estudo tensão-deformação da barragem de irapé - NUGEO
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estudo tensão-deformação da barragem de irapé - NUGEO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO – ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA ESTUDO TENSÃO-DEFORMAÇÃO DA BARRAGEM DE IRAPÉ AUTOR: ALEXANDRE DUARTE BARHOUCH AIRES ORIENTADOR: Prof. Dr. Saulo Gutemberg Silva Ribeiro Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação do Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Engenharia Civil, área de concentração: Geotecnia de Barragens. Ouro Preto, Agosto de 2006. i A298e Aires, Alexandre Duarte Barhouch. Estudo tensão-deformação da Barragem de Irapé [manuscrito]. / Alexandre Duarte Barhouch Aires. - 2006. xxi, 167f.: il., color. graf., tabs. Orientador: Prof. Dr. Saulo Gutemberg Silva Ribeiro. Área de concentração: Geotecnia. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Engenharia Civil. Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil. 1. Usinas hidrelétricas - Irapé. 2. Geotecnia. 3. Barragens 4. Tensão-Deformação. I. Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Engenharia Civil. II. Título. CDU: 627.8 Catalogação: [email protected] ii Aos meus pais, fontes de ensinamento, carinho e compreensão. iii AGRADECIMENTOS Agradeço a todo o corpo técnico/gerencial da Cemig, em especial a Gilson de Oliveira Furtado, Teresa Cristina Fusaro, Adelaide Linhares de Carvalho, Mônica Neves Cordeiro, Tibiriçá Gomes Mendonça, Romildo Moreira Filho e Reginaldo Araújo, pela confiança, apoio e incentivo, e por permitirem a concretização de uma importante fase do meu desenvolvimento profissional. À UFOP, principalmente ao Prof. Saulo Gutemberg, pelo ensinamentos consistentes, diretrizes eficazes, conselhos verdadeiros e disponibilidade praticamente incondicional. À minha família, pelo carinho e compreensão, especialmente a meus pais, Maria Lúcia e Wagner, que me deram condições para que chegasse onde estou. A todos os grandes profissionais envolvidos com o projeto/construção da Usina Hidrelétrica de Irapé, pela paciência, parceria, companheirismo e amizade, em especial a Marcionílio Pacheco e Jorge Reis. Aos meus colegas do mestrado, pela amizade e pelo ótimo ambiente em sala. iv RESUMO A barragem da Usina Hidrelétrica de Irapé, localizada no rio Jequitinhonha, é uma das maiores do mundo. A previsão de recalques e de tensões durante o período construtivo é extremamente importante, tanto no acompanhamento da construção do aterro quanto no que concerne à validação do modelo teórico, ou mesmo calibração deste, principalmente de seus parâmetros. Com esses propósitos, foram efetuadas análises de tensão-deformação da barragem utilizando o método dos elementos finitos, largamente utilizado no campo da engenharia. Uma vez que o escopo do trabalho não contemplou estudos de estabilidade por tensão deformação, as análises foram desenvolvidas por modelo linear elástico. No sentido de sofisticar a análise linear elástica e aproximá-la mais das condições de campo, foi implementado uma variante deste modelo através do uso de módulos de elasticidade crescentes com o nível de tensão. A ferramenta numérica utilizada também propiciou representar de forma mais fiel a construção da barragem através de etapas definidas no programa, objetivando a obtenção de valores de tensão e deformação, nos diversos pontos do aterro. Os valores obtidos nas simulações numéricas foram razoavelmente validados perante os resultados da instrumentação disponibilizada na estrutura. v ABSTRACT The dam at Irapé Hydroelectric Plant, located on Jequitinhonha river, is one of the highest in the world of its type. The forecast of settlements and stresses during construction is extremely important in monitoring the progress of the embankment, as well as in what it concerns the validation of the theoretical model, or even its calibration. With these purposes, analyses of stress-deformation of the dam were performed using the finite element method, widely used in the field of the engineering. As the study did not contemplate stress-strain analyses associated with stability analyses, it was adopted a linear elastic model. In order to improve the linear elastic analyses and obtain a better compatibility with field instrumentation data, a variant of the same model was employed, which used several moduli of elasticity that increase in relation to the stress level. The numerical model used also provided a more accurate representation of the construction of the dam, using steps that were defined in the program. The objective was to obtain stress and deformation values in several points of the embankment. The values supplied by the models were reasonable validated by instrumentation installed in the structure. vi Sumário página LISTA DE TABELAS x LISTA DE FIGURAS xi LISTA DE SÍMBOLOS xx CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1.1- OBJETIVOS GERAIS 1 1.2 - ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO 2 CAPÍTULO 2 – O EMPREENDIMENTO AHE IRAPÉ 2.1 - CONTEXTO E HISTÓRICO 3 2.2 - DESCRIÇÃO DO PROJETO 4 2.3 - O SÍTIO GEOLÓGICO 11 2.4 - MATERIAIS COMPONENTES DA BARRAGEM 12 2.4.1 – Cascalho 12 2.4.2 – Filtro e transições 13 2.4.3 – Random 15 2.4.4 – Enrocamentos 16 2.4.5 – Areia artificial 18 2.4.6 – Argilas 18 2.5 - INSTRUMENTAÇÃO 19 2.6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 28 vii CAPÍTULO 3 - MODELAGEM NUMÉRICA: BREVE DISCUSSÃO EAPLICABILIDADES NA GEOTECNIA 3.1- OBJETIVO 29 3.2- INTRODUÇÃO 29 3.3- MODELAGEM NUMÉRICA 30 3.4 - OBJETIVOS DA MODELAGEM NUMÉRICA 30 3.5 - COMO PROCEDER A UMA MODELAGEM NUMÉRICA 38 3.6 - MODELAGEM NÚMERICA EM ESTUDOS TENSÃO-DEFORMAÇÃO 42 3.7 – COMENTÁRIO FINAIS 47 CAPÍTULO 4 - ANÁLISES DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO REALIZADAS PREVIAMENTE 4.1- OBJETIVO 48 4.2- PROGRAMAS UTILIZADOS 48 4.3- METODOLOGIA ADOTADA 49 4.4- ASPECTOS IMPORTANTES DAS MALHAS DE ELEMENTOS FINITOS 50 4.5 - DESCRIÇÃO DOS ESTUDOS 52 4.5.1 – Estudos de Tensão-Deformação da 1a Fase – Análise Bidimensional 53 4.5.2 – Estudos de Tensão-Deformação da 1a Fase – Análise Tridimensional 60 CAPÍTULO 5 - ANÁLISES DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO IMPLEMENTADAS E COMPARADAS COM A INSTRUMENTAÇÃO 5.1- OBJETIVO 69 5.2- SEÇÃO CONSIDERADA 69 5.3- MODELAGEM 72 5.4- DADOS DA INSTRUMENTAÇÃO 78 viii 5.5 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES RELATIVAS AO FINAL DE CONSTRUÇÃO 79 5.5.1 – Recalques no final de construção 79 5.5.2 – Tensões verticais no final de construção 80 5.5.3 – Deslocamentos horizontais no final de construção 82 5.5.4 – Tensões horizontais no final de construção 84 5.6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES RELATIVAS AO PERÍODO DE CONSTRUÇÃO 85 5.6.1 – Análise de tensões totais durante a construção 86 5.6.2 – Análise de deslocamentos durante a construção 94 CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES 6.1- CONSIDERAÇÕES FINAIS 109 6.2- RECOMENDAÇÕES 114 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 115 ANEXOS ANEXO I 118 ANEXO II 120 ANEXO III 122 ANEXO IV 136 ANEXO V 139 ix Lista de Tabelas página CAPÍTULO 2 Tabela 2.1 - Materiais empregados. 7 Tabela 2.2 - Quantitativos dos instrumentos. 19 CAPÍTULO 3 Tabela 3.1 –Dados de entrada do modelo linear-elástico. 43 Tabela 3.2 –Dados de entrada do modelo elasto-plástico. 44 Tabela 3.3 –Dados de entrada do modelo hiperbólico. 46 CAPÍTULO 4 Tabela 4.1 – Parâmetros geotécnicos dos materiais de construção. 54 Tabela 4.2 – Parâmetros geotécnicos dos materiais da análise tridimensional de 1a fase. 63 CAPÍTULO 5 Tabela 5.1– Parâmetros geotécnicos dos materiais da barragem. 76 ANEXOS ANEXO IV Tabela IV. 1– Parâmetros geotécnicos dos materiais da barragem, incluindo variação dos módulos de elasticidade de cada material. x 137 Lista de Figuras página CAPÍTULO 2 Figura 2.1 - Localização da Usina Hidrelétrica de Irapé. 3 Figura 2.2 - Arranjo geral das estruturas principais do AHE Irapé. 5 Figura 2.3 - Seção de maior altura da barragem de Irapé. 8 Figura 2.4 - Detalhamentos dos sistemas de drenagem da barragem. 10 Figura 2.5 - Faixas granulométricas do material cascalho. 12 Figura 2.6 - Limites granulométricos do material do filtro. 14 Figura 2.7 - Limites granulométricos da transição fina. 14 Figura 2.8 - Limites granulométricos da transição média. 15 Figura 2.9 - Limites granulométricos para enrocamento 5A. 16 Figura 2.10 - Limites granulométricos para enrocamento “5”. 17 Figura 2.11 - Limites granulométricos para enrocamento “6”. 17 Figura 2.12 - Limites granulométricos para areia artificial. 18 Figura 2.13 - Disposição dos marcos superficiais. 21 Figura 2.14-a - Seção transversal instrumentada. 23 Figura 2.14-b - Seção transversal instrumentada. 24 Figura 2.15 - Seção longitudinal instrumentada. 25 Figura 2.16 - Esquema de instalação do medidor de recalque elétrico. 26 Figura 2.17- Deslocamentos laterais do inclinômetro. 27 CAPÍTULO 3 Figura 3.1 - Comparação das leituras de campo, previsões 32 e modelagem numérica. Figura 3.2 - Carga Total na fundação de uma barragem com “cutoff”. xi 33 Figura 3.3 - Carga de pressão na base da barragem para as duas alternativas de “cutoff”. 33 Figura 3.4 - Perfil do problema para cálculo de pressões sob uma sapata circular. 34 Figura 3.5 - Distribuição de pressões sob uma sapata circular. 35 Figura 3.6 - Simulação de execução de aterro em uma única etapa. 35 Figura 3.7 - Recalques oriundos da execução de aterro em uma única etapa. 36 Figura 3.8 - Simulação de execução de aterro em 10 etapas. Figura 3.9 - Recalques oriundos da execução de aterro em 10 etapas. 37 Figura 3.10 - Seção transversal real da barragem. 37 Figura 3.11 - Seção transversal modelada da barragem. 39 Figura 3.12 - Seção transversal real da barragem de Irapé. 39 Figura 3.13 - Seção modelada da barragem de Irapé 40 para análise de percolação. 40 Figura 3.14 - Triângulo de Burland modificado (1999). 42 Figura 3.15 - Modelo linear-elástico. 43 Figura 3.16 - Modelo elasto-plástico. 44 Figura 3.17 - Modelo Hiperbólico. 45 CAPÍTULO 4 Figura 4.1 - Seção transversal de maior altura. 50 Figura 4.2 - Modelagem da seção transversal de maior altura. 51 Figura 4.3 - (a) modelo elastoplástico 51 (b) - modelo linear elástico. Figura 4.4 - Estudo recente com CCR abrangendo parte da fundação do núcleo. 52 Figura 4.5 - Modelagem da seção longitudinal. 53 Figura 4.6 - Curva do enchimento do reservatório. 55 Figura 4.7 - Seção típica para a escavação na região do “canyon”. 56 xii Figura 4.8 - Seção longitudinal - Tensão principal menor. 57 Figura 4.9 - Seção longitudinal – recalques. 58 Figura 4.10 - Tensões principais maiores na seção transversal. 58 Figura 4.11 - Seção longitudinal modelada. 61 Figura 4.12 - Malha de elementos finitos e as condições de contorno adotadas. 61 Figura 4.13 - Seção modelada. 62 Figura 4.14 - Planta da barragem, destacando a mudança na direção do eixo. 62 Figura 4.15 - Poro-pressões geradas durante o período de construção. 64 Figura 4.16 - Resultados em termos de tensões principais na face de jusante do núcleo. 65 Figura 4.17 - Resultados em termos de tensões principais na face de montante. 66 Figura 4.18 - Tensões principais menores na face de montante do núcleo. 66 Figura 4.19 - Tensões principais menores na face de jusante da barragem. 67 Figura 4.20 - Tensões principais menores na face de jusante do núcleo. 67 CAPÍTULO 5 Figura 5.1 - Seção transversal considerada. 70 Figura 5.2 - Malha de elementos finitos empregada. 73 Figura 5.3 - Junta de construção do talude de jusante. 74 Figura 5.4 - Modelo linear-elástico. 74 Figura 5.5 - Incrementos utilizados para a variação do módulo de deformabilidade. 75 Figura 5.6 - Variação dos módulos tangentes em função do nível de pressão. 77 Figura 5.7 - Variação dos módulos tangentes do “cascalho” em função do nível de pressão. 77 xiii Figura 5.8 - Variação dos módulos tangentes do “random” em função do nível de pressão. 78 Figura 5.9 - Elevação do aterro na etapa 23. 78 Figura 5.10 - Recalques no final de construção pelo modelo “les”. 80 Figura 5.11 - Recalques no final de construção pelo modelo “lei”. 80 Figura 5.12 - Tensões verticais no final de construção pelo modelo “les”. 81 Figura 5.13 - Tensões verticais no final de construção pelo modelo “lei”. 81 Figura 5.14 - Deslocamentos horizontais no final de construção pelo modelo “les”. 82 Figura 5.15 - Malha deformada proveniente do modelo “les”. 83 Figura 5.16 - Deslocamentos horizontais no final de construção pelo modelo “lei”. 83 Figura 5.17 - Malha deformada proveniente do modelo “les”. 83 Figura 5.18 - Tensões horizontais no final de construção pelo modelo “les” 85 Figura 5.19 - Tensões horizontais no final de construção pelo modelo “lei” 85 Figura 5.20 - Resultados dos modelos comparados com a CP-301-C. 86 Figura 5.21 - Resultados dos modelos comparados com a CP-305. 87 Figura 5.22 - Resultados dos modelos comparados com a CP-308. 88 Figura 5.23 - Resultados dos modelos comparados com a CP-301. 88 Figura 5.24 - Resultados dos modelos comparados com a CP-301-A. 89 Figura 5.25 - Resultados dos modelos comparados com a CP-304. 90 Figura 5.26 - Resultados dos modelos comparados com a CP-306. 90 Figura 5.27 - Resultados dos modelos comparados com a CP-310. 91 Figura 5.28 - Resultados dos modelos comparados com a CP-312. 91 Figura 5.29 - Resultados dos modelos comparados com a CP-301-B. 92 Figura 5.30 - Resultados dos modelos comparados com a CP-301-D. 92 Figura 5.31 - Resultados dos modelos comparados com a CP-303. 93 Figura 5.32 - Resultados dos modelos comparados com a CP-309. 93 Figura 5.33 - Resultados dos modelos comparados com a RM-307. 94 Figura 5.34 - Resultados dos modelos comparados com a RM-301. 95 Figura 5.35 - Resultados dos modelos comparados com a RM-303. 96 Figura 5.36 - Resultados dos modelos comparados com a RM-305. 96 xiv Figura 5.37 - Resultados dos modelos comparados com a RM-306. 97 Figura 5.38 - Resultados dos modelos comparados com a RM-309. 97 Figura 5.39 - Resultados dos modelos comparados com a RM-307, tendo sido alterados parâmetros do modelo “les”. 98 Figura 5.40 - Resultados dos modelos comparados com a RM-311. 99 Figura 5.41 - Resultados dos modelos comparados com a RM-313. 100 Figura 5.42 - Resultados dos modelos comparados com a RM-315. 100 Figura 5.43 - Resultados dos modelos comparados com a RM-316. 101 Figura 5.44 - Resultados dos modelos comparados com a CS-301. 102 Figura 5.45 - Resultados dos modelos comparados com a CS-302. 103 Figura 5.46 - Resultados dos modelos comparados com a CS-305. 103 Figura 5.47 - Resultados dos modelos comparados com a CS-308. 104 Figura 5.48 - Resultados dos modelos comparados com a RE-307. 105 Figura 5.49 - Resultados dos modelos comparados com a RE-312. 106 Figura 5.50 - Resultados dos modelos comparados com a RE-316. 106 Figura 5.51 - Resultados dos modelos comparados com a RE-308. 107 Figura 5.52 - Resultados dos modelos comparados com a RE-306. 108 Figura 5.53 - Resultados dos modelos comparados com a RE-310. 108 ANEXOS ANEXO I Figura I.2 – Modelagem da seção transversal no programa GEFDYN. 119 Figura I.2 – Modelagem da seção longitudinal no programa GEFDYN. 119 ANEXO II Figura II.1 – Gráfico comparativo das tensões principais para a inclinação da fundação na seção longitudinal 121 Figura II.2 – Gráfico comparativo das tensões principais para a composição do núcleo na seção longitudinal xv 121 ANEXO III Figura III.1 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 1. 123 Figura III.2 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 2. 123 Figura III.3 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 3. 123 Figura III.4 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 4. 124 Figura III.5 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 5. 124 Figura III.6 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 6. 124 Figura III.7 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 7. 125 Figura III.8 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 8. 125 Figura III.9 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 9. 125 Figura III.10 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 10. 126 Figura III.11 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 11. 126 Figura III.12 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 12. 126 Figura III.13 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 13. 127 Figura III.14 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 14. 127 Figura III.15 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 15. 127 Figura III.16 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 16. 128 Figura III.17 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 17. 128 Figura III.18 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 18. 128 Figura III.19 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 19. 129 Figura III.20 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 20. 129 Figura III.21 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 21. 129 Figura III.22 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 22. 130 Figura III.23 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 23. 130 Figura III.24 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 24. 130 Figura III.25 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 25. 131 Figura III.26 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 26. 131 Figura III.27 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 26. 131 Figura III.28 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 27. 132 Figura III.29 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 28. 132 Figura III.30 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 29. 132 xvi Figura III.31 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 30. 133 Figura III.32 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 31. 133 Figura III.33 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 32. 133 Figura III.34 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 33. 134 Figura III.35 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 34. 134 Figura III.36 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 35. 134 Figura III.37 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 36. 135 Figura III.38 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 37. 135 Figura III.39 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 38. 135 ANEXO V Figura V.1 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301A. 140 Figura V.2 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301B. 140 Figura V.3 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301C. 141 Figura V.4 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301D. 141 Figura V.5 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301. 142 Figura V.6 – Resultados dos modelos comparados com a CP-302. 142 Figura V.7 – Resultados dos modelos comparados com a CP-303. 143 Figura V.8 – Resultados dos modelos comparados com a CP-304. 143 Figura V.9 – Resultados dos modelos comparados com a CP-305. 144 Figura V.10 – Resultados dos modelos comparados com a CP-306. 144 Figura V.11 – Resultados dos modelos comparados com a CP-307. 145 Figura V.12 – Resultados dos modelos comparados com a CP-308. 145 Figura V.13 – Resultados dos modelos comparados com a CP-309. 146 Figura V.14 – Resultados dos modelos comparados com a CP-310. 146 Figura V.15 – Resultados dos modelos comparados com a CP-311. 147 Figura V.16 – Resultados dos modelos comparados com a CP-312. 147 Figura V.17 – Resultados dos modelos comparados com a CP-313. 148 Figura V.18 – Resultados dos modelos comparados com a RM-301. 148 Figura V.19 – Resultados dos modelos comparados com a RM-302. 149 Figura V.20 – Resultados dos modelos comparados com a RM-303. 149 xvii Figura V.21 – Resultados dos modelos comparados com a RM-304. 150 Figura V.22 – Resultados dos modelos comparados com a RM-305. 150 Figura V.23 – Resultados dos modelos comparados com a RM-306. 151 Figura V.24 – Resultados dos modelos comparados com a RM-307. 151 Figura V.25 – Resultados dos modelos comparados com a RM-308. 152 Figura V.26 – Resultados dos modelos comparados com a RM-309. 152 Figura V.27 – Resultados dos modelos comparados com a RM-311. 153 Figura V.28 – Resultados dos modelos comparados com a RM-312. 153 Figura V.29 – Resultados dos modelos comparados com a RM-313. 154 Figura V.30 – Resultados dos modelos comparados com a RM-314. 154 Figura V.31 – Resultados dos modelos comparados com a RM-315. 155 Figura V.32 – Resultados dos modelos comparados com a RM-316. 155 Figura V.33 – Resultados dos modelos comparados com a RM-317. 156 Figura V.34 – Resultados dos modelos comparados com a CS-301. 156 Figura V.35 – Resultados dos modelos comparados com a CS-302. 157 Figura V.36 – Resultados dos modelos comparados com a CS-303. 157 Figura V.37 – Resultados dos modelos comparados com a CS-304. 158 Figura V.38 – Resultados dos modelos comparados com a CS-305. 158 Figura V.39 – Resultados dos modelos comparados com a CS-306. 159 Figura V.40 – Resultados dos modelos comparados com a CS-307. 159 Figura V.41 – Resultados dos modelos comparados com a CS-308. 160 Figura V.42 – Resultados dos modelos comparados com a CS-309. 160 Figura V.43 – Resultados dos modelos comparados com o RE-304. 161 Figura V.44 – Resultados dos modelos comparados com o RE-305. 161 Figura V.45 – Resultados dos modelos comparados com o RE-306. 162 Figura V.46 – Resultados dos modelos comparados com o RE-307. 162 Figura V.47 – Resultados dos modelos comparados com o RE-308. 163 Figura V.48 – Resultados dos modelos comparados com o RE-309. 163 Figura V.49 – Resultados dos modelos comparados com o RE-310. 164 Figura V.50 – Resultados dos modelos comparados com o RE-311. 164 Figura V.51 – Resultados dos modelos comparados com o RE-312. 165 Figura V.52 – Resultados dos modelos comparados com o RE-313. 165 xviii Figura V.53 – Resultados dos modelos comparados com o RE-314. 166 Figura V.54 – Resultados dos modelos comparados com o RE-315. 166 Figura V.55 – Resultados dos modelos comparados com o RE-316. 167 xix Lista de Símbolos AHE Aproveitamento Hidroenergético NA Nível d’água GC Grau de compactação k Coeficiente de permeabilidade CNU Coeficiente de não-uniformidade pH Potencial hidrogeniônico ∆h Desvio de umidade m.c.a Metros de coluna d’água E Módulo de elasticidade µ Coeficiente de Poisson c Coesão verdadeira do solo φ Ângulo de atrito do solo ψ Ângulo de dilatância ϕb Ângulo de atrito na zona não saturada Ei Módulo de elasticidade tangente inicial KL Constante associada à rigidez inicial do solo N Taxa de variação da rigidez do solo, função da tensão confinante K(ur) Constante associada ao carregamento e descarregamento K(bulk) Constante associada à obtenção do coeficiente de Poisson M Expoente associado à mudança de K (bulk) com a tensão confinante Pa Pressão atmosférica Rf Razão entre a assíntota da curva hiperbólica e a máxima resistência cisalhante ε Deformação específica γ Peso específico úmido do solo K0 Razão entre tensões vertical e horizontal em um ponto do solo. np Porosidade S Grau de saturação inicial xx γs Peso específico dos grãos Etan Módulo de elasticidade tangente do material σ Tensão normal total CP Célula de pressão total CS Caixa sueca IN Inclinômetro MS Marcos superficiais MV Medidor de vazão PC Piezômetro Casagrande PE Piezômetro elétrico RE Medidor de recalque elétrico RM Medidor de recalque magnético xxi Capítulo 1 INTRODUÇÃO 1.1- OBJETIVOS GERAIS O presente trabalho tem como objetivo realizar estudos tensão-deformação na barragem do Aproveitamento Hidroelétrico (AHE) de Irapé, utilizando modelagem numérica por elementos finitos. O referido empreendimento encontra-se localizado no rio Jequitinhonha, a 69 km da cidade de Araçuaí – Minas Gerais. Apesar do fato de análises lineares de tensão-deformação já terem sido realizadas pela projetista (Leme Engenharia e Intertechne, contratadas pelo CCIConsórcio Construtor de Irapé), o emprego desta modelagem foi novamente adotado, acrescentando-se a utilização de novos procedimentos e métodos. Com relação à melhoria da modelagem numérica destacam-se: a incorporação de irregularidades de fundação, a inclusão da ensecadeira de montante e modificações realizadas na seção transversal. Esta nova modelagem também contemplou a inclusão da junta de construção bem como a utilização da uma discretização temporal mais otimizada, através do aumento do número de camadas de construção. Para este novo modelo, visando a melhoria da solução numérica, foi ainda adotada uma nova configuração de malha, bem mais refinada. Com disponibilidade de dados de instrumentação (poropressão, recalque e tensão), foi possível desenvolver um estudo comparativo, que permitiu avaliar o desempenho do modelo numérico adotado. A influência de todos estes aspectos no comportamento de barragens tem sido objeto de estudo de grande interesse para a Cemig – Companhia Energética de Minas Gerais, visando a melhoria do conhecimento técnico que possibilitará uma melhor avaliação do comportamento e do desempenho destas obras. 1 Este estudo mais sofisticado torna-se possível de ser desenvolvido neste trabalho face a existência de grande número de ensaios de laboratório e campo, além da possibilidade do acompanhamento parcial do desempenho da obra no período construtivo que se fez concomitantemente a este trabalho. Para o desenvolvimento das análises numéricas foi adotado o programa comercial canadense Sigma (GeoSlope International, 2002). 1.2 - ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO O Capítulo 2 deste trabalho apresenta de forma completa as características da Usina Hidrelétrica de Irapé, abordando seu histórico, os aspectos geológicos do sítio, as características de projetos, a descrição dos materiais utilizados, além de apresentar todo o projeto de instrumentação. No Capítulo 3, estão descritos os preceitos básicos da modelagem numérica, envolvendo exemplos e aplicações, assim como uma discussão direcionada aos modelos de tensão-deformação. O Capítulo 4 trata das análises de tensão-deformação previamente realizadas pela projetista. São estudos desenvolvidos nos programas Sigma (GeoSlope International, 2002) e GEFDYN, versão 6.3, desenvolvido pela universidade de Paris, EDF e Coyne et Bellier. Este programa, possibilita o desenvolvimento de estudos bi e tridimensionais. O Capítulo 5 refere-se às modelagens executadas com os modelos propostos, apresentando além da descrição de cada procedimento implementado, seus resultados e a comparação com aqueles apresentados pela instrumentação. O Capítulo 6 trata das conclusões e recomendações para futuros trabalhos. 2 Capítulo 2 O EMPREENDIMENTO AHE IRAPÉ 2.1- CONTEXTO E HISTÓRICO O Aproveitamento Hidrelétrico de Irapé (AHE Irapé), também denominado de Usina Hidrelétrica Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, encontra-se situado no Norte de Minas, na região do rio Jequitinhonha a 9 km do distrito de Lelivéldia, município de Berilo – MG, a 69km de Araçuaí – MG, em sua margem direita; e a 66km da cidade de Grão Mogol – MG, em sua margem esquerda, conforme ilustrado na Figura 2.1. O reservatório abrange as áreas dos municípios de Berilo, Grão Mogol, José Gonçalves de Minas, Leme do Prado, Cristália, Botumirim e Turmalina, que são beneficiados com a arrecadação de impostos. Figura 2.1 – Localização da Usina Hidrelétrica de Irapé. 3 Além do enfoque na geração de energia (Irapé possui potência de 360MW, energia suficiente para atender a uma população de 1 milhão de habitantes), esta obra apresenta principalmente um grande cunho social, permitindo o desenvolvimento de uma das regiões mais carentes do estado, justificando assim os investimentos maciços do governo do Estado de Minas Gerais. O custo de implantação de Irapé está orçado em R$ 740 milhões, sendo que o Governo do Estado contribuiu com R$ 90 milhões até o ano de 2005. Outros aspectos positivos da obra consistem na regularização do rio Jequitinhonha, beneficiando dezenas de municípios e povoados ribeirinhos, que passam a contar com a garantia de abastecimento de água o ano inteiro, devido à formação do reservatório; assim como a geração de 8000 empregos diretos e indiretos no auge da obra, além da implantação de uma unidade de preservação permanente e uma estação de piscicultura. Iniciado em abril de 2002, a Cemig passa a construir o AHE Irapé, cuja barragem é a maior em altura do Brasil e a segunda da América do Sul, com 208 metros de altura, constituída de enrocamento com núcleo de argila com comprimento total de 551m. Abaixo, estão listados os principais eventos históricos relativos ao projeto Irapé: 1963- Levantamento do potencial do Rio Jequitinhonha (CANAMBRA); 1984 - Revisão dos dados existentes; 1998 - A Cemig ganha a licitação de concessão de implantação realizada pela ANEEL; 2002 - Início das obras; 2003 - Desvio do Rio Jequitinhonha e início da construção da barragem; 2005 – Início do enchimento do reservatório. 2.2- DESCRIÇÃO DO PROJETO O AHE Irapé é constituído por uma barragem de enrocamento com núcleo argiloso, tomada d’água, condutos forçados, casa de força, vertedouro e extravasor. A Figura 2.2 apresenta um arranjo geral com as principais estruturas da usina. 4 Figura 2.2 – Arranjo geral das estruturas principais do AHE Irapé, CCI (2003, j). 1 O reservatório, cujo espelho d’água possui 137,16km², apresenta NA mínimo normal na elevação 470,80, NA máximo normal na elevação 510,00 e o NA máximo maximorum encontra-se na cota 512,20. A jusante, o NA máximo normal encontra-se na elevação 328,20. O circuito hidráulico de geração é composto pelas estruturas da tomada d’água, condutos forçados e casa de força, localizados na margem esquerda. A tomada d’água compreende 3 torres de concreto com 56,30m de altura cada, estando a entrada do canal de adução na elevação 456,00. Derivando desta estrutura, estão os condutos forçados, constituídos de 3 túneis subterrâneos (somando 1564,00m de comprimento) revestidos com concreto, apresentando blindagem nos últimos 110m. A casa de força é do tipo abrigada, com 3 unidades geradoras associadas a turbinas Francis de eixo vertical. Nos estudos energéticos, a queda líquida máxima é de 177,40m. As estruturas vertentes englobam o vertedouro e o extravasor, locados na margem esquerda. O vertedouro possui comportas com dimensões de 11m (largura) por 5,2m (altura), estando sua soleira na elevação 484,00. Esta estrutura encontra-se inteiramente apoiada em rocha. A usina de Irapé é a primeira usina da Cemig a possuir calha subterrânea. São 3 túneis calha com capacidade de 8000m3⁄s. A estrutura do extravasor é semelhante a do vertedouro, com a principal diferença de sua soleira estar situada em uma cota inferior (elevação 450,00). A concepção do projeto previa esta estrutura, de modo a permitir o enchimento do reservatório antes da barragem estar completamente construída, atendendo desta forma a todas as condições de segurança. Visando permitir a execução da barragem, foram construídos 2 túneis de desvio, com seção tipo cogumelo, denominados de túnel de desvio inferior e superior, com comprimentos de 1232,89m e 1059,32m, respectivamente; além de 2 ensecadeiras, uma de montante e outra de jusante, sendo a primeira incorporada à barragem (cota da crista 381,50). A barragem é do tipo terra-enrocamento, a crista encontra-se na elevação 515,50. A inclinação do talude de montante é de 1:1,5 até a elevação 484,00, passando para a inclinação de 1:1,3. O talude de jusante, por sua vez, possui inclinação de 1:1,3. A Figura 2.3 apresenta a seção de maior altura da barragem, demonstrando o 6 zoneamento de materiais nesta estrutura, descritos de forma complementar na Tabela 2.1, CCI (2003), CCI (2003, a) e CCI (2003, b). Tabela 2.1 - Materiais empregados. Zona Descrição 1-J1 Solo argilo-arenoso proveniente da jazida J1, localizada na ombreira direita da barragem 1-J2 Solo argilo-arenoso proveniente da jazida J2, localizada na ombreira esquerda da barragem 2 Filtro de areia natural 2A Areia artificial 3 Transição fina 3A Transição média 3B "Cascalho" 4 Transição grossa 4A Transição grossa lançada 5 Enrocamento de rocha pouco a medianamente decomposta 5A Enrocamento de rocha medianamente a muito decomposta 5L "Random" 6 Enrocamento de rocha pouco decomposta a sã 6A Enrocamento lançado 6B Enrocamento de rocha sã a pouco decomposta 7 Enrocamento de proteção 9 Enrocamento de revestimento O núcleo impermeável da barragem é composto de uma mistura de argila com cascalho até a elevação 400,00, sendo a partir deste ponto, composto de material argiloso, originário de duas jazidas, CCI (2003, c). O principal objetivo com a utilização do cascalho na região de vedação da barragem foi o emprego de um material mais rígido nas porções mais inferiores do núcleo, de forma a gerar menores recalques e que ao mesmo tempo apresentasse características de baixa permeabilidade. 7 Figura 2.3 – Seção de maior altura da barragem de Irapé, CCI (2003, b). 1 A partir de uma certa altura, o emprego da argila torna-se indispensável devido às variações do nível do reservatório, que ao gerar solicitações na barragem, deverão ser absorvidas por um material mais flexível. Na região de contato com as ombreiras, é lançado material argiloso de modo a garantir a acomodação do núcleo, conforme retratado na Figura 2.4, CCI (2003, e). O enchimento no canal profundo do rio, executado com concreto compactado a rolo, tem função de regularizar a fundação, preparando-a para receber o núcleo de cascalho. O sistema de drenagem da barragem é composto de um filtro vertical de areia CCI (2003, d), e de camadas de transições fina, média e enrocamento de rocha sã a pouco decomposta, localizadas ao longo das ombreiras, vide Figura 2.4, CCI (2003, e). O filtro, com espessuras variáveis, oscilando em torno de 1,50m, possui a função tradicional de coletar as águas que passam pelo núcleo. As camadas de transições e de enrocamento mencionadas acima (com espessuras variando de 0,50m a 1,50m, envolvendo os enrocamentos de rocha pouco a medianamente decomposta e medianamente a muito decomposta) visam transicionar esses materiais, que apresentam elevada porcentagem de finos bem como baixa permeabilidade, garantindo deste modo a drenagem das águas de percolação e infiltração nesta região, principalmente as águas pluviais que descem pelas ombreiras. No talude de montante, na zona de deplecionamento do reservatório, existe uma zona de material definido como enrocamento de proteção, não sendo nada mais que um rip-rap, CCI (2003, a). O enrocamento de revestimento é constituído de uma camada, em torno de 4,0m de espessura, no talude de jusante. Como apresentado na Figura 2.3, a partir da elevação 372,00 são instalados no talude de jusante os “guarda-chuvas”, feitos inicialmente de camadas de cascalho de 6,0m de largura, construídas no enrocamento “6” (Tabela 2.1) a cada 3 camadas (0,80m cada camada), CCI (2003, f). Posteriormente, foram utilizadas mantas de polietileno de alta densidade (PEAD). Os “guarda-chuvas” têm a função de impedir a entrada de água proveniente de chuvas nos enrocamentos mais internos da barragem evitando, desta forma, a reação dos sulfetos presente nestes enrocamentos com a água e o oxigênio, cujos produtos são ácidos. 9 Figura 2.4 – Detalhamentos dos sistemas de drenagem da barragem. 11 2.3 – GEOLOGIA LOCAL A geologia local da UHE Irapé é caracterizada por um pacote de quartzo-micaxisto grafitoso, distribuído de forma homogênea, apresentando coloração cinza escura, de granulação variante de fina (predominante) a grosseira, portador de sulfetos disseminados, com predomínio da pirrotita. Esse maciço rochoso local também apresenta uma foliação, na forma de bandamento composicional com alternância de níveis cinza claros (com predominância do quartzo) e cinzas escuros (principalmente grafita). A concentração de sulfetos em quase todo o sítio é um dos aspectos mais influentes no projeto. Estes minerais ocorrem na forma de delgados níveis alinhados com a orientação da foliação, revelando uma granulação preferencialmente fina. Os teores médios de sulfetos registrados na rocha são de 6% em volume e 10% em peso. A origem do enxofre, gerador dos sulfetos, está provavelmente relacionada à presença de matéria orgânica decomposta em ambiente tipicamente redutor. De acordo com os modelos geológicos, existe uma escala de alteração dos sulfetos em ambiente oxidante, com presença de água, justamente pelo fato da alteração ser mais efetiva quando a percolação de água ocorre em locais de fácil oxigenação, como, por exemplo, fraturas, foliações abertas e desconfinadas e nas proximidades da superfície. Nas altas chapadas da região, ocorrem formações compostas por siltes arenosos basais e argilas siltosas de topo, eventualmente com cascalheiras de seixos arredondados. Esses depósitos não são afetados pelas escavações e foram utilizados como empréstimos terrosos nas proximidades da obra. Associada à classificação do maciço, constata-se que o padrão de distribuição das características de alteração (decomposição), consistência (resistência), fraturamento e permeabilidade é simples e regular, apresentando uma variação vertical a partir da superfície topográfica original e muito pouca variação lateral, decorrente da homogeneidade litológica e estrutural. A variação vertical reflete um modelo clássico de meteorização de rochas homogêneas com minerais estáveis, oriunda principalmente do alívio das juntas e foliações ocorridas durante o processo erosivo. 11 2.4 – MATERIAIS COMPONENTES DA BARRAGEM 2.4.1 - Cascalho Segundo Furnas (2004), Furnas (2004, a) e Furnas (2004, b), o material denominado “cascalho”, utilizado no núcleo da barragem, conforme informado anteriormente, é, na verdade, uma mistura de solo areno-argiloso (J2) com cascalho. Essa mistura foi realizada com o auxílio de tratores de esteira D6 ou D8, que promoviam inicialmente o espalhamento do cascalho, para em seguida, serem lançados os materiais areno-argilosos. Procedia-se, então, à homogeneização dos materiais através do próprio trator de esteiras, por meio de sucessivos tombos (geralmente no número de dois). A utilização deste processo, em substituição à idéia inicial de utilização da usina de solos (o inconveniente no uso da usina de solos consistia na elevada umidade apresentada pelo cascalho, decorrente do período chuvoso) gerou um aumento do material retido na peneira de 3”, devido ao fato do material ser inteiramente empregado na mescla, o que não se refletia na usina de solos, onde o material era “grizzlado” em uma peneira de 3” ao ser descarregado no silo de armazenamento. Tal procedimento promoveu um aumento na densidade média in situ, sem, no entanto, acarretar qualquer perda na qualidade do material. A Figura 2.5 mostra a faixa granulométrica especificada. BARRAGEM - NÚCLEO IMPERMEÁVEL 1/2" 200 100 50 16 30 10 4 3/8" 3/4" 100 Material que passa (%) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro dos Grãos (mm) Figura 2.5 – Faixas granulométricas do material cascalho. 12 O controle de compactação do cascalho previu grau de compactação (GC) mínimo de 100% e médio de 102% (energia do Proctor Normal), bem como desvio da umidade (∆h) entre +2,5% e –1,5%, sendo os valores positivos referentes ao ramo seco. Os parâmetros de densidade seca máxima e umidade ótima foram determinados através do ensaio de compactação em cilindro de grandes dimensões – “Bernadão”. Este é realizado com cilindro de 30,26cm de diâmetro interno e 32,1cm de diâmetro externo, altura de 43,6cm, conjunto soquete/haste com peso de 39,5kg, altura de queda de 45,7cm, número de camadas igual a 4, empregando-se 20 golpes por camada. A experiência da Cemig tem mostrado que o ensaio no cilindro de grandes dimensões é fundamental para o fornecimento dos parâmetros de controle de compactação de um material que apresenta porcentagem considerável de grãos de dimensões da ordem de 5cm ou superior, garantindo desta forma um efeito de escala adequado. A mescla caracterizada como “cascalho” apresentou uma massa específica seca entre 1,950 e 2,010g/cm3 no campo. A porção referente à argila foi extraída da jazida J2 e a porção referente ao cascalho propriamente dito provém das cascalheiras C1, C2, C3 e CN (cascalheira norte). Posteriormente, foi utilizado material próximo à pedreira Olhos d’Água. 2.4.2 – Filtro e transições O material utilizado no filtro é uma areia natural, extraída no rio Araçuaí. As especificações previam uma compacidade relativa entre 65 a 70% e limite de faixa granulométrica ilustrada na Figura 2.6. A compactação em campo previu uma saturação prévia do material com o auxílio de caminhões-pipa, após o mesmo ter sido lançado através do emprego da “arataca” (forma de ferro onde é colocado o material e deslizada pela ação de um trator D6, executando-se as camadas pelo método árvore de natal), CCI (2002). Ensaios de permeabilidade realizados em campo forneceram um valor de permeabilidade (k) da ordem de 10-2cm/s. 13 BARRAGEM - FILTRO 1/2" 100 200 50 30 16 4 10 3/8" 3/4" 100 Material que passa (%) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00 Diâmetro dos Grãos (mm) Figura 2.6 – Limites granulométricos do material do filtro. As transições fina e média (materiais “3” e “3A”) são rochas britadas com diâmetro máximo de 25mm e 100mm, respectivamente, obtidas da central de beneficiamento instalada no canteiro de obra. Os materiais foram extraídos da pedreira Olhos d’Água, que apresenta inexistência ou baixos teores de sulfetos (menor que 0,5%). As Figuras 2.7 e 2.8, a seguir, apresentam os limites granulométricos destes materiais. A transição fina, tal como a areia, também era executada com o uso da arataca; já as camadas de material 3A foram executadas com auxílio de carregadeira e posterior acerto manual, Furnas (2004), Furnas (2004, a) e Furnas (2004, b). BARRAGEM - TRANSIÇÃO FINA 100 16 40 10 4 1" 1/2" 3/4" 3/8" 2" Material que passa (%) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,0 0,1 1,0 10,0 100,0 Diâmetro dos Grãos (mm) Figura 2.7 – Limites granulométricos da transição fina. 14 BARRAGEM - TRANSIÇÃO MÉDIA 1/2" 3/4" 1" 1½" 2" 3" 4" 6" Material que passa (%) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1 10 100 1000 Diâmetro dos Grãos (mm) Figura 2.8 – Limites granulométricos da transição média. 2.4.3 – Random O material denominado como “5L” ou random se trata de solo residual jovem (saprolito) a rocha muito alterada, originário de escavações obrigatórias e decape de pedreira. Sua faixa granulométrica é ampla e bem graduada, com CNU (coeficiente de não uniformidade) maior que 140. Os ensaios executados no aterro experimental indicaram que os módulos de deformabilidade, assim como as densidades secas deste material são similares às da mescla de cascalho utilizada no núcleo da barragem. Este fato acarreta uma redução da concentração de tensões no espaldar de montante do próprio núcleo, que de certa forma, aumenta a sua extensão na barragem. A caracterização geoquímica do random foi feita sob caráter de liberação. Eram aferidos os valores de pH e teores de sulfeto total nas áreas de exploração do material, devendo estar dentro dos limites especificados: pH > 5 e teor de sulfeto total < 0,01%. O controle de campo para aceitação do material, no que concerne às características geotécnicas, era realizado através do ensaio de compactação Hilf⁄Proctor Normal. Os valores especificados eram de densidade seca mínima de 2,050g⁄cm3 e desvio de umidade entre –1,5% < ∆h < + 3,0%, Furnas (2004), Furnas (2004, a) e Furnas (2004, b). 15 2.4.4 – Enrocamentos São 6 os tipos de enrocamentos existentes na barragem de Irapé. Os denominados “5”, “5A” e “6” são provenientes de pedreira e estoques originários de escavações obrigatórias. O material “5A” é composto de rocha medianamente a muito decomposta com diâmetro máximo de 40cm. O material denominado “5” possui o mesmo diâmetro máximo, sendo de rocha pouco a medianamente decomposta. O enrocamento “6”, por sua vez, é constituído de rocha pouco decomposta a sã com diâmetro máximo de 80cm. Nas Figuras 2.9, 2.10 e 2.11, estão os limites granulométricos especificados para cada um destes materiais, Furnas (2004), Furnas (2004, a) Furnas (2004, b). BARRAGEM - ENROCAMENTO 5A Material que passa (%) 200 100 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,01 0,1 50 30 10 16 1 8 4 3/8" 6" 12" 24" 3/4" 1½" 3" 1" 2" 4" 8" 16" 32 10 100 1000 Diâmetro dos Grãos (mm) Figura 2.9 – Limites granulométricos para enrocamento “5A”. Os enrocamentos “7”, “9” e “6B” são provenientes da pedreira Olhos d’Água e, portanto isentos ou apresentando pequenas porcentagem de sulfetos. Estudos indicam que a reação causadora da produção de ácido sulfúrico, envolvendo os sulfetos existentes nas rochas do sítio de Irapé, somente ocorre na presença de água e oxigênio, conforme mencionado anteriormente. Isso explica a disposição dos dois tipos de enrocamento supracitados. O primeiro está localizado no talude de montante (vide Figura 2.3) na zona de deplecionamento do reservatório, conseqüentemente, a exigência para a utilização de material não sulfetado ou com teores não prejudiciais torna-se fundamental. 16 BARRAGEM - ENROCAMENTO 5 Material que passa (%) 200 100 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,01 50 10 30 16 0,1 8 4 1 3/8" 6" 12" 24" 3/4" 1½" 3" 1" 2" 4" 8" 16" 32 10 100 1000 Diâmetro dos Grãos (mm) Figura 2.10 – Limites granulométricos para enrocamento “5”. BARRAGEM - ENROCAMENTO 6 Material que passa (%) 200 100 50 30 10 16 8 4 3/8" 6" 12" 24" 3/4" 1½" 3" 1" 2" 4" 8" 16" 32 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,01 0,1 1 10 100 1000 Diâmetro dos Grãos (mm) Figura 2.11 – Limites granulométricos para enrocamento “6”. O segundo, enrocamento “9”, denominado de enrocamento de revestimento, encontra-se ao longo de toda a face do talude de jusante com uma faixa de espessura aproximada de 4,0m, o que por si só, é o bastante para justificar o emprego de material não sulfetado. O terceiro, assim como os outros, composto de rocha pouco decomposta a sã, foi utilizado em associação com sistemas de drenagem, tanto o proveniente do filtro inclinado, quanto a drenagem que envolve os enrocamentos “5A” e “5” (vide Figuras 2.3 e 2.4). 17 2.4.5 – Areia artificial A areia artificial é um material beneficiado, originário de rocha sã da pedreira Olhos d’Água. Possui como função principal a capacidade de “cicatrizar” o núcleo através do preenchimento de eventuais fissuras. Inicialmente, a camada deste material era lançada apenas junto às ombreiras, posteriormente passando a ocupar toda a seção transversal. A Figura 2.12 apresenta os limites granulométricos especificados para o material em questão. BARRAGEM - AREIA ARTIFICIAL 1/2" 200 100 50 30 16 10 4 3/8" 3/4" Material que passa (%) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00 Diâmetro dos Grãos (mm) Figura 2.12 – Limites granulométricos para areia artificial. 2.4.6 – Argilas Existem basicamente dois tipos de argila, J1 e J2, provenientes de jazidas homônimas na margem direita e esquerda, respectivamente. Este subitem irá se ater à argila “J1”, visto que a “J2” já foi abordada no subitem 2.4.1, relativa ao cascalho. A “J1”, também denominada de solo argilo-arenoso, conforme descrito anteriormente, deve permitir uma certa acomodação do núcleo em contato com a fundação, para isso foram especificados um grau de compactação de 98% e um desvio de umidade entre –1% e +1%. 18 2.5 – INSTRUMENTAÇÃO A instrumentação possui valor vital na segurança de barragens, fornecendo informações de suma importância nos períodos construtivo, enchimento do reservatório e operacional. Durante a elevação do aterro, pode-se salientar que os dados da instrumentação têm a função de alertar sobre a ocorrência de eventuais anomalias no comportamento do maciço, possibilitar soluções menos conservadoras na fase de projeto, gerando economias significativas para a obra, obter informações sobre parâmetros específicos dos materiais empregados na barragem, possibilitar revisões de projeto e ainda direcionar a engenharia sobre a melhor época para realizar determinadas operações construtivas. No período de enchimento do reservatório, a instrumentação permite uma avaliação estrutural do maciço entre os parâmetros, hipóteses e simplificações de projeto e os valores aferidos pelos instrumentos, também alertando sobre eventuais anomalias no comportamento da estrutura. Na fase operacional, é possível aferir se o comportamento da estrutura está satisfatório, além de permitir estabelecer previsões de comportamentos futuros do maciço. A barragem de Irapé encontra-se instrumentada de forma adequada, tanto no tocante a quantidade quanto à qualidade e ao posicionamento dos instrumentos de auscultação da barragem. A Tabela 2.2 apresenta uma relação dos quantitativos dos instrumentos empregados. Tabela 2.2 –Quantitativos dos instrumentos. Instrumentos Quantidade Marcos superficiais (MS) 51 Medidores de vazão (MV) 5 Células de pressão (CP) 33 Medidores de recalque elétrico (RE) 38 Piezômetros: elétrico (PE)/Casagrande (PC) 50/4 Caixa sueca (CS) 21 Inclinômetro (IN) 2 Placa de recalque magnético (RM) 17 Medidor de pH (pH) 2 19 Os marcos superficiais possuem a função de medir os recalques superficiais e os deslocamentos horizontais nos sentidos montante-jusante e ombreira esquerda-direita do maciço, após o término da construção. Os 51 marcos, dispostos ao longo de 9 seções transversais à barragem, conforme Figura 2.13, encontram-se adequadamente espaçados, cobrindo as superfícies da crista e dos taludes, permitindo identificar zonas de eventuais comportamentos anômalos perante os carregamentos gerados durante e após o enchimento do reservatório. As medidas fornecidas pelos marcos superficiais são referenciadas em 5 marcos fixos (ou indeformáveis) instalados em rocha. Os medidores de vazão, como o próprio nome diz, são responsáveis pela medição dos volumes de água percolados pela barragem, permitindo obter conclusões sobre funcionamento do sistema de drenagem interna, não somente avaliando o volume, como também, se for o caso, a presença de material carreado. Associadas às tensões atuantes em vários pontos do interior do maciço, estão as células de pressão total, que fornecem valores combinados de tensões efetivas com poro-pressões, Slope Indicator (1994). São usadas para verificar os critérios de projeto e sinalizar pressões em excesso no solo. O princípio de funcionamento destes instrumentos consiste em 2 placas de aço inoxidável soldadas entre si perifericamente, de forma a deixar um pequeno espaço entre elas. Este espaço é preenchido com óleo desaerado, que por sua vez, está conectado hidraulicamente a um transdutor de pressão, que possui a função de converter a pressão do óleo em sinais elétricos, transmitidos via cabo até a unidade de leitura. Em conjunto com os piezômetros, permitem o cálculo das tensões efetivas. Na barragem de Irapé, as células de pressão estão instaladas nas direções horizontal e vertical, visando-se obter as tensões totais verticais e horizontais, respectivamente. 20 Figura 2.13 – Disposição dos marcos superficiais CCI (2003, g). 21 As Figuras 2.14-a, 2.14-b e 2.15, respectivamente, mostram a seção de maior altura da barragem e a seção longitudinal ao longo da crista da barragem, instrumentadas, CCI (2003, h) e CCI (2003, i). Como se pode observar, várias células de pressão são instaladas na região do contato do núcleo do maciço com a fundação, tendo-se em vista a importância de se aferir os valores de tensão nesses pontos, principalmente no tocante à concentração de tensões. Os medidores de recalque elétrico, assim como as células de pressão, utilizam a tecnologia de corda vibrante. O seu princípio de funcionamento consiste em um sensor de pressão anexado em uma placa instalada no ponto onde se deseja medir o recalque. O sensor é conectado através de dois tubos preenchidos com líquido, que se estendem lateralmente até um pequeno reservatório localizado na cabine de leitura (CL), conforme Figura 2.16. O sensor mede a carga hidráulica do líquido entre o próprio sensor e o reservatório, que indiretamente fornece as medidas de recalque. As pressões neutras são obtidas através dos piezômetros. Os piezômetros elétricos são constituídos de um transdutor que usa um diafragma sensível à pressão associado a um elemento de corda vibrante. As pressões neutras atuam na face externa deste diafragma após passarem por um filtro, causando deformações no mesmo, o que resulta na mudança de freqüência e tensão da corda vibrante de forma proporcional à pressão piezométrica.Os instrumentos encontram-se instalados no núcleo do maciço, já que pressões neutras não se desenvolvem no enrocamento. Essas pressões são geradas pela água existente nos poros dos solos compactados, pela rede de fluxo a ser estabelecida, pelos acréscimos de tensões causados pelo peso do aterro em construção e seu adensamento. Os piezômetros possibilitam também obter informações a respeito de novas redes de fluxo, geradas, por exemplo, durante o rebaixamento do reservatório; da mesma forma, monitorar a subida progressiva da linha freática, que pode indicar um início de colmatação das camadas drenantes. Conforme mostrado na Figura 2.14-a, nota-se a intenção de instalar piezômetros alinhados no sentido montante-jusante, imprescindíveis para avaliação da perda de carga na região de vedação da barragem. . 22 Figura 2.14-a – Seção transversal instrumentada, CCI (2003, i). 23 Figura 2.14-b – Seção transversal instrumentada, CCI (2003, i). 24 Figura 2.15 – Seção longitudinal instrumentada, CCI (2003, h). 25 Reservatório Aterro Sensor Placa Figura 2.16 – Esquema de instalação do medidor de recalque elétrico. Os recalques também são medidos pelas caixas suecas, cujo funcionamento baseia-se no princípio dos vasos comunicantes. São instaladas caixas de concreto nos locais do maciço onde se deseja obter as medidas. Dentro destas caixas está a extremidade de um tubo preenchido com água desaerada, para minimizar o problema do surgimento de bolhas de ar, que poderiam provocar erros na medição. Este tubo, protegido por tubos de PVC reforçado, é direcionado até a cabine de leitura onde sua outra extremidade é instalada em um painel que permitirá a obtenção do valor do recalque, de forma similar ao que é feito em obras prediais da construção civil, quando operários ao utilizarem uma mangueira cheia de água, determinam pontos de mesma cota. É relevante observar que, de acordo com a Figura 2.14-b, as caixas suecas são instaladas de forma desnivelada em relação às respectivas cabines de leitura, de modo que as caixas de concreto se encontrem em posições mais elevadas, o que permite um maior período de vida útil para o instrumento. Os inclinômetros são bastante indicados para a medida de deformações laterais do maciço, pois permitem a obtenção de valores ao longo de várias cotas. Essas medidas, assim como as de deformações verticais, são vitais para a determinação de zonas de potenciais trincas, informando assim não apenas a necessidade de medidas corretivas, mas também uma verificação dos critérios de projeto. Os instrumentos fornecem valores de deslocamento horizontal em duas direções ortogonais, a saber: montante-jusante e ombreira esquerda-direita. O conjunto é formado por uma sonda, 26 cabo de controle, tubos-guia de fibra com diâmetro de 70mm e unidade de leitura. A sonda é descida nos tubos-guia instalados ao longo de verticais pelo aterro da barragem, cuja extremidade inferior está solidarizada a pontos indeformáveis, por exemplo, instalada em rocha. As leituras podem ser feitas em intervalos regulares de 0,5m ao longo da profundidade, sempre nos mesmos pontos, através da unidade de leitura, conectada à sonda pelo cabo de controle. Por meio da comparação das leituras obtidas com a leitura inicial, obtém-se a variação da inclinação em cada intervalo de medida. Essas inclinações são convertidas em deslocamentos laterais através de constantes intrínsecas do aparelho, conforme exemplificado na Figura 2.17. Ângulo de inclinação Desvio lateral Medida do intervalo Tubo do Inclinômetro Figura 2.17- Deslocamentos laterais do inclinômetro. Instaladas ao longo do tubo do inclinômetro, estão as placas de recalque magnético. As placas de recalque são quadrados vazados de 30cm de lado, providos de um anel imantado (dispositivo magnético), instaladas durante a elevação do aterro nas várias cotas de projeto. As leituras são obtidas com a introdução de um sensor conectado a uma trena (dispositivo semelhante a um medidor de nível d’água ou “piu”) no tubo do inclinômetro. Este sensor, ao passar pelo campo magnético gerado pelo imã da placa, emite um sinal sonoro, informando a posição da placa de recalque. A precisão do sistema é de 3,0mm. 27 Os medidores de pH são instrumentos que fazem parte dos inclinômetros. Ao longo do tubo destes instrumentos é descido um recipiente capaz de coletar a água no interior do tubo. A água coletada é então avaliada com relação ao pH 2.6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS A maioria das informações técnicas apresentadas neste capítulo, principalmente relativas à descrição do empreendimento e à caracterização do sítio geológico, foi objeto de pesquisas em documentos disponibilizados pela projetista, tais como relatórios, estudos e plantas; bem como oriundas da vivência em campo do autor. O item que trata dos materiais constituintes do aterro foi baseado em informações técnicas dos relatórios de controle tecnológico de Furnas. O item 2.5, relativo à instrumentação, teve como base os manuais dos instrumentos instalados na barragem. Desta forma, os manuais da empresa Geokon dos instrumentos piezômetro elétrico, célula de pressão total, medidor de recalque elétrico e medidor de recalque magnético foram consultados, Geokon (2004,a), Geokon (2004,b) e Geokon (2004,c). Para o inclinômetro, foram consultados os manuais da Geokon, Geokon (2004) e da Slope Indicator, Slope Indicator (2000). 28 Capítulo 3 MODELAGEM NUMÉRICA: BREVE DISCUSSÃO E APLICABILIDADES NA GEOTECNIA 3.1- OBJETIVO Este capítulo visa apresentar os principais conceitos sobre modelagem, de uma maneira geral, abordando o seu verdadeiro significado, seus objetivos e os procedimentos para a sua adequada execução. Estas informações estão baseadas nos trabalhos de Krahn (2004), Krahn e Burland (2005), Cruz (1996), dentre outros e no manual do programa Sigma (GeoStudio, 2005). Em seguida, serão apresentados aspectos relativos às análises de tensão-deformação. 3.2- INTRODUÇÃO O incontestável poder da computação disponível atualmente permitiu que os métodos analíticos se transformassem de ferramentas de pesquisa para ferramentas de trabalho. Este fato criou uma nova etapa no campo das modelagens numéricas. As implementações se tornaram mais ágeis e abrangentes, garantindo uma maior aplicabilidade aos diversos problemas reais. No entanto, é importante ter em mente que os novos programas computacionais, apesar de terem a capacidade de realizar milhares de cálculos (os quais devido à sua enorme quantidade se tornam extremamente trabalhosos para os humanos), não fornecem excelentes resultados por si só. É necessário que o usuário seja o seu guia. E para que este guia conheça um caminho rápido, mas também seguro, é preciso tempo e prática. 29 3.3- MODELAGEM NUMÉRICA Um modelo numérico é uma representação matemática de um processo físico real. O fato de a matemática poder descrever um processo é algo, sem dúvida, bastante valioso e intrigante. Discussões sobre a possibilidade dos fenômenos físicos serem ditados pela matemática são bastante interessantes, mas fogem ao escopo desta dissertação. O importante é observar que, os modelos matemáticos, representando adequadamente os processos físicos, ajudam na compreensão dos próprios fenômenos físicos e por vezes ainda possibilitam a descoberta de novos processos. Do ponto de vista prático, a modelagem numérica apresenta algumas vantagens sobre modelagem física. A primeira delas estaria no tempo de duração para a execução de cada modelo. Como se sabe, o modelo físico demanda uma quantidade maior de tempo para sua elaboração, além disto, para inserção da gravidade é necessário fazer uso de centrífuga e avaliar os efeitos de escala. Adicionalmente, com o modelo numérico pode-se obter uma enorme variedade de valores em praticamente todos os pontos de uma seção do modelo. Importante comentar que o uso de simulações numéricas torna-se relevante em estudos que envolvam aspectos de segurança. Em alguns casos, este procedimento seria o único recomendável. Tais como em estudos com contaminantes e rupturas de estruturas, quando os modelos físicos poderiam proporcionar riscos ambientais e perda de vidas, bem como prejuízos financeiros. Entretanto, o modelo numérico possui determinadas limitações, que estão associadas à capacidade do computador ou mesmo à formulação do modelo. 3.4- OBJETIVOS DA MODELAGEM NUMÉRICA A partir do breve conteúdo exposto, a razão de se executar uma modelagem numérica parece natural. Entretanto, o motivo é um pouco mais complexo. É preciso um entendimento prévio da natureza do problema, para conseqüentemente, saber o que 30 esperar como resultados. A ação de proceder à modelagem de um determinado problema, sem qualquer domínio do mesmo, seria plenamente desaconselhável. Estão consolidados, como principais objetivos da modelagem, os seguintes pontos: realização de previsões dos valores de campo, comparação de alternativas e entendimento do processo (vislumbrando inclusive a percepção dos parâmetros mais influentes). A previsão quantitativa é um objetivo primário da grande maioria dos engenheiros. Entretanto, é importante observar que a qualidade destas previsões está intimamente ligada à boa aferição dos parâmetros do modelo, os quais representam as propriedades dos materiais. Completando esta argumentação é citado o conhecido resultado da competição técnica conduzida pela Sociedade Alemã de Geotecnia, relatado por Carter et al. (2000). Os participantes, envolvendo consultores, profissionais executores e estudantes, foram requisitados a fazer uma previsão da deflexão lateral da parede de contenção para uma escavação profunda em Berlim. Os melhores resultados estão plotados na Figura 3.1, onde também estão dispostas as curvas relativas à medição dos deslocamentos em campo (obtida através da instalação de um inclinômetro) e das deflexões fornecidas pela análise computacional. Inicialmente pode-se ter a impressão de que as previsões não estão boas, mas uma avaliação mais criteriosa permite concluir que a tendência do comportamento da parede de contenção é aferida nas previsões. A profundidade na qual ocorre a maior deflexão é identificada em boa parte das previsões. Além disso, ressalta-se que o valor máximo para deflexão medida em campo está em torno dos 25mm, ao passo que os maiores valores previstos se situam próximos aos 50mm. Ambos são deslocamentos praticamente imperceptíveis para uma parede de contenção de 32m de altura, mostrando que os valores por si só, não são totalmente desprezíveis. Mas o mais importante a ser destacado é a capacidade de entendimento do comportamento de uma parede de contenção. Esta compreensão inclusive permite nos aproximarmos de forma mais segura de previsões bastante aceitáveis. 31 Deflexão, milímetros Profundidade, metros Computado Medido Figura 3.1 – Comparação das leituras de campo, previsões e modelagem numérica. A comparação de alternativas é outro importante objetivo das modelagens numéricas. A grande facilidade de se implementar diferentes configurações de um problema propicia um entendimento global, bem como das diversas variáveis envolvidas, permitindo inclusive a adoção de novas soluções. Parra (1985,a): “A análise pode ser dirigida no sentido de estudar, por exemplo, a posição ideal do núcleo de uma barragem, a inclinação necessária do talude de corte para conformação da topografia de fundação, local de instalação de instrumentos, critério de remoção dos materiais compressíveis da fundação,... etc”. Exemplificando uma aplicação de alternativas para um problema, tem-se a influência da profundidade de um “cut off” de uma barragem de concreto sobre as subpressões desenvolvidas em sua base. A Figura 3.2 ilustra o problema, revelando o diagrama de perda de carga total na fundação da barragem. O “cut off” possui a dimensão de 3,3m. Caso seja aumentada a dimensão deste para 6,70m, ter-se-ão novos valores de subpressões sob a base da barragem de concreto. A Figura 3.3 apresenta os gráficos de carga piezométrica na base da barragem pela distância, para cada uma das alternativas. 32 Figura 3.2 – Carga Total na fundação de uma barragem com “cut off”. Cut off 3,33 metros Carga de pressão, pés Cut off 6,70 metros Distancia, pés Distancia, pés Figura 3.3 – Carga de pressão na base da barragem para duas alternativas de “cut off”. A queda no valor das subpressões após o “cut off” de 3,30m é de 8 para 6m de coluna d’água (m.c.a.). No caso do “cut off” apresentar a dimensão de 6,70m, a subpressão após o “cut off” é de 5m. Este exemplo mostra como é importante a comparação de alternativas, fator essencial para a otimização. Como exemplo adicional deste objetivo, pode-se citar a influência do posicionamento do núcleo de uma barragem de terra e/ou de enrocamento no efeito do arqueamento. O arqueamento é um fenômeno originário da diferença considerável entre os módulos de deformabilidade de materiais adjacentes, geralmente entre filtro e núcleo. No estudo de Orgler (1983), foi “quantificado” o arqueamento, de forma que, para núcleos muitos inclinados, esse fenômeno ocorria em menor escala, ao passo que maiores intensidades do arqueamento eram observadas na maioria dos pontos em núcleos verticais. 33 Um terceiro objetivo seria o conhecimento do problema como um processo e conseqüentemente determinação dos parâmetros governantes do mesmo. Uma vez que os pontos principais de um processo estão identificados, a possibilidade de refino ou melhor adequação às necessidades reais se torna mais fácil e segura. Um exemplo bastante simples deste objetivo seria a distribuição de pressão em um solo homogêneo sob uma sapata (considerada circular – modelo axissimétrico, mas que poderia ser corrida – modelo plano). Considerando a Figura 3.4, tem-se o perfil do problema. Sapata circular (100kPa) 20 18 16 altura (m) 14 12 10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 distancia (m) Figura 3.4 – Perfil do problema para cálculo de pressões sob uma sapata circular. Neste estudo, o módulo de elasticidade do solo é de 5.000kPa e o coeficiente de Poisson é de 0,334. O resultado da simulação é apresentado na Figura 3.5, onde foi traçada a distribuição de pressões verticais no solo com contornos espaçados de 10kPa. Este resultado encontra-se em acordo com a teoria da mecânica dos solos dos bulbos de tensões. Em seguida, alterando apenas o valor do módulo de elasticidade para 3.000kPa e depois para 10.000kPa, obtém-se nada mais que exatamente o mesmo diagrama de pressões, ou seja, o módulo de elasticidade não tem qualquer influência sobre a distribuição de tensões (modelo linear-elástico). 34 Outro exemplo, digno de citação, relacionado ao entendimento de um processo, seria a execução de um aterro. Neste caso, o aterro, de 100m de base e 50m de altura, também é de solo homogêneo com os mesmos parâmetros de deformabilidade do exemplo anterior, conforme Figura 3.6 a seguir. Sapata circular (100kPa) 20 90 80 70 60 50 18 16 40 30 altura (m) 14 20 12 10 10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 distancia (m) Figura 3.5 –Distribuição de pressões sob uma sapata circular. 50 45 40 altura (m) 35 30 25 20 15 10 5 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 distancia (m) Figura 3.6 –Simulação de execução de aterro em uma única etapa. Inicialmente, foi simulada a execução deste aterro em apenas uma única etapa, como se o volume de material para se atingir a cota de 50m fosse lançado e compactado 35 de uma vez só. Os resultados obtidos pela simulação, em termos de distribuição dos recalques, estão apresentados na Figura 3.7. Todas as medidas estão em metros. 50 45 -3.2 40 -3 altura (m) 35 - 2. 30 6 25 -1. 20 15 8 -1 10 -0.4 5 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 distancia (m) Figura 3.7 –Recalques oriundos da execução de aterro em uma única etapa. A configuração apresentada como solução do problema se apresenta estranha, na medida em que recalques maiores não são observados na crista em aterros homogêneos. Fundamentado em dados da instrumentação, como medidores de recalque, o conhecimento geral é da existência dos maiores recalques neste tipo de aterro ocorrerem a, aproximadamente, meia altura do maciço. Mesmo em barragens de enrocamento, nota-se a zona de recalques máximos situada a aproximadamente meia altura da estrutura, como se pode observar em Orgler (1983). Realizada nova modelagem do problema, com a introdução de 10 etapas de construção do aterro, conforme observado na Figura 3.8 (onde o aterro se encontra no estágio de construção após a etapa 3), tem-se novos resultados tanto na distribuição dos recalques quanto nos valores dos mesmos, conforme Figura 3.9. O comportamento dos recalques observados nesta nova análise, no tocante à sua distribuição, está bem mais próximo daquele obtido pela instrumentação de campo. Em valores absolutos, observa-se que o valor máximo é quase metade do valor da análise anterior, mostrando que a modelagem de construção instantânea é inadequada para 36 avaliação do problema. Clough e Woodward (1967) e Lefebvre e Duncan (1971) obtiveram o mesmo número mínimo a ser empregado de etapas de construção: 10. 50 +10 +10 +10 +10 +10 +10 +10 +10 45 +9 +9 +9 +9 +9 +9 +9 +9 40 +8 +8 +8 +8 +8 +8 +8 +8 35 altura (m) +7 +7 +7 +7 +7 +7 +7 +7 30 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 25 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 20 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 15 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 10 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +2 5 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 distancia (m) Figura 3.8 – Simulação de execução de aterro em 10 etapas. 50 45 40 altura (m) 35 -1.8 30 25 20 -1.6 15 -1.2 10 -0.6 5 -0.2 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 distancia (m) Figura 3.9 –Recalques oriundos da execução de aterro em 10 etapas. 37 100 3.5 - COMO PROCEDER A UMA MODELAGEM NUMÉRICA A análise de um problema em um programa computacional é uma etapa muito importante no processo de modelagem, mas outras ações devem ser observadas para que o problema real possa ser corretamente avaliado. Neste item serão expostos os principais aspectos a serem abordados para permitir uma modelagem correta. O primeiro seria realizar uma estimativa dos resultados finais, mesmo que qualitativa. O importante é tentar visualizar a configuração da solução do problema. Se esta estimativa for capaz de englobar valores numéricos, melhor. Isso deixa o executor da modelagem mais sensível ao problema e a interface com o programa computacional será mais produtiva, na medida em que o usuário não estará “nas mãos do programa”, pois irá possuir um senso crítico para avaliar os resultados gerados. Os exemplos das Figuras 3.4 e 3.6 podem ilustrar o que está sendo exposto. Na primeira figura citada,conforme já mencionado, tem-se uma estimativa dos resultados fornecida pela teoria da mecânica dos solos, que comparada com os resultados computacionais, nos permitiu validar a modelagem. Na Figura 3.6, por sua vez, com a modelagem do aterro em uma única camada, obteve-se um resultado em desacordo com o previsto (a previsão, neste caso, foi subsidiada pela instrumentação). Essa diferença motivou uma nova implementação que mostrou resultados mais próximos da realidade. Um outro ponto a ser abordado seria a busca pela simplificação da geometria do problema. Isto permite a simplificação do mesmo demandando menos recursos computacionais para o processamento, assim como facilita o entendimento do usuário, aproximando o problema deste. Existe uma frase famosa para essa discussão: “Lembrese, é um modelo, não as condições reais”. Este aspecto contém as suas dificuldades próprias, ocasionadas principalmente pela subjetividade. Está associada à capacidade do usuário de avaliar, de forma competente, até que ponto um problema pode ser simplificado. A resposta para estas perguntas, como já mencionado anteriormente, está na experiência com práticas de campo e na modelagem dos problemas. 38 As Figuras 3.10 e 3.11 mostram, respectivamente, a seção real de uma barragem e a sua modelagem (Musman, 2002). Ficam claras neste exemplo, algumas simplificações que podem ser feitas. Figura 3.10 –Seção transversal real da barragem. Legenda: C - cascalho E - enrocamento R - rocha (xisto) 830 820 810 800 790 780 770 760 750 740 730 720 710 700 690 680 670 660 650 El. 817,30 1,65 1 E El. 770,00 1,9 1 El. 788,00 0,6 E 1 El. 758,00 1,3 1 El. 728,00 C E R 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 Figura 3.11 –Seção transversal modelada da barragem. A transições existentes, tanto entre os materiais de montante quanto os de jusante, foram dispensadas da modelagem por não apresentarem uma contribuição significativa. A fundação apresenta algumas irregularidades mas, como estas não estão definidas geometricamente, ou talvez não sejam relevantes, também não foram 39 abordadas na modelagem. Assim, Musman (2002) definiu a modelagem com apenas três materiais, que são suficientes para a representação e análise do modelo de campo. Esta questão da simplificação do problema engloba de forma intrínseca a modelagem restrita aos elementos essenciais. A Figura 3.12 mostra a seção transversal real da barragem de Irapé, ao passo que a Figura 3.13 apresenta a modelagem desta mesma seção para uma análise de percolação. Figura 3.12 –Seção transversal real da barragem de Irapé. Figura 3.13 –Seção modelada da barragem de Irapé para análise de percolação. Observando a Figura 3.13, nota-se claramente que apenas o núcleo impermeável foi considerado neste tipo de análise, já que para os demais materiais, foi assumido que 40 estes não contribuem para a dissipação da carga piezométrica pela estrutura. Estes materiais existem fisicamente, mas não precisam ser incluídos no modelo. A eventual consideração dos mesmos pode inclusive criar dificuldades numéricas pela enorme diferença dos valores dos parâmetros de um material para outro. Não apenas no sentido físico, como a geometria, mas também no campo conceitual, as simplificações ou mesmo iniciar com um processo mais simples devem ser seriamente considerados. Por exemplo, ao se realizar um estudo tensão-deformação deve ser escolhido um dentre os vários modelos constitutivos. Estes modelos variam do linear-elástico para modelos não linear-plástico. É bastante temerário iniciar um estudo utilizando um modelo como o hiperbólico (modelo não linear-elástico). Deve-se começar pelo mais simples, o modelo linear-elástico, processá-lo, e após o entendimento de seus resultados, proceder a aumentos de complexidade. Outro exemplo bastante esclarecedor e importante é o fato de uma análise de fluxo permanente fornecer, de antemão, uma idéia de como a análise de fluxo transiente irá terminar. Desta forma, ter-se-á o ponto final definido de uma análise transiente, a qual seria o objetivo principal, mas fazendo uma pequena assertiva inicial através da análise de fluxo permanente. Outra recomendação consiste em realizar as modelagens inicialmente com parâmetros estimados. O principal motivo seria o fato de, após as análises, o usuário ter conhecimento de quais parâmetros são influentes e a partir disso, decidir os ensaios que realmente precisam ser feitos, o que muitas vezes significa uma redução de tempo e custo. Para os enrocamentos, existem grandes dificuldades na determinação de parâmetros, associadas principalmente à representação das amostras e execução de ensaios. Mesmo com o emprego de ensaios de substituição, sabe-se que divergências podem ocorrer em virtude das variações do ângulo de atrito (diminui) e fraturamento das partículas (aumenta) com o aumento do tamanho das partículas, Carim (1995). Como conclusão, torna-se bastante providencial citar Krahn (2004): “O processo de modelagem é uma jornada de descoberta, um modo de aprender algo novo sobre um comportamento complexo do nosso mundo físico. É um processo que pode ajudar no nosso entendimento de processos físicos altamente complexos, de forma que exerçamos o nosso julgamento de engenharia com confiança crescente”. 41 3.6 - MODELAGEM NÚMERICA EM ESTUDOS TENSÃO-DEFORMAÇÃO Após o exposto nos itens anteriores, a discussão irá se focar em alguns aspectos pertinentes à execução de uma modelagem numérica para estudos tensão-deformação, os quais constituem o objetivo principal desta dissertação. Como forma de ratificar a necessidade da modelagem na engenharia geotécnica é apresentado o triângulo de Burland, o qual foi proposto originalmente em 1996 e adaptado em 1999, versão esta mostrada na Figura 3.14. Gênesis, geologia Perfil do solo Investigação do local, descrição do solo Empirismo, experiência e gerenc. de riscos Comportamento do solo Modelagem Ensaios de laboratório e de campo, observação e medições Idealização e implementação. Modelo físico ou conceitual. Figura 3.14 –Triângulo de Burland modificado, Krahn (2004). Este triângulo mostra que a engenharia geotécnica consiste em três pontos chaves: o perfil do terreno, o comportamento do solo e a modelagem; estando todos estes pontos interligados. O perfil do solo envolve a caracterização do sítio, o comportamento do solo, por sua vez, abrange os ensaios de campo e de laboratório, enquanto que a modelagem pode se apresentar tanto como analítica quanto conceitual. Todos estes pontos estão ligados pelo empirismo e pela experiência. 42 Desta forma a evolução da geotecnia no campo da modelagem se revelou bastante rápida nos últimos anos, de modo que o usuário dispõe de programas tanto potentes como com interfaces bastante amigáveis. No tocante aos modelos constitutivos utilizados nos estudos tensão-deformação, tem-se basicamente dois tipos de divisões mais utilizadas: lineares e não lineares, elásticos e plásticos. O modelo linear-elástico é o modelo constitutivo mais simples, onde as deformações são diretamente proporcionais às tensões, conforme Figura 3.15. E 1 Figura 3.15 –Modelo linear-elástico. Os parâmetros utilizados neste modelo são o módulo de elasticidade “E” e o coeficiente de Poisson “ν”. A Tabela 3.1 mostra os dados de entrada deste modelo, (GeoSlope, 2002). Tabela 3.1 –Dados de entrada do modelo linear-elástico. Dados de entrada Descrição “E” Módulo de elasticidade representativo “µ” Coeficiente de Poisson representativo Com o intuito de mostrar que apesar de simples este modelo pode ser bastante adequado cita-se Parra (1985): “Resultados mais satisfatórios têm sido determinados através de análises elásticas lineares ou bi-lineares baseadas numa definição criteriosa 43 dos parâmetros de deformabilidade obtidos a partir da instrumentação da própria obra ou obras semelhantes”. O modelo elasto-plástico, por sua vez, descreve uma relação elástica perfeitamente plástica, conforme Figura 3.16. Este modelo considera que a ser carregado o material, tensões e deformações serão gerados. Se o nível de tensões ultrapassar o limite elástico ou ponto de escoamento do material, deformações irrecuperáveis irão ocorrer (comportamento plástico), Iturri (1991). Na Tabela 3.2, apresentam-se os parâmetros de entrada do modelo elasto-plástico segundo GeoSlope (2002). Plástico Tensão Elástico Ponto de Plastificação Deformação Figura 3.16 –Modelo elastoplástico. Tabela 3.2 –Dados de entrada do modelo elasto-plástico. Dados de entrada Descrição “E” Módulo de elasticidade representativo “µ” Coeficiente de Poisson representativo “c” Coesão verdadeira do solo “ϕ” Ângulo de atrito de pico “ψ” Ângulo de dilatância – (0 a ϕ) “ϕb” Ângulo de atrito na zona não saturada 44 Para maiores detalhes, Hill, R (1950) e Chen, W. F. e Zhang, H. (1991). O terceiro modelo, como exemplo de modelo não-linear, é o hiperbólico, cuja relação entre as tensões e deformações é dada pela Figura 3.17 a seguir, GeoSlope Tensão (2002) e Duncan e Chang (1970). Deformação Figura 3.17 –Modelo Hiperbólico. A característica principal deste modelo reside no fato de proporcionar uma variação do módulo de elasticidade com o nível de tensões. Os seus parâmetros podem ser obtidos através de ensaios triaxiais ou mesmo da literatura (Duncan et al, 1980), tendo-se em vista a existência de uma vasta bibliografia sobre o assunto. A Tabela 3.3 apresenta todos os parâmetros necessários para a execução do modelo hiperbólico. 45 Tabela 3.3 –Dados de entrada do modelo hiperbólico. Dados de entrada Descrição “Ei” Módulo de elasticidade tangente inicial “µ” Coeficiente de Poisson Kb=0 KL Constante associada à rigidez inicial do solo n Taxa de variação da rigidez do solo, função da tensão confinante K(ur) Constante associada ao carregamento e descarregamento. K(bulk) Constante associada à obtenção do coeficiente de Poisson m Expoente associado à mudança de K (bulk) com a tensão confinante Min. Coeficiente de Poisson Valor mínimo associado ao K (bulk) Pa Pressão atmosférica Rf razão entre a assíntota da curva hiperbólica e a máxima resistência cisalhante “c” Resistência à coesão do solo “ϕ” Ângulo de atrito interno do solo em graus “φb” Valor usado para tornar a resistência à coesão uma função da sucção. 46 3.7 - COMENTÁRIOS FINAIS Após feitas as considerações deste capítulo, questiona-se qual modelo deve ser utilizado para analisar o comportamento da barragem de Irapé no tocante a tensões e recalques. O programa SIGMA inclui, além dos modelos básicos explicitados anteriormente, diversas outras modelagem do comportamento do solo, como por exemplo, “Strain-Softening”, “Cam Clay” e “Slip Surface”, mostrando que o programa permite diversas aplicações, dependendo do tipo de solo a ser estudado e dos ensaios disponíveis. É muito importante ter em mente que cada modelo constitutivo não se aplica a todos os tipos de solos. Assim, tornar-se claro o dever do geotécnico em buscar características do estudo em questão, que norteiem a escolha de um modelo em detrimento de outro. Estas estarão muitas vezes associadas ao módulo de elasticidade, às deformações permitidas e à estabilidade. Desta forma, avaliando os estudos de estabilidade da barragem de Irapé, observa-se coeficientes de segurança bastante adequados gerados pelas análises. Considerando ainda curvas de ruptura pelo núcleo, obtém-se fatores de segurança ainda maiores. Isso, portanto, indica que o material está sendo solicitado em níveis de tensões consideravelmente inferiores à sua resistência. Este fato constitui um importante argumento a favor da adoção de um modelo linear elástico, pois os recalques esperados deverão ser pequenos em relação aos valores de deslocamento que o material poderia vir a sofrer, caracterizando, desta forma, pequenas deformações relativas. O trecho da curva de tensão versus deformação, onde estarão situados estes esforços, pode ser considerado praticamente como retilíneo, havendo, portanto pequeno ganho ao se utilizar um modelo não linear. Ressalta-se adicionalmente que os ensaios executados não permitiram a utilização direta de modelos constitutivos não-lineares, como por exemplo, o hiperbólico. Para a simulação com esse tipo de modelo, seria necessário assumir várias hipóteses que poderiam interferir na sensibilidade do problema, dificultando a sua compreensão e até mesmo comprometendo os resultados. 47 Capítulo 4 ANÁLISES DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO REALIZADAS PREVIAMENTE 4.1- OBJETIVO Este capítulo discute os estudos de tensão-deformação já realizados pela projetista, necessários para definição do projeto da barragem de Irapé. Essa abordagem irá abranger não somente os estudos executados, como também a metodologia que os direciona, que prevê ainda a execução de estudos futuros. 4.2- PROGRAMAS UTILIZADOS A projetista fez uso de dois aplicativos de elementos finitos para a análise das tensões e deformações da barragem: Sigma/W, versão 5.13, desenvolvido pela empresa canadense GeoSlope; Gefdyn, versão 6.3, da Universidade de Paris, EDF e Coine et Bellier. Uma grande diferença no âmbito de utilização destes dois programas consiste no fato do programa Gefdyn permitir análises tridimensionais. Durante as análises realizadas, segundo informações da projetista, CCI (2003, k), optou-se por utilizar o programa francês para a simulação do estado de tensões de regime permanente, devido aos resultados inconsistentes gerados pelo programa Sigma. Adicionalmente, apesar de ambos os programas serem empregados nas análises de período construtivo, a projetista 48 apenas utilizou o programa Gefdyn para abordar o desenvolvimento e dissipação de pressões neutras. 4.3- METODOLOGIA ADOTADA Os estudos de tensão-deformação foram divididos em três fases, (CCI 2003, k): 1a fase: denominada de “estudos iniciais”, prevê a entrada de dados dos materiais constituintes da barragem obtidos através de bibliografia especializada e parecer de consultores e técnicos. O intuito desta primeira fase é definir o zoneamento interno da barragem, a geometria da fundação, principalmente na região do canyon e evitar qualquer aspecto/fator que favoreça a ruptura hidráulica. Esta fase possui ainda uma subdivisão no tocante a modelos bidimensionais e tridimensionais. Inicialmente a previsão seria da utilização única do software Sigma para os estudos bidimensionais e, a posteriori, o emprego do programa Gefdyn para as análises tridimensionais. No entanto, devido à dinâmica do projeto, para as análises bidimensionais desta fase, foram usados os dois programas concomitantemente. 2a fase: promove os “estudos de refinamento”, através dos quais utiliza parâmetros geotécnicos obtidos de ensaios de laboratório, mais precisamente ensaios triaxiais e de adensamento edométrico, principalmente para os materiais finos, ao passo que para os materiais grossos, cujos ensaios adequados são de difícil realização, continuaram sendo utilizados dados bibliográficos e/ou de consultores, tal como na primeira fase. Esta etapa objetiva confirmar as ações adotadas na fase anterior no que concerne a todos os principais itens abordados: geometria de fundação, zoneamento interno e prevenção de ruptura hidráulica. 3a fase: entitulada de “estudos de acompanhamento da construção”, prevê, desta vez, o uso de parâmetros geotécnicos obtidos pela instrumentação, gerados durante o próprio período de construção. Esta fase permite alinhavar não apenas os dados de entrada do projeto associados à bibliografia, ensaios de laboratório e 49 leituras de instrumentos como também as tensões e deformações geradas pela utilização desses dados, permitindo uma análise final sobre as medidas até então adotadas e implementação de novas, durante o processo construtivo. Esta última etapa está perfeitamente adequada, pois permite uma revalidação das análises. 4.4- ASPECTOS IMPORTANTES DAS MALHAS DE ELEMENTOS FINITOS O objetivo deste subitem é apresentar algumas metodologias, de caráter geral, utilizadas pela projetista para modelar o zoneamento da barragem. O primeiro ponto a ser abordado é a utilização de um conjunto de um mesmo tipo de elemento para representar o principal sistema de drenagem interna da barragem, o filtro de areia e as duas transições, fina e média. As Figuras 4.1 e 4.2, CCI (2003, k) e (CCI 2003, l), ilustram essa questão. Figura 4.1 – Seção transversal de maior altura. Essas duas figuras também ilustram outro componente da metodologia utilizada nos estudos. A seção transversal empregada é adaptada, pois toda a sua fundação passa pelo leito do rio, o que não condiz exatamente com a realidade, devido ao formato sinuoso do rio. Cabe aqui ressaltar que, essa simplificação pode prejudicar o desenvolvimento de uma avaliação mais detalhada e realista das condições de campo. 50 Figura 4.2 – Modelagem da seção transversal de maior altura Como terceiro aspecto, cita-se o emprego da modelagem elastoplástica, Figura 4.3-a, para as análises do período construtivo da barragem. Tal era a intenção inicial para se estudar o comportamento do aterro perante também o regime permanente, entretanto, segundo a projetista, devido a não convergência do sistema adotado, optouse por empregar a modelagem linear elástica, Figura 4.3-b. σ σ ε ε (a) (b) Figuras 4.3 – (a) modelo elastoplástico (b) - modelo linear elástico Para o bom desempenho numérico das análises elastoplásticas, foi necessário conferir aos enrocamentos e às transições uma coesão fictícia de 10 kPa. Este procedimento é adotado face a problemas de convergência, originados pela regiões de baixas tensões de confinamento. Esta peculiaridade, no entanto, não demanda preocupação, pelo fato de ser inerente a esse tipo de modelagem, bem como pelo pequeno valor da coesão. 51 Ao longo das análises realizadas, a seção da barragem sofreu algumas alterações. Dentre elas, pode-se mencionar a regularização na fundação com o concreto compactado a rolo. Conforme já apresentado no Capítulo 2, item 2.2, o CCR abrange parcialmente a fundação do núcleo do aterro. No entanto, em versões anteriores do projeto (utilizadas como insumos para os estudos de tensão-deformação da primeira fase), era previsto o emprego do concreto rolado ao longo de toda a fundação do núcleo impermeável, conforme Figuras 4.1 e 4.2, já apresentadas. A seção real de campo foi abordada em estudos posteriores, evidenciados, por exemplo, na Figura 4.4 (CCI, 2004, a). DATA: 27/11/2003 Last Saved Time: 15:45:00 el. 490 el. 465 el. 440 el. 415 el. 390 el. 365 el. 340 el. 322,80 Figura 4.4 – Estudo posterior com CCR abrangendo parte da fundação do núcleo. O número de etapas adotadas para as diversas análises até o momento permanece constante, sendo igual a oito, com espessuras de alteamentos iguais, sendo considerado um período de construção de vinte e três meses. Esse período é dividido da seguinte forma: as seis primeiras etapas, que irão corresponder até a elevação 480,00, compreendem um espaço de tempo de dois meses e meio cada uma. As duas últimas etapas abrangem cerca de quatro meses cada. 4.5 – DESCRIÇÃO DOS ESTUDOS Neste item será discutido cada um dos estudos realizados até o momento desta dissertação, salientando inicialmente as seções modeladas em elementos finitos, o 52 método de obtenção dos parâmetros geotécnicos; situando, desta forma, cada um dos aspectos abordados no item anterior. Posteriormente, serão apresentadas as principais conclusões obtidas tanto por parte da projetista, quanto por parte do autor. 4.5.1 – Estudos de Tensão-Deformação da 1a Fase – Análise Bidimensional Visando atender às metas definidas para a 1a fase, foram modeladas duas seções (CCI, 2003, k): a seção transversal de maior altura e a seção longitudinal passante pelo eixo da barragem, por serem consideradas as de maior concentração de esforços, conforme Figuras 4.2 (já apresentada) e 4.5 a seguir. No Anexo I, estão apresentadas as modelagens realizadas no software GEFDYN. Ombreira Esquerda Ombreira Direita 0 0 0 0 +8 0 0 0 +8 0 +8 +8 0 0 0 +8 0 +7 0 0 +8 0 +8 +7 +7 +8 +7 +7 +8 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +8 +7 0 +8 +8 +7 +7 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +7 +8 +8 +8 +7 +7 +7 +8 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +8 +8 +7 +7 +7 +8 +7 0 0 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +7 +6 +8 +7 +7 +6 +8 +8 +8 +8 +7 +7 +6 0 0 +8 +8 +7 +7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 +6 0 0 0 0 0 0 0 +6 0 0 0 +6 +6 0 +6 +6 0 0 0 0 0 0 0 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 0 0 +6 0 0 +6 +6 +6 +6 +6 +6 0 0 0 0 +6 0 0 0 0 0 0 +5 0 0 0 +5 0 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 0 0 0 0 +5 0 0 0 0 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 0 0 0 +5 0 0 0 0 +5 0 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 +5 0 0 0 0 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 0 0 0 0 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 0 0 0 +4 +4 0 0 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 0 0 +4 +4 +4 0 0 +4 +4 0 0 +4 0 +4 +4 +4 0 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 0 0 0 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 0 0 0 0 +3 +3 +3 0 0 +3 0 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 0 0 0 0 +3 +3 +3 0 +3 +3 0 0 0 0 0 +3 +3 +3 +3 +2 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +2 +3 +3 +2 +2 +3 0 0 0 +2 +2 +3 +3 +3 +3 +2 +3 +3 +3 +3 +3 +2 +2 +2 +2 +2 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +2 +2 +2 +2 +2 +3 +3 +2 +2 +4 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 0 0 0 0 0 0 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 +4 +4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 +3 +3 +3 +3 +2 +2 0 +3 +3 +3 +3 +2 +2 +3 +3 +3 +3 0 +3 +3 +3 0 +4 +4 +4 +3 +3 +3 0 +4 +4 +4 +3 0 +4 +4 0 +4 +4 0 0 +4 +4 +4 0 0 +4 +4 +4 0 +5 +5 +5 +2 +2 +2 0 0 0 0 0 0 0 0 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +2 0 0 0 0 +2 0 0 0 0 0 0 +2 +2 0 0 0 0 0 +2 +2 0 +2 0 0 0 +2 +2 0 0 +2 +2 +2 +2 0 0 0 +2 +2 0 0 +1 0 0 +2 +1 0 +1 +1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 +2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +1 +1 0 0 0 0 +2 +2 +2 +2 +2 +1 +1 +1 +1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 +2 +2 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 00 0 0 0 0 +2 +2 +2 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 0 0 0 +2 +2 +2 +1 +1 +1 +1 +1 0 0 0 0 0 +2 +2 +1 +1 +1 0 0 0 +1 +1 0 0 0 +2 +2 +2 +1 +1 +1 0 0 0 +1 +1 +1 0 0 +1 +1 +1 +1 0 +1 +1 +1 +1 +1 0 0 0 0 0 0 +2 +1 +1 +1 0 0 0 +2 +2 +2 +2 +2 +1 +1 +1 0 0 0 +2 +2 +2 +2 +2 +1 +1 +1 +1 0 0 0 +2 +2 +2 +2 +2 +1 +1 0 0 0 0,75 +2 +1 +1 +1 +1 0 +1 +1 0 0 +1 +1 +1 0 0 0 +2 +2 +2 +2 +1 +1 0 +1 0 0 +2 +2 +2 +2 +2 +1 +1 0 0 +2 +2 +2 0 +2 +2 0 0 +2 +2 +2 0 0 1,0 +2 +2 +2 0 0 0 0 0 0,75 Figura 4.5 – Modelagem da seção longitudinal. Nestas seções foram avaliadas as configurações de um núcleo homogêneo, de material argiloso oriundo da jazida J1, perante um núcleo contendo “cascalho” (mescla de material argiloso com cascalho, conforme mencionado anteriormente no Capítulo 2) até a elevação 400,00, material areno-argiloso da jazida J2 até a elevação 465,00 e a partir deste ponto material argilo-arenoso proveniente da jazida J1. Adicionalmente, foram consideradas diversas conformações da fundação na região do canyon (abaixo da elevação 400,00, aproximadamente), a saber: 0,5H:1V, 0,75H:1V e 1H:1V. A Figura 4.5 retrata a inclinação de 0,75H:1V na fundação. Outro aspecto significante é a introdução de uma camada denominada “lubrificante”, de 53 material argiloso mais plástico, no contato do núcleo com a fundação. Esse material será também avaliado no tocante à permissão da acomodação do maciço e assim proporcionar uma melhor vedação do núcleo, principalmente na região do canyon. Os parâmetros geotécnicos têm sua origem na bibliografia especializada e em pareceres de consultores, conforme relatório da projetista (CCI, 2003, k). A Tabela 4.1 apresenta os valores dos diversos parâmetros dos materiais de construção da barragem. Tabela 4.1 – Parâmetros geotécnicos dos materiais de construção. E’(MPa) Material Solo argilo arenoso Jazida 1 (*) Solo areno argiloso Jazida 2 (**) Camada mais plástica – Solo argilo arenoso – Jazida 1 (*) Material Terroso com Cascalho Filtros + Transições 5 6 Concreto – Bloco de Fundação Maciço rochoso de fundação µ γ(kN/m3) c’ (kPa) φ’ (o) Min. Max. 20 50 0,30 20,0 10 34 50 70 0,30 20,0 10 34 15 15 0,40 18,5 10 20 80 120 0,30 21,0 10 34 100 35 60 120 65 80 0,30 0,25 0,25 19,0 20,5 21,0 0 0 0 45 40 45 20.000 0,20 25,0 1.800 50 10.000 0,22 28,0 3.000 42 k(cm/s) 1 x10-7 5 x 10-6 Drenagem Livre A modelagem relativa ao comportamento do aterro durante o regime permanente somente foi realizada no aplicativo GEFDYN, por motivos já expostos anteriormente. Essa análise considerou o enchimento do reservatório apenas após a conclusão da barragem. Entretanto, uma consideração que envolvesse o alteamento com um nível d’água a montante poderia traduzir situações mais representativas das condições de campo, entendidas aqui como sendo mais conservadoras, visto que este evento (enchimento do reservatório) se inicia com o aterro ainda na elevação 475,00. A análise transiente de fluxo considerou a curva de enchimento do lago da Figura 4.6, sem considerar qualquer sistema de vazão efluente. 54 Curva de Enchimento do Reservatório 520 Cota do reservatório (metros) 500 480 460 440 420 400 380 360 340 320 300 0 2 4 6 8 Tempo (meses) 10 Figura 4.6 – Curva do enchimento do reservatório. As análises foram realizadas considerando a seguinte divisão, de acordo com os programas empregados: - Sigma: sem poro-pressão Seção transversal; Seção longitudinal. - Gefdyn: sem poro-pressão Seção longitudinal; com poro-pressão Seção transversal. A adoção de dois programas comerciais para o desenvolvimento deste estudo, mostrou-se bastante eficiente, uma vez que os resultados obtidos nos distintos programas foram bastante próximos. Este fato foi de grande importância para a credibilidade do estudo, podendo ser entendido como uma ratificação da operacionalidade correta dos programas, nos modelos utilizados. Os resultados obtidos das seções longitudinais confirmaram, como mais adequada, a configuração do núcleo composto por três materiais, com módulos de deformabilidade distintos, dispostos com a respectiva rigidez crescente com a profundidade. Esta configuração proporcionou valores mais elevados de tensão principal maior na porção inferior do núcleo, minimizando a possibilidade de ocorrência 55 de ruptura hidráulica por tração horizontal que poderia vir a se instalar na estrutura, caso as tensões na região supracitada fossem mais baixas. Comparativamente, os recalques obtidos, nesta configuração, foram 50% menores e as tensões principais em torno de 35% maiores do que as do modelo cujo núcleo apresenta um único material. A geometria da fundação adotada foi a de 0,75H:1V, considerando o acréscimo relevante de tensão principal maior de cerca de 7% em relação à configuração de 0,5H:1V, outro fator diretamente ligado ao fraturamento hidráulico. A configuração de 1H:1V gerou um aumento de apenas 3% nas tensões principais maiores em comparação a de 0,75H:1V, originando, ainda, gastos com escavações bastante elevados. O Anexo II apresenta gráficos contendo comparações entre as tensões principais maiores e menores para as três configurações da geometria da fundação, bem como para a aplicação de materiais no núcleo. Estes gráficos reforçam o exposto acima, destacando que a influência do aspecto geométrico canyon se torna mais evidente abaixo da elevação 400,00. Ainda associado à geometria da fundação, foi definido, para as porções superiores, chanfro com inclinação de 1H:1V, conforme a seção típica para a escavação apresentada na Figura 4.7, objetivando reduzir a concentração de tensões. Figura 4.7 – Seção típica para a escavação na região do “canyon”. 56 Os estudos também revelaram o aparecimento de tensões de tração no coroamento da barragem, na região próxima às ombreiras, conforme pode ser visto na Figura 4.8. Tendo isso em vista, a projetista preconizou a utilização de material mais plástico no terço superior da barragem. Tal procedimento já estava previsto, na medida em que o material J1 é o que mais atende esses requisitos dentre os disponíveis no sítio de Irapé. Desta forma, a projetista preconiza a adoção das seguintes especificações de campo nos últimos 50 a 60 metros de material do núcleo: grau de compactação médio de 98% e mínimo de 96%, ambos da energia Proctor Normal, obtidos com aumento do teor de umidade; face aos adotados para o restante do núcleo: 102% médio e 100% mínimo. 580 ARQUIVO: 87_FC.siz DATA: 8/5/2003 560 540 Ombreira Esquerda Ombreira Direita 520 El. 513,70m Jazida1 0 0 500 100 100 200 480 400 El. 465,00m Jazida 2 600 460 800 440 420 700 1000 700 El. 400,00m Cascalho 400 1200 380 1400 360 1 1 130 0 0,75 0,75 340 1300 320 300 -50 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 Figura 4.8 – Seção longitudinal - Tensão principal menor. A camada de lubrificação de 3,0 metros de largura adotada entre o aterro e a fundação constituiu-se em uma excelente solução, justificada pelo aumento de tensões principais no leito do rio em 23% aproximadamente. Além desta vantagem adicional no que se refere à prevenção quanto ao fraturamento hidráulico, não foram observados recalques diferenciais relevantes na interface da camada “lubrificante” com o núcleo. A camada “lubrificante” deverá ser constituída de material argilo-arenoso, também proveniente da jazida J1, com desvio de umidade no ramo úmido, +2% a +3%, com grau de compactação de 99% médio e 96% mínimo do Proctor Normal. 57 A partir das configurações definidas, a análise de tensão-deformação forneceu o recalque máximo de 2,0 metros na seção longitudinal, próximo a elevação 450,00, ou seja, a dois terços da altura da barragem, conforme retratado na Figura 4.9. Este resultado é consistente com a configuração adotada, pois os materiais mais rígidos foram aplicados na parte inferior de barragem. No sistema convencional, onde se adota o mesmo material no núcleo, espera-se que o recalque máximo ocorra a meia altura. ARQUIVO: 87_FC.siz DATA: 8/5/2003 580 560 540 Ombreira Direita Ombreira Esquerda Recalque em y (m) 520 -0.2 El. 513,70m Jazida1 -1 -0.2 -0.4 480 -1.4 -0.8 -0.6 -1.6 460 -0.4 -0.6 500 El. 465,00m Jazida 2 -1 -1.2 -1.2 -1 -0.8 440 -1.6 420 El. 400,00m Cascalho 400 -1.2 380 360 1 -0.8 1 Material argiloso plástico 0,75 -0.4 -0.2 0,75 340 320 300 -50 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 Figura 4.9 – Seção longitudinal – recalques Nos estudos envolvendo a seção transversal, o objetivo principal é o estudo do comportamento dos diversos materiais, que apresentam deformabilidades diferentes. Neles notamos o maciço terroso pendurado sobre o filtro e transições (comportamento também esperado para esse tipo de barragem), observado na Figura 4.10. 620 600 580 560 540 ARQUIVO: CASO91.siz DATA: 8/5/2003 520 El. 513,70m Jazida 1 200 500 200 480 El. 465,00 m Jazida 2 600 460 1200 440 400 800 0 100 420 1800 400 40 0 140 0 2000 380 1400 360 2400 400 320 3000 0 20 3200 2400 200 800 16 00 2800 1800 340 El. 400,00m Cascalho 10 00 20 0 00 0 300 280 -450 -400 -350 -300 -250 -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 250 Afastamento do eixo (m) Figura 4.10 –Tensões principais maiores na seção transversal. 58 300 350 O estudo das configurações do núcleo contendo um ou três materiais, nas seções transversais, gerou as conclusões explicitadas no Quadro 4.1, que mais uma vez enfatizam como vantajosa a adoção do núcleo composto. Quadro 4.1 – Comparação entre o núcleo composto e o homogêneo Núcleo com 3 materiais Núcleo homogêneo 85% da tensão vertical geostática na base 80% da tensão vertical geostática na base Apesar da diferença de compressibilidade entre os materiais J1, J2 e 3B e entre estes e o filtro e transições, não foram gerados recalques diferenciais representativos Recalque máximo: 2,20 m Recalque máximo: 4,50 m Ainda no que concerne às análises do período construtivo, as pressões neutras construtivas originadas são baixas, apesar do elevado nível de tensões. Este fato pode estar associado a uma dissipação mais eficiente dessas pressões neutras em virtude da maior permeabilidade obtida para o cascalho em relação aos demais materiais componentes do núcleo. Foi também observado, que as relações entre as tensões horizontais e verticais no núcleo nas cotas mais superiores (elevação 490,00) registram um coeficiente “Ko” próximo a 0,5, enquanto que nas cotas inferiores, tem-se “Ko” entre 0,2 a 0,3, devido provavelmente ao maior confinamento do núcleo. Esta minimização das tensões horizontais sugere que sejam desenvolvidos estudos específicos para avaliação da possibilidade de ocorrência de rupturas hidráulicas, desta vez, na direção vertical. Abordando a análise de regime permanente, a projetista concluiu que as tensões principais maiores efetivas não revelam alterações consideráveis em relação ao final de construção. Segundo a própria projetista, isso indica que o enchimento do reservatório não provoca uma redistribuição de tensões que gere uma mudança considerável. Mudança de esforços, acréscimo de peso pelo reservatório e aplicação de empuxo sobre o núcleo seriam suficientes para compensar o alívio oriundo da pressão neutra da rede de fluxo estabelecida. 59 As tensões principais menores, por sua vez, mostram o aparecimento de tração no espaldar de montante do núcleo (a partir da elevação 365,00 até a 466,00) ao passo que na face de jusante são registrados aumentos de tensões. Este efeito, o qual será objeto de estudo das próximas fases, reforça a necessidade de utilização de material mais plástico nas porções superiores do núcleo, proporcionando uma autocicatrização, no caso de aparecimento de eventuais trincas de tração. Por fim, a projetista ainda promoveu uma análise de compatibilização de tensões associadas ao tipo de seção. As tensões principais maiores apresentam valores bastante similares tanto entre si, quanto associadas à tensão de projeto. No tocante às tensões principais menores, não foi possível estabelecer uma associação, fato justificado pelas diferentes condições de contorno de confinamento, a saber: na seção longitudinal tem-se geometria do vale e na seção transversal, condição livre. Estas conclusões serão confirmadas nas análises tridimensionais. 4.5.2 – Estudos de Tensão-Deformação da 1a Fase – Análise Tridimensional A análise tridimensional (CCI, 2004) encerra os estudos de 1a fase, consolidando as conclusões obtidas e sanando dúvidas do estudo anterior, principalmente no tocante aos três pontos principais: definições do zoneamento interno da barragem e da geometria da fundação, além de impedir a instalação de processos que possam originar fraturamento hidráulico. As dimensões da barragem, a qual se encontra situada em um vale bastante encaixado, tornam uma análise deste tipo de grande significância. Vale lembrar que a relação entre largura e comprimento da estrutura encontra-se em torno de 2,7. Devido à peculiaridade do estudo, foi utilizado exclusivamente o aplicativo Gefdyn. A projetista ressalta que o fato deste estudo ainda apresentar uma seção onde o núcleo se encontra totalmente apoiado no concreto compactado a rolo não reduz o seu valor, permitindo avaliar tendências no estado de tensões. As seções adotadas são provenientes das definições obtidas do estudo anterior bidimensional. Deste modo, a malha utilizada já partiu de um modelo utilizando camada de material argiloso mais plástico ao longo de todo o contato do núcleo com a fundação, se estendendo até à crista; o núcleo é composto por três materiais e a geometria da 60 fundação no canyon segue a inclinação de 0,75H:1V. Assim, a seção transversal modelada é a mesma da Figura 4.1, ao passo que a seção longitudinal é exposta a seguir. Figura 4.11 – Seção longitudinal modelada. A Figura 4.12 mostra a malha de elementos finitos e as condições de contorno adotadas para a modelagem tridimensional. Figura 4.12 - Malha de elementos finitos e as condições de contorno adotadas. 61 As estruturas de concreto e a fundação não foram incluídas na modelagem, por apresentarem módulos de deformabilidade bastante elevados se comparados com os dos demais materiais. Outra característica desta análise envolve as simplificações adotadas, conforme Figura 4.13 a seguir, em vista do elevado número de nós gerados caso a seção original fosse ser adotada, o que culminaria em problemas de convergência. Abordando ainda estas condições de dificuldades matemáticas, mostra-se que a mudança de direção do eixo da barragem no encontro com a ombreira direita não foi inserido nestas análises. Entretanto, sabe-se que tal atitude encontra-se a favor da segurança na simulação do regime permanente, quando o reservatório irá exercer uma pressão sobre a barragem e a curvatura do eixo iria conferir à mesma um melhor comportamento perante esse tipo de solicitação. A Figura 4.14 esclarece esta questão. Filtro e Transições Transições J1 El.455,00 1,5 1 J2 1,5 1 1 El.395,00 1 0,5 0,3 0,6 1 1 E6 1 E6 E5 E5 Casc. Figura 4.13 – Seção modelada. Figura 4.14 – Planta da barragem, destacando a mudança na direção do eixo. 62 Os parâmetros geotécnicos adotados neste tipo de análise estão contidos na Tabela 4.2, CCI (2004). Tabela 4.2 – Parâmetros geotécnicos dos materiais da análise tridimensional de 1a fase. Material Solo argilo arenoso Jazida 1 (*) Solo areno argiloso Jazida 2 (**) Camada mais plástica – Solo argilo arenoso – Jazida 1 (*) Material Terroso com Cascalho Filtros + Transições 5 6 Concreto – Bloco de Fundação Maciço rochoso de fundação E (MPa) γ S µ (kN/m3) np (%) Min Max 20 50 0,30 20,0 0,42 95,0 50 70 0,30 20,0 0,42 95,0 γs k (kN/m3) (m/s) 27,5 1 x 10-7 15 15 0,40 18,5 0,42 95,0 80 120 0,30 21,0 0,23 - 27,0 5 x 10-7 100 35 60 120 65 80 0,30 0,25 0,25 19,0 20,5 21,0 - - - 20.000 0,20 25,0 Drenagem Livre 10.000 0,22 28,0 Como se pode perceber, existe uma quase equivalência dos valores constantes nesta em relação aos da Tabela 4.1. Apenas a permeabilidade do material “cascalho” e dos outros materiais argilosos foi aumentada (“cascalho” em dez vezes, demais em vinte). Desta forma, o “cascalho” passa a se situar bastante próximo do parâmetro “k” dos demais materiais constituintes do núcleo. Tal consideração encontra-se em oposição às conclusões adotadas para a pequena geração de poro-pressões construtivas mencionadas anteriormente, além de ensaios realizados (entretanto na época de confecção deste documento, esses ensaios não existiam). As colunas de ângulo de atrito e coesão efetivos foram substituídas pela porosidade, grau de saturação inicial e peso específico dos grãos, valores necessários para esse tipo de análise de tensão deformação. 63 Os módulos de deformabilidade apresentam valores máximos e mínimos, que podem ser empregados de acordo com os níveis de tensão da obra. Isto permite o emprego de um modelo linear que incorpore o efeito da mudança da rigidez com o estado de tensão. Este mesmo procedimento já havia sido realizado nas análises bidimensionais citadas anteriormente. Os resultados desta análise são em tensões efetivas. A projetista ressalta que, por envolver cálculos elásticos, uma análise de problema geotécnico deve-se apenas basear em interpretações qualitativas dos resultados. Tal fato, entretanto, não diminui a importância deste estudo, que direciona a atenção para pontos críticos da estrutura, que deverão: reforçar as conclusões dos estudos já realizados e serem acompanhados tanto nos próximos estudos, como durante a construção, através de inspeções em campo e dados da instrumentação. A análise de final de construção mostrou que a geração de poro-pressões construtivas é pequena, da ordem de 40 kPa, ocorrendo dissipação após 17 meses de construção. Com essa modelagem, tem-se o aparecimento de uma zona de geração de pressão neutra em posição superior à zona de cascalho, devido à menor permeabilidade dos materiais J1 e J2 perante a do cascalho, vide Figura 4.15. Figura 4.15 – Poro-pressões geradas durante o período de construção 64 Nos resultados envolvendo as tensões principais maiores, os pontos mais importantes estão associados a degraus na fundação. Na região do núcleo, ocorre uma concentração de tensões no degrau formado pelo fim do “canyon” e início do vale mais aberto, aproximadamente entre as elevações 375,00 e 400,00, mais enfatizada nas proximidades com o filtro. Nos enrocamentos, observa-se comportamento semelhante nas regiões de degrau nas fundações. Essas considerações estão ilustradas respectivamente nas Figuras 4.16 e 4.17. Figura 4.16 – Resultados em termos de tensões principais na face de jusante do núcleo. Para as tensões principais menores, os degraus da fundação também foram bastante influentes, a Figura 4.18 mostra a concentração de tensões principais menores no pé de montante do núcleo, em posições similares às retratadas para as tensões principais maiores. Na Figura 4.19, tem-se outro ponto de concentração de tensões, agora na face de jusante do núcleo, entre as elevações 330,00 e 400,00. Ainda com relação às tensões principais menores, foram observadas tensões de tração na região da crista no contato com a fundação, conforme se pode observar na Figura 4.20. 65 Montante da barragem Margem Esquerda Margem Direita Zona de concentração de tensão (degraus na fundação na zona dos enrocamentos) => arqueamento a jusante Figura 4.17 - Resultados em termos de tensões principais na face de montante. Figura 4.18 - Tensões principais menores na face de montante do núcleo. 66 Figura 4.19 - Tensões principais menores na face de jusante da barragem. Figura 4.20 – Tensões principais menores na face de jusante do núcleo. Diante do exposto, admite-se como principais fatores a concentração de esforços relacionados aos degraus existentes na fundação e a existência de tensões de tração na crista. O primeiro motivou a escavação da fundação com o intuito de se obter taludes mais suaves na região de passagem do “canyon” para o vale mais aberto, onde foi realizada a conformação de 1H:1V, ao invés de 0,75H:1V. O aspecto associado às tensões de tração é proveniente de recalques no centro do aterro (região mais alta da 67 barragem) que irão promover um desligamento do maciço na região das ombreiras. Para amenizar tal ação, o emprego da camada plástica nestas regiões, além da faixa de 3,0 metros adotada neste estudo, se torna bastante oportuno. No tocante aos recalques, apenas a título de curiosidade (visto que como já dito anteriormente os resultados apresentados nesta simulação devem ser encarados como diretrizes para ações futuras) obteve-se 1,14 m de recalque na elevação 425, aproximadamente a meia altura da barragem. O regime permanente registrou, conforme esperado, uma redução de tensão a montante e simultaneamente aumento a jusante, decorrente do empuxo causado pelo enchimento do reservatório. De um modo geral, as concentrações de tensões são em pontos similares aos da modelagem no período construtivo. Além de fornecer alguns resultados originariamente típicos de análises tridimensionais, este estudo cumpre os objetivos propostos no tocante à confirmação de conclusões obtidas da análise bidimensional tais como: a necessidade de utilização de uma camada mais plástica no contato do núcleo com a fundação, a distribuição de esforços dos dois modelos que se mostra bastante similar, bem como a transferência de tensões do núcleo para o filtro (arqueamento). 68 Capítulo 5 ESTUDO TENSÃO-DEFORMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS 5.1- INTRODUÇÃO Este capítulo visa mostrar os resultados obtidos com as análises numéricas, por elementos finitos, efetuadas especificamente para este trabalho. Foi abordado o período construtivo, com a utilização de modelagem linear elástica e de uma malha da seção de maior altura bastante refinada, envolvendo também as irregularidades da fundação. Os valores de tensão e deslocamento gerados foram posteriormente confrontados com as medidas de campo provenientes da instrumentação, proporcionando a validação destes estudos, com relação ao modelo adotado e seus respectivos parâmetros. Nos estudos objeto deste capítulo, optou-se por utilizar o programa Sigma (GeoSlope, 2002). Isto possibilita uma comparação de resultados não apenas com os dos trabalhos da projetista, assim como com estudos similares do meio técnico, por ser este programa bastante utilizado na área de geotecnia. 5.2- SEÇÃO ESTUDADA Por ser tratar de uma obra em vale fechado e com geologia uniforme ao longo do eixo, que não demandasse uma atenção especial, a seção considerada foi a de maior altura, justamente por concentrar a maior magnitude de esforços e portanto ser o foco das análises (para o caso específico da barragem de Irapé, conforme descrições do Capítulo 2). A partir do supracitado, conseqüentemente, esta é a seção com maior número de instrumentos. Especificamente para as análises desenvolvidas neste capítulo foram 69 consideradas as medidas provenientes dos seguintes instrumentos: células de pressão total, medidores de recalque magnético, medidores de recalque elétrico e caixas suecas. Desta forma, tem-se valores de tensão ao longo de todo o núcleo e medidas de deslocamento nesta mesma região, através dos medidores de recalque magnético, bem como nos enrocamentos de montante e de jusante com o uso dos dados fornecidos pelos medidores de recalque elétrico (montante) e caixas suecas e também medidores de recalque magnético (jusante). Para maiores detalhes sobre o posicionamento dos instrumentos, consultar as Figuras 2.14-a e 214-b A seção considerada, assim como a configuração do zoneamento de materiais adotado está conforme a Figura 5.1, apresentada a seguir. A partir desta, percebe-se claramente algumas diferenças com a seção dos estudos desenvolvidos até então pela projetista. As principais diferenças estão enumeradas abaixo: Existência de degrau na fundação, mais precisamente sob o núcleo e adjacências; Dimensões do bloco de concreto compactado a rolo sob o núcleo em conformidade com o que foi realmente executado; Ajuste nas inclinações dos offsets dos enrocamentos de jusante 5 e 5A, bem como mudança destes enrocamentos locados a montante para um único material, denominado “5L”; Elevações limitadoras dos diversos materiais empregados no núcleo da barragem estão em acordo com o construído; Mudança nos offsets dos materiais da zona de deplecionamento do reservatório. 70 Figura 5.1 – Seção transversal considerada. 72 5.3 - MODELAGEM Para esta modelagem, buscou-se o desenvolvimento de uma malha mais refinada, suficiente para abordar as peculiaridades da seção considerada. Deste modo, foram usados 4.332 nós e 4.256 elementos, conforme Figura 5.2, a seguir. Houve uma preocupação com as irregularidades da geometria da fundação, e estas foram incluídas na modelagem (a seção de máxima altura intercepta apenas parcialmente o sinuoso leito do rio, resultando desta forma, em um degrau a montante). Com isso, espera-se que a concentração de tensões neste degrau possa ser adequadamente avaliada. A ensecadeira de montante, uma estrutura de porte considerável, com aproximadamente 60 metros de altura também foi incluída na análise. No entanto, o exposto acima não significa que não foram incluídas simplificações no modelo. Como é usual neste tipo de análise, o sistema de drenagem interna da barragem, englobando o filtro e as camadas de transição, foi considerado como um único material. Os enrocamentos de proteção e de revestimento, “7” e “9”, respectivamente, foram incorporados ao enrocamento “6” ao passo que o enrocamento “6B” foi englobado pelos materiais 5 e 5A. Os demais materiais, enrocamentos “5”, “5L”, “5A” e “6”, bem como os materiais argilosos “3B”, “J1” e “J2”, foram individualizados. Outro aspecto de suma importância é a consideração da junta de construção realizada no talude de jusante da barragem. Esta junta se iniciou aproximadamente na El. 382,00, sendo que este ponto passou a ser construído novamente quando a elevação do núcleo atingiu a cota aproximada de 471,00. A Figura 5.3 ilustra o exposto. Visando permitir uma simulação da construção fidedigna, foram utilizadas 38 etapas no programa, definidas de acordo com o cronograma da obra. Isso possibilitou a obtenção de valores de tensão e de deformação durante as diversas fases de construção do empreendimento, permitindo um grande número de comparações com os dados fornecidos pela instrumentação. No Anexo III, está disposta a situação (elevação) da barragem em cada uma das 38 etapas. 72 Elevação, metros 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Distancia, metros Figura 5.2 – Malha de elementos finitos empregada. 73 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 6 Figura 5.3 – Junta de construção do talude de jusante. O modelo constitutivo empregado para representar o comportamento dos materiais foi o linear-elástico (na seqüência deste trabalho, este modelo será denominado “les” - linear-elástico simples). Na sua concepção original, o módulo de elasticidade “E” segue o comportamento representado pela Figura 5.4. σ E 1 ε Figura 5.4 – Modelo linear-elástico. Adicionalmente, uma variação aproximada do módulo com o nível de tensões foi simulada para cada material. Isso foi implementado através da definição arbitrária de oito níveis de tensão que irão motivar a mudança do módulo de elasticidade. (ressalta-se que artifício semelhante foi executado pela projetista nos estudos anteriores já descritos). Desta forma, com os oito níveis de tensão ao longo de toda a altura da barragem, tem-se, a cada 25 metros, aproximadamente, uma mudança do valor de “E”. A Figura 5.5 exemplifica este processo, na qual o núcleo encontra-se em evidência. Observa-se que a zona 3B do núcleo, “cascalho”, apresenta quatro faixas, cada uma correspondendo a um material com diferente módulo de elasticidade. 74 Figura 5.5– Incrementos utilizados para a variação do módulo de deformabilidade. Este procedimento foi denominado de modelo linear-elástico com incrementos (“lei”) e foi empregado em todos os materiais. O modelo “lei”, na verdade, tenta simular grosseiramente a não-linearidade do comportamento tensão-deformação dos materiais. Uma das grandes diferenças em relação a um modelo verdadeiramente não-linear reside no fato de que este último calcula automaticamente as variações do módulo de rigidez para cada incremento de elementos de acordo com o nível de tensões; ao passo que no modelo adotado, a reavaliação do módulo de elasticidade é feita “a priori” e é independente dos incrementos (ocorrendo, portanto, menos vezes). Outra diferença digna de nota, consiste no fato das regiões próximas aos taludes de montante e jusante apresentarem o mesmo módulo de deformabilidade de regiões situadas na mesma cota mas no interior do aterro e portanto sujeitas a um maior nível de tensão. Isso ocorre pois, como já mostrado, as faixas que demandam a adoção de diferentes módulos de elasticidade, estão dispostas apenas horizontalmente; logo esta geometria simples não consegue englobar o aspecto mencionado. A Tabela 5.1 contém os principais dados de entrada de cada material (assim como importantes parâmetros geotécnicos), incluindo a faixa de variação considerada para o módulo de elasticidade. Inicialmente, os parâmetros geotécnicos foram extraídos de bibliografia especializada e de consultores do empreendimento, sendo em um 75 momento subseqüente, levemente ajustados por ensaios triaxiais e de adensamento oedométrico, CCI (2004, a). Para a execução do modelo linear-elástico, “lei”, valores médios foram utilizados para o módulo “E”. Tabela 5.1– Parâmetros geotécnicos dos materiais da barragem. Material E (MPa) Min Max µ γ (kN/m3) c (kPa) φ (graus) J1 30 40 0,30 19,0 30 32 J2 50 70 0,30 22,0 20 35 3B 80 120 0,30 21,5 10 37 2/3/3A 100 200 0,30 20,0 10 39 Random 80 100 0,25 21,0 0 35 5A 60 100 0,25 22,5 0 39 5 35 65 0,25 20,5 0 40 6 60 80 0,25 21,0 0 45 0,20 25,0 1,800 50 CCR 20.000 Importante salientar que a variação do módulo de elasticidade dos materiais adotada neste trabalho, parte do valor maior nas cotas mais inferiores, para valores menores nas cotas superiores. Esta é uma grande diferença em relação aos estudos desenvolvidos pela projetista, onde a variação dos módulos de elasticidade é justamente o contrário, como se pode observar na Figura 5.6, extraída de estudo de tensãodeformação em ensaio oedométrico. Neste gráfico, estão definidas as faixas adotadas da maioria dos materiais argilosos. Nota-se claramente que a variação do módulo de elasticidade nesta dissertação encontra-se em acordo com estes ensaios (módulo de elasticidade tangente), ou seja, crescente com o nível de tensão. Argumento semelhante pode ser utilizado para os materiais “cascalho” e “random”, vide Figura 5.7 e 5.8. No anexo IV, está disposta, de forma mais detalhada, a variação dos módulos de elasticidade para cada material. 76 Módulos Tangentes - Adensamento Jazidas 120,00 J1-Bloco 3 J1-Bloco 4 J1-Bloco 5 J1-Bloco 6 J2-Bloco 345 J2-Bloco 346 J1- material mais plástico J1-material mais plástico 100,00 E tan (MPa) 80,00 J2-Faixa Adotada 60,00 40,00 J1- Faixa Adotada J1 material + plástico - Faixa Adotada 20,00 0,00 0,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0 2500,0 3000,0 3500,0 Pressão (kPa) Figura 5.6– Variação dos módulos tangentes em função do nível de pressão. Módulos Tangentes - Adensamento Cascalhos 200,00 180,00 C1- H ótima C1 - Saturado C2 - H ótima C2 - Saturado 4C2:1J2 3C2:1J2 160,00 140,00 E tan (MPa) 120,00 100,00 3B - Faixa Adotado 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 0,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0 2500,0 3000,0 3500,0 Pressão (kPa) Figura 5.7– Variação dos módulos tangentes do “cascalho” em função do nível de pressão. 77 Módulos Tangentes - Adensamento 5L 140 120 material 5L - ensaio Material 5L - Faixa Adotada E tan (MPa) 100 80 60 40 20 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 Pressão (kPa) Figura 5.8– Variação dos módulos tangentes do “random” em função do nível de pressão. 5.4 - DADOS DA INSTRUMENTAÇÃO Os dados provenientes da instrumentação para comparação com os resultados dos modelos teóricos foram obtidos até a data de 25/02/2005, para o presente trabalho. Este período abrange até a etapa 23 da simulação computacional (período construtivo de 38 etapas). É colocado em evidência, através da Figura 5.9, a elevação do aterro acima referida. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 610 di t i Figura 5.9 – Elevação do aterro na etapa 23. 78 5.5 – SIMULAÇÕES RELATIVAS AO FINAL DE CONSTRUÇÃO As simulações foram processadas e produziram resultados similares entre os modelos utilizados. As figuras a seguir apresentam os resultados no período de fim de construção, para cada análise, em termos de recalques, deslocamentos horizontais, tensões verticais e horizontais. 5.5.1 – Recalques no Final de Construção Em termos de análises de final de construção, observando as Figuras 5.10 e 5.11, pode ser dito que os recalques não apresentam diferenças consideráveis nos limites máximos e mínimos provenientes dos modelos (o recalque máximo pelo modelo “les” foi de 1,51m contra 1,48m fornecido pelo modelo “lei”). A distribuição destes é levemente divergente. O modelo linear-elástico com artifício incremental claramente apresenta uma região menor e mais simétrica com o valor de recalque de 1,2m, associada à melhor compatibilidade dos módulos de rigidez dos materiais do núcleo com o do enrocamento 5A. Este aspecto também se repete para outras zonas do aterro, mas de forma mais sensível, como por exemplo, em relação ao material “5L”. Os Recalques máximos ocorrem a aproximadamente dois terços da altura da barragem, um resultado aceitável. O fato de o maior recalque ocorrer à meia altura da barragem não se aplica neste caso, tendo-se em vista que o zoneamento do núcleo é composto por 3 materiais com diferentes módulos de elasticidade, considerando ainda que, o módulo mais elevado encontra-se no material da base do núcleo. 79 Elevation, meters 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 -1.4 -1.2 -1 -0.8 -0.2 -0.4 -0.6 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Distance, meters Elevation, meters Figura 5.10 – Recalques no final de construção pelo modelo “les”. 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 -1.4 -1.2 -1 -0.2 -0.8 -0.6 -0.4 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Distance, meters Figura 5.11 – Recalques no final de construção pelo modelo “lei”. De uma maneira geral, o diagrama de deslocamentos vertical de ambos os modelos revela variações de valores bem inferiores àquelas observadas nos estudos numéricos apresentados pela projetista. Para a porção mais externa superior do talude de jusante, onde foi executada a junta de construção, os resultados mostram-se menos harmônicos. Este comportamento numérico, pode estar associado a oscilações, entre as etapas 21 e 25, advindas do aumento substancial dado à taxa de elevação para o aterro. 5.5.2 – Tensões Verticais no Final de Construção O arqueamento esperado na zona de transição foi constatado em ambos os modelos através dos picos no diagrama de tensões. Este efeito se origina da diferença de 80 magnitude dos módulos de elasticidade dos materiais, sendo o das transições em torno de duas vezes maior que o do núcleo, mesmo se for considerada a zona de “cascalho”, material com uma maior rigidez que os “puramente argilosos”. Como previsto, os modelos não revelaram variações entre si, pois a única diferença entre as duas análises Elevation, meters residia nos módulos de elasticidade, que não influenciam na distribuição de tensões. 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 50 0 10 00 15 00 2000 3000 2500 3500 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Distance, meters 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 500 100 0 3000 Elevation, meters Figura 5.12 – Tensões verticais no final de construção pelo modelo “les”. 150 0 200 0 3500 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Distance, meters Figura 5.13 – Tensões verticais no final de construção pelo modelo “lei”. Procurando minimizar os efeitos de concentração de tensões nos filtros, que normalmente têm maior rigidez que os demais materiais, os projetos têm sido desenvolvidos com o mesmo inclinado. Como pode ser observado neste estudo, mesmo adotando este procedimento, o efeito de arqueamento foi verificado. Naturalmente, 81 quanto menor a inclinação do filtro com a horizontal, menor será o efeito induzido pelo arqueamento. Na região superior a montante, acima da cota de topo do cascalho, por sua vez, devido à inexistência de um elemento de elevada rigidez, observa-se um arqueamento menos acentuado, precisamente no contato do material “random” com os materiais mais argilosos do núcleo, J1 e J2. Na região inferior, com o aumento da rigidez do núcleo, semelhante a do “random”, o efeito do arqueamento foi notoriamente mais suave. 5.5.3 – Deslocamentos Horizontais no Final de Construção Os resultados em termos de deslocamentos horizontais, de uma maneira geral, no tocante principalmente à forma da distribuição dos mesmos, estão conforme o esperado. Em vários trabalhos publicados sobre o assunto, por exemplo, Clough e Woodward (1967), encontram-se distribuições similares, com os valores máximos ocorrendo também aproximadamente a meia altura da barragem, assim como valores crescentes partindo deste ponto, em direção a regiões superiores e inferiores do aterro. 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 0.05 -0.25 0.25 -0.2 0.2 -0.1 5 -0.1 0.1 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura 5.14 – Deslocamentos horizontais no final de construção pelo modelo “les”. 82 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 0.05 -0.25 0.25 -0.2 -0.1 5 -0.1 0.2 0.1 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura 5.15 – Malha deformada proveniente do modelo “les”. 0.05 0.25 -0.25 - 0. 15 0.2 0.15 0.1 0.05 -0.2 05 -0. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 1020 30405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura 5.16 – Deslocamentos horizontais no final de construção pelo modelo “lei”. 0.05 0.25 -0.25 -0. 15 0.2 0.15 0.1 0.05 -0.2 05 -0. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 1020 30405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura 5.17 – Malha deformada proveniente do modelo “lei”. 83 Visando esclarecer os resultados do programa com sinais contrários apresentados pelas Figuras 5.14 e 5.16, bem como auxiliar no entendimento das análises de deslocamento, estão mostradas as malhas deformadas de cada um dos modelos separadamente nas Figuras 5.15 e 5.17, com uma magnitude ampliada em 56 vezes. Observa-se, de forma evidente, que “o eixo” dos deslocamentos nulos está situado bem próximo do eixo da barragem para ambos os modelos, apresentando ligeira inclinação no sentido anti-horário. Isso decorre da simetria tanto no zoneamento de materiais como na forma geométrica do aterro. No tocante à diferença entre os modelos, considerando os limites máximos e mínimos dos deslocamentos, constata-se pouca diferença, da ordem de no máximo dois centímetros, divergência que pode ser desconsiderada na análise em questão. Relacionado à distribuição destes deslocamentos, percebe-se uma boa semelhança entre os modelos, exceto pela região de máximo deslocamento no sentido de jusante, a qual no modelo “lei” é menor que a do modelo “les”, ao passo que a região de deslocamento de igual valor, mas direcionado para montante, mantém-se com as mesmas dimensões. 5.5.4 – Tensões Horizontais no Final de Construção Assim como nas análises das tensões verticais, nas Figuras 5.18 e 5.19, não foram observadas variações consideráveis entre os modelos, uma vez que a modelagem determina a magnitude das tensões horizontais com base no coeficiente de Poisson. Na parte central, abaixo da região de recalques máximos, pode-se observar um aumento das tensões horizontais no encontro do núcleo com os enrocamentos. Este comportamento pode estar associado à indução de tensões horizontais face à maior acomodação vertical nesta região. 84 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 200 400 600 200 800 1000 1200 1000 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura 5.18 – Tensões horizontais no final de construção pelo modelo “les”. 200 400 0 600 80 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 1000 1200 100 0 0 1020 30405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura 5.19 – Tensões horizontais no final de construção pelo modelo “lei”. 5.6 – SIMULAÇÕES RELATIVAS AO PERÍODO DE CONSTRUÇÃO Uma avaliação do comportamento dos modelos representativos do aterro durante as várias etapas de construção foi efetuada, comparando os resultados com os dados da instrumentação. Este banco de dados está disponível até aproximadamente a elevação 482,00, correspondente à etapa 23, conforme menção anterior. Os resultados dos modelos “les” e “lei” foram plotados em conjunto com os dados fornecidos pelos instrumentos em vários pontos. O Anexo V apresenta os gráficos de todos os instrumentos versus os dados de saída dos modelos. 85 5.6.1 – Análise de Tensões Totais Durante a Construção Através das análises comparativas nos pontos onde a concentração de tensões e o arqueamento são esperados (ao longo das proximidades do filtro), nota-se que os resultados da análise numérica apresentam valores iniciais congruentes, mostrando uma tendência divergente após o nível de tensão próximo de 800kPa (cerca de 40 metros de aterro) em comparação com aqueles lidos nos instrumentos de campo. Podem ser citados como exemplos, os resultados obtidos nas células de pressão total CP-301-C, CP-305 e CP-308, cujos resultados estão mostrados nas Figuras 5.20 a 5.22. Para a CP-301-C, situada no pé de jusante do núcleo impermeável, tem-se um bom ajuste dos resultados numéricos e de campo até a etapa 7 (elevação 376,00). À partir desta elevação, os resultados apresentam dispersão progressiva, sendo esta em torno de 77%, do proveniente dos modelos, ao passo que nos locais onde os outros dois instrumentos estão instalados, obtêm-se dados de saída dos modelos com valores em média de 75% dos medidos em campo registrada para a última etapa (etapa 38 – elevação 514,00). 4000 3000 2500 301c les lei 2000 1500 1000 500 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 0 323 Tensões totais verticais, kPa 3500 Elevação do aterro, metros Figura 5.20 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301-C. 86 Levando em consideração que as leituras de campo estão corretas, ou seja, os instrumentos estão bem instalados e trabalhando perfeitamente, as incongruências observadas poderiam estar associadas a problemas na modelagem numérica. Estudos de sensibilidade nas condições de interface entre o núcleo argiloso e o filtro mostraram melhores ajustes deste comportamento de forma isolada. Este estudo evidenciou que melhores resultados para alguns instrumentos reflete perda na qualidade dos resultados em outros. Uma vez que os resultados no centro da barragem mostraram-se melhores, os parâmetros adotados foram mantidos nos estudos subseqüentes. 2000 1500 305 les lei 1000 500 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 0 323 Tensões totais verticais, kPa 2500 Elevação do aterro, metros Figura 5.21 – Resultados dos modelos comparados com a CP-305. 87 1400 Tensões totais verticais, kPa 1200 1000 800 308 les lei 600 400 200 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0 Elevação do aterro, metros Figura 5.22 – Resultados dos modelos comparados com a CP-308. A CP-301, apesar de não estar em uma posição onde não se espera o arqueamento (na base do núcleo, em uma posição intermediária entre as regiões montante e jusante), também fornece valores de pressão da ordem de 75% dos revelados pelos modelos, Figura 5.23. 4000 3000 2500 301 les lei 2000 1500 1000 500 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Tensões totais verticais, kPa 3500 Elevação do aterro, metros Figura 5.23 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301. 88 Como observado na Figura 5.24, as leituras da célula CP-301-A também revelam certa discrepância em relação aos modelos, porém em maior intensidade (a tensão medida por este instrumento é 43% do valor proveniente do modelo). 3500 Tensões totais verticais, kPa 3000 2500 2000 301a les lei 1500 1000 500 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0 Elevação d o aterro, m etros Figura 5.24 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301-A. Tomando como foco apenas os instrumentos da base do núcleo, nota-se que todos registram pressões menores que as determinadas pela modelagem numérica. O pé de montante do núcleo impermeável apresenta um alívio em relação às demais regiões, provavelmente associado ao bloco de concreto utilizado como regularizador da fundação. As tensões portanto estariam se “concentrando” sobre esta estrutura ao passo que a base a montante, apoiada sobre rocha, diante deste degrau, receberia menor quantidade de esforços. Os instrumentos instalados ao longo do eixo do núcleo da barragem revelaram melhor aproximação com os resultados numéricos. No entanto, à medida que se eleva a cota do aterro, a compatibilização entre as leituras dos instrumentos com os modelos diminui. As Figuras 5.25 a 5.27 mostram a evolução desta diferença, pelas medidas das CP-304, CP-306 e CP-310. A justificativa para esta diferença poderia estar associada à elevação/configuração do aterro em conjunto com a posição das células. O fato da junta de construção estar bastante próxima do local de instalação do instrumento afeta a 89 distribuição de tensões. Mesmo com a representação deste procedimento de construção na simulação computacional, pode-se compreender uma certa perda de precisão nesta região e uma representação não totalmente fidedigna da distribuição de tensões em virtude da complexidade do problema. 2500 Tensões verticais, kPa 2000 1500 304 les lei 1000 500 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0 Elevação do aterro, metros Figura 5.25 – Resultados dos modelos comparados com a CP-304. 1600 1200 1000 306 les lei 800 600 400 200 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 0 323 Tensões totais verticais, kPa 1400 Elevação do aterro, metros Figura 5.26 – Resultados dos modelos comparados com a CP-306. 90 800 Tensões totais verticais, kPa 700 600 500 310 les lei 400 300 200 100 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0 Elevação do aterro, metros Figura 5.27 – Resultados dos modelos comparados com a CP-310. A CP-312 está próxima da junta de construção, até mais que a CP-310 e ainda apresenta leituras compatíveis com a análise computacional, Figura 5.28. Entretanto, deve ser lembrado que esta célula se encontra próxima ao filtro e às transições o que poderia ter afetado na distribuição de tensões neste local. 800 600 500 312 les lei 400 300 200 100 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 0 323 Tensões totais verticais, kPa 700 Elevação do aterro, metros Figura 5.28 – Resultados dos modelos comparados com a CP-312. 91 As tensões totais horizontais observadas através das células de pressão instaladas verticalmente não apresentam grandes aproximações com os modelos, nas Figuras 5.29, 5.30, 5.31 e 5.32, destacam-se as CP-301-B, CP-301-D, CP-303 e CP-309. 1600 Tensões totais horizontais, kPa 1400 1200 1000 301b les lei 800 600 400 200 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0 Elevação do aterro, metros Figura 5.29 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301-B. 1200 1000 800 301d les lei 600 400 200 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 0 323 Tensões totais horizontais, kPa 1400 Elevação do aterro, metros Figura 5.30 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301-D. 92 Tensões totais horizontais, kPa 1200 1000 800 303 les lei 600 400 200 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0 Elevação do aterro, metros Figura 5.31 – Resultados dos modelos comparados com a CP-303. 700 Tensões totais horizintais, kPa 600 500 400 309 les lei 300 200 100 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0 Elevação do aterro, metros Figura 5.32 – Resultados dos modelos comparados com a CP-309. A CP-301-B, situada no pé de montante do núcleo, é a única célula que apresenta tensão horizontal menor que a fornecida pelo programa, cerca de 43% do valor dos modelos. A CP-301-D, por sua vez, registra uma boa aproximação; ao passo que as CP-303 e CP-309, registram valores maiores que os fornecidos pela implementação computacional. Ressaltando que a diferença maior reside sobre o 93 instrumento CP-309, apresentando inclusive uma diferente tendência, o que pode ser justificado pela sua maior aproximação com a região da junta. 5.6.2 – Análise de Deslocamentos Durante a Construção Como os instrumentos utilizados para a análise dos estudos de tensãodeformação não fornecem valores para os deslocamentos horizontais, as comparações dos resultados dos modelos linear-elástico e linear-elástico incremental com a instrumentação irão se ater apenas aos recalques. Avaliando de uma maneira geral, os recalques mensurados revelam uma considerável compatibilidade com os modelos adotados. A maior diferença encontrada foi em torno de 0,40 metros a mais que o fornecido pelos modelos, registrada no medidor de recalque magnético RM-307, conforme figura 5.33. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,2 -0,4 -0,6 307 les lei -0,8 -1 -1,2 -1,4 -1,6 Elevação do aterro, metros Figura 5.33 – Resultados dos modelos comparados com a RM-307. Mas esse comportamento ocorre isoladamente, em poucos instrumentos, pois a maioria da instrumentação não indica diferenças maiores que 0,20 metros em comparação com os modelos. É importante ressaltar que quando os resultados dos modelos divergem entre si, os recalques medidos em campo geralmente tendem a se 94 aproximar do modelo linear-elástico com incrementos (“lei”), como pode ser exemplificado pelos vários gráficos dispostos no Anexo V. Os medidores de recalque magnético, instalados no núcleo da barragem, revelam uma excelente congruência entre suas medidas e os valores fornecidos pelo programa, tanto para as simulações linear-elástica simples quanto para a com artifício incremental. São destacados nas Figuras 5.34, 5.35, 5.36, 5.37 e 5.38 os medidores RM-301, RM303, RM-305, RM-306 e RM-309, respectivamente. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 -0,05 323 0 0 -0,1 -0,15 -0,2 301 les lei -0,25 -0,3 -0,35 -0,4 -0,45 -0,5 Elevação do aterro, metros Figura 5.34 – Resultados dos modelos comparados com a RM-301. 95 Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 -0,2 -0,4 303 les lei -0,6 -0,8 -1 -1,2 Elevação do aterro, metros Figura 5.35 – Resultados dos modelos comparados com a RM-303. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,2 -0,4 -0,6 305 les lei -0,8 -1 -1,2 -1,4 Elevação do aterro, metros Figura 5.36 – Resultados dos modelos comparados com a RM-305. 96 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,2 -0,4 -0,6 306 les lei -0,8 -1 -1,2 -1,4 Elevação do aterro, metros Figura 5.37 – Resultados dos modelos comparados com a RM-306. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 -0,2 -0,4 309 les lei -0,6 -0,8 -1 -1,2 Elevação do aterro, metros Figura 5.38 – Resultados dos modelos comparados com a RM-309. Pode-se a partir destas, inferir que até o instrumento de número 305, tem-se um melhor ajuste dos dados de campo às curvas dos modelos, tanto em termos de valores (diferença máxima em torno de 10 centímetros, na maioria das vezes menor que os modelos, ao passo que a diferença média reside na casa dos 5 centímetros), quanto na 97 tendência das curvas. Do medidor de recalque RM-306 em diante, as diferenças média e máxima passam a ser 20 e 40 centímetros, respectivamente. Essa linha de análise direciona a suspeita de que a mudança do material do núcleo, mais precisamente do “cascalho” para um material mais argiloso seja o principal causador desta característica. Isso estaria acontecendo pelo fato do módulo de elasticidade “E” dos materiais argilosos J-1 e J-2, não estarem tão bem avaliados quanto o do “cascalho” e portanto gerando diferenças entre os recalques previstos e calculados. Os medidores de recalque magnético situados no próprio “cascalho” apresentam, por sua vez, excelente compatibilidade com os modelos, pois o peso específico “γ” para os materiais “cascalho”, J-1 e J-2 está avaliado corretamente, assim como o módulo de elasticidade do primeiro. De forma expedita, foi implementada uma variação no módulo de deformabilidade “E” do material J-1, no modelo linear-elástico simples “les”. O valor adotado anteriormente era de 35.000kPa, mas como, de acordo com a Figura 5.33 do medidor RM-307, a curva com os valores em campo acusava recalques maiores que os dos modelos, optou-se por reduzir o valor deste coeficiente de deformabilidade para 20.000kPa. O resultado é mostrado na Figura 5. 39, na qual está disposto um gráfico do mesmo instrumento RM-307. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 -0,2 323 0 0 -0,4 -0,6 -0,8 307 les lei -1 -1,2 -1,4 -1,6 -1,8 -2 Elevação do aterro, metros Figura 5.39 – Resultados considerando J-1 com módulo igual a 20.000kPa para o “les”. 98 Nota-se claramente que o modelo “les” com o novo parâmetro “E” para o material J-1 se aproxima mais dos dados de campo. O modelo “lei” permaneceu com os seus parâmetros irretocáveis, o que ressalta o ganho de adequação do modelo “les” com a mudança realizada. Nos demais instrumentos RM, ocorre o mesmo ganho citado acima. Isso portanto, motiva a calibração dos modelos à partir dos dados de campo. Na região dos enrocamentos a jusante, os medidores de recalque magnético apresentam uma previsão razoável dos recalques, principalmente se for lembrado que os dados de entrada do programa são mais difíceis de se aferir, sendo que muitos são meramente bibliográficos. As Figuras 5.40 a 5.43 dispostas a seguir mostram algumas das curvas dos instrumentos instalados ao longo dos enrocamentos “5A”, “5” e “6”. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,1 -0,2 -0,3 311 les lei -0,4 -0,5 -0,6 -0,7 Elevação do aterro, metros Figura 5.40 – Resultados dos modelos comparados com a RM-311. 99 Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 -0,2 -0,4 313 les lei -0,6 -0,8 -1 -1,2 Elevação do aterro, metros Figura 5.41 – Resultados dos modelos comparados com a RM-313. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 -0,2 -0,4 315 les lei -0,6 -0,8 -1 -1,2 Elevação do aterro, metros Figura 5.42 – Resultados dos modelos comparados com a RM-315. 100 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,1 -0,2 -0,3 -0,4 316 les lei -0,5 -0,6 -0,7 -0,8 -0,9 Elevação do aterro, metros Figura 5.43 – Resultados dos modelos comparados com a RM-316. Os gráficos mostram que em média a diferença entre os recalques calculados e os medidos em campo se situa em torno de 10 centímetros, com valores variando desde 5 até 22 centímetros. De uma forma geral, os recalques medidos são menores que os calculados. Importante ressaltar a ocorrência de recalque mais acentuado logo após o recomeço do aterro na região da junta. Para a compreensão deste fenômeno, deve-se analisar os gráficos dos RM situados no núcleo. Nestes, percebe-se a ocorrência da mudança de inclinação nas curvas fornecidas pelos modelos um “degrau”, em menor escala que o constatado nas curvas dos instrumentos instalados nos enrocamentos. Esta mudança nas curvas ocorre na elevação 482,00 exatamente onde se efetivou a junta. Entretanto, neste caso, o recalque possui uma intensidade menor que o já existente, ao contrário do que é registrado nos enrocamentos. A recarga decorrente da retomada do aterro acentuou os recalques, provavelmente devido à característica granular dos enrocamentos e os dados de campo encontram-se em franca sintonia com os dos modelos também neste aspecto. As caixas suecas, instaladas unicamente nos enrocamentos de jusante, registram valores de certa forma compatíveis com os recalques dos medidores magnéticos. Apesar destes dois tipos de instrumentos utilizarem princípios físicos diferentes, a primeira 101 utiliza o nível d’água, ao passo que o segundo emprega, como o próprio nome diz, o magnetismo, os valores são razoavelmente próximos. Suspeitava-se inicialmente de uma possível alteração dos recalques fornecidos pelas caixas suecas devido à possível diferença de temperatura ao longo de sua tubulação. Fato que não se mostrou significativo. Apenas as CS-301 a CS-304 estavam instaladas de forma definitiva. As demais células foram instaladas, em um primeiro momento, no talude de jusante gerado com a junta de construção e posteriormente reposicionadas para o talude definitivo, com os dados já medidos acumulados às novas medidas. Esse procedimento parece não ter afetado o registro dos dados, como pode ser percebido pelos resultados apresentados a seguir, onde ocorre relativa proximidade com os resultados dos modelos. A CS-304, foi desconsiderada das análises pois gerou resultados um tanto quanto duvidosos. As Figuras 5.44 a 5.47, mostram os gráficos das CS-301, CS-302, CS-305 e CS308. Observa-se que as células situadas em cotas inferiores têm melhor compatibilidade com os modelos. A CS-301 possui ótima correlação com o modelo “lei”, a CS-302, apesar de se afastar um pouco mais, ainda guarda boa aproximação. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 Deslocamentos verticais, metros -0,10 323 0,00 -0,20 -0,30 -0,40 cs301 les lei -0,50 -0,60 -0,70 -0,80 -0,90 -1,00 Elevação do aterro, metros Figura 5.44 – Resultados dos modelos comparados com a CS-301. 102 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 Deslocamentos verticais, metros 323 0,00 -0,20 -0,40 cs302 les lei -0,60 -0,80 -1,00 -1,20 Elevação do aterro, metros Figura 5.45 – Resultados dos modelos comparados com a CS-302. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 cs305 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura 5.46 – Resultados dos modelos comparados com a CS-305. 103 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 cs308 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura 5.47 – Resultados dos modelos comparados com a CS-308. As caixas suecas instaladas em cotas superiores registram uma diferença da ordem de 20 centímetros a menos em relação aos recalques gerados pelos modelos. Essa diferença está diretamente associada ao ponto de início de recalque das curvas. Como nas Figuras 5.46 e 5.47, esse ponto não é coincidente para cada conjunto de três curvas, é gerado um paralelismo que perpetuado gera uma divergência com a magnitude citada acima. Mas como foi mencionado o termo “paralelismo”, isto induz à conclusão de que o comportamento em relação à deformabilidade das curvas é comum e portanto não haveria, a princípio, necessidade de mudança no módulo de elasticidade para calibração dos modelos. Tal conclusão é reforçada pelo comportamento das curvas dos gráficos das CS em cotas inferiores. Os RM instalados nos enrocamentos também atestam esse argumento. O modelo “lei”, em geral, fornece valores mais próximos dos medidos em campo. Isso também ocorre notadamente nos medidores de recalque magnético instalados no enrocamento. Desta forma, fica evidenciada a diferença marcante na utilização dos modelos nos enrocamentos. Os medidores de recalque elétrico estão instalados no enrocamento de montante, no “random”, nas porções de montante e jusante do núcleo e até mesmo no filtro, conforme pode ser observado no item 2.5. Os instrumentos RE-301 a 303 encontram-se 104 com leituras duvidosas e serão desconsiderados na análise. Desta forma a primeira linha destes instrumentos, instalados ao longo da cota 350,00 não será confrontada com a instrumentação. Os medidores de recalque elétrico instalados na porção de jusante do núcleo, cujos gráficos encontram-se apresentados nas Figuras 5.48 a 5.50, correspondem aos RE-307, RE-312 e RE-316. Pela análise destas figuras, pode-se perceber que os “degraus” retratados anteriormente também aqui são constatados, ocorrendo num mesmo ponto para os modelos e dados de campo, aproximadamente na elevação 480,00. Outra característica em comum é a divergência no início dos recalques entre os modelos e os dados da instrumentação. Desta vez, não fica evidente que a grande diferença encontrada, cerca de 40 centímetros, se deve unicamente a esse fato, podendo também estar associada a uma avaliação do módulo de deformabilidade dos materiais componentes do núcleo (o que viria reforçar o já constatado anteriormente). 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 re307 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 elevação do aterro, metros Figura 5.48 – Resultados dos modelos comparados com a RE-307. 105 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 re312 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura 5.49 – Resultados dos modelos comparados com a RE-312. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 re316 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura 5.50 – Resultados dos modelos comparados com a RE-316. Os mesmos argumentos também são válidos para os RE instalados no filtro, conforme Figura 5.51, mas excluindo a necessidade de reavaliação do módulo de deformabilidade, tendo-se em vista que o “paralelismo” ocorre nos instrumentos desta região. 106 Os medidores instalados no enrocamento de montante não apresentam um comportamento único. As diferenças com os modelos podem ser mínimas, como no caso do RE-306, Figura 5.52; como bastante consideráveis como a retratada pelo RE310 (Figura 5.53), com certa de 35 centímetros a menos no recalque que os resultados dos modelos. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 323 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 re308 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura 5.51 – Resultados dos modelos comparados com a RE-308. As mesmas observações feitas para as caixas suecas e para os RE com relação à divergência do ponto de início de recalque entre os modelos e os dados de campo podem ser aplicadas. Mesmo com essas constatações, pode-se afirmar, de antemão, que os medidores de recalque elétrico são os instrumentos que apresentam menor correlação com os valores gerados pelos modelos. 107 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 Deslocamentos verticais, metros 323 0,00 -0,20 -0,40 re306 les lei -0,60 -0,80 -1,00 -1,20 Elevação do aterro, metros Figura 5.52– Resultados dos modelos comparados com a RE-306. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 0 Deslocamentos verticais, metros 323 0,00 -0,20 -0,40 re310 les lei -0,60 -0,80 -1,00 -1,20 Elevação do aterro, metros Figura 5.53 – Resultados dos modelos comparados com a RE-310. Apesar dos comentários acima, é importante ressaltar que em vários pontos há uma certa compatibilidade entre as medidas dos medidores de recalque elétrico e os demais instrumentos de medição de recalque. 108 Capítulo 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 6.1- CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho objeto desta dissertação contribuiu para a incorporação de conhecimentos técnicos relativos à área de estudos geotécnicos de tensão-deformação ao corpo técnico de uma empresa de energia. O ganho proposto por este estudo se estende ao entendimento do comportamento de um maciço que constitui uma das mais altas barragens do mundo. Conforme apresentado no Capítulo 2, são discutidas características que tornam a barragem de Irapé um dos grandes méritos da engenharia. A configuração do zoneamento, o núcleo constituído por três materiais, a disposição dos enrocamentos e do sistema de drenagem, o bloco de CCR para a regularização da fundação (atingindo, desta forma, cotas, a partir das quais, o vale não fosse tão encaixado, permitindo a operação de máquinas de terraplenagem e conseqüentemente a execução do aterro), as características dos materiais (mescla denominada de “cascalho”; random com as características de cicatrização do núcleo), assim como a altura da barragem. Ainda no Capítulo 2, é destacada a importância da instrumentação da barragem, composta por um grande número de instrumentos, medindo: poro-pressões, tensões, recalques, deslocamentos horizontais, deflexões e pH; que contribui para o desenvolvimento dos estudos e análises de resultados. O fato de análises tensão-deformação não fazerem parte dos itens mais comuns de projeto da geotecnia, demandou um estudo adicional e específico, envolvendo desde as justificativas para a utilização de modelagens de um modo geral (abordando algumas comparações com o uso de modelos físicos), como recomendações, exemplos, procedimentos e também restrições. Em um segundo momento, foram apresentados 109 alguns aspectos direcionados às análises tensão-deformação, envolvendo os modelos constitutivos do solo. Todos esses conceitos, que constituem o Capítulo 3, permitiram uma percepção do problema. Pode-se citar como exemplo, a importância do número de etapas de construção assumida em uma modelagem. Observa-se que empregando um número baixo de camadas de construção, os maiores recalques em um aterro, para o período de fim de construção, tendem a ocorrer mais próximo da crista, o que é incompatível com as medidas da instrumentação. Por outro lado, para um número maior de camadas (dependendo de várias características do aterro, como geometria, zoneamento, processo construtivo, entre outros), os maiores recalques se deslocam para o meio do aterro, refletindo com razoável precisão o comportamento aferido pelos instrumentos. Outro exemplo que pode ser relatado consiste na orientação do modelo a ser adotado. A modelagem linear elástica, durante o processo de revisão bibliográfica, se mostrava a mais adequada para os estudos a serem desenvolvidos. As características da barragem, envolvendo principalmente a qualidade dos materiais, aliada aos ensaios disponíveis, podem ser considerados os fatores principais. Importante ressaltar que a abordagem a este modelo deveria ser feita de qualquer forma, pois as análises de tensãodeformação passam no estágio inicial por modelos mais simples até se atingir o modelo escolhido. Com os resultados satisfatórios do modelo linear-elástico encontrados, tornou-se razoável a adoção deste modelo. A definição do que representar na modelagem, em termos de geometria, materiais e diversos outros aspectos foi embasada também no Capítulo 3, que além de introduzir conceitos básicos, como a representação em um único tipo de elemento para o sistema de drenagem interno da barragem (filtro e transições), também auxiliou na tomada de decisões quanto à representação das irregularidades da fundação e do bloco de CCR. Todos esses e também outros aspectos abordados no Capítulo 3, como pode ser percebido pelo leitor, não apenas auxiliaram na compreensão das análises feitas pela projetista, como principalmente foram inseridos nas análises demonstradas posteriormente no Capítulo 5. Enfatiza-se que estes aspectos não poderiam deixar de ser 110 mencionados, visando assim definir claramente a linha de raciocínio e, portanto, a metodologia que norteou do trabalho. No Capítulo 4, foi realizada uma ampla discussão sobre os estudos desenvolvidos pela projetista. A metodologia de análise apresentada pela projetista pode ser considerada adequada, abordando parâmetros oriundos de estimativas, progredindo para parâmetros provenientes de ensaios e finalizando a análise com dados provenientes da instrumentação. A instrumentação, constitui-se como o fator de maior peso para a avaliação da funcionalidade e adequação do modelo apresentado. Felizmente, conforme já mencionado, o grande número de instrumentos na barragem de Irapé contribui significativamente para isso. O Capítulo 4 também apresenta as análises bi e tridimensionais da primeira etapa, a qual aborda apenas parâmetros estimados. Foram utilizados os programas Sigma e GEFDYN que permitiram as modelagens das seções transversal de maior altura e longitudinal da barragem. Estas análises subsidiaram o projeto da barragem em pontos fundamentais como a definição da geometria da fundação, o zoneamento de materiais constituintes do núcleo, a inserção de uma camada de material mais plástico no contato do aterro com a fundação visando contribuir para a prevenção do fraturamento hidráulico, entre outros. Os estudos tridimensionais, especificamente, tornam-se convenientes para o caso da barragem de Irapé que se encontra em um vale bastante encaixado, possuindo, portanto um comprimento não muito extenso em relação às outras dimensões. Este tipo de estudo serviu para reforçar as observações advindas do estudo bidimensional, além de estender alguns assuntos, principalmente no tocante à concentração de tensões e aparecimento de tensões de tração. A congruência dos resultados associados aos principais aspectos fornecidos por ambos os programas de computador permite concluir que o processo empregado está adequado para uma análise numérica, proporcionando segurança para a continuidade deste. Finalmente, no Capítulo 5, as análises realizadas para essa dissertação são mostradas, o que constitui o cerne deste estudo. As semelhanças com as análises desenvolvidas pela projetista consistem no período adotado (construtivo), seção 111 transversal de maior altura e parâmetros de deformabilidade. As diferenças, por sua vez, são compostas pela malha de elementos finitos mais refinada, número maior de etapas de construção, incorporação de irregularidades da fundação e da junta de construção, comparação entre dois tipos de modelos (um considerando dados únicos de módulo de elasticidade e outro apresentando uma variação do módulo de elasticidade com a profundidade e assim de certa forma com o nível de tensões), inclusão da ensecadeira nas análises e de modificações de projeto que ocorreram a posteriori das análises iniciais. Adicionalmente, foram utilizadas as leituras da instrumentação para, via comparação com os resultados do(s) modelo(s), permitir a validação das análises implementadas. Os resultados obtidos pelos modelos não apresentam grandes diferenças, o modelo “lei” se aproxima sensivelmente mais dos resultados, no entanto, o modelo “les” apresenta uma execução mais fácil e expedita. Desta forma, a escolha de um modelo em detrimento ao outro somente se justificaria no caso de serem de considerável importância ou a agilidade do processo (opção pelo modelo “les”) ou a necessidade de se atingir a máxima aproximação possível com os dados de campo (opção pelo “lei”). A avaliação dos resultados no tocante a alguns comportamentos já esperados, processo já mencionado no Capítulo 3 como parte integrante de uma análise computacional, demonstrou um satisfatório comportamento dos modelos. Os recalques máximos esperados se localizaram aproximadamente no centro, acima da posição de meia altura da barragem, estando de acordo com as características de maior rigidez da porção mais profunda do núcleo. Outro exemplo seria a concentração de tensões (ainda consideradas no final de construção) nas zonas do filtro e transições, também esperada pela elevada rigidez perante os demais materiais adjacentes. Também de forma semelhante, os resultados de deslocamentos horizontais (final de construção), conforme mencionado no próprio Capítulo 5. Relacionado ao período construtivo, considerando as tensões totais, pode-se chegar a algumas conclusões. No tocante às tensões horizontais, nas quais não foram constatadas aproximações com os modelos; isto era, de certa forma, esperado, justamente pela dificuldade em se definir a razão entre tensões, vertical e horizontal, nos vários pontos do aterro. Uma possível melhora poderia advir de uma análise de 112 sensibilidade envolvendo a mudança dos coeficientes de Poisson. Relacionada às tensões verticais, obteve-se uma certa congruência entre modelos e dados da instrumentação, principalmente nas proximidades do eixo da barragem, até determinada etapa de construção; e ao mesmo tempo, maior divergência nas proximidades da zona do filtro (tem-se uma congruência apenas durante as etapas iniciais, até serem atingidos cerca de 40 metros de aterro). Como mencionado, no Capítulo 5, alguns ajustes foram feitos, mas obteve-se apenas melhoras localizadas. Desta forma, uma hipótese que poderia ser levantada consiste no fato de que os modelos adotados não seriam capazes de refletir o comportamento da barragem, em toda a sua plenitude, em termos de tensões totais. Outra hipótese envolve a necessidade de ser executada uma análise tridimensional, visando fornecer uma melhor representação do estado de tensões da estrutura. As análises dos recalques, durante o período construtivo, se mostraram mais motivadoras. Comparando os resultados dos medidores de recalque magnético, instalados no núcleo argiloso e também no enrocamento de jusante, percebe-se a boa compatibilidade com os recalques oriundos dos modelos, para a grande maioria dos instrumentos, exceto para os mais próximos da elevação do aterro até aquele momento (até a etapa 23, conforme mencionado no Capítulo 5). As caixas suecas também apresentaram resultados satisfatórios. Os medidores de recalque magnético, por sua vez, não apresentaram a mesma compatibilidade com os dados de saída dos modelos, mesmo assim, pode-se destacar alguns instrumentos que refletem medidas próximas aos recalques provenientes das modelagens. Resumindo, pode-se concluir que a instrumentação supriu, com um número de informações acima do necessário, a necessidade de dados para implementar a fase comparativa da modelagem envolvendo a instrumentação. A qualidade dos dados, envolvendo principalmente sua periodicidade e forma de aquisição, foram fundamentais para a validação da modelagem implementada, possibilitando inclusive o desenvolvimento de estudos futuros. Desta forma, pode-se considerar este trabalho como uma etapa complementar dos estudos desenvolvidos anteriormente pela projetista do empreendimento. Refinamentos foram inseridos permitindo uma investigação mais precisa de vários 113 aspectos e confrontados com a instrumentação, obtendo-se bons resultados. Cabe ressaltar, mais uma vez, a importância destes estudos prévios da projetista que, além de permitirem a condução do projeto de forma adequada, foram imprescindíveis no destaque de pontos importantes e que deveriam ser melhor investigados. Esta sinergia entre os trabalhos (da projetista e o desta dissertação) permitiu investigações mais otimizadas e garantiu uma evolução do conhecimento a respeito do comportamento tensão-deformação da barragem de Irapé. 6.2- RECOMENDAÇÕES Face ao exposto acima, como primeira recomendação sugere-se o desenvolvimento dos estudos aqui apresentados utilizando dados mais atualizados da instrumentação. Deste modo, as análises passariam a permear novas condições de carregamento como enchimento do reservatório e futuramente, regime permanente e deplecionamento do reservatório, permitindo assim ampliar os conhecimentos do comportamento do maciço, o que seria útil não apenas para este empreendimento, mas podendo ser eventualmente expandido para outras barragens. Outra implementação de grande valia seria um estudo visando uma melhor adequação dos resultados dos modelos em termos de tensões totais. Conforme as considerações acima, os modelos atendem apenas parcialmente a esse aspecto. Em regiões mais críticas, como, por exemplo, nas proximidades da zona do filtro, ocorrem dispersões em relação aos dados da instrumentação. Esta sugestão passa, portanto, por uma investigação mais detalhada do comportamento desta zona e inserção de suas características nas modelagens, ou mesmo pela consideração de modelagens tridimensionais (conforme citado anteriormente). Estudos tensão-deformação e de estabilidade de taludes por elementos finitos, utilizando modelos com plasticidade, poderiam também ser desenvolvidos, visando avaliar sua potencialidade relativa, diante de análises de estabilidade por equilíbrio limite a serem desenvolvidas e dos estudos tensão-deformação apresentados neste trabalho. 114 Bibliografia 1. CCI (2003), 11.171-DE-B14-050-a - Barragem – Aterro – Planta. 2. CCI (2003, a), 11.171-DE-B14-051-b - Barragem – Aterro – Seções A-A, B-B, CC, detalhes. 3. CCI (2003, b), 11.171-DE-B14-052-b Barragem – Aterro – Seções D-D, E-E, e detalhe. 4. CCI (2003, c), 11.171-DE-B14-053-b Barragem – Aterro – Seções F-F e G-G. 5. CCI (2003, d), 11.171-DE-B14-054-b Barragem – Aterro – Seções H-H, J-J e K-K. 6. CCI (2003, e), 11.171-DE-B14-056-a3 Barragem – Aterro – Seções e detalhes. 7. CCI (2003, f), 11.171-DE-B14-058-a2 Barragem – Aterro – “Guarda-Chuva” Seção Típica e detalhes. 8. 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Furnas (2004, b) - Relatório DCT.T.14.009.2004-R0 – CEMIG – COMPANHIA ENERGÉTICA DEMINAS GERAIS - CONSÓRCIO CONSTRUTOR IRAPÉ CIVIL – UHE IRAPÉ –Relatório Informativo do Controle Tecnológico – Geotecnia Período: Março. 115 15. CCI (2002) - CONSÓRCIO CONSTRUTOR IRAPÉ USINA HIDRELÉTRICA DE IRAPÉ -ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS PARA AS OBRAS CIVIS. 16. Krahn, J (2004) – Stress and Deformation Modeling with Sigma/W – An Engineering Methodology – p. 9-39 17. Kranh, J e Burland, J (2005) – Modelling – Prediction or Process? 18. Cruz, P (1996) Cem Grandes Barragens Brasileiras – Oficina de Textos – São Paulo - Brasil 19. Geostudio (2005) –Geostudio Tutorials – Includes student edition lessons. 20. Carter et al (2000) – German Society for Geotechnics. 21. Musman, J.,V. (2002) – Análise Tensão-Deformação da barragem da UHE Nova Ponte 22. Geoslope (2002) – Programa Sigma – Geoslope International ltda. 23. 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Figura I.2 – Modelagem da seção longitudinal no programa GEFDYN. 119 ANEXO II 120 Casos 1, 2 e 3 - Cascalho até a El. 400,00m, J2 até a El. 465,00m e J1 até a crista Coroamento da barragem: El.513,70 518 508 498 488 478 468 458 Caso 1 - talude 1,0H:1,0V Elevação (m) 448 438 Caso 2 - talude 0,75H:1,0V 428 418 408 Caso 3 - talude 0,5H:1,0V γ v =γ h 398 388 σ3-caso2 378 σ1-caso2 368 358 σ3-caso1 348 σ3-caso3 338 σ1-caso3 σ1-caso1 328 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 Tensão Principal Maior e Tensão Principal Menor (kPa) Bloco de concreto 3.000 3.500 4.000 Figura II.1 – Gráfico comparativo das tensões principais para a inclinação da fundação na seção longitudinal. Comparações entre as tensões principais maior e menor da seção longitudinal Inclinação dos taludes: 1,0 V:0,75 H Coroamento da Barragem : El. 514,00m 518 508 498 488 478 468 458 Elevação (m) 448 σ1 (3 materiais) 438 428 sig1_3mat sig3_3mat tensão vertical sig1_1mat sig3_1mat σ3 (3 materiais) 418 408 398 388 378 368 358 σ3-(1 material) 348 σ1-(1 material) 338 328 0 500 Bloco de concreto 1.000 1.500 2.000 2.500 Tensão Principal Maior e Tensão Principal Menor (kPa) 3.000 3.500 4.000 Figura II.2 – Gráfico comparativo das tensões principais para a composição do núcleo na seção longitudinal. 121 ANEXO III 122 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.1 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 1. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.2 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 2. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.3 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 3. 123 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.4 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 4. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.5 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 5. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.6 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 6. 124 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.7 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 7. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.8 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 8. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.9 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 9. 125 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.10 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 10. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 di t i Figura III.11 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 11. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.12 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 12. 126 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.13 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 13. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.14 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 14. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.15 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 15. 127 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.16 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 16. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.17 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 17. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.18 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 18. 128 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.19 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 19. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.20 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 20. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.21 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 21. 129 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.22 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 22. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.23 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 23. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.24 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 24. 130 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.25 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 25. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -40 -20 0 102030405060708090 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 510 530 550 570 590 Figura III.26 – Simulação da elevação do aterro até a etapa 26. Figura III.27 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 26. 131 Figura III.28 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 27. Figura III.29 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 28. Figura III.30 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 29. 132 Figura III.31 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 30. Figura III.32 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 31. Figura III.33 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 32. 133 Figura III.34 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 33. Figura III.35 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 34. Figura III.36 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 35. 134 Figura III.37 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 36. Figura III.38 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 37. Figura III.39 – Detalhe da elevação do aterro até a etapa 38. 135 ANEXO IV 136 Tabela IV. 1– Parâmetros geotécnicos dos materiais da barragem, incluindo variação dos módulos de elasticidade de cada material. Material “Cascalho” “Cascalho” “Cascalho” “Cascalho” Argila J1 Argila J1 Argila J1 Argila J1 Transições Transições Transições Transições Transições Transições Transições Transições “5L” “5L” “5L” “5L” “5L” “5L” “5L” 5A 5A 5A 5A 5A 5A 5A 5 5 5 5 5 5 6 γ(kN/m3) 21,5 21,5 21,5 21,5 19,0 19,0 19,0 19,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 21,0 21,0 21,0 21,0 21,0 21,0 21,0 22,5 22,5 22,5 22,5 22,5 22,5 22,5 21,5 21,5 21,5 21,5 21,5 21,5 22 E (MPa) 120 106 93 80 40 36 33 30 200 190 175 160 145 130 115 100 100 97 93 90 87 83 80 100 93 87 80 73 67 60 90 84 78 72 66 60 90 137 ν 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 Material 6 6 6 6 6 6 γ(kN/m3) 22 22 22 22 22 22 E (MPa) 85 80 75 70 65 60 138 ν 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 ANEXO V 139 3500 Tensões totais verticais, kPa 3000 2500 2000 301a les lei 1500 1000 500 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Elevação do aterro, metros Figura V.1 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301A. 1600 1200 1000 301b les lei 800 600 400 200 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Tensões totais horizontais, kPa 1400 Elevação do aterro, metros Figura V.2 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301B. 140 4000 Tensões totais verticais, kPa 3500 3000 2500 301c les lei 2000 1500 1000 500 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Elevação do aterro, metros Figura V.3 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301C. 1200 1000 800 301d les lei 600 400 200 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Tensões totais horizontais, kPa 1400 Elevação do aterro, metros Figura V.4 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301D. 141 4000 Tensões totais verticais, kPa 3500 3000 2500 301 les lei 2000 1500 1000 500 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Elevação do aterro, metros Figura V.5 – Resultados dos modelos comparados com a CP-301. 3000 2000 302 les lei 1500 1000 500 Elevação do aterro, metros Figura V.6 – Resultados dos modelos comparados com a CP-302. 142 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Tensões totais verticais, kPa 2500 Tensões totais horizontais, kPa 1200 1000 800 303 les lei 600 400 200 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Elevação do aterro, metros Figura V.7 – Resultados dos modelos comparados com a CP-303. 2500 1500 304 les lei 1000 500 Elevação do aterro, metros Figura V.8 – Resultados dos modelos comparados com a CP-304. 143 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Tensões verticais, kPa 2000 Tensões totais verticais, kPa 2500 2000 1500 305 les lei 1000 500 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Elevação do aterro, metros Figura V.9 – Resultados dos modelos comparados com a CP-305. 1600 1200 1000 306 les lei 800 600 400 200 Elevação do aterro, metros Figura V.10 – Resultados dos modelos comparados com a CP-306. 144 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Tensões totais verticais, kPa 1400 900 Tensões totais horizontais, kPa 800 700 600 500 307 les lei 400 300 200 100 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Elevação do aterro, metros Figura V.11 – Resultados dos modelos comparados com a CP-307. 1400 1000 800 308 les lei 600 400 200 Elevação do aterro, metros Figura V.12 – Resultados dos modelos comparados com a CP-308. 145 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Tensões totais verticais, kPa 1200 700 Tensões totais horizintais, kPa 600 500 400 309 les lei 300 200 100 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Elevação do aterro, metros Figura V.13 – Resultados dos modelos comparados com a CP-309. 800 600 500 310 les lei 400 300 200 100 Elevação do aterro, metros Figura V.14 – Resultados dos modelos comparados com a CP-310. 146 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Tensões totais verticais, kPa 700 450 Tensões totais horizontais, kPa 400 350 300 250 311 les lei 200 150 100 50 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Elevação do aterro, metros Figura V.15 – Resultados dos modelos comparados com a CP-311. 800 600 500 312 les lei 400 300 200 100 Elevação do aterro, metros Figura V.16 – Resultados dos modelos comparados com a CP-312. 147 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Tensões totais verticais, kPa 700 Tensões totais horizontais, kPa 350 300 250 200 313 les lei 150 100 50 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Elevação do aterro, metros Figura V.17 – Resultados dos modelos comparados com a CP-313. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 -0,05 323 0 0 -0,1 -0,15 -0,2 301 les lei -0,25 -0,3 -0,35 -0,4 -0,45 -0,5 Elevação do aterro, metros Figura V.18 – Resultados dos modelos comparados com a RM-301. 148 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,1 -0,2 -0,3 -0,4 302 les lei -0,5 -0,6 -0,7 -0,8 -0,9 Elevação do aterro, metros Figura V.19 – Resultados dos modelos comparados com a RM-302. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 -0,2 -0,4 303 les lei -0,6 -0,8 -1 -1,2 Elevação do aterro, metros Figura V.20 – Resultados dos modelos comparados com a RM-303. 149 Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 -0,2 -0,4 304 les lei -0,6 -0,8 -1 -1,2 Elevação do aterro, metros Figura V.21 – Resultados dos modelos comparados com a RM-304. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,2 -0,4 -0,6 305 les lei -0,8 -1 -1,2 -1,4 Elevação do aterro, metros Figura V.22 – Resultados dos modelos comparados com a RM-305. 150 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,2 -0,4 -0,6 306 les lei -0,8 -1 -1,2 -1,4 Elevação do aterro, metros Figura V.23 – Resultados dos modelos comparados com a RM-306. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,2 -0,4 -0,6 307 les lei -0,8 -1 -1,2 -1,4 -1,6 Elevação do aterro, metros Figura V.24 – Resultados dos modelos comparados com a RM-307. 151 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,2 -0,4 -0,6 308 les lei -0,8 -1 -1,2 -1,4 -1,6 Elevação do aterro, metros Figura V.25 – Resultados dos modelos comparados com a RM-308. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 -0,2 -0,4 309 les lei -0,6 -0,8 -1 -1,2 Elevação do aterro, metros Figura V.26 – Resultados dos modelos comparados com a RM-309. 152 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,1 -0,2 -0,3 311 les lei -0,4 -0,5 -0,6 -0,7 Elevação do aterro, metros Figura V.27 – Resultados dos modelos comparados com a RM-311. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 -0,2 -0,4 312 les lei -0,6 -0,8 -1 -1,2 Elevação do aterro, metros Figura V.28 – Resultados dos modelos comparados com a RM-312. 153 Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 -0,2 -0,4 313 les lei -0,6 -0,8 -1 -1,2 Elevação do aterro, metros Figura V.29 – Resultados dos modelos comparados com a RM-313. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 -0,2 -0,4 314 les lei -0,6 -0,8 -1 -1,2 Elevação do aterro, metros Figura V.30 – Resultados dos modelos comparados com a RM-314. 154 Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 -0,2 -0,4 315 les lei -0,6 -0,8 -1 -1,2 Elevação do aterro, metros Figura V.31 – Resultados dos modelos comparados com a RM-315. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,1 -0,2 -0,3 -0,4 316 les lei -0,5 -0,6 -0,7 -0,8 -0,9 Elevação do aterro, metros Figura V.32 – Resultados dos modelos comparados com a RM-316. 155 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0 Deslocamentos verticais, metros -0,05 -0,1 -0,15 -0,2 317 les lei -0,25 -0,3 -0,35 -0,4 -0,45 Elevação do aterro, metros Figura V.33 – Resultados dos modelos comparados com a RM-317. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 -0,10 323 0 0,00 -0,20 -0,30 -0,40 cs301 les lei -0,50 -0,60 -0,70 -0,80 -0,90 -1,00 Elevação do aterro, metros Figura V.34 – Resultados dos modelos comparados com a CS-301. 156 Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 -0,20 -0,40 cs302 les lei -0,60 -0,80 -1,00 -1,20 Elevação do aterro, metros Figura V.35 – Resultados dos modelos comparados com a CS-302. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 -0,10 -0,20 cs303 les lei -0,30 -0,40 -0,50 -0,60 Elevação do aterro, metros Figura V.36 – Resultados dos modelos comparados com a CS-303. 157 Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 -0,10 323 0 0,00 -0,20 -0,30 -0,40 cs304 les -0,50 -0,60 -0,70 -0,80 -0,90 -1,00 Elevação do aterro, metros Figura V.37 – Resultados dos modelos comparados com a CS-304. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 cs305 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura V.38 – Resultados dos modelos comparados com a CS-305. 158 Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 -0,20 -0,40 cs306 les lei -0,60 -0,80 -1,00 -1,20 Elevação do aterro, metros Figura V.39 – Resultados dos modelos comparados com a CS-306. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 -0,05 323 0 0,00 -0,10 -0,15 -0,20 307 les lei -0,25 -0,30 -0,35 -0,40 -0,45 -0,50 Elevação do aterro, metros Figura V.40 – Resultados dos modelos comparados com a CS-307. 159 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 cs308 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura V.41 – Resultados dos modelos comparados com a CS-308. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 -0,10 323 0 0,00 -0,20 -0,30 -0,40 cs309 les lei -0,50 -0,60 -0,70 -0,80 -0,90 -1,00 Elevação do aterro, metros Figura V.42 – Resultados dos modelos comparados com a CS-309. 160 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,10 -0,20 -0,30 -0,40 re304 les lei -0,50 -0,60 -0,70 -0,80 -0,90 Elevação do aterro, metros Figura V.43 – Resultados dos modelos comparados com o RE-304. Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 -0,20 -0,40 re305 les lei -0,60 -0,80 -1,00 -1,20 Elevação do aterro, metros Figura V.44 – Resultados dos modelos comparados com o RE-305. 161 Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 -0,20 -0,40 re306 les lei -0,60 -0,80 -1,00 -1,20 Elevação do aterro, metros Figura V.45 – Resultados dos modelos comparados com o RE-306. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 re307 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 elevação do aterro, metros Figura V.46 – Resultados dos modelos comparados com o RE-307. 162 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 re308 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura V.47 – Resultados dos modelos comparados com o RE-308. -0,58 -0,58 -0,58 -0,58 -0,57 -0,56 -0,55 -0,56 -0,54 -0,51 -0,46 -0,37 -0,22 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,10 -0,20 -0,30 re309 les lei -0,40 -0,50 -0,60 -0,70 Elevação do aterro, metros Figura V.48 – Resultados dos modelos comparados com o RE-309. 163 Deslocamentos verticais, metros 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 -0,20 -0,40 re310 les lei -0,60 -0,80 -1,00 -1,20 Elevação do aterro, metros Figura V.49 – Resultados dos modelos comparados com o RE-310. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 re311 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura V.50 – Resultados dos modelos comparados com o RE-311. 164 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 re312 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura V.51 – Resultados dos modelos comparados com o RE-312. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 re313 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura V.52 – Resultados dos modelos comparados com o RE-313. 165 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 re314 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura V.53 – Resultados dos modelos comparados com o RE-314. 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 re315 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura V.54 – Resultados dos modelos comparados com o RE-315. 166 512 508 504 500 495 489 482 482 471 460 449 437 425 412 394 376 349 323 0 0,00 Deslocamentos verticais, metros -0,20 -0,40 -0,60 re316 les lei -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 Elevação do aterro, metros Figura V.55 – Resultados dos modelos comparados com o RE-316. 167