O CUSTEIO BASEADO NAS ACTIVIDADES APLICADO À
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O CUSTEIO BASEADO NAS ACTIVIDADES APLICADO À
O CUSTEIO BASEADO NAS ACTIVIDADES APLICADO À INDUSTRIA ALIMENTAR ESTUDO DE CASO Porfírio Francisco Bentinho Licenciado em contabilidade e controle financeiro Instituto Superior de Contabilidade e administração de Lisboa /IPL [email protected] Área Temática: D) Contabilidad y Control de Gestión Palavras Chave: Modelos de Medição, Avaliação de Desempenho, Balanced Scorecard, Indicadores de Desempenho. 1 RESUMEN Este trabajo se divide en cinco capítulos: la introducción, donde se abarca de manera general el tema; en el segundo capítulo se describen conceptos fundamentales del Costeo Basado en las Actividades; en el tercer capítulo, se describen algunas consideraciones, nuevas ideas planteadas en la comunidad académica, así como formas de aprovechamiento del sistema para otras aplicaciones, designadamente presupuestos; el cuarto capítulo se dedica a la aplicación del sistema de Costeo Basado en las Actividades a una empresa fictícia del sector alimentar; Por último, el quinto capítulo es dedicado a las conclusiones del trabajo 2 Introducción La toma de decisión por parte de la gestión de las organizaciones, debe tener como soporte una buena y correcta información sobre los costes y beneficios incurridos en la operación. Esa información debe de ser fiable y lo más objetiva posible. En el estado actual, los efectos de la globalización y los avances tecnológicos, hacen con que la competencia entre las varias organizaciones se vuelva cada vez más efectiva. En este contexto las organizaciones sienten cada vez mas la necesidad de conocer profundamente y en tiempo, su estructura de costes, sus márgens y sus resultados. Ese conocimiento debe de ser adquirido lo más cerca posible del momento en que ocurrieron los hechos, para que se puedan tomar medidas correctivas, que provoquen el efecto deseado, que será el que puedan mantenerse en el mercado, y siempre más competitivas. En este contexto, se han perfeccionado y desarrollado a lo largo de los tiempos diversas técnicas de gestión que de acuerdo con su evolución se van adaptando a las nuevas realidades de la sociedad para que la continuidad y competencia en el mercado sea asegurada. De esta manera, el Costeo Basado en las Actividades (CBA), o ABC – Activity Based Costing en el lenguaje anglo-saxónico, parece constituir un sistema adecuado para poder obtenerse los costes por los diversos objetos de coste, tanto sea productos, servicios, clientes, zonas geográficas etc., con aplicación de otros indicadores de gestión, que nos puedan complementar y añadir información. Tengo como objetivo de este trabajo analisar las ventajas y señalar las dificultades de la implantación del Costeo Basado en las Actividades, teniendo en consideración, no solamente los conceptos fundamentales del CBA, pero también nuevas perspectivas sugeridas por Robert S. Kaplan acerca de este método. Me parece pertinente referir, que este método tuvo su desarrollo en la década de los 80, por Robert S. Kaplan y Steven R.Anderson, en la Harvard Business School. Es importante resaltar que este método se apoya esencialmente en las nuevas tecnologías, lo que podrá hacerlo más oneroso para las organizaciones. De acuerdo con la regla de “Willie Sutton”, Vokurka y Lummus realizaron un estudio para evaluar cuál es el porcentaje de costes indirectos desde la implantación del CBA, y concluyerón que con costes indirectos alrededor de 15% o más con relación al coste total, parece que el CBA trae benefícios, para niveles inferiores aconsejan un análisis coste beneficio para verificar con más alcance los benefícios de la implantación en esa situación especifica. (Vokurka, 2001:47)1 1 Citado em Gomes (2004: 152) 3 I. Conceitos Fundamentais do CBA 1.1 – Breve introdução Os métodos de apuramento de custos têm sido estruturados, sobretudo na Europa continental, no denominado método das secções homogêneas 2, no qual os custos indirectos de produção3 devem ser imputados aos diversos departamentos ou centros de actividades (secções homogêneas), através dos quais transitam para apurar o custo dos diversos objectos de custo nomeadamente os diversos produtos/serviços. O aumento da oferta de produtos e serviços, a redução dos ciclos de vida, o surgimento de novas tecnologias, assim como a globalização da economia que abriu as portas à competição a nível mundial, tornando cada vez mais efêmera a vantagem competitiva e muito arriscada a aposta no futuro, bem como o facto das estruturas de custos das organizações terem sofrido grandes alterações, passando as mesmas a dar mais importância a tarefas como investigação e desenvolvimento, comercialização e distribuição e outras actividades não produtivas, fez com que o método das secções homogéneas possa ter perdido alguma relevância, pois este baseia-se na premissa de que a actividade desenvolvida seja repetitiva e relacionada com a produção. Com a alteração das condições de funcionamento do “mercado”, que de alguma forma alterou o paradigma em que as organizações se movimentam, surge o CBA que vem dar um novo folego à questão do apuramento do custo introduzindo o conceito de “actividade” que se verifica melhor se enquadrar às novas estruturas das organizações 4. 1.2 – A técnica do CBA A técnica do sistema de custeio CBA foca-se em primeiro lugar nas actividades e só depois nos produtos ou serviços e outros objectos de custo. O princípio básico do sistema CBA é identificar as actividades numa organização, calcular o custo de cada uma das actividades, e alocar esses custos aos objectos de custeio definidos (fig 1), sejam eles produtos serviços ou outros. Para que todo o modelo funcione é necessário após a identificação das actividades (que podem ser pormenorizadas até às tarefas elementares, sendo a própria actividade já de si o somatória das diversas tarefas) que se encontrem os drivers de custo ou seja a unidade que nos permita relacionar os custos por natureza (eventualmente já alterados na contabilidade 2 Na “escola do Porto” conhecido por método “Baganha” Já que os custos directos de produção devem ser imputados directamente aos produtos/serviços 4 Não obstante o método das secções homogeneas ter “ferramentas” que permitem a sua adequação às novas realidades, nomeadamente ao conceito de actividade, atravéz das denominadas “secções fictícias” que lhe permite a estruturação de secções não existente na hierarquia da organização. 3 4 de gestão5) com as tarefas/actividades bem como necessita de se encontrar os drivers de actividade ou seja a unidade que nos permita relacionar o custo das actividades com os objectos de custo. De notar ainda no processo de apuramento do custo das actividades que se relacionam com os objectos de custo (actividades principais) há que atender ainda ao facto de existirem actividades secundárias (actividades de apoio) que tem de ver primeiramente o seu custo apurado e imputado (através dos respectivos drivers) para as actividades principais antes destas imputarem os seus custos aos objectos de custo6. Recursos Objecto de Custo Actividade Drivers de Custos Processo de imputação de recursos ás Actividades Drivers de Actividades Actividades: Processo 1:Natureza x B C Actividades: A B C Objectos de custeio:Produtos, Serviços,Clientes… Custos por natureza Processo 2:Natureza y Fonte: Produção própria por adaptação de diversos esquemas consultados Figura 1 – Esquema Básico do CBA 1.3 – Implementação do CBA Qualquer processo de implementação, dentro de uma organização, é algo que normalmente tem resistências internas, pois depende basicamente de mudanças de atitudes e comportamento das pessoas. O sucesso de uma implementação está fortemente associado à crença de que a mudança será eficaz para a organização, de modo a torná-la mais flexível e competitiva num mercado cada vez mais globalizado. Antes de optar pela implementação, a organização deve fazer uma análise criteriosa das suas necessidades. Uma vez convencida das vantagens e benefícios, a organização deverá encará-la como um investimento e desenhar uma estratégia adequada de implementação, disponibilizando todos os recursos necessários ao seu sucesso. Uma implementação bem sucedida, exige a combinação de capacidades técnicas, financeiras e comportamentais, com os recursos financeiros e tecnológicos necessários. Esse raciocínio deve ser seguido 5 Por exemplo o custo com pessoal tem de ser reorganizado antes de ser imputado às tarefas, nomeadamente tem de permitir o cálculo do custo hora necessitando para isso de se proceder ao apuramento do custo total (salário base+férias+sub férias+sub. Natal+encargos+custos indirectos com trabalhadores+ etc.) 6 Todo este processo é complexo pela eventual existência de actividades relacionáveis entre si o que pode exigir a utilização de técnicas matemáticas para o apuramento do custo das actividades nomeadamente aquando da existência de prestações recíprocas entre actividades) 5 na implementação do custeio CBA e, independentemente do modelo adoptado, deve estar de acordo com as necessidades da organização. Para se desenvolver um sistema de custeio CBA coerente com as necessidades da organização, devem ser seguidas as seguintes etapas (Pamplona:1997:30): • Convencer a organização para o processo de mudança; • Definir os objectivos do projecto; • Definir o projecto, e quais as suas implicações na organização; • Definir uma equipa para o projecto; • Realizar experiências; • Recolher informações; • Fazer estudos para tentar obter feedback acerca da implementação do CBA. Com o objectivo de suprir a necessidade de informações precisas sobre o custo dos produtos e/ou serviços prestados, esse sistema passa a ser de grande valia para as tomadas de decisões da gestão, e para o processo de melhoria da organização. O sistema CBA faz com que os gestores utilizem os recursos organizacionais, cada vez mais limitados, de maneira mais eficiente e racional. O CBA – Custeio Baseado nas Actividades é útil aos gestores, pois permite que seja a fonte de informação privilegiada para a tomada de decisão assim como para a elaboração de relatórios. Pelas suas próprias características, o CBA tem como fortes candidatas à sua implementação as organizações que utilizam grande quantidade de custos indirectos no seu processo produtivo e que tenham significativa diversificação em produtos, processos de produção e ou serviços, e clientes. Inicialmente, desenvolvido para as empresas industriais para melhorar a gestão dos custos, o sistema de custeio CBA também está a ser aplicado com o mesmo sucesso nas empresas de serviços. II – Algumas considerações acerca do modelo CBA 2.1 – A questão dos tempos não produtivos Actualmente é possível identificar alguns erros que são cometidos, quando se aplica o modelo”tradicional” do CBA. Segundo Robert S.Kaplan e Steven R.Anderson, num artigo intitulado “Time-Driven Activity Based Costing”, publicado na revista “Harvard Business Review”, em Novembro de 2004, muitas organizações abandonam o sistema de custeio baseado nas actividades, porque ele não consegue abranger a complexidade das suas operações, leva bastante tempo a implementar e é muito dispendiosa a sua construção e manutenção. Este tipo de modelo funciona bem, quando é aplicado a um único departamento, divisão ou secção, pois permite imputar os custos das actividades a esse departamento, divisão ou 6 secção. No entanto quando se pretende implementar o CBA, numa organização com uma grande dimensão, o tempo e o custo dispendidos para manter o modelo CBA, são muito elevados. Em muitas situações, passa-se mais tempo a definir as taxas de imputação dos custos, do que a tentar eliminar os processos ineficientes, e as actividades que não geram valor. De facto a determinação das taxas de imputação de custos, é um processo moroso que deve ter em atenção todas as componentes que poderão afectar os custos das actividades. O modelo tradicional do CBA, tem também dificuldades em identificar a complexidade dos processos internos existentes no interior das organizações, o que condiciona a qualidade da informação fornecida por este método. À medida que as organizações desenvolvem os seus processos internos, devem ser adicionadas novas actividades ao modelo CBA, o que irá aumentar a sua complexidade. Com o desenvolvimento e aperfeiçoamento das actividades económicas, o CBA não tem capacidade para determinar os custos referentes ás diversas actividades. Estes problemas são óbvios para a grande maioria daqueles que implementam o sistema de custeio CBA. Contudo, existe ainda um problema mais grave para resolver neste modelo, pois quando se estima o tempo dispendido para realizar um conjunto de actividades, estes tempos são calculados através de percentagens, e poucos indivíduos identificam a percentagem de tempo que não é utilizada na realização dessas actividades. Assim, as taxas de imputação dos custos são calculadas com base no pressuposto de que a totalidade dos recursos e das suas capacidades está a ser utilizada. Isto implica que as taxas de imputação dos custos são geralmente muito elevadas. Tecnicamente deveria ser considerada uma percentagem de utilização dos recursos. O quadro 12, e tomando como exemplo o Departamento de Clientes de uma Organização, mostra-nos, de acordo com a forma tradicional do CBA, o calculo do custo a atribuir a cada actividade. A percentagem de tempo dispendida em cada actividade é determinada por consulta aos funcionários. Quando as quantidades são conhecidas ou calculadas, as taxas de rateio são usadas para alocar os custos do Departamento. Quadro 12 – CBA cálculo “cost drivers” Actividades Processar encomendas clientes Atender clientes Análise controlo credito Total % tempo dispendido Custos 70% 392.000,00 € 10% 56.000,00 € 20% 112.000,00 € 100% 560.000,00 € Actividade Quant. Taxa rateio custo 49.000 8 € por encomenda 1.400 40 € por acto 2.500 44,80 € por análise 7 Ao analisar as relações com os clientes, e as possibilidades de melhoria dos processos existentes, o CBA torna-se numa importante ferramenta de gestão. A solução para tornar o CBA mais eficaz, é através da aplicação de taxas que reflictam a capacidade utilizada, e a capacidade ociosa (não utilizada). Através destas taxas, as organizações podem melhor determinar os recursos que são necessários para a realização de determinadas tarefas. Esta análise, permite que os gestores direccionem as suas atenções, não para verificar como os empregados gastam o seu tempo, mas para estimar as capacidades necessárias e quais os recursos necessários para a realização de determinadas actividades. No que se refere às capacidades podemos identificar inicialmente e 2 tipos de capacidades: capacidade teórica; e capacidade prática. Existem muitas formas de estimar a capacidade pratica, mas pode-se simplesmente considerar que a capacidade prática é uma percentagem sobra a capacidade teórica. Pode também ser feita uma abordagem mais sistematizada, através da revisão dos níveis de actividade dos meses anteriores, o que permite identificar os meses em que existiram mais atrasos, mais tensão sobre os colaboradores, e em que a qualidade dos produtos e serviços foi menor. No exemplo que irei colocar de seguida irei considerar que a capacidade teórica é de 40 horas para os trabalhadores e maquinas e que a capacidade prática para os trabalhadores é de 80%7 (logo apenas 32 horas irão ser utilizadas considerando-se que os restantes 20 % são utilizados para intervalos, tempos de arranque, comunicações, etc.). e para equipamentos e máquinas considera-se 85 %, sendo o restante para manutenção, reparações, e tempos em que as máquinas não estão a funcionar. Com um CBA, que permita identificar qual a capacidade real utilizada nas actividades, é possível definir metas para diminuir a capacidade não utilizada. Nesta nova abordagem o tempo total dispendido deve ser calculado não em função do que os diversos colaboradores dizem ter utilizado mas sim em função do que deveria ter sido utilizado utilizando rácios padrão para as diversas actividades. No nosso exemplo utilizamos a unidade de tempo minuto. Estes indicadores podem ser obtidos através da observação directa, ou através de entrevistas aos colaboradores. Se assumirmos neste exemplo que o rácio padrão para as diversas actividades (tempo dispendido em minutos) é o que consta no quadro 138, e considerando que o custo (padrão) minuto é de 0,8€/minuto9 obtemos um custo a imputar às actividades de 462.880,00€. 7 Exemplo retirado do artigo “ Time-Driven Activity Based Costing”, publicado na revista “ Harvard Business Review” Novembro 2004 de Robert S. Kaplan e Steven R. Anderson 8 8, 44 e 50 minutos respectivamente para as actividades: processar encomendas clientes; Atender clientes; e Análise e controlo de crédito 9 560.000,00€/700.000 Horas (capacidade prática) 8 Quadro 13 – Custo das actividades utilizando a capacidade prática (time-driver) Actividades Tempo Dispendido (min) Processar encomendas clientes Atender clientes Análise controlo credito Total Quantidade 8 44 50 49.000 1.400 2.500 Total minutos 392.000 61.600 125.000 578.600 Total Custo 313.600,00 49.280,00 100.000,00 462.880,00 € € € € Nesta apresentação que leva em linha de conta Em muitos casos verifica-se que a produtividade dos trabalhadores é inferior ao esperado, pois estes ocupam o seu tempo produtivo em tarefas desnecessárias. O CBA permite aos gestores a análise dos seus custos, o seu impacto nos custos das actividades e o tempo gasto nelas. A actualização do modelo CBA pode ser feita a qualquer momento, o que origina melhorias não só a nível estratégico, mas também a nível operacional. 9 10 III – Aplicação prática 3.1 – A organização a estudar Para o caso prático, consideremos uma organização fictícia, a que irei chamar ISCAlimentar, SA. A mesma, tem como actividade principal, a produção e entrega no domicílio do cliente de refeições cozinhadas, insere-se no CAE 55 520 – Fornecimento de refeições ao domicílio. A estrutura proposta para esta organização é a seguinte: Administração Direcção Financeira Direcção de Operações Direcção de Produção Apoio a Clientes Cozinha Quente Cozinha Fria Pastelaria Armazém MatériaPrima Figura 5 – Organograma da ISCAlimentar, SA 1. Os serviços administrativos incluem o departamento de compras, facturação a clientes, contabilidade e secretariado. 2. Operações gerem toda a parte operacional de entrega das refeições nos clientes, garantindo, o transporte nas condições exigidas, cumprimento escrupuloso de horários, definição de itinerários. 3. A produção tem a sua responsabilidade a confecção de três tipos de refeições, refeições quentes, frias, e sobremesas. Tem também sob a sua responsabilidade o armazém de matérias-primas. 4. O serviço a clientes mantêm um contacto muito próximo com os clientes registando as suas reclamações, procede a análises microbiológicas das refeições garantindo a sua qualidade, e procura novas oportunidades no mercado. 3.2 – Dados da Organização a estudar A demonstração de resultados da ISCAlimentar, SA., no final do período a analisar é a seguinte: 11 Quadro 15 – Demonstração Resultados da ISCAlimentar, SA DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADOS RUBRICAS 1. Vendas 1.1. Produtos 1.2. Mercadorias 2. Prestação de Serviços 7. TOTAL dos Proveitos de Exploração (1+2+3+4+5+6) 8. Custo das Mercadorias 9. Custo das Mat. Primas e Subsidiárias Consumidas 10. Fornecimentos e Serviços Externos 10.1. Agua 10.2. Aluguer instalações 10.3. Electricidade 10.4. Combustíveis 10.5. Comissões e Royalties 10.6. Outros Fornec. Serviços Externos 11. Custos com Pessoal 12. Amortizações do Exercício 14. Impostos 14.1. Directos 14.2. Indirectos 17. TOTAL dos Custos de Exploração (8+...+16) 18. RESULTADOS DE EXPLORAÇÃO (7-17) 19. Proveitos e Ganhos Extraordinários 20. Custos e Perdas Extraordinárias 21. Resultados Antes da Função Financeira (18+1920) 22. Proveitos e Ganhos Financeiros 23. Custos e Perdas Financeiras 23.1. Juros Suportados 23.2. Outros 24. Resultados Antes de Impostos (21+22-23) 25. Impostos Sobre o Rendimento do Exercício 26 RESULTADOS LÍQUIDOS (24-25) Ano n Valores em M€ 9.000 0 950 9.950 0 2.700 3.500 500 1.200 1.000 500 250 50 2.500 500 10 0 10 9.210 740 0 0 740 0 0 0 0 740 185 555 3.3 – Definição do modelo Procedeu-se de seguida à definição do modelo conceptual, a saber: • • • • • • Recursos Centros de custo Actividades Objectos de custeio Drivers de recursos Drivers de actividade O objectivo deste trabalho será o de conhecer os custos das actividades, produtos/serviços e clientes da ISCAlimentar, SA. Foram identificados os recursos existentes, aos quais corresponde o respectivo centro de custo: 12 • • • • • • • Administração Direcção Financeira Direcção de Operações Direcção de Produção Apoio Clientes Equipamentos Linha de Produção Em seguida foram identificadas as actividades que consomem estes recursos: • Actividades orientadas para o cliente o Acompanhar cliente o Acompanhar mercado o Assegurar a relação com cliente o Facturar e cobrar produtos e serviços • Actividades orientadas para as operações o Gerir as operações o Assegurar a gestão do transporte • Actividades orientadas para a produção o Assegurar o aprovisionamento de matéria-prima o Produzir e preparar produtos o Assegurar a verificação final • Actividades de suporte 3.4 – Informação gestão No quadro 16 podemos constatar como foram obtidos os proveitos. Foram produzidas três milhões de refeições, repartidas por pratos quentes, frios e sobremesas. A prestação de serviços refere-se ao transporte das refeições para os clientes, serviço que é debitado a 86,76 € cada. Esta análise é feita com recurso á quantidade efectivamente produzida, e não a capacidade instalada. Assim irei recorrer-me de cost driver para imputar os recursos e não do time driver. 13 Quadro 16 – Mapa de vendas da ISCAlimentar, SA Vendas: Quantidade Refeições: -Pratos Quentes -Pratos Frios -Sobremesas P.Unitario Medio Valor 3.000.000 9.000.000 € 3,00 € 1.000.000 1.000.000 1.000.000 4.000.000 3.000.000 2.000.000 4,00 € 3,00 € 2,00 € 10.950 950.000 € 86,76 € Prestação Serviços NºClientes Tipo cliente: -Cantinas -Grandes superfícies -Hospitais 30 15 2.900.000 € 5 4.500.000 € 10 2.550.000 € Dias por ano 365 NºRefeições dia: 8.220 -Pratos Quentes -Pratos Frios -Sobremesas 2.740 2.740 2.740 Assim por exemplo a electricidade e o aluguer das instalações tiveram por base os m2 ocupados, os royalties foram imputados à actividade “assegurar relação com cliente”, pois os mesmos são atribuídos em função da obtenção de novos clientes. As amortizações foram distribuídas tendo em consideração o local e utilização dos bens. Os custos com pessoal, tendo em conta a informação obtida na sua participação relativa em cada uma das actividades. Quadro 17 – Mapa de “cost drivers” Actividades Acompanhar cliente Acompanhar mercado Assegurar relação com cliente Facturar e cobrar produtos e serviços Gerir as operações Assegurar a gestão do transporte Assegurar o aprovisionamento de matéria-prima Produzir e preparar produtos Assegurar a verificação final Actividades de suporte Custo das Mat. Primas 100% 100% Agua 1% 2% 2% 5% 2% 3% 5% 70% 5% 5% 100% Aluguer instalações 1% 1% 4% 10% 4% 4% 15% 50% 8% 3% 100% Electricidade e Combustíveis 1% 1% 4% 10% 4% 4% 15% 50% 8% 3% 100% Comissões e Royalties 100% 100% Outros Fornec. Serviços 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 100% Custos Amortizações Impostos com do Exercício Indirectos Pessoal 2% 1% 3% 1% 5% 1% 5% 1% 2% 2% 12% 24% 100% 15% 8% 40% 60% 10% 1% 6% 1% 100% 100% 100% Os valores de cada actividade obtém-se multiplicando o “cost driver” obtido pelo valor absoluto da natureza do custo, conforme se pode ver no quadro 18. 14 Quadro 18 – Mapa “Custo das Actividades” Actividades Custo das Mat. Primas Acompanhar cliente Acompanhar mercado Assegurar relação com cliente Facturar e cobrar produtos e serviços Gerir as operações Assegurar a gestão do transporte Assegurar o aprovisionamento de matéria-prima Produzir e preparar produtos Assegurar a verificação final Actividades de suporte 2.700 2.700 Agua 5 10 10 25 10 15 25 350 25 25 500 Aluguer instalações 12 12 48 120 48 48 180 600 96 36 1.200 Electricidade e Combustíveis Comissões e Royalties 15 15 60 150 60 60 225 750 120 45 1.500 250 250 Outros Fornec. Serviços Externos 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 50 Custos com Pessoal 50 75 125 125 50 300 375 1.000 250 150 2.500 Amortizações Impostos do Exercício Indirectos 5 5 5 5 10 120 40 300 5 5 500 10 10 Total 92 122 503 430 183 558 850 5.705 501 266 9.210 3.5 – Custeio dos objectos Com base nos dados obtidos até este momento, estamos em condições de avançar para o custeio dos objectos de custo propostos. Devido a quantidade de bens produzidos (3 milhões), não me parece que traga algum benefício tratar do custeio de cada um deles individualmente. Parece-me mais útil e também mais prático custear os clientes por tipo de cliente. Esta organização tem três tipos de clientes com características completamente diferentes. A forma como uma organização trata os ponderadores dos “drivers de actividade” é muito importante, senão vejamos: o O tempo dispendido tanto na produção como no acompanhamento do cliente “Grande superfície”, é sempre muito maior do que o dispendido nos outros. O mercado e a concorrência assim o determinam. o O tipo de clientes “Hospitais”, obriga a outro tipo de cuidado, onde o controlo de qualidade deverá ser mais acompanhado, se calhar com relatórios mais exigentes, e diferentes. o As cantinas sem que se com isso se considerem menos importante, mas será aquela com menor ocupação de tempo. Basta verificar a forma de condicionamento, em cuvetes contendo uma quantidade grande de refeições, em quanto nos hospitais terão de ser preparados tabuleiros individuais, e nas grandes superfícies a apresentação e o embalamento individual pesará bastante no custo final. Com base nas considerações feitas estruturou-se os geradores de custo das actividades conforme se pode observar no quadro 19. 15 Quadro 19 – Geradores de custo utilizados Actividades Geradores de Custo Acompanhar cliente Acompanhar mercado Assegurar relação com cliente Facturar e cobrar produtos e serviços Gerir as operações Assegurar a gestão do transporte Assegurar o aprovisionamento de matéria-prima Produzir e preparar produtos Assegurar a verificação final Actividades de suporte Horas de contacto Horas dispendidas Horas de contacto Horas dispendidas Nºrefeiçoes transportados Nºrefeiçoes transportados Nºrefeiçoes produzidas Nºrefeiçoes produzidas Nºrefeiçoes produzidas Repartição igual por tipo cliente A imputação aos objectos de custo, do custo das actividades é o que consta no quadro 19, custos esses obtidos por aplicação dos geradores de custo ao volume de “trabalho” de cada actividade. Quadro 20 – Mapa imputação objectos de custeio Driver de imputação Actividades Acompanhar cliente Acompanhar mercado Assegurar relação com cliente Facturar e cobrar produtos e serviços Gerir as operações Assegurar a gestão do transporte Assegurar o aprovisionamento de matéria-prima Produzir e preparar produtos Assegurar a verificação final Actividades de suporte Cantinas 15% 5% 15% 7% 12% 20% 20% 25% 25% 33% Grandes superfícies 50% 70% 60% 80% 53% 40% 50% 50% 50% 34% Em valores Hospitais Cantinas 35% 25% 25% 13% 35% 40% 30% 25% 25% 33% 14 6 75 30 22 112 170 1.426 125 88 2.068 Grandes superfícies Hospitais 46 85 302 344 97 223 425 2.853 251 90 4.716 32 31 126 56 64 223 255 1.426 125 88 2.426 3.6 – Resultados Após o cálculo dos custos por tipologia de cliente podemos analisar os resultados juntando os proveitos respectivos conforme se pode observar no quadro 20. Quadro 20 – Mapa de resultados por tipologia de clientes Clientes Cantinas Grandes superfícies Hospitais Vendas 2.900.000,00 € 4.500.000,00 € 2.550.000,00 € 9.950.000,00 € Custos 2.052.690,00 € 4.682.630,00 € 2.474.680,00 € 9.210.000,00 € Resultado 847.310,00 € 182.630,00 € 75.320,00 € 740.000,00 € De posse de todos os dados, podemos dar início a uma série de análises cujo objectivo seja optimizar os recursos disponiveis, analisar os resultados, verificar o nível de custos nas 16 diversas actividades, preparar ou analisar desvios caso a orçamentação por actividades esteja implementada. A demonstração de resultados por natureza (quadro 21) pode dar uma imagem da rendibilidade por tipologia de clientes neste caso, ou trabalhando os dados disponiveis, partir para uma análise como a descrita no ponto 2.8, desagregando todos os custos apurados pelo CBA em fixos e variaveis, podendo desta forma calcular a margem de contribuição de cada um dos grupos de clientes definidos no exemplo. Ficariamos assim na posse de informação importante, ao ponto de podermos decidir caso isso acontecesse, quais os clientes ou cliente que pelo facto de os seus resultados não chegarem a cobrir custos fixos, os mesmos deixariam de ter interesse para a organização. Este exemplo, foi elaborado com base na técnica do “cost driver”, não se detectando pontos de inactividade. Todos os custos foram imputados numa primeira fase a uma actividade, prinicipal ou secundária, de acordo com o princípio de que não houve tempos de inactividade. De acordo com a nova proposta de Robert S. Kaplan e Steven R. Anderson “Time-Driven Activity Based Costing”, os resultados aqui apresentados no exemplo, seriam concerteza muito diferentes, mas provavelmente mais próximos da realidade. Nessa situação e na hipótese de se verificarem tempos de inactividade elevados, poderia ou deveria ser colocada pelos gestores a questão acerca do que fazer com esses custos, que representam recursos não utilizados. Quadro 21 – Demonstração de Resultados por tipologia de Clientes DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADOS RUBRICAS 1. Vendas 1.1. Produtos 1.2. Mercadorias 2. Prestação de Serviços 7. TOTAL dos Proveitos de Exploração (1+2+3+4+5+6) 8. Custo das Mercadorias 9. Custo das Mat. Primas e Subsidiárias Consumidas 10. Fornecimentos e Serviços Externos 10.1. Agua 10.2. Aluguer instalações 10.3. Electricidade 10.4. Combustíveis 10.5. Comissões e Royalties 10.6. Outros Fornec. Serviços Externos 11. Custos com Pessoal 12. Amortizações do Exercício 14. Impostos 14.1. Directos 14.2. Indirectos Cantinas Grandes Hospitais superfícies 2.425.000 0 475.000 4.341.667 0 158.333 2.233.333 0 316.667 2.900.000 0 4.500.000 0 2.550.000 0 675.000 720.740 115.700 255.240 212.700 90.750 37.500 8.850 541.750 113.200 2.000 0 2.000 1.350.000 1.825.630 255.300 634.080 528.400 231.000 150.000 26.850 1.262.500 240.500 4.000 0 4.000 675.000 953.630 129.000 310.680 258.900 178.250 62.500 14.300 695.750 146.300 4.000 0 4.000 17 17. TOTAL dos Custos de Exploração (8+...+16) 18. RESULTADOS DE EXPLORAÇÃO (7-17) 19. Proveitos e Ganhos Extraordinários 20. Custos e Perdas Extraordinárias 21. Resultados Antes da Função Financeira (18+19-20) 22. Proveitos e Ganhos Financeiros 23. Custos e Perdas Financeiras 23.1. Juros Suportados 23.2. Outros 24. Resultados Antes de Impostos (21+22-23) 25. Impostos Sobre o Rendimento do Exercício 26 RESULTADOS LÍQUIDOS (24-25) 2.052.690 847.310 0 0 4.682.630 -182.630 0 0 2.474.680 75.320 0 0 847.310 0 0 0 0 847.310 211.828 635.483 -182.630 0 0 0 0 -182.630 -45.658 -136.973 75.320 0 0 0 0 75.320 18.830 56.490 V – Conclusão O aumento dos custos indirectos nas organizações, tem sido uma realidade dos últimos tempos, como consequência dos efeitos da globalização, concorrência, aumento de custos em I&D, etc. Do trabalho efectuado, com base no CBA – Custeio Baseado nas Actividades cujo um método se baseia no custeio das actividades para efectuar a distribuição de custos indirectos, sendo por isso alternativa aquilo que por muitos autores é definido como sistemas tradicionais (custeio por absorção e custeio variável). De realçar a importância que têm as definições á priori daquilo que se quer custear (objectos de custo), e dos “cost drivers”. Dos exemplos incluídos neste trabalho, podemos verificar que os resultados apurados num e noutro sistema são muito diferentes. O sistema CBA, permite ao gestor reflectir sobre as actividades existentes na organização, podendo eliminar aquelas que não acrescentam valor ao produto/cliente, permitindo melhorar a sua competitividade no mercado. È um sistema de custeio que obriga a um cuidado muito apurado na obtenção dos drivers ou direcionadores de custos, pois são esses quanto a mim, os elementos mais importantes, na obtenção dos resultados finais, e que um pequeno erro ou uma má informação pode distorcer completamente os resultados obtidos. O envolvimento de toda a organização é necessário e imprescindível. Da literatura consultada e da experiência adquirida, verifico que é um sistema que pode sacrificar muitos recursos, como pode ser comprovado na leitura do artigo publicado na revista de Novembro 2004 da “Harvard Business Review” da autoria de “Robert S.Kaplan e Steven R.Andersen”10, em que os autores propõe alterações ao sistema actual. 10 “… muitas organizações abandonaram o CBA, porque o mesmo não traduzia a complexidade das suas operações, levava muito tempo a implementar, e era muito dispendiosa a sua implementação e manutenção…” 18 Referências Bibliográficas • AECA – El Sistema de Costes basado en las Actividades, Nº.18 – ISBN 84-8995910-2, Depósito Legal M.44309-1998; • AECA – Los Costes Conjuntos Y Comunes en la Empresa, Nº8 – ISBN 84-86414-539, Depósito Legal M.25087-1993; • Amaral, Catarina Xavier – Contabilidade de Gestão-Tecnicas de Custeio,Gestão Empresarial, e Orçamentação Baseada na Actividade , Gestão e Desenvolvimento,11 (2002: 83-115) • Cooper, R.; Kaplan, Robert S.; “Measure cost Right: Make the Right Decisions”; Harvard Business Review; Sep. - Oct. 1988; pp. 96-103. • Copeland, Tom; Koller, Tim and Murrin, Jack (2000), Valuation, Measuring and Managing the Value of Campanies, Third Edition, MCKinsey & Company, Inc., John Wiley & Sons, Inc., USA; • Cunha, Carlos A. 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