RESOLUCAO DO DIRETORIO ESTADUAL PARA - PT-SC
Transcrição
RESOLUCAO DO DIRETORIO ESTADUAL PARA - PT-SC
RESOLUÇÃO DO DIRETÓRIO ESTADUAL Sobre os desafios da conjuntura e as eleições municipais de 2016 Na luta e resistência contra o golpe, fora Temer e nenhum direito a menos! 1. A transformação da sociedade, a garantia dos direitos e a radicalização da democracia são os eixos centrais impostos pela conjuntura para o combate sem tréguas às forças conservadoras que querem usurpar o poder no Brasil. Como pano de fundo deste combate, está também a luta contra aqueles que promovem a desestabilização das forças progressistas e de esquerda na América Latina e no mundo. 2. O Golpe em curso, agora encontra guarita na grande mídia, principalmente, a Rede Globo e suas associadas, nos aparatos de estado, parte do judiciário e o legislativo estão ao seu serviço. Como constatação disso, podemos citar o comportamento do judiciário ao proibir Lula de assumir o ministério, quando este nem sequer era investigado e agora o silêncio quando assumiram 7 ministros de Temer, todos investigados na Lava-Jato. 3. O desfecho do golpe se dará se a presidenta eleita for afastada definitivamente. As consequências serão: a eliminação das políticas implementadas pelo primeiro e segundo Governos do PT, refletindo fortemente na perda de direitos e conquistas socioeconômicas da classe trabalhadora brasileira, as politicas afirmativas de raça, gênero, sexualidade e deficientes físicos, além de uma forte ação de criminalização das organizações de esquerda e dos movimentos sociais e populares. 4. Mobilizar, denunciar, resistir e estimular a pressão social para impedir a instalação do golpe, deve ser a agenda permanente para promover a derrocada do governo ilegítimo, que usurpou o poder e rompeu o pacto democrático da Constituição de 1988. O tratamento a ser dado às iniciativas do governo interino e usurpador é fundamental neste contexto. A resolução do Diretório Nacional afirma que: no centro tático para este novo período está sob as palavras de ordem: “Não ao golpe, fora Temer” e “Nenhum direito a menos”. 5. Portanto apoiamos o Dia Nacional de Luta, Mobilização e Paralisações 10/06, convocado pela Frente Brasil Popular em conjunto com a Frente Povo sem Medo. Declaramos nosso apoio à resolução da CUT que propõe abrir um calendário de discussão em suas bases e com outras centrais sobre a construção da Greve Geral: Não ao Golpe, Fora Temer! Nenhum Direito a Menos! Neste sentido, respeitando a autonomia sindical, a direção estadual, orienta seus filiados a engajaram-se no apoio a esta decisão. 6. Para isso, devemos privilegiar as ruas, fortalecer a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo. Combinar todos os tipos de ação massiva, institucional, sindical, parlamentares e meios de comunicação alternativos para inviabilizar suas medidas antipopulares, denunciar o golpismo e seu caráter ilegal, impedindo a sua consolidação no comando do Estado. Portanto, mesmo que ainda não tenhamos um desfecho do golpe, é para derrotá-lo que devem estar voltadas nossas energias. 7. Sobre as ruas, há um entendimento comum de que é este o espaço privilegiado para a resistência e a retomada das forças de esquerda, em especial do Partido dos Trabalhadores. As ruas têm indicado as demandas para a decisão real da política. Por isso, é estratégica a relação com os movimentos sociais e o reconhecimento do seu protagonismo para a superação da crise e a resistência ao golpe, especialmente a juventude, os movimentos culturais e as mulheres. Nosso grande desafio em relação aos movimentos de massas, contemporâneos, é de incorporá-los na agenda da política partidária, contribuindo com os coletivos, defendendo a sua autonomia e fortalecendo as suas organizações. 8. No contexto excepcional do golpe e a interrupção no processo do Governo Dilma, o Partido dos Trabalhadores é desafiado a fazer uma revisão da sua estratégia e tática, do seu projeto de poder para o estado e governo, e da sua relação com a sociedade e luta social. 9. Neste sentido, é preciso mudar nosso partido para que ele reafirme seu projeto socialista, seu compromisso com a classe trabalhadora, num programa de mudanças, reformas democráticas e populares para o Brasil, em sintonia com as lutas do povo. 10. As mudanças no partido são necessárias, pelo evidente esgotamento de uma estratégia de conciliação com o capitalismo, a não realização de reformas estruturais e do Estado, a opção pela governabilidade institucional exclusiva, as políticas de alianças conservadoras, o eleitoralismo e a contaminação com o financiamento empresarial das campanhas. 11. Em crises profundas, é evidente que as direções sejam as mais questionadas. A excessiva expectativa na institucionalidade, o distanciamento dos movimentos sociais, o rebaixamento ideológico e programático nas disputas eleitorais e principalmente nas ações governamentais, demonstram a nossa insuficiência em dar respostas à conjuntura. Porém se com todo ataque que o Partido dos Trabalhadores vem sofrendo nos últimos 14 anos, estamos resistindo, é porque a nossa base social, a classe trabalhadora, reconhece em nós um instrumento de luta e de emancipação. 12. Excepcionalmente, em 20 anos, não há uma diretriz estratégica vinculando as eleições nacional, estaduais e municipais para o médio e longo prazo. Este cenário, associado às condições políticas do país, nos remete a um pressuposto: o encerramento de um ciclo político e a construção de um novo projeto para avançar as conquistas do povo brasileiro, com prioridade da disputa de poder regional. Vencer as eleições municipais, nesta lógica, fortalecerá na retomada do governo Dilma a sustentação política para as reformas populares, necessárias para a transformação do país. 13. Definir uma estratégia de poder de médio a longo prazo, com vistas a 2018 e 2022, é o grande desafio. Em Santa Catarina, o Partido dos Trabalhadores tem que, na ofensiva politica, romper as barreiras e o isolamento almejado pela estratégia preconceituosa nacional e estadual do antipetismo, evidenciando as contradições da direita, evidentes no golpe contra a democracia, principalmente em relação ao tema da corrupção associado ao governo golpista de Temer. 14. Para isto é fundamental travar o embate para derrotar as políticas conservadoras que tradicionalmente se revezaram no poder em Santa Catarina, mantendo um governo de elite para as elites, aparelhando as estruturas do estado para garantir seus interesses, corporativos, empresariais e políticos submetendo a maioria da população à escassez de políticas publicas, representado no projeto “Por toda Santa Catarina”, que perdura há 14 anos. 15. Historicamente, o posicionamento do PT sempre se contrapôs a este projeto conservador-liberal, propondo o projeto democrático e popular como alternativa. Santa Catarina é protagonista na propaganda do ódio de classe e no ódio anti-petista, alimentado, principalmente, pela classe política. Neste último período, na maioria das vezes, utilizando-se, dos benefícios proporcionados pelo Governo Federal, capitalizando os seus resultados positivos como sendo próprios. 16. O cenário do governo golpista, que se reflete em Santa Catarina, desenvolve-se na liberalização das políticas, na diminuição dos direitos dos trabalhadores, das politicas afirmativas, das garantias sociais, dos direitos previdenciários, do achatamento das políticas de Estado. As consequências destas políticas impactam diretamente na população pobre do campo e da cidade. É esta população que é afetada quando diminui a qualidade dos serviços públicos de saúde e educação, por exemplo. 17. Com a destituição das políticas de desenvolvimento agrário o impacto é na agricultura familiar, assentamentos da reforma agrária, na politica agrícola, com mudanças nas políticas de crédito, infraestrutura rural, logística e produção agroindustrial, entre outras, impactando na produção de alimentos consumidos por mais de 50% da população brasileira. 18. Além da desvalorização do servidor público a política salarial e as condições de trabalho, recoloca o debate sobre o aprofundamento das contradições, entre o estado liberal e o estado democrático nas mãos da esquerda catarinense. 19. Ainda no cenário do Golpe em que os representantes na câmara e no senado federal de Santa Catarina, com exceção dos deputados do PT, votaram a favor da abertura do impeachment da Presidenta Dilma, evidenciando os interesses das políticas golpistas, federal a estadual, estão associadas. O que recoloca o debate sobre os valores da democracia, do estado de direito, as garantias fundamentais, constitucionais e sociais em nossa agenda política e da sociedade catarinense. 20. Essas contradições ficarão evidentes nas eleições municipais em 2016. Neste contexto e com esses cenários, a nossa disputa eleitoral deverá ser na direção de acumular forças para o futuro. Construir o enfraquecimento da hegemonia política do atual governo estadual e a sua atual composição, derrotando as forças que o compõem. 21. Nesta lógica, é estratégico buscar construir a unidade e o fortalecimento de campo democrático e de esquerda, PCdoB, PDT e PSOL para mudar a correlação de forças politicas na sociedade. Devemos inaugurar o diálogo, de longo prazo, com esses partidos e as forças vivas da sociedade que não apoiaram o golpe contra a democracia, em Santa Catarina. Buscando o objetivo de construir a alternativa de poder numa Frente Ampla. Precisamos corresponder e privilegiar esta parceria, já nestas eleições municipais de 2016, através de coligações e apoio a candidaturas do PCdoB, PDT e PSOL. 22. Ainda sobre as alianças, é fundamental manter e ampliar a hegemonia. Podendo estendê-lo, caso a caso, a setores e partidos que, mesmo fora deste espectro defendam conosco pontos programáticos para as eleições municipais. Não é razoável que o PT despreze setores que atuaram contra o golpe rompendo as orientações de seus partidos. Estes são os casos a se considerar. 23. No entanto, as possibilidades de vitória eleitoral este ano estão proporcionalmente relacionadas à capacidade de fazer a nossa principal aliança – com o povo. Ainda, o PT não apoiará candidatos (as) que votaram e/ou apoiaram o impeachment. Nem apoiará candidaturas de egressos do PT pelo oportunismo eleitoral. 24. É necessário ressaltar as diferenças dos governos petistas nos executivos e legislativos, no modo petista de governar e legislar, articulados com os avanços das políticas públicas do governo federal, lutando para manter os governos petistas e aprofundar as mudanças políticas municipalistas. 25. As eleições municipais no contexto da luta contra o golpe revestem-se ainda de fundamental importância par a organização do nosso Partido, nas quais deveremos estimular o debate programático em torno do projeto democrático popular e de inclusão social implementado nos últimos anos pelos governos petistas. 26. O novo calendário eleitoral reduziu o período de campanhas, visando com isso diminuir o tempo que as candidaturas do campo democrático popular teriam para fazer o debate de projetos e a disputa de narrativas, já que a grande mídia golpista monopoliza o discurso e tenta destruir as conquistas dos últimos anos e as lideranças de nosso Partido. 27. Por isso, devemos estimular desde já o debate programático com forte ação partidária e de comunicação alternativa, ancorada, na defesa do legado de nossos governos como contraponto em relação à agenda regressiva derrotada nas últimas eleições, proposta pelo governo golpista de Michel Temer. 28. O Programa de Governo será a grande ferramenta de disputa. Deve ser construído com mobilização social e participação popular. Os municípios devem diagnosticar, junto com os setores organizados da população, demandas, necessidades e soluções para as questões locais; 29. Devemos defender o modelo de desenvolvimento voltado à redistribuição de renda e ampliação de direitos conquistados como propulsor do crescimento, e sua incidência no plano municipal. A formulação de nossos programas de governo municipais deverá caracterizar-se pela ampla participação dos movimentos sociais, das novas organizações populares e sociais, do movimento sindical, dos movimentos culturais nascidas do enfrentamento ao Golpe. 30. Esse processo democrático e participativo de construção de programas deve ainda consolidar um forte compromisso das nossas candidatas e candidatos com os movimentos sociais e populares de cada município. 31. As eleições municipais serão um espaço fundamental de defesa do PT, das conquistas e avanços e do nosso projeto político, além da retomada dos espaços institucionais. 32. O autofinanciamento das campanhas será o grande desafio e diferencial. Sem o apoio das grandes corporações e empresas, o PT deverá fortalecer a política de arrecadação com a contribuição militante. Denunciar os possíveis abusos econômicos, mostrando para a sociedade o forte compromisso de combate a corrupção e transparência, assumidos pelo PT frente ao governo federal nos últimos anos. 33. Neste sentido também, devemos combater e denunciar os esquemas de corrupção, na compra de votos. Esses esquemas de comércio de votos continuam existindo graças à omissão dos tribunais eleitorais e de todo o “sistema” político, incluídas aí a mídia e as polícias. A compra de votos impacta diretamente no resultado as eleições, a depender do volume de recursos que farão parte dos acordos financeiros nas alianças. 34. Devemos ter como diretriz, candidaturas próprias ou apoiar coligações que fortaleçam o campo democrático em todos os municípios catarinenses, tendo sempre em vista que as candidaturas próprias e ou alianças nos municípios deve fortalecer uma estratégia estadual de fortalecimento do PT. Nas disputas contra as oligarquias catarinenses, temos que tomar decisões que fortaleçam o avanço da hegemonia do campo democrático e da esquerda. 35. O PT vai continuar construindo o sonho das classes trabalhadoras, dos pobres e dos que mais precisam das políticas públicas de inclusão. Vamos prosseguir realizando a transformação do Brasil num país cada dia mais desenvolvido, sem miséria, sem preconceitos, com liberdade, igualdade, com sustentabilidade ambiental e com democracia política, econômica e social com base nos melhores valores socialistas e democráticos. 36. A autocrítica deve permear nossos debates e resoluções. Mas isso é um processo. Precisa da prática. Da vida real. O primeiro passo é girar o olhar de nossas resoluções, olhando as ruas. Nas lutas das mulheres, que não mediram esforços para defender Dilma, na ousadia da juventude que escrachou com os golpistas, os estudantes que ocupam as escolas e na luta e valores culturais que trouxeram o debate ideológico para o debate político na sociedade, pela disposição de luta dos trabalhadores do campo e da cidade nas trincheiras de resistência. 37. Os resultados desse processo reafirmam a importância da realização do Encontro Nacional Extraordinário dias deliberado pelo Diretório Nacional com o calendário do dia 27 de Novembro para a eleição de delegados(as), por chapa nacional, pelo voto direto e secreto dos filiados(as) nos municípios; e a realização do Encontro Nacional com 600 delegados(as), 10% de convidados(as) a critério da Comissão Executiva Nacional nos dias 9,10 e 11 de dezembro de 2016.
Documentos relacionados
Crise e Golpe de Estado: O que está acontecendo com o Brasil?
conseguinte, aumenta o espaço para empresas privadas na saúde e na educação. É um mecanismo da política intensiva de privatização do Governo Temer. De fato, a PEC 241/16 é o congelamento e futura e...
Leia mais