carolina colin lima - Academia Brasileira de Audiologia
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carolina colin lima - Academia Brasileira de Audiologia
CAROLINA COLIN LIMA Avaliação comportamental e eletrofisiológica das funções auditivas no processo de envelhecimento Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Programa de Ciências da Reabilitação Área de concentração: Comunicação Humana Orientadora: Profa. Dra. Eliane Schochat São Paulo 2013 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Preparada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo reprodução autorizada pelo autor Lima, Carolina Colin Avaliação comportamental e eletrofisiológica das funções auditivas no processo de envelhecimento / Carolina Colin Lima. -- São Paulo, 2013. Dissertação(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Programa de Ciências da Reabilitação. Área de concentração: Comunicação Humana. Orientadora: Eliane Schochat. Descritores: 1.Envelhecimento 2.Idoso 3.Testes auditivos 4.Audiometria da fala 5.Transtornos da percepção auditiva 6.Potenciais evocados auditivos 7.Potencial evocado P300 8.Potenciais evocados auditivos do tronco encefálico USP/FM/DBD-229/13 DEDICATÓRIA _______________________________ Aos meus pais e irmãos, Pelo suporte e segurança em todo o caminho. Ao meu marido, Por todo amor, apoio, sabedoria, paciência e companheirismo. AGRADECIMENTOS _______________________________ À Profa. Dra. Eliane Schochat pela zelosa orientação à este trabalho. Por sua inestimável competência, profissionalismo e por todo o carinho e humanidade. À companheira, profissional e amiga Camila Rabelo que me acompanhou por todo o trajeto enriquecendo este trabalho. Às amigas Ivone Neves e Marcela Silagi por importantes colaborações e importantíssima companhia. À Profa. Dra. Letícia Manssur Lessa, pelas preciosas contribuição à este trabalho. Aos colegas fonoaudiólogos do Laboratório de Investigação Fonoaudiológica em Processamento Auditivo Cris Musphy, Aline Moraes, Carol Rocha, Renata Filippini pelo apoio e ricas contribuições. Às colegas secretárias Cristina e Ana que deram todo o suporte necessário. À colega Carmen André pela colaboração na análise estatística. À Nanci pelo apoio e colaboração nas traduções. Aos meus pais, irmãos, familiares e amigos por dividirem os momentos difíceis e de alegria, colaborando com minha formação pessoal e profissional. À Capes que financiou estre projeto. MUITO OBRIGADA! “O tempo não pára, e no entanto, ele nunca envelhece” Caetano Veloso NORMATIZAÇÃO ADOTADA Esta dissertação ou tese está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento desta publicação: Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver). Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Divisão de Biblioteca e Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias. Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. 3a ed. São Paulo: Divisão de Biblioteca e Documentação; 2011. Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus. SUMÁRIO Lista de Abreviaturas, símbolos e siglas Lista de Tabelas Lista de Figuras Resumo 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................01 2. OBJETIVOS...........................................................................................................06 3. REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................08 4. MÉTODOS.............................................................................................................25 5. RESULTADOS.......................................................................................................35 6.DISCUSSÃO...........................................................................................................59 7. CONCLUSÕES......................................................................................................76 8. ANEXOS................................................................................................................80 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................88 LISTA DE ABREVIATÚRAS, SÍMBOLOS E SIGLAS dB - Decibel µV – Microvolts ms –Milissegundos SNC- Sistema Nervoso Central SNAC- Sistema Nervoso Auditivo Central TPA(C)- Transtorno do Processamento Auditivo (Central) LRF- Limiar de Reconhecimento de Fala IPRF- índice Percentual de Reconhecimento de Fala TPF- Teste do Padrão de Frequência FRB- Fala com Ruído Branco PEATE- Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico CCL- Comprometimento Cognitivo Leve CRD- Clinical Dementia Rating Scale DA- Doença de Alzheimer PA(C)- Processamento Auditivo (Central) LISTA DE TABELAS Tabela 1 Estatísticas descritivas para a idade (anos)...............................................37 Tabela 2 Distribuições de frequências de participantes e porcentagens dos Grupos.......................................................................................................................37 Tabela 3- Estatísticas descritivas para o nível de escolaridade (anos de estudo), por grupo....................................................................................................................38 Tabela 4- Distribuição da ocorrência de perda auditiva nas faixas de frequencia de 500Hz a 2000Hz e de 3000Hz a 8000Hz, por grupo..................................................38 Tabela 5- Estatísticas descritivas para a resposta no LRF (dB) dos grupos por orelha .........................................................................................................................39 Tabela 6 - Estatísticas descritivas para a resposta no IPRF (%) dos grupos por orelha..........................................................................................................................39 Tabela 7- Estatísticas descritivas para a resposta no FRB (%) dos grupos por orelha..........................................................................................................................40 Tabela 8- Estatísticas descritivas para a resposta no TPF (%)dos grupos por orelha..........................................................................................................................40 Tabela 9- Estatísticas descritivas para a resposta no teste de Dicótico de Dígitos (%) dos grupos por orelha..........................................................................................40 Tabela 10- Estatísticas descritivas para a latência da onda I do PEATE (ms) dos grupos por orelha.......................................................................................................41 Tabela 11- Estatísticas descritivas para a latência da onda III do PEATE (ms) dos grupos por orelha.......................................................................................................41 Tabela 12- Estatísticas descritivas para a latência da onda V do PEATE (ms) dos grupos por orelha.......................................................................................................41 Tabela 13- Estatísticas descritivas para a amplitude do P300 (V) dos grupos por orelha..........................................................................................................................42 Tabela 14- Estatísticas descritivas para a latência do P300 (ms) dos grupos por orelha..........................................................................................................................42 Tabela 15- Distribuições de frequências e porcentagens da presença de resposta na avaliação do P300 na orelha direita...........................................................................57 Tabela 16- Distribuições de frequências e porcentagens da presença de resposta na avaliação do P300 na orelha esquerda......................................................................57 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Box-plots das respostas nos testes LRF, IPRF, FRB e Dicótico de Dígitos, amplitude no P300, latência no P300, latência da onda I, latência da onda III e latência da onda V por orelha e porcentagem no TPF............................................43 Figura 2Diagramas de dispersão do LRF e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda.......................................................................................................44 Figura 3- Diagramas de dispersão do IPRF e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda.......................................................................................................45 Figura 4- Diagramas de dispersão do FRB e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda.......................................................................................................46 Figura 5- Diagramas de dispersão de Dicótico de Dígitos e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda ..................................................................................47 Figura 6- Diagramas de dispersão do TPF e a idade e curva lowess.......................48 Figura 7Diagramas de dispersão da latência na onda I do PEATE e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda.............................................................49 Figura 8Diagramas de dispersão da latência da onda III do PEATE e curva lowess e a idade nas orelhas direita e esquerda ......................................................50 Figura 9Diagramas de dispersão da latência da onda V do PEATE e curva lowess e a idade nas orelhas direita e esquerda.......................................................51 Figura 10- Diagramas de dispersão da amplitude do P300 e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda ......................................................................52 Figura 11- Diagramas de dispersão da latência do P300 e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda ..................................................................................53 LISTA DE ANEXOS Anexo 1- Certificado de aprovação da Comissão de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo do Projetos de Pesquisa...........................................81 Anexo 2-Termo de consentimento Livre e Esclarecido.............................................82 Anexo 3- Protocolo para anotação dos registros da avaliação audiológica..............85 Anexo 4-Protocolo para anotação dos registros da avaliação comportamental do Processamento Auditivo (Central).............................................................................86 RESUMO Lima CC. Avaliação comportamental e eletrofisiológica das funções auditivas no processo de envelhecimento [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2013. Introdução: O considerável aumento da população idosa no Brasil e no mundo tem motivado pesquisas acerca da qualidade de vida do idoso. Distúrbios auditivos e a diminuição da capacidade de processar os sons são comuns no processo de envelhecimento, o que provoca dificuldades na compreensão de fala e na comunicação do idoso. A pesquisa do Processamento Auditivo (Central) em adultos e idosos pretende compreender as mudanças que ocorrem nas funções auditivas centrais durante o processo de envelhecimento, assim contribuindo para a melhor compreensão deste processo e facilitando a elaboração de estratégias para melhoria na comunicação destes indivíduos. Objetivo: Avaliar e comparar o desempenho de grupos de diferentes faixas etárias em testes logoaudiométricos, comportamentais do processamento auditivo (central) e eletrofisiológicos da audição. Método: O estudo analisa o desempenho de 131 adultos e idosos, com idade entre 50 e 79 anos, divididos em três grupos, compostos por três faixas etárias: G1 (50-59 anos) com 63 participantes, G2 (60-69 anos) com 47 participantes e G3 (70-79 anos) com 21 participantes, os quais realizaram testes logoaudiométricos (Limiar de Reconhecimento de Fala e Índice Percentual de Reconhecimento de Fala), comportamentais do Processamento Auditivo (Central) (Fala com Ruído Branco, Dicótico de Dígitos e Teste do Padrão de Frequência) e testes eletrofisiológicos da audição (PEATE e P300). Resultados: Os resultados mostram que houve diferença estatisticamente significante no desempenho dos grupos nas respostas dos testes do Limiar de Reconhecimento de Fala, Índice Percentual de Reconhecimento de Fala e Fala com Ruido Branco nas orelhas direita e esquerda e no teste Dicótico de Dígitos na orelha esquerda. Houve também diferença estatisticamente significante nos valores de latência das ondas I, III e V no PEATE na orelha direita e latência das ondas III e V no PEATE na orelha esquerda. Na análise dos resultados dos testes Padrão de Frequência e P300 não houve diferença significante no desempenho dos grupos. Conclusões: O estudo mostra que com o processo de envelhecimento houve o aumento do Limiar de Reconhecimento de Fala nas orelhas direita e esquerda; a diminuição das porcentagens de acerto nos teste de Índice Percentual de Reconhecimento de Fala e Fala com Ruído Branco nas orelhas diereita e esquerda, e no teste Dicótico de Dígitos na orelha esquerda. Nos potenciais eletrofisiológicos, o envelhecimento provocou o aumento dos valores de latência do PEATE, nas ondas I, III e V na orelha direita, e III e V na orelha esquerda. Descritores: Envelhecimento; Idoso; Testes auditivos; Audiometria da fala; Transtornos da percepção auditiva; Potenciais evocados auditivos; Potencial evocado P300; Potenciais evocados auditivos do tronco encefálico. SUMMARY Lima CC. Behavioral and electrophysiological evaluation of the central auditory process in the aging process [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2013. Introduction: The considerable increase of the elderly population in Brazil and worldwide has motivated research on the quality of life of the elderly. Hearing disorders and the decrease in the ability to process sounds are common in the aging process, which provoke difficulties in speech comprehension and in the communication of the elderly. The research on central auditory processing in adults and elderly people aims at understanding the changes which occur in the central auditory functions during the aging process, thus contributing to the better understanding of the process and facilitating the development of strategies to improve these subjects’ communication.Objectives: To evaluate and compare the performance of groups of different ages in speech recognition and behavioral and electrophysiological evaluation of the central auditory system. Methods: The study analyses the performance of 131 adults and elderly people, ranging from 50 to 79 years of age, divided in three groups, formed by the age groups: G1 (50-59 years of age) with 63 members, G2 (6069 years of age) with 47 members and G3 (70-79 years of age) with 21 members, who did speech audiometry (Speech Reception Threshold and Speech Recognition Test), behaviral evaluation of the central auditory process (Speech in Noise, Dichotic Digit Test and Pitch Pattern Sequence Test) and auditory electrophysiological tests (ABR and P300. Results: The results show that was a statistically significant difference in the performance of the groups on the Speech Recognition Threshold Test, Speech Recognition Test, and Speech in Noise Tests in the right and left ears and the Dichotic Digit Test in the left ear. There was also a statistically significant difference in the latency values of the I, III and V waves in the ABR of the right ear and Latency of the III and V waves in the ABR in the left ear. In the analysis of the Frequency Pattern and P300 tests there was no significant difference in the groups’ performances. Conclusions: The study shows that, with the aging process, there was a decrease in the Speech Reception Threshold, Speech Recognitiontion Test and Speech in Noise in the right and left ears, and in the Dichotic Digit Test in the left ear. In the electrophysiological evaluation, the aging process led to an increase in the latency values of the ABR in the I, III and V waves in the right ear, and III and V in the left ear. Descriptors: Aging; Aged; Hearing tests; Audiometry, speech; Auditory perceptual disorders; Evoked potentials, auditory; Event-related potentials, P300; Evoked potentials, auditory, brain stem. INTRODUÇÃO _________________________________ 2 1. INTRODUÇÃO A população idosa, definida como o conjunto de indivíduos com mais de 60 anos (em países subdesenvolvidos e emergentes) e acima dos 65 anos (nos países desenvolvidos), tem aumentado consideravelmente. Este fato também tem sido observado no Brasil desde a década de 1980. Em 1950, a expectativa de vida em nosso país era de 43,2 anos; em 1979, mudou para 57,1 anos. Neste período, a base da pirâmide etária brasileira era constituída por jovens e a população idosa representava cerca de 2,5% do seu total (Kalache, 1987). A proporção de idosos aumentou de forma significante principalmente a partir da década de 1960. Assim, o Brasil passou a ter uma expectativa de vida de 65 anos em 1990 e 71 anos em 2002 (Chaimowicz, 1998). Dados de 2011 mostram que a expectativa de vida do brasileiro é de 74 anos, e estima-se que o Brasil, em 2025, ocupará a sexta posição mundial em número absoluto de idosos (FIBGE, 2002, 2011). Esse considerável aumento favorece o aparecimento da preocupação com o bem estar e a qualidade de vida na velhice. O aumento da população idosa, além de aspectos financeiros e sociais, é responsável pelo aumento da prevalência de doenças, como demência e as dificuldades de comunicação. Dados mostram que cerca de um quinto da população com mais de 65 anos apresenta problemas de comunicação, o que leva a prejuízos em aspectos fundamentais do dia a dia do idoso (Moraes, 2012). Alguns estudos epidemiológicos afirmam que, dentre os diversos problemas que reduzem a qualidade de vida dos idosos, os distúrbios auditivos estão entre os mais comuns (Campbell et al, 1999; Carmo et al, 2008). A dificuldade de 3 comunicação do idoso, que está muitas vezes relacionada a dificuldades auditivas, pode contribuir para um processo de desvalorização e de subestima, afetando o relacionamento social destes indivíduos (Quintero et al., 2002; Pinheiro e Pereira, 2004). Frequentemente, idosos apresentam a queixa de não compreensão de fala em ambiente ruidoso e/ou com reverberação. Apesar de diversos autores relacionarem esta queixa à perda auditiva neurossensorial, em muitos casos essa dificuldade parece maior que a esperada pelo grau e pela configuração da perda auditiva apresentada (Quintero et al., 2002; Neves e Feitosa, 2003;). De acordo com Pinheiro e Pereira (2004), uma das principais queixas apresentadas pelo idoso (“ouvir, mas não entender”) é gerada pela diminuição da capacidade de processar os sons, a qual está associada ao envelhecimento. Durante o envelhecimento podem ocorrer alterações de aspectos supraliminares de percepção do som, tais como a localização de sons no espaço, o reconhecimento da fala e a percepção de sinais mascarados por ruído (Martins e Câmara, 2012; Veneman, et al, 2013). Diversos autores afirmam que testes para avaliar a compreensão da fala no ruído ou em situação de reverberação deveriam ser parte integrante da bateria de testes auditivos em idosos, a fim de avaliar funções auditivas específicas nestes indivíduos (Jerger, 1992; Fribisina e Fribisina, 1997; Coser et al., 2000). A perda da audição pode agravar os efeitos de um déficit cognitivo, devido ao isolamento social e depressão subjacentes (Allen et al., 2003, Parham et al, 2013). Além disso, alguns estudos relacionam as dificuldades de reconhecimento de fala em idosos à perda da capacidade de realizar o processamento temporal de sons, o 4 que está associado ao envelhecimento (Frisina e Frisina, 1997; Snell, 1997; Versfeld e Dreschler, 2002; Parra et al., 2004). Segundo Baran e Musiek (1999), os transtornos das funções auditivas comumente apresentadas por indivíduos idosos podem ser decorrentes de mudanças no metabolismo, que ocorrem com o avanço da idade. Essas mudanças podem afetar diretamente o metabolismo cerebral, causando o Transtorno do Processamento Auditivo (Central) [TPA (C)], o qual pode ser definido como déficit no processamento da informação auditiva, resultando em disfunções nos processos dedicados à audição (Chermak e Musiek, 2002), dentre eles, déficits perceptuais relacionados ao processamento de sinais complexos, como a fala (Krauss et al., 1996). A pesquisa do Processamento Auditivo (Central) [PA(C)] em adultos e idosos pretende compreender as mudanças que ocorrem com o processamento da informação auditiva durante o envelhecimento e contribuir para uma melhora no processo de comunicação destes indivíduos (Pinheiro e Pereira, 2004). A avaliação do PA(C) é realizada na prática clínica por meio de testes comportamentais, porém alguns autores citam que os resultados desses testes podem sofrer influências negativas de diversas variáveis, dentre elas, fatores linguísticos e cognitivos (Jirsa, 2002; Humes, 2005). Alguns estudos (Jirsa, 2002; Putter-Katz et al., 2002) sugerem a utilidade dos testes eletrofisiológicos na avaliação do PA(C), sendo que esses testes possibilitam a avaliação das áreas cerebrais envolvidas no Processamento Auditivo (Central), sofrendo mínima influência de fatores extrínsecos, ao contrário dos testes comportamentais. 5 A medida dos potenciais evocados auditivos reflete a atividade eletrofisiológica do sistema auditivo central, podendo ser de curta, média e longa latência. O Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) reflete a atividade da via auditiva até o tronco encefálico, e sua resposta indica a integridade dessa porção do sistema auditivo. Por se tratar de um potencial de curta latência, o PEATE é sensível para detectar alterações nas porções periféricas da via auditiva, porém é pouco sensível para detectar alterações em áreas talâmicas, subcorticais ou corticais, sendo assim, apresenta pouca utilidade na avaliação do processamento auditivo central (Junqueira e Frizzo, 2002). Para Hall e Johnson (2007), os Potenciais Evocados Auditivos corticais, dentre eles o complexo N1-P2-N2 e o P300, são os mais sensíveis a alterações específicas no SNAC relacionadas ao TPA (C). Devido à diminuição da neuroplasticidade e do funcionamento das habilidades auditivas no processo de envelhecimento, há um número considerável de adultos e idosos que apresentam dificuldades cotidianas decorrentes de dificuldades no processamento auditivo, sendo estas dificuldades passíveis de tratamento (Buss, 2010). Esta pesquisa é um estudo das implicações do processo de envelhecimento no sistema auditivo central, por meio da análise do desempenho de adultos e idosos em testes comportamentais e eletrofisiológicos. Este estudo é motivado pelo aumento da população idosa no Brasil e no mundo, o que traz a necessidade de entender as alterações que o tempo exerce sobre o sistema auditivo, a fim de nortear, além de ações de reabilitação, o planejamento de políticas públicas nas ações preventivas e educativas relacionadas à saúde auditiva do idoso. OBJETIVOS ________________________________ 7 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo geral O objetivo deste trabalho é descrever o efeito do processo de envelhecimento sobre as funções do Sistema Nervoso Auditivo Periférico e Central, por meio das avaliações comportamentais e eletrofisiológicas do sistema auditivo. 2.2. Objetivos específicos Analisar o desempenho em testes logoaudiométricos, comportamentais e eletrofisiológicos do Sistema Nervoso Auditivo Central de adultos e idosos com idade entre 50 e 79 anos, comparando o desempenho das faixas etárias de 50-59 anos, 60-69 anos e 70-79 anos. Verificar e comparar o desempenho das orelhas direita e esquerda nos testes logoaudiométricos, comportamentais e eletrofisiológicos do sistema auditivo central de adultos e idosos com idade entre 50 e 79 anos, comparando o desempenho das faixas etárias de 50-59 anos, 60-69 anos e 70-79 anos. REVISÃO DA LITERATURA _________________________________ 9 3. REVISÃO DA LITERATURA Neste capítulo será descrita a revisão bibliográfica dos trabalhos relacionados ao tema estudado. A apresentação da revisão bibliográfica está dividida por temas e segue o encadeamento dos mesmos. 3.1. O envelhecimento fisiológico e a funcionalidade O envelhecimento é o efeito da passagem de tempo que provoca a involução morfofuncional dos sistemas fisiológicos do organismo, tem natureza multifatorial e provoca alterações em nível celular-molecular. O envelhecimento biológico tem início por volta dos 25 anos, quando se tem o ápice do desenvolvimento das funções, (Moraes et al, 2010). É um processo degenerativo, progressivo, intrínseco e sofre influencia de fatores ambientais. No SNC, ocorre a diminuição da neuroplasticidade e da neurogênese, o que provoca mudanças na capacidade de elaborar e integrar estímulos orgânicos e ambientais e reagir adequadamente a estes. (Ribeiro, 1999; Moraes et al., 2010). O termo neuroplasticidade se refere à capacidade dos neurônios de refazer o circuito neural, com a formação de novas sinapses e circuitos sinápticos aumentando a quantidade de neurônios responsivos a cada área ativada, em resposta a exposição a estímulos. É a adaptação e reorganização da dinâmica do sistema nervoso frente às alterações do ambiente. A neurogênese é a formação de novos neurônios (Luft et al, 2012). A neuroplasticidade está relacionada com a aprendizagem, visto que aprender significa ativar sinapses normalmente não utilizadas. (Kolb, 2003). 10 O cérebro jovem é capaz de reagir de forma mais expressiva às estimulações, quando comparado ao cérebro adulto, devido à maior neuroplasticidade existente na infância, e esta diminuição da plasticidade neuronal que ocorre na vida adulta deve ser considerada na elaboração das estratégias terapêuticas em indivíduos adultos e idosos. (Riddle, 2007). A análise dos processos de amadurecimento e envelhecimento do sistema nervoso central (SNC) fornece importantes informações para o estudo dos processamentos cognitivos. A funcionalidade do idoso tem como pilares o movimento, a comunicação/audição e a ocupação. A medida da funcionalidade do idoso é referencia para diagnóstico e intervenção, na busca da melhoria da qualidade de vida (Fried, 2000). As habilidades cognitivas do ser humano incluem a percepção, atenção, memória, raciocínio, tomada de decisão, solução de problemas e formação de estruturas complexas do conhecimento. Algumas habilidades cognitivas sofrem declínio com a idade, como a memória de trabalho, a velocidade de pensamento e as habilidades visuoespaciais. No entanto no processo de envelhecimento normal, são mantidas as habilidades de inteligência verbal, atenção básica, habilidade de cálculo e a maioria das habilidades de linguagem (Banai & Kraus, 2007). Há diversas evidências de que o envelhecimento diminui a velocidade de raciocínio e memorização. Estudos neurofisiológicos tentam entender o padrão de funcionamento do cérebro idoso e defendem que para minimizar os efeitos das alterações fisiológicas no SNC, o cérebro idoso se utiliza de diferentes recursos para a manutenção de suas funções, como por exemplo, o recrutamento de 11 diferentes áreas cerebrais em tarefas que o cérebro jovem é capaz de executar com menor demanda cerebral (Park et al., 2001). No Brasil a maioria dos idosos tem se mantido cada vez mais ativos e participantes no desenvolvimento socioeconômico, político e cultural do país. Mesmo apresentando algum tipo de problema de saúde, uma grande parcela dos homens idosos chefia famílias e mais da metade contribui com a renda dos lares. A crescente preocupação com a necessidade de ações de investimento na promoção da saúde do idoso visa contribuir com a manutenção da sua autonomia. Dados de pesquisas mostram um grande aumento da população idosa com mais de 80 anos, e nessa faixa etária, há o aumento da incidência de doenças e grande declínio da autonomia, requerendo muito recurso financeiro para seus cuidados (Minayo, 2012). Em Portugal, Faria et al. em 2012, abordam o panorama histórico da situação social do idoso. A pesquisa mostra que a partir da década de 50, o idoso deixa de ser a figura associada à sabedoria, ao respeito e legitimação da autoridade, configurada em séculos anteriores, para se tornar um problema social, com as mudanças do sistema econômico que prioriza novos conhecimentos e mão de obra, o que passa a tornar os idosos mais improdutivos financeiramente, assim os tornando dependentes de benefícios sociais. O texto torna clara a necessidade de se criar projetos de políticas públicas para promover e viabilizar a participação ativa do idoso na construção da sociedade, e assim, assegurar proteção aos futuros idosos. Parahyba & Simões (2006) realizaram um estudo da funcionalidade do idoso, utilizando a base de dados dos Suplementos de Saúde, durante os anos de 1998 e 2003, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada pelo 12 IBGE. No estudo foram investigados dados das PNADs deste período, contendo, em cada uma, cerca de 30 mil pessoas de 60 anos ou mais. A análise das informações das PNADs, entre 1998 e 2003, mostrou redução da incapacidade funcional dos idosos no decorrer dos anos. A pesquisa relata também que os idosos mais pobres apresentam as maiores taxas de prevalência de incapacidade funcional, sendo praticamente o dobro em relação aos idosos com maior renda, por isso os autores deixam claro que a renda é um fator muito importante para redução do risco de incapacidade funcional, sendo que à medida que a renda cresce, diminui a taxa de prevalência de incapacidade funcional. Esse fator está relacionado à aquisição de bens e serviços básicos, como acesso a educação de boa qualidade, oferta adequada de atendimento de saúde, de moradia e de transporte. 3.2. O envelhecimento do sistema auditivo A audição do idoso é tema amplamente estudado, e é consenso na literatura mundial que o efeito da idade sobre o sistema auditivo periférico é a perda gradual da acuidade auditiva. O processo de envelhecimento causa a progressiva degeneração sensorial, neural e das células cocleares, além da diminuição da plasticidade do SNAC (Chilsom et al, 2001). A perda auditiva que ocorre em decorrência do processo de envelhecimento é denominada presbiacusia, e se deve ao processo de degeneração sensorial das células ciliadas e células de sustentação da base da cóclea, o que provoca uma perda auditiva neurossensorial com configuração descendente (perda em altas frequências) e alteração no reconhecimento de fala (Schuknecht, 1964). 13 A presbiacusia refere-se à soma dos efeitos da passagem do tempo e da degeneração fisiológica causada por exposição ao ruído, agentes ototóxicos e prejuízos causados por distúrbios e tratamentos médicos. Afeta a maior parte das pessoas com idade acima de 65 anos (Bento, 1998; Hull, 1980). Alguns autores relatam que a presbiacusia é a principal causa da dificuldade de comunicação entre a população idosa. (Bento, 1998; Jerger, et al, 1992, Pinheiro 2004). Porém, muitas vezes a queixa de dificuldade de compreensão de fala apresentada pelo indivíduo idoso é maior que o esperado para a perda auditiva apresentada, o que pode ser sugestivo, além de alteração no sistema auditivo periférico, de comprometimento do sistema auditivo central (Jerger, et al, 1992, Pinheiro 2004). Um instrumento para a avaliação da audição é a audiometria. A audiometria tonal é um teste de medição da audição periférica, por meio da obtenção dos limiares auditivos aéreos e ósseos. A American National Standards Institute (ANSI) de 1973 define que o limiar de audibilidade é o nível mínimo de pressão sonora aplicada ao sistema auditivo capaz de produzir sensação auditiva. Na avaliação da detecção e compreensão de fala, são utilizados testes de audiometria vocal (avaliação logoaudiométrica). Na obtenção da detecção e dos limiares logoaudiométricos são acionadas estruturas periféricas e centrais, o que oferece importantes informações acerca do funcionamento do sistema auditivo e do rendimento social-auditivo do indivíduo testado (Wilson & Strouse, 2001). No processo de envelhecimento as alterações morfofuncionais do sistema auditivo e do SNC podem resultar no declínio das habilidades do processamento auditivo. A dessincronia neural das estruturas que compõe o sistema auditivo gera dificuldades em habilidades auditivas verbais e não verbais, o que está relacionado 14 a dificuldades corticais do processamento de sinais com diferenças sutis entre eles. A alteração do processamento auditivo pode levar a queixas de dificuldade de compreensão de fala maiores do que o esperado para o perfil audiológico apresentado (Pinheiro, 2004; Banai & Kraus, 2007). Processamento auditivo refere-se aos processos e mecanismos que o sistema nervoso central realiza para lidar com as informações enviadas pela cóclea. O cérebro tem o trabalho de reconhecer e interpretar os sons do ambiente, e para isso necessita de boa integridade e bom funcionamento das estruturas auditivas periféricas e centrais. O funcionamento adequado das habilidades do processamento auditivo é primordial para o bom aproveitamento das informações captadas e enviadas pelo sistema periférico (Machado, Pereira & Azevedo, 2006; Bellis, 2003). As habilidades envolvidas no processamento das informações auditivas são: localização, lateralização e discriminação sonoras, reconhecimento auditivo, aspectos temporais (resolução temporal, mascaramento temporal, integração temporal, ordenação temporal), desempenho auditivo com sinais acústicos competitivos e desempenho auditivo com sinais acústicos degradados (ASHA, 2005). Transtorno do processamento auditivo central {TPA(C)} é a deficiência em uma ou mais habilidades auditivas que se manifesta como uma deficiência funcional (ASHA, 1996). Muitos processos cognitivos estão envolvidos nas tarefas do processamento auditivo, sendo alguns especificamente dedicados ao processamento do sinal acústico e outros mais globais, como por exemplo, processos de atenção, aprendizagem, memória, motivação e linguagem. (Baran & Musiek, 2001; Bellis, 2003). Com o objetivo de facilitar a definição do TPA(C), Chermak & Musiek (1997), o descreveram como a deficiência em uma ou mais das 15 habilidades envolvidas no processamento da informação auditiva, e que apresente alteração na geração dos potenciais evocados auditivos. Dificuldades no processamento auditivo podem interferir no cotidiano do indivíduo, manifestando prejuízos na compreensão de fala na presença de ruído, dificuldade de atenção, trocas na fala e/ou na escrita, dificuldade na alfabetização, dificuldade em matemática, dificuldade de interpretação de textos, de lateralização, agitação ou apatia (ASHA, 1996). Há algumas décadas, estudos têm sido realizados com o objetivo de conhecer o funcionamento do sistema auditivo central para possibilitar o desenvolvimento de técnicas de avaliação para diagnosticar dificuldades em habilidades auditivas centrais. A avaliação das funções auditivas de indivíduos com queixas relacionadas às habilidades auditivas é realizada por meio da bateria de testes que compõe a avaliação do processamento auditivo. A avaliação padronizada fornece dados acerca das habilidades auditivas alteradas, e assim, se torna possível relacioná-las com a dificuldade de comunicação apresentada pelo paciente (Pereira & Cavadas, 1998; Baran &Musiek, 2001; Bellis, 2003; Martins & Magalhães, 2006). A avaliação do processamento auditivo tem início com a avaliação audiológica, para a verificação da integridade do sistema auditivo periférico. Nessa etapa é feita a audiometria tonal, para avaliar os limiares auditivos nas frequências de 250Hz a 8KHz, a audiometria vocal, que avalia o reconhecimento e a inteligibilidade de fala em ambiente favorável (no silêncio) e a imitânciometria, que avalia a mobilidade da orelha média, com a timpanometria e as medidas dos níveis de reflexos acústicos (NRA). A audiometria tonal visa checar a integridade da cóclea na recepção das diferentes frequências de tons, que em porções mais superiores do SNAC, são utilizadas para a decodificação dos sons da fala, principalmente de consoantes 16 (Wilber, 2001). Na audiometria vocal, é avaliado o processamento dos sinais de fala, mantendo-se suas redundâncias extrínsecas, com sua medida tem-se a intensidade do limiar de reconhecimento de fala e a porcentagem do reconhecimento de fala (Wilson & Strouse, 2001). Na medida de imitância acústica, é analisada a mobilidade do sistema da orelha média, que é responsável pela condução dos sinais acústicos até a cóclea, e a modificação desses sinais para a proteção da cóclea e para o favorecimento dos sinais de fala. (Margolis & Hunter, 2001). Na medida do reflexo acústico estapediano há a captação das respostas de contração do músculo estapédio por meio de estimulação acústica. Esta pesquisa fornece dados para a análise do funcionamento da orelha média (Wilson & Margolis, 2001). Estudos correlacionam as possíveis funções do feixe olivococlear com o processamento auditivo, e funções têm sido atribuídas ao sistema medial olivococlear, como: localização da fonte sonora, atenção auditiva, melhora da sensibilidade auditiva, melhora na detecção de sinais acústicos na presença de ruído e função de proteção (Hill et al., 1997; Bruel et al., 2008; Hood et al. 2001; Burguetti, Carvallo, 2008). Na análise comportamental do processamento auditivo são utilizados testes que avaliam a eficácia e eficiência do sistema nervoso em lidar com as informações auditivas. A bateria de testes da avaliação do PA pode incluir testes de discriminação auditiva, que avalia a habilidade em discriminar sinais acústicos semelhantes; processamento temporal da informação auditiva, que avalia a habilidade de análise de eventos acústicos no tempo; análise dicótica de fala, que avalia a habilidade de separação ou integração binaural de diferentes sinais acústicos recebidos simultaneamente em cada orelha; análise monótica de fala, que 17 avalia o reconhecimento de cada orelha para sinais de fala degradados; interação binaural, que avalia a habilidade de percepção da diferença dos sinais acústicos quanto à intensidade ou tempo (ASHA, 2005; ANSI, 1978; ISO, 1984). A avaliação comportamental do sistema auditivo depende da colaboração e inteligibilidade dos testes por parte do sujeito avaliado. Existe, no entanto, testes objetivos que avaliam a integridade neural das vias auditivas, com a captação dos Potenciais Evocados Auditivos. A avaliação objetiva complementa a avaliação comportamental do processamento auditivo fornecendo mais dados acerca do funcionamento e integridade do sistema auditivo do sujeito (Schochat, 2003; Carvallo, 1997). A bateria de testes da avaliação do processamento auditivo é composta por testes comportamentais subjetivos, que podem sofrer influencia de aspectos cognitivos e linguísticos. Por essa razão há grande dificuldade no diagnóstico diferencial entre alterações cognitivas e linguísticas e o processamento auditivo (Jirsa, 2002). Alguns trabalhos realizados para avaliar o desempenho de adultos com queixas relacionadas a dificuldades no processamento auditivo relatam a importância deste diagnóstico, porém ainda é questionada a sensibilidade dos testes padronizados utilizados (Sanchez et al, 2003). Dentre as mudanças que o tempo exerce sobre o sistema auditivo estão alterações periféricas e centrais como a progressiva degeneração sensório neural da cóclea, a diminuição da compreensão de fala em ambiente ruidoso, da percepção de aspectos temporais e de alterações rápidas na fala, localização sonora, entre outros (Chisolm et al, 2003). O SNAC é capaz de realizar o processamento de sinais linguísticos na presença de ruído, por meio da análise acústica, separação sinal ruído, 18 mapeamento do sinal de fala e fonêmico, porém essa habilidade pode ser prejudicada pelo processo de envelhecimento, mesmo que não haja prejuízo á integridade das vias auditivas periféricas. Dados de neuroimagem apontam sinais de redução da ativação de áreas do SNAC durante a tarefa de reconhecimento de fala na presença de ruído, nos indivíduos mais velhos, quando comparados aos mais jovens, e o aumento da ativação de regiões relacionadas à memória de trabalho frontal e atenção, evidenciando a atividade compensatória do SNC para a manutenção das funções (Wong et al, 2009). O TPA(C) é uma dificuldade funcional, resultante de disfunções das habilidades auditivas, podendo estar relacionado a uma disfunção global que o sistema nervoso central sofre no processo de envelhecimento. O TPA(C) causa no idoso a dificuldade de compreensão de fala (ouvir, mas não entender) devido à diminuição da capacidade de processar os sons (Pinheiro, 2004). Há tempos, pesquisas têm estudado a relação entre a dificuldade de compreensão de fala e a diminuição das habilidades de ordenação e sequencialização temporal, relacionada com a diminuição da eficiência de transferência inter-hemisférica da informação auditiva (Jerger, 1997; Frisina, 1997), porém não existe consenso na literatura atual. Com o objetivo de analisar a eficiência das funções auditivas centrais de idosos que relatam ouvir bem Sanchez et al. (2008) avaliaram o processamento auditivo (central) de 40 idosos na faixa etária de 60 a 75 anos por meio dos testes de identificação de sentenças sintéticas com mensagem competitiva ipsilateral, teste de padrões de frequência e teste de dissílabos alternados por meio de tarefa dicótica. Com a análise dos dados os autores observaram que a faixa etária e perda auditiva influenciaram nos resultados do teste de identificação de sentenças com 19 mensagem competitiva ipsilateral e não influenciaram nos demais testes analisados. Os autores observaram também que os idosos da pesquisa apresentaram porcentagens de acertos abaixo dos padrões da normalidade de adultos nos três testes realizados, o que sugere que indivíduos idosos que relatam ouvir bem apresentam prevalência relevante de sinais de ineficiência das funções auditivas centrais. Quintero et al. (2002) verificaram em um estudo que a presbiacusia pode ser considerada como um fator determinante das dificuldades de inteligibilidade de fala dos idosos em ambientes ruidosos ou reverberantes, visto que em sua pesquisa que avaliou 100 idosos na faixa de 60 a 79 anos, divididos em dois grupos de 50 idosos, sendo um deles de normo ouvintes e o outro de idosos com presbiacusia, os resultados obtidos não mostraram diferença estatisticamente significante entre os grupos no teste SSW, o que sugere que o envelhecimento acarreta o declínio do processamento mais central de informações. Dentre os métodos objetivos de avaliação do sistema auditivo, o PEATE é um dos testes mais utilizados. A aplicação clínica do PEATE visa analisar a integridade das vias auditivas, por meio da análise da latência das ondas resultantes das respostas dos geradores à estimulação acústica. O PEATE não depende do estado atencional do indivíduo avaliado, e as respostas são obtidas por meio da estimulação acústica da cóclea e os resultados da ativação dos geradores são coletados por meio de eletrodos posicionados na região da cabeça do indivíduo testado (Burkard, 2007). Pesquisas que tentam elucidar os exatos geradores das ondas obtidas no PEATE mostram que a onda I é gerada pela porção proximal do nervo auditivo, II é gerada pela porção distal do nervo auditivo, III é gerada pelo núcleo coclear, IV é 20 gerada pelo complexo olivar, e V é gerada pelo lemnisco lateral, com participação da ativação do colículo inferior (Durrant & Ferraro, 2001). As ondas do PEATE podem ser analisadas quanto à latência e amplitude, porém, as medidas de latência não mais usadas na prática clínica, sendo essa a medida do início do estímulo acústico apresentado, até o pico da onda resultante (Burkard, 2007). A maturação do sistema auditivo exerce mudanças na morfologia e latência das ondas, sendo que apenas a partir dos dois anos de idade, crianças com audição normal, apresentam respostas de PEATE semelhantes às do adulto com audição normal. Após os 50 anos, pode haver novamente o aumento das latências das ondas, porém é importante analisar a interferência da perda auditiva sobre as respostas do PEATE (Matas, 2003; Durrant & Ferraro, 2001). Segundo a ASHA (1987) na idade adulta, pode haver a diminuição da amplitude e alteração na morfologia das ondas do PEATE. Segundo a associação, há evidências experimentais que mostra que latências absolutas das ondas I, III e V são maiores para indivíduos com 50 anos ou mais quando comparados com indivíduos com idade entre de 20-30 anos, podendo também ter diferença de latência nos intervalos interpico. Porém esses dados não são conclusivos, visto que é importante considerar que os resultados do PEATE sofrem influencia de perda auditiva sensorial em frequências altas, alteração que prolonga a latência e diminui a amplitude das ondas do teste. Humes (2005) estudou a associação entre as medidas de processamento auditivo e medidas da função auditiva ou cognitiva em ouvintes idosos com deficiência auditiva. No estudo foram realizados a audiometria, a curva de inteligibilidade de fala (monossílabos), o PEATE, a avaliação do processamento 21 auditivo central, utilizando os testes de fala comprimida (escuta monótica), dicótico consoante-vogal (escuta dicótica) e os testes temporais se sequencialização do padrão de duração, do padrão de frequência, além de três medidas da função cognitiva da Wechsler Adult Intelligence Scale-Revised (Medidas de QI verbal, QI não verbal e QI total). Foram avaliados 213 participantes com idade entre 60 e 89 anos, com os critérios de inclusão, perda auditiva neurossensorial plana ou ligeiramente descendente, simétrica bilateralmente; foram descartados os participantes que apresentaram perdas auditivas flutuantes ou súbitas, histórico de alterações cognitivas, e uso de medicamentos que podem afetar a audição ou a cognição. Nos resultados o autor observou que a função cognitiva (QI) e a idade foram preditores para a diferença nos resultados de três das quatro medidas de processamento auditivo examinadas neste estudo (sequencialização do padrão de duração, padrão de frequência, teste dicótico consoante vogal). Com isso o autor conclui que o desempenho dos idosos com perda auditiva nos testes da avaliação do processamento auditivo foi sistematicamente relacionado às diferenças individuais na função cognitiva em vez de função auditiva, especialmente para os estímulos não afetados pela perda auditiva periférica. Anias et al (2004) compararam os resultados do PEATE de idosos com limiares auditivos normais e jovens adultos, também normo ouvintes. Os autores avaliaram o PEATE de 30 participantes, sendo 15 com idade entre 20 e 30 anos, e 15 com idade acima de 60 anos, sendo todos do sexo masculino. Na comparação entre as respostas do PEATE dos dois grupos, não foi observada diferença significativa entre os mesmos, portanto, o envelhecimento não apresentou interferência nos achados do PEATE. 22 Werff e Kristen (2011) estudaram o desempenho de jovens e idosos no teste PEATE com estímulo de fala e com cliques. Na pesquisa foram comparados os desempenhos de dois grupos, sendo o primeiro com 19 jovens (20 a 26 anos), e o segundo com 18 idosos (61-78). Todos os participantes mais jovens eram normo ouvinte, e os participantes idosos apresentavam perda auditiva em altas frequências (sugestivo de presbiacusia). A análise dos resultados do estudo mostrou diferença estatisticamente significante no desempenho no PEATE com fala entre os grupos, visto que os participantes mais velhos apresentaram maiores valores de latência e menores valores de amplitude de em relação aos mais jovens. Porém, para minimizar efeito da perda auditiva sobre a percepção das frequências fundamentais da sílaba utilizada no teste de PEATE com fala /da/, os autores realizaram novo teste de PEATE com fala, porém com a correção em intensidade das frequências fundamentais da sílaba, e com os novos resultados foi observado que não houve diferença estatisticamente significativa no desempenho entre os grupos, após o ajuste do estímulo, considerando a perda auditiva periférica. Os resultados finais mostram que o desempenho no PEATE foi mais influenciado pelas alterações periféricas da audição, o que sugere que há a preservação da habilidade de processamento temporal e de sinais de fala do sistema auditivo ao nível do tronco cerebral. O P300 (Potencial de Longa Latência) é uma forma de avaliação objetiva da integridade das vias envolvidas no processamento da informação auditiva. É um potencial essencialmente endógeno que reflete o processamento cognitivo de estímulos sensoriais. A realização do teste depende da discriminação e atenção a diferentes estímulos sonoros (Kraus & McGee, 1994). 23 Muitas pesquisas mostram que o P300 é gerado por estruturas corticais e subcorticais, cuja origem exata ainda é desconhecida, porém, sabe-se que suas respostas envolvem as funções de discriminação, integração e atenção do cérebro a estímulos sonoros, por isso a coleta do P300 é importante para detectar déficits na integridade neural do processamento das informações auditivas (Chermak & Musiek, 1997, Aquino et al, 2000). É um eficiente método de detecção de déficits cognitivos sutis, e por isso o P300 tem sido amplamente utilizado como um método de avaliação de atenção, memória, e habilidades de velocidade de processamento de informação (Wilson et al, 2012). O P300 não é um potencial exclusivamente auditivo, podendo apresentar valores alterados em doenças como Parkinson, Síndrome de Down, Alzheimer e demência. Estudos realizados em adultos com lesões cerebrais focais e distúrbios cognitivos mostram atraso na latência e/ou diminuição da amplitude das respostas (Musiek and col, 1992). Os dados obtidos na análise do P300 trazem valiosas informações a cerca da integridade do sistema auditivo cortical, porém, o paciente submetido a este teste deve ser cuidadosamente selecionado para que se descarte qualquer distúrbio não auditivo que possa influenciar nas respostas obtidas (Wood et al, 1980; Musiek & Lee, 2001). Diversas pesquisas mostram que o envelhecimento provoca o aumento dos valores de latência e diminuição dos valores de amplitude do P300 (Anderer et al. 2003, Matas, et al, 2006; Cóser et al, 2010). Um estudo de Jeger (2010), relaciona o envelhecimento cerebral à ação de hormônios esteróides, e com as medidas dos valores de P300 de indivíduos idosos, 24 avaliaram o efeito da reposição hormonal em 327 idosos. Os potenciais foram coletados antes e após 12 meses da reposição hormonal, e os autores observaram diminuição dos valores de latência do P300 após a reposição hormonal. MÉTODOS _________________________________ 26 4. MÉTODOS O presente estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em sessão de 18.08.2010, com o Protocolo de aprovação nº 192/10. Todos os participantes da pesquisa foram incluídos somente após terem sido devidamente informados dos objetivos da pesquisa e terem lido, compreendido e assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 4.1. Caracterização do estudo O estudo caracteriza-se como estudo transversal quantitativo. 4.2. Instituição O estudo foi realizado no Hospital Universitário da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HU- FMUSP). 4.3. Critérios de seleção da amostra Foram avaliados 146 participantes que foram submetidos à bateria de avaliação proposta no estudo. Dentre esses, foram selecionados os participantes que preenchem os critérios de inclusão da amostrai: idade entre 50 e 79 anos, grau de escolaridade mínima de quatro anos de estudo, timpanometria dentro dos padrões de normalidade e limiar logoaudiométrico no LRF (Limiar de Reconhecimento de Fala) melhor ou igual a 25dB. Também foi usado como critério 27 de inclusão a ausência de alterações neurológicas e/ou psíquicas e demência (Hughes, 1982), e para isso os participantes foram incluídos após a prévia aplicação do Clinical Dementia Rating Scale (CDR) e o diagnóstico de ausência de demência, segundo os critérios do “Diagnostic and Statistical Manual, IV edition (DSM-IV)” e “National Institute of Neurologic, Communicative Disorders and Stroke- Alzheimer Disease and Related Disorders Association” (NINCDS-ADRDA) (McKhann et al. 1984), por profissionais fonoaudiólogos especializados em neurolinguística. Após a seleção dos participantes que compõe a amostra, o estudo foi realizado com 131 participantes com idade entre 50 e 79 anos. Os participantes foram divididos em três grupos de acordo com as faixas etárias: G1, composto por participantes com idades entre 50 e 59 anos; G2: composto por participantes com idades entre 60 e 69 anos; e G3: composto por participantes com idades entre 70-79 anos. O G1 foi composto por 63 participantes (média de idade de 53,31 anos), O G2 foi composto por 47 participantes (média de idade de 64,31 anos), e o G3 foi composto por 21 participantes (média de idade de 73,04 anos). Os participantes foram encaminhados pelo projeto CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) “ENVELHECER MANTENDO FUNÇÕES: IDOSOS DO ANO 2020”, com apoio do projeto ELSA (Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto) no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. 4.4. Material Os materiais utilizados nesta pesquisa estão dispostos na tabela a seguir: 28 Material Utilização/ Avaliação Otoscópio (Heine) meatoscopia Analisador de orelha médio avaliação da curva timpanométrica e (Interacoustics modelo AT 235)* reflexo acústico ipsilateral. (ANSI,1987) Cabina Acústica * (ANSI S3.1 audiometria e logoaudiometria 1991) Fones modelo TDH-41 Vibrador ósseo modelo Radioear B-71 audiometria, logoaudiometria e testes comportamentais do processamento auditivo (central) Audiômetro (Madesen Midmate622)*(ANSI,1969) audiometria, logoaudiometria e testes comportamentais do processamento auditivo (central) Lista de vocábulos polissílabos Santos e Russo (1986) Lista de vocábulos monossilábicos Santos e Russo (1986) Compact Disk Player (Sony ou Panasonic) com saída direta para o avaliação do Limiar Reconhecimento de Fala (LRF) avaliação do Índice Percentual de reconhecimento de fala (IPRF) avaliação o processamento auditivo (central) audiômetro. Compact Disk (Pereira e Schochat, 2011) Compact Disk (Musiek, 1990) de avaliação o processamento auditivo (central) avaliação o processamento auditivo 29 (central) Pasta Abrasiva avaliação do PEATE e P300 Pasta eletrolítica avaliação do PEATE e P300 Eletrodos de prata avaliação do PEATE e P300 Equipamento GSI, modelo Audera avaliação do Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico(PEATE) Equipamento Neuroscan modelo avaliação do P300 Stim 2 Fones de inserção modelo 5 A avaliação do PEATE e P300 * Equipamento calibrado de acordo com as normas ANSI (1992). 4.5. Procedimentos 4.5.1. Avaliação audiológica Primeiramente, com o auxílio do otoscópio, foi realizada a inspeção do meato acústico externo, para verificar as condições do mesmo. Em seguida foi realizada a imitanciometria, com timpanometria e pesquisa de reflexos ipsilaterais nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. Após a coleta dos dados imitanciométricos, os participantes foram acomodados em cabine acústica e submetidos à avaliação audiológica básica, composta por audiometria tonal e vocal. Na audiometria tonal o participante foi orientado a responder (levantar a mão) para cada estímulo acústico apresentado nas duas orelhas, nas diferentes frequências (250 Hz, 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz, 3000 Hz, 30 4000 Hz, 6000Hz e 8000Hz). Foi considerado limiar auditivo a resposta para a menor intensidade apresentada nas diferentes frequências. Os participantes que apresentaram alteração na curva timpanométrica (curva tipo B ou C) foram excluídos da pesquisa e encaminhados ao setor de otorrinolaringologia do Hospital Universitário da USP. 4.5.2. Avaliação logoaudiométrica Na audiometria vocal, foram realizados testes de reconhecimento e inteligibilidade de fala. Na obtenção do LRF, os participantes foram orientados a repetir as palavras (trissílabas) ouvidas. O teste foi realizado de forma monótica em ambas as orelhas e o LRF foi identificado como o menor limiar em que o participante reconheceu (repetiu corretamente) pelo menos 50% das palavras ouvidas. Na obtenção do índice percentual de reconhecimento de fala (IPRF) os participantes foram orientados a repetir 25 monossílabos apresentados em cada orelha. O IPRF foi identificado pela porcentagem de acertos na repetição de monossílabos, obtidas em cada orelha. Os participantes que apresentaram LRF maior que 25dB foram excluídos da pesquisa. 4.5.3. Avaliação comportamental do processamento auditivo (central) Após a avaliação audiológica foi realizada a avaliação do Processamento Auditivo (Central), constituída pelos seguintes testes: fala com ruído branco, dicótico de dígitos e teste padrão de frequência: 31 -Teste de Fala com Ruído Branco (FRB): teste monótico que avalia a habilidade auditiva de fechamento auditivo (Pereira e Schochat, 1997; Pereira e Schochat, 2011). O teste é composto por uma lista de 25 vocábulos monossílabos, apresentados ipsilateralmente com ruído branco na relação sinal/ruído +20dB, na intensidade de 40dB acima do LRF. Os participantes foram orientados a repetir as palavras ouvidas, sendo estas apresentadas em presença de ruído branco competitivo. O procedimento foi realizado em ambas as orelhas, primeiramente na orelha direita e em seguida na orelha esquerda, e foi calculada a porcentagem de acertos obtida em cada orelha. -Teste Dicótico de Dígitos: teste dicótico que avalia a integração binaural, elaborado por Santos e Pereira (1996). O teste é composto por uma lista de 20 sequencias de quatro dígitos numéricos, sendo constituída pelos dígitos 4, 5, 7, 8 e 9, apresentados de dois em dois em condição competitiva. O teste é apresentado na intensidade de 50 dB acima do LRF. Os participantes foram orientados a repetir os quatro números apresentados a cada estimulação. Foi calculada a porcentagem de acertos obtida em cada orelha. -Teste do Padrão de Frequência (TPF) proposto por Musiek (1990), que avalia a habilidade auditiva de ordenação e sequencialização temporais. O teste é apresentado bilateralmente em tarefa não competitiva, e foi realizado com uma lista de 20 estímulos apresentados em sequencias de três tons, sendo estes com duas possibilidades diferentes quanto à Frequência, sendo tom grave (G) de 880Hz e tom agudo (A) de 1122Hz. Os estímulos foram apresentados com intervalos entre os tons de 300ms, sendo seis sequências possíveis (AAG, AGA, AGG, GGA, GAG E GAA). Os participantes foram orientados a nomear cada um dos três tons 32 apresentadas de acordo com a frequência. Foi calculada a porcentagem de acertos obtida no teste. 4.5.4. Avaliação eletrofisiológica Após a realização dos testes comportamentais, em um ambiente silencioso, foram realizados os testes eletrofisiológicos. Os participantes foram acomodados deitados em macas e orientados à permanecerem relaxados e imóveis. Para a gravação dos testes, após a limpeza da pele, os eletrodos foram colocados nas posições: Frontal (Fz), mastoide esquerda (A1) e mastóide direita (A2), de acordo com o sistema internacional 10-20, e um quarto eletrodo foi utilizado como “terra” foi posicionado em fronto polar esquerda (Fp1). O posicionamento Fz foi selecionado pelo maior controle da limpeza da região (área sem interferência capilar), facilitando assim minimizar a interferência de artefatos nos testes, tendo como base a pesquisa de Duarte et al. (2009), que não encontraram diferença estatisticamente significante em relação à latência e à amplitude das ondas de P300, na comparação dos valores obtidos utilizando como ponto de referencia as posições de eletrodos ativos Fz (Frontal) e Cz (vértex). Os testes foram coletados após certificação de valores de impedância de eletrodos abaixo de 5 KΩs. - O PEATE foi coletado nas orelhas direita e esquerda com estímulo clique apresentados por meio de um fone modelo inserção 5 A, na intensidade de 80 dBnNA, na velocidade de 19 cliques por segundo, totalizando 2060 estímulos a cada coleta, com a janela de gravação de 10ms, e filtro passa-alto de 150Hz e passabaixo de 3000Hz. Após a coleta foram identificadas e analisadas as ondas I, III e V, 33 quanto à latência. Foram realizadas duas varreduras de cada orelha, a fim de garantir a reprodutibilidade das ondas. - O P300 foi coletado com a apresentação dos estímulos por meio de fone modelo inserção 5 A, tendo sido coletado primeiramente na orelha esquerda e em seguida na orelha direita. Os parâmetros para a aquisição do P300 foram: estímulos acústicos (tone burst com plateau de 20 ms e rise/fall de 5 ms) de 800Hz para o estímulo frequente, com ocorrência de 85% dos estímulos e 1200Hz para o raro, com ocorrência de 15% dos estímulos; intensidade de ambos os estímulos de 80dBNPS; os estímulos foram apresentados com intervalo de ocorrência de 1000 ms; filtro passa alto de 100Hz e passa baixo de 30Hz; sensibilidade de 950µV. Foram apresentados 300 estímulos (aproximadamente 255 frequentes e 45 raros) livres de artefatos para a obtenção dos potenciais. Os participantes foram orientados a manter atenção aos estímulos (apitos) raros (finos) que apareceram dentre os estímulos frequentes (grossos), a contar mentalmente os estímulos finos e, ao final da apresentação, dizer a avaliadora o número total de apitos finos que foi apresentado em cada varredura. Foram realizadas duas varreduras em cada orelha, iniciando pela orelha esquerda, porém foi analisado o registro de melhor morfologia, julgada pela avaliadora e outro profissional fonoaudiólogo especialista em audiologia. A identificação da onda P300 foi obtida por meio da subtração do traçado correspondente aos estímulos raros em relação ao traçado correspondente aos estímulos frequentes, e foi identificada como a onda com polaridade positiva com latência aproximada de 300ms pós-estímulo. A onda resultante foi analisada quanto à latência e amplitude. É importante ressaltar que a análise dos resultados eletrofisiológicos foi realizada pela própria pesquisadora e por um segundo 34 pesquisador (examinador cego), a fim de que não houvesse influência da análise do pesquisador nos resultados os obtidos nos três grupos. RESULTADOS _________________________________ 36 5. RESULTADOS 5.1. Métodos da análise estatística Foi feita a análise descritiva de todos os testes por meio da construção de tabelas com valores de estatísticas descritivas por Grupo e total. Foram elaborados diagramas de dispersão das respostas dos testes e a idade. Para medir a correlação entre duas variáveis foi calculado o coeficiente de correlação de Pearson. A técnica de Análise de covariância com medidas repetidas (Winner et al., 1991) foi aplicada com o objetivo de comparar as médias das respostas dos testes nas duas orelhas controlando pela idade. Esta técnica também permite comparar os coeficientes da idade nas duas orelhas, ou seja, verificar se a associação do teste com a idade é a mesma nas duas orelhas. A validade das suposições do modelo foi checada por meio da análise dos resíduos (Pinheiro e Bates, 2004). O teste da razão de verossimilhanças (Fisher e van Belle, 1993) foi aplicado para comparar as distribuições da presença de resposta no P300 nos três Grupos. Nos testes de hipótese foi fixado nível de significância de 0,05. A análise foi realizada com o auxílio dos aplicativos Minitab (versão 16), SPSS (versão 18) e R (versão 14.2). 37 5.2. Caracterização da amostra Na Tabela 1 são demonstrados os valores de estatísticas descritivas para a idade. Na Tabela 2 foram demostradas as distribuições de frequências e porcentagens de participantes em cada Grupo, sendo Grupo 1, composto pelos participantes da faixa etária de 50 a 59 anos, Grupo 2, composto pelos participantes da faixa etária de 60 a 69 anos e Grupo 3 composto pelos participantes da faixa etária de 70 a 79 anos. Tabela 1- Estatísticas descritivas para a idade (anos) N Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo 131 61,4 7,2 50 60 79 Tabela 2- Distribuições de frequências de participantes e porcentagens dos Grupos Grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total N 63 47 21 131 % 48,1 35,9 16,0 100 Pode ser observado que quase 50% dos da amostra está na Grupo entre 50 a 59 anos. Na Tabela 3 são expostos os níveis de escolaridade dos grupos, por ano de estudo. 38 Tabela 3- Estatísticas descritivas para o nível de escolaridade (anos de estudo), por grupo Grupo Média Desvio padrão Mínimo Máximo Grupo 1 9,76 6,36 4 24 Grupo 2 9,67 5,00 3 19 Grupo 3 9,76 4,76 0 17 Pode ser observado que houve uma média de escolaridade semelhante entre os Grupos. Na Tabela 4 são expostos os valores de ocorrência de perda auditiva nos Grupos. Tabela 4- Distribuição da ocorrência de perda auditiva nas faixas de frequencia de 500Hz a 2000Hz e de 3000Hz a 8000Hz, por grupo. 500Hz a 3KHz a Orelha Grupo N % 2KHz (%) 8KHz(%) Direita Grupo 1 63 44,4 4,7 38,1 Grupo 2 47 68,1 10,6 57,4 Grupo 3 21 0 80,9 80,9 Total 131 58,7 6,1 51,9 Esquerda Grupo 1 63 46,0 4,7 36,5 Grupo 2 47 78,7 17,2 61,7 Grupo 3 21 9,5 76,2 85,7 Total 131 64,1 9,9 51,9 Pode ser observado que quanto maior a idade, maior a ocorrência de perda auditiva. 39 5.3. Análise descritiva dos resultados dos testes comportamentais e eletrofisiológicos Nas Tabelas 5 a 14 são apresentados os valores de estatísticas descritivas para as respostas nos testes comportamentais e eletrofisiológicos por Grupo e total, apresentados por orelha, exceto para o TPF. As distribuições das respostas nos testes em cada orelha podem ser visualizadas, de forma aproximada, nos box-plots na Figura 1. Tabela 5- Estatísticas descritivas para a resposta no LRF (dB) dos grupos por orelha Orelha Direita Esquerda Grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total N 63 47 21 131 63 47 21 131 Média 15,6 16,0 17,9 16,1 15,5 16,1 18,1 16,1 Desvio padrão 4,6 4,1 4,9 4,5 5,1 5,2 5,4 5,2 Mínimo Mediana Máximo 5 15 25 5 15 25 10 20 25 5 15 25 5 15 25 5 15 25 10 20 25 5 15 25 Tabela 6- Estatísticas descritivas para a resposta no IPRF (%) dos grupos por orelha Orelha Direita Esquerda Grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total N 63 47 21 131 63 47 21 131 Média 94,4 92,2 90,7 93,0 94,0 90,8 88,2 91,9 Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo 6,0 72 96 100 5,5 80 92 100 9,0 56 92 100 6,5 56 92 100 6,1 60 96 100 6,9 72 92 100 12,3 44 92 96 7,9 44 92 100 40 Tabela 7- Estatísticas descritivas para a resposta no FRB (%) dos grupos por orelha Orelha Direita Esquerda Grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total N 63 47 21 131 63 47 21 131 Média 90,0 87,1 83,1 87,9 93,5 89,4 87,8 91,1 Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo 6,5 68 92 100 5,7 76 88 100 6,8 76 80 92 6,7 68 88 100 4,2 80 96 100 7,5 64 92 100 7,1 72 88 96 6,5 64 92 100 Tabela 8- Estatísticas descritivas para a resposta no TPF (%) dos grupos por orelha Grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total N 63 47 21 131 Média Desvio padrão 54,0 24,5 47,7 23,0 51,2 27,4 51,3 24,5 Mínimo 0 5 5 0 Mediana Máximo 60 100 45 95 45 100 50 100 Tabela 9- Estatísticas descritivas para a resposta no teste de Dicótico de Dígitos (%) dos grupos por orelha Orelha Direita Esquerda Grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total N 63 47 21 131 63 47 21 131 Média 95,3 93,7 92,6 94,3 91,5 89,6 85,2 89,8 Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo 5,7 65 97,5 100 6,2 73 95 100 7,8 75 95,5 100 6,3 65 97,2 100 8,3 48 94,5 100 10,3 50 92,5 100 11,9 58 90 98 9,8 48 92,5 100 41 Tabela 10- Estatísticas descritivas para a latência da onda I do PEATE (ms) dos grupos por orelha Orelha Direita Esquerda Grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total N 63 47 21 131 63 47 21 131 Média 1,737 1,844 1,883 1,799 1,848 1,912 1,946 1,887 Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo 0,266 1,42 1,63 2,35 0,316 1,42 1,75 2,35 0,290 1,54 1,84 2,35 0,293 1,42 1,71 2,35 0,463 1,17 1,71 2,85 0,478 1,42 1,71 2,85 0,467 1,54 1,75 2,85 0,467 1,17 1,71 2,85 Tabela 11- Estatísticas descritivas para a latência da onda III do PEATE (ms) dos grupos por orelha Orelha Direita Esquerda Grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total N 63 47 21 131 63 47 21 131 Média 3,780 3,799 3,905 3,807 3,832 3,896 3,968 3,877 Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo 0,184 3,38 3,75 4,26 0,317 2,26 3,79 4,26 0,211 3,54 3,88 4,26 0,246 2,26 3,79 4,26 0,286 3,25 3,79 4,51 0,308 3,46 3,79 4,51 0,280 3,59 3,92 4,51 0,295 3,25 3,79 4,51 Tabela 12- Estatísticas descritivas para a latência da onda V do PEATE (ms) dos grupos por orelha Orelha Direita Esquerda Grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total N 63 47 21 131 63 47 21 131 Média 5,727 5,778 5,891 5,772 5,764 5,823 5,924 5,811 Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo 0,254 5,34 5,71 6,47 0,210 5,42 5,75 6,47 0,231 5,50 5,88 6,47 0,241 5,34 5,75 6,47 0,299 5,29 5,71 6,72 0,344 5,34 5,71 6,72 0,295 5,34 5,88 6,72 0,318 5,29 5,75 6,72 42 Tabela 13- Estatísticas descritivas para a amplitude do P300 (V) dos grupos por orelha Orelha Direita Esquerda Grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total N 63 47 21 131 63 47 21 131 Média 5,932 4,995 6,243 5,646 6,294 4,698 7,276 5,879 Desvio padrão 4,008 3,081 3,916 3,692 4,396 3,604 3,972 4,141 Mínimo Mediana Máximo 0 5,64 19,43 0 4,72 12,92 0 6,18 12,98 0 5,54 19,43 0 5,94 25,46 0 4,15 17,01 0 7,22 15,57 0 5,80 25,46 Tabela 14- Estatísticas descritivas para a latência do P300 (ms) dos grupos por orelha Orelha Direita Esquerda Grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Total N 63 47 21 131 63 47 21 131 Média 330,534 337,418 356,808 337,215 323,293 344,867 335,748 333,030 Desvio padrão 59,000 59,367 68,715 60,970 58,760 81,488 64,291 68,776 Mínimo Mediana Máximo 255,14 316,77 500,00 267,61 324,84 500,00 264,68 332,56 500,00 255,14 321,90 500,00 259,54 310,17 500,00 263,21 310,90 500,00 272,75 316,04 500,00 259,54 310,17 500,00 43 Figura 1- Box-plots das respostas nos testes LRF, IPRF, FRB e Dicótico de Dígitos, amplitude do P300, latência do P300, latência da onda I, latência da onda III e latência da onda V do PEATE por orelha e porcentagem no TPF. 44 5.4. Estudo da associação das respostas nos testes com a idade O comportamento conjunto das respostas nos testes e a idade pode ser visualizado nos diagramas de dispersão nas Figuras de 2 a 11. Uma curva lowess (Neter et al., 2005) foi adicionada a cada gráfico com o objetivo de facilitar a visualização de possíveis tendências nas nuvens de pontos (a curva é definida pelos próprios dados). No rodapé de cada Figura são encontrados os valores observados do coeficiente de correlação de Spearman da resposta do teste e a idade e os p-valores obtidos nos testes de significância dos coeficientes. Figura 2- Diagramas de dispersão do LRF e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda Coeficiente de correlação de Spearman: orelha direita: r=0,17 (p=0,053) orelha esquerda: r=0,20 (p=0,021) 45 Figura 3- Diagramas de dispersão do IPRF e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda Orelha Esquerda 100 100 90 90 80 80 IPRF (%) IPRF (%) Orelha Direita 70 70 60 60 50 50 40 40 50 60 70 Idade (anos) Coeficiente de correlação de Spearman: 80 50 60 70 Idade (anos) orelha direita: r=-0,30 (p=0,001) orelha esquerda: r=-0,30 (p=0,001) 80 46 Figura 4- Diagramas de dispersão do FRB e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda Coeficiente de correlação de Spearman: orelha direita: r=-0,32 (p<0,001) orelha esquerda: r=-0,37 (p<0,001) 47 Figura 5- Diagramas de dispersão de Dicótico de Dígitos e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda Coeficiente de correlação de Spearman: orelha direita: r=-0,18 (p=0,038) orelha esquerda: r=-0,18 (p=0,043) 48 Figura 6- Diagramas de dispersão do TPF e a idade e curva lowess Coeficiente de correlação de Spearman: r=-0,11 (p=0,224) 49 Figura 7- Diagramas de dispersão da latência da onda I do PEATE e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda Coeficiente de correlação de Spearman: orelha direita: r=0,24 (p=0,006) orelha esquerda: r=0,14 (p=0,105) 50 Figura 8- Diagramas de dispersão da latência da onda III do PEATE e curva lowess e a idade nas orelhas direita e esquerda Coeficiente de correlação de Spearman: orelha direita: r=0,20 (p=0,020) orelha esquerda: r=0,19 (p=0,034) 51 Figura 9- Diagramas de dispersão da latência da onda V do PEATE e curva lowess e a idade nas orelhas direita e esquerda Coeficiente de correlação de Spearman: orelha direita: r=0,30 (p=0,001) orelha esquerda: r=0,21 (p=0,015) 52 Figura 10- Diagramas de dispersão da amplitude do P300 e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda Coeficiente de correlação de Spearman: orelha direita: r=-0,003 (p=0,971) orelha esquerda: r=-0,007 (p=0,934) 53 Figura 11- Diagramas de dispersão da latência do P300 e a idade e curva lowess nas orelhas direita e esquerda Coeficiente de correlação de Spearman: orelha direita: r=0,17 (p=0,052) orelha esquerda: r=0,10 (p=0,259) Os resultados mostram que há correlação positiva da idade com as respostas no LRF nas orelhas direita e esquerda, ou seja, quanto maior a idade maiores os limiares de LRF nas duas orelhas (Figura 5). Houve também correlação positiva da idade com a latência das ondas I, III e V do PEATE na orelha direita e latência das ondas III e V do PEATE na orelha esquerda, e latência do P300 na orelha direita, ou seja, quanto maior a idade, maior a latência das ondas (Figuras 10, 11, 12 e 14). Houve correlação negativa das porcentagens no IPRF, FRB e Dicótico de Dígitos e a idade nas orelhas direita e esquerda, ou seja, quanto maior a idade, menor o número de acertos nos testes (Figuras 6, 7 e 8). 54 Na análise do teste TPF não houve correlação entre a idade e o desempenho no teste (Figura 8). Na análise de covariância com medidas repetidas foram obtidos os resultados apresentados a seguir. Não houve diferença significante entre as médias do LRF nas duas orelhas (p=0,902), e este resultado independe da idade, pois não há interação entre idade e orelha (p=0,210); A resposta no LRF tende a aumentar com a idade (p=0,010), e o aumento independe da orelha (pois não há interação entre idade e orelha). O aumento no LRF com o acréscimo em um ano da idade é, em média, de 0,14 dB (erro padrão = 0,05). Na comparação entre as médias do IPRF nas duas orelhas foi obtido um valor de p marginal igual a 0,050, e pode-se dizer que a média na orelha direita tende a ser maior que na esquerda. Este resultado independe da idade, pois não há interação entre idade e orelha (p=0,197); A resposta no IPRF tende a diminuir com a idade (p<0,001), e o decréscimo independe da orelha (pois não há interação entre idade e orelha). O decréscimo no IPRF com o acréscimo em um ano da idade é, em média, de 0,29 % (erro padrão = 0,08). A média da porcentagem no FRB na orelha esquerda é maior que na direita (p<0,001), e este resultado independe da idade, pois não há interação entre idade e orelha (p=0,878); A resposta no FRB tende a diminuir com a idade (p<0,001), e o decréscimo independe da orelha (pois não há interação entre idade e orelha). 55 O decréscimo no FRB com o acréscimo em um ano da idade é, em média, de 0,31 % (erro padrão = 0,06). A média da porcentagem no teste Dicótico de Dígitos na orelha esquerda é menor que na direita (p<0,001), e este resultado independe da idade, pois não há interação entre idade e orelha (p=0,150); A resposta no teste de Dicótico de Dígitos tende a diminuir com a idade (p=0,015), e o decréscimo independe da orelha (pois não há interação entre idade e orelha). O decréscimo na porcentagem no teste de Dicótico de Dígitos com o acréscimo em um ano da idade é, em média, de 0,21 % (erro padrão = 0,08). A análise dos resíduos apontou a existência de valores discrepantes. A análise foi refeita sem esses valores, obtendo-se as mesmas conclusões. A análise da associação entre a idade e a latência da onda I do PEATE apontou para a tendência do aumento da latência da onda (0,081) com o avanço da idade, e este resultado independe da orelha (pois não há interação entre idade e orelha). Nota-se que o valor de p obtido é próximo a 0,05. Não há diferença significativa entre as médias da latência da onda I do PEATE nas duas orelhas (p=0,944), e este resultado independe da idade, pois não há interação entre idade e orelha (p=0,315). Os resultados acima foram obtidos após a exclusão dos valores discrepantes apontados em uma análise com todas as observações. Não há diferença significativa entre as médias da latência da onda III do PEATE nas duas orelhas (p=0,211), e este resultado independe da idade, pois não há interação entre idade e orelha (p=0,562); 56 A latência na onda III do PEATE tende a aumentar com a idade (p=0,003), e o aumento independe da orelha (pois não há interação entre idade e orelha). O aumento da latência na onda III do PEATE com o acréscimo em um ano da idade é, em média, de 0,008 ms (erro padrão = 0,0026). Os resultados acima foram obtidos após a exclusão dos valores discrepantes apontados em uma análise com todas as observações. Não há diferença significativa entre as médias da latência da onda V do PEATE nas duas orelhas (p=0,926), e este resultado independe da idade, pois não há interação entre idade e orelha (p=0,912); A latência na onda V do PEATE tende a aumentar com a idade (p<0,003), e o aumento independe da orelha (pois não há interação entre idade e orelha). O aumento da latência na onda V do PEATE com o acréscimo em um ano da idade é, em média, de 0,009 ms (erro padrão = 0,0025). A latência da onda P300 tem um aumento significante com o avanço da idade para a orelha direita, (p=0,515), e não há interação entre idade e orelha (p=0,819). A análise dos resíduos apontou a existência de valores discrepantes. A análise foi refeita sem esses valores, obtendo-se as mesmas conclusões. Não há diferença significativa entre as médias da amplitude no P300 nas duas orelhas (p=0,514), e este resultado independe da idade, pois não há interação entre idade e orelha (p=0,965). Não há associação entre a idade e a amplitude no P300 (p=0,771) e este resultado independe da orelha (pois não há interação entre idade e orelha). A análise dos resíduos apontou a existência de valores discrepantes. A análise foi refeita sem esses valores, obtendo-se as mesmas conclusões. 57 5.5. Análise qualitativa do P300 Nas Tabelas 15 e 16 são apresentadas as distribuições da presença de resposta na avaliação do P300 nas orelhas direita e esquerda, respectivamente, em cada Grupo. No rodapé de cada tabela são apresentados os p-valores obtidos no teste da razão de verossimilhanças realizado com o objetivo de comparar as porcentagens de presença de resposta nas três faixas etárias. Pode ser observado que não há associação entre presença de resposta e Grupo. Tabela 15- Distribuições de frequências e porcentagens da presença de resposta na avaliação do P300 na orelha direita Resposta Grupo Ausente Presente Grupo 1 5 58 7,90% 92,10% Grupo 2 4 43 3 8,50% 91,50% Grupo 1 3 18 14,30% 85,70% Total 12 119 9,20% 90,80% Teste da razão de verossimilhanças: p=0,698 Total 63 100,00% 47 100,00% 21 100,00% 131 100,00% Tabela 16- Distribuições de frequências e porcentagens da presença de resposta na avaliação do P300 na orelha esquerda Resposta Ausente Presente 5 58 7,90% 92,10% Grupo 2 9 38 19,10% 80,90% Grupo 3 2 19 9,50% 90,50% Total 16 115 12,20% 87,80% Teste da razão de verossimilhanças: p=0,202 Grupo Grupo 1 Total 63 100,00% 47 100,00% 21 100,00% 131 100,00% 58 Pode ser observado que não há diferença significante na ocorrência de ausência de respostas no P300 entre os grupos. DISCUSSÃO ______________________________ 60 6. DISCUSSÃO O presente estudo foi realizado com a participação de idosos voluntários, selecionados seguindo os critérios de inclusão do estudo, dentre os participantes do Projeto CNPQ - Envelhecer mantendo funções: Idosos do Ano 2020. Os idosos da pesquisa apresentam autonomia e mantêm atividades diárias compatíveis com idosos em processo de envelhecimento saudável, mantendo rotina diária ativa e nível de escolaridade similar. Todos os participantes apresentaram boa compreensão das instruções recebidas e respostas adequadas aos testes propostos, visto que, como anteriormente esclarecido, nenhum participante apresenta comprometimento cognitivo. O envelhecimento é um processo complexo, que envolve mudanças nas esferas biológica e sociocultural do indivíduo. Diversas pesquisas tem relatado a importância do estudo da saúde do idoso, como Brêtas (2003), Ribeiro et al (2009) e Moraes (2012). Segundo os autores, muitas vezes a qualidade de vida no envelhecimento está relacionada com o estilo de vida do idoso e seus cuidados para a manutenção da saúde. No conceito de saúde cabe a reflexão distinção entre o normal e o patológico, que em termos coletivos se faz como uma tênue linha de difícil definição, porém, na análise individual, o conceito é mais preciso considerando a autopercepção das mudanças individuais. O nível de autoconhecimento de questões de saúde da população idosa tem significativa importância em termos coletivos. Os profissionais de saúde precisam estar preparados para exercer práticas de saúde individuais, porém com o suporte de ações educacionais e preventivas coletivas. Este estudo faz uma análise das implicações do processo de envelhecimento no sistema auditivo periférico e central, assunto que atualmente tem se mostrado 61 importante para pesquisadores do envelhecimento humano, incluindo os audiologistas. Porém ressalta-se a importância da avaliação audiológica no idoso considerando envelhecimento do sistema auditivo, mas não apenas com o objetivo de mensurar a deficiência auditiva através da busca dos limiares, mas que também avalie a integração do sistema auditivo com uma possível degeneração, com um sistema cognitivo envelhecido. Veras e Nattos em 2007 reafirmaram a importância de incluir na avaliação audiológica do idoso, testes objetivos e subjetivos que visem também definir a qualidade do processamento central da informação auditiva periférica, levando também em conta a percepção do paciente em relação a sua própria perda auditiva, no aspecto funcional. Parham et al (2013) salientam que a abordagem exclusiva das alterações auditivas periféricas não suprem adequadamente as necessidades no idoso, sendo importante considerar que o avanço da idade aumenta a incidência de declínio cognitivo, acometendo as funções auditivas centrais e as funções executivas. Os autores sugerem que a avaliação audiológica inclua medidas da função auditiva central, incluindo testes de escuta dicótica e de fala com ruído, e que o processo de reabilitação englobe o treinamento das habilidades auditivas prejudicadas. Este estudo contou com a participação de 131 adultos e idosos, divididos em três grupos, de acordo com a faixa etária, sendo Grupo 1 (50-59 anos), Grupo 2 (6069 anos) e Grupo 3 (70-79 anos). Os três grupos apresentaram média de escolaridade semelhante, sendo que os Grupos 1 e 3 a média de 9,76 anos de estudo e o Grupo 2 média de 9,67 anos de estudo, o que evitou que a diferença do nível de escolaridade fosse fator contribuinte para a disparidade no desempenho entre os grupos, especialmente na análise dos testes comportamentais (Tabela 3). 62 Na análise da distribuição da frequência de participantes por grupo foi observado que houve a diminuição do número de participantes com o aumento da idade, conforme demonstrado na Tabela 2. Esse fator pode estar relacionado à facilidade na mobilidade e maior autonomia dos participantes mais jovens, considerando que o envelhecimento pode interferir nestes aspectos da rotina do idoso, conforme já observado por Giatti e Barreto, (2003), Parahyba e Veras (2008) e Torres et al, (2009). 6.1. Limiares audiológicos Segundo Schuknecht (1964), a presbiacusia é caracterizada pelo aumento da perda auditiva nas frequências altas. O mesmo perfil foi observado na presente pesquisa, como demonstrado na Tabela 4, sendo que a análise dos limiares audiológicos dos participantes, mostra que houve o aumento da ocorrência de perda auditiva nas frequências de 3000Hz a 8000Hz com o aumento da idade, o que corrobora com os dados dos estudos de Rosenhall et al (1990) e Gates e Mills (2005). Há alguns anos, Seidman et al (2000) relacionam degeneração das células da cóclea no processo de envelhecimento a alterações progressivas no DNA mitocondrial, o que provoca a deficiência bioenergética das células, alterando sua função. Chilson et al (2003) Howarth e Shone (2005) e Sousa e Russo (2009) também afirmam que o avanço da idade é fator de risco para o aumento da incidência de perda auditiva e aumento do grau da mesma. Segundo Chilson (2003), com o avanço da idade ocorrem alterações funcionais, anatômicas, fisiológicas no sistema auditivo periférico e central. O autor relata que a presbiacusia é consequência da soma de 63 fatores como o processo biológico do envelhecimento, estilo de vida, genética, exposição ao ruído e a plasticidade neural, sendo estes fatores influenciados por fatores ambientais, socioeconômicos e culturais. Os fatores relacionados pelo autor, provavelmente justificam o agravamento da perda auditiva com o avanço da idade, observado na presente pesquisa. Ainda, Baraldi et al (2007) e Carmo et al (2008), observaram que com o avanço da idade ocorre um aumento gradual no grau da perda auditiva, sendo que Baraldi et al (2007) verificaram que para indivíduos muito idosos (acima de 90 anos), há o efeito de horizontalização do traçado audiológico, ou seja, houve o acometimento também das frequências baixas no perfil audiológico destes idosos. No presente estudo, foi observado que o avanço da idade provocou a acentuação da curva descendente do traçado audiométrico (aumento da perda auditiva em altas frequências). Portanto, resultados obtidos na pesquisa reforçam um perfil consensualmente relatado na literatura, e por isso é possível concluir que no processo de envelhecimento há a degeneração fisiológica gradativa das células da cóclea, o que resulta na perda auditiva neurossensorial. 6.2. Logoaudiometria A análise dos limiares de LRF apresentados pelos grupos mostra que houve aumento estatisticamente significante do limiar do LRF com o aumento da idade (Tabela 5), o que pode estar relacionado ao declínio da capacidade de compreensão de fala no processo de envelhecimento, porém não houve diferença de desempenho entre as orelhas (Figura 2). 64 O aumento de limiar do LRF com o avanço da idade também foi verificado por outros pesquisadores, como Chilsom et al (2001), Sommers et al (2005) e Tianshu (2013). Este efeito, conforme também concluíram os demais autores, pode estar relacionado ao declínio da percepção de componentes do espectro de ondas sonoras o que pode agravar a dificuldade de compreensão de fala nos idosos, além disso, a perda auditiva em altas frequências é responsável pela diminuição da percepção e discriminação sonora dos fonemas consonantais, importantes para a compreensão da fala. Outros fatores que podem influenciar no declínio da percepção da fala, como relatado por Frisina et al (2001) Schineider et al (2002), e Snell e Frisina (2000), sendo estes mudanças nos processos cognitivos, tais como a compreensão da linguagem, memória, atenção, degradação de processos cognitivos e sensoriais, bem como a degradação do processamento temporal do som. Sendo assim, os dados observados na presente pesquisa corroboram os resultados das pesquisas anteriores, visto que além da diminuição dos limiares do LRF, também houve o efeito de diminuição da porcentagem de acertos no IPRF com o avanço da idade (Tabela 6; Figura 3). Há mais de uma década, Frisina e Frisina (1997), já relatavam que o declínio gradativo nos valores da discriminação de fala com o aumento da idade está relacionado ao processo de envelhecimento do sistema auditivo, que é caracterizado pela redução da sensibilidade para tons puros e o que contribui para a diminuição na habilidade de compreender a fala no silêncio e no ruído, em níveis supralimiares. Na Tabela 6, é possível visualizar na análise comparativa entre as orelhas no teste de IPRF, que houve maior porcentagem de acerto da orelha direita em relação à orelha esquerda nos Grupos 2 e 3, o que não pode ser justificado pelo limiar do LRF, visto que não houve um melhor desempenho estatisticamente significante da 65 orelha direita em relação à orelha esquerda. Uma hipótese que pode justificar esse fator é a vantagem da orelha direita para a compreensão de fala, embora este seja um conceito mais utilizado para fala dicótica, esta vantagem foi relatada por Kimura (2011) que ressalta que a maior parte da população apresenta dominância cerebral esquerda para a linguagem. A dominância hemisférica esquerda no processamento linguístico pode favorecer o desempenho da orelha direita, inclusive nas tarefas monoaurais, especialmente em idosos que podem ter problemas na interação interhemisférica, visto que a informação enviada pelo sistema auditivo periférico é transmitida em maior parte por via cruzada, chegando com grande expressão no hemisfério contra lateral. Em seu estudo Kimura (2011) sugere que, para a maior parte da população, o hemisfério esquerdo tem maior comunicação com programações cognitivas no controle linguístico, podendo ter maior representação no controle linguístico motor. Com base nos dados da literatura e nos resultados da pesquisa, é possível concluir que o envelhecimento provoca queda na capacidade de compreensão de fala, devido à degeneração, além do sistema auditivo periférico, de estruturas do sistema auditivo central, o que pode refletir no rendimento social-auditivo do indivíduo idoso. 6.3. Fala com Ruído Branco No teste de FRB foi observado que houve diminuição estatisticamente significante da porcentagem de acertos com o aumento da idade (Tabela 7; Figura 4), o que sugere que o envelhecimento provoca um declínio da habilidade de fechamento auditivo, como também observado por Cox et al (2008), Calais et al (2008), Wong et al (2009) e Gonçales & Cury (2011). Os autores relacionam a 66 dificuldade de fala com ruído entre indivíduos idosos à alteração na interação entre regiões corticais cognitivas e sensoriais, ambas em processo progressivo de degeneração causada pelo efeito do tempo sobre o SNC. Wong et al (2009) verificaram que no envelhecimento há alteração no mecanismo de compensação no funcionamento neurofisiológico cerebral, sendo que, por meio de exame de neuroimagem de idosos, foi observado o aumento da ativação pré-frontal e diminuição da ativação de regiões temporais bilateral na tarefa de fala com ruído. Outro fator que pode ter influenciado no pior desempenho dos participantes mais velhos no teste de FRB, é o aumento da ocorrência de perda auditiva nas frequências de 3 KHz a 8 KHz com o avanço da idade, observado na comparação entre os grupos da presente pesquisa. Este fator corrobora com os achados nas pesquisas de Gonçales & Cury (2011) e Cox et al (2008), que relatam que a perda auditiva periférica é um fator de risco para o mau desempenho em teste de escuta monótica, principalmente quando acomete as frequências de 500 a 4000 Hz, ressaltando a importância de considerar a perda auditiva na avaliação do processamento auditivo (central) de idosos. Os estudos confirmam a hipótese da presente pesquisa de que a perda auditiva pode ter influenciado na diminuição da porcentagem de acertos no teste de FRB com o avanço da idade. A Figura 1 facilita a visualização da comparação do desempenho entre as orelhas para o teste FRB, que na análise dos resultados mostra que houve um melhor desempenho, estatisticamente significante da orelha esquerda em todos os grupos estudados, o que também pode ser observado na Figura 4. Uma hipótese que justifica esse comportamento pode estar relacionada á ordem de apresentação dos estímulos e a aprendizagem do teste, concordando com os estudos de Pereira (1993), Schochat (1994), Freitas et al (2005) e Gonçales & Cury (2011), visto que os 67 testes foram iniciados pela orelha direita, e em seguida foi testada a orelha esquerda, o que pode favorecer a performance da orelha esquerda sobre a direita, por ser a segunda orelha testada no teste de FRB, como também observado pelos autores. Como descrito anteriormente, os resultados desta pesquisa corroboram com diversas pesquisas da literatura, sendo assim, é possível concluir que o aumento da dificuldade de compreensão de fala com ruído apresentada pelos idosos, possivelmente está relacionada à degradação da análise acústica e separação sinalruído, em decorrência do efeito do tempo sobre o sistema auditivo periférico e central. 6.4. Teste do Padrão de Frequência Na análise do teste do processamento temporal TPF, o Grupo 2 apresentou o pior desempenho e os Grupos 1 e 3 apresentaram desempenhos semelhantes (Tabela 8; Figura 5). Com esses resultados, assim como o observado por Sanchez et al (2008), o avanço da idade não foi fator determinante para o declínio da habilidade de discriminação de frequência auditiva nos grupos testados. Porém é importante observar que todos os grupos apresentaram um baixo desempenho em relação ao padrão de normalidade para adultos (padrão de normalidade para o protocolo proposto por Musiek, 1987), sendo possível visualizar na Figura 1, no teste TPF. O mau desempenho de todos os grupos aponta para a dificuldade na habilidade de ordenação temporal na interação inter-hemisférica dos participantes da pesquisa, já que todos eram adultos acima de 50 anos. Bellis e Wilber (2001) e Baran e Musiek (2001), também observaram a dificuldade de adultos na habilidade de ordenação temporal na tarefa de nomeação, e relacionaram ao comprometimento do hemisfério esquerdo ou corpo caloso. 68 Segundo Pinheiro e Musiek (1985), na tarefa de ordenação temporal (para sons linguísticos e não linguísticos) o hemisfério esquerdo é descrito como sendo importante para a ordenação serial da informação temporal, comparando e analisando as inter-relações entre os componentes da sequência. O hemisfério direito também é ativado na tarefa de ordenação temporal, porém sua função seria mais relacionada à determinação de contornos sonoros globais. Os autores também relatam que para a maioria dos indivíduos destros e uma parte dos canhotos, o hemisfério esquerdo é dominante para o processamento da linguagem. Alguns estudos (Bellis et al, 2000; Parra et al, 2004, Gonçales e Cury, 2011), relataram que o processo de envelhecimento provoca o declínio da interação interhemisférica, o que segundo Liporaci & Frota (2010) e Azzolini & Ferreira (2010), não está relacionado à existência ou ao grau da perda auditiva, visto que nas pesquisas as autoras observaram o mesmo padrão de desempenho entre idosos com e sem perda auditiva. 6.5. Dicótico de Dígitos Assim como demonstrado na Tabela 9, os resultados obtidos na análise do Teste Dicótico de Dígitos mostram que houve declínio estatisticamente significante de desempenho no teste com o avanço da idade na orelha esquerda, também demonstrado na Figura 6 no diagrama de dispersão, o que sugere que o envelhecimento do sistema auditivo provoca o declínio da habilidade de integração binaural. Jerger e Martin (2006) relatam que a dificuldade de integração binaural da informação recebida de maneira dicótica pode estar relacionada á alterações cognitivas ou problemas estruturais do sistema nervoso auditivo central. 69 A Figura 1 demonstra a análise comparativa entre as orelhas para o Dicótico de Dígitos e ilustra os achados desta pesquisa, que corroboram com os resultados de outras pesquisas da literatura, como Jerger et al (1995), Chmiel (1997), Jerger (2001) e Mathias et al (2001), que assim como na presente pesquisa, observaram o declínio no desempenho em tarefa de escuta dicótica com o avanço da idade, e pior desempenho da orelha esquerda em relação à orelha direita, o que pode estar relacionado ao declínio da habilidade de integração binaural com o avanço da idade. O envelhecimento pode provocar a perda significativa de eficiência da transferência inter-hemisférica de informação auditiva através do corpo caloso, o que pode ter importantes implicações para o uso efetivo da informação binaural por pessoas idosas. Jerger et al. (1995) em um estudo da assimetria relacionada com a idade, nos testes de escuta dicótica, avaliaram o P300 e o SSW de jovens com audição normal, idosos com presbiacusia e pacientes idosos com lesão de corpo caloso. Na comparação do desempenho dos grupos, foi observado que nos dois grupos de idosos (com e sem lesão de corpo caloso) houve um padrão de desempenho semelhante, mostrando um declínio de desempenho da orelha esquerda na tarefa verbal (SSW), e da orelha direita no paradigma não verbal (P300). Os autores relacionam os achados à alteração na transferência inter-hemisférica pelo corpo caloso. Relatam ainda que a degeneração do corpo caloso provocada pelo envelhecimento do SNC acarreta em prejuízo no uso efetivo na informação bilateral pela pessoa idosa. Outra hipótese que justifica o declínio do desempenho dos idosos nos resultados da presente pesquisa pode ser explicada pelos estudos de Cabeza (2004), que relata que para diminuir os efeitos do envelhecimento sobre a 70 funcionalidade nas tarefas de escuta dicótica, há reorganização global das redes cognitivas no SNC, assim como mudanças neurais regionais. Esse fenômeno acarreta na diminuição da lateralização hemisférica funcional, e é observado então o aumento na atividade bilateral em adultos mais velhos. Os efeitos de tais mudanças estruturais puderam ser observados em um estudo de nouroimagem funcional realizado pelo autor, que evidenciou um declínio do desempenho de idosos em relação aos indivíduos mais jovens, em tarefas de memória episódica, operacional, percepção e controle inibitório. 6.6. Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico Os resultados dos valores de latência do PEATE, demostrados nas Tabelas 10, 11 e 12, e de fácil visualização nos diagramas de dispersão das Figuras 7, 8 e 9, mostraram que houve correlação positiva da idade com a latência das ondas I, III e V na orelha direita e latência das ondas III e V no PEATE na orelha esquerda, sendo que quanto maior a idade, maior a latência das ondas analisadas. Esse fator pode estar relacionado à maior incidência de perda auditiva nas frequências de 3000Hz a 8000Hz no grupo dos mais velhos, visto que a perda auditiva, ou a presbiacusia exercem influencia sobre o traçado e latência das ondas do PEATE (ASHA, 1987; Freitas e Oliveira 2001; Boettcher, 2002; Humes, 2004; Lavoie, 2008). Na análise dos resultados entre as orelhas, não foi observada diferença estatisticamente significante entre as médias de latência das orelhas direita e esquerda. Este fator pode estar relacionado ao fato de que os grupos apresentaram perfil audiológico semelhante entre as orelhas direita e esquerda, sendo assim, a perda auditiva apresentada pelos participantes exerce influência semelhante nos traçados do PEATE entre as orelhas. 71 Com base nos resultados da presente pesquisa, e também tendo como base outras pesquisas da literatura, foi possível confirmar a hipótese de que o envelhecimento provoca atraso nas ondas do PEATE, como também relatado nas pesquisas de Maurizi et al. (1982), Oku e Hasegewa (1997), Humes (2004) e Khullar e Babbar (2011). Os autores observaram o aumento dos limiares auditivos e alteração no PEATE, como alteração na morfologia, redução da amplitude de todas e o alongamento progressivo dos valores de latência, incluindo os valores de latência do intervalo interpico I-V das ondas. Os resultados dos autores confirmam que o envelhecimento, além de provocar alterações no sistema auditivo periférico, pode comprometer o funcionamento de estruturas auditivas do tronco cerebral. Outras pesquisas (Boettcher, 2002; Humes, 2004; Lavoie, 2008) relacionam dificuldades de processamento auditivo em idosos com alterações cognitivas e atraso nas ondas do PEATE, sendo este atraso sugestivo de alteração na integridade do nervo auditivo ou vias auditivas do tronco cerebral, porém, como relatado anteriormente, na presente pesquisa foram excluídos sinais de alterações cognitivas (tendo sido analisado para o critério de inclusão dos participantes), sendo assim, as alterações de latência nas ondas do PEATE encontradas nos resultados não podem ser relacionadas a alterações cognitivas. No entanto, algumas pesquisas descartam a hipótese de que o envelhecimento provoca alteração no traçado do PEATE, e relacionam essas alterações amplamente relatadas na literatura, com a presença de perda auditiva neurossensorial, muito frequentemente apresentada por indivíduos idosos, como o observado por Anias et al. (2004) que na comparação entre jovens e idosos normo-ouvintes, não observaram diferença estatisticamente significante nas respostas do PEATE em relação à idade, sugerindo assim, que o envelhecimento não provoca alteração no traçado do PEATE. 72 E reforçando esta hipótese, Weff e Kristem (2011) relataram a manutenção da configuração das ondas do PEATE com estímulos de fala no processo de envelhecimento, visto que na pesquisa, os autores realizaram a correção de intensidade das frequências fundamentais das sílabas utilizadas no teste, de acordo com o perfil de perda auditiva dos participantes da pesquisa (altas frequências), e com a correção dos estímulos, não foi observada diferença no desempenho dos indivíduos idosos em relação aos jovens, para o PEATE com estímulos de fala. As questões levantadas e as divergências existentes entre as pesquisas que estudam o efeito do envelhecimento sobre os resultados do PEATE evidencia a importância da continuação dos estudos com esse enfoque, visto que ainda existem questões abertas a serem esclarecidas sobre o tema, e diferentes possibilidades de estudo, contado com fatores como diferença de protocolos, tamanho da amostragem das pesquisas, perfil dos participantes, entre outros. 6.7. P300 Todos os participantes da pesquisa apresentaram boa compreensão das instruções recebidas para a realização do P300, e tiveram boa precisão na contagem do número total de estímulos raros (mínimo de acertos pelos participantes foi de 90% do total) apresentados a cada varredura. Portanto, não houve diferença de comportamento na aquisição do teste entre os grupos. Assim como observado por Anderer (2003), Lindín et al (2004) e O'Connell (2012), no presente estudo, a análise do P300 mostrou que houve correlação positiva da idade com os valores de latência na orelha direita (Tabela 14; Figura 11), o que pode estar relacionado à degeneração de estruturas corticais responsáveis pelas tarefas de atenção e discriminação auditiva, em função do tempo. Segundo Anderer 73 (2003), com a degeneração do SNC no processo de envelhecimento, o cérebro adota diferentes estratégias para a execução de tarefas, utilizando uma diferente e mais extensa rede neural, porém ainda sim, podendo haver a diminuição da eficácia na execução da tarefa alvo. Esse fator pode ser responsável pela diminuição da amplitude e aumento da latência do P300. Nos resultados da pesquisa o autor observou aumento da latência e diminuição da amplitude do P300 de idosos em relação a adultos jovens, e na investigação da origem intracraniana das alterações na amplitude e latência do P300, por meio da análise em conjunto deste com o EEGressonância magnética, os resultados mostraram diferenças na ativação de regiões corticais relacionadas à idade, visto que os idosos apresentam significativo aumento de recrutamento de estruturas frontais e temporal em relação aos jovens. Ansado et al (2013) sugerem que o envelhecimento cognitivo bem sucedido baseia-se na utilização simultânea da compensação neural e uso de reserva neural em tarefas de alta demanda. Os autores observaram que a ativação cerebral para tarefas de alta demanda sofre o fenômeno de deslocamento póstero anterior com o envelhecimento, o que sugere que o SNC em processo de envelhecimento assume função de compensação com a reorganização neurofuncional intra-hemisférica em tarefas de atenção. A análise dos resultados obtidos confirma a hipótese da presente pesquisa é de que os ajustes funcionais que o SNC realiza para suprir a demanda de atividades cognitivas nas tarefas atencionais e de discriminação auditiva no processo de envelhecimento, provoca mudança no padrão de funcionamento cerebral, podendo ser observadas com a análise do P300. Nos resultados da presente pesquisa não foi observada diferença estatisticamente significante entre na análise dos valores de amplitude de P300 entre 74 os grupos e entre as orelhas (Tabela 13), porém, apesar destes resultados divergirem dos resultados obtidos nas pesquisas de Anderer (2003) e O'Connell (2012), outras pesquisas apontam para a grande variabilidade de resultados na análise da amplitude do P300 (Nash et al, 1996; Lindín et al, 2004; Ducan et al, 2009). Segundo os autores a variabilidade de valores de amplitude encontrados na literatura pode estar relacionada a fatores como a discriminação dos tons, fatores pré-atencionais (que antecipam o aparecimento do estímulo) e atenção ao estímulo. Observando a Figura 10, é possível perceber que alguns participantes do Grupo 3, ou seja, do grupo dos mais velhos, apresentaram valores de amplitude muito elevados em relação aos demais participantes. É possível que esse comportamento, assim como relatado por Nash et al (1996), Lindín et al (2004) e Ducan et al (2009), esteja relacionado a um maior esforço e motivação para a execução correta da tarefa por parte destes participantes, porém os dados não são conclusivos. Em geral, não foi observado um número significativo de alterações na morfologia da onda do P300, e também não foi possível relacionar a ocorrência de alteração na morfologia da onda com a idade, visto que a ocorrência da alteração foi semelhante entre os grupos. Também foi observado que alguns participantes apresentaram ausência de respostas para o potencial. No estudo da relação da frequência de ausência de respostas e a idade dos participantes não foi possível atribuir a frequência de ausência ao processo de envelhecimento, visto que não houve diferença de porcentagens de presença de resposta nos três grupos analisados. Uma hipótese para esse achado é a dificuldade de determinar o P300, devido à possibilidade da amplitude da onda destes resultados ter sido muito reduzida, o que pode ter sido influenciado por diversos fatores, como observado por Johnson et al (2004) e Ducan 75 et al (2009) que relatam que a grande variabilidade de valores de amplitude de P300 encontrada na literatura, pode ser influenciada por fatores como, além da probabilidade de ocorrência e o tempo entre os estímulos apresentados, pelas expectativas geradas pela sequência de estímulos que precedem o estímulo eliciador, as características do estímulo alvo e a quantidade de atenção atribuída à tarefa. CONCLUSÕES ________________________________ 77 7.CONCLUSÕES O presente estudo pretendeu descrever o efeito do processo de envelhecimento sobre as funções do Sistema Nervoso Auditivo Periférico e Central, por meio das avaliações logoaudiométricas, comportamentais e eletrofisiológicas do sistema auditivo, e com a análise dos resultados obtidos, pode se concluir que: O avanço da idade provocou alterações nos limiares e índices logoaudiométricos, visto que com o aumento da idade, houve o aumento estatisticamente significante do limiar de reconhecimento de fala (LRF) nas orelhas direita e esquerda, e diminuição estatisticamente significante da porcentagem de acertos no índice percentual de reconhecimento de fala (IPRF) nas orelhas direita e esquerda; Na avaliação comportamental do Processamento Auditivo (Central), o aumento da idade provocou a diminuição estatisticamente significante da porcentagem de acertos nos testes de Fala com Ruído Branco nas orelhas direita e esquerda; e no teste Dicótico de Dígitos na orelha esquerda, portanto, pode-se concluir que o envelhecimento provocou o declínio no desempenho nas habilidades auditivas de fechamento auditivo e integração binaural; Não houve correlação entre a idade e o desempenho no teste do Padrão de Frequência, portanto, o envelhecimento não provocou alteração na habilidade auditiva de ordenação e sequencialização temporais do padrão de frequência. 78 Nos potenciais evocados auditivos, na análise do PEATE, foi observado que com o aumento da idade houve o aumento estatisticamente significante das latências das ondas I, III e V na orelha direita e latências das ondas III e V na orelha esquerda, portanto, o envelhecimento provocou alteração na atividade da via auditiva até o tronco encefálico. Na análise do P300 houve correlação estatisticamente significante entre a idade e os valores de latência na orelha direita o que indica alteração no padrão de funcionamento do sistema auditivo cortical no processo de envelhecimento. Não houve correlação significante entre a idade e os valores de amplitude do P300 nas orelhas direita ou esquerda. Com a análise da comparação do desempenho das orelhas direita e esquerda nos testes logoaudiométricos, comportamentais da avaliação do processamento auditivo (central) e eletrofisiológicos do sistema auditivo central, podemos concluir que no teste logoaudiométrico LRF não houve diferença estatisticamente significante entre os limiares encontrados nas orelhas direita e esquerda nos grupos. Na análise do IPRF não houve diferença estatisticamente significante do desempenho entre as orelhas, porém houve tendência ao melhor desempenho da orelha direita em relação à orelha esquerda nos Grupos 2 e 3, ou seja, nos grupos dos participantes entre 60 e 69 anos e 70 e 79 anos, o que talvez não esteja relacionado ao processo de envelhecimento, visto que não houve correlação entre a idade e o desempenho entre as orelhas. 79 No teste de Fala com Ruído Branco, houve diferença estatisticamente significante entre as orelhas direita e esquerda, sendo que a orelha esquerda apresentou maior porcentagem de acertos em relação à orelha direita em todos os grupos, portanto, não houve correlação entre a idade e o desempenho entre as orelhas. No teste Dicótico de Dígitos, houve diferença estatisticamente significante na porcentagem de acertos entre as orelhas com o avanço da idade, sendo que a orelha direita apresentou melhor desempenho em relação à orelha esquerda, portanto, o envelhecimento provocou o declínio de desempenho da orelha esquerda em relação à orelha direita. Nos potenciais evocados auditivos, na análise do PEATE, não houve diferença estatisticamente significante entre as orelhas nos valores de latência das ondas I, III e V nos grupos estudados, e não houve correlação entre a idade e o desempenho entre as orelhas. Na análise do P300 não houve diferença estatisticamente significante entre as orelhas nos grupos estudados. ANEXOS _________________________________ 81 82 83 84 85 86 87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________ 89 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Allen NH, Burns A, Newton V, Hickson F, Ramsden R,Rogers J et al. The effects of improving hearing in dementia. 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