo 12 indivíduos do sexo masculino, com idades 11 12 Dantec, Copenhagen, Denmark. Dantec, Copenhagen, Denmark, 44 entre 25 a 28 anos. Estes apresentavam arco dental natural em norma oclusão e durante excursão lateral havia a predominância de contatos oclusais no lado de trabalho. Nenhum dos selecionados apresentava doença periodontal, dor ou desordem temporomandibular. As interferências oclusais artificiais foram obtidas a partir de modelos de gesso, montados em um articulador Denar13. Foram fabricados três artefatos metálicos em alloy, que simulavam interferência em canino direito, segundo molar superior direito e segundo molar superior esquerdo. A atividade eletromiográfica, do temporal anterior, temporal posterior e masseter, foi obtida, bilateralmente, através de eletrodos de superfície bipolar de prata, com uma distância de 15 mm entre eles. Depois de filtrados, os sinais foram amplificados, convertidos de analógico para digital, retificados e armazenados em um sistema computadorizado, para futura análise. Para a realização dos registros eletromiográficos, os indivíduos foram posicionados assentados, de forma ereta, em uma cadeira de dentista. Os registros foram realizados em apertamento máximo voluntário, na posição de máxima intercuspidação, em topo a topo de canino direito com o artifício metálico, na presença do artifício no canino e no molar do lado de trabalho e com o artifício no lado de balanceio. Para cada tarefa, os indivíduos tiveram que exercer cinco esforços máximos, durante 2s. A introdução da interferência no canino fez decrescer a atividade eletromiográfica do masseter no lado de balanceio e no temporal no lado de trabalho. Com a interferência no molar, no lado de trabalho, ocorreu a menor alteração da atividade muscular. Por outro lado, a interferência no lado de balanceio resultou em um decréscimo da atividade do temporal no lado de trabalho e um acréscimo no lado de balanceio. Em relação ao temporal anterior, o índice de assimetria alterou de 42,2% para 0,7%. A atividade 13 Denar mark II, Denar Corp. 45 eletromiográfica do masseter reduziu significantemente no lado de balanceio, entretanto não causou alteração significativa no índice de assimetria. Para a análise estatística, usou-se o student’s t teste, com nível de significância de 0,05. Diante da análise dos resultados, os autores concluíram que a interferência no lado de balanceio provocou uma atividade muscular específica, durante apertamento parafuncional, e a resultante deste padrão de atividade poderia alterar a quantidade e a direção das forças na articulação temporomandibular. Cecere, Ruf e Pancherz (1996) avaliaram a confiabilidade da eletromiografia quantitativa, em 14 pacientes, sem sinais e sintomas de desordem temporomandibular. Foi utilizado o eletromiógrafo Mingograph T 1614 conectado a um amplificador Type 15 C 0115, através de eletrodos de superfície, nos músculos masseter e temporal, que foram avaliados em ambos os lados, durante a mastigação e em apertamento máximo. Foram utilizados estes diferentes ciclos mastigatórios: mastigação unilateral de goma de mascar; mastigação de amendoim; posição de máxima intercuspidação e apertamento máximo em rolo de algodão, que foi usado para remover a intercuspidação dental. Foi avaliado o efeito da recolocação dos eletrodos e a interferência da repetição da gravação na atividade eletromiográfica. Os registros eletromiográficos foram realizados em três sessões, em um mesmo dia, com o primeiro registro sendo obtido pela manhã. O segundo uma hora depois, tendo sido removido o eletrodo em um dos lados da face e recolocado no momento do registro, mantendo-se o mesmo local de fixação do eletrodo. O terceiro registro foi obtido sete horas após o primeiro e foram utilizados novos eletrodos. Não foi observada diferença estatisticamente significativa entre a atividade eletromiográfica, realizada com intervalo de uma hora, no lado da face em 14 Mingograph T 16 (Siemens-Elema, Solna, Sweden). Type 15 C 01(Dantec, Skovlunde, Denmark). 15 46 que não foi removido o eletrodo e no lado em que o eletrodo foi removido. As gravações realizadas, com intervalos de sete horas foram significativamente diferentes das realizadas com intervalos de uma hora. Como a recolocação do eletrodo não influenciou nos resultados, os autores concluíram que a diferença observada era devida à diferença no horário em que foi realizado o exame. Visto que o primeiro exame (intervalo de uma hora) foi realizado pela manhã, antes de os pacientes exercitarem suas atividades, e o terceiro exame (intervalo de sete horas) foi realizado ao final do dia, após o estresse do trabalho, é possível que a condição psicológica dos indivíduos tenha exercido influência na atividade muscular. Blanksma et al. (1997) examinaram os músculos masseter e temporal, através de registros eletromiográficos, durante movimentos mandibulares livres, variando-se as velocidades e as cargas externas, guiadas pelo feedback visual, com o objetivo de determinar quais regiões dos músculos avaliados são ativadas durante esses testes. Cinco indivíduos, classe I de Angle, que não apresentavam sinais e sintomas de desordem temporomandibular, participaram deste estudo. O registro eletromiográfico foi obtido com o uso de seis eletrodos bipolares finos, inseridos com a ajuda de uma agulha descartável, em seis regiões do temporal e em três regiões do músculo masseter. Em relação às excursões de abertura e fechamento, observou-se, para ambos os músculos, o aumento da atividade máxima, quando a velocidade e/ou a carga aumentaram, sendo que a velocidade demonstrou um efeito maior na atividade eletromiográfica máxima. Todas as regiões musculares apresentaram sua atividade eletromiográfica máxima durante o inicio do fechamento. A região anterior do temporal apresentou significativo aumento das atividades eletromiográficas máxima. No músculo masseter, a porção superficial demonstrou maiores atividades. Nos movimentos de protusão e retrusão, encontrou-se atividade 47 eletromiográfica máxima menor que nos movimentos de abertura e fechamento. O músculo temporal apresentou maiores atividades máximas do que o masseter. Uma divisão do temporal em uma porção anterior e outra posterior pôde ser observada. Constatou-se que a porção posterior apresentou maior atividade máxima. Entretanto, no masseter, a porção profunda demonstrou maior atividade eletromiográfica máxima. Todas as regiões musculares alcançaram uma atividade eletromiográfica máxima próxima do fim da retrusão. Durante a lateralidade, o músculo temporal apresentou a média de atividade eletromiográfica máxima quase tão alta quanto a observada durante as excursões de abertura e fechamento, enquanto esses valores ficaram bem menores no músculo masseter. Encontrou-se, no temporal, uma divisão regional muito acentuada durante a lateralidade, ao contrário do que ocorreu em outras tarefas. Em relação ao masseter, a parte profunda mostrou maiores atividades, quando comparada à parte superficial. Ambos os músculos, temporal e masseter profundo, demonstraram seus valores de atividade eletromiográfica máximos durante o final da lateralidade. Entretanto, o masseter superficial atingiu seu valor máximo de atividade no início da lateralidade. Somente durante a lateralidade, a velocidade e a carga tiveram igual influência na atividade máxima em ambos: masseter superficial e profundo. Como foi observado, de acordo com as tarefas, regiões diferentes foram ativadas preferencialmente, sugerindo a existência de uma divisão do comando excitatório do grupo dos neurônios motores. Rilo et al. (1997) avaliaram a atividade eletromiográfica do temporal anterior, do masseter superficial, do masseter profundo e dos músculos digástricos anteriores durante as posições de descanso, apertamento, abertura máxima, lateralidade e manipulação em relação central. Foram avaliados 40 estudantes de Odontologia (19 48 do sexo masculino e 21 do sexo feminino; com idades que variaram de 22 a 36 anos). Todos os pacientes apresentavam-se com saúde do sistema estomatognático e sem sinais de desordem muscular. Eles tinham, também, boa condição de saúde geral. Os eletrodos foram colocados na pele, em condições baseadas nas convenções publicadas por Moller (1966) e Michler (1988). Pares de eletrodos16 com a superfície bipolar foram posicionados ao longo da direção das fibras musculares. Devido ao aparente nível de interferência dos músculos do couro cabeludo não foram avaliadas a porção média e posterior do temporal. A atividade eletromiográfica foi registrada por um aparelho de oito canais17, com uma freqüência de 40 a 100 Hz. Os sinais foram digitalizados no modo de “função”, em tempo real, em uma velocidade de gravação de 250 Hz por canal, usando o software Bio Pak. Este sistema utiliza um modo de rejeição altamente comum (2.000.000:1), para eliminar possíveis interferências na faixa de 60Hz, assim como, outros sinais de interferência. Analisando-se os grupos de músculos na posição de descanso, observou-se que os temporais anteriores apresentaram maior atividade, cuja média foi de 2,43 mv e os masseteres superficiais, a menor, 1,65 mv. O teste de apertamento voluntário máximo exigiu o maior esforço voluntário dos indivíduos, até o ponto onde a contração dos músculos elevadores tornou-se dolorosa, por pelo menos 2s, tempo da duração do registro eletromiográfico. Entre todos os testes executados, o valor médio registrado de 110,3 µv, com o aparelho calibrado em 200µv foi o maior obtido. Quando analisado a atividade média, em posição de abertura máxima, a maior atividade eletromiográfica foi verificada nos músculos digástricos, 108,8µv, enquanto os outros músculos mastigatórios mostraram uma média muito reduzida, 21,04µv, calibração de 200µv. Durante o movimento de lateralidade foi observada uma 16 Eletrodos(Ag/CIAg, Beckman, Biotencial Skin Electrodes) (Biopak Bio-Research Associates, Milwaukee, WI, U.S.A.) 17 49 grande ativação do temporal anterior, no lado de trabalho. Esta, maior do que a atividade do músculo do lado oposto. Ainda durante o movimento de lateralidade, o masseter superficial do lado oposto ao movimento apresentou uma atividade um pouco maior do que a do masseter do lado do movimento. Rilo et al. (1998) avaliaram a atividade dos músculos mastigatórios do lado direito e esquerdo, durante mastigação unilateral de goma de mascar. Um total de 40 pacientes, estudantes de Odontologia, com idades entre 22 e 36 anos, participaram deste trabalho. Os pacientes apresentavam dentição natural saudável, sem sinais e sintomas de desordem temporomandibular. O registro eletromiográfico foi obtido nos músculos temporal e masseter, de ambos os lados, com o Bio-Pak system18. Os autores encontraram a duração média do ciclo mastigatório de 998,5 ms. A média de duração da fase de contração foi de 494,5 ms, no lado de trabalho, e de 493 ms, no lado de balanceio, para o músculo temporal. Para o músculo masseter, essa média foi de 510 ms, no lado de trabalho, e de 481,5 ms, no lado de balanceio. Quarenta por cento dos indivíduos tiveram o início das contrações simultâneas dos quatro músculos. O resultado indicou que na mastigação unilateral de goma de mascar, em pacientes saudáveis, o músculo temporal, do lado de trabalho, é o primeiro a ser ativado, sozinho, ou ao mesmo tempo em que os outros músculos. Para todas as variáveis, os valores médios encontrados não diferem, significativamente, entre o lado de trabalho e o de balanceio. Assim, quando os músculos são analisados individualmente, a duração da fase de contração é minimamente afetada, em relação ao lado de trabalho ou de balanceio. Alquran e Lyons (1999) compararam o efeito imediato de placas duras e macias na atividade eletromiográfico dos músculos masseter e temporal anterior, 18 Bio-Pak system (Biopak, Bio-Research Associates, Milwaukee, Wis.). 50 ambos do lado direito, durante o apertamento máximo, com 50% e com 10% do apertamento máximo. Dez adultos jovens, saudáveis, com idades entre 21 e 34 anos, participaram deste estudo. Todos os participantes tinham dentição natural e não apresentavam história ou sintomas de desordem temporomandibular. Uma placa de estabilização superior em resina acrílica termopolimerizável e uma de resina macia, também no arco superior, foram construídas para cada um dos participantes. A placa dura foi obtida com a oclusão na posição mais retraída da mandíbula e ajustada para se obterem contatos simultâneos bilaterais, no entanto, sem a presença de contatos nos dentes anteriores. A placa macia foi obtida a partir do modelo do arco superior, com o auxílio do “vacuum formed” sendo que a oclusão não foi ajustada em nenhum momento. Foram utilizados eletrodos de superfície, previamente embebidos com uma lâmina de gel adesivo, que apresentava uma boa condutibilidade elétrica. Os eletrodos foram fixados na pele, na porção mais proeminente dos músculos analisados. O procedimento experimental consistiu, inicialmente, na gravação da atividade muscular sem a placa, imediatamente após a introdução da placa dura, e imediatamente após a introdução da placa macia. As gravações foram realizadas em contração máxima, em 50% e em 10% da contração máxima, embora não necessariamente nesta ordem. Foi observado um período de descanso de cinco minutos, entre uma série e outra, para se evitar a fadiga. A inserção da placa dura levou a uma redução da atividade dos músculos masseter e temporal anterior em seis participantes, embora esta redução não fosse estatisticamente significativa. A inserção da placa macia produziu um aumento estatisticamente significativo na amplitude eletromiográfica no músculo masseter e um decréscimo não significativo no músculo temporal. Quando comparados os resultados da atividade dos músculos entre as placas, estes apresentaram uma 51 redução significativa quando em uso da placa dura, especialmente no temporal anterior. Esse decréscimo da atividade muscular pode ser uma explicação do efeito terapêutico de ambas as placas, embora o decréscimo tenha sido claramente maior com o uso da placa dura. Em conclusão, os resultados deste estudo sugerem que, independentemente do modo de ação, a placa dura parece ser mais efetiva na redução da atividade dos músculos elevadores da mandíbula, principalmente no músculo temporal anterior. Grubwieser et al. (1999) avaliaram com eletromiografia quantitativa, os músculos temporal e masseter, em pacientes que usavam dentaduras completas. Comparou-se a desoclusão em canino com a oclusão balanceada bilateral posterior em 17 pacientes, edêntulos totais, que usavam dentaduras com desoclusão em canino. Para cada paciente, foram confeccionados dois dispositivos interoclusais em acrílico, que simulavam desoclusão em canino e oclusão balanceada bilateral. Eletromiogramas de superfície foram obtidas com a utilização do Neuroscript EE 21619, com filtragem de sinais de 30 Hz a 1 khz. Os resultados encontrados demonstraram que, em apertamento máximo das próteses, não houve diferença estatisticamente significativa entre o uso, ou não, da placa sobre a dentadura. Entretanto, quando avaliados a protusiva e a lateralidade, ocorreu um aumento significativo da atividade muscular na simulação de oclusão balanceada bilateral posterior, em relação à simulação de desoclusão em canino e à prótese original. A redução da atividade muscular na simulação de desoclusão em canino talvez possa ser explicada pelo menor curso da desoclusão. Os autores concluíram que a função neuromuscular, nos pacientes edêntulos totais, seria similar à que ocorre em pacientes que apresentam dentição natural. Concluiu-se, também, que o uso de guia 19 Neuroscript EE 216 EEG/EMG polygraph 52 anterior pode ajudar a evitar o desenvolvimento de disfunção craniomandibular, incremento patológico de atividade muscular nos músculos mastigatórios e desordens temporomandibulares. Baba et al. (2000) investigaram o efeito de alterações experimentais de contatos oclusais em balanceio na atividade dos músculos elevadores da mandíbula, através da eletromiografia. Participaram da pesquisa 12 homens com idade média de 26,7 anos. Todos tinham boa saúde geral, contatos oclusais de molar bilateral, classe I de Angle e guia de canino em topo a topo. Os pacientes que apresentavam dor na região orofacial, sensibilidade dental, perda de dentes e que estavam em tratamento odontológico ou com sinais e sintomas de desordem temporomandibular foram excluídos do estudo. Coberturas em acrílico autopolimerizável20 foram fabricadas para o canino superior direito e primeiro molar superior, em ambos os lados. Essas coberturas proporcionavam um aumento da dimensão vertical em 1 mm. Ajustes permitiram o contato simultâneo dos três dispositivos, o que possibilitou a obtenção de guia em canino, interferência no lado de trabalho, interferência em balanceio e contato simultâneo em canino e em balanceio. Com o uso de eletrodos de superfície, foram obtidos registros eletromiográficos dos músculos masseteres e temporais anteriores e posteriores. O nível de apertamento foi mensurado previamente, a partir da contração máxima voluntária em posição intercuspídea, e foi de 50% para três pacientes, 40% para quatro e 30% para cinco. Para a obtenção desses dados, os pacientes foram orientados a realizar apertamento durante 3s, com intensidade pré-determinada. Cada sessão consistiu de três séries de apertamento, com um intervalo de três minutos entre elas, respeitando-se, também, 20 Unifast II, GC 53 um intervalo de cinco minutos entre uma tarefa e outra. Para descrever a assimetria na atividade eletromiográfica de cada músculo, foi calculado o índice de assimetria. O músculo masseter apresentou a maior e a mais equilibrada atividade eletromiográfica, independentemente das alterações oclusais, enquanto o temporal posterior teve a menor atividade. Os temporais anteriores e posteriores tiveram a menor atividade no lado esquerdo, exceto quando da introdução da interferência no lado de balanceio. O temporal anterior teve a atividade predominante no lado de trabalho, com apertamento em canino. A presença do contato no lado de balanceio gerou uma diminuição moderada na predominância, que foi severamente reduzida com a presença de uma interferência. A mudança na atividade do músculo temporal poderia alterar a natureza da força gerada nos dentes e na articulação durante apertamento parafuncional. Burnett et al. (2000) compararam o nível eletromiográfico dos músculos masseteres e temporais, durante várias funções orais, em pacientes com enxaqueca, em relação a um grupo controle, com idade, sexo, peso e altura semelhantes. Este estudo investigou ainda uma possível correlação entre a atividade eletromiográfica e a força de mordida. Cada um dos grupos consistia de nove mulheres e um homem, com idade média de 43 anos. Todos os pacientes tinham dentição completa e a análise cefalométrica não encontrou diferenças significativas entre os grupos. Os pacientes com enxaqueca foram selecionados pelos critérios da International Headache Society, cujo fator desencadeador suspeito era a parafunção noturna. Estes foram orientados a interromperem o uso de medicamentos uma semana antes dos testes. Não era permitido que indivíduos com dor de cabeça participassem do momento das gravações, ou apresentassem esse mal três dias antes. As gravações foram realizadas por meio de dois eletrodos de 54 Ag/ AgCl, de 10 mm de diâmetro, cujos centros estavam a 20 mm de distância, colocados sobre os feixes musculares paralelos as fibras. O eletrodo terra foi colocado no pescoço. Antes da colocação dos eletrodos a pele foi limpa, com um lenço embebido em álcool. Os indivíduos ficaram assentados, com o plano de Frankfurt paralelo ao solo, com a cabeça sem suporte e solicitou-se que permanecessem em posição de repouso mandibular por cinco minutos. Os dados foram gravados durante 5s em contração máxima voluntária e 30s nas outras tarefas, sendo retificados, integrados, divididos pelo tempo de gravação, para se obter a média absoluta retificada em micro volts. O nível da atividade funcional em porcentagem foi obtido em contração máxima voluntária, para permitir níveis eletromiográficos proporcionais. As gravações foram realizadas na posição de repouso, engolindo 2 ml de água, falando 100 palavras, mastigando 1,5 gramas de cera parafinada, em contração máxima voluntária anterior e posterior. Para a obtenção da força de mordida, utilizou-se o aparelho LM-200Ks21, observou-se um intervalo de 3 minutos, entre os testes, para evitar a fadiga. As gravações foram realizadas pelo mesmo operador e foi utilizado o teste de Wilcoxon com nível de significância (p< 0,01). O nível absoluto de eletromiografia em repouso, na deglutição e na fala não foi significativamente diferente entre os grupos, mas o grupo com enxaqueca apresentou um aumento significativo em contração máxima voluntária (CMV), nos dentes anteriores e posteriores, em ambos os músculos. Quando se expressou a porcentagem destes níveis em CMV, não foi notada diferença entre os grupos. Pode-se concluir, então, que os grupos estudados têm similar nível de atividade eletromiográfica nos músculos temporais e masseteres durante as funções orais estudadas, mas o grupo com enxaqueca apresentou um 21 LM-200kS, Kyowa Eletronic Instruments, Tokyo, Japan. 55 alto nível de atividade eletromiográfica durante CMV. Além disso, esse grupo demonstrou níveis de força de mordidas anterior e posterior elevados, embora haja correlação direta destas com níveis eletromiográficos. Os resultados deste estudo reforçam a limitação do diagnóstico com eletromiografia, em pacientes com enxaqueca. Ferrario et al. (2000) investigaram, com eletromiografia, a simetria dos músculos mastigatórios em trinta adultos jovens (18 e 19 anos; 15 homens e 15 mulheres). Todos os participantes apresentavam dentição permanente, incluindo o segundo molar, classe I de Angle bilateral de primeiro molar e relação de canino. Os pacientes apresentavam o trespasse horizontal e o trespasse vertical oscilando entre 2 e 5 mm, não apresentavam mordida cruzada anterior ou posterior, não apresentavam restaurações com cobertura de cúspide, sem trauma facial prévio e sem desordem temporomandibular ou desordem craniocervical. Para os registros eletromiográficos, foram utilizados eletrodos de superfície, bipolares, posicionados na protuberância muscular, paralelos às fibras. O sinal eletromiográfico analógico obtido foi amplificado, digitalizado e filtrado digitalmente. Os sinais eletromiográficos foram obtidos em apertamento voluntário máximo, durante 3s, com um rolo de algodão colocado na altura do segundo pré-molar e molar. Este registro foi considerado como 100% de potencial de atividade muscular. Um segundo registro foi obtido em apertamento na posição de máxima intercuspidação (teste isométrico estático), e o terceiro registro foi obtido alternando-se contração voluntária máxima e relaxamento (teste dinâmico de contração e relaxamento). Para evitar a possibilidade de fadiga muscular, foi permitido um período de descanso entre os testes. Quando a padronização na contração máxima voluntária, em rolos de algodão, tinha padrões eletromiográficos similares, diferenças no potencial médio 56 não foram encontradas. No teste dinâmico de contração e relaxamento, a média do potencial eletromiográfico foi de 40%, em relação ao potencial em contração máxima voluntária, em rolo de algodão. Em ambos os testes, a média padronizada do potencial muscular foi menor no músculo masseter do que no temporal. Os testes foram realizados com padrões musculares simétricos. O coeficiente de torque, que é um índice utilizado para mensurar a assimetria muscular, foi menor, especialmente durante a contração máxima voluntária. Buzinelli e Berzin (2001) analisaram pelo exame eletromiográfico o fenômeno da fadiga nos músculos masseter e temporal, bilateralmente, durante mastigação contínua de goma de mascar. Participaram do estudo 31 voluntários, estudantes, integrantes do corpo discente e assistente da Faculdade de Piracicaba. Todos os participantes tinham dentição natural completa e ausência de sinal ou sintoma de desordem temporomandibular. Para a obtenção dos registros eletromiográficos foram utilizados eletrodos de superfície bipolar22. Após a aplicação de uma pasta eletrocondutora, os eletrodos foram fixados à pele por um colar adesivo, na direção das fibras musculares, mantendo-se 1 cm de distância entre eles. A posição de fixação ao músculo foi determinada por palpação. Os sinais eletromiográficos foram amplificados e filtrados entre 10 Hz e 10 khz. Para cada gravação, os quatro sinais musculares foram monitorados simultaneamente durante 4s. Para elucidar a fadiga muscular, foi escolhida a mastigação de goma de mascar, pela consistência homogênea do bolo formado, o qual não é engolido. Todas as gomas de mascar23 foram divididas em dois pedaços iguais, e os participantes foram orientados a mastigar cada pedaço de um lado da boca, simultaneamente, durante 40s, para diminuir a dureza inicial. Após 80s de descanso, os participantes foram orientados a 22 23 Sensor medics Corp. Anahein, CA,USA. Kraft Suchard, SP, Brasil. 57 mastigar até o aparecimento da sensação de fadiga, o qual foi definido como o momento de um ímpeto inicial de parar a mastigação. O tempo médio de manifestação da sensação de fadiga foi de 500s (desvio padrão = 445,72). Foram realizadas gravações eletromiográficas no inicio da mastigação; após um minuto de atividade e no momento da indicação da sensação de fadiga pelos participantes. Para cada músculo foi identificada a fase de ativação e o intervalo entre essas fases. Foram determinados a amplitude através do software “Sisdin”24 da fase de ativação e o tempo de duração das fases de ativação e de relaxamento. O teste t de student foi utilizado para análise estatística. Quando se avaliou a amplitude, não foram encontradas variações consistentes entre o inicio da mastigação, com um minuto de atividade e após a fadiga. No entanto, foi observada uma diminuição na duração da fase. Os autores observaram que a amplitude eletromiográfica não apresentou um comportamento consistente durante todo o experimento, para a determinação da fadiga, por não fornecer informações suficientes para essa determinação. O tempo para a determinação da fadiga foi muito superior aos 30s, citados por outros trabalhos, na condição de apertamento, provavelmente pelo baixo nível de tensão requerida na mastigação. Deve-se ficar atento em relação à alta variação do desvio padrão da sensação subjetiva da fadiga, a qual sugere a presença de outros fatores que não foram levados em consideração durante a seleção dos participantes avaliados, como exemplo pode-se citar a variação dos hábitos alimentares e a motivação individual, dentre outros. Okano et al. (2002) avaliaram a influência da alteração da guia oclusal, no deslocamento mandibular e na atividade eletromiográfica, nos músculos masseter superficial, temporal anterior e temporal posterior, durante apertamento dental e em 24 Lynx Infor., SP, Brasil. 58 posição de lateralidade, estando os dentes em relação de topo a topo. Foram selecionados 20 pacientes, 15 do sexo masculino e cinco do sexo feminino, com idade média de 26,5 anos. Os selecionados apresentavam boa saúde geral, contatos oclusais bilaterais intactos e contato de topo a topo em canino, no lado de trabalho, quando da realização da desoclusão lateral. Com o uso de coberturas oclusais metálicas (overlays) individuais, que foram instaladas sobre a superfície dos dentes mandibulares, do canino ao segundo molar do lado de trabalho e no segundo molar no lado de balanceio, simularam-se quatro padrões de oclusão dentária que foram analisadas: oclusão protegida por canino; oclusão funcional em grupo; esta dividida em atuação do canino ao segundo molar e envolvimento do canino ao segundo pré-molar; padrão de oclusão balanceada bilateral, tendo o contato no lado de balanceio, na altura do segundo molar. As coberturas oclusais metálicas não alteravam a dimensão vertical, na posição de topo a topo em excursão lateral. Foi solicitado aos voluntários que realizassem excursão lateral e, no momento de contato de topo a topo, que apertassem os dentes com força máxima, momento em que o registro eletromiográfico foi obtido. A atividade eletromiográfica do temporal anterior e do masseter foi obtida bilateralmente através de eletrodos de superfície. No temporal posterior, foi utilizado eletrodos de agulha, mantendo-se uma distância de 15 mm entre os eletrodos. Após filtragem, que eliminou freqüências acima de 1 khz e abaixo de 33 Hz, os sinais eletromiográficos foram amplificados e armazenados, em um software, um componente do Gnasthohexagraph system. Foi observada menor atividade eletromiográfica nos músculos, em ambos os lados, na desoclusão pelo canino. Durante a simulação de função em grupo, com atuação dos molares, ocorreu um aumento da atividade muscular. Quando o padrão foi alterado para oclusão balanceada bilateral, foi observado incremento na atividade 59 eletromiográfica dos músculos avaliados. Os autores concluíram que, considerandose a atividade parafuncional, é bem possível que a oclusão protegida por canino teria uma vantagem sobre a presença de contatos de balanceio. Entretanto, os resultados foram obtidos logo após a alteração dos padrões oclusais, e não foram avaliados os efeitos, a longo prazo, dessas modificações. Roark, Glaros e O’Mahony (2003) testaram a hipótese de que a presença de um dispositivo interoclusal poderia reduzir a atividade eletromiográfica dos músculos mastigatórios durante o apertamento máximo; o apertamento moderado e com a presença de contatos leves entre as arcadas. Foram avaliados 20 indivíduos, sendo sete homens e 13 mulheres, com idades entre 19 e 28 anos. O exame de seleção incluiu a presença de dor associada à palpação muscular, a presença de ruídos articulares e limitação de abertura. Os selecionados não apresentavam história, sinal ou sintoma de dor miofascial ou artralgia. Para a coleta dos dados eletromiográficos foram utilizados eletrodos de superfície de prata, que eram fixados na pele, após a limpeza com álcool e gel abrasivo, na região dos músculos temporais anteriores e masseteres superficiais. Estes foram conectados ao aparelho eletromiográfico EMG Modules (M- 501)25. O módulo filtrava a banda entre 20 a 1000 Hz, digitalizava os dados, que eram armazenados por um software. Para a realização dos testes foi confeccionado para o maxilar um dispositivo interoclusal liso em resina acrílica. Foram necessários ajustes intra-orais, para proporcionar múltiplos e simultâneos contatos oclusais bilaterais anteriores e posteriores em relação central. Os testes foram realizados em CMV e a 50% da CMV, por um período de 3s, por três vezes. Para a análise dos resultados, foi utilizada a média dos valores dos três testes. Diante da análise dos resultados, os autores concluíram que o dispositivo 25 J & J Instruments Co., Poulsbo, WA, USA. 60 interoclusal reduziu significantemente a atividade eletromiográfica dos temporais direito e esquerdo em CMV. Em contração moderada (50% da CMV), houve redução somente no temporal direito. O dispositivo não alterou significantemente a atividade eletromiográfica do masseter, exceto durante contração moderada, quando ocorreu um aumento significante da atividade do masseter esquerdo. Foi possível concluir, ainda, que, com a colocação do dispositivo, ocorreu uma alteração considerável nos contatos oclusais, assim a atividade eletromiográfica pôde ser reduzida. Essa redução poderia ser acompanhada de redução clínica da dor. Com o uso do dispositivo, a atividade dos músculos temporais diminuiu em todos os testes. Laat e komiyama (2004) analisaram estudos que utilizaram a eletromiografia no diagnóstico de miopatias e criptotetania, bem como as tentativas de uso da eletromiografia de superfície registrando a CMV, a atividade em repouso, a análise da força espectral e dos vários reflexos, para distinguir pacientes com desordem temporomandibular de controles. Após a revisão da literatura, os autores concluíram que a diversidade dos parâmetros e reflexos eletromiográficos, induzidos em músculos mandibulares, seria aparente, sendo assim, o local da estimulação e a sua natureza seriam fundamental, pois sugerem padrões de reflexo diferentes. Ressaltaram, ainda, a importância da detalhação da metodologia utilizada. A utilização de critérios de inclusão e exclusão, baseados em descrição de diagnósticos reconhecidos, deveriam ser utilizados na formação de grupos de pacientes, bem como de um grupo controle adequado quanto à idade e ao sexo. Poder-se-ia concluir, ainda, que os estudos que utilizaram a eletromiografia de superfície em pacientes com desordem temporomandibular ou dor de cabeça provocada por tensões ainda são controversos, e o uso da eletromiografia, como ferramenta de diagnóstico, não pareceriam justificável, até o momento. 61 Ciuffolo et al (2005) avaliaram a atividade eletromiográfica dos músculos temporal anterior, masseter, digástrico, esternocleidomastóideo, trapézio e músculos cervicais, em resposta à contração máxima voluntária. Foram selecionados para o estudo 20 pacientes, com idades entre 24 a 31 anos (média de 25,3 anos), sendo 14 do sexo masculino e seis do sexo feminino. Todos os participantes eram saudáveis e não relataram história de bruxismo, dor orofacial, desordens craniomandibulares ou craniocervicais. Os pacientes foram divididos em dois grupos, que, na fase experimental, exerceram tarefas distintas. No primeiro grupo, foram realizadas duas sessões de gravações eletromiográficas em posição de repouso mandibular, respeitando-se um intervalo de um minuto entre elas. Este grupo foi nomeado de grupo repouso. No segundo grupo, foi realizada, inicialmente, a gravação em repouso mandibular. Após a obtenção do registro eletromiográfico, os pacientes foram orientados a apertar seus dentes, em relação cêntrica, o máximo possível. Este grupo foi denominado grupo em apertamento. A CMV foi repetida três vezes, para possibilitar a obtenção do melhor dado dinâmico. Para minimizar os erros nas gravações, estas foram realizadas pelo mesmo operador, e os eletrodos não foram removidos durante a sessão. Para a obtenção dos registros eletromiográficos, foram utilizados eletrodos de superfície (Duo F3010 bipolar, com diâmetro de 10 mm, AgAgCl, lithium choride gel )26. Os eletrodos foram posicionados, conforme recomendação de Cran e Kasman, e Fridlund e Cacioppo, na pele, após a limpeza com álcool para diminuir a impedância. Os registros foram realizados durante 10s, os dados foram amplificados, filtrados, integrados a um computador e analisados. Os valores eletromiográficos foram obtidos pelas médias e desvios padrões. Em CMV, observou-se um significativo aumento da atividade nos músculos masseter, 26 LTT FIAB Vicchio, Firenze, Italy. 62 temporal anterior, digástrico e esternocleidomastóideo. Em contraste, a atividade nos músculos trapézio e cervicais não variou, quando comparados os dados obtidos em repouso com os em CMV. Diante da análise dos resultados, os autores concluíram que a CMV, em pacientes saudáveis, ativa contemporaneamente os músculos digástrico e esternocleidomastóideo. Os resultados sugeriram, ainda, uma relação funcional entre a parafunção mastigatória e a presença de sensibilidade dolorosa, nesses músculos. 2.2 Desordem Temporomandibular De Boever (1973), em uma revisão crítica de literatura, relatou achados de sintomas clínicos e do tratamento de pacientes com distúrbios funcionais da articulação temporomandibular, com o objetivo de esclarecer controvérsias existentes. Sobre a terminologia, observou-se uma grande variedade de termos para caracterizar os distúrbios da ATM, o que contribuiu para gerar controvérsias. Não foi possível encontrar provas científicas sobre qual é o fator primário na etiologia desses distúrbios, sendo que várias teorias eram aceitas. As teorias poderiam ser divididas em cinco grupos: deslocamento mecânico, muscular, neuromuscular, psicofisiológico e teoria psicológica. Entretanto, nenhuma delas foi plenamente explicada em relação a todos os aspectos apresentados e aos problemas envolvidos. A relação entre desarmonia oclusal, espasmo muscular e disfunção temporomandibular tem sido documentado eletromiograficamente. A importância direta da oclusão em regular os movimentos mandibulares e a contração muscular 63 pelos impulsos provenientes dos receptores dos ligamentos periodontais foi observada. Houve um consenso entre os autores nas descrições dos sintomas, nos quais foram a dor; a limitação e o desvio dos movimentos; os sons articulares, caracterizados por crepitação e estalido, como os principais sintomas. Radiografias não poderiam fornecer informações precisas sobre a posição cêntrica dos côndilos em relação às fossas. Quanto ao diagnóstico em crianças, mais atenção deveria ser dada aos sintomas, visto que 40% delas, na idade escolar, entre oito e 14 anos, apresentavam um ou mais sintomas de distúrbios articulares. Dependendo da etiologia, vários tipos de procedimentos terapêuticos têm sido propostos, como a reposição mecânica, terapias oclusais, fisioterapia, mioterapia e psicoterapia. Em relação à teoria neuromuscular, a terapia com a placa plana tem demonstrado melhores resultados na remissão da dor e na redução da atividade muscular. Diante da revisão realizada, o autor concluiu que existiam diversas teorias e terapêuticas sobre os distúrbios funcionais da ATM, sendo que nenhuma dessas teorias fornecia uma explicação abrangente sobre todos os aspectos dessa disfunção. Todos os tratamentos preconizados forneciam, a curto prazo, um resultado positivo, mas muitas dessas terapêuticas eram baseadas na experiência clínica dos profissionais. Para que pudesse haver progresso no entendimento e no tratamento das disfunções, seriam necessários mais estudos que procurassem entender os componentes neuromusculares em sistemas estomatognáticos normais. Além disso, para que se pudessem comparar estudos de autores diferentes, a fim de possibilitar a análise dos resultados a longo prazo, seria fundamental a determinação de diferentes terapias de tratamento, critérios de diagnóstico e sintomas gerais. Enfim, todos esses cuidados seriam importantes para esta evolução científica. 64 Holmgren, Sheikholeslam e Riise (1985), em um estudo eletromiográfico, analisaram o efeito imediato da inserção de placas oclusais na atividade postural dos músculos masseter e temporal anterior em diferentes posições do corpo e com ou sem absorção visual. Trinta e um pacientes, com idades entre 18 e 38 anos, foram incluídos na pesquisa, por apresentarem dentição natural, percepção de ranger ou apertar os dentes durante a noite, dor e cansaço nos músculos da mastigação e/ou dor de cabeça pela manhã e sensibilidade nos músculos à palpação. As gravações eletromiográficas foram realizadas em uma sala protegida de interferências de equipamentos eletrônicos, com os pacientes acomodados em uma cadeira de dentista. A atividade postural foi medida nos músculos, com o auxílio de eletrodos de superfície bipolar, que foram fixados à pele por meio de adesivos, a uma distância de 10 mm ao longo das fibras musculares. O equipamento eletromiográfico27 utilizado foi um sistema de oito canais. As gravações foram realizadas antes da inserção da placa estabilizadora de acrílico, que cobria todo o maxilar, e após 15 minutos da incorporação da mesma, com o paciente primeiramente sentado e depois deitado em decúbito dorsal, e alternando os olhos abertos e fechados. Os pacientes foram instruídos a não fazer uso de medicação sedativa ou relaxante muscular nos dias dos exames. O espaço livre funcional foi medido entre 1 e 4 mm para os pacientes em estudo, a placa interoclusal levou a um aumento de 3 a 7 mm na dimensão vertical. Os resultados indicaram que, quando os pacientes estavam na posição sentada, sem suporte para a cabeça e com os olhos abertos, existiu uma nítida atividade postural no músculo temporal anterior e, em alguns indivíduos, também no masseter. A atividade postural foi reduzida significantemente na posição deitada e com os olhos fechados. Após 15 minutos da 27 Medelec, type K6 65 incorporação da placa foi observado um decréscimo da atividade dos músculos temporais em 52% dos pacientes, um acréscimo em 22%, e em 26% dos pacientes a atividade permaneceu inalterada. Os autores concluíram que, nos pacientes com sinais e sintomas de desordem temporomandibular, existiu uma pronunciada atividade nos músculos temporais anteriores, na posição de repouso, que a visão, a mudança na posição do corpo e a alteração da dimensão influenciaram significativamente o padrão da atividade postural, no músculo temporal. Concluíram ainda que a posição deitada em decúbito dorsal seria a de escolha para a obtenção do registro oclusal em relação cêntrica, para analises oclusais, assim como para ajuste de placas oclusais. Gervais, Fitzsimmons e Thomas (1989), por meio da análise eletromiográfica dos músculos temporal e masseter em posição de repouso mandibular, propuseram um padrão eletromiográfico, o qual poderia ser usado no diagnóstico e tratamento de pacientes com desordem temporomandibular. Participaram deste estudo 116 voluntários, que foram divididos em três grupos experimentais. O grupo classificado de assintomático era composto de 24 mulheres, cuja média de idade era de 26,4 anos. O grupo sub-clínico foi composto de 31 mulheres com idade média de 28,6 anos e o grupo com desordem temporomandibular tinha 61 pacientes, sendo 43 do sexo feminino e 18 do sexo masculino, cuja idade média era de 31,9 anos. A seleção dos grupos foi feita por meio de questionário e exame clínico, os integrantes deste estudo não receberam tratamento prévio de desordem temporomandibular. Para a captação do sinal eletromiográfico foram utilizados quatro conjuntos de eletrodos de superfície, de prata/cloreto de prata, reutilizáveis. O local de fixação na pele foi padronizado, foi previamente limpo com esfregaço de álcool, foi levemente 66 raspado e foi usado um creme condutor28 no eletrodo. Os dados foram coletados, simultaneamente, por meio de quatro canais do sistema de biofeedback Biocomp 200129, sendo, então, armazenados em um micro computador através de um software com intervalo de gravação de 10 a 12 segundos. A banda utilizada foi entre 80 a 400 Hz. O exame foi realizado por um único operador, com os pacientes confortavelmente assentados. A hipótese nula, de ausência de diferença da média entre os grupos, foi testada e rejeitada pela análise multifatorial de variância (MANOVA). Foi observado um significativo aumento da média da atividade eletromiográfica no grupo de pacientes quando comparada aos outros grupos, f (8,220) = 6,65, p< 0,001. Não houve diferença significativa entre os grupos assintomáticos e sub-clínicos. Simultâneos intervalos de confiança para cada uma das quatro variáveis revelaram que o grupo de pacientes difere significativamente, com um intervalo de confiança de 95%, dos demais grupos em todas as variáveis, exceto para o masseter direito. A análise de hotelling’s T2, revelou não haver diferença relativa a sexo no grupo de pacientes, entretanto houve uma pequena correlação negativa quanto à idade e à atividade EMG do temporal direito. Os achados deste estudo sugerem que, para ambos os sexos, níveis de eletromiografia de 2µv, com desvio padrão de 1µv, indicam atividade normal dos músculos masseter e temporal, em repouso mandibular. Castroflorio et al. (2004) analisaram, por meio de EMG, o efeito de um aparelho funcional nos músculos mastigatórios de adultos jovens com dor muscular associada à DTM. Foram selecionados três grupos de 11 pacientes, cada um constituído de três homens e oito mulheres. O grupo um, foi constituído de pacientes com idade média de 25,4 anos que apresentavam DTM e necessidade de 28 29 Hewlett-Packard Redux Creme. Biocomp 2001 biofeedback system- Bioffedback Research Institute, Los Angeles, Califórnia. 67 tratamento ortodôntico para correção de mordida profunda. Estes foram tratados com o uso do function generating bite for deep bite correction (FGB-D). O grupo dois apresentava idade média de 27,2 anos e DTM, e não necessitava de correção ortodôntica. Os pacientes foram tratados com dispositivo de Michigan. O grupo três era constituído de estudantes de especialização em Ortodontia, e seus componentes tinham idade média de 26,3 anos e eram saudáveis, sendo, este, considerado o grupo controle. Estes não receberam nenhum tipo de tratamento durante o período da pesquisa. Os registros eletromiográficos foram obtidos de quatro canais do eletromiógrafo Freely30. O sinal foi amplificado, digitalizado e filtrado digitalmente. O aparelho foi conectado a um computador que permitiu a representação gráfica dos dados, os quais foram arquivados para análise posterior. Para a obtenção dos sinais, foram utilizados eletrodos bipolares Duo-Trode31, diâmetro de 10 mm e distância de 21 mm entre os eletrodos, que foram posicionados paralelos às fibras musculares a 2,5 cm acima do ângulo da mandíbula para o masseter e 2 cm acima do arco zigomático para o temporal anterior. As gravações eletromiográficas foram obtidas antes do tratamento e 12 meses após o seu início, com e sem o FGB-D, e o dispositivo de Michigan, em apertamento máximo voluntário. Cada teste foi repetido três vezes em cada sessão. Cada registro foi de 5s, seguido de um descanso de 3 min para se evitar a fadiga muscular. Para cada músculo, foi obtido um índice de torque que possibilitou a avaliação do desvio da mandíbula. O índice de torque foi calculado pela fórmula: (Temporal Anterior (TA) direito (d) + Masseter (M) esquerdo (e)) – (TA.e + M.d) / (T.d + M.d) + (T.e + M.d), e seu resultado foi expresso em porcentagem. O resultado apresentou para o grupo um uma redução significativa após o tratamento. Entretanto, para os grupos dois e três não foi observada redução 30 31 DeGoetzen spa, Olgite Olona, VA, Italy. Myotronics Inc, Tukwila, WA, USA 68 significativa, visto que o índice de torque apresentou-se em um nível normal desde o primeiro registro. Os autores concluíram que a eletromiografia quantitativa dos músculos mastigatórios não poderia ser distinguida entre indivíduos saudáveis e com desordem temporomandibular, que a mordida profunda poderia estar associada ao índice de torque elevado e ao desvio lateral da mandíbula e que o dispositivo para correção da mordida profunda seria capaz de reduzir o índice de torque. Chandu et al. (2004) avaliaram as diferenças na atividade eletromiográfica do músculo masseter e na força de mordida, bilateralmente, durante diferentes tarefas, em pacientes com desordem temporomandibular (DTM) e assintomáticos. Para a realização do experimento foram selecionados dez pacientes com DTM e idade média de 26,9 anos e 8 indivíduos saudáveis, com idade média de 25,3 anos, que formaram o grupo controle. Todos os pacientes do grupo com DTM apresentavam a desordem há mais de seis meses e tinham DTM mista, ou seja, envolvimento dos músculos da mastigação e da articulação. O grupo controle apresentava a idade, sexo e dentição semelhantes ao do grupo de pacientes. Para cada indivíduo foi construído um dispositivo interoclusal, mandibular, que foi ajustado para proporcionar um padrão de oclusão em grupo. A instrumentação eletromiográfica consistia do eletromiógrafo de superfície MEMAS-200032, que permitiu a amplificação, a retificação e a integração do sinal pela técnica do root mean square. Os sinais foram medidos entre a freqüência de 25 a 550 Hz com sensibilidade de 1 a 20000 µv. Os dados foram captados por eletrodos de superfície auto-adesivos de cloreto de prata, que foram conectados ao eletromiógrafo por um conector de pólo triplo. Os eletrodos foram posicionados segundo o protocolo de Greenfield e Wyke, após a preparação dos locais de fixação com esfregaço de álcool. O equipamento 32 MEMAS ELEKTRONIIKA OU, Kuopio, Finland. 69 para medir a força da mordida foi o NIKON KOHDEN33, com transdutor de força de 12 mm de diâmetro e 5 mm de espessura, a superfície de mordida foi coberta com adesivo de borracha. A atividade eletromiográfica foi medida em posição de repouso, em apertamento no dispositivo interoclusal, em apertamento no medidor de força e em apertamento no dispositivo interoclusal e no medidor de força. Cada tarefa foi constituída de uma série de três apertamentos de 10s. Foi permitido um descanso de 5 minutos entre as tarefas. Diante dos resultados, os autores concluíram que existem diferenças na atividade eletromiográfica do masseter e na força de mordida entre pacientes com DTM e saudáveis. Que a atividade eletromiográfica em repouso foi maior no grupo de pacientes e que o uso de um dispositivo interoclusal reduziu a atividade eletromiográfica em ambos os grupos e aumentou a força de mordida nos pacientes. Landulpho et al. (2004) avaliaram a eficácia do tratamento com dispositivo interoclusal em pacientes com sintomas de DTM. Foram selecionados por exames clínico e radiográfico 22 pacientes, sendo 15 mulheres e sete homens, todos com dentição natural, sintomas de DTM e idade entre 18 e 53 anos. Foram excluídos os pacientes em uso de dispositivos interoclusais e que se submeteram a tratamento cirúrgico. Foi construído um dispositivo interoclusal maxilar, por métodos convencionais, o qual inicialmente, proporcionava uma superfície plana, que foi alterada para proporcionar guia de canino e, posteriormente, desoclusão em grupo. Foi realizado exame eletromiográfico, dos músculos masseter e temporal anterior, antes do inicio do tratamento, com 90, 120 e 150 dias. Os exames foram realizados na posição de repouso mandibular, com o paciente sentado, com o plano de Frankfurt paralelo ao solo. Foi utilizado um sistema computadorizado K6-I Diagnostic 33 Nikon Kohden, Tokyo, Japan. 70 System34 : eletromiógrafo de superfície com eletrodos bipolares (duo-trode silver/ silver chloride) de 8 canais (K6-I/EMG), conectados a um computador. A calibração foi de 500µv, com velocidade de gravação de 1cms. A posição do eletrodo foi determinada por palpação do músculo. Os pacientes usaram o dispositivo interoclusal plano por 90 dias, com guia de canino por mais 30 dias e com função em grupo por mais 30 dias, sempre nesta ordem. No temporal anterior houve uma redução significativa da atividade muscular quando do uso do dispositivo com desoclusão em grupo, entretanto o masseter apresentou uma redução que não foi estatisticamente significativa. Diante dos resultados os autores concluíram que o uso de guia em dispositivos interoclusais seria uma alternativa eficaz para a redução da atividade elétrica do masseter e temporal anterior. McKee (2005) comparou a posição condilar obtida através da manipulação manual, com a obtida pela contração dos músculos mastigatórios após o uso de um dispositivo desprogramador anterior, com o objetivo de determinar a localização dos côndilos pela contração dos músculos da mastigação sem a influência da oclusão dental. Participaram deste estudo 11 pacientes e três dentistas. Os dentistas foram solicitados a obter três registros de relação cêntrica em cada um dos 11 pacientes. Todos os dentistas estavam familiarizados com a técnica de obtenção do registro, sendo, ainda, calibrados para a obtenção do registro de relação cêntrica. Após a obtenção de todos os registros foi confeccionado um dispositivo desprogramador anterior para cada um dos pacientes, sendo que este proporcionava a desoclusão dos dentes posteriores durante todos os movimentos mandibulares e não apresentava dentição. Após o uso por 60 minutos do uso do desprogramador foram obtidos quatro registros de relação cêntrica pela contração dos músculos da 34 Myo-tranics, Inc., Tukwila, WA, USA. 71 mastigação pelos pacientes, até o momento em que os dentes inferiores contactaram com o aparelho desprogramador. Compararam-se os registros obtidos, através do aparelho Centri-Check35. A posição condilar obtida pela manipulação reproduziu a posição condilar em relação cêntrica, em 100% dos casos. A posição condilar obtida pela contração dos músculos da mastigação após o uso do desprogramador anterior foi reproduzida em 97,7% dos testes. Os resultados foram analisados através de um teste para amostras independentes. Os resultados deste estudo piloto indicam que, sem a influência da oclusão dental, a contração dos músculos da mastigação poderia colocar o côndilo na posição de relação cêntrica. 35 Denar CentricCheck; Waterpik Technologies. 72 3 Objetivo 3.1 Objetivo Geral Avaliar, quantitativamente, a atividade dos músculos masseteres superficiais e dos feixes anteriores dos músculos temporais, bilateralmente, por meio de eletromiografia, em diferentes padrões de oclusão dentária, em relação ao dispositivo interoclusal maxilar de recobrimento completo. 3.2 Objetivos Específicos Verificar a existência de diferença na atividade eletromiográfica máxima, na média da atividade eletromiográfica e no índice de assimetria, para cada um dos músculos analisados, em relação às alterações do padrão oclusal, proporcionado pelo dispositivo interoclusal completo, durante contração isométrica voluntária máxima em movimentos excursívos laterais. 73 4 Metodologia 4.1 Autorização para condução do estudo O projeto de pesquisa que resultou na elaboração desta dissertação foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, tendo o seu projeto sido aprovado sob o número 2004/168 (anexo um). 4.2 Universo e Amostra Para a realização deste estudo, foram convidados os estudantes que cursavam, no segundo semestre do ano de 2004, o sexto período do curso de odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Os estudantes que aceitaram participar da pesquisa foram selecionados a partir de critérios de inclusão e exclusão. Os critérios de inclusão foram: disponibilidade para participar do estudo, apresentar dentição permanente completa, à exceção dos terceiros molares, e não apresentar assimetria facial marcante. Os critérios de exclusão foram: apresentar sinais e sintomas de desordens temporomandibulares (ROARK, GLAROS e O’MAHONY, 2003; CIUFFOLO et al., 2005), estar fazendo uso de qualquer medicamento ou droga, apresentar alterações sistêmicas que pudessem interferir na atividade muscular (CHANDU et al., 2004) e estar em tratamento odontológico. O diagnóstico de desordem temporomandibular (DTM) era caracterizado pela presença da tríade clássica de sinais e sintomas de DTM: dor na articulação 74 temporomandibular e nos músculos mastigatórios, movimento mandibular reduzido e sons articulares (DE BOEVER, 1973). Foram selecionados 11 alunos (oito do sexo feminino e três do sexo masculino), idade entre 21 e 24 anos (média de 23 anos e 12 meses), os quais fizeram parte da pesquisa. Durante a realização deste estudo, dois voluntários não concluíram os testes. 4.3 Consentimento Foi disponibilizado aos selecionados um texto explicativo, no qual estavam todos os passos da pesquisa e do exame de eletromiografia a que se submeteriam. Ao final da leitura, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (anexo dois). 4.4 Confecção do dispositivo interoclusal completo Para cada um dos voluntários selecionados foi confeccionado e instalado, na maxila, um dispositivo interoclusal, em resina acrílica termopolimerizável, com espessura mínima que permitisse uma oclusão estável. Para a obtenção do dispositivo interoclusal, foi realizada moldagem dos arcos maxilar e mandibular com hidrocolóide irreversível36, com o auxílio de moldeiras tipo “vernner”. Os moldes foram lavados em água corrente e imediatamente vazados com gesso tipo IV37, tendo obedecido às especificações do fabricante em relação ao proporcionamento água/pó e ao tempo de presa. Após a presa inicial do gesso tipo IV, em um 36 37 Jeltrate Tipo II, Dentsply indústria e comércio Ltda.Petropolis, Brasil. Durone IV Salmon, Dentsply indústria e comércio Ltda.Petropolis, Brasil. 75 recipiente que mantinha 100% de umidade, uma camada de gesso pedra tipo III38 foi acrescida ao primeiro vazamento, para se formar a base dos modelos. Os modelos obtidos, após serem separados de seus respectivos moldes, foram desinfetados com glutaraldeído39 a 2% por 10 minutos, analisados, recortados e montados em um articulador Dentatus40 (figura 1). O modelo superior foi montado com o auxílio do arco facial, segundo instruções de uso do manual do articulador. Para a montagem do modelo mandibular, foi realizado um registro interoclusal em cera 9, com o auxílio de um JIG, que eliminou possíveis interferências em fechamento. Os ângulos da eminência articular e de Bennett foram regulados em 15º, conforme preconizado pelo manual do articulador para procedimentos de rotina. Após a montagem dos modelos e o ajuste do articulador, os dispositivos interoclusais foram encerados sobre os modelos do arco superior, visando à obtenção de uma superfície oclusal plana, com contatos simultâneos em todos os dentes antagonistas (ROARK, GLAROS e O’MAHONY, 2003), sendo obtido um contato por cúspide de contenção nos dentes posteriores e nas incisais dos dentes anteriores. Também obteve-se uma rampa, na região do canino, que proporcionou a simulação de um padrão de oclusão lateral em canino. As etapas de inclusão, prensagem e acabamento, para a obtenção dos dispositivos, foram realizadas por um mesmo técnico em prótese dentária (TPD) que seguiu, sempre, o mesmo processo (Figura 2). Após a desinfecção do dispositivo interoclusal completo com glutaraldeído a 20%, por 10 minutos, o dispositivo foi instalado na maxila, e foram realizados ajustes, quando necessários, visando à adaptação ao arco dental. A obtenção dos contatos oclusais desejados foi alcançada com o paciente em posição de decúbito dorsal (HOLMGREN, SHEIKHOLESLAM e RIISE, 1985), com o auxílio 38 Gesso pedra Mossoró, Empresa Industrial Mossoró SA. Rio de Janeiro, Brasil. Glutaron II, Indústria Farmacêutica Rio Química. São José do Rio Preto, SP, Brasil. 40 AB DENTATUS Stockholm Sweden 39 76 do carbono Accu Film II41. Durante a realização dos testes, o dispositivo interoclusal foi modificado para proporcionar um padrão de oclusão com contatos simultâneos no lado de trabalho, na região do canino e no lado de balanceio, na região do segundo molar. Esse contato não impedia que a guia canino ocorresse no lado de trabalho (ROARK, GLAROS e O’MAHONY, 2003). Dessa forma, obtiveram-se contatos simultâneos no lado de trabalho e balanceio durante a contração máxima isométrica voluntária em posição lateral da mandíbula, em ambos os lados. Em alguns indivíduos, além do acréscimo de resina no lado de balanceio, houve necessidade de redução da rampa que proporcionava a guia de canino, no lado de trabalho, de modo que esses contatos ocorreram simultaneamente, sem que um sobrepusesse o outro, durante contração máxima isométrica voluntária, em posição lateral da mandíbula. Figura 1 Modelos montados articulador Dentatus. 41 Accu Film IIR, Farmingdale, NY, USA. Figura 2 Dispositivo interoclusal Total. 77 4.5 Análise Eletromiográfica Para a obtenção do sinal eletromiográfico, foram utilizados eletrodos de superfície bipolares (MACALUSO e De LAAT, 1995) (Dura-StickTM 42) de Ag ⁄ AgCl, com diâmetro de 12mm (Figura 3). Estes foram colocados por um mesmo operador e não foram removidos durante o experimento, para minimizar erros nas gravações (CIUFFOLO et al, 2005). Os dois eletrodos ativos foram posicionados paralelos e na direção das fibras musculares (BURNETT et al. 2000; FERRARIO et al, 2000; OKANO et al, 2002), sendo respeitada uma distância de 10 mm entre os eletrodos (MATSON, 1976; HOLMGREN, SHEIKHOLESLAM e RIISE, 1985; McCARROL et al, 1989; BUZINELLI e BERZIN, 2001). O local de fixação foi determinado por palpação (MATSON, 1976; McCARROL et al, 1989; FERRARIO et al, 1993; BABA et al. 2000; BUZINELLI e BERZIN, 2001; LANDULPHO et al, 2004), sendo escolhida a região da protuberância muscular (WILLIAMSON e LUNDQUIST, 1983; ALQURAN e LYONS (1999); GRUBWIESER et al., 1999; FERRARIO et al., 2000; CASTROFLORIO et al., 2004). O terceiro eletrodo, eletrodo terra, foi posicionado no lóbulo da orelha (FERRARIO et al., 2000; OKANO et al., 2002), a fim de se evitar qualquer interferência muscular (Figura 4). Antes da colocação dos eletrodos, a pele foi limpa, para diminuir a impedância (CRAM e ROMMEN, 1989; BABA et al., 2000; FERRARIO et al., 2000), por fricção de um chumaço de algodão embebido com álcool 700, por quatro a seis movimentos (MACALUSO e De LAAT, 1995; BABA et al., 2000; OKANO et al., 2002; CHANDU et a.l, 2004; CIUFFOLO et al., 2005) sem que, no entanto, causasse vermelhidão. A colocação dos eletrodos ocorreu imediatamente após a limpeza da pele, quando esta estava livre do álcool. O 42 Chattanooga Group, USA 78 eletrodo era umedecido com um gel condutor (ALQURAN e LYONS, 1999; FERRARIO et al., 2000; BUZINELLI e BERZIN, 2001; OKANO et al., 2002) (Gel in Shape43) (Figura 5) e fixado à pele por meio de uma fita auto-adesiva, que o acompanhava (CRAM e ROMMEN, 1989; MACALUSO e DE LAAT, 1995; RILO et al., 1997; BABA et al., 2000; BUZINELLI e BERZIN, 2001). A presença de cabelos, pelos ou qualquer outro tipo de interferência era sempre evitada (RILO et al., 1997). Durante as sessões de registro, procurou-se manter sempre um ambiente tranqüilo, silencioso e somente com iluminação natural, objetivando assim um ambiente propício ao relaxamento dos indivíduos (RILO et al., 1997; CASTROFLORIO et al., 2004). Esses permaneceram assentados, confortavelmente, em uma cadeira odontológica (BABA, MIZUTANI e ENOSAWA, 1996; BABA et al., 2000), sem o apoio de cabeça (FERRARIO et al., 2000; CASTROFLORIO et al., 2004), com o plano de Frankfurt paralelo ao solo e com os braços e as pernas apoiados e descruzados (RILO et al., 1997; BURNETT et al., 2000; OKANO et al., 2002; CHANDU et al., 2004; LANDULPHO et al., 2004). Todos os exames eletromiográficos foram realizados no período da manhã, para se evitar as possíveis interferências do stress diário (CECERE, RUF e PANCHERZ, 1996), eram, ainda, os pacientes previamente instruídos a não fazerem uso de medicamentos ou drogas relaxantes musculares no dia dos testes (HOLMGREN, SHEIKHOLESLAM e RIISE, 1985, BURNETT et al., 2000). 43 Suprimed Indústria e comércio LTDA. Brasil 79 Figura 3 Eletrodos de superfície Figura 4 Eletrodos posicionados. Figura 5 Gel in Shape. . Bipolares. 4.5.1 Protocolo Experimental Antes da coleta dos dados realizou-se um estudo piloto com alguns voluntários, o qual serviu para padronização do exame eletromiográfico, em relação à técnica e materiais utilizados. Os resultados obtidos nesses testes não foram considerados nesta pesquisa. Foram realizados seis registros eletromiográficos dos músculos masseteres superficiais e do feixe anterior dos temporais, bilateralmente. Para a obtenção dos registros, os voluntários foram solicitados, verbalmente, a realizar apertamento dental máximo voluntário durante 10s (SHUPE et al., 1984; DAHLSTROM e HARALDSON 1989; CHANDU et al., 2004). Ao longo de todo o tempo, o operador incentivava a manutenção da tarefa (CIUFFOLO et al., 2005). Os registros foram realizados nos seguintes momentos: - O primeiro registro foi realizado com o paciente em apertamento máximo voluntário, em MIH. Este registro foi considerado como 100% da atividade muscular (WOOD, 1997), para efeito de comparação com os demais registros obtidos. 80 - O segundo e terceiro registros foram obtidos com o dispositivo interoclusal simulando um padrão oclusal lateral em canino. O registro foi aceito no momento em que os pacientes estavam realizando CMV, na posição de topo a topo de canino no lado direito e esquerdo, nesta seqüência. - O quarto e quinto registros foram obtidos com o dispositivo interoclusal simulando a oclusão balanceada bilateral, com o voluntário realizando contração máxima voluntária (CMV), no final da excursão de lateralidade, no lado direito e esquerdo, nesta seqüência. - O sexto registro foi obtido ao final, com o paciente realizando apertamento máximo voluntário (apertamento em MIH sem o dispositivo interoclusal), para comparação com o registro inicial, objetivando a verificação da possibilidade de interferência dos resultados, pelo fenômeno da fadiga. 4.6 Processamento do sinal eletromiográfico O sinal eletromiográfico captado pelos eletrodos foi processado pelo eletromiógrafo portátil de dois canais EMG Retrainer44 (Figura 6), sendo por este amplificado, filtrado e retificado. Por meio de um leitor de infravermelho, o sinal foi integrado a um computador portátil45 (Figura 6), pelo programa de computador EMG Retrainer IR 44 46 . Os dados obtidos foram gravados em sessões de arquivo e Chatanooga Group, Inc. U.S.A Satellite A70, Toshiba América, Inc. U.S.A 46 Chatanooga Group, Inc. U.S.A 45 81 permaneceram disponibilizados em formato gráfico (Figura 7), para posteriores consultas. Figura 6 EMG Retrainer IR Figura 7 Eletromiograma 4.7 Análise Estatística 4.7.1 Caracterização das Variáveis A análise estatística foi realizada comparando-se os dados brutos, obtidos a partir das contrações isométricas máximas voluntárias dos músculos masseteres superficiais e temporais anteriores, bilateralmente, pelo programa de computador BioEstat 3.047. Os dados foram fornecidos pelo aparelho EMG Retrainer IR, sendo analisados a atividade eletromiográfica máxima, a média da atividade e o índice de assimetria. Para a obtenção do índice de assimetria (IA), utilizou-se a fórmula matemática, proposta por Naije et al., (1989): {(EMG direita – EMG esquerda ⁄ EMG direita + EMG esquerda) x 100}. 47 BioEstat versão 3.0, Sociedade Civil Mamirauá ⁄ MCT. CNPq, Pará-Brasil 82 Devido à característica cardinal dos dados obtidos e para a determinação da distribuição dos dados, da amplitude do sinal eletromiográfico e do índice de assimetria, utilizou-se o teste D’Agostino e o teste Kolmogorov-Sminorv (Lilliefors), respectivamente, através dos quais se determinou a normalidade de distribuição dos resultados. 4.7.2 Testes Estatísticos Para a análise dos resultados, estabeleceu-se uma comparação entre as tarefas, na qual a tarefa de contração isométrica máxima voluntária em máxima intercuspidação habitual (tarefa I) era considerada como 100% de atividade, para efeito de comparação com as demais tarefas. Sendo assim, a tarefa I foi comparada às tarefas: CMV em posição lateral direita, com o DI simulando um padrão de oclusão em canino (tarefa II), CMV em posição lateral esquerda com o DI simulando um padrão de oclusão em canino (tarefa III), CMV em posição lateral direita com o DI simulando um padrão de oclusão balanceada bilateral (tarefa IV), CMV em posição lateral esquerda com o DI simulando um padrão de oclusão balanceada bilateral (tarefa V), CMV em MIH (final) (tarefa VI). Em seqüência, as tarefas II e IV; III e V foram também comparadas entre si. Por serem comparados os registros de uma mesma amostra, em tempos diferentes, foi selecionado um teste para dados pareados. Devido ao número da amostra avaliada e à característica de distribuição dos resultados, foi utilizado o teste t’ de student, para a análise da amplitude do sinal eletromiográfico e para o índice de assimetria. 83 Baseando-se apenas no sentido da diferença dos escores antes e depois das tarefas realizadas, registrados sob a forma de sinais (+) e (-), a aplicação do teste não paramétrico para o índice de assimetria, teste dos sinais, possibilitou a definição da diferença dos escores antes e depois do procedimento investigatório. Para os testes estatísticos deste estudo adotou-se um nível de significância de 5% (alfa = 0,05). 84 5 Resultados Neste capítulo, visando à melhor compreensão do leitor, optou-se por apresentar, inicialmente, a descrição dos resultados e, posteriormente, a análise estatística. 5.1 Descrição dos Resultados Apresentar-se-ão, a seguir, os dados qualitativos de maneira comparativa, ordenando-os por tarefas, para possibilitar uma visão comparativa dos dados obtidos. Os resultados serão apresentados por músculos avaliados e por indivíduos e será considerada a atividade eletromiográfica máxima e a média da atividade. Serão apresentados, também, os dados quantitativos, em forma de tabelas, que possibilitarão, assim, uma melhor visualização dos resultados. Os participantes da pesquisa foram numerados ordinariamente de 1 a 9, segundo a seqüência de realização dos testes, e assim foram diferenciados na apresentação dos resultados. Além disso, as tarefas foram identificadas por algarismo romano, para facilitar a visualização das tabelas. Para melhor visualização, os dados quantitativos e o IA serão apresentados em forma de tabelas. Para a confecção das tabelas, os dados foram agrupados conforme o músculo envolvido e o nível de atividade avaliada. As linhas contêm os dados dos pacientes e as colunas as tarefas realizadas. A 1º. coluna indica o indivíduo, e as demais, as tarefas realizadas, sempre seguindo uma seqüência prédeterminada, a saber: a 2º coluna expressa os dados obtidos durante CMV em MIH, no início dos testes; a 3º, em posição direita de topo a topo de canino com o 85 Dispositivo Interoclusal (DI); a 4º, em topo a topo no lado esquerdo em canino com o DI; a 5º, em posição lateral direita com o DI proporcionando um padrão de oclusão balanceada bilateral; a 6º em posição esquerda com o mesmo padrão e a 7º contém os dados obtidos a partir da CMV em MIH no final dos testes. As cinco últimas linhas contêm a estatística descritiva, que expressa o valor mínimo, o máximo, a média, o desvio padrão e o coeficiente de variação. O índice de assimetria possibilitou, em relação à tarefa I e ao músculo temporal anterior, a visualização da predominância do lado direito, em atividade máxima, nos indivíduos 1, 3, 4, 5, 7, 9 (Tabela 1). Tabela 1 Índice de assimetria do músculo Temporal anterior em atividade eletromiográfica máxima. I II III IV V 1 +7.05% +70.74% +19.17% +39.61% +1.82% 2 -28.79% -0% -96.84% -13.58% -61.95% 3 +16.83% +42.37% +62.36% +1.24% +0.79% 4 +1.73% -30.06% -5.03% +5.29% -37.19% 5 +10.47% +15.92% +8.18% -5.17% +12.43% 6 -16.76% -9.69% -19.89% -27.5% +3.78% 7 +0.29% +58.12% -27.41% +54.63% -23.61% 8 -5.22% +31.13% -79.47% +17.05% -96.93% 9 +7.05% +91.16% -59.56% +67.53% -1.19% Mínimo 0.2900 0.0000 5.0300 1.2400 0.7900 Máximo 28.7900 91.1600 96.8400 67.5300 96.9300 Média 6.0628 35.0781 28.4709 14.6745 9.0904 Desvio 8.9904 29.9151 33.2938 23.5623 33.4747 Padrão Coeficiente de 85.90% 77.10% 79.29% 91.56% 125.69% Variação VI +2.35% -21.57% +3.51% +2.61% +0.12% +15.61% +4.97% -2.02% +3.76% 0.1200 21.5700 3.1755 7.2593 115.59% NOTA: O sinal positivo indica a predominância do lado direito, enquanto o sinal negativo indica a predominância do lado esquerdo. 86 Em relação à média da atividade eletromiográfica, houve predominância do lado direito nos indivíduos 1, 3, 4, 5, 9 (Tabela 2). Tabela 2 Índice de assimetria do músculo Temporal anterior em atividade eletromiográfica média. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação I +19.77% -31.68% +25.28% +8.15% +22.51% -10.1% -9.91% -15.52% +5.31% 5.3100 31.6800 14.2323 II III IV +68.05% +12.86% +56.82% -1.66% -95.75% -10.42% +48.93% +63.03% +3.32% -26.59% -13.08% -2.24% +18.76% -6.66% -8.06% -13.31% -27.5% -43.96% +31.54% -35.52% +56.72% -25.62% -80.99% +6.15% +91.15% -66.93% +74.43% 1.6600 6.6600 2.2400 91.1500 95.7500 74.4300 24.0611 32.0616 15.0873 V -12.28% -54.15% -8.23% -35.98% +0.82% +3.41% -32.21% -97.76% -3.37% 0.8200 97.7600 12.1669 VI +2.84% -27.88% +3.26% -1.39% +0.52% +9.25% -5.45% -11.97% +4.33% 0.5200 27.8800 4.2854 8.9065 28.3793 32.7757 28.5291 32.0510 8.5025 54.08% 78.44% 73.32% 97.96% 116.22% 114.40% NOTA: O sinal positivo indica a predominância do lado direito, enquanto o sinal negativo indica a predominância do lado esquerdo. O músculo masseter apresentou uma predominância do lado direito em todos os indivíduos a exceção do individuo 8, em atividade máxima (Tabela 3). 87 Tabela 3 Índice de assimetria do músculo Masseter superficial em atividade eletromiográfica máxima. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação I +10.68% +11.34% +44.16% +28.66% +1.44% +50.7% +23.63% -18.62% +3.64% 1.4400 50.7000 13.7806 II -43.39% -62.11% -20.39% +20.37% +49.46% +31.18% +21.64% +60.08% +10.88% 10.8800 62.1100 30.7272 III IV V +9.55% -45.47 +77.59% +59.90% -39.06% +35.5% +52.08% +28.55% +45.60% +25.84% +8.98% +18.49% +71.85% -16.39% +81.57% +33.89% -50.20% +49.09% +55.55% +7.73% +47.59% +36.83% +45.26% +9.86% -5.61% +16.62% -1.27% 5.6100 7.7300 1.2700 71.8500 50.2000 81.5700 30.2981 23.4912 26.0592 VI +39.4% +1.31% +42.13% +5.24% +8.65% +32.8% +20.6% +20.76% +1.50% 1.3100 42.1300 10.8442 17.2186 18.8532 22.7682 16.7748 27.8371 16.0573 80.35% 53.11% 58.36% 58.46% 68.35% 83.83% NOTA: O sinal positivo indica a predominância do lado direito, enquanto o sinal negativo indica a predominância do lado esquerdo. Quando analisada a atividade média, observou-se um predomínio do lado direito nos indivíduos 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9 (Tabela 4). 88 Tabela 4 Índice de assimetria do músculo Masseter superficial em atividade eletromiográfica média. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação I - 6.26% +8.30% +41.17% +33.33% +1.20% +31.57% +17.22% -25.47% +0.04% 0.0400 41.1700 7.1261 II -45.79% -66.10% +10.34% +14.23% +57.45% +27.88% +4.85% +58.62% +10.40% 4.8500 66.1000 23.4069 III IV V +6.81% -62.44% +82.84% +62.03% -46.49% +40.12% +44.97% +28.32% +42.80% +32.46% -16.05% +24.59% +73.88% - 0.23% +84.83% +37.30% -57.96% +39.40% +53.21% +5.91% +38.53% +39.30% +53.10% +6.92% - 7.16% +11.93% 0.00% 6.8100 0.2300 0.0000 73.8800 62.4400 84.8300 30.8678 15.9244 36.4518 VI +33.04% +3.51% +43.03% +19.47% +12.33% +20.22% +13.24% +27.50% +1.45% 1.4500 43.0300 13.2733 15.2003 24.2600 22.5725 24.0130 29.1271 13.5705 83.13% 73.85% 56.89% 76.52% 72.81% 70.28% NOTA: O sinal positivo indica a predominância do lado direito, enquanto o sinal negativo indica a predominância do lado esquerdo. As tarefas II e III alteraram a atividade eletromiográfica máxima do músculo temporal anterior, levando a uma redução bilateral em todos os indivíduos, à exceção do indivíduo 3 que apresentou um aumento no lado direito, quando em posição de lateralidade direita e esquerda (Tabela 5). 89 Tabela 5 Atividade eletromiográfica máxima do músculo temporal anterior I II III IV V VI 1 esquerdo 777 92 293 285 725 833 2 esquerdo 756 90 312 535 681 755 3esquerdo 242 204 175 756 753 783 4 esquerdo 767 199 198 295 616 614 5 esquerdo 624 285 423 656 398 798 6 esquerdo 350 266 226 445 318 554 7 esquerdo 507 67 323 132 403 478 8 esquerdo 775 94 647 180 643 781 9 esquerdo 777 8 371 84 423 767 1 direito 895 537 432 659 752 863 2 direito 418 90 5 407 160 487 3 direito 340 504 755 775 765 840 4 direito 787 107 179 328 282 647 5 direito 770 393 359 562 511 800 6 direito 491 219 151 253 343 759 7 direito 510 253 184 450 249 528 8 direito 698 179 74 254 10 750 9 direito 895 173 94 452 413 827 Mínimo 242.0000 8.0000 5.0000 84.0000 10.0000 478.0000 Máximo Media 895.0000 595.1146 537.0000 153.5681 755.0000 206.7272 775.0000 359.2264 765.0000 374.1284 863.0000 702.5477 202.1939 147.1397 192.4106 208.4810 219.7111 127.9756 31,98% 70,44% 66,59% 49,98% 46,49% 17,91% Desvio Padrão Coeficiente de Variação NOTA: Valores expressos em µv. Ao avaliar-se o IA, este aumentou em todos os indivíduos exceto nos indivíduos 2 e 6, quando em lateralidade direita e no indivíduo 5, na posição de lateralidade esquerda, no qual se observou uma redução do IA (Tabela 1). A atividade média apresentou uma redução em todos os casos, menos no indivíduo 3 que teve um aumento no lado direito (Tabela 6). 90 Tabela 6 Atividade eletromiográfica média do músculo temporal anterior. I II III IV V VI 1 esquerdo 503 73 166 128 626 751 2 esquerdo 453 61 230 392 538 665 3esquerdo 130 108 123 567 552 680 4 esquerdo 580 119 121 168 342 472 5 esquerdo 487 210 320 529 299 756 6 esquerdo 327 183 153 352 198 441 7 esquerdo 377 51 227 82 277 348 8 esquerdo 692 74 438 122 442 706 9 esquerdo 704 5 308 49 319 706 1 direito 751 384 215 465 489 795 2 direito 235 59 5 318 160 375 3 direito 218 315 525 606 468 726 4 direito 683 69 93 160 161 459 5 direito 770 307 280 450 304 764 6 direito 267 140 87 137 212 531 7 direito 309 98 108 297 142 312 8 direito 506 125 46 138 5 555 9 direito 783 108 61 333 296 770 Mínimo 130.0000 5.0000 5.0000 49.0000 5.0000 312.0000 Máximo Média 783.0000 436.6047 384.0000 100.8380 525.0000 138.0147 606.0000 236.2666 626.0000 247.0337 795.0000 576.7174 210.9428 103.4856 138.3463 178.3379 166.6285 163.6582 43.27% 74.84% 71.03% 60.65% 51.45% 27.25% Desvio Padrão Coeficiente de Variação NOTA: Valores expressos em µv. O IA aumentou em todos os indivíduos e em todas as situações avaliadas, a não ser no indivíduo 2, em posição lateral direita, e nos indivíduos 1 e 5, em posição lateral esquerda (Tabela 2). O músculo masseter superficial sofreu uma redução na atividade eletromiográfica máxima em todos os indivíduos, com exceção dos indivíduos 3, 8 e 9. O indivíduo 3 teve um aumento no masseter superficial esquerdo 91 em posição lateral direita e esquerda, o indivíduo 8 apresentou um aumento no lado direito em ambas as posições laterais, e o 9 teve um aumento no masseter superficial direito na posição lateral direita (Tabela 7). Tabela 7 Atividade eletromiográfica máxima do músculo masseter superficial. 1 esquerdo 2 esquerdo 3esquerdo 4 esquerdo 5 esquerdo 6 esquerdo 7 esquerdo 8 esquerdo 9 esquerdo 1 direito 2 direito 3 direito 4 direito 5 direito 6 direito 7 direito 8 direito 9 direito Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação I II III IV V VI 489 582 134 423 786 122 412 812 832 606 731 346 763 809 373 667 557 895 122.0000 895.0000 507.8662 304 261 183 297 142 96 76 190 393 120 61 121 449 420 183 118 762 489 61.0000 762.0000 206.0532 123 83 161 198 57 117 68 349 442 149 331 511 336 348 237 238 756 395 57.0000 756.0000 216.9116 539 639 299 532 529 187 328 292 479 202 280 538 637 380 62 383 775 670 62.0000 775.0000 376.0174 68 248 266 346 55 183 189 338 675 539 521 712 503 542 536 536 412 658 55.0000 712.0000 335.2372 389 751 230 731 691 295 341 536 820 895 771 565 812 822 583 518 817 845 230.0000 895.0000 592.6750 235.5582 184.2103 181.4618 192.4416 204.2471 209.6642 41.01% 71.08% 66.67% 44.69% 50.18% 33.07% NOTA: Valores expressos em µv. O IA aumentou nos indivíduos 1, 2, 5, 8 e 9, em posição lateral direita, e em 2, 3, 5, 7, 8, e 9, em posição lateral esquerda. Observou-se, ainda, uma redução nas demais situações (Tabela 3). 92 A atividade eletromiográfica média, e relação às tarefas II e III, apresentou uma redução em todos os indivíduos em lateralidade direita e esquerda, à exceção do indivíduo 8, que apresentou um aumento no masseter superficial direito, em ambas as posições de lateralidades e do indivíduo 3, que teve um aumento em ambos os lados, em posição lateral esquerda (Tabela 8). Tabela 8 Atividade eletromiográfica média do músculo masseter superficial. 1 esquerdo 2 esquerdo 3esquerdo 4 esquerdo 5 esquerdo 6 esquerdo 7 esquerdo 8 esquerdo 9 esquerdo 1 direito 2 direito 3 direito 4 direito 5 direito 6 direito 7 direito 8 direito 9 direito Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação I II III IV V VI 407 414 100 377 741 91 346 756 748 359 489 240 674 759 175 490 449 755 91.0000 759.0000 394.0659 234 196 96 232 87 75 49 132 323 87 40 78 309 322 133 54 506 398 41.0000 506.0000 141.8976 81 56 115 104 35 79 51 278 344 95 239 303 204 233 173 167 638 298 35.0000 638.0000 149.0242 385 460 210 409 365 124 191 208 402 89 168 376 382 228 33 215 679 511 33.0000 679.0000 248.7052 38 185 173 210 26 153 130 263 495 405 433 432 347 317 352 293 302 495 26.0000 495.0000 225.1423 37 673 184 492 590 211 239 431 747 610 722 462 730 756 140 312 758 769 37.0000 769.0000 397.6268 230.5431 18775.2059 21712.6438 27352.5261 20802.9706 61989.4281 49.58% 73.60% 75.93% 54.77% 51.42% 50.57% NOTA: Valores expressos em µv. 93 O IA foi maior, em posição lateral direita, nos indivíduos 1, 2, 5, 8 e 9, e na posição lateral esquerda nos indivíduos 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8 e 9 (Tabela 4). A atividade eletromiográfica máxima do músculo temporal anterior apresentou, nas tarefas IV e V, uma redução em todos os indivíduos, exceto nos indivíduo 3, 5 e 6. O primeiro apresentou um aumento, em posição lateral direita e esquerda, bilateralmente, e os outros dois, no lado esquerdo, em posição lateral direita acompanhada de uma redução do lado direito (Tabela 5). O IA apresentou um aumento nos indivíduos 1, 4, 6, 7, 8 e 9, em posição lateral direita e nos indivíduos 2, 4, 5, 7 e 8, em posição lateral esquerda (Tabela 1). Ao analisar a atividade média, notou-se uma redução da atividade nos indivíduos 1, 4, 7, 8 e 9 bilateralmente, um aumento bilateral no indivíduo 3, um aumento no lado esquerdo nos indivíduos 5 e 6, acompanhado da redução no lado direito e de uma redução do lado esquerdo, com aumento do lado direito no indivíduo 2, em posição direita (Tabela 6). O IA foi menor nos indivíduos 2, 3, 4, 5 e 8 e maior nos demais. Em CMV no lado esquerdo, a atividade foi maior, em ambos os lados do músculo temporal anterior, no individuo 3 e menor em 4, 5, 6, 7, 8 e 9, foi maior no lado esquerdo em 1 e 2. O IA foi menor em 1, 3, 5, 6 e 9, sendo maior nos demais (Tabela 2). Em relação à atividade máxima do músculo masseter superficial, foi observado, nas tarefas IV e V, uma redução em todos os indivíduos, menos nos indivíduos 1, 2, 3, 4, e 8. Os indivíduos 1, 2 e 8 tiveram um aumento da amplitude máxima eletromiográfica em CMV na posição lateral direita, no lado esquerdo da face. O indivíduo 3, bilateralmente, e durante ambas as tarefas; o indivíduo 6 no lado esquerdo em ambas as tarefas e o indivíduo 8 em CMV direita, no lado direito (Tabela 7). O IA apresentou um aumento nos indivíduos 1, 2, 5, 8 e 9, em posição lateral direita e nos indivíduos 1, 2, 3, 5 e 7, em posição lateral esquerda (Tabela 3). Ao analisar a atividade média, notou-se uma 94 redução da atividade eletromiográfica nos indivíduos 5, 7 e 9, em ambas as tarefas e bilateralmente (Tabela 8). Entretanto, houve um aumento do IA, bilateralmente, em ambas as tarefas no indivíduo 3; um aumento no lado esquerdo nos indivíduos 2 e 4, durante a realização da tarefa V; no individuo 8 no lado direito na tarefa V e dos indivíduos 1 e 6 no lado direito na tarefa VI. O IA do músculo masseter superficial foi menor nos indivíduos 3, 4, 5 e 7 e maior nos demais, na tarefa IV. Na tarefa V, observou-se uma redução do IA nos indivíduos 4, 8 e 9 (Tabela 4). Ao se avaliarem os resultados da tarefa VI, foi possível observar um aumento na atividade eletromiográfica máxima do músculo temporal anterior, bilateralmente, nos indivíduos 3, 5, 6 e 8, uma redução em 4 e 9, um aumento no lado direito em 2 e 7; e um aumento no lado esquerdo em 1 (Tabela 5). O IA foi maior nos indivíduos 4 e 7, e foi menor nos demais (Tabela 1). O músculo masseter superficial apresentou redução da atividade eletromiográfica máxima nos indivíduos 1, 4, 7, 8 e 9, no lado esquerdo e, no indivíduo 7, no lado direito (Tabela 7). O IA apresentou uma redução nos indivíduos 2, 3, 4, 6, 7 e 9 (Tabela 3). Em relação à atividade média, esta foi maior, em ambos os lados do músculo em 2, 3 e 4, maior no lado esquerdo em 6 e maior no lado direito em 1, 8 e 9 (Tabela 8). Foi observado, em atividade média, durante CMV em MIH final, uma redução do IA nos indivíduos 2, 4, 6 e 7(Tabela 4). 5.2 Análise estatística O teste t’ de student demonstrou que a amplitude do sinal eletromiográfico do músculo temporal anterior, durante contração isométrica máxima, apresentou diferença, quando comparada à tarefa I, nas tarefas II, III, IV e V. Ao se compararem 95 as tarefas II com IV e III com V, foi observada, também, diferença estatística (tabela 9). Tabela 9 Teste t’ de student para a atividade EMG dos músculos temporais anteriores e masseteres superficiais. T-máx. T-méd. M-máx. M-méd. I x II p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 I x III p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 I x IV p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 IxV p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 I x VI ns p < 0,05 ns ns II x IV p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 III x V p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 NOTA: T significa temporal anterior, M (masseter superficial), máx. (CMV), méd. (média da amplitude do sinal eletromiográfico), ns (não significativo) e p < 0,05 indica diferença estatística. Foi possível a visualização da diminuição da amplitude do sinal eletromiográfico nas tarefas II, III, IV e V, em relação à tarefa I, assim como da tarefa II em relação à IV e da III em relação à V (Tabela 5). Durante contração isométrica máxima voluntária do músculo temporal anterior, a média da amplitude do sinal eletromiográfico apresentou diferença nas tarefas II, III, IV, V, VI quando comparadas à tarefa I, e ainda diferença da tarefa II em relação à IV e da III em relação à V (tabela 9). O (t) indicou uma diminuição da amplitude do sinal eletromiográfico das tarefas II, III, IV, e V em relação à tarefa I, da 96 tarefa II em relação à IV e da III em relação à V, enquanto a tarefa VI apresentou um aumento quando comparada à tarefa I (Tabela 6). O músculo masseter superficial apresentou durante contração isométrica máxima, diferença estatística entre as tarefas II, III, IV, V, quando comparadas à tarefa I; da tarefa II em relação à IV e da III em relação à V (tabela 9). O (t) indicou uma diminuição da amplitude do sinal eletromiográfico das tarefas II, III, IV e V em relação à tarefa I, da tarefa II quando comparada à IV e da III em relação à V (Tabela 7). Quando avaliada a média da amplitude do sinal eletromiográfico durante contração isométrica máxima, o músculo masseter superficial apresentou diferença estatística das tarefas II, III, IV e V em relação à tarefa I; e das tarefas II e III quando comparadas às tarefas IV e V, respectivamente (tabela 9). A partir da análise do (t), foi possível observar uma diminuição nas tarefas II, III, IV e V em relação à I; da tarefa II quando comparada à IV e da tarefa III em relação à V (Tabela 8). Ao se aplicar o teste t’, no índice de assimetria do músculo temporal anterior, durante contração isométrica máxima, este demonstrou diferença nas tarefas II e III quando comparadas à tarefa I,sendo que se observou um aumento do índice, o que foi demonstrado pelo (t) (Tabela 1). Durante a média da amplitude do sinal eletromiográfico, durante contração isométrica máxima, foi possível observar uma redução do IA, na tarefa VI, e um aumento, na tarefa II, em relação à tarefa I, a partir da observação do (t) (Tabela 2), o que foi estatisticamente diferente (tabela 10). 97 Tabela 10 Teste t’ de student para o IA dos músculos temporais anteriores e masseteres superficial. T-máx. T-méd. M-máx. M-méd. I x II p < 0,05 ns ns ns I x III p < 0,05 p < 0,05 ns p < 0,05 I x IV ns ns ns ns IxV ns ns ns ns I x VI ns p < 0,05 ns ns II x IV ns ns ns ns III x V ns ns ns ns NOTA: T significa temporal anterior, M (masseter superficial), máx. (CMV), méd. (média da amplitude do sinal eletromiográfico em contração isométrica máxima), ns (não significante) e p < 0,05 indica diferença estatística. O IA não apresentou diferença estatística no músculo masseter superficial, durante a máxima amplitude do sinal eletromiográfico (Tabela 10). Entretanto durante a média foi possível notar um aumento na tarefa II e uma redução da tarefa VI, em relação à tarefa I, a partir da análise do (t) (Tabela 4), o que foi estatisticamente significativo (Tabela 10). O teste dos sinais indicou diferença entre todas as tarefas em relação a todos os músculos analisados, como pode ser observado pela analise da tabela 11. 98 Tabela 11 Teste dos sinais para o IA dos músculos temporais anteriores e masseteres superficiais. T-máx. T-méd. M-máx. M-méd. I x II p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 I x III p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 I x IV p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 IxV p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 I x VI p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 II x IV p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 III x V p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 NOTA: T significa temporal anterior, M (masseter superficial), máx. (CMV), méd. (média da CMV) e p < 0,05 indica diferença estatística. A observação do número de sinais negativos em relação ao de sinais positivos, fornecidos pelo teste dos sinais, possibilitou observar que em relação aos músculos temporais anteriores, na atividade de contração isométrica máxima, o IA da amplitude eletromiográfica máxima apresentou um aumento em maior número de indivíduos na tarefa II (contração isométrica máxima voluntária em posição lateral direita em canino), na tarefa III (contração isométrica máxima voluntária em posição lateral esquerda em canino), na tarefa IV (contração isométrica máxima voluntária em posição lateral direita em oclusão balanceada bilateral) e na tarefa V (contração isométrica máxima voluntária em posição lateral esquerda, em oclusão balanceada bilateral), em relação à tarefa I; um menor IA na tarefa VI (contração isométrica 99 máxima voluntária ) em relação à tarefa I e nas tarefas IV e V, quando comparadas às tarefas II e III, respectivamente. Em relação à média da amplitude, encontrou-se um aumento nas tarefas II, III, IV, V, VI, em relação à tarefa I, uma redução na tarefa V em relação à tarefa III e um aumento da tarefa IV quando comparada à tarefa II. Do mesmo modo, em relação ao músculo masseter superficial, ocorreu um aumento em maior número de indivíduos do IA, durante contração isométrica máxima nas tarefas II, III, IV e V, quando comparadas à tarefa I; uma redução na tarefa VI, em relação à tarefa I, e das tarefas IV e V, em relação às tarefas II e III, respectivamente. Ao se analisar a média da amplitude do sinal eletromiográfico em contração isométrica máxima, foi possível observar a redução do IA da tarefa V, em relação à III, entretanto ocorreu um aumento nas demais situações. 100 6 Discussão Foi importante o desenvolvimento desta pesquisa em vários aspectos e, sem dúvida, uma série de considerações pré-existentes foi reformulada não só durante seu desenvolvimento, como também, ao seu final. Como exemplo disso, o autor julga relevante expor que até em relação ao título viveu-se tal situação. Assim, optou-se pela escolha da expressão “....em diferentes padrões de oclusão dentária’’, em vez de ‘‘.. em diferentes padrões de desoclusão dentária’’, por entender que é por meio destes parâmetros que se gera um arco reflexo de fechamento da mandíbula, durante os movimentos funcionais, descritos graficamente e de forma tradicional como gráfico das trajetórias mandibulares funcionais possíveis de serem obtidas no plano frontal. Se a opção fosse pelo termo desoclusão, estaria implícito que seria um movimento da direção cêntrica para excêntrica, o que é muito mais relacionado a um hábito parafuncional, enquanto o termo oclusão refere-se a um movimento no sentido contrário, ou seja, de excêntrico para cêntrico, determinado por um arco reflexo adquirido. Há de se considerar, ainda, que as tarefas foram realizadas em contração isométrica máxima voluntária, e os indivíduos foram orientados para que ocluíssem o arco antagonista na posição pré-determinada, em condição estática. A desordem temporomandibular apresenta uma etiologia multifatorial (CHANDU et al., 2004), sendo freqüente, na população, a incidência de sintomas relacionados a ela (DE BOEVER, 1973). Entretanto, nota-se grande preocupação, na literatura, em encontrar provas científicas sobre qual seria o fator primário na etiologia desses distúrbios. Ressalta-se que, após o estudo da literatura, discorda-se 101 dos autores que buscam tal identificação, uma vez que se acredita que existam fatores primários e não, somente, um fator primário. Sendo assim, corroboram-se as afirmações de De Boever (1973), o qual mencionou que, entre os fatores primários, encontram-se distúrbios: musculares, neuromusculares, psicofisiológico, o deslocamento mecânico e a condição psicológica. A partir dos estudos experimentais de Moyers (1949), a eletromiografia foi introduzida na análise dos padrões de contração dos músculos da mastigação. A comunidade científica vem utilizando, ao longo das últimas décadas, o método de avaliação eletromiográfica (RILO et al., 1997; RILO et al., 1998) para analisar a relação entre a desarmonia oclusal, o espasmo muscular e a disfunção temporomandibular (DE BOEVER, 1973); para analisar a atividade global do músculo (MACALUSO e De LAAT, 1995; CHANDU et al., 2004), com a finalidade de validar diferentes procedimentos odontológicos (RILO et al. ,1997; RILO et al., 1998); para avaliar a influência da condição oclusal na função estomatognática (FERRARIO et al., 2000), como também no diagnóstico de doenças neuromusculares e traumatismo e no estudo do movimento mandibular (NAKASHIMA, 2003). A redução da assimetria muscular, em nível fisiológico, poderia ser alcançada pela terapia com dispositivos interoclusais (McCARROL et al., 1989b; BABA et al., 2000), devido a interrupção da informação proprioceptiva dos mecanoreceptores, localizados nos ligamentos periodontais, permitindo, assim, aos músculos retornar a uma atividade balanceada e conseqüentemente otimizar a posição da mandíbula (LANDULPHO et al., 2004). Além da simetria, a redução da atividade muscular seria um dos benefícios desejados na condução da terapia do bruxismo, pelos dispositivos interoclusais completos. Método este que vem sendo muito utilizado quando o bruxismo está associado a sintomas craniomandibulares (RUGH et al., 102 1989). Por outro lado, o esquema oclusal seria um dos responsáveis por essa propriedade (WILLIAMSON e LUNDQUIST, 1983; GRAHN e RUGH, 1988; BORROMEO, SUVINEN e READE, 1995). A comunidade odontológica vem assistindo a uma mudança em seus fundamentos, dando menos ênfase às observações clínicas, muitas vezes puramente empíricas, e fundamentando-se em métodos mais relacionados à fisiologia neuromuscular do sistema estomatognático (DE BOEVER, 1973). Assim, para se testarem esquemas oclusais de dentes naturais e suas implicações na atividade eletromiográfica dos músculos masseter superficial e temporal anterior, os dispositivos interoclusais têm se mostrado efetivos (GRAHN e RUGH, 1988). Além disso, a resposta global dos músculos masseter superficial e temporal anterior poderia ser perfeitamente obtida com eletromiografia de superfície (MACALUSO e DE LAAT, 1995), por meio do registro da contração isométrica máxima voluntária e do cálculo do índice de assimetria (LAAT & KOMIYAMA, 2004). Sabe-se que as guias oclusais influenciam a atividade muscular (BELSER e HANNAM, 1985) e os movimentos mandibulares (SHUPE et al., 1984). Entretanto, permanecem controvérsias sobre qual padrão de desoclusão seria preferível (WILLIAMSON e LUNDQUIST, 1983; GRAHN e RUGH, 1988; BORROMEO, SUVINEN e READE, 1995), pois não há, ainda, uma comprovação científica da superioridade de um padrão sobre os demais (SHUPE et al., 1984; AKOREN e KARAGAÇLIOGLU, 1995). Ao se observar o resultado obtido na presente pesquisa, na tarefa de CMV em MIH, ficou clara a predominância do lado direito em relação ao lado esquerdo da face, nos músculos masseter superficial e temporal anterior. Esse achado vai ao encontro dos de Roark, Glaros e O’Mahony (2003), em relação ao músculo temporal 103 anterior, e aos de Chandu et al. (2004), quanto ao masseter superficial, e reforçam a afirmação de que as pessoas seriam fisiologicamente assimétricas (FERRARIO et al., 1993). A presença da assimetria pode estar relacionada à predominância de número de contatos oclusais (NAIJE et al., 1989), assim como à preferência pelo lado da mastigação (CHANDU et al., 2004). Analisando a amplitude do sinal eletromiográfico máximo e a média da atividade eletromiográfica, no que diz respeito aos músculos envolvidos, independentemente do lado, notou-se uma prevalência do temporal anterior em relação ao masseter superficial, assim como já fora observado pelos autores (RILO et al., 1997; ALQURAN e LYONS, 1999; FERRARIO et al., 2000; ROARK, GLAROS e O’MAHONY, 2003), que se contrapõem a outros (SHUPE et al., 1984; NAIJE et al., 1989; BABA et al., 2000; BURNETT et al., 2000). Entretanto, variáveis como idade, sexo e morfologia facial poderiam influenciar no nível da atividade eletromiográfica (LUND e WIDMER, 1989; BURNETT et al., 2000). Sendo assim, a rigorosa seleção do grupo estudado, visando uma homogeneidade entre os indivíduos, foi sugerida por diversos autores, pois esta seria de fundamental importância para possibilitar a identificação de parâmetros que permitissem a comparação dos resultados, entre os diversos estudos que envolvem a eletromiografia (FERRARIO et al., 1993; LAAT e KOMIYAMA, 2004). Neste trabalho, a maior atividade do músculo temporal anterior poderia ser atribuída à amostra, em relação à prevalência do gênero feminino, o que confirma os achados de Ferrario et al. (1993), que, ao estudarem um grupo de 43 mulheres, também encontraram maior atividade do temporal em relação ao masseter, em CMV. Além disso, poderia se atribuir os resultados obtidos à homogeneidade e jovialidade da faixa etária estudada. Ainda de acordo com a literatura, é sabido que o aumento da atividade do masseter é diretamente 104 proporcional ao aumento da idade, enquanto que o temporal parece não sofrer alteração (PANCHER, 1980), ou mesmo apresentar uma correlação negativa entre a idade e a atividade eletromiográfica (GERVAIS, FITZSIMMONS e THOMAS, 1989). Ainda neste aspecto, a diferença do estado dentário das diversas amostras avaliadas poderia influenciar a atividade muscular (PANCHER, 1980; BURNETT et al., 2000). Os dispositivos interoclusais utilizados para tratamento de DTM podem apresentar várias formas, sendo possível que tenham diferentes mecanismos de ação (ROARK, GLAROS e O’MAHONY, 2003). Este estudo, entretanto, não avaliou as diversas maneiras de confecção, mas sim os diferentes padrões de oclusão. Os músculos elevadores demonstrariam máxima atividade em apertamento isométrico na posição intercuspídea (WOOD, 1987; BLANKSMA e EIJDEN, 1995, BABA, MIZUTANI e ENOSAWA, 1996; CIUFFOLO et al., 2005). Devido ao fato de os valores da amplitude do sinal eletromiográfico serem dependentes da localização dos eletrodos, da distância entre estes, da morfologia e fisiologia dos músculos analisados, tem sido sugerido que o nível de EMG proporcional promoveria uma comparação mais real, intra e entre os indivíduos (BURNETT et al., 2000; FERRARIO et al., 2000). Por isso a tarefa de apertamento máximo isométrico em MIH, foi considerada como 100% de atividade, para efeito de comparação com as demais. Durante a CMV em posição lateral de topo de canino inferior sobre o DI, observou-se uma redução acentuada tanto da atividade máxima como da média, em relação à atividade em MIH, o que corrobora os achados de Shupe et al. (1984); Belser e Hannam (1985); Wood (1987); Manns (1993); Baba, Mizutani e Enosawa (1996). Isso pode ser explicado pela estimulação de pressoreceptores (receptor 105 sensível à pressão, sobretudo à sangüínea) na membrana periodontal, que é sabido ser a causa da liberação de força (WOOD e TOBIAS, 1984). Não se deve, ainda, deixar de considerar que não seria o contato de canino que diminuiria a atividade dos músculos elevadores, mas sim, a eliminação dos contatos posteriores (WILLIANSON e LUNDQUIST, 1983) e ainda que não seria o número de contatos que influenciariam a atividade muscular, mas sim a mudança da posição dos contatos (WOOD e TOBIAS, 1984). Neste estudo, constatou-se que a introdução do padrão de oclusão balanceada bilateral proporcionou menor atividade muscular em relação à MIH, o que foi estatisticamente significativo. Entretanto, se comparada ao padrão de guia de canino, observou-se um aumento da amplitude do sinal eletromiográfico, estatisticamente significativo, em ambos os músculos analisados, o que vai ao encontro aos achados de Okano et al (2002), mas que, entretanto, contradiz as conclusões de Borromeo, Suvinen e Reade (1995), em relação ao músculo masseter superficial. Eventuais diferenças da dimensão vertical proporcionada pelas diversas simulações de padrões oclusais simuladas pelo DI não deveriam ser consideradas como a causa das diferenças da amplitude do sinal eletromiográfico observado, visto que segundo Borromeo, Suvinen e Reade (1985), não haveria influência estatística da espessura dos DI na atividade muscular dos músculos masseteres superficiais. Os dados obtidos da CMV em MIH, realizada ao final dos testes desta pesquisa, quando comparados aos da CMV em MIH no início, demonstraram que a seqüência de tarefas realizadas não gerou fadiga nos músculos temporal anterior e masseter superficial, o que vem corroborar os achados de Borromeo, Suvinen e Reade (1995), em relação ao músculo masseter superficial e suportam a afirmação 106 de que os músculos da mastigação são extremamente resistentes à fadiga (LUND e WIDMER, 1989). A explicação para esse fato apóia-se nas conclusões de Buzinelli e Berzin (2001), segundo o qual, a análise da amplitude do sinal eletromiográfico não encontraria variações consistentes para a determinação do fenômeno da fadiga muscular. Ao se analisar o índice de assimetria de ambos os músculos e durante as tarefas realizadas, encontrou-se maior número de indivíduos com assimetria superior a 10% do que indivíduos simétricos, à exceção da tarefa de contração isométrica máxima em MIH, quando avaliado o temporal anterior. Esses resultados estão de acordo com os de Ferrario et al. (1993), que observaram uma assimetria superior a 10% em todos os indivíduos analisados. Chandu et al. (2004) também relataram uma significante assimetria no grupo controle, ao analisar o músculo masseter superficial, pela eletromiografia de superfície. Em relação ao índice de assimetria, o músculo temporal se mostrou mais sensível às alterações oclusais, como foi observado por Baba et al. (2000). Este estudo apresentou, em relação ao índice de assimetria, um aumento, na tarefa de contração isométrica máxima, em posição lateral de canino, quando analisado o músculo temporal anterior, o que contradiz o estudo de Baba, Mizutani e Enosawa (1996). Na média da amplitude do sinal eletromiográfico ocorreu um aumento na posição lateral esquerda e uma redução na CMV em MIH no final dos testes. O músculo masseter superficial apresentou um aumento do IA na posição lateral esquerda, quando em CMV em canino com o DI. Ao se compararem os padrões oclusais de oclusão em canino com o de oclusão balanceada bilateral, este apresentou uma redução do IA, em ambos os músculos analisados, durante atividade máxima e durante a média da atividade, 107 exceto em contração isométrica direita na média da atividade, em relação ao temporal anterior, assim como foi observado por Baba, Mizutani e Enosawa, 1996; Baba et al., 2000. Pela análise do coeficiente de variação, fornecido pela estatística descritiva, foi possível observar que entre os indivíduos, existe uma grande variabilidade na atividade dos músculos, assim como foi observado por outros autores (BLANKSMA e VAN EIJDEN, 1997; RILO et al., 1997; CHANDU et al., 2004). Neste estudo, o temporal anterior e o masseter tiveram a menor variabilidade em CMV em MIH, no final dos testes. Entretanto, a maior variabilidade entre os indivíduos pode ser observada em CMV no canino, para ambos os músculos avaliados. A grande variabilidade de resultados encontrados em estudos que envolvem a eletromiografia poderia ser atribuída a problemas apresentados por algumas técnicas de obtenção dos sinais eletromiográficos (WOOD, 1987; CECERE, RUF e PANCHERZ, 1996), assim como pela diferença dos aparelhos de eletromiografia utilizados (GERVAIS, 1989), ou ainda devido à diferença de horário de realização dos registros eletromiográficos entre os estudos, visto que Cecere, Ruf e Pancherz (1996) concluíram ser estatisticamente diferentes os resultados obtidos em registros realizados pela manhã e à tarde. Assim, acredita-se que a diferença entre os resultados deste estudo e os de outros autores não invalida os resultados encontrados, mas sim impulsiona a comunidade científica a continuar avaliando esta poderosa ferramenta de avaliação do comportamento muscular. Este estudo utilizou um aparelho de biofeedback, portátil, de dois canais, para o processamento do sinal eletromiográfico. A opção pela seleção deste eletromiógrafo limitou a pesquisa à análise somente da amplitude do sinal eletromiográfico, o que impossibilitou a avaliação de demais dados que poderiam ser 108 conseguidos pela eletromiografia de superfície com aparelhos de eletromiografia mais sofisticados. Por outro lado, ao se utilizar este equipamento, devido ao seu custo e, principalmente, à facilidade de utilização e interpretação, foi possível demonstrar que o uso da eletromiografia de superfície, ainda que apresente limitações, pode ser uma realidade na clínica odontológica, possibilitando o uso de suas atribuições em prol do diagnóstico e do tratamento da desordem temporomandibular. Além disso, a eletromiografia poderia ser útil na avaliação da simetria muscular, que, quando presente, seria de fundamental importância na otimização da posição da mandíbula (LANDULPHO et al., 2004) e na obtenção da relação cêntrica, visto que, segundo McKee (2005), a posição de relação cêntrica seria uma posição fisiológica na qual os músculos mastigatórios, por meio de contrações, posicionariam os côndilos, na ausência de interferências provenientes da oclusão dental. 109 7 Conclusões Ao se utilizar o mesmo aparelho de eletromiografia durante todo o experimento, sendo este manipulado pelo mesmo operador, em uma amostra selecionada por critérios bem definidos e ao se empregar a análise estatística para dados pareados, julga-se lícito concluir que - foi possível avaliar, quantitativamente, a atividade dos músculos masseteres superficiais e o feixe anterior dos músculos temporais, bilateralmente, por meio de eletromiografia, em diferentes padrões de oclusão dentária, em relação ao dispositivo interoclusal maxilar de recobrimento completo. - O padrão de desoclusão em canino diminuiu a atividade eletromiográfica, entretanto aumentou a assimetria entre os lados dos músculos analisados, quando comparado à contração máxima isométrica voluntária em máxima intercuspidação habitual e ao padrão de oclusão balanceada bilateral; - O padrão de oclusão balanceada bilateral diminuiu a atividade eletromiográfica em relação a contração máxima isométrica voluntária, em máxima intercuspidação habitual; - O padrão de oclusão balanceada bilateral apresentou uma redução da assimetria muscular em comparação com a oclusão em canino, o que foi estaticamente comprovado pelo teste dos sinais. Entretanto, esta redução, em termos de valores, não foi estatisticamente diferente; - O uso do padrão de oclusão balanceada bilateral no dispositivo interoclusal completo, apesar de promover uma maior atividade eletromiográfica em relação à 110 oclusão em canino, seria preferível, por promover redução da assimetria dos músculos avaliados. - os resultados obtidos por este estudo, apesar da limitação em relação ao número da amostra e ao equipamento utilizado, puderam contribuir para entendimento da atividade dos músculos analisados, em relação aos dispositivos interoclusais completos. 111 8 Referências Bibliográficas 1- ALQURAN, F. A. M; LYONS, M. F. The immediate effect of hard and soft splints on the EMG activity of masseter and temporalis muscles. Journal of Oral Reabilitation, v. 26, p. 559- 563, 1999. 2- AKÖREM, A. C.; KARAAGAÇLIOGLU, L. Comparison of the electromyographic activity of individuals with canine guidance and group function occlusion. Journal of Oral Reabilitation, v. 22, p. 73- 7, 1995. 3- AYRES, Manuel et al. BioEstatic – Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas. Belém, Pará, Brasil, 2003. 4- BABA, Kazuyoshi; MIZUTANI, M. AL. H.; ENOSAWA, S. Influence of experimental oclusal discrepancy on masticatory muscle activity during clenching. Journal of Oral Reabilitation, v. 23, p. 55- 60, 1996. 5- BABA, Kazuyoshi et al. Immediate Effect of Occlusal Contact Pattern in Lateral jaw Position on the EMG Activity in Jaw-Elevator Muscles in Humans. The International Journal of Prosthodontics, v. 13, n. 6, p.500- 505, 2000. 6- BELSER, U. C.; HANNAM, A. G. The influence of altered working-side oclusal guidance on mastigatory muscles and related jaw movement. Journal of Prosthetic Dentistry, v. 53, n. 3, p. 406- 13, 1985. 7- BLANKSMA, N. G. et al. Electromyographic Heterogeneity in the Human Temporalis and Masseter muscles during Dynamic Tasks Guided by Visual Feedback. Journal Dental Research, v. 76, n. 1, p. 542- 51, 1997. 8- BLANKSMA, N. G.; VAN EIJDEN, T. M. G. J. Electromyographic Heterogeneity in the Human Temporalis and Masseter muscles during Static Biting, Open/Close 112 Excursions, and Chewing. Journal Dental Research, v. 74, n. 6, p. 1318- 27, 1995. 9- BORROMEO, G. L.; SUVINEN, T. I.; READE, P.C. A Comparison of the effects of group function and canine guidance interoclusal device on masseter muscle electromyographic activity in normal subjects. The Journal of Prosthetic Dentistry, v. 74, n. 2, p. 174- 80, 1995. 10- BURNETT, C. A. et al. Masseter and Temporalis Muscle EMG Levels and Bite Force in Migraineurs. Headache 2000, v. 40, p. 813- 7, 2000. 11- BUZINELLI, R. V.; BERZIN, F. Electromyographic analysis of fatigue in temporalis and masseter muscles during continuous chewing. Journal of Oral Reabilitation, v. 28, p. 1165- 7, 2001. 12- CASTROFLORIO, T. et al. Effects of a functional appliance on masticatory muscles of young adults suffering from muscle-related temporomandibular disorders. Journal of Oral Rehabilitation, v. 31, p. 524- 9, 2004. 13- CECERE, Francesco; RUF, Sabine; PANCHERZ, Hans. Is Quantitative Eletromyography Reliable? Journal of Orofacial Pain, v. 10, n. 1, p. 38- 47, 1996. 14- CIUFFOLO, F. et al. Surface electromyographic response of the neck muscles to maximal voluntary clenching of the teeth. Journal of Oral Rehabilitation, v. 32, p. 79- 84, 2005. 15- CHANDU, A. et al. The effect of an interoclusal appliance on bite force and masseter electromyography subjectes and patients with temporomandibular pain and dysfunction. Journal of Oral Rehabilitation, v. 31, p. 530- 7, 2004. 113 16- CRAM, Jeffrey R.; ROMMEN David. Effects of Skin Preparation on Data Collected Using an EMG Muscle-Scanning Procedure. Biofeedback and SelfRegulation, v. 14, n.1, p. 75- 82, 1989. 17- DAHLSTRÖM Lars; HARALDSON Torgny. Immediate eletromyographic response in masseter and temporal muscles to bite plates and stabilization splints. Scand J Dent Res, v. 97, p. 533- 538, 1989. 18- DE BOEVER, Jan A. Functional Disturbances of the Temporomandibular Joints. Oral Science Rev, v. 2, p. 100-5, 1973. 19- DENTATUS, Articulator. Instructions for use of the dentatus articulator. Stockholm, 1972. 20- EMG RETRAINER. Instruction Manual. Chattanooga Group, Inc. 2001 21- EMG RETRAINER IR. Software User Guide. Chattanooga Group, Inc. 2001 22- FERRARIO, V. F. et al. Electromyographic activity of human masticatory muscles symmetry in normal young people. Statistical evaluation of reference values for clinical applications. Journal of Oral Rehabilitation, v. 20, p. 271- 80, 1993. 23- FERRARIO, V. F. et al. An electromyographic investigation of masticatory muscles symmetry in normo-occlusion subjects. Journal of Oral Rehabilitation, v. 27, p. 33- 40, 2000. 24- GERVAIS, Roger O.; FITZSIMMONS, George W.; THOMAS, Norman R. Masseter and Temporalis Electromyographic Activity in Asymptomatic, Subclinical, and Temporomandibular Joint dysfunction Patients. Journal of Craniomandibular Practice, v. 7, n. 1, p. 52- 7, 1989. 25- GRAHAM, Gar S.; RUGH, John D. Maxillary splint oclusal guidance patterns and electromyographic activity of the jaw-closing muscles. The Journal of Prosthetic Dentistry, v. 59, n. 1, p. 73- 77, 1988. 114 26- GRUBWIESER, G. et al. Quantitative analysis of masseter and temporalis EMGs: a comparison of anterior guided versus balanced occlusal concepts in patients wearing complete dentures. Journal of Oral Reabilitation, v. 26, p. 731- 6, 1999. 27- HOLMGREN, K.; SHEIKHOLESLAM, A.; RIISE C. An electromyographic study of immediate effect of occlusal splint on the postural activity of the anterior temporal and masseter muscles in different body positions with and without visual input. Journal of Oral Reabilitation, v. 12, p. 483- 490, 1985. 28- LANDULPHO, A. B. et al. Electromyographic evaluation of masseter and temporalis muscles in patients with temporomandibular disorders following interoclusal appliance treatament. Journal of Oral Reabilitation, v. 31, p. 95- 8, 2004. 29- LAAT, Antoon; KOMIYAMA, Osamu. Is Electromyography Useful in diagnosis of Jaw Muscle Pain or Temporomandibular Disorders? International Journal of Jaw Functional Orthopedics, v. 1, n. 1, p. 71- 84, 2004. 30- LUND, James P.; WIDMER, Charles. G. An Evaluation of the Use of Surface Electromyography in the Diagnosis, Documentation, and Treatment of dental Patients. Journal of Craniomandibular Disorders: Facial & Oral Pain, v. 3, n. 3, p. 125- 37, 1989. 31- MACALUSO, G. M.; DE LAAT, A. The influence of the position of surface recording electrodes on the relative uptake of masseteric and temporal Mresponses in man. Eur. Journal Oral Science, v. 103, p. 345- 50, 1995. 32- MCKEE, James R. Comparing condilar positions achieved through bimanual manipulation to condilar positions achieved though muscle contraction against an anterior desprogrammer: A pilot study. The Journal of Prosthetic Dentistry, v. 94, n.4, p.389- 93, 2005. 115 33- MANNS, Arturo et al. The Immediate Effect of the Variation of Anteroposterior Laterotrusive Contacts on the Elevator EMG Activity. The Journal of Craniomandibular Practice, v. 11, n. 3, p. 184- 191, 1993. 34- MATSON, Edmir. Músculo masseter – Estudo eletromiográfico durante o toque dental, Revista da Faculdade de Odontologia de São Paulo. v. 14, n. 1, p. 2934, 1976. 35- McCARROL, R. S. et al. The immediate effect of splint-induced changes in jaw positioning on asymmetry of submaximal masticatory muscle activity. Journal of Oral Reabilitation, v. 16, p. 163-70, 1989a. 36- McCARROL, R. S. et al. Short-term effect of stabilization splint on the asymmetry of submaximal masticatory muscle activity. Journal of Oral Reabilitation, v. 16, p. 171- 6, 1989b. 37- NAKASHIMA, Giovana Yuko. Aplicação do filtro de Wiener para tratamento de sinais eletromiográficos. 2003. 71f. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, São Carlos. 38- NAIJE M.; McCARROL R. S.; WEIJS W. A. Electromyographic activity of human mastigatory muscles during submaximal clenching in inter-cuspal position. Journal of Oral Reabilitation, v. 16, p. 63- 70, 1989. 39- OKANO, N. et al. The influence of altered oclusal guidance on condylar displacement. Journal of Oral Reabilitation, v. 29, p. 1091- 8, 2002. 40- OKESON, J. P. Terapia por aparelhos oclusais. In: Fundamentos de oclusão e desordens temporomandibulares. 2o. ed. São Paulo: Artes Médicas, 1992. Cap. 16, p. 321- 43. 41- PANCHERZ, Hans. Temporal and masseter muscle activity in children and adults with normal occlusion. Acta Odontolol. Scand. v. 38, p. 343-8, 1980. 116 42- PORTNEY, L. Eletromiografia e testes de velocidade de condução nervosa. In: O`SULLIVAN, S.; SCHIMITZ, T.J. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 2o. ed. São Paulo: Manoele, 1993. 43- PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS. Pró-Reitoria de Graduação. Sistema de Bibliotecas. Padrão PUC Minas de normalização: normas da ABNT para apresentação de trabalhos científicos, teses, dissertações e monografias. Belo Horizonte, 2005. Disponível em http://www.pucminas.br/biblioteca/normalizacao_monografias.pdf 44- RILO, Benito et al. Myoelectrical activity of clinical rest position and jaw muscle activity in young adults. Journal of Oral Reabilitation, v. 24, p. 735- 40, 1997. 45- RILO, Benito et al. Myoelectrical activity during unilateral chewing healthy subjects: Cycle duration and order of muscle activation. Journal of Prosthetic Dentistry, v. 80, n.4, p.462-66, 1998. 46- ROARK, A. L.; GLAROS, A. G.; O’MAHONY, A. M. Effects of interoclusal appliances on EMG activity during parafunctional tooth contact. Journal of Oral Reabilitation, v. 30, p. 573- 7, 2003. 47- ROBINSON, Andrew J.; SNYDER, Mackler L. Eletrofisiologia Clínica Eletroterapia e teste eletrofisiológico. Artmed editora, 2o edição, 2001. 48- RUGH, John D. et al. Effects of Canine Versus Molar Occlusal Splint Guidance on Nocturnal Bruxism and Craniomandibular Symptomatology. Journal of Craniomandibular Disorders: Facial & Oral Pain, v. 3, n. 4, p. 203-10, 1989. 49- SHUPE, Ronald J. et al. Effects of oclusal guidance on jaw muscle activity, Journal of Prosthetic Dentistry, v. 51, n. 6, p. 811- 8, 1984. 117 50- WILLIAMSOM, E. H.; LUNDQUIST, D. O. Anterior guidance: Its effect on electromyographic activity of the temporal and masseter muscles. Journal of Prosthetic Dentistry, v. 49, n. 6, p. 816- 23, 1983 51- WOOD, W. W.; TOBIAS, D. L. EMG response to alteration of tooth contacts on occlusal splints during maximal clenching. The Journal of Prosthetic Dentistry, v. 51, n. 3, p. 394-6, 1984. 52- WOOD, William W. A review of masticatory muscle function. The Journal of Prosthetic Dentistry, v. 57, n. 2, p. 222- 32, 1987. 118 9 Cronograma MÊS / ANO Fevereiro/ 2004 Março/ 2004 Abril/ 2004 Maio/ 2004 Junho/ 2004 Julho/ 2004 Agosto/ 2004 Setembro/ 2004 Outubro/ 2004 Novembro/ 2004 Dezembro/ 2004 ATIVIDADE Definição do Tema: Padrão de oclusão e atividade muscular. Revisão Bibliográfica inicial Revisão bibliográfica e definição da metodologia. Revisão bibliográfica, definição da metodologia e redação do projeto. Revisão bibliográfica, definição da metodologia e redação do projeto, apresentação do pré-projeto. Revisão bibliográfica, definição da metodologia e redação do projeto. Revisão bibliográfica, definição da metodologia e redação do projeto. Revisão bibliográfica, apresentação do projeto na PUC Minas, desenvolvimento da dissertação. Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica. Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica. Submissão ao CEP. Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica. 119 MÊS / ANO Janeiro/ 2005 Fevereiro/ 2005 Março/ 2005 Abril/ 2005 Maio/ 2005 Junho/ 2005 Julho/ 2005 Agosto/ 2005 Setembro/ 2005 Outubro/ 2005 Novembro/ 2005 Dezembro/ 2005 ATIVIDADE Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica. Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica. Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica. Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica e coleta de dados. Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica e coleta de dados. Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica e coleta de dados. Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica e análise dos resultados. Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica e análise dos resultados. Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica e análise dos resultados. Desenvolvimento da dissertação, correções, redação do artigo Entrega da dissertação para a secretaria. Redação do artigo Defesa da dissertação na PUC Minas. 120 ANEXO A - Termo de aprovação pelo CEP 121 122 ANEXO B - Termo de Consentimento 123 Pró-reitoria de Pesquisa e de Pós-graduação Termo de Consentimento Livre e Esclarecido N.º Registro CEP: 2004/168 Título do Projeto: ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS MASSETER SUPERFICIAL E TEMPORAL ANTERIOR EM DIFERENTES PADRÕES DE DESOCLUSÃO DENTÁRIA. Este termo de consentimento pode conter palavras que você não entenda. Peça ao pesquisador que explique as palavras ou informações não compreendidas completamente. 1- Introdução Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS MASSETER SUPERFICIAL E TEMPORAL ANTERIOR EM DIFERENTES PADRÕES DE DESOCLUSÃO DENTÁRIA. Se decidir participar dela, é importante que leia estas informações sobre o estudo e o seu papel nesta pesquisa. Você foi selecionado por ter preenchido a critérios de inclusão, mas a sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com os pesquisadores Alexandre Eustáquio Camargos Rocha e Prof. Dr. Paulo Isaías Seraidarian ou com a instituição PUC Minas. É preciso entender a natureza e os riscos da sua participação e dar o seu consentimento livre e esclarecido por escrito. 2- Objetivo O objetivo deste estudo é avaliar, quantitativamente, a atividade do músculo masseter superficial e do feixe anterior do músculo temporal, bilateralmente, por meio de eletromiografia, em diferentes padrões de desoclusão dentária, em relação aos dispositivos interoclusais. 124 3 ) Procedimentos do Estudo Se concordar em participar deste estudo, iremos realizar a moldagem de suas arcadas, superior e inferior, de modo convencional com hidrocoloide irreversível. A partir da obtenção dos moldes de seus dentes, serão obtidos modelos de gesso e confeccionaremos sobre eles um dispositivo, em resina acrílica, que será colocado na sua boca somente durante o período em que o exame de eletromiografia (que é esta pesquisa) estiver sendo realizado. Este aparelho que é semelhante a uma placa de proteção para bruxismo, será removido de seus dentes após a finalização dos exames, sendo que a sua utilização não causará nenhum prejuízo a sua saúde. Caso seja de seu interesse ficar com o aparelho, este será seu, inteiramente gratuito. Convém salientar, que a eletromiografia é um exame rotineiramente utilizado em clínicas que tratam dos músculos esqueléticos e este aparelho, somente registra a atividade elétrica do músculo que está sendo pesquisado. A eletromiografia é um instrumento muito importante para pesquisar e compreender a função dos músculos como um todo e nesta pesquisa busca-se o estudo de alguns músculos que movimentam a mandíbula Quando os músculos contraem-se, estes geram pequenas quantidades de corrente elétrica que podem ser detectadas pelo eletromiograma. O aparelho em questão somente detecta as correntes e os potenciais elétricos através dos eletrodos de superfície, e um amplificador no interior do aparelho aumenta estes sinais para a análise. Um sistema de vídeo possibilita ao operador a visualização e a interpretação dos sinais gerados. Julgamos importante ressaltar, que o eletrodo de superfície que iremos fixar em você, por meio de um gel, é simplesmente um pedaço de metal colocado sobre a pele que somente tem a capacidade de receber e transmitir os impulsos elétricos gerados pelos músculos e em hipótese alguma, poderá gerar algum tipo de corrente elétrica em você. O conjunto de procedimento é absolutamente inofensivo, indolor, não invasivo e rápido. Somente os resultados obtidos no visor decorrente da atividade elétrica dos seus músculos serão considerados nesta pesquisa. 4 ) Riscos e desconfortos Por tratar-se de um estudo a partir de um exame e o meio de se obter as informações ser removível, o risco previsível é absolutamente inexistente. O pequeno desconforto que poderá ser gerado seria proveniente das moldagens de suas arcadas, o que eventualmente poderá gerar-lhe náuseas. A colocação do dispositivo interoclusal é absolutamente seguro sem gerar nenhum tipo de desconforto, bem como a fixação dos eletrodos é simples e como já foi dito, indolor. Assim, podemos afirmar que os riscos e desconfortos, provenientes dos procedimentos gerados nesta pesquisa são mínimos, praticamente inexistentes e plenamente suportáveis. 125 5 ) Benefícios Os procedimentos que serão realizados nesta pesquisa poderão ou não trazer benefícios diretos a você. Caso seja evidenciado algum tipo de anormalidade você será imediatamente e gratuitamente encaminhado às clínicas de residência em oclusão, disfunção de ATM e dor orofacial para tratamento. Por outro lado, as informações obtidas por este estudo, mesmo que não lhe reverta em benefícios diretos serão importantes para o desenvolvimento de estudos e melhor entendimento das funções musculares, o que resultará, em médio prazo, em novas formas de tratamento. 6 ) Custos/Reembolso Ressaltamos aqui, que você não terá nenhum gasto com o presente estudo. Assim, as consultas, os instrumentos, os materiais a serem utilizados, bem como o resultado dos exames e a sua interpretação são inteiramente gratuitos. Enfatizamos aqui, que por outro lado você não receberá nenhum pagamento pela sua participação. Como já foi mencionado anteriormente, caso você necessite de algum tratamento em continuidade a alguma alteração evidenciada neste estudo ou mesmo algum exame adicional, não lhe será, em momento algum, cobrado tais procedimentos. 7) Caráter Confidencial dos Registros Algumas informações obtidas a partir de sua participação neste estudo não poderão ser mantidas estritamente confidenciais. Além dos profissionais de saúde que estarão cuidando de você, agências governamentais locais e o Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, onde o estudo está sendo realizado, podem precisar consultar seus registros. Você não será identificado quando o material de seu registro for utilizado, seja para propósitos de publicação científica ou educativa. Ao assinar este consentimento informado, você autoriza as inspeções em seus registros. 8 ) Participação Sua participação nesta pesquisa consistirá em estar disponível para que possamos realizar as moldagens de seus dentes, a adaptação dos dispositivos interoclusal e para a realização dos exames eletromiográficos. É importante que você esteja consciente de que a participação nesta pesquisa é completamente voluntária e de que você pode recusar-se a participar ou sair do estudo a qualquer momento sem penalidades ou perda de benefícios aos quais você tenha direito de outra forma. Em caso de você decidir retirar-se do estudo, deverá notificar ao 126 profissional e/ou pesquisador que esteja atendendo-o. A recusa em participar ou a saída do estudo não influenciarão seus cuidados nesta instituição. 9 ) Para obter informações adicionais Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Caso você venha a sofrer uma reação adversa ou danos relacionados ao estudo, ou tenha mais perguntas sobre o estudo, por favor, ligue para Alexandre Eustáquio Camargos Rocha no telefone 91979866. Se você tiver perguntas com relação a seus direitos como participante do estudo clínico, você também poderá contatar uma terceira parte/pessoa, que não participa desta pesquisa, Prof. Heloísio de Rezende Leite, Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição, no telefone 33194211. Av. Dom José Gaspar, 500 - Fones: 3319-4229 e 3319.4230 - Fax: 3319-4229 CEP 30535.610 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil e-mail: [email protected] e [email protected] Pró-reitoria de Pesquisa e de Pós-graduação 10 ) Declaração de consentimento Li ou alguém leu para mim as informações contidas neste documento antes de assinar este termo de consentimento. Declaro que fui informado sobre os métodos e meios de administração do medicamento em estudo a ser utilizado, as inconveniências, riscos, benefícios e eventos adversos que podem vir a ocorrer em conseqüência dos procedimentos e do medicamento. Declaro que tive tempo suficiente para ler e entender as informações acima. Declaro também que toda a linguagem técnica utilizada na descrição deste estudo de pesquisa foi satisfatoriamente explicada e que recebi respostas para todas as minhas dúvidas. Confirmo também que recebi uma cópia deste formulário de consentimento. Compreendo que sou livre para me retirar do estudo em qualquer momento, sem perda de benefícios ou qualquer outra penalidade. Dou meu consentimento de livre e espontânea vontade e sem reservas para participar como paciente deste estudo. ...................................................................................... Nome do participante (em letra de forma) ............................................................................................................. Assinatura do participante ou representante legal-Data 127 Atesto que expliquei cuidadosamente a natureza e o objetivo deste estudo, os possíveis riscos e benefícios da participação no mesmo, junto ao participante e/ou seu representante autorizado. Acredito que o participante e/ou seu representante recebeu todas as informações necessárias, que foram fornecidas em uma linguagem adequada e compreensível e que ele/ela compreendeu essa explicação. ........................................................... ALEXANDRE EUSTÁQUIO CAMARGOS ROCHA ......................................................... Prof. Dr. PAULO ISAÍAS SERAIDARIAN Av. Dom José Gaspar, 500 - Fones: 3319-4229 e 3319.4230 - Fax: 3319-4229 CEP 30535.610 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil e-mail: [email protected] e [email protected]