Golpe do Povo
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Golpe do Povo
O “Golpe do Povo” em Bangkok Paulo D. Watanabe Nas últimas semanas, a mídia internacional vem destacando a onda de protestos que invadiram a capital tailandesa Bangkok. As manifestações têm um objetivo claro, segundo seu líder, Suthep Thaugsuban: a renúncia da primeira-minista Yingluck Shinawatra, seguida pela “devolução” do poder às mãos do povo. Caso não queira se retirar por vontade própria, um golpe “do povo” com apoio de militares pode ser realizado. Yingluck Shinawatra foi eleita em 2011 para ocupar a chefia do executivo. Desde sua eleição, foi criticada pela oposição por fazer um governo fantoche, manipulada por seu irmão mais velho, Thaksin Shinwatra. Thaksin é uma figura conhecida na política e nos negócios asiáticos. Foi chanceler de 2001 até 2006, quando foi deposto por um golpe militar enquanto se encontrava em Nova York. Thaksin também fora democraticamente eleito, contudo, a oposição o acusava de corrupção e falta de lealdade à Coroa tailandesa. Thaksin e Yingluck possuem um grande apoio popular. Seus eleitores são basicamente da zona rural e menos desenvolvida da Tailândia. Thaksin, quando chanceler, promoveu um certo avanço social para a população que o elegeu, sendo frequentemente taxado de populista. Yingluck, sua irmã mais nova, provocou tensões na oposição, principalmente no Partido Democrático, ao tentar aprovar um projeto de lei de anistia, que aparentemente foi escrito para beneficiar Thaksin, exilado e condenado a dois anos de prisão. O projeto não foi aprovado pelo Senado, que, pela Constituição (pós-Golpe) de 2007, mantém cerca de metade de seus membros apartidários e nomeados por uma comissão especial. Na Câmara Baixa, o projeto havia sido aprovado, uma vez que Yingluck tem maioria. O Partido Pheu Thai de Yingluck e Thaksin Shinawatra é popular entre as camadas mais pobres, principalmente entre a população rural. O movimento contrário ao governo possui apoio majoritariamente da classe média e elite de Bangkok, o que explica a baixa popularidade do governo naquela cidade. Os manifestantes, que já utilizam a violência para ocupar prédios da administração, exigem a renúncia da premiê. Caso não aceite deixar o cargo, propõem uma ação compulsória, inclusive, com eventual auxílio de militares. Os opositores chamam essa via de ação de “Golpe do Povo”, tendo o líder do movimento, Suthep Thaugsuban, dado um ultimato à premiê no dia 1º de dezembro, segundo o jornal Bankok Post. Apesar do forte tom de ameaça, Yingluck vem afirmando até o momento que não irá deixar o governo, uma vez que o povo a elegeu. Os opositores de Bangkok buscam rever a decisão popular feita em 2011. Yingluck, além de ser eleita democraticamente, venceu uma moção de censura nessa semana, mostrando que seu partido, maioria na Câmara Baixa, ainda a apoia. A violência se generalizou no último fim de semana, e mesmo assim, Yingluck promete não usar a força contra manifestantes. Contudo, o exército já está nas ruas para defender prédios públicos. Comerciantes temem prejuízos no comércio interno e internacional com a ocupação de prédios da administração. Estúdios de televisão foram invadidos. Ônibus estão sendo incendiados. O governo, inclusive, decretou toque de recolher na capital e determinou que sejam criadas políticas a fim de minimizar a imagem externa do país diante de turistas e investidores. Diante dos protestos, a imagem de Yingluck vai se degradando. No dia 09 de dezembro de 2013, a premiê declarou a dissolução do Parlamento, convocando eleições para fevereiro de 2014. Mesmo com eleições marcadas, os opositores não a querem no poder. Exigem que entregue o cargo a um representante não-eleito, nomeado por um Conselho Popular. A renúncia, segundo a premiê, está fora de cogitação, uma vez que deu o primeiro passo para a manutenção da ordem. É importante lembrar que há grandes chances de o partido de Yingluck manter-se majoritário na Câmara Baixa nas próximas eleições. Há poucos anos, a Tailândia passou por um golpe de Estado, e a chance de ocorrer outro não é inexistente. Apesar de os militares estarem sob o comando de Yingluck, o futuro depende de como ela irá lidar com as manifestações. Apesar de sua inexperiência, o povo a colocou no poder. Ela ainda representa o povo da Tailândia. A Tailândia tampouco se resume a Bangkok, onde a classe média anti-Thaksin está concentrada. Nessa condição, o golpe não é do povo e nem será do povo, mas será pago pelo povo. Fontes das informações: Bangkok Times. Postado em 11/12/2013
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