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II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 TRABALHOS SELECIONADOS PARA PÔSTERES 12 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A CONTRIBUIÇÃO DA INOVAÇÃO JUNIOR PARA O EMPREENDEDORISMO REGIONAL Alessandra Borchartt Vieira Domingues, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI Campus de SANTO ÂNGELO, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected]. Grace Kelly Holtz Scremin, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Uri Campus de SANTO ÂNGELO, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected]. Rafael Fasolo, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI Campus de SANTO ÂNGELO, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected]. RESUMO: O artigo constata a contribuição da Inovação Junior para o empreendedorismo regional, que vem despertando-se nos últimos tempos, sendo um diferencial positivo na economia competitiva em um mundo capitalista onde vivemos. Sabemos que reconhecer grandes potencialidades e ter ideias inovadoras são fatores relevantes na tomada de decisão, o que gera um espírito empreendedor capaz de transformar realidades deficientes em grandes fontes de progresso. A criatividade e o empreendedorismo são ações que traduzem iniciativas inovadoras e que podem produzir mudanças. É desta forma que a Inovação Junior vem preparando os acadêmicos e contribuindo para sua formação mediante atividades de pesquisa e práticas, buscando novas ideias que alavanquem o empreendedorismo, criando novos meios de empregos que permaneçam competitivos no mercado de trabalho ou até mesmo inovando dentro da própria empresa onde trabalha. Algumas características que estão presentes na vida de um empreendedor de sucesso são a criatividade, a capacidade de assumir riscos e principalmente ter iniciativa própria, buscando fazer as coisas acontecerem por meio de uma visão futura da organização. Diante destes fatos surge a necessidade de estudar o empreendedorismo e suas características bem como as contribuições da Inovação Junior. Palavras Chaves: Empreendedorismo, Inovação Junior, Competitividade e Criatividade. ABSTRACT The article notes the Innovation Junior contribution to regional entrepreneurship which is attracting up in recent times, with a positive differential in competitive economy in a capitalist world we live in. We know that recognize great potential and have innovative ideas are relevant factors in decision making, which creates an entrepreneurial spirit capable of transforming realities disabled in great progress sources. Creativity and entrepreneurship are actions that translate innovative initiatives that can bring about change. This is how the Innovation Junior is preparing academic and contributing to its formation through research and practical activities, seeking new ideas that leverage entrepreneurship, creating new ways of jobs to remain competitive in the labor market or even innovating within the company where he works. Some features that are present in the life of a successful entrepreneur are creativity, the ability to take risks and mostly have their own initiative, seeking to make things happen through a future vision of the organization. Given these facts, there is a need to study entrepreneurship and its characteristics as well as the contributions of Innovation Junior. Key Words: Entrepreneurship, Innovation Junior, Competitiveness and Creativity. 1 Introdução Atualmente a palavra “Empreendedorismo” é colocada em discussão, pois várias pessoas confundem empreendedorismo com empresários, além disso, empreendedorismo está relacionado à atitude, à postura e também da maneira em que os indivíduos se comportam diante das situações impostas no dia-a-dia. Entretanto o empreendedorismo fornece para as pessoas a liberdade para transformar as ideias em ação. Hoje, as universidades estão buscando formas para que os acadêmicos desenvolvam o lado de empreendedor, sendo assim, muitas universidades estão trazendo para sua estrutura as empresas juniores cujo objetivo é proporcionar para aos acadêmicos experiências na sua área de atuação. Sendo assim a Empresa Junior também abre caminho para os acadêmicos se mostrarem como futuros profissionais empreendedores habilitados para exercer suas áreas de atuação. Devido a sua importância, a URI campus de Santo Ângelo, no ano 2010 reestruturou a Inovação Junior, onde abrange os cursos de Administração e Ciências Contábeis, possibilitando aos acadêmicos a aquisição de experiências práticas nos serviços prestados pela empresa para diversos segmentos como consultoria empresarial, marketing e projetos internos para a universidade. O presente artigo tem como objetivo geral analisar as contribuições da Inovação Junior para o empreendedorismo regional. O estudo sobre as Empresas Juniores em relação o empreendedorismo regional será relevante, pois o artigo mostrará as contribuições das Empresas Juniores para com o empreendedorismo regional, tendo como estudo de caso a Inovação Junior da URI campus de Santo Ângelo. 2 Empreendedorismo: Histórico e Definição Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 13 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 De acordo com Dornelas (2005), o empreendedorismo é um movimento de mudança gerado pelo empreendedor, (entrepreneur) cuja palavra que tem origem francesa, significa aquele que assume riscos e começa algo novo. Apesar de hoje o empreendedorismo ser reconhecido, estar em evidência em artigos, revistas, livros e na internet, aparenta ser um conceito novo, mas é um termo muito antigo que teve uma longa trajetória. Segundo Dornellas (2012), ainda na história do surgimento do empreendedorismo um exemplo que define o empreendedorismo por Marco Polo, sendo o empreendedor aquele que assumia os riscos de forma ativa e o capitalista o que assumi os riscos de forma passiva. No século XVII teve os primeiros indícios de ligação entre assumir risco e o empreendedorismo. Nesta época Richard Cantillon, escritor e economista, foi considerado um dos criadores do empreendedorismo, sendo um dos que diferenciou o empreendedor do capitalista. Somente no século XVIII que o capitalista e o empreendedor foram diferenciados devido à industrialização que acontecia no mundo. O empreendedorismo ganhou conceitos novos que os definiu, Hisrich; Peters e Schepherd (2009) interpreta o empreendedorismo como sendo um processo dinâmico de gerar riquezas, tomar iniciativa para criar algo novo com valor, organizar mecanismos sociais e econômicos que possam transformar recursos em recompensas assumindo riscos. Contudo Dornelas (2012) entende que a melhor definição para o empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que levam a criações de ideias a grandiosas oportunidades. Sabendo que estas oportunidades podem levar a negócios futuros bem sucedidos. Portanto empreendedor é aquele que observa oportunidades desbrava ideias ainda postas em prática, assumindo riscos calculados. O empreendedorismo se define como uma porta de entrada para novos talentos, assim como aconteceu com o Santo Dumont quando criou o primeiro avião 14 bis que revolucionou a aviação e continua sendo até hoje um meio de transporte mais ágil e perspicaz para as viagens de curta e longa duração. Diante disso, Julien (2010) conceitua empreendedorismo como um processo de captação de novas Ideias para serem transformadas em ação, em outras palavras empreendedorismo é “uma maneira de ver as coisas e um processo para criar e desenvolver atividades econômicas com base em risco, criatividade e inovação de gestão, no interior de uma nova organização ou já existente”. (JULIEN, 2010, 15). Entretanto o empreendedorismo tem diferentes tipos para atrair a atenção de novos empreendedores. No quadro abaixo, abordaremos os tipos de empreendedores e suas definições. Tipos de empreendedor Definição é aquele que idealiza, empreende e consolida um negócio estrategicamente interessante, Empreendedor externo apresentando resultados positivos, através da otimização da capacidade de inovação e renovação. É ele quem administra todo nível de risco do empreendimento. Empreendedor interno é o funcionário de uma empresa que tem a inteligência e a iniciativa de propor e aplicar soluções empreendedoras para o desenvolvimento dos processos, produtos e serviços da empresa Pseudoempreendedor é aquele que pensa que é um empreendedor interno – mas não é! –, bem como passa a vida sonhando em um dia ser um empreendedor externo, mas nunca chega lá. Empreendedor por iniciativa é aquele que se arrisca no ramo do empreendedorismo, mas não tem uma boa ideia que sustente o empreendi- mento; portanto, geralmente, ele “quebra a cara”. Empreendedor por necessidade é aquele que, em momentos difíceis em sua carreira profissional, fica sem rumo e “atira para todos os lados”, até para o empreendedorismo. Empreendedor de renovação é o profissional que reinventa um negócio, aumentando o seu ciclo de vida. Sendo assim, o empreendedor renovador é um profissional com iniciativa e criatividade, apresentando uma característica básica para, possivelmente, um Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 14 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Empreendedor estrategista Empreendedor estadista dia, se consolidar como um empreendedor externo ou independente. é aquele que está constantemente ligado e interativo com os fatores externos ou não controláveis, desenvolvendo e exercitando estratégias – com suas alternativas –, visando otimizar a interação do empreendimento com o seu ambiente externo e não controlável. é aquele que otimiza o estilo e o modelo de administração do empreendedor estrategista, bem como consolida empreendimentos que contribuem, em maior ou menor escala, para o desenvolvimento consciente, sustentado e consistente de uma região, do país e da economia como um todo. Quadro 01: tipos de empreendedores Fonte: adaptado por Rebouças (2013) O quadro abordado acima demonstra todos os tipos de empreendedores, sendo assim os empreendedores tem uma visão alem do seu negocio, mas para o empreendimento dar certo é preciso de muito planejamento. 3 Perfil do Empreendedor e características Baseado em Dornelas (2012), até pouco tempo atrás se acreditava que empreendedorismo era inato, ele nascia com um diferencial que lhe encaminha para ao sucesso aos negócios. Mas hoje em dia acredita-se cada vez mais que o empreendedorismo pode ser ensinado e compreendido por qualquer pessoa e o sucesso depende de uma serie de fatores, até mesmo de seu perfil empreendedor e de como vem administrando as dificuldades que encontra ao longo dos dias. Segundo Dornelas (2005) para buscar entender os objetivos do ensino do empreendedorismo deveria buscar ensinar o empreendedorismo e conhecer as habilidades do empreendedor, analisar e identificar oportunidades, a importância do empreendedorismo para o desenvolvimento econômico, como desenvolver um plano de negocio e como administrar e manter uma empresa. Para Dornelas (2005), as habilidades que um empreendedor deve possuir podem ser classificadas em: Técnicas, gerenciais e características pessoais. Habilidades Técnicas: envolve saber escrever, saber ouvir as pessoas, saber liderar e trabalhar em equipe. Habilidades Gerenciais: envolve gerenciar a empresa: marketing, administração finanças, operacional, produção, tomada de decisão, controle das ações da empresa e ser bom negociador. Características Pessoais: ser bom líder, inovador, assumir riscos moderados e ser persistente. Hoje as Organizações tem necessidade de buscar profissionais que desenvolvam perfil empreendedor, pois estes são responsáveis pelas inovações dentro da empresa, buscando assim um diferencial da concorrência. Pois os empreendedores são dotados de ideias inovadoras, baseados em um plano de ação busca colocar em pratica mudanças. Eles desenvolvem um papel importante dentro da empresa, são otimistas, enfrentam obstáculos e buscam sempre bons resultados. 4 O Empreendedorismo no Brasil Dornelas (2012), diz que o empreendedorismo no Brasil chegou a meados de 1990, quando entidades como o Sebrae ( Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram criadas. Antes quase não se fala em empreendedorismo e nem se cria pequena empresa. Os empreendedores não encontravam informações que lhes auxiliasse no momento em que estavam abrindo sua empresa. O Sebrae é um dos órgão mais conhecidos do pequeno empresário brasileiro, que tem auxiliado os empresários em toda parte burocrática bem como consultorias para resolver pequenos problemas em seus negócios. A Softex foi criada pra levar as empresas de software do País ao mercado externo, por meio de ações que possibilitam a esse profissional a capacitação em gestão e tecnologia. Dornelas (2005) acredita que após a criação de diversos programas no âmbito da Softex em todo país, junto a incubadoras de empresas, universidades e cursos relacionados a ciências da computação e informática, que o tema começou a ganhar força no País. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 15 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 No Brasil nos últimos dez anos a taxa total de empreendedorismo no Brasil é de 23% em 2004 e 34,5% em 2014. Parte desses empreendedores abriu seus negócios a menos de três anos e meio. Em uma comparação mundial, o Brasil se destaca com a maior taxa de empreendedorismo, já a quase oito pontos percentuais a frente da China, o segundo colocado, com taxa de 26,7%. O número de empreendedores é também superior aos Estados (20%), Reino Unido (17%), Japão (10,5%) e França (8,1%). Entre as economias em desenvolvimento, a da Índia (10,2%), áfrica do Sul (9,6%) e Rússia (8,6%). Para o Sebrae o aumento do empreendedorismo no Brasil é consequência de um crescimento de formalização no últimos anos e da melhoria do ambiente legal com a criação do Supersimples. Ainda com base na pesquisa, ter seu negócio próprio é um dos grandes sonhos dos brasileiros, só esta atrás de comprar a casa própria e viajar pelo país. O número de pessoas que desejam tornar seu próprio chefe é de 31% o dobro de quem deseja fazer Carrera em uma empresa. 5 Empresas Juniores Segundo o Relatório DNA Junior (2012), as Empresas Juniores são associações civis, estruturado apenas por acadêmicos para que eles possam obter experiências para atuar na sua área futuramente. Sendo assim, as universidades estão estruturando as empresas Junior para que possam dar suporte aos acadêmicos. As Empresas Juniores têm como missão de fornecer para os acadêmicos, aprendizagens e crescimento profissionais através de prestação de serviços voluntários nas áreas de atuação, promovendo a integração entre os acadêmicos voluntários e os professores. Flores (2009) menciona que a primeira Empresa Junior surgiu na França em 1967, quando um grupo de estudantes de graduação resolveu complementar seus conhecimentos teóricos aplicando a prática, tendo em vista o aperfeiçoamento dos estudantes na sua área de formação. Diante desse fato, a empresa Junior se expandiu para o mundo ajudando as instituições de ensinos na construção do caráter profissional dos estudantes de graduação. No Brasil, segundo Martins (1997), o conceito Empresa Júnior foi trazido pelo então diretor da Câmara de Comércio França-Brasil, Sr. João Carlos Chaves, no ano de 1987. A primeira Empresa Júnior do país e da América Latina foi a Júnior FGV da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, em 1988. Hoje a EJ-FGV comporta discentes de graduação de três áreas do conhecimento: Administração, Economia e Direito. Os estudantes que se inserem em empresa júnior levam uma grande bagagem de experiências ao término da sua graduação, pois têm a possibilidade de participar de decisões como líderes de uma empresa, desenvolvem habilidades gerenciais, oratória, criatividade, liderança e o respeito à liderança, pró-atividade, capacidade de trabalhar em grupo e de negociar com clientes e fornecedores, sendo uma experiência que antecipa funções profissionais que se estabelecem no mercado de trabalho e nas organizações (OLIVEIRA et al, 2009). Contudo a empresa Junior possui as mesmas demandas de uma empresa padrão, mas é gerida por estudantes que não têm a experiência de grandes gestores, por isso que os serviços oferecidos pela empresa Junior deve ser acompanhados e supervisionado pelos professores orientadores, para que não ocorra nenhum tipo de problema. 6 As Empresas Juniores nas Instituições de Ensino Superior Atualmente as Instituições de Ensino Superior têm investido muito nas Empresas Juniores, pois além de proporcionar a prática para os acadêmicos, ela também oferece benefício para as IES sendo ela privada ou publica, pois o MEC na Avaliação Institucional do Ensino Superior proporciona às IES que adotam na sua estrutura uma Empresa Júnior, serão reconhecidas pelo MEC atingindo um bom conceito e também estarão na pesquisa que elege as melhores universidades do Brasil, (DNA Junior, 2012). Diante de tais perspectivas, percebe-se também que as Empresas Juniores fortalecem e complementam significativamente o conhecimento dos discentes, como também estimulam os estudantes, além de permitir o contato com profissionais de outras áreas, valorizando a instituição de ensino à qual está vinculada. É através das experiências obtidas com a participação em Empresas Juniores, que os acadêmicos adquirem uma serie de experiências, habilidades gerenciais e oratórias todas essas competências constituem uma grande bagagem para o graduando e permitem ao mesmo capacidade de ser um empreendedor de sucesso ou até mesmo faz com que ele desenvolva inovações na empresa aonde trabalha. 7 Inovação Junior A empresa a ser estudada, Inovação Junior, está situada na cidade de Santo Ângelo e fica alocada dentro da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. É uma Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 16 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 associação civil, educativa e multidisciplinar que tem como objetivo desenvolver projetos e atividades envolvendo o acadêmico mediante orientações e supervisão de professores, proporcionando assim uma formação crítica e empreendedora do acadêmico, dentro de um ambiente de aprendizagem universitário. A Inovação Junior contribuiu para a formação e a valorização do acadêmico, proporcionando um crescimento profissional e pessoal, mediante atividades de pesquisa e práticas dentro de suas respectivas áreas de formação. Sua reestruturação se deu no dia 06 de outubro do ano de 2011e foi implantada com o objetivo principal de proporcionar aos acadêmicos, dos cursos de Administração e Ciências Contábeis, experiências práticas dos conteúdos teóricos abordados em sala de aula. Dentre as principais atividades desta se encontram o desenvolvimento de projetos internos para a Universidade e a comunidade geral, prestando, também, serviços de consultoria empresarial, cursos de capacitações empresariais, prestação de serviços de marketing e organização de eventos para o público em geral. Para um melhor conhecimento dos serviços oferecidos pela Inovação Junior, relacionamos, no quadro a abaixo, a discriminação dos serviços disponíveis de cada ramo: Serviços prestados pela Inovação Junior Analise de Custo; Analise de Contratos; Consultoria Empresarial: os serviços Plano de Negócios; correspondentes a esse grupo são: Planejamento e controle financeiro e tributário das empresas Regulamentação jurídica das Empresas. Curso de Capacitação Empresarial: os serviços HP 12c; correspondentes a esse grupo são: Excel avançado; Palestra sobre assuntos de interesse do público-alvo. Marketing: os serviços correspondentes a esse Plano de marketing para as empresas grupo são: Pesquisa de Mercado. Eventos: os serviços correspondentes a esse Organização de eventos; grupo são: Organização de roteiros turísticos. Projetos: os serviços correspondentes a esse Projetos de viabilidade econômico-financeira; grupo são: Projetos internos para captação de bolsistas. Quadro 03: Serviços prestados pela Inovação Junior Fonte: elaborado pelos autores. Como se percebe, a Inovação Junior é uma empresa que tem o intuito de capacitar os jovens acadêmicos para o mercado de trabalho, disponibilizando o espaço para que sejam oferecidos os serviços onde o conteúdo teórico já foi abordado em sala de aula. Diante disso, a Inovação Junior segue um modelo de gestão similar com o modelo de gestão das empresas em geral, tendo como diferença o profissional que está prestando os serviços, que, no neste caso, é o acadêmico. Esta experiência, para os acadêmicos, é de extrema importância em virtude de: possibilitar a interação entre acadêmico/professores e acadêmico/comunidade; auxiliar no desenvolvimento do espírito de liderança individual; ajudar na aquisição de experiência profissional; e, em contrapartida, há o recebimento de horas complementares, que o cumprimento de todas as horas é obrigatório no decorrer dos cursos de graduação. 8 Metodologia O artigo utilizou da tipologia proposta por Vergara (2014), para classificá-la quanto aos fins e aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa é descritiva, pois se pretendeu em descrever as contribuições das empresas Juniores para o empreendedorismo regional, tendo como estudo de caso a Inovação Junior – empresa Junior da URI Campus de Santo Ângelo. Quanto aos meios à pesquisa é bibliográfica, pois buscou referencias através de livros e sites de internet sobre o assunto abordado neste artigo. Os dados foram tratados de forma qualitativa, pois foram analisados os documentos da Inovação Junior e por fim foram descritos as contribuições que Inovação Junior – empresa Junior da URI Campus de Santo Ângelo fornece para o empreendedorismo regional. 9 Contribuições para o empreendedorismo Foram levantadas informações sobre a Empresa Junior da URI Campus de Santo Ângelo a Inovação Junior, com o intuito de analisar as contribuições das Empresas Juniores para o empreendedorismo regional. Atualmente a Inovação Junior está sendo reestruturada, sendo composta por voluntários que estão executando as tarefas. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 17 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Diante disso, a Inovação Junior está trabalhando com parceria firmada entre URI Santo Ângelo e o NEPI Missões (Núcleo de Extensão Produtiva) possibilitando apoio para que uma empresa de medicamentos veterinários homeopáticos e assistida pelo NEPI Missões realize uma pesquisa de mercado. O objetivo da pesquisa é observar a satisfação dos clientes que utilizam os produtos homeopáticos no tratamento de doenças do gado leiteiro, bem como avaliar o fluxo de informações entre representante da empresa e consumidores. Contudo a pesquisa foi realizada analisando as contribuições da empresa Junior para o empreendedorismo, pois é importante que a universidade forneça auxilio através da Empresa Junior para os futuros empreendedores, pois os jovens profissionais estão cada vez mais ligados ao mundo dos negócios, buscando novos conhecimentos e desafios para enfrentar os riscos externos com a concorrência. Em razão disso, que a Inovação Junior da URI Campus de Santo Ângelo, fornece auxilio para os venturos empreendedores, fazendo com que os voluntários demonstre nos trabalhos realizados criatividade, competência, agilidade, liderança e acima de tudo trabalho em equipe. Essas são as ferramentas essenciais para obter sucesso em um empreendimento. A Inovação Junior é um modelo de empresa-escola que tem como o objetivo de explorar a criatividade, a competência e o espírito de liderança dos jovens que procuram adquirir experiências na sua área de atuação durante o período de graduação. A Empresa Junior tem desempenhado várias atividades que resultaram em contribuições perante a comunidade acadêmica, empresarial e a sociedade em geral. Com o apoio de voluntários dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e também com interação com os demais cursos, são desenvolvidos eventos como Semana Acadêmica, cursos de HP 12, Informática Básica, Matemática Financeira e deu-se inicio ao Blog da Inovação Junior. Foram construídos projetos como Egressos, Banco de Talentos, Evasão e Criação do Núcleo de Empresas Junior. Portanto é desta forma durante o período acadêmico que o jovem tem desenvolvido a sua imagem profissional, assumindo responsabilidades com a universidade, tornandose líderes estudantis, tendo capacidade de organização e planejamento, tendo visão do futuro e coragem para assumir riscos trabalhando com personalidade direcionada para uma inovação empreendedora. O acadêmico que participa de uma Empresa Junior leva uma bagagem de experiências muito grande quando termina a graduação. A participação em uma Empresa Junior provê a oportunidade, durante o período da graduação, de participar da decisão da construção de uma empresa real. A capacidade e as habilidades gerenciais, a oratória, a capacidade de trabalhar em grupo, negociação com o cliente, todas essas competências constituem uma grande bagagem que esse estudante universitário vai acumulando no decorrer da sua graduação. O grupo de alunos que trabalha em uma Empresa Júnior é diferenciado porque trabalha, estuda e ainda busca desenvolver projetos de consultoria. Provavelmente, quando se formar, esse aluno poderá ter o seu negócio próprio, porque busca o empreendedorismo. A Empresa Junior é uma oficina de trabalho, onde o estudante vivencia o mercado, desenvolve e executa projetos, tornando-se um profissional preparado para trabalhar em equipes e enfrentar os desafios do cotidiano. Sabemos que os empreendedores possuem algumas habilidades, dentre elas estão às habilidades técnicas, gerencias e pessoais, onde os empreendedores tornam capazes de saber liderar com pessoas, gerenciar empresas e ser bons líderes. Os alunos que participam de uma Inovação Junior eles desenvolvem todas estas habilidades diariamente, quando ele é membro de uma Inovação Junior ele aprende conviver e ouvir as pessoas, ele lidera equipes de trabalho produzindo muito mais. Os alunos desenvolvem também habilidades gerencias, tendo conhecimento de todos os setores de uma empresa. Desenvolvem habilidades únicas como um a do líder inovador, capaz de assumir riscos moderados e tomar decisões seguras. É assim que a Inovação Junior tem contribuído para o Empreendedorismo Regional desenvolvendo profissionais capazes de gerenciar grandes negócios, tendo ideias inovadoras, introduzindo novos produtos e serviços em nossa região. Profissionais que estão ligados ao mundo, buscando cada vez mais novos conhecimentos para enfrentar os desafios. Que sabem que por ser empreendedor são capazes de tornar seus sonhos em realidade e obter sucesso deste trabalho. Referências BRASIL JUNIOR. DNA Junior. Disponível em: http://brasiljunior.org.br/crie-sua-ej. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005 MENDES, Jerônimo. Manual do Empreendedor: como construir um empreendedorismo de sucesso. São Paulo: Atlas, 2009. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 18 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Robert D. HISRICH, Michael P. PETERS, Dean A. SHEPHERD. Empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2009 TAJRA, Sanmya Feitosa. Empreendedorismo - Conceitos e Práticas Inovadoras. São Paulo: Érica, 2014. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 15 ed. São Paulo: Atlas, 2014. ZILIOTTO, Denise Macedo; BERTI, Ariete Regina. A aprendizagem do aluno inserido em Empresa Júnior. Disponível em: http://www.revistas2.uepg.br/index.php/conexao/article/view/4554/3096 acesso em 24 de junho de 2014. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Empreendedorismo: Vocação, capacitação e atuação direcionadas para o plano de negócios. São Paulo: Atlas, 2014. 19 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A CONTROLADORIA COMO ELEMENTO ESTRATÉGICO DO PROCESSO DECISÓRIO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ¹ Eliana Ribas Maciel, UNIJUÍ, RS, BR, [email protected]. ² Marinês Ribas, UNIJUÍ, RS, BR, [email protected]. RESUMO Este estudo aborda a controladoria como elemento estratégico do processo decisório nas organizações, tendo o pressuposto de que é sua missão contribuir para o alinhamento entre o sistema de informações contábeis e os processos de gestão. O estudo tem como objetivo verificar a institucionalização da controladoria e sua efetiva participação no processo decisório em uma Universidade. Caracteriza-se como uma pesquisa social qualitativa do tipo fenomenológica e classificada, ainda, como aplicada, descritiva e exploratória. Os procedimentos metodológicos envolveram uma revisão bibliográfica e documental; um estudo de caso com base em questionários, entrevistas semiestruturadas e relatos de observação simples, que culminou com a análise de conteúdo. Desenvolveu-se a pesquisa com base teórica multidisciplinar, dando enfoque à controladoria e ao processo decisório organizacional. O estudo apresenta os resultados de uma pesquisa in loco realizada em 2014 e considera a evolução dos resultados em relação a uma pesquisa anterior, realizada em 2006, no mesmo objeto de estudo. Os resultados evidenciam a potencialidade da controladoria para o alinhamento entre os sistemas de informação e os processos de gestão. Por meio de relatórios, análises e projeções com enfoque para gestão por resultados e, da participação do controller nas instancias de decisão, a controladoria tem assumido a sua missão de contribuir para a sustentabilidade e a governança organizacional, reduzindo as incertezas inerentes ao processo decisório das organizações. Palavras chave: Controladoria; Informação; Processo Decisório. Resume This study addresses the controllership as a strategic element of decision making in organizations, with the assumption that it is his mission to contribute to the alignment between the accounting information system and management processes. The study aims to determine the institutionalization of controllership and their effective participation in decision making at a University. It is characterized as a qualitative social research with phenomenological approach and classified also as applied, descriptive and exploratory. The methodological procedures involved a literature and document review; a case study based on questionnaires, semi-structured interviews and simple observation reports, culminating in the content analysis. Research settings has developed a multidisciplinary theoretical basis, by focusing on controlling and organizational decision making. The study presents the results of an on-site survey conducted in 2014 and considers the evolution of the results in relation to a previous survey conducted in 2006 on the same subject matter. The results show the potential of controllership for alignment between information systems and management processes. Through reports, analysis and forecasts focusing on managing for results and the participation of the controller in the decision instances, the controllership has assumed its mission to contribute to the sustainability and organizational governance, reducing the uncertainties inherent to the decision-making process of organizations. Keywords: Controllership; Information; Decision Making. INTRODUÇÃO A profissionalização dos gestores e dos processos de decisão nas organizações tem sido uma exigência do ambiente competitivo em que estas atuam, o que possibilita diferentes análises das contribuições das áreas do conhecimento nos processos de gestão. Em termos mais específicos, o ambiente de atuação das instituições de ensino superior tem exigido adequações no alinhamento entre a missão e a sustentabilidade destas organizações, o que implica em novas estratégias, dentre elas, a participação mais efetiva do controller. Nesta ótica, a controladoria entendida como uma dimensão da Ciência Contábil apresenta-se como um sistema de apoio ao processo decisório, no intuito de sustentar o imperativo da informação e a sua transparência. A Contabilidade se faz presente no cotidiano das pessoas e na gestão das organizações, tendo construído, tradicionalmente, relatórios na perspectiva histórica, fornecendo informações e permitindo análises sobre a mensuração financeira, econômica e patrimonial, muitas vezes priorizando os usuários externos. Nesta abordagem, a natureza das informações prima pela precisão e confiabilidade, sendo objetiva, verificável, consistente e relevante. Reporta o desempenho nos acontecimentos tangíveis realizados no passado, dirigidos por regras e governos, padronizados pelas normas e pelos princípios fundamentais da Contabilidade, possibilitando bases sólidas para projeções sobre o futuro. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 20 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A controladoria, por outro lado, pode ser observada como a Contabilidade em seu processo de qualificação, cada vez mais integrada as suas funções de mensurar, informar e contribuir no processo decisório das organizações? Ela distingue-se da Contabilidade Financeira por estar orientada para o futuro e considerar as mudanças ambientais compreendidas por uma visão sistêmica de relacionamentos, formando assim a consciência estratégica nas entidades, com o propósito de contribuir para com o planejamento e controle de forma antecipada, identificando e demonstrando o desempenho das organizações. Neste contexto, a controladoria inserida no processo decisório de uma instituição universitária caracteriza-se como o objeto deste estudo. Diante do pressuposto de que os sistemas de informações, os mecanismos de comunicação, os demais instrumentos da controladoria e a participação do controller contribuem efetivamente no processo decisório das organizações é que se desenvolveu o estudo e se apresenta os seus resultados. Este estudo, inicialmente aborda os fundamentos teóricos da controladoria e do processo decisório, na sequência são descritos os aspectos metodológicos, os resultados do estudo, as considerações finais e o referencial bibliográfico. 1 Elementos conceituais 1.1 Controladoria A controladoria não é uma nova ciência, mas uma dimensão da Ciência Contábil, e que pode ser denominada de Contabilidade de gestão, gerencial ou controladoria. Padoveze (2004, p. 3-5) enfatiza que essa maior abrangência faz com que a Contabilidade seja melhor representada semanticamente pela denominação de controladoria, pois “a Contabilidade e a Controladoria tem o mesmo campo de atuação e estudam os mesmos fenômenos”. Desta forma, este autor se contrapõe às definições de controladoria sugeridas por Mosimann e Fisch (1999, p. 96) de que a controladoria seria uma ciência autônoma e não poderia ser confundida com a Contabilidade, mas que usaria os instrumentos contábeis. A controladoria pode ser analisada como um enriquecimento das atribuições da Contabilidade, uma das dimensões da Ciência Contábil. Conforme Padoveze (2004), a controladoria pode ser observada como o enfoque controlístico da escola italiana e a Contabilidade gerencial como o enfoque informacional da escola americana. Autores como Almeida, Parisi e Pereira (2001) e Mosimann e Fisch (1999) destacam a controladoria sob dois enfoques: como órgão administrativo com missão, funções e princípios do modelo de gestão, e como área do conhecimento humano com fundamentos, conceitos, princípios e métodos oriundos de outras ciências. Padoveze (2004, p. 3) entende que a controladoria pode ser “uma unidade administrativa responsável pela utilização de todo o conjunto da Ciência Contábil dentro da empresa”. Contudo, o fato de não haver um setor específico, não impede que a controladoria possa ser institucionalizada pela organização. Neste enfoque, o artigo de Cittadin et al. (2012, p.3) apresenta um comparativo dos conceitos de controladoria sob dois enfoques: área do conhecimento e unidade administrativa. Os mesmos autores fazem uma inter-relação entre a controladoria e os processos de gestão, que compreendem planejamento, orçamento, execução, controle e sistemas de informação. O estudo de Borinelli (2006) considera que o referencial teórico da controladoria não está consolidado e propõe uma estrutura conceitual básica de controladoria composto por aspectos conceituais (o que é a controladoria); aspectos procedimentais (como funciona) e aspectos organizacionais (como se materializa nas organizações). No tocante as funções da controladoria, Borinelli (2006) cita a gestão contábil, gerencial, estratégica, custos, tributária, controle interno, proteção e controle de ativos, controle de riscos, sistemas de informação, dentre outras. Corroboram Beuren e Almeida (2012) que as funções da controladoria tendem a alterar de organização para organização, decorrente de fatores estruturais, financeiros, econômicos e também sociais. Nesta ótica, o estudo de Oyadomari et al. (2014, p. 1) que buscou identificar os relacionamentos entre fontes de informações, desempenho da controladoria, desempenho gerencial e desempenho organizacional, com base em 80 respostas de profissionais de controladoria e finanças de empresas brasileiras, apresentou resultados que indicam: [...] uma área de controladoria, que busca conhecimento nas fontes internas e externas, consegue gerar informações com boa qualidade e no tempo adequado, a um custo compatível e focada em projetos, e consegue atender as expectativas dos usuários. Esses gestores, por sua vez, suportados por uma controladoria eficaz e eficiente, planejam, controlam e tomam decisões mais assertivas [...]. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 21 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Lunkes e Schnorrenberger (2009) destacam que a controladoria tem a incumbência de atuar na coordenação e auxiliar na integração dos sistemas contábeis de apoio a gestão. Na mesma linha de pensamento, os estudos de Nascimento e Reginato (2010) corroboram o entendimento de que a controladoria constitui-se em um sistema de apoio à decisão. O processo de mudanças nas atribuições da controladoria tem implicações técnicas e, também, sofre influências comportamentais. Neste aspecto, o estudo de Cunha, Beuren e Guerreiro (2014) sobre os fatores preditivos que mais contribuíram ao processo de desinstitucionalização de hábitos e rotinas na controladoria da empresa têxtil, a partir da mudança do seu sistema de informações. O estudo concluiu que entre os fatores que se destacaram foram, respectivamente, as pressões políticas e de inércia. Por outro lado, os que não influenciaram foram pressões funcionais e pressões para entropia. Os estudos de Dani e Beuren (2014, p.1) realizado com 32 empresas incluídas entre as 500 Melhores e Maiores da Revista Exame, edição 2011, apontou que [...] o processo de convergência contábil aumentou o nível de integração dos sistemas de Contabilidade financeira e gerencial nas empresas pesquisadas, bem como a efetividade do órgão controladoria, particularmente, na consistência da linguagem financeira, na qualidade dos serviços prestados e na influencia dos serviços prestados pelos controllers nas decisões dessas empresas. A evolução das atribuições do controller tende a ser influenciada pelas mudanças no ambiente organizacional. Nesta ótica, Frezatti et al. (2009) citam acontecimentos que têm influenciado de forma contundente a mudança e a evolução do papel do controller nas instituições, tais como a crise financeira, os problemas de contabilização dos derivativos, que exercem forte impacto na regulação das normas contábeis e por ela são impactados. Mais do que ampliar as competências técnicas, o controller precisa preocupar-se em desenvolver habilidades para compreender a integração dos diferentes sistemas que compõem a organização como um todo. Nesta abordagem, os estudos de Siqueira, Vendruscolo e Souza (2014) confirmam que o mercado deseja um profissional da Contabilidade com visão sistêmica, integrada aos outros setores organizacionais. Corrobora Martin (2002) reiterando que controller está além de atuar como Contador, precisa desenvolver funções de assessoria e consultoria à alta cúpula, de modo que seu posicionamento contribua na decisão. O campo de atuação do controller também é mencionado por Oliveira, Perez Junior e Silva (2011) quando propõem que a controladoria assessora as diversas gestões que coexistem na organização, provendo alternativas e, por meio de uma abordagem sistêmica, elabora informações importantes para os processos decisórios. Ainda, o estudo de Martin (2002, p. 13-24) aponta que ao realçar as atribuições estratégicas da controladoria no contexto competitivo, faz com que a gestão organizacional esteja focada para o futuro e contemple os fatores críticos ambientais e as mudanças estruturais dos setores sobre a produção e sustentação do valor para os stakeholders. A controladoria utiliza-se de sistemas de informações para analisar e projetar situações em função dos resultados planejados e de tomada de decisão nas organizações. Cabe à controladoria implementar os instrumentos e teorias das Ciências Contábeis no processo de gestão das entidades, de forma a contribuir à consecução efetiva da missão organizacional em suas múltiplas dimensões, tais como econômica, financeira, social, política e cultural. 1.2 Processo decisório A gestão das organizações implica no desenvolvimento contínuo de processos decisórios nos diferentes níveis organizacionais. A Teoria de Decisão nasceu com Herbert Simon, que a utilizou como base para explicar o comportamento humano nas organizações, publicado em 1947. Simon (1970) destaca que o ato de tomar decisões é uma atividade intrínseca do ser humano e sua ocorrência é um evento que acontece todo o tempo. À medida que os objetivos da organização são concorrentes e abrangentes, a redução das consequências a termos quantitativos e a comparação de alternativas, torna-se um aspecto extremamente subjetivo, pois depende do pensar dos indivíduos. Então, a mensuração da efetividade dos resultados do processo decisório torna-se complexa e abstrata. Para Pereira e Fonseca (2009) o processo decisório pode ser estudado sob três ângulos: a percepção do problema; os fatores que direcionam a escolha das alternativas e as consequências da decisão. Bazerman (2014) relata que quando os gestores se deparam com uma decisão, acreditam que estão considerando os fatos objetivamente e tomando decisões racionais. Contudo, o autor Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 22 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 defende que a decisão de cada indivíduo, de certa forma, é influenciada por seus próprios vieses, suas percepções, motivações, emoções. A organização está permeada de decisões e de ações. As decisões ocorrem nos três níveis organizacionais, quais sejam, operacional, tático e estratégico. Ansoff (1977, p.30) define a decisão estratégica como a que se preocupa principalmente com problemas externos, ou com a empresa e seu ambiente. As decisões táticas preocupam-se com a estruturação dos recursos da empresa, de modo a crias alternativas de execução que visam aos melhores resultados. As decisões operacionais visam a maximizar a eficiência do processo de conversão dos recursos, a rentabilidade das operações correntes. Embora distintas todas as decisões interagem entre si, são interdependentes e complementares. A complexidade do processo decisório em uma universidade propicia um conjunto abrangente de atributos, igualmente relevantes à análise visando promover o aperfeiçoamento da gestão. Nesta abordagem, Leitão (1993a) salienta que a universidade constitui-se numa organização complexa por sua natureza de instituição especializada, pela diversidade de objetivos e tarefas. Relata o mesmo autor que a análise do processo decisório na universidade pressupõe aceitar que os valores e objetivos da educação interligam os valores da burocracia, da política e da economia, presentes em sua gestão. Na literatura sobre a governança na universidade, Hardy e Fachin (2000) e Leitão (1993), têm enfocado quatro modelos de processo decisório: colegial, político, burocrático e anárquico. Na organização universitária, o modelo burocrático pode ser balizado nas dimensões administrativa e acadêmica, em que a direção superior de órgãos reguladores externos determina a administração, e a comunidade acadêmica constituem-se da tecnocracia de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000). Estas duas dimensões interagem por argumentos diversos, o que torna ainda mais complexa a articulação dos diversos fatores de efetividade organizacional (KELM, 2003). No atual cenário, a gestão das universidades, para Finger (1997), deveria centrar-se no plano estratégico, facilitar o processo educacional, colocar seus processos e recursos a serviço da qualidade de ensino oferecida a seus alunos. Destaca a importância dos programas de formação de dirigentes, para a indicação de profissionais com competência para promover mudanças, devido à necessidade de um novo pensar e de um novo fazer. Neste contexto, o processo de gestão precisa assegurar que as decisões conduzam a organização à realização de sua missão, garantindo-lhe a adaptabilidade e o equilíbrio necessários para sua continuidade. Com esse propósito, o processo de gestão deveria: ser estruturado com base na lógica do processo decisório (identificação, avaliação e escolha de alternativas); contemplar analiticamente as fases de planejamento, execução, controle e avaliação das atividades da empresa; ser suportado por sistemas de informações que subsidiem as decisões que ocorrem em cada uma dessas fases (PEREIRA, 2001). Segundo Pereira e Fonseca (2009, p. 241), “os sistemas de informações são mecanismos de apoio à gestão, desenvolvidos com base na tecnologia da informação e com o suporte da informática para atuar como condutores das informações que visam facilitar, agilizar e otimizar o processo decisório nas organizações”. Estes sistemas de informações compreendem um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma sequência lógica, para o processamento dos dados e a correspondente tradução em informação, conforme Abreu e Abreu (2003). 1.3 A controladoria integrada ao processo decisório Na concepção de que a organização precisa ser notada como um sistema integrado se pressupõe que a missão da controladoria seja promover um alinhamento entre o sistema de informações contábeis e as necessidades do processo decisório. Para tanto, pode-se recorrer às raízes da Teoria Contábil para fundamentá-la. Padoveze (2004, p. 6-7) destaca a visão de Glautier e Underdown sobre as teorias contábeis e de controle, que as apresentaram como a teoria da decisão, a teoria da mensuração e a teoria da informação, pois a informação contábil deveria atender a estas raízes teóricas. Outra postura, com enfoque especificamente econômico é adotada por Mossiman e Fisch (1999), Wanderley, Meira e Miranda (2001), os quais, na concepção do modelo de gestão econômica (GECON), desenvolvida pelo professor Catelli (2001), apresentam a integração do modelo de gestão, modelo de decisão, modelo de mensuração do resultado e o modelo de informação. Observam-se algumas sobreposições entre os autores, entre elas que os sistemas de informações e o processo de gestão constituem-se como os principais instrumentos da controladoria. Padoveze e Benedicto (2003) propõem um modelo de integração do sistema de informação da controladoria e do processo de gestão. Este aliado à teoria da decisão, à teoria da mensuração e Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 23 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 à teoria da informação poderá demonstrar que a informação contábil é intrínseca à gestão organizacional, além do que, conforme os autores, os instrumentos de gestão são constituídos de modelos, procedimentos, processos e sistemas de informações utilizados pela controladoria no processo decisório em todos os níveis hierárquicos. Analisando as teorias contábeis, Padoveze (2004, p. 6) apresenta a Teoria da Decisão como descritiva, pois representa “um esforço para explicar como as decisões são efetuadas; e, normativas, pois demonstram um esforço para ilustrar como as decisões deveriam ser tomadas”, e enfatiza que seu objetivo é solucionar problemas e manter o caráter preditivo, o que requer modelos de gestão. Assim, a integração do sistema de informações ao processo decisório constitui-se num dos principais propósitos do sistema de informações gerenciais. Segundo Padoveze e Benedicto (2003), por processo entendem-se a sucessão de estados de um sistema, que possibilita a transformação das entradas do sistema, nas saídas objetivas pelo mesmo sistema. No processo de gestão, a fase inicial contempla o planejamento estratégico, o qual orienta a organização para projetar os planos tático e operacional. No planejamento da organização são deliberadas as diretrizes estratégicas e as políticas operacionais, que se transformam em planos e padrões de controle nos orçamentos. O orçamento constitui-se num instrumento de gestão que possibilita o controle organizacional, além do que, o sistema orçamentário traduz em quantidades físicas e valores monetários todos os planos desenvolvidos pelas diferentes unidades operacionais e administrativas, direcionando a organização para seus objetivos. Conforme Gorla (2011), a prática orçamentária é um dos instrumentos gerenciais utilizados para que as organizações busquem a competitividade, pois permite o controle e fornece informações necessárias ao processo decisório. No que se refere ao orçamento de uma universidade, Vannucchi (2004, p. 59) defende “precisa considerar o ambiente externo terrivelmente competitivo do mundo de hoje e a indispensável e sempre crescente integração interna da instituição”. Na fase de execução, os recursos são consumidos e resultam nos produtos e serviços. Nesta fase as ações planejadas e as emergentes acontecem, provocando ajustes e adequações no planejamento e nos orçamentos. Por sua vez, na fase de controle, a organização procura assegurar que as operações se realizem em consonância com os interesses dos diversos stakeholders da organização. Na perspectiva do controle operacional, Johnson e Kaplan (1993, p. 198) ressaltam que “controle de processos precisa se dar no nível da organização onde o processo ocorre. Não pode existir apenas um sistema de controle de processos ou de custos”. O controle de gestão pode ser entendido como a utilização da informação, para ajudar e coordenar as decisões de planejamento e controle em uma organização e para orientar o comportamento organizacional, de forma a melhorar as decisões coletivas. Na fase da avaliação de desempenho, na concepção do GECON, o lucro determina a medida de eficácia da organização no modelo de mensuração. O desempenho das organizações, no entanto, não é medido única e exclusivamente pela lucratividade, o que pode ser observado nos estudos de Miranda e Silva (2002) e Kelm (2003), ao apresentarem uma revisão dos modelos de medição de desempenho existentes na literatura. Dos modelos discutidos por estes autores, cabe citar o modelo de Kaplan e Norton (1997), conhecido como Balanced Scorecard, em que se verificam as perspectivas: do cliente, da inovação e aprendizado, dos processos internos e a financeira, e coloca no centro a estratégia. Neste sentido, os autores desenvolveram um novo sistema de mensuração de desempenho que oferece uma visualização rápida e abrangente da empresa. Inclui indicadores financeiros, que mostram o resultado de ações do passado e os complementa com três conjuntos de indicadores operacionais, relacionados com a satisfação dos clientes, com os processos internos e com a capacidade da organização de aprender e melhorar as atividades que impulsionam o desempenho futuro. Ao analisar a Teoria da Mensuração, Padoveze (2004, p. 7-9) entende que ela trabalha com a avaliação dos dados, determina o que medir, que padrões utilizar e qual a dimensão da unidade monetária de mensuração. Neste aspecto, a Contabilidade, juntamente com a mensuração econômica por meio do sistema de informação contábil, “é o único sistema de informação que consegue mostrar a empresa como um todo, pois é a única que atribui valor a tudo. Essa qualificação é que permite o processo de gestão global de um empreendimento”. Isto pressupõe que, inclusive, empresas sem fins lucrativos exercem atividade econômica e a variação de seu patrimônio deve ser mensurada. A terceira Teoria Contábil mencionada por Padoveze (2004, p. 7), é a Teoria da Informação, a qual tem o propósito de possibilitar à organização alcançar seus objetivos pelo uso eficiente de seus outros recursos escassos, pois “o valor da informação é baseado na redução da incerteza resultante Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 24 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 dessa informação”. Nesta teoria, Pereira e Fonseca (2009, p. 225-229) afirmam que “a qualidade da decisão está intimamente condicionada à informação existente” e, complementam que “[...] encontrar a informação necessária em tempo hábil é um fator de extrema relevância ao processo decisório”. Conforme Christino, et al. (2013) em qualquer nível da organização, seja operacional, tático ou estratégico, a importância da informação cresce de acordo com o crescimento da complexidade da sociedade e das organizações, e acaba se tornando um recurso de fundamental importância na tomada de decisão cotidiana da empresa. A informação gerada pela controladoria tem a finalidade de sustentar o processo decisório. A propósito, o estudo de Martin (2002, p. 24) ressalta que “o ponto vital da comunicação da controladoria é a confecção de relatórios de desempenho para a governança empresarial”. Desta forma, a informação contida nestes relatórios deveria ter elementos que permitissem avaliar, de um lado, os objetivos e metas da organização e, de outro, as estratégias e a própria ação dos profissionais que as formulam e as implantam. Neste contexto de interação da controladoria aos processos de gestão, o estudo de Lourensi e Beuren (2011) reitera que em um ambiente de incertezas, uma das estratégias disponíveis é a administração permitir o acesso às informações de forma tempestiva constituindo-se um apoio à tomada de decisão. Com esta estratégia, a controladoria assume esse papel na gestão provendo informações de avaliação e controle do desempenho das áreas organizacionais, dando suporte aos gestores no processo decisório. O estudo de Politelo et al. (2014) verificou a estruturação da controladoria em dois tipos de organização, uma capital privado e outra sem fins lucrativos. Os resultados apontaram que, de modo geral, a participação da controladoria de ambas as organizações apresentaram-se ativas e caracteriza-se como órgão de linha. Vale ainda, o comentário de Beuren e Almeida (2012, p.5) quando evidenciam que a “controladoria materializa-se no ambiente empresarial por meio de suas diversas funções e atividades, presentes no processo de gestão, seja no planejamento, no orçamento, na execução, no controle, seja na avaliação do desempenho”. Assim, a controladoria deve permear os processos de gestão estruturados no planejamento, execução, controle e avaliação, todos estes apoiados por sistemas de informações que subsidiem as decisões em cada uma dessas fases. A controladoria, enquanto área responsável por suprir as necessidades informativas dos gestores de uma organização, necessita fazer uso de uma metodologia de trabalho que lhe permita desenvolver esta atividade da forma mais dinâmica e econômica possível. 2 Metodologia da pesquisa Este estudo tem como objeto de pesquisa, uma universidade brasileira, sem fins lucrativos, com um quadro funcional composto por mais de mil colaboradores. Considera os resultados apurados em 2014 e os resultados de uma dissertação de mestrado concluída em 2006. Caracteriza-se como uma pesquisa social qualitativa do tipo fenomenológica e classificada, ainda, como aplicada, descritiva e exploratória. Os procedimentos metodológicos envolveram uma revisão bibliográfica e documental; um estudo de caso com base em questionários, entrevistas semiestruturadas e relatos de observação simples, que culminou com a análise das informações sistematizadas. A presente pesquisa caracteriza-se tipicamente como um estudo na área das Ciências Sociais por possuir em sua composição pessoas que se comprometem e tornam-se partes do objeto e sujeitos do processo (MINAYO, 2002). Permeando estas considerações deve-se lembrar que esta investigação nasce de um problema com uma questão, de algo real e demanda a concepção de novos referenciais. Por conseguinte, num contexto organizacional dinâmico faz-se necessário levar em consideração a subjetividade das percepções dos pesquisadores, bem como a complexidade da gestão e a racionalidade instrumental da controladoria. Na abordagem de Yin (2010, p. 39) “o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes”. Do ponto de vista dos métodos de procedimentos técnicos, segundo Gil (2008), é uma pesquisa bibliográfica e documental que envolveu levantamento de dados e um estudo de caso singular. Com base nesses procedimentos desenvolveu a técnica de triangulação de dados (TRIVIÑOS, 1987), por entender que é preciso ter uma visão sistêmica abrangente dos fenômenos sociais, considerar suas raízes históricas, seus significados e as influências do macroambiente na análise organizacional, para então, compreender o foco de estudo. 3 Análise dos resultados do estudo Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 25 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Os dados a seguir apresentados foram coletados e analisados a partir do que se estabeleceu na metodologia e em conformidade com o objetivo proposto neste artigo que é de verificar a institucionalização da configuração da controladoria e sua efetiva participação no processo decisório em uma universidade. Para melhor interpretação, os resultados são apresentados em duas abordagens: a primeira sobre os resultados e encaminhamentos da pesquisa acadêmica realizada em 2006, para uma dissertação de mestrado; e a segunda sobre os resultados da pesquisa de 2014. 1ª Abordagem: a pesquisa de 2006 foi realizada à luz do modelo proposto por Martin (2002), que analisa as perspectivas da controladoria como: valor, estratégica, dos processos, dos recursos e, da mensuração e comunicação. Por intermédio de pesquisa documental, entrevista a chefe da Contabilidade, aos técnicos do setor contábil, docentes com cargo de chefia, gerentes e assessores de reitoria, apresentou como principais conclusões: a) a necessidade de informações contábeis que suportem o processo decisório em ambientes democráticos e, ao mesmo tempo, em um contexto competitivo, exige eficiência dos sistemas integrados de informações. Nesta ótica, a configuração da controladoria na universidade estudada apontou que, a interdependência dos sistemas e os atributos das informações contábeis encontravam obstáculos como o atraso no fornecimento dos dados, a fragmentação das informações e as dificuldades tecnológicas do sistema informatizado. Contudo, na percepção dos atores, não existia a manipulação de dados, das informações ou das análises no contexto da controladoria. Confirmaram que a carência de responsabilização dos atores impedia a elaboração da informação em tempo hábil e, consequentemente, a controladoria não obtinha agilidade na apresentação das informações ao processo decisório. Assinalaram ter compreensibilidade quanto às informações provenientes dos relatórios contábeis, porém não tinham uma visão integrada dos processos da organização. b) a finalidade da controladoria na universidade estava sendo atendida muito mais do ponto de vista legal e financeiro do que do ponto de vista gerencial. Contudo, preocupava-se com a legislação pertinente, o que fora imprescindível para a operacionalização das suas atividades. Ou seja, havia capacidade de geração de informações de ordem física, econômica e financeira sobre o patrimônio da entidade, com ênfase no controle. No entanto, como suporte a tomada de decisão ela era caracterizada como um desafio, pois tinha dificuldade em apresentar diagnósticos e prognósticos internos e externos da entidade amparados em seus relatórios e demonstrativos. c) por meio dos sistemas de informações nos níveis estratégico, tático e operacional na universidade estudada, verificou-se que os documentos aprovados nos conselhos superiores se constituíam em instrumentos da controladoria para o controle do uso dos recursos. Do pressuposto de que a informação contábil deve ser veraz e equitativa, satisfazendo as necessidades comuns sem privilegiar deliberadamente nenhum usuário, afirmaram que a implantação integrada do sistema de informações e a responsabilização pelo fornecimento dos dados poderia tornar a controladoria mais eficiente em sua inserção no processo decisório. d) e, principalmente, que as informações contábeis podem sustentar a transparência do modelo de gestão democrático e promover um ambiente de melhor governança. 2ª Abordagem: diante das percepções do primeiro estudo, iniciou-se uma nova investigação com os seguintes pressupostos de que: a) a universidade desencadeou um projeto em 2010 de formatação da controladoria enquanto um órgão administrativo de apoio; b) que a organização, objeto de estudos, caracteriza-se como de grande porte e tem características peculiares, uma universidade sem fins lucrativos e autogerida. A investigação realizada em 2014 analisou a implantação e desenvolvimento do projeto que reestruturou o setor de Contabilidade e o tornou um órgão administrativo e de apoio denominado de Controladoria. E também, identificou as ameaças e oportunidades que permeiam a Controladoria na sua missão de contribuir para o alinhamento entre o sistema de informações contábeis e os processos de gestão. A análise do projeto de reestruturação da controladoria identificou que: a) o objetivo principal era o aperfeiçoamento dos processos da Contabilidade no âmbito da organização contemplando as dimensões da controladoria para constituí-la como um órgão administrativo e de apoio ao processo decisório. b) o processo de implantação envolveu a participação da cúpula diretiva e de todas as unidades administrativas que interagem com a controladoria. c) os fatores críticos do projeto eram: a necessidade de potencialização do sistema informacional e tecnológico, a revisão dos processos de trabalho e a geração de informação gerencial e de suporte à decisão. d) a formatação do projeto da controladoria se amparou no modelo de Nilton Martin (2002, p.13) denominado “Eixos de transformação da Contabilidade gerencial”. Também se utilizou do Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 26 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 modelo de Vicente Falconi Campos (2004), conhecido como MASP - Método de Análise e Solução de Problemas. A partir destes referenciais apresenta-se a figura 1 que retrata a síntese da implantação e desenvolvimento do projeto, que se utilizou do método sistêmico para análise dos processos organizacionais: FIGURA 1 – Síntese da implantação e desenvolvimento do projeto. Fonte: Dados da pesquisa. A análise da implantação e desenvolvimento do projeto de constituição da controladoria enquanto um órgão administrativo e de apoio na Universidade, objeto deste estudo, apontou na: a) Etapa de definição do projeto: a formação de um grupo de estudos com agentes dos diferentes níveis organizacionais, operacional, gerencial e estratégico, possibilitou um melhor alinhamento aos objetivos e metas do projeto. A definição e compreensão da metodologia de trabalho orientou os agentes em uma sequencia lógica de processos. O mapeamento dos pontos de entrada da Contabilidade demonstrou uma abrangência sistêmica dos processos e responsabilidades da Contabilidade. A elaboração do projeto piloto na Coordenadoria Financeira demonstrou que a Contabilidade deveria deixar de ser um núcleo de serviço da Coordenadoria Financeira e tornar-se um órgão na mesma linha de hierarquia. b) Etapa de diagnóstico: nesta fase cada ponto de entrada denominada de 1º Ciclo dos Pontos de Entrada ficou destacada a importância de preparar uma agenda de reuniões individualizada por ponto de entrada, com chefias das unidades de Recursos Humanos, Patrimonial, Informática e Financeira, para apresentação dos objetivos do processo, desenho e diagnóstico destes pontos de entrada. Na fase de validação da metodologia a ênfase estava na confirmação dos objetivos, nos ajustes do plano de ação, no cronograma das atividades e na adequação da metodologia de análise dos processos considerando as especificidades da estrutura da universidade. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 27 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 c) Etapa da análise dos processos: a fase de diagnóstico e análise das atividades formadoras de cada processo por ponto de entrada foi imprescindível para a descrição das atividades e fluxos dos dados e informações. Para tanto, foi elaborada a análise dos fluxos dos dados e da transformação em informações: descrição dos fluxos dos dados, documentos e informações; caracterização das atividades; integração do sistema, dependências e compatibilidades. Na sequência, ocorreu a identificação das saídas de cada subsistema, as informações necessárias para melhor atender os fatores críticos: potencialização do sistema; revisão dos processos e geração de informação gerencial. Considerando os processos críticos, causas, suporte crítico, gargalos, desempenho, barreiras para melhorias. Por intermédio da análise da arquitetura de informações, os gestores procedam a seleção de quais informações e relatórios demandavam para potencializar a operacionalidade e gerenciamento de cada unidade. Na fase seguinte, denominada de proposição de alternativas de melhoria dos processos foi elaborado o plano de implantação das melhorias dos processos, com a definição das metas, prazos e responsabilidades. Na última fase desta etapa, foi elaborado o plano de monitoramento das melhorias, para acompanhar as melhorias nas entradas, nas atividades, nas saídas, nas conexões e fluxos de dados e informações e no sistema de informações gerenciais, principalmente nos relatórios. Ainda, este plano deveria estar adequado aos planos estratégicos da instituição. d) Etapa de melhoria dos processos: a execução do plano desencadeou as seguintes melhorias: a adequação entre o plano de aperfeiçoamento da Contabilidade e as melhorias necessárias no sistema de informações; redefinição das áreas do registro contábil e de gerenciamento dos documentos fiscais e legais da Instituição; adequação do plano de contas a Lei 11.638/07 e às exigências das legislações da filantropia; instrumentalização adequada dos processos orçamentários a partir do planejamento estratégico; potencialização da integração da tecnologia e dos sistemas de informações aos processos contábeis e organizacionais; maior responsabilização dos agentes e usuários nos processos; Em 2012, a reitoria assinou uma portaria de constituição do órgão administrativo denominado Controladoria, nomeando a contadora para gerente da unidade, que passou a ser vinculada diretamente à reitoria. Ainda, cabe destacar: elaboração mensal de análises de balanços dos demonstrativos contábeis mensais; implantação do caixa on-line; do sistema do controle patrimonial para apuração automática da depreciação; participação da controller nos conselhos superiores da instituição para apresentação dos orçamentos e análise dos demonstrativos contábeis. A avaliação dos planos de melhoria e de monitoramento passou a ser feita no sistema por intermédio do acompanhamento dos planos de ação e dos indicadores estratégicos da unidade. Também, apresenta seus resultados no Relatório da Atividade da Instituição, publicado e publicizado anualmente. Cabe citar os principais relatórios gerados e em elaboração pela controladoria da universidade estudada, conforme os níveis organizacionais a que se destinam, apresentados na figura 2. 28 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 - - - - Operacionais Balancete da unidade (custos e receitas, orçadas e executadas) Controle de custos orçados e executados (por unidade, por produto, por serviço) Controle de Receitas orçadas e executadas (por unidade, por produto, por serviço) Relatório de contas a receber Relatório de contas a pagar Prestação de contas Arquivos Contábil, Fiscal Orçamentos dos cursos Diagnóstico financeiro e econômico das atividades Destino dos Relatórios da Controladoria Táticas Estratégicas - Balancete Mensal - Relatório Mensal da - Demonstração do Resultado do Controladoria (Análise de Exercício Balanços Mensal) - Demonstração do Valor - Análise de Balanços do Adicionado Exercício - Balanço Social - Relatório do Balanço Social - Demonstração de Fluxo de Caixa - Notas Explicativas - Relatório de Execução - Análise Horizontal e Vertical Orçamentária (Serviços, de Demonstrativos Contábeis produtos, cursos) - Análise dos coeficientes - Relatório de Faturamento; financeiros - Relatório de Endividamento - Indicadores Estratégicos - Relatório de Investimentos e - Projeção Execução Imobilizações Orçamentária Futura - Relatório de Projetos com - Análise da Matriz Cesta de recursos de captação externa Representatividade (custo - Relatório de Despesas interno) Financeiras - Análise dos Relatórios da - Contabilidade Geral Auditoria Externa - Contabilidade Fiscal - Registros Legais - Orçamento Geral FIGURA 2 – Relatórios por nível organizacional. Fonte: elaborado pela pesquisa. Descritas as análises da implantação e desenvolvimento do projeto da Controladoria, este estudo apresenta as percepções quanto às oportunidades e às ameaças que permeiam a Controladoria na sua missão de contribuir para o alinhamento entre o sistema de informações contábeis e os processos de gestão na universidade pesquisada. No tocante às percepções de oportunidades para a Controladoria, cabe destacar que em 2014, a partir do novo PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional, a universidade pesquisada iniciou a implantação do sistema de Planejamento, Orçamento e Desenvolvimento Estratégico para as unidades administrativas. Neste processo, a controladoria apresenta-se “com o propósito de contribuir para o alinhamento entre os recursos e os propósitos organizacionais, constituindo-se como suporte ao planejamento, desenvolvimento, controle e avaliação das decisões, por meio da transparência de suas informações, contribuindo para a governança organizacional”. Cabe citar os estudos realizados nesta mesma universidade e publicados por Brizzola e Fasolin (2014, p.12), em que o processo orçamentário foi considerado de extrema importância e relata que “por meio do orçamento são projetados e analisados os resultados, comparados indicadores de desempenho e a partir dele podem ser redimensionados os investimentos ou corrigido possíveis distorções”. Outra área que pode tornar-se uma oportunidade é a gestão de custos, passando a analisar os valores orçados e realizados, identificando os elementos que impactam nas matrizes de custos dos serviços, elaborando projeções de resultados futuros. Também, verificando as funções da controladoria, percebe-se que no seu papel de “centro de controle do patrimônio” ela atende a legislação pertinente e tem sido imprescindível para a operacionalização das atividades da instituição, tem buscado a qualificação da sistemática de registros contábeis para prover o sistema de informações gerenciais. De modo, a flexibilizar e adaptar as informações contábeis às necessidades da gestão. Neste aspecto, a controladoria foi desafiada a elaborar uma proposta para a formatação e informatização do Relatório de Informações Gerenciais, que deverá reunir todas as informações em um formato de Sistema de Informações Gerenciais que contemple todos os subsistemas da universidade. Assim, os quadros, tabelas, gráficos, relatórios, projeções que são elaborados manualmente conforme solicitação da direção, passam a ser disponibilizados de forma padronizada, com objetivos claros, com frequência definida, acessos específicos a cada nível de decisão da organização. Ainda, a controladoria fornece demonstrativos como o Balanço Social, a Demonstração do Valor Adicionado e outros relatórios da Contabilidade social e ambiental, para a formação de uma imagem institucional positiva, que transmita a substância dos princípios organizacionais. No que se refere às ameaças à efetividade da controladoria, destaca-se; a resistência cultural, dificuldades de informatização do sistema de informação gerencial, ruídos na comunicação, dificuldade de profissionalização dos gestores, mudanças na direção da universidade, frequentes mudanças nas legislações que impactam nas instituições de ensino superior. Bem como, a influência Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 29 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 dos fatores preditivos, tais como as pressões políticas e funcionais, de inércia e de entropia conforme os estudos de Beuren e Guerreiro (2014). 4 Conclusões e considerações finais Este estudo atendeu ao objetivo de verificar a institucionalização da controladoria e sua efetiva participação no processo decisório em uma Universidade. O resultado da pesquisa demostrou que o processo de institucionalização da controladoria é lento e gradativo, necessita de procedimentos metodológicos, comprometimento das pessoas, foco nos objetivos, controle e monitoramento dos processos. Outro aspecto que a pesquisa reforça é de que o processo de institucionalização da controladoria “não é trivial e não pode ser enfocado apenas na dimensão técnica”, conforme relatam Guerreiro, Pereira e Lopes (2004, p. 11). Neste sentido, precisa contemplar a perspectiva de valor e da estratégia, como descreve Martin (2002), estes dois eixos têm a pretensão de dar à controladoria a capacidade de diagnóstico das condições externas da organização. Nesta ótica, a controladoria contribui para que a gestão organizacional esteja focada para o futuro e contemple os fatores críticos ambientais e as mudanças estruturais dos setores sobre a efetividade da organização. O estudo também constatou que em uma universidade gerida por um modelo de gestão democrático, a controladoria enquanto um sistema de apoio à decisão poderá constituir-se num instrumento desencadeador de mudanças técnicas e comportamentais e, inclusive, influenciar no grau de autonomia dos gestores, no processo de gestão, na avaliação de desempenho e na melhor governança. Na sua dimensão mais sistêmica, a controladoria na universidade estudada não utiliza apenas medidas de desempenho financeiras e econômicas, pois, ao estar orientada para os usuários, considera que sua missão e seus valores devem permear todo o processo de gestão da organização. Nesta ótica, organizações de maior complexidade de gestão, com mecanismos e instrumentos da autogestão lentos em relação à velocidade induzida pelo ambiente externo precisam rever seus sistemas de apoio a decisão (CARBONE, 1995). Isto confirma que os instrumentos e instâncias internas de comunicação, participação e decisão carecem de processos contínuos de aperfeiçoamento para dar agilidade à dinâmica organizacional. Os resultados da pesquisa evidenciaram a potencialidade da controladoria para o alinhamento entre os sistemas de informação e os processos de gestão. Assim, por meio de relatórios, análises e projeções com enfoque para gestão por resultados e, da participação do controller nas instancias de decisão, a controladoria tem assumido com responsabilidade a sua missão de contribuir para a sustentabilidade e a governança organizacional, reduzindo as incertezas inerentes ao processo decisório das organizações. Como limitação do estudo, os resultados encontrados não podem ser generalizados a outras universidades, por ser uma abordagem singular. A aprendizagem e seus resultados desta pesquisa podem contribuir para novos estudos sobre a integração da controladoria no processo decisório organizacional. Espera-se ter contribuído à consecução de futuras investigações e análises que promovam o enriquecimento das atribuições da controladoria nos processos decisórios, enquanto uma dimensão das Ciências Contábeis. REFERÊNCIAS ABREU, Pedro Felipe de; ABREU, Aline F. de. Sistemas de informações gerenciais: uma abordagem orientada à gestão empresarial. Núcleo de estudos em Inovação, gestão e tecnologia da informação, Florianópolis, 2003. ALMEIDA, Lauro; PARISI, Cláudio; PEREIRA, Carlos A. Controladoria. In: CATELLI, Armando (Coord.). Controladoria: uma abordagem da gestão econômica GECON. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. ANSOFF, H. Igor. Estratégia empresarial. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1977. BAZERMAN, M. H. Processo decisório. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. BEUREN, Ilse Maria ; ALMEIDA, Dalci Mendes. Impactos da implantação das normas internacionais de contabilidade na controladoria: um estudo à luz da teoria da estruturação em uma empresa têxtil. 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Sabendo da relevância de ambas para o desempenho positivo da organização, este trabalho propõe verificar se a controladoria está em consonância com a governança corporativa sendo possível considerá-la uma aliada para as boas práticas da governança dentro das organizações. Para tanto, utilizou-se de pesquisa bibliográfica por meio de jornais, revistas, livros e demais materiais disponíveis em periódicos de relevância acadêmica. Posteriormente, o exame dos dados foi feito por analise de conteúdo. Como resultado, verificou-se a consonância entre a controladoria e a governança corporativa e também a importância da controladoria para as organizações devida sua influência na tomada de decisão, bem como, a relevância da figura do controller devendo este atuar sob a ótica da accountability e da transparência para que a controladoria funcione conforme os preceitos da governança corporativa. A contribuição do artigo está no olhar sobre os dois estágios da prestação de contas e da controladoria como mecanismo de governança. Palavras-chave: Teoria de Agência; Governança Corporativa; Accountability; Controladoria. ABSTRACT Corporate governance and controllership arise due to the constant changes in the economic field. Knowing the importance of both to the positive performance of the organization, this paper proposes verify that the controller is in line with corporate governance is possible to consider it an ally for good governance practices within organizations. The instrument used is a literature search through newspapers, magazines, books and other materials available in academic journals relevance. Subsequently, the examination of the data was done by analysis of content. As a result, there was a line between the controller and the corporate governance and also the importance of controlling for organizations due their influence in decision-making, as well as the relevance of the controller should figure this act from the perspective of accountability and transparency so that the controller works as the precepts of corporate governance. The contribution of this paper is to look at the two stages of accountability and controllership as governance mechanism. Keywords: Agency Theory; Corporate Governance; Accountability; Controllership. 1. Introdução O cenário econômico mundial sofreu várias mudanças no decorrer dos anos e continua a se modificar nos dias atuais tornando-se mais competitivo e globalizado, onde blocos e acordos econômicos surgem entre vários países. Dessa forma, as organizações se deparam com novos desafios para assegurar a maximização dos lucros e, consequentemente, preservar sua sustentabilidade. Além disto, as organizações passaram a se ver diante de exigências para atuação no mercado de capitais provocadas por escândalos corporativos com graves consequências para o sistema econômico e financeiro no final do século XX e inicio do século XXI. Inserida neste contexto, a discussão sobre a importância das boas práticas de governança corporativa vem se difundindo cada vez mais no mundo acadêmico e corporativo. Torna-se mais frequente a associação da adesão dessas práticas como meio eficaz das organizações enfrentarem o mercado globalizado, captarem recursos, conquistarem a confiança dos acionistas e maximizarem os resultados das organizações. Em contrapartida, devida essas mudanças e o constante crescimento das organizações, surge à controladoria como consequência da necessidade de uma estruturação interna mais complexa, criando-se os departamentos e a divisão de tarefa para facilitar o processo operacional. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 33 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 No entanto, governança corporativa e controladoria são temas considerados relativamente recentes e, por isso, ainda existem organizações que não dispõem destes organismos de gestão. Considerando as boas práticas da governança corporativa fundamental para as organizações nos dias atuais, por representar um diferencial e as intenções da gestão em reduzir conflitos de interesses, respeitando os direitos dos proprietários, sócios, acionistas e demais partes interessadas, assim como, reconhecendo a importância da controladoria devida à missão que esta possui dentro das organizações, este trabalho propõe verificar se a controladoria desempenha seu papel em consonância com a governança corporativa e, dessa forma, se é possível considerá-la uma aliada para adoção das boas práticas da governança dentro das organizações. 2. Metodologia da Pesquisa A pesquisa é descritiva realizada mediante pesquisa bibliográfica em livros, revistas e periódicos considerados de relevância acadêmica, no intuito de fundamentar os temas controladoria e governança corporativa. Assim, foram usados resultados de pesquisas provenientes de outros pesquisadores, bem como, de organizações que buscam disseminar esse tema tanto no meio acadêmico como mundo corporativo. Também foi realizada pesquisa bibliográfica a respeito da controladoria para aprofundamento do assunto e embasamento a cerca da relação existente entre este órgão administrativo e a governança corporativa. A análise dos dados foi feita de forma qualitativa, por meio de análise de conteúdo (VERGARA, 2010). A fundamentação teórica inicia apresentando a teoria que dá suporte à pesquisa. 3. Teoria da Agência O conflito de interesse é palavra chave na história da governança corporativa, pois este perpassa tanto pelo seu desenvolvimento como por grandes acontecimentos que afetaram negativamente a sociedade e o sistema financeiro de diversos países. Ele é um dos principais fatores que leva uma empresa a colapsos que podem causar sua extinção. O conflito de interesse ocorre quando há a separação entre a propriedade e o controle, situação que vem sendo discutida desde 1932 com publicação do livro The modern corporation and private property (A Sociedade Anônima e a Propriedade Privada), dos autores Berle e Means. Nele, os autores (traduzido em 1987, p. 36) afirmam a separação entre a propriedade e controle propicia a ocorrência de “uma situação na qual os interesses do proprietário e do executivo podem divergir, e muitas vezes divergem realmente, e bastantes restrições, que antes limitavam o uso do poder, desaparecem”. Essa separação acontece na medida em que a organização cresce tornando mais difícil a centralização do controle no proprietário (principal), sendo necessário outorgar esse poder a outro, chamado de agente, remunerado para exercer tal função. Esse divórcio pode ocorrer, também, em situações onde o capital é pulverizado ou, em outros casos, quando uma minoria detém o controle acionário. Posteriormente, as discussões sobre as grandes corporações foram retomadas por Coase (1937) tratando sobre a natureza da firma, em seguida por Alchiam e Demsetz (1972) abordando a separação entre propriedade e controle e como a firma serve para lidar com o conflito entre seus membros, e Jensen e Meckling (1976) tratando do conflito de interesse entre o agente e o principal com ênfase na separação da propriedade e controle, desenvolvendo assim a Teoria da Agência. De acordo com Arruda, Madruga e Freitas (2008), a teoria da agência surge como fundamento teórico que visa estudar a relação entre o principal e o agente, onde um detém a propriedade e o outro o controle, que pode ocasionar num conflito de interesses entre as partes, principalmente como resultado de assimetria da informação existente entre os dois (AKERLOF, 1970). A relação entre o principal e o agente é definida por Jensen e Meckling (1976) como “um contrato no qual uma ou mais pessoas, o principal, empregam outra pessoa, o agente, para desempenhar alguma tarefa a seu favor, envolvendo delegação de autoridade para tomada de decisão pelo agente”. Justamente no momento em que o poder de decisão passa a ser delegado a terceiros, a possibilidade de ocorrer conflitos de interesse se torna eminente. Carvalhal da Silva (2006) explica que, embora o principal espere que o agente desempenhe sua função de acordo com seus interesses, divergências podem surgir quando os interesses do principal e do agente não estão alinhados. O autor justifica seu argumento alegando que o agente tem outras preocupações, como sua riqueza, estabilidade profissional, vantagens pessoais e, dependendo da situação, poderá fazê-lo agir contrário aos interesses do principal. Por esse motivo, Jensen e Meckling (1976) discorrem sobre a inexistência do agente perfeito, dificilmente o principal conseguirá contratar um agente que desenvolva sua função indiferente aos Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 34 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 seus próprios objetivos, agindo desinteressadamente em qualquer situação sem tirar vantagens, visando apenas o crescimento, a perenidade e a otimização dos resultados da empresa. Aliado a inexistência do agente perfeito, a inexistência do contrato perfeito também contribui para o desalinhamento de interesses entre o principal e o agente. Conforme Klein (1983), não existe contrato completo e perfeito que relacione o comportamento e as decisões a serem tomadas perante situações não previstas e mudanças no ambiente dos negócios. Diante desses dois fatores, custos são incorridos para que o principal possa minimizar os conflitos, os quais são conhecidos como custos de agência. A inexistência de contratos e agentes perfeitos geram conflitos de interesses levando a ocorrência de custos de agência decorrente do oportunismo dos agentes, assim como, dos custos incorridos para que o principal possa monitorar o agente a fim de eliminar ou reduzir o oportunismo (SILVEIRA, 2010; ROSSETTI E ANDRADE, 2011; MACHADO, 2011; SILVA, 2012). Cabe ressaltar que a existência desses custos são necessários para que os interesses dos proprietários ou acionista sejam atendidos e os objetivos da organização alcançados, acarretando assim a maximização de suas riquezas. 4. Governança Corporativa A governança corporativa está enraizada nos conceitos teóricos de Berle e Means (1932), Coase (1937), Alchian e Demsetz (1972) e Jensen e Meckling (1976), ou seja, na existência de corporações, onde os conflitos de interesses são ocasionados pela separação entre a propriedade e o controle. Desse modo, a adoção de boas práticas de governança corporativa surge como forma de minimizar o oportunismo do agente forçando-o a agir conforme os interesses do principal, diminuindo os riscos de assimetria de informação (AKERLOF, 1970). Não existe um conceito único que defina governança corporativa, porém, Carvalhal da Silva (2006) explica que a etimologia da palavra governança refere-se a governo e define a governança corporativa como um sistema com órgãos e os poderes organizados dentro da corporação. Para Beuren e Silva (2013, p. 73), a governança corporativa pode ser descrita como “um conjunto de práticas e procedimentos exigidos por um contrato feito de forma espontânea entre a empresa e os órgãos reguladores, com o comprometimento de apresentar informações transparentes aos usuários externos, além das exigidas por lei”. Já o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC (2009) dispõe que a governança corporativa é um sistema dentro da organização que dirige, monitora e incentiva o relacionamento entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. A Comissão de Valores Mobiliários - CVM (2002) descreve a governança como um conjunto de práticas e acrescenta que seu objetivo é a otimização do desempenho da empresa e proteção de todas as partes interessadas. Silveira (2010) define a governança corporativa como um conjunto de mecanismos, internos ou externos, que funcionam com intuito de assegurar que as tomadas de decisões dentro das organizações sejam sempre em prol da maximização de seus resultados e de sua perenidade. Corroborando com esta definição Carvalhal da Silva (2006, p. 5) trata governança com “um conjunto de princípios e práticas que procura minimizar os potenciais conflitos de interesses entre os diferentes agentes da companhia (stakeholders) com o objetivo de reduzir o custo de capital e aumentar tanto o valor da empresa quanto o retorno aos seus acionistas”. Apesar dos vários autores, pesquisadores e organizações fornecerem uma gama de definições para explicar o significado de governança corporativa, é possível observar que existe um consenso em tratá-la como sistema ou conjunto de práticas organizadas que visam, acima de tudo, proteger não somente a empresa dos conflitos de interesses entre o agente e o principal como também todas as partes relacionadas à ela. 4.1Valores da Governança Corporativa A governança corporativa é edificada em valores: Fairness (equidade): a corporação tem o dever de tratar de forma igualitária os acionistas e os stakeholders; Disclosure (transparência): obrigatoriedade da divulgação de quaisquer informações relevantes sobre empresa, para todas as partes interessadas; Compliance (conformidade): a exigência do cumprimento das normas internas da empresa, bem como, da legislação do país; por fim, a Accountability (IBGC, 2009; SLOMSKI, MÂCEDO, TAVARES E MELLO, 2008; ROSSETTI E ANDRADE, 2011; SILVA, 2012). Sobre a accountabililty cabe uma abordagem mais aprofundada, pois a controladoria, como órgão administrativo, para contribuir com as boas práticas da governança corporativa dentro da organização deve observar a necessidade de accountability para desempenhar seu papel. 4.1.1 Accountability Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 35 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Accountability como um dos valores da governança corporativa é sinônimo de prestação de contas fundamentada nas melhores práticas contábeis e auditoria (ROSSETTI E ANDRADE, 2011). Mas, o termo em inglês não possui uma tradução especifica para o português e por isso, sua definição varia de autor para autor. Schwart (2001 apud ANDRADE, 2011) alega que o termo accountability perpassa a prestação de contas sob o enfoque contábil, abrangendo também o desempenho da empresa sob o prisma qualitativo onde envolve todas as partes relacionadas com ela. Para Gonçalves (2011) a accountability é mais ampla que a responsabilidade objetiva do sujeito, mas implica também na responsabilização pelos seus atos práticos e pela existência de responsabilidades expressa pelo cargo ocupado, que devem ser reconhecidas como forma de minimizar erros e melhorar a gestão. Já Nakagawa (1993, p. 18) afirma que accountability “é a obrigação de se prestar contas dos resultados obtidos, em função das responsabilidades que decorrem de uma delegação de poder.” Para o autor, que analisa o termo sob a ótica da separação da propriedade e controle, a accountability é uma cadeia que se forma à medida que o poder é delegado para os gestores e estes tem por responsabilidade a otimização dos interesses dos acionistas e investidores, devendo haver uma prestação de contas dos resultados como quitação de sua obrigação. Por hierarquia, essa obrigação começa pela alta administração que deve se reportar aos acionistas ou proprietários da empresa, depois pelos demais que ocupam cargos da estrutura hierárquica outorgados de autoridade por assumirem tais funções (PEREIRA, 2001). Em sintonia com Nakagawa, Tomio e Robl (2013) referem-se à accountability como “a necessidade de uma pessoa ou instituição que recebeu uma atribuição ou delegação de poder prestar informações e justificativas sobre suas ações e seus resultados, podendo ser sancionada política, pública, institucional e/ou juridicamente por suas atividades”. Independente dos distintos âmbitos que a accountability é mencionada, pode-se constatar que ela sempre está atrelada a prestação de contas de atos e resultados devido à delegação de poder evidenciando a existência da relação entre o principal e o agente. E assim, é sob essa perspectiva, que este trabalho trata a accountability. 4.2Lei Sarbanes-Oxley e a Accountabilily Com a promulgação da lei Sarbanes-Oxley - SOX, em Julho de 2002, devido aos consecutivos escândalos corporativos que envolveram grandes organizações dos Estados Unidos, o mercado de capitais norte-americano passou por significativas mudanças sentidas por todos os países com quem se relacionavam e por aqueles intencionados a iniciar uma relação. A lei fundamentou-se nos quatros valores da governança corporativa estabelecendo normas de acordo com cada um (CARVALHAL DA SILVA, 2006; MACHADO, 2011; ROSSETTI E ANDRADE, 2011; SILVEIRA, 2010; SILVA, 2012). No que tange a accountability foram firmadas duas normas que discorre sobre a constituição de comitê de auditoria e os procedimentos adotados pelos Chief Executive Officer – CEO (Diretor Executivo) e Chief Financial Officer – CFO (Diretor Financeiro) para divulgação das demonstrações da empresa (SOX, 2002; ROSSETTI E ANDRADE, 2011; SILVEIRA, 2010; SILVA, 2012). Referente aos procedimentos para divulgação das demonstrações periódicas, os mesmo autores citam a averiguação dos relatórios para confirmação de sua veracidade ou possíveis omissões de informações relevantes, além da responsabilidade em constituir controles internos, bem como, avaliar e monitorar sua eficiência repassando ao comitê de auditoria eventuais falhas apresentadas por ele. Nota-se que a prática estabelecida pela lei, com foco na accountability, está de acordo com a teoria e com os trabalhos acadêmicos encontrados na literatura. Cabe salientar que as exigências da lei Sarbanes-Oxley afetam investidores e organizações brasileiras que negociam nas bolsas de valores norte-americanas ou que buscam recursos nesse país (ROSSETTI E ANDRADE, 2011; SILVA, 2012). Por isso, muitas organizações brasileiras tiveram que se adaptar em obediência a lei para garantir expansão dos negócios em nível internacional e a accountability, personificada na controladoria, é essencial para que isto se torne possível. 5. Controladoria A controladoria surgiu no século XX decorrente dos efeitos da Revolução Industrial ocorrida no século XIX. Isto porque a Revolução proporcionou o afloramento de novas empresas, aumentando a concorrência no mercado e, conseqüentemente, obrigando-as a se organizarem. Assim, departamentos e divisões de tarefas foram estabelecidos como forma de sobrevivência no novo sistema, o que tornou as atividades empresariais mais amplas e complexas (BEUREN, 2002; FIGUEIREDO E CAGGIANO, 1997). Somando-se a isto, a expansão dos negócios para outros locais tornou a descentralização do poder mais frequente (MOSIMANN E FISCH, 1999; BEUREN, 2002). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 36 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Nota-se que o surgimento da controladoria se deu por motivos que remetem as discussões e as teorias base da governança corporativa, isto é, o crescimento das organizações fazendo com que houvesse a separação entre a propriedade e o controle, acarretando na necessidade da contratação de empregados para exercer a função de gestores. Essa nova situação, como já mencionando, requer que o poder de decisão seja delegado ao agente, propiciando o conflito de interesse discutido na teoria da agência. Nas organizações atuais, a controladoria é ocupada por alguém a quem é delegado poder para agir em determinadas situações, influenciando diretamente na tomada de decisões. Mas como explicar a controladoria dentro de uma organização? Essa resposta é encontrada de diversas formas no universo acadêmico: Peleias (2002, p. 5) define controladoria como “uma área da organização à qual é delegada autoridade para tomar decisões sobre eventos, transações e atividades que possibilitem o adequado suporte ao processo de gestão”. Já Padoveze (2003), diz que a controladoria é a evolução da ciência contábil e através dela, juntamente com o sistema de informações de controladoria, atua como unidade administrativa dentro da organização sendo responsável pela coordenação da sua gestão econômica. De acordo com Oliveira, Perez e Silva (2013, p. 5) “pode-se entender controladoria como departamento responsável pelo projeto, elaboração, implementação e manutenção do sistema integrado de informações operacionais, financeiras e contábeis de uma determinada entidade, com ou sem finalidades lucrativas”. E, para Almeida, Parisi e Pereira (1999) a controladoria é primordialmente coordenadora das informações sobre a gestão econômica, salientando que isto não substitui a responsabilidade dos gestores. Quanto à obtenção de resultados, todavia, a controladoria procura persuadi-los à maximização do resultado econômico. Independente dos conceitos utilizados para explicar a controlaria, ele se resume na interligação deste órgão administrativo com os demais departamentos da organização para poder fornecer as informações necessárias para a tomada de decisões visando à otimização dos recursos financeiros da organização. Logo a controladoria está em consonância com a governança corporativa, pois esta última, através de seu conjunto de mecanismos visa justamente assegurar que as tomadas de decisões dos agentes sejam em benefício da organização e dos demais relacionados com ela. 5.1 Responsabilidade, Missão e Função da Controladoria A controladoria possui responsabilidades bem definidas e distintas das demais áreas operacionais de apoio, pois é de sua incumbência auxiliar a alta gestão no esforço para que as decisões tomadas assegurem a otimização do resultado da organização. Para isso, utiliza-se de um conjunto de ações cujo resultado serve como instrumento disponível aos gestores (NAKAGAWA, 1993; FIGUEIREDO E CAGGIANO, 1997; ALMEIDA, PARISI E PEREIRA, 1999; MOSIMANN E FISCH, 1999; BEUREN, 2002; OLIVEIRA et al. 2013). Dentro desses conjuntos de ações está à criação, monitoramento e avaliação do controle interno, mencionado na lei Sarbones-Oxley como uma das medidas a ser adotada dentro das organizações, sob a ótica da accountability. Nas organizações que dispõe da controladoria essa responsabilidade é repassada a este departamento, o que evidencia sua relevância para cumprimento das boas práticas de governança corporativa dentro das organizações. Também é de responsabilidade da controladoria a implementação e manutenção do sistema de informação contábil gerencial atuante em todas as etapas do processo de gestão da organização e assim, sincronizar os esforços dos gestores de cada atividade para que se alcancem os objetivos da organização como um todo, garantindo assim a otimização dos seus resultados econômicos e assegurando sua longevidade no mercado (NAKAGAWA, 1993; FIGUEIREDO E CAGGIANO, 1997; MOSIMANN E FISCH, 1999; ALMEIDA, PARISI E PEREIRA, 1999; PADOVEZE, 2003). A interação com os demais setores faz com que a controladoria tenha uma visão geral da organização facilitando a percepção relativa ao funcionamento operacional dela, devendo ser prestado contas do resultado obtido para que as tomadas de decisões sejam possíveis. Em outras palavras, a controladoria deve manter sempre a cúpula administrativa informada sobre o funcionamento da organização, do surgimento de riscos e das ações mais adequadas a serem executadas de forma a garantir a continuidade e a maximização de seus resultados (MOSIMANN E FISCH, 1999; ALMEIDA, PARISI E PEREIRA, 1999; BEUREN, 2002; PADOVEZE, 2003). Quanto à função da controladoria, Almeida, Parisi e Pereira (1999) a descrevem como um conjunto de objetivos que decorrem de sua missão, sendo elas, subsidiar o processo de gestão, Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 37 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 apoiar a avaliação de desempenho e a avaliação de resultado, gerir os sistemas de informações e atender aos agentes do mercado. A missão e as funções exercidas pela controladoria dentro da organização evidenciam sua importância. Através das informações quantitativas e qualitativas geradas pela controladoria, a diretoria cumpre com as exigências e requisições do Conselho de Administração e dos proprietários ou acionistas. As contas prestadas pela diretoria devem ser fiscalizados pelo conselho fiscal, visto que, possuem a função de fiscalizar as ações praticadas pelos administradores e opinar sobre as contas da companhia e devem ser auditadas pela auditoria externa. A Figura 1 mostra as diferentes etapas de prestação de contas em uma organização. ASSEMBLEIA O P E R A C I O N A L CONSELHO FISCAL CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Accountability AUDITORIA EXTERNA DIRETORIA Prestação de Contas E S T R A T É G I C O CONTROLADORIA Figura 1 – Etapas da prestação de contas na estrutura organizacional Fonte: Elaborado pelas autoras Assim, analisando sob a ótica do conceito da accountability, a controladoria ultrapassa as meras funções contábeis ao informar apenas a situação quantitativa da empresa, (SCWART, 2001 apud ANDRADE, 2011) para assumir uma função com a visão geral da empresa, proporcionada pela atuação em conjunto com demais setores, que resulta numa gama de informações do âmbito qualitativo que influencia na tomada de decisão da diretoria, a qual presta contas (accountability) aos principais e demais partes estratégicas das organizações. Em suma, o que se pretende é mostrar a controladoria como mais um mecanismo de controle atrelado à governança, tal como encontrado por Nascimento, Bianchi e Terra (2007). 5.2 Controller O controller é o profissional encarregado da controladoria. Kanitz (1976) e Beuren (2002) destacam que os primeiros controladores foram contadores ou chefes do departamento financeiro, devido à visão generalizada que ambos possuíam da empresa e por ocuparem cargos subordinados à presidência da empresa. Observa-se que controller é o profissional que dá vida a controladoria dentro da organização devendo executar a missão deste órgão administrativo e, para isso, desempenha funções complexas que exigem conhecimentos, habilidades, atitudes, agilidade, bom senso e ética profissional. Conforme Mosimann e Fisch (1999), este profissional tem participação ativa nos processos de planejamento e controle empresarial, controlando os relatos e interpretações dos dados relevantes para tomada de decisão. É o controller quem cuida do controle interno e do sistema de informações possibilitando, assim, que a controladoria desempenhe sua função de auxiliar os gestores através da prestação de contas dos dados obtidos (NAKAGAWA, 1993; FIGUEIREDO E CAGGIANO, 1997; BEUREN, 2002; PADOVEZE, 2003). Às vezes, a palavra controle acaba gerando certo desconforto dentro das organizações, pois muitos associam seu significado com imposição ou repressão. No entanto, o controller ao exercer seu papel, o faz no sentindo de informar, influenciar, persuadir, atuando de forma que todos os trabalhos sejam desenvolvidos em harmonia visando o alcance dos objetivos traçados pela organização (PADOVEZE, 2003). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 38 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Devido à importância deste cargo, é fundamental a escolha criteriosa e cautelosa desse profissional a fim de encontrar o perfil certo para ocupá-lo, ou seja, um profissional que faça a controladoria da organização desempenhar sua função de modo eficaz. Kanitz (1976), Beuren (2002) e Padoveze (2003) esclarecem que o controller não controla a organização, pois isto é função dos gestores, mas é de sua responsabilidade informá-los sobre todos os fatos passados e presentes que sejam relevantes, bem como, os possíveis rumos que a organização pode tomar futuramente. Para isso é necessário que ele esteja sempre atualizado dos acontecimentos nos ambientes interno e externo da organização que possa afeta-lá positiva ou negativamente, em curto ou longo prazo (MOSIMANN E FISCH, 1999). Acompanhamento de problemas e imparcialidade são outros fatores que devem ser destacados quanto ao desempenho da função do controller. No que tange ao acompanhamento de problemas, cabe ao controle acompanhar a execução do planejamento e sugerir medidas corretivas, quando for necessário, monitorando até que tais medidas sejam aplicadas (KANITZ, 1976; BEUREN, 2002; PADOVEZE, 2003). Quando a imparcialidade, o controller tem o dever de relatar todos os fatos relevantes para organização, mesmo que aponte alguma ineficiência no desempenho da função de um funcionário. Além disto, não poderá haver privilégios no que diz respeitos ao fornecimento de informações para os usuários da organização (MOSIMANN E FISCH, 1999; BEUREN, 2002). A figura do controller é essencial para que a controladoria funcione devidamente, contribuindo para as práticas da boa governança dentro da organização. Por isso, é fundamental que o controller aja de acordo com os preceitos da governança atentando para seus valores, em especial a accountability. 6. Considerações Finais A proposta desde trabalho foi verificar se existe consonância da controladoria com a governança corporativa, para verificar se é possível a controladoria ser uma aliada das boas práticas de governança dentro das organizações. O alcance deste objetivo foi possível através de pesquisa bibliográfica tanto em livros como artigos, dissertações e teses, mas percebe-se que os trabalhos abordando a controladoria sob o enfoque da governança corporativa não são tão vastos. Com os resultados da pesquisa, considera-se que o objetivo foi alcançado, pois foi possível evidenciar a consonância entre a finalidade de ambas dentro da organização, uma vez que a controladoria desempenha seu papel visando que o processo decisório seja o melhor possível acarretando o crescimento e a permanência da organização no mercado. É o mesmo objetivo que a governança corporativa visa alcançar, mediante a adoção de boas práticas de governança dentro das corporações. Nota-se que a controladoria exerce um papel fundamental dentro de organização devido ao seu poder de influência na tomada de decisão, onde o controller é o profissional responsável pela eficácia da execução deste papel. Por isso, é importante que ele respeite os valores da governança para que a controladoria cumpra sua missão de assegurar a otimização dos recursos econômicos e financeiros da organização e sua sustentabilidade no mercado. Ainda quanto ao controller, percebe-se que devido à responsabilidade do cargo, tal função não pode ser ocupada por qualquer empregado, devendo procurar-se um profissional com perfil para atender as atribuições do ofício. Também, constata-se que a controladoria pode ser vista como aliada das boas práticas de governança corporativa, uma vez que ela auxilia a diretoria (gestão geral - agente) através do fornecimento de informações usadas para tomada de decisões, que por sua vez presta contas (accoutanbility) para os proprietários (acionistas – principal). As contribuições do artigo consistem em olhar os dois estágios da prestação de contas das organizações, o primeiro na parte operacional e o segundo na parte estratégica da estrutura organizacional. A segunda contribuição está em perceber a controladoria como um mecanismo de governança. Todavia, este trabalho não pretende esgotar o tema, pois aborda a relação entre a governança corporativa e a controladoria de modo geral sem aprofundamento dos meios que a controladoria utiliza para execução da sua missão e de como eles podem ser usados como mecanismos de governança. Por isso, sugere-se que outras pesquisas sejam realizadas com intuito de aprofundar assuntos não contemplados por esse trabalho acerca da governança corporativa e da controladoria. Referência AKERLOF, George A. The market of lemons: quality, uncertainty and the market mechanism. Quartely Jornal of Economics, v. 84, n. 3,1970, p. 488-500. ALCHIAN, Armen; DEMSETZ, Arnold. Production, Information Costs, and Economic Organization. In: The American Ecomonic Review, 1972, p. 777 – 795. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 39 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ALMEIDA, Lauro Brito de.; PARISI, Cláudio. ; PEREIRA, Carlos Alberto. Controladoria. In.: CATELLI, Armando (coord). Controladoria: uma abordagem de gestão econômica – GECON. São Paulo: Atlas, 2001. ARRUDA, Giovana Silva de.; MADRUGA, Sérgio Rossi.; FREITAS JUNIOR, Ney Izaquirry de. A governança corporativa e a teoria da agência em consonância com a controladoria. Revista de Administração da UFSM, Santa Maria, v. 1, n. 1, 2008, p.71-84. BERLE, Adolf A.; MEANS, Gardiner C. A Moderna Sociedade Anônima e a Propriedade Privada (reimp. 1. ed., 1932). São Paulo: Nova Cultural, 1987. BEUREN, Ilse Maria. O papel da controladoria no processo de gestão. In: SCHMIDT, Paulo (org.). 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Para tanto, fez-se uma pesquisa de campo, a fim de diagnosticar e avaliar, sob a ótica dos clientes atendidos por este departamento, se o atendimento e a qualidade do serviço estão consoantes com o que a empresa preza. Os resultados da análise dos dados contribuíram para empresa preencher as lacunas que existiam referentes às informações externas da qualidade dos seus serviços. Dessa forma, o trabalho contribuiu para a empresa melhorar os indicadores referentes a prestação de seus serviços. Palavras-chave: Prestação de serviço, Qualidade, Indicadores, Satisfação dos clientes. ABSTRACT The core activity of providing postal services is the distribution of objects, so a search was conducted in order to assess the degree of customer satisfaction in relation to different types of services provided by the city of São Borja CDD. To this end, there was a field research in order to diagnose and evaluate, from the perspective of customers served by this department, the compliance and quality of service are consonant with what the company values. The data analysis results helped the company fill the gaps that existed regarding the external information of the quality of its services. Thus, the work helped the company improve indicators for the provision of their services. Keywords: Service provision, Quality Indicators, customer satisfaction. 1 INTRODUÇÃO No mundo atual em que vivemos os consumidores estão bastante exigentes em relação à qualidade dos serviços prestados, seja publico ou privado, isto devido à importância desse segmento para as empresas e para governo. No que tange a prestação dos serviços postais, esta é constitucionalmente assegurada com exclusividade à União, visando atender às necessidades coletivas da população. O governo sabedor da importância das comunicações, particularmente, dos serviços postais e telegráficos no país e no mundo criou a Empresa Brasileira de Correios Telégrafo (ECT). Esta considerada como um agente da ação social do governo, e que tem como missão “Fornecer soluções acessíveis e confiáveis para conectar pessoas, instituições e negócios, no Brasil e no mundo” (ECT, 1980). A atividade fim da prestação de serviços dos correios é a distribuição dos objetos, e se não houver um controle efetivo deste processo, as não-conformidades, mesmo que todas as atividades predecessoras tenham sido executadas com um alto grau de eficácia e eficiência, serão prontamente percebidas pelos clientes que, imediatamente, avaliarão todo o serviço como ineficiente. Desta forma é que se levanta a seguinte questão de pesquisa: Os clientes atendidos pela unidade de correios e telégrafos de São Borja estão satisfeitos com os serviços prestados pelo Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) do município? A eficiência da técnica da unidade de São Borja está correspondendo com as metas estabelecidas pela unidade dos correios? Este artigo teve como objetivo geral avaliar o grau de satisfação dos clientes em relação aos diversos tipos de serviços prestados pelo CDD do município de São Borja. Para tanto, fez-se uma pesquisa de campo, a fim de diagnosticar e avaliar, sob a ótica dos clientes atendidos por este departamento, se o atendimento e a qualidade do serviço estão consoantes com o que a empresa preza. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 42 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O trabalho se justifica devido à importância desse segmento, e por estar em conformidade com um dos princípios da empresa, que tem como referencial a satisfação dos clientes, verifica-se a necessidade de uma pesquisa para obter indicadores que demonstrem a eficiência técnica dos serviços prestados pelos seus colaboradores na entrega dos objetos, consequentemente, a satisfação dos clientes com a qualidade do serviço do CDD do município de São Borja. O principal aspecto que individualiza este trabalho, é o fato que a empresa possui indicadores internos da qualidade da prestação de serviço, havendo carência de informações sobre o assunto em relação à visão dos clientes. Cabe observar que o resultado da pesquisa foi incorporado pela empresa como um dos indicadores de avaliação da eficiência técnica da entrega realizada pelos colaboradores. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 História dos serviços postais A evolução dos Correios, através dos tempos, flui paralela à das civilizações, que buscavam formas para que os indivíduos se comunicassem uns com os outros. O serviço postal no mundo, até 1839, não adotava como forma de organização uma regra comum. A primeira tentativa de organização do setor postal no mundo data de 1840, na Inglaterra, que unificou as taxas e cartas internas e também criou o selo postal adesivo, através de uma reforma postal. No contexto mundial a primeira grande reforma para melhorar a circulação de correspondência e uniformizar as taxas foi realizada na conferência de Paris, em 1863, a pedido do diretor geral dos Correios dos Estados Unidos, Montegomery Blair. Evento que contou com a participação de 15 países, no qual foi elaborado um estatuto com 31 artigos, e assinados por seus signatários. Como resultado futuros dessa conferência, em 1874 houve um congresso em Berna, na Suíça, sendo criada a UPU, órgão máximo que regula o funcionamento dos correios no mundo inteiro, com sede na cidade. Inicialmente a UPU contava com 22 países membros, hoje, engloba cerca de 189 administrações postais (ECT – ASCOM, 1992). 2.2 Correios do Brasil O correio foi instituído no Brasil através do regimento de 25 janeiro de 1663, durante o reinado de Don Vasco de Mascarenhas, como uma organização para estatal e o trabalho foi feito por escravos, tropeiros e mançoeiros. O Correio brasileiro sofreu inúmeras transformações em sua funcionalidade, causadas principalmente pela evolução das relações entre Brasil e Portugal. Mas a grande transformação, que alterou profundamente a estrutura de funcionamento, ocorreu em 1931, com a fusão da Diretoria Geral dos Correios com a Repartição Geral dos Telégrafos, através do decreto 20859/31, de 26 de dezembro de 1931, durante o governo Getúlio Vargas. O resultado dessa fusão foi à criação do Departamento de Correios e Telégrafos – DCT, (ECT, 1973). Em 1967, através do decreto–lei 200/67, foi prevista a transformação do DCT em empresa pública. Essa nova forma de empresa tinha como modelo o correio Francês, o qual adotava uma metodologia de trabalho, que aplicava princípios de empresa privada em entidades governamentais. No ano de 1969, através de decreto lei 509/69, de 20 de março, houve a transformação do DCT, subordinado ao extinto Ministério das vias e obras públicas, em Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, vinculada ao Ministério das Comunicações, tendo como missão “Fornecer soluções acessíveis e confiáveis para conectar pessoas, instituições e negócios, no Brasil e no mundo”, e como visão “Ser reconhecida pela excelência e inovação na prestação de serviços de correios”, além seus valores que falam em Ética, meritocracia, respeito às pessoas, compromisso com o cliente, sustentabilidade. “Estabelecer políticas sustentáveis de responsabilidade social, garantindo à sociedade o acesso aos serviços universais de correios, enfatizando o papel da empresa pública na promoção da cidadania e de inclusão social”. O desenvolvimento da história postal correlaciona-se à transformação histórica do Brasil, razão pela qual o conhecimento dos principais fatos ligados aos serviços postais também fornece um panorama do desenvolvimento do país (CORREIOS) Em 1500, foi escrita, por Pero Vaz de Caminha, uma carta ao Rei de Portugal, narrando as características da terra recém-descoberta. Essa carta ficou conhecida como Carta de Caminha, que é considerada a Certidão de Nascimento do Brasil, por ser o primeiro documento oficial sobre o País (CORREIOS). Em 1822, o mensageiro Paulo Bregaro, considerado o primeiro carteiro e o Patrono dos Carteiros no Brasil, entrega a Dom Pedro I, no dia 7 de setembro, às margens do Riacho do Ipiranga, correspondência da Imperatriz Leopoldina informando sobre novas exigências de Portugal com relação ao Brasil. Ao recebê-la, D. Pedro reage às imposições da Corte e declara no ato a Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 43 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Independência do Brasil, associando assim os Correios a este importante momento histórico do País (CORREIOS). No ano de 1843 é feita uma reforma postal para pagamento prévio da tarifa, com a adoção do selo postal, fazendo com que o pagamento da correspondência fosse feito pelo remetente e não pelo destinatário, como ocorria até então, servindo o selo como comprovante desse pagamento. São emitidos os primeiros selos postais brasileiros, denominados Olhos-de-Boi, nos valores de 30, 60 e 90 réis. Por essa razão, neste dia, no Brasil, comemora-se o Dia do Selo. O Brasil foi o segundo país do mundo a adotar os selos como fórmula de franquia (CORREIOS). 2.3 Serviços O serviço é altamente dependente do caráter pessoal, o qual a cultura, as habilidades técnicas, aptidões, conhecimentos, disposição, humor e até o nível educacional dos prestadores de serviços podem afetar a qualidade do serviço prestado (SCOTT, 2002). Assim sendo o serviço é o produto da atividade humana, que sem assumir a forma de um bem material, satisfaz uma necessidade de um consumidor. O serviço ao cliente é uma arma potente contra a concorrência em qualquer setor. (OLIVEIRA, 2006). Sendo que aqueles que fornecem um bom serviço ao cliente dominam o segmento, deixando para a aqueles que demoram a perceber o ambiente. A atividade tradicional de enviar cartas tomou-se quase secundária em meio a tantas outras que os correios oferecem hoje. Transportar encomendas (que pode ser até um carro), solicitar seguro desemprego, pagar contas de água e luz, remeter dinheiro para o exterior, comprar produtos importados e cartelas de loterias são apenas algumas das outras atividades oferecidas nos balcões das agências dos correios para facilitar a vida de seus clientes. E com esta filosofia de colocar o foco das atividades no cliente a ECT alcançou um lugar de destaque no setor de serviços, mas, não satisfeita com isto, promete não ficar parada e buscar continuamente novos serviços sempre com a mesma qualidade (VEJA,1993). 2.3.1 Principais serviços prestados pelos centros de distribuição domiciliar (CDD) Os serviços prestados pelos funcionários (carteiros) do CDD do município de são Borja são sedex, pac, carta registrada e carta normal. O sedex (Serviço de Encomenda Expressa) tem abrangência Nacional, possui entrega domiciliar, em dias úteis, de segunda a sexta, em nosso município também é feita no sábado, dependendo do envio ou do recebimento, o prazo de entrega vai de 24hs à 48hs dentro do Estado. Em relação ao Pac (Encomenda Econômica) este serviço como diz o nome é mais econômico que o sedex, tem um prazo maior de entrega, mas também como o SEDEX tem entrega domiciliar. No que tange a carta registrada este serviço tem a restrição no peso que é até 500 gramas, aos objetos com peso superior a 500g serão aplicados as mesmas condições de Valores e prestação do sedex. E por fim a carta normal que é o mesmo que carta simples, esta não tem tratamento de urgência, por isso que o seu tempo de entrega é maior e depende de cada cidade. 2.4 Qualidade de serviços A qualidade de serviço é um termo subjetivo para o qual cada pessoa tem seu próprio significado (SCOTT, 2002). Assim, a qualidade dos serviços prestados na compra e no uso de um produto está ficando mais importante para o cliente, no momento da escolha de um fornecedor. Cada empresa em seu planejamento da qualidade precisa identificar quem são seus clientes e, principalmente, quais são suas necessidades subjetivas e objetivas. É neste ponto que passamos a entender a qualidade como algo mensurável desde que concebido do ponto de vista empresarial do conceito de produtividade. Se um produto ou um serviço encaminha os envolvidos para resultados positivos, é sinal que pode ser mensurado. Se o produto e serviço está envolvido pelo conceito e/ou busca de custos menores, continuando a atender cada vez mais às ansiedades criadas sobre ele, é sinal de que temos mensuração possível. Segundo Oliveira (2006) a qualidade total aplicada ao setor de serviços está relaciona ao serviço de qualidade oferecida aos clientes, proprietários e funcionários. Esta análise não deve-se limitar aos clientes externos, mas leva em consideração todos os indivíduos da cadeia administrativa – funcionários e administradores -, ressaltando a importância de cada um na conquista do objetivo comum, que é a qualidade. 2.5 Satisfação dos clientes A garantia da satisfação do cliente passa pela excelência nos serviços, no qual a empresa prestadora precisa de um sistema completo e bem estruturado de treinamento dos funcionários (SCOTT, 2002). Pois somente a qualidade baseada na satisfação dos clientes produz recompensas Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 44 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 reais para a companhia em termos de lealdade dos clientes e na imagem positiva da empresa no mercado. A qualidade dos serviços pode ser avaliada sob cinco dimensões: Confiabilidade representa a capacidade de prestar o serviço prometido de modo confiável e com precisão. Satisfazer as necessidades primárias dos clientes de prazo e quantidade; Tangíveis – a aparência física das instalações, equipamentos, pessoas e materiais de comunicação; Sensibilidade - a disposição para ajudar o cliente e proporcionar com presteza um serviço; Segurança - o conhecimento e a cortesia de empregados e sua habilidade em transmitir confiança e confiabilidade; e, a Empatia - a atenção e o carinho individualizados proporcionados aos clientes. Oliveira (2006) salienta que nem sempre o cliente tem razão, mas também é verdade que: O cliente é sempre o cliente. Esse ditado quer dizer simplesmente que solucionar o problema é muitas vezes mais importante do saber quem está “certo”. Quando alguém está irritado, se você consegue resolver o problema sem culpar a si próprio ou a outros, isto reduz a tensão, todos se sentem melhor, e poupa-se tempo. Você estará a caminho da satisfação do cliente. 3 METODOLOGIA O trabalho teve como objetivo geral verificar o grau de satisfação dos clientes em relação à prestação de serviço do CDD de São Borja, sendo que o resultado final da pesquisa foi incorporado pela empresa como um dos indicadores de avaliação da eficiência técnica dos serviços oferecidos pela mesma. Para tanto foi realizado uma revisão bibliográfica sobre o tema e uma pesquisa qualitativa junto aos clientes atendidos pela empresa. A pesquisa de campo foi realizada, por meio de um questionário de tipo misto, que apresentou questões de resposta aberta e resposta fechada, com uma amostra de duzentos e uma residências, moradoras do distrito sete da cidade de São Borja, no qual abrange os bairros do centro, pirahy e tiro, segundo dados do último senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação aos objetivos a pesquisa caracterizou-se como descritiva, nas palavras de Cervo e Bervian (1996) a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlacionando os fatos sem manipulá-los. Quanto aos procedimentos técnicos, o método utilizado na pesquisa é um estudo de caso, o que conforme Yin (2010) é considerado como um tipo de análise qualitativa quanto a sua natureza, permitindo um amplo e detalhado conhecimento. 4 HISTÓRICO DO CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DOMICILIAR (CDD) A ECT foi criada em 20 de março de 1969 pelo Decreto-Lei nº 509 como empresa pública vinculada ao Ministério das Comunicações com sede em Brasília, capital do país, conta com 27 Diretorias Regionais (DR) com sede nas capitais dos estados brasileiros, no Rio Grande de Sul, tem sede na cidade de Porto Alegre, situada na Rua Siqueira Campos, nº 1100; no município de São Borja a empresa divide-se na Agencia Central, situada na Rua Candido Falcão nº 1021, responsável pelas atividades comerciais e o Banco Postal. Já no Prédio da Rua Barão do Rio Branco nº 1840, situa-se o Centro de Distribuição Domiciliar (CDD), responsável pela distribuição das correspondências e objetos (carta simples, carta registrada, PAC e SEDEX). Este departamento dos Correios e Telégrafos contam atualmente com 23 colaboradores distribuídos entre gerente, supervisor e carteiros. 4.1 Resultados da pesquisa Nesta etapa do trabalho, são apresentados os resultados dos questionários respondidos pelos clientes do distrito 7 que foi atendido pelo CDD do município de São Borja no ano 2014. No qual foram respondidos 200 questionários dos 201 da amostra. Para uma melhor compreensão da pesquisa serão apresentadas as perguntas mais importantes, relativas à qualidade da prestação de serviço efetuadas pelos funcionários do CDD do município. A primeira pergunta: Qual é o grau de satisfação com utilização dos serviços oferecidos pelo CCD do município. 45 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Figura 1 – Grau de satisfação dos serviços. Fonte: Pesquisa realizada pelo autor Em relação às respostas sobre o grau de satisfação dos clientes na utilização os serviços prestados pelo CDD da cidade. Verificou-se que para a grande maioria dos clientes que fazem parte deste distrito, os serviços prestados está sendo executado em um padrão de excelência. A segunda pergunta: Qual é a qualidade dos serviços em relação ao prazo de entrega? Figura 2 – Qualidade do prazo na entrega. Fonte: Pesquisa realizada pelo autor Em relação às respostas sobre a qualidade no prazo de entrega, mais da metade dos clientes, 68 por cento, responderam que o serviço está ótimo e para 29 por cento dos clientes o a qualidade na entrega está boa. A terceira pergunta: Qual é a qualidade dos serviços em relação ao sigilo dos objetos entregues aos clientes? Figura 3 – Qualidade em relação ao sigilo dos objetos. Fonte: Pesquisa realizada pelo autor Referente às respostas sobre a qualidade dos serviços em relação ao sigilo do objetos, a maioria dos clientes atendidos pelos carteiros, deste distrito, responderam que a qualidade está muito boa. Por fim, foi questionado aos clientes do CDD, por meio de pergunta aberta. Como esta a cortesia, atenção, comportamento, aparência e apresentação pessoal do carteiro? Nestas respostas os clientes tinham a oportunidade expor sua opinião sobre a pergunta, em relação a cortesia, atenção e comportamento dos carteiros, a grande maioria dos participantes da pesquisa responderam que estes são pessoas educadas, bem preparadas, atenciosos e pacientes, também cabe observar, que alguns dos questionados, responderam que os carteiros são excelentes Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 46 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 profissionais. "...é uma pessoa bastante eficiente e bem educada. Quando alguém te dá bom dia e te chama pelo nome é muito bom...". Já referente à apresentação pessoal do carteiro, os participantes disseram que todos estão bem apresentados com uniformes e crachás de identificação. 5 CONCLUSÃO A presente pesquisa avaliou, sob a ótica dos clientes (moradores) dos bairros pertencentes ao distrito 7 do município de São Borja atendidos pelos correios, a qualidade dos serviços prestados pelo CDD da cidade. Ficou evidenciado a partir dos dados analisados que existe uma excelência na qualidade da prestação dos serviços dos correios. O estudo permitiu constatar que tanto o sigilo dos objetos e o prazo de entrega foram considerados muito bons pelos questionados. No que tange ao comportamento pessoal e social os funcionários (carteiros) foram considerados pessoas dignas, demonstrando educação e respeito em todos os aspectos. Dessa forma, o trabalho contribuiu para a empresa ter indicadores referentes à qualidade de seus serviço. O CDD dos correios possui um sistema interno que produz informações ou indicadores que permite avaliar a qualidade dos serviços, mas existia uma carência de informações externas, o que foi suprido pela pesquisa em questão, pois a empresa usufruiu dos resultados do trabalho, a fim de satisfazer as demandas de seus clientes REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica para uso dos estudantes universitários. 4. ed. São Paulo, SP: MacGraw-Hill, 1996. CORREIOS. Disponível em: <http://www.correios.com.br.htm - acessado 29/05/114 14hs. ECT – Diretoria Regional do Rio de Janeiro. Projeto ECO. Rio de Janeiro, 1973. ECT – Diretoria Regional de São Paulo. Informativo DR/SP. O Correio ontem e hoje e o telegrafo através do tempo. São Paulo, 1980. ECT – Diretoria Regional do Rio Grande do Sul. Assessoria de Comunicação. Historia dos Correios. Porto Alegre, outubro 1992. ECT – Diretoria Regional de São Paulo. Informativo DR/SP. O Correio ontem e hoje e o telegrafo através do tempo. São Paulo, 1992. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Anuário estatístico do Brasil. Rio de Janeiro 2006. OLIVEIRA, Otávio J. Gestão de Qualidade: tópicos avançados. São Paulo: Pioneira Thompson Learnig, 2006. SCOTT, Dru. Satisfação do Cliente: a outra parte do seu trabalho. Tradução: Antônio Romero Maia da Silva. Rio de Janeiro: Qualitymark. 2002. Revista Veja de 18 de agosto de 1993. Disponível em: <http://www.revistaveja.com.br.htm -acessado 10/06/14 18hs. YIN, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Tradução: Ana Thorell. 4. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. 47 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A GESTÃO DE PESSOAS E O SEU PAPEL NO DESEMPENHO DAS ORGANIZAÇÕES MANAGEMENT OF PEOPLE AND THEIR ROLE IN THE PERFORMANCE OF ORGANIZATIONS 1 Carla Luz da Veiga, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, RS, [email protected] 2 Liane Marli Schäfer Lucca, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, RS, [email protected] 3 Lisiane Piltz Burtet, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, RS, Brasil, [email protected] 4 Rosane Mousquer, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, RS, [email protected] 5 Sibila Luft, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, RS, Brasil, [email protected] RESUMO: O Gerenciamento de Pessoas encontra-se em constantes mudanças e é de suma importância para o sucesso da organização, pois tem a responsabilidade de orientar e treinar líderes de uma empresa. Nesse contexto o objetivo deste estudo é apresentar os conceitos relevantes sobre a área de recursos humanos, de forma a ressaltar sua importância no desempenho da organização. No que tange a metodologia, para a realização deste estudo foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica. Diante dos levantamentos realizados observa-se que devido à crescente globalização dos negócios e à forte concorrência mundial, torna-se necessário que as atenções voltem-se para a produtividade, qualidade e competitividade. Nesse novo parâmetro, a administração de pessoas eficiente faz com que estas se transformem em uma vantagem competitiva para a organização. Palavras-chave: Organizações, Recursos humanos, Gestão de Pessoas. ABSTRACT: The People Management is constantly changing and is critical to the success of the organization as it has the responsibility to guide and train leaders of a company. In this context the aim of this study is to present the relevant concepts of human resources, in order to emphasize its importance in the performance of the organization. Regarding the methodology for this study we used the literature search method. Before the surveys is observed that due to the increasing globalization of business and the strong global competition, it is necessary that the attention will turn toward the productivity, quality and competitiveness. In this new setting, the administration of efficient causes these people to turn into a competitive advantage for the organization. Keywords: Organizations, Human Resources, People Management. INTRODUÇÃO O gerenciamento das pessoas pelas organizações vem passando por grandes transformações. Atualmente, existe uma grande preocupação em repensar a função das pessoas e das organizações nas relações de trabalho, considerando o potencial que este recurso representa na competitividade empresarial. A área de recursos humanos tem sido considerada uma das principais dentro das organizações, pois busca a excelência no desempenho das atividades empresariais, a retenção de talentos e o investimento no capital intelectual. Nos últimos anos é uma das áreas que mais tem passado por transformações. As empresas, visando qualidade, competitividade e excelência, vêm investindo fortemente neste setor devido a ter consciência de que a empresa se desenvolverá através do desempenho de seus colaboradores (NEWS RONDONIA, 2012). As pressões para tais transformações do RH podem ser percebidas através de dois aspectos. O primeiro é o ambiente em que a empresa se insere, onde se considera a globalização, crescente turbulência, maior complexidade das estruturas organizacionais entre outras. O segundo é o ambiente interno, onde pessoas estabelecem uma relação com a organização em busca da satisfação de um novo conjunto de necessidades, como maiores oportunidades de crescimento profissional e pessoal, exercício da cidadania organizacional, entre outros aspectos (DUTRA, 2012). Recursos humanos é uma área interdisciplinar que tem a capacidade de envolver inúmeros conceitos oriundos de varias áreas, por tratar diretamente com o ser humano, ou seja, indivíduos com personalidades diferentes, o que requer de qualquer especialista na área de recursos humanos uma experiência e um bom volume de conhecimento em diferentes áreas (CHIAVENATO, 2003). Os recursos humanos têm que proporcionar à organização soluções para que os seus colaboradores possam desempenhar da melhor forma o seu trabalho, atento a todos os anseios pessoais e do ambiente social dentro da organização. Inserir programas de qualidade de vida no trabalho, treinamentos, incentivos financeiros e de bem-estar são algumas formas de incentivar os colaboradores. Outra função para os recursos humanos é organizar políticas e ações para que as pessoas possam desempenhar seu trabalho com a maior eficácia (SILVA, 2002). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 48 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Este artigo tem como objetivo apresentar os conceitos relevantes sobre a área de recursos humanos, de forma a ressaltar sua importância no desempenho da organização. Também serão descritos indicadores utilizados que contribuem para o gerenciamento estratégico. O tema se justifica pela relevância do setor de recursos humanos ser crescente nas organizações devido a este ter o papel de suma importância para o sucesso da atividade empresarial. 1. METODOLOGIA Para a realização deste estudo utilizou-se o método de pesquisa bibliográfica que de acordo com Gil (2009), é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos. Uma das vantagens desta pesquisa está no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente, recuperando o conhecimento cientifico acumulado sobre um determinado problema. Segundo Santos (2002, pg. 28) “a bibliografia é o conjunto de materiais escritos (gráfica ou eletronicamente) a respeito de um assunto.” A pesquisa bibliográfica é considerada por este autor uma preciosa fonte de informações, que obtém dados analisados e organizados, com informações e ideias prontas. As fontes de pesquisa bibliográfica utilizadas para a pesquisa são publicações (livros, teses, revistas, internet, etc.). Conforme Severino (1996), a pesquisa bibliográfica é o levantamento com a documentação existente sobre determinado assunto. No caso de trabalho voltado para reflexão teórica, tais documentos são basicamente textos encontrados em livros e artigos. Diante disso, observa-se que a pesquisa desenvolveu-se mediante a busca de dados secundários, através da leitura de artigos científicos e de consulta a obras de autores considerados referência sobre o tema proposto. Esta opção apresentou conceitos relacionados ao tema de estudo, a partir das abordagens dadas pelos autores pesquisados. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Administração de Recursos Humanos A administração de recursos humanos surgiu devido ao crescimento e a complexidade das tarefas organizacionais. Originou-se no início do século 20, após o grande impacto da Revolução Industrial, denominado Relações Industriais, com a atividade de amenizar o conflito industrial entre os objetivos da organização e os objetivos individuais das pessoas. Na década de 1950, passou a ter a denominação de Administração de Pessoal, além de intermediar as desavenças tinha a responsabilidade de administrar as pessoas conforme a legislação trabalhista vigente e também os conflitos ligados às ações sindicais. Em 1960, ampliou-se o conceito da área e as pessoas passaram a ser vistas como recursos fundamentais para o desenvolvimento organizacional. A partir da década de 70 surgiu o conceito de Administração de Recursos Humanos, que visualizava as pessoas como recursos produtivos cujas atividades devem ser planejadas e controladas baseadas nas necessidades da organização (CHIAVENATO, 2009). Para Marras (2012, p. 12) “A área da Administração de Recursos Humanos (ARH) foi implementada originalmente pelas organizações com o objetivo principal de prestar serviços à própria empresa para suprir suas necessidades operacionais e, também, para atender a suas exigências legais”. Conforme Chiavenato (1999, p. 8) “ARH é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos funcionários e das organizações”. Segundo Tose apud Marras (2012, p.11) “é possível destacar cinco fases na evolução do perfil profissional de RH e suas respectivas épocas”, conforme a figura 1. Estratégica Administrativa 1985 a atual Tecnicista 1965 a 1985 Legal 1950 a 1965 Contábil 1930 a 1950 Antes 1930 Figura 1 Fases evolutivas da gestão de pessoal. Fonte: Marras, 2012 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 49 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Atualmente, devido a globalização da economia, forte competitividade no ramo dos negócios, mudanças rápidas e imprevisíveis; empresas bem estruturadas estão tratando as pessoas como agentes ativos e proativos dotados de criatividade e inteligência, iniciativa e decisão, habilidades e competências, não mais administrando as pessoas, mas sim administrando com as pessoas (CHIAVENATO, 2009). 2.2. Papel do setor de recursos humanos O cenário dos negócios apresenta muitas inovações, então as organizações precisam ser rápidas e eficazes. Para isso necessitam de recursos, conhecimentos, habilidades e competências, e a cima de tudo, pessoas que desenvolvam essas características (CHIAVENATO, 2009). A área de recursos humanos tem o papel de suma importância para o sucesso da organização, pois tem a responsabilidade de orientar e treinar líderes de uma empresa, sendo que o comportamento dos componentes deste grupo desempenha um papel fundamental em influenciar o comportamento dos demais colaboradores (NEWS RONDONIA, 2012). Segundo Chiavenato (1999, p. 8) “A Gestão de pessoas nas organizações é a função que permite a colaboração eficaz das pessoas (empregados, funcionários, recursos humanos ou qualquer denominação utilizada) para alcançar os objetivos organizacionais e individuais”. Conforme Marras (2012) as áreas de responsabilidades da função de pessoal são apresentadas no quadro 1: Áreas de responsabilidades da função de pessoal Até 1950 De 1950 a 1970 De 1970 até hoje Controles de frequência Controles de frequência Controles de frequência Faltas ao trabalho Faltas ao trabalho Faltas ao trabalho Pagamentos Pagamentos Pagamentos Admissão e Demissões Admissão e Demissões Admissão e Demissões Cumprimento da CLT Cumprimento da CLT Cumprimento da CLT Serviços Gerais Serviços Gerais Medicina e Higiene Medicina e Higiene Segurança Patrimonial Segurança Patrimonial Segurança Industrial Segurança Industrial Contencioso Trabalhista Contencioso Trabalhista Cargos e Salários Cargos e Salários Benefícios Benefícios Recrutamento e Seleção Recrutamento e Seleção Treinamento Treinamento Avaliação de Desempenho Qualidade de Vida Desenvolvimento Gerencial Relações Trabalhistas Sindicalismo Desenvolvimento Organizacional Estrutura Organizacional Quadro 1 Áreas de responsabilidades da função de pessoal. Fonte: Marras, 2012 Ainda conforme Marras (2012, p. 122) “um dos papéis mais importantes da Administração de RH é introduzir a cidadania no local de trabalho.”. No sentido do respeito a individualidade de cada um, evitando assim a discriminação, como assédio moral, gênero e etnia. O setor de RH tem a responsabilidade de emitir as linhas de conduta (reflexo dos valores culturais da direção da empresa) e disseminá-las, enquanto a responsabilidade do relacionamento capital-trabalho passa a ser distribuída a cada gerente da estrutura organizacional (MARRAS, 2012). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 50 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Chiavenato (2009) também afirma que o mundo dos negócios caracteriza-se pela forte inovação tecnológica, pela globalização dos mercados, pela grande competitividade entre as empresas. Em função disso as organizações precisam ser rápidas e eficazes em custos. Tudo isso requer novas práticas administrativas, onde a contínua redefinição e realinhamento das práticas e políticas de RH devem ser adotados para criar novos comportamentos e competência dos colaboradores. A figura 2 apresenta os componentes básicos da estratégia de administração de recursos humanos: Definir a estratégia do negócio: Realinhar a função de RH e as práticas de RH: -Serviços de RH -Novos mercados -Sistemas de RH -Mudanças operacionais -Estruturas de funções de RH -Novos produtos e serviços Criar novos comportamentos e -Melhoria da tecnologia tendências: -Práticas de RH relacionadas com: -Melhor serviço ao - Individuais cliente * Recompensas e reconhecimento -Grupais A administração tem controle direto. -Organizacionais A administração não tem controle direto, mas apenas influência. Recrutamento, seleção e sucessão * Gestão de desempenho * Comunicação * Treinamento e desenvolvimento de carreira *Políticas e procedimentos de RH *Desenvolvimento de lideranças * A administração tem controle direto. Realização das estratégias de negócios e alcance de resultados: -Crescimento organizacional - Lucratividade Avaliar e redefinir -Maior participação no mercado A administração não tem controle direto, mas apenas influência. Figura 2 - Componentes básicos da estratégia de administração de recursos humanos. Fonte: Chiavenato (2009, p.283) “Hoje, a tendência é fazer com que todas as pessoas, em todos os níveis da organização, sejam os administradores – e não simplesmente os executores – de suas tarefas” (CHIAVENATO, 2003). Além de executar as tarefas, cada pessoa deve conscientizar-se de que ela deve ser o elemento de diagnóstico e de solução de problemas para obter uma melhoria contínua de seu trabalho dentro da organização. E é assim que crescem e se solidificam as organizações bemsucedidas. 2.3. Colaboração do RH para o desempenho organizacional Em virtude da grande competitividade entre as empresas estas estão investindo cada vez mais em recursos materiais, financeiros e tecnológicos e esses meios precisam ser utilizados de forma eficaz e eficiente pelas pessoas que trabalham na organização. Por isso as pessoas passam a ser o diferencial competitivo que mantém e promove o sucesso da organização (CHIAVENATO, 1999). A figura 3 demonstra como Chiavenato, (1999) apresenta a colaboração da administração de recursos humanos para a eficiência organizacional: Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 51 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Figura 3: Colaboração da ARH para eficiência da organização. Fonte: Chiavenato, 1999 Ulrich (1998) explica como as práticas de RH afetam os resultados organizacionais: Dependência de recursos: auxilia a empresa a adquirir um suprimento estável de recursos escassos (capital intelectual e humano) que ajudam na competitividade organizacional. Custo de transação: reduzem os custos relacionados à realização e ao controle da metodologia de trabalho. Teoria da contingência: se baseia na estratégia empresarial fornecendo um ajuste que direciona aos resultados. Teoria institucional: transfere conhecimento e ideias de uma organização a outra transformando em rotina as melhores práticas de um setor produtivo. Psicologia cognitiva: criam um pensamento comum ou cultura na organização que diminui os custos do sistema de comando e aumenta o envolvimento. Nesse contexto verifica-se a importância de atentar para as praticas das pessoas nas organizações visto que estas refletem diretamente nos resultados tanto institucionais como financeiros das organizações. 2.4. Indicadores utilizados pela gestão de recursos humanos Os indicadores gerenciais nada mais são que instrumentos que permitem a análise criteriosa de custos, qualidade e produtividade. O setor de recursos humanos além de criar ações para manter em alta a qualidade de vida dos trabalhadores, deve preocupar-se em mensurar os resultados de todo trabalho interno que é feito dentro da organização. Uma maneira de apresentar esses resultados em números é através de indicadores de recursos humanos (ESSENCIAÇÃO, 2013). Na área de RH, podemos encontrar diversos tipos de indicadores, como indicadores de absenteísmo, índices de rotatividade, investimento médio em treinamento, custo de treinamento por funcionário, custo de RH por funcionário, lucro por funcionário e dezenas de outras divisões dentro do departamento (ESSENCIAÇÃO, 2013). O RH Portal apresenta os seguintes indicadores e índices para monitorar os custos de pessoal e análise da produtividade dos recursos humanos: Folha de Pagamento mais encargos sobre Receita Bruta ou Líquida: este é o índice que melhor representa o desempenho humano, é anual ou semestral. O período da análise precisa ser longo o suficiente para se detectar tendências concretas. Eventuais impactos de novas tecnologias nos custos de pessoal devem ser analisados. Receita Bruta ou Líquida sobre número de funcionários: demonstra uma referencia simples de ser entendida e monitorada. Expressa o valor de receita por funcionário e suas variações servem para verificar causas de piora ou melhora no desempenho humano. Folha de pagamento mais encargos sobre número de funcionários: indicador que demonstra o custo por funcionário e suas variações. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 52 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Folha de pagamento mais encargos dividido pelo número de unidades produzidas: apresenta a produtividade setorial por produto ou serviço, suas variações podem refletir desde melhora nos processos até o impacto de novas tecnologias e equipamentos. Custo de rescisões de contrato de trabalho em relação ao custo de pessoal: explica eventuais alterações no “turn-over”, de um período para outro. Pode ser utilizado para uma análise das políticas de recrutamento e seleção, de treinamento ou de remuneração. Custo de rescisões de contrato de trabalho em relação à receita bruta ou líquida: demonstra as alterações no “turn-over” e os impactos dos custos de pessoal sobre os lucros do período. Custos de treinamento em relação à receita bruta ou líquida: é usado para orientar a organização em relação à manutenção da competência de seus profissionais. Custos de treinamento em relação ao custo total de pessoal: indica se a empresa está mantendo uma política adequada de treinamento. Folha de pagamento mais encargos mais custos de treinamento por funcionário: indicador que dentro da atividade da empresa pode ser comparado com padrões de mercado. A utilização desses indicadores pode ser realizada através da comparação dos índices do período atual com os índices de períodos anteriores e quando possível também pode ser feita com os números de outras empresas ou do setor de atividade. O uso dos índices de forma contínua possibilita a identificação quantitativa do efeito das políticas de recursos humanos como: administração de cargos e salários, políticas de recrutamento e seleção e programas de treinamento e desenvolvimento. 3. METODOLOGIA Atualmente, a administração de RH precisa ser estratégica e não simplesmente operacional, considerando que o mercado competitivo em que as empresas se encontram não mais permite pensar apenas operacionalmente é necessário o planejamento de ações estratégicas que permitam a sua permanência de forma perene no mercado. A administração de recursos humanos vem passando por expressivas mudanças e inovações. Devido à crescente globalização dos negócios e à forte concorrência mundial, torna-se necessário a atenção voltada para a produtividade, qualidade e competitividade. Nesse novo contexto, a administração de pessoas eficiente faz com que estas se transformem em uma vantagem competitiva para a organização (CHIAVENATO, 2009). As organizações denominadas inovadoras parecem estar sentindo uma forte necessidade de transformar suas gestões de RH em modelos estratégicos que lhes permitam acompanhar as relevantes mudanças que a economia globalizada e seus diversos cenários lhes presentam (MARRAS, 2012). As pessoas não devem ser vistas somente como o recurso organizacional mais importante para a organização, mas também como parceiros principais do negócio, o que proporciona dinamismo, vigor e inteligência, resultando em resultados positivos nas finanças empresariais. REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Administração de recursos humanos. 5ª ed. São Paulo, SP: Atlas, 2003. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de recursos humanos: fundamentos básicos. 7ª ed. Barueri, SP: Manole, 2009. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas; o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. DUTRA, Joel Souza. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2012. ________ESSENCIAÇÃO de pessoas para pessoas. Disponível em: http://essenciacao.wordpress.com/2013/05/14/indicadores-como-o-rh-pode-usa-los-no-dia-a-dia/. Acessado em 26 de novembro de 2013. GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. _______Jornal Eletrônico News Rondonia. Qual a importancia do depto. de RH nas organizações. Disponível em: www.newsrondonia.com.br. Acessado em: 13 de novembro de 2013. MARRAS, Jean Pierre. Administração de Recursos Humanos: do operacional ao estratégico. 14ª ed. São Paulo: Saraiva 2012. MARRAS, Jean Pierre. Gestão de pessoas em empresas inovadoras. São Paulo: Saraiva, 2012. _______RH PORTAL. RH na Prática. Disponível em: http://www.rhportal.com.br/artigos/rh. Acessado em: 26 de novembro de 2013. SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia Científica: a construção do conhecimento. 5ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 53 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 20ª ed. São Paulo: Cortez, 1996. SILVA, Reinaldo Oliveira da. Teorias da Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. 54 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A INFLUÊNCIA DA LOTAÇÃO ESPACIAL EM TEMPO E VALOR MONETÁRIO DESPENDIDO PELO CONSUMIDOR NO VAREJO A CAPACITY OF THE INFLUENCE OF SPACE-TIME AND VALUE FOR MONEY DESENDIDO CONSUMER RETAIL Aline Gross Souza, Faculdade Meridonal, IMED, RS, Brasil, [email protected] Alissa Bilhar, Faculdade Meridonal, IMED, RS, Brasil, [email protected] Larissa Bigóis, Faculdade Meridonal, IMED, RS, Brasil, [email protected] Kenny Basso, Faculdade Meridonal, IMED, RS, Brasil, [email protected] RESUMO Este estudo teve como o objetivo analisar o efeito da lotação espacial de um ambiente por mobiliários e produtos sobre o valor monetário e tempo despendido pelo consumidor no momento da compra. Para tanto, foram abordados os conceitos de ambiente de serviços, lotação espacial e comportamento do consumidor, sendo que foram utilizados autores que abordam as sensações que um consumidor pode ter no ambiente de serviços e os estímulos para despertá-los. Um experimento de campo com 136 clientes de uma loja foi realizado, desses clientes 68 foram expostos ao ambiente com baixa lotação espacial. Os resultados indicam que um ambiente com baixa lotação espacial favorece a permanência dos sujeitos no ambiente de loja, de forma indireta, aumentando a quantidade de recursos monetários gastos na loja. Discussões e implicações teóricas e gerencias são apresentadas ao final do estudo. Palavras-chave: Lotação Espacial. Tempo. Valor Monetário. ABSTRACT This study was aimed to analyze the effect of space stocking an environment for securities and products on the monetary value and time spent by the consumer at the time of purchase. For this purpose, the concepts were discussed services environment, spatial capacity and consumer behavior, and were used authors that address the feelings that a consumer can have in the service environment and the stimuli to wake them. A field experiment with 136 customers in a store was done, 68 these clients were exposed to the environment with low spatial capacity. The results indicate that an environment with low spatial stocking favors the retention of subjects in the store environment, indirectly increasing the amount of monetary resources spent in the store. Discussions and theoretical and managerial implications are presented at the end of the study. Keywords: Space Capacity. Time. Monetary value. 1 Introdução A influência do ambiente de serviços no processo de decisão da compra é um assunto atualmente abordado dentro do conceito de marketing, por empresários do segmento de varejo, arquitetos e especialistas nas áreas de design e layout do ambiente de serviço. O ambiente de serviços é como um cenário produzido para uma peça, o ator é o consumidor, que precisa ser remetido à história que vai viver, sendo está o momento da compra. Para Bitner (1992) estes cenários de serviços têm como base as respostas cognitivas, emocionais e psicológicas dos clientes e funcionários aos estímulos ambientais no varejo. Analisando este contexto, o consumidor pode ser visto, talvez, como um personagem que modela o ambiente que está ao seu redor, percebendo valor no que considera importante, assim, o empresário que trabalha com atividades relacionadas ao ambiente de serviços deve ter conhecimento dos estímulos que são considerados importantes pelo seu público alvo. Os estímulos sensoriais, mesmo imperceptíveis, fazem a diferença no momento da compra. Kotler (1993) defende que estes elementos inclusos no ambiente de serviços podem criar efeitos comportamentais nos consumidores, guiando-os a terem impressões como qualidade de serviço, bem-estar e sensações de prazer ao estarem no ambiente de compras. O ambiente de serviços deve relacionar-se com os elementos que proporcionam sentimentos em um ambiente de compras (RAMOS et al., 2012). Dessa maneira, o ambiente de serviço apresenta através dos elementos, uma marca ou imagem do que a empresa quer passar para o consumidor. A gestão de marketing pode ser capaz de oferecer ambientes agradáveis e funcionais, em que os consumidores podem sentir-se bem (CARVALHO; MOTTA, 2000). Neste contexto, o tempo de permanência no ambiente e o valor monetário despendido podem ser variáveis consequentes do bem-estar que o cliente sente em um ambiente de loja. O fenômeno conceituado como crowding, ou seja, a alta densidade em um ambiente de serviços pode tornar-se um fator de mal-estar, quando o espaço ofertado não supre à demanda de produtos ou clientes. Diante desta situação, o cliente pode sofrer com sentimentos que causam desconforto psicológico (QUEZADO et al., 2012). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 55 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Sendo assim, este estudo analisará a lotação espacial do ambiente de serviços e os efeitos que ele exerce sobre variáveis comportamentais, como tempo de permanência no ambiente de serviço e quantidade monetária despendida. Na sequência, o método é apresentado, seguindo pelos resultados. Por fim, a discussão dos resultados e as considerações finais são apresentadas. 2 Fundamentação teórica 2.1 Ambiente de serviços O ambiente de serviços engloba o espaço físico e todos os elementos presentes nele, sejam tangíveis ou intangíveis, incluindo, assim, a decoração, a disposição espacial, efeitos especiais, qualidades de layout, entre outros elementos que despertam significações (BITNER, 1992). Desta forma, Zeithaml e Bitner (2003) afirmam que ambiente de serviço é onde o fenômeno do encantamento acontece para os clientes e os elementos que o compõem interagem com estes para que o serviço seja realizado. Mattila e Wirtz (2001) afirmam que os estímulos ambientais podem elevar as respostas comportamentais, aumentando assim as avaliações positivas e elevando os níveis de satisfação no ambiente de loja. A personalidade também afeta as percepções de um ambiente. Quando a personalidade de um consumidor é unida os estímulos ambientais, influência os estados emocionais no momento da compra (RUSSELL; MEHRABIAN, 1976). Estes estados emocionais podem evidenciar momentos de satisfação ou insatisfação, conforme estímulos presentes no ambiente. Para entender os diferentes estímulos, Kotler (1973) divide-os em dimensões táteis (p. ex.: maciez, temperatura), dimensões sonoras (p. ex.: música), dimensões visuais (p. ex.: cores, formas, tamanhos) e dimensões olfativas (p. ex.: aromas e odores). Neste aspecto, Gatto (2002) afirma que, ao incorporar elementos sensoriais, estes podem estimular momentos de compra entusiasmantes e envolventes, retendo e atraindo consumidores na busca de momentos satisfatórios. Alguns elementos presentes no layout da empresa podem favorecer uma situação de compra ou um tipo específico de serviço. Corrêa e Caon (2011) citam os diferentes arranjos físicos dos ambientes de serviços: arranjo físico por produto – compara-se a uma linha de montagem, cujo fluxo deve favorecer a sequência da prestação do serviço; arranjo físico por processo – o fluxo não segue uma sequência pré-determinada e nem é fixa, os produtos ficam agrupados por suas funções, mas podendo ser alterados de lugar conforme necessidade; arranjo físico posicional – nesta modalidade, o cliente fica parado no lugar e os recursos chegam até ele. Sabendo controlar estes elementos de maneira a trazer satisfação ao consumidor, é possível retê-lo na loja por um período de tempo maior, pois será atraído pelo sentimento de viver emoções satisfatórias e, ficando mais tempo no ambiente de loja, poderá aumentar a quantidade de produtos ou serviços adquiridos (TERRA, 2009). As consequências de tornar o momento de compra satisfatório podem ser o aumento na lucratividade da empresa, boca a boca positivo, aumento de fluxo de clientes e fidelidade no momento da compra. Desta maneira, pode-se dizer que todos os elementos que compõem o ambiente de serviços são fundamentais para proporcionar momentos de satisfação. No entanto, o layout do ambiente é um dos fatores mais abordados em estudos que evidenciam esta satisfação ligada ao ambiente de loja. E como o layout é composto por diversos elementos, como já visto neste capítulo, para este estudo, foi escolhido pesquisar sobre a lotação espacial do ambiente. 2.1 Lotação espacial Lotação espacial, ou condição de crowding, ocorre quando um consumidor sofre um impedimento de realizar o seu objetivo de compra, causado por excesso de produtos em exposição, mobiliário ou pessoas em um mesmo ambiente (HUI; BATESON, 1991; MACHLEIT; EROGLU, 2000). Para Stokols (1972) crowding trata-se de um estado psicológico que surge quando uma pessoa demanda um espaço excedente à realidade do local em que se encontra. A lotação espacial pode influenciar o consumidor nas emoções vividas no momento da compra (COSTA; FARIAS, 2004). Que por sua vez pode causar na maioria das vezes, a sensação de descontentamento e desconforto, como evidência Rompay et al. (2008) o qual cita que a sensação de lotação espacial pode provocar sentimentos negativos no consumidor. Para Dion (2004) a falta de controle do espaço pode diminuir o nível de familiaridade com o ambiente de serviço, afetando, assim, a satisfação com o ambiente. A variável renda também é analisada por estudos nesta área, haja vista que consumidores de baixa renda seriam propensos a se acostumarem facilmente a ambientes lotados, pois estão acostumados a viver com grandes famílias em ambientes físicos menores. Da mesma maneira, os autores Brandão et al. (2010) citam que estes consumidores relacionam ambientes lotados de Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 56 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 mercadoria com fartura, fazendo com que se sintam menos pobres, logo, a sensação de satisfação no momento da compra. Desta forma, Pan e Siemens (2011) observam que ambientes de serviços vazios demonstram ter preços mais altos, já lojas cheias demonstram ter preços mais acessíveis, no entanto, podem trazer ao consumidor a sensação de crowding. Há consumidores que com o passar do tempo, desenvolvem conhecimento através das experiências vividas que utilizam no momento da compra. Desta maneira, processam informações de forma específica, podendo haver diferenças nos estímulos percebidos por cada consumidor em relação à lotação (BRANDÃO; PARENTE, 2012). Quando o consumidor avalia uma área de crowded, fará isto baseado em experiências anteriores e com percepção em um padrão definido por ele mesmo (VASKE; SHELBY, 2008). Averill (1973) afirma que a percepção de crowding se dará quando este fator ultrapassar o limite de cada indivíduo ou impedi-lo de realizar seus objetivos. Assim, a percepção de crowding pode ser diferente em cada indivíduo. Através da análise dos estudos sobre lotação, pode-se notar que é importante avaliar o tipo de lotação do ambiente (humana ou espacial), o perfil do consumidor, os serviços oferecidos (agilidade de atendimento), fatores ambientais, fatores sociais e fatores culturais. No entanto, não há muitos estudos nesta área que relacionem fatores diversos, somente variáveis distintas. Este comprometimento na estrutura física e a lotação espacial do ambiente podem acarretar em consequências como fazer com que o consumidor não tenha contato com todos os produtos da loja, desta forma, comprando menos e gastando valores menores neste ambiente. A situação de aglomeração no ambiente de varejo pode alterar o estado emocional do consumidor, de positivo a negativo, o que compromete o julgamento do consumidor sobre a experiência de compra, levando à insatisfação (BITNER, 1992). Desse modo, dificultando o processo de compra, provocando assim emoções negativas aos consumidores (EROGLU; HARRELL, 1986). Hipótese: A lotação espacial influência indiretamente o valor monetário gasto a loja, por meio do tempo despedido pelo cliente dentro da loja. 3. Metodologia Esta pesquisa foi feita por meio de um experimento de campo, sendo que foi manipulada a lotação espacial de uma loja em duas condições: alta e baixa lotação. O estudo foi realizado com clientes da loja, entre sujeitos. Os participantes da pesquisa foram 129 mulheres e 7 homens com idade entre 15 a 65 anos. Todos os participantes eram clientes reais da loja e não foram selecionados para participar do estudo. O primeiro grupo de sujeitos ficou exposto a uma condição de alta lotação do ambiente de loja no momento da compra como pode ser observado nas Figuras 1 a 3. FUGURA 1 – Vitrine da loja. Fonte: Autora (2013). (2013). FIGURA 2 – Entrada da loja. Fonte: Autora 57 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 FIGURA 3 – Ambiente da loja. Fonte: Autora (2013). Na segunda etapa, a loja foi reestruturada, dois armários foram retirados, ficando somente um armário central e uma pequena mesa para o computador e o caixa da loja. O objetivo para o armário ter ficado centralizado foi o de facilitar a passagem das pessoas por toda loja e estimular o consumo. A loja ficou dividida em mercadorias prontas e para festas e, em outra parte, peças para montagem, conforme as figuras apresentadas a seguir, que apresentam a loja em situação de baixa lotação espacial. Após a reestruturação do ambiente da loja, outro grupo de clientes foi analisado, sendo estes expostos à situação de baixa lotação espacial. Em cada situação era mensurado o tempo que o cliente dispensa dentro da loja, cronometrado o tempo da sua entrada até a sua saída, bem como o valor gasto pelo cliente em suas compras. As variáveis comportamentais foram analisadas assim como as variáveis de controle, que pode influenciar no resultado final, tais como clima (chuva ou não), faixa etária, a disponibilidade de produtos, o sexo do cliente, o tipo de produto e se o consumidor estava acompanhado ou não. FIGURA 4 – Ambiente de loja reformulado. Fonte: Autora (2013). 58 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 FIGURA 5 – Entrada da loja reformulada. Fonte: Autora (2013). O software usado para a análise dos dados foi o SPSS, sendo que as variáveis foram categorizadas da seguinte maneira: - Grupo: submetido à lotação (1) e não submetido à lotação (2); - Clima: sol (1), nublado (2), nublado / chuvoso (3) e chuvoso (4); - Tempo de permanência: número em minutos dentro da loja (a medição deste item foi feita através de um relógio marcando horário de entrada e horário de saída de cada consumidor); - Valor monetário despendido (a medição foi realizada através do controle financeiro de caixa da empresa, sendo que a pesquisadora anotou o valor gasto por cada consumidor na planilha no momento da cobrança); - Faixa etária: entre 15 e 19 anos (1), entre 20 e 24 anos (2), entre 25 e 29 anos (3), entre 30 e 34 anos (4), entre 35 e 39 anos (5), entre 40 e 44 anos (6), entre 45 e 49 anos (7), entre 50 e 54 anos (8), entre 55 e 59 anos (9) e acima de 60 anos (10) (medido por aproximação); - Produto disponível: sim (1) e não (2); - Gênero: feminino (1) e masculino (2); - Tipo de produtos: pedrarias (1) e acessórios (2); - Consumidor acompanhado: sim (1) e não (2). A análise de dados operacionalizada por meio do software SPSS (v.20), utilizou o script de Preacher e Haver (2004) para análises de medição, de acordo com as normas indicativos definidos por Zhao et al. (2010). Convém destacar que nenhuma variável de controle influenciou nos resultados (p>0,10) e, portanto, não serão incluídas no modelo de análise. 4 Resultados Para o teste da hipótese do estudo, que versa sobre o papel mediador do tempo de permanência na loja na relação entre lotação espacial e valor monetário despendido pelo cliente, uma análise de mediação foi aplicada seguindo o exposto no método deste trabalho. Sendo assim, definiu-se a lotação espacial como variável independente, a facilidade de uso percebida como variável mediadora e a intenção de uso como variável dependente. A lotação espacial foi transformada em variável do tipo dummv, sendo que 0 representa alta lotação espacial e 1 representa baixa lotação espacial. O efeito da variável independente sobre a variável mediadora resultou positivo e significativo (a=1,54; t=2,06; p<0,01) do mesmo modo que o efeito tempo de permanência na loja no gasto monetário dos clientes que foi significativo e positivo (b=0,85; t=42,57; p<0,05). Do mesmo modo, o efeito indireto foi positivo (a x b=1,32) e significativo, uma vez que o intervalo de confiança (95% em 1,000 reamostragens) não inclui zero nulo (0,12 a 3,86). O efeito direto (c’=-3,41; t=-1,22; p=0,224) não apresentou valores significativos. Desta forma, tempo de permanência na loja é uma variável que media a relação entre a lotação espacial e o valor monetário gasto pelos clientes na loja. Além disso, a relação indireta, pois a lotação espacial e o valor gasto pelos clientes evidência que em condições de baixa lotação espacial os clientes gastam mais do que em condições nas quais a loja aparenta estar lotada espacialmente. Este efeito ocorre em função do tempo de permanência do cliente na loja, aparenta estar lotada espacialmente. Este efeito ocorre em função do tempo de permanência do cliente na loja, que aumenta em condições de baixa lotação. Estes resultados são apresentados na Figura 6. FIGURA 6 – Efeito mediador do tempo dependido na loja na relação entre a lotação espacial e o valor gasto pelo cliente. Fonte: Autor (2013). 4 Discussões As variáveis de controle analisadas não tiveram influência sobre o comportamento do consumidor para este estudo, como clima, gênero, faixa etária, tipo de produto adquirido, consumidor acompanhado, resultado que pode estar ligado ao fato de que o consumidor se sente atraído pela estética, conforme Brandão e Parente (2012). Neste sentido, o lado estético da loja estudada não Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 59 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 obteve grande mudança, visto que apenas o mobiliário foi alterado, não mudando cores e disposição ligadas à identidade visual da loja. O tempo de permanência no ambiente de serviços estudado não teve grande diferença na média de cada grupo, que ficou em torno de 9 minutos para ambos, sendo que o grupo exposto à lotação espacial ficou com a média mais elevada em relação ao grupo não exposto à lotação espacial. Este comportamento pode ser explicado por autores como Brandão et al. (2010), que afirmam que a sensação de lotação e o desconforto dependem do tipo de loja e do perfil de cada consumidor, como no caso deste estudo que foi feito em uma loja direcionada para a classe C. Neste mesmo contexto, Loo (1975) afirma que a percepção de aglomeração é uma variável subjetiva que envolve aspectos sociais e psicológicos de cada indivíduo. A partir da análise destes autores e conhecimento sobre o público da loja estudada, que é direcionada para o público de classe C, pode-se notar que, dependendo da classe social, o indivíduo pode não perceber a diferença entre a loja aglomerada e a loja com mais espaço disponível, devido a fatores psicológicos de cada um. No experimento notou-se que a baixa lotação influência na permanência dos clientes dentro da loja, assim como, os gastos realizados dentro do ambiente. O que vai contra aos estudos Laroche e Pons (2007) que identificaram reações positivas em alguns consumidores sob condição de aglomeração. No que tange à variável renda, há relevância neste estudo e, segundo a citação de Brandão et al. (2010), pode estar relacionada com as médias de valores gastos apresentadas nesta pesquisa, pois os autores citam que ambientes lotados, para as classes mais pobres, representam fartura e preços baixos, sendo assim, o grupo exposto à lotação espacial sentiu-se mais à vontade e realizou compras com maiores valores. Com o grupo de ambiente lotado, a média de valores gastos no ambiente de compras ficou em torno de R$ 28,45, enquanto que o grupo não exposto à lotação espacial teve uma média de gastos de R$ 18,62. A diferença chega a quase R$ 10,00 a menos para o grupo não exposto à lotação espacial. Pan e Siemens (2011) analisam que ambientes de compras mais vazios demonstram ter valores mais altos em sua mercadoria. Esta teoria pode explicar porque o grupo exposto à lotação espacial despendeu valor monetário maior, uma vez que as pessoas poderiam estar se sentindo mais à vontade no ambiente de compras lotado. 5 Considerações Finais Neste estudo, foram abordados os fatores de comportamento do consumidor relacionados com as influências de um ambiente de serviços lotado. O varejo no Brasil está crescendo cada vez mais devido à valorização do crédito. Por isso, um estudo sobre como os consumidores sentem-se no ambiente destas lojas torna-se relevante. Com base no referencial teórico, pode-se entender que a sensação de lotação de um ambiente depende de diversos fatores do ambiente (layout, efeitos sensitivos, disposição de produtos, entre outros) e fatores do consumidor (psicológicos, cognitivos, experiências vivenciadas). A análise foi feita a partir de características comportamentais de tempo de permanência no ambiente lotado e valor monetário despendido. O estudo apontou, neste caso, que os consumidores ficaram mais tempo na loja e gastaram mais no ambiente de serviços lotado. A contribuição teórica desta pesquisa foi à confirmação de que a sensação de lotação do ambiente depende da medição também dos fatores sociais e fatores psicológicos. As variáveis de controle utilizadas neste estudo, como gênero, faixa etária, cliente acompanhado no momento da compra, tipo de produto adquirido, não influenciam a apresentação do ambiente de loja, no caso deste estudo. A variável de disponibilidade de produto influencia diretamente no tempo de permanência do consumidor em uma loja e no valor monetário despendido, talvez os consumidores não se sentissem atraídos ou envolvidos pelo ambiente para obterem outros produtos que não o desejado. Outro fato a ser ressaltado é que, com a reformulação da loja para testar o grupo não exposto à lotação espacial, foram retirados dois mobiliários repletos de mercadoria e estas mercadorias que, antes ficavam expostas nos balcões que possibilitavam que quem entrasse na loja as enxergasse com facilidade, foram colocadas em embalagens para que ficassem padronizadas. No entanto, para ter acesso a elas, era necessário um trabalho maior para o consumidor de análise, visto que o espaço onde ficaram fez com que este precisasse ver uma a uma e antes era possível ver todas sem tocar, desta forma pode-se explicar o valor menor gasto pelos consumidores não expostos à lotação espacial. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 60 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Desta forma, este estudo contribuiu para saber que a lotação espacial pode ou não ser sentida por um consumidor e, que nem sempre, pode influenciar de forma negativa, posto que depende das características e do perfil do público que a empresa pretende atingir. Cada indivíduo pode perceber o ambiente de uma loja de maneira diferente, a lotação pode provocar a sensação de crowding para alguns indivíduos, enquanto outros se sentem familiarizados com o ambiente que estão acostumados a conviver em seu dia a dia. Analisar fatores psicológicos de cada consumidor pode trazer contribuições efetivas para entender como de fato o consumidor se sente quando se depara com as situações de lotação ou não lotação espacial, sendo esta outra sugestão para estudos futuros. Utilizar variáveis como satisfação e percepção da lotação espacial também pode contribuir para que uma empresa possa tomar uma decisão para a alteração de seu layout. REFERÊNCIAS AVERILL J. R. Personal control over aversive stimuli and its relationship to stress. Psychological Bulletin, v.80, n. 4, p. 286-303, 1973. BITNER M. J. Servicescapes: The impact of physical surroundings on customers and employees. Journal of Marketing, v. 56, p. 57-71, 1992. BRANDÃO, M. M.; OLIVEIRA, B. B.; PARENTE, J. Percepção de crowding no varejo: Uma investigação exploratória no mercado brasileiro. RAE - Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 9, n. 2, 2010. BRANDÃO, M. M.; PARENTE, J. Brasileiro gosta de “muvuca”? 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Buscou-se entender como a remuneração variável pode influenciar no comprometimento dos trabalhadores. Trata-se de uma área que vem enfrentando dificuldades, em função da alta rotatividade e falta de mão-de-obra qualificada. Por ser uma empresa prestadora de serviço, sabe-se que as pessoas, mais do que em qualquer outro ramo, são fundamentais, já que são elas que fazem da organização uma empresa de sucesso, qualidade e renome no mercado, isto vai depender de como se comprometem com seu trabalho. Primeiramente, para que o estudo tivesse sentido e cientificidade, analisou-se obras bibliográficas relacionadas aos assuntos abordados, como: as formas de remuneração, os prós e contras de cada uma, a motivação, o comprometimento, e a relação entre remuneração variável e comprometimento. Como são peças fundamentais neste complexo circulo que visa gerar lucros para as organizações, buscou-se analisar na visão dos funcionários como esta a relação dos mesmos com a organização, se são comprometidos e quais as práticas que poderiam fazer com que se comprometessem mais com a empresa. Após a coleta dos dados, procedeu-se à análise dos mesmos articulada à fundamentação teórica, que embasa esta pesquisa, na busca por entender como funciona o comprometimento na organização. Palavras-Chaves: comprometimento – remuneração variável – resultados ABSTRACT The present work aims at studying the variable remuneration as influence on the commitment of the employees of a company in the business of construction. We sought to understand how the variable remuneration can influence the commitment of workers. This is an area that has been facing difficulties due to the high turnover and a lack of skilled labour. Being a service provider company, people, more than in any other industry, are fundamental, since they are the ones who make the Organization a successful company, quality and reputation in the market, this will depend on how to engage with their work. First, so that the study had sense and science, bibliographical works examined related to subjects such as: the forms of remuneration, the pros and cons of each, the motivation, the commitment, and the relationship between variable compensation and commitment. How are fundamental parts in this complex circle which aims to generate profits for the organizations sought to analyse employee's vision as this the relationship with the Organization, whether they are committed and which practices that could make compromise more with the company. After data collection, analysis of the same articulate the theoretical foundation, which supports this research in the quest to understand how does the commitment in the organization. Keywords: commitment – variable compensation – results INTRODUÇÃO Sabe-se que o ramo da construção civil, por se tratar de trabalhos que exijam muito esforço físico, vêm enfrentado cada vez mais dificuldades quanto à mão-de-obra qualificada, e torna-se desafiante conseguir manter os trabalhadores comprometidos com a organização. Assim a pesquisa buscou estudar a influência da remuneração variável no comprometimento dos funcionários em uma empresa do ramo da construção civil, respondendo a seguinte questão: qual a influência da remuneração variável no comprometimento dos funcionários? Cada vez mais as organizações buscam fazer com que os funcionários “vistam a camisa” da empresa, que se comprometam e queiram desenvolver-se junto com ela, no entanto isto não é possível se os mesmos não se sentirem reconhecidos, esperam algo em troca de seu esforço. Por isso, o estudo tornou-se pertinente para a organização, pois objetiva estudar qual a melhor forma de remuneração variável, que possa maximizar o comprometimento dos funcionários. E assim ambas as partes são beneficiadas, os trabalhadores com melhor remuneração e os empresários com maior produtividade. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 63 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A pesquisa caracterizou-se como de natureza aplicada, que tem por finalidade detectar um problema de forma prática, e encontrar uma possível solução para o problema apresentado. E a proposta da pesquisa foi encontrar uma solução que influencie no comprometimento dos trabalhadores da organização estudada. As pesquisas apontam-se de forma qualitativas e quantitativas, na qual, se analisa cada situação a partir de dados descritivos e estatísticos, buscando identificar fatores que influenciam no tema proposto para o estudo. Os dados foram coletados a partir de um questionário com perguntas abertas e fechadas, ou seja, todas as observações e análises foram descritas sem nenhuma interferência dos pesquisadores. Realizou-se com total discrição de forma que os pesquisadores não se fizeram presentes durante a aplicação dos questionários. A pesquisa foi realizada através da técnica bibliográfica que buscou apresentar conceitos que se relacionem com os principais assuntos abordados durante a pesquisa, essa técnica de análise bibliográfica torna-se necessária para que se possa comprovar o que esta sendo descrito pelo autor da obra. Também se realizou o método de estudo de caso, que objetivou um estudo detalhado e profundo de uma situação, em que buscou-se estudar a empresa no quesito remuneração variável e sua influência no comprometimento de seus funcionários. Como as práticas de gestão estratégica são bastante discutidas nas organizações é importante, para o bom desenvolvimento das mesmas, que tenha-se um bom embasamento, e assim ao serem questionadas, possa-se comprovar sua funcionalidade, para isso, estudou-se vários autores acerca dos principais assuntos relacionados a pesquisa, como: gestão de pessoas, as formas de remuneração, motivação, a remuneração variável e sua relação com o comprometimento. 1 Gestão de pessoas A Gestão de pessoas vem cada vez mais conquistando espaço no mercado de trabalho, tem se tornado uma área de suma importância nas organizações, a qual é responsável pelo planejamento e desenvolvimento humano das empresas. Lacombe explica que as pessoas precisam ser administradas pelas organizações, mas que esta precisa entender, que seus recursos humanos têm outros vínculos além da organização, que os mesmos querem ser felizes e ter qualidade de vida. O autor também aponta que os objetivos das empresas e dos trabalhadores nunca são iguais, podem ser parecidos, mas nunca coincidirem exatamente (LACOMBE, 2011). Sabe-se, portanto que não é o setor de Recursos Humanos sozinho que define uma boa gestão de pessoas, como explica Marras o RH norteia a empresa, “agregando valor aos resultados da organização por meio de politicas que efetivamente se traduzem em maior produtividade e qualidade graças a uma abordagem holística de gerenciamento e liderança” (MARRAS, 2011, p. 321). O sucesso do desenvolvimento humano nas organizações são reflexos de uma série de aspectos culturais e tecnológicos da organização, que são pontos que o RH deve, com o auxílio da gerencia, desenvolver. E um dos aspectos que precisa ser muito bem gerenciado pelo setor de recursos humanos é a remuneração, que vem se mostrando um fator importante nas organizações e requer muito cuidado, pois engloba a motivação e também regras legais que precisam ser observadas. A remuneração também esta ligada diretamente ao comprometimento organizacional, pois funcionários bem remunerados teoricamente trabalharão mais comprometidos e engajados com a organização. 2 Remuneração Para Chiavenato a remuneração é constituída de três componentes principais: a remuneração básica que é o salário mensal ou por hora, os benefícios como, por exemplo, bônus e participações em resultados ou ainda comissões, e os benefícios, como seguro de vida, plano de saúde e refeições subsidiadas. A remuneração é entendida como a retribuição ao trabalho prestado pelo funcionário à organização (CHIAVENATO, 2010). A remuneração, portanto, é paga aos trabalhadores em forma de retribuição pelos serviços que prestaram a organização, e engloba tudo o que o funcionário tem a receber na organização. Assim a remuneração pode ser dividida em três âmbitos, a remuneração fixa, a variável e a mista. A forma de remuneração mais utilizada pelas empresas é a remuneração fixa, que é mais fácil de ser estruturada e mensurada, e normalmente é pré-fixada entre a empresa e seus trabalhadores. Dutra explica que a remuneração fixa é um determinado valor que a empresa acerta com o trabalhador pelos serviços prestados a mesma, podendo ser paga mensal, semanal ou diariamente. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 64 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O autor entende ainda que a remuneração fixa é um fator preocupante para as organizações, pois é por meio dela que as pessoas conseguem enxergar sua posição nas empresas e também no mercado de trabalho (DUTRA, 2009). Entende-se, portanto, que a remuneração fixa, é uma forma de recompensa aos funcionários pelos serviços prestados a empresa, é estabelecida em contrato. É a forma mais simples de remuneração, na maioria dos casos não existem muitas regras e nem responsabilidades por parte da empresa, além das exigidas pela legislação, e não depende explicitamente do desempenho dos funcionários. A outra forma de remuneração é a variável, cuja ideia é remunerar de acordo com o desempenho dos trabalhadores, baseado em algumas normas e metas propostas pelas empresas e seus funcionários. Chiavenato entende remuneração variável como uma parcela da remuneração total, paga trimestral, semestral ou anualmente, para o trabalhador, no entanto esta depende de metas, estabelecidas pela organização, que devem ser cumpridas pelo próprio trabalhador ou sua equipe (CHIAVENATO, 2010). Entende-se então que a remuneração variável não é tão simples como a fixa, é mais dinâmica e exige um maior desempenho dos funcionários, para que possam receber a mesma. Bittencourt afirma ainda que, a remuneração variável complementa a remuneração fixa, através de um conjunto de formas de recompensa, oferecidas por metas e resultados alcançados (BITTENCOURT, 2008). A remuneração variável, portanto, é mais maleável e depende muito de como cada trabalhador ou equipe, desenvolve seu trabalho. Geralmente ela vem a somar com a remuneração fixa, e beneficia ambas as partes envolvidas, pois no momento em que um funcionário trabalha melhor a empresa lucra e cresce mais rapidamente, e o funcionário em contrapartida recebe um plus por isso. Nesse sentido Lacombe, explica que uma parte do salário é determinada pela remuneração funcional ou fixa, e a outra por um adicional em decorrência dos resultados obtidos, por exemplo, pelo indivíduo ou sua equipe. O autor observa ainda que, tem-se optado por esse método em função de poder remunerar de acordo com uma série de fatores considerados estratégicos, e também por proporcionar a empresa transformar custos fixos em variáveis, integrando a remuneração a algum possível plano estratégico da empresa (LACOMBE, 2011). A remuneração mista torna-se então uma maneira mais sutil de, por exemplo, introduzir um sistema de remuneração variável, pode se considerar um meio termo entre as duas formas de remuneração, já que não é uma mudança tão drásticas para empresas que tendem a resistir um pouco as novas mudanças, inclusive na forma de remunerar seus funcionários. Existem diversas formas de remuneração variável, estudaremos aqui as quatro mais conhecidas e aplicadas pelas organizações, que são: a participação nas vendas, ou comissões como são mais conhecidas, a participação acionária, a distribuição dos lucros e a remuneração por resultados. Uma forma de remuneração variável é a participação nas vendas, que nada mais é do que uma comissão paga pelo batimento de uma determinada meta de vendas, normalmente se aplica aos comércios. Assim, Garrido afirma que essa forma de remuneração normalmente é utilizada para vendedores e líderes imediatos, sendo os valores pagos em forma de comissão, como recompensa por cotas e vendas atingidas (GARRIDO, 1999). Pode-se observar que a participação nas vendas, teoricamente, funciona como um impulso para que os vendedores tendem a vender mais para também obter mais retorno financeiro a partir de suas vendas, pois como explicam os autores acima, a participação nas vendas decorre da quantidade de vendas que os vendedores alcançarem, recebendo assim sua gratificação por isso. Gera uma satisfação, tanto na Organização, como, principalmente no trabalhador. Outro modelo de remuneração variável é a participação acionária, que normalmente é usado como uma forma de gerar maior comprometimento com os objetivos da empresa, no entanto, ela se aplica mais para executivos. Marras explica que a participação acionária é oferecida normalmente aos níveis estratégicos da organização, e consiste em oferecer ações como recompensa pelos resultados alcançados, fazendo com que esses executivos sejam com comprometidos com a empresa, uma vez que são sócios da organização (MARRAS, 2011). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 65 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Dutra complementa a afirmação de Marras, afirmando que a remuneração acionária, aumenta o comprometimento desses funcionários estratégicos a longo prazo, entendendo que quando a empresa se desenvolvesse, teriam suas ações aumentadas (DUTRA, 2009). Como os autores explicam, a participação acionária é dirigida a executivos que já tenham um vínculo forte com a organização, pode ser simplesmente dada aos seus trabalhadores como forma de compensação por metas ou objetivos alcançados ou então vendidos a titulo de sociedade para que os mesmo se comprometam mais com a empresa. O terceiro método de remuneração variável é o sistema de distribuição de lucros, trata-se de uma forma de remuneração variável utilizada pela maioria das empresas, adeptas desse plano, anualmente. Marras explica que esse sistema permite contemplar com uma parcela em espécie a todos os funcionários da empresa, em função dos dados da lucratividade levantada pela empresa no fim de determinado período. Ou seja, se a empresa obteve lucro em certo período, parte dele será distribuído aos empregados equitativamente (MARRAS, 2011). Dessler ainda comenta que esse tipo de remuneração variável costuma aumentar o comprometimento, participação e parceria dos trabalhadores com a empresa. Pois estes uma parte do lucro da empresa a partir de seu desempenho na organização, podendo reduzir ainda a rotatividade, e encorajando os mesmo ao crescimento profissional (DESSLER, 2003). Em resumo, esse modelo de remuneração variável serve como forma de encorajar a participação dos trabalhadores com a organização, gerando um sentimento de comprometimento, pois ao receber uma parte dos lucros da organização, os mesmo se sentem motivados e valorizados. A quarta, e ultima forma de remuneração variável estudada, á a remuneração por resultados, que consiste em pagar ao funcionário uma quantia pré-estipulada, conforme os objetivos propostos e o cumprimento dos mesmos. Para Marras a remuneração por resultados objetiva vincular o desempenho á produtividade e á qualidade dos resultados organizacionais, estimulando o trabalhador na busca da otimização do seu resultado e das metas que se propôs a alcançar conjuntamente com a empresa. A empresa estabelece parâmetros mensuráveis de metas a serem atingidas e os empregados recebem uma gratificação periódica, em função do atingimento dessas metas, proporcionalmente (MARRAS, 2011). Está é a forma mais flexível de remuneração, pois metas são estipuladas e os trabalhadores precisam se comprometer em cumpri-las para poder receber sua gratificação, ou seja, o retorno para a empresa é maior, pois se subentende que a produtividade venha a aumentar ao mesmo tempo em que os trabalhadores sentem-se motivados a desenvolver suas atividades da melhor forma possível. Normalmente os mesmo tem maior liberdade de realizar suas funções desde que sejam bem realizadas. A empresa também precisa ter bem estruturados os indicadores de avaliação. A remuneração variável é a forma de remuneração que teóricamente mais apresenta benefícios, pois ela recompensa tanto as organizações como os trabalhadores que dela participam. Chiavenato apresenta como vantagens da remuneração flexível, o ajuste da remuneração conforme as diferenças individuas de desempenho e alcance de metas e objetivos, é uma forma de motivação intrínseca, pois enfatiza a auto realização, reconhece o bom desempenho e incentiva o excepcional, focaliza os resultados e o alcance de objetivos, possibilita a auto avaliação, funcionando como retroação, trata-se de uma remuneração adicional e contingencial, não impacta sobre os custos fixos da empresa (CHIAVENATO, 2010). Andrade e Vilas Boas ainda apontam como principal vantagem, o fato da remuneração variável se adaptar a possibilidade de pagamento da organização, faz com que os objetivos, metas e indicadores sejam revisados periodicamente, favorece a definição de estratégias, se bem aplicada pode fazer com o que os funcionários percebam que sua remuneração é justa, de acordo com as funções que desempenham (ANDRADE; VILAS BOAS, 2009). Essa forma de remuneração, como os autores citaram anteriormente, é a mais maleável a se trabalhar, fortalece o espirito de parceria e comprometimento entre a organização e os trabalhadores, além de incentivar os trabalhadores não impacta tanto nos custos fixos das empresas. Pode-se ainda, com esta forma de remuneração, criar programas de desenvolvimento, e estratégias para fazer com que os trabalhadores de desenvolvam e tragam resultados cada vez mais satisfatórios para si e também para a organização. Cada vez mais as empresas buscam maneiras de fazer com que seu quadro funcional produza, e principalmente que se sinta comprometido com a Organização e também se sinta valorizado no cargo que exerce. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 66 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Nesse sentido, Resende afirma que, [...] “os programas de remuneração variável propiciam mais justiça em relação à contribuição das pessoas e incentivam seu maior comprometimento e envolvimentos com os resultados das empresas”. (RESENDE, 1991, p.71) Compreendendo a busca das empresas pelo comprometimento de seus trabalhadores, Chiavenato, entende que um dos focos da remuneração são o comprometimento e engajamento do trabalhador com a organização, e algumas formas de remuneração variável auxiliam nesse processo, pois quanto mais o trabalhador se comprometer em desenvolver seu trabalho da forma mais rendosa possível, mais retorno ele terá (CHIAVENATO, 2010). Entende-se, portanto que a remuneração por si só é importante no meio organizacional, e costuma gerar muita discussão neste meio. Porém, pode ser usado de forma estratégica, para buscar resultados positivos para a organização, e ainda visa o comprometimento e satisfação de seus clientes internos. Não há como falar de remuneração variável e comprometimento, sem primeiro entender-se qual o significa de comprometimento dentro de uma organização, este é um dos fatores mais importantes em uma organização que visa garantir seu crescimento constante, nesse sentido Rezende observa que o comprometimento esta diretamente envolvido com os valores que as empresas cultuam em seu dia-a-dia, e estas, buscam cada vez mais saber como promover o comprometimento de seus funcionários com os objetivos da mesma. O autor coloca ainda que nos dias atuais o comprometimento se torna mais relevante ainda, pois as organizações precisam desenvolver produtos e serviços baseados em inovação, criatividade e conhecimento (REZENDE, 2007). Chiavenato em uma de suas obras observa que os funcionários podem se tornar parceiros da organização, comenta ainda, que as pessoas são capazes de conduzir a organização á excelência e ao sucesso, fazendo investimentos na empresa como esforço, dedicação, responsabilidades e comprometimento, e com isso também esperam retorno desses investimentos, como salários, incentivos, crescimento profissional, carreira, dentre outros (CHIAVENATO, 2009). Quando se fala em vantagem competitiva, o comprometimento também faz parte deste processo, como explica Lacombe, “o que distingue a empresa da concorrência é a capacidade, o conhecimento e o comprometimento dos que nela trabalhem.” (LACOMBE, 2011, p.437). Percebe-se, portanto que o comprometimento dos funcionários é de suma importância nas empresas, e que este fator depende muito das condições de trabalho que a empresa oferece aos seus empregados. Pois estes, se comprometidos com a empresa podem trazer mudanças positivas para empresa e fazer com que a empresa atenda os prazos e principalmente deixar os clientes satisfeitos. A influência de um sistema de remuneração variável no comprometimento com a organização Esta pesquisa foi realizada com 90% dos funcionários da empresa X, tendo garantido seu anonimato. Durante a pesquisa foram abordados questionários sobre a remuneração dos trabalhadores, os benefícios oferecidos, a motivação, treinamentos, relações entre os funcionários e também com os gestores, e principalmente sobre o comprometimento. Na pesquisa o primeiro item analisado foi o tempo em que cada funcionário está na organização, apontou-se que 28% dos trabalhadores estão a menos de um ano na organização, 24% entre um e dois anos, 24% estão na empresa entre dois e três anos e o restante, 24%, fazem parte a mais de três anos. Pode-se observar que, portanto, boa parte dos funcionários é advinda de admissões recentes na empresa. A seguinte questão tinha por finalidade observar o índice de realização dos funcionários em relação ao trabalho que desempenham, para esta questão 2% entendem que nunca sentem-se realizados com sua função, 33% acham que as vezes estão realizados, outros 39% quase sempre estão satisfeitos e ainda 26% gostam do que fazem e sentem-se bem com a função que desempenham. Robbins, Judge e Sobral referem-se a satisfação com o trabalho, como “um sentimento posisitivo com relação ao trabalho, resultado de uma avaliação de suas características. Uma pessoa que tem um alto nível de satisfação no trabalho apresenta sentimentos positivos com relação a ele [...].” (ROBBINS, JUDGE; SOBRAL, 2010, p.70). Com isso percebe-se que a maioria dos trabalhadores da organização gostam da função que exercem, e acreditam serem realizados na execução de suas tarefas, o que pode ser considerado um bom número. Porém é importante que este número aumente, pois para que os trabalhadores estejam engajados e comprometidos é bom que sintam-se realizados com suas funções dentro da empresa. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 67 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Quando questionados se a remuneração que os trabalhadores recebem é suficiente para suprir as necessidades dos mesmos, 20% afirmam que nunca é suficente, 26% acham que ás vezes, 45% entendem que quase sempre é possível e uma pequena minoria com 9% acreditam que seu salário sempre é suficiente, ou seja, vivem bem com a remuneração que recebem. Dutra e Hipólito observam que é importante atentar principalmente para os cargos de níveis mais baixos da organização, pois a remuneração está ligada a capacidade da pessoa sobreviver na sociedade, é por meio dela que a pessoa se alimenta, estuda, busca moradia, enfim é importante que ele receba uma remuneração equivalente ao do mercado e que atenda ao máximo das necessiades do trabalhador, e assim ele não precise escolher entre se alimentar ou estudar por exemplo (DUTRA; HIPÓLITO, 2012). Por esta análise pode-se observar que a empresa possui um número alto de colabordores insatisfeitos com seu salário, a pesquisa indica que quase metade dos entrevistados entendem que sua remuneração nem sempre atende as suas necessidades. É importante que a remuneração atenda ao máximo possível as necessidades dos trabalhadores, caso contrário, subentende-se, que os mesmos não conseguem trabalhar de forma tranquila e desempenhar sua função da melhor forma possível, pois ficarão a pensar em formas de conseguir sanar as suas necessidades e de suas famílias. Assim, a empresa perde em produtividade, pois o tempo em que o trabalhador utiliza pensando nessas questões pessoais, poderia estar tranquilo e trazendo novas sugestões para a organização. Quanto aos benefícios que a organização oferece como vale mercado, vale transporte, convênio farmácia, convênio com posto de combustível e convênio odontológico, 45% entendem serem bons, 13% muito bons, 33% acham regulares e 9% caracterizaram como ruins. Lacombe explica que os benefícios são necessários para mantes a satisfação dos funcionários com a empresa, para isso é importante explanar aos mesmos as vantagens de todos os benefícios que são oferecidos. O autor coloca ainda que enquanto as pessoas estiverem na organização elas precisam ser agradadas e os benefícios são uma boa ferramenta para isso (LACOMBE, 2011). Chiavenato complementa ainda que cada empresa deve adequar seu plano de benefícios às necessidades de seus funcionários e estes, devem satisfazer vários objetivos individuais, econômicos e sociais, os quais a empresa precisa estudar quando elabora seu plano de benefícios (CHIAVENATO, 2010). Com os dados apresentados percebe-se que a maior parte dos funcionários aprova os benefícios oferecidos pela empresa. Portanto a empresa deve continuar a investir nesses planos, pois conforme afirmam os autores acima, os benefícios servem para incentivar a satisfação dos trabalhadores, mas para isso é importante que se explique aos trabalhadores quais as vantagens que terão com o uso destes benefícios. Referente aos treinamentos oferecidos pela empresa, os trabalhadores foram questionados se treinamentos são suficientes para o desempenho de suas funções, e as conclusões merecem uma certa atenção, já que, 44% dos entrevistados apontam que só as vezes atendem as necessidades dos mesmos, e 2% entendem que são poucos os treinamentos e que nunca atendem a demanda, já outros 30% defendem que quase sempre são suficientes e ainda 24% apontam que são totalmente suficientes. Os treinamentos, para Marras, visam repassar ou então relembrar os elementos do CHA, conhecimentos, habilidades e atitudes, relacionados com as funções exercidas pelo empregado ou então a otimização dos trabalhos. O autor explica ainda que os principais objetivos genéricos dos treinamentos é o aumento da produtividade, qualidade, motivação, otimização pessoal e organizacional ou então atender exigências de alguma mudança (MARRAS, 2011). Nesse sentido Chiavenato explica que Treinamento é o processo sistemático de alterar o comportamento dos empregados na direção do alcance dos objetivos organizacionais. O treinamento está relacionado com as atuais habilidades e capacidades exigidas pelo cargo. Sua orientação é ajudar os empregados a utilizar suas principais habilidades e capacidades para serem bem-sucedidas. (CHIAVENATO, 2010, p. 367). A questão dos treinamentos oferecidos pela empresa precisa ser observada, já que, quase metade dos trabalhadores acham que os treinamentos não estão atendendo a demanda de desenvolvimento dos trabalhos prestados. É importante que a empresa busque mais formas de qualificar seus funcionários, para que se sintam mais preparados no desempenho de suas responsabilidades. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 68 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Os trabalhadores foram questionados sobre o seu comprometimento com os treinamentos que a empresa oferece, e os índices se mostraram satisfatórios, pois 78% dos funcionários sempre são comprometidos com os treinamentos 11% quase sempre e apenas 11% dizem que só ás vezes se comprometem com os treinamentos. Este é um número bom, pois se pode concluir que sob o ponto de vista dos funcionários, mesmo sendo poucos treinamentos, os mesmos se mostram muito comprometidos com os que são oferecidos. O que representa que se a empresa investir mais em treinamento obterá resultados favoráveis. É importante para as organizações que os trabalhadores se comprometam com os treinamentos que a empresa ofereça. Pois assim estará investindo, em algo que lhe trará retorno. É interessante que a empresa, também busque oferecer treinamentos que sejam apropriados e realmente necessários ao trabalho de seus empregados, assim poderão perceber a relação entre os treinamentos e a sua aplicabilidade, facilitando a forma de como conseguirão colocar o que aprenderam em prática. Ao serem questionados quanto ao seu comprometimento com a empresa, as respostas dos entrevistados foram satisfatórias já que 65% dos trabalhadores mostram-se sempre comprometidos com a organização, e 26% afirmam que quase sempre estão comprometidos. Somente uma pequena parcela de 7% colocam que ás vezes são comprometidos e 2% nunca são comprometidos com a empresa. Os autores Robbins, Judge e Sobral concluem que á três formas de comprometimento, o comprometimento afetivo, em que os funcionários têm uma ligação emocional com a organização e acreditam em seus valores; o comprometimento instrumental, em que os trabalhadores sentem a necessidade de permanecer na mesma, em função da compensação econômica; e a terceira forma de comprometimento é o comprometimento normativo, nesse, o funcionário permanece na empresa por razões morais ou éticas, pois pensa que se saísse a deixaria desamparada (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). O autor ainda explica que o comprometimento instrumental na verdade não é uma forma verdadeira de comprometimento, pois ao contrário do afetivo, que é uma aliança entre funcionário e organização, ou o normativo, que se trata de uma obrigação em permanecer na mesma, no comprometimento instrumental, o mesmo trabalha na empresa, somente por não encontrar um trabalho melhor (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). O comprometimento depende de alguma das três fontes citadas, e como um dos gráficos anteriores indica insatisfação com salário, e um deles que os funcionários gostam da função que exercem, o comprometimento dos mesmos pode ser considerado como comprometimento normativo, por pensarem que se saírem, seus colegas vão ficar desfalcados, ou por motivos emocionais, pois concordam com os valores da empresa. Independente, de qual fator influência no comprometimento, é importante que a empresa busque mais alternativas, para que esse comprometimento permaneça ou aumente. A questão seguinte apresenta a influência do salário dos trabalhadores em seu comprometimento, 20% entendem que seu salário sempre influencia no comprometimento, 33% afirmam que quase sempre influencia, 26% afirma que ás vezes e 21% acreditam que sua remuneração não influencia em nada no seu comprometimento. Portanto, conclui-se que a metade dos trabalhadores acredita que o salário influencia sim no seu comprometimento. Com base nisso, observa-se que políticas de remuneração bem estruturadas e estratégicas, tendem a funcionar como influência no aumento do comprometimento dos mesmos. Contudo, sabe-se também que não são só as políticas salariais que contam nesse processo, e sim um bom ambiente de trabalho também é importante. A motivação dos funcionários da empresa também é um aspecto que merece atenção, pois 35% dos trabalhadores estão na maior parte do tempo desmotivados, e outros 9% não estão nada motivados com a organização, 30% afirmam que quase sempre estão motivados e 26% sempre estão motivados. Marras coloca que “a motivação é um processo endógeno nos indivíduos em que cada um desenvolve “forças motivacionais distintas em momentos distintos” e, também reconhecer que estas forças afetam diretamente sua maneira de encarar o trabalho e suas próprias vidas.” (MARRAS, 2011, p.279). A motivação é um fator determinante nas empresas, pois tem grande influência no desempenho dos funcionários. E cada um tem uma forma de se motivar, nem todos se motivam da mesma forma, e este é um desafio dentro das organizações, fazer com que todos os funcionários estejam motivados a alcançar os objetivos propostos pela empresa. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 69 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Por isso é importante encontrar várias formas de motivação para que assim todos possam identificar algo com que se motivem, e a empresa terá uma equipe engajada e altamente competitiva com o mercado. Trazendo retornos positivos para a organização, e assim a mesma poderá buscar mais formas de motivar seus trabalhadores. Existem hoje diversos programas de motivação, para motivar cada indivíduo em si, bem como toda a equipe, no entanto este deve ser um trabalho contínuo, para que não perca força na organização. A próxima análise é relevante e muito discutida nas organizações, buscou-se analisar a relação entre colegas de trabalho e este se mostrou satisfatório, pois indica que 44% dizem que é muito boa, 54% que é boa, e apenas 2% julgam que é regular. Sobre este assunto Albuquerque, Santiago e Fumes discorrem que A satisfação no trabalho tem relação direta com as relações interpessoais. Portanto, uma satisfatória relação interpessoal no trabalho pode promover a diminuição de conflitos entre indivíduos, evita sofrimento pessoal, aumenta a capacidade para o trabalho, melhora a proteção de vida, bem-estar físico, biológico e nervoso, melhorando a produtividade do funcionário na empresa. (ALBUQUERQUE; SANTIAGO; FUMES, 2008, p.82). Percebe-se que não há grandes conflitos ou problemas quanto a isso. Os trabalhadores tem um bom relacionamento entre si, trabalham em equipe e mostram-se unidos na realização das tarefas. Uma equipe com muitos conflitos, gera perda de processo e consequentemente desmotivação e menos produtividade. A boa relação entre colegas de trabalho gera um melhor ambiente de trabalho, e consequentemente maior satisfação e produtividade. Conclui-se então que este fator é positivo na empresa. Também é importante para que o trabalho flua da melhor maneira possível, assim os trabalhadores trabalharão centrados em suas tarefas e não resolvendo possíveis desavenças, entre si. É importante também que a empresa sempre acompanhe este processo e não deixe que a boa relação entre colegas se perca. Ao questionar sobre a relação dos funcionários com seus supervisores, os mesmos demonstram ter um bom relacionamento com seus supervisores, 37% afirmam que tem ótimo relacionamento, 52% observam que é bom, 9% acham que o relacionamento com seus chefes é regular, e apenas 2% acham ser ruim. O que aponta um índice satisfatório de relacionamento indica que não á problemas entre funcionários e supervisores. O que é interessante, pois os funcionários confiam em seus supervisores e sentem-se confortáveis em conversar sobre possíveis problemas que surgem no dia-a-dia, ou então propor novas sugestões. Outro aspecto que se mostra importante nesta pesquisa é o reconhecimento dos trabalhadores pelas empresas, e neste caso, os dados se mostram preocupantes, pois 59% dos funcionários apontam que seu trabalho nem sempre é reconhecido pela empresa, 2% que nunca é reconhecido, apenas 20% sentem-se quase sempre reconhecidos e outros 19% mostram totalmente satisfeitos com o reconhecimento que tem por seu trabalho. O reconhecimento segundo Silverstein é um ponto crucial em uma organização, e não somente dos grandes feitos, mas também dos pequenos. Mesmo que grandes realizações mereçam elogios, somente os melhores irão receber. E o sucesso de uma organização é fruto de pequenos e constantes atos realizados por toda a equipe. E este reconhecimento nem sempre precisa ser advindo de recompensas, embora estas sejam importantes, o reconhecimento também pode ocorrer por meio de cartas, palavras privadas de agradecimentos ou elogios públicos, certificados, enfim, também de formas não-materiais (SILVERSTEIN, 2009). É importante, e pode ser realizado de forma simples, sem precisar impactar nas bases financeiras da organização, é interessante que a empresa reveja essa questão, pois os índices se mostram insatisfatórios, já que o sentimento de reconhecimento dos trabalhadores pode resultar numa melhor produtividade. Quando estes profissionais sentem-se reconhecidos pela empresa, teoricamente, tendem a ser mais participativos e empenhados em suas funções, pois sabem que seu trabalho é observado, e que além das críticas também será parabenizado, caso desenvolva um bom trabalho. Quanto às ferramentas de trabalho, 35% afirmam que sempre são adequadas, 39% que quase obtém boas ferramentas e 26% colocam que ás vezes ou nunca são adequadas. Estes dados também são satisfatórios, levando-se em consideração o ramo de atividade da empresa, onde se torna mais vulnerável o cuidado e a manutenção dos mesmos. Este também é um aspecto que depende muito do cuidado e higienização por parte dos próprios trabalhadores, e Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 70 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 também da aquisição qualificada de máquinas adequadas para a realização dos trabalhos, ação essa, realizada pela empresa. É importante que a empresa adote também medidas de segurança quanto as ferramentas de trabalho, que podem tornar-se perigosas, nesse sentido Moraes explica que “o empregador deve oferecer ferramentas adequadas para o trabalho que será realizado, isso inclui atender a requisitos de segurança e saúde. Um dos aspectos importante da escolha de uma ferramenta envolve aspectos ergonômicos”. (MORAES, 2014, p. 781). Conclui-se, que não só as ferramentas de trabalho do setor de produção que devem ser averiguadas, mas também no setor administrativo, pois estas podem ocasionar danos ergonômicos, ou seja, causar danos à saúde dos colaborados. A pesquisa mostra também que os trabalhadores entendem ter liberdade de interagirem com a organização apresentando novas sugestões opinando quanto a questões relativas ao funcionamento da empresa. Nesse caso, 35% dos entrevistados mostram que sempre tem liberdade de opinar, 33% quase sempre, 28% entendem que só às vezes podem opinar e 4% acham que não tem direito a trazerem novas ideias para a empresa. Este também é um índice satisfatório, pois os trabalhadores sabem que podem contribuir com novas sugestões para a empresa, o que é importante, pois, como são eles que estão diretamente ligados ao desenvolvimento das obras, e muitas vezes podem contribuir com ideias importantes para o melhor desempenho das atividades. É importante que os trabalhadores saibam que tem liberdade de expor suas opiniões a pensamentos na empresa, pois assim, sentem-se como parte da organização, e que suas ideias são importantes e bem vindas à empresa. Porém deve ser encarado como um processo, sério e valoroso, que se bem administrado é capaz de trazer bons resultados para a organização. Porém o gráfico á seguir mostra que apenas 22% dos funcionários sempre participam da empresa com sugestões e opiniões, 33% quase sempre, 37% somente às vezes contribuem e 8% nunca participam sugerindo novas ideias para a organização. Observa-se, portanto, que falta iniciativa dos trabalhadores em participar mais ativamente nas decisões e sugestões de melhorias. Ou então, acreditam ter pouca aceitação de suas sugestões, o que precisa ser analisado, para ter melhor compreensão do motivo o qual á pouca participação dos trabalhadores. Para as empresas e importante que os trabalhadores participem ativamente deste processo, pois podem trazer soluções simples, mas que muitas vezes não são vistas pela gerencia, soluções que podem fazer toda a diferença no processo, pois estes trabalhadores realizam no dia-a-dia dos processos, e assim conhecem bem como deve ser realizados os trabalhos. Quando questionados sobre as formas de remuneração variável 33% acham muito bom, 37% dos trabalhadores observam ser boa essa forma de remuneração, 21% acham regular e 9% entendem ser ruim. Pontes explica que a remuneração variável faz parte da remuneração estratégica, e esta vinculada com o desemepenho dos trabalhadores, do setor, de uma equipe, e pode variar de um período para o outro. Trata-se de um ganha-ganha, no momento em que se propuser um adicional sobre o salário fixo, as empresas terão ações mais efetivas, das propostas de trabalho. Mas para que isto flua da maneira esperada, é importante que os objetivos sejam claros e capazes de serem alcançados, deve haver um acompanhamento constante e a forma de remuneração variável a ser utilizado deve atender as necessidades da organização a curto, médio e longo prazo (PONTES, 2013). Cada vez mais as empresas buscam formas da manter seus trabalhadores comprometidos, portanto, observa-se que esta seria uma importante ferramenta, já que a maioria dos funcionários se mostram interessados nessa foram de remuneração. É interessante para as duas partes, tanto para os funcionários como para a empresa, pois ao tempo que os trabalhadores se comprometem em atender aos objetivos solicitados, para receber este adicional, a empresa ganha no produto final, no caso da organização estudada, os serviços, que serão realizados com mais qualidade o que deixa o cliente satisfeito e consequentemente traz retornos positivos para empresa. CONCLUSÃO As empresas do ramo da construção civil enfrentam diariamente dificuldades referentes à mão-de-obra, pois trata-se de trabalhos braçais e que exigem muito esforço físico, por isso precisam adaptar-se a este novo mercado de trabalho, cada vez mais exigente. E para que seus serviços sejam de qualidade, precisam que seus trabalhadores se comprometam no desempenho de suas funções. Porém em contrapartida, os funcionários esperam retornos por isso. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 71 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A remuneração vem se mostrando uma ótima ferramenta estratégica na gestão de recursos humanos, é importante que as empresas utilizem isso a seu favor. Nesse sentido o problema, que objetivou a realização deste estudo, foi encontrar uma forma de remuneração variável que maximizasse o comprometimento dos trabalhadores de uma empresa no ramo da construção civil. Para a empresa, pensa-se, que foi muito pertinente a realização deste estudo, pois até então não se tinha dado a devida atenção a este ponto estratégico para a organização. Cabe agora a organização analisar os resultados das pesquisas e as recomendações propostas e averiguar se é viável para a empresa sua aplicação. De maneira geral, foi muito importante a realização deste estudo, pois o conhecimento e a prática adquirida ao longo de seu desenvolvimento foram muito significativos para se desenvolver novas práticas a gestão de pessoas, para maximizar o desempenho dos funcionários em favor das organizações. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Alberto A.C.; SANTIAGO, Leonéa Vitória; FUMES, Neiza de Lourdes F. Educação física, desporto e lazer: perspectivas luso-brasileiras. Alagoas: ISMAI/UFAL, 2008. Disponível em: <books.google.com.br/books?isbn=8571774064>. Acessado em: 25 de mai. De 2014. ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de; VILAS BOAS, Ana Alica. Gestão Estratégica de pessoas. 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Email: [email protected] RESUMO Os Direitos Fundamentais são conquistas históricas, reflexos de problemas enfrentados pela sociedade e que impediam a realização de uma vida mais digna. A Constituição Federal de 1988, acolhendo os anseios de um Estado que saía um período de ditadura civil-militar, atendeu a pressão da vontade popular e, a democracia ascendeu como sendo o fundamento do regime político do Estado brasileiro. Com esse intuito, o direito à informação foi apregoado na referida Constituição e, vislumbrado também como mecanismo de participação do controle popular na gestão das administrações públicas. Assim sendo, o presente trabalho, através do método de pesquisa hipotético-dedutivo e da consulta bibliográfica, vislumbra o alcance do direito fundamental à informação nas compras públicas como um dos mecanismos de efetivação da democracia no Brasil, bem como aponta-se para o fato de que a consolidação da democracia perpassa pelo direito fundamental do acesso à informação, o qual possibilita o exercício da cidadania, vinculando o mesmo ao princípio da transparência nas compras públicas, atualmente viabilizada através da modalidade licitatória pregão eletrônico que possibilita um completo acompanhamento do cidadão no tocante aos gastos públicos e, consequentemente, uma possível interferência e controle dos gastos públicos. Palavras-Chave: Direito Fundamental. Direito à Informação. Compras Públicas. Democracia. Pregão Eletrônico. ABSTRACT Fundamental rights are historic achievements, reflections of a problem faced by society and that didn´t allow a complete realization of a worthy life. The 1988´s Brazilian Federal Constitution , welcoming the yearnings of a State that just came from a civil-military dictatorship, met the pressure of the population´s will and democracy stood as the foundation of the Brazilian State’s political regime. To that end, the right to information was proclaimed in that Constitution and also glimpsed as popular control of participation in the mechanism of public administration management. Therefore, this paper, using the methods of hypothetical-deductive research and bibliographical research, sees the scope of the fundamental right to information in government procurement as one of the mechanisms that consolidates democracy in Brazil and as well as it is pointed out to the fact that democracy’s consolidation pervades the fundamental right of access to information, which enables the exercise of citizenship, linking it to the Transparency Principle in government procurement, currently ensured by an electronic auction bidding modality that allows a complete citizen’s monitoring in public spending and, thus, a potential interference and control of the public expenditure spending. Keywords: Fundamental Right. Right to Information. Public Procurement. Democracy. Electronic Trading Introdução Ao abordar o tema envolvendo administração da informação nas compras públicas municipais não se pode deixar de mencionar, inicialmente, os Direitos Fundamentais apregoados na Constituição Federal de 1988, os quais são extensões de reivindicações voltadas para a efetivação de um Estado Democrático, no qual a participação popular se configura como um marco fundante e norteador de todas as normas, legislações e atos estatais. Não por acaso é que o regime político Democrático brasileiro encontra-se destacado no artigo 1º, caput e da Constituição Federal de 1988 como forma de destacar os destinatários do poder governamental a fim de efetivar a democracia, garantindo a participação popular nas decisões, inclusive com a menção da cidadania no inciso II do referido artigo. O próprio parágrafo único do artigo 1º da referida Constituição se encarregou de proclamar a soberania popular, que pode ser exercida de forma direta, indireta ou mista. Tanto dispositivos constitucionais, quanto legislações e normas que compõe o ordenamento jurídico versam sobre a participação popular nas Administrações Públicas. Ocorre que, enquanto Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 73 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 dispositivo normativo, a democracia é de fácil compreensão e aceitação, não ocorrendo o mesmo no mundo fático, onde a implementação e efetivação dos princípios democráticos, em especial no tange à administrações públicas, apresentam inúmeros obstáculos impeditivos e/ou que burlam o espírito do referido princípio constitucional. No âmbito da participação nas Administrações Públicas, uma das formas de atuação da sociedade civil é através do controle dos atos administrativos exercido a partir das informações que o próprio Estado disponibiliza para a população. Assim sendo, a pesquisa em voga pretende analisar como o direito fundamental à informação é viabilizado nas Administrações Públicas no Brasil, qual é o papel do pregão eletrônico nas compras públicas e se esse contribui para a ampliação do controle e efetivação da democracia. 1 O Direito à Informação contexto dos Direitos Fundamentais e a Lei de Acesso à Informação O Direito à Informação faz parte do rol dos Direitos Fundamentais apregoados na Constituição brasileira de 1988 e tem sido um avanço no processo de efetivação da participação qualificada dos cidadãos. O discurso sobre os Direitos Humanos e Direitos Fundamentais está situado no plano histórico da época moderna e estão amplamente ligados aos problemas envolvendo o direito dos seres humanos, a democracia e a paz. Se estes direitos não forem reconhecidos e protegidos, não haverá democracia e, em não havendo democracia, a solução dos conflitos sociais não será, de forma alguma, pacífica. Assim, os Direitos Fundamentais são direitos de caráter históricos, frutos de reivindicações e contestações de poderes, em especial absolutistas e, além de apregoados, esses direitos normalmente são positivados nas Constituições (BOBBIO, 2000, p. 169). Inicialmente, estes direitos se voltavam para o aspecto individualista, principalmente de exigência de proteção das pessoas diante das arbitrariedades e tiranias do Estado (CORRÊA, 2000). Mais adiante, os Direitos Fundamentais assumiram um caráter social e coletivo e, atualmente foram agregados a eles os direitos difusos, entre eles a democracia. Na história das transformações do Estado e sua gestão pública, a busca pelo bem estar social tem acompanhado acompanha essas mudanças e se configurando na sua mais atual versão: o Estado Democrático de Direito, o qual tem o dever de promover a igualdade, a inclusão social e assegurar a efetivação dos direitos fundamentais, no caso em voga, o direito à informação. Dessa forma, buscar-se-á desvendar até que ponto é obedecido integralmente o princípio da transparência e os mandamentos da Lei de Acesso à Informação (LAI) nas compras públicas, uma vez que o direito à informação tem como intuito assegurar a aplicação de direitos fundamentais. Numa análise contextual do Estado, percebe-se que a concepção dos direitos fundamentais determina a própria significação do Poder Público e de sua atuação diante da sociedade. Na vida política, os direitos fundamentais gozam de maior proteção quanto maior for a intervenção e abrangência de ação do Estado de Direito, e ao contrário, quanto menor o Estado de Direito, menor será a proteção aos direitos de fundamentais (PÉREZ LUÑO, 2013, p. 15-16). O Direito Fundamental á Informação, constitucionalizado no Brasil, se configura como um direito crucial para o exercício da democracia. Piovesan (2009, p. 105; 106; 120) pondera que, tanto o bem-estar social, quanto o direito que os indivíduos possuem ao desenvolvimento dependem diretamente da distribuição e uso equitativo da informação, do conhecimento e da cultura. Neste contexto, o direito ao acesso à informação surge como um direito humano fundamental e encontra-se protegido inclusive por tratados internacionais. Destaca-se que junto ao direito à informação estão contemplados os direitos de liberdade de buscar as informações, receber e difundir as ideias de toda a natureza, sendo pressuposto lógico da existência de uma sociedade livre. Neste interim, a informação é designada como o conjunto de modalidades difundidas ou disponibilizadas para o público, materializada através de notícias ou demais elementos de conhecimentos como ideias ou opiniões, bem como situações de interesse geral ou até mesmo particular, remetendo a dois direitos, o de informar e o de ser informado (SILVA, 2009, p. 244), sendo tal direito fundamental para a preservação da verdade dos fatos, em especial, no que tange a questões do âmbito público (LAFER, 1991, p. 29). Mello aponta para a necessidade de não haver ocultamento das informações de caráter público dentro de Estados Democráticos, uma vez que o poder encontra-se na vontade popular e, através da informação, é possível que o cidadão participe de forma democrática nas decisões e desenvolvimento do Estado (MELLO, 2013, p. 117). O acesso público a informações oficiais é o corolário da transparência na prestação de contas públicas, fazendo com o direito à informação esteja amplamente ligado com o princípio da transparência. Desta forma, nos tratados internacionais nos quais o Brasil é signatário, prega-se a adoção do princípio da transparência como forma de proporcionar, ao cidadão, o acompanhamento e conhecimento do exercício dos atos administrativos. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 74 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O direito à informação se configura como um princípio fundamental uma vez que proporciona o controle da atuação estatal na sua gestão. A Constituição Federal de 1988 trata a informação como direito de informar, de se informar e ser informado. A redação do artigo 220 assim dispõe: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição”. Já o artigo 5º, inciso XIV, da referida Constituição, determina que o acesso à informação e o resguardo ao sigilo da fonte em casos de exercício profissional. No tocante ao direito de ser informado previsto no artigo 5º, inciso XXXIII, da Constituição Federal de 1988, este versa sobre a garantia do cidadão em obter dos órgãos públicos as informações, quer do seu interesse, quer interesse geral ou mesmo do interesse coletivo. Esse direito representa um dos pilares do atual sistema democrático e, nesse contexto, é uma ferramenta indispensável para o pleno exercício da cidadania. Não se pode olvidar que o artigo 37, § 3º, inciso II, da referida Constituição determina que a lei disciplinará as formas de participação do usuário na Administração Pública Direta e Indireta, através de regulação do direito de acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo. Além desse dispositivo, o artigo 216, § 2º determina que “Cabem à Administração Pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem”. Portanto, a noção de democracia está interligada com a ideia de fluidez de informações, sendo primordial para a manutenção dos direitos fundamentais. A ausência do direito à informação em uma sociedade sentencia a população à ignorância, à alienação, limitando sua capacidade de formar opinião ou mesmo acompanhar e fiscalizar os atos públicos. Atualmente, o acesso à informação tem sofrido modificações bastante significativas através da utilização das novas tecnologias, as quais acabam por propiciar um acesso mais seguro e rápido às informações, buscando contribuir para ampliar a cidadania. Com a finalidade de regulamentar os dispositivos constitucionais relacionados ao direito à informação previstos no artigo 5º, inciso XXXIII, artigo 37, §3º, inciso II e o artigo 216, §2º, foi editada a Lei 12.527/2011, Lei de Acesso à Informação (LAI), que apresentou inúmeras inovações no ordenamento jurídico brasileiro. Através da referida lei, expressamente foi estabelecido o direito de acesso à informação como regra, sendo que o direito ao sigilo foi tratado como verdadeira exceção. Trata-se de lei nacional, aplicável a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como demais órgãos da Administração Pública Direta e Indireta de todos os Poderes. A norma também se aplica às entidades privadas que recebam recursos públicos, diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres, conforme previsão contida no Artigo 2º. Como forma de aplicação da lei em questão, foi editado o Decreto 7.724, de 16 de maio de 2012, que regulamentou a LAI no âmbito do Poder Executivo federal. Decorrente da necessidade de proporcionar efetividade à publicidade e ao desenvolvimento do controle social da Administração Pública, o referido Decreto contemplou duas espécies de transparência: a ativa e a passiva. A transparência ativa é a divulgação de informações à sociedade, por iniciativa da própria Administração Pública, de forma espontânea, independente de qualquer solicitação. Essa divulgação deverá ser através de meios de fácil acesso ao cidadão tais como sítios de internet. A transparência ativa está prevista no artigo 7º, ressaltando que “É dever dos órgãos e entidades promover, independente de requerimento, a divulgação em seus sítios na Internet de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas [...]”. Já na transparência passiva, a Administração Pública divulga informações sob a demanda em atendimento às solicitações da sociedade. Para esses casos, os órgãos da Administração deverão criar Serviço de Informações ao Cidadão (SIC), conforme determinação do artigo 9º. A transparência passiva possui previsão no artigo 10 e seguintes que determinam os procedimentos e mecanismos vinculados à solicitação de informações por parte dos cidadãos. Destaca-se que para as requisições de acesso à informação, conforme previsão do artigo 10 § 2º da LAI, “Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de seus sítios oficiais na internet”. Além disso, tais requisições não precisam ser justificadas e nem há a necessidade de demonstrar interesse, conforme previsão do artigo 10 § 3º: “São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação de informações de interesse público”. Especificamente no tocante ao acesso referente às licitações, o artigo 7º, inciso VI determina o direito de obter: “informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos”. Os órgãos públicos, como forma de transparência ativa, deverão implementar uma seção específica em seus sítios na internet que possibilitem divulgação das licitações realizadas e em andamento, com editais, anexos e resultados, além dos contratos firmados e notas de empenho Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 75 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 emitidas, conforme previsão do Inciso IV do artigo 7º do Decreto 7.724/2012. Ocorre que a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, a informação pública e a sua divulgação começaram a receber um novo tratamento. Até então, decorrente do regime ditatorial imposto para a sociedade, havia a cultura do segredo onde a gestão e a informação pública eram pautadas pelo princípio do risco da sua circulação, cabendo sempre à chefia do órgão público deliberar pela sua divulgação ou não. Diante do exposto, destaca-se que, diante de uma participação mais ativa da sociedade nas questões públicas, o Estado está cada vez mais sendo pressionado a dar condições para o florescimento desta verdadeira escola de cidadania proporcionada pela LAI. A sua implementação será um processo árduo e incremental, mas com certeza afetará profundamente as raízes do modelo patrimonialista que tanto prejudica a modernização do Brasil (ABRUCIO, 2012). Assim sendo, a seguir será vislumbrado o acesso à informação nas compras públicas. 2 Novas tecnologias e o acesso à informação nas compras públicas através do pregão eletrônico A sociedade contemporânea tem trazido novos desafios para todos os setores da sociedade. Administração Pública tem buscado se adequar às novas necessidades da sociedade, sendo que o atual modelo de gestão administrativa contempla uma série de atividades e serviços que busca, cada vez mais, uma gestão da res publica voltada à satisfação dos interesses públicos. A sociedade está vivendo um novo momento de acelerado desenvolvimento tecnológico, e a velocidade da comunicação instantânea tem alterado as rotinas individuais e coletivas, aumentando a competição industrial e causando transformações na sociedade. Informação e tempo passaram a ser considerados sinônimos de produtividade, custos e poder. As novas tecnologias tem proporcionado um resultado positivo no que se refere ao pluralismo político, bem como ao acesso à informação dos órgãos públicos, possibilitando que as pessoas possam participar das decisões de maneira mais democrática (BRAVO, 2010, p. 18). Para Pérez Luño (2004, p. 12) as novas tecnologias podem e devem projetar a democracia a um novo nível, onde a relação cidadão-estado é mais fecunda e transparente, bem como propiciar novos benefícios para a sociedade, ao permitirem uma maior propagação do conhecimento, tornando mais sólido o desenvolvimento da cidadania e dos ideais de uma democracia. Diante da busca desses anseios coletivos e individuais, o Estado necessita primeiramente proporcionar meios e condições para que a população utilize esses equipamentos. No mesmo sentido, o Estado necessita utilizar os meios modernos de comunicação para a prestação de um serviço eficiente e atualizado, com maior qualidade, controle e garantia dos direitos dos administrados e da dignidade dos indivíduos, como é o caso do direito à informação. Para que possa prestar esses serviços com eficiência, a Administração Pública necessitará dispor de um sistema que permita uma comunicação segura (BRAVO, 2007, p. 97). Já passou-se o tempo em que o setor público era sinônimo de atraso, lentidão, filas intermináveis e burocracia. Evidentemente que estas características ainda existem, mas a tendência é a sua diminuição gradual face ao avanço das novas técnicas de informática. Essas novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), entre elas a internet, os telefones móveis e as redes de computadores, propiciam o alavancar de uma sociedade onde a informação e o conhecimento estão mais disponível (BRAGA; FIGUEIREDO & SANTOS, 2008). Desta prestação de atividade estatal não presencial decorre um novo conceito da forma de administrar. O desenvolvimento contínuo da internet foi uma das mais significativas inovações na tecnologia da informação, sendo que no âmbito da Administração Pública tem propiciado a transparência dos atos públicos, bem como garantido um maior acesso à informações para as pessoas que são administradas e a possibilidade de efetivação do controle democrático por parte dos cidadãos (BRAVO, 2007, p. 90; 94), tornando-se numa importante ferramenta para permitir a comunicação entre Administração e administrados. O surgimento do Governo Eletrônico ou e-Gov para prestar informações aos cidadãos tem buscado trabalhar para efetivar, por meio da tecnologia, uma relação mais direta, transparente e participativa entre as instituições governamentais e o cidadão. Como descrito por Vaz (2007, p. 56), “[...] os autores vinculam a noção de governo eletrônico diretamente à utilização da Internet ou de outro meio de interconexão eletrônica pelas organizações públicas”, estando esse meio vinculado à prestação de serviços voltados para a informação, 24 horas por dia. Em decorrência de suas novas ações, ao mesmo tempo em que está proporcionando uma nova geração de serviços públicos, também colabora com uma maior propagação da informação, permitindo um maior acompanhamento da sociedade e criando espaços que propiciam o diálogo e a participação democrática (BRAGA et al., 2008, p. 6). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 76 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Na esteira de utilizar a tecnologia da informação, o governo federal implementou a modalidade pregão na sua forma eletrônica. Através do Sistema Comprasnet, todas as compras públicas federais, independente de modalidade, são cadastradas nesse portal. Há de se destacar que obrigatoriamente é nesse portal que são realizadas as sessões de pregão eletrônico. Os demais Estados-membros possuem portais próprios como o LicitaNet do Estado de Minas Gerais, a Bolsa Eletrônica de Compras do Estado de São Paulo (BEC) e a Central de Licitações do Estado do Rio Grande do Sul (CELIC RS), entre outros. Por sua vez, os Municípios, na ausência de portais próprios, utilizam o portal www.cidadecompras, que foi Criado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). É comum a utilização com o intuito de tornar-se o Portal Oficial de Compras Eletrônicas dos Municípios Brasileiros. Além desses existem o Licitações-e, site do Banco do Brasil e Licitações Caixa, da Caixa Econômica Federal, entre outros. As informações disponibilizadas por esses portais podem contribuir para a promoção da cidadania pela facilitação do acesso e o exercício de direitos: direito à informação de interesse particular; direito aos serviços públicos; direito a ser ouvido pelo governo; direito ao controle social do governo e direito à participação na gestão. O uso das website municipal para o atendimento ao cidadão necessariamente “[...] não confere cidadania, mas pode contribuir para o seu avanço, considerando que a construção da cidadania é um processo de permanente renovação e ampliação de suas frentes e possibilidades” (VAZ, 2007, p. 17). O horizonte atual da cidadania, de acordo com Pérez Lunõ (2004, p. 11), orienta e circunscreve os padrões de seu exercício, é determinado pelo desenvolvimento das novas tecnologias da informação e comunicação. O mesmo autor define que cidadania, direitos fundamentais e Estado de Direito, possuem íntima relação entre si, pois são realidades que condicionam e se implicam mutuamente. Pode-se destacar que o fundamento do direito a informação, elevado como um direito humano, reside no fato de que a autoridade administrativa exerce atividades delegadas pelo cidadão decorrente da eleição, sendo que tais atividades públicas são mantidas pelo contribuinte através dos impostos. Dessa forma, o cidadão e o público em geral devem possuir o “[...] direito de saber como o poder está sendo usado e como o dinheiro está sendo gasto. Mais do que isso, o cidadão tem o direito de influenciar e participar nos processos decisórios sobre matérias de interesse público” (MARTINS, 2011, p. 11). Portanto, para a efetivação de compras públicas o Artigo 37 da Constituição Federal de 1988, determina que as mesmas deverão ser precedidas de prévia licitação, salvo situações excepcionais que impossibilitem ou inviabilizem sua realização. A regulamentação do inciso XXI do Artigo 37 da Constituição Federal de 1988 resultou na Lei Ordinária 8.666, de 21 de junho de 1993 que institui normas gerais para a licitação e contratos da Administração Pública, pertinentes a obras, serviços, compras, alienações e locações aplicáveis à administração federal, estadual e municipal, estendendo ainda às autarquias, fundações públicas e demais entidades que direta ou indiretamente estivessem ligadas ao Governo. Mesmo diante das alterações feitas à Lei 8.666/1993, essa ainda é a principal lei em vigor que trata das contratações públicas. Ela regula as formas e os procedimentos a serem adotados para a aquisição do objeto da licitação, bem como os critérios de escolha das modalidades e os tipos de julgamentos a serem adotados para realizar o certame licitatório. A ideia original da lei era dar uma resposta a uma série de escândalos das contratações públicas. Para tanto, o texto exagerou no detalhamento das exigências e do rito do certame, abrindo espaço para as diversas interpretações que, normalmente, resultam em litígio, tornando assim, o processo moroso. A referida lei possui algumas peculiaridades no tocante à divulgação dos seus instrumentos convocatórios mais precisamente nos procedimentos aplicáveis à modalidade convite e à contratação direta. A divulgação dos atos posteriores das contratações, a divulgação dos conteúdos das demais propostas, bem como cópias das atas possuem regramentos específicos de cada órgão. Na maioria das vezes, a solicitação de tais documentos inevitavelmente esbarrava na burocracia, e quando os atendimentos aos pedidos não eram negados, simplesmente ficavam sobestados por falta de pessoal ou de tempo para a remessa das respostas por parte do órgão licitante. Assim, com o intuito de agilizar o procedimento licitatório e possibilitar uma maior eficiência e economicidade às compras públicas, bem como uma publicização mais veloz e eficaz dos atos, foi criada uma nova modalidade de licitação denominada de pregão, inserida no ordenamento jurídico pela Lei 10.520/02, através de duas formas: presencial ou eletrônica, sendo obrigatória apenas para os órgãos do governo federal. A nova modalidade veio para atender a celeridade e transparência exigidas nos processos licitatórios. Inicialmente na forma presencial e posteriormente na forma eletrônica, tal ferramenta colocada à disposição dos administradores representou um marco nas Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 77 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 compras públicas, pois possibilitava, entre outras características, a redução dos preços inicialmente ofertados, bem como agilizava os procedimentos uma vez que apresentava uma inversão das fases de habilitação e julgamento das propostas de preços. Além disso, houve uma considerável redução dos prazos recursais, pois o recurso contra os atos do órgão licitador era restrito aos presentes no certame. A forma presencial do pregão eletrônico exige que os interessados estejam fisicamente presentes na sessão pública ou que se façam representar. Caso algum licitante envie as propostas e não compareça fisicamente ou no caso do seu representante não possuir poderes específicos para a participação na sessão, automaticamente estará fora das fases de lances e da interposição de recursos (JUSTEN FILHO, 2005, p. 87). Essa forma de licitar é duramente criticada pelas empresas localizadas geograficamente distantes dos órgãos licitadores, além do que as informações, tais como atas, preços, planilhas e documentos de habilitação ficam restritas aos presentes na sessão. Já o pregão na forma eletrônica, a realização da sessão é feita via internet, assim possibilitando a participação de empresas de qualquer localidade, pois tanto os agentes públicos como as empresas interessadas praticam todos os atos em meios virtuais. Nessa forma de pregão, não há necessidade de produção de documentos em papel, nem mesmo o comparecimento físico dos licitantes nos locais onde a sessão está sendo realizada (JUSTEN FILHO, 2014, p. 508). A modalidade pregão na sua forma eletrônica destaca-se diante da ampla publicidade do certame e a transparência dos atos administrativos e dos documentos que registram a licitação, pois qualquer pessoa, seja outro contribuinte ou mesmo o cidadão, da sua sede ou da sua residência, tem a prerrogativa de acompanhar o desenvolvimento da sessão e acessar todos os documentos como as propostas de preços, documentos de habilitação, atas da sessão e demais atos, bastando para isso um simples acesso gratuito ao provedor que está gerenciando os atos da sessão. A referida forma traz vantagens para aumentar a transparência dos processos de compras e aquisições pela Administração, além de reduzir fraudes e, por conseguinte, atos de improbidade e imoralidade administrativa (VASCONCELO, 2006). O pregão eletrônico, apesar de ter seu uso obrigatório na Administração Pública federal, é pouco utilizado nas esferas municipais. A maioria das críticas apontadas para essa modalidade decorre da falta de conhecimento das suas vantagens e a não aplicação dessa no âmbito municipal, ainda encontra justificativas superficiais voltadas para a falta de pessoal treinado ou mesmo falta de condições técnicas. Apesar das modernas ferramentas tecnológicas colocadas à disposição, em algumas licitações municipais, para efetuar as contratações públicas, ainda encontram-se dados que comprovam a utilização das modalidades previstas na Lei 8.666/1993, com destaque ao convite, sem mencionar as diversas contratações diretas por dispensa de licitação. Outros utilizam a modalidade de pregão, entretanto, na forma presencial. Isso evidenciaria de um modo direto um direcionamento do procedimento, pois esta forma de licitar exige a presença física dos participantes no processo licitatório, privilegiando, de certa forma, os participantes locais. Entretanto, o administrador público, quer diante do regramento, quer diante das situações de exceção, ao utilizar os mecanismos para efetuar uma compra pública, deverá sempre realizar suas condutas nos princípios balizadores da Administração Pública, em especial, deverá obedecer aos princípios específicos das licitações. Além do rol constante do artigo 37, da Constituição Federal de 1988, no artigo 3º da Lei nº. 8.666/1993 há uma relação taxativa dos principais princípios norteadores dos atos da Administração Pública quando esta realiza uma compra pública. Aliado a esses, o incipiente princípio da transparência determina a ampla divulgação da informação, disponibilizando o acesso a todos os atos administrativo. Os atos administrativos são orientados por princípios de observância obrigatória a todos os administradores públicos. Com o processo de compras públicas ocorre o mesmo. Por ser tratar de um procedimento que visa a obtenção de um produto, contratação de um serviço ou realização de uma obra, entre outros objetos, o mesmo sempre acaba sendo alvo de análise pelos órgãos de controle e pela mídia. Geralmente o cidadão toma conhecimento desses atos, somente quando ocorre uma divulgação, normalmente negativa, dos procedimentos superfaturados envolvendo o dinheiro público. Com o intuito de moralizar cada vez mais esses procedimentos administrativos, além dos princípios constitucionais expressos e dos existentes nos diversos atos normativos, novas regras de conduta surgiram no contexto para dar uma maior clareza aos procedimentos de gastos públicos. E é exatamente nesse contexto que surge a modalidade pregão na sua forma eletrônica. Trata-se de uma das mais modernas ferramentas de proporcionar a ampla transparência dos atos inerentes ao procedimento licitatório, proporcionando instantaneamente informações gratuitas, precisas e em tempo real, para a sociedade, órgão de controle, demais licitantes e ao cidadão. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 78 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Importante se faz ponderar que, a não utilização do pregão na forma eletrônica para realizar compras públicas, invariavelmente, resulta em direcionamento de licitações. Quando isso não ocorre, invariavelmente, salvo algumas raras exceções, decorrente do uso das demais formas e modalidade licitatórias, o cidadão fica impedido de obter as informações primordiais para fazer o acompanhamento dos atos públicos, pois as informações sobre licitações disponibilizadas nos sítios na internet de alguns órgãos públicos apresentam apenas a divulgação do instrumento convocatório e raramente disponibilizam o resultado com a identificação do licitante vencedor e o valor obtido. O incipiente princípio da transparência faz surgir a ideia de que informação não pode e não deve ficar adstritas às paredes internas da repartição pública. Assim, como forma de garantir um dos direitos humanos fundamentais, o direito a informação surge como uma ferramenta para o cidadão acompanhar e fiscalizar os gastos públicos. Conclusões e Considerações Finais No Estado Democrático de Direito, se torna evidente que, a utilização das modernas ferramentas de comunicação, entre elas, a utilização da Internet, para a prestação de serviços e oferecimento de informações aos cidadãos pelos entes públicos está indissociavelmente ligada à noção de promoção de direitos de cidadania. Destaca-se que as informações disponibilizadas pelos portais podem contribuir para a promoção da cidadania pela facilitação do acesso e o exercício de direitos: direito à informação de interesse particular; direito aos serviços públicos; direito a ser ouvido pelo governo; direito ao controle social do governo e direito à participação na gestão. O uso das website municipal para o atendimento ao cidadão necessariamente não vai promover a participação cidadã por si só, mas poderá servir de incentivo para tal. O acesso à informação é um dos mecanismos de efetivação da democracia, sendo que o fundamento desse direito reside no fato de que a autoridade administrativa, executora atividades delegadas pelo cidadão decorrente da eleição, tem o dever de praticar os seus atos de uma forma mais transparentes possível. Essas ações são inerentes às atividades públicas, pois são mantidas pelo contribuinte através dos impostos. Dessa forma, o cidadão é portador do direito de ser informado sobre como está sendo gasto o dinheiro nas compras públicas e assim, através do controle social, exercer o seu direito de participação nas decisões públicas. No tocante às compras públicas, denotam a predileção em nível municipal das modalidades licitatórias tradicionais, através de documentos físicos e propostas de preços realizadas com a presença físicas dos licitantes. A lei que regula sua aplicabilidade é rígida no tocante à forma de publicizar os editais, porém omissa na divulgação dos atos e demais documentos, cabendo essa opção ao órgão licitador. Fato é que, a LAI contempla uma série de obrigatoriedades formais, entre as quais se destaca a disponibilização de dados referentes a licitações. Essa lei foi e está sendo um grande avanço para o direito fundamental à informação. Mesmo de caráter obrigatório, até o presente momento, nem todos os órgãos públicos estão engajados na implementação integral da LAI. As informações sobre licitações disponibilizadas nos sítios na internet de alguns Municípios apresentam apenas a divulgação do instrumento convocatório e raramente disponibilizam o resultado com a identificação do licitante vencedor e o valor obtido. Para preencher essa lacuna informativa, e proporcionar um moderno e eficaz meio de acompanhamentos das contratações públicas, todos os órgãos da Administração Pública federal utilizam exclusivamente, para compras de bens e serviços comuns, a modalidade pregão, na forma eletrônica. Decorrentes das vantagens já elencadas essa lei é uma das principais ferramentas utilizadas para moralizar as compras públicas e proporcionar um amplo acompanhamento dos atos administrativos, podendo a mesma se adotada por Estados e Municípios, mesmo diante da sua não obrigatoriedade. Assim, a modalidade licitatória pregão na sua forma eletrônica utilizada nas compras públicas, vem a ser um destaque como mecanismo capaz de fornecer informações pertinentes aos atos licitatórios, possibilitando que todo cidadão possa ter acesso e, com isso, promovendo a possibilidade de efetivação da democracia através da participação popular. Referências ABRUCIO, F. A Lei de Acesso à Informação e a cidadania. 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Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 79 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 2014. _____Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htm>. Acesso em 21 abr. 2014. _____Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10520.htm>. Acesso em 21 abr. 2014. _____Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei n 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 13 out. 2013. BOBBIO, N. A era dos direitos. Trad. De marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Campus, 1992. BRAGA, L. V.; ALVES, W. S., FIGUEIREDO, R. M. C. & SANTOS, R.. O papel do Governo Eletrônico no fortalecimento da governança do setor público. Revista do Serviço Público - RSP, 59(1), p. 05-21 janeiro/marco 2008. Disponível em: <http://seer.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/137/142>. Acesso em: 10 set. 2014. 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Para tanto, o referencial teórico selecionado é empregado de modo a retratar os elementos fundamentais dos arranjos produtivos identificando seus principais conceitos, vantagens competitivas locacionais entre outros. Por sua vez, baseou-se em um levantamento bibliográfico que possibilita-nos entender como são alavancados os desenvolvimentos dos APLs e como são empregados. Nesse contexto, ficou sistematizado algumas leituras disponíveis referentes aos APLs e quais fatores possibilitam-os. Nota-se também, que nem sempre esses fatores são condições suficientes ou necessárias para a caracterização de um núcleo regional de produção setorial como sendo um APL. Palavras-chave: Arranjo Produtivo Local. Vantagem Competitiva Locacional. Desenvolvimento. ABSTRACT: This article has the purpose of organize a conceptual analysis of how local clusters are developed. To this end, the selected theoretical framework is employed in order to portray the key elements of clusters identifying its main concepts, locational competitive advantages among others. In turn, was based on a literature that enables us to understand how they are leveraged developments of APLs and how are employed. In this context, it was systematized some readings available related to APLs and what factors allow them. It is also noted that these factors are not always sufficient or necessary conditions for the characterization of a regional core sector output as an APL. Key-Words: Local Productive Arrangements. Competitive Advantagens Locational. Development. 1 Introdução Os estudos sobre a importância dos aspectos locais para o desenvolvimento econômico e a competitividade das empresas apresentam crescimento na literatura econômica nos últimos 20 anos. Esses estudos estão relacionados às aglomerações setoriais de empresas que, pela cooperação ou configuração econômica desenvolvida, criam diferenciais competitivos significativos para as organizações aí localizadas. Essas aglomerações, dependendo de sua configuração, são chamadas pelos diversos autores de arranjos produtivos locais – APLs, sistemas locais de inovações, sistemas produtivos locais, clusters, entre outros (SANTOS et al., 2004). Tais características fazem com que as aglomerações tenham um relevante papel para as empresas e na localidade, no que tange à competitividade, sobrevivência, expansão de emprego e renda (RESENDE; GOMES, 2004). Normalmente, antes dos APLs se tornarem uma área de conhecimento tão importante em economia industrial, os estudos sobre a competitividade das empresas era focada principalmente em questões tecnológicas, de demanda, de escala, financeira, além de políticas setoriais. Na economia industrial, a questão da localização era vista principalmente pelos seus aspectos de custos de transporte e de acesso a insumos e serviços. Dessa forma, a política industrial seguia os mesmos princípios. De outro modo, a economia regional era focada principalmente nas questões de infraestrutura, urbanidade, densidade e centralidade econômica, custos de transporte, acesso a insumos e serviços, efeitos de grandes investimentos e política de distribuição regional de renda. O enfoque era basicamente regional ou urbano. Questões tipicamente locais como as relações extra comerciais ou extra contratuais das pequenas e médias empresas não eram tão estudas como hoje. E a política de desenvolvimento regional seguia os mesmos passos (SANTOS et al., 2004). Todavia, nas últimas décadas, a questão local tem recebido atenção crescente. Isso se deve em parte à hegemonia neoliberal nas ciências sociais e na política econômica, que critica duramente as políticas industriais e regionais típicas, tradicionalmente vinculadas a fortes intervenções e pesados investimentos públicos. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 81 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Diante disso, os principais objetivos deste estudo são: explicar e compreender as aglomerações e APLs, demonstrar as vantagens competitivas locais e por fim discutir como isso alavanca o desenvolvimento dos APLs. 2 Desenvolvimento 2.1 Aglomerações e APL As aglomerações de empresas são geralmente criadas ou reforçadas através dos investimentos adquiridos para um dado local em decorrência da ação de um pólo de desenvolvimento. Essas empresas, ao exportar para outras regiões reforçam o próprio pólo de desenvolvimento. Desse modo, isso acarreta em diversos efeitos: aumento da renda, atraem pessoas e investimentos públicos em infraestrutura. Como consequência, mais empresas são atraídas, principalmente do setor de serviços, para atender à crescente demanda produtiva, pessoal e pública dessa região e de regiões vinculadas. Existem diversos termos empregados as aglomerações de empresas, tais conceitos são criados historicamente em associação com determinadas políticas públicas. Entre esses termos, pode-se mencionar como exemplo de aglomerações de empresas ou organizações, os centros industriais característicos das grandes metrópoles, que são grandes e diversificadas aglomerações industriais onde as grandes empresas costumam ter papel muito importante, mas não necessariamente havendo relações entre si (GARCEZ, 2000). Como exemplo pode-se citar a região do ABC paulista, a região metropolitana de Belo Horizonte e a região metropolitana de Porto Alegre (SANTOS et al., 2004). Outro tipo de aglomeração de empresas que pode-se encontrar é o complexo. Eles caracterizam-se por apresentar concentrações de empresas geralmente associadas a uma cadeia produtiva. Ou seja, são empresas ligadas em cadeias que produzem etapas diferentes do processo produtivo. Desse modo, pode-se mencionar os principais casos: indústrias petroquímicas, eletroeletrônicas, automobilísticas e siderúrgicas. Mais recentemente, para determinar tipos de concentrações de empresas, foi criado o conceito de arranjo produtivo local (APL). Isso é decorrente do paradigma e meta de política das duas experiências históricas ancorados no enorme sucesso comercial das empresas instaladas nos chamados distritos industriais italianos e no Vale do Silício na Califórnia que apresentaram uma elevada renda per capita. A concentração espacial de empresas atuando em uma mesma atividade econômica e interagindo com os atores locais reuniu esforços para o aparecimento e multiplicação dos Arranjos Produtivos Locais (AUN et al., 2005). O conceito de arranjo produtivo local deve parte de seu sucesso nos últimos anos, ao fato de ter sido praticamente o único elemento de ação de política industrial aceito dentro do meio neoliberal, reconhecidamente crítico à intervenção estatal, que dominou a política econômica e principalmente a teoria que a fundamenta, no período. Para o APL a política industrial era oportuna, pois ela era focada no aproveitamento de externalidades positivas localmente difundidas, produzidas muitas vezes por entidades de direito privado. De outro modo, não pode-se afirmar isso para as intervenções de política industrial baseadas em incentivos diretos às exportações, substituição de importações e em intervenção estatal de forte impacto fiscal ou financeiro, todas elas obviamente “inaceitáveis” o livre comércio. Contudo, o sucesso desse conceito também é resultante de sua utilidade. Assim, pode-se concluir que o conceito de arranjo produtivo local ao ser associado a uma política que vise, de alguma forma, adaptar as experiências entre as localidades, tem então tradicionalmente, a importância da cooperação e, como característica fundamental, a presença de pequenas ou médias empresas concentradas especialmente em algumas das relações ou ligações de uma cadeia produtiva (IGLIORI, 2001). Por isso, a cooperação é considerada importante, pois é ela que diferenciam teoricamente esse tipo de aglomeração dos outros tipos, como os anteriormente citados. 2.2 Vantagens Competitivas Locais As definições originais de APL envolvem condições como presença de fornecedores especializados, universidades, associações de classe e instituições governamentais proativas no local, centros tecnológicos, centros de treinamento de mão-de-obra, ou instituições que façam coleta e difusão de informações, apoio técnico entre outras, elevando o grau de cooperação, confiança ou inovatividade local (SANTOS et al., 2004). De fato, o conceito empregado ao APL é reconhecido pelo mundo como uma meta para as políticas públicas, sendo assim, necessário encontrar experiências que pudessem ser caracterizadas como APL ou quase isso. Diante disso, nota-se porque as definições originais foram criadas tendo em vista casos paradigmáticos muito particulares, como mencionados no subtítulo anterior, e em parte Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 82 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 porque as definições foram formuladas com um certo idealismo que visava a replicação das experiências em outros lugares. Assim, apesar de existirem diversas visões sobre o que são APLs, é característico de todas elas determinar que os APLs sejam aglomerações de empresas de um determinado setor ou cadeia produtiva. Por isso, deve-se definir o APL a partir da existência de vantagens competitivas locais de abrangência setorial. Não é tão comum que existam aglomerações tão densas, sólidas e resistentes a crises e com produção tão concentrada em determinados produtos no mundo globalizado ou em economias nacionais integradas. Essas aglomerações desafiam os princípios que indicam a melhor localização a partir dos menores custos relativos ao transporte, de mão-de-obra e fiscais (SANTOS et al., 2004). Isso então é explicado através da existência das importantes vantagens competitivas que as empresas podem acessar em virtude da localização das aglomerações que não são nem custos de transporte, de mão-de-obra ou fiscais. Por isso, pode-se dizer que a existência de vantagens competitivas locais desse tipo seja uma condição necessária para a formação de um APL. 2.2.1 Vantagens Competitivas e APL É importante entender as vantagens competitivas que as empresas obtêm por estarem localizadas nas aglomerações para entender o porquê da existência, da importância e das diferenças entre as aglomerações. Assim como as vantagens competitivas que uma região tem para atrair novos investimentos. Nota-se através do conceito de APL que a localização é uma importante fonte de vantagens competitivas para as empresas instaladas nessa região e que a vantagem locacional não é simplesmente decorrente de vantagens genéricas, mas sim setor-específica. Por isso, geralmente as empresas que mais dependem da localização são as de pequeno e médio porte, isso é originado devido as dificuldades em abrir escritórios ou filiais em muitos lugares e também porque dependem muito das relações que têm no local, pois não possuem capital suficiente para obter certas escalas mínimas necessárias para se suprir de certos serviços e externalidades que encontram em condições facilitadas e seguras no local atual e podem não ser encontrados em outros locais. Do mesmo modo, aglomerações onde pequenas empresas são de pouca importância muitas vezes não podem ser caracterizadas ou qualificadas como APL, pois suas empresas não dependem significativamente de ganhos de escala advindos de cooperações multilaterais ou também, não dependem tanto da proximidade entre suas plantas e dos concorrentes para obterem serviços especializados e sua capacidade tecnológica também não depende da proximidade de suas plantas industriais locais com sofisticada demanda tecnológica ou importantes centros de P&D (SANTOS et al., 2004). De fato, pode-se entender também que as empresas grandes não possuem a competitividade tão determinada pela microlocalização da unidade produtiva ou sede, portanto, aglomerações que são formadas apenas por unidades produtivas de grandes empresas não podem ser definidas como APL, sem que sejam feitas outras qualificações. Outra vantagem competitiva muito importante e que pode-se mencionar para gerar os APL é a imagem mercadológica regional. Essa imagem regional é absolutamente importe para os setores de turismo, de bebidas, gastronomia, alimentos, bens culturais e moda. Esse tipo de vantagem trata-se de um bem público da região e que pode ser rapidamente eliminada se empresários oportunisticamente utilizarem essa imagem para prover serviços ou produtos de baixa qualidade. Portanto, a ação cooperativa ou pública é fundamental para esse tipo de APL (SANTOS et al., 2004). Resumidamente, viu-se que APL são constituídos por grandes aglomerações que apresentem uma importante presença de pequenas e médias empresas, ou concentrações produtivas em geral que concentrem um grande volume de atividades criativas, ou quando a imagem é fundamental para a competitividade das empresas. Essas são as principais situações onde a localização oferece as empresas ou organizações vantagens competitivas a nível setorial ou da cadeia que são decisivas e que se mantêm no tempo, isso impõe que APL só é um conceito novo e relevante quando isso é sucedido. 2.2.2 Tipos de Vantagens Competitivas Locais Existem dois tipos básicos de vantagens competitivas locais que deve-se saber: vantagens competitivas estáticas e vantagens competitivas retroalimentáveis. Desse modo, as vantagens competitivas locacionais estáticas são basicamente: - Terras agrícolas em condições competitivas associadas à boa logística de transporte; - Minas com condições competitivas associadas à boa logística de transporte; - Mão-de-obra não qualificada muito barata e; - Incentivo fiscais (SANTOS et al., 2004). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 83 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Chamam-se de vantagens competitivas retroalimentáveis aquelas que se realimentam com o crescimento da produção, mercado, novos usos, diversificação de produto ou tempo de uso. Por isso, essas vantagens podem-se originar de três fatores: - Externalidades multissetoriais; - Ganhos de escala ou escopo; e - Externalidades setoriais. As externalidades multissetoriais são entendidas como as vantagens locais que beneficiam diversos setores e que geralmente estão associadas de alguma forma a ganhos de logística. Através disso, entende-se a redução de custos de transporte, redução de custos de estoques e outros ganhos decorrentes de menores prazos de entrega e acesso ou menores custos e prazos para prestação de serviços genéricos. Essas vantagens são mais comuns em regiões próximas há importantes “nós” logísticos ou em regiões que apresentem maior densidade econômica (SANTOS et al., 2004). Entretanto, nota-se que apesar desse tipo de externalidade beneficiar uma infinidade de setores, não são em geral, essa vantagem locacionais que tipicamente resultam ou levam à criação dos APLs, pois essas são basicamente vantagens competitivas setoriais. Outros fatos evidenciam esse contexto pois os APLs nem sempre estão localizados próximos a grandes aglomerações urbano-industriais e poucas grandes aglomerações urbano-industriais, que são ricas em ganhos logísticos, conseguem geras os APLs mais competitivos em certos setores. Complementando, o tipo de vantagem competitiva locacional retroalimentável dos APLs está relacionado principalmente com a capacidade inovativa das firmas, com o acesso ativos e serviços complementares, com a facilidade de difusão de conhecimento especializado no local e com a imagem regional, assim como na capacidade das firmas reagirem coletivamente ou individualmente a ameaças e oportunidades. E então, quando a localização pode proporcionar vantagens desse tipo, satisfaz-se mais uma condição necessária para a definição de APL (SANTOS et al., 2004). É interessante salientar que uma das vantagens competitivas do APL localizado em áreas menos desenvolvidas é a mão-de-obra barata. Os APLs tradicionais localizam-se, sobretudo, em pequenos e médios municípios, uma vez que estes possuem mão-de-obra barata e a rentabilidade é aplicada nas atividades associadas aos arranjos APL (SANTOS et al., 2004). A dinâmica e o desempenho dos segmentos produtivos e as formas por parte das firmas de consecução e fortalecimento das vantagens locacionais são vitais para o ambiente competitivo, visto que a economia local integra-se à mundial. Isso denota uma evidente contradição, já que, à medida que a economia torna-se mais integralizada, as vantagens competitivas tornam-se mais vinculadas ao local (CERVIERI, 2008). Por fim, verifica-se que as vantagens competitivas presentes em um determinado local atraem a instalação de novos empreendimentos, bem como elevam a produtividade e lucratividade daquelas aglomeradas. Desse modo, a criação de determinado APL depende das vantagens competitivas presentes naquele local. A seguir, é ilustrado na Figura 1 um esquema sistemático de vantagens competitivas e o tipo de benefício que as mesmas podem trazer para as localidades ou para as empresas que estão inseridas nessa região. Autocu Difere Vant Vantage Vantage Replica nam em m em Vantagens mulati- ciação gem capacicapacibilidad Competitivas vidade dade de dade de e das Locacionais de em Inovaçã Inovaçã vantaMultis- produt o o gens setoria o por Cust viabiliza viabiliza especíl os da da ficas vincula principal princidaquel - ção à - mente palment es APL região pelo e pelo em onde é acesso acesso outros produz a a lugares i-do conheconhecimento cimento e e vantage vantage ns ns tecnoló- mercagicas dológica Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 84 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 s Vant agens Com petiti -vas locacion ais Exter nalid ades Multi ssetoriais A.Logístic a, infraestru tu-ra, densi dade econômi ca retro alim entávei s Multi sset oriais 1.Logística de transporte a montante, ou seja, acesso a insumos em condições competitivas 2.Logística de transporte a jusante, ou seja, acesso a mercados em condições competitivas 3.Logística de serviços a jusante, ou seja, acesso a mercado para serviços em condições competitivas 4.Logística de serviços a montante, ou seja, acesso a serviços diversos em condições competitivas Δ Δ Δ ● ● Δ M Δ Δ Δ B Δ Δ ● Δ Δ Δ M Δ Δ Δ M A M 5.Logística de serviços pessoais para a mão-de-obra qualificada Vantage ns competitivas locacion ais Ganh os Logís -ticos Setor ializados B.Terras agrícolas em condições competitivas associados a boa logística de transporte C.Minas com condições competitivas associada a boa logística de transporte D.Logística de mão-deobra, permitindo o acesso rápido a mão-de-obra adequada a custos 85 ● Δ A está- EstáPrograma de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ticas ticos competitivos LEGENDA: Presente ● Importante Δ Muito Importante Fundamental para alguns Setores Fundamental para muitos Setores ΔΔ ΔΔΔ ΔΔΔΔ Alta A Média M Baixa B FIGURA 1 – Ilustração das vantagens competitivas. Fonte: Adaptado (SANTOS et al., 2004). 3 Fatores que Alavancam o Desenvolvimento dos APLs Através dos estudos anteriormente descritos referente as aglomerações, vantagens competitivas locacionais, APL nota-se que esses são alguns dos diversos tipos de fatores capazes de alavancar o desenvolvimento dos arranjos produtivos. Porém, nota-se do mesmo modo que nem sempre esses fatores são condições suficientes ou necessárias para a caracterização de um núcleo regional de produção setorial como sendo um APL. Por isso, pode-se destacar que os principais fatores de grande importância para o desenvolvimento dos APLs, mas que podem não ser condições suficientes ou necessárias são: - Sedes administrativas das empresas em locais onde encontram-se os APL; - Parte significativa das decisões de financiamento a investimento localizar-se no APL, ou seja, com capital próprio ou de terceiros; - Não pertencer a sistemas industriais periféricos; - Tecnologia de produtos, assim como propriedades de marcas serem principalmente de empresas cuja sede está no APL; - Deve-se realizar o desenvolvimento dos produtos no APL; - Deve-se realizar o desenvolvimento de máquinas e insumos especializados no APL; - Cooperações relacionada a oferta de serviços fundamentais, com o apoio do governo e incentivos públicos ao livre acesso aos serviços prestados pela cooperação; - Participação de instituições de desenvolvimento tecnológico no APL; - Planejamento estratégico permanente e participativo no APL; - Acesso à mão-de-obra especializada capacitada para atividades criativas ou estratégicas do setor; e - Grau de confiança mútua preexistente no local (SANTOS et al., 2004). Deve-se ressaltar que a cooperação é um elemento chave no APL. Pois a cooperação entre empresas são fundamentadas em regras que reprimem a concorrência por preço e remuneração do trabalhador por parte do segmento produtivo e a conduzem para a inovação (CERVIERI, 2008). A cooperação entre os envolvidos e o potencial inovador facilitam o capital social, constituindo-se de vantagens competitivas para a região e o local (SILVA, BITOUN, 2006). Isso porque, quando as empresas cooperam entre si, conseguem melhorar a produtividade, intensificar a geração de inovação, obter economias de escala e ter seus ‘custos irreversíveis’ divididos, associando capacidades que uma empresa isolada não obteria (HASENCLEVER; TIGRE, 2002; RESENDE; GOMES, 2004). 4 Conclusão Através do potencial para criar economias de escala, inovações, possibilidades na entrada de pequenas empresas no comércio internacional e nacional e também na melhoria qualitativamente dos bens produzidos são vantagens competitivas derivadas dos APLs. Desse modo, as ações de desenvolvimento direcionadas para os APLs são fundamentais para o aumento da competitividade das unidades produtivas e o desenvolvimento socioeconômico da localidade, região e país. Também, as pequenas e médias empresas possuem um importante papel na transformação industrial e no desenvolvimento local. A integração dessas organizações nas aglomerações produtivas aumenta a capacidade de sobreviver e crescer no mercado, uma vez que se obtêm vantagem competitiva no mercado. Por fim, nota-se a importância desse contexto para facilitar a compreensão de como são desenvolvidos os arranjos produtivos locais. Como são iniciados e como as vantagens competitivas alavancam o desenvolvimento dos APLs e ocasionam benefícios para as localidades ou para as empresas que estão inseridas nessa região. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 86 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Referências AUN, M. P.; CARVALHO, A. M. A.; KROEFF, R. L. Aprendizagem Coletiva em Arranjos Produtivos Locais: um novo ponto para as políticas públicas de informação?. In: V Encontro Latino de Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura – ENLEPICC, 2005, Salvador, BA – Brasil. Anais do V Encontro Latino de Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura V ENLEPICC, 2005. CERVIERI, Cândida Maria. Desafios para uma Política Nacional de Apoio aos APLs. T&C Amazônia, ano VI, N. 15, p. 24-32, out. 2008. GARCEZ, Cristiane M. D’Ávila. Sistemas Locais de Inovação na Economia do Aprendizado: Uma Abordagem Conceitual. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, v. 7, n. 14, dez., 2000. IGLIORI, Danilo Camargo. Economia dos clusters industriais e desenvolvimento. São Paulo: Iglu: FAPESP, 2001. HASENCLEVER, L.; TIGRE, Paulo Bastos. Estratégias de Inovação. In: Lia Hasenclever; David Kupfer. (Org.). Economia Industrial – Fundamentos Teóricos e práticos no Brasil. 1 ed. Rio de Janeiro: editora Campus, 2002, p. 431-447. RESENDE, M. F. C.; GOMES, J. O. 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(versão preliminar). 87 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE A RECEITA E AS DESTINAÇÕES DO VALOR ADICIONADO DAS EMPRESAS DO SETOR FINANCEIRO E OUTROS, SEGMENTO: BANCOS, LISTADAS NA BM&FBOVESPA 1 Matiél Cherobini, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, RS, Brasil, [email protected] 2 Estevo Mateus Olesiak, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, RS, Brasil, [email protected] 3 Osmar Antonio Bonzanini, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, RS, Brasil, [email protected] RESUMO: Diante das novas exigências impostas pela sociedade quanto à responsabilidade social das organizações, e considerando a possibilidade destas evidenciarem através da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) seu comprometimento social, propôs-se a busca e análise do coeficiente de correlação entre a Receita e as destinações do Valor Adicionado das empresas do setor Financeiro e Outros, segmento: Bancos, listadas na BM&FBOVESPA de 2011 a 2014. A análise vinte e sete empresas, das quais, uma foi desconsiderada para o estudo por não apresentar as demonstrações individuais. Trata-se de uma pesquisa descritiva, classificada como documental e bibliográfica com análise de dados de forma qualitativa. Ao analisar os dados obtidos através da pesquisa, observa-se que a maior correlação apresentada é entre a Receita e distribuição de Pessoal. Por outro lado, não foi constatada correlação entre a Receita e Remuneração de Capital Próprio, além da evidência de que, face ao aumento da receita, houve uma elevação na remuneração de Pessoal e no gasto com Capitais de Terceiros. Palavras chave: Demonstração do Valor Adicionado, Empresas setor financeiro e outros segmento: Bancos, Correlação. ABSTRACT: Before the new requirements imposed by society as to social responsibility of organizations, and considering the possibility of these evidence through Value Added (DVA) its social commitment, it was proposed the search and analysis of the correlation coefficient between Revenue and allocations of Added Value of Financial sector companies and Others, segment: Banks, listed on the BM & FBOVESPA 2011-2014. Banks listed on BM & FBOVESPA from 2011 to 2014. Encompassing twenty-seven companies of which one was disregarded for the study for not presenting individual demonstrations. It is a descriptive research, classified as documentary and bibliographic in a qualitative way with data analysis. When analyzing the data obtained through research, it is observed that the greatest correlation is presented between the Revenue and distribution of personnel. On the other hand, was found no correlation between Revenue and of Remuneration of Equity, besides the evidence that, given the increase in revenue, there was an increase in the remuneration of personnel and spent on Third Capitals. Key-words: Demonstration of the Added Value, Financial sector companies and other segment: Banks, Correlation. 1 INTRODUÇÃO A contabilidade é uma ciência antiga, desde seus primeiros indícios de existência sabe-se que surgiu da necessidade de controlar o patrimônio, e vem desenvolvendo-se com o passar do tempo. A contabilidade atual é muito diferente de seus primeiros vestígios, porém sempre com um objetivo em comum: o controle patrimonial. A contabilidade se ramifica em diversas áreas, entre elas, a contabilidade pública, contabilidade gerencial, auditoria contábil, perícia contábil, planejamento tributário, contabilidade societária entre outras, sendo a contabilidade societária, a que se trabalha neste estudo. Com o desenvolvimento da sociedade nas últimas décadas, e entendendo as empresas como fundamentais para a evolução econômica, mas também social, do ambiente no qual estão inseridas, observa-se a valorização não apenas da capacidade de gerar riqueza, mas também de como é distribuída essa riqueza, como é a atuação social desta entidade. Atualmente, as empresas não devem buscar apenas resultados econômicos. Seus resultados devem estar diretamente relacionados ao seu desempenho social. No seu relacionamento com a sociedade existem obrigações, como, a criação e a manutenção de empregos, a contribuição para a formação profissional, a qualidade dos bens/serviços, os quais são importantíssimos, até mesmo, para garantir a continuidade da empresa. (DE LUCA, DA CUNHA, et al., 2009). Em decorrência do surgimento desta nova modalidade de relacionamento com a sociedade, surgem novos usuários das demonstrações contábeis e junto a estes a necessidade de informações Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 88 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 que melhor satisfaçam as suas demandas. Tais informações buscam demonstrar a atuação social das empresas junto às sociedades onde se encontram inseridas. Para De Luca, Da Cunha et al. (2009), tais usuários surgem a partir do desenvolvimento das próprias empresas e, também, da sociedade na qual se encontram inseridos. Juntamente com o desenvolvimento das empresas e da sociedade surgiram as demandas de informações e, com isso, a necessidade de uma nova estruturação da contabilidade para atender tais exigências. Com o surgimento desses novos usuários, cria-se também uma nova demanda de informações, momento em que surge o Balanço Social, sendo uma evolução dos relatórios contábeis, buscando demonstrar qual o comprometimento da empresa para com a sociedade na qual está inserida, posteriormente surge a DVA – Demonstração do Valor Adicionado. A mesma busca evidenciar o quanto a entidade contribui para o ambiente onde atua, sendo que o faz demonstrando quanto a empresa consegue adicionar aos produtos e serviços e como se distribuem os valores agregados. (TAIAROL, et al, 2011) [...] se manifesta a necessidade de se ter uma demonstração econômicofinanceira que propicie informações que resultem compreensíveis e transparentes a qualquer categoria de usuário, independente do grau de seus conhecimentos em matéria contábil. Assim surge a Demonstração do Valor Adicionado, doravante denominada DVA, que assume o papel de demonstração contábil complementar, visando a informar sobre a participação de todos os fatores econômicos que intervieram na criação de valor para a entidade e o conseqüente rateio desse valor entre esses mesmos agentes econômicos. (DA SILVA, DE SOUZA e SILVA, 2005) Objetiva-se através da elaboração deste estudo, buscar possíveis correlações existentes entre a evolução da Receita e a evolução de cada um dos indicadores da distribuição do Valor Adicionado, das empresas do setor Financeiro e Outros, segmento: Bancos, listadas na BM&FBOVESPA, para os períodos de 2011 a 2014. Através da análise estatística de correlação de Pearson busca-se identificar se existe relação entre os dados analisados, bem como o grau de acurácia existente nesta relação. 2 DESENVOLVIMENTO Contabilidade é uma ciência social que estuda, registra e evidencia os atos e fatos ocorridos em uma entidade, através de relatórios e demonstrações, proporcionando visibilidade à situação econômica e financeira das empresas, e como as mesmas se relacionam com a sociedade na qual estão inseridas. “A contabilidade é um instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa”. (MARION, 2009, p. 28). A contabilidade é uma ciência muito antiga, pois desde o princípio houve necessidade de se ter um controle dos patrimônios. Tendo como base de sua evolução a necessidade de aprofundamento. Desde o início sabe-se que a Contabilidade surge da necessidade de se ter um controle da situação econômica e financeira, sendo que esta é uma ciência muito antiga, que vem desenvolvendo seus métodos de maneira a conciliar com a evolução de sua dimensão e a complexidade dos fatos ocorridos (MARION, et al., 2012) Sendo a partir da necessidade de aprofundamento é que surgem novas demonstrações contábeis que buscam, também, demonstrar a importância das empresas no meio social, no qual estão inseridas. 2.1 DVA - Demonstração do Valor Adicionado A Demonstração do Valor Adicionado surgiu para possibilitar a mensuração do quanto uma empresa está comprometida com a sociedade e não apenas em remunerar o capital social. Na primeira parte desta demonstração é evidenciada toda a riqueza gerada pela mesma e transferida para esta. Na segunda parte da DVA, é demonstrada a destinação dos valores adicionados. Ainda para Scarpin, et al (2014) a divulgação das informações das atividades empresariais são tão importantes quando sua lucratividade e permanência no senário econômico, devendo essas informações darem subsidio a tomada de decisões dos diversos stakeholder abrangidos pela empresa. “Estreitamente relacionada com o conceito de responsabilidade social, a DVA surgiu para atender às necessidades de informações dos usuários sobre o valor da riqueza criada pela entidade e sua respectiva utilização”. (DE LUCA, DA CUNHA, et al., 2009, p. 30). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 89 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 De acordo com o Comitê de Pronunciamento Contábil - CPC 09, “A DVA deve proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis informações relativas à riqueza criada pela entidade em determinado período e a forma como tais riquezas foram distribuídas”. A DVA passou a ser obrigatória, a partir do exercício de 2008, em decorrência da lei 11.638/07, sendo regulamentada pelo CPC 09. A mesma é obrigatória para as sociedades de capital aberto S.A. e para as empresas caracterizadas como de grande porte pela referida lei. [...] No Brasil, não havia a obrigatoriedade de elaboração e publicação da demonstração do valor adicionado (DVA) até o ano de 2007. Com o advento da Lei 11.638/07, ela passou a integrar o rol de demonstrações obrigatórias para as sociedades de capital aberto e para as empresas abrangidas no conceito de empresa de grande porte introduzida por aquela lei, a partir do exercício de 2008. (MAZZIONI, DIEL, et al., 2013). Conforme CPC 09 (2008), para elaboração da DVA parte-se de seu início apresentando de forma detalhada as riquezas geradas pela entidade, sendo ela composta pela receita da venda de mercadorias, produtos e serviços, considerando-se junto os valores relativos aos tributos, outras receitas e da constituição ou reversão da provisão para créditos de liquidação duvidosa. Desses diminuem-se os insumos adquiridos de terceiros os quais compreendem o custo dos produtos, mercadorias e dos serviços vendidos; materiais, energia, serviços de terceiros e outros; perda e recuperação de valores de ativos; depreciação, amortização e exaustão. E na sequencia adicionam-se os valores recebidos em transferência compreendido por resultado de equivalência patrimonial; receitas financeiras e investimentos avaliados ao custo, alugueis e direitos de franquia. Encontrando-se assim o Valor Adicionado. Numa visão contábil, a definição de valor adicionado é avaliação das transações econômicas, num ambiente único, ou seja, na empresa. Neste ambiente, o valor adicionado é a diferença entre as vendas e os consumos intermediários (compras a outras empresas), num determinado período. (DA SILVA, COSTA, et al., 2012) Conforme CPC 09 (2008), a DVA está fundamentada em conceitos macroeconômicos, devendo apresentar o valor adicionado eliminando a dupla-contagem, demonstrando o quanto a entidade contribui na formação do Produto Interno Bruto. O calculo do PIB para a Ciência Contábil não utiliza-se do mesmo critério temporal que o calculo do PIB para a Ciência Econômica, onde a contabilidade utiliza-se do principio da realização da receita no calculo do PIB, sendo considerado apenas os valores já realizados, e a Economia utiliza-se da produção para o calculo do PIB não havendo a necessidade da realização da respectiva receita para a composição do PIB. Existem, todavia, diferenças temporais entre os modelos contábil e econômico no cálculo do valor adicionado. A ciência econômica, para cálculo do PIB, baseia-se na produção, enquanto a contabilidade utiliza o conceito contábil da realização da receita, isto é, baseia-se no regime contábil de competência. Como os momentos de realização da produção e das vendas são normalmente diferentes, os valores calculados para o PIB por meio dos conceitos oriundos da Economia e os da Contabilidade são naturalmente diferentes em cada período. Essas diferenças serão tanto menores quanto menores forem as diferenças entre os estoques inicial e final para o período considerado. Em outras palavras, admitindo-se a inexistência de estoques inicial e final, os valores encontrados com a utilização de conceitos econômicos e contábeis convergirão. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2008). Conforme Scarpin, et al., (2014) A função principal desta demonstração consiste na disponibilização e divulgação do valor adicionado distribuído para cada um dos agentes responsáveis por sua conquista, apresentando os valores distribuídos a cada um dos responsáveis pela conquista da riqueza na organização. A divulgação desses valores deve ser feita em pelo menos nos seguintes grupos: Pessoal e encargos; Remuneração direta - representada pelos valores relativos a salários, 13º salário, honorários da administração (inclusive os pagamentos baseados em ações), férias, comissões, horas extras, participação de empregados nos resultados, etc. Benefícios - representados pelos valores relativos a assistência médica, alimentação, Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 90 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 transporte, planos de aposentadoria etc. FGTS – representado pelos valores depositados em conta vinculada dos empregados. Impostos, taxas e contribuições; Federais – inclui os tributos devidos à União, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Estados, Municípios, Autarquias etc., tais como: IRPJ, CSSL, IPI, CIDE, PIS, COFINS. Inclui também a contribuição sindical patronal. Estaduais – inclui os tributos devidos aos Estados, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Municípios, Autarquias etc., tais como o ICMS e o IPVA. Municipais – inclui os tributos devidos aos Municípios, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte às Autarquias, ou quaisquer outras entidades, tais como o ISS e o IPTU. Remuneração de Capitais de Terceiros; Juros - inclui as despesas financeiras, inclusive as variações cambiais passivas, relativas a quaisquer tipos de empréstimos e financiamentos junto a instituições financeiras, empresas do grupo ou outras formas de obtenção de recursos. Inclui os valores que tenham sido capitalizados no período. Aluguéis - inclui os aluguéis (inclusive as despesas com arrendamento operacional) pagos ou creditados a terceiros, inclusive os acrescidos aos ativos. Outras - inclui outras remunerações que configurem transferência de riqueza a terceiros, mesmo que originadas em capital intelectual, tais como royalties, franquia, direitos autorais, etc. Remuneração de Capitais Próprios. Juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos - inclui os valores pagos ou creditados aos sócios e acionistas por conta do resultado do período, ressalvando-se os valores dos JCP transferidos para conta de reserva de lucros. Devem ser incluídos apenas os valores distribuídos com base no resultado do próprio exercício, desconsiderando-se os dividendos distribuídos com base em lucros acumulados de exercícios anteriores, uma vez que já foram tratados como “lucros retidos” no exercício em que foram gerados. Lucros retidos e prejuízos do exercício - inclui os valores relativos ao lucro do exercício destinados às reservas, inclusive os JCP quando tiverem esse tratamento; nos casos de prejuízo, esse valor deve ser incluído com sinal negativo. As quantias destinadas aos sócios e acionistas na forma de Juros sobre o Capital Próprio – JCP, independentemente de serem registradas como passivo (JCP a pagar) ou como reserva de lucros, devem ter o mesmo tratamento dado aos dividendos no que diz respeito ao exercício a que devem ser imputados. Desta maneira, a DVA possibilita a visualização de todos os benefícios, ou, até mesmo, os malefícios relativos à participação das empresas no ambiente em que estão inseridas, visto que esse instrumento apresenta uma relação estreita com a responsabilidade social das empresas. (MACOHON, et al., 2013) 2.2 Coeficiente de correlação Correlação é a relação existente entre duas variáveis que estão relacionadas de algum modo. “Existe uma correlação entre duas variáveis quando os valores de uma variável estão relacionados, de alguma maneira, com os valores de outra variável.” (TRIOLA, 2013, p. 416). O coeficiente de correlação é um método estatístico que mede se há relação e qual a força desta entre duas variáveis, onde uma das variáveis é independente e a outra é dependente. “[...] A análise de correlação tenta medir a força de tais relações entre duas variáveis por meio de um único número chamado de coeficiente de correlação.” (WALPOLE, MYERS, et al., 2009, p. 275). O coeficiente de correlação vai de -1 a 1 sendo que quanto mais distante de zero, mais forte é a correlação existente, quando negativa é inversamente proporcional e quando positiva diretamente proporcional. O coeficiente de Person é um dos mais usualmente utilizados, tendo seu valor representado por r, sendo r compreendido entre -1 < r < 1. (BISQUERRA, SARRIERA e MARÍNEZ, 2004). Para Triola (2013), os resultados do coeficiente de correlação 0,811 e -0,811 são valores críticos, sendo que quando o coeficiente está entre estes valores não há nenhuma correlação, e quando está além destes valores há correlação. 3 METODOLOGIA A metodologia estabelecida para este estudo quanto aos seus objetivos é descritiva, pois visa analisar e interpretar os fatos pesquisados. “O processo descritivo visa a identificação, registro e Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 91 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 análise das características, fatores ou variáveis que se relacionam com o fenômeno ou processo.” (JUNG, 2004, p. 152). Quanto aos procedimentos, o estudo classifica-se como pesquisa documental e bibliográfica, pois o mesmo utiliza dados ainda não analisados. Assim como a maioria das tipologias, a pesquisa documental pode integrar o rol de pesquisas utilizadas em um mesmo estudo ou caracteriza-se como o único delineamento utilizado para tal. Sua notabilidade é justificada no momento em que se podem organizar informações que se encontram dispersas, conferindo-lhe uma nova importância como fonte de consulta. (BEUREN, LONGARAY, et al., 2009, p. 89). Quanto à abordagem do problema, o estudo define-se como qualitativo por buscar entender como o resultado da pesquisa interfere no meio social no qual as entidades estudadas estão inseridas. [...] abordar um problema qualitativamente pode ser uma forma adequada para conhecer a natureza de um fenômeno social. [...] (RICHARDSON apud BEUREN, LONGARAY, et al., 2009, p. 92). Para o desenvolvimento deste estudo, definiram-se como população as empresas do setor: Financeiro e Outros, segmento: Bancos, listadas na BM&F BOVESPA, compreendendo um total de vinte e sete entidades. Utilizou-se como amostra as DVA’s individuais dos períodos de 2011, 2012, 2013 e 2014, não sendo consideradas neste estudo as demonstrações do Banco Patagonia S.A. por apresentar apenas as demonstrações consolidadas. A amostra utilizada ficou composta por vinte e seis empresas, as quais são listadas na tabela 1. TABELA 1 - Empresas que compõe a amostra do estudo Razão Social Nome de Pregão Segmento Alfa Holdings S.A. ALFA HOLDING Tradicional Banestes S.A. - BCO Est Espirito Santo BANESTES Tradicional BCO ABC Brasil S.A. ABC BRASIL Nível 2 BCO Alfa de Investimento S.A. ALFA INVEST Tradicional BCO Amazonia S.A. AMAZONIA Tradicional BCO Bradesco S.A. BRADESCO Nível 1 BCO Brasil S.A. BRASIL Novo Mercado BCO BTG Pactual S.A. BTGP BANCO Tradicional BCO Daycoval S.A. DAYCOVAL Nível 2 BCO Estado de Sergipe S.A. – Banese BANESE Tradicional BCO Estado do Para S.A. BANPARA Tradicional BCO Estado do Rio Grande do Sul S.A. BANRISUL Nível 1 BCO Industrial e Comercial S.A. BICBANCO Nível 1 BCO Indusval S.A. INDUSVAL Nível 2 BCO Mercantil de Investimentos S.A. MERC INVEST Tradicional BCO Mercantil do Brasil S.A. MERC BRASIL Tradicional BCO Nordeste do Brasil S.A. NORD BRASIL Tradicional BCO Pan S.A. BANCO PAN Nível 1 BCO Pine S.A. PINE Nível 2 BCO Santander (Brasil) S.A. SANTANDER BR Tradicional BCO Sofisa S.A. SOFISA Nível 2 BRB BCO de Brasilia S.A. BRB BANCO Tradicional Consorcio Alfa de Administracao S.A. ALFA CONSORC Tradicional Itau Unibanco Holding S.A. ITAUUNIBANCO Nível 1 Itausa Investimentos Itau S.A. ITAUSA Nível 1 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 92 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Parana BCO S.A. PARANA Nível 1 Fonte: Dados da pesquisa Ficou estabelecido para este estudo, a busca de tendências na forma que as empresas distribuem o seu valor adicionado, qual o destino de valor adicionado de acordo com a evolução da receita, para encontrar tal evidência utilizou-se coeficiente de correlação de Person, desenvolvido em planilhas eletrônicas (Excel) para identificar possíveis correlações entre a evolução da receita e a variação de cada uma das destinações do valor adicionado. Na analise dos resultados e conclusão utiliza-se o coeficiente de correlação 0,811 e -0,811 como valores críticos, quando o coeficiente está entre estes valores não há nenhuma correlação, e quando está além destes valores há correlação, conforme a classificação de Triola (2013). 4 RESULTADO E DISCUSSÕES De posse das DVA’s das empresas, foram extraídos os itens 1 – Receitas e 8.1 – Distribuição do valor com pessoal, sendo aplicado o coeficiente de correlação através de fórmulas desenvolvidas em planilha eletrônica (Excel) sendo a variável independente da receita e a variável dependente da distribuição do valor com pessoal. Os mesmos critérios foram utilizados para análise dos demais itens de distribuição do valor adicionado: 8.2 Impostos, taxas e contribuições; 8.3 Remuneração de capitais de terceiros; 8.4 Remuneração de Capitais Próprios, onde em todos os casos a receita fica estabelecida como variável independente. Aplicou-se o coeficiente de correlação nas empresas da amostra, por grupos de segmento, onde obteve-se estes dos segmentos tradicionais, nível 1 e nível 2, não foi desenvolvidos os cálculos do segmento Novo Mercado eis que há apenas uma empresa neste segmento a BCO BRASIL S.A. Observou-se um maior índice de correlação na distribuição de valor para pessoal no setor nível 1 TABELA 2 - Coeficientes de Correlação por Segmento Distribuição Tradicional Nível 1 Nível 2 Pessoal 0,982 0,996 0,885 Impostos, taxas e contribuições 0,926 0,179 0,875 Remuneração de capitais de terceiros 0,983 0,995 0,757 Remuneração de Capitais Próprios 0,757 0,583 0,877 Fonte: Elaborado pelos autores Os resultados evidenciados na tabela 2 demostram que de acordo com a classificação de Triola (2013) a distribuição para Impostos taxas e contribuições apresenta correlação no segmento tradicionais e nível 2, não apresentado correlação no segmento nível 1, sendo assim não foi possível identificar o motivo de tal variação, demonstrando que o nível de governança corporativa não interfere nas correlações existentes ou não quando a distribuição de impostos taxas e contribuições. A distribuição para pessoal possui correlação tanto no segmento tradicionais, nível 1 e nível 2, possuindo forte correlação nos 3 segmentos com uma variação percentual de 12,54% entre o segmento nível 1 que apresenta a correlação mais forte e nível 2 que apresenta a correlação mais fraca, a pequena alteração nesse índice de correlação fortalece ainda mais a correlação demonstradas na distribuição com valores de pessoal tomando-se por variável independente o faturamento. Remuneração de capitais de terceiros apresenta correlação com a receita nos segmentos tradicionais e nível 1, não tendo correlação no nível 2, onde uma das possíveis explicações para não haver correlação no nível 2 esteja no fato de que quanto mais transparente e com melhor nível de governança corporativa a empresa possuir, melhores linhas de financiamentos podem ser obtidas junto a terceiros, exigindo desta maneira menores dispêndios de valores para tal. Já a remuneração de capitais próprios não apresenta correlação nos níveis tradicionais e nível 1, apresentado correlação apenas no nível 2. Demonstrando maior capacidade de remuneração de capitais próprios as empresas que possuem melhor nível de governança, logo as empresas que tem menores dispêndios para com o capital de terceiros podem potencializar as distribuição ao capital próprio. Em um conteste mais amplo a tabela seguinte apresenta o resultado dos coeficientes de correlação de todas as empresas da amostra para este estudo juntas, não havendo separação devido ao seu segmento. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 93 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 TABELA 3 - Coeficientes de Correlação da amostra Distribuição Correlação Pessoal 0,990 Impostos, taxas e contribuições 0,801 Remuneração de capitais de terceiros 0,907 Remuneração de Capitais Próprios 0,717 Fonte: Elaborado pelos autores Encontra-se correlação entre a evolução da Receita e a distribuição de valores para Pessoal e Remuneração de Capitais de Terceiros, sendo o que apresenta um maior índice de correlação a distribuição valores para pessoal 0,990, muito próximo a uma correlação perfeita, demonstrando a forte ligação entre esses dois fatores. Já a correlação com a remuneração de capitais de terceiros não é tão forte quanto a anterior, mas também demonstra uma ligação entre os fatores, sendo que a mesma ficou em 0,907. Não há correlação entre as Receitas e os seguintes itens: Impostos, Taxas e Contribuições e Remuneração de Capitais próprios, sendo que estes não possuem uma ligação tão direta quanto a dos anteriores, onde o item Impostos, taxas e contribuições apresenta um índice de correlação de 0,801. A remuneração de Capitais Próprios é o que apresenta o pior desempenho com relação à receita, apresentando um índice de correlação de 0,717. 5 CONCLUSÃO Ao analisar os dados obtidos através da pesquisa, a maior correlação apresentada é entre a Receita e distribuição de Pessoal, onde uma correlação quase perfeita demonstra o quanto esses fatores estão ligados. Tornando evidente que, à medida que aumentam seu faturamento, as empresas passam a repassar maiores valores no quesito distribuição de pessoal. O índice de correlação entre a Receita e a Remuneração de Capitais de Terceiros de 0,907 permite concluir que para a ampliação do faturamento, torna-se necessária a busca por uma maior estrutura de mercado. O índice de correlação entre a Receita e a Remuneração de Capitais Próprios, segundo a classificação de Triola (2013), não apresenta correlação, sendo a ligação existente entre esses fatores muito fraca, demonstrando que os valores destinados ao capital próprio são aqueles que restam das demais distribuições. A principal conclusão está na evidência clara de que com o aumento da Receita há um aumento na remuneração de Pessoal e remuneração de Capitais de Terceiros. REFERÊNCIAS BEUREN, I. M. et al. Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade. 3ª. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009. 200 p. BISQUERRA, R.; SARRIERA, J. C.; MARÍNEZ, F. Introdução à Estatística: enfoque informático como pacote estetístico SPSS. Porto Alegre: Artmed, 2004. 255 p. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 09 Demonstração do Valor Adicionado. Disponivel em: <http://www.finom.edu.br/cursos/arquivos/20115591423.pdf>. Acesso em: 12 maio 2014. DA SILVA, A. F. et al. Comprometimento social de empresas nordestinas – Um estudo da Demonstração do Valor Adicionado à luz do termômetro de Kanitz, 2012. Disponivel em: <http://www.seer.ufal.br/index.php/registrocontabil/article/view/697/429>. Acesso em: 19 maio 2015. DE LUCA, M. M. M. et al. Demonstração do Valor Adicionado do Cálculo da Riqueza Criada Pela Empresa ao Valor do PIB. 2ª. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009. 163 p. JUNG, C. F. Metodologia Para Pesquisa & Desenvolvimento Aplicada a Novas Tecnologias, Produtos e Processos. Rio de Janeiro: Axel Books do Brasil Editora, 2004. 312 p. MACOHON, E. R.; DALLABONA, L. F.; SCARPIN, J. E. Distribuição do valor adicionado em entidades do terceiro setor classificadas como organizações da sociedade sivil de interesse público OSCIP, 2013. Disponivel em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_187_062_22416.pdf>. Acesso em: 01 set. 2015. MARION apud DA COSTA, G. H. F. et al. Análise dos Indicadores Contábeis para Estimativa de Retorno de Aplicações: Estudo Empírico Realizado com as Ações das Instituições Bancarias Listadas na Bolsa de Valores de São Paulo. 2013. Disponivel em: <http://www2.unemat.br/nepec/ruc/RUC_V2_N3_006.pdf>. Acesso em: 20 maio 2014. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 94 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 MARION, J. C. Contabilidade Básica. 10ª. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009. 272 p. ______. Normas e Práticas Contábeis. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2012. 480 p. MAZZIONI, S. et al. Análise dos Indicadores de Valor Adicionado das Empresas Participantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) Comparados às Demais Empresas Listadas na Bm&Fbovespa. 2013. Disponivel em: <http://www.contextus.ufc.br/index.php/contextus/article/view/527>. Acesso em: 12 maio 2014. MORANTE, S. A. Análise das Demonstrações Financeiras: Aspectos Contábeis da Demonstração de Resultado e do Balanço Patrimonial. São Paulo: Atlas S.A., 2009. 136 p. RICHARDSON apud BEUREN, I. M. et al. Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade. 3ª. ed. São Paulo: Atlas S.A., 2009. SCARPIN, J. E. et al. Valor adicionado e lucratividade das empresas listadas na revista Exame maiores e melhores do período de 2007-2010, 2014. Disponivel em: <http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/recfin/article/view/19351>. Acesso em: 2015 set. 01. TAIAROL, S. M.; RAIMUNDINI, S. L.; BEHR, A. 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São Paulo: Editora Afiliada, 2009. 498 p. 95 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA MENTALIDADE ENXUTA EM UMA ESPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS Clairton Bassin Pivoto Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus Santo Ângelo, URI, RS, Brasil [email protected] Francine Minuzzi Görski Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus Santo Ângelo, URI, RS, Brasil [email protected] Patricia Bellé Diel, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus Santo Ângelo, URI, RS, Brasil, [email protected] Lucélia Ivonete Juliani Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus Santo Ângelo, URI, RS, Brasil [email protected] RESUMO: O presente artigo aborda o tema Mentalidade Enxuta, aplicado a uma empresa prestadora de serviços contábeis. Busca-se, através do mesmo, analisar o fluxograma da realização da contabilidade com base nos princípios da mentalidade enxuta, verificando os processos e a forma como estavam sendo realizados. Realizou-se através de levantamento bibliográfico do tema, bem como construção do fluxograma e analise do mesmo. Com isto, pode-se perceber que há diversos gargalos na empresa estudada e com a implantação dos princípios da mentalidade enxuta, aceleraria o processo, evitaria o retrabalho, bem como, reduziria de maneira significativa os custos da prestadora de serviços. Palavras-chave: Just-in-time; Mentalidade Enxuta; Gestão da produção. ABSTRACT: This article is about Lean Thinking applied to a company providing accounting services. Seeks, through it, analyze the flow chart of conducting of accounting based on the principles of lean thinking by verifying the processes and the way they were being held. It took place through literature theme, as well as construction of the flow chart and analyze the same. With this, one can see that there are several bottlenecks in the studied company and implement the principles of lean thinking, speed up the process, avoid rework and would reduce significantly the cost of providing services. Keywords: Just-in-time; Lean Thinking; Production management. 1 Introdução No contexto marcado pela globalização mercantil, as empresas, sejam elas de qualquer porte, vêm buscando melhorias em seus processos. Para tanto, acredita-se que o sistema de produção enxuta se ajuste a tais necessidades, pois, segundo Ghinato (2000), tal sistema é “uma filosofia de gerenciamento que procura otimizar a organização de forma a atender as necessidades do cliente no menor prazo possível, na mais alta qualidade e ao mais baixo custo”. Sendo assim, pensou-se na utilização deste modelo, pois acredita-se ser o que mais atende as necessidades da empresa em questão. Sabe-se que a Mentalidade Enxuta é proveniente do sistema Just in Time, que prevê uma maior sistematização nos processos de produção, visando melhoria contínua dos processos através da eliminação de perdas e com foco no cliente. Portanto, pretende-se com este artigo, em um primeiro momento desenhar o fluxograma com as atividades desenvolvidas em um escritório contábil, para e um segundo momento, realizar uma análise no mesmo, levando em consideração alguns princípios da mentalidade enxuta, buscando a melhoria nos fluxos de informação que podem vir a contribuir para uma melhor gestão de processos do referido escritório contábil. O presente artigo foi dividido em quatro partes, na primeira delas foi proposta uma revisão literária, buscando compreender alguns aspectos históricos que culminaram na criação do sistema de gestão da produção conhecido hoje como Just in Time, bem como apresentar alguns dos princípios que norteiam tal sistema de gestão da produção. Em um segundo momento foi apresentado alguns aspectos metodológicos que nortearam o presente trabalho. Logo após foi proposta a criação de um fluxograma, que contemplasse todos os processos desenvolvidos no escritório contábil em questão, para posterior análise do mesmo, baseado nos princípios da mentalidade enxuta, visando melhoria nos fluxos de informação e buscando contribuir para uma melhor gestão dos processos. E, para finalizar, foi realizada uma análise do fluxograma criado, levando em consideração os princípios da mentalidade enxuta, apresentado algumas conclusões obtidas a partir do referido trabalho, visando a eliminação dos processos que não agregam valor ao produto final, buscando, com isso, uma vantagem competitiva para a empresa. 2 Revisão Literária 2.1 Do Modelo Toyota aos Dias Atuais Na década de 50, o Japão, acabado de sair derrotado da Segunda Grande guerra, via sua economia devastada, o país se encontrava em um cenário de escassez de recursos. A indústria vivia um período de demanda baixa e variada, os esforços da sociedade e do setor industrial estavam Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 96 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 voltados para a retomada da atividade industrial, fato este que, segundo Corrêa e Corrêa foram “as sementes do desenvolvimento do Just in Time” (2012, P.15). Tais esforços estavam concentrados principalmente na indústria automobilística, pois segundo o mesmo autor, no Japão pós guerra a indústria automobilística estava no centro das políticas públicas para a reestruturação industrial do país. Tais fatos históricos, aliados a e escassez de recursos fizeram com que os engenheiros da Toyota aperfeiçoassem o modelo de produção em série proposto por Henry Ford, conhecido como Fordismo o qual, segundo Corrêa e Corrêa “trouxe, em escala nunca antes tentada, para o ambiente industrial os princípios da administração científica”, (2012, P.12), porém os engenheiros perceberam que este modelo não se adequaria a realidade do país e não trariam os resultados esperados, pois o modelo de Ford produzia em grande quantidade, mas com pouca variedade. Ao estudar os resultados de produtividade alcançados através do sistema de produção proposto por Henry Ford, os engenheiros Japoneses acabaram por se perguntar “será mesmo que um americano é capaz de um esforço físico 10 vezes maior do que um trabalhador japonês?” (CORRÊA; CORRÊA, 2012, P.592), sabedores de que um americano não seria capaz de tal esforço físico, os engenheiros chegaram a conclusão de que “os japoneses estavam desperdiçando alguma coisa” (CORRÊA; CORRÊA, 2012, P.592), porém o que não poderia ocorrer em um país devastado pela guerra e com recursos tão escassos, seria o desperdício, portanto esta se tornou a questão central do Sistema Toyota de Produção, que mais tarde veio a ser chamado de Just in Time. Este sistema objetiva a sistematização da produção visando uma maior produtividade em menor tempo possível, segundo Womack (2004), “produção enxuta utiliza menores quantidades de tudo em comparação a produção em massa”, mas, mesmo assim, acaba por “produzir uma maior e sempre crescente variedade de produtos”. Os fundamentos deste Sistema de Produção são baseados em quatro fatores, os quais podemos descrever por: como as pessoas realizam seu trabalham; como as pessoas se vinculam; como é constituída a linha de produção; e o que fazer para melhorar continuamente. Portanto, os objetivos fundamentais desse sistema são a qualidade e a flexibilidade do processo, com a finalidade de ampliar sua capacidade de produzir e competir nesse cenário globalizado, para tanto se faz necessário colocar duas metas acima de quaisquer outras: a melhoria contínua e o incessante ataque a qualquer tipo de desperdício que possa vir a ocorrer em um processo produtivo. Atualmente, o sistema de produção enxuta não é mais exclusividade de empresas de manufaturas, mas se estendem aos mais diversos tipos de setores, porém “a tarefa de transpor os conceitos da linha de montagem para o escritório não é simples” (CORRÊA; CORRÊA, 2012, P.590), pois visualizar tais processos em uma fábrica, por exemplo, onde abrange matéria prima e máquinas é uma tarefa mais fácil, porém “enxergar o processamento de algo intangível, como a informação, é bem mais difícil” (CORRÊA; CORRÊA, 2012, P.590), certos disso, foi pensando na possibilidade da implementação deste sistema em um escritório que presta serviços de contabilidade, como uma vantagem competitiva. Segundo Porter (1989), as empresas criam vantagem competitiva percebendo ou descobrindo maneiras novas e melhores de competir numa indústria e levando-as ao mercado, o que em última análise constitui ato de inovação. 3 Metodologia A presente pesquisa se deu em três fases, sendo que a primeira delas consistiu de um levantamento bibliográfico, a fim de se analisar o que vem sendo produzido sobre o tema da mentalidade enxuta, com o intuito de se elencar as bases teóricas do presente artigo, pois segundo Gil (2010 P.29). Praticamente toda pesquisa acadêmica requer em algum momento a realização de trabalho que pode ser caracterizado como pesquisa bibliográfica. Tanto é que, na maioria das teses e dissertações desenvolvidas atualmente, um capítulo ou seção é dedicado a revisão bibliográfica (...) com o propósito de fornecer fundamentação teórica ao trabalho, bem como a identificação do estágio atual do conhecimento referente ao tema”. Em um segundo momento, foi elaborado um fluxograma das atividades desenvolvidas na empresa, mapeando todos os processos envolvidos para realização da análise dos possíveis desperdícios dentro do processo. Entende-se por fluxograma “a representação gráfica de modelos ou símbolos previamente convencionados ou distribuídos de forma hierárquica ou sequencial (...) onde (...) é possível descrever o fluxo”. (HARADA; FREITAS; GREEF, 2013, p. 4). Foi pensado na Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 97 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 elaboração do fluxograma, pois acredita-se que o mesmo permite uma visualização geral do conjunto, podendo contribuir para uma melhoria nas atividades. E para finalizar, propomos a análise do presente fluxograma, baseados no modelo de Produção Enxuta, visando a eliminação dos processos que não agregam valor ao produto final, buscando, com isso, uma vantagem competitiva para a empresa. 4 Caracterização da empresa A empresa está situada em município do interior do Estado do Rio Grande do Sul, que possui aproximadamente, 49.000 habitantes. A empresa estudada foi fundada no ano de 1982 e tem como atividade principal a prestação de serviços contábeis. Ela está enquadrada como Microempresa, que, o conforme o art. 3 , I, da LC 123/2006, possuindo receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais). A empresa é subdividida em setores: Departamento Pessoal, Financeiro, Contábil e Fiscal. Os colaboradores não fazem todo o serviço de determinada empresa, mas o serviço correspondente ao seu departamento. O quadro de colaboradores da empresa estudada conta é formado por 14 funcionários, sendo distribuídos da seguinte forma: um no departamento financeiro; dois no departamento pessoal, dois office boys, três no departamento contábil e seis no departamento fiscal. 5 Elaboração do fluxograma A partir deste momento apresentar-se-á como se deu a elaboração do fluxograma da referida empresa, descrevendo as atividades desenvolvidas pela mesma, mais especificamente no que se refere a atividade de contabilidade de uma empresa. A escolha dessa atividade se deu por, segundo Corrêa e Corrêa (2012, p. 590), “é fácil visualizar processos que envolvem matérias-primas, máquinas e produtos, [...] enxergar o processamento de algo intangível, como a informação, é bem mais difícil”. Portanto optou-se por desenvolver o fluxograma de uma das atividades e, não de todas, a fim de facilitar na compreensão do mesmo. Em um primeiro momento conversou-se com os sócios em relação a possível implementação da mentalidade enxuta e os mesmos aceitaram o desafio, visto que o mercado está em constante crescimento e repleto de mudanças, sendo imprescindível o acompanhamento para que esteja consolidado no mercado, neste momento. Para elaborar o fluxograma, foi necessário supervisionar toda a metodologia utilizada pela empresa, onde, pode-se perceber, que não se sabe o início do processo, visto que as atividades estão todas vinculadas. Está sendo especificada somente a atividade de realizar a contabilidade de uma empresa, onde o primeiro passo é de responsabilidade do Departamento Pessoal. O departamento pessoal da empresa estudada, é composto por duas funcionárias e ambas fazem a mesma coisa. Sendo assim, elas devem estar com as folhas de pagamentos prontas até o início do mês subsequente, em virtude de os clientes retirarem para que possam efetuar o pagamento das obrigações salariais até o quinto dia útil do mês. Nesta etapa verificou-se um gargalo da produção do serviço, que refere-se ao retrabalho, pois os clientes não informam, com antecedência, as modificações da folha de pagamento para o próximo mês, gerando, assim, um retrabalho e um desperdício de tempo e material. Outra observação foi que os clientes solicitam a guia para pagamento em dia específico e, por motivos próprios, acabam não fazendo o pagamento no dia, devendo a colaboradora gerar outra guia para outro dia de pagamento, gerando o mesmo retrabalho e o mesmo desperdício. Após a folha de pagamento pronta, o funcionário responsável pelas entregas, o office-boy, realiza a entrega de todas as folhas, nos respectivos clientes. Gerando, assim, um custo enorme com combustível e tempo do colaborador, quando há o retrabalho. O próximo passo está relacionado aos documentos fiscais, para que sejam lançados no sistema e realizada a contabilidade, posteriormente. Conforme percebeu-se, é de conhecimento de todos os clientes que estejam com os documentos fiscais prontos até, no máximo, o dia 10 de cada mês, para que o office-boy possa buscar e o colaborador responsável fazer o devido lançamento. Então, o colaborador responsável pelo lançamento dos documentos fiscais de determinada empresa, entra em contato, via telefone, com o cliente, para solicitar os documentos. A partir do momento em que o cliente diz que os documentos estão prontos a serem retirados, o office-boy da empresa prestadora de serviços vai busca-los. Como foi mencionado, até o dia 10, os colaboradores pretendem estar com os documentos todos em mãos, porém muitos clientes não respeitam este prazo, sendo necessário insistir nas ligações, gerando assim desperdícios de tempo e, dinheiro com as ligações. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 98 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Sabe-se que, quanto à tributação, as datas de recolhimentos de tributos são diversificadas, elas variam de acordo com o regime tributário escolhido. Assim, a empresa estudada, tem um critério de fazer o lançamento dos documentos fiscais das empresas que são optantes pelo Simples Nacional, que o vencimento é do dia 15 de cada mês, e, posteriormente, efetua os lançamentos das optantes pelo Lucro Presumido ou Real. Em relação as guias de recolhimento, não é o mesmo colaborador responsável pela apuração do imposto e por gerar a guia de recolhimento. No que se refere ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, há dois colaboradores responsáveis por todas as empresas; quanto a guia de Simples Nacional, é somente uma colaboradora; quanto à apuração de Pis, Cofins, Imposto sobre a Renda e Contribuições, são mais dois colaboradores responsáveis por estes. Após a apuração de todos os impostos, os responsáveis por cada empresa, devem atualizar a contabilidade, lançamento as variações ocorridas naquele período. O encerramento do exercício só ocorre no final do ano, onde também é feito pelos responsáveis de cada empresa. Em resumo, este é o funcionamento da empresa, no que se refere à atividade de Contabilidade. Para ficar melhor explicado, segue o fluxograma de cada passo para que esta atividade seja realizada. No dia 02 de cada mês as folhas de pagamento devem estar prontas. Folha de Pagamento Responsável pela Empresa Ligar Clientes p/ Buscar Docs Contabilidade Office-Boy Recolher os documentos para a Contabilidade Depto. Fiscal Lançamento das Notas Fiscais Apurar Tributos O tempo despendido depende de cada empresa, conforme o movimento e quantidade de documentos fiscais. Guias ICMS V Depto. Pessoal 2 colaboradores responsáveis Guias PIS/ COFINS IR Contribuições 2 colaboradores responsáveis V Responsável pela Empresa Contabilidade SIMPLES 1 colaborador responsável 6 Análise do fluxograma pela ótica da mentalidade enxuta A partir deste momento propor-se-á análise do fluxograma apresentado anteriormente, contendo as atividades desenvolvidas na referida empresa, baseados nos princípios da mentalidade enxuta. Levando em consideração os princípios “centrais” da mentalidade enxuta, os quais se caracterizam pela busca da “melhoria contínua e o ataque incessante aos desperdícios” (CORRÊA; Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 99 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 CORRÊA, 2012, p. 593), podemos perceber que, em duas atividades desenvolvidas na referida empresa, existem desperdícios de tempo de pessoal envolvido, bem como de custos, relacionados ao fato de que, em algumas situações apresentadas, alguns funcionários terem que refazer algumas tarefas gerando assim custos adicionais ao processo, os quais não agregam valor ao produto final. Pode-se perceber este retrabalho na etapa da elaboração das folhas de pagamento, onde verificamos um gargalo o qual se apresenta, devido ao fato de alguns clientes não informarem, com antecedência, as modificações da folha de pagamento para o próximo mês, gerando, assim, um retrabalho e um desperdício de tempo e material. Também em relação as folhas salariais, constatouse outro custo envolvido na elaboração das mesmas, além do retrabalho citado anteriormente, e que poderia ser evitado se o cliente informasse, com antecedência, as modificações da folha, que se deve ao custo em combustível e, com o office-boy que deve refazer o percurso para entregar as folhas novamente ao cliente em questão. Outro gargalo visível no fluxograma em questão está relacionado ao fato de alguns clientes não respeitam o prazo de entrega de alguns documentos, sendo necessário algum funcionário insistir nas ligações para o cliente em questão, a fim de que o mesmo envie tais documentos, gerando assim desperdícios de tempo do colaborador que, poderia estar desenvolvendo outra função, mas necessita estar ligando para os clientes solicitando o envio dos documentos. Além do desperdício de tempo mencionado anteriormente, pode-se perceber também o desperdício em dinheiro gasto com as ligações feitas aos clientes e, que não necessitariam ser feitas se o cliente entregasse a documentação dentro do prazo. Conclusões Em relação ao presente artigo pode-se perceber a dificuldade em descrever os processos em um escritório contábil, a fim de podermos analisar estes processos pela ótica da mentalidade enxuta, o qual é o objetivo central do presente artigo e, isso se deve ao fato apresentado por Corrêa e Corrêa (2012), que menciona que é fácil visualizar os processos que envolvem matérias-primas, máquinas e produtos, mas quando se trata de um prestadora de serviços, enxergar o processamento de algo intangível, da transformação dos dados em informações, é bem mais difícil. Percebeu-se também que, os princípios da mentalidade enxuta, quando utilizados corretamente, podem diminuir custos e auxiliar na tomada de decisões, pois os mesmos apontam desperdícios e gargalos durante o processo produtivo, que devem ser repensados, a fim da redução dos mesmos e, do constante investimento em melhorias que possam agregar valor ao produto. Apesar de a pesquisa em questão ainda não ter sido finalizada, percebeu-se que apenas analisando o fluxograma das atividades desenvolvidas, constatou-se alguns gargalos que, poderão reduzir os custos envolvidos principalmente com o retrabalho e desperdícios no processo. Ressalta-se, ainda, o fato de o presente artigo não apresentar conclusões mais concretas, pois, como apresentado anteriormente, o sistema em questão está em fase de análise e implementação, logo ainda não há dados concretos a fim de se tirar conclusões sobre o referido estudo. Referências bibliográficas CORRÊA H. C; CORRÊA, C. A. Administração de produção e operações: manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012. FURINI, Gustavo; SAURIN, Tacísio Abreu. Proposta de um método de análise da cultura Lean em uma empresa que está implantando práticas do sistema de produção enxuta. Rio de Janeiro: Anais, 2008. GHINATO, Paulo. Elementos Fundamentais do Sistema Toyota de Produção, In: Produção & Competitividade: Aplicações e Inovações. Editora Universitária da UFPE: Recife, 2000. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5.ed São Paulo: EDITORA ATLAS S.A, 2010. HARADA, Leandro Hideki; FREITAS, Maria do Carmo Duarte; GREEF, Ana Carolina. Aplicação da mentalidade enxuta aos processos da gerência de contabilidade e orçamento de uma organização. Semana de La Ingeniería de Producción Sudamericana, Gramado, v. 1, n. 1, p.1-17, jun. 2013. Disponível em: <https://www.academia.edu/6930079/Aplicação_da_mentalidade_enxuta_aos_processos_da_gerênci a_de_contabilidade_e_orçamento_de_uma_organização>. Acesso em: 13 ago. 2015. LEI COMPLEMENTAR 123. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Disponível em: <http:// http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm> Acesso em: 12 de setembro de 2015. PORTER, Michael E. Vantagem competitiva. São Paulo: Editora Campus, 1989. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 100 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ANÁLISE DE RENTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE GESTÃO FINANCEIRA EM UMA EMPRESA DO RAMO DE COMÉRCIO VAREJISTA DE MÓVEIS E DECORAÇÕES ANALYSIS OF PROFITABILITY AS A TOOL OF FINANCIAL MANAGEMENT IN A COMPANY OF THE RETAILER TRADE BRANCH FURNITURE AND DECORATIONS Gabriela Backes, Faculdades Integradas Machado de Assis, FEMA, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] Rubem Kegler, Faculdades Integradas Machado de Assis, FEMA, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] Nedisson Luis Gessi, Faculdades Integradas Machado de Assis, FEMA, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] Antonio Roberto Lausman Ternes, Faculdades Integradas Machado de Assis, FEMA, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] Diego Nestor Soardi Andrada, Faculdades Integradas Machado de Assis, FEMA, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] RESUMO A demonstração do resultado vem como um meio capaz de ser analisada e atender as necessidades de seus usuários, auxiliando na gestão financeira. A aplicabilidade do tema se deve a dificuldade de implantação de controles básicos, principalmente em pequenas e médias empresas. O presente artigo apresenta um estudo aplicado em uma empresa do ramo de comércio varejista de móveis e decorações, localizada na cidade de Santa Rosa/RS, nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril do ano de 2015. Possui como objetivo a gestão financeira por meio da análise de rentabilidade, com suas análises vertical e horizontal, utilizando como base para isto a demonstração do resultado. Assim, foi necessário primeiramente entender e organizar os processos da empresa com constante acompanhamento das oscilações de mercado, realizar a análise documental de registros, relatórios e notas fiscais, bem como entrevistar os proprietários da empresa em estudo e, por fim, criar meios para facilitar o gerenciamento dos dados. A metodologia da pesquisa bibliográfica facilitou o entendimento dos assuntos e possibilitou uma melhor análise. Através deste estudo conclui-se que a demonstração do resultado é capaz de gerar as informações necessárias para a tomada de decisão na empresa em estudo, podendo assim identificar a viabilidade da realização de investimentos e a tomada de decisão sob diversos ângulos. As medidas tomadas certamente levarão a continuação de bons resultados com a manutenção dos processos aplicados. Palavras-chave: Análise de Rentabilidade; Demonstração do Resultado; Gestão Financeira; Tomada de Decisão. ABSTRACT The income statement is as a means capable of being analyzed and meet the needs of its members, assisting in financial management. The applicability of the subject is due to difficulty of implementation of basic controls, especially in small and medium enterprises. This article presents a study applied in a company's retailing market of furniture and decorations, located in Santa Rosa / RS, in January, February, March and April of 2015. It has the objective of financial management by profitability analysis, with its vertical and horizontal analysis, using as a basis for this statement of income. Thus, it was first necessary to understand and organize business processes with constant monitoring of market fluctuations, perform desk review of records, reports and invoices, as well as interviewing business owners in the study and, finally, create means to Facilitate managing data. The methodology of literature facilitated the understanding of the issues and a better analysis. Through this study we conclude that the income statement is able to generate the necessary information for decision making in the company under review and may well identify the feasibility of investments and decision making from many angles. The measures taken will surely lead to continued good results with the maintenance of the processes involved. Keywords: Profitability analysis; Statement of Income ; Financial management; Decision taking. 1. INTRODUÇÃO No atual cenário econômico, cada vez mais competitivo, observa-se que os empresários estão ocupados com o processo de venda, ou seja, gerar recursos que possam atender as necessidades financeiras diárias de sua empresa. Para que se possa identificar e medir essa necessidade, é de fundamental importância que se tenha organizado um sistema de informações as quais em conjunto possam espelhar a realidade da empresa e em consequência, contribuir para a tomada de decisões. Assim, o presente artigo focaliza gestão financeira a partir da análise de rentabilidade em uma empresa do ramo de comércio varejista de móveis e decorações, localizada na cidade de Santa Rosa/RS. Observando que, com o conhecimento teórico, a rentabilidade de uma organização pode Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 101 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ser analisada através de demonstrativos básicos, buscou-se a resposta para a seguinte questão de pesquisa: A análise de rentabilidade pode auxiliar no processo de gestão financeira de uma empresa do ramo de comércio varejista de móveis e decorações? Procurou-se analisar a rentabilidade da empresa, como ferramenta para a gestão financeira, a fim de viabilizar o processo de tomada de decisão. Para melhor especificar este processo, foi preciso identificar as necessidades nas atividades financeiras e de tomada de decisão que a empresa enfrentava no seu dia a dia, acompanhar os registros operacionais realizados pela empresa e avaliar os resultados apresentados, a partir das análises vertical e horizontal. A necessidade que as pequenas e médias empresas enfrentam no que se refere a ferramentas gerenciais que possam lhes auxiliar no processo de tomada de decisão, tanto administrativas quanto financeiras, é um fator determinante para a justificativa da importância da presente pesquisa. Neste contexto, destaca-se a demonstração de resultados. Logo, a importância acadêmica de pesquisar sobre a análise de rentabilidade encontra-se em agregar conhecimento para o melhor entendimento do assunto e para poder retratar seu aprendizado na presente pesquisa. Neste âmbito, a pesquisa caracteriza-se como aplicada, qualitativa, explicativa, estudo de caso, bibliográfica e documental. Assim, o presente artigo subdivide-se em tópicos na seguinte sequência: referencial teórico, metodologia e análise dos resultados. 2. REFERENCIAL TEÓRICO O referencial teórico é utilizado como auxílio na interpretação das informações coletadas. Neste, referencia-se diversas bibliografias de acordo com as necessidades encontradas no presente estudo. 2.1 Gestão Financeira Dentre as informações que a contabilidade proporciona para que seja possível tomar decisões, podemos observar as de origem econômica e as de origem financeira: As de natureza econômica compreendem, principalmente, os fluxos de receitas e de despesas, que geram lucros ou prejuízos, e são responsáveis pelas variações no patrimônio líquido. As de natureza financeira abrangem principalmente os fluxos de caixa e o capital de giro. (RIBEIRO, 2013, p. 04). A gestão financeira é composta de diversas atividades que convergem para um fim comum, ou seja, gerir os agentes internos e externos de tal forma que o resultado seja a sua saúde financeira, o que é realizado pelo administrador financeiro. Considera-se que os agentes internos são mais fáceis de ser controlados, pelo seu condicionamento depender das atividades diárias da empresa, enquanto que os agentes externos possuem uma maior complexidade: “Todas as empresas são afetadas por tendências e sistemas político-legais, econômicos, tecnológicos e sociais. [...] Como essas forças são muito dinâmicas, suas constantes mudanças criam milhares de oportunidades e ameaças ou restrições [...].” (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2011, p. 47). Entende-se que a meta principal de um administrador financeiro seja maximizar a riqueza dos acionistas, assim: A maximização dos lucros é uma meta de curto prazo que não se remete, ela própria, a alguns fatores-chave, um dos quais é um nível aceitável de risco. O objetivo de maximizar a riqueza pode conflitar com o propósito de otimizar o lucro no curto prazo, mas a maximização da riqueza deve ser sempre a consideração básica. Ao tentar atingir essa meta, devemos aplicar o princípio do balanceamento entre o risco e retorno. (GROPPELLI; NIKBAKHT, 2006, p. 10). O mesmo deve conseguir enxergar as oportunidades onde ninguém vê e estar em sintonia com os demais setores inseridos no seu meio: Os administradores devem aprender a lidar com as técnicas estatísticas para estabelecer o prazo e prever, tão exatamente quanto possível, as mudanças nos fatores micro e macroeconômicos básicos. Devem aproveitar bem os Contadores que preparam os demonstrativos financeiros que possibilitam monitorar o desenvolvimento da empresa. Em outras palavras, os melhores administradores sabem como usar todas as ferramentas disponíveis e como combinar todas as fontes de informações para realizarem os objetivos e as estratégias de investimentos mais eficazes para a empresa. (GROPPELLI; NIKBAKHT, 2006, p. 14). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 102 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Através da análise de resultados, considera-se possível obter uma boa gestão financeira, já que estão diretamente interligadas, onde a primeira “[...] consiste num exame minucioso dos dados financeiros disponíveis sobre a empresa, bem como as condições endógenas e exógenas que afetam financeiramente a empresa.” (SILVA, 2013, p. 06). Levando em consideração as oscilações de mercado, após a implementação de estratégias de gestão, estas devem ser monitoradas: “uma vez que a estratégia seja implementada, frequentemente irá requerer modificações à medida que as condições ambientais ou organizacionais modificam-se.” (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2011, p. 37). Assim, o gestor deverá ter habilidade para analisar e interpretar informações fornecidas pela contabilidade, bem como demais ferramentas próprias da gestão financeira. 2.2 Análise de Rentabilidade Entende-se que a análise da rentabilidade abrange um estudo sobre o resultado de determinada entidade (“[...] são organizações que reúnem os seguintes elementos: pessoas, patrimônio, titular, capital, ação administrativa e fim determinado.” (RIBEIRO, 2013, p. 05)) que, obtendo resultados positivos ou não, torna-se necessário para medir diversos âmbitos das suas atividades: A rentabilidade é a resultante das operações da empresa em um determinado período e, portanto, envolve todos os elementos operacionais, econômicos e financeiros do empreendimento. Esse resultado pode ser visto por diversos ângulos que estão representados no balanço patrimonial. O ativo representa todos os investimentos feitos na empresa e o passivo, as duas fontes de financiamento, capital de terceiros e capital próprio. Esses três elementos patrimoniais conduzem às três abordagens principais da análise de rentabilidade. A obtenção do lucro, por sua vez, decorre das estratégias utilizadas nas operações e das margens repassadas nos preços de vendas dos produtos e serviços da empresa. Portanto, o volume vendido e os preços obtidos são os fatores básicos de geração de lucro. O lucro obtido deve ser confrontado com os lucros planejados, uma vez que, conforme introduzimos neste capítulo, o resultado realizado é que determinará a avaliação de desempenho dos projetos de investimento, onde, inicialmente, foram previstos os lucros que justificaram a decisão pela aceitação desses projetos. (PADOVEZE; BENEDICTO, 2011, p. 116). Conforme citado, a rentabilidade depende de diversos fatores internos (que podem ser alterados por atitudes próprias) e externos (que não podem ser alterados pela empresa, de mercado) que ocorrem durante o exercício, o que pode ser identificado através dos indicadores da análise de rentabilidade: As demonstrações contábeis e financeiras de uma empresa também podem servir para a construção de índices – grandezas comparáveis obtidas a partir de valores monetários absolutos – destinados a medir a posição financeira e os níveis de desempenho as empresa em diversos aspectos. (SANVICENTE, 2011, p. 177). Além disso, “as demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração na gestão da entidade e sua capacitação na prestação de contas quanto aos recursos que lhes foram confiados”. (RIBEIRO, 2013, p. 400). Para a presente pesquisa, objetivou-se realizar a análise de rentabilidade utilizando a demonstração do resultado. A partir da demonstração do resultado pode-se realizar diversas análises, entre elas estão: a análise horizontal que tem por propósito “permitir o exame da evolução histórica de cada uma das contas que compõem as demonstrações contábeis” (SILVA, 2013, p. 211), bem como “a evolução de cada conta mostra os caminhos trilhados pela empresa e as possíveis tendências” (MATARAZZO, 2010, p. 172); e a vertical que mostra “a participação relativa de cada item de uma demonstração contábil em relação a determinado referencial” (SILVA, 2013, p. 205), bem como “o percentual de cada conta mostra sua real importância no conjunto” (MATARAZZO, 2010, p. 170). Ainda, é necessário considerar que, para Matarazzo (2010, p. 175): É recomendável que estes dois tipos de análise sejam usados conjuntamente. Não se deve tirar conclusões exclusivamente da análise horizontal, pois determinado item, mesmo apresentando variação de 2.000%, por exemplo, pode continuar sendo um item irrelevante dentro da demonstração financeira a que pertence. (MATARAZZO, 2010, p. 175). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 103 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Sendo que estas geram informações para a tomada de decisão, objetivo deste estudo. 2.3 Demonstração do Resultado Compreende-se que a demonstração do resultado é uma das ferramentas muito utilizadas na tomada de decisões pelas empresas, sendo este relatório “[...] o segundo mais importante na contabilidade.” (PADOVEZE; BENEDICTO, 2011, p. 30). A partir desta, pode-se absorver diversas informações como: receitas, custos e despesas de determinado período. A demonstração do resultado do exercício, conforme o próprio nome sugere, demonstra o resultado obtido pela empresa em determinado período, isto é o lucro ou o prejuízo. É importante notar que, enquanto o balanço patrimonial representa a posição da empresa em determinado momento, a demonstração do resultado acumula as receitas, os custos e as despesas relativas a um período de tempo, mostrando o resultado e possibilitando conhecermos seus componentes principais.” (SILVA, 2013, p. 73). Pode-se definir despesa “[...] pelo consumo de bens e pela utilização de serviços durante o processo de obtenção de receitas” (RIBEIRO, 2013, p. 31), assim como “as receitas decorrem da venda de bens e da prestação de serviços” (RIBEIRO, 2013, p. 32). Conforme afirma Ribeiro (2013, p. 416), a DRE “é um relatório contábil destinado a evidenciar a composição do resultado formado num determinado período de operações da empresa”. Para Padoveze e Benedicto (2011), quando os fatores econômicos influenciam na atividade operacional da empresa geram resultados positivos ou negativos, que interferem na riqueza do acionista. 3. Metodologia Para um bom desenvolvimento da pesquisa, é necessário que se defina a metodologia a ser utilizada, a mesma dá ao pesquisador a direção a seguir para encontrar as respostas para as suas perguntas: Assim, o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo conhecimentos válidos e verdadeiros - traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 65). O presente estudo foi aplicado no período de janeiro a abril do ano de 2015. Neste tópico, apresentam-se a categorização da pesquisa, o plano de coleta dos dados e o plano de análise e interpretação dos dados. 3.1 Categorização da Pesquisa No âmbito desta pesquisa, a categorização informa às técnicas que foram utilizadas para o desenvolvimento da mesma. Quanto à natureza, classifica-se essa pesquisa como aplicada, pois “a pesquisa aplicada mede, testa, aperfeiçoa e modifica” (METRING, 2009, p. 61). Quanto ao tratamento dos dados é qualitativa, pois: [...] caracteriza-se pela tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de características de comportamento. (PINHEIRO, 2010, p. 20). Quanto aos fins, é classificada como explicativa, pois “[...] tem como principal objetivo tornar algo inteligível, justificar lhe os motivos.” (SILVA, 2008, p. 60). Por ser um estudo aprofundado de alguns fatos, trata-se de um estudo de caso. (SILVA, 2008). Além disso, quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa bibliográfica é de suma importância para a relação da prática com a teoria em torno de um “[...] material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos [...]” (GIL, 2009, p. 44), bem como de documentos colhidos na empresa. Assim, conclui-se que a presente pesquisa de um modo geral é aplicada, qualitativa, explicativa, estudo de caso, bibliográfica e documental, se tratando da categorização da pesquisa. 3.2 Plano de Coleta de Dados Através do plano de coleta de dados é que se observa o início do estudo prático da pesquisa. Primeiramente, observou-se os processos existentes no dia a dia na empresa com o objetivo de identificar as necessidades no processo administrativo e de tomada de decisão, “[...] o pesquisador faz uso dos órgãos dos sentidos para a obtenção dos dados da realidade” (METRING, 2009, p. 86), o que foi acompanhado durante toda a trajetória do estudo. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 104 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Quando queremos implantar um processo de pensamento estratégico nas organizações, um dos grandes obstáculos a enfrentar é a dificuldade de percepção. Ou seja, bloqueios de toda espécie, que impedem a visualização de riscos, de um lado, e de oportunidades, do outro. (COSTA, 2012, p. 19). O acompanhamento foi realizado com a análise documental de registros, relatórios e notas fiscais, “[...] utilizando-se normalmente de documentos originais, que na maioria das vezes não passou ainda por um tratamento mais apurado” (METRING, 2009, p. 63). Além das técnicas de observação e de análise documental, também foi realizada uma entrevista semiestruturada, que “[...] é uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com um grau de estruturação previamente definida” (SILVA, 2008, p. 63), com o responsável pela empresa, a fim de estudar as necessidades que o mesmo vinha enfrentando. 3.3 Plano de Análise e de Interpretação dos Dados Após a coleta dos dados, foi realizada a organização dos mesmos a fim de analisá-los e interpretá-los: Nesta etapa o pesquisador interpretará os dados que tabulou e organizou na etapa anterior. A análise deve ser feita para atender os objetivos da pesquisa e para comparar e confrontar dados e provas com o objetivo de confirmar ou rejeitar a(s) hipótese(s) ou os pressupostos da pesquisa. (PINHEIRO, 2010, p. 37). Estes dados foram computados em planilhas eletrônicas, para facilitar a organizações dos mesmos para a análise. Para Batista (2012, p. 08) “as ferramentas de tecnologia devem ser encaradas como um prestador de serviços dentro da organização”. Para a realização da análise de rentabilidade, sendo esta o objetivo deste estudo, foi utilizada, como base, a demonstração de resultados. Esta última forneceu as condições necessárias para a realização da análise sobre as informações geradas. Como complemento da prática, a pesquisa bibliográfica foi realizada através de sites, artigos científicos e livros relacionados ao tema. 4. Análise e Discussão dos Resultados Para que se possa fazer um estudo preciso e com resultados confiáveis é de fundamental importância que a origem das informações seja segura, desta forma, passou-se inicialmente a analisar a rotina e o fluxo dos documentos da empresa. [...] antes de tomar suas decisões estratégicas à administração de topo deve conhecer bem não só as circunstâncias do meio ambiente em que atua como também as características dos recursos necessários e disponíveis para seguir as diversas alternativas estratégicas. (BETHLEM, 2009, p. 295). Até o início da pesquisa, as decisões relacionadas à área financeira da empresa estudada eram tomadas de forma empírica, não levavam em consideração as disponibilidades ou as necessidades já existentes na empresa, o que em alguns momentos gerava conflitos de informações, além de criar cenários de desconforto financeiro. Conforme Bethlem (2009, p. 155), “praticamente todas as decisões tomadas pelo dirigente são baseadas em informações de ontem, mas serão implementadas amanhã, em condições que, no contexto de mudança em que se vive, terão alta probabilidade de serem diferentes”. De imediato, foi possível constatar um elevado grau de dificuldade na apuração e manutenção do controle de estoque, informação fundamental na apuração do resultado. Com base nas informações coletadas junto aos vendedores, identificou-se a falta de comunicação entre o setor de vendas, compras e estoque, em consequência disso, o financeiro era o último a saber dos acontecimentos relacionados ao processo de comercialização. Dificuldades em detectar pontos fracos, enfrentá-los e melhorá-los são decorrentes, às vezes, da rigidez de paradigmas estabelecidos há muitos anos, desde a época da fundação da própria organização, que passaram a ser as nossas “verdades absolutas”. E é isso o que precisa ser identificado, trabalhado e, eventualmente, mudado. As mudanças de atitudes podem demorar anos, mas precisam estar incluídas no plano de transformação estratégica da organização. (COSTA, 2012, p. 86). Através da pesquisa documental, passou-se a analisar o caixa da empresa, bem com a movimentação bancária. Com o objetivo de aperfeiçoar o processo foi sugerida a implantação do livro caixa com um plano de contas pré-definido. “Conta é o nome técnico que identifica um componente Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 105 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 patrimonial (bem, direito, obrigação ou patrimônio líquido) ou um componente de resultado (despesa ou receita)”. (RIBEIRO, 2013, p. 30). A criação do plano de contas teve como principal objetivo organizar as contas em grupos, ou seja, receitas, despesas e custos variáveis (custo da mercadoria vendida e impostos). A ferramenta gerencial disponibilizada para a empresa facilitou o processo organizacional uma vez que as informações lançadas no livro caixa automaticamente geraram o relatório da demonstração de resultados o qual é a base para a análise de rentabilidade. Buscou-se realizar a reestruturação empresarial esta que, segundo Wright, Kroll e Parnell (2011, p. 128) visa “[...] modificar a própria organização do trabalho da empresa”. Após a conclusão das etapas organizacionais e de ajustes que foram realizados, foi gerado o demonstrativo de resultado. Os grupos de contas citados anteriormente deram origem a estrutura da demonstração de resultados, a qual foi a base para o monitoramento do faturamento, custos fixos e variáveis, margem de contribuição, resultado líquido, ponto de equilíbrio, entre outros, conforme a Tabela 1. Partiu-se da receita bruta, que se refere “[...] ao valor nominal total das vendas de bens ou dos serviços prestados pela empresa, no exercício social considerado, antes de qualquer dedução” (ASSAF NETO, 2012, p. 77), deduzindo-se os custos dos produtos vendidos e dos serviços prestados que “representam todos os custos incorridos pela empresa em seu processo de fabricação, venda ou prestação de serviços” (ASSAF NETO, 2012, p. 78) e os custos fixos (neste caso, assessoria contábil, salários e ordenados, energia elétrica, água, entre outros), para obter-se o resultado líquido do exercício, sendo este o lucro ou prejuízo que a empresa apresenta no período estudado. Tabela 1 - Demonstração do Resultado Valor JAN/14 FEV/14 MAR/14 ABR/14 Descrição acumulado RECEITA BRUTA R$ 82.818,06 Total do faturamento R$ 80.629,80 R$ 83.922,37 Outras receitas R$2.188,26 CUSTOS VARIÁVEIS R$ 52.948,95 Custo da mercadoria vendida R$ 43.302,71 MARGEM DE R$ 29.869,11 CONTRIBUIÇÃO R$ 85.971,98 R$ 194.143,85 R$ 139.310,19 R$ 502.244,08 R$ 193.954,10 R$ 134.670,60 R$ 493.176,87 R$ R$4.639,59 R$9.067,21 R$ 50.391,59 R$ 102.336,52 R$79.943,74 R$ 285.620,80 R$ 44.415,94 R$97.385,73 R$72.564,03 R$ 257.668,41 R$ 35.580,39 R$91.807,33 R$59.366,45 R$ 216.623,28 R$2.049,61 189,75 CUSTOS FIXOS R$ 40.444,28 R$ 38.829,18 R$ 38.397,04 R$42.642,20 R$ 160.312,70 RESULTADO LÍQUIDO -R$ 10.575,17 -R$3.248,79 R$ 53.410,29 R$16.724,25 R$56.310,58 PONTO DE R$112.139,83 R$ 93.821,95 R$ 81.197,76 R$ 100.064,82 R$ 371.687,22 EQUILÍBRIO Fonte: Acadêmica (BACKES; KEGLER, 2014) A partir da demonstração do resultado pôde-se realizar a análise de rentabilidade através das ferramentas de análise horizontal e vertical, estas mesmas que geram informações para a tomada de decisão, objetivo deste estudo. Pela análise horizontal, observou-se que o faturamento não obedece nenhum critério de evolução, ou seja, o mesmo está diretamente ligado à necessidade do mercado. Esta informação também gerou subsídios para o departamento de vendas no que diz respeito à busca de novas alternativas de comercialização. O custo da mercadoria vendida manteve-se estável em um índice pré-determinado pela empresa, deve-se levar em conta que esta informação é fundamental, pois ações relacionadas à diminuição da margem de lucro poderão influenciar diretamente no aumento de vendas, principalmente nos meses de menor faturamento. Tabela 2 - Descrição do Custo da Mercadoria Vendida Valor JAN/14 FEV/14 MAR/14 ABR/14 Descrição acumulado CUSTOS VARIÁVEIS R$52.948,95 R$50.391,59 R$ 102.336,52 R$79.943,74 R$ 285.620,80 (+) Estoque inicial R$ 119.000,00 R$ 167.000,00 R$ 195.000,00 R$ 156.933,90 R$ 637.933,90 (+) Compras à vista R$ R$ R$ R$ R$ (+) Compras a prazo R$91.302,71 0 R$72.415,94 0 R$59.319,63 0 1.034,00 R$89.679,33 1.034,00 R$ 312.717,61 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 106 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 (-) Estoque final R$ 167.000,00 R$ 195.000,00 R$156.933,90 R$ 175.083,20 R$ 694.017,10 Custo da mercadoria vendida R$43.302,71 R$44.415,94 R$97.385,73 R$72.564,03 R$ 257.668,41 Fonte: Acadêmica (BACKES; KEGLER, 2014) A margem de contribuição, conforme a tabela 1, em determinados meses não foi suficiente para fazer frente aos custos fixos, gerando assim, prejuízos. Outra informação importante é de que os custos fixos não estão atrelados, ou seja, não acompanham a oscilação das vendas, gerando assim em alguns meses resultados negativos e em outros positivos. Nos primeiros dois meses (janeiro e fevereiro) o resultado líquido foi negativo, uma vez detectado este problema através da análise de rentabilidade, foi possível identificar que a causa deste prejuízo foi a falta de conhecimento, por parte da empresa, acerca dos custos fixos que ela possuía. Com este conhecimento, foi necessária a implementação de ações em vendas, as quais resultaram no aumento do faturamento com a reversão dos prejuízos em lucros. O ponto de equilíbrio que “é o nível de atividade em que as receitas totais e os custos totais se igualam, ou seja, é o nível de atividade no qual o lucro é igual a zero.” (CARDOSO; MÁRIO; AQUINO, 2007, p. 127) ficou claramente identificado, o qual passou a ser utilizado como ponto de partida na projeção das metas de faturamento. Através da análise vertical, é possível identificar de forma clara e objetiva, quais são as contas que geram um maior impacto nos resultados. Foram analisados os percentuais de venda e compra a prazo, os quais influenciam diretamente na determinação da necessidade de capital de giro. Tabela 3 - Descrição do faturamento Valor JAN/14 FEV/14 MAR/14 ABR/14 Descrição acumulado Total do faturamento R$ 80.629,80 R$ 83.922,37 R$ 193.954,10 R$ 134.670,60 R$ 493.176,87 Vendas à vista R$ 40.354,27 R$92.293,40 R$40.684,90 R$ 23.933,90 R$ 197.266,47 Vendas a prazo R$ 55.415,90 R$ 42.658,60 R$87.775,70 R$93.985,70 R$ 279.835,90 Adiantamento de clientes R$1.280,00 R$ 909,50 R$13.885,00 R$ 0 R$16.074,50 Fonte: Acadêmica (BACKES; KEGLER, 2014) Individualmente foram analisadas as despesas com custos fixos onde identificou-se o grau de comprometimento de cada uma delas, o que gerou informações suficientes na tomada de decisão pelo gestor financeiro. Após a identificação dos resultados positivos nos últimos períodos, a empresa optou por realizar reservas financeiras com os mesmos. Para Ribeiro (2013, p. 364) elas “visam a manter a integridade do capital da sociedade”. Ou seja, foi possibilitado ao gestor decidir quanto ao resultado, através de um demonstrativo confiável. 5. Considerações Finais Com a coleta de dados, na busca por ferramentas de auxílio ao controle, foi realizada a tabulação as planilhas eletrônicas e transformados em informações necessárias para a tomada de decisão, assim, pode-se chegar a algumas conclusões. A pesquisa foi aplicada, qualitativa, explicativa, estudo de caso, bibliográfica e documental, se tratando da categorização da pesquisa. Primeiramente, observou-se os processos da empresa, o acompanhamento foi realizado com a análise documental de registros, relatórios e notas fiscais. Além disso, também realizou-se uma entrevista com os gestores. A partir das bibliografias consultadas, foi possível elencar alguns conceitos e entendê-los, de forma auxiliar positivamente na construção dos resultados. O objetivo da pesquisa foi organizar a gestão financeira através da análise de rentabilidade a partir de uma demonstração do resultado a fim de viabilizar o processo de tomada de decisão, pois nos períodos em que houve prejuízo, foi possível verificar as suas causas, que neste caso foi à baixa quantidade de vendas para o alto custo fixo, e aplicar meios para a reversão destas. E, com o resultado positivo dos últimos meses analisados, o gestor da empresa em estudo optou por realizar reservas financeiras. O trabalho também mostra a importância para o gestor da empresa conhecer todas as suas operações. Através deste estudo conclui-se que a demonstração do resultado é capaz de gerar as informações necessárias para a tomada de decisão, podendo assim identificar a viabilidade da realização de investimentos e a tomada de decisão sob diversos ângulos. As medidas tomadas certamente levarão a continuação dos bons resultados com a manutenção dos processos aplicados. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 107 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Como recomendação, pela relevante importância de manter atualizada a demonstração do resultado para o controle, sugere-se que o gestor da empresa dê sequência ao processo de alimentação das planilhas eletrônicas. REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012. BATISTA, Emerson de Oliveira. Sistemas de informação: o uso consciente da tecnologia para o gerenciamento. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. BETHLEM, Agricola de Souza. Estratégia empresarial: conceitos, processo e administração estratégica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009. CARDOSO, Ricardo Lopes; MÁRIO, Poueri do Carmo; AQUINO, André Carlos Busanelli de. Contabilidade gerencial: mensuração, monitoramento e incentivos. 1.ed. 2.reimpr. São Paulo: Atlas, 2007. COSTA, Eliezer Arantes da. Gestão estratégica: construindo o futuro de sua empresa – Fácil. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2009. GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. Tradução Célio Knipel Moreira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. METRING, Roberte Araújo. Pesquisas científicas: Planejamento para iniciantes. Curitiba: Juruá, 2009. PADOVEZE, Clóvis Luís; BENEDICTO, Gideon Carvalho de. Análise das demonstrações financeiras. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. PINHEIRO, José Maurício dos Santos. Da iniciação científica ao TCC: Uma abordagem para os cursos de tecnologia. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2010. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade geral fácil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. SANVICENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. 19. reimpr. São Paulo: Atlas, 2011. SILVA, Antonio Carlos Ribeiro da. Metodologia da pesquisa aplicada à contabilidade: orientações de estudos, projetos, artigos, relatórios, monografias, dissertações, teses.2.ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2008. SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 12.ed. São Paulo: Atlas, 2013. WRIGHT, Peter; KROLL, Mark J.; PARNELL, John. Administração estratégica: Conceitos. 1. ed. 12. reimpr. São Paulo: Atlas, 2011. 108 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ANÁLISE DE ROTATIVIDADE DE PESSOAL: O CASO DE UMA INDÚSTRIA DE GALVANIZAÇÃO DE METAIS PERSONNEL TURNOVER ANALYSIS: THE CASE OF A METAL GALVANIZING INDUSTRY 1 Cleonice Gierg, Universidade Regional Integrada, URI-Santo Ângelo, RS, Brasil, [email protected] 2 Jessica Fronza, Faculdade de Ciênicas Sociais Aplicadas de Cascavel, Univel, PR, Brasil, [email protected] 3 Caroline Buosi, Pontifícia Universidade Católica, PUC, SP, Brasil, [email protected] 4 Edio Polacinski, Universidade Regional Integrada, URI-Cerro Largo, RS, Brasil, [email protected] 5 Rafael da Silva Borges,Fundação Escola Liberato Salzano Vieira da Cunha, LIBERATO, Novo Hamburgo, RS, Brasil, [email protected] RESUMO: A gestão de recursos humanos a cada dia que passa vem se tornando um desafio muito grande para os gestores das empresas de todos os portes, segmentos e áreas de atuação, especialmente, no que se refere as entradas e saídas de colaboradores em determinado período de tempo, ou seja, o turnover, que também é conhecido como uma rotatividade de pessoal que acaba ocorrendo por diversos motivos, bem como em diversas épocas do ano. Diante dessa realidade, destaca-se o objetivo do presente artigo que é apresentar uma análise de rotatividade de pessoal através de um estudo de caso em uma indústria de galvanização de metais. Para tanto, definiu-se como metodologia de pesquisa, um estudo de caso, pelo fato de se ter desenvolvido todas as atividades de coleta, análise e apresentação dos dados junto a uma única empresa, no caso, a ZincoForte, localizada em Cascavel, no estado do Paraná, uma prestadora de serviços voltada a zincagem a fogo que reveste o ferro ou aço com zinco. Como principais resultados de pesquisa, evidencie-se que foi possível apresentar um estudo completo, em uma situação real, da gestão de recursos humanos em uma indústria de galvanização de metais de médio porte, detalhando as principais causas de rotatividade no setor operacional da empresa pesquisada, que foi identificada como muito elevada, tendo como principal causa o absentismo nas atividades laborais. Além disso, também definiu-se recomendações à ZincoForte para a realização de treinamentos, bem como a criação de cargos e salários, com o propósito de aprimorar as lideranças e motivar seus colaboradores. Palavras-chave: Recursos Humanos; Rotatividade; Turnover; Indústria; ZincoForte. ABSTRACT: The human resource management every passing day is becoming a very big challenge for managers of companies of all sizes, segments and areas, especially as regards the entries and colleagues outlets in a given period of time, or turnover, which is also known as a staff turnover that occurs just by diveros reasons and at various times of the year. Given this reality, there is the objective of this article is to present a staff turnover analysis through a case study in a galvanizing metals industry. To this end, it was defined as a research methodology, a case study, the fact of having developed all collection activities, analysis and presentation of data from a single company, in this case, ZincoForte, located in Cascavel, municipality of Paraná, a service aimed at galvanizing fire lining the iron or steel with zinc. The main results of research, there is any evidence that it was possible to present a complete study, in a real situation, the human resources management in a medium-sized metal plating industry, detailing the main rotation causes the operating sector of the surveyed company, which was identified as very high, with the main cause absenteeism in work activities. It also set up recommendations to ZincoForte to conduct training and the creation of jobs and wages, in order to enhance leadership and motivate their employees. Keywords: Human Resources; Turnover; Exchange; Industry; ZincoForte. 1. Introdução Na atualidade, as empresas de uma maneira geral buscam incansavelmente reter a mão de obra qualificada de seus recursos humanos, pelo fato da competitividade a cada dia que passa estar mais evidenciada e, como consequência disso, a gestão de recursos humanos (RH) de cada corporação, necessita fazer “ajustes pontuais” para reter os colaboradores mais qualificados. Fato, esse que acaba por controlar de certa forma, as entradas e saídas de colaboradores em determinado período de tempo, ou seja, o turnover. Ressalte-se que a referida rotatividade de pessoal acaba ocorrendo por diversos motivos, bem como em diversas épocas do ano, bem como envolve a grande maioria de empresas, independentemente de seu porte, segmento ou área de atuação. Desta forma, o desafio de encontrar e reter funcionários qualificados e dispostos a crescer em uma organização não é uma meta muito simples. Especialmente quando se considera que o mercado continua a se tornar ainda mais competitivo, a cada dia que passa. E, essa realidade, obriga as organizações a manterem-se sempre em alerta, no sentido de desenvolver mudanças no clima Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 109 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 organizacional aproveitando ao máximo cada inovação para atingir patamares superiores de desempenho, como por exemplo, o sistema de remuneração. Observe-se que esse, se caracteriza como um dos principais apoios aos colaboradores, no qual os gestores precisam ser capazes de entender o comportamento e as necessidades das pessoas com que convivem, motivando-os e os incentivando constantemente (CHIAVENATO, 1995). Neste ínterim, saliente-se Chiavenato (1995), que menciona que a falta no trabalho e/ou pedido de afastamento da empresa têm suas justificativas, sendo que o empregado reclama da falta de interesse, preocupação e motivação que o empregador tem com eles. Por outro lado, o empregador critica a baixa ou a falta de qualificação dos empregados. O autor acrescenta que as pessoas atualmente não são vistas somente como membros da organização, desta forma são interpretadas como fonte de conhecimento, retentoras de talentos, criatividade e com grande poder de tomada de decisão. Diante a isto, o setor de recursos humanos tem inteira consciência de que os colaboradores são os mais preciosos valores e devem valorizá-los da melhor forma possível. Importante destacar ainda que com base na pirâmide de Maslow, as necessidades humanas influenciam o comportamento humano, sendo chamadas de necessidades primárias que se relacionam com as necessidades fisiológicas e de seguranças. Além disso, que as necessidades secundárias podem desenvolver a necessidade social, de estima e de auto realização em um período de evolução e atendimento das necessidades primárias. E, considerando os objetivos de cada indivíduo, bem como de cada empresa, a rotatividade dos colaboradores acaba sendo o grande desafio para os gestores das corporações nos dias atuais, de intensa competitividade. E, com base nisso, convém ter o entendimento de que rotatividade é a flutuação de pessoal entre uma organização e seu ambiente que por sua vez é definido pelo volume de pessoas que entram e saem da organização. Sendo assim, têm-se a preocupação da empresa em manter os profissionais qualificados, com mão-de-obra especializada objetivando ligar as necessidades dos funcionários as da organização (CHIAVENATO, 2002). Assim, e com base no exposto, destaque-se o objetivo do presente artigo que é apresentar uma análise de rotatividade de pessoal através de um estudo de caso em uma indústria de galvanização de metais. Observe-se que partindo disso, tem-se como premissa, bem como espera-se oferecer subsídios de informações teóricas e práticas a todos os profissionais que atuam na área de recursos humanos, no sentido de apresentar uma situação de gestão de RH, da empresa ZincoForte, localizada em Cascavel, no município do Paraná. E, a partir disso, oportunizar estratégias e/ou ações que com as devidas adaptações, possam ser utilizadas por outras empresas para diminuir ou terminar com os índices de turnover que as corporações se deparam atualmente. 2. Referencial Teórico 2.1 Relações Humanas no Trabalho Inicialmente, torna-se importante evidenciar que desde a época de Taylor, já existia a preocupação com o comportamento e o desenvolvimento do grupo na organização, já se sabia que a harmonia, cooperação, rendimento e eficiência são a aspectos fundamentais para um bom andamento da organização (CHIAVENATO, 1999b). Além disso, que na década de 20 aconteceu um movimento nas relações humanas, foi uma grande parte com reação contra os aspectos desumanos da administração cientifica que ficou conhecido como estudo de Hawthorne (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000). Observe-se que a meta original desse trabalho desenvolvido na unidade de Hawthorne de Westerm Electric Company era de testar como as variações de trabalho (iluminação, ventilação, temperatura) afetavam a produtividade A surpreendente conclusão foi de que essas variações eram menos importantes do que a interação social entre os colegas de trabalho. As principais necessidades ocorridas no trabalho são o dinheiro e a segurança. Esse interesse por bens é uma característica totalmente de nossa cultura, que se decorre de nossas necessidades físicas (CHIAVENATO, 1999b). Ademais, saliente-se que as necessidades primárias sociais são basicamente a necessidade de conviver em grupos sociais, formando relações de amizade e convivência. Quando se isolam por muito tempo, normalmente torna-se infeliz, acontecendo isso, um trabalhador sente-se insatisfeito na família, geralmente o trabalho agregue grande parte da satisfação das necessidades sociais (MINICUCCI, 2001). Bergamini (1982) declara de forma aprazível que “os pequenos grupos, assim como os indivíduos, não nascem maduros e produtivos”. Na convivência em grupos cada pessoa irá por caminhos que diferenciam as fases de atendimento das necessidades interpessoais. 2.2 Rotatividade - Turnover Chiavenato (1999a) define e relaciona mercados de trabalho e mercado de recursos humanos. Aborda a rotatividade de pessoal como uma despesa que pode ser evitada se houver mais Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 110 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 critério e atenção na seleção de mão-de-obra. A alta rotatividade reflete na produção, no clima organizacional, e no relacionamento interpessoal. Logo, para combater a rotatividade é preciso detectar as causas e determinantes. A rotatividade de recursos humanos ou turnover é um dos aspectos mais importantes da dinâmica organizacional. Normalmente, cada saída de um funcionário gera a contratação de outro, neste momento a empresa já teve um custo de selecionar e recrutar um novo funcionário. Além disso, terá o que utilizar o tempo dos outros funcionários para a entrada e treinamento do novo colaborador. Uma empresa que se preocupa acima de tudo com plano de carreira e desenvolvimento de pessoal se torna inaceitável quando se dá a estas importâncias e não está atenta a saídas desnecessárias. De forma que estão absolutamente ausentes das discussões do assunto que desgasta ao máximo a imagem da empresa, sem ter a visão correta do problema, a qual seja a questão da estabilidade no emprego. Onde, não se pode investir em coisas instáveis, bem como não se fazem regras para gerenciar o insucesso, e sim para construir o sucesso (LUCENA, 2007). O gestor de recursos humanos não deve se preocupar quando a flutuação de pessoal é pequena na organização, mas quando a rotação de entrada, saída e substituições de pessoal, aumentando custos financeiros, quanto ao recrutamento, seleção e treinamentos de integração (PONTES, 2001). As vagas surgem por diversos motivos, como: dispensa do empregado, pedidos de demissão ou saídas voluntárias, mortes, transferências, promoções, aposentadorias, e entre outros. Essas vagas podem ser supridas pelo recrutamento interno – por meio de promoções ou transferências, e pelo recrutamento externo – com novas contratações (PONTES, 2001). Algumas empresas ainda que acham que precisam renovação de pessoal porque na realidade não são capazes de criar um processo de auto renovação e purificação do sangue já existente. Há duas maneiras de ou renovar o sangue já existente: por transfusão que é de dentro para fora e é sempre um risco, ao passo de alimentar o corpo como forma de prevenção a natureza da empresa, e por auto recuperação, sendo de dentro para fora, com investimentos na atualização profissional e em desenvolver potenciais (LUCENA, 2007). Outro ponto que merece destaque se refere ao fato que é possível calcular o índice de rotatividade junto às fórmulas que podem ser utilizadas de acordo com o que se deseja analisar, sendo possível medir a rotatividade de pessoal considerando somente os desligamentos em relação ao quadro de pessoal efetivo, onde o índice de desligamentos mede proporções dos desligamentos em relação a tamanho na força de trabalho (CHIAVENATO, 2002). A fórmula mostrada a seguir aplica-se em relação às saídas e não considera as entradas de pessoal na organização. Nº de funcionários desligados Índice de rotatividade = ____________________ Efetivo médio da Organização Já Pontes (2008) nos mostra uma fórmula também usada pelas empresas para o cálculo da rotação de pessoal. D x 100 Ir = ___________ (Ni + Nf) ___________ 2 Onde: Ir = índice de rotatividade de pessoal D = número de demissões de o período ser mensurado Ni= número do efetivo no início do período a ser mensurado Nf = número do efetivo do final do período a ser mensurado Quando o índice da rotatividade é igual a zero não ocorre na prática e nem seria desejável, pois denotaria um estado de total esclerosamento da organização, contudo, um índice muito elevado refletirá fácil desordem na organização, um índice ideal seria o que permitisse a organização de reter o pessoal de boa qualidade, onde não há um número que defina um bom índice de rotatividade (CHIAVENATO, 1999a). O índice de absenteísmo é tão importante quanto ao índice de rotatividade no trabalho, pois os mesmos se referem ao tempo de ausência e logo, a redução na carga horária de trabalho. É um fator imprevisível, negativo tanto para organização quanto para o empregado (CHIAVENATO, 2009). As causas do absenteísmo precisam ser diagnosticadas para controle político da organização, onde Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 111 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 as organizações procuram influenciar na motivação para ausências e recompensando bons registros de assiduidade com prêmios (CHIAVENATO, 2002). Empresas com alto nível de absenteísmo necessitam também de cada pequena redução, podendo trazer uma razoável economia. A gestão do problema de ausência traz retornos indiscutíveis para a empresa. Os fatores que gera um agravante nesse quadro podem sem dúvidas estar ligados à liderança, pois há casos em que o funcionário demonstra se desmotivado a exercer suas funções na empresa porque aquele líder em questão não o reconhece como é esperado, e passa então a ausentar se do trabalho criando motivos que o leva futuramente a desligar-se da empresa (MARRAS, 2000). Logo, o absenteísmo é inversamente proporcional à satisfação no trabalho, e a ausência pode ser também considerada uma forma de se afastar de pequenas situações indesejáveis (MARRAS, 2000). Dentro dessa perspectiva, acrescente-se que o absenteísmo se apresenta pela a soma dos períodos em que os colaboradores se encontram ausentes no trabalho, seja por falta, atraso ou a algum motivo interveniente. “O Bureau of National Affairs (BNA) adota a seguinte formula para calcular o índice do absenteísmo” (CHIAVENATO, 1999b, p. 50): Nº de pessoas/dias de trabalho perdidos por ausência no mês Índice de absenteísmo = ____ x 100 Nº médio de empregados x Nº de dias de trabalho no mês Na próxima formula, Chiavenato (1999b, p. 50) “(...) nos mostra como transformar os dias em horas para incluir faltas e atrasos”: Total de pessoas/ horas perdidas Índice de absenteísmo = _________________ x 100 Total de pessoas/ horas de trabalho A escolha do índice de absenteísmo depende do objetivo que se pretende utilizar, se utilizar apenas para o planejamento de pessoal, o índice deve mostrar a porcentagem da força de trabalho. Se o índice for de 5% no mês, isso significa que 95% da força de trabalho foi aplicada no período. Isso quer dizer que se a organização pretende alcançar 100% da força de trabalho deverá trabalhar com um adicional de 5% para compensa o absenteísmo no período (CHIAVENATO, 1999b). 2.3 Remuneração, Motivação e Estresse no trabalho Outro fator determinante a ser considerado diz respeito a remuneração, onde as pessoas desenvolvem suas atividades nas organizações em forma de trabalho, com objetivos de alcançar resultados, dedicando seu tempo e seus esforços buscando alcançar as metas e objetivos e em troca desejam que sejam valorizadas através de reconhecimento e remuneração (CHIAVENATO, 1999a). Como todas as pessoas e seus atos a remuneração também tem seus objetivos, são vários os descrevidos por Fisher (1995), sendo: competir no mercado de trabalho, motivar colaboradores, aumentar o compromisso, sustentar mudanças na cultura, alcançar integração, delegar poderes aos funcionários e equipes, elevar a qualidade de suas tarefas, e entre muitos outros. As recompensas oferecidas pela organização é a principal forma de motivação dos colaboradores. A recompensa apresenta um custo para organização, sendo assim, precisa que os funcionários alcancem seus objetivos para que possam receber recompensa, benefícios, premiações, e outras, onde além de incentivar as pessoas a fazer contribuições à organização (CHIAVENATO, 1999a). Pontes (2008) relata que o salário é uma demonstração objetiva de que a organização valoriza o trabalho de seus colaboradores, associando ao plano de carreiras, quando bem desenvolvido pelos recursos humanos da organização ele pode ser a base aos fatores motivadores ao cargo ocupado. Segundo Lacombe (2005) na escolha do sistema de remuneração, é preciso considerar as algumas questões: (i) Quanto se deve pagar a cada um; (ii) Que ênfase se deve dar à remuneração financeira em relação ao total das recompensas pelo trabalho; (iii) Que ênfase se deve dar à tentativa de diminuir os valores pagos; (iv) Se deve ser implantado um sistema de incentivos para obter melhores desempenhos e em caso afirmativo, que tipo de sistema. A remuneração baseada em competências e habilidades, o colaborador não é pago pelo cargo que ocupa, mas pelo seu conhecimento desempenhado. A principal dificuldade no sistema de remuneração por habilidade ou competência é estabelecer uma relação direta entre a aquisição de habilidade ou competência do profissional (DESSLER, 2003). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 112 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Pessoas altamente motivadas fazem as coisas acontecem, sabem o que querem e sabem o que fazer para alcançar o sucesso, com isso elas atuam de maneira determinadas para alcançar suas próprias metas e da organização. Conforme Fisher (1995) motivar pessoas é ter a certeza que elas vão à direção que você quer, motivar é alinhar as intenções com os objetivos da organização e com suas próprias necessidades. A motivação busca alcançar determinadas metas, deseja poder, status e teme com ameaças a sua autoestima. As pessoas são diferentes umas das outras, então por isso as necessidades variam de indivíduo para indivíduo, produzindo diferentes tipos de comportamentos e valores. Embora os comportamentos variem, o processo do resultado é basicamente o mesmo para todas as pessoas. Onde, de um modo geral a motivação é tudo aquilo que nos impulsiona a sentirmos melhor, que podemos ser influenciados pelo estimulo externo e estar relacionado ao sistema de cognição das pessoas, que é pelo que ele pensa, acredita e prevê (CHIAVENATO, 1999a). Abraham H. Maslow conhecido pela formulação da teoria da hierarquização das necessidades humanas, na qual satisfaz as necessidades básicas do ser humano. Sendo os tipos de necessidades as fisiológicas – sexo, comida, bebida, sono, etc., a necessidade de segurança – estabilidade, proteção, livre do perigo, etc., a necessidade social – necessita de amar e ser amando, ter amizades, vínculos familiares, intimidade, etc., a necessidade de estima – sentir-se valorizadas pelo que as rodeiam, o desejo de sentir-se importante e competente, e finalmente a necessidade de auto realização que se baseia no desejo de renovar e reciclar seu potencial, tornar-se cada vez mais o que cada um seria capaz de ser (MARRAS, 2000). O estresse está intimamente ligado ao conflito, sendo ele um dos maiores causadores do estresse. O estresse exprime a condição física e mental que resulta de uma ameaça percebida, com a qual não se pode lidar imediatamente. É, assim, uma refutação interna que estimula fisicamente e mentalmente a pessoa estressada. (DUBRIN; COOK; LEAL, 2003). Observe-se que uma definição mais complexa de estresse é deixada por Robbins (2005) no sentido de o estresse ser uma condição dinâmica na qual um indivíduo é confrontado com uma oportunidade, limitação ou demanda em relação a alguma coisa que ele deseja e cujo resultado é percebido, simultaneamente, como importante e incerto. Entretanto, o estressado quando provocado por descontrole das funções normais do organismo, perde o ritmo de suas reações psicológicas, o fato de não se dá conta da carga emocional que recebe, acaba entrando em um estado de confusão mental (CARVALHO; SERAFIM, 2002). Robbins (2005) deixa claro para o leitor que o estresse não é necessariamente ruim, normalmente ele é apresentado dentro de um contexto negativo, porém também tem seu lado positivo, na qual muitos desconhecem, sendo que algumas pessoas se utilizam do estresse dando o máximo de si em algumas coisas, como objetivos ou limites lançados por terceiros ou por si próprio, vendo isso como algo “trabalhoso”, contudo, positivo que dará retorno no desempenho e qualidade de seu trabalho. Evidencie-se que o ambiente de trabalho deve ser considerado muito importante, pois seus colaboradores passam à maioria do tempo dentro da empresa. Sabendo que qualquer funcionário está sujeito à pressão em seu ambiente organizacional, os estímulos estressores são muitos, como dito em parágrafo assim, algumas pressões podem ser positivas, promovendo maior rentabilidade para a empresa, porém, na maioria dos casos o estresse relacionado ao trabalho está na necessidade de ter poder e controle sobre o trabalho (FIORELLI; MALHADAS JUNIOR; MORAES, 2004). 2.4 Clima, Cultura Organizacional e Seleção de Pessoal As pessoas estão ligadas diretamente com a diversidade de situações, no sentindo de satisfazer suas necessidades e manter um equilíbrio emocional. De forma que não se refere somente as necessidades fisiológicas e de segurança, mas também a satisfação de pertencer a um grupo social de estima e de auto realização (MARRAS, 2000). O clima organizacional está relacionado profundamente com o grau de motivação de seus colaboradores, quando há motivação o clima melhora, trazendo condições de se permanecer em uma organização satisfatória e eleva a moral do colaborador e quando há baixa motivação elas por várias formas como por frustrações, barreiras à satisfação, isso se caracteriza por estados de depressão, desinteresse, apatia, insatisfação, e podendo chegar a situações mais desagradáveis como agressões e inconformidade. (CHIAVENATO, 2009) A cultura organizacional é um recurso da administração e pode ser utilizada para alcançar objetivos da mesma forma que a tecnologia. Os valores que a organização prioriza é o desempenho na função e os critérios para sua avaliação, que é a capacidade de ser proativo, de criação e o espírito empresarial, a disciplina, a lealdade, a hierarquia e a cultura (LACOMBE, 2005). As pessoas Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 113 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 nascem, crescem, vivem e se comportam de acordo com a sociedade onde viveram, e recebem no decorrer de suas vidas diversos tipos de influências. A cultura representa um ambiente organizacional com crenças e valores, costumes, conhecimentos, relações sociais e relacionamento entre as pessoas (CHIAVENATO, 1999). A rotatividade é o efeito que acontece na organização tanto interna ou externamente, e requer uma atenção por parte de diretores em absorvem excessivamente quando se contrata e demite. A organização pode encontrar dificuldades em uma cultura correta para sua organização é por isso que esse ambiente pode ocorrer a efeito da rotatividade. Os gestores e líderes devem estar sempre atentos ao clima se está propícia para desenvolver boas relações trazendo uma qualidade a sua produtividade (ROBINS, 2003). Seleção de pessoal tem como finalidade escolher candidatos capacitados, propriamente passados pelo recrutamento, para atender as necessidades internas da empresa, a seleção é uma ação de total responsabilidade do sistema de administração de recursos humanos (MARRAS, 2000). Chiavenato (1999) considera que a escolha do candidato certo para o cargo certo, ou aquele candidato que mais se adequar ao cargo existente na organização, visando manter ou aumentar a eficiência no desempenho de pessoal. O processo de seleção é construído por etapas com a finalidade de contratação do candidato recrutado. As etapas são: triagem (entrevista, e análise de currículo), testes (de conhecimento, desempenho e psicológicos), entrevista de seleção, entrevista técnica, exame médico, referência do candidato, e finalmente a aprovação ou desclassificação do candidato (PONTES, 2008). O que se espera na seleção é um casamento perfeito entre as características e os requisitos do cargo. Um dos maiores desafios em relação ao profissional de Recursos Humanos é garantir a igual oportunidade de emprego a todos, quando realizado com descaso o recrutamento e a seleção trazem para a organização uma rotação de pessoal significativa, vista que o colaborador não se sente motivado ou satisfeito pelo cargo executado (CHIAVENATO, 1999b). 3. Metodologia de Pesquisa Em primeiro momento, destaque-se que um estudo de caso é caracterizado, conforme Gil (1999), como um estudo que tem por finalidade a análise profunda e exaustiva de uma, ou de poucas questões, visando permitir o seu amplo conhecimento ou seu detalhamento. Diante disso, observe-se que no caso do artigo fica evidenciado pela realização do estudo em uma empresa específica, uma indústria de galvanização de metais, no caso a ZincoForte, localizada em Cascavel, no estado do Paraná. A qual é caracterizada como uma prestadora de serviços voltada a zincagem a fogo que reveste o ferro ou aço com zinco. Convém mencionar que a ZincoForte tem 49 colaboradores ao total, sendo que 46 colaboradores são envolvidos diretamente com a produção. A pessoal de chão de fábrica constitui um grupo de 23 funcionários, na qual esses 23 foram considerados no estudo. Sendo divididos em dois turnos (diurno e noturno) com o primeiro horário das 08h às 17h48 e o segundo horário que é noturno das 21h48 às 07h30, contendo eles um intervalo de 1h para alimentação, descanso e outras atividades regidas pelo colaborador. Observe-se ainda que o questionário de desligamento desenvolvido foi realizado no setor operacional, de chão de fábrica da empresa. Adicionalmente, torna-se importante ressaltar que a pesquisa ainda pode ser definida como exploratória, por procurar inicialmente o entendimento de um determinado fenômeno, para depois, explicar suas causas e consequências (GIL, 1999). Sob este aspecto, na pesquisa desenvolvida junto a ZincoForte, observe-se que o estudo buscou inicialmente identificar o fenômeno que foi, quais são os motivos que levam ao turnover em uma indústria de médio porte, uma vez que essa é a realidade da maioria das empresas de vários segmentos? Para, posteriormente, através da identificação das respostas pertinentes descrever ao longo da seção de resultados e discussões as respostas pertinentes com suas causas e consequências. Complemente-se que o presente artigo, também caracterizar-se por ser descritivo, quando procura descrever sistematicamente uma área de interesse, ou fenômenos (LAKATOS; MARCONI, 2001). De forma mais específica, a pesquisa desenvolvida é caracterizada por inicialmente coletar, tabular, e analisar todos os dados necessários junto a ZincoForte para, posteriormente, descrever sistematicamente todas as informações necessárias para atender o objetivo de pesquisa, que são descritos em sequência na seção de resultados e discussões. Finalmente, destaque-se que depois de caracterizado o tipo de pesquisa científica, um estudo de caso, bem como apresentado suas características que foram de ser um estudo exploratório e descritivo, torna-se importante fazer o detalhamento da forma que se utilizou para a coleta, tratamento e apresentação dos dados de pesquisa. Assim, evidencie-se que para desenvolvimento do presente artigo, em primeiro momento definiu-se os elementos teóricos necessários, conforme Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 114 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 referencial teórico apresentado anteriormente. Para, em um segundo momento identificar as informações pertinentes junto a empresa ZincoForte, através de análise documental – junto aos arquivos da empresa e, através de entrevistas não estruturadas - junto aos responsáveis pelo RH da ZincoForte. Por fim, utilizou-se da “análise de conteúdo -por categorização” para comparar, analisar e apresentar as informações de acordo ao objetivo de pesquisa, que são apresentadas a partir da próxima Seção, de Resultados e Discussões, 4. Resultados e Discussões Em sequência, são apresentados os resultados dos questionários aplicados, bem como as análise e inferências desenvolvidas para atingir o objetivo do presente artigo. 4.1 Análise das entrevistas de desligamento A entrevista de desligamento consiste em uma conversa com o empregado que esteja se desligando da organização, com objetivo de apontar de forma consistente a direção do problema em determinada área ou setor, permitindo assim algumas providencias para melhorar a estrutura organizacional. A vantagem da entrevista é que o empregado deve dizer o que pensa da organização indiferente se positivo ou negativo, não escondendo nada, pois já não tem mais nada a perder (LACOMBE, 2005). Bispo (2012) diz não ser grande o número de empresa que adotam a pratica da entrevista de desligamento como uma ferramenta valiosa. Alguns tendem a dizer que aquele profissional não poderá agregar mais nenhum valor a organização, a quem mostre que na realidade é ao contrário, pois quem sai da empresa leva consigo informações relevantes sobre a mesma. Para análise dos dados da presente pesquisa foi utilizada a entrevista de desligamento, que foi realizada pela responsável do Recursos Humanos da organização e por estas pesquisadoras. Lacombe (2005) enfatiza a necessidade de analisar criteriosamente as entrevistas de desligamentos, com o intuito de verificar nelas os motivos da existência da rotatividade. Diante dos objetivos da pesquisa, a análise teve o foco nos motivos de desligamentos, que totalizaram 7 desligados dos 23 funcionários do setor operacional em 3 meses, com isso, entende-se que o nível de rotatividade está elevado. Assim, utilizando-se da formula apresentada por Chiavenato (2002), na qual é exercida apenas em relação às saídas e não considera as entradas de pessoal na organização, sendo então: IR = 7/23 = 30,43% desligados desta empresa. Dessa forma pode-se observar a existência da alta rotatividade organização ZincoForte, de forma que o mercado de trabalho está com uma demanda crescente de vagas no setor operacional, atraindo assim o colaborador a estar em uma rotação de emprego, e com isso aumentando o índice de rotatividade nas organizações. As informações extraídas com a entrevista de desligamento auxiliam na descoberta das necessidades dos colaboradores com intuito de renovação para reter o colaborador na organização. Observe-se que dos 7 desligados do setor operacional do chão de fábrica, 14% pediu desligamentos e 86% foram demitidos. Para Marques (2009), demitir pessoas absorvendo o desligamento é um processo atencioso que exige cuidados e maturidade, correlacionando demitido e quem está demitindo. A demissão não pode ser realizada sem ao menos planejar os detalhes para que nada se esqueça, deve se conter conhecimento e orientações para que seja conduzida da melhor forma possível. Acrescente-se que investir na preparação do gestor que é responsável pela demissão, age de forma eficaz, trazendo resultados positivos em médio e longo prazo, um desligamento quando planejado, traz consigo uma credibilidade da empresa ao mercado, ao contrário tende a um prejuízo quanto a imagem da mesma (MARQUES, 2009). 4.2 Dos Demitidos Conforme Lacombe (2005) é tão importante saber admitir as pessoas certas nos momentos certos e, saber demitir no momento que se torna necessário, deixar que um colaborador permaneça na organização, embora não produza, não tendo boas práticas, pode criar problemas para a organização e aumentar um elemento negativo no grupo de trabalho. Dessa forma, analisando as entrevistas de desligamento chega-se aos seguintes motivos: (i) Sujeito A - que trabalhou durante um curto período na organização, de 1 mês e 10 dias, e foi desligando por motivos de faltas sem justificativa, alegando que sua função era cansativa e repetitiva; (ii) Sujeito B - trabalhou na organização por 2 meses e foi desligado por faltas consecutivas com justificativas verbais que estava doente e ia ao médico, sendo que durante esse período não apresentou nenhum atestado médico; (iii) Sujeito C - trabalhou por 5 meses, esse colaborador desempenhava suas tarefas com qualidade, gostava de sua remuneração pois trabalhava no período da noite que era acrescido do adicional noturno, mas faltava bastante e não trazia justificativa alguma, com isso seu setor sempre Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 115 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 fica em atraso com suas metas. Chiavenato (2004) traz a teoria de que a organização pode desligar o funcionário por estar insatisfeito com seus rendimentos; (iv) Sujeito D e Sujeito E - trabalharam por 2 meses, o motivo do desligamento foram as faltas, e sendo primos sempre faltavam juntos seguido apenas de justificativas verbais, com isso trazendo descontentamento do restante do grupo. Segundo Lacombe (2005) não pode deixar permanecer na empresa um ou mais elementos negativos para a organização, criando problemas e desmotivação para os demais; (v) Sujeito F - permaneceu na organização desempenhando suas tarefas por 23 dias, ou seja, menos de 1 mês. Ele não se adaptou a suas tarefas e relata que a remuneração não o agradava, sendo que o motivo de seu desligamento foi por faltas sem justificativas. Chiavenato (1999a) apresenta a teoria que se o colaborador deve alcançar suas metas e objetivos e com isso receba a valorização o reconhecimento através de uma melhora na remuneração. Com base no exposto, observe-se que no momento da decisão sobre o desligamento, o funcionário deveria ser comunicado o mais cedo possível, para não deixar má impressão quanto à demissão, para que ele esteja disposto a uma possível negociação. A decisão previa, possibilita que o ex-funcionário consiga ajustar suas ideias e preparar suas estratégias na procura de um novo emprego. Além disso, que se tratando de demitir, sempre é um ato desconfortável, podendo se tornar um ato trágico, as organizações vêm se preocupando em amenizar o trauma financeiro e emocional através da assistência de programas de outplacement, que é uma técnica de gestão de Recursos Humanos por meio da qual o profissional demitido (outplaced), custeado pela organização que demite, é acompanhado desde o momento da demissão, até a concretização de seus objetivos profissionais, com ajuda de uma nova colocação no mercado de trabalho, na constituição de seu negócio próprio e até mesmo a decisão de “pendurar as chuteiras” (MAIA; NYARADI, s.d.). Ademais, identificou-se que que 100% dos demitidos foram por motivos de faltas, onde 50% desse justificaram apenas verbalmente a razão pela tal, na qual alguns eram por motivos de doença, mas não havia nenhum documento que comprovasse a justificativa, 33% desses faltavam sem dar alguma justificativa, e 17% faltaram por não se adaptarem as tarefas exigidas pelo cargo. Observe-se também que o questionário nos permitiu atingir simultaneamente as informações sobre os motivos relacionados a saídas dos colaboradores, contudo foi possível perceber que os desligamentos acontecem devido ao absenteísmo, sendo possível observar a insatisfação quanto à política salarial, as condições de trabalho, e o trabalho cansativo e repetitivo. Sob este enfoque, destaque-se ainda Wagner III e Hollembeck (2004, p. 125), que afirmam que “a insatisfação é uma das principais razões para o absenteísmo”, o que gera altos custos para a organização. Entende-se que uma única ausência não programada provoca um grande atraso na produção, trazendo junto o desinteresse conjunto do grupo de trabalho, acelerando a rotatividade organizacional. 4.3 Demissionários Seguindo, ressalte-se que o sujeito G, trabalhou por 20 dias, o motivo de seu desligamento que encontrou outro trabalho com menos esforço físico e com melhor remuneração. Observe-se que por ser um trabalho no setor operacional requer um esforço físico que nem todos os colaboradores têm condições para exercê-lo, de forma que o trabalho é continuo e desgastante, com isso sentem-se desvalorizados com sua remuneração e acabam se desmotivando. Lacombe (2005) diz que uma das preocupações da organização deve ter é que os colaboradores devem estar contentes com sua remuneração, política e benefícios. 4.4 Análise das causas encontradas no geral Em sequência será apresentado à análise geral das causas encontradas nas entrevistas de desligamento realizada no setor operacional de chão de fábrica da empresa ZincoForte. 4.4.1 Faltas com justificativa verbais As faltas com justificativas verbais são aquelas que o colaborador apenas informa o motivo de sua ausência, de forma que ele expõe com suas palavras a justificativa ao Recursos Humanos da organização sem ao menos apresentar quaisquer documentos constatando o fato. Na coleta de dados da entrevista encontram-se três ex-funcionários que foram demitidos por vontade da empresa, ocasionadas por haver faltas com justificativas apenas verbais, onde apenas informou com suas palavras o porquê ele faltou, e dentre eles, a permanência máxima na empresa foi de apenas dois meses. Com o mercado de trabalho aquecido, a oferta e demanda de emprego está crescendo muito rápido, disponibilizando muitas oportunidades de trabalho, com isso o colaborador escolhe onde quer trabalhar. Se ele está descontente com a organização onde está trabalhando, e insatisfeito com suas atividades laborativas, o colaborador começa a faltar ao trabalho (CHIAVENATO, 2008). 4.4.2 Faltas sem justificativa Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 116 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A falta sem justificativa alguma é sem dúvida a pior falta, por mostra ao empregador a falta de interesse, ou até o interesse pelo desligamento, podendo ser uma reação composta por não gostar do trabalho que iniciou. Observa-se na coleta dos dados o descontentamento com algo oferecido pela empresa, de forma que no momento da entrevista de desligamento foi observado o motivo do desinteresse quanto à adaptabilidade a função juntamente com a “baixa” remuneração, pelo trabalho ser cansativo e repetitivo contestadas por funcionários, esses são os fatores identificados pelas pesquisadoras no ato da entrevista, na qual três das demissões foram ocasionadas por faltas sem justificativa alguma. Bergamini (2005, p. 20) afirma que “uma pessoa se torna problema dentro de uma organização sempre que seu comportamento cria dificuldades ao grupo de pessoas em meio ao qual desenvolve suas atividades”, portanto, subentende-se que uma falta sem justificativa alguma, seguida de advertência verbal a primeira, seguida da segunda escrita, torna-se cômodo para o empregado, de forma que atrai o descontentamento do grupo de trabalho e os estimulam a fazer o mesmo. Chegar atrasado, ou até mesmo faltar ao trabalho, pode caracterizar desídia que são pequenas faltas, de forma que a empresa pode exigir uma justificativa consistente, pois a justificativa verbal não tem valor legal para a organização, podendo punir o funcionário com uma advertência e podendo chegar a uma decisão mais trágica e demitir o funcionário. 4.4.3 Remuneração A remuneração é uma forma que as pessoas encontram para alcançar seus objetivos pessoais, ela deve ser de acordo com sua capacidade de desempenhar funções, e com objetivo de alcançar resultados positivos na organização, e esperam ser reconhecidas através da sua remuneração (CHIAVENATO, 1999a). Dessler (2003) destaca que a remuneração é baseada em competências e habilidades, onde o colaborador não é pago pelo cargo que ocupa, mas pelo conhecimento desempenhado. Quando insatisfeitos com a remuneração, tende-se a desmotivar-se a desenvolver suas atividades de forma negativa à organização, pois salário é uma demonstração objetiva do quanto a organização valoriza o trabalho de seu colaborador. Portanto, na entrevista de desligamento o colaborador que pediu para ser desligado alega ter encontrado outro serviço que concede menos esforço físico e melhor condição de remuneração. 4.4.4 Entrevista com o gestor Foi realizada uma entrevista com o gestor da empresa ZincoForte, com propósito de saber sua opinião em relação ao índice de rotatividade em sua organização. Portanto, relata-se que houve 30% de rotatividade no setor operacional da empresa no período de 3 meses, contudo, ele diz que um dos motivos que desligam tantos funcionários é a falta de interesse por parte do colaborador em relação a fidelidade a empresa, ele foca que o principal motivo da causa da rotatividade são os benefícios da rescisão de trabalho que o colaborador recebe após ser demitido, ou seja, o funcionário trabalha com morosidade e com faltas sem justificativas consistentes, forçando assim uma demissão. Assim, relatam-se um breve comentário em relação à importância da motivação do funcionário no momento do exercício do trabalho, questionando-o a motivação de seus funcionários e como é feito o processo motivacional, ele nos afirma que a motivação é repassada através de um salário acima dos padrões sindicais, alguns benefícios oferecidos pela empresa, sendo cesta básica e incentivo à produção como bonificação por metas excedidas pelo grupo operacional. Na empresa, o gestor menciona que o treinamento é feito pelo encarregado de produção do setor, pois contém um profundo conhecimento das funções gerais da empresa, isso pelo fato de ter passado por todas as etapas do trabalho exercido internamente no setor operacional, teve como mérito a promoção ao cargo, onde uma de suas funções é treinar o novo aprendiz. Acrescente-se que quanto a promoção, na ZincoForte o funcionário tem chances de ser promovido desde que se encaixe no perfil profissional exigido pela empresa, que é o caso do encarregado de produção. A avaliação do colaborador é feita através de observação de capacidade de desenvolver suas tarefas com eficácia, seguindo de conversa entre gerente, Recursos Humanos e gestor da organização, e juntos definindo se o colaborador está apto a ser efetivado. As pesquisadoras encerram a entrevista deixando o gestor a vontade para algum comentário condizente a pesquisa ou ao assunto envolvido, de forma que ele menciona sobre mão de obra no Brasil em todas as conjunturas, relatando achar que as pessoas perderam parte do interesse no trabalho, preferindo viver de especulações ao invés de formar uma boa carreira profissional. Finaliza dizendo que um grande empecilho na vida empresarial são as leis trabalhistas, por defenderem arduamente o empregado. Evidencie-se que Wagner III e Hollenbeck (2004) dizem que nem todo o executivo entende a necessidade de gerar a satisfação e lealdade por parte do funcionário em relação ao trabalho. Contudo, percebe-se que o gestor acredita que a remuneração e outros benefícios oferecidos pela Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 117 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 empresa seja um ato suficiente para a motivação, e com isso buscando a fidelidade do funcionário, de forma que ele deveria se preocupar em ter um plano de carreira, benefício diferenciado relacionado à saúde ocupacional, pois as atividades requer um esforço físico maior que o normal, pois se trata do setor operacional. 5. Conclusões Inicialmente, destaque-se que o objetivo do presente artigo que foi apresentar uma análise de rotatividade de pessoal através de um estudo de caso em uma indústria de galvanização de metais, foi atingido. Assim, e de forma complementar, bem como com base em todas as atividades de pesquisa desenvolvidas, ou seja, com base na revisão de literatura – autores de referência, e na realidade da empresa – utilizando-se dos questionários aplicados e documentos consultados, apresenta-se as seguintes opções estratégicas e/ou ações para diminuir a rotatividade no setor operacional da organização ZincoForte: - Desenvolver pessoas é acima de tudo incentivar o autodesenvolvimento para a busca de uma renovação dos conhecimentos, as habilidades e das atitudes. Dessa forma, investir em treinamentos de qualificação é essencial para qualificar o colaborador em sua função e com isso incentiva-lo a desempenhar suas tarefas corretamente (FERREIRA; MARÇAL; RESENDE, s.d.); - Estruturar internamente a organização oferecendo boas condições técnicas e tecnológicas, sistemas que diminuam os desgastes físicos dos funcionários na realização de suas tarefas. Maslow apresenta as teorias das necessidades, e a segunda teoria que nos ensina sobre as necessidades de segurança, “segurança e proteção contra danos físicos e emocionais, assim como a certeza de que as necessidades físicas irão continuar sendo atendidas” (ROBBINS; COULTER, 1998). Com base nisso, recomenda-se associar melhorias de benefício ao colaborador como plano de saúde, e assistência odontológica; - Criar uma política organizacional, focando em oportunidade de crescimento de desenvolvimento do colaborador. Sendo que a política organizacional é um fato de vida fundamental para a organização, pois são formadas por pessoas e grupos com diferentes valores, metas e interesse em busca de um resultado que envolverá reflexão, pesquisas, analise planejamento, organização e direção. Por outro lado, deve-se definir de forma analítica sua missão, visão, objetivo, filosofia da organização (ROBBINS, 2005); - Criar um plano de cargos e salários para valorizar o colaborador na organização, promovendo a adequação de salário, levando em consideração o perfil de competências e o desempenho profissional; - Criar plano de carreira, para que os colaboradores possam ter uma base no crescimento, o plano de carreira é bem como a definição das políticas de crescimento da organização, para o colaborador é a trajetória de possibilidades de crescimento na organização (PONTES, 2001); - Realizar avaliações de desempenho, para que se possa comparar o grau em que o empregado se encontra, e se está atendendo ao comportamento exigido, estimulando o resultado de seu trabalho, para que assim possa fazer a comparação entre o grupo de trabalho, possibilitando até uma promoção na empresa (ZIMPECK, 1990); - Buscar motivar os colaboradores com benefícios, proporcionando integrações e estreitamentos entre chefes e colaboradores, de forma que a organização priorize um serviço desafiador ao colaborador, para que ele se mostre capaz de superar obstáculos; reconhece-lo pelos avanços diários e pelas conquistas alcançadas; e lhes mostrar possibilidades reais de crescimento pessoal. Chiavenato (1999a) relaciona motivação com impulso e ação de determinado comportamento, essas forças ativadas são traduzidas em desejo e receio de determinada pessoa; o colaborador deseja poder, deseja status e receia uma negação social, receia as ameaças à sua autoestima; - Criar o cargo de líder para o setor de produção, para que possam ter alguém que incentive o grupo, focando na orientação e motivação do grupo para que seja alcançado o objetivo em comum. Alguém que desenvolva cooperação criativa ao invés da competição predatória, desenvolvendo também estratégias para “administrar as crises e os conflitos do presente, sem prejuízos à renovação continua por meio da percepção e dinamização das oportunidades” (MATOS, 1993). REFERÊNCIAS BERGAMINI, C. W. Psicologia aplicada à administração de empresas: psicologia do comportamento organizacional. São Paulo: Atlas, 1982. BERGAMINI, C. W. Psicologia aplicada à administração de empresas: psicologia do comportamento organizacional. 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No entanto, antes de qualquer aplicação de ferramentas de gestão, faz-se necessária uma análise das funções da administração: planejamento, organização, direção e controle, conhecida pelo acrônico PODC. Assim, o objetivo deste artigo foi analisar a estrutura organizacional e os processos administrativos da empresa IXON, no que tangem ao PODC. A metodologia de pesquisa caracterizou-se como exploratória, por se tratar de uma análise detalhada das práticas de gestão existentes na empresa alvo, a fim de melhor entender como esta trabalhava sua administração. Quanto aos métodos utilizados, destacam-se a pesquisa bibliográfica, documental, e o estudo de caso, por se tratar de uma pesquisa onde utilizou-se material já publicado, documentos internos da organização, e ainda por se estudar um objeto de maneira mais aprofundada. Como resultado, salienta-se que foram apresentados pontos destacados pela direção da empresa no que se refere principalmente as funções dos administradores dentro da mesma, em relação ao planejamento, organização, direção e controle. Com isso, foi possível verificar que a prática empresarial, em relação à teoria previamente estudada e explanada no referencial teórico, se aplica na empresa alvo da pesquisa. Palavras-Chave: Administração. PODC. Road Building. Seeds. Gestão. ABSTRACT Since the administration has become paramount for businesses today, several methods are part of the range of available management tools for administrators and managers. However, before any application of management tools, it is necessary an analysis of management functions: planning, organization, direction and control, known for PODC. The objective of this study was to analyze the organizational structure and administrative processes IXON company in that concern the PODC. The research methodology was characterized as exploratory, because it is a detailed analysis of existing management practices in the target company in order to better understand how this worked his administration. As for the methods used, it highlights the literature search, document, and the case study, because it is a survey where we used previously published material, internal documents of the organization, and on studying a further way object. As a result, it is noted that points were recorded separately by the direction of the company with mainly concerns the roles of managers within the same, in relation to the planning, organization, direction and control. Thus, it was possible to verify that the business practice in relation to the previously studied theory and explained the theoretical framework is applied in targeted research company. Keywords: Administration. PODC. Road Building. Seeds. Management. 1 Introdução A administração tornou-se fundamental para toda e qualquer empresa na atualidade. O sucesso de uma organização depende da forma com que ela é gestada, pois com o aumento da competitividade no mercado, evidencia-se a necessidade de um processo produtivo cada vez mais eficiente e otimizado para atingir um objetivo. É notório que ainda há muitas empresas que não estão constituídas de forma organizada, isto é, não possuem procedimentos adequados para que se possa visar o crescimento com mais lucro e mais produtividade; não controlam seus processos de maneira organizada e não se projetam no futuro. Por outro lado, há muitas que, conforme foram evoluindo foram se adequando de uma maneira organizada, foram aprimorando seus processos e planejando seu futuro ao longo da sua evolução. Com isso, o objetivo deste trabalho é analisar a estrutura organizacional e o processo administrativo da empresa IXON, para a contextualização das teorias de processos da administração. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 120 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Para isso, foram realizadas entrevistas com alguns gestores da empresa e pesquisas bibliográficas para o embasamento teórico, como pode ser visto a seguir. 2 Referencial teórico A partir deste tópico, serão abordados os conceitos e teorias que permeiam o tema deste estudo, mais especificamente sobre a administração científica, as funções da administração, o planejamento, a organização, a direção e o controle, conforme pode ser verificado em seguida. 2.1 Administração científica O início do século XX foi o marco de um grande avanço na área da administração. Avanço este estimulado pela expansão da Revolução Industrial na América, o que resultou no surgimento de uma nova era para as organizações da época. Para acompanhar tal evolução foram necessários estudos importantes e o desenvolvimento de novos métodos na maneira de administrar (MAXIMIANO, 2006). Surge então a Escola da Administração Científica, escola esta que teve como principal abordagem a ênfase na execução das tarefas. “O nome Administração Científica é devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração nas indústrias a fim de aumentar a eficiência da produção” (CHIAVENATO, 2003, p. 634). Os estudos para a otimização dos processos produtivos tem como os principais precursores Adam Smit, Frederick Taylor e Henry Ford. Foram esses pensadores os responsáveis pela formação não intencional do movimento da Administração Cientifica, também conhecida anos depois como Escola Clássica da Administração, sendo durante a Revolução Industrial que a administração nasceu como um corpo independente de conhecimentos (ARAÚJO, 2004). Para Taylor, o importante era produzir, pois, para ele, tudo que fosse produzido seria consumido. Portanto, a fim de aumentar a produção era necessário que o trabalho fosse feito da maneira mais simples possível de forma coordenada e responsável (ARAÚJO, 2004). Em um de seus livros, Taylor fala sobre as técnicas de racionalização do trabalho do operário, por meio de Estudos de Tempos e Movimentos (Motion-time Study). Taylor começou por baixo, junto com os operários no nível de execução, efetuando um paciente trabalho de análise das tarefas de cada operário, decompondo os seus movimentos e processos de trabalho para aperfeiçoálos e racioná-los. Verificou então, que o operário médio e com equipamento disponível produzia muito menos do que era potencialmente capaz. Concluiu que se o operário mais produtivo percebe que obtém a mesma remuneração que o seu colega menos produtivo, o mesmo acaba se acomodando, perdendo o interesse e não produzindo menos, não utilizando todo o seu potencial (CHIAVENATO, 2004). Os métodos estudados, defendidos e aplicados pela Escola Científica, através de Taylor e seus seguidores, foram uma revolução mental no setor industrial da época. Entende-se que tais métodos valorizam a eficiência do trabalho e não o trabalho braçal e fatigante, a ponto de exaurir as forças dos operários. A crença de que o trabalho deve ser executado de maneira escravizante e árduo nada tem a ver com as teorias de Taylor e da Escola Científica, mas sim de forma inteligente e eficaz. (MAXIMIANO, 2006). Neste sentido, percebe-se que a ênfase dessa abordagem está na aplicação, na produção industrial, de técnicas e/ou procedimentos próprios dos métodos científicos, tais como a observação, experiência, registro, análise e resolução dos problemas da administração, com o objetivo de atingir maior eficiência e menores custos. Paralelamente aos estudos de Taylor, surge Henri Fayol com a Teoria Clássica da Administração (ou Fayolismo) enfatizando a busca pela máxima eficiência e estrutura organizacional, procurando a melhor disposição entres os setores da empresa e o bom relacionamento entre os mesmos. Com a teoria criada por Fayol, falou-se pela primeira vez em administração como disciplina e profissão, baseando-se no conceito de que administrar é um processo de tomar decisões. De acordo com Fayol, essas são as chamadas funções da administração que serão abordadas nos próximos tópicos. 2.2 Funções da administração A análise de estudiosos do assunto abordado se faz importante para observar suas aplicações ou necessidades das mesmas nas empresas. A administração busca em uma constante, sempre um melhoramento para os processos nas empresas e é uma boa gestão que vai fazer com que as mesmas tragam bons resultados. Segundo Medeiros (2008, p. 1) “o gerenciamento acima de outras coisas deve seguir alguns princípios da administração, os quais podem ser agrupados em quatro funções essenciais conhecidos como PODC: Planejamento, organização e execução, decisão e controle”. É a partir desses fundamentos que as organizações devem ter um embasamento. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 121 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Vale ressaltar que, para que a administração nas empresas ocorra de forma coerente com seus princípios (PODC), é de suma importância possuir mão de obra qualificada de acordo com as funções. A fim de garantir a própria sobrevivência, empresas de grande porte analisam cada vez mais a necessidade de profissionais qualificados para atingir seus objetivos. Desse modo, é importante mencionar a abertura de espaços para a formação em Administração (MARTINS, 1989), o que caracteriza a visão da necessidade da aplicação das funções essenciais da administração. Analisando a organização como uma das funções do processo administrativo, a mesma expressa o ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e os setores incumbidos de sua administração e estabelecer relações entre eles e atribuições de cada um deles (CHIAVENATO, 1982). A ênfase dos princípios da administração do planejamento, organização, direção e controle, segue pelas funções administrativas. Chiavenato (2003, p. 167) comenta que,” as funções do administrador que formam o processo administrativo são mais do que uma sequência cíclica, pois elas estão intimamente relacionadas em uma interação dinâmica. O processo administrativo é cíclico, dinâmico e interativo”, como mostra a Figura 1. Figura 1. A interação das funções administrativas. Fonte: adaptado de Chiavenato (2003, p. 167 ) A seguir, então, são apresentados os conceitos destes fundamentos, os quais seguem a mesma linha desde o tempo de Fayol no século XX, até os dias atuais. Ainda, a partir daqui serão abordados conceitos a respeito da importância de se fazer a gestão de forma adequada e bem estruturada da produção, finanças e orçamentos e, estratégias. 2.3 Planejamento O planejamento estabelece os objetivos que a empresa objetiva alcançar e os meios e métodos para que aconteçam, sendo este revisado anualmente. Para Chiavenato (2004, p. 70) o planejamento “é a tarefa de traçar as linhas gerais do que deve ser feito e dos métodos de fazê-lo, a fim de atingir os objetivos da empresa”. Então é no planejamento que se deve definir a missão, formular os objetivos, programar atividades que a empresa pretende fazer, e definir planos futuros. Contudo, Oliveira (2002, p. 36) comenta que “o propósito do planejamento pode ser definido como o desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões presentes em função dos objetivos empresariais que facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz.” Seguindo esse raciocínio, pode-se afirmar que o exercício do planejamento tende a reduzir a incerteza envolvida no processo decisório e, consequentemente, provocar o aumento da probabilidade de alcance dos objetivos, desafios e metas estabelecidos para a empresa. Faria (1997, p. 71) afirma que “o planejamento determina os objetivos a atingir e os tipos de controle necessários que a administração da empresa deverá adotar”. Por isso que a função do planejamento é considerada uma das atividades mais importantes em empresa. 2.4 Organização A administração de uma empresa envolve muitos fatores, nos quais todos devem ser analisados e organizados de forma que venha a contribuir para o desenvolvimento e crescimento da mesma, a começar pela estruturação e definição de cargos e responsabilidades. Então a organizar determina as atividades necessárias para ter a especialização, agrupa as atividades em uma estrutura, departamentaliza, e designa as atividades para pessoas divide em cargos e tarefas. No que se refere à organização, Oliveira (2008) menciona: Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 122 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Engloba todo e qualquer tipo de agrupamento de pessoas que trabalham, de forma estruturada, na busca de resultados comuns. Neste contexto, organização abrange as empresas lucrativas em geral, as ONGOrganizações não Governamentais - as fundações, as autarquias, as sociedades de economia mista, as cooperativas, as universidades, os hospitais, os bancos. A organização é uma função que complementa o planejamento, pois sem organização não há planejamento. É na organização que acontece a divisão do trabalho, constroem-se as atividades, aloca-se os recursos e também é definida as autoridades. A organização, para Faria (1997, p. 81) “é o estabelecimento de uma estrutura formal de autoridade, mediante a qual se definem, dispõem e coordenam as fases e métodos de trabalho para se atingir um objetivo”. É então a cargo da organização definir e montar sua estrutura organizacional. No que se refere à hierarquia, Chiavenato (2004, p. 132) afirma: Quanto maior a organização, maior o número de níveis hierárquicos de sua estrutura. A nivelação hierárquica representa a especialização da direção, ou seja, a distribuição da autoridade e responsabilidade dos níveis de organização. A estrutura formal é uma cadeia de níveis hierárquicos sobrepostos – a cadeia escalar descrita por Fayol – formando uma pirâmide, tendo a direção (nível institucional) no topo, os executores na base (nível operacional) e, no nível intermediário, as camadas do meio do campo. Atualmente, as organizações estão reduzindo seus níveis hierárquicos para enxugar a organização e aproximar a base do topo e fazêla mais ágil em um mundo repleto de mudanças. A organização, resumidamente, é a estrutura organizacional que possibilita a transformação dos planos em objetivos concretos. É a maneira como a empresa coordena todos os seus recursos( humanos, financeiros, materiais) alocando-os de acordo com o planejamento. 2.5 Direção Para dirigir uma empresa, é necessária uma análise global da realidade da mesma. Independe do seu porte (pequena, média ou grande), pois para que ela tenha eficiência o procedimento deve ser o mesmo, isto é, deve ser gestada da mesma maneira. No que se refere à direção, Chiavenato (2004, p. 151) apresenta seu conceito: “Constitui a terceira função administrativa e vem depois do planejamento e da organização e que dinamiza e aciona a organização. Está relacionada à atuação sobre pessoas e ação. A direção é exercida através de comunicação, liderança e motivação das pessoas”. O papel da direção segundo Ferreira e Souza (2001, p. 73) é “a integração dos esforços individuais, a mobilização de todos os membros da organização em prol do alcance dos objetivos comuns”. A Direção é, inegavelmente, uma das complexas funções da administração. Isto se deve à sua abrangência e ao fato de estar intimamente relacionado às pessoas. Para que haja uma boa gestão, a forma de transmissão da informação deve ser analisada, pois uma boa comunicação resulta em fácil entendimento do que deve ser feito e do bom andamento e relacionamento do trabalho. Oliveira (2008, p. 149) comenta que a comunicação “é o processo interativo e de entendimento, assimilação e operacionalização de uma mensagem – dado, informação, ordem – entre o emissor e o receptor por um canal, em determinado momento, e visando a um objetivo específico da organização”. É na função da direção que possui a designação das pessoas, a coordenação à comunicação entre diretor e subordinado, a motivação a liderança e coordenação de sua empresa. A forma de delegar também é um fator importante para o bom andamento do trabalho; é através da delegação que as atividades diárias fluem. Chiavenato (2004, p. 131) afirma que “a delegação é o processo de transferir autoridade e responsabilidade para posições inferiores na hierarquia. - designar responsabilidades aos subordinados”. Então, para dirigir pessoas são necessários vários conhecimentos a respeito do processo de comunicação, das teorias de liderança e da motivação, a direção pode ser considerada em função dos níveis da empresa: institucional, intermediário e operacional. 2.6 Controle Toda a empresa, organização deve ter um controle o mais preciso possível de todos os setores da mesma. Para Chiavenato (2004, p. 145) o controle “é a função administrativa que vem depois do planejamento, organização e direção e consiste fundamentalmente em um processo que guia a atividade exercida para um fim previamente determinado”. Desta forma, percebe-se que para Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 123 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Chiavenato (2004), o controle compreende a avaliação do desempenho, a qual deve ser baseada em padrões pré-estabelecidos, culminando em ações corretivas. Neste sentido, Faria (1997, p. 160) afirma que o “controle é um instrumento para assegurar a consecução do objetivo e em consequência, podemos tomar medidas corretivas quando necessário”. A finalidade do controle é segurar os resultados de tudo que foi planejado, consiste em também verificar se a atividade planejada está ou não alcançando os objetivos esperados. Os autores Koontz e O’Donnel (1998) falam que controle é a função administrativa que consiste em medir e corrigir o desempenho de colaboradores para assegurar que os objetivos da empresa e os planos delineados para alcançá-los sejam realizados. É, pois, a função segundo a qual cada administrador, do presidente ao supervisor, certifica-se de que aquilo que é feito está de acordo com o que se tencionava fazer. Então é o momento de se medir que as atividades planejadas ocorram e sejam iguais as estratégias. 3 Metodologia A metodologia é considerada um caminho para a construção de algo, e através dela será possível identificar cada ponto da pesquisa estudada. “É a descrição detalhada e rigorosa dos procedimentos de campos ou laboratório utilizado, bem como dos recursos humanos e materiais envolvidos, do universo da pesquisa, [...] seleção de amostra, dos instrumentos de coleta, dos métodos de tratamento dos dados” (SANTOS, 2002, p. 37). Neste sentido Vergara (2004, p. 61) menciona que “ao discutir a escolha de uma metodologia de pesquisa, é fundamental ter em mente o que se pretende pesquisar, e o que se espera descobrir e aprender com a pesquisa”. Assim, segundo GIL (2010), as pesquisas podem ser classificadas para melhorar a organização dos fatos estudados e também o correto entendimento dos mesmos. A seguir, apresentam-se as classificações da presente pesquisa. 3.1 Quanto aos objetivos gerais Para Gil (2010), as pesquisas podem ter objetivos diferentes, sendo classificadas em exploratórias, descritivas e explicativas. O trabalho em questão classifica-se como exploratória, que visa “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torna-lo mais explícito” (GIL, 2010, p. 27). Isto se dá pelo fato da presente pesquisa explorar a maneira como uma empresa atua em suas práticas administrativas, em relação as teorias existentes sobre o mesmo aspecto. 3.2 Quanto aos métodos empregados As pesquisas são realizadas a partir de diversos delineamentos, que segundo Gil (2010, p. 29) podem ser: 1. pesquisa bibliográfica; 2. pesquisa documental; 3. pesquisa experimental; 4. ensaio clínico; 5. estudo caso-controle; 6. estudo de coorte; 7. levantamento de campo (survey); 8. estudo de caso; 9. pesquisa etnográfica; 10. pesquisa fenomenológica; 11. teoria fundamentada nos dados (grounded theory); 12. pesquisa-ação; 13. e pesquisa participante. Assim, no presente trabalho adotou-se como método a pesquisa bibliográfica, a qual é “elaborada com base em material já publicado” (GIL, 2010), sendo que para sua execução, utilizaramse livros, artigos, dissertações, teses, bem como material disponível na internet. Também foi necessária a pesquisa documental, pois dados históricos, bem como documentos internos da empresa, foram utilizados para compor os resultados do presente trabalho. Salienta-se, de maneira complementar, que a pesquisa documental é assim considerada quando “o material consultado é interno a organização” (GIL, 2010, p. 31). Ainda, pode-se utilizar o estudo de caso, o qual compreende em uma pesquisa mais aprofundada de um ou mais objetos, de forma que estes possam ser detalhados (GIL, 2010). Desta maneira, buscou-se junto aos gestores da empresa alvo, informações detalhadas sobre as práticas administrativas existentes na gestão da mesma. 3.3 Coleta e análise dos dados Seguindo os métodos mencionados anteriormente, elaborou-se um questionário, o qual foi aplicado junto a alguns gestores da empresa, a fim de responder questões pontuais referentes à forma de condução de processos administrativos da atual gestão. Ainda, foram disponibilizados pela empresa alguns documentos para elaboração deste estudo, bem como dados históricos. 4 Resultados e discussões Neste item, são tratados os resultados alcançados com a pesquisa, bem como discutidos suas análises em relação à teoria reunida no item 2 deste artigo, conforme pode ser visualizado a seguir. 4.1 Identificação da empresa alvo Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 124 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A empresa alvo desta pesquisa acadêmica foi fundada em 9 de dezembro de 1994, e, efetivamente iniciou suas atividades no dia 1 de fevereiro de 1995, instalando-se em Santa Rosa, região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Seu ramo de atividades era o atendimento das necessidades de outras empresas, principalmente metalúrgicas, com foco em manutenções mecânicas, elétricas e assistência técnica de máquinas industriais. Ao longo de sua trajetória, gradativamente a organização foi investindo em máquinas e ferramentas, incorporando novas atividades e conquistando novos mercados e clientes, passando a trabalhar com instituições de grande porte e multinacionais, tanto no estado do Rio Grande do Sul, como nos demais estados da federação. A partir desse período, consolidou-se no mercado nacional no ramo de fabricação de equipamentos e montagens industriais, mecânicas e elétricas. Com uma visão inovadora, em meados de outubro de 2009 a empresa iniciou uma nova fase, para conquistar seu espaço e trabalhar sua identidade, disponibilizou no mercado equipamentos próprios, com sua marca. Neste momento nasceu a marca da empresa, a marca “IXON”, um nome forte, moderno e com grande diferencial competitivo, um nome para destacar os produtos próprios, voltados para os seguintes segmentos: Road Building (Usinas de Asfalto e Centrais de Concreto); Seeds (Equipamentos para o setor de Sementes) e Food (Equipamentos para o setor frigorífico). Com um quadro funcional qualificado de colaboradores, distribuídos nas diversas áreas da empresa, com normas de segurança operacionais e atendendo as mais rígidas exigências mundiais, desde novembro de 2008, contou com um sistema de gestão de qualidade certificado ISO 9001-2008, sempre trabalhando e aprimorando constantemente para atender o mercado com qualidade, tecnologia e eficiência. Com esse pensamento e avaliando suas necessidades, no início do ano de 2011, dentro de um processo de melhoria contínua a empresa reavaliou seus segmentos, definindo como principais somente os segmentos: Road Building (Usinas de Asfalto e Centrais de Concreto) e Seeds (Equipamentos para o setor de Sementes). Estes dois segmentos representam hoje o potencial da IXON e com essa ideia e esse foco, a empresa busca crescer no mercado nacional, sendo referência, para os clientes e parceiros. A missão da organização é fornecer soluções e inovações em equipamentos para os segmentos em que atua, atendendo as necessidades de nossos clientes, de forma segura e rentável. A visão da empresa é ser a empresa nacional de melhor referência em centrais de concreto e a segunda melhor referência em usinas de asfalto no mercado Brasileiro e os valores são: integridade, liderança servidora, responsabilidade, segurança e melhoria. 4.2 Quanto ao planejamento na empresa Com a intenção de alcançar seus objetivos a IXON possui um planejamento bem definido e formalizado. Segundo informações da direção este planejamento é bem completo e é de suma importância. Dentro de todo planejamento existem metas a cumprir, neste sentido, ressalta-se aqui que a área de vendas, possui uma rede comercial atuante em todas as regiões do país. Há uma equipe que trabalha na empresa e há representantes que atendem estados específicos. Possui metas definidas com valores estipulados e toda a rede trabalha para atingir as metas pré-estabelecidas, onde mensalmente são apresentados os indicadores dos resultados obtidos. Neste sentido, de acordo com seu histórico, a IXON passou por diversas mudanças na sua estruturação e como pode ser analisado em seu organograma, a empresa possui níveis hierárquicos bem definidos, conforme a Figura 1. 4.3 Quanto à organização na empresa Referente à estrutura, é válido ressaltar que a empresa possui seis departamentos, e, dentro de cada um os setores são chamados de centros de custo, os quais são divididos em: Departamento Industrial com onze centros de Custo (GCON, GPEC, GPIN, GMIN, GINO, GMPE, GNIO, GMPE, GCAL, GUSI, GPRO, GSGQ, GMAN), Departamento Assistência técnica com um centro de Custo (GAST), Departamento Logística com quatro centros de custo (GEXP, GMAT, GSUP, GPCP), Departamento Administrativo com seis centros de custo (GAFI, GESG, GMAP, GATI, GACO), Departamento Comercial com dois centros de custo (GCRB, GCEX), Departamento de Engenharia com três centros de custo (GEDP, GAUT, GEMF). Quanto aos cargos existentes são: diretor, gerente, supervisor, coordenador, analista operacional, analista de processos, analista de planejamento, assistente administrativo, operador de máquina, soldador, montador mecânico, montador caldeireiro, pintor, auxiliar de produção, eletricista, técnico em segurança do trabalho, almoxarife, motorista de caminhão, totalizando 157 colaboradores como mostra abaixo. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 125 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 É notório que a empresa presa por uma organização de cargos e setores bem definidos, de acordo com a direção, isto se deve ao fato de se objetivar plena clareza nas respectivas funções e atividades a serem desempenhadas. No que se refere a IXON, uma das formas que a mesma mais utiliza para a comunicação é o e-mail, tanto de forma interna quanto externa. Esta ferramenta permite manter o registro da informação ressaltando que todos os setores tem acesso. Destaca-se também o telefone e outras ferramentas que estão disponíveis na internet. 4.4 Quanto à direção na empresa Para que seja possível ter um bom andamento do trabalho uma organização, a motivação de seus colaboradores é fundamental. A direção da IXON coloca que considera este ponto altamente complexo, pois cada pessoa se motiva ou é motivada de formas diferentes devido aos seus próprios conceitos. Os diferente3s tipos de fatores motivadores são cargos, salários e desafios. Cabe a empresa identificar o que fazer para manter a motivação. 4.5 Quanto ao controle na empresa Pôde-se observar que a IXON possui um controle bem preciso de todos os seus processos, desde o estoque a quantidade de vendas. Para que a empresa conseguisse melhorar ainda mais sua forma de controle, no ano de 2008, contou com um sistema de gestão de qualidade certificado ISO 9001-2008. O interesse nesta certificação foi com o objetivo da padronização e entendimento das atividades da empresa. Visando a melhoria continua dos processos e consequentemente dos produtos da empresa. Com objetivos definidos, a ISO é fundamental para verificar se as atividades controladas estão atingindo os objetivos almejados. 5 Considerações finais Analisando de uma forma geral, percebe-se que a IXON é estruturalmente bem organizada, como pôde-se observar nos dados mencionados neste trabalho. Possui organograma que apresenta claramente a hierarquia da empresa, e possui o PODC (Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar) presente em todos os setores da mesma. Este trabalho teve como objetivo, vivenciar as práticas administrativas desta empresa para a compreensão real do funcionamento de uma organização de forma geral, a fim de que contextualizar a teoria explicitada em sala de aula. Neste aspecto, deve-se salientar que a IXON pôde ser um exemplo bastante amplo, por possuir vários setores distintos, embora seja uma empresa não muito grande. Portanto, a partir da análise realizada, é possível concluir que a prática das teorias administrativas são de suma importância para o entendimento real de uma empresa, bem como pode-se evidenciar que a IXON possui praticamente bem estruturada todas as funções de um administrador dentro da sua organização. Referências ARAÚJO, L. C. G. de. Teoria geral da administração: aplicação e resultados nas empresas brasileiras. São Paulo: Atlas, 2004. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. 7. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de empresas: uma abordagem contingencial. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1982. ______. Introdução à teoria geral da administração. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. FARIA, José Carlos. Administração: introdução ao estudo. 3. ed. - São Paulo: Pioneira, 1997. FERREIRA, Victor Cláudio Paradela; SOUZA, Agamêmnon Rocha. Introdução à Administração: uma iniciação ao mundo das organizações. 3. ed. - Rio de Janeiro: Pontal, 2001. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. - São Paulo: Atlas, 2010. KOONTZ, H.; O’DONNELL, C. Fundamentos à administração. 2. ed. - São Paulo: Pioneira, 1998. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2000. MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Teoria Geral da Administração – Da Revolução Urbana à Revolução Digital. 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São Paulo: Atlas, 2004. 127 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ANÁLISE FINANCEIRA DE UMA PEQUENA EMPRESA DO COMÉRCIO VAREJISTA DE ALIMENTOS FINANCIAL ANALYSIS OF A SMALL COMPANY IN THE FOOD RETAIL TRADE Carlos Alberto Meneghetti, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões RS, Brasil, [email protected] Saulo Eder da Rocha Mazzuco, Instituto Federal Farroupilha, IFF São Borja, RS, Brasil, [email protected] Rodolfo Porciuncula Matte, Instituto Federal Farroupilha, IFF São Borja, Brasil, [email protected] Margarete Catarina Mendes, Instituto Federal Farroupilha, IFF São Borja, Brasil, [email protected] Roberto Carlos Dalongaro, Universidad Nacional de Misiones, UNaM, Misiones, Argentina, [email protected] RESUMO A análise de balanços ou análise financeira das demonstrações contábeis de uma pequena empresa do comércio varejista de alimentos, com o intuito de auxílio ao empreendedor na tomada de decisões, através de informações pertinentes, é o objetivo proposto no presente trabalho. As informações necessárias ao desenvolvimento do presente estudo foram alcançadas e estruturadas a fim de possibilitarem a análise econômico-financeira, evidenciando assim, rumos e tendências da empresa estudada, inclusive, a partir de determinados cálculos da estatística descritiva. A metodologia utilizada para se alcançar os objetivos propostos foi a abordagem quantitativa, o estudo de caso como procedimento utilizado, valendo-se da execução de testes e utilização do sistema Microsoft office Excel como forma de analisar os resultados. Os resultados obtidos da análise financeira, através dos indicadores de liquidez, indicadores de estruturação de capital, indicadores de lucratividade se mostraram em níveis muito bons, contudo, os indicadores de rentabilidade, apresentaram resultados abaixo dos níveis considerados ideais para as atividades comerciais. Dessa forma, com as informações postas e utilizadas no presente trabalho, também com os resultados obtidos a partir de uma base homogênea e se mantidos os rumos e tendências, pode-se afirmar que a empresa objeto deste estudo apresenta indicadores viáveis a sua continuidade empresarial. Palavras-chave: Análise Financeira, Comércio Varejista, Indicadores, Gêneros Alimentícios. ABSTRACT The balance sheet analysis or financial analysis of the financial statements of a small business retail trade of food, with the help of order to the entrepreneur in the making, by relevant information, the objective proposed in this study. The information necessary for the development of this study were achieved and structured in order to make possible the economic and financial analysis, showing thus directions and trends of the company studied, including from certain calculations of descriptive statistics. The methodology used to achieve the proposed objectives was the quantitative approach, the case study as used procedure, drawing upon the execution of tests and use of Microsoft office Excel system as a way to analyze the results. The results of the financial analysis through the liquidity indicators, capital structure indicators, profitability indicators showed at very good levels, however, profitability indicators, had results below levels considered ideal for commercial activities. Thus, with folded information and used in this work, also with the results obtained from a homogeneous base and kept directions and trends, it can be said that the company object of this study presents viable indicators your business continuity. Keywords: Financial Analysis, Trade Retail, Indicators, Foodstuffs. 1 INTRODUÇÃO A análise financeira ou de balanço surgiu em meados 1890, com o sistema bancário americano, onde o conselho executivo da associação dos bancos americanos resolveu recomendar aos seus membros que solicitassem aos tomadores de empréstimos, declarações escritas e assinadas de seus ativos e passivos. É provável, que nessa época, as peças contábeis eram examinadas apenas, superficialmente, sem nenhuma técnica de medição quantitativa. No Brasil, a análise de balanço começou a sua difusão com uma maior evidência a partir de 1970, também junto ao sistema bancário, com o desenvolvimento da noção de comparação de diversos itens, sendo a mais comum e utilizada, a do Ativo Circulante com o Passivo Circulante. Dessa forma, a análise de balanços ou análise financeira, atualmente é vista como uma ferramenta imprescindível para avaliação patrimonial, financeira e econômica das empresas. Com referência ao embasamento teórico do presente trabalho, primeiramente traz-se à pauta a contextualização da contabilidade, bem como, a relevância de suas informações na avaliação dos empreendimentos. Em seguida, o entendimento das demonstrações financeiras e/ou contábeis e, Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 128 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 por fim, a análise destas, com a evidenciação de seus mecanismos e indicadores de avaliação, com o propósito de mensuração da situação financeira aliados a extratos pertinentes de estatística. Para fins do presente trabalho serão avaliados, tendo em vista ao propósito aqui pleiteado, tão somente o balanço patrimonial (BP) e a demonstração do resultado do exercício (DRE). Em face, do acima exposto, a análise de balanço ou análise financeira em muito contribui e auxilia a tomada de decisões, pois nos propicia o entendimento da evolução dos dados (números), durante o planejamento estratégico, para a elaboração de um plano de negócios ou de um plano de ação, ou ainda, para a avaliação e análise de viabilidade e competitividade da empresa, resultando assim, na rentabilidade do negócio em estudo. 2 REFERENCIAL TEÓRICO A fundamentação teórica é o suporte do trabalho para a realização dos seus estudos, análises, obtenção de dados e informações. Elaborar a fundamentação teórica é indicar as teorias de embasamento, citar autores usados para complementar o trabalho e também, a apresentação das ideias presentes nas obras. É através da fundamentação teórica que se situa o trabalho dentro da área de pesquisa do qual ele faz parte. Isso se faz importante tanto para o leitor, quanto para o escritor, pois se consegue identificar a linha teórica de discussão em que o trabalho se insere, assim como a definição dos autores necessários para fundamentar o trabalho. 2.1 Contabilidade Contabilidade é uma ciência com metodologia especialmente concebida para cumprir as funções de registro, controle e interpretação dos fenômenos que afetam as circunstâncias patrimoniais, financeiras e econômicas das pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, com ou sem finalidade lucrativa, independentemente do porte da instituição (RIBEIRO, 2013). Ainda segundo o referido autor, o objetivo da divulgação das informações contábeis decorre das necessidades de seus usuários. Sócios, por exemplo, desejam informações sobre a rentabilidade da empresa; administradores, sobre sua viabilidade e crescimento; bancos e fornecedores, sobre a capacidade de seus clientes honrarem dívidas assumidas. Segundo o primeiro congresso de contabilidade brasileiro, “É a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas á administração econômica. A contabilidade é uma ciência que permite, através de suas técnicas, manter um controle permanente do patrimônio da empresa.” (RIBEIRO, 2013). 2.1.1 Demonstrações financeiras ou contábeis Segundo Padoveze (2004), são relatórios sistematizados de informações contábeis, organizados de forma a evidenciar a situação econômico-financeira das companhias. Os dados para sua elaboração são extraídos dos livros, registros e documentos que compõem o sistema contábil da entidade. De acordo com a escrituração mercantil as empresas obedecem às prescrições da Lei 6.404/76 – com as alterações da Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, em seu art. 176 – e se obrigam a elaborar as seguintes demonstrações: a) Balanço Patrimonial (BP); b) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA); c) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); d) Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); e) Se companhia aberta, Demonstração do Valor Adicionado (DVA). O Balanço Patrimonial (BP) tem como principal função, fornecer um quadro preciso da contabilidade e situação financeira da empresa em certo período (geralmente o balanço é feito sobre o período de um ano). O balanço patrimonial é considerado uma das principais declarações financeiras de uma empresa e deve ser produzido de maneira precisa e rigorosa, a fim de auxiliar um Controle do Patrimônio eficiente (ASSAF NETO, 2012). Este mesmo demonstrativo reflete e evidencia ainda, de modo organizado e resumido o que a empresa possui (ativos), o que a empresa deve (seus exigíveis), e a diferença entre ambos (patrimônio líquido) em determinado período, ou seja, é um retrato da empresa no período trabalhado. Para Marion (2012), a demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é uma demonstração contábil dinâmica que se destina a evidenciar a formação do resultado líquido do exercício, através do confronto das receitas, custos e despesas apuradas segundo o regime de competência (princípio contábil). Segundo Marion (2012), “a DRE é extremamente relevante para avaliar desempenho da empresa e a eficiência dos gestores em obter resultado positivo. O lucro é o objetivo das empresas”. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 129 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Para a apuração do DRE, no entendimento de Ribeiro (2014): [...] é necessário realizar alguns procedimentos, como apuração de saldos de contas, elaboração de inventários de bens, conciliação de saldos de contas, ajuste de saldos de contas, tendo em vista o Principio da Competência, cálculos para fins de apuração e contabilização de valores de Impostos, Contribuição, Participação, Reservas e Dividendos, entre outros procedimentos a elaboração de Demonstração Financeira etc. (RIBEIRO, 2014) 2.2 Análise das demonstrações financeiras Para Ribeiro (2014), a análise de balanço tem por objetivo determinar os pontos críticos, mostrando um diagnóstico da empresa sobre as prioridades e soluções dos problemas levantados nas demonstrações contábeis. O processo de avaliação da empresa evidência a transformação dos dados em informação, que são úteis ao bom gerenciamento e a resolução das limitações encontradas, mediante a aplicação rigorosa dessa ferramenta. Segundo o autor, o exame e a análise de balanços podem ser tanto internos quanto externos. A interna é realizada no âmbito da empresa por seus membros e visa informar seus empresários, auxiliando na tomada de decisões. A análise externa é efetuada fora da entidade e seu objetivo é informar aos interessados da situação econômica e financeira da entidade para a realização de negócios e financiamentos. Segundo Ribeiro (2014), a finalidade da análise de balanço é transformar dados extraídos das demonstrações financeiras em informações úteis para a tomada de decisões por partes interessadas. Atualmente, são muitos os usuários que recorrem a análise financeira, seja para conhecer a rentabilidade do capital investido na empresa, como exemplo: os bancos, fornecedores, administradores, público investidor, etc. De acordo com Matarazzo (2010), na análise de balanços a transformação dos dados fornecidos pela empresa quanto mais eficientes melhores informações irão produzir das demonstrações financeiras para a tomada de decisões, porém, sempre de acordo com as regras contábeis. Para Assaf Neto (2012) A análise de balanço visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pelas empresas, a posição econômica-financeira atual, as causas que determinam a evolução apresentada e as tendências futuras. Em outras palavras, pela análise de balanços extraem - se informações sobre a posição passada, presentes e futuras (projetada) de uma empresa (ASSAF NETO, 2012). Enfim, através dos indicadores (índices) financeiros extraídos pela análise, no qual se busca maior clareza dos elementos constitutivos patrimoniais e de resultado de forma objetiva, têm-se evidenciada a performance e o desempenho econômico-financeiro da empresa (ASSAF NETO, 2012). 2.2.1 Estrutura de Capitais Os índices do grupo estrutura de capitais mostram as linhas de decisão financeira, quanto á obtenção de recursos. 2.2.1.1 Participação de capitais de terceiros O índice relaciona duas grandes fontes de recursos de uma empresa, que são os capitais de terceiros e os capitais próprios (patrimônio líquido). Este índice indica quanto a empresa tomou de capitais de terceiros, para cada R$ 1,00 de capital investido. Sua interpretação quanto menor for esse índice, melhor para empresa (BRUNI, 2010). Fórmula= IE = (PC + PNC) / PL) 2.2.1.2 Imobilização do patrimônio líquido O índice indica quanto á empresa aplicou no imobilizado para cada R$ 1,00 de seu patrimônio líquido. Quanto menor for esse índice, melhor para a empresa (BRUNI, 2010). Fórmula= (Imobilizado/PL) X 100 2.2.2 Indicadores de liquidez Na opinião de Treuherz (2007), ”entende-se por liquidez a velocidade com que um ativo qualquer pode ser convertido em dinheiro. Portanto, quanto mais líquida a empresa, maior a facilidade com que conseguira fazer face a seus compromissos’’. Este índice é um conceito econômico que considera a facilidade com que um ativo pode ser convertido no meio de troca da economia, ou seja, é a facilidade com que ele pode ser convertido em dinheiro. O grau de agilidade de conversão de um investimento sem perda significativa de seu valor mede sua liquidez. Padazove (2004) menciona alguns indicadores de desempenho, que seguem: Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 130 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A liquidez geral indica quanto a empresa possui no ativo circulante e realizável a longo prazo. Este índice é muito importante verifica se a empresa tem como pagar as suas obrigações a curto prazo. Quanto menor melhor para a empresa. Fórmula: LG = [(AC + ARLP) / (PC+PNC)] Para Treurherz (2007), ‘’a liquidez geral, permite avaliar o comportamento de todo o conjunto de contas financeiras. Compara os ativos financeiros de curto e longo prazo com as exigibilidades também de curto e longo prazo’’. Segundo o autor, o índice de liquidez corrente relaciona através de um quociente, os ativos e passivos de mesmo prazo (curto) de vencimento, sendo uma das medidas mais usadas para avaliar a capacidade de uma empresa para saldar os seus compromissos em dia. Como qualquer índice, é afetado por diversos tipos de transformações, tais como se a empresa tenha levantado recursos por meio de empréstimos a longo prazo, aparentemente baixo pode não ser um sinal ruim para uma empresa com capacidade de endividamento não utilizada. Fórmula: LC = AC / PC Para Treuherz (2007), ’’é um indicador importante, pois demonstra a forma com que os encarregados das finanças administram os recursos necessários para liquidar seus compromissos pontualmente’’. Segundo o autor, a liquidez seca pela sua formulação, corresponde a uma tentativa de acabar com as deficiências do índice de liquidez corrente, excluindo do ativo circulante o item ‘’estoques’’ e são transformados em contas a receber. Revela a capacidade financeira líquida da empresa pra cumprir os seus compromissos tanto de curto prazo, isto é, quanto a empresa possui no ativo circulante líquido para cada real investido do circulante. Empresas comerciais tendem a ter estoques mais facilmente realizáveis que empresas industriais, assim mostra a capacidade da empresa de pagar as dívidas a curto prazo, tendo como base os ativos circulantes, menos os estoques e despesas do exercício seguinte. Fórmula: LS = (AC - Estoques) / PC) O índice de liquidez imediata representa o aumento da direção com a medida satisfatória da liquidez de uma empresa, comparando as obrigações de vencimento a curto prazo, com o que a empresa possui em dinheiro (TREUHERZ, 2007). Para o referido autor Caracteriza realmente a liquidez, uma vez que trabalha como elementos patrimoniais do ativo circulante que podem ser disponibilizados imediatamente ou quase que de forma imediata, para pagamento de contas e que são agrupadas sob o nome de disponibilidades. Fórmula: LI =(Disponibilidades / PC) Verifica-se a capacidade de liquidez imediata da empresa em saldar seus compromissos de curto prazo, sendo quanto menor esse quociente pior. 2.2.3 Rentabilidade De acordo com Bruni (2010), “os indicadores de rentabilidade buscam analisar os lucros auferidos pela entidade de forma relativa, geralmente analisados em relação aos investimentos feitos pelo conjunto de fornecedores de capital (sócios e terceiros) ou apenas pelos sócios”. Ainda segundo o autor, o grau de rentabilidade é definido pelo quociente entre o valor presente dos fluxos de caixa futuros e o investimento inicial. É quando a empresa consegue a obtenção de vendas superiores aos custos, assim gerando mais lucro para empresa e decorrem da produtividade do ativo, das margens de lucro sobre venda (a lucratividade) e da estrutura de capital (mais ou menos participação do capital próprio no passivo total). É o critério natural de avaliação de retorno do investimento, é um dos indicadores mais importantes. Uma empresa rentável é que está bem administrada não terá problemas de capacidade de pagar suas dividas. 2.2.4 Lucratividade Ainda, segundo Bruni (2010) “uma importante etapa da análise das demonstrações contábeis diz respeito à compreensão do quanto estamos ganhando. É preciso compreender o lucro, analisado de diferentes formas como o lucro bruto, o lucro operacional próprio ou o lucro líquido.” Em síntese, trata-se da margem que colocamos em nossos produtos. Por exemplo, ao diminuirmos nosso preço de venda, geralmente aumentaremos o volume de vendas, mas normalmente isso causará uma diminuição da margem de lucro. 2.3 Estatística Segundo Bruni (2013) a estatística representa o conjunto de técnicas que objetivam primordialmente possibilitar a análise e a interpretação das informações contidas em diferentes conjuntos de dados. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 131 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Conforme Larson e Faber (2010) a estatística é a ciência que coleta, organiza, analisa e interpreta dados para a tomada de decisões. Para o mesmo autor existem dois tipos de conjuntos de dados usados em estatística, onde são chamados de população e amostra. Para Bussab e Morettin (2003) a população é o conjunto de todos os elementos ou resultados investigados, enquanto a amostra é qualquer subconjunto da população. Assim, dados amostrais podem ser usados para formar conclusões sobre populações. É importante a distinção entre um parâmetro e uma estatística, onde Larson e Faber (2010) estabelece que um parâmetro é a descrição de uma característica populacional e segundo os mesmos autores uma estatística é a descrição de uma característica amostral. Ainda, segundo Larson e Faber (2010) os conjuntos de dados podem ser do tipo qualitativo e quantitativo. Dados qualitativos consistem de atributos, rótulos ou entradas não numéricas e os dados quantitativos consistem de medidas numéricas ou contagens. Assim sendo, a conciliação dos indicadores financeiros e econômicos propiciados pela análise financeira, aliados a análise e interpretação sob o viés estatístico em muito contribui para a tradução de forma eficiente e eficaz do emaranhado de informações advindas dos relatórios contábeis-financeiros das empresas. 3 METODOLOGIA A metodologia tem por finalidade estudar os caminhos a serem percorridos para alcançar os objetivos propostos na pesquisa, onde o pesquisador ao tomar conhecimento da existência de um problema procura encontrar a solução e a partir daí, inicia-se o processo prático da pesquisa científica. 3.1 Abordagem Segundo Lakatos e Marconi (2007), abordagem consiste em como serão feitos os estudos da pesquisa, o encaminhamento, a busca, a análise, contrapondo-se á obtenção de um resultado qualquer. O método de abordagem para o desenvolvimento do presente trabalho foi a quantitativa, em função da possibilidade da conversão dos resultados serem traduzidos em números. A abordagem quantitativa procurará refletir de forma cartesiana a análise e os indicadores de desempenho obtidos. 3.2 Procedimentos Para Lakatos e Marconi (2007), os métodos de procedimentos constituem etapas mais concretas de investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos menos abstratos. Pressupõem uma atitude concreta em relação ao fenômeno e estão limitadas a um domínio particular. O método de procedimento utilizado foi o estudo de caso, cuja intenção foi a obtenção e agregação de um conhecimento profundo e exaustivo de uma realidade estudada da empresa. Utilizou-se do estudo de caso para conciliar todos os dados, com seus respectivos resultados e a partir destes, permitir verificar a situação financeira e econômica da organização estudada. 3.3 Técnicas Para Fachin (2003), técnicas correspondem ao conjunto de procedimentos mecânicos e intelectuais que as pessoas usam no desempenho de uma atividade científica. Para Lakatos e Marconi (2007), as técnicas são consideradas como um conjunto de preceitos de que se serve uma ciência, são também, a habilidade de usar esses preceitos ou normas, na obtenção de seus propósitos. As técnicas utilizadas foram os testes que são instrumentos com a finalidade de obter dados que permitam medir o rendimento, a frequência, a capacidade ou a conduta de indivíduos, de forma quantitativa onde, estes possibilitarão a aferição cartesiana dos resultados obtidos e a utilização do programa Microsoft Office Excel para a tabulação e aferição dos dados e conversão em resultados financeiros e estatísticos. 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 4.1 Histórico da empresa A pequena empresa do comércio varejista, objeto do presente estudo, iniciou as suas atividades no ano de 1997, tendo como objeto social a venda de produtos através do comércio varejista de alimentos, objetivando a conquista de novos e maiores mercados e/ou clientes. Da constituição da empresa até os dias atuais, a pequena empresa sofreu diversas transformações, entre elas, a saída de um de seus sócios, mudança no nome fantasia e razão social, etc. Atualmente, a empresa é administrada única e exclusivamente pelo sócio remanescente com funcionamento diário em uma pequena cidade da região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Por solicitação do proprietário manter-se-á a razão social em sigilo, assim como, a identificação dos anos analisados, onde estes serão identificados por anos 20x0 e 20x1. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 132 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Os resultados obtidos no presente trabalho foram calculados com o auxílio do programa Microsoft Office Excel e estão explicitados em cinco partes: análise de liquidez, análise de estrutura de capital, análise de lucratividade, análise de rentabilidade e análise de índices obtidos através da estatística descritiva. 4.2 Análise de liquidez Os índices de liquidez procuram traduzir a situação da entidade em pagar suas obrigações e sua estruturação de endividamento. Estes índices são capturados tão somente do balanço, em função dessa situação são índices estáticos onde representam o momento. Assim, quer dizer que no momento seguinte poderão ser totalmente alterados. De modo geral, as alterações se processam de forma gradual, razão por que a análise tendencial e o acompanhamento sistemático desses indicadores serão sinalizadores internos importantes para a empresa. Nada impede, porém que acontecimentos extraordinários aconteçam (falência de bancos, destruição de estoques) fazendo com que a situação evidenciada pelos indicadores sofra mudança brusca. Cabe ressaltar que os indicadores de liquidez são do tipo “quanto maior melhor”. A tabela a seguir evidencia os índices de liquidez obtidos a partir das informações da empresa estudada: Tabela 01 – Indicadores de liquidez INDICADORES DE LIQUIDEZ 20x0 20x1 Liquidez geral Liquidez corrente Liquidez seca Liquidez imediata 3,32 3,32 1,95 0,12 3,43 3,43 2,02 0,25 Fonte: Elaborado pelos autores. O indicador de liquidez geral apresentado pela empresa estudada mostra-se em patamares elevados, evidenciando que a mesma possui excelente capacidade de saldar o total de suas dívidas, ou seja, para cada real contraído em dívidas a empresa possui R$ 3,32 para saldá-las no ano de 20x0 e R$ 3,43 para o ano de 20x1. O indicador de liquidez corrente da empresa em estudo, se mostra idêntico e classificado como excelente, ao de liquidez geral em função da inexistência de valores no ativo não circulante, classificados como ativo realizável a longo prazo e também, em função das contas classificadas no passivo não circulante não possuírem movimentações. Ainda classificado em níveis muito bons, estão postos os indicadores de liquidez seca e liquidez imediata, sendo o primeiro, para cada R$ 1,00 em obrigações assumidas a curto prazo a empresa possui como capacidade de pagamento, R$ 1,95 para o ano de 20x0 e R$ 2,02 para o ano de 20x1, excluídos dessa capacidade o total de seus estoques. O indicador de liquidez imediata, que é calculado em função das disponibilidades de caráter efetivamente momentâneas para fazer frente as obrigações totais de curto prazo se apresentam para o ano de 20x0 em R$ 0,12 de recursos disponíveis para cada R$ 1,00 em dívidas e para o ano de 20x1 em R$ 0,25 de recursos para cada R$ 1,00 em dívidas. 4.3 Análise através de indicadores de estrutura de capital Tabela 02 – Indicadores de Estrutura de Capital INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAL 20x0 20x1 Endividamento Imobilização do PL Capital de Giro Próprio 0,33 0,24 0,70 0,36 0,13 0,71 Fonte: Elaborado pelos autores. A tabela acima demonstra que o indicador de endividamento calculado em função da totalização do passivo circulante e não circulante dividido pelo total patrimônio líquido da empresa em estudo está em 0,33 para o ano de 20x0 e em 0,36 para o ano de 20x1, portanto dentro de níveis aceitáveis, ou seja, indicadores superiores a 1,00 demonstram certo grau de endividamento da entidade por meio de financiamentos e de empréstimos contratados. A finalidade deste índice é mensurar a estrutura de financiamento da empresa. É um indicador que vislumbra certa confiabilidade (garantia) aos credores, ou seja, quanto a empresa tem de capital próprio (patrimônio líquido) para garantir as dívidas contratadas para o giro e para os financiamentos. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 133 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O indicador de imobilização do patrimônio líquido mede quanto a empresa usa de seus recursos próprios (PL) para financiar todo o seu Imobilizado. Quando o índice for menor que 1,00, significa que a empresa consegue financiar todo o seu Imobilizado e ainda existe sobras de recursos próprios para financiar o Realizável de Longo Prazo e/ou o Capital de Giro. Já, quando o índice for maior que 1,00, significa que a empresa não consegue financiar todo o seu Imobilizado com recursos próprios e depende, portanto, de recursos de terceiros para financiar parte de seu Imobilizado. No caso da empresa em estudo, este indicador se postou abaixo de 1,00, ou seja, em 0,24 para o ano de 20x0 e 0,13 para o ano de 20x1, o que significa dizer, que o total do imobilizado é financiado com recursos próprios. O capital de giro próprio, quando positivo, este índice mede quanto do capital de giro é financiado por recursos próprios. Neste caso, quanto mais alto for o índice, melhor. Quando negativo, ele mostra que a empresa não tem sobra de recursos próprios para financiar nenhuma parte do capital de giro e assim, todo o Ativo Circulante é financiado por capitais de terceiros. Na empresa em estudo este indicador se mostrou de forma positiva, ou seja, 0,70 para o ano de 20x0 e 0,71 para o ano de 20x1. 4.4 Análise de lucratividade Os índices de lucratividade são transcritos da análise vertical do demonstrativo de resultado e demostram o quanto a empresa, capta de lucro a cada unidade que é vendida. Estes indicadores devem ser analisados, relacionando-os aos padrões internos predeterminados e aos períodos passados e futuros, de forma que, sozinhos não alcancem conclusões definitivas e estão postos conforme a tabela a seguir: Tabela 03 – Indicadores de Lucratividade INDICADORES DE LUCRATIVIDADE 20x0 20x1 Margem bruta (em %) Margem operacional (em %) Margem líquida (em %) 21,88 11,72 11,72 36,63 30,30 30,30 Fonte: Elaborado pelos autores. 4.5 Análise de rentabilidade A análise da rentabilidade é um dos mais importantes aspectos ligados à análise financeira, em função de quanto maior o retorno ou rentabilidade, normalmente serão maiores as possibilidades de criação de valor e de continuidade da empresa. Tabela 04 – Indicadores de Rentabilidade INDICADORES DE RENTABILIDADE 20x0 20x1 Ativo do ano Patrimônio Líquido do ano 3,61 4,80 10,13 13,75 Fonte: Elaborado pelos autores. O índice de rentabilidade calculado em função do lucro líquido dividido pelo ativo total se mostrou em 3,61% para o ano de 20x0 e 10,13% para o ano de 20x1, ou seja, em padrões abaixo do considerado ideal. A rentabilidade calculada em função do lucro líquido quando comparado ao patrimônio líquido da empresa em estudo, se mostrou em 4,80% para o ano de 20x0 e 13,75% para o ano de 20x1, novamente em índices abaixo do ideal. 4.6 Análise estatística dos indicadores financeiros A partir dos dados calculados utilizando-se da metodologia consagrada e estabelecida pela administração financeira e/ou análise financeira, foi também, realizada a avaliação estatística de desempenho de alguns dos indicadores auferidos. A seguir, expõem-se quadro com alguns dos índices estatísticos calculados em relação a liquidez, pois julgou-se ser tais indicadores os mais significativos em relação a capacidade de pagamento da entidade, tendo um nível de confiabilidade de 95% para a média. 134 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Ano 20x0 Média Erro padrão Ano 20x1 2,1775 0,758049855 Média Erro padrão 2,2825 0,75462325 Mediana 2,635 Mediana 2,725 Modo 3,32 Modo 3,43 Desvio padrão 1,516099711 Desvio padrão 1,509246501 Variância da amostra 2,298558333 Variância da amostra Curtose -0,041918216 Curtose -0,305357758 Assimetria -1,097931116 Assimetria -1,045727898 2,277825 Intervalo 3,2 Intervalo 3,18 Mínimo 0,12 Mínimo 0,25 Máximo 3,32 Máximo 3,43 Soma 8,71 Soma 9,13 Contagem 4 Contagem 4 FIGURA 1 – Estatística descritiva dos indicadores de liquidez. Fonte: Elaborado pelos autores. Os indicadores de lucratividade apresentaram um desvio padrão arredondados de 1,52 para o ano de 20x0 e 1,51 para o ano de 20x1. Tais índices são simplesmente a raiz quadrada positiva da variância e representa uma das medidas mais utilizadas nas distribuições, desempenhando papel importante dentro da estatística. A tabela acima traz também a média calculada de 2,1755 e 2,2825 para os anos de 20x0 e 20x1, respectivamente, entre outros índices. 5 CONCLUSÃO O presente trabalho realizou a análise de balanço ou análise financeira das demonstrações contábeis de uma pequena empresa do comércio varejista de alimentos, localizada em um município da região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Os indicadores econômico-financeiros são elementos que tradicionalmente representam o conceito de análise de balanço e são calculados matematicamente, para tanto, se fez uso da geração de planilhas no programa Microsoft office Excel para geração dos indicadores e posterior análise. A análise financeira das demonstrações contábeis na empresa em estudo foi conduzida nos aspectos dos indicadores de liquidez, indicadores da estruturação do capital, indicadores de lucratividade, indicadores de rentabilidade e análise estatística descritiva. As análises dos indicadores de liquidez demonstraram que a capacidade da empresa em fazer frente a seus compromissos ou obrigações de curto e longo prazo, estão em patamares elevados, ou seja, em níveis excelentes. A análise financeira realizada calculou os indicadores da estruturação de capital, no qual demonstraram níveis muito bons e até mesmo excelentes, tanto na questão do endividamento, da imobilização do patrimônio líquido e do capital de giro próprio da empresa estudada. Os indicadores de lucratividade calculados se postaram em níveis bons, contudo os indicadores de rentabilidade calculados já não mostraram os mesmos níveis, ou seja, se postaram em níveis abaixo dos considerados ideais. Os indicadores obtidos a partir da análise financeira devem estar em sintonia com a visão estabelecida pela administração, no tocante ao acompanhamento das atividades, rentabilidade e situação patrimonial da entidade e serão por ela evidenciados. Devem ajudar no processo de entendimento da situação da empresa, tanto em seus aspectos de rentabilidade, financeiros e patrimoniais, objetivando evidenciar o ranking atual da empresa. A avaliação estatística demonstrou a similaridade e a homogeneização dos resultados obtidos através da análise financeira em uma base coesa de dados. Dessa forma, o presente trabalho fornece e serve de subsídios ao proprietário da entidade estudada na tomada de decisões. REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços: um enfoque econômico financeiro. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 135 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 BRASIL. Palácio do Planalto. Lei nº 6404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L6404consol.htm. Pagina visita em 22/09/15. BRASIL. Palácio do Planalto. Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007. 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Contabilidade geral fácil. 9. ed. São Paulo: Saraiva: 2013. _______. Estrutura e análise de balanços fácil. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. TREUHERZ, Rolf Mário. Análise financeira na era digital. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 136 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ANÁLISE GERENCIAL DE CUSTOS EM EMPRESA DE MÉDIO PORTE ANALYSIS MANAGEMENT COSTS IN MID-SIZED BUSINESS Francine Patzold, CNEC/IESA, RS, BRASIL, [email protected] Marcos Fröhlich CNEC/IESA, RS, BRASIL, [email protected] Daiane Ribas Moraes CNEC/IESA, RS, BRASIL, [email protected] RESUMO Este artigo teve como objeto de estudo a análise de custos de uma granja de suínos com a finalidade de evidenciar os custos da produção e elaborar uma analise gerencial para a referida atividade rural. Primeiramente, foi efetuada uma revisão sobre as principais interpretações a respeito da contabilidade de custos e sua aplicabilidade. Conforme a metodologia, a pesquisa pode ser caracterizada quanto aos fins: descritiva, e aplicada, e quanto aos meios: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e estudo de caso. Aplicou-se na granja suína de Luís Carlos Patzold, dedicado a produção de suínos na unidade de produção de leitões (UPL). Na conclusão, evidenciou-se a imprescindibilidade da existência de um controle de custos adequado para a atividade. Por fim, constatou-se que por meio de análise de custos cria-se a possibilidade de identificar os pontos fortes e fracos na produção e auxiliar o produtor rural na correta tomada de decisões, evitando crises desnecessárias, que podem levar a desistência do negócio. Palavras-chave: Custos, Suinocultura, Resultados. ABSTRACT This article has as its object of study the cost analysis of a pig farm in order to highlight the costs of production and develop a management analysis for such rural activities. First, we performed a review of the main interpretations regarding the cost accounting and its applicability. According to the methodology, the research can be characterized as to the purposes: descriptive and applied, and how the media: literature, documentary research and case study. Was applied in swine Luís Carlos Patzold dedicated to pig production in piglet production unit (PPU) barn. In conclusion, provided evidence of the indispensability of the existence of a suitable control for activity costs. Finally, it was found that through cost analysis creates the possibility of identifying strong and weak points in the production and assist farmers in making correct decisions, avoiding unnecessary crises, which may lead to cancellation of the deal. Key words : Costs, Swine, Results . INTRODUÇÃO Toda a empresa precisa fazer um trabalho de constante análise no que tange aos seus gastos de produção e resultados finais obtidos como meio de tomar ciência da eficiência ou ineficiência dos processos adotados e, desta forma, ser possível detectar pontos problemáticos que possam ser modificados para aumentar a rentabilidade dos seus negócios. Sabe-se que, para ser possível a determinação do nível de rentabilidade de um empreendimento qualquer, é preciso que haja um trabalho técnico de quantificação e análise da geração de receita em confronto com os gastos incorridos no decorrer das suas atividades. Pois bem, para tal papel enquadra-se o perfil das técnicas de contabilidade de custos que buscam a quantificação e distribuição de custos para melhor compor a estrutura de resultados. O presente artigo envolve o questionamento da existência de viabilidade econômica e financeira em uma Unidade Produtora de Leitões com preço de venda pré fixado. Nessa tarefa, considerou-se como temática as implicações inerentes à alimentação, a medicação, processo de inseminação e os demais custos com os animais no período de Pré-gestação/gestação e lactação da fêmea. Para chegar aos resultados esperados, definiu-se como objetivo geral da pesquisa: Analisar a viabilidade econômica financeira de uma granja UPL (Unidade Produtora de Leitões). Nessa mesma perspectiva, os objetivos específicos almejados no estudo, foram: Identificação e análise do funcionamento da granja; Levantamento do investimento, custos fixos e variáveis de produção; Identificação do preço de venda do produto; Levantamento do custo do quilo do animal e por fim, a Elaboração de uma análise da margem de lucro, e ponto de equilíbrio da produção. O interesse e a escolha da temática originam-se da necessidade de instrumentalizar o produtor rural na tomada de decisão, diante de uma recente alternativa que poderá lhe proporcionar melhorias de produtividade, competitividade e lucratividade, especialmente porque o produtor não fixa seu preço de venda, muitas vezes, resultando, numa variação dos custos e a significativa diminuição do preço de venda por parte da empresa integrada. Em termos de benefícios para os acadêmicos procura-se o conhecimento dos custos da criação de suínos para demonstrar ao proprietário a necessidade de uma análise do gerenciamento de seu Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 137 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 empreendimento, até então não aplicado na propriedade. Enquanto que para a academia justifica-se por se tratar de um assunto inovador e propiciar informações relevantes; na região, constitui-se em excelente oportunidade de valorização do que se produz. O presente trabalho está estruturado da seguinte forma: Introdução, com um breve relato sobre o que será abordado, justificativa e objetivo do estudo. No segundo capítulo, trata-se da revisão da literatura que embasou a fundamentação do trabalho; no terceiro, da metodologia utilizada; no quarto, dos resultados e discussões; e, por último, das considerações finais da pesquisa e das referências bibliográficas. 2 Referencial Téorico Neste primeiro momento abordar-se uma breve explanação referente à contabilidade de custos, sua história, seus conceitos e desdobramentos. Entre os autores utilizados para esta pesquisa, estão Crepaldi (1999), Bornia (2010) e Martins (2010), eles apontam o melhor entendimento sobre os assuntos relacionados a contabilidade, como, custos diretos, custos indiretos, preço de venda, ponto de equilíbrio entre outros. 2.1 Contabilidade de Custos A sociedade atual se caracteriza pelo aparecimento de uma série de fatores que aumentam dia a dia a dificuldade administrativa das organizações. Atualmente a contabilidade de custos é fundamental para os gestores tomar decisões e enfrentar o mundo competitivo. A contabilidade de custos faz parte da contabilidade gerencial ou administrativa e dispõe de técnicas que são aplicadas tanto a empresas industriais quanto a outras atividades, como empresas públicas e entidades filantrópicas, não estando restrita às formalidades legais da contabilidade geral (CREPALDI, 1999). Antes do surgimento da indústria as empresas apenas compravam e revendiam mercadorias. Com o surgimento das indústrias, a apuração do resultado sofreu alterações, pois a indústria passou a produzir em grande quantidade, e precisou calcular a apuração do Custo dos produtos vendidos (CPV), algo novo, pois anteriormente os produtos eram comprados prontos (BORNIA, 2010). De acordo com Bornia (2010), a contabilidade de custos passou a desempenhar importante papel como sistema de informações gerenciais, destacando-se nas empresas. Para Martins (2010) a Contabilidade de Custos tem duas funções principais: o auxilio ao controle e na tomada de decisão. O controle tem como missão principal fornecer dados para o estabelecimento de padrões, orçamento e outras formas de previsão, e acompanhar o que está acontecendo para comparação com os valores anteriores definidos. A figura abaixo ilustra como se situam a Contabilidade Financeira, de Custos e a Gerencial — além do sistema de orçamento — no contexto de um Sistema de Informação: Figura 01- Sistema de Informações Gerenciais-Fonte: Martins (2010, p. 22) 2.1.1 Principais Conceitos em Contabilidade De Custos Na atualidade quando se fala de um sistema de custos, devido à complexidade do processo produtivo, se faz necessário o esclarecimento dos conceitos e termos para proceder uma classificação adequada para cada caso. Segundo Martins (2009, p. 24), o gasto pode ser considerado como sendo a compra de um produto ou serviço qualquer, que gera um desembolso financeiro para a entidade, desembolso esse que pode ser representado por entrega ou promessa de entrega de ativos. Os gastos se subdividem em: Custo, Despesa, Investimento. Descrevendo o significado de custo, Iudícibus (2000, p. 179) comenta que, custo é a utilização de bens ou serviços na produção de outros bens ou serviços. Crepaldi define o conceito de custos como sendo (2010, p. 7), todos os gastos relativos a bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços. Os gastos só podem ser definidos como custo no momento da execução de um serviço ou da fabricação de um produto. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 138 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Para Figueiredo e Caggiano (1993), custos são essencialmente medidas monetárias dos ônus com os quais uma organização tem que arcar a fim de atingir seus objetivos. No entanto, são parcelas importantes do processo decisório, e não é surpresa que os contadores estejam muito envolvidos com a coleta e análise das informações de custos. Investimento, segundo Iudícibus, (2000, p. 178), trata-se de um gasto que deverá trazer benefícios futuros para a empresa, como por exemplo, uma máquina depois de adquirida pela empresa, possivelmente gerará benefícios por um longo período de tempo. Já a despesa é o gasto que não interfere diretamente na produção 2.2 Tipos de Custos Para formação dos custos de uma organização é necessário que seja levantado diversas informações organizacionais, e dentre eles alguns conceitos principais, como o Custo do produto vendido, custos diretos, custos indiretos, custos fixos e custos variáveis, preço de venda, margem de contribuição e ponto de equilíbrio. 2.2.1 Custos Diretos Os custos se classificam em relação à apropriação aos produtos fabricados: custos diretos e indiretos; e em relação aos níveis de produtos: custos fixos e variáveis. Os custos diretos são aqueles relacionados com as unidades de alocação de custos (produtos, processos, setores, clientes etc.). Pode-se também definir custo direto como aquele identificado e diretamente apropriado a cada tipo de obra a ser custeado (ZANLUCA, 2008). Segundo Zanluca (2008) são exemplos de custo direto: Matérias Primas usadas na fabricação dos produtos; Mão de Obra Direta; Serviços subcontratados e aplicados diretamente nos produtos e serviços. Para Padoveze (2006) os custos diretos são aqueles ligados diretamente à fabricação do produto ou serviço, com fácil identificação, pois estão relacionados com os materiais que fazem parte da estrutura do produto. 2.2.2 Custos Indiretos Segundo Padoveze (2006), os custos indiretos são caracterizados por estarem relacionados de forma indireta com os produtos acabados. Um exemplo simples pode ser os gastos com a gerência e diretoria da fabrica, são considerados custos indiretos, por que as pessoas trabalham em função não apenas de um produto, mas também de toda a empresa. Bornia (2010, p. 21) explica que: Os custos indiretos não podem ser facilmente atribuídos às unidades, necessitando de alocações para isso. Exemplos de custos indiretos em relação aos produtos são a mão de obra indireta e o aluguel. As alocações causam a maior parte das dificuldades e deficiências dos sistemas de custos, pois não são simples e podem ser feitas por vários critérios. A problemática da alocação dos custos indiretos aos produtos e análise dos mesmos dá origem ao que vamos denominar de métodos de custeio. Para Mott (1996), custos indiretos são aqueles lançados antes dos serviços ou produtos serem acabados, pois fazem parte e agregam valor ao preço final. Incluem-se nos custos indiretos ás despesas de luz, taxas e o pagamento de salário aos colaboradores. 2.2.3 Custo Fixos Segundo Dutra (2003, p. 47), custos fixos como os custos de estrutura que ocorrem período após período sem variação, não são consequência de variações do volume de atividades em períodos iguais. Para Crepaldi (2009) os custos fixos podem ser definidos como sendo aqueles cujo total não varia proporcionalmente ao volume produzido. Eles podem variar em função de grandes oscilações no volume de produção. 2.2.4 Custos Variáveis De acordo com Martins (2003, p. 33) o custo variável é aquele custo cujo comportamento e os valores estão diretamente relacionados ao volume e produção de vendas. Para Dutra (2003), os custos variáveis são influenciados pelo aumento da produção, dependendo muito do processo das atividades nela vinculada. 2.2.5 Custo Do Produto Vendido - CPV Crepaldi (1999, p. 89) traz a concepção que Custo do Produto Vendido é a soma dos custos incorridos na fabricação dos produtos que foram vendidos em determinado período. O CPV é uma despesa, pois contribui diretamente na obtenção de receitas. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 139 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 De acordo com Bornia (2010) os Custos dos Produtos Vendidos diferenciam-se do gasto pelo fato de que este último refere-se aos insumos adquiridos, já o custo está relacionado com os insumos efetivamente utilizados. Para Crepaldi (1999), o Custo de Produção é formado pela soma dos Materiais Direto (MD) mais Mão de Obra Direta (MOD) somando os Custos de Fabricação (CIF), ajustado para mais ou menos pela variação dos estoques de produtos acabados e produtos em processo. CP = MD + MOD + CIF Bornia (2010) esclarece que Custos de Materiais Diretos (MD) são os principais materiais integrantes do produto que podem ser convenientemente separados em unidades físicas específicas. Os Custos de Mão de Obra Direta (MOD) são os trabalhadores que produzem diretamente o produto, ou seja, representa o salário dos operários diretamente envolvidos na produção, os demais funcionários constituem a mão de obra indireta. Os Custos Indiretos de Fabricação (CIF) são todos os demais, materiais de consumo, mão de obra indireta, depreciação, depreciação, energia elétrica, telefone, água, dentre outros. 2.3 Formação do Preço de Venda A respeito da formação do preço de venda Martins (2010, p. 218) traz a concepção que: Para administrar preços de venda sem dúvida é necessário conhecer o custo do produto: porém essa informação, por si só, embora seja necessária, não é suficiente. Além do custo, é preciso saber o grau de elasticidade da demanda, os preços de produtos dos concorrentes, os preços de produtos substitutos, e a estratégia de marketing da empresa, e tudo isso depende também do tipo de mercado em que a empresa atua, que vai desde o monopólio ou do monopsônio até a concorrência perfeita, mercado de commodities etc. De acordo com Crepaldi (2010), o preço de venda é calculado a partir dos custos, com a consideração de uma margem de lucro, ou seja, custo somado ao lucro. Neste caso, o lucro é determinado por um percentual sobre os custos. A principal questão é o calculo do custo dos produtos, para que um item não subsidie outro. (CREPALDI, 2010). Para o referido autor, na ótica da empresa moderna, o preço de venda é determinado pelo mercado, portanto lucro seria a diferença entre o preço do produto e o seu custo . Crepaldi (2010), apresenta ainda, uma terceira equação, ou seja, o custo resulta da redução do custo em relação ao seu preço. Ressaltando a importância do planejamento e gestão dos custos desde a etapa da concepção dos produtos. Segundo Martins (2010, p. 220), “o importante é que o sistema de custos produza informações úteis e consistentes com a filosofia da empresa, particularmente com sua política de preços”. Aliado aos custos e ao preço de venda surge a margem de contribuição, que para Padoveze (2009, p. 277), representa o lucro variável: É a diferença entre o preço de venda unitário do produto ou serviço e os custos e despesas variáveis por unidade de produto ou serviço. Significa que em cada unidade vendida, a empresa lucrará determinado valor; multiplicando pelo total vendido, teremos a margem de contribuição total do produto para a empresa. Após o levantamento dos tipos de custos, da formação do preço de venda e da margem de contribuição é necessário apurar o ponto de equilíbrio da produção, sendo esta mais uma ferramenta de auxílio para a tomada de decisão do gestor. 2.4 Ponto de Equilíbrio Martins (2010) escreve que o ponto de equilíbrio nasce da conjugação dos Custos e Despesas Totais com as Receitas Totais, ou seja, a empresa está no ponto de equilíbrio quando ela não tem lucro ou prejuízo. O Ponto de equilíbrio é representado da seguinte forma: 140 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Figura 02: Ponto de Equilíbrio. Fonte: Martins, (2010, p.258) Analisando o gráfico Martins (2010), afirma que a empresa está tendo mais Custos e Despesas do que Receitas no ponto abaixo do Ponto de Equilíbrio, tendo assim prejuízo. Quando as receitas ultrapassam os custos e despesas entra na faixa do lucro. Desse mesmo modo, Bornia (2010), demonstra que ponto de equilíbrio nasce da conjunção dos Custos e Despesas totais com as Receitas totais. É o ponto em que o valor das receitas atinge o mesmo valor dos custos fixos, ou seja, o ponto em que não há lucro ou prejuízo. 3. Aspectos Metodológicos De acordo com a classificação de Vergara (1998), o estudo classificar-se-á quanto aos fins, como: Descritivo: pretende-se descrever todas as fases de funcionamento da granja, levantando os custos fixos e variáveis de produção e assim, apresentar os resultados do estudo identificando o custo do quilo do animal, comparando os custos de produção com o preço de venda do produto, sem modificar as variáveis de estudo. Aplicada: A pesquisa procurou explorar um campo recente, mas com problemáticas ainda desconhecidas, a exemplo da apuração dos custos da produção do suíno com preço de venda já pré-fixado. Quanto aos meios: a) Pesquisa bibliográfica: a presente pesquisa terá como base as publicações em livros, revistas, jornais, em meio eletrônico assim como todo o material disponível sobre o assunto; b) Estudo de caso; o estudo é definido a partir de de dados e informações da granja de suínos. Os resultados do estudo sobre as informações são considerados em relação aos custos incorridos na empresa durante o período de Pré-gestação/gestação e lactação das fêmeas. O estudo de caso é a maneira de aplicar os conhecimentos sobre determinado assunto, fazendo com que se passe do âmbito puramente teórico para o prático. O levantamento de documentação foi realizado na granja de Suinocultura de Luis Carlos Pätzold, o que deu suporte para tecer a composição de custos atual do empreendimento e projetá-lo para o futuro. O levantamento de dados quantitativos foi obtido por meio de informações de documentação diversa e comprobatória de gastos. Contudo durante o processo de produção de suínos, o mesmo teve como objetivo a estruturação de um relatório inicial dos custos do empreendimento. Isso permitiu com que houvesse o levantamento de documentação direta realizada na granja de suinocultura, dando suporte para obter os resultados desejados. 4. Apresentação e Análise dos Dados 4.1. Contextualização da Empresa A Granja de Suinocultura de Luis Carlos Pätzold é um empreendimento de médio porte, dedicado a produção de suínos na unidade de produção de leitões (UPL), ou seja, período entre a cobertura da fêmea e a entrega do leitão para terminação (preparação dos leitões para o abate). A empresa Luis Carlos Patzold, é uma empresa familiar, com mais de 28 anos. Iniciou as atividades após um intercambio realizado na Suíça pelo seu fundador. No início o trabalho era realizado somente pelo proprietário e seu irmão, e no plantel havia apenas um macho e uma fêmea para início da produção. Após alguns anos de criação independente, optou-se por integrar-se a empresa Brasil Foods S. A.(antiga Perdigão). Assim houve uma mudança na forma da criação, pois o integrado (proprietário da Granja) produz os leitões que serão destinados pela BRF para terminação. As matrizes fêmeas e machos híbridos são de propriedade da BRF, cedidos em contrato de mútuo, por tempo indeterminado ao integrado. Nesse novo formato os preços são tabelados pela empresa BRF. Atualmente a empresa está localizada na bacia hidrográfica do rio Uruguai, no interior do município de São Pedro do Butiá, tem a capacidade de 500 matrizes e uma área construída de 2.341 m². A empresa possui 5 funcionários e a gerência é realizada pelo proprietário. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 141 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O presente artigo tem por objetivo levantar dados para avaliação do custo de produção, em confronto com as receitas obtidas pela Granja de Suínos. Para isso, é necessário analisar a apropriação dos mais diversos custos na produção de suínos, apurando, desta forma, os custos de produção. 4.2 Levantamento dos Custos de Produção 4.2.1 Custos Com Matrizes e Reprodutores Esta granja possui um plantel (lote de animais reservados para a reprodução) de 476 matrizes, 36 leitoas e 8 reprodutores (utilizados apenas para detecção de cio e retorno de cio). O sistema utilizado na granja controla os estoques de matérias-primas utilizadas na fabricação da ração e seus custos de aquisição, como também o valor da receita bruta obtida na venda dos lotes. Para apuração dos custos de produção foi necessário detectar informações desde a inseminação da fêmea até a venda de um lote de leitões para outro integrado da BRF onde o leitão passa pelo ciclo de terminação, ou até mesmo para um frigorifico. No estudo de caso foram obtidas as seguintes informações: Para a formação de um lote que contenha 668 leitões, foram necessárias em média 61 matrizes. Essas informações foram extraídas de um levantamento de dados da Granja, no período de 01/04/2014 a 30/05/2014. Inicialmente, foram elaborados, os custos da propriedade com as fêmeas durante o período de Pré-gestação/gestação e lactação, alocando-se os valores obtidos ao lote analisado. A partir do momento do desmame dos leitões do lote anterior, se inicia a atribuição dos custos de alimentação da marrã (um porco fêmea jovem de pelo menos seis meses de idade que teve não mais de uma ninhada de leitões) para o novo lote. Este período de Pré-Gestação dura 6 dias, e se encerra com a cobertura do animal, iniciando então o período de Gestação que dura cerca de 114 dias. A partir do parto tem-se o período de Lactação, o qual dura mais 28 dias. Os custos diários dos alimentos consumidos pelas 61 matrizes no período de Prégestação/gestação e lactação (amamentação), os quais são compostos por milho, farelo de soja, trigo, Pig Master, Master Sorb, Pig lactação, óleo de soja e açúcar totaliza R$ 20.894,61, sendo que o lote analisado esteve na granja durante 148 dias e o custo diário da alimentação por animal é R$ 2,31. Resultando um gasto médio de R$ 342,53 por fêmea com a alimentação. É importante destacar que para cada fase, na criação, existem tipos de alimentação específica, visto que a quantidade dos ingredientes modifica-se nas diferentes fases da produção. O número de leitões do lote analisado é composto de 668 animais, gerados a partir de 61 marrãs, portanto uma média de 10,95 leitões/marrã. Na maior parte das fêmeas é utilizado o método de inseminação artificial, conforme dados do proprietário da granja. Tendo o custo de R$ 13,04 por fêmea (2 doses de sêmen R$ 10,64 + 2 pipetas para introdução do sêmen no valor de R$2,40). No lote analisado o custo de inseminação artificial totalizou R$ 795,44 (61 matrizes x R$ 13,04). Para apurar o custo variável é necessário também apurar o valor da medicação, que deve ser adquirida somente da empresa BRF, a qual totaliza um valor de aproximadamente R$ 1.566,00 mensalmente, ou R$ 25,67 por marrã. Processo de alimentação Custos totais Custos por marra Alimentação R$ 20.894,61 R$ 342,53 Inseminação R$ 795,44 R$ 13,04 Medicação R$ 1.566,00 R$ 25,67 Valor total R$ 23.256,05 R$ 381,25 Quadro 01 – Custos variáveis Fonte: Elaborado pelos autores Como pode-se notar no quadro 01, o custo por marrã durante os 148 dias de pré gestação/gestação e lactação, foi de R$ 381,25, totalizando R$ 23.256,05 para as 61 marrãs. 4.2.2 Apuração da Receita e da Margem de Contribuição Após o desmame, completado o ciclo de 28 dias, os leitões são comercializados para o frigorifico ou para outro cliente para o ciclo de terminação, como a BRF entender melhor, pois esporadicamente são leitões em excesso para apenas um cliente. No caso do lote analisado foram comercializados 668 leitões, onde cada um foi vendido por R$ 9,80 kg, totalizando uma receita de R$ 42.551,60. Pode-se constatar desta forma que o peso médio de cada leitão foi 6,50 kg. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 142 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A receita líquida utilizada para o cálculo da margem de contribuição é decorrente da comercialização dos 668 leitões (R$ 42.551,60). A margem de contribuição foi obtida a partir do valor da receita líquida (R$ 42.551,60), deduzido o valor do custo do produto vendido, que se referem aos gastos com alimentação do reprodutor, das marrãs, dos leitões e também com a inseminação e a medicação, totalizando R$ 23.256,05. Assim, a margem de contribuição totaliza R$ 19.295,55 que divididos pela quantidade total de leitões produzidos no lote (668), permite a apuração da margem de contribuição unitária de R$ 28,89. Receita Líquida R$ 42.551,60 (-) Custos Produto Vendido R$ 23.256,05 margem de contribuição R$ 19.295,55 Margem de Contribuição R$ 19.295,55 (/) Produção Total (leitões) 668 Margem de Contribuição Unitária (leitões) R$ 28,89 Quadro 02 - Margem de contribuição. Fonte: Elaborado pelos autores A margem de contribuição unitária, calculada no Quadro 02, indica que cada leitão produzido no lote em análise contribui com R$ 28,89 para o pagamento dos custos e despesas fixas e formação do lucro. 4.2.3 Custos Fixos da Produção e o Ponto de Equilíbrio Os custos fixos são custos que se mantêm estáticos (que não se alteram, desde que dentro da capacidade instalada). O custos são fixos em relação à produção estabelecida, entretanto, podem variar em função de outros fatores que não dependem da produção. Este custo existe mesmo que não haja produção. Os custos fixos são formados pelo salário dos funcionários, o combustível, a energia e o custo das instalações. A empresa não possui custo com o transporte, pois o mesmo é de responsabilidade da BRF, e o custo da água não é calculado, porque o proprietário possui um Poço semi-artesiano1, portanto o custo é apenas de energia com o bombeamento. O quadro 03 demonstra os custos fixos de todos os animais do plantel (520) no período analisado (148 dias): Custos Fixos Valores Mão De Obra R$ 27.774,67 Combustivel R$ 2.801,64 Energia R$ 5.584,53 Custo da instalação R$ 12.826,67 Total dos Custos Fixos R$ 48.987,51 Quadro 03 – Custos Fixos. Fonte: Dados da pesquisa O Quadro 03 apresenta a formação do custo fixo dos 520 animais do plantel mensalmente, porém se está analisando o lote de 61 fêmeas durante 148 dias. Para tanto, calcula-se o custo fixo do lote de 61 animais que é de R$ 5.746,61. Conforme demonstração do cálculo no quadro abaixo: CF do lote = 48.987,51/520x61= 5.746,61 Após ser apurado os custos fixos, se consegue calcular o ponto de equilíbrio da produção. O ponto de equilíbrio nasce da conjunção dos Custos e Despesas fixas totais com as Receitas totais. É o ponto em que o valor das receitas atinge o mesmo valor dos custos totais, ou seja, o ponto em que não há lucro ou prejuízo. Para cálculo do Ponto de equilíbrio usou-se a seguinte formula: PE= CF/MC Logo, o ponto de equilíbrio da empresa será 198,91 (PE=5.746,61/28,89). Examinando assim, que a granja deve produzir 198,91 leitões para atingir o ponto de equilíbrio. 4.2.4 Demonstração do Resultado do Período A partir do levantamento dos custos e apuração da receita e do ponto de equilíbrio, resulta na elaboração da DR (Demonstração do Resultado), descrito no quadro abaixo 04: DR 1 Poço tubular profundo cuja pressão da água não é suficiente para a sua subida à superfície, necessitando instalação de equipamento no interior do poço para efetuar a bombeamento da água, portanto o custo é apenas de energia com o bombeamento. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 143 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Receita de vendas R$ 42.551,60 (-) CPV R$ 23.256,05 (=) MC R$ 19.295,55 (-) Custos e despesas fixas R$ 5.746,61 (=) Lucro R$ 13.548,94 Quadro 04 - Demonstrativo de resultado do período. Fonte: Elaborados pelos autores O Lucro consiste na subtração dos custos e despesas fixas da margem de contribuição referente à comercialização de leitões produzidos na propriedade. Neste caso, esta atividade apresentou um lucro de R$ 13.548,94, significando 31,84% da receita de vendas. 5. Resultados e Discussões Em uma economia cada vez mais competitiva é compreensível o aumento da preocupação de todos os setores produtivos com a análise de custos, que representa uma extensão natural da Contabilidade Gerencial. Os administradores podem avaliar o impacto financeiro das decisões gerenciais alternativas e, à medida que estes dados tornam-se mais explícitos e formais, é possível que eles sejam utilizados para desenvolver um tipo de vantagem competitiva. Os animais originários da cria são avaliados pelo seu valor original, na medida de sua formação, incluindo todos os custos gerados no ciclo operacional, imputáveis, direta ou indiretamente, tais como: rações, medicamentos, inseticidas, mão de obra e encargos sociais, combustíveis, energia elétrica, depreciações de prédios, máquinas e equipamentos utilizados na produção entre outros. Com a estrutura apresentada, a margem de contribuição unitária indica que cada animal produzido no lote em análise, contribui com R$ 28,89 para o pagamento dos custos e despesas fixas e na formação do lucro. Pode constar também que a granja deve produzir 198,91 leitões em média para atingir ao ponto de equilíbrio, ou seja, o ponto em que não há lucro ou prejuízo. Com vista à análise de custos, nota-se que o Lucro alcançado representa 31,84% da receita, demonstrando que apesar da sazonalidade enfrentada pelo suinocultor, o seu produto obtêm retorno à curto prazo. Os cálculos apresentados acima levaram em consideração 100% de aproveitamento, em relação as fêmeas. Nenhum retorno ao cio apresentado no período, ou até mesmo uma morte de fêmea já coberta. O que pode ocasionar uma perda significativa nos períodos quando ocorre. Por fim, se pode afirmar que o objetivo proposto foi plenamente alcançado, pois foi possível por meio de ferramentas contábeis, que até então não eram utilizadas na granja analisada, o levantamento e avaliação de informações indispensáveis a uma noção da viabilidade financeira, oportunizando ao seu proprietário a tomada de decisões visando permanecer na atividade, apesar da sazonalidade enfrentada pelo ramo. 6. CONCLUSÃO O tema do presente estudo ressalta que a Contabilidade de Custos é uma ferramenta necessária para a tomada de decisões. No entanto, na atividade rural brasileira, essa ainda é pouco utilizada, o que se deve principalmente à falta de conhecimento desta forma de controle por parte dos proprietários. Observa-se que, para a expansão da contabilidade na atividade rural é necessário que se desenvolvam trabalhos com o intuito de difundir a validade deste tipo de estudo para a atividade. Nos últimos anos a produção de carne suína no Brasil teve uma expansão significativa. Conforme dados do IBGE, houve um crescimento médio anual em torno de 8%. Este crescimento é apoiado principalmente na melhoria dos sistemas produtivos e tecnologia envolvida na produção, bem como o manejo e a melhoria nos padrões de abate do animal. Porém para o produtor, não houve um considerável aumento no preço pago pela empresa integrada, assim vários proprietários não permanecem na atividade. Diante do estudo de caso analisado pode-se constatar que para que exista um controle de custos nas granjas de suínos, se faz necessário a implantação de um sistema controlador de custos adequado para a atividade ( esse pode ser feito meio de planilhas do Excel, por exemplo). A granja objeto de estudo possui um sistema, porém o funcionário que opera não está treinado adequadamente para o desenvolvimento da tarefa. Outro problema encontrado é que as informações não são atualizadas semanalmente, o que acarreta na falta de informação para o proprietário rural avaliar a real situação econômica do empreendimento. O desenvolvimento deste artigo procurou, por meio dos problemas levantados, evidenciar os benefícios que a contabilidade de custos pode gerar na atividade suinícola, quando utilizada como ferramenta gerencial de análise e tomada de decisões. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 144 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 No final do estudo, pode-se afirmar que a suinocultura, proporciona, no caso estudado, ao empreendedor uma margem de lucro de 31,84% em relação a receita líquida. Tendo em vista a necessidade de, por meio dos objetivos específicos, chegar-se a respostas para a concretização do objetivo geral, levantou-se informações secundárias por meio de pesquisa bibliográfica e documental sobre aspectos da contabilidade de custos. Elaboraram-se demonstrativos dos custos, dentre eles, alimentação, medicação, inseminação e custos fixos, incorridos no período de pré-gestação/gestação e lactação dos animais. Com a finalidade de diagnosticar qual a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio e por fim, o lucro, decorrido da produção de 668 leitões. A análise dos custos foi um dos métodos utilizados para alcançar o objetivo e analisar a viabilidade do sistema produtivo e elaborar a análise da propriedade pesquisada. No geral, pode-se constatar que existe viabilidade para a produção de suínos na unidade de produção de leitões analisada, conforme verificada na apresentação dos custos de produção, com um lucro de R$ 13.548,94 obtido no final da apuração do lote. Por fim, cabe salientar que é imprescindível que se divulgue os benefícios que a pesquisa aplicada a atividade rural, pode trazer ao produtor rural, pois, por meio de análise de custos cria-se a possibilidade de identificar os pontos fortes e fracos na produção e auxiliar o produtor rural na correta tomada de decisões, evitando crises desnecessárias, que podem levar a desistência do negócio. REFERÊNCIAS ANDRADE, M. do Margarida. Introdução à Metodologia do trabalho científico. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. BORNIA, A. C. Análise Gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CREPALDI, S. A. Curso Básico de Contabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso Básico de Contabilidade. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2009. DUTRA, R. G. Custos uma abordagem prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. FIGUEIREDO, S.; CAGGIANO, P. C. Controladoria – Teoria e Prática. São Paulo: Atlas,1993. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Introdução à teoria da contabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. IUDÍCIBUS, Sergio de. Teoria da Contabilidade. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. LEONE, George S.G.. Curso de Contabilidade de Custos: Contém Critério do Custeio abc. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MOTT, GRAHAM. Contabilidade para não Contadores. São Paulo: Makron Books, 1996. PADOVEZE, C. L. 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(acessado em 14/05/2014). 145 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES (ABC): UM ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS APPLICATION OF THE METHODOLOGY ACTIVITY-BASED COSTING (ABC): A CASE STUDY ON A COSMETIC INDUSTRY. 1 João Paulo Falcão, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, RS, Brasil, [email protected]. 2 Rodrigo Follmer, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, RS, Brasil, email, [email protected] 3 Sandrine de Almeida Flores, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, RS, Brasil, [email protected] 4 Cristiano Roos, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, RS, Brasil, [email protected] 5 Andreas Dittmar Weise, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, RS, Brasil, [email protected] RESUMO O OBJETIVO DESTE ESTUDO É A APLICAÇÃO DO MÉTODO DE CUSTEIO ABC EM UMA EMPRESA DE COSMÉTICOS DA REGIÃO DE CRUZ ALTA, RIO GRANDE DO SUL (RS), NO MÊS DE OUTUBRO DE 2014. PARA ISSO, BUSCOU-SE COMPARAR OS RESULTADOS OBTIDOS COM DADOS QUE A EMPRESA JÁ POSSUÍA. ASSIM, DURANTE O PROCESSO OPTOU-SE POR FAZER O CUSTEIO DE, SOMENTE, DOIS PRODUTOS, ESTES QUE POSSUEM O MAIOR FATURAMENTO, DENTRE OS 152 PRODUZIDOS. SALIENTANDO, QUE OS DOIS PRODUTOS JUNTOS REPRESENTAM MAIS DE 40% DO FATURAMENTO MENSAL DA EMPRESA. PARA APLICAÇÃO DESTE MÉTODO, FORAM COLETADOS DADOS REFERENTES AOS CUSTOS E AS DESPESAS, AS ATIVIDADES, OS DIRECIONADORES, ETC., E POSTERIORMENTE, REALIZOUSE A ALOCAÇÃO POR ATIVIDADE. PODE-SE AFIRMAR QUE O ESTUDO ATINGIU O OBJETIVO. PARA TANTO, NOTOU-SE A IMPORTÂNCIA DE UMA EMPRESA TER CONTROLE HISTÓRICO SOBRE SEUS CUSTOS E DESPESAS, POIS POSSIBILITOU QUE O MÉTODO ABC FOSSE APLICADO. COMPARANDO OS VALORES DE CUSTO UNITÁRIO QUE A EMPRESA UTILIZA COM O FOI ENCONTRADO, A EMPRESA DECLAROU-SE SATISFEITA COM OS RESULTADOS OBTIDOS. Palavras-chave: Custos; Cosméticos; Método ABC; Controle financeiro. ABSTRACT THE PURPOSE OF THIS STUDY IS THE APPLICATION OF THE METHOD OF COSTING ABC IN A COMPANY OF COSMETICS HIGH CROSS REGION, SOUTH RIO GRANDE (RS), THE MONTH OF OCTOBER 2014 FOR SO SOUGHT TO COMPARE THE RESULTS OBTAINED FROM DATA THE COMPANY EVER OWNED. SO DURING THE OPTED FOR PROCESS BY MAKE THE COST ONLY, TWO PRODUCTS, THESE THAT HAVE THE BIGGEST SALES, FROM THE 152 PRODUCED. STRESSING THAT THE TWO PRODUCTS TOGETHER REPRESENT MORE THAN 40% OF MONTHLY SALES COMPANY. APPLICATION OF THIS METHOD, HAVE BEEN COLLECTED FOR THE DATA COSTS AND EXPENSES, ACTIVITIES, THE DRIVERS, ETC., AND LATER MADE TO ACTIVITY FOR ALLOCATION. IT CAN ASSERT THAT THE STUDY REACHED THE GOAL. FOR BOTH, IT WAS NOTED THE IMPORTANCE OF A COMPANY HAVE CONTROL OVER THEIR HISTORICAL COSTS AND EXPENSES BECAUSE ENABLED THE ABC METHOD WERE APPLIED. COMPARING THE COST OF VALUES UNIT THAT THE COMPANY USES TO FOUND, THE COMPANY IS SATISFIED WITH DECLARED THE RESULTS OBTAINED. Keywords: Costs; Cosmetics; ABC method; Financial control. 1 Introdução Com o aumento da competitividade entre indústrias de bens e serviços houve, também, a necessidade de se adequarem as novas perspectivas do mercado, para que se mantenham em condições de atrair novos consumidores. Para tanto, as empresas precisaram diversificar e personalizar suas produções para aumentarem a abrangência do respectivo nicho de mercado e, consequentemente, a lucratividade. Devido às mudanças no panorama global da economia, a preocupação com os custeios da produção se tornou um fator primordial para o sucesso no ramo empresarial. Inicialmente, os custeios eram rateados de forma simples, onde somente consideravam-se os custos diretos de fabricação. Com o decorrer do tempo, desenvolveram-se métodos para inserir os custos indiretos de fabricação no rateio geral. Assim, um destes métodos é o Custeio Baseado em Atividades (ABC) (KAPLAN; ANDERSON, 2013; KASPINA; KHAPUGINA; ZAKIROV, 2014). De acordo com Nakagawa (1994), o Custeio ABC foi desenvolvido para facilitar a análise estratégica de custos, associados com atividades impactantes no consumo de recursos de uma empresa, por conseguinte o resultado servirá de norteamento para determinar quais pontos devem Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 146 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ser controlados para não afetar no preço final dos produtos (KASPINA; KHAPUGINA; ZAKIROV, 2014; JONHSON, 1992). Deste modo, o objetivo deste estudo é a aplicação do método de custeio ABC em uma empresa de cosméticos da região de Cruz Alta, Rio Grande do Sul (RS), no mês de outubro de 2014. Para isso, buscou-se comparar os resultados obtidos com dados que a empresa já possuía. Optou-se por fazer o custeio de, somente, dois produtos, estes que possuem o maior faturamento. Salientando, que os dois produtos juntos representam mais de 40% do faturamento mensal da empresa. 2 Revisão bibliográfica 2.1 Método de custeio Activity Basead Costing (ABC) O custeio baseado em atividades (ABC) é um método de alocação de custos desenvolvido para superar as deficiências dos sistemas tradicionais, visando adequar, devidamente, os custos indiretos de produção (PEREZ; OLIVEIRA; COSTA, 2010). Primeiramente, determinam-se os custos das atividades e dos processos, e sequencialmente são alocados nos produtos, contudo um estudo sobre o ciclo de vida dos recursos é importante para o devido uso em períodos distintos (NAKAGAWA, 1994, p. 39; HSU; CHIANG, 2014). O custeio baseado em atividades foi desenvolvido no contexto da difusão da visão processual e do redesenho dos processos. A busca de eficácia e eficiência implicava o aperfeiçoamento dos processos, a redução e controle de seus custos... agora os direcionadores de custos são usados para melhorar a estratégia competitiva através da análise da cadeia de valor. (GONÇALVES, 2009, p. 137). Os custos fixos e indiretos são de apropriação aleatória quando as atividades ocorrem em diversos produtos e volumes, assim dificultam seu direcionamento e possibilitam a transmissão de falsas informações para os gestores (PEREZ; OLIVEIRA; COSTA, 2010, p. 234; HSU; CHIANG, 2014). O rastreamento dos custos garante vantagem ao método ABC. Leone; Leone (2010) e Kaspina; Khapugina; Zakirov (2014) definem que o custeio baseado em atividades, é definido como o conjunto de tarefas necessárias para o atendimento dos processos e que consome recursos da empresa. Uma atividade é composta de tarefas, e, no nível mais baixo, operações. No momento do custeio, somente são apropriados valores às atividades. As tarefas e operações apenas ajudam na escolha dos direcionadores de custos e servem como subsídio para melhor conhecimento das atividades. Bornia (2010) define os direcionadores de custos como transações que determinam os custos das atividades, as causas principais dos custos das atividades (GONÇALVES, 2009; COGHLAN; BRANNICK, 2010). Depois de realizado o direcionamento dos custos, é realizado o direcionamento das atividades, onde é demonstrada a relação das atividades com os produtos/serviços. Por exemplo, como um produto consome a atividade Montagem (PEREZ; OLIVEIRA; COSTA, 2010, p. 239; KASPINA; KHAPUGINA; ZAKIROV, 2014; GONÇALVES, 2009). A Figura 1 ilustra o modelo do método ABC, onde os custos iniciais são processados conforme as atividades, e posteriormente são alocados nos produtos. FIGURA 1 – Método ABC. Fonte: Adaptado Bornia (2010). 2.2 Etapas do ABC As etapas propostas por Bornia (2010) e Perez; Oliveira; Costa (2010) são simplificadas na Figura 2, acentua-se o mapeamento das atividades para adequar aquelas que não agregam valor ao produto, e a possibilidade de eliminar ou reduzir as mesmas. 147 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 FIGURA 2 – Etapas do método ABC. Fonte: Adaptado Bornia (2010). Bornia (2010) e Kaspina; Khapugina; Zakirov (2014) simplificam as etapas do custeio ABC, salientando que o levantamento das atividades é primordial para o sucesso dos estágios seguintes: a) Mapeamento das atividades: Levantamento das atividades que compõem os processos da empresa. O nível de detalhamento dessa etapa é importante. Caso o objetivo seja apenas o cálculo do custo unitário dos produtos, pode-se abrir mão de detalhamento. Caso haja necessidade de controle e busca de melhorias no processo, é conveniente mapear detalhadamente (KAPLAN; ANDERSON, 2013; COGHLAN; BRANNICK, 2010); b) Distribuição dos custos às atividades: Bornia (2010) e Hsu; Chiang, (2014), citam que “a distribuição dos custos indiretos deve representar o consumo dos insumos pelas atividades da melhor maneira possível”; c) Distribuição dos custos das atividades indiretas até as diretas: De acordo com Bornia (2010) e Kaspina; Khapugina; Zakirov (2014) acontece de haver distribuição direta das atividades de apoio aos produtos. O autor defende que é mais coerente haver identificação dessas atividades de apoio às outras atividades diretas, antes de distribuir aos produtos; d) Distribuição dos custos dos produtos: Aqui, aplicam-se os direcionadores de custos, com o objetivo de identificar os fatores que causam os custos. Normalmente, esse fator é o número de vezes que é efetuada a atividade para a fabricação do produto (COGHLAN; BRANNICK, 2010; BORNIA, 2010). 3 Metodologia A fim de atingir o objetivo proposto, alinhou-se uma metodologia para o estudo. Para tal, iniciou-se a investigação dos produtos de uma empresa de cosméticos do Rio Grande do Sul, está em funcionamento desde 2007, e atualmente fornece produtos para grandes lojas de varejo do Brasil como, por exemplo, Camicado, Tok Stok, Renner, entre outras marcas. Possuindo, 33 colaboradores e conta com um lucro mensal, médio, de R$ 200.000,00. Com essas informações optou-se por aplicar o método ABC em dois produtos, mais significativos, dentre os 152 produzidos pela empresa. Quanto aos objetivos, natureza, método de pesquisa, abordagem e procedimentos técnicos, verifica-se na Figura 3: 148 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 FIGURA 3 – Metodologia de pesquisa. Fonte: Elaborada pelos autores. Após o mapeamento das atividades, realizou-se o levantamento dos dados necessários para aplicação do método ABC. A empresa forneceu todos os subsídios sobre o faturamento, os custos e o salário dos funcionários. Posteriormente, coletaram-se os tempos de processamento dos materiais nas sessões por quais eles passavam. 4 Resultados e discussões Os produtos escolhidos para a realização do estudo foram os dois difusores de ambiente. A diferença entre eles está no aroma, porém a matéria-prima (essência) que os diferencia, possui o mesmo preço. O nome utilizado pela empresa é Difusor de ambiente Bem Estar (Difusor 1) e Difusor de ambiente Conforto (Difusor 2). De tal modo, o estudo iniciou pelo mapeamento dos processos e atividades, conforme as etapas estabelecidas por Bornia (2010). 4.1. Mapeamento dos processos e atividades Nesta etapa, realizou-se o mapeamento dos processos e atividades da empresa, bem como as informações necessárias para a aplicação do método de custeio. Para mapear os processos foi utilizada a ferramenta Mapeamento de Fluxo de Valor Atual (MFVA). A aplicação da ferramenta adaptou-se às necessidades do estudo, pois esse fator é primordial para mapeamento adequado das atividades e processos. E a Figura 4 expõe todos os departamentos que fazem parte do setor administrativo, do setor de produção, e a definição dos direcionadores de cada atividade. Os direcionadores de cada área foram definidos de acordo com o tipo de transação efetuada pelo setor. Por exemplo, na área financeira considerou-se o número de faturas emitidas pelo departamento. Já, no setor de produção, foram considerados os tempos de produção. Salientando que as setas obedecem ao fluxo de informações da empresa. 149 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 FIGURA 4 – Mapeamento de fluxo de valor atual. Fonte: Elaborada pelos autores. Os tempos de processamento das etapas descritas a seguir podem ser vistos na Figura 3. Conforme a Figura, no primeiro processo, produção, as essências são produzidas em processo químico e armazenadas em tonéis. Elas são utilizadas na diferenciação dos Difusores 1 e 2. Em seguida, na etapa de envase, a essência é despejada no recipiente por uma máquina manual. Na sequência, as tampas são adicionadas de forma manual, ou seja, na etapa de rosqueamento. A rotulação dos difusores é feita com máquina automática, da mesma forma que a codificação. Por fim, os produtos acabados são despachados em caixas com doze unidades, preenchidas manualmente. Ressalta-se que a diferenciação das etapas apresentadas pela Figura 3 e descritas no texto, a determinação dos tempos e a quantidade de matéria prima, são essenciais para a etapa de custos indiretos e diretos. 4.2 Custos indiretos e diretos Após o mapeamento de processos foram coletados os dados financeiros relacionados aos custos como, a matéria-prima e a quantidade produzida dos produtos (Tabela 1). TABELA 1 - Custo com matéria-prima e quantidades produzidas Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa. Na Tabela 2 constam os custos com mão de obra direta e indireta no período do estudo, serviram para rateamento dos custos, de forma adequada. TABELA 2 - Custos diretos e indiretos 150 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa. Adiante dos custos indiretos e diretos, relativos a todo o funcionamento da empresa, precisa-se verificar o tempo de produção necessário para efetuar a fabricação dos difusores. 4.3 Tempo total de produção A partir do MFVA e da coleta dos dados financeiros, coletou-se o tempo total de produção dos produtos, em cada etapa do processo de fabricação, para complementar a aplicação do custeio ABC. Esse tempo total foi obtido através da seguinte equação: (1) onde: ; Por meio dessa equação, obteve-se a Tabela 3 evidencia os tempos totais de fabricação por processo para cada difusor. TABELA 3 – Tempo total de fabricação de cada processo Fonte: Elaborada pelos autores com base nos dados de pesquisa. Após obter todos os dados necessários para o rateio conforme as atividades, realizou-se a distribuição dos custos. 4.4 Distribuição dos custos às atividades Assim, a Tabela 4 aponta como a distribuição dos custos fica alocada nas atividades, e para melhor visualização de cada atividade, destaca-se o direcionador e custo total atribuído a cada departamento. TABELA 4 – Custos atribuídos às atividades 151 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Fonte: Elaborada pelos autores com base nos dados de pesquisa. Os direcionadores são essenciais para determinar os custos em cada atividade e por departamento, mostram os tempos que podem estar acima do ideal. 4.5 Direcionadores dos difusores Em relação aos derecionadores dos difusores, procuram-se os dados, respectivos, de cada departamento, as transações efetuadas em cada direcionador, sendo para os dois produtos e o total de transações efetuadas no período. Por exemplo, para o direcionador “faturas” foram coletadas as quantidades de faturas emitidas para o Difusor 1 e para o Difusor 2, assim como, o total de faturas emitidas pelo departamento financeiro no período. Já para os direcionadores de tempo de produção, utilizaram-se os tempos totais de fabricação dos difusores que foram apresentados na Tabela 3. Na Tabela 5 seguem os dados para todos os direcionadores. Tabela 5 – Direcionadores Fonte: Elaborada pelos autores com base nos dados de pesquisa. Os direcionadores são essenciais para verificar a relação de tempo e unidades em cada difusor e as atividades nos quais serão descriminados. 4.6 Distribuição dos custos das atividades Por fim, os custos foram atribuídos aos produtos. Para calcular o custo total dos dois produtos referentes à atividade foi dividido o número de transações ocorridas no direcionador pelo total de transações no direcionador no período e multiplicou-se pelo custo total da atividade no período. Para facilitar o entendimento, segue a fórmula utilizada: (2) onde: 152 Na Tabela 6 constam os custos atribuídos aos produtos e o custo da matéria prima para os dois produtos no período. Verifica-se, também, o custo unitário do produto que foi definido pela seguinte fórmula: Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 (3) TABELA 6 - Custo unitário atribuído aos produtos Fonte: Elaborada pelos autores com base nos dados de pesquisa. O custo unitário final desta analise encerrou-se em R$ 8,22 para o Difusor 1, e R$ 9,63, Difusor 2. Assim, sequencialmente é possível visualizar a diferença entre os custos previstos e os encontrados por meio do método ABC. 4.7 Comparação de resultados O emprego do método ABC para os dois produtos determinou um custo unitário de R$ 8,22 para o Difusor 1 e R$ 9,63 para o Difusor 2 (Tabela 6). O custo unitário, relatado pelo administrador, utilizando o mesmo método, é de R$ 8,50 para o Difusor 1 e R$ 10,01 para o Difusor 2. A diferença dos custos encontrados para o Difusor 1 foi de 3,41% e para o Difusor 2, de 3,95%. É possível observar que no custeio não foram considerados custos de depreciação de máquinas, energia elétrica e aluguel do imóvel, por exemplo. A pequena divergência encontrada nos preços unitários pode ter sido ocasionada devido à coleta de dados em períodos diferentes ou a empresa pode ter incluído outros custos que não foram repassados. Portanto, sugeriu-se à empresa um levantamento técnico mais detalhado dos custos envolvidos com a fabricação dos produtos, deverá ser realizado. Como, por exemplo, definir os direcionadores para os custos com depreciação, energia e aluguel. Sendo assim, os custos unitários de fabricação encontrados com a inserção destes critérios abrangeriam um maior número de despesas e, consequentemente, o valor encontrado estaria mais adequado com a realidade dos gastos empresariais. 5 Considerações finais Pode-se afirmar que o estudo atingiu o objetivo. Nota-se a importância de uma empresa ter controle histórico sobre seus custos, pois possibilitou que o método ABC fosse aplicado. Comparando os valores de custo unitário que a empresa utiliza com o foi encontrado, a empresa declarou-se satisfeita com os resultados obtidos. O preço de venda dos difusores encontrados no website passa de quatro vezes o custo unitário de cada um, e é determinado por mark-up. Mesmo não tendo acesso ao método ABC utilizado pela empresa, o que se tem certeza é que os departamentos e atividades empregadas são as mesmas que o administrador usa para o custeio (relato), e são as mesmas para quase todos os 152 produtos. Adicionalmente, conclui-se que o presente estudo de caso ilustra nítida e satisfatoriamente o custeio baseado em atividades. REFERÊNCIAS BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. Porto Alegre: Bookman, 2010. COGHLAN, D.; BRANNICK, T. Doing action research in your own organization. 3.ed. London: Sage Publications, 2010. GONÇALVES, R. M. C. G. Sistemas de informação: ênfase em controladoria e contabilidade. São Paulo: Atlas, 2009. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo, Atlas: 2008. HSU, C.; CHIANG, C. Full Length Research Paper An Activity Based Costing-based: A Case Study of a Taiwanese Gudeng Precision Company. v. 3, n. 10, p. 445–456, 2014. JOHNSON, H. T. It’s time to stop overselling activity-based concepts. Management Accounting, v. 74, p. 26-35, 1992. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 153 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 KAPLAN, R. S. ANDERSON, S. R. Rethiking Activity-Based Costing. Research & Ideas, v. 3, 2013. KASPINA, R. G. KHAPUGINA, L. S. ZAKIROV, E. A. Employment of activity-based costing in the process of company business modelo generation. Life Science Journal, v. 11, n. 8, p. 356–359, 2014. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. LEONE, G. S. G. LEONE, R. J. G. Curso de contabilidade de custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. NAKAGAWA, M. ABC: custeio baseado em atividades. 1. ed. São Paulo, Atlas: 1994. PEREZ JR, J. H.; OLIVEIRA, L. M.; COSTA, R. G. Gestão Estratégica de Custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 154 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 APLICAÇÃO DO INVENTÁRIO DO CICLO DE VIDA COMO FERRAMENTA AUXILIAR NA TOMADA DE DECISÕES NO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM CIDADES DO RIO GRANDE DO SUL IMPLEMENTATION OF LIFE CYCLE INVENTORY AS TOOL AUXILIARY IN DECISION-MAKING IN SOLID WASTE MANAGEMENT SYSTEM IN URBAN RIO GRANDE CITY SOUTH Emitério da Rosa Neto. Mestre em Tecnologia Ambiental – UNISC. Doutor em Qualidade Ambiental – FEEVALE. Prof. do Depto. de Engenharia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI – Campus Santo Ângelo, RS, Brasil. [email protected] Diosnel A. Rodriguez Lopez. Engenheiro de Minas pela Escola de Minas - UFOP. Mestre em Metalurgia Extrativa pelo PPGEM-UFRGS. Doutor em Engenharia pela TU-Berlin – Alemanha. Coordenador do Curso de Engenharia Ambiental. Professor do Depto. de Engenharia e do PPGTA da UNISC. Adriane Lawisch Rodriguez. Engenheiro Químico pela PUC-RS. Mestre em Metalurgia Extrativa pelo PPGEM-UFRGS. Doutor em Engenharia pela TU-Berlin – Alemanha. Professora do Depto. de Engenharia e Coordenadora do PPGTA da UNISC. Ênio Leandro Machado. Químico Industrial pela UFSM, MSc. pela UFSM, Dr. em Engenharia pelo PPGEM da UFRGS, Prof. do Depto. de Química e Física e do PPGTA da UNISC. RESUMO A sustentabilidade ambiental na área do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos exige tomada de decisões cada vez mais, baseada em técnicas/ferramentas que auxiliem no processo, para que o sistema seja otimizado, visando um menor custo para os municípios, procurando adequar o município a uma gestão socioambiental com menos impacto ao ambiente. Os resultados obtidos através da aplicação do Inventário de Ciclo de Vida no sistema de gerenciamento de resíduos sólidos nos municípios de São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo-RS nos anos de 2005 e 2006, levou em conta todas as etapas do processo. A metodologia do Inventário de Ciclo de Vida, proposta pela ISO 14040, foi utilizada para avaliar as comparações ambientais do sistema atual de gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos dessas cidades, utilizando o software Integrated Solid Waste (ISW) versão 2.5. Após as simulações realizadas no município de São Luiz Gonzaga, fica clara a importância do processo de reciclagem no sistema de gerenciamento, reduzindo a emissão de poluentes. No entanto, seu efeito positivo é encoberto pelo sistema de deposição final utilizado (lixão), principal poluidor deste município. Em Santo Ângelo, o sistema é melhor, apresentando coleta seletiva e aterro, com queima de gases e tratamento do chorume gerado pela decomposição dos resíduos sólidos. Os resultados obtidos reforçam a idéia de que estas técnicas ou ferramentas são de grande valia, auxiliando em tomadas de decisões nos sistemas de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, contribuindo para o meio ambiente e população que vê as cidades mais limpas. PALAVRAS-CHAVE: Gerenciamento de resíduos sólidos, Inventário de Ciclo de Vida, Simulação. Impacto Ambiental. ABSTRACT Environmental sustainability in municipal solid waste management area requires making more and more decisions based on techniques / tools that help in the process, for the system to be optimized, aiming at a lower cost to the municipalities, looking adequader the city a environmental management with less impact to the environment. The results obtained by applying the Life Cycle Inventory in the solid waste management system in the municipalities of São Luiz Gonzaga and Santo Angelo-RS in 2005 and 2006, took into account all stages of the process. The methodology Inventory Lifecycle, proposed by ISO 14040, was used to assess the environmental comparisons of the current system of management of municipal solid waste of these cities, using the Integrated Solid Waste software (ISW) version 2.5. After the simulations performed in São Luiz Gonzaga, it is clear the importance of recycling process management system, reducing the emission of pollutants. However, its positive effect is covered by the final disposal system used (dump), the main polluter of this municipality. In Santo Ângelo, the system is better, with selective collection and landfill with gas flaring and treatment of leachate generated by the decomposition of solid waste. The results support the idea that these techniques or tools are of great value, assisting in decision-making in municipal solid waste management systems, contributing to the environment and population that sees the cleanest cities. KEYWORDS: Solid Waste Management, Inventory Lifecycle, Simulation. Environmental impact. 1. INTRODUÇÃO Todo o crescimento populacional traz junto consigo diversos tipos de impactos ambientais, assim como sociais e governamentais, e a questão referente aos resíduos sólidos urbanos -lixo- é uma das mais importantes. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 155 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A quantidade de resíduos sólidos gerada pela atividade humana aliada a diminuição de locais adequados para a disposição final tem se apresentado como um dos grandes desafios a serem enfrentados não só pelas administrações municipais, como também, por toda a comunidade geradora de resíduos (MASSUKADO et. al, 2006). O manejo adequado destes resíduos sólidos é uma tarefa complexa devido à: quantidade; heterogeneidade de componentes; desenvolvimento de áreas urbanas; limitações financeiras, de recursos humanos e, políticas públicas referentes atividades do setor (MASSUKADO et. al, 2006). Até pouco tempo, a comunidade cientifica aceitava o fato de que os impactos oriundos de atividades humanas tinham efeitos somente locais, dependendo do caso, regional. Porém, o avanço da tecnologia científica permitiu estabelecer limites mais claros desse impacto a nível mundial. A exemplo disso pode se citar o efeito das emissões de metano sobre o aquecimento global. Os resíduos sólidos urbanos gerados em grande parte das cidades brasileiras são destinados a lixões a céu aberto, ou aterros, sendo que em todos estes meios de disposição final, ocorre produção de contaminantes ambientais. Além de contaminação ambiental, existem problemas de ordem epidemiológica, através dos seres que habitam os lixões, que podem ser separados em dois grupos: Tabela 1: Grupos de seres que habitam os lixões. Macrovetores Microvetores Ratos Vermes Baratas Bactérias Mosquitos Fungos Cães Actinomicetos Aves Vírus Catadores A análise de ciclo de vida (ACV), ou Life Cycle Assessment (LCA), é uma técnica que permite avaliar o impacto ambiental de um produto, processo ou sistema “berço ao túmulo”, ou seja, desde a extração da matéria-prima até a disposição final. Ela pode ser utilizada para analisar processos de gerenciamento de resíduos de modo a determinar os impactos ambientais envolvidos nesse processo (LÓPEZ, et al., 2003). As informações coletadas na ACV permitem avaliar processos, bem como, pode ser aplicada em serviços, apontando melhorias em gerenciamento, contribuindo numa melhoria na aplicação de recursos financeiros. A ACV possui 4 etapas principais: definição dos objetivos e escopo; inventário de ciclo de vida; avaliação dos impactos e interpretação dos mesmos. O inventario de ciclo de vida (ICV), é uma etapa que quantifica e transforma as informações em dados possíveis de ser comparados, fornecendo dados que sustentam a ACV. No Brasil, as duas últimas etapas citadas anteriormente são difíceis de serem realizadas, pois não há padrões definidos para a normalização dos valores obtidos na etapa de do inventário. O objetivo deste trabalho é realizar um inventário de ciclo de vida no sistema de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos nas cidades de São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo, de modo a realizar simulações, a fim de verificar os impactos ambientais que cada etapa do gerenciamento tem sobre as cidades. 2. MATERIAIS E MÉTODOS O software utilizado para o Inventario de Ciclo de Vida foi o IWM – 2 Version 2.50 distribuído com o livro “Integrated Solid Waste Management: A life Cycle Inventory” (McDOUGALL et. al., 2001). Primeiramente foi realizado um levantamento para caracterizar o sistema de gerenciamento de resíduos sólidos das duas cidades. Entre outros foram analisados o consumo de óleo diesel dos caminhões, tipo de caminhão utilizado na coleta, distância percorrida nas áreas de coleta, presença de usina de triagem, reciclagem, geração diária e composição física de lixo, características do aterro, do sistema de tratamento de efluentes, coleta de gases, entre outros. A caracterização dos resíduos sólidos urbanos foi realizada por meio da separação e pesagem dos componentes do lixo. Para isso, uma carga de resíduos previamente da coleta diária foi pesada e descarregada sobre uma lona. Seguidamente o material foi quarteado e seus componentes separados em tonéis para pesagem. Para avaliar às emissões de poluentes, foram levadas em consideração todas as etapas do sistema de gerenciamento de cada município, tanto as emissões gasosas e líquidas, ou seja, desde a coleta até disposição final. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 156 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Para a caracterização dos impactos da disposição final foi avaliado o sistema utilizado (aterro sanitário ou controlado ou lixão), sistema de coleta de lixiviados, tipo de tratamento de efluentes, quantificação da captação de gases e de lixiviados, entre outros. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para avaliar os impactos de cada sistema serão apresentados apenas os impactos produzidos pelas emissões atmosféricas. O município de São Luiz Gonzaga é um município de pequeno porte situado no noroeste do RS, na região denominada das Missões. O mesmo possui uma população 35263 habitantes. É um município que sofre com a migração de seus habitantes já que vem apresentando taxas de crescimento demográfico negativo. O município gera em torno de 14 – 15 toneladas de lixo por dia. O lixo é coletado por caminhões caçamba de 12 m³ com eficiência de 1,87 Km/L durante a coleta. A disposição final dos resíduos é realizada em um lixão, sem coleta de gás de aterro nem coleta e tratamento de chorume. A Tabela 1 apresenta os resultados da caracterização da composição física dos resíduos sólidos urbanos gerados. Tabela 2: Composição física dos resíduos sólidos urbanos de São Luiz Gonzaga. Matéria orgânica 39% Papel 29% Vidro 0,9% Plástico 9,1% Metal 17% Têxtil 1% Outros 4% Os materiais plásticos e metais foram divididos conforme sua composição, ou seja, foram divididos em plásticos filme e rígido e os metais em ferrosos e não-ferrosos. É importante observar aqui que a quantidade de material orgânico é muito menor do que a média do Brasil, que é de 60%. A Tabela 3 apresenta o detalhamento por composição dos materiais. Tabela 3: Detalhamento por composição de materiais plásticos e metálicos. Plástico filme 28% Plástico rígido 72% Metal ferroso 81,5% Metal não-ferroso 18,5% De acordo com as simulações realizadas com os dados obtidos, o balanço de emissões em cada etapa do sistema de gerenciamento de resíduos sólidos em São Luiz Gonzaga apresenta-se conforme Tabela 4. Todos os dados apresentados nas Tabelas com os resultados das simulações referem-se ao período de um ano. A análise dos dados da Tabela 1 mostra claramente que o aterro dos resíduos é o maior fator de impacto entre todas as etapas. Isso se deve principalmente a que o lixão não possui nenhuma medida de contenção dos gases decorrentes da degradação do lixo no mesmo. Isso faz com que todos eles sejam emitidos livremente na atmosfera. Os gases emitidos durante a coleta são decorrentes da queima de combustível pelos caminhões. Embora a quantidade de lixo putrescível gerada pelo Município seja relativamente pequena (~2500 t/ano), a quantidade de gases estufas, liberados durante a sua decomposição no aterro é significante. No aterro são liberadas 370 ton./ano de CH4, que junto com o CO2 perfazem um poder de efeito estufa (GWP) de 8638 t CO2 equivalente/ano. Tabela 4: Balanço das emissões do sistema de gerenciamento de RSU de São Luiz Gonzaga Parâmetro Unid. Coleta Aterro Reciclagem Total Particulados CO CO2 CH4 NOx GWP N2O SOx HCl HF H2S Total HC g g g g g g g g g g g g 13.427 178.718 32.568.480 39.645 586.051 33.401.261 1 49.080 67 0 Zero Zero Zero 11.776 832.699.517 370.090.767 Zero 8.604.605.633 Zero Zero 61.233 12.247 188.408 1.884.085 Zero Zero Zero Zero Zero Zero Zero Zero Zero Zero Zero Zero 13.427 190.494 865.267.997 370.130.412 586.051 8.638.006.894 1 49.080 61.299 12.247 188.408 1.884.085 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 157 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Se a cidade de São Luiz retirasse 90% do material reciclável do lixo e recolhesse e queimasse 50% do gás gerado no aterro a situação seria outra. A tabela 5 apresenta os resultados desta simulação sobre o meio ambiente. Os valores negativos apresentados na etapa de reciclagem correspondem à retenção de emissões que é acarretada por esta etapa, uma vez que reprocessar materiais é significativamente mais conveniente desde o ponto de vista ambiental. Essas emissões evitadas pela reciclagem podem ser vistas como contribuições positivas para o meio ambiente uma vez que a retenção das mesmas ajuda a evitar o lançamento de poluentes na atmosfera. Tabela 5: Emissões estimadas do sistema de gerenciamento de RSU de São Luiz Gonzaga. Parâmetros Unid. Coleta Triagem Aterro Reciclagem Total Particulado g 13427 4.351 1.404 -2.128.804 -2.123.049 CO g 178718 350 265.234 -10.202.746 -9.937.162 CO2 g 3256848 3.656.533 929.778.348 -2.205.777.147 1.272.342.266 CH4 g 39645 13.331 128.245.965 -3.832.340 124.426.956 NOx g 586051 8.620 32.644 -8.136.797 -8.095.533 GWP g 33401261 3.943.916 3.622.943.61 -2.274.530.250 1.352.357.276 0 N2O g 1 24 Zero 37.826 37.850 SOx g 49080 10.297 8.161 -9.829.371 -9.810.913 HCl g 67 737 25.136 -23.277 2.596 HF g 0 78 4.251 -1.284 3.045 H2S g 0 Zero 65.396 636 66.032 Total HC g 0 Zero 672.470 Zero 672.470 Analisando a tabela 5, fica evidente a importância do processo de reciclagem, onde se pode observar a retenção de enormes quantias de poluentes particulados e gasosos. O valor mais expressivo em termos de retenção se dá para o CO2. Fica também muito claro que o lixão do município continuaria sendo um importante agente impactante sobre o meio ambiente, devido ao fato que a decomposição dos resíduos lança todos os gases sem nenhum tratamento. Porém, o fato de desviar do mesmo materiais para a reciclagem e de queimar 50% dos gases gerados no aterro, diminui a carga poluente associada com os gases de aterro. Isso se reflete diretamente no seu potencial de efeito estufa (GWP), onde acontece uma diminuição de 80% do valor do mesmo. O município de Santo Ângelo tem uma população de 80117 habitantes em 2006 e está situado na Região das Missões do RS. O município consta com coleta normal e seletiva de lixo e gera em torno de 45-50 toneladas de lixo por dia. Na Tabela 6 O mesmo gera apresenta uma geração de resíduos sólidos urbanos de acordo com a tabela 6. Tabela 6: Composição dos resíduos sólidos urbanos em Santo Ângelo. Matéria orgânica 43% Papel 8% Vidro 5% Plástico 22% Metal 17% Têxtil 3% Outros 2% Os materiais plásticos e metais foram divididos conforme sua composição, ou seja, foram divididos em plásticos filme e rígido e os metais em ferrosos e não-ferrosos. A Tabela 7 apresenta o detalhamento por composição dos materiais. Tabela 7: Detalhamento por composição de materiais plásticos e metálicos. Plástico filme 15,8% Plástico rígido 84,2% Metal ferroso 59% Metal não-ferroso 41% De acordo com as simulações realizadas e os dados obtidos, o balanço energético envolvido em cada etapa do sistema atual de gerenciamento de resíduos sólidos em Santo Ângelo apresentase conforme Tabela 8. Tabela 8: Balanço de emissões atmosféricas do sistema de gerenciamento de RSU de Santo Ângelo. Parâmetro Unid. Coleta Triagem Aterro Reciclagem Total Particulados g 89.510 73.247 1.976 -24.964.303 -24.799.569 CO g 1.191.456 487.670 390.659 -77.048.676 -74.978.891 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 158 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 CO2 g 217.123.200 119.085.469 2.527.800.086 13.586.304.080 10.722.295.324 CH4 g 264.298 180.615 722.232.535 -25.569.628 697.107.821 NOx g 3.907.008 1.651.411 45.960 -40.733.167 -35.128.789 GWP g 222.675.075 122.971.839 17.694.683.330 3.942.380.271 14.097.949.972 N2O g 5 301 Zero 81.665 81.972 SOx g 327.197 295.986 11.490 -64.784.732 -64.150.059 HCl g 444 5.684 125.011 -619.003 -487.864 HF g 0 541 23.909 -48.306 -23.856 H2S g Zero Zero 367.831 -10.024 357.807 TotalHC g Zero Zero 3.704.369 Zero 3.704.369 Analisando os valores da Tabela 8 fica claro que a contribuição da reciclagem é bastante significativa dentro do sistema todo. Sua contribuição ambiental neste processo se sobrepõe aos impactos das outras etapas do sistema, deixando alguns parâmetros com saldo positivo, como é o caso da emissão de CO2. A contribuição da mesma é tanta que a mesma chega a retirar em torno de 11000 t de CO2 da atmosfera, se sobrepondo à contribuição do aterro e de todas as outras contribuições. Estas vantagens ambientais não se refletem nas contas da prefeitura, porém servem de sobremaneira para buscar a sustentabilidade ambiental do processo já que reduz o impacto ambiental causado pelas emissões. Comparando os sistemas de gerenciamento d lixo destas duas cidades podemos concluir com base nestes dados de que os impactos ambientais causados pelo sistema de São Luiz Gonzaga são muito maiores do que os da cidade de Santo Ângelo, embora o volume de resíduos gerenciados nesta última seja muito maior. 4. CONCLUSÕES Depois de realizado o inventário de ciclo de vida no sistema e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos nos municípios de São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo – RS, constatou-se que em São Luiz Gonzaga o lixão da cidade é o principal fator de impacto ambiental na cidade. Esta situação poderia ser mudada se fossem adotados métodos como triagem, compostagem e reciclagem, com os quais haveria um importante ganho ambiental. No município de Santo Ângelo, mesmo havendo um sistema de gerenciamento de resíduos sólidos mais completos, apresenta resultados muito significativos, deixando bem claro o efeito positivo da reciclagem sobre o sistema todo. Nos dois casos a contribuição mais significativa se dá por meio do aterro. Havendo um bom planejamento, os recursos destinados para essa atividade seriam melhor investidos, podendo-se obter ganhos através da comercialização da reciclagem dos materiais e até mesmo pela compostagem da matéria orgânica gerada, contribuindo assim para tornar o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos sustentável. Os dados mostrados aqui mostram que embora muitas das ações realizadas não se transformem em retorno econômico para as prefeituras, elas contribuem de maneira clara para a sustentabilidade ambiental do sistema. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS MASSUKADO, LUCIANA M.; ZANTA, VIVIANA M. Simgere-Software para avaliação de cenários de gestão integrada de resíduos sólidos domiciliares. Artigo Técnico. Revista Eng. Sanitária e Ambiental. Vol. 11-Nº. 2-abr./jun. 2006, 133-142. LÓPEZ, DIOSNEL A. R.; MACHADO, ÊNIO L.; LAWISCH, ADRIANE de ASSIS & DELEVATTI, DIONEI. Inventário de ciclo de vida do sistema de gerenciamento de resíduos sólidos de Venâncio Aires-RS. In: 22º Congresso Brasileiro de Eng. Sanitária e Ambiental. 2003. McDOUGALL, F.; WHITE, P.; FRANKE M. & HINDLE P.: Integrated solid waste management: a life cycle inventory, Blackwell Science, 2nd Edition, 2001. 159 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 APLICAÇÃO DO MÉTODO RKW PARA A DEFINIÇÃO DOS CUSTOS DOS PROCESSOS DE UMA SORVETERIA DE PEQUENO PORTE METHOD RKW APPLICATION FOR THE DEFINITION OF COST OF PROCESS OF A SMALL ICE CREAM Gezebel Marcela Bencke, Faculdade de Horizontina, Fahor, RS, Brasil, [email protected] Alceu de Oliveira Lopes, Instituto Cenecista de Ensino Supeiror de Santo Ângelo, IESA, RS, Brasil, [email protected] Liane Marli Schäfer Lucca, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Santo Ângelo, URI, RS, Brasil, [email protected] Luiz Lorimar Lucca, Instituto Cenecista de Ensino Supeiror de Santo Ângelo, IESA, RS, Brasil, [email protected] RESUMO A sorveteria em estudo é de pequeno porte, não tem o controle dos custos dos processos e devido a isso, foi necessário realizar um levantamento dos processos com posterior mapeamento dos custos, apresentado o custo total e o lucro de cada produto. O objetivo deste estudo é desenvolver um mapeamento dos custos dos processos utilizando o método RKW e posteriormente definir o custo total e a margem de lucro de cada produto. Foi apresentado um referencial teórico, baseado em autores pertinentes ao tema. A metodologia aplicada é uma pesquisa-ação. Esse tipo de pesquisa alinha o conhecimento teórico à prática, ou seja, desenvolve o conhecimento e o compreende na prática. O resultado obtido através da pesquisa foi a formação dos custos dos processos, custo total e a margem de lucro. Para definir os custos dos processos, o método RKW foi utilizado, mostrado ser eficaz e inclusive em empresas de pequeno porte, coma a sorveteria em estudo. Verificou-se que os produtos do sabor chocolate possuem menores margens de lucro, quando comparados aos demais sabores, mas nenhum produto gera prejuízo a sorveteria em estudo. A presente pesquisa alcançou os objetivos determinados. Palavras-chave: Custos dos processos; Método RKW; Custo total ABSTRACT The ice cream shop on the study is small, do not have control of the cost of proceedings and because of this, it was necessary to conduct a survey of processes with subsequent mapping of costs, presented the total cost and profit of each product. The objective of this study is to develop a mapping of process costs using the RKW method and later define the total cost and the profit margin of each product. A theoretical framework, based on relevant authors to the subject was presented. The applied methodology is an action research. This type of research aligns theoretical knowledge into practice, ie it develops the knowledge and understand it in practice. The result obtained from the research was the formation of process costs, total cost and the profit margin. To set the costs of the proceedings, RKW method was used, and shown to be effective even in small businesses, eat ice cream under study. It was found that the taste of chocolate products have lower profit margins, when compared to other flavors, but no product generates prejudice the ice cream shop on study. This research has achieved certain goals. Keywords: Costs of proceedings; RKW method; Total cost Introdução A globalização elevou a competitividade entre empresas, tornando a gestão de custos uma ferramenta importante para a sustentabilidade das industrias. O mapeamento dos custos em uma sorveteria de pequeno porte é o foco desta pesquisa. Atualmente a sorveteria em estudo, não possui o controle dos custos dos produtos. Percebe-se que, quando um empresário não tem conhecimento dos seus custos e precisa tomar decisões como - o preço de venda de um produto, um pedido especial que necessita de desconto, eliminação de produtos que apresentam prejuízo e aquisição de novos equipamentos essas são realizadas de forma intuitiva pelos gestores. Muitas vezes essas decisões intuitivas não são lucrativas, podendo reduzir a sobrevivência da empresa ou até mesmo a eliminar (BACIC et al. 2011). O problema do empreendimento é a falta de informação, não existe a definição do custo de cada produto. Pimentel et al. (2012) considera que para um empreendimento ser flexível e rentável é necessário conhecer todos seus processos e o custo que cada processo gera. O empreendimento em estudo é de pequeno porte e não possui controle dos custos dos processos, por isso é fundamental realizar um mapeamento de custos. Além dos benefícios à indústria, a realização desse trabalho justifica-se por estar relacionado diretamente com a Engenharia de Produção. O engenheiro de produção deve ser especialista em processos e custos. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 160 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O objetivo deste estudo é desenvolver um mapeamento dos custos dos processos utilizando o método RKW e posteriormente definir o custo total e a margem de lucro de cada produto. Diante dos problemas apresentados pela sorveteria, surge a seguinte questão: “Através da aplicação do método RKW é possível determinar os custos dos processos?” 1. Revisão da literatura 1.1 Custos fixos e custos variáveis Para Megliorini (2007), custos fixos são aqueles que derivam da manutenção da estrutura produtiva da organização. Durán (2004) complementa que o custo fixo será o mesmo se a empresa produzir mais ou menos produtos. Viana (2005) afirma que depreciação de máquinas, aluguel do prédio onde a empresa está instalada e o salário do setor administrativo são exemplos de custos fixos. De acordo com Durán (2004), os custos variáveis são aqueles que alteram de acordo com a quantidade de produção, vendas ou serviços prestados. Megliorini (2007) complementa que matéria-prima e energia elétrica são alguns exemplos de custos variáveis, isso significa que quanto mais se produz, maior é a necessidade desses recursos. Para Horngren, Datar e Rajam (2012), o custo fixo e variável apresenta muitas informações valiosas para decisões de gestão, contribuindo também para avaliar o desempenho da organização. 1.2 Custo direto e custo indireto Os custos podem ser diferenciados como direto e indireto quando se referem à apropriação do objeto. O custo direto é ligado diretamente ao produto ou serviço, ou seja, quando esse produto deixar de ser produzido, esse custo será eliminado automaticamente (VIANA, 2005). Peavler (2014) afirma que os custos diretos de um produto ou serviço podem ser facilmente identificados, que podem ser a mão-de-obra associada ao trabalho de produzir o produto e as matérias-primas utilizadas na fabricação do produto. Megliorini (2007) complementa que, se existir outro elemento de custo além da matéria-prima e da mão-de-obra e possuir uma medição do consumo no produto, esse custo é considerado direto. Custos indiretos estão vinculados ao processo de produção e não estão ligados absolutamente com o produto. Esse custo pode também ser definido como um custo que necessita de um parâmetro para ser identificado, sendo assim, é necessária a realização de rateios ou de critérios de alocação para a identificação desses custos (VIANA, 2005). Custos indiretos, segundo Peavler (2014), são todos aqueles que afetam a empresa e não apenas o produto. Custos com publicidade, serviços de contabilidade e amortização. 1.3 Custeio RKW O método de custeio RKW é o foco do presente estudo. Bornia (2010) cita que RKW é uma abreviação de Reichskuratorium für Wirtschaftlichkeit, que significa Instituto Real para a Economia, e que foi desenvolvido após a Primeira Guerra Mundial, na Alemanha. O RKW também é conhecido como método dos centros de custos. Kraemer (1995) complementa que o método de custeio RKW é o mais utilizado no Brasil e possui procedimentos tradicionais na administração dos custos de indústrias. Esse método trabalha somente com os custos indiretos, não sendo adequado para os custos de matéria-prima. Esse método se caracteriza pela divisão da empresa em centros de custos. Os custos são alocados aos centros e, posteriormente, são repassados aos produtos por unidade de trabalho (BORNIA, 2010). Para Bornia (2010), os centros de custos são determinados de acordo com a localização, as responsabilidades e a homogeneidade. A homogeneidade ocorre quando em um centro de custos o trabalho que é realizado independe do produto que utiliza, ou seja, todos os produtos que passam pelo centro de custo utilizam o mesmo tipo de trabalho. De acordo com Mattos apud Beuren e Schlindwein (2008), esse método permite que cada centro de custo repasse seu custo total, através de rateios, a todos os centros de custo que prestaram algum serviço. Portanto, centros de custo que já tenham sido rateados não receberão novos rateios, evitando custos não apropriados aos produtos. Bornia (2010) destaca que esse método possui basicamente cinco etapas: - Dividir os custos em itens. - Decompor a empresa em centros de custos. - Realizar a distribuição primária, que consiste em identificar os custos com os centros. - Desenvolver a distribuição secundária, onde são distribuídos os custos dos centros indiretos até os diretos. - A distribuição final, onde é realizada a distribuição dos custos dos centros diretos aos produtos. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 161 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A distribuição primária é a identificação dos custos com os centros. Para realizar isso, deve definir bases de distribuição para os itens de custos, ou seja, determinar critérios para alocar os custos aos centros. Essa distribuição dos custos deve representar a melhor forma possível de utilização dos recursos. Já na distribuição secundária, deve ser realizada uma distribuição dos custos dos centros indiretos aos diretos. A última etapa do método é a distribuição final, onde é realizada uma distribuição dos custos aos produtos (BORNIA, 2010). Para iniciar a segunda fase, é necessário que os custos totalizados dos centros de custos auxiliares sejam rateados e redistribuídos aos centros de custos produtivos, para, em seguida, calcular o custo total e repassá-los aos produtos (DURÁN, 2004). De acordo com Bornia (2010), a distribuição primária e secundária pode ser apresentada por uma matriz de custos. Essa matriz representa graficamente o processo de distribuição dos custos até os centros diretos e está representada na Figura 1. Figura 1 – Matriz de custos RKW. Fonte: Adaptado de Bornia, 2010. Bornia (2010) considera que a matriz representada na Figura 1 consiste em adotar os custos de um centro indireto e alocá-los aos centros seguintes, fazendo o mesmo, aos centros indiretos consecutivos, até chegar aos centros diretos. Durán (2004) complementa que é necessário utilizar critérios de rateio para apropriar os custos aos centros de custos de maneira adequada e viável. Sendo assim, devem ser escolhidas as bases de rateios de uma forma que reflita o correto emprego dos centros de recursos da organização. 2. Metodologia A empresa em estudo é uma sorveteria na região noroeste do Rio Grande do Sul. Para o desenvolvimento da pesquisa foram coletados dados dos processos na empresa e analisado dados financeiros através de notas fiscais de compra e estimativas de produção e vendas. No que se refere à natureza da pesquisa, classifica-se como aplicada, pois, possui uma aplicação prática. De acordo com Lakatos e Marconi (2012), a pesquisa aplicada se caracteriza por ser de interesse prático. Quanto à abordagem da pesquisa, é quantitativa. Conforme Silva e Menzes (2001), a pesquisa quantitativa avalia tudo que pode ser quantificável, ou seja, traduz em números informações e resultados para realizar análises e chegar a conclusões. Nesta pesquisa serão quantificados os custos dos processos até chegar ao custo total do produto. No ponto de vista dos procedimentos técnicos, é uma pesquisa bibliográfica, documental e pesquisa ação. Para Silva e Menezes (2001), a pesquisa bibliográfica é elaborada a partir de material que já foi publicado como livros, artigos de periódicos e material disponibilizado na internet. A pesquisa documental é elaborada a partir de materiais que ainda não receberam tratamento analítico, no caso específico desta pesquisa, em que serão utilizados documentos contábeis como nota fiscal de compra e venda. A pesquisa ação de acordo com Miguel et al. (2010), é um método qualitativo de abordagem de problemas, em que existem diversas pesquisas voltadas à ação. Nesse tipo de pesquisa, é realizada uma ação, para resolver um problema, em que participantes e pesquisadores estão envolvidos de modo cooperativo. 3. Apresentação e análise dos resultados A indústria em estudo possui processos simples. A Tabela 1 apresenta os processos indiretos, desde a compra de matéria-prima até o acionamento das máquinas. Após o acionamento das máquinas o processo é dividido em duas atividades diferentes: produção e comercialização. Tabela 1 - Descrição dos processos indiretos Processo Explicação do processo Tempo Fornecedor entra em contato a cada quinze dias para a Compras 0,05h compra ser efetuada. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 162 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Higienização do local, máquinas e equipamentos Higienização do local, ou seja, a limpeza da estrutura física. 2h Montar os mancais, alavancas e frente da máquina e 0,08h realizar apertos de parafusos para evitar vazamentos. Montagem da matéria- A montagem da matéria-prima consiste na mistura dos 0,13h prima ingredientes em pó que servirão de base para a calda. Mistura da matéria-prima A matéria-prima, anteriormente montada, é adicionada no 0,12h ao leite liquidificador e misturada com o leite. Calda do sorvete até a Essa etapa consiste no transporte da calda do sorvete até 0,02h máquina de sorvete a máquina que será abastecida A máquina abastecida com a calda de sorvete pode ser Acionamento das máquinas 0,12h ligada. Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2014 A Tabela 1 apresenta a descrição dos processos e o tempo necessário para cada atividade, por dia. A Tabela 2 demonstra a segunda etapa do processo, em que a produção é dividida em dois setores: o setor das embalagens e o de vendas. As embalagens são classificadas em três tamanhos: um litro, dois litros ou copo Sunday (180 ml). A venda direta consiste em comercializar os sorvetes diretamente ao cliente. Nesse processo o cliente faz o seu pedido, podendo optar por cascão, casquinha, pote 150 ml e pote 300ml; escolhe a cobertura de sua preferência. Tabela 2 - Descrição do processo Processo Explicação do processo Tempo Encher as embalagens de Nessa etapa são elaborados os potes de um litro e dois litros 3,42h sorvetes No processo de venda, o cliente solicita seu sorvete que é Venda direta ao retirado no mesmo momento. Opta pelo cascão, potinho 150 2,11h cliente ml, potinho 200ml e casquinha. Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2014 Os tempos apresentados nas Tabelas 1 e 2 são referentes a um dia de trabalho. Os tempos coletados em cada processos, são fundamentais para realizar os rateios do método RKW, apresentado no decorrer do trabalho. Para a realização dos rateios, esses tempos serão multiplicados pelo total de dias trabalhados em um trimestre. A proprietária da sorveteria destacou que, atualmente são produzidos sorvetes de quatorze sabores distintos: chocolate, morango, uva, creme, baunilha, maça verde, abacate, chocolate branco, frutas tropicais, doce de leite, nata, açaí, abacaxi e capuchino. Em que 35 % dos produtos vendidos são de chocolate, 17% de morango e os demais sabores representam 48% de unidades vendidas. Devido aos fatores climáticos da região, o consumo de sorvete aumenta nos meses de outubro, novembro e dezembro. Isso pode ser comprovado na Tabela 3 que apresenta as unidades de cada produto produzidas durante um ano. Tabela 3 - Unidades de produzidas de cada produto por trimestre Unidades Produzidas Pote 150 Pote Pote 2 Cascão Casquinha Pote 300 ml Sunday ml 1 litro litros Janeiro – Março 1158 1468 207 164 615 129 125 Abril – Junho 0 0 0 0 0 0 0 Julho – Setembro 507 956 117 124 285 93 61 Outubro – 3465 1476 776 812 3800 428 324 Dezembro Fonte: Dados da empresa em estudo, 2014 Ao analisar a Tabela 3, confirma-se que o trimestre de outubro até dezembro a produção é maior. O produto mais comercializado é o cascão com 3465 unidades vendidas e o segundo mais vendido é o copo Sunday de 180 ml. Por ser uma indústria que enfrenta muita sazonalidade, devido aos meses de inverno e a região, onde a indústria está instalada não ter costume de consumir sorvetes nesse período, o custo fixo foi dividido em trimestres, conforme é exposto na Tabela 4. Tabela 4 - Custo fixo trimestral Custo Fixo Trimestral Janeiro – Abril – Julho - Outubro – Montagem da máquina Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 163 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Março Junho Setembro Dezembro Pró-labore R$ 3.000,00 R$ 3.000,00 R$ 3.000,00 R$ 3.000,00 Energia elétrica R$ 1.478,88 R$ 1.478,88 R$ 2.957,76 Depreciação máquina R$ 1.524,99 R$ 1.524,99 R$ 1.524,99 R$1.524,99 Depreciação prédio R$ 355,41 R$ 355,41 R$ 355,41 R$ 355,41 Outros R$ 1.095,00 R$ 1.095,00 Total R$ 7.454,28 R$ 4.880,40 R$ 6.359,28 R$ 8.933,16 Fonte: Dados da empresa em estudo, 2014 É possível verificar que os custos fixos da indústria são baixos. Os dados apresentados na Tabela 4 são referentes ao período de um ano. Nos meses de abril a junho, a indústria não tem produção e vendas, consequentemente, reduz o custo fixo, pelo fato de não existir consumo de energia elétrica. O trimestre de outubro a dezembro, meses onde a procura por sorvetes é maior, o custo fixo é o mais elevado, representando R$ 8.933,16, aproximadamente 45% superior aos meses sem produção. Esse aumento do custo fixo se deve ao aumento dos gastos com energia elétrica. Para distribuir os custos indiretos aos processos, é necessário desenvolver o método RKW. Inicialmente os processos da indústria foram divididos em centros de custos. Os processos foram separados em quatro centros de custos: o de preparação, montagem, embalagens e vendas. O centro de custo preparação consiste no processo de compras e higienização do local, máquinas e equipamentos. O centro de custo montagem vai desde a montagem das máquinas até o acionamento delas. Embalagem é a etapa de produção dos potes de 1 litro, 2 litros e Sunday de 180 ml. O último centro de custo são as vendas, em que são comercializados os cascões, casquinhas e os potes de 150 ml e 300 ml. A Tabela 5 apresenta todos os dados necessários referentes a um trimestre para desenvolver a matriz de custos do método RKW. Tabela 5 - Dados para matriz RKW referentes a um trimestre Centros de custos Dados Preparação Montagem Embalagens Vendas Potência instalada (HP) 0,5 16,23 Valor equipamentos (R$) 30.500,00 Área utilizada (m²) 4 5 10 14 Pró-labore (R$) 750 750 750 750 Outros gastos (R$) 300 65 Tempo utilizado (horas) 183,6 43 307,5 190,2 Fonte: Dados da empresa em estudo, 2014 Outros gastos, conforme apresentado na Tabela 5, referem-se a custos com taxas, impostos, telefone e materiais de consumo. Com os dados apresentados na Tabela 5 é possível desenvolver a matriz de custos. O tempo utilizado foi obtido através dos tempos apresentados nas Tabelas 1 e 2, os tempos dos processos foram somados de acordo com cada centro de custos, e multiplicados pelo número de dias referentes a um trimestre, gerando as horas disponíveis por trimestre para cada centro de custo. É importante destacar que para os cálculos, foi levado em consideração, o trimestre de outubro a dezembro, por possuir, maiores volumes de produção e ser o foco deste trabalho. A Figura 2 apresenta a matriz de custos desenvolvida. Item de Base de Valor (R$) Preparação Montagem Embalagens Vendas custo distribuição Pró-labore R$ 3.000,00 Direto R$ 750,00 R$ 750,00 R$ 750,00 R$ 750,00 Energia R$ 2.957,76 Potência R$ 88,14 R$ 2.869,62 elétrica Depreciação R$ 1.524,99 Direto R$ 1.524,99 máquina Depreciação R$ 355,41 m² R$ 40,08 R$ 53,84 R$ 107,72 R$150,76 prédio Outros R$ 1.095,00 Direto R$ 900,00 R$ 195,00 R$ 1778,22 R$ 5198,45 R$ 857,72 R$1095,76 R$ 141,36 R$ 1.011,80 R$ 625,04 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 164 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 R$ 5.339,81 R$ 1.869,52 R$ 1.720,80 Figura 2 - Matriz de custos RKW. Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2014 O método RKW é fundamental para definir os custos dos processos. Com a realização do rateio dos centros de custos, o centro de montagem obteve um custo de R$5.339,81; o setor de embalagem possui um custo de R$ 1.869,52 por trimestre e o custo de setor de vendas é R$ 1.720,80 conforme apresentado na Figura 2. Para desenvolver o custo unitário dos processos, o tempo de embalagem e o tempo de venda unitário é fundamental. A quantidade em litros de cada produto é essencial para encontrar o custo de preparação. A Tabela 6 apresenta os tempos e a quantidade em litros de cada produto. Tabela 6 - Tempos necessários de cada item Tempo Tempo Litros por Tempo venda Produto embalagem total unidade (hora) (hora) (hora) Cascão 0,25 litros 0,01 h 0,01 h Casquinha 0,15 litros 0,01 h 0,01 h Pote 150 ml 0,15 litros 0,01 h 0,01 h Pote 300 ml 0,30 litros 0,01 h 0,01 h Sunday 0,18 litros 0,01 h 0,01 h Pote 1 litro 1 litros 0,06 h 0,01 h 0,07 h Pote 2 litros 2 litros 0,19 h 0,01 h 0,20 h Fonte: Dados da empresa em estudo, 2014 Ao analisar a Tabela 6 é possível perceber que o pote de dois litros apresenta o maior tempo de embalagem. O tempo de venda dos produtos é igual, devido o processo ser igual, o cliente opta por algum produto e realiza o pagamento, logo após. Para obter o custo de uma hora dos processos de embalagem e vendas, foi dividido o tempo total utilizado para produzir a demanda das embalagens pelo custo do setor de embalagem e vendas, respectivamente. O tempo total utilizado para produzir as embalagens é de 61,56 horas, os custos de setor de embalagem é de R$ 1.869,52 resultando em R$ 30,36 o custo da hora. O tempo utilizado no setor de venda é de 110,81 horas e o custo do setor vendas é de R$ 1.720,80 sendo de R$ 15,52 o custo por hora. Os processos do centro de custo montagem, produz em mililitros, no trimestre de outubro a dezembro são produzidos 3.207,65 litros de sorvete. O custo da montagem é de R$ 5.339,81 logo, para produzir um litro de sorvete custa R$ 1,66 do processo de montagem. Com esses dados é possível determinar o custo de processo total, que está apresentado na Tabela 7. Tabela 7 - Custo total unitário de processo por produto Custo total de Produto Custo embalagem Custo venda Custo montagem processo Cascão R$ 0,15 R$ 0,41 R$ 0,56 Casquinha R$ 0,15 R$ 0,24 R$ 0,39 Pote 150 ml R$ 0,15 R$ 0,24 R$ 0,39 Pote 300 ml R$ 0,15 R$ 0,49 R$ 0,64 Sunday R$ 0,15 R$ 0,29 R$ 0,44 Pote 1 litro R$ 1,82 R$ 0,15 R$ 1,66 R$ 3,63 Pote 2 litros R$ 5,76 R$ 0,15 R$ 3,32 R$ 9,23 Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2014 Na Tabela 7 é apresentado os custos unitário dos processos para cada produto. O maior custo encontra-se no processo de “embalar” do pote de dois litros com um valor de R$ 9,23. O pote de um litro, possui valor de processamento de R$ 3,63. Os demais produtos obtiveram um custo entre R$ 0,39 a R$ 0,64, conforme a Tabela 7. Para definir o custo total, o custo dos processos deve ser somado ao custo variável. O custo variável foi divido em dois grupos: o grupo do sorvete sabor chocolate e grupo dos demais sabores. Essa divisão ocorreu, pelo fato, da matéria-prima do sabor “chocolate” possuir o custo mais elevado. Os demais sabores que são utilizados por esta indústria como morango, creme, abacate, chocolate branco possuem o mesmo valor de matéria-prima. A Tabela 8 apresenta os custos variáveis dos produtos. Tabela 8 - Custos variável dos produtos CUSTO VÁRIAVEL POR PRODUTO: PARA O SABOR CHOCOLATE MatériaGuardanapo Cobertura Pazinha Embalagem Sacola Total Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 165 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 prima Cascão R$ 0,90 R$ 0,005 R$ 0,03 R$ 0,02 R$ 0,22 R$ 1,17 Casquinha R$ 0,54 R$ 0,005 R$ 0,03 R$ 0,02 R$ 0,10 R$ 0,69 Pote R$ 0,54 R$ 0,03 R$ 0,02 R$ 0,04 R$ 0,63 150ml Pote R$ 1,07 R$ 0,03 R$ 0,02 R$ 0,05 R$ 1,17 300ml Sunday R$ 0,64 R$ 0,02 R$ 0,19 R$ 0,02 R$ 0,87 Pote 1litro R$ 3,58 R$ 0,66 R$ 0,02 R$ 4,26 Pote 2 R$ 7,27 R$ 1,10 R$ 0,03 R$ 8,40 litros CUSTO VÁRIAVEL POR PRODUTO: PARA OS DEMAIS SABORES MatériaGuardanapo Cobertura Pazinha Embalagem Sacola Total prima Cascão R$ 0,68 R$ 0,005 R$ 0,03 R$ 0,02 R$ 0,22 R$ 0,95 Casquinha R$ 0,41 R$ 0,005 R$ 0,03 R$ 0,02 R$ 0,10 R$ 0,56 pote R$ 0,41 R$ 0,03 R$ 0,02 R$ 0,04 R$ 0,50 150ml pote R$ 0,81 R$ 0,03 R$ 0,02 R$ 0,05 R$ 0,91 300ml Sunday R$ 0,49 R$ 0,02 R$ 0,19 R$ 0,02 R$ 0,72 Pote 1 R$ 2,71 R$ 0,66 R$ 0,02 R$ 3,39 litro Pote 2 R$ 5,43 R$ 1,10 R$ 0,03 R$ 6,56 litros Fonte: Dados da empresa em estudo, 2014. A Tabela 8 identifica que o custo variável do cascão de chocolate é 18,8% maior que os demais sabores, o que representa R$ 0,22 superior aos demais produtos. Deve ser levado em consideração que o produto com maior percentual de vendas é o de chocolate. O custo variável da casquinha de chocolate é 5,8 % superior aos demais. Os produtos de chocolate como o pote de 150 ml é 20,64% superior, o pote de 300 ml é 22,22 %, o Sunday de 180 ml é 17,24%, o pote de 1 litro é 20,42 % e o pote de 2 litros é 21,9% superior aos demais sabores. O produto com menor percentual de diferença entre os sabores é a casquinha com R$ 0,13. Com esses dados é possível determinar o custo total dos produtos, apresentados na Tabela 9. Tabela 9: Custos dos produtos Custos produtos: sabor chocolate Custo Custo Custo Preço de Margem de Produto matériaprocesso total venda lucro prima Cascão R$ 0,56 R$ 1,17 R$ 1,73 R$ 3,00 R$ 1,27 Casquinha R$ 0,39 R$ 0,69 R$ 1,08 R$ 2,00 R$ 0,92 Pote 150 ml R$ 0,39 R$ 0,63 R$ 1,02 R$ 2,00 R$ 0,98 Pote 300 ml R$ 0,64 R$ 1,17 R$ 1,81 R$ 3,00 R$ 1,19 Sunday R$ 0,44 R$ 0,87 R$ 1,31 R$ 2,00 R$ 0,69 Pote 1 litro R$ 3,63 R$ 4,26 R$ 7,89 R$ 8,00 R$ 0,11 Pote 2 R$ 9,23 R$ 8,40 R$ 17,63 R$ 18,00 litros R$ 0,37 Custos produtos: demais sabores Custo Custo Custo Preço de Margem de Produto matériaprocesso total venda lucro prima Cascão R$ 0,56 R$ 0,95 R$ 1,51 R$ 3,00 R$ 1,49 Casquinha R$ 0,39 R$ 0,56 R$ 0,95 R$ 2,00 R$ 1,05 Pote 150 ml R$ 0,39 R$ 0,50 R$ 0,89 R$ 2,00 R$ 1,11 Pote 300 ml R$ 0,64 R$ 0,91 R$ 1,55 R$ 3,00 R$ 1,45 Sunday R$ 0,44 R$ 0,72 R$ 1,16 R$ 2,00 R$ 0,84 Pote 1 litro R$ 3,63 R$ 3,39 R$ 7,02 R$ 8,00 R$ 0,98 Pote 2 R$ 9,23 R$ 6,56 R$ 15,79 R$ 18,00 R$ 2,21 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 166 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 litros Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2014 Ao analisar os dados da Tabela 9, é possível verificar que o custo total e o lucro de todos os produtos produzidos e comercializados na sorveteria em estudo foram definidos. Sendo o pote de 2 litros dos demais sabores o mais lucrativo e o pote de 1 litro do sabor de chocolate que gera menor margem de lucro. Considerações Finais Atualmente o conhecimento dos custos é fundamental para a sobrevivência de uma indústria. Com o presente estudo é possível concluir que é possível definir os custos dos produtos e a margem de lucro com excelência utilizando o Método RKW. O objetivo deste estudo foi atingido, pois foi desenvolvido um mapeamento dos custos dos produtos comercializados na sorveteria em estudo, utilizando o método RKW. O custos dos processos foram definidos com a realização do rateio dos centros de custos, do método RKW, onde o centro de montagem obteve um custo de R$5.339,81; o setor de embalagem possui um custo de R$ 1.869,52 e o custo de setor de vendas é R$ 1.720,80. O custo total e o lucro que cada produto gera, foi apresentado e verificado que a sorveteria não apresenta produtos que geram prejuízo, apenas os produtos do sabor chocolate apresentam menores margens de lucro devido ao seu custo com matéria-prima ser mais elevado. A questão levantada para este estudo: “Através da aplicação do método RKW é possível determinar os custos dos processos?”, foi possível aprontar que é possível conhecer os custos dos processos utilizando o Método RKW. Com isso percebe-se que o método RKW é eficiente pois pode ser aplicado em empresas de pequeno porte, como a sorveteria em estudo. Referências BACIC, J.; et al. Manual de técnicas e práticas de gestão estratégica de custos nas pequenas e médias empresas. Disponível em: http://www.crcrs.org.br/arquivos/livros/crcsp_m04.pdf. Acesso em: 03 abr. 2014. BEUREN, I. M.; SCHLINDWEIN, N. F. Uso do Custeio por Absorção e do Sistema RKW para gerar informações gerenciais: Um estudo de caso em hospital. 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Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa dos dados. Quanto ao procedimento técnico constitui-se em um estudo de casos múltiplos. Para a coleta de dados foi utilizado dois roteiros de entrevista semiestruturados e um roteiro de observação não participante. Ao final, constatou-se que as estratégias de marketing e PDV são fatores determinantes para o relacionamento e a fidelização dos consumidores, constituindo de forma diferenciais competitivos, fatores importantes para a criação de vantagem competitiva. Palavras chave: Mix de varejo. Vantagem competitiva. Estratégias. ABSTRACT This study aims to analyze the retail mix strategies, clothing stores and creating competitive advantage. In terms of methodology, it is an exploratory research, with qualitative approach. As for the technical procedure is on a multiple case study. For data collection was used two semistructured interview scripts and a non-participant observation script. Finally, it was found that the marketing and POS strategies are key factors to the relationship and the loyalty of consumers, providing competitive advantages shape, important factors in creating competitive advantage. Keywords: retail mix. Competitive advantage. Strategies. INTRODUÇÃO O dinâmico cenário mercadológico constitui-se pela presença de novas tecnologias, mudanças econômicas, políticas e culturais que modificam a dinâmica do consumo. Diante disso, há um consumidor cada vez mais exigente, bem informado e que vem alterando sua forma de consumir. O consumidor contemporâneo busca não só satisfazer suas necessidades utilitárias, relacionada às qualidades e ao beneficio proporcionada pelos produtos, mas também buscam ter experiências memoráveis com suas atividades de compra (ANDRADE, 2013). Neste contexto as empresas são forçadas a formular e implementar estratégias que contemplem ações que as diferenciem das demais congêneres. É de consenso na literatura que os principais objetivos de uma organização consistem em gerar desempenho superior para garantir à sobrevivência. Para que isso seja possível às organizações precisam dispor de estratégias competitivas para atender as demandas de seu público alvo, a fim de obter vantagem competitiva frente a seus concorrentes. A vantagem competitiva é referenciada como duas bases para o sucesso de longo prazo de uma empresa (HOFFMANN, 2000). Ela é sustentável quando representa um beneficio duradouro à empresa decorrente da: a) implementação de uma estratégia que não está simultaneamente sendo executada por algum atual ou potencial concorrente e; b) inabilidade do atual ou potencial concorrente em replicar os benefícios da estratégia (BARNEY, 1991; HOFFMANN, 2000). Coyne (1986) e Porter (1991) são complementares ao afirmar que a vantagem competitiva pode ser entendida também à posição singular ocupada pela organização no mercado, procedente de estratégias que não podem ser copiadas pelos concorrentes e que permitem à empresa usufruir dos benefícios duradouros (COYNE, 1986; PORTER, 1991). As empresas de vestuário, imersas neste mercado altamente competitivo vem se deparando com inúmeras mudanças e adaptações estratégicas, onde destacam-se o crescente nível de exigências dos consumidores e o número crescente de competidores no mesmo setor de atividade. Desta maneira ressalta Vavra (1993, p. 23): “à medida que a natureza da concorrência vem mudando, da mesma forma o consumidor vem mudando” e com ela uma série de fatores, assim “a lealdade de marca entre consumidores virtualmente desapareceu à medida que eles perceberam que todas as marcas são praticamente iguais”. A complexidade presente na relação empresa e consumidor apresenta para às organizações a necessidade de melhorias continuas em seus processos, produtos e serviços para a conquista e fidelização de seus clientes. Neste contexto o Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 168 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 marketing de varejo pode apresenta-se para a gestão estratégica como fonte de vantagem competitiva e como corresponsável pela sobrevivência organizacional. Desta maneira o presente estudo tem como objetivo analisar as estratégias do mix de varejo de lojas de vestuário da cidade de Tapera, Estado do Rio Grande do Sul, como fonte de vantagem competitiva. O estudo está dividido em quatro partes além desta introdução. Primeiramente é apresentada a revisão de literatura, seguida da metodologia, análise dos dados e por fim as considerações finais. 2 Revisão de Literatura 2.1 Estratégia e vantagem competitiva Com o aumento dos níveis de competitividade, associados à aceleração do ritmo das mudanças ambientais, no qual a complexidade tem exigido das organizações uma maior capacidade de formular e implementar estratégias que possibilitem superar os crescentes desafios de mercado e promover a manutenção e sobrevivência organizacional (MEIRELLES, 1995). A administração estratégica representa um campo acadêmico multidisciplinar que seus temas de interesse disputam espaços com outros campos vigorosos como a economia, sociologia, marketing e finanças (NAG; HAMBRICK; CHEN, 2007). Não obstante não há novidade em perceber que existe uma diversidade de definições do que seja a administração estratégica. Essa dissonância também está presente no processo de formulação das estratégias. Se não há consenso na formulação de estratégia, a sua elaboração é um processo particular de cada organização, fruto da adaptação de modelos existentes (MINTZBERG, 1973), e pode ser um processo deliberado ou emergente de Mintzberg (1987), o processo formal de Ansoff, ou o incrementalismo lógico de Quinn (BAILEY; JOHNSON, 1995) ou as estratégias genéricas de Porter (1996). Alguns autores mais divulgados buscaram renovar a prática da estratégia nas organizações. Na visão de Hamel e Prahalad (1995) a estratégia é um ato subversivo e compromissado, que deve ser flexível e processual. Já Porter (1989) buscou um meio termo entre lições especificas e genéricas, criando estratégias gerais, mas enfatizando que diferentes empresas escolhem diferentes caminhos por meio de cinco forças competitivas. Para o autor a vantagem competitiva de uma empresa depende, em essência, da estratégia escolhida para competir, de diferenciação ou liderança em custo, ou ainda do enfoque em segmentos específicos, buscando diferenciação em custo. Porter (1989) afirma ainda que saber onde e como competir são questões essenciais para a formulação das estratégias competitivas. Esses tipos básicos podem ser combinados com o enfoque das operações da organização para formar as quatro estratégicas genéricas de competição, com vistas a alcançar um desempenho acima da media do setor. Assim, a gestão administrativa das organizações apresenta desafios que requerem, não apenas a definição e execução correta da estratégia empresarial, mas que estas assegurem níveis de desempenho superiores para a manutenção da vantagem competitiva. Para Brito e Vasconcelos (2004) a relação entre vantagem competitiva e desempenho superior das firmas se apresenta como a visão dominante na maioria das correntes teóricas que discutem este conceito. De acordo com os mesmos autores o conceito de vantagem competitiva surge como construto dominante na explicação dos motivos pelos quais algumas empresas apresentam desempenhos superiores. Na perspectiva de Vasconcelos e Cyrino (2000) as teorias da estratégia empresarial que versam sobre a vantagem competitiva podem ser divididas em dois eixos principais. O primeiro eixo classifica os estudos segundo sua concepção de origem da vantagem competitiva podendo ser dividido em duas correntes teóricas: (i) as teorias que consideram a vantagem competitiva como um atributo de posicionamento, exterior à organização, derivado da estrutura da indústria, da dinâmica da concorrência e do mercado; (ii) as teorias que consideram o desempenho superior como um fenômeno decorrentes de características internas da organização. O segundo eixo discrimina as abordagens segundo suas premissas sobre a concorrência: a) visão estrutural, estática, da concorrência, baseada na noção de equilíbrio econômico; b) visualização dos aspectos dinâmicos e mutáveis da concorrência acentuando fenômenos como inovação, descontinuidade e desequilíbrio. Neste sentido, a vantagem competitiva pode ser concebida como a influência de todos os fatores idiossincráticos da empresa sobre o seu desempenho durante um período determinado, excluindo-se a influencia de outros fatores, como a indústria, os fatores temporais e o erro estatístico, essa é a chamada vantagem competitiva resultante (VASCONCELOS; CYRINO, 2000). Para os mesmos autores a vantagem competitiva seria então, o resultado final de todas as influencias idiossincráticas da empresa sobre o seu resultado, sejam elas positivas ou negativas, bem como os efeitos das interações. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 169 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Ao mesmo tempo em que existem diferentes teorias que buscam explicar as possíveis fontes de obtenção de vantagem competitiva, tais como as detectadas anteriormente, a vantagem competitiva é muitas vezes atribuída às ferramentas de gestão utilizadas pelas organizações e às maneiras pelas quais as empresas conduzem suas unidades de negócios. Uma das teorias que contribui para explicar a criação de vantagem competitiva é a teoria dos recursos (RBV). A teoria da visão baseada em recursos (do inglês Resource-Based View) também conhecida como “teoria dos recursos”, busca entender os fundamentos de uma condição competitiva superior e sustentável, baseada nos recursos que uma empresa dispõe. 2.2 Teoria dos Recursos (RBV) A RBV é considerada uma abordagem teórica que enfatiza a análise e categorização de uma empresa como detentora de recursos que podem gerar vantagem competitiva (WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1991). A RBV fornece um útil complemento à conhecida perspectiva estrutural de estratégia desenvolvida por Porter (1989). Essa visão desloca a ênfase do ambiente competitivo empresarial para os recursos que as empresas formaram visando a concorrer umas com as outras no mesmo ambiente (MILLER; SHAMSIE, 1996). A perspectiva da RBV origina-se nos trabalhos de Edith Penrose no final da década de 1950 e dissemina-se a partir das publicações de Wernelfelt na década de 1980. A ênfase de Penrose está em explicar como estes recursos podem limitar e/ou possibilitar o crescimento das firmas (STOPOROLI, BINDER; MACCARI, 2013). O trabalho de Penrose é considerado seminal para a RBV, pois as noções referentes à especificidade das firmas, heterogeneidade dos recursos, importância do conhecimento e aprendizagem, previstos pela autora, são os fundamentos desta perspectiva (VASCONCELOS; CYRINO, 2000). Para Wernerfelt (1984) os recursos são o conjunto de todas as forças e fraquezas de uma empresa, que por sua vez podem ser tangíveis e intangíveis, tais como: marcas, conhecimento tecnológico, habilidades pessoais dos funcionários, contatos com clientes, máquinas, procedimentos eficientes. Dessa maneira, a estratégia para uma grande empresa envolve o alcance de um equilíbrio entre a exploração dos recursos existentes e o desenvolvimento de novos recursos (WERNERFELT, 1984). Nessa mesma perspectiva, Barney (1991) defende que as competências organizacionais são recursos, assim como as habilidades coletivas da organização e a sua cultura. A RBV procura explicar a superioridade no desempenho das organizações e as estratégias que permitem alcançá-la, mediante a utilização dos seus recursos e capacidades essenciais. A partir desta base quem impulsionou e ganhou destaque com a RVB foi Jay Barney em sua publicação em 1991, um artigo de referência no campo da estratégia de recursos, onde o mesmo examina a lacuna entre recursos empresariais e vantagem competitiva sustentável (STOPOROLI; BINDER; MACCARI, 2013). Os estudos de Barney (1991) tiveram como base duas suposições: heterogeneidade e imobilidade de recursos. Por heterogeneidade entende-se a posse de um grupo de recursos diferentes (heterogêneos), que dificultem aos concorrentes obtê-los. Ao contrário, recursos homogêneos são facilmente imitáveis e comercializáveis. A imobilidade refere-se aos recursos que a empresa possui, mas que não são facilmente móveis, pois se assim o forem, todos poderão ter acesso, não configurando um recurso único (BARNEY, 1991; STOPOROLI; BINDER; MACCARI, 2013; CARVALHO; PREVOT; MACHADO, 2012). Para que haja um desempenho sustentável das empresas, os recursos devem ser valiosos, ou seja, devem promover a empresa condições de explorar oportunidades e/ou reduzir/neutralizar ameaças; raros, ou seja, escasso entre os concorrentes atuais e potenciais; terem alto custo de imitação ou serem inimitáveis; e ainda insubstituíveis caso não haja substitutos estratégicos próximos (BARNEY, 1991). Pela visão da RBV, a criação de barreiras para novos entrantes, desenvolvidas pelas fabricantes, não advém unicamente da implementação de uma estratégia de diferenciação, mas sim da busca pela proteção de seus recursos, uma vez que seu posicionamento competitivo superior e sua capacidade de se sustentar ao longo do tempo estão apoiados nos recursos em que dispõe (TORRES; SOUZA, 2010). 2.3 Mix de varejo O varejo, independente do tipo de produto que comercializa, não consegue mais competir de maneira tradicional, atraindo os clientes somente por meio de sortimento, preços baixos e horários diferenciados. Diante deste contexto, há um aumento da importância dada pelos especialistas de marketing a estudos que dizem respeito à criação de experiências memoráveis que aumente o diferencial competitivo, potencializando assim o poder de influencia no momento da compra (KOTLER, 1974). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 170 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O varejo é um local onde se realiza trocas de valor, trocas essas objetivas e subjetivas, onde por um lado o cliente recebe valores como produtos tangíveis e intangíveis e por outro, paga valores monetários pela prestação desse serviço. De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2011) varejo é composto um mix de oito elementos observáveis que são: a) Localização do ponto de venda; b) Natureza e qualidade da variedade; c) Preço; d) Propaganda e promoção; e) Pessoal de vendas; f) Serviços ofertados; g) Materiais de ponto de venda e; h) Atmosfera da loja. Para Parente (2000) este composto varejista ou mix de varejo, inclui todas as variáveis influenciadoras na tomada de decisão dos varejistas aos quais visam identificar e atender as necessidades dos consumidores. Nos elementos do mix de varejo estão todos os fatores controláveis que o varejista emprega para conquistar a preferencia dos consumidores O mesmo autor destaca seis variáveis mensuráveis no mix de varejos que são: a) Mix de produtos; b) Preço; c) Promoção; d) Apresentação; e) Pessoal e; d) Ponto. Antoni e Hartmann (2013) são complementares ao afirmar que o varejista deve investir no seu mix de varejo, composto dos seguintes elementos: a) Localização; b)Público- alvo; c) Mix de produtos; d)Mix de serviços; e)Preços e; f) Atmosfera da loja. A articulação desses elementos constitui a “imagem do varejo”, na percepção dos consumidores. Os mesmos autores destacam: - Localização: Trata-se de uma decisão importante. O estabelecimento deve estar localizado próximo aos consumidores, ao contrário das indústrias, bem como, dentre vários aspectos, deve observar a concorrência, que também persegue os mesmos objetivos. Um erro na seleção de um ponto significa uma enorme desvantagem competitiva para um negócio, exigindo esforços mercadológicos e muitas vezes sacrifícios de margem que levam a prejuízos operacionais; - Público Alvo: Envolve os conceitos direcionados a segmentação de mercado. Questões como poder de compra do consumidor, suas características demográficas, geográficas e psicográficas. O varejista não poderá tomar decisões concretas sem antes saber qual será seu mercado-alvo, delimitando conforme o perfil do cliente atingido; - Mix de Produtos: O sortimento de produtos deve atender as expectativas de compra do mercado-alvo. Ele deve se converter em um elemento-chave na batalha competitiva entre varejistas que lidam com linha de produtos semelhantes. O nível de qualidade da loja começa a ser definido no momento em que é realizada a escolha sobre o sortimento do produto; - Mix de serviços: Os produtos muitas vezes são os mesmos da concorrência. Portando, há casos que a única forma possível de diferenciação está na qualidade de serviços prestados; - Preço: Um dos principais objetivos dos empresários é obter lucro. Através de um preço adequado, é possível atingir esses objetivos, bem como o retorno do investimento e isso é feito através de uma política eficiente de preços. As metas e políticas de fixação de preços adotadas pelo varejista desempenham papel fundamental na construção da imagem da empresa perante a percepção do consumidor; - Atmosfera da loja: Um layout de loja pode tanto facilitar como dificultar o tráfego de clientes em seu interior, isto é, ele deve ser adequado ao seu mercado-alvo, induzindo os clientes a comprar. Assim como a localização, a seleção de mercadorias, os serviços oferecidos aos clientes, os preços praticados e as atividades promocionais de uma loja contribuem para sua imagem como um todo, sua personalidade também se projeta através de sua atmosfera, ou seja, através das características físicas e comodidades que atraem os clientes e satisfazem suas necessidades de compra. A atmosfera de uma loja engloba tanto o seu exterior como o seu interior. O exterior de uma loja, incluindo o projeto arquitetônico, as vitrines, os letreiros e a entrada, auxilia na identificação do varejista e atrai seu público-alvo. O interior de uma loja deve complementar a imagem do estabelecimento varejista. Elementos internos incluem o layout da loja, forma de exposição das mercadorias, condições de iluminação, cores, sons, aroma e limpeza. O mix de varejo, ou composto varejista, é determinante para o sucesso de uma empresa que atua no setor de varejo, independentemente do segmento de atuação. O mix de varejo aborda todas as variáveis que podem influenciar no comportamento de compra do consumidor. Nesta perspectiva pela ótica de Bernardino et al. (2011) o mix de varejo corresponde ao conjunto de variáveis controláveis que a empresa pode utilizar para satisfazer as necessidades dos consumidores e impulsionar suas deliberações de compra. 3 Metodologia Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva. Quanto à abordagem dos dados, trata-se de uma pesquisa qualitativa. Para Malhota (2006, p. 154) a abordagem qualitativa “proporciona melhor visão e compreensão do contexto do problema, a pesquisa é baseada em pequenas amostras que proporcionam percepções e compreensão do contexto do problema”. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 171 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Quanto ao procedimento técnico, esta pesquisa constitui-se de estudos de casos múltiplos. Conforme Yin (2001) os estudos de caso múltiplo envolvem o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento, sua metodologia é aplicada, na qual busca a aplicação pratica de conhecimento para a solução de problemas sociais. O estudo de caso não se caracteriza como uma maneira específica para a coleta de dados nem simplesmente uma característica do planejamento de pesquisa em si; é sim uma estratégia de pesquisa abrangente. Este estudo foi realizado no município de Tapera/RS. Conforme dados do IBGE (2014) possui 10.448 habitantes. O objeto do estudo são os varejistas que trabalham somente com vestuário. Conforme informações da Prefeitura Municipal de Tapera, a cidade conta com 878 empresas registradas, dentre elas, 99 empresas são associadas da ACIT (Associação do Comércio e indústria de Tapera). Segundo dados atuais, dessas 878 empresas, 26 são do comércio varejista do setor do vestuário, sendo 14 associadas da ACIT. Para tanto, este estudo adotou a amostragem não probabilística que conforme Barbetta (1998), não são utilizadas as formas aleatórias de seleção, podendo esta ser feita de forma intencional, como o pesquisador se dirigindo a determinados elementos considerados típicos da população que deseja estudar. Foram selecionadas 3 lojas de vestuário, pelo critério de julgamento, que segundo Malhotra (2006, p.325) “o pesquisador pode, arbitrária ou conscientemente, decidir os elementos a serem incluídos na amostra”. Para não identificação das lojas as mesmas foram denominadas como Caso 1, Caso 2 e Caso 3. As características das mesmas são descritas a seguir. Caso 01: é um empreendimento comercial que atua há 15 anos no segmento. A gestão é feita pela própria proprietária e três funcionárias para atendimento ao público. A loja mudou-se há 8 anos para um novo prédio mais amplo, tornando-se uma referência na cidade. Caso 02: é um estabelecimento comercial, situado desde o início da sua abertura no centro da cidade de Tapera. Tendo 8 anos de atuação no mercado. É administrado por sua empreendedora, formada em Pedagogia. Caso 03: empresa com 14 anos de atuação. Empreendida por uma mulher, contando com o apoio de duas funcionárias. Tornou-se uma franquia, especializando-se nos produtos franqueados. Os procedimentos para coleta de dados consistem em dois roteiros de entrevistas e um roteiro de observação não participante. Os três instrumentos de coleta de dados levaram em consideração as variáveis do mix de marketing proposta por Antoni e Hartmann (2013), sendo elas: localização; público- alvo; mix de produtos; mix de serviços; preços e atmosfera da loja. Foram entrevistados os proprietários dos estabelecimentos selecionados e os clientes que aceitaram participar da pesquisa. Os clientes foram abordados no próprio PDV da loja, selecionados por acessibilidade. Foram entrevistados trinta consumidores finais, sendo dez de cada Caso, de ambos os gêneros, sem distinções de faixas etárias e classes, tendo em vista identificar o comportamento do consumidor e posteriormente correlacionar com as ações tomadas pelas empresas e analisar se as mesmas estão atendendo as expectativas dos consumidores. E a observação não participante foi realizada pelos pesquisadores em dias diferentes daqueles em que foram feitas as entrevistas com os proprietários e clientes. A análise e a interpretação dos dados provenientes desta pesquisa foram feitas através da transcrição parcial e/ou integral das respostas obtidas, da observação, seleção e contagem dos termos comuns mencionados pelos entrevistados e da interpretação destas respostas através de tabelas, observações e textos segundo a proposta de Barbetta (1998). Apresentação e Análise dos Resultados Após realização dos estudos de casos, análises de dados e interpretação dos casos, pode ser levado em consideração que o mercado consumidor atual está em crescente mudança, os consumidores estão mais exigentes, além da busca pela tradicional qualidade dos produtos, eles estão buscando melhores formas de relacionamento e atendimentos com os vendedores e estabelecimentos. Seguindo a ordem metodológica inicialmente apresenta-se a visão dos proprietários em relação ao mix de varejo. Quadro 2 – Visão dos Proprietários Caso 1 Caso 2 Caso 3 Bem localizada Bem localizada Bem localizada Localização Público alvo Mix de produtos Todas as classes Variedade produtos. Todas as classes. de Variedade de produtos. Unissex e partir dos 12 anos Variedade de produtos. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 172 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Pessoas Mix de serviços Faz treinamento Somente a proprietária atua. Não investe treinamento Atendimento Cadastro de cliente Atendimento e condições de pagamento Atendimento Cadastro de cliente. em Por conveniência Por conveniência Reativo ao mercado A elaboração do PDV Dinâmica, baseada na A elaboração do PDV se dá através de em datas se dá através de Atmosfera de reuniões com a comemorativas. reuniões com a equipe. loja equipe. Estrutura física projeta Estrutura física projeta Estrutura física projeta para o comércio. para o comércio. para o comércio. Fonte: Dados da pesquisa, 2014. Dos três casos analisados, constatou-se que todos os estabelecimentos foram empreendidos por mulheres, com uma faixa média de idade entre 31 e 45 anos, e em só um caso, com idade superior a 45 anos. A escolaridade básica é ensino médio completo, e em quatro casos, as empreendedoras tem ensino superior, mas nenhum vinculado ao seu ramo de negócio. Dos casos, somente duas são familiares. Foi perguntado também, se existia um departamento responsável pelo marketing e divulgação da empresa, em todos os Casos, não existia. Devido aos empreendimentos serem de pequeno porte e as decisões partirem sempre doa proprietários das empresas. Ao serem questionadas sobre as ações promocionais do seu PDV, fora relatado que as estratégias tomadas são decididas conforme a necessidade, datas comerciais, fim de estação para rotatividade de mercadorias e em alguns dos casos, em consenso com a equipe de funcionários para melhores práticas de venda. Para fomentar uma estratégia correta, os proprietários devem levar em consideração a analise dos ambientes externos e internos. Com o estudo dos Casos, pode-se perceber que os proprietários realizam corretamente a analise interna, mas a analise externa, somente é realizada pelos Casos 01, 02 e 03 que analisam o mercado para tomar decisões e tomar vantagem competitiva perante as outras. Por mais que haja diferenciais de público-alvo e tipo de estabelecimento, todas elas competem no mesmo ambiente. Na questão de decisão de promoções, os empreendedores citaram que um dos fatores principais é o nível de estoque, seguidos pela troca de estações. Isso se deve a uma necessidade do empreendimento, de maior fluxo e rotatividade para maior ascensão da loja no mercado de concorrentes. Analisando a vantagem competitiva perante os Casos, pode-se perceber que os Casos 01 e 02, possuem uma vantagem competitiva perante os outros, pois não somente se prendem as trocas de estações, mas sim as datas comemorativas e a motiva das vendas, respectivamente. Conforme já relatava Prahala; Hamel(1990); Krogh; Ross (1995), a definição das estratégias competitivas deve partir de uma perfeita compreensão das possibilidades estratégicas passíveis de serem operacionalizadas e sustentadas por tais recursos. Isto caracteriza essa abordagem como primordialmente “de dentro para fora”. O Caso 3 possui uma orientação para mercado, devido a ser uma franquia e já possuir diferencial competitivo perante aos outras pois recebe da sua Marca franquiada dicas, opção e analise de todo o mercado, não somente restringindo-se a cidade de Tapera, assim usando estratégias de penetração e desenvolvimento de mercado. Fora percebido a estratégia de desenvolvimento de produto para satisfazer o cliente já existente e, principalmente de diversificação, pois envolve crescimento pelo atendimento a novos clientes por meio da oferta de novos produtos. Fazendo com que os estabelecimento possuam uma vantagem competitiva perante a concorrência. Referente à localização dos casos, todos estão dispostos em local de fácil acesso, centralizados nas ruas principais da cidade e com maiores fluxos de pessoas e consumidores dessa área. Tornando assim, um ponto forte ao estabelecimento e deixando seu diferencial competitivo e seu PDV em vantagem. A estrutura física da loja é um diferencial competitivo, as três lojas que puderam planejar de acordo com sua vontade saíram na frente com essa vantagem. Como destacam Antoni e Hartmann(2013), um erro na seleção de um ponto significa uma enorme desvantagem competitiva para um negócio, exigindo esforços mercadológicos e muitas vezes sacrifícios de margem que levam a prejuízos operacionais. Preço Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 173 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Referente ao layout interno dos estabelecimentos percebeu-se que eles foram planejados pensando no público alvo, para melhor utilização do espaço e disposição dos produtos. Perante a perspectiva de estratégia, o Caso 03 tem mais destaque devido seu layout ser pensado e planejado no público alvo, maior espaço interno e disposição de mercadoria, não havendo acúmulos de produtos e tendo uma estratégia de venda e de PDV destacado. Na sequência da pesquisa apresenta-se a visão dos clientes. Quadro 3 – Visão dos Clientes Caso 1 Caso 2 Caso 3 Boa Boa Boa Localização De acordo De acordo De acordo Público alvo Mix de produtos Pessoas Mix de serviços Qualidade do produto. Variedade Vendedor Relacionamento Atendimento Preço Promoções de vendas Atendimento Marca Relacionamento Vendedor qualificado Atendimento Figura do vendedor Relacionamento Atendimento Crediário Preço Layout de loja. Promoção de vendas Layout de loja Atmosfera de Diferenciado Disposição dos Qualidade dos loja Organização produtos de forma produtos. Limpeza organizada. Fonte: Dados da pesquisa, 2014. Dos consumidores entrevistados, a maioria destaca que a qualidade do produto é o fator principal para a decisão da escolha da loja quando possuem necessidade de algum produto de vestuário. Em seguida foi destacado o bom atendimento e preço, respectivamente. Quando perguntado aos consumidores se o PDV da loja é importante para no processo decisório de compra, o mesmo veio em afirmativa. Todos concordaram e citaram que o PDV é fonte divulgadora por atraia e chamava a atenção dos clientes e também que era a melhor forma de divulgar os produtos e mostrava a organização da loja. Nos aspectos de exposição de produtos na vitrine dos estabelecimentos, no PDV das lojas, a criatividade na exposição (cores e disposição) é o principal. Já a organização entra em segundo lugar, seguido da variedade e qualidade dos produtos. Antoni e Hartmann (2013) relatam que assim como a localização, a seleção de mercadorias, os serviços oferecidos aos clientes, os preços praticados e as atividades promocionais de uma loja contribuem para sua imagem como um todo, sua personalidade também se projeta através de sua atmosfera, ou seja, através das características físicas e comodidades que atraem os clientes e satisfazem suas necessidades de compra. A atmosfera de uma loja engloba tanto o seu exterior como o seu interior. O exterior de uma loja, incluindo o projeto arquitetônico, as vitrines, os letreiros e a entrada, auxilia na identificação do varejista e atrai seu público-alvo. O interior de uma loja deve complementar a imagem do estabelecimento varejista. Elementos internos incluem o layout da loja, forma de exposição das mercadorias, condições de iluminação, cores, sons, aroma e limpeza. Bom atendimento, qualidade dos produtos e organização são os pontos mais importantes dos estabelecimentos, são eles que propiciam uma compra sadia, um bom relacionamento entre clientes e vendedores. Eles devem interagir entre si, juntamente com os outros fatores apontados no gráfico para o estabelecimento se sobressair aos concorrentes. Por fim, a visão dos pesquisadores em relação ao mix de varejo apresentado nos três casos. Quadro 1 – Visão dos pesquisadores Caso 1 Caso 2 Caso 3 Fácil acesso Fácil acesso Fácil acesso Localização Classe A e B Classe A e B Todas as classes Público alvo Unissex Unissex sociais. Unissex. Ampla variedade de Ampla variedade de Apresenta ampla produtos produtos variedade de produtos Mix de produtos Venda de acessórios e Venda de acessórios por segmento. calçados. Vende peças íntimas. Preço Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 174 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Pessoas Mix de serviços Duas funcionárias, além da empresária. Oferece serviços de costura. Horários flexíveis. Uma funcionária e a empresária. Possui uma estrutura de colaboradores que atende a demanda dos clientes. Avisam quando chega mercadoria nova. Duas funcionárias e a empresária. Horários flexíveis. Condições de Preços segmentados Preços baixo com foco pagamento de acordo no mercado alvo. com o segmento. Boa visibilidade do Layout da loja facilita a Ambiente divido em interior e da fachada exposição dos produtos. áreas específicas para Atmosfera de da loja. Ambiente produtos. loja atrativo. Check out localizado Boa exposição dos no fundo da loja. produtos. Fonte: Dados da pesquisa, 2014. O mix de varejo do Caso 01 destaca um empreendimento conceituado, preocupado com a qualidade de produtos e serviços para bem atender sua clientela, utilizando o espaço físico da melhor maneira para divulgar seus produtos. Seus diferenciais competitivos podem ser considerados ações de marketing de relacionamento e da própria divulgação de produtos, como por exemplo, oferecendo desfiles e divulgações nas redes sociais, como também foi atendimento em horário flexível e a capacitação de suas funcionárias. Trabalham também com acessórios e calçados. O mix de varejo do Caso 02 descreve um empreendimento estável, bem localizado, com bom fluxo, preço e mercadorias acessíveis, priorizando a qualidade dos produtos e facilitando a forma de pagamento dos consumidores. O ambiente é aconchegante, pois facilita o acesso aos produtos de forma fácil e prática conforme destacam Antoni e Hartmann (2013), “um layout de loja pode tanto facilitar como dificultar o tráfego de clientes em seu interior, isto é, ele deve ser adequado ao seu mercado-alvo, induzindo os clientes a comprar.” O empreendimento também, costuma avisar suas clientes na chegada de mercadorias novas e oferece serviço de costureira quando necessário. A descrição do mix do varejo do Caso 03 refere-se a um empreendimento comercial, que se tornou uma franqueada de uma marca conhecida, e podendo com isso ter vantagem da concorrência, pois, conta com o apoio dessa marca, recebendo sugestões, dicas e estratégias de PDV. Possui grande fluxo de consumidores devido aos seus preços e qualidade do produto conhecido. Atendimento rápido e ágil, e produtos dispersos separadamente por sexo, cores e tipos. Pode-se verificar o mercado alvo de cada Caso, assim fomentando o perfil do consumidor e o diferencial competitivo de cada estabelecimento. Conforme apresentado anteriormente, o Caso 01 possui seu público-alvo focado em homens e mulheres de classe alta, que buscam qualidade e diferenciação. O Caso 02 segue o mesmo perfil de público trabalhando com ambos os sexos e renda familiar a partir da classe média. Já o Caso 03, é uma franquia que atende todos os sexos a partir da classe baixa. Cruzando os dados pode-se perceber que os Casos 01 e 02 competem diretamente devido ao seu público alvo e classe social. Vale destacar, após a pesquisa, que os consumidores atuais buscam maior qualidade e variedade de produtos, juntamente com o bom atendimento e relacionamento com os vendedores e um preço em conta, mas que na maioria das vezes é visto pelas formas de pagamento, pois se o produto é de qualidade, o relacionamento for eficaz as pessoas estão dispostas a pagar pelo preço demandado em formas que caibam no seu bolso. Sendo esse o perfil dos consumidores da cidade de Tapera, que em primeiro lugar buscam a qualidade do produto, após o bom atendimento e em terceiro lugar o preço. Se os estabelecimentos estiverem atentos a esses fatores e investirem em estratégias para satisfação desses quesitos, já saem com diferencial competitivo, para fidelização e obtenção de novos clientes. Como por exemplo, o Caso 01 que oferece, além do mix de produtos, formas de divulgação (desfiles, redes sociais), venda e atendimento flexível ao público alvo, tornando uma das suas vantagens em relações aos concorrentes. Já o Caso 02 investe em variedade de produtos, diversidades de gostos e acessórios que acompanham o look, o qual o cliente vem adquirir. O Caso 03, por ser franquia, trabalha com PDV atrativo, com sincronismo de cores e organização para atrair seu cliente a conhecer o mix de produtos que possui. Preço Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 175 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 As estratégias no PDV são muitos eficazes, pois é nelas que a empresa tomará vantagem perante seus concorrentes. É nela que a empresa deve especializar buscar novas formas de divulgação, manter um ambiente organizado e limpo, apostar na criatividade, pois é no PDV a chave inicial para o processo decisório do cliente quando está em busca da sua necessidade. Cruzando os dados, pode-se perceber as vantagens que um Caso, tem sobre o outro. Um possui diferenciação na localização, mix de produtos, estratégias, ambiente interno e layout, como é o exemplo do Caso 01. Mas, se for atribuído pelos serviços diferenciados, mix de produtos, formas de pagamentos os Casos 02 e 03 saem na frente. A exclusividade de produtos, com diferencial único, tamanho e especialidade nos mesmos, pode destacar o Caso 1 e 2, pois trabalham com uma linha de produtos exclusiva para seu público alvo fortalecendo seu diferencial competitivo. Todos os Casos estão bem localizados, fazendo com que tenham maior acesso aos estabelecimentos, assim investem no seu PDV, fazendo dele atrativo e divulgando sua diversidade de produto para sua estratégia de marketing e diferencial competitivo. Dessa forma, varejo de lojas de confecção busca por fontes de vantagem competitiva, entendidas na literatura como: ativos, capacidades, processos organizacionais, conhecimento, informação e atributos controlados pela empresa. Isso não significa que qualquer recurso que a empresa possui seja fonte de vantagem competitiva. Para ter sucesso, as estratégias da organização devem ser formuladas a partir de recursos considerados raros e valiosos, que sejam insubstituíveis e de difícil imitação. Os recursos valiosos assim são considerados quando permitem que uma empresa conceba ou coloque em prática estratégias que melhorem sua eficiência e eficácia. Assim, no Caso 1 percebese a concentração dos seus recursos no desenvolvimento de novos produtos e gerenciamento de novas categorias de produtos de marca própria e o conhecimento adquirido sobre o mercado. Além disso, o tempo de atuação nos segmento, permite algum tipo de vantagem. As circunstâncias históricas singulares da empresa ou as circunstâncias sob as quais uma nova equipe de gestão assume o comando de uma empresa podem ser consideradas determinantes de vantagem competitiva. O Caso 2 percebe um sistema de processamento de informações profundamente incorporado no processo de tomada de decisão gerencial informal, na figura da proprietária, que pode ser configurado como um recurso raro. Caso 3 apresenta um sistema formal a partir da escolha da franquia, considerando um recurso valioso. Pela perspectiva da RBV recursos podem não ser obtidos nos fatores de produção disponíveis no mercado, podem ser gerados e acumulados internamente nas empresas. Dessa maneira, a vantagem competitiva se constrói pela capacidade das organizações em estabelecer não somente uma posição no mercado, mas também uma posição adequada em recursos. Considerações finais Com base no estudo de casos múltiplo, pode-se perceber que o mercado atual está se tornando cada vez mais competitivo, e perante a isso, as empresas do setor de vestuário devem investir em estratégias no seu PDV, para ter um diferencial competitivo perante a concorrência. Constatou-se que os clientes/consumidores buscam na hora do processo decisório de compra, estabelecimentos que proporcionam qualidade do produto procurado, bom atendimento, preço e boas condições de pagamento. Perante isso os estabelecimentos devem oferecer uma contra partida para satisfação dos mesmos. Os casos analisando foram constituídos e organizados perante o gosto dos proprietários, tendo eles, liberdade de escolha de colocação das mercadorias, sem nenhuma intercessão dos fornecedores. As práticas de promoção e divulgação dos produtos do PDV são de escolha dos proprietários em conjunto com os funcionários, sem um setor físico responsável, não possuindo um cronograma, somente por decisões próprias e fatores externos como: rotatividade mercadores nas trocas de estações, e fatores internos como: datas comemorativas e fatores externos. Os três casos preocupam-se em diferenciar seus produtos, tendo boa qualidade, bons preços e bom atendimento, assim satisfazendo a necessidade do cliente e procurando a fidelização dos mesmos através do bom relacionamento, produtos de qualidade e diferenciados para o público-alvo. E como já dizia Ferrel e Hartline (2005, p. 276) “Como num jogo competitivo a empresa precisa analisar os consumidores, selecionar os mercados-alvo e utilizar as ferramentas do mix marketing para satisfazer as necessidades do consumidor. Acima de tudo, devem elaborar estratégias que se adaptem à posição e aos recursos da empresa, em face de seus concorrentes e, depois, gerenciar e adaptar-se de maneira eficaz para as alterações do ambiente”. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 176 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Vale ressaltar que uma das premissas básicas da RBV é que a diferença fundamental no modo de operar das empresas está no fato de que cada uma delas possui um conjunto de recursos – seus ativos, competências e capacitações específicas – o que vale individualmente para cada um dos casos analisados. Essa análise considera que toda empresa possui um portfólio de recursos, dentre os quais: marca, imagem, conhecimento, recursos físicos, culturais, financeiros, administrativos, humanos. Assim, a contribuição deste estudo para os casos é no sentido de ressaltar recursos de cada estabelecimento, fazendo que os mesmo busquem nas análises dos formular suas estratégias de mix de varejo, juntamente com seu diferencial competitivo, criando vantagem perante os outros concorrentes. A contribuição acadêmica deste estudo gera a oportunidade de novos estudos do mix de varejo em outras perspectivas e outros segmentos em relação a criação de vantagem competitiva. Enquanto limitações deste estudo foram à seleção dos casos e da quantidade dos consumidores entrevistados. Para tanto se sugere uma pesquisa que contemple todo o comércio varejista de Tapera, analisando todos os empreendimentos estabelecidos na cidade, seus PDVs, estratégias, mix de varejo, fazendo um comparativo e cruzamentos de dados para concretizar um relatório de informações completo. E também, estudos do mesmo segmento em outras cidades. Referências ANDRADE, R. P. 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Porto Alegre: Bookman, 2001. 178 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 AS PERSPECTIVAS DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS TENDO EM VISTA A TEORIA INSTITUCIONAL THE INFORMATION SYSTEM MANAGEMENT PERSPECTIVE WITH A VIEW TO INSTITUTIONAL THEORY 1 Carla Luz da Veiga, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, RS, [email protected] 2 Rosane Mousquer, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, RS, [email protected] 3 Liane Marli Schäfer Lucca, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, RS, [email protected] RESUMO: Com o desenvolvimento do presente estudo visa-se efetuar levantamento de informações voltadas as tecnologias de software, mais precisamente Sistemas de Informações Gerenciais, existentes no mercado e os estudos traçados pela Teoria Institucional no sentido de possibilitar a consolidação das operações de forma positiva no ambiente empresarial. Quanto a metodologia adotada para a consecução dos objetivos almejados, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, abrangendo fontes de informações como livros, periódicos, internet, artigos científicos e teses. Mediante as análises realizadas e as perspectivas apresentadas pelos Sistemas de Informações Gerenciais, combinadas com os preceitos trazidos pela Teoria Institucional, percebeu-se que quanto mais abrangente for na sistematização das informações o software e maior for a gama de estruturas abarcadas, maior será sua interação com a Teoria Institucional, padronizando processos e possibilitando a consolidação das organizações no mercado. Palavras-chave: Teoria Institucional, Sistemas de Informações Gerenciais, Gestão Organizacional. ABSTRACT: With the development of the present study aims to make information gathering focused software technologies, specifically management information systems, on the market and strokes studies by the Institutional Theory in order to enable the consolidation of positively operations business environment. As the methodology used to achieve the desired goals, we used the literature search, covering sources of information such as books, periodicals, internet, scientific articles and theses. Through the analyzes and perspectives presented by the Management Information Systems, combined with the precepts brought by Institutional Theory, it was realized that the more comprehensive is the systematization of information software and larger the range encompassed structures, the greater their interaction with the Institutional Theory, standardizing processes and enabling the consolidation of the market organizations. Keywords: Institutional Theory, Management Information Systems, Organizational Management. INTRODUÇÃO O desenvolvimento do presente estudo encontra respaldo no ambiente empresarial que se encontra sob influência direta dos avanços tecnológicos e necessidades de controles cada vez mais efetivos, sendo que quanto maior for o controle, ter-se-á maiores chances de se manter e consolidarse no mercado competitivo. Os estudos recentes demonstram a preocupação em criar mecanismos de auxilio e sustentação para que as empresas consigam implementar modificações e acolher novas tecnologias no sentido de maximizar controles e assim refletir em atitudes proativas voltadas a tomadas de decisão preventivas e positivas em termos de resultados. Assim, com o presente estudo visa-se buscar dados bibliográficos voltados as tecnologias de software atualmente existentes no mercado e os estudos traçados pela Teoria Institucional no sentido de possibilitar a consolidação das operações de forma positiva no ambiente empresarial. 1. PROBLEMÁTICA E OBJETIVOS A Teoria Institucional ganha espaço nos estudos organizacionais por contribuir para a gestão das organizações. Apresenta formas de compreensão de padrões implícitos e da diversidade dentro das organizações. A Teoria Institucional tem sido utilizada em diversos contextos organizacionais, demonstrando que as empresas sentem a necessidade de padronizar comportamentos e disseminar a identidade organizacional entre os colaboradores (PEREIRA, 2012). E levando em conta a alta competitividade entre as empresas, o cenário que está cada vez mais dinâmico tem ditado às regras dos mercados e os sistemas de informações empresariais têm ganhado considerável importância (AZEVEDO et.al., 2010). Por isso, a decisão de qual sistema ERP (Enterprise Resource Planning) a empresa deve adquirir/adotar não é uma tarefa fácil, pois um erro com relação ao software escolhido pela empresa pode comprometer todo o processo de implantação do sistema integrado na organização, além de representar a perda de um grande volume de recursos e precioso tempo (AZEVEDO et.al., 2010). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 179 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A relevância do tema está no fato que o mundo de hoje está cada vez mais informatizado e por isso há uma grande necessidade das empresas se adaptarem a essa nova forma de coletar, analisar e disponibilizar os dados, pois corre-se o risco de ficar atrás da concorrência, perdendo espaço e os clientes, por isso é necessário ser ágil e estar disponível para os novos tipos de clientes (AZEVEDO et.al., 2010). A utilidade da pesquisa justifica-se pelo auxílio na tomada de decisões que as empresas terão que tomar quando da escolha/contratação de um sistema de ERP dentre os disponibilizados no mercado e dentre estes qual melhor se adapta as suas necessidades e atende as expectativas de resultado, proporcionando uma agilidade maior na escolha ou talvez até a opção pela criação de um novo sistema, padronizado e específico para sua empresa. 1.1. Formulação do Problema Devido à dificuldade em encontrar as informações necessárias e claras para fundamentar a tomada de decisões, sem incorrer em erros ou escolhas inadequadas ao caso concreto, levando-se em consideração o fato dos dados de relevância financeira não estarem agrupados, espera-se encontrar um sistema que possa centralizar estas informações de forma correta, precisa e em tempo real, a qual irá de encontro às expectativas das novas empresas e considerando o teor da Teoria Institucional, poderá servir para auxilia-las, de modo a agilizar os processos, tornando as empresas altamente competitivas neste mundo globalizado. 1.2. Objetivos 1.2.1. Geral Buscar conjugar os preceitos da Teoria Institucional com os Sistemas de Informação Gerencial de forma a contribuir para ampliar as possibilidades e as oportunidades operacionais das empresas no contexto organizacional cooperando com o processo da tomada de decisões. 1.2.2. Específicos a) Verificar quais são sistemas ERP’s existentes quanto ao contexto organizacional das empresas; b) Demonstrar por meio da análise dos dados bibliográficos as ferramentas mais adequadas considerando os preceitos da Teoria Institucional. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A análise, planejamento e controle financeiro consistem em coordenar, monitorar e avaliar todas as atividades da empresa, por meio de relatórios financeiros, bem como participar ativamente das decisões estratégicas, para alavancar as operações (HOJI, 2008). Para isso utilizaremos um sistema de informação gerencial, através de um ERP, levando em consideração a teoria institucional. 2.1. Contexto da Teoria Institucional O processo de ruptura contínua em virtude do acelerado, imprevisível e complexo ambiente dos negócios faz com que as organizações se moldem baseados nas novas tendências do ambiente empresarial (PEREIRA, 2012). A Teoria Institucional é fundamentada em um modelo político em que o comportamento social é orientado pela legitimação e pela adequação a padrões impostos pela sociedade, dos contextos da organização e dos mercados (VASCONCELOS, 2007). Considerando que o resultado do processo não depende apenas da ação humana, mas também das interações no contexto cultural e político a Teoria Institucional busca explicar os fenômenos organizacionais através da compreensão de como as estruturas e ações organizacionais tornam-se legitimadas e quais as consequências nos resultados planejados para as organizações (PEREIRA, 2012). Os processos de estruturação das organizações existem à medida que são institucionalmente definidos. São caracterizados baseados no aumento da interação entre as organizações envolvidas no mesmo campo de atuação (DIMAGGIO; POWELL, 2005). Segundo Peci (2006) a partir da estruturação do campo organizacional, grandes forças externas emergem e levam as organizações a se tornaram mais similares entre si, ao isomorfismo. Tais forças se relacionam com as definições institucionais das formas estruturais legítimas. As organizações que são influenciadas por seu ambiente institucional são similares nas suas estruturas e processos, dentro de um mesmo ambiente institucional. Essas semelhanças, características em comum do processo são definidas como isomorfismo. Visto como um processo limitador que obriga uma unidade da população a se assemelhar com outras unidades que estão diante do mesmo conjunto de condições ambientais. O isomorfismo é apresentado como um conceito-chave para entender a política e os padrões de muitas organizações modernas, num contexto pós-weberiano (VIEIRA, CARVALHO E SILVA, 2002). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 180 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 De acordo com Rezende (2009, p. 119) “No seio da teoria institucional, a abordagem sobre o isomorfismo refere-se às forças que levariam as organizações a se tornarem homogenias”. A ação organizacional precisa apoiar os mitos dos ambientes institucionais, bem como atender a atividade técnica, Meyer e Rowan apud Carvalho (2010) enfatizam que a estrutura organizacional seja frouxamente acoplada de maneira que possa ser isomórfica em relação ao ambiente em que está inserida. O destaque no ambiente institucional supõe que a fonte de poder externo apresenta-se naquele que desenvolve e executa regras e crenças, e que processos de ligação entre ambiente e organização estão baseados na incorporação e no isomorfismo. Sendo assim, as organizações destacam a sobrevivência condicionada a conformidade com o ambiente institucional e a adoção de regras e normas externas (OLIVER apud CARVALHO, 2010). A institucionalização de uma organização, quer dizer uma alternativa para mudanças necessárias à organização. Tais transformações ocorrem através de adequações adotadas pela gestão organizacional (ALIGLERI E SOUZA, 2010). Para Tolbert e Zucker apud Pereira (2012) a institucionalização é uma caracterização de ações tornadas habituais por determinados indivíduos. Assim, ações em hábitos estão relacionadas ao comportamento dos indivíduos dispostos a resolver conflitos. Dentro desse ciclo decisões são tomadas e problemas resolvidos. A ação é generalizada, independente de quem desempenhe a ação. Podendo ser chamada de objetificação, adquirida a partir da habitualização. Outro aspecto a ser considerado neste processo é o de sedimentação, neste os novos membros desconhecem a origem das caracterizações de ações. A habitualização se dá através do desenvolvimento de comportamentos padronizados para resolução de problemas, e tais comportamentos estão associados a estímulos particulares. A objetificação ocorre quando a ação tornada habitual é generalizada, ou seja, socialmente compartilhada. O estágio de sedimentação é quando as ações adquirem a qualidade de exterioridade (são transportadas para outros contextos), fazendo com que a estrutura se mantenha por várias gerações de componentes da organização (TOLBERT E ZUCKER apud CARVALHO, 2010). De acordo com o quadro 1 em um processo de institucionalização os três estágios podem ser mensurados. À medida que os colaboradores da empresa passam os estágios firmam relações sociais mais fortes, devido ao entendimento de forma mais clara das regras da organização, o que permite que a identidade organizacional seja difundida com maior facilidade entre os funcionários (PEREIRA, 2012). Quadro 1: Estágios de institucionalização e dimensões comparativas Fonte: Clegg; Hardy apud Pereira 2012 p.5 O institucionalismo apresenta a necessidade de relacionar as estruturas sociais e o comportamento dos indivíduos e suas manifestações coletivas (DIMAGGIO; POWELL, 2005). Sendo assim, a institucionalização pode ser definida como o processo pelo qual as ações são repetidas e absorvidas pelos indivíduos que compõe determinada organização (REIS, 2008). O novo e o velho institucionalismo evidenciam o ceticismo diante do pressuposto do ator racional dando enfoque a análise das organizações relacionadas com o seu ambiente, ampliando, contudo, os limites desse ambiente. A diferença entre as duas escolas, provavelmente, está na Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 181 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 influência do construtivismo social, considerado a perspectiva oficial do novo institucionalismo (PECI, 2006). Referindo-se ao construtivismo social, Meyer e Rowan apud Peci (2006) consideram as organizações como reflexos estruturais da realidade socialmente construída, condicionadas por seu ambiente institucional. As organizações tem demonstrado interesse pela adoção de novos métodos de gestão. Essas práticas gerenciais adquiridas, consideradas de promoção do sucesso, cumprem seu papel com promessas de mudança e inovação. Nos estudos organizacionais, a discussão sobre os modismos gerenciais nas organizações, tem adquirido significativa relevância (REZENDE, 2009). Estratégias adotadas nos ambientes organizacionais não têm como base apenas a eficiência ou a eficácia, mas também as pressões sociais e culturais previamente estabelecidas que imponham como devem ser formadas as regras e procedimentos a serem estabelecidos (REIS, 2008). Com a grande competitividade entre as organizações, surgem à necessidade imprescindível de se observar, cada vez mais, maneiras eficientes de institucionalizar as políticas organizacionais. As organizações buscam novas formas de gerenciamento para fazer frente a esse ambiente globalizado de alta concorrência. A obtenção de informações precisas e oportunas auxiliam os gestores na determinação de estratégias para tornar a organização mais lucrativa e competitiva. A implantação de ferramentas de controle de desempenho capazes de apresentar informações úteis e eficientes se torna fundamental para o bom desempenho da organização em virtude de servirem como apoio a tomada de decisão. O processo de decisão não pode ser considerado um procedimento inteiramente racional e isento de influências. Na área de pesquisa contábil, existe um mito de racionalidade, que apresenta o processo de tomada de decisão com base apenas no comportamento programado e direcionado para eficácia e para a eficiência. Assim, Munby apud Reis (2008) questiona que o processo que conduz o administrador a tomada de decisão ultrapassa as questões racionais e técnicas, pois também está condicionada a um processo político e intrinsecamente ligada às questões de poder nas organizações. Segundo Igarashi et.al. (2010) pesquisadores apontam que instrumentos de gerenciamento tradicionais não atendem determinadas necessidades empresariais. Surge então a necessidade de uma ferramenta que ofereça mais do que indicadores de desempenho para dar apoio à gestão estratégica. Por ser um sistema de informação gerencial, o SIG, através de um sistema ERP vem a preencher esta lacuna. 2.2. Sistemas de informações gerenciais O propósito básico de um SIG (Sistemas de Informações Gerenciais) é ajudar a empresa a alcançar suas metas, fornecendo a seus gerentes detalhes sobre as operações regulares da organização, de forma que possam controlar, organizar e planejar com mais efetividade e com maior eficiência (STAIR e REYNOLDS, 2011). E os executivos devem buscar sistemas de informação gerencial inserindo dados de origem interna e externa, existindo uma interação entre os meios, resultando na concretização dos objetivos preestabelecidos pela empresa (STAIR e REYNOLDS, 2011). Sendo que as fontes externas advêm do relacionamento com fornecedores, acionistas, clientes e concorrentes e as fontes internas estão relacionadas aos bancos de dados mantidos pela organização (STAIR e REYNOLDS, 2011). Onde os bancos de dados são atualizados pela captura e armazenamento dos dados resultantes da integração dos diversos sistemas que compõem a organização, entre eles, sistemas de finanças, sistemas de contabilidade, sistemas de recursos humanos, sistemas de venda e marketing (STAIR e REYNOLDS, 2011). Afinal, os sistemas de informação gerencial resultam em vantagem competitiva para a empresa, pois um SIG deve ser desenvolvido de forma a dar apoio às metas da organização. Por exemplo, os executivos de nível superior usam relatórios do SIG no desenvolvimento de estratégias para o sucesso dos negócios, os gestores de nível médio usam os relatórios de SIG para comparar as metas estabelecidas da empresa com os resultados reais (STAIR e REYNOLDS, 2011). E o processo de transformação de dados resulta em informações úteis, as quais podem ser observadas nos relatórios, pois os relatórios advindos do sistema de informação gerencial incluem relatórios programados, relatório indicador de pontos críticos, solicitação e exceção. Os relatórios programados são aqueles produzidos periodicamente, por exemplo, em uma fábrica a produção de um determinado produto pode ser monitorado diariamente. O relatório de pontos críticos é um tipo especial de relatório programado emitido no começo de cada dia, resumindo as atividades do dia anterior (STAIR e REYNOLDS, 2011). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 182 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Pois os administradores obtêm informações sobre as atividades críticas da empresa possibilitando ações corretivas. Os relatórios de solicitação são produzidos somente quando o administrador quer saber sobre um item específico, por exemplo, total da venda de um determinado produto. Os relatórios de exceção são parametrizados para informar automaticamente critérios preestabelecidos pela empresa, por exemplo, para ter um efetivo controle de estoque os administradores parametrizam o sistema para avisar quando determinado produto está com estoque abaixo do mínimo ideal (STAIR e REYNOLDS, 2011). 2.3. Planejamento de recursos da empresa A adoção de um sistema ERP afeta a empresa em todas as suas operações, os impactos são sentidos no contexto cultural, organizacional e tecnológico da organização. O principal objetivo ao adotar esse tipo de sistema é aumentar a qualidade dos processos de negócio, o que possibilita resposta rápida a demanda e informações consistentes (AZEVEDO, 2010). Afinal, esses sistemas controlam toda a empresa, da produção às finanças, registrando e processando cada fato novo na engrenagem corporativa e distribuindo a informação de maneira clara e segura, em tempo real. Ao adotar um ERP, o objetivo básico não é colocar o software em produção, mas melhorar os processos de negócios usando tecnologia da informação. Mais do que uma mudança de tecnologia, a adoção desses sistemas implica um processo de mudança organizacional (LIMA et. al., 2000). Sendo que o modelo de desenvolvimento de código aberto fez uso desse novo paradigma, preocupando-se em desenvolver softwares de ERP e CRM (Customer Relationship Management) com excelência técnica, e relegando a preocupação com a venda de serviços e consultorias para uma segunda etapa. Muitos dos projetos de código aberto desenvolveram ERP’s, com os códigos fontes disponíveis e distribuição livre, como é o caso o Compiere, apoiando-se financeiramente, após a adoção da solução por milhares de usuários, na prestação de serviços de consultoria e implementação. Assim, criou-se a ferramenta e se fez a sua distribuição, preocupando-se com a sua excelência para só depois imaginá-la como veículo de consultoria (CARMONA, 2007). Afinal o enfoque dado por boa parte das empresas ou comunidades que produzem ERP e CRM são no formato de software de código aberto, de softwares que funcionam em modo online, seja pela Internet, seja usando a arquitetura cliente-servidor dentro de uma rede interna. Em relação a sua constituição lógica, existem majoritariamente dois grandes grupos de ERP/CRM: os baseados em sistemas LAMP (Linux, Apache, MySQL e PostgreSQL) ou WAMP (Windows, Apache, MyDQL e PostgreSQL) e os sistemas dependentes da linguagem de programação Java, desenvolvido pela Sun (CARMONA, 2007). Nos ERP/CRM proprietários existem uma gama maior de divisões, já que cada empresa desenvolve sua própria tecnologia de recolhimento, análise e acesso a dados, com código fechado. Grande parte do mercado ERP mundial está dividido entre empresas de código fechado: SAP (R/3, mySAP), Oracle (E-Business Suite), PeopleSoft, J.D. Edwards (adquirida pela Oracle em 2004), Sage (ausente do mercado brasileiro): todos com compatibilidade e disponibilidade para servidores Linux, também deve-se citar a Microsoft (Axapta e Navision) (CARMONA, 2007). Sendo que o objetivo principal de uma aplicação de gestão é integrar as várias funções de gestão da empresa. Estas funções estão agrupadas em três domínios: Financial Management (FM), Supply Chain Management (SCM) e Customer Relationship Management (CRM). As funções destes domínios são integradas numa tecnologia cliente/servidor, onde vários tipos de utilizadores podem realizar os processos de acordo com o tipo de responsabilidade dentro da empresa de qualquer lugar (CARMONA, 2007). Os processos de gestão da empresa seguem os fluxos de trabalho de acordo com a configuração da aplicação, o sistema emite alerta e notificações para a tomada de decisões em tempo real. Estes fluxos assentam em requisitos legais e boas práticas, sendo as linhas orientadoras dos objetivos da empresa, gerindo assim o fluxo informação, materiais, operações, pessoas e valor (NÓBREGA, 2010). Sendo atividade diária do gestor a compreensão do desempenho, esta informação provém de várias fontes contando diversas perspectivas da realidade da empresa. O departamento financeiro tem os seus próprios números matemáticos, as vendas, suas estatísticas, a produção, sua engenharia e assim todas as unidades de negócio têm a sua própria versão de quanto contribuem para a performance da empresa. O ERP cria uma versão imparcial da verdade numa base de dados comum a todas as funções da empresa (NÓBREGA, 2010). E o ERP utilizado como ferramenta de gestão e colaboração, geralmente otimizados pela interface baseada em sistemas operativos standards, onde a familiarização com outros produtos de Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 183 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 produtividade tais como folhas de cálculo, correio eletrônico, entre outros, faz com que a experiência diária seja consistente e intuitiva (NÓBREGA, 2010). A integração harmoniosa com outras tecnologias tais como Gestão de Processos de Negócios (Business Process Management) e Portais Web torna mais fácil a partilha e troca de informações das diversas funções de gestão, quer internamente quer externamente com os parceiros comercias numa óptica de gestão e-business (NÓBREGA, 2010). O acesso aos dados em tempo real permite aos gestores trabalhar com ferramentas analíticas de avaliação de desempenho pela geração de relatórios, análises OLAP (On-line Analytical Processing), KPI (Key Performance Indicators) e de uma forma gráfica. Esta arquitetura permite a realização de balance scorecards passíveis de ser executados de qualquer parte do mundo (NÓBREGA, 2010). Afinal, esses sistemas são capazes de integrar a gestão da empresa, agilizando a tomada de decisão, podem ser aplicados, com adaptações, a qualquer empresa, permitindo o monitoramento em tempo real. As expectativas sobre seu impacto são enormes e os investimentos, gigantescos. Eles surgiram da confluência de fatores como: integração de empresas transnacionais exigindo tratamento único e em tempo real da informação; tendência de substituição de estruturas funcionais por estruturas ancoradas em processos; e integração dos vários sistemas de informação em um único sistema (WOOD Jr. apud MENDES, 1999). Já que ao tomar a decisão pela utilização de sistemas ERP as empresas esperam obter diversos benefícios. Entre os apresentados pelas empresas fornecedoras está a integração do sistema, que permite o controle da empresa, a utilização tecnológica, a redução de custos de informática e a disponibilização de informação de qualidade em tempo real para a tomada de decisões sobre a cadeia produtiva, qualidade na informação fornecida pelo sistema, através da utilização de um único banco de dados, reduzindo os custos de manutenção de inúmeros sistemas, eliminando custos de transferências das informações de um sistema para outro e a redução dos custos indiretos, relacionados à falta de coordenação entre as diversas atividades da empresa (SOUZA, 2000). 2.4. Tipos de ERP Enterprise Resource Planning (ERP) é uma forma de integração de dados e processos organizacionais em um único sistema e geralmente possuem um componente de hardware, um componente de software e um componente de documentação do processo e normalmente cobrem vários aspectos de uma organização, como, por exemplo, podem abranger a fabricação, controle de qualidade, engenharia de produção, pedido de peças, contas pagar ou recursos humanos. O tipo de sistema mais adequado para o negócio vai depender do tamanho dele e quais funções são necessárias (MA WEN JIE, 2012). 2.4.1. SAP R/3 e B1 SAP é provavelmente o melhor fornecedor conhecido de software ERP. SAP oferece duas soluções. O primeiro é o conjunto R/3 e o segundo é o suíte de B1, às vezes chamado de "um negócio". R/3 é um sistema de software integrado que pode suportar tudo, desde empresas muito pequenas a empresas muito grandes. R/3 é customizável para atender a necessidades comerciais específicas. R/3 usa uma arquitetura cliente/servidor que roda em uma variedade de plataformas, incluindo Unix, Windows Server e OS/400. Ele pode ser implementado através de um número de pacotes de dados, incluindo Oracle, SQL Server ou DB2. B1 é voltado mais para as pequenas e médias empresas e oferecem módulos pré-construídos para finanças, armazenagem, Gestão de Relacionamento com Clientes (CRM), e-commerce, compras e relatórios (MA WEN JIE, 2012). 2.4.2. LN/BAAN Baan ERP software foi originalmente criado pela Corporação Baan na Holanda. Foi comprado por Infor Global Solutions em 2003. Software ERP Baan é projetado para indústrias que trabalham com produtos complexos, como, cadeias de abastecimento complexas que trabalham em diferentes metodologias. Baan é especialmente adequado para grandes empresas feito sob medida e engenharia sob encomenda. Baan é usado por empresas como a The Boeing Company, Ferrari, Solectron, Fiat, Flextronics, Evenflo, a Navistar e a British Aerospace & Sistemas de Engenharia. Baan é altamente customizável e suporta processo de fluxograma baseado em documentação e procedimento (MA WEN JIE, 2012). 2.4.3. Microsoft Dynamics NAV e AX 2009 A Microsoft oferece dois pacotes de software de ERP. Microsoft NAV é voltado para pequenas e médias empresas e oferecem módulos para análise, e-commerce, CRM, gestão da cadeia de suprimentos, manufatura e finanças. Microsoft AX 2009 é projetado para médias e grandes organizações e tem funções que são úteis para empresas que fazem negócios em vários países. Ele Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 184 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 está focado em melhorar a produtividade individual e é mais adequado para organizações de serviços, empresas de manufatura, atacadistas e empresas orientadas (varejo). AX 2009 é mais personalizável do NAV (MA WEN JIE, 2012). 2.4.4. JD Edwards EnterpriseOne EnterpriseOne da JD Edwards é um sistema baseado em Oracle-ERP, é atualmente de propriedade da Oracle Corporation e oferecem módulos pré-concebidos que, com foco baseado em padrões de engenharia de processo e profunda compreensão dos processos de negócio e requisitos diferentes. Módulos disponíveis incluem, entre outros, análise, gerenciamento de ativos de capital, CRM, gestão de finanças, gestão de capital humano, manufatura, sistemas de pedidos e gerenciamento de projetos. Módulos de nível superior podem ser adicionados para setores específicos como o imobiliário, construção e produção de alimentos e de bebidas (MA WEN JIE, 2012). 2.4.5. High-End Oracle Sparc M5-32 A Oracle lançou no Brasil as primeiras unidades do High-End Oracle Sparc M5-32, um novo modelo de servidor para atender ao ambiente SAP (ERP) de uma companhia. O Oracle Sparc M5-32 é um servidor de datacenter altamente escalável, de altíssima performance e conta com um dos mais rápidos microprocessadores do mundo (Decision Report, 2013). O Sparc M5-32 pode atingir um desempenho 10 vezes maior que o das gerações anteriores da Oracle, com velocidade de processamento para atender ao uso de ferramentas de armazenamento e análise detalhada de dados – algo muito interessante em tempos de Big Data (Decision Report, 2013). A ferramenta permite lançar projetos mais rápidos, mais baratos e de baixo risco. O recurso ainda permite tomar decisões de negócios mais seguras em tempo real, aumentar a produtividade dos usuários e eliminar a necessidade de customizações que gerem custos desnecessários (Decision Report, 2013). Um ERP em nível global na nuvem deve fornecer às empresas a possibilidade de planejar e elaborar orçamentos com base nos melhores hábitos da indústria. Com isso, as organizações podem obter vantagens como plataformas de relatório multidimensional, automação e interpretações de negócios em tempo real (Decision Report, 2013). 2.4.6. ERP social O chamado ERP Social surge como uma tendência na área de tecnologia da informática (TI) em um cenário de avanço das mídias sociais (CRISTONI, 2013). A empresa Infor desenvolveu o middleware de integração ION (Inteligent Open Network) que permite a transição do ERP tradicional para o ERP Social. Já é utilizada por 900 clientes em 59 países, essa ferramenta é baseada em uma estrutura de integração que incorpora computação social, móvel e em nuvem e conecta diferentes áreas e processos de negócios nas empresas (CRISTONI, 2013). O ION usa um sistema de mensagens baseado em XML para permitir a comunicação entre as aplicações. Todas as transações são armazenadas no Business Vault, um repositório que mantém os dados consistentes e permite que os usuários criem relatórios e análises, tornando as empresas colaborativas, compartilhadas e conectadas com os softwares e as camadas de negócios integrados e alinhados (CRISTONI, 2013). As empresas conseguem mapear as preferências dos clientes porque o ERP Social reúne dados da internet e através deles gera informações que são compartilhadas com outras empresas, permitindo a oferta de uma experiência personalizada aos clientes (CRISTONI, 2013). 2.4.7. Empresa PeopleSoft e Oracle E-Business Suite Financials Oracle oferece dois outros produtos de ERP. O primeiro é Financials E-Business Suite. Conjunto de aplicativos de negócios que permite gerenciar as interações com os clientes, fabricar produtos, fazer remessa de pedidos, cobrar pagamentos de maneira eficiente, dentre outras funcionalidades, tudo a partir de um sistema de negócios que compartilha uma única base tecnológica, 100% integrada. Implementando-se um ou vários dos módulos disponíveis, a Oracle EBusiness Suite permite ao cliente aprimorar os processos de negócios, tomar decisões mais beminformadas e reduzir despesas (CARMONA, 2007). Com isso, o cliente é capaz de obter acesso a informações de forma mais rápida e econômica em uma única instância global, automatizar os processos de negócios em toda a empresa e gerenciála com base em fatos, através do uso de um sistema integrado de Business Intelligence. Os seguintes módulos estão disponíveis na Oracle E-Business Suite: compras; contratos; gestão de desempenho corporativo; gestão de dados de clientes; gestão de relacionamento com o cliente; financeiro; gestão de recursos humanos; módulo de inteligência (CARMONA, 2007). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 185 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O outro é o PeopleSoft. Conjunto altamente personalizável que pode suportar os requisitos de negócios complexos. Ele oferece módulos personalizáveis para uma grande variedade de tipos de negócios e estilos e é executado em diversos sistemas de banco de dados e arquiteturas de hardware (CARMONA, 2007). 2.4.8. mySAP ERP Combina ERP com uma plataforma tecnológica aberta e flexível, que pode expandir e integrar sistemas SAP e não-SAP. O mySAP ERP é comercializado, vem com quatro soluções individuais que atendem aos processos principais de uma empresa: mySAP ERP Financials; mySAP ERP Administração de Capital Humano; mySAP ERP Operações e mySAP ERP Serviços Corporativos (CARMONA, 2007). O mySAP ERP redefine o planejamento de recursos empresariais, trazendo características e funções que dão suporte às seguintes atividades empresariais: apresentação do Serviço para o usuário final; interfaces amigáveis e apoio aos diferentes papéis empresariais; simplificam o acesso à informação e dão mais poder aos funcionários e administradores, enquanto aumentam a motivação, produtividade e eficiência (CARMONA, 2007). Análises com apoio completo e abrangente para a administração estratégica empresarial, análises financeiras, análises operacionais, e análises do quadro de empregados; funções para automatizar a contabilidade financeira e administrativa, como administração da cadeia produtiva lhe dão uma visão financeira mais profunda através de toda a empresa (CARMONA, 2007). Um suporte rigoroso para mandatos de governança corporativa, como Basel II e SarbanesOxley, facilita a iniciativa de conformidade corporativa. Estas atividades se tornam possíveis por meio do mySAP ERP Financials; funções que lidam com administração de capital humano e administração de talentos, administração do quadro de funcionários e a distribuição destes mesmos funcionários. Estas atividades são chamadas de mySAP ERP Administrador de Capital Humano; uma abrangente série de funções de logística administrativa ajudam a integrar ciclos empresariais, como os ciclos compra-para-pagar e produtos sob medida. Estas atividades se tornam possíveis através do mySAP Operações; funcionalidade de administração permite que você otimize tanto os serviços centralizados quanto os descentralizados para gerenciar imóveis, administração do portifólio de projetos, viagens corporativas, ambiente, saúde e segurança (environment, health, and safety – EH&S); e controle de qualidade. Estas atividades são feitas pelo mySAP ERP Serviços Corporativos (CARMONA, 2007). 2.4.9. Compiere Compiere é baseado em nuvem, software ERP open-source e sistema (CRM), com gestão de relacionamento com o cliente. Soluções Compiere fornecem às empresas, agências governamentais e organizações sem fins lucrativos, com acesso flexível, de baixo custo para a funcionalidade rica para o gerenciamento distribuição, vendas e processos de serviços financeiros e podem personalizar a solução para atender as necessidades de negócio sem ou com mínima de programação (CARMONA, 2007). 2.4.10. SQL-Ledger SQL-Ledger é um sistema ERP baseado na Web que roda em qualquer plataforma NIX, Mac ou Windows. Os dados da contabilidade são armazenados em um servidor de banco de dados SQL, para a exibição de qualquer navegador de texto ou GUI pode ser usado. Construído com software disponível gratuitamente, escrito em Perl com código legível e interface intuitiva. A instalação é fácil, leva apenas alguns minutos para instalar na maioria dos sistemas (CARMONA, 2007). 2.4.11. OpenERP O OpenERP é um software de gestão empresarial escrito em Java e usa tecnologias e padrões de estado-da-arte, como: JSF, Hibernate, Spring, Acegi, AJAX, Axis, Maven e BaseGen para a geração de código a partir de UML (CARMONA, 2007). 2.4.12. Freedom É um software livre para Gestão Empresarial. Pode ser utilizado em estabelecimentos comerciais, varejistas, atacadistas e industriais. Dividido em vários módulos, atende a diversas necessidades de empresas em diferentes áreas de atuação (CARMONA, 2007). 2.4.13. Sagu Especialista em construir ferramentas para instituições de ensino superior, para atender as necessidades de gestores, professores e governo para esse fim (CARMONA, 2007). 2.5. Implementação de sistemas de ERP No intuito de controlar gastos, a empresa também precisa definir qual tipo de licenciamento é mais adequado às suas operações: instalação do sistema em servidores próprios ou virtualizados, utilização do sistema em servidores terceirizados (geralmente, oferecidos pelo provedor da solução), Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 186 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 solução baseada em computação nas nuvens (cloud computing), pagamento por usuário (ou por computador de acesso), uma mistura de uma ou mais dessas modalidades (ALECRIM, 2013). Com isso, as soluções baseadas em cloud computing costumam ter custo menor, pois a empresa não precisa se preocupar com servidores, manutenção, atualização, entre outros. Além disso, oferece acesso mais fácil para usuários que estão fora das dependências da empresa (ALECRIM, 2013). Assim, o tempo de implementação também é um parâmetro importante. Sistemas de ERP não começam a funcionar da noite para o dia. Os provedores das soluções precisam de tempo para adaptar o software às atividades da empresa, sem contar que necessitam de infraestrutura, recursos de segurança, testes, treinamento de pessoal, integração entre departamentos, migração a partir de sistemas legados, entre outros. Além disso, a implementação geralmente ocorre por etapas, de forma que determinados módulos do sistema sejam instalados somente depois deste processo já ter ocorrido com outros (ALECRIM, 2013). 2.6. Sistemas disponíveis para serem implantados sob a ótica da tecnologia da informação Podem-se encontrar ferramentas ERP e CRM livres, algumas com um processo de amadurecimento bem elevado, conforme descrito abaixo: (DELFINO, 2006 et. seq.). Moregroupware: Tem no seu módulo de contatos, uma ferramenta de CRM. O projeto tem como objetivo ser uma aplicação groupware baseado na Web com base em componentes de código aberto como PHP, MySQL e Apache. ERP5: Usado em sistemas de produção. Stoq: Aplicativo para controle de Ordens de Serviço, relatório anual para aplicativo financeiro, contendo todas as informações registradas no aplicativo financeiro, infraestrutura de relatórios em HTML, com a possibilidade de alterar a orientação da página e a fonte utilizada antes da impressão (experimental). Gnuenterprise: Projeto que visa o desenvolvimento de um ambiente completo de nível empresarial. Atualmente, o escopo do GNU Enterprise é limitado a um conjunto de ferramentas para desenvolvimento de aplicativos de banco de dados interativos. SugarCRM: Solução integrada que permite que os usuário interajam com os clientes. Proporciona agilidade, flexibilidade e segurança necessárias para equipar cada cliente com as informações e ferramentas que eles precisam para conhecer seus clientes melhor. 3. METODOLOGIA A metodologia a ser utilizada será de concepção qualitativa e os instrumentos de investigação que serão utilizados para a aplicação, análise e construção deste trabalho serão os procedimentos metodológicos de acordo com a pesquisa exploratória e bibliográfica, pois tem como objetivo a ampliação dos conhecimentos, buscando identificar novos aspectos envolvidos, levando em consideração o levantamento bibliográfico. De acordo com Gil (2009), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos. Uma das vantagens desta pesquisa está no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente, recuperando o conhecimento cientifico acumulado sobre um determinado problema. Segundo Santos (2002, pg. 28) “a bibliografia é o conjunto de materiais escritos (gráfica ou eletronicamente) a respeito de um assunto.” A pesquisa bibliográfica é considerada por este autor uma preciosa fonte de informações, que obtém dados analisados e organizados, com informações e ideias prontas. As fontes de pesquisa bibliográfica utilizadas para a pesquisa são publicações (livros, teses, revistas, internet, etc.). Conforme Severino (1996), a pesquisa bibliográfica é o levantamento com a documentação existente sobre determinado assunto. No caso de trabalho voltado para reflexão teórica, tais documentos são basicamente textos encontrados em livros e artigos. O instrumento de pesquisa utilizado foi principalmente a revisão bibliográfica feita por meio da leitura de artigos científicos, pesquisa na internet, teses de mestrado e doutorado e de consulta a obras de autores considerados referência sobre o tema proposto, os quais servirão de base ao estudo proposto. Os procedimentos para coleta de dados são as rotinas, os procedimentos a serem adotados e como os dados serão tratados, utilizando a consulta bibliográfica na literatura existente, onde será descritos o que sistema utiliza para que desta forma possa-se tratar os dados, agrupando-os e sistematizando-os em um sistema ideal. 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 187 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Considerando a grande necessidade de conjugar em um software de ERP as informações do âmbito empresarial, considerando que a Teoria Institucional busca institucionalizar os regramentos internos das empresas gerando comportamentos padrão, uniformizando o sistema informacional. Nesse contexto, após a análise dos dados bibliográficos coletados considera-se como adequado e de melhor adaptabilidade na esfera organizacional, sob os ditames da Teoria Institucional a utilização do software de ERP denominado SAP R/3 e B1. Tal consideração deve-se ao fato de o software SAP R/3 e B1 abranger e integrar de forma satisfatória informações de todos os portes comportando uma grande variedade de plataformas que envolvem os processos organizacionais, atendendo ao contexto da Institucionalização. Outrossim, considerando os levantamentos bibliográficos realizados, é necessário referenciar a importância da utilização de um software de ERP Social, por se tratar de uma tendência que atende as demandas atuais e acompanha o avanço das mídias sociais. O middleware de integração ION, permite a transição do ERP tradicional para o ERP social, constituindo-se em uma ferramenta de integração que incorpora computação social, móvel e em nuvem, conectando as diferentes áreas e processos negociais nas empresas, tornado os preceitos da Teoria Institucional uma realidade ligada as necessidades organizacionais atuais e futuras dos empreendimentos. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio da pesquisa realizada, verificou-se que atualmente é indispensável a utilização de recursos de software ERP para monitorar e operacionalizar os processos internos nas empresas, de modo a dar credibilidade e demonstrar o profissionalismo a ser desprendido no âmbito da efetivação dos processos institucionais. Considerando, neste contexto, que o controle e a efetiva operacionalização dos processos e procedimentos tem sido amplamente buscados pelas empresas, atendendo ao teor da Teoria Institucional, que visa padronizar de forma clara e precisa todos os fluxos operacionais utilizados, de forma a coibir práticas aleatórias e indevidas no ambiente empresarial. Assim, verifica-se que a utilização dos softwares de ERP institucionalizados no ambiente empresarial constitui-se em uma necessidade de suma importância na implementação das normas operacionais internas nas empresas. Conclui-se que a conjugação de sistemas de controle gerencial, representados por softwares de ERP, e os estudos preconizados sob a temática da Teoria Institucional se auto complementam na operacionalização efetiva das empresas. REFERÊNCIA ALECRIM, EMERSON. O que é ERP (Enterprise Resource Planning)? Disponível em <http://www.infowester.com/erp.php>. Acessado em Setembro de 2013. ALIGLERI, Lilian; SOUZA, Rafael Borim de. A Contribuição da Teoria Institucional para a Compreensão do Modelo de Gestão Socialmente Responsável Adotado pelas Empresas Contemporâneas. Revista Gestão & Tecnologia, Pedro Leopoldo, v. 10, n. 2, p. 1-15, ago./dez. 2010. AZEVEDO, J. et. al. A escolha de um sistema integrado de gestão empresarial (ERP) através do método de análise hierárquica (AHP). Disponível em <http://www.ingepro.com.br/Publ_2010/Jan/180501-1-PB.pdf>. Acessado em Setembro de 2013. CARMONA, TADEU. Liberdade de Gestão. Disponível em <http://www.linuxnewmedia.com.br/images/uploads/pdf_aberto/LM30_CRM.pdf>. Acessado em Dezembro de 2013. CARVALHO, Kristiane Cêra. A Pequena Empresa e seu Ambiente Organizacional: construção de um mapa das práticas dos dirigentes de uma empresa de tecnologia da informação com base na Teoria da Dependência de Recursos e na Teoria Institucional. 2010. 214 p. Tese (Doutorado em Engenharia da Produção) – Universidade de São Paulo – São Carlos. CRISTONI, INALDO. Infor oferece ferramenta que permite migração para o chamado ERP Social. Disponível em < http://convergecom.com.br/tiinside/services/03/04/2013/infor-oferece-ferramenta-quepermite-migracao-para-o-chamado-erp-social/#.Upu6oMRDslI>. Acessado em Dezembro de 2013. ______DECISION REPORT. Oracle anuncia novo Sistema Integrado de Gestão Empresarial (ERP) na nuvem. Disponível em < http://corporate.canaltech.com.br /noticia/erp/Oracle-anuncia-novoSistema-Integrado-de-Gestao-Empresarial-ERP-na-nuvem/>. 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Rio de Janeiro, 2002. 189 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 AUDITORIA OPERACIONAL DE RECURSOS HUMANOS NO HOSPITAL UNISAÚDE LTDA. OPERATIONAL AUDIT OF HUMAN RESOURCES IN HOSPITAL UNISAÚDE LTDA. 1 Patrique Rosa Hedlund, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, UNIJUI, RS, Brasil, [email protected] 2 Eusélia Paveglio Vieira, Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul, RS, Brasil, [email protected] RESUMO EM UMA ECONOMIA COMPETITIVA, É NECESSÁRIO QUE AS ORGANIZAÇÕES ADOTEM MEDIDAS QUE GEREM MAIOR CONFIABILIDADE PARA AS INFORMAÇÕES PASSADAS AOS GESTORES DAS EMPRESAS, SENDO QUE, UMA DESTAS MEDIDAS É A AUDITORIA. NESTE CONTEXTO, O OBJETIVO DESTE TRABALHO É A REALIZAÇÃO DE UMA AUDITORIA OPERACIONAL DE RECURSOS HUMANOS, PARA VERIFICAR SE AS NORMAS E LEGISLAÇÕES VIGENTES ESTÃO SENDO APLICADAS, E SE OS CONTROLES INTERNOS ESTÃO SENDO CUMPRIDOS. O ESTUDO SERÁ DESENVOLVIDO POR MEIO DA ELABORAÇÃO DE UM PROGRAMA DE AUDITORIA, COM A APLICAÇÃO DOS PAPÉIS DE TRABALHO E A PARTIR DISSO, FORNECER UM RELATÓRIO COM OS RESULTADOS DO PROCESSO, A FIM DE EVITAR FUTURAS RECLAMATÓRIAS TRABALHISTAS E PUNIÇÕES ATRAVÉS DE AUDITORIA EXTERNA. ASSIM, A AUDITORIA DEMONSTRA QUE A ORGANIZAÇÃO NECESSITA MELHORAR SEUS CONTROLES INTERNOS EM RELAÇÃO AOS PROCEDIMENTOS DE ADMISSÃO, MOVIMENTAÇÃO MENSAL E DESLIGAMENTO DE COLABORADORES, O QUAL SERÁ MAIOR DETALHADO À EMPRESA POR MEIO DE RELATÓRIO. NESTE CONTEXTO, A AUDITORIA OPERACIONAL É INDISPENSÁVEL NA ATUAÇÃO PREVENTIVA E CORRETIVA PARA EVITAR FUTURAS PUNIÇÕES EM RELAÇÃO À ÁREA DE RECURSOS HUMANOS, E NECESSITA SEMPRE DE EFICIENTES CONTROLES PARA QUE A EMPRESA NÃO SOFRA NENHUM IMPREVISTO AO LONGO DOS ANOS. Palavras-chave: Auditoria; Recursos humanos; Controle interno; Programa; Prevenção. ABSTRACT IN A COMPETITIVE ECONOMY, IT IS NECESSARY THAT THE ORGANIZATIONS TAKE STEPS TO GENERATE GREATER RELIABILITY TO THE INFORMATION PASSED TO THE COMPANY MANAGERS, AND, ONE OF THESE MEASURES IS THE AUDIT. IN THIS CONTEXT, THE AIM OF THIS STUDY IS TO CONDUCT A PERFORMANCE AUDIT OF HUMAN RESOURCES, TO CHECK WHETHER THE CURRENT RULES AND LAWS ARE BEING APPLIED, AND THAT INTERNAL CONTROLS ARE BEING MET. THE STUDY WILL BE DEVELOPED THROUGH THE PREPARATION OF AN AUDIT PROGRAM, WITH THE APPLICATION OF THE WORKING PAPERS AND FROM THIS, PROVIDE A REPORT ON THE RESULTS OF THE PROCESS IN ORDER TO AVOID FUTURE LABOR CLAIMS AND PUNISHMENT THROUGH EXTERNAL AUDIT. THUS, THE AUDIT SHOWS THAT THE ORGANIZATION NEEDS TO IMPROVE ITS INTERNAL CONTROLS IN RELATION TO ADMISSION PROCEDURES, MONTHLY TURNOVER AND TERMINATION OF EMPLOYEES, WHICH WILL BE MORE DETAILED THE COMPANY THROUGH REPORT. IN THIS CONTEXT, PERFORMANCE AUDITING IS INDISPENSABLE IN THE PREVENTIVE AND CORRECTIVE ACTIONS TO AVOID FUTURE PUNISHMENT IN RELATION TO THE HUMAN RESOURCES AREA, AND ALWAYS NEEDS EFFICIENT CONTROLS SO THAT THE COMPANY DOES NOT SUFFER ANY UNFORESEEN EVENT OVER THE YEARS. Key-words: Audit; Human resources; Internal control; Program; Prevention. INTRODUÇÃO A contabilidade é uma ciência que analisa, controla e interpretam os fatos contábeis do patrimônio de uma empresa, na visão de Toigo (1987 apud BASSO, 2005, p.22)“A contabilidade estuda e controla o patrimônio sobre o ponto de vista econômico-financeiro, observando e registrando seus aspectos quantitativos e qualitativos e as variações por eles sofrida”. Presentemente, a contabilidade possui diversos campos distintos de atuação, dentre eles, pode-se citar a auditoria. Esta surgiu por meio da necessidade da confirmação e veracidade dos registros contábeis, devido ao aparecimento das grandes empresas e do crescimento do mercado, baseado nos resultados apurados no balanço. Desta forma, com o amplo desenvolvimento econômico, essas potências observaram nos registros contábeis uma forma de proteção ao seu patrimônio. A auditoria possui coligada a ela os controles internos, os quais, aplicados de forma íntegra e eficaz, auxiliaram de forma preventiva a evitar falhas e fraudes que possam prejudicar financeiramente a continuidade da entidade. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 190 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 De acordo com Haller (1985 apud ARAUJO, 2001, p.29) “a auditoria operacional tem como finalidade de avaliar e comunicar se os recursos da entidade estão sendo usados eficazmente e se estão sendo alcançados os objetivos operacionais”. Conforme destaca Imoniana; Matheus; Perera (2014)o trabalho de auditoria interna vem se modificando ao longo dos anos e à medida que as empresas crescem e se modernizam com novos sistemas e tecnologias, desenvolvem novos caminhos e controles, também precisam de acompanhamento e atualizações constantes; então, novas habilidades são necessárias aos auditores para atender às mudanças que ocorrem no ambiente organizacional. Neste sentido, o estudo tem o objetivo de realizar uma auditoria operacional no setor de Recursos Humanos de uma Cooperativa de Médicos, com ênfase no setor de Cadastro, com o intuito de avaliar os controles internos deste departamento, evidenciando possíveis equívocos e deficiências, avaliando se os processos do setor estão de acordo com a legislação vigente, indicando desta forma, ações corretivas e preventivas antes que ocorram multas de ordem trabalhistas e uma auditoria externa punitiva que possa prejudicar a continuidade da cooperativa. Neste contexto, Gil (2000), relata que a auditoria no setor de RH é de relevante importância, na área contábil, pois poderá detectar falhas ou fraudes, e ainda, o descaso com a observância na legislação vigente, utilizando-se dos materiais adequados para os exames como folha de pagamento, guia de recolhimentos, encargos previdenciários e trabalhistas, buscando assim evidenciar possíveis equívocos e fraudes que acontecem ou possam vir acontecer. No desenvolvimento do estudo de caso, foi evidenciado uma auditoria operacional no setor de recursos humanos de uma cooperativa de médicos. Este estudo contempla a caracterização do estudo, a avaliação dos controles internos por meio da aplicação dos papéis de trabalho, sendo finalizado com o desenvolvimento do relatório de auditoria. Para finalizar, o relatório apresenta a conclusão do estudo, com as devidas observações formuladas através da compilação dos dados encontrados durante a aplicação dos procedimentos de auditoria e dos papéis de trabalho, todos esses dados complementam a opinião do auditor, seguido das referências consultadas na sua realização. Contabilidade A contabilidade é uma ciência que é responsável pelo controle patrimonial, Basso (2005, p.24) define como uma forma de “registra os fatos que nele acontecem, emitindo relatórios qualitativos e quantitativos, permitindo ao usuário da informação contábil, entre outras atividades, comparar previsões e orçamentos com a realidade da entidade”. Pinto (2006) defende que a contabilidade é um instrumento da administração e, para ser proveitosa, deve adaptar-se a suas necessidades constantemente de acordo com os cenários expostos pelo mercado. A tomada de decisão é uma situação tão complexa nos negócios da empresa que acarretou o uso sistemático da contabilidade para controle e planejamento administrativos. A contabilidade enquanto uma ciência que estuda e controla o patrimônio de uma entidade deve estar em constante atualização para fim de atender as diversas demandas expostas pelas empresas de forma íntegra e seguras, promovendo relatórios substanciais que nortearam o futuro de uma organização. 1.1 A auditoria A auditoria é conceituada por diversos autores, cada um com sua peculiaridade abrangem de sua maneira o destino que pretendem alcançar. Na visão de Petruf; Stefano (2013, p.1) “A auditoria é fundamental no que se refere aos controles nas organizações, sendo uma importante ferramenta de auxilio para melhoria continua nos trabalhos que estão sendo realizados”. Perez Junior sustenta que: Auditoria pode ser definida como o levantamento, o estudo e a avaliação sistêmica das transações, procedimento, rotinas e demonstrações financeiras de uma entidade, com o objetivo de fornecer a seus usuários uma opinião imparcial e fundamentada em normas e princípios sobre sua adequação (PEREZ JUNIOR, 2012, p.2). O Tribunal de Contas da União (BRASIL, 2010, p.11) considera que auditoria é “o exame independente e objetivo da economicidade, eficiência, eficácia e efetividade de organizações, programas e atividades governamentais, com a finalidade de promover o aperfeiçoamento da gestão pública”. A auditoria se constitui numa ferramenta de extrema importância para a boa administração, podemos citar que algumas de suas intenções é a validação dos controles das entidades, constatando a situação presente das entidades, oferecendo dados e relatórios íntegros aos diretores para o auxílio na tomada de decisão, acarretando numa ferramenta indispensável para a gestão. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 191 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 1.2 Auditoria operacional A auditoria operacional é definida como uma ramificação da contabilidade de caráter técnico, a qual se alicerça em campos não abrangidos pela auditoria contábil, neste designo a auditoria operacional, expressa sua opinião de forma preventiva e corretiva. Por conseguinte, Santos et al (2003, p.11) nos define que “Auditoria Operacional, está voltada para melhoria do nível da economia, incremento da eficiência e eficácia das operações e verificar os objetivos e metas estabelecidos estão sendo trabalhados e alcançados.” Consoante a isso, Araújo (2008, p.13) no mostra que a Auditoria operacional “Constitui numa ferramenta fundamental para uma boa administração, pois ultrapassa a fronteira dos aspectos financeiros, adentrando-se nas questões de economicidade, eficiência e efetividade”. Alicerçado a isso, Araújo (2008) nos diz que a profundeza da auditoria operacional pode ser definida através da economicidade vista como a capacidade de executar um trabalho gastando pouco, da eficiência que é a realização de um trabalho executado de forma satisfatória e sem desperdícios, e da eficácia que o autor a define como a habilidade de realizar o trabalho de forma sabia alcançando as metas propostas corretamente. A auditoria operacional é uma técnica onde se utiliza um conjunto de exames, que alicerçaram de forma profunda as análises dos controles internos no setor auditado, gerando decorrente a isso, informações que visão aperfeiçoar a economicidade, eficiência e eficácia, amparando o desenvolvimento e a continuidade dos negócios. 1.3 Auditoria operacional de recursos humanos A auditoria de recursos humanos é considerada um exame analítico da área de recursos humanos, onde é realizada uma análise dos sistemas de RH com a finalidade de prevenir obstáculos e demais problemas que a empresa mantenha com seus colaboradores. Essa ramificação da auditoria operacional tem como função administrar a análise de cargos, esquematizar a necessidade de funcionários, a prática do recrutamento aos cargos, administrar os candidatos aos cargos, treinar novos colaboradores e conduzir bônus e salários, além de, apontar sugestões e soluções. A auditoria de recursos humanos como uma parte significativa da auditoria operacional, de acordo com Soares et al (2009, p.04) é compreendida como “uma análise aprofundada sobre o sistema de funcionamento que envolve a área de recursos humanos, sob os aspectos: qualidade e serviço (gestão de pessoas), rotinas burocratizadas de gestão de pessoal, a fim de prevenir e ou evitar demandas judiciais e infrações administrativas.” Neste cenário, pode se observar que a aplicação de forma correta da auditoria operacional no departamento de recursos humanos proporciona à geração de inúmeros benefícios à organização, uma vez que através da aplicação de seu programa de auditoria de forma satisfatória, cria-se uma harmonia entre o auditor e a auditoria, capaz de direcionar os rumos a serem seguidos pela entidade, para que a mesma não possua prejuízos financeiros ou prejudique a continuidade da organização. METODOLOGIA A pesquisa realiza sob o ponto de vista de sua natureza pode ser compreendida de duas formas, a pesquisa básica e aplicada. No presente estudo utiliza-se a pesquisa aplicada. De acordo com Gil (2010) a pesquisa aplicada compreende estudos elaborados com o objetivo de determinar problemas identificados no âmbito das sociedades em que os pesquisadores vivem. Por sua vez, a pesquisa básica, envolve estudos que possuem como proposito preencher uma lacuna no conhecimento. Seguindo esta linha de pensamentos e conceitos, em relação ao ponto de vista de seus objetivos, o presente estudo qualifica-se na pesquisa descritiva, que por sua vez, analisou os controles internos do setor auditado, e os documentos da organização, para assim descrever com propriedades e as possíveis lacunas nos controles internos e nos cálculos realizados no setor de recursos humanos que possam vir a prejudicar a entidade, caso confirmado esses apontamentos. A pesquisa descritiva descreve, sistematicamente, fatos e características presentes em uma determinada população ou área de interesse. Seu interesse principal está voltado para o presente e consiste em descobrir “O que é?” Geralmente são pesquisas que envolvem número elevado de elementos, dos quais poucas variáveis são estudadas. (GRESSLER, 2007). A pesquisa quanto à forma de abordagem do problema a pesquisa pode ser classificada como quantitativa e qualitativa, o ambiente desse tipo de pesquisa é considerado muito diversificado. Perante a isso, a forma de abordagem do problema o presente estudo classifica-se com uma pesquisa qualitativa. A pesquisa qualitativa, Gressler (2007) estabelece que essa abordagem a medida que não emprega instrumentos estatísticos como base das metodologias de analise, essa forma de análise é utilizada quando busca-se apresentar a complexidade de determinado problema, não abrangendo manipulação de variáveis e estudos experimentais. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 192 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Visando os procedimentos técnicos, o presente estudo utilizou-se primeiramente da pesquisa bibliográfica, consistindo na pesquisa elaborada com base em publicações de artigos, revistas técnicas e científicas, livros, sites da internet, portais, leis e legislações. Em relação ao estudo também foi utilizado à pesquisa documental, onde foram revisados documentos referentes à contratação de pessoal, contratos de trabalho, livros de registros, relatórios e demonstrativos de pagamento, guias de arrecadação de impostos e de contribuições. Em conseguinte, o trabalho também se caracteriza como estudo de caso, no qual foi elaborado um estudo aprofundado do departamento de recursos humanos, com a finalidade de se alcançar um conhecimento amplo e especifico do mesmo. RESULTADOS 3.1 Estrutura da organização O organograma corporativo do Hospital Unisaúde Ltda é composto pela sua diretoria executiva, e logo abaixo seus assessores que respondem diretamente a diretoria, são elas: Assessoria Jurídica e Assessoria de Relações Institucionais e Responsabilidade Social ao lado dos departamentos de Controladoria e a Qualidade, que possuem a finalidade de assessorar a corporação, interagindo com todos os demais setores independentes da área e do grau hierárquico. Estão expostas ainda, as cinco diretorias que compõem o quadro corporativo e o colegiado diretivo, sendo coordenadas por um gerente, estes são: Diretor de Gestão de Pessoas e Gerência de Gestão de Pessoas, a Diretor Administrativo e o Gerente Administrativo, o Diretor Financeiro e a Gerente Financeira e Contábil, o Diretor de Marketing e o Gerente de Marketing e a Diretoria Geral do Hospital e o Gerente Hospitalar estes gerentes formam o Núcleo Gerencial. Logo abaixo da diretoria, é exibida a auditoria médica que é composta pela equipe de médicos auditores do hospital. Finalizando o organograma da organização, é apresentado o grupo operacional, os quais compõem as atividades e processos corporativos, essa área se desmembra nos 20 setores corporativos além dos departamentos da estrutura hospitalar, nesta área, pode-se destacar o setor de cadastro o qual através de seus processos de recursos humanos é elaborado o presente estudo. Desta forma, para facilitar a compreensão da estrutura apresentada anteriormente, segue o organograma corporativo do Hospital Unisaúde Ltda: Figura 1- Organograma Corporativo Fonte - Dados fornecidos pelo Hospital Unisaúde Ltda Perante a estrutura hierárquica apresentada, buscou-se compreender a estrutura desse sistema de trabalho que compreende o Hospital Unisaúde Ltda. Essa composição foi realizada com o objetivo de destacar os grupos: Diretor, Gerencial e Operacional, tudo isso com o intuito de facilitar a análise do organograma e da hierarquia da entidade. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 193 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 3.2 Mapeamento do setor de recursos humanos Após análise das atividades setoriais realizadas no hospital estudado, realizou-se a opção de um desses departamentos para que pudesse ser aplicado um modelo de auditoria voltado para o setor de recursos humanos na avaliação dos controles internos com integração à contabilidade. Neste contexto, o setor de recursos humanos que é o objeto deste estudo pode-se destacar como de primordial valia, sendo uma de suas principais finalidades a colaboração no desenvolvimento da organização para alcançar seus objetivos almejados. Desta forma, o departamento de recursos humanos se compõe das atividades de em recrutamento, remuneração e desligamentos, com o intuito de que seja contratado os melhores profissionais e que estes sintam-se motivados a desempenhar suas funções. Entretanto, a entidade se utiliza de diversos processos internos, onde estes devem estar de acordo com a legislação vigente, para evitar processos e multas de ordem trabalhistas. Os processos internos realizados no departamento de recursos humanos da organização incluem a seleção e recrutamento de colaboradores, a admissão dos mesmos ao quadro de funcionários da instituição, a movimentação mensal da folha de pagamento e o recolhimento dos encargos sobre a mesma e o processo de desligamento do colaborador junto ao hospital. 3.3 Identificação dos controles internos Os controles internos possuem a habilidade de tender ao favorecimento do processo de gestão de uma organização não apenas quanto à prevenção de fraudes, mas sim, colaborar com a gestão das empresas exibindo seu potencial informativo para os administradores, a fim de orienta-los na tomada de decisão. Alguns desses controles identificados na organização compreendem o controle dos horários de trabalho, das horas extras e faltas dos colaboradores e o controle dos riscos à saúde e segurança do trabalhador. O controle interno adotado relativo à verificação dos horários de trabalho, das horas extras e das faltas dos colaboradores, consiste no período abrangido pela auditoria, em relógio – ponto eletrônico, onde o colaborador registra com o seu crachá a data, o horário de entrada e de saída, sendo que essas marcações foram preenchidas durante todo o período auditado. Os controles internos relativos ao monitoramento dos riscos à saúde e segurança do trabalhador compreendem o programa de prevenção de riscos elaborado por técnico de segurança do trabalho em 2014 e o laudo de insalubridade elaborado por engenheiro de segurança em janeiro de 2014, os quais avaliam os riscos a que os colaboradores da entidade estão expostos, advertindo as medidas a serem observadas para amenizar e extinguir os riscos. Os controles internos na admissão devem garantir que o recrutamento de colaboradores seja devidamente justificado e autorizado por um nível competente de acordo com os objetivos deliberados pela administração. Além de certificar que os colaboradores selecionados sejam capacitados e adequados para atender as reais demandas de seu cargo. Garantindo que somente as admissões aprovadas sejam registradas e que esses registros obedeçam às normas legais vigentes e políticas da entidade. Os controles internos atinentes à movimentação mensal da folha tem o intuito de precaver possíveis equívocos na emissão da folha de pagamentos e garantir que os valores incluídos representem o salário por serviços efetivamente prestados à organização. Dessa forma, assegurar que todos os valores das folhas de pagamento e seus respectivos encargos sejam contabilizados perfeitamente e dentro do período de competência, evidenciando assim, que todo o montante desembolsado pela organização, seja efetivamente, apontado na folha de pagamento e esteja de acordo com a autorização da gerência. Os controles internos referentes à demissão devem prevenir possíveis desligamentos evitáveis sem autorização competente ou em desarmonia com a legislação vigente. 3.4 Elaboração do programa de auditoria e execução dos papéis de trabalho Após a realização da identificação dos controles internos utilizados na organização, o auditor precisa compilar os dados para a criação do programa de auditoria, o qual é uma etapa exposta no planejamento da auditoria, ondo este, compreende os passos a serem adotados pelo auditor quando da efetivação dos seus trabalhos. Frente a isso, apresenta- se o programa de auditoria elaborado e aplicado no setor de recursos humanos do Hospital Unisaúde Ltda. Quadro 1 – Programa de auditoria do setor de RH do Hospital Unisaúde Ltda Entidade Auditada: Hospital UnisaúdeLtda Período auditado: 01/01/2014 à 31/12/2014 Auditor responsável pela auditoria: Patrique Rosa Hedlund Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 194 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Programa de Auditoria: Setor de recursos humanos Objeto Exames a serem realizados Admissão dos colaboradores Averiguar se o exame médico foi efetivado, se o mesmo foi realizado antes do início das Exame Médico Admissional atividades do colaborador na instituição, se os mesmos estão corretos e completos. Comprovante de Entrega e Devolução da CTPS Contrato de Trabalho Examinar se a organização forneceu o comprovante quando da solicitação da CTPS do colaborador, se o mesmo está assinado, se consta as datas de recebimento e de devolução e se foi respeitado o prazo de devolução previsto na legislação. Constatar se foi elaborado um contrato de experiência, se foram respeitados os prazos de prorrogação do contrato, se a entidade firmou um contrato de trabalho de tempo indeterminado por escrito, se o mesmo está completo. Finalidade Certificar que a organização esta cumprindo com suas obrigações e que os colaboradores estão aptos e saudáveis para exercer as atividades a que foram contratados. Garantir que a instituição recebeu e devolveu a CTPS do colaborador no prazo estimado pela legislação. Garantir que a entidade firmou um contrato de trabalho por escrito com os seus colaboradores e que nele constam todos os dados necessários a fim de se evitar futuros processos judiciais. Movimentação mensal Direitos dos Colaboradores Salário - Família, FGTS e PIS Descontos Legais – INSS e Contribuição Assistencial e Sindical Folha de Pagamento Verificar se a instituição está pagando o salário - família ao colaborador que tiver direito e se o valor pago está de acordo com a remuneração recebida pelo empregado. Analisar se a organização está utilizando a alíquota correta do FGTS e do PIS e se os cálculos estão sendo efetuados corretamente. Averiguar se a instituição está utilizando a alíquota do INSS correta para o salário de contribuição do colaborador, se a mesma está utilizando a tabela do INSS vigente e se a base de cálculo está correta, incidindo sobre todos os proventos do colaborador. Analisar se a organização está efetuando o desconto relativo à contribuição assistencial e sindical dos colaboradores e se as mesmas estão sendo efetuadas de forma correta. Verificar se a folha de Assegurar que a entidade está cumprindo com todas as suas obrigações trabalhistas, garantindo os direitos de seus colaboradores, bem como, certificar que as alíquotas usadas para os cálculos estão corretas e assim evitar demandas judiciais. Certificar que a instituição está efetuando corretamente os descontos dos seus colaboradores e que os mesmos estão de acordo com a legislação vigente. 195 Confirmar que os cálculos da folha Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Décimo Terceiro Salário Férias pagamento está sendo efetuada de forma correta, sem nenhum equivoco para mais ou para menos em seus cálculos, se a folha está completa, constando todos os itens necessários ao reconhecimento da mesma, se na folha estão constando todos os proventos e descontos que os colaboradores efetivamente estão recebendo e descontando, se os mesmos dados constantes na CTPS estão constando na folha de pagamento e se a folha está sendo elaborada e paga dentro dos prazos previstos na legislação. Constatar se a empresa está pagando corretamente o décimo terceiro salário de seus colaboradores. Verificar se a instituição está concedendo as férias aos seus colaboradores no prazo previsto em lei. Analisar a data do aviso de férias, a data do pagamento e o período que o colaborador gozou as férias. Verificar se a organização está pagando corretamente os valores. de pagamento estão corretos e certificar que os salários estão sendo pagos nos prazos previstos, mediante comprovantes de pagamentos, devidamente datados e assinados. Assegurar que a organização está pagando corretamente a gratificação aos seus colaboradores dentro dos prazos previstos para pagamento. Assegurar que a instituição está concedendo as férias aos colaboradores dentro do prazo previsto na legislação, bem como, estão corretos e que o pagamento das mesmas está sendo efetuado no prazo determinado na legislação. Desligamento do Colaborador Examinar qual o motivo da Certificar que a instituição agiu em rescisão do contrato de conformidade com a legislação trabalho e se houve aviso trabalhista vigente, concedendo o prévio trabalhado ou aviso prévio ao colaborador. indenizado. Verificar se a Assegurar que o colaborador Rescisão de Contrato de empresa forneceu o exame realizou o exame médico Trabalho médico demissional ao demissional. Certificar que os colaborador. Analisar se o cálculos das verbas rescisórias cálculo das verbas estão corretos e que a instituição rescisórias foram efetuados está pagando todos os direitos do corretamente. colaborador. Fonte: Dados obtidos conforme da pesquisa (2015) Após a elaboração do programa de auditoria, passa-se para a fase de aplicação dos papéis de trabalho, estes são considerados um elemento da auditoria que possuem como base nos procedimentos de verificação expressados no programa, onde este é identificado como um direcionador para a execução dos trabalhos de auditoria com a finalidade de coletar evidencia ou provas que fundamentem com integridade e precisão a opinião do auditor no relatório de auditoria. 3.5 Relatório de auditoria As decorrências obtidas durante a realização da auditoria são apresentados aos responsáveis pela administração do setor de Recursos humanos, por meio deste, são apontadas as constatações e conclusões a respeito das possíveis irregularidades e deficiências encontradas no setor e as recomendações das ações a serem implantadas ou aprimoradas para a melhoria do setor, sendo Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 196 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 desta forma, uma auditoria corretiva e preventiva, a fim de que a entidade não venha a sofrer uma possível auditoria externa punitiva que possam prejudicar o futuro da entidade. Os trabalhos de auditoria executados no processo de admissão de colaboradores compreendem na averiguação dos exames médicos admissionais, do protocolo de entrega e de devolução da CTPS, do vale transporte, do salário – família, do contrato de trabalho, da CTPS dos colaboradores, do livro de registro de colaboradores e da comparação da CTPS dos colaboradores com o livro de registro de colaboradores. Constatou-se que houve apenas uma irregularidade neste processo, relativo ao protocolo de entrega e de devolução da CTPS, onde a entidade está solicitando aos colaboradores a CTPS novamente após às 48 horas conforme determina a legislação. Desta forma, recomenda-se à entidade que a mesma não solicite a CTPS aos colaboradores novamente após este período para mais compilação de informações para evitar auferir o que determina o art. 53 da CLT. A auditoria executada nos procedimentos internos de movimentação mensal advindos no período compreendido pela auditoria, consistem a verificação e a análise das informações obrigatórias como o CAGED e a RAIS, das obrigações legais, como o exame médico periódico, o PCMSO, o PPP e o PPRA, das atribuições e dos reajustes salariais, da ficha ponto, das horas extras e das faltas dos colaboradores, dos direitos dos colaboradores, como vale alimentação, plano de saúde, o FGTS e o PIS, dos descontos legais como o INSS e as contribuições assistenciais e sindicais, da folha de pagamento, da quitação das guias do INSS, do FGTS, do PIS, do IRRF e das contribuições assistenciais e sindicais e enfim, a averiguação do décimo terceiro salário e das férias gozadas pelos colaboradores. Neste processo, não a sugestões a serem efetuadas pois a entidade está trabalhando em conformidade com a legislação, além de, estar pagando corretamente todos os direitos, bem como, calculando os descontos dos colaboradores de forma apropriada, além disso, a organização está fazendo a quitação da folha de pagamento e a apresentação das guias obrigatórias dentro dos prazos previstos pela CLT. Ao examinar o procedimento de desligamento de colaborador advindo no período compreendido pela auditoria, constatou-se que o mesmo transcorreu corretamente, visto que, à medida que a entidade informou à colaboradora, por escrito, mediante aviso de rescisão do contrato de experiência pela organização, que o contrato de experiência seria rescindido, disponibilizando a colaboradora o devido exame médico demissional, sendo o mesmo realizado antes do término do contrato de trabalho. Em relação às verbas rescisórias, verificou-se que ambas foram calculadas corretamente, constando o saldo de salário proporcional aos dias trabalhados no mês, o 13º salário proporcional, as férias proporcionais com o devido 1/3 sobre férias, bem como foram realizados corretamente o desconto do INSS sobre as verbas rescisórias, o desconto do INSS sobre o 13º salário, o valor líquido a pagar a colaboradora e os valores relativos ao FGTS sobre as verbas rescisórias, ao FGTS sobre o 13º salário e ao PIS, bem como, foi preenchido a data do respectivo pagamento no termo de rescisão do contrato de trabalho, constando as assinaturas da colaboradora e do representante do Hospital. Não serão efetuadas recomendações, visto que, o processo foi efetuado corretamente. CONCLUSÃO A contabilidade é uma das áreas que oferecem muitas oportunidades, e enquanto uma ciência dinâmica e de fundamental importância para a sociedade, pois abre um vasto campo de atuação para os seus profissionais, dentre eles destaca-se a auditoria. A auditoria operacional realizada no setor de recursos humanos do Hospital Unisaúde Ltda procurou avaliar os procedimentos adotados no setor, de forma preventiva e corretiva, com a finalidade de identificar os erros e as falhas que futuramente pudessem vir a gerar reclamatórias trabalhistas e penalidades à entidade, bem como, avaliar o comportamento dos controles internos e a conformidade dos procedimentos adotados no setor com a legislação vigente. Primeiramente, buscou-se o estudo aplicado que compreendeu na revisão da literatura acerca da auditoria e das suas ramificações por meio de pesquisas bibliográficas, sendo após isso, realizado o estudo prático, tendo como auxílio os documentos fornecidos pela entidade e pela averiguação dos controles internos e dos procedimentos relativos à admissão, a movimentação mensal e ao desligamento de colaboradores. O estudo prático se desenvolveu por meio da elaboração de fluxogramas, os quais evidenciaram a maneira como são conduzidos os trabalhos no setor, a identificação dos controles internos adotados, a elaboração de um programa de auditoria, evidenciando os procedimentos de verificação, a aplicação dos papéis de trabalho, com o intuito de comprovar as informações obtidas e Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 197 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 por fim, a elaboração de um relatório de auditoria, o qual evidenciou as constatações, conclusões e recomendações obtidas no transcorrer da auditoria. Na sequência foi aplicado à auditoria na organização, conclui-se que a mesma necessita de um maior zelo para o setor de recursos humanos, visto que, no decorrer dos trabalhos de auditoria foi verificado uma falha no setor, a qual, se não revistas, pode vir a prejudicar o desenvolvimento da entidade e gerar reclamatórias trabalhistas e penalidades a mesma, podendo levar a descontinuidade do Hospital Unisaúde Ltda. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos. Introdução a auditoria operacional. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001. 140p. ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos. Introdução a Auditoria Operacional. 4. Ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2008. 188p. BASSO, Irani Paulo. Iniciação à Auditoria. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005. 336p. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Manual de Auditoria Operacional. Brasília: TCU, Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo (Seprog), 2010. 71 p. GIL, Antonio Loureiro. Auditoria Operacional e de Gestão. 5 ed. São Paulo, Atlas 2000. 171p. 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Acesso em: 09 de Março de 2014. 198 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 AVALIAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA COOPERATIVA AGRÍCOLA ÁGUA SANTA LTDA.: UM ESTUDO COMPARATIVO OOPERATIVE OF STRATEGIC PLANNING EVALUATION OF AGRICULTURAL WATER SANTA LTD.: A COMPARATIVE STUDY Mariclei de Arruda Dorini, Universidade de Passo Fundo, UPF, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] Ana Claudia Machado Padilha, Universidade de Passo Fundo, UPF, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] Aline Palma, Universidade de Passo Fundo, UPF, Rio Grande do Sul, RS, Brasil, [email protected] Daiane Thaise de Oliveira Faoro, Universidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] RESUMO Diante da competitividade, torna-se fundamental que as empresas adotem ferramentas capazes de auxiliar no alcance dos objetivos. O estudo, realizado na Cooperativa Agrícola Água Santa Ltda., propôs uma revisão no planejamento estratégico já existente. A pesquisa foi realizada utilizando o método de estudo de caso, fundamentado na realização de pesquisa com clientes, colaboradores, fornecedores e gerentes e ainda, uma análise dos ambientes externos e interno, sobre os segmentos do ambiente geral e análise da competitividade. Pode-se perceber que na cooperativa prevalecem os pontos fortes e as oportunidades, sendo necessárias, ainda, algumas melhorias na estrutura física, e na atuação efetiva do departamento de marketing e departamento financeiro. Palavras-chaves: Competitividade. Planejamento estratégico; Cooperativismo. ABSTRACT On competitiveness, it is crucial that companies adopt tools that can assist in achieving the objectives. The study, conducted at the Agricultural Water Cooperative Santa Ltda., Proposed a revision in the existing strategic planning. The survey was conducted using the case study method, based on conducting research with customers, employees, suppliers and managers and also an analysis of the external and internal environments, on the segments of the general environment and competitiveness analysis. It can be seen that the cooperative prevail strengths and opportunities, requiring also some improvements in the physical structure, and activeness of the marketing department and finance department. Keywords: Competitiveness. Strategic planning; Cooperativism. INTRODUÇÃO Inovações, mudanças, empresas cada vez mais competitivas em um mesmo ambiente disputando os mesmos clientes. É o que acontece hoje no mundo dos negócios. Cada empresa procura uma nova alternativa para sair na frente do concorrente, se manter e ganhar mercado. Para as empresas superar novos desafios procura-se por novas ferramentas capazes de ajudar a manter a sustentabilidade. Com o surgimento da estratégia as empresas puderam planejar suas ações em busca dos objetivos, mas isso requer um comprometimento de toda a organização. “A administração estratégica é definida como um processo contínuo e interativo que visa manter uma organização como um conjunto integrado ao seu ambiente” (CERTO et al., 2005, p.3). À medida que surgem novos desafios as empresas inventam e experimentam novas maneiras de administrar. O planejamento estratégico foi inventado na década de 1960, dez anos depois de ter sido inventado o planejamento no longo prazo, pois estava claro que projetar o futuro com base em tendências passadas era indesejável e perigoso, e era assim que era feito o planejamento no longo prazo. Já o planejamento estratégico é um processo muito mais complexo e com maior potencial de perturbação organizacional. Com frequência a introdução do planejamento estratégico, inicialmente enfrentou resistência. Mas vários estudos mostraram que o planejamento estratégico, quando instalado adequadamente, produzia realmente desempenho superior (ANSOLF e MCDONNELL, 1993). “Planejamento estratégico corresponde ao estabelecimento de um conjunto de providências a serem tomadas pelo executivo para a situação em que no futuro tende a ser diferente do que no passado” (OLIVEIRA, 2007, p. 4). É um processo continuo, devido às mudanças que ocorrem nas empresas resultantes de forças externas, por isso não se trata de um modelo mágico de decisões futuras, mas de um processo constante de tomada de decisões, que terão consequências no futuro. O planejamento estratégico é uma ferramenta importante para a administração, já que estabelece a melhor direção a ser seguida pela empresa para se obter os melhores resultados. Desta forma, formula-se o seguinte objetivo de pesquisa: Revisar o planejamento estratégico da Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 199 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Cooperativa Agrícola Água Santa Ltda., apontando aspectos que podem ser inseridos e melhorados na sua proposta atual. 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Tipos de Planejamento Estratégico e Etapas Para Oliveira (1993, p.35) “considerando os grandes níveis hierárquicos, distinguem-se três tipos de planejamento: planejamento estratégico; planejamento tático e planejamento operacional”. Para Oliveira (2007, p. 19) “planejamento operacional é a formalização, principalmente através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantação de resultados específicos em áreas funcionais da empresa”. O planejamento tático é a metodologia administrativa que tem por finalidade otimizar determinada área de resultado e não a empresa como um todo. Este trabalha com decomposição dos objetivos, estratégias e políticas estabelecidos no planejamento estratégico (OLIVEIRA, 2007, p. 18). Já o planejamento estratégico é um processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa, com vistas a obter um nível de otimização na relação da empresa com o seu ambiente. É de responsabilidade dos níveis hierárquicos mais altos da empresa (OLIVEIRA, 1993, p. 38). Quando uma empresa entra no mercado, já deve ter claro qual será sua área de atuação, ou seja, em que segmento irá se inserir. Para Born (2007, p. 49) “o negócio de uma empresa determina o escopo de atuação”. Para Kotler e Keller (2006, p. 45) “um negócio precisa ser visto como um processo de satisfação do cliente, e não como um processo de produção de mercadorias. Os produtos são transitórios, mas as necessidades básicas e os grupos de clientes são eternos”. Para Born (2007, p.50) na construção da visão não se necessita estabelecer prazos limites para sua obtenção, visto que se constitui em algo para ser perseguido por todos que compõe a organização. Dessa forma ela orienta, organiza e também desafia. Para Orlickas (2010, p. 66) “é através do exercício de desenvolver a missão da empresa que se obtém todas as outras tarefas envolvidas, tais como suas políticas e estratégias”. Já no entendimento de Barney e Hesterly (2011, p.4) “o processo de administração estratégica começa quando uma empresa define sua”. 2.3 Diagnóstico Estratégico Para Costa (2002, p. 51) o diagnóstico empresarial é um processo formal e estruturado que procura avaliar a existência e a adequação de estratégias vigentes na organização em relação ao andamento e transformações para construção do seu futuro. Para Oliveira (2007, p. 70) “o executivo deve ter adequado equilíbrio de conhecimento entre os fatores internos e externos”. Pois não adianta dar demasiada atenção aos fatores internos, os quais a empresa tem controle e deixar de lado os fatores externos. Da mesma forma com a situação oposta. Análise interna Na visão de Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 74) os recursos, capacidades e competências essenciais formam a base da vantagem competitiva. Os recursos podem ser tangíveis, ou seja, que podem ser quantificados ou intangíveis estes normalmente estão enraizados no histórico da empresa e foram acumulados ao longo do tempo. Os recursos tangíveis podem ser: financeiros, organizacionais, físicos e tecnológicos. Os intangíveis são: recursos humanos, recursos de inovação e recursos relacionados à reputação. Para Oliveira (2007, p. 68) “pontos fortes são variáveis internas e controláveis que propiciam uma condição favorável para a empresa, em relação a seu ambiente”. A identificação desses aspectos potencializa o desempenho da organização que se apóia e procura enfatizar esses pontos. Já os “pontos fracos são as variáveis internas e controláveis que provocam uma situação desfavorável para a empresa, em relação a seu ambiente” (OLIVEIRA, 2007, p. 68). Análise externa Para Oliveira (2007, p. 68) “oportunidades são variáveis externas e não controláveis pela empresa, que podem criar condições favoráveis para a empresa, desde que a mesma tenha condições e/ou interesse de usufruí-las”. Já as ameaças “são variáveis externas e não controláveis pela empresa que podem criar condições desfavoráveis para a mesma” (OLIVEIRA, 2007, p. 68). Costa argumenta que a “a experiência tem mostrado que os principais fatores que condicionam a formação do sucesso futuro da organização estão mais fora do que dentro dela. Esses fatores externos alicerçam o ambiente da organização” (2002, p. 81). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 200 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Nesse contexto de análise, Certo (2007) menciona que também é relevante analisar outros fatores do ambiente externo no momento da elaboração do planejamento estratégico, quais sejam: político-legais, econômicos, tecnológicos, socioculturais, demográficos e globais. Outro elemento importante também a ser avaliado no ambiente externo, é a concorrência. Para Porter (1986, p.24) “todas as forças competitivas em conjunto determinam a intensidade da concorrência na indústria, sendo que a força ou as forças mais acentuadas predominam e tornamse cruciais do ponto de vista da formulação de estratégias”. Ainda conforme Porter (1986, p. 24), as cinco forças competitivas refletem o fato de que a concorrência em um setor não está restrita aos participantes estabelecidos, sendo elas: ameaça de novos concorrentes, rivalidade entre concorrentes, ameaça de produtos ou serviços substitutos, poder de barganha dos fornecedores e poder de barganha dos compradores. 2.4 Tipologias de Estratégias Para Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 98) “o objetivo fundamental de utilizar qualquer tipo de estratégia é adquirir competitividade estratégica e obter retornos acima da média”. Estratégia de nível de negócios Para Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 104) cada estratégia de nível de negócios ajuda a empresa a explorar uma vantagem competitiva em um determinado escopo competitivo. Essas estratégias podem ser de liderança em custos, diferenciação, liderança em custos focada, diferenciação focalizada e integrada de liderança em custos/diferenciação. Estratégia corporativa Para Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 154) estratégia de nível corporativo especifica as ações que uma empresa toma para obter vantagem competitiva selecionando e administrando um grupo de vários negócios que competem em vários mercados de produtos. As empresas diversificadas variam de acordo com seu grau de diversificação e as ligações entre os seus negócios, diversificação relacionada e não relacionada. Estratégia de fusão, aquisição e reestruturação Para Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 183) a estratégia de aquisição pode ser de fusão, que ocorre quando duas empresas concordam em integrar suas operações de forma relativamente igual, de aquisição que ocorre quando uma empresa compra o controle ou 100% da outra, tornando a empresa adquirida uma subsidiária em seu portfólio, ou ainda a estratégia de incorporação ou takeover que ocorre quando a empresa-alvo não solicita a oferta da empresa compradora. Estratégia internacional Para Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 211) “estratégia internacional é aquela por meio da qual a empresa vende seus produtos ou serviços fora da esfera de seu mercado local”. Estratégias de cooperação Para Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 246) estratégia de cooperação “é uma estratégia em que empresas trabalham juntas para tingir um objetivo comum”. A aliança estratégica é a principal tipo de estratégia de cooperação. Uma aliança estratégica existe sempre que duas ou mais organizações independentes cooperam no desenvolvimento, na produção e na venda de seus produtos ou serviços. As alianças podem ser agrupadas em três categorias: sem participação acionária, com participação acionária e joint-ventures (BARNEY; HESTERLY, 2011, p.251). 2.5 Objetivo, Meta e Plano de Ação “Objetivo é o alvo ou situação que se pretende alcançar. Aqui se determina para onde a empresa deve dirigir seus esforços” (OLIVEIRA, 2007, p. 52). Para Certo et. al. (2010, p.60) “os objetivos fornecem o fundamento para o planejamento, a organização, a motivação e o controle. Sem objetivos e uma comunicação efetiva, a organização pode tomar qualquer direção”. Metas são valores quantitativos ou qualitativos a serem atingidos num certo momento preestabelecido. Se o tempo de implementação for muito longo, deve-se estabelecer metas intermediárias, para permitir melhor acompanhamento (COSTA, 2002, p. 200). Para Oliveira (2007, p. 54) planos de ação “são os conjuntos das partes comuns dos diversos projetos quanto ao assunto que está sendo tratado”. 2.6 Postura Estratégica Para Oliveira (2007, p. 120) “a postura estratégica da empresa é estabelecida por uma escolha consciente de uma das alternativas de caminho e ação para cumprir a missão”. Nesse aspecto, as posturas identificadas por Oliveira (2007), são a de crescimento, manutenção, sobrevivência ou desenvolvimento. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 201 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O presente trabalho tem por objetivo revisar o planejamento estratégico da Cooperativa Agrícola Água Santa Ltda. Dessa forma, a pesquisa é do tipo estudo de caso, caracteriza por ser descritiva e qualitativa. Os dados são de natureza primária e secundária. Os dados primários foram coletados através da aplicação de questionários para associados, fornecedores, funcionários que forneceram elementos para a elaboração do diagnóstico estratégico. O instrumento de coleta de dados foi o roteiro de entrevistas semi-estruturado, o qual buscou dados referentes ao ambiente interno e as forças externas influentes para depois comparar com os dados do planejamento atual elaborado em 2008. Já como dados secundários realizou-se através do planejamento estratégico da Coasa elaborado em setembro de 2008 para os anos de 2009 até 2012. As categorias de análise do estudo compreenderam os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades, ameaças, objetivos, metas e estratégias da Cooperativa Agrícola Água Santa Ltda. Em termos de selecionados para o estudo, a Tabela 1 apresenta estas informações. TABELA 1 – População e amostra AGENTES POPULAÇÃO AMOSTRA Funcionários 115 25 Sócios gerentes 2 2 Associados 1739 10 Fornecedores 50 5 FONTE: Dados primários (2012). A seleção da amostra foi por conveniência e acessibilidade. A pesquisa com os sócios gerentes foi realizada através de censo, com os dois principais diretores da Cooperativa, representados pelo presidente e o gerente comercial. Já para a os concorrentes, foi selecionada uma amostra não probabilística dos três concorrentes com maior relevância para a Cooperativa na visão dos gestores, e percepção para os clientes. Quanto à análise dos resultados, a técnica utilizada foi a análise de conteúdo das respostas das entrevistas. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 Descrição da Cooperativa Agrícola Água Santa Ltda A Cooperativa Agrícola Água Santa Ltda., teve sua origem a partir da Associação dos Agricultores da Comunidade Rural de Água Santa que contava com 59 associados. Em Setembro de 1994, os dirigentes da Associação entenderam aproveitar a mesma estrutura jurídica da cooperativa parada ao invés de criar outra cooperativa. Em 01 de Abril de 1995 foram inauguradas as instalações da Coasa. A Coasa conta com um escritório central na cidade de Água Santa, um supermercado, uma agropecuária, um posto de combustíveis, uma fábrica de ração, uma unidade cooperativa de transportes e nove unidades de recebimento de grãos (soja, milho, trigo e canola). As unidades estão localizadas nos municípios de Santa Cecília do Sul, Tapejara, Ciríaco, Gentil e Água Santa. Os investimentos mais recentes são a abertura uma unidade de fabricação de ração junto a um dos silos de recebimento de grãos e uma cooperativa de transportes, para facilitar o escoamento da produção. 4.2 Planejamento Estratégico Atual O planejamento estratégico atual da Coasa foi elaborado em setembro de 2008 para os anos de 2009 até 2012, quando termina o mandato da direção atual. A proposta é que seja revisto de dois em dois anos, na troca de diretores. Para a elaboração do planejamento atual, foi contratada uma assessoria, sendo que os dados que serviram como bases para o diagnóstico estratégico foram levantados através de questionamentos aplicados aos integrantes do grupo e então discutidos. Fizeram parte desse grupo a diretoria da Coasa (presidente e vice-presidente), gerente comercial, gerentes das unidades, membros do conselho fiscal e do conselho da administração e algumas pessoas consideradas líderes dentro da cooperativa. As estratégias foram definidas a partir dos objetivos levantados pelos integrantes do grupo e questionamentos realizados pelo consultor, moldando as idéias a serem definidas. Utilizando-se de acontecimentos passados, observando a situação daquele momento e visando aquilo que prospectavam para um futuro de quatro anos. A implantação ocorreu na forma de definição das diretrizes e elaboração de planos táticos e operacionais. O acompanhamento seria realizado com reuniões periódicas para acompanhamento de Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 202 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 desempenho. A avaliação seria realizada duas vezes ao ano no final do primeiro e segundo semestre. 4.3 Revisão do Planejamento Estratégico: Análise, críticas e proposições Nesta seção apresenta-se um comparativo entre o planejamento existente e a nova proposta sugerida à Cooperativa Agrícola Água Santa Ltda., com base nos dados coletados através da pesquisa e realização de entrevistas. 4.3.1 Negócio, Missão e Visão Na Figura 1 estão representados o negócio, a missão, a visão e os valores do planejamento já existente e os sugeridos. Atual Sugerido Negócio Alimentos e energia. Agronegócio. Atuar no agronegócio cooperativo Promover o desenvolvimento sustentável no com qualidade, rentabilidade, agronegócio, atuando de forma responsável, profissionalismo e respeito à buscando rentabilidade, crescimento e satisfação Missão natureza, buscando a satisfação dos dos associados, clientes e colaboradores. associados, dos colaboradores e dos clientes. Consolidar liderança no mercado Ser reconhecida como referência em soluções regional de grãos e insumos e ser para o agronegócio até 2015. Visão referência em fidelização dos associados. FIGURA 1 - Negócio, Missão, Visão e Valores. FONTE: Dados primários (2012). As alterações no negócio, missão, visão e valores da empresa, sugerem expressar de forma mais objetiva o ramo de atividade, a razão de a empresa existir, aquilo que ela almeja para o futuro e o que a empresa cultiva como princípios a serem seguidos. 4.3.2 Análise Interna Através da análise interna foram detectados os pontos fortes e fracos da Cooperativa, para melhor compreensão, todas as citações obtidas através da pesquisa, foram divididas por departamento. Na Figura 2 estão representados todos os pontos levantados na pesquisa realizada, separados por departamento. PONTOS FORTES PONTOS FRACOS Marketing Marca Pouca divulgação da marca Coasa Localização das unidades Informativos Oferece conhecimento ao produtor através de Falta de planejamento de marketing palestra e dias de campo Qualidade nos serviços prestados Sem foco em clientes estratégicos Imagem perante os associados Fidelização dos associados Trabalha com marcas fortes Preços competitivos Crescente n° de associados RH Bem estruturado Programa de recrutamento e seleção Treinamento Relacionamento Trabalho em equipe Equipe qualificada Comprometimento Possibilidade de crescimento Bom atendimento Financeiro Solidez financeira Mau atendimento Sem diferenciação no atendimento entre clientes e associados Falta de treinamento em áreas específicas Rotatividade em alguns setores Falta de comprometimento de alguns funcionários 203 Deficiência em equipe que planeja Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Credibilidade perante clientes e bancos Prazo de pagamento Dependência direta do comercial Não delegação de tarefas Demora no pagamento da produção Comercial Compras (bons preços) Profissional qualificado e experiente Autonomia Assistência técnica Diversificação de produtos DAP Sistema de informações Qualidade do sistema Profissional qualificado Agilidade na solução de problemas Diretoria Controles sobre os processos Relacionamento com os associados Boa estrutura dos armazéns e silos Comprometimento da direção Bons equipamentos Comando de vendas deficiente Falta de produtos em estoque Não acompanhamento de algumas propriedades Falta de conhecimento sobre o cliente Estrutura de comercialização pequena Comunicação interna Equipamentos Sistema não utilizado na totalidade do seu potencial. Centralização (não delegação) Falta de autonomia nas unidades Processos excessivamente burocráticos Localização das unidades Infraestrutura para estoque e distribuição de calcário limitada Comercialização do produto sem valor agregado Estrutura física do escritório da matriz Responsabilidade, foco Organização Leva a sério missão, visão e valores Metas definidas Lideranças internas FIGURA 2 – Pontos fortes e pontos fracos. FONTE: Dados primários (2012). a) Pontos Fortes Na Figura 3 estão representados os pontos fortes do planejamento atual e os pontos fortes encontrados através da pesquisa realizada. Pontos fortes planejamento estratégico atual Pontos fortes encontrados através da pesquisa Fidelidade da maioria dos associados e Localização estratégica das unidades; quadro social identificado com a Marca “Coasa”; cooperativa; Programa de treinamento aos Marca Coasa; funcionários; Gerência comercial capacitada; Credibilidade perante clientes e Diversificação de insumos oferecidos aos instituições bancárias; associados e clientes; Comprometimento dos funcionários e Boa relação com a comunidade; direção; Quadro de funcionários adequado e Bom relacionamento com associados e qualificado; clientes; Estabilidade, segurança e credibilidade; Equipe de funcionários qualificada; Integração entre funcionários e diretores; Qualidade nos serviços e produtos; Atendimento e inovação; Preços competitivos; Comprometimento dos funcionários; DAP; Devolução ou rateio das sobras aos Responsabilidade dos diretores; associados; Possibilidade de renegociação de Confiança do cliente e funcionário; débitos com associados; Localização da sede e das unidades; Assistência técnica ao produtor; Qualidade e preços nos produtos; Organização; Capacitação dos associados e Lideranças internas; funcionários; Controle sobre os processos; Valorização da DAP do agricultor; Solidez financeira; Prestação de serviços, principalmente da Boa estrutura física de silos e armazéns Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 204 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 assistência técnica. (tecnologia); Bom atendimento; Metas definidas; Máquinas e equipamentos de qualidade. FIGURA 3 – Pontos fortes citados no planejamento atual e na pesquisa. FONTE: Dados primários, 2012. Alguns dos pontos fortes levantados na pesquisa se repetiram àqueles que o grupo havia citado no planejamento existente, outros, como fidelidade dos associados, integração entre funcionários e diretores e devolução de sobras aos associados não foram citados na pesquisa. Porém, foram apontados outros pontos não detectados anteriormente, como organização, lideranças internas, solidez financeira, controle de processos, estrutura física, máquinas e equipamentos de qualidade e as metas estabelecidas. O RH da empresa é o setor que melhor se apresenta estruturado e se percebe pela pesquisa realizada, grande empenho da direção e funcionários, para com a cooperativa. b) Pontos Fracos Na Figura 4 são representados os pontos fracos do planejamento atual e os pontos fracos encontrados através da pesquisa realizada. PONTOS FRACOS PLANEJAMENTO PONTOS FRACOS ENCONTRADOS ESTRATÉGICO ATUAL ATRAVÉS DA PESQUISA Depósito de agrotóxico; Centralização (não delegação de Estrutura de Engenho Grande não tem tarefas); atendimento diário; Não há diferenciação no atendimento Posto de combustível – tanques velhos, fachada não pintada e problemas com de cliente e associado; cartão de crédito; Falta de conhecimento em algumas Escritório - falta de espaço, necessidade de cadeias produtivas; remodelar/setorizar e definir as funções; Comunicação interna; Diferenciação entre os sócios e os clientes Sem foco em clientes estratégicos; deve ser mais acentuada; Falta de autonomia nas unidades; Espaço físico para estoques (supermercado, Comercialização dos produtos sem venenos, insumos); agregar valor; Distribuição de cargos e tarefas; Infra-estrutura para estoque e Falta de pessoal para trabalhar no serviço distribuição de calcário limitada; pesado; Estrutura do escritório matriz; Falta de fidelização do associado e que se Rotatividade de funcionários em sinta dono da cooperativa; alguns setores; Atender a necessidade do associado que Não há estrutura de marketing solicita assistência veterinária; definida; Acompanhamento da propriedade global Sem planejamento financeiro; pelo departamento técnico; Grande dependência entre os Planejamento financeiro e atendimento; setores; Infraestrutura de Santa Cecília; Sistema não utilizado na totalidade Qualificação e compromisso dos do seu potencial. funcionários principalmente aqueles que atuam nos serviços gerais; Sistema operacional e internet; Não dominar a cadeia de produção, industrialização e comercialização; Dependência de compras dos atravessadores. FIGURA 4 - Pontos fracos citados no planejamento atual e na pesquisa. FONTE: Dados primários, 2012. Os pontos fracos pesquisados, na maioria, foram diferentes dos citados no planejamento existente. Os anteriores, em grande parte, referiam-se a falta de estrutura física, que foram corrigidos. O que fica mais evidente é que ainda existem pontos referentes à estrutura a serem melhorados, como a ampliação do escritório da matriz, mas foram levantados novos pontos fracos como a centralização de decisões, falta de autonomia nas unidades, questões referentes a planejamento, tanto de marketing como financeiro entre outros, que precisam ser melhorados. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 205 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 4.3.3 Análise Externa Como a Coasa atua no setor agrícola e está sujeita a mudanças, principalmente climáticas. Através da pesquisa, foram levantadas as principais ocorrências que poderiam afetar a organização. a) Ameaças: Na Figura 5 estão representadas as ameaças citadas no planejamento atual e as ameaças encontradas através da pesquisa. AMEAÇAS PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO AMEAÇAS ENCONTRADAS ATRAVÉS DA ATUAL PESQUISA Clima (seca, geada, granizo, chuvas, etc.) Instabilidade do clima; provocando a queda da produção agrícola; Mercado competitivo; Concorrência desleal (sonegação, Concorrência desleal; contrabando e desvio de produção); Logística (condições das estradas Falta de crédito nos bancos; interferindo no custo dos produtos); Infraestrutura e estradas afetando preço dos Economia (oscilações nos preços das produtos e insumos; commodities); Mercado: câmbio desfavorável e oscilação Legislação ambiental; dos preços da soja e dos insumos; Inadimplência tanto de pessoa física Governo e legislação; como de pessoa jurídica. Inadimplência por parte da indústria e exportadores. FIGURA 5 - Ameaças citadas no planejamento atual e na pesquisa. FONTE: Dados primários, 2012. A maioria das ameaças se repete, não sendo mais considerada como tal, a falta de crédito junto aos bancos, isso por que a cooperativa já tem credibilidade e demonstra solidez financeira. A ameaça mais citada foi referente ao clima, pois secas, geadas e outros acontecimentos podem devastar uma safra. Mas para essa ameaça a Coasa está recorrendo aos seguros, o que não asseguram o lucro, mas o custo. b) Oportunidades Na Figura 6 são representadas as oportunidades citadas no planejamento atual e as encontradas através da pesquisa. OPORTUNIDADES ENCONTRADAS ATRAVÉS OPORTUNIDADES PLANEJAMENTO ATUAL DA PESQUISA Possibilidade de parcerias com Conclusão da ligação asfáltica; sindicatos, EMATER, prefeituras, Fortalecimento da agricultura; escolas, instituições de pesquisa, etc.; Aumento da área de atuação; Parceria com fornecedores para compra Industrialização agregando valor; direta; Diversificação na área de atuação; Localização das filiais e do posto de Parcerias com fornecedores; recebimento localizados em pontos Benefício da DAP Jurídica; estratégicos; Parcerias com outras entidades; Posição, localização, clima, solo, Credibilidade facilitando o crédito; propriedades diversificadas e agricultura Consolidação do Brasil como grande familiar; produtor de alimentos; Possibilidade de ampliação dos postos Exportação; de recebimento na área de atuação; Atividades na bacia leiteira; CCN - Central de Cooperativas Mercado favorável (aumento da renda, Agropecuárias do Noroeste do Rio estabilidade dos juros); Grande do Sul Ltda. (compra e venda Novas tecnologias; em comum) e representação das Benefícios fiscais; cooperativas; Surgimento de novos nichos de mercado Financiamento para cooperativas com (Biodiesel); juros baixos e bons prazos para Enfraquecimento da concorrência; pagamento; Conceito cooperativista (financiamentos Acesso direto ao mercado de produtos a juros menores); agrícolas através da bolsa; Demografia (região que proporciona Possibilidade de ligação asfáltica; diversificação de culturas); Bacia leiteira; Clima; Centro de distribuição de calcário e Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 206 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 outras matérias primas. Imigração do campo para a cidade. FIGURA 6 – Oportunidades citadas no planejamento atual e na pesquisa. FONTE: Dados primários, 2012. Novas oportunidades foram encontradas com a pesquisa. Com a conclusão da ligação asfáltica, já poderá melhorar o problema de logística que aumentava o custo dos produtos, o fortalecimento da agricultura, as novas tecnologias, a credibilidade perante as instituições bancárias, juntamente com o surgimento de novos nichos de mercado, poderá trazer desenvolvimento e crescimento para a cooperativa. Como a região é de diversidade de culturas e a empresa possui DAP jurídica, se torna atraente para os associados, uma vez que estarão tendo os benefícios também. E como o Brasil é um grande produtor mundial de alimentos, também há a possibilidade de exportação, que já ocorreu neste ano de 2012. 4.3.4 Postura Estratégica A postura estratégica de uma empresa tem o objetivo de orientar o estabelecimento das estratégias e políticas, principalmente a médio e longo prazo. A postura pode ser definida pela predominância interna de pontos fortes ou fracos e predominância externa de oportunidades e ameaças (OLIVEIRA, 2004, p. 138-139). Com a definição da postura estratégica da Cooperativa Agrícola Água Santa Ltda., pode ser sugerida as estratégias a serem seguidas. Como ocorre a predominância de pontos fortes e oportunidades, os diretores poderão optar por estratégias de desenvolvimento de mercado e financeiro, diversificação horizontal ou vertical. O momento se mostra favorável à cooperativa e esta poderá aproveitar para se desenvolver mais e ampliar seus negócios, aumentando os resultados. 4.3.6 Objetivos, Metas e Estratégias Com base nos dados levantados na pesquisa e análise dos ambientes interno e externo da Cooperativa Agrícola Água Santa Ltda., estabeleceu-se os objetivos a serem alcançados pela organização, estipulação das metas e estratégias a serem adotadas para este fim, conforme se observa na Figura 7. Objetivo Aumentar o faturamento. 1 Meta Atingir R$160 milhões até final do ano de 2014. Estratégia Diversificação de negócios e parcerias com outras cooperativas. Objetivo Aumentar o número de associados. 2 Meta Atingir o número de 2.200 associados até 2015. Estratégia Parcerias com os associados proporcionando-lhes vantagens. Objetivo Aumentar a sobra líquida sobre o faturamento bruto. 3 Meta 2% do faturamento bruto anual até 2014 Estratégia Eficiência em custos. FIGURA 7 – Objetivo, meta e estratégias. FONTE: Dados primários, 2012. 4.3.7 Mecanismos de Implementação e Controle do Planejamento Estratégico Com a responsabilização do gerente de cada setor, elaboram-se os planos táticos e operacionais para o cumprimento dos propósitos. Cabe ao administrador alocar de forma correta os recursos, planejar as tarefas e delegar as funções. A partir desse momento, ocorre a monitoração de como está sendo executado o processo de implementação, para que não seja desviado dos propósitos. Depois de implementado, deve haver o controle desse planejamento, o recomendado é que sejam realizadas reuniões periódicas, a cada dois meses, para avaliar a execução e possíveis problemas que ocorram e se há necessidade de alteração. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Mudanças fazem parte da rotina das empresas. Economia, clima, legislação, concorrência e clientes cada vez mais informados e exigentes. Isso faz com que o administrador busque constante evolução nos seus conceitos de gestão, seja proativo aproveitando as oportunidades. A tomada de decisão é constante, e isso deve ser decorrente de uma visão ampla do ambiente, considerando questões sociais, econômicas e políticas. Em um ambiente em que a concorrência aumenta e qualifica-se, se torna de suma importância desenvolver estratégias competitivas adaptadas às necessidades do mercado. No decorrer desse trabalho foi possível perceber a importância que tem o planejamento estratégico em uma organização. A Cooperativa Agrícola Água Santa Ltda., já havia elaborado um Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 207 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 planejamento estratégico em 2008. Percebe-se que muitos dos pontos levantados pelo planejamento foram corrigidos, mas alguns continuam deficientes. Após a implementação não houve um acompanhamento periódico daqueles objetivos. A Cooperativa se mostra bastante inovadora, possui equipe qualificada e gestores competentes e empreendedores. Na revisão do planejamento estratégico, foi constatado que o mesmo foi elaborado sem realização de uma pesquisa de mercado, baseado apenas nas análises do grupo que era composto por funcionários, diretores e o consultor. A pesquisa é importante porque traz uma visão de quem não está dentro da organização, como clientes e fornecedores. E através da análise dos segmentos e da concorrência, podem-se levantar aspectos que em uma visão mais generalizada, ficariam para trás. Verificou-se que a Cooperativa precisa rever alguns aspectos relacionados à estrutura física do escritório matriz, considerado pequeno e sem privacidade para o atendimento. A centralização das decisões, provocando demora na solução dos problemas. A falta de um departamento atuante e estruturado de marketing e a não existência de uma programação financeira estruturada com fluxo de caixa. Verificou-se também como uma das ameaças mais citadas o mercado competitivo, a empresa enfrenta concorrentes bem estruturados. Mas com a prevalência das oportunidades, foi citada a possibilidade de ampliar mercado de atuação, investindo ainda na industrialização de produtos, agregando valor e aumentando a lucratividade. Pode-se concluir que a Cooperativa Agrícola Água Santa, possui predominância de pontos fortes e oportunidades, possui aspectos a serem melhorados, mas sendo uma empresa que busca empreender e se utilizar de novas tecnologias, possui grande potencial de crescimento. O presente estudo foi desenvolvido em curto espaço de tempo, respeitando os prazos para entrega do trabalho, servindo de estrutura básica para estudos futuros, mais aprofundados sobre o assunto tão relevante para desempenho superior das organizações. REFERÊNCIAS ANSOLFF, H. I; McDONNELL, E. J., Implantando a administração estratégica. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1993. BACEN – Banco Central do Brasil. Sistema Gerenciador de Séries Temporais. 2011. Disponível em: http://www4.bcb.gov.br/pec/series/port/aviso.asp. Acesso em : 22/11/2012. BARNEY, J. B.; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva: conceitos e casos. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. BORN, R. et al. Construindo o plano estratégico: casos reais e dicas práticas. Porto Alegre: Sulina, 2007. CERTO, S. et al. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. 2 ed. São Paulo: Pearson Educação do Brasil, 2005. CERTO, S. et al. Administração estratégica: planejamento e implantação. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. xiv, 321 p. COSTA, E. A. Gestão estratégica. São Paulo: Saraiva, 2002. HITT, M. A.; IRELAND, R. D; HOSKISSON, R. E. Administração estratégica: competitividade e globalização. 2 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing: A Bíblia do Marketing. 12 ed. São Paulo: Prentice Hall Brasil, 2006 OTLER, P. Administração de marketing. 10 ed. São Paulo: Prentice Hall33, 2000. OLIVEIRA, D. P. R . Planejamento estratégico: conceitos, metodologia, prática. 8 ed. São Paulo: Atlas 1993. OLIVEIRA, D. de P. R. de. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia, práticas. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2007. ORLICKAS, E. Modelos de gestão: das teorias da administração à gestão estratégica. Curitiba: Ibpex, 2010. PORTER, M. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campos, 1986. 208 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 COMPETÊNCIAS GERENCIAIS: LÍDERES ALAVANCANDO RESULTADOS EM UMA COOPERATIVA DE CRÉDITO MANAGEMENT SKILLS: LEADERS LEVERAGING RESULTS ON A CREDIT COOPERATIVE 1 Anelize Fronza, Sociedade Educacional de Três de Maio, SETREM, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] 2 Dioni Jaqueline Soares, Sociedade Educacional de Três de Maio, SETREM, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] 3 Lilian Winter, Sociedade Educacional de Três de Maio, SETREM, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] 4 Cleonice Gierg, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] 5 Marina Andrade Agnesi, Sociedade Educacional de Três de Maio, SETREM, Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] RESUMO O presente artigo pretende apresentar uma pesquisa realizada com os gestores de uma Cooperativa de Crédito, que teve como objetivo conhecer as competências gerenciais que influenciaram no desempenho dos resultados durante uma campanha interna, denominada Voo 33. Participaram do estudo as três unidades de atendimento que tiveram maior desempenho do ano de 2013, da Sicredi União RS. A pesquisa parte de uma abordagem quantitativa e qualitativa, na qual foram aplicadas escalas de fatores relacionados às oito principais competências gerencias que esta Cooperativa busca em seus gestores. Foram aplicados questionários aos respectivos colaboradores destas unidades, como também realizadas entrevistas semiestruturadas com os gestores baseadas nas competências estudadas. Os dados resultantes foram compilados através de análise de conteúdo. Os resultados identificam a percepção dos colaboradores acerca das competências gerenciais dos seus líderes, os estilos de liderança existentes, as competências mais utilizadas pelos gestores para a busca de resultado em suas equipes, assim como envolvimento dessas equipes com seus líderes. A pesquisa revela que os perfis destes gerentes são muito semelhantes, embora possuam características próprias de liderança. A exemplo disto pode-se destacar, traços da liderança servidora, democrática, autocrática e liberal, presentes nestes gestores. É importante ressaltar que dentre as oito competências gerenciais estudadas, destacam-se três: trabalho em equipe e cooperação, flexibilidade e foco no resultado. Pode-se correlacionar que estas competências apontam para a geração de resultado destas equipes, onde de fato os gestores expressam a grande preocupação em manter as equipes engajadas, sendo flexível e adeptos a mudanças. Palavras-chave: competências, equipes, resultados. ABSTRACT This article aims to present a survey of managers of a Credit Union, which aimed to assess the managerial skills that influenced the performance of results during an internal campaign called Flight 33. The study included three service units that had higher performance of the year 2013, the Sicredi Union RS. The research part of a quantitative and qualitative approach, in which factors of scales were applied related to eight main managerial skills that this cooperative search in its managers. Questionnaires were applied to their employees of these units, but also carried out semistructured interviews with managers based on skills studied. The resulting data were compiled through content analysis. The results identify the perception of employees about the managerial skills of its leaders, the existing leadership styles, skills most used by managers to search results in their teams, as well as involvement of these teams with their leaders. The survey reveals that the profiles of these managers are very similar, although they have characteristics of leadership. The example of this can be highlighted, traits of servant leadership, democratic, autocratic and liberal, present in these managers. Importantly, among the eight managerial skills studied, three stand out: teamwork and cooperation, flexibility and focus on results. One can correlate these skills point to generate a result of these teams, where in fact the managers express the great concern in keeping the teams engaged, being flexible and adept at change. Keywords: competence, teams, results. 1. Introdução As organizações hoje vivenciam a busca de novas formas de gerenciar seu capital humano. Esta preocupação deve-se ao fato de que as empresas estão buscando líderes cada vez mais assertivos, sendo necessário que estes tenham sensibilidade no trato de suas equipes e público externo, proporcionando um ambiente mais harmonioso, que favoreça a execução de tarefas com maior eficiência e eficácia, garantindo a satisfação pessoal e, consequentemente, o sucesso organizacional. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 209 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 A globalização dos negócios, o desenvolvimento tecnológico, mudanças impactantes e o intenso movimento pela busca acirrada da qualidade e produtividade, reportam a constatação que: o grande diferencial, a principal vantagem competitiva das empresas provém das pessoas que nelas trabalham. São as pessoas que detém o status existente e são elas a mola propulsora da inovação e o que deve vir a ser. São as pessoas que produzem, vendem, servem ao cliente, tomam decisões, lideram, motivam, comunicam, supervisionam, gerenciam e dirigem os negócios das empresas. As pessoas são a chave do sucesso ou o fracasso das organizações. As pessoas que dão vida as organizações. Quando se falava em liderança no passado, tinha-se em mente um padrão autoritário, que instituía regras e ações, uma liderança autocrática. Porém atualmente, a palavra liderança está associada ao sucesso, ao poder de influenciar as pessoas para o alcance de objetivos. Se antes atuava como comandante dominador, hoje se adota o papel de educador, sua arma não é mais o controle, o poder da hierarquia, mas o encorajamento, o desenvolvimento e a motivação da equipe. Atualmente, as empresas estão se preocupando mais com o nível de motivação e satisfação de seus empregados, não somente pelo seu bem estar, mas pelo que isto pode trazer em termos de resultados positivos para a empresa. Funcionários motivados e comprometidos com o seu trabalho podem alavancar os lucros e o sucesso da organização. A questão abordada neste artigo é a identificação das competências gerenciais e como influenciam no atingimento dos resultados desta Campanha. 2. Revisão da Literatura Através do embasamento teórico será apresentado os temas sobre: Gestão Estratégica e Política de Pessoas; A importância dos líderes; e Estilos de Liderança, de forma que possamos aprimorar nossos conhecimentos, acerca deste estudo de caso. 2.1 Gestão Estratégica e Política de Pessoas A estratégia na área de gestão de pessoas deve ser parte integrante do planejamento estratégico da organização, quase sempre, o primeiro busca uma maneira de integrar a função da gestão de pessoas aos objetivos gerais da empresa. De acordo com Knapik (2006, p. 10) “a gestão de pessoas vem cada vez mais ocupando uma posição estratégica nas organizações, em busca de garantia de uma vantagem competitiva no mercado”. A estratégia organizacional é pensada com base na percepção que a empresa tem do contexto em que se insere, de sua capacidade para interagir com esse contexto e dos propósitos relativos a sua sobrevivência, seu desenvolvimento e sua perenidade (DUTRA, 2011, p. 65). A percepção do contexto é efetuada no dia-dia da empresa, em que cada pessoa que mantém qualquer relação com ela é um terminal nervoso, sentindo, interpretando, internalizando e oferecendo resposta aos estímulos do ambiente. Para Dutra (2011, p. 66) “as pessoas implementam a estratégia da empresa que será tão mais efetiva quanto mais utilizar o potencial de contribuição das pessoas que interagem com a empresa”. Já para Chiavenato (2010, p. 77): [...] planejamento estratégico de gestão de pessoas refere-se à maneira como a função de gestão de pessoas pode contribuir para o alcance dos objetivos organizacionais e, simultaneamente, favorecer e incentivar o alcance dos objetivos individuais dos funcionários, portanto, trata-se de alinhar os talentos e competências com as necessidades organizacionais. . Para Lacombe (2011) a estratégia e o desenvolvimento da organização estão diretamente relacionados à capacidade em que a empresa possui em desenvolver pessoas e ser desenvolvida pelas mesmas, originando dessa premissa uma série de reflexões teóricas e conceituais acerca da aprendizagem da organização e das pessoas e como elas estão inter-relacionadas. O desenvolvimento das pessoas deve estar centrado nas próprias pessoas, sendo efetuado através do respeito das suas individualidades. Segundo Chiavenato (2010) a estratégia define o comportamento da organização em um mundo mutável, dinâmico e competitivo, ela está condicionada pela missão organizacional, pela visão do futuro e pelos objetivos principais da organização. O único integrante racional e inteligente da estratégia organizacional é o elemento humano: a cabeça e sistema nervoso da organização. O cérebro do negócio. A inteligência que toma as decisões. Na definição de Lannes e Sita (2010, p. 134), a gestão estratégica é aquela que agrupa o melhor dos dois focos (estratégia do negócio e pessoas) e consegue manter equilíbrio entre ação e resultado, em outras palavras, deve influenciar o negócio com o objetivo de alcançar o sucesso da empresa, e isso passa, sem dúvidas, por pessoas felizes, desenvolvidas produtivas. Para a gestão de pessoas agregar valor e ser reconhecida como estratégica, é necessário que suas ações sejam orientadas para as pessoas e para os resultados organizacionais. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 210 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 2.2 A importância dos líderes No mundo dinâmico de hoje, as organizações precisam de liderança e administração que façam a diferença para as pessoas e as organizações. Precisam de lideres que inspiram as pessoas, que envolvam os membros das organizações para criarem visões sobre o futuro. No entanto, os líderes também precisam ser capazes de elaborar planos detalhados, criar estruturas organizacionais eficientes e gerenciar operações do dia a dia. Na definição de Chiavenato (2009, p. 359), Liderança é a capacidade de influenciar um conjunto de pessoas para alcançar metas e objetivos. A origem dessa influência pode ser formal, como a que é conferida por um cargo de direção em uma organização, no entanto, nem todos os líderes são administradores, nem todos os administradores são líderes. Liderança é considerada, por Bergamini (2012, p. 118), um processo de influência, geralmente de uma pessoa para outra, na qual um indivíduo ou grupo é orientado para o estabelecimento e a conquista de metas. Esse conceito é relevante para o âmbito do comportamento dos indivíduos nas organizações. O fato da organização conferir a seus gestores autoridade formal não lhes garante uma capacidade de liderança eficaz. A liderança não sancionada tem a capacidade de influenciar os outros que emerge fora da estrutura formal da organização, pode ser tão importante quanto a influência formal. Para Bergamini (2012, p. 134), Uma das tarefas essenciais e imutáveis dos líderes é motivar e orientar o desempenho. Mas as ferramentas motivacionais estão mudando rapidamente. Cada vez mais as empresas estão abolindo os antigos incentivos burocráticos e utilizando as oportunidades empresariais para atrair e reter talentos. Os gerentes têm que exercer mais liderança, ao mesmo tempo em que veem o poder burocrático escapar de suas mãos. Em suma, a liderança é mais difícil, porém mais importante do que nunca. Nesse enfoque, dá se a importância de um líder transformacional, o qual, segundo Bergamini (2012) “reconhece e explora uma necessidade existente ou uma solicitação do seguidor em potencial, mas, além disso, os líderes transformacionais olham para os motivos potenciais dos seguidores, procuram satisfazer necessidades de mais alto nível, assumindo o seguidor como uma pessoa integral”. Nesse caso, há um mútuo enriquecimento de experiências pessoais que leva à aprendizagem de formas mais construtivas de relacionamento. Os líderes celebram com seus seguidores um tipo de contrato implícito de confiança mútua entre eles e sua organização. Assim sendo, é por meio deste contrato que os seguidores sabem que, em troca do seu esforço e compromisso, a organização os ajudará a desenvolver o seu próprio potencial (DUTRA, 2011, p. 76). Na liderança transformacional há um vínculo de dupla influenciação. O seguidor transforma seu líder, que com ele aperfeiçoa sua competência. O líder também influencia seu seguidor que, por sua vez, levará consigo marcas desse líder. De acordo com Bergamini (2012) “a forma como o mundo dos negócios aprende a respeito da liderança e do que fazer nas organizações para criar seus líderes é extremamente complexa. Não se aprende muito me livros ou conferências, aprende-se mesmo com a experiência pessoal, direta”. Conforme Bergamini (2012, p. 140), Liderar prende-se ao imperativo de que os líderes precisam trabalhar com persistência caso queiram fazer a diferença. Liderar é muito mais do que ocupar um cargo, eis que os verdadeiros líderes são naturalmente seguidos sem precisar socorrer-se de sua autoridade e do poder que porventura possa ter-lhe sido conferido. Para Dutra (2011), os líderes verdadeiramente bem sucedidos possuem determinadas características pessoais que os levam a preocupar-se com certos aspectos de importância crucial. Tais líderes têm suficiente autoconsciência e autoestima para perceber quando diferente repertório de competências é necessário e não se sentem ameaçados quando se torna preciso mudar. Essa atitude interior conduz a flexibilidade comportamental que é indispensável para transformar a mudança em oportunidade favorável, e não tem ameaça. Cabe ao líder, sobretudo, articular as expectativas individuais com as metas e os objetivos organizacionais com seus seguidores, correspondendo, dessa forma, à confiança que neles foi depositada. Assim, líderes produtivos, usam muito do seu tempo nutrindo outros líderes, colocando seus seguidores em posição de fazer face a seus desafios futuros sem que percam sua percepção. 2.3 Gestão de Pessoas com base em competências A forma de gerir pessoas sofreu grandes transformações ao longo dos últimos anos, a mudança no padrão de exigência gerou a necessidade de uma cultura organizacional que estimulasse e apoiasse a iniciativa individual, a criatividade e a busca de resultados para a empresa ou negócio. Hoje, há uma grande pressão para que a gestão de pessoas seja orientada para a ideia Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 211 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 de desenvolvimento mútuo. A empresa, ao se desenvolver, desenvolve as pessoas, e estas, ao se desenvolverem, fazem o mesmo com a organização. Na definição de Dutra (2011, p. 28), a pessoa é vista como gestora de sua relação com a empresa, bem como do seu desenvolvimento profissional. O comprometimento integral dos indivíduos com a organização mobiliza não somente os músculos e a parte da inteligência, mas todo o seu potencial criador, sua intuição, sua capacidade de interpretar o contexto e de agir sobre ele, gerando vantagens competitivas únicas. Na definição de competência para Dutra (2011) é saber agir de maneira responsável, mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. De acordo com Dutra (2011, p. 29) “são as pessoas que, ao colocarem em prática o patrimônio de conhecimentos da organização, concretizam as competências organizacionais e fazem sua adequação ao contexto”. Utilizando de maneira consciente o patrimônio de conhecimento da organização, as pessoas conferem-lhe validade ou implementam as modificações necessárias para seu aprimoramento. A agregação de valor dos indivíduos é, portanto, sua contribuição efetiva ao patrimônio de conhecimentos da organização, o que lhe permite manter suas vantagens competitivas ao longo do tempo. Há uma relação íntima entre as consequências organizacionais e as individuais, portanto, o estabelecimento das competências individuais deve estar vinculado reflexão sobre as competências organizacionais, uma vez que há influência mútua entre elas. Chiavenato (2010) comenta que a competência é compreendida por muitas pessoas e por alguns teóricos da administração como um conjunto de conhecimento, habilidades e atitudes necessários para que a pessoa desenvolva suas contribuições e responsabilidades. Contudo, essa forma de encarar a competência tem se mostrado pouco instrumental. As pessoas possuem um determinado conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, o que não garante que a organização se beneficiará diretamente. Ao olhar as pessoas por sua capacidade de entrega, tem-se uma perspectiva mais adequada para avalia-las, para orientar o desenvolvimento delas e para estabelecer recompensas. 2.4 Estilos de Liderança Vários autores abordam os estilos de liderança, no entanto, sobressai-se uma teoria mais comumente referenciada de White e Lippitt (1939). De acordo com estes autores existem três estilos de liderança: Autoritária (ou autocrática), Liberal e Democrática. Assim, explorar-se hão as características principais de cada tipo, trabalhando vantagens e inconvenientes de cada um. A seguir, verificar-se há cinco estilos de liderança com as respectivas características e consequências. Para Fachada (2003, p. 24), líder autocrático determina as diretrizes sem a participação do grupo, além de determinar as técnicas para a execução das tarefas. É ele também que indica qual tarefa de cada um dos colaboradores e quem será o companheiro de cada um. É inflexível e dominador, causando mal estar organizacional. Tem postura essencialmente diretiva, dando instruções sólidas, e não deixa espaço para a criatividade dos liderados. Já o Líder liberal, não se impõe e não é respeitado. Os liderados tem total liberdade para tomar as decisões, quase sem consultar o líder. Não há grande investimento na função, havendo participações mínimas e limitadas por parte do líder. O grupo é que decide sobre a divisão das tarefas e sobre quem trabalha com quem. Os elementos do grupo tendem a pensar que podem agir livremente, tendo também desejo de abandonar o grupo. O líder não regula e nem avalia o grupo, e faz alguns comentários irregulares sobre as atividades apenas quando questionado (FACHADA, 2003, p. 29). A produção não é satisfatória, visto que se perde muito tempo com discussões e questões pessoais. Este é frequentemente considerado o pior estilo de liderança. Líder democrático é o líder que assiste e investiga o debate entre todos os colaboradores. É o grupo que esboça as providências e técnicas para atingir os objetivos e todos participam nas decisões. Cada membro do grupo decide com quem trabalhará e o próprio grupo decide sobre a divisão de tarefas. O líder procura ser um membro igual aos outros, não se encarregando muito das tarefas. É objetivo, e quando crítica limita-se aos fatos. Este tipo de liderança promove o bom relacionamento e a amizade entre o grupo, tendo como consequência um ritmo de trabalho suave, seguro e de qualidade, mesmo na ausência do líder (FACHADA, 2003, P. 32). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 212 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O comportamento deste líder é de orientação e de apoio. É o estilo que produz maior qualidade no trabalho. Percebe-se que a liderança autocrática evidencia o líder, enquanto a liderança liberal evidencia os subordinados, e a liderança democrática evidencia tanto o líder como o liderado. A liderança situacional baseia-se numa inter-relação entre a quantidade de orientação e direção (comportamento e tarefa) que o líder oferece, a quantidade de apoio sócio emocional (comportamento e relacionamento) dado pelo líder e o nível de prontidão (maturidade) dos subordinados no desempenho da tarefa, função ou objetivo específico. Para Hersey e Blanchard (1986) “embora todas as variáveis situacionais (líder e liderados), superiores, colegas, organização, (exigências do cargo e tempo) sejam importantes, na liderança situacional a ênfase recai sobre o comportamento do líder em relação aos subordinados”. Na liderança situacional define-se a maturidade como a capacidade e a disposição das pessoas de assumir a responsabilidade de dirigir seu próprio comportamento. Essas variáveis de maturidade devem ser consideradas somente em relação a uma tarefa especifica a ser realizada. Todas as pessoas tendem a ser mais ou menos maduras em relação a uma tarefa, função ou objetivo específico que um líder procure realizar através dos seus esforços. Assim, por exemplo, um vendedor pode ser muito responsável em conseguir novas vendas, mas muito negligente no preenchimento dos formulários para fechar um negócio. Consequentemente, é de toda conveniência que o seu supervisor o deixe sozinho na realização dos negócios, mas o acompanhe de perto no trabalho burocrático de preenchimento de papéis, até que também nesse aspecto ele seja capaz de desempenhar-se bem. Cada um dos quatro estilos de liderança, ou seja, determinar, persuadir, compartilhar e delegar, é uma combinação de comportamento de tarefa e de relacionamento. O comportamento de tarefa é a medida com que o líder se dirige as pessoas, dizendo lhes o que fazer, quando fazê-lo, onde fazê-lo e como fazê-lo. Significa estabelecer-lhes objetivos e definir os seus papéis. O comportamento de relacionamento por sua vez, é a medida com que um líder se empenha em comunicar-se bilateralmente com as pessoas, dando-lhes apoio e encorajando. Significa ouvir ativamente as pessoas e apoiar-lhes os esforços. O estilo de liderança apropriado a cada um dos quatro níveis de maturidade inclui a dosagem certa de comportamento de tarefa (direção) e comportamento do relacionamento (apoio). Conforme Hersey e Blanchard (1986) a liderança situacional não só sugere o estilo de liderança de alta probabilidade para os níveis de maturidade como indica a probabilidade de sucesso das outras configurações de estilo, se o líder não for capaz de adotar o estilo desejável. A probabilidade de sucesso de cada estilo para os quatro níveis de maturidade, dependendo do afastamento do estilo para os quatro níveis de maturidade, dependendo do afastamento do estilo de alta probabilidade ao longo da curva prescrita na parte de estilo do líder. A liderança situacional sustenta que, para os liderados imaturos, é apropriada uma direção firme (comportamento de tarefa), se quisermos que eles se tornem produtivos. Sugere-se um aumento de maturidade da parte das pessoas ainda um tanto imaturas, deve ser recompensado por maior esforço positivo e apoio sócio emocional (comportamento de relacionamento) (HERSEY E BLANCHARD, p. 187, 1986). Finalmente, quando os liderados atingirem altos níveis de maturidade, o líder deverá reduzir ainda mais não apenas o controle sobre suas atividades, mas também o comportamento de relacionamento. Com as pessoas bem amadurecidas, o apoio sócio emocional já não é tão importante quanto a necessidade de autonomia. Nesse estágio, uma das formas pelas quais os líderes podem demonstrar sua confiança em pessoas de alto nível de maturidade consiste em deixalas cada vez mais por sua conta própria. Isso não quer dizer que haja menos confiança mútua e amizade entre líder e liderado, pelo contrário, a confiança e a amizade são maiores ainda, mas o líder precisa adotar menos comportamento de apoio para provar isso. Há muitos céticos sobre a eficácia da liderança servidora. As acusações variam do estilo vago ao tom piegas e passivo. Muitos acusam o líder servidor de inverter a pirâmide organizacional e de entregar a direção do hospício aos doentes. A liderança servidora pode ser tudo, menos isso. Existe realmente uma preocupação com a “pirâmide” e um certo ar autocrático quando se trata de determinados aspectos da gestão da organização, como a missão (para onde vamos?) valores (quais são as regras de comportamento no ambiente de trabalho?), padrões (como vamos pedir e mensurar a excelência?) e responsabilidades (o que acontece se houver diferenças Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 213 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 entre padrões e desempenho?). Os grandes líderes servidores podem-se tornar bastantes ditatoriais nessas questões (HUNTER, p. 30, 2006). Conforme enfatiza Hunter (2006), entre as obrigações de uma liderança servidora estão à definição da missão, das normas de comportamento e a indicação de responsabilidades. O líder servidor não encomenda pesquisas nem promove reuniões de convite ou votações democráticas para decidir as respostas a essas questões. Ao contrário, as pessoas esperam que o líder ofereça essa orientação. Em compensação, depois que a direção foi determinada, é tempo de vencer! A liderança passa a responder às pessoas que lidera, a identificar e atender suas necessidades legítimas para que possam se tornar mais eficazes na realização de sua missão. Líderes influenciam liderados e liderados também influenciam líderes, portanto deve-se lembrar de que relacionamento entre os membros da equipe pode também interferir no estilo que irá adotar. Sendo assim, cabe a cada líder, escolher qual o estilo que mais se adapta às suas características e situações para que os objetivos sejam alcançados rapidamente, visto que quando existe uma equipe, a meta é alcançada com esforço de todos, tanto líderes como liderados. 3. Métodos e Técnicas O presente estudo de caso se caracteriza como pesquisa qualitativa, quantitativa e dedutiva por meio da técnica do estudo de caso, visando conhecer quais as competências encontradas nos gestores geradores de resultados, de uma Cooperativa de Crédito. Os procedimentos que foram utilizados são a pesquisa exploratória, bibliográfica e estudo de caso. Foram aplicados questionários com perguntas fechadas aos colaboradores das três Unidades de Atendimento, com a finalidade de investigar como acontece a gestão dos líderes com seus liderados, sendo que esta amostragem foi composta por 36 colaboradores, que atuam nos diversos setores desta Cooperativa, situada na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Brasil. Para os gerentes, foi realizada uma entrevista semiestruturada, com base nas competências almejadas por esta Cooperativa. O critério para a entrevista foi selecionar os três gestores que se destacaram na Campanha Voo 33, a partir das unidades que se destacaram com o melhor resultado. 3.1 Características da pesquisa No que se refere à abordagem da pesquisa, esta é quantitativa e qualitativa. No entendimento de Lakatos e Marconi (2007), as pesquisas se classificam quanto aos objetivo e quanto aos procedimento. Em relação aos objetivos, esta pesquisa, foi do tipo exploratória. Quanto aos procedimentos, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, de campo e de estudo de caso. Esta pesquisa foi um estudo de caso individual, pois a ideia era o aprofundamento das competências gerenciais que influenciam no desempenho das equipes desta Cooperativa de Crédito. 3.2 Coleta, Tratamento e Apresentação dos Dados Em relação às técnicas da pesquisa, esta foi baseada na aplicação de questionários com escala de pontuação, aos colaboradores na forma de concordância e também entrevistas semiestruturadas, aplicadas individualmente aos gestores desta Cooperativa. 1) Questionário roteiro de entrevista para colaboradores: teve como foco a compreensão destes colaboradores do modo de gerenciar (estilo de liderar) dos seus respectivos gestores. Ele investigou os seguintes fatores: trabalho em equipe e cooperação, relacionamento, foco no resultado, flexibilidade, liderança, visão estratégica, comunicação e influência e conhecimento técnico. 2) Entrevista semiestruturada com gestores, teve como objetivo avaliar como o gestor percebe sua forma de gerir a equipe, baseados nas mesmas competências, porém com abertura para que o gestor traga suas percepções, com perguntas abertas. Estas entrevistas foram registradas por meio de gravação e após, transcritas na íntegra para propiciar o acesso a todo o conteúdo dito, garantindo assim maior fidedignidade na análise dos dados. Os dados obtidos através dos questionários e das entrevistas, serviram como base para a formulação das análises, possibilitando a correlação entre a pesquisa quantitativa e a qualitativa, para averiguar se a percepção que os colaboradores tem dos gestores é a mesma que este possui de si próprio. O objetivo era investigar os resultados mais significativos entre esta correlação. 4. Resultados e discussões A análise quantitativa foi realizada a partir do questionário aplicado nos colaboradores de cada unidade pesquisada, com o propósito de averiguar se as competências potencializadas pelos gestores são as mesmas percebidas pelos colaboradores. Os gráficos abaixo ilustram a realidade de cada unidade quanto as competências que os gestores apresentam segundo a percepção da equipe de trabalho de cada unidade. A escala de pontuação é definida a partir dos critérios: de 0 a 2,99 desfavorável, de 3 a 3,99 neutro e acima de 4 favorável. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 214 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Gráfico 1: Unidade de Atendimento E1 Gráfico 2: Unidade de Atendimento E2 Gráfico 3: Unidade de Atendimento E3 Após a tabulação da competência, trabalho em equipe e cooperação, pode-se observar, dentre as questões referentes a esta competência: meu gerente respeita as opiniões individuais, levando em conta todas as contribuições, busca constantemente o engajamento das pessoas no trabalho em equipe, concentra sua energia em resolver questões ao invés de encontrar culpados e meu gerente é disponível e participativo em outros trabalhos quando solicitado que na média geral dessa categoria a unidade E1 apresenta uma média de 4,5 e a E2 apresenta uma média 4,14 que segundo o termômetro aplicado no questionário, estes têm conceito favorável. Já a unidade E3 concentra sua média no índice 3,04 num conceito neutro. Em análise a competência relacionamento conforme critérios observados nas questões: Meu Gerente constrói redes de relacionamento internas e externas baseadas em integridade, respeito mútuo e reciprocidade, comunica-se de forma assertiva transmitindo as mensagens com clareza e segurança, sabendo ouvir os outros e meu gerente coloca-se no lugar de outro para identificar suas Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 215 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 expectativas e necessidades, interagindo com cortesia, que possuem vínculo com esta competência, onde na média geral desta categoria a unidade E2 ficou com média de 4,24, numa escala de 1 a 5, considerada favorável, a E1 4,11 que também é favorável. Enquanto que a E3, apresenta média de 2,93 num conceito abaixo de neutro, a qual abre lacuna da visão dos colaboradores em relação ao que esperam de seu gestor em relacionamento. No que diz respeito ao foco no resultado, conforme observado nas questões: meu gerente cumpre o que prometeu fazer sistematizando os passos necessários para alcançar e superar as metas e objetivos do sistema, age de forma proativa, antecipando acontecimentos e apresentando alternativas e identifica as etapas, recursos e os meios para realizar o trabalho buscando melhorias nos padrões de desempenho, trazem as características do que se deseja desta competência. Após a tabulação fica evidente que a média geral desta competência se aproxima de uma boa percepção, ficando a E1 com maior pontuação nesta competência com média de 4,28, E2 com 3,62 e E3 com 3,10, o que para os colaboradores, representa que seu gestor utiliza desta competência. A competência flexibilidade, demonstra como as equipes percebem seus gestores, através das questões: meu gerente age com diplomacia, respeitando diferenças e hierarquias funcionais, integra-se ao ambiente, demonstrando disposição para assimilar mudanças e adapta-se facilmente aos novos cenários: trabalhos, processos, equipes e ferramentas. Para esta competência percebe-se que a média geral das equipes ficou favorável, onde a unidade com maior pontuação foi a E2 com 4,51, na sequência a E1 com 4,11 e a E3 com 3,07. Em relação à liderança as questões desta competência enfatizam: meu gerente sabe lidar com os erros, estimulando o aprendizado por meio deles e criando oportunidades de contínuo desenvolvimento no local de trabalho, onde se percebe duas unidades com maior média favorável, sendo a E1 com 4,16 e E2 com 4, sendo que a E3 apresentou pontuação de 2,98, o que indica a desfavorabilidade desta competência, sendo assim, cabe ao gestor desenvolver mais a liderança. Quanto a visão estratégica, através das questões: meu gerente implementa e mantém sistemas, ferramentas e políticas que viabilizem a estratégia, considerando as necessidades locais, possui visão estratégica para construir uma visão de futuro, para alcançar as prioridades do negócio, pensa e age em sentido amplo, além de sua própria área, antecipando fatores internos e externos que causam impacto ao negócio, conclui-se que a média das unidades E1 (média) e E2 (média) aponta um cenário favorável, porém a E3 ficou 2,97 pontos, indicando novamente uma lacuna a ser desenvolvida por este gestor. Quanto a competência de comunicação e influência, destaca as seguintes questões: meu gerente comunica-se de forma clara e concisa, de acordo com a situação e público, encoraja situações abertas sobre questões, ideias e pontos de vista discordantes e estabelece, cumpre rotina de comunicação com a equipe, compartilhando resultados e assuntos de sua área. Esta competência ficou com a pontuação em E1 4,22, na E2 com 4,09 e na E3 com pontuação 3. Na competência do conhecimento técnico, demonstra, conforme descrito nas questões: meu gerente desenvolve e aplica habilidades e capacidades, permanecendo atualizado para sugerir soluções que agregam valor, busca sempre o melhor método para os processos de trabalhos, analisando situações, riscos e consequências das ações e cria, persegue planos de desenvolvimento próprios e os coloca em prática, onde as percepções das equipes ficaram na E1 com 4,22, na E2 com 3,57 e na E3 com 2,94 pontos, sendo que apenas a E1 pontuou como satisfatório. Análise Qualitativa A análise qualitativa foi realizada a partir da análise de conteúdo de Bardin (1979), na qual observa-se nas verbalizações dos gestores os fatores predominantes de acordo com os conceitos de competência que o sistema busca como excelência em gestão na Cooperativa de Crédito Sicredi. Foram elencadas três categorias focadas nas competências utilizadas pela Cooperativa de Crédito Sicredi, na avaliação de desempenho dos gestores das unidades. Desta forma, serão discutidas as seguintes categorias: Categoria 1: Envolvimento dos gestores com as equipes Nesta categoria, serão abordadas, as competências de trabalho em equipe e cooperação e relacionamento. A cooperativa descreve em suas competências gerenciais conceitos relacionados a estas competências e que serão aqui descrito para auxiliar na compreensão e na correlação destas com o discurso dos gestores em relação as suas práticas na gestão com pessoas. Para a cooperativa, o trabalho em equipe e cooperação busca trabalhar em cooperação, em conjunto com outros membros da equipe, o qual busca o engajamento para o trabalho coletivo e participativo, suportando o crescimento individual em prol do melhor resultado (SICREDI, 2011). A análise das falas dos entrevistados revela a preocupação que todos possuem de manter suas equipes engajadas e em busca dos objetivos sistêmicos. O entrevistado E1, relata “todos fazer, Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 216 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 para o resultado ser de todos, essa é uma frase que eu uso muito e isso faz a diferença, isso é algo que eu gosto de trabalhar, de puxar o colaborador”. Neste sentido este gestor ainda pondera: “me defino como uma gestora que gosta do que faz e quer que os demais também gostem, trabalhem com vontade, motivação, dedicação, tu fazer com que os outros façam o que tem que ser feito, fazer realmente a gestão deles, dar o caminho, mas que todos façam da maneira que dê resultado, que a equipe tenha prazer em fazer”. O gestor E1, procura mostrar através do exemplo a busca o engajamento de sua equipe, reforçando que o resultado vem do esforço coletivo. Já o gestor E2 tem um posicionamento mais competitivo, buscando resultados fazendo com que cada um se desafie a ser o melhor na equipe, buscando formar pessoas competitivas, mesmo com proximidade e relacionamento amigável com a equipe, conforme as narrativas a seguir: “Palavras que posso dizer é carinho, tratando com muito carinho e atenção às pessoas, mostrando para elas a importância que elas tem dentro da cooperativa, os potenciais que ela tem, sempre dando retornos seguidos para elas, mas principal do meu dia-a-dia que eu faço é se mantendo no mesmo nível deles (...) deixando claro, que internamente, entre nós existe uma relação de igualdade, perante a hierarquia, não tem chefe e liderados, ninguém é melhor que ninguém (...)um nível muito próximo das pessoas, então dificilmente deixava um problema se estender por 30 dias, para após chamar o colega para dar um retorno, feedback, é um contato bem próximo (...) motivando em ser o primeiro (...) eu não consigo ser o terceiro ou quarto, tento mostrar para eles que temos que ser os primeiros, e isso cria uma competição, transformar o mês em dia, era algo que fazia com todos os colegas, para que estes comprassem a ideia de competição de comprometimento”. Na unidade E3 o gestor salienta a importância de conhecer as pessoas, saber com o que elas se identificam, saber de sua trajetória de trabalho e conhecer suas limitações e suas potencialidades focando nos resultados. As narrativas a seguir descrevem esses aspectos: “identificar aquilo que as pessoas acreditam, experiências que já tinham, formação e conhecimento que os colegas já haviam adquirido ao longo de suas trajetórias, identificar algumas crenças, ou seja algumas coisas que teriam que ser desenvolvidas, valores, algumas limitações que tivessem que ser melhor desenvolvidas, também identificar os pontos fortes dos colaboradores, para poder explorar isto no dia-a-dia, aquilo que os motivava, que os fazia ter mais entusiasmo e criar um sentimento de causa (...) dar musculatura para a equipe (...) nós queríamos e podíamos ser os primeiros (...). cada vez que vencíamos um bimestre, nos desafiávamos, agora temos que vencer o próximo, não podemos mais retroagir”. A forma como estes gestores buscam a participação efetiva de suas equipes vai ao encontro da forma como a liderança é exercitada mas também depende do potencial de contribuição de cada membro que compõe a equipe (DUTRA, 2011). Quanto ao conceito de relacionamento este está vinculado à construir redes de relacionamento internas e externas, baseadas em integridade, respeito mútuo e reciprocidade, vinculando-se com empatia e gentileza, estabelecendo uma relação constante de confiança (SICREDI, 2011). Este é outro fator fundamental dentro das organizações, uma vez que esta é imprescindível para a realização do trabalho coletivo e da cooperação. Sendo assim, destaca-se conforme a narrativa do E3, que considera: “confiança é a base de tudo, sempre tivemos uma relação muito aberta, falar aquilo que deve ser falado, ser franco, mesmo que as vezes temos que falar dos desconfortos (...) ter o hábito de dar feedback (...) sentimento de conquista que supera qualquer obstáculo, contagia a equipe, eles entendiam que a cobrança que o tinha na equipe, era para o bem de todos, que todos estavam ganhando e se desenvolvendo com isso”. Essa narrativa vai ao encontro do conceito anterior que o gestor da E3, revela a importância de conhecer com quem se trabalha, e o feedback é uma ferramenta importante para o conhecimento do outro e de si mesmo. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 217 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Conforme menciona Chiavenatto (2010), para ter um bom relacionamento, é necessário um clima e cultura corporativa favorável ao alcance dos objetivos, isto se alinha com o fato de que pessoas satisfeitas são mais produtivas e tendem a contagiar o grupo com sua energia positiva. Para o E1, o relacionamento se fundamenta nas seguintes verbalizações: “conhecia cada um dos colaboradores, na sua individualidade, como tinha que conversar com cada um, quem precisava motivar, comprar a ideia primeiro, para passar e contagiar toda a equipe (...) puxar pela confiança mesmo, o trabalho é assim, precisa ser assim, pelo posicionamento e dizer o que precisar ser feito”. Conforme define Chiavenatto (2010), a estratégia define o comportamento, a forma das pessoas se relacionar em equipe, e este conceito está presente na forma de conduzir o relacionamento para o gestor E2, através de suas falas: “há alguns membros da equipe que produzem porque o gerente pediu, e tem um certo medo do que acontece se não produzir e tem outros que produzem para mostrar para o gerente, eu vou fazer por ele, ele me pediu com jeito, ele me conduziu de uma forma carinhosa, eu vou entregar por ele (...) gerentes são mais cobradores os colegas acabam produzindo também por uma certa pressão, ou firmeza no cobrar, entregam com receio de não entregar, no meu caso eles fazem por mim, cria uma relação de confiança, eu estando ou não na unidade de atendimento vocês são responsáveis pelo que tem que fazer (...) busco auxiliar no que for necessário (...) passo a responsabilidade para os membros, do que deve ser feito (...) mantenho sempre acompanhamento da equipe”. A partir destas falas percebe-se o grau de importância do trabalho em equipe, envolvimento e relacionamento de todos na busca por resultados, performando equipes de alto desempenho. Para Dutra (2011), este relacionamento é um tipo de contrato implícito de confiança mutua, é por meio deste contrato que os seguidores sabem que, em troca do esforço e compromisso, a organização os ajudará a desenvolver o seu próprio potencial. Embora com perfis diferenciados de engajamento e relacionamento com suas equipes todos estes gestores, atingiram os resultados com suas equipes. Isto vem ao encontro da teoria abordada, que busca os diferenciais de competência que conduzem as equipes à alta performance. Categoria 2: Competências gerenciais Nesta categoria abordar-se-á comunicação e influência, flexibilidade, foco no resultado, visão estratégica e conhecimento técnico. No que diz respeito as competências gerenciais desta categoria, destaca-se a comunicação e influência: a capacidade de inspirar pelo exemplo e por uma comunicação simples e objetiva, garantindo uma gestão próxima e transparente; flexibilidade: adapta-se as diferentes situações e com vários indivíduos e grupos; foco no resultado: orientação para alcançar e superar as metas e objetivos do sistema; visão estratégica: direciona seu pensamento para o futuro, fornecendo soluções harmonizadas para o sistema; conhecimento técnico: aplica o conhecimento técnico relacionado a função, no cumprimento dos seus objetivos profissionais. Sicredi (2011). Em relação as competências gerenciais, o gestor E2, expressa em suas falas: “é necessário estudar o perfil de cada colaborador, criando alternativas para as bengalas que o colaborador pode trazer (...) consigo ser mais assertivo, níveis diferentes de feedback, quanto ao nível e evolução de cada colega é preciso ter em mente a mudança, se hoje o colaborador, precisa de um gestor mais apoiador, logo ali na frente ele já anda por si, é preciso notar esta evolução, um começo meio e fim (...) você tem que saber até onde é possível confiar no colaborador e apoiar ele para que te gere resultado (...) tem que olhar o nível de exigência que tu quer da tua equipe e tomar algumas decisões, eu sou cobrado para dar resultado e se não fizer isso a cooperativa vai nos cobrar (...) um desligamento, é um sinal de alerta, sempre tento retardar e auxiliar o colaborador a se desenvolver, em virtude do que se investe neste colega”. Estas falas vêm ao encontro dos autores, que trazem os conceitos de liderança situacional. Conforme Hersey e Blanchard (1986) “na liderança situacional define-se a maturidade como a capacidade e a disposição das pessoas de assumir a responsabilidade de dirigir seu próprio comportamento”. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 218 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Em relação a este conceito o E1 vai ao encontro do que os autores abordam, (Dutra 2010), os líderes bem sucedidos possuem características pessoais, possuem autoconsciência e autoestima para perceber quando é preciso mudar e relata: “acompanhamento e conversas individuais quando é necessário, primeiro temos que saber escutar o que o colaborador vai ter que trazer e ir moldando ele com estratégias e exemplos, onde é necessário chegar, é a maneira mais assertiva que encontrei até hoje (...) clareza e entendimento das informações (...) abertura ao diálogo, aproveitamento de ideias que vem da equipe (...) eu sempre participava junto, tanto do estudo, quanto da apresentação, buscar junto o conhecimento, se autodesenvolver junto a equipe”. Percebe-se que mesmo com formas diferentes, os gestores entrevistados, possuem um nível de entendimento sobre a importância de terem suas equipes junto de si, conhecendo as pessoas, para maximizar resultados, isto se confirma pelas verbalizações do E3: “importante trazer a informação interna e externa (...) capacidade de saber ouvir o grupo sem perder o foco (...) ações de curto prazo para sustentar o resultado (...) saber onde estão e para onde vão, quais os resultados esperados (...) sou parceiro, mas ao mesmo tempo eu cobro muito, exijo muito, e a equipe entendeu isso, nunca vou ser consenso, mas é importante, que a grande maioria da equipe esteja junto de ti (...) às vezes é necessário atitudes não tão simpáticas, mas que devam ser tomadas e a partir do momento que a equipe entende isso ela te respeita e compra a ideia, sabem o que o gestor está esperando delas, sabem como serão medidas seja pelo desempenho ou pelas entregas”. Desta forma as evidências apontam que estes gestores, possuem um nível de entendimento sobre a importância da comunicação junto a suas equipes e que as competências gerenciais são ferramentas importantes frente a gestão das pessoas, pois podem alavancar resultados como estagnar os mesmos, pois são as pessoas que movem as organizações. Portanto, ao olhar as pessoas por sua capacidade de entrega, tem-se uma perspectiva mais adequada para avalia-las, para orientar o desenvolvimento delas e para estabelecer recompensas. Categoria 3: Estilos de liderança. Esta categoria traz as competências e habilidades vinculadas aos estilos de liderança. Para o sistema Sicredi, considera-se liderança a capacidade de identificar, atrair, engajar e desenvolver pessoas e equipes, criando comprometimento e contribuindo para a construção de aprendizado. Neste sentido, o E2 traz em suas falas “que o carinho, atenção, carisma, empatia fazem parte de sua gestão (...) investir maior parte do meu tempo com as pessoas da minha equipe, preocupando-se com o bem estar delas”. Já para o E3 “se considera um entusiasta nato, prevalece a emoção sobre a razão (...) influencia e contagia as pessoas a darem o melhor de si”. A análise destas narrativas revela que mesmo com características que em determinados momentos se assemelham, estes gestores possuem estilos de liderança diferenciados, o que vem ao encontro do embasamento teórico que aborda a liderança servidora, muito presente no E1, que de acordo com o autor na liderança servidora há preocupação de inversão da pirâmide (Hunter, 2006), porém se confirma no estilo deste gestor, que embora tenha características apoiadoras, este consegue manter o foco e direcionamento da sua equipe, atuando como apoiador em certas situações. Já a liderança autocrática, presente nas falas do E2, que expressa características dominantes, onde determina as diretrizes e técnicas para execução das tarefas, com um misto de liderança democrática, onde procura ser um membro da equipe igual a qualquer outro, busca promover o bom relacionamento entre o grupo, mesmo que busque impor um ritmo acirrado de trabalho e entregas. Também percebe-se o estilo de liderança situacional através das verbalizações do E3, que busca em sua gestão o melhor nível de orientação e apoio para sua equipe, objetivando o melhor nível de entrega e satisfação de seus membros. Estes estilos modificam-se de acordo com as situações, por ora mais apoiadora, outras mais diretivo na busca de resultados. Cabe a cada líder escolher qual o estilo que mais se adapta as suas características e situações, para que os objetivos sejam alcançados rapidamente, visto que quando existe uma equipe, a meta é alcançada com o esforço de todos, tanto líderes como liderados. Correlação entre a Pesquisa Quantitativa e Qualitativa Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 219 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Fazendo um resgate dos resultados da aplicação dos questionários junto as equipes estudadas e as entrevistas dos respectivos gestores, observa-se que os indicadores vão ao encontro da análise qualitativa. Pode-se destacar: a média da pontuação da escala entre as equipes, teve grande variação, sendo que para a E1 que ficou com a maior média de 4,23, este fator pode ter relação com seu perfil apoiador, já a E2 com 3,98 onde apresenta perfil essencialmente focado para resultado, e em última pontuação a E3 com pontuação 3, este fator pode ter relação com estilo misto de gestão: em momentos é mais apoiador, outros mais incisivo para resultados, com nível maior de exigência, mostrando uma flexibilidade na forma de liderar. A equipe de menor pontuação, no caso E3, pode também ter um nível maior de conhecimento, entrega e comprometimento, exigindo outra forma de gestão de seu líder. Conforme o gestor E3 evidencia em suas falas e que vem ao encontro do conceito que Hersey e Blanchard (1986) enfatizam que quando os liderados atingirem altos níveis de maturidade, o líder deverá reduzir ainda mais não apenas o controle sobre suas atividades, mas também o comportamento de relacionamento. Com as pessoas bem amadurecidas, o apoio sócio emocional já não é tão importante quanto à necessidade de autonomia. Nesse estágio, uma das formas pelas quais os líderes podem demonstrar sua confiança em pessoas de alto nível de maturidade consiste em deixalas cada vez mais por sua conta própria. Isso não quer dizer que haja menos confiança mútua e amizade entre líder e liderado, pelo contrário, a confiança e a amizade são maiores ainda, mas o líder precisa adotar menos comportamento de apoio para provar isso. Já para a equipe da unidade E1, o fato de ter uma boa pontuação, tem a ver com o estilo que o líder possui em determinados momentos, características marcantes da liderança liberal, para o autor Fachada (1986) o líder liberal, não se impõe e não é respeitado. Os liderados tem total liberdade para tomar as decisões, quase sem consultar o líder. Neste cenário, o gestor enfatiza seu estilo de liderança, como apoiador e liberal. Para ele o modelo pela exemplificação, apoio, relacionamento e respeito das ideias dos membros da sua equipe, é vivenciado no dia a dia. A partir desta correlação, entre gestores e liderados, a competência, trabalho em equipe e cooperação é a predominante, pois na avaliação das equipes é o fator favorável, como nas falas dos gestores, a maior preocupação destes é engajar suas equipes para o trabalho coletivo, em busca dos melhores resultados. 5. Conclusões Analisando todo o conteúdo deste artigo, tem-se uma visão mais ampla das competências que mais influenciaram no resultado destas equipes. Após este estudo de caso, aplicação dos questionários junto as equipes, entrevistas com os gestores e compilação destes dados, identificou-se que das oito competências citadas neste artigo três tiveram maior favorabilidade. Sendo estas: o trabalho em equipe e cooperação, flexibilidade e foco no resultado. Destacase, que através do trabalho em equipe e cooperação, o engajamento é essencial, já para que aja flexibilidade, para ações que impulsionem o resultado, visando posicionamento estratégico. Diante destas competências, conclui-se que em equipes de alto desempenho, todas as competências são importantes para o desenvolvimento das mesmas, porém, aquelas que vivenciadas por todos os membros da equipe, fazem a diferença. Equipes precisam de gestores, que desenvolvam as competências necessárias, mais influenciáveis, de acordo com o estilo destas, voltados ao nível de conhecimento, maturidade e motivação. Os gerentes possuem papel fundamental na criação de ambiente favorável e propulsor para engajar suas equipes a conquistar melhores resultados. Diante destas percepções, identificamos as competências que orientaram os gestores na busca pelo resultado atingido na Campanha Voo 33. Embora os gestores possuem estilos diferentes de liderança, conseguiram envolver suas equipes através destas competências. Fica então evidenciado a importância do gestor transmitir aos seus liderados a comunicação, o apoio, o respeito às individualidades que irão mover todos os membros da equipe para a busca dos melhores resultados. Referências BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979. 229 p. BURRELL, G.; MORGAN, G. Sociological paradigms and organisational analysis. London: Heinemann, 1979. BERGAMINI, Cecília Whitaker. 2012. O Líder Eficaz. 1 ed. São Paulo: Atlas S.A CHIAVENATO, Idalberto. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. 6 ed. rev e atual. Baueri, SP: Manole, 2009. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 220 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ______. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. DUTRA, Joel Souza. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. 1ed. São Paulo: Gente, 2011. ______. Gestão por competências: um modelo avançado para o gerenciamento de pessoas. 1ed. São Paulo: Atlas, 2011. FACHADA, Paul e BLANCHARD, Kenneth H. Psicologia para administradores: A teoria e as técnicas da liderança situacional. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária LTDA, 1986. HERSEY; BLANCHARD. 1986. Psicologia para Administradores: A teoria e as técnicas da Liderança Situacional. São Paulo: EPU. HUNTER, James C. 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SICREDI, Competências Gerenciais de acordo com Evolução Sicredi, 2011. 221 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 EMPREENDEDORISMO FEMININO: DAS DIFICULDADES AO SUCESSO NA GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES 1 Caroline dos Santos Peres, Unijuí, RS, Brasil, [email protected] 2 Lucas Schallenberger, Unijuí, RS, Brasil, [email protected] 3 Gabriela Cappellari, Unijuí, RS, Brasil, [email protected] 4 Luciano Zamberlan, Unijuí, RS, Brasil, [email protected] RESUMO O presente estudo teve como objetivo identificar as principais dificuldades e razões para praticar o empreendedorismo em pequenas e medias empresas do município de Santa Rosa (RS) para o gênero feminino. Para a elaboração do presente estudo foi utilizada a pesquisa exploratória e descritiva. Os dados foram coletados por meio de entrevistas, que foram realizadas por meio de um roteiro de perguntas semiestruturadas com respostas abertas juntamente para uma amostra de cinco empresárias do município. As entrevistadas foram escolhidas pelo método de acessibilidade (VERGARA,2000). Observou-se que a maior preocupação das empresárias está relacionada à burocracia existente para abrir uma empresa, principalmente por ser um processo longo e cansativo. Isto, muitas vezes é o fator responsável pela desistência dos empreendedores em dar continuidade ao seu negócio. Também foi citada a alta carga tributária existente. Constatou-se também que a fidelização do cliente, o foco no negócio, o comprometimento no trabalho, amar o trabalho que faz ter dedicação, inovar e persistir, são fundamentais para obter o sucesso no empreendedorismo. Sendo estes elementos interligados, os responsáveis pelo sucesso. Palavras chave: empreendedorismo, razões, motivações, desafios, sucesso. WOMEN ENTREPRENEURSHIP: FROM DIFFICULTIES TO SUCESS IN ORGANIZATIONS MANAGEMENT ABSTRACT This study aimed to identify the main difficulties and reasons to women entrepreneurship in small and medium enterprises in the municipality of Santa Rosa (RS). For the preparation of this study it was used the exploratory and descriptive research. Data were collected through interviews, which were conducted using a semi-structured script of questions with open answers for a sample of five entrepreneurs of the municipality. The interviewees were selected by accessibility method (VERGARA, 2000). It was observed that the greatest concern of entrepreneurs is related to red tape to start a business, mainly because it is a long and tiring process. This is often the factor responsible for withdrawal of entrepreneurs to continue their business. The existing high tax burden also was cited. It was also found that customer loyalty, focus on business, commitment in work, and love the work you do, have dedication, innovation and persistence are critical for success in entrepreneurship. These interconnected elements, are responsible for the success. Key-words: Women entrepreneurship, Reasons and motivations, Difficulties and challenges, Success. INTRODUÇÃO O empreendedorismo tem despertado a atuação de profissionais que buscam o desenvolvimento da economia através de seus empreendimentos e inovações, introduzindo novos produtos e serviços de acordo com as necessidades de consumo. De acordo com Dolabela (1999) o indivíduo portador das condições para empreender saberá aprender o que for necessário, para criar, desenvolver e realizar sua visão. O gênero feminino vem se destacando em diversas áreas com seus empreendimentos e vem aumentando significativamente o número de mulheres que deixam de ser apenas donas de casa e vão em busca da independência profissional através do empreendedorismo. . Na última década, subiu de 48% para 54% a taxa de empreendedoras com negócios em atividade há mais de cinco anos. Para Chiavenato e Sapiro, (2004), o empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem, pois ele é dotado de forte sensibilidade para os negócios e capacidade de identificar oportunidades que passam despercebidas para os outros. Transforma ideias em realidade, para benefício próprio e para o benefício da organização ou da comunidade. Para Gomes (2005) o primeiro atrativo pela mão de obra feminina ainda é a possibilidade de pagar pelo mesmo trabalho, seguindo pelas habilidades de relacionamento mais desenvolvidas nas mulheres e, também, a flexibilidade feminina é apontada. Ou seja, o que vem facilitando a entrada da mulher no mercado de trabalho é a maior desenvoltura nos assuntos interpessoais, assim como a flexibilidade quanto ao horário do expediente para melhor compatibilizar o trabalho com a família. A multiplicidade de papeis e a tríplice, família, trabalho e pessoa contribui para a satisfação pessoal das mulheres, enriquecendo assim sua vida profissional. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 222 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O presente estudo trata-se de uma análise dos resultados do perfil socioeconômico e empreendedor de uma amostra de cinco empresárias do município de Santa Rosa (RS). Com base em informações sobre o empreendedorismo feminino no Brasil e, nos dias atuais, a sua importância em frente à grandes empreendimentos, pode-se observar o crescimento significativo da mulher no mercado de trabalho, despertando curiosidades referente aos métodos aplicados para o gerenciamento e o perfil empreendedor das mulheres de sucesso. Desta forma, este estudo tem por objetivo identificar as principais dificuldades e as razões para praticar o empreendedorismo de pequenas e médias empresas do município de Santa Rosa (RS) para o gênero feminino e os fatores que colaboram para o sucesso empresarial. Assim trata-se de uma análise dos resultados do perfil socioeconômico e empreendedor de uma amostra de cinco empresárias do município de Santa Rosa (RS). Para o alcance dos objetivos propostos na pesquisa, empregou-se um método estruturado em duas etapas: uma exploratória e outra descritiva. O objetivo da pesquisa exploratória é fazer com que o investigador saiba tudo sobre o tema que se está pesquisando. Na fase descritiva, o estudo focou uma abordagem predominantemente qualitativa. Esse método oferece possibilidade de compreensão mais detalhada do contexto através da concepção das características situacionais apresentadas pelos sujeitos, à medida que possibilitou ao pesquisador contato direto com o fenômeno em estudo. A coleta dos dados que ocorreu pelo método da entrevista, envolveu uma amostra de cinco empresárias escolhidas pelo método da acessibilidade. 1 Conceitos de Empreendedorismo Segundo Dolabela (2003) a origem da palavra empreendedorismo veio do verbo francês entrepreneur que significa “incentivo a briga”, “aquele que está entre ou intermediário”. Quem deu a projeção ao tema empreendedorismo foi Schumpeter, que associou “o empreendedor ao conceito de inovação e apontando-o como elemento que dispara e explica o desenvolvimento econômico”. No livro O Segredo de Luiza, Dolabela (2006), o Empreendedor é um insatisfeito que transforma seu inconformismo em descobertas e propostas positivas para si mesmo e para os outros. É alguém que prefere seguir caminhos não percorridos, que define a partir do indefinido, acredita que seus atos podem gerar consequências. Em suma, alguém que acredita que pode alterar o mundo. O autor Filion (1999) destaca que o administrador concentra-se apenas na organização dos recursos e processos enquanto o empreendedor define conceitos se antecipando aos fatos por meio de uma visão futura da organização. No entendimento de Schumpeter (1934) o empreendedor é associado ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades em negócios. O empreendedorismo pode mudar suas características de acordo com cada região, onde pode ser aplicado e entendido de diferentes maneiras. Gerber (1996) afirma que o empreendedor é alguém inovador, estrategista, criador de métodos e novos mercados, além de ter criatividade como uma das características de sua personalidade e o dom de transformar as possibilidades e o caos em harmonia. Seguindo nos mesmos conceitos de inovação, Drucker (1998) também acredita que os empreendedores são inovadores que exploram e transformam todas as mudanças e oportunidades de negócios. O intraempreendedorismo é considerado um novo tema dentro das organizações, o termo foi criado pelo consultor em administração Gifford Pinchot III na década de 1980. A definição do termo intrapreneuré mencionada a pessoa que assume responsabilidade direta de transformar ideias ou projetos em algo lucrativo, e para isso, utilizará de meios inovadores e assumirá riscos (ÂNGELO, 2003). Chiavenato (1999) diz que o intraempreendedor é qualquer pessoa que dentro de uma organização utiliza seus talentos para criação, inovação e condução de projetos empreendedores. Ele sempre existirá em qualquer organização, ou cultura organizacional que favoreça ou não o seu surgimento. Também pode-se identificar os intraempreendedores pela simples observação de suas realizações organizacionais, como aquelas de alto valor agregado, que não estavam previstas no planejamento original da empresa. Atrás destes projetos haverá pessoas que formularam e estruturaram uma ideia promovendo internamente a busca de apoio para sua implementação. 1.1 Características do Empreendedor Para Bernardi (2003) o que diferencia um empreendedor bem sucedido, são suas características e aptidões ditas como “personalidade empreendedora”, que são o perfil característico mais comumente encontrado nos empreendedores de sucesso, além de terem uma correta modelagem do negócio e um planejamento bem elaborado. Para Dornelas (2005) o empreendedor possui características que o torna especial no mundo dos negócios, que são elas: visionários, sabem tomar decisões, são indivíduos que fazem a Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 223 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 diferença, sabem explorar ao máximo as oportunidades, são determinados e dinâmicos, são dedicados, são otimistas e apaixonados pelo que fazem, são independentes e constroem o próprio destino, ficam ricos, são líderes e formadores de equipes, são bem relacionados, são organizados, planejam, possuem conhecimento, assumem riscos calculados e criam valor para a sociedade. O site Rede Mulher Empreendedora, destaca algumas características exclusivamente femininas no empreendedorismo, que são: - Multi-tarefa: Mulheres normalmente conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo; - Gene cooperativo: São construtivas e colaborativas, e somam ideias para atingir um bom resultado; - Detalhismo: Tem um dom claro de ver coisas minuciosas; Interpretação de Pessoas: Captam mais do que os olhos podem ver, mais conhecido como “sexto sentido feminino”. 1.2 O Empreendedorismo Feminino Algumas das justificativas para o alto crescimento de empreendimentos comandados por mulheres são o avanço educacional e também as mudanças que vem ocorrendo nas estruturas familiares, onde o número de filhos diminuiu e a participação das mulheres na vida econômica aumentou. Segundo Raposo e Astoni (2007), o empreendedorismo feminino se configura como importante iniciativa da classe na busca por seus direitos de Independência. Camargo (2008) afirma que o empreendedorismo feminino é visto como uma forte opção para a geração de trabalho e renda, para que as mesmas possam se satisfazer em termo de tempo, futuro e destino profissional. Porém, as mulheres ainda possuem a obrigação de se preocupar com afazeres domésticos, procurando através do emprego, se organizar em seus horários sem se preocupar com cargas horárias rígidas, podendo assim amenizar os conflitos entre sua vida familiar e sua vida profissional. 1.3 Competências e Habilidades Para Hisrich e Peters (2004), as principais habilidades que são exigidas dos empreendedores são: as habilidades técnicas que abrangem redação, atenção, apresentações orais, organização, treinamento, trabalho em equipe e know-how técnico; as habilidades administrativas de empresas que incluem as áreas envolvidas no início, o desenvolvimento e a administração de qualquer empresa; as habilidades empreendedoras pessoais como controle interno (disciplina), capacidade de arriscar-se, espírito de inovação, persistência, liderança visionária e orientação para mudanças. Loden (1988) destaca as seguintes habilidades e atitudes: - Habilidade de percepção: a habilidade de colocar-se no lugar do outro e entender seus sentimentos ou reações; entender dicas não verbais; - Habilidade de Ouvir: deixar as pessoas concluírem seus pensamentos sem interrompêlas. Prestar muita atenção no que está sendo dito por outras pessoas e como está sendo dito. Usar dicas não verbais para encorajar discussões abertas. - Administração de sentimentos: usar suas reações de sentimentos como um barômetro emocional dentro do grupo. Estar sintonizada nos sentimentos dos outros e nas condições ambientais que envolvem estes sentimentos. Expressar sentimentos como um método para aumentar a comunicação e pedir demonstrações de sentimentos dos outros. Quando tomar decisões, levar os sentimentos em consideração. Reagir espontaneamente as situações. Intimidade/Autenticidade: compartilhar dados pessoais sobre si mesmo e encorajar os outros a fazer o mesmo; desenvolver uma harmonia pessoal com as outras pessoas. Concentrar o indivíduo como um todo, e não apenas como funcionário. O Uso do Posicionamento: usar o posicionamento para modificar seu comportamento. Dar um posicionamento claro e direto sobre o desempenho, focalizado nas ações. Solicitar um posicionamento dos colegas e funcionários. Calcular o Impacto Pessoal: compreender e reconhecer o impacto de seu comportamento sobre os outros, e as consequências de suas ações na construção de relacionamentos. 1.4 Liderança e Decisão Para Chiavenato (1999) a liderança é uma forma de influência, onde uma pessoa age intencionalmente para provocar ou modificar o comportamento de outra. Hunter (2004) acredita que é comum nos dias de hoje as pessoas acreditarem que líder é quem possui QI elevado, ou possui bastante ambição, mas atualmente a liderança é a capacidade de influencias outras pessoas e agir. De acordo com Cunha e Ferla (1997, p. 103), os líderes podem assumir diferentes estilos de liderança: - Líder autoritário e explorador: Aquele que toma todas as decisões em relação ao trabalho e manda seus subordinados cumprirem; - Líder autoritário benevolente: Também dá as ordens, mas seus subordinados tem certa liberdade de fazer comentários; - Líder consultivo: Discute com os subordinados e depois estabelece objetivos e dá ordens. - Líder participante: Todas as decisões de formas de trabalhos são decididas em grupo. Com relação a decisão Cunha e Ferla (1997), dizem que é um processo mental que deve ser muito bem administrado, faz parte de um processo que inicia com a identificação de um problema Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 224 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 e termina quando uma alternativa for escolhida. Para os autores, esse processo se desenvolve em cinco etapas, que são elas: formulação de uma questão, busca de informações, definição de alternativas, as consequências e, por fim, a decisão. Chiavenato (1997) define decisão como uma escolha entre várias alternativas que estão disponíveis no caminho em que a pessoa deverá seguir. Adair (2002), afirma que a liderança existe em três diferentes níveis: Liderança de equipe: Lidera uma equipe com cerca de 5 a 20 pessoas; Liderança operacional: Lidera uma unidade significativa na empresa, onde os líderes se reportam ao líder operacional; Liderança estratégica: Lidera uma empresa inteira. De acordo com Silva (2008) o administrador tem cinco tipos de poder que servem de base para desenvolver a liderança, que são: - Poder de recompensa: É a capacidade de oferecer algo de valor, um resultado positivo, como meio de influenciar o comportamento de outras pessoas; - Poder coercitivo: É a capacidade de punir ou reter resultados positivos, como meio de influenciar o comportamento de outras pessoas; - Poder de especialização: É a capacidade de influenciar o comportamento de outras pessoas por causa do conhecimento especifico ou do entendimento que alguém detém;- Poder de referência: É a capacidade de influenciar o comportamento de outras pessoas por causa de seu desejo de se identificar pessoal e positivamente com alguém admirado; Poder legítimo: É a capacidade de influenciar o comportamento de outras pessoas em virtude dos direitos do cargo ou da função ocupada. 2 Metodologia Para o alcance dos objetivos propostos na pesquisa, empregou-se um método estruturado em duas etapas: uma exploratória e outra descritiva. O objetivo da pesquisa exploratória é fazer com que o investigador saiba tudo sobre o tema que se está pesquisando. Conforme Mattar (1997), a pesquisa exploratória é apropriada para os primeiros estágios da investigação, quando a familiaridade, o conhecimento e a compreensão do fenômeno, por parte, do pesquisador são, geralmente, insuficientes ou inexistentes. Nesta etapa, procurou-se fazer um levantamento de informações a respeito do tema do estudo mediante pesquisa bibliográfica, livros, revistas especializadas com temas relacionados ao empreendedorismo feminino, jornais artigos, sites, órgãos externos entre outros. Pois, embora que o tema seja bastante conhecido, não se percebeu muitos estudos que apontassem as razões e as dificuldades enfrentadas para a entrada das mulheres no empreendedorismo no município estudado. Este levantamento bibliográfico na fase exploratório serviu de base para o levantamento e formulação das questões de caráter mais qualitativo. Essa etapa exploratória forneceu ao pesquisador subsídios suficientes para avançar na descoberta de outros elementos necessários para atingir os objetivos da pesquisa, fazendo o uso, nessa segunda etapa, do método qualitativo. Para Trivinõs (1987), o pesquisador qualitativo, que considera a participação do sujeito como um dos elementos de seu fazer científico, apoia-se em técnicas e métodos que reúnem características específicas. Portanto, na fase descritiva, o estudo focou uma abordagem predominantemente qualitativa. Esse método oferece possibilidade de compreensão mais detalhada do contexto através da concepção das características situacionais apresentadas pelos sujeitos, à medida que possibilitou ao pesquisador contato direto com o fenômeno em estudo. Pois descreve as diversas percepções das empresárias entrevistadas acerca do empreendedorismo feminino. Os sujeitos da amostra foram definidos por conveniência e por acessibilidade, haja vista que são sujeitos envolvidos diretamente na atividade e, portanto, qualificados e preparados para expressarem sua opinião sobre o empreendedorismo feminino. Para Vergara (2000) este método está longe de qualquer procedimento estatístico, seleciona elementos pela facilidade de acesso a eles. O trabalho limitou-se à análise das respostas das empresárias e os resultados não são passíveis de generalização, por serem originários de um grupo de empresárias. Com relação ao universo amostral, a pesquisa foi realizada com empresárias no município de Santa Rosa (RS), onde foi feito entrevista para uma amostra de cinco empresárias de ramos diferentes. As entrevistas, aconteceram no período de janeiro à fevereiro de 2014, sendo todas gravadas e posteriormente transcritas, o que possibilitou a análise do conteúdo das respostas. O momento da entrevista também possibilitou para o pesquisador manter conversa mais informal referente ao tema, fazendo com que as entrevistadas tivessem maior liberdade ao responder as perguntas, as gravações tiveram em média 1hora e 30minutos cada uma. Os dados coletados receberam inicialmente um tratamento quantitativo. Este método considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Este procedimento possibilitou a identificação do perfil socioeconômico das entrevistadas. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 225 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O tratamento dos dados qualitativos foi realizado através do método da análise de conteúdo (BARDIN,1977), o que possibilitou identificar principalmente os principais desafios do empreendedorismo feminino e os elementos de sucesso na gestão. Para isto, os dados foram transcritos e todas as informações coletadas no decorrer do estudo foram utilizadas para fazer a análise do conteúdo das respostas para atender aos objetivos do estudo. Para realizar a análise, os dados foram divididos de acordo com o tema relacionado, em seguida receberam uma análise qualitativa seguidas de fundamentações teóricas que comprovam a informação divulgada. 3 Apresentação e Análise dos Resultados 3.1 Perfil socioeconômico das entrevistadas O estudo identificou o perfil socioeconômico das empresárias entrevistadas, com intuito de conhecer melhor pontos como idade, estado civil, grau de escolaridade, tempo de existência da empresa, quantidade de funcionários e o ramo do negócio. Dentre as cinco entrevistadas, os resultados mostram que a maioria possui faixa etária de 26 a 35 anos, sendo 60%, contra 20% de 46 a 55 anos e também 20% acima de 56 anos. Quanto ao estado civil 60% delas são casadas e 40% solteiras, mostrando um equilíbrio na questão de estado civil das empresárias entrevistadas. Em relação ao grau de escolaridade o maior percentual encontra-se no ensino médio completo, com 60% das entrevistadas, sendo que 40% delas possuem o ensino superior completo. Referente ao tempo de existência das empresas estudadas, percebe-se que 80% delas estão entre 2 a 5 anos, e apenas 20% com mais de 16 anos no mercado. Com relação ao número de funcionários, nota-se que as respostas foram bastante diversificadas, sendo que 40% possuem de 2 a 5 funcionários, 20% apenas 1 funcionário, 20% de 6 a 10 funcionários e também 20% acima de 16 funcionários. 3.2 Razões e motivações das entrevistadas para empreender As cinco empresárias entrevistadas são de diferentes ramos de atuação e para classificá-las na apresentação dos resultados e apresentar mais sobre a atuação de cada uma, foi elaborada uma legenda, para melhor identificar as empresárias. Legenda: Entrevistada 1: E1. Ramo de atuação: Turismo. Entrevistada 2: E2. Ramo de atuação: Saúde e bem estar. Entrevistada 3: E3. Ramo de atuação: Comércio de confecções. Entrevistada 4: E4. Ramo de atuação: Fotografia. Entrevistada 5: E5. Ramo de atuação: Decoração de festas. O resultado do estudo aponta que as principais razões para tornarem-se empreendedoras, foram as oportunidades, insatisfação com o trabalho realizado, a necessidade de superar dificuldades, vontade de ter um negócio próprio (autorealização) e o amor pelo que faz. Quanto a percepção do momento certo para serem empreendedoras, como relatado pela empresária E2, a experiência foi algo que contou muito para sua vida empreendedora. O amor e a oportunidade também andam juntos conforme relatos das empresárias E1, E3, E4 e E5, que através de uma oportunidade ou necessidade realizaram seus sonhos trabalhando com amor. O intraempreendedorismo também, pode ser verificado através da empresária E1, que tinha inúmeras ideias para por em prática, porém algumas vezes era “barrada”, por não ter liberdade suficiente para executá-las. Já quanto ao ramo de negócio, todas decidiram ser empreendedoras, naquele ramo que já tinham experiências ou que tinham admiração, como foi o caso da entrevistada “E5”, que por gostar do ramo de decoração de festas, decorou a festa de sua filha e a partir daí foram surgindo oportunidades de desenvolver o empreendedorismo no ramo da decoração. Também foi questionado qual é a motivação principal como empreendedora, onde constatou-se que inúmeros são os fatores que podem ser considerados motivacionais para as empresárias, porém destaca-se o amor, sendo relatado por 3 das empresárias entrevistadas. Onde dizem que o amor pelo que fazem é essencial para o sucesso profissional, outro fato muito interessante relatado por uma das entrevistadas é trabalhar por uma causa, fazer o bem para outro, dar oportunidades a quem precisa através de suas oportunidades de emprego assim como produtos e serviços, conforme abordado pela entrevistada “E2”. A superação também é muito importante como motivação no empreendedorismo, mostrar para si mesma que é capaz é algo realizador, poder dizer que lutou e conseguiu, é extremamente importante para dar continuidade em seus sonhos. 3.3 O empreendedorismo sobre o olhar feminino Os resultados da pesquisa apontam que o termo empreendedorismo, pode ser explicado de diversas maneiras, mas sobre o olhar das empresárias entrevistadas, empreendedorismo quer dizer “fazer negócios”. Para as entrevistadas, foi difícil encontrar palavras que descrevessem o empreendedorismo, mas, mesmo assim, souberam se expressar e demonstrar o seu conhecimento referente o tema. Em relação ao empreendedorismo feminino, foi feito a seguinte pergunta: “O empreendedorismo feminino vem crescendo constantemente. De que forma você acredita que Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 226 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ele iniciou e qual a importância que tem para o mercado empreendedor?”, a resposta que mais chamou a atenção foi da entrevistada “E4”, que voltou sua resposta para concepções históricas, e utilizou das seguintes palavras: “Começou a partir daquele movimento das mulheres em 1970 mais ou menos, que as mulheres começaram a se sobressair no trabalho e depois nos negócios, hoje as mulheres são bem mais autônomas e tem empresas que as mulheres são bem mais requisitadas que homem [...]”. Constatou-se que as entrevistadas tem conhecimento do valor que tem a mulher hoje para o mercado empreendedor, apontando que estão tendo mais liberdade e igualdade perante os homens, na questão pode-se perceber que a empresária “E4” demonstrou um maior conhecimento abordando partes históricas da mulher no mercado de trabalho. 3.4 Dificuldades e desafios no empreendedorismo feminino Com relação as dificuldades enfrentadas no empreendedorismo, as empresárias foram questionadas sobre quais foram as maiores dificuldades ao abrir a empresa e de que forma superaram isto. De acordo com os dados das entrevistas o que mais preocupa as empresárias é a burocracia existente para abrir uma empresa, por ser um processo longo e cansativo e que muitas vezes é o responsável pela desistência de muitos empreendedores em dar continuidade ao seu negócio devido a grande burocracia e também cargas tributárias que existem. A dependência de serviço de terceiros também é preocupante, fazendo com que muitas vezes haja atrasos, como por exemplo em obras na organização. Ainda sobre dificuldades e desafios, foi solicitado que as empresárias comentassem suas dificuldades referentes à mão de obra, tecnologia, relação com clientes, relação com fornecedores, e relação com fornecedores.Com relação a mão de obra qualificada os dados mostram que é uma questão bastante relativa, tudo depende do setor. Das empresárias entrevistadas, percebe-se que a questão de mão de obra não é um problema para a empresária “E1”, pois, segundo ela, é algo que pode ser treinado internamente, já para as demais entrevistadas, é algo que exige muito treinamento e que continua sendo sempre uma dificuldade muitas vezes devido a falta de cursos profissionalizantes nas áreas na cidade de Santa Rosa. A questão de horários também afeta na contratação de mão de obra/funcionários, pois como relatado, no ramo de decoração de festas é necessário que a pessoa abra mão dos finais de semana e isso nos dias atuais é bastante complicado quando falado em jovens. Para as empresarias, a questão da tecnologia não é um problema, pois na visão delas estão bem colocadas no mercado e cada uma possui o suporte necessário. A compra de aparelhos tecnológicos, também já não é mais um problema, pois podem ser encontrados no comércio eletrônico, muitas vezes por preços mais acessíveis do que o mercado local. Os resultados apresentam que as entrevistadas acreditam possuir uma boa relação com seus clientes, baseada em bom atendimento, confiança e credibilidade. A entrevistada “E2” utilizou uma frase que resume isto: “Base de tudo, sem eles não existe empresa”. A confiança de um cliente é uma peça chave para a evolução de uma empresa, são os clientes que fazem o negócio mover e mostrar resultados, para isto, é necessário manter um bom relacionamento e sempre oferecer ao cliente, algum tipo de diferencial e produtos ou serviços de qualidade. A pesquisa identificou que as entrevistadas levam um relacionamento harmonioso com seus fornecedores, mantendo uma parceria em relação aos produtos ou serviços comprados. A concorrência para muitos pode ser incomoda, mas para outros ela é considerada um auxílio ou estímulo na busca de melhorias para o próprio negócio. Considerando isso, foi questionado às entrevistadas, de que maneira encaram seus concorrentes. De acordo com os resultados da pesquisa é notável que as cinco empresárias encaram seus concorrentes como um desafio na busca por melhorias na sua empresa. Conhecendo a concorrência, é possível melhorar no desenvolvimento dos seus produtos e serviços, objetivando a melhoria contínua dentro da sua organização. A melhor maneira é vê-los como colegas de profissão e manter um bom relacionamento, pois quando há bom relacionamento entre profissionais, agrega muito mais valor ao seu negócio. Os resultados das questões referentes aos desafios e dificuldades no empreendedorismo, possibilitaram a criação de um quadro síntese, com intuito de apresentar e caracterizar todos os pontos citados, conforme a tabela 1. Dificuldades enfrentadas no Empreendedorismo Burocracia Por ser um processo longo e cansativo e que muitas vezes é o responsável pela desistência de muitos empreendedores em dar continuidade em seus negócios. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 227 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Altas cargas tributárias Mão de obra qualificada Dependência de serviços terceiros Financiamento/custos altos Empreendimentos que dificilmente seguem adiante devido as altas tributações, pois o recolhimento de tributos no Brasil é bastante burocrático e nada simples apresentando uma forma de cálculo para cada tipo de caso. Muito relativa, depende do setor. Na maioria dos casos exige bastante treinamento e é considerada uma dificuldade no município de Santa Rosa devido a falta de determinados cursos profissionalizantes. de O que gera atraso em determinados casos. Os financiamentos e os custos para adquirir um imóvel para empreender e muito caro e o tempo para financiá-lo, muito curto, tornando-se inviável para muitos. Fonte: Autor do estudo (2014) Tabela 1: Dificuldades enfrentadas no empreendedorismo 3.5 Fatores responsáveis pelo sucesso na gestão Para obter o sucesso na gestão, muitos são os fatores que colaboram para isto, características de liderança, de decisão, competências, habilidades e também o bom relacionamento com clientes, são elementos chave para alcançar o sucesso no empreendedorismo. Nessa linha de pensamento, foi questionado às empresárias, qual a maneira que elas utilizam para fidelizar um cliente. Após os resultados, conclui-se que todas as empresárias entrevistadas sabem que para fidelizar um cliente é necessário ter um bom atendimento, além da comunicação que é um grande diferencial para as organizações. Empresas que se comunicam bem com seus clientes e repassam informações de novos produtos e serviços, tem maiores chances de trazer o cliente para dentro de seu estabelecimento, pois todo o cliente gosta de ser lembrado. Quando questionadas sobre quais as competências básicas da pessoa que quer empreender, as entrevistadas foram claras e objetivas em suas respostas, os resultados apontaram 10 fatores que as entrevistadas acreditam ser competências para ser um empreendedor de sucesso, coragem, seriedade, persistência, habilidade com pessoas, ser multitarefas, ter dedicação, responsabilidade, planejamento, gostar do que faz e ter foco, foram as competências citadas pelas entrevistadas. Fazendo uma análise das respostas é possível verificar que a coragem é um grande aliado ao empreendedor de sucesso, somente aquele que tem coragem em correr risco e apto a mudanças, está mais perto da chegada ao sucesso empresarial, aliando-se a responsabilidade e um bom planejamento e honrando as três peças chaves: Fornecedor, cliente e colaborador. Com relação a liderança é perceptível o conhecimento das entrevistadas, pois cada uma respondeu com palavras diferentes, porém com mesmos significados, alegando que o líder deve trabalhar em equipe, delegar e participar, ir em busca de objetivos e respeitar seus colaboradores. Alcançar o sucesso na gestão não é uma tarefa fácil, é necessário muito comprometimento e seriedade com os negócios. Para aprofundar essa questão, foi questionado às entrevistadas, como elas acreditam que pode ser alcançado o sucesso no empreendedorismo. A questão possibilitou apontar um conjunto de elementos que contribuem para o sucesso, dentre eles os que se destacam são: fidelização do cliente, o foco e o comprometimento no trabalho, amar o trabalho que faz, ter dedicação, inovar e persistir. Elementos para o sucesso na gestão Fidelizar o cliente Pois empresas que se comunicam bem com seus clientes e repassam informações de novos produtos e serviços, tem maiores chances de trazer o cliente para seu estabelecimento. Coragem Ter coragem para correr riscos e ser apto a mudanças é um passo a mais para o sucesso. Dois fatores que caminham juntos. Para ir em busca do sucesso profissional, é necessário trabalhar com seriedade e responsabilidade, respondendo sempre pelos seus próprios atos. Seriedade e responsabilidade Persistência Habilidade com pessoas Não desistir nunca. Para alcançar os objetivos é necessário insistir no seu negócio. Saber trabalhar com pessoas, ter respeito pelos demais e nunca usar alguém para alcançar algum propósito. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 228 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Ser multitarefas No caso das mulheres empreendedoras, saber conciliar e equilibrar o trabalho e a família. Se empenhar no trabalho realizado. Dedicação Planejamento/ objetivos Definir metas Gostar do que faz Ter foco Visão holística Flexibilidade Humildade/Honestidade Credibilidade Ideias e visão empreendedora Ser líder Ser seguro Saber Inovar e Nada funciona sem planejamento, portanto, é extremamente importante realizar um bom planejamento prévio antes de qualquer decisão e especificar quais serão suas metas e objetivos a serem alcançados. Ter amor pelo que faz é o ingrediente das empreendedoras felizes, satisfeitas e realizadas no ambiente profissional. Trabalhar com uma linha de raciocínio, não tentar se expandir demais para não perder o rumo. Ter uma visão completa da organização, conhecendo todos os seus setores, organização, cultura e estrutura da empresa. Ser apto a mudanças, saber contornar adversidades buscando a melhor solução e reconhecer comportamentos inadequados podendo corrigi-los. Ser reconhecido por seus próprios méritos, sem passar por cima de ninguém. A construção da credibilidade é extensa, e é reconhecida de acordo com as ações desempenhadas, é necessário demonstrar sempre muita responsabilidade e atitude. Analisar e colocar em prática as ideias de negocio, tendo visão e planejamento. Trabalhar em equipe, delegar e participar; Ir em busca de objetivos; Saber treinar, repassar informações e motivar seus colaboradores. Ter sempre segurança no que faz e saber demonstrar confiança. A inovação é, assim como os outros fatores, muito importante para o sucesso da gestão, pois uma empresa que vive na monotonia tem tendência a perder clientes e com isso entrar a falência, por isso existe a necessidade de sempre buscar por coisas novas para oferecer novos produtos e serviços. Fonte: Autor do estudo (2014) Tabela 2: Elementos para o sucesso na gestão Para melhor exemplificar todos os fatores que são responsáveis pelo sucesso na gestão, foi construído um quadro síntese, apresentado na tabela 2 onde aponta todas as qualidades citadas pelas empresárias no decorrer das entrevistas. 4 Considerações Finais Este estudo buscou revelar quais são as principais razões para as mulheres optarem por serem empreendedoras: oportunidades, a insatisfação com o trabalho que vinham desempenhando, a superação de dificuldades, a autorealização e o amor pelo que faz, quanto ao ramo que escolheram, surgiu de acordo com as experiências já desempenhadas ou pela admiração.O trabalho possibilitou identificar algumas das motivações: o amor pelo que faz, a superação de um desafio e saber que o seu produto ou serviço pode ser uma oportunidade para outras pessoas. Com relação ao empreendedorismo feminino, constatou-se que as empresarias demonstram bastante conhecimento, sabendo que diferentemente dos fatos históricos passados, onde a mulher sofria preconceito, nos dias atuais a mulher desempenha seu papel ao lado do homem, tendo mais igualdade e liberdade perante o sexo masculino. Tendo seu trabalho mais valorizado contribuindo para uma sociedade mais justa. Neste questionamento apenas uma entrevistada demonstrou insatisfação, no que se refere a salários, onde alega que em determinados cargos, os homens continuam com salários superiores aos salários pagos às mulheres. Os resultados do estudo revelaram também, que quanto as principais dificuldades encontradas no empreendedorismo, estão a burocracia que se encontra para a abertura de empresas e a alta carga tributária, também a dependência do serviço de terceiros como um grande problema gerador de atrasos. Quanto a problemas relacionados a mão de obra, tecnologia, relação com clientes e fornecedores, o único que ainda causa dificuldades é a mão de obra qualificada, porém Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 229 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ainda que relativo, muito dependente do setor, a mão de obra no município é muito complicada em setores que necessitam de cursos profissionalizantes que muitas vezes não são encontrados aqui. O estudo possibilitou também conhecer elementos que são considerados competências do empreendedor e os fatores geradores do sucesso e foi constatado que a fidelização de clientes, o bom atendimento, as competências empreendedoras como coragem, seriedade, persistência, habilidade com pessoas, ser multitarefas, ter dedicação, ter responsabilidade, planejamento, gostar do que faz e ter foco são peças chaves no comportamento do empreendedor de sucesso. Outras características como ser persistente, ter visão holística, ser flexível, ser humilde, ser honesto, ter credibilidade, ideias e visão empreendedoras também fazem a diferença na vida de qualquer empreendedor. Porém, para ser um bom empreendedor, é necessário saber liderar. Nesta direção, constatou-se que na visão das entrevistadas o líder é alguém que deve trabalhar em equipe, delegar e participar, ir em busca de objetivos e respeitar seus colaboradores. É importante também que saiba identificar os fatores responsáveis para uma tomada de decisão consciente e no presente estudo, os fatores mais marcantes são o custo do benefício, ter segurança no que faz, ser persistente e definir metas e objetivos. Por fim, para se ter uma visão mais completa de como alcançar o sucesso no empreendedorismo, pode-se concluir que a fidelização do cliente, o foco e o comprometimento no trabalho, amar o trabalho que faz, ter dedicação, inovar e persistir são fundamentais para ir em busca do sucesso empresarial. Conclui-se então que o empreendedorismo é uma área que as mulheres podem atuar desempenhando seus serviços de acordo com suas necessidades e com suas competências empreendedoras. O estudo limitou-se em entrevistas realizadas com cinco empresárias do município de Santa Rosa, não podendo ter seus resultados generalizados às demais empresárias do município. Referências ADAIR, John. Como tornar-se um líder. São Paulo: Nobel, 2002. ANGELO, Bom. 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Este estudo objetiva identificar quais as características do perfil dos consumidores que influenciariam as variáveis do modelo de envolvimento e compra de alimentos orgânicos. Para tal realizou-se uma pesquisa survey com 300 estudantes dos cursos de agronomia e administração de duas universidades da região. Como resultado a variável de perfil que apresentou maior influência no modelo foi o curso dos respondentes. Os cursos pesquisados influenciaram a atitude compra de produtos orgânicos, a atitude em relação aos alimentos organicamente produzidos, a consciência de saúde, auto identificação como consumidor verde. A freqüência de compra apresentou a segunda maior influência no modelo e o gênero dos respondentes não apresentou influência sobre as variáveis do modelo. Percebe-se que, conforme sugerido, a relação entre os conhecimentos específicos, no caso dos estudantes de agronomia, e o comportamento do consumidor são relevantes nos estudos referentes ao consumo de alimentos orgânicos. Palavras-chave: Produto orgânico; Atitude de consumo; Consumidor. Abstract The organic food market has great growth potential identify who are the consumers of these foods and how they behave present significant implications economically, environmentally and socially. This study aims to identify which profile characteristics of consumers who influence the variables of engagement model and buying organic food. To this end we carried out a survey research with 300 students of agronomy courses and administration of two universities in the region. As a result the profile variable with the greatest influence in the model was the course of the respondents. Respondents courses influenced the attitude buying organic products, the attitude toward organically produced food, health awareness, self-identification as a green consumer. Buying often had the second highest influence on the model and the gender of the respondents had no effect on the model variables. It is noticed that, as suggested, the relationship between the specific knowledge in the case of agronomy students and consumer behavior are relevant in studies related to the consumption of organic food. Key-words: Organic produce; Consumer attitude; Consumer. 1 INTRODUÇÃO O mercado de alimentos orgânicos tem apresentado crescimento mundial conforme relata Sahota (2014). Segundo Santiago e Harkaly (2010), no Brasil o consumo de produtos orgânicos ainda apresenta muito espaço para crescer, pois representa em torno 1% de todo o mercado de alimentos. Na América Latina, o Brasil é o país com maior consumo de produtos orgânicos e, considerando-se o agregado de todos os setores, o mercado cresce firmemente, devido à percepção positiva dos consumidores sobre sua qualidade, seus benefícios para a sua saúde e para o meio-ambiente. Motivados pelo crescimento do mercado de orgânicos, diversos estudos tem sido realizados na área de comportamento do consumidor de produtos orgânicos do gênero alimentício (MAGNUSSON et al., 2001; SHEPHERD et al., 2005; TSAKIRIDOU et al., 2008). Este estudo tem como objetivo identificar quais as características do perfil dos consumidores que influenciariam as variáveis do modelo de envolvimento e compra de alimentos orgânicos de Tarkiainen e Sundqvist (2009). Desta forma procurou-se verificar a influência do gênero, idade, curso, renda, frequência de compra e lealdade à marca em: Auto - identificação como Consumidor verde (CV); Consciência sobre saúde(S); Atitude em relação aos alimento orgânicos (AO); Atitude em relação a compra de alimentos orgânicos (AC). Para tal realizou-se uma pesquisa survey com 300 estudantes dos cursos de Agronomia e Administração de universidades da região. A pesquisa foi aplicada aos estudantes de dois cursos distintos de graduação (agronomia e administração), pois teve o intuito de verificar se a agronomia, por estar tecnicamente mais em Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 232 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 contato com temas referentes a alimentos orgânicos, apresentaria mais influências nas variáveis do modelo de envolvimento e compra de alimentos orgânicos de (TARKIAINEN e SUNDQVIST, 2009). O modelo de Tarkiainen e Sundqvist (2009) avalia o nível de envolvimento sentido em relação aos alimentos orgânicos e examina o papel do envolvimento no contexto mais amplo do comportamento de compra. Procura-se com esta pesquisa oferecer subsídios para estudos que considerem a relação entre os conhecimentos específicos no caso dos estudantes de agronomia e o comportamento do consumidor, bem como, ampliar o conhecimento do mercado de produtos orgânicos. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O produto orgânico Em recentes pesquisas desenvolvidas no Brasil é possível observar a falta de conhecimento sobre a correta definição do alimento orgânico (CESCHIM; MARCHETTI, 2009). Um produto, para se considerado orgânico, deve ser produzido em um ambiente de produção orgânica, onde se utiliza como base do processo produtivo os princípios agroecológicos que contemplam o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais (BRASIL/MAPA, 2013). Segundo Mamede (2013), a caracterização dos produtos orgânicos é dada pelo seu modo de produção em relação à agricultura convencional. Enquanto que a agricultura convencional prioriza o plantio de grandes monoculturas, com o uso de agrotóxicos, a agricultura orgânica busca causar o menor impacto ambiental possível, com a produção de alimentos de qualidade, e consonância com a biodiversidade do campo, através dos métodos naturais alternativos. Além disso, possui uma importante função social, pois pode atuar como alternativa para os pequenos produtos que não tem condições de competir com os grandes do setor. Através da agricultura orgânica os pequenos produtores podem diferenciar os seus produtos e desta forma oferecer alternativas para o consumidor, o qual vem gradativamente valorizando mais os produtos orgânicos. 2.2 Atitudes em relação à compra de alimentos orgânicos Segundo Tarkiainen e Sundqvist (2009), os valores normalmente associados ao consumo de alimentos orgânico estão associados à saúde e refletem preocupações com o meio ambiente e bem estar animal. Os valores relacionados à saúde representam o lado individualista do domínio motivacional proposto por Schwartz e Bilsky (1990), enquanto os valores relacionados ao meio ambiente ou valores verdes refletem o domínio coletivista. Os valores que levam ao consumo de alimentos orgânicos foram explorados por Baker, Thompson e Engelken (2004) que encontraram associação com os valores relacionados à saúde, bem estar e a alegria de viver. Chryssohoids e Krystallis (2005) descobriram que questões relacionadas à saúde apresentam uma grande influência no consumo de alimentos orgânicos. Valores de saúde também são pertinentes para os consumidores éticos em sua tomada de decisão de consumo, de acordo com um estudo realizado por Shaw et al. (2005), onde 91% dos inquiridos consideraram os valores de saúde importantes no contexto ético de compras de supermercado. Tarkiainen e Sundqvist (2009) consideraram então que as atitudes em relação à comida orgânica poderiam ser consideradas para refletir as atitudes relacionadas com a saúde, e essas atitudes são formadas de acordo com os valores relacionados com a saúde. Para Kilbourne e Beckmann (1998) se aceita que a preocupação ambiental é um fator importante na tomada de decisão do consumidor sendo que inúmeros estudos vem mostrando que ela é um fator determinante na compra verde e no consumo de alimentos orgânicos (GRUNERT e JUHL, 1995; TANNER e WOLFING KAST, 2003). Segundo a Teoria da Ação Racional (TRA), devem-se considerar atitudes em relação ao ato de comprar ou usar um produto, ao invés de atitudes em relação ao produto em si, caso o desejo seja prever e compreender o comportamento do consumidor (AJZEN e FISHBEIN, 1980). Embora seja verdade que, muitas vezes, atitudes em relação produto ou marca estejam altamente relacionadas com atitudes relação à compra, Kilbourne & Beckmann (1998) afirmam que a distinção deve ser feita porque a primeira é uma variável externa, sem relação necessária com as atitudes de compra. Para Ajzen (1991), a TRA e sua extensão, a teoria do comportamento planeado (TPB), são muitas vezes utilizadas para descrever os processos de atitudes do comportamento humano. O fator essencial nessas teorias é a intenção do indivíduo de se envolver em um determinado comportamento assim, estão relacionados com atitudes e normas subjetivas. A diferença entre as teorias é que a TPB incorpora o conceito de controle comportamental percebido, que supera as limitações do modelo original em lidar com comportamentos sobre os quais as pessoas têm incompleto controle (AJZEN, 1991). Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 233 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Ambas as teorias representaram ser muito úteis na predição de uma ampla gama de comportamentos (Sheppard, Hartwick, e Warshaw, 1988). Ambos TRA e TPB também foram aplicadas em pesquisas sobre o comportamento de compra de alimentos orgânicos (FAÍSCA e SHEPHERD, 1992). No entanto, apesar de TRA e TPB fornecerem modelos úteis para a previsão de comportamento via atitudes, parece que, no contexto da compra de alimentos orgânicos, atitudes preveem, na melhor das hipóteses, as intenções de compra dos produtos ou oferece-lhe uma amostra ocasional. Bamberg (2002) afirma que muitas vezes há uma relação empírica relativamente baixa entre a intenção relatada e o comportamento real. No entanto, é de se esperar que as atitudes positivas para a compra de alimentos orgânicos tenham uma relação positiva com a frequência de compra, mesmo que essa relação seja fraca. 2.3 Envolvimento na compra de alimentos Segundo Kilbourne e Beckmann (1998) as abordagens que explicam a compra de alimentos orgânicos através de atitudes, valores e estilos de vida dos consumidores derivam de teorias que incorporam pelo menos algum tipo de processamento cognitivo. De acordo com Rothschild e Gaidis (1981), estas abordagens cognitivas têm o seu valor, nos casos de alto envolvimento, mas a abordagem comportamental pode ser mais relevante nos casos de baixo envolvimento. A abordagem comportamental centra-se no comportamento em si, em vez de atitudes ou outros tipos de processos cognitivos. Mesmo que raramente tenha sido empiricamente verificado, compras de alimentos são muitas vezes consideradas como uma atividade de baixo envolvimento (Beharrel e Denison, 1995). O envolvimento sentido, segundo Celsi e Olson (1988), é um estado de motivação, que afeta a extensão e foco de atenção e compreensão de processos dos consumidores, bem como comportamentos ostensivos, como compras. Esta definição é considerada ampla, não fazendo distinções entre os diferentes tipos de envolvimento que existem na prática, ou seja, o envolvimento de situação e o duradouro (RICHINS, BLOCH, e MCQUARRIE, 1992). Envolvimento situacional refere-se a sentimentos temporários de envolvimento em uma situação particular, enquanto o envolvimento duradouro (ou ego-envolvimento) refere-se a uma variável individual que representa uma preocupação geral, de longo prazo para um produto. Segundo a comparação feita por Mittal (1995) de quatro medidas de envolvimento, todas as que se referem ao produto (são mais preditivas em termos de uso do produto) e as medidas de decisão de compra são melhores em prever o grau de processamento de informações. Dada a multidimensionalidade do conceito de envolvimento, Laurent e Kapferer (1985, 1985) sugerem que os pesquisadores não devam focar-se em um único nível de envolvimento, mas sim medir os perfis de envolvimento dos consumidores. Sua versão original do perfil do envolvimento do consumidor compreende o valor de prazer proporcionado pelo produto, seu valor simbólico, a importância do risco, e a probabilidade de erro de compra. Mittal (1995), no entanto, argumenta que esta abordagem é equivocada, uma vez que apenas uma das facetas do perfil realmente diz respeito a participação, enquanto as outras são apenas antecedentes. Ele argumenta que há apenas dois conceitos de envolvimento: envolvimento com o produto, que é eficaz na previsão de uso de produto, e envolvimento com a compra, que é eficaz em prever o comportamento de escolha dos consumidores. Kilbourne & Beckmann (1998) consideraram em seu trabalho, o conceito de envolvimento que se refere ao envolvimento na compra uma vez que para o modelo o de interesse no estudo é a escolha dos consumidores os produtos alimentares orgânicos e produzidos convencionalmente (MITTAL, 1995). Ao comprar bens comuns, inexpressivos e de baixo envolvimento, os consumidores despendem uma quantidade mínima de tempo e esforço procurando por informações sobre os produtos (COBB e HOYER, 1985). Smith e Bristor (1994) descobriram que o envolvimento de compra aumentou expressivamente em termos de pesquisa e tempo gasto em categorias de produtos duráveis e não duráveis. De acordo com Olshavsky e Granbois (1979), no entanto, uma quantidade substancial de compras não envolve a tomada de decisão, mesmo na primeira vez. O comportamento de compra habitual pode começar a partir de necessidade, ou pode basear-se em estilo de vida, preferências adquiridas na infância, a imitação, recomendações de fontes pessoais ou não pessoais, ou substitutos de vários tipos, ou pode ser aleatório (OLSHAVSKY e GRANBOIS, 1979). Uma vez que a compra de alimentos é considerada uma atividade de baixo envolvimento, é possível que mesmo aqueles que considerem os alimentos orgânicos como envolventes não fiquem despendendo tempo procurando por alternativas orgânicas de alimentos quando fazem suas compras. Em outras palavras, a aprendizagem comportamental considera as compras de alimentos como de baixo envolvimento coo um comportamento habitual, o que não inclui o processamento Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 234 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 cognitivo de crenças e atitudes (Rothschild & Gaidis, 1981). McWilliam (1997) sugeriu que o mau desempenho da marca não é necessariamente uma consequência da má gestão da marca, mas pode resultar de baixo envolvimento na categoria de produto em geral. O papel moderador do envolvimento também tem sido estudado por Olsen (2007) no estudo do papel de envolvimento e satisfação na lealdade de recompra. O estudo de Olsen (2007) foi realizado no nível de categoria do produto e foi relativo à indústria de alimentos. Além disso, deve-se considerar que o baixo envolvimento numa categoria de produto não é necessariamente a única causa da natureza habitual de compra de alimentos. As pessoas tentam estabelecer rotinas de recompra, logo que possível, independentemente do nível de envolvimento que a decisão de compra inicial apresentou. Em outras palavras, mesmo que a decisão de compra na categoria do produto seja experimentada como altamente envolvente, há uma tendência de recompra da mesma marca dentro dessa categoria. Como confirma o estudo de Warrington e Shim (2000), o envolvimento com o produto e o compromisso da marca são, na verdade, constructos distintos, nem necessariamente altamente relacionados. Assim, as suas influências deve ser examinadas de forma independente. É, portanto, possível que os consumidores que compram lealmente, sempre a mesma marca tomem sua decisão de compra, sem nem mesmo consultar terceiros. 3 MÉTODO O referencial teórico acima apresentado levou ao modelo de Tarkiainen e Sundqvist (2009). Partindo deste referencial as variáveis do modelo foram definidas conforme a figura 1. A pesquisa realizada tem caráter quantitativo e descritivo. Ramos; Ramos e Busnello (2005) definem a pesquisa quantitativa como a abordagem de pesquisa na qual tudo pode ser quantificável, o seja, traduz em números opiniões e informações para classificá-los e analisá-los, requerendo o uso de recursos e de técnicas estatísticas. Justifica-se como pesquisa descritiva, pois de acordo com Hair et. al (2005, p.86), “os planos da pesquisa descritiva em geral são estruturados e especificamente criados para medir as características descritas em uma questão de pesquisa”. Este estudo parte de um modelo já consolidado, validado e aplicado em outra realidade. Este modelo foi uma adaptação do modelo proposto por Tarkiainen e Sundqvist (2009). Não foram consideradas categorias de produtos orgânicos para este estudo; foram considerados os alimentos orgânicos em geral. A amostra foi composta por 300 consumidores, estudantes universitários dos cursos de administração e agronomia, e os dados foram coletados durante duas semanas em Universidades locais. A disponibilidade das alternativas orgânicas foi confirmada antes da coleta de dados iniciar. O instrumento de coleta de dados foi um questionário, com perguntas fechadas, que foram distribuídos por dois pesquisadores nos cursos de Agronomia e Administração e também distribuídos via Google docs durante duas semanas. O método de amostragem utilizado foi amostragem não probabilística. No presente estudo, as inferências foram feitas usando os programas estatísticos SPSS. O Teste Anova foi usado para idade, sexo, renda e frequência de compra. O questionário apresentava questões relativas ao perfil (sexo, Idade, renda) e as variáveis propostas pelo modelo de Tarkiainen e Sundqvist (2009) que se dividem nos constructos: Consciência de saúde, envolvimento com o produto, consumo verde, atitude de compra, atitude em relação a alimentos orgânicos, frequência de compra de produtos orgânicos, lealdade a marca. Cada constructo possui variáveis que totalizam as 15 variáveis do modelo conforme Figura 1. Auto - identificação como Consumidor verde (CV) Eu sempre compro produtos ecologicamente corretos. Comprar produtos alimentícios orgânicos me faz sentir bem. Com meus hábitos de consumo eu posso influenciar na preservação do meio ambiente. Eu me vejo como ambientalmente consciente. Estou disposto a comprometer a minha qualidade de vida a fim de evitar problemas ambientais. 235 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Consciência sobre saúde(S) Eu escolho alimentos com cuidado para garantir uma boa saúde. Eu me vejo como um consumidor consciente em relação à saúde. Eu penso com frequência sobre questões de saúde. Atitude em relação aos alimentos orgânicos (AO) Eu acho que os produtos orgânicos são relevantes. Estou interessado em produtos orgânicos. Eu acho que os produtos orgânicos são muito importantes para mim. Eu acho que a compra de produtos orgânicos é sensata. Atitude em relação á compra (AC) Escolher um bom produto alimentício orgânico é uma decisão muito importante para mim. Envolvimento na compra (EC) Lealdade à marca (LM) Você sempre compra a mesma marca de produtos orgânicos. FIGURA 1 – Modelo de pesquisa. Fonte: Elaborado pelos autores, baseado em Tarkiainem e Sundqvist (2009). Todas as questões pertencem ao modelo de Tarkiainem e Sundqvist (2009). Os itens que medem: atitudes em relação à comida produzida organicamente em geral; a auto identificação como consumidor verde; envolvimento com o produto; consciência de saúde e as atitudes em relação à compra de orgânicos foram medidos em escala Likert de 5 pontos variando de (1) para “discordo totalmente” e (5) para “concordo plenamente”. A frequência de compra foi medida em uma escala - 4 pontos de (1) "nunca" para (4) "quase sempre”. A fidelidade à marca foi medida como uma simples variável dicotômica (1) "Eu sempre compro a mesma marca “ e (0) "eu não compro sempre a mesma marca". Os procedimentos estatísticos adotados foram divididos em três fases. Na fase 1, utilizou-se a análise de frequência e percentuais para caracterizar os respondentes da pesquisa, A fase 2 visava verificar a consciência, atitudes em relação ao compra de produtos orgânicos a partir de 5 constructos. Par isso foram realizados análises estatísticas como cálculo das médias e desvio padrão para a amostra. Na etapa 3 buscou identificar a influência do perfil dos respondentes através dos testes de diferença de médias ( teste T e anova). 4 RESULTADOS Os resultados são apresentados da seguinte forma: apresenta-se o perfil dos respondentes, após a média dos resultados em relação aos constructos e por fim a influência da renda, curso, idade, gênero em relação aos constructos, através do teste T. 4.1 Perfil dos respondentes Os dados referentes ao perfil, usados para este estudo, foram: gênero, idade e renda. Dos 300 alunos (150 cursando Agronomia e 150 do curso de Administração) no que se refere ao gênero, 38,7% dos respondentes (116 alunos) eram do sexo feminino e 61,3% (184 acadêmicos) eram do sexo masculino. Dessa forma a amostra apresentou uma maioria de respondentes do sexo masculino. A maioria dos respondentes 59,3% (178 acadêmicos) apresentam a idade entre 21 e 25 anos; 31% ( 93 acadêmicos) estão em idade até 20 anos. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 236 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Em relação a renda media familiar, 29% dos acadêmicos apresentam renda entre R$ 2.014,00 e R$ 3.479,00 e 23% dos respondentes o apresentam renda entre R$ 3.480, e R$ 6.564,00. 4.2 Resultados em relação à frequência de compra Em relação à frequência de compra, observa-se, conforme a tabela abaixo, que apenas uma minoria (4,3%) dos respondentes eram compradores frequentes de produtos orgânicos. TABELA 1 – Frequência de compra Respostas Entrevistados Quantidade Percentual Percentual (%) Valido Acumulativo 1 46 15,3 15,3 15,3 2 185 61,7 61,7 77,0 3 56 18,7 18,7 95,7 4 13 4,3 4,3 100,0 Total 300 100,0 100,0 Fonte: Elaborada pelos autores 4.3 Resultado em relação à lealdade a marca Verifica-se, conforme tabela 2, que a maioria, 85% dos acadêmicos não apresentam lealdade a marcas de alimentos orgânicos. TABELA 2 – Lealdade à marca Respostas Entrevistados Quantidade Percentual Percentual (%) Valido Acumulativo 1 12,3 12,6 12,6 37 2 255 85,0 86,7 99,3 3 2 0,7 0,7 100,0 Brancos 6 2,0 Total 300 100,0 100,0 Fonte: Elaborada pelos autores 4.4 Análise descritiva Na tabela 3 observa-se as médias dos respondentes em relação as variáveis e as atitudes de compra, envolvimento de compra, consumo verde, consciência a saúde, atitude orgânica. Em relação aos constructos analisados, verificou-se que no consumo verde, a questão de comprar sempre um produto ecologicamente correta apresentou um percentual de 2.57% que corresponde a discordo e quase a uma posição neutra. Afirmando que os respondentes não compram sempre os produtos orgânicos, porque conforme referencial a compra de produtos orgânicos ainda não possui uma ideologia de compra, o processo de decisão ainda não refletem a rotina de compra. Os demais constructos apresentaram uma média razoável para concordo com as questões referentes aos produtos ecologicamente corretos. Em relação à atitude de compra de produtos orgânicos apresentou a média de 3,64, quase concordo, significa que os respondentes possuem atitude positiva porem ainda não tem a frequência de compra. Já no envolvimento de compra com a média de 3,52, eles têm a consciência de que escolher um bom produto alimentício e que é importante para eles, porém não condiz com a pratica, frequência baixa. Em relação ao consumo verde, com médias de (2,57; 3,05; 3,84; 3,49; 3,39), verifica-se que os respondentes possuem uma consciência ecológica, e uma preocupação com o meio ambiente, porém existe a frequência baixa de compra. E a variável da consciência em relação à saúde apresenta índice de (3,59; 3,60; 3,80), indicando um quase concordo, em que os respondentes possuem a preocupação com a saúde, e o consumo de produtos orgânicos está ligado com o estilo de vida, valores, qualidade de vida. Referente à atitude ligado aos produtos orgânicos apresentou médias de (3,72; 3,49; 3,54), em que os respondentes pensam que os produtos são relevantes para sua vida, são importantes, e estão interessados em produtos orgânicos. TABELA 3 – Média das variáveis Constructos Respondentes Média Desvio AC 3,64 0,889 298 EC 299 3,528 1,1120 CV1 291 2,57 0,995 CV2 295 3,054 1,0866 CV3 298 3,84 3,167 CV4 300 3,49 1,102 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 237 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 CV5 298 3,39 1,199 S1 297 3,59 1,084 S2 299 3,60 1,055 S3 299 3,80 0,994 AO1 297 3,72 1,000 AO2 300 3,49 1,052 AO3 300 3,54 1,163 Validos 276 Fonte: Elaborada pelos autores 4.5 Influência do perfil (teste T) O Teste T verificou nos cursos de Administração e Agronomia as variáveis de perfil (curso, sexo e lealdade à marca), e sua relação com os construtos do modelo conforme as (tabelas 4 e 5). 4.5.1 Curso Na tabela abaixo, verificou-se as médias dos cursos de agronomia e administração em relação aos constructos do modelo. Verifica-se que existe uma diferença dos cursos de administração e agronomia entre as variáveis, tais como, atitude de compra (AC), envolvimento de compra (EC), Consumo Verde (CV), Consciência da saúde, atitude em relação aos produtos orgânicos. No CV2 os cursos não apresentaram influência, pois todos concordaram com a questão de que a compra de produtos alimentícios orgânicos fazem as pessoas se sentirem bem. 238 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 TABELA 4 – Média dos cursos Curso N Média Desvio Fonte: Elaborada pelos autores 4.5.2 Gênero O gênero para as variáveis do modelo não apresentou influência. 4.5.3 Lealdade à marca Neste item, existem influencias nas seguintes variáveis, discordância de opinião (EC, CV1, CV2, CV5). 4.6 Teste ANOVA (idade, renda, frequência de compra) 4.6.1 Idade A idade influenciou os constructos, apresentando diferença nas seguintes variáveis (AC, EC, CV4, CV5, S3, AO1, AO2, AO3). 4.6.2 Renda A renda influenciou os constructos, apresentando discordância nas variáveis (AC, CV1, CV2, AO2). 4.6.3 Frequência de compra Este influenciou em 69,23% das variáveis, apresentando discordância (EC, CV1, CV2, CV4, CV5, S1, S3, AO2, AO3). TABELA 5 – Influências do perfil nas variáveis do modelo Perfil Variáveis do modelo N % Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 239 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Curso Gênero Lealdade marca Idade AC; EC; CV1; CV3; CV4; CV5; S1; S2; S3; AO1; AO2; AO3 à EC; CV1; CV2; CV5 12 92,31 00 04 00,00 30,77 AC; EC; CV4; CV5; S3; AO1; AO2; 08 61,54 AO3 Frequência de EC; CV1; CV2; CV4; CV5; S1; S3; 09 69,23 compra AO2; AO3 Renda AC; CV1; CV2; AO2 04 30,77 Fonte: Elaborada pelos autores Nesta tabela observa-se a influência do curso em 92,31% das variáveis, pois no curso de agronomia obteve-se uma diferença em relação ao curso de administração, no que se refere a atitude de compra, envolvimento de compra, consumo verde, consciência da saúde, atitude orgânica. Em relação à lealdade a marca, obteve-se 30,77% do total, com a lealdade a marca influenciando as variáveis de envolvimento de compra, consumo verde. A idade também influenciou as variáveis, correspondendo a 61,54% do total das variáveis. A frequência de compra influencia 69,23% do total das variáveis, e a renda influencia 04 do total de variáveis. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho identificou as características do perfil dos consumidores que influenciariam as variáveis do modelo de envolvimento e compra de alimentos orgânicos de Tarkiainen e Sundqvist (2009). Em geral os resultados apontam para que exista uma concordância com os constructos atribuídos pelo modelo, porém existe um baixo índice a lealdade a marca e baixo índice na frequência de compra dos produtos. Além deste verificou-se que existe diferença entre os cursos de agronomia e administração quanto na maioria das variáveis propostas pelo modelo, a idade e a renda também possuem influência sobre as variáveis do modelo. A frequência de compra influenciou as variáveis, pois esta diretamente relacionado com os constructos do modelo. Esta irá influenciar no envolvimento com o produto, na consciência ambiental, preocupação com o meio ambiente, com a saúde e outros. Esta pesquisa reflete que os respondentes não compram sempre os produtos orgânicos, porque conforme referencial a compra de produtos alimentícios é uma atividade de baixo envolvimento. As pesquisas apresentam limitações, pois não foi aplicado o Teste de hipóteses proposto no modelo original do artigo de Tarkiainen e Sundqvist (2009). O estudo referiu-se aos produtos no geral, porém é necessário mais pesquisas com outras culturas e em categorias de produtos. REFERÊNCIAS BAKER, S., THOMPSON, K. E., & ENGELKEN, J. 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Acessado em 22/08/2015. 242 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA DO RAMO DE INOX ORGANIZATIONAL STRUCTURE: A CASE STUDY IN A STAINLESS STEEL INDUSTRY 1 ALINE BARBOSA DIAS, INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA, IFF, RS, BRASIL, [email protected] 2 CRISTIANE BEATRIZ PATZER, INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA, IFF, RS, BRASIL, [email protected] 3 DILCI BARBOSA DE OLIVEIRA, INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA, IFF, RS, BRASIL, [email protected] 4 FERNANDA HENZ, INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA, IFF, RS, BRASIL, fernandahenz29@gmail 5 SIMONE ANDRÉIA BECKER, INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA, IFF, RS, BRASIL, [email protected] RESUMO A pesquisa foi realizada em uma empresa do ramo da fabricação de produtos em inox, situada na cidade de Santo Cristo, Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. A metodologia utilizada foi uma pesquisa qualitativa e exploratória, bem como a descrição e análise dos dados coletados. Além de observações no local do estudo foram adquiridas informações por meio de referencial teórico, junto a livros, artigos científicos e periódicos. O objetivo foi de investigar as metodologias e estratégias sobre o planejamento da Organização, técnicas de Marketing, técnicas de Recursos Humanos e de Organização, Sistemas e Métodos utilizados para melhor alocar seu quadro funcional, bem como, garantir segurança na elaboração das tarefas e garantindo a rentabilidade dos trabalhos executados a fim de compartilhar os resultados das pesquisas bibliográficas e documentais, conciliando assim, com as informações adquiridas na pesquisa de campo. O atual cenário econômico e o avanço da tecnologia fez com que o ambiente das empresas passasse a exigir mais qualidade, criatividade, competência e flexibilidade. Neste contexto torna-se fundamental ter estratégias definidas para melhor lidar com as rápidas mudanças em pequenos limites de tempo. Palavras-chave: Planejamento Estratégico. Marketing. Recursos Humanos. The survey was Conducted at a company in the business of manufacturing stainless steel products, located in the city of Santo Cristo, the Northwest Region of the Rio Grande do Sul state. In the preparation of this article has made a qualitative and exploratory research, as well as description and analysis of the collected data. In addition to remarks at the trial sites Were acquired information through theoretical framework, along with books, scientific journals and articles. In order to investigate the methodologies and strategies on planning of the Organization, Marketing techniques, techniques of Human Resources and Organization, Systems and Methods used to better allocate its staff, as well as Ensure security in the preparation of tasks and Ensuring the profitability of work Performed. The purpose of this article is to share the results of bibliographic and documentary research, Thus combining with the information acquired in field research. The current economic environment and the advancement of technology has made the business environment pass demanding more quality, creativity, competence and flexibility. In this context, it is important to have defined strategies to better cope with the rapid changes in small team limits. Keywords: Strategic planning. Marketing. Human Resources 1. INTRODUÇÃO O presente artigo foi desenvolvido, na empresa Metalinox, a qual trabalha há dezesseis anos no ramo da fabricação de produtos em inox. Como matéria prima busca utilizar materiais de alta qualidade, oferecendo assim produtos finais com alta tecnologia. Sua atividade está focada na produção de resfriadores de leite, tanques rodoviários de coleta de leite e sistemas de ordenha. Sua produção está voltada também a produtos conforme a necessidade de cada cliente, seguindo os padrões e medidas definidas pelas entidades reguladoras. No decorrer deste artigo serão abordados assuntos fundamentais para a sobrevivência da Organização no atual cenário empresarial. Para tanto serão apresentados conceitos sobre planejamento estratégico, administração de marketing, administração de recursos humanos, bem como organização, sistemas e métodos, fazendo desta forma uma análise de como a Organização usa estas ferramentas na prática. Cury (2000) As organizações da atualidade visam permanecerem no mercado através de vantagens competitivas, o presente trabalho busca compreender os assuntos fundamentais para a sobrevivência da Organização no atual cenário empresarial. Com objetivos de investigar as metodologias e estratégias utilizadas pela Organização, como ferramenta de gestão empresarial e estratégias competitivas para manter-se estável em um Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 243 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 mercado cada vez mais amplo e competitivo. As organizações da atualidade visam permanecerem no mercado através de vantagens competitivas, o presente trabalho busca compreender os assuntos fundamentais para a sobrevivência da Organização no atual cenário empresarial. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Neste item estão apresentados os conceitos referentes ao Planejamento Estratégico, Administração de Marketing, Administração de Recursos Humanos e Organizações, Sistemas e Métodos, com a intenção de obter a fundamentação necessária para a análise dos resultados deste estudo. 2.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Segundo Oliveira (2011) Planejamento Estratégico é o processo administrativo que possibilita uma sustentação mercadológica, com a qual pode-se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa. O Planejamento Estratégico normalmente é de responsabilidade dos níveis mais altos da Organização e diz respeito tanto à formulação de objetivo, bem como, a seleção das ações e estratégias a serem seguidas, para tanto é necessário levar em conta as condições externas e internas da empresa. No entanto, na maior parte das Organizações não há uma preocupação natural e continua pelos problemas estratégicos. Nesses casos, a tomada de consciência do problema, normalmente, é experimentada de forma traumática, como exemplo, pode-se citar drástica queda nas vendas ou lucros, colapso de um produto ou serviço causado por um concorrente, etc. Esse sinal pode ser tanto decorrente de uma pressão interna, quanto de uma influência externa à empresa. O trabalho de formação de estratégias nas organizações, por envolver aspectos racionais, emocionais, intuitivos, simbolismos e manobras políticas, não se constitui em atividade simples para os gestores. A materialização de estratégias requer dos gestores uma combinação de conhecimento, experiência, criatividade, sensibilidade, arte e negociação, entre outras habilidades, certamente, mais exigidas e necessárias na gestão de sistemas organizacionais complexos (MEYER, PASCUCCI e MANGOLIN, 2012, p.52). De acordo com Oliveira (2011) no atual ritmo de mudanças ambientais, nenhuma empresa pode considerar-se imune às ameaças do ambiente, como a obsolescência de um produto ou a saturação de mercado. Por isso é necessário, que todas as empresas façam revisões periódicas de suas estratégias de produtos ou serviços versus segmentos de mercado e outras atividades dentro de um processo contínuo de identificação das ameaças e oportunidades externas. A alta administração deve estar ciente que os eventos futuros poderão não estar de acordo com o que se deseja. O ponto de partida para essa percepção é a disponibilidade de diagnósticos, de análises e projeções da empresa. Portanto, é de extrema importância que a empresa tenha um otimizado sistema de informações externas e internas, bem como saiba utilizá-las através de um processo decisório, eficiente, eficaz e efetivo. De acordo com Marras (2000) as organizações estão vivendo em um ambiente que cada vez mais tem exigido uma constante revisão de conceitos e paradigmas, além de muita criatividade. Mas essa adequação entre a estratégia e a estrutura tem sido questionada. Já Fischer (2002) explica que isso ocorre porque o foco estratégico é a face visível do desempenho da organização, a forma como é avaliada a sua competitividade externa. Por isso, estabelecer estratégias permite aperfeiçoar as diretrizes e os recursos para atender os objetivos organizacionais. 2.2 PLANEJAMENTO DE MARKETING “A informação é hoje um poderoso recurso das organizações, permitindo a estas um perfeito alinhamento estratégico – mediante constantes fluxos bidirecionais entre a empresa e o macro ambiente-, e criando condições para que se viabilizem seus objetivos e se cumpra sua missão corporativa (GONÇALVES, 1995, p.22)”. O marketing estimula a pesquisa e ideias inovadoras, tendo por resultado a oferta de novos e melhores bens/serviços. A administração de marketing é a arte e a ciência de escolher mercadosalvo e obter, manter e multiplicar clientes por meio da criação, da entrega e da comunicação de um valor superior para o cliente (Kotler e Keller, 2006). Segundo Toledo, Prado e Petraglia (2007) as atividades vinculadas ao marketing demandam estratégias que necessitam da análise ao delineamento do mercado. Isso envolve segmentação, escolha de mercado – público alvo e posicionamento de mercado e administração destas estratégias. Uma estratégia pode surgir como uma sequência temporal de decisões ou, alternativamente, como um processo que envolve um conjunto de ações voltadas para mover uma empresa em direção ao cumprimento de suas metas de curto prazo e seus objetivos de longo prazo. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 244 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 De acordo com Zaltzman e Motta(1996) a segmentação de consumidores vem sendo cada vez mais utilizada e tem objetivo de agrupá-los segundo determinadas características que possam conferir homogeneidade a cada grupo, é um sistema administrativo que, por meio de um planejamento estratégico, procura conhecer as necessidades dos mercados alvo e atendê-las por meio da oferta de produtos ou serviços adequados a essas necessidades, tendo como resultado a possibilidade de atingir os objetivos da organização. Segundo Kotler e Keller (2006) relacionado à segmentação mercado pode-se dividi-lo em: Preferências homogêneas: É o tipo de mercado onde praticamente todos consumidores tem a mesma preferência; Preferências difusas: Onde a maioria dos consumidores tem preferências muito variadas; Preferências conglomeradas: É o tipo de mercado que pode revelar um banco de preferências distintas chamadas de segmentos de mercados naturais. Relacionado ao posicionamento temos duas dimensões a considerar segundo Oliveira e Campomar (2007): a dimensão operacional e a dimensão estratégica. A primeira baseada na concepção de que o posicionamento é fundamental como um conceito de comunicação que serve de guia para tornar as ações relativas à comunicação e o seus resultados mais eficazes. Têm essa visão operacional aqueles que entendem o posicionamento como parte da política de produtos, em termos das definições relativas aos atributos que devem ser desenvolvidos e enfatizados; a segunda dimensão reconhece o posicionamento como uma diretriz para as decisões relativas ao composto de marketing como um todo, sendo uma decisão que antecede as definições e implementações desse composto. 2.3 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Estratégias de Recursos Humanos são os processos que combinam pessoas, planos e programas de atividades, de acordo com esquemas gerais, para realizar os objetivos da organização. [...] parece haver evidências suficientes para afirmar que algumas práticas de recursos humanos, isoladamente ou em conjunto, podem trazer melhores resultados para a organização. (LACOMBE; ALBUQUERQUE, 2008, p. 7). De acordo com Chiavenato (2010), a área de Recursos Humanos deixou de ser apenas um departamento de pessoal, atualmente é o principal motivador para a transformação dentro de uma empresa. O departamento de Recursos Humanos que antes atuava de forma mecanicista, que cuidava somente da folha de pagamento e da contratação do profissional, e exigida desta apenas experiência e técnica, não havendo um programa de capacitação continuada, onde a visão do empregado prevalecia à obediência e a execução da tarefa, passou a chamar os empregados de colaboradores, e os chefes que tinham o controle centralizado, passaram a ser chamados de gestores. Hoje se pode afirmar que gerir pessoas não é mais um fator de uma visão mecanicista, sistemática, metódica, ou mesmo sinônimo de controle, tarefa e obediência. Ainda conforme o Chiavenato (2010) é notável que nas últimas décadas as Organizações passassem a buscar novas formas de gestão com o objetivo de melhorar o desempenho, alcançar resultados e atingir a missão institucional para o pleno atendimento das necessidades dos clientes. Nota-se também que o sucesso das organizações modernas depende, e muito, do investimento nas pessoas, com a identificação, aproveitamento e desenvolvimento do capital intelectual. Hoje as empresas devem se preocupar em construir e manter permanentemente um ambiente e clima de trabalho propício ao bem-estar, à motivação e à satisfação de todos os servidores, através de sistemáticas próprias objetivando o bem estar e satisfação dos colaboradores. Fischer (2002) caracteriza o modelo de gestão de pessoas como a maneira pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar o comportamento humano no trabalho. Para isso é necessário que a Organização tenha uma estrutura com princípios definidos, estratégias, políticas, práticas ou processos de gestão. Através desses mecanismos, implementa diretrizes e orienta os estilos de atuação dos gestores em sua relação com aqueles que nela trabalham. Segundo Chiavenato (2010) o objetivo geral da moderna gestão de recursos humanos é assegurar que a organização possa alcançar seus objetivos pela utilização adequada da força de trabalho. Para isso, as organizações não necessitam somente de um quadro funcional qualificado, mas também de sistemas eficientes e eficazes e de recursos financeiros. O desenvolvimento institucional requer não só que a pessoa certa esteja no lugar certo no momento certo, mas também que a organização possua um ambiente de trabalho compatível com os seus sistemas operacionais e disponibilidade de recursos financeiros adequados. 2.4 ORGANIZAÇÃO, SISTEMAS E MÉTODOS. De acordo com Cury (2000), a organização, sistemas e métodos têm como objetivo a renovação organizacional por meio da manipulação da empresa como um sistema social aberto, em Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 245 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 permanente sintonia com as demandas de seu ambiente, externo e/ou interno. Através da Organização das atividades, formação e agrupamentos humanos, distribuição do trabalho entre seus membros das equipes e a redução da utilização dos recursos, visando o atendimento de suas necessidades. Na visão de D’Ascenção (2001) sistema é o conjunto organizado e complexo, uma reunião ou combinação de coisas ou partes inter-relacionadas e interdependentes, que formam uma unidade, visando à realização de um objetivo ou conjunto de objetivos. Estes objetivos são realizados através dos métodos que são os caminhos; procedimentos, técnicas e ferramentas utilizadas de forma lógica e racional, os quais possibilitam a efetivação de um planejamento ou atividade. Uma das estratégias usadas nas Organizações para facilitar o trabalho e evitar ociosidade é a formação de equipes, que conforme Sacomano e Escrivão (2000) são agrupamentos de trabalhadores com diferentes responsabilidades funcionais, com objetivos estabelecidos, certa autonomia decisória e multifuncionalidade dos postos de trabalho. Conforme Oliveira (2012) a Organização é um conjunto de atividades e recursos, que está sempre em busca de resultados estabelecidos. A estrutura organizacional bem definida consegue-se identificar as tarefas a serem realizadas, organiza-se de melhor forma as funções e responsabilidades, consegue-se recursos e feedback aos empregados, medidas de desempenho condizentes aos objetivos e condições motivadoras. De acordo com Cury (2000) departamentalizar é criar órgãos, empresas, departamentos, divisões e seções, dividindo o trabalho em suas funções especializadas agrupando atividades homogêneas, isto é, aquelas interdependentes e que se encadeiam num único campo especializado de trabalho. Cury (2000) destaca ainda, que os fatores que precisam ser considerados no processo de departamentalização formal e informal são: Na estrutura formal: a importância das atividades, com ênfase na especialização, processo de coordenação, processo de controle e custo da estrutura; E na estrutura informal: Processo político, preparo dos empregados para a mudança, treinamento dos empregados, diferenciação e integração. 3. METODOLOGIA Para a elaboração deste artigo realizou-se uma pesquisa qualitativa e exploratória, na empresa Metalinox, situada na Região Fronteira Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. A empresa Metalinox, conta atualmente com 20 colaboradores, focando seu trabalho na fabricação de produtos em inox. O processo de coleta de dados passou por fases distintas, como: pesquisa histórica e bibliográfica, artigos científicos e periódicos, investigação documental e pesquisa de campo, além de entrevista com o gestor responsável pela Organização, para melhor compreensão do cenário empresarial. Tem como objetivo investigar as metodologias e estratégias utilizadas pela Organização, como ferramentas de gestão empresarial e estratégias competitivas, área de recursos humanos e a aplicação dos sistemas e métodos organizacionais. 4. ANÁLISE E RESULTADOS Aqui serão apresentados os resultados da pesquisa, assim como a caracterização da empresa alvo. 4.1 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA ALVO A Metalinox é uma empresa localizada na cidade de Santo Cristo, que trabalha no ramo de inox há dezesseis anos, investindo na fabricação de resfriadores de leite, tanques rodoviários de coleta de leite e sistemas de ordenha. O que motivou o empresário a investir neste ramo de negócio foi percepção, de que estes produtos, principalmente os resfriadores a granel eram uma grande novidade na época e não havia nenhuma indústria que fabrica estes produtos na região. A Organização tem objetivo fabricar produtos em inox usando materiais de alta qualidade, oferecendo assim, produtos finais com alta tecnologia, fabrica também produtos conforme a necessidade de cada cliente, seguindo a risca os padrões e medidas definidas pelas entidades reguladoras. A Organização busca conhecer seus clientes e está trabalhando para focar cada vez mais seus produtos e serviços para atender as necessidades dos mesmos. Atualmente seus produtos são vendidos para vários estados do Brasil como, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Ceará, Rondônia, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 4.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA EMPRESA Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 246 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O planejamento estratégico na Organização ainda não está sendo aplicado, mas a empresa possui um projeto em relação a este ponto. A Organização tem missão, visão, princípios e valores estabelecidos, porém não são formalizados, sendo os seguintes: Missão: A Metalinox tem como objetivo fabricar produtos em inox usando material de alta qualidade, oferecendo produtos finais com tecnologia de ponta, seguindo a risca normas, padrões definidos pelas entidades reguladoras e principalmente, a satisfação de seus clientes. Visão: Alcançar o crescimento e, através da exportação tornar a marca conhecida nacional e internacionalmente. Objetivos: Rentabilidade, atender as necessidades do cliente oferecendo produtos com qualidade e tecnologia de ponta, prestar assistência técnica de forma eficiente e eficaz. Princípios e Valores: 1º Atendimento ao cliente: Tem como filosofia de trabalho atender bem seu cliente, sendo que todas as ações da empresa estão voltadas para sua satisfação. 2º Automotivação: Acredita na automotivação como um dos fatores mais importantes para o crescimento pessoal e profissional. 3º Trabalho em equipe: Tem como principio o trabalho em equipe para melhor desempenho das atividades na indústria. 4º Ordem, Disciplina e Ética: Tem como princípio a ordem, a higiene pessoal e dos ambientes, o cumprimento de horários, o respeito entre colegas devendo todas as ações ser voltadas a ética. 5º Integração com fornecedores: Tem como princípio a integração com fornecedores através de parcerias. 6º Honestidade, Lealdade e Justiça: Defende o princípio de que cada funcionário deve ser honesto, leal, fiel e justo com a empresa, colegas, clientes, fornecedores e consigo mesmo. 7º Lucratividade: Tem como princípio e objetivo o lucro. 8º Assistência técnica: Acredita que esse princípio seja um diferencial que a empresa possui, pois a assistência é efetuada pela própria indústria. 9º Sustentabilidade: A empresa defende esse princípio pelo motivo de que ela precisa andar sozinha, ou seja, sem recursos de terceiros. A tomada de decisão estratégica é realizada pela diretoria da empresa, e em relação ao trabalho específico de algum dos setores são consultados os responsáveis pelos mesmos. 4.3 PLANEJAMENTO MARKETING DA EMPRESA O marketing da Organização é realizado de várias maneiras, como por meio de visitas realizadas de modo direto nas propriedades, convênios com laticínios, agropecuárias, onde são distribuídos folders, materiais promocionais e também participam de feiras, para divulgar a empresa e seus produtos/serviços. Em relação à concorrência, a Organização procura estar atenta, pois sabe que este ramo de negócio vem sendo bastante explorado, porém ressalta que seu diferencial é trabalhar com produtos dentro das normas que o Ministério da Agricultura exige, fazendo com que esteja trabalhando com produtos de qualidade superior aos concorrentes. 4.4 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS NA EMPRESA A organização trabalha com um quadro de vinte funcionários que se encontram divididos em setores, e cada setor possui uma pessoa responsável, além de um engenheiro que supervisiona todas as áreas da indústria. Os colaboradores se especializam nas suas áreas específicas, porém desenvolvem mais do que uma atividade em seu setor, para que assim o trabalho não se torne cansativo e desgastante, mas os mesmos não exercem muitas atividades diferentes para que não seja comprometida a qualidade dos produtos. Visando o melhor rendimento de seu quadro funcional, a Organização incentiva seus colaboradores a buscarem cursos para se especializar na atividade que exercem. O recrutamento e seleção quando é destinado à indústria é realizado através de entrevista com o Engenheiro responsável, já para o setor administrativo é realizado pela pessoa responsável desta área. A Organização busca profissionais sem experiência para que desta forma possam moldar este profissional de acordo com suas perspectivas. Após contratado o profissional é apresentado ao responsável pelo setor, de onde e repassado por todos os setores para acompanhar o trabalho desenvolvido por cada um e no setor que realizará as atividades tem um acompanhamento de seu responsável. Em relação aos conflitos, a empresa busca sempre evitá-los, para isso realiza reuniões de forma periódica, mas caso ocorram, procuram resolver os mesmos individualmente com os colaboradores a fim de solucionar o problema. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 247 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Em busca de motivar seus colaboradores a empresa realiza confraternizações durante o ano para integrar os colaboradores e seus familiares, oferece benefícios por meio de parceria com estabelecimentos comerciais que vendem produtos com valores mais acessíveis aos colaboradores, oferecem ajuda de custo aos que estão estudando entre outras bonificações. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os assuntos abordados neste artigo são de extrema importância para auxiliar no processo de tomada de decisão na Organização, alcançando assim seu objetivo principal que é a obtenção de receitas acompanhada de significativo desenvolvimento no ambiente que está inserida, cenário este, que apresenta de constantes mudanças e alta competitividade. Considerando este cenário, consegue-se verificar a grande importância da implantação de estratégias de marketing para concorrer neste ambiente tão competitivo, usando este para determinar as atividades que ocasionarão o frequente interesse de seus consumidores em seu rol de produtos e serviços, bem como as estratégias que podem ser traçadas para o planejamento de vendas futuras, na comunicação e no desenvolvimento do negócio. Seu objetivo principal é criar valor a satisfação do cliente, gerando resultados lucrativos para ambas as partes. Para o alcance dos resultados desejados, a organização busca potencializar seu capital humano, trabalhando com um conjunto de habilidades e métodos, técnicas, políticas e práticas. Combinando assim planos e programas de atividades, de acordo com esquemas gerais, para alcançar seus objetivos. Partindo ainda desta premissa, a empresa divide suas atividades por setores, cada qual com seu supervisor, para assim garantir a qualidade dos produtos que coloca no mercado. Procurou-se, portanto, destacar neste artigo a contribuição destes conhecimentos teóricos para o alcance dos objetivos e o crescimento da Organização. REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações/ Idalberto Chiavenato. - 3. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2010- 6º reimpressão. CURY, Antônio. Organização & Métodos: uma visão holística. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000. D’ASCENÇÃO, Luis Carlos. M. Organização, sistemas e métodos. São Paulo: Atlas, 2001. 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ESTE ESTUDO TEM COMO OBJETIVO MENSURAR OS MEIOS QUE ASSEGURAM O SUCESSO DAS LOJAS DE CONVENIÊNCIA ATRAVÉS DO USO DE FERRAMENTAS NA GESTÃO ESTRATÉGICA. ANALISANDO, SOBRETUDO DE QUE FORMA O MARKETING ALIADO A PRATICA PODE CONTRIBUIR PARA O SUCESSO DA EMPRESA BEM COMO, DESCREVER ALGUMAS DAS CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AO CONHECIMENTO, HABILIDADE, ATITUDE E TALENTO, SEGUNDO OS PRÓPRIOS EMPREENDEDORES QUE VISAM TORNAR AS EMPRESAS CADA VEZ MAIS LUCRATIVAS. PARA QUE TAL SITUAÇÃO OCORRESSE FOI DESENVOLVIDA UMA PESQUISA DE NATUREZA BÁSICA DO TIPO QUALI-QUANTITAVIVA COMPREENDENDO: A BIBLIOGRAFIA E O LEVANTAMENTO DE DADOS. LEVANTAMENTO ESTE, DE CARÁTER EXPLORATÓRIO E DESCRITIVO. PALAVRAS-CHAVE: MARKETING DE RELACIONAMENTO, ESTRATÉGIAS, CONSUMIDORES. ABSTRACT THIS WORK WAS DEVELOPED WITH MAIN FOCUS ON THE STUDY AND APPLIED RESEARCH TO EVALUATE THE SATISFACTION OF CONSUMERS, ABOUT THE PRODUCTS AND SERVICES OFFERED BY CONVENIENCE STORE. THIS STUDY IS TO MEASURE MEANS TO ENSURE THE SUCCESS OF CONVENIENCE STORES THROUGH STRATEGIC MANAGEMENT TOOLS IN USE. THIS STUDY IS TO MEASURE MEANS TO ENSURE THE SUCCESS OF CONVENIENCE STORES THROUGH STRATEGIC MANAGEMENT TOOLS IN USE . ANALYZING , THE ABOVE ALL HOW MARKETING PARTNER PRACTICE CAN CONTRIBUTE TO THE COMPANY'S SUCCESS AS WELL AS SOME FEATURES TO DESCRIBE THE RELATED KNOWLEDGE, SKILL , ATTITUDE AND TALENT ACCORDING TO OWN ENTREPRENEURS AIMED AT MAKING COMPANIES INCREASINGLY PROFIT. WHY SUCH SITUATION OCCURED WAS DEVELOPED A SURVEY OF BASIC NATURE OF QUALI- QUANTITAVIVA UNDERSTANDING TYPE: A LITERATURE AND DATA SURVEY, EXPLORATION AND CHARACTER DESCRIPTION . KEY WORDS: RELATIONSHIP MARKETING , STRATEGIES , CONSUMERS 1 Introdução O marketing é utilizado pelas empresas com a finalidade de promover seus produtos e induzir os consumidores a comprá-los, uma vez que a função deste é entender, criar, comunicar e proporcionar os mesmos valor e satisfação. Esta satisfação é proporcionada através de benefícios concedidos pela empresa aos clientes. Conhecendo melhor o cliente, é possível haver uma relação personalizada, one-to-one, que gera uma conveniência para o cliente em continuar na empresa e uma inconveniência em mudar para concorrência, pois esta empresa já conhece seus desejos, necessidades e preferências, o que acarreta um custo de mudança para o cliente. A personalização do relacionamento, só é possível com a utilização de um banco de dados que permite a empresa armazenar as informações pertinentes do cliente, proporcionando um melhor atendimento para o mesmo. O cliente bem atendido tende a ser fiel a empresa, uma vez que a lealdade é conquistada através da qualidade do atendimento. Um mau atendimento pode causar uma imagem negativa da empresa, tornando-a vulnerável a ação da concorrência. Ao decorrer deste trabalho será demonstrada a evolução do marketing, a importância do relacionamento com os clientes que contribui para a eficácia do relacionamento entre empresa e cliente. 2 O Marketing Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 250 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Segundo Kotler e Armstrong (2003, p.3), o marketing não deve ser entendido apenas no sentido de efetuar uma venda, mas, em satisfazer as necessidades dos clientes. A venda é concretizada após a produção do produto. O marketing inicia-se antes da empresa ter determinado o produto e continua por toda sua vida útil, atraindo novos clientes e mantendo os clientes atuais, a partir do desempenho e do apelo do produto, do aprendizado em decorrência das vendas e o gerenciamento contínuo de seu desempenho. As pessoas são surpreendidas, quando ouvem falar que o mais importante em marketing não é vender. Para Kotler (2005, p.30 apud Peter Drucker, 1973, p.64- 65), o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua. Deve se conhecer e compreender tão bem o cliente que o produto ou serviço se adapte a ele e se venda por si só. O marketing deve deixar o cliente pronto para comprar. Sendo assim, o produto ou serviço deve estar disponível. Dantas, Rocha e Coelho (1997) definem: Marketing é uma filosofia de orientação para o cliente, é uma função empresarial organizada, dotada de objetivos e políticas definidos; é uma estrutura organizacional moderna envolvendo a integração de todas as funções. (DANTAS, ROCHA E COELHO, 1997, p.15) Araújo (2004, p. 129), define marketing como: Um somatório de atividades estreitamente vinculadas ao desejo e à consequente satisfação dos consumidores via disponibilização objetiva/subjetiva de produtos e/ou serviços, conforme ações previstas em planejamentos de natureza estratégica, ao tem em que fornecem insumos diferenciados para a própria organização que se transformarão em benefícios vários, incluindo os consumidores fiéis ou potenciais. (ARAÚJO 2004, p. 129) De uma maneira formal define-se marketing como um processo de planejamento e execução, que consiste em representar uma série de decisões e atividades integradas. Presupõe-se que o marketing esteja associado ao desenvolvimento de produtos, decisões de preços, decisões promocionais e decisões de distribuição. Essa definição é denominada marketing mix. O marketing não reverencia apenas produtos intangíveis, mas também, o marketing de idéias ou serviços. O marketing é a área do conhecimento que envolve todas as atividades referentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, aspirando alcançar certos objetivos empresariais ou individuais e levando em consideração o meio ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade. Para Cobra (1992, p.35), o papel do marketing é identificar as necessidades não satisfeitas do cliente e colocar no mercado produtos ou serviços que, ao mesmo tempo, proporcionem satisfação aos consumidores, que gerem lucro aos acionistas e ajudem a melhorar a qualidade de vida das pessoas e da comunidade em geral. Destarte, a função do marketing está relacionada à satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores e a compreensão das variáveis que o compõe. Marketing é o processo usado para determinar que produtos ou serviços poderão interessar aos consumidores, assim como a estratégia que se irá utilizar nas vendas, comunicações e no desenvolvimento do negócio. A finalidade do marketing é criar valor e satisfação no cliente, gerindo relacionamentos lucrativos para ambas as partes. As actividades de um gestor de marketing abrangem um leque muito alargado de actividades, desde o estudo de mercado, a definição de uma estratégia, publicidade, vendas e assistência pós-venda. 2.1 Características do Marketing As principais características são: Interatividade: o cliente toma quando quer a iniciativa do contato, como receptor e emissor das comunicações; Personalização: todas as ações são direcionadas e personalizadas. As empresas podem e devem dirigir mensagens distintas a cada cliente, adequadas às suas circunstâncias e historial. Memorização: todas as ações deverão ser registadas em memória contendo a identidade, os dados, as características, preferências e detalhes das interacções mantidas com os clientes. Receptividade: as empresas devem passar a falar menos e a escutar mais. Além do mais deverão permitir que seja o cliente quem decida se quer ou não manter uma relação, quem defina a forma de comunicação e se a quer manter ou alterá-la. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 251 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Orientação para o cliente: as empresas deverão acabar com os product managers e passar para os consumer managers, centrando-se assim mais no consumidor, suas necessidades e todas as formas para que sejam satisfeitas. Praticar o BtoB e o BtoC: o marketing relacional não se deve centrar apenas no Business to Consumer. Deverá também apostar no Business to Business por forma a desenvolver e explorar todas as formas de potenciação do seu negócio. 2.2 Criação de estratégias De maneira geral, consiste em uma estratégia de negócios que visa a construir próativamente relacionamentos duradouros entre a organização e seus clientes, contribuindo para o aumento do desempenho desta e para resultados sustentáveis. O processo de marketing de relacionamento deve se iniciar com a escolha certa do cliente, a identificação de suas necessidades, a definição dos serviços prestados e agregados, a busca da melhor relação custo/benefício e ter funcionários motivados e capacitados a atender estes clientes adequadamente. O contexto de administrar o relacionamento com o cliente serve para que a empresa adquira vantagem competitiva e se destaque perante a concorrência. O objetivo maior torna-se manter o cliente através da confiança, credibilidade e a sensação de segurança transmitida pela organização. 2.3 Busca de vantagens competitivas Drucker (1999) elegeu algumas regras fundamentais para a utilização do marketing de relacionamento na busca por vantagem competitiva: - O relacionamento com o cliente é de responsabilidade da empresa. Qualquer reclamação ou conflito por parte do cliente é provocado por uma falha empresarial. - A empresa deve perguntar-se constantemente o que pode ser feito para facilitar e melhorar a vida de seus clientes. - Em complemento, Kanter (2001) enfatiza os seguintes aspectos no relacionamento com o cliente: - Conhecer profundamente o cliente. - Tornar o cliente conhecido por todos os funcionários da empresa. Ele não deve aguardar para que alguém o identifique e solucione seus problemas adequadamente. - Transformar o cliente em sócio de um clube exclusivo, ou seja, proporcionar atividades e disponibilizar recursos que só os clientes da empresa têm acesso. - Alguns estudiosos acreditam que a mensuração da satisfação dos clientes pode ser o diferencial de empresas bem-sucedidas em relação a outras. A empresa precisa ter essa mensuração externa por uma ou todas as razões seguintes: - Satisfação de clientes é frequentemente equiparada a qualidade; - Compromisso por um programa de satisfação de clientes demonstra liderança em uma categoria de negócios; - Mensurações internas de satisfação de clientes podem ser inadequadas ou impróprias; - Ouvindo os clientes, as empresas podem se beneficiar e passar a ser voz ativa no mercado; - Muitos clientes não reclamam abertamente porque podem achar que nada vai ser feito; - Um programa de satisfação de clientes é uma poderosa ferramenta para estimular a melhoria dos produtos ou serviços; - Os concorrentes podem já ter adotado programas de satisfação de clientes bemsucedidos. 2.4 Medição de Satisfação do Cliente Os relacionamentos bem-sucedidos com clientes exigem prática constante e intensas técnicas de pós-marketing. Um dos esforços mais evidentes é a coleta de informações a respeito dos clientes, também é sugerida como atividade de pós-marketing a elaboração de um programa de mensuração da satisfação do cliente. Tal programa fornece um feedback do cliente referente a qualidade dos produtos ou serviços e sugere caminhos para futuras mudanças e melhorias. Toda empresa que aceita o desafio de pós-marketing deve aplicar-se a oferecer satisfação através de seus produtos e serviços, o que requer conhecimento a respeito das expectativas dos clientes, outrossim, a maioria dos programas de mensuração de satisfação, além de apontar níveis de satisfação, fornece conhecimento a respeito das expectativas dos clientes. Tais programas auxiliam a empresa na priorização de tais expectativas e mudanças que essas possam sofrer, além de permitirem que se conheça o valor das necessidades existentes. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 252 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O marketing relacional tem as suas origens no marketing direto e implica por parte da empresa, um forte conhecimento dos gostos dos seus clientes, quer sejam produtos, marcas ou serviços. O seu desenvolvimento permite uma evolução da empresa, uma vez que para satisfazer os seus clientes, tem que ser mais pró-ativa, escutando as opiniões dos clientes e os seus desejos. Ao fazê-lo cria espaço para o desenvolvimento de novos produtos ou serviços personalizados. 3 O Marketing de Relacionamento e suas Vantagens Na visão de Kotler (2005, p.51), o marketing de relacionamento é uma das tendências mais focadas no marketing atual. O termo marketing de relacionamento refere-se a “conhecer melhor seus clientes de maneira que você possa atender melhor a seus desejos e necessidades”. O marketing de relacionamento é um conceito recente que ganhou importância a partir da década de 1990 com a evolução do marketing direto, motivados por pesquisas, que indicam que conquistar um novo cliente custava em média cinco vezes mais que reter um cliente (DIAS, 2006). Mckenna (1992) faz referência ao marketing de relacionamento como sendo essencial ao desenvolvimento de liderança e fidelização do consumidor para rápida aceitação de novos produtos e serviços no mercado, que relações sólidas e duradouras são uma tarefa sofrida de difícil manutenção, e que o cliente mesmo tendo tantas opções é necessário ter uma relação pessoal para conhecer melhor seus desejos e necessidades e através disso manter sua fidelização. O marketing de relacionamento tem o objetivo de estabelecer relacionamentos mutuamente satisfatórios com os elementos-chaves, tais como clientes, fornecedores e distribuidores, com a finalidade de atrair e manter os clientes de sua preferência e seus negócios a longo prazo. O marketing de relacionamento resulta na criação de um ativo singular da empresa. Marketing one-to-one quer dizer relacionar-se com clientes de forma individual, um de cada vez. Assim, conhecendo cada cliente, pode-se identificar suas necessidades e tratá-lo de forma personalizada. Os clientes são diferentes. Ignorar essas diferenças, não faz com que os clientes tornem-se iguais (PEPERS e ROGERS, 2000, p.14). Peppers e Rogers (1994, p.11-12) relatam que para efetivar o marketing one-to-one será necessário travar relações específicas com clientes individualizados. No entanto, algumas relações serão mais importantes do que outras. Os melhores clientes serão definidos pelas melhores relações e negócios lucrativos. O diálogo e o feedback são elementos indispensáveis da relação com o cliente. Os empresários devem compreender que os clientes estão tornando-se mais exigentes, diferentemente dos clientes de dez anos atrás, eles querem cada vez mais qualidade por um preço menor. Esse aumento da exigência pode ser explicado pela crescente diversidade e quantidade de produtos e serviços ofertados e a crescente concorrência global. As empresas devem ser capazes de competir em níveis local e global. Há algum tempo atrás, as empresas que oferecessem um produto de alta qualidade garantiria uma vantagem competitiva sobre a concorrência. Sendo assim, as empresas que competem neste mercado começam perceber a importância do relacionamento como um diferencial que dificilmente será copiado pela concorrência. Logo, as empresas devem criar relacionamentos duradouros com os clientes, a fim de se proteger da concorrência. Conquistar clientes através do marketing tradicional, custa em média cinco vezes mais, do que mantê-lo através do marketing de relacionamento. O Autor complementa que o cliente rentável é aquele que retorna a loja, pois se torna fiel, e que este além de consumir, traz outros clientes. No marketing de relacionamento não existe truques para a conquista do cliente, para uma maior eficiência o gerenciamento de marketing possibilita novas oportunidades no aumento da carteira de clientes e destaca a importância do marketing de relacionamento, pois este desenvolve o papel na troca de informações dentro de uma rede de relacionamentos. Outro aspecto é que o marketing de relacionamento trabalha com valor e com as sociedades em rede, não podemos esquecer da velha economia, pois algumas foram esquecidas, mas surgiram outras novas. Com a globalização as corporações estão cada vez mais crescendo e a importância de valores intangíveis, como conhecimento, marcas e a tecnologia da informação. As redes estão ligadas às empresas, seu mercado e a sociedade conduzem a unidade de gerenciamento e negócios a uma nova visão. Reconhecer que os clientes são diferentes num mercado altamente competitivo, e que organizações inteligentes podem tirar proveitos vindo lucrar com isso segundo Don Peppers, et al. (2001) a idéia parece fácil, mas a implementação não, pois exige que a organização mude seus produtos e atendimento, focando a necessidade específica de cada cliente. Organizações inteligentes buscam a participação ativa de seus clientes no desenvolvimento de seus produtos, serviços e soluções, para elas esta participação significa ser orientada para as necessidades dos mesmos, e que isso é o inicio para construir um relacionamento e torná-lo Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 253 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 duradouro. A organização deve manter continuamente interação com cada um deles, cativando-os, atendendo suas necessidades, assegurando que eles nunca queiram ir embora. Destacam que o marketing de relacionamento tem como principal característica, trabalhar a lealdade do cliente em longo prazo, buscando satisfazer suas necessidades e não apenas utilizando a venda como uma troca. Na visão dos autores existem evidências que satisfação e lealdade proporcionam às organizações a retenção de clientes, gerando com isso consequentes benefícios. Para isso a importância em conhecer os fatos que antecedem a lealdade para elaboração de estratégias eficazes na manutenção desses clientes. O marketing de relacionamento caracteriza-se por um conjunto de variáveis segundo Kotler (2003) que englobam mudanças, na qual se exigiu que as organizações adotassem novas práticas nos 4 Ps: a) preço: serão definidos pelas organizações, levando em consideração o relacionamento e o serviço prestado. b) produto: personificar o produto, de acordo com a necessidade do cliente. c) distribuição: o marketing de relacionamento facilita negociações com o cliente, e reduz novos entrantes. d) comunicação: o marketing de relacionamento opta pela comunicação individual com o cliente, facilitando com isso o entendimento de cada necessidade. Ao tratarmos de marketing de relacionamento e fidelização, esbarramos na palavra cliente, no entanto, nunca nos preocupamos em entender essa palavra. Outro aspecto é que o cliente externo sofre o impacto dos produtos e serviços oferecidos por nós, e que este não faz parte da organização, ele geralmente é quem paga pelos produtos e serviços sem participar do processo de produção e realização do mesmo. O cliente interno é especialmente importante, do ponto de vista empresarial, pois é ele quem faz ou deixa de fazer para que a expectativa do cliente final seja satisfeita ou não, é a peça principal na qualidade total em serviços, os clientes internos é a pessoa que trabalha em nossa empresa e influencia o processo produtivo e de fornecimento de serviços. Dentro de uma organização, seja ela pequena média ou grande, há, quase sempre, uma corrente de clientes internos, e que estes não trocam dinheiro, mas sim trabalho, informação, apoio e cooperação. Sempre que alguém necessitar de ajuda de alguém em sua organização, existe o cliente interno. 4 Ferramentas para Relacionamento com Cliente Com a evolução da informática, no final da década de 1990, surgiram os sistemas de Customers Relationship Management (CRM), ou também chamado de gerenciamento do relacionamento com o cliente. Esta ferramenta esta sendo utilizada para gerenciamento integrado do relacionamento com o cliente. O CRM uma estratégia que possui raízes no marketing de relacionamento e impacta a gestão da empresa. (DIAS, 2006) O cliente é o ponto focal de marketing, vendas, contatos, produtos, serviços, tempo, alocação de recursos, lucratividade e crescimento em longo prazo e a força das organizações empresariais. O termo cliente foi cunhado pela primeira vez no inicio do século XX, e demorou quase 100 anos para que as empresas realmente entendessem o que ele significa. Com a ampliação do papel do cliente nos relacionamentos, os fornecedores ou provedores de serviços têm se preparado para servi-los e atender as necessidades na troca pelo valor, em forma de dinheiro e negócios repetidos. Na década de 90 os papéis do comprador e do fornecedor se inverteram: Os clientes deixaram de ser caçados para serem tratados como especiais e cultivados. Atualmente os clientes exigem que os fornecedores de serviços, ofereçam flexibilidade, disponibilidade, criatividade e preço vantajoso. Dessa forma são necessárias novas técnicas para descobrir esses atributos, para que as organizações tenham sucesso em um mundo de desejos, preferências, e comportamentos e lealdade de clientes em constante mutação. O avanço da tecnologia, que apresenta crescimento num ritmo sem precedentes, muitas organizações já se moldaram às exigências do mercado, enquanto muitas ainda não se adequaram às novas mudanças, ou seja, as empresas que não tem processos adequados para este fluxo de trabalho deverão no primeiro momento corrigir as inadequações e num segundo momento implementar o Customers Relationship Management (CRM) como solução. 4.1 Mudando o foco do produto para o Cliente Peppers e Rogers (2000, p.17) esclarecem que a maior parte das empresas trabalham com foco em produtos. Sendo assim, há uma padronização de seus produtos e não há uma diferenciação de clientes. A forma de comunicação utilizada com os clientes é unidirecional, por meio da mídia de massa. O sucesso dessas empresas é a busca de um maior número de clientes, para aumentar sua participação no mercado. Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 254 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 O que comprova que uma empresa é focada em produtos é o fato dos colaboradores, gerentes serem remunerados de acordo com a venda de produtos e não com o desenvolvimento e a retenção dos melhores clientes (PEPPERS e ROGERS 2000, p.18). Na visão de Cobra (1992, p.31), a orientação para o produto faz com que as empresas concentrem-se nos produtos e não nas necessidades do mercado. As empresas fixam em si e esquecem de observar o cenário externo. A orientação para a produção tem seus inconvenientes, pois um produto de ótima qualidade e preço acessível podem não ter aceitação esperada, se as empresas não atenderem aos anseios dos consumidores. A orientação para o cliente surge quando a empresa passa a observar o mercado e descobre as necessidades dos clientes para que a produção seja orientada de forma racional. Esse é o foco que o marketing utiliza para identificar as necessidades dos consumidores. É necessário que os setores da empresa estejam integrados e que todos os colaboradores estejam preparados para satisfazerem o cliente (COBRA, 1992, p.33). Peppers e Rogers (2000, p.18) remetem que as empresas que possuem foco nos clientes utilizam a personalização em massa, com a finalidade de criação de um pacote de serviços e produtos para melhor satisfazer as necessidades específicas de cada cliente. A personalização em massa pode ser definida como a disponibilização de um produto básico cercado de opções, ou seja, é a inserção de atributos no produto. Conforme Peppers e Rogers (2000, p.19), as variadas combinações de atributos criam produtos distintos que são personalizados para atenderem as necessidades de cada cliente. Não está sendo criado um novo produto para cada cliente, no entanto, está se criando uma combinação de atributos ao redor do produto que permite um grande número de versões personalizadas do mesmo. Partindo do princípio de que cada cliente é único, há um tratamento personalizado que permite um feedback para a empresa. Dessa forma, a empresa pode conhecer as necessidades particulares de cada um de seus clientes com o objetivo de desenvolver serviços e produtos específicos. (PEPERS e ROGERS, 2000, p.19). 4.2 Comportamento do Consumidor Após o conhecimento da importância de se diferenciar no mercado atual, percebeu-se a necessidade de conhecer o consumidor, suas necessidades, seus desejos e como seria possível satisfazê-los. As bases do comportamento do consumidor estão em sua maioria, mescladas com princípios psicológicos. Todas as pessoas são consumidores, já que atos banais como se alimentar, se vestir e até na hora do lazer existe consumo. Baseado nisto é possível afirmar que todos, sem restrições são consumidores, mesmo que às vezes não saibam. Todos têm suas motivações, o consumidor é apenas uma parte do ser humano. Devido a este fato compreender os consumidores gera vários benefícios. Por outro lado, as necessidades dos consumidores, reais ou potenciais, dificilmente serão satisfeitas se as empresas não entenderem seus hábitos, costumes, desejos. Em posse dessas informações, o processo de tomada de decisão se torna mais fácil. O consumidor é o centro de toda a atividade, entende-lo, saber como ele é motivado, como ele compra e como utiliza os bens é a chave do sucesso nos negócios. Para a empresa, o conhecimento sobre o consumidor ajuda a identificar de modo mais contundente as necessidades presentes e as futuras, permite uma melhor comunicação entre a empresa e o cliente torna possível também obter uma confiança e, enfim, planejar com mais precisão suas ações. Todavia, é necessário que se observe o indivíduo e sua percepção individual, suas atitudes, as influências culturais e sociais, algumas das variáveis que podem interferir no seu comportamento. O conhecimento das necessidades do consumidor, do processo de decisão de compra e dos fatores condicionantes beneficia tanto o consumidor quanto a empresa na relação de troca. Para o consumidor, facilita, orienta e torna mais aceitável o processo da compra e do consumo de bens ou serviços. Para a empresa, o conhecimento das necessidades do consumidor é o ponto de partida para traçar a estratégia comercial, a qual deve estar mais adaptada ao consumidor, fazendo com que aumente as vendas e por consequência os lucros da empresa. O cliente vem mudando o seu perfil e o seu comportamento há muito tempo e isto pôde ser percebido com mais clareza após setembro de 1990, quando foi instituído o principal instrumento de apoio ao cidadão brasileiro: o Código de Proteção e Defesa do Consumidor. 5 Metodologia Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 255 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 Segundo Markoni método é um conjunto das atividades sistemáticas e racionais que permite com maior segurança e economia, alcançar os objetivos através dos conhecimentos válidos, indicando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do pesquisador (MARCONI, 2005). Dessa forma, a proposta deste trabalho foi desenvolvida na área de Marketing através do desenho de Caso, que se definiu por ser a escolha de um objeto que foi estudado com análise de um grupo, organização ou evento. Em especial neste trabalho foi com profundidade em seu contexto e, sobretudo por ter limitado o caso do estudo na contemporaneidade. Serviu a proposta de assessoria para empresa na formatação do método no marketing de relacionamento e desvendou as necessidades, e expectativas específicas do tema estudado, por meio da realização de uma pesquisa exploratória na busca de maior conhecimento, inicialmente com um levantamento de dados bibliográficos de conhecimento teórico sobre o assunto. Em um segundo momento foi realizada uma pesquisa qualitativa para saber como percebem os clientes da loja de conveniência. 6 Análise de Resultados Na análise de resultados, foi feito uma entrevista, com o cunho de livre analise, com frequentadores e não frequentadores da loja, e podemos observar que 33% (trinta e três por cento) dos consumidores têm idades de 18 (dezoito) à 24 (vinte e quatro) anos, 23% (vinte e três por cento) idades entre 32 (trinta e dois) à 39 (trinta e nove) anos, 17% ( dezessete por cento) entre 25 (vinte e cinco) à 31 (trinta e um) anos, 13% (treze por cento) entre 40 (quarenta) à 47 (quarenta e sete) anos, e ambas com 7% (sete por cento) as faixas etárias de 48 (quarenta e oito) à 54 (cinquenta e quatro) anos e acima de 55 (cinquenta e cinco) anos. Observa-se predominância do público masculino na clientela pois os homens perfazem 70% (setenta por cento) do total de respondentes enquanto que a clientela representa apenas 30% (trinta por cento). Dos 37% (trinta e sete por cento) dos entrevistados que deixariam ou deixam de comprar na loja de conveniência, constata-se que 73% (setenta e três por cento) deixam de fazer suas compras avaliando o preço da concorrência optando pelo menor valor, empatados com 9% (nove por cento) deixariam de comprar pela qualidade, vairedade e localização. No que se refere à fidelização de clientes Preliminarmente é preciso encontrar os melhores clientes, os que produzam um fluxo constante de recursos financeiros e sejam lucrativos no futuro, clientes cuja fidelidade se possa ganhar e conservar. As empresas baseadas na fidelidade devem lembrar-se de três regras básicas: a) Alguns clientes são intrinsecamente previsíveis e fiéis; b) Alguns são mais rentáveis que outros; c) Alguns acharão que os produtos e serviços da empresa são mais valiosos que os de seus concorrentes. Nenhuma empresa pode satisfazer todas as necessidades de todos os consumidores. Portanto, é preciso concentrar-se em determinados clientes e fazer todo o possível para conservá-lo, elaborar políticas de preços, linhas de produtos e níveis de serviços voltados para o crescimento de sua fidelidade. Ao mesmo tempo, os executivos têm de fazer com que cada funcionário entenda que sua única razão de existir é encontrar um cliente que queira pagar por seus produtos/serviços, que pense que sua empresa é a melhor do mundo, que fique satisfeito com seus produtos e serviços e queira mais. O líder ajuda a obter informações necessárias para saber mais sobre um cliente, mais o importante é que o funcionário conscientize-se que quem impõe as normas de excelência são os consumidores. Satisfação não é sinônimo de fidelidade. Fidelidade significa que estamos dispostos a sacrificar pelo menos por um tempo nossos interesses. Porque o sucesso da relação que se constrói em longo prazo é mais importante que qualquer benefício imediato. A satisfação está estritamente ligada à maneira como o consumidor se sente em determinado momento. Medir satisfação é útil, mas não se deve transformar isso na ferramenta central. Muitas vezes, pessoas que disseram estar satisfeitas com um produto, não voltaram a comprar porque acharam o de outra marca mais valioso. A relação entre a satisfação e a fidelidade do cliente não é proporcional. Suponha que a satisfação do cliente seja avaliada em uma escala de um a cinco. No nível mais baixo de satisfação (nível um), os clientes normalmente abandonam a empresa e estão propensos a falar mal dela. Nos níveis de dois a quatro, os clientes estão apenas satisfeitos e podem mudar facilmente de fornecedor quando surgir uma oferta melhor. No nível cinco, o cliente tem grande probabilidade de repetir a compra e elogiar a empresa. (KOTLER, 2006, p.144) Kotler (2006, p.144) ainda acrescenta que “um Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 256 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 alto nível de satisfação e encantamento cria um vínculo emocional com a marca ou a empresa, não apenas uma preferência racional”. Para empresas centradas no cliente a satisfação de seus clientes é ao mesmo tempo uma meta e uma ferramenta de marketing. Hoje as empresas precisam estar especialmente preocupadas com o nível de satisfação do cliente porque a Internet proporciona uma ferramenta para que os consumidores espalhem reclamações, assim como elogios para o resto do mundo. 6 Conclusão As organizações têm como principal objetivo obter lucros, com seus produtos e serviços prestados, entretanto elas precisam utilizar métodos para que se possa obter lucro. O primeiro e principal é ter muitos clientes, a fim de que eles comprem seus produtos e exponham a marca para a obtenção de mais clientes e assim adquirir uma regularidade financeira da empresa. É muito importante destacar a importância da qualidade no atendimento prestado aos nossos clientes. Uma forma eficaz de analisar os resultados das vendas de uma empresa se dá pelo atendimento oferecido aos clientes, pois este é o fator determinante para aquisição do produto ou serviço prestado. Quando os clientes solicitam um serviço, esperam que os detalhes do relacionamento entre eles e a sua empresa fiquem disponíveis, para qualquer pessoa que estiver prestando o serviço, a fim de serem usados se forem relevantes. Para empresas centradas no cliente a satisfação de seus clientes e ao mesmo tempo uma meta e uma ferramenta de marketing. Finalmente, nenhuma empresa pode satisfazer todas as necessidades de todos os consumidores. Portanto, é preciso concentrar-se em determinados clientes e fazer todo o possível para conservá-lo, elaborar políticas de preços, linhas de produtos e níveis de serviços voltados para o crescimento de sua fidelidade, das várias alternativas, a administração deve selecionar uma combinação de fatores que vão satisfazer os mercados-alvo e atingir os objetivos de marketing e da organização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, L. C. G. de. Teoria geral da administração: aplicação e resultados nas empresas brasileiras. São Paulo: Atlas, 2004. DRUCKER, Peter. 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KANTER (2001, apud Wikipédia, 2009) http://pt.wikipedia.org 257 Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO DE PRODUÇÃO THE HISTORICAL EVOLUTION OF PRODUCTION MANAGEMENT 1 Luciane de Oliveira Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- URI, RS, Brasil, [email protected] 2 Carlos Alberto Meneghetti. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- URI, RS, Brasil, [email protected] 3 Vanessa Hernandes Oliveira de Oliveira .Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- URI, RS, Brasil [email protected] 4 Lucélia Ivonete Juliani Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- URI, RS, Brasil, [email protected] RESUMO O desenvolvimento da gestão de produção se deu no final do Século XVIII, a partir da Revolução Industrial, uma vez que, o homem mudou sua forma de produção devido à situação econômica favorável da época, a qual gerou estímulos ao consumo bem acima do conhecido até então. Por outro lado, os conceitos preconizados pela área de produção estão, intimamente, relacionados aos períodos de aceleração ou estagnação da economia. Neste sentido, este estudo tem por objetivo apresentar uma visão panorâmica e histórica da gestão de produção, bem como, sua evolução e principais aspectos econômicos ao longo do tempo. Além disso, busca-se conceituar e verificar sua inter-relação e importância com as demais áreas da organização na execução dos objetivos empresariais. Nenhum outro setor da administração de empresas tem sofrido tantas mudanças nos últimos tempos quanto à gestão de produção, fatores como a dinâmica da economia mundial, o aumento no tamanho das empresas que pretendiam se integrar à economia internacional, a forte concorrência, as novas tecnologias e o surgimento de novas teorias ensinaram as empresas que elas precisam exercer um notável poder de adaptação e assimilação para manter-se no mercado. Palavras-chave: Produção, desenvolvimento, indústria. ABSTRACT The development of production management happened at the end of the 18th century, starting from the Industrial Revolution. Men have then changed their production method due to the favorable economic situation of the period, which motivated consumption in levels above the known until then. On the other hand, the concepts recommended by the production area are closely related to periods of acceleration or stagnation of the economy. In this sense, this study aims to present an overview and the history of the production management, as well as its development and main economic aspects over time. In addition, it is aimed to conceptualize and verify its inter-relation and importance with other areas of the organization in the implementation of business objectives. No other sector of business administration has undergone so many changes in recent times in respect to production management. Factors such as the dynamics of the global economy, the increase in the size of companies that aimed to join the international economy, the strong competition, new technologies and the emergence of new theories taught companies that they need to exert a remarkable power of adaptation and assimilation to remain on the market. Keywords: Production, development, industry 1- Introdução Entender o desenvolvimento da gestão de produção é como olhar para o passado e entender a evolução da história da humanidade. No final do Século XVIII, a partir da época da Revolução Industrial, o homem mudou completamente sua forma de produção devido à situação econômica favorável da época, gerando estímulos ao consumo bem acima do conhecido até então. Em contraponto, a demanda existente causou, na área de produção,necessidades que vieram alterar radicalmente os relacionamentos e as perspectivas das organizações da época. Neste contexto, percebe-se que o desenvolvimento da gestão de produção está intimamente relacionado aos períodos de aceleração ou estagnação da economia, fazendo com que técnicas e conceitos despontem de acordo com a realidade do momento. É interessante lembrar que muitos modelos de gestão foram sendo adaptados e aperfeiçoados e, inclusive, algumas teorias e práticas são estudadas e utilizadas, de alguma forma, até os dias de hoje. Atualmente, pode-se ressaltar que a gestão de produção é área estratégica nas organizações, tanto no que se relaciona a empresas como no que se caracteriza como serviços, pois dela dependerá grandemente o nível do produto ou serviço ofertado aos clientes. Contudo, é importante considerar que o sistema de gestão de produção evolui como a empresa em sua totalidade e, constantemente. Afirma-se ainda que, grande parte destas mudanças é gerada devido aos avanços tecnológicos, automação de processos, estratégias de fusões e aquisições, Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – PPGGEO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo 258 II Congresso Internacional de Gestão Estratégica e Controladoria de Organizações – II CIGECO 29 e 30 de outubro de 2015 globalização, mudanças nas políticas públicas governamentais, mudança na cultura dos gestores e de seus colaboradores e as constantes inovações que, diariamente, estamos vivenciando. Por fim, este artigo pretende fazer uma reflexão histórica, bem como, relatar por meio de análise a importância da gestão de produção no contexto organizacional. Além disso, buscar-se-á entender os impactos que as transformações econômicas trouxeram para esta área e, diante disso, tecer algumas considerações. 2 Evolução histórica da administração de produção A história da produção evoluiu de acordo com o desenvolvimento da humanidade, por meio da necessidade e da curiosidade humana. Dessa forma, podemos dizer que a produção existe desde quando nossos antepassados poliam pedra em busca de utensílios eficazes para sua manutenção. Esta produção era apenas de subsistência, não existindo comércio de produto, troca ou escambo. A primeira forma organizada de produção aconteceu com os artesões que se uniram para desenvolver e comercializar seus produtos. Devido ao aumento da demanda, as oficinas precisaram contratar ajudantes e estabelecer algumas regras de comercialização, como prazos de entregas, prioridades de produção e fixação de preço para os produtos. À medida que estes auxiliares aprendiam as tarefas, tornavam-se novos artesões e novas oficinas surgiam. Esse sistema era concentrado pelo proprietário da oficina que detinha a matéria-prima e as ferramentas e conhecia todo o processo de produção, além disso, os produtos eram sempre individualizados e fabricados sob encomenda, o que gerava altos custos devido ao baixo volume produzido e ampla variação de qualidade onde as imperfeições grosseiras eram comuns. A decadência da produção artesanal teve início na Inglaterra com a Revolução Industrial, a partir da descoberta da máquina a vapor por James Wattem em 1764, que passa a substituir as pessoas por máquinas. Os artesões que possuíam suas oficinas começam a ser agrupados nas primeiras fábricas. Este processo fez surgir uma nova forma de produção que mudou completamente a face da indústria, com a crescente mecanização das tarefas anteriormente executadas de forma manual. Segundo Martins (2005) Esta verdadeira revolução na maneira como os produtos eram fabricados trouxe consigo algumas exigências, como: padronização dos produtos e seus processos de fabricação, o treinamento e a habilitação da mão de obra, a criação e o desenvolvimento dos quadros gerenciais e de supervisão, o desenvolvimento de técnicas de planejamento e controles financeiros e da produção, e desenvolvimento de técnicas de vendas. Segundo Polanyi (2015), a industrialização causou impactos que vão muito além da utilização de máquinas, representou novas formas de organização social pela lógica de lucro que introduz, fazendo com que as relações sociais passassem a fazer parte da economia, e não o contrário. A industrialização gerou um grande aumento na divisão do trabalho, grandes progressos em produtividade industrial, assim como, o crescimento da classe média e dos padrões de consumo. A Segunda Revolução Industrial, ocorrida de 1860 a 1900, expandiu o grupo de países detentores de tecnologias e produções industriais. Países como Alemanha, França, Rússia e Itália também se industrializam. É uma época que se caracteriza pela descoberta e uso da energia elétrica, aço, além do uso e valorização do petróleo como fonte de energia. Neste período, industrialização do século XIX, os países buscavam por áreas de influência no mundo, onde pudessem vender seus produtos industrializados e obter as matérias-primas necessárias para o sustento de suas indústrias O clima de tensão, contudo, pairou na Europa, e o aumento das hostilidades entre os países que concorriam por regiões de influência acarretou na Primeira Guerra Mundial. Frieden, porém, declara que, o capitalismo global do fim do século XIX e início do XX chegaram perto do ideal clássico. Segundo o autor, todos os elementos que o compunham – imigração, comércio ou investimentos internacionais – gozavam de relativa liberdade e estavam unidos pelo bem estabelecido padrão-ouro. Os donos de firmas, minas, fazendas e plantações em todos os continentes produziam para os mercados globais utilizando a mão de obra e o capital de todo o globo. Nessas condições, a economia mundial cresceu mais rapidamente do que nunca. O padrão de vida aumentava à medida que cada país atingia, ou ultrapassava o nível de desenvolvimento da Grã-Bretanha, a nação-líder em industrialização. Na gestão de produção, surgem nos Estados Unidos, os trabalhos de Frederick Taylor. Taylor foi pioneiro no desenvolvimento de técnicas efetivas visando sistematizar e, com isso, aumentar a produtividade no processo de produção. A partir de seus estudos e análises, Taylor desenvolveu a chamada Administração Científica, que consiste, basicamente, em quebrar as tarefas em subtarefas elementares e trabalhar, excessivamente, para tornar cada uma delas mais eficiente. Essa preocupação se justificava diante da realidade da época que requeriam crescentes quantidades Programa de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Organizações – P