potenciais cerebrais relacionados com a verificação de orações
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potenciais cerebrais relacionados com a verificação de orações
UNIVERSIDADE DE AVEIRO POTENCIAIS CEREBRAIS RELACIONADOS COM A VERIFICAÇÃO DE ORAÇÕES António Joaquim André Esteves Lic. em Eng. Electrónica e Telecomunicações pela UNIVERSIDADE DE AVEIRO Agosto de 1992 POTENCIAIS CEREBRAIS RELACIONADOS COM A VERIFICAÇÃO DE ORAÇÕES António Joaquim André Esteves Licenciado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações pela UNIVERSIDADE DE AVEIRO Tese submetida na Universidade de Aveiro para prova de Mestrado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações UNIVERSIDADE DE AVEIRO DEPARTAMENTO DE ELECTRÓNICA E TELECOMUNICAÇÕES Agosto de 1992 Tese realizada sob a supervisão de Prof. Doutor Francisco Vaz Professor Associado do DEPARTAMENTO DE ELECTRÓNICA E TELECOMUNICAÇÕES UNIVERSIDADE DE AVEIRO Resumo Com o presente trabalho pretende averiguar-se se é possível obter evidências nos potenciais cerebrais acerca dos processos semânticos que ocorrem durante a verificação de orações. O estudo destes processos incide essencialmente nos "event-brain related potentials" - ERPs - originados pelo estímulo principal para a decisão lexical (P300, N400, etc) e em certos casos na decisão exigida aos colaboradores. Na primeira fase do trabalho, fez-se um levantamento da teoria associada com a realização de tarefas que envolvam processamento semântico e/ou lexical, com o objectivo de obter algumas certezas para a estruturação do nosso trabalho. Numa segunda fase, já com a ideia do que se pretendia, fez-se o "software" que controla as experiências a realizar e que permitem adquirir os potenciais cerebrais no decorrer da tarefa de verificação de orações. Posteriormente, fez-se o processamento "off-line" dos dados adquiridos. Inclui-se nesta fase o pré-processamento dos dados, o cálculo de respostas corticais médias, averiguação da possibilidade de fazer filtragem, aplicação da técnica da "Singular Value Decomposition" - SVD - no intuito de melhorar a relação sinal ruído aumentando a variância dos potenciais em relação ao ruído e a implementação de uma análise de variância sobre os dados. Da análise de variância tiraram-se conclusões bastante interessantes sobre os factores que condicionam as experiências. Na última parte do trabalho, processa-se a classificação das respostas corticais numa de duas classes possíveis (Verdade ou Falso), através de dois métodos (Elementar e de Fisher). Para terminar, comparam-se os dois métodos. Com o método de Fisher obtiveram-se resultados animadores e dentro do que é conseguido noutros trabalhos referidos na bibliografia, provando-se assim que os ERPs podem ser utilizados como uma ferramenta para estudar os fenómenos envolvidos no processamento semântico de palavras. Palavras chave: ERP, N400, processamento semântico, contexto, classificação, verificação de orações. Abstract The purpose of the present work is to determine if is possible to get evidences in the brain potentials about the semantic processes that happen during the sentence verification task. The study of the these processes is centred mainly at the event-brain related potentials - ERPs (P300, N400, etc.) originated by the stimulus that produces the lexical decision, and in some cases it is centred at the decision demanded to the subjects. First, did a review of the theory related with the semantic and/or lexical processing tasks, with the purpose of achieving some evidences to structure our work. Next, taking in account what we want to do, we built the software that controls the experiences that allow us to record the brain potentials during the sentence verification task. In the next step, we processed off-line the data recorded. Here we include: the pre-processing of the data, data averaging, determination if it is possible to apply a filter in the data recorded, application of the Singular Value Decomposition technique (SVD) in order to improve the signal to noise ratio by increasing the variance of the signal in relation to the noise and the implementation of a variance analysis with the data. The results of this analysis show us some interesting conclusions about the factors that influence the experiences. Finally, we did the classification, in one of the two possible classes (True or False), of the cortical responses using two different methods (Elementar and Fisher’s). After that, we compared the two methods. The Fisher’s method provided us good results, in the same range of what is referred in the literature, proving in this way that the ERPs can be used to as a tool to study the mechanisms associated with the semantic processing of words. Keywords: event-brain related potentials, N400, semantic processing, context, classification, sentence verification. Agradecimentos Aos Professores Francisco Vaz e Pedro Guedes de Oliveira que me sugeriram que eu trabalhasse no tema em que se centrou o trabalho desenvolvido, e essencialmente pela orientação, apoio e críticas no decorrer dos acontecimentos. Ao Doutor António Martins que me elucidou sobre os requisitos médicos necessários à realização das experiências e coordenou as experiências realizadas no Departamento de Neurofisiologia do Hospital Geral de Santo António no Porto. Ao Professor José Carlos Principe pelas críticas enriquecedoras proporcionadas, devido especialmente ao seus elevados conhecimento e experiência na matéria. À Doutora Maria São Luis Castro por me ter dado o suporte necessário sobre aos aspectos de linguística e psicologia envolvidos na estruturação das experiências. À Doutora Denisa Mendonça pelo apoio prestado durante a fase crítica do processamento estatístico dos dados. Ao Engenheiro Tomás Oliveira e Silva pelo apoio imprescindível dispensado em múltiplas ocasiões. Ao Doutor Proimos que me acompanhou durante a minha estada na Grécia, ou seja, no decorrer da minha parte escolar do Mestrado. À JNICT que me proporcionou a bolsa que me possibilitou a preparação da tese de Mestrado. Para terminar, agradeço ao INESC e à Universidade de Aveiro pelos meios disponibilizados para a realização deste trabalho. Índice i ÍNDICE ÍNDICE______________________________________________________________________________ vi CAPÍTULO 1 - Introdução, Objectivos e Estruturação do Trabalho ____________________________ 1 1.1 - Equacionamento do Problema a Tratar_______________________________________________ 1 1.2 - Objectivos do Trabalho ___________________________________________________________ 4 1.3 - Organização e Estrutura do Trabalho ________________________________________________ 5 CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical___________________________________________________________________________ 7 2.1 - Introdução _____________________________________________________________________ 7 2.2 - Teoria sobre a Tarefa de Verificação de Orações _______________________________________ 7 2.3 - Efeitos de Facilitação e de Inibição por parte do Contexto Preparador _____________________ 9 2.4 - Processos de Activação Automática e de Atenção Consciente Associados com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento de Material Linguístico _______________________________ 12 2.5 - Componentes Principais que se Detectam nas Respostas Corticais Associadas com a eExecução de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical________________________________ 16 2.5.1 - A Componente Positiva Posterior P300................................................................................................. 16 2.5.2 - A Componente Negativa Posterior N400............................................................................................... 18 2.5.3 - A Variação Contingente Negativa (CNV) .............................................................................................. 20 2.6 - Aspectos do Processamento de Orações que se Traduzem em Diferenças nas Componentes Posteriores ________________________________________________________________________ 21 2.7 - Aplicação da Teoria Revista no Presente Trabalho ____________________________________ 23 CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs ___________________ 26 3.1 - "Hardware" Utilizado nas Experiências Realizadas ____________________________________ 26 3.2 - "Software" de Suporte às Experiências com ERPs _____________________________________ 28 Índice ii 3.2.1 - Configuração do Sistema ...................................................................................................................... 28 3.2.2 - Definição da Base de Dados que se Utiliza na Sessão Experimental ..................................................... 36 3.2.3 - Calibração do "Hardware" ................................................................................................................... 38 3.2.4 - Identificação dos Colaboradores e das Condições das Sessões de Experiências.................................... 41 3.2.5 - Controlo da Realização das Experiências ............................................................................................. 43 3.2.6 - Alguns Pormenores e as Principais Limitações do "Software" Implementado........................................ 48 Capítulo 4 – Realização de Experiências com ERPS _________________________________________ 51 4.1 - Filosofia Subjacente às Experiências________________________________________________ 51 4.2 - Descrição da Experiência 1 _______________________________________________________ 53 4.2.1 - Objectivos da Experiência 1 ................................................................................................................. 53 4.2.2 - Material Utilizado na Experiência 1 ..................................................................................................... 53 4.2.3 - Procedimento Empregue na Experiência 1............................................................................................ 55 4.2.4 - Recolha do Sinal na Experiência 1 ....................................................................................................... 56 4.3 - Descrição da Experiência 2 _______________________________________________________ 57 4.3.1 - Objectivos da Experiência 2 ................................................................................................................. 57 4.3.2 - Material Utilizado na Experiência 2 ..................................................................................................... 58 4.3.3 - Procedimento Empregue na Experiência 2............................................................................................ 59 4.3.4 - Recolha do Sinal na Experiência 2 ....................................................................................................... 59 CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados ____________________________ 61 5.1 - Pré-Processamento dos Dados_____________________________________________________ 61 5.2 – Processamento Baseado em Medidas de Localização___________________________________ 64 5.2.1 - Média entre Sinais Pertencentes a Ensaios Diferentes .......................................................................... 66 5.3 - Processamento Utilizando o Método da "Singular Value Decomposition -SVD" ______________ 97 5.3.1 - Introdução ao Método da SVD.............................................................................................................. 97 5.3.2 - O Teorema da SVD ............................................................................................................................... 98 5.3.3 - Terminologia Associada com o Método da SVD.................................................................................. 100 5.3.4 - Utilização da Técnica da SVD para Resolver Sistemas de Equações Lineares..................................... 101 Índice iii 5.3.5 - Outras Aplicações da Técnica da SVD ................................................................................................ 102 5.3.6 - Aplicação da SVD no Presente Trabalho ............................................................................................ 102 5.3.7 - Resultados Obtidos com a SVD ........................................................................................................... 106 CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais_______________________________________ 110 6.1 - Introdução ___________________________________________________________________ 110 6.2 - Método de Classificação Elementar________________________________________________ 110 6.2.1 - Fundamentos Básicos do Método ........................................................................................................ 110 6.2.2 - Algumas Nuances Incorporadas no Método Elementar ....................................................................... 113 6.2.3 - Resultados Preliminares ao Desenho do Classificador........................................................................ 114 6.2.4 - Desenho do Classificador Elementar .................................................................................................. 116 6.3 - Método de Classificação Baseado no Discriminante Linear de Fisher_____________________ 120 6.3.1 - Introdução ao Método de Fisher ......................................................................................................... 120 6.3.2 - A Teoria do Método de Fisher............................................................................................................. 124 6.3.3 - Implementação do Classificador Baseado no Discriminante Linear de Fisher .................................... 128 6.3.4 - Resultados Preliminares ao Desenho do Classificador de Fisher ........................................................ 132 6.3.6 - Resultados Obtidos com o Teste do Classificador de Fisher................................................................ 135 6.4 - Comparação dos Dois Métodos de Classificação _____________________________________ 136 CAPÍTULO 7 - Conclusões e Discussão __________________________________________________ 139 APÊNDICE 1 - Caracteristicas da Placa de Aquisição Utilizada nas Experiências ( DT2821 ) ______ 149 APÊNDICE 2 - Descrição da Metodologia Empregue na Calibração __________________________ 154 APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados _________________ 159 1. Rotina que Controla a Calibração do "Hardware" Utilizado nas Experiências com ERPs _______ 159 2. Rotina que Realiza a Calibração de Baixo Nível do "Hardware" ___________________________ 160 3. Rotina que Determina o Valor e o Erro da Frequência dum Sinal Representado por uma Sequência de Valores __________________________________________________________________________ 162 Índice iv 4. Rotina que Controla a Execução das Sessões de Experiências _____________________________ 165 5. Rotina que Programa a Placa de Aquisição para Funcionar com DMA Dupla ________________ 168 6. Rotina que Calcula a Palavra de Programação a Colocar no Registo TMRCTR para Programar uma Frequência Desejada _______________________________________________________________ 170 7. Rotina que Reprograma o Controlador de DMA para se Continuar a Aquisição com DMA Dupla 171 8. Programa que Obtém uma Estimativa do Espectro dum Sinal pelo Método de Bartlett__________ 172 9. Rotina que Calcula Pontos Representativos de uma Janela de Hamming_____________________ 173 10. Programa que Calcula a Direcção de uma Matriz Unitária V (Obtida com a SVD) Correspondente à Direcção em que a matriz W ( ∑ nas Fórmulas da SVD) Tem o Maior Valor Singular ____________ 174 11. Programa que Projecta um segmento de EEG sobre uma Direcção Obtida pelo Método da SVD_ 175 12. Programa que Classifica as Respostas Corticais pelo Método Elementar ___________________ 177 13. Programa que Obtém uma Direcção de Projecção Óptima, 2º a Teoria de Bayes, pelo Método do Discriminante Linear de Fisher _______________________________________________________ 179 14. Rotina que Determina a Direcção de Projecção Óptima (W) pelo Método do Discriminante Linear de Fisher ___________________________________________________________________________ 180 15. Programa que Classifica um Objecto numa de 2 Classes Possíveis, Através de uma Direcção de Projecção e uma Fronteira de Decisão Obtidas pelo Método do Discriminante Linear de Fisher ___ 181 APÊNDICE 4 - Formato Standard dos Ficheiros de Dados __________________________________ 182 1. Sumário dos Campos a Incluir nos Ficheiros __________________________________________ 182 2. Notas Gerais ____________________________________________________________________ 183 3. Notas Numeradas ________________________________________________________________ 184 4. Tabelas ________________________________________________________________________ 187 APÊNDICE 5.1 - Orações e Parâmetros Utilizados nas Experiências 1_________________________ 190 1. Orações Utilizadas na Experiência 1 _________________________________________________ 190 Índice v 2. Parâmetros Utilizados na Experiência 1 ______________________________________________ 191 APÊNDICE 5.2 - Orações e Parâmetros Utilizados nas Experiências 2_________________________ 192 1. Orações Utilizadas na Experiência 2 ______________________________________________ 192 2. Parâmetros Utilizados na Experiência 2 ______________________________________________ 193 APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs ___________________________________________________________________________________ 194 1 - Interacção Entre os Factores que Influenciam a Amplitude e a Latência das ERPs ____________ 194 1.1 - A Variável de Teste é a Amplitude de N200 ........................................................................................... 194 1.2 - A Variável de Teste é a Latência de N200.............................................................................................. 195 1.3 - A Variável de Teste é a Amplitude de P300............................................................................................ 196 1.4 - A Variável de Teste é a Latência de P300 .............................................................................................. 197 1.5 - A Variável de Teste é a Amplitude de N400 ........................................................................................... 198 1.6 - A Variável de Teste é a Latência de N400.............................................................................................. 199 1.7 - A Variável de Teste é a Amplitude de P500............................................................................................ 200 1.8 - A Variável de Teste é a Latência de P500 .............................................................................................. 201 2.1 - Análise da Influência do Factor Forma das Orações Sobre a Amplitude e Latência das ERPs............... 202 2.2 - Análise da Influência do Factor Tarefa a Realizar Sobre a Amplitude e Latência das ERPs .................. 205 3 - Análise da Influência do Factor Valor Lógico das Orações Sobre a Amplitude e Latência das ERPs _________________________________________________________________________________ 208 3.1 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Amplitude de N200.......................................... 208 3.2 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Latência de N200 ............................................ 208 3.3 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Amplitude de P300 .......................................... 209 3.4 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Latência de P300 ............................................ 209 3.5 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Amplitude de N400.......................................... 209 3.6 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Latência de N400 ............................................ 210 3.7 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Amplitude de P500 .......................................... 210 3.8 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Latência de P500 ............................................ 210 Índice vi 4 - Influência do Factor Localização de Recolha do EEG sobre a Amplitude e Latência das ERPs __ 211 BIBLIOGRAFIA ____________________________________________________________________ 212 CAPÍTULO 1 - Introdução, Objectivos e Estruturação do Trabalho CAPÍTULO 1 - Introdução, Objectivos 1 e Estruturação do Trabalho 1.1 - Equacionamento do Problema a Tratar O presente trabalho tem como objectivo principal estudar o que acontece no cérebro, ao nível morfológico, quando se coloca um indivíduo a realizar determinadas tarefas que exigem actividade intelectual. A actividade morfológica é observada através da sua «reflexão» nos potenciais eléctricos medidos no escalpe. Normalmente designam-se os potenciais eléctricos do cérebro gerados em consequência de, ou por associação com, um dado fenómeno físico exterior ao indivíduo (estímulo) por potenciais evocados. Intimamente relacionados com os potenciais evocados surgem os "event-related brain potentials", ou apenas ERPs. Pode dizer-se de um modo grosseiro que os ERPs são segmentos de sinal associados com a realização de uma dada parcela da tarefa global. De um modo mais preciso definem-se os ERPs como sendo variações dos potenciais que se medem no escalpe, normalmente através da repetição do processo para obter um potencial médio. Os ERPs são uma consequência de a actividade cerebral estar «sincronizada» temporalmente com o estímulo e são gerados por populações de neurónios cuja geometria faz com que os seus campos eléctricos se somem de modo a serem «visíveis» nos eléctrodos colocados no escalpe. As componentes endógenas, ou internas, dos ERPs são manifestações destas actividades intracranianas e parece que estão relacionadas com uma variedade de actividades em que se processa informação [1]. No trabalho que aqui se descreve, os potenciais cerebrais são observados/adquiridos na condição de os indivíduos/colaboradores realizarem uma tarefa designada por verificação de orações. Neste caso particular, os colaboradores lêem uma proposição simples, tipo "uma rosa é uma flor", tendo depois que decidir se essa proposição é verdadeira ou falsa. Esta tarefa de verificação de orações é usada geralmente em estudos do comportamento da memória semântica e requere que : (i) a representação semântica do sujeito e a do complemento da oração sejam retiradas da memória de longa duração - MLD (ii) as partes da oração (sujeito, predicado e elemento complementar) sejam combinados num significado global; (iii) a oração seja analisada em relação a uma situação real, de modo a que o valor lógico da proposição (verdadeiro ou falso) possa ser determinado [2]. O paradigma essencial a resolver com o presente trabalho pode equacionar-se simplesmente na CAPÍTULO 1 - Introdução, Objectivos e Estruturação do Trabalho 2 resposta à questão : será possível distinguir entre o processamento semântico de orações verdadeiras e de orações falsas através da análise dos potenciais eléctricos medidos no escalpe? Como se verá no próximo capítulo, esta análise recairá maioritariamente sobre alguns ERPs associados com estágios da análise semântica da oração. Dois exemplos de ERPs vulgarmente referidas na literatura dão pelo nome de P300 e N400. O nome destas componentes vem do facto de corresponderem a uma positividade reforçada com um atraso de ≈300ms relativamente ao estímulo que a originou (no caso do P300) e uma negatividade reforçada com um atraso de ≈400ms relativamente ao mesmo estímulo (no caso do N400). De referir que as amplitudes e as latências serão os aspectos essenciais a analisar nos ERPs, tendo em vista a resolver o paradigma. Por oposição a memória de curta duração, a MLD pode definir-se como a parte da memória em que a informação armazenada está numa zona mais «profunda» da estrutura neuronal da memória e em que para se usar essa informação é necessário realizar uma actividade ao nível do processamento semântico e não apenas ao nível da associação de palavras. Em princípio a MLD deverá conter conceitos compreendidos e não apenas memorizados (no sentido vulgar da palavra). No entanto, a informação guardada na MLD poderá não estar bem representada na estrutura da memória, por exemplo, por ser pouco utilizada ou por ter sido aprendida há muito tempo. Normalmente a tarefa de verificação de orações apresenta uma estrutura de tal forma que leva ao aparecimento de estímulos preparadores. Como o nome indica, estes estímulos podem definir-se como aqueles que preparam ou predispõem o indivíduo para o que se lhe segue, influenciando a análise do que se segue aos estímulos. No presente trabalho o estímulo preparador define-se como o contexto da oração, por exemplo "uma rosa é", consistindo de um sujeito/substantivo e de um predicado/verbo. Algumas das razões da influência do contexto na análise posterior da oração, reside nos condicionalismos impostos ao que se lhe segue (elemento complementar), por exemplo ao nível semântico e sintáctico. Do contexto resultam dois efeitos importantes, designados por facilitação e inibição, e que influenciam o futuro processamento do que se lhe segue (ver o capítulo 2 para mais pormenores sobre estes efeitos). Estes efeitos levam a que o contexto possa influenciar a latência da resposta dada pelo indivíduo aos estímulos «preparados» pelo contexto, tornado-a mais rápida se o contexto for maioritariamente facilitador ou mais lenta se for maioritariamente inibidor. Podem definir-se cinco tipos de contexto : o co-texto, o contexto existencial, o contexto situacional, o contexto accional e o contexto psicológico [3]. O co-texto tem a ver com o conjunto das relações que cada unidade do discurso estabelece com as outras unidades, para além das frases e proposições em que estão inseridas. Tem portanto a ver com a coerência e coesão macrotextual que CAPÍTULO 1 - Introdução, Objectivos e Estruturação do Trabalho 3 «habilita o leitor para descobrir o significado dessas macrounidades». O contexto existencial ou referencial é constituido por tudo quanto permite relacionar o texto com o equivalente do mundo real a que se refere. O contexto situacional forma o conjunto das determinações sociais do discurso. Tem mais a ver com o discurso oral e que permite dar um significado diferente a um enunciado proferido por pessoas de escalões sociais ou situacionais diferentes. O contexto accional tem a ver com a discriminação dos actos ilocutórios e perlocutórios que são visados pelo locutor quando profere o discurso. O contexto psicológico pretende englobar os efeitos de factores como o estado mental, a intenção, as crenças, os desejos, etc, quando se podem reconhecer no processo enunciativo do discurso. Há que esclarecer que quando acima se usou o termo discurso, se pretende referir um enunciado de ideias ou frases, escritas ou faladas. Como já se disse, a tarefa de verificação de orações envolve processamento semântico e/ou lexical e pode ainda envolver memória semântica ou episódica. Por definição léxico é o conjunto de vocábulos de uma língua e semântica é a parte da linguística que estuda a significação das palavras e da evolução do seu sentido. Por outro lado, sintaxe é a parte da gramática que trata da disposição das palavras nas proposições e das proposições no discurso, de modo a que este esteja perfeito. A sintaxe define a ordem correcta das palavras, as concordâncias em género (masculino / feminino) e número (singular / plural); no fundo define as regras gramaticais. Pode dizer-se que a sintaxe é a parte da gramática que estuda a estrutura ou construção de frases, enquanto que a outra parte da gramática é a morfologia e estuda as palavras nas suas formas e declinações. Outro conceito que se relaciona com os aqui apresentados, é a fonética, que se pode definir como a parte da gramática que estuda os sons articulados, as leis que presidiram às articulações dos mesmos e a pronunciação correcta das palavras. De uma forma simplista pode definir-se memória semântica como aquela que diz respeito ao conhecimento do mundo em geral, enquanto que memória episódica diz respeito a experiências indivíduais ou casuais. Podem exemplificar-se os conceitos de sintaxe, semântica e fonética com casos de incongruência, susceptíveis de ser aplicados nas tarefas de verificação de orações : (1) Incongruência semântica - " A mesa caminha rapidamente". (2) Incongruência sintáctica - "O carro temos um volante". (3) Incongruência fonética - normalmente consiste numa sequência de letras não aceitável e ocorre de duas formas : (i) pseudo-palavra, por exemplo "plima"; (ii) não-palavra propriamente dita, por exemplo "mbule". CAPÍTULO 1 - Introdução, Objectivos e Estruturação do Trabalho 4 Por associação com a definição de semântica, designa-se por processamento semântico, no presente trabalho, a actividade mental em que se exige que se avalie o significado das palavras apresentadas e o sentido que se lhe quer dar no conjunto da oração. Não será errado dizer-se que no processamento semântico acontece uma sequência de mecanismos que conduzem à decisão de pertença ou não das «palavras» apresentadas ao léxico do indivíduo. A este conjunto de mecanismos chama-se processamento lexical. Dado que cada ensaio das experiências a realizar no presente trabalho inclui a apresentação ao colaborador de uma oração, é importante esclarecer a noção de oração e compará-la com a de frase e proposição. Por definição, entende-se por oração uma reunião de palavras dispostas segundo regras gramaticais de uma língua e que formam um sentido (ideia, pensamento, etc) completo. Uma frase é uma associação de uma ou mais orações ligadas entre si através de conjunções. Uma oração pode ser declarada como verdadeira ou falsa, enquanto que duma frase nem sempre se pode dizer qual o valor lógico. Do que se disse é óbvio que uma frase é o mesmo que uma oração quando só contém uma oração. Os elementos fundamentais de uma oração são o sujeito (ser ou coisa sobre o que se faz a afirmação), que pode ser simples, composto ou indeterminado, e o predicado (o que se afirma do sujeito), podendo ser verbal (verbo de significação definida) ou nominal (verbo de significação indefinida, necessitando de um complemento). Geralmente uma oração não é formada apenas por sujeito e predicado, mas também por elementos complementares, tais como complementos do verbo (complemento directo, complemento indirecto, etc) e complementos do nome. Por proposição pode entender-se um enunciado verbal susceptível de ser declarado verdadeiro ou falso, ou seja, é uma oração a nível gramatical. No presente trabalho usa-se o termo oração para designar o conjunto de palavras que se apresentam em cada ensaio das experiências e são orações constituidas por um sujeito, um predicado e um elemento complementar. 1.2 - Objectivos do Trabalho O objectivo final deste trabalho, pode dizer-se que é a classificação, se possível em tempo real, de respostas corticais reflexo do processamento semântico de orações de tipos diferentes, de repostas corticais recolhidas sobre a actuação de factores que influenciam o processamento ou provenientes de diferentes localizações. Como objectivos parcelares, permitindo atingir o objectivo final do trabalho, podem citar-se os seguintes: CAPÍTULO 1 - Introdução, Objectivos e Estruturação do Trabalho 5 • verificar a existência, ou não, dos efeitos de facilitação e/ou inibição do contexto preparador, através da apresentação de orações verdadeiras e falsas. • verificar se perante um contexto de oração a compreensão das palavras de teste terminais (complemento da oração) é automática ou não. Este facto é averiguado através das conclusões que se tirarem quando se exigir, ou não, do colaborador uma resposta física/aberta sobre a oração lida. • observar se a forma (física) em que se apresentam as orações influencia o processamento semântico do material linguístico contido nelas. • observar a forma da distribuição no escalpe das respostas corticais resultantes do processamento semântico das orações apresentadas. Para se conseguir este objectivo recolheu-se EEG em vários pontos do cortex. 1.3 - Organização e Estrutura do Trabalho A estrutura das experiências a realizar será um conjunto de sessões divididas em blocos de vários ensaios cada, em que em cada ensaio se apresenta uma oração e se adquire o sinal de electroencefalograma (EEG) em várias localizações do cortex, no sistema 10/20. Realizam-se sessões com vários colaboradores para evitar possíveis artefactos associados com um dado colaborador e para tornar os resultados mais credíveis. Cada colaborador participa também em várias sessões de aquisição. Uma das razões para a utilização de várias localizações de recolha do sinal reside no facto de se pretender obter informação sobre a forma da distribuição no cortex dos efeitos produzidos pela tarefa de processamento semântico. Esta distribuição será observada através de eléctrodos colocados na zona do escalpe correspondente à parte do cérebro que se pensa que tem um papel activo no processo de leitura e análise de texto. A outra razão para se usarem vários canais baseia-se no facto de se saber que o sinal a recolher tem uma relação sinal ruído (RSR) baixa, da ordem de -5dB, e se ter como um dos objectivos do trabalho classificar respostas corticais em tempo real. Daqui se conclui, que se se encontrar correlação entre os vários canais, como é lógico acontecer, e se aproveitar de modo ponderado essa correlação, se pode lucrar com o facto de haver simultaneamente vários sinais representativos do mesmo fenómeno físico. A fase que se segue à realização das experiências é o tratamento "off-line" dos dados adquiridos aquando dos ensaios. Nesta fase há que eliminar os ensaios «corrompidos» por artefactos, os quais CAPÍTULO 1 - Introdução, Objectivos e Estruturação do Trabalho 6 podem ser de vários tipos, como por exemplo, devidos a se piscarem os olhos ou movimentos bruscos do corpo, desatenção durante o ensaio, respostas erradas (se for caso de se exigir resposta aberta/física) ou fora do tempo permitido para resposta, etc. Para melhorar a forma do sinal e a RSR implementa-se um processamento estatístico baseado nas técnicas habituais. De referir algumas dessas técnicas a utilizar: (i) média, mediana, etc (entre ensaios do mesmo tipo e entre canais para o mesmo ensaio); (ii) filtragem do EEG; (iii) projecção do EEG numa direcção em que este apresente maior variância, em que a direcção é obtida através dum método baseado na teoria dos vectores próprios - decomposição de uma matriz pelo método de "singular value decomposition" (SVD); (iv) implementação de uma análise de variância nos dados, tendo em conta factores determinantes nas experiências. As conclusões obtidas com a análise de variância referida no ponto (iv), além do benefício intrínseco que elas representam, podem ajudar na classificação das respostas. Interessa saber, por exemplo, qual a influência na forma e na latência dos ERPs, de factores como : (1) exigência ou não de uma resposta aberta acerca da oração; (2) localização de recolha do sinal; (3) forma de apresentação das orações; (4) colaborador que participa nas experiências. Há que juntar a estes factores, obviamente, o já referido valor lógico da oração. Para completar o estudo dos efeitos dos factores, analisa-se a interacção entre eles. A última fase do trabalho é a classificação das respostas corticais aos estímulos numa das classes possíveis, que no caso presente são apenas duas, verdadeiro ou falso. Para tal divide-se esta fase em duas partes: a fase de desenho do sistema classificador, ou fase de treino, e a fase de teste do sistema classificador. Para desenhar o sistema classificador vão utilizar-se dois métodos : (i) um método mais elementar baseado nas amplitudes dos ERPs presentes nas respostas corticais e julgados relevantes para a distinção das duas classes de respostas; (ii) outro método baseado no discriminante linear de Fisher. CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 7 CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 2.1 - Introdução Seguindo a sequência lógica dos acontecimentos, a primeira parte do trabalho deve consistir de um esclarecimento de tudo o que são pressupostos básicos para a obtenção dos objectivos propostos. Deste modo, o que se apresenta neste capítulo é um resumo dos conceitos essenciais para quem se propõe investigar as influências no EEG pelo facto de o indivíduo ter que participar numa tarefa que envolva processamento semântico e/ou lexical. A maioria dos trabalhos revistos apresenta uma estrutura que engloba os seguintes pontos: 1) equacionamento do paradigma a resolver; 2) descrição do material usado e da(s) experiência(s); 3) apresentação dos resultados obtidos; 4) comentários e conclusões sobre os resultados obtidos. Resultante da análise efectuada sobre a bibliografia fez-se uma síntese, contendo os conceitos mais importantes para o presente trabalho, baseada nos seguintes tópicos: - informação sobre a realização de uma tarefa de verificação de orações; - os efeitos do contexto na realização da tarefa, nomeadamente o efeito de preparação que conduz aos efeitos de facilitação e de inibição; - comparação dos processos de activação automática e de atenção consciente envolvidos na realização de tarefas que partilham caracteristicas com o processo de leitura; - eventos principais que se detectam nas respostas corticais associadas com a execução da tarefa exigida, ou seja, com o processamento semântico e/ou lexical (P300, N400 e CNV). - influências provenientes de incongruências (semânticas, sintacticas, fonéticas, etc) no processamento do material linguístico apresentado ao indivíduo; 2.2 - Teoria sobre a Tarefa de Verificação de Orações A utilização de ERPs tornou possível o estudo de processos cognitivos em curso que não eram acessíveis a medidas de comportamento. Os ERPs têm sido associados com diferentes processos e estudos, tais como atenção selectiva, busca em memória, preparação de respostas, etc [4]. Alguns destes casos são abordados nesta revisão bibliográfica. CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 8 Embora a tarefa de decisão léxica seja diferente da tarefa de leitura, o que interessa ter em conta no presente trabalho é o acesso a palavras de um léxico interno e a influência do contexto nesse acesso, processos estes que são partilhados por uma tarefa de verificação de orações e pela tarefa de ler. Em ambos os casos um item deve ser reconhecido como uma unídade léxica antes de ser posteriormente processado linguísticamente. Segundo, o reconhecimento parece envolver a compreensão da informação semântica associada com o item léxico [5]. À tarefa de verificação de orações podem ser apontados alguns problemas [4]: * algumas orações negativas passíveis de ser usadas, tipo " Uma rosa é um animal", são de uma análise mais complicada do que a maioria das orações negativas usadas no discurso do dia-á-dia, em que a negação é utilizada para negar proposições razoáveis, tipo "Uma baleia não é um peixe"; * a latência da resposta pode ser afectada por factores tais como o de se poder converter a oração negativa numa afirmativa. O que se conclui é que as evidências fornecidas pelos ERPs podem ser importantes ao testar modelos que dercrevam os mecanismos envolvidos na tarefa de verificação de orações. Normalmente o significado do estímulo está relacionado com a sua importancia para a realização da tarefa proposta e não com a informação linguistica ou semântica guarda na memória de longa duração (MLD) [2]. Quando se querem classificar respostas corticais que reflictam análise semântica devem usar-se tarefas que impliquem recurso a MLD, pois ao usar a memória de curta duração pouca análise semântica existe. Não convém usar o mesmo estímulo muitas vezes, caso contrário a resposta pode tornar-se familiar para o indivíduo. Neste caso a resposta a um estímulo, por exemplo apresentação de uma oração e pedido de análise quanto à sua correcção, seria apenas um processo de associação em vez de um processo de decisão envolvendo MLD, entre outros passos. Decidir se uma oração é falsa ou verdadeira, tarefa de verificação de orações, requere um conjunto de passos e etapas. O primeiro passo é apresentar a oração numa forma compatível com a informação «alvo», que no caso da apresentação de orações consiste em proposições na memória semântica. A falta de correspondência entre sujeito e complemento nas orações afirmativas/falsas e negativas/verdadeiras, durante a etapa inicial de comparação, resulta em diferenças nos ERPs quando se realiza uma tarefa que lida com orações afirmativas e negativas, comparando com a correspondência dos casos afirmativo/verdadeiro e negativo/falso. Esta diferença aparece bastante cedo, depois da apresentação do elemento complementar, comparando com o tempo necessário para uma decisão como falso [4]. CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 9 É conveniente referir que o reverso que ocorre entre as diferenças para orações afirmativas e negativas, é independente da decisão e respostas pedidas. Isto é uma forte evidência de que a diferença obtida se deve a um processo semântico. Verifica-se que as diferenças entre os ERPs para segmentos terminais falsos e verdadeiros não é devida a uma variabilidade do tempo de resposta, dado que alinhando os ERPs pelo instante de resposta, obtêm-se resultados muito ligados à execução da resposta. Isto prova que o processo neuronal associado com a decisão exigida, produz ERPs diferenciais. Pedir uma decisão semântica aberta sobre as orações pode manter o processamento semântico apesar da repetição ao longo da sessão experimental. 2.3 - Efeitos de Facilitação e de Inibição por parte do Contexto Preparador Quase todos os estudos com ERPs indicadores de significado linguístico usam manipulações de contexto. Exemplos de contextos que produzem distinção nos ERPs para a palavra alvo são: contextos associados ou não desse alvo, orações que «esperam» um verbo ou um substantivo em que ambos são palavras homófonas [6], palavras da mesma categoria semântica vs palavras de uma categoria diferente da classe da palavra alvo [7], etc. Foi sugerido que um contexto de oração produz dois efeitos distintos no reconhecimento de palavras: a «facilitação» (favorecimento) de pequeno grupo de de palavras prováveis para se seguirem a um dado contexto e por outro lado, uma inibição de um conjunto maior de palavras que não preservam o sentido global da oração. A teoria que lida com a facilitação e a inibição de sinais distingue os aspectos automáticos e de atenção do processamento da informação [5]. Ao decidir-se se dois itens são palavras ou não, a latência da resposta é menor se o segundo item for um associado primário do primeiro, do que se os dois itens não estiverem relacionados um com o outro. Numa tarefa em que se exige uma decisão lexical, após a apresentação de um estímulo preparador (uma palavra ou um sinal neutro), a latência da resposta ao estímulo de teste é menor se este for um associado do estímulo preparador, quando comparando com a condição do sinal neutro. A resposta é mais lenta para palavras não relacionadas do que para estímulos neutrais, mostrando assim o efeito inibidor. Se se reduzir o tempo entre o estímulo preparador e o estímulo de teste o efeito inibidor desaparece, permanecendo uma certa facilitação. Similarmente, se for pedido para se detectar se uma sequência de letras já foi apresentada ou não, as palavras precedidas por outras relacionadas semanticamente são reconhecidas mais rapidamente CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 10 que as que são precedidas por palavras não relacionadas ou não-palavras. Há várias explicações para este efeito de preparação [8]: (1) As caracteristicas semânticas de cada estímulo permanecem activas, em parte, em ensaios posteriores, diminuindo assim os níveis de decisão das unidades de reconhecimento de palavras hipotéticas, em palavras que partilhem as mesmas caracteristicas. (2) O contexto semântico permite aos indivíduos criar um conjunto de palavras esperadas, palavras essas que são verificadas primeiro durante o processo de decisão lexical. Qualquer que seja a explicação é quase certo que a ocorrência de uma palavra, que funciona como estímulo, altera a situação em memória das palavras que estão associadas semanticamente com a(s) palavra(s) estímulo do(s) ensaio(s) anterio(es). Obtém-se uma certa facilitação significativa em pares de palavras relacionadas semânticamente sob condições que se pretendia que evitassem uma activação de expectativa acerca das palavras associadas. A análise dos efeitos de inibição e facilitação também pode ser feita com contextos sob a forma de orações em vez de palavras isoladas. Em tarefas léxicas, os contextos de oração produzem facilitação em decisões com palavras congruentes com o contexto e inibição em decisões com palavras incongruentes. Este resultado demonstra a possibilidade de usar o paradigma da preparação da decisão lexical para analisar o efeito dos contextos de oração na busca de palavras [5]. Para estabelecer o alcance dos efeitos de inibição e de facilitação usa-se a técnica de Taylor Cloze [9] que, permite medir a previsibilidade dos contextos de oração. Alguns contextos favorecem uma resposta particular com grande frequência, enquanto outros favorecem uma basta gama de respostas, sem uma resposta dominante. Se ao ler um contexto de oração, um indivíduo espera que ocorra certa palavra, então deve acontecer uma facilitação para as palavras fortemente dominantes, mas esta facilitação deve diminuir com a diminuição da previsibilidade; surge então a inibição para as respostas menos dominantes, embora sejam primárias para esse contexto. Embora a obtenção de expectativas requeira esforço, desde que uma palavra ou conjunto de palavras tenha sido activado por este processo, estas palavras podem permanecer mais disponíveis e sem «custo» para outras palavras de teste. Há um efeito a ter em conta : o processo de leitura pode retardar a resposta a uma decisão lexical. Isto implicaria que a resposta seja considerada como mais lenta do que é na realidade e que a quantidade de facilitação seja sub-estimada e a inibição sobre-estimada. Portanto há um processo de carregar a memória com o contexto da oração que pode interferir com a resposta. Este processo de carregar a memória é mais importante para estímulos preparadores complexos (por exemplo CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 11 orações) do que para contextos formados por uma única palavra. Pode dizer-se que palavras isoladas, como contexto, não melhoram em muito a latência da resposta. A implicação disto é que ler e manter a oração na memória tem pouco efeito na latência da resposta. No entanto, as «requisições» de memória devem reduzir o efeito do contexto, ou seja, relembrar e usar a estrutura duma oração pode interferir com a sua compreensão. Demonstrou-se que o facto de ter que ler um contexto de oração tem só por si pouca influência na latência duma decisão léxica. A facilitação é limitada a situações de forte sugestão contextual de uma dada palavra, sendo essa palavra realmente apresentada. Isto sugere uma banda estreita onde se verifica o efeito de facilitação. Uma alteração da hipótese de atenção é a de que os calobarodores só são sensíveis à predominância dos contextos, formando e mantendo expectativas apenas quando essa predominância é alta. Isto indica que a latência em ensaios com palavras improváveis deve ser inibida, mas apenas quando uma inibição correspondente foi detectada para palavras fortemente dominantes. Aumentando o tempo em que o contexto está activo nada se altera em termos de facilitação, logo a gama estreita onde se verifica facilitação não é devida a não haver tempo para os leitores gerarem as palavras alvo nos casos de contextos menos predominantes. Isto sugere que depois de uma certa quantidade mínima de processamento, nada se extrai do contexto que influencie o reconhecimento posterior de palavras. Parece que as implicações contextuais devido ao contexto de oração lido, não podem ser suprimidas. Tanto a facilitação para as palavras de teste mais predominante, como a inibição para palavras de teste anómalas continuam a existir, embora diminuidas. Perante palavras de teste, que na maior parte dos casos fazem sentido dado o contexto, os indivíduos não podem escolher simplesmente ignorar a relação entre o contexto e o item de teste, ainda que daí não advenha vantagem em formar expectativas. A relação poderá ser ignorada quando o metacontexto indicar que a anormalidade é certa, ou seja, que existe em todos os casos. Há uma diferença clara entre o processamento de uma palavra associada isolada e o processamento de um contexto, pois este último pode ter várias palavras fortemente associadas da palavra de teste. No trabalho apresentado na referência [5], verificou-se que há menos facilitação para palavras de teste adequadas do que inibição para palavras inadequadas, comparando com as condições em que não existe contexto preparador e em que o contexto é inadequado com a condição em que o contexto é adequado. Conclui-se que facilitação e inibição estão longe de serem efeitos simétricos. CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 12 Uma sequência de palavras sob a forma de um contexto de oração pode melhorar ou piorar os níveis de decisão usados na decisão sobre quais as palavras (de teste) que se seguirão. Os mesmos efeitos, devidos ao contexto de orações, são observados na latência da pronunciação de palavras ou na latência de decisões lexicais [9]. Pode dizer-se que o uso feito do contexto de oração aumenta com a idade e a capacidade de leitura do indivíduo. Verifica-se que cerca de 100ms são suficientes para se abstrair o significado de uma palavra no contexto das palavras antecedentes [10]. A repetição do efeito de preparação (através do contexto) refere-se ao melhoramento da velocidade e precisão da resposta para estímulos que já ocorreram na sessão experimental, comparando com estímulos que ocorrem pale 1ª vez. Este efeito de preparação tem sido usado em identificação (por percepção) de palavras, em tarefas de completar palavras dados fragmentos de letras e em decisões lexicais. Nas tarefas de decisão lexical, a latência para decidir se o conjunto de letras apresentado é uma palavra ou não, é menor se esse conjunto de letras já apareceu na sessão. Um estudo feito por Kirsner [11] demonstrou que o efeito de preparação só se verifica entre línguas diferentes se a repetição for imediata, caso contrário limita-se a um efeito intra-línguas [12]. Como no trabalho apresentado na referência [12] se verificou que não há diferenças nos ERPs associados com as palavras terminais repetidas na forma intra-línguas relativamente a palavras terminais não repetidas na região próxima de N400 ou antes, sugeriu-se que qualquer que seja o mecanismo que está envolvido no efeito de repetição da preparação nas decisões lexicais, ele ocorre depois dos processos que são influenciados pelos contextos semânticos locais. 2.4 - Processos de Activação Automática e de Atenção Consciente Associados com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento de Material Linguístico Posner & Snyder [13,14] propuseram que os efeitos do contexto semântico sobre o reconhecimento, se processem através de dois processos que actuam independentemente e têm propriedades diferentes. O processo de activação automática existe porque o estímulo «informativo» activa uma certa zona da memória e depois parte dessa activação propaga-se automaticamente a outras zonas da memória semânticamente relacionadas e que estão próximas na rede neuronal. O processo de propagação da activação é rápido, não necessita de atenção e não CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 13 afecta o acesso a informação de partes da memória não relacionadas com a que foi activada pelo contexto. Assim, o processo de activação automático resulta num efeito de facilitação e não provoca um efeito inibidor quando o segmento (ou palavra) não é congruente com o contexto precedente. Em contraste com o que se disse acima, o mecanismo de atenção consciente responde ao contexto precedente, redireccionando o «processador» de capacidade limitada para a zona de memória indicada pelo estímulo esperado. Este mecanismo de atenção consciente é lento, recorre a atenção e inibe o acesso a informação de zonas não esperadas devido à capacidade limitada do «processador» ter que ser deslocada para zonas muito afastadas da memória [15]. Do que foi exposto conclui-se que os adultos reconhecem as palavras tão rapidamente que o lento mecanismo de atenção consciente não chega a produzir o efeito inibidor. Em vez disso, só o espalhar da componente activação automática, devido ao efeito contextual, tem tempo de acontecer antes das palavras serem reconhecidas. Já nas crianças o reconhecimento de palavras é lento de modo que permite a contribuição dos dois mecanismos (facilitação e inibição contextuais) para o tempo de reacção. Fica também explicado porque é que os fracos leitores apresentam maiores efeitos de facilitação contextual. Isto acontece porque eles são mais lentos, e dado que o processo de reconhecimento de palavras deles é mais lento, há uma tendência maior para que a faciltação contextual resulte da atenção consciente, bem como da activação automática. Do trabalho de Cromer [16] e das conclusões anteriores pode dizer-se que as diferenças com a idade observadas na capacidade de reconhecimento de palavras, devem-se a um défice de capacidade de reconhecimento e não a diferenças no processo semântico e sintactico. Os processos automáticos não são afectados pelas estratégias e expectativas do individuo e são inevitáveis, no sentido em que o individuo não pode optar por não dar uma resposta automática a um estímulo adequado. Por outro lado, os processos de atenção não requerem esforço, inibem activamente outras respostas que requerem atenção e estão sob o controlo do individuo. A distinção entre os processos automáticos e os de atenção é vital para descrever os efeitos de um contexto semântico constituido por uma única palavra sobre a latência das decisões lexicais.[5] No trabalho descrito na referência [5], ao verificar-se que o efeito do contexto sobre palavras de teste não inibe as respostas improváveis, sugeriu-se que a facilitação seja automática, com o grau de activação proporcional à semelhança entre a palavra de teste e o contexto de oração. Uma conclusão que se pode tirar do efeito da dominância sobre os tipos de palavras de teste, é a de que a ausência de inibição conduz a que desde que uma palavra tenha sido activada pelo contexto, ela fica acessível sem «custo» para outras respostas. Ou seja, a facilitação é automática. CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 14 A facilitação produzida apenas para contextos predominantes, não possui as outras caracteristicas de um processo de atenção. Estes contextos não produzem uma inibição correspondente para as palavras improváveis, nem a facilitação é aumentada pelo facto de se aumentar o tempo disponível para criar expectativas. Um indivíduo não pode evitar o efeito quando desejar, o que é uma das caracteristicas de um processo automático. A inibição de palavras inadequadas não é como deveria ser em dois aspectos: (i) é um «preço» sem compensação - a inibição de palavras inadequadas não está associada com uma facilitação de palavras adequadas, embora improváveis; (ii) a incapacidade de eliminar a inibição quando isso foi pedido. O reconhecimento de palavras pode tornar-se automático de tal modo que apenas os efeitos rápidos e facilitadores do contexto são obtidos. Normalmente os leitores não geram respostas particulares para os contextos de oração. A atenção parece estar mais dirigida para classe de palavras que preserva o significado, ou seja, a atenção está mais direccionada para uma classe de palavras relacionadas por uma categoria semântica (em palavras associadas) ou para uma ideia episódica (em orações), do que para palavras particulares. O reconhecimento de palavras pode ser tão rápido que só permite a actuação da componente activação automática da expectativa gerada pelo contexto da oração. Neste caso, observa-se uma facilitação contextual sem inibição [15]. Quando os colaboradores demoram mais tempo a processar o contexto das orações, quer seja por se demorar na apresentação da palavra alvo ou por se dificultar a tarefa de decisão, aumentando o tempo de processamento necessário, aparece o efeito de inibição contextual. Isto deve-se presumivelmente ao mecanismo de atenção consciente. Em leitores fluentes o mecanismo de atenção consciente pode ser como que curto-circuitado e o desenvolvimento da eficiência deste mecanismo na leitura pode não ser um factor causal em mudanças na capacidade de ler relacionadas com a idade. Com base na tese de o sistema de leitura seguir um modelo interactivo, ou seja, em que os padrões são sintetizados com base em informação proveniente simultaneamente de várias fontes, abre-se a hipótese de processos de um nível superior compensarem as deficiências de outros de nível inferior. Sendo assim, um leitor fraco em reconhecimento de palavras pode servir-se melhor da informação proveniente do contexto. Se o reconhecimento de palavras é lento, a expectativa de atenção consciente combina-se com a activação automática para produzir outra fonte de facilitação contextual. CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 15 Quando a capacidade de reconhecer palavras isoladas se torna automática, a informação contida no contexto das orações deve ter uma influência decrescente no reconhecimento de palavras particulares. A análise de palavras com vista a fornecer informação lexical pode envolver factores de atenção análogos aos que se observam em estudos de preparação semântica [1]. Grande parte da competência, criada por uma capacidade, de compreender a linguagem escrita ou falada é automática, ou seja, a compreensão é rápida, aparentemente não necessita esforço e é difícil de evitar. A maior parte da investigação sobre os aspectos automáticos da linguagem usa a variável latência da resposta como medida dependente. Palavras que funcionam como estímulos preparadores influenciam, facilitando, o reconhecimento de palavras de teste desde que as primeiras estejam semanticamente relacionadas com as as segundas. O efeito das palavras que funcionam como estímulos preparadores nota-se mesmo que os colaboradores não tenham que responder, ou seja, podem ignorar o conteúdo das orações [5]. A diferença entre ERPs para orações falsas e orações verdadeiras, independentemente de se exigir uma resposta aberta ou não, indica que no caso de não haver outra tarefa concorrente, a simples apresentação de uma oração é suficiente para o indivíduo a analisar semanticamente, servindo as medições feitas nos ERPs de indicador do resultado dessa análise. A compreensão de palavras apresentadas sucessivamente tem as caracteristicas de um processo automático: é difícil de evitar e não exige esforço. Numa situação em que se manipula a influência da informação familiar na realização duma tarefa de verificação de orações, o efeito da familiaridade com as orações apresentadas ao longo das experiências, não é significativo. Isto porque a negatividade dos ERPs é mais um reflexo da familiaridade de longa duração ou da intensidade/vitalidade da informação em memória, do que qualquer mudança na expectativa desenvolvida quando a MLD é «procurada» durante a sessão [17]. Se se fizessem muitas repetições, a diferença entre a componente N400 para factos muito familiares e pouco familiares desaparecia. O que isto significa é que a informação menos familiar passaria a estar bem representada na MLD. Os resultados do trabalho apresentado na referência [17] sugerem que a base deste facto está mais na activação automática do conhecimento de longa duração do que na capacidade do indivíduo prever as palavras dado o contexto. Por exemplo, se se repetisse uma oração com a mesma terminação anómala a negatividade existia, apesar da antevisão da palavra anómala, desde que a tarefa exigisse compreensão das palavras. CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 16 2.5 - Componentes Principais que se Detectam nas Respostas Corticais Associadas com a eExecução de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical Neste tópico vão apresentar-se as componentes dos potenciais eléctricos que de forma mais evidente estão relacionados com estágios do processamento semântico e/ou lexical do material apresentado durante os ensaios das experiências realizadas. Estas componentes são importantes porque é através delas que na maior parte dos caso se obtêm as explicações para os factos que condicionam o comportamento do indivíduo perante a tarefa lexical exigida (verificação de orações ou outras). Na figura 1 apresenta-se um esquema da forma tipica de uma resposta cortical, na zona próximo da apresentação do estímulo principal para a decisão lexical, e no qual se definem as componentes CNV, P300, N400 e P500. Este esquema corresponde ao caso de uma tarefa de verificação de orações e em que cada oração é apresentada por N segmentos de texto. Figura 1 - Esquema ilustrativo da definição das componentes CNV, N200, P300, N400 e P500. 2.5.1 - A Componente Positiva Posterior P300 Quanto mais frequente for uma palavra mais rapidamente ela será reconhecida. Dois tipos de teorias têm sido propostas para esclarecer o mecanismo associado com a frequência das palavras, diferindo nos pressupostos que elas usam relativamente ao local da facilitação [1]. O P300 é uma das componentes dos ERPs que é gerada quando o modelo mental do ambiente/esquema que processa os estímulos necessita de actualização devido à existência de CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 17 informação nova. A latência do P300 pode reflectir a duração da análise do estímulo e é independente do processo que activa a resposta a esse estímulo. Se o efeito da frequência das palavras em apresentação se deve às diferenças entre o tempo de análise das palavras comuns e não comuns, o P300 activado por palavras comuns deveria apresentar uma latência menor que o P300 activado por palavras não comuns. Se este efeito provém de uma rapidez maior para responder às palavras comuns quando comparadas com as palavras não comuns, a latência do P300 não deveria ser afectada pela frequência com que uma palavra aparece na linguagem escrita. Dado que as palavras não comuns aparentam requerer mais busca lexical do que palavras mais comuns, deveriam ser encontradas diferenças na amplitude do P300 activado pelas duas classes de palavras, mais e menos comuns, desde que o processamento da busca alargada consumisse mais capacidade cognitiva do que uma busca limitada. A amplitude de P300 deveria ser atenuada quando activada por palavras não comuns relativamente a palavras comuns, enquanto que não deveria haver entre duas classes de não-palavras (derivadas de palavras comuns e não comuns), ainda que o efeito global da probabilidade do estímulo irá diminuir a amplitude de P300 com o aumento da ocorrência das não-palavras. Verifica-se que a latência de P300 é influenciada pela frequência dos estímulos e a sua amplitude, para o caso de ser originado por estímulos que são palavras, aumenta com a diminuição da probabilidade das palavras, enquanto que essa amplitude, no caso de estímulos que são não-palavras, aumenta com o aumento da probabilidade das não-palavras. Adicionalmente, a amplitude de P300 para não-palavras é maior que para palavras. Por outro lado a amplitude de P300 varia com a localização do eléctrodo, aumentando da zona frontal para a parietal do escalpe. As decisões lexicais são influenciadas pela frequência de ocorrência das palavras em teste, uma vez que tanto a latência de P300 como a da resposta são menores para palavras comuns do que para palavras não comuns. Este resultado implica que a frequência com que uma palavra ocorre numa linguagem acelera os estágios iniciais do processamento das palavras, antes das etapas de produção da resposta. As diferenças de tempo necessário para procurar na memória semântica afectam significativamente a latência de P300. A frequência com que um dado estímulo ocorre tem um efeito reduzido na latência de P300, embora a latência da resposta diminua quando a probabilidade de um tipo de itens é incrementada, sendo este efeito maior em não-palavras do que em palavras. CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 18 A amplitude de P300 é sensível aos requisitos de capacidade de processamento, de modo que esta amplitude aumenta com o aumento da quantidade de capacidade usada numa dada situação. Contudo, se for necessário mais capacidade para realizar uma dada tarefa secundária simultaneamente, a amplitude de P300 diminuirá se a tarefa secundária não partilhar a integralidade dimensional do estímulo com a tarefa primária. As variações na amplitude de P300 dão crédito a explicações dos efeitos de preparação semântica sensíveis à capacidade, efeitos esses que parecem reflectir uma propagação da activação da rede lexical. A componente P300 está mais ligado à decisão de ter que responder ou não, do que ao processamento semântico sobre a oração, tendo a sua latência o mesmo comportamento que a latência da resposta, embora não correlacionáveis significativamente [10]. Ou seja, pode dizer-se que esta componente está associada com a importância geral do estímulo para a tarefa semântica exigida ao colaborador [4]. Numa tarefa de verificação de orações, observou-se uma latência de P300 maior para o caso de orações falsas do que para o caso de orações verdadeiras [10]. 2.5.2 - A Componente Negativa Posterior N400 A componente N400 é um sinal fisiológico do reprocessamento das palavras semanticamente anómalas [18]. Pela diferença de N400 entre os casos de palavras de teste congruentes e incongruentes concluise que o N400 é uma negatividade monofásica com uma distribuição espalhada pelo escalpe. O N400 parece reflectir a interrupção do processamento duma oração devido a palavras semanticamente incongruentes e reflecte ainda o reprocessamento que ocorre ao se tentar extrair significado de orações sem nexo. O N400 fornece informação sobre a temporização, a classificação e a interacção dos processos cognitivos envolvidos na compreensão da linguagem. A medição de N400 pode revelar onde, numa oração ou parágrafo, informação semântica de tipos diferentes é assimilada, contribuindo assim para a análise do processo de leitura e posteriormente para detectar desordens na leitura e na linguagem. Para obter a componente N400 não é obrigatório que a base de trabalho seja uma oração, pode ser suficiente apresentar palavras isoladas que usem MLD [10]. O ERP N400 funciona como uma ferramenta para estudar como a informação semântica está representada e é acedida [17]. CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 19 Constata-se que a diferença entre a componente N400 para orações falsas e verdadeiras é maior para informação familiar do que não familiar. Verificou-se que numa tarefa de verificação de orações a latência de N400 não é afectada significativamente pelo tipo de tarefa a realizar (resposta-R ou não resposta-NR), é maior no caso de orações falsas do que em verdadeiras e é maior para o caso NR do que para o caso R. A negatividade de N400 (ou seus equivalentes), sendo comum em tarefas que envolvem processos cognitivos, é máxima no vertex e apresenta uma distribuição alargada no escalpe. Há também indícios de que seja máxima na zona central e parietal e reduzida frontalmente. Há ainda sugestões que apontam para uma maior negatividade do lado direito do escalpe do que do lado esquerdo [20]. A latência de N400 não difere muito entre os casos em que as orações incluem informação muito familiar (factos fortes) e os casos em que as orações incluem informação pouco familiar (factos fracos). Por seu lado, a latência da resposta é maior para factos fracos do que para factos fortes [17]. A apresentação de orações contendo informação familiar aos colaboradores produz uma componente «N400» com uma latência inferior em cerca de 50ms (ou seja, o N400 é na realidade N340) à que se obteve em trabalhos que utilizaram informação pouco familiar [17]. Este facto devese à saliência da informação referenciada ao próprio colaborador, ou à maior simplicidade da tarefa (não há orações negativas do tipo "Um A não é um B" como havia, por exemplo, no trabalho descrito em [10]) ou às orações serem mais fáceis de analisar (só têm 3 segmentos e não 7, como por exemplo em [18]). Prova-se que a negatividade do pico N400 é maior para orações que falsificaram factos familiares. Comparando os resultados da apresentação de orações negativas, verifica-se uma grande similaridade com o que se obteve para as orações afirmativas, exepto que a maior negatividade na componente «N400», é observada nas orações verdadeiras em vez de nas falsas [4]. Numa tarefa de emparelhar palavras em que umas rimam e outras não, também se observa uma componente tipo N400 na zona próxima de 400ms após a apresentação da 2ª palavra, sendo mais negativa para o caso em que o par de palavras não rima do que para o caso em que rima [19]. A assimetria com a localização de recolha do EEG observada no N400 ocorre, quer a linha de base nas medições seja a actividade que precede a palavra/estímulo presente, quer a linha de base seja a actividade que precede a primeira palavra de uma oração [20]. Existe também assimetria, maior negatividade do lado direito, em associação com as outras palavras que não a que provoca as decisões léxicas ou semânticas. Por exemplo, as palavras em posições intermédias de uma oração provocam assimetria nos ERPs. Contrariamente, a primeira palavra de uma oração não provoca CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 20 assimetrias muito evidentes. A amplitude e existência desta assimetria não está dependente da frequência de apresentação das palavras ou da proporção entre orações congruentes e incongruentes. 2.5.3 - A Variação Contingente Negativa (CNV) A variação contingente negativa nos casos estudados pode definir-se como a componente do sinal, normalmente negativo e com pequena inclinação, que ocorre num periodo entre a apresentação de estímulos, por exemplo, palavras ou segmentos de oração (ver figura 1). Esta variação é influenciada pelos potenciais lentos precedentes (pSPSs) [21]. O efeito dos psSPSs sobre CNV nos segundos que precedem a apresentação do 1º estímulo (S1) é a 1ª parte do efeito designado por efeito de linha de base. Depois de um pSPS positivo a CNV é aumentada e depois de um pSPOS negativo é atenuada. A CNV é maior em localizações frontais e centrais do que nas parietais. A influência dos pSPSs sobre a CNV pode indicar um efeito de "ceiling", ou seja, que o cérebro tem uma capacidade limitada para deslocamentos negativos. Observa-se que um colaborador fortemente ansioso apresenta menores CNVs do que outro fracamente ansioso. Os colaboradores fortemente ansiosos mostram uma negatividade cortical da linha de base maior. Outra explicação à parte do efeito de "ceiling" pode ser o de que o efeito de linha de base seja uma expressão de um mecanismo regulador responsável pelo nível desejável ou nível optimo de activação. As CNVs médias, sem controlo dos pSPSs, podem ser de fraca confiança devido à interacção de pSPSs com factores experimentais e de situação. Numa tarefa de verificação de orações a amplitude do CNV é menor no caso em que não se exige uma resposta aberta/física sobre a oração do que no caso se exige uma resposta. Por outro lado, é de menor amplitude frontalmente (Fz) do que nas localizações Cz, Pz, C3 e C4, isto no intervalo antes da apresentação do segmento que funciona como estímulo principal [10]. Prova-se que a componente N400 não pode estar associada com a CNV, dado que a amplitude de N400 não depende da tarefa a executar e a CNV depende [17]. CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 21 2.6 - Aspectos do Processamento de Orações que se Traduzem em Diferenças nas Componentes Posteriores Nalguns casos acontece que os contextos de oração produzem facilitação para algumas palavras sem produzir inibição para palavras incongruentes com o contexto [22]. Constatou-se que quando um contexto é congruente com a palavra terminal o tempo de reacção é menor do que quando o contexto é incongruente [15]. Numa tarefa de leitura de orações palavras semanticamente inapropriadas originam a componente negativa posterior (N400) já referida [18]. Numa tarefa de verificação de orações, palavras terminais fisicamente anómalas produzem um complexo positivo posterior (P500), depois do início da apresentação destas. Esta componente não existe nas orações que terminam com palavras de tamanho normal. Conclui-se que anormalidades semânticas e físicas provocam um conjunto de reacções diferentes no cérebro. Os participantes numa tarefa de verificação de orações são mais lentos a rejeitar orações falsas do que a aceitar orações verdadeiras, tipo " X é um Y", quando X e Y estão semanticamente relacionados [10]. Respostas afirmativas (por exemplo a aceitação do conjunto de letras como sendo uma palavra) são mais rápidas do que as respostas negativas (por exemplo a rejeição do conjunto de letras por ser uma não-palavra) devido à tendência global de se responder mais rapidamente a estímulos positivos [1]. Para orações afirmativas a latência para decisões falsas é maior do que para decisões verdadeiras, enquanto que para orações negativas a latência para decisões verdadeiras é maior do que para decisões falsas. Orações negativas são em geral respondidas mais lentamente que as afirmativas. Isto porque as primeiras requerem um tempo adicional para lidar com a negação [17]. Como uma oração do tipo "Um X | não é um | Y" é compreendida como { falso | { é um | X , Y } }, e sendo a verificação das orações feita primeiro comparando a suposição intermédia (o verbo, que neste caso é "é um") com a informação semântica relevante (X , Y), um desajuste ocorre neste passo para os casos afirmativo/falso e negativo/verdadeiro. Este facto produz o efeito observado na latência das decisões. CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 22 Resumindo os resultados de alguns trabalhos, pode dizer-se que se observa-se uma negatividade reforçada na componente N400 nos seguintes casos: (i) palavras que completam «falsamente» o contexto precedente [4]; (ii) palavras semanticamente incongruentes no contexto da oração 19]; (iii) palavras improváveis, embora aceitáveis no contexto da oração; (iv) palavras que não correspondem à classe semântica das palavras anteriores. Foi sugerido que a negatividade posterior (por exemplo N400), é originada sempre que a palavra de teste apresentada não tenha sido preparada pelo contexto anterior. Logo a incongruência não é uma condição necessaria para N400 ocorrer. Isto é consistente com a teoria que postula que N400 ocorre sempre que uma palavra ou figura é apresentada sem contexto preparador [10]. O facto da negatividade posterior estar associada com palavras imprevisíveis, refere-se ao não automatismo de computação dentro da sistema linguístico e não à expectativa consciente por parte do indivíduo sobre a semelhança de palavras particulares que possam aparecer (expectativa frustrada). Isto prova-se por N400 não diminuir quando os indivíduos se tornam familiares com as orações falsas [17]. Como se verifica que orações falsas, obtidas com base em dados (familiares) sobre o colaborador, originam uma componente tipo N400 e porque elas não são semanticamente anómalas, mas apenas inconsistentes com o que havia sido estabelecido no início das experiências, esta componente ocorrerá sempre que um contexto verbal active um dado código e outro seja apresentado. Dada a negatividade associada com orações anómalas, sugeriu-se que um processo básico na compreensão de orações é a monitorização da consistência ou validade das proposições contidas/defendidas na oração, estando esta negatividade associada com a disrupção deste processo. Este efeito é diferente de outro tipo de disrupção de expectativas, as quais produzem um valor maior para (N400-P300) quando os estímulos raros ou não esperados são apresentados. Pelo contrário, palavras anómalas produzem uma negatividade quando o completar de orações com essas palavras anómalas é tão provável como com palavras adequadas [7]. Se a negatividade nos ERPs é um indicador de um processo que monitoriza a consistência ou validade da prosa, então seria possível usá-la para analisar, em tempo real, modelos da construção do significado das orações a partir das suas palavras constituintes [4]. Numa tarefa de emparelhar palavras em que umas rimam e outras não, aparece uma componente negativa tipo N400 nas respostas corticais para palavras que não rimam. Concluiu-se que o N400 CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 23 observado é devido a um processamento de palavras, não a um nível semântico, mas antes reflecte processos que ocorrem a nível fonético [19]. Independentemente de N400 depender em último caso para a sua origem de processos semânticos ou liguisticos desconhecidos, o trabalho apresentado na referência [19] indica que as diferenças de processamento ao nível fonético são suficientes para influenciar a amplitude de N400. Uma hipótese possível, para a explicação do paradigma da origem de N400, pode ser a de que N400 é gerado por um estímulo que não corresponde à expectativa criada por um estímulo/acontecimento preparador. Esta hipótese implica que os processos de preparação não se limitem a influenciar os casos com representação semântica ou léxica. O facto de não-palavras apresentarem mensuráveis efeitos de repetição dá algum suporte a esta suposição. Diferenças de processamento entre várias categorias de estímulos (por exemplo palavras e nãopalavras) podem provocar diferenças de amplitude tão cedo como na componente N200, dado que se observam em N200 algumas variações de amplitude como resultado desse processamento [1]. 2.7 - Aplicação da Teoria Revista no Presente Trabalho Neste tópico vão sumariar-se os principais conceitos retirados da bibliografia apresentada e que vão ser úteis à realização das experiências no presente trabalho. Começou por se perceber qual a estrutura típica utilizada em experiências que têm como objectivo estudar a tarefa de verificação de orações. Concretamente, interessava saber qual a forma de apresentação das orações, as temporizações dos eventos, as condições da aquisição dos potenciais cerebrais, entre outros. Contudo, a matéria de mais interesse a extrair da bibliografia, diz respeito ao tipo e forma do material linguístico a utilizar durante os ensaios das experiências e ao modo como esse material é processado pelo indivíduo. Apresentam-se de seguida alguns dos pontos de interesse sobre esta matéria. Se se pretender observar os resultados do processamento semântico do material linguístico apresentado, deve usar-se como esquema de trabalho uma tarefa que implique a utilização de MLD durante esse processamento. Por outro lado, verifica-se que praticamente todos os trabalhos que pretendem obter informação sobre o significado linguístico do material apresentado nos ensaios, através da observação dos ERPs, utilizam manipulações de contexto. Os efeitos do contexto são observados de forma mais precisa recorrendo a tarefas que envolvam decisões lexicais. CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 24 Sabe-se que o contexto de oração «facilita» o reconhecimento das palavras prováveis que se lhe seguirem e inibe o reconhecimento das palavras que se seguirem e não preservem o sentido da oração. O contexto de oração funciona deste modo como estímulo preparador e o seu efeito não depende do facto do colaborador ter que dar ou não uma resposta física sobre o material linguístico apresentado. O efeito preparador pode ser obtido com um contexto de oração, como se referiu, mas também com uma palavra isolada, sendo diferente o processamento nos dois casos. Durante os ensaios não convém utilizar o mesmo estímulo muitas vezes porque, embora haja indícios do contrário, o efeito da familiaridade pode repercutir-se negativamente no processamento dos estímulos. Verificou-se que as decisões lexicais envolvidas no processamento do material linguístico apresentado são afectados pela frequência de ocorrência das palavras que se apresentam. Como foi referido no ponto 2.4, uma tarefa de verificação de orações envolve processos de activação automática e de atenção consciente. Grande parte da aptidão para compreender uma língua é automática, sendo estes aspectos automáticos acedidos mais correctamente através da latência ou da amplitude das componentes posteriores do que através da latência da resposta. Da leitura da bibliografia extrairam-se ainda alguns dados sobre as componentes posteriores associadas com o processamento de orações e sobre as decisões envolvidas na tarefa de verificação dessas orações. Apresentam-se agora os pontos mais importantes sobre o que se acabou de afirmar. Orações que contêm informação bastante familiar ao indivíduo produzem maiores diferenças nos ERPs associados com orações verdadeiras e falsas, do que orações contendo informação pouco familiar. Se na tarefa de verificação de orações se exigir uma decisão aberta, a sua latência é menor se o estímulo de teste estiver associado com o estímulio preparador. Constatou-se que no caso do contexto de oração ser congruente com a palavra de teste, o tempo de reacção é menor do que no caso do contexto ser incongruente. Na tarefa de verificação de orações, palavras terminais semanticamente inapropriadas produzem uma componente negativa posterior (N400). O ERP N400 funciona como uma forma de observar como é que a informação semântica está representada e é acedida. Verificou-se que a diferença entre N400 para orações verdadeiras e falsas é maior para informação muito familiar do que pouco familiar, não se verificando este efeito na diferença entre as latências desta componente. A componente positiva posterior P300 é gerada quando o modelo do esquema que processa os estímulos necessita de actualização porque surgiu informação nova. Esta componente está mais ligada à decisão aberta sobre o material apresentado, do que ao processamento semântico desse CAPÍTULO 2 - Teoria Associada com a Realização de Tarefas que Envolvam Processamento Semântico e/ou Lexical 25 material linguístico. A latência de P300 apresenta o mesmo comportamento que a latência da resposta, mas não é correlacionáv com ela de forma significativa. Entre a ocorrência de dois segmentos/estímulos consecutivos num ensaio, o sinal de EEG tem tendência para se tornar ligeiramente mais negativo ao longo do tempo, designando-se esta parte do sinal por variação contingente negativa (CNV). CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 26 CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs Para a realização de experiências tendo em vista resolver paradigmas associados com a tarefa de verificação de orações, há que desenvolver um conjunto de ferramentas que ajudem a desenhar e controlar essas experiências. Como para o desvendar de um paradigma a este nível, há vários factores a influenciar os resultados, e possivelmente vários caminhos para o desvendar, pensou-se em projectar o conjunto de ferramentas o mais versátil possível, sem no entanto perder de vista o objectivo principal do trabalho, que é saber se existem diferenças significativas entre os ERPs associados com a apresentação ao indivíduo de uma oração verdadeira e de uma oração falsa. Esta ideia de versatilidade é reforçada pela leitura da bibliografia apresentada no capítulo anterior, de onde se tiraram algumas conclusões que levaram à estruturação das ferramentas a desevolver e das experiências a realizar com elas. Assim, neste capítulo após a descrição do "hardware" utilizado vão apresentar-se as ferramentas desenvolvidas. No que diz respeito às ferramentas, incluem-se como blocos principais: (i) a configuração do sistema; (ii) a geração de uma base de dados que arquive o material linguístico a apresentar durante os vários ensaios; (iii) a possibilidade de calibração do "hardware"; (iv) arquivação da informação vital para a posterior identificação das condições de cada sessão de uma experiência; (v) controlo, durante a realização, de uma sessão de uma experiência. 3.1 - "Hardware" Utilizado nas Experiências Realizadas Para adquirir os potenciais no cérebro utilizou-se a instrumentação usual nestas condições, consistindo numa máquina de EEG, uma placa de aquisição e um computador pessoal (PC/AT). A máquina de EEG permite amplificar os sinais de baixo nível através de amplificadores de instrumentação com elevado Common Mode Rejection Ratio - CMRR (= Ganho Diferencial / Ganho Modo Comum). Como o espectro de potência do ruído é contante com a frequência, pode atenuarse este ruído recolhendo o sinal cerebral entre dois pontos do cortex, uma vez que ele está presente CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 27 com igual amplitude média nos dois pontos de recolha. Deste modo reforça-se o sinal diferencial entre os dois pontos de recolha - EEG - e atenua-se o sinal comum - ruído. Dado que os potenciais a adquirir têm amplitudes da ordem de poucas dezenas de microVolt e sabendo a gama adequada para as entradas da placa de aquisição, pode determinar-se o ganho a usar na máquina de EEG. Para eliminar o ruído de 50Hz introduzido pela rede, activa-se o filtro estreito ("notch filter") existente na máquina de EEG e que está centrado nessa frequência. Esta é uma opção sujeita a discussão porque embora o espectro de potência do sinal já esteja bastante atenuado a 50Hz, apresenta ainda uma amplitude razoável. Optou-se por usá-lo porque se pensa que os benefícios da eliminação de possíveis artefactos compensa a hipotética atenuação de algumas frequências presentes nos sinais. O efeito deste filtro no espectro de potência do sinal foi verificado pela estimação desse espectro através da implementação de FFTs ("Fast Fourier Transforms"), como se descreverá no capítulo 5.1. Além dos amplificadores com elevado ganho e boa imunidade ao ruído, tudo o que fica antes dos amplificadores de instrumentação na máquina de EEG deve apresentar também boa imunidadade ao ruído. Em especial deve-se ter cuidado com a maneira como as massas estão ligadas para reduzir os efeitos negativos dos loops de massa. A máquina de EEG apresenta-se, como é obvio, como um meio adicional de visualização dos sinais adquiridos; o outro é através do monitor do computador, tendo o primeiro a vantagem de fornecer uma visualização "on-line" dos sinais em aquisição. Isto permite detectar possíveis falhas de contactos durante as sessões ou um comportamento incorrecto por parte do colaborador, como por exemplo a execução de movimentos bruscos. Utilizando um canal com informação temporal na máquina de EEG poderá fazer-se uso das listagens por ela fornecidas numa análise posterior mais precisa, por parte de médicos especialistas na análise de EEG. Este facto tem interesse porque para estes especialistas os sinais representados no papel apresentam vantagem sobre uma representação em computador dos mesmos sinais, uma vez que uma mudança de escalas, temporal e/ou de amplitude, verificada nos gráficos apresentados no computador traiem a mecanização utilizada na análise desses sinais. No presente trabalho não se utilizou o canal referido para representação no papel da máquina de EEG. A placa de aquisição utilizada foi uma DT2821F-16SE. Apresenta-se no Apêndice 1 um resumo das caracteristicas desta placa, uma explicação dos modos de funcionamento (nomeadamente com dupla DMA) e os pinos acessíveis para o exterior. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 28 3.2 - "Software" de Suporte às Experiências com ERPs Como já foi dito, vão aqui apresentar-se as ferramentas que permitem realizar tudo o que vai desde a fase de estruturação das experiências, calibração da instrumentação e edição de uma base de dados, passando pelas facilidades dadas pelo "software" até ao controlo da realização das experiências propriamente ditas. 3.2.1 - Configuração do Sistema A configuração desenvolvida, e que permite estruturar completamente as experiências a realizar, pode dividir-se em três partes essenciais: (1) - a componente da configuração que envolve directamente o "hardware"; (2) - a estruturação global das sessões de ensaios a realizar; (3) - a estruturação pormenorizada dos ensaios. 3.2.1.1 - Configuração Directa do "Hardware" Quanto ao primeiro ponto, ou seja, a configuração do "hardware", pode dizer-se que engloba tudo aquilo que é permitido variar em termos de utilização do "hardware". Assim, os parâmetros seleccionáveis por programação são: (i) - o número de canais a adquirir simultaneamente e quais as ordens escolhidas. (ii) - A frequência com que se adquirem esses canais, sendo esta a mesma para todos eles, dado que todos os sinais têm o mesmo espectro de potência. (iii) - Os ganhos adicionais a introduzir pela placa de aquisição (1, 2, 4 ou 8) em cada um dos canais seleccionados e o nome de cada um deles. (iv) - O tempo de aquisição de sinal em cada ensaio das sessões de experiências. De referir que os canais, a frequência de aquisição e os ganhos são mantidos constantes durante o lote de sessões de experiências a realizar agrupadas. Pela expressão anterior em itálico pretende significar-se o número de sessões que se escolheu levar a cabo com a mesma execução do programa, o que se compreenderá melhor quando se explicar a estruturação das sessões de experiências. Por outro lado, estes parâmetros não dependem desta estruturação, o que já não acontece com o tempo CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 29 de aquisição de sinal. Este tempo só poderá ser escolhido quando se tiver definido como se desenrolarão os ensaios das sessões de experiências. Na figura 2 apresentam-se as opções do menu principal de configuração, com destaque para a especificação dos vários canais a utilizar, através dos nomes e dos ganhos a aplicar em cada um deles. Antes de se editarem os nomes e os ganhos dos canais, escolhe-se o número de canais desejados. É preciso frisar que a componente mais importante que tem a ver com o "hardware" e que é a programação da placa de aquisição para funcionar no modo desejado não será descrita aqui, mas sim em 3.2.5 quando já se apresentaram todas as opções de configuração e o restante suporte de programação. 3.2.1.2 - Estruturação das Sessões de Ensaios De seguida vai apresentar-se a segunda parte da configuração, ou seja, a configuração das sessões de ensaios. Por sessão designa-se um conjunto de ensaios com o mesmo colaborador e que apresenta um número de caracteristicas comuns. Uma sessão poderá ser dividida em sessões parcelares contendo fracções do total de ensaios, permitindo deste modo intervalos de repouso entre elas, denominandose blocos ou subsessões. Portanto, no que diz respeito à configuração global das sessões, apresentam-se as 6 opções disponíveis na seguinte lista: (i) - o número de sessões a realizar, ou tamanho do lote de sessões a realizar agrupadas. Normalmente este número será de apenas uma sessão, pois para fazer sessões com caracteristicas totalmente diferentes é mais aconselhável realizar outro «lote» de apenas uma sessão. Para explicar melhor este aspecto, pode dar-se um exemplo: ter no mesmo ficheiro de EEG, sinal de sessões com tempos de aquisição por ensaio diferentes, trás desvantagens práticas ao processamento posterior do sinal contido nesse ficheiro. O número de sessões selecciona-se directamente do menu principal de configuração, como se pode ver na figura 2. (ii) - O número de blocos por sessão, ou número de partes em que se divide uma sessão de ensaios. Este parâmetro é seleccionado como se mostra na coluna correspondente a "#subses." da figura 3, após ter escolhido o número de sessões. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 30 (iii) - O número de ensaios por bloco que, em acomulado para todos os blocos de uma sessão, define o número de ensaios por sessão. A figura 4 exemplifica como se escolhe este valor, utilizando a opção "Número de Ensaios" no menu da direita. (iv) - Pode optar-se pela realização duma sessão de treino/teste antes de cada sessão de experiências, de modo a familiarizar os colaboradores com a tarefa em que se baseiam essas experiências. Esta opção pode ser tomada como se mostra na figura 3, optando pela coluna correspondente a "Há Teste (s/n)". (v) - O tempo entre o início de ensaios consecutivos em cada bloco de uma sessão. Normalmente, para uma dada sessão este tempo será o mesmo nos vários blocos, a não ser que que se pretenda estudar o efeito do tempo entre blocos na realização da tarefa em causa nessa sessão. Na figura 4 exemplifica-se como se selecciona este tempo, para o que se deve escolher a opção "Tempo Entre Ensaios" do menu superior direito. (vi) - Pode optar-se por apresentar o mesmo material linguístico (oração, grupo de palavras, etc) mais do que uma vez, o que equivalerá a repetir a apresentação do mesmo estímulo ao colaborador. A ideia que está por trás disto resume-se no facto de a resposta recolhida (EEG) ter uma relação sinal ruído (RSR) baixa e dai a tentativa de melhorá-la com uma repetição do mesmo estímulo. Esta repetição não pode ser exáustiva de modo a evitar o efeito da familiaridade com o material em apresentação. O número de repetições é seleccionado como se mostra na figura 4, optando pela coluna do menu da direita correspondente a "Repetições de Cada Frase". 3.2.1.3 - Estruturação dos Ensaios A terceira parte da configuração permite especificar a estrutura dos ensaios das sessões de experiências a implementar. Para se escolherem os parâmetros que têm a ver com os ensaios é necessário saber-se com precisão o que se pretende com as experiências. Tem que se ter equacionado o paradigma a resolver, com que material linguístico se pretende trabalhar e qual a estratégia a seguir para solucionar esse paradigma. Tendo em vista perceber a estrutura de um ensaio, atente-se na esquematização da temporização de um ensaio genérico possível de ser configurado, presente na figura 5. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 31 Pode resumir-se a sequência de acontecimentos que ocorrem durante um ensaio passível de ser configurado no presente trabalho, no seguinte: começa-se por se apresentar um sinal indicador de que se vai iniciar um novo ensaio, passado um certo intervalo de tempo apresentam-se a intervalos de tempo regulares os vários segmentos de material linguístico pré-programados. Durante esta apresentação, e com início e fim definidos, faz-se a aquisição de sinal e se for caso disso, após a apresentação de todos os segmentos, espera-se uma resposta aberta por parte do colaborador. Figura 2 - Menu principal de configuração e de selecção dos nomes e ganhos dos vários canais. Apresentam-se de seguida as oito opções relacionadas mais intimamente com a estruturação dos ensaios e que podem ser definidas pelo utilizador do programa: (i) - o número de segmentos a apresentar durante cada ensaio do lote de sessões a realizar agrupadas, sendo mantido constante para todo este lote. O termo segmento designa cada uma das CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 32 parcelas em que se divide o material linguístico a apresentar num ensaio completo, sendo cada uma destas parcelas apresentadas separadamente ao longo do ensaio. Um segmento pode ser uma palavra isolada, uma não-palavra, uma fracção de uma oração, etc. Este parâmetro é seleccionado directamente do menu principal de configuração presente nas figuras 2, 3 e 4. Figura 3 - Exemplo de como se selecciona o número de blocos (subsessões), o tempo de aquisição, se há resposta aberta ou não, o início da aquisição e se se apresenta cada segmento duma oração com ou sem os segmentos precedentes dessa oração. (ii) - Por uma questão de optimização de memória e versatilidade do "software" que faz uso da configuração definida, convém especificar o tamanho máximo em caracteres permitido para um segmento de material linguístico. Este valor será o mesmo em todo o lote de sessões a realizar agrupadas e pode ser escolhido do mesmo modo que o parâmetro anterior, usando a opção "Dimensão Máxima dos Segmentos". CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 33 (iii) - Permite-se optar entre duas formas distintas de apresentação do material linguístico ao longo de um ensaio e que se distinguem pelo facto de se apresentarem ou não os segmentos anteriores na apresentação dos segmentos seguintes. Para esclarecer melhor a diferença entre as duas formas, pode exemplificar-se com uma situação em que se opta por manter os segmentos e se vai apresentar o 3º segmento duma oração, por exemplo "Uma rosa tem folhas". Neste caso apresenta-se a concatenação do 1º ("Uma rosa"), do 2º ("tem") e do 3º ("folhas") segmentos dessa oração, coincidindo com a própria oração, em vez de apenas o 3º segmento ("folhas") como acontece no caso de se optar por não manter os segmentos. Esta opção é seleccionada como se mostra na figura 3, escolhendo a coluna correspondente a "Manter Segm. (s/n)", sendo válida para todas as sessões do lote de sessões a realizar agrupadas. (iv) - O tempo durante o qual os segmentos de texto permanecem visíveis perante o colaborador, ou seja, o tempo que o colaborador dispõe para consciente ou inconscientemente ler o material linguístico que lhe é apresentado. Na figura 5 designa-se este intervalo de tempo por "Tsegm_activo", é constante para a apresentação dos vários segmentos de cada ensaio e para os vários ensaios de um dado bloco, podendo variar entre os blocos da mesma sessão de experiências. A selecção deste parâmetro é feita através da opção "Duração Segmentos Activos" do menu superior direito da figura 4. (v) - O tempo que medeia entre a apresentação dos segmentos de texto e que define o tempo que dura a apresentação total do material linguístico em cada ensaio. Este tempo tem influência no efeito que, por exemplo, o contexto de oração tem sobre a decisão a tomar a quando da apresentação do último segmento de texto. Este segmento funciona como estímulo mais importante para essa decisão. Só tem interesse variar este parâmetro, durante uma sessão de experiências, quando se pretende conhecer a influência do tempo que decorre entre as apresentações do contexto e do estímulo que provoca a decisão lexical, sobre a importância do contexto para essa decisão. Este valor é escolhido através da opção "Tempo Entre Segmentos" do menu superior direito da figura 4, podendo variar entre blocos da mesma sessão de experiências. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 34 Figura 4 - Exemplificação do modo de selecção de: (i) tempo máximo permitido para a resposta aberta num dado bloco, (ii) tempo entre a apresentação de segmentos consecutivos da mesma oração e num dado bloco, (iii) tempo em em que os segmentos permanecem no monitor num dado bloco, (iv) número de ensaios por bloco, (v) tempo que medeia entre o início de ensaios consecutivos em cada bloco, (vi) se há resposta aberta ou não num dado bloco e (vii) número de repetições do mesmo ensaio em cada bloco. Figura 5 - Esquematização dos acontecimentos que ocorrem durante um ensaio genérico. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 35 (vi) - Permite-se ainda optar entre uma sessão, ou apenas alguns blocos, em que o colaborador tem que tomar uma decisão lexical acompanhada de uma resposta física/aberta (como por exemplo levantar uma mão ou premir uma tecla) e uma sessão em que se exige do colaborador uma decisão lexical sem uma resposta aberta. No segundo caso o colaborador só tem que ler e analisar o material linguístico apresentado. Este parâmetro é introduzido através da opção "Há Resposta Aberta (s/n)" do menu superior direito da figura 4. (vii) - Intimamente relacionado com a opção anterior surge o tempo permitido para se dar a resposta aberta sobre o material apresentado durante o ensaio em curso. Este tempo tem razão de ser, dado que não se pode ficar indefinidamente à espera que o colaborador, por exemplo distraido, se decida dar uma resposta. Tempos de resposta não controlados poderiam provocar complicações no funcionamento normal dos ensaios, que por serem temporizados exigem controlo sobre todos os tempos intermédios. Pode desprezar-se este parâmetro quando se optar por uma sessão de experiências em que não se exige uma resposta aberta sobre o material linguístico apresentado durante os ensaios, ou seja, quando se escolhe 'N' na opção anterior. Contrariamente, quando se pretende definir este tempo escolhe-se a opção "Tempo Máximo para Responder" no menu superior direito da figura 4. (viii) - O início da aquisição de sinal durante cada ensaio é outro parâmetro que pode ser especificado para cada sessão de experiências. Como o nome indica, define o instante, referenciado a um ensaio, em que se começam a adquirir os potenciais do cérebro. Para se introduzir este valor escolhe-se a opção "Inicio Aquis." do menu inferior da figura 3 e o seu formato deve ser do tipo [nnn c ss], em que [nnn] é uma quantidade em centésimos de segundo, [c] deve ser a letra a para significar antes ou d para depois e [ss] designa a ordem dum segmento entre os possíveis para a sessão em causa. Resumindo, pode dizer-se que o início da aquisição será defiOanido como o instante que ocorre [nnn] centésimos [a]ntes/[d]epois da apresentação do [ss]ésimo segmento de texto. Depois de apresentar a 2ª e a 3ª partes da configuração convém clarificar a escolha do tempo de aquisição apresentado na 1ª parte. Após a escolha do início da aquisição, da sequência de acontecimentos esquematizados na figura 5, com destaque para os tempos de duração de cada CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 36 evento, e definido as zonas de interesse de cada ensaio, já se pode ter uma ideia do valor a usar para o tempo de aquisição de sinal. Assim, por exemplo, se se pretender estudar o efeito da apresentação dos vários segmentos de texto no EEG do indivíduo, e tendo escolhido como material linguístico a apresentar em cada ensaio uma oração constituida por N segmentos de texto, sendo o intervalo entre a apresentação de dois segmentos sucessivos de T segundos, deverá optar-se por um início de aquisição antes da apresentação do 1º segmento e um tempo de aquisição próximo de N*T segundos. Por razões de índole prática impuseram-se limitações a vários parâmetros aqui apresentados, com destaque para o início de aquisição e a duração da aquisição de sinal. Uma síntese destas limitações é apresentada em 3.2.6. A configuração é implemenada nos ficheiros configd.c, config2d.c e config3.c. 3.2.2 - Definição da Base de Dados que se Utiliza na Sessão Experimental Um requisito fundamental para a realização das experiências envolvendo processamento semântico e/ou lexical , é a disponibilidade a quando dessas experiências de material linguístico sob a forma de uma base de dados. Deste modo implementou-se um editor de base de dados de acordo com o fim para que se destina, não sendo de modo nenhum um editor completo e tendo como objectivo arquivar grupos de segmentos de texto. Exemplos de grupos são orações, pares de palavras, etc. O editor que se vai descrever permitirá editar um número desejado de blocos de texto (orações, conjuntos de palavras, etc) divididos em partes de uma ou várias palavras/não-palavras e guardar esta informação num ficheiro com formato simples. Para se editar a base de dados é necessário terem-se configurado as experiências porque dois dos parâmetros dessa configuração têm muito a ver e influenciam o que se vai editar. Estes parâmetros já foram apresentados em 3.2.1 e são os seguintes: (1) - o número de segmentos de texto por ensaio, ou por componente linguística a apresentar em cada ensaio; (2) - o tamanho máximo em caracteres permitido para cada segmento de texto a editar. A base de dados que se edita vai portanto guardar informação para posterior utilização nas experiências, sendo cada «unidade» desta informação constituida por dois campos: (1) - o bloco de texto já referido acima e que será o material semântico a ser processado pelos colaboradores em cada ensaio das experiências. Sendo cada bloco de texto, por exemplo uma CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 37 oração, dividido em partes denominadas aqui por segmentos de texto, por exemplo sujeito, predicado e elemento complementar. Figura 6 - Editor de base dados implementado tendo em vista arquivar a informação linguística que vai ser apresentada nas experiências com ERPs. (2) - Um campo que se pode chamar por tipo de bloco de texto a editar, ficando associado a um dado bloco de texto editado, ou a editar, e que identificará este bloco de texto a quando da sua utilização nas experiências ou no processamento dos dados adquiridos durante as experiências. No fundo este campo servirá para identificar um bloco de texto como membro de uma dada classe de informação semântica ou lexical, em que a identificação a posteriori é feita de modo automático e não de uma forma manual, morosa e sujeita a erros na introdução deste campo. Alguns exemplos da aplicabilidade do campo "tipo de bloco de texto", acima mencionado e que no editor de base de dados implementado se designou por "Tipo da Frase", podem ser referidos: CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 38 (i) - distinguir pares de palavras que rimam de pares de palavras que não rimam; (ii) - distinguir pares palavra/palavra de pares palavra/não-palavra; (iii) - distinguir grupos de palavras em que todas pertencem à mesma classe semântica de grupos de palavras em que nem todas pertencem à mesma classe semântica; (iv) - distinguir orações de vários tipos, em que os tipos podem ser limitados a: (1) verdadeiro e falso; (2) verdadeiro afirmativo, verdadeiro negativo, falso afirmativo e falso negativo; etc; A base de dados é referenciada pelo nome e possui no seu início um parâmetro que indica a sua dimensão em número de «unidades» constituintes. A dimensão é importante para permitir a utilização da base de dados com um acesso aleatório durante as experiências. A figura 6 elucida como funciona o editor de base de dados realizado. A implementação deste editor encontra-se nos ficheiros bdadosn.c e bdados2n.c. 3.2.3 - Calibração do "Hardware" Uma característica intrínseca dos sistema físicos é a sua variabilidade ao longo do tempo. Factores como a temperatura, húmidade e frequência de utilização, entre outros, influenciam o comportamento destes sistemas. Como consequência disto é conveniente antes da sua utilização averiguar do estado das caracteristicas associadas com o seu funcionamento. Este processo denomina-se normalmente por calibração. Neste ponto vai descrever-se como se processa a calibração da instrumentação utilizada nas experiências com ERPs. Como já se disse os aparelhos usados resumem-se a uma máquina de EEG ligada em cascata com a placa de aquisição e os eléctrodos que se colocam na cabeça dos colaboradores. Os eléctrodos não foram mencionados na apresentação do "hardware" utilizado dada a sua simplicidade, mas no que diz respeito à calibração torna-se importante referi-los. Com o processo de calibração o que se pretende é verificar quais as condições em que o sistema está a funcionar e se estas são aceitáveis para os fins pretendidos. Concretamente o que se quer avaliar é: (i) - a existência de bons contactos entre os eléctrodos e o escalpe. (ii) - que o funcionamento da máquina de EEG, principalmente dos amplificadores de instrumentação, se processa de modo conveniente, ou seja, que está a amplificar os sinais de entrada devidamente. Portanto, a medição do ganho dos amplificadores será o objectivo a atingir. (iii) - que o funcionamento da placa de aquisição também é o adequado, ou seja, que o ganho adicional e os os outros parâmetros programados estão correctos. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 39 Para permitir a calibração referida a máquina de EEG fornece um sinal fixo para cada canal. O facto de este sinal ser fixo, funcionando como a entrada do sistema, permite avaliar o estado do sistema. O sinal de calibração é periódico com frequência de 15Hz, possui uma amplitude equivalente a ±50uV na cabeça do colaborador e a sua forma é seleccionada de entre duas possíveis: sinusoidal e onda quadrada filtrada. A forma normal de calibração consistirá em utilizar o sinal fornecido pela máquina de EEG no momento da calibração, mas como em certos casos pode ser impossível ter esse sinal ou ser conveniente utilizar um sinal de calibração usado anteriormente, permite-se calibrar o sistema com sinal previamente adquirido. Resultam assim duas formas de calibração: (i) - calibração com sinal a adquirir no momento; (ii) - calibração com sinal já adquirido. A única diferença reside no facto de no 2º caso se utilizar sinal contido num ficheiro e não a adquirir, funcionando como uma pseudo-calibração. Quando se opta por uma calibração normal, adquirindo o sinal no momento da calibração, há que especificar um conjunto de parâmetros. Esta especificação pode designar-se por configuração da calibração. Também aqui se permite optar entre uma configuração já editada ou defini-la na altura. A edição da configuração da calibração é feita do mesmo modo que a configuração das experiências referida em 3.2.1, mas muitos dos parâmetros ai referidos não têm interesse para aqui. Pode sintetizar-se o que interessa configurar para se processar a calibração: (1) - escolher a frequência de amostragem; (2) - definir o tempo de duração da aquisição de sinal; (3) - seleccionar os canais a calibrar e os ganhos adicionais a aplicar pela placa de aquisição nesses canais. Para obter uma calibração completa e na qual se pode confiar, estabeleceram-se várias metas a atingir, obtendo deste modo resultados que se complementam e tornam a calibração mais «rica». Os resultados práticos que se vão obter com a calibração, e para cada um dos canais especificados, são os seguintes: (i) - um esboço da forma do sinal de calibração; (ii) - o nível DC desse sinal; (iii) - os valores máximo e mínimo do sinal; (iv) - a frequência do sinal, se for periódico; (v) - o erro associado com o cálculo da frequência do sinal; (vi) - a situaçãoo do canal, ligado ou desligado, dados os resultados obtidos. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 40 A figura 7 exemplifica como são apresentados pelo programa implementado os resultados obtidos com a calibração e a descrição da metodologia empregue na calibração encontra-se no Apêndice 2. Para que os resultados da calibração tenham aplicabilidade, há que guardá-los de modo a serem associados com o sinal a ser adquirido durante as sessões que se seguem. Deste modo guardam-se numa variável global, uma estrutura do tipo calibrar, os parâmetros: Figura 7 - Visualização dos resultados da calibração dosistema. (i) - máxino de calibração para cada canal; (ii) - mínimo de calibração para cada canal; (iii) - estado de cada canal. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 41 Com estes parâmetros as amostras de um dado canal serão convertidas nos valores reais em Volt dos potenciais adquiridos na localização onde se situa esse canal/eléctrodo, independentemente das «flutuações» do "hardware". 3.2.4 - Identificação dos Colaboradores e Experiências das Condições das Sessões de Os sinais eléctricos guardados durante as experiências com ERPs não teriam qualquer utilidade se não fosse possível saber posteriormente a correspondência entre estes e as condições em que foram adquiridos. Quanto mais se souber sobre os sinais adquiridos, mais conclusões se poderão tirar a posteriori sobre eles. Deste modo, a identificação dos colaboradores e das condições de realização de cada ensaio das experiências é imprescindível neste contexto. Além dos mecanismos de identificação que vão ser aqui apresentados, outros serão utilizados nos ficheiros em que se guardam os potenciais eléctricos. Estes consistirão num cabeçalho com informação sobre os sinais contidos nesse ficheiro, especificamente o número de canais, os ganhos aplicados nos canais, o número de segmentos de sinal existentes, etc, e uma marca temporal antes de cada segmento de sinal, indicando o instante em que se iniciou a aquisição desse segmento. No ponto 3.2.5 apresentam-se mais detalhadamente o formato dos ficheiros de sinal, nomeadamente o cabeçalho standard aqui referido. A identificação consistirá de duas componentes distintas, que guardam informação sobre: (i) - a sessão de experiências em geral; (ii) - cada ensaio da sessão de experiências. Cada uma destas componentes contém vários campos e ambas as componentes serão arquivadas num ficheiro que se designará de identificação. A primeira componente, que contém dados pessoais sobre o colaborador que participou na experiência e informação temporal sobre a experiência, é constituida pelos seguintes campos: (1) - Nome do colaborador que participou na experiência que se pretende identificar. (2) - Idade do colaborador. (3) - Sexo do colaborador. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 42 (4) - Data em que se realizou a experiência em causa, sendo defenida pelo ano, o mês e o dia. Estes valores são inicializados por defeito com a data lida do sistema/DOS do computador, mas podem ser alterados. (5) - Informação temporal sobre o instante em que se inicia a sessão de experiências, consistindo na hora e nos minutos. Esta informação é inicializada a partir do relógio do sistema do computador e também pode ser alterada. (6) - Nome do ficheiro de configuração utilizado na realização da sessão de experiências a que o ficheiro de identificação se refere. Este nome é importante, pois só assim se saberá qual foi a estrutura das experiências que se pretendem identificar com esta informação. (7) - Nome do ficheiro onde se guarda o sinal de EEG adquirido durante os vários ensaios e a que o ficheiro de identificação corresponde. Devido a esta correspondência e para facilitar o reconhecimento dos ficheiros de identificação associados com os de sinal, impôs-se que o nome dos primeiros será o mesmo dos segundos, passando a extensão a ser "idt". Estes 7 campos da primeira componente da identificação serão guardados no início do ficheiro de identificação segundo a forma de uma estrutura do tipo identifica, definida no ficheiro inic.h. A segunda componente da identificação contém informação sobre cada ensaio da sessão de experiências, tem a forma de uma estrutura do tipo resp_tentativa (definida em inic.h), é guardada no ficheiro de identificação a quando do decorrer de cada ensaio e consiste dos seguintes campos: (1) - O material linguístico apresentado no ensaio associado. No caso presente este material será uma oração. (2) - A ordem a que correspondia o material linguístico, referido em (1) , na base de dados de onde foi retirado. (3) - A resposta aberta dada pelo colaborador no ensaio em causa, quando for o caso de a sessão de experiências o exigir e a resposta ser feita através de algo ligado ao computador, por exemplo o teclado ou outro dispositivo periférico. (4) - O instante em que o colaborador executou a resposta aberta, nas mesmas condições do campo 3. Esta informação temporal terá a forma [ss:cc], em que [ss] representa segundos e [cc] centésimos de segundo, e representa o atraso da resposta dada relativamente ao estímulo que influencia essa resposta. No caso presente este estímulo é a apresentação do terceiro segmento de cada oração. (5) - O atributo do material linguístico apresentado no ensaio em causa. Este atributo não é mais do que o campo referido em 3.2.2 como "tipo do bloco de texto" ou o campo "Tipo da Frase" que se introduziu quando se editou a oração que lhe está associada e que foi apresentada neste ensaio. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 43 Portanto, este campo será lido directamente da base de dados a quando da selecção da oração a apresentar no ensaio. A figura 8 exemplifica como se processa a selecção da informação respeitante à primeira componente da identificação, sendo a implementação feita no ficheiro identifi.c. A segunda componente será manipulada a quando da execução das experiências, sendo implementada pelos ficheiros que controlam essa execução e que serão descritos em 3.2.5. Figura 8 - Selecção dos campos respeitantes à identificação a posteriori de uma sessão de experiências com ERPs. 3.2.5 - Controlo da Realização das Experiências Neste tópico vão tratar-se os seguintes aspectos: o desenvolvimento das sessões em termos da sua estrutura, a programação da placa de aquisição no modo desejado, a descrição dos ficheiros de sinal e outros pormenores relacionados com as experiências. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 44 O decorrer das experiências é feito de acordo com os parâmetros pré-seleccionados na configuração, o material linguístico a apresentar será extraido da base de dados escolhida ou editada e o ficheiro onde se vão guardar os potenciais adquiridos terá o nome escolhido na edição da identificação. O nome do ficheiro onde se vão guardar os dados sobre o decorrer da sessão será, como já se disse em 3.2.4, igual ao do ficheiro de sinal a menos da extensão. Pode dizer-se, de um modo resumido, que uma sessão de experiências envolverá os seguintes aspectos: (i) - utilização da configuração, base de dados e identificação pré-seleccionadas e da calibração efectuada; (ii) - deve obedecer-se à estrutura programada para as sessões (tempos, número de ensaios, material linguístico a apresentar, etc); (iii) - cada ensaio deve processar-se também de acordo com o programado (tempos, número de partes em que se divide o material a apresentar, etc); (iv) - para cada ensaio deve programar-se a placa de aquisição, guardar-se os potenciais adquiridos num ficheiro e guardar-se os dados da identificação do material linguístico e da resposta aberta também num ficheiro. Para se descrever o "software" de controlo das sessões de experiências, apresenta-se no ponto 4 do Apêndice 3 o fluxograma da rotina que implementa esse controlo (ExecutarExperiências( ) ) e que é executada quando se escolhe a opção "Executar" no menu principal do programa. Seguindo a sequência do fluxograma vão apresentar-se agora, em maior detalhe, alguns dos pormenores deste. (a) - Começa-se por referir que "o número de segmentos de EEG a adquirir" é o total de ensaios a realizar no lote de sessões. Por "segmento de EEG" passa a designar-se o sinal adquirido durante um ensaio do lote de sessões. (b) - Os ficheiros onde se guardam os potenciais recolhidos ao longo dum lote de sessões de experiências seguem um formato standard do DETUA (Departamento de Electrónica e Telecomunicações da Universidade de Aveiro), percebendo-se facilmente as vantagens que esta uniformização trás para a utilização destes ficheiros por diferentes utilizadores e/ou programas de processamento de dados. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 45 O formato dos ficheiros consiste num cabeçalho e num conjunto de segmentos de sinal. O cabeçalho contém informação que pode ser vital para a identificação dos sinais que se lhe seguem e define ainda a forma como esses sinais estão guardados ao longo do ficheiro. Os vários campos que se incluem no cabeçalho standard são apresentados de uma forma detalhada no Apêndice 4. Depois do cabeçalho vêm os vários segmentos de dados programados precedidos da estampa temporal e seguidos de um separador de segmentos. A rotina que coloca o cabeçalho standard num ficheiro de dados encontra-se no ficheiro headmed.c. (c) - A estampa temporal que se coloca no início da cada segmento de EEG, corresponde ao tempo do sistema/MS_DOS no instante em que aproximadamente se inicia a aquisição de sinal no ensaio da sessão de experiências em causa. (d) - A estrutura resp onde se guardam a oração que se apresenta em cada ensaio, a sua posição na base de dados e o tipo dessa oração, é uma estrutura do tipo resp_tentativa que, como já foi referido em 3.2.4, guarda informação sobre este ensaio e que após a sua realização será guardada no ficheiro de identificação. (e) - A programação da placa de aquisição rege-se pelo que foi exposto em 3.1 e em particular pelas opções ai referidas como sendo as que se tomaram no que diz respeito à utilizada desta. Esta programação é descrita no fluxograma que se apresenta no ponto 5 do Apêndice 3 e que corresponde à implementação da rotina ProgramarAquisiçãoComDualDma( ), que se encontra no ficheiro adqddma1.c. Apresenta-se agora uma explicação para alguns dos aspectos deste fluxograma: (1) - O cálculo do endereço real dos "buffers" onde se vão colocar os dados convertidos pela placa, tem a ver com o modo como a placa acede a esses "buffers" dados os endereços colocados nos registos dos controladores de DMA do computador. Os registos que interessam para endereçar os "buffers" são o DMA Base Address Register e o DMA Memory Page Register. (2) - Por página de memória, no que diz respeito à placa de aquisição, entende-se um segmento contiguo de 128Kbytes de memória RAM. (3) - O endereço de base correspondente ao início de um "buffer" é o "offset" desse início dentro da página de memória correspondente a esse endereço. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 46 (4) - Os endereços correspondentes a todas as posições de um "buffer" a endereçar pela placa, numa transferência de DMA, devem estar contidos dentro da mesma página de memória da placa. Este facto deve-se ao funcionamento interno da placa. (5) - Os dois canais de DMA a utilizar no modo de funcionamento pretendido, que é A/D Clocked Dual DMA são como já se disse o 5 (A) e o 6 (B). A programação destes registos para o canal A e B é feita no ficheiro adqddma1.c, respectivamente. Refiram-se algumas das palavras de programação a colocar nos registos do controlador de DMA, bem como a acção por elas implementada: DMA Mode Register → 45Hex (Escrita em RAM, selecciona o canal 5, modo No AutoInitialize) DMA Mode Register → 46Hex (Escrita em RAM, selecciona o canal 6, modo No AutoInitialize) DMA Mask Register → 1Hex (Habilita o canal 5) DMA Mask Register → 2Hex (Habilita o canal 6). Os outros registos do controlador de DMA serão programados com os valores obtidos para as páginas de memória, os endereços de base e os 2 bytes correspondentes aos números de amostras a adquirir. (6) - No que diz respeito à programação dos registos do sistema A/D da placa de aquisição podem referir-se alguns aspectos: (i) - A frequência de aquisição é definida programando o registo TMRCTR da placa com a palavra adequada. Para se obter a frequência desejada a partir dos 4MHz do relógio da placa, manipulam-se dois campos da palavra de programação, o prescaler e o counter [23] (páginas 5_22 a 5_24), de modo a dividir a frequência do relógio. O algoritmo de cálculo da palavra de programação do registo TMRCTR é apresentado no ponto 6 do Apêndice 3. Esta rotina, prog_frequencia( ), é implementada no ficheiro prg-frq1.c. (ii) - Coloca-se o bit DMAD do registo SUPCSR a zero para se inicializar o bit que sinaliza que se terminou uma transferência de DMA. (iii) - A programação dos ganhos dos vários canais é feita escrevendo vezes sucessivas no registo ADCSR. (f) - Como o atendimento das transferências de DMA é feito por "polling", a detecção do preenchimento de um "buffer" é feita através da detecção da alteração de um valor, impossível de aparecer nas amostras, colocado na última posição do "buffer". No caso presente escolheu-se o valor +7000 uma vez que as amostras só vão de -2048 a +2047. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 47 (g) - O aparecimento de um asteristico no monitor, durante as sessões de experiências, significa que se vai iniciar um ensaio. (h) - A gestão de todos os processos associados com a realização de um ensaio é feita pela rotina ServirAquisicaoComPolling( ) implementada no ficheiro drvadq1.c. Descrevem-se aqui algumas notas sobre a rotina ServirAquisicaoComPolling( ): (1) - A temporização dos acontecimentos essenciais que ocorrem ao longo de um ensaio é feita recorrendo ao relógio do sistema/MS_DOS. Este relógio tem uma frequência de actualização por defeito de 18.2 ciclos por segundo, surgindo daqui o factor 0.182 utilizado no cálculo, dos tempos em segundos, realizado por esta rotina. (2) - Como todos os acontecimentos importantes ao longo de um ensaio são temporizados, podem determinar-se a priori todos os instantes em que vão ocorrer os vários acontecimentos posteriores a partir do instante inicial. São estes tempos de ocorrência dos acontecimentos que se guardam na variável TempoDoAcontecimento[ ]. Estes tempos são determinantes no desencadear das acções que acontecem após o relógio do sistema atingir esses valores. A variável OrdemDoAcontecimento define a ordem da acção que se deve realizar a seguir, sendo o instante em que isso ocorre dado por TempoDoAcontecimento[OrdemDoAcontecimento]. Quando o valor de OrdemDoAcontecimento é um número par a acção a desencadear resume-se à apresentação de material linguístico no monitor e quando for impar a acção consistirá em apagar o texto presente no monitor. (3) - O tempo de resposta, quando for caso disso, não é mais do que o intervalo que vai desde a apresentação do último segmento de texto no monitor, em que este funciona como estímulo principal, até à ocorrencia da resposta aberta. O tempo de resposta e a resposta aberta são guardados na estrutura resp do tipo resp_tentativa já referido atrás, sendo o tempo guardado sob a forma [segundos:centésimos]. A aceitação de uma resposta aberta é limitada pelo valor do intervalo máximo para resposta imposto pelo parâmetro de configuração "tempo permitido para se dar resposta aberta" definido em 3.2.1. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 48 (4) - Enquanto a DMA transfere dados para o "buffer" A (B), despeja-se para o disco rígido o conteúdo do "buffer" B (A) e quando se terminar esta transferência passa a testar-se o preenchimento do "buffer" A (B). (5) - Enquanto o número de "buffers" lidos, ou seja, o número de transferências de DMA executadas for menor que o número a executar menos uma, tem que se reprogramar o controlador de DMA para se continuar a aquisição e a consequente transferência de dados para a memória RAM. Esta reprogramação é levada a cabo pela rotina ReprogramarDualDma( ) cujo fluxograma se apresenta no ponto 7 do Apêndice 3. A sua implementação encontra-se no ficheiro adqddma1.c. Sobre este fluxograma pode dizer-se que colocar o bit DMADONE a zero significa fazer o "reset" do bit que indica que se terminou uma transferência de DMA e assim permitir uma nova transferência de dados para RAM. Ainda, a programação do controlador de DMA para o canal A, ou B, é igual à que se faz na rotina ProgramarAquisicaoComDualDma( ), já mencionada. 3.2.6 - Alguns Pormenores e as Principais Limitações do "Software" Implementado Vão referir-se alguns pormenores, que por não se encaixarem bem em contextos anteriores embora tendo a ver com assuntos já tratados, se deixaram para um tópico à parte. Outros aspecto a apresentar neste ponto será a enumeração das limitações já catalogadas do sistema de aquisição e do programa de controlo das experiências. Começa-se por referir, embora isto já tenha sido dito implicitamente, que a rotina de configuração além de permitir a selecção dos parâmetros para a realização de um lote de sessões de experiências com ERPs, também possibilita a escolha dos parâmetros para a calibração do sistema de aquisição. Neste segundo caso a selecção dos parâmetros resume-se ao menu principal apresentado na figura 2, surgindo aqui uma opção não acessível na configuração dum lote de sessões de experiências, e que é o Tempo de Aquisição. Por outro lado, algumas das opções deste menu deixam de ser acessíveis neste segundo caso. Os parâmetros de configuração da calibração ou do lote de sessões podem ser arquivados num ficheiro, designado de configuração. Estes ficheiros resumem-se a uma estrutura do tipo config definida no ficheiro inic.h. A distinção entre os ficheiros de configuração dos dois tipos é automática, dado que cada um um dos tipos tem uma protecção diferente activa, que é testada quando se tenta utilizá-los para leitura. CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 49 Referiu-se que ao iniciar cada ensaio se apresenta um asteristico. Resta acrescentar que o tempo em que esse asteristico está activo e o tempo que vai desde o seu desaparecer até à apresentação do 1º segmento de material linguístico, são constantes e ambos com valor de 300 ms. Relativamente ao tempo de aquisição, tendo em consideração apenas o caso de a aquisição se iniciar antes da apresentação do 1º segmento de material linguístico e de terminar depois da apresentação do último, pode afirmar-se que é preciso ter cuidado com a temporização dos acontecimentos ao longo de um ensaio, porque estes tempos podem não ser compatíveis com o tempo de aquisição. Um dos problemas é por exemplo o programa estar em loop à espera par se apagar o texto presente no monitor e ao mesmo tempo ser necessário transferir para disco rígido um "buffer" de dados. Embora não exista nenhuma regra definida para a escolha dos tempos, pode verificar-se a sua incompatibiladade através duma sessão de teste em que se houver problemas o sistema fica bloqueado ou então a apresentação do material linguístico fica sucessivamente mais descoordenada temporalmente. Como os acontecimentos que ocorrem durante um ensaio são temporizados recorrendo ao relógio do sistema, a precisão desta temporização será baixa devido à baixa frequência de actualização deste relógio, que é 18.2 tics por segundo. Aumentar a frequência do relógio não interessa muito, porque neste caso o computador teria de executar mais vezes por segundo a rotina de actualização do tempo do sistema, perdendo assim tempo útil. Deste modo, melhorava-se um aspecto, a precisão do relógio, mas piorava-se outro aspecto, o tempo disponível para as diferentes tarefas paralelas. O parâmetro de configuração definido em 3.2.1 com o nome "início da aquisição", embora seja configurável, não é utilizado posteriormente. A razão principal foi a dificuldade adicionada à implementação do controlo dos ensaios pelo facto desse parâmetro ser variável. Por esta razão utilizou-se como valor fixo para este parâmetro [20 A 1], ou seja, a aquisição começa 20 centésimos de segundo antes da apresentação do 1º segmento de material linguístico. Tal como o parâmetro anterior, também o parâmetro de configuração denominado em 3.2.1 por "sessão de treino" não é utilizado. Isto deve-se ao facto de a sessão de treino poder ser simulada por uma sessão normal com um número de ensaios reduzido. A razão para se manterem estes parâmetros não utilizados, resume-se a que em trabalhos posteriores eles poderão ser usados, e como a componente de configuração do "software" aqui apresentado está preparada para esse caso, será mais fácil passar para essas situações futuras. A frequência de aquisição a utilizar é limitada inferiormente e superiormente pelo "hardware" da placa de aquisição a 0.48Hz e 128KHz, respectivamente. Mas, mais importante do que esta CAPÍTULO 3 - Material de Suporte à Realização das Experiências com ERPs 50 limitação, no trabalho presente, é a limitação superior imposta pela rapidez com que "software" desenhado se despacha das amostras colocadas em RAM e das várias acções que tem que realizar ao longo de cada ensaio. Este limite não foi totalmente explorado, mas não irá além de alguns Khz. Outras limitações em parâmetros de configuração, originadas por razões que têm a ver com a implementação dos programas, são apresentadas em baixo: (1) - o número máximo de sessões a realizar num de sessões de experiências é 5; (2) - o número máximo de blocos por sessão é 20; (3) - o número de segmentos de material linguístico a apresentar por ensaio é 10; (4) - o número máximo de ensaios a realizar num lote de sessões é limitado a 999 pelo programa, mas é limitado por outro lado pelo espaço para armazenamento diponível em disco rígido e pela quantidade de amostras adquiridas em cada ensaio; (5) - o tamanho máximo em caracteres permitido para um segmento de material linguístico é limitado a 40; (6) - o tamanho das orações/material linguístico a apresentar em cada ensaio, especialmente no modo em que se mantêm sucessivamente os segmentos de texto já apresentados, deve ser controlado para evitar que os caracteres saiam da barra disponível para a sua apresentação. Utilizar uma barra ou caracteres com tamanho variável, para evitar esta limitação, traria efeitos negativos sobre a concentração do colaborador ao longo dos vários ensaios. (7) - o nome do colaborador, a utilizar na identificação, é limitado a 46 caracteres; (8) - o número de vezes que se repete a apresentação do mesmo material linguístico, em ensaios sucessivos da mesma sessão de experiências, é limitado a 5; (9) - o número máximo de canais a utilizar é 16; (10) - o nome dos canais deve ter no máximo 9 caracteres e sem espaços em branco. CAPÍTULO 4 - Realização das Experiências Com ERPs 51 Capítulo 4 – Realização de Experiências com ERPS Neste capítulo vão descrever-se as duas experiências implementadas. Esta apresentação será dividida em quatro partes : (1) a filosofia que serviu de base às experiências, (2) o material utilizado nas experiências, (3) o procedimento e (4) como foi feita a recolha dos potenciais eléctricos do cérebro. Os resultados obtidos com estas experiências serão descritos no capítulo 5. 4.1 - Filosofia Subjacente às Experiências Os ERPs serão usados como uma medida do grau de processamento feito pelo colaborador a quando da apresentação do material linguístico durante a tarefa de verificação de orações. Espera-se que as orações falsas produzam uma componente mais negativa perto de 400ms após a apresentação do último segmento de material linguístico. Este segmento funciona como estímulo [10]. A maior parte da aptidão para compreender uma língua, sob a forma escrita ou oral, é automática [5]. Em muitos casos utilizou-se a latência da resposta para aceder aos aspectos automáticos da linguagem, no entanto a amplitude e/ou a latência das componentes posteriores dos ERPs são melhores indicadores da análise dos estímulos do que a latência da resposta [10]. Ao utilizarem-se orações como material a analisar durante a tarefa semântica a realizar, pretende «medir-se» o efeito do contexto da oração na realização da tarefa pedida. O contexto de oração, que funcionará como estímulo preparador influencia, facilitando, o reconhecimento do segmento final desde que o contexto esteja relacionado semanticamente com este segmento. Espera-se que o efeito do contexto funcionando como estímulo preparador se verifique nas experiências que se vão descrever, quer se exiga quer não uma resposta aberta sobre a oração apresentada. Este efeito é aguardado sob a forma de uma análise mais lenta de orações falsas do que as verdadeiras, no caso de o sujeito e o elemento complementar estarem semanticamente relacionados. O efeito do contexto é observado de uma forma mais adequada utilizando tarefas envolvendo decisões lexicais do que tarefas com pronunciação [5]. Embora existam diferenças entre a tarefa a realizar pelos colaboradores e o processo de leitura, as conclusões que se tirarem destas experiências ajudarão a compreender e a explicar alguns aspectos CAPÍTULO 4 - Realização das Experiências Com ERPs 52 do fenómeno de ler. Por exemplo, ambas as tarefas partilham os processos de acesso ao léxico interno e da influência do contexto nesse acesso. Por outro lado, em ambos os casos cada componente de texto deve ser reconhecida como uma unidade do léxico antes de ser processada linguisticamente, e em que este reconhecimento envolve compreensão da informação semântica associada com essa componente lexical. Registe-se que um contexto de oração é processado de forma diferente de uma palavra isolada, uma vez que o contexto pode incluir várias palavras associadas da(s) palavra(s) que se lhe seguirá(ão). Embora o efeito preparador possa ser obtido com uma única palavra, usou-se nas experiências realizadas um contexto de oração para obter o efeito preparador, tendo este que ser mostrado durante bastante mais tempo que uma palavra isolada, para se obter a influência desejada sobre o reconhecimento da(s) palavra(s) que se segue(m) ao estímulo preparador. Como já foi mencionado, espera-se que o contexto de oração a apresentar afecte, melhorando ou piorando, a latência das decisões lexicais que os colaboradores têm que tomar. Mais, espera-se que a amplitude da componente N400 seja influenciada pelo grau em que o último segmento de texto, o que provoca a decisão lexical, não tenha sido activado pelo contexto anterior. Deste modo esta componente dará informação sobre a forma como a informação semântica está representada em memória e é acedida. Espera-se ainda que, orações contendo informação bastante familiar aos colaboradores produzam maiores diferenças nos ERPs posteriores entre orações verdadeiras e falsas, do que orações contendo informação pouco familiar [17]. Informação muito familiar pode originar, por exemplo, uma componente tipo N400 com latência menor do que informação pouco familiar. Por outro lado, a apresentação de uma oração que falsifica um facto bastante familiar ao colaborador produz uma negatividade posterior maior. Estes factos implicaram a utilização, nas experiências presentes, de orações com informação tão universal quanto possível. CAPÍTULO 4 - Realização das Experiências Com ERPs 53 4.2 - Descrição da Experiência 1 4.2.1 - Objectivos da Experiência 1 O principal objectivo da experiência 1 é provar se a negatividade reforçada para as orações falsas, durante uma tarefa de verificação de orações e em que todas as orações são afirmativas, existe numa tarefa em que não se exige uma resposta aberta sobre as orações apresentadas. Se este facto se verificar prova-se que a compreensão de palavras enquadradas num contexto de oração é automática perante a sua apresentação. O segundo objectivo desta experiência consiste na observação do efeito que o facto de se apresentarem as orações de forma diferente trás à sua compreensão. Este efeito será verificado através da análise das amplitudes e da latência das componentes posteriores dos potenciais (ERPs). As duas formas de apresentação das orações resumem-se a optar por manter ou não, no monitor, os segmentos da oração já apresentados. Outro objectivo consta da observação da forma da distribuição no escalpe das respostas corticais como consequência do processamento semântico do material linguístico apresentado durante os ensaios das experiências. 4.2.2 - Material Utilizado na Experiência 1 4.2.2.1 - Orações Como já foi mencionado várias vezes, o material linguístico a utilizar em cada ensaio da presente experiência é uma oração simples constituida por 3 segmentos, denominados gramaticalmente por sujeito, predicado e elemento complementar. Para se obterem estas orações obedeceu-se a alguns principios, entre os quais se podem citar: (i) - a informação contida nas orações deve ser bastante universal e envolver conhecimento semântico; (ii) (ii) - as orações devem usar informação semântica guardada na MLD, pois para classificar ERPs resultado de um processamento semântico, convém utilizar-se uma tarefa que use análise semântica, ou seja, que recorra à MLD; CAPÍTULO 4 - Realização das Experiências Com ERPs 54 COMPUTADOR PESSOAL MONITOR PLACA DE AQUISIÇÃO DT2821 TECLADO Ampl.Instrum. ... ELÉCTRODOS NO ESCALPE MÁQUINA DE EEG Figura 9 - Esquema simplificado do "setup" instrumental utilizado nas experiências 1 e 2. (iii) - durante a apresentação das orações os colaboradores antevêm com maior ou menor rapidez as palavras que falta apresentar, de acordo com a maior ou menor frequência de ocorrência dessas palavras na língua em causa. Portanto, convém utilizar nas orações, em especial no elemento complementar, palavras com probabilidade de ocorrência no discurso oral e escrito português semelhantes, para obter componentes posteriores e resposta com latências que não são influenciadas pelo factor frequência das palavras apresentadas [1]. (iv) - as orações têm que ser sintacticamente correctas. As 40 orações utilizadas nesta experiência são apresentadas no Apêndice 5.1. De referir que 50% do total são orações verdadeiras (primeiras 20 do Apêndice 5.1) e as outras 50% são falsas (2ª metade do Apêndice 5.1). As orações falsas foram obtidas das orações verdadeiras alterando apenas o elemento complementar e mantendo-as sintacticamente correctas. Para obter os novos elementos complementares não se seguiu uma regra totalmente fixa. Pode dizer-se que se utilizaram como CAPÍTULO 4 - Realização das Experiências Com ERPs 55 novos complementos alguns antónimos dos que tornavam as orações verdadeiras, complementos de outras orações utilizadas ou palavras que por razões lógicas estão relacionadas com as antecessoras. 4.2.2.2 - Colaboradores Utilizaram-se 2 colaboradores e em várias sessões de experiência cada um deles. A razão para o reduzido número de colaboradores, quando seria de desejar ter testado as experiências com um lote razoável de indivíduos, prendeu-se com questões de ordem técnica relacionadas com a forma da aquisição de sinal. Para atenuar os inconvenientes provenientes deste facto fizeram-se várias aquisições com cada um dos colaboradores. O escalão etário dos colaboradores situa-se nos 25 a 30 anos. Pretendeu-se que fossem utilizados colaboradores com um vível cultural médio ou superior, para garantir que possuissem um razoável conhecimento do léxico empregue nas orações apresentadas durante as sessões de experiências e deste modo podessem decidir rápida e inequivocamente sobre o valor lógico de cada oração. 4.2.2.3 - "Setup" Instrumental A instrumentação usada na experiência 1 resume-se ao que foi apresentado no tópico 3.1 e o "software" de controlo da experiência foi descrito em 3.2. Na figura 9 faz-se um esquema simples do "setup" instrumental utilizado nesta experiência. 4.2.3 - Procedimento Empregue na Experiência 1 A experiência 1 consiste de duas sessões diferentes, de acordo com a forma de apresentação das orações aos colaboradores. Numa das sessões vão se mantendo no monitor os segmentos já apresentados de cada oração, durante a globalidade da apresentação dessa oração (Experiência 1A). Contrariamente, na outra sessão não se mantêm visíveis os segmentos de cada oração, durante a apresentação dos segmentos seguintes dessa oração (Experiência 1B). Em cada ensaio das experiências a oração a apresentar ao colaborador aparece no monitor do computador e é seleccionada de forma aleatória de entre as orações ainda não apresentadas nessa sessão da experiência em curso. CAPÍTULO 4 - Realização das Experiências Com ERPs 56 Cada oração é apresentada por partes/segmentos, em letras a preto sobre uma barra a branco em fundo preto. A barra a branco encontra-se no centro do monitor e tem um tamanho de aproximadamente 10cm de largura por 1cm de altura, ou seja, descreve um ângulo horizontal de ≈ 9.5° e vertical de ≈ 0.9°. As orações são apresentadas em letra minúscula, exepto a 1ª letra da oração ou de nomes que o exijam. A altura das letras é sensivelmente metada da altura da barra em que são apresentadas, ou seja, 5mm ou 0.45°. O tempo que medeia entre a apresentação de segmentos consecutivos é de 1s. Na experiência 1B a duração da presença de cada segmento no monitor é de 400ms. Cada ensaio da sessão de experiências inicia-se com a apresentação de um asteristico ('*') no monitor. Os colaboradores realizam as sessões das experiências sentados frontalmente a uma distância de aproximadamente 60cm do monitor. Nesta experiência (1A e 1B) não há repetição da apresentação das orações que vão sendo apresentadas. Cada lote de sessões de experiência a realizar agrupadas consiste de uma sessão e também de um só bloco por sessão com 30 ensaios. O tempo entre o início de ensaios consecutivos é de 6s. Os colaboradores não têm que executar uma resposta física correspondente à análise do material linguístico apresentado em cada ensaio. Antes de cada sessão explica-se ao colaborador no que consiste a tarefa a realizar. Pede-se-lhe que se mantenha concentrado na apresentação das orações, sem «enveredar» por uma situação de nervosismo. Reforça-se a ideia de que deve evitar movimentos bruscos do corpo, e em especial dos olhos, durante o intervalo de aquisição dos potenciais em cada ensaio. Faculta-se, se necessário, uma sessão de treino para ambientação à tarefa a realizar. 4.2.4 - Recolha do Sinal na Experiência 1 A recolha dos potenciais evocados no escalpe é feita através de eléctrodos bipolares, tipo "cup", de prata e referenciados aos músculos mastoides ligados. As posições de recolha foram seleccionadas de entre as que se situam nas zonas que se espera maior actividade em consequência do tipo de tarefa a executar, ou seja, a zona que separa os dois hemisférios (frontal, central e parietal), a zona parietal e em menor grau a occipital. Concretamente, as localizações usadas foram Fz, Cz, Pz, P4, P3, O2 e O1. Todas estas localizações foram referenciadas à orelha direita (A2). CAPÍTULO 4 - Realização das Experiências Com ERPs 57 Juntamente com os canais de EEG, foi adquirido um canal de EOG para detectar movimentos bruscos dos olhos, por parte do colaborador. Este EOG é recolhido entre a zona supraorbital e o canto exterior do olho direito. Antes de cada lote de sessões processa-se uma calibração do sistema de aquisição. Este processo foi descrito detalhadamente no ponto 3.2.3. A frequência de amostragem utilizada na aquisição dos vários canais de EEG e de EOG foi de 400Hz. A aquisição de sinal em cada ensaio inicia-se 200ms antes da apresentação do 1º segmento da oração e dura 3s, ou seja, termina 800ms após a apresentação do último (3º) segmento. Com este tempo de aquisição pretende observar-se o que acontece nas respostas corticais durante a apresentação dos vários segmentos das orações. Para complementar a descrição da experiência 1 (1A e 1B) apresentam-se no Apêndice 5.1 os parâmetros usados. 4.3 - Descrição da Experiência 2 4.3.1 - Objectivos da Experiência 2 Como a experiência 2 surge em complemento da experiência 1, a filosofia de base ao projecto desta experiência tem muito em comum com a experiência 1. Por esta razão o que foi dito no ponto 4.1 é válido para a experiência que agora se vai apresentar. O objectivo principal desta experiência é observar os efeitos sobre as respostas corticais, quando se exige uma resposta física/aberta sobre o material linguístico apresentado em cada ensaio da experiência. O efeito de maior importância será aquele que hipoteticamente afecta a diferença entre os ERPs para orações verdadeiras e falsas, na zona próximo de 400ms após a apresentação do último segmento das orações. Se esta diferença for superior à obtida na experiência 1, significa que a obrigatoriedade de ter que se tomar uma decisão acerca do material apresentado, conduz a um processamento semântico mais correcto ou eficaz desse material. Outros efeitos resultantes do facto de se exigir uma resposta aberta serão procurados na latência e nas amplitudes das componentes posteriores dos potenciais adquiridos (P300, N400, etc) e na possibilidade de surgirem ou não novos componentes nos potenciais. CAPÍTULO 4 - Realização das Experiências Com ERPs 58 Esta experiência permitirá ainda averiguar a forma em como o valor lógico das orações (verdade vs falso) afecta a decisão aberta sobre essas orações, ou seja, permite medir a percentagem de erros associada com as respostas abertas dadas pelos colaboradores. Tal como se disse em 4.2.1, também da experiência 2 se podem tirar conclusões sobre a forma da distribuição, numa dada zona do escalpe, dos potenciais eléctricos gerados em associação com a decisão semântica tomada. 4.3.2 - Material Utilizado na Experiência 2 4.3.2.1 - Orações Uma percentagem elevada das orações usadas transita da experiência 1. Concretizando, pode dizer-se que foram eliminadas 6 orações (3 verdadeiras e as 3 falsas correspondentes) julgadas menos adequadas, de acordo com o que se apresentou no ponto 1 do tópico 4.2.2, e adicionaram-se 8 orações novas (4 verdadeiras e as 4 falsas correspondentes) obtidas segundo a filosofia empregue na experiência 1 para obter as orações ai usadas. A totalidade das orações utilizadas foi 42, sendo 21 (50%) verdadeiras e as restantes 21 (50%) falsas. Estas orações são apresentadas no Apêndice 5.2. 4.3.2.2 - Colaboradores Foram utilizados na experiência 2 colaboradores, participando cada um em várias sessões de experiência. O escalão etário dos colaboradores situa-se nos 25 a 30 anos e o nível cultural é médio ou superior à média, pela razão apontada no ponto 2 do tópico 4.2.2. 4.3.2.3 - "Setup" Experimental A instrumentação usada é precisamente a mesma que se utilizou na experiência 1 e o "setup" experimental já foi apresentado na figura 9. CAPÍTULO 4 - Realização das Experiências Com ERPs 59 4.3.3 - Procedimento Empregue na Experiência 2 Esta experiência foi dividida em duas sessões distintas, uma em que se exige uma resposta aberta sobre as orações que se apresentam (Experiência 2B) e outra em que não se exige resposta aberta (Experiência 2A). Fez-se esta divisão em duas sessões, porque misturar ensaios em que se exige resposta com ensaios em que não se exige resposta, poderia criar situações em que dar (não dar) resposta aberta fosse mais lógico do que não dar (dar) resposta aberta. A forma de apresentação das orações é igual à que se usou na experiência 1 e para o caso de não se manterem os segmentos de texto. Cada lote de sessões de experiência a realizar agrupadas consiste de uma sessão com 4 blocos de ensaios separados por um intervalo para descontracção e descanso dos colaboradores. Os vários blocos contêm na totalidade 30 ensaios (8, 8, 7 e 7), não havendo repetição das orações no conjunto dos 4 blocos da mesma sessão. Os ensaios consecutivos iniciam-se em intervalos de 9s. Na experiência 2B atribui-se uma tecla do teclado do computador às respostas correspondentes à apresentação de orações verdadeiras e outra tecla às respostas correspondentes às orações falsas. Nesta experiência os colaboradores têm 1.5s para responderem, premindo a tecla adequada; a contagem deste tempo permitido para se responder inicia-se com a apresentação do último segmento das orações. Se a resposta não acontecer ou for feita com uma tecla não atribuida, esse ensaio será desprezado posteriormente, quando se fizer a análise dos sinais adquiridos. Tudo o resto que tem a ver com o procedimento das experiências 2A e 2B é igual ao que foi dito em 4.2.3 para a experiência 1. 4.3.4 - Recolha do Sinal na Experiência 2 Os eléctrodos utilizados são os mesmos que se usaram na experiência 1 e que foram apresentados em 4.2.4, assim como as localizações de recolha do EEG e EOG são as mesmas que ai foram descritas. Antes da realização de cada sessão processa-se uma calibração do sistema de aquisição. A frequência de amostragem que se utilizou para adquirir os vários canais de EEG e EOG foi 400Hz. A aquisição dos potenciais em cada ensaio começa 200ms antes da apresentação do 1º segmento da oração e dura 4.6s, terminando assim 2.4s após a apresentação do 3º e último segmento. O valor CAPÍTULO 4 - Realização das Experiências Com ERPs 60 da duração da aquisição justifica-se pelo facto de se pretender observar o efeito da apresentação dos vários segmentos das orações e o efeito da execução da resposta nas respostas corticais. Para completar a descrição, apresentam-se no Apêndice 5.2 os parâmetros usados nas experiências 2A e 2B. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 61 CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados Realizadas as experiências 1 e 2 que se descreveram no capítulo anterior, há que tratar os dados em bruto obtidos, de modo a poder utilizá-los nos fins previamente estabelecidos. Os objectivos pretendidos podem sintetizar-se em dois: (i) tirar conclusões sobre as componentes presentes nas respostas corticais, dadas as condições de realização das experiências, traduzidas pelos vários factores intervenientes (localização de recolha dos potenciais, forma de apresentação das orações, tarefa a realizar e valor lógico das orações) e tendo em atenção a participação de colaboradores diferentes; (ii) classificação das respostas corticais numa das classes possíveis. Tendo em vista estruturar a obtenção destes objectivos dividiu-se a tarefa em dois capítulos. Neste capítulo apresenta-se todo o tipo de processamento a realizar, onde se inclui: cálculo de médias e medianas, eliminação do nível DC, aplicação do método da "singular value decomposition", observação da forma do espectro dos sinais, etc. Apresentam-se também os resultados obtidos com os vários métodos de processamento, e se for possível uma comparação dos métodos em termos de resultados. Alguns resultados a observar serão: a forma das componentes presentes nos potenciais (ERPs), as amplitudes dos ERPs e os tempos de atraso da sua ocorrência relativamente aos eventos que lhes deram origem (tempos estes designados doravante por latência), os efeitos dos factores referidos acima sobre as caracteristicas dos ERPs e as possíveis interacções entre os factores. A segunda parte dos objectivos, e que diz respeito à classificação das respostas corticais, será apresentada no capítulo 6. 5.1 - Pré-Processamento dos Dados Esta etapa pode definir-se como a preparação dos dados em bruto para processamentos posteriores. Inclui-se nesta fase a eliminação de ensaios cujos potenciais correspondes estão corrompidos por artefactos resultantes de fenómenos variados. Alguns exemplos da origem dos artefactos podem ser citados: piscar os olhos, movimentos bruscos do corpo, desatenção, mau contacto dos eléctrodos, etc, durante a aquisição dos potenciais. Os ensaios serão excluidos quando houver uma deflexão da linha de base superior a cerca de 15% da deflexão que ocorre num piscar de olhos normal. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 62 Outro processo de eliminação de ensaios diz respeito à exclusão dos potenciais adquiridos em ensaios em que se exigia uma resposta aberta, com uma tecla definida e com um atraso limitado. Serão excluidos, nesta situação, os ensaios em que a resposta tenha sido dada com uma tecla errada, não tenha sido dada ou tenha sido dada para além do tempo permitido. Para que as amostras representativas dos potenciais adquiridos tivessem um significado «palpável» houve que convertê-las de valores dentro da gama de conversão da ADC da placa de aquisição para valores em microVolt (μV). É nesta conversão que a calibração efectuada tem papel de relevo, através da amplitude do sinal de calibração (equivalente a 50 μV pico a pico no escalpe) e das amostras correspondentes ao máximo e mínimo do sinal de calibração em cada canal ch, máximo[ch] e mínimo[ch], respectivamente. A expressão de conversão da nésima amostra do canal ch apresenta a forma seguinte: AmostraEmVolt[ch][n] = (50 * Amostra[ch][n]) / [(máximo[ch] - mínimo[ch]) / 2)] [eq.1] Com vista à comparação e manipulação conjunta dos potenciais adquiridos em ensaios e tempos diferentes, deve utilizar-se uma referência comum nos vários casos. Para se conseguir este objectivo podem seguir-se dois caminhos distintos que, não são completamente exclusivos. O primeiro resume-se a escolher uma zona para cálculo do "offset" a usar como nível DC a eliminar dos potenciais e o segundo consiste em «standardizar» as sequências de amostras que representam os potenciais. Neste segundo método, entende-se por «standardização» o que é normal dizer sobre uma função densidade de probabilidade, ou seja, corresponde a transformar a sequência de amostras num conjunto com média nula e variância (ou desvio padrão) unitária. Em termos de transformação de variáveis será: x→ x- x σx ⇔ Amostra[ch][n] → Amostra ch n − MédiaAmostras ch DesvioPadrãoAmostras ch [eq.2] No presente trabalho optou-se pelo primeiro método. Embora se facilite a escolha da janela desejada para o cálculo do "offset" a utilizar como nível de referência a eliminar, tomou-se como intervalo para este cálculo o periodo de 160ms que antecede o instante de apresentação do último (3º) segmento das orações. Calculado este "offset" vai-se subtrair o seu valor à totalidade da sequência de amostras que se utilizou para o cálculo do "offset". Quando se usa a sequência total para o cálculo do "offset", equivale a colocar a sequência com média nula. A razão para a escolha do CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 63 intervalo de 160ms usado reside no facto de a zona de interesse nos potenciais adquiridos em cada ensaio ocorrer depois da apresentação do último segmento da oração. O ficheiro baseline.c implementa as referidas conversão das amostras em μVolt e eliminação do nível DC dos sinais. Porque um dos objectivos do trabalho é classificar as respostas corticais, se possível em tempo real, seria interessante se a baixa RSR, que pode ser da ordem de -5dB, pudesse ser melhorada por filtragem em tempo real. Esta filtragem seria digital e necessita de um conhecimento das componentes espectrais dos potenciais evocados a filtrar. Embora se saiba qual a largura de banda típica do espectro de frequência do EEG normal, as coisas podem ser diferentes quando os potenciais evocados são adquiridos na situação particular em que o indivíduo tem que realizar uma tarefa de verificão de orações. Foi essencialmente por esta razão que se tentou saber qual a forma do espectro de frequência dos potenciais adquiridos durante as experiências. O método que se empregou para obter a estimativa do espectro dos potenciais foi o de Bartlett [24]. Este método também se designa por periodograma médio, pois o espectro que se obtem não é mais que a média dos periodogramas obtidos nas várias iterações do processo. Com este método obtém-se uma estimativa consistente do espectro do sinal. Pode sintetizar-se este método na seguinte equação: I nω = 1 N * ∑ (real i nω 2 + img i nω 2 ) N i =1 [eq.3] em que ω representa a frequência, i é a ordem da FFT calculada e I é a estimativa do espectro. A razão para se usar a média de vários periodogramas e não apenas um, para estimativa do espectro do sinal, reside no facto de o periodograma não ser uma estimativa consistente. Um estimador é definido como consistente quando ao aumentar-se o número de amostras o "bias" e a variância da estimativa tendem a anular-se. Por "bias" de uma estimativa de um parâmetro pode dizer-se que é a diferença entre os valores real e estimado desse parâmetro. Apresenta-se no ponto 8 do Apêndice 3 o fluxograma simplificado do cálculo do periodograma médio pelo método de Bartlett. A implementação correspondente a este fluxograma encontra-se no ficheiro bartlet1.c. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 64 Sobre este fluxograma pode dizer-se que, antes do cálculo da FFT se fez uma convolução entre o sinal e uma janela de Hamming tendo em vista diminuir a variância da estimativa do espectro do sinal. No fluxograma que se apresenta no ponto 9 do Apêndice 3 mostra-se como se obtêm os valores da janela de Hamming, estando a implementação correspondente no ficheiro fft5.c. Como os sinais com os quais se pretendem calcular as FFTs são sequências de valores reais, apenas se implementa um algoritmo que calcule uma FFT real, o que diga-se é mais simples. Este algoritmo encontra-se no ficheiro fft4.c, sendo implementado pela rotina fftReal1(), que usa o algoritmo de Cooley-Tukey com ordem matural para calcular a FFT. De referir ainda que, como o cálculo da FFT é feito sobre um número de valores que é uma potência de 2. Quando os valores disponíveis não coincidem com uma potência de 2, devem colocar-se zeros até atingir a potência de 2 superior e mais próxima. Pode dizer-se ainda que, o cálculo dos vários periodogramas pode usar sequências de valores provenientes de vários segmentos de EEG ou de apenas um segmento dividido em parcelas. Fazendo estimativas do espectro do EEG puderam verificar-se alguns pormenores importantes. Pôde, por exemplo, verificar-se que estava aplicado no sistema de aquisição um filtro estreito, centrado em 50Hz, com vista eliminar o ruído introduzido pela rede (figura 10). O espectro do EEG tem uma forma próxima da esperada, ou seja, tem a forma de uma potência de ordem k do inverso da frequência (1/f)k. Analisando a figura 10 pode constatar-se que para se obter uma boa estimativa do espectro do sinal é necessário utilizar pelo menos 45-60 periodogramas/FFTs. Daqui se conclui que, ao fazer médias com segmentos de EEG será necessário adicionar cerca de 45 sinais para se reduzir significativamente o ruído, ou equivalentemente para se obter uma boa RSR. Embora seja visível que o ruído incide mais nas componentes de frequência superiores a 50Hz, está presente em toda a gama espectral, o que inviabiliza a utilização eficiente de um filtro passa baixo com vista a eliminar o ruído. Como o objectivo do trabalho é estudar as formas, as amplitudes e as latências de certas componentes do EEG, e tendo em atenção a afirmação anterior, não se utilizou filtragem implícita dos potenciais adquiridos. Uma pequena exepção ao que se acaba de dizer, consistiu na utilização de um filtro passa baixo elementar para alisar os sinais durante a fase de classificação, como se verá no capítulo 6. 5.2 – Processamento Baseado em Medidas de Localização Dado que se pôs de lado utilizar filtragem implícita para melhorar a fraca RSR dos potenciais adquiridos, outras técnicas terão que ser usadas no sentido de melhorar esta relação. Para se verificar da necessidade de melhorar a forma dos potenciais atente-se nos sinais em bruto que se mostram na CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 65 figura 11, provenientes de 15 ensaios em que se apresentaram orações falsas e adquiridos na mesma posição do escalpe. (a) (b) (c) (d) Figura 10 - Exemplos do espectro do EEG estimado pelo método do periodograma médio, usando (a) 15 FFTs, (b) 30 FFTs, (c) 45 FFTs e (d) 60 FFTs. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 66 5.2.1 - Média entre Sinais Pertencentes a Ensaios Diferentes Como é do conhecimento geral, realizar uma média entre as várias ocorrências do mesmo acontecimento melhorará a RSR da representação desse acontecimento. Isto deve-se ao facto de que, como a fórmula da média é definida por x= 1 N ∑x n n n =1 [eq.4] Figura 11 - Sinais de EEG em bruto adquiridos durante 15 ensaios da experiência 2A, ao apresentaram-se orações falsas, provenientes da localização Cz e do colaborador C1E2. melhora-se a RSR num factor de N , logo proporcional ao número N de somas implementadas. As médias que aqui se referem são feitas entre sinais provenientes do mesmo canal/posição de recolha, adquiridos em ensaios distintos e quando se apresentou o mesmo tipo de oração. Porque o número de sinais em cada caso em que se pretende melhorar a RSR é razoável, optouse por usar como medida de localização a média, em alternativa à mediana e à moda. Deve referir-se já que, a manipulação dos dados através da média entre segmentos de EEG correspondentes a ensaios distintos, não pode ser aplicada em tempo real, mas possibilita o estudo de múltiplos aspectos relacionados com as caracteristicas dos sinais. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 67 (a) - Experiência 1A (b) - Experiência 1B (c) - Experiência 2A (d) - Experiência 2B Figura 12 - Sinal de EEG médio em cada uma das experiências e para os casos de orações verdadeiras e falsas. Utilizaram-se os vários colaboradores, a localização de recolha Cz e o sinal representa a aquisição total durante os ensaios das respectivas experiências. As marcas temporais designadas por S1, S2 e S3 definem os instantes em que se apresentaram os segmentos das orações ao longo dum ensaio. 5.2.1.1. Resultados Gráficos da Média entre Segmentos Na figura 12 apresenta-se a forma dos potenciais adquiridos, após o cálculo da média para as orações verdadeiras e falsas. Apresenta-se a média para as duas experiências realizadas (1 e 2), contendo cada uma duas sub-experiências (A e B). CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados EXPERIÊNCIA 1A EXPERIÊNCIA 1B EXPERIÊNCIA 2A (canal Fz) (canal Cz) (canal Pz) (canal P4) 68 EXPERIÊNCIA 2B CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 69 (canal P3) (Figura 13 - continua na página seguinte) (canal O1) (canal O1) Figura 13 - Sinal de EEG médio para orações verdadeiras vs falsas, em cada uma das 7 posições de recolha utilizadas e em cada uma das experiências realizadas. Estes gráficos representam os sinais desde 100ms antes da apresentação do 3° segmento, ou seja 2100ms após o início da aquisição, até 600ms após esta apresentação. A marca S3 indica a apresentação do 3° segmento da oração. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 70 A figura 12 permitirá tirar conclusões sobre os efeitos dos factores forma da apresentação das orações e tarefa sobre os ERPs presentes nos potenciais adquiridos, em especial sobre as diferenças existentes nos ERPs para orações verdadeiras e falsas. Centralizando o interesse na zona que fica perto da apresentação do estímulo mais importante ao longo de cada ensaio, e que é a apresentação do 3° segmento, vão estudar-se os ERPs associados com esta apresentação. De acordo com este principio e pretendendo estudar o efeito do factor localização de recolha do EEG nestes ERPs, apresentam-se os sinais da figura 13. Esta figura contém os potenciais médios, na zona que vai de 100ms antes da apresentação do 3° segmento até 600ms depois dessa apresentação, para orações verdadeiras vs falsas. Apresentam-se potenciais para cada uma das 7 localizações utilizadas, em cada uma das experiências realizadas, tendo-se usado todos os colaboradores no cálculo das médias. Com o objectivo de observar a influência de factores inerentes ao colaborador sobre os ERPs presentes nos potenciais cerebrais recolhidos, analisam-se os sinais pertencentes a cada colaborador isoladamente. Obtêm-se deste modo os sinais incluidos na figura 14. Estes sinais representam os potenciais médios para orações verdadeiras vs falsas, na zona que vai de 100ms antes da apresentação do 3° segmento até 600ms após essa apresentação, provenientes de cada um dos colaboradores e em cada uma das experiências em que participaram. De referir que os sinais contidos nas figuras 12, 13 e 14 tiveram um deslocamento em amplitude de modo a que o valor médio no intervalo [-160,0] relativo à apresentação do 3° segmento da oração, seja nulo. Este facto corresponde ao que anteriormente se designou por eliminação do nível DC nos sinais. O efeito deste deslocamento pode ser verificado nas figuras referidas. 5.2.1.2. Resultados Quantitativos e Qualitativos da Média entre Segmentos Uma análise qualitativa dos sinais apresentados nas figuras 12 a 14 permite desde já tirar algumas conclusões. Para começar, a observação dos potenciais para a duração total dos ensaios (figura 12) revela a existência de uma componente positiva (P300), sensivelmente próxima de 300ms após a apresentação de cada segmento das orações (S1, S2 e S3). Pode constatar-se ainda que os potenciais médios para as orações verdadeiras e falsas não diferem muito e que entre a apresentação de segmentos consecutivos os sinais apresentam uma tendência para se tornarem negativos com o tempo, o que é designado na literatura por "contingent negative variation - CNV". CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados EXPERIÊNCIA 1A 71 EXPERIÊNCIA 1B Colaborador C1E1 Colaborador C1E2 EXPERIÊNCIA 2A EXPERIÊNCIA 2B Colaborador C1E2 Colaborador C2E2 Figura 14 - Sinal de EEG médio para orações verdadeiras vs falsas, para os vários colaboradores intervenientes em cada uma das experiências realizadas (C1E1, C2E1, C1E2 e C2E2). Utilizou-se o sinal recolhido na posição Cz e no intervalo que vai de 100ms antes da apresentação do 3° segmento, ou seja, 2100ms após o início da aquisição, até 600ms após esta apresentação. A marca S3 indica a apresentação do 3° segmento da oração. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 72 Com os potenciais médios para cada uma das experiências, calcularam-se as amplitudes e latências para as componentes P300 a quando da apresentação dos 3 segmentos das orações. Estes valores são apresentados nas tabelas 1.1 e 1.2, respectivamente. Tabela 1.1-Amplitude da componente P300 originada pela apresentação dos 3 segmentos (S1, S2 e S3) das orações (verdadeiras e falsas) e para as várias experiências (1A, 1B, 2A e 2B). Os valores são em microVolt. Experiência 1A Experiência 1B Experiência 2A Experiência 2B Verdade Falso Verdade Falso Verdade Falso Verdade Falso Apresentação de S1 11 5 10 6 8 8 6 10 Apresentação de S2 2 0 8 -3 4 7 4 2 Apresentação de S3 2 3 9 3 8 8 -1 0 Acontecimento Tabela 1.2-Latência da componente P300 originada pela apresentação dos 3 segmentos (S1, S2 e S3) das orações (verdadeiras e falsas) e para as várias experiências (1A, 1B, 2A e 2B). Os valores são em milisegundos. Experiência 1A Experiência 1B Experiência 2A Experiência 2B Verdade Falso Verdade Falso Verdade Falso Verdade Falso Apresentação de S1 250 250 242 265 260 270 245 245 Apresentação de S2 278 315 270 285 310 310 290 280 Apresentação de S3 300 286 268 282 300 300 270 295 Acontecimento Quanto à amplitude das componentes P300, pode verificar-se que a componente P300 correspondente à apresentação do 1° segmento (S1), ou sujeito das orações, é aquela que apresenta uma amplitude maior e a correspondente ao 2° segmento (S2), ou verbo, é a que apresenta uma amplitude menor, à exepção da experiência 2B em que é a componente correspondente ao 3° segmento (S3), ou complemento, que apresenta amplitude menor. Pode ainda verificar-se que, na maioria das situações, a amplitude das componentes P300 para orações verdadeiras é maior do que para orações falsas, não sendo esta uma tendência consensual para todas as experiências. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 73 Relativamente à latência das componentes P300 correspondentes aos 3 segmentos das orações, pode dizer-se maioritariamente que a componente correspondente à apresentação do 1° segmento apresenta a menor latência das 3 em causa e a que é gerada pela apresentação do 2° segmento tem a latência maior das 3. Constata-se ainda que não há uma tendência definida para as diferencas nas latências das componentes P300 correspondentes a orações verdadeiras e a orações falsas, ou seja, esta diferença não é notória. As latências médias obtidas variam entre 245ms e 315ms. Uma análise qualitativa das figuras 13 e 14 permite concluir que a apresentação do 3° segmento produz no EEG essencialmente quatro componentes que se designaram, tendo em conta o atraso de ocorrência relativamente a esta apresentação, por N200, N400, P500 e a já referida P300. A componente N200 corresponde nestas figuras ao «vale» mais negativo e proeminente a seguir à apresentação de S3 e que surge perto de 200ms após essa apresentação. Depois de N200 segue-se o pico mais positivo, já referido e designado por P300. Ao «vale» mais negativo e proeminente após P300 chama-se N400 por ocorrer cerca de 400ms após a apresentação de S3. Analogamente, P500 é o pico mais positivo, ou de maior relevo, após N400 e que aparece perto de 500ms depois de S3. As expressões «vale mais negativo» e «pico mais positivo», significam que esses pontos correspondem a mínimos e máximos locais do sinal, não tendo que ser pontos de amplitude negativa e positiva, respectivamente. Para ilustrar isto refira-se que em certos casos P300 e P500 têm amplitude negativa. Pela análise visual da figura 13 pode concluir-se que as 4 componentes acima referidas estão bem definidas em qualquer das experiências e nas localizações Fz, Cz, Pz, P4 e P3, sendo um pouco menos identificáveis nas localizações occipitais O2 e O1. Das 4 compoentes P500 é a mais irregular e de identificação mais crítica. Não se pode concluir que exista uma diferença mensurável em N200 ou P300 para os casos verdadeiro e falso, nas várias localizações e nas diferentes experiências realizadas. Quanto a N400, é nítido que é mais negativo para orações falsas do que para verdadeiras, em quase todos os casos de localização e experiência disponíveis. P500, como já se disse, tem um comportamento mais irregular, sendo por isso mais difícil tirar conclusões visuais sobre ele. Pode no entanto dizer-se que para a experiência 1 (1A e 1B), P500 parece ser tendencialmente maior para orações verdadeiras do que para falsas, em qualquer das localizações. Esta tendência não se CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 74 vislumbra tão forte na experiência 2 (2A e 2B), onde não se detecta grande diferença em P500 para os 2 tipos de orações. Relativamente às latências das componentes N200, P300 e P500 não se detecta diferença relevante entre os casos associados com orações verdadeiras e falsas. Já de N400 não se pode afirmar o mesmo, dado que é visível uma latência maior no N400 correspondente a orações falsas do que no caso de orações verdadeiras. Com os valores das amplitudes e latências das componentes N200, P300, N400 e P500 dos vários sinais representados na figura 13 construiram-se as tabelas 2.X.1 e 2.X.2 (X ∈ [1,4] ). Da análise qualitativa da figura 14 podem tirar-se algumas conclusões que se vão citar de seguida. Começa por se notar que as componentes N200, P300 e N400 são bem discrimináveis nos potenciais (do canal Cz) para todos os colaboradores e experiências realizadas. A componente P500, não sendo tão bem definida como as anteriores, é razoavelmente discriminável, exeptuando o caso da experiência 1A e para os colaboradores C1E1 e C2E1. Verifica-se que a componente N200 não é muito diferente em orações verdadeiras do que em falsas, para qualquer dos colaboradores, à exepção do colaborador C2E1 na experiência 1A. P300 é aproximadamente igual para os 2 tipos de orações, em qualquer colaborador e nas experiências 1A e 2A. Pode observar-se que P300 é maior nas orações verdadeiras do que nas falsas, na experiência 1B e com os colaboradores C1E1 e C2E1. Por oposição a isto, P300 revelou-se maior para orações falsas do que para verdadeiras, na experiência 2B e com o colaborador C2E2. Como era esperado, N400 é mais negativo para orações falsas do que para verdadeiras, sendo esta diferença maior para os colaboradores C1E1 e C2E1 na experiência 1A do que para as outras experiências e/ou colaboradores. Com o colaborador C2E2 e na experiência 2B a diferença referida é oposta, ou seja, N400 é maior para orações falsas. Observa-se que P500 é maior para orações verdadeiras do que para falsas, em qualquer colaborador e experiência, à exepção do colaborador C2E2 e na experiência 2B. Pode acrescentar-se que esta diferença não é muito grande. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 75 Tabela 2.1.1-Amplitude da componente N200 originada após a apresentação do 3º segmento (S3), para as orações verdadeiras e falsas e para as várias experiências (1A, 1B, 2A e 2B). Os valores são em microVolt. Canal Cz Pz Fz P4 P3 O2 O1 Experiência 1A Verdade Falso -12 -16 -15 -19 -9 -11 -10 -15 -14 -17 -8 -9 -5 -9 Experiência 1B Verdade Falso -14 -18 -18 -21 -14 -17 -12 -14 -15 -18 -9 -11 -7 -9 Experiência 2A Verdade Falso -7 -8 -7 -8 -3 -6 -2 -3 -3 -4 -5 0 -3 -4 Experiência 2B Verdade Falso -8 -13 -11 -19 -6 -13 -9 -14 -7 -11 2 -2 -2 -6 Tabela 2.1.2-Latência da componente N200 originada após a apresentação do 3º segmento (S3), para as orações verdadeiras e falsas e para as várias experiências (1A, 1B, 2A e 2B). Os valores são em milisegundos. Canal Cz Pz Fz P4 P3 O2 O1 Experiência 1A Verdade Falso 192 185 190 190 192 192 185 175 190 188 182 185 152 165 Experiência 1B Verdade Falso 170 160 165 165 145 165 145 145 155 155 145 145 145 145 Experiência 2A Verdade Falso 198 195 198 195 195 205 202 212 200 195 255 255 238 220 Experiência 2B Verdade Falso 215 195 208 200 215 195 215 205 215 200 215 230 215 235 CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 76 Tabela 2.2.1-Amplitude da componente P300 originada após a apresentação do 3º segmento (S3), para as orações verdadeiras e falsas e para as várias experiências (1A, 1B, 2A e 2B). Os valores são em microVolt. Canal Cz Pz Fz P4 P3 O2 O1 Experiência 1A Verdade Falso 2 3 3 2 -1 0 -2 -2 1 2 -2 0 0 0 Experiência 1B Verdade Falso 8 3 8 4 5 -1 5 2 8 2 5 -1 1 -1 Experiência 2A Verdade Falso 8 8 9 8 3 5 2 4 2 3 -1 1 -1 0 Experiência 2B Verdade Falso -1 0 -2 0 -1 -6 -3 -9 -3 -6 2 0 -2 -3 Tabela 2.2.2-Latência da componente P300 originada após a apresentação do 3º segmento (S3), para as orações verdadeiras e falsas e para as várias experiências (1A, 1B, 2A e 2B). Os valores são em milisegundos. Canal Cz Pz Fz P4 P3 O2 O1 Experiência 1A Verdade Falso 301 282 288 280 275 272 298 282 275 280 248 235 210 228 Experiência 1B Verdade Falso 275 280 275 280 285 280 275 275 265 280 265 250 285 265 Experiência 2A Verdade Falso 305 304 295 298 292 288 290 288 290 280 290 285 292 282 Experiência 2B Verdade Falso 268 290 253 280 245 280 245 285 245 285 230 290 245 290 CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 77 Tabela 2.3.1-Amplitude da componente N400 originada após a apresentação do 3º segmento (S3), para as orações verdadeiras e falsas e para as várias experiências (1A, 1B, 2A e 2B). Os valores são em microVolt. Canal Cz Pz Fz P4 P3 O2 O1 Experiência 1A Verdade Falso -11 -17 -6 -16 -8 -14 -13 -22 -8 -15 -12 -16 -13 -20 Experiência 1B Verdade Falso -6 -12 -5 -11 -5 -12 -3 -8 -3 -11 -3 -14 -4 -10 Experiência 2A Verdade Falso 0; -2 -3 -6 -8 -9 -4 -7 -8 -10 -8 -10 -7 -8 Experiência 2B Verdade Falso -13 -14 -14 -19 -15 -19 -16 -20 -15 -20 -9 -10 -7 -12 Tabela 2.3.2-Latência da componente N400 originada após a apresentação do 3º segmento (S3), para as orações verdadeiras e falsas e para as várias experiências (1A, 1B, 2A e 2B). Os valores são em milisegundos. Canal Cz Pz Fz P4 P3 O2 O1 Experiência 1A Verdade Falso 399 392 400 395 400 388 400 428 402 405 398 392 398 395 Experiência 1B Verdade Falso 385 415 388 415 415 415 388 410 385 415 340 415 385 390 Experiência 2A Verdade Falso 378 388 380 385 382 385 380 375 382 388 382 362 382 355 Experiência 2B Verdade Falso 335 380 335 370 320 370 328 370 320 370 328 370 328 370 CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 78 Tabela 2.4.1-Amplitude da componente P500 originada após a apresentação do 3º segmento (S3), para as orações verdadeiras e falsas e para as várias experiências (1A, 1B, 2A e 2B). Os valores são em microVolt. Canal Cz Pz Fz P4 P3 O2 O1 Experiência 1A Verdade Falso 1 -5 3 -6 1 -4 -1 -7 0 -8 -3 -7 0 -7 Experiência 1B Verdade Falso 11 6 8 3 5 0 10 6 8 1 9 -4 7 5 Experiência 2A Verdade Falso 2 -2 -1 -5 -5 -6 -1 -4 -2 -5 -2 -3 0 -3 Experiência 2B Verdade Falso -2 -2 -5 -7 -3 -6 -4 -7 -1 -4 3 0 10 6 Tabela 2.4.2-Latência da componente P500 originada após a apresentação do 3º segmento (S3), para as orações verdadeiras e falsas e para as várias experiências (1A, 1B, 2A e 2B). Os valores são em milisegundos. Canal Cz Pz Fz P4 P3 O2 O1 Experiência 1A Verdade Falso 605 585 570 562 570 552 600 582 568 580 570 690 570 582 Experiência 1B Verdade Falso 505 510 500 510 480 510 500 515 500 515 485 515 500 515 Experiência 2A Verdade Falso 500 528 500 528 508 525 510 528 508 528 510 510 492 510 Experiência 2B Verdade Falso 523 490 515 485 523 485 523 485 515 510 515 495 515 495 Quanto à latência das componentes as conclusões em termos de diferenças entre verdade e falso, para os vários colaboradores, são as mesmas que se tiraram para a figura 13. Para qualquer dos colaboradores e experiência não se observam grandes diferenças na latência de N200, P300 e P500 entre os 2 tipos de orações. Contrastando com isto, verifica-se que N400 tem maioritariamente uma CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 79 latência maior para orações falsas do que para verdadeiras, sem que no entanto esta tendência se apresente universal para todos os colaboradores e experiências. A partir dos valores das amplitudes e latências das componentes N200, P300, N400 e P500 dos sinais representados na figura 14 construiram-se as tabelas 3.1 e 3.2. Refira-se que não se vai fazer uma análise directa dos resultados contidos nas tabelas 2.X.X e 3.X, porque se fará um tratamento estatístico baseado em todos os sinais que, através do cálculo de médias, resultaram nos valores apresentados nestas tabelas. Acrescente-se que a obtenção dos valores destas tabelas, por serem obtidos de sinais médios, foi feita manualmente e de forma bastante correcta. Por oposição a isto, a análise que se apresenta a seguir utilizou amplitudes e latências obtidas automaticamente, por serem obtidas de sinais em bruto e logo em grandes quantidades, o que tornava o cálculo manual e por isso mais preciso, impraticável. Estas referências foram aqui apresentadas para alertar para a possibilidade de aparecerem alguns valores médios, durante o tratamento estatístico, ligeiramente diferentes dos que se encontram nas tabelas 2.X.X e 3.X. Tabela 3.1- Amplitude das componentes P300, P500, N200 e N400 originadas após a apresentação do 3º segmento (S3), para orações verdadeiras e falsas, para os vários colaboradores e experiências. Os valores são em microVolt. ERP N200 P300 N400 P500 Experiência 1A Experiência 1B Colaborador C1E1 Colaborador C2E1 Colaborador C1E1 Colaborador C2E1 Verdade Falso Verdade Falso Verdade Falso Verdade Falso -13 -17 -11 -22 -13 -20 -16 -18 3 3 3 4 12 2 9 2 -9 -19 -7 -18 -5 -13 -9 -12 5 -2 3 -1 11 5 11 8 ERP N200 P300 N400 P500 Experiência 2A Experiência 2B Colaborador C1E2 Colaborador C2E2 Colaborador C1E2 Colaborador C2E2 Verdade Falso Verdade Falso Verdade Falso Verdade Falso -9 -7 -13 -11 -8 -13 -21 -17 17 14 10 3 -1 0 -9 8 0 3 -5 -8 -13 -13 -16 -14 11 8 0 -6 -1 0 -8 4 CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 80 Tabela 3.2- Latência das componentes P300, P500, N200 e N400 originadas após a apresentação do 3º segmento (S3), para orações verdadeiras e falsas, para os vários colaboradores e experiências. Os valores são em milisegundos. ERP N200 P300 N400 P500 Experiência 1A Experiência 1B Colaborador C1E1 Colaborador C2E1 Colaborador C1E1 Colaborador C2E1 Verdade Falso Verdade Falso Verdade Falso Verdade Falso 220 185 190 180 155 155 175 160 290 280 290 290 285 280 285 275 395 430 395 390 385 420 385 395 565 555 560 585 500 515 505 500 Experiência 2A ERP N200 P300 N400 P500 Experiência 2B Colaborador C1E2 Colaborador C2E2 Colaborador C1E2 Colaborador C2E2 Verdade 190 285 350 480 Verdade 230 285 405 550 Falso 180 300 365 528 Verdade 220 315 415 550 Falso 200 310 390 520 Verdade 210 260 335 520 Falso 200 285 370 525 Falso 235 310 395 550 5.2.1.3. Análise Estatística dos Resultados Apresentados nas Tabelas 2.X.X e 3.X O tratamento a efectuar pode definir-se como sendo uma análise de variância (ANOVA). Esta análise tem como principais objectivos averiguar se tem significado distinguir classes dentro de uma variável influenciada por um ou mais factores. Para se conseguir isto fez-se um teste baseado na distribuição de F-Fisher. A distribuição de Fisher é uma distribuição assimétrica com 2 graus de liberdade n1 e n2, sendo a sua forma dada pela equação 5 [25]: F(n1,n2) = [ χχ 2 (n1) n1 2 (n2) n2 ] [eq.5] CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 81 Na equação 5 as variáveis χ 2 (n1) e χ 2 (n2) são independentes e seguem uma distribuição quiquadrado. Uma variável x segue uma distribuição qui-quadrado com grau de liberdade igual a n, quando puder ser expressa por uma soma de n variáveis independentes com distribuição normal (~ N(0,1) ). É o que se pretende expressar na equação 6: χ 2 (n) = Z12 + Z2 2 +... + Zn 2 [eq.6] para que χ 2 da equação 6 tenha uma distribuição qui-quadrado tem que se ter: Z1, Z2, ... , Zn → são variáveis independentes com distribuição normal (~N(0,1) ). O desenvolvimento da análise de variância processa-se segundo um teste de hipótese p-value. Para a implementação deste teste começa por se definir uma hipótese de investigação (HI), que pode ser definida como o paradigma a resolver. Uma possível hipótese de investigação será a relação componente N400 ↔ valor lógico das orações. Para averiguar da validade da relação expressa por HI equacionam-se duas hipóteses: a hipótese nula (H0) e a hipótese alternativa. A hipótese nula supõe que as várias classes têm médias iguais, por oposição à hipótese alternativa que supõe que as classes têm médias diferentes. Se o p-value fornecido pela distribuição de Fisher for inferior ao nível de significância (α) escolhido, rejeita-se a hipótese nula e aceita-se a hipótese alternativa. Pelo contrário, se o p-value for superior a α aceita-se a hipótese nula. Normalmente α toma o valor 0.05. Para se compreender a lógica da rejeição ou aceitação de uma das hipóteses mediante o valor de p-value obtido, refira-se que, por exemplo, obter um p-value de 0.04 significa que os resultados obtidos na variável em teste podem ocorrer por acaso 4% das vezes quando a hipótese nula é verdadeira. Logo se a probabilidade de ocorrência de H0 for baixa, em que baixa significa ser inferior ao nível de significância, despreza-se essa hipótese e aceita-se a alternativa. O valor de p-value fornecido pela distribuição de Fisher, ao fazer a análise de variância, depende da variável em estudo. Para esta variância contribuem duas componentes: uma devido à variância dos valores dentro das classes, não sendo esta componente explicada pela estrutura das classes, e outra devido à variância entre classes, sendo esta componente explicada pelas diferentes classes. Deste modo, visto que o valor de F a obter é proporcional a: [Média dos Quadrados Entre Classes / Média dos Quadrados Dentro das Classes] CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 82 espera-se que para rejeitar H0 se obtenham valores de F elevados e para a aceitar, valores de F baixos. Conclui-se esta breve introdução teórica dizendo que o utilitário utilizado na análise de variância foi o programa que dá pelo nome de SPSS ("Statistical Package for the Social Sciences"). As variáveis que se definiram e com as quais se vai fazer a análise de variância, foram 8 e correspondem à amplitude e latência dos 4 ERPs já referidos: as amplitudes N200, P300, N400 e P500, e as latências t200, t300, t400 e t500. Os factores definidos representam as influências ou as condições de aquisição dos potenciais cerebrais, condicionando por isso as variáveis referidas. Definiram-se 5 factores: o valor lógico das orações, a localização de recolha dos potenciais, a forma de apresentação das orações ao colaborador, a tarefa a realizar e o colaborador. O valor lógico pode tomar 2 valores (verdade ou falso), a localização assume um de entre os 7 possíveis (Fz, Cz, Pz, P4, P3, O2 e O1), a forma das orações está limitada a um de 2 valores (manter ou não manter os segmentos já apresentados no monitor), a tarefa a realizar também pode tomar 2 valores correspondentes a exigir-se ou não uma resposta aberta e o colaborador corresponde a um dos 4 utilizados (C1E1, C2E1, C1E2 e C2E2). Para terminar refira-se que o nível de significância utilizado nos testes foi de 0.05, ou seja, um intervalo de confiança a 95%. 1. Análise das Várias Interacções entre os Factores que Influenciam as Variáveis Neste tópico pretende averiguar-se se existem ou não interferências entre a acção dos vários factores referidos (localização, tarefa, etc) sobre as amplitudes ou latências dos ERPs, traduzidas pelas variáveis mencionadas (N200, t200, etc). O conhecimento destas interacções interessa para se poder isolar o efeito de cada factor sobre as variáveis, na posterior análise do comportamento dessas variáveis. Por exemplo, se dois factores (categóricos) F1 e F2 apresentarem uma interacção significativa sobre uma variável V1, significa que ao analisar a influência de F1 sobre V1, terá que se fazer essa análise separadamente para cada valor de F2. Apresenta-se a seguir um resumo dos resultados obtidos com a análise das interacções entre os vários factores que condicionam as variáveis em estudo. 1.1. Interacções dos Factores sobre a Componente N200 Quase todas as interacções globais sobre a amplitude de N200 atingem significado a 95%. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 83 A exepção ocontece na interacção (valor lógico das orações - tarefa) [F(3,3146) = 0.628, com α = 0.598] (1). Refira-se que daqui para a frente, por α quer significar-se o que se designou anteriormente por pvalue. Quase todas as interacções globais sobre a latência de N200 atingem significado a 95%. A exepção verifica-se para a interacção (valor lógico das orações - localização de recolha) [F(13,3136) = 1.16, com α = 0.302]. 1.2. Interacções dos Factores sobre a Componente P300 A maioria das interacções globais sobre a amplitude de P300 são significativas a 95%. As exepções que não atingem significado são as seguintes: • (valor lógico das orações - forma de apresentação das orações) [F(3,3146) = 1.67, com α = 0.172]; • (valor lógico das orações - localização de recolha do EEG) [F(13,3136) = 1.52, com α = 0.102]; • (forma de apresentação das orações - localização de recolha do EEG) [F(13,3146) = 1.54, com α = 0.096]; • (valor lógico das orações - colaborador - localização de recolha do EEG) [F(55,3094) = 1.34, com α = 0.055]; • (valor lógico das orações - forma de apresentação das orações - localização de recolha do EEG) [F(55,3094) = 1.34, com α = 0.055]. Todas as interacções globais sobre a latência de P300 atingem significado a 95%. A exepção surge para a interacção (valor lógico das orações - colaborador) no caso dos colaboradores C1E1 e C2E1 [F(3,1256) = 2.04, com 6 = 0.107]. (1) - Nas próximas páginas o texto apresentado em letra de tamanho menor é de importância inferior ao texto restante. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 84 1.3. Interacções dos Factores sobre a Componente N400 As interacções globais sobre a amplitude de N400 atingem significado a 95%, quase na totalidade. A exepção observada surge na interacção (colaborador - localização de recolha do EEG) [F(27,3122) = 1.03, com α = 0.419]. Todas as interacções globais sobre a latência de N400 atingem significado a 95%. 1.4. Interacções dos Factores sobre a Componente P500 Todas as interacções globais sobre a amplitude de P500 atingem significado a 95%. A maioria das interacções globais sobre a latência de P500 atingem significado a 95%. A exepção verifica-se na interacção (valor lógico das orações - localização de recolha do EEG) [F(13,3136) = 0.595, com α = 0.860]. No ponto 1 do Apêndice 6 são apresentados, como referência todos os resultados da análise das interacções entre os factores que influenciam as amplitude e latências dos ERPs N200, P300, N400 e P500. 2. Análise da Influência do Factor Forma de Apresentação das Orações sobre os ERPs Neste ponto pretende conhecer-se quais são as consequências para os ERPs, em termos de amplitude e latência, pelo facto de se variar a forma em que o material linguístico (oração) é apresentado ao longo de cada ensaio. Como já foi dito, testaram-se duas formas distintas: uma em que se vão mantendo no monitor os segmentos já apresentados da oração em causa (MS) e outra em que só se mantém no monitor o segmento corrente (NMS). Dado que as interacções entre factores se mostraram significativas para a maioria dos casos, vai ter que se fazer a análise da influência deste factor por partes, de modo a que em cada uma só haja variação do factor em estudo. Deste modo, fez-se uma análise em 4 partes (ver Apêndice 6, ponto 2.1), com vista a eliminar deste processamento a interferência dos factores valor lógico das orações, CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 85 tarefa a realizar e colaborador utilizado. Os resultados obtidos com esta análise são descritos abaixo. Refira-se que os dados usados pertencem às experiências 1A e 1B, onde participaram os colaboradores C1E1 e C2E1 e em que não se exigia deles uma resposta aberta. 2.1. Influência do Factor Forma de Apresentação das Orações sobre o ERP N200 A amplitude de N200 não é significativamente diferente nos casos MS e NMS e a latência deste ERP é significativamente maior no caso MS do que no caso NMS. 2.2. Influência do Factor Forma de Apresentação das Orações sobre o ERP P300 Embora a amplitude de P300 seja ligeiramente superior no caso NMS , esta diferença não atinge significado. A exepção verifica-se para o colaborador C1E1 com orações verdadeiras, onde a diferença é significativamente maior no caso NMS [F(1,320) = 20.79, com α = 0.000]. A latência desta componente é ligeiramente maior na situação NMS do que em MS, sem que esta diferença seja significativa. A exepção a esta tendência acontece para o colaborador C2E1 com orações verdadeiras, sendo a latência significativamente maior no caso NMS [F(1,320) = 21.19, com α = 0.000]. 2.3. Influência do Factor Forma de Apresentação das Orações sobre o ERP N400 Verificou-se que a amplitude de N400 é significativamente maior no caso NMS. Também aqui ocorre uma exepção e para o caso do colaborador C2E1 e com orações verdadeiras, em que embora a amplitude de N400 seja maior no caso NMS (-24.5uV vs -28.4uV), esta diferença não é significativa [F(1,320) = 2.48, com α = 0.116]. A latência desta componenete é significativamente maior no caso MS. A exepção à tendência anterior surge para a situação em que se usa o colaborador C2E1 e orações falsas, onde embora a latência de N400 seja maior quando se usa a forma MS (396ms vs 391ms), esta diferença não é significativa [F(1,306) = 1.60, com α = 0.207]. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 86 2.4. Influência do Factor Forma de Apresentação das Orações sobre o ERP P500 A amplitude de P500 é significativamente maior no caso NMS do que no caso MS e a latência deste ERP é significativamente maior no caso MS do que no caso NMS. Uma observação mais detalhada da influência da forma como as orações são apresentadas aos colaboradores sobre a amplitude e latência dos ERPs N200, P300, N400 e P500, pode ser conseguida através dos resultados globais apresentados no Apêndice 6, ponto 2.1. 3. Análise da Influência do Factor Tarefa a Realizar sobre os ERPs Neste ponto vai averiguar-se qual o efeito que tem sobre as componentes do EEG o tipo de tarefa que se pede ao colaborador para executar, incidindo esta tarefa sobre o material linguístico que foi apresentado no ensaio em causa. As opções testadas, quanto ao tipo de tarefa a executar, resumemse a duas: exigência ou não de uma resposta aberta/física sobre a oração apresentada nesse ensaio. Tal como na análise do efeito do factor forma das orações sobre os ERPs, também aqui se divide o processo em 4 parcelas (ver Apêndice 6, ponto 2.2), de modo a eliminar a interferência dos outros factores envolvidos nas experiências. Os dados que se utilizaram neste ponto são provenientes das experiências em que participaram colaboradores a quem foi pedido para executarem os 2 tipos de tarefa (C1E2 e C2E2) e onde as orações foram apresentadas sob a forma NMS. Os resultados obtidos com a análise agora referida são apresentados a seguir. 3.1. Influência do Factor Tarefa a Realizar sobre o ERP N200 Não se discriminou uma tendência definida na influência deste factor sobre a amplitude de N200. Concluiu-se que a latência deste ERP é maior para a situação em se exige uma resposta aberta sobre as as orações (R) do que para o caso de não se exigir qualquer tipo de resposta aberta (NR). Esta tendência é significativa para os casos em que participou o colaborador C1E2 com orações verdadeiras e o colaborador C2E2 com orações falsas. Ao utilizar-se o colaborador C1E2 e com orações falsas, a tendência anterior verifica-se, mas não é significativa. A exepção à tendência CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 87 referida acontece ao utilizar-se o colaborador C2E2 com orações verdadeiras, em que a latência é significativamente maior no caso NR (224ms vs 212ms) [F(1,418) = 16.60, com α = 0.000]. 3.2. Influência do Factor Tarefa a Realizar sobre o ERP P300 Nas experiências em que participou o colaborador C1E2 observou-se que a amplitude de P300 era significativamente maior no caso NR. Para o colaborador C2E2 a amplitude de P300 é significativamente maior no caso R do que no caso NR, utilizando orações falsas (23.7uV vs 13.1uV) [F(1,418) = 64.58, com α = 0.000], não havendo diferença significativa ao utilizarem-se orações verdadeiras (14.4uV vs 13.1uV) [F(1,418) = 0.61, com α = 0.437]. Constatou-se que a latência de P300 é significativamente maior nos casos NR do que nos casos R. 3.3. Influência do Factor Tarefa a Realizar sobre o ERP N400 A amplitude e latência da componente N400 são significativamente maiores para as situações NR do que para R. 3.4. Influência do Factor Tarefa a Realizar sobre o ERP P500 Nas experiências em que participou o colaborador C1E2 observou-se que P500 apresenta uma amplitude significativamente maior na situação NR. Para o colaborador C2E2 e com orações verdadeiras a amplitude de P500 é maior para os casos NR (13.4uV vs 11.5uV), mas esta diferença não é significativa [F(1,418) = 1.05, com α = 0.307]. Para o colaborador C2E2 e utilizando orações falsas, a amplitude de P500 apresenta-se significativamente maior na situação R (17.4uV vs 9.7 uV) [F(1,418) = 9.74, com α = 0.002]. Verificou-se que não há diferença significativa na latência de P500 entre os casos NR e R. A exepção ocorre quando se utiliza o colaborador C2E2 e com orações falsas, onde esta latência é significativamente maior no caso NR do que R (526ms vs 515ms) [F(1,418) = 10.07, com α = 0.002]. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 88 Para uma consulta mais detalhada da influência do factor tarefa a realizar sobre a amplitude e latência dos ERPs pode recorrer-se ao ponto 2.2 do Apêndice 6, onde se apresentam todos os resultados desta análise. 4. Análise da Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre os ERPs Para concluir a análise estatística em termos da influência de factores sobre os ERPs relacionados com a apresentação ao colaborador do 3º e último segmento de cada oração, vai descrever-se a influência do factor valor lógico das orações. Do que foi sendo mencionado ao longo do trabalho conclui-se que a influência deste factor é de todas a que tem mais interesse conhecer. Isto deve-se ao facto de se pretender conhecer principalmente as diferenças existentes nos ERPs gerados pela apresentação de orações verdadeiras e falsas. Como já se disse, espera-se que estas diferenças sejam mais evidentes em N400. Uma vez que as interacções entre os outros factores (tarefa, forma das orações e colaborador) e o valor lógico são quase todas significativas, dividiu-se o processo em 8 parcelas, de modo a evitar o efeito dos outros 3 factores e obter nas conclusões apenas a acção do valor lógico (ver Apêndice 6, ponto 3). Apresentam-se agora os resultados da análise da influência do valor lógico sobre a amplitude e latência de N200, P300, N400 e P500. 4.1. Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre o ERP N200 Não há diferença significativa entre a amplitude de N200 para orações verdadeiras e para orações falsas, na maioria dos casos. Não há uma tendência definida para esta diferença, nestes casos. Os únicos casos em que existe uma diferença significativa, verificam-se para a combinação de factores (colaborador ≡ C1E2; tarefa a realizar ≡ R; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (média para as orações verdadeiras (Mv) = -21.6uV vs média para as orações falsas (Mf) = -27.6uV) [F(1,628) = 20.75, com α = 0.000] e para a combinação de factores (colaborador ≡ C2E2; tarefa a realizar ≡ R; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = 28.4uV vs Mf = -19.5uV) [F(1,418) = 23.56, com α = 0.000]. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 89 Não há uma tendência definida para a diferença entre a latência de N200 para orações verdadeiras e falsas. Os casos em que a diferença anterior é significativa são: • para a combinação de factores (colaborador ≡ C1E1; tarefa a realizar ≡ NR; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = 149ms vs Mf = 157ms) [F(1,208) = 4.56, com α = 0.034]; • para a combinação de factores (colaborador ≡ C2E2; tarefa a realizar ≡ NR; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = 224ms vs Mf = 209ms) [F(1,418) = 20.25, com α = 0.000]; • para a combinação de factores (colaborador ≡ C1E1; tarefa a realizar ≡ NR; forma de apresentação das orações ≡ MS) em que se obtém (Mv = 192ms vs Mf = 182ms) [F(1,418) = 9.37, com α = 0.002]; • para a combinação de factores (colaborador ≡ C2E1; tarefa a realizar ≡ NR; forma de apresentação das orações ≡ MS) em que se obtém (Mv = 165ms vs Mf = 177ms) [F(1,208) = 4.89, com α = 0.028]. Nos restantes casos a diferença não é significativa. 4.2. Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre o ERP P300 Na maioria dos casos não há diferença significativa entre a amplitude de P300 par os 2 tipos de orações. Nestes casos a diferença é maioritariamente maior para orações falsas. Os 2 casos exepcionais em que a diferença anterior é significativa acontecem para: • a combinação de factores (colaborador ≡ C1E2; tarefa a realizar ≡ NR; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = 20.2uV vs Mf = 24.4uV) [F(1,418) = 4.63, com α = 0.032]; • a combinação de factores (colaborador ≡ C2E2; tarefa a realizar ≡ R; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = 14.4uV vs Mf = 23.7uV) [F(1,418) = 29.5, com α = 0.000]. Na maioria dos casos não é significativa a diferença entre a latência de P300 para orações verdadeiras e para orações falsas. Também não há uma tendência definida para esta diferença. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 90 O único caso em que esta diferença é significativa verifica-se para a combinação de factores (colaborador ≡ C1E2; tarefa a realizar ≡ R; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = 250ms vs Mf = 258ms) [F(1,628) = 5.41, com α = 0.020]. 4.3. Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre o ERP N400 A amplitude de N400 é maior para orações verdadeiras do que para orações falsas. Esta tendência é significativa para a maior parte dos casos. Nos seguintes casos a tendência anterior verifica-se mas não atinge significado: • para a combinação de factores (colaborador ≡ C2E1; tarefa a realizar ≡ NR; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = -24.5uV vs Mf = -27.2uV) [F(1,418) = 1.48, com α = 0.225]; • para a combinação de factores (colaborador ≡ C2E2; tarefa a realizar ≡ NR; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = -21.5uV vs Mf = -21.9uV) [F(1,418) = 0.06, com α = 0.810]. Há a registar uma exepção à tendência referida acima e que acontece na combinação de factores (colaborador ≡ C2E2; tarefa a realizar ≡ R; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que a amplitude média de N400 é maior para orações falsas do que para verdadeiras (Mf = -30.1uV vs Mv = -33.9uV) [F(1,418) = 3.06, com α = 0.081]. A latência do ERP N400 é maior para oracões falsas do que para orações verdadeiras. Esta tendência é significativa para a maioria dos casos. As exepções ao facto de se obter uma tendência anterior significativa ocorrem nos seguintes casos, onde se verifica esta tendência mas não é significativa: • para a combinação de factores (colaborador ≡ C2E1; tarefa a realizar ≡ NR; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mf = 391ms vs Mv = 389ms) [F(1,418) = 0.76, com α = 0.382]; • para a combinação de factores (colaborador ≡ C1E2; tarefa a realizar ≡ NR; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mf = 375ms vs Mv = 373ms) [F(1,418) = 0.31, com α = 0.382]. A exepção à tendência anterior ocorre para o colaborador C2E2 e nos seguintes casos: CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 91 • para a combinação de factores (tarefa a realizar ≡ NR; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = 382ms vs Mf = 378ms) [F(1,418) = 3.11, com α = 0.078]; • para a combinação de factores (tarefa a realizar ≡ R; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = 373ms vs Mf = 371ms) [F(1,418) = 0.28, com α = 0.595]. 4.4. Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre o ERP P500 A amplitude de P500 para orações verdadeiras é maioritariamente maior do que para orações falsas, não atingindo esta diferença significado na maioria dos casos. O único caso em que esta amplitude é maior para orações falsas, atingindo significado, acontece para a combinação de factores (colaborador ≡ C2E2; tarefa a realizar ≡ R; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = 11.5uV vs Mf = 17.4uV) [F(1,418) = 6.06, com α = 0.014]. Não existe uma tendência definida para a diferença entre a latência para orações verdadeiras e para orações falsas, sendo maior para orações verdadeiras nuns casos e para orações falsas noutros. Por outro lado, também não existe significado nesta diferença para a maioria dos casos. As exepções em que a diferença mencionada atinge significado acontecem nos casos seguintes: • para a combinação de factores (colaborador ≡ C1E1; tarefa a realizar ≡ NR; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = 491ms vs Mf = 515ms) [F(1,208) = 40.10, com α = 0.000]; • para a combinação de factores (colaborador ≡ C1E1; tarefa a realizar ≡ NR; forma de apresentação das orações ≡ MS) em que se obtém (Mv = 575ms vs Mf = 565ms) [F(1,418) = 9.60, com α = 0.002]; • para a combinação de factores (colaborador ≡ C2E2; tarefa a realizar ≡ R; forma de apresentação das orações ≡ NMS) em que se obtém (Mv = 522ms vs Mf = 515ms) [F(1,418) = 4.50, com α = 0.035]. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 92 5. Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre o Atraso da Resposta e a Percentagem de Erros Para complementar a análise dos efeitos do factor valor lógico das orações sobre a tarefa de verificação dessas orações, vai observar-se como se reflecte este factor na execução da resposta exigida (na experiência 2B). Esta análise incidirá sobre 2 parâmetros relacionados com a resposta: o atraso da execução da resposta relativamente à apresentação do estímulo principal para essa resposta, e que é a apresentação do 3º segmento, e a quantidade de erros ocorridos nas respostas. Os erros surgem por falta de resposta, devido a uma resposta fora de tempo ou através de uma resposta errada. As conclusões tiradas da verificação dos efeitos exercidos pelo valor lógico das orações sobre as respostas dadas, permitirão concluir das possíveis diferenças existente ao nível do processamento semântico de orações verdadeiras e falsas. Para a análise que se vai descrever foram utilizados dados obtidos durante a experiência 2B e onde participaram os colaboradores C1E2 e C2E2. 5.1. Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre o Atraso da Resposta Como os factores tarefa a realizar e a forma em que as orações são apresentadas não variam no conjunto de dados utilizados, não há que preocupar com a interacção entre eles e o valor lógico das orações. Deste modo apenas se verificou se existia interferência devido à utilização de vários colaboradores. A interacção entre os factores colaborador e valor lógico das orações mostrou-se ser significativa [F(3,319) = 3.99, com α = 0.009], sendo as médias globais do atraso correspondentes à resposta a orações verdadeiras e falsas 796ms e 849ms, respectivamente. Dado que a interacção anterior é significativa, tem que se analisar separadamente a influência do valor lógico e do colaborador sobre o atraso da resposta. A influência do factor colaborador sobre o atraso da resposta é significativa [F(1,141) = 9.52, com α = 0.002], sendo o colaborador C1E2 mais lento em média que o colaborador C2E2 (862ms vs 757ms). CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 93 Tabela 4.1 - Atraso médio das respostas dadas pelos colaboradores participantes na experiência 2B, no caso de orações verdadeiras e falsas. Os valores são em milisegundos. Colaborador Verdade Falso C1E2 C2E2 845 723 878 796 A influência do valor lógico das orações sobre o atraso da resposta, fazendo uma análise separada para cada colaborador, mostrou não ser significativa, nem para o colaborador C1E2 [F(1,87) = 1.07, com α = 0.303], nem para o colaborador C2E2 [F(1,52) = 1.06, com α = 0.309]. Os valores do atraso médio da resposta são apresentados na Tabela 4.1. Do que acabou de ser dito e da análise da tabela 4.1 pode acrescentar-se que a resposta a orações verdadeiras é mais rápida que a orações falsas, como era esperado, e o facto desta tendência não se ter revelado significativa, deve-se essencialmente a possuirem-se poucos valores e a variância destes ser razoável. Tabela 4.2 - Percentagem média de erros ocorridos nas respostas dadas pelos colaboradores participantes na experiência 2B, no caso de orações verdadeiras e falsas. Os valores são em percentagem. Colaborador Verdade C1E2 C2E2 0 (0/43) 6.67 (2/30) Falso 2.12 (1/47)13.33 (4/30) 5.2. Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Percentagem de Erros O processo de análise desta influência é análogo em tudo ao que se utilizou no ponto 3.5.1. Começou por se verificar que a interacção entre os factores valor lógico das orações e colaborador utilizado não é significativa [F(3,12) = 2.48, com α = 0.11], sendo este facto devido provavelmente a possuirem-se poucas situações de erro nos dados adquiridos. A média global de erros ocorridos nas respostas a orações verdadeiras e falsas é de 2.5% e 6.3%, respectivamente. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 94 Embora a interacção anterior não se tenha revelado significativa, também aqui se vai analisar separadamente a influência dos factores colaborador e valor lógico das orações. Verificou-se que a influência do colaborador sobre a percentagem de erros ocorridos em 10 respostas possíveis do mesmo tipo é significativa [F(1,14) = 6.16, com α = 0.026], sendo maior para o colaborador C2E2 do que para C1E2 (10% vs 1%). Através de uma análise separada para os vários colaboradores, mostrou-se que a influência do valor lógico das orações sobre a percentagem de erros ocorridos em 10 respostas possíveis do mesmo tipo não é significativa, nem para o colaborador C1E2 [F(1,8) = 1.00, com α = 0.347], nem para o colaborador C1E2 [F(1,4) = 0.50, com α = 0.519]. Na Tabela 4.2 apresentam-se os valores das percentagens médias de erro para cada colaborador e tipo de orações. Com base nos valores da Tabela 4.2, conclui-se que ocorrem mais erros em orações falsas do que verdadeiras em qualquer dos colaboradores, embora esta tendência não seja significativa pela razão já apontada atrás. 6. Influência da Localização de Recolha dos Potenciais Eléctricos sobre a Amplitude e Latência dos ERPs Uma vez que foram utilizados 7 canais de EEG, ou seja, 7 localizações diferentes de recolha do sinal, podem tirar-se mais algumas conclusões (a somar à já referida sobre a figura 13) sobre a distribuição dos potenciais associados com a realização da tarefa de verificação das orações. Como a análise para todas as combinações dos vários factores se tornava quase impraticável, optou-se por fazer a análise apenas para a experiência 1B. Esta experiência caracteriza-se por não se exigir uma resposta aberta, as orações são apresentadas na forma NMS e com a participação dos colaboradores C1E1 e C2E1. Os resultados do cálculo da análise de variância sobre a amplitude e latência dos vários ERPs com o factor localização, é apresentada no ponto 4 do Apêndice 6. Aqui vão referir-se apenas as observações mais importantes. Começa por se notar que a localização de recolha do sinal influencia significativamente a amplitude e a latência da componente N200. Tanto a amplitude como a latência de N200 são maiores nas zonas central, frontal e parietal do cortex do que na zona occipital. No caso de orações falsas, verificou-se que a localização de recolha do sinal influencia significativamente a latência do ERP P300 [F(6,308) = 3.01, com α = 0.007], sendo esta latência CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 95 maior na zona que divide os hemisférios (central, frontal e parietalmente) do que nas outras localizações usadas. Representando a maioria das situações, constatou-se que as outras amplitudes (de P300, de N400 e de P500) e latências (de P300 com orações verdadeiras, de N400 e de P500) não sofrem influência significativa do factor localização de recolha do EEG. No entanto, constata-se que a amplitude de P300 é ligeiramente menor na zona occipital que nas outras usadas. Quanto a possíveis diferenças entre os ERPs recolhidos do lado direito e os recolhidos do lado esquerdo, conclui-se que apenas as amplitudes dos ERPs P300 e P500 apresentam uma diferença relevante, sendo os primeiros maiores do lado esquerdo e os segundos maiores do lado direito. Para as componentes P300, N400 e P500, e dado que a influência da localização de recolha dos potenciais eléctricos sobre estes ERPs não é significativa, as conclusões a tirar para cada localização são as mesmas que já foram apresentadas para a globalidade das localizações. Por exemplo, as conclusões acerca das diferenças na amplitude e latência de N400 para os casos de orações verdadeiras e falsas, são as mesmas para os vários canais, ou seja, a amplitude de N400 é maior para orações verdadeiras e a sua latência é maior para orações falsas, embora estas diferenças não atinjam significado pela razão citada. A confirmação deste exemplo pode ser verificada no ponto 4 do Apêndice 6, observando as diferenças entre os valores das amplitudes e latências de N400 para os casos V e F. Figura 15 - Comparação do efeito da média e da mediana quando aplicadas aos vários canais do mesmo segmento de EEG. No caso aqui apresentado o segmento de EEG corresponde ao sinal médio para a globalidade das orações verdadeiras apresentadas na experiência 1B. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 96 5.2.2 - Medidas de Localização dos Potenciais Eléctricos Pertencentes a Canais Diferentes Como já foi dito, uma forma de melhorar a RSR, entre outros parâmetros, consiste em aplicar aos dados disponíveis uma medida de localização. Neste ponto a novidade reside no facto de o processamento se efectuar sobre sinais contidos no mesmo segmento de EEG, o que significa que o processamento é efectuado sobre os vários canais adquiridos em cada ensaio. Deste modo aproveitase o facto de se possuirem simultaneamente para o mesmo evento várias representações. Este aspecto poderá ser útil em processamento em tempo real, como é o caso da classificação pretendida para as respostas corticais. As medidas de localização testadas foram a média e a mediana. A fórmula usada para o cálculo da média é dada pela equação 4. Por outro lado, a mediana de (2n-1) valores é o nésimo valor quando a sequência de valores está ordenada por valor crescente. Para muitos valores as duas medidas não diferem significativamente, no entanto a mediana pode evitar erros introduzidos por valores extremamente distantes da média. Na figura 15 pode observar-se como não existe grande diferença entre a média e a mediana quando aplicadas sobre os vários canais do mesmo segmento de EEG. Analisando a diferença entre N400 para orações verdadeiras e falsas, antes da aplicação de qualquer medida de localização e após a aplicação da média ou da mediana, tiraram-se algumas conclusões que se apresentam aqui. A utilização do ERP N400 deve-se ao facto de ser a componente mais representativa das diferenças entre o processamento dos 2 tipos de orações. A média e a mediana não se mostraram significativamente diferentes quanto aos efeitos sobre os sinais. Contudo, pode considerar-se a média ligeiramente melhor, uma vez que proporciona a existência de uma diferença entre a amplitude de N400 para orações verdadeiras e falsas maior do que a obtida com a mediana. A aplicação da média/mediana sobre os canais parece melhorar a diferença entre a amplitude de N400 para os 2 tipos de orações, relativamente ao que se passa com um dos melhores canais, por exemplo Fz. No entanto, estas melhorias não são totalmente convincentes. Quando se utilizou a média/mediana em segmentos de EEG em bruto também se observou uma melhoria, sem ser significativa, na diferença verdade-falso da amplitude de N400, relativamente ao que se passa com o canal Fz. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 97 A obtenção de resultados não muito relevantes neste ponto, deve-se ao facto de os vários canais necessitarem de pesos diferentes para a manipulação simultanea no processamento referido. Provavelmente estes pesos serão vectores, para ter em conta que os vários canais são projecções do mesmo vector em direcções diferentes. 5.3 - Processamento Utilizando o Método da "Singular Value Decomposition SVD" 5.3.1 - Introdução ao Método da SVD O poder do método da "Singular Value Decomposition -SVD" reside no facto de poder ser aplicado em matrizes quadradas bem como em rectangulares, reais ou complexas. Deste modo, é adequado para a solução numérica de problemas do tipo "linear least squares - LLS" dado que se pode aplicar directamente à matriz que contém os dados [26]. Outra vantagem do método da SVD reside no facto de poder lidar com sistemas de equações ou matrizes que são singulares ou numericamente próximas de singulares, obtendo deste modo melhores resultados que a eliminação de Gauss ou a decomposiçao LU (decomposição de uma matriz num produto de uma matriz triangular inferior por outra triangular superior). Podem definir-se duas formulações diferentes para a solução dos problemas tipo LLS: ^ (i). W = Φ −1 * Θ [eq.7] ^ em que W é a estimativa pelo método dos mínimos quadrados do vector dos pesos amostrais do modelo dum filtro transversal, Φ é a matriz de correlação da média temporal das entradas e Θ é o vector de correlação cruzada da média temporal entre as entradas e algumas respostas desejadas. ^ (ii). W = ( A H * A) −1 * A H * d [eq.8] em que A é a matriz de dados representando a evolução temporal dos vectores de entrada e d é o vector de dados desejado, representando a evolução temporal desejada para a resposta. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 98 Embora as duas formulações sejam matematicamente equivalentes, conduzem a computações bem ^ diferentes para calcular a solução W . A equação 8 conduz a soluções com o dobro da precisão para a mesma precisão numérica. Esta equação pode ser representada doutra forma: ^ W = A+ * d [eq.9] onde A + = ( A H * A) −1 * H A [eq.10] designado A + por pseudoinversa ou Moore-Penrose inversa generalizada da matriz A. Muitas vezes acontece que A contém colunas linearmente independentes, ou seja, é preciso escolher uma de entre várias soluções possíveis para o problema dos mínimos quadrados. Esta questão pode ser resolvida pela técnica da SVD. 5.3.2 - O Teorema da SVD O método da SVD fornece informação quantitativa sobre a estrutura de um sistema de equações lineares, como por exemplo o sistema que interessa aqui descrever: ^ A*W = d [eq.11] ^ em que A é uma matriz (K x M), d é um vector (K x 1) e W é um vector (M x 1) representando a estimativa do vector de parâmetros desconhecido. O teorema da SVD ou teorema de Autonne-Eckart-Young diz que dada uma matriz A, existem duas matrizes unitárias V e U, de modo que seja verdadeira a seguinte equação: UH * A * V = ∑ 0 [ ] 0 0 [eq.12] CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 99 com ∑ = diagonal (σ1, σ2, ... , σw), em que σ1 ≥ σ2 ≥ ... ≥ σw > 0. [eq.13] Uma matriz diz-se unitária se a sua complexa conjugada da transposta for igual à sua inversa. Por X H designa-se a matriz hermitica transposta da matriz X. O equacionamento do teorema da SVD pode ser expresso de modo a obter a matriz A em termos das outras matrizes: ∑ 0 [ ] A=U* 0 0 * VH [eq.14] em que V é uma matriz (M x M), U é uma matriz (K x K) e ∑ é uma matriz (W x W). As matrizes unitárias U e V são ortogonais no sentido em que as suas colunas são ortogonais: K ∑ u ij * uin = δ jn , com 1 ≤ j ≤ K e 1 ≤ n ≤ K i =1 K ∑ vij * vin = δ jn , com 1 ≤ j ≤ M e 1 ≤ n ≤ M i =1 [eq.15.1] [eq.15.2] O indice w em σw da equação 13 designa o "rank" da matriz A [rank(A)], sendo definido como o número de colunas de A linearmente independentes. Como rank( A H ) = rank(A) e w (que é o "rank" de A) é ≤ minimo(K, M), surgem dois casos distintos de sistemas de equações a resolver: (1). K > M ⇒ sistema de equações sobredeterminado, ou seja, mais equações que incógnitas; (2). K < M ⇒ sistema de equações subdeterminado, ou seja, mais incógnitas que equações. Quando K < M, ou seja, há menos equações que incógnitas, devem acrescentar-se linhas de zeros à matriz A até ficar uma matriz quadrada e adicionar zeros ao vector que representa a resposta desejada do sistema. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 100 A demonstração do teorema da SVD, postulado através da equação 12, para os 2 tipos de sistemas de equações anteriores, pode ser confirmada na referência [26], nas páginas 405-408. 5.3.3 - Terminologia Associada com o Método da SVD Os números σ1, σ2, ... , σw, elementos constituintes da diagonal da matriz ∑ da equação 12 (13 ou 14), são os valores singulares da matriz A. Se algum dos σi for nulo a matriz A diz-se singular. As colunas da matriz unitária V, ou seja, v1, v2, ... , vM, são os vectores singulares à direita da matriz A. Por outro lado, as colunas da outra matriz unitária (U), ou seja, u1, u2, ... , uK, são os vectores singulares à esquerda da matriz A. De referir ainda que os M vectores singulares à direita de A (vi) são os vectores próprios de ( A H * A ), enquanto que os K vectores singulares à esquerda de A (ui) são os vectores próprios de ( A * A H ). Há que explicitar uma ideia que já foi expressa atrás: o número de valores singulares positivos coincide com o "rank" de A. Utilizando os vectores singulares à direita e à esquerda, vi e ui respectivamente, podem representar-se as matrizes A e A H na forma expandida: w A = ∑ (σ i * u i * viH) i =1 [eq.16] w A H = ∑ (σ i * vi * u iH ) i =1 [eq.17] Se A for uma matriz hermitica ( a ij = a ji* ), os valores singulares de A são o valor absoluto dos valores próprios de A. Como já foi dito explicitamente, o método da SVD possibilita a formulação de uma definição pra a pseudoinversa de uma matriz A cuja decomposição SVD é dada pela equação 12. Deste modo a pseudoinversa de A ( A + ) é definida pela equação seguinte: [ A+ = V * Σ −1 0 * UH 0 0 ] onde Σ −1 = diagonal(σ 1−1, σ 2 −1,..., σ w −1) . [eq.18] CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 101 5.3.4 - Utilização da Técnica da SVD para Resolver Sistemas de Equações Lineares Quando uma matriz quadrada A é singular podem definir-se os conceitos de espaço nulo e gama. Dado o sistema de equações A*x =b, se A for uma matriz quadrada e singular, então existe um subespaço do vector x, chamado espaço nulo, que corresponde a zero (A*x = 0). A dimensão do espaço nulo designa-se por nulidade de A. Se houver algum subespaço do vector b que pode ser «atingido» por A, no sentido de a x corresponder um subespaço de b, este subespaço toma o nome de gama de A. A dimensão da gama de A é o "rank" desta matriz. Se A é não singular, então rank(A) coincide com a dimensão de b, caso contrário rank(A) é menor que a dimensão de b. Resumindo, o rank(A) somado à nulidade de A iguala a dimensão de b. A utilidade do que se expôs reside no facto de que, o que a técnica da SVD faz explicitamente é construir bases ortonormadas para o espaço nulo e gama de uma matriz. Especificando, as colunas i da matriz U cujos valores singulares σi da matriz ∑ não são nulos, constituem um conjunto ortonormado de vectores base que representa o espaço gama. Por outro lado, as colunas i de V cujos elementos σi forem nulos, formam uma base ortonormada para o espaço nulo. Quando uma matriz A é singular, o sistema de equações A*x=b tem várias soluções se b estiver contido na gama de A. Para obter uma solução única deve escolher-se aquela que tiver o menor x 2 . Para se conseguir esta solução, usando a SVD, substitui-se (1/σj) por zero se σj=0 e a solução desejada é dada pela equação seguinte: x = V * [ diagonal(1 σ j) ] * U H * b [eq.19] Por oposição ao que se disse, se o vector b não estiver contido na gama de A, o sistema de equações não tem solução. No entanto, a equação 19 pode ser utilizada para obter uma pseudosolução para o vector x que, embora não resolva exactamente o sistema A*x=b, é aquela que em termo de mínimos quadrados o faz melhor. Resumindo, neste caso a solução x obtida é aquela que minimiza r = A * x − b . Normalmente a matriz A não é, nem singular, nem não singular, mas apresenta alguns σj muito próximos de zero, designando-se A por matriz "ill-conditioned". Nestes casos, os métodos directos de eliminação de Gauss e decomposição LU obtêm uma solução, mas esta solução apresenta grandes CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 102 erros na aproximação do vector b. Para obter uma solução mais precisa, usando o método SVD, colocam-se a zero os σj que são próximos de zero e aplica-se a equação 19. 5.3.5 - Outras Aplicações da Técnica da SVD Como se disse explicitamente, pode utilizar-se a SVD para obter o "rank" de uma matriz e para calcular a sua pseudoinversa. Um segundo tipo de aplicações da SVD situa-se no contexto de algebra linear e da teoria de sistemas lineares, no sentido de determinar a representação de subespaços ou implementar operações sobre subespaços. Entre as operações a realizar com subespaços podem referir-se o seu cálculo, projecções de um subespaço sobre outro, cálculo do ângulo entre 2 subespaços, etc [27]. A SVD também pode ser empregue como uma ferramenta na análise teórica de algoritmos numéricos, para determinar dependências entre colunas e linhas de uma matriz e para analisar matrizes quadradas, matrizes invertíveis não quadradas ou matrizes tipo "rank-deficient". Outra aplicação para a técnica da SVD consiste em melhorar a estimativa, pelo método de predição linear, de frequências com níveis de RSR baixos. Este melhoramento consegue-se pela decomposição SVD da matriz de dados de predição linear [28]. Nesta aplicação pode determinar-se o número de sinusoides presentes nos dados e conhecer precisamente as suas frequências. 5.3.6 - Aplicação da SVD no Presente Trabalho A ideia base para a aplicação da técnica da SVD no presente trabalho foi retirada do trabalho descrito na referência [29]. Nesta referência o que se pretende é visualizar os sinais de EEG num espaço de fase. A técnica da SVD surge ai no sentido de obter uma projecção num subespaço tridimensional, onde as trajectórias que se aproximam de um único ponto no espaço de fase têm a maior projecção. As trajectórias descritas pela evolução temporal do estado do sistema (cérebro humano) geram uma figura geométrica chamada o retrato do espaço de estados ou retrato do EEG. Com o retrato do espaço de estados pretende-se que seja possível observar a movimentação complicada do estado do sistema. Como se sabe, a dimensão do espaço a reconstruir tem um papel importante na visualização. Por exemplo, se um um objecto tridimensional for visualizado com menos de 3 dimensões, obtém-se uma vista distorcida desse objecto. Por esta razão, para se reconstruir as propriedades dinâmicas do CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 103 sistema no espaço de fase tem que se conhecer primeiro a dimensionalidade do espaço envolvente. Na referência [29] a dimensionalidade do espaço envolvente variou entre 5 e 12, o que significa que para visualizar as trajectórias do EEG no espaço de fase são necessárias entre 5 e 12 dimensões. Esta situação leva inevitavelmente á necessidade de projectar os retratos do EEG, dado que o ser humano está limitado biologicamente a uma visualização 3D e tecnicamente (por computador ) a 2D. Optaram por criar inicialmente uma projecção 3D para depois se obter uma vista 2D em computador. As projecções implementadas eram ortogonais, sendo a escolha das 3 coordenadas do subespaço, de entre as 5 a 12 existentes, um problema a resolver. A solução consiste em escolher o subespaço 3D contendo a maior projecção do objecto original com dimensão N (> 3). É aqui que surge a SVD, no sentido de obter as 3 coordenadas desejadas para este subespaço 3D. Como os valores próprios medem a variância das projecções sobre os vectores próprios correspondentes, escolhem-se para definição do subespaço 3D onde o retrato do EEG tem a maior projecção, os 3 vectores próprios que corresponderem aos 3 maiores valores próprios. Para aplicar a técnica da SVD definiram a matriz A em que as linhas são constituidas por segmentos de EEG sucessivamente atrasados, onde τ é um atraso arbitrário: A= x(1) x(1 + τ ) x(1 + 2 τ ) ... x(1 + ( N − 1) τ ) x(2) x(2 + τ ) x(2 + 2 τ ) ... x(2 + ( N − 1) τ ) ... ... ... ... ... x(M) x(M + τ ) x(M + 2 τ ) ... x(M + ( N − 1) τ ) A matriz A é decomposta pelo método da SVD, usando a equação 14. No sentido de obter as projecções no subespaço 3D, colocam-se a zero as colunas de V que não correspondem aos 3 maiores valores singulares (próprios) de ∑ e calculando a nova matriz de projecção A = A*V. Ao escolherem-se as direcções de projecção, definido o subespaço 3D, através da técnica da SVD, o ruído não é aumentado, bem pelo contrário, é atenuado porque este tem uma distribuição homogénea por todo o espaço, o que resulta numa redução do peso do ruído sobre um sinal que passa a ser definido apenas pelas 3 projecções onde apresenta maior variância. No caso presente, o procedimento seguido é bastante análogo ao que se acabou de descrever. A matriz da dados A não é constituido por segmentos de EEG sucessivamente atrasados, mas sim por vários segmentos de EEG representativos do mesmo evento. Ou seja, A (mp x np) contém sinais adquiridos simultaneamente nas várias localizações utilizadas: CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados A= ch0 1 ch0 2 ... ch0 mp ch1 1 ch1 2 ... ch1 mp 104 ... ch6 1 ... ch6 2 ... ... ... ch6 mp Conclui-se que np é 7 e mp é definido pelo comprimento dos segmentos de EEG utilizado. Aqui não se pretende obter uma visualização do EEG num espaço de fase, mas sim obter uma projecção do EEG proveniente de várias localizações numa única direcção que melhore a RSR e permita assim uma melhor visualização do sinal. A direcção procurada é obtida através da decomposição da matriz de dados A pela técnica da SVD e considerando-a a coluna de V correspondente ao maior valor singular da matriz ∑. Esta direcção corresponde ao valor próprio (à direita) de A sobre o qual o EEG tem uma projecção maior. A rotina que se vai utilizar para decompor a matriz A pelo método da SVD designa-se svdcmp( ) [30]. Esta rotina é baseada numa rotina desenvolvida por Forsythe e outros [31], e que por sua vez é baseada na rotina original de Golub e Reinsch que pode ser encontrada, por exemplo, em LINPACK. O algoritmo utilizado pela rotina svdcmp( ) é bastante estável e usa os conceitos de (i) redução Householder para a forma bidiagonal e (ii) diagonalização pelo processo QR com deslocamentos [32]. A rotina svdcmp( ) é usada com vários parâmetros de entrada. Concretamente, uma evocação desta rotina é feita da seguinte forma: svdcmp(a,K,M,∑,v) significando que, dada a matriz de entrada a com dimensões (K x M), a rotina svdcmp( ) calcula a sua decomposição SVD (A=U*∑*VH). Em termos de saidas pode dizer-se que a matriz U vai ficar na zona de memória antes atribuida ao parâmetro a, a matriz diagonal de valores singulares ∑ é «retornada» como um vector (parâmetro ∑) e a matriz V (não VH) é «retornada» no parâmetro v. Como já se disse atrás, quando K for menor que M deve preencher-se a matriz a com linhas de zeros até se obter uma matriz quadrada (M x M). A implementação da rotina svdcmp( ) encontra-se no ficheiro svdcmp.c. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 105 O fluxograma que descreve a obtenção da direcção de projecção procurada, no sentido de obter uma melhor visualização do EEG, é apresentado no ponto 10 do Apêndice 3. Sobre este fluxograma deve acrescentar-se que se fizeram algumas alterações de notação relativamente à teoria da SVD. As substituições que se fizeram são as seguintes: mp substituiu K; np substituiu M; W substituiu ∑. Daqui resultou que as matrizes A, U, V e W passam a ter as dimensões: A (mp x np), U (mp x np), V (np x np) e W (np x 1), onde np=7 porque se utilizaram 7 canais de EEG. TABELA 5.1 - Amplitude (uV) e latência (ms) dos ERPs P300 e N400 medidos na projecção do EEG sobre uma direcção obtida pela técnica da SVD. As primeiras 4 linhas da tabela servem para identificar de onde provém o EEG usado na obtenção da direcção de projecção e para identificar o EEG projectado sobre essa direcção. EEG usado na obtenção da direcção de projecção EEG projectado sobre a direcção obtida via SVD Experiência Orações Experiência Orações 1A V 1A V 1A V 1A F 1B V 1B V 1B V 1B F 2A V 2A V 2A V 2A F 2B V 2B V 2B V 2B F T300 272 278 278 280 292 285 248 285 P300 -1.5 -1.1 5.4 0.8 1.8 3.0 -2.5 -3.9 T400 398 395 378 390 382 388 335 375 N400 -10.6 -17.1 -3.2 -9.6 -6.7 -8.1 -14.0 -17.6 A projecção do EEG, representado pela matriz A, sobre a direcção obtida através da decomposição SVD, é feita calculando simplesmente o produto A*V. A matriz V deve conter na 1ª coluna a direcção de projecção e zeros nas outras colunas, ficando a projecção do EEG na 1ª coluna da matriz que alberga o produto A*V. Este processo é esquematizado no fluxograma que se apresenta no ponto 11 do Apêndice 3. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 106 TABELA 5.2 - Amplitude (uV) e latência (ms) dos ERPs P300 e N400 medidos na média dos 7 canais de EEG que foram projectados na direcção obtida pela técnica da SVD, e cujos resultados dessa projecção estão tabelados na Tabela 5.1. EEG médio dos 7 canais projectados na direcção Experiênci a Orações obtida através da SVD T300 P300 T400 N400 1A 1A 1B 1B 2A 2A 2B 2B V F V F V F V F 275 4.1 390 -2.4 272 0.0 390 -9.1 292 2.8 382 -4.8 288 3.4 385 -6.9 248 -1.6 332 -11.9 288 -3.0 378 -15.4 278 -0.8 400 -9.9 280 -0.4 395 -16.4 5.3.7 - Resultados Obtidos com a SVD Para obter a direcção de projecção, na técnica da SVD, utilizou-se na «construção» da matriz de dados A: o EEG médio par orações verdadeiras, todas as localizações disponíveis (7) e um segmento de EEG que em termos da temporização dos ensaios nas experiências, vai desde a apresentação do 3º segmento (S3) até 700ms após essa apresentação, ou seja, tem um comprimento de 280 valores. Calculou-se uma direcção de projecção para cada uma das experiências realizadas (1A, 1B, 2A, e 2B), dado que existem diferenças significativas entre estas experiências. Projectando a matriz constituida pelos 7 canais de EEG médio para orações verdadeiras e falsas, na direcção correspondente a essa experiência, pode observar-se o que acontece aos ERPs presentes no EEG quando se opera esta projecção. Na figura 16 apresentam-se, para efeitos comparativos, o sinal depois de projectado segundo a direcção obtida com a SVD e a média dos canais que se projectaram (1/7∑canal[i][ ], 0 ≤ i ≤ 6). Nesta figura, apresentam-se os sinais correspondentes às 4 experiências e para cada experiência podem observar-se sinais para os casos em que se usou EEG médio proveniente da apresentação de orações verdadeiras e falsas. A Tabela 5.1 contém os resultados da observação da amplitude e latência dos dois ERPs mais importantes (P300 e N400) em termos da análise do processamento semântico numa tarefa de verificação de orações, e na zona de mais interesse, ou seja, após a apresentação do 3º segmento das orações. Foi esta razão que levou à escolha do segmento de EEG utilizado no teste à funcionalide do método da SVD sobre uma matriz de dados constituida por sinal de várias localizações do escalpe. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados (a)-EXP. 1A (Orações V.) 107 (b)-EXP. 1A (Orações F.) (c)-EXP. 1B (Orações V.) (d)-EXP. 1B (Orações F.) (e)-EXP. 2A (Orações V.) (f)-EXP. 2A (Orações F.) (g)-EXP. 2B (Orações V.) (h)-EXP. 2B (Orações F.) Figura 16 - Comparação entre a projecção do EEG na direcção obtida pelo método da SVD (sinal desenhado a ponteado) e a média simples dos 7 canais de EEG usados no método da SVD (sinal desenhado a traço continuo). Os sinais representam o EEG médio adquirido em cada uma das experiências (1A, 1B, 2A E 2B) e para os dois tipos de orações (verdadeiras - V - e falsas - F). A marca S3 define o instante em que se apresenta o 3º segmento das orações. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 108 Na Tabela 5.2 estão disponíveis a amplitude e latência dos ERPs referidos, mas agora relativas à média dos sinais provenientes das 7 localizações que se projectaram na direcção obtida com a SVD. Verificou-se que para as experiências 1A e 1B não existe grande diferença entre os ERPs dos sinais resultantes da projecção na direcção obtida com a SVD e os ERPs da média dos 7 canais usados em cada projecção, quer em termos de amplitude, quer de latência de P300 e N400. Esta constatação baseia-se na análise das 4 colunas da esquerda nas Tabelas 5.1 e 5.2 e/ou na observação dos casos (a) a (d) da figura 16. No entanto, verifica-se que para a maioria dos casos a amplitude de P300 e N400 diminui ligeiramente no caso da projecção na direcção obtida com a SVD relativamente ao caso da média entre canais. Nas experiências 2A e 2B, observou-se uma diferença maior entre o sinal projectado e o sinal resultante da média dos canais, diferença esta que se reflecte na amplitude de P300 e N400. Também aqui, estas amplitudes são maiores no caso do sinal resultante da média entre canais. Quanto à diferença entre os casos de orações verdadeiras e falsas, importante no ERP N400, pôde verificar-se que também não existe uma diferença digna de registo entre os dois casos em comparação, como se pode ver na Tabela 6. Constatou-se que utilizando outro tamanho para o segmento de EEG aquando da obtenção da direcção de projecção segundo o método da SVD, não se obtêm resultados significativamente diferentes. O mesmo acontecendo quando se utiliza em vez do EEG médio para orações verdadeiras, o EEG médio para orações falsas, na obtenção dessa projecção. Ter reduzido a 1 a dimensionalidade do subespaço de projecção na técnica da SVD podia ter levado a que se perdesse grande quantidade de informação, mas o facto da forma da projecção se aproximar da forma do sinal que se obtém com média dos 7 canais usados, serve de argumento para rejeitar esta hipótese. A conclusão final resume-se a que não é viável a utilização do método da SVD, da forma experimentada, uma vez que não trás melhorias relativamente à média entre canais. CAPÍTULO 5 - Processamento dos Dados e Análise dos Resultados 109 TABELA 6 - Diferença entre a amplitude de N400 (uV) para orações verdadeiras e para orações falsas, no caso do sinal obtido pela projecção na direcção obtida com a técnica de SVD e no caso da média dos canais utilizados na projecção referida no caso anterior. Experiência 1A 1B 2A 2B SVD Média 6.5 6.5 6.4 6.7 1.4 2.1 3.6 3.5 CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 110 CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 6.1 - Introdução Neste capítulo vai tentar discriminar-se automaticamente a que classe pertencem as respostas corticais recolhidas durante os vários ensaios das experiências realizadas. As classes possíveis são duas, denominadas por V e F, em associação com o tipo das orações que representam: verdadeiras e falsas. Para que a classificação numa de duas classes seja possível, espera-se que os p parâmetros utilizados para caracterizar as classes, ocupem zonas p-dimensionais passíveis de ser separadas. Para garantir esta condição é desejável que as duas classes tenham dois grupos de parâmetros com médias tão distintas quanto possível e variâncias o menor possível em ambas as classes. A maneira como as classes são separadas e quais os parâmetros utilizar, constituem o método de classificação. No presente trabalho serão apresentados dois métodos de classificação: um elementar (ponto 6.2) e outro baseado no discriminante linear de Fisher (ponto 6.3). Em cada método apresenta-se a sua descrição, algumas notas necessárias sobre o algoritmo empregue na classificação, o desenho do sistema classificador e o repectivo teste. Para terminar, apresenta-se no ponto 6.4 uma comparação dos dois métodos referidos. 6.2 - Método de Classificação Elementar 6.2.1 - Fundamentos Básicos do Método A filosofia em que assenta este método de classificação resume-se a tentar discriminar as respostas corticais correspondentes à apresentação de orações verdadeiras, das respostas correspondentes a orações falsas, com base numa fórmula (ou parâmetro) que sintetize o conhecimento a priori sobre as diferenças entre as respostas para os dois tipos de orações. Deste modo, o número de parâmetros (p) utilizados para discriminar as duas classes é de apenas um e o processo de classificação resume-se a um processo unidimensional sintetizado na figura 17. Pode constatar-se desta figura que, se as médias das classes não estiverem suficientemente distantes uma da outra e/ou as variâncias não forem convenientemente baixas, surgem problemas na classificação CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 111 das respostas pertencentes às duas classes. Estes problemas traduzem-se obviamente em erros na classificação dessas respostas. Figura 17 - Distribuição desejada para o parâmetro usado na discriminação de duas classes e que resume o principio em que se baseia o Método Elementar. Uma vez que a zona de interesse dos potenciais cerebrais adquiridos ao longo dos ensaios, no que diz respeito à distinção entre os casos de orações verdadeiras e falsas, se situa após a apresentação do 3º segmento das orações, é sobre os ERPs que ocorrem nessa zona que interessa possuir conhecimento para englobar no parâmetro que vai permitir distinguir as duas classes. As componentes em causa (N200, P300, N400 e P500) e a informação pretendida foram referidas anteriormente quando se apresentou o processamento estatístico sobre os dados adquiridos nas experiências. Dado que a componente P500 se revelou mais irregular que as outras, foi posta de lado a sua utilização na classificação. Apresentam-se a seguir algumas das conclusões sobre a amplitude dos ERPs que serviram de base à obtenção do parâmetro discriminador das respostas corticais. A amplitude de N200 não depende significativamente, nem do valor lógico das orações, nem da forma como as orações são apresentadas, mas está dependente do colaborador utilizado. Por outro lado, verifica-se que a amplitude de N200 não é influenciada pelo factor tarefa a realizar segundo uma tendência definida. Relativamente à amplitude de P300 conclui-se que: é maior para orações falsas, sem que no entanto esta tendência atinja significado, depende moderadamente do colaborador utilizado nas experiências, é maior quando se apresentam as orações na forma NMS e varia com o tipo de tarefa exigida. CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 112 Para terminar, as conclusões tiradas sobre a amplitude de N400 resumem-se a que ela é maior para orações verdadeiras, sem atingir significado, depende do colaborador utilizado, é maior quando se apresentam as orações na forma NMS e quando não se exige uma resposta aberta sobre as orações apresentadas. Das conclusões sobre a variabilidade da amplitude dos ERPs com o tipo de orações, pensou-se utilizar um parâmetro discriminador em que entrasse o termo (P300 - N400). Para se confiar no parâmetro seleccionado foram testadas várias definições: Parâmetro 0 → [(P300 - N400) / (P300 - N200)] Parâmetro 1 → [(P300 - N400) /N400] Parâmetro 2 → [P300 - N400] Parâmetro 3 → [N400] O Parâmetro 0 surgiu da ideia de utilização do termo (P300 - N400) e de conclusões tiradas da observação dos ERPs médios, que permitiram concluir que em média o quociente entre as diferenças do «vale» N400 para o pico P300 e do «vale» N200 para o mesmo pico (o Parâmetro 0) era relativamente estável para os vários casos e maior para orações falsas. O Parâmetro 1 partiu do termo referido e a utilização no denominador da amplitude de N400 teve como objectivo dar mais consistência teórica ao parâmetro discriminador. Esclarecendo melhor, pode dizer-se que no Parâmetro 0 se usa um denominador (P300 - N400), que não tem a tendência teórica mais recomendável, dadas as conclusões retiradas da análise estatística. Para tentar superar este facto substituiu-se este denominador por N400, já que esta amplitude ao ser menor para orações falsas, ainda reforçaria mais o termo (P300 -N400) que é maior para orações falsas. O Parâmetro 2, que utiliza apenas o termo base referido, apareceu com o intuito de que com ele se obtivesse uma maior diferença entre a média do parâmetro discriminador para os dois tipos de orações. Isto por que neste caso o termo (P300 - N400) já não é dividido por outro termo que, na maioria dos casos, é bastante maior que 1. O Parâmetro 3 apenas inclui na definição do parâmetro discriminador a amplitude de N400, por ser esta a maior certeza quanto à diferença entre as respostas corticais correspondentes a orações verdadeiras e falsas. CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 113 6.2.2 - Algumas Nuances Incorporadas no Método Elementar Como já foi referido, foram testadas 4 hipóteses para o parâmetro que permite discriminar a que classe pertencem as respostas corticais. Uma segunda opção incorporada neste método consistiu na possibilidade de se usarem vários canais para cada resposta e decidir da atribuição da resposta cortical a uma das classes de acordo com a moda das decisões para o conjunto de canais seleccionados. Com esta variante convém utilizar um nível de decisão diferente para cada canal, no sentido de optimizar a classificação. A ideia da utilização de vários canais tem obviamente a ver com a tentativa de redução dos erros de classificação que ocorrem quando se usa só um canal, através de uma decisão que recorre a uma medida de localização (moda). Refira-se que a classificação vai incidir sobre respostas em bruto, ou seja, sem que se tenha operado sobre elas uma eliminação do ruído, por exemplo calculando as respostas médias. Deste modo, as respostas a classificar têm uma forma desfavorável à classificação, pois possuem uma RSR muito baixa. Com o intuito de tentar melhorar a RSR optou-se por 2 processos: o alisamento dos sinais e o cálculo da média dos sinais provenientes das várias localizações. Quanto ao alisamento das respostas corticais, pode dizer-se que que isso significou uma passagem através dum filtro passa baixo. A resposta impulsional desse filtro é bastante simples, hf[n] = (δ[n-3] + 2*δ[n-2] + 3*δ[n-1] + 4*δ[n] + 3*δ[n+1] + 2*δ[n+2] + δ[n+3]) / 16 e em termos gráficos toma a forma que se apresenta na figura 18. Relativamente à obtenção do nível de decisão que vai indicar, através do parâmetro discriminador, a que classe pertencem as respostas corticais, experimentaram-se dois métodos. No 1º método, chamemos-lhe Método 1, o nível de decisão é obtido pela média dos níveis de decisão obtidos para cada uma das respostas em bruto. No 2º método, Método 2, o nível de decisão é calculado a partir das respostas médias para orações verdadeiras e falsas. De referir que em ambos os métodos o nível de decisão é obtido depois de se calcular a média do parâmetro discriminador para os dois tipos de orações, sendo o nível de decisão o ponto médio entre as duas médias do referido parâmetro. Utiliza-se o ponto médio para o nível de decisão, porque não há a priori nenhuma razão para se considerar que este parâmetro tenha distribuições com variância diferente nos dois tipos de orações. CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 114 hf[n] 4 3 3 2 2 1 ... 0 0 -5 -4 -3 1 -2 -1 0 1 2 3 0 0 4 5 ... n Figura 18 - Resposta impulsional do filtro utilizado para alisar as respostas corticais tendo em vista melhorar a sua classificação. Todas estas variantes estão incorporadas no fluxograma que se inclui no ponto 12 do Apêndice 3, o qual representa um sumário do "algoritmo" utilizado pelo Método Elementar em discussão. Refirase que este fluxograma descreve o «desenho» e o teste do sistema classificador e que os resultados da classificação são guardados num ficheiro sob a forma de uma matriz, em que uma dimensão é o canal, a outra a ordem da resposta cortical em classificação. Os valores dessa matriz são os valores do parâmetro discriminador e a classe atribuida a esse caso (canal ; ordem da resposta). Neste ficheiro incorpora-se ainda, para cada resposta cortical, as modas do parâmetro citado e da classificação calculada sobre os vários canais e, para cada canal, as médias do mesmo parâmetro calculadas sobre as respostas do mesmo tipo (V, F). Estas duas informações adicionais são utilizadas na análise da classificação (a 1ª) e no desenho do sistema classificador (a 2ª). 6.2.3 - Resultados Preliminares ao Desenho do Classificador Comparando os resultados da classificação operada sobre um número razoável de casos, constatou-se que a utilização do Parâmetro 0 para parâmetro discriminador dá melhores resultados que usar os parâmetros 1 ou 2. A explicação para o falhanço do Parâmetro 2 deve-se à grande variabilidade das amplitudes dos ERPs P300 e N400 nas respostas corticais em bruto O que se acabou de dizer implicou que, para a escolha do melhor parâmetro discriminador, restava comparar os resultados da classificação quando se usassem os parâmetros 0 e 3. Estes CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 115 resultados comparativos são apresentados na Tabela 7. Para obter esta tabela utilizaram-se dados provenientes das experiências 1A e 1B e usou-se apenas um canal que continha a média dos 7 canais disponíveis. TABELA 7 - Resultados (em percentagem) da classificação das respostas corticais adquiridas nas experiências 1A e 1B, quando se usam os parâmetros 0 e 3 para parâmetro discriminador. Experiência 1A C1E1 C2E1 Parâmetro 0 Parâmetro 1 56.6 (34/60) 56.6 (34/60) 58.3 (35/60) 58.3 (35/60) Experiência 1B C1E1 C2E1 56.6 (34/60) 56.6 (34/60) 53.3 (32/60) 56.6 (34/60) Como se vê facilmente da análise da Tabela 7, não existem praticamente diferenças no sucesso da classificação quando se usam os parâmetros 0 ou 3, razão pela qual se teve que optar por uma delas. A escolha recaiu no Parâmetro 0. Classificando as mesmas respostas corticais com um número variável de canais, chegou-se à conclusão de que usar os 7 canais apresenta vantagens sobre a utilização de apenas 5 (exclusão de O2 e O1) e que, a classificação com 7 canais dá praticamente os mesmos resultados que um dos melhores canais (Cz, Fz ou Pz). Operando assim apenas sobre um canal resultantante da média dos 7 canais, depois de se verificar que classificando com a média dos 7 canais os resultados eram melhores do que com um canal em bruto, decidiu usar-se na classificação posterior a média das respostas recolhidas nas 7 localizações usadas. Alisar as respostas mostrou-se vantajoso para o sucesso da classificação, razão pela qual se utilizou neste método o filtro passa baixo referido no ponto anterior. A comparação dos 2 métodos de obtenção do nível de decisão utilizado na classificação dos dados adquiridos nas experiências 1A e 1B está sumariada na Tabela 8. A análise desta tabela revela que obter o nível de decisão através da média dos níveis de decisão para as várias respostas em bruto (Método 1), apresenta alguma vantagem relativamente ao Método 2 quanto à percentagem de sucesso na classificação. CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 116 TABELA 8 - Resultados (em percentagem) da classificação das respostas corticais recolhidas nas experiências 1A e 1B, utilizando os Métodos 1 e 2 para obter o nível de decisão. Experiência 1A C1E1 C2E1 Método 1 Método 2 60.0 (36/60) 60.0 (36/60) 63.3 (38/60) 55.0 (33/60) Experiência 1B C1E1 C2E1 53.3 (32/60) 55.0 (33760) 50.0 (30/60) 45.0 (27/60) 6.2.4 - Desenho do Classificador Elementar Nesta fase do processo de classificação o que se pretende é «desenhar» o classificador, ou seja, obter os parâmetros necessários à classificação das respostas oriundas de uma dada experiência e de um certo colaborador, com o maior sucesso possível. Esta fase, a de desenho do classificador, caracteriza-se por se classificarem as mesmas respostas que se usaram para obter os níveis de decisão que são utilizados na classificação. Como as amplitudes dos ERPs N220, P300 e N400, incluidas no parâmetro discriminador utilizado, variam com o colaborador, a forma de apresentação das orações e a tarefa exigida, tem que se fazer uma classificação separada para cada uma das experiências (1A, 1B, 2A, 2B) e para cada um dos colaboradores (C1E1, C2E1, C1E2, C2E2). Para se conseguirem as amplitudes destes ERPs usaram-se intervalos baseados nos valores médios das suas latências, os quais foram apresentados nas Tabelas 2.1.2, 2.2.2, 2.3.2 e 3.2. Estes intervalos são definidos pelo seu início (tmin) e duração (dt) na Tabela 9, para cada experiência , colaborador e ERP. No desenho do classificador fez-se um alisamento das respostas corticais, usaram-se respostas em bruto (antes do alisamento), para cada ensaio usou-se apenas uma resposta resultante da média das respostas provenientes das 7 localizações, o parâmetro discriminador usado foi o Parâmetro 0 e recorreu-se ao Método 1 para determinar o nível de decisão. Para se evitarem erros elevados quando se calcula o nível de decisão, eliminaram-se desse cálculo os valores extremos do referido parâmetro. Assim, rejeitam-se os valores que saiam fora do intervalo [0.3 ; 2.0] no caso de orações verdadeiras e fora do intervalo [0.3 ; 3.0] em orações falsas. Os níveis de decisão usados na classificação encontram-se na tabela 10. CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 117 TABELA 9 - Valores (em milisegundos) utilizados para definir os intervalos onde se calcularam as amplitudes de N200, P300 e N400, para as várias experiências e colaboradores. Parâmetro (ms) T200(min) dT200 T300(min) dT300 T400(min) dT400 Experiência 1A C1E1 C2E1 140 100 200 120 350 110 140 100 200 120 350 90 Experiência 1B C1E1 C2E1 110 100 230 90 330 130 120 100 230 90 330 110 Experiência 2A C1E2 C2E2 150 110 240 100 320 100 160 100 260 90 340 100 Experiência 2B C1E2 C2E2 150 100 210 110 300 120 160 110 220 120 320 120 TABELA 10 - Valores médios do nível de decisão utilizados durante o «desenho» do sistema classificador, em cada experiência e com cada colaborador. Experiência 1A Experiência 1B Experiência 2A Experiência 2B C1E1 C2E1 1.186 1.013 __________ __________ 1.102 1.144 __________ __________ C1E2 __________ __________ C2E2 __________ __________ 1.104 1.369 1.253 1.236 Apresentam-se na tabela 11 os resultados da classificação das respostas corticais, obtidos na fase de desenho do Classificador Elementar. Como se pode constatar da análise da Tabela 11, a percentagem de respostas classificadas com sucesso durante a fase de desenho do Classificador Elementar variou de 48.3% a 60%, o que é nitidamente mau. Este resultado deve-se ao facto de as respostas apresentarem uma grande variabilidade de caso para caso o que, torna qualquer busca de uma tendência fixa nas amplitudes dos ERPs infrutífera. Também não se pode falar da existência de sucessos de classificação significativamente diferentes de colaborador para colaborador, ou de uma experiência para a outra. TABELA 11 - Resultados (em percentagem) da classificação das resposts corticais, correspondentes à fase de «desenho» do sistema classificador. Experiência 1A Experiência 1B Experiência 2A Experiência 2B C1E1 C2E1 56.6 (34/60) 56.6 (34/60) __________ __________ 58.3 (35/60) 53.3 (32/60) __________ __________ C1E2 __________ __________ C2E2 __________ __________ 60.0 (36/60) 52.2 (47/90) 48.3 (29/60) 56.6 (34/60) CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 118 6.2.5 - Teste do Classificador Elementar A fase de teste do classificador tem como objectivo observar o comportamento deste sistema perante a tentativa de classificar respostas corticais não utilizadas aquando do desenho do classificador. Este comportamento, que se deseja positivo, é importante pois permite concluir se o sistema está bem dimensionado, ou se apenas apresenta uma espécie de optimização para os casos que se usaram no seu desenho, falhando completamente nos casos restantes. O processo de classificação é em tudo análogo ao que se usou na fase de desenho, exepto que enquanto que na fase de desenho se usava na classificação de um conjunto de respostas um nível de decisão obtido com essas respostas, no teste do sistema utiliza-se na classificação de um conjunto de respostas um nível de decisão obtido com outro conjunto de respostas pertencente ao mesmo colaborador e experiência. Também aqui se usou alisamento das respostas corticais, uma única resposta por ensaio e resultante da média das respostas das 7 localizações usadas e o mesmo parâmetro discriminador. A Tabela 12 contém os resultados da fase de teste do sistema classificador. Pode verificar-se, como seria de esperar depois dos resultados da fase de desenho, que os resultados da classificação não são bons, variando a percentagem de respostas correctamente classificadas entre 46.6% e 60%. Comparando estes valores com os da Tabela 11 conclui-se, como era esperado, que a percentagem de respostas classificadas correctamente na sessão de teste é menor ou igual que na fase de desenho. Há uma exepção para a experiência 1A e colaborador C1E1, em que o sucesso é maior na fase de teste, o que não deixa de ser estranho. Para terminar, fez-se uma classificação das respostas médias para cada colaborador e experiência. O objectivo é ter uma ideia de como é que o classificador responde perante respostas corticais mais bem «comportadas», como é o caso das respostas obtidas através da média de um número razoável de respostas do mesmo tipo (V ou F). Deste modo, as respostas já apresentam uma RSR favorável e os ERPs estão bem definidos. A classificação das duas respostas médias, para os vários colaboradores e experiências, utilizou o nível de decisão obtido com as respostas com que se calcularam essas respostas médias. Os resultados desta classificação estão descritos na Tabela 13, confirmando que mesmo com as repostas médias a classificação falha na experiência 1A com o colaborador C1E2 e na experiência 2B com ambos os colaboradores. No caso da experiência 2B, onde se exige uma resposta aberta sobre as CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 119 orações apresentadas, o parâmetro discriminador apresenta uma tendência oposta à que se considerou, ou seja, é maior para orações verdadeiras. A explicação pode estar nas diferenças das amplitudes dos ERPs qundo se exige uma resposta aberta (exp. 2B), relativamente aos casos em que não se exige qualquer tipo de resposta (outras experiências). De acordo com este resultado, na experiência 2B deveria trocar-se a atribuição das respostas às classes, obtendo assim em termos de ERPs médios um sucesso a 100%. TABELA 12 - Resultados (em percentagem) da classificação das resposts corticais, obtidos durante a sessão de teste do sistema classificador. Experiência 1A Experiência 1B Experiência 2A Experiência 2B C1E1 C2E1 60.0 (36/60) 46.6 (28/60) __________ __________ 58.3 (35/60) 50.0 (30/60) __________ __________ C1E2 __________ __________ C2E2 __________ __________ 56.6 (34/60) 52.2 (47/90) 46.6 (28/60) 56.6 (34/60) TABELA 13 - Resultados da classificação das respostas corticais médias para orações verdadeiras e falsas, em cada experiência e para cada colaborador. Experiência 1A Experiência 1B Experiência 2A Experiência 2B C1E1 C2E1 VeF VeF __________ __________ V ou F VeF __________ __________ C1E2 __________ __________ C2E2 __________ __________ VeF ------ VeF ------ Conclui-se que o Método Elementar, sem apresentar mau dimensionamento durante a fase de teste, não se mostrou interessante em termos de sucesso na classificação. No entanto, este insucesso deve-se, entre outras razões, à grande variabilidade dos sinais, à baixa RSR desses sinais, ao mau comportamento por parte dos colaboradores perante algumas orações, à má selecção de certas orações, à utilização de apenas um parâmetro, ao baixo número de respostas disponíveis, etc. CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 120 6.3 - Método de Classificação Baseado no Discriminante Linear de Fisher 6.3.1 - Introdução ao Método de Fisher Um processo de reconhecimento de padrões acarreta sempre uma redução da dimensionalidade do espaço original. Este facto é denominado por extracção dos parâmetros relevantes para a definição do objecto em causa, no sentido de poder classificá-lo numa de entre várias categorias possíveis. Estes parâmetros deverão ainda permitir a obtenção de uma forma de decisão a usar na classificação, de modo a que esta se faça com um erro mínimo. Quando os parâmetros a extrair variam em torno de um certo valor é necessário fazer uma abordagem estatística da questão, que se pode passar a definir como sendo a extracção de algo envolvido em ruído. A solução para o facto de na maior parte dos casos não se possuir grande informação a priori sobre as caracteristicas estatísticas dos parâmetros, consiste em analisar muitos casos para obter as estimativas dessas caracteristicas. Esta análise toma a dimensionalide do número de parâmetros usados. Por esta razão, tem interesse estudar métodos que, tal como o discriminante linear de Fisher, permitam reduzir a dimensionalidade referida. A teoria da decisão de Bayes vai aqui ser exposta com o objectivo de se tentar obter o discriminante óptimo [33,34]. Admite-se que existem I classes wi às quais os objectos podem ser atribuidos, com i a poder tomar os valores de 1 a I e no caso presente I toma o valor 2. A probabilidade a priori de um objecto pertencer a uma classe wi (i =1,2) designa-se por P(wi), para qualquer classe wi deve ter-se P(wi)>0 e no conjunto de classes deve verificar-se que ∑i[P(wi)]=1, com i a variar de 1 a I. Vai supôr-se que os objectos são definidos por n parâmetros, onde cada um corresponde a uma realização de uma variável aleatória xj, com j a variar de 1 a n. Por exemplo, se x for o vector de parâmetros, então ele será um vector aleatório de n componentes: x = [x1 x2 ... xn]T. A função densidade de probabilidade condicional de estado é designada por p( x |wi), com i a variar de 1 até I. CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 121 A expressão seguinte, retirada da regra de Bayes, indica como a observação de x altera a probabilidade a priori P(wi) para a probabilidade a posteriori P(wi| x ): P(w| x) = p(x|wi) * P(wi) p(x) [eq.20] onde p( x ) é dada por I p(x) = ∑ p(x|wj) * P(wj) . j =1 [eq.21] Perante um vector observação x toma-se a decisão αi, o que equivale a atribuir o objecto correspondente à observação x à classe wi. Definindo a função λ(αi|wj), que é a função de custo que corresponde a atribuir à classe wi um objecto pertencente à classe wj, o valor esperado do custo/risco de que perante uma observação x se tome a decisão αi é dado por: I R(α i| x) = ∑ λ (α i| Wj) * P(wj| x) , com i = 1, ..., I j=1 [eq.22] onde a R(αi| x ) se dá o nome de risco condicional. A decisão de Bayes consiste em escolher a decisão αi de modo a ter R(αi| x ) < R(αj| x ) para qualquer i ≠ j. Esta decisão é optima no sentido de ser a decisão que apresenta maior probabilidade de sucesso. Optando por uma função de custo «simétrica» com a forma seguinte: {10 <=<=sese ii=≠ jj λ(αi|wj) = [eq.23] o custo, ou probabilidade média de erro, é dado por R(αi| x ) = 1 - P(wi| x ) [eq.24] CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 122 Assim, para minimizar o custo deve maximizar-se P(wi| x ), o que equivale a dizer que para se obter o erro mínimo deve tomar-se a decisão αi quando P(wi| x ) > P(wj| x ) (com i ≠ j). Em vez de P(wi| x ) pode utilizar-se qualquer função f(P(wi| x )) que seja monótona crescente. Por exemplo, a função g i’ (x) = log P(wi| x) serve para a obtenção do custo mínimo. Desenvolvendo esta função em parcelas mais simples obtém-se a função g i (x), g i (x) = log p(x|wi) + log P(wi) [eq.25] sendo esta função válida para função discriminante. Os valores de x que resolvem a equação g1( x ) = g2( x ) definem a fronteira de decisão entre as duas classes. Impondo as limitações de (a) p( x |wi) ser uma densidade normal multivariável e de (b) as matrizes de covariância das 2 classes serem idênticas (∑1 = ∑2 = ∑), obtém-se: p( x |wi) = (2 π) 1 n2 *Σ 1 2 2 * e− ri 2 [eq.26] ou sinteticamente p( x |wi) ∼ N( μ i , Σ ) em que μ i designa o vector médio de dimensão n e Σ a matriz de covariância (n x n), dados por: μ i = E[ x |wi], com i = 1,2 [eq.27.1] T Σ i = Σ = E[( x |wi- μ i )* (x| w i − μ i ) ], com i = 1,2 [eq.27.2] Na equação 26, |Σ| significa o determinante da matriz Σ e r i 2 é o quadrado da distância de Mahalanobis (ver referência [33] página 104): r i 2 = (x − μ i )T * Σ −1 * (x − μ i ) [eq.28] CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 123 Numa distribuição como a que se definiu na equação 26, os pontos de densidade de probabilidade constante encontram-se em hiperelipsóides definidos por ri constante, ou seja, hiperelipsóides em que a distância de Mahalanobis de x a μ i é constante. Substituindo p( x |wi) da equação 25 pela expressão apresentada na equação 26 obtém-se para a função discriminante, desprezando os termos independentes de i, a seguinte expressão: g i (x) = w i T * x + w io [eq.29] em que wi = Σ −1 * μ i [eq.30.1] e 1 T w io = − * μ i * Σ −1 * μ i + log P(wi) 2 [eq.30.2] Pode concluir-se da equação 29 que a função discriminante é linear e a fronteira de decisão é o hiperplano definido pela seguinte equação: w T * (x − x o) = 0 [eq.31] em que w = Σ −1 * ( μ 1 − μ 2 ) [eq.32.1] e x0 = 1 log(P(w1) P(w2)) *( μ 1 − μ 2 ) *( μ 1 + μ 2 ) − 2 ( μ 1 − μ 2 ) T * Σ −1 * ( μ 1 − μ 2 ) [eq.32.2] CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 124 6.3.2 - A Teoria do Método de Fisher Para a explanação do método de Fisher utiliza-se um conjunto de k amostras, sendo cada uma definida por um vector de parâmetros com dimensão n, x1, x 2 , ..., x k . Parte-se do principio de que k1 destas amostras pertencem à classe w1 e que k2 pertencem à classe w2. As amostras pertencentes à classe w1 são definidas por um vector x ∈ ao subconjunto X1 e as que pertencem a w2 por um vector x ∈ ao subconjunto X2. Uma forma de simplificar a análise deste método consiste em projectar os vários vectores de parâmetros x i na direcção de um certo vector W , com || W ||=1, de modo a obter as projecções yi: yi = W T * x i [eq.33] (a) (b) Figura 19 - Exemplo bidimensional (n=2) dos resultados obtidos pela projecção das amostras de 2 classes em 2 direcções W . No caso (a) a possibilidade de separação das 2 classes é bem maior que no caso (b). Tal como para as amostras x i , as projecções yi pertencerão a um dos subespaços Y1 ou Y2 conforme as respectivas amostras pertencerem a X1 ou X2. CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 125 A direcção de W , contrariamente à sua amplitude, é fundamental para a separação dos subconjuntos Y1 e Y2. Uma direcção de projecção W inadequada produz uma sobreposição do espaço ocupado por Y1 e Y2, como pode ser observado na situação (b) da figura 19. O que se pretende com o método de Fisher é obter a direcção W que, com base num critério, resulte na melhor separação de Y1 e Y2. Para cada uma das classes wi as médias e as dispersões da projecção das ki amostras são definidas pelas seguintes expressões: 1 • mi = * ∑ y ki y ∈ Yi 2 • Si = O termo ∑ (y - m i ) y ∈ Yi [eq.34.1] 2 [eq.34.2] 1 2 2 (S1 + S2 ) constitui uma estimativa da variância das k amostras e ao termo k 2 2 (S1 + S2 ) chama-se dispersão dentro da classe das projecções das amostras. O discriminante linear de Fisher é a função linear W T * x para a qual é máxima a seguinte função critério: 2 | − | J(W) = m1 m 2 2 2 S1 + S2 [eq.35] Apresentam-se de seguida as definições da matriz de dispersão Si, matriz de dispersão dentro da classe SD e matriz de dispersão entre classes SE, com o objectivo de obter a função critério explicitamente em termos da direcção de projecção W : (1) • Si = ∑ (x − m i ) * (x − m i )T x em que [eq.36] CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais mi = 1 * ∑x ki x ∈ Xi 126 [eq.37] e da equação 34.1 obtém-se, substituindo y por W T * x , para valor de m i : T mi = W * m i [eq.38] logo o termo | m1 − m 2 | contido no numerador da função critério pode escrever-se: | m1 − m 2 | = | W T * ( m1 - m 2 )| [eq.39] (2) • A matriz dispersão dentro da classe SD que, é proporcional à matriz de covariância das amostras, simétrica, positiva semidefinida e é não singular se k<n, define-se por: SD = S1 + S2 [eq.40] 2 obtém-se para a dispersão da projecção da classe wi ( Si ), substituindo na equação 34.2 y por W T * x e m i por W T * m i , a seguinte expressão: 2 T Si = W * Si * W [eq.41] logo o denominador da função critério escreve-se: 2 2 T S1 + S2 = W * SD * W [eq.42] (3) • A matriz de dispersão entre classes SE que, é simétrica, positiva semidefinida, singular e tendo ordem máxima 1 por ser um produto externo de 2 vectores, é definida por: SE = ( m1 − m 2 ) * ( m1 − m 2 )T [eq.43] CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 127 de onde se pode obter para o numerador da função critério, partindo da equação 38, a seguinte igualdade: ( m1 − m 2 )2 = W T * SE * W [eq.44] Conclui-se ainda que SE * W possui a mesma direcção do termo ( m1 − m 2 ) , qualquer que seja a direcção de projecção W . A partir das equações 42 e 44 pode redefinir-se a função critério J( W ) em termos de W e que normalmente se designa por quociente de Rayleigh generalizado: T*S * W E J(W) = W T W * SD * W [eq.45] Demonstrou-se que a direcção W que maximiza a função critério J deve satisfazer a próxima igualdade, representando esta igualdade um problema de valores próprios generalizado: SE * W = λ * SD * W [eq.46] Se a matriz SD for não singular obtém-se uma igualdade que traduz um problema de valores próprios convencional: SD −1 * SE * W = λ * W [eq.47] Como SE * W tem a direcção de ( m1 − m 2 ) e dado que um factor de escala é irrelevante, pode reescrever-se a equação anterior doutra forma: W = SD-1 *( m1 − m 2 ) [eq.48] Obteve-se deste modo o discriminador linear de Fisher, que consiste numa função linear que máximiza o quociente entre a dispersão entre classes e a dispersão dentro da classe. Por outro lado, reduziu-se um problema a n dimensões a um problema unidimensional. CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 128 Figura 20 - Esquematização da obtenção da fronteira de decisão óptima ( W ⊥ ), no caso bidimensional (n=2), onde m1 e m 2 são as médias das classes w1 e w2 e W é a direcção de projecção. Para terminar a exposição do método de Fisher, resumem-se aqui as condições necessárias para se obter um discriminador óptimo em conformidade com a teoria de decisão de Bayes: (i). as amostras utilizadas representam a realização de um vector aleatório, em que as densidades de probabilidade condicional p(x| wi) seguem uma distribuição normal, e onde as matrizes de covariância são idênticas, ou seja, Σ1 = Σ 2 = Σ ; (ii). se se utilizarem a média e a variância amostrais para estimativas de μ i e Σ i , respectivamente; (iii). se se admitir que as probabilidades a priori das 2 classes são iguais, ou seja, P(w1) = P(w2). Obedecendo a estas condições, a linha perpendicular a W e equidistante das médias das projecções das 2 classes, é a fronteira de decisão óptima segundo a teoria de decisão de Bayes. Na figura 20 apresenta-se uma ilustração, para o caso bidimensional, da obtenção da fronteira de decisão óptima ( W ⊥ ). 6.3.3 - Implementação do Classificador Baseado no Discriminante Linear de Fisher Após a exposição de toda a teoria essencial à obtenção de uma direcção de projecção W e uma fronteira de decisão óptima ( W ⊥ ) que, permitirão separar duas classes w1 e w2, vão descrever-se CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 129 os passos mais importantes no desenvolvimento de um classificador que assente nesta teoria. Este processo foi dividido em 3 fases: (i). obtenção dos objectos/amostras que representam as respostas corticais e que vão ser utilizados na definição da direcção W e da fronteira W ⊥ ; (ii). cálculo da direcção de projecção e da fronteira de decisão óptima; (iii). classificação dos objectos dadas a direcção e a fronteira obtidas anteriormente. Na primeira fase tem interesse descrever a estrutura dos objectos/amostras a classificar. Pode dizer-se que cada objecto consistirá num vector com n parâmetros. Estes parâmetros conterão a informação mais relevante para a identificação das respostas corticais como pertencentes a uma das 2 classes possíveis (V ou F). A solução utilizada para definir os objectos, visto que usar n amostras consecutivas de cada sinal seria ilógico, foi pegar nas caracteristicas julgadas essenciais na caracterização das respostas corticais e traduzi-las nos n parâmetros. Deste modo, definiram-se objectos com 7 parâmetros caracteristicos, representando informação sobre os potênciais cerebrais na zona após a apresentação do 3º segmento das orações. Utilizando o conhecimento a priori sobre estes potenciais, por exemplo o que se apresentou no ponto 6.2.1, chegou-se à seguinte lista de parâmetros constituintes dos objectos/amostras a classificar: (1) • amplitude do ERP N200 (N200); (2) • amplitude do ERP P300 (P300); (3) • amplitude do ERP N400 (N400); (4) • latência do ERP N400 (t400); (5) • declive médio na zona que vai de N200 até P300 (dpos), definida pela seguinte expressão: dPos = (P300 - N200) / (t300 - t200); (6) • declive médio na zona que vai de P300 até N400 (dNeg), definida pela seguinte expressão: dNeg = (N400 - P300) / (t400 - t300); (7) • largura a meia altura do pico onde se define P300 (lb_meio), sendo a altura definida na parte descendente, como se constata a seguir: lb_meio = tB - tA; tA ≡ latência entre N200 e P300 onde o sinal toma o valor [(P300+N400)/2]; tB ≡ latência entre P300 e N400 onde o sinal toma o valor [(P300+N400)/2]. CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 130 Os intervalos utilizados para determinar as posições dos picos que caracterizam os ERPs N200, P300 e N400 são definidos a partir dos valores apresentados na Tabela 9. Na segunda fase do processo em discussão vão determinar-se, dados os objectos/amostras desejados e com a estrutura definida anteriormente, a direcção de projecção W e a fronteira de decisão W ⊥ . Para se obter a direcção W utiliza-se a equação 48, de onde se conclui que os passos a seguir são: cálculo das médias amostrais ( m1 e m 2 ) e obter a inversa da matriz de covariância dentro da classse ( SD −1). Para se obter SD recorre-se à equação 40, que indica que é necessário calcular as matrizes de covariância amostral para as 2 classes (S1 e S2). Estando na posse de SD , o cálculo da sua inversa é o próximo passo, exigindo que se verifique primeiro se ela é não singular, pois só neste caso é que existe inversa. De entre as várias formas possíveis para calcular a inversa de SD , utilizouse um método menos usual mas que, além de testar simultaneamente se a matriz SD é não singular, utiliza um algoritmo já apresentado anteriormente na decomposição SVD duma matriz. Apresenta-se aqui, como curiosidade, a demonstração deste método de obtenção da inversa de uma matriz (neste caso SD ). Do teorema da SVD, expresso na equação 14, tem-se: SD = U * ∑ * VT logo a inversa de SD pode escrever-se como SD −1 = (U * Σ * V T )−1 [eq.49] Dado que existe um teorema que formula a inversa dum produto de matrizes no «produto comutado» das inversas dessas matrizes (teorema 6, páginas 196 e 197 da referência [35] ), ou seja: (X * Y) −1 = Y −1 * X −1 pode deste modo escrever-se a equação 49 desta forma: [eq.50] CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 131 SD −1 = ((U * Σ ) * V T ) −1 = ( V T )−1 * (U * Σ )−1 = ( V T )−1 * Σ −1 * U −1 [eq.51] Como as matrizes U e V são unitárias, a sua inversa é igual à sua hermitica, tem-se: V H = V −1 U H = U −1 e porque no presente trabalho os valores contidos nas matrizes U e V são reais resulta que: V -1 = V T U -1 = U T eq.52.1 eq.52. 2 Das equações 51 e 52 resulta a expressão da inversa de SD : SD −1 = ( V -1)−1 * Σ −1 * U T = V * Σ −1 * U T [eq.53] em que a inversa de Σ ( Σ −1 ) é calculada invertendo apenas os valores da sua diagonal, porque como Σ = diagonal(σ1, σ2, ... , σn) vem que σ −1 = diagonal(1/σ1, 1/σ2, ... , 1/σn). Conclui-se da equação 53 que o grosso do trabalho do cálculo da inversa, e simultaneamente do teste à existência de inversa, é feito pelo algoritmo da SVD. O resto resume-se a um quociente de uma matriz (n x n) por um escalar e um produto de duas matrizes (n x n). A verificação da singularidade da matriz SD , consiste apenas em verificar se algum dos elementos da diagonal de Σ é nulo; se algum destes elementos for nulo, SD não tem inversa. Apresentam-se nos pontos 13 e 14 do Apêndice 3 os fluxogramas resumidos do programa que controla a obtenção da direcção de projecção e da fronteira de decisão óptima e da rotina que calcula a direcção W pelo método de Fisher. A implementação em C destes fluxogramas é feita nos ficheiros fisher.c e fisher1.c. Na terceira fase do desenvolvimento do classificador processa-se a classificação de objectos/amostras com a forma apresentada na 1ª fase e através do discriminador obtido na 2ª fase. CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 132 Como o método de Fisher reduziu a dimensionalidade do problema a 1, a fronteira de decisão é definida apenas por um ponto sobre a recta definida por W (ponto D na figura 20). A decisão sobre a classe a que pertence um objecto x a classificar, inicia-se com a projecção deste objecto sobre a direcção W , obtendo-se um ponto sobre esta direcção caracterizado pela norma do vector associado a esse ponto (norma_x). O 2º e último passo da classificação consta da decisão propriamente dita. Esta decisão toma em atenção dois factos, resultando em quatro alternativas, que se podem traduzir por: - observar se a projecção do objecto x a classificar (norma_x) é maior ou menor que a intercepção da fronteira de decisão com a direcção W (ponto D, caracterizado pela norma do vector associado - norma); - saber qual das 2 classes (w1 e w2) tem uma projecção da média com uma norma associada maior, se a 1ª (norma1) ou a 2ª (norma2). Com estes dois dados chega-se univocamente à atribuição do objecto a uma das classes, o que constitui o objectivo final deste processo. No fluxograma que se inclui no ponto 15 do Apêndice 3 apresenta-se um resumo do programa que controla a classificação dos objectos/amostras numa de 2 classes, pelo método do discriminante linear de Fisher. 6.3.4 - Resultados Preliminares ao Desenho do Classificador de Fisher Com o objectivo de optimizar a classificação das respostas corticais, fez-se uma abordagem preliminar de alguns aspectos relacionados com a forma como se usam estas repostas na obtenção da decisão final sobre a classe a atribuir. O primeiro aspecto abordado tinha como finalidade verificar a influência do tipo de objectos utilizados para obter a direcção de projecção W . Para este efeito, compararam-se duas alternativas à forma de obter W : obtenção de W com base em objectos correpondentes a respostas corticais em bruto (Método 1) e obter W à custa de objectos correpondentes a respostas corticais médias (Método 2). Os resultados desta abordagem, para as experiências 1A e 1B, estão presentes na Tabela 14. De referir que se utilizaram as respostas adquiridas nas 7 localizações acessíveis e se aplicou alisamento sobre essas respostas. Os resultados da Tabela 14 revelam que para qualquer experiência e colaborador testados, utilizar para obter a direcção de projecção W , todos os objectos possíveis e em bruto (Método 1), conduz a um sucesso de classifcação bastante melhor do que quando se usam os objectos médios para os 2 CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 133 tipos de classes (Método 2). È esta a razão porque se utilizará o Método 1 no «desenho» do classificador de Fisher. O segundo aspecto estudado prendia-se com a optimização da utilização das respostas corticais provenientes das 7 localizações usadas nas experiências realizadas. Tendo em mente as conclusões apresentadas no ponto 6.2.3 sobre a utilização no Método Elementar de um número variado de localizações, foram aqui testadas as duas alternativas que ai apresentaram melhores resultados. Deste modo, comparam-se duas soluções para a utilização das respostas provenientes das várias localizações: numa delas usam-se os sinais das 7 localizações e baseia-se a decisão final sobre a classe a que pertencem esses sinais na moda das decisões para as 7 respostas (Opção 1), e na outra solução recorre-se apenas a uma resposta cortical resultado da média das respostas adquiridas nas 7 localizações (Opção 2). TABELA 14 - Resultados (em percentagem) da classificação das respostas corticais adquiridas nas experiências 1A e 1B, utilizando os métodos 1 e 2 para obter a direcção de projecção W . Experiência 1A C1E1 C2E1 Método 1 Método 2 71.6 56.6 (43/60) (34/60) 73.3 (44/60) 55.0 (33/60) Experiência 1B C1E1 C2E1 66.6 (40/60) 51.6 (31/60) 63.3 (38/60) 51.6 (31/60) Apresentam-se na Tabela 15 os resultados da abordagem do 2º aspecto optimizador do classificador. Para obter estes resultados, foram utilizados objectos das experiências 1A e 1B representando respostas corticais em bruto e fez-se um alisamento destas repostas corticais. TABELA 15 - Resultados (em percentagem) da classificação das repostas corticais adquiridas nas experiências 1A e 1B, recorrendo às Opções 1 e 2 no processo de classificação. Experiência 1A C1E1 C2E1 Opção 1 Opção 2 71.6 (43/60) 78.3 (47/60) 73.3 (44/60) 78.3 (47/60) Experiência 1B C1E1 C2E1 66.6 (40/60) 58.3 (35/60) 63.3 (38/60) 61.6 (37/60) Pode concluir-se que não existe uma tendência generalizada para que alguma das 2 soluções seja melhor que a outra, equivalendo-se praticamente em termos do sucesso global obtido. Verifica-se CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 134 que, para a experiência 1A a Opção 2 dá melhores resultados, mas para a experiência 1B é a Opção 1 que resulta numa percentagem de sucesso maior. 6.3.5 - Resultados da Fase de «Desenho» do Classificador de Fisher No Método de Fisher, «desenhar» o sistema classificador consiste na obtenção, para cada experiência e colaborador, da direcção de projecção W e da fronteira de decisão óptima a usar na futura classificação das respostas corticais dessa experiência e colaborador. Os objectos com que se desenhou o classificador correspondiam a respostas corticais em bruto (Método 1), aplicou-se depois alisamento nestas respostas e por cada ensaio a classificar usou-se apenas uma resposta resultante da média das respostas adquiridas nas 7 localizações (Opção 2). A fase de desenho caracteriza-se, como foi referido no Método Elementar, por se classificarem os objectos que serviram para obter o classificador. Os resultados da classificação, no que diz respeito ao desenho do sistema, encontram-se na Tabela 16. Da observação desta tabela constata-se que o sucesso , a nível global, variou de 58.3% a 78.3%. Pode referir-se que para o presente trabalho, este resultado não é mau de todo, sendo semelhante ao que é conseguido noutros trabalhos encontrados na bibilografia revista. TABELA 16- Resultados (em percentagem) da classificação das respostas corticais obtidos na fase de «desenho» do classificador de Fisher. Experiência 1A Experiência 1B Experiência 2A Experiência 2B C1E1 C2E1 78.3 (47/60) 58.3 (35/60) __________ __________ 78.3 (47/60) 61.6 (37/60) __________ __________ C1E2 __________ __________ C2E2 __________ __________ 70.0 (42/60) 73.3 (66/90) 71.6 (43/60) 73.3 (44/60) Ainda sobre os resultados da classificação apresentados na Tabela 16 conclui-se que a apresentação das orações na forma MS (experiência 1A) conduz a melhores resultados que a forma usada nas outras experiências, para qualquer colaborador. Por outro lado, comparando os resultados da classificação na experiência 2B com os das experiências 1B ou 2A, pode concluir-se que exigir uma resposta aberta aos colaboradores (experiência 2B) permite um sucesso maior na classificação relativamente ao caso em que não se exige resposta aberta (experiências 1B e 2A). Para terminar, CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 135 constata-se que para cada uma das experiências não há grandes diferenças no sucesso obtido para colaboradores diferentes. 6.3.6 - Resultados Obtidos com o Teste do Classificador de Fisher Depois de obtido o classificador de Fisher, convém agora passar à fase em que se testa o seu comportamento quando se tentam classificar respostas corticais não utilizadas no desenho deste classificador. Ou seja, para cada colaborador e experiência, vai averiguar-se o sucesso de classificação de objectos com base numa direcção de projecção e uma fronteira de decisão que foram obtidas com outros objectos. Tal como na fase em que se desenhou o sistema, também aqui se usaram objectos correspondentes a respostas em bruto (Método 1), passaram-se essas respostas pelo filtro passa baixo e para cada ensaio usou-se apenas uma resposta resultante da média das 7 disponíveis para esse ensaio (Opção 2). Apresentam-se na Tabela 17 os resultados conseguidos durante a fase de teste do classificador de Fisher. Da análise desta tabela verifica-se desde logo que a percentagem de sucesso obtida, de 41.6% a 64.4%, é pior, em todas as experiências e colaboradores, do que na fase de desenho do classificador. O decréscimo de sucesso já era esperado mas não a sua proporção, sendo de espantar os máus resultados obtidos para as experiências 1A, 1B e em menor grau para a experiência 2A. Estes resultados devem-se às mesmas razões apontadas no Método Elementar (ponto 6.2.5) e ainda à possível má selecção de alguns parâmetros que fazem com que a direcção de projecção W varie muito com o conjunto de objectos usados no desenho do classificador. TABELA 17 - Resultados (em percentagem) da classificação das respostas corticais obtidos na fase de teste do classificador de Fisher. Experiência 1A Experiência 1B Experiência 2A Experiência 2B C1E1 C2E1 41.6 (25/60) 46.6 (28/60) __________ __________ 41.6 (25/60) 46.6 (28/60) __________ __________ C1E2 __________ __________ C2E2 __________ __________ 55.0 (33/60) 64.4 (58/90) 46.6 (28/60) 53.3 (32/60) O facto mais saliente, resultante da análise da Tabela 17, é a constatação de que o sucesso obtido quando se exige uma resposta aberta (experiência 2B), é nitidamente superior ao que se obtém com as (outras) experiências em que não se exige uma resposta aberta (1A, 1B e 2A). Este facto dá CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 136 consistência à diferença de sucessos obtida para estes dois tipos de experiências na fase de desenho e que, foi referida no ponto anterior. Para terminar o teste do classificador de Fisher apresentam-se os resultados da classificação de respostas corticais médias para cada tipo de oração (V e F). Estes resultados são apresentados na Tabela 18, onde se indicam quais as decisões obtidas com sucesso e a percentagem de canais em que a decisão parcelar foi correcta. Assim, por exemplo um resultado de "V(6/7) e F(7/7)" significa que se classificaram correctamente 6 das 7 respostas por canal correspndentes à média das respostas para orações verdadeiras e 7 das 7 respostas por canal resultantes da média das respostas para orações falsas. TABELA 18 - Resultados (em percentagem) da classificação das repostas corticais médias para as orações verdadeiras e falsas, em cada colaborador e experiência. Entre parenteses indica-se o número de canais correctamente classificados relativamente ao total de canais usados. Experiência 1A Experiência 1B Experiência 2A Experiência 2B C1E1 C2E1 V (7/7) e F (7/7) V (7/7) e F (7/7) __________ __________ V (7/7) e F (7/7) V (7/7) e F (7/7) __________ __________ C1E2 __________ __________ C2E2 __________ __________ V (7/7) e F (7/7) V (7/7) e F (7/7) V (6/7) e F (7/7) V (7/7) e F (7/7) Verifica-se que apenas uma das respostas por canal, no caso do colaborador C2E2 e na experiência 2A, não foi classificada correctamente, o que indica uma boa performance do classificador quando as respostas corticais apresentam um «comportamento» favorável. 6.4 - Comparação dos Dois Métodos de Classificação A comparação do Método Elementar com o de Fisher vai limitar-se aos resultados obtidos com dois métodos, resultados estes apresentados nos tópicos 6.2 e 6.3. Com os resultados obtidos durante as fases de desenho e de teste dos dois métodos, disponíveis nas Tabelas 11, 12, 16 e 17, fizeram-se os gráficos de barras incluidos nas figuras 21 e 22. CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 137 Relativamente à percentagem de sucesso obtida na classificação de repostas corticais durante a fase de desenho dos dois classificadores, pode constatar-se da figura 21 que o Método baseado no discriminante linear de Fisher apresenta melhores resultados em todas as experiências e para qualquer colaborador. Esta diferença deve-se ao facto de o Método de Fisher se basear numa teoria que optimiza a decisão a tomar e ao mesmo tempo utilizar 7 parâmetros que contêm bastante mais informação que o único parâmetro empregue no Método Elementar. C1E1 M.Elementar C2E1 M.Fisher 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 M.Elementar C1E2 M.Fisher 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Exp. 1A Exp. 1B M.Elementar C2E2 M.Fisher Exp. 1B M.Fisher 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Exp. 1A M.Elementar Exp. 2A Exp. 2B Exp. 2A Exp. 2B Figura 21 - Comparação dos sucessos (em percentagem) de classificação das repostas corticais obtidos com os Métodos Elementar e de Fisher durante a fase de «desenho» dos respectivos classificadores. Por oposição ao que se verifica na fase em que se desenharam os classificadores, na fase de teste o Método Elementar dispõe de um comportamento ligeiramente melhor que o Método de Fisher, exeptuando o caso do colaborador C1E2 e para a experiência 2B. A maior vantagem do Método Elementar ocorre na experiência 1A e com ambos os colaboradores (C1E1 e C2E1). As razões para o pior comportamento do Método de Fisher foram referidas, em certa forma, no ponto 6.3.6, mas convém acrescentar que como neste método existe uma optimização para os objectos usados no desenho do classificador, se alguns dos parâmetros usados não forem representativos das diferenças entre as classes, implicam que objectos diferentes dos que se utilizaram no desenho do sistema possam ser classificados de uma forma bastante errónea. Por seu lado, no Método Elementar a decisão a tomar baseia-se num parâmetro não ideal para a classificação, o que leva a que as CAPÍTULO 6 - Classificação das Respostas Corticais 138 diferenças existentes entre as respostas usadas nas fases de desenho e de teste não se reflictam tão negativamente na fase de teste. Embora os resultados obtidos durante a fase de teste sejam ligeiramente piores para o classificador de Fisher, a ter que se optar por um dos classificadores, a escolha seria sempre o classificador de Fisher. Esta opção é ainda mais concludente se se decidir que nas experiências a realizar se exige uma resposta aberta aos colaboradores (experiência tipo exp.2B), pois neste caso obtêm-se muito melhores resultados na fase de desenho e até no teste do sistema. C1E1 M.Elementar C2E1 M.Fisher 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 M.Elementar C1E2 Exp. 1B M.Fisher 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Exp. 1A M.Elementar M.Fisher C2E2 Exp. 1A Exp. 1B M.Elementar M.Fisher Exp. 2A Exp. 2B 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Exp. 2A Exp. 2B Figura 22 - Comparação dos sucessos (em percentagem) de classificação das repostas corticais obtidos com os Métodos Elementar e de Fisher durante a fase de teste dos respectivos classificadores. CAPÍTULO 7 - Conclusões e Discussão 139 CAPÍTULO 7 - Conclusões e Discussão No trabalho que se apresentou, os potenciais cerebrais foram adquiridos na situação de os colaboradores executarem uma tarefa de verificação de orações. Esta tarefa de verificação de orações é usada geralmente em estudos do comportamento da memória semântica e requere que a representação semântica do sujeito e a do complemento da oração sejam retiradas da memória de longa duração (MLD). O principal objectivo do presente trabalho resumia-se a saber se era possível distinguir entre o processamento semântico de orações verdadeiras e de orações falsas através da análise dos potenciais cerebrais. A MLD é a parte da memória em que a informação armazenada está numa zona mais «profunda» da estrutura neuronal da memória e em que para se usar essa informação é necessário realizar uma actividade ao nível do processamento semântico e não apenas ao nível da associação de palavras. Pelo que se acabou de afirmar e para o presente trabalho, exigiuse aos colaboradores que processassem semanticamente as orações que lhe foram dadas a ler. Na tarefa de verificação de orações utilizaram-se estímulos preparadores sob a forma de um contexto de oração. Estes estímulos influenciam a análise do complemento de oração que se lhe segue. Algumas explicações para a influência do contexto na análise posterior da oração, residem nos condicionalismos semânticos e sintácticos impostos ao que se lhe segue. Parece que as influências do contexto de oração apresentado em cada ensaio não podem ser suprimidas por parte do colaborador quando ele pretender. Tanto a facilitação para as palavras de teste que tornam as orações verdadeiras, como a inibição para palavras que tornam as orações falsas, continuam a existir, embora diminuidas. Perante palavras terminais, que fazem sentido dado o contexto, os indivíduos não podem escolher simplesmente ignorar a relação entre o contexto de oração e estas palavras, ainda que não resulte nenhuma vantagem em se formarem expectativas. No presente trabalho, dizer que se fez processamento semântico, quer significar-se que em cada ensaio o colaborador teve que executar uma actividade mental em que se exige a avaliação do significado das palavras apresentadas e o sentido que se lhe quer dar no conjunto da oração. Este conjunto de mecanismos designou-se por processamento lexical. CAPÍTULO 7 - Conclusões e Discussão 140 Do contexto de oração esperava-se que surgissem dois efeitos, designados por facilitação e inibição, influenciando o processamento do elemento complementar que se lhe segue. Na bibliografia, refere-se que esta facilitação e inibição não são efeitos simétricos e que a facilitação é automática. Nas referências [13] e [14] foi proposto que os efeitos do contexto semântico sobre o reconhecimento, se processem através de dois processos que actuam independentemente e têm propriedades diferentes: (i) o processo de activação automática que é rápido, não necessita de atenção e não afecta o acesso a informação de partes da memória não relacionadas com a que foi activada pelo contexto de oração. Assim, o processo de activação automático resulta num efeito de facilitação e não provoca um efeito inibidor quando o segmento (ou palavra) não é congruente com o contexto precedente. (ii) o mecanismo de atenção consciente que é lento, recorre a atenção e inibe o acesso a informação de zonas não esperadas devido à capacidade limitada do «processador» ter que ser deslocada para zonas muito afastadas da memória [15]. Os adultos reconhecem as palavras tão rapidamente que o lento mecanismo de atenção consciente não chega a produzir o efeito inibidor, apenas o espalhar da componente activação automática, devido ao contexto, tem tempo de acontecer antes das palavras serem reconhecidas. Já as crianças reconhem as palavras de uma forma lenta permitindo a contribuição dos mecanismos de facilitação e inibição contextuais para o tempo de reacção. Isto explicado porque é que os fracos leitores apresentam maiores efeitos de facilitação contextual. Isto acontece porque eles são mais lentos, e dado que o processo de reconhecimento de palavras deles é mais lento, há uma tendência maior para que a faciltação contextual resulte da atenção consciente, bem como da activação automática. Quando a capacidade de reconhecer palavras isoladas se torna automática, a informação contida no contexto das orações passa a ter uma influência decrescente no reconhecimento das palavras. A componente negativa posterior N400 é um sinal fisiológico do reprocessamento das palavras semanticamente anómalas [18]. Esta componente reflecte a interrupção do processamento duma oração devido a palavras semanticamente incongruentes e reflecte ainda o reprocessamento que ocorre ao se tentar extrair significado de orações incorrectas. O N400 fornece informação sobre a temporização, a classificação e a interacção dos processos cognitivos envolvidos na compreensão da linguagem. Foi sugerido que a negatividade posterior é originada sempre que a palavra terminal apresentada não tenha sido preparada pelo contexto anterior. Logo a incongruência não é uma condição CAPÍTULO 7 - Conclusões e Discussão 141 necessária para N400 ocorrer. Isto é consistente com a teoria que postula que N400 ocorre sempre que uma palavra ou figura é apresentada sem contexto preparador [10]. O facto da negatividade posterior estar associada com palavras imprevisíveis, refere-se ao não automatismo de computação dentro da sistema linguístico e não à frutração da expectativa consciente por parte do indivíduo sobre a semelhança de palavras particulares que possam aparecer. A explicação para isto reside no facto de N400 não diminuir quando os indivíduos se tornam familiares com as orações falsas [17]. Pode dizer-se ainda, que esta componente ocorrerá sempre que um contexto verbal active um dado código e outro seja apresentado. Outra forma de expor a explicação para a origem de N400, é a de que N400 é gerado por um estímulo que não corresponde à expectativa criada por um estímulo preparador. Esta hipótese implica que os processos de preparação não se limitem a influenciar os casos com representação semântica ou léxica. Os ERPs (P300, N400, etc) foram utilizados como uma medida do grau de processamento feito pelo colaborador a quando da apresentação do material linguístico aquando da realização da tarefa de verificação de orações. Relativamente ao "software" desenvolvido, pode concluir-se que além de permitir a realização das experiências que foram descritas, constitui-se como uma ferramenta de suporte à execução de uma variedade de trabalhos que tenham como estrutura base a realização de tarefas análogas à da verificação de orações. Com a adição de algumas facilidades e com um «custo» bastante baixo, muitas outras performances poderão ser acrescidas a este "software". Embora o s/w descrito seja versátil não se perdeu de vista, durante a sua implementação, o objectivo principal para que ele se destinava. Convém referir que a precisão das temporizações conseguida com este s/w não é muito elevada. Embora houvesse que melhorar certos aspectos neste "software", pensamos que não foi daqui que resultaram os maiores problemas para a obtenção dos objectivos propostos. Observou-se que o ruído contido nos potenciais evocados adquiridos durante as experiências está presente em toda a gama espectral, o que inviabiliza a utilização eficiente de um filtro passa baixo com vista a eliminar o ruído na zona em que o sinal tem maior predominância espectral. Como se CAPÍTULO 7 - Conclusões e Discussão 142 desejava observar as formas, as amplitudes e as latências das componentes posteriores do EEG, e tendo em atenção o que se acabou de afirmar, não se pôde utilizar filtragem implícita dos potenciais adquiridos o que tornou a tarefa de classificação das respostas corticais mais complicada. Da observação da forma dos potenciais adquiridos pôde verificar-se que à apresentação de cada um dos segmento/estímulo da oração corresponde nitidamente uma componente positiva posterior designada por P300 e entre estímulos nota-se uma tendência para o sinal se tornar negativo (CNV). A componente P300 correspondente à apresentação do sujeito das orações, é aquela que apresenta uma amplitude maior e a correspondente ao verbo, é a que apresenta uma amplitude menor. A amplitude das componentes P300 para orações verdadeiras é maior do que para orações falsas, mas esta tendência não se verifica em todas as experiências. Pode dizer-se que maioritariamente a componente correspondente à apresentação do sujeito da oração apresenta a menor latência das 3 em causa e a que é gerada pela apresentação do verbo tem a maior latência das 3. Constata-se ainda que não há uma tendência definida para as diferencas nas latências das componentes P300 correspondentes a orações verdadeiras e a orações falsas, ou seja, esta diferença não é relevante. Concluiu-se que a apresentação do complemento da oração produz no EEG quatro componentes que se designaram, tendo em conta o atraso de ocorrência relativamente a esta apresentação, por N200, P300, N400 e P500. Das 4 compoentes P500 é a mais irregular e de identificação mais difícil. Apresentam-se agora algumas conclusões sobre a influência dos aspectos que condicionaram a tarefa de verificação das orações, incidindo a observação nos ERPs e nas decisões exigidas. Verificou-se que a forma em que se apresentam as orações tem influência sobre a amplitude (maior para o caso NMS, exepto para N200) e sobre a latência dos ERPs (maior para o caso MS, exepto para P300). Desta afirmação conclui-se que este factor influencia a tarefa de verificação de orações e que a forma em que se mantêm os segmentos já apresentados (MS) conduz a um processamento das orações mais lento e menos eficaz. Isto porque a componente N400 que reflecte nos potenciais um parte importante dos mecanismos envolvidos na decisão léxica, tem uma latência significativamente maior no caso MS, bem como uma amplitude significativamente menor no mesmo CAPÍTULO 7 - Conclusões e Discussão 143 caso. É possível que este facto se deva a uma redução da atenção do colaborador no segmento em apresentação, por essa atenção estar distribuida pela totalidade dos segmentos presentes no monitor. Os resultados aqui referidos também podem querer significar que as duas formas de apresentação das orações originaram dois tipos distintos de contexto preparador, o que por sua vez, conduziu a níveis de facilitação e inibição diferentes. Provou-se que o factor "tarefa a realizar" influencia significativamente a decisão semântica associada com a tarefa em causa. Esta constatação torna-se nítida pela observação de que existe influência na amplitude de N400 (maior para o caso NR) e na latência da mesma componente (maior no caso NR). Conclui-se deste modo que o facto de ter que se tomar uma decisão física, consequência da decisão semântica, torna o processamento das orações mais rápido, logo mais fácil. Através da análise da amplitude de N400 (significativamente maior para orações verdadeiras) e da latência do mesmo ERP (significativamente maior para orações falsas) pode deduzir-se que as orações verdadeiras são geralmente processadas semanticamente de uma forma mais rápida, e por isso mais simples, do que as orações falsas. Isto prova que o contexto das orações exerce um efeito facilitador no reconhecimento das palavras que terminam as orações verdadeiras e que, para as orações falsas ou se verifica ausência de facilitação contextual ou então ocorre inibição por os complementos destas orações não corresponderem aos esperados dados os contextos preparadores. Ou seja, ocorre uma frustração de expectativas nos casos das orações falsas, que se traduz nas diferenças observadas na componente N400. A confirmação do que se concluiu sobre a influência do valor lógico das orações no processamento das orações, surge da verificação do efeito deste factor na decisão aberta sobre as orações. Concretamente, constatou-se que orações falsas conduzem a tempos de atraso na resposta maiores e a percentagens de erro na resposta também maiores, do que orações verdadeiras. Através das diferenças observadas nas respostas abertas para os diferentes colaboradores, pode dizer-se que os factores inerentes ao colaborador influenciam significativamente as respostas abertas (atraso e percentagem de erro) associadas com as decisões lexicais sobre as orações verificadas. Dado que as diferenças no processamento semântico das orações verdadeiras e falsas, diferenças estas que se definem essencialmente pelas diferenças em N400, se verificam e com valores próximos, tanto no caso de se exigir uma resposta aberta sobre essas orações (R), como no caso em que não se CAPÍTULO 7 - Conclusões e Discussão 144 exige qualquer tipo de resposta aberta (NR), conclui-se que o processamento das orações é automático perante a sua apresentação. Este automatismo é ainda mais reforçado pelo facto de as diferenças se verificarem mesmo quando se fazem várias sessões com as mesmas orações, ou seja, o material em apresentação não é interessnate e é bastante familiar ao colaborador. Vão referir-se de seguida alguns aspectos relativos à distribuição no escalpe do EEG resultante do processamento das orações. Para começar, verificou-se que o ERP N200 apresenta uma amplitude e latência maiores na zona central, frontal e parietal do cortex do que na zona occipital. A componente P300 mostrou pouca variação em termos de amplitude com a localização de recolha no escalpe, mas já a sua latência parece ser maior na zona divisória dos dois hemisférios (central, frontal e parietalmente). Relativamente à latência de P300 pode dizer-se que se revelou ligeiramente menor na zona occipital que nas outras utilizadas. Nas componentes N400 e P500 não se detectou influência significativa da localização de recolha dos potenciais. No tocante a diferenças entre os ERPs adquiridos do lado direito e do lado esquerdo, pode acrescentar-se que apenas P300 e P500 apresentam alguma flutuação entre os dois casos, tendo P300 uma amplitude maior do lado esquerdo e P500 maior do lado direito. Para terminar, salienta-se a ideia de que os efeitos do processamento semântico das orações têm um distribuição bastante alargada no escalpe, nomeadamente nas zonas central, frontal e parietal e em menor grau na zona occipital, razão pela qual as localizações occipitais O1 e O2 usadas não são as mais recomendadas para este tipo de tarefa. Ao tentar utilizar-se a vantagem de se terem simultaneamente várias representações para a mesma resposta cortical, verificou-se que a média/mediana dos 7 canais de EEG usados não apresenta grande vantagem, em termos de diferença verdade-falso no ERP N400, relativamente a um dos melhores canais (Fz, Cz ou Pz). Este resultado deve-se possivelmente à necessidade de introdução, no cálculo da média/mediana dos canais, de pesos diferentes e sob a forma de vectores para se ter em conta que o sinal medido em cada localização é a projecção do mesmo vector. Este vector representa a propagação no cerebro das acções potenciais correspondentes à decisão lexical e para se obter o vector pode recorrer-se à teoria dos agregados de antenas, o que por si só constitui assunto para outro trabalho. CAPÍTULO 7 - Conclusões e Discussão 145 A outra tentativa utilizada com o objectivo de explorar o facto de se possuirem vários canais, residiu na aplicação da técnica SVD. Com esta técnica pretendeu obter-se uma projecção do sinal numa direcção que melhorasse a RSR através de um aumento da variância do sinal projectado. Contudo, esta técnica não se revelou interessante dado que não se obteve uma diferença verdadefalso em N400, significativamente diferente da obtida com a média dos 7 canais. Para explicar o insucesso deste método poderia pensar-se que a utilização de um espaço de projecção unidimensional implicou a perca de informação relevante do sinal de EEG, explicação esta que deve ser rejeitada pelo facto de a projecção ser aproximadamente igual à média dos 7 canais usados para obter essa projecção. Conclui-se que a utilização da técnica da SVD, nos moldes descritos neste trabalho, não é viável dado que não apresenta vantagens relativamente à média simples entre canais. Vão tecer-se agora alguns comentários sobre a classificação efectuada sobre as respostas corticais. O método de classificação Elementar apresentou uma percentagem de sucesso na classificação, durante a fase de desenho, bastante baixa. Para este método e para a fase de teste obteve-se um sucesso análogo, embora ligeiramente inferior, o que era esperado. Mesmo com respostas corticais médias para cada tipo de oração, o método Elementar apresenta falhas exageradas na classificação. Ao classificarem-se as respostas corticais médias, verificou-se que para o caso em que se exige uma decisão aberta sobre as orações (R), o parâmetro discriminador tem uma tendência oposta à que se verifica nas outras experiências. A origem deste facto deve-se provavelmente às diferenças nas amplitudes dos ERPs no caso R relativamente ao caso NR. Este método não conduziu a sucessos de classificação significativamente diferentes de experiência para experiência, ou de um colaborador para o outro. Relativamente ao método Elementar, pode concluir-se que embora não apresente mau dimensionamento durante a fase de teste do classificador, não se revelou prometedor quanto à percentagem de sucesso obtida com a classificação. Como razões principais para o insucesso obtido com este método, podem citar-se a elevada variação dos potenciais adquiridos nos vários ensaios, a baixa RSR dos mesmos, o comportamento incorrecto por parte dos colaboradores em certos ensaios (por exemplo devido a desconcentração), a selecção inadequada de algumas orações, o facto de se CAPÍTULO 7 - Conclusões e Discussão 146 utilizar apenas um parâmetro para discriminar as duas classes e a disponibilidade de poucos colaboradores e respostas por colaborador para desenhar o classificador, em relação ao que seria de desejar perante o elevado ruído que elas contêm. Como o método Elementar não apresentou resultados animadores, recorreu-se ao método de classificação baseado no discriminante linear de Fisher. Com o méto de Fisher e para a fase de desenho do classificador, obtiveram-se resultados melhores. Dadas as condições em que se processaram as experiências (a sala não estava insonorizada, não se teve uma garantia de que a impedância dos contactos entre os eléctrodos e o escalpe era suficientemente baixa, a precisão da temporização dos acontecimentos ao longo dos ensaios foi baixa, etc) e mesmo comparando com outros trabalhos mencionados na bibliografia, por exemplo em [36], os resultados não se podem considerar mediocres. Com este método conseguiu-se um sucesso superior na situação R (exp. 2B) relativamente ao que se obteve na situação NR (exp.s 1B e 2A), um sucesso também superior no caso MS (exp. 1A) relativamente ao que se obteve no caso NMS (exp.s 1B, 2A e 2B) e um sucesso que varia pouco de acordo com o colaborador utilizado. Contrariando os bons resultados da fase de desenho, o método de Fisher apresenta uma fraca performance durante a fase de teste do classificador. De notar a obtenção de um sucesso que em certos casos é inferior ao "chance level" de 50%. Deste modo os resultados são piores que os obtidos na fase de desenho, como era esperado, mas o decréscimo da percentagem de sucesso foi de uma proporção não imaginada. A explicação para este facto pensa-se que é, juntando às razões apontadas para o insucesso do método Elementar, a possível má selecção de alguns dos 7 parâmetros utilizados, o que se traduz numa elevada variação da direcção de projecção de acordo com o conjunto de objectos que se usam para desenhar o classificador. É de realçar o facto de também na fase de teste o sucesso de classificação ser bem superior quando se exige uma resposta aberta sobre as orações (R) relativamente ao caso em que não se exige qualquer resposta aberta (NR), o que confirma o resultado obtido na fase de desenho do classificador. Neste método, e no sentido de melhorar o sucesso de classificação, não se ajustou a fronteira de decisão de modo a obter resultados óptimos e não se optimizou o grupo de parâmetros que CAPÍTULO 7 - Conclusões e Discussão 147 constituem os objectos/amostras a classificar. O primeiro aspecto deve-se ao facto de não se revelar rentável para o teste do sistema, optimizar o sucesso obtido durante o desenho do classificador. O segundo aspecto envolve um trabalho para o qual se exige mais conhecimento sobre as tendências dos ERPs nos dois tipos de orações, sendo este um dos aspectos que se deverá aprofundar na futura investigação dos ERPs, no caso de tarefas que envolvam processamento semântico e/ou lexical. Quando se testou o classificador de Fisher com respostas corticais médias para os dois tipos de orações e para cada canal, obteve-se uma percentagem de sucesso próxima dos 100%. Isto prova que o classificador responde bem quando se utilizam respostas corticais «bem comportadas». Comparando os dois métodos de classificação, quanto aos resultados obtidos, pôde verificar-se que o classificador de Fisher é bem melhor durante a fase de desenho e é ligeiramente pior na fase de teste. Se se optar por uma tarefa em que se exige uma resposta aberta, então o método de Fisher também supera o método Elementar na fase de teste. Como conclusão final sobre os classificadores, pode dizer-se que a opção por um dos classificadores recai no método de Fisher, especialmente se se optar por uma tarefa de verificação de orações acompanhada de uma decisão física sobre as orações. Este facto indica que embora a compreensão das orações seja automática perante a sua apresentação, há um processamento diferente das orações quando se exige uma decisão sobre essas orações. Este processamento diferente conduz a que os ERPs associados com a decisão lexical sejam mais bem comportados, devido provavelmente à intervenção do mecanismo de atenção consciente. Dos resultados conseguidos com a classificação, bem superiores em muitos casos ao "chance level", obteve-se a evidência mais que suficientes para se afirmar que existe correlação entre os ERPs medidos no EEG e as etapas do processamento semântico das orações correspondentes. Esta correlação traduz-se na possibilidade de detectar, através do EEG, diferenças no processamento de palavras por parte de um indivíduo. Ou seja, os ERPs podem funcionar como uma ferramenta quando rigorosamente manipulados, para detectar desordens no processo de leitura desse indivíduo. CAPÍTULO 7 - Conclusões e Discussão 148 Convém referir que foram conseguidos de forma satisfatória todos os objectivos que nos proposemos atingir com o trabalho que se acabou de apresentar. Nalguns casos, até se excederam as expectativas relativas ao que se pensava ser possível obter. APÊNDICE 1 - Caracteristicas da Placa de Aquisição Utilizada nas Experiências 149 APÊNDICE 1 - Caracteristicas da Placa de Aquisição Utilizada nas Experiências ( DT2821 ) A placa de aquisição que se utilizou nas experiências realizadas foi uma DT2821F-16SE. Esta é uma placa standard e apresenta, entre outras, as seguintes caracteristicas [23]: (1) - A lógica das entradas é TTL ("Transistor Transistor Logic"). (2) - Permite um "trigger" externo activado por um sinal TTL e que é habilitado com o nível lógico "0" TTL. (3) - Possui um relógio interno de 4MHz que se pode dividir por potências de 2 (20 a 215) e ainda divisível por um valor entre 1 e 256. (4) - Pode ser utilizada com um relógio externo sensível à transição descendente de um sinal TTL. (5) - A interface com o exterior é feita do seguinte modo: (i) "I/O mapped" endereçável com 10 bits; (ii) ocupa 8 posições, ou seja, 16 bytes; (iii) os endereços de base possíveis vão de 200H a 3E0H em saltos de 20H; (iv) as linhas de interrupção possíveis são IRQ3, IRQ5, IRQ7, IRQ10 ou IRQ15; (v) os dados podem ser de 16 bits. (6) - Para utilização com sinais de entrada analógicos possui uma ADC de 12 bits. (7) - Possibilita a utilização de 0 a 2 canais de DMA ("Direct Memory Access") entre 3 possíveis (5, 6 e 7), de modo a funcionar-se num dos vários modos permitidos: A/D clocked DMA, A/D triggered scan DMA, DMA simples e sem DMA. Nos três primeiros modos pode optar-se por utilizar uma DMA ou DMA dupla. (8) - Permite 16 canais de entrada tipo "Single Ended" - SE ou 8 canais diferenciais - DI. (9) - A gama dinâmica dos sinais de entrada pode ser seleccionada entre várias possíveis. Para sinais unipolares as gamas possíveis são [0-1,25V] ou [0-10V] e para sinais bipolares [±1,25V ±10V]. Permite ainda a introdução de um ganho adicional nos sinais, podendo ser 1, 2, 4 ou 8. (10) - Pode usar-se como codificação nos valores digitais, uma de entre as seguintes: complemento para um, complemento para dois, binário directo e "offset" binário. APÊNDICE 1 - Caracteristicas da Placa de Aquisição Utilizada nas Experiências 150 (11) - Contém um conjunto de registos (TMRCTR, SUPCSR, CHANCSR, ADCSR, ADDAT, DADAT e DIODAT) que permite configurar a utilização da placa, nomeadamente a frequência de trabalho, os canais a adquirir, as posições onde se vão guardar os sinais convertidos, etc. (12) - Possui uma «lista» - "RAM channel-gain list" onde se guarda a sequência de canais a adquirir e os ganhos a aplicar nesses canais. O número máximo de canais é 16, com a possibilidade de se repetirem alguns desses canais para equivaler a utilizar frequências de aquisição múltiplas nos canais repetidos. O número de canais é escolhido através do registo CHANCSR e a seleccão das ordens e ganhos dos vários canais a adquirir é feita escrevendo vezes sucessivas no registo ADCSR. (13) - Os "triggers" permitem o início das conversões A/D e D/A no próximo ciclo do relógio e podem ser internos ou externos. A selecção do tipo de "trigger" é feita por s/w via registo SUPCSR. (14) - O relógio inicía as conversões A/D ou D/A e pode ser interno ou externo, sendo a escolha feita pela programação do registo SUPCSR. Para seleccionar o modo de funcionamento com DMA utilizam-se os bits B11 e B10 do registo SUPCSR e em que B12 do mesmo registo permite optar entre DMA única ou DMA dupla. Numa aquisição continua e por um periodo longo, usa-se DMA dupla para se poder adquirir mais do que 128K bytes (64K palavras), o que coincide com uma página de memória da placa. Para se operar com DMA dupla utiliza-se um dos seguintes métodos: (i) Interrupções para se saber quando se adquiriu o número de amostras programado para cada transferência de DMA e guardar no disco rígido, se necessário, as amostras transferidas para memória pela DMA. Neste método recorre-se a uma rotina de serviço às interrupções (RSI) para implementar estes processos. (ii) Ir testando se a zona de memória atribuida a cada transferência de DMA já foi preenchida, para assim se comutar de DMA e transferir as amostras para o disco rígido, no caso de ser necessário. Este método designa-se por "polling", consome algum tempo no teste da memória mas é mais seguro que o anterior, uma vez que evita os conflitos associados com a tentativa de atendimento simultaneo de interrupções diferentes. Este método só pode ser utilizado se as tarefas concorrenciais ao teste da memória forem compatíveis com esta. APÊNDICE 1 - Caracteristicas da Placa de Aquisição Utilizada nas Experiências 151 No modo de funcionamento com DMA dupla o sinal TERMINAL COUNT do bus interno que liga à DMA não pára a transferência de DMA, mas permite sim a comutação para o outro canal de DMA. Dado que o funcionamento de cada canal de DMA exige a programação do controlador de DMA, para se comutar de canal tem que se programar previamente esse canal. Para se parar o funcionamento com DMA dupla coloca-se a zero o bit B12 do registo SUPCSR, parando a operação na próxima activação do sinal TERMINAL COUNT. A diferença entre os modos A/D triggered scan DMA e A/D clocked DMA, de funcionamento com DMA, reside no facto de enquanto que no segundo modo se faz uma conversão de um canal da "RAM channel-gain list" por cada impulso do relógio e se repete o processo de conversão do total de canais desta lista no próximo impulso de relógio a seguir ao fim da conversão do último canal da lista anterior, no primeiro modo o funcionamento é identico exepto que após a conversão de todos os canais da lista só se inicia a conversão de uma nova lista de canais quando ocorrer um sinal de "trigger", por s/w ou externo. Como já se disse, para se utilizar um canal de DMA tem que se programar o controlador de DMA para esse canal, o que é efectuado através da programação dos registos da DMA. Os registos da DMA são de 8 bits cada, possuindo cada um endereço diferente e que é especificado no manual da placa [23]. Os registos são 12 e permitem seleccionar: (i) As páginas de memória com 64K palavras para as transferências de DMA [DMA Page Register para o canal 5, 6 e 7]; (ii) O endereço de base da página de memória com 16 bits [DMA Base Address Register para o canal 5, 6 e 7]; (iii) O número de palavras (2 bytes) a converter [Word Count Register para o canal 5, 6 e 7]; (iv) O canal de DMA a utilizar [Mask Register]; (v) Que tipo de operação se realiza com cada canal (escrita ou leitura de memória) e se se funciona no modo de autoinicialização ou não (modo em que se usa continuamente o mesmo canal de DMA, o que é diferente de DMA dupla) [Mode Register]; (vi) Indicar se o byte a escrever é o mais ou o menos significativo [Byte Pointer Flip-Flop Register]. APÊNDICE 1 - Caracteristicas da Placa de Aquisição Utilizada nas Experiências 152 De referir que os canais de DMA que têm sido mencionados atrás, pertencem ao computador pessoal, fazendo a placa uso deles como qualquer periférico do próprio computador. Os pinos da placa acessíveis para o exterior são apresentados na figura I. Os pinos designados por [CH0 ... CH7] são aqueles em que se aplicam as entradas analógicas tipo unipolar (SE) ou bipolar (DI) de 8 canais e [Return0/CH8 ... Return7/CH15] são os pinos de aplicação dos outros 8 canais unipolares ou de retorno dos 8 canais bipolares. O pino AMP LOW serve para o retorno dos 16 canais unipolares e liga-se a AGND para este tipo de canais. External Clock Input DGND DIO Port1,b7 DIO Port1,b5 DGND DIO Port1,b2 DIO Port1,b0 DIO Port0,b7 DIO Port0,b5 DGND DIO Port0,b2 DIO Port0,b0 DGND DAC1 OUT DAC0 OUT -15V OUT AMP LOW Return7 / CH15 Return6 / CH14 Return5 / CH13 Return4 / CH12 Return3 / CH11 Return2 / CH10 Return1 / CH9 Return0 / CH8 50 48 46 44 42 40 38 36 34 32 30 28 26 24 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 49 47 45 43 41 39 37 35 33 31 29 27 25 23 21 19 17 15 13 11 9 7 5 3 1 External Trigger Input DGND PIO Port1,b6 PIO Port1,b4 PIO Port1,b3 PIO Port1,b1 DGND PIO Port0,b6 PIO Port0,b4 PIO Port0,b3 PIO Port0,b1 DGND DAC1 GND DAC0 GND PGND +15V OUT AGND CH7 CH6 CH5 CH4 CH3 CH2 CH1 CH0 Figura I - Pinos da placa de aquisição DT2821F-16SE acessíveis para o exterior. As opções tomadas em termos de utilização da placa de aquisição foram: - endereço de base 240H; - entradas unipolares (SE), porque os potenciais a adquirir são deste tipo; APÊNDICE 1 - Caracteristicas da Placa de Aquisição Utilizada nas Experiências 153 - gama de entrada [-10V a +10V], porque é a maior gama possível, logo a que introduz menos erros de quantificação nas amostras e permite maior resolução nos sinais digitalizados; - codificação dos valores segundo o formato complemento para dois; - o ganho adicional a introduzir pela placa é unitário em todos os canais; - o modo de funcionamento utilizado foi A/D clocked DMA, uma vez que se pretende uma aquisição regular de amostras do mesmo canal, logo sem "trigger" a controlar o tempo entre amostras. Este tempo é determinado apenas pela frequência do relógio, que foi seleccionada com base na frequência do relógio interno da placa, que é 4MHz; - funcionamento com DMA dupla e com os canais 5 e 6; - se forem utilizadas interrupções a linha usada será IRQ3. APÊNDICE 2 - Descrição da Metodologia Empregue na Calibração 154 APÊNDICE 2 - Descrição da Metodologia Empregue na Calibração Para explicar a metodologia empregue na calibração recorre-se aos fluxogramas das rotinas implementadas, mas antes descreve-se como se obtém a partir das amostras adquiridas a frequência do sinal e o erro associado, no caso de se ter seleccionado um sinal de calibração sinusoidal, uma vez que esta é a parte mais crítica do processo de obtenção dos resultados. O método a utilizar para determinar a frequência de um sinal sinusoidal x, baseia-se na expressão que obtém um amostra de uma sinusoide a partir das duas amostras anteriores. Esta expressão resulta da fórmula da transformada de Z de um cosseno/seno: x(n) = C * sin(n*a+b) = A1*sin((n-1)*a+b) + B1*sin((n-2)*a+b) [eq.1] em que a é proporcional à frequência desconhecida a determinar e b é um desfasamento. Usando a fórmula: sin(a+b) = sin(a)*cos(b)+sin(b)*cos(a) e dividindo os coeficientes por C obtém-se: sin(n*a+b) = A * [sin(n*a+b) * cos(a) - cos(n*a+b) * sin(a)] + B * [sin(n*a+b) * cos(2*a) - cos(n*a+b) * sin(2*a)] [eq.2] para a igualdade anterior se verificar os coeficientes de sin(n*a+b) e cos(n*a+b) em ambos os membros da equação têm que ser iguais. Logo vem: { 1 = A * cos (a) + B * cos (2 * a) eq.2.2 0 = A * sin (a) - B * sin (2 * a) eq.2.2 => { --------;A*sin(a) + B*sin(a)*cos(a) = 0 APÊNDICE 2 - Descrição da Metodologia Empregue na Calibração { { { => --------;A = -2*B*cos(a) => 155 { 1 = -2*B*cos2(a) + B*(cos2(a) - sin2(a));---------- => B = 1;----- => B = 1 eq.3.1 A = - 2 * B * cos (a) eq.3.2 Das equações 3.1 e 3.2 tira-se que cos(a) = -A/(2*B) [eq.4] Esta equação permite calcular a frequência desconhecida: a = acos(-A/(2*B)) => FREQUÊNCIA = constante * acos(-A/(2*B)) [eq.5] Daqui se conclui que é necessário calcular as constantes A e B para se obter a frequência do sinal. Regressando à equação 1, esta pode ser representada doutra forma: x(n) = A * x(n-1) + B * x(n-2) [eq.6] Para exprimir o erro associado com o cálculo de x(n), cálculo este feito através da expressão da direita da equação 6, vai apresentar-se o erro associado com o cálculo de uma expressão polinomial genérica. O cálculo do erro interessa para se obterem as constantes A e B, mantendo o erro de cálculo mínimo. A expressão do erro para um sinal expresso por uma polinomial genérica, é dado por: 2 I N E = ∑ (x (n) - ∑ Wi * xi (n) ) i =1 n =1 Como interessa minimizar este erro em relação ao cálculo com os coeficientes W j faz-se: [eq.7] APÊNDICE 2 - Descrição da Metodologia Empregue na Calibração dE = 0 <=> Σi{Wi * [Σn ( xi(n) * xj(n) )]} = Σn [y(n) * xj(n)] d Wj 156 [eq.8] Por outro lado desenvolvendo a equação 7 vem: E = Σn [y2(n)]- 2 * Σn {y(n) * Σi [Wi * xi(n)]} + Σn{Σi [Wi * xi(n)]}2 E = Σn [y2(n)] - 2 * Σi {Wi * Σn [y(n) * xi(n)]} + Σn {Σi Σj [Wi * Wj * xi(n) * xj(n)]} E = Σn [y2(n)] - 2* Σi {Wi * Σn [y(n) * xi(n)]}+ Σi{Wi * Σj [Wj * Σn (xi(n) * xj(n))]} Usando a equação 8 com os índices i e j trocados obtém-se a expressão para o erro mínimizado no caso genérico: E = Σn [y2(n)] - 2* Σi {Wi * Σn [y(n) * xi(n)]}+ Σi{Wi * Σn [y(n) * xi(n)]} E = N I N ∑ ( y 2 (n) ) - ∑ ( W i * ∑ ( y (n) * x i (n) ) ) n =1 i =1 n =1 [eq.9] A aplicação da equação 7 no cálculo do erro, para o caso presente, processa-se através das seguintes substituições: I => 2 W1 => A W2 => B y(n) => x(n) x1(n) => x(n-1) x2(n) => x(n-2) de onde resulta a expressão do erro associado com o cálculo de x(n): APÊNDICE 2 - Descrição da Metodologia Empregue na Calibração E = 157 N ∑ x (n) - A * x (n -1) - B * x (n - 2) 2 n =1 em que se pretende que este tenha um valor mínimo, tal como se fez no caso genérico, ou nulo se possível. Para conseguir isso faz-se: δ E / δ A = 2 * ∑ ( x (n) − A * x (n − 1) − B* x (n − 2) * x (n − 1)) = 0 { n δ E / δ B = 2 * ∑ ( x (n) − A * x (n − 1) − B* x (n − 2) * x (n − 2)) = 0 n o que representado sob a forma matricial resulta na seguinte equação: ∑ x2 ( n − 1) ∑ x (n -1) * x (n - 2) A ∑ x (n) * x (n -1) n n * = n 2 B ∑ x (n) * x (n - 2) x (n -1) * x (n 2) x (n − 2) ∑ ∑ n [eq.11] n n A equação 11 pode ser simplificada usando a notação SiSj = ∑ x (n − i) * x (n − j) : n S1S1 S1S2 A S0S1 * = S1S2 S2S2 B S0S2 [eq.12] Da equação anterior obtêm-se os valores de A e B, em que det é o determinante da matriz dos coeficientes: det = S1S1 * S2S2 - S1S2 * S1S2 [eq.13.1] A = (S0S1 * S2S2 - S0S2 * S1S2) / det [eq.13.2] B = (S1S1 * S0S2 - S1S2 * S0S1) / det [eq.13.3] O erro introduzido no cálculo da frequência f = contante * acos( -a / (2*B)), quando se usam para A e B as expressões dadas pelas equações 13.2 e 13.3, respectivamente, obtém-se da equação 9 : E = contante* (∑ x 2 (n) - A * ∑ x (n) * x (n -1) - B * ∑ x (n) * x (n - 2) ) n n n APÊNDICE 2 - Descrição da Metodologia Empregue na Calibração 158 ou então, usando a notação Si S j : E = constante * (S0S0 - A * S0S1 - B * S0S2) [eq.14] De referir que relativamente ao que se expôs acima, se utilizam nos fluxogramas a apresentar e na sua implementação, as seguintes substituições: A→a B→b cos(a) → c Acrescente-se que quando o sinal de calibração é periódico mas não sinusoidal, ou quando o método de obtenção da frequência do sinal sinusoidal falha, se tenta obter a sua frequência através da rotina CalculaFrequenciaSinal(). Esta rotina, que é muito simples, utiliza o método de detecção das passagens do sinal por zero para calcular a frequência desse sinal. Por esta razão o método não é muito preciso pois é sensível ao facto de o sinal estar afectado de rúido. Este aspecto é melhorado calculando a frequência num segmento de sinal com muitos periodos. Neste método o erro de frequência coincide com o desvio padrão da frequência calculada. Apresentam-se no Apêndice 3 (pontos 1, 2 e 3) os fluxogramas das rotinas base de calibração calibrar(), LowLevelcalibrate() e CalculaFrequenciaSinal(). Estas rotinas são implementadas nos ficheiros calib4.c e calib5.c. APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 159 APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 1. Rotina que Controla a Calibração do "Hardware" Utilizado nas Experiências com ERPs Calibrar( ) [J] calibrar com EEG adquirido[J] ou adquirir o sinal[A] ? [A] Ler o nome da file de EEG a usar Que tipo de CFG se usa na calibração: definida[D] ou a definir[C] ? [C] Obter o tamanho da file de EEG=>size Ler o cabecalho da file = LerCabecalho( ) configura( ) Enviar mensagem de início de calibração [D] Ler o nome da file de configuração Copiar a configuração para uma estrutura do tipo config Ler o nome da file onde se guarda o sinal de calibração a adquirir Colocar na file de calibração o cabeçalho standard = GuardarCabecalho( ) Enviar mensagem de início de calibração Programar a placa de aquisição = ProgramarAquisiçãoComDualDma( ) Adquirir o sinal de calibração = AquisicaoComPollingParaCalibracao( ) Calcular o tamanho da file de calibração => size Obter o nº de bytes do cabeçalho da file de sinal Ler do cabeçalho o nº de segmentos de sinal existentes Qual o segmento a usar na calibração ? Ler as amostras para o Buffer Fazer a calibração de baixo nível com as amostras contidas em Buffer = LowLevelCalibrate( ) calibrar ( ) APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 2. Rotina que Realiza a Calibração de Baixo Nível do "Hardware" LowLevelcalibrate( ) Calcular os máximos e os mínimos iníciais para cada canal Obter o Máximo e o Mínimo para cada canal Apresentar um esboço do sinal de cada canal LOOP CANAIS ch = 0 Calcular o Offset[ch] = (Máximo + Mínimo) / 2 Calcular a Amplitude[ch] = (Máximo - Mínimo) / 2 EstadoCanal[ch] = OFF S0S0=0; S0S1=0; S0S2=0; S1S1=0; S1S2=0; S2S2=0 n=0 k = Buffer[n * #canais + ch] l = Buffer[(n-1) * #canais + ch] m = Buffer[(n-2) * #canais + ch] S0S0 = S0S0 + k * k S0S1 = S0S1 + k * l S0S2 = S0S2 + k * m S1S1 = S1S1 + l * l S1S2 = S1S2 + l * m S2S2 = S2S2 + m * m Incrementa n n = #amostras ? [S] [N] Determinante = S1S1 * S2S2 - S1S2 * S1S2 (...) 160 APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 161 (...) [S] (Determinante = 0) OU Amplitude do sinal é muito baixa ? [N] O sinal não tem uma Frequência possível de ser calculada e o Erro De Frequência é desconhecido m=3 m=1 a = (S0S1 * S2S2 - S0S2 * S1S2) / Determinante b = (S1S1 * S0S2 - S1S2 * S0S1) / Determinante [S] b=0 ? [N] c = -0.5 * a / b [N] 0 <= c <=1 ? [S] Frequência = (FrequênciaAquisição * acos(c)) / (2*PI) [N] b é próximo de (-1) ? [S] Erro = 1000 * (S0S0 - a * S0S1 - b * S0S2) Erro = Erro / (Amplitude[ch] * Amplitude[ch] * #amostras) [N] Erro < 0.1 ? [S] [N] Erro < 1 ? [S] Frequência dentro da gama esperada para calibração ? [S] [N] Frequência dentro da gama esperada para calibração ? [S] Sinusoide PURA EstadoCanal[ch] = ON Sinusoide IMPURA EstadoCanal[ch] = ON m=0 m=0 m=2 [N] [S] m=1 ? Frequência = CalculaFrequenciaSinal( ) [S] Sinal Não Periódico (...) Frequência = -1 ? [N] Sinal periódico EstadoCanal[ch]=UNKNOWN [N] APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 162 (...) Incrementa ch ch = #canais ? [S] LOOP CANAIS [N] Enviar a mensagem de fim de calibração [N] EstadoCanais = OFF ? [S] Máximos = 1500 Mínimos = -1500 Fim de LowLevelCalibrate( ) 3. Rotina que Determina o Valor e o Erro da Frequência dum Sinal Representado por uma Sequência de Valores /* retorna a frequência e */ /* o erro de frequência */ CalculaFrequenciaSinal( ) p = posição em que se detectou a 1a passagem do sinal por zero ou se chegou ao fim do #amostras p = #amostras ? SomaFrequencia = 0 SomaQuadradoFrequencia = 0 DesvioAcomulado = 0 fim = 0 j = 0 /* #periodos */ pos0 = p (...) O sinal não passa pela linha DC Sai da rotina CalculaFrequenciaSinal( ) com o valor (-1) = sinal não periódico APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados (...) p = posição em que se detectou a próxima passagem por zero ou se chegou ao fim do #amostras p = #amostras ? [S] [N] fim = 3 /* o #periodos = j */ p = posição em que se detectou a próxima passagem por zero ou se chegou ao fim do #amostras [S] fim = 1 /* o #periodos = (j+1) */ p = #amostras ? [N] (p - pos0) = 0 ? [N] /* Tentativa de divisão por zero */ [S] Frequencia[j] = FrequenciaAmostragem / (p-pos0) SomaFrequencia = SomaFrequencia + Frequencia[j] SomaQuadradoFrequencia = SomaQuadradoFrequencia + + Frequencia[j] * Frequencia[j] pos0 = p [N] j > 0 ? [S] Desvio[j-1] = Frequencia[j] - Frequencia[j-1] [N] j > 1 ? DesvioAcomulado = DesvioAcomulado + Desvio[j-1] Incrementa j [S] (fim=0) OU (j<2) ? Sair de CalculaFrequenciaSinal ( ) com valor (-1) <=> sinal não periódico [N] (...) 163 APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados (...) [N] fim = 3 ? [S] SomaFrequencia = SomaFrequencia / j /* Frequência Média */ DesvioAcomulado = SomaQuadradoFrequencia / j - SomaFrequencia * SomaFrequencia /* Desvio Padrão da Frequência */ DesvioAcomulado > máximo permitido ? [N] [S] Sair de CalculaFrequenciaSinal( ) com valor (-1) <=> sinal não periódico ErroFrequencia = DesvioFrequencia Sair de CalculaFrequenciaSinal( ) com o valor SomaFrequencia <=> sinal periódico /* fim = 1 */ SomaFrequencia = SomaFrequencia / ( j+1) /* Frequência Média */ DesvioAcomulado = SomaQuadradoFrequencia / ( j+1) - SomaFrequencia * SomaFrequencia /* Desvio Padrão da Frequência */ DesvioAcomulado > máximo permitido ? [N] ErroFrequencia = DesvioFrequencia Sair de CalculaFrequenciaSinal( ) com o valor SomaFrequencia <=> sinal periódico [S] Sair de CalculaFrequenciaSinal( ) com valor (-1) <=> sinal não periódico 164 APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 165 4. Rotina que Controla a Execução das Sessões de Experiências ExecutarExperiencias( ) [N] Todas as opções necessárias estão seleccionadas (cfg,calib,idt,bd) ? [S] Sair de ExecutarExperiencias( ) Apagar a possível file de EEG com o mesmo nome da que se vai criar Ler a dimensão da base de dados => dim_bd Contar o # de segmentos de EEG que se vão adquirir Guardar o cabeçalho da file de EEG = GuardarCabecalho( ) Limpar o monitor para iniciar o lote de sessões ses = 1 LOOP SESSÕES Enviar mensagem de início de sessão subses = 1 LOOP SUBSESSÕES Enviar mensagem de início de subsessão ensaio = 1 LOOP ENSAIOS ordem = valor aleatório de 0 a (dim_bd - 1) e que ainda não tenha sido usado nesta sessão Ler a ordem-ésima oração da base de dados j=1 LOOP REPETIÇÕES (...) APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 166 (...) Guardar a estampa temporal na file de EEG Guardar a oração, a sua posição na BD e o seu tipo na estrutura resp Programar a placa de aquisição => ProgramarAquisiçaoComDualDma( ) Colocar a última posição (= #amostras) do bufferA e do bufferB com 7000 /* ( 7000 é um valor impossível ocorrer nas amostras) */ (ensaio = 1) AND (j = 1) ? [S] [N] Ler o tempo do sistema para ti ti = tit Apresentar um '*' no monitor durante tON Apagar o texto presente no monitor Apagar o '*' Ficar em loop a ler o tempo do sistema para tf enquanto [ tf < (ti + tempo entre ensaios) ] t =tempo actual do sistema (tINICIAL+tON) Apresentar um '*' durante tON Ficar em loop durante o intervalo tOFF Apagar o '*' tit = tINICIAL + tON + tOFF Ficar em loop durante tOFF ServirAquisicaoComPolling( ) tit = tempo actual do sistema ServirAquisicaoComPolling( ) Libertar bufferA e bufferB Colocar a marca delimitadora de um segmento de EEG, na file de EEG Guardar a estrutura resp na file de identificação Incrementar j LOOP REPETIÇÕES j > NúmeroRepetições ? [S] [N] Incrementar ensaio LOOP ENSAIOS [S] (...) ensaio > NúmeroEnsaiosBloco ? [N] APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 167 (...) Apagar a barra onde se apresentam as orações Incrementar subses subses > NúmeroBlocosSessão ? LOOP SUBSESSÕES [N] [S] Apresentar a mensagem de fim de sessão [N] ses<NúmeroSessões ? [S] Inicia-se a próxima sessão ? [N] [S] Incrementar ses [S] ses > NúmeroSessões ? [S] Repor o ambiente do menu principal Sair de ExecutarExperiencias( ) LOOP SESSÕES [N] APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 168 5. Rotina que Programa a Placa de Aquisição para Funcionar com DMA Dupla ProgramarAquisicaoComDualdma( ) /* Cálculo do número total de amostras a adquirir */ #amostras = #canais * FrequênciaAmostragem * TempoAquisição[sessão] /* Cálculo do nº de transferências de DMA necessário realizar */ #amostras < (64K -100) [N] ? [S] #transferências = inteiro superior ao quociente [#amostras / (64k-100)] #transferências = 2 /* Cálculo do nº de amostras por transferência de DMA */ #amostras = inteiro superior ao quociente [#amostras / #transferências] Alocar espaço para bufferA com tamanho #amostras Determinar o endereço real em memória do início do bufferA alocado Calcular a que página de memória da placa corresponde o endereço real do bufferA Calcular o endereço de base/inicial dentro da página de memória a que corresponde o endereço real do bufferA Libertar o espaço do bufferA Alocar o espaço equivalente ao que falta para preencher a página parcialmente ocupada [N] O bufferA está contido por completo na mesma página de memória da placa ? [S] Calcular os bytes mais e menos significativos (count_high e count_low) correspondentes ao número de amostras, para colocar nos registos high_byte e low_byte word count Programar o controlador de DMA para o canal A => enviar palavras de programação para os vários registos do controlador de DMA/canal A : byte_pointer f/f register, dma mode register, dma_base address register, low-byte & high_byte word count registers, dma memory page register e dma mask register (...) APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados (...) Alocar espaço para o bufferB com tamanho #amostras Determinar o endereço real em memória do início do bufferB alocado Calcular a que página de memória da placa corresponde o endereço real do bufferB Calcular o endereço de base/inicial dentro da página de memória a que corresponde o endereço real do bufferB Libertar o espaço do bufferB Alocar o espaço equivalente ao que falta para preencher a página parcialmente ocupada [N] O bufferB está contido por completo na mesma página de memória da placa ? [S] Progrmar o controlador de DMA para o canal B => enviar as palavras correspondentes ao bufferB (endereço de base, página de memória, modo, mascara) e os mesmos bytes representativos do nº de amostras a adquirir que se usaram para o canal A Programar os registos do sistema A/D da placa => inicialização, programação da frequência de aquisição, escolher o bufferA, progrmar os canais a utilizar e os respectivos ganhos, habilitar as interrupções no fim de cada buffer estar cheio e no caso de erros, e o modo de DMA (dupla DMA e modo A/D clocked DMA) Esperar que o multiplexer estabilize no 1º canal desejado Sair de ProgramarAquisicaoComDualDma( ) 169 APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 170 6. Rotina que Calcula a Palavra de Programação a Colocar no Registo TMRCTR para Programar uma Frequência Desejada prog_frequencia( ) p = 0 /* prescaler */ c = 255 - 4*10 ^ 6 / (frequencia * 2 ^ p ) /* counter */ [N] ( [inteiro(c) + 1] - c) > (c - inteiro(c)) ? [S] c = inteiro(c) + 1 c = inteiro(c) c>=0 ? [N] [S] [N] p=0 ? [S] Incrementa p Incrementa p [S] p < 16 ? [N] Valor a colocar no registo TMRCTR da placa = [( p * 256) OR (inteiro(c) )] Sair de prog_frequencia( ) APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 171 7. Rotina que Reprograma o Controlador de DMA para se Continuar a Aquisição com DMA Dupla ReprogramarDualDma( ) Colocar o bit DMADONE do regito SUPCSR da placa a zero Verificar qual o buffer que não está a ser utilizado => buff [S] [N] buff = bufferA ? Programar o controlador de DMA para o canal A Programar o controlador de DMA para o canal B Incrementar o #buffers_lidos [N] #buffers_lidos = (#buffers_a_ler - 1) ? [S] Colocar a zero o bit B12 (dual DMA) do registo SUPCSR para terminar a aquisição ao encher o próximo buffer Verificar se houve algum erro no sistema A/D da placa Sair de ReprogramarDualDma( ) /* só falta ler um buffer */ APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 172 8. Programa que Obtém uma Estimativa do Espectro dum Sinal pelo Método de Bartlett main ( ) Ler o número de periodogramas a calcular => nperiodogramas n=0 [N] n=0 ? [S] Obter o nº de pontos (que deve ser uma potência de 2) a usar no cálculo das FFTs => npontos Colocar o módulo do espectro a zero ( <=> modulo[ ] = 0 ) Ler as amostras da file de EEG para a parte real do espectro => real[ ] Colocar a zero a parte imaginária do espectro ( <=> img[ ] = 0 ) Calcular npontos de uma janela de Hamming e colocá-los em window[ ] ( <=> ComputeHammingWindow( ) ) Fazer o produto das amostras do sinal pelos valores da janela de Hamming ( real[ ]*window[ ] ) Implementar a FFT real com os npontos contidos nos arrays real[ ] e img[ ] ( <=> fftReal1( ) ) Calcular o quadrado acomulado do módulo do espectro de potência ( <=> modulo[ ] = modulo[ ] + real[ ] * real[ ] + img[ ] * img[ ] ) Incrementar n [N] n=nperiodogramas ? [S] Calcular o quadrado do módulo médio do espectro de potência em dBs ( <=> modulo[ ] = 10 * log10 (modulo[ ] / nperiodogramas) ) Fazer o gráfico do espectro estimado com os valores contidos no array modulo[ ] Sair do main( ) APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 173 9. Rotina que Calcula Pontos Representativos de uma Janela de Hamming ComputeHammingWindow( ) t = 2 * PI / (npontos - 1) /* npontos é o nº de pontos a calcular */ j=0 window[j] = 0.54 - 0.46 * cos ( t * j ) Incrementar j [N] j = npontos ? [S] Sair de ComputeHammingWindow( ) APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 174 10. Programa que Calcula a Direcção de uma Matriz Unitária V (Obtida com a SVD) Correspondente à Direcção em que a matriz W ( ∑ nas Fórmulas da SVD) Tem o Maior Valor Singular main ( ) Ler o nome da file de EEG a usar => fileEeg Ler o cabeçalho da file fileEeg Ler qual o segmento de EEG a usar (segm) e o offset nesse segmento (offset) Ler o número de pontos a usar por cada canal (mp), o número de canais (np) e quais os canais Ler da posição desejada (offset) da file fileEeg e do segmento (segm) as mp amostras para Buffer Alocar espaço para as matrizes A (mp * np) e U (mp * np) n=0 m=0 A[m][n] = Buffer[n + m * #canais_da_file_eeg] U[m][n] = A[m][n] Incrementar m [S] m < mp ? [N] Incrementar n [S] n < np ? [N] Alocar espaço para a matriz V (np * np) e o vector W [np] Colocar (np -mp) linhas de zeros em A se (np > mp) Calcular a decomposição pelo método SVD => svdcmp(U,mp,np,W,V) Colocar todas as colunas de V, exepto a 1a, a zero Calcular a projecção de A sobre a direcção de V correspondente ao maior valor singular de W, o que equivale a fazer o produto A* V e usar a 1a coluna Ler o nome da file onde se vai guardar a 1a coluna de (A* V) e colocar lá essa coluna Libertar o espaço alocado par os arrays e matrizes Fim do main ( ) APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 175 11. Programa que Projecta um segmento de EEG sobre uma Direcção Obtida pelo Método da SVD main( ) Ler o nome da file onde está guardada a direcção de projecção [V] => fileAv Abrir a file fileAv offset = offset usado na file fileAv mp = número de amostras usadas para cada canal na file fileAv np = número de canais usados na file fileAv Alocar espaço para as matrizes A (mp * np) e V (np * np) Ler a 1a coluna da matriz V a partir da file fileAv Colocar as colunas 2 a np de V a zero Ler o nome da file de EEG (fileEEG), abrir essa file e ler o seu cabeçalho Ler qual o segmento de EEG a usar => segm size = mp * número de canais contidos na file fileEeg = mp * ncanais Ler da file fileEeg e da posição offset do segmento segm, size valores para Buffer n=1 m=1 A[m][n] = Buffer[n+m*ncanais] Incrementar m [S] m < mp ? [N] Incrementar n [S] n < ncanais ? [N] Calcular a média dos canais do array Buffer (usados na SVD), para comparar com a projecção de A sobre V Calcular a soma dos valores da 1a coluna de V => somaV /* Calcular a projecção de A sobre a 1a coluna de V. O resultado fica em U */ m=1 (...) APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados (...) n=1 U[m] = 0.0 i=1 U[m] = U[m] + A[m][i] * V[i][n] Incrementar i [S] i < np ? [N] U[m] = U[m] / somaV Incrementar m [S] m < mp ? [N] Ler o nome da file onde se vai guardar A*V e V => fileRes O nome da file onde se vai guardar a média dos canais usados na SVD (fileMedia) é igual a fileRes exepto a extensão que passa a ser ".EEG" Guardar na file fileRes a 1a coluna de A* V e a 1a coluna de V (np valores) Guardar na file fileMedia a média dos canais usados na SVD (mp valores) Libertar espaço alocado para as matrizes e arrays Fim do main( ) 176 APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 177 12. Programa que Classifica as Respostas Corticais pelo Método Elementar main ( ) Ler o nome da file de onde se vão ler as respostas corticais => fileEeg Ler a configuração associada com a file fileEeg Ler o cabeçalho da file fileEeg Determinar o número de respostas existentes na file fileEeg => nsegm Obter o tipo (V/F) das nsegm respostas da file fileEeg => valor[ ] Definir os intervalos para calcular as mplitudes necessárias à definição do parâmetro discriminador => t2min, dt2, t3min, dt3, t4min, dt4 Ler quantos canais se vão usar => nchs Questionar se os sinais vão ser alisados (S) ou não (N) => tipo Ler o nível de decisão para se separarem as respostas numa de duas classes possíveis => decisao nv[i] = 0 (0 <= i <= nchs) nv[i] = 0 (0 <= i <= nchs) DecisaoCanal[0][i] = 0 (0 <= i <= nchs) DecisaoCanal[0][i] = 0 (0 <= i <= nchs) ordem = 0 LOOP SEGMENTOS Ler os canais necessários do segmento ordem de fileEeg para Buffer [N] tipo = 'S' ? [S] Alisar os sinais contidos no array Buffer ch = 0 ; moda = 0 ; SomaDecisao = 0 LOOP CANAIS Calcular a amplitude de N200 (opção), P300 (opção) e N400 Calcular o valor do parâmetro pela definição desejada => parametro[ch] [N] DecisaoCanal[1][ch] = = DecisaoCanal[1][ch] + parametro[ch] nf[ch] = nf[ch] + 1 valor[ordem] = 'V' ? [S] DecisaoCanal[0][ch] = = DecisaoCanal[0][ch] + parametro[ch] nv[ch] = nv[ch] + 1 (...) APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 178 (...) SomaDecisao = SomaDecisao + parametro[ch] Guardar na file de resultados parametro[ch] ( na coluna do canal ch) [S] [N] parametro[ch]=decisao ? Decrementar moda Guardar ’F’ na file de resultados (ao lado de parametro[ch] para o canal ch) Incrementar moda Guardar ’V’ na file de resultados (ao lado de parametro[ch] para o canal ch) Incrementar ch LOOP CANAIS [S] ch < nchs ? [N] SomaDecisao = SomaDecisao / nchs Guardar SomaDecisao na file de resultados (na coluna do segmento ordem) [N] [S] moda < 0 ? Decide-se que a resposta pertence à classe V Decide-se que a resposta pertence à classe F Incrementar ordem LOOP SEGMENTOS [S] ordem < nsegm ? [N] DecisaoCanal[0][ch] = DecisaoCanal[0][ch] / nv[ch] (0 <= ch <= nchs) DecisaoCanal[1][ch] = DecisaoCanal[1][ch] / nf[ch] (0 <= ch <= nchs) Guardar os valores de DecisaoCanal[ ] na file de resultados FIM APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 179 13. Programa que Obtém uma Direcção de Projecção Óptima, 2º a Teoria de Bayes, pelo Método do Discriminante Linear de Fisher main ( ) nclasses = 2 p[i] = 1 / nclasses ( 0 <= i < nclasses) /* probabilidades à priori */ Obter o número total de objectos => k Ler o número de parâmetros dos objectos => n Obter os objectos (manualmente, a partir de uma file de EEG ou de uma file com objectos) para a matriz x[ ][ ] Obter para o array cx[ ] a atribuição dos objectos às classes (cx[i]=1 => classe 1; cx[i]=2 => classe 2) Calcular a direcção de projecção W com os objectos contidos na matriz x[ ] [ ] => DiscriminanteFisher (nclasses, p, n, x, cx, k) Guardar numa file o vector W e as projecções das médias amostrais das classes (norma 1,2) sobre W Fim APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 180 14. Rotina que Determina a Direcção de Projecção Óptima (W) pelo Método do Discriminante Linear de Fisher Os parâmetros de entrada desta rotina são os seguintes: • p[i] = probabilidade a priori da classe wi; •n = número de parâmetros por objecto; • x[ ][ ] = matriz que contém os objectos a usar na obtenção de W; • cx[i] = define a atribuição do objecto i a uma das classes; • kt = número de objectos para todas as classes. DiscriminanteFisher (nclasse, p, n, x, cx, kt) Calcular o nº de objectos por cada classe wi => k[i] (0 <= i < nclasses) Cálculo das médias amostrais mi para as classes wi =>m[i][ ] (0<=i<nclasses) Cálculo das matrizes de covariância amostral Si para cada classe wi => => s[i][ ][ ] (0 <= i < nclasses) Cálcular a matriz de covariância dentro das classes SD, que fica guardada na posição de S1 Calcular a matriz inversa de Sd (SD^-1) pelo do algoritmo de SVD, ficando em s[0][ ][ ] Calcular a direcção de projecção W que fica em w[ ] => => w[ ] = s[0][ ][ ] * ( m[1][ ] - m[2][ ] ) Calcular as projecções das médias amostrais sobre W => => norma1,2 = SUM[0 <= i < n] ( w[i] * m[1,2][i] ) Sair de DiscriminanteFisher ( ) APÊNDICE 3 - Fluxogramas de Algumas Rotinas e Programas Implementados 181 15. Programa que Classifica um Objecto numa de 2 Classes Possíveis, Através de uma Direcção de Projecção e uma Fronteira de Decisão Obtidas pelo Método do Discriminante Linear de Fisher main ( ) Obter a partir duma file a direcção de projecção W (=> w), o número de parâmetros dos objectos utilizados para obter W ( => n ), o número de classes ( => nclasses ) e as projecções das médias amostrais sobre W ( => norma1,2) Calcular a intersepção da fronteira de decisão óptima com a direcção de projecção W => norma = (norma1 + norma2) / 2 Ler o objecto a classificar (manualmente ou de uma file de EEG) para o array Buffer[ ] Calcular a projecção do objecto na direcção W => normaX = SUM[0 <= i < n] (w[i] * Buffer[i] ) Decidir a que classe das nclasses (=2) possíveis pertence o objecto, de acordo com os valores de normaX, norma, norma1 e norma2 [S] Continuar com a mesma direcção de projecção W ? [N] [S] Continuar a classificar objectos ? [N] Fim APÊNDICE 4 – Formato Standard dos Ficheiros de Dados 182 APÊNDICE 4 - Formato Standard dos Ficheiros de Dados 1. Sumário dos Campos a Incluir nos Ficheiros Nº Nome do Campo Comprimento Valor Not a 1 Header Fingerprint 6 (Fixo) "IAvSFo" 2 Comentário <= 512 ASCII 1 3 Nome do Sinal <= 32 ASCII 2 4 Data da Aquisição <= 10 ASCII 3 5 Data da Última Alteração <= 10 ASCII 3 6 Tipo de dados <= 10 Tabela TSD 4 7 Fonte dos dados <= 2 Tabela SSD 5 8 Número de Canais <= 3 INT 6 9 Número de Segmentos de Dados <= 6 INT 7 10 Número de Periodos de Amostragem <= 6 INT 8 <= 3 INT 9 por Segmento 11 Número de Amostras por Periodo de Amostragem 12 Número de Bytes por Amostra <=2 INT 10 13 Sequência de Amostragem Variável INT... 11 14 INTEL format flag 1 (Fixo) "0" ou "1" 12 15 Tipo de Codificação <= 2 Tabela FTC 13 16 Técnica de Compressão <= 2 Tabela CT 14 17 Tipo de Sinal <= 2 Tabela TOS 15 18 Dados sobre os Canais Variável Variável 16 APÊNDICE 4 – Formato Standard dos Ficheiros de Dados 183 Repetir os campos 18.A a 18.D Número de Canais vezes 18.A Nome do Canal 32 ASCII 16 18.B Ganho do Canal 16 ASCII 16 18.C Frequência de Amostragem do Canal 16 ASCII 16 18.D Informação Variável sobre o Canal Variável Variável 16 19 2 * #12 NºHexadecima 17 Separador de Segmento l 20 Estampa Temporal 1 (Fixo) "0" ou "1" 18 21 Informação Dependente da Aplicação Variável ASCII 19 22 Footer Fingerprint 6 (Fixo) "oFSvAI" -- ((SegmentoDados SeparadorSegmentos ...) EndOfFile 2. Notas Gerais - Toda a informação do cabeçalho é em ASCII. Se o programador tiver que usar dados binários deve converte-los para ASCII, usando por exemplo notação hexadecimal. Isto é relevante para os campos 18 e 20. - O cabeçalho do ficheiro de sinal começará sempre com o "header fingerprint" "IAvSF0" de comprimento fixo, que provém de Inesc Aveiro Signal Format, e terminará com "fingerprint" "IAvSFo" inverso e de comprimento fixo. - Todos os campos terminam com um separador válido, exepto os campos 21 e 22. - Os valores presentes na coluna correspondente ao valor, representa o tipo de informação presente no respectivo campo. Um INT significa um inteiro representado em ASCII (base 10) enquanto que ASCII significa uma "string" ASCII. Um nº hexadecimal é um inteiro representado em notação hexadecimal e um valor que começa com a palavra Tabela significa que os valores válidos serão encontrados na tabela indicada. INT... representa um número variável de inteiros e uma "string" entre pelicas indica um valor exacto. APÊNDICE 4 – Formato Standard dos Ficheiros de Dados 184 Todas os campos para os quais a informação não é conhecida ou é variável deve assumir o valor zero. - Separadores de campos válidos são: Space (ascii 0x20), CR (0x0D), LF (0x0A), "," (0x2C), ":" (0x3A), ";" (0x3B) ou qualquer combinação deles. - O armazenamento de mais de um sinal no mesmo ficheiro implica o seguinte: (a) Todos os sinais são amostrados no mesmo instante ou em série. Isto deve ser diferenciado no campo nº6. (b) Os sinais guardados no mesmo ficheiro são divididos em segmentos que são divididos em periodos de amostragem (grupo de amostras de todos os canais amostrados no mesmo instante) que são divididos em amostras (amostras individuais de um canal). (c) Todas as amostras dos canais, ainda que de canais diferentes, são representadas por números do mesmo formato utilizando a mesma quantidade de espaço de armazenamento. (d) As amostras de cada canal são armazenadas de uma forma «misturada» (todas as amostras de um periodo de amostragem são armazenadas juntas). 3. Notas Numeradas 1 - O campo denominado por comentário pode ter até 512 caracteres de comprimento incluindo os delimitadores. Pode usar todos os tipos de caracteres ASCII e deve ser delimitado por uma sequência qualquer de 2 caracteres (que não inclua separadores válidos) em ordem inversa. Um exemplo é: /* Isto podia ser um comentario */ 2 - O nome do sinal pode ter até 32 caracteres de comprimento. Não deve conter qualquer separador. Um exemplo é: exemplo.eeg 3 - Uma data segue o seguinte formato: YYYY-MM-DD. Os separadores entre ano, mês e dia podem ser "-" ou "/". Os digitos mais significativos do ano, mês e dia podem ser omitidos. Um exemplo é: 1988/12/25 89-4-12 0-0-0 (data desconhecida) APÊNDICE 4 – Formato Standard dos Ficheiros de Dados 185 4 - Um campo tipo inteiro contendo informação sobre as operações implementadas sobre o(s) sinal(ais). Cada bit dos 32 deste inteiro representa um tipo de operação ou transformação. A correspondência entre os bits e as operações é descrita na tabela TSD. Todos os bits que são indefenidos devem ser colocados a zero. 5 - Este número inteiro é usado para para obter uma entrada na tabela SSD, a qual identifica a fonte dos dados. 6 - Este inteiro especifica o número de canais/sinais armazenados no ficheiro. Não pode conter o valor zero. Coincide com o número de canais diferentes armazenados num segmento de amostras. 7 - Este campo inteiro especifica o número de segmentos armazenados no ficheiro. Se for desconhecido deve colocar-se este campo a zero. 8 - Este campo inteiro especifica o número de periodos de amostragem armazenados em cada segmento.Se for desconhecido ou variável deve colocar-se este campo a zero. 9 - Este campo inteiro especifica o número total de amostras armazenadas num periodo de amostragem. Deve ser uma constante diferente de zero. Nota que este número deve ser maior ou igual que o valor do campo nº8 (Número de canais). 10 - Este campo inteiro especifica o número de bytes que o armazenamento de uma amostra ocupa. Este campo não pode conter o valor zero. 11 - Este campo, que consiste de vários inteiros, especifica a ordem pela qual os canais são armazenados num segmento de amostragem. Há exactamente Número de amostras por periodo de amostragem (campo nº11) inteiros neste campo. A separação entre inteiros é qualquer separador válido. Um exemplo é: 3 4 1 2 0 (5 amostras de canais por segmento de amostragem). A 1ª amostra é uma amostra do canal 3, ... e a última amostra é uma amostra do canal 0. 12 - Ordem dos bytes: "0" significa que o byte mais significativo precede o menos significativo e "1" significa o oposto (formato Intel). 13 - Define a codificação empregue nos dados. Valores válidos podem ser encontrados na tabela FTC (Format Code). Esta informação e o valor do campo nº12 (Número de bytes por amostra) identificam exactamente o formato dos dados. 14 - Define a técnica de compressão usada. Valores válidos podem ser obtidos da tabela CT. APÊNDICE 4 – Formato Standard dos Ficheiros de Dados 186 15 - Define o tipo do sinal. Valores válidos são apresentados na tabela TOS. Este campo coincide com o tipo do sinal que originou o sinal armazenado no ficheiro. 16 - Este é um campo variável que guarda informação sobre cada canal. Há precisamente Número de canais (campo nº8) repetições da informação seguinte (uma para cada canal e sendo o canal 0 o primeiro): i) Nome do canal (no máximo 32 caracteres ascii sem separadores válidos) ii) Ganho do canal (um número em vírgula flutuante em formato ascii) ii) Frequência de amostragem usada no canal (um número em vírgula flutuante em formato ascii) iv) Informação dependente do tipo de aplicação. Este é um sub-campo variável onde a informação deve obedecer às regras seguintes: - O primeiro caracter é uma letra ascii que identifica a informação (tag) - Existe um separador entre o tag e a informação - Apenas o tag "A" não é seguido de informação - A informação é terminada por um separador - O tag "A" é reservado para identificar o fim de um sub-campo - Os tags definidos são apresentados na tabela TAG. 17 - Este é um campo hexadecimal que especifica o separdor de segmentos. Todos os segmentos devem terminar com esta informação. De referir que é um número binário com vários bytes representado em hexadecimal. A ordem dos bytes obedece a Intel format flag (campo nº14). Este campo ocupa exactamente 2*Número de bytes por amostra (campo nº12). Deve representar um valor binário que nunca aparece numa amostra válida. Por exemplo para números em vírgula flutuante pode ser um NAN (Not A Number). 18 - Estampa temporal: "0" significa que não existe estampa temporal no início de cada segmento de dados e "1" ignifica que existe estampa temporal no início de cada segmento de dados. O formato da estampa temporal é fixo e tem 9 digitos ascii de comprimento com a seguinte forma: HHMMSSmmm, onde HH é a hora, MM os minutos, SS os segundos e mmm os milésimos de segundo da 1ª amostra do segmento. APÊNDICE 4 – Formato Standard dos Ficheiros de Dados 187 19 - A informação dependente do tipo de aplicação é um campo ascii de comprimento variável que é terminado pelo "footer fingerprint" "oFSvAI". Pode conter informação que pode ser útil para certas aplicações, mas que não é essencial para outras. Não há separador depois do "footer fingerprint". 4. Tabelas TSD - Tipo de Dados 1 (Bit 0) Dados Em Bruto 2 (Bit 1) Amostragem Simultanea 4 (Bit 2) Amostragem Série 8 (Bit 3) Dados Filtrados 16 (Bit 4) Espectro de Potência Outros bits: não atribuidos SSD - Fonte dos Dados "0" Desconhecido "1" EEG "2" ECG "3" Potenciais Evocados "4" Voz Outros valores: não são válidos APÊNDICE 4 – Formato Standard dos Ficheiros de Dados 188 FTC - Tipo de Codificação "0" Unsigned INT "1" INT sinal + módulo "2" INT complemento para 1 "3" INT complemento 2 "4" INT excesso "5" Real IEEE "6" Real ANSI "7" Real DEC Outros valores: não são válidos CT - Técnica de Compressão "0" Não há compressão Outros valores: não são válidos TOS - Tipo De Sinal "0" Desconhecido "1" EEG unipolar "2" EEG bipolar "3" ECG "4" Potenciais Evocados "5" Voz Outros valores: não são válidos APÊNDICE 4 – Formato Standard dos Ficheiros de Dados TAG (Valores dos tags) "A" Fim da informação dependente da aplicação para um canal. Nenhuma informação segue este tag. "B" Mínimo do sinal de calibração (formato: campo nº15) "C" Máximo do sinal de calibração (formato: campo nº15) "D" Máximo da 2ª derivada do sinal de calibração (formato: campo nº15) "E" Estado do canal (formato: caracter ascii): "0": significa que as amostras deste canal têm valores válidos "1": significa que as amostras deste canal são «lixo» Outros valores: ilegais "G" Definição da Unidade (formato: "string" ascii). Identifica as unidades do campo anterior. Um exemplo é: "1 = 5.23mv" "H" Máximo da 1ª derivada do sinal de calibração (formato: campo nº15) "I" Valor de referência do sinal de calibração. Outros valores: não são válidos 189 APÊNDICE 5 - Orações e Parâmetros Utilizados nas Experiências APÊNDICE 5.1 - Orações Experiências 1 e 190 Parâmetros Utilizados 1. Orações Utilizadas na Experiência 1 # 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 1º SEGMENTO As aves O sangue A laranja A Terra A água do mar Um jardim Os comboios As galinhas Os peixes O professor As lâmpadas A cor do leite O médico Um cavalo Os gatos Uma rosa O limão O vinho O mel Os barcos As aves O sangue A laranja A Terra A água do mar Um jardim Os comboios As galinhas Os peixes O professor As lâmpadas A cor do leite O médico Um cavalo Os gatos Uma rosa O limão O vinho O mel Os barcos 2º SEGMENTO têm circula é é é tem andam põem vivem ensina dão é trata é caçam é é tem é andam têm circula é é é tem andam põem vivem ensina dão é trata é caçam é é tem é andam 3º SEGMENTO asas. nas veias. um fruto. redonda. salgada. flores. sobre carris. ovos. na água. os alunos. luz. o branco. os doentes. um animal. ratos. uma flor. amargo. álcool. doce. na água. barbatanas. sobre carris. uma ave. quadrada. doce. asas. na estrada. ratos. no ar. as portas. ovos. o roxo. a luz. uma flor. álcool. um animal. doce. Sol. amargo. no ar. nas APÊNDICE 5 - Orações e Parâmetros Utilizados nas Experiências 191 2. Parâmetros Utilizados na Experiência 1 1. Nome dos canais ⇒ CH0 ≡ Fz-A2 CH1 ≡ Cz-A2 CH2 ≡ Pz-A2 CH3 ≡ P4-A2 CH4 ≡ P3-A2 CH5 ≡ O2-A2 CH6 ≡ O1-A2 CH7 ≡ Não foi usado CH8 ≡ X1-A2 CH9 ... CH15 ≡ Não foram usados 2. Ganho adicional ⇒ CH0 ... CH15 ≡ 1 3. Número de segmentos = 3 4. Tamanho máximo em caracteres permitido para um segmento = 20 5. Tempo que medeia entre a apresentação dos segmentos = 1s 6. Tempo durante o qual os segmentos de texto permanecem visíveis ⇒ 1s (Experiência 1A) 0.4s (Experiência 1B) 7. Número de sessões = 1 8. Número de ensaios por sessão = 30 9. Número de blocos por sessão = 1 10. Número de ensaios por bloco = 30 11. Tempo entre o início de ensaios consecutivos = 6s 12. Resposta física/aberta ⇒ Não há 13. Tempo permitido para se dar a resposta aberta ⇒ ---14. Sessão treino/teste ⇒ Não há 15. Tempo de aquisição = 3s 16. Início da aquisição = 20 A 1 (20cs antes do 1º segmento) 17. Frequência de aquisição = 400Hz 18. Manter ou não os segmentos ⇒ Sim (Experiência 1A) Não (Experiência 1B) 19. Número de canais = 8 (7 de EEG e 1 de EOG) 20. Repetir a apresentação do mesmo estímulo = 1 vez APÊNDICE 5 - Orações e Parâmetros Utilizados nas Experiências APÊNDICE 5.2 - Orações Experiências 2 e 192 Parâmetros Utilizados 1. Orações Utilizadas na Experiência 2 # 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 1º SEGMENTO As aves O sangue A laranja A Terra A água do mar Um jardim Os comboios O corpo das aves Os peixes O professor O oxigénio A cor do leite O médico Um cavalo Os gatos Uma rosa O limão Uma bicicleta O mel Os barcos A água As aves O sangue A laranja A Terra A água do mar Um jardim Os comboios O corpo das aves Os peixes O professor O oxigénio A cor do leite O médico Um cavalo Os gatos Uma rosa O limão Uma bicicleta O mel Os barcos A água 2º SEGMENTO têm circula é é é tem andam é coberto vivem ensina é é trata é caçam é é anda é andam é têm circula é é é tem andam é coberto vivem ensina é é trata é caçam é é anda é andam é 3º SEGMENTO asas. nas veias. um fruto. redonda. salgada. flores. sobre carris. com penas. na água. os alunos. um gás. o branco. os doentes. um animal. ratos. uma flor. amargo. a pedais. doce. na água. um líquido. barbatanas. sobre carris. uma ave. quadrada. doce. asas. na estrada. com pêlos. no ar. as portas. um sólido. o roxo. a luz. uma flor. álcool. um animal. doce. a motor. amargo. no ar. um gás. nas APÊNDICE 5 - Orações e Parâmetros Utilizados nas Experiências 193 2. Parâmetros Utilizados na Experiência 2 1. Nome dos canais ⇒ CH0 ≡ Fz-A2 CH1 ≡ Cz-A2 CH2 ≡ Pz-A2 CH3 ≡ P4-A2 CH4 ≡ P3-A2 CH5 ≡ O2-A2 CH6 ≡ O1-A2 CH7 ≡ Não foi usado CH8 ≡ X1-A2 CH9 ... CH15 ≡ Não foram usados 2. Ganho adicional ⇒ CH0 ... CH15 ≡ 1 3. Número de segmentos = 3 4. Tamanho máximo em caracteres permitido para um segmento = 20 5. Tempo que medeia entre a apresentação dos segmentos (nas subsessões 1, 2, 3 e 4) = 1s 6. Tempo durante o qual os segmentos de texto permanecem visíveis (nas subsessões 1, 2, 3 e 4) = 400ms 7. Número de sessões = 1 8. Número de ensaios por sessão = 30 9. Número de blocos por sessão = 4 10. Número de ensaios por bloco ⇒ subsessão 1 = 8 subsessão 2 = 8 subsessão 3 = 7 subsessão 4 = 7 11. Tempo entre o início de ensaios consecutivos (nas subsessões 1, 2, 3 e 4) = 9s 12. Resposta física/aberta (nas subsessões 1, 2, 3 e 4) ⇒ Não há (Experiência 2A) Há (Experiência 2B) 13. Tempo permitido para se dar a resposta aberta (nas subsessões 1, 2, 3 e 4 ) ⇒ (Experiência 2A) = ---(Experiência 2B) = 1.5s 14. Sessão treino/teste ⇒ Não há 15. Tempo de aquisição = 4.6s 16. Início da aquisição = 20 A 1 (20cs antes do 1º segmento) 17. Frequência de aquisição = 400Hz 18. Manter ou não os segmentos ⇒ Não 19. Número de canais = 8 (7 de EEG e 1 de EOG) 20. Repe\tir a apresentação do mesmo estímulo (nas subsessões 1, 2, 3 e 4) = 1 vez APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 194 APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 1 - Interacção Entre os Factores que Influenciam a Amplitude e a Latência das ERPs 1.1 - A Variável de Teste é a Amplitude de N200 # Interacção Análise 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Valor Lógico - Tarefa Valor Lógico - Colaborador Valor Lógico - Forma Valor Lógico - Localização Tarefa - Colaborador Tarefa - Forma Tarefa - Localização Colaborador - Forma Colaborador - Localização Forma - Localização Valor Lógico - Tarefa - Colaborador Valor Lógico - Tarefa - Forma Valor Lógico - Tarefa - Localização Valor Lógico - Colaborador - Forma Valor Lógico - Colaborador - Localização Valor Lógico - Forma - Localização Tarefa - Colaborador - Forma Tarefa - Colaborador - Localização Tarefa - Forma - Localização Colaborador - Forma - Localização Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Forma Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Local Valor Lógico - Tarefa - Localização - Forma Valor Lógico - Colaborador - Local - Forma Colaborador - Tarefa - Localização - Forma Valor - Colaborador - Tarefa - Forma - Local F(3,3146) = 0.628 F(7,3142) = 11.50 F(3,3146) = 8.90 F(13,3136) = 10.00 F(5,3144) = 16.28 F(2,3147) = 12.87 F(13,3136) = 10.98 F(5,3144) = 12.68 F(27,3122) = 8.37 F(13,3136) = 12.42 F(5,3144) = 16.25 F(3,3146) = 8.74 F(27,3122) = 5.32 F(5,3144) = 12.8 F(55,3094) = 4.46 F(27,3122) = 6.06 F(5,3144) = 16.13 F(10,3139) = 21.67 F(8,3141) = 19.66 F(10,3139) = 19.80 F(6,3143) = 13.54 F(11,3138) = 19.76 F(9,3140) = 17.53 F(11,3138) = 18.06 F(11,3138) = 19.70 F(9,1790)=10.8 (*) F(8,1341)=10.2 (**) (*) - canais 1 a 4 (**) - canais 5 a 7 α 0.597 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 Resultado Não Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 195 1.2 - A Variável de Teste é a Latência de N200 # Interacção 1 2 Valor Lógico - Tarefa Valor Lógico - Colaborador 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Análise F(3,3146) = 105.45 ($) F(3,1256) = 19.42 ($$) F(3,1886) = 11.52 Valor Lógico - Forma F(3,3146) = 25.20 Valor Lógico - Localização F(13,3136) = 1.16 Tarefa - Colaborador F(5,3144) = 243.54 Tarefa - Forma F(2,3147) = 162.10 Tarefa - Localização F(13,3136) = 27.90 Colaborador - Forma F(5,3144) = 288.65 Colaborador - Localização F(27,3122) = 54.46 Forma - Localização F(13,3136) = 9.74 Valor Lógico - Tarefa - Colaborador F(5,3144) = 242.33 Valor Lógico - Tarefa - Forma F(3,3146) = 108.24 Valor Lógico - Tarefa - Localização F(27,3122) = 13.53 Valor Lógico - Colaborador - Forma F(5,3144) = 280.73 Valor Lógico - Colaborador - Localização F(55,3094) = 26.93 Valor Lógico - Forma - Localização F(27,3122) = 4.81 Tarefa - Colaborador - Forma F(5,3144) = 280.81 Tarefa - Colaborador - Localização F(10,3139) =123.47 Tarefa - Forma - Localização F(8,3141) = 42.60 Colaborador - Forma - Localização F(10,3139) =142.93 Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Forma F(6,3143) = 234.22 Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Local F(11,3138) =112.41 Valor Lógico - Tarefa - Localização - Forma F(9,3140) = 37.92 Valor Lógico - Colaborador - Local - Forma F(11,3138) =130.05 Colaborador - Tarefa - Localização - Forma F(11,3138) =130.09 Valor - Colaborador - Tarefa - Forma - Local F(9,1790)=70.3 (*) F(8,1341)=114 (**) (*) - canais 1 a 4 (**) - canais 5 a 7 ($) - colaboradores C1E1 e C2E1 ($$) - colaboradores C1E2 e C2E2 α 0.000 0.000 0.000 0.000 0.302 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 Resultado Significativa Significativa Significativa Significativa Não Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 196 1.3 - A Variável de Teste é a Amplitude de P300 # Interacção Análise 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Valor Lógico - Tarefa Valor Lógico - Colaborador Valor Lógico - Forma Valor Lógico - Localização Tarefa - Colaborador Tarefa - Forma Tarefa - Localização Colaborador - Forma Colaborador - Localização Forma - Localização Valor Lógico - Tarefa - Colaborador Valor Lógico - Tarefa - Forma Valor Lógico - Tarefa - Localização Valor Lógico - Colaborador - Forma Valor Lógico - Colaborador - Localização Valor Lógico - Forma - Localização Tarefa - Colaborador - Forma Tarefa - Colaborador - Localização Tarefa - Forma - Localização Colaborador - Forma - Localização Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Forma Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Local Valor Lógico - Tarefa - Localização - Forma Valor Lógico - Colaborador - Local - Forma Colaborador - Tarefa - Localização - Forma Valor - Colaborador - Tarefa - Forma - Local F(3,3146) = 7.12 F(7,3142) = 4.46 F(3,3146) = 1.67 F(13,3136) = 1.52 F(5,3144) = 16.69 F(2,3147) = 7.17 F(13,3136) = 5.30 F(5,3144) = 6.58 F(27,3122) = 1.90 F(13,3136) = 1.54 F(5,3144) = 4.48 F(3,3146) = 6.15 F(27,3122) = 3.02 F(5,3144) = 5.27 F(55,3094) = 1.34 F(27,3122) = 0.91 F(5,3144) = 6.05 F(10,3139) = 3.37 F(8,3141) = 3.73 F(10,3139) = 3.79 F(6,3143) = 5.71 F(11,3138) = 3.45 F(9,3140) = 3.78 F(11,3138) = 3.82 F(11,3138) = 4.17 F(9,1790) =7.08 (*) F(8,1341)=1.82 (**) (*) - canais 1 a 4 (**) - canais 5 a 7 α 0.000 0.000 0.172 0.102 0.000 0.001 0.000 0.000 0.003 0.096 0.000 0.000 0.000 0.000 0.050 0.593 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.069 Resultado Significativa Significativa Não Significativa Não Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Não Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Não Significativa Não Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Não Significativa APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 197 1.4 - A Variável de Teste é a Latência de P300 # Interacção 1 2 Valor Lógico - Tarefa Valor Lógico - Colaborador 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Análise F(3,3146) = 37.23 ($) F(3,1256) = 2.04 ($$) F(3,1886) = 16.45 Valor Lógico - Forma F(3,3146) = 12.74 Valor Lógico - Localização F(13,3136) = 8.91 Tarefa - Colaborador F(5,3144) = 79.29 Tarefa - Forma F(2,3147) = 112.70 Tarefa - Localização F(13,3136) = 18.48 Colaborador - Forma F(5,3144) = 21.18 Colaborador - Localização F(27,3122) = 9.59 Forma - Localização F(13,3136) = 13.31 Valor Lógico - Tarefa - Colaborador F(5,3144) = 79.51 Valor Lógico - Tarefa - Forma F(3,3146) = 75.62 Valor Lógico - Tarefa - Localização F(27,3122) = 9.20 Valor Lógico - Colaborador - Forma F(5,3144) = 21.16 Valor Lógico - Colaborador - Localização F(55,3094) = 5.02 Valor Lógico - Forma - Localização F(27,3122) = 6.67 Tarefa - Colaborador - Forma F(5,3144) = 82.59 Tarefa - Colaborador - Localização F(10,3139) = 53.78 Tarefa - Forma - Localização F(8,3141) = 44.26 Colaborador - Forma - Localização F(10,3139) = 22.39 Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Forma F(6,3143) = 69.07 Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Local F(11,3138) = 49.05 Valor Lógico - Tarefa - Localização - Forma F(9,3140) = 39.52 Valor Lógico - Colaborador - Local - Forma F(11,3138) = 20.50 Colaborador - Tarefa - Localização - Forma F(11,3138) = 50.57 Valor - Colaborador - Tarefa - Forma - Local F(9,1790)=29.8 (*) F(8,1341)=34.8 (**) (*) - canais 1 a 4 (**) - canais 5 a 7 ($) - colaboradores C1E1 e C2E1 ($$) - colaboradores C1E2 e C2E2 α 0.000 0.107 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 Resultado Significativa Não Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 198 1.5 - A Variável de Teste é a Amplitude de N400 # Interacção Análise 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Valor Lógico - Tarefa Valor Lógico - Colaborador Valor Lógico - Forma Valor Lógico - Localização Tarefa - Colaborador Tarefa - Forma Tarefa - Localização Colaborador - Forma Colaborador - Localização Forma - Localização Valor Lógico - Tarefa - Colaborador Valor Lógico - Tarefa - Forma Valor Lógico - Tarefa - Localização Valor Lógico - Colaborador - Forma Valor Lógico - Colaborador - Localização Valor Lógico - Forma - Localização Tarefa - Colaborador - Forma Tarefa - Colaborador - Localização Tarefa - Forma - Localização Colaborador - Forma - Localização Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Forma Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Local Valor Lógico - Tarefa - Localização - Forma Valor Lógico - Colaborador - Local - Forma Colaborador - Tarefa - Localização - Forma Valor - Colaborador - Tarefa - Forma - Local F(3,3146) = 34.80 F(7,3142) = 7.23 F(3,3146) = 13.91 F(13,3136) = 2.01 F(5,3144) = 20.98 F(2,3147) = 61.49 F(13,3136) = 6.54 F(5,3144) = 6.51 F(27,3122) = 1.03 F(13,3136) = 2.25 F(5,3144) = 25.72 F(3,3146) = 49.15 F(27,3122) = 4.22 F(5,3144) = 10.70 F(55,3094) = 1.46 F(27,3122) = 2.28 F(5,3144) = 26.81 F(10,3139) = 10.87 F(8,3141) = 15.85 F(10,3139) = 3.43 F(6,3143) = 26.49 F(11,3138) = 12.04 F(9,3140) = 16.81 F(11,3138) = 5.21 F(11,3138) = 12.54 F(9,1790)=12.4 (*) F(8,1341)=6.97 (**) (*) - canais 1 a 4 (**) - canais 5 a 7 α 0.000 0.000 0.000 0.017 0.000 0.000 0.000 0.000 0.419 0.006 0.000 0.000 0.000 0.000 0.016 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 Resultado Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Não Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 199 1.6 - A Variável de Teste é a Latência de N400 # 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Interacção Valor Lógico - Tarefa Valor Lógico - Colaborador Análise F(3,3146) = 134.80 ($) F(3,1256) = 17.34 ($$) F(3,1886) = 26.27 Valor Lógico - Forma F(3,3146) = 122.82 Valor Lógico - Localização F(13,3136) = 2.30 Tarefa - Colaborador F(5,3144) = 134.19 Tarefa - Forma F(2,3147) = 282.06 Tarefa - Localização F(13,3136) = 30.97 Colaborador - Forma F(5,3144) = 127.13 Colaborador - Localização F(27,3122) = 23.55 Forma - Localização F(13,3136) = 28.98 Valor Lógico - Tarefa - Colaborador F(5,3144) = 138.02 Valor Lógico - Tarefa - Forma F(3,3146) = 195.35 Valor Lógico - Tarefa - Localização F(27,3122) = 16.27 Valor Lógico - Colaborador - Forma F(5,3144) = 132.01 Valor Lógico - Colaborador - Localização F(55,3094) = 13.06 Valor Lógico - Forma - Localização F(27,3122) = 14.74 Tarefa - Colaborador - Forma F(5,3144) = 140.34 Tarefa - Colaborador - Localização F(10,3139) = 68.78 Tarefa - Forma - Localização F(8,3141) = 73.17 Colaborador - Forma - Localização F(10,3139) = 65.66 Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Forma F(6,3143) = 121.27 Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Local F(11,3138) = 64.78 Valor Lógico - Tarefa - Localização - Forma F(9,3140) = 67.50 Valor Lógico - Colaborador - Local - Forma F(11,3138) = 62.03 Colaborador - Tarefa - Localização - Forma F(11,3138) = 65.85 Valor - Colaborador - Tarefa - Forma - Local F(9,1790)=40.9 (*) F(8,1341)=47.6 (**) (*) - canais 1 a 4 (**) - canais 5 a 7 ($) - colaboradores C1E1 e C2E1 ($$) - colaboradores C1E2 e C2E2 α 0.000 0.000 0.000 0.000 0.005 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 Resultado Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 200 1.7 - A Variável de Teste é a Amplitude de P500 # Interacção Análise 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Valor Lógico - Tarefa Valor Lógico - Colaborador Valor Lógico - Forma Valor Lógico - Localização Tarefa - Colaborador Tarefa - Forma Tarefa - Localização Colaborador - Forma Colaborador - Localização Forma - Localização Valor Lógico - Tarefa - Colaborador Valor Lógico - Tarefa - Forma Valor Lógico - Tarefa - Localização Valor Lógico - Colaborador - Forma Valor Lógico - Colaborador - Localização Valor Lógico - Forma - Localização Tarefa - Colaborador - Forma Tarefa - Colaborador - Localização Tarefa - Forma - Localização Colaborador - Forma - Localização Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Forma Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Local Valor Lógico - Tarefa - Localização - Forma Valor Lógico - Colaborador - Local - Forma Colaborador - Tarefa - Localização - Forma Valor - Colaborador - Tarefa - Forma - Local F(3,3146) = 13.20 F(7,3142) = 5.27 F(3,3146) = 8.20 F(13,3136) = 2.18 F(5,3144) = 8.60 F(2,3147) = 14.81 F(13,3136) = 2.83 F(5,3144) = 10.71 F(27,3122) = 3.08 F(13,3136) = 2.70 F(5,3144) = 5.73 F(3,3146) = 13.38 F(27,3122) = 2.48 F(5,3144) = 12.54 F(55,3094) = 2.06 F(27,3122) = 1.95 F(5,3144) = 11.81 F(10,3139) = 3.65 F(8,3141) = 5.96 F(10,3139) = 7.02 F(6,3143) = 11.66 F(11,3138) = 4.24 F(9,3140) = 6.48 F(11,3138) = 7.37 F(11,3138) = 7.03 F(9,1790) =6.14 (*) F(8,1341)=8.06 (**) (*) - canais 1 a 4 (**) - canais 5 a 7 α 0.000 0.000 0.000 0.008 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.001 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.002 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 Resultado Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 201 1.8 - A Variável de Teste é a Latência de P500 # 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Interacção Valor Lógico - Tarefa Valor Lógico - Colaborador Análise F(3,3146) = 25.07 ($) F(3,1256) = 37.58 ($$) F(3,1886) = 8.00 Valor Lógico - Forma F(3,3146) = 457.84 Valor Lógico - Localização F(13,3136) = 0.59 Tarefa - Colaborador F(5,3144) = 63.33 Tarefa - Forma F(2,3147) = 689.60 Tarefa - Localização F(13,3136) = 5.94 Colaborador - Forma F(5,3144) = 314.55 Colaborador - Localização F(27,3122) = 11.92 Forma - Localização F(13,3136) =105.39 Valor Lógico - Tarefa - Colaborador F(5,3144) = 63.18 Valor Lógico - Tarefa - Forma F(3,3146) = 459.83 Valor Lógico - Tarefa - Localização F(27,3122) = 3.11 Valor Lógico - Colaborador - Forma F(5,3144) = 314.72 Valor Lógico - Colaborador - Localização F(55,3094) = 6.01 Valor Lógico - Forma - Localização F(27,3122) = 51.20 Tarefa - Colaborador - Forma F(5,3144) = 315.52 Tarefa - Colaborador - Localização F(10,3139) = 31.84 Tarefa - Forma - Localização F(8,3141) = 172.99 Colaborador - Forma - Localização F(10,3139) =157.82 Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Forma F(6,3143) = 262.99 Valor Lógico - Tarefa - Colaborador - Local F(11,3138) = 29.05 Valor Lógico - Tarefa - Localização - Forma F(9,3140) = 153.80 Valor Lógico - Colaborador - Local - Forma F(11,3138) =143.50 Colaborador - Tarefa - Localização - Forma F(11,3138) =143.87 Valor - Colaborador - Tarefa - Forma - Local F(9,1790)=102.1(*) F(8,1341)=83.0 (**) (*) - canais 1 a 4 (**) - canais 5 a 7 ($) - colaboradores C1E1 e C2E1 ($$) - colaboradores C1E2 e C2E2 α 0.000 0.000 0.000 0.000 0.860 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 Resultado Significativa Significativa Significativa Significativa Não Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 202 2.1 - Análise da Influência do Factor Forma das Orações Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 2.1.1 - Estudo da Influência do Factor Forma das Orações Sobre a Amplitude e Latência da ERP N200 2.1.1.1 - Interacções Variável Tarefa Colaborador N200 T200 N200 T200 NR(*) NR NR NR C1E1 C1E1 C2E1 C2E1 Interacção Análise Forma - Valor Lógico Forma - Valor Lógico Forma - Valor Lógico Forma - Valor Lógico F(3,626) = 1.02 F(3,626) = 60.08 F(3,626) = 0.45 F(3,626) = 11.04 α 0.384 0.000 0.716 0.000 Resultado Não Signific. Significativa Não Signific. Significativa (*) NR - não se exige uma resposta aberta 2.1.1.2 - Influência do Factor Forma das Orações sobre a ERP N200 Variável Tarefa N200 T200 N200 T200 N200 T200 N200 T200 NR NR NR NR NR NR NR NR Colab. Valor Análise C1E1 C1E1 C1E1 C1E1 C2E1 C2E1 C2E1 C2E1 F(*) F(1,306) = 0.00 F F(1,306) = 45.34 V(**) F(1,320) = 0.00 V F(1,320) = 129.61 F F(1,306) = 0.29 F F(1,306) = 23.32 V F(1,320) = 0.57 V F(1,320) = 6.04 α Resultado 0.992 0.000 0.999 0.000 0.593 0.000 0.450 0.015 Não Signific. Significativa Não Signific. Significativa Não Signific. Significativa Não Signific. Significativa Σ(MS) Σ(NMS) -30.2 182 -27.1 192 -27.5 177 -28.3 165 -30.2 157 -27.1 149 -28.8 159 -26.8 157 (*) V - Orações verdadeiras (**) F- Orações Falsas Σ(MS) - média da variável em causa quando a forma = Manter os Segmentos Σ(NMS) - média da variável em causa quando a forma = Não Manter os Segmentos APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 203 2.1.2 - Estudo da Influência do Factor Forma das Orações Sobre a Amplitude e Latência da ERP P300 2.1.2.1 - Interacções Variáv el P300 T300 P300 T300 Tarefa Colaborador NR NR NR NR C1E1 C1E1 C2E1 C2E1 Interacção Análise Forma - Valor Lógico Forma - Valor Lógico Forma - Valor Lógico Forma - Valor Lógico F(3,626) = 8.74 F(3,626) = 1.53 F(3,626) = 1.06 F(3,626) = 7.54 α 0.000 0.207 0.368 0.000 Resultado Significativa Não Signific. Não Signific. Significativa 2.1.2.2 - Influência do Factor Forma das Orações sobre a ERP P300 Variável Tarefa P300 T300 P300 T300 P300 T300 P300 T300 NR NR NR NR NR NR NR NR Colab. Valo r Análise α Resultado C1E1 C1E1 C1E1 C1E1 C2E1 C2E1 C2E1 C2E1 F F V V F F V V F(1,306) = 2.03 F(1,306) = 1.64 F(1,320) = 20.79 F(1,320) = 1.42 F(1,306) = 0.00 F(1,306) = 1.20 F(1,320) = 0.05 F(1,320) = 21.19 0.156 0.202 0.000 0.234 0.954 0.274 0.817 0.000 Não Signific. Não Signific. Significativa Não Signific. Não Signific. Não Signific. Não Signific. Significativa Σ(MS) Σ(NMS) 17.9 262 15.4 266 14.6 259 17.3 249 21.2 267 27.9 271 14.7 264 17.8 266 2.1.3 - Estudo da Influência do Factor Forma das Orações Sobre a Amplitude e Latência da ERP N400 2.1.3.1 - Interacções Variável Tarefa Colaborador N400 T400 N400 T400 (*)NR NR NR NR C1E1 C1E1 C2E1 C2E1 Interacção Análise Forma - Valor Lógico Forma - Valor Lógico Forma - Valor Lógico Forma - Valor Lógico F(3,626) = 14.64 F(3,626) = 15.43 F(3,626) = 4.12 F(3,626) = 11.85 α 0.000 0.000 0.007 0.000 Resultado Significativa Significativa Significativa Significativa APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 204 2.1.3.2 - Influência do Factor Forma das Orações sobre a ERP N400 Variável Tarefa N400 T400 N400 T400 N400 T400 N400 T400 NR NR NR NR NR NR NR NR Colab. Valor Análise α Resultado Σ(MS) Σ(NMS) C1E1 C1E1 C1E1 C1E1 C2E1 C2E1 C2E1 C2E1 F F V V F F V V F(1,306) = 8.02 F(1,306) = 6.51 F(1,320) = 11.23 F(1,320) = 7.37 F(1,306) = 5.67 F(1,306) = 1.60 F(1,320) = 2.48 F(1,320) = 30.70 0.005 0.011 0.001 0.007 0.018 0.207 0.116 0.000 Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Não Signific. Não Signific. Significativa -34.6 411 -24.6 399 -34.0 396 -28.4 409 -26.1 403 -14.8 390 -27.2 391 -24.5 389 2.1.4 - Estudo da Influência do Factor Forma das Orações Sobre a Amplitude e Latência da ERP P500 2.1.4.1 - Interacções Variável Tarefa P500 T500 P500 T500 NR NR NR NR Colaborador Interacção Análise C1E1 C1E1 C2E1 C2E1 Forma - Valor Lógico Forma - Valor Lógico Forma - Valor Lógico Forma - Valor Lógico F(3,626) = 12.25 F(3,626) = 265.56 F(3,626) = 5.36 F(3,626) = 245.97 α Resultado 0.000 0.000 0.001 0.000 Significativa Significativa Significativa Significativa 2.1.4.2 - Influência do Factor Forma das Orações sobre a ERP P500 Variável Tarefa P500 T500 P500 T500 P500 T500 P500 T500 NR NR NR NR NR NR NR NR Colab. Valor Análise α Resultado Σ(MS) Σ(NMS) C1E1 C1E1 C1E1 C1E1 C2E1 C2E1 C2E1 C2E1 F F V V F F V V F(1,306) = 10.57 F(1,306) = 217.51 F(1,320) = 11.38 F(1,320) = 576.38 F(1,306) = 6.35 F(1,306) = 299.38 F(1,320) = 6.70 F(1,320) = 444.23 0.001 0.000 0.001 0.000 0.012 0.000 0.010 0.000 Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa 9.5 566 17.5 574 8.7 565 12.1 568 19.6 515 28.1 491 15.6 501 18.9 497 APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 205 2.2 - Análise da Influência do Factor Tarefa a Realizar Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 2.2.1 - Estudo da Influência do Factor Tarefa a Realizar Sobre a Amplitude e Latência da ERP N200 2.2.1.1 - Interacções Variável Forma Colaborador Interacção Análise α Resultado C1E2 Tarefa - Valor Lógico F(3,1046) = 12.26 0.000 Significativa T200 (*)NM S NMS C1E2 Tarefa - Valor Lógico F(3,1046) = 2.11 0.097 N200 T200 NMS NMS C2E2 C2E2 Tarefa - Valor Lógico Tarefa - Valor Lógico F(3,836) = 11.16 F(3,836) = 8.96 0.000 0.000 Não Signific. Significativa Significativa N200 (*) NMS - Não Manter visíveis os Segmentos já apresentados 2.2.1.2 - Influência do Factor Tarefa a Realizar sobre a ERP N200 Variável Forma Colab. Valor Análise α Resultado Σ(NR) Σ(R) NMS NMS NMS NMS NMS NMS NMS NMS C1E2 C1E2 C1E2 C1E2 C2E2 C2E2 C2E2 C2E2 F F V V F F V V F(1,551) = 28.83 F(1,551) = 1.48 F(1,495) = 0.23 F(1,495) = 4.97 F(1,551) = 1.51 F(1,551) = 5.49 F(1,495) = 27.51 F(1,495) = 16.60 0.000 0.224 0.632 0.026 0.220 0.020 0.000 0.000 Significativa Não Signific. Não Signific. Significativa Não Signific. Significativa Significativa Significativa -18.8 204 -22.3 202 -21.8 209 -20.5 224 -27.6 208 -21.6 210 -19.5 216 -28.4 212 N200 T200 N200 T200 N200 T200 N200 T200 Σ(R) - média da variável em causa quando a Tarefa = Exige-se uma Resposta Aberta Σ(NR) - média da variável em causa quando a Tarefa = Não se Exige uma Resposta Aberta APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 206 2.2.2 - Estudo da Influência do Factor Tarefa a Realizar Sobre a Amplitude e Latência da ERP P300 2.2.2.1 - Interacções Variável Forma Colaborador NMS NMS NMS NMS P300 T300 P300 T300 C1E2 C1E2 C2E2 C2E2 α Interacção Análise Tarefa - Valor Lógico Tarefa - Valor Lógico Tarefa - Valor Lógico Tarefa - Valor Lógico F(3,1046) = 22.29 F(3,1046) = 61.21 F(3,836) = 16.27 F(3,836) = 39.77 Resultado 0.000 0.000 0.000 0.000 Significativa Significativa Significativa Significativa 2.2.2.2 - Influência do Factor Tarefa a Realizar sobre a ERP P300 Variável Forma NMS NMS NMS NMS NMS NMS NMS NMS P300 T300 P300 T300 P300 T300 P300 T300 Colab. Valor Análise α Resultado Σ(NR) Σ(R) C1E2 C1E2 C1E2 C1E2 C2E2 C2E2 C2E2 C2E2 F F V V F F V V F(1,551) = 40.92 F(1,551) = 74.65 F(1,495) = 20.63 F(1,495) = 103.10 F(1,551) = 28.42 F(1,551) = 64.58 F(1,495) = 0.61 F(1,495) = 54.87 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.437 0.000 Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Não Signific. Significativa 24.4 285 20.2 284 13.9 293 13.1 291 13.6 258 12.6 251 23.7 265 14.4 265 2.2.3 - Estudo da Influência do Factor Tarefa a Realizar Sobre a Amplitude e Latência da ERP N400 2.2.3.1 - Interacções Variável Forma Colaborador N400 T400 N400 T400 NMS NMS NMS NMS C1E2 C1E2 C2E2 C2E2 Interacção Análise α Resultado Tarefa - Valor Lógico Tarefa - Valor Lógico Tarefa - Valor Lógico Tarefa - Valor Lógico F(3,1046) = 23.34 F(3,1046) = 30.62 F(3,836) = 20.10 F(3,836) = 4.88 0.000 0.000 0.000 0.002 Significativa Significativa Significativa Significativa APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 207 2.2.3.2 - Influência do Factor Tarefa a Realizar sobre a ERP N400 Variável Tarefa NMS NMS NMS NMS NMS NMS NMS NMS N400 T400 N400 T400 N400 T400 N400 T400 Colab. Valor C1E2 C1E2 C1E2 C1E2 C2E2 C2E2 C2E2 C2E2 F F V V F F V V Análise α Resultado Σ(NR) Σ(R) F(1,551) = 25.71 F(1,551) = 3.77 F(1,495) = 35.33 F(1,495) = 51.31 F(1,551) = 15.68 F(1,551) = 4.60 F(1,495) = 47.95 F(1,495) = 7.73 0.000 0.067 0.000 0.000 0.000 0.033 0.000 0.006 Significativa Não Signific. Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa Significativa -24.3 375 -19.0 374 -21.9 378 -21.5 382 -34.5 370 -30.5 350 -31.1 371 -33.9 373 2.2.4 - Estudo da Influência do Factor Tarefa a Realizar Sobre a Amplitude e Latência da ERP P500 2.2.4.1 - Interacções Variável Forma Colaborador P500 T500 P500 T500 NMS NMS NMS NMS C1E2 C1E2 C2E2 C2E2 Interacção Análise Tarefa - Valor Lógico Tarefa - Valor Lógico Tarefa - Valor Lógico Tarefa - Valor Lógico F(3,1046) = 15.69 F(3,1046) = 1.02 F(3,836) = 4.49 F(3,836) = 3.52 α 0.000 0.385 0.004 0.015 Resultado Significativa Não Signific. Significativa Significativa 2.2.4.2 - Influência do Factor Tarefa a Realizar sobre a ERP P500 Variável Forma P500 T500 P500 T500 P500 T500 P500 T500 NMS NMS NMS NMS NMS NMS NMS NMS Colab. Valor C1E2 C1E2 C1E2 C1E2 C2E2 C2E2 C2E2 C2E2 F F V V F F V V Análise α Resultado Σ(NR) Σ(R) F(1,551) = 9.55 F(1,551) = 0.00 F(1,495) = 34.84 F(1,495) = 0.13 F(1,551) = 9.74 F(1,551) = 10.07 F(1,495) = 1.05 F(1,495) = 0.02 0.002 0.990 0.000 0.719 0.002 0.002 0.307 0.897 Significativa Não Signific. Significativa Não Signific. Significativa Significativa Não Signific. Não Signific. 17.3 512 22.3 516 9.7 526 13.4 522 12.3 512 12.1 515 17.4 515 11.5 522 APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 3 - Análise da Influência do Factor Valor 208 Lógico das Orações Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 3.1 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Amplitude de N200 Forma NMS NMS NMS NMS MS MS NMS NMS Colab. Tarefa C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 NR NR NR NR NR NR R R Análise α Resultado Σv Σf F(1,208) = 0.98 F(1,418) = 1.32 F(1,418) = 3.42 F(1,418) = 0.65 F(1,418) = 2.07 F(1,208) = 0.09 F(1,628) = 20.75 F(1,418) = 23.56 0.323 0.251 0.065 0.419 0.151 0.766 0.000 0.000 Não Signific. Não Signific. Não Signific. Não Signific. Não Signific. Não Signific. Significativa Significativa -27.1 -26.8 -22.3 -20.5 -27.1 -28.3 -21.6 -28.4 -30.2 -28.8 -18.8 -21.8 -30.2 -27.5 -27.6 -19.5 MS - Mantêm-se os Segmentos Já Apresentados Da Oração NMS - Não se Mantêm os Segmentos Já Apresentados Da Oração NR - Não se Exige uma Resposta Aberta R - Exige-se uma Resposta Aberta Σv - Média correspondente ás Oracões Verdadeiras Σf - Média correspondente ás Oracões falsas 3.2 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Latência de N200 Forma Colab. Tarefa Análise α Resultado Σv Σf NMS NMS NMS NMS MS MS NMS NMS C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 NR NR NR NR NR NR R R F(1,208) = 4.56 F(1,418) = 0.54 F(1,418) = 0.18 F(1,418) = 20.25 F(1,418) = 9.37 F(1,208) = 4.89 F(1,628) = 0.40 F(1,418) = 2.66 0.034 0.463 0.670 0.000 0.002 0.028 0.529 0.104 Significativa Não Signific. Não Signific. Significativa Significativa Significativa Não Signific. Não Signific. 149 157 202 224 192 165 210 212 157 159 204 209 182 177 208 216 APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 209 3.3 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Amplitude de P300 Forma Colab. Tarefa Análise α Resultado Σv Σf NMS NMS NMS NMS MS MS NMS NMS C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 NR NR NR NR NR NR R R F(1,208) = 3.72 F(1,418) = 2.39 F(1,418) = 4.63 F(1,418) = 0.23 F(1,418) = 1.83 F(1,208) = 0.78 F(1,628) = 0.46 F(1,418) = 29.5 0.055 0.122 0.032 0.635 0.177 0.376 0.499 0.000 Não Signific. Não Signific. Significativa Não Signific. Não Signific. Não Signific. Não Signific. Significativa 21.2 17.8 20.2 13.1 15.4 17.3 12.6 14.4 27.9 14.7 24.4 13.9 17.9 14.6 13.6 23.7 3.4 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Latência de P300 Forma Colab. Tarefa Análise α Resultado Σv Σf NMS NMS NMS NMS MS MS NMS NMS C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 NR NR NR NR NR NR R R F(1,208) = 0.82 F(1,418) = 0.77 F(1,418) = 0.09 F(1,418) = 0.54 F(1,418) = 0.92 F(1,208) = 3.88 F(1,628) = 5.41 F(1,418) = 0.02 0.367 0.382 0.767 0.464 0.339 0.050 0.020 0.904 Não Signific. Não Signific. Não Signific. Não Signific. Não Signific. Não Signific. Significativa Não Signific. 271 267 284 291 266 249 250 265 267 264 285 293 262 260 258 265 3.5 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Amplitude de N400 Forma Colab. Tarefa Análise α Resultado Σv Σf NMS NMS NMS NMS MS MS NMS NMS C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 NR NR NR NR NR NR R R F(1,208) = 9.02 F(1,418) = 1.48 F(1,418) = 5.69 F(1,418) = 0.06 F(1,418) = 18.96 F(1,208) = 3.66 F(1,628) = 5.23 F(1,418) = 3.06 0.003 0.225 0.017 0.810 0.000 0.047 0.023 0.081 Significativa Não Signific. Significativa Não Signific. Significativa Significativa Significativa Não Signific. -14.8 -24.5 -19.0 -21.5 -24.6 -28.4 -30.5 -33.9 -26.1 -27.2 -24.3 -21.9 -34.6 -34.0 -34.4 -30.1 APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 210 3.6 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Latência de N400 Forma Colab. Tarefa Análise α Resultado Σv Σf NMS NMS NMS NMS MS MS NMS NMS C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 NR NR NR NR NR NR R R F(1,208) = 9.68 F(1,418) = 0.77 F(1,418) = 0.31 F(1,418) = 3.11 F(1,418) = 20.90 F(1,208) = 12.40 F(1,628) = 39.51 F(1,418) = 0.28 0.002 0.382 0.577 0.078 0.000 0.001 0.000 0.595 Significativa Não Signific. Não Signific. Não Signific. Significativa Significativa Significativa Não Signific. 390 389 373 382 399 408 349 373 403 391 375 378 411 395 369 371 3.7 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Amplitude de P500 Forma Colab. Tarefa Análise α Resultado Σv Σf NMS NMS NMS NMS MS MS NMS NMS C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 NR NR NR NR NR NR R R F(1,208) = 3.89 F(1,418) = 2.27 F(1,418) = 6.73 F(1,418) = 3.52 F(1,418) = 12.59 F(1,208) = 1.16 F(1,628) = 0.02 F(1,418) = 6.06 0.050 0.132 0.010 0.061 0.000 0.283 0.877 0.014 Não Signific. Não Signific. Significativa Não Signific. Significativa Não Signific. Não Signific. Significativa 28.1 19.0 22.3 13.4 17.5 12.1 12.1 11.5 19.5 15.6 17.3 9.7 9.5 8.7 12.3 17.4 3.8 - Influência do Factor Valor Lógico das Orações sobre a Latência de P500 Forma NMS NMS NMS NMS MS MS NMS NMS Colab. Tarefa C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 C1E1 C2E1 C1E2 C2E2 NR NR NR NR NR NR R R Análise α Resultado Σv Σf F(1,208) = 40.10 F(1,418) = 1.82 F(1,418) = 1.56 F(1,418) = 1.57 F(1,418) = 9.60 F(1,208) = 0.65 F(1,628) = 1.42 F(1,418) = 4.50 0.000 0.178 0.217 0.211 0.002 0.422 0.233 0.035 Significativa Não Signific. Não Signific. Não Signific. Significativa Não Signific. Não Signific. Significativa 491 497 516 522 575 568 515 522 515 501 512 526 565 565 512 515 APÊNDICE 6 - Resultados da Análise de Variância Efectuada Sobre a Amplitude e Latência das ERPs 211 4 - Influência do Factor Localização de Recolha do EEG sobre a Amplitude e Latência das ERPs Análise α Resultado Σ1 Σ2 Σ3 Σ4 Σ5 Σ6 Σ7 F(6,308) = 3.38 F(6,308) = 2.68 F(6,308) = 3.84 F(6,308) = 1.79 F(6,308) = 0.30 F(6,308) = 0.66 F(6,308) = 0.87 F(6,308) = 3.01 F(6,308) = 0.14 F(6,308) = 0.07 F(6,308) = 0.58 F(6,308) = 0.20 F(6,308) = 0.09 F(6,308) = 0.68 F(6,308) = 0.39 F(6,308) = 0.85 0.003 0.015 0.001 0.101 0.937 0.684 0.513 0.007 0.991 0.999 0.747 0.977 0.998 0.664 0.883 0.534 Significa. Significa. Significa. Não Signi. Não Signi. Não Signi. Não Signi. Significa. Não Signi. Não Signi. Não Signi. Não Signi. Não Signi. Não Signi. Não Signi. Não Signi. -30.0 -32.5 162 160 22.6 18.7 270 270 -21.9 -28.2 391 395 23.8 19.8 495 509 -33.2 -35.4 162 164 23.0 19.8 271 274 -22.2 -27.5 390 396 21.7 17.6 494 505 -27.4 -31.3 155 160 19.4 14.4 270 269 -21.9 -27.0 392 398 21.4 15.5 491 499 -26.3 -27.3 156 160 21.4 17.5 264 265 -21.2 -25.1 387 394 23.0 20.6 499 508 -30.4 -32.6 155 159 23.5 19.0 272 266 -21.0 -26.6 392 397 20.6 15.7 495 505 -20.1 -23.9 140 150 19.5 12.6 269 261 -18.4 -26.9 390 394 22.5 10.8 494 503 -20.9 -21.9 148 151 19.0 16.1 261 250 -22.2 -26.3 382 392 21.1 18.5 498 511 ERP Valor N200 N200 T200 T200 P300 P300 T300 T300 N400 N400 T400 T400 P500 P500 T500 T500 V F V F V F V F V F V F V F V F Os resultados são válidos para os colaboradores C1E1 e C2E1, quando não se exige uma resposta aberta sobre as orações apresentadas (NR) e as orações são apresentadas sem manter os segmentos já apresentados dessas orações (NMS). V - Orações Verdadeiras F - Orações Falsas Σi (i = 1 até 7) - Média para o iésimo canal. Bibliografia 212 BIBLIOGRAFIA 1. Polich, J. and Donchin, E. - "P300 and the word frequency effect". Electroencephalography and clinical Neurophysiology, Vol. 70, Pag.s 33-45, 1988. 2. Childers, D. G. , Bloom, P. A. , Arroyo, A. A. , Roucos, S. E. , Fischler, I. S. , Achariyapaopan, T. and Perry Jr, N. W. - "Classification of cortical responses using features from single EEG records". IEEE Transactions on Biomedical Engineering, , Vol. BME-29, Pag.s 423-438, 1982. 3. "Falar Melhor, Escrever Melhor." - Selecções do Reader´s Digest, Pag.s 29-30. 4. Fischler, I. S. ; Bloom, P. A. ; Childers, D. G. ; Roucos, S. E. & Perry Jr, N. W. - "Brain potentials related to stages of sentence verification". Psychophysiology, Vol. 20, Pag.s 400409, 1983. 5. Fischler, I. & Bloom, P. A. - "Automatic and attentional processes in the effects of sentence contexts on word recognition". Journal of Verbal Learning and Verbal Behavior, Vol. 18, Pag.s 1-20, 1979. 6. Brown, W. S. ; Lehmann, D. & Marsh, J. 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