Intoxicação por aceturato de diminazeno em cães
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Intoxicação por aceturato de diminazeno em cães
Intoxicação por aceturato de diminazeno em cães: O que é preciso saber? Toxicity of diminazene aceturate to dogs: what do you need to know? MARTINS, Danieli Brolo¹; SAMPAIO, Amanda Bisso²; ROSSATO, Cristina Krauspenha³; SILVA, Aline Alves da4; KRAMMES, Ricardo5 1 Docente, Setor de Clínica e Cirurgia, Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, GO. Email: [email protected] 2 Médica veterinária autônoma 3 Docente, Centro de Ciências da Saúde, Universidade de Cruz Alta (Unicruz), Cruz Alta, RS. 4 Docente, Centro de Ciências da Saúde, Unicruz, Cruz Alta, RS. 5 Aluno do curso de Medicina Veterinária, Unicruz, Cruz Alta, RS. Resumo As intoxicações medicamentosas são muito comuns na rotina das Clínicas Veterinárias. A causa mais frequente é a administração de medicamentos de forma errônea sem respeitar a posologia e a fisiologia animal. O aceturado de diminazeno é uma droga comumente utilizada em animais e, devido ao seu baixo índice terapêutico, apresenta um alto potencial para intoxicações, principalmente em pequenos animais. Trata-se de um derivado diamidínico com efeito babesicida e tripanosomicida, onde efeitos adversos a sua administração incluem dor no local da aplicação, hepatotoxicidade e, em casos mais graves, até morte do animal devido à lesões neurológicas. Desta forma, este trabalho tem como objetivo revisar aspectos importantes sobre a intoxicação pelo aceturato de diminazeno em caninos. O reconhecimento precoce e a terapêutica adequada podem ser decisivos para salvar a vida do paciente. Palavras-chave: Toxicologia. Diaminas. Canino. Dose. Efeitos colaterais. Abstract Drug intoxication are very common in the routine of Veterinary Clinics. The most frequent cause is the administration of medications erratically without complying with the dosage and animal physiology. The aceturado of diminazene is a drug commonly used in animals and, because of its low therapeutic index, has a high potential for poisoning, particularly in small animals. It is a derivative diamidínico babesicida and trypanocidal where its administration adverse effects include pain at the injection site, hepatotoxicity and, in severe cases, even death of the animal due to neurological damage effect. Thus, this paper aims to review important aspects of intoxication aceturato of diminazene in dogs. Early recognition and appropriate treatment can be crucial to save the patient's life. Key words: Toxicology. Diamines. Canine. Dose. Side effects. Introdução Correspondência para: Danieli Brolo Martins E-mail: [email protected] Setor de Clínica e Cirurgia, Hospital Veterinário, Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás (UFG), Rod. Goiânia - Nova Veneza (GO 462), Km 0, Campus Samambaia, CEP 74001-970 Goiânia - GO. Uma das principais causas de intoxicação nos animais domésticos pode ser inadequado considerada de o substâncias uso no ambiente em que vivem. Muitas vezes, essas substâncias são administradas ou utilizadas sem Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 orientação profissional ou acompanhamento qualificado. de Portanto, a Rio Grande do Sul (RS) (Loretti, 2012; Flores et al., 2014). desinformação da população quanto ao Flores et al (2004), relata que, embora uso de determinados fármacos pode a intoxicação por aceturato de diminazeno aumentar o risco de intoxicações nos tenha sido descrita em cães desde a animais (Kennel et al., 1996). década de 1970, existem apenas cinco Xavier et al. (2002) atribui o aumento do risco ao uso internacional, a saber: 1) um resumo em medicamentos em anais de congresso (Boyt et al. 1968), 2) animais, sem respeitar as individualidades um relato curto de alguns casos (Losos & de cada espécies e principalmente as Crockett 1969), 3) um trabalho científico diferenças das experimental (Naudé et al. 1970), 4) um substâncias. Esse fato está relacionado, na relato de um caso (van Heerden 1981) e 5) maioria das vezes, a desinformações dos uma proprietários submetido inadequado de intoxicações citações sobre essa toxicose na literatura dos de metabolização que não procuram a descrição acerca ao de um seminário caso semanal orientação de um médico veterinário e (Wednesday Slide Conference) da AFIP realizam, assim como a automedicação, a (Armed Forces Institute of Pathology) em administração arbitrária de medicamentos 2000 (AFIP 2000). No Brasil foram aos animais. Em um estudo realizado por descritos casos na forma de resumos em Medeiros et al. (2009), onde foram anais avaliados Pescador et al. 2003, Ferreira et al. 2007, diferentes relatos de intoxicação, os casos de intoxicação medicamentosa corresponderam ao maior percentual dos relatos analisados. de 2002, Masuda et al. 2009). No RS, o aceturato de diminazeno vem "doença do carrapato dos cães" principalmente nas agropecuárias. Nesses uma estabelecimentos, os clientes têm livre é diamidina produto um (Loretti 4,4'- diamidinodiazoaminobenzeno), aromática, congressos sendo recomendado para o tratamento da O aceturato de diminazeno (diaceturato tetraidrato de acesso à compra protozoocida. hemocitozoários dos guarda, caça, trabalho no meio rural ou animais domésticos (Mammam, 1993). companhia são acometidos pela "peste de Casos de intoxicação por aceturato de sangue" ou "nambiuvú" (Rangelia vitalli), diminazeno em cães, usualmente fatais, esses têm sido descritos, inclusive no estado do medicamento anti-protozoário aplicando-o protozoários proprietários seus droga comumente utilizado no controle dos e Quando dessa lançam cães mão de do Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 a sua maneira nesses animais que estão no cão. Por isso, o conhecimento do doentes, tristes, fracos, febris, sem apetite potencial tóxico da droga, bem como, da e sangrando profusamente pelas orelhas sintomatologia (Loretti; Barros, 2004). terapêutica clínica aplicada e a possível ela é de O aceturato de diminazeno é uma fundamental importância para o clínico substância de baixo índice terapêutico, ou veterinário, afim de que esse possa seja, desse intervir de forma precoce e correta frente medicamento é próxima da dose que ao cão intoxicado por aceturato de intoxica. Ela pode ter efeito neurotóxico diminazeno. a dose terapêutica muitas vezes fatal em caninos (Gehring; Naidoo, 2002; Naudé et al., 1970). Os Epidemiologia fabricantes indicam uma dose única de 3,5 No Brasil, Xavier et al. (2002) cães foram mg/kg para equinos, bovinos, ovinos e observaram caninos, ocorrendo desaparecimento dos responsáveis por 81,2% e os gatos por sinais clínicos em 24 horas (Brander et al., 18,8% 1991). analisados. A dose tóxica varia entre que dos os casos de intoxicação indivíduos e doses únicas de 4,2 mg/kg já Os animais jovens por possuírem um foram relatadas como causadoras de sinais metabolismo imaturo e uma eliminação clínicos de toxicidade pela droga no deficiente e os idosos devido a reações mesencéfalo (Mamman; Peregrine, 1994; metabólicas prejudicadas Ribbing; Jonsson, 2004). De acordo com potencialmente mais Brandão e Hagiwara (2002) para evitar intoxicações medicamentosas (Volmer; efeitos Meerdink, 2002). Susceptibilidade racial, colinérgicos recomenda-se o uso indesejados, do sulfato de são sensíveis a sendo que uma das raças que possui mais atropina, na dosagem de 0,04 mg/kg, dez relatos minutos antes da aplicação do aceturato de medicamento na literatura é a Samoieda, e diminazeno. susceptibilidade A descrição desses casos de intoxicação são raros e há uma escassez de relatos semelhantes na esse trabalho tem como objetivo revisar os aspectos que intoxicação individual por a esse esse medicamento, também têm sido relatadas (Gehring; Naidoo, 2002). literatura (Ribbing; Jonsson, 2004). Desta forma, diferentes de compõe a O que é o aceturato de diminazeno? O composto foi introduzido para o mercado para o gado doméstico em 1955 intoxicação por aceturato de diminazeno Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 (Jensch, 1955). Hoje, mais de 50 anos amplamente distribuída no organismo dos depois o animais tratados. Resíduos do composto e podem persistir durante várias semanas, comportamento in vivo do aceturato de principalmente no fígado e nos rins, e diminazeno ainda é pouco compreendido também, (Barcelo et al., 2001). Acredita-se que as gastrointestinal, pulmão, músculo, cérebro diamidinas glicólise e gordura. De acordo com Andrade e aeróbica e também com a síntese do DNA Santarém (2002) os resíduos metabólicos do parasita, ocasionando dilatação da deste fármaco depositados no fígado e no membrana de organelas, dissolução do rim por um longo período, podem resultar citoplasma em necrose desses órgãos. de seu mecanismo desenvolvimento, exato de interferem e ação na destruição do núcleo (Brandão; Hagiwara, 2002; Antonio, et al., 2009). menor grau, no trato Em cães, a análise farmacocinética revelou que o diminazeno é rapidamente Em um estudo realizado por Miller et al. em (2005) a sendo em seguida redistribuído mais de lentamente para os tecidos periféricos e/ou diminazeno caracteriza-se por uma taxa eliminado por via renal (Miller et al., muito rápida de absorção e eliminação 2005). No entanto, parece haver uma total de meia vida curta (t ½ β, 5,31 ± 3,89 ampla variação interindividual para a h). A queda vertiginosa das concentrações farmacocinética de diminazeno em cães, o de diminazeno no plasma de cães foi que pode explicar por que alguns animais atribuída a sua distribuição rápida, sendo têm efeitos colaterais tóxicos em doses que, provavelmente, o fígado sirva como terapêuticas publicadas (Miller et al., um depósito inicial para a droga. Esses 2005; Naidoo et al., 2009). Em todos os resultados estão de acordo com Onyeyili e animais onde o percurso de eliminação foi Anika estudo caracterizado, tanto a excreção fecal utilizando cães com 7 kg, descobriram que quanto urinária são vias de eliminação os (Peregrine; Mamman, 1993). farmacocinética (1991), que descobriu-se do que receberam que distribuído e biotransformado no fígado, aceturato em 3,5 um mg/kg de diminazeno, apresentaram 81 μg/g da Já Lewis et al., (2011) descobriram que droga no fígado 48 horas após a sua a meia-vida do fármaco em gatos administração. saudáveis que receberam a medicação por De acordo com Gilbert (1983); Kellner via intramuscular (IM) é bastante curta se et al. (1985); Murilla e Kratzer (1989) e comparada a de cães, em torno de 1,7 Onyeyili e Anika (1991) o diminazeno é horas, em comparação com uma Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 eliminação de meia-vida de 5,31 horas em vômito, cães que receberam administração de polidipsia e hematúria. Também pode diminazeno haver icterícia e ascite (Macphail et al; via IM. Muito pouca informação tem sido publicada a respeito letargia, diarreia, poliúria, 1998). da toxicidade do diminazeno em gatos, já Outros sinais clínicos de intoxicação que o uso dessa medicação é menos incluem quadros frequente na espécie felina se comparada à (movimentação compulsiva com ou sem canina devido ao déficit que apresentam interação em metabolizar algumas drogas, o que evoluindo para hipoexcitabilidade (estado pode resultar mais facilmente em quadros de prostração e apatia, mesmo perante a de intoxicação medicamentosa. estímulos externos) ou hiperexcitabilidade com o de agitação meio ambiente), (estado geral de excitação excessiva, Sinais clínicos intoxicação por diminazeno relacionados aceturato à de intoxicação por inclusive frente a estímulos externos). É comum a ocorrência de sialorreia e tremores musculares. Observa-se também Em caninos, a aceturato de diminazeno provoca ataxia com incoordenação do trem posterior, fraqueza, incapacidade de permanecer em estação, sinais de dor manifestados pela emissão continuada de ganidos, rigidez extensora dos convulsões, membros, cegueira e nistagmo, coma. Cães intoxicados com essa diamidina podem morrer até sete dias após os primeiros sinais clínicos da toxicose. Em geral, o curso clínico dessa toxicose é mais rápido (48-72 horas) e, na maior parte dos casos, o animal intoxicado morre espontaneamente ou é eutanasiado devido ao prognóstico desfavorável da toxicose. A recuperação dessa intoxicação é rara (Naudé et al., 1970). Os sinais clínicos de hepatoxicidade incluem anorexia e miose, micção frequente e bradicardia. A ocorrência de bradicardia é mais comum, mas pode haver taquicardia pela liberação de catecolaminas pelas adrenais. Em casos severos, observa-se cianose e dispneia, em virtude do acúmulo de secreções respiratórias e de broncoconstrição, além de depressão acentuada do SNC (Mcentee et al., 1994; Norsworthy, 2004). Vômitos e diarreia, aumento da atividade espontânea, tátil, hiperestesia e marcha descoordenada também podem ser observados (Muller, 1988). O diminazeno possui efeito neurotóxico para caninos nas seguintes situações: (1) quando é administrada uma dose acima daquela recomendada pelo fabricante; (2) quando doses terapêuticas repetidas da medicação são dadas em um Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 intervalo de tempo inferior a 6 semanas; Alegre/ RS), Universidade Federal do (3) quando uma única dose terapêutica é Mato Grosso (UFMT, Cuiabá/MT) e na administrada por Universidade Federal de Santa Maria doenças causadas por hematozoários ou (UFSM, Santa Maria/ RS). Trabalhos (4) quando utilizada de forma profilática sobre esses casos têm sido apresentados em dose em congressos científicos (Masuda et al., de 2009; Ferreira, 2007; Pescador et al., enfermidades causadas por hematozoários 2007; Loretti, 2002). Essa droga pode (Gehring; Naidoo, 2002). causar lesões cerebrais graves (necrose e em animais recomendada Cães cães afetados saudáveis para a hígidos na prevenção que receberam hemorragia ao longo do tronco diminazeno em regime de dosagem encefálico), assim como lesões hepáticas, múltipla mostraram graves sinais clínicos quando associados com a lesão do SNC, seguido recomendada de óbito (Naidoo et al., 2009). Fussganger administrada ou quando doses terapêuticas e Bauer (1962) relataram que os principais repetidas da medicação são dadas num sinais de toxicidade aguda por diminazeno intervalo inferior a seis semanas (Gehring; no sistema nervoso central (SNC) foram Naidoo, 2002; Naudé, et al., 1970). nistagmo, tremores observados enquanto com doses foram mais baixas, mais acima pelo daquela fabricante é À necropsia, observa-se, na superfície de cortes seriados do encéfalo, encefalomalácia hemorrágica simétrica resultaram em espasmos, movimentos focal bilateral afetando o mesencéfalo, descoordenados, e, tálamo e cerebelo e poupando o córtex eventualmente, a morte dos cães a partir cerebral. Essas lesões são avermelhadas, de de deprimidas e bem circunscritas e podem, diminazeno na dose de 30-35 mg/kg, por em alguns casos, ser muito evidentes a via intramuscular (IM). olho nu e afetar de forma extensa o tronco dias doses ataxia dose elevadas 2-3 que e uma vômitos após a aplicação encefálico. Em outros casos, essas lesões Alterações patológicas Casos fatais de podem ser discretas e diminutas ocorrendo intoxicação por aceturato de diminazeno em cães têm sido apenas em uma região restrita da base do cérebro ou cerebelo (Naudé et al., 1970). diagnosticados à necropsia e através da Em um estudo realizado por Miller et histopatologia na Universidade Federal do al. (2005) um cão foi, inicialmente, Rio Grande do Sul (UFRGS, Porto resistente diminazeno aos efeitos apesar tóxicos de de repetido, Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 diariamente, tratamentos a 3,5 mg/kg, via fígado IM, durante 15 e 30 doses, indo a hemorrágico com evidência de alterações contrapartida que gordurosas. Congestão do cérebro e da apresentaram sinais clínicos típicos após bexiga urinária também foi observada, duas doses. Porém, quando esse cão veio a juntamente com alterações hemorrágicas e óbito, na necropsia, o cérebro, encontrava- congestivas se (Homeida et al., 1981). edematoso aos outros e com cães hemorragias estava nos congestionado rins e no e coração simétricas e bilaterais em conjunto com malácia e lesões do cerebelo, mesencéfalo e tálamo (Miller et al., 2005; Naidoo et al., 2009). Tratamento O cuidado ao paciente intoxicado, de modo geral, tem como metas prevenir Losos (1969) encontrou leve edema futuras exposições, diminuir a absorção, intramuscular no local de injeção de 1-3 apressar dias após a administração intramuscular tratamento de suporte. É importante de diminazeno em cães que morreram inspecionar a laringe procurando sinal de após a infecção natural com babesiose ou inchaço ou inflamação. Deve-se também, tripanossomíase. Sangramento e malácia avaliar a respiração, sua frequência e no mesencéfalo e diencéfalo foram às qualidade. Caso haja qualquer tipo de lesões predominantes encontradas pós dificuldade, mortem. Ainda o mesmo autor, observou oxigênio seja fornecido (Hackett, 2000). que cães saudáveis tratados com 15 mg/kg a eliminação é e fornecer imprescindível que o Caso o animal apresente infecções de diminazeno, por via IM, podem exibir bacterianas secundárias, lesões cerebrais similares às observadas antibióticos é nos cães naturalmente infectados com gravemente doentes pode ser necessário babesioses. transfusões de sangue (Antonio et al., O aceturato de diminazeno também foi hepatotóxico para camelos; resultando em hiperestesia, necessário. o uso Em de cães 2009). Não há tratamento específico para salivação, convulsões intoxicação pelo aceturato de diminazeno, micção frequente, de modo que o veterinário deve optar pela defecação e posteriormente morte dos terapia de suporte, sintomática ou, após mesmos. Na necropsia, assim como pode prévia consulta ao cliente ou a pedido do ser observado nos casos de intoxicações proprietário, em cães, foi encontrado os pulmões paciente intermitentes, em realizar função a eutanásia do do prognóstico congestionados e edematosos, enquanto o Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 reservado da toxicose (Gehring; Naidoo, precoce assistência veterinária em casos 2002). de intoxicação. O tratamento da intoxicação envolve a Embora a maioria pacientes suspensão do uso do fármaco e terapia de veterinários suporte 2001), diminazeno se recuperem após alguns crises dias, algumas vezes são necessários (Caylor; incluindo o Cassimatis, controle das com dos intoxicação a meses convulsivas (Chrisman et al., 2005) e a semanas diurese induzida por fluidos intravenosos. resolução (Kent et al., 2009; Olby, 2009). Em casos Portanto, o tempo de recuperação é de intoxicação pelo diminazeno, o uso de variável e provavelmente multifatorial fluidoterapia é fundamental para reidratar (Olson et al., 2005). dos para pelo sinais a completa neurológicos. o animal e expandir o volume vascular, diminuindo a toxemia, corrigindo os Conclusão desequilíbrios eletrolíticos e ácido-básicos Como os quadros de intoxicação são perdidos durante a diarreia e os episódios cada vez mais comuns dentro da Medicina de vômitos oriundos da hepatotoxicidade Veterinária, seu reconhecimento tornam- (Antonio et al., 2009). se um desafio para o clínico de pequenos animais. Devido ao seu baixo índice Prognóstico terapêutico, doses errôneas do aceturato O prognóstico nos casos de intoxicação de diminazeno são potencialmente pelo aceturato de diminazeno é reservado tóxicas, ocasionando sinais clínicos como e está associado à dose recebida e ao sialorreia, tempo ao gastrointestinais, podendo levar o paciente atendimento clínico do paciente. A taxa de à morte. Portanto, o conhecimento sobre o mortalidade aceturato de diminazeno, incluindo sua decorrido é da intoxicação elevada, prognóstico melhora terapêutica e ações com que porém uma visam o boa a desintoxicação precoce do animal (Sellon, sintomatologia, dispneia, ação quadros terapêutica e possíveis efeitos colaterais são de suma importância para o clínico veterinário. 2006). Informações acerca do prognóstico nos casos de intoxicação em cães pelo aceturato de diminazeno são limitados, porém acredita-se que melhore com uma Referências FIP 2000. 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