Memorial circunstanciado de formação artística
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Memorial circunstanciado de formação artística
Memorial circunstanciado de formação artística, científica e atividades de Julio Plaza Gonzalez, Professor Associado, MS-S, Candidato ao Concurso Público para provimento de um cargo de Professor Titular, na Área de Artes Plásticas, junto ao Depto. de Artes Plásticas, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Apresentar as realizações de uma vida, de forma sistemática, é uma tarefa que mostra o que fizemos, os nossos êxitos e malogros, criando uma espécie de síntese entre o que estava no nosso projeto e não aconteceu e o que não estava e aconteceu. A organização desses dados esconde uma história inconsciente, não escrita, uma configuração que revela, ao mesmo tempo, as interações entre a vida e a "signagem" na vida, isto é, como a vida migra para o signo e este para a vida, ou, como diria Ortega y Gasset, "el hombre y su circunstancia". É função destas memórias interpretar e trazer à luz essa história inscrita de forma intensiva na extensão dos frios dados. Tudo isso com a perspectiva de alguns anos e sem esquecer que trazemos o passado para o presente partindo da ótica deste presente. Encaro o relato desta memória como produtor de linguagem, pois a vida do sujeito sempre se projetará naquilo que faz. A minha vocação para a arte, em especial pela pintura, manifestou-se desde bem cedo. O meu primeiro "paideuma" artistico aconteceu no Museu do Prado em Madrid. Ali descobri Zurbarán, Velázquez e Goya, o clichê expressivo hispânico. Dos modernos, o madrilenho e cubista analítico Juan Gris e Picasso. Na época, combinava trabalho e estudo. Depois do trabalho cotidiano, assistia à noite aulas de desenho e pintura aproveitando as poucas oportunidades existentes. Acompanhava a cultura artística no ambiente madrilenho de pós-guerra, da década de cinquenta, percebendo o conflito entre abstratos e figurativos: a expressão das vanguardas internacionais ligadas ao informalismo, com o grupo "EI Paso" à frente; contrapondo os segundos que advogavam por uma arte engajada, em vista da situação política e social. Havia que "pintar con fuerza", "Ia estética de Ia miséria" ou, o grito "metafisico" e "social" do ser humano. A geometria (tanto para abstratos como para figurativos) era "fria", "alienada" e "formalista", era portanto anti-estalinista. A estética marxista e lukacsiana e as diretrizes do "realismo socialista", eram promovidas pelo PCE (Partido Comunista Espanhol) e que tomaram forma através da "Estampa Popular". Os "gritos" do "Guernica" (J 937) e do "Corea" (1951), de Picasso, (exilado até o fim da sua vida na França) ressoavam junto com a vela expressiva ibérica e catalizavam as influências, visando uma contraposição com a arte plena de sentido, grandiloquente, megalomaníaca do regime franquista. Por aqueles tempos, o caráter repressivo do fascismo espanhol impunha suas condições à cultura. AI1istas e intelectuais de uma forma ou de outra sentiam a pressão política e policial. Havia também, a oscilação de consciência entre arte e vida, entre poética e política, como no caso do vasco Agustin Ibarrola que fizera parte do concreto "Equipo 57" e depois começou a fazer arte engajada com preocupações socializantes. Isto, depois de atravessar períodos alternos de prisão e liberdade. Também existiam geografia espanhola aqueles que faturavam com o sistema e enchiam a de iconogratias principalmente pintores: alegóricas vivos, presos, do fascismo. Havia de tudo, exilados, engajados, ricos e pobres. Todos eles lutavam por uma Espanha democrática. Paris estava cheia de pintores espanhóis que pintavam paredes para sobreviver enquanto não se realizava o sonho de veremse incluídos na história da arte, o decano de todos eles: Picasso. Salvador Dalí, (anagramatizado por Breton como "Ávida Oollars"), ficava em cima do muro, decorando-o com ovos, surrealisticamente. Em sincronia, o grupo catalão de cunho surrealista "Oau ai Set", com Tápies, Miró, Tarrats e outros, e também as tendências concretas com o "Equipo 57", grupo este que colocava a criação de forma radical e coletiva com a eliminação do ego artístico e sua assinatura, pintavam em grupo a mesma obra. Preferia-se a concreção da escultura do vasco Jorge de Oteiza (premiado em 1951, na Bienal de São Paulo), em lugar do abstrato Chillida. Neste panorama de miséria material, mas rico em lutas ideológicas, políticas e culturais, iniciava-me na arte. Minha preferência manifestava-se no desejo de construir e não de expressar. Preferia a Espanha da criação concisa, das formas lapidadas (como em Zurbarán) em pedra na paisagem ensolarada e vazia, no limite entre o céu e a terra, de Castela; a Espanha do românico, da arquitetura militar dos castelos, cujos volumes ordenam a luz, também a Espanha árabe e oriental que se manifesta através dos diagramas e da geometria como expressão universal e cósmica. Começo a perceber uma Espanha da expressão que oculta e abafa uma Espanha da construção. João Cabral de MeIo Neto diria anos depois em "Agrestes": "Espanha é coisa de tripa! e que é de donde o andaluz sabe/ fazer subir seu cantar tenso/ a expressão, explosão, de tudo/ que se faz na beira do extremo/. .. li . Percebia o conflito cultural entre a ordem de uma arte sintática e o suspeito gosto pelo sentido, que reflete a arte figurativa. A minha primeira fase artística mais significativa, ... fQi figurativa, meu tema: o telúrico da paisagem, a natureza morta, os ' . .:; objetos. Visão construída, menos as figurlls do que o espaço plástico, menos o tema e mais a construção, menos o quadro Êloque a pintura. Mas o interessante daquela época foi realmente o contato com museus, exposições e obras artísticas da história, recebendo o conflito entre originais e reproduções de massa, ou seja, o "Museu Imaginário" ("avant Ia lettre") Era a década de cinquenta e a minha primeira viagem pela Europa. Vi a trilogia da arte moderna Van Gogh/Cézanne/Gauguin no Jeu de Paume. Foi chocante, pois conhecia a obra destes artistas através das reproduções. Assistia então, às aulas livres do Circulo de Bellas Artes em Madrid, modelo vivo, pintura. A Ecole de Beaux Arts e Academie Julian de Paris veio depois, onde proseguia meus estudos, também em Colonia e Dusseldorf por onde ,andava o grupo "Fluxus" e o Muro de Berlim era construido. Nesta segunda viagem'pela Europa, no .. começo dos sessenta, fiz a minha primeira exposição. Amplia-se o repertório: Mondrian, Malevitch, Klee, Kandinski, Veermer de..., Delft, Gabo, Pevsner, a Arte . Concreta, a Bauhaus, Moholy Nagy. É no começo 'desta década que a minha expressão al1ística começa a frutificar a partir do contato com as obras da vanguarda russa existentes nos museus europeus. De volta à Espanha, surgiram as primeiras expOSlçoes, coletivas principalmente e a formação de grupos e núcleos de discussões artísticas. Surgem também as primeiras críticas e convites para realizar exposições, também o mercado da arte e a selva artística. Pronto, percebi que o artista plástico vira comerciante, "companheiro de viagem", "colega", capaz de manter posições políticas e não poéticas, bajulador do poder que vive da direita e se alinha politicamente com a esquerda ... Por outro lado, começa a configurar-se, no contexto cultural dos sessenta, a noção de "geração" em arte, capitalizada pelo crítico Juan Antonio Aguirre, que nos apresenta como grupo artístico oposto ao informalismo. Apesar desta arregimentação "extensiva" de artistas que se definem pela diacronia e que abrigava portanto, um pluralismo de estilos, preferia a relação "intensiva" ou sincrônica, isto é,. como configuração paradigmática e "afinidade eletiva". Surgem as primeiras esculturas como "estruturas primárias", mínimas, que enfatizam o espaço e as relações entre elementos. O espaço, a superficie, a geometria e o número começam a tomar forma e a traduzir-se concretas, do lado poético, já do lado político da cultura, a organização "Cooperativa de Producción em Imagens Artística" em Madrid, nos colocamos da questões relativas a interdisciplinaridade. Poetas, escritores, músicos e pintores debatem as poéticas da modernidade e colocam o problema da produção/consumo no contexto de uma implantação da sociedade sociedade de que está em processo massas e começa em arte. Isto, de industrialização abrir-se para e o exterior. Paralelamente nos organizamos, na mesma Cooperativa, para driblar a censura e o sequestro de informação pela ditadura. Era no exterior que íamos procurar as nossas fontes de informação. Surgem assim, os primeiros contatos com a poesia visual internacional, a semiótica, e, em particular, com a Poesia Concreta Brasileira do grupo "Noigandres" (1962). Na minha arte, as estruturas primanas e minimalistas, tomam forma ao mesmo tempo em que surge, em meu horizonte poético, a arte combinatória, permutacional e modular, que se coditica na "obra aberta". Pura intuição, pois pouco tempo depois entraria em contato com a teoria de U. Eco, confirmando as minhas intuições em relação a exploração do "campo dos possíveis". Tomei contato também com "A arte no horizonte do provável" de Haroldo de Campos, com quem troquei alguma correspondência na época. Surgem também, as primeiras idéias para computação gráfica, não realizadas pela falta de tecnologia disponível. Começo a interessar-me pela semiótica, a estética informacional (Bense), o desenho industrial e comunicação visual, aspectos estes que culminam no livro de artista como obra autônoma, trabalhos estes, que tomarão forma na década de 70 no Brasil. Depois de realizar uma exposição individual em Madrid (1966), ganhei uma bolsa do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), a título de "Cooperação Intelectual Brasil-Espanha". Esta bolsa, me traz ao Rio de Janeiro, onde fui muito bem recebido pela ESDI, Escola Superior de Desenho Industrial da Guanabara e sua diretora, Carmen Portinho, que me abriu os espaços da Escola e seus ateliês para trabalhar. Entre julho de 67 e 69, toda minha produção foi realizada lá. Vim ao Brasil, também Internacional connhecer acompanhando a representação espanhola para a IX Bienal de São Paulo daquele mesmo ano e com grande interesse por Brasília e os integrantes do grupo "Noigandres": Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Augusto de Campos e também Waldemar Cordeiro. Com a leitura dos textos e teorias deste grupo, aumenta meu interesse pela poesia, principalmente a visual e a teorização sobre as artes. Começam as primeiras exposições de artes plásticas no Brasil e também com o grupo de "Poesia Processo" de Wladimir Dias Pino, Alvaro e Neide de Sá. Era o Rio da problemática política de 68. Fiz amizade com Hélio de Oticica, Alexander Wolner, Pignatari, Aluísio Magalhães e Carmen Portinho. Também com Frederico de Morais, Ivan Serpa, Cildo Meirelles, Raimundo Collares e outros artistas, que na época se iniciavam no campo da arte. Na ESDI, as artes gráficas, o desenho industrial e a comunicação visual entram definitivamente no meu campo de interesse e se integram nas minhas pesquisas e poéticas. Nessa época, dividia meu tempo entre Rio e São Paulo, pois a convite de Julio Pacello, editor de livros de arte, realizo o livro: "Julio Plaza- Objetos", em São Paulo. Com este projeto, entrei em contato com o poeta Augusto de Campos, a quem convidei para fazer uma espécie de prólogo para o livro que resultou num objeto-poema. A partir de então, iniciamos juntos, Augusto e eu, um trabalho de colaboração de cunho intersemiótico que integra poesia visual e espaço, através do "livro-objeto". Terminada a impressão, surge um convite da Universidad de Puerto Rico para realizar esculturas para seu campus, ao mesmo tempo em que se estrutura o programa em artes no Depto. de Humanidades e sou incumbido de organizar os ateliês, salas de exposições e toda a infra-estrutura para o ensino de alie. Foi lá que comecei a escrever os primeiros textos sobre arte de forma sistemática. Ensino, teoria, estudo e prática artística começam a criar em mim uma configuração, que tem como produto imediato, a pesquisa e a instituição universitária como suporte da mesma. Ainda morando em Puerto Rico, vim ao Brasil para lecionar cursos no Instituto de Artes da UFRGS em Porto Alegre. Na época, me correspondia com Waldemar Cordeiro, pois acompanhava, com interesse, suas pesquisas com a arte computacional, além de participarmos de uma exposição. Waldemar convidou-me para lecionar no Instituto de Artes da Unicamp, que no momento vinha sendo organizado. Convite este, não concretizado, pois Waldemar Cordeiro viria a falecer tempo depois. O eixo arte-pesquisa-teoria-ensino supõe o abandono do mercado da arte e a dominância da pesquisa em arte. A conceituação sobre o suporte da arte, a sua inclusão dentro de um sistema mais vasto, me levam à arte conceitual e às práticas com os multimeios. Surge a "arte pelo correio" como forma de comunicação "anárquica", além exposições e curadorias como forma de criar novos meios e públicos, novas leituras e espaços. Passados quatro anos em Puerto Rico, regressei a São Paulo (1973), onde ingresso na FAAP, a convite de seu diretor Donato Ferrari e na ECA-USP, a convite do Prof. Walter Zanini, com quem colaborei e organizei exposições no MAC-USP: "Plásticas Visuais" e "Prospectiva'74" dois marcos para a arte "não-sistema" no Brasil e que se configuram com as anteriores JAC (Jovem Arte Contemporânea), organizadas pelo professor Zanini e Donato Ferrari. Nesse período, também fazia a programação visual do Museu de Arte Contemporânea da USP durante a direção de Walter Zanini, com quem mantenho uma singular amizade até hoje. Comecei a lecionar no Departamento de Artes Plásticas da ECA em 1974, disciplinas relacionadas com a linguagem visual, mantendo ao mesmo tempo, intensa atividade cultural no âmbito de São Paulo, do pais e do exterior. Continuam as colaborações "Poemóbiles" tecnológicos com Augusto de Campos, resultando na edição de dois livros: (1974) e "Caixa Preta" (1975), além de trabalhos com meios que se extendem até hoje com a holografia e a infografia. Começa também nessa época, a edição de revistas alternativas e a colaboração com escritores e poetas, procurando uma relação dialética com outras séries artisticas. Como pesquisador, trabalhei no IDART (Centro de Documentação de Arte Brasileira) de São Paulo (1977), onde realizei pesquisas sobre linguagem gráfica comparada na imprensa de São Paulo e produção editorial. Muita pesquisa de campo foi feita em relação ao sistema industrial paulista de produção destes objetos culturais. Era a gestão de Décio Pignatari como diretor e posteriormente a de Paulo Emílio Salles Gomes e Maria Eugênia Franco. Aquelas pesquisas foram muito utilizadas por pesquisadores e alunos do curso de Jornalismo da PUC-SP. Nese momento, organizo em São Paulo, a escola de Artes Visuais: "Aster", junto com Walter Zanini, Regina Silveira e Donato Ferrari. Esta escola propunha-se como um ateliêr-escola e em torno da qual, organizaram-se numerosas atividades de trabalho com as diversas "linguagens" aiiísticas, bem como seções de vídeo e conferências. Por esta escola passaram alunos que hoje estão em plena atividade profissional. Finalmente, a escola tornou-se insustentável, pois entramos em conflito com a Prefeitura de São Paulo, que nos atingiu com pesada multa por operar em área residencial. Apesar da sua curta duração, seu balanço foi positivo para os alunos e profissionais que passaram por lá. Penso que para nós, os organizadores, também. No campo do ensino, a experiência na FAAP, na ECA-USP e também como professor na PUC-SP, nos cursos de "Jornalismo Gráfico" e "Análise dos sistemas audiovisuais", possibilitou a indicação do MEC para lecionar as respectivas disciplinas e por outro lado, a necessidade de fazer pós-graduação. Inscrevo-me, por "afinidade eletiva", no programa de pós- graduação da Comunicação e Semiótica da PUC-SP, onde realizo estudos de Mestrado com a dissertação: "Videografia em Videotexto", apresentada à banca composta pelos Profs. Drs. Maria Lúcia Santaella Braga, Fredric Michael Litto e Lucrécia D'Aléssio Ferrara. Posteriormente, realizei o Doutorado com a tese: "Sobre Tradução Intersemiótica", apresentada à banca composta pelos Profs. Drs. Maria Lúcia Santaella Braga, Fernando Segolin, Walter Zanini, Haroldo de Campos e Annateresa Fabris. Ambos os títulos foram reconhecidos pela USP e os trabalhos de pesquisa publicados. Os estudos de semiótica desenvolveram em mim, um potencial de capacidade e desempenho no campo da teoria da comunicação, da alie e dos multimeios, unificando teoria e prática, criação e reflexão sobre a produção simbólica, que sintetizam os reencontros das séries artísticas com as tecnologias. Paralelamente, surgem as primeiras "instalações" em galerias de arte de São Paulo e o interesse pelos "multimeios": cinema, vídeo-arte e também Videotexto, com o que início uma nova fase de criação artística e de reflexão teórica sobre os novos meios tecnológicos. Em relação à atividade de pesqUIsa, ela está inserida na continuidade histórica das contemporânea minhas preocupações relacionada e reflexões com a tecnologia. sobre a produção A situação artística em sequência das pesquisas de mestrado, doutorado é significativa não somente pela continuidade do pensamento, mas também pela uni cidade dos temas tratados que se relacionam com a criação, produção e comunicação do signo estético. Nesses aspectos, está subjacente a idéia de mutação constante possibilitada por processos tradutórios dominantemente tecnológicos. Essa produção teórica, no entanto, tem sido acompanhada de forma indissociável de práticas criativas em diferentes meios das Novas Tecnologias organização da Comunicação, de exposições, disponíveis no contexto cultural e com a através de projetos estéticos definidos que criaram espaços de reflexão e mostra de objetos culturais realizados com esses meios: Videotexto, gráfica computacional, holografia, telemática, vídeo, cinema, fotografia, artes gráficas, enfim, os chamados multimeios, constituem pluralidade de centros de atenção e interesse relacionamento interdisciplinar. Como entre arte e tecnologia, Plásticas disciplinas de Multimídia. resultado desse processo instauramos no Departamento de de Artes Recentemente, e no campo da pós-graduação na ECA-USP, criamos no Depto. de Artes Plásticas a linha de pesquísa "Poéticas Visuais". Esta linha procura uma reflexão sobre as práticas al1ísticas e sua formatividade, isto é, sobre os modos de operar em arte, ampliando assim, o leque de opções das linhas de pesquisa que enfatizam a reflexão sobre a obra de arte depois de feita. A instauração desta linha de pesquisa é produto evidente da experiência conquistada com anos de trabalho e também de colaboração com um projeto departamental. Por outro lado, e dentro do quadro de professores da ECAUSP, prossegui o processo de atualização na carreira universitária. Nesse contexto, realizei a pesquisa com o título: "A Imagem Digital: Crise dos Sistemas de Representação", que se desenvolveu sistematicamente como um projeto dirigido p~ra tese acadêmica de Livre-Docência que foi apresentada ao Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo em novembro de 1991. A Banca examinadora era formada pelos Professores Titulares: Walter Zanini, Lucrécia D'Aléssio Ferrara, Décio Pignatari, Anateresa Fabris e Aurora Fornoni Bernardini. Esta banca examinou minuciosa e atentamente essa pesquisa, fazendo críticas construtivas, análises inteligentes, sugestões e pontos de vista que serviram de estímulo e contribuiram para esclarecer vários aspectos de meu trabalho que agora entra em fase de publicação. Com relação aos últimos cinco anos, posso afirmar que esse período tem se pautado por uma forte e constante graduação, pesquisa, concursos, atuação, principalmente exposições nas áreas de pós- e também de produção de textos teóricos e criativos. Em abril de 1991, fui convidado pelo Departamento de Multimeios do Instituto de Artes da Unicamp, para colaborar no Programa de Pós-Graduação do Depto. como Professor Colaborador em acúmulo legal de cargo com a ECA-USP. Essa colaboração com o Depto. de Multimeios tornou-se fonte de prazer intelectual e ao mesmo tempo, desafio profissional. Desde então, continuo ministrando as disciplinas: "Estética e Semiótica em Artes" e "Processo Criativo e Metodologia", em nível de Pós-graduação. Atualmente tenho sob a minha responsabilidade dez orientandos, três dos quais estão em fase final de apresentação de Dissertação no Departamento de Multimeios, além de três doutorandos na ECA-USP. Dentre as atividades científicas realizadas no período, cabe destacar a participação Qualificação, de Mestrado e Doutorado em bancas de Exames de bem como de concursos públicos, não somente no IA, Unicamp, como também na ECA-USP, FAU-USP e UNESP, além de ter formado vários orientandos na ECA-USP. Nesse período, foi concluída a pesquisa "As Linguagens Holográficas" financiada pelo CNPq de 1992 a 1994, tendo o relatório tlnal aprovado. Apresentei trabalhos em congressos que estão em vias de publicação. Publiquei vários aliigos em revistas especializadas e um capítulo de livro, bem como trabalhos gráficos, de cunho criativo. Referente às atividades artísticas, realizei exposições de arte no Brasil, POliugal, Itália e Espanha com produções próprias. Em 1992, recebemos (como parte de um coletivo), o Prêmio de "Arte-Comunicação" dado pela APCA, Associação Paulista de Críticos de Arte, pela participação na exposição coletiva: "Homenagem à Avenida Paulista", realizada no SESC Paulista em 1991. No período em questão, recebi várias referências bibliográficas pelo meu trabalho na área de artes, onde cabe destacar a exposição "Bienal Brasil: Século XX" realizada pela Fundação Bienal de São Paulo em maio de 1994. Com relação à prestação de serviços à comunidade, exerço essas atividades de forma circunstancial e conforme a demanda. De um modo geral, são atividades de caráter diverso, como depoimentos e/ou entrevistas aos meios de comunicação (caso do programa no Canal 2 Cultura que na sua emissão de 12110/94, levou ao ar uma matéria sobre arte no Museu de Arte Contemporânea da USP), como formador de opinião, artigos em jornais, participação em juris de seleção (de concursos de arte, de vídeo, marcas e logotipos, orientações cartazes, etc.). Assessorias as mais diversas e informais a profissionais e estudantes são os casos mais incidentes. Também incide a colaboração com jornais- laboratório e cursos específicos. Do lado administrativo, exerci a Vice-Chefia do Depto. de Artes Plásticas (1991-93) e a Chefia durante biênio de 1993-95. Relacionado á carreira universitária, realizei, em junho de 1994, concurso para Professor Assistente MS-2, junto ao Depto. de Alies Plásticas da ECA-USP. A Banca examinadora era formada pelos Professores Titulares: Walter Zanini (ECAUSP), Élide Monzéglio (FAU-USP), Anateresa Fabris (ECA-USP), Eduardo Penuela Canizal (ECA-USP) e Virgílio Noya Pinto (ECA-USP). Atualmente, foi elaborado um projeto de pesquisa, com apoio da FAPESP, com o título: "Processos Criativos Computacionais: A Imagem Digital", que visa construir modelos em 3D (três dimensões), em computação gráfica, que servirão como material didático para disciplinas. Também estou preparando livro com ensaios sobre poéticas tecnológicas. Como trajetória científica, atuo na linha de pesquisa que interelaciona arte com tecnologia e que tem como objeto específico as "poétícas visuais", ou seja, as práticas artísticas e sua formatividade ou modos de operar em arte. Nesse sentido, procuro inserir meus projetos de pesquisa nessas áreas onde falta informação, como o confirmam as teses produzidas para mestrado, doutorado e livre-docência. De outro lado, tenho claro o meu papel como pesquisador e como artista, pois se o segundo utiliza a pesquisa como meio Uá que não há compromisso com a "verdade"), o primeiro utiliza a pesquisa como fIm, isto é, como compromisso com a verdade do conhecimento. Como trajetória artística, fica evidente uma configuração alinhada com o paradigma da arte como interesse estético e criação autônoma que faz uma ponte interdisciplinar com a ciência (tecnologia), a teoria (que ilumina o real), o Oriente (ideograma) e a prática intertextual (poesia). Levando em conta a historicidade dos suportes da arte (multimídia), quer dizer, algo que se inscreve numa teoria "formalista" da arte e que procura eliminar, sempre que possível, o formulismo e o formolismo. Como fica manifesto neste memorial, conclui-se que a atuação é múltipla e diversificada pois abrange atividades docentes, científicas (pesquisa) e artísticas, além das administrativas, como mostra o elenco a seguir das atividades e eventos realizados no período.