Edição nº 7 | Dezembro/2009 +

Transcrição

Edição nº 7 | Dezembro/2009 +
ANO 2 - Nº 7
ANO 2 - Nº 7
Os melhores
hotéis e destinos
Cassel, Godard
e Le Corbusier:
os artistas que
encantam o Brasil
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CARLA BRUNI
A beleza e ousadia da primeira-dama
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Expediente
QUEIROZ GALVÃO
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A Revista PREMIUM QUEIROZ GALVÃO é uma
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localizada na R. Flórida, 1703, 11o andar, Brooklin.
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Mande seus comentários, sugestões e críticas pelo e.mail
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dos seus autores, que não estão autorizados
a falar pela revista.
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Editorial
QUEIROZ GALVÃO
Se a influência portuguesa no Brasil ocorreu sob a égide da colonização,
necessariamente imposta, a presença da França em diferentes aspectos do cotidiano do país foi ganhando força ao longo dos anos de forma gradual. Vindo, muitas vezes, com grande carga de valor, referências
francesas se fizeram presentes em nossa língua, arquitetura, paisagismo,
cultura e gastronomia.
Ao longo de 2009, o país de Luís XIV se fez mais presente do que nunca
em território nacional, graças às inúmeras atividades do Ano da França no
Brasil. Para celebrar esse intercâmbio, preparamos uma edição especial,
com matérias que explicitam a estreita ligação entre esses dois universos.
Em primeiro lugar, a história da primeira-dama francesa, Carla Bruni, que
vem encantando o mundo com sua beleza e delicadeza, e cujo pai biológico, Maurizio Remmet, adotou o Brasil como residência há mais de 30
anos. Outro que vem estreitando seus laços conosco é o ator Vincent Cassel, que estrela um dos filmes mais comentados durante o último Festival
de Cinema de Cannes, À Deriva.
Se Cassel ajuda o cinema nacional a ganhar projeção lá fora, aqui dentro artistas de diversas áreas valem-se da criatividade de grandes nomes
franceses, como o cineasta Jean-Luc Godard, os arquitetos Le Corbusier e
Grandjean de Montigny, e o paisagista André Le Nôtre, que influenciaram
inúmeros projetos no Brasil.
E, como saber aproveitar a vida também é uma arte amplamente difundida entre os franceses, incluímos um roteiro dos melhores spas da França,
assim como alguns destinos, lá e cá, onde é possível relaxar.
Um tour pela gastronomia francesa, que tanto já ganhou temperos locais, completa a viagem intercultural que preparamos com tanto carinho.
Espero que aproveitem. À bientôt.
Frederico Pereira
Diretor-executivo
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A busca pelo seu Queiroz Galvão acabou.
Encurtamos o caminho para o seu Queiroz Galvão.
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Sumário Edição 07
DEZEMBRO DE 2009
28 CARLA BRUNI
Bela e inteligente, a primeira-dama
francesa vem atraindo tanto a atenção do
público quanto o próprio presidente
12 Spot Objetos de Desejo
Uma seleção dos objetos mais transados do
momento para deixar sua casa ainda mais
bonita e agradável
20 Decoração Arquitetura de interiores
Jardins verticais, hortas em vasos e nichos de
plantas ajudam a trazer o clima do campo
para dentro de casa
24 Decoração Paisagismo
Um dos jardins mais admirados do mundo,
Versalhes serve de inspiração para diversas
áreas verdes no Brasil
36 Destino Nacional
Capa: Carla Bruni
Foto: Claude Gassian / Getty Images
As belezas da Chapada Diamantina, antiga
sede do vice-consulado da França no Brasil
no período das grandes minerações
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16 PERFIL
40 DESTINO INTERNACIONAL
Com trabalhos no Brasil, o ator
Vincent Cassel ajuda a atrair os holofotes
internacionais para o cinema brasileiro
A magia de Saint-Paul-de-Vence,
no Sul da França, convida a uma viagem no
tempo por vias ruelas muradas
44 Destino Internacional
68 Do Bem
Um roteiro de lugares imperdíveis em Paris
Conheça o projeto social que levou
música e cidadania à comunidade do
Coque, em Recife
48 Gourmet
Chefs, receitas e ingredientes franceses que
mudaram a história da gastronomia brasileira
52 Viver Bem
Alguns dos melhores spas da França para
relaxar com o estilo
72 Art Cultura
Uma retrospectiva da carreira do
cineasta Jean-Luc Godard, um dos
criadores da Nouvelle Vague
76 Art Arquitetura
56 Especial Arquitetura
As linhas e traçados franceses que serviram de
inspiração a edifícios brasileiros
A história de Le Corbusier, o arquiteto
que marcou época e influenciou Oscar
Niemeyer e Lúcio Costa
62 Queiroz Galvão
82 Habitar Crônica
Verdadeiras jóias imobiliárias, os empreendimentos
da Queiroz Galvão em São Paulo e no Recife estão
prontos para serem garimpados
As lembranças e sutilezas de um
cotidiano único que só a capital
da França nos traz
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Spot
Fotos: divulgação
Escultura com
arames e base de
cedro, R$ 1.390,
a peça de 40 cm
Escultura de solitário
feita com arame de
alumínio, R$ 139, a
peça de 30 cm
Beleza provocativa
Para quem não tem muita paciência para regar e
cuidar de plantas, mas não abre mão de ter um enfeite que faça referência à natureza, as esculturas
de árvores de Alexandre Stefani caem como uma
luva. Feitas com arame de alumínio, sobre tronco
de árvore, as obras de arte são também um apoio
à preservação ambiental. “Ao recriar uma árvore
com produtos industriais, achei uma forma de ‘devolver’ à natureza o material que dela é retirado,
e ao mesmo tempo, fazer uma crítica à não preservação, já que transformei parte da natureza em
uma peça industrial que remete à própria natureza”, explica o artista, que utiliza resíduos florestais
e madeira de reaproveitamento para compor suas
peças. Produzidas artesanalmente em diferentes
tamanhos, as árvores são uma demonstração de
que é possível unir modernidade e preservação.
“É uma peça contemporânea, pensada para o ambiente urbano em que vivemos”, diz Stefani, que
chega a levar até 15 dias para produzir uma escultura. À venda na Reserva Pessoal, em São Paulo.
Escultura com
arames e base
de tronco de
árvore, R$
1.980, a peça
de 50 cm
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Acabamento de primeira
Contar com a ajuda de vasos é uma das maneiras mais simples e práticas de
trazer a natureza para dentro de casa. Mas o cuidado que se tem na hora de
escolher as plantas deve ser replicado quando chega o momento de dar um
acabamento de classe à base. Com diferentes tipos e tamanhos de cachepôs,
a loja Jardinaria, no Recife, oferece alternativas variadas para combinar com
cada tipo de decoração. Entre os mais pedidos estão o de vidro, com 40 cm
x 40 cm (R$ 368) e o de pínus, que pode servir ainda como uma charmosa
mesa de centro (R$ 85). Se a ideia for resolver toda a questão em um só
lugar, a loja também conta com plantas escolhidas a dedo, como a Lança-deSão-Jorge (R$ 65) e a orquídea chuva-de-ouro (R$ 196).
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Pente na cozinha
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servir. Com design moderno e display digital, pode ser encontrado nas cores preta ou prata na loja Mevolution.
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Ele pode parecer apenas um objeto decorativo. Mas não se engane. Feito manualmente, o escorredor de pratos Pente, do
designer Eduardo Borém, leva criatividade
à cozinha. Feito com mais de 25 pentes
plásticos, o utensílio permite que as louças
sejam encaixadas com segurança entre os
dentes dos pentes unidos para dar mais
rigidez à peça. Eleito pelo público como
o terceiro melhor projeto apresentado na
II Bienal Brasileira de Design, em 2008,
o objeto está à venda pelo telefone (61)
3039-3175. Preço sob consulta.
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Spot
Natureza viva
O abajur Okwen, da marca francesa Bleu Nature, é um dos objetos exclusivos da coleção de
luminárias do designer Frank Lefebvre. Elaboradas de acordo com as estações do ano, quando diferentes matérias-primas naturais podem ser encontradas, as peças desenvolvidas por
Lefebvre são confeccionadas uma a uma por uma sociedade de artesãos que dá vida às criações feitas com galhos que se desprendem naturalmente das árvores, madeira petrificada e
pedras encontradas pelo caminho. À venda na Puntoluce, em São Paulo. Preço sob consulta.
Pedra falsa
Avião reciclado
O alumínio usado para a fabricação
de aviões serviu como ponto de partida para a nova coleção de mobiliário
do designer Sergio Fahrer, da qual faz
parte a mesa de centro Lola. Baseada
em um estudo inédito de engenharia, que garantiu sua firmeza mesmo
tendo apenas quatro milímetros de
espessura em sua base, a peça ainda
conta com tampo em recouro – couro
natural reprocessado, utilizado normalmente em calçados –, que a torna
mais resistente e difícil de riscar. As
criações do premiado designer, que já
conta com pontos de venda em Nova
York, Londres e Paris, podem ser adquiridas no Brasil nas lojas Brentwood,
Dpot e Firma Casa. Preço: R$ 3.975.
Acostumado a trabalhar com materiais
ecológicos, como a fibra de bananeira,
o artista plástico mineiro Domingos
Tótora, une, mais uma vez, design e
preservação ambiental com a mesa de
centro Água. Composta em sua base
por três esculturas em formato de pedra – feitas com papel, cola e sacos de
cimento reciclado –, que equilibram
um tampo
peça
ganhou
p de vidro, a p
ç g
status de objeto de arte ao vencer o
1º Prêmio Craft Design. A peça está à
venda na loja Duilio Sartori, no RIo de
Janeiro, com preço sob consulta.
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Fotos: Divulgação
Perfil Vincent Cassel
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Passaporte
brasileiro
Elogiado em Cannes por sua participação em longa
brasileiro, o ator francês é um apaixonado pelo país, no
qual vê todos os elementos de uma bela poesia
Mariane Morisawa
V
incent Cassel lembra-se da primeira vez que entrou em contato com as cores, as misturas e o
samba do Brasil. Seu pai o levou para assistir ao
filme Orfeu Negro, dirigido pelo francês Marcel
Camus. Começou ali seu romance com o país, que
rendeu lindas férias, a participação em uma produção brasileira exibida no Festival de Cannes e a
vinda para divulgar o Festival de Cinema Francês
e seu último filme À Deriva, em junho.
– Quero pensar que faço parte dessa história
de amor entre Brasil e França, que começou
com os voos do Concorde. E não se esqueça
de que estivemos aqui antes – diz, com um
sorriso, referindo-se às tentativas francesas
de se apoderar do que eram então terras coloniais portuguesas.
– A comunicação com o Brasil é muito mais fácil,
não sei por que, diz o ator de 42 anos, em português com algum sotaque. Quando recebe elogios
pelo domínio da língua, diz apenas: “Estou melhorando, estou melhorando.”
Durante muito tempo, o parisiense falava o que chama de português de praia. “Valeu!”, “Tudo bem?”,
“Hoje tá fraco!” eram as frases que conseguia soltar. Mas, desde que participou do longa-metragem
À Deriva, seu conhecimento deu um salto.
Vincent Cassel: amor entre Brasil e França
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Participação em filme
brasileiro surgiu após
inúmeros convites
Fotos: Alexandre Ermel
Perfil Vincent Cassel
Vincent Cassel durante filmagens no
Brasil com a estreante Laura Neiva
Na obra de Heitor Dhalia, exibida na mostra Um Certo
Olhar, do Festival de Cannes, e lançada no Brasil em julho, ele interpreta Matias, escritor francês radicado no
Brasil que vai para a casa de praia, em Búzios, com a
mulher Clarice (Débora Bloch) e os filhos numa tentativa
de recuperar o casamento em ruínas.
Desde então, tem mantido seu português graças à música. “Estudo ouvindo samba, MPB, Seu Jorge, Marcelo D2,
Racionais MCs, Rappin’ Hood”, conta ele, irmão do rapper,
Mathias, do grupo Assassin.
À Deriva não foi o primeiro convite recebido, mas foi
o primeiro aceito. “Sempre que venho ao Brasil acabo
encontrando pessoas, conversando. Já tinha tido propostas, mas nenhuma com essa qualidade”, diz.
Para falar bem a verdade, Cassel – ou Vicente, como
prefere ser chamado quando está no país – tinha certa resistência a trabalhar aqui.
– O Brasil era o lugar aonde eu ia para sair da minha realidade, para ficar em paz, para curtir a vida. Não queria perverter
essa relação. Não queria fazer coisa ruim, fazer um filme de
m..., pelo menos não aqui – conta.
Foi uma oportunidade: gostou do roteiro, encontrou-se
com o diretor – conhecia seu longa anterior, O Cheiro do
Ralo –, havia o nome de Fernando Meirelles envolvido.
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Cassel prefere os projetos fortes e, frequentemente, evita
os papéis de bonzinhos. É o caso, por exemplo, em Inimigo Público Nº 1 (2008), produção dividida em duas
partes sobre a ascensão e as ações espetaculares do
polêmico gângster francês Jacques Mesrine, morto em
praça pública pela polícia em 1979.
– É um personagem popular, violento, carismático. Não
dá para saber direito o que pensar dele – diz Cassel, que
engordou 20 quilos e participou de longos nove meses
de filmagem nesse trabalho dirigido por seu amigo JeanFrançois Richet. Valeu a pena: ele levou o César, o Oscar
da França, por sua interpretação.
– O personagem mau é mais interessante. O herói, para o
ator, é uma droga. Veja o Batman e o Coringa. O Coringa
é muito mais interessante. Porque a vida é cheia de problemas, o personagem que não é bonzinho é sempre mais
bacana. Ele tem mais gradações de cinzas.
Com esse pensamento, foi parar em O Ódio (1995), de
Mathieu Kassovitz, que o revelou para o mundo. Interpretava um judeu morando num gueto violento e multiétnico de Paris. Em Senhores do Crime (2007), de David
Cronenberg, fazia o instável filho de um mafioso. Em Doze
Homens e Outro Segredo (2004), dirigido por Steven Soderbergh, viveu um ladrão que rivalizava com a gangue de
Danny Ocean (George Clooney).
Vincente Cassel em À Deriva
Foto: Divulgação
Personagens maus lhe
dão mais possibilidades
de criação
Vincente Cassel em Inimigo Público Nº 1
‘Estou mais interessado
na realidade do que
no escapismo’
No momento não deseja levantar bandeiras em favor
do cinema nacional. “Minha maneira de promovê-lo foi
apresentá-lo em Cannes”, afirma.
Mas tem o projeto de rodar aqui uma comédia romântica, ao lado de sua mulher, Monica Bellucci, e vai participar da versão cinematográfica de Onze Minutos, livro de
Paulo Coelho, com Alice Braga e Mickey Rourke.
Cassel, que atualmente também é garoto-propaganda
do perfume Yves Saint Laurent, conhece alguns longasmetragens produzidos no país, mas, confessa, não é um
espectador fanático da sétima arte. “Agora que tenho
uma filha... Os filhos são o melhor filme que se pode
ver”, diz ele, referindo-se a Deva, fruto do casamento de
dez anos com a atriz italiana Monica Bellucci.
– Eu gosto de fazer cinema, não sou rato de cinema. Estou mais interessado na realidade do que no
escapismo.
Esse interesse faz com que ame o Brasil, mas não feche os olhos para o lado difícil. “Eu não tenho fascínio
pelas favelas, apesar de elas terem coisas criativamente muito fortes. Mas a realidade da favela é muito
dura. Se elas sumirem, vai ser a melhor coisa para o
Brasil”, afirma.
O ator tem esperança: “É um país novo, há tudo para
fazer. E vai crescer”. Ao mesmo tempo, fala apaixonadamente do povo. “Gosto do brasileiro, é um misto de
alegria, tristeza, saudade. Para mim, é a definição da
poesia. Posso ver na música, nas letras, que são simples e profundas. Você pode sentir nas pessoas, que
cantam apesar de a realidade ser tão dura.”
Tão feliz assim como fica por aqui, o ator poderia pleitear o passaporte brasileiro. “É verdade! Só que eu
teria de casar com uma brasileira, e já sou casado...
Ia dar problema!”, afirma, em tom de brincadeira. Vincent Cassel não precisa ficar preocupado. Gente que
ama o Brasil é sempre bem-vinda a esta terra.
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Fotos: Divulgação
Decor Decoração
Jardim vertical em ambiente projetado por Gica Mesiara, responsável
também pelo mapa do Brasil (ao lado) feito com plantas
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Verde
pelas paredes
Jardins verticais se tornam opções práticas e estilosas
para quem não abre mão de ter a natureza por perto,
mesmo com pouco espaço
A
gora não tem mais desculpa para ficar longe da natureza,
mesmo morando na cidade grande. Aliados às modernas
técnicas de jardinagem, arquitetos preocupados em semear verde no dia a dia estão levando pomares, hortas
e miniflorestas para dentro de casa. Assim, no lugar de
pinturas, surgem, nas salas, quadros vivos com avencas
e samambaias. Nas cozinhas, pequenas jardineiras verticais permitem colher temperos sempre frescos.
– Os jardins verticais são ótimas opções para levar um
clima de natureza a espaços pequenos. Além disso, eles
trazem mais aconchego à casa – afirma a arquiteta Sophia Galvão, que já usou o recurso em varandas, onde
aproveitou uma das paredes para criar uma horta.
Um dos recursos mais utilizados é o do “quadro vivo”,
difundido no Brasil pela arquiteta Gica Mesiara. Trata-se
de uma espécie de floreira vertical, onde as plantas são
encaixadas em um quadro fixado na parede.
– Mas, de preferência, o “quadro” deve estar próximo a
uma janela e longe da gordura – orienta a arquiteta
Renata Florenzano, que, com Myrna Porcaro, valeu-se
do aparato para montar uma horta com hortelã, cheiro verde, pimenta, cebolinha e alecrim na cozinha de
um apartamento.
Sophia Galvão valeu-se do
bambu e de caixa de ferro para
trazer mais charme à varanda
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Decor Decoração
– A planta trouxe vida ao local. Além de se passar a
ter à mão produtos frescos, o que é uma delícia para
qualquer dona de casa, para gourmets ou para crianças, que adoram – completa Renata.
Gica lembra que a presença das plantas serve ainda
como revestimento acústico e ar condicionado natural, pois ajuda a reduzir a temperatura do ambiente,
além de melhorar a qualidade do ar e atrair pássaros
e borboletas.
Para facilitar a limpeza e o manuseio do “quadro”, há a
opção de utilizar uma moldura de acrílico, que dispensa alguns cuidados básicos necessários no caso das
feitas com madeira.
– Alguns quadros vivos precisam de um recipiente por
dentro, uma espécie de calha, para coletar a água que
escorre das plantas na hora de regar. No caso de quadros de acrílico, não é necessário – explica Renata.
Escolher o melhor local
e sistema de irrigação
para instalar o jardim
é essencial
Quando as plantas são instaladas no formato de
painéis verticais, o cuidado com a irrigação deve
ser redobrado. Diferentemente dos quadros vivos,
os painéis requerem um projeto estrutural antes
de ser instalados.
Em alguns casos, é possível contratar uma empresa
que já instale o sistema de irrigação. Impermeabilizar
Cozinha com jardim e horta criada por
Renata Florezano e Myrna Porcaro
a parede, deixar um ponto de água e de energia elétrica
por perto e ter um piso de fácil manutenção, para que a
água possa escoar, também ajuda na manutenção.
Sophia ainda lembra outros cuidados a serem observados. “A área onde se pretende instalar o jardim deve ser
bem arejada e estar diretamente ligado à luz externa
[seja por uma janela ou teto de vidro].”
E se montar o jardim preso à parede não for uma boa opção, Sophia propõe usar a criatividade:
– Um painel com caixas de ferro oxidado e bambu,
como o que criei para um cliente, pode servir de apoio
para as plantas. Com a vantagem que já traz elementos
da natureza em sua estrutura e as cores quentes do
ferro oxidado.
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Estude que plantas
se adaptam melhor
a cada ambiente
Mas antes de sair montando o jardim é bom saber que
plantas se adaptam melhor ao ambiente onde serão instaladas. Uma das mais recomendadas para locais internos são
as bromélias. Frutas também podem ser escolhidas, desde
que haja espaço suficiente para acomodar a raiz.
No caso de plantar flores em lugar com pouca luz natural, as mais indicadas são as que absorvem menos água,
Entre elas, lírio-da-paz, maria-sem-vergonha, hortênsia,
antúrio e diversas espécies de trepadeiras, como lanterna japonesa, dracena, jasmim-de-madagascar.
– Mas é importante contar com a ajuda de um paisagista para que sejam escolhidas as plantas mais indicadas de acordo com as características de cada local
– arremata Sophia.
Elementos naturais como
a madeira e o algodão
completam o clima natural
trazido pelas plantas no
ambiente planejado por
Sophia Galvão (acima)
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Decor Paisagismo
Fotos: José Rosael
Margens
plácidas
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Vista geral do
Jardim do Parque
da Independência,
em São Paulo
Inspirado no Jardim de
Versalhes, na França, o Parque
da Independência, em São Paulo
encanta com seus charme e beleza
Kelly Souza
S
ímbolo do reinado de Luís XIV, o Rei Sol, os
jardins clássicos franceses que encantavam o
mundo no século XVII são, ainda hoje, fonte
de contemplação. Mas não é preciso estar na
França para conhecer as características paisagísticas que tanto fizeram sucesso.
No Brasil, o jardim do Parque da Independência, localizado em uma área de mais de
180 mil metros quadrados junto ao Museu
do Ipiranga, tornou-se uma relíquia tão digna
de acervo quanto os 125 mil objetos, imagens
e documentos no museu, que é o mais antigo
de São Paulo.
Inspirado nos jardins do Palácio de Versalhes
– elaborados por André Le Nôtre, paisagista
de Luis XIV –, o jardim do Parque da Independência foi projetado em 1907, pelo arquiteto belga Arsène Puttemans, e inaugurado dois
anos depois. Embora não tenha a mesma fama
de sua fonte inspiradora, e muitas vezes seja relegado ao título de jardim de entrada do Museu
Paulista da USP (nome formal da instituição), o
parque vale a visita.
Para dar um toque francês ao jardim, Puttemans
privilegiou a construção de parterres – canteiros geométricos em terreno plano, tradição nos
jardins da França –, e vegetação que forma sombras pelo gramado.
– Esse tipo de jardim tem um desenho que cria
a sensação de que todos os caminhos levam ao
centro, por pequenos corredores ou mesmo um
pequeno labirinto – explica Daniel Varela, administrador do parque.
De acordo com a diretora do Museu Paulista,
Cecília Helena de Salles Oliveira, os jardins também possuem “traços renascentistas italianos e
ingleses, marcados pela simetria, por ruas adornadas com plantas e flores, pela existência de
pequenos bosques e pequenas fontes”.
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Decor Paisagismo
Cuidados constantes
ajudam a conservar a beleza
da paisagem tombada
Inspirado nos jardins do Palácio
de Versalhes, o parque fica ao
lado do Museu do Ipiranga
Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio
Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) em 1975, o parque já passou por diversas restaurações, e conta
com um esquema reforçado de poda durante os
últimos meses do ano, quando as plantas ganham
um “retoque” em seus formatos geométricos.
São necessários três jardineiros e 12 funcionários
de limpeza para manter organizada a parte botânica, que inclui canteiros de rosas, palmeiras e ciprestes, além dos conjuntos de buxos, azaleias e
espécies de fícus. “São alguns dos elementos comuns ao Jardim de Versalhes”, diz Varela. As árvores frutíferas também levam charme ao local e
atraem aves e saguis.
– A organização dos jardins tem função de embelezamento da área, que, no início do século XX, era
ainda um arrabalde de São Paulo – diz Cecília Helena. Segundo a professora, “passaram-se mais de
dez anos entre o término do edifício [museu, 1894]
e a montagem dos jardins [1909].”
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Visita ao jardim
convida a uma
viagem pela História
do Brasil
Localizado no bairro do Ipiranga, a 5,5 quilômetros de distância do centro da capital paulista,
o local é uma homenagem à Independência do
Brasil, já que teria sido às margens do Riacho do
Ipiranga que Dom Pedro I simbolicamente rompeu com a Corte portuguesa.
Só no primeiro semestre deste ano o local recebeu mais de 200 mil visitantes. Mas o livro Além
dos Jardins do Ipiranga – História, Restauro e
Vida no Parque da Independência, publicado em
2005 pelos patrocinadores da recuperação dos
chafarizes e fontes do parque, avisa que o fluxo
de pessoas costuma aumentar em setembro, por
conta das comemorações do Sete de Setembro,
uma vez que “o local é ainda hoje considerado
palco de um dos fatos políticos mais importantes
da história do Brasil”.
Com diversas opções de lazer e cultura, o parque também serve de espaço para quem quer
manter a saúde em dia.
Construído na região onde
Dom Pedro I teria anunciado
a Independência do Brasil,
o museu recebe milhares de
visitas por ano
– Dispomos de equipamentos de ginástica e uma
pista de corrida – diz Varela.
O visitante ainda pode conhecer o Museu Paulista
da USP, a Casa do Grito, o Monumento à Independência, e aproveitar o espaço para piqueniques e
brincadeiras com as crianças.
– E quem estiver apenas disposto a contemplar a beleza, pode sentar em volta do Jardim Francês e viajar
no tempo imaginando São Paulo na época da Independência – sugere o administrador.
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Foto: Denis Rouvre
Capa Carla Bruni
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Conto de
fadas
moderno
Ex-modelo e cantora de origem italiana, a
primeira-dama da França, Carla Bruni, é hoje uma
das mulheres mais admiradas em todo o mundo
E
la costuma falar o que pensa, já namorou roqueiros
e não se arrepende de ter posado nua inúmeras vezes. As qualidades, que cairiam como uma luva na
biografia de muitas estrelas de Hollywood ou top
models internacionais, mostram apenas algumas
facetas da vida da primeira-dama da França, Carla
Bruni. Aos 41 anos, ela é a protagonista de um conto de fadas digno do século XXI, onde as heroínas
não são assim tão castas e os efeitos da globalização têm papel preponderante no final da história.
Comparada a Jacqueline Kennedy por seu estilo
moderno e guarda-roupa impecável – posto que
hoje disputa com Michelle Obama –, esta italiana
de nascença foi alçada em poucos meses à musa do
governo francês. Isso sem ter de passar pelos desgastes da campanha que elegeu seu atual marido,
Nicolas Sarkozy, de 54 anos.
Separado oficialmente de Cécilia Ciganer-Albéniz
desde outubro de 2007, o presidente da França foi
apresentado a Carla Bruni no mês seguinte, durante
um jantar na casa do publicitário Jacques Séguéla, em Paris. O romance começou na mesma noite,
após longa e animada conversa que culminou em
pedido de casamento dias depois. Em fevereiro de
2008 os dois oficializaram a união em uma cerimônia secreta no Palácio do Eliseu, residência oficial
do governante francês, em Paris.
Segundo declaração da primeira-dama à revista Vanity Fair, Sarkozy foi “fogoso” desde o início. “Isso é
muito raro de se ver em um homem. Eu já tinha 39
anos quando o encontrei e já tinha meu filho [Aurélien, 8, fruto de seu relacionamento com o professor de filosofia Raphaël Enthoven, de quem se
separou em 2005]. Então, a situação normal seria
ir devagar, mas ele não é um homem devagar. Ele
disse: ‘Estou completamente apaixonado por você,
e eu realmente gostaria de me casar com você’”,
disse ela.
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Capa Carla Bruni
Foto: Divulgação
De femme fatale a
primeira-dama recatada
Bonita e bem-nascida, Carla rouba a cena nos
eventos oficiais
Com “grande capacidade de adaptação”, como ela mesma declarou inúmeras vezes, Carla Bruni nasceu em Turim, na Itália,
e cresceu entre a França e a Suíça. Filha da pianista Marisa
Borini e do empresário Maurizio Remmert, radicado no Brasil
desde os anos 1970, a primeira-dama foi criada pelo industrial
e compositor de música erudita Alberto Bruni Tedeschi, ligado
à fábrica de pneus Ceat e à petrolífera italiana ENI.
Em 1988, abandonou os estudos de Arte e Arquitetura na
Sorbonne para se tornar modelo. Contemporânea de Claudia
Schiffer, Naomi Campbell, Christy Turlington e Kate Moss, podia se gabar, no fim dos anos 1980, de ser uma das vinte modelos mais bem-pagas do mundo, ganhando cerca de US$ 7,5
milhões por temporada de desfiles internacionais.
– Ela era uma diva das passarelas. Sempre estava nos melhores desfiles, mas era bem low profile, por isso poucos se
lembram dela –, afirma o stylist e editor de moda da Vogue,
Giovanni Frasson.
Nesse período, se relacionou com roqueiros como Eric Clapton e Mick Jagger, além do magnata Donald Trump, e de atores como Kevin Costner e Vincent Perez. São também do fim
dos anos 1980 e começo dos 90 as duas fotos sensuais que
foram leiloadas recentemente: uma por US$ 91 mil, valor vinte vezes maior que o esperado, e outra por US$ 19.600. Em
ambas, a atual primeira-dama aparece como veio ao mundo.
– Eu nunca tinha percebido quantas fotos nuas eu tinha tirado antes de encontrar Nicolas. Eu virei para ele e disse: ‘Ok,
agora eu preciso te mostrar, por que posei nua. Eu nunca fiz
fotos de caráter sexual... Mas você tem de saber que isso vai
aparecer a qualquer hora.’ Ele disse: ‘Oh, eu gosto desta aqui!
Posso ganhar uma cópia?’ –, disse Carla à imprensa internacional na época do primeiro leilão.
Fora dos padrões de uma primeira-dama tradicional, Carla
Bruni confessa que “inconscientemente”, se projetaria mais
como Jackie Kennedy, “que era jovem e moderna” do que
“como madame de Gaulle” [esposa do estadista francês
Charles de Gaulle]”, explica.
Aos olhos da consultora de moda e estilo Costanza Pascolato, a primeira-dama é “uma mulher esperta, muito bonita,
bem-nascida e educada, além de ter uma capacidade extraordinária para lidar com sua imagem de forma positiva. É
uma camaleoa. Desde que se casou com Sarkozy entendeu
que precisaria interpretar um papel diferente da vida boêmia que levava. E está fazendo isso de forma muito chique.”
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Fotos: Divulgação
Abaixo, a primeira-dama na
capa de dois dos seus CDs
Modelo bem-paga nos anos
1980, Carla Bruni namorou com
roqueiros e atores antes de se
casar com Sarkozy
Talento musical divide opiniões
Imposta à nação como mulher do presidente nove meses depois
da eleição, Carla conseguiu não só ganhar a afeição do povo como
atrair ainda mais a atenção da mídia para sua carreira de cantora,
que não foi colocada de lado após a mudança de status.
– Com exceção de Cherie Blair, a maioria das mulheres casadas com políticos muito importantes não tem outro trabalho.
Mas, é claro, a maioria delas trabalha com o marido desde o
início. Esse é o trabalho delas. Não é o meu caso –, disse ela à
GNT, no documentário Alguém me Contou sobre... Carla Bruni,
exibido em abril.
Em julho de 2008, apenas cinco meses depois de ter se casado, ela lançou seu terceiro CD, Comme si de Rien n’Était, com
melodias em estilo pop, folk, blues e country, cantadas em
francês, inglês e italiano. Compostas principalmente por ela,
algumas letras mais provocativas geraram polêmica ao serem
associadas ao romance com o presidente. Caso de Ta Tienne e
Tu Es ma Came, que faz referências à cocaína colombiana e à
heroína do Afeganistão.
Com a curiosidade gerada em todo o mundo, o disco – cuja
arrecadação foi prometida a uma instituição de caridade fran-
cesa – acabou vendendo, só no primeiro mês, mais
de 200 mil cópias, segundo a gravadora Naïve. Mas
os críticos não reagiram tão bem assim. Para o jornal Le Monde, que elogiou apenas duas faixas, a
obra é repleta de banalidades.
O primeiro álbum de Carla, Quelqu’un m’a Dit,
lançado em 2002, ficou conhecido no Brasil antes
mesmo de o romance começar, ao ter sua faixa
principal incluída na trilha sonora de uma novela
da Globo, Belíssima.
Sucesso de vendas com 1,2 milhão de cópias comercializadas na França e 800 mil cópias em todo o
mundo, o primeiro disco não serviu para impulsionar
o segundo trabalho, No Promises, lançado em 2007,
com poemas musicados de escritores como Emily Dickinson, Dorothy Parker, William Butler Yeats, W.H. Auden e Christina Georgina Rossetti.
Nele, a então futura primeira-dama da França aparece na foto de capa lendo, só de blusa, sentada numa
almofada, ao lado da lareira.
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Capa Carla Bruni
Com ares de modelo, tem atraído atenção
pelo bom gosto dos figurinos
Pose para lançar um de seus discos
Desde 2002 se dedicando à carreira de cantora
Ao lado de Camila Pitanga, durante visita ao Brasil em 2008
De acordo com o crítico de música Jotabê Medeiros,
em matéria publicada no jornal O Estado de S.Paulo,
“o disco tem uma natureza acústica e é folk, às vezes
até meio country. A voz de Carla é agradável. Mas tem
algo errado: monocórdia, estática, Carla canta de maneira mecânica”.
Com a promessa de que só voltaria a fazer shows após
o fim do mandato ou em eventos voltados a causas
humanitárias, como a comemoração dos 91 anos de
Nelson Mandela, realizada em julho no Madison Square Garden, em Nova York, Carla Bruni tem se dedicado
a roubar a cena ao lado do presidente nas recepções
e viagens oficiais. Sempre sorridente e discreta, a primeira-dama atrai a atenção por sua beleza, carisma e
guarda-roupa impecável.
Antes adepta da dupla jeans e camiseta, Carla Bruni decidiu tornar-se uma espécie de embaixatriz das
principais grifes francesas, como Dior e Hermès, para
compor seu estilo.
– Ela tem à mão todos os melhores recursos de guardaroupa de primeira linha e está usando isso lindamente
para criar a personagem da primeira-dama convencional. Ainda mais tendo uma silhueta impecável como a
dela – analisa a consultora de moda Glória Kalil.
Geralmente de sapatilhas ou sapatos baixos, para
não ficar mais alta do que Sarkozy, ela tem recebido elogios ao apostar em combinações recatadas
e de cores sóbrias, como fez ao visitar a rainha
da Inglaterra.
No baú oficial, vestidos de lã retos, em tons de cinza,
mantô preto, com botões forrados e chapéu pillbox.
Os acertos também se repetiram ao lado da primeiradama dos Estados Unidos, Michelle Obama, e da princesa Letizia, da Espanha, ambas conhecidas pelo bom
gosto e atenção à moda.
Até mesmo na praia, “La Bruni” decidiu adotar uma
linha mais comportada nos últimos tempos. Saíram
os topless em Saint-Tropez para dar lugar a biquínis
e maiôs discretos em areias mais reservadas. Como
as de Itacarezinho, na Bahia, onde o casal refugiouse por dois dias após a visita oficial do presidente ao
Brasil, em dezembro de 2008.
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Sempre discreta, Carla fez do
guarda-roupa impecável um aliado
para conquistar o carisma de todos
Foto: Divulgação
Causas humanitárias
entram na pauta da cantora
Com tantos ventos a favor, Carla decidiu começar a ocupar seu tempo como se espera de uma primeira-dama,
isto é, engajando-se em causas humanitárias. Em dezembro de 2008, tornou-se embaixatriz mundial para a
proteção de mulheres e crianças na luta contra a Aids,
causa com a qual já se identificava desde 2006, quando
perdeu o irmão Virginio para a doença.
A decisão de se engajar teve ainda relação direta a sua
nova posição política. “Não quero perder estes anos”,
disse ela, em entrevista coletiva na qual anunciou que
também pretende “atuar contra a pobreza, a ignorância e a exclusão”, e “ajudar as crianças e as mulheres”.
Pautas que tem levado a sério a cada visita oficial que
faz ao lado de seu marido.
No Brasil mesmo, aproveitou o tempo livre na agenda para conversar com mães doadoras de leite no
Banco de Leite Humano do Instituto Fernandes Figueiras, da Fiocruz, no Rio, e visitar o Espaço Criança Esperança no alto do Morro do Cantagalo, em
Ipanema. De mocassim caramelo, calça social e blusa azul-marinho, ela passeou sua elegância discreta
pela comunidade e assistiu a um desfile de moda
produzido pela Associação ModaFusion.
Com tantos atributos, não é de se espantar que sua
presença constante ao lado de Sarkozy venha sendo
apontada como um dos principais fatores para o aumento da popularidade do presidente francês.
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Destino Chapada Diamantina
Natureza
brilhante
Foto: Branco Pires / www.guiachapadadiamantina.com.br
Conhecida no século XIX por suas minas de diamante, a
Chapada Diamantina reserva paisagens de tirar o fôlego
Vista do Morro do Pai Inácio
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A
Foto: Extreme EcoAdventure
Cachoeira
do Buracão
paisagem exuberante, com grandes extensões de terras
altas, recortadas por vales e cachoeiras de tirar o fôlego, em nada lembra a Europa. Mas nem por isso a Chapada Diamantina, na Bahia, deixa de ter sua história
entremeada com a do Velho Continente. Principalmente se voltarmos ao século XIX, mais exatamente entre
as décadas de 1840 a 1870, quando a descoberta de
imensas jazidas de diamantes gerou um grande fluxo de
negócios e interesses entre os dois mundos.
O movimento era tão frequente que, no auge do ciclo, a
França chegou a abrir um vice-consulado na principal cidade da região, Lençóis, para facilitar o comércio das pedras sem que houvesse interferências de Salvador nem
Rio de Janeiro. Conhecida pela qualidade e quantidade
de suas reservas de pedras preciosas, Lençóis, na época com 25 mil habitantes, duas vezes e meia o que tem
hoje, era considerada a terceira cidade mais importante
da Bahia, atrás de Salvador e de Feira de Santana.
Tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional desde
1973, a “capital do diamante” vive hoje da beleza de
suas paisagens e da preservação de suas reservas naturais. Atrativos que criaram uma nova ponte de intercâmbio, agora com fins turísticos.
– É um lugar maravilhoso, que une beleza natural e
arquitetura incrível –, afirma o engenheiro paulistano
Francisco José Capatto, 27, que visitou a Chapada há
dois anos. – Para quem gosta de entrar em contato com
a natureza em um lugar aconchegante, não tem igual.
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Foto: Zé Henrique / www.guiachapadadiamantina.com.br
Destino Chapada Diamantina
Gruta do Torrinha
Belezas naturais pedem preparo físico
Transformada em museu, a antiga sede
do vice-consulado francês, na Praça
Horácio de Matos, serve de ponto de
partida para a descoberta das belezas da arquitetura local. Reflexo dos
tempos áureos da região, o luxuoso
palacete em estilo colonial que abriga
a prefeitura, pode ser admirado a poucos passos da igreja Nossa Senhora
do Rosário e do Mercado Cultural, localizado na Praça Aureliano Sá (antiga
Praça das Nagôs).
Mas é nos arredores da cidade que estão as maiores surpresas. Abrangendo
os municípios de Lençóis, Andaraí e
Mucugê, os 152 mil hectares do Parque Nacional da Chapada Diamantina,
criado em 1985, incluem cavernas,
grutas, rios, cachoeiras, morros e trilhas onde é possível fazer longas caminhadas, além de praticar esportes
radicais como rapel e bungee jump.
Entre as principais atrações estão a
gruta do Lapão, a maior reserva de
quartzito das Américas, e a Cachoeira
da Fumaça, de 340 m de altura, a segunda mais alta do país. O nome é uma
referência direta à evaporação da água
antes de chegar ao solo, tal a altura da
queda, combinada com pequena vazão.
– A cachoeira da fumaça foi sem dúvida
o meu lugar preferido, onde se tem uma
vista surreal. Não tem foto que explique
a beleza desse lugar – diz Suzana Massini, artista visual que visitou o local pela
primeira vez em fevereiro deste ano.
Entretanto, chegar até essas e outras
atrações naturais exige fôlego para enfrentar longas caminhadas – algumas
podem durar cinco dias, como a que vai
do Vale do Capão ao Vale do Paty.
Organizados por agências locais, os passeios geralmente pedem a companhia
de guias experientes, que saberão indicar os caminhos mais curtos e seguros
para cartões-postais como o Morro do
Pai Inácio, um dos principais mirantes da
região; o Poço Encantado, que encerra
um lago de azul profundo, com 61 metros de profundidade; a Cachoeira do
Buracão, localizada no interior de um
cânion; e a Gruta da Torrinha, onde é
possível observar grande quantidade de
estalactites com cristal.
Vice-consulado Francês
Cachoeira da Fumaça
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Foto: Sandro Resende / www.guiachapadadiamantina.com.br
Desde 2007, um novo roteiro foi aberto na
Chapada Diamantina para reforçar o turismo. Trata-se do extenso corredor de pinturas rupestres localizado a 36 quilômetros de
Lençóis, na Serra das Paridas.
Verdadeiro sítio arqueológico descoberto
por catadores de frutas após um incêndio
que devastou a vegetação, o paredão apresenta desenhos coloridos feitos nas rochas
há milhões de anos. São representações de
animais, peixes, pássaros, mulheres de cócoras e até mesmo algo como um extraterrestre, com cabeça e olhos grandes, pescoço
longo e apenas três dedos nas mãos.
Quem prefere mergulhar mais na história,
pode visitar os túmulos do cemitério em estilo bizantino em Mucugê, que serviram de
cenário para o filme Abril Despedaçado, de
Walter Salles.
A cidade também abriga o Museu Vivo do Garimpo e o Projeto Sempre-Viva, de pesquisa e
preservação da flora nativa, ambos localizados no Parque Municipal de Mucugê.
Aproveite para admirar as bromélias, orquídeas
e cactos que nascem em abundância por ali.
De dentro dos vales tem-se uma ideia da
grandiosidade dos morros
Descobertas também
passam pelo paladar
Foto: Branco Pires / www.guiachapadadiamantina.com.br
Foto: Zé Henrique / www.guiachapadadiamantina.com.br
História viva na
Chapada
Viajar para a Chapada Diamantina é uma boa
oportunidade de descobrir novos sabores e
aromas. Rica e pouco conhecida, a culinária
local reserva pratos e misturas curiosas como
o godó de banana (espécie de ensopado de
carne-de-sol feito com banana nanica verde) e
o cortado de palma (que nada mais é do que
um refogado de cacto). Suzana, a artista visual, indica o pastel de palmito de jaca “É um
pastel famoso por lá, típico da região”, diz
Além dessas receitas, os restaurantes costumam contar com clássicos dos tempos da mineração, como os “reforçados” pirão de parida
(feito com o caldo do ensopado de galinha caipira), angu à moda do escravo (polenta servida
com carne de porco e mamão verde) e arroz
com pequi (fruta abundante na região).
QUEM LEVA
CVC
www.cvc.com.br
Pacote de oito dias saindo de São Paulo,
a partir de R$ 2.348 (para saídas 29
de novembro).
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Destino Saint-Paul-de-Vence
Viagem
no
tempo
Foto: Roland Michaud
Encravada no topo de uma colina próxima a Nice, Saint-Paul-de-Vence
mistura o charme medieval a surpresas da arte moderna
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Fotos: Juliana Bianchi
Q
uarenta e cinco minutos. Nem mais, nem menos.
Esse é o tempo exato que se necessita para percorrer, a pé, todas as vielas da pequena cidade
de Saint-Paul-de-Vence, na Riviera Francesa, e
ter a certeza de que se viajou no tempo.
As casas de pedra, as ruas estreitas, a muralha
com vista para todo o vale e até mesmo os jogos de petanca – espécie de bocha – na praça, ainda estão lá. Assim como deveriam estar
na Idade Média, quando o vilarejo foi fundado
para servir de fortaleza, depois de passar pelos domínios grego, romano e celta.
Com pouco mais de 7 quilômetros quadrados
– boa parte deles protegidos por uma alta e
extensa parede de pedra –, a cidade permite
admirar uma das paisagens mais surpreendentes de todo o Sul da França, tendo o Mar Mediterrâneo ao sul e os Alpes suíços ao norte.
Elevada à categoria de Vila Real no século XVII,
Saint-Paul sofreu com as inúmeras guerras que
aconteceram na região no século XVIII.
Reconstruída no século seguinte, recuperou
suas características originais e passou a atrair,
já em 1920, inúmeros artistas. Entre os grandes pintores, Picasso, Matisse, Miró, Chagall
(que foi enterrado lá) e Renoir. E celebridades do cinema como Romy Schneider, Roger
Moore e Tony Curtis.
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Destino Saint-Paul-de-Vence
É fácil esquecer do tempo e
perder-se agradavelmente
nas ruelas de Saint-Paul,
acima, vista da cidade com
o Mediterrâneo ao fundo
O ar medieval ganha frescor nas galerias de arte moderna
A menos de 15 minutos do aeroporto de Nice, SaintPaul é uma mistura perfeita entre o romantismo do
passado e a ebulição da arte moderna. Logo ao sair da
estrada principal, uma alameda de árvores centenárias
leva ao famoso hotel Colombe d’Or e ao Cafè de La
Place, perto dos quais, ainda hoje, homens de todas as
idades passam as tardes jogando petanca num campo
de terra batida.
Alguns passos à frente, o pórtico de entrada, construído
no século XIV, dá acesso ao centro da cidade, com suas
ruas estreitas – muitas delas inacessíveis a carros. No pavimento, pedras polidas formam graciosos desenhos de flores.
À frente dos restaurantes, placas de madeira recortadas em
estilo medieval convidam a uma refeição repleta de legumes e
peixes frescos, no melhor estilo provençal.
Transformadas em pequenas galerias de arte moderna, muitas
lojas servem de elo entre o antigo e o novo, gerando, algumas
vezes, um agradável choque de gerações que aguça a tentação
de voltar para casa com um novo quadro ou escultura.
Uma das poucas estruturas originais ainda existentes na cida-
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Foto: Roland Michaud
de é a torre da masmorra, também utilizada como principal ponto de observação em tempos de guerra. Construída no século XII, abriga, desde 1443, o relógio público do
vilarejo. Aquele responsável por marcar as horas em uma
terra em que não se vê o tempo passar.
A seu lado, como numa paisagem digna de sonhos, em que
se podem misturar referências livremente, está a igreja Collégiale. Construída no século XII, em estilo românico provençal,
guarda traços acrescentados pela arquitetura barroca do século XIV e peças de ourivesaria do século XVI.
Do lado de fora, uma única palmeira dá ares mouros ao
pátio que recebe cerca de 7 mil visitantes ao ano.
Museu ao ar livre e
restaurantes renomados
estimulam a permanência
Mas, se o paladar pede algo mais sofisticado, perto dali
pode-se encontrar a cozinha do chef Ludovic Puzenat,
do restaurante e hotel Le Saint-Paul, condecorado com
uma estrela no Guia Michelin 2008 e membro do seleto
grupo Relais & Châteaux.
Outras boas alternativas de refeição e hospedagem de
qualidade são os hotéis Le Mas de Pierre, com seu parque
de dois hectares de oliveiras centenárias e arquitetura colonial, e o clássico La Colombe d’Or, que, assim como a
própria Saint-Paul-de-Vence, nunca perde o charme e simpatia que se espera encontrar em uma vila medieval.
QUEM LEVA
Vôos de São Paulo a Nice, a partir de
R$ 998,00 pela Air France
Outro passeio imperdível se esconde fora dos muros da
cidade. Trata-se da Fundação Marguerite e Aimé Maeght
(www.fondation-maeght.com), um museu a céu aberto
criado em 1964 pelos marchands parisienses que dão
nome ao local. No pavilhão – criado pelo arquiteto espanhol Josep Luis Sert, seguidor de Le Corbusier – e nos
jardins externos é possível admirar mais de 9 mil obras de
arte moderna. Entre elas, telas e murais de Léger, Giacometti, Braque, Kandinsky e Chagall. Além de esculturas de
Miró, num labirinto de obras permanentes.
Quem não resistir à tentação e quiser aproveitar a vista, a
tranquilidade e o charme da cidade por mais algum tempo, poderá deliciar-se tomando uma boa taça de vinho,
para acompanhar especialidades locais, como a ratatouille e o fondant de chocolate, em um dos restaurantes em
torno da muralha. Os bistrôs Chez Andréas, La Sierra e
Malabar são boas opções.
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Destino Paris
Síntense
francesa
Programas e lugares
imperdíveis para você
aproveitar o melhor
da Cidade Luz
1. Além do Louvre e do d’Orsay,
Paris tem mais uma centena de
bons museus a serem visitados.
Confira a programação da época
e escolha o que mais tem a ver
com você.
2. Supere medo de altura e suba
até o terceiro andar da Torre
Eiffel, de onde é possível avistar
toda a cidade.
3. Desbrave a Ilha de St. Louis
até encontrar a sorveteria
Bertillon. Não saia de lá sem
provar pelo menos dois sabores.
4. Na mesma região, saboreie
pratos típicos como creme
brülée e foie gras no clássico
bistrô Chez Julien.
1, rue Pont-Louis-Philippe
Tel: 33 (01) 42-78-31-64
5. Deixe-se contagiar pela emoção na catedral de Notre Dame.
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Fotos: divulgação
6.
Aproveite os dias de sol com
um piquenique no Jardim
de Luxemburgo.
Conforto e modernidade
Localizado a poucos metros do Jardim de
Luxemburgo, da igreja de Saint-Sulpice (que
ficou ainda mais famosa após a publicação
do livro O Código da Vinci) e da praça de
Saint-Germain-des-Prés, o hotel Le Six é o
local ideal para acolher aqueles que buscam
conforto em meio à modernidade.
Com decoração contemporânea, conta com
apenas 41 quartos espaçosos e tranquilos, equipados com janelas de dupla
proteção, internet sem fio e televisão de
plasma. Das sacadas é possível ver ao
longe a igreja de Sacré Cœur e os infonfundíveis telhados parisienses.
No lounge, um agradável bar convida a mais
uma taça de vinho ou a um descanso em
frente à lareira. Quem quiser aproveitar ainda
mais os momentos de relaxamento, poderá
marcar uma massagem no spa localizado no
interior do hotel.
Hotel Le Six
Membro da rede Hotels & Preference
14, Rue Stanislas, 75006 Paris
www.hotel-le-six.com
7. Caminhe pelas
grandes alamedas
do Jardim das
Tulherias, fazendo
uma pausa para
tomar um
refrescante panaché (limonada
com cerveja).
8. Vá jantar no restautante
japonês Kong, localizado no
topo da maison Kenzo.
Vale tanto pela comida e
pela decoração com peças
de Philippe Starck, quanto
pela vista.
1 Rue du Pont Neuf
Tel: 33 (01) 40-39-09-00
www.kong.fr
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Destino Paris
12.
Tire
e um
uma ta
tarde para fazer compras
na Champs-Elysées,
Champ
onde estão
grifes como Louis Vuitton, Guerlain,
Lacoste, Adidas e Nike.
Rodeado por luxo
Fundado em 1907, todo o luxo e conforto da belle époque parisientes ainda estão encerradas no
Hotel Astor Saint Honoré. Como em um pequeno
palácio, o toque artístico do decorador Frédéric
Méchiche ainda está por todos os lados, nas confortáveis poltronas da biblioteca, nas suntuosas
cortinas e nas largas e confortáveis camas.
Instalado entre a Champs Elysées e a Opéra,
a poucos metros do Palácio do Eliseu, sede do
governo francês; das boutiques de luxo do Faubourg Saint-Honoré, onde estão localizadas, por
exemplo, as maisons Chanel, Hermès, Yves St.
Laurent e Christian Dior; e do Arco do Triunfo, o
hotel permite ao hóspede acordar com uma das
mais belas vistas da cidade, a da Torre Eiffel.
Com serviço à altura de sua excelência, o hotel
oferece a possibilidade de transfers em limousine,
jornais internacionais, concierge em português,
sala de ginástica e internet sem fio gratuita.
9. Apesar de já ter aberto mais de dez filiais pelo
mundo, a casa que deu origem à rede Buddha Bar
continua imbatível na noite de Paris. Aproveite.
Hotel Astor Saint Honoré
Membro da rede Hotels & Preference
11 Rue d’Astorg – 75008, Paris
www.astorsainthonore.com
www.buddhabar.com
13. Faça um happy-hour no hotel Costes e aproveite
para curtir a música lounge onde ela nasceu.
10. Perca-se entre os macarrons, eclairs e outras
delícias gastronônicas da Fauchon, na Place
Madeleine. Quem costa de caviar, também não
pode deixar de passar nas lojas da Kaspia e da
Prunier, do outro lado da rua.
www.hotelcostes.com
11. Invista em um passeio de Bateau Mouche.
A cidade fica ainda mais linda quando
vista a partir do Sena.
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Conforto a
um clique
Hotel L’ Empire, Paris
Fotos: divulgação
Hotel Carl Gustaf,
St. Barthélemy
Hotel Frédéric
Carrion, Borgonha
Na França, é possível
encontrar alguns dos
melhores hotéis e resorts
de luxo do mundo, com
a facilidade de fazer
reservas em português
Imagine poder escolher entre se hospedar em um hotel
boutique, com apenas 13 quartos na Provence, em um
hotel palácio no coração de Paris ou em uma vila exclusiva com vista para a baía de St. Barthélemy, no Caribe,
sem sair de casa. Ou melhor, sem ter de levantar da
cadeira. Esta é a proposta da cadeia de hotéis Hotels &
Preference que acaba de desembarcar no Brasil.
Com cerca de 130 hotéis quatro e cinco estrela espalhados
por 16 países, a rede criada há nove anos na França é a
combinação de modernidade e elegância na hora de planejar a
próxima viagem. Seja ela a negócios ou lazer. “A cada ano, aproximadamente dez novos membros se unem ao nosso portfólio
de hotéis”, afirma Carole Hilton, diretora da rede no Brasil.
Com atendimento em mais de 13 línguas, entre elas o
português, onde quer que se esteja, a empresa aposta nas
facilidades da internet e call center no Brasil para ajudar o
cliente a encontrar todos os detalhes essenciais para tornar
qualquer viagem inesquecível e personalizada.
Para fazer parte do cuidadoso portfolio do grupo, alguns
critérios essenciais devem ser preenchidos, tais como:
exclusividade e alto padrão de atendimento ao cliente;
estar localizado em uma região turística ou oferecer possibilidades de lazer e entretenimento de alta qualidade,
tais como campos de golfe e spa, em suas instalações ou
nas proximidades; estar equipado com o que há de mais
moderno em tecnologia, sem perder o foco de tradição,
conforto e no acolhimento.
Dentro desses parâmetros, mas cada qual com suas peculiaridades, é possível encontrar grandes hotéis com chefs de
primeira linha, spas conceituados e campos de golfe.
SERVIÇO
Hotel Le Jardin
de Neuilly, Paris
Hotel La Perouse, Nice
Hotel Cour de
Loges, Lion
www.hotelspreference.com
Call center: (11) 8467-0487
Hotel Domaine
St Claire, Normandia
White Palm Hotel, Cannes
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Gourmet
Bon appetit,
Brasil
Com a ajuda da família real e de chefs desbravadores,
a culinária francesa ganhou espaço e nuances
exóticas no país
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Fotos: divulgação
S
Cow au vin do
restaurante
La Casserole:
(na foto
acima) receita
tradicional
que não
pode sair do
cardápio
ofisticada, com belas apresentações e alto nível
técnico, a culinária francesa já servia de referência nas cortes de toda a Europa antes mesmo de
ganhar o mundo no século XVIII e XIX com a queda da monarquia e as conquistas napoleônicas,
que começaram a espalhar pela Europa os prazeres da nobreza à mesa.
Assim, com a vinda da família real portuguesa em
1808, não é de se estranhar que o Brasil também
tenha absorvido muitas das técnicas e receitas organizadas pelo célebre cozinheiro Marie-Antoine
Carême, muito antes de ter consolidado a culinária nacional. Até porque, como conta Camara Cascudo no livro História da Alimentação no Brasil,
muitos dos nobres que serviram a Dom João VI
rejeitavam os produtos locais.
Exemplos claros da influência francesa no início do
Brasil Império podem ser vistos na mesma obra de
Cascudo, onde aparecem pratos como “peruas novas lardeadas à francesa” no menu diário da corte
de Dom Pedro, ou no livro Com Unhas, Dentes e
Cuca, de Alex Atala e Carlos Alberto Dória, onde
se recorda a derivação dos clássicos confits para a
popular conservação do “porco na banha”, muito
usada no interior de Minas e Goiás no século XIX.
francês não tem nada em sua receita. De acordo
com o livro História da Vida Privada no Brasil –
Vol 2, organizado por Luiz Felipe de Alencastro, a
famosa variação surgiu graças à propaganda do
padeiro francês Delmilhac, que “anunciava um
novo sistema mecanizado de fazer pães [...] garantindo mais higiene no fabrico...”.
Em meados do século XX, a gastronomia francesa já encontrava seus primeiros redutos em
São Paulo. Um dos primeiros restaurantes especializados foi o Freddy, inaugurado em 1935,
época em que popularizou os molhos madeira,
as omeletes provençais, o bife chateaubriand e
a perna de cordeiro assada.
Pouco depois surgia o La Casserole, que mesmo
com 55 anos de vida ainda traz em seu cardápio o filé au poivre (molho de pimenta do reino),
o coelho cozido no vinho branco, o coq au vin
(galinha no molho de vinho), e o rognons au Beaujolais (rins ao vinho tinto Beaujolais).
Receitas e técnicas
francesas estão presentes
no dia a dia desde o
início do século XX
Daí a crepes, suflês, patês, croissants, éclairs (mais
conhecidas como bombas) e mousses invadirem o
dia a dia do brasileiro foi questão de tempo. E não
estamos falando do pão francês, que de original
La Cocagne: um dos clássicos
franceses em São Paulo
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Gourmet
Fotos: Alexandre Landau
Claude Troisgros
“Os a Moelle” de palmito pupunha,
Foie Gras e farofa de Quinoa
FOIE GRAS
Ingredientes:
4 fatias de foie gras fresco de
80grs cada
Sal, pimenta
Modo de preparo:
Tempere o foie gras com sal e pimenta. Frite cada fatia dos dois
lados. Seque e corte em cubos.
PALMITO
Ingredientes:
04 corações de palmito pupunha bem grosso
2 colheres manteiga
Receita cedida pelo chef Claude Troisgros
Sal, pimenta
Modo de preparo:
Enrole os palmitos, a manteiga, o
sal e a pimenta em papel alumínio.
Asse 35 minutos na temperatura
de 180 graus. Desembrulhe. Retire o centro do palmito e recheie
com o foie gras.
TOQUE FINAL
200ml molho agridoce
2 colheres quinoa frita
Coloque o molho agridoce no
prato. Disponha o palmito em
cima. Finalize com quinoa frita.
“Meu pai trouxe dois cozinheiros franceses para criar
o cardápio e treinar a equipe. Na época, mais importante do que a criação era a execução perfeita dos
clássicos. Mesmo assim, era muito difícil lidar com o
paladar do cliente e a falta de ingredientes”, afirma
Marie-France Henry, proprietária da casa.
Ela lembra que um dos pratos que hoje mais fazem
sucesso no restaurante, o gigot d’agneau (pernil de
cordeiro), foi por muito tempo forte candidato a desaparecer. “Primeiro porque era dificílimo encontrar
um bom fornecedor de carneiro. Depois, eram os
clientes que não estavam acostumados a comer carne mal passada. Por sorte, o paladar das pessoas foi
mudando.”
Da mesma época ainda estão em atividade o La Cocagne, o La Paillote, o Le Coq Hardy e o Marcel, com
seus clássicos suflês.
Cena gourmet se
sofistica a partir dos
anos 1980 com a vinda
de chefs para o país
Mas foi no fim dos anos 1970 que o fluxo de chefs
franceses começou a desembarcar no Brasil, trazendo todo seu arsenal de receitas e técnicas que
servem de base para as cozinhas mais modernas.
Um dos primeiros expoentes dessa safra foi Laurent Suaudeau, que no fim de 2009 completa 30
anos de Brasil. Enviado pelo mestre Paul Bocuse,
ele veio para implementar a alta gastronomia francesa no restaurante Le Saint-Honoré, no hotel Méridien, no Rio.
Apaixonando pela cultura e por sabores locais, foi
ficando. Adaptou receitas clássicas aos ingredientes
nacionais, como no confit de pato com molho de jabuticaba; criou pratos que valorizassem o exotismo
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Fotos: divulgação
dos sabores tropicais, como a mousse de cupuaçu; treinou os primeiros grandes cozinheiros do país e brigou
pela profissionalização do setor gastronômico, numa
época em que ser cozinheiro estava longe de ter o glamour de hoje.
Quase ao mesmo tempo em que Laurent, também chegava ao Brasil o chef Claude Troisgros, herdeiro de um
dos cozinheiros mais respeitados da França no século
XX, Pierre Troisgros, um dos pais da nouvelle cuisine e
dono de três estrelas no respeitado Guia Michelin. Hoje
à frente do restaurante carioca Olympe, Claude inaugurou o Le Pré Catelan, no hotel Sofitel do Rio, e o extinto
Roanne, em São Paulo.
Com a dificuldade de encontrar os produtos com que
estava acostumado a trabalhar, começou a misturar seu
talento aos produtos locais. Assim, ajudou a criar uma
nova esfera de cozinha franco-brasileira, na qual se destacam pratos como o palmito com foie gras; o tartare de
atum e granite de gazpacho crocante ao gengibre e caviar
de tapioca; e o magret de pato caramelizado com caju e
risoto cremoso de quinoa.
Há três anos no
Brasil, Laurent
Suaudeau ajudou
a mudar o status
da gastronomia
no Brasil; acima
sua mousseline
de mandioquinha
com caviar
Receitas clássicas
ganharam novas versões
com ingredientes nacionais
Nos anos seguintes, outros chefs com larga experiência
vieram para engrossar o time. Caso de Erick Jacquin,
que ficou famoso por seu foie gras com manga servido
na Brasserie que leva seu nome, Emmanuel Bassoleil,
do Skye, e o patissier Fabrice Le Nud, da doceria Douce
France, hoje respeitados expoentes dessa saborosa mistura que fazem de seus restaurantes verdadeiras embaixadas francesas no Brasil.
– Três coisas mudaram muito desde que cheguei ao Brasil: a qualidade e a oferta de produtos, a valorização dos
profissionais de cozinha e os clientes, cujo paladar evoluiu muito – afirma Jacquin. Segundo ele, há 25 anos, a
cozinha brasileira estava atrasada em relação ao mundo. – Usavam-se muita farinha nos molhos e muito tempero em tudo, o que mascarava o sabor dos alimentos
– lembra ele, que, até mesmo pela dificuldade, acabou
dando um “sotaque brasileiro” a suas criações, como o
foie gras com banana ouro ou feijão.
E não é só em São Paulo que a interação entre as duas
cozinhas acontece. Em Salvador, o chef bretão Marc Le
Dantec, do restaurante de mesmo nome, aproveita a
fartura de frutas e peixes locais para dar nova roupagem às receitas. Daí, aparecerem robalos com redução
de umbu-cajá e trigo sarraceno e atuns au poivre com
sauté de tapioca e aspargos.
No Recife, é possível encontrar no restaurante Chez Georges pratos híbridos, como o camarão à provençal com
bolinho de macaxeira e o peito de frango ao molho de
champignon e arroz de castanha.
O chef Erick
Jacquin e seu foie
gras com banana
ouro: combinação
de sucesso
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Bem viver Spas
Relax
francês
Luxo e bem-estar se unem num
convite irrecusável a conhecer os
melhores spas da França
Alexandre Staut
N
em só de cultura, luxo, gastronomia e belas
paisagens vive a França. Conhecidos por saber, como ninguém, como aproveitar a vida,
os franceses também se especializaram na arte
do relaxamento. Pelos quatro cantos do país
é possível encontrar spas bem equipados que
convidam o visitante a se dar um momento de
prazer com tratamentos de beleza, massagens
e banhos de imersão. Tudo aliado à alta tecnologia cosmética, outra vantagem francesa.
Em Paris, uma das opções mais requintadas
para quem quiser descansar em meio ao turbilhão de ideias e novidades que se exalam pelas
ruas é o spa Dior, dentro do hotel-palácio Plaza Athenée. Aberto também a não-hóspedes, o
espaço tornou-se ponto de encontro de artistas, executivos, príncipes e magnatas de passagem por Paris.
Entrada do spa Dior, no hotel-palácio
Plaza Atheneé, em Paris
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Fotos: Divulgação
Rosto e corpo
Instalado no subsolo do hotel, o spa surpreende por
sua beleza. Logo na entrada, uma piscina com fundo
em mosaico, sobre a qual pende uma gota de vidro
soprado, recepciona o visitante, que conta com extensa lista de tratamentos para o rosto e o corpo
oferecidos pela casa.
Entre eles estão o lifting, o peeling, a fotoestimulação e a drenagem linfática, todos realizados
com concentrados Dior. Inclusive com o L’Or de
Vie, que traz ingredientes das vinhas do Château
d’Yquem, desenvolvido pela Dior Cosméticos.
Para ajudar a diminuir os efeitos do jet lag dos
hóspedes que chegam de viagem, quase todos os
procedimentos começam com uma massagem nas
costas, chamada Lifting 3D, que tem como objetivo movimentar fibras musculares e os circuitos
energéticos, acordando o fluxo vital do cliente.
– Trata-se de um protocolo da Dior para receber
seus clientes – diz a especialista Nicole Quirici.
Massagens e
tratamentos com direito
a menu triestrelado
Outro endereço mítico de Paris, o hotel Le
Meurice, também abriu seu spa após a recente
renovação visual comandada pelo designer Philippe Starck. Trata-se do Valmont au Le Meurice,
que oferece tratamentos como máscaras anti-idade, massagens relaxantes e hidratação de rosto e
contorno dos olhos, além de uma ampla gama de
tratamentos para o corpo, nos quais são utilizados
produtos à base da água-marinha vinda das termas
de Saint-Malo, ao noroeste da França.
Além de contar com um espaço reservado para
relaxar, o hóspede ainda pode optar por receber
os mimos no terraço ensolarado do hotel. Equipado com guarda-sóis, espreguiçadeiras e mesas,
ele também é servido pelo chef Yanick Alléno, três
estrelas no Michelin, que preparou um cardápio
especial com saladas, carpaccios, sanduíches, macarons, sucos de frutas, frappucinos e chás gelados
para acompanhar o momento de descanso.
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Bem viver Spas
A oeste de Paris, um
descanso inspirado na Índia
Situada numa das regiões mais bucólicas da França, a cidade
de Vannes, a 300 quilômetros de Paris, na Bretanha, é ideal
para descansar longe do frenesi da capital francesa. Trata-se
de uma joia intramuros, onde se fixaram os povos celtas no
século IX, e hoje se localiza a Villa Kerasy Hotel e Spa, uma
das hospedarias mais discretas e silenciosas do local, digna
da distinção Charme & Caractère.
Toda a sua ambientação remete à época das Companhias das Índias Ocidentais, que mobilizaram as cidades
da Bretanha no século XVIII. Assim, cada um dos 15
quartos da Villa é como se fosse uma parada no caminho marítimo para a Ásia.
– Um lembra a pimenta da Índia e de Sumatra, outro a canela do
Ceilão, o cravo e a noz-moscada das [ilhas] Banda [na Indonésia],
e assim por diante – diz o proprietário, Jean-Jacques Violo.
Instalado dentro do hotel, o spa oferece tratamentos
relaxantes, de revitalização dos sentidos e despertar espiritual por meio da imersão num mundo tipicamente indiano de cores, aromas, sabores e música, como poucos
imaginariam existir na França.
Há ainda cerimoniais refinados de massagens desenvolvidos pela marca de cosméticos Sundari, uma linha feita com
ingredientes destilados e essências raras, nos moldes daqueles criados por botânicos indianos há 200 anos.
Na região da
Bretanha, a Villa
Kerasy convida a
dias de relaxamento
inspirado nas
especiarias
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No sul da França, o Couvent de Minimes,
construído em 1613, foi tranformado em
hotel com spa da L’Occitane
No sul do país, terapia à base
de ervas aromáticas e azeite
Caso o turista decida encontrar momentos de quietude
mais ao sul da França, a dica é hospedar-se no Le Couvent des Minimes Hotel & Spa, membro do seleto time
de Relais & Chateaux.
Inaugurado pela L’Occitane em 2007, em Mane-enProvence, pequena cidade a cerca de uma hora do
aeroporto de Marselha, em meio às montanhas da
Haute-Provence, tem como base um antigo convento
da ordem dos Minimes, datado de 1613.
Com apenas 46 quartos, o hotel conta com piscina,
quadra de tênis, adega e jardim de ervas aromáticas,
criado no século XVII. Ali estão alguns dos ingredientes
típicos da região – menta, oliva, amêndoa, camomila,
lavanda, verbena e alecrim –, utilizados nos produtos
L’Occitane, cuja fábrica se localiza nas proximidades.
O spa tem seis salas de massagem, duas saunas, uma
piscina aquecida e banheiras de cobre, e oferece tratamentos baseados em banhos de ervas naturais e óleos
essenciais, numa prática que remonta à Antiguidade.
Para encerrar a viagem em grande estilo, uma boa opção
é conhecer a cabine Grande Mediterrâneo Hammam Ritual. Novidade no Le Couvent, ela lembra as melhores saunas turcas, e tem a massagem feita a quatro mãos numa
área externa do spa.
SERVIÇO
Le Couvent des Minimes
Hotel & Spa
Chemin des Jeux de Mai
Mane-en-Provence
www.couventdesminimes-hotelspa.com
Diárias nas suítes de € 350 a €
1.275. Preços dos tratamentos
sob consulta.
Le Meurice
228 rue de Rivoli, Paris
www.lemeurice.com
Preços de tratamentos e diárias
sob consulta.
Plaza Athénée
25 avenue Montaigne, Paris
www.plaza-athenee-paris.com
Tratamentos no spa Dior entre
€ 170 e € 1,5 mil.
Preços das diárias sob consulta.
Villa Kerasy
20 avenue Favrel et Lincy, Vannes
[email protected]
Pacote com uma diária, 120 minutos
de spa privê com ritual indiano, caféda-manhã e jantar num restaurante
da região, por € 229, por pessoa.
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Especial Arquitetura
Brasil à
francesa
Estilo encontrado nos grandes monumentos
franceses influenciou a arquitetura das principais
cidades brasileiras nos séculos XVIII e XIX
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Fotos: divulgação SMSP
Projetado por Ramos de Azevedo,
o Mercado Municipal de São
Paulo é uma réplica do estilo
francês de se construir prédios
N
ão é de hoje que a arquitetura neoclássica francesa invade as construções brasileiras. O estilo foi trazido ao país,
ainda que indiretamente, a pedido do príncipe Dom João,
depois Dom João VI. Decidido a acelerar o processo de
modernização da nova capital do Império, após a instalação da família real portuguesa no Rio de Janeiro, em
1808, ele incumbiu o intelectual Joaquim Lebreton de
reunir artistas franceses dispostos a participar da criação
de um núcleo criativo no Brasil.
O primeiro passo foi a chegada, em março de 1816, da
Missão Francesa, que trazia entre outros o pintor Jean-Baptiste Debret e o arquiteto Grandjean de Montigny.
Se o primeiro tratou de registrar a paisagem exuberante e
os habitantes do país, o segundo, um arquiteto prestigiado na França, que acabara de receber o II Grande Prêmio
de Roma, foi incumbido de afrancesar a cidade e imprimir
traços neoclássicos por todo o espaço urbano, tingindo o
barroco das florestas e das casas coloniais de um tom cosmopolita, à moda europeia, como diz a historiadora Fátima
Santiago, do espaço cultural Casa França-Brasil, hoje instalado, não por acaso, em uma das construções de Montigny,
o antigo prédio da alfândega.
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Especial Arquitetura
– Durante os 24 anos em que viveu no Rio de Janeiro
(onde morreu em 1850), Grandjean de Montigny trabalhou intensamente. Projetou o Mercado Municipal
do Rio (já demolido), o prédio do Senado e da Biblioteca Imperial (que não chegaram a ser construídos),
a Escola Real de Ciências Artes e Ofícios (demolida)
e sua residência na Gávea, que se transformaria no
Solar da Baronesa, hoje centro cultural da PUC-RJ,
depois de ter sido a sede da reitoria da universidade.
Além disso, tratou de fazer diversas intervenções urbanísticas na paisagem do Rio – diz Fátima.
Para seus projetos, ele usava elementos básicos da
arquitetura neoclássica, como materiais nobres (mármore, granito e madeira), em desenhos cheios de linhas ortogonais, formas regulares, geométricas e simétricas, com volumes corpóreos e maciços, a partir
de critérios geométricos formais.
– A arquitetura de Montigny é especial pois ele traz
sua bagagem francesa, mas não abre mão de “brincar” com elementos da natureza brasileira. Para fazer sua residência, por exemplo, valorizou a mata da
Floresta da Tijuca em cada mínimo detalhe. A casa é
praticamente um neoclássico dos trópicos, pois tem
varandas abertas nas quais a natureza é convidada
a entrar – diz a historiadora Piedade Grinberg, diretora do Solar.
– Tanto a Casa França-Brasil quanto o Solar da Baronesa viriam a se transformar nas obras mais significativas do estilo neoclássico no país, que seria copiado
à exaustão e invadiria as ruas do Rio de Janeiro no
fim do século XIX – afirma Piedade.
Ela conta que o período neoclássico no Brasil durou
quase um século. “Grandjean de Montigny era professor da Academia de Artes e Ofícios e teve diversos discípulos, como Pedro José Pézerat, criador do
projeto do pavilhão do Palácio Imperial, na Quinta da
Boa Vista, em 1828, e Carlos Rivière, que criou o projeto da Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória, entre
algumas dezenas de outros discípulos, que recriariam
a paisagem carioca do período.”
Fotos: divulgação
As obras de Montigny
serviram de referência
para o neoclássico carioca
No século XIX, influência
extrapola as fachadas e dá
lugar ao ‘morar à francesa’
Ricardo Corrêa Coelho, autor do livro Os Franceses, situa o fim
do neoclássico no país em 1889, momento em que o Brasil se
transforma em República e quer se mostrar ao mundo como
um país inserido na modernidade.
– Uma das primeiras medidas governamentais foi mudar padrões artísticos que vigoravam na época. Surge então o período
eclético, que trazia combinações de elementos da arquitetura
clássica, medieval, renascentista, barroca e neoclássica, e que, do
ponto de vista técnico, imprimia os avanços da engenharia do século XIX, com o uso de estruturas de ferro forjado, por exemplo.
Nessa época são criados o Teatro Municipal do Rio, na Praça
Floriano, e o hotel Copacabana Palace, na Avenida Atlântica,
entre tantos outros prédios. “São construções que trazem não
somente uma estética de fachada, mas uma forma de morar
à francesa, na qual as construções passaram a ser divididas
em alas totalmente independentes – de dormir, de estar e de
serviço”, diz o historiador.
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Foto: Paulo Lopes
No Rio, o hotel Copacabana Palace traz uma
estética de fachada e um estilo de morar franceses;
abaixo Teatro Santa Isabel, no Recife
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Especial Arquitetura
Foto: Inaldo Lins
Se São Paulo era relegada a segundo plano no
período imperial, o mesmo não aconteceu no
início do século XX, quando fazendeiros e empresários começaram a encomendar prédios e casas
em estilo europeu.
Formado na Universidade de Gand, na Bélgica,
Ramos de Azevedo (1851-1929) foi um dos destaques dessa época, ao recriar na capital paulista
algumas das mais importantes obras de influência francesa em São Paulo, tais como o Mercado
Municipal, a Pinacoteca do Estado e o Liceu de
Artes e Ofícios.
O estilo haussmanniano ainda foi explorado no
traçado das ruas centrais do Recife, especialmente na região do Marco Zero, entre a Avenida
Rio Branco e a Rua Marquês de Olinda. Mas não
foi somente no urbanismo que o estilo francês
se impôs na cidade. O Mercado São José, por
exemplo, inaugurado em 1875, foi inspirado no
Mercado de Grenelle, em Paris.
Já o Teatro Santa Isabel foi desenhado pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier em meados
do século XIX.
Foto: divulgação SMSP
Os mesmos traços podem
ser encontrados em
São Paulo e Recife
Pinacoteca do Estado,em São Paulo: reflexo
dos clássicos traços franceses
Mercado
São José,
no Recife,
inspirado
no mercado
de Grenelle,
em Paris
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Estilo de Le Corbusier serviu de base
para diversos projetos no país
Muitos historiadores dizem que a influência francesa na arquitetura
brasileira dura até a Segunda Guerra Mundial, quando se começa,
por aqui, a imitar o estilo americano, com seus arranha-céus.
Mas o historiador Ricardo Corrêa Coelho discorda. Segundo ele,
toda a arquitetura moderna nacional foi inspirada “de a a z” no
franco-suíço Le Corbusier, considerado uma das figuras mais importantes da arquitetura moderna.
– Ele orientou vários arquitetos brasileiros, como Lúcio Costa,
Carlos Leão e Oscar Niemeyer. Este último soube se aproveitar
dos ensinamentos do mestre, mas em vez de usar suas linhas retas, acabou imprimindo um traço característico das curvas do Rio,
da mulata carioca, em seus projetos. Inventou assim uma arquite-
tura brasileira que tem na raiz alma francesa – conclui
Coelho. (Leia mais sobre Le Corbusier na página 76)
Seguindo ainda os passos de Le Corbusier, hoje a arquitetura francesa é representada no Brasil por quatro nomes, Greg Bousquet, Guillaume Sibaud, Olivier
Raffaelli, do escritório Triptyque – que tem ainda
a brasileira Carolina Bueno como sócia –, e pelo
franco-suíço Michel de Fournier.
Mas só o tempo dirá se um dia eles serão lembrados e reverenciados como Grandjean de Montigny
e Le Corbusier, que deixaram suas marcas para
sempre na paisagem urbana do país.
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Queiroz Galvão São Paulo
Fotos: Raul Junior
Fachada do
edifício Grand
Diamond,
no Vila Nova
Conceição
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Salão de festas decorado pela arquiteta Débora Aguiar
Jóia lapidada
Grand Diamond reúne sofisticação, espaço e tranquilidade
num dos bairros mais valorizados de São Paulo
U
m verdadeiro diamante lapidado, a poucos metros do Parque Ibirapuera. Assim
é o Grand Diamond, empreendimento da
Queiroz Galvão, que está sendo entregue
na Vila Nova Conceição, em São Paulo.
Projetado para traduzir a qualidade de
vida e sofisticação que o bairro, um dos
mais valorizados da cidade, pode oferecer,
o edifício de 14 pavimentos, sendo 13 tipos e 1 cobertura, conta com um apartamento por andar e área total de 1.455 m2.
Com linhas imponentes em tons claros
e formas elegantes, o Grand Diamond
foi pensado pela dupla de arquitetos
Márcio Curi e Azevedo Antunes para
transmitir toda a nobreza do estilo clássico, que está sempre vivo e se valoriza
a cada dia.
Nas áreas comuns foram criados um salão
de festas gourmet, uma sala de massagem,
fitness, solarium, deck molhado, duas piscinas - uma infantil e outra climatizada
com raia de 18 metros - e playground.
Uma “praça da água”, ambiente de estar
e contemplação, foi pensada em parceria
com Benedito Abbud, responsável pelo
paisagismo do empreendimento. Com
uma fonte rodeada por jabuticabeiras,
o local atrai os pássaros da região, que
contribuem com seu canto para o clima
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Queiroz Galvão São Paulo
Salão de ginástica equipado com o que há de mais moderno
de paz e tranquilidade gerado pelo barulho da água
em movimento.
Seguindo o mesmo padrão da própria rua, a Jacques
Félix, o edifício é todo cercado de verde, desde a calçada. Conta também com a sombra de árvores preservadas, como a sibipiruna.
Para garantir a tranquilidade dos moradores, um moderno sistema de segurança foi instalado em todo o
edifício, com direito a guarita com vidros blindados.
Beleza e privacidade sem perder
o contato com a natureza
Outra importante profissional que participou da formação do
empreendimento é a arquiteta Débora Aguiar. Valendo-se de
ingredientes básicos como madeira, granito e mármore branco,
oferece conforto e sofisticação a cada futuro morador, como se
fosse o único.
A partir de uma releitura do estilo art-déco, a especialista projetou ambientes clean, que se integram aos revestimentos de piso, forro e paredes
em tons claros e suaves.
No hall de entrada e salões comuns, um mobiliário limpo e moderno alia beleza e sofisticação
para proporcionar aconchego e amplitude.
“O ponto de destaque é o pé direito duplo do hall,
com seis metros de altura, que permitiu a construção de nichos verticalizados e iluminados, decorados com bambu e vegetação”, afirma Débora.
Nos apartamentos tipo, com 228 m2, as áreas integradas foram pensadas para estimular a
convivência familiar.
Assim, cada unidade conta com sala para quatro ambientes, com direito a lareira, quatro suítes e quatro vagas na garagem.
No caso das coberturas duplex, de 364 m2, o
benefício sobe para seis vagas, além de uma
Na área de lazer, piscina infantil, piscina adulto com raia, deck
molhado e quadra poliesportiva
piscina privativa no terraço.
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JUNTO À SERRA DO JAPI, COM
TOTAL SEGURANÇA E UMA COMPLETA
INFRAESTRUTURA DE LAZER.
VI
DA
DE
, V
DA
R
ERDE
E LIBE
CASAS em condomínio fechado
em Jundiaí, São Paulo.
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120 e 173m privativos
2
Fotos do local
Estufa
Área verde
Horta
Área verde
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A 25 minutos de São Paulo
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Incorporação e Construção:
Rod. Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, Km 67,5.
Acesso pela esquina da Rua Antônio Lucato com a
Av. Luiz José Sereno - JUNDIAÍ - SP
www.fernandezmera.com.br
*Os condôminos adquirentes do empreendimento Nature Village, bem como os futuros adquirentes do empreendimento Nature 2, terão direito ao uso da área de preservação permanente (APP), objeto de “Instituição de Servidão de Uso”,
registrada junto à matrícula nº 110.927 do 2º oficial de Registro de Imóveis de Jundiaí/SP e conforme normas estabelecidas na convenção do condomínio. Incorporadora Responsável: Queiroz Galvão Nature Etapa 2 Desenvolvimento
Imobiliário Ltda. Av. Brigadeiro Faria Lima, 3015 – 12º andar – CEP: 01452-000, São Paulo – SP. Central de Atendimento: Fernandez Mera Negócios Imobiliários, Av. Brigadeiro Luís Antonio, 4.910 – CEP: 01452-002, São Paulo – SP.
Creci 5.425 - J. - www.fernandezmera.com.br. Memorial de Incorporação Registrado sob nº R.9 da matrícula nº 110.927 do 2º Oficial de Registro de Imóveis da comarca de Jundiaí, em 18/09/2009. Mapa de acesso sem escala.
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Queiroz Galvão Recife
Totalmente envidraçada,
a fachada dos 21
andares contribui para
a iluminação natural dos
ambientes internos
Negócios sob
medida
Flexibilidade de espaços e localização
privilegiada fazem da torre Janete
Costa o endereço ideal para
empresários no Recife
Fotos: Divulgação
D
epois do sucesso de vendas da primeira torre do
Centro Empresarial Queiroz Galvão, um espaço de
10.800 metros quadrados totalmente voltado ao
empreendedorismo, em Boa Viagem, a construtora
Queiroz Galvão e a Galvão Engenharia lançam agora o
segundo edifício no complexo, a torre Janete Costa.
Com localização privilegiada no Recife, o empreendimento situa-se próximo das principais vias de acesso ao estado (BR-101 e BR-232), a apenas cinco
minutos do Aeroporto Internacional Gilberto Freyre
(Guararapes) e a trinta do Porto de Suape, um dos
mais importantes do país.
A ser construída ao lado do Shopping Center Recife,
um dos maiores centros de compras, alimentação e
serviços do Brasil, a torre Janete Costa destaca-se
pela flexibilidade de seu projeto, criado pelo arquiteto Carlos Fernando Pontual.
Com salas modulares de 40 a 427 metros quadrados em cada um dos 21 pavimentos-tipo, o
edifício permite a instalação de escritórios de diferentes tamanhos, de acordo com a necessidade
de cada empresa, seja qual for o ramo de atuação.
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Flexível, a planta permite a instalação de
escritórios de diferentes tamanhos, de acordo
com a necessidade de cada empresa
“O projeto foi feito para que o proprietário possa
optar por utilizar todo o pavimento em um único salão, ou dividi-lo em até oito salas. E, mesmo
nesse caso, não haverá prejuízo para as demais
instalações, como banheiros, por exemplo, pois a
ocupação de cada pavimento poder ser feito de
forma independente”, explica Pontual.
Totalmente envidraçada, a fachada ainda contribui
para a iluminação natural dos ambientes internos.
“Feita em vidro, com revestimento de alumínio, a
torre Janete Costa se beneficiou com sua localização, na esquina do empreendimento. Isso nos possibilitou aproveitar a praça em frente para servir de
entrada de acesso ao edifício.”
Para garantir a tranquilidade dos condôminos,
as recepções e entradas de serviço e social serão independentes, e com catracas eletrônicas
que auxiliarão no rígido controle de acesso de
visitantes. Sob a orientação da Haganá, empresa líder no segmento de segurança condominial, o edifício ainda trará completa infraestrutura para a instalação de câmeras em pontos
estratégicos nas áreas comuns, alarmes em todos os andares e sistemas de segurança e administração, controlados por computador em
sala blindada e isolada.
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Do bem
A orquestra formada
pelos meninos do Coque
tocam clássicos como os
de Vivaldi e Ravel
Música e
cidadania
Importante agente transformador na comunidade do
Coque, no Recife, Orquestra Criança Cidadã pode disputar
o título de melhor projeto social do mundo
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Um dos alunos do
projeto, João Pedro
aprendeu a tocar violino
em apenas oito dias
Fotos: Leandro Lima
N
o início, transformar em músicos as crianças
e adolescentes da Comunidade do Coque, região mais violenta de Recife e com o menor
índice de desenvolvimento humano de Pernambuco, parecia uma missão impossível.
Mas com muita persistência, o juiz João José
Galvão Targino, idealizador da Orquestra
Criança Cidadã, conseguiu “plantar flor onde
só tinha espinho”.
– Não adianta reclamar da violência, temos que
ser agentes pró-ativos da sociedade. Esse cenário de desigualdade e infortúnio só vai mudar
quando houver iniciativa da sociedade – diz ele,
que criou o projeto em parceria com a Associação Beneficente Criança Cidadã (ABCC).
– Queria disciplinar e transformar essa juventude. Você não vê um músico mal feitor. Enxerguei as virtudes que a música proporciona
e passei a nutrir esse sonho.
O desejo de mudar a perspectiva de futuro da
comunidade tornou-se realidade em julho de
2006. Nesta data foi inaugurada a Escola de
Música do Projeto Orquestra Criança Cidadã,
com sede no quartel do 7º Depósito de Suprimentos, do bairro de Cabanga.
Ali, 130 crianças e adolescentes do Coque,
todos entre quatro e 17 anos, se revezam
em aulas de música, inglês, espanhol, computação e bons modos. Ao longo das quatro
horas diárias que passam no local, também
recebem atendimento médico e odontológico,
além de três refeições.
A importância social do projeto é tão grande
para a comunidade, que a Orquestra já ganhou
dois prêmios regionais de reconhecimento.
O próximo objetivo é qualificar-se entre os
dez projetos sociais brasileiros que serão indicados pela Caixa Econômica Federal para
participar do Prêmio Internacional de Dubai
sobre Melhores Práticas para Melhorar as
Condições de Vida, promovido anualmente
pelas Nações Unidas.
– Temos grandes chances de estar entre esses
dez selecionados – diz Targino.
Projeto depende
de doações
Apesar do crescimento do projeto, o juiz lamenta a instabilidade financeira com que
convivem. Sem renda fixa, a escola se mantém com doações vindas de empresas como
a construtora Queiroz Galvão, que doou parte das instalações das salas de aula. Além
da Queiroz Galvão, a orquestra conta com
patrocinadores como o Exército Brasileiro,
CNI (Confederação Nacional das Indústrias)
e CHESF (Companhia Hidro Elétrica do São
Francisco), entre outros
– Imagine uma mãe pobre, sem ter do que se
alimentar, tendo que manter uma gestação
saudável. Assim foi o nascimento do projeto –
define Targino.
– No primeiro ano de atividade, anunciamos
o fim do projeto duas vezes por falta de recursos. Isso me entristece, pois não se trata de
assistencialismo. Temos o objetivo da transformação e não da esmola.
Para garantir essa mudança na comunidade,
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Do bem
Os dirigentes do projeto:
Nildo Nery, presidente da
ABCC; o juiz João Targino e
o maestro Cussy de Almeida
os pais dos alunos beneficiados pelo projeto também são
inseridos nesse contexto musical, participando de reuniões e apresentações.
– Sempre falo para os pais: “Dêem carinho e apoio a eles,
porque são eles que vão tirar vocês daqui”. E o fato de verem seus filhos fora das ruas e das lan houses dá a esperança de que eles sairão do bairro antes mesmo de se
tornarem adultos – diz o maestro Cussy de Almeida, coordenador musical da orquestra.
Rosângela Teixeira de Lima, mãe do adolescente de 13 anos
João Pedro, que desde os 11 frequenta a escola, engrossa a
lista dos que esperam um futuro melhor devido à formação
musical do filho.
– Nunca criei o João com a ideia de que um dia ele iria para
a faculdade, porque não tínhamos perspectiva alguma. Hoje
vejo que ele vai ter um futuro. Ele diz que vai se formar músico, vai cuidar de mim e comprar um apartamento para se
mudar daqui – diz Rosângela.
Apesar da expectativa do filho, Rosângela admite que gosta do lugar onde vive. “Nasci e cresci aqui. E é um bairro
que fica perto de tudo”, diz. “O Coque fica em uma região
central do Recife, por onde a população é quase que obrigada a passar”, explica o maestro Almeida. “Todo mundo
conhece a favela do Coque”, completa.
tar trabalhar as crianças dentro de uma ‘bolha’. Elas conhecem o
crime, mas não participam dele”, diz.
A “bolha” já deu resultados. No início de setembro, um dos alunos
ganhou uma bolsa de estudos musicais no exterior. “Ele está na Polônia, e tendo em vista a rigidez da avaliação europeia, isso comprova
a qualidade do projeto. Eles de fato se formam músicos e podem
exercer a profissão. E isso evita que eles se tornem ‘aviões’ do tráfico para ganhar dinheiro”, diz o maestro.
Ao contrário do que normalmente acontece em famílias de baixa
renda, onde o estudo é deixado de lado e o trabalho passa a ser
prioridade, Rosângela prefere que João Pedro passe o dia estudando. “Hoje o adolescente trabalha para ajudar a sustentar a família,
mas amanhã, que futuro ele vai ter?”, diz ela.
Ela relembra o primeiro momento em que sentiu orgulho de ter um
filho músico. “Fazia apenas oito dias que o João estava na escola,
quando pegou o violino do vizinho emprestado e tocou uma música
para mim. Eu nunca havia visto um instrumento como aquele. Fiquei
tão emocionada que chorei. E até hoje choro quando o vejo tocar.”
Orquestra é sinônimo
de esperança
Criado no Recife – com direito a temporadas de estudos
em Paris e Genebra –, Almeida sempre soube da existência da comunidade, mas foi só quando foi assaltado na
região que começou a repensar a forma de ver a cidade.
“É um lugar violento, onde vivem 40 mil pessoas, sem nenhuma perspectiva de vida. A violência é a escola dessas
crianças. Pensando na cidadania e no futuro profissional
dessa juventude, passei a participar do projeto, para ten-
Além das atividades musicais, os jovens atendidos pelo programa
têm aulas de informática, para reduzir a exclusão digital
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An
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4 quartos (2suítes) ou 3 suítes
E
S
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R V A
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O
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3 vagas - 152m2
O
PERSPECTIVA ILUSTRADA DA FACHADA
R
PERSPECTIVA ILUSTRADA DA PISCINA COM RAIA E BORDA INFINITA
PERSPECTIVA ILUSTRADA DA VARANDA
Incorporação e Construção:
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Art Cinema
Luz, câmera,
Godard
O diretor que inspirou mais de uma geração de cineastas
ganhou retrospectiva no ano da França no Brasil
Mariane Morisawa
U
ma onda forte, daquelas que derrubam tudo
pela frente, percorreu o mundo do cinema na
virada da década de 1950 para 1960. A Nouvelle Vague, detonada por um grupo de críticos franceses que se tornaram cineastas, teria
repercussões por toda parte, inclusive no Bra-
sil, onde vigorou, com o Cinema Novo, o lema
“uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”.
Nessa turma, formada por François Truffaut,
Claude Chabrol, Jacques Rivette e Eric Rohmer,
nenhum revolucionou tanto a sétima arte quanto Godard.
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Pode-se dizer, sem exageros, que existe um cinema
antes de Godard e depois de Godard, assim como
há a pintura antes de Picasso e depois de Picasso.
“Godard foi incontestavelmente o maior inventor no
cinema da segunda metade do século XX. Ele explorou o cinema sob todas as suas formas e em todos
os seus estados, como Picasso fez antes dele com a
pintura”, diz Alain Bergala, crítico e professor francês que fez a curadoria da Retrospectiva Godard,
dentro do 5º Seminário Internacional de Cinema e
Audiovisual, em Salvador, no final de julho.
– Godard não é simplesmente um grande cineasta que
fez bons filmes. Ele tem uma ideia muito elevada do
que deveria ser o cinema e ele tenta confrontar sua
arte com o que há de maior antes dele na história das
artes. Godard transformou-se hoje na mais alta “consciência” do cinema no mundo – exalta Bergala.
– É como se ele fosse, mesmo, um deus do cinema.
Ou um farol.
Nova forma de fazer
cinema nasceu de uma
visão crítica da arte
No Brasil, Godard tem
admiradores como
Selton Mello
Quando ele estreou seu primeiro longa-metragem
de ficção, Acossado, em 1959, não havia dúvida de que nascia ali uma nova forma de cinema.
Claro que houve muitos críticos. Mas houve e há
também, até hoje, admiradores impressionados
com seu trabalho. Caso do ator Selton Mello, que
começa, ele próprio, a dar seus primeiros passos
como diretor.
Abaixo, pôster do filme Pierrot le Fou;
à esquerda cena do filme Uma Mulher
É uma Mulher
A influência de Godard e sua turma começou ainda como
críticos de cinema, principalmente na revista Cahiers du Cinéma. Nela, os jovens autores criticavam a maior parte dos
diretores e roteiristas franceses da época.
“Seus movimentos de câmera são feios porque seus temas
são ruins, seus elencos atuam mal porque seus diálogos
não têm valor; numa palavra, vocês não sabem criar cinema porque vocês nem sabem mais o que é cinema”,
escreveu, certa vez, Godard.
Eles abraçaram as teorias do crítico André Bazin, que propunha o conceito de autoria no cinema.
“Nós vencemos quando conseguimos que fosse reconhecido, como princípio, que um filme de Hitchcock, por exemplo, é tão importante quanto um livro de Aragon [Louis
Aragon, escritor e poeta francês]. Os autores de cinema,
graças a nós, finalmente entraram na história da arte”, afirmou Godard.
Eles eram, afinal, uma geração formada já sob os signos
do cinema. “Todos éramos críticos antes de começar a
fazer filmes, e eu amava todos os tipos de cinema – os
russos, os americanos, os neorrealistas. Foi o cinema
que nos fez – a mim, pelo menos – querer fazer filmes.
Eu não sabia nada da vida a não ser por meio do cinema”, disse o cineasta.
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Art Cinema
Cena do filme Pequeno
Soldado de 1963
Próximo filme do diretor
deve ser lançado em 2010
– Li em algum lugar que esse filme pode ser interpretado como um documentário sobre (o ator) Jean Paul
Belmondo. É um raciocínio bem curioso e divertido –
afirmou Selton.
Faz todo o sentido. Acossado propôs um cinema
com um pé no realismo, em que a câmera, leve e na
mão do fotógrafo, podia colar nos atores, eles próprios livres para se movimentar nas locações. Como
não há marcações muito evidentes, os atores se mexem de forma muito natural, e a iluminação também
se apoia pouco em fontes artificiais. Michel (Jean
Paul Belmondo), o protagonista, anda à deriva, tenta obter dinheiro por meio de roubos e golpes, diz
que ama Patricia (Jean Seberg). Tudo parece muito
casual, como se a câmera documentasse a vida e
não como se a vida representasse para a câmera.
Na montagem, Godard emenda cenas de forma a
causar estranhamento no espectador. O final ambíguo se tornaria frequente em sua obra.
– O cinema de Godard foi sempre um apelo à liberdade de filmar e à consciência da responsabilidade do
criador de cinema – diz Bergala.
Godard passou um tempo filmando muito, às vezes dois
longas num único ano.
O cineasta brincou com os gêneros cinematográficos: fez
musical (Uma Mulher é uma Mulher), filme de guerra (O
Pequeno Soldado), policial (Bande à Part) e ficção cientifica (Alphaville). Por volta de 1964, já era imitado no
mundo inteiro.
Influenciou, por exemplo, o cinema marginal brasileiro, de
diretores como Rogério Sganzerla. Na década de 1980,
causaria escândalo com Je Vous Salue Marie, proibido no
Brasil por mostrar Nossa Senhora como uma estudante
moderna, que joga basquete. O longa forma uma trilogia
com Passion e Prénom Carmen.
– Nessa trilogia, cada filme é uma etapa em direção à próxima, e pode-se ver Godard avançar passo a passo sobre
questões como: a confrontação do cinema com a pintura e a
música, o sagrado da Virgem com a criação – diz Bergala.
Na década seguinte, sua preocupação se voltaria para o
envelhecimento e a morte, com obras como Nouvelle Vague,
Hélas pour Moi e Para Sempre Mozart.
– Godard se interroga sobre a possibilidade de o cinema
filmar o desaparecimento e a ressurreição dos corpos, a
ponte divina e humana na encarnação, o envelhecimento
e o retorno a aspectos de sua infância. Esses três períodos
permitirão seguir o percurso de Godard em relação à sua
arte e às suas preocupações recorrentes, mas sobretudo a
evolução de seu projeto para o cinema – explica Bergala.
Sem terminar um filme de ficção desde Nossa Música,
de 2004, Godard se prepara para lançar Socialisme em
2010. O mundo do cinema vai mais uma vez parar para
prestar atenção.
Cena do filme Nouvelle
Vague de1990
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Fotos: © FLC / VG Bild-Kunst, Bonn 2009
Art Cultura
Gigante
do século XX
Nascido na Suíça, mas radicado na França, Le Corbusier
influenciou a arquitetura e teve relação estreita com o Brasil
e com arquitetos como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa
Mariane Morisawa
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Na página ao lado, o mestre
explicando um de seus
projetos; à direita, a cadeira
Chrome feita com tubular de
aço, couro e molas de aço
“P
ara este grande viajante, existem lugares privilegiados no planeta, entre montanhas, planaltos e
planícies com grandes rios que correm rumo ao
mar. O Brasil é um desses lugares acolhedores
e generosos que gostamos de poder considerar
como um amigo.” Foi assim, cheio de carinho
e palavras elogiosas, que Le Corbusier (18871965) resumiu seu relato sobre a passagem
pelo país nas décadas de 1920 e 1930.
Essa relação foi destacada na exposição Le Corbusier – Entre Dois Mundos, que ficou em cartaz
na Caixa Cultural Rio de Janeiro em agosto. Na
mostra, com curadoria de Jacques Sbriglio, foram
exibidas 120 peças produzidas por ele em seus
últimos vinte anos de vida, entre 1945 e 1965, o
que inclui projetos arquitetônicos, desenhos, pinturas, colagens, litografias, esculturas, tapeçarias,
maquetes, livros e fotografias pertencentes à Fundação Le Corbusier, de Paris.
Considerado por alguns estudiosos o arquiteto
mais importante do século XX, ele veio pela primeira vez ao Rio de Janeiro e a São Paulo em
1929 – a segunda visita aconteceria em 1936.
Para Sbriglio, as viagens ao Brasil foram impactantes em sua obra:
– O antes é o período “purista”, o das mansões
parisienses, e o “racionalista”, dos edifícios Clarté (em Genebra) ou Molitor (em Paris). O depois
é o período “brutalista”, com o concreto armado
como sua matéria-prima e todo um novo vocabulário arquitetural que se implanta, a partir da
utilização do quebra-sol, que se torna para Le
Corbusier, após o pilotis, a planta livre, a fachada livre, a janela em fita e o terraço jardim, o
“sexto ponto da arquitetura moderna”.
Trabalho influenciou
diversas obras no Brasil,
entre elas Brasília
Na década de 1930, o arquiteto franco-suíço
aproximou-se do grupo de Lúcio Costa e Oscar
Niemeyer, atuando como consultor do projeto do
prédio-sede do então Ministério da Educação e
Saúde, no Rio, projetado por Costa, Niemeyer,
Affonso E. Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e
Ernani Vasconcellos.
Os arquitetos modernistas brasileiros criaram diálogo estreito com Le Corbusier, influenciando e
sendo influenciados por ele. A construção de Brasília, por exemplo, não teve sua participação direta,
mas ali várias de suas ideias, até então utópicas,
ganharam versão criada por Costa e Niemeyer. Ele
defendia, por exemplo, grandes blocos de apartamentos assentados sobre pilotis, algo comum de
ver na paisagem da atual capital federal.
Nos anos 1950 e 1960, o ensino de arquitetura
no Brasil baseou-se muito em sua obra e suas
ideias. O próprio Niemeyer era grande admirador dele, como prova a semelhança entre seus
desenhos do início da carreira e os do arquiteto
naturalizado francês.
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Art Cultura
Exposições pelo mundo
marcam os 60 anos
de carreira
Le Corbusier ainda é objeto de muita polêmica no
mundo da arquitetura. Para discutir a implicação
de sua obra na atualidade, uma grande exposição
foi montada pelo Vitra Design Museum em parceria
com o Royal Institute of British Architects e o Nederlands Architectuur Institut.
Ela ficou em cartaz no Martin Gropius-Bau, em Berlim, até o início de outubro. Le Corbusier – Art and
Architecture apresentou 380 peças em ordem cronológica, abarcando seus 60 anos de carreira. Havia maquetes novas e antigas, além de instalações
baseadas em projetos de interiores, o mural gigante
do escritório parisiense na Rue de Sèvres (1948), o
filme Arcachon, rodado por ele no Rio de Janeiro, e
a reconstrução do Plan Voisin, de 1925, seu projeto
urbano utópico para Paris.
A mostra procurou deixar evidentes seus interesses no
Mediterrâneo e no Oriente Próximo, sua busca por formas orgânicas nos anos 1930, seu fascínio pelas novas
tecnologias e mídias e pela metrópole moderna.
Sua obra ligava arquitetura, planejamento urbano, pintura, design, cinema e outras disciplinas. Ele mesmo
sempre se considerou um escultor, não um arquiteto.
Le Corbusier em seu ateliê, em
Paris, onde criava novas formas
orgânicas para objetos e edifícios
Unidade habitacional construída
por Le Corbusier em Marselha,
uma de suas obras-primas
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Viagens serviram para
se inspirar e divulgar
o modernismo
Nascido em 1887 em La Chaux-de-Fonds, na Suíça, Charles-Edouard Jeanneret-Gris cursou a Escola de Arte de sua
cidade e, autodidata em arquitetura, fez viagens de iniciação para Itália, Áustria, França, Alemanha e Grécia, entre
1906 e 1917, ano em que se radicou em Paris, onde adotou o pseudônimo que o tornaria famoso.
Na capital francesa, fundou a revista L’Esprit Nouveau, com
Amédée Ozenfant e Paul Dermée. Nos anos 1920, começou suas palestras e continuou suas viagens. Na América
Latina e no Norte da África, descobriu as formas orgânicas,
as tradições regionais e o uso de materiais naturais. Do Mediterrâneo, passou a utilizar os volumes claros, as fachadas
brancas e os ambientes abertos.
Nos anos 1930 dedicou-se a propagar sua doutrina, mas foi
a partir da Segunda Guerra Mundial que, maduro, desenhou
suas obras mais importantes, como a unidade habitacional
de Marselha, a capela de Ronchamp, o convento de Tourette, e os edifícios do Capitólio em Chandigarh, na Índia.
Le Corbusier era um apaixonado pela arquitetura e acreditava que ela podia ajudar as pessoas a clarear suas ideias. Ele
foi um desbravador e grande divulgador do modernismo,
uma corrente que, mesmo muito criticada, moldou a arquitetura mundial desde o século XX até os dias de hoje.
Capele Notre-Dame-du-Haut, em Ronchamp
Pavilhão Philips em
Bruxelas; obra de 1958
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Endereços Cultura
QUEIROZ GALVÃO
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Douce France
Al. Jaú, 554,
Jardins - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3262-3542
Gica Mesiara
www.quadrovivo.com
Hotel Copacabana Palace
Av. Atlântica, 1702
Rio de Janeiro (RJ)
Tel.: (21) 2548-7070
www.helvetiahouse.com.br
Jardinaria
Av. 17 de Agosto, 1665,
Casa Forte - Recife (PE)
Tel.: (81) 3266-1184
La Brasserie Erick Jacquin
R. Bahia, 682,
Higienópolis - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3826-5409
La Casserole
Largo do Arouche, 346,
Santa Cecília - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3331-6283
La Cocagne
R. Campos Bicudo, 129,
Itaim Bibi - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3079-5177
Dpot
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1250
São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3082-9513
www.dpot.com.br
La Paillote
Av. Nazaré , 1946,
Ipiranga - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 5061-5182
Duílio Sartori
Casa Shopping – Bloco G Loja H / I
Rio de Janeiro (RJ)
Tel.: (21) 2108-8144
Lattoog Design
R. Visconde de Pirajá, 550
Salas 704/ 705 Rio de Janeiro (RJ)
Tel.: (21) 2512-6182
www.lattoog.com
Eduardo Borém
Tel.: (61) 8175-6747
(61) 3039-3175
[email protected]
Laurent Suaudeau
São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3887-0170
www.laurent.com.br
Firma Casa
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1487,
Jd. Paulistano - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3068-0377
www.firmacasa.com.br
Le Couvent des Minimes
Hotel & Spa
Chemin des Jeux de Mai
Mane-en-Provence
www.couventdesminimes-hotelspa.com
Freddy
Pça Dom Gastão Liberal Pinto,
111/115, Itaim Bibi - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3168-7339
Le Meurice
228 rue de Rivoli, Paris
www.lemeurice.com
Marc Le Dantec
Av. Oceânica, 3001, Flat Píer Sul,
Ondina - Salvador (BA)
Tel.: (71) 3331-3854
Marcel
R. da Consolação, 3555,
Cerqueira César - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3064-3089
Mercado Municipal
Paulistano
R. da Cantareira, 306,
Parque Dom Pedro II - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3313-1326
Mevolution
R. Oscar Freire, 583, loja 7,
Jd. Paulista - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3062-7332
www.mevolution.com.br
Museu do Ipiranga
Parque da Independência, s/n.º,
Ipiranga - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 2065-8000
Olympe
R. Custódio Serrão, 62,
Jardim Botânico - Rio de Janeiro (RJ)
Tel.: (21) 2539-4542
PuntoLuce
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 934,
Jd . Paulistano - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3064-6977
www.puntoluce.com.br
Renata Florenzano e
Myrna Porcaro
R. Cônego Eugênio Leite, 188,
Jardim América - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3086-4111
Reserva Pessoal
Rua das Margaridas, 147,
Brooklin - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 5041-9747
Scandinavia Designs Concept Store
R. Barão de Capanema, 559
São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3081-5158
www.scandinavia-designs.com.br
Skye
Av. Brig. Luís Antônio, 4700,
Hotel Unique, Jardim Paulista
São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3055-4702
Orquestra Criança Cidadã
Tel.: (81) 3428-7600
www.orquestracriancacidada.org.br
Sophia Galvão
R. Barão de Jaguaripe, 407, Conj. 111
Ipanema - Rio de Janeiro (RJ)
Tel.: (21) 3511-6734
www.sophiagalvao.com.br
Parque da Independência
Av. Nazareth, s/n,
Ipiranga - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 2273-7250
Teatro Santa Isabel
Pça da República, s/nº,
Recife (PE)
Tel.: (81) 3232-2939
Philips
www.philips.com.br
Theatro Municipal do
Rio de Janeiro
Pça Marechal Floriano,
Cinelândia - Rio de Janeiro (RJ)
Tel.: (21) 2332-9195 / 9188
Pinacoteca do Estado
de São Paulo
Praça da Luz, 2,
Centro - São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3324-1000
Plaza Athénée
25 avenue Montaigne, Paris
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Habitar Crônica de Mauro Malin
Morada
E
m 1987, eu trabalhava no Jornal do Brasil e ganhei
de presente uma viagem à Alemanha, passando na
volta por Paris. A viagem era para Berlim, que comemorava 750 anos de fundação, com uma passagem
por Nuremberg, e eu aproveitei bastante ambas as
visitas. Basta dizer que ainda não havia caído o Muro
de Berlim e eu pude passar um inesquecível domingo
em Berlim Oriental.
Mas importante mesmo era voltar a Paris. Com a ajuda
dos amigos Rui Xavier e William Waack, da editoria de
Economia, comandada por Miriam Leitão, inventou-se
que eu deveria participar da cobertura das negociações da dívida externa brasileira com o chamado Clube
de Paris. Rui e William tinham ficado comovidos com o
fato de eu não ter voltado a Paris, onde vivera, desde o
então já distante ano de 1979.
A pessoa encarregada de escolher o hotel em que eu
ficaria reservou quartos no Lutétia. Ora, a diária era
absurdamente cara, consumia uma parte insuportável da diária a que eu tinha direito. Além disso, o
hotel era metido a besta e tinha sido usado como QG
pelos nazistas quando invadiram a cidade, na Segunda Guerra Mundial.
Rapidamente, achei outro hotel, pequeno, simpático, barato e historicamente inofensivo, a não mais
de cem metros da portaria do Lutétia, que fica no
Boulevard Raspail.
Nessa viagem fiz apenas uma reportagem que me ficou na memória. Dois dias depois da inauguração do
Museu de Orsay, passei uma jornada inteira, da abertura ao fechamento, percorrendo-o com um bloco de
anotações em punho. Disso resultou uma página inteira no Caderno de Turismo, escrita com reverência
e emoção.
Mas um episódio curioso dessa viagem ocorreu perto
de onde eu estava hospedado, na Rue de Sèvres, quase esquina do Boulevard Raspail. Em 1976, eu havia
morado dois meses num pequeno apartamento da
Rue de Babylone. Fora meu primeiro lar em Paris.
A Rue de Babylone é uma continuação da Rue de
Sèvres. Levei a mala para o novo hotel e logo saí para
visitar o velho prédio onde eu morara. Estava lá, e em
seu silêncio de pedra me despertava um carrossel de
sentimentos.
Em seguida, caminhei até um café na esquina de Babylone com Rue Vanneau. Era lá que eu comprava
cigarros em 1976. Como eu havia parado de fumar
em 1983, limitei-me a pedir um café. Olhei para o
rapaz atrás do balcão e imaginei ver um personagem
daquele tempo, que eventualmente me reconheceria.
Com olhar quase lacrimejante, lancei, tomado por
uma espécie de êxtase rememorativo:
– Você trabalha aqui há muito tempo?
Todo o clima melancólico e retrô desabou quando ele
me respondeu:
– Há dois meses, Monsieur.
Mauro Malin é editor da Premium.
Ilustração feita com base na imagem de Jean Scheijen/Stock.xchng (sxc.hu)
perdida no tempo
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Ilustração feita com base na imagem de Jean Scheijen/Stock.xchng (sxc.hu)
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