22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1
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22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Norte Instituto Social Iris Universidade Federal do Rio Grande do Norte VIII Encontro Norte-Rio-Grandense de Ciências Contábeis Profissão Contábil: Perspectivas e Desafios 22 à 24 de setembro de 2011 Natal – RN - Brasil 2 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Membros da Comissão Organizadora do VIII ENCC Halcima Melo Batista - Presidente José Vicente de Assis - Vice-presidente Jacinta Maria de Oliveira Maria Laíde de Souza Araújo Marilene Pequeno da Silva Jefferson Cirilo de Lima Maria das Graças do Vale Santelma Maria de Araújo Joana Darc Medeiros Martins Marilda Ferreira de Souza de Viveiros Fernandes Maria do Rosário de Oliveira Écia Maria de Moura Viana Josevaldo Amaral de Sousa Carlos José Wanderley Ferreira Membros da Comissão Científica do VIII ENCC José Vicente de Assis - Presidente Halcima Melo Batista - Vice-presidente Carlos José Wanderley Ferreira Profa. Luziana Queiroz Edmilson Jovino de Oliveira Paulo Rogério dos Santos Bezerra Jucileide Ferreira Leitão Auris Martins de Oliveira Marcos Aurélio de Oliveira Santiago Gilberto Franco de L. Junior Francisco Assis da Cunha Neto Salmo Batista de Araújo Maria das Neves B. Santos Iuri Costa dos Santos ANAIS - VIII Encontro Norte-Rio-Grandense de Ciências Contábeis Natal/RN, 2011 481 p. ISBN: 978-85-65533-00-3 Organização: Paula Caroline de Queiroz Maia Vanessa Scarvaci 3 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN REALIZAÇÃO CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO NORTE Everildo Bento da Silva Contador Presidente INSTITUTO SOCIAL IRIS Arlindo Araújo Diretor Presidente PARCEIROS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro de Ciências Sociais Aplicadas Departamento de Ciências Contábeis APOIO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS SINDICATO DOS CONTABILISTAS DO RIO GRANDE DO NORTE SESCON FUNDAÇÃO BRASILEIRA DE CONTABILIDADE PATROCÍNIO 4 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN SÚMARIO 1. O Evento...........................................................................................................................07 2. Programação do evento.....................................................................................................09 3. Perfil dos participantes......................................................................................................16 4. Artigos Ciêntificos............................................................................................................18 CRISE DO SUBPRIME: O papel da governança corporativa na volatidade dos retornos..............................................................................................................................19 O conhecimento e o interesse pela pesquisa científica por parte dos graduados em Ciências Contábeis do Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES..........................35 A influência dos estoques e dos recebíveis no capital de giro das empresas de consumo cíclico listadas em bolsa....................................................................................................51 Retrospectiva da profissão contábil: Perspectivas e desafios...........................................61 Um estudo de caso sobre os impactos socioambientais e a destinação dos resíduos sólidos no município de Pau dos Ferros/RN.....................................................................86 Sistema Cooperativista: Aspectos Históricos-Conceituais, contábeis e legais...............101 Contabilidade Internacional: Adoção a IFRS (International Financial Reporting Standarts) e as comparações: B.R. GAAP versus U.S. GAAP (United States Generally Accepted Accounting Principles) aplicadas a IES (Instituição de Ensino Superior) em Natal/RN.........................................................................................................................112 A Contabilidade na visão dos síndicos das entidades condominiais: Um estudo nos condomínios residenciais da cidade de João Pessoa-PB.................................................125 A mensuração da responsabilidade social através do Balanço Social: Um panorama do entendimento das empresas de Natal/RN.......................................................................151 Reflexo do subfaturamento na arrecadação de ICMS. Um estudo de caso de empresas no regime do simples nacional no estado da Paraíba...........................................................161 Arbitragem como meio alternativo na solução de litígios: Estudo sobre a percepção dos Contadores da cidade de Natal – RN.............................................................................175 O Ensino da disciplina de controladoria: Um estudo comparativo nas IES’s Paraibanas, Sergipanas e Potiguares..................................................................................................191 A Ética como instrumento de valorização do profissional contábil: Um estudo de caso com os professores da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi....................207 5 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Ferramentas de controle de bens de consumo disponíveis no SIPAC e no SIAFI: Estudo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte........................................................225 Um ensaio teórico sobre a inserção do desenvolvimento da Amazônia frente às relações internacionais e inter-regionais.......................................................................................241 Responsabilidade Social Empresarial: Um estudo de caso na Amazônia.....................254 O Contador e a revolução digital na atividade contábil: Um estudo de caso com os contadores do município de Mossoró-RN......................................................................273 Análise do impactos do SPED em uma empresa do ramo supermercadista do município de Assu/RN.....................................................................................................................295 Responsabilidade Social da empresa privada na percepção dos gestores das industrias do município de Catolé do Rocha-PB..................................................................................307 Proposta de implantação de balanced scorecard como auxílio à tomada de decisão: Estudo de caso na empresa Acron Tecnologia em Saneamento Ltda. Sediada em Natal/RN, 2011...............................................................................................................324 A responsabilidade social do contabilista como instrumento primordial para um novo perfil profissional no século XXI...................................................................................342 Contabilidade de Custos aplicada em uma empresa do setor farmacêutico...................356 Aderência às Normas de Auditoria Interna emanadas pelo Conselho Federal de Contabilidade: Um estudo de caso em uma empresa de médio porte da cidade de Aracati/CE.......................................................................................................................370 As informações contábeis como fator decisivo na concessão de crédito na cidade de Assú/RN..........................................................................................................................385 A Controladoria no Setor Público: Instrumento de proteção ao gestor. Um estudo de caso na prefeitura municipal de Gov. Dix-Sept Rosado/RN..................................................403 Evidenciação das informações ambientais nos demonstrativos das empresas brasileiras listadas no índice Down Jones de sustentabilidade em sua versão 2009/2010...............414 Normatização Contábil no Brasil: Um estudo acerca da normatização contábil do Conselho Federal de Contabilidade................................................................................431 Desafios e perspectivas da contabilidade agrícola na Amazônia: um olhar sobre contabilistas e produtores rurais......................................................................................453 Uma nova modalidade de licitação e a sua aplicabilidade nas contratações públicas...........................................................................................................................470 6 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O VIII ENCONTRO NORTE-RIO-GRANDENSE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS - ENCC foi o maior evento de Contabilidade do Estado. Promovido pelo Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Norte (CRC/RN), Instituto Social Íris e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ocorreu durante os dias 22, 23 e 24 de Setembro de 2011, no Praiamar Hotel, na Praia de Ponta Negra em Natal/RN. O Encontro teve como escopo unir através de grandes momentos de aprendizado e debates importantes para os rumos da profissão contábil todos os profissionais, professores, estudantes da área de Ciências Contábeis e outras áreas afins, bem como comemorar o dia do Bacharel em Ciências Contabéis - CONTADOR. O objetivo precípuo para este evento consubstancia-se em promover o desenvolvimento profissional da classe contábil, incentivar a produção científica e debater acerca de temas que promovam avanços da ciência e da profissão contábil. Os participantes tiveram a oportunidade de debater acerca da internacionalização dos procedimentos de contabilidade e auditoria (IFAC) e seus impactos no dia-a-dia do contabilista. Além das palestras com grandes nomes da Contabilidade em nosso país, o evento reservou espaço para o encontro de todos os professores dos Cursos de Ciências Contábeis, o Encontro com a Mulher Contabilista, Mini-Cursos, aprimoramento com a Receita Federal, Receita Estadual, Secretaria de Tributação Municipal, Ministério do Trabalho e Emprego, apresentação e concurso de trabalhos científicos. O evento foi encerrado com uma atividade social, o I Baile do Contabilista do Rio Grande do Norte, realizado no dia 24 de setembro de 2011. 7 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN FOTOS DO EVENTO 8 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Dia 22 de Setembro – manhã 07:30h às 08:30h – CREDENCIAMENTO 08:30h às 09:00h – ABERTURA – Local: Auditório principal e transmissão simultânea para as 4 salas Composição da mesa Palavra da Contadora Vice-presidente de Desenvolvimento Profissional e Institucional do CRC/RN – Profª Ms. Halcima Melo Batista – Apresentação do evento e patrocinadores Palavra do Presidente CRC/RN – Contador Everildo Bento da Silva 09:00h às 10:30h - Auditório principal ENCONTRO DE PROFESSORES MESA REDONDA – Tema: Novas abordagens para o ensino e pesquisa em Ciências Contábeis Palestrante: Prof. Dr. José Dionísio Gomes da Silva – Contador e Vice-diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFRN Coordenadora: Profª. Ms. Joana D’arc Medeiros Martins – CRC/RN / UFRN Mediadora: Profª. Leideana Galvão Bacurau de Farias, Diretora Acadêmica Estácio Natal Debatedores: Coordenadores de curso de Ciências Contábeis das IES do RN 09:00h às 10:30h - SALA 01 ENCONTRO DE PERITO E AUDITORES CONTÁBEIS DO RN Tema: O papel do perito na Justiça Brasileira Palestrante: Contador Antônio Carlos Morais Silva Coordenador: Contador José Jeová Soares Mediador: Contador Prof. Ivanildo Alves Messias Debatedores: Participantes 09:00h às 10:30h e 11:00h às 12:30h – SALA 02 (Transmissão simultânea para salas 03 e 04) PAINEL ÁREA PÚBLICA Tema: Contabilidade aplicada ao Setor Público e o processo de convergência internacional: oportunidades, desafios e impactos na sociedade. Painelistas: Prof. Esp. Paulo Henrique Feijó – STN Prof. Dr. Victor Branco de Holanda – FMI Coordenador: Prof. Esp. Joaquim Osorio Liberalquino Ferreira – UFPE/CFC Mediador: Contador Luiz Fabra Laffitte Neto – TCE/RN Debatedora: Profª Ms. Halcima Melo Batista – CRC/RN / UFRN 10:30h às 11:00h – REDE DE RELACIONAMENTOS 11:00h às 12:30h – Local: Auditório principal Empreendedorismo Tema: A importância do Profissional contábil no Sucesso das Organizações Palestrante: Advogada Helena Maria Pojo do Rego – Analista Técnica do SEBRAE Nacional Coordenador: Contador Gonçalo Maciel da Silva – CRC/RN Debatedor: José Ferreira de Melo Neto – Superintendente do SEBRAE-RN 9 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 12:30h às 14:00h – ALMOÇO HOTEL PRAIA MAR (ADESÃO - ADQUIRIR SENHA NO HOTEL) Dia 22 de Setembro – tarde 14:00h – 15:30h - Local: Auditório principal ATIVIDADES PROFISSIONAIS – Coordenador Contador Antonio Paula da Silva – CRC/RN Tema: SPED FISCAL com ênfase no e-CIAP e novidades Palestrante: Contador Luiz Augusto Dutra da Silva – Auditor Fiscal da SET/RN Coordenador: Contador Cassius Regis Antunes Coelho – Presidente do CRC/CE Debatedor: Saulo José de Barros Campos - Auditor Fiscal da SET/RN Debatedor: Contador Pedro Henrique - SESCON/RN Debatedor: Profº Carlos Augusto Crispim – Faculdade União Americana 15:30h às 16:45h – Local: Auditório principal Tema: SPED CONTÁBIL Palestrante: Contador Claudionor Nogueira de Sousa – Auditor da Receita Federal do Brasil Coordenador: Contadora Marilene de Paula Martins Leite – Conselheira CRC/SP Debatedor: Contador Fabio de Miranda Silva – SESCON/RN Debatedor: Flávio José Cavalcanti de Azevedo – Presidente da FIERN - Federação das Indústrias do RN 14:00h às 16:00h - Local: Salas 01, 02, 03 e 04 ATIVIDADES ACADÊMICAS – Apresentação de Trabalhos Científicos Sala 01 14:00h às 14:30h - Sala 02 14:00h às 14:30h – Sala 03 14:00h às 14:30h - UM Sala 04 14:00h às 14:30h - ADERÊNCIA ÀS NORMAS DE AUDITORIA INTERNA EMANADAS PELO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE: Um estudo de caso em uma empresa de médio porte da cidade de SISTEMA COOPERATIVISTA: Aspectos histórico-conceituais, ESTUDO DE CASO SOBRE OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS E A DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICIPIO DE PAU RETROSPECTIVA DA PROFISSÃO CONTÁBIL: PERSPECTIVAS E Aracati/CE / Autor(es): Ana Karoline dos Santos de Lima,Aluna da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi Cícero Luiz Câmara Júnior,Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi 14:30h às 15:00h - A INFLUÊNCIA DOS ESTOQUES E DOS RECEBÍVEIS NO CAPITAL DE GIRO DAS EMPRESAS DE CONSUMO CÍCLICO LISTADAS EM BOLSA / Autor(es): José Ronaldo Matos dos Santos,Aluno da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi Kléber Formiga Miranda, Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi 15:00h às 15:30h CONTABILIDADE contábeis e legais/ Autor(es): Lauro Vinicius Ramalho de Araújo – UFRN, Carlos Roberto Medeiros Filho – UFRN, João Paulo Morais de Medeiros - UFRN 14:30h às 15:00h - A CONTABILIDADE NA VISÃO DOS SÍNDICOS DAS ENTIDADES CONDOMINIAIS: Um estudo nos condomínios residenciais da cidade de João Pessoa - PB./ Autor(es): Maria Aparecida Gomes Leandro /UFCG. Josicarla Soares Santiago – Mestre em Ciências Contábeis (UFPB).Thaiseany de Freitas Rêgo – Mestre em Ciências Contábeis (UFCG). Amanda Medeiros Martins /(UFRN. 15:00h às 15:30h - A ÉTICA COMO INSTRUMENTO DE VALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL DOS FERROS/RN / Autor(es): Maria Regidiana da Conceição (UERN), Ernando Manoel Filho (UERN), Dr. Jozenir Calixta de Medeiros (UERN) 14:30h às 15:00h - A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO CONTABILISTA COMO INSTRUMENTO PRIMORDIAL PARA UM NOVO PERFIL PROFISSIONAL NO SÉCULO XXI./ Autor(es): Maria Regidiana da Conceição – UERN,Ernando Manoel Filho – UERN,Dr. Jozenir Calixta de Medeiros - UERN 15:00h às 15:30h - O ENSINO DA DISCIPLINA DE CONTROLADORIA: Um estudo comparativo nas IES's Paraibanas, Sergipanas e Potiguares / Autor(es): Maria da Conceição DESAFIOS / Autor(es): Maria das Neves Batista Santos – FAL/FCST 14:30h às 15:00h REFLEXOS DO SUBFATURAMENTO NA ARRECADAÇÃO DE ICMS. Um estudo de caso de empresas no regime do simples nacional no / Autor(es): Prof. Ms. João estado da Paraíba Maria Xavier da Silva,UNP, Prof. Esp. Jorge Assef Lutif Júnior, UFRN ,Prof. Esp. Renkel Aladim de Araújo, UNP 15:00h às 15:30h FERRAMENTAS DE CONTROLE DE BENS DE CONSUMO DISPONÍVEIS NO SIPAC E NO SIAFI: Estudo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Autor(es): Lidia Melo Batista - UFRN 10 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN INTERNACIONAL: Adoção a IFRS (International Financial Reporting Standards) e as comparações: B.R. GAAP versus U.S. GAAP (United States Generally Accepted Accounting Principles) aplicada a IES (Instituição de Ensino Superior) em Natal/RN./ Autor(es): Iza Leilla Carlos Da Silva - UNP 15:30h às 16:00h ARBITRAGEM COMO MEIO ALTERNATIVO NA SOLUÇÃO DE LITÍGIOS: Estudo Sobre a Percepção dos Contadores da cidade de Natal - RN./ Autor(es): Ingrity Sibelle Da Silva - FARN Autora Joana D'arc Medeiros Martins UFRN - Co-Autora Amanda Medeiros Martins - UFRN Co-Autora CONTÁBIL: Um estudo de caso com os professores da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi./ Autor(es): Carlos Alberto de Souza Soares - Mater Christ e UERN, Maurílio Alves de Melo - Mater Christ e UFERSA Torres Gomes - FARN 15:30h às 16:00h - CRISE 15:30h às 16:00h RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA PRIVADA NA PERCEPÇÃO DOS GESTORES DAS INDÚSTRIAS DO MUNICIPIO DE CATOLÉ DO ROCHA-PB. 15:30h às 16:00h - O / Autor(es): Moisés Ozório de CONTADOR E A REVOLUÇÃO DIGITAL NA ATIVIDADE CONTÁBIL: Um estudo de caso com os contadores do município Souza Neto - UERN e UNP Mossoró,Josué Bezerra da Costa – UERN, Francisco Tavares Filhos UERN de Mossoró-RN/ Autor(es): Carlos Alberto de Souza Soares Mater Christ e UERN, Maurílio Alves de Melo - Mater Christ e UFERSA Coordenadora: Profª. Ms. Luziana Maria Nunes de Queiroz – UFRN Coordenador: Prof. Carlos José Wanderley Ferreira, CRC/RN / UFRN Mediador: Prof. Auris Martins de Oliveira UERN Mediador: Prof. Ms. Edmilson Jovino de Oliveira-UFRN Mediador: Prof. Ms. Paulo Rogério dos Santos Bezerra – Faculdade Mauricio Nassau Avaliação Trabalhos: Profª. Ms.Liliane Maria Ramalho de Castro e Silva, CRC/CE / UFC Avaliação Trabalhos: Prof. Ms.Elias Dib Caddah Neto - CRC/PI / UFPI Avaliação Trabalhos: Prof. Dr. Ridalvo Medeiros Alves de Oliveira - UFRN Coordenador: Prof. Celso Luiz Souza de Oliveira - CRC/RN / UFRN DO SUBPRIME: O papel da governança corporativa na / Autor(es): Raimunda Maria volatilidade dos retornos da Luz Silva (UFRN), Ticiane Lima dos Santos, (UFRN), e Fabrício do Nascimento Moreira, (UFRJ) Coordenador: Prof. Ms. José Jailson da Silva - UFRN Mediador: Prof. Gilberto Franco de L. Junior - FACEX Avaliação Trabalhos: Prof. Dr. Adilson de Lima Tavares, UFRN 16:30h às 17:00h – REDE DE RELACIONAMENTOS 17:00h às 18:00h - Local: Auditório principal ATIVIDADES PROFISSIONAIS Tema: Substituição Tributária no Âmbito Municipal Palestrante: José Matos Viana – Auditor Fiscal do Município de Natal Coordenador: Tec.Contabilidade Écia Maria de Moura Viana – CRC/RN Debatedor: Contadora Patrícia Delgado Tinoco (SESCON/RN) 17:00h às 18:00h - Local: Salas 01, 02, 03 e 04 ATIVIDADES ACADÊMICAS – Teses e, Dissertações Sala 01 Sala 02 Sala 03 Tese de Dissertação Tese de Doutorado – A Mestrado - Percepção Doutorado – Custo Eficiência da de Operadores da social de analise financeira Contabilidade oportunidade no fundamentalista Quanto à Relevância acesso ao ensino na previsão das Mudanças superior. Sala 04 Dissertação Mestrado Aspectos Comportamentais no Julgamento 11 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN de variações no valor da empresa Ministrante: Prof. Dr. Adilson de Lima Tavares – UFRN Coordenadora: Profª. Jucileide Ferreira Leitão – Presidente da Academia Norterio-grandense de C. Contábeis Introduzidas Pela Adoção das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público: um estudo em instituições vinculadas ao Ministério da Educação. Ministrante: Ms. Antonio Erivando Xavier Júnior Profissional dos Auditores Independentes. Ministrante: Prof. Dr. Ridalvo Medeiros Alves de Oliveira – UFRN Coordenador: Prof. Edson Renovato – Faculdade Estácio de Sá Ministrante: Prof. Ms. José Emerson Firmino – UFRN Coordenador: Prof. Josevaldo Amaral de Souza - UnP Coordenador: Prof. Marcos Aurélio de Oliveira Santiago UnP Dia 22 de Setembro – noite SOLENIDADE DO DIA DO CONTADOR - Auditório principal e transmissão simultânea para as 4 salas 18:00h às 19:30h – CONTINUAÇÃO DO CREDENCIAMENTO 19:30h às 20:00h – SOLENIDADE DE ABERTURA – DIA DO CONTADOR Composição da mesa: Palavra da Contadora Vice-presidente de Desenvolvimento Profissional e Institucional do CRC/RN – Profª Ms. Halcima Melo Batista – Apresentação do evento e patrocinadores Palavra do Presidente CRC/RN – Contador Everildo Bento da Silva Autoridades Municipais, Estaduais, Federais e Convidados Especiais 20:00h às 21:00h - Local: Auditório principal e transmissão simultânea para as 4 salas ATIVIDADES PROFISSIONAIS Tema: Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público Palestrante: Profº Paulo Henrique Feijó - STN Coordenador: Prof. Dr. Victor Branco de Holanda – FMI / UFRN Debatedor: Prof. Edimilson Monteiro Batista – TCU/RN / UFRN Debatedor: Prof. Ms. Mauricio Corrêa da Silva – UFRN 21:00h às 22:00h – Coquetel Dia 23 de Setembro – manhã 08:00h às 09:15h - Local: Auditório principal ATIVIDADES PROFISSIONAIS Tema: IFRS para Pequenas e Médias Empresas 12 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Palestrante: Prof. Ms. Atelmo Ferreira de Oliveira - UFRN Coordenador: Contador Eduardo do Carmo Martins Junior Debatedora: Profª. Ms. Joana D’arc Medeiros Martins – CRC/RN / UFRN Debatedor: Prof. Ms. Josué Lins e Silva - UFRN 09:15h às 10:30h - Local: Auditório principal ATIVIDADES PROFISSIONAIS Palestra: Observatórios Sociais x Responsabilidade Social Palestrante: Contadora Iara Dórea Vaz – CRC/BA / Coordenadora do PVCC do Nordeste Coordenadora: Profª. Ms. Halcima Melo Batista, Coordenadora do PVCC do CRC/RN 10:30h às 11:00h – Rede de Relacionamentos 11:00h às 12:30h - Local: Auditório principal ATIVIDADES PROFISSIONAIS Tema – Orçamento e Qualidade do Gasto Público: O Papel do Legislativo e Executivo Palestrante: Hermano Morais – Deputado Estadual do RN Coordenador: Prof. Ms. José Vicente de Assis Debatedora: Contadora Maria do Rosário de Oliveira Debatedor: Téc Cont Paulo Viana Nunes 08:00h às 10:30h e 11:00h às 12:30h - Local: Salas 01, 02, 03 e 04 ATIVIDADES ACADÊMICAS Sala 01 Sala 02 Sala 03 Sala 04 Mini-curso: Mini-curso: Mini-curso: Mini-curso: “Planejamento “Aspectos “Investimentos “Principais Contábil Acadêmicos e em participações mudanças da Tributário” Normativos Societárias” Auditoria Contábil da Perícia mediante as Contábil” convergências das Ministrante: Ministrante: Prof. normas Contador Moizés Ministrantes: Prof. Ms. Anailson internacionais” Manso de Oliveira Ms. Erivan Ferreira Marcio Gomes Borges (Doutorando) Ministrante: Contador (Doutorando) e Olegário Mariano Coordenador: Téc Profª Ms. Gilmara Coordenador: Prestrelo Marinho – Cont. Severino Mendes da Costa Contador João Empresário CASS Simião da Silva – Borges Gregório Júnior – Auditores CRC/RN CRC/RN Coordenador: Téc Coordenador: Cont. Francisco Contador Antonio Jacó Ferreira da Paula da Silva – Silva – CRC/RN CRC/RN 12:30h às 14:00h – ALMOÇO HOTEL PRAIA MAR (ADESÃO – ADQUIRIR SENHA NO HOTEL) Dia 23 de Setembro – tarde 14:00h às 15:30h - Local: Salas para apresentação dos trabalhos e Mini cursos 13 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN ATIVIDADES ACADÊMICAS – Apresentação de Trabalhos Científicos Sala 01 Sala 02 Sala 03 Sala 04 14:00h às 14:30h - AS 14:00h às 14:30h - 14:00h às 14:30h 14:00h às 14:30h - ANÁLISE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS COMO FATOR DECISIVO NA CONCESSÃO DE CRÉDITO NA CIDADE DE ASSÚ/RN / Autor(es): Danilo Felipe Teixeira da Silva Mater Christ e UERN Kléber Formiga Miranda Mater Christ e UERN PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE BALANCED SCORECARD COMO AUXILIO À TOMADA DE DECISÃO: Estudo de caso na empresa Acron Tecnologia em Saneamento Ltda. sediada em Nata/RN, 2011./ Autor(es): João Maria Xavier da Silva - UFRN e UNP Natalia Niege da Silva - UNP Juliana Karla Vasconcelos da Silva – UNP A MENSURAÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL ATRAVÉS DO BALANÇO SOCIAL: UM PANORAMA DO ENTENDIMENTO DAS EMPRESAS DE NATAL/RN DOS IMPACTOS DO SPED EM UMA EMPRESA DO RAMO SUPERMERCADISTA DO /Autor(es): Hélen Steffânia Silva - UERN Joaquim de Siqueira Furtado Neto UERN 14:30h às 15:00h - A CONTROLADORIA NO SETOR PÚBLICO: INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO GESTOR. Um estudo de caso na prefeitura municipal de Gov.Dix-Sept Rosado/RN / Autor(es): Nicélia Ana da Silveira Medeiros - Mater Christ, Antônio Erivando Xavier Júnior - Mater Christ 15:00h às 15:30h NORMATIZAÇÃO CONTÁBIL NO BRASIL: UM ESTUDO ACERCA DA NORMATIZAÇÃO CONTÁBIL DO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE / Autor(es): Katiane Pires Queiroga – Graduada em Ciências Contábeis (UFCG). Josicarla Soares Santiago – Mestre em Ciências Contábeis (UFPB). Fabiano Ferreira Batista – Mestrando em Ciências Contábeis (UFCG). Joana D´arc Medeiros Martins Mestre em Ciências Contábeis (UFRN). Coordenador: Prof. Celso Luiz Souza de Oliveira - CRC/RN / UFRN Mediador: Prof. Salmo Batista de Araújo - Faculdade Católica S.Terezinha Avaliação Trabalhos: Prof. Ms.Elias Dib Caddah Neto CRC/PI / UFPI 14:30h às 15:00h CONTABILIDADE DE CUSTOS APLICADA EM UMA EMPRESA DO SETOR FARMACÊUTICO / Autor(es): Augusto César Martins Oliveira,Diego Andrew de Oliveira Bezerra,Guilherme Medeiros Fernandes Thales Renan Marreiro Delmiro,UFRN dos S. Herculano,Bacharelando de Ciências Contábeis – UnP, Sheyla Cristina A. Gomes,Bacharelando de Ciências Contábeis – UnP, Prof. Jorge Assef Lutif Júnior UNP, Prof. Lieda Amaral de Souza, UnP 14:30h às 15:00h RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: Um estudo de caso na Amazônia. /Autor(es): Marcelo de Oliveira Ferreira (FEAPA), Ticiane Lima dos Santos (UFRN), Fabrício do Nascimento Moreira (UFRJ), e Raimunda Maria da Luz Silva (UFRN) 15:00h às 15:30h - O CONHECIMENTO E O INTERESSE PELA PESQUISA CIENTÍFICA POR PARTE DOS GRADUANDOS EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES / Autor(es): Yuri Dantas dos Santos – UFRN, Profa. Orientadora: Luziana Maria Nunes Queiroz/UFRN Coordenador: Prof. Carlos José Wanderley Ferreira, CRC/RN / UFRN Mediador: Prof. Iuri Costa dos Santos – Faculdade Estácio de Sá Avaliação Trabalhos: Prof. Dr. Ridalvo Medeiros Alves de Oliveira - UFRN 15:00h às 15:30h - UM ENSAIO TEÓRICO SOBRE A INSERÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA FRENTE ÀS RELAÇÕES INTERNACIONAIS / Autor(es): Ticiane Lima dos E INTER-REGIONAIS Santos (UFRN), Daiane Lima dos Santos (NAEA/UFPA), Fabrício do Nascimento Moreira (UFRJ), Josep Pont Vidal (NAEA/UFPA) Coordenadora: Profª.Ms. Luziana Maria Nunes de Queiroz - UFRN Mediador: Prof. Francisco Assis da Cunha Neto Faculdade N.S das Vitórias Avaliação Trabalhos: Profª. Ms.Liliane Maria Ramalho de Castro e Silva, CRC/CE / UFC / Autor(es): Francisco Felipe da MUNICÍPIO DE ASSU/RN 14:30h às 15:00h EVIDENCIAÇÃO DAS INFORMAÇÕES AMBIENTAIS NOS DEMONSTRATIVOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS LISTADAS NO ÍNDICE DOW JONES DE SUSTENTABILIDADE EM SUA VERSÃO 2009/2010/ Autor(es): Maria Jôndina Ferreira de Oliveira,Aluna da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi José Antônio de Melo Neto, Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi Kléber Formiga Miranda, Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi 15:00h às 15:30h - UMA NOVA MODALIDADE DE LICITAÇÃO E A SUA APLICABILIDADE NAS CONTRATAÇÕES PÚBLICAS / Autor(es): João Eufrázio de Medeiros Neto, José Alysson Sousa Araújo, Milena Gomes dos Santos, Luziana Maria Nunes Queiroz, Sócrates Dantas Lopes Coordenador: Prof. Ms. José Jailson da Silva UFRN Mediador: Profa.Maria das Neves B. Santos Faculdade Católica S.Terezinha Avaliação Trabalhos: Prof. Dr. Adilson de Lima Tavares, UFRN 14 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 14:00h às 15:30h - Local: Auditório principal ATIVIDADES PROFISSIONAIS Tema: Convergências as Normas Internacionais de Auditoria - IFAC Palestrante: Contador Cláudio Gonçalo Longo – Coordenador do Comitê de Normas de Auditoria do IBRACON - CFC Coordenador: Contador Everildo Bento da Silva – Presidente CRC/RN Debatedor: Contador Olegário Mariano Prestelo Marinho Debatedor: Contador Raimundo Cabral de Souza (SESCON/RN) 15:30h às 16:00h – REDE DE RELACIONAMENTOS 16:0h às 16:10h Local: Auditório principal e transmissão simultânea para as 4 salas LANÇAMENTO DO BALANÇO SOCIAL DO CRC/RN Apresentadora: Profª Ms. Halcima Melo Batista – Vice-presidente de Desenvolvimento Profissional e Institucional do CRC/RN Comissão de Elaboração do Balanço Social 16:10h às 16:20h Momento institucional – INSTITUTO SOCIAL IRIS 16:20h às 16:30h Local: Auditório principal e transmissão simultânea para as 4 salas PREMIAÇÃO DOS TRABALHOS Coordenador: Prof. Ms. José Vicente de Assis – Vice-presidente de Registro do CRC/RN Comissão de Avaliação de Trabalhos 16:30h às 18:00h - Local: Auditório principal e transmissão simultânea para as 4 salas PALESTRA MOTIVACIONAL Palestrante: Profª. Alexandra Souza Pena – Pedagoga, Especialista em Gestão de Pessoas, Diretora do Grupo YTHYS 18:00h - Local: Auditório principal e transmissão simultânea para as 4 salas Palavra do Presidente do CFC – Prof. Ms. Juarez Domingues Carneiro ENCERRAMENTO I BAILE DO CONTABILISTA DO RN Data: 24/09/2011 - Sábado - Noite - 22hs Local: Boulevard Recepções (na Av. Maria Lacerda Montenegro, S/N, Nova Parnamirim) Programação: Orquestra Dom Cardoso e seus Metais Coordenador do Baile: Prof. José Vicente de Assis 15 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN PERFIL DOS PARTICIPANTES Participantes inscritos 2% 21% Profissionais Estudantes Outros 77% Perfil de participantes 100 90 80 70 60 50 Profissionais 40 30 20 10 0 Setor Privado Setor Público Não especificado 16 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Perfil de participantes 500 450 400 350 300 250 Estudantes 200 150 100 50 0 Instituições Privadas Instituições Públicas Não especificado Avaliação do evento 50,0% 45,0% 40,0% 35,0% 30,0% 25,0% 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% 0,0% Organização do evento Regular Bom Ótimo Excelente 17 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN PRÊMIO DE ARTIGOS CIÊNTÍFICOS A Comissão Julgadora do Prêmio de Artigos Científicos do VIII Encontro Norte-RioGrandense de Ciências Contábeis, em reunião realizada em 06 de setembro de 2011, julgou os seguintes artigos como vencedores do concurso: Crise do subprime: O papel da governança corporativa na volatilidade dos retornos 1º Colocado Autores: Raimunda Maria da Luz Silva (UFRN), Ticiane Lima dos Santos, (UFRN), Fabrício do Nascimento Moreira, (UFRJ) 2º Colocado O Conhecimento e o interesse pela pesquisa científica por parte dos graduados em Ciências Contábeis do Centro de Ensino Superior do Seridó - Ceres Autor: Yuri Dantas dos Santos (UFRN – Seridó/CERES) A influência dos Estoques e dos Recebíveis no Capital de Giro das empresas de consumo cíclico listadas em bolsa 3º Colocado Autores: José Ronaldo Matos dos Santos (Mater Christi), Kléber Formiga Miranda (Mater Chisti) 18 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN ARTIGOS APRESENTADOS NO EVENTO CRISE DO SUBPRIME: O PAPEL DA GOVERNANÇA CORPORATIVA NA VOLATILIDADE DOS RETORNOS. Raimunda Maria da Luz Silva (UFRN) Ticiane Lima dos Santos (UFRN) Fabrício do Nascimento Moreira (UFRJ) Contabilidade para Usuários Externos RESUMO A crise financeira mundial ocorrida entre os anos de 2007 e 2008, conhecida como crise do subprime, colocou em evidência a governança das empresas no Brasil e no mundo. A criação de níveis diferenciados de governança corporativa na BOVESPA, em 2000, fez com que empresas tivessem maior comprometimento em relação aos seus acionistas, com maior nível de transparência em suas informações. A proposta desse trabalho é analisar como a crise financeira do subprime afetou, entre janeiro de 2007 e dezembro de 2009, a volatilidade do retorno das ações na BM&FBOVESPA de empresas com maior liquidez em diferentes níveis de governança corporativa. A partir de estudos das séries temporais e, através de estudos de eventos, foram realizados testes econométricos, através do EVIEWS, e pelos resultados apresentados tornou-se evidente que a adoção de boas práticas de governança corporativa influencia a volatilidade dos retornos das empresas. Palavras-chave : Crise financeira. Governança corporativa. Eficiência de mercado 19 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1. INTRODUÇÃO A crise financeira ocorrida entre os anos de 2007 e 2008 colocou em evidência a governança das empresas no Brasil e no mundo. Embora haja discordância entre analistas sobre as causas da crise financeira internacional, muitos acreditam que ela foi oriunda das perdas causadas pelo crescente default dos empréstimos das hipotecas do mercado imobiliário norte-americano de subprime (mercado de financiamento imobiliário de maior risco). A crise foi estendida aos mercados mundiais, uma vez que grande parte dessas hipotecas foi securitizada e distribuída aos investidores do mercado global e causou uma queda generalizada no mercado financeiro. Observou-se que a crise foi precipitada pela falência do banco de investimento Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, que como um efeito sistêmico, levou à falência outras instituições financeiras. Para monitorar o risco financeiro, ferramentas quantitativas de gestão de risco foram criadas na década de 1990, após vários desastres financeiros. A turbulência do mercado também tem levado as empresas a investirem no desenvolvimento e utilização de informações que são aplicadas como ferramentas de apoio aos processos de controle e tomada de decisão. Os investidores, por sua vez, tomam a decisão de investir em ativos que tragam retornos financeiros, passando pela definição do que irá acontecer no futuro dos diversos mercados. Para isso, gestores de carteiras de ativos, analistas de investimentos e participantes do mercado de capitais tentam captar as informações que possam afetar o mercado financeiro. Quando informações relevantes são incorporadas aos preços dos ativos, e estes se ajustam rapidamente às novas informações, esse mercado é chamado eficiente. De acordo com Fama (1970), a eficiência pode ser testada de três formas: fraca, semiforte e forte. A forma fraca revela oscilações aleatórias nos preços, a análise é feita a partir dos preços passados. A forma semiforte revela que somente informações públicas são incorporadas aos preços dos ativos. Já na forma forte tanto informações públicas como privadas são incorporadas aos preços dos ativos, podendo gerar retornos anormais (SILVEIRA, 2010). Com a globalização, os investidores internacionais passaram a buscar mercados com maior nível de transparência na regulação do mercado, bem como nas empresas com claras regras para o acesso e saída de acionistas e comportamento totalmente transparente nas informações prestadas, isto é, que adotem as boas práticas de Governança Corporativa (MACEDO; SIQUEIRA, 2006). 20 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Este artigo tem como objetivo geral investigar se há diferenças significativas na volatilidade dos retornos das empresas com maior liquidez na BM&FBOVESPA, com diferentes níveis de governança corporativa, durante a crise subprime em 2008. Os objetivos específicos são: produzir um indicador que represente os retornos das empresas de maior liquidez na BM&FBOVESPA, por nível de governança; identificar a volatilidade dos indicadores a partir de um processo GARCH e identificar diferenças de volatilidade nos retornos dos indicadores com diferentes níveis de governança corporativa no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2009. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Crise Financeira do Subprime em 2008 Após os ataques de 2001 aos Estados Unidos, quando o World Trade Center e o Pentágono foram os alvos, o presidente George W. Bush decretou uma série de medidas a fim de incentivar o consumo e aquecer o mercado imobiliário nos Estados Unidos. As linhas de crédito foram se ampliando, em especial as relativas às hipotecas. Os bancos, incluindo os comerciais, começaram a outorgar créditos a longo prazo para a compra de apartamentos ou vivendas com facilidades excessivas sem observar a capacidade de pagamento por parte dos compradores. Conjuntos de dívidas eram posteriormente vendidos a instituições especializadas com base em pagamentos futuros e na valorização sistemática dos próprios imóveis. Este auge de hipotecas denominou-se "subprime". A política seguida se beneficiou de um êxito inicial porque se ampliou o mercado imobiliário, mantendo-se uma forte procura de casas cujos preços não paravam de subir (GOMES, 2009). Os bancos que criaram essas hipotecas também criaram os derivativos negociáveis no mercado financeiro instrumentos sofisticados para securitizá-las, transformando-as em títulos livremente negociáveis – por elas lastreados – que passaram a ser vendidos para outros bancos, instituições financeiras, companhias de seguros e fundos de pensão pelo mundo inteiro, com algumas agências de rating classificando-os, como AAA, a mais alta chancelaria para títulos. Paralelamente a isso, o Federal Reserve (Banco Central americano) iniciou uma série de reduções na taxa básica de juros de 6,5% para 3,5% e, em seguida, na época dos atentados terroristas baixou mais ainda até chegar em 1% em 2003. A taxa real de juros de curto prazo, durante 31 meses chegou a ficar negativa (BARRETO, 2009). Com isso, houve redução das exigências para a concessão de crédito, levando-os a troca de taxas fixas por juros variáveis. Refinanciavam suas hipotecas de forma vantajosa, gastando parte da diferença entre os empréstimos contraídos a taxas baixas e o valor das prestações que eram devidas, 21 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN ampliando sua capacidade de consumo. As prestações iniciais eram baixas, inferiores até aos juros devidos, não havendo amortizações e resultando numa dívida cada vez maior, ao invés de sua redução. Consequentemente, as prestações eram pesadas mais a frente. Em agosto de 2007, foi detectada uma alta taxa de default no segmento que engloba pessoas com histórico de inadimplência por oferecerem menos garantias de pagamento. É o subprime (segunda linha) (FERREIRA; PENIN, 2008). O banco, ao ver o volume de suprime na sua carteira, decide repassar uma parte do que internamente qualifica de junk (velharia ou lixo), para quem irá securitizar a operação, isto é, assegurar certas garantias em caso de inadimplência total em troca de uma taxa mais um pequeno percentual de ganhos, que evidentemente são hipotéticos (DOWBOR, 2009). As empresas começam a ficar preocupadas e “empurram” os papéis para pequenos poupadores, que são convencidos a fazer um ótimo negócio que, muito embora seja arriscado, paga uma ótima taxa de juros. A crise estava formada, mas em 09 de agosto de 2007, a noticia que o banco francês BNP Paribas havia congelado o saque de três de seus fundos de investimento, aplicados em papéis oriundos de operações hipotecãrias nos EUA, soou como alerta geral para a crise de liquidez instalada. No conjunto, o que aconteceu com a globalização financeira é que os papéis circulam no planeta todo, enquanto os instrumentos de regulação, os bancos centrais nacionais, estão fragmentados em cerca de 190 nações. Na prática, ninguém está encarregado de regular coisa alguma. E se algum país decide controlar os capitais, estes fugirão para lugares mais hospitaleiros (mercado amigo), em processo muito parecido com os mecanismos de guerra fiscal entre municípios. Nas análises das Nações Unidas, isto é chamado de race to the bottom, corrida para o fundo, de quem reduz mais as suas próprias capacidades de controle (DOWBOR, 2009). 2.1.1 Os Efeitos da Crise no Brasil Acredita-se que o mercado financeiro no Brasil não foi tão afetado como em outros países em virtude de sua regulação e supervisão bancária não admitirem a proliferação de instrumentos financeiros exóticos como os que deram origem à crise dos subprime. Os bancos ampliaram o crédito às pessoas físicas, diante das expectativas otimistas quanto à recuperação do emprego e da renda. Esta expansão de empréstimos com recursos livres às pessoas físicas foi efetuada nas modalidades de crédito pessoal, aquisição de veículos e cartão de crédito. O crédito pessoal, que inclui as operações com crédito consignado, contribuiu em média por quase metade do crescimento dos empréstimos concedidos nesse segmento. O endividamento também foi 22 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN estimulado pela estratégia das grandes redes varejistas (logo imitada pelos bancos e suas financeiras) de alongamento dos prazos das operações de crédito ao consumidor (FREITAS, 2009). Com o crescimento da economia brasileira, com estímulo à produção, as empresas recorreram ao crédito bancário, particularmente na modalidade de capital de giro, utilizada para as necessidades de fluxo de caixa. Também contavam com fontes de financiamento internacional. Como a crise resultou em sensível piora em termos de custo e prazo à captação das grandes empresas (bancos) no mercado internacional, estas ampliaram a contratação de empréstimos para capital de giro no mercado doméstico em volumes crescentes e prazos mais longos. Na verdade o que afetou os bancos foi a “crise de confiança”, quando, na incerteza, o dinheiro pára de circular, encarecendo o crédito disponível. Isso ficou mais evidente a partir da falência do banco de investimento Lehman Brothers em 15 de setembro de 2008, levando a Bolsa brasileira a “despencar” até 14,72% em um só dia, depois de acionar por várias vezes o “circuit breaker” na BM&FBOVESPA, amargando perdas no final do dia de 11,39%, a maior queda desde 11 de setembro de 1998. Com a forte concorrência bancária, que conduziu à emergência de práticas de alto risco, a desestabilização veio à tona com a reversão das expectativas ante o agravamento da crise financeira internacional e seus efeitos-contágio sobre as economias periféricas, dentre as quais o Brasil. Os bancos se retraíram, como no caso brasileiro, pelo prazo relativamente curto do crédito e pela existência de títulos públicos líquidos, rentáveis e de baixo risco, que permitem uma rápida recomposição dos seus portfólios (FREITAS, 2009). 2.2 Governança Corporativa No Brasil, a prática da governança corporativa se intensificou com a abertura da economia, aumento dos investimentos estrangeiros no País, o processo de privatização das empresas estatais e com o crescimento de empresas no mercado internacional. O aperfeiçoamento da prática de governança no Brasil, já tem algumas iniciativas, como a criação do Novo Mercado da BM&F BOVESPA, em dezembro de 2000, com a atribuição de negociar ações emitidas por empresas que se comprometem, voluntariamente, com a adoção de boas práticas de governança corporativa. Foi também criado o Código do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), as Recomendações da CVM, e mais recentemente, a Nova Lei das S.A’s 11.638/07. A adoção de um único conjunto de normas contábeis, reconhecido internacionalmente, facilitará o processo de decisão dos investidores, contribuindo para a solidez do mercado de capitais no Brasil. Por meio de um contrato privado voluntário, as empresas aderem a regras que exigem a adoção de práticas corporativas superiores, fazendo com que, de fato, o Novo Mercado e os Níveis 23 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Diferenciados de Governança Corporativa funcionem como um selo de qualidade, cujo valor reside nas obrigações contratuais assumidas pela empresa e na maneira como a BM&FBOVESPA administra tais contratos (CARVALHO, 2002). O Novo Mercado (NM) e os Níveis Diferenciados de Governança Corporativa - Nível 1 e Nível 2 foram desenvolvidos com o propósito de proporcionar um ambiente de negociação que estimulasse, ao mesmo tempo, o interesse dos investidores e a valorização das companhias. Proporciona aos proprietários (acionistas ou cotistas) a gestão estratégica de sua empresa e a efetiva monitoração da direção executiva. De acordo com a BOVESPA (2009), as companhias nela listada se comprometem, principalmente, com melhorias na prestação de informações ao mercado e com a dispersão acionária. As principais práticas agrupadas no Nível 1 são: manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações, representando 25% do capital; realização de ofertas públicas de colocação de ações por meio de mecanismos que favoreçam a dispersão do capital entre outras. Já os critérios básicos de listagem de companhias Nível 2, além da aceitação das obrigações contidas no Nível 1 e compromisso de direitos adicionais para os acionistas minoritários, são: mandato unificado de um ano para todo o Conselho de Administração, que deve ter pelo menos cinco membros; disponibilização de balanço anual seguindo as normas do US GAAP ou IFRS entre outros. O NM é um segmento destinado à negociação de ações emitidas por companhias que se comprometam, voluntariamente, com a adoção de práticas de governança corporativa adicionais em relação ao que é exigido pela regulamentação brasileira. Essas regras, consolidadas no Regulamento de Listagem, ampliam os direitos dos acionistas, melhoram a qualidade das informações usualmente prestadas pelas companhias e, ao determinar a resolução dos conflitos por meio de uma Câmara de Arbitragem, oferecem aos investidores a segurança de uma alternativa mais ágil e especializada. A principal inovação do Novo Mercado, em relação à legislação, é a proibição de emissão de ações preferenciais. O capital social das companhias listadas no NM é composto apenas por ações ordinárias. 2.3 Hipótese do Mercado Eficiente A Teoria ou Hipótese da Eficiência de Mercado – HEM - é uma das bases da Moderna Teoria de Finanças. Inicialmente evidenciada, mas não proposta, por Bachelier (1900), que defendeu que os rendimentos das ações ou qualquer outro ativo de risco segue um percurso aleatório ou “random walk” porque tais retornos dependeriam de inúmeras variáveis tipicamente imprevisíveis. 24 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Somente em 1970, Eugene Fama professor da Universidade de Chicago, formalizou a HEM, publicou seu trabalho no Journal of Finance, baseado na premissa de que os preços dos títulos refletem instantaneamente todas as informações relevantes disponíveis no mercado: Um eficiente mercado de capitais é um mercado que é eficiente no processamento de informações. Os preços dos títulos observados a qualquer momento são baseados na avaliação “correta” de todas as informações disponíveis naquele momento. Em um mercado eficiente, preços “refletem integralmente” as informações disponíveis (FAMA, 1970). Na visão de Van Horne, um mercado financeiro eficiente existe quando os preços dos ativos refletem o consenso geral sobre todas as informações disponíveis sobre a economia, os mercados financeiros e sobre a empresa envolvida. Para Brealey e Myers, em mercados eficientes a compra ou venda de qualquer título ao preço vigente de mercado nunca será uma transação com valor presente líquido positivo (BRUNI; FAMÁ, 1998). Assim, os preços dos ativos girariam em torno de seu valor intrínseco, onde novas informações poderiam ocasionar mudanças rápidas nesse valor, mas o subsequente movimento do preço flutuaria aleatoriamente, indicando que certas informações podem afetar o preço de ativos mais rapidamente do que outras. Dessa maneira, separam-se as informações em três tipos: informações de preços passados, informação publicamente disponível e toda informação possível. Após a divulgação da HEM, ficou clara a necessidade de pesquisas para testá-la. Assim uma série de pesquisas foi realizada a partir de 1960, com os mais variados resultados. Alguns evidenciando e outros refutando a hipótese de mercados eficientes. Forti, Peixoto e Santiago (2009), realizaram mais recentemente um levantamento sobre as pesquisas realizadas no Brasil sobre a eficiência do mercado de ações nacional. Os trabalhos por eles selecionados tiveram como resultado que nos teste de forma fraca, 42% dos trabalhos aceitam a HEM e 58% a rejeitam. Nos testes da forma semiforte, 100% dos trabalhos aceitam a HEM. Por fim, nos testes da forma forte, 100% dos trabalhos rejeitam a HEM. 2.4 Risco e Volatilidade Nota-se que o risco é eminente nas operações do mercado financeiro e, para Best (1998, p. 2), “o risco só tem um sentido verdadeiro, à medida em que resulta em perdas financeiras, quer direta, quer indiretamente”. Há inúmeras formas que o risco pode assumir, dentre elas, podemos destacar a classificação de Morgan (1996) que trata dos riscos de crédito, liquidez, operacional e de mercado, este último, 25 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN necessário para nosso estudo, refere-se ao risco de perda resultante de uma variação do valor dos bens negociáveis. Muitos outros autores inserem outras classificações sobre risco. Em todas elas, o risco está associado à incerteza de algo que se espera acontecer. É evidente que existe uma relação positiva entre risco e retorno. Para Gitman (2001, p.71), “há um trade-ofi entre o risco e o retorno: investidores devem ser compensados por aceitarem um risco maior com a expectativa de retorno maior”. Várias metodologias para o cálculo do risco foram desenvolvidas a partir da década de 80 e 90. Entretanto, para atender aos objetivos propostos neste trabalho, será focalizado o risco de mercado, na sua forma absoluta, sem preocupação de mensurá-lo com outro ativo ou referencial. Serão aplicados métodos estatísticos, com a utilização de modelos econométricos. 3. METODOLOGIA O escopo da pesquisa foi delimitado pelas empresas com maior presença em pregão, listada por segmento: BOVESPA MAIS, Novo Mercado, Nível 1 e 2 de Governança Corporativa, negociadas na BM&FBOVESPA. Portanto, foram coletados os preços das ações de quatorze empresas com maior liquidez, por nível de segmento. Foi utilizado o sistema E-WIES (Econometric View), alimentado com os preços das ações de maior liquidez no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2009, dentro dos níveis de governança corporativa a que pertencem. A seguir foi criado um indicador para cada nível, ponderando retorno x quantidade teórica. Inicialmente foi adotada a metodologia do estudo de eventos, que, a partir da hipótese de eficiência dos mercados, visa mensurar o impacto de uma informação no valor de mercado de empresas, enfocando mais os preços e retornos das mesmas no mercado financeiro. Para se coadunar com os objetivos propostos no presente trabalho, utilizou-se a análise no domínio do tempo, com dados diários contínuos do tempo, baseando-se nos modelos propostos por Box e Jenkins (1976), e no modelo GARCH, a partir da generalização do modelo ARCH, apresentado por Bollerslev, em 1986. Um modelo GARCH pode ser usado para descrever a volatilidade com menos parâmetros do que modelos ARCH. O estudo parte de coleta dos preços de ações de empresas de maior liquidez, entendendo-se como tal a maior presença em pregão, listadas na BM&FBOVESPA, e foram considerados os preços ajustados das negociações do site da Economática cujas observações foram obtidas em instantes 26 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN sucessivos do tempo e ao longo de um intervalo de tempo (2007 a 2009), caracterizando uma série temporal financeira. As empresas foram filtradas por segmento de governança corporativa e criou-se um indicador para cada segmento, ponderando retorno x quantidade teórica, a fim de melhor análise dos dados. 4. RESULTADOS Foram utilizados dois testes de Raiz Unitária: Dickey-Fuller (ADF) e Plillips-Perron (PP). A Tabela 1 apresenta os resultados do teste: H0 = Existência de raiz unitária (não estacionariedade) e H1: Não existência de raiz unitária (estacionariedade). Quando verificadas as séries de preços, pode-se perceber que aceitamos a hipótese nula, pois o p-valor > 5%, e conclui-se que a série possui uma raiz unitária para ambos os testes, ou seja, uma condição essencial para tal estudo foi rejeitada, a de estacionariedade mais um indicio da presença de volatilidade em ambas as séries. Tabela 1 – Teste de Raiz unitária de Dickey-Fuller Null Hypothesis: BM,N1, N2 e NM has a unit root BOVESPA MAIS t-Statistic NÍVEL 1 NÍVEL 2 NOVO MERCADO Prob.* t-Statistic Prob.* t-Statistic Prob.* t-Statistic Prob.* Augmented Dickey-Fuller test statistic -1.481.479 0.5427 -1.610.537 0.4767 -1.748.082 0.4065 -1.352.827 0.6063 Phillips-Perron test statistic -1.481.479 0.5427 -1.486.966 0.5399 -1.562.486 0.5013 -1.023.961 0.7463 Fonte: Dados da pesquisa 2010 Tendo em vista que a crise do subprime foi um evento importante que afetou diretamente os preços das ações no Brasil, o presente estudo não abordará o preço, porque ele é não estacionário, serão pesquisados os retornos, porque tende a ser uma medida mais coerente para trabalhar. Nas séries de retornos podemos observar o momento em que o indicador caiu sensivelmente de patamar, apresentando uma maior volatilidade, a partir de agosto de 2008, com presença de grandes “out liers”, conforme gráfico 1. Assim as séries se transformaram em RBM, RN1, RN2 E RNM, ou seja, Retorno Bovespa Mais, Retorno Nível 1, Retorno Nível 2 e Retorno Novo Mercado, respectivamente. 27 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Retorno Nível 1 Retorno Nível 2 .15 .20 .16 .10 .12 .05 .08 .04 .00 .00 -.05 -.04 -.08 -.10 -.12 -.15 1/2/07 1/8/07 1/2/08 1/8/08 2/2/09 -.16 1/2/07 3/8/09 Retorno Novo Mercado 1/8/07 1/2/08 1/8/08 2/2/09 3/8/09 Retorno Bovespa Mais .16 .16 .12 .12 .08 .08 .04 .04 .00 .00 -.04 -.04 -.08 -.08 -.12 -.12 1/2/07 1/8/07 1/2/08 1/8/08 2/2/09 -.16 1/2/07 3/8/09 1/8/07 1/2/08 1/8/08 2/2/09 3/8/09 Gráfico 1 – Retornos das Séries Fonte: Dados da pesquisa 2010 Nos gráficos 2 a 5, percebe-se que para todas as séries as medidas de tendência central não apresentam valores aproximados, quando observado o desvio padrão, indicando que para ambas as séries os dados apresentam dados dispersos em torno da média. Observou-se, ainda, que os dados apresentam uma distribuição leptocúrtica, mais um indício de que os dados não seguem uma distribuição normal. Através do teste de Jarque-Bera pode-se confirmar que as séries não seguem uma distribuição normal, pois ao nível de significância de 5% rejeitamos a hipótese nula de que as séries seguem uma distribuição normal e aceitamos a hipótese alternativa de que os dados não seguem uma distribuição normal, pois o p-valor foi abaixo do nível de significância. Tal fato mostra que os retornos não apresentam um comportamento normal, ou seja, há uma grande dispersão dos dados em torno da média, indicando a presença de volatilidade. 160 Series: RBM Sample 1/02/2007 12/30/2009 Observations 739 120 Mean Median Maximum Minimum Std. Dev. Skewness Kurtosis 80 40 0 -0.15 Jarque-Bera Probability -0.10 -0.05 0.00 0.05 0.000940 0.002764 0.139024 -0.149229 0.029859 -0.099225 6.854366 458.6579 0.000000 0.10 Gráfico 2 - Teste de estacionariedade para a série de retorno Bovespa Mais Fonte: Dados da pesquisa 28 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 160 Series: RN1 Sample 1/02/2007 12/30/2009 Observations 739 120 Mean Median Maximum Minimum Std. Dev. Skewness Kurtosis 80 40 Jarque-Bera Probability 0 -0.10 -0.05 -0.00 0.05 0.000609 0.001874 0.138004 -0.123136 0.027098 -0.018664 6.460241 368.7198 0.000000 0.10 Gráfico 3 - Teste de estacionariedade para a série de retorno Nível 1 Fonte: Dados da pesquisa 160 Series: RN2 Sample 1/02/2007 12/30/2009 Observations 739 120 Mean Median Maximum Minimum Std. Dev. Skewness Kurtosis 80 40 Jarque-Bera Probability 0 -0.1 0.0 0.1 0.000305 8.19e-05 0.194292 -0.150037 0.024780 0.591990 13.42133 3387.265 0.000000 0.2 Gráfico 4 - Teste de estacionariedade para a série de retorno Nível 2 Fonte: Dados da pesquisa 200 Series: RNM Sample 1/02/2007 12/30/2009 Observations 739 160 Mean Median Maximum Minimum Std. Dev. Skewness Kurtosis 120 80 0.000492 0.001574 0.155042 -0.114895 0.026212 0.197737 6.867810 40 Jarque-Bera Probability 0 -0.10 -0.05 -0.00 0.05 0.10 465.4577 0.000000 0.15 Gráfico 5 - Teste de estacionariedade para a série de retorno Novo Mercado Fonte: Dados da pesquisa A tabela 2 apresenta uma estimativa dos coeficientes de autocorrelação e autocorrelação parcial para as Séries RBM, RN1, RN2 e RNM. Ao se verificar as funções de autocorrelação e autocorrelação parcial para as séries do retorno dos preços, constata-se que o retorno contorna grande parte da autocorrelação apresentada, tornando-a um ruído branco, melhorando, portanto substancialmente as características principais da série. Tabela 2 – Estimativas dos coeficientes de autocorrelação e autocorrelação parcial para as Séries RBM, RN1, RN2 e RNM 29 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN RBM RN1 RN2 RNM ACF1 -0.013 -0.004 -0.075 -0.050 PACF1 -0.013 -0.004 -0.075 -0.050 ACF 2 -0.034 -0.040 -0.016 -0.066 PACF 2 -0.034 -0.040 -0.021 -0.069 ACF 3 -0.064 -0.096 -0.039 -0.042 PACF 3 -0.065 -0.097 -0.042 -0.050 ACF 4 0.025 -0.007 -0.044 -0.046 PACF 4 0.022 -0.010 -0.050 -0.056 ACF 5 -0.006 -0.012 -0.041 -0.007 PACF 5 -0.010 -0.020 -0.051 -0.019 ACF 6 -0.005 -0.018 0.000 -0.025 PACF 6 -0.008 -0.029 -0.011 -0.036 ACF 7 -0.039 -0.020 -0.056 -0.035 PACF 7 -0.037 -0.024 -0.064 -0.046 ACF 8 0.042 0.032 -0.009 0.015 PACF 8 0.039 0.026 -0.026 0.002 ACF 9 -0.026 -0.002 -0.062 -0.025 PACF9 -0.028 -0.008 -0.074 -0.035 ACF 10 0.057 0.036 0.057 0.043 PACF 10 0.055 0.034 0.037 0.034 0,07357 0,07357 0,07357 0,07357 Fonte: Dados da pesquisa Notas: ACFi e PACFi denotam os coeficientes de autocorrelação e autocorelação parcial da i-ésima ordem respectivamente. * Limite assintótico para a função de autocorrelação Foi realizado o Teste de Tukey para avaliar se existe diferença entre as variâncias de ambas as séries. Como hipótese nula, considerou-se que não existe diferença entre as variâncias e como hipótese alternativa, que existe diferença. Para efeito de conclusão, foi utilizado o nível de significância de 5%. Na comparação dos segmentos BOVESPAMAIS com o segmento Nível 1, se aceita a hipótese nula, indicando que não existe diferença entre os segmentos e que as mesmas respondem mais ou menos ao mesmo nível de risco, porém ao longo do tempo são iguais. 30 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Entre os segmentos BOVESPAMAIS e o Nível 2 e o Novo Mercado, pode-se notar que existe diferença entre eles, pois o p-valor do teste foi abaixo de 5%, indicando que uma ausência de transparência aumenta a resposta do mercado em relação ao risco. Para o segmento Nível 1, constatou-se que existe diferença entre ele e o Nível 2, indicando, possivelmente, que uma ausência de transparência aumenta a resposta do mercado em relação ao risco. No entanto, quando comparado o Nível 1 com o Novo Mercado, foi possível notar que não existe diferença entre estes segmentos, pois aceita-se a hipótese nula, indicando que ao longo do tempo não existe diferença entre as variâncias para tais segmentos. Em relação à comparação do Nível 2 com o Novo Mercado, pode-se perceber que não há diferença estatística entre eles. Nestes segmentos apenas um, o de Nível 2, apresentou resultado significativo para a diferença. Ao comparar o nível 1 com os outros dois segmentos, verifica-se que não houve diferença estatística. Possivelmente, uma ausência de transparência do mercado aumenta a resposta em relação ao risco. No Tabela 3, pode-se observar os resultados do teste de igualdade de variância e algumas medidas estatísticas referentes às séries. Tabela 3 –Teste de igualdade das variâncias BOVESPA MAIS Levene NÍVEL 1 NÍVEL 2 NOVO MERCADO 0.1525 0.0003 0.0521 (0.0085) (0.0000) (0.0004) 0.1525 0.0212 0.6029 (0.0085) (0.0152) (0.3668) BOVESPA MAIS F-test Levene NÍVEL 1 F-test Levene 0.0003 0.0212 0.0689 (0.0000) (0.0152) (0.1272) 0.0521 0.6029 0.0689 (0.0004) (0.3668) (0.1272) NÍVEL 2 F-test NOVO MERCADO Levene F-test Fonte:Dados da pesquisa No gráfico 6 pode-se perceber que, quando avaliadas as variâncias dos retornos das séries, elas apresentaram uma maior volatilidade no período da crise financeira, sendo que o retorno do nível 2 apresentou maior volatilidade quando comparado com os outros segmentos. Desta forma, percebe-se 31 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN que todos os níveis sofreram com a crise, pressupondo que uns apresentaram maior volatilidade do que outros, onde ficou comprovado que existe diferença entre os segmentos. Isto fica evidenciado visualmente no gráfico 6, em que cada nível tem um comportamento diferente entre si e o único fato em comum entre eles e o fato de terem sido afetados pela crise. .010 .008 .006 .004 .002 .000 1/2/07 1/6/07 3/9/07 1/1/08 1/5/08 GARCH11RBM GARCH11RN1 1/8/08 3/11/08 2/3/09 1/7/09 1/10/09 GARCH11RNM GARCH1RN2 Gráfico 6 – Modelagem comparativa entre as variâncias das séries de retornos Fonte: Dados da pesquisa 5. CONCLUSÃO No período estudado (janeiro de 2007 a dezembro de 2009), em que ficou evidente o efeito da crise no mercado financeiro nacional e internacional, esse estudo encontrou um efeito positivo, em momentos de crise, da importância dos contratos que as empresas fazem junto à BM&FVOBESPA, estabelecendo boas práticas de governança corporativa. As empresas pertencentes ao BOVESPA MAIS e Nível 1 da Bolsa Brasileira tiveram uma maior volatilidade nos retornos no período da Crise do subprime, enquanto que as empresas listadas no Novo Mercado tiveram uma redução da exposição a riscos externos, indicando que melhores práticas de governança corporativa tendem a diminuir a volatilidade do retorno das empresas diante de um choque negativo. Para isso, após a coleta de preços das empresas de maior liquidez por segmentos de governança corporativa, produziu-se um indicador, por cada nível, ponderando retorno e quantidade teórica, produzindo as séries Retorno Bovespa Mais, Retorno Nível 1, Retorno Nível 2 e Retorno Novo Mercado, denominadas, respectivamente, RBM, RN1, RN2 e RNM. Por tratar-se de uma série temporal financeira, detectou-se a volatilidade existente nos preços das ações e procedeu-se ao teste de normalidade e estacionariedade das séries, depois foram definidos nível de autocorrelação e autocorrelação parcial da volatilidade dos retornos. Optou-se pela utilização do processo GARCH, modelo que melhor explica a volatilidade dos retornos das séries. Assim, foram realizados testes de igualdade para identificar a existência de diferenças significativas entre as séries. 32 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Foram encontradas evidências empíricas que empresas que tem comprometimento com melhores práticas de governança, tais como demonstrações financeiras de acordo com as normas internacionais de contabilidade, percentual mínimo de ações em circulação entre outras, têm redução à exposição de fatores macroeconômicos, como a crise dos subprime, reduzindo a sensibilidade da volatilidade dos retornos de suas ações, indicando menores riscos. O mais importante, nesse estudo, é que não havia nenhum trabalho comparativo entre os diferenciados níveis de governança corporativa e a exposição dos mesmos aos choques externos que, invariavelmente, atingem a Bolsa Brasileira. Ficou em evidência, sobretudo, que os modelos servem de ferramentas para a tomada de decisão pelos investidores não são os resultados dos modelos, mas sim as decisões tomadas com base neles, e que, portanto, que podem e devem ser continuamente aprimorados. Se lições como as desta crise forem incorporadas aos modelos e às formas de utilizá-los, eles tenderão a ser cada vez mais úteis. 6. REFERÊNCIAS BACHELIER, Louis. Théorie de la speculation. (Thèse en Mathématique). Annales Scientifiques de l’École Normale Supérieure, Paris: Gauthier-Villars, v. 3, tome 17. p. 21-86. 1900. BALL, R. J.; BROWN, W.. An empirical evaluation of accounting income numbers. Journalof Accounting Research, v 6, p159-178, Autumn 1968. BARRETO, Eric. 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Rio de Janeiro: Elsevier,2009. 34 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O conhecimento e o interesse pela pesquisa científica por parte dos graduandos em Ciências Contábeis do Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES Yuri Dantas dos Santos 1 RESUMO A gama de benefícios gerados pelo conhecimento científico é evidente, sendo este gerado pela pesquisa científica. Entre as ciências, a Contabilidade também se coloca como uma que necessita ser pesquisada para gerar benefícios à sociedade. Nas Instituições de Ensino Superior (IES), a pesquisa encontra terreno propício para o seu desenvolvimento, promovendo e recebendo apoio pelo ensino e extensão. Ao ingressarem na vida acadêmica, os graduandos deparam-se com a necessidade de produzir ciência. Diante desses fatos, o presente artigo procura saber qual o nível de conhecimento e de interesse em pesquisa científica pelos graduandos em Ciências Contábeis do Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES). A pesquisa classificou-se como descritiva, quanto aos objetivos pretendidos; levantamento (ou “survey”) e pesquisa bibliográfica, quanto aos procedimentos empregados; e quantitativa, quanto à abordagem do problema. O instrumento de pesquisa utilizado foi o questionário, o qual foi aplicado a uma amostra estratificada não proporcional destes graduandos. Os resultados mostraram que o nível de conhecimento em pesquisa científica por parte desses alunos é insuficiente. No entanto, observa-se um bom interesse pela pesquisa científica, apesar de não evidenciado na leitura científica e na produção de artigos do gênero. Palavras-chave: interesse, conhecimento, pesquisa científica, graduação. Área Temática: Educação e pesquisa contábil. 1 Graduando em Ciências Contábeis no Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES) – UFRN 35 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1 INTRODUÇÃO Ao longo dos séculos, o conhecimento científico vem proporcionando o desenvolvimento humano sob diversos aspectos, desde a descoberta de curas para diversas doenças antes não tratáveis até o desenvolvimento de redes de comunicação como a internet, passando ainda pela melhoria dos transportes, pelo desenvolvimento da produção de alimentos, além de outros inúmeros benefícios. Isto, no entanto, não seria possível sem a pesquisa científica. Medeiros (2009, p. 30) coloca que “a pesquisa científica objetiva fundamentalmente contribuir para a evolução do conhecimento humano”. A contabilidade, por sua vez, também, apresenta-se como uma ciência que necessita ser pesquisada para poder gerar seus benefícios à sociedade através do estudo do patrimônio das entidades que a compõem. Nas Instituições de Ensino Superior (IES), a pesquisa encontra terreno propício para o seu desenvolvimento, dando apoio e sendo incentivada pelo ensino e pela extensão. Ao ingressar nessa conjuntura acadêmica, o graduando vê-se diante da necessidade de produzir saberes científicos seguindo as metodologias próprias da pesquisa científica. Nessa perspectiva, o presente artigo procura abordar o conhecimento e o interesse acerca da pesquisa científica por parte dos graduandos em ciências contábeis e define o seguinte problema de pesquisa: A que nível está o conhecimento, bem como o interesse acerca da pesquisa científica por parte dos graduandos em Ciências Contábeis do CERES/Caicó - RN? A fim de responder este problema, o trabalho tem como objetivo geral averiguar até que ponto os graduandos em Ciências Contábeis do CERES/Caicó - RN detêm conhecimentos e, ao mesmo tempo, se interessam pela pesquisa científica. Para tanto, apresenta como objetivos específicos: verificar se os estudantes conhecem adequadamente os tipos de pesquisa mais utilizados em contabilidade; observar o quanto estes estudantes entendem dos métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa; verificar se os estudantes em questão detêm conhecimentos conceituais acerca das publicações científicas; identificar o nível de leitura científica desses alunos; além de verificar o seu interesse em produzir saberes científicos através de artigos, monografias de graduação e pesquisas em mestrado ou doutorado. Diante disso, este trabalho, investigando o conhecimento desses alunos em pesquisa científica, acaba por evidenciar suas deficiências quanto a aspectos metodológicos da pesquisa, servindo de subsídio aos professores para melhor orientá-los; do mesmo modo, investigando o interesse do alunado em produzir ciência, proporciona aos docentes a oportunidade de conhecerem melhor esta característica em seus alunos e adotarem metodologias de ensino adequadas a um baixo ou alto interesse, estimulando ou aproveitando melhor esta vontade, respectivamente. Isto acarretará numa produção científica, particularmente das monografias, com maior qualidade, bem como poderá despertar o interesse pela pesquisa nos referidos discentes, contribuindo para sua aprendizagem, para a melhoria da qualidade do curso, para o progresso da ciência contábil e, consequentemente, da sociedade. A pesquisa classificou-se como descritiva, quanto aos objetivos pretendidos; levantamento (ou “survey”) e pesquisa bibliográfica, quanto aos procedimentos empregados; e quantitativa, quanto à abordagem do problema. O instrumento de pesquisa utilizado foi o questionário, o qual foi aplicado a uma amostra estratificada não proporcional dos graduandos em ciências contábeis do CERES. O Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES), integrante da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é formado por dois campi localizados no interior do estado do Rio Grande do Norte, nas cidades de Currais Novos e Caicó. O curso de Ciências Contábeis insere-se no campus de Caicó, apresentando uma duração de cinco anos e com uma entrada por ano. O curso conta, atualmente, com 240 alunos matriculados, conforme dados obtidos na coordenação deste. 36 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O presente artigo encontra-se estruturado em cinco capítulos, sendo o primeiro esta introdução, seguida do referencial teórico, subdividido em três seções que relatam, respectivamente, acerca do conhecimento científico e da ciência contábil, da pesquisa científica com ênfase para a pesquisa em Contabilidade no Brasil, além de apresentar tópicos de relevância sobre a metodologia da pesquisa científica; logo após, apresenta-se um capítulo dedicado à metodologia utilizada; em seguida, o capítulo dos resultados obtidos com os dados coletados e, por fim, evidencia-se o capítulo das conclusões. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 O conhecimento científico e a ciência contábil O conhecimento pode ser entendido como a apreensão feita pelo homem das realidades que o cercam. Köche (2009, p. 23) coloca-o como “representações significativas da realidade”; Santos (2010, p. 47), por sua vez, afirma que “o conhecimento tem início quando ocorre um certo encantamento no ser humano ao contemplar a Natureza, o Universo, as coisas ou os fatos que o cercam”. Este conhecimento desvela-se de várias maneiras e, dependendo do caminho escolhido para depreendê-lo, pode ser empírico, religioso, filosófico, científico, dentre outros. O conhecimento científico - ou a ciência - busca compreender e explicar, por meio de metodologias racionais, os fenômenos da realidade, sendo, segundo Köche (2009), o produto da investigação científica. Para Santos (2010, p. 51) um conhecimento só é científico quando atende a duas premissas: “primeiro que o campo do conhecimento seja delimitado, bem caracterizado e formulados os assuntos que se deseja investigar; segundo, que existam métodos adequados de pesquisa para o estudo desejado”. Medeiros (2007, p. 40), por seu turno, conceitua ciência como: “um campo de conhecimentos com técnicas especializadas de verificação, interpretação e inferência da realidade” e ressalta o seu caráter não absoluto. Conforme Beuren et al (2008), várias foram as classificações dadas às diversas ciências ao longo da história, porém uma bastante recorrente no meio acadêmico atual é a de Lakatos e Marconi (2000), baseada na classificação de Mário Bunge (1976), que as divide em formais e factuais. Nas ciências formais, enquadram-se a lógica e a matemática. Conforme Theóphilo (1998 apud BEUREN et al, 2008, p. 28) tais ciências “se caracterizam por tratarem de entes ideais, tanto abstratos quanto interpretados, cujos argumentos e teoremas dispensam testes para experimentação”. As demais se classificam como factuais, que, para Beuren et al (2008, p. 28), “tratam de objetos concretos e utilizam-se do método experimental para verificar seus postulados e hipóteses”. Lakatos subdividiu estas ciências em: naturais – as quais se detêm sobre o estudo da natureza e dos seres vivos – e sociais – estudam o homem em suas diversas perspectivas, inclusive a social. Os autores têm classificado a contabilidade como ciência factual social. Iudícibus e Marion (1999 apud BEUREN et al, 2008) dizem que a contabilidade, apesar de ter sua principal ferramenta nos métodos quantitativos, não se enquadra como ciência exata, já que o fenômeno patrimonial é gerado e modificado pela ação humana. Por sua vez, Sá (2000, p. 37 apud BEUREN et al, 2008, p. 28) salienta que “se a Contabilidade trata do patrimônio das células sociais e se estas se inserem no todo social, é fácil concluir que seja ela uma ciência social”. De acordo com Tesche et al (1991, p. 18 apud BEUREN et al, 2008, p. 28), “toda ciência tem um objeto definido. A delimitação do objeto de estudo serve para orientar o campo de ação de cada ciência”. Para Beuren et al (2008, p. 29), “o objeto diz respeito ao fato que norteia os estudos de uma ciência”. O objeto de estudo da contabilidade, consoante a diversos autores, é o patrimônio. Por exemplo, Sá (2000, p. 44 apud BEUREN et al, 2008, p. 29) diz que “o campo de ação da contabilidade é a célula social e dentro dela o patrimônio, este como um conjunto de meios ou coisas que devem visar satisfazer as necessidades da aludida célula, sob a ótica da eficácia”. 37 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Iudícibus e Marion (1999, p. 44 apud BEUREN et al, 2008, p. 29) se expressam da seguinte forma: O patrimônio de tais entidades, sejam elas pessoas físicas ou jurídicas, seja esse patrimônio resultante da consolidação de patrimônios de outras entidades distintas ou a subdivisão do patrimônio de uma entidade em parcelas menores que mereçam ser acompanhadas em suas mutações e variações. 2.2 A pesquisa científica e a pesquisa contábil no Brasil Conforme Köche (2009, p. 43): “A causa principal que leva o homem a produzir ciência é a tentativa de elaborar respostas e soluções às suas dúvidas e problemas e que o levem à compreensão de si e do mundo em que vive”. Para a consecução desse fim, a ciência vale-se da pesquisa científica. Santos (2010, p. 195) salienta que “a pesquisa é a forma que a ciência possui para conhecer a realidade empírica”. Demo (1987, p. 23) corrobora esta afirmativa ao dizer que “pesquisa é a atividade pela qual descobrimos a realidade”. Gil (2007, p. 17), por sua vez, assim, conceitua pesquisa: O procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos [...] é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos técnicas e outros procedimentos científicos. No campo da ciência contábil, particularmente no Brasil, observa-se um baixo nível de produção científica comparativamente a outros países do globo, como os Estados Unidos. Aqui, observa-se a existência de apenas dezenove (19) cursos de mestrado e apenas quatro (4) de doutorado, conforme dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Segundo o Ministério da Educação e Cultura (MEC), encontram-se cadastrados 1188 cursos de graduação em contabilidade no Brasil, revelando que, neste país, as oportunidades de aperfeiçoamento através de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) são baixas em relação à demanda dos graduados na área. Niyama (2008, p. 4) afirma que “os cursos de mestrado e doutorado em contabilidade não chegam absorver nem 1% dos graduados em contabilidade”. A baixa quantidade de tais programas em uma determinada ciência prejudica bastante o desenvolvimento desta, pois restringe a realização de pesquisas, não apenas nesses cursos, mas também nas graduações, posto que a maioria dos professores não tem a titulação normalmente exigida para pleitear a aprovação de projetos de pesquisa a serem desenvolvidos pelos mesmos, incluindo, por vezes, a participação de graduandos, o que contribui para a formação destes. A graduação em Ciências Contábeis, além do acima citado, também apresenta outros entraves à pesquisa científica. Costa Marion (1998) apud Iudícibus, Marion e Faria (2009, p. 256) afirma que as instituições de ensino superior da área contábil: Que deveriam ser usinas geradoras de “desenvolvimento contábil”, de conhecimento, de competência contábil e por que não dizer de excelência contábil, por falta de pesquisas, que são a alma da Universidade, se transformam em apenas fios condutores de energia gerada; transmitem o conhecimento por meio de mera cópia daquilo que já existe. A autora ressalta a pouca quantidade de professores em contabilidade preocupados com a pesquisa, adotando uma metodologia de ensino que desemboca na formação de alunos passivos, que não são criativos, não sabem resolver problemas por si só, não raciocinam contabilmente, e 38 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN apresentam poucas chances de se tornarem pesquisadores, o que acarreta em conseqüências negativas para suas vidas profissionais. Niyama (2008) coloca, entre outros, os seguintes entraves a uma educação contábil de qualidade no Brasil: o fato de que as graduações em ciências contábeis funcionam, geralmente, à noite e os que as procuram já trabalham; os professores, em sua maioria, também trabalham durante o dia e exercem o magistério como forma de complementar a renda, o que dificulta seu ingresso em cursos de mestrado e doutorado. Estes entraves também se aplicam à pesquisa, pois uma educação superior de qualidade está intrinsecamente relacionada com a pesquisa científica. 2.3 Tópicos de metodologia da pesquisa Diante desse quadro, é urgente que as IES e demais instituições proporcionem aos professores de contabilidade melhores condições para aperfeiçoamento e, juntamente com os mesmos, estimulem os alunos a pesquisarem seguindo a metodologia própria da pesquisa científica, da qual abordar-se-ão alguns tópicos relevantes. 2.3.1 Tipos de pesquisa aplicáveis à contabilidade Existem vários tipos de pesquisa, classificados sob vários critérios e por diferentes autores. Beuren et al (2008), considerando as nuances da contabilidade, optaram por uma classificação para os tipos de pesquisa aplicáveis à contabilidade que considera três critérios, a saber: Os objetivos da pesquisa, podendo ser: exploratória – quando o conhecimento sobre o assunto pesquisado ainda é incipiente (BEUREN et al 2008) -; descritiva – conforme Gil (1999 apud BEUREN, 2008, p. 81) “tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis” -; além de explicativa – ainda de acordo com Gil (1999, apud BEUREN et al, 2008, p. 81) objetiva “identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos”; Os procedimentos empregados na pesquisa: estudo de caso - adotado quando se quer obter um conhecimento profundo sobre um ou alguns objetos (GIL, 1999 apud BEUREN et al, 2008) -; levantamento ou survey – para Gil (1999 apud BEUREN et al, 2008), neste estudo, os dados necessários são diretamente coletados com as pessoas pesquisadas e recebem análise quantitativa -; pesquisa bibliográfica – baseia-se em materiais já preparados, como livros e artigos científicos, existem estudos exclusivamente bibliográficas, mas todos necessitam dessa pesquisa (GIL, 1999 apud BEUREN et al, 2008) -; pesquisa experimental – “a principal característica dos experimentos é a manipulação, em que há uma tentativa deliberada e controlada de produzir efeitos diferentes por meio de diferentes manipulações” (BEUREN et al, 2008, p. 88) -; pesquisa documental – “baseia-se em materiais que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa” (BEUREN et al, 2008, p. 89) -; além de pesquisa participante – quando há a participação dos que pesquisam e dos que são pesquisados (GIL, 1999 apud BEUREN et al, 2008). A abordagem do problema: qualitativa – aqui o fenômeno em estudo recebe tratamento analítico aprofundado (BEUREN et al, 2008) e não há o recurso a ferramentas estatísticas (RICHARDSON, 1999 apud BEUREN et al, 2008) -; e quantitativa – neste caso, recorre-se à estatística na coleta e no tratamento dos dados e estuda superficialmente o fenômeno abordado (BEUREN et al, 2008). 39 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 2.3.2 Métodos, técnicas e instrumentos da pesquisa Conforme evidenciado acima, a ciência utiliza-se da pesquisa como mecanismo de apreensão da realidade com vistas à construção do conhecimento. Para que logre êxito e tenha validade científica, ela faz uso de métodos, técnicas e instrumentos aceitos pela ciência. 2.3.2.1 Métodos da pesquisa Silva (2006, p. 34) explica método “como etapas dispostas ordenadamente para investigação da verdade, no estudo de uma ciência para atingir determinada finalidade”. Santos (2010) classifica-os como: de abordagem - “se referem ao modo como são desenvolvidos os procedimentos no estudo dos fenômenos para chegar à verdade” (SANTOS, 2010, p. 196); ou de procedimentos - “se referem à forma de proceder do estudioso em cada etapa da pesquisa e não sobre o plano como um todo” (SANTOS, 2010, p. 196). Silva (2006) relata acerca dos seguintes métodos de abordagem: indutivo, dedutivo, dialético e hipotético-dedutivo. O método indutivo “parte de registros menos gerais para enunciados mais gerais” (SILVA, 2006, p. 34), ainda conforme o autor, passa pelas fases das observações dos fenômenos, da descoberta da relação entre eles e da generalização dessa relação. O método dedutivo, a seu turno, “transforma enunciados universais em particulares” (SILVA, 2006, p. 35). Já o método dialético existe desde a antiguidade e “consiste na formulação de perguntas e respostas, trazendo à tona todas as falsas concepções” (SILVA, 2006, p. 36). A dialética utilizada nos tempos de hoje foi concebida por Hegel e é conhecida como materialismo dialético que “compreende que o conhecimento não é um reflexo simples, passivo, inerte da realidade, e sim complexo e regido por leis” (SILVA, 2006, p. 37). Por sua vez, o método hipotético-dedutivo, conforme Silva (2006), formulado por Popper, consta das seguintes fases: expectativas ou conhecimento prévio (referencial teórico); problema (aqui é definido o que exatamente será pesquisado); conjecturas (são as hipóteses, possíveis soluções para o problema; são enunciadas na forma de deduções); e falseamento (as hipóteses são testadas a fim de se identificar se elas são verdadeiras ou contêm erros). Por sua vez, os métodos de procedimentos podem ser: histórico, comparativo, estatístico, monográfico, entre outros. O método histórico “Tem por princípio que a vida social, instituições e costumes atuais têm origem no passado, sendo importante pesquisar as raízes para se compreender as suas funções e natureza” (SANTOS, 2010, p. 104); Por seu turno, o método comparativo “fundamenta-se nas semelhanças e diferenças entre diversos grupos” (SANTOS, 2010, p. 104); Já o método estatístico “é um método de análise [...] que permite obter de conjuntos complexos representações simples e constatar se essas verificações simplificadas têm relações entre si” (SILVA, 2006, p. 40); Por sua vez, o método monográfico ou estudo de caso “permite, mediante caso isolado ou de pequenos grupos, entender determinados fatos, partindo do princípio de que qualquer caso que se estude em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até de todos os casos semelhantes” (SILVA, 2006, p. 40). 2.3.2.2 Técnicas da pesquisa Marconi e Lakatos (2009, p.111) dizem que técnicas “São consideradas um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência; são, também, a habilidade para usar esses preceitos ou normas, na obtenção de seus propósitos. Correspondem, portanto, à parte prática de coleta de dados”. As técnicas de pesquisa, segundo estas autoras, dividem-se em: 40 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Documentação indireta, que pode ser pesquisa documental ou bibliográfica. Documentação direta, dividida em: Observação direta intensiva, subdividida em observação (sistemática, assistemática, participante, individual, em equipe, na vida real, em laboratório) e entrevista; e observação direta extensiva, na qual se enquadram: questionários, formulários, medidas de opinião e de atitudes, testes, sociometria, análises de conteúdo, histórias de vida, pesquisas de mercado. 2.3.2.3 Instrumentos da pesquisa Estas técnicas são possibilitadas pelo recurso aos instrumentos de pesquisa. “Tecnicamente, os instrumentos de pesquisa são entendidos como preceitos ou processos que o cientista deve utilizar para direcionar, de forma lógica e sistemática, o processo de coleta, análise e interpretação dos dados” (BEUREN et al, 2008, p. 128). Conforme o autor, os instrumentos mais utilizados em pesquisas de contabilidade são: Observação, que “é a técnica que faz uso dos sentidos para a obtenção de determinados aspectos da realidade. Consiste em ver, ouvir e examinar os fatos ou fenômenos que se pretende investigar” (BEUREN et al, 2008, p. 128). Pode ser, além de outros tipos, assistemática (simples), sistemática ou participante; Questionário, que “é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante, sem a presença do pesquisador” (BEUREN, et al, 2008, p. 130), podendo ser de perguntas abertas ou fechadas; Entrevista, que “é a técnica de obtenção de informações em que o investigador apresenta-se pessoalmente à população selecionada e formula perguntas, com o objetivo de obter dados necessários para responder à questão estudada” (BEUREN, et al, 2008, p. 131). Divide-se em: estruturada, semi-estruturada e não estruturada. Os autores ainda citam o “checklist”, utilizado para se verificar a aplicabilidade de uma pesquisa; E a documentação, que pode ser pesquisa documental (de fontes primárias) – utiliza-se de informações sem tratamento analítico, como arquivos e documentos não escritos (fotografias, objetos,...) - ou pesquisa bibliográfica (de fontes secundárias) – usam-se as publicações existentes sobre o tema: teses, dissertações, monografias, artigos, livros, entre outros (BEUREN et al, 2008). Do exposto pelos autores supracitados, percebe-se que os métodos de pesquisa estão relacionados ao caminho percorrido na pesquisa para atingir o seu objetivo. As técnicas de pesquisa, por sua vez, dizem respeito à maneira de se proceder à pesquisa científica, enquanto que os instrumentos de pesquisa, como o próprio nome sugere, são os instrumentais dos quais o pesquisador se serve para realizar o seu trabalho. 2.3.3 Publicações científicas O modo pelo qual um pesquisador torna conhecível o fruto do seu labor é a publicação científica, sendo através dela que a sociedade se beneficia da atividade científica. Diversos autores relatam acerca das várias publicações científicas. Para Medeiros (2009, p. 203) “são consideradas publicações científicas: artigo científico, comunicação científica, ensaio, informe científico, paper, resenha crítica, dissertações científicas (monografias, dissertações, teses)”. 41 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Para Lakatos e Marconi (2009, p. 84): “os artigos científicos são pequenos estudos, porém completos, que tratam de uma questão verdadeiramente científica, mas que não se constitui em matéria de um livro”. Elas ainda dizem que os artigos constituem a parte principal de revistas e Periódicos especializados; Beuren et al (2008, p. 31) considera-os como “um requisito imprescindível para a solidificação da formação acadêmica”; já a comunicação científica “define-se como a informação que se apresenta em congressos, simpósios, reuniões, academias, sociedades científicas, em tais encontros, são expostos os resultados realizados” (MEDEIROS, 2009, p. 205); o ensaio, segundo Medeiros (2009, p. 206), “é a exposição metódica dos estudos realizados e das conclusões originais a que se chegou após apurado exame de um assunto”, seu valor científico, via de regra, está vinculado à credibilidade do autor diante da comunidade científica (SILVA, 2006); por sua vez, o informe científico “Caracteriza-se como relato escrito que divulga os resultados parciais ou totais de pesquisa” (MEDEIROS, 2009, p. 207). Este autor ainda coloca que é o trabalho científico mais curto, apresentando apenas a descrição dos resultados da pesquisa e que sua escrita deve permitir a compreensão e a repetição das experiências pelos que desejarem; o “paper” “É o texto transcrito de uma comunicação oral. Pode apresentar o resumo ou o conteúdo integral da comunicação e tem por objetivo sua publicação nas atas ou anais do evento em que foi apresentada” (SILVA, 2006, p. 88). Há ainda os trabalhos científicos: “Nos meios acadêmicos, os trabalhos científicos são utilizados para aferição de conhecimentos em disciplinas dos cursos de graduação, pósgraduação (especialização, mestrado, doutorado e livre-docência) e nos centros de pesquisa” (SILVA, 2006, p. 125). Para Medeiros (2009), trabalhos científicos são aqueles produzidos de acordo com regras e estrutura definidas. Resenha, informe científico, artigo científico, monografia e paper enquadram-se como exemplos. A maioria destes já foram supra-abordados, restando relatar acerca dos trabalhos monográficos. Silva (2006) aborda a monografia, a dissertação e a tese como trabalhos monográficos A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) apud Silva (2006, p. 127) diz que monografia é um “documento que apresenta a descrição exaustiva de determinada matéria, abordando aspectos científicos, históricos, técnicos, econômicos, artísticos etc.”. Medeiros (2009, p. 208) diz que “há, portanto, monografia para a obtenção do grau de doutor, monografia para a obtenção do grau de mestre e monografia de conclusão de curso de graduação para bacharelado ou licenciatura”, ressaltando que tanto a dissertação quanto a tese são monografias, pois ambas devem atender às características da monografia, a diferença está no nível de exigência. Para Silva (2006), as monografias de graduação não precisam ser originais, bastando apenas que se utilize corretamente do material existente, apresente um bom encadeamento de idéias e traga contribuições para a aprendizagem. Medeiros (2009) ainda aborda o trabalho de conclusão de curso (TCC) ou trabalho de graduação interdisciplinar (TGI) como outras nomenclaturas dadas às monografias que se apresentam no término das graduações, a NBR 14724:2005 apud Medeiros (2009, p. 209), assim se coloca acerca de tais trabalhos: “Documento que representa o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido”, além disso, ressalta que deve ser coordenado por um orientador. Ainda de acordo com esta NBR apud Medeiros (2009, p. 211), Dissertação define-se como o “documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações”. A referida norma exorta ainda que a dissertação precisa abordar o que já existe de literatura acerca do assunto tratado de forma sistemática, objetiva auferir o título de mestre e sua confecção segue a orientação de um doutor. A tese, conforme a NBR 14724:2005 apud Medeiros (2009, p. 213), é o “documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico de tema único e bem 42 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN delimitado”, devendo, de acordo com esta norma, apresentar uma investigação original e contribuir para a ciência na qual se insere o seu estudo, objetivando auferir o título de doutor e contar com a orientação de um doutor. 3 METODOLOGIA Esta pesquisa, quanto aos objetivos pretendidos, caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, pois descreve, analisa e interpreta o conhecimento e o interesse em pesquisa científica dos graduandos em ciências contábeis do CERES (ANDRADE, 2002 apud BEUREN et al, 2008); quanto aos procedimentos empregados, enquadra-se como um levantamento (ou “survey”), visto que as informações necessárias para responder ao problema foram colhidas diretamente com os discentes (GIL, 1999 apud BEUREN et al, 2008). Também foi utilizada a pesquisa bibliográfica para a construção do referencial teórico. Quanto à abordagem do problema, coloca-se como quantitativa, pois usa da estatística na coleta e na interpretação dos dados pesquisados (BEUREN et al, 2008). A população estudada é composta pelos duzentos e quarenta (240) graduandos em Ciências Contábeis do CERES, para os quais adotou-se uma amostra estratificada não proporcional de acordo com os 5 níveis cursados no período da coleta de dados (1º semestre de 2011) - 1º, 3º, 5º, 7º e 9º níveis -, sendo que, em cada nível, foi escolhida, aleatoriamente, uma amostra de 5 alunos, totalizando 25 alunos, pouco mais de 10% da população em questão, para os quais foram aplicados questionários idênticos com 18 questões - 15 fechadas e 3 abertas - e com três blocos de perguntas: o primeiro relativo às características pessoais do respondente, o segundo sobre o seu conhecimento em pesquisa científica, e o terceiro abordando o seu interesse por esta. Estes questionários foram distribuídos nas salas de aula e, após um período de tempo, foram recolhidos nelas. Além disso, a pesquisa constituiu-se em um estudo de corte transversal, pois os dados se referem a um único momento (RICHARDSON, 1999 apud BEUREN et al, 2008). Para análise dos resultados, usou-se da ferramenta computacional “Microsoft Office Excel 2007”. 4 RESULTADOS A população estudada neste trabalho foram os graduandos em Ciências Contábeis do CERES, matriculados no semestre 2011.1, os quais totalizam duzentos e quarenta (240) alunos. De acordo com os resultados alcançados, sua idade média é de 23 anos, sendo 40% do sexo masculino e 60% do sexo feminino. Isto revela que o curso é freqüentado, preponderantemente, por jovens e que a quantidade de mulheres é levemente superior a de homens. 4.1 Conhecimento acerca dos tipos de pesquisa mais utilizados em contabilidade A pesquisa identificou que apenas 8% dos graduandos sabem quais são os tipos de pesquisa mais usados em contabilidade, 44% têm alguma noção sobre o assunto e 48% não sabem. 43 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN sabem têm alguma noção sobre o assunto não sabem 8% 48% 44% Gráfico 1 – Conhecimento dos tipos de pesquisa mais usados em contabilidade Fonte: Dados da pesquisa Também foi investigado se estes graduandos sabem quando utilizar cada um desses tipos de pesquisa, obtendo-se que: nenhum dos graduandos tem essa ciência, 40% têm algum conhecimento sobre o assunto e 60% não sabem quando utilizá-los. De acordo com os dados, pode-se perceber que, em sua maioria, os graduandos em Ciências Contábeis do CERES não conhecem adequadamente os tipos de pesquisa mais empregados em contabilidade, em virtude do fato de apenas 8% saberem quais os tipos de pesquisa mais usados em contabilidade, e nenhum saber quando utilizá-los. 4.2 Entendimento sobre métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa De acordo com os dados coletados acerca de saber diferenciar métodos de abordagem e métodos de procedimentos, somente 8% dos alunos o sabem, 32% têm algum conhecimento sobre o assunto e 60% não sabem diferenciá-los. sabem diferenciar têm alguma noção sobre o assunto não sabem diferenciar 8% 60% 32% Gráfico 2 – Conhecimento das diferenças entre métodos de abordagem e de procedimento Fonte: Dados da pesquisa A pesquisa também mostrou que 16% dos discentes sabem diferenciar técnicas e instrumentos de pesquisa, mas 60% apenas detêm algum conhecimento sobre o assunto e 24% não sabem diferenciá-los. Também mostrou que 24% desses alunos sabem que instrumentos de pesquisa são mais utilizados em contabilidade, 32% têm alguma noção sobre o assunto e 44% não o sabem, o que é demonstrado no gráfico: 44 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN sabem têm alguma noção sobre o assunto não sabem 44% 24% 32% Gráfico 3 – Conhecimento dos instrumentos de pesquisa mais usados em contabilidade Fonte: Dados da pesquisa Os dados revelam que o entendimento dos métodos técnicas e instrumentos de pesquisa por parte desses discentes é insatisfatório, pois em dois dos quesitos colocados para este objetivo a parcela maior dos graduandos figura como não sabe a respeito do conhecimento posto em questão e, no outro quesito, a maior parcela apenas tem alguma noção sobre o assunto, o que não é suficiente. 4.3 Conhecimentos Conceituais de publicações científicas Em se tratando dos principais tipos de publicações científicas, os dados evidenciaram que apenas 12% dos graduandos em questão sabem quais são estes tipos, 60% deles têm alguma noção sobre o assunto e 28% não o sabem. Já quanto à conceituação dessas publicações, nenhum dos alunos sabe fazê-lo, 52% têm alguma noção sobre o assunto e 48% não sabem conceituá-las. Isto é demonstrado pelo gráfico abaixo: Porcetagem (%) 48% não sabem conceituar 52% têm alguma noção sobre o assunto sabem conceituar 0% Gráfico 4 – Conceituação das principais publicações científicas Fonte: Dados da pesquisa O estudo ainda evidenciou que dentre estes graduandos, apenas 16% sabem conceituar trabalhos científicos, 56% têm alguma noção sobre o assunto e 24% não sabem conceituá-los. Acerca da conceituação de monografia, 24% sabem fazê-lo, 52% têm algum conhecimento sobre o assunto e 24% não sabem conceituá-la. Conforme os resultados, observa-se que a maioria dos educandos não detêm conhecimentos conceituais acerca das publicações científicas, já que nenhum deles sabe conceituar os principais tipos de publicações científicas, apenas uma pequena parcela (16%) sabe conceituar trabalhos científicos, que é onde se insere a monografia de graduação, a qual menos de um quarto sabe conceituar. 4.4 Nível de leitura científica 45 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN De acordo com os resultados obtidos, apenas 8% dos alunos quase sempre lêem artigos ou outras publicações científicas, 40% lêem de vez em quando, 48% dificilmente lêem e 4% nunca lêem, nota-se ainda, conforme os dados, que nenhum dos alunos sempre lêem tais publicações sempre quase sempre de vez em quando dificilmente nunca leem 4% 0% 8% 48% 40% Gráfico 5 – Frequência na leitura de publicações científicas Fonte: Dados da pesquisa Consoante o exposto acima, o nível de leitura científica desses estudantes é insatisfatório, visto que a maioria (88%) apenas lêem de vez em quando ou dificilmente lêem artigos ou outras publicações científicas, no entanto apenas 4% se enquadra no extremo de nunca ler estas publicações. 4.5 Interesse em produzir saberes científicos Pelos dados da pesquisa, percebe-se que 12% desses graduandos têm bastante interesse em produzir e publicar artigos científicos, 72% têm um pouco de interesse e 16% não têm interesse. Porcetagem (%) não tem interesse 16% 72% um pouco de interesse bastante interesse 12% Gráfico 6 – Interesse em produzir e publicar artigos científicos Fonte: Dados da pesquisa Quanto à efetiva produção e publicação de artigos científicos, observa-se que apenas 4% (um aluno da amostra) já produziu e conseguiu a publicação de artigo científico, em quantidade de um, apenas; nota-se que 8% deles já produziu e tentou publicar um ou mais artigos científicos, mas não conseguiu; 12% Já produziu um ou mais artigos científicos, mas não tentou publicar; 40% Já pensou em produzir um ou mais artigos científicos, mas não o fez; e 32% Nunca pensou em produzir um ou mais artigos científicos; salienta-se ainda que 4% (um estudante da amostra) não respondeu ao questionamento. Com respeito à exigência da produção de uma monografia ao final do curso, 60% dos graduandos se empolgam bastante, 24% são indiferentes e somente 16% não têm o menor interesse, vão fazer apenas por obrigação. 46 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Porcetagem (%) Não tem interesse são indiferentes 16% 24% 60% se empolgam bastante Gráfico 7 – Comportamento em relação à monografia de final de curso Fonte: Dados da pesquisa Já com relação ao interesse em realizar pesquisas mais aprofundadas em mestrado e/ou doutorado, 44% têm bastante interesse, 40% têm um pouco de interesse e apenas 16% não têm interesse. Porcetagem (%) Não tem interesse tem um pouco de interesse tem bastante interesse 16% 40% 44% Gráfico 8 – Interesse em mestrado e/ou doutorado Fonte: Dados da pesquisa Dos dados acima, pode-se concluir que a maioria desses graduandos têm interesse, em maior ou menor intensidade, de produzir saberes científicos. Quanto à produção e publicação de artigos científicos, 84% deles têm interesse em produzir e publicar artigos científicos, mas não se observa a sua realização na prática, pois da amostra pesquisada, apenas um estudante teve somente um artigo de sua produção publicado e a maioria dos alunos (72%) encontra-se entre os que nunca produziram artigos científicos; no entanto, 60% dos graduandos se empolgam bastante com a produção de uma monografia ao final do curso; além do que, 84% deles têm interesse na realização de pesquisas em mestrado e/ou doutorado. 5 CONCLUSÕES Diversos são os benefícios gerados pelo conhecimento científico à sociedade. A contabilidade, nesse sentido, traz sua contribuição como ciência responsável pelo estudo do patrimônio das entidades que compõem essa sociedade, com suas pesquisas fornece-lhe benefícios. Tendo em vista o maior desenvolvimento dessa ciência e, consequentemente, da sociedade, é preciso incluir os estudantes de ciências contábeis, desde a graduação, no ambiente da pesquisa científica, como têm sido tendência em outras áreas da ciência. Nesta perspectiva, este artigo buscou responder ao seguinte problema de pesquisa: A que nível está o conhecimento, bem como o interesse acerca da pesquisa científica por parte dos graduandos em ciências contábeis do CERES / Caicó - RN? Para tanto, foi estabelecido como objetivo geral: Averiguar até que ponto os graduandos em Ciências Contábeis do CERES / Caicó - RN detêm conhecimentos e, ao mesmo tempo, se interessam pela pesquisa científica, a 47 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN partir do qual foram traçados objetivos específicos, os quais foram respondidos por esta pesquisa. Quanto ao conhecimento acerca dos tipos de pesquisa mais usados em contabilidade, evidenciou-se que em sua maioria estes estudantes não os conhecem adequadamente; em relação ao seu entendimento sobre métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa, notou-se que é insatisfatório; sobre o conhecimento conceitual acerca das principais publicações científicas, observou-se que a maioria não possui este conhecimento; a respeito do nível de leitura científica, foi identificada como insatisfatória; por fim, foi verificado um bom interesse, por parte desses graduandos em produzir saberes científicos, apesar de não evidenciado na efetiva produção e publicação de artigos científicos. Diante do exposto, responde-se ao problema proposto afirmando que o nível de conhecimento em pesquisa científica por parte dos graduandos em ciências contábeis do CERES é insuficiente. Apesar disso, percebe-se um bom interesse pela pesquisa científica por parte dos mesmos, apesar de não possuírem bom nível de leitura científica e, praticamente, não ser verificada a produção de artigos científicos. Por fim, recomenda-se que outros estudos sejam feitos a partir deste apresentado, tais como: desenvolver o mesmo estudo sobre uma amostra diferente; identificar as causas do baixo conhecimento em pesquisa científica; realizar uma pesquisa experimental com a aplicação de mecanismos de incentivo à leitura científica e à produção e publicação científicas. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007. BEUREN, Ilse Maria (Org.) et al. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3. ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2008. COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR. 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Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 7. ed. 4. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009. 48 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. 2. reimp. São Paulo: Atlas, 2009. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Instituições de Educação Superior e Cursos Cadastrados. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em: 31 maio. 2011. NIYAMA, Jorge Katsumi. Contabilidade internacional. 1. ed. 5 reimpr. São Paulo: Atlas, 2008. SANTOS, Izequias Estevam dos. Manual de métodos e técnicas de pesquisa científica. 7. ed. Ver., atual. e ampl. Niterói: Impetus, 2010. SILVA, Antônio Carlos Ribeiro da. Metodologia da pesquisa aplicada à contabilidade: orientações de estudos, projetos, artigos, relatórios, monografias, dissertações, teses. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE: PRÓ-REITORIA DE PESQUISA. Iniciação Científica. Disponível em: <http://www.propesq.ufrn.br/iniciacao/index>. Acesso em: 25 maio 2011. APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO DA PESQUISA QUESTIONÁRIO Pesquisa: “o conhecimento e o interesse acerca da pesquisa científica por parte dos graduandos em ciências contábeis do CERES/ Caicó - RN”. Observação: Não é necessário identificar-se I - Características Pessoais 1) Qual o seu sexo? a) Masculino b) Feminino 2) Qual a sua idade? . 3) Em qual nível você está cursando, senão todas, a maior parte das disciplinas este semestre? . II - Características acerca do conhecimento em pesquisa científica 4) Você sabe que tipos de pesquisa são mais usados em contabilidade? a) Sim b) Eu tenho alguma noção sobre o assunto c) Não 5) Você sabe quando utilizar cada um deles? a) Sim b) Eu tenho alguma noção sobre o assunto c) Não 6) Você sabe diferenciar métodos de abordagem e métodos de procedimentos? a) Sim b) Eu tenho alguma noção sobre o assunto c) Não 7) Você sabe diferenciar técnicas e instrumentos de pesquisa? a) Sim b) Eu tenho alguma noção sobre o assunto c) Não 49 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 8) Você sabe que instrumentos de pesquisa são mais utilizados em pesquisas contábeis? a) Sim b) Eu tenho alguma noção sobre o assunto c) Não 9) Você sabe quais os principais tipos de publicações científicas? a) Sim b) Eu tenho alguma noção sobre o assunto c) Não 10) Você sabe conceituá-los? a) Sim b) Eu tenho alguma noção sobre o assunto c) Não 11) Você sabe conceituar trabalhos científicos? a) Sim b) Eu tenho alguma noção sobre o assunto c) Não 12) Você sabe conceituar monografia de graduação? a) Sim b) Eu tenho alguma noção sobre o assunto c) Não III - Características acerca do interesse pela pesquisa científica 13) Com que freqüência você lê artigos ou outras publicações científicas? a)Sempre b)Quase sempre c)De vez em quando d)Dificilmente e)Eu nunca leio 14) Você tem interesse em produzir e publicar artigos científicos? a) Sim, bastante b) Sim, um pouco c) Não, não tenho interesse 15) Ainda acerca da produção de artigos científicos, você: a) Já produziu e conseguiu a publicação de um ou mais artigos científicos b) Já produziu e tentou publicar um ou mais artigos científicos, mas não conseguiu c) Já produziu um ou mais artigos científicos, mas não tentou publicar d) Já pensou em produzir um ou mais artigos científicos, mas não o fez e) Nunca pensou em produzir um ou mais artigos científicos Caso você NÃO tenha marcado “a”, vá direto à questão 17. 16) Quantos artigos científicos de sua produção foram publicados nos últimos três anos? 17) Como você se coloca quanto à exigência da produção de uma monografia ao final do curso? a) Me empolga bastante, apesar das dificuldades b) Sou indiferente c) Não tenho o menor interesse, vou fazer apenas por obrigação 18) Você tem interesse em fazer pesquisas mais aprofundadas em mestrado e/ou doutorado? a) Sim, bastante b) Sim, um pouco c) Não, não tenho interesse 50 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A INFLUÊNCIA DOS ESTOQUES E DOS RECEBÍVEIS NO CAPITAL DE GIRO DAS EMPRESAS DE CONSUMO CÍCLICO LISTADAS EM BOLSA José Ronaldo Matos dos Santos [email protected] Aluno da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi Kléber Formiga Miranda [email protected] Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi RESUMO Esse artigo objetivou identificar a relação entre os estoques e recebíveis de empresas cujas atividades se classificassem como consumo cíclico com a Necessidade de Capital de Giro – NCG. Apresentou como hipótese (H1) que os valores de estoques possuem maior influência na NCG quando comparados com os recebíveis. Utilizou-se da técnica de análise de regressão linear múltipla, gerada através do software Microsoft Excel®, tendo como variável dependente a NCG, calculada com base no modelo Fleuriet, e, como variáveis independentes os valores de estoques e os valores de recebíveis de 16 empresas com demonstrações contábeis publicadas no site da BM&FBovespa. O período de análise compreendeu os exercícios de 2009 e 2010. Os resultados demonstraram que a relação entre os e a NCG foi menor que a relação entre os recebíveis e a NCG. Os coeficientes da regressão indicaram que para cada 1% investidos nos estoques haveria um impacto de 0,02% na NCG e que para cada 1% investido nos recebíveis o impacto na NCG seria de 0,82%, rejeitando-se H1. A composição da amostra pode ter influenciado no resultado da pesquisa, sugerindo que trabalhos posteriores sejam realizados com um maior número de empresas, bem como com empresas de porte menores para comparação de resultados. Palavras-chave: Estoque. Necessidade de Capital de Giro. Modelo Fleuriet. Área Temática: Contabilidade Gerencial 51 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN INTRODUÇÃO A necessidade por capital de giro é um aspecto vivenciado por empresas de micro a grande porte, em especial no Brasil que possui uma das maiores taxas de juros do mundo. A sua análise torna-se imprescindível para a estratégia da empresa como menciona Sabadin (2006) afirmando que a base da gestão financeira é o capital de giro, independente se a empresa possua ou não fins lucrativos, devendo ser constantemente monitorado pelos órgãos de gestão das empresas. Diversos estudos foram realizados tendo como objeto a Necessidade de Capital de Giro mencionada neste estudo como NCG. A presente pesquisa objetiva identificar a relação entre os estoques e os recebíveis (representados pelas contas/duplicatas a receber) com a NCG de empresas de capital aberto classificadas no grupo de consumo cíclico. Este grupo compõe empresas que por possuir natureza comercial movimentam bastante suas contas de estoque e recebíveis. A amostra da pesquisa foi composta por 16 empresas deste grupo. Dentre os modelos de análise da NCG adotou-se o modelo Fleuriet, também conhecido como Análise Avançada ou Dinâmica do Capital de Giro, esse modelo utiliza-se das contas do Ativo Circulante Operacional, menos as Contas do Passivo Circulante Operacional, onde essa distinção de operacional implica em dizer, que apenas são utilizadas as contas relacionadas às atividades operacionais da empresa, como estoque, contas a receber, salários e encargos, fornecedores, taxas e impostos, excluindo-se desta conta as de ordem financeira, como caixa, bancos, financiamentos de curto prazo. A metodologia a ser utilizada para concretização dos resultados pretendidos tratará de uma descritiva de natureza quantitativa, onde será utilizada a técnica de regressão linear múltipla, tendo como variável dependente a NCG e variáveis independentes os estoques e os recebíveis. Partindo-se do pressuposto que o gerenciamento de estoques é mais complexo que o controle de recebíveis, apresenta-se como hipótese (H1): Os valores de estoques possuem maior influência na NCG quando comparados com os recebíveis. Embora o estudo seja realizado com empresas de capital aberto e de grande porte, sua justificativa reside na busca por indicadores para a ocorrência da NCG nas empresas, onde a escolha por um grupo de empresas que possuem suas atividades voltadas a aspectos onde os componentes da NCG são recorrentes podendo seus resultados serem verificados em empresas de portes menores. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Aspectos introdutórios A sobrevivência das empresas depende de recursos financeiros, o estoque constitui uma importante ferramenta de auxílio no planejamento financeiro de uma empresa no que diz respeito à gestão do capital de giro. Segundo Gitman (1997) apud Araújo e Machado (2007), os estoques são ativos circulantes necessários para o funcionamento da empresa, a administração desse ativo tem relação direta com as atividades operacionais mercantis. É de fato, o item físico que gera o retorno financeiro objetivado por toda entidade jurídica com fins lucrativos. Antes de adentrarmos no estudo da influência do Controle do Estoque no Capital de Giro, faz-se necessário entendermos do que trata a Administração do capital de Giro, bem como o Gerenciamento de Estoque, pra daí partimos para o impacto, a influência, que o Estoque, causa no Capital de Giro das empresas. 52 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 2.2 Capital de giro Capital de giro são os recursos correntes, ou seja, de curto prazo, que uma empresa possui para que possa manter a “máquina” em funcionamento, financiando as necessidades operacionais, como pagamento de compras de mercadorias, de salários e encargos trabalhistas de funcionários, despesas com água, energia elétrica, telefone. São valores de caixa, ou capazes de serem convertidos em caixa dentro de um mesmo exercício social. Neto e Silva (1997) apud Santiago et. al (2008, p. 45) dizem que, “o termo giro refere-se aos recursos correntes (de curto prazo) da empresa, geralmente identificados como aqueles capazes de serem convertidos em caixa no prazo máximo de um ano”. É formado pelo Ativo Circulante, compreendendo as contas de caixa, bancos, contas receber, estoque, e outras contas de curto prazo. O montante de capital de giro indicado para que uma empresa exerça suas atividades operacionais de forma positiva, depende de diversos fatores, como o volume de vendas, a política de crédito e parcelamento, a estrutura do estabelecimento, o custo de estocagem. Assim, por exemplo, um negócio com alto volume de vendas, que trabalha com parcelamento prolongado, sendo esse produto heterogêneo, como é o caso de vestuários, onde quase todo produto do estoque fica a amostra do cliente, deve, ter um capital de giro alto. Deve-se entender a diferença entre Capital de Giro (ou circulante) Bruto (CGB ou CCB) e Capital de Giro (ou circulante) Líquido (CGL ou CCL). Uma vez que o CGB é representado pelas disponibilidades de uma empresa, pelas contas do ativo circulante, utilizadas para que a mesma movimente seus negócios, o CGL é exatamente a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, ou seja, é o ativo circulante menos os compromissos de curto prazo, como fornecedores, salários a pagar, financiamentos de curto prazo. De maneira mais simples, Capital de Giro Líquido é o montante restante no ativo circulante da empresa, depois que a mesma salda seu passivo circulante. Podemos representar o Capital de giro Líquido da seguinte forma: CGL ou CCL= ATIVO CIRCULANTE (AC) – PASSIVO CIRCULANTE (PC) Dentro de um conceito mais rigoroso, o Capital Circulante Líquido pode ser entendido como o volume de recursos de longo prazo, chamados de passivos não circulantes (Exigibilidades e Patrimônio Líquido), que se encontra financiando os ativos não circulantes (Ativo Permanente e Realizável a Longo Prazo). Representado de forma algébrica do seguinte modo: CGL = (PL + ELP) – (AP + RLP) Onde: CGL = Capital de Giro Líquido PL = Patrimônio Líquido ELP = Exigível a Longo Prazo AP = Ativo Permanente RLP = Realizável a Longo Prazo 2.3 Administração do capital de giro 53 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A administração do capital de giro consiste no processo que vai além do controle e gerenciamento dos recursos financeiros, trata-se do planejamento, organização, controle e liderança de pessoas e recursos no sentido de maximizar o valor gerado pelos itens circulantes da empresa. Assim, gerenciar o capital de giro de uma organização significa todo o trabalho aplicado nas contas circulantes, como caixa, bancos, contas a receber a curto prazo, estoque e dívidas que a empresa possui a curto prazo, como fornecedores, salários a pagar, empréstimos a pagar. Neto e Silva (1997) apud Santiago et. al (2008, p. 56), dizem que: A administração do capital de giro diz respeito à administração das contas dos elementos de giro, ou seja, dos ativos e passivos correntes (circulantes), e as inter-relações existentes entre eles. Nesse conceito, são estudados fundamentalmente o nível adequado de estoques que a empresa deve manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios de gerenciamento do caixa e a estrutura dos passivos correntes, de forma consistente com os objetivos enunciados pela empresa e tendo por base a manutenção de determinado nível de rentabilidade e liquidez. Um grande desafio para o gestor é obter o valor, o dimensionamento, correto da necessidade de capital de giro. Um elevado valor no circulante pode desviar os recursos financeiros da empresa, que poderiam estar sendo aplicados em Ativos Permanentes, ou até mesmo serem aplicados no mercado financeiro em um fundo de renda fixa. Entretanto, um valor reduzido no ativo circulante da empresa poderá restringir a capacidade de operação e de vendas do negócio, correndo o risco de deixar a entidade em situação negativa, podendo a mesma ter que recorrer a instituições financeiras de crédito para conseguir liquidar suas dívidas com fornecedores, e colaboradores. De acordo com Araújo e Machado (2007, p. 50) “o capital de giro deve ser minimizado até o ponto em que não traga restrições às vendas e à lucratividade da empresa. Estoques elevados, em períodos de baixa demanda, podem tornar-se um problema para a empresa, pois terá de pagá-lo sem ao menos tê-lo vendido.” Gitman (1997), considera que uma das decisões mais importantes que devem ser tomadas sobre as contas do circulante do negócio, é definir como usar os passivos circulantes no financiamento dos ativos circulantes. Um grande e importante item, que constitui na maioria das vezes maior parte do ativo circulante da empresa, e que pode influenciar de forma bem acentuada a Administração do Capital de Giro, como já observado, é o Controle do Estoque. 2.4 Administração das contas a receber Contas a receber compreende todos os valores que a empresa tenha direito de cobrar de seus clientes ou de terceiros. Segundo Wernke (2008), os créditos provenientes de contas a receber podem ser derivados de vendas a prazo de mercadorias, produtos ou prestação de serviços; de venda por consignação; da comercialização de ativos; ou de outras formas de negociação sem o recebimento à vista do valor ajustado. O montante de saldo das contas clientes representa o valor que a empresa investe em seus clientes para que eles comprem seus produtos ou contratem seus serviços. Assim, o volume desse saldo está diretamente ligado a política de crédito da empresa, quanto mais “agressiva” for essa política de créditos, maior será o prazo de recebimento, o interesse de compras dos clientes, o volume de vendas, o volume e investimento de giro, e o risco de crédito, a recíproca também é verdadeira. O modelo de política de concessão de crédito que a instituição irá adotar estará diretamente ligado ao volume de Necessidade de Capital de Giro que a empresa poderá dispor. 54 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A empresa precisa conhecer o Giro das Contas a Receber para determinar o número de dias que ela leva em média para receber, de acordo com número de dias do período com o Giro de Clientes em um determinado espaço de tempo. Esse giro é definido pela relação entre a Receita com os valores médios das Contas a Receber (por meio de cheque pré-datado, cartões de crédito, duplicatas a receber, etc.), como afirma Monteiro (2004). O número de dias em que a empresa leva em média para receber dos clientes, tempo esse compreendido entre a venda ou prestação do serviço e o efetivo recebimento desse valor, é também chamado de Prazo Médio de Recebimento. O PMR mostra, segundo Monteiro (2004, p. 10) “o quanto às políticas de crédito e cobrança da empresa são eficientes e adequadas para aquele mercado consumidor”. 2.5 Administração do estoque A administração do estoque torna-se para empresa, no que diz respeito ao capital de giro, uma atividade de suma importância, devido ao fato do estoque se tratar do ativo circulante de menor liquidez, se compararmos a conta caixa e bancos, além disso, o estoque representa normalmente, como já mencionado, um montante de capital aplicado considerável, tendo em vista que ele é exatamente o produto que irá ser comercializado pela empresa para que a mesma tenha sua receita e gere lucro. De acordo com Gitman (1997, p. 713): Os estoques, ou bens em mãos, são ativos circulantes necessários que possibilitam o funcionamento dos processos de produção e vendas com um mínimo de distúrbio e, como as duplicatas a receber, representa, um investimento significativo por parte da maioria das empresas. Hoji (2009), explica que os gestores, bem como os contadores na figura de consultores, independentemente de sua área de atuação, devem atentar o fato de que todo e qualquer valor do capital de giro investido em estoque tem custo financeiro, e afetará o resultado econômico da empresa, devendo sempre estes, tentar manter o nível do estoque o mais baixo possível, sem afetar, porém, as atividades operacionais da empresa. Torna-se indispensável na administração do estoque o uso do fluxo de caixa, instrumento pelo qual se obterá informações que orientarão o gestor sobre suas tomadas de decisão em relação à forma de pagamento na aquisição de mercadorias para revenda, podendo ser à vista ou a prazo. Como ressalta Hoji (2009, p. 123), “as compras a prazo são importantes fontes de capital de giro para empresas de pequeno e médio portes, pois, em condições normais, não são exigidas garantias pelo financiamento”. A empresa deve atentar sobre as vantagens e desvantagens nas compras à vista ou prazo, como por exemplo, os altos juros nas compras parceladas, comparando-as com os juros do mercado financeiro ou outras fontes de financiamentos que a firma possa ter, no caso de um financiamento de capital de giro para pagamento de aquisição de mercadorias à vista. Analisando que, se o juro do fornecedor for menor que o da instituição financeira, compensará à empresa efetuar suas compras a prazo, diminuindo assim, sua necessidade de capital de giro financiado com recursos de terceiros. A empresa deve atentar também ao Prazo Médio de Estocagem, que significa os dias em média que os produtos ficam armazenados até o momento da venda, este índice indica o tempo que o estoque permanece parado, sem girar, não gerando receita, bem como a forma mais adequada de compor seu estoque, tal informação é dada pela fórmula abaixo: 55 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN PME = __________ESTOQUE MÉDIO__________ x 360 CMV (Custo das mercadorias vendidas) Existem diversas técnicas de se gerir os estoques de uma empresa. O SISTEMA ABC é uma técnica de administração de estoques que os classifica em três categorias, por ordem decrescente de importância, quanto ao valor dos investimentos feitos em cada uma. Dessa forma o produto A seria o que necessita de um maior investimento, daí a importância de um maior controle, o B seria um item intermediário, e C seria um produto que poderia ser controlado de forma mais rudimentar. Existe também o sistema do LOTE ECONÔMICO DE COMPRA (LEC), segundo Hoji (2009, p. 123), “o modelo de lote econômico de compras é utilizado para determinar a quantidade ótima de compra de um item de estoque”. Em suma, como afirma Neto e Lima (2009, p. 717), “a técnica do lote econômico envolve determinado equilíbrio entre o custo de manter estoques e o custo do pedido” Em seguida listamos a técnica do JUST IN TIME, por essa técnica a empresa atua de forma a reduzir quase que por completo, ou mesmo completamente, seus estoques, reduzindo os gastos com estocagem. Isso deixa o circulante com maior liquidez, uma vez que o estoque é o item do circulante de menor liquidez do ativo. Mas para esse sistema funcionar perfeitamente é necessário a cooperação de todos (fornecedores, transportadores, funcionários), a fim de eliminar qualquer falha durante o processo. Tal processo não funciona em qualquer ramo de atividade. E por último podemos citar a Técnica do ESTOQUE MÍNIMO, essa técnica utiliza-se da menor quantidade de estoque possível, com base na pesquisa de dados históricos do negócio, com a finalidade de reduzir gastos, sem colocar em risco as atividades da empresa. 2.6 O modelo Fleuriet Uma empresa deve trabalhar num ciclo “perfeito”, todo o processo operacional, desde a compra, até o pagamento efetuado pelo cliente, deve girar de forma equilibrada, de modo que a mesma deve utilizar-se das receitas obtidas em um ciclo para financiar as necessidades financeiras do ciclo seguinte girando perfeitamente. Como esclarece Brigham (2000 apud Silva, 2002, p.88): Virtualmente todas as empresas precisam acumular ativos circulantes em períodos de crescimento das vendas. O crescimento das vendas implica em um aumento nos volumes de contas a receber e estoques, os quais posteriormente, com diminuição do volume de vendas, voltam a níveis menores, tendo em vista a existência de um grau de relacionamento significativo entre os volumes de vendas e os níveis de estoques e contas a receber. Tal processo é representado com a ilustração abaixo: CONTAS A RECEBER CAIXA ESTOQUE Figura 1: Ciclo financeiro das empresas 56 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Esse é o estado desejável, mas, inevitavelmente, ocorrem oscilações nos níveis dos componentes do capital de giro, que dificultam a permanência da empresa neste estado. A partir daí, a empresa busca um meio de sanar o problema e continuar com suas atividades. É quando a mesma busca o financiamento do capital de giro, sujeitando-se a altos juros impostos pelas instituições financeiras, podendo tal necessidade ser suprida com o capital próprio, por meio do Patrimônio Líquido. Um dos métodos mais utilizados para se calcular o Necessidade de Capital de Giro (NCG), é o MODELO DE FLEURIET, esse método propõe uma divisão gerencial das contas do ativo e passivo circulante. As contas são separadas segundo sua natureza financeira ou operacional, sendo essa separação essencial para o processo de avaliação da NCG. Desse modo, o Ativo se divide em Ativo Circulante Financeiro (ACF) e Ativo Circulante Operacional (ACO), o ACF é constituído por elementos financeiros, tais como caixa, bancos, aplicações financeiras, títulos de curto prazo. Já o Ativo Circulante Operacional ou Cíclico, como o próprio nome diz, constitui-se por contas de natureza operacional, que estão relacionadas às atividades operacionais da empresa, como estoque, duplicatas a receber e provisão para créditos de liquidação duvidosa. Seguindo a mesma lógica, o Passivo Circulante se divide em Passivo Circulante Financeiro (ou errático), composta por empréstimos, financiamentos bancários, duplicatas descontadas, parcelas descontadas no exercício referente a obrigações financeiras de longo prazo. E o Passivo Circulante Operacional (PCO) ou Cíclico, formado pelas obrigações de curto prazo relacionadas às atividades operacionais da empresa, como salários e encargos, fornecedores, impostos e taxas. Dessa forma, para que se possa calcular a Necessidade de Capital de Giro, a seguinte fórmula deve ser utilizada: NCG = ACO – PCO As contas operacionais são as únicas utilizadas para o cálculo da NCG, isso por que as contas financeiras, segundo Medeiros e Rodrigues (2004) são variáveis erráticas, não estando ligadas à atividade operacional, ao ciclo operacional, da empresa. Quando o resultado dá positivo significa dizer que o ciclo operacional é maior que o prazo médio de pagamento, e quando dá negativo ocorre o contrário. A necessidade de capital de giro se movimenta de acordo com as vendas, quanto mais elevado o volume de vendas, maior deve ser a demanda de investimentos em giro, o contrário também é verdadeiro. Nesse sentido o aumento em capital de giro deve acompanhar as operações comercias da empresa. Levando-se em consideração essa reformulação das contas do Ativo e Passivo Circulantes para se calcular a NCG, observa-se que a conta de Estoque pode representar um fator determinante para o financiamento de curto prazo, isso por que as principais contas do ACO, são o estoque e as contas a receber. Uma vez que a geração de estoque pode implicar na redução de ativo circulante, ou aumento de passivo circulante, estoque ocioso então, pode gerar Necessidade de Capital de Giro. Já a conta Clientes, levando-se em consideração diversos fatores, como possíveis perdas geradas por não pagamento de contas a receber, esta conta constitui fator preponderante na NCG. 3 METODOLOGIA 57 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O presente estudo será realizado por meio de uma pesquisa descritiva de natureza quantitativa, conforme Vergara (2004), buscando identificar a relação entre o valor do investimento em estoques e a Necessidade de Capital de Giro (NCG) das empresas de capital aberto com suas demonstrações publicadas no sítio web da BM&FBovespa, pressupondo, conforme abordagem teórica que os estoques correspondam ao principal influenciador da NCG das empresas. A NCG foi calculada por meio de dados obtidos no Balanço Patrimonial dos exercícios 2009 e 2010 das empresas da amostra através da seguinte fórmula: NCG = Estoques + Contas a Receber – Fornecedores – Obrigações Sociais e Trabalhistas – Impostos – Financiamentos de curto prazo Depois de aplicada a fórmula, com base no modelo Fleuriet, os dados foram dispostos no aplicativo Microsoft Excel® para geração da regressão linear múltipla com base no seguinte modelo: γ = β0 + β1X1 + β2X2 + μ Onde: γ = NCG – Necessidade de Capital de Giro X1 = Valor dos Estoques (ESTOQUES) X1 = Valor dos Clientes (DUP A REC) μ = Resíduo da regressão 3.1 População e amostra A amostra da pesquisa, obtida dentre as empresas de capital aberto com demonstrações publicadas no site da BM&FBovespa, compreende 16 classificadas no ramo de comércio do segmento de consumo cíclico. A escolha da amostra objetiva o estudo de empresas que possuam na sua caracterização empresarial a presença de estoques que será imprescindível para desenvolvimento da pesquisa. Apresenta-se no Quadro 1 as empresas componentes da amostra da pesquisa: Razão Social 1. GLOBEX UTILIDADES S.A. 2. IGB ELETRÔNICA S/A 3. MAGAZINE LUIZA S.A. 4. SPRINGER S.A. 5. WHIRLPOOL S.A. 6. B2W - CIA GLOBAL DO VAREJO 7. DUFRY A.G. 8. HYPERMARCAS S.A. Quadro 1: empresas componentes da amostra Razão Social 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. LOJAS AMERICANAS S.A. AREZZO IND. E COMÉRCIO S.A. GRAZZIOTIN S.A. GUARARAPES CONFECCOES S.A. LOJAS HERING S.A. LOJAS RENNER S.A. MARISA LOJAS S.A. RESTOQUE COM.E CONFEC. DEROUPAS S.A. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 58 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A análise dos dados se deteve na análise da relação entre os estoques e os recebíveis com a NCG das empresas da amostra por meio de aplicação de regressão linear múltipla chegando aos resultados dispostos na Tabela 1. Tabela 1 – Coeficientes obtidos com a aplicação da regressão Erro Coeficientes padrão Stat t valor-P Interseção -0,12789 0,048348 -2,64519 0,013666 ESTOQUE 0,027587 0,32275 0,085474 0,932539 DUP_A_REC 0,827227 0,167894 0,000040 0,000040 Fonte: Dados da pesquisa Os resultados da pesquisa contaram com informações adicionais do modelo que se demonstrou estatisticamente significante ao nível de 5% (sig. = 0,000) e que o ajuste do modelo medido pelo R2 foi de 0,53 demonstrando que de acordo com os dados coletados os estoques e as duplicatas a pagar explicam 53% da NCG. As informações da Tabela 1 indicam que tanto os estoques quanto as duplicatas a receber influenciam positivamente a NCG. Isso já se esperava visto que, pela fórmula aplicada, ambas as variáveis são positivas na equação. A informação que destoou da hipótese da pesquisa foi o fato de que para cada 1% de investimento em estoques há apenas 0,02% de incremento na NCG, demonstrando pouca influência dos estoques na NCG das empresas pesquisadas. De acordo com os coeficientes indicados na Tabela 1 constatou-se, também, que para cada 1% de investimento em duplicatas a receber há um incremento de 0,82% na NCG. Essa constatação indicou uma relação expressiva entre os recebíveis e a NCG. Pode-se inferir que o fato de a amostra ser composta por empresas de capital aberto, com publicação de suas demonstrações via web, indicando solidez no mercado, sua política de vendas a prazo e de renovação de estoques seja organizada em nível estratégico de forma a não comprometer suas finanças. Assim a NCG ocorre com maior ênfase devido aos seus recebíveis e não aos seus estoques. A agilidade na entrega de mercadorias como mencionado o modelo Just in Time, podem ocasionar tais resultados, adicionado ao crédito acentuado no Brasil que permite o parcelamento estendido na aquisição de mercadorias e produtos de consumo, elevando o nível de NCG por meio de recebíveis e não por estocagem. Neste contexto rejeita-se a hipótese 1 (H1) que preconizava que: Os valores de estoques possuem maior influência na NCG quando comparados com os recebíveis. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa objetivou identificar a relação entre os estoques e os recebíveis com a NCG pressupondo que os estoques possuiriam maior relação com a NCG por possuir um sistema de controle mais complexo. Utilizou-se do modelo Fleuriet para composição da NCG e dos dados financeiros dos balanços patrimoniais publicados no sítio web da bolsa de valores de São Paulo (BM&FBovespa). A amostra se constituiu de 16 empresas de capital aberto classificadas no grupo de consumo cíclico que possui na natureza de suas atividades a constante movimentação das contas de estoque e recebíveis que possuem relação positiva com a NCG, conforme o modelo Fleuriet. Para análise dos dados coletados foi utilizado o aplicativo Microsoft Excel® para geração dos coeficientes da regressão linear múltipla, cujo modelo contemplava a NCG como variável dependente e os valores de estoques e os valores de recebíveis como variáveis independentes. 59 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Os resultados da pesquisa indicaram pouca relação entre a NCG e os estoques, visto que para cada 1% de investimento em estoque há um incremento de 0,02% na NCG ao passo que ao analisar essa relação com os recebíveis constatou-se que para cada 1% investidos em recebíveis 0,82% era incrementado na NCG. Esses resultados refutaram a hipótese da pesquisa de que os estoques possuiriam maior relação com a NCG quando comparados com os recebíveis. Contudo, pode-se inferir que a composição da amostra possa ter influenciado no resultado, pois modelos de estocagem como o Just in Time, normalmente utilizado por grandes empresas, e o acesso facilitado ao crédito podem gerar os resultados constatados. A composição da amostra pode ter influenciado o resultado da pesquisa, que se limitou aos dados dos períodos de 2009 e 2010. Sugere-se a aplicação deste modelo em micro e pequenas empresas de consumo cíclico do mesmo ramo com abrangência regional, para se definir se os resultados obtidos nas empresas de grande porte com capital aberto é o mesmo com as micro e pequenas empresas, dada a importância que o capital de giro tem para a sobrevivência destas empresas. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, V. S.; MACHADO, M. A. V. Gestão do capital de giro de pequenas empresas. Rev. Cent. 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CAPITAL DE GIRO: Interpretando as dificuldades enfrentadas pelos empreendedores frente ao mito empresarial. Trabalho de conclusão de curso. Faculdade Integradas – Antônio Eufrásio de Toledo, Presidente Prudente, 2008. SILVA, A. A. Gestão financeira: um estudo acerca da contribuição da contabilidade na gestão do capital de giro das médias e grandes indústrias de confecções do estado do Paraná. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo – FEA/USP, São Paulo, 2002. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2004. WERNKE, Rodney. Gestão Financeira: ênfase em aplicações e casos nacionais. Rio de Janeiro: Saraiva, 2008. 60 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN RETROSPECTIVA DA PROFISSÃO CONTÁBIL PERSPECTIVAS E DESAFIOS Maria das Neves Batista Santos2 RESUMO A contabilidade como Ciência Social Aplicada visa fornecer informações aos seus usuários que servirão como embasamento durante o processo decisório empresarial, cujo impacto torna-se perceptível por meio das perspectivas enfrentadas pelos profissionais contábeis, ao buscar o gerenciamento de sua profissão. Este artigo objetiva investigar o processo de mudança ocorrido na profissão contábil, em virtude das constantes alterações na legislação fiscal e profissional, perante a qualificação profissional ao ofertar seus serviços à sociedade. Devido à multiplicidade destas mudanças, que acarretam insegurança no desempenho dos contabilistas, estes precisam ficar atentos às novas exigências e expandir seus conhecimentos para atender de maneira satisfatória seus usuários. Nesse aspecto, a categoria se encontra ávida por inovação, ao conviver diariamente com a tecnologia de ponta, que os transforma num transmissor de dados aos órgãos fiscalizadores, sem dispor de tempo para investir na sua qualificação profissional. A metodologia utilizada neste estudo trata de uma pesquisa bibliográfica, de caráter exploratório, qualitativa, aplicando-se a técnica de análise do conteúdo durante todo o processo investigatório. Com os resultados da pesquisa verificou-se que a profissão contábil é de suma importância na proteção dos ativos e divulgação da riqueza para toda a sociedade de forma confiável. As perspectivas são promissoras para os profissionais que souberem vender conhecimento a ser aplicado na gestão empresarial. O grande desafio dos contabilistas será o investimento em mudanças comportamentais por meio da formação de coaching integral sistêmico, adentrando a era da sabedoria de maneira profissional, em todo o país, para o engrandecimento da nação, atendendo aos princípios de contabilidade. Palavras-chave: Contabilidade. Profissão. Vocação. Profissão Contábil. Competência. 2 Contadora, Especialista em: Auditoria (UFRJ); Gestão da Qualidade Total (UFRN); Gestão Estratégica de Negócios (FAL). Docente da Faculdade Católica Santa Teresinha (FCST) do curso Bacharelado em Administração. E-mail: [email protected] 61 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1 INTRODUÇÃO A profissão contábil encontra-se numa posição relevante, a qual exige por parte dos contabilistas estudos e pesquisas sobre a aplicabilidade das ciências contábeis nas questões socioeconômicas, ao promover seu desenvolvimento organizacional. A complexidade do gerenciamento de uma instituição empresarial exige que se forneçam à administração informações para que seus objetivos sejam concretizados. Dessa forma, o contador deve manter-se atualizado, além de avaliar seu próprio desempenho, por isso, sendo imprescindível que os profissionais invistam em sua profissão, diante das perspectivas de crescimento no mercado de trabalho do contabilista. O cenário por que passa a profissão contábil no País desperta um crescente interesse em investigar quais são as perspectivas de crescimento e desafios imputados aos contabilistas. Com o advento das novas tecnologias e mudanças constantes na legislação fiscal e profissional, que dão suporte aos contadores que estão habilitados para operacionalizá-los, disposição ao perder esta oportunidade em detrimento dos profissionais de informática que estão dominando esta área de atuação. Portanto, torna-se indispensável aos profissionais capacitarse para subsidiar os gestores de maneira estratégica no seu processo decisório em tempo real. Nesse contexto, o maior desafio dos contabilistas consiste em desenvolver uma visão estratégica sobre os negócios, municiando os gestores de informações proativamente, aliandose aos esforços empreendidos pelos órgãos de classe na educação continuada, em virtude da valorização da categoria profissional, agindo com ética e investindo seus conhecimentos no desenvolvimento da região onde atua de forma profissional. A principal contribuição que este artigo pretende fornecer refere-se à investigação do processo de mudança ocorrido na profissão contábil, quando o contabilista, além de ofertar serviços de qualidade à sociedade, deve pautar-se na geração e execução na essência das ciências contábeis ao cumprir os princípios de contabilidade, investindo na sua competência técnica e interpessoal. 2 METODOLOGIA Para a elaboração este estudo utilizou-se a metodologia de pesquisa bibliográfica que consiste em “uma das formas de investigação mais frequentes em todas as áreas do 62 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN conhecimento humano”, (LUDWIG, 2009, p. 51). Em primeiro lugar, esse tipo de pesquisa requer que sejam realizadas consultas em livros e artigos científicos para realização da revisão bibliográfica. O estudo caracteriza-se de caráter exploratório, pois que “trata-se de pesquisa que geralmente proporciona maior familiaridade com o problema, ou seja, tem o intuito de tornálo mais explícito”, (FIGUEIREDO, 2008, p. 93). Desta forma, utilizou-se o método de pesquisa quantitativa. A técnica a ser empregada no estudo constou de análise de conteúdo. Segundo (BARDIN, p.31), “Análise de conteúdo é um método muito empírico, depende do tipo de fala a que se dedica e o tipo de interpretação que se pretende como objetivo”. A pesquisa será avaliada pelo sistema de análise qualitativa do conteúdo em relação aos seus procedimentos, onde será caracterizado um determinado fragmento da mensagem que o estudo em consideração pode abranger. 2.1 ANÁLISES DOS DADOS Para analisar este estudo utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, onde se pudesse formar uma opinião a respeito dos assuntos estruturados em relação ao objetivo pretendido com este artigo, os dados foram coletados no cadastro do Conselho Federal de Contabilidade (2011), com um contingente de 490.335 contabilistas registrados em todo o Brasil, os quais foram mapeados de acordo com o tema da presente pesquisa que foi analisado. Por meio dessas informações buscou-se responder aos questionamentos metodológicos da pesquisa. Em referência ao sexo, pôde-se observar que a categoria de contadores de 33% são homens e 26% são mulheres, enquanto que os técnicos de contabilidade 26% são homens e 15% são mulheres. Esse resultado está relacionado ao público alvo desta pesquisa, onde 59% representam o sexo masculino e 41% estão representados pelo sexo feminino, isto indicando que as perspectivas do crescimento profissional encontram-se em equilíbrio em questões de gênero, como se apresentam os dados, na tabela 1. Tabela 01: mapa dos profissionais ativos registrados no CFC 63 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 2.1.1 Por sexo Profissionais Masculino Feminino Feminino Nº % Nº % 160.889 33 129.655 26 127.817 26 71.944 15 SUB-TOTAL 288.706 59 201.599 41 TOTAL GERAL 490.355 Contador Técnico de Contabilidade 100 Fonte: Conselho Federal de Contabilidade (2011). Outro item a ser mapeado pela pesquisa foi a escolaridade dos contabilistas registrados no CFC. Com isso, observou-se que 59% dos contabilistas são de nível superior, e que 41% são de nível médio. Acredita-se que o nível médio de escolaridade seja justificado pelo acúmulo de trabalho, porque as pessoas desde cedo tem que batalhar por sua sobrevivência, sem ter tempo de dedicar-se a sua formação instrucional. Isso indica o desafio que esta classe terá diante das constantes exigências do mercado, devido às mudanças no âmbito profissional, querequer um intenso investimento em educação instrucional, tecnológica e continuada por parte dos profissionais e os órgãos de classe, para que estes profissionais possam permanecer no mercado de trabalho. A seguir, observam-se estes dados na tabela 2. Tabela 02: profissionais ativos registrados por grau de escolaridade no CFC Profissionais 2.1.2 Grau de instrução Escolaridade Contador Técnico Nº % 290.544 59 de 64 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Contabilidade 199.811 41 TOTAL 490.355 100 Fonte: Conselho Federal de Contabilidade (2011). 2.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Para a compreensão da profissão contábil, utilizou-se de leituras em artigos científicos, livros e periódicos sobre este assunto, constatou-se por meio do embasamento teórico e da análise comparativa, cujos dados foram mapeados no site do CFC (2011), para que se pudesse entender uma correlação entre a Ciência Contábil e as perspectivas e desafios imputados aos contabilistas contemporâneos. Nota-se que as informações foram comparadas, levando-se em consideração a Ciência Contábil relacionada às perspectivas e aos desafios dos contabilistas. A tecnologia diante dos processos, serviços, sistemas de software e o mercado. A evolução da civilização em relação às mudanças na profissão contábil, durante todo este trajeto profissional. Com base no cruzamento das informações mapeadas, constatou-se que dos contabilistas registrados no Conselho Federal de Contabilidade, 59% são contadores e que 41% são técnicos em contabilidade, onde uma grande parcela de profissionais estão habituados unicamente a atuar para atender ao fisco, deixando de lado a gestão. Como se demonstra no quadro abaixo. Figura 03: Análise comparativa da Profissão Contábil/Tecnologia/Evolução da Civilização. Contábil em relação à Ciência Contábil Ciência Contador Coaching Controler Contador Financeiro Guarda Livro OBJETO DE COMPARAÇÃO Partidas dobradas PROFISSÃO CONTÁBIL Perspectivas 65 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Desafios Processos Tecnologia Serviços Sistemas Mercado Caçador e Coletor Civilização da Evolução Agrícola Industrial Informação/ Conhecimento Sabedoria Fonte: Adaptada de Bardin (1977, p.61). Com o resultado deste estudo fica bastante evidente a necessidade de a profissão contábil ampliar suas exigências em função de um aumento gradativo na formação instrucional dos profissionais em termos de liderança comportamental. Tanto no nível médio quanto no superior, já que o mercado busca por profissionais que além de contadores financeiros, que apenas transmitem as informações ao fisco, passem a ser valorizados por sua contribuição estratégica, para podem atuar em plena era da sabedoria, tornando-se úteis à sociedade. Por isso, tanto por parte dos profissionais, como dos órgãos de classe, será necessária a realização de intensos investimentos em educação continuada, em pesquisas científicas, cujos resultados possam ser aplicados em prol do desenvolvimento das organizações, onde os contabilistas estão ofertando seus serviços, comparando-se “as cinco eras da voz da civilização” segundo Covey (2005, p.15). Percebe-se que a profissão contábil encontra-se bem distante da evolução por que passa a civilização, onde a modernização tecnológica requer a aplicação da contabilidade de forma proativa em tempo real, o qual poderá gerar aumento na competitividade empresarial, tendo em vista que da forma como era operacionalizada a 66 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN contabilidade, antes dessas mudanças, na legislação, servia apenas para fornecer informações ao fisco. Evidencia-se que o contabilista deve atuar de forma estratégica assessorando as empresas em tempo real. Cabe ao profissional contábil agregar valor aos negócios dos seus clientes que, nos dias atuais, passam a ser tão importantes no processo decisório. “Como a certificação digital, o Sistema Público de Escritura Digital (SPED) e a Nota Fiscal Eletrônica (NFe) estão transformando a gestão empresarial”, (DUARTE, 2009, p. 5). Além de preocupar-se com sua efetiva implementação do planejamento estratégico, deve promover o aprimoramento dos controles internos para que seus clientes possam transmitir suas informações pelo meio do Sistema Público de Escrituração Digital - SPED, acompanhando todo o processo desde sua concepção, controle, avaliação e mensuração dos seus resultados, tornando-se um auditor interno evitando transtornos para os seus clientes; este será um dos maiores desafios dos contabilistas que pretendem continuar no mercado. Ao passo que o SPED for realizado nas empresas, o fisco terá as informações sobre tudo o que a empresa compra e vende, além do controle de estoque por produto, através das NF-e, em tempo real. Por fim, anualmente, seus movimentos e demonstrativos contábeis terão que bater com as informações fiscais que já estão na base de dados da Receita Federal. Azevedo (2011). O impacto do SPED nas organizações será amenizado com a formação da gestão empresarial de forma profissional, em termos de planejamento e avaliação de resultados, criando cenários para apoiar seus negócios, fatores estes impulsionadores da competitividade. Esse desafio é um caminho sem volt, para a profissão contábil da contemporaneidade. 3 CONCEITOS CONTÁBEIS Ao se investigar a fundamentação teórica acerca das retorspectivas da profissão contábil, realiza-se uma breve explanação sobre a ciência contábil e as denominações que foram dadas aos profissionais de contabilidade: inicialmente a profissão se chamava o método das partidas dobradas, em seguida foi denominada de guarda livros, após o seu reconhecimento como profissão regulamentada passou a ser conhecida como contador financeiro, em seguida controler, e em plena era da sabedoria pode ser denominado como 67 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN contador estratégico. Com o intuíto de proceder um entendimento sobre a atual situação dos contabilistas, no momento de profundas transformações no cenário ecomômico, político e social brasileiro, o que, por sua vez, torna-se um pré-requisito para que se possa discutir sobre os desafios profissionais. Para Marion (2003, p. 26), “a contabilidade é uma ciência social, pois estuda o comportamento das riquezas que se integram no patrimônio, em face das ações humanas”. Nesse sentido, entende-se que a contabilidade constitui-se numa ciência social aplicada, que analisa o desempenho das fortunas que compõem o patrimônio das pessoas físicas ou jurídicas, em virtude da atuação das pessoas no gerenciamento destas instituições, ao exercer a verdadeira ciência contábil. “Ciência contábil é o conjunto de conhecimento que explica os fenômenos ocorridos com o patrimônio sobre égide das finalidades: rentabilidade, liquidez, produtividade, elasticidade, economicidade, equilíbrio e invulnerabilidade”, (SÁ,1994, p.76). Partindo dessa teoria, compreende-se que a ciência contábil é constituída por princípios que definem os acontecimentos que permeiam a riqueza de uma sociedade, tendo como alvo a mensuração de sua rentabilidade, o seu grau de liquidez, o nível de sua produtividade ao manter um equilíbrio entre o gerenciamento dos recursos investidos e seus financiamentos. Segundo (GARRISON, 2007, p. 4), “A contabilidade gerencial se preocupa com o fornecimento de informações aos administradores”, enquanto a contabilidade gerencial fornece informações aos gestores dos negócios, já a contabilidade denominada financeira propõe subsídios aos acionistas, credores e outros agentes situados fora da organização, para que possam investir nos seus negócios. Isso implica dizer que a contabilidade gerencial promove informações para gerenciar as instituições, estando voltada ao ambiente interno corporativo; por sua vez, a contabilidade financeira para Sá (1994, p.103) é a “expressão adotada para evidenciar a aplicação da contabilidade às contas do sistema financeiro”, mantém as pessoas que se encontram fora da instituição informadas sobre o resultado alcançado pela empresa, além de poderem avaliar o desempenho empresarial, por meio dos demonstrativos financeiros, elaboradoros pelos profissionais contábeis, que deverão exercer sua profissão. 68 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 3.1 PROFISSÃO A palavra profissão vem do latim “professio”: significa professar. É abraçar um gênero de vida que seja adequado, isto é, possível e desejado ao sujeito. A possibilidade é dada pelas aptidões intrínsecas ao indivíduo e pelas circunstâncias condicionantes de seu ambiente. Para se diferenciar na profissão é necessário que este sujeito se visualize exercendo suas atividades. “Cabe a você escolher estar entre aqueles que realmente fazem a diferença!”, (D’ELIA, 1997, p. 45). A profissão é a maneira concreta de cada pessoa colaborar na construção e para a transformação da sociedade, assumindo um serviço numa dimensão peculiar, com plena responsabilidade as próprias inclinações. Através da profissão, o homem serve com mais eficiência a si e à sociedade. O profissional contábil é detentor de importantes informações. Se for capaz de vislumbrar tendências, projetar cenários e sugerir ações estratégicas a seus clientes passa a conquistar credibilidade no mercado. As empresas só terão a ganhar com essas orientações. Por isso, as empresas preferem profissionais com visão estratégica, pois eles agregam competitividade a suas organizações. Para desenvolver a visão estratégica, é preciso buscar informações, transformá-las em conhecimento, observando o ambiente (interno e externo) e as pessoas, analisando-os de forma crítica: aprender a ler o que está por trás das notícias, não acreditar em tudo o que as pessoas dizem ou pensam a seu respeito, mas construir suas próprias crenças embasadas nos princípios de contabilidade. “O que no passado nos acostumamos a chamar de ‘princípios fundamentais de contabilidade’, no bojo das alterações e ajuste promovidos a partir da edição da Lei nº 11.638/2007 passou a denominar-se, simplesmente, princípios de contabilidade” (SANTOS, 2011, p. 10). Quando a lei acima citada passou a vigorar, o CFC editou a Resolução 1.282/2010, que promoveu a modificação da denominação dos princípios fundamentais de contabilidade para princípios de contabilidade, revogando o princípio da atualização monetária e imputando penalidades aos contabilistas que deixarem de seguir esses princípios. Nesse contexto, na profissão, o compromisso é mais importante do que o acordo; no acordo você concorda com o outro, enquanto que o compromisso assumido perante o cliente, 69 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN alguma coisa sua vai junto, a palavra dada, a honra, a dignidade, a ética e sua lealdade. Por isso, é preciso usar os recursos reconhecidos como eficazes, empregar métodos, processos gerenciais reconhecidos como mais eficientes; ter disciplina, seriedade, envolvimento no trabalho; pesquisar constantemente, buscar aprimoramento técnico e profissional. Ao concluir sua formação superior em ciências contábeis, o sujeito incorpora a ciência social aplicada que pode levá-lo a exercer uma brilhante carreira, desde que sua profissão passe a ser muito importante para sua existência, ao mesmo tempo que se modifica essa realidade, internaliza seus valores pessoais que lhe serve de guia, durante todo a sua carreira. A partir da colação de grau o acadêmico deixa de ser estudante e torna-se um profissional, que para transforma-se em contador necessita ser inscrito no CRC (2003) de sua jurisdição. Isso requer uma consciência sobre sua área de atuação, além de imenso grau de confiança para poder atuar em equipe e conquistar excelentes resultados, já que o mercado de trabalho é bastante competitivo e que até as mais renomadas Universidades não conseguem reduzir o gap3 entre as inovações profissionais e os conteúdos ministrados durante a frequência do curso superior. A partir do juramento, o profissional passa a assumir responsabilidade civil e criminal diante da sociedade que lhe confiou uma profissão de nível superior. Por isso, essa promessa deve ser internalizada durante toda a sua vida profissional, à medida que for exercendo suas tarefas, passando a refletir sobre suas responsabilidades ao defender o bem comum, desenvolver a ciência e construir uma sociedade mais justa, onde seja possível exercer plenamente suas atribuições com autonomia e pensamento sistêmico. 3.2 VOCAÇÃO PROFISSIONAL O termo vocação vem do latim “vocare”: chamar. É chamamento que desafia. É convite à realização plena das potencialidades e das capacidades existentes em cada pessoa. “Para aqueles que encontram sua verdadeira vocação por meio do autoconhecimento” (WONG, 2008, p. 20). É orientar-se para o verdadeiro ser. Abrir-se aos apelos da vida. Como sujeito da própria história: única, original e intransferível. Vocação é a tendência de um indivíduo realizar uma tarefa, consiste no conjunto de circunstâncias de ordem emocional que inclina e predispõe a pessoa ao exercício de determinada profissão. A vocação implica estar a serviço do 3 Significa a diferença entre o que se deseja e o que se tem. 70 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN outro, pode-se descrever como a tendência interna de toda pessoa em ser cada vez melhor, para poder atuar de forma consciente no campo do exercício profissional, Segundo Duarte, (2009), vocação é transmitir as próprias riquezas interiores ao ser livre, para responder autenticamente ao sim que foi proferido durante a sua formatura. Como a vocação está mais na linha do ser cada vez melhor para poder agir adequadamente, enquanto que a profissão está mais na linha do fazer, de exercitar suas habilidades e atitudes em prol de um mundo melhor, ampliando seus conhecimentos. Para Chung (2002),o conhecimento sem qualidade e sem valores éticos pode levá-lo a tomar decisões inadequadas e destruir a sua reputação. Quando o indivíduo pensa que pelo fato de ter bastante conhecimento se torna superior aos seus semelhantes, nesse sentido, o profissional se inebria com a ilusão do poder e da certeza sobre as tendências do mercado de trabalho, que é pura quimera. Logo que se evolui no processo de construção de si próprio, aí se eleva a capacidade de transmitir conhecimentos e isso deve transformar-se numa enorme vantagem para quem está buscando edificar seu sucesso, além de ser uma técnica fácil de assimilação, Sanders (2003). A primeira fase da formação acadêmica pode ser denominada de aprendizagem teórica, enquanto que o exercício profissional é a aplicabilidade dessa teoria. A junção da teoria a da prática transforma-se num acontecimento mágico, o qual se chama de sabedoria, que provoca êxtase em quem deseja adentrar ao mercado de trabalho. A melhor maneira que o sujeito tem em ampliar sua competência é procurar aprender enquanto transmite seus conhecimentos; todavia, quanto mais se ensina, mais se aprende, é uma verdadeira moeda de troca, onde é preciso dar primeiro para depois poder colher os frutos e tudo isso perpassa pela confiança mútua (LIMA, 2009, p.31). Ao se buscar o aperfeiçoamento modela-se o comportamento ao se usar a ética, mas ao se tornar um profissional disciplinado, a pessoa poderá ter como resultado a conquista do seu sonho, caracterizando-se como um salto qualitativo em sua vida, além de auferir consciência da necessidade de mudanças interiores, tudo isso lhe proporcionará a realização de sua missão profissional. Já Souki (2007) diz que a missão profissional consiste em realizar algo que é importante para sua vida. Acreditar no seu potencial e saber que veio ao mundo para fazer a diferença na vida das pessoas é cumprir uma tarefa para a qual foi chamado. Quando a pessoa descobre sua 71 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN verdadeira missão é possível compreender que ela pode contribuir para o aperfeiçoamento da comunicação e do relacionamento entre as pessoas. De acordo com Hunter (2004), o profissional de alto nível dispõe de tempo para pensar como intervir nos processos decisórios, podendo organizar-se e aprender a refletir sobre as consequências das suas decisões na vida das pessoas que lhe cercam e da própria sociedade. Se o profissional aprende a pensar para poder intervir nos processos organizacionais, de certa maneira, em cada situação terá de manter um equilíbrio emocional para poder mudar suas crenças pessoais e transformar hábitos arraigados que lhe impedem de crescer como ser humano e profissional, tendo em vista que a profissão se torna um sobre nome, a responsabilidade aumenta quando a pessoa não procura procurar zelar pelo seu próprio nome, pois não é só a pessoa dele que se encontra em evidência, mas toda uma categoria profissional, por isso é de suma importância procurar definir qual é sua missão na vida, porque sua profissão existe? Nesse contexto, quando o profissional sabe o que quer e se concentra exclusivamente nos seus objetivos, mantendo o foco e canalizando suas energias para se transformar num excelente contabilista dignifica a profissão contábil. 3.3 PROFISSÃO CONTÁBIL O profissional que almeja exercer a profissão contábil precisa gostar do que faz e, acima de tudo, ser bem relacionado com sua categoria e tornando-se útil à sociedade. Faz parte do perfil do contabilista manter uma execelente rede de contato, além de compreender a própria sociedade em que os negócios estão inseridos. Segundo Fortes (2001), a profissão do contábil é regulamentada pelo Decreto-Lei nº 9295/46 de 27 de maio de 1946 e resoluções complementares, dispondo sobre as prerrogativas profissionais, e sendo especificada pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 560 de 28 de outubro de 1983: Art. 1º - O exercício das atividades compreendidas na contabilidade, considerada estar em sua plena amplitude e condição de Ciência Aplicada, constitui prerrogativa, sem exceção, dos contadores e dos técnicos em contabilidade legalmente habilitados, ressalvadas as atribuições privativas dos contadores. 72 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Art. 2º - o contabilista pode exercer as suas atividades na condição de profissional liberal ou autônomo, de empregado regido pela CLT, de servidor público, de militar, de sócio de qualquer tipo de sociedade, de diretor ou de conselheiro de quaisquer entidades, ou, em qualquer outra situação jurídica, definida pela legislação, exercendo qualquer tipo de função. Pelo que se percebe nos artigos acima transcritos, cabe exclusivamente aos contabilistas habilitados a prática de todas as atividades compreendidas na contabilidade, podendo este ainda ser profissional liberal, empregado regido pela CLT, servidor público, militar, sócio de qualquer tipo de sociedade, diretor ou conselheiro de quaisquer entidades. Por isso, o perfil do contabilista deve ser dinâmico e complexo, pois trata-se de uma profissão que é exercida por dois níveis de profissionais que, independente de seu nível de escolaridade precisa estar atento e comprometido com seus clientes, bem como, alguém que compreende todo os processos do negócio desde seu planejamento, passando pela execução, controle, avaliação e mesuração dos orçamentos que farão parte integrande do planejamento estratégico das empresa dos clientes. 4. PERSPECTIVAS DA PROFISSÃO CONTÁBIL NO BRASIL 4.1 CAMPO DE ATUAÇÃO Cabe ao profissional da contabilidade, através de sua competência pessoal, identificar qual o ramo de atividades que deseja atuar. Para tal, o profissional precisa possuir habilidades e se especializar naquilo em que pretende trabalhar. O Brasil, como um país em ascessão em sua economia, possui um amplo campo de atuação para os profissionais contábeis, o qual tende a permanecer em expansão, com o crescente número e proporção dos empreendimentos brasileiros. Para se ter uma noção de quão vasto é o mercado de trabalho para o profissional de contabilidade no País, segundo informações do CFC há no Brasil 490.355 contadores registrados no Conselho Federal de Contabilidade. O mercado da contabilidade vive hoje um desafio: a falta de mão de obra qualificada. A quantidade de formados, justifica o Conselho, é insuficiente para atender à necessidade dos 5 milhões de empresas legalizadas em todo o país. 73 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Existe uma verdadeira escassez de profissionais com conhecimentos na área financeira, em especial na área atuarial4, que diz respeito à geração de informações para a tomada de decisões, o que proporciona aos contabilistas especialistas e capacitados nesse segmento um mercado com excelentes remunerações e reconhecimento profissional. O mercado de trabalho do contabilista não se restringe aos grandes empreendimentos. Medidas governamentais de apoio aos pequenos empreendimentos, tais como: o Simples Nacional e o Empreendedor Individual, geram ainda excelentes oportunidades aos contabilistas que optam por atuar no nicho de mercado das micro e pequenas empresas, porém especificamente neste setor o contador deve estar bem mais preparado, porque devido às pesquenas empresas não possuírem recursos suficientes para contratar outros profissionais que possam auxiliar em suas atividades, deixam sob a responsabilidade do contabilista muitas tarefas que deveriam ser executadas na própria empresa. Ness sentido é relevante para o contador focar seu contrato de trabalho para poder estabelcer seus horários profissionais de acordo com as expectativas que os clientes irão ter em relação a sua prestação de serviços. 4.2 EXPECTATIVAS DA PROFISSÃO CONTÁBIL O desenvolvimento econômico, acompanhado da evolução tecno-informacional cria novas expectativas aos usuários em relação à profissão contábil. A aceleração da velocidade com que os dados são processados e a convergência entre a economia, sociedade e os usuários da contabilidade faz com que o profissional contábil precise alterar o seu perfil, deixando de ser responsável apenas por manter a escrituração em ordem (técnica que está em constante processo de automação) e passe a assumir o papel de prestador de informações gerenciais. Para tal, o profissional precisa estar cada vez mais preparado e especializado. Nesse sentido, é importante que os cursos de graduação preparem os seus alunos para este novo mercado de trabalho, assim como é necessário que se invista e incentive a pósgraduação para que os profissionais tenham acesso aos cursos de mestrado e doutorado. Sobre isso, CARVALHO (2002, p.10) em sua dissertação de mestrado, comenta que o fim do curso de graduação, por si só, não garante o sucesso profissional. Muito pelo contrário, é o início de uma longa caminhada, que tem como pressuposto básico a educação continuada. 4 Contador que se especializa em previdência privada e seguros. 74 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Afinal as empresas estão procurando profissionais cada vez mais especializados, que possuam uma visão generalista e sejam capazes de conectar fatos, acontecimentos em várias áreas e ajudar as empresas na consecução dos seus objetivos. É preciso que se invista em pesquisa contábil, dentro das universidades ou no meio empresarial, no sentido de manter e atualizar, não só o corpo docente das instituições de ensino superior, mas também os contabilistas em atuação na prática profissional, para que possam compreender quais são os desafios que irão enfrentar durante o exercíco profissional. 4.3 DESAFIOS DA PROFISSÃO CONTÁBIL O maior desafio para os profissionais contábeis atualmente consiste na sua capacidade de manter-se sempre atualizado. O contador precisa se desdobrar, em decorrência dos prazos de início de vigência das modificações tributárias ocorridas serem sempre curtos. A fiscalização aumentou bastante, com o advento do SPED neste aspecto poderá ser bom para o contador e para o contribuinte honesto, pois reduz a concorrência entre os empresários e ajuda a eliminar os maus profissionais na área de contabilidade. De acordo com a Lei 11.638/2007, que institui a IFRS. Essa nova lei criou um novo ciclo de procedimentos contábeis que se inicia agora e que demandará grandes esforços das companhias, dos auditores, dos diversos organismos e profissionais de contabilidade e finanças: Desafios na implantação e gestão das normas internacionais de contabilidade; Os impactos da Lei 11.638/07 nas demonstrações contábeis; Sistemas de conversão e os elementos mais importantes; Mapeamento e controle das principais diferenças de práticas; A gestão dos riscos durante o processo de conversão; Impactos no resultado e diferenças de critérios; Diagnóstico de adequação às normas internacionais. As mudanças tributárias, além de terem valorizado os bons profissionais na área de contabilidade, modificaram a visão dos empresários que passaram a priorizar e a enxergar o seu contador mais no sentido gerencial, envolvidos com os custos, na formação de preços e na geração de informações e de relatórios que servirão de base ao planejamento estratégico da organização. 75 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Outro desafio do profissional contábil na atualidade consiste em manter-se atualizado em todas as dimensões que envolve sua profissão, devido às “alterações introduzidas na legislação fiscal e a sua complexidade requerem uma atualização rápida e constante” (LEITÃO, 2010). As diversas mudanças tributárias implantadas pelo Governo Federal, aliadas a legislação em vigor que determina a exigência do exame de suficiência, exigido pela Lei 12.249/2010. De acordo com Teixeira (2010), a Lei 12.249/2010 nos coloca profissionalmente em um patamar de igualdade em relação a praticamente todos os países do mundo, pois harmoniza as informações prestadas pela contabilidade das empresas e governos, com os modelos e critérios utilizados pela maioria dos governos e empresas do mundo. Isso quer dizer simplesmente que mediante essa lei fica muito mais fácil lermos as informações prestadas no Brasil e, dentre outras coisas, compará-las com as prestadas fora do país, seja por qual tipo de entidade for, empresas ou governos. O perfil profissional é constituído por um conjunto de competências e possibilidades de inserção do indivíduo no mundo do trabalho a partir de um processo educativo. Carvalho (2002). Atualmente, os empresários estão mais próximos dos seus contadores, uma vez que para planejar, controlar e avaliar as informações necessita de valores corretos e estes estão centralizados na contabilidade. Dessa forma torna-se importante para o contador compreender o símbolo da profissão contábil onde o bastão corresponde ao poder de persuasão por meio de sua comunicação assertiva. O elmo transforma-se no pensamento elevado que o contabilista deve ter, utilizando o pensamento sistêmico; a serpente corresponde à sabedoria por meio do saber sentir; a asa representa a diligência, a investigação, a pesquisa científica, a aplicação dos conhecimentos e o zelo pelas informações de maneira ética e profissional. O contador poderá permanecer sempre atualizado e ser mais eficiente, diante de uma estabilidade nas regras tributárias, fornecendo aos usuários informações contábeis melhores e mais seguras, de forma a possibilitar aos executivos e empresários decisões mais acertadas que irão transforma-se na sua competência profissional. 5 COMPETÊNCIA PROFISSIONAL 76 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A competência profissional é constituída pela capacidade téncnica, ética e interpessoal que farão com que o profissional possa desenvolver suas atividades da melhor maneira possível no seu ambiente de trabalho. 5.1 COMPETÊNCIA TÉCNICA A competência téncnica é formada pelo nível instrucional, em termos de formação acadêmica e profissional. “Competência consiste na busca de capacitação para promover o desenvolvimento de sua equipe e obrter altos resultados. Isso requer saber trabalhar com gente” (SANTOS, 2010, p, 105). Para que o contabilista possa desenvolver sua competência profissional se torna necessário aprender a gostar de gente, pois a partir desse presuposto, o contabilista pode ampliar sua competência tendo por base a ética profissional. As rotinas da Empresa Contábil proporcionam uma atitude padronizada, que podem levar a uma confortável acomodação, levando o contabilista a permanecer em sua área de conforto, mas com a vigência do novo Código Civil; deu-se uma verdadeira revolução nesse tipo de atividade profissional. O Contabilista passou a ser corresponsável pelas empresasclientes. E diante do dinamismo das transformações, políticas, econômicas e sociais do País, bem como, uma avalanche de legislação nos três níveis de governo, os problemas não demoram a aparecer. Entra-se então num desgastante “processo de apagar focos de incêndios”. A visão estratégica não só evita esta situação, mas assegura à empresa contábil a possibilidade de alinhar as estratégias da empresa-cliente ao mercado. Uma das competências técnicas exigidas pela nova legislação profissional diz respeito à Análise do Fluxo de Caixa, tanto as empresas dos clientes como do próprio escritório de contabilidade. Matarazzo, (2003). Onde o fluxo de caixa é um instrumento de gestão financeira, que incorpora a visão integrada de entrada e saída de recursos e também possibilitará avaliar o impacto das decisões operacionais e administrativas na liquidez e qualidade do Caixa da empresa. A gestão do Fluxo de Caixa é o controle diário das disponibilidades financeiras de liquidez imediata, tais como: moeda corrente, saldos bancários de livre movimentação e aplicações de curto prazo, esta análise compreende avaliar o capital de giro, fatores que reduzem o capital de giro e fatores que aumentam o capital de giro. a) Análise do Capital de Giro. 77 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O capital de giro é formado pelo disponível, pelo estoque e por crédito a receber. Existem várias causas e problemas internos da empresa contábil que afetam o capital de giro: Falta de planejamento e controle da produção dos serviços prestados aos clientes; Compra de material de expediente feito sem critérios; Problema de análise dos investimentos fixos e ativos ociosos. b) Fatores Redutores do Capital de Giro: Imobilizações em excesso; Pessoal sem treinamentos; Compra à vista, sem disponibilidade de recursos próprios; Distribuição antecipada de lucros aos sócios; Ineficiência do sistema de cobrança; Nível elevado de estoque de materiais de expedientes. c) Fatores que aumentam o capital de giro. Contratos com clientes por tempo indeterminado; Cobrança eficiente por meio de boleto bancário; Venda de imobilizações, quando necessário; Aumento de capital com recursos próprios dos sócios; Manter sempre a mensuração de sua lucratividade; Aumento do prazo de compra de materiais de expedientes. No balanço de uma empresa, o mais importante não é o faturamento, mas o lucro, que dará a certeza da continuidade dos negócios dos seus clientes, tendo em vista que a empresa poderá estar vendendo muito, mas com prejuízo financeiro. Roberto Shinyashike (2001). À medida que o contabilista entende a importância de analisar o fluxo de caixa de cada cliente, bem como o do seu próprio escritório, avaliando o seu verdadeiro lucro, este processo transforma-se num diferencial competitivo, tendo em vista que se o cliente estiver bem financeiramente irá permanecer no mercado e o contabilista será valorizado por promover o crescimento dos negócios dos seus clientes, por isso o cliente tem que visualizar que o lucro 78 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN somente foi efetivado quando os recursos empregados em todo o processo retornarem ao caixa. Mas não basta que o profissional se preocupe apenas com a situação econômica e financeira do cliente, entretanto, deve saber gerenciar seu próprio negócio, para ter sucesso e servir de referência para sua categoria, mantendo sempre seus negócios pautados na competência ética. 5.2 COMPETÊNCIA ÉTICA Para que o contabilista possa exercer suas atividades pautadas na ética profissional, será necessário ter um senso moral elevado e um caráter hilibado, pautando suas decisões de forma que não prejudiquem nem seus colegas, defenda a profissão contábil e seus clientes, assumindo a responsabilidade por suas atitudes. “O exercício das relações de convivência não se consuma sem o reconhecimento da responsabilidade para com o outro” (FILHO, 2003, p. 13-14). Portanto, a responsabilidade do contabilista vai bem além da convivência com seus semelhantes, tornando-se corresponsável pela sustentabilidade dos negócios de seus clientes. No passado, os contadores eram denominados de guarda livros, restringiam-se a manter os registros dos fatos. Ficavam na “lateral do campo”, sem se envolver nos processos de negócios das empresas dos clientes. Com a implementação de um sistema de gestão estratégica de custos, o contador deve fazer parte da equipe responsável pelo crescimento das empresas e continuidade nos negócios. Poderá dar uma visão geral dos processos produtivos em relação ao controle de custos eficientes, utilizando para isso uma das modernas técnicas de gestão de custos e alertar sobre a existência de excesso de capacidade. “Um dos caminhos para isso é examinar se os custos fixos estão crescendo ano após ano, esse será um indicador seguro de que a empresa precisa de um novo sistema de controle de custo.” (KAPLAN, 1999, p. 6-11). Partindo dessa teoria, verificou-se que existem várias formas de se implementar um sistema de custeio, controlá-lo e avaliar se foi ou não satisfatório o seu resultado para a empresa do cliente de forma interpessoal. 5.3 COMPETÊNCIA INTERPESSOAL 79 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Dentre as competências exigidas pela profissão contábil, a competência interpessoal é um fator preponderante para o sucesso profissional, pois não basta mais ser um excelente técnico, se o contabilista não souber como manter os relacionamentos entre seus pares, seus clientes, fornecedores e a categoria profissional. O relacionamento interpessoal “é a capacidade que o indivíduo possui em distinguir e compreender seu modo de agir, analisar seus pontos fortes e fracos, e estabelecer seus objetivos e metas rumo à maturidade” (SANTOS, 2010, p,109). Vale salientar que o processo de relacionamento do contabilista com seu público alvo tem por premissa a análise de suas qualidades e defeitos para poder assumir compromisso adequado de forma equilibrada. Este processo poderá ser gerenciado mediante a administração do tempo, que é uma ferramenta gerencial, que tanto pode ser utilizada nas empresas dos clientes quanto na vida pessoal do contabilista, permitindo a organização de metas pessoais e profissionais com menor dispêndio de energia física e mental. Dias (2000). A boa administração do tempo é provavelmente o fator mais importante na administração de si mesmo e do trabalho executado. Esse processo inicia-se com a autodescoberta, isto é, com a identificação de quem é você, como utilizar o seu tempo, do que não se satisfaz e do que deseja mudar no desempenho de suas funções. Um dos maiores problemas na vida do contabilista é que nunca há tempo suficiente para fazer tudo o que é necessário. O profissional contábil é muito atarefado, como não sabe administrar o seu tempo, tem que aprender a dizer não, para poder delegar tarefas aos seus subordinados, e conseguir tempo suficiente para gerenciar seus negócios e obter qualidade de vida no trabalho. Uma das formas de realizar este processo será por meio da formação em coaching. “O coaching se caracteriza como uma abordagem de relacionamento humano que promove o desenvolvimento de pessoas nas organizações, onde o líder deverá aperfeiçoar suas competências para interagir com sua equipe” (SANTOS, 2010, p. 117). Isso implica dizer que o contabilista tem que aprender a se tornar um coaching da sua clientela, antes que outro profissional o faça e ocupe o seu lugar no coração de seus clientes, já que a tecnologia avançou tanto, o profissional contábil terá de oferecer algo mais a seus usuários, para que estes possam, cada vez, valorizar este profissional que é tão importante na vida empresarial e para a 80 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN sociedade do conhecimento em plena era da sabedoria, onde o equilíbrio emocional será um diferencial competitivo. “A inteligência emocional é a expressão que designa o nosso potencial para fazer uso de nossas habilidades e transformá-las em competências, que por sua vez, se traduzem em resultados” (PAULA, 2005, p. 28). Nesse contexto, o profissional que souber como aperfeiçoar suas habilidades emocionais ao transformá-las em competências na resolução de conflitos ao manter um equilíbrio por meio de atitudes assertivas: saber como pensar sobre os processos que irão implementar nas organizações, saber como comunicar-se assertivamente, saber sentir de forma adequada e mantendo os sentimentos negativos sob controle evitando que eles atrapalhem sua carreira e maximizando os sentimentos positivos que o transformará num profissional de sucesso, por meio de crenças fortalecedoras que irão interferir nas mudanças comportamentais que irão constituir os hábitos das pessoas que estão sob seus cuidados. Segundo Paula (2005), cabe ao contador que se propõe a desenvolver a função de coach, mostrar a seus clientes novas visões sobre os seus próprios negócios, apresentar novas ferramentas gerenciais, auxiliá-los na percepção de sentimentos que podem interferir no seu processo decisório, desenvolver uma comunicação assertiva, ajudar na construção do foco e ensiná-los a aprender a ouvir os demais colaboradores para que possam maximizar os resultados empresariais. Por tudo isso, acima exposto, fica bem claro que a profissão contábil está em alta, desde que o contabilista compreenda o seu verdadeiro papel na sociedade da sabedoria, não só apenas fornecendo informações para o processo decisório, mas contribuindo de maneira eficaz na construção de um mundo melhor, tornado-se útil à sociedade com os resultados de suas pesquisas para o engrandecimento do País, por meio da mudança comportamental que será evidente nas empresas dos clientes. Este será o verdadeiro desafio para os profissionais da contabilidade, desde que ajam com ética e responsabilidade social. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o resultado deste estudo, observou-se que a profissão contábil é de suma importância para a sociedade A tomada de decisões de forma rápida para atender aos interesses dos clientes nas empresas contábeis exige dos contabilistas uma visão estratégia nos 81 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN negócios, para que possa haver o acompanhamento das informações gerenciais prestadas aos clientes em tempo real. Compreendeu-se que a saúde econômica e financeira da empresa contábil deve ser inabalável, pois é isso que garante aos clientes a continuidade dos negócios, o trabalho aos sócios e aos colaboradores e à sociedade poder desfrutar da confiança de uma empresa sólida. O prejuízo, em qualquer organização, deve ser hipótese descartada e sinônimo de incompetência profissional. Entendeu-se que se uma empresa está atuando no vermelho, além de prejudicar sua imagem perante a sociedade, perde o respeito e a credibilidade de todos que se relacionam com ela. Para garantir a saúde financeira da empresa é preciso que todos trabalhem integrados com o Planejamento Estratégico garantindo o crescimento econômico da empresa. Fazer a empresa dar bons resultados é função de todos. Para criar lucro não há segredo, é procurar prospectar novos clientes, fechar contratos de longo prazo a partir de uma planilha de custos e conter as despesas com metas estabelecidas concretamente, com o compromisso de todos que trabalham na organização. Verificou-se que devido às mudanças constantes por que passam as Empresas de Serviços Contábeis em todo Brasil a partir de 2010, com o avanço tecnológico, a alta carga tributária, é necessário prestar um serviço por um preço que o cliente possa pagar, caso contrário, quanto mais você trabalhar, mais problemas haverá com o crescimento da inadimplência e o fechamento das empresas-clientes. Em suma, como o contador vende segurança nas informações, o tempo é um recurso precioso, que não pode ser recuperado, ou expandido, portanto saiba usá-lo, pois deve proporcionar oportunidades iguais para todos e alavancar os negócios contábeis e a valorização dos profissionais da contabilidade. Executar as atividades que possibilitem intervir nos processos de forma planejada estrategicamente. Evitar interrupções desnecessárias que estão sendo permitidas, por não saber como dizer não às coisas que não agregam valor para seus negócios, adotar a política da qualidade e da produtividade de toda sua equipe de trabalho, com planejamento semanal com enfoque de metas bem definidas, avaliadas e indicadores que possibilitem a utilização de métricas. 82 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Recomenda-se que devem ser observados fatores que contribuem para modificarmos as atitudes negativas através de sua própria conscientização de que o maior problema da profissão não consiste na concorrência desleal, nem tampouco nas mudanças extraordinárias que vêm acontecendo com a entrada em vigor da nova legislação levando-os a pensar nos seguintes fatos: será que o contador está dando o tempo certo às coisas realmente importantes, procurando utilizar de uma comunicação assertiva diante dos seus clientes, pensando como solucionar os problemas das empresas dos clientes sem perder o equilíbrio emocional que poderão afetar sua saúde tanto físico como mental, que poderão causar danos irreparáveis. Enfim, que independente do tamanho da organização contábil, os profissionais devem manter-se sempre atualizados em termos de apresentar a situação econômico-financeira da empresa por meio dos seus controles, informar sobre os eventos ocorridos na empresa através do planejamento estratégico que servirá como instrumento auxiliar no processo de tomada de decisão e analisar quais são as tendências da empresa, por meio da formação de coaching integral sistêmico adentrando a era da sabedoria de maneira profissional, difundindo a importância da profissão contábil em todo o país para o engrandecimento da nação atendendo aos princípios de contabilidade. REFERÊNCIAS AZEVEDO, Osmar Reis de. Curso EFD PIS/COFINS X DACON. São Paulo: Instituto IOB, 2011. BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BAUER, Martin W. GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 7 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. COVERY, Stephen R. 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Maria Regidiana da Conceição5 Ernando Manoel Filho6 Dr. Jozenir Calixta de Medeiros7 II - ÁREA TEMÁTICA: RESPONSABILIDADE SOCIAL E CONTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL RESUMO: O lixo urbano é um grave problema que afeta a qualidade de vida de bilhões de pessoas no mundo, desde a produção até o destino final. Um dos maiores desafios com que se defronta a sociedade moderna é o equacionamento da questão do lixo urbano. Além do expressivo crescimento da geração de resíduos sólidos, sobretudo nos países em desenvolvimento, observam-se, ainda, ao longo dos últimos anos, mudanças significativas em suas características. O estudo de caso aqui tratado é a cidade de Pau dos Ferros localizada no Estado do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil. O objetivo geral desta pesquisa é mostrar o destino dado ao lixo urbano na cidade de Pau dos Ferros/RN e a influência na vida de pessoas de renda nenhuma, que sobrevivem nos lixões. E para enfatizar esta questão, adotase como metodologia, uma revisão bibliográfica incluindo nesta, artigos, textos, materiais coletados na internet e uma pesquisa de campo. Por fim é um trabalho de caráter quali-quantitativo. Palavras Chave: Lixo, Catadores e Responsabilidade Socioambiental. 5 Aluna do 10º Período do Curso de Ciências Contábeis do NAESA/UERN 6 Aluno do 10º Período do Curso de Ciências Contábeis do NAESA/UERN 7 Professor da UERN 86 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1 INTRODUÇÃO O homem e o ambiente estão interligados, tanto é que, uma das preocupações centrais do homem moderno relaciona-se à qualidade de seu meio ambiente. Os problemas inter-relacionados com o manejo dos resíduos sólidos nas sociedades modernas são muito complexos em virtude da quantidade e natureza diversa de seus componentes formadores, do desenvolvimento espalhado das áreas urbanas, das limitações dos recursos econômicos disponíveis, dos impactos tecnológicos e das limitações que surgem para a utilização da energia dos materiais brutos (PAES, 1982). Os problemas relacionados com o sistema de limpeza urbana e o destino dado ao lixo na cidade de Pau dos Ferros, localizada no Estado do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil não fogem à regra da maioria dos municípios de pequeno e médio porte brasileiros no que se refere à ausência de prioridade voltada a esse serviço. O manejo dos resíduos sólidos, da cidade de Pau dos Ferros/RN, depende do seu modo de organização espacial como acondicionamento, coleta, transporte e destino final. “A importância deste sistema é ressaltada quando se analisa o problema do manejo considerando os impactos sócio-ambientais produzidos pelo lixo” (PAES, 1982:243). O lixo é um material indesejado. Todos procuram dele descartar-se. Até pagam para dele se verem livres. O que é pior, o lixo é inevitável. Não se consegue parar de produzi-lo, todos os dias. “Além disso, do processo produtivo resulta sempre a geração de resíduos, de duas formas distintas: em um primeiro momento, como conseqüência do próprio ato de produzir; posteriormente, após a cessação da vida útil dos produtos” (CALDERONI 2003). No cenário atual, o lixo ganha força como campo de trabalho. Assim, o objeto de investigação desta pesquisa é, mostrar os impactos socioambientais causados pelo lixo produzido no município de Pau dos Ferros/RN e a influência na vida de pessoas de renda mínima, que sobrevivem nos lixões. Como Objetivos Específicos, destacam-se: Analisar o perfil da cidade de Pau dos Ferros/RN. Enfocar a situação das pessoas que sobrevivem no lixão de Pau dos Ferros/RN; Estudar soluções para a destinação do lixo de Pau dos Ferros/RN; O interesse pelo tema surgiu a partir das questões relativas ao meio ambiente em que vivemos, considerando seus elementos físicos e biológicos, e os modos de interação do homem com a natureza, por meio do trabalho, da ciência e da tecnologia, e dando ênfase ao destino do lixo urbano, produzido no município de Pau dos Ferros – RN, através da conscientização dos impactos socioambientais causados por esse material. Esta pesquisa está fundamentada em textos pesquisados na internet, livros, artigos, revistas e pesquisa de campo. É, portanto, um trabalho de caráter qualiquantitativo. 2 LIXO NO PLANETA, UM PROBLEMA SOCIAL A palavra lixo tem origem no Latim e quer dizer cinza. O lixo é gerado pelas atividades humanas e é considerado resíduo sólido. No entendimento de Moreira (2002 s.p. ?), boa parte desses resíduos pode ser reciclada, gerando muitos benefícios. Para garantir a qualidade do meio ambiente e proteger pessoas de possíveis doenças, é necessário destinar o lixo para locais próprios e adequados. Segundo definição buscada na internet, "Resíduo ou lixo, é qualquer material considerado inútil, supérfluo, e/ou sem valor, gerado pela atividade humana, e a qual precisa ser eliminada. É qualquer material cujo proprietário elimina, deseja eliminar, ou necessita eliminar". 87 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN São resultantes da atividade domestica, comercial e industrial. A sua composição varia de população para população. Vai depender da situação sócio-econômica e das condições e hábitos de vida de cada um. Existem também alguns tipos de resíduos que são denominados tóxicos. Que necessitam de um destino especial para que não contaminem o ambiente, como aerosóis vazios, Pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes, restos de medicamentos, lixo hospitalar etc. Na era da reciclagem é fácil entender que papel não é lixo, lata (metais) não é lixo, plástico não é lixo. Esses materiais, por serem recicláveis, têm valor, são essenciais ao processo fabril de muitos produtos indispensáveis à sociedade, além de oferecer oportunidades para ‘catadores' gerar renda, comercializando-os com a indústria. Para Calderoni (1998, p. 25), “O lixo é um material mal amado (...) Vive-se, em conseqüência, uma imensa crise. Ao mesmo tempo em que cresce o volume de lixo produzido, resultante do aumento desvairado do consumo, são cada vez mais caras, mais raras e mais distantes as alternativas tradicionais de disposição do lixo em aterros”. Esta afirmação serve para ilustrar o que vem ocorrendo nas cidades, o tipo de tratamento que se dá ao lixo, “o material mal amado” pela grande maioria da população, é simplesmente depositado em locais abertos, gerando mais um problema ambiental, tendo em vista a poluição dos lençóis freáticos, e ainda, por ser fonte de seleção de materiais recicláveis e de alimentos para inúmeras pessoas que sobrevivem no anonimato destes lixões, expostos a graves problemas de saúde. O homem é o único ser responsável por este tipo de substância na terra. Apesar de todas as atividades humanas terem como matéria-prima recursos naturais, muitos dos produtos produzidos por esta transformação não podem ser decompostos pela natureza, pois os processos de transformação que estes recursos naturais sofreram para se tornarem produtos de consumo humano são irreversíveis. (Os materiais “naturais” passam por um processo de “artificialização”, e para se integrarem novamente ao meio natural precisam passar por longos processos naturais de decomposição (FIGUEREDO, 1995; MELLO, 1981; PEREIRA NETO, 1999) o grande problema da questão do lixo está na sua quantidade, em sua diversidade e no tempo que é necessário para que este seja decomposto. Lixão é a disposição final de lixo sem qualquer tratamento. É a forma que mais causa danos ao homem e ao meio ambiente. Segundo o IBGE (2007), mais de 90% do lixo em todo o país é jogado ao ar livre. Como os lixões não são controlados nem medidos por ninguém, qualquer pessoa ou empresa sem responsabilidade social, pode jogar ali, resíduos perigosos como lixo hospitalar, produtos radioativos ou muito tóxicos, que deveriam ter um tratamento especial. O lixão a céu aberto também atrai catadores de lixo (adultos e crianças que se contaminam com doenças variadas) e animais domésticos, que comem aqueles restos. 88 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 3 COMO É FEITA A COLETA DO LIXO NO BRASIL No Brasil, a coleta do lixo cobre cerca de 70% da população das áreas urbanas, em média. Nos estados do sul, sudoeste e centro-oeste a coleta do lixo atinge um percentual maior da população, sendo a média de domicílios sem coleta de lixo nessas regiões de 12%. Nas regiões norte e nordeste, essa média é de 42% (NATHIELI 2005, SANDRO 2005). O lixo que é coletado diariamente é de cerca de 230 mil toneladas. De todo esse lixo, apenas 4% é reciclado e, do restante, 20% dos municípios jogam em rios e várzeas. Apenas 8% dos municípios brasileiros têm programas de coleta seletiva de lixo. (IBGE, 2007). O Brasil produz aproximadamente 230 mil toneladas de lixo por dia. Cada brasileiro gera, em média, 500 gramas de lixo diariamente, podendo chegar até a mais de 1 kg, dependendo do poder aquisitivo e local em que mora. Todo o material descartado e que se transforma no lixo das cidades, em grande parte, deve ser destinado de outra maneira para ser recuperado como matéria-prima, podendo assim ser reutilizado na fabricação de um novo produto. Esse processo denomina-se Reciclagem. Reciclar é aproveitar o material de que foi feito um objeto, uma embalagem ou qualquer coisa fabricada e que já tenha sido usada. Dessa maneira evita-se que o material acabe no lixo. “Jogar fora” se torna constante na vida do brasileiro, o que é um grande desperdício. “Jogar fora” significa jogar aqui mesmo no nosso planeta, quase sempre em lugares errados, sujando as águas, o solo e destruindo os lugares mais interessantes. Por isso, a CSLU (Coleta Seletiva do Lixo Urbano) em conjunto com a reciclagem é um grande meio para a solução do problema. Isso ajuda a minimizar a quantidade de lixo que se produz nas cidades. A maior parte das coisas que se joga no lixo não está suja, torna-se suja depois de misturada. E aí é muito difícil de separar com um melhor aproveitamento. Segundo pesquisa coordenada pelo UNICEF em 1997, em 88% das cidades do País, o lixo é despejado em locais abertos. A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000, realizada pelo IBGE, revela uma tendência de melhora da situação de destinação final do lixo coletado no país nos últimos anos. Em 2000, o lixo produzido diariamente no Brasil chegava a 125.281 toneladas, sendo que 47,1% eram destinados a aterros sanitários, 22,3 % a aterros controlados e apenas 30,5 % a lixões. Ou seja, mais de 69 % de todo o lixo coletado no Brasil estaria tendo um destino final adequado, em aterros sanitários e/ou controlados. Todavia, em número de municípios, o resultado não é tão favorável: 63,6 % utilizavam lixões e 32,2 %, aterros adequados (13,8 % sanitários, 18,4 % aterros controlados), sendo que 5% não informaram para onde vão seus resíduos. Em 1989, a PNSB mostrava que o percentual de municípios que vazavam seus resíduos de forma adequada era de apenas 10,7 %. As 13 maiores cidades do Brasil são responsáveis por 31,9% de todo o lixo urbano brasileiro. Dos 5.507 municípios brasileiros, 4.026, ou seja, 73,1% têm população até 20.000 habitantes. Nestes municípios, 68,5% dos resíduos gerados são vazados em lixões e em alagados. Se tomarmos, entretanto, como referência, a quantidade de lixo por eles gerada, em relação ao total da produção brasileira, a situação é menos grave, pois em conjunto coletam somente 12,8 % do total brasileiro (20.658 t/dia). Isto é menos do que é gerado pelas 13 maiores cidades brasileiras, com população acima de 1(um) milhão de habitantes. Só estas, coletam 31,9 % (51.635 t/dia) de todo o lixo urbano brasileiro, e têm seus locais de disposição final em melhor situação: apenas 1,8 % (832 t/dia) é destinado a lixões, o restante sendo depositado em aterros controlados ou sanitários. Os vazadouros a céu aberto, conhecidos como “lixões”, ainda são o destino final dos resíduos sólidos em 50,8% dos municípios brasileiros, mas esse quadro teve uma mudança significativa nos últimos 20 anos: em 1989, eles representavam o destino final de resíduos sólidos em 88,2% dos municípios. As regiões Nordeste (89,3%) e Norte (85,5%) registraram as maiores proporções de municípios que destinavam seus resíduos aos lixões, enquanto as regiões Sul (15,8%) e Sudeste (18,7%) apresentaram os menores percentuais. Paralelamente, houve uma expansão no destino dos resíduos para os aterros sanitários, solução mais adequada, que passou de 17,3% dos municípios, em 2000, para 27,7%, em 2008. 89 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Em todo o país, aproximadamente 26,8% dos municípios que possuíam serviço de manejo de resíduos sólidos sabiam da presença de catadores nas unidades de disposição final de resíduos sólidos. Para o IBGE (1997, p. 30-31), destino do lixo é: “O lixo proveniente dos domicílios particulares permanentes foi classificado de acordo com os seguintes destinos: Coletado – Quando o lixo domiciliar fosse coletado diretamente por serviço ou empresa de limpeza, pública ou privada, que atendia ao logradouro onde se situava o domicílio, ou fosse depositado em caçamba, tanque ou depósito de serviço ou empresa de limpeza, pública ou privada, que posteriormente recolhia; ou Outro – Quando o lixo domiciliar fosse queimado ou enterrado na propriedade, jogado em terreno baldio, logradouro, rio lago ou mar ou tivesse outro destino que não se enquadrasse nos anteriormente descritos”. Assim, o quadro abaixo mostra os dados referentes à pesquisa: destinação do lixo total e os percentuais da área urbana e rural, realizada pelo IBGE nos domicílios brasileiros. Tabela 01 - Distribuição dos domicílios particulares permanentes: Destino do Lixo em Percentual. TOTAL URBANA RURAL Coletados Outros Coletados Outros Coletados Outros 76,3 23,7 90,7 9,3 14,5 85,5 Fonte: IBGE 1997. Percebe-se, a partir desses dados que 76,3% do lixo no Brasil é recolhido pelo poder público ou por empresas particulares que realizam os serviços mediante licitação municipal, e que 23,7%, tem outra destinação como, por exemplo, são incinerados pelos moradores ou simplesmente jogados nos rios e mares. Comparando os dados referentes à área urbana com a rural, percebe-se que a coleta do lixo na área urbana é bem expressiva 90,7% contra 9,3% que tem outra destinação. Na área rural 85,5% é de outras formas de destinação do lixo e coleta-se apenas 14,5% do lixo produzido por essa população. Face ao exposto, vê-se que embora o poder público cobre dos moradores a taxa de limpeza urbana e realize a coleta, o problema ainda persiste com relação à deposição final do lixo. A solução pode vir pela implantação do sistema de coleta seletiva, promovendo o fomento de cooperativas de catadores de materiais recicláveis, objetivando a reciclagem e o esclarecimento dos moradores dos perigos advindos da má disposição final do lixo. Para atingir estas metas, deverão ser utilizados todos os recursos materiais e humanos disponíveis, envolvendo as mais diversificadas entidades existentes nos locais, tais como: igrejas, escolas, associações de moradores, clubes de mães, empresários locais, o poder público, dentre outros, servindo-se da educação ambiental e de outros educadores com suas disciplinas respectivas, 90 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN para atingirem as metas educativas de esclarecerem os moradores a respeito da problemática ambiental. Assim, o inicio do trabalho de sensibilização com relação ao meio ambiente, poderá ocorrer através da coleta seletiva do lixo nos municípios, pois segundo o UNICEF 1999, ainda são poucos municípios que implementaram a coleta seletiva do lixo, “apenas 100 dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros têm coleta seletiva do lixo”. 3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Pau dos Ferros é um município brasileiro localizado no estado do Rio Grande do Norte. Principal cidade da região Alto Oeste, Pau dos Ferros se tornou um pólo de serviços públicos, comercial, bancário, educacional e de saúde para aproximadamente 36 municipios próximos, inclusive de estados vizinhos. De acordo com o censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaIBGE, sua população é de 27 809 habitantes, sendo o 18º município mais populoso do estado, embora, pela polarização da cidade, passem pela sede do município, cerca de 50 mil pessoas diariamente. Localizada no conjunto das serras potiguares, Pau dos Ferros dista 400 km da capital do estado, Natal. Em agosto de 2010, a cidade recebeu o título de Capital Nacional dos Estudos de Língua e Literatura, sediando o VII Colóquio Nacional de Professores de Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e de Literatura no Campus Avançado "Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia" (CAMEAM), da UERN. O município de Pau dos Ferros situa-se na mesorregião Oeste Potiguar, limitando-se com os municípios de Francisco Dantas, São Francisco do Oeste, Marcelino Vieira, Rafael Fernandes, Antonio Martins, Serrinha dos Pintos e Encanto e com o Estado do Ceará, abrangendo uma área de 277 km², inseridos na folha Pau dos Ferros (SB.24-Z-A-II), na escala 1:100.000. A sede do município tem uma altitude média de 193 m e coordenadas 06°06’39,6” de latitude sul e 38°12’32,4” de longitude oeste, distando da capital cerca de 400 km, sendo seu acesso, a partir de Natal, efetuado através das rodovias pavimentadas BR-304 e BR-405. O município de Pau dos Ferros foi criado pela Resolução Provincial nº 344, de 04/09/1856, desmembrado de Portalegre. As principais atividades econômicas são: agropecuária, extrativismo e comércio. MAPA 01: Mapa do Estado do Rio Grande do Norte em destaque o município de Pau dos Ferros. 91 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN FONTES: IBGE 2010 O município de Pau dos Ferros atualmente conta com uma população de 27.809 habitantes segundo dados do IBGE (2010) é uma área de 277 Km2, com uma densidade de 106,0 hab./ Km2. 4 DISCUSSÕES E RESULTADOS A problemática maior em Pau dos Ferros/RN é a destinação final do lixo. Por não ter uma política de saneamento voltado para o tratamento do lixo produzido pela população local, o mesmo é depositado em lixões a céu aberto, o que torna um grave problema para a população e, conseqüentemente, para o meio ambiente. Em Pau dos Ferros existiam dois depósitos a céu aberto, um muito próximo da cidade que todos os dias pessoas iam catar alimentos que, na opinião deles, se encontrava em bom estado, que na atualidade encontra-se desativado e o outro que se situa a exatos 4 km do bairro São Geraldo, pertencente à cidade e a 3 km do rio Mossoró e de um açude particular, onde a água é utilizada para consumo animal e humano. Nas imediações do primeiro depósito surgiu um novo bairro, o Manoel Domingos. A população desse bairro era muito afetada pela proximidade desse lixão, e depois de muito debate com as autoridades locais, os moradores conseguiram com que não fosse mais depositado lixo nesse local, mas as seqüelas provocadas pelo lixo ficaram, principalmente devido à variedade de lixo depositado nessa localidade, que recebia inclusive lixo hospitalar. Diante dessa situação os poderes públicos, representados pela prefeitura, resolvem fazer outro depósito, mas o problema continua o mesmo ou até pior. O desmatamento promovido pela prefeitura na referida área para construção desse depósito a céu aberto, pode trazer graves conseqüências para o meio ambiente. Nesse contexto, notamos que a falta de políticas públicas que garantam o saneamento do lixo, praticamente inexistem, provocando com isso, graves conseqüências para a vida das pessoas, tanto no presente quanto numa perspectiva futura. Os dados levantados na pesquisa revelam que os problemas do lixo urbano em Pau dos Ferros/RN estão associados ao: i) desconhecimento involuntário com omissão de sua existência; ii) desconhecimento das soluções existentes; iii) falta de meios econômicos para adotar a solução técnica adequada de gerenciamento. Estas causas, somadas a ausência de uma legislação específica, aumentam ainda mais, a responsabilidade do poder municipal no que concerne a um eficiente e adequado desempenho do acondicionamento, coleta, transporte e, principalmente, disposição final do lixo. A preocupação maior da municipalidade e da população em geral, é de se livrarem do lixo, pouco importando como a disposição final dos resíduos e de como está se processando. Neste aspecto, observa-se que o município lança os resíduos no lixão ou em terrenos baldios, que não apresentam as mínimas condições técnicas ou ambientais de funcionamento, submetendo a população e o meio ambiente a graves riscos sanitários e à deterioração dos recursos naturais da região. Além disso, ainda há o problema da existência de pessoas - os catadores – que sobrevivem da coleta de materiais 92 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN reprocessáveis, que submetidos a condições degradantes, incorporam uma face social no espectro dos problemas causados por esse tipo inadequado de destinação final dos resíduos sólidos. Existe um interesse latente da parte dos catadores atuais em que seja estimulada a criação de uma associação de catadores, onde o poder público local pode contribuir com a dotação de uma infraestrutura mínima. Além disso, verificou-se também o interesse da população de que sejam implantados programas de coleta seletiva e de reciclagem do lixo. Entretanto, para que tal programa funcione é necessário que seja implantado um eficiente programa de educação e conscientização ambiental, envolvendo os diversos atores ligados à questão do lixo. Pôde-se observar durante a pesquisa que no local do lixão, existem construções de um aterro sanitário, com galpões, banheiros, energia elétrica, porém encontra-se abandonado, sem acesso, totalmente cercado, mas em ruínas, dominado pelo lixo, hoje fazendo parte do cenário do lixão. Em entrevista com os catadores, que são em cerca de 38 pessoas que do lixão retiram sua sobrevivência, entre eles, homens, mulheres, crianças e idosos, foi feita a pesquisa com 18 catadores, pois a maioria não aceita dar entrevistas e nem todos estão ao mesmo tempo na coleta naquele local. Serão apresentados os resultados analisados e discutidos a partir das informações fornecidas pelos os catadores entrevistados, mediante a aplicação do instrumento de coleta de dados elaborando para presente pesquisa, feita nos dias 06, 07 e 08 de janeiro de 2011. Tabela 2 - Dados Sócio-demográficos dos entrevistados(Catadores) de Pau dos Ferros – RN Dados Sócio-Demográficos n % Casado 9 50 Solteiro 2 11 Divorciado 3 17 Concubinato 4 22 - - 12 67 1 Grau Completo - - 2 Grau Completo - - Não Alfabetizado 6 33 Estado Civil Escolaridade Ens. Fundamental Completo Ens. Fundamental Incompleto Renda Mensal Entre 1 e 2 salários - - 93 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1 Salário 3 17 Menos de 1 salário 15 83 Fonte: Pesquisa Direta, 2011 Na tabela 1 observa-se os dados sócio – demográficos da amostra. No que se refere ao estado civil verificou-se que 50% dos catadores são casados, 22% concubinatos, 17% divorciados e 11% são solteiros. No que diz respeito ao grau de instituição e renda familiar foram encontrados os seguintes resultados: 67% da amostra cursaram o ensino fundamental incompleto e a renda mensal era de menos de 1(um) salário mínimo é de 83%. Isso implica sobre as questões sociais local, ao acesso do nível educacional dos catadores. Tabela 3 – Quantidade aproximada do lixo produzido na cidade de Pau dos Ferros/RN Quantidade Dia Semana Mês 20.000 kg 140.000 kg 560.000kg Fonte: Pesquisa Direta, 2011 Observando o histórico de produção do lixão da cidade de Pau dos Ferros a média de coleta de resíduos sólidos é muito grande em média por mês recolhem cerca de 560.000 kg de lixo na cidade de Pau dos Ferros – RN, segundo dados coletados na secretaria municipal de meio ambiente e urbanismo. Na pesquisa, obtivemos a resposta de que a coleta é feita de forma individual, não há uma cooperativa nem associação de catadores, cada qual faz sua coleta e qualquer pessoa que queira chegar ao local e coletar materiais, o acesso é livre. Constatamos que há disposição final inadequada do lixo em terrenos baldios e vale. Também registramos a crença local de que o lixo afastado do leito dos rios e ruas não prejudica o morador local, como é o caso do lixão da cidade. Situações de poluição pela disposição inadequada de lixo provocam impactos ambientas negativos em diferentes lugares, como leitos dos rios, estradas e entre outros locais. Isso são determinadas pelos valores culturais, crenças e hábitos instruídos. Com a entrevista podemos constatar que diariamente há “queimadas” dos materiais no local, uma vez que essas queimadas ocorrem através da combustão dos materiais que ali se encontram. Foto 01 – Lixão da cidade de Pau dos Ferros/RN 94 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Fonte: Pesquisa Direta, 2011. Na foto 01, podemos observar a quantidade de lixo jogada a céu aberto, sem nenhuma preocupação a respeito dos danos que o mesmo pode causar tanto para as pessoas, quanto para a natureza. O descaso de um sistema de exclusão social é evidente ao passarmos pelo ambiente e nos deparar com as pessoas que estão no local retirando do meio de toda aquela sujeira alguma coisa que lhe sirvam, para que desses dejetos retirem o pouco que lhe couber para a sua sobrevivência. Foto 02 – Poluição do Lençol Freático de Pau dos Ferros/RN Fonte: Pesquisa Direta, 2011. A inadequada utilização do lixo em ambientes acena um comportamento observável e implicam em dados ambientais graves. Existem pessoas que não só coletam esses materiais, mas vivem no local, moram em barracos de papelão, sem nenhuma condição de higienização, e conversando com eles, dizem que moram no local por opção, pois fica mais próximo da coleta diária. As fotos de 03 á 05 permitem visualizar o processo de acondicionamento em locais diferentes de materiais do lixo de acordo com os seguintes grupos: material seco (plástico, vidros, lixo orgânico e o lixão a céu aberto). Foto 03 – Material coletado no lixão - vidros 95 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Fonte: Pesquisa Direta, 2011. Foto 04 e 05 - Material coletado no lixão – plásticos Fonte: Pesquisa Direta, 2011. Na área do lixão são visíveis grandes problemas de ordem ambiental e saúde pública já que todos os resíduos coletados entram em decomposição a céu aberto, tornando-se praticamente impossível residir nas proximidades, também foi constatado uma proliferação muito grande de insetos, moscas, baratas, ratos e etc, a poluição do ar, contaminação do solo pelo chorume8 da decomposição do lixo e uma grande ameaça para os recursos hídricos já que fica próximo a um açude e na época do inverno esses dejetos podem ser carreados pela força da água para o leito do açude. O lixo coletado nas vias públicas pelos garis, é transportado em caminhões para o lixão da cidade, transportado de forma inadequada, sem nenhuma separação, uma vez que, como não há uma educação para a população fazer a separação, o lixo urbano é levado todo misturado com restos de alimentos, papeis, animais mortos e demais dejetos. Foto 06 – Lixão á céu aberto Pau dos Ferros – RN – coleta Fonte: Pesquisa Direta, 2011. 8 O chorume é um líquido escuro contendo alta carga poluidora, o que pode ocasionar diversos efeitos sobre o meio ambiente. O potencial de impacto deste efluente está relacionado com a alta concentração de matéria orgânica, reduzida biodegradabilidade, presença de metais pesados e de substâncias recalcitrantes. 96 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Os objetivos da pesquisa foram alcançados, uma vez que foi possível levantar dados acerca da percepção que os catadores de lixo têm da relação de trabalho e de sua profissão. A utilização de entrevistas também se mostrou adequada, uma vez que possibilitou levantar informações dos trabalhadores que compõem a categoria de catadores representados no tema, bem como do problema pesquisado. Dentre as alternativas de tratamento para o lixo urbano, a reciclagem configura-se como importante elemento, pois possibilita o reaproveitamento de materiais descartados novamente incorporados ao circuito produtivo e traz benefícios ambientais através da economia de recursos naturais, energia e água. Além do inquestionável aspecto ambiental, a reciclagem possibilita ganhos sociais ao absorver no seu circuito produtivo os catadores de materiais recicláveis. Esses trabalhadores desempenham um papel preponderante para o processo de reciclagem, pois, atualmente, o fruto de seu trabalho é ponto de partida para o abastecimento, com matérias-primas, das indústrias de reciclagem. Contudo, trata-se de uma inclusão perversa, pois como se pode verificar, com a lucratividade assegurada pelos processos de reciclagem, estes estão sendo realizados por pessoas de diferentes segmentos e até mesmo por organizações terceirizadas, o que conduz paulatinamente para nova exclusão dos catadores. O problema do lixão é um agravante crônico, e nas entrevistas, ao questionarmos o apoio do poder público, todos deixam evidentes que apesar de terem conhecimento da situação precária que essas pessoas vivem e sobrevivem naquele ambiente, não tem nenhuma assistência de qualquer natureza por parte do poder público. Trata-se de um tema relevante e atual, e seguramente não se esgotará em uma pesquisa, sugere-se que outras pesquisas sejam desenvolvidas aprofundando as formas de inclusão perversa e a alienação dos catadores de lixo. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa permitiu concluir que o acondicionamento e o destino final dos resíduos sólidos, não estão sendo adequadamente norteados pelas ações das instituições públicas responsáveis. Mostra a relevância do tema e a urgência com que devemos resolver o problema, considerando as crianças encontradas trabalhando no lixão. As informações coletadas, sistematizadas em números absolutos e relativos, ajudaram na elaboração de análises e estudos, objetivando a pesquisa em geral. Com isso atinge seus objetivos. É preciso que as pessoas, em geral, tenham uma conscientização a respeito desse problema, busquem formas de diminuir os danos causados ao meio ambiente por esses resíduos. Concluímos que a questão da produção versus destino final é um problema grave para a sociedade moderna, que é extremamente consumista, gerando uma quantidade muito elevada de lixo, sem se preocupar com o seu destino final que, na maioria das vezes é feito de forma irregular, causando danos irreversíveis à saúde da população e ao meio ambiente. 97 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Na área do lixão são visíveis grandes problemas de ordem ambiental e saúde pública, já que todos os resíduos coletados entram em decomposição a céu aberto, tornando-se praticamente impossível residir nas proximidades, também foi constatado uma proliferação muito grande de insetos, moscas, baratas, ratos e etc., a poluição do ar, contaminação do solo pelo chorume da decomposição do lixo e uma grande ameaça para os recursos hídricos já que fica próximo a um riacho e na época do inverno esses dejetos podem ser carreados pela força da água para o leito do riacho. Ocorre também nas áreas desses lixões a presença dos catadores, inclusive de crianças, que além de não possuírem os EPI - Equipamentos de Proteção Individual como: luvas, roupas especiais, máscaras, óculos e calçados, ficam expostos ao mau cheiro, vidros e metais cortantes e doenças infecto-contagiosas, ocasionando, portanto, problemas de ordem sanitária e social. Sendo assim, o problema do lixo é constrangedor e precisa de mobilização da comunidade e das autoridades para agilizar o processo de resgate da qualidade de vida do homem e de seu meio. Campanhas que orientam a comunidade, debates nas escolas, fiscalização dos lixões, construções de aterros sanitários, implantação da coleta seletiva, são algumas das primeiras atitudes que deveriam ser tomadas pelas autoridades. Se a comunidade e as autoridades locais trabalharem juntas poderão aumentar o padrão de vida da população. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. 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( ) individual ( ) Coletiva 2.3 Qual a freqüência das queimadas no lixão? ( ) Diariamente ( ) Casualmente 2.4 Você já recebeu alguma orientação relacionada do meio ambiente? Sim ( ) Não ( ) Se sim, quem orientou? _________________________ 2.5 Você acha que a população esta preocupado quanto o consumo racional dos resíduos sólidos e como saber aproveitá-los ? Sim ( ) Não ( ) Se sim quais? ________________________ 2.6 Você acha que se houver uma transformação perante o poder municipal juntamente com população, melhoraria a qualidade de vida da cidade? Sim ( ) Não ( ) 2.7 Existem pessoas morando no local? Sim ( ) Não ( ) 2.8 O poder público tem dado algum apoio a vocês catadores? Sim ( ) Não ( ) 2.9 Há quanto tempo vivem no lixão? ( ) Menos de 1 ano ( ) Mais de 1 ano ( ) mais de 5 anos ( ) Mais de 10 anos 100 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN SISTEMA COOPERATIVISTA: ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS, CONTÁBEIS E LEGAIS. Lauro Vinicius Ramalho de Araújo¹ Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected] Carlos Roberto Medeiros Filho¹ Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected] João Paulo Morais de Medeiros¹ Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected] RESUMO Este estudo trata-se de uma revisão de literatura que tem o objetivo de discutir aspectos histórico-conceituais, bases legais e, principalmente, o papel da contabilidade no sistema cooperativista, englobando conceito, classificações, objetivos, finalidades e a história do cooperativismo no âmbito nacional e internacional. Quanto aos objetivos gerais, é uma pesquisa exploratória e, quanto aos métodos empregados, uma pesquisa bibliográfica. Uma cooperativa é uma sociedade de pessoas que não visa lucro, tendo com objetivo principal a prestação de serviço. As cooperativas são previstas constitucionalmente e regidas pela lei ° 5.764/71 e pelo Código civil de 2002. O modelo socioeconômico que conhecemos hoje como cooperativismo, surgiu primeiramente na Inglaterra, no século XVIII, coincidindo com o movimento da Revolução Industrial daquele País. Como uma cooperativa é uma sociedade de pessoas, o contador não deve demonstrar somente o seu resultado financeiro, devendo também, nas suas demonstrações, evidenciar o resultado das atividades realizadas por seus membros, aliando objetivo do sistema cooperativista, com a da contabilidade das sociedades econômicas, que é o de levar a informação úteis a seus usuários de forma eficaz para a tomada de decisões. Esse tipo societário também precisa de uma contabilidade forte e influente, mas diferente da contabilidade aplicada em empresas. Para atuar numa cooperativa, o profissional de contabilidade deve estar apto a adequar a ciência contábil às peculiaridades das cooperativas, sendo necessário que esteja munido de conhecimentos acerca das normas de contabilidade voltadas para o cooperativismo, do regimento legal de tais sociedades e de seus objetivos e finalidades. Palavras-Chave: Contabilidade. Cooperativismo. Economia solidária. 101 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1. INTRODUÇÃO Desde o século XVIII, o sistema capitalista vem se fortalecendo mundialmente enquanto modelo socioeconômico hegemônico. Tal sistema, desde sua gênese, tem por escopo o lucro e, conforme essa filosofia, o homem deve buscar alcançar esse lucro a qualquer custo, inclusive, através da exploração de um ser humano por outro e da destruição da natureza. Embora o capitalismo pregue, também, a liberdade, da ascensão, desse sistema, emergiram grandes discrepâncias sociais que privaram muitas pessoas de terem acesso aos frutos dos bens e serviços produzidos pelo trabalho humano e necessários à garantia da dignidade. Foi construída uma dinâmica social balizada em duas classes principais: uma de exploradores e outra de explorados. Diante dessa realidade, nos séculos XVIII e XIX, nasceram vários movimentos, como o socialismo, por exemplo, de combate ao modelo supracitado, defendo ideais de justiça social e novas formas de produção. Segundo Morais et. al. (2011), no final do século XX, esses ideais foram revigorados na busca por soluções contra a miséria, a exclusão, o desemprego e a cultura individualista dominante, ao que respondem com iniciativas arraigadas a ideais de igualdade, cooperação e solidariedade, movimento que se tornou genericamente conhecido por economia solidária. Esse acontecimento encontra explicação no desemprego estrutural que ocorreu tanto nos países centrais quanto nos periféricos desde o final do século passado. No Brasil, desde a década de 1990 a onda de desemprego em massa é uma realidade. Foi um período em que o Brasil assumiu a agenda do neoliberalismo, compromissando-se com o livre mercado, a desregulamentação das leis trabalhistas e, consequentemente, a desestruturação do mercado de trabalho como parte do processo de reestruturação produtiva (MORAIS et. al., 2011). Além disso, o individualismo exacerbado incutido pela ideologia capitalista fragmenta a classe trabalhadora, tornando difícil a formação de uma consciência de classe e a organização política para lutar. Essa realidade é um terreno fértil para a difusão de novos ideais, como os da economia solidária, que vêm crescendo e se fortalecendo na atualidade apesar da eminente influência das ideologias capitalista no modelo socioeconômico vigente. Nesse sentido, conforme ensina Morais et. al. (2011) é relevante estudar, conhecer, analisar e interpretar os experimentos que se desenvolvem no campo do cooperativismo, constituindo-se em instrumento teórico-prático que colabora e difunde uma nova consciência, um novo saber e estimula a participação dos sujeitos no processo histórico emancipatório e criador, sendo necessário aprofundar o debate em torno da perspectiva reinventada da economia solidária. Essa forma emergente de sociedade, a cooperativista, demanda um trabalho de contabilidade diverso do tradicionalmente aplicado às sociedades empresárias. A contabilidade no cooperativismo deve levar em conta os fins desse tipo de sociedade, que, diferentemente das empresárias, não é o lucro. Assim, para ter êxito na prestação de serviço a cooperativas, é necessário que o contador tenha conhecimento acerca desse tipo societário e saiba aplicar os mecanismos contábeis em consonância com a filosofia de funcionamento da cooperativa, sendo de suma importância que, desde a graduação, estudantes busquem tais conhecimentos e habilidades, já que o cooperativismo está em ascensão. O objetivo do presente estudo é discutir aspectos histórico-conceituais, bases legais das cooperativas e, principalmente, o papel da contabilidade nesse sistema, englobando conceito, classificações, objetivos e finalidades, bem como a história do cooperativismo no âmbito nacional e internacional. 102 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Discorrer acerca do modelo cooperativista em seus diversos aspectos, ressaltando a aplicação da contabilidade nesse sistema. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Conceituar as sociedades cooperativas, trazendo suas classificações, seus objetivos e suas finalidades; Realizar um breve histórico do cooperativismo no âmbito nacional e internacional Elencar as bases legais do sistema cooperativista no Brasil; Discorrer sobre os aspectos contábeis nas sociedades cooperativas, ressaltando as peculiaridades e o papel da contabilidade nesse sistema. 3. METODOLOGIA Este estudo trata-se de uma revisão de literatura baseada em artigos científicos, livros, institutos legais e em informações colhidas um site da internet denominado Brasil cooperativo da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB). Tomando-se como base os critérios de classificação de pesquisa ensinados por Gil (2010), esta pode ser classificada conforme se enfatiza a seguir. Segundo a área de conhecimento, esta se trata de uma pesquisa pertencente à área das Ciências Sociais e Aplicadas. Quanto aos objetivos gerais, é uma pesquisa exploratória, uma vez que tem como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, interessando considerar diversos aspectos do assunto estudado (GIL, 2010). No que se refere aos métodos empregados, têm-se uma pesquisa bibliográfica, pois foi elaborada a partir de materiais já publicados (GIL, 2010). 4. BREVE HISTÓRICO DO COOPERATIVISMO: CONTEXTO MUNDIAL E NACIONAL O modelo socioeconômico que conhecemos hoje como cooperativismo, surgiu primeiramente na Inglaterra, no século XVIII, coincidindo com o movimento da Revolução Industrial daquele País, quando a classe proletariada insatisfeita com uma jornada de trabalho exageradamente sacrificante, chegando a catorze horas diárias de trabalho por salários baixos, decidiu criar formas para reivindicar. No início, a classe trabalhadora foi duramente perseguida por ser proibido este tipo de ação, porém, com o tempo, os direitos às associações e à greve foram surgindo. Em Rochdale, Manchester, no ano de 1844, reuniram-se algumas pessoas entre operários e tecelões e com algumas libras, num total de 28, fundaram a primeira cooperativa, a Sociedade dos Probos de Rochdale. A economia solidária foi inventada por operários, nos primórdios do capitalismo industrial, como resposta à pobreza e ao desemprego resultante da difusão “desregulamentada” das máquinas-ferramenta e do motor a vapor no início do século XIX. As cooperativas eram tentativas por parte de trabalhadores de recuperar trabalho e autonomia econômica, aproveitando as novas forças produtivas. Sua estruturação obedecia aos valores básicos do movimento operário de igualdade e democracia 103 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN sintetizado na ideologia do socialismo. (SINGER, 2005a, p. 83 apud MORAIS et. al.2011, p.70) Segundo Rios (1989), no Brasil, o cooperativismo surge como uma promoção das elites (econômicas e políticas) como forma de fortalecer a economia agroexportadora. Já a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), diz que, o movimento iniciou-se na área urbana, com a criação da primeira cooperativa de consumo de que se tem registro no Brasil, em Ouro Preto (MG), no ano de 1889, denominada Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto. 5. CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO, OBJETIVOS E OUTROS ASPECTOS DAS COOPERATIVAS. O Cooperativismo é sistema que se fundamenta na reunião de pessoas, ao contrário das entidades do mundo capitalista que visa o lucro em primeiro lugar. No cooperativismo o lucro não é seu resultado final, mas um determinado fim que atenda às necessidades de uma coletividade. Trata-se de um modelo sócio econômico e ao mesmo tempo de uma filosofia de vida. É um movimento que busca unir desenvolvimento e bem estar social, tendo como referenciais fundamentais: participação democrática, solidariedade, independência e autonomia, objetivando o desenvolvimento econômico aliado ao bem estar social. Uma cooperativa é uma sociedade de pessoas que não visa lucro, tendo como objetivo principal a prestação de serviço. É uma sociedade que possui neutralidade política e não discriminação religiosa, social e racial, conforme ensina Zanluca. Será sempre uma sociedade simples e pode ter um número ilimitado de cooperados. Seu controle é democrático, ou seja, cada pessoa equivale a um voto. Nas assembleias o quórum é baseado no número de cooperados, não sendo permitida a transferência das quotas-parte a terceiros, estranhos à sociedade, mesmo que por meio de herança. Segundo o Conselho Federal de Contabilidade – CFC, através da Norma Brasileira de Contabilidade - NBCT 10.8.1.3, 2001, define: Entidades Cooperativas são aquelas que exercem as atividades na forma da lei especifica, por meio de atos cooperativos, que se traduzem na prestação de serviços diretos aos seus associados, sem objetivo de lucro, para obterem em comum melhores resultados para cada um deles em particular. Identificam-se de acordo com o objeto ou pela natureza das atividades desenvolvidas por elas, ou por seus associados. A cooperativa não está sujeita à falência. Sua constituição se dar por intermédio da assembleia dos fundadores ou por instrumento público, e seus atos constitutivos devem ser arquivados na Junta Comercial e publicados, bem como, na sua composição deve ostentar a expressão “cooperativa” em sua denominação, sendo vedado o uso da expressão “banco” (ZANLUCA). O cooperativismo assim como qualquer outra área de conhecimento baseia-se em princípios, existem sete que como tal apresentam-se como linhas orientadoras, por meio das quais as cooperativas levam os seus valores à prática. Foram aprovados e utilizados na época em que foi fundada a primeira cooperativa do mundo, na Inglaterra, em 1844. De acordo com a OCB, são eles: I. Adesão voluntária e livre - as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas. 104 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN II. Gestão democrática - as cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são também organizadas de maneira democrática. III. Participação econômica dos membros - os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver, uma remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes finalidades: Desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da criação de reservas, parte das quais, pelo menos será, indivisível; Benefícios aos membros na proporção das suas transações com a cooperativa; e Apoio a outras atividades aprovadas pelos membros. IV. Autonomia e independência - as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem o capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa. V. Educação, formação e informação - as cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação. VI. Intercooperação - as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais - força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais. VII. Interesse pela comunidade - as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros. As cooperativas, como uma forma organizada de gestão, conta também com uma estrutura sólida e bem dividida, onde cada pessoa interessada em participar de um empreendimento como este deve conhecer as formas adequadas de funcionamento, as determinações legais e todas as características que garantam a condução de ações, da maneira mais harmoniosa possível. A melhor direção é sempre procurar a Organização das Cooperativas do estado para se ter uma orientação quanto ao processo de constituição. É preciso ainda destacar como é a estrutura de uma cooperativa, que, segundo a OCB, deverá abranger: A. Assembleia Geral – órgão supremo da cooperativa que, conforme o prescrito da legislação e no Estatuto Social, tomará toda e qualquer decisão de interesse da sociedade. Além da responsabilidade coletiva que se expressa pela reunião de todos, ou da maioria, nas discussões e nas deliberações. A reunião da Assembleia Geral dos cooperados ocorre, nas seguintes ocasiões: Assembleia Geral Ordinária (AGO) – realizada obrigatoriamente uma vez por ano, no decorrer dos três primeiros meses, após o encerramento do exercício social, para deliberar sobre prestações de contas, relatórios, planos de atividades, destinações de sobras, fixação de honorários, cédula de 105 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN presença, eleição do Conselho de Administração e Fiscal, e quaisquer assuntos de interesse dos cooperados; e Assembleia Geral Extraordinário (AGE) – realizada sempre que necessário e poderá deliberar sobre qualquer assunto de interesse da cooperativa. É de competência exclusiva da AGE a deliberação sobre reforma do estatuto, fusão, incorporação, desmembramento, mudança de objetivos e dissolução voluntária. B. Conselho de Administração – órgão superior da administração da cooperativa. É de sua competência a decisão sobre qualquer interesse da cooperativa e de seus cooperados nos termos da legislação, do Estatuto Social e das determinações da Assembleia Geral. O Conselho de Administração será formado por cooperado no gozo de seus direitos sociais, com mandatos de duração (no máximo quatro anos) e de renovação estabelecidos pelo Estatuto Social. C. Conselho Fiscal – formado por três membros efetivos e três suplentes, eleitos para a função de fiscalização da administração, das atividades e das operações da cooperativa, examinando livros e documentos entre outras atribuições. É um órgão independente da administração. Tem por objetivo representar a Assembleia Geral no desempenho de funções durante um período de doze meses. D. Comitê Educativo, Núcleo Cooperativo ou Conselhos Consultivos – temporário ou permanente, constitui-se em órgão auxiliar da administração. Pode ser criado por meio da Assembleia Geral com a finalidade de realizar estudos e apresentar soluções sobre situações específicas. Pode adotar modificar ou fazer cumprir questões, inclusive no caso da coordenação e programas de educação cooperativista junto aos cooperados, familiares e membros da comunidade da área de ação da cooperativa. E. Estatuto social – conjunto de normas que regem funções, atos e objetivos de determinada cooperativa. É elaborado com a participação dos associados para atender às necessidades da cooperativa e de seus associados. Deve obedecer a um determinado padrão. Mesmo assim não é conveniente copiar o documento de outra cooperativa já que a área de ação, objetivos e metas diferem uma da outra. F. Capital social – é o valor, em moeda corrente, que cada pessoa investe ao associar-se e que serve para o desenvolvimento da cooperativa. G. Demonstração de resultado do Exercício – no final de cada exercício social é apresentado, na Assembleia Geral, o Balanço Geral e a Demonstração do Resultado que deverão conter: Sobras – os resultados dos ingressos menos os dispêndios. São retornadas ao associado após as deduções dos fundos, de acordo com a lei e o estatuto da cooperativa; Fundo indivisível – valor em moeda corrente que pertence aos associados e não pode ser distribuído e sim destinado ao: fundo de reserva para ser utilizado no desenvolvimento da cooperativa e cobertura de perdas futuras; Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social (FATES); e outros fundos que poderão ser criados com a Aprovação da assembleia geral. A OCB destaca três tipos de sociedades cooperativas existentes conforme a dimensão e os objetivos da mesma, sendo: Singular ou de 1º grau: tem objetivo de prestar serviços diretos aos associados. É constituída por um mínimo de 20 pessoas físicas. Não é permitida a admissão de 106 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN pessoas jurídicas com as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas que a integram; Central e Federação ou de 2º grau: seu objetivo é organizar em comum e em maior escala os serviços das filiadas, facilitando a utilização recíproca dos serviços. É constituída por, no mínimo, três cooperativas singulares. Em casos excepcionais poderá admitir pessoas físicas; Confederação ou de 3º grau: organiza em comum e em maior escala, os serviços das filiadas. Três cooperativas centrais e ou federações de qualquer ramo são a quantidade mínima para constituir uma federação. 6. COOPERATIVAS: PREVISÕES LEGAIS As cooperativas são previstas constitucionalmente. A constituição da República Federativa do Brasil, em seu art. 5º, inciso XVIII, dispõe que “a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento”. A lei n° 5.764, que define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, vige desde 1971, período em que ocorreram várias mudanças, aumentou consideravelmente o número de cooperativas e sobreveio a Constituição Federal de 1988 e o Novo Código Civil de 2002. Esse último trata das sociedades cooperativas em seu livro II, do art. 1093 ao art. 1096. A OCB elenca cronologicamente uma série de institutos legais que retratam o desenvolvimento histórico do cooperativismo no Brasil, a saber: Constituição de 1891, Art. 72; Decreto 979/1903; Decreto 1.637/1907; Decreto 22.239/1932; Decreto 926/1938; Decreto 1.836/1939; Decreto 6.980/1941; Decreto 5.154/1942; Decreto 5.893 / 1943; Decreto 6.274/1944; Decreto 59 /1966; Decreto 60.597/1967; Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, em vigor, que define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências; Constituição da República Federativa do Brasil (1988); Medida Provisória nº 1.715, de 3 de setembro de 1998, criando o Sescoop para viabilizar a Autogestão do Cooperativismo Brasileiro; Decreto 3.017, de 6 de abril de 1999, que aprova o Regimento do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). 7. O PAPEL DA CONTABILIDADE NO SISTEMA COOPERATIVISTA Como sabemos, a contabilidade é uma peça chave nos dias atuais para qualquer empresa capitalista ao redor do mundo, pois é por meio dessa magnífica fonte que podemos obter o conhecimento necessário para realizar todas as tarefas de escrituração, observar as despesas, as receitas provenientes das vendas, e algo mais. Para que a contabilidade não perca seu foco, foram criadas algumas soluções, por assim dizer, os princípios contábeis, a fim de ajudar aos usuários das informações geradas pela contabilidade no processo de tomada de decisões, deixando-os com mais segurança. Princípios esses, que devem ser observados por todas as sociedades, pois eles são a alma da contabilidade, não podendo ser deixados de lado, já que uma empresa ou outro tipo de entidade só funciona bem se adequar seus objetivos e finalidades, observando todos os princípios contábeis. “Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País” (IUDICIBUS, 2009, p. 87). 107 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Nessa perspectiva, o contador é de suma importância, pois, é através dele que as informações geradas pela contabilidade chegam até seu destinatário final, um credor, um banco, os cooperados de uma cooperativa, a própria cooperativa, entre outros. Mas, o mesmo deverá tomar bastante cuidado, no caso do sistema cooperativista, para não registrar um ato nãocooperativo como se ato cooperativo fosse, já que isso poderia levar a cooperativa a contrair uma dívida impagável. Dessa forma, as cooperativas também precisam de uma contabilidade forte e influente, mas com algumas diferenças em relação à contabilização aplicada em empresas comerciais capitalistas, no que diz respeito à nomenclatura, e, também, por se tratar de uma entidade que é prestadora de serviços sem fins lucrativos. São utilizadas outras formas de nomenclatura para os elementos contábeis de uma cooperativa, pois esta exige dados que não contém em nenhuma outra sociedade, portanto, sendo, muitas vezes, exclusiva a contabilidade cooperativista. Como uma cooperativa é uma sociedade de pessoas, não somente deve demonstrar o seu resultado financeiro, pois a informação não estaria completa, ela também deve evidenciar nas suas demonstrações o resultado das atividades realizadas por seus membros. Isso é importante para que se chegue o mais próximo do objetivo fundamental, o crescimento social e econômico da cooperativa e do cooperativado. Aliando o objetivo do sistema cooperativista, com a da contabilidade das sociedades econômicas, que é o de levar a informação uteis a seus usuários de forma eficaz para a tomada de decisões, aos que estão envolvidos, teremos assim, um maior controle de informações, onde o usuário poderá tomar suas decisões de forma mais concreta e com maior agilidade (LIMA, 2005). O Conselho Federal de contabilidade (CFC) criou algumas resoluções para nortear a atuação contábil no âmbito das cooperativas para que a contabilidade não se desvie de seus objetivos e princípios e acompanhe a evolução de tal sistema. Entre essas resoluções está a 920/2001, que aprova aspectos contábeis específicos para entidades cooperativas. Essa resolução se complementa com a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica (NBCT) 10.8, que estabelece critérios e procedimentos específicos de avaliação, de registro das variações patrimoniais e de estrutura das demonstrações contábeis, e as informações mínimas a serem incluídas em notas explicativas para as Entidades Cooperativas, exceto às que operam Plano Privado de Assistência à Saúde conforme definido em Lei. Essa regulamentação veio unificar os procedimentos contábeis, que, até então, existiam apenas para outros tipos societários. De acordo com Mem: Antes as sociedades cooperativas trabalhavam com um modelo contábil como se fossem emprestadas das demais sociedades. Agora, além de assumir um modelo contábil próprio, as sociedades cooperativas devem segregar as operações do ato cooperativo do não cooperativo, quando ocorrer. A escrituração contábil é obrigatória tanto para as sociedades comerciais capitalistas, quanto para as cooperativas, mesmo as pequenas cooperativas não ficam de fora, eles devem escriturar todo seu movimento econômico e financeiro, devendo assim, demonstrar seus resultados de exercício sempre ao termino do período vigente, conforme estipula a NBC T 10.8. Algo em que o sistema cooperativista prega é a questão de que a escrituração deve ser bem uniforme dos atos e fatos administrativos de uma cooperativa, e, que, seus princípios devem ser aplicados da mesma forma das empresas comerciais, seguindo as formalidades da escrituração contábil e avaliação patrimonial, mas não deixando de lado as respectivas terminologias das operações cooperativistas (LIMA, 2005). Nesse tipo de entidade, além dos livros fiscais e contábeis obrigatório, deverá haver os livros de Matrícula, de Atas das Assembleias Gerais, de Atas dos Órgãos de Administração, de 108 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Atas do Conselho Fiscal e de presença dos Associados em Assembleias Gerais (DIAS e SILVA). “O custo de aquisição é o valor efetivamente desprendido na transação por subscrição relativa ao aumento de capital, ou ainda pela compra de ações de terceiros, quando a base do custo é o preço total pago” (IUDÍCIBUS, MARTINS, GELBCKE, 2008, p. 141). No caso das cooperativas, que não têm ações e, sim, cotas, esse custo é responsável por avaliar os investimentos em qualquer grau que estejam (LIMA, 2005). Sempre, que um novo indivíduo entra ou sai de uma cooperativa, altera-se o valor do capital social da mesma. No ato da entrada, o valor das quotas partes subscritas e o valor devidamente integralizadas vão para a conta especifica Capital Social da entidade, conta original do Patrimônio Liquido, e, no ato da saída do cooperado, o valor da tal conta deverá ser deduzido, uma vez que é devolvido o valor equivalente às cotas-partes que esse cooperado possui. Numa cooperativa, os atos são divididos em atos cooperativos e atos não cooperativos, como já explicitado. A lei 5764/71, em seu art. 79, denomina atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais, contudo esse ato não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. O ato não cooperativo ocorre quando há necessidade da cooperativa contratar atividade de uma pessoa ou de um agente econômico qualquer que teria a condição de se associar e não se associa, prestando serviço para esta pessoa ou ente econômico (LIMA, 2005). No registro dos atos cooperativos, as entradas são denominadas ingressos, e as saídas, dispêndios, quanto aos atos não-cooperativos registra-se como receita, custos e despesas (LIMA, 2005).Os lucros líquidos de uma cooperativa são chamados de sobras, seus prejuízos são chamados de perdas, despesas dispêndios e as receitas são ganhos. Operações contábeis realizadas pelas cooperativas por meio de atos não-cooperativos devem ser contabilizados separadamente dos atos cooperativos, de maneira a fornecer melhor compreensão dos relatórios contábeis, não confundindo o usuário da informação. Os resultados das operações das cooperativas com não associados serão levados à conta do "Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social" e serão contabilizados em separado, de molde a permitir cálculo para incidência de tributos (art. 187 da lei 5.764/71). Os atos não-cooperativos por não integrarem a legislação cooperativista, não podem ser distribuídos e são destinados a Reserva de Assistência Técnica Educacional e Social (RATES), os mesmo são tributados pelo Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, PIS, COFINS e pela Contribuição Social do Lucro Liquido (LIMA, 2005). No encerramento de cada exercício social de uma cooperativa, faz-se a efetuação da apuração das sobras ou perdas decorrentes em tal exercício, através das respectivas contas de apuração no patrimônio liquido da entidade. O saldo dessas contas transitórias deve ser encaminhado, após o encerramento de todas as contas de resultado, para a conta “Sobras ou Perdas á Disposição da Assembleia Geral”, para que a mesma possa decidir melhor sua destinação. Caso o resultado obtido no confronto de débitos e créditos der positivo, serão distribuídos nas suas reservas obrigatórias e estatutárias, ou seja, 10% das sobras irão para a Reserva de Assistência Técnica Educacional Social e 5% irão para a Reserva Legal. Conforme a resolução 1013/05 do CFC, o resultado negativo do exercício (ato não-cooperativo) deve ser levado à Reserva Legal e, se insuficiente sua cobertura, pode ser deduzido das sobras após as destinações para reservas legais obrigatórias (sobras líquidas), porém, se forem insuficientes essas compensações, o saldo remanescente será rateado entre associados. 109 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN “As sociedades cooperativas devem colocar a disposição de seus associados e demais usuários interessados as peças contábeis até no máximo na data de realização da Assembleia Geral” (MEM). Assim, esse tópico não esgota o tema da função da contabilidade nas cooperativas, mas, apenas, elenca alguns pontos considerados relevantes para a contabilidade desse tipo societário. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme o presente estudo, entende-se que uma cooperativa é uma sociedade de pessoas que não visa lucro, tendo com objetivo principal a prestação de serviço, bem como que as cooperativas têm previsão constitucional e são regidas pela lei ° 5.764/71 e pelo Código civil de 2002. Suscitou-se, também, que o modelo socioeconômico que conhecemos hoje como cooperativismo, surgiu primeiramente na Inglaterra, no século XVIII, coincidindo com o movimento da Revolução Industrial daquele País. Foi possível extrair da pesquisa que, na contabilidade de uma cooperativa, o contador não deve demonstrar somente o seu resultado financeiro, devendo também, nas suas demonstrações, evidenciar o resultado das atividades realizadas por seus membros, aliando objetivo do sistema cooperativista, com a da contabilidade das sociedades econômicas, levando informações úteis a seus usuários de forma eficaz para a tomada de decisões. Isso porque esse tipo societário também precisa de uma contabilidade forte e influente, mas diferente da contabilidade aplicada em empresas. Diante do exposto, percebe-se o quão é importante o papel da contabilidade para o sistema cooperativista, bem como se explicita que, para atuar como contador nesse tipo societário, não se faz suficiente a aquisição de conhecimentos contábeis aplicáveis às sociedades mercantis, devendo o profissional está apto a aplicar a ciência contábil às peculiaridades das cooperativas. Assim, para atuar nesse setor, é necessário que o contador esteja munido também de conhecimentos acerca das normas de contabilidade voltadas para o cooperativismo, do regimento legal de tais sociedades, de seus objetivos e finalidades e dos próprios aspectos histórico conceituais das cooperativas que lhe dão características bastante peculiares. Ressalta-se a importância da aquisição desse conhecimento desde a graduação. O presente estudo não teve por escopo esgotar a temática, mas apenas trabalhá-la de forma introdutória, trazendo um pouco de discussão acerca desse assunto que suscita inúmeras questões e é tão relevante para a contabilidade dos dias atuais, tendo em vista que o cooperativismo é um modelo em ascensão. Espera-se que as pesquisas consigam aprimorar ainda mais os modelos contábeis aplicáveis às cooperativas, contribuindo para que essas atinjam seus objetivos e finalidades de forma cada vez melhor. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da república federativa do Brasil de 1988. . Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 01 jun. 2011. BRASIL. Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5764.htm>. 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Pois o referente problema traz consigo uma série de assuntos como, por exemplo: as diferenças de práticas contábeis de um país para outro, a capacitação dos profissionais da área em compreender o funcionamento de tais princípios adotados como também a resistência dos países com relação à internacionalização da contabilidade. Palavras - Chave: Contabilidade Internacional. Reconhecimento da Receita. Padronização. Instituição de Ensino Superior. Abstract With the need for harmonization in the world carrying one of the biggest concerns of business is the income, through the income is possible analyze the profit, and the values of taxes to be paid, among others. So we can analyze this issue, in a case study in a Higher Education Institution, in a clear and wide perspective, always taking into question the user of accounting information. The related problem bringsur a number of issues such as, for example: differences in accounting practices, the training of professionals in understanding the operation of such principles adopted but also the resistance of countries with respect to the internationalization of accounting. Keywords: International Accounting. Revenue Recognition. Standardization. Higher Education Institution. 9 Bacharelando em Ciências Contábeis pela Universidade Potiguar; Tax Accouting Analyst. 112 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1. INTRODUÇÃO O devido capítulo trata sobre o processo de convergência dos padrões contábeis é uma questão que vem sendo discutida há anos dentro da contabilidade. Porém, com a globalização se intensificando mais rapidamente, esse processo vem sentindo a necessidade de ser analisado com maior prudência. Este estudo trata-se de avaliar teoricamente e demonstrar a prática do processo de convergência da receita nos padrões contábeis em uma IES (Instituição de Ensino Superior) de um grupo com sedes em vários países. Onde a principal (sede) fica nos EUA (Estados Unidos da América), ou seja, é utilizado as práticas Anglo-Saxônicas e comparar as práticas brasileiras de contabilidade, o objeto de estudo reside no Brasil. O objetivo do trabalho é enfocar a Contabilidade Internacional de um modo geral e adequá-la a IES. Comparando as Práticas Brasileiras e Anglo-Saxônicas. Contemplam, também, as discussões sobre qual norma, regra ou princípio seria o mais usado em termos mundiais, as vantagens e desvantagens de cada prática. Não se contendo do movimento de aceitação as normas do IASB (International Accouting Standards Board), pois não existe atualmente unanimidade entre os pesquisadores, estudiosos e profissionais da área. No devido contexto, o presente estudo é promover uma revisão no que diz respeito aos riscos, custos, oportunidades e benefícios decorrentes da convergência dos padrões contábeis da devida IES, no caso, se seriam baseados em princípios ou regras. Tendo em vista que o próprio estudo venha servir de referência para maior reflexão sobre a Contabilidade Internacional. O Brasil já tem avançado bastante no assunto. Para alcançar os devidos objetivos, o trabalho tem embasamento teórico de pesquisadores e autoridades que regulam os devidos órgãos contábeis, como também, a parte prática no que diz respeito à IES, destacando os principais pontos de convergência contábil brasileira. 2. CENÁRIO No mundo moderno existem várias situações, dentre elas a necessidade da harmonização das normas contábeis. Quais os reflexos? Por que foi adotado e para que serve a IFRS? O que é GAAP? O que a IFRS tem haver com os GAAP’s (Generally Accepted Accounting Principles)? A empresa que será objeto de estudo não permitiu ter o nome revelado, por isso chamaremos de “x”. Devido a tal necessidade de profissionais especializados na área e de tema pouco explorado sentimos a necessidade de abordar de forma explícita o assunto mencionado. Há uma estreita relação entre a contabilidade e o ambiente em que ela se desenvolve e opera, o que justifica a preocupação, conforme mencionado anteriormente, com a adoção das IFRS. Sistemas político e econômico, formas de financiamento das empresas, valores culturais e outros fatores podem dificultar a aplicação das normas internacionais localmente ou até mesmo descaracterizá-las para “forçar” sua implantação a ponto de torná-las irreconhecíveis em face da original. (LAGE, 2010, pág. 10). A proposta de adoção das normas internacionais de contabilidade vem sendo estudada há algum tempo, mas somente colocada em prática nos últimos anos, daí vem à necessidade de estudos e profissionais qualificados na área. 113 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN As diferenças de cultura, hábitos e até mesmo práticas contábeis para elaboração das devidas demonstrações financeiras levam os países a grandes divergências na apuração de resultados (lucro ou prejuízo). Com a globalização e expansão da economia mundial, grandes empresas começaram a investir em outras empresas para obterem melhores resultados, porém não havia uma única prática contábil mundial para apuração de dados. Portanto, um exemplo claro disso seria uma empresa da União Européia que investisse capital em outra empresa no Brasil, aqui (no Brasil) poderia ser que pelas Normas Brasileiras de Contabilidade a empresa apurasse um possível lucro “x”, já pelas Práticas da União Européia poderia obter um possível prejuízo “y”. Qual seria a forma mais correta ou coerente de apuração de dados contábeis? O referido estudo feito em uma IES presente em torno de 28 países, incluindo América Anglo – Saxônica e Brasil, proporciona um melhor entendimento para questões como essas. Entender as dimensões internacionais da contabilidade é vital para qualquer um que queira negociar por fronteiras nacionais e internacionais, uma vez que as informações contábeis podem variar substancialmente de um país para outro, de acordo com os princípios de contabilidade que os governam. (PADOVEZE, 2011, pág. 3) Também serão abordados os reflexos dessas divergências na contabilidade no contexto geral e a melhor forma de proporcionar aos usuários da contabilidade um entendimento mais abrangente sobre o referido assunto. Com a harmonização no mundo a facilidade de troca de informações é essencial. Portanto será possível analisar tal assunto de forma ampla e clara, levando sempre em questão o usuário da informação contábil. Pois o referente problema traz consigo uma série de assuntos como, por exemplo: as diferenças de práticas contábeis de um país para outro, a capacitação dos profissionais da área em compreender o funcionamento de tais princípios adotados como também a resistência dos países com relação à internacionalização da contabilidade. Durante o estudo será analisado detalhadamente a IFRS com relação aos GAAP’s brasileiros, e anglo – saxônicos. O impacto da Contabilidade Internacional com as Normas Brasileiras de contabilidade. As práticas Anglo – Saxônicas com relação as práticas Brasileiras como, porventura trazer as diferenças entre princípios e regras contábeis no qual giram as devidas modificações e como o mercado de capitais mundial administra o referido assunto. 3. MÉTODO O objetivo do nosso estudo é analisar os impactos entre as práticas Anglo-Saxônicas versus Normas Brasileiras, averiguar as diferenças e semelhanças entre BRGAAP e USGAAP, mostrar de forma ampla e clara como é feito os lançamentos contábeis referente a receita nos GAAP’s de um balanço de uma IES localizada no município de Natal/RN tendo como foco principal: Avaliar as principais diferenças na forma de apuração da receita das práticas Anglo-Saxônicas versus Normas Brasileiras de Contabilidade. Averiguar os lançamentos contábeis de receita feitos nos GAAP’s dos Estados Unidos e Brasil. Abordar as discussões entre práticas Anglo-Saxônicas e Brasileiras. Explanar as dificuldades de resistência tanto nos países de estudo como também entre os profissionais da área contábil. Analisar a necessidade das empresas de adotarem o sistema de harmonização com relação ao reconhecimento da receita e o que influenciou as mesmas a praticarem tais procedimentos. 114 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Analisar as vantagens e desvantagens da harmonização contábil e a possível transparência de informações para o usuário da contabilidade. O método utilizado no trabalho foi o dialético que contará de embasamento teórico de pesquisadores e órgãos que regulam a contabilidade, argumentando claramente os conceitos envolvidos na discussão, como também, será explícita a parte prática da Contabilidade Internacional aplicada a IES, na cidade de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, na qual foi permitido o acesso as devidas demonstrações contábeis. O referido estudo traz uma metodologia abrangente em termos conhecimento das práticas contábeis feitas na América Anglo-Saxônica e no Brasil. A teoria com a junção da prática de um grupo forte “x” que utiliza a contabilidade internacional para poder consolidar seus balanços. Estudo de caso: É um estudo que analisa um ou poucos fatos com profundidade. A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias e no início de pesquisas mais complexas. [...] A preparação para realizar um estudo de caso envolve habilidades prévias do pesquisador, treinamento e preparação para o estudo de caso específico, desenvolvimento de protocolo de estudo de caso e condução de um estudo de caso piloto. (SILVA, 2010, pág.57) A pesquisa contará não somente com apoio bibliográfico, através de pesquisadores e estudiosos da área, com a finalidade de enriquecer a parte teórica, objetivando mostrar as devidas discussões sobre o tema, como também terá natureza de estudo de caso, como mencionado anteriormente, buscando a finalidade de expor as práticas adotadas a IES situada em Natal, Estado do Rio Grande do Norte. Será avaliado um dos maiores problemas do mundo inteiro, abordando também a junção da teoria e da prática. Através de como tudo começou, pois até chegar um nível maior de entendimento na área de Contabilidade Internacional é necessário entender primeiramente o início de tudo. O universo de amostra será uma IES (Instituição de Ensino Superior), com razão social “x”, situada no município de Natal, Estado do Rio Grande do Norte. A devida pesquisa é viável, pois existe a carência de trabalhos científicos na área de Contabilidade Internacional. Principalmente aplicando a área explícita a uma empresa verídica de serviços (IES). Os dados da Instituição de ensino “x” foram extraídos da vida real com bastante cautela, pois trata-se de um estudo de caso. Para facilitar o entendimento será usado tabelas, quadros, dentre outras planilhas, quando necessário, das referidas fontes de estudo. Os dados garantem de forma qualitativa e quantitativa, como também será explícito de todas as maneiras possíveis como são elaboradas tais demonstrações contábeis, a lei que regula os ajustes e a consolidação das demonstrações contábeis, na prática e na teoria. Os gráficos que serão expostos no trabalho são reais e práticos, adotados pela própria Instituição de Ensino Superior. 4. A FORÇA DA PROFISSÃO CONTÁBIL A contabilidade está se tornando uma ciência cada vez mais forte, a atuação dos profissionais está se adaptando ao cenário mundial e o contador não está sendo mais visto como 115 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN antigamente (o guardador de livros). Hoje a contabilidade passou a exercer uma grande importância dentro da economia mundial. É devidamente percebida a carência de estudos científicos na área de Contabilidade Internacional. Mesmo com o avanço do Brasil no assunto, ainda existem fatos que geram discussões entre os estudiosos, pesquisadores e profissionais da área. A Lei nº 11.638/07 estabeleceu que as normas contábeis a serem expedidas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) deverão ser “elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários.” Essa determinação afeta os pronunciamentos que são emitidos pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e adotados pela CVM. Além disso, a adoção das normas internacionais de contabilidade para a preparação dos balanços consolidados das empresas abertas exige aquisição de conhecimento imediato pelos contadores e demais profissionais do corpo gerencial das empresas, bem como pelos professores da área. Desde logo, é perceptível uma barreira conceitual fundamental no entendimento, aceitação e aplicação prática das IFRS no Brasil: o sistema contábil brasileiro, que sempre sofreu forte influência do ambiente fiscal, é fortemente baseado em regras definidas, ao passo que as IFRS tem sido tradicionalmente baseadas em princípios, bem menos detalhados, com grande ênfase na substância econômica das operações e no exercício de julgamento. “Os profissionais brasileiros terão, como primeira tarefa, que entender essa estruturação das IFRS e como ela afeta a interpretação e aplicação de cada norma específica”. (ERNST & YOUNG, 2010, pág.xxiii). O trabalho além de demonstrar embasamento teórico, será analisado a parte prática, propriamente dita, com a finalidade de trazer a realidade do assunto para conhecimento de todos profissionais interessados no mesmo. A profissão contábil está se tornando cada vez mais forte no mundo inteiro, é perceptível a mudança e a aceitação na ciência. Os profissionais precisam está cada vez mais adaptados as mudanças no cenário atual. 5. A EVOLUÇÃO MUNDIAL 5.1. O INÍCIO Este capítulo trata de mostrar a transição da teoria contábil. A teoria e a prática estão quase que equiparadas e a carência de estudos nessa área é muito grande. O momento ainda é de grandes discussões que ainda não foi chegada a uma conclusão propriamente dita com relação à harmonização contábil, as convergências, as normas e princípios que serão adotadas nos devidos setores em termos mundiais. É difícil ocorrer um período muito longo em que os desafios práticos e institucionais e os progressos teóricos na Contabilidade se dissociam. Após o surgimento inicial do método contábil, na Itália, provavelmente no século XIII ou XIV, de sua divulgação no século XV (obra de Frà Luca Pacioli), da disseminação da “escola italiana” por toda a Europa... (IUDÍCIOS, 2006, pág. 36). A necessidade da harmonização começou devido à transmissão da mesma para os seus respectivos usuários. Pois a profissão que antes era utilizada “apenas para o fisco” começou a expandir de uma forma gigantesca e as pessoas começaram perceber a importância que a contabilidade exercia sobre suas vidas. 116 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN No Pronunciamento Conceitual Básico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, de 2007, são listados os principais usuários das demonstrações contábeis, a saber: os investidores, os empregados, os credores por empréstimos, os fornecedores e outros credores comerciais, os clientes, o governo e suas agências e o público em geral. (NIYAMA, 2011, pág. 2) Cada um desses segmentos participa de alguma forma, seja diretamente ou indiretamente para a contribuição da padronização contábil. Cada ramo específico utiliza a contabilidade de alguma maneira. Existem, claramente, exceções de vulto, como, por exemplo, a monumental Storia della Ragioneria, de Frederico Melis, escrita na primeira metade do século XX, até agora inspirada no gênero e exemplo de pesquisa profunda. E, sem favor algum, o ciclópico trabalho de Besta, La Ragioneria, em três volumes, de 1981, é, possivelmente, a mais completa obra já escrita até o momento sobre Contabilidade, no mesmo nível do trabalho de Hendriksen, que é muito mais recente, e de Mattessich, [...] de 1964. Apesar disso, o domínio da escola italiana parece ter chegado a seu final (pelo menos até o momento), inclusive no Brasil, onde a Lei das Sociedades por Ações é inspirada (na parte contábil) na doutrina norte – americana. Talvez nossa crítica à escola italiana tenha sido dura, mas diremos que, apesar de tudo, o saldo deixado por ela e pelos demais europeus (entre os quais se destacam os alemães e os ingleses, esses últimos apenas pela parte de auditoria) é altamente positivo. (IUDÍCIOS, 2006, pág. 37) As grandes empresas européias investiam capital em empresas em países aonde a economia era mais valorizada, a dificuldade de apuração de resultados começou a fazer a União Européia a pensar em uma maneira de internacionalizar as demonstrações. Pois a Europa tinha investimento em grandes empresas, geralmente norte – americanas, povos de culturas diferentes, de princípios e conceitos distintos, o que na verdade era muito difícil de administrar uma empresa com investimentos que poderiam dar lucro, como também prejuízo, dependendo da prática utilizada para apurar as demonstrações contábeis. A Comissão Européia decidiu, em 2001, adotar as normas internacionais de contabilidade (IAS) emitidas até então pelo International Accounting Standards Committe (IASC) como base para a preparação das demonstrações financeiras das empresas abertas da Comunidade Européia. Essa decisão coincidiu com a reestruturação do IASC e a criação do International Accounting Standards Board (IASB). (ERNST & YOUNG, 2010, pág. xxi) A internacionalização das demonstrações contábeis era pensada há muitos anos, porém não concretizada, pois envolvia uma série de obstáculos no mundo inteiro. “A comunidade Européia estabeleceu 2005 como sendo o ano para adoção IFRS (comumente denominadas Normas Internacionais de Contabilidade – IAS).” (ERNST & YOUNG, 2010, pág. xxi) Porém a União Européia absorveu muito rápida a adoção das mesmas, existiam até antes mesmo de 2005 empresas que já realizavam tais práticas. 5.2 OS ESCÂNDALOS Com a expansão do mercado de capitais a América Anglo – Saxônica foi se tornando cada vez mais capitalista o “alvo” era atingir o investidor, pois trazia consigo uma cultura de que 117 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN qualquer pessoa poderia se tornar um investidor médio para posteriores lucros futuros, um investimento a longo prazo. Geralmente quando a criança nascia o pai já abria um tipo de investimento para o bebê, assegurado que no futuro a criança teria condições de manter um padrão de vida estável. O surgimento das gigantescas corporations, principalmente em inícios do século, aliado ao formidável desenvolvimento do mercado de capitais e ao extraordinário ritmo de desenvolvimento que aquele país experimentou e ainda experimenta, constitui um campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis norte – americanas. (IUDÍCIOS, 2006, pág. 38) Uma série de crises nos mercados de capitais foram se espalhando no mundo inteiro, especialmente nos Estados Unidos como foi o caso da Type, da Enron e da WorldCom. A Eron Corporation foi uma empresa de energia com sede em Houston, Estados Unidos. Antes dos seus problemas financeiros, a empresa possuía mais de 20 mil empregados e receitas de US$ 100 bilhões. Era uma empresa admirada, mas no final de 2001 foi relevado que seu desempenho era, em boa parte, fruto de fraude contábil. A empresa de auditoria que dava pareceres. Arthur Andersen, foi investigada e condenada por obstrução da justiça. (NIYAMA, 2011, pág. 11) Como a Enron outras empresas utilizavam “regras” geralmente aceita, no Brasil, pois as práticas das ciências contábeis brasileiras foram absorvidas da escola de contabilidade dos Estados Unidos. O governo americano ficou fragilizado devido a tantos escândalos na área contábil e a população ficou indignada ao ver que o investimento que tinha feito durante toda a vida não passava apenas de números fraudados. Os analistas de investimentos concentraram sua atenção em “expectativas de lucro” e contribuíram para agravar o problema de governança apoiando-se na orientação dos executivos em vez de realizarem sua própria análise fundamental. Os problemas foram acentuados pelo uso generalizado de opções de compra de ações como parte importante da remuneração dos executivos. Por último, houve uma perda de confiança nos números contábeis, na medida em que os analistas reconheceram que a administração da empresa podia fazer julgamentos contábeis para manipular os lucros divulgados por meio de estimativas ou outras escolhas contábeis. (GRAMLING, 2011, pág. 37) Foi então, que dois grandes representantes do governo americano elaboraram um projeto que tivesse a finalidade de estreitar as “brechas” deixadas pelas normas de contabilidade. Paul S. Sarbanes e Michael Oxley foram os autores da chamada Lei Sarbanes Oxley, conhecida como “SOX” ou “SARBOX”. Sancionada em 23 de janeiro de 2002, pelo congresso dos EUA, a lei reescreveu, literalmente, as regras para Governança Corporativa. A nova Lei tinha como objetivo: Elevar o nível de responsabilidade e comprometimento da Direção das Companhias; Melhorar a Governança Corporativa das empresas e o ambiente de controles internos; Aumentar a supervisão sobre as Demonstrações Financeiras apresentadas pelas Companhias; 118 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Restituir a confiança do investidor no mercado de capital e nos Auditores Independentes. Como mencionado anteriormente, havia necessidade de uma única forma de práticas contábeis adotadas pelos países. Após as crises decorrentes das fraudes nas empresas Enron e WorldCom, o Congresso sentiu que era necessário agir para proteger o público investidor. Nessas instituições, e infelizmente em muitas outras, falhas operacionais significativas foram acobertadas por fraudes contábeis sofisticadas que não foram detectadas pelas empresas de contabilidade externa. A imprensa, o Congresso e o público em geral continuaram a perguntar por que tais erros poderiam ter ocorrido quando a profissão de contabilidade externa havia recebido autorização exclusiva para proteger o público de fraudes e demonstrações financeiras enganosas. (GRAMLING, 2011, pág. 40) O presente Estudo de Caso é feito com base em uma IES (Instituição de Ensino Superior), com nome preservado e adotado na pesquisa por “x”, Sociedade Anônima de capital fechado, por enquanto, pois enquanto essa pesquisa está sendo desenvolvida, os analistas estão fazendo a incorporação das coligadas e trabalhando na abertura de capital. Na realidade, “x” é um grupo de empresas presente em torno de 28 países do mundo. Quando chegou ao Brasil, fez a “incorporação” de uma empresa que antes era familiar e tinha com base as Normas Contábeis Brasileiras. A adoção as práticas internacionais não foram rápidas, nem fáceis, foi feita através de muitos estudos e pesquisas desenvolvidas. Pois existiam sérios problemas, tais como: a contabilidade era terceirizada; os profissionais em Natal eram quase que escassos de conhecimento as Normas Internacionais Contabilidade já praticada fora do Brasil (pois o devido grupo aderiu a “x” no ano de 2007); existiam uma certa “resistência” por base dos profissionais em se adequarem as devidas práticas. Até 2007, o CFC era o principal responsável pela edição das normas contábeis e de auditoria, bem como por suas interpretações, válidas para todas as empresas do território nacional, independentemente de sua constituição jurídica e de acordo com as leis brasileiras. Contudo, dada a grande expressão econômica das companhias abertas e a necessidade de harmonização com as práticas internacionais de contabilidade, havia muitas divergências com a regulamentação da CMV e do Ibracon. (PADOVEZE, 2011, pág. 63) Tratando – se de uma empresa de grande porte, havia outros impactos, como na época as companhias de capital fechado tinham o livre arbítrio de escolher se apresentavam ou não em IFRS a contabilidade (a Lei 11.638/07 trouxe consigo a obrigatoriedade de suas demonstrações contábeis serem apresentadas de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade apenas para as empresas de Capital Aberto, para as Sociedades Anônimas de Capital Fechado era facultativo, até o momento, adequar-se ou não a Contabilidade Internacional), porém, são adeptos de uma cultura com transparência das demonstrações contábeis para seus usuários, pois através delas seria necessário fazer a tomada de decisão com melhor ênfase. Com sede nos Estados Unidos, e filiais no mundo inteiro, o Grupo já praticava com freqüência os testes de Controles Internos, ou testes da Lei SOX, pois acreditam que dessa forma pode haver maior nitidez dos balanços, não causando desconfiança da parte de seus investidores. Empresa americana, adequada às normas dos Estados Unidos. É importante lembrar que a Lei Sarbanes-Oxley se aplica somente a companhias abertas; as instituições fechadas não são governadas por essa lei. No entanto, as companhias fechadas frequentemente consideram a lei como uma indicação de “melhores práticas”. (GRAMLING, 2011, pág. 41) 119 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Depois de feito o chamado GAAP ANALISY no ano de 2006, que nada mais era que a Análise propriamente dita, um grupo de auditores internos da rede de ensino se dirigiu até Natal para analisar a situação atual da empresa e também de implantar as devidas mudanças necessárias para que a “nova aquisição” passasse a emitir os relatórios como todas as outras empresas ligadas a instituição. As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários das demonstrações financeiras requerem uma avaliação da capacidade que a entidade tem para gerar caixa e equivalentes de caixa, e da época e grau de certeza dessa geração. Os usuários poderão melhor avaliar essa capacidade de gerar caixa e equivalentes de caixa se lhes forem fornecidas informações que focalizem a posição financeira, o desempenho e as mutações na posição financeira. (LAGE, 2010, pág. 3) Diante de um trajeto de muitas mudanças organizacionais, uma delas foi a do Balanço Patrimonial que passou a ser emitido em BRGAAP e traduzido em USGAAP, ou seja, era feito o Balanço Patrimonial, como antes, de acordo com as normas contábeis brasileiras e posteriormente feito um outro balanço em USGAAP, que no caso seria os Princípios Gerais Contábeis Adotados nos Estados Unidos. Existe entre América Anglo – Saxônica e Brasil um espaço relativo no que diz respeito a alguns aspectos, tais como Reconhecimento da Receita, Leasing, dentre outros, aonde é perceptível as diferenças de práticas contábeis de um lugar para outro. Portanto quando é fechado o BRGAAP, o USGAAP é preparado na intenção de atender o usuário da informação contábil (principal “alvo”), ou seja, é feito em um “controle a parte” os devidos ajustes de GAAP. Depois de fechar os respectivos balancetes é feito com prazo máximo de 4 (quatro) dias úteis, após o último dia do mês, o chamado “Reporte”. Nesse caso, é reportado o balancete para a matriz que fica nos EUA (Estados Unidos da América). Durante o mês é feito nos seguintes dias os reportes das outras demonstrações contábeis, como a Demonstração dos Fluxos de Caixa (Cash Flow Statements). Os Estados Unidos adotarão o IFRS provavelmente em 2016, segundo pronunciamentos de órgãos reguladores. Existem no Brasil várias subsidiárias americanas que já estão iniciando o processo de adoção do IFRS. (MOURAD, 2010, pág. xix) As Normas Internacionais de Contabilidade são seguidas a risca pela Instituição que deixou de ser uma empresa familiar, sem fins lucrativos e tornou - se uma Sociedade Anônima de “Capital Fechado”. Porém ainda há certos mecanismos a serem mudados, como é o exemplo do USGAAP que tem como base regras e não princípios, no qual a FASB (Financial Accounting Standards Board) e a IASB (International Accounting Standards Board) se uniram com a intenção de adotar as IFRS no mundo inteiro, passando assim, o USGAAP não mais baseado em regras, mas em princípios. Pois defendem a tese que os Princípios são teoricamente mais fortes que as regras. Esse processo de convergência mundial, incluindo as PME’s (Pequenas e Médias Empresas) tem até no máximo 2016 para o mundo inteiro poder consolidar suas devidas demonstrações pelo IFRS, estas questões ainda estão em debate, porém a harmonização mundial não é tão simples assim, é necessário a quebra de muitos paradigmas. Outra questão a destacar no processo de convergência do padrão brasileiro às normas do IASB, é que os pronunciamentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) não incorporam um elemento importante das divulgações das IFRS, que são os Basis for Conclusions, onde o Board justifica as razões que levaram a se optar por emitir pronunciamento de uma forma e não de outra. Isso é particularmente importante para 120 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN orientar o profissional em seu julgamento profissional, permitindo uma reflexão sobre os objetivos da norma. Como o CPC não está traduzindo o Basis for Conclusions, é possível que isso aumente ainda mais o risco de divergências relevantes na interpretação das normas, considerando a ausência desse suporte para os profissionais. (NIYAMA, 2010 pág. xvii). Os órgãos responsáveis pelas convergências internacionais ainda estão debatendo para chegar a um denominador comum no que diz respeito os Princípios Internacionais IFRS. 6. REVENUE RECOGNITION COMO SOLUÇÃO PARA A HARMONIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS DE PRÁTICAS ANGLO-SAXÔNICAS VERSUS PRÁTICAS BRASILEIRAS A mudança inicial e o fruto central da pesquisa dentro da Companhia começou pelo Reconhecimento da Receita ou Revenue Recognition. As empresas, de forma geral estão preocupadas com seu faturamento, pois através do faturamento é necessário se ter uma ideia para análise de vários pontos, como o imposto a ser pago, ou até mesmo a possibilidade de obtenção do lucro líquido na qual estão interessadas. Segundo o Iasb, receita são “aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido, e não se confundem com os que resultam de contribuição dos proprietários da entidade”. (NIYAMA, 2011, pág. 208). A receita é um “ponto chave” dentro de uma organização, seja ela de serviços, comércio ou industrial. Receita não se confunde com ganho. O Iasb faz diferenciação entre receita e ganho, visto que um exemplo de ganho seria uma venda de imobilizado. O usuário da informação contábil necessita saber o resultado final obtido pela entidade com suas devidas atividades-fins. Segundo o CPC 30 (Comitê de Pronunciamentos Contábeis): “Receita é o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período proveniente das atividades ordinárias da entidade que resultam no aumento do seu patrimônio líquido, exceto as contribuições dos proprietários”. O estudo desenvolvido, como mencionado trata-se de uma Instituição de Ensino Superior, uma prestadora de serviços, a receita na empresa “x” é apurada em BRGAAP de acordo com a IFRS que diz: receita pode vir a ser reconhecida sobre os serviços iniciais; como também é apurada em USGAAP: em geral, são amortizadas ao longo do prazo de prestação do serviço, isso significa que como se fala em prestadora de serviço e instituição de ensino, a receita é prevista com base no semestre (devido tratar de nível superior e o mesmo ser dividido em vários semestres) e diferida de acordo com o percentual de aulas ministradas, como mostrado na tabela a seguir: Tabela nº 1 – 1st Semester 1st Semester 1st Semester # weeks Bdgt % Jan 0 0% Feb 3 14% 121 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Mar 5 24% Apr 4 19% May 4 19% Jun 5 24% 1st Sem Total 21 Fonte: Revenue Recognition, 2011 A tabela mostra claramente os meses do primeiro semestre, ao lado estão o número de semanas de cada mês e a porcetagem seriam a porcentagem de aulas oferecidas na instituição durante o semestre, retirando os finais de semana e os feriados, pois não são dias úteis, nem letivos. Para o reconhecimento da receita referente à fase de acabamento de uma operação, às vezes se utiliza o método da porcentagem de acabamento. Nesse método, a receita é reconhecida nos períodos contábeis em que os serviços estiverem sendo prestados. O reconhecimento da receita com a utilização do referido método possibilita a informação útil sobre a extensão da atividade de serviço e permite a avaliação de desempenho da companhia em determinado período. (PADOVEZE, 2011, pág. 255) Os ajustes a serem feitos na receita apurada em BRGAAP seguem o raciocínio do USGAAP, levando em consideração as bolsas oferecidas pela instituição ou scholarships e os descontos condicionais e incondicionais ou discounts. A estrutura do BRGAAP montado para apuração de receitas (anexo nº 1) aonde a sigla HYP (HyPerion) seria o sistema contábil utilizado para reportar as demonstrações financeiras para a matriz, na tabela mostra a conta contábil em USGAAP. O ajuste leva em consideração a receita do mês atual e a receita do mês anterior de acordo com o Template (Balanço em USGAAP adotado pela companhia em estudo). A finalidade seria igualar a receita em BRGAAP e USGAAP, fazendo chegar a um único denominador comum facilitando o entendimento do usuário da contabilidade, maior interessado no assunto. É perceptível a mudança nos critérios de mensuração de receita entre as práticas brasileiras quanto às práticas Anglo-Saxônicas, como também a forma de apresentar o Revenue Recognition aos usuários da informação contábil. Cada dia que passa a contabilidade está se modificando para melhor comodidade daqueles que dela necessitam. A forma de harmonização nas demonstrações contábeis estão cada vez mais próximas com a prática nas empresas e isso é um grande avanço em termos de ciência. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS É perceptível a imensa “força” que ciência da contabilidade está exercendo no mundo inteiro, a profissão está se tornando mais reconhecida perante o cenário econômico mundial, isso traz ao contabilista uma grande responsabilidade perante a sociedade, mostrar aos usuários da ciência com maior transparência os resultados e trazendo a credibilidade confiada à profissão. Um grande problema das empresas é o reconhecimento da receita, com a harmonização da contabilidade no mundo é mais fácil a elaboração das referidas demonstrações financeiras (financial reporting) e o entendimento delas pelo usuário da informação contábil. Como também é primordial a valorização da informação, sendo ela harmonizada mundialmente, pois dessa forma a empresa pequena tem a oportunidade de crescer trazendo consigo um investidor externo. 122 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O revenue recognition na IES foi uma excelente solução, pois a empresa consegue fazer o reconhecimento da receita com total segurança, conseguindo transparecer melhor a informação no tempo ágil e correta, deixando o usuário da informação contábil (os investidores) livres para garantir a tomada de decisão em tempo hábil. A pesquisa desenvolvida trouxe a consistência real do que acontece na prática dentro de uma empresa e fez perceber que a ciência está mais aproximada da transparência nas devidas informações contábeis e trazendo consigo a credibilidade da profissão perante a sociedade. O mundo continua se modificando, juntamente com a contabilidade. Enquanto o estudo estava sendo preparado muitas mudanças ocorreram e ainda estão ocorrendo, porém até o fechamento do referido estudo de caso as mais atuais modificações no tema foram feitas. O material elaborado não esgota o assunto, mas levanta argumentos negativos e positivos da questão em destaque, de forma que venha contribuir para o conhecimento e aprofundar as devidas discussões, juntamente com a qualidade dos trabalhos acadêmicos na área de Contabilidade Internacional. REFERÊNCIAS BENEVIDES, Élcio. Treinamento de Sarbanes – Oxley – Natal: Universidade Potiguar, 2009. ERNST & YOUNG, Fipecafi. Manual de Normas Internacionais de Contabilidade: IFRS versus Normas Brasileiras – 2ª Ed. – São Paulo: Atlas, 2010. GRAMLING, Audrey A (org.). Auditing. 7ª Ed. Norte Americana - São Paulo: Cengage Learning, 2011. IUDÍCIOS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade – 8ª Ed. – São Paulo: Atlas, 2006. LIMA, Luiz Murilo Strube. IFRS Entendendo e Aplicando as Normas Internacionais de Contabilidade – São Paulo: Atlas, 2010. MOURAD, Nabil Ahmad; PARASKEVOPOULOS, Alexandre. IFRS Normas Internacionais de Contabilidade para Bancos – São Paulo: Atlas, 2010. NIYAMA, Jorge Katsumi (org.). Normatização Contábil Baseada em Princípios ou em Regras? Benefícios, Custos, Oportunidades e Riscos, Revista de Contabilidade e Organizações – FEA-RP/USP, 2010. NIYAMA, Jorge Katsumi. Contabilidade Internacional – 2ª Ed. – São Paulo: Atlas, 2010. PADOVEZE, Clóvis Luis; BENEDICTO, Gildeon Carvalho; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manual de Contabilidade Internacional: IFRS: US Gaap e BR Gaap: teoria e prática – São Paulo: Cengage Learning, 2011. SILVA, Antonio Carlos Ribeiro da. Metodologia Cientifica aplicada à contabilidade: orientação de estudos, projetos, artigos, relatórios, monografias, dissertações, teses – 3ª Ed. – São Paulo: Atlas, 2010. 123 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN SILVA, César Augusto Tibúcio; NIYAMA, Jorge Katsumi. Teoria da Contabilidade – 2ª Ed. – São Paulo: Atlas, 2011. ANEXO Anexo nº 1 DESCRICAO Receita de Graduação Presencial Receita de Graduação Tecnológicos Receita de Pós Graduação Lato Sensu Receita de Curso de Extensão ISS PIS COFINS Devolução de Mensalidades – graduação Devolução de Mensalidades – tecnológicos Devolução de Mens.- Pós Graduação L.Sens Perda com Mensalidades Devolução de Mensalidades – Extensão Ressarcimentos Receita de Graduação EAD Bolsas Proeduc Bolsas Pró-Superior Bolsas Prouni Graduação Pós-Graduação Extensão Tecnólogos Descontos Mensalidades EaD ISSQN PIS s/ Outras Receitas Cofins s/ Outras Receitas Graduação Presencial Pós-Graduação Latu Sensu Extensão Graduação Interativa Graduação Tecnológica Receita de Locação de Quiosques Receita com Outras Locações Receita com Clínicas e Laboratórios Receita com Eventos Receita com Extensão e Ação Comunitária Receita com Vestibular Receita com Pesquisa e Pós-Graduação Receita com Outros Serviços Acadêmicos Receita com Multas de Biblioteca Outras Receitas Operacionais Receita com Doações Fonte: Revenue Recognition, 2011. HYP 308000 308000 308000 308000 308000 308000 308000 308000 HYPERION Tuition Revenue Tuition Revenue Tuition Revenue Tuition Revenue Tuition Revenue Tuition Revenue Tuition Revenue Tuition Revenue 308000 Tuition Revenue 308000 309983 308000 308000 308000 309985 309985 309985 309983 309983 309983 309983 309983 307008 307008 307008 309983 309983 309983 309983 309983 307008 307008 308740 Tuition Revenue Discounts Tuition Revenue Tuition Revenue Tuition Revenue Tuition Revenue Scholarships Scholarships Scholarships Discounts Tuition Revenue Discounts Tuition Revenue Discounts Tuition Revenue Discounts Tuition Revenue Discounts Tuition Revenue Other Income Other Income Other Income Discounts Tuition Revenue Discounts Tuition Revenue Discounts Tuition Revenue Discounts Tuition Revenue Discounts Tuition Revenue Other Income Other Income Other Clinic Revenue Lectures and Seminars 315500 Revenue 307008 Other Income 306230 Student Examination Fees 307008 Other Income 307008 370000 370000 307008 Other Income Misc. Revenue Misc. Revenue Other Income 124 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A Contabilidade na Visão dos Síndicos das Entidades Condominiais: Um estudo nos condomínios residenciais da cidade de João Pessoa - PB. Maria Aparecida Gomes Leandro (UFCG) Josicarla Soares Santiago (UFPB) Thaiseany de Freitas Rêgo (UFCG) Amanda Medeiros Martins (UFRN) RESUMO Em meio a um processo de gerenciamento das empresas existe uma grande necessidade de informações em tempo hábil para uma feliz tomada de decisão. O objetivo geral desta pesquisa foi identificar a visão da Contabilidade para os síndicos das entidades condominiais da cidade de João Pessoa – PB. Com o intuito de alcançar os objetivos propostos neste estudo, realizou-se: os seguintes procedimentos: 1) pesquisa bibliográfica; 2) pesquisa de campo realizada em 10 condomínios no município de João Pessoa/PB. Os participantes da pesquisa foram escolhidos por conveniência, ou seja, os questionários que voltaram foram os utilizados na pesquisa. Os dados foram coletados através de um questionário estruturado aplicado aos síndicos e sub-síndicos desses condomínios. Os resultados da pesquisa mostram que apesar do Brasil ser um dos primeiros países do mundo na sistemática condominial, a maioria dos condomínios não utilizam as reais práticas contábeis, desta forma, embora a literatura destaque a importância da contabilidade para a continuidade de qualquer entidade, percebese que este tipo de entidade está aquém da aplicabilidade da contabilidade, se mostrando entidades despreparadas em termos de tomada de decisão, uma vez que, não se baseiam em informações concretas, fornecidas pela contabilidade. Valendo-se enfatizar que embora os síndicos sejam os responsáveis oficiais pela tomada de decisão, os mesmos são totalmente alheios a contabilidade da empresa, podendo-se no decorrer da análise se identificar inclusive, confusão quando das respostas aos questionamentos. Palavras Chave: Contabilidade Condominial. Síndicos. Informações Contábeis. Tomada de Decisão. Área Temática: Tema Livre. 125 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1. INTRODUÇÃO No mundo moderno, onde se vivenciou inúmeras mudanças, um mundo recheado de descobertas fascinas, onde o conhecimento predomina diante das novas tecnologias da comunicação e da informação, a Contabilidade vem se afirmar definitivamente como ciência. Tendo seu objeto de estudo, o patrimônio e suas diversas variações, atingindo cada vez mais a determinação de seu valor. Em um meio em que os bens das pessoas e das organizações flui instantaneamente em divulgações nas redes de relações abstratas, o problema de sua mensuração tornou-se também um imenso desafio. E nessa interação na qual as pessoas se encontram, totalmente globalizadas, toda e qualquer organização necessita de uma reciclagem para com as suas ferramentas de gestão. Um bom sistema de gerenciamento é de fundamental importância para se fazer uma organização caminhar bem (BEUREN, 2008; SANTOS, 2007; PADOVEZE, 2007) A Contabilidade exerce um fundamental papel que é de controlar, onde esse controle é feito através de coleta, armazenamento e processamento das informações geradas pelos fatos que alteram a situação patrimonial (PADOVEZE, 2007). Dando um dinamismo no objetivo da contabilidade Padoveze vem definir o patrimônio como (2007, p. 29): Patrimônio é o conjunto de riquezas de propriedade de alguém ou de uma empresa (de uma entidade). São aqueles itens que a civilização convencionou chamar de riquezas, por serem raros, úteis, fungíveis (característica de troca), tangíveis (característica de poder ser movimentado e ser tocado fisicamente), desejáveis etc. Dentro dessa visão já tradicional para a humanidade, e numa primeira etapa de definição, patrimônio seria o conjunto de bens. Assim sendo o patrimônio (conjunto de bens, direitos e obrigações), será através da interpretação aprofundada deste, que se tem uma posição da real situação da empresa. Segundo Almeida (2005, p.13): “o objetivo principal da contabilidade é coletar, registrar, resumir, analisar e relatar, em termos monetários, informações acerca dos negócios das companhias”. Portanto essas informações devem ser coletadas, armazenadas, processadas, planejadas e controladas de maneira que, os usuários que trabalham com elas, possam saber e sentir que estão operando com dados que reflitam a realidade empresarial. Segundo Sá (1997, p. 15) apud Beuren (2008, p. 22): “A contabilidade nasceu com a civilização e jamais deixará de existir em decorrência dela; talvez, por isso, seus progressos quase sempre tenham coincidido com aqueles que caracterizam os da própria evolução do ser humano”. Diante disso, percebe-se que a contabilidade existe deste que no mundo há ser humano, mesmo sendo esta arcaica em seu início, mas que ela está adequada com o período em que vive a sociedade, e com certeza esta acompanha simultaneamente o desenvolver do mundo. É importante destacar que quanto mais sucintas forem as informações, melhor e mais eficiente será o resultado. No atual segmento empresarial, grandes empresas buscam constantemente meios informacionais que possibilitem resultados confiáveis em suas tomadas de decisões. Observa-se que com a área condominial não pode ser diferente, pois, seu tratamento real é o 126 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN de uma empresa, e embora não tenha personalidade jurídica, o que remete a utilização do CNPJ, também possui obrigações trabalhistas e fiscais, e em sua maioria possui altas arrecadações, exigindo assim uma responsabilidade de se planejar, orçar para executar de uma forma mais segura o funcionamento deste. E nesse meio, o profissional de Contabilidade ganha mais um campo de atuação, pois, precisa inserir os condomínios dentro do processo de controle patrimonial que deve ser aplicado a qualquer tipo de instituição, respeitando, obviamente, as especificidades da atividade. A idéia é mais forçosamente respeitada quando se verifica imensas estruturas condominiais se espalhando pela sociedade, sendo esta uma atividade que se intensifica a cada dia e se torna responsável pela administração de patrimônios compartilhados, que reforça a necessidade de controle, uma vez que, a prestação de contas é exigida por um maior número de pessoas. Desta forma, com a evolução do desenvolvimento dos condomínios, obrigatoriamente a contabilidade precisa acompanhar, pois esta consiste em um controle patrimonial, que é o objeto da contabilidade, sendo responsável por realizar o controle e gerar as informações que possam manter a continuidade de qualquer tipo de entidade, com o objetivo de dar suporte para as entidades principalmente na tomada de decisão, portanto, a contabilidade, juntamente com os profissionais desta área, precisam se adequar às necessidades destes usuários, que no caso são os interessados nos condomínios. A evolução da contabilidade revela aos modelos de hoje, flexíveis formas de gestão, baseadas em ferramentas com previsões cada vez mais reais, sobre os fatos ocorridos nas empresas, e auxilia o gestor para que ele saiba tomar decisões dentro das entidades estando preparado plenamente para as constantes mudanças. Porém, para muitos empresários totalmente despreocupados com a área econômico-financeira, a Contabilidade é somente necessária para atender às exigências fiscais. A quebra dos paradigmas tradicionalistas é a maior barreira para que o uso adequado da contabilidade possa mostrar aos clientes internos, e externos, sobre a situação das empresas conforme suas necessidades (MARION, 2007, SINELLI, 2000). Dentro desse universo de crises econômicas, políticas e sociais é que as empresas devem ter um maior controle de suas atividades, com uma análise mais aprofundada de seu patrimônio, investimentos e operações. O gerenciamento é sem duvida a palavra chave para a conquista total desse controle, é onde se pode prever o que poderá acontecer à entidade diante da sua situação no passado, e no presente. Diante disso, a contabilidade vem ao longo do tempo procurando encontrar a melhor forma de contribuir para que as entidades se mantenham ativas dentro do novo contexto empresarial vivenciado por elas. Além de ser responsável pelo fornecimento das demonstrações contábeis, a contabilidade também tem participação direta nos processos decisórios, transformando os dados em informações relevantes no momento de escolher as melhores alternativas. A contabilidade vem então, cada vez mais, priorizar a sua verdadeira função, que é a de fornecer informações úteis aos mais diversos usuários, os quais terão maior segurança quando da tomada de decisão (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999; IUDÍCIBUS, 2007). 127 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Os estudiosos em contabilidade têm trabalhado dentro de alternativas de melhores formas de informar aos seus usuários, trabalhando ferramentas que transformem dados em informações capazes de influenciar no processo decisório, onde dentre elas podemos destacar a contabilidade de custos, as filosofias gerenciais e a análise das demonstrações contábeis (GARRISON; NOREEN, BREWER, 2007). Diante deste contexto surge a seguinte questão problema: Qual o papel da Contabilidade na gestão das entidades condominiais? 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A Contabilidade como Ferramenta de Gestão A busca por uma maior participação nos mercados em um ambiente competitivo faz com que as grandes empresas busquem, constantemente, meios informacionais que supram as suas necessidades, pois cada detalhe faz a diferença no final dos custos. Desta forma, os gestores buscam meios que permitem uma maior flexibilidade para a empresa, ou seja, para esta se adequar de acordo com a necessidade do meio econômico. Assim, a ação de tomar decisões em uma corporação é uma responsabilidade que precisa ser muito bem organizada (PADOVEZE, 2007). Os gestores por serem responsáveis diretos pelo encaminhar da organização, o tenha sido delegada a função de administrar e maximizar o capital investido tem a obrigação de estudar as melhores formas de atuar em um contexto econômico totalmente novo. Assim, eles passam a buscar inovações que possam proporcionar as empresas sobre suas responsabilidades, o alcance de suas metas e a otimização do retorno esperado. E este deve priorizar pelo alcance de uma administração eficiente e eficaz. O papel do gestor é, portanto, essencial para que as organizações possam enfrentar o atual ambiente empresarial. Os administradores necessitam enfrentar um novo processo, e para isto deve se preparar para realizar o melhor trabalho possível utilizando tudo que a ele for fornecido como auxílio a esta nova etapa. Passa-se a dar prioridade a uma gestão capaz de discernir entre o que é diferencial ou não para a tomada de decisão, valorizando métodos, ferramentas e filosofias gerenciais que possam dar subsídio ao alcance dos melhores resultados empresariais. No meio econômico há uma necessidade de um acompanhamento das mudanças econômicas advindas, e tem-se na contabilidade um meio perspicaz de auxílio direto aos gestores. Tais contribuições provêem da necessidade enfrentada por esta ciência de atender os anseios sociais, correspondendo desta forma o seu caráter de ciência social. (MARION, 2006) A contabilidade passa assim, a ser enfocada dentro de um novo âmbito de atuação, ampliando o número de usuários aos quais se predispõe a satisfazer, de forma que, deixa de ser limitada apenas a usuários externos, dentre eles: investidores, governo, fisco, consumidores, fornecedores, dentre outros; para atender também a usuários internos, representados na figura do gestor. Em uma empresa há muitas ferramentas para a tomada de decisão, e a contabilidade interpreta esses demonstrativos com o fim de auxiliar o processo decisório. A contabilidade antigamente só possuía a função de guarda-livros, atualmente está bem desenvolvida, e exerce um papel importante no auxílio à tomada de decisões dos administradores em 128 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN geral, desempenhando um importante papel no crescimento das instituições. Portanto o profissional de contabilidade é importante, onde este, com suas diversas habilidades, pode fazer mudanças essenciais para uma melhor adequação da empresa. O contador é um anjo-da-guarda da entidade, reconhecendo de verdade a real situação desta (MARION, 2007). Niyama e Silva dizem a respeito do patrimônio das empresas (2008, p. 177): As teorias do patrimônio líquido influenciam os procedimentos contábeis, sendo uma referência para a apresentação das demonstrações financeiras. Isso ocorre devido ao fato de que cada teoria interpreta a posição econômica de uma entidade de maneira diferente, interferindo na sua evidenciação. Tais autores mostram como o patrimônio das empresas é dinâmico, não é apenas conhecê-lo e sim interpretá-lo em que posição e em que cenário se encontra. Nesse contexto a contabilidade faz a análise de balanços e posteriormente produz informações necessárias e reais para auxiliar aos gestores tomarem decisões. A análise de balanços é uma ferramenta utilizada para transformar dados, que são meros acúmulos de registros transacionais, em informações, que são o verdadeiro objetivo da contabilidade, que é o fornecimento de informações úteis para a tomada de decisão dos mais diversos usuários. Para Neves e Viceconti (2001, p. 457) análise de balanços é entendido como: Estudo da situação patrimonial da entidade, através da decomposição, comparação e interpretação do conteúdo das demonstrações contábeis, visando obter informações analíticas e precisas sobre a situação geral da empresa. E tem como objetivo fornecer informações numéricas de dois ou mais períodos, de modo a auxiliar ou instrumentar acionistas, administradores, fornecedores, clientes, governo, instituições financeiras, investidores e outras pessoas físicas ou jurídicas interessadas em conhecer a situação da empresa ou para tomar decisões. Portanto, evidenciando ainda mais a real importância da Contabilidade, os autores confirmam a utilidade das ferramentas contábeis nas gestões, conduzindo a um melhor controle da evolução dos gastos e acompanhar a execução de seus orçamentos. Os usuários esternos das informações contábeis podem ser pessoas físicas ou jurídicas, onde as utilizam para seu devido interesse, desde um auxílio para o planejamento até para saber como se encontra a situação daquela empresa para saber se pode investir ou não nela (RIBEIRO, 2005). 2.2 Entidades Condominiais A Lei de nº 4.591, de 16 de Dezembro de 1964, em seu TÍTULO I, define condomínio (BRASIL, 1964) como sendo: As edificações ou conjuntos de edificações, de um ou mais pavimentos, construídos sob a forma de unidades isoladas entre si, destinadas a fins residenciais ou nãoresidenciais, poderão ser alienados, no todo ou em parte, objetivamente considerados, e constituirá cada unidade, propriedade autônoma sujeita às limitações desta Lei. 129 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Portanto condomínio mediante a Lei de nº 4.591, é um conjunto residencial ou comercial composto de edifícios e/ou casas, geralmente cercado, com acesso controlado, e cujos moradores dividem equipamentos e áreas comunitárias. Amorim Jr. et al (2001, p. 9) relata que o problema da propriedade em comum é bastante antigo. Na Roma da Idade Média já se encontra uma experiência de construção de casas em comum semelhante ao condomínio de nossos dias. O senso prático e utilitário do povo romano e a dificuldade na época em adquirir moradias completamente independentes em suas comunidades, fizeram com que se construíssem casas em comum, ou seja, um sistema de propriedade semelhante ao condomínio de nossos dias. A modernidade acabaria acrescentando muitos e complexos problemas à questão da moradia, dentre os quais o da crise habitacional que é um dos mais graves. A rapidez do desenvolvimento urbano que acarretou a redução de espaços fez com que muitas famílias passassem a viver em condomínios. Outro fator que levou as famílias a se isolarem em áreas mais fechadas e protegidas é o aumento da violência (AMORIM JR. et al) Toda e qualquer organização necessita de administradores. Alguém para se responsabilizar pela elaboração de planos, pela organização de recursos, pela direção de pessoas, e pelo controle de operações. Isto se aplica para qualquer entidade, desde um simples mercadinho até mesmo para uma renomada empresa que possui exorbitantes faturamentos. (GARRISON, NOREEN, BREWER, 2007) Portanto, na atividade condominial não é diferente, onde existe um responsável (síndico), com responsabilidade civis e criminais, exercendo um papel principal no meio condominial (CARMO; TORRES JÚNIOR; LOPES, 2007). A Lei 10.406/02 também caracteriza o condomínio: “O condomínio edilício caracteriza-se pela coexistência de áreas de propriedade particular (que são as unidades autônomas) e áreas de utilização comum, cujo uso estará regula-se por convenção condominial.” (BRASIL, 2002) Esta mesma Lei 10.406/02 relata sobre os condomínios edilícios nos seus artigos 1.314 ao 1.358, retratando a relação entre os condôminos (deveres e direitos) e a forma de gestão do condomínio, desde deliberações, assembléias, eleição de síndicos, mandatos, entre outros assuntos). (BRASIL, 2002) Os condomínios não são Pessoas Jurídicas, porém diante da Receita Federal ele possui a obrigatoriedade de possuir a inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), conforme inciso II do art. 11 da IN RFB nº 568, de 08 de setembro de 2005. A justificativa é que os condomínios não possuem renda. Sua estrutura se mantém por sistema de cotas dentre os condôminos, dos gastos necessários para as operações de funcionamento do condomínio (CARMO; TORRES JÚNIOR; LOPES, 2007). 2.3 A Contabilidade nos Condomínios A Contabilidade é regida de princípios, onde esta aplicada de forma correta nos condomínios certamente orientará aos seus gestores a uma melhor tomada de decisão. Ela tem por objetivo fornecer aos interessados informações precisas e em tempo hábil desde que se tenha uma boa relação 130 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN entre o fornecimento das informações entre o síndico e o profissional de contabilidade, sendo esta de fundamental importância, pois existindo esta fidelidade com certeza o bom profissional desta área saberá fazer um bom controle do patrimônio. As etapas do processo da contabilidade nos condomínios se dá, inicialmente, com as informações geridas e repassadas pelos síndicos, a partir daí começa todo o processo de registro de todos os fatos ocorridos, desde um simples acontecimento até a um mais complexo. Dessa forma o profissional de contabilidade passa a assumir sua função que é analisar de forma mais profunda a situação real do patrimônio. Mostraando aos condôminos, o destino de seus pagamentos e investimentos para melhoria do condomínio. (AMORIM JÚNIOR, et al. 2008) Numa administração condominial existem bens, direitos e obrigações que constituem o patrimônio do condomínio. E partindo desta premissa, onde não se pode interagir os bens patrimoniais com os bens dos proprietários, deve-se respeitar o Princípio Contábil da Entidade, que conforme art. 4° da Resolução CFC nº 750/93 (p. 12, 1993) é: O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Em seu parágrafo único a CFC (p. 12, 2006) diz que: “O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil”. Por esta abordagem, o princípio da entidade esclarece que não pode somar o patrimônio com a entidade no sentido de torná-la uma nova entidade, pois unindo essas duas, forma-se uma conjuntura econômico-contábil, distinguindo então, a entidade com o individual, que jamais podem se agregar com o intuito de um apossar do outro. Niyama e Silva (2008, p.179) tratam esse princípio dizendo que: “A teoria da entidade surgiu no final do século XIV e início do século XX, o impulso ocorrido pelo crescimento das grandes companhias e a necessidade de separar a gestão da propriedade”, o que é da entidade com o individual, ou seja, distinguir. A resolução de nº 560/83 regula que são atribuições do contabilista, especificamente no inciso 12 do art. 3º, a execução dos serviços de escrituração em todas as modalidades específicas por denominações que informam sobre o ramo de atividade, incluindo, nesse caso, o da contabilidade condominial (CARMO; TORRES JÚNIOR; LOPES, 2007). 2.4 O Assessoramento Contábil 131 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Há uma dificuldade em avaliar de forma quantitativa, as vantagens de um sistema de informações gerenciais, ou seja, a melhoria no processo decisório, somente saberá o valor desta quando assim precisar dela (OLIVEIRA, 2008). OLIVEIRA (2008, p. 31-32) ainda especifica de uma forma bem detalhada, mostra que o sistema de informações gerenciais, sob determinadas condições, proporciona os seguintes benefícios para as empresas: redução dos custos das operações; melhoria no acesso às informações, propiciando relatórios mais precisos e rápidos, com menor esforço; melhoria na produtividade, tanto setorial quanto global; melhoria nos serviços realizados e oferecidos, quer sejam eles internos à empresa mas, principalmente, externos à empresa; melhoria na tomada de decisões, através do fornecimento de informações mais rápidas e precisas; estímulo de maior interação entre os tomadores de decisão; fornecimento de melhores projeções e simulações dos efeitos das decisões; melhoria na estrutura organizacional, por facilitar o fluxo de informações; melhoria na estrutura de poder, propiciando maior poder para aqueles que entendem e controlam cada parte do sistema considerado; redução do grau de centralização das decisões na empresa; melhoria na adaptação da empresa para enfrentar os acontecimentos não previstos, a partir das constantes mutações nos fatores ambientais ou externos; melhor interação com os fornecedores, possibilitando, em alguns casos, a consolidação de parcerias; melhoria nas atitudes e nas atividades dos profissionais da empresa; aumento do nível de motivação e de comprometimento das pessoas envolvidas; redução de funcionários em atividades burocráticas; e redução dos níveis hierárquicos. Embora pareçam características apenas de administradores, a contabilidade também está inserida nesse sistema de gerenciamento, pois é a partir desta que se pode tomar uma posição perante a situação da empresa, de como funcionar até ao processo decisório, mostrando assim alternativas para uma melhor evolução. Segundo Fortes10 (2003): Ainda não existe um sistema de registro, controle e análise patrimonial para a gestão das empresas e entidades que seja mais eficiente do que a contabilidade, tanto no passado, quanto nos dias atuais em que o avanço da informática veio contribuir com a agilidade dos processos de controles. Para muitos, o surgimento e a evolução da informática poderia substituir a contabilidade. Os fatos mostram exatamente o inverso. Nesta citação o autor revela a grande importância que a contabilidade possui, e aperfeiçoandose mais agilmente com a informatização, onde esta veio facilitar o meio contábil 10 http://www.fortesadvogados.com.br/artigos.view.php?id=248) 132 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Nos condomínios de uma forma geral, as três formas de como pode ser feita a administração dos condomínios, que pode ser de autogestão, co-gestão e terceirização. Amorim Jr. et al (2008)11 diz que: A falta da realização da Contabilidade pelas entidades condominiais tem gerado os demonstrativos mensais de prestação de contas sem refletir a situação das contas como ativo permanente, provisões de férias e de décimo terceiro salário, créditos a receber de inadimplentes, obrigações com fornecedores, etc. Portanto, os ditos demonstrativos não revelam a situação patrimonial do condomínio, conseqüentemente estas informações não são de conhecimento dos condôminos. O autor foi bem claro, quando revelou as conseqüências geradas pela falta de profissionais de contabilidade nas entidades condominiais, tornando o próprio gestor (síndico) e os condôminos, leigos diante da situação financeira do condomínio. 2.5 A Escrituração Contábil A escrituração praticada nos condomínios é feita normalmente de acordo como rege a lei da escrituração contábil das empresas, onde acontece os lançamentos de receitas, despesas e apuração. Fortes (2003)12 afirma que: A matéria do direito empresarial foi alcançada pelo novo código, nele constando o Livro II da Parte Especial que trata do Direito de Empresa. Este livro tem vários títulos, capítulos e seções, em cujas subdivisões o legislador procurou harmonizar cada matéria. Os contabilistas (contadores e técnicos em contabilidade) e a contabilidade foram inseridos nos capítulos que cuidam dos prepostos e da escrituração. A escrituração contábil das empresas, além de outros diplomas legais, está disciplinada nos 1.179 a 1.195 do Código Civil. No que se refere ao Código Civil, veio este diploma legal inserir em seu texto uma seção abordando as várias facetas da escrituração contábil, bem como dos contabilistas como os profissionais responsáveis pela produção e trato da informação contábil, Quanto a exigência da escrituração, segundo as determinações do artigo 1.179, o empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. Desta obrigação, de acordo com o § 2º deste artigo, fica dispensado o pequeno empresário a que se refere o artigo 970. O autor especifica o novo código civil no tocante a parte das operações da contabilidade diante nas empresas e como estas devem atuar, sendo de acordo com as normas do código, já que este em sua nova edição trata do direito empresarial. Os condomínios não possuem caráter de pessoa jurídica, por isso não há na legislação em vigor 11 http://www.unihorizontes.br/proj_inter20081/cont/papel_contabilidade_organizacao.pdf 12 http://www.fortesadvogados.com.br/artigos.view.php?id=248 133 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN a obrigatoriedade de escrituração contábil e nem de elaboração dos demonstrativos contábeis previstos na Lei de nº 6.404/76. E isso faz com que na prática, apenas se faça uma elaboração do Livro Caixa, onde no qual apenas se registram todas as entradas e saídas de recursos, e através destes elaboram-se balancetes mensais (CARMO; TORRES JÚNIOR; LOPES, 2007). Lembrando que o Livro Caixa é um relatório de operações, e este tem a finalidade de auxiliar o encerramento diário das operações financeiras de recebimentos e pagamentos realizados na empresa. Segundo os autores Carmo, Torres Júnior e Lopes (2007, p. 60): O balancete, para a administração condominial, é representado por um fluxo de Caixa. São registradas e evidenciadas as entradas de caixa, descriminadas por tipos de receitas, e as saídas de caixa, também discriminadas por tipos de gastos. Ao final do demonstrativo pode ser indicado, de forma resumida, o saldo anterior de caixa, as entradas e saídas ocorridas, restando o saldo que passa para o mês subseqüente. Para que haja transparência na gestão dos recursos sob a responsabilidade de uma administração, os condomínios devem divulgar este documento nas assembléias. Aconselha-se que esse demonstrativo seja assinado por contabilista legalmente habilitado e pelo síndico. A assinatura do contabilista tem amparo legal na Resolução CFC nº 560/83. Tratando-se de balancete na administração dos condomínios é feito de forma normal, ou seja, todos os fatos econômicos são registrados, e ao final de cada período, faz-se a apuração, o restante passará para o mês subsequente. Os autores Carmo, Torres Júnior e Lopes (2007, p.60) também afirmaram que: O síndico ou administradora, mensalmente elaboram um balancete de contas detalhado para ser distribuído aos condôminos. Os documentos comprobatórios são arquivados em pasta própria e submetidos à análise e aprovação do síndico, membros do conselho consultivo e/ou fiscal, os quais darão parecer para posterior aprovação ou reprovação por parte da Assembléia Geral de condôminos. Normalmente, a pasta referida contém os documentos do período de um mês, referentes à arrecadação, cotas de condomínio em atraso, multas arrecadadas, saldos bancários, aplicações financeiras, balancete e comprovantes das despesas pagas. Portanto, o síndico como responsável geral, mensalmente elabora um balancete e distribui para os condôminos observarem, como se encontra as operações econômicas do condomínio, sendo tudo registrado e arquivado, todos os acontecimentos de despesas, gastos e receitas. Amorim Jr. (2008)13 diz que: A parte mais polêmica do condomínio, assim como o de toda relação jurídica, é no tocante ao dinheiro. O síndico deve prestar contas de sua gestão, já que tem sob sua responsabilidade todo o acervo financeiro do condomínio, mesmo que as funções administrativas tenham sido delegadas a pessoa ou administradora de sua confiança. A prestação de contas é obrigatória, e está prevista na Lei de Condomínio 10.406/2002. Sem dúvida, ao prestar contas de sua gestão, o síndico estará revelando a sua ética, organização, responsabilidade e zelo, proporcionando, conseqüentemente, segurança, confiabilidade e tranqüilidade aos demais condôminos de um edifício. Ocorre que, quando se trata financeiro, sem sombra de dúvida, é um dos assuntos que merece 13 http://www.unihorizontes.br/proj_inter20081/cont/papel_contabilidade_organizacao.pdf 134 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN uma ênfase em especial. E o gestor é obrigado a prestar contas, e fazendo assim é um bom sinal, mostra que existe ética, ganhando então confiança perante os condôminos. Neste sentido, o acontecimento das contas deve ocorrer no momento real, portanto respeitando o Princípio Contábil da Competência, conforme art. 9º da Resolução CFC nº 750/93 (p. 14, 2006) afirma que: “As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento”. Portanto, verifica-se que as receitas e a despesas devem ser registradas no momento em que forem ocasionadas, mesmo que não tenha sido pagas ou recebidas neste período de ocorrência. (BRASIL, 1993) Os autores Carmo, Torres Júnior e Lopes (2007, p.60) também afirmaram que: Na contabilidade dos condomínios, segundo o art. 1.348 da Lei nº 10.406/02, anualmente o síndico tem por obrigação a apresentar suas contas para aprovação em assembléia de condôminos, assim como evidenciar a previsão orçamentária para o período,seguinte. Um relatório consistente e bem elaborado, com toda a arrecadação e todos os pagamentos discriminados, obterá possivelmente aprovação, sem restrição, por parte da assembléia. Portanto, os síndicos têm a responsabilidade de fazer a prestação de contas, este ato é uma maneira de deixar transparente a gestão deste. 3. METODOLOGIA A metodologia aplicada para desenvolver o presente trabalho é classificada segundo Beuren (2008, p. 79). Considerando as particularidades da Contabilidade, (...), optou-se por enfocar as tipologias de delineamentos de pesquisas (...) agrupadas em três categorias: pesquisas quanto aos objetivos, que contemplam a pesquisa exploratória, descritiva e explicativa; pesquisa quanto aos procedimentos, que aborda o estudo de caso, o levantamento, a pesquisa bibliográfica, documental, participante e experimental; e a pesquisa quanto à abordagem do problema, que compreende a pesquisa qualitativa e quantitativa. Portanto, o estudo classifica dessa forma: nos objetivos é uma pesquisa descritiva, pois tem como objetivo descrever características de uma determinada população que no caso são os síndicos, sobre o papel da contabilidade na gestão dos condomínios. Quanto aos levantamentos de coleta, utilizou-se da pesquisa bibliográfica e da pesquisa de levantamento, que caracterizam pela interrogação direta às pessoas cujo pensamento se deseja conhecer, utilizando como instrumento de coleta do questionário. Quanto a análise dos dados, ao analisá-los, escolheu-se a abordagem qualitativa. O trabalho de pesquisa teve como instrumento de coleta de dados um questionário que aborda pontos relacionados a contabilidade nos condomínios e apoiado na fundamentação teórica apresentada, objetivando como finalidade para entender as técnicas utilizadas nos condomínios e a visão dos síndicos em relação à Contabilidade, ou seja, a importância que é dada para as práticas 135 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN contábeis. No questionário foram elaborados quatorze quesitos, sendo o primeiro para a identificação do entrevistado quanto a sua atuação. Do segundo ao terceiro a visão dele do condomínio como uma empresa e o papel do contador dentro do condomínio. Do quarto ao sexto, a relevância da contabilidade como tomada de decisão e a utilidade das demonstrações contábeis. Do sétimo ao oitavo a relação do condomínio para com os contadores, se há um bom relacionamento. No nono os relatórios consultados para tomada de decisão. Do décimo a o décimo primeiro, qual a importância que é dada aos custos existentes no condomínio e se existe algum departamento para analisá-lo. No décimo segundo, é indagado se as informações utilizadas atende as necessidades informativas dos dirigentes. No décimo terceiro, se mudar a situação de apuração e análise dos custos existentes hoje no condomínio, poderia se dizer que o processo de tomada de decisão ficaria mais eficiente. No décimo quarto, quais as perspectivas do condomínio quanto à melhoria na busca por informações de custos. 4. ANÁLISE DE RESULTADOS Para se fazer a análise da pesquisa, foram constituídos um gráfico para cada pergunta do questionário, para assim analisar como se encontra a situação de cada área do condomínio. 4.1 Profissão ∕ Cargo No gráfico 1, representado em termos percentuais seria: 90% efetuados nos síndicos e 10% efetuado no subsíndico. Gráfico 1: Profissão/Cargo do Respondente Nesta pergunta, teve o intuito de saber qual a posição profissional dentro do condomínio, sendo que o principal personagem seria o síndico. Neste gráfico apresenta a seguinte situação: dos dez questionários aplicados, nove foram respondidos pelo síndico e um foi respondido pelo assim chamado de subsíndico, No gráfico o resultado obtido foi o vivenciado na evolução da sociedade, onde se elege um sindico para tomar as decisões pelos condomínios, tendo pouca ou nenhuma participação de técnicos no assunto de buscar informações para o processo de decisão, tais quais, contadores e administradores. Desta forma, prevalece à cultura de que os síndicos são as pessoas indicadas para tomar as decisões dentro dos condomínios. 4.2 Visão do Condomínio 136 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN No gráfico 2, representado em termos percentuais seria: 40% para os síndicos que consideram o condomínio com uma empresa; 20% para os síndicos que não consideram o condomínio com uma empresa; e 40% para os síndicos que dizem considerarem os condomínios como empresa dependendo da circunstância. Gráfico 2: Visão do Condomínio Esta pergunta tem o interesse de saber se o condomínio é visto como uma empresa, com a intenção de verificar qual a real visão dos que gerenciam o condomínio. Este gráfico apresentou a seguinte situação: dos dez questionários aplicados, quatro disseram que sim, que o condomínio é uma empresa, pois tem responsabilidades iguais a uma entidade com fins lucrativos; tiveram Dois que afirmaram não considerarem o condomínio como uma empresa, pois, trata-se apenas de uma simples organização de moradia e que não tem tantas responsabilidades assim; e quatro disseram que depende da circunstância, pois só acreditam que ele seja uma empresa quando no ato de contratar funcionários e outros. Procurando identificar a real visão sobre os condomínios, o resultado deste gráfico não foi nada satisfatório, pois mostrou que os condomínios em sua maioria não são considerados como uma empresa, e que estes não possuem responsabilidades, ou seja, direitos e deveres como uma instituição normal. Confirmando a idéia do gráfico 1, de que realmente fica difícil introduzir nestas entidades, a visão de que há uma necessidade de se trabalhar a partir de informações concretas, no intuito, do melhor aproveitamento dos recursos postos a disposição de tais entes. 4.3 Serviços Contábeis No gráfico 3, representado em termos percentuais seria: 90% para os síndicos que possuem a dispor de um profissional contador, para fazer os trabalhos contábeis do condomínio, desde um simples ato de contratação de um funcionário até a uma importante tomada de decisões; 10% para os síndicos que dizem não terem um profissional contador para efetuar os trabalhos contábeis, disseram ter apenas programas para controles de gastos e de folhas de pagamentos de funcionários que trabalham ali no condomínio; e 0% deixou de assinalar nenhumas dessas duas perguntas. 137 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Gráfico 3: Serviços Contábeis Nesta pergunta, o objetivo foi saber se o condomínio utiliza dos serviços de um profissional contador ou se apenas utiliza algum tipo de sistema paleativo para suprir as necessidades básicas do condomínio. Nove dissseram que sim, que o condomínio tem um contador a disposição e sempre, este executa rotineiramente as tarefas de sua responsabilidade; teve apenas um que falou não utilizar o trabalho de um contador, pois não tinha tanta necessidade deste profissional na administração do seu condomínio; e nenhum ficou sem responder as duas questões anteriores. Neste resultado já se nota uma certa discrepância em relação aos resultados anteriores, pois, embora eles tenham focado a tomada de decisão no sindico e que não enxerguem o condomínio como uma empresa, solicita o auxílio do contador, o que certamente, pode-se afirmar veemente, é para uma função meramente burocrática, de lidar com questões legais de funcionários e do governo. Assim, o contado aqui citado, refere-se a um profissional dito técnico em contabilidade, pois, é solicitado apenas, para cumprir questões legais, diante disso, o sindico só pode confirmar a existência de uma relação entre contador e empresa, e que estes priorizam esse relacionamento, pois, entendem que ambos devem caminhar juntos em parceria, não poderia se caminhar se não se cumprisse com as obrigações compulsórias. 4.4 Demonstrações Contábeis No gráfico 4, representado em termos percentuais seria: 40% para os síndicos que responderam que utilizam as demonstrações contábeis na tomada de decisões do condomínio; 60% para os síndicos que disseram não utilizarem as demonstrações para tomada de decisões do condomínio. 138 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Gráfico 4: Demonstrações Contábeis Nesta pergunta, a intenção foi saber se o condomínio utiliza as informações contábeis na sua tomada de decisão. Quatro disseram que sim, que o condomínio faz o uso das demonstrações contábeis na tomada de decisão da entidade, sendo estas de grande importância; e seis afirmaram que não utilizavam as demonstrações contábeis para tomar decisões do condomínio, pois utilizavam outros meios para tomar algum posicionamento. A resposta alcançada demonstra um resultado nada satisfatório quanto ao uso das demonstrações contábeis para as tomadas de decisões dos condomínios, sendo comprovado na literatura, que estas são de suma importância para orientar a empresa, de modo que se permita tomar as devidas decisões de acordo com a necessidade desta. Este resultado, apenas, corrobora com até então aqui levantado, o contador não participa do processo decisório, apenas, é contratado para cumprir com questões burocráticas, a qual a empresa é agregada. Vale salientar ainda, dois pontos críticos nesta discussão, primeiro que o Brasil é uma país de caráter extremamente legalista, de forma que, faz parte da cultura, o forte apego a forma, ou seja, a legislação. E a contabilidade, por sua vez, se desenvolveu dentro deste âmbito, passando por pontos de ruptura, mas, que inicialmente ficou muito concentrado na academia, só sendo visto incorporado a legislação, mais propriamente dita, nos tempos atuais, de forma, que se deixa de ter meros técnicos em contabilidade para se ter contadores graduados (NIYAMA; SILVA, 2008). Um segundo agravante ao caso em questão é que os condomínios em análise estão inseridos em uma cultura que não os enxergam como empresas, sendo induzidos a considerar que não precisam de grandes análises para realizar o gerenciamento, o que leva ao erro e acabe fazendo com que o recurso posto a disposição seja mal aproveitado. 4.5 Tipos de Demonstrações No gráfico 5, representado em termos percentuais seria: 20% para os síndicos que responderam que a demonstração que era repassada para o condomínio era o Balanço Patrimonial; 10% para os síndicos que disseram utilizarem a demonstração do Resultado do Exercício; 10% para os síndicos que disseram que a demonstração que era repassada para o condomínio era a Demonstração 139 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN das Mutações do Patrimônio Líquido; 20% para os síndicos que disseram que a demonstração que era repassada para o condomínio era a Demonstração das Origens e Aplicações dos Recursos; 20% para os síndicos que afirmaram que a demonstração que era repassada para o condomínio era as Notas Explicativas; 10% para os síndicos que relataram que a demonstração que era repassada para o condomínio era outros relatórios que não foram citados; e 20% para os síndicos que disseram não utilizar nenhuma das alternativas. Gráfico 5: Tipos de Demonstrações Contábeis Nesta pergunta, o motivo de sua elaboração foi de saber quais as demonstrações contábeis e relatórios que eram repassados para a entidade. Dois disseram que a demonstração repassada para o condomínio é o Balanço Patrimonial, que o condomínio faz o uso dessa demonstração contábil para análise da situação entidade; um apenas afirmou que a demonstração repassada para o condomínio é a Demonstração do Resultado do Exercício, que o condomínio faz o uso dessa demonstração contábil para análise da situação da entidade; um afirmou que a demonstração repassada para o condomínio é a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, que o condomínio faz o uso dessa demonstração contábil para análise da situação entidade; dois afirmaram que a demonstração repassada para o condomínio é a Demonstração das Origens e Aplicações dos Recursos, que o condomínio faz o uso dessa demonstração contábil para análise da situação entidade; um afirmou que a demonstração repassada para o condomínio são as Notas Explicativas, que o condomínio faz o uso dessa demonstração contábil para análise da situação entidade; um apenas afirmou que a demonstração repassada para o condomínio são outras que não foram especificadas, que o condomínio faz o uso dessas outras demonstrações contábeis para análise da situação entidade; e dois não assinalaram nenhuma das demonstrações, por desconhecerem o assunto referido ou por não ficarem à vontade para relatar a tática utilizada por eles para analisarem a real situação de como se encontra o condomínio. O resultado obtido demonstra que há uma fragmentação quanto aos tipos de relatórios que são enviados para a entidade. Na realidade é algo até fora do padrão, onde se deixa de repassar 140 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN demonstrativos mais corriqueiros, como Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado, para se repassar demonstrativos mais específicos, que carece de um usuário diferente, onde até então não se identifica no perfil do sindico aqui em análise. Permite então afirmar, que os respondentes e responsáveis pela tomada de decisão não possuem uma base real, tipo como referência alguns relatórios que sirvam para se ter uma noção de como se encontra a empresa, continuam tomando decisões baseadas no achismo14, sem um respaldo técnico ou não conseguiram assimilar a pergunta realizada. 4.6 Oportunidade da Informação ∕ Tomada de Decisão No gráfico 6, representado em termos percentuais seria: 20% para os síndicos que responderam que as informações são repassadas em momento oportuno para a tomada de decisões; 80% para os síndicos que afirmaram que as informações são repassadas sim em tempo hábil, ou seja, no momento oportuno; Gráfico 6: Oportunidade da informação na tomada de decisão Nesta pergunta, a razão foi de saber se as informações que eram repassadas do contador para os síndicos eram fornecidas para estes em momento oportuno para tomarem decisões. Dois disseram que nem sempre recebiam essas informações no momento oportuno, ou seja, se tem contrariado um dos pontos bases defendidos pela contabilidade que é a oportunidade da informação, de modo que, se esta não chega quando da necessidade da tomada de decisão, ela deixa de ser útil e a contabilidade por sua vez, não cumpre ao seu objetivo. Oito afirmaram que sempre que necessário, quando eles têm necessidade de utilizar informações para tomada de decisões, tem em mãos tal ferramenta a seu dispor. O percentual obtido dá uma impressão de satisfatório, pois, se alcançaria que a contabilidade está bem inserida dentro do processo de decisão dos síndicos, de forma que, atende ao usuário da informação. No entanto, análises anteriores, permitem se realizar questionamentos quanto a validade 14 Neologismo utilizado para expressar que não há fundamento teórico para determinada coisa, são opiniões próprias, as quais são baseadas em cultura e conhecimento de mundo. 141 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN deste resultado, já que os próprios síndicos alegam que o contador só é acionado para questões burocráticas. Claro, uma boa relação entre eles existe, pois, estão dentro da mesma empresa, mas, não há um relacionamento de dividir o poder da tomada de decisão. 4.7 Conhecimento das Informações pela Contabilidade No gráfico 7, representado em termos percentuais seria: 60% para os síndicos que responderam que as informações do condomínio nem sempre são repassadas periodicamente para a contabilidade; 40% para os síndicos que afirmaram que as informações são repassadas para a contabilidade periodicamente, pois dentre eles há uma transparência. Gráfico 7: Conhecimento das informações pela Contabilidade Nesta pergunta, a sua existência foi de saber se a contabilidade toma ciência das necessidades periódicas por informações contábeis advindas da administração da entidade. Seis síndicos disseram que nem sempre enviavam essas informações periodicamente para a contabilidade, pois nem todas as informações tinham a necessidade de serem reveladas ao contador, com tanta frequência; quatro afirmaram que periodicamente enviam as informações para a contabilidade, sempre tinha transparência para com a contabilidade. Embora o resultado do gráfico 3 tenha demonstrado uma boa relação entre o profissional contábil e os gestores do condomínio, nota-se que o gráfico 6 já fez se induzir a outras perspectivas de relacionamento, mostrando-se relação formal, de cumprimento de transações legais. Desta forma, o resultado agora em questão mostra que os contadores são barrados no processo de ciência do que acontece na entidade, corroborando com a discussão de que o contado só é visto quando se precisa de realizar atividades burocráticas com funcionários e governo, tornando então difícil a execução do trabalho dos profissionais da contabilidade, como afirma Niyama e Silva (2008) que esclarece que se os gestores não repassarem suas intenções para os contadores, a divulgação de informações sobre a situação da empresa será equivocada, pois, as perspectivas não estariam sendo incorporadas aos demonstrativos contábeis. 4.8 Opinião do Profissional Contábil no Processo Decisório 142 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN No gráfico 8, representado em termos percentuais seria: 80% para os síndicos que responderam que o contador emite opinião sobre as decisões; 20% para os síndicos que afirmaram que nem sempre a opinião do contador é solicitada para tomar alguma decisão. Gráfico 8: Opinião do Profissional Contábil no Processo Decisório Nesta pergunta, a finalidade foi de saber se a opinião do profissional contábil é solicitada pela entidade durante o processo. Oito síndicos disseram que sempre solicitam a opinião para o profissional, ou seja, a participação do contador no processo decisório é de suma importância; dois afirmaram que nem sempre a opinião do contador é bem aceita, pois deixa a desejar, sempre que necessitam destes. Neste gráfico, eles demonstram utilizarem a opinião do profissional de contabilidade sempre que vão tomar alguma decisão, isto indica que eles exigem participação dos profissionais e acreditam em suas técnicas. Mas, se observa mais uma discrepância nas informações, pois, o não cumprimento das características que deve conter a informação contábil, tal qual a oportunidade, faz com que se perca a utilidade da informação e assim, incapacita uma participação ativa no processo decisório, voltando a enfatizar, que a não ser que os síndicos vejam o cumprimento de obrigações compulsórias como um ato de cunho gerencial. O próprio gráfico 7, demonstra distúrbios na fidelidade com os envios dos dados, ficando os próprios gestores prejudicados, pois é a partir destes que a contabilidade terá a real situação da empresa, e saberá que tipo de decisão ideal tomar de acordo com a sua limitação. 4.9 Relatórios ∕ Processo Decisório No gráfico 9, representado em termos percentuais seria: 20% para os síndicos que responderam que o relatório consultado era a Demonstração do Fluxo de Caixa; 30% para os síndicos que disseram utilizarem a conta de Orçamentos; 20% para os síndicos que disseram que era a Demonstração do Resultado do Exercício; 20% para os síndicos que afirmaram que observava a Demonstração do Lucro ou Prejuízo Acumulado; e 10% para os síndicos que disseram não utilizar nenhuma das alternativas acima citadas. 143 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Gráfico 9: Relatórios/Processo Decisório Nesta pergunta, a presunção foi de saber quais os relatórios consultados pelo condomínio durante o processo decisório. Dois disseram que o relatório que era consultado pelo condomínio é a Demonstração do Fluxo de Caixa, que o condomínio faz o uso desse relatório contábil para análise da situação entidade, para se tomar alguma decisão; três afirmaram que o relatório utilizado no processo decisório é o Orçamento; dois afirmaram que o relatório consultado seria a Demonstração do Lucro ou Prejuízo Acumulado; dois afirmaram que o relatório utilizado na tomada de decisão do condomínio é a Demonstração do Lucro ou Prejuízo Acumulado; e apenas um afirmou não utilizar nenhum desses relatórios citados acima, pois possui as suas técnicas empíricas para identificar como se encontra a situação da empresa, descartando assim observar alguns desses relatórios. Sobre este gráfico, pode-se afirmar que, o resultado alcançado demonstra a diversidade de relatórios que são consultados durante o processo decisório, dá para entender que os condomínios não possuem, digamos uma base para se tomar decisão, portanto, fica explícito que eles não possuem em comum a escolha de um relatório básico. Inclusive a própria visão do que seria um relatório para se utilizar na tomada de decisão fica distorcida, pois, considerando-se que um sindico não seja obrigado a entender termos técnicos da profissão contábil, não se tinha por este a condição de interpretar um demonstrativo contábil, onde este deveria vir já “traduzido” para as mãos do usuário, no caso, o próprio sindíco. 4.10 Área de Custos No gráfico 10, representado em termos percentuais seria: 40% para os síndicos que responderam que existia uma área do condomínio que se encarregava de apurar e analisar os custos; 60% para os síndicos que afirmaram que não possuíam uma área só para apurar e analisar os custos do condomínio. 144 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Gráfico 10: Área de Custos Nesta pergunta, o interesse foi de saber se no condomínio há uma área (setor) encarregada de apurar e analisar os custos da entidade. Quatro síndicos disseram que sim, há um setor reservado para esse departamento, pois a apuração e a análise dos custos algo mais complexo em qualquer administração; seis afirmaram que não possuem uma área somente para essa atividade, pois tinham sistema e que estes separavam, analisavam e controlavam direitinho todos os acontecimentos do condomínio, sem a necessidade então de separar um departamento somente para essa operação. O resultado demonstra que a maioria dos respondentes consideraram planilhas de excel como responsáveis pelo sistema de custos e a menor parte não. Na verdade, o sistema de custos é aquele que acumula e apura os custos, independente da sofisticação, o que deve ser considerado é se estas planilhas fazem ou não a alimentação contínua dos dados e mais importante ainda, se estes dados são transformados em informações e utilizados no processo decisório. Assim, por mais rudimentar que seja a maneira de se apurar os custos, deve-se buscar tomar decisões a partir das informações geradas, embora, seja verdade, que quanto mais avançado o sistema de custos, melhor a qualidade da informação gerada e, por conseguinte uma vantagem para a empresa. 4.11 Importância dos Custos no Processo Decisório No gráfico 11, representado em termos percentuais seria: 20% para os síndicos que responderam que o grau de importância que era atribuído para as informações de custos era de 51% a 75%; E 60% para os síndicos que afirmaram que o grau de importância das informações de custos no processo decisório era de 76% a 100%; e finalizando 20% para os síndicos que não assinalaram nenhuma das alternativas, assim sugeridas no questionário. 145 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Gráfico 11: Importância dos Custos no Processo Decisório Nesta pergunta, o questionamento foi de saber qual era o grau de importância atribuído à informação de custos no processo decisório do condomínio. Dois síndicos disseram que o grau atribuído à informação de custos seria de 51% a 75%; seis afirmaram que o grau atribuído à informação de custos seria de 76% a 100%; e dois não assinalaram nenhuma das alternativas sugeridas no questionário, demonstrando então pouca relevância sobre o assunto. O resultado encontrado corrobora com a literatura que defende a informação de custos como uma importante ferramenta gerencial, frisando-se que quem não conhece a informação de custos, não conhece a realidade da empresa, o que consequentemente acarreta-se na incapacidade de bem administrar. Desta forma, ainda se lamenta que todos os síndicos não tenham ainda reconhecido esta importante estratégia empresarial, o que com certeza, iria contribuir para a maximização do resultado já obtido. Claro que um sistema de custos é bastante difícil de implantar, mas, o benefício trazido com a informação exige esforço, de modo que, apenas lançar receitas e despesas pode não ser o que a empresa precisa para identificar os gargalos existentes em sua continuidade, sendo a informação de custos a peça fundamental para se manter uma empresa com um bom equilíbrio, tendo o controle de um produto chamado desperdício. Tendo uma noção dos custos existentes dentro de uma instituição, torna-se o processo decisório com maior probabilidade de maximizar o capital da empresa. 4.12 Necessidades Informativas No gráfico 12, representado em termos percentuais seria: 80% para os síndicos que responderam que sim, pois as informações atendem suas necessidades; 20% para os síndicos que afirmaram, onde as informações não atendiam as necessidades deles. 146 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Gráfico 12: Necessidades Informativas Nesta pergunta, teve o propósito de saber se as informações utilizadas atende as necessidades informativas dos dirigentes (os síndicos). Oito síndicos disseram que sim, pois as informações utilizadas atende as necessidades de tomada de decisão; apenas dois afirmaram que não tem esse modo de pensar, que essas informações utilizadas não atendem as suas necessidades no momento de gerir os condomínios. Este resultado enfatiza bem mais a conclusão dos gráfico 3 e 6, pois demonstra que há uma boa relação entre o profissional contador e os síndicos, pois houve uma considerável resposta no atual gráfico, já que afirma que as informações pelo qual utilizam atendem as necessidades informativas destes (síndicos). No entanto, os resultados anteriores deixam dúbia a impressão aqui obtida, pois, o próprio sindico não repassa ao contador base para construção de bons demonstrativos e relatórios, não se tem atendida a oportunidade da informação, enfim, faz se questionar se realmente os gestores estão a vontade em trabalhar sem o auxílio do contador ou isto é apenas uma questão de ordem técnica e cultural que vai ser corrigida com o tempo. 4.13 Mudança dos Custos ∕ Melhoria na Avaliação No gráfico 13, representado em termos percentuais seria: 90% para os síndicos que responderam que sim, pois com uma mudança dos custos haveria uma melhora na avaliação da empresa; 10% para os síndicos que afirmaram que não precisaria ter uma mudança dos custos para avaliar o condomínio. 147 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Gráfico 13: Mudança dos Custos/Melhoria na Avaliação Nesta pergunta, o plano seria de saber se mudando a situação de apuração e análise de custos existente hoje no condomínio, poderia se dizer que o processo de tomada de decisão ficaria mais eficiente. Nove síndicos disseram que sim, pois mudando a situação de apuração e análise de custos do condomínio seria bem melhor para avaliar a situação do condomínio e tomar uma decisão mais tranquila e eficiente para com a entidade; apenas um afirmou que não tem esse pensamento de que se mudar a situação de apuração e análise de custos existentes no condomínio poderia ter um processo de decisão mais eficiente. Este gráfico contribui para a discussão quanto a carência apresentada pelos sistemas de custos implantados nas entidades questionadas, pois como demonstrou no gráfico 10, em sua maioria não possuírem uma área encarregada de apurar a analisar os custos do condomínio. E evidenciando mais ainda com este resultado de que se precisa uma melhoria neste setor, que infelizmente tem sido deixado em segundo plano. 4.14 Perspectiva Quanto a Melhoria nos Custos No gráfico 14, representado em termos percentuais seria: 80% para os síndicos que responderam que aperfeiçoa o sistema de informações; 20% para os síndicos que afirmaram que procura um aperfeiçoamento, porém nem sempre tem condições. Gráfico 14: Perspectiva Quanto a melhoria nos Custos Nesta pergunta, a propositura foi de saber quais as perspectivas do condomínio quanto à melhoria na busca por informações de custos. Oito síndicos disseram que aperfeiçoa cada vez mais o sistema de informações de custos, pois é uma ferramenta indispensável que sempre precisa está em dia; dois afirmaram que procura fazer um aperfeiçoamento, porém nem sempre as condições do condomínio são condizentes às necessidades. Este resultado confirma com o do gráfico 11, de uma importância atribuída aos custos no processo decisório, se verifica que os objetivos futuros tendem a melhorar, já que dão reconhecimento aos custos, e este item também continuará a estar presente na pauta de mudanças dos gestores, 148 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN fazendo com que estes se aperfeiçoem cada vez mais, pois deixaram ainda não criaram uma área específica para os custos do condomínio, como se evidencia no gráfico 10. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo geral deste trabalho foi identificar qual o papel da Contabilidade na gestão das entidades condominiais. Através da aplicação dos questionários, tendo resultados empíricos em 10 condomínios residenciais da cidade de João Pessoa – PB foi possível verificar como os síndicos veem a contabilidade e as técnicas por eles praticadas em seu cotidiano para o controle desses órgãos. Sabe-se que os métodos de analisar, controlar e apurar os custos não são tão utilizados em suas práticas, talvez seja por desconhecimento ou por simples descaso, pois estas práticas dariam ao gestor maior probabilidade de acerto em suas decisões, mesmo sendo um processo lento e que o fato de se reconhecer que a informação de custos é capaz de auxiliar no processo decisório, irá contribuir futuramente para um bom desempenho deste. O resultado encontrado demonstrou que existe uma certa relação entre o profissional de contabilidade e os síndicos, é saudável até certo ponto, digamos que a opinião dos contadores são procuradas somente quando necessário, e que não existe um enlace forte dentre as duas, em algumas respostas os respondentes se contradisseram, afirmando em algumas existir um bom entendimento dentre elas, porém em outras evidenciaram totalmente diferente. O avanço da importância das entidades condominiais estimula um acompanhamento da contabilidade, já que muitas dessas possuem arrecadação superior a algumas microempresas, faz despertar uma necessidade de engajar o profissional de contabilidade nesse contexto. E tem que se partir do ponto que o trabalho de um profissional de contabilidade é de grande importância para auxiliar aos síndicos. Em síntese, os resultados da pesquisa evidenciaram que a maioria dos condomínios não utilizam as reais práticas contábeis, evidenciando que, responderam algumas questões, apenas por uma satisfação, ou para maquiar a realidade. Em suas repostas não foram claros, afirmavam uma fundamentação em outra se contradiziam por completo. O Brasil é um dos primeiros países do mundo na sistemática condominial. Portanto, os profissionais desta área devem despertar para esse novo espaço profissional e fazer com que façam uma mudança no pensamento não só dos síndicos, mas também para um modo geral, para eles acreditarem que a contabilidade é um investimento e não uma despesa. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Curso Básico de Contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005. AMORIM JUNIOR, A. M., et al. Projeto interdisciplinar: o papel da contabilidade na organização o papel 149 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN da contabilidade na prestação de contas do condomínio. Belo Horizonte. Maio/2008. Disponível em: <http://www.unihorizontes.br/proj_inter20081/cont/papel_contabilidade_organizacao.pdf>. Acesso em: 13/10/2009. BEUREN, I. M. Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade: Teoria e Prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. BRASIL. Lei 10.406/02, de 02 de junho de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.presidência.gov.br>. Acesso em: 18/03/2010. BRASIL. Resolução CFC nº 560, de 28 de outubro de 1983. Regulamenta a profissão de contador. Disponível em: <http://www.cfc.org.br>. Acesso em: 30/05/2010. CARMO, A. S.; TORRES JÚNIOR, F.; LOPES, M. P. Contabilidade Condominial: um novo horizonte para o profissional de contabilidade. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília-DF, nº 163, Janeiro/Fevereiro 2007, pág.54-61. FORTES, J. C. A Exigência da Escrituração Contábil no Código Civil. 06/11/03 Disponível em:http://www.fortesadvogados.com.br/artigos.view.php?id=248. Acesso em: 06/10/2009. GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade Gerencial. 11. ed. Tradução e revisão técnica Antônio Zoratto Sanvicente. Rio de Janeiro: LTC, 2007. HENDRIKSEN, E. S.; VAN BREDA, M. F. Teoria da Contabilidade. Trad. Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2007. MARION, J. C. Contabilidade Básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 13. ed. – São Paulo : Atlas, 2007. NEVES, S.; VICECONTI, P. E. V.. Contabilidade Básica. 9. ed. São Paulo: Frase Editora, 2001. NIYAMA, J. K.; SILVA, C. A. T. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2008. OLIVEIRA, D. P. R. Sistemas de Informações Gerenciais: Estratégicas, Táticas, Operacionais. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2008. PADOVEZE, C. L. Manual de Contabilidade Básica: Uma Introdução à Prática Contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. RIBEIRO, O. M. Contabilidade Básica. São Paulo: Saraiva 2005. SANTOS, J. L., et al. Teoria da Contabilidade. – São Paulo: Atlas, 2007. SINELLI, E. R. Usando a Contabilidade como Instrumento de Gestão Empresarial. 2000. Disponível em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/0B0D8F54A46DE6F90325711F004F528C/$File/Mon ografia%20-%20Sebrae%20-%20Biblioteca%20-%2024-02-06.doc. Acesso em: 31∕05∕2010. 150 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A MENSURAÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL ATRAVÉS DO BALANÇO SOCIAL: UM PANORAMA DO ENTENDIMENTO DAS EMPRESAS DE NATAL/RN Hélen Steffânia dos S. Herculano Bacharelando de Ciências Contábeis – UnP [email protected] Sheyla Cristina A. Dantas Bacharelando de Ciências Contábeis – UnP [email protected] Prof. Jorge Assef Lutif Júnior Universidade Potiguar – UNP [email protected] Prof. Lieda Amaral de Souza Universidade Potiguar – UnP [email protected] RESUMO O presente artigo tem como tema central a análise da possibilidade de utilização do Balanço Social como instrumento de transparência de todas as atividades desenvolvidas pelas organizações perante seus stakeholders e o meio ambiente. Apresentaremos um resumo da evolução histórica da contabilidade que ao longo do tempo adaptou-se e estruturou-se ao contexto social de cada época. O trabalho foi realizado, por meio de uma pesquisa exploratória de cunho bibliográfico. Concluindo que o Balanço social é uma ferramenta pela qual a organização demonstra de forma transparente sua atuação social e ambiental, durante o ano, desenvolvida junta aos seus parceiros. Este demonstrativo reflete a interação da empresa com os elementos que contribuem para sua existência. Por um lado está o Balanço Social que determina o modelo jurídico e fiscal e devem guiar-se, a gestão de pessoal no âmbito legal para dar as garantias sociais. No caso do balanço social, além de uma formatação clara e objetiva, é a questão do conteúdo. É importante que o balanço social seja encarado como um instrumento de grande teor estratégico para qualquer organização que venha a adotá-lo. Sua eficácia depende do grau de valorização que é desprendido a ele. Não é sustentável tê-lo apenas porque sua prática é moda. Palavras-chave: balanço social, responsabilidade social, socioambiental. Área Temática: Responsabilidade Social 151 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1. Introdução A presente publicação consolida uma série de informações sobre o Balanço Social; como sua transparência influencia nos seus stakeholders. No século XXI surge uma nova preocupação: o desenvolvimento sustentável. Motivando as empresas observar não apenas a visão do lucro, para alcançar os objetivos nas organizações, mas programas com questões que ultrapassam os limites internos das organizações, integrar a responsabilidade social das operações de uma empresa. Adotar uma conduta ética e responsável em toda a rede, ou seja, o Balanço Social é uma forma que a empresa tem de colocar a disposição da sociedade um instrumento de análise de seu comportamento frente à sociedade. A pesquisa realizada pode ser classificada, quanto aos seus fins, como descritiva conclusiva, onde permite descrever as características quantitativas e qualitativas das informações evidenciadas nos balanços sociais. 2. Referencial Teórico 2.1 Balanço Social O balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa. Segundo De Luca (1998:23), “Balanço Social é um instrumento de medida que permite verificar a situação da empresa no campo social, registrar as realizações efetuadas neste campo e principalmente avaliar as relações ocorridas entre o resultado da empresa e a sociedade”. Tinoco (1994,108) ressalta que “Um Balanço Social é um instrumento de gestão e de informação que visa reportar, de forma mais transparente possível, informações econômicas e sociais, do desempenho das entidades, aos mais diferenciados usuários, dentre estes os trabalhadores. Já para Santos (1999, 30) “A idéia de Balanço Social começa a surgir com a necessidade de se prestar informações aos empregados e à sociedade de forma geral." O Balanço Social é fruto originado nos Estados Unidos, porém o primeiro país a adotar legalmente foi a França (em 1977). O Balanço Social no Brasil ainda não é obrigatório. Segundo Ribeiro e Lisboa (1999,73), “O Balanço Social é alvo de discussões e estudos da ADCE – Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa desde 1961. Foi objeto do anteprojeto de lei do Deputado Valdir Campelo em 1991 e, em (1996/1997) o sociólogo Herbert de Souza – o Betinho (1935-1997) e as Deputadas Martha Suplicy, Sandra Starling e Maria Conceição Tavares motivaram a retomada das discussões sobre o mesmo.” Herbert de Souza (o Betinho), afirmava que “as empresas públicas e privadas são agentes sociais no processo de desenvolvimento da nação”, consolidou seu pensamento através do Projeto de Lei nº. 3116/97, apresentado no Congresso Nacional pelas deputadas acima citadas em maio de 1997, que obriga a elaboração e publicação do Balanço Social anual, às empresa privadas com mais de 100 (cem) empregados no ano anterior a sua publicação, e às empresas públicas, independentemente do número de empregados, criando no Brasil um 152 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN documento de aferição do perfil social das empresas. Este projeto, é o início de uma abertura à consciência sobre a responsabilidade da empresa perante a sociedade. Apesar de no país, ainda não ser regulamentado, muitas empresas já publicam o seu Balanço Social e já foram promovidos grandes debates a nível Nacional envolvendo entidades como ABRASCA (Associação Brasileira de Capital Aberto), PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais) e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que observando a necessidade de aceitação dessa idéia, publicou Instrução Normativa em 06/97 abrindo prazo para audiências públicas visando a adoção do Balanço Social pelas companhias de capital aberto. Existe no Brasil, desde 1975, a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), destinada ao Ministério do Trabalho, que contém informações imprescindíveis à formulação de um Balanço Social, alguns estudiosos afirmam que a RAIS é o próprio Balanço Social do Brasil, bastando apenas aperfeiçoá-la e adequá-la aos conceitos deste. Santos (1999,32) afirma que “Esse documento, até hoje exigido das empresa, compreende uma quantidade bastante grande de informações que poderiam compor o Balanço Social. Porém, as mudanças e transformações sociais passadas nos últimos 20 anos já estão a exigir um novo conjunto de informações.” Contudo, enquanto no Brasil há apenas uma idéia, ou seja, várias concepções, para que se faça um Balanço Social, em outros países, como: Alemanha, Holanda, Suécia, Inglaterra, Bélgica, Estados Unidos e França, já é uma realidade na vida das pessoas. Portanto, mesmo sem a obrigação de fazer ou de demonstrar o Balanço Social, as empresas brasileira, estão tomando consciência de que devem fazer o bem à sociedade, não basta apenas ter qualidade nos produtos ou um preço acessível. A sociedade precisa receber um retorno bem direcionado, como o desenvolvimento de atividades filantrópicas, que ultimamente vêm se transformando para as empresas que as fazem, uma grande vantagem competitiva no mundo capitalista e globalizado. De acordo com estudos já publicados, a finalidade do Balanço Social é tornar ainda mais transparentes os dados sociais, surge o Balanço social, que tem despertado o interesse das Entidades Beneficentes, bem como das empresas que cumprem sua responsabilidade social, por transparecer a ética e o compromisso da empresa com os efeitos sociais e/ou ambientais. Para isso, o Balanço Social deve conter informações de resultados sociais, culturais, filantrópicos e ambientais, caracterizados pelas origens e recursos, programas e projetos, atendidos e beneficiados, parcerias, ações e atendimentos, investimentos sociais e enfim, tudo o que possa evidenciar a veracidade e clareza da missão e visão, conforme o estatuto, relevando a estrutura, princípios, valores e funcionamento da Entidade. Em 1998, para estimular a participação de um maior número de corporações, o Ibase lançou o Selo Balanço Social Ibase/Betinho. O selo é conferido anualmente a todas as empresas que publicam o balanço social no modelo sugerido pelo Ibase, dentro da metodologia e dos critérios propostos. Através deste Selo as empresas podem mostrar - em seus anúncios, embalagens, balanço social, sites e campanhas publicitárias - que investem em educação, saúde, cultura, esportes e meio ambientes. O Selo Balanço Social Ibase/Betinho demonstra que a empresa já deu o primeiro passo para tornar-se uma verdadeira empresa-cidadã, comprometida 153 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN com a qualidade de vida dos funcionários, da comunidade e do meio ambiente; apresenta publicamente seus investimentos internos e externos através da divulgação anual do seu balanço social. De acordo com os conceitos apresentados o Balanço Social é uma demonstração que foi criada com a finalidade de tornar pública a responsabilidade social das organizações e sua divulgação é positiva para as empresas do terceiro setor, quer do ponto de vista da sua imagem, quer do ponto de vista de melhoria e qualificação das informações contábil e financeira. A contabilidade em resposta à nova necessidade de seus usuários, criou a Demonstração do Valor Adicionado, que é uma peça do Balanço Social, esta demonstração desenvolve conceitos econômicos e evidencia o quanto de valor a empresa agrega durante o seu processo produtivo, representa um forte instrumento de informação para a própria empresa, para os empregados e para o governo, pois possibilitará a elaboração de políticas de incentivo, (por parte das empresas e do governo), à melhoria das condições de vida dos trabalhadores e da população em geral, além de avaliar o nível de riqueza das empresas do país. No balanço social a empresa mostra o que faz por seus profissionais, dependentes, colaboradores e comunidade, dando transparência às atividades que buscam melhorar a qualidade de vida para todos. Ou seja, sua função principal é tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente. O sociólogo Herbet José de Souza, o Betinho, um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) afirma que “Realizar o Balanço Social significa uma grande contribuição para consolidação de uma sociedade verdadeiramente democrática". 3.2 História e Evolução 3.2.1 Na Europa e América do Norte Desde o início do século XX registram-se manifestações a favor de ações sociais por parte de empresas. Contudo, foi somente a partir da década de 1960, nos Estados Unidos da América, e no início da década de 1970, na Europa – particularmente na França, Alemanha e Inglaterra –, que a sociedade iniciou uma cobrança por maior responsabilidade social das empresas e consolidou-se a própria necessidade de divulgação de relatórios e balanços sociais anuais. A idéia de responsabilidade social das empresas popularizou-se, na década de 1970, na Europa. E foi a partir desta idéia que, em 1971, a companhia alemã Steag produziu uma espécie de relatório social, um balanço de suas atividades sociais. Porém, o que pode ser classificado como um marco na história dos balanços sociais propriamente ditos surgiu na França, em 1972: foi o ano em que a empresa Singer fez o, assim chamado, primeiro balanço social da história das empresas. 3.2.2 No Brasil De acordo com FIPECAFI (2000, 31), “O Balanço Social tem por objetivo demonstrar o resultado da interação da empresa com o meio em que está inserida. Possui quatro vertentes: o Balanço Ambiental, o Balanço de Recursos Humanos, Demonstração do Valor Adicionado e Benefícios e Contribuições à Sociedade em geral.” 154 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Esta reflexão é plenamente aceitável, ainda mais se considerarmos algumas informações quantitativas contemporâneas disponíveis. Cohien (2003) mostra que, em dez anos (1992 a 2002), no Estados Unidos o Business for Social Responsability cresceu de 50 empresas afiliadas para 1400; a Ethics Officer Association, de 12 para 890 e no Conference Board o percentual de empresas norte-americanas disseminando seus padrões éticos próprios elevou-se de 21 para 78. No Brasil, o Instituto Ethos, seu respectivo consentâneo, agigantou-se de 11 para 780 grupos empresariais (que correspondem a 30% do PIB do país). É uma organização mantida por empresários, que atua no Brasil desde 1998, com a finalidade institucional de promover a gestão empresarial na direção da RC. Sua contribuição técnica destacada, operada junto com outros organismos da sociedade civil, tem consistido. Segundo Silva e Freire (2001), “o Balanço Social é um documento publicado anualmente, reunindo um conjunto de informações referentes às atividades desenvolvidas pela empresaem promoção humana e social, dirigidas a seus empregados e à comunidade na qual está inserida. Nesse sentido, é um instrumento valioso para medir o desempenho do exercício da responsabilidade social nos empreendimentos. É um indicador cristalino da forma como a organização é administrada. Por meio dele, a empresa mostra o que faz por seus empregados, dependentes, e pela população que recebe sua influência direta. É uma forma de dar transparência às suas atividades, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida da comunidade. É um mecanismo de construção de vínculos mais estreitos entre empresa e sociedade”. Para Tinoco (2001), “o Balanço Social é um instrumento de gestão e de informação que visa evidenciar, da forma mais transparente possível, informações econômicas e sociais do desempenho das entidades aos mais diferenciados usuários, entre eles os funcionários”. No Brasil, começou a se delinear em 1965, com a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil publicando a Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas, onde se iniciou o uso explicito da expressão responsabilidade social. No fim da década de 1970, percebemos as primeiras sementes da discussão sobre a ação social de empresas e a utilização de balanço social. Destaca-se o primeiro tipo de relatório social a RAIS, que é um marco por ter sido reconhecida como a primeira forma de Balanço Social. A proposta, no entanto, só ganhou visibilidade nacional quando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, lançou, em junho de 1997, uma campanha pela divulgação voluntária do balanço social. Com o apoio e a participação de lideranças empresariais, a campanha decolou e vem suscitando uma série de debates através da mídia, seminários e fóruns. A partir de 1997, o tema passou a ser objeto de estudos dos legislativos nacional, estadual e municipal, passando por várias discussões e propondo várias maneiras de premiação em forma de reconhecimento das ações sociais desenvolvidas pelas organizações [...] TINOCO (2001, pg. 89). 155 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN No Brasil, não há lei a nível federal que regulamente a publicação do Balanço Social. Ao longo dos anos alguns Projetos de Lei foram encaminhados à Câmara dos Deputados, porém, em nenhuma das tentativas chegou a ser encaminhado à pauta de votação. Na esfera Estadual alguns estados aprovaram a obrigatoriedade de publicação baseandose a exigência de publicação no número de empregados, principalmente. O mesmo ocorre na esfera municipal. Diversas ONGs têm demonstrado interesse, no Brasil, em auxiliar as empresas na elaboração do Balanço Social. Entre as principais organizações, pode-se citar o IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, com significativos resultados, a partir do apoio às empresas. Nenhuma empresa/entidade está obrigada a elaborar ou divulgar Informações de Natureza Social ou Ambiental. Aquelas que optarem por sua apresentação, deve adotar as regras estabelecidas pela NBC T 15. 3.2.3 A importância do Balanço Social A responsabilidade social está diretamente ligada aos seguintes fatores: consumo, pela empresa, dos recursos naturais de propriedade da humanidade; e consumo dos capitais financeiros e tecnológicos, utilizando a capacidade de trabalho que pertence a pessoas físicas, integrantes daquela sociedade, e o apoio que recebe da organização do Estado, fruto da mobilização da sociedade (MELO; FROES, 2001). Pode-se, então, afirmar que as empresas estão mais conscientes da sua responsabilidade social e que esta representa uma tendência crescente nas organizações. “Os Balanço Social contempla dois enfoques. O primeiro seria o enfoque na contabilidade sócio-empresarial, no qual a empresa é vista como uma célula social interagindo com o meio no qual está inserida e assumindo responsabilidades com a comunidade e o meio ambiente. O outro enfoque seria o econômico, que tem como indicadores a demonstração do valor adicionado (DVA), capaz de fornecer informações sobre a riqueza gerada no país, por segmentos empresariais e sua distribuição.” (CARNEIRO, 2002 pg. 74) Os indicadores destacados também auxiliam os gestores na medida em que podem gerar informações para tomada de decisão, além de melhorar a rentabilidade empresarial por meio da manutenção da satisfação dos trabalhadores, fator capaz de afetar os resultados empresariais. No novo modelo de gestão empresarial traz consigo um conceito de sustentabilidade, no que se refere a garantir o bem-estar das pessoas no momento presente e desenvolver produtos que não venham prejudicar as gerações futuras de usufruir a vida, ou seja, promover o desenvolvimento sustentável. A empresa deve ser vista como uma rede de relacionamento entre stakeholders associados ao negócio, que afetam a existência e as operações da empresa ou são afetados por ela. Nesse sentido as expectativas mútuas nessa rede de relacionamentos, é condição essencial para a sustentação de uma orientação estratégica para a responsabilidade social nos negócios. 156 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Afinal a integração combinada desse relacionamento é o que agrega valor a empresa, pois poderá provocar acréscimo dos lucros. Abaixo poderemos verificar as informações fornecidas aos stakeholders através do Balanço Social: ORIENTAÇÃO OBJETIVO VISÃO ACIONISTA MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS ECONÔMICA ESTADO/GOVERNO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES LEGAIS JURIDICA EMPREGADOS RETRAIR E ATRAIR FUNCIONÁRIOS QUALIFICADOS ÁREA DE RECURSOS HUMANOS COMUNIDADE RELACIONAMENTO SOCIALMENTE RESPONSAVEL COM A COMUNIDADE ASSISTENCIALISTA FORNECEDORES E COMPRADORES RELAÇÕES COMÉRCIAIS E ÉTICAS CADEIA DE PRODUÇÃO DE CONSUMO PUBLICAÇÃO DO RELATÓRIO BALANÇO SOCIAL MARKETING SOCIAL AMBIENTE NATURAL DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVÉL AMBIENTAL Quadro 1: Foco das relações da empresa com seus stakeholders. Fonte: ASHLEY, 2002, pg. 37. No entanto podemos destacar algumas vantagens de se publicar o Balanço Social de acordo com GUEDES (2000, pg. 56): - Em imagem e vendas, pelo fortalecimento e fidelidade a marca do produto; - Em acionistas e investidores, pela valorização da empresa e no mercado; - Em retorno publicitário, advindo da geração da mídia espontânea; - Em tributação, com possibilidades de isenções fiscais em âmbito mucipal, federal, estadual para empresas patrocinadoras ou diretamente para os projetos; - Em produtividade e pessoas, pela maior empenho e motivação dos funcionários; - Em ganhos sociais, pelas mudanças comportamentais da sociedade; Para estimular a participação de um maior número de corporações, o Ibase lançou o Selo Balanço Social Ibase/Betinho. O selo é conferido anualmente a todas as empresas que publicam o balanço social no modelo sugerido pelo Ibase, dentro da metodologia e dos critérios propostos. O Selo Balanço Social Ibase/Betinho demonstra que a empresa já deu o primeiro passo para tornar-se uma verdadeira empresa-cidadã, comprometida com a qualidade de vida dos funcionários, da comunidade e do meio ambiente; apresenta publicamente seus investimentos internos e externos através da divulgação anual do seu balanço social. O balanço social é um instrumento de informações da empresa para a sociedade, por meio do qual a justificativa para sua existência deve ser explicativa. Em síntese, esta justificativa deve provar que o seu custo beneficia é positivo, porque agrega valor à economia e à sociedade, porque respeita os direitos humanos de seus colaboradores e ainda, porque desenvolve todo seu processo operacional sem agredir o meio ambiente. 157 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O balanço social, que já é divulgado espontaneamente por algumas empresas, tem por objetivo discriminar os investimentos realizados pelas companhias em benefício de seus empregados, da comunidade e também do meio ambiente. A grande questão é verificar o que é mais importante: a apresentação do balanço ou a efetiva realização pelos empresários de ações concretas da sua responsabilidade social. Parece claro que a resposta está na segunda opção. Cada vez mais as companhias se dão conta de seu papel relevante, ao lado dos poderes públicos, no desenvolvimento de ações de promoção social. O balanço social, é apenas a última etapa do processo de comprometimento social da empresa. Entretanto, a sua importância é estratégica, pois sem a sua presença não é possível para a comunidade e para os demais públicos saberem o que está sendo feito em termos de responsabilidade social e ambiental por parte da organização. É um instrumento de informação. Servirá tanto para os trabalhadores e a sociedade como para os dirigentes da empresa na mensuração das suas próprias atividades. Ainda estimulará o controle da sociedade sobre o uso dos incentivos fiscais e ajudará na identificação de políticas de recursos humanos. De qualquer modo, a expressão balanço social, pois é a que está sendo aceita universalmente, significando uma aproximação à expressão social accounting que é utilizada em escala mundial. Desse modo, a construção teórica do balanço social, mesmo acompanhada deste detalhe exposto por pesquisadores como Kroetz, é compartilhada por profissionais oriundos de várias áreas de atividade, indo desde empresários, economistas e administradores até sociólogos, políticos e profissionais liberais, conferindo um tom de multidisciplinaridade ao processo. Até porque, há uma característica em comum: todas as opiniões convergem para a divulgação dos resultados sociais e ambientais que atendam aos interesses de todos os públicos da empresa e não somente para alguns possíveis selecionados, estabelecendo um caráter mais amplo de alcance do balanço social. 4. Análise dos resultados A imagem, proporcionado pelo Balanço Social nas empresas estudadas, é uma característica de extrema relevância que pode trazer empresários a publicá-lo por entenderem-no como um novo instrumento de publicidade. Entretanto, percebeu-se neste estudo, a questão da divulgação ser apenas uma face da importância do Balanço Social e não pode ser encarada como estratégia principal. Seu foco é o de compreender a atuação social da entidade, objetivando uma melhora contínua e não simplesmente transformá-lo em mais um serviço de divulgação. A filosofia destas organizações nos últimos anos tem sido estimular o envolvimento espontâneo do empregado dentro da comunidade. Percebe-se na pesquisa que há uma barreira à liberdade interna de participação qualquer conotação que possa parecer uma ferramenta de divulgação. O objetivo realmente não é esse. O caráter participativo e a abertura para a proliferação de múltiplas visões e opiniões são pontos indispensáveis no processo de mudança, principalmente no que diz respeito ao plano social. Diante deste fato, as empresas pesquisadas definem estratégias de intervenção de modo que não estão comprometendo a sua credibilidade de agente social, uma vez que várias críticas já existem em relação ao âmbito econômico. Assim, o balanço social é encarado por estas organizações como sendo razão de um cuidado necessário de integração, não um instrumento unilateral de divulgação e avaliação, pois ele é o meio de propagação mais importante das informações sociais e ambientais de qualquer organização, principalmente da empresarial. 158 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Portanto, o Balanço Social vai além de uma demonstração contábil e pode ser indiscutivelmente visto como um instrumento de informações que caracterizam o cumprimento das Responsabilidade Sociais de uma Empresa. 5. Considerações Finais É no conjunto das características ideológicas, políticas, econômicas e sociais que definem o contexto que marca as relações entre o Empresariado e as entidades da sociedade civil através do Balanço Social, que cada uma revela suas experiências históricas e o grau de autonomia e organização social. O grau de controle das administrações públicas sobre as ONGs que, em nossa opinião, parece estar em grande parte determinado pelo peso da regulamentação das atividades e do comportamento do setor, traça o perfil das relações destas com o estado e principalmente com o empresariado. A relação institucional entre as empresas e as organizações varia muito segundo o contexto. No sul do país com maior tradição no fenômeno do cooperativismo empresarial, as organizações que utilizam trabalho voluntário já conseguiram conquistar um marco legal que contemple suas especificidades e lhes permita enfrentar problemas com o amparo de uma estrutura legal, política, social e econômica adequada. É importante que o balanço social seja encarado como um instrumento de grande teor estratégico para qualquer organização que venha a adotá-lo. Sua eficácia depende do grau de valorização que é desprendido a ele. Não é sustentável tê-lo apenas porque sua prática é moda. O balanço social é muito mais relevante do que qualquer interesse mercadológico, pois funciona como ferramenta de informação e gestão social. Para os públicos da organização, sejam eles internos ou externos, o principal é compartilhar os resultados do processo de responsabilidade social por meio de mecanismos que transpareçam a realidade social vivida por todos. É oportuno ressaltar que o caráter participativo não pode faltar. A participação dos diversos públicos na elaboração, divulgação e aferição do balanço social é primordial para o seu sucesso. Esta conjunção de opiniões concede maior credibilidade ao instrumento, pois promove a colaboração das várias partes que compõem uma organização, afastando, desse modo, margens para a adoção de informações que beneficiem apenas um determinado grupo ou setor. Dessa forma, sua adoção deve ser encarada como um compromisso de transparência em relação às pessoas envolvidas direta ou indiretamente com a organização. Para isso, sem dúvida, ele deve ser fruto de uma ação espontânea da organização e não da imposição de legislação específica. Portanto conclui-se que o Balanço Social, antes de ser uma demonstração endereçada à sociedade, será sempre considerada uma ferramenta de alto teor gerencial, pois reunirá dados qualitativos e quantitativos sobre as políticas administrativas e sobre as relações entidade/ambiente, os quais poderão ser comparados e analisados de acordo com as necessidades dos usuários internos, servindo como instrumento de controle, de auxílio para a tomada de decisões e na adoção de estratégias. É, ainda, um instrumento de auxílio na gestão da entidade, contribuindo para a melhora da estrutura organizacional, da informação e da comunicação, da produtividade, da eficiência e da eficácia. Conclui-se que o Balanço Social é uma demonstração que evidencia as ações sociais das empresas, deixando transparentes e claras as responsabilidades sociais executadas durante o exercício social das instituições. Sendo também uma forma de fazer com que o nome da Instituição se destaque entre as concorrentes. Logo, utilizar-se desta demonstração como fonte 159 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN de informação para a sociedade é uma forma de exaltar o nome da mesma como Instituição responsável. Nós profissionais contábeis, devemos atuar no sentido de convencer as entidades, na divulgação das informações de cunho social e ambiental para a sociedade, assumindo nosso papel de portadores fiéis e formatadores da informação. Nosso entendimento é de que deve existir a obrigatoriedade, na disponibilização das informações sociais e ambientais, no que chamamos de Balanço Social. Somente assim, podemos cobrar das empresas as informações socioambientais e sua responsabilidade social, perante os seus usuários no ambiente em que atuam desta forma mostrando seu papel de empresas socialmente responsáveis. 6. Referência Bibliográfica ASHEY, Patricia A. Ética e Responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva 2002. CFC – Conselho Federal de Contabilidade. NBC T 15 – Informações de Natureza Social e Ambiental Disponível em http://www.cfc.org.br/ scripts/sql_sre.dll/login. Acessado em 01 de Junho de 2011. DANTAS, Wagner Viana; ABREU, Getúlio Alves de; CARVALHO, Marcelino Freitas de; e MOSIMANN, Clara Pellegrinello. - O Balanço Social. Dissertação de Pós-Graduação em Contabilidade e Controladora, FEA/USP, São Paulo, 1989. DE LUCA, Márcia Martins Mendes. - Demonstração do Valor Adicionado. Anais do XVI Congresso Brasileiro de Contabilidade, Salvador-Ba, 1992. ___________- Demonstração do Valor Adicionado: do cálculo da riqueza criada pela empresa ao valor do PIB - São Paulo: Atlas, 1998. FRÓES, César; NETO, Francisco Paulo de Melo. Gestão da responsabilidade social corporativa: o caso brasileiro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. IBASE, Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas. Legislação relacionada com o Balanço Social e a Responsabilidade Social das empresas. Disponível em: <http://www.balancosocial.org.br/>. 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TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço social: uma abordagem da transparência e da responsabilidade publica das organizações. São Paulo: Atlas, 2001. 160 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN REFLEXOS DO SUBFATURAMENTO NA ARRECADAÇÃO DE ICMS. UM ESTUDO DE CASO DE EMPRESAS NO REGIME DO SIMPLES NACIONAL NO ESTADO DA PARAÍBA Prof. Ms. João Maria Xavier da Silva Universidade Potiguar – UNP [email protected] Prof. Esp. Jorge Assef Lutif Júnior Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN [email protected] Prof. Esp. Renkel Aladim de Araújo Universidade Potiguar – UNP Orientador: Prof. Dr. Jamerson Viegas Queiroz Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN [email protected] RESUMO Analisa as conseqüências danosas para a sociedade e para o estado da prática da sonegação fiscal. Faz um estudo introdutório da auditoria, vendo suas subdivisões e as definições correspondentes, passando pela auditoria fiscal, especificando a auditoria fiscal do ICMS, desde o trabalho realizado nos postos fiscais de fronteiras até o trabalho realizado nos comandos fiscais. Ver, ainda, os conceitos de sonegação. Ingressa na sonegação voltada para o ICMS, seus aspectos gerais, as principais infrações cometidas no âmbito da fiscalização de trânsito, mercadorias desacompanhadas de documentação fiscal, nota fiscal inidônea, venda a não inscrito. Individualiza a pesquisa com a conceituação de subfaturamento, evidenciando como caracterizar esta infração no trânsito de mercadorias. Apresenta alguns julgados de conselhos de contribuintes comparando com julgados do Conselho Paraibano. Demonstra como o subfaturamento pode ser danoso para as empresas do Simples Nacional. Conclui rebatendo a maioria das manifestações, tanto doutrinárias quanto jurisprudenciais, em expressar que o subfaturamento no trânsito de mercadorias só pode ser comprovado através de algum documento que comprove o pagamento. Palavras-chave: Auditoria Fiscal. Sonegação Fiscal. Subfaturamento. Área Temática: Auditoria e Perícia Contábil 161 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1 Introdução Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) a Carga Tributária Brasileira de 2009 correspondeu a 35,02% do Produto Interno Bruto que é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país. Em 2009 foram arrecadados R$ 1,09 trilhão em tributos. Desse total 69,54% foram tributos federais, 25,88% estaduais e 4,58% municipais. Uma característica nacional que chama atenção das autoridades públicas e da sociedade civil organizada é o tamanho da sonegação fiscal no país. Segundo dados do IBPT a sonegação das empresas brasileiras corresponde a 25% do seu faturamento. O faturamento não declarado é de R$ 1,32 trilhão que ocasionam a incrível soma de R$ 200 bilhões por ano de tributos não arrecadados. Somados os tributos sonegados por pessoas físicas e jurídicas, a sonegação no Brasil atinge 9% do PIB. Cada setor, governo e empresas, fazem suas defesas para justificarem a alta carga tributária e a elevada sonegação. As autoridades públicas justificam a elevada carga tributária como forma de compensar o que é perdido com a sonegação fiscal. Já o setor empresarial explica que a alta sonegação é decorrente da elevada carga tributária. Neste jogo de empurra fica a sociedade refém de um sistema que prejudica principalmente a classe média que contribui com suas obrigações tributárias. As formas ilícitas utilizadas pelas empresas para reduzirem o valor a ser recolhido de tributos são as mais variadas possíveis. Para quem labuta diariamente na fiscalização de mercadorias em trânsito a percepção que se tem é que os contribuintes estão sempre “inventando” uma forma nova de reduzir ilicitamente o valor do imposto a ser recolhido. Diversas são as maneiras utilizadas para tentar burlar o fisco, porém as que são mais observadas são: transporte de mercadorias sem documentação fiscal; reaproveitamento de documentos fiscais; nota fiscal com data de validade vencida; descarrego em local diverso do indicado no documento fiscal; subfaturamento. O subfaturamento é uma das formas mais utilizadas pelos sonegadores para enganar o fisco. O subfaturamento, de uma maneira geral, caracteriza-se pela emissão de documento fiscal com valor inferior ao efetivamente acertado entre as partes contratantes de uma operação comercial. Este tipo de crime tributário é extremamente danoso para a sociedade, bem como muito difícil de ser combatido pela fiscalização. O subfaturamento está totalmente disseminado nas empresas, principalmente nas pequenas e médias que formam a imensa maioria dos contribuintes nacionais. Para tanto, buscar-se-ão os conceitos necessários para o subfaturamento bem como para documentos fiscais e documentos contábeis que tenha o poder legal de comprovar operações comerciais. Serão analisadas decisões de Conselhos de Contribuintes dos Estados com o objetivo de verificar quais documentos estão sendo aceitos por estes órgãos julgadores como forma de comprovar o subfaturamento, fazendo uma comparação entre o Conselho Paraibano e Conselhos de outros estados. Adentrar-se-á, além do mais, nos prejuízos que podem ser causados aos estados com a prática do subfaturamento por empresas pertencentes ao Sistema Simples Nacional. 162 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 2 Metodologia O método utilizado na elaboração deste trabalho será o estudo de caso, que é o método aplicado em ciências sociais e aplicadas. O objetivo do estudo de caso é compreender o evento em estudo e ao mesmo tempo desenvolver teorias mais genéricas a respeito dos aspectos característicos do fenômeno observado. [Fidel, 1992]. (Geocities 2009, Cláudia). A coleta de dados utilizou dados primários (pesquisa de campo) e secundários (bibliográficos) nesta pesquisa. Os dados primários foram coletados mediante a realização de estudos dentro da Secretaria de Tributação do Estado da Paraíba. Tendo como forma de tratamento dos dados a analise de conteúdo. 3 Referencial Teórico 3.1 Subfaturamento O subfaturamento é a forma mais usual que as empresas utilizam para burlar o fisco e pagar menos impostos. Normalmente neste tipo de infração existe um acordo entre as partes contratantes de uma operação mercantil para consignarem nos documentos que acobertam a transação, um valor bem inferior ao que foi previamente acertado para a negociação, com o objetivo de pagar menos impostos. Subfaturar é o ato de emitir fatura com preço abaixo do efetivamente cobrado, para burlar o fisco ou, no caso de exportação, as normas de compra e venda de moeda estrangeira, sendo a diferença recebida à parte, sem escrituração. De uma maneira geral subfaturamento é a diferença entre o valor constante no documento fiscal e o valor real da transação comercial. Caracteriza-se o subfaturamento pela emissão de nota fiscal com os preços das mercadorias lançados em valores muito aquém dos praticados pelo mercado, reduzindo a base de cálculo do imposto e, conseqüentemente, o do imposto a ser recolhido. Lima (op. cit., p.72) 3.1.1 Caracterização do Subfaturamento na Fiscalização de Mercadorias em Trânsito Os agentes fiscais que labutam diariamente na fiscalização de mercadorias em trânsito se deparam constantemente com operações sujeitas ao ICMS subfaturadas. Chegam a ser vergonhosos os valores apresentados em notas fiscais para determinados seguimentos, como o de autopeças e o de vestuário. Verificam-se nestes setores os casos mais gritantes de subfaturamento, pois muitas vezes as notas fiscais apresentam apenas 10% do valor comercial de determinados produtos. In casu, no dia a dia do comércio em geral, vislumbra-se o descaramento de empresários que sem medo algum da fiscalização, emitem a nota fiscal com quantias bem 163 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN abaixo do valor real da operação, muitas vezes o valor colocado no respectivo documento fiscal é tão absurdo que faz com que o consumidor pense se tratar de procedimento normal, diante de tanta audácia. Apesar de estarem constantemente se deparando com casos de subfaturamento muitas vezes os auditores que trabalham em Postos Fiscais ou Comandos fiscais não tem segurança em lavrar autos de infração, pois muito dificilmente autuações de subfaturamento realizadas no trânsito de mercadorias logram êxito no Conselho de Recursos Fiscais do Estado da Paraíba. Este tipo de situação apenas incentiva ainda mais os sonegadores, disfarçados de contribuinte, a continuarem a utilizarem do subfaturamento como forma ilícita de pagar menos ICMS, pois têm certeza que não serão autuados pelos fiscais, e se forem conseguirão “derrubar” a autuação nos órgãos julgadores administrativos. 3.1.2 Acesso as Provas Nos Postos e Comandos Fiscais a constatação do subfaturamento não é das tarefas mais simples, pois na maioria das vezes os fiscais têm acesso apenas ao documento fiscal que lastreia a operação. Para a fiscalização de mercadorias em trânsito, a dificuldade reside na obtenção de provas materiais que comprove a ilicitude praticada, pois não basta apenas inferir, induzir, deduzir ou concluir que determinada operação ou prestação está eivada pelo vício do subfaturamento. As provas materiais, que comprovam a ilicitude da operação, quase sempre, não estão ao alcance da fiscalização de mercadorias em trânsito: recibos, cheques, extratos bancários, duplicatas, lançamentos fiscais e contábeis, notas fiscais de aquisição etc. Muitas vezes o primeiro grande desafio do agente fiscal é como conseguir estes documentos que compravam o subfaturamento, pois na maioria das vezes os condutores dos veículos são “orientados” a não entregar qualquer tipo de documento que possa comprovar a infração cometida. Nestes casos os agentes fiscais só conseguem os documentos que comprovam o subfaturamento mediante auxílio de força policial. Em outros casos os próprios condutores dos veículos, por alguma insatisfação com a empresa ou por desatenção, entregam os documentos que contém o real valor da operação. Ou ainda esta informação é obtida, mediante diligências, com destinatários, que não solicitaram a nota fiscal subfaturada, de entregas anteriores da mesma carga que se encontra sob fiscalização. 3.2 Principais Provas de Subfaturamento Muitas são as formas de subfaturamento que são evidenciadas na fiscalização de mercadorias em trânsito, no entanto serão abordadas as principais. 3.2.1 Pedidos de Vendas 164 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Ao efetuarem operações de venda as empresas normalmente emitem um documento interno para controle chamado popularmente pedido de venda, ou de balcão. Este documento é quem dá origem a nota fiscal de venda. Os pedidos sempre retratam a operação comercial da maneira como ocorreu, no que diz respeito à quantidade, valor e tipo de produto, pois este documento serve como forma de controle de vendas das empresas. Em uma etapa posterior, antes de serem entregues os produtos ao destinatário, é emitida a nota fiscal de venda. É nesta etapa que as empresas normalmente cometem o crime do subfaturamento, pois emitem um documento fiscal com valor inferior ao pedido de venda. No entanto, quando da saída do caminhão com os produtos vendidos ao destinatário, normalmente as empresas enviam a nota fiscal de venda, subfaturada, acompanhada dos pedidos de vendas que contém o valor real das vendas para fins de conferência por parte do comprador e também pagamento dos produtos adquiridos. Os pedidos normalmente são uma espécie de “espelho” das notas fiscais, pois contém os mesmos dados dos documentos fiscais. Normalmente os pedidos apresentam os seguintes dados: o logotipo da empresa emitente com todos os seus dados cadastrais; data da operação de venda; destinatário; espécie, quantidade e valor dos produtos vendidos; forma de pagamento. Muitas vezes os fiscais se deparam em suas atividades de fiscalização com esses pedidos de vendas com valores totalmente diferentes, para mais, dos constantes nas notas fiscais. 3.2.2 Boletos Bancários Outro documento que normalmente os fiscais analisam em seus trabalhos de fiscalização são os boletos bancários. Muitas empresas utilizam como forma de recebimento de suas vendas os boletos bancários. Estes documentos normalmente contêm os dados de quem está recebendo o produto, bem como o valor da venda. Apenas alguns apresentam o número da nota fiscal de venda. No caso de boletos bancários é necessário um pouco mais de atenção por parte do fiscal em comparar os valores das notas fiscais com cada boleto. No entanto normalmente são encontradas diferenças bem relevantes entre o valor registrado na nota fiscal de venda e o boleto bancário correspondente. 3.2.3 Cheques Muitas vezes os fiscais também encontram cheques, acompanhados de canhotos15 de notas fiscais, emitidos em favor da empresa fiscalizada relativo a entregas já realizadas no percurso transcorrido entre a empresa e o posto fiscal ou comando. Neste caso é necessário realizar uma diligência ao local em que foi realizada a entrega para constatar se a nota fiscal 165 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN que a empresa recebeu apresenta valor igual ao do cheque emitido. Muitas vezes também são encontradas diferenças entre o valor do cheque e o da correspondente nota fiscal. Nos casos de boletos bancários e cheques que apresentam valores diferentes dos documentos fiscais normalmente também é emitido um pedido de venda, pois sem ele a empresa adquirente dos produtos teria dificuldades de quantificar seu preço de custo por produto. 3.2.4 Notas Fiscais Muitas vezes um caminhão transportando mercadorias de uma mesma empresa destinadas a diversos contribuintes de uma mesma região, apresenta notas fiscais com valores totalmente diferentes em relação a um mesmo produto. Chega a ser gritante a diferença de preço de um produto destinado a um contribuinte A em relação ao preço do mesmo produto destinado a um contribuinte B, sendo os dois do mesmo porte comercial. Isto acontece em virtude de alguns contribuintes terem consciência tributária e se recusarem a receber mercadorias subfaturadas. Neste caso a empresa que está vendendo seus produtos emite uma nota fiscal com valor correto para o contribuinte que se recusa a receber notas subfaturadas e emite uma nota com valor abaixo do real para os outros contribuintes. Por mais que uma empresa tenha o direito de vender seus produtos pelo preço que achar conveniente, chega a ser muito estranho haver diferenças de preço que chegam a 80% entre produtos iguais destinados a contribuintes do mesmo porte comercial. 3.3 Formação da Base de Cálculo do Icms A legislação fiscal e a doutrina têm sido fértil na produção de definições do que seja base de cálculo. De uma maneira geral base de cálculo é a grandeza econômica a qual se aplica a alíquota para calcular a quantia a pagar. Temos para nós que a base de cálculo é a grandeza instituída na conseqüência da regramatriz tributária, e que se destina, primordialmente, a dimensionar o comportamento inserto no núcleo do fator jurídico, para que, combinando-se à alíquota, seja determinado o valor da prestação pecuniária. 3.3.1 Regulamento do ICMS do Estado da Paraíba O Regulamento do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação do Estado da Paraíba – RICMS/PB também fala que a base de cálculo do ICMS é o valor da operação. E não poderia ser diferente uma vez que esse regulamento é baseado na lei de norma geral que é a lei Kandir. 166 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O artigo 14 do RICMS/PB diz que no caso de venda de mercadorias a base de cálculo do imposto é o valor da operação. A base de cálculo é o valor da operação da circulação da mercadoria ou o preço do serviço prestado. A base de cálculo pode ser menor que o valor da operação, nos casos de redução de base de cálculo determinadas em lei; igual ao valor da operação, que é a regra geral, ou maior que o valor da operação, situação não admitida legalmente. Na maioria das vezes a base de cálculo do ICMS pode ser composta de vários itens: frete quando por conta do destinatário; descontos condicionais; IPI não participará da base de cálculo do ICMS, quando a operação realizada entre contribuintes e relativa a produtos destinados à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos. Do estudo de todo o aparato legal que serve de regulação do ICMS verifica-se que não resta dúvida quanto ao fato de que no caso de venda de produtos sujeitos à incidência do ICMS a base de cálculo do imposto é o valor da operação. Ou seja, o valor que ficar acertado entre vendedor e comprador é o que serve para quantificação do imposto a ser pago. Este entendimento é extremamente importante, pois no decorrer do trabalho este conceito será novamente utilizado. 3.3.2 Base de cálculo do Subfaturamento Após a constatação do subfaturamento em operações de venda no trânsito de mercadorias, um grande dilema normalmente se apresenta aos fiscais; quais documentos serão considerados para comprovação do subfaturamento? In casu, a caracterização da figura do subfaturamento não é tarefa fácil, tendo em vista haver uma grande dúvida por parte dos auditores fiscais acerca de como comprovar uma infração de subfaturamento, o que enseja nas instâncias administrativas de julgamentos improcedências e nulidades do libelo acusatório. 3.3.3 Pagamento Subfaturamento, conforme já conceituado anteriormente, é a diferença entre o valor constante no documento fiscal e o valor da operação de venda. A grande dificuldade para os fiscais que exercem suas atribuições na Fiscalização de Mercadorias em Trânsito está em comprovar que o valor que está no documento fiscal é menor que o valor real da venda. Muitos acreditam que esta comprovação só pode ser constatada com um documento que evidencie o pagamento de valor superior ao da nota fiscal. Tais documentos que teriam o poder de comprovar o subfaturamento seriam: Recibos, Cheques, Extratos Bancários, Duplicatas, Lançamentos fiscais/contábeis, etc. Ou seja, documentos emitidos pelo remetente da nota fiscal que comprovem que a operação foi/será quitada com valor maior que o destacado no documento fiscal. 167 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Com a comprovação do subfaturamento através de um documento que comprove o pagamento de valor maior que a nota fiscal de venda, deveria o auditor fiscal cobrar o imposto, acrescido de multa, sobre a diferença não lançada no documento fiscal. 3.4 Diferença entre valor material e valor formal Uma segunda linha de raciocínio entende que para comprovar o subfaturamento não é necessária a presença de um documento que comprove o efetivo pagamento em valor superior ao destacado no documento fiscal. Segundo esta corrente bastaria um documento que mostrasse que a operação se deu em valor maior que o descrito na nota fiscal. Esta tendência é baseada na diferença de conceito entre verdade material e verdade formal. A verdade material é aquela que acontece no mundo real, ou seja, em uma transação comercial de compra e venda. Tudo que ficou acertado entre comprador e vendedor (quantidade comprada, preço, data de pagamento, etc) pertence ao campo da verdade material. Por sua vez ao campo da verdade formal pertence o que está registrado nos documentos. Da mesma maneira, em uma transação comercial de compra e venda de produtos, tudo que estiver registrado nos documentos fiscais, relacionados a esta venda, pertence à verdade formal. Qualquer operação de compra e venda subfaturada encontra-se lastreada por um documento fiscal. Neste caso, a verdade material ou real apresenta-se diferente da verdade formal, uma vez que o preço contido no documento fiscal é inferior ao que ficou acertado entre vendedor e comprador. Ao direito tributário e à contabilidade interessa a verdade material ou real. Não se contenta apenas com a verdade formal. Diante deste princípio declarações contidas em documentos fiscais (verdade formal) não poderão desprezar informações que comprovam que determinada operação comercial aconteceu com valor superior (verdade material). Uma vez constatado o subfaturamento com base no princípio da verdade material, deveria o auditor fiscal cobrar o imposto, acrescido de multa, sobre a diferença não lançada no documento fiscal. 3.4.1 Valor da operação Já foi comentado anteriormente sobre a formação da base de cálculo do ICMS. Ficou evidenciado que em operações de venda direta de mercadorias a base de cálculo do ICMS é o valor da operação. Bem como, em casos de subfaturamento, será cobrado imposto acrescido de multa, sobre a diferença de valor encontrada entre o documento fiscal e o valor real da compra. Conforme já abordado no trabalho, o subfaturamento é uma das infrações que mais trazem prejuízos à arrecadação de impostos para os mais diferentes entes federativos. Esta 168 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN realidade apresenta-se desta maneira muitas vezes em virtude dos entes tributantes não encararem de maneira mais forte a sonegação de impostos. No caso específico de autuações decorrentes de subfaturamento em operações abordadas na fiscalização de mercadorias em trânsito, na maioria das vezes os órgãos julgadores não admitem as provas arroladas no processo. Este tipo de prática apenas fortalece ainda mais os sonegadores. Neste trabalho foram arrolados os principais documentos que são encontrados nas fiscalizações realizadas no trânsito de mercadorias que caracterizam o subfaturamento, porém apenas os que comprovam o efetivo pagamento são aceitos pelo Conselho de Recursos Fiscais do Estado da Paraíba como prova de subfaturamento. O CRF-PB juntamente com autores que comungam da tese de que é necessária uma prova de pagamento para comprovar o subfaturamento no trânsito de mercadorias, primam essencialmente pela formalidade da operação. Porém, necessário se faz observar principalmente a materialidade da coisa, pois a própria legislação tipificou como base de cálculo do imposto o valor (materialidade) dos produtos e não a informação contida nos documentos fiscais (formalidade). Normalmente a nota fiscal de venda é emitida em momento posterior (ou muitas vezes nem chega a ser emitida) a ocorrência do fato gerador. Uma vez que este é caracterizado pela ocorrência da venda de determinado produto, e a nota fiscal é emitida depois para acompanhamento da mercadoria. O pedido de venda ou fatura é emitido no momento da venda, este documento sim, guarda os requisitos formais iguais aos requisitos materiais. Diante desta realidade vê-se a importância que pedidos de venda podem ter numa relação comercial. Ao fisco cabe se ater a materialização da operação, e não poderia ser diferente, uma vez que a própria legislação tributária busca a materialidade dos atos. Desta maneira não pode o fisco ignorar documentos que são plenamente aceitos como lastro para transações comerciais entre pessoas jurídicas de uma mesma região. Documentos esses que apresentam todas as informações para caracterizar a operação de comércio. 3.5 Provas de Subfaturamento Admitido nos Conselhos de Contribuintes Os Conselhos de Contribuintes são órgãos colegiados de julgamentos administrativos compostos por representantes do estado e da sociedade civil organizada que tem como objetivo o julgamento de processos administrativos tributários em segunda instância. Conselho de Contribuintes é o nome que se dá, no Brasil, aos órgãos de deliberação coletiva do Poder Executivo, com participação paritária de servidores públicos e representantes das classes produtoras, com a competência de apreciar e julgar os recursos administrativos interpostos pelos contribuintes que versem matéria relativa a exigências tributárias. Existem órgãos dessa espécie na esfera federal, no Distrito Federal e na maioria dos Estados brasileiros. 3.5.1 Conselho de Recursos Fiscais do Estado da Paraíba 169 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O Conselho de Recursos Fiscais do Estado da Paraíba é bastante claro sobre as provam que aceita para a constatação do subfaturamento. Normalmente o CRF/PB vem aceitando documentos que comprovem o efetivo pagamento em valor superior ao constante nos documentos fiscais. Pelo menos esse é o entendimento explicitado em diversos julgados sobre a matéria. Será analisado o posicionamento do CRF/PB sobre as principais provas arroladas pelo trânsito para constatar o subfaturamento. Muitas vezes nos trabalhos diários de fiscalização os auditores se deparam com notas fiscais emitidas por uma empresa para destinatários diferentes discriminando produtos iguais com valores totalmente discrepantes. Muitas vezes um mesmo produto chega a ter oitenta por cento de diferença no preço para determinados clientes. Diante disso muitos fiscais entendem que se trata de subfaturamento e lavram o correspondente auto de infração. 3.5.2 Conselhos de contribuintes de outros estados Analisando decisões de Conselhos de Contribuintes de outros estados verifica-se que muitas vezes documentos paralelos emitidos pelas empresas são plenamente aceitos como forma de comprovar o subfaturamento em operações realizadas no trânsito de mercadorias. Bem como valores diferentes para produtos iguais também caracterizam subfaturamento. O estudo de decisões do Conselho de Contribuintes do Estado de Minas Gerais demonstra a importância que aquela corte de julgamento de processos fiscais dá a documentos paralelos (pedidos) para caracterizar o famigerado subfaturamento. 3.6 Subfaturamento e o Simples Nacional Com o objetivo de melhorar a forma de tributação dispensada às pequenas empresas no Brasil foi instituído no país o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, aplicável às Microempresas e às Empresas de Pequeno Porte, a partir de 01 de julho de 2007. A Constituição Federal já previa a possibilidade de lei complementar instituir um regime favorecido para as ME e EPP de âmbito nacional, ou seja, que abranja tributos de todas as pessoas políticas. Uma das principais características do Simples Nacional é a possibilidade do ingresso ser facultativo, ou seja, o contribuinte tem a condição de optar pelo ingresso no sistema. Porém uma vez ingressado ele é irretratável dentro daquele ano calendário de ingresso. A principal vantagem do sistema é a possibilidade de recolhimento de diversos tributos em um único documento de arrecadação. O contribuinte recolhe em um único documento, conhecido como DAS, os seguintes tributos: IRPJ, IPI (exceto na importação), CSLL, COFINS (exceto na importação), PIS/PASEP (exceto na importação), Contribuição Patronal Previdenciária – CPP, ICMS e ISS. 170 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O valor recolhido mensalmente pela microempresa e empresa de pequeno porte, optante pelo Simples Nacional, será baseado em seu faturamento mensal. Sobre a receita bruta auferida em cada mês, incidirá alíquota específica baseada em seu faturamento e segmento econômico (comércio, Indústria ou Serviços e Locações de Bens). Desta forma o valor da receita auferida pelas empresas mensalmente é extremamente importante no cálculo do valor a ser recolhido. Como o regime Simples Nacional direciona o recolhimento de impostos e contribuições para o faturamento das empresas cabe aos entes tributantes terem a maior atenção possível sobre o valor que as empresas estão informando em suas vendas de produtos. 3.6.1 Simples Nacional, Subfaturamento e arrecadação A base de toda a arrecadação dos contribuintes submetidos ao regime simplificado de recolhimento de tributos Simples Nacional é o faturamento. A soma de todas as vendas, exceto deduções legais, efetuadas pela empresa no decorrer do mês será utilizada para cálculo do valor a ser recolhido. O contribuinte irá somar todas as suas vendas declaradas nas notas fiscais e informar no PGDAS para cálculo do valor a recolher. Logo se determinada empresa utiliza do artifício danoso do subfaturamento estará reduzindo consideravelmente sua base de cálculo, e conseqüentemente o valor do tributo a ser recolhido. As empresas que praticam o subfaturamento também têm prejuízos, principalmente no que diz respeito aos seus métodos de controle. O mundo empresarial é muito competitivo, onde qualquer diferença no preço pode fazer a diferença entre ter ou não o cliente. Logo muitos empresários lançam mão de práticas de sonegação, como o subfaturamento, para obter vantagens na redução da carga tributária, porém se esquecem que estão perdendo o controle sobre suas atividades, ou na melhor das hipóteses tendo um trabalho muito maior para mantê-lo. Nos dias atuais empresas que conseguem manter um bom sistema de controle interno ainda passam por dificuldades, imaginem as empresas que têm que trabalhar com duas contabilidades paralelas, uma para apresentar ao fisco e outra para sua própria avaliação. Muitas vezes os ganhos auferidos com práticas de sonegação não compensam os prejuízos causados pela falta de controle decorrente de tal prática. Verifica-se que a maioria das pequenas e médias empresas não estão muito preocupadas em manter bons sistemas de controle. Elas se preocupam mais em obter formas, na maioria das vezes fraudulentas, de pagar menos impostos. Com isso perdem seus controles e são roubadas, muitas vezes por seus próprios funcionários, além de ficarem passíveis de autuações pelo fisco. Muitas das autuações realizadas pelo fisco poderiam ser evitadas, pois se o contribuinte tivesse mais controle sobre suas operações não pagaria determinadas multas e teria mais facilidade de contestar determinadas autuações. No período de Janeiro à outubro de 2010 o estado da Paraíba arrecadou R$ 2,060 bilhões com ICMS. Só no mês de outubro a cifra recolhida chegou a R$ 216,7 milhões, alta de 17,59% em relação à outubro de 2009. Do total arrecadado até agora em 2010, R$ 37,6 171 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN milhões correspondem à arrecadação efetuada por contribuintes do setor varejista. Por sua vez, no mesmo período, contribuintes pertencentes ao Simples Nacional arrecadaram a importância de R$ 36,6 milhões. Diante dos números verifica-se que os contribuintes que pertencem ao regime de pagamento de impostos e contribuições Simples Nacional contribuíram no período de janeiro a outubro de 2010, com 1,78% da arrecadação de ICMS do estado da Paraíba. Esta informação é bem interessante uma vez que os contribuintes pertencentes ao Simples Nacional representam 70% dos contribuintes do estado. Fazendo uma comparação com 20 outros estados da federação verifica-se que a realidade no país como um todo não é diferente. Feita à comparação entre a arrecadação de ICMS do estado no período de janeiro à outubro de 2010 com a arrecadação do Simples Nacional no mesmo período verifica-se que poucos estados conseguiram uma participação do Simples superior a 2% da arrecadação total de ICMS. ESTA DO ARRECADAÇÃO ICMS ARRECADAÇÃO SIMPLES PERCENTUA L ARRECAÇÃO SIMPLES RJ R$ 22.409.309.951,00 R$ 538.043.816,50 2,40% RN R$ 2.470.475.300,00 R$ 57.875.929,02 2,34% PE R$ 6.029.256.849,00 R$ 140.880.917,39 2,34% DF R$ 4.852.758.849,00 R$ 112.984.565,35 2,33% GO R$ 10.950.086.428,00 R$ 250.481.175,46 2,29% ES R$ 7.160.688.244,00 R$ 152.229.524,10 2,13% RS R$ 16.177.784.385,00 R$ 328.032.906,74 2,03% TO R$ 1.028.653.879,00 R$ 20.825.606,58 2,02% PR R$ 14.266.827.970,00 R$ 277.990.909,72 1,95% MG R$ 25.410.222.600,00 R$ 488.912.304,45 1,92% SP R$ 89.768.576.849,00 R$ 1.714.559.010,91 1,91% BA R$ 12.179.317.518,00 R$ 215.325.835,10 1,77% CE R$ 5.320.363.674,00 R$ 77.272.649,28 1,45% AL R$ 1.806.441.671,00 R$ 23.388.182,18 1,29% AP R$ 460.607.769,00 R$ 4.969.618,51 1,08% AC R$ 583.095.031,00 R$ 5.931.664,48 1,02% SE R$ 1.505.180.955,00 R$ 15.177.020,29 1,01% RO R$ 2.639.472.486,00 R$ 26.479.985,61 1,00% RR R$ 441.682.071,00 R$ 4.379.649,09 0,99% AM R$ 4.414.017.193,00 R$ 28.221.893,43 0,64% Fonte: <http://www.impostometro.com.br/>. Acesso em 21 nov. 2010, 10:32. Mesmo os contribuintes pertencentes ao regime Simples Nacional corresponderem à imensa maioria das empresas do país sua parcela de arrecadação ainda é muito pequena. É bem verdade que um dos objetivos da implantação do sistema simples era diminuir a carga tributária sobre essa parcela dos contribuintes, porém também é sabido que mesmo com carga 172 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN tributária relativamente baixa a sonegação neste setor é muito maior do que em outros setores. Em virtude da alta sonegação existente no setor pode-se explicar uma arrecadação tão pequena. E sem sombra de dúvidas, entre as forma de sonegação existentes, a preferida por estes contribuintes é o subfaturamento. Uma vez que a base de cálculo de toda a sua tributação é o faturamento. 4 Considerações Finais O subfaturamento nas operações no âmbito do trânsito de mercadorias ainda é matéria pouco estudada. Apesar da consciência geral dos danos que esta prática tem para o estado, para as empresas e para a sociedade, muitas autoridades fiscais ainda têm certa relutância em combater efetivamente esta prática danosa. Apoiados em documentos paralelos à contabilidade, grande número de empresas praticam livremente a compra de produtos com preço abaixo do efetivamente praticado. Uma vez adquiridos os produtos com preços subfaturados também sua venda será subfaturada, diminuindo assim a parcela do imposto que caberia ao estado. Imposto esse que é pago efetivamente pelo cidadão e caberia ao empresário, apenas repassar ao estado. Porém ele se apropria descaradamente do tributo. Para os profissionais que labutam diariamente na fiscalização de mercadorias em trânsito, a sensação que se tem é de total impotência diante da prática rotineira do subfaturamento pelas empresas. Tal sensação é decorrente da dificuldade de se ter acesso a qualquer documento que possa comprovar a infração estudada e uma vez tendo acesso ao documento, muitas vezes os conselhos de contribuintes não corroboram com a tese de que documentos paralelos tenham o poder de comprovar o subfaturamento. Alguns estados, Minas Gerais é um exemplo, estão evoluindo suas legislações com o objetivo de combater a sonegação. Um ponto na legislação tributária mineira pode ser evidenciado como prova da vontade de combater o subfaturamento. O inciso I do artigo 838 do RICMS/MG permite a utilização de documentos subsidiários na apuração das operações realizadas pelo sujeito passivo. Este tipo de disciplinamento legal é de fundamental importância para dar subsídios legais para os fiscais realizarem suas autuações. Bem como tem o poder de intimidar os sonegadores que terão de pensar duas vezes em cometer ou não a infração. Como dito neste trabalho a grande maioria dos contribuintes Paraibanos pertencem ao regime Simples Nacional. Regime este que tem toda sua base de tributação vinculada ao valor informado pelas empresas como sendo seu faturamento. Com a prática do subfaturamento estes contribuintes obtêm um valor para pagar de tributo significativamente inferior ao que deveria ser recolhido normalmente. Desta maneira o estado tem perdas significativas de arrecadação que comprometem toda sua gama de serviços que são prestados à sociedade. A verdade é que o subfaturamento altera toda à contabilidade da empresa, uma vez que esta é baseada nas informações produzidas pelos documentos fiscais. Porém estes documentos não apresentam dados que correspondam à realidade das transações realizadas 173 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN pelas empresas, logo as informações contábeis não refletem a real situação da empresa. Esta situação trás prejuízos para o estado, na forma de arrecadação menor de tributos, e até mesmo para os próprios empresários que ficam sem ferramentas que possam lhe permitir um maior controle sobre sua empresa. 5. Referências ABRÃO, Carlos Henrique. Crime tributário: um estudo da norma penal tributária. 2ª Edição. São Paulo: IOB, 2009. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Manual de direito tributário. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2006. ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. 5ª Edição. São Paulo: Atlas, 1996. ARAÚJO, Rodrigo Antônio Alves. ICMS temas polêmicos: uma visão crítica e atualizada. 1ª Edição. João Pessoa: A União, 2009. BRASIL, Constituição Federal de 1988, Artigo 155, II. Diário Oficial da União, Brasília, DF. FERREIRA, Alexandre Henrique Salema. Política tributária e justiça social: relações entre tributação e os fenômenos associados à pobreza. Edição Especial. Campina Grande: UEPB, 2007. LIMA, Jair Moreira. Manual de fiscalização de mercadorias em trânsito. 1ª Edição. João Pessoa: SINDIFISCO-PB, 2006. LIMA, Jair Moreira; TEOTÔNIO, Eric Luna Araújo. Leis de interesse do fisco paraibano. 2ª Edição. João Pessoa: SINDIFISCO-PB, 2006. LIMA, Paulo Gildo de Oliveira. Auditoria Fiscal - Contábil. 8ª Edição. João Pessoa: Grafique, 2009. PARAÍBA, Decreto nº 18.930, de 19 de junho de 1997, Diário Oficial do Estado, João Pessoa, PB. PARAÍBA, Decreto nº 25.826, de 15 de abril de 2005, Diário Oficial do Estado, João Pessoa, PB. PARAÍBA, Lei nº 6.379, de 2 de dezembro de 1996, Diário Oficial do Estado, João Pessoa, PB. SANTOS, José Luiz dos; SCHMIDT, Paulo; GOMES, José Mário Matsumura. Fundamentos de auditoria fiscal. São Paulo 174 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN ARBITRAGEM COMO MEIO ALTERNATIVO NA SOLUÇÃO DE LITÍGIOS: Estudo Sobre a Percepção dos Contadores da cidade de Natal - RN. ÁREA TEMÁTICA: TEMA LIVRE RESUMO A arbitragem como meio alternativo na solução de litígios está adquirindo prestígio cada vez maior por ser um instrumento hábil a atingir os objetivos idealizados pela ciência jurídica. Assim a importância da arbitragem reside em ser um meio legítimo rápido colocado a disposição para a solução de conflitos com visíveis vantagens para o profissional da contabilidade. Frente a tal situação, o presente trabalho tem por finalidade demonstrar as vantagens da utilização da Arbitragem na solução de litígios na percepção dos contadores da Cidade de Natal – RN. Para obtenção dos resultados foi realizado um estudo bibliográfico, fundamentado na literatura especializada no assunto, seguido de uma pesquisa empírica com contadores que atuam nesta cidade. Os resultados obtidos na pesquisa revelam que a arbitragem ainda é pouco difundida e com utilização relativamente pequena entre os profissionais da contabilidade, estando em fase de conscientização. Sinaliza que os contadores estão tomando conhecimento e incentivando métodos alternativos á Justiça para solucionar com maior rapidez os problemas de seus clientes. Reconhece que a arbitragem para o contador constitui-se em um campo de trabalho bastante promissor. No entanto, que não se podem generalizar os resultados alcançados na pesquisa, como limitação, destaca-se o tamanho da amostra que foi muito pequena em relação ao universo de profissionais que atuam no mercado Norte-rio-grandense. Palavras - chave: Arbitragem. Contadores. 175 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1 INTRODUÇÃO A arbitragem já estava prevista em nossas leis há muito tempo, mas ganhou força apenas em 1996, quando foi editada a Lei n º 9.307 (Lei da Arbitragem). Conhecida como meio extrajudicial de resolução de conflitos, de livre escolha dos interessados, a arbitragem vêm se firmando em nossa sociedade pelas inúmeras vantagens que lhe são inerentes, a começar pela seleção do árbitro, um terceiro, de confiança das partes, que será responsável pela condução do procedimento. Estudos apontam que são inúmeras as vantagens da utilização do procedimento arbitral, tais como: agilidade, sigilo, rapidez e o melhor, o cumprimento imediato da sentença arbitral considerando a inter-relação havida entre os litigantes, estimulando a conciliação e propiciando um ambiente favorável ao diálogo. Comparado ao processo judicial, o arbitral é menos formal. Observa-se, inclusive, que na prática da arbitragem a escolha do árbitro é feita de comum acordo pelos participantes, que têm a liberdade de eleger pessoa de confiança e familiarizada com a matéria objeto do conflito, ou mesmo, um especialista com conhecimento técnico, como um contador. A arbitragem privilegia a boa fé, a cooperação, o respeito e a confiança entre os envolvidos e se destaca, especialmente, por propiciar a participação direta das partes na busca da solução. Além disso, as partes definem as normas a serem observadas pelo árbitro em sua decisão, normas essas que podem estar inseridas no direito nacional ou estrangeiro. Pode-se, até mesmo, optar pela eqüidade, ou seja, uma decisão arbitral embasada no bom senso e na moral, fora das regras expressas do direito. Por fim, a arbitragem de acordo com as inovações trazidas pela Lei 9.307/96, oferece aos cidadãos a possibilidade de escolha por uma outra forma de se prestar a justiça privada que, interpretada harmonicamente, fortalece a ampliação do acesso à justiça e, conseqüentemente, a efetivação dos direitos. Dentro deste contexto o presente estudo tem como foco demonstrar as vantagens da utilização da arbitragem na solução de litígios. Ainda é pretensão desta pesquisa enriquecer o estoque de conhecimento na área tendo em vista a importante relevância da arbitragem para a justiça privada e seus usuários, maiores beneficiados. Para melhor apresentação do estudo, optou-se por estruturar a pesquisa nos seguintes tópicos, além desta introdução: tema e problema de pesquisa; objetivos; justificativa; referencial teórico; metodologia; análise dos resultados e recomendações; e, por fim, as referências. A Arbitragem dentro deste contexto surge como um meio alternativo, onde as soluções aparecem num breve espaço de tempo, contribuindo para o descongestionamento do Judiciário. Resumidamente, é como se fossem criadas regras particulares e de comum acordo entre os interessados. Isso garante além de uma boa solução para o caso, sigilo, informalidade e a certeza de que o julgamento do problema será realizado por pessoas com profundo conhecimento do assunto em questão e, além de tudo, rapidez. O objetivo do estudo é demonstrar as vantagens da utilização da Arbitragem na solução de litígios na percepção dos Contadores da Cidade de Natal - RN. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 ARBITRAGEM 2.1.2 Conceitos A arbitragem é um meio privado de solução de conflitos. Ela pode ser usada para resolver problemas jurídicos sem a participação do Poder Judiciário. É um mecanismo voluntário: ninguém pode ser obrigado a se submeter à arbitragem contra a sua vontade. 176 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Segundo Alvim (2000, p. 14) “arbitragem é a instituição pela qual as pessoas capazes de contratar cofiam a árbitros, por elas indicados ou não, o julgamento de seus litígios relativos a direitos transigíveis”. Após definir arbitragem Alvim complementa sua abordagem (2000, p. 14): Esta definição põe em relevo que a arbitragem é uma especial modalidade de resolução de conflitos; pode ser convencionada por pessoas capazes, físicas ou jurídicas; os árbitros são juízes indicados pelas partes, ou consentidos por elas por indicação de terceiros, ou nomeados pelo juiz, se houver ação de instituição judicial de arbitragem; na arbitragem existe o “julgamento” de um litígio por “sentença” com força de coisa julgada. A arbitragem proporciona às partes envolvidas o exercício do livre arbítrio e do direito de escolha, conduzindo-as a uma reflexão, na medida em que são elas que estabelecem de certa forma, as regras gerais que permearão e ordenarão o procedimento. Essa liberdade é ampara pela Lei n º 9.307/96 que em seu art. 2º determina que: Art. 2º “A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes”: § 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. § 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais do comércio. Ao escolher a arbitragem, as pessoas abrem mão de recorrer ao Poder Judiciário, escolhendo árbitros de sua confiança para o julgamento do conflito. Qualquer pessoa capaz poderá ser chamada para atuar como árbitro desde que tenha sido escolhida livremente pelos interessados. Segundo Bulos (1997, p. 21) tem-se a arbitragem: Quando surgido o conflito de interesses entre os particulares, estes convergem suas vontades no sentido de nomear um terceiro, com o objetivo de oferecer solução ao litígio, suscetível de apreciação por este, que não o juiz estatal, comprometendo-se os figurantes, previamente, a acatar sua decisão. 2.1.2 Natureza Jurídica Quanto à natureza jurídica da arbitragem, Alvim (2000, p. 58) afirma que: Não é pacífica, na doutrina, a natureza jurídica da arbitragem, formando-se, a esse respeito, três correntes: a) uma privatista (ou contratualista), com Chiovenda à frente; b) outra publicista (ou pro - cessualista) comandada por Mortara; c) intermediária (ou conciliadora), tendo como expoente Carnelutti. Alvim (2000, p. 59; 60) continua agirmando: A primeira corrente relega o procedimento arbitral, por inteiro, à esfera contratual, e os árbitros só podem dispor sobre o “material lógico” da sentença, que restaria na esfera da atividade privada, e que o juiz, através do decreto de executoriedade, transforma numa sentença, consistente no somatório de um juízo lógico e de um comando. Consideram privatistas ou contratualistas os que vêem na arbitragem o produto de um mero acordo das partes, sem qualquer conotação jurisdicional, e publicista ou processualistas os 177 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN que sustentam o caráter verdadeiramente jurisdicional da arbitragem, vendo nela uma atividade que viceja ao lado da jurisdição estatal, com idêntica finalidade (ALVIM, 2000). A arbitragem, por natureza e por definição, tem indiscutível caráter jurisdicional, não cabendo mais, depois da Lei n. 9.307/96, falar-se em contratualidade, salvo no que concerne à sua origem, por resultar da vontade das partes (ALVIM, 2000). 2.1.3 Evolução Histórica Na mais remota Antigüidade, com a ausência de um Estado forte que assumisse a prerrogativa de dirimir os conflitos entre as pessoas, prevalecia à vingança privada, evoluindo para a justiça privada. Na Roma e Grécia antiga, as soluções amigáveis faziam-se com muita freqüência, por meio da arbitragem. Vigoravam duas modalidades: a arbitragem facultativa e a obrigatória. De acordo com Alvim (2000, p. 16) arbitragem facultativa e obrigatória são respectivamente: “contratualmente estabelecida pelos litigantes, ao largo da atividade judicial (De receptis)”; e “típica do período da ordo iudiciorum privatorum, que vigorou até a extinção do sistema formulário, substituído pelo sistema da cognitio extraordinária”. A arbitragem passou do Direito Romano para o medieval, sendo submetida a várias mudanças, facilmente assimiladas, visto que a justiça romana consistia em uma cópia quase fiel da medieval (FIUZA, 1995). Na Idade Média a arbitragem foi bastante utilizada como meio de resolver os conflitos entre nobres, cavaleiros, barões, proprietários feudais e, fundamentalmente, entre comerciantes. Os julgamentos, em sua maioria, eram realizados pelos senhores feudais. Sobre a evolução histórica da arbitragem Alvim (2000, p. 14) relata: “No princípio, quando ainda inexistia o Estado, como poder político, os conflitos de interesses eram resolvidos pelos próprios litigantes, ou pelos grupos a que pertenciam, sendo a transposição dessa modalidade de justiça privada para a pública produto de uma lenta e segura evolução”. Observa-se que entre os povos antigos, a arbitragem constituía um meio comum para sanar os conflitos entre as pessoas. 2.1.3.1 A arbitragem no Brasil A doutrina brasileira identifica a presença da arbitragem em nosso sistema jurídico desde a época em que o País estava submetido à colonização portuguesa. No entanto a arbitragem foi, oficialmente, introduzida no Brasil através da Resolução de 26 de julho de 1831, tratando das questões relativas a seguro, e posteriormente com a Lei 108, de 11 de outubro de 1837, nos dissídios referente à locação de serviços. A seguir o Código Comercial, de 1850, regulava a arbitragem para ser aplicada em dissídios existentes entre comerciantes. Finalmente no Código de Processo Civil de 1939, a arbitragem foi regulamentada no Brasil. Em 1996, com a Lei 9.307, a denominada Lei Marco Maciel, tomou novas feições, permitindo que desenvolvesse a solução dos litígios fora do âmbito do Poder Judiciário. Caracterizando-a como meio pacífico na solução de litígios. No entendimento de Fiuza (1995. p, 89): A verdade é que, na grande maioria dos sistemas jurídicos atuais, pelo menos nos de orientação continental e insular, a arbitragem tem tido lugar de destaque, como alternativa eficaz à jurisdição ordinária. Apenas em alguns rincões, justamente onde deveria ser aplicada, permanece sem uso. Um desses rincões é, infelizmente, o Brasil. Observa-se que o comentário de Fiuza (1995) se deu há alguns anos atrás. Atualmente, alguns avanços em relação à utilização da arbitragem no Brasil já podem ser comemorados. Recentemente um levantamento realizado pelo Conima (Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem) demonstra que a utilização da arbitragem cresceu mais de 45% e 83% 178 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN respectivamente nos últimos seis anos no país. Os números representam, de fato, a crescente procura por meios alternativos de resolução de conflitos. Pode-se dizer que ainda falta uma cultura jurídica nacional para o uso dos meios alternativos, prevalecendo, ainda, a opção pelos meios jurídicos convencionais. No entanto, com a instituição da Lei n º 9.307/96, dando forma e regulando a arbitragem, o seu uso passou a ser disseminado, através de cursos, palestras e seminários pelo Brasil afora, com uma grande novidade, a resolução dos conflitos não fica a mercê da justiça, a decisão prolatada é irrecorrível, pois o árbitro é de livre escolha dos litigantes. A atividade adquiriu dispositivos equivalentes aos das legislações mais avançadas do mundo. 2.1.4 Vantagens e desvantagens da Arbitragem 2.1.4.1 Vantagens Conhecida como meio extrajudicial de resolução de conflitos, de livre escolha dos interessados, a arbitragem vêm se firmando em nossa sociedade pelas inúmeras vantagens que lhe são inerentes, a começar pela seleção do árbitro, um terceiro, de confiança das partes, que será responsável pela condução do procedimento. A simplificação nos procedimentos da arbitragem é uma de suas principais características, pois permite que o conflito seja resolvido rapidamente, sendo que a celeridade é a principal vantagem da justiça privada. São várias as vantagens trazidas através do uso da arbitragem na solução de litígios comparativamente aos tribunais judiciais, especialmente em função da prevalência da autonomia da vontade das partes. No intuito de contribuir para solucionar a problemática do judiciário, a arbitragem apresenta uma série de vantagens que justificam a opção das partes pelo procedimento arbitral, dentre elas destacamos: a) Rapidez – o tempo para resolução do conflito poderá ser determinado pelas partes (prazo máximo em seis meses, conforme a Lei 9.307/96). b) Sigilo – o procedimento arbitral pode ser sigilo se as partes assim determinarem. c) Decisões Técnicas – na arbitragem o árbitro pode ser um especialista na matéria investigada. d) Informalidade – menos burocrática, podendo as partes estabelecer as próprias regras. e) Soluções Amigáveis – a arbitragem cria ambiente favorável ao entendimento, por sua natureza consensual, diferentemente do judiciário. f) Flexibilidade - na arbitragem o árbitro poderá coordenar os interesses em conflito, dispondo de uma gama de opções de julgamentos, diferente do Judiciário, que decide pela procedência ou pela improcedência. g) Maior Autonomia das Partes - na arbitragem pode-se estabelecer quais serão as regras do procedimento que vão desde o local até a lei a ser aplicada, ou ainda, as partes podem convencionar que o árbitro julgue por equidade, ou seja, pelo bom senso. Assim, Franco Filho (1997, p.18; 19) relata: Trata-se de procedimento rápido, buscando solução célere para divergência. É informal porque despida de rigorismo, daí a inexistência de excessivos pormenores de atuação que atravancam o desfecho satisfatório da pendência para ambas as partes, em outros momentos. Destaca-se, também, pela confiabilidade, fruto do critério de escolha do árbitro (ou dos árbitros) e da atribuição a eles do poder de decidir a questão, com a anuência prévia de que observarão as partes o que fica disposto no laudo arbitral. É flexível à medida em que o árbitro, porque não adstrito aos termos da lei, mas apenas às regras fixadas no compromisso, pode agir com maior liberdade. Reveste-se de sigilo porque não há falar na indispensável publicidade dos atos judiciais. Diante disso, torna-se claro ser a arbitragem uma alternativa eficiente ao Poder Judiciário, cujo desempenho tem sido moroso. A falta de agilidade, estrutura e, muitas vezes, o desfecho imprevisível nas causas submetidas ao Poder Judiciário estão entre as desvantagens da 179 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN justiça convencional para solucionar conflitos. Neste contexto, podemos demonstrar o quanto um método alternativo é atrativo. 2.1.4.2 Desvantagens Algumas desvantagens, no entanto, podem ser apontadas. A decisão arbitral se dá em uma única instância, não cabendo recurso, quanto ao mérito, ao Poder Judiciário. Os árbitros podem ser bons especialistas nas práticas que estiverem analisando, mas, todavia, sem um bom conhecimento jurídico. Suas decisões, apesar de a nova lei de arbitragem dispor que não serão reformadas, no mérito, pelo Poder Judiciário, se não atenderem, quanto aos aspetos formais, às exigências da própria lei, poderão ser declaradas nulas. Por isso é interessante a participação de advogados, conhecedores da estrutura legal da arbitragem, auxiliando os árbitros quanto aos aspectos jurídicos em questão. Afirma (1997, p.19) no que diz respeito a questões trabalhistas: A grande desvantagem está, no entanto, no custo do procedimento arbitral. É um procedimento altamente oneroso, o que, quando se trata de matéria trabalhista, pode encontrar profunda barreira nas condições do sindicato da categoria profissional de arcar com essas despesas. Aqui repousa sério aspecto, que dificulta sua implementação em matéria trabalhista e a preferência da solução jurisdicional. É que o processo na justiça do Trabalho é gratuito e praticamente nenhum esforço é feito pelas partes, ante a consagração do princípio do inquisitório, no art. 765 da CLT, que permite ao juiz velar pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas. Apesar de a experiência brasileira ainda ser incipiente em relação à arbitragem, já se pode perceber com clareza que o custo envolvido em um processo arbitral é, de regra, muito mais elevado que o do processo estatal. Na ampla maioria dos Estados brasileiros, as despesas judiciais (tais como distribuição, autuação, depósito inicial, custas de oficial de justiça, preparo recursal etc.) acabam por ser ínfimas diante da remuneração dos árbitros, do secretário, da instituição arbitral que eventualmente administre o litígio. Mesmo assim, a arbitragem privada continua sendo uma alternativa vantajosa para disputas de alta complexidade que, em geral, não encontram na justiça estatal o grau de conhecimento técnico necessário para a adequada solução do conflito. O custo é maior, mas compensa pela sua agilidade e pela qualidade do resultado. Alvim (2000, p. 79) ressalta: “quando se fala em “vantagens” e “desvantagens” da arbitragem, o que se busca é comparar a justiça pública, sabidamente lenta, com uma justiça privada, que pode ser rápida, dando, em tempo e hora, solução satisfatória aos litígios”. 2.2 LEI 9.307/96 Lei que instituiu a utilização da Mediação e Arbitragem no Brasil. Está lei, também chamada de Lei Marco Maciel, dá às sentenças arbitrais a mesma força e eficiência das sentenças estatais e diz que os árbitros são juízes de fato e de direito. Yagamaguchi (2000 apud MARTINEZ; FERREIRA, 2004) opina a respeito: A lei n º 9.307/96 resgatou de nossas instituições jurídicas o “acordo das vontades” por meio do qual as partes preferindo não se submeter à legislação judicial confiam a árbitros a solução de seus conflitos de interesses, mediante concessões mútuas, dirimem suas controvérsias de comum acordo, transferindo a terceiros a solução, por não se sentirem habilitados a resolve-las pessoalmente. É uma forma rápida e racional de solução, paralela à do Poder Judiciário, tornando mais célere a aplicação da justiça. 180 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Através do estudo da lei da arbitragem, pode-se perceber inúmeras vantagens se comparado a processo submetido à justiça comum. Para um melhor entendimento, esta pesquisa disponibiliza como anexo a Lei 9.307/96 na íntegra. 2.3 CONVENÇÃO DA ARBITRAGEM 2.4 Por intermédio da convenção de arbitragem, as partes, livres e voluntariamente, podem resolver suas controvérsias, relativas a direito patrimonial disponível, submetendo-se ao juízo arbitral. Conforme adotado pela lei 9.307/96, artigo 3o, a convenção de arbitragem abrange tanto a cláusula compromissória como o compromisso arbitral. 2.3.1 Cláusula Compromissória ou Arbitral De acordo com o artigo 4o, da lei 9.307/96, cláusula compromissória é "a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.". Entretanto, essa cláusula deve ser estipulada por escrito pelas partes, seja no próprio contrato ou em um adendo. A cláusula arbitral é um pacto adjeto dotado de autonomia conforme dispõe os artigos 8° da Lei n° 9.307/96. Nasce no momento inicial do negócio principal, como medida preventiva dos interessados, com a intenção de assegurar e garantir as partes de um eventual desentendimento futuro. É facultado às partes, em qualquer contrato, convencionar que os litígios que possam surgir relativamente ao mesmo sejam submetidos à arbitragem, conforme dispõe o art. 4º(1) da Lei nº 9.307/96. No entanto, a cláusula arbitral expressa a vontade das partes de terem os litígios decorrentes do contrato a que se refere submetidos ao juízo arbitral e pode conter, acessoriamente, apenas disposições relativas à escolha do árbitro e de normas procedimentais. De acordo com Fiuza (1995, p. 106) cláusula compromissória consiste em um “pacto acessório pelo qual as partes convêm em submeter à jurisdição arbitral as disputas que surjam no transcorrer de determinada relação jurídica, em termos genéricos, sem menção à espécie de litígio nem ao nome dos árbitros”. Portanto, pela cláusula arbitral, submetem ao julgamento do árbitro conflitos futuros, que podem nascer do cumprimento ou interpretação das relações jurídicas estabelecidas por contrato. 2.3.2 Compromisso Arbitral O compromisso arbitral é muito mais antigo do que a cláusula arbitral, haja visto que os romanos utilizavam o compromisso por ser uma forma mais justa. No direito romano o compromisso era utilizado na justiça privada, em que a execução do direito era feita sem a intervenção da autoridade pública, pois confiava-se a simples indivíduos a missão de solucionar controvérsias surgidas em torno de uma obrigação, caráter que se mantém em todas as legislações contemporâneas. O compromisso arbitral é a segunda maneira de manifestar a convenção arbitral, onde as partes submetem ao julgamento do árbitro um conflito atual. No entendimento de Fiuza (1995, p. 90) compromisso arbitral “é, pois, convenção bilateral pela qual as partes renunciam à jurisdição estatal e se obrigam a se submeter à decisão de árbitros por elas indicados”. O compromisso arbitral retrata o conflito atual e específico, quando então as partes lavram o compromisso prevendo as regras que serão utilizadas no juízo arbitral e, também, o árbitro regularmente escolhido para solucionar e prolatar a sentença arbitral. 2.3.2.1 Extinção do Compromisso Arbitral 181 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O compromisso arbitral extingue-se nas hipóteses do artigo 12, da Lei de Arbitragem, ou seja, quando qualquer árbitro recusar-se, antes de aceita a nomeação, e as partes terem deliberado que não seria aceito substituto; quando, também, deliberado, que não seria aceito substituto em caso de falecimento ou impossibilidade do árbitro proferir seu voto; quando tiver expirado o prazo fixado no compromisso e o árbitro, embora notificado a respeito do prazo de 10 dias para apresentar a sentença arbitral, não apresente sua decisão. 2.4 ÁRBITROS De acordo com CARMONA (2004, p. 200): “Árbitro é a pessoa física indicada pelas partes – ou por delegação delas – para solucionar uma controvérsia que envolva direito disponível”. FIUZA (1995, p. 120) destaca: Os árbitros devem ser pessoas naturais, as únicas capazes de decidir alguma coisa, porquanto decisão implica emissão de vontades, o que está fora das possibilidades de pessoa jurídica. Nada impede, porém, que as pessoas jurídicas, como sindicatos e outras associações, possam prestar serviços de arbitragem por meio de árbitros pertencentes a seu quadro de pessoal. Além disso, existem instituições especializadas em arbitragem, ou seja, pessoas jurídicas cujo único objeto é a prestação de serviços arbitrais. Mas a decisão quem profere é o árbitro, pessoa física. Árbitro é um juiz privado e escolhido pelas partes, sendo, portanto da confiança delas. Possuem reputação exemplar, profundo conhecimento sobre o mercado de capitais e matéria societária. Esses profissionais atuam como juízes, decidindo as questões de acordo com a lei e observando todos os aspectos da matéria em discussão. Não podendo ser Pessoa Jurídica. Deve-se indicar os árbitros em número impar, determinando o presidente. No caso de se indicar numero par muitas instituições determinam que os árbitros deveram escolher um terceiro, ou a própria instituição o faz. O árbitro não precisa ser advogado ou bacharel: será ele o juiz de fato e de direito, proferindo decisão que terá a mesma eficácia da sentença estatal. Os tribunais arbitrais institucionais provavelmente tomarão cuidado de criar órgãos de assessoria compostos por advogados, para auxiliar os árbitros no que se refere a eventuais questões formais de direito, se e quando isto for necessário. Figueira Júnior (1999, p. 197) diz: A indicação recairá, isto sim, em pessoa ou pessoas detentoras de conhecimento técnico ou científico determinado e necessário à solução dos conflitos, sendo ou não bacharéis em direito. Poderão ser engenheiros, agrimensores, médicos, bioquímicos, farmacêuticos etc. Tudo dependerá da natureza do conflito instaurado. O árbitro deve possuir algumas características: ser independente, imparcial, competente, diligente e discreto, não ter interesse no resultado da demanda, não estar vinculado à nenhuma das partes, bem como devem respeitar o código de ética. 2.4.1 Da escolha doa árbitros As partes envolvidas em algum tipo de impasse, conflitos, pendências ou controvérsias, poderão livre e voluntariamente decidir que essas questões devam ser solucionadas com ajuda de um Árbitro. Segundo FIGUEIRA JÚNIOR (1999, p. 199): “A escolha dos árbitros é totalmente livre entre as partes litigantes, as quais poderão apontar, em número sempre ímpar, qualquer pessoa capaz que goze da confiança de ambas para dirimir os seus conflitos. As partes poderão também, se desejarem delegar poderes a Câmara Arbitral para que esta faça a indicação de um profissional. Em algumas situações, geralmente quando não há 182 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN consenso quanto à escolha do profissional, as próprias partes podem escolher o Árbitro de sua confiança e ambas delegam poderes a Câmara Arbitral para que indique um terceiro, ou mesmo os dois Árbitros anteriores podem como prevê a lei indicar o terceiro, ou outras formas. Figueira Júnior (1999, p. 1999) discorre sobre o comentário: As partes poderão também fazer referência, na convenção arbitral, a determinado órgão arbitral ou institucional ou entidade especializada, o qual, por sua vez, indicará o árbitro ou árbitros que compõem o seu corpo de julgadores privados, composto por juristas, contadores, engenheiros, médicos etc., os quais serão nomeados de acordo com a sua área de especialização e conhecimento técnico e científico, para atuar em cada caso concreto. Há ainda a possibilidade do Árbitro vir a ser designado pelo juiz, em sentença substitutiva ao "Compromisso Arbitral". 2.4.2 Custas e Honorários As partes pagam os honorários dos Árbitros. Eles, os Árbitros, estabelecem os seus honorários. O Tribunal coloca à disposição de seus membros filiados uma tabela de honorários a título de orientação. Fiuza (1995, p. 134) diz: A fixação das custas e honorários è sempre feita pelos árbitros ou pelo organismo arbitral. Seria inconcebível de outra forma. O máximo que pode ocorrer é que essa fixação não seja imposta às partes, mas seja, antes, fruto de convenção com elas. Tampouco, a Lei teria legitimidade para fixar esse preço. No máximo, poderia traçar algumas diretrizes. 2.5 SENTENÇA ARBITRAL Disciplina o art. 31 da lei 9.307/96 que "A sentença arbitral produz entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo". Logo, a sentença Arbitral tem o mesmo valor que a Sentença Judicial, tem amparo da lei e na execução pode ser empregado todo o aparato público e até a força policial, ser for necessário. Por não depender de homologação judicial, a sentença arbitral, por si só, produz “entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário”, constituindo, inclusive, título executivo, na hipótese desta ser condenatória, conforme dispõe o artigo 31 da Lei de Arbitragem. Para ALVIM (2000, p. 410): A sentença arbitral, por um lado, não é um ato judiciário, na medida em que ela é proferida por um árbitro ou tribunal arbitral, investido de autoridade, por uma forma convencional, e não por um juiz estatal; de outro lado, a sentença arbitral é um ato jurisdicional – seja pelo critério formal (o processo utilizado), seja pelo material (existência de uma contestação, finalidade da sentença, e irrevogabilidade da sentença) -, porque é produto da jurisdição, embora exercida por órgão-pessoa. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos do Poder Judiciário, e, sendo condenatória, constitui título exemplo (art. 31, LA). 183 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O art. 23 da Lei de Arbitragem determina que a sentença arbitral deverá ser proferida no prazo convencionado pelas partes. Se estas nada estipularem no compromisso, dispõe o mesmo artigo que o árbitro deverá proferir a sentença no prazo de seis meses, contados da instituição da arbitragem, ou da substituição do árbitro, caso esta ocorra. O não cumprimento de tal prazo pode acarretar a nulidade da sentença arbitral, conforme determina o artigo 32, inciso VII, da Lei nº 9.307/96. 3 METODOLOGIA A metodologia consiste em definir onde e como será realizada a pesquisa. Definirá o tipo de pesquisa, a população (universo da pesquisa), a amostragem, os instrumentos de coleta de dados e a forma como se pretende tabular e analisar seus dados. A descrição minuciosa da metodologia utilizada depende das escolhas e dos passos realizados pelo pesquisador para atingir os objetivos propostos. Nas considerações de Marion (2002, p. 60): “metodologia é a descrição detalhada do método adotado para o desenvolvimento do trabalho”. Mediante sua importância no desenvolvimento da pesquisa, a metodologia deve ainda indicar as fontes usadas no levantamento bibliográfico e descrever como transcorreu a fase de preparação para o trabalho de campo, apontado os elementos e fatores que dificultaram e/ou facilitaram seu desenvolvimento. (MARION, 2002). São várias as classificações de tipos de pesquisa, pois elas estão relacionadas com as peculiaridades das diferentes áreas do conhecimento. Nas ciências humanas, como é o caso da Contabilidade a pesquisa tende a ser do tipo não experimental, ou seja, aquela em que o pesquisador observa, registra, analisa e correlaciona os fatos com o intuito de atingir os objetivos desejados. Segundo Marion (2002, p. 61): De maneira geral, pode-se dizer que existem três grandes grupos de pesquisa permeando as diferentes áreas do conhecimento: a pesquisa bibliográfica, a descritiva e a experimental. Particularmente nas ciências humanas, onde se encaixam as áreas de Administração, Ciências Contábeis e Economia, os dois primeiros grupos de pesquisa são usualmente utilizados. As considerações de Marion acima citadas adequa-se perfeitamente ao presente estudo, estando a Contabilidade diretamente relacionada às ciências humanas. Trata-se, portanto de uma pesquisa bibliográfica e descritiva. A pesquisa bibliográfica foi elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na internet. No entendimento de Marion (2002, p.62) pesquisa bibliográfica: Objetiva explicar um problema com base em contribuições teóricas publicadas em documentos (livros, revistas, jornais etc.) e não por intermédio de relatos de pessoas ou experimentos. Pode ser realizada de forma independente ou estar inserida (levantamento bibliográfico) nos demais tipos de pesquisa. Já a pesquisa descritiva visou descrever as características de determinada população ou fenômeno. Envolveu o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, ou seja, a aplicação de questionários fazendo parte do estudo de campo. Marion (2002) descreve pesquisa descritiva da seguinte maneira (2002. p, 62): Objetiva descrever as características de determinado fenômeno e população, correlacionar fatos e 184 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN fenômenos (variáveis) sem, no entanto, manipulá-los. Implica observação, registro e análise do objeto que está sendo estudado. É interessante ressaltar que uma mesma pesquisa pode estar ao mesmo tempo, enquadrada em várias classificações desde que obedeça aos requisitos inerentes a cada tipo. O universo do estudo de campo realizado através da aplicação de questionários em Contadores que atuam na cidade de Natal - RN. Universo (ou população da pesquisa) é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo (MARION, 2002). Amostra é parte da população ou do universo, selecionada de acordo com uma regra ou plano podendo ser classificada como probabilística e não-probabilística. Neste estudo a amostra é determinada por conveniência, não-probabilística, ou seja, longe de qualquer procedimento estatístico selecionando elementos pela facilidade de acesso. Nesta pesquisa a apresentação dos dados coletados ocorreu mediante estudo bibliográfico em literatura disponível buscando obter informações sobre a situação atual do tema, conhecendo publicações existentes e verificando as opiniões similares e diferentes a respeito do assunto abordado. A pesquisa descritiva também fez parte deste processo de uma maneira bastante significativa, através do estudo de campo dando ênfase a aplicação de 12 questionários contendo perguntas fechadas, tendo como alvo profissionais da Contabilidade na cidade do Natal-RN. O tratamento e Análise dos dados concretizou na análise de seus dados através das inúmeras informações obtidas no estudo bibliográfico e no estudo de campo. Marion (2002, p. 63) diz: “a análise dos dados consiste na elaboração da análise com base na discussão dos resultados alcançados e os estudos descritos na revisão bibliográfica”. Os questionários aplicados com o intuito de alcançar respostas ao problema de pesquisa foram analisados mediante tabulações em planilhas eletrônicas, gerando gráficos imprescindíveis para o desfecho da pesquisa atingindo assim os propósitos desejados. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Os dados coletados para análise do estudo são resultados de uma pesquisa empírica, realizada através de um trabalho de campo que teve como público alvo Contadores que atuam na cidade de Natal-RN. No entanto, os resultados apresentados nos gráficos abaixo estão tabulados com base nas respostas dos questionários aplicados. Quesito 1: Profissional Contábil é do seu conhecimento que a nossa capital dispõe de uma Câmara Arbitral? 185 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN sim Não Fonte: dados da pesquisa, 2009 Observa-se no gráfico 1 que 75% (setenta e cinco por cento) dos entrevistados disseram ter conhecimento da existência de uma Câmara Arbitral em Natal-RN. Confrontando-se com 25% (vinte e cinco por cento) que responderam não ter conhecimento. Quesito 2: Na sua opinião, há demanda de processos que façam uso da Arbitragem como meio alternativo na resolução de litígios na cidade do Natal-RN? Sim Não Fonte: dados da pesquisa, 2009 186 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A análise dos dados da amostra coletada permite identificar que 83% (oitenta e três por cento) dos entrevistados acreditam que não há demanda de processos que façam uso da Arbitragem na cidade do Natal-RN. Já 17% (dezessete por cento) responderam que sim, existe demanda de processos que utilizam-se da Arbitragem. Quesito 3: Os profissionais da contabilidade costumam expor a seus clientes a Arbitragem como ferramenta ágil e eficaz na solução de controvérsias? Sim Não Fonte: dados da pesquisa, 2009 A apuração dos dados reflete que 58% dos profissionais contábeis que fizeram parte desta pesquisa demonstraram não expor a seus clientes a Arbitragem como uma maneira alternativa na resolução de controvérsias. No entanto, 42% afirmaram que a Arbitragem já está inserida na sua vida como profissional da Contabilidade. Quesito 4: Os árbitros demonstram capacidade e conhecimento na elaboração da sentença arbitral? Sim Não 187 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Fonte: dados da pesquisa, 2009 Este quesito chamou a atenção pelo resultado inânime entre os entrevistados. Pois, apesar de alguns dos entrevistados não fazerem uso da arbitragem eles acreditam na capacidade e no conhecimento dos árbitros que elaboram a sentença arbitral. Quesito 5: Dentre as opções abaixo: O que melhor influencia na escolha do processo arbitral em relação ao tradicional Processo Judicial? Rapidez Sigilo Eficácia O resultado demonstra que a rapidez com 75% de aceitação é o quesito que mais influencia na escolha da arbitragem como um meio alternativo na resolução de litígios. A eficácia teve 17% dos votos e o sigilo apenas 8%. Em linhas gerais, o resultado do estudo reconhece a arbitragem como um excelente passo para o profissional contábil que busca novos conhecimentos e que tem como objetivo ser um diferencial levando as empresas soluções rápidas e eficazes na solução de seus problemas. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES O objetivo do estudo é demonstrar as vantagens da utilização da Arbitragem na solução de litígios na percepção dos Contadores da Cidade de Natal - RN. Para tanto, a metodologia utilizada foi bibliográfica, seguida de uma pesquisa de campo, onde foi aplicado um questionário com profissionais da área contábil. A Arbitragem como método alternativo na solução de litígios cresce timidamente na sociedade como um instrumento hábil a atingir os objetivos idealizados pela ciência jurídica. Mesmo assim, consiste em uma área de atuação de grande importância para os contadores por serem eles os conhecedores do patrimônio das empresas, ou seja, os profissionais mais indicados para resolverem conflitos de natureza societária. A atividade da arbitragem ainda está em fase de conscientização entre os profissionais da contabilidade. Aos poucos, os contadores estão tomando conhecimento e utilizando métodos alternativos á Justiça para solucionar com maior rapidez os problemas de seus clientes. Para esse campo de trabalho é importante que o profissional seja empreendedor, característica que se enquadra muito bem aos contadores. Portanto, ainda é notória a falta de 188 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN confiança da classe contábil para a atuação nessa atividade, porém é interessante que o profissional contábil acredite que a Arbitragem seja uma boa opção na solução de controvérsias. É papel do contador levar as empresas a existência de métodos alternativos como a arbitragem em lugar da justiça comum e através da exposição de suas vantagens convencê-los a incluir em seus contratos sociais a utilização deste método na resolução de litígios. Dessa maneira a arbitragem ganhará espaço e a confiança dos seus futuros usuários. O resultado do estudo demonstra como vantagem a rapidez, a especialidade e livre escolha do árbitro seguido do sigilo, para a sociedade escolher a arbitragem na solução de conflitos oriundos de bens patrimoniais disponíveis. É importante salientar que não se podem generalizar os resultados alcançados na pesquisa, como limitação, destaca-se o tamanho da amostra que foi muito pequena em relação ao universo de profissionais que atuam no mercado Norte-rio-grandense. REFERÊNCIAS ALVIM, José Eduardo Correia. Tratado Geral da Arbitragem. Belo Horizonte: Mandamentos, 2000. BULOS, Uadi Lammêgo e FURTADO, Paulo. Lei da arbitragem comentada: breves comentários à Lei n. 9.307, de 23-9-1996. São Paulo: Saraiva, 1997. CÂMARA, Alexandre Freitas. Arbitragem: Lei 9.307/96. 3.ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2002. CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei n° 9.307/96. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. CUNHA, Júlia Streski Fagundes. Formas Alternativas de Resolução dos Litígios. Disponível em: <http://www.cescage.edu.br/site/pagina/arquivos/graduacao/direito/aporiajuridica/artigos_aporia %20juridica/formas_litigios.htm > Acesso em 16 mar. 2009. FIGUEIRA JÚNIOR, Joel Dias. Arbitragem, Jurisdição e Execução: Análise crítica da Lei 9.307, de 23.09.1996. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999. FIUZA, Cezar. Teoria Geral da Arbitragem. Belo Horizonte: Del Rey, 1995. FURTADO, Paulo e BULOS, Uadi Lammêgo. Lei da Arbitragem comentada: breves comentários à Lei 9.307, de 23-9-1996. 2.ed. ver. E atual. São Paulo: Saraiva, 1998. FRANCO FILHO, Georgenor de Sousa. A nova lei da arbitragem e as relações de trabalho. São Paulo: LTr, 1997. MARION, José Carlos; DIAS, Reinaldo; TRALDI, Maria Cristina. Monografia para os cursos de administração, contabilidade e economia.1. ed. São Paulo: Atlas, 2002. SZKLAROWSKY, Leon Frejda. Objeto do Litígio da Arbitragem, 2004. Disponível em: < http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6840 > Acesso em 16 mar. 2009. 189 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN STRENGER, Irineu. Arbitragem Comercial Internacional. São Paulo: LTr, 1996. A resolução alternativa de litígios aplicada ao sobreendividamento dos consumidores: virtualidades da mediação. Disponível em: < http://www.cmporto.pt/users/0/52/AresoluoalternativadeconflitosUmareflexo_c5a1ce0455dfb44e34178664eaa 65c64.pdf > Acesso em 16 mar. 2009. VICENTE, Dario Moura. Arbitragem e outros meios de Resolução extrajudicial de litígios no direito Moçambicano, 2006. Disponível em : < http://www.fd.ul.pt/Portals/0/Docs/Institutos/ICJ/LusCommune/VicenteDario2.pdf > Acesso em 16 mar. 2009. 190 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O Ensino da Disciplina de Controladoria: Um Estudo Comparativo nas IES Paraibanas, Sergipanas e Potiguares. Autor: Maria da Conceição Torres Gomes Orientador: Ridalvo Medeiro de Oliveira Instituição de Ensino: FARN A Controladoria constitui uma área das Ciências Contábeis composta por um conjunto de conhecimentos interdisciplinares oriundos da Administração de Empresas, Economia, Informática, Estatística e, principalmente, da própria Contabilidade. Não obstante essa diversidade de áreas do conhecimento concorrerem para a formação da Controladoria, o seu conceito focalizava essencialmente a contabilidade, com forte ênfase nos controles financeiros. Atualmente, a literatura apresenta uma série de definições para o que seja a controladoria, fruto de divergências entre os vários autores quanto ao seu conceito. O objetivo geral desse trabalho é identificar os conteúdos abordados no ensino da disciplina de Controladoria nos cursos de Ciências Contábeis das Instituições de Ensino Superior (IES) paraibanas, sergipanas e potiguares, sob a forma de um estudo comparativo com a ementa proposta pela Fundação Brasileira de Contabilidade. A metodologia aplicada para a realização do trabalho é caracterizada por uma pesquisa bibliográfica, exploratória e qualitativa. Quanto à finalidade, visa identificar as discussões sobre a temática dos planos de ensino da disciplina de Controladoria. Buscou-se, identificar os conteúdos mais abordados nas IES pesquisadas nos Estados da Paraíba, de Sergipe e do Rio Grande do Norte, verificando se a disciplina de Controladoria, mesmo sendo retratada diferentemente, tem o mesmo objetivo, uma vez que a Controladoria evoluiu de uma função estritamente de controle para uma ampla área de atuação, a qual vem englobando atividades de gestão estratégica, de pessoal e de organização. Foram identificadas 36 IES ofertando o curso de Ciências Contábeis, na modalidade presencial, nas três unidades da federação pesquisadas, sendo 16 no Rio Grande do Norte, 11 na Paraíba e 9 em Sergipe. A pesquisa foi desenvolvida com informações de 28 dessas 36 IES pertencentes ao universo considerado. A partir das ementas analisadas e comparadas com a ementa proposta pela Fundação Brasileira de Contabilidade, conclui-se que os itens mais encontrados são: Logística. Processo de gestão: Planejamento estratégico, tático e operacional; Avaliação de Resultados e Desempenhos; Medidas de avaliação de desempenho; A função do Controller na estrutura organizacional; Visão sistêmica da empresa; Noções do sistema de gestão econômica – GECON; Avaliação Global do resultado de desempenho e analise da geração de lucros; por fim Controladoria: empresa, missão, responsabilidade e autoridade, funções e instrumentos. 1 O Ensino da Disciplina de Controladoria: Um Estudo Comparativo nas IES Paraibanas, Sergipanas e Potiguares. A Controladoria constitui uma área das Ciências Contábeis composta por um conjunto de conhecimentos interdisciplinares oriundos da Administração de Empresas, Economia, Informática, Estatística e, principalmente, da própria Contabilidade. Não obstante essa diversidade de áreas do conhecimento concorrerem para a formação da Controladoria, o seu conceito focalizava essencialmente a contabilidade, com forte ênfase nos controles financeiros. Atualmente, a literatura apresenta uma série de definições para o que seja a controladoria, fruto de divergências entre os vários autores quanto ao seu conceito. O objetivo 191 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN geral desse trabalho é identificar os conteúdos abordados no ensino da disciplina de Controladoria nos cursos de Ciências Contábeis das Instituições de Ensino Superior (IES) paraibanas, sergipanas e potiguares, sob a forma de um estudo comparativo com a ementa proposta pela Fundação Brasileira de Contabilidade. A metodologia aplicada para a realização do trabalho é caracterizada por uma pesquisa bibliográfica, exploratória e qualitativa. Quanto à finalidade, visa identificar as discussões sobre a temática dos planos de ensino da disciplina de Controladoria. Buscou-se, identificar os conteúdos mais abordados nas IES pesquisadas nos Estados da Paraíba, de Sergipe e do Rio Grande do Norte, verificando se a disciplina de Controladoria, mesmo sendo retratada diferentemente, tem o mesmo objetivo, uma vez que a Controladoria evoluiu de uma função estritamente de controle para uma ampla área de atuação, a qual vem englobando atividades de gestão estratégica, de pessoal e de organização. Foram identificadas 36 IES ofertando o curso de Ciências Contábeis, na modalidade presencial, nas três unidades da federação pesquisadas, sendo 16 no Rio Grande do Norte, 11 na Paraíba e 9 em Sergipe. A pesquisa foi desenvolvida com informações de 28 dessas 36 IES pertencentes ao universo considerado. A partir das ementas analisadas e comparadas com a ementa proposta pela Fundação Brasileira de Contabilidade, conclui-se que os itens mais encontrados são: Logística. Processo de gestão: Planejamento estratégico, tático e operacional; Avaliação de Resultados e Desempenhos; Medidas de avaliação de desempenho; A função do Controller na estrutura organizacional; Visão sistêmica da empresa; Noções do sistema de gestão econômica – GECON; Avaliação Global do resultado de desempenho e analise da geração de lucros; por fim Controladoria: empresa, missão, responsabilidade e autoridade, funções e instrumentos. 1 INTRODUÇÃO O conceito de Controladoria focalizava essencialmente a contabilidade, com forte ênfase nos controles financeiros. Atualmente, a literatura apresenta uma série de definições para o que seja a controladoria, fruto de divergências entre os vários autores quanto ao seu conceito (LUNKES, 2009). A discussão dos efeitos dessas mudanças está se tornando cada vez mais normal e bem aceita pelas instituições. Além desses fatores, torna-se necessário discutir os motivos dessas mudanças à luz da teoria contábil para uma análise com demonstrações com resultados que contribuam e possam justificar o sentido do que é controladoria e qual contribuição possa ser dada a outras ciências. A Controladoria constitui uma área das Ciências Contábeis composta por um conjunto de conhecimentos interdisciplinares oriundos da Administração de Empresas, Economia, Informática, Estatística e, principalmente, da própria Contabilidade (MOSIMANN, 1993). Nas organizações, a controladoria representa o segmento responsável por propiciar um processo decisório de qualidade mediante o fornecimento de informações previamente analisadas. 2 Segundo Mosimann (1993) e outros autores, a controladoria é uma ciência autônoma que não se confunde com a Contabilidade, apesar de utilizar pesadamente o instrumental contábil. A Controladoria pode ser definida, então, como unidade administrativa responsável pela utilização de todo conjunto da Ciência Contábil dentro da empresa. Como a Ciência Contábil é a ciência do controle em todos os aspectos temporais – passado, presente, futuro – 192 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN e, como Ciência Social, exige a comunicação de informação, no caso a econômica, à Controladoria cabe a responsabilidade de implantar, desenvolver, aplicar e coordenar todo o processo da ciência contábil dentro da empresa, nas suas mais diversas necessidades (LUNKES, 2009). D’Amore (1993) apresenta algumas definições de Controladoria na visão de outros estudiosos que o antecederam: Figura 1 – Definições de Controladoria AUTOR Francisco D’Áuria Hendriksen Hermann Jr DEFINIÇÃO Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro relativos aos atos e fatos da administração econômica. Contabilidade é o processo de comunicação de informação econômica para propósitos de tomada de decisão tanto pela administração como por aqueles que necessitam fiar-se nos relatórios externos. A Contabilidade, como ciência autônoma, tem por objeto o estudo do patrimônio aziendal sob o ponto de vista estático e dinâmico. Fonte: Elaborado a partir de Padoveze (2007). ANO 1967 1977 1978 Mais recentemente, Catelli (2007, p. 347) definiu que a Controladoria é responsável pela “identificação, mensuração, comunicação e a decisão relativos aos eventos econômicos [...] Ela deve ser a gestora dos recursos da empresa, respondendo pelo lucro e pela eficácia empresarial”. No campo do ensino da Controladoria, observa-se que não há uma padronização nas grades curriculares dessa disciplina nos Cursos de Ciências Contábeis nas instituições de ensino superior (IES). Partindo dessa premissa, o presente trabalho pretende efetuar um estudo comparativo entre os conteúdos ministrados na disciplina de Controladoria nas IES localizadas nos estados da Paraíba, de Sergipe e do Rio Grande do Norte e a proposta da Fundação Brasileira de Contabilidade (FBC). Dessa forma, pode-se elaborar o seguinte questionamento: Quais os conteúdos abordados no ensino da disciplina de Controladoria nos cursos de Ciências Contábeis das Instituições de Ensino Superior paraibanas, sergipanas e potiguares, em comparação com a proposta da FBC? 1.1 OBJETIVOS O objetivo geral desse trabalho é identificar os conteúdos abordados no ensino da disciplina de Controladoria nos cursos de Ciências Contábeis das IES paraibanas, sergipanas e potiguares, sob a forma de um estudo comparativo com a ementa proposta pela FBC. Espera-se, ao fim dessa pesquisa, poder atingir os seguintes objetivos específicos: verificar as determinações legais estabelecidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Ciências Contábeis com relação ao ensino da disciplina de Controladoria; identificar os conteúdos abordados de acordo com os planos de ensino da disciplina de Controladoria das IES pesquisadas; e realizar o estudo comparativo entre os conteúdos abordados nas IES de cada unidade da federação pesquisadas. 1.2 JUSTIFICATIVA Esse trabalho justifica-se pelo fato da inclusão da disciplina de Controladoria nas grades curriculares dos cursos de Ciências Contábeis não ter sido acompanhada de uma padronização de conteúdos a serem abordados no ensino dessa disciplina. Buscar-se-á, por meio desse estudo, identificar os conteúdos mais abordados nas IES 193 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN pesquisadas nos Estados da Paraíba, de Sergipe e do Rio Grande do Norte. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DA CONTROLADORIA Um levantamento histórico sobre as origens da Controladoria feito por Ricardino Filho (1999) encontrou fontes anteriores ao século XV. O termo Controller provém do latim, sendo herdado e modificado pelo idioma inglês. Conforme Michelis (1998), control é traduzido do inglês como: regular; controlar; guiar; força; autoridade; direção; poder; verificação; fiscalização; instalação de controle; comando; alavanca; testar por comparação com padrão. Desde a referida época, as atividades do controller sempre foram de acompanhamento da atividade econômica, tanto pública como privada. Por volta de 1850, a função da Controladoria aparece nos Estados Unidos inicialmente no setor público, depois se estende também às empresas privadas como a General Eletric e a General Motors nas primeiras décadas do século XX (RICARDINO FILHO, 1999). Seu principal objetivo: efetuar um controle centralizado e rígido nas grandes corporações, suas subsidiárias, filiais, departamentos e divisões espalhadas nos Estados Unidos e em outros países. Beuren (2002) atribui o desenvolvimento da Controladoria no início do século XX a três fatores: verticalização, diversificação e expansão geográfica das organizações, com o conseqüente aumento da complexidade de suas atividades. A função do Controller nasce no Brasil com a instalação das multinacionais norteamericanas, que enviavam profissionais para ensinar as teorias e práticas contábeis e a implementação de um sistema de informações capaz de atender aos diferentes usuários, além de manter o controle operacional das empresas. (BEUREN, 2002) A responsabilidade da Controladoria é de aperfeiçoar as tecnologias da informação, através de uma visão sistêmica com a finalidade de compilar as informações geradas, distribuí-las, auxiliando assim a alta administração na tomada de decisões. Anderson e Schmidt (1961apud Mosiman e Fisch 1999, p. 92), citam que as funções da controladoria são decorrentes do desenvolvimento empresarial. São as funções essenciais e as complementares. As funções chamadas essenciais subdividem-se em: a) Controle organizacional: tem como objetivos facilitar a organização e controle de forma eficiente e econômica; e b) Mensuração do empreendimento: tem como objetivo identificar e descrever as várias relações de receita e custos com o intuito de suprir e, conseqüentemente, ressaltar o planejamento gerencial inteligente. Complementando, as funções essenciais surgiram novas funções que se incorporaram à área de Controladoria, citadas também pelos mesmos autores: a) Divulgação de informações a usuários externos à empresa, em decorrências das exigências legais; e b) Proteção do patrimônio, com o estabelecimento e manutenção de controles e auditoria interna e garantia de cobertura apropriada para elementos patrimoniais segurados. Para Almeida et al (2001, p. 344) a Controladoria não pode ser vista como um método, voltado ao como fazer. Para uma correta compreensão do todo, devemos cindi-la em dois vértices: a) O primeiro como ramo do conhecimento responsável pelo estabelecimento de 4 todo a base conceitual; e b) O segundo como órgão administrativo respondendo pela disseminação de conhecimento, modelagem e implantação de sistemas de informações. Para Beuren (2002), o crescimento vertical e diversificado dos conglomerados exigia, por parte dos acionistas e gestores, um controle central em relação aos departamentos e divisões que rapidamente se espalhavam nos Estados Unidos e em outros países. A primeira 194 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN indústria que estabeleceu a posição de controller foi a “General Electric Company”, em 1892. Neste período também foram desenvolvidos os princípios das técnicas de controladoria atualmente utilizadas, com o aparecimento das grandes organizações. Assim, a Controladoria foi conquistando inúmeros simpatizantes recebendo a contribuição de diversos pesquisadores, que fizeram com que a ela ocupasse o seu espaço no meio acadêmico e conquistasse respeito e credibilidade no mundo empresarial. Atualmente, para a grande maioria dos autores, a função da Controladoria é fornecer aos administradores das empresas a informação que eles precisam para atingir seus objetivos, de modo eficaz e eficiente. Para Almeida et al (2001), a controladoria como objeto de estudo é um modelo de gestão, processo de gestão, modelo organizacional, modelo de decisão (teoria da decisão), modelo de mensuração (teoria da mensuração), modelo de identificação e acumulação e modelo de informação (teoria da informação). Para Borinelli (2006), a Controladoria hoje já pode ser vista como um campo de estudos que se enquadra nas Ciências Factuais Sociais, pois como afirma Chanlat (1999, p. 21), “as Ciências Sociais são todas as ciências que se dedicam a tornar inteligível a vida social em um de seus aspectos particulares ou em sua totalidade”. Para Sá (2009), a relevância de uma Contabilidade aplicada para fins administrativos consagrou a necessidade da atuação do Contador em função diretiva, quer como gerente ou como assessor direto. No entanto o autor também relata que tal função tem sido, sob certas circunstâncias, por cópia do modelo anglo saxão, denominada “Controladoria”, atribuída regularmente aos diplomados em cursos superiores de ciências contábeis e que por falta da regulamentação da profissão, esse profissional por possuir influencia de grande valor para as organizações, na pratica é conhecido como “Controlador”, “Controller” ou “Contador Gerente” com inúmeras funções. Se as organizações empresariais atualmente fazem parte das sociedades em geral, já que são agregados compostos de bens e pessoas, então o processo de gestão organizacional é o aspecto da vida social com que se preocupa a Controladoria, motivo pelo qual esta transita pelas Ciências Factuais Sociais. Contudo a Controladoria se preocupa com o efeito que a ação do homem causa sobre os resultados de uma organização, haja vista que a maioria dos fatos que provocam alterações nas diversas dimensões de uma estrutura organizacional tem como agente o homem, um ser social. (BORINELLI, 2006). 2.2 DIRETRIZES NACIONAIS DOS CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Com o advento da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96) e a definição do Plano Nacional de Graduação – PNG, as instituições de ensino superior adquiriram mais autonomia no planejamento, na organização e na gestão de suas atividades fins, através dos projetos pedagógicos de seus cursos. A Instituição adquiriu autonomia para a criação de cursos com concepções e perfis que atendam às exigências da sociedade contemporânea e adequada ao mercado-de-trabalho, para a definição da arquitetura curricular com maior flexibilidade e para a formação de seus professores em gestão da prática pedagógica. Para solidificar essa autonomia surgiram as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Ciências Contábeis definidas pelo Conselho Nacional de Educação, através da 5 Resolução CES/CNE nº 10 de 16 de dezembro de 2004, eliminando as amarras de um currículo pleno, fechado em verdadeiras grades e padronizado para todo o território nacional. Possibilitou-se que a IES, analisando o contexto em que está inserida, possa elaborar um 195 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN modelo curricular com base no desenvolvimento de competências a serem trabalhadas em cada curso, contemplando conhecimentos, habilidades e atitudes, de uma forma mais ampla e que vem permitindo a modernização dos seus projetos pedagógicos e a adequação às exigências do mundo dos negócios. Assim, a educação está passando por um grande momento de reflexão diante do impacto ditado por essas novas políticas e diretrizes para a educação superior e pelo acelerado desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e cultural, o qual requer a formação de um profissional que tenha uma postura crítica e criativa e o despertar permanente de novas competências. A partir das concepções formuladas pelas diretrizes curriculares e os princípios estabelecidos na educação superior, definiu-se uma concepção teórico-metodológica para o curso de Ciências Contábeis. Esta concepção está fundamentada num modelo curricular por disciplinas, mas que busca na diversidade de atividades teórico-práticas, uma zona de inovação para a construção de alternativas educativas mais coerentes e integradas com o perfil do profissional requerido para a sociedade econômico-social e tecnológica do século XXI e, na habilidade para desenvolver um trabalho em equipe e multidisciplinar, como um diferencial para melhor se ajustar ao novo perfil profissional do contador. Portanto, a concepção do curso delineia um profissional ético que seja generalista, sem deixar de ter competências para atuar nos vários campos da contabilidade; que compreenda as questões científicas, técnicas, sociais, econômicas e financeiras de um mundo globalizado, sem deixar de produzir a aplicar metodologias que dêem soluções adequadas às características das organizações locais e regionais; que demonstre uma visão sistêmica, sem deixar de perceber a importância dos procedimentos contábeis na vida das organizações; que saiba “aprender a aprender”; que “saiba conviver” e aproveitar as qualidades e as diferenças de equipes multidisciplinares para a melhoria contínua de seu desempenho profissional e da atividade contábil. 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DE PESQUISA A metodologia aplicada para a realização do trabalho é caracterizada por uma pesquisa bibliográfica, exploratória e qualitativa. Quanto à finalidade, visa identificar as discussões sobre a temática dos planos de ensino da disciplina de Controladoria. Quanto ao objetivo do estudo exploratório se dá devido à quantidade de informações divulgadas sobre o assunto a ser abordado. Através desse busca-se maior profundidade no assunto de modo a torná-lo mais claro e construir dados importantes para a condução da pesquisa. Segundo Richardson (1999, p. 80), os estudos empregados na pesquisa qualitativa contemplam as seqüências das tipologias de pesquisas quanto à abordagem do problema, se aprofundando no tema estudado, pois na contabilidade lidamos com número tornando uma ciência social e não uma ciência exata, sendo de grande relevância o uso dessa abordagem sendo primordial no aprofundamento de questões relacionadas ao desenvolvimento da contabilidade, seja no âmbito teórico ou prático uma grande relevância ao assunto que será abordado neste trabalho. 6 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA 196 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O universo desta pesquisa abrange 36 IES do Nordeste do Brasil localizadas nos estados da Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte, que oferecem o curso de graduação de Ciências Contábeis, devidamente reconhecido pelo MEC, na modalidade presencial. Figura 2 – IES paraibanas que possuem Curso de Ciências Contábeis na modalidade presencial UFPB Fonte: http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/lista_cursos.asp ESTADO PB INSTITUIÇÃO MUNICÍPIO CRIAÇÃO FAC FAFIC FESP FMN Campus – CG Cajazeiras João Pessoa João Pessoa 2002 1970 2001 2001 IESP INPER LUMEN UNIPÊ João Pessoa João Pessoa João Pessoa João Pessoa Areia João Pessoa Mamanguape Rio Tinto Sousa Campina Grande Monteiro 1998 2000 2002 2004 1955 1953 2006 1955 1996 2006 2006 UFCG UEPB Figura 3 – IES potiguares que possuem Curso de Ciências Contábeis na modalidade presencial Fonte: http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/lista_cursos.asp ESTADO INSTITUIÇÃO MUNICÍPIO CRIAÇÃO FCC FCNSN (Neves) FCNSN (Vitórias) FACEX FAL FARN Natal Natal Açu Natal Natal Natal 2002 2004 2004 1981 1998 1998 FAS (Faculdade do Seridó) Currais Novos Natal Parnamirim Natal 2005 Faculdade União Americana Faculdade Maurício de Nassau 2003 2005 197 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN IESRN INEC MATER CRISTI UFERSA RN UNP UFRN UERN Natal Natal Mossoró Mossoró Natal Mossoró Natal Caicó Natal Macau 2006 2003 2001 1967 1981 1960 Mossoró João Câmara Alexandria Patu 1968 7 Figura 4 – IES sergipanas que possuem Curso de Ciências Contábeis na modalidade presencial ESTADO INSTITUIÇÃO MUNICÍPIO CRIAÇÃO FAMA FANESE FACAR FASER FJAV Aracaju Aracaju Aracaju Aracaju Lagarto 2003 1997 2004 IAEC ISES Aracaju Aracaju Itabaiana (Aracaju) São Cristóvão Aracaju Estância 2005 2002 SE UFS UNIT 1967 1972 Fonte: http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/lista_cursos.asp 3.3. COLETA DE DADOS Para se realizar a pesquisa foram realizadas pesquisas nos sites das IES que oferecem o curso de Ciências Contábeis. Nas IES que não disponibilizaram as informações necessárias ao desenvolvimento da pesquisa em seus sites, buscaram-se essas informações através de contato com as coordenações dos cursos. Especificamente para as IES localizadas na Grande Natal, tais informações puderam ser obtidas por meio de visitas in loco. Também foram coletadas informações no site do INEP e nos sites das IES dos três Estados pesquisados. Com o objetivo de alcançar os objetivos propostos, primeiramente foi acessado o banco de dados INEP para fazer uma pesquisa avançada na opção “buscar cursos” identificando as regiões desejadas e informando o nome do curso de graduação desejado. 3.4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS Após a coleta dos dados relativos aos conteúdos abordados nas disciplinas de Controladoria das IES pesquisadas, esses foram tabulados em planilhas do Microsoft Excel®, agrupados e apresentados estatisticamente por meio de distribuições de frequências. 198 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Figura 5 – Ementas da Disciplina de Controladoria das IES do Estado da Paraíba INSTITUIÇÃO FACULDADE DE CAMPINA GRANDE FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE CAJAZEIRAS UNIPE - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARÁIBA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE NOME DA DISCIPLINA EMENTA CONTROLADORIA Introdução à controladoria; Conceitos, funções, instrumentos; O papel do Controller, visão sistêmica da empresa; Ambiente, empresa, gestão e eficácia; Logística. Processo de gestão: planejamento estratégico, tático e operacional; Planejamento de resultados; Gestão estratégica de informações; Avaliação de resultados e desempenhos; Aspecto operacional, financeiro, econômico da tomada de decisões; O sistema de padrões; Responsabilidade de prestar contas da gestão perante a sociedade Accountability; Noções do Sistema de Gestão Econômica - Gecon. 8 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU Controladoria: conceito; Âmbito da função e estruturação; CONTROLADORIA Eficiência e eficácia; Introdução à Controladoria; Visão sistêmica de empresa; Modelos de gestão; Sistema de informação integrada; Planejamento. GECON; Controles gerenciais. FACULDADE DE CONTROLADORIA Missão e Estrutura da Controladoria e o Papel do Controller; O CIÊNCIAS E ORÇAMENTO Modelo de Gestão e Processo de Gestão; Sistema de CONTÁBEIS - LUIS Informação de Controladoria; Balanced Scorecard; Orçamento MENDES de Vendas e Produção; Orçamento de Materiais e Estoque; INSTITUTO Orçamento de Mão-de-Obra direta; Orçamento de Despesas e PARAIBANO DE Custo de Fabricação; Orçamento de Investimentos e ENSINO Financiamentos; Orçamento de Caixa; Projeção das RENOVADO Demonstrações Contábeis; Controle Orçamentário. FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DA PARAÍBA Figura 6 – Ementas da Disciplina de Controladoria das IES do Estado do Rio Grande do Norte INSTITUIÇÃO NOME DA DISCIPLINA EMENTA 199 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN FACULDADE CÂMARA CASCUDO CONTROLADORIA FACULDADE NOSSA SENHORA DAS NEVES CONTROLADORIA DE NEGÓCIOS CONTROLADORIA PÚBLICA FACULDADE NOSSA SENHORA DAS VITORIAS CONTROLADORIA DE NEGÓCIOS FACULDADE NATALENSE PARA O DESENVOLVIM ENTO DO RIO GRANDE DO NORTE CONTROLADORIA A Organização; O papel da Controladoria nas Organizações; As funções do Controller e sua posição na estrutura organizacional; Processos de Planejamento e controle; Balanced Scorecard e suas implicações gerenciais; Contabilidade por Responsabilidade; Centro de Lucro e preço de transferência; Conceitos gerenciais de mensuração; Introdução ao modelo GECON; Avaliação de Desempenho e suas implicações comportamentais; Relatórios Gerenciais. Abordagem sistêmica da gestão; Modelos de gestão; Processo de gestão; Planejamento estratégico; Sistemas de informação, controle; Medidas de avaliação de desempenho; Ferramentas estratégicas de gestão. Abordagem sistêmica da gestão pública; Modelos de gestão pública; Processo de gestão; Planejamento estratégico; Sistemas de informação, controle; Medidas de avaliação de desempenho; Ferramentas estratégicas de gestão pública. Abordagem sistêmica da gestão; Modelos de gestão; Processo de gestão; Planejamento estratégico; Sistemas de informação, controle; Medidas de avaliação de desempenho; Ferramentas estratégicas de gestão; A função do Controller na estrutura organizacional. O papel da Controladoria nas Organizações; As funções do Controller e sua posição na estrutura organizacional; Autoridade e responsabilidade da Controladoria com um órgão; Controle: conceitos e instrumentos de controle gerencial; Contabilidade por Responsabilidade; Centro de Lucro e preço de transferência; Conceitos gerenciais de mensuração; Aplicações Gerenciais; Aplicação de desempenho e de resultados e suas aplicações comportamentais; Relatórios Gerenciais; Balanced Scorecard e suas implicações gerenciais. 9 FACULDADE UNIÃO AMERICANA CONTROLADORIA FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU CONTROLADORIA DE NEGÓCIOS UNIVERSIDADE POTIGUAR CONTROLADORIA Estrutura para Planejamento e controle; Planejamento: Longo prazo, investimentos de capital, orçamento; Custeio ABC; GECON; Custeio Variável; decisões táticas; Controle: Organização, custo padrão e análise das variações, custos administrativos; Aspectos comportamentais da avaliação de desempenho. A Controladoria como Ciência e Unidade Organizacional; Missão e Estrutura da Controladoria e o Papel do Controller; O Sistema Empresa com o Objetivo de Eficácia; O Modelo de Gestão e o Processo de Gestão; Sistema de Informação de Controladoria; Sistema de Informação de Acompanhamento do Negócio; O Orçamento como Instrumento de Controle; Planejamento do Lucro; Modelo de Decisão da Margem de Contribuição; Decisão de Preços e Mix de Produtos; Análise Custo-Volume-Lucro para Multiprodutos; Avaliação Global do Resultado e Desempenho e Análise da Geração de Lucros; Avaliação de Desempenho Setorial: Contabilidade por Responsabilidade e Unidade de Negócios. As funções do Controller e sua posição na estrutura organizacional; Estrutura para Planejamento e controle; Autoridade e responsabilidade da Controladoria com um órgão; Controle: conceitos e instrumentos de controle gerencial; Relatórios Gerenciais; Balanced Scorecard e suas implicações gerenciais. 200 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CONTROLADORIA EMPRESARIAL UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE CONTROLADORIA Conceitos básicos de Controle de Gestão; Economia de Informação; Controladoria, estrutura, organização, papel, autoridade e responsabilidade; Medição, controle e avaliação de desempenho gerencial; Sistemas de Recompensa; Administração e controle por centros de responsabilidade: centros de custos, centros de lucros, centros de investimentos e preço de transferência; Modelos de decisões gerenciais e seus fundamentos lógicos e matemáticos; Relatórios Gerenciais; Tópicos Contemporâneos em controles e análises gerenciais; Prática de Controladoria Empresarial. Fundamentos conceituais da controladoria; Eficiência e eficácia; Visão sistêmica da empresa; Sistema de informações; Métodos e modelos inerentes à controladoria; O papel do Controller; Modelos de gestão econômico-financeira; Planejamento e tomada de decisões, políticas e interações entre estas e sistemas de informações; Os modelos de integração e implementação de modelo de controladoria; Contabilidade por área de responsabilidade. Figura 7 - Ementas da Disciplina de Controladoria das IES do Estado de Sergipe INSTITUIÇÃO NOME DA DISCIPLINA EMENTA Controladoria: empresa, missão, responsabilidade e FAMA - FACULDADE CONTROLADORIA autoridade, funções e instrumentos; Planejamento; Controle; AMADEUS Avaliação de desempenho; Sistema de Informações Contábeis; Gecon; Gestão de Impostos. Missão e Estrutura da Controladoria e o Papel do Controller; FASER - FACULDADE CONTROLADORIA O Modelo de Gestão e Processo de Gestão; Sistema de SERGIPANA E ORÇAMENTO Informação de Controladoria; Balanced Scorecard; Orçamento de Vendas e Produção; Orçamento de Materiais e Estoque; Orçamento de Mão-de-Obra direta; Orçamento de Despesas e Custo de Fabricação; Orçamento de Investimentos e Financiamentos; Orçamento de Caixa; Projeção das Demonstrações Contábeis; Controle Orçamentário. 10 FANESE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS DE SERGIPE FJAV - FACULDADE JOSÉ AUGUSTO VIEIRA Controladoria: órgão, ramo do conhecimento; Funções e perfil CONTROLADORIA do Controller; O papel da controladoria e o sistema integrado de informações; Conceito de sistema, a empresa como sistema, sua filosofia de negócio e objetivos; Conceitos de modelo de gestão; Conceitos básicos de processo de gestão; Conceito de informação, sistema de informações e sistema contábil de informações; Avaliação de desempenho; Gerenciamento da informação; Custeamento baseado em atividade – ABC (Activity Based Costing); Gestão Estratégica de Custos; Unidade de Esforço de Produção – UEP; Sistema de informação de Gestão Econômica – GECON; A teoria das restrições e suas implicações na contabilidade gerencial; Balanço Social. IAEC - INSTITUTO empresa, missão, responsabilidade e CONTROLADORIA Controladoria: ARACAJU DE autoridade, funções e instrumentos; Planejamento; Controle; ESTUDO E CULTURA Avaliação de desempenho; Sistema de Informações Contábeis; Gecon; Gestão de Impostos. ISES - INSTITUTO SERGIPE DE ENSINO SUPERIOR 201 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE UNIVERSIDADE TIRADENTES Conceito; Funções; Atribuições; Ferramentas; Avaliação de CONTROLADORIA desempenho; Resultado econômico; Controles contábeis, administrativos e gerenciais; Gerenciamento da informação; O papel do Controller. Quanto aos procedimentos da pesquisa, observa-se nas Figuras 5 a 7 a distribuição dos dados levantados nas IES dos estados pesquisados. Neste tópico procede-se à análise quantitativa das variáveis identificadas na pesquisa. Ao se levantar os dados constataram-se algumas particularidades que foram discorridas na sequência. No estado do RN, do total das 16 IES pesquisadas conseguiu-se coletar informações de apenas nove Instituições, ficando sete sem identificação, sendo que destas, três não ministram a disciplina de controladoria e quatro não responderam à pesquisa. No estado de Sergipe, das nove instituições pesquisadas, oito responderam à pesquisa. Pode-se destacar o estado da Paraíba com 100% dos dados coletados. Do total de 36 instituições pesquisadas, concluiu-se a pesquisa com um total de 28 instituições que ministram a disciplina de Controladoria, na modalidade presencial. Figura 8 - Ementa da Disciplina de Controladoria Proposta pela Fundação Brasileira de Contabilidade EMENTA Contextualização; Função da controladoria; Ambiente; Função do Controller; Planejamento; Conceitos; Tipos (estratégico e operacional); Etapas de implantação (estratégica, missão, ambiente, objetivos e metas e acompanhamento); Gestão e Controladoria; Processo decisório; Plano estratégico; Sistema de avaliação de desempenho; Modelo de gestão; Avaliação de Desempenho; Aspectos introdutórios; Tipos de indicadores; Administração por centros de responsabilidades; Modelos de avaliação de desempenho; Ferramentas de Gestão; EVA; Balanced de Scorecard; Benchmarking; ABC; EBTIDA. Fonte: FBC (2009) Figura 9 - Comparativo das Ementas das IES da PB e a Equivalência com a Proposta Nacional da FBC INSTITUIÇÃO FACULDADE DE CAMPINA GRANDE FAFIC- FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE CAJAZEIRAS NOME DA % DISCIPLINA EQUIVALÊNCIA CONTROLADORIA 52,63% CONTROLADORIA 52,63% 11 FESP - FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU IESP - INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DA PARAÍBA INPER - INSTITUTO PARAIBANO DE ENSINO RENOVADO LUMEN - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS - LUIS MENDES UNIPE - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARÁIBA UFCG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE UEPB- UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CONTROLADORIA E ORÇAMENTO CONTROLADORIA CONTROLADORIA E ORÇAMENTO CONTROLAORIA E ORÇAMENTO CONTROLAORIA E ORÇAMENTO 52,63% 26,31% 52,63% 52,63% 52,63% CONTROLADORIA 47,36% CONTROLADORIA 47,36% CONTROLADORIA 47,36% CONTROLADORIA 47,36% 202 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Figura 10 – Comparativo das Ementas das IES do RN e a Equivalência com a Proposta Nacional da FBC INSTITUIÇÃO NOME DA DISCIPLINA % EQUIVALÊNCIA FCC- FACULDADE CÂMARA CASCUDO CONTROLADORIA 52,63% FCNSV - FACULDADE DAS NEVES FCNSV - FACULDADE NOSSA SENHORA DAS VITORIAS FACULDADE NATALENSE PARA O DESENVOLVIMENTO DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE UNIÃO AMERICANA FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU UNP - UNIVERSIDADE POTIGUAR UFRN - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UERN - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE CONTROLADORIA DE NEGÓCIOS CONTROLADORIA PÚBLICA CONTROLADORIA DE NEGÓCIOS 26,31% 26,31% 36,84% CONTROLADORIA 42% CONTROLADORIA CONTROLADORIA DE NEGÓCIOS CONTROLADORIA CONTROLADORIA EMPRESARIAL 26,31% CONTROLADORIA 42% 42% 36,84% 36,84% Figura 11 - Comparativo das Ementas das IES de SE e a Equivalência com a Proposta Nacional da FBC NOME DA DISCIPLINA CONTROLADORIA % EQUIVALÊNCIA 21% CONTROLADORIA 52,63% FASER - FACULDADE SERGIPANA CONTROLADORIA E ORÇAMENTO 52,63% FACULDADE JOSÉ AUGUSTO VIEIRA CONTROLADORIA 52,63% CONTROLADORIA 21% CONTROLADORIA 21% CONTROLADORIA CONTROLADORIA 31,57% 31,57% INSTITUIÇÃO FAMA - FACULDADE AMADEUS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS DE SERGIPE IAEC - INSTITUTO ARACAJU DE ESTUDO E CULTURA INSTITUTO SERGIPE DE ENSINO SUPERIOR UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE UNIVERSIDADE TIRADENTES 12 Nas Figuras 9 a 11 apresenta-se um Comparativo das Ementas das IES dos estados da PB, RN e SE e a equivalência percentual de acordo com a proposta nacional da FBC. Figura 12 – Distribuição das ementas que mais se repetem nos estados pesquisados EMENTAS Nº REPETIÇÃO RN 203 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A função do Controller na estrutura organizacional; Aplicação de desempenho e de resultados e suas aplicações comportamentais; Aspectos comportamentais da avaliação de desempenho; Avaliação de Desempenho Setorial: Contabilidade por Responsabilidade e Unidade de Negócios; Avaliação Global do Resultado e Desempenho e Análise da Geração de Lucros; Balanced Scorecard e suas implicações gerenciais; Contabilidade por Responsabilidade; Custeio ABC; Estrutura para Planejamento e controle; Ferramentas estratégicas de gestão; GECON; Custeio Variável; decisões táticas; Medidas de avaliação de desempenho; Modelos de gestão; O Sistema Empresa com o Objetivo de Eficácia; Planejamento do Lucro; Planejamento estratégico; Planejamento: Longo prazo, investimentos de capital, orçamento; Processo de gestão; Sistema de Informação de Acompanhamento do Negócio; Sistema de Informação de Controladoria; Visão sistêmica da empresa. PB Ambiente, empresa, gestão e eficácia; Âmbito da função e estruturação; Aspecto operacional, financeiro, econômico da tomada de decisões; Avaliação de resultados e desempenhos; Balanced Scorecard; Conceitos, funções, instrumentos; Gestão estratégica de informações; Introdução à controladoria; Logística. Processo de gestão: Planejamento estratégico, tático e operacional; Missão e Estrutura da Controladoria e o Papel do Controller; Modelos de gestão; Noções do Sistema de Gestão Econômica – Gecon; O Modelo de Gestão e Processo de Gestão; O papel do controller, visão sistêmica da empresa; Orçamento de Caixa; Orçamento de Despesas e Custo de Fabricação; Orçamento de Investimentos e Financiamentos; Orçamento de Mão-de-Obra direta; Orçamento de Materiais e Estoque; Orçamento de Vendas e Produção; Responsabilidade de prestar contas da gestão perante a sociedade Accountability; Sistema de Informação de Controladoria. 5 2 1 4 1 4 3 1 3 3 10 7 6 1 2 3 6 4 1 2 1 7 1 6 6 3 6 6 7 6 4 11 4 10 4 4 4 4 4 4 4 6 8 13 SE Controladoria: empresa, missão, responsabilidade e autoridade, funções e instrumentos; Avaliação de desempenho; Conceito de sistema, a empresa como sistema, sua filosofia de negócio e objetivos; Custeamento baseado em atividade – ABC (Activity Based Costing); Funções e perfil do Controller; O papel da controladoria e o sistema integrado de informações; Planejamento; Sistema de informação de Gestão Econômica – GECON. 3 7 7 2 6 6 2 12 204 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Na Figura 12 é apresenta a distribuição das ementas que mais se repetem em relação à ementa proposta pela Fundação Brasileira de Contabilidade. Observa-se uma maior concentração para os itens: GECON e Modelos de Gestão. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O problema da pesquisa ora apresentado compreende a maneira como a disciplina de Controladoria é abordada nas IES no Curso de Graduação em Ciências Contábeis. A forma como a disciplina é retratada, mesmo sendo em alguns casos diferentemente da proposta da FBC, não interfere no desempenho e no processo das IES. Os resultados obtidos na pesquisa permitem visualizar a caracterização de cada ementa ministrada por cada instituição, e utilizando-se os parâmetros considerados, constatouse a identificação dos itens das ementas das IES nos estados pesquisados. A pesquisa de campo buscou dados junto a 36 Instituições de ensino presencial, sendo 11 no estado da Paraíba, 16 no estado do Rio Grande do Norte e 9 no estado de Sergipe. Dentre estas, conseguiu-se dados de 28 Instituições. Analisando as ementas pesquisadas, pode-se fazer uma comparação de percentuais entre os itens das instituições e os itens propostos pela FBC, sendo que a proporção é de 52,63% para o estado da Paraíba, 42% para o estado do Rio Grande do Norte e 21% para o estado de Sergipe. A partir da análise destas, e com base na ementa proposta pela Fundação Brasileira de Contabilidade, conclui-se que a ementa que mais se aproxima contém oito itens, que são: Logística. Processo de gestão: Planejamento estratégico, tático e operacional; Avaliação de Resultados e Desempenhos; Medidas de avaliação de desempenho; A função do controller na estrutura organizacional; Visão sistêmica da empresa; Noções do sistema de gestão econômica – GECON; Avaliação Global do resultado de desempenho e analise da geração de lucros; por fim Controladoria: empresa, missão, responsabilidade e autoridade, funções e instrumentos. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Lauro Brito de; PARISI, Cláudio; PEREIRA, Carlos Alberto. Controladoria. 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Controladoria: um estudo bibliométrico no Congresso Brasileiro de Contabilidade de 2000, 2004 e 2008. Revista Brasileira de Contabilidade. Ano XXXVIII, n. 175, jan./fev. 2009. LUNKES, Rogério João; VICENTE, Ernesto Fernando Rodrigues; FABRE, Valkyrie Vieira; SOUZA, Claudio Marcio de; TEIXEIRA, Altamir Osni; TERRES JUNIOR, José Carlos. A Disciplina de Controladoria e sua Inclusão nos Cursos de Ciências Contábeis. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ. Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 34 - p. 49, maio/ago, 2009. ISSN 1984-3291. Disponível em <http://www.revista_v14n2artigo3.com.br>. Acesso em: 23 abr. 2010. MOSIMANN, Clara P.; FISCH, Silvio. Controladoria: seu papel na administração de empresas, São Paulo: Atlas, 1993. PADOVEZE, Clóvis Luís. Controladoria Estratégica e Operacional: conceitos, estrutura, aplicação / São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2007. RICARDINO FILHO, Álvaro Augusto. 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O nível de atitude ética dos contabilistas da instituição é o objeto de estudo da pesquisa, a qual busca identificar suas qualificações técnicas e seus princípios éticos como manual de instrução para o exercício da profissão contábil. A pesquisa foi realizada com 11 contadores, através de um questionário contendo 10 questões. Os resultados obtidos através da análise de dados constataram que a ética é de fundamental importância para o contabilista no exercício de suas atividades operacionais e extra-operacionais. O nível de atitude ética é relevante ao exercício da profissão, entretanto, o conhecimento em relação ao Código de Ética do Contabilista é um assunto a ser mais aprofundado por um percentual considerável dos contadores da instituição. As virtudes profissionais como a honestidade, competência e eficiência têm representado um diferencial em suas vidas profissionais; o nível de relacionamento existente entre os contabilistas é bastante satisfatório, entretanto, os honorários contábeis já representaram motivo de controvérsia de considerável índice de contadores da Faculdade Mater Christi; em relação às questões sociais, os contabilistas estão contribuindo de forma positiva para a capacitação e o desenvolvimento social. Palavras-chave: Ética, Ética profissional, Virtudes profissionais, Código de Ética, Contabilista. Área Temática: Ética e Responsabilidade Social. 16 Bacharel em Ciências Contábeis, Especialista em Auditoria Contábil, Contador, Professor do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi e UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Doutorando em Contabilidade pela Universidade Nacional de Córdoba – Argentina. e-mail: [email protected] 17 Bacharel em Ciências Contábeis. Especialista em Auditoria Contábil, Contador, Professor do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi e UFERSA – Universidade Federal do Semi-Árido. e-mail: [email protected] 207 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN RESUMEN El enfoque principal del trabajo es dirigido a mostrar cómo la ética actúa en el proceso de valorización del profesional contable, desde un estudio de cao realizado con contadores del cuerpo docente de la Facultad de Ciencias y Tecnología Mater Christi. El nivel de actitud ética de los contadores de la institución es el objeto del estudio de la pesquisa, a cual busca identificar sus calificaciones técnicas y sus principios éticos como un manual de instrucciónes para el ejercicio de la profesión contable. La encuesta se realizó con 11 contadores, utilizando un cuestionario conteniendo 10 preguntas. Los resultados obtenidos mediante el análisis de datos constataron que la ética es de fundamental importancia para el contadores en el desempeño de sus actividades operativas y no operativas. El nivel de actitud ética es relevante al ejercicio de la profesión, mientras, el conocimiento sobre el Código de Ética del es un asunto a ser más profundizado por un percentual considerable de los contadores de la institución. Las virtudes profesionales como la honestidad, capacidad y eficiencia han representado un diferencial en sus vidas profesionales; el nivel de relación existente entre los contadores es bastante satisfactorio, mientras, los honorarios contables ya representaron motivo de controversia de considerable índice de contadores de la Facultad Mater Christi; con relación a las cuestiones sociales, los contadores están aportando de forma positiva para la capacitación y el desarrollo social. Palabras-llave: Ética, Ética profesional, Virtudes profesionales, Código de Ética, Contador. Área Temática: Ética y Responsabilidad Social. INTRODUÇÃO A ética profissional aplicada ao exercício da atividade contábil desempenha importante papel no processo de valorização do profissional desta área, visto que é imprescindível a realização de um trabalho qualificado e confiável diante da exposta corrupção e desonestidade que se submete à profissão contábil. A contabilidade há muito tempo desfruta de grande valor social. No entanto, com o processo da globalização, bem como o constante aquecimento no mercado de trabalho, abriu-se um amplo campo de atuação para o profissional de contabilidade, passando este, a dispor de maior responsabilidade na execução de suas atividades. Tais acontecimentos transformaram de forma relevante o perfil do profissional contábil, que passou a se deparar com uma nova era desta área de conhecimento, denominada de “era da informação”, a qual passou a exigir dele mais comprometimento e competência. Enfim, mais confiabilidade e ética, por parte daqueles que requerem seus serviços. Tendo em vista a expressiva responsabilidade atribuída ao profissional contábil junto às organizações e à sociedade de um modo geral. Este trabalho aborda os princípios éticos atrelados às virtudes profissionais, como principal diferencial do contabilista na execução de suas atividades operacionais, a partir de um estudo de caso realizado com contadores do corpo docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi. 208 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O trabalho também aborda vários assuntos relacionados ao tema, como a ética profissional em termos gerais, o individualismo no campo profissional, o desempenho da ética no Brasil, o perfil do profissional contábil e a responsabilidade social da sua profissão, dentre outros fatores relevantes ao estudo do assunto em questão. O estudo evidencia o quanto a ética profissional pode enobrecer o contabilista no exercício de sua profissão, ao mesmo tempo em que pode representar prejuízo e degradação nos aspecto financeiro e moral, quando o mesmo, opta em exercer suas atividades em desconformidade com os princípios éticos pré-estabelecidos. Observa-se, desta forma, a necessidade de uma consciência ética sólida por parte do contabilista, capaz de designar de forma positiva sua vida profissional, e assim, refletir o seu verdadeiro valor perante a sociedade, clientes, governo e colegas de profissão. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Conceito de ética Basicamente, o conceito de ética origina-se da palavra grega ethos, que significa “modo de ser” ou “caráter”, fundamentada em princípios e regras de condutas a qual tem como objeto o comportamento humano, buscando padronizar o comportamento individual das pessoas em beneficio do bem estar social. Para Ricoeur (1995, p.164), a ética “é a intenção de vida boa para si e para o outro, em instituições justas”. Em outras palavras, a ética busca o entendimento dos conflitos existente entre as pessoas, dando ao homem condições de defender seus interesses sem deixar de ser ético e justo através dos comportamentos pré-estabelecidos, e que permitam sua convivência em sociedade. De acordo com Lisboa (1997), para o homem se tornar necessário à convivência em sociedade e alcançar seus objetivos particulares, é imprescindível que nela exista a presença de ética, pois sem a qual fica difícil sua própria sobrevivência. Verifica-se que Lisboa procura enfatizar que as conquistas particulares ocorrem na medida em que o indivíduo se torna necessário, ou seja, justo perante a sociedade, através de suas condutas que contribuem de maneira eficiente para a formação de seu caráter e posicionamento social. Para Nalini (2004, p.27), “A ética é uma disciplina normativa, não por criar normas, mas por descobri-las e elucidá-las. Mostrando às pessoas os valores e princípios que devem nortear sua existência, a Ética aprimora e desenvolve seu sentido moral e influencia sua conduta”. Diante do conceito descrito, torna-se de suma importância salientar, que a moral não deve ser confundida com a ética. Enquanto que, a ética está relacionada ao “caráter” do indivíduo, a moral tem suas características fundamentadas nos costumes e hábitos adquiridos por ele no meio em que vive, e estas contribuem de maneira relevante para a formação de seu caráter. 209 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Vazquez (2002, p.22) afirma que “assim como os problemas teóricos morais não se identificam com os problemas práticos, embora estejam estritamente relacionados também não se podem confundir a ética e a moral”. Verifica-se que o autor procura através dos aspectos teóricos e práticos relacionados ao mesmo assunto, demonstrar a diferença entre eles apesar da estrita relação, tornando-se assim, mais compreensível a diferença existente entre a ética e a moral. Conforme Nalini (2004, p.26), a expressão moral deriva da palavra romana mores, com sentido de costumes, conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de sua prática. Ele ainda enfatiza com maior exatidão que a ética é a moralidade positiva, ou seja, “o conjunto de regras de comportamento e formas de vida através das quais tende o homem a realizar o valor do bem”. Seguindo o mesmo raciocínio, Vazquez (2002, p.23) afirma que, “A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”. Observa-se, desta forma, que a moral não deve ser confundida com a ética, e sim inserida dentro dos princípios éticos de maneira positiva, pois a formação do caráter ético é decorrente das atitudes práticas proferidas pelo indivíduo na sociedade em que vive. Diante da notória contribuição da moral para a formulação dos preceitos éticos, pode-se concluir que ela compõe o objeto da ética como uma ciência do comportamento humano. Ética profissional A profissão tem importante papel na vida do ser humano, é através dela, que o indivíduo se destaca perante a sociedade, expondo sua capacidade pessoal e comprovando sua personalidade para vencer os desafios que a vida oferece. Neste sentido, Nalini (2004, p.189), conceitua a profissão, “como uma atividade pessoal, desenvolvida de maneira estável e honrada, ao serviço dos outros e a beneficio próprio, de conformidade com a própria vocação e em atenção à dignidade da pessoa humana”. Diante deste conhecimento, observa-se que a ética profissional tem seu conceito fundamentado na unificação dos conceitos de ética e de profissão, ou seja, em um conjunto de atitudes estabelecidas pela ética que deverão ser atribuídas ao profissional no exercício de suas atividades. De acordo com Motta (1984, p.69), A ética profissional traduz-se em um conjunto de normas de conduta que deverão ser postas em prática no exercício de qualquer profissão. Desta maneira, a ética profissional busca estudar e regulamentar o relacionamento do profissional com sua clientela, visando à dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto sóciocultural onde exerce sua profissão. 210 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Diante do conceito atribuído por Mota, verifica-se que o autor é feliz ao conceituar a ética profissional “como um conjunto de normas que deverão ser postas em prática no exercício de qualquer profissão”, porém torna-se interessante ressaltar que a ética não se limita apenas à busca de regulamento para o relacionamento do profissional com sua clientela, conforme o autor abordou na seqüência do seu conceito, ela ocupa dimensões bem maiores na vida do profissional, pois tornam-se essencial a ele esses princípios em todos os relacionamentos que irá vivenciar no dia-a-dia, seja com clientes, fornecedores, colaboradores, acionistas, dentre outros. Segundo Camargo (1999, p.31), “A ética profissional é a aplicação da ética geral no campo das atividades profissionais; a pessoa tem que estar imbuída de certos princípios ou valores próprios do ser humano para vivenciá-los nas suas atividades de trabalho”. Observa-se que o conceito descrito por Camargo proporciona uma maior amplitude, pois procura relacionar a conduta ética adquirida pelo indivíduo no período de sua formação, com atividades realizadas como profissional. É importante destacar, que não existe um Código de Ética Geral que venha regulamentar as pessoas em suas decisões provenientes de atividades empresariais. Desta forma, os profissionais autônomos como contadores, médicos, engenheiros, dentre outros, disponibilizam dos seus códigos específicos, enquanto que, as empresas buscam adequar os princípios que julgam convenientes e úteis em suas operações, e que se tornam parte da formulação de seu próprio manual de conduta ética. De acordo com Sá (2000, p.110), “cada conjunto de profissionais deve seguir uma ordem de conduta que permita a evolução harmônica do trabalho de todos, a partir da conduta de cada um, através de uma tutela no trabalho que conduza a regulação do individualismo perante o coletivo”. Observa-se, que Sá aborda a ética individual de cada profissional como um instrumento fundamental, contribuindo de forma relevante para a harmonização e, conseqüentemente, formação de parâmetros éticos dentro da estrutura organizacional. Diante de um desenvolvimento constante e globalizado que atravessa o mundo, e em conseqüência disso, um crescimento gradativo da competitividade entre profissionais e organizações, a ética profissional passou a representar um diferencial no atendimento às necessidades dos clientes, colaboradores, fornecedores e etc. De acordo Nasch (2001, p.4), São muitas as razões para a promoção da ética no pensamento empresarial dos últimos anos. Os administradores percebem os altos custos impostos pelos escândalos nas empresas: multas pesadas, quebra da rotina normal, baixo moral dos empregados, aumento da rotatividade, dificuldades de recrutamento, fraude interna e perda de confiança pública na reputação da empresa. 211 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Seguindo este raciocínio, Jacomino (2000, p.28), afirma que, hoje, mais do que nunca, a atitude dos profissionais em relação às questões éticas pode ser a diferença entre o seu sucesso e o seu fracasso. Basta um deslize, uma escorregadela, e pronto. A imagem do profissional ganha no mercado, a mancha vermelha da desconfiança. Observa-se, assim, a necessidade do profissional em criar e manter uma relação sólida e transparente com os seus clientes no curso e após suas atividades, não se omitindo de seus deveres e responsabilidades. Verifica-se, desta forma, segundo Amoêdo (1997), uma mudança gradativa na consciência crítica, atingindo um novo patamar que pode ser denominado de era pós-qualidade, em que a demanda não ocorre apenas pela necessidade, mas também pela moralidade, em que, se busca a existência de um relacionamento estável, antes, durante e após a relação comercial. A Ética e o exercício da profissão contábil Perfil do profissional contábil O contabilista é caracterizado por ser um indivíduo, dotado de conhecimentos técnicos, capaz de controlar, desenvolver e gerar riquezas patrimoniais às pessoas naturais e jurídicas, tornando-se, assim, um profissional de considerável reconhecimento social, em decorrência da sua capacidade, e de seus recursos utilizados em beneficio dos vários segmentos, dependentes das informações provenientes da contabilidade. No entanto, o profissional desta área de conhecimento, tem sobre si uma considerável responsabilidade, devido a todo o momento, ter que estar flexível às variações contínuas ocorridas no mercado de trabalho, pois só assim estará apto a orientar os clientes, e os usuários de suas informações. De acordo com Fortes (2002, p.108), Os contabilistas, como classe profissional, caracterizam-se pela natureza e homogeneidade do trabalho executado, pelo tipo e características do conhecimento, habilidades técnicas e habilitação legal exigidos para o seu exercício da atividade contábil. Portanto, os profissionais da contabilidade representam um grupo especifico com especialização no conhecimento da sua área, sendo uma força viva na sociedade, vinculado a uma grande responsabilidade econômica e social, sobretudo na mensuração, controle e gestão do patrimônio das pessoas e entidades. Diante de uma economia cada vez mais globalizada, a profissão contábil tem passado por um processo de contínuo desenvolvimento, assim, o profissional com apenas qualificação de ensino superior, passou a não mais satisfazer as necessidades do mercado que está cada vez mais exigente. Nesse sentido, Marion e Santos (2001, p.11), enfatizam que “estamos diante de uma nova etapa na área contábil, ou seja, a fase mecânica cedeu lugar à técnica e esta à fase da ‘informação”. 212 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Verifica-se, desta forma, uma maior responsabilidade atribuída ao profissional contábil, tendo este, a necessidade de não apenas possuir um nível superior na área, como também estar progressivamente buscando conhecimentos práticos, habilidades e virtudes suficientes para atender, de forma eficiente, ao mercado de trabalho. “O contabilista de hoje tem de ser moderno, ágil, competente, ter a informação na ponta da língua para ajudar seu cliente a superar a concorrência”. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE), diante disto, verifica-se que a economia mundial depara-se com um período denominado de “era da informação”, o profissional contábil passou a não só, registrar os fatos patrimoniais, mas também a desfrutar de expressiva influência nas organizações, sendo ele, peça fundamental no auxílio à tomada de decisões. Para Vieira (2006), “O perfil do contador moderno é de uma pessoa que acumula conhecimentos sociais e técnicos em função do amplo mercado que ele tem a sua disposição”. Nota-se então, que o processo de globalização em conjunto com o desenvolvimento econômico, tem aberto um vasto campo de atuação para o profissional contábil, porém essas transformações passaram a exigir uma maior eficiência e competência nos trabalhos elaborados por ele, tendo este, a responsabilidade de emitir relatórios precisos e flexivos que proporcione o entendimento dos usuários que desfrutam de tais informações. Segundo a Resolução CFC n° 785, de 28 de julho de 1995, em seu inciso 1.3.2, “a informação contábil, em especial aquela contida nas demonstrações contábeis, notadamente as previstas em legislação, deve propiciar revelação suficiente sobre a entidade, de modo a facilitar a concretização dos propósitos do usuário”. Observa-se desta maneira, um amplo mercado de trabalho, à disposição de profissionais capacitados que realizam seus serviços com dignidade e responsabilidade, porém, um caminho cada vez mais restrito para aqueles que não buscam recursos intelectuais suficientes, que venham a atender às necessidades dos usuários da contabilidade. De acordo com Sá (2000), “É necessário que o contabilista esteja provido de consciência profissional suficiente para guiar seus trabalhos e, virtudes que possam ser paramétricas, considerando a imensa responsabilidade de tais tarefas”. Portanto, pode-se concluir, que o profissional contábil de hoje, é aquele capaz de inovar seus conhecimentos, e métodos de trabalho, e assim, buscar aprimorar suas habilidades e virtudes, transformando-os em informações precisas ao processo de decisão e desenvolvimento organizacional, atendendo, de forma eficiente e qualificada, às necessidades dos seus clientes, e aos princípios éticos atribuídos a ele, no exercício de sua profissão. Ética como valor atribuído ao profissional contábil Como foi visto anteriormente, a ética profissional busca regulamentar as atitudes dos profissionais no exercício de suas atividades, tornando-os capazes de servir com eficiência à sociedade, e através disso, alcançar seus objetivos pré-estabelecidos. 213 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Na profissão contábil, por sua vez, não é diferente, a ética torna-se necessária ao contabilista desde o inicio de sua formação, pois é através dos padrões éticos, de acordo com a competência e responsabilidade por ele adquiridas, que alcançará o respeito e a credibilidade por aqueles que têm interesses nas suas atividades profissionais. De acordo com Vieira (2006, p.21), A ética profissional se apresenta como peça-chave para a evolução do contabilista. Ela garante sucesso: o sucesso depende da capacidade de cada profissional, de sua conscientização, planejamento, administração, flexibilidade, agilidade, de estar informado, de externalizar suas ações, de relaciona-se com clientes e, finalmente, de se diferenciar. Verifica-se, desta forma, que dentre tantas atribuições destinadas ao contabilista, a ética é fator predominante, capaz de lhe proporcionar sucesso e credibilidade profissional, pois um serviço de qualidade, bem planejado, e em tempo hábil, é realizado por um profissional capacitado, e que busca a todo o instante conhecimento suficiente para fornecer informações precisas, e desta feita, não agir em desconformidade com os princípios éticos da profissão contábil. “Hoje, mais do que nunca, é impossível dissociar o “saber” de “compromisso ético”. Os dois aspectos são pilares que sustentam a prática profissional responsável”. (CFC, 2003, p.10). Observa-se, assim, que o conhecimento técnico, também caracterizado como capital intelectual é de suma importância para a atividade contábil. No entanto, tem que estar em estrita relação com a conduta ética, e através desta, conquistar respeito e reconhecimento social. Pode-se dizer que a profissão contábil ocupa lugar de destaque na sociedade em relação às outras atividades profissionais, pois é através dela, que é evidenciada, a situação patrimonial das pessoas físicas e jurídicas, tornando-se, assim, indispensável à convivência social. Para Sá (2000), “A contabilidade destaca-se por seu papel de proteção à vida da riqueza das células sociais e pela capacidade de produzir informes qualificados sobre o comportamento patrimonial”. Observa-se desta forma, que Sá em suas palavras evoca os informes contábeis como principal diferencial da profissão contábil em relação às demais, pois são através das informações provenientes da contabilidade, que são fornecidas sugestões capazes de proteger, controlar e desenvolver o patrimônio das pessoas que delas se beneficiam. Porém, vale ressaltar, que o contabilista a todo o momento lida com informações que vão alterar de forma positiva ou negativa a vida das pessoas, em virtude disso, o profissional tem que estar 214 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN enriquecido de conhecimentos suficientes, pois a todo instante seus valores éticos poderão ser colocados em prova através de suas atitudes. Nesse sentido Lisboa (1997, p.129) afirma que, “uma das qualidades mais observadas em um profissional da contabilidade é a honestidade. Quer-se saber se ele é fiel à verdade, todo o tempo. E a garantia de que as informações sob seu cuidado terão o sigilo preservado”. Entretanto, destaca-se, que é de suma importância para o contabilista estar alinhado continuamente às novas exigências impostas pelo mercado de trabalho, que cada vez mais requer uma maior qualificação técnica profissional destes prestadores de serviços especializados, colocando-os numa posição ímpar em relação aos seus concorrentes, quando além de possuírem condutas éticas e justas, estão devidamente conectados aos novos tempos globalizados, buscando sempre o aperfeiçoamento técnico-qualificativo que faz a diferença na busca de alcançar o tão almejado sucesso no exercício da profissão contábil. Para isso, torna-se necessário ao contabilista um profundo conhecimento do Código de Ética da Profissão Contábil. Este, segundo Fortes (2002), “tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os profissionais da contabilidade, sobretudo no exercício das suas atividades e prerrogativas profissionais estabelecidas na legislação vigente”. Mediante a aquisição dos padrões éticos estabelecidos pelo código, e dos conhecimentos técnicos necessários, estará o profissional apto a realizar com eficiência e lisura suas atividades junto à classe contábil e à sociedade de um modo geral. Responsabilidade social da profissão contábil O desemprego, a poluição, a desonestidade em relação aos clientes, tem sido entre outros aspectos, reflexo da realidade social brasileira e mundial, tornando-se fator sustentável à recente promoção do fórum de debates e discussões, cujo objetivo é atribuir aos profissionais e organizações uma maior conscientização em relação às questões sociais. A profissão contábil, por sua vez, possui junto à sociedade uma expressiva responsabilidade, em gerir, através de suas atividades, métodos qualitativos de desenvolvimento social junto às organizações, e desta forma, proporcionar melhores condições financeiras e ambientais à sociedade, melhorando assim, a qualidade de vida de seus habitantes. De acordo com Kroetz (1998), “A contabilidade social, que pode ser vista como uma parte da ciência contábil que procura estudar as influências das variações patrimoniais não apenas nas entidades, mas também na sociedade e no meio-ambiente”. Em outras palavras, a contabilidade é um meio de exercer atividade profissional, de imenso valor social, organizacional e ambiental, cujo objetivo é através das suas informações, intervir no relacionamento empresa e sociedade. Nota-se, que os contabilistas, em especial, são providos de conhecimentos de grande importância para desenvolvimento patrimonial das instituições, que por sua vez, não só podem, mas 215 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN também devem contribuir, de forma positiva, junto à sociedade, e através desta, manter por um longo período de tempo sua sustentabilidade no mercado de trabalho. De acordo com Sá (2000), “O contabilista pratica uma função nitidamente Social, como autêntico médico de empresas e instituições, e ao mantê-las sadias, cuida, também, da riqueza social”. Detecta-se, desta forma, uma autêntica participação da classe contabilista no desenvolvimento social, devido à capacidade que a contabilidade tem por meio de suas informações, de interferir no processo decisório das organizações, e assim, ajudar não só a manter, como também gerar mais empregos, melhorando as condições de vida das pessoas. A contabilidade possui natureza de ciência social, e todo profissional contábil de credibilidade, é um estimulador do desenvolvimento social através do seu serviço prestado junto à comunidade, orientando e estimulando as organizações a exercerem sua função de cidadania, e também a participarem de ações sociais no ambiente em que se encontram instaladas. É importante destacar, a inexistência de responsabilidade social, se o contabilista, ou a organização, não desenvolverem suas atividades segundo os princípios éticos aos quais estão subordinadas suas atividades operacionais. Vieira (2006) afirma que, ”Não adianta uma organização, por um lado, pagar mal seus colaboradores, corromper a área de compra de seus clientes, pagar propinas e, por outro lado, desenvolver programas junto a entidades sociais da comunidade”. Verifica-se, desta forma, que para a contabilidade exercer de forma eficiente sua função social, é imprescindível a realização de um trabalho honesto por parte do contabilista, e também de uma considerável contribuição das organizações, por meio da realização lícita de suas atividades operacionais. Assim, “O bom contabilista combate a sonegação e a corrupção; adota como linha de conduta o respeito à responsabilidade social e, acima de tudo, respeito à profissão que exerce”. (CFC, 2003, p. 9). ANÁLISE DOS RESULTADOS Este trabalho teve como principal objetivo evidenciar o nível de atitude ética praticada por contadores integrantes do corpo docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi, buscando correlacionar as suas atitudes teóricas e práticas, a fim de através de um questionário, analisar de forma genérica o grau de conhecimento dos contabilistas da instituição em relação ao Código de Ética da Profissão Contábil, e assim, verificar se estão contribuindo, e de que forma, para o desenvolvimento social. Diante disto, este capítulo será destinado à amostra das análises dos resultados obtidos através das informações colhidas junto aos contabilistas da Faculdade Mater Christi. Para uma melhor compreensão por parte do leitor, cada item do questionário será introduzido, comentado e, quando necessário, representado graficamente. 216 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A primeira questão buscou evidenciar através do entendimento individual de cada contabilista, se todos os profissionais desta área de conhecimento que compõem o quadro de educadores da Faculdade Mater Christi, possuíam nível ético suficiente para lhes possibilitarem o exercício da profissão contábil, e 100% dos profissionais entrevistados responderam que sim. De acordo com eles, todos os contadores que atuam na instituição possuem nível ético que lhes possibilitam o exercício da profissão contábil. Com o sentido de comprovar a veracidade do item anterior, a questão 2 foi formulada com o intuito de identificar o nível de conhecimento dos contabilistas em relação ao Código de Ética que rege a profissão contábil. Entretanto, quando indagados sobre o nível de conhecimento em relação ao CEPC, 36% dos profissionais entrevistados responderam terem apenas um conhecimento regular em relação ao mesmo, enquanto que 46% disseram desfrutarem de um bom conhecimento, e apenas 18% dos profissionais declararam possuírem um ótimo conhecimento do Código de Ética que norteia a profissão contábil. Observa-se, desta forma, um índice de contadores que detêm nível regular de conhecimento do respectivo código, bastante significativo e preocupante, contrariando, de certa forma, o que foi abordado no item anterior, quando 100% dos entrevistados responderam possuírem nível ético suficiente para exercerem suas atividades profissionais, fato este, não confirmado no quesito em questão, como ilustra o gráfico a seguir. Gráfico 1: Nível de conhecimento dos contabilistas em relação ao Código de Ética 0% 18% 36% Ótimo Bom Regular Ruim 46% Fonte: Elaborado pelos autores Seguindo o mesmo raciocínio dos itens anteriores, e com o objetivo de complementar o estudo do nível ético dos contabilistas da Faculdade Mater Christi, na questão 3 foi formulada a seguinte pergunta: A ética em conjunto com as virtudes profissionais, como honestidade, competência e eficiência, 217 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN tem representado um diferencial na sua vida profissional? Não se contradizendo com o que foi abordado na primeira questão, 100% dos profissionais, responderam que a ética e as virtudes profissionais têm representado um diferencial nas suas atividades. No entanto, ao se comparar com o que foi visto na questão 2, é de se indagar, a forma pela qual a ética está atuando na vida profissional dos 36%, os quais responderam terem conhecimento regular em relação ao CEPC. Assim, o que se pode vislumbrar, é o fato de a ausência de um conhecimento mais adequado do referido Código de Ética não ter representado nenhum motivo de controvérsia no decorrer de suas vidas, e em contraposição, as virtudes profissionais adquiridas por eles terem suprido, de forma positiva, esse aspecto negativo no exercício de suas atividades como contadores. Tendo em vista que a ética desfruta de expressiva representatividade na valorização do profissional contábil, a quarta questão buscou identificar se sua atuação no âmbito municipal tem influência na vida profissional dos contabilistas. Desta forma, foi feita a seguinte pergunta: Você acha que para a realidade do município de Mossoró, a ética profissional tem interferência na valorização do profissional contábil? Todos os entrevistados responderam que sim, confirmando a influência da ética no processo de valorização do contabilista, independente do lugar onde esteja atuando. O nível de relacionamento mantido com colegas de profissão é de fundamental importância para o exercício da atividade contábil, tendo em vista a necessidade de compartilhar conhecimentos e dúvidas surgidas no dia-a-dia. Foi com o sentido de detectar o nível de relacionamento existente entre os contabilistas da Faculdade Mater Christi que foi elaborada a quinta questão. Quando questionados com relação ao nível de relacionamento mantido com colegas da mesma profissão, sete dos entrevistados afirmaram manterem um ótimo relacionamento, três classificaram como bom, e apenas 1 afirmou ser regular, constatando-se um índice de relacionamento entre os profissionais da instituição em relação aos seus colegas, favorável ao exercício da profissão contábil como demonstra o gráfico a seguir. Gráfico 2: Nível de relacionamento mantido entre os contabilistas 70% 64% 60% 50% 40% Fonte: Elaborado pelos autores. 30% 20% 27% A sexta questão buscou identificar junto aos contabilistas um dos aspectos mais efetivos 9% 10% 0% 0% Ótimo Bom Regular Ruim 218 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN e motivadores de controvérsias entre colegas de profissão, os honorários contábeis. Quando interrogados se os honorários contábeis já haviam representado em algum momento de sua vida profissional motivo de controvérsia com algum colega no exercício da profissão, 55% dos entrevistados responderam que não, por outro lado, de forma expressiva, 45% dos contabilistas afirmaram terem tido desentendimento com colegas de classe motivados por honorários, constando-se, desta forma, um considerável percentual de influência dos honorários nos relacionamentos entre os profissionais da contabilidade. Fato este lamentável e preocupante para a classe desta área de conhecimento. Quando questionados se a suspensão do exame de suficiência do contabilista, ao longo desse período de três anos e sete meses em inatividade, contribuiu para a formação de profissionais desqualificados e desprovidos de princípios éticos (questão 7), constatou-se que 82% dos profissionais indagados, acham que a inexistência de um órgão capaz de verificar a capacidade técnica e ética do Bacharel em Contabilidade contribui para a introdução de profissionais desqualificados no mercado de trabalho, e em contraposição, somente 18% dos entrevistados disseram não haver nenhum tipo de interferência. Gráfico 3: Demonstrativo da influência do exame de suficiência na formação de profissionais contábeis Sim Não 18% 82% Fonte: Elaborado pelos autores. Como pode ser visualizado no gráfico acima, é bastante relevante o percentual de contadores que entendem ser de vital importância o exame de suficiência do contabilista para a formação de profissionais qualificados, com princípios éticos, e capazes de exercerem com eficiência os desafios que a profissão contábil oferece. Dando continuidade ao processo de formação do profissional contábil, a questão 8 buscou averiguar junto aos contadores da instituição a possibilidade de ingresso no mercado de trabalho nesta área de conhecimento, quando o candidato disponibiliza apenas do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Quando perguntados se a formação em Bacharel na área de Contabilidade era suficiente para manter o contabilista em atividade diante das exigências do atual mercado de trabalho, 91% dos 219 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN profissionais responderam que não, e apenas 9% dos entrevistados, defenderam que a formação em uma academia é suficiente para o exercício da atividade contábil, condicionando, assim, um percentual insignificante, como demonstra o gráfico a seguir. Gráfico 4: Demonstrativo da suficiência do título de Bacharel em Ciências Contábeis Não Sim 91% 9% Fonte: Elaborado pelos autores. Ainda na questão 8, foi perguntado aos contadores o porquê das respectivas respostas. E os 91% dos profissionais que responderam ser insuficiente apenas o título de bacharelado, justificaram a competitividade do mercado como um dos aspectos mais relevantes, a qual, segundo eles, exige do profissional um processo de aprendizagem e qualificação técnica continuada, capaz de lhe manter atualizado e apto a servir de forma eficiente aos seus clientes. A vivência prática na área contábil, principalmente em escritórios modelos na instituição, e uma pós-graduação nas áreas econômica, administrativa e financeira, também foram citadas pelos entrevistados como aspecto fundamental para o ingresso e sobrevivência no competitivo mercado de trabalho. Por outro lado, os 9% que afirmaram ser suficiente o título de Bacharel em Contabilidade, confirmaram essa possibilidade, desde que esse contabilista tenha a partir do período de Faculdade, se esforçado no aprendizado dos conteúdos e participado de estágios na área contábil. Observa-se, desta forma, que tal justificativa enobrece a necessidade de uma vivência prática, como foi citado anteriormente pelos contadores os quais vislumbram a necessidade de uma dedicação mais efetiva por parte dos profissionais contábeis nos aspectos teóricos e práticos relacionados à área de atuação. Tendo em vista o imensurável valor da profissão contábil para a sociedade, a questão 9 foi formulada com o intuito de identificar a maneira como os contadores da instituição estão contribuindo junto à sociedade. Assim, foi feita a seguinte pergunta: Em relação às questões sociais, de que forma os contabilistas docentes da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi, têm contribuído junto à sociedade? Comente sua resposta. Constatou-se desta forma, que 100% dos contadores contribuem de 220 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN forma positiva junto à sociedade, principalmente no que se refere à formação de novos profissionais, e à realização de eventos beneficentes à sociedade. Os entrevistados citaram como fator relevante, a dificuldade na formação de profissionais éticos, algo segundo eles, realizado de forma coerente e competente pela instituição através do seu corpo docente, contribuindo assim, diretamente para a sociedade, que disponibilizará de mais profissionais confiáveis no mercado. A realização de programas de extensão, também foi justificada pelos profissionais como fator positivo, desenvolvido pela instituição, em conjunto com seu corpo docente, exemplo, o recém programa de preenchimento de imposto de renda, realizado de forma gratuita pelos docentes e discentes da Faculdade Mater Christi, o qual não só visa o preenchimento da declaração, como também esclarece aos cidadãos quanto as suas obrigações fiscais. Quando questionados sobre a possibilidade de atuação do profissional contábil por um longo período de tempo no mercado de trabalho, mesmo quando ele opta em não ser ético e justo (questão 10), constatou-se que 100% dos contadores que atuam na Faculdade Mater Christi, consideram impossível a permanência de um profissional da área contábil no mercado de trabalho, sem a disponibilidade de atitudes éticas e justas frente aos clientes e colegas de profissão. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho teve como objetivo evidenciar o quanto a ética profissional pode influenciar no processo de valorização do profissional contábil, a partir de um estudo de caso realizado com os contadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi. Tal pesquisa tornou-se possível, através da utilização de um questionário aplicado junto aos contabilistas da instituição, como método de coleta de dados. Foi averiguado através da pesquisa o nível de atitude ética praticada pelos contadores da instituição e o grau de conhecimento dos mesmos em relação ao Código de Ética da Profissão Contábil. Pode-se detectar, segundo os resultados obtidos, que todos os contadores possuem condições favoráveis ao exercício da profissão em relação aos conhecimentos éticos. Entretanto, verificou-se, também, um índice não tão significante de profissionais que disponibilizam de conhecimento do CEPC suficiente ao exercício da atividade contábil. Um dos aspectos mais significativos evidenciados na valorização dos contadores da instituição foi ás virtudes profissionais por eles desenvolvidas, como a honestidade, competência e eficiência, que por sinal, fazem parte dos procedimentos éticos adotados pelos profissionais da contabilidade. A ética, segundo eles, é de suma importância para o contabilista no desenrolar de suas atividades, independente do lugar onde esteja atuando, inclusive, no município de Mossoró. Outro aspecto relevante foi o nível de relacionamento mantido entre os contadores docentes da Faculdade Mater Christi, pois foi possível constatar um índice significante e satisfatório para o exercício da profissão dentro e fora dos departamentos da instituição. Um fator comum e preocupante que foi observado através dos resultados foi o considerável percentual de contabilistas da instituição que já se 221 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN envolveram em controvérsias com colegas da mesma profissão, influenciados pelo aviltamento de honorários contábeis. Tal desentendimento é comum e ao mesmo tempo inaceitável, na medida em que o próprio Código de Ética disciplinador da profissão contábil, em seu art. 8º veda aos contabilistas a disputa por honorários contábeis, ou qualquer outro tipo de concorrência desleal. A inexistência de um exame de suficiência, como forma de verificar a capacidade técnica e ética dos recém formados em contabilidade, tem, segundo a grande maioria dos contadores da instituição, contribuído para a formação de profissionais desqualificados e sem princípios éticos, daí a introdução no mercado de trabalho de contabilistas insuficientes para o exercício da profissão, o que acarreta na desvalorização da classe como um todo frente à sociedade a qual se beneficia diretamente com os trabalhos realizados pelos profissionais contábeis. Nesse sentido, foi constatada, também, a insuficiência do título de Bacharel em Contabilidade como único requisito do profissional para ingresso no mercado de trabalho, tendo o mesmo, a necessidade de dispor de habilidades práticas e conhecimentos mais abrangentes nas áreas econômica, administrativa e financeira. Tendo em vista a acirrada competição no mercado e a necessidade de uma constante reavaliação técnica, capaz de executar de forma eficiente o serviço adquirido, e assim, não ferir os princípios pré-estabelecidos pelo respectivo Código da profissão. Com relação às questões sociais, foi possível, através da coleta de dados, detectar que a própria Faculdade Mater Christi, em conjunto com seu corpo docente, tem contribuído de maneira relevante junto à sociedade, e assim, comprovado o valor social da profissão contábil, através da realização de programas de extensão em beneficio social, os quais envolvem não só o corpo docente, mas também o discente, como é o caso do preenchimento da declaração do imposto de renda realizado recentemente. A preocupação com a formação de profissionais qualificados para o mercado de trabalho também é um aspecto positivo adotado pela instituição, contribuindo diretamente para a sociedade e assim a mesma desfrutará de mais profissionais capacitados para lhes confiarem os respectivos serviços. Portanto, pode-se constatar que a opção por parte do contabilista em não ser ético e justo, o manterá por um curto período de tempo no mercado, tendo em vista a exigência do mesmo, por profissionais de confiança e credibilidade, capazes de suprirem de forma positiva as necessidades da sociedade em relação aos acontecimentos dependentes da contabilidade. REFERÊNCIAS AMOÊDO, Sebastião. Ética do trabalho: na era pós-qualidade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997. CAMARGO, Marculino. Fundamentos de ética geral e profissional. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Código de ética profissional do contabilista. Brasília: CFC, 1998. ______. Mensagem a um futuro contabilista. 7. ed. Brasília: CFC, 2003. 222 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN ______. Princípios fundamentais de contabilidade e normas brasileiras de contabilidade. 2 ed. Brasília: CFC, 2000. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2001. FORTES, José Carlos. Ética e responsabilidade profissional do contabilista. Fortaleza: Fortes, 2002. JACOMINO, Darlen. Você é um profissional ético? Revista Você S.A., São Paulo: Abril, ed. 25, a. 3, p. 2836, jul. 2000. KROETZ, Cesar Eduardo S. Balanço social: uma demonstração da responsabilidade social, ecológica e gestorial das entidades. Revista brasileira de contabilidade. Brasília: CFC, a. 27, n.113, set/out. 1998, pp. 45-51. LISBOA, Lázaro Plácido. Ética geral e profissional em contabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. MARION, José Carlos; SANTOS, Márcia Carvalho dos. O perfil do futuro profissional e a responsabilidade social. Revista do Conselho Regional do Paraná, a. 26, n. 129, 2001. MOREIRA, Joaquim Manhães. A ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. MOTTA, Nair de Souza. Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito cultural Edições, 1984. NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 4. ed. Petrópolis: Revista dos Tribunais, 2004. NASCH, Laura L. Ética nas empresas: guia prático para soluções de problemas éticos nas empresas. São Paulo: Makron Books, 2001. RICOEUR, Paul. Em torno ao político. São Paulo: Edições Loyola, 1995. SÁ, Antonio Lopes de. Ética profissional. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. ______. Ética profissional. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001. VÁZQUES, Adolfo Sánches. Ética. 23. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. VIEIRA, Maria das Graças. Ética na profissão contábil. São Paulo: IOB Thomson, 2006. APÊNDICE QUESTIONÁRIO 1. Em sua opinião, os contabilistas docentes da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi, possuem nível ético capaz de lhe possibilitar o exercício de suas atividades contábeis? ( ) sim ( ) não 2. Como você classifica seu nível de conhecimento em relação ao Código de Ética Profissional do Contabilista? 223 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN ( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim 3. A ética em conjunto com as virtudes profissionais, como, honestidade, competência e eficiência, tem representado um diferencial na sua vida profissional? ( ) sim ( ) não 4. Você acha que para a realidade do município de Mossoró, a ética profissional tem interferência na valorização do profissional contábil? ( ) sim ( ) não 5. Na sua concepção, como pode ser classificado o seu nível de relacionamento com colegas da mesma profissão? ( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim 6. Os honorários contábeis já representaram, em algum momento da sua vida profissional, motivo de controvérsia com outro colega em pleno exercício da profissão? ( ) sim ( ) não 7. Você acha que a suspensão do exame de suficiência do contabilista, ao longo desse período de três anos e sete meses em inatividade, contribuiu para a formação de profissionais desqualificados e desprovidos de princípios éticos? ( ) sim ( ) não 8. Em sua opinião, apenas a formação em bacharel na área de contabilidade, é suficiente para manter o contabilista em atividade diante das exigências do atual mercado de trabalho? ( ) sim ( ) não Por quê? _____________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 9. Em relação às questões sociais, de que forma os contabilistas docentes da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi, têm contribuído junto à sociedade? ( ) positivamente ( ) negativamente Comente sua resposta _____________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 224 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 10. Diante do constante crescimento da competitividade no mercado de trabalho, na sua opinião, a opção por parte do contabilista em não ser um profissional ético e justo, o manterá por muito tempo no exercício da profissão contábil? ( ) sim ( ) não FERRAMENTAS DE CONTROLE DE BENS DE CONSUMO DISPONÍVEIS NO SIPAC E NO SIAFI: ESTUDO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE RESUMO Tem por objetivo analisar as ferramentas disponíveis no Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos - SIPAC que complementam os registros contábeis efetuados no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – SIAFI no controle dos bens de consumo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Para responder a este questionamento, realizou-se um levantamento bibliográfico acerca dos dois sistemas utilizados na referida instituição, iniciando com um breve histórico de cada um e, em seguida, trazendo uma explanação geral dos objetivos e das funcionalidades dos sistemas. Como o SIPAC não possui muitas informações por escrito, foi realizada uma pesquisa exploratória, através de uma entrevista informal com um dos responsáveis pelo SIPAC, a fim de obter maiores informações sobre a história e a funcionalidade dele. Concluída a pesquisa bibliográfica e a pesquisa exploratória, foi realizada uma comparação entre os principais relatórios utilizados no controle do Almoxarifado Central da Instituição disponibilizados pelos dois sistemas, a fim de identificar as possíveis informações complementares disponíveis no SIPAC. Depois de efetuado o comparativo, identificou-se um maior número de relatórios disponíveis, como também, um maior detalhamento dos itens do Almoxarifado da UFRN no SIPAC, uma vez que cada relatório desse sistema apresenta diversas informações dos itens armazenados no Almoxarifado Central e Setorial e dos históricos das entradas e das saídas. Conclui-se, portanto, que a implantação do SIPAC foi de grande relevância no controle dos bens de consumo dessa instituição de ensino superior por apresentar maiores informações sobre os itens armazenados no almoxarifado da Universidade. Palavras Chaves: Controle do almoxarifado. SIPAC. SIAFI. Tema: Contabilidade Aplicada ao Setor Público 225 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1 INTRODUÇÃO A área pública, em sua gestão e controle, necessita da contabilidade para acompanhar e controlar seu patrimônio. Isso ocorre para que as informações apresentadas nos relatórios sejam confiáveis e tempestivas. Ou seja, a área pública precisa evidenciar tudo que envolva o controle de execução orçamentária, financeira e patrimonial, a fim de mostrar-se transparente com suas contas. Para isso, existem alguns sistemas contábeis utilizados pelos órgãos públicos, a fim de realizar o controle e apresentá-lo a todos os usuários interessados, de forma a ser transparente. O sistema utilizado pelo Governo Federal (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – SIAFI) é o principal sistema para controle interno de cada Unidade Gestora pertencente ao governo, uma vez que é obrigatória a prestação de contas através desse sistema. Já o Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos - SIPAC é um sistema complementar criado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN para ampliar o controle interno dessa Instituição. Diante do acima exposto, surge o questionamento que a pesquisa investiga: Quais ferramentas de controle de bens de consumo do almoxarifado da UFRN o SIPAC dispõe para complementar o controle realizado pelo SIAFI? Para responder a este problema, foram identificados objetivos apresentados a seguir. O objetivo geral desta pesquisa é analisar quais ferramentas de controle de bens de consumo do almoxarifado o SIPAC dispõe para complementar o controle realizado pelo SIAFI. Como objetivos específicos: descrever a história do surgimento do SIAFI no Brasil; verificar os objetivos do SIAFI; descrever a criação do SIPAC; analisar a implantação do SIPAC na UFRN; compreender os objetivos do SIPAC e; relacionar os dois sistemas no controle do almoxarifado. A justificativa para a realização deste estudo é a de que todo cidadão tem o direito de ter acesso às contas do governo a fim de observar o que é feito com o dinheiro público. Além disso, os órgãos públicos precisam ter um controle minuncioso de todo o seu patrimônio, como também do orçamento e das finanças. O SIAFI traz as informações relevantes para o atendimento dessas necessidades. Porém, a UFRN desenvolveu um sistema para complementar as informações encontradas no SIAFI e para facilitar o controle do patrimônio (no significado geral da palavra) da Instituição. 226 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O presente estudo visa contribuir para um melhor entendimento sobre os dois sistemas utilizados no controle do almoxarifado da UFRN, a fim de mostrar a importância desses sistemas para os seus usuários e para a sociedade em geral. Por ser um sistema mais antigo e por ser utilizado pelo Governo Federal, é mais fácil obter informações impressas sobre a história ou funcionalidade do SIAFI. Porém, o SIPAC possui poucas informações escritas, por ser um sistema mais novo e implantado, inicialmente, para atender as necessidades da UFRN. E o comparativo entre os dois sistemas, no que se refere a ferramentas de controle de almoxarifado, ainda não havia sido trabalhado, sendo, portanto, um tema novo. Ou seja, a pesquisa tem fins exploratórios, tendo como meios de investigação a pesquisa bibliográfica em livros, periódicos e endereços eletrônicos ligados ao tema exposto, bem como uma pesquisa de campo para colher informações sobre o sistema interno da Universidade, uma vez que há um conteúdo mínimo escrito sobre ele. (VERGARA, 2005) No presente trabalho, de acordo com Vergara (2005), a amostra estudada não foi probabilística, mas por acessibilidade, uma vez que foram utilizados elementos de fácil acesso. A instituição escolhida foi a UFRN, que se caracteriza como o universo da pesquisa. Como amostra, a comparação entre o SIPAC e o SIAFI foi feita utilizando apenas o controle dos bens de consumo (almoxarifado), facilitando a realização do estudo. Nesta pesquisa, segundo Vergara (2005), o procedimento de coleta utilizado foi a pesquisa bibliográfica. A pesquisa de campo foi feita por meio de uma entrevista informal com um dos criadores do SIPAC, a fim de obter mais informações sobre a funcionalidade do sistema, uma vez que não há material impresso sobre ele que possa auxiliar na pesquisa. Por se tratar de um novo tema, o referencial obtido se limitou à bibliografia disponível e à entrevista efetuada. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal Consoante o anexo à Instrução Normativa nº 03/2001 Capítulo I, o SIAFI, “é o sistema informatizado que registra, controla e contabiliza toda a execução Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Governo Federal, em tempo real”. (BRASIL, 2001, p.1). 227 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Porém, para que o SIAFI viesse a ser implantado no Brasil, foram observados diversos fatores relevantes na administração pública, e, de acordo com as necessidades do governo, foi-se elaborando um sistema capaz de auxiliar no controle das finanças públicas. 2.1.1 História De acordo com os dados do Portal SIAFI (Brasil, 2009), antes de ser implantado o SIAFI o governo sofria com diversos problemas relacionados à administração e à aplicação dos recursos públicos. Para Castro (2005, p. 74), “o Governo não tinha noção dos gastos da Administração Pública, pois se administrava com base na posição ‘do caixa’ do Governo federal controlado em contas bancárias no Banco do Brasil”. Isso ocorria até 1987. Além disso, naquele período, o Brasil estava sofrendo com a inflação, então eram utilizados fatores de conversão da moeda, o que prejudicava a transmissão da informação. Feijó, Pinto e Mota (2008, p. 29) citam outros problemas que levaram à criação do SIAFI. Dentre eles têm-se a “utilização da contabilidade como simples instrumento de registros formais, pela dificuldade de acesso às modernas técnicas de administração financeira” e a existência de diversas contas bancárias, o que dificultava o controle do caixa. Com isso, via-se, então, a necessidade de implantar um sistema que auxiliasse nesse controle e apresentasse informações confiáveis. Assim, Segundo Feijó, Pinto e Mota (2008), começou a ser elaborado o SIAFI e, em 1º de janeiro de 1987, o sistema começou a funcionar. E em 1988, foi criada a Conta Única do Tesouro Nacional, que facilitou ainda mais o controle da conta pública. Consoante o Portal SIAFI (BRASIL, 2009), é através da Conta Única que se tem o controle de cada saída de dinheiro, como também a sua utilização e o servidor público envolvido. Isso facilita ainda mais a transparência dos gastos públicos. Feijó, Pinto e Mota (2008) afirmam que a implantação do SIAFI iniciou-se pelo Poder Executivo e depois se expandiu aos outros poderes. Feijó, Pinto e Mota (2008) explicam que durante todos esses anos de sistema houve diversos aperfeiçoamentos e reformulações e atualmente é o instrumento considerado mais importante no que se refere ao controle de gastos públicos, e é voltado sempre para a transparência. Portanto, o SIAFI está em constante desenvolvimento, buscando se adequar às necessidades de seus usuários, segundo a realidade econômica e financeira do País. 2.1.2 Objetivos 228 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Segundo a Instrução Normativa nº 03/2001 (BRASIL, 2001), são objetivos do SIAFI: proporcionar à Administração Pública uma forma adequada de controlar diariamente a execução orçamentária, financeira e contábil; tornar o controle finaceiro dos recursos do Tesouro Nacional mais eficientes; fazer da Contabilidade Pública uma fonte segura para a tomada de decisões; integrar as informações a todos os órgãos que utilizem o sistema; prover a transparência dos gastos públicos; permitir o acompanhamento analítico do orçamento; auxiliar no controle do patrimônio dos Estados e Municípios e de suas entidades supervisionadas através dos registros contábeis e prover o controle da dívida externa e interna do Governo Federal, assim como das transferências voluntárias. O SIAFI facilitou o controle da Administração pública, principalmente no que tange à execução orçamentária e financeira e na elaboração das demonstrações contábeis. 2.1.3 Funcionalidade Conforme a Lei das Diretrizes Orçamentárias do Governo Federal (BRASIL, 2005), a obrigação de utilização do SIAFI engloba os órgãos da administração direta, as autarquias, as fundações e outras entidades controladas que recebam recursos financeiros do seu controlador a fim de quitar despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, desde que este não seja por aumento de participação acionária. De acordo com Feijó, Pinto e Mota (2008), o SIAFI possui um sistema de segurança denominado “Sistema de Segurança, Navegação e Habilitação” – Senha – que possui diversos acessos até chegar à informação contida no SIAFI. Além disso, é feito o registro do CPF para identificar os operadores que tem acesso às informações contidas no sistema, além da data e da hora do acesso e as informações consultadas. Segundo Feijó, Pinto e Mota (2008), no Sistema Senha, além da necessidade de se ter uma autorização para o acesso, o usuário também terá restrições em seu acesso, dependendo do nível de acesso em que ele esteja enquadrado. A Secretaria do Tesouro Nacional é quem definirá o nível, de acordo com as necessidades do usuário. 2.1.4 O sistema De acordo com o Portal SIAFI (BRASIL, 2009), o SIAFI é um sistema de informações centralizado em Brasília interligado aos Órgãos do Governo Federal no País e no exterior através da rede SEPRO e outras redes externas, garantindo o acesso ao sistema à quase 18 mil Unidades Gestoras – UGs - ativas no SIAFI. 229 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Assim, ainda de acordo com o Portal SIAFI (BRASIL, 2009), para facilitar o trabalho dessas UGs, cada ano equivale a um sistema, que, para obter acesso, o usuário deverá colocar SIAFI acrescido do ano que ele deseja consultar ou trabalhar (este só é possível no ano vigente). A tela inicial do sistema pode ser observada através da rede do Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO (https://acesso.serpro.gov.br/HOD10/jsp/logonID.jsp) onde o usuário irá colocar o seu login (o CPF) e sua primeira senha de acesso. Após digitada a senha na tela inicial da rede SERPRO, uma nova tela será apresentada e o usuário repetirá seu login e senha iniciais. Em seguida, virá a tela onde o usuário colocará sua segunda senha e o sistema que deseja consultar (se for o ano vigente, coloca-se SIAFI2011). A partir desse acesso, o usuário poderá navegar pelo SIAFI, digitando o comando desejado. É através dessa tela inicial que o usuário tem acesso às informações contidas no SIAFI. Ou o usuário marcará um “x” na opção desejada, ou colocará em “comando” o código de acesso às informações (“>NL”, “>ATUCPR” etc). 2.1.5 Documentos contábeis de entrada e de saída de dados Consoante Feijó, Pinto e Mota (2008), há diversos documentos de Entrada de Dados que são lançados no SIAFI. Como o presente estudo limitou-se ao Almoxarifado Central da UFRN, foram pesquisados os documentos de Entrada de Dados ulitizados no controle do Almoxarifado, que são a Nota de Empenho - NE, a Nota de Lançamento - NL e a Nota de Lançamento de Sistema - NS. É através da NE que é registrado o primeiro estágio das despesas orçamentárias, em que terá o nome do credor, a especificação do material, a importância da despesa e a célula orçamentária, deduzindo o saldo da dotação aprovada. Para o almoxarifado, a Nota de Empenho já estará disponível, sendo o interesse apenas para a consulta. A partir da NL são registrados os atos e fatos administrativos que não possuam um documento específico. O comando específico para esse registro é o “>NL”. O lançamento de liquidação das despesas é feito através da NS. O comando para efetuar este registro é “>ATUCPR”. A diferença de acesso ocorre pelo fato do comando CPR se referir às Contas a Pagar e a Receber, que serão atualizadas pelo lançamento da NS. Com relação às consultas, Feijó, Pinto e Mota (2008, p. 35), dividem em dois tipos: a consulta sintética e a consulta analítica. A consulta sintética é uma consulta “on-line” que mostra informações que foram atualizadas até um dia útil anterior à data da consulta. Através da consulta sintética é possível 230 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN acessar o Balancete do material de consumo do almoxarifado. Nesse caso, utiliza-se a opção “>BALANCETE” na tela de comando. Já a consulta analítica, para Feijó, Pinto e Mota (2008 p. 35), é uma “consulta ‘on-line’ que apresenta informações atualizadas até o instante em que foi solicitada, pois utiliza os próprios arquivos onde são atualizados os movimentos diários das unidades gestoras”. Através dessa consulta é possível obter mais detalhes para cada grupo de material de consumo, através do Razão de cada um. Para tal, utiliza-se o comando “>CONRAZAO”. Também há a possibilidade de consulta aos documentos de entrada de dados. Para fazê-lo, basta colocar “>CON” antes das respectivas siglas. Ex: “>CONNS” para realizar a consulta do lançamento de uma Nota Fiscal. 2.2 SIPAC - sistema integrado de patrimônio, administração e contratos SINFO (2011, p.1) conceitua o SIPAC como o sistema “responsável pelo controle e gestão dos procedimentos administrativos da UFRN”. Através desse sistema, há uma integração dos processos de contratação da universidade com o orçamento recebido pelo governo federal, uma vez que todos os setores da instituição utilizam o SIPAC. Esse sistema controla desde o orçamento disponibilizado pelo governo até o destino final dos recursos, sendo ele bens de consumo, bens móveis, livros, diárias, entre outros. O SIPAC é um sistema em constante desenvolvimento, uma vez que, ele vai se adequando às necessidades de cada usuário, para aperfeiçoar o controle do patrimônio da Instituição. 2.2.1 História Lima (2009) explica que, antes da criação e implantação do SIPAC, a UFRN trabalhava com vários sistemas, uma vez que cada unidade utilizava um sistema de sua preferência. Assim, inicialmente haviam quatro módulos: Almoxarifado, Requisição, Compras e Patrimônio. Porém, esses sistemas não eram interligados. Diante das dificuldades e da necessidade de expandir a informatização da instituição, surgiu a idéia de desenvolver os sistemas institucionais, que deveriam possuir e integrar todas as funcionalidades dos sistemas existentes e também englobar novas funcionalidades. Então, de acordo com a SINFO (2011), em 2000, instituiu-se a Superintendência de Informática – SINFO para interligar os módulos operacionais existentes, criando uma base e transportando os valores dos antigos sistemas para a nova base. Em 2004, a Direção do Departamento de Material e Patrimônio – DMP, juntamente com o superintendente da SINFO e uma equipe de alunos da UFRN, coordenados pelo atual Diretor 231 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN de Sistemas da Instituição, Gleydson Lima, se reuniram várias vezes com o Departamento de Contabilidade e Finanças – DCF e buscaram elaborar um sistema que integrasse os gerenciamentos orçamentários, financeiros e patrimoniais. (CARDOSO, 2008) A partir daí, além do SIPAC, foram criados mais dois sistemas: Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas – SIGAA e o Sistema Integrado de Gestão de Planejamento e de Recursos Humanos - SIGPRH. Diferentemente dos sistemas iniciais, esses novos sistemas possuem um portal na internet em que o acesso é feito pelos usuários cadastrados conforme sua participação na Universidade. (SINFO, 2009) A Figura 1 é traz a ligação entre os sistemas e a idéia principal de cada um. Figura 1 – Áreas de abrangência dos sistemas Fonte: SINFO (2009) De acordo com Lima (2009), o sistema está em contínuo desenvolvimento, pois ele se adequa às necessidades do usuário, a fim de facilitar e agilizar o trabalho. Atualmente, segundo a SINFO (2011), o sistema já foi implantado em várias outras instituições. Entre elas, têm-se: a Universidade Federal da Bahia – UFBA, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, a Polícial Federal e o Ministério da Justiça. 2.2.2 Funcionalidade Conforme Lima (2009), o governo repassa uma verba que irá para o orçamento da universidade. Através do SIPAC essa verba é distribuída para as unidades de custo, observando as necessidades delas. E, então, tudo se inicia na requisição, seja de material de consumo ou permanente, bens, diárias, entre outros. Depois de enviada a requisição, os passos necessários serão seguidos até a entrega do material na unidade requisitante. 232 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Na área administrativa do SIPAC também é possível encontrar o controle de estoque de material nos almoxarifados central e setoriais (unidades que compõem a UFRN). O orçamento recebido pelo governo, que é registrado no sistema já dividido pelas unidades segundo as suas necessidades, é descontado a cada requisição atendida e a cada outro gasto efetuado. (SINFO, 2009) Quando é elaborada uma requisição, o sistema já realiza o bloqueio do valor referente a ela no orçamento preestabelecido. Assim, quando há a realização da despesa (feita através do empenho), o centro de custo possui orçamento suficiente para custeá-la. No caso de não haver saldo, será fundamental a autorização do gestor responsável pelo orçamento daquele setor, a fim de prosseguir com a solicitação. Com isso, facilita o controle orçamentário dos centros de custos da unidade gestora para várias requisições existentes. Este vínculo orçamentário é chamado Fluxo Orçamentário. (SINFO, 2009) As requisições são relacionadas a um empenho ligado ao módulo orçamentário. Assim, quando o empenho é registrado, o valor contingenciado é liberado e o débito é realizado no centro de custo segundo as informações contidas no empenho. (SINFO, 2009) 2.2.3 Almoxarifado A SINFO (2009) conceitua os almoxarifados como local em que são armazenados os materiais de consumo que foram adquiridos pela universidade, a fim de, posteriormente, suprir as necessidades das unidades da instituição. Na UFRN há uma hierarquia entre os almoxarifados existentes, em que é possível perceber que a subordinação de cada almoxarifado vai definir a quem ele estará autorizado a solicitar uma requisição. Conforme a SINFO (2009), para que os pedidos de material sejam atendidos, inicialmente o almoxarifado central precisará dar entrada no seu estoque. Essas entradas poderão ser de quatro formas: Nota Fiscal (é o documento entregue junto à mercadoria adquirida pelo almoxarifado), Entrada Avulsa (é feita quando o almoxarifado é novo, onde a partir da primeira entrada, as outras serão registradas como Notas Fiscais), Nota de Fornecimento (quando o almoxado subordinado recebe o material, será feito o registro da entrada como nota de fornecimento, que equivale à requisição para o almoxarifado superior a esse) e devolução (quando o material volta ao almoxarifado de onde havia saído). 233 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Ainda segundo a SINFO (2009), a Nota Fiscal deverá ser registrada no sistema com todas as informações contidas na Nota, como série, tipo, número, data de emissão e fornecedor – itens fundamentais para o cadastro no sistema. Para continuar o cadastro, a nota precisará ser relacionada à uma Nota de Empenho. Se o valor do empenho for suficiente para cobrir a nota, a associação será feita somente a ele. Caso contrário, far-se-á mais uma associação a outro empenho. (SINFO, 2009) O próximo passo será cadastrar os itens da nota fiscal no SIPAC. Assim, será necessário colocar o material, a quantidade, o valor unitário e a data de validade média. Só após concluir essas três etapas a nota será cadastrada no sistema. (SINFO, 2009) Com relação às saídas de materiais do almoxarifado, a SINFO (2009) explica a existência de duas formas. A primeira delas é através do atendimento de requisição (atendimento dos pedidos feitos ao almoxarifado pelos almoxarifados subordinados) e a segunda é através das saídas avulsas (são as saídas por consumo imediato, perda, inservibilidade ou quebra). A requisição de material, de acordo com a SINFO (2009), “é uma solicitação feita por um usuário de um setor quando há necessidade de adquirir diversos tipos de materiais de consumo, que podem ser categorizados em grupos”. Após atendida a requisição, o valor da respectiva unidade de custo é liberada e repassada para o centro de custo que representa o almoxarifado. O valor que será transferido equivalerá ao total dos itens atendidos da requisição pelo almoxarifado. Ou seja, o valor bloqueado não será necessariamente o valor total do material atendido, uma vez que o almoxarifado pode não atender todos os itens pedidos. (SINFO, 2009) Caso a unidade requisitante não tenha saldo orçamentário suficiente para transferir ao almoxarifado, ficará uma pendência da diferença do saldo para ser repassado posteriormente. (SINFO, 2009) O processo de liberação do valor contingenciado pode ser observado de forma resumida através da figura 2. Figura 2 - Operações Orçamentárias no Atendimento da Requisição de Material 234 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Fonte: SINFO (2009) 2.2.4 O sistema Na primeira tela do SIPAC, o usuário colocará seu login e sua senha para ter acesso às informações contidas no Sistema. Efetuado o login, o usuário terá acesso à tela dos módulos disponibilizados pela Superintendência de Informática conforme solicitação da chefia do departamento ou da unidade. No módulo almoxarifado, o usuário poderá efetuar os registros de entradas de material, como também consultá-las (e seus respectivos empenhos). No caso das saídas de material, utiliza-se a aba requisições. Nela, o usuário poderá efetuar os registros das saídas de material e poderá imprimir, depois, o relatório de atendimento das requisições. Na aba Relátórios, o usuário poderá consultar uma lista de todas as notas fiscais que foram registradas no sistemas, como também uma lista das requisições atendidas, divididas pelas unidades de custos requisitantes e um relatório com todas as movimentações de cada grupo. Outro relatório importante é o RMA Sintético (Relatório de Movimentação do Almoxarifado). Esse relatório equivale ao balancete de material de consumo do SIAFI. Ou seja, é esse o relatório utilizado para confrontar com os dados contidos no balancete do SIAFI. O SIPAC possui diversas ferramentas criadas para controlar todo o patrimônio da Instituição, englobando todo o orçamento para os gastos com a Universidade. As ferramentas apresentadas são as utilizadas no controle do almoxarifado da UFRN. 2.3 Almoxarifado da UFRN Segundo Diogo, Amaral e Vieira (2008), a UFRN possui unidades que emitem requisições de materiais para compra destes ou para serem atendidas pelo almoxarifado central. Para isso, faz-se necessário possuir saldo orçamentário e autorização expressa da autoridade competente. 2.3.1 DMP – Departamento de Material e Patrimônio 235 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN No Departamento de Material e Patrimônio (DMP) há uma comissão que analisa os trabalhos desenvolvidos pelo Almoxarifado e controla as entradas e saídas de materiais. O Almoxarifado Central da Instituição fica responsável pelo controle do almoxarifado através do SIPAC, enquanto que o DMP apropria a Nota Fiscal, bem como os lançamentos de baixa de material e transferência no SIAFI. (DIOGO; AMARAL; VIEIRA, 2008) Além disso, a mesma comissão responsável por esses lançamentos faz a conferência das informações registradas no SIPAC e no SIAFI, a fim de confrontar os valores e prezar pela correta apresentação dos valores dos bens de consumo do Almoxarifado Central. Assim, é possível observar que há um controle detalhado das entradas e das saídas do Almoxarifado Central da UFRN, de forma que, mês a mês, é feito o fechamento das contas do almoxarifado central, comparando os dados informados no SIAFI e no SIPAC. 3 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Para que seja possível encontrar as ferramentas que complementam o controle dos bens de consumo, faz-se necessária uma análise profunda de pelo menos um grupo de material. Com isso, fez-se uma comparação do controle efetuado através dos dois sistemas. Assim, a Figura 3 apresenta um relatório disponível no SIPAC com as movimentações do grupo 3019, que se trata de Material de Acondicionamento e Embalagem. Figura 3 – SIPAC – Relatório Movimentação por Grupo Fonte: https://www.sipac.ufrn.br/sipac/ 236 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Outro relatório que o SIPAC disponibiliza para controlar as entradas e saídas por grupo de material é o Relatório de Movimentação do Almoxarifado - RMA Analítico. Ele é equiparado ao razão apresentado no SIAFI, porém traz muitos mais detalhes, que já podem ser observados no relatório apresentado na figura 3. Assim, através da comparação entre os relatórios RMA – Analítico e Relatório de Movimentação por Grupo disponíveis no SIPAC e o Razão do SIAFI, é possível perceber que o SIPAC apresenta uma complementação do registro contábil efetuado no SIAFI, disponibilizando mais detalhes sobre os itens que entraram e saíram do almoxarifado, incluindo especificações, quantidades de entrada e saída e o saldo restante, valores unitários, valores totais das entradas e saídas por item e valores totais das entradas e saídas por grupo. O SIPAC também apresenta um relatório que pode ser comparado ao balancete disponibilizado pelo SIAFI. Comparando o RMA – Sintético do SIPAC e o Balancete do SIAFI, é possível observar que o SIPAC apresenta um detalhamento mensal, especificando o saldo do mês anterior, as entradas orçamentárias e extra-orçamentárias, as saídas e as devoluções, identificando, também, o nome do grupo a qual pertencem. Já o SIAFI apresenta as movimentações de janeiro ao mes ao qual foi solicitado o balancete, apresentando o saldo final do ano anterior, e as entradas e as saídas de janeiro até o mês solicitado. A última coluna de ambos os relatórios apresenta o saldo final do mês solicitado. É essa coluna que é comparada mensalmente, pois os dois sistemas necessitam estar sempre em compatibilidade. Além disso, o SIPAC possui outras ferramentas para consulta que também auxiliam no controle interno dos materiais do almoxarifado da Universidade. Na aba Estoque, o usuário poderá consultar cada requisição efetuada, as notas de empenhos, as Notas Fiscais dos materiais entregues, as entradas e saídas avulsas, os materiais disponíveis em outro almoxarifado (setoriais ou Central), as notas fiscais extornadas e o processo de compra após a Licitação. Já na aba requisições, o usuário poderá consultar os relatórios de atendimento e de devolução. Já na aba Relatórios é onde o usuário poderá ter informações sobre a movimentação, sobre o material e sobre dados gerais. No tópico movimentação da aba Relatórios, tem-se o RMA analítico e sintético, a movimentação por material ou por grupo de material, as entradas por Nota Fiscal, as requisições 237 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN atendidas/negadas (onde tem-se informação do valor total das requisições atendidas total ou parcialmente, negadas ou devolvidas, e um gráfico para melhor visualização), oferta e demanda de materiais em estoque (onde observa-se as médias de consumo por mês nos últimos 2 anos de todos os materiais cadastrados no almoxarifado) e saídas por perdas (onde mostra os materiais que saíram do almoxarifado por serem inservíveis ou por terem desaparecido). No tópico material, tem-se o estoque mínimo (com o valor do saldo real e o saldo mínimo necessário para cada material), os materiais sem saldo (apresenta os itens que estão com o saldo zerado), os materiais mais solicitados (em que lista os materiais mais pedidos para cada unidade durante o período determinado e a quantidade atendida), os materiais a vencer (apresenta os itens que estão próximos a vencer, especificando o prazo de validade), o total dos materiais solicitados e atendidos por unidade (lista todas as unidades que solicitaram material selecionado durante o período determinado e a quantidade de material solicidado e atendido por cada unidade) e o histórico das entradas (com os preços dos materiais nas últimas compras efetuadas). No tópico gerais/Unidade o usuário pode obter o relatório de consumo geral ou por unidade (em que traz uma média do consumo diário, mensal e semestral e o consumo total de cada item), o relatório de etiquetas de prateleira (que apresenta o saldo, em valor, de cada material e seu respectivo código), o relatório de despesas da unidade (onde mostra todos os materiais solicitados pelas unidades durante o período selecionado, com quantidades e valores unitários e totais por grupo), requisições atendidas por unidade (em que apresenta uma listagem de todos os materiais solicitados durante o período solicitado, separados por unidade e por requisição), devoluções da unidade (em que apresenta os itens que foram devolvidos ao almoxarifado) e o relatório sintético de despesas por unidade (onde tem-se os gastos de cada unidade com os diversos grupos de material durante o período determinado). Assim, é possível observar que o SIPAC possui diversas ferramentas que auxiliam no controle do almoxarifado, complementando as informações apresentadas no SIAFI. Ou seja, a implantação do SIPAC na UFRN foi de grande relevância para a ampliação do controle dos bens de consumo da instituição. 4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES Através dessa pesquisa foi possível entender que o surgimento do SIAFI no Brasil teve a finalidade de integrar os sistemas de programação financeira, de execução orçamentária e de 238 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN controle interno do Poder Executivo, para que a Administração Pública pudesse ter um melhor controle das informações gerenciais, sendo elas confiáveis e precisas. O referido sistema tem como objetivos proporcionar uma contabilidade eficaz da Administração Pública, a fim de proporcionar informações fidedignas para tomada de decisão, bem como proporcionar a transparência dos gastos públicos, entre outros. O SIAFI traz informações sobre os saldos de cada grupo de material existente no almoxarifado, sobre as notas fiscais lançadas, sobre as notas de empenho registradas, e sobre o valor das saídas de material. Já o SIPAC foi implantado com o intuito de dar suporte ao controle interno da UFRN, complementando as informações apresentadas pelo SIAFI e auxiliando na realização das atividades da Universidade. O sistema vem sendo aperfeiçoado para atender às necessidades de cada unidade e da universidade de um modo geral. O SIPAC tem como objetivo dar suporte à universidade no que se refere à requisições, almoxarifado, orçamento, compras, patrimônio, liquidação da despesa, infra-estrutura, contratos, convênios, bolsas, faturas, processos, transportes e boletim de serviços. O SIPAC apresenta as mesmas informações contidas no SIAFI e as complementa com valores mais específicos para cada grupo de material, bem como quantidades de cada material, o valor unitário e total, apresenta relatórios para ampliar o controle do material existente em estoque e o que foi disponibilizado para as unidades e subunidades da universidade através das requisições. Os sistemas, SIAFI e SIPAC, são muito importantes para o controle do almoxarifado da UFRN. O primeiro possui o tratamento contábil, com valores financeiros, enquanto que o segundo apresenta um maior detalhamento das movimentações de cada item, especificando o item, a quantidade, os valores unitários, os saldos por item e outras informações extraídas das consultas de Notas Fiscais, de Notas de Empenho e de Requisições Atendidas, dos Relatórios de Movimentação do Almoxarifado (analítico e sintético), dos Relatórios de Movimentações por Grupo de Material e por Material, do Relatório de Requisições atendidas por Unidade (bem como o Relatório de Despesas da Unidade), dos Relatórios de Consumo Geral ou por Unidade, do Relatório de Entradas por Nota Fiscal, entre outros. Recomenda-se a realização de novos estudos acerca do SIPAC e sua contribuição, não só para outras áreas abrangidas pelo SIAFI, como também para outros sistemas do Governo Federal tais como SIAPE, SCDP, dentre outros. 239 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Conclui-se que o uso do SIPAC é de grande relevância como um controle complementar do SIAFI, uma vez que, através dele, é mais fácil obter informações claras, mais detalhadas e precisas sobre os bens de consumo existentes em uma instituição. REFERÊNCIAS BRASIL. Instrução normativa nº 03 de 23 de maio de 2001. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/SIAFI/Forms_Cadastro/inst_ norma_03_01.pdf>. Acesso em: 28 fev 2009. BRASIL. Lei nº 11.178, de 20 de setembro de 2005. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/ Lei/L11178.htm>. Acesso em: 10 ago 2009. BRASIL. Manual on-line. 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FEIJÓ, Paulo Henrique; PINTO, Liane Ferreira; MOTA, Francisco Glauber Lima. Curso de siafi: uma abordagem prática de execução orçamentária e financeira. 2. ed. Brasília: Cidade Gráfica e Editora, 2008. LIMA, Raphaela Galhardo Fernandes. UFRN. Superintendência de Informática - SINFO. SIPAC - (Entrevista realizada com um dos criadores do Sistema Automatizado da UFRN. Em 17 ago 2009). SILVA, Maurício Corrêa da. Siafi, Siasg e www.comprasnet.gov.br: instrumentos de transparência dos gastos do governo federal. Boletim governet de licitações e contratos. 2007. Disponível em: http://www.sigaa.ufrn.br/sigaa/public/docente/producao.jsf?siape=1714440>. Acesso em: 19 set. 2009. 240 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN SILVA, Maurício Corrêa da. Uma abordagem dos reflexos contábeis decorrentes do Cancelamento das despesas públicas dos restos a pagar da União. 1999 – 2003. 2005. 95f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2005. SINFO. 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Assim para compreensão dessa realidade, o presente estudo considera que as relações sociais e políticas do desenvolvimento necessitam de um esforço teórico continuo para construir a percepção das relações existentes entre as nações, regiões, estados, governo, empresas e população dentre outros atores sociais e econômicos. Tais percepções originam macro e micro leituras do real. Nesse sentido, o artigo considera teorias macros sociais tais como a desenvolvida pela Comissão Econômica para a América Latina - Cepal, perpassa pelas relações das regiões Brasileiras, bem como discute aspectos ambientais da entropia e sintropia do ambiente. Sendo assim, a discussão neste ensaio teórico tem o objetivo de situar o desenvolvimento da Amazônia frente às relações internacionais e inter-regionais. Em busca desse objetivo o ensaio traça um dialogo entre as teorias cepalinas e de ilhas de sintropia visando contextualizar a Amazônia na macro estrutura da globalização. A nível metodológico, como o título sugere, trata-se de um ensaio teórico, onde se discute ao menos duas teorias sociais à luz da compreensão do desenvolvimento da Amazônia. As discussões apontam, entre outros resultados, que a Amazônia a nível macro é intensamente penalizada, primeiro sob o prisma econômico, por se localizar em um país na dicotomia centroperiferia, periférico e dentro do cenário nacional, ao analisar as desigualdades inter-regionais, também por estar em posição desvantajosa e dependente das regiões sul e sudeste do país. Quando se considera o aspecto ambiental verifica-se que a região Amazônica atua como ilha de 241 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN sintropia exportando para contribuir com a balança comercial (minérios) e como importadora de entropia recebendo atividades poluentes de grande impacto ambiental negativo. Palavras-chave: Ensaio; Teorias; Desenvolvimento; Amazônia; Cepal. 1 INTRODUÇÃO A discussão ora apresentada objetiva situar o desenvolvimento da Amazônia frente às relações internacionais e inter-regionais. E como objetivos específicos visa identificar a inserção da Amazônia na teoria desenvolvida pela Comissão Econômica para a América Latina; verificar a aplicabilidade da na teoria desenvolvida pela Comissão Econômica para a América Latina no contesto regional brasileiro e relacionar a teoria cepalina com a teoria de ilhas de sintropia. Para tanto busca responder a problemática de como as teorias cepalina e de ilhas de sintropia percebem a Amazônia em um cenário inter-regional, nacional e internacional? E em busca dessa resposta traça um dialogo entre as teorias cepalinas e de ilhas de sintropia visando contextualizar a Amazônia na macro estrutura da globalização. O Brasil foi inserido no cenário internacional a partir do sue descobrimento, todavia a exploração em seu território não se deu de forma uniforme, sendo colonizado inicialmente as regiões litorâneas e, somente em momento posterior a Amazônia brasileira passou a ser importante no cenário internacional. Assim, a para compreender como ocorreu tal inserção mister considerar que as relações sociais e políticas do desenvolvimento necessita de um esforço teórico continuo para construir a percepção das relações existentes entre as nações, regiões, estados, governo, empresas e população dentre outros atores sociais e econômicos. Tais percepções da realidade originaram macro e micro leituras do real. O artigo considerará algumas teorias macros sociais tais como a Cepalina, perpassará pelas relações das regiões Brasileiras, bem como os aspectos ambientais da entropia e sintropia do ambiente. Em ultima análise perpassaremos pelas teorias alhures citadas em busca do estabelecimento de um desenvolvimento local que para Buarque (2006, p.25): pode ser conceituado como um processo endógeno de mudança, que leva ao dinamismo econômico e à melhoria da qualidade de vida da população em pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos. Para ser considerado sustentável, o desenvolvimento local deve mobilizar e explorar as potencialidades locais e contribuir para elevar as oportunidades sociais e a viabilidade e competitividade da economia local; ao mesmo tempo deve assegurar a conservação dos recursos naturais locais. Não obstante a teoria de cepal não tenha essa preocupação com o meio ambiente ao a qualidade de vida da população, posto que visa a industrialização e melhoria em indicadores 242 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN econômicos, entendemos ser necessário perpassar pela teoria cepalina em busca da construção de novos desenhos e arranjos para o desenvolvimento sustentável e local. As correntes alhures mencionadas nos fornecem uma nova leitura para classificar o mundo, em oposição à anteriormente realizadas que dividiam o mundo em países de primeiro, segundo e terceiro mundo, em nações desenvolvidas e subdesenvolvidas, ou em desenvolvidas e em desenvolvimento, em países capitalistas e socialistas. Tais classificações não fornecem uma leitura da realidade atual significativa, ou por basearem-se em modelos de produção capitalista e socialista, onde o segundo desapareceu, ou por consideraram o desenvolvimento de forma linear quando compreende o desenvolvimento como um caminho natural a ser trilhado pelas nações em desenvolvimento. Ocorre que as condições históricas em que o capitalismo se desenvolveu são distintas se comparamos entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, os fatores propulsores da mudança e que motivaram a expansão do capitalismo se modificaram, e tal leitura de mundo não é capaz de responder ao contexto social, político e econômico que ora se apresenta no cenário mundial. Como resposta a este novo arranjo macro econômico, social e político desenvolvidas pela Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), inaugurando uma nova interpretação para as relações existentes entre os países de economia avançada e os latino americanos, calcado na divisão centro e periferia. Influenciando sobre maneira o Brasil nos anos 50, com o desenvolvimento de uma política econômica intervencionista com fito ao desenvolvimento. (Mantega, 1995) No contexto internacional ocorreu a crise de 1929, colocando em cheque o modelo econômico fundado no liberalismo, surgindo uma nova corrente econômica no seio da própria economia econômica burguesa, defendendo uma maior intervenção do Estado no domínio econômico, posto que, a concorrência operada no seio capitalista não era tão perfeita como julgavam os neoclássicos, desenvolvendo-se a teoria da concorrência imperfeita por Piero Sraffa, Joan Robinson e Edward Chamberlin, e principalmente a teoria Keynesiana que propagava a necessidade de atuação do Estado enquanto agente direto de produção, orientando a estrutura econômica para uma produção mais equilibrada. (Mantega, 1995) Em âmbito nacional tal discussão surge nos anos 30, se intensificando em 40, entre dois personagens de maior destaque Roberto Simonse, empresário, líder da Federação das Indústrias de São Paulo, e como representante da indústria nascente, seu projeto feria o menos possível os interesses econômicos das oligarquias agroexportadoras, propondo modificações na esfera das atividades econômicas, deixando praticamente intocada as instituições políticas do país; e noutra ponta, Eugenio Gudin, professor de Economia, diretor das empresas estrangeiras de serviço, defendendo o liberalismo. (Mantega, 1995) O intervencionismo encontrou forte ressonância na classe média urbana, forças armadas, e não excluiu os setores agroexportadores. Todavia, instaurou-se o populismo no país e na era Vargas o governo revertia-se de uma aura populista, enquanto os ministérios executavam uma política capitalista. 2 DISCUSSÃO TEÓRICA 243 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O pensamento cepalino centra-se na dicotomia centro-periferia, explicar o atraso da America Latina em relação ao centro desenvolvido, fundamentalmente na assertiva de que a troca comercial entre esses dois pólos será sempre desvantajosa para a periferia, que fornecerá produtos primários para o mercado internacional, recebendo produtos industrializados do centro. Questionando assim, a divisão internacional do trabalho, bem como a crença de que naturalmente os países subdesenvolvidos passariam a categoria de desenvolvidos, como uma evolução linear e um processo natural. Para a CEPAL os países periféricos da America Latina estavam amarados pela falta de dinamismo de suas estruturas produtivas, fundada em produtos primários, com pouco desenvolvimento industrial ou tecnológico, e teleguiados pelos mercados consumidores do centro (MANTEGA, 1995, p. 36). E, no intercambio de mercadorias os países centrais sempre obtém vantagens, provocando a deterioração dos termos de intercambio da periferia. Ensejada por dois fatores principais quais sejam: a demanda de bens industrializados tende a aumentar mais que a de produtos primários e a pressão sindical por salários no centro, que tende a elevar o preço do produto. (RODRIGUEZ, 1981) (Mantega, 1995) A partir do exposto a solução apontada para conter tal desvantagem é a ação do Estado de forma intervencionista centrada na industrialização, realização de reforma agrária, o Estado deve atuar como promotor do desenvolvimento, planejando uma nova estrutura econômica nacional. Devendo substituir produtos industrializados importados por nacionais. Todavia, tal processo seria ancora por capital estrangeiro, que deveria contribuir para a indústria de bens de capital. A deterioração dos termos de intercâmbio entre o centro é a periferia é evidente, pois o comércio só seria benéfico se fosse realizado entre países com grau semelhante de desenvolvimento. Posto que os bens gerados pelas economias centrais se tornam mais caros e mais competitivos do que os produtos fabricados pelas economias periféricas. Dessa forma, as economias periféricas teriam que desembolsar quantia cada vez maior de produtos primários, às economias centrais. (RODRIGUEZ, 1981) Segundo a Teoria Cepalina, a divisão internacional do trabalho, provoca uma disparidade crescente entre países centrais e periféricos, sugerindo aos últimos uma industrialização planejada – substituição de exportações e exportação de manufaturas, pois assim tenderia ocorrer uma redução em suas relações comerciais com os países centrais, o que acabaria por viabilizar seus processos de desenvolvimento. Portanto, a analise cepalina chega ao cabo que não é o modelo econômico adotado capitalista ou socialista que conduz ao desenvolvimento, estando o débito do subdesenvolvimento fulcrados nos latifúndios arcaicos, sendo o subdesenvolvimento produto da ausência do capitalismo. (MANTEGA, 1995) Não há preocupação com a distribuição da riqueza, com as condições de vida da população, a análise de cunho econômico esta preocupada com as macroestruturas com as relações entre os países, não havendo uma nítida preocupação social ou com as desigualdades inter-regionais. E, ainda para Mantega a explicação da relação dos preços dos produtos fornecidos pelos países do centro não considera a atuação dos grandes monopólios que para o autor são decisivos na formação do preço 244 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A distribuição da riqueza como consequência do desenvolvimento do capitalismo é citada por Myrdal (MANTEGA, 1995) (RODRÍGUEZ, 1981) considerando que conduziria a um “estado de Bem estar social”, como resultado do conflito social, que conduziria a comunhão de interesses. Em outras palavras, haveria a distribuição de riqueza. Ocorre que tal distribuição não se deu em conformidade com o pensamento de Myrdal, havendo uma grande desigualdade social e regional. Para Monteiro (2006), quando realiza uma análise regional a regra é que o a expansão do sistema de produção tende a concentração, desde a revolução industrial, sendo que no Brasil a região aglutinadora foi a sudeste, em decorrência do ciclo do café e posteriormente da industrialização, principalmente a automobilismo com o governo de Juscelino Kubitschek,resultando em efeitos negativos de disparidade inter-regionais, e de forma positiva atua como propulsora do desenvolvimento nacional. Monteiro (2006) retoma o percurso histórico que gerou o quadro atual da desigualdade, com os seguintes Recortes temporais: 1947-1969: industrialização acelerada, elevada desigualdade interestaduais e inter-regionais; 1959: criação da SUDENE visando um desenvolvimento equitativo; 1970: FINOR (Fundo de Investimento do Nordeste), FINAM (Fundo de Investimento da Amazônia) administrado pela SUDAM (Superintendia da Amazônia); 1970-1985: período de desconcentração da atividade produtiva, com elevada intervenção estatal; 1986 – 2006: índices estáticos, com períodos de ascensão e diminuição da concentração. Afirmando, ao fim da análise quantitativa que a intervenção estatal atual no período de 19701985 principalmente com investimentos e ofertas de crédito, provocando uma diminuição das desigualdades inter-regionais. Atualmente, considerando o quadro da desigualdade, as disparidades inter-regionais diminuem mais que as inter-regionais; bem como as desigualdades inter-regionais estão aumentando no Norte, Nordeste e Centro-oeste. Enquanto no Sul e Sudeste a desigualdade não é ampliada. Monteiro (2006) aplicando os Teste de Kuznets, este indica que primeiro ocorre um processo de concentração de rendas per capita e depois ocorreria a desconcentração da renda per capita. A maturidade econômica (consolidação industrial e diminuição dos setores agrícolas no PIB), naturalmente causaria a desconcentração. O teste de Kuznets coaduna com a análise de Myrdal que culinária com a distribuição da riqueza. Há de se questionar se efetivamente a desconcentração de riqueza ocorreu no Brasil, utilizando-se o indicador da renda per capita tal indicativo não é valido, esse o crescimento das regiões periféricas não ocorreu como previa os autores. Para Monteiro o Teste de Kuznets pode ser adotado para o período de 1960-1989, em decorrência da maior intervenção estatal, não podendo ser utilizada para o período de 1990-2002. Pois os sinais de convergência tendem a um enfraquecimento desde meados dos anos 80; e nos anos 90 a tendência recessiva, perda do ímpeto expansionista, e a crise da intervenção governamental, com a diminuição de investimentos para minimizar as desigualdades inter-regionais. Para Monteiro (2006) a desconcentração das atividades não ocorre de forma natural, como uma tendência econômica, sendo mister a intervenção do Estado. Nesse sentido, destaca as Medidas do Estado desenvolvimentista, quase sejam: a regulamentação dos espaços de produção privada; administração da política de rendas; produção direta de bens econômicos e a elaboração de políticas setoriais de estimulo à atividade produtiva. 245 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Tal percepção de estado é antagônica as tomadas pelo Estado liberal, que orientou o desenvolvimento do Estado nas duas décadas, que busca a diminuição da regulação sobre a atividade empresarial privada; redução da capacidade efetiva de renda, minimização das políticas regionais e setoriais, restrição sobre os dispêndios à intervenção estatal na administração pública da economia, gerando a crise da intervenção governamental na questão regional. (MONTEIRO, 2006) Contextualizada com aatuação do FMI (Fundo Monetário Internacional), diminuição da máquina estatal, crise fiscal e Plano Real. No período pós-1990 a proposta para a crise era controlar o endividamento público, privatizar empresas estatais e abrir o comercio nacional, e capitação de investimentos externos para impor novo ciclo de crescimento econômico. Todavia, os resultados desapontadores, taxas inferiores às obtidas nos anos 80. (MONTEIRO, 2006) Como corolário da adoção deste modelo o Estado perde a autonomia, pois os modelos os instrumentos para crescimento econômico são externos, a um decréscimo dos investimentos públicos, que no período de 1970-1985 o investimento público foi um dos elementos mais importantes para a formação do capital na economia brasileira. Todavia, a partir de 1980 a queda de investimento ocorreu em todas as regiões com efeitos deletérios para o crescimento do PIB total e per capita. Conforme os postulados desenvolvidos por Monteiro (2006) conclui-se que a política nacional visando à macroeconomia conduziu ao enfraquecimento dos governos estaduais, e a atuação em suas economias; Contrariando as previsões da macroeconomia a mera diminuição nos gasto de investimento do governo não conduziu ao aumento dos investimentos privados. No que novamente se impõe a Importância dos investimentos públicos que entre 70-90 as estatais investiam mais que a administração direta, perdendo, entretanto, importância na ultima década com as privatizações. O desenvolvimento regional também pode ser impulsionado pela oferta de crédito, e no que concerne a oferta de crédito destacas como fontes: BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social); Superintendência do desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), Superintendência do desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) (FNO, FCO- até 1% do PIB regional) e Fundo de Investimento do Nordeste (FINOR) FNE/, Fundo de Investimento da Amazônia (FINAM) e Fundo de Investimento do Espírito Santo (FUNRES) – Extintos pelo Governo de Fernando Henrique Cardoso; Crédito rural (em grau de importância: Bancos federais, estaduais, privados e cooperativas) e Crédito habitacional. Para Monteiro (2006) quando analisados desde 1947-2006 ocorreu um Aumento da importância do BNDES (externo), política agrícola e habitacional, enquanto aos instrumentos regionais FNO, FCO e FNE; FINOR (Nordeste e semiárido de Minas Gerais), FINAM (Amazônia) e FUNRES (Espírito Santo), representam patamares inferiores a 10% do PIB e vem perdendo a importância, pois há um declínio da intervenção dos anos 70 e 2000, no país e nas regiões. Exceto para região Norte. Bem como, o efeito de impulsionar o crescimento através de créditos governamentais tem sido diminuído nos últimos 30 anos; ocorrendo redução de atuação visando diminuir as disparidades regionais. Em contraste com a carência da oferta de serviço público, que é feita de forma desigual, criando maior necessidade de atuação regionalizada. 246 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN E no que tange a oferta de credito entre as regiões conclui: Região centro oeste: superior a média nacional, melhores níveis; Região sudeste: superior a média nacional; Regiões Norte e sul, posição intermediaria e Região Nordeste, pior média. Em termos de renda per capita as regiões norte e Nordeste recebem menos recursos públicos que as demais. Ao final Monteiro (2006) conclui que a adoção do estado liberal e a inserção no mercado internacional e a diminuição da intervenção estatal, não foi capaz de elevar a taxa de crescimento a níveis satisfatórios. Bem como, a estabilidade econômica não trouxe crescimento econômico, tão pouco o dinamismo a economia como um todo, tão pouco diminuiu as desigualdades interregionais. A desconcentração ocorreu de forma mais contundente até 1985, e o plano real e as posteriores reformas não tem permitido a reativação de mecanismos para o enfrentamento das desigualdades entre as regiões. Os investimentos de 90 não foram suficientes para gerar uma trajetória de crescimento no país (abaixo de 1980). Portanto, os investimentos públicos direto perderam seu papel de ativador do crescimento regional e não foi substituído pelo investimento privado, o credito público não compensou a queda de investimento governamental, e nas fontes de crédito a política regional perdeu importância. Monteiro (2006) faz uma análise econômica demonstrando que a intervenção do Estado é decisiva para a diminuição das desigualdades inter-regionais, posto que a tendência prevista por Myrdal e pelo Teste de Kuznets, não prepondera, posto que na realidade ocorre o inverso, existe uma tendência a concentração das atividades econômicas. Tal tendência de concentração conduz a perpetuação da dicotomia centro-periferia dentro do país, reproduz internamente a ótica cepalina do comercio entre as nações e da tendência a concentração de riqueza. A solução apresentada pela Cepal, modificando a tendência macroeconômica perpassa pela adoção para dos países latino americano de um estado Intervencionista. Monteiro (2006)analisando as desigualdades inter-regionais apresenta a mesma solução, de que os investimentos estatais são extremamente importantes para a diminuição das desigualdades entre as regiões. Até aqui, tratamos do crescimento econômico, tendo como variáveis aspectos econômicos das relações entre os países centrais e periféricos e entre as regiões. Todavia, as abordagens pontuadas desconsideram e secundarizam aspectos ambientais, posto que a industrialização seja o modelo indicado pelas teorias cepalinas e na tese de Monteiro (2006). Todavia para Leff (2003, p. 16) “a crise ambiental e a crise de nocco tempo”,” a crise ecológica atual pela primeira vez não é uma mudança natural; é uma transformação da natureza induzida pelas concepções metafisica, filosófica, ética, cientifica e tecnológica do mundo” (LEFF, 2003, p. 19). Feita tais observações confrontaremos outro enfoque que considera o caráter ambiental, no que tange a análise de entropia e sintropia, realizada por Altaver (1993), afirmando que os agentes econômicos (mercado) tendem a evitar custos privados, transferindo - os para a sociedade como custos sociais, tais custos são chamado pelo autor de externalidades negativas, podem não ser perceptíveis de duas maneiras, quais sejam, quando a capacidade de assimilação do ambiente é suficiente para absorver o dano; ou quando os atores que recebem esse dano não pertencem a esse mercado, havendo a transferências da externalidade para outra fronteira nacional. Para Altaver (1993) a relação hierárquica existente no mercado global entre sistemas transnacionais ou nações que se reproduzem no modo de funcionamento do mercado mundial 247 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN influencia a produção e disseminação dessas externalidades, que tornam-se uma opção estratégica das economias nacionais, seja por meio de alívio de custos, seja para aumentar o bem estar social dos mercados. Altaver (1993) classifica dois tipos de internalização dos mercados mundiais a pilhagem do depósito de recursos e os danos aos recursos. Para compreender tal processo utiliza o conceito de sintropia e entropia, o conceito de Sintropia é contrário e inversamente proporcional ao de entropia. Em que Sintropia “designa o estado de coisas de um sistema fechado de alta ordem” (Altaver, 1993, p. 09). As “ilhas de sintropia” são partes do nosso planeta onde os recursos necessários ao nosso desenvolvimento estão agrupados de maneira ordenada e em abundância, facilmente acessíveis ao uso humano, são esgotáveis, em razão das limitações temporais e espaciais de nosso planeta, sendo também incompatíveis com os modos de produção acelerados da atualidade, o que implicará que outras gerações não poderão utilizar esses recursos se forem mantidos os mesmos níveis de desenvolvimento atual. Enquanto o conceito contrário, a Entropia, representa a ruptura dessa ordem, seja pela retirada desses recursos, seja pela perturbação ao ambiente proveniente dos danos causados. Destaca, que o Fordismo Fossilístico (recursos fósseis, como o Carvão e petróleo) que floresceu nos Estado Unidos, racionalizando o processo de trabalho, e de sua organização, ampliando o mercado consumidor, pois visava possibilitar o poder de compra do trabalhador. Ao final conduz ao antagonismo, pois o aumento da produtividade somente poderia acontecer se aumentam também os insumos energéticos, além disso, deve existir também a possibilidade de emitir os rejeitos provenientes do processo produtivo. Ora, assevera que o grande paradoxo do sistema fordista está na utilização de recursos fósseis, e portanto não renováveis, ao contrário dos sistemas produtivos anteriores, que usavam principalmente reservas biológicas. (ALTAVER, 1993) Nesse sentido a sociedade industrial, principalmente o modelo fordístico, é intensivo utilizador de recursos fósseis, devendo, portanto, recorrer às ilhas de sintropia do mundo, bem como evacuar a sua entropia, visto que é o modelo da sociedade do “bem-estar” dos países desenvolvidos. E, para manter esse ideário utilizam as ilhas de sintropia de outros continentes, em países de economia basicamente extrativa. Surgindo assim, a economia globalizada incluindo as de matérias primas e energia, em que o desenvolvimento se torna elemento de conexões globais em razão da base fóssil do processo industrial. E, tal quais as conclusões Cepalinas, gera dicotomia, poisenquanto os países industriais continuaram a experimentar o estado de “bem-estar”, as economias extrativas tiveram baixas nesse aspecto. Desenvolvendo-se uma interdependência desigual, visto que a tendência à especialização manteve por um lado, os países de economia industrializada, e os países baseados em uma economia produtora de matérias primas. Para Altaver (1993) quatro fatores contribuem para o desenvolvimento favorável dos países industriais. Quais sejam: 1 - O REGIME “NIMBY” (“Not in my backyard”), que se refere a produção de entropia pelos países industrializados. As emissões são muito mais significativas nesses grupos, pois emitem mais Rejeitos gasosos (compostos de carbono (CH4 e CO2) e outros gases que contribuem para o aumento do efeito estufa, não obstante tenham tecnologia para minimizá-lo) e Rejeitos líquidos e sólidos (podem ser removidos do local de origem, lançados no mar, o lixo sólido são transportados para os países menos desenvolvidos, as empresas transnacionais instalam suas atividades mais poluentes nesses países). 248 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Nascendo assim uma nova forma de colonização, não mais somente econômica como propunham os Cepalinos, porém ecológica. Após séculos de pilhagem de recursos em outros continentes chega o momento que os países industrializados transformam os países menos desenvolvidos em depósitos dos seus rejeitos. Sendo que os países latino-americanos são importantes, não somente como ilhas de sintropia, mas agora também como importadores de entropia. Para os países menos desenvolvidos a redução da sintropia (aumento da entropia) significa redução da “ordem”, não só ecológica, mas toda uma desestabilização social, e uma ordem tradicional caem na desordem, e isso afeta também os setores político e econômico. Não obstante tais explicações ecológicas os países menos desenvolvidos possuem interesse econômico na importação do lixo: necessidade de divisas e geração de emprego, aceitando as internalizações negativas dos custos globais do fordismo por compensações monetárias. (Altaver, 1993) Stephen Bunker (in Altvater, p. 35-36) analisa o subdesenvolvimento da Amazônia define o sistema econômico da Amazônia como um “modo extrativo’ de exploração de recursos naturais com a finalidade de sua mercantilização (transformação em dinheiro no mercado mundial)”. Para Altvater (1993), da mesma forma que na analise cepalina, as relações comerciais também são desfavoráveis para os países que fornecem materiais primas, posto que, na realidade ocorre a dependência dos exportadores de matérias primas ocorrem por quatro fatores: as condições estruturais dos exportadores dos recursos, formação do comercio internacional, fatores técnicos e como resultado do sistema financeiro internacional. As condições estruturais, posto que as economias extrativas baseiam-se em elevadas perdas de seus recursos energéticos. Esses recursos fluem diretamente para as economias industrializadas, impedindo que sejam investidos na formação de infraestruturas e organizações sociais complexas. Bem como, a soma de valores obtidos pela venda de matérias primas é insuficiente para pagar o aumento da entropia que ocorre nesses locais e que destrói os sistemas naturais regionais, adicionados à necessidade de consumirprodutos industrializados, e pagar dívidas provenientes dos financiamentos mundiais (BM, FMI), consequentemente as economias extrativas têm que produzir cada vez mais matérias primas, promovendo assim um ciclo de destruição. Concluiu, ao final que nessas condições a riqueza de matérias primas pode se tornar um entrave para o desenvolvimento. Tomando como exemplo o Estado do Para conforme dados do Sistema de informação do Estado temos: A produção industrial em 2010 foi fortemente associada ao aquecimento do mercado externo, principalmente no que diz respeito à demanda por insumos minerais e ao aumento de preços dos produtos (commodities) no mercado internacional. Quatro das seis atividades pesquisadas apontaram crescimento, com destaque para a atividade extrativa mineral (Ferro) com 18,8%. (Mapa da Exclusão social, fls.4). A indústria de transformação também cresce lentamente, baseando-se ainda em recursos naturais, com pouca transformação e agregação de valor. O aumento da produção da indústria de transformação foi moderado de 1,7%, mas o avanço neste setor foi marcado pelos acréscimos dos minerais não metálicos 24,7% (cimento portlande caulim beneficiado) e da indústria de alimentos e bebidas 9,9%, impulsionado pelos itens refrigerantes, cervejas e chopes. No sentido inverso, os setores 249 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN com taxas negativas foram: a indústria madeireira (-9,8%) e metalurgia básica (-2,2%) pressionada pela menor fabricação de oxido de alumínio e alumínio não ligado em forma bruta. (Mapa da Exclusão social, fls.5) Os fatores técnicos, posto que nos países industriais a matéria prima está sendo substituídas por materiais sintéticos. Sendo que essa possibilidade de substituição gera pressão em relação ao preço dos insumos nas economias menos desenvolvidas; que conduz a ampliação da extração com a ampliação da oferta e consequente aceleração da entropia, que acarreta efeitos desintegradores sociais, econômicos e políticos. A formação do comércio internacional, pois a forma de colonização de caráter monocultural das economias extrativas introduzida pelos espanhóis na América Latina, tornaram os ecossistemas locais bastante frágeis, ademais o mercado, através do protecionismo alfandegário, privilegia os produtos industrializados, na medida em que quanto maior o processamento do produto maior será o seu valor. No Estado do Pará, principal exportador da região, e o segundo do pais, temos um elevado superávitprimário baseado na exportação de minérios, conforme detalhado abaixo: O superávit comercial da Pará totalizou US$11,68 bilhões em 2010, de acordo com estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O acréscimo anual de 54,78% foi consequência dos aumentos respectivos de 53,81% e 44,48% nas vendas e nas compras externas, que totalizaram, na ordem, US$12,84 bilhões e US$1,15 milhão, respectivamente, alcançando o melhor saldo da Região Norte e o segundo melhor saldo no ranking entre as unidades da federação. As exportações ainda encontram-se concentradas, com aproximadamente 73,18% somente nos quatro maiores produtos minerais, sendo - o minério de ferro (52,6%), alumina (10,31%), alumínio (7,29%) e Ferro Fundido Bruto (2,98%) – que é uma vocação natural do Estado do Pará. Outra contribuição para as exportações foi à venda de bois vivos, que evoluiu de US$ 409.598.806 em 2009, para US$ 618.206.808, em 2010, crescimento de 50,93%, sendo o quinto maior produto exportado. Os principais países que demandaram os produtos paraenses foram a China (29,83%), Japão (10,83%), Estados Unidos (6,16%), e Alemanha (6,38%) (Mapa da Exclusão social, fls.7). O sistema financeiro não contribuiu para a transferência de tecnologias dos países industrializados para os demais, assim, as relações de troca desiguais e a abertura do sistema mundial de crédito e divisas, que promoveram o “ciclo da dívida” fez com que a cultura fordística e os modernos sistemas de transformação de matérias primas não adentrassem as economias menos desenvolvidas. Portanto, os conceitos de centro periferia, que tomam como base critérios econômicos, tais como o nível de industrialização e o saldo nas balanças de exportação, pode ser utilizado para uma leitura das desigualdades inter-regionais, na medida em que a industrialização é um fator preponderante para as exportações, regiões como a Amazônia, permanece na noção centroperiferia, como periferia das regiões sul e sudeste, fornecendo commodities para exportação. Recortando para uma realidade do Estado, não obstante seja o segundo Estado em volume de exportação o Pará ainda tem o PIB per capita que representa aproximadamente 50% do PIB 250 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Nacional, refletindo o baixo nível de produtividade da economia paraense (Mapa da Exclusão social, fls.18). Assim, apesar da Região do Carajás possuir o PIB per capita mais elevado no período de 2006 a 2008 destaca-se também como a que mais evoluiu em termos de concentração no mesmo período, evidenciando que nem sempre o crescimento econômico conduz à redução na desigualdade. Regiões 2006 Coeficiente de Gini 0,76 0,41 0,62 2007 Coeficiente de Gini 0,76 0,40 0,61 2008 Coeficiente de Gini 0,77 0,38 0,60 2007 PIB per capita (R$) 7.006,81 7.060,97 5.526,82 2008 PIB per capita (R$) 7.992,71 7.152,20 6.471,28 Pará Araguaia Baixo Amazonas Carajás 0,74 0,74 0,78 Guamá 0,57 0,57 0,59 Lago de 0,61 0,62 0,63 Tucuruí Marajó 0,31 0,32 0,30 Metropolitana 0,69 0,68 0,68 Rio Caeté 0,50 0,51 0,50 Rio Capim 0,43 0,44 0,46 Tapajós 0,51 0,50 0,49 Tocantins 0,70 0,68 0,68 Xingu 0,42 0,43 0,43 Tabela 1 – Coeficiente de Gini do PIB para o Estado do Pará e Regiões de Integração – 20062008 Pará / Regiões de Integração. Fonte: Mapa de exclusão social, 2010. Região 2006 PIB per capita (R$) 6.240,05 6.865,51 5.047,46 Pará Araguaia Baixo Amazonas Carajás 14.339,92 14.983,47 23.281,48 Guamá 3.139,46 3.816,64 4.055,20 Lago de 8.603,50 10.573,52 10.946,67 Tucuruí Marajó 2.273,24 2.537,10 2.647,22 Metropolitana 7.507,78 8.613,43 9.354,79 Rio Caeté 2.633,29 3.082,91 3.311,27 Rio Capim 3.724,52 4.429,19 4.794,48 Tapajós 3.409,86 3.847,80 3.876,68 Tocantins 8.122,66 8.483,62 8.612,99 Xingu 3.629,99 4.384,64 4.567,00 Tabela 2 – PIB per capita, a Preços de Mercado Correntes, segundo Regiões de Integração 2006/2008 Pará / Regiões de Integração Fonte: Mapa de exclusão social, 2010 251 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Pelos dados trazidos na tabela depreende-se que os indicadores econômicos do estado são positivos, todavia ainda mantem-se índices de desigualdade extremamente altos, sendo um entrave para o desenvolvimento regional. Ademais os conceitos de sintropia e entropia, que são utilizados para uma leitura macro considerando os estados-nações, também lêem as realidades inter-regionais, em que a Amazônia exporta sua sintropia e recebe entropia das outras regiões como as hidrelétricas, empresas mineradoras e eletro- intensivas. 3 COMENTÁRIOS FINAIS Considera-se, portanto, que a região Amazônica em uma analise macro é duplamente penalizada, primeiro por uma analise econômica, por localizar-se em um país na dicotomia centro-periferia, periférico, e doutra banda por dentro do cenário nacional analisando as desigualdades inter-regionais também estar dependente das regiões sul e sudeste, em posição desvantajosa. E, quando considerado o aspecto ambiental atua como ilha de sintropia, exportando sintropia para contribuir com a balança comercial (minérios) e importadora de entropia, recebendo atividades poluentes e de grande impacto ambiental. Uma das soluções apontadas perpassa pela compensação de serviços ambientais, (Miller, 1991), pois conforme Ruckelhaus (1989), (in Miller, 1991), pois devesse pagar o custo pleno do uso de um recurso, assim o sistema de mercado se inclinaria à sustentabilidade em longo prazo, por meio de políticas de incentivos ambientais, em outras palavras devesse, portantointernalizar as externalidade. Em nosso entendimento um dos indicativos dessa proposta pode ser realizado pelo nascente mercado de carbono. Outra solução é a ajuda econômica por meio de empréstimos bi e multilateral, a trocas de dívida em troca da conservação da natureza, instituição de fundos especiais, bem como, os financiamentos às pesquisas científicas e a assistência técnica e político-institucional aos emergentes, o estabelecimento de cotas ambientais a nível internacional, a adoção de política econômica visando baixar as taxas de juros reais a 2% ou menos, a Inversão do fluxo de capitais: dos “ricos” aos “pobres”, redução das barreiras não alfandegárias impostas pelos hegemônicos; e elevação dos preços das mercadorias dos emergentes. (Miller, 1991) A atuação estatal com os investimentos e financiamento para a região que foi diminuída com a adoção do estado liberal havendo crescimento das desigualdades inter-regionais (Monteiro, 2006). Dessa forma, para Buarque (2006,23) o Estado terá que reforçar sua atuação precisamente nas áreas em que o mercado não é eficaz como regulador espontâneo da econômica, em médio e longo prazo, precisamente nas dimensões social e ambiental e nos segmentos estratégicos de lenta e limitada rentabilidade. Outra proposta seria a atuação da sociedade civil, que não foi apontada como ator social na análise cepalina, que poderia com fundamento na ação coletiva contribuir para a construção de ordenamento jurídico que criasse mecanismos compensatórios para a região e proibição de algumas atividades, tais como a exportação de entropia. “Na sociedade contemporânea, as organizações são os meios fundamentais para realizar as ações coletivas” (...) “faltando a concordância substancial a cerca da natureza das ações 252 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN colaborativas, é improvável que as ações individuais venham a atender a qualquer coletividade superior”, portanto, requerem a atividade de organizações (Egri, Pinfield, p.386-347), A sustentabilidade entre população e recursos deve ser dinâmica e ao mesmo tempo fixa, tanto na dimensão ambiental quanto econômica, política e sociocultural. A “Equidade Intergeracional” enquanto objetivo político: deverá centrar-se em medidas que mitiguem as desigualdades e proporcione um meio ambiente em que haja, no mínimo, trabalho e renda suficientes para permitir a toda humanidade a satisfação das necessidades básicas. (Miller, 1991) Assevera-se ainda a importância da educação e da qualificação dos recursos humanos no novo paradigma deve reforçar a posição de liderança dos países centrais reduzindo cada vez mais sua dependência dos recursos naturais, tendendo manter esse recurso tecnico-proficional em centros de maior atividade. Indicando assim que o aproveitamento dos recursos naturais deverá incorporar massas crescentes de conhecimento e informação contida nos processos, como forma de assegurar sua sustentabilidade (BUARQUE, 2006,21) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTAVER, Elmar. Ilhas de Sintropia e Exportação Custos Globais do Fordismo Fossilístico. Cadernos do NAEA, n. 11, 1993. de Entropia BUARQUE, Sergio C. Construindo o desenvolvimento sustentável local. Rio de Janeiro: Garamond, 2006. EGRI, C. P. e PINFIELD, L. T.. As Organizações e a Biosfera: Ecologia e Meio Ambiente. In: Clegg, S; Hardy, C; Word, W. Handbook de estudos Organizados, São Paulo: Atlas, 1999. Leff, Enrique. A complexidade ambiental: Tradução de Eliete Wolff. – São Paulo: Cortez, 2003. Mapa da exclusão social do Pará: 2010. Disponível em http://www.sie.pa.gov.br/sie/, acesso em 25 de maio de 11. MANTEGA, Guido. A ECONOMIA POLÍTICA BRASILEIRA. Petrópolis: Vozes, 1995. MILLER, Morris. ¿Puede el desarrollo ser sostenible?In: Desarrollo. Revista de la Sociedad Internacional para el Desarrollo, n. 20, 1991. pp. 33-42. MONTEIRO, A.N. Intervenção estatal e desigualdades regionais no Brasil: Contribuições ao debate contemporâneo. Brasília: IPEA, 2006. OLSON, Mancur. Lógica da Ação coletiva. EDUSP. 1999. Capitulo 2: Tamanho do grupo e comportamento grupal. RODRIGUEZ, Octávio. Teoria do Subdesenvolvimento da CEPAL. Rio de Janeiro: Ed Forense-Universitária, 1981. 253 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UM ESTUDO DE CASO NA AMAZÔNIA. RESUMO Os objetivos desta pesquisa são o de: verificar a forma que uma instituição privada incorpora a responsabilidade social aos seus lucros, identificar as ações desenvolvidas e a que público essas ações são direcionadas, averiguar se a responsabilidade social faz parte do processo de gestão da organização e se a prática da responsabilidade social traz algum retorno para a atividade da empresa. Para tanto, foi utilizada a seguinte metodologia: pesquisa descritiva, realizada por meio de entrevista semi-estruturada aplicada à gestão de um laboratório de análises clínicas e um questionário aplicado aos funcionários da empresa, com análise qualitativa dos dados. A trajetória metodológica dividiu-se em três fases, sendo a primeira constituída pela fundamentação teórica da pesquisa. A segunda fase envolve o estudo de caso, sendo apresentados dados da empresa, bem como a apresentação da entrevista feita a um agente da administração composta por um roteiro de cinco questões e do questionário aplicado aos funcionários composto por dez questões. A terceira fase é composta pela apresentação dos resultados obtidos após verificação dos dados levantados nos instrumentos de pesquisa utilizados. Os resultados demonstram o interesse dos gestores em incorporar a responsabilidade social nos negócios da empresa, sobretudo no aspecto das relações internas, pois se encontram ligados aos valores, crenças e atitudes pessoais de seus proprietários assim como se percebe que a gestão das questões sociais está integrada aos planos, estratégias e ações da organização. Palavras-chave: Responsabilidade Social; Estratégia; Gestão. 1. INTRODUÇÃO A sociedade de um modo geral tem cobrado das empresas, sejam elas pequenas, médias ou grandes, uma maior inserção na vida social, tem exigido que elas reconheçam que tem um papel social a desenvolver, afinal de contas as empresas estão incluídas na sociedade em que atuam. Um conceito modernamente aceito diz que a existência das empresas não pode justificar-se exclusivamente pela capacidade que elas demonstrem de gerar lucros a seus proprietários, os empreendimentos de hoje devem buscar a geração combinada de valor econômico e social. Verifica-se que nos dias atuais os agentes sociais têm reivindicado cada vez mais a incorporação dos aspectos sociais nas decisões e ações estratégicas das empresas e empreendimentos econômicos. Garcia (1999) enumera algumas atitudes que as empresas devem adotar nos dias de hoje como práticas da responsabilidade social. Se nos concentrar-mos no ente coletivo chamado empresa, responsabilidade social significa, por exemplo, tratar com dignidade os seus funcionários, fabricar produtos adequados ao que se espera, prestar serviços de qualidade, veicular propaganda 254 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN verdadeira, promover limpeza no ambiente de trabalho, não sujar ruas ou dificultar o trânsito, contribuir para as causas da comunidade, não explorar mão de obra infantil, escrava ou de qualquer forma incapaz de se defender. Age de forma socialmente irresponsável a empresa que não observa esse comportamento. (GARCIA, 1999, p.2). Tinoco (2001) afirma que é interessante para as empresas investirem em programas de incentivo e motivação aos empregados, programas de treinamento, reciclagem e desenvolvimento de pessoal, políticas de benefícios sociais, atitudes de preservação do meio ambiente, entre outros. Investir no bemestar dos funcionários, proporcionarem a satisfação dos empregados pode representar uma variável estratégica para a qualidade dos serviços, traduzindo-se em melhor desempenho operacional e financeiro para a empresa. O consumidor de hoje está cada vez mais consciente e seletivo, principalmente na hora de comprar um produto ou contratar um serviço, no sentido de saber qual o grau de responsabilidade social que aquele produto ou serviço possui, tem levado em conta critérios referentes às práticas empresariais, os consumidores estão atentos quanto à postura exercida pelas empresas nas questões relacionadas a responsabilidade social. Esta pesquisa visa levantar os motivos que levam a empresa Laboratório “ABC” a adotar políticas de responsabilidade social. A escolha do tema está ligada à questão da evidência do assunto. Para a sociedade o tema é importante pelo fato desta cada vez mais pressionar as empresas a tomarem uma postura mais responsável em suas ações. Tem exigido também delas uma espécie de prestação de contas a respeito do que estão fazendo no sentido de promover o bem-estar de todos os envolvidos no processo de geração de riquezas das Organizações empresariais. Para a classe contábil o assunto torna-se importante pela força que o mesmo tem ganhado dentro do ambiente empresarial e a contabilidade como ciência que é, deve acompanhar as mudanças as quais se fazem necessárias em quaisquer ambientes onde esta é utilizada, com o intuito de bem atender aos usuários da informação contábil, prestando-lhes uma informação correta e satisfatória aos interesses destes mesmos usuários. O tema adquire importância para o meio acadêmico à medida que ocupa a atenção merecida nas pautas dos debates das instituições universitárias, fato este que ganha maior importância pelo motivo de estar sendo trabalhado num ambiente formador de opiniões, ao passo que as Instituições de Ensino Superior são consideradas incubadoras de conhecimento, alicerçadas no paradigma científico, as quais ocupam um papel decisório na formação da cidadania. Como questão norteadora do trabalho foi proposta identificar quais são os critérios que a empresa Laboratório “ABC” adota para se balizar e investir em políticas de responsabilidade social? Ou seja, quais são os elementos norteadores e/ou motivadores que balizam a tomada de decisão da empresa em promover a responsabilidade social? 255 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Como objetivo geral foi proposto verificar de que forma o Laboratório “ABC” incorpora a responsabilidade social aos seus lucros e se a responsabilidade social é levada em conta no processo de gestão da empresa. Quanto aos objetivos específicos foram delineados os seguintes: identificar quais as ações sociais a empresa desenvolve e a que público essas atitudes são direcionadas, investigar se as atividades desenvolvidas pela empresa fazem parte ou não da estratégia da organização no processo de tomada de decisão, verificar se as políticas e/ou projetos sociais desenvolvidos trazem algum retorno para o negócio da empresa e averiguar se há o reconhecimento dos funcionários, das ações desenvolvidas pela organização tanto no ambiente interno quanto externo. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Discussão Conceitual O tema responsabilidade social possui vários conceitos. Entre os estudiosos do assunto, existem os que defendem a ideia de que a empresa pratica responsabilidade social quando cumpre suas obrigações compulsórias, ou seja, quando obedecem à legislação a que estão sujeitas e cumprem as suas obrigações relacionadas ao pagamento de impostos. Outros autores se posicionam no sentido de que as empresas devem ir além das suas obrigações compulsórias, envolvendo-se também com as questões sociais que fazem parte do entorno onde a organização desenvolve seus negócios. Existe também a corrente que aborda a responsabilidade social como uma maneira da empresa obter vantagem competitiva, defendendo a ideia de que é possível alinhar os ganhos sociais com os ganhos econômicos. Além dos posicionamentos citados acima, existem vários outros usados para definir o tema responsabilidade social. Nessa seção será apresentada uma discussão apenas sobre algumas definições, uma vez que a seara de ideias conceituais é muito vasta sobre o tema. Responsabilidade Social com enfoque gerencial, com ênfase na gestão das relações entre empresa e sociedade. Ao tomar como base o estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sobre empresas, responsabilidade corporativa e investimento social, Tinoco (2001) explica que o conceito de responsabilidade social está associado ao: Reconhecimento de que as decisões e os resultados das atividades das companhias alcançam um universo de agentes sociais muito mais amplo do que o composto pelos seus acionistas. Por este ângulo, a responsabilidade social corporativa, ou cidadania empresarial, representa o impacto das atividades das empresas para os agentes com os quais interagem, ou seja, empregados, fornecedores, clientes, consumidores, colaboradores, investidores, competidores, governos e comunidade (TINOCO, 2001, p. 114). 256 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Segundo Tinoco (2001), as empresas no desempenho das suas atividades alcançam vários agentes com os quais a mesma interage, por este motivo pode-se dizer que uma organização socialmente responsável deve revelar preocupações sociais e ambientais nas decisões que toma. Borger (2001) corrobora a ideia de Tinoco da seguinte forma: O conceito de Responsabilidade Social Empresarial está associado ao reconhecimento de que as decisões e os resultados das atividades das companhias alcançam um universo de agentes sociais muito mais amplo do que o composto por seus sócios e acionistas. Muitas das decisões e atividades dos negócios têm consequência para a comunidade local, para o meio ambiente e para muitos outros aspectos da sociedade. Essas consequências vão muito além do mercado e, portanto, são de interesse de uma sociedade mais ampla que não está diretamente e necessariamente envolvida com uma troca de mercado processada com os negócios. De acordo com a afirmação da autora pode-se dizer que as empresas têm a obrigação de respeitar os direitos e promover o bem estar de todos os agentes afetados pela firma. Entre estes agentes estão todos os que se relacionam de forma direta ou indireta no processo de formação de riqueza empresarial. Desta forma a empresa deve se preocupar com todos os stakeholders. Johnson e Scholes apud Neves (2001, p.46), definem stakeholders como “indivíduos ou grupos que dependem da organização para alcançar seus interesses ou objetivos próprios e dos quais a organização também depende para alcançar suas metas”. A organização no trato da gestão empresarial hoje deve preocupar-se mais com as suas decisões nos negócios, pois tais decisões acabam por afetar um grande número de agentes externos e grupos de interesses. Para Nunes (2006) gestão tem como definição “um conjunto de tarefas que procuram garantir a afetação eficaz de todos os recursos disponibilizados pela organização, a fim de serem atingidos os objetivos pré-determinados”. Em outras palavras cabe à gestão a otimização do funcionamento das organizações através da tomada de decisões racionais e fundamentadas na recolha e tratamento de dados e informações relevantes e, por essa via, contribuir para o seu desenvolvimento e para a satisfação dos interesses de todos os seus colaboradores e proprietários e para a satisfação de necessidades da sociedade em geral ou de um grupo em particular. A responsabilidade social deve ser desenvolvida a partir da gestão da empresa, ou seja, do planejamento e da implementação de ações inerentes ao negócio. Nos dias de hoje atuar com responsabilidade social e ambiental tornou-se premissa essencial às atividades no mundo empresarial. Tal compromisso deve está expresso na missão e visão de negócio, devendo assim compor o seu plano estratégico. O planejamento estratégico é definido por Chiavenato e Sapiro (2004) como “um processo de formulação de estratégias organizacionais o qual se busca a inserção da organização e de sua missão no ambiente em que ela está atuando”. Desta forma a empresa deve adotar políticas estratégicas direcionadas a todos os que colaboram com o seu negócio. 257 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Como exemplos de planos estratégicos que a organização pode manter com alguns dos seus colaboradores podem-se citar: - estratégia de preservação do meio ambiente: ações no sentido de reduzir emissões de poluentes na atmosfera, ampliação da eco eficiência dos processos internos de produção e desenvolvimento e/ou utilização de fontes alternativas de energia; - estratégia voltada aos recursos humanos: adoção de políticas e diretrizes voltadas à segurança e saúde, buscando não somente a segurança das operações e instalações, mas também a integridade física e a saúde de seus funcionários, proporcionarem o desenvolvimento profissional, permitindo ao empregado o seu ingresso nos treinamentos necessários para atingir metas e competências individuais técnicas e de gestão; - estratégia na relação com seus fornecedores: manter uma relação baseada na observância dos direitos humanos, estabelecendo nos seus contratos cláusulas que proíbam práticas de trabalho infantil, trabalho forçado ou medidas como coerção física, mental, hierárquica, abuso verbal, entre outras. - estratégia voltada à comunidade: desenvolvimento e apoio de projetos sociais. As empresas desempenham um papel fundamental dentro da sociedade, por isso devem estar atentas quanto a real contribuição que podem oferecer para assegurar uma sociedade mais justa e a proteção e preservação do meio ambiente. Neste sentido, a alta administração na busca dos objetivos organizacionais, deve orientar a tomada de decisões de maneira que alcance todos os seus colaboradores. Responsabilidade social como forma de trazer vantagem competitiva às empresas Kotler apud Guedes (2005) coloca que uma organização empresarial faz a diferenciação junto à sociedade quando ela, a empresa, trabalha o seu caráter cívico. Nesta afirmativa, o autor argumenta que [...] quando os produtos são considerados similares, as pessoas percebem pouca diferença, como por exemplo, entre uma geladeira General Electric e uma geladeira Whirpool. Como se nota, está ficando cada vez mais difícil criar um diferencial para os produtos e, neste caso, qualquer estratégia para ganhar maior visibilidade de mercado torna – se interessante. Ainda segundo Kotler apud Guedes (2005) se mais consumidores começar a insistir em comprar, por exemplo, um carro mais seguro dos que já existem, então obviamente mais produtores de automóveis passarão a apresentar modelos mais seguros e competirão entre si de maneira direta, ou seja, a idéia é que os produtos, e as próprias marcas, se tornem homogêneas. Uma empresa, portanto, pode conquistar uma diferenciação mais sustentável junto à sociedade, afastando-se das estratégias tradicionais de mercado. Nesta associação entre caráter cívico e responsabilidade social, Kotler amplia a sua argumentação: […] a imagem de uma empresa costuma persistir durante longo tempo. Essas imagens em geral revelam forte carga emocional capaz de criar vínculos com o cliente ou, em caso contrário, afastá-lo. E também pode vir a acontecer que à medida que os produtos forem se tornando mais iguais, a imagem cívica de uma empresa venha a ser um dos mais fortes 258 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN fatores de influência na preferência do cliente e da sociedade em geral. (KOTLER apud GUEDES, 2005, p. 175). De acordo com os argumentos do autor, uma organização empresarial pode obter vantagem competitiva apropriando – se da estratégia da responsabilidade social, cujo desfecho final seria o reconhecimento do público, devido ao comprometimento com as causas sociais, contribuindo, desta maneira, na solução dos problemas que atormenta a sociedade. Garcia (1999) apud Guedes (2005) chama a atenção para o fato de que o acirramento da competição empresarial no mundo globalizado tem levado as empresas a buscarem um diferencial estratégico através da responsabilidade social empresarial. No raciocínio do autor, uma empresa para se enquadrar no contexto da responsabilidade social, tem que atender algumas condições básicas, como: tratar com dignidade seus funcionários, fabricar produtos adequados, prestar serviços de qualidade, veicular propaganda verdadeira, promover limpeza no ambiente de trabalho, não sujar ruas e/ou dificultar o trânsito, contribuir para as causas da comunidade, não explorar mão de obra infantil ou escrava. As empresas - critica Garcia (1999) - que não adotam estes critérios, agem de má fé e de maneira irresponsável e anti social. Para este autor, o fato de as empresas estarem preocupadas com o lado social, se encontra na seguinte justificativa: Dada a larga oferta de produtos e serviços no mundo e todos feitos com tecnologia e materiais semelhantes e com preços acessíveis. A diferença entre ter ou não ter a preferência do cliente ficou mais sutil, especialmente porque o cliente também é parte da mesma comunidade da empresa. Por este motivo, trocar informações a respeito do desenvolvimento das práticas de responsabilidade social, isto é, prestigiando produtos e serviços de empresas socialmente responsáveis, é louvável para toda a sociedade. (GARCIA, 1999 apud GUEDES, 2005, p. 2). Nesta mesma linha de pensamento, o autor reforça: A coletividade quer comprar produtos e serviços de empresas que não poluem e que não fazem propaganda enganosa e que também contribuam para a melhor qualidade de vida das pessoas. Responsabilidade social - encerra o autor - pode ser a diferença entre vender ou não vender, sobreviver ou não sobreviver. Responsabilidade social, portanto, é uma nova estratégia de mercado e quem não tiver esta visão, vai ter dificuldade para se manter num mercado fortemente concorrido e com clientes altamente exigentes (GARCIA, 1999, p. 2). É interessante atentar para as colocações de Garcia (1999), pois este autor tem uma visão múltipla da responsabilidade social. Não apenas chama a atenção da comunidade empresarial para os agentes internos da instituição, como também enfoca de maneira geral o meio pelo qual a empresa 259 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN desenvolve suas atividades. Ou seja, o projeto de responsabilidade social, na percepção do autor, vai além do mero objetivo de cooptar o cliente, mas sobre tudo o sucesso desta estratégia estar no envolvimento e na participação sustentável da empresa em todos os segmentos sociais. Para alguns autores, como é o caso de Melo Neto e Fróes apud Guedes (2005), o exercício da responsabilidade social empresarial está ligado estritamente à gestão eficaz da empresa. De acordo com os autores, a cidadania empresarial pode ser compreendida como um novo conceito decorrente de um movimento social internalizado por diversas empresas e que tem por objetivo conferir uma nova imagem empresarial, principalmente àquelas empresas que se convertem em investidoras de projetos sociais. Estas empresas, ao agregarem valor social à sua imagem, conseguem se afastar das demais e, em última instância, atingem seus diferenciais competitivos. É, contudo, através do exercício da cidadania que uma organização empresarial se diferencia de seus concorrentes mais próximos, porque reforça sua imagem frente ao público em geral, bem como cativa e fideliza a clientela, além de ampliá-la, é claro, Guedes (2005). Para a autora, esta postura empresarial certamente só tem a trazer resultados positivos para a empresa e para todos, funcionários, patrão, comunidade, fornecedores, dentre outros, uma vez que os benefícios se difundem de maneira encadeada, podendo – até mesmo – contribuir para o desenvolvimento de um município e/ou de um Estado. É interessante notar a importância que Neto e Fróes, apud Guedes (2005), dão à questão da responsabilidade social. Na compreensão destes autores, esta pode ser usada não apenas como um mecanismo de crescimento empresarial, mas também pode, dependendo dos elementos de reanimação desta política, ser usada como estratégia de desenvolvimento para determinada região pela qual a empresa está inserida. Além deste efeito, resultado da ampliação da responsabilidade social, esta pode e o que é mais nobre reafirmar os valores sociais corretos para uma sociedade que vive num ambiente desregrado e em intenso conflito social. Rocha e Veloso apud Guedes (2005), ao se aproximarem do pensamento de Neto e Fróes, concebem a responsabilidade social através da fidelização do cliente. Por este viés os autores tecem o seguinte comentário: [...] Para a empresa, fidelizar significa transformar um comprador eventual em um comprador assíduo e que retorna ao estabelecimento com mais freqüência de vezes. Não apenas se adapta como se acostuma e se familiariza com a empresa, inclusive torna-se responsável pela divulgação da empresa, de maneira a criar um relacionamento de longo prazo, estabelecido sobre bases sólidas o suficiente para resistir à pressão de outros ofertantes de mercadorias (ROCHA e VELOSO apud GUEDES, 2005, p.48). Por este enfoque dado por Rocha e Veloso apud Guedes (2005), é de se compreender que um ator, que antes era um simples consumidor, transforma – se em um dos elos da empresa, contribuindo para o crescimento da instituição. Como simpatizante da postura da empresa, o agora “cliente fiel” se sente no dever de promover e socializar a empresa junto às demais pessoas de seu conhecimento, para que possam também se beneficiar da política empreendida pela empresa. 260 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN De acordo com Torres apud Machado Filho (2002), os últimos dez anos podem ser considerados como o período de consolidação da mudança de mentalidade de uma parcela expressiva do empresariado nacional, pois a visão capitalista por necessidade passa a valorizar o lado social. No contexto desta lógica, o agente empresarial tende a buscar maior dialogo com os trabalhadores e maior aproximação com a comunidade, bem como está mais atento aos problemas ambientais e sociais. Oliveira (2002) argumenta que a responsabilidade social vem se transformando numa poderosa vantagem competitiva para as corporações e seus executivos. Participar de ações comunitárias é fundamental para as empresas que quiserem fazer a diferença daqui para frente. Com isso, as organizações adquirem a preferência do consumidor, o respeito dos clientes e a admiração de seus colaboradores. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Utilizou-se a seguinte metodologia no desenvolvimento do trabalho: Gil (1994, p.127) define metodologia da pesquisa como sendo “um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicas para se atingir o conhecimento” A metodologia deste trabalho quanto aos fins de investigação será exploratória, sendo que esta, segundo Yin (2001, p.21): “tem o objetivo de familiarizar um dado fenômeno com uma determinada situação, objetivando compreender o fenômeno”. A pesquisa se deu de forma descritiva, uma vez que envolveu técnicas padronizadas de coletas de dados, onde as ferramentas utilizadas foram o questionário com perguntas fechadas direcionadas aos profissionais pertencentes ao quadro funcional e uma entrevista com o gerente da empresa estudada, no período de 07 a 08 de dezembro de 2009. Quanto aos meios a pesquisa foi realizada através de um estudo de caso, que segundo Gil (1994, p.73) o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos de maneira a permitir conhecimentos amplos e detalhados do mesmo. A pesquisa se deu de forma bibliográfica, onde se buscou como referenciais livros focados no tema responsabilidade social. A pesquisa bibliográfica é definida por Carvalho (2005, p.100) como sendo “a atividade de locação e consulta de fontes diversas de informação escrita, para coletar dados gerais ou específicos a respeito de determinado tema”. Estudo de Caso na Empresa Laboratório “ABC” Essa seção apresenta o estudo de caso realizado no Laboratório “ABC”, atuante no mercado há mais de 48 anos, a empresa desempenha suas atividades no ramo de análises clínicas e patológicas. Histórico da Empresa O Laboratório “ABC” começou suas atividades na década de 60, fundado por dois médicos, ambos patologistas clínicos. Em 1961, o Laboratório começava com a sua primeira unidade no Hospital “CXZ”. 261 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Dispondo inicialmente de uma área de 90m² e contando apenas com 11 funcionários, o laboratório realizava contagens celulares em microscópio, testes de gravidez em sapos e dosagens bioquímicas, utilizando as técnicas manuais disponíveis na época. Hoje são onze unidades de atendimento, sendo seis na grande Belém, uma em Paragominas, outra em Castanhal, outra em São Miguel do Guamá e a mais recente em Bragança. Atualmente o Laboratório conta com o apoio de mais de 200 colaboradores, realiza cerca de 100 mil exames mensais, mas possui capacidade para realizar mais de 120 mil exames, e atende cerca de 30 mil clientes por mês. Certificações O Laboratório “ABC” conquistou o Certificado ISO 9002 em nível nacional pelo INMETRO e a nível internacional pela DET NORSKE VERITAS - DNV, empresa de referência mundial. O Laboratório “ABC” obteve sua certificação ISO no ano de 1999, na versão de 1994, sendo o primeiro laboratório da Região Amazônica a obter este certificado de qualidade. No ano de 2003, o laboratório passou pela adequação para a versão 2000 da ISO, sendo então hoje certificado pela ISO 9001:2008. Após a implementação do Sistema de Gerenciamento da Qualidade (SGQ) e a certificação, o laboratório avançou com a introdução de novas sistemáticas de trabalho, aquisição de novos equipamentos e tecnologias, investimento em talento humano, inovações entre outros. A manutenção do SGQ se dá através das melhorias contínuas, auditorias internas, treinamentos, atitudes pró-ativas para atender à política da qualidade. Recebeu o "Certificado de Assiduidade e Ótimo Desempenho" da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, através do Programa de Controle de Qualidade e tem recebido regularmente, todos os anos, o referido certificado, desde 1976. O Laboratório “ABC” foi o 1º laboratório de Belém a oferecer o serviço aos domingos e feriados, desde o início de suas atividades em 1961. Desde 1998 passou a oferecer entrega de exames via internet em tempo real. A partir de 2003 passou a oferecer o sistema drive thru – sistema que permite ao cliente receber seus exames sem precisar sair do carro. Criou um programa exclusivo para clientes grávidas, o LabMamãe, em 2004. Visão, Missão, Valores Visão: Ser o melhor Laboratório do Pará. Missão: Realizar e interpretar exames laboratoriais como meio auxiliar no diagnóstico clínico, contribuindo para a melhoria da saúde das pessoas. Valores: Ética, simplicidade, humildade, honestidade, tradição, competência, confiança, respeito e responsabilidade social. Programas Internos O Perfil de quem faz. 262 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Espaço exclusivo para os colaboradores do laboratório com o objetivo de conhecê-los. A cada três meses, os funcionários são entrevistados. História de Excelência Programa interno que visa reconhecer as atitudes e também incentivar à prática de melhorias contínuas no Laboratório. positivas dos colaboradores Programa Sorriso O Programa Sorriso propõe um relacionamento interno que visa integrar a equipe de trabalho, criar um clima de bem-estar entre os colaboradores e desviar as tensões do dia-a-dia. A logomarca do Programa Sorriso foi escolhida em um concurso interno onde os próprios colaboradores foram desafiados a criá-la. O ganhador foi André Luiz Abreu, premiado em dezembro de 2005, na festa de 45 anos da empresa. Dentre as inúmeras atividades do Programa Sorriso estão: o Cine Lab, a Massagem Relaxante, as Sessões de Meditação, o Espaço Soneca e as Festas Comemorativas. Cinelab Todo mês os colaboradores do Laboratório assistem, no auditório da Unidade 14 de Março, um filme. É uma forma de entretenimento encontrada pelo Laboratório para descontrair seus colaboradores e também um momento de grande integração da equipe. Massagem relaxante Todas as tardes de segunda a sexta-feira, a Massoterapeuta Giselle Rodrigues está disponível para aplicar por meia hora uma massagem relaxante especial em cada pessoa. Basta que o colaborador agende previamente um horário e pague um valor simbólico de R$ 2,00 (dois reais). É a maneira que o laboratório encontrou para fazer o colaborador “dar um tempo” para cuidar de si e relaxar para voltar mais disposto ao trabalho. Sessões de meditação Ajudam o colaborador a voltar-se inteiramente para o seu eu espiritual, na busca de se descobrir e se entender. Além do relaxamento e do conforto, a meditação também permite ao colaborador exercitar o autoconhecimento e a concentração. Espaço soneca Destina-se aos colaboradores que não tem tempo para almoçar em casa e acabam fazendo sua refeição no Laboratório. Este espaço permite que o colaborador possa tirar a sesta em seu intervalo de almoço e retornar mais descansado ao trabalho. Visita Domiciliar Visitas periódicas a colaboradores de licença-benefício, licença-maternidade e colaboradores já aposentados. Este programa também contempla as datas comemorativas como: Dia das Mães, Dia dos Pais, Círio, Natal e Ano Novo. Através do Programa de Visita Domiciliar o Projeto Hélio Oliveira Viver é Amar, vai até a casa do colaborador afastado por problemas de saúde. Conte sua História pra Gente Canal de Comunicação direto com o Projeto Hélio Oliveira Viver é Amar. Através do "Conte Sua História pra Gente" o colaborador pode relatar sua história de forma sigilosa e confidencial visando uma 263 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN alternativa na resolução de seu problema. Projetos Sociais Desenvolvidos Saúde na Cidade: caminhe, olhe, cuide. O programa Saúde na Cidade começou em junho de 2006 para oferecer um serviço de utilidade pública, promovendo informação e prestando um atendimento gratuito à população. Os técnicos de enfermagem do laboratório verificam a pressão arterial, peso, altura e índice de massa corporal para quem pratica exercícios. Outro objetivo deste programa é divulgar o conceito de Ecologia Urbana, que visa integrar sabiamente a cidade e seus habitantes ao seu meio ambiente natural. Ensinando que ser cidadão é cuidar do destino do lixo, da poluição do ar, do verde urbano, evitar o desperdício de água e ter outras atitudes que ajudem a preservar a saúde de sua cidade. Na Praça Batista Campos o Programa tem parceria com a Associação dos Amigos da Praça; no Bosque Rodrigues Alves tem parceria com a Prefeitura Municipal de Belém, através da SEMMA; e no Museu Emílio Goeldi tem parceria com a direção do Museu. Projeto Hélio Oliveira Viver é Amar Lançado no dia 29 de abril o livro “Medicina do Bem-Viver” escrito pelo Dr. Flávio Porpino, Diretor do laboratório, aborda a saúde de forma diferenciada. São trinta e uma páginas, cada uma com um ensinamento para tornar melhor a saúde física, mental e espiritual do homem. Entre os desafios propostos estão: a mudança de hábitos alimentares, a prática de exercícios e da meditação, já que segundo o autor “Corpo, mente e espírito em harmonia são a essência da saúde plena”. O livro também pode ser usado como um calendário para que o leitor relembre dia-a-dia os ensinamentos. Parte do dinheiro arrecadado é doado para o Projeto “Hélio Oliveira - Viver é Amar". Como surgiu o Projeto É um projeto social criado em outubro de 2003 pelos próprios funcionários do Laboratório “ABC” . O nome "Hélio Oliveira Viver é Amar" é uma homenagem em memória a um dos sócio-fundadores do Laboratório. Instituições Beneficiadas Casa do Menino Jesus III, Comunidade do Aurá, Comunidade do Ariri, Hospital Beneficente Portuguesa. Projeto cultural: "Cores, sabores e amores de Belém" Dentre os inúmeros projetos do Laboratório “ABC” , um deles, é o incentivo ao fortalecimento da cultura em todos os aspectos, através da promoção de eventos nas áreas: Cultural, Educativa, Médica e Esportiva. O projeto "Cores, Sabores e Amores de Belém", reúne trabalhos de diversos artistas. Beneficiados pelo programa: Banda Amazon Java além de eventos, congressos e jornadas na área de saúde, beneficiados via patrocínio. 264 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O Primeiro Emprego Mais de 60% dos funcionários tem no Laboratório seu 1º emprego. Essa política o Laboratório adota desde o início de sua fundação Primeiro Emprego, em 1961. Exames Gratuitos O Laboratório participa todos os anos de campanhas de saúdes nas diversas especialidades, realizando gratuitamente exames de rotina. Meio ambiente Cuidado, preservação e responsabilidade com o meio-ambiente são fundamentais para a nossa saúde. Essa é a mensagem da campanha laboratório 2009, apresentada pelo teatro de bonecos. O objetivo é, através dessa campanha educativa, colaborar para a conscientização sobre um tema tão atual e importante. Foram elaborados “12 mandamentos da natureza”, um para cada mês do ano. Em 2006, nasceram as personagens do teatro de bonecos, do Laboratório “ABC”, com três bonecos: o Dr. Bené Ficente, representando o laboratório, a D. Clientela, representando os clientes, e o Lombrigão, simbolizando os males à saúde, que são combatidos com os exames. Devido ao grande sucesso da campanha, a família teatral aumentou, ganhando mais três personagens: o Clientoso, para representar o cliente da “melhor idade”, a Clientinha, representando o público infantil, e o Amicão, representando os animais, clientes do Lab Vet - serviço de exames veterinários. 4 DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA Resultados do Questionário – Empregados: O questionário possuía 10 questões e foi aplicado para 30 funcionários da empresa. 1) Qual o seu nível de conhecimento sobre os projetos sociais desenvolvidos pelo Laboratório “ABC” ? 1 ª Q U E S T à O 10 % N e n h u m 10 % P o u c o G ra n d e 8 0 % Quando perguntado sobre o nível de conhecimento dos funcionarios sobre os projetos sociais desenvolvidos na empresa, verificamos que 10% dos respondentes disseram que não tem nenhum conhecimento sobre os projetos, 10% informou que possui pouco conhecimento e 80% dos funcionarios responderam que possui grande conhecimento. Para esta questão verificou-se que os projetos sociais desenvolvidos pelo Laboratorio “ABC” são amplamente conhecidos no meio dos seus funcionarios. 265 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 2) Qual é o seu grau de envolvimiento com os projetos sociais que a Empresa possui? 2 ª Q U E S T à O 0 % 2 0 % N e n h u m P o u c o G ra n d e 8 0 % Com relação ao grau de envolvimento dos funcionarios com os projetos sociais que a empresa desenvolve, obteve-se o seguinte resultado: 20% dos entrevistados responderam que possuem pouco envolvimento e 80% dos respondentes disseram que possuem um grande envolvimento, demonstrando dessa forma que há uma boa interação entre a empresa e seus funcionarios, percebe-se também que há de fato uma divulgação no meio do público interno, a respeito das ações sociais desenvolvidas pela organização. 3) A Empresa oferta financeiramente ajuda de (bolsa estudo, reembolso de despesas) ou financiamentos de ensino supletivo, fundamental, médio, superior e/ou pós-graduação. 3ª QUEST ÃO 10% Sim 10% Não 80% Para Poucos Quando perguntado se a empresa disponibiliza alguma ajuda financeira para custear despesas com a educação dos funcionarios, 10% respondeu que não, 10% respondeu que a ajuda é para poucos e 80% respondeu que sim. Como resultado pode-se verificar que a organização se preocupa com a formação intelectual de seus funcionarios, demonstrando assim interesse também em melhorar a qualidade de vida de seus empregados, oferecendo assim oportunidade para estes melhorarem seu nível de instrução, através de ajuda financeira. 266 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 4) Na sua opinião, a política de Responsabilidade Social do Laboratório “ABC” , voltada para o seu corpo funcional, pode ser avaliada em qual nível de satisfação? 4ª QUEST ÃO 10% 20% Ruim Bom Ótimo 70% Quando perguntado sobre a opinião dos funcionarios da satisfação destes com relação à política de responsabilidade social da empresa voltada para eles, 20% respondeu que considera ruim, 10% respondeu que considera ótimo e 70% considera bom, com relação a esta pregunta percebe-se que a empresa desenvolve políticas voltadas para o bem-estar dos seus funcionarios e que a maioria demonstra satisfação com a iniciativa da empresa. 5) Na sua opinião, referente aos projetos sociais desenvolvidos pela Empresa, qual o nível de importância destes no seu trabalho? 5 ª Q U E S T à O 1 0 % N e n h u m a 2 0 % 7 0 % P o u c a G ra n d e Ao analisar a importância que os funcionarios dão para os projetos sociais que o Laboratório “ABC” desenvolve, no desempenho das suas atividades diárias, obteve-se o seguinte resultado: 10% dos entrevistados disseram que os projetos não tem nenhuma importância, 20% repondeu que possui pouca importância e 70% dos funcionarios consideram que os projetos possuem grande importancia para o seu trabalho diário. Desta forma verifica-se que as ações sociais exercem um papel motivador para os funcionarios, influenciando de forma direta na produtividade destes, traduzindo-se em melhor desempenho operacional por parte da empresa. 6) Na sua opinião, qual o nível de importância, da utilização desses projetos sociais em relação aos clientes da Empresa. 6ª QUEST ÃO 0% 20% Nenhuma Pouca 80% Grande 267 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Quando perguntado sobre a importância das ações sociais desenvolvidas pela empresa em relação aos seus clientes: 20% respondeu que possui pouca importancia e 80% avaliou que esses projetos possuem grande importância. Quanto a esta pregunta verifica-se que os funcionarios, na sua maioria, consideram importante a empresa melhorar sua imagem através de projetos voltados para a responsabilidade social. 7) Você considera o Laboratório “ABC” uma Empresa Socialmente Responsável? 7ª QUEST ÃO Sim 20% Não 10% Em parte sim 70% Perguntado se os funcionarios consideram a empresa socialmente esponsável, estes opinaram da seguinte forma: 10% respondeu que não, 20% respondeu que a empresa é responsável em parte e 70% respondeu que sim, isso demonstra que a empresa tem o reconhecimento do seu público interno quanto a sua postura socialmente responsável. 8) Na sua opinião qual o grau de integração social entre os funcionários do Laboratório “ABC” ? 8ª QUEST ÃO 10% 0% Alt o Médio Baix o 90% Quando perguntado sobre o grau de integração social entre os funcionarios, estes responderam o seguinte: 10% considera médio e 90 considera alto o grau de integração social, o que leva a concluir que os funcionarios sentem-se participantes da política da empresa. 9) Na sua opinião qual o principal motivo que levou o Laboratório “ABC” a implementar ações de Responsabilidade Social? 9ª QUEST ÃO Melhorar a imagem da Empresa 30% 60% Melhorar a relação c/funcionários 10% Melhorar as relações com clientes 268 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Quando avaliado o conhecimento dos funcionários sobre os motivos que levaram a empresa a investir em ações sociais, foi obtido o seguinte resultado: 10% considera que é para melhorar a relação com os funcionários, 30% considera que é para melhorar as relações com clientes e 60% apontam que é para melhorar a imagen da empresa. Desta forma pode-se verificar que a maioria dos funcionários consideram a responsabilidade social como uma forma de melhorar a imagen da empresa perante os seus públicos de relacionamento, constituindo dessa forma uma maneira de conquistar mais clientes para a empresa. 10) Como forma de responsabilidade interna, em que áreas você gostaria que o Laboratório “ABC” investisse mais? 10ª QUEST ÃO Educação, treinamentos e cursos 20% 50% Aumento de salário 30% Saúde, esporte e lazer A respeito da opinião dos funcionários quanto em que áreas a empresa deveria investir mais, estes opinaram da seguinte forma: 20% consideram que a organização deveria investir mais em saúde, esporte e lazer, 30% acham que os investimentos deveriam ser maiores no aumento de salários e 50% considera que deveria se investir mais em educação, treinamentos e cursos, de acordo com a maioria dos respondentes a empresa deveria investir ainda mais em programas que permitam o desenvolvimento de pessoal. Resultados da Entrevista - Empregador A entrevista foi feita no dia 08 de novembro de 2010, com um dos gestores da entidade. As perguntas direcionadas à gestão da instituição seguiu o seguinte roteiro: 1ª Pergunta: Quais as razões que levam a empresa a incorporar a responsabilidade social no seu negócio? Resposta: ”acredito que o interesse em incorporar a responsabilidade social nos negócios da empresa está ligado aos valores, crenças e atitudes pessoais de seus proprietários, os princípios e características pessoais dos próprios fundadores, tanto o Dr Hélio, quanto o Dr Virgílio tem uma facilidade muito grande de relacionamento, gostam de fazer caridade, doações, demonstram um grande interesse em ver o bem-estar de todos”. 2ª Pergunta: Quais os tipos de ações de responsabilidade social são desenvolvidas pela empresa? Resposta: “de forma bem resumida posso dizer que o Laboratório “ABC” procura valorizar os seus funcionários, por isso a empresa desenvolve ações no sentido de melhorar as condições de trabalho, adota práticas como ginástica laboral, massagem no trabalho, programas que proporcionam uma integração maior entre todos os funcionários no ambiente de trabalho, mas além desses, o 269 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN laboratório também desenvolve ações que alcançam o público externo com ações de utilidade pública e apoio a algumas instituições de caridade, incluindo também projetos de preservação do meio ambiente”. 3ª Pergunta: A responsabilidade social está inserida no processo de gestão da empresa? Resposta: “sim uma vez que a responsabilidade social foi incorporada nas políticas da empresa, o Laboratório “ABC” possui um conjunto de atuações orientadas para a responsabilidade social, o que afeta significativamente a dinâmica da empresa, dentro do processo de gestão, o laboratório preocupase em adotar políticas direcionadas aos principais colaboradores da instituição, como exemplo posso citar: desenvolve ações orientadas para a comunidade local, tais ações consistem em doações, patrocínios e parcerias com algumas instituições; adoção de políticas, estratégias e práticas adotadas em relação aos funcionários, todas no sentido de valorizá-los; práticas orientadas para a conscientização e preservação do meio ambiente. 4ª Pergunta: Com a inclusão da responsabilidade social nas estratégias da empresa, a mesma tem alcançado algum resultado para o negócio da organização? Resposta: “sim, em primeiro lugar posso dizer que há um ganho na produtividade dos funcionários, alguns efeitos podem ser percebidos quantitativamente como a diminuição de horas extras, a taxa de rotatividade dos funcionários também diminuiu, posso apontar também um retorno na questão da reputação e imagem da empresa, para muitos funcionários o laboratório é considerado como a sua segunda casa, há uma transparência na imagem da empresa que é transmitida para os elos da cadeia produtiva, procurando atingir todos os parceiras da empresa como fornecedores, clientes, etc.” 5ª Pergunta: De que forma a empresa divulga suas ações sociais? Resposta: “a forma de divulgação utilizada é através da publicação de informativos e jornais internos e no site da empresa”. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como resultado geral do estudo de caso aplicado no Laboratório “ABC” , pode-se dizer que a empresa pratica responsabilidade social, como ponto importante nesta pesquisa citamos a questão do envolvimento da liderança da organização nos projetos e políticas de responsabilidade social, a visão e o conceito de responsabilidade social estão relacionados com as crenças e valores da sua liderança e são transmitidos para a cultura organizacional. As políticas e estratégias da empresa demonstram o comprometimento desta com a responsabilidade social, e significa que fazem parte dos objetivos estratégicos e estão incluídos nos esforços da gestão da empresa. Percebeu-se que a organização dá ênfase às políticas de responsabilidade social voltadas para o seu público interno, a empresa investe no aprendizado de seus funcionários. A gestão da empresa está consciente da importância do processo de capacitação dos seus colaboradores. A comunicação interna é feita através de informativos e jornais, enquanto que a comunicação com o público externo é feita através do site da empresa. 270 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Foi verificado que a atuação orientada para a prática da responsabilidade social afeta positivamente o clima organizacional, pois motiva os funcionários, estimula a sua participação, há uma satisfação de todos em trabalhar na empresa. Assim este trabalho realizado no Laboratório “ABC” pôde através da sua pergunta problema “Quais são os critérios que a empresa Laboratório “ABC” adota para se balizar e investir em políticas de responsabilidade social? Ou seja, quais são os elementos norteadores e/ou motivadores que balizam a tomada de decisão da empresa em promover a responsabilidade social?” demonstrar que o interesse em incorporar a responsabilidade social nos negócios da empresa está ligado aos valores, crenças e atitudes pessoais de seus proprietários e que a gestão das questões sociais está integrada aos planos e estratégias da organização. Quanto ao objetivo geral concluiu-se que a responsabilidade social está incorporada aos lucros da empresa e que a gestão das questões sociais está integrada aos planos e estratégias da organização. A empresa oferece recursos financeiros para ajudar os seus colaboradores internos a concluir seus estudos, contribuindo assim, com a melhoria da qualidade de vida destes. Quanto aos objetivos específicos verificou-se que a empresa desenvolve ações destinadas a preservação do meio ambiente, apóia projetos e instituições de caridade, mas que suas ações estão direcionadas de forma mais incisiva ao público interno. A empresa na adoção de políticas sociais utiliza a responsabilidade social como critério na tomada de decisão. A empresa percebe o retorno das suas ações sociais principalmente quanto ao aumento de produtividade de seus funcionários, redução de horas extras, melhoria na imagem da organização perante o seu público interno e externo. Os funcionários são reconhecedores do esforço da organização em promover políticas de responsabilidade social. Dentre os objetivos, geral e específicos, pode-se considerar como atendidos por este trabalho, pois cumpriu os objetivos propostos. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGER, Fernanda Gabriela. Responsabilidade social: efeitos da atuação social na dinâmica empresarial. São Paulo, 2001. Tese (Doutorado) CARVALHO, Maria Cecília Marigoni de. Construindo o saber – metodologia científica: fundamentos e técnicas. 16.ed. Campinas, SP: PAPIRUS, 2005. CHIAVENATO, Idalberto e SAPIRO, Arão. Planejamento Estratégico. Fundamentos e Aplicações. Rio de Janeiro: Campus, 2004. GARCIA, Ademerval. “Responsabilidade não é ajuda, é respeito”. Gazeta Mercantil. Interior paulista. 23/11/1999. GIL, Carlos Antônio. Métodos e Técnicas de pesquisa social. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1994. GUEDES, Rita de Cássia. Responsabilidade social & Cidadania empresariais: Conceitos estratégicos para as empresas face a globalização. São Paulo, 2005. Tese (Mestrado). 271 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN MACHADO FILHO, Cláudio Antônio Pinheiro. Responsabilidade Social Corporativa e a Criação de Valor para as Organizações: Um Estudo Multicasos. São Paulo, 2002. Tese (Doutorado). MELO NETO, Francisco P. de; FROES, César. Gestão da Responsabilidade Social Corporativa: O caso brasileiro. Da filantropia tradicional à Filantropia de alto rendimento e ao Empreendedorismo social. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 2001. NEVES, Regiane Passos. A contabilidade como um instrumento de gestão ambiental e empresarial. Revista pensar contábil do Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro – Rio de Janeiro: ano III, nº 9, agosto/2001. NUNES, Paulo. Conceito de gestão e de gestor. Disponível <http://notapositiva.com/trab_professores/textos_apoio/gestao/01conc_gestao.htm no site OLIVEIRA, Marco Antônio l. de. AS8000: O modelo ISSO 9000 aplicado a responsabilidade social. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. PASSOS, Elizete. Ética nas organizações. São Paulo: Atlas, 2004. TINOCO, João E. Prudêncio. Balanço Social. Uma Abordagem da Transparência e da Responsabilidade Pública das Organizações. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2001. TORRES, Ciro. Um pouco da história do balaço <http://www.balancosocial.org.br/historia.html. Acesso em 08/12/10. social.SL.sd. Disponível em YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. Material coletado no site <http ://www.ajudabrasil.org/img/o_que_e_responsabilidadesocial_empresarial.pdf. Acesso em 18/11/10. 272 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O CONTADOR E A REVOLUÇÃO DIGITAL NA ATIVIDADE CONTÁBIL: um estudo de caso com os contadores do município de Mossoró-RN Carlos Alberto de Souza Soares18 Maurílio Alves de Melo19 RESUMO O enfoque principal do estudo é direcionado a evidenciar se os contadores do município de Mossoró/RN vêm encontrando dificuldades em se adequarem as novas ferramentas digitais introduzidas na atividade contábil. A metodologia utilizada contemplou uma pesquisa descritiva com abordagem qualiquantitativa, fundamentada através de uma pesquisa bibliográfica. Quanto à obtenção dos dados, foi realizada uma pesquisa de campo com 46 (quarenta e seis) contadores, através de um questionário contendo 11 questões. Os resultados obtidos através da análise de dados constataram que os contadores do município de Mossoró estão aptos e reciclados para exerceram a atividade contábil, para isso os mesmos estão se utilizando de diversas metodologias de aprendizagem como cursos, seminários, palestras, pesquisas, revistas, livros, dentre outros. Entretanto, é observado um equilíbrio entre os profissionais que estão tendo dificuldades em se adequarem aos novos recursos, e os que não estão. Quanto a obtenção da nova carteira profissional do contador, verifica-se um equilíbrio significativo entre os profissionais entrevistados. Palavras-chave: Contador. Revolução digital. Atividade contábil. Área Temática: Contabilidade digital e Tecnologia da Informação. 18 Bacharel em Ciências Contábeis, Especialista em Auditoria Contábil, Contador, Professor do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi e UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Doutorando em Contabilidade pela Universidade Nacional de Córdoba – Argentina. e-mail: [email protected] 19 Bacharel em Ciências Contábeis. Especialista em Auditoria Contábil, Contador, Professor do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi e UFERSA – Universidade Federal do Semi-Árido. e-mail: [email protected] 273 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN RESUMEN El objetivo principal de este estudio se pretende demostrar que los contadores en la ciudad de Mossoró/RN tienen dificultades para adaptarse a las nuevas herramientas digitales introducidas en la actividad contable. La metodología utilizada contempló una pesquisa descriptiva com abordaje cualitativo y cuantitativo, fundamentada a través de una búsqueda en la literatura. En cuanto a la recolección de datos se llevó a cabo la investigación de campo com 46 (cuarenta y seis) los contadores, a través de un cuestionario de 11 preguntas. Los resultados logrados a través del análisis de los datos constataron que los contadores en la ciudad de Mossoró están aptos y reciclados para ejercieron la actividad contable, para eso los mismos están utilizando diferentes metodologías de aprendizaje como cursos, seminarios, conferencias, exposiones, revistas, libros, entre otros. Sin embargo, es observado un equilibrio entre los profesionales que están teniendo dificultades para adaptarse a los nuevos recursos, y los que no están. En cuanto la obtención de la nueva cartera profesional del contador, hay un equilíbrio importante entre los profesionales entrevistados. Palabras-clave: Contador. La revolución digital. Actividade contable. Área Temática: Contabilidad digital e Tecnologia de Información. INTRODUÇÃO O contador trabalha diariamente com um dos bens mais valiosos da economia de um país, que é a informação contábil. Nesta perspectiva, nota-se a importância do contador diante da sociedade em geral. A contabilidade tem como propósito final o suprimento de informações que sejam úteis aos seus mais diversificados usuários. Desta forma, a contabilidade como ciência, vem passando a cobrar cada vez mais dos contadores, pois, as mudanças constantes que estão ocorrendo com as alterações das normas contábeis, demandam conhecimento destas para procurar formas de ajudar na tomada de decisão. A evolução da tecnologia faz com que o número de transações, aumente por parte das empresas, fazendo com que o governo busque a modernização tecnológica como forma de agilizar seus processos de fiscalização tributária. O mundo atual, devido ao grande avanço tecnológico dos últimos anos, especialmente o das telecomunicações, tornou-se mais interligado. As informações correm de forma rápida e acessível por todo o mundo em questão de segundos por meio de satélites que unem milhões de computadores, através de uma rede mundial de transmissão de dados, denominada de internet. Neste estudo, discutem-se os reflexos do meio atual para o exercício profissional do contador, que está sendo influenciado diretamente pelas novas tecnologias de informação, através de uma grande revolução digital imposta pelas autoridades fiscais às empresas brasileiras. 274 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Utilizando-se dos recursos disponibilizados pela tecnologia, os governos, federal, estaduais e municipais, incorporaram a profissão contábil sistemas inovadores, tornando as informações provenientes dos procedimentos contábeis mais eficazes no que diz respeito a sua veracidade. Para tanto, foram introduzidos sistemas como o SINTEGRA (Sistema de informações sobre operações interestaduais com mercadorias e serviços), SPED (Sistema público de escrituração digital), Nota Fiscal Eletrônica, Declaração Digital de Serviços, dentre outros, aos quais serão abordados na seqüência deste estudo. Atualmente, o contador passa por um período de grande adaptação, trazidas pela recente revolução digital incorporados aos processos executados pela contabilidade, exigidos pelos autoridades fiscais, como também pelas instituições privadas, como meio de economicidade de tempo, agilização de procedimentos de transmissão de informações contábeis via internet, e conseqüentemente de auditoria fiscal por parte das entidades tributantes. Assim, diante do exposto, foi levantado o seguinte problema de pesquisa: Os contadores que atuam no município de Mossoró-RN estão encontrando dificuldades em se adequarem as modificações na profissão contábil introduzidas pela revolução digital? Desta forma, o presente estudo tem como objetivo identificar as metodologias utilizadas pelos contadores para se adaptarem aos novos recursos introduzidos na profissão contábil por meio da revolução digital, bem como demonstrar se os mesmos estão se beneficiando com tais recursos, como, por exemplo, a nova carteira profissional do contador. A presente pesquisa tem sua justificativa na importância do seu conteúdo, tendo em vista ser atual, pouco explorado, e de suma importância para os contadores, alunos, e demais usuários dos procedimentos contábeis. A metodologia empregada no desenvolvimento desta pesquisa foi delineada através das seguintes abordagens. Quanto ao problema, foi realizada uma pesquisa descritiva, de natureza qualiquantitativa. Assim, a pesquisa foi embasada em reflexões conceituais e conhecimentos já existentes, através de uma pesquisa bibliográfica (fontes secundárias), tendo como fundamento reflexões teóricas relacionadas às modificações na profissão contábil decorrentes da revolução digital, bem como a adaptação do profissional desta área aos novos tempos. Para uma melhor compreensão por parte do leitor, o trabalho foi dividido em quatro seções: introdução, revisão da literatura, analise dos dados, e por fim, as considerações finais levantadas pela pesquisa realizada. REFERENCIAL TEÓRICO Esta seção tem como finalidade demonstrar o embasamento teórico para resolução do problema e dos objetivos propostos. Assim, será abordada a história da contabilidade, bem como, sua finalidade, 275 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN as mudanças ocorridas no mercado de trabalho, o grande avanço da tecnologia, o perfil do contador atual, e por fim, as alterações da profissão contábil a partir dos avanços tecnológicos atuais. HISTÓRIA DA CONTABILIDADE A história da contabilidade teve seu inicio em épocas bem remotas, estando esta estritamente relacionada ao surgimento do homem na terra e as atividades desenvolvidas por ele, as quais objetivavam quantificar os recursos disponíveis e necessários a sua própria sobrevivência. Entretanto, tais procedimentos não eram exercidos baseados em métodos científicos, e sim como a única forma de controlar os recursos disponíveis. Desta forma, Sá (1997) enfatiza que “A História da Contabilidade, portanto, encontra suas bases nas mais remotas idades, mas sua dignidade cientifica só ocorreu quando as demais disciplinas também encontraram tal caminho”. Contudo, o surgimento e posterior crescimento do comercio mercantil, contribuíram significativamente para o surgimento de métodos de controle patrimonial, como o das partidas dobradas apresentados pelo Frei Lucas Pacioli, visando sobre tudo, exercer uma administração sobre os recursos comercializados. Neste sentido, Schmidt (2000) salienta que fatores como o desenvolvimento econômico da área geográfica abrangida pelas cidades de Veneza, Gênova e Florença, bem como a aprendizagem de impressão de livros na Alemanha, contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento do método das partidas dobradas. A qual facilitou a sofisticação de um novo período histórico, capaz de agregar novas formas de administrar e comercializar. Posteriormente, a contabilidade vivenciou no inicio do século XIX um momento marcante para os seguidores do pensamento contábil, que de acordo com Sá (1997) foi um período marcado pelo desenvolvimento da mentalidade cientifica contábil, onde se desenvolveu de maneira uniforme a ambição pela busca do entendimento do que se passava com a substância patrimonial inserida nas células sociais. A partir daí surgiram às escolas italianas e americanas, as quais contribuíram positivamente para o desenvolvimento do pensamento contábil, através dos ensinamentos teóricos e práticos que disseminaram ao longo do tempo a evolução da contabilidade, transformando-a em um importante instrumento de gestão, capaz de fornecer informações relevantes aos usuários desta área de conhecimento, contribuindo assim, com a eficácia organizacional e conseqüente estabilidade no mercado de trabalho. A FINALIDADE DA CONTABILIDADE 276 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A finalidade primordial da contabilidade é a elaboração de informações através de técnicas capazes de demonstrar a situação patrimonial de uma entidade, por meio do controle e evidenciação das mutações patrimoniais, contribuindo assim, com as decisões suscitadas no âmbito organizacional, seja ela com ou sem fins lucrativos. Neste sentido, Iudícibus (2000) enfatiza que a contabilidade tem como finalidade o controle dos fenômenos ocorridos no patrimônio de uma entidade, através do registro, classificação, demonstração e interpretação dos fatos, cujo objetivo é fornecer informações e orientações necessárias à tomada de decisões, bem como o auxilio no resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. Desta forma, cabe ao contadore a responsabilidade de contribuir com informações propicias no processo decisório das organizações. Queiroz (2007) salienta que “O seu papel é estar esclarecendo dúvidas, solucionando problemas e desenvolvendo o aspecto estrategista, já que é o grande auxiliador da tomada de decisões nas organizações”. Diante disto, conclui-se que, a finalidade da contabilidade é a “informação”, sendo esta, imprescindível ao processo gerencial e decisório das organizações independentes da sua natureza ou tamanho. A PROFISSÃO CONTÁBIL E AS MUDANÇAS NO MERCADO DE TRABALHO A contabilidade como ciência, vem passando a cobrar cada vez mais dos profissionais contábeis. Pois, as mudanças constantes que estão ocorrendo com as alterações das normas contábeis, exigem maior conhecimento destas pelos contadores para buscar formas mais eficientes de ajudar na tomada de decisão. A evolução da tecnologia faz com que o número de transações, aumente por parte das empresas, fazendo com que o governo busque a modernização tecnológica como forma de agilizar seus processos de fiscalização. A profissão contábil, tem passado por significativas transformações em seus aspectos estruturais e técnicos, tendo em vista a necessidade do profissional desta área de conhecimento em se adequar as constantes modificações ocorridas no mercado global, criando assim, a necessidade de uma reciclagem continuada nos contadores, para que estes sejam proveitosos ao novo cenário do mercado de trabalho. Para Queiroz (2007) “a exigência de profissionais capazes de quebrarem velhas regras, capazes de serem pessoas que abram novos horizontes e aceitem riscos pode ser, no contexto atual, uma das principais preocupações no universo da formação acadêmica”. Onde, os profissionais almejam desde o inicio de sua formação se adaptar a flexibilidade do mercado de trabalho, este cada vez mais competitivo e globalizado. Vale ressaltar, que em meio a essas transformações no mercado global, a profissão contábil se defronta com um período denominado de “era da informação” onde os procedimentos contábeis giram 277 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN em torno da tomada de decisões, exigindo do contador, habilidades múltiplas capazes de abranger diversos aspectos das organizações sejam eles internos ou externos. Neste sentido, Moura e Silva (2008) ressaltam que, É preciso que o profissional entenda a organização e sua razão de ser, compreendendo seus modelos de gestão, seus objetivos e políticas e suas inter-relações com o ambiente externo. Só assim ele terá condições de ajudar a empresa a crescer, orientando adequadamente seus dirigentes a tomarem decisões acertadas. (MOURA E SILVA, 2008, p. 9) Assim, nota-se, que a profissão contábil tende a estar cada vez mais flexível as transformações do mercado, haja vista as informações provenientes dos informes contábeis serem imprescindíveis para as organizações sobreviverem neste mercado capitalista e globalizado, a qual requer muita mobilidade no processo de gestão das organizações, pois o mercado vem se alternando de forma continua em todas as áreas sociais. Neste sentido, Moura e Silva (2008) enfatizam que “O mundo vem passando por transformações tanto na área econômica, tecnológica, e social, é preciso que a contabilidade acompanhe essa evolução para que produza enquanto ciência subsídios úteis na área de atuação, aprimorando suas relações sociais”. Assim, cabe aos contadores se quantificarem de recursos técnicos, no sentido de adequar os serviços contábeis a nova realidade econômica vivencia pelas organizações, aos quais se encontram centradas em um mercado vulnerável a transformações e oscilações econômicas, tecnológicas e sociais. O GRANDE AVANÇO DA TECNOLOGIA É notório que a tecnologia tem avançado de uma forma imensurável dentro cenário mundial. Tais avanços trouxeram grandes benefícios e, ao mesmo tempo necessidades à sociedade, tornando-as dependentes de informações sobre os diversos aspectos que envolvem a sociedade globalizada. Para Pedro apud Ribeiro (2007) “A Sociedade da Informação é marcada pela rapidez, mutabilidade, pluralidade, e presença maciça da tecnologia. As máquinas são capazes de lidar com o conhecimento, podendo ser consideradas um prolongamento do pensamento humano”. Capaz de contribuir com o desenvolvimento de técnicas profissionais eficazes. Seguindo o mesmo raciocínio Vieira (2007) ressalta que a tecnologia e sua disseminação, sobretudo, através dos sistemas de informações implicam em significativas alterações nos padrões das organizações, afetando sua estrutura e gestão, que tendem a assumir formatos diferenciados compatíveis com as novas tecnologias introduzidas. Um exemplo disso é a informática. 278 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Vale salientar, que tais transformações proporcionaram as organizações e aos profissionais de um modo geral, uma maior gama de informações, conhecimentos e metodologias simplificadas de trabalho, diminuindo o tempo de execução do serviço, reduzindo o custo e maximizando o processo produtivo, gerando assim uma maior rentabilidade. Neste sentido, Ribeiro (2007) enfatiza que os fatores de produção gira em torno do conhecimento e da informação, podendo os mesmos, serem adquiridos através dos múltiplos meios e também das novas linguagens adotadas pela sociedade. Assim, pode-se concluir que o grande avanço da tecnologia introduziu nas organizações e na sociedade de um modo geral, uma necessidade constante de busca pelo conhecimento e informação, haja vista as mesmas estarem centradas em um ambiente de constantes transformações. O PERFIL DO CONTADOR ATUAL O contador é caracterizado por ser um indivíduo, dotado de conhecimentos técnicos, capaz de controlar, desenvolver e gerar riquezas patrimoniais às pessoas naturais e jurídicas, tornando-se, assim, um profissional de considerável reconhecimento social, em decorrência da sua capacidade, e de seus recursos utilizados em beneficio dos vários segmentos, dependentes das informações provenientes da contabilidade. No entanto, o profissional desta área de conhecimento, tem sobre si uma considerável responsabilidade, devido a todo o momento, ter que estar flexível às variações contínuas ocorridas no mercado de trabalho, pois só assim estará apto a orientar os clientes, e os usuários de suas informações. Neste sentido, Oliveira et al., (2006) ressaltam que “de nada adianta um profissional que tenha eloqüência e aptidão de lhe dar com vários tipos de clientes se não atualizar-se constantemente”. Os autores ainda enfatizam que, uma das maneiras de se adaptar a esta evolução é buscar sempre a melhoria na qualidade dos serviços e estar atento às novidades que poderão advir e interferir diretamente na economia. Observa-se, assim, que a busca por um conhecimento continuado é uma característica imprescindível do moderno profissional contábil, haja vista as empresas se encontrarem em um cenário econômico de mutações contínuas, necessitando assim, de estarem centrado em informações eficazes que lhes possibilitem estabilidade neste mercado competitivo e globalizado. Diante disto, abre-se um vasto campo de atuação para o profissional da contabilidade em decorrência da necessidade das organizações nas informações provenientes dos informes contábeis. Neste sentido Vieira (2006) salienta que “O perfil do contador moderno é de uma pessoa que acumula conhecimentos sociais e técnicos em função do amplo mercado que ele tem a sua disposição”. 279 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Portanto, pode-se concluir, que o profissional contábil de hoje, é aquele capaz de inovar seus conhecimentos, e métodos de trabalho, e assim, buscar aprimorar suas habilidades e virtudes, transformando-os em informações precisas ao processo de decisões. As alterações da profissão contábil a partir dos avanços tecnológicos atuais Não se diferindo das demais profissões e atividades, a contabilidade adotou significativas mudanças em suas metodologias de trabalho com os novos adventos da tecnologia, tendo em vista a necessidade de se adequar a um novo cenário econômico, onde a precisão na informação, redução de custos, preservação ambiental, dentre outros fatores, se incorporaram ao universo da contabilidade, tornando suas atividades mais integras e eficazes. Neste sentido, Moura e Silva (2008) enfatizam que “A contabilidade, como qualquer outra ciência oferece subsídios necessário para a tomada de decisões, portanto devem acompanhar a evolução, pois as informações hoje ganharam uma velocidade muito grande com os avanços tecnológicos”. Vale ressaltar, que a partir dos avanços tecnológicos a contabilidade passou a gerir suas informações com um maior grau de confiabilidade e dentro de um menor período de tempo, motivada, sobretudo, pelos recursos disponibilizados pela tecnologia. Tais benefícios trouxeram a sociedade maior evidencia nas transações econômicas envolvendo os órgãos públicos e privados, bem como uma maior gama de informações direcionadas aos diversos segmentos da sociedade, aos quais contribuem de forma relevante nas diferentes tomadas de decisões. Seguindo este raciocínio, Oliveira et al., (2006) ressaltam que em meio a essas transformações decorrentes dos avanços tecnológicos, a contabilidade passou a ter um novo paradigma, onde suas informações passaram a representar um dos principais atributos nesta profissão, bem como um elemento estratégico no processo decisório. Desta forma, diante do exposto e dos recursos disponibilizados pela tecnologia, os órgãos públicos incorporaram a profissão contábil expressivas mudanças, no sentido de tornar as informações mais rápidas e seguras. Para tanto, foram adotados programas inovadores como SINTEGRA e SPED, dentre outros, aos quais serão abordados a seguir. SINTEGRA – Sistema de informações sobre operações interestaduais com mercadorias e serviços De acordo com a SEFAZ (Secretaria da fazenda), o SINTEGRA é um conjunto de procedimentos administrativos e de sistemas computacionais de apoio que esta sendo adotado simultaneamente pelas administrações tributárias de todas as Unidades da Federação. 280 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Em outras palavras, é um software desenvolvido com a capacidade de gerenciar de forma mais integra e eficaz as informações provenientes das movimentações de compras, vendas e prestações de serviços dos diferentes Estados, tornando-as homogenias e fidedignas. Quanto ao contribuinte, a SEFAZ enfatiza que o objetivo é simplificar e homogeneizar as obrigações de fornecimento de informações relativas às atividades de compra, venda e prestação de serviços interestaduais. E quanto aos fiscos estaduais, o objetivo do SINTEGRA é o de propiciar maior agilidade e confiabilidade ao tratamento das informações recebidas dos contribuintes e à troca de dados entre as diversas unidades da Federação. SPED – Sistema público de escrituração digital O SPED é um sistema criado pelo governo capaz de tornar as informações oriundas dos procedimentos contábeis com um maior grau de homogeneidade, e assim torna-las mais evidentes, seja do ponto de vista contábil ou fiscal. Neste sentido, a receita federal define de uma forma bastante simples o SPED Contábil, como uma substituição dos livros da escrituração mercantil pelos os seus equivalentes digitais. Segundo Azevedo e Mariano (2009) “todos os lançamentos contábeis das receitas e despesas da empresa, livros diário e razão, balanços e balancetes, estarão contidos num banco de dados central – SPED gerenciado pela Receita Federal”. Utilizando-se da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo assim a validade jurídica dos mesmos apenas na sua forma digital. O projeto SPED pretende alterar a forma de cumprimento das obrigações acessórias realizadas pelos contribuintes, substituindo a emissão de livros e documentos contábeis e fiscais em papel por documentos eletrônicos, cuja autoria, integridade e validade jurídica são reconhecidas pelo uso de certificação digital. (AZEVEDO e MARIANO, 2009, p. 37) Quanto ao SPED Fiscal o referido órgão conceitua a Escrituração Fiscal Digital – EFD como um arquivo digital, que se constitui de um conjunto de escriturações de documentos fiscais e de outras informações de interesse dos fiscos das unidades federativas e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, bem como de registros de apurações de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte. Com o SPED contábil, o profissional contábil passa a ter um papel muito importante, pois terá que buscar o aperfeiçoamento de seus conhecimentos, de seus funcionários (através de treinamentos) e 281 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN serviços. A responsabilidade de ambos (empresário e contador) também aumenta devido às novas tecnologias implantadas pelo fisco, pois este poderá fazer a confrontação das informações por um prazo de 5 anos. Os livros substituídos pelo ECD serão: o diário, razão e balancetes diários, os balanços e fichas de lançamentos comprobatórios dos assentamentos neles transcritos. (AZEVEDO e MARIANO, 2009, p. 234) Nota fiscal eletrônica A nota fiscal eletrônica é mais um advento dos avanços tecnológicos, cujo objetivo é substituir a antiga nota fiscal de papel por uma em formato digital. Tais modificações trás inúmeros benefícios a gestão das entidades públicas e privadas, sobretudo, quando a veracidade das informações referentes aos recolhimentos dos encargos sobre a circulação de mercadorias e serviços. Para Brito (2009) com a edição do Decreto nº 6.022-07, conduz o Estado e as empresas a outro modo de relacionamento, em cuja lógica as Secretarias das Fazendas dos estados, ou suas equivalentes, passam a fazer parte integrante da rotina comercial. O autor ainda ressalta que, esta relação, muito mais íntima, e dinâmica, dificulta imensamente a sonegação fiscal e mapeia com precisão as receitas dos Estados membros e, sobretudo, arrecadação nacional. O DANFE (Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica) é um documento obrigatório em seu trânsito, que serve para auxiliar a consulta da nota fiscal eletrônica. Segundo AZEVEDO e MARIANO (2009, p,119): O DANFE (Documento Auxiliar da Nota fiscal Eletrônica) não substitui a nota fiscal 1 ou 1A, porque é apenas um instrumento auxiliar para consulta da NF-e, que deve acompanhar a mercadoria em seu trânsito, podendo ser impresso em papel comum, em única via e conter impressos, em destaque, a chave de acesso para consulta da NF-e na internet e um código de barras unidimensional para facilitar a captura e a confirmação de informações da NF-e pelos Fiscos. Porém, com o DANFE não é necessário arquivamento. O DANFE, por ser um documento auxiliar, não necessita ser arquivado, porém, deve ser impresso em letras legíveis. (AZEVEDO e MARIANO, 2009, p. 119) 282 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Conforme o endereço eletônico da nota fiscal eletrônica www.nfe.fazenda.gov.br é vedado o credenciamento para a emissão de NF-e de contribuinte que não utilize siste ma eletrônico de processamento de dados nos termos dos Convênios ICMS 57/95 e 58/95. O contribuinte que for obrigado à emissão de NF-e, será credenciado pela administração tributária da unidade federada a qual estiver jurisdicionado, ainda que não atenda ao disposto no Convênio ICMS 57/95. Segundo o mesmo site, a NF-e deverá ser emitida com base em leiaute estabelecido em ato COTEPE (Comissão Técnica Permanente) , por meio de software desenvolvido ou adquirido pelo contribuinte ou disponibilizado pela administração tributária. PVA (Programa Validador e Assinador) De acordo com informações colhidas no endereço eletrônico da Receita Federal do Brasil20, a partir do seu sistema de contabilidade, a empresa gera um arquivo digital no formato especificado no anexo único à Instrução Normativa RFB nº 787/07. Os arquivos são gerados pelo sistema ECD, são submetidos ao Programa Validador e Assinador – PVA fornecido pelo SPED. Através do PVA, execute os seguintes passos: Validação do arquivo contendo a escrituração; Assinatura digital do livro pela(s) pessoa(s) que têm poderes para assinar, de acordo com os registros da Junta Comercial e pelo Contabilista; Geração e assinatura de requerimento para autenticação dirigido à Junta Comercial de sua jurisdição. Para geração do requerimento é indispensável, informar a identificação do documento de arrecadação do preço da autenticação. Verifique na Junta Comercial de sua Jurisdição como obter a identificação. Assinados a escrituração e o requerimento, faça a transmissão para o SPED. Concluída a transmissão, será fornecido um recibo, que deverá ser impresso, pois ele contém informações importantes para a prática de atos posteriores. Ao receber a ECD, o SPED extrai um resumo (Requerimento, Termo de Abertura e Termo de Encerramento) e o disponibiliza para a Junta Comercial competente. Na atual estrutura, cabe à Junta Comercial buscar o resumo no ambiente SPED. Enquanto ela não adota tal providência, ao consultar a situação, a resposta obtida será "o livro digital foi recebido pelo SPED Contábil, porém ainda não foi encaminhado para a Junta Comercial". Declaração digital de serviços - DDS A declaração digital de serviços é mais recurso tecnológico utilizado pelo governo, visando, sobretudo, adequar às organizações e os demais prestadores de serviços quanto as suas obrigações tributárias, sendo este em âmbito municipal. 20 www.receita.fazenda.gov.br 283 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Neste sentido, a Secretaria de Finanças do Município de Fortaleza – SEFIN conceitua a DDS como “um sistema de computador destinado ao registro dos serviços prestados e/ou tomados pelo declarante, visando facilitar o cumprimento das obrigações tributárias, principal e acessória, relativa ao Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza”. Assinatura digital e certificação digital De acordo com Atheniense (2008) uma das grandes vantagens que vem impulsionando a utilização da internet em laboratórios decorre da possibilidade jurídica de efetuar transações a distancia sem a utilização do papel. Fato este que resulta em economia, celeridade e segurança na prestação de serviços. Diante disto o recurso tecnológico tornou-se de vital importância na implantação de um padrão de transmissão de dados confiável. Atheniense (2008) ressalta que com o emprego de requisitos tecnológicos torna-se possível a transação realizada com documento eletrônico autoria e integridade da informação transmitida, além de validade jurídica. Desta forma, foram disseminadas metodologias que permitam a realização desses procedimentos de forma segura e confiável através da assinatura digital, que segundo o mesmo autor é um método de identificação na transmissão eletrônica com o emprego da certificação digital, que é uma tecnologia que se vale dos recursos da criptografia (processo de cifragem e decifragem é o que garante a integridade das informações) para garantir a integridade e autoria dos dados transmitidos por meio eletrônico. Essa assinatura comprova que a empresa realmente enviou os arquivos assinados pela entidade ou pelas pessoas que possuem a chave privada (de conhecimento apenas do possuidor do certificado) e o certificado digital. No que diz respeito à certificação digital Guelfi (2007) conceitua como “Um documento eletrônico assinado digitalmente por uma terceira parte confiável vinculando a chave pública a uma determinada entidade (pessoa física ou jurídica)”. Para AZEVEDO e MARIANO (2009): Um certificado digital normalmente é usado para ligar uma entidade a uma chave pública. Para garantir a integridade das informações contidas neste arquivo, ele é assinado digitalmente, no caso de uma infra-estrutura de Chaves Públicas (ICP), o certificado é assinado pela Autoridade Certificadora (AC) que o emitiu. (AZEVEDO e MARIANO, 2009, p. 52) Assim, vale ressaltar, que tais procedimentos foram criados com o intuito de se adequar ao novo cenário global, por meio de uma metodologia de trabalho que possibilita agilidade nos processos, de forma segura e confiável utilizando-se dos recursos tecnológicos. 284 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Portanto, A certificação digital serve para garantir a veracidade das informações, com validade jurídica, entre fisco e contribuinte, contribuinte e fornecedor. A ICP-Brasil (Chave pública Brasileira) A ICP-Brasil foi criada a partir da Medida Provisória n° 2.00-2, de 24.10.2001, é um conjunto de entidades prestadoras de serviços ordenadas em conformidades com as diretrizes e normas técnicas estabelecidas por um Comitê Gestor. Somente as transações realizadas com processo de certificação envolvendo certificados emitidos por autoridades credenciadas na ICP-Brasil presumem-se verdadeiras em relação aos signitários, dando validade jurídica aos documentos assinados digitalmente. (AZEVEDO e MARIANO, 2009, p. 48) A ICP-Brasil é um sistema que verifica a validade jurídica das assinaturas e certificações nos trâmites eletrônicos pelas entidades emissoras destas. A nova carteira de identidade profissional do contador Em meio a essas diversas transformações ocorridas na profissão contábil, em decorrência, sobretudo, dos adventos da tecnologia. A carteira de identificação do profissional desta área de conhecimento ganhou um novo enfoque no que diz respeito à preservação contra situações inconvenientes e fraudulentas relacionadas ao profissional da contabilidade. De acordo com Cleto (2007) a nova identidade profissional do contador será fabricada em cartão rígido, um dos mais modernos e avançados sistemas de segurança anti-fraudes e conterá um Chip Criptográfico onde o profissional poderá inserir a Certificação Digital, gratuitamente, por intermédio de uma parceria firmada entre o Conselho Federal de Contabilidade e a AC FENACON (Autoridade certificadora da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas). O autor ainda enfatiza que tal procedimento contribuirá para adequar o profissional da contabilidade aos novos tempos, isto é, a Era Digital, capacitando permanentemente os profissionais para enfrentar os desafios dos constantes avanços implantados pelo Governo Eletrônico, como por exemplo, o Sistema Público de Escrituração Digital – SPED, já abordado anteriormente. Assim, o profissional contábil como ressalta Cleto, terá uma maior acessibilidade aos serviços públicos por meio das transações eletrônicas através da certificação digital, a qual garantirá a identificação do profissional da contabilidade. Figura 01: Carteira profissional do contador 285 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Fonte: http://www.cfc.org.br/sisweb/novacarteira/caracteristicas.html Outras ferramentas Como já foi visto anteriormente, diversos recursos tecnológicos foram incorporados na metodologia de trabalho da profissão contábil. Entretanto, outras ferramentas como e-CPF e o e-CNPJ A1 e A3 (documentos eletrônicos em forma de certificado digital), bem como os serviços disponibilizados no CAC - Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte da Receita Federal do Brasil, são de suma importância ao profissional contábil no processo de adequação a revolução digital vivenciada pela contabilidade. De acordo com Cleto (2007) O e-CPF e o e-CNPJ são Certificados Digitais utilizados para garantir a autenticidade dos remetentes e destinatários de documentos e dados que trafegam pela Internet. Eles visam assegurar sua inviolabilidade. No que diz respeito à certificação A-1, o autor salienta que a mesma só tem validade de um ano e deve ser instalada no computador pelo qual foi efetuado o cadastro. Quanto à certificação A-3, Cleto enfatiza que sua duração varia de dois a três anos dependendo da Autoridade Certificadora, e que sua instalação pode ser feita num smartcard ou num token. No que se refere a e-CAC - Central Virtual de Atendimento ao Contribuinte da Receita Federal, o referido órgão salienta que os serviços disponibilizados no e-CAC são automáticos e agrupados conforme a natureza e o tipo de contribuinte, pessoa física ou pessoa jurídica. Na ocasião podem ser acessados, respectivamente, com a utilização dos seus Certificados Digitais do tipo e-CPF e e-CNPJ, ou pelo de seus procuradores, desde que previamente cadastrados através de serviço específico. Vale ressaltar, que todos esses procedimentos adotados visam, sobretudo, garantir ao profissional contábil e aos demais contribuintes, uma maior segurança nas transações realizadas por meio dos recursos eletrônicos, aos quais passaram a fazer parte do dia-dia do profissional da contabilidade. 286 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Figura 03: Cartão e-CNPJ Figura 04: Cartão e-CPF Fonte: http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Ins/20 04/Imagens/Anexo2INSRF462.gif Fonte: http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Ins/2 004/Imagens/Anexo1INSRF462.gif ANÁLISE DOS DADOS Esta seção tem como finalidade responder aos objetivos propostos neste trabalho, bem como evidenciar as metodologias utilizadas pelos contadores do município de Mossoró no processo de adequação a nova realidade vivenciada na profissão contábil. METODOLOGIA A metodologia empregada no desenvolvimento desta pesquisa foi delineada através das seguintes abordagens. Quanto ao problema, foi realizada uma pesquisa descritiva, de natureza qualiquantitativa. Assim, a pesquisa foi embasada em reflexões conceituais e conhecimentos já existentes, 287 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN através de uma pesquisa bibliográfica (fontes secundárias), tendo como fundamento reflexões teóricas relacionadas às modificações na profissão contábil decorrentes da revolução digital, bem como a adaptação do profissional desta área aos novos tempos. No que tange a obtenção dos dados, foi realizada uma pesquisa de campo com 46 (quarenta e seis) contadores de Mossoró em atividade e inscritos no Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Norte. Entretanto, não foi possível alcançar o universo dos contadores em atividade inscritos no CRC/RN. Para tanto, foi aplicado um questionário contendo 11 (onze) questões fechadas entre o período de Outubro de 2009 a Janeiro de 2010, à qual objetivou coletar dados suficientes para o desenvolvimento e enriquecimento do presente trabalho. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS – RESULTADO APURADO POR MEIO DE QUESTIONÁRIO Este trabalho teve como objetivo principal evidenciar a forma como os contadores do município de Mossoró-RN vêm se adaptando as novas metodologias de trabalhado inseridas pela revolução digital na profissão contábil, bem como identificar se os profissionais desta área de conhecimento estão se beneficiando com os recursos disponibilizados por esta nova realidade da profissão contábil. Desta forma, este capítulo será destinado à amostra dos resultados obtidos através das informações colhidas junto aos profissionais contábeis de Mossoró/RN. Para uma melhor compreensão por parte do leitor, cada item será introduzido, comentado e, quando necessário, representado graficamente. A primeira questão buscou verificar junto aos contadores à adequação deles em relação à nova realidade da profissão contábil frente à revolução digital. Quando questionados se, considerava-se ser um profissional reciclado e apto a exercer a profissão contábil em meio à revolução digital, 85% dos profissionais disseram estarem aptos, e apenas 15% dos contadores responderam não desfrutarem de conhecimento suficiente para exercer a atividade contábil diante deste novo cenário. Com o sentido de identificar o grau de conhecimento dos contadores em relação às novas ferramentas introduzidas pelo governo à profissão contábil, foi perguntado na segunda questão, com relação ao nível de conhecimento técnico dos profissionais em relação ao SINTEGRA, SPED, Nota Fiscal Eletrônica, dentre outros, a qual foi possível identificar um bom nível técnico dos entrevistados em relação a esses recursos. Gráfico 1: Nível de conhecimento dos contadores em relação às ferramentas introduzidas pelo governo a profissão contábil. 288 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Fonte: Elaborado pelos autores Na terceira questão, questionou-se se as modificações ocorridas na metodologia de trabalho da contabilidade simplificaram o trabalho do profissional desta área de conhecimento. 70% dos entrevistados opinaram que sim, enquanto que 30% responderam que tais transformações não simplificaram as atividades do profissional de contábil. A quarta questão foi elaborada com o intuito de evidenciar se os contadores estão tendo dificuldade em se adequarem a essa nova realidade da profissão contábil. 52% dos entrevistados disseram que estão tendo dificuldades em se adaptarem, enquanto que 48% responderam não, condicionando um significativo equilíbrio entre os profissionais quanto à adequação a nova realidade da profissão contábil. Em seguida, buscou-se identificar as metodologias adotadas pelos profissionais contábeis para se adequarem aos novos recursos introduzidos pela revolução digital na atividade contábil. Assim foi possível verificar que os contadores estão se utilizando de diversas ferramentas de aprendizagem, como pesquisas, palestras, cursos, seminários, livros, revistas, órgãos competentes e especialização, para se adaptarem as novas atribuições do contador, conforme demonstra o gráfico a seguir: Gráfico 2: Metodologias utilizadas pelos contadores para se adequarem aos novos recursos contábeis. 289 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Fonte: Elaborado pelos autores A sexta questão buscou evidenciar a adaptação dos contadores ao SPED Contábil e Fiscal incorporado a profissão contábil. Foi constatado que 65% dos entrevistados não se adequaram a esses novos recursos a qual foram introduzidos na atividade contábil por meio da revolução digital, por outro lado, 35% responderam estarem adaptados a utilização dessas novas ferramentas de trabalho. Quando questionados com relação ao conhecimento da Resolução CFC Nº.1.020 de 18 de fevereiro de 2005 que trata do reconhecimento da certificação digital para a escrituração contábil das empresas (questão 7). 87% dos profissionais entrevistados responderem terem conhecimento da respectiva resolução, enquanto que apenas 6% disseram desconhecerem o assunto que trata da certificação digital na escrituração contábil das empresas. Em seguida foi perguntado aos contadores se eles tinham conhecimento da finalidade da certificação digital (questão 8), constatou-se de forma significante que 99% dos profissionais entrevistados conhecem os objetivos da certificação digital, e apenas 1% desconhecem. Tendo em vista que a revolução digital trouxe inúmeros benefícios à classe contábil, entre eles a nova carteira profissional do contador. Foi perguntado aos entrevistados (questão 9) se eles já possuíam a nova carteira profissional disponibilizada pelo CRC/RN. Constatou-se assim, que 50% dos profissionais contábeis entrevistados possuem, e 50% ainda não disponibilizam da nova carteira profissional do contador. Em seguida foi perguntado aos contadores se eles tinham conhecimento do e - CPF e o e – CNPJ A1 e A3. Constatou-se que 76% dos profissionais conhecem tais recursos, e apenas 24% desconhecem. A questão onze buscou evidenciar junto aos profissionais contábeis, se os mesmos se utilizavam do Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte disponibilizado pela Receita Federal do Brasil. 290 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Verificou-se assim, que 85% dos profissionais entrevistados se utilizam desse recurso, e apenas 15% não utilizam essa ferramenta em suas atividades operacionais. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Devido ao grande desenvolvimento tecnológico atual, os contadores tendem a acompanhar esse progresso e a fazer parte dessa nova realidade, que substituirá todos os procedimentos metodológicos que atualmente são utilizados para uma forma mais rápida e eficaz na geração de informações contábeis para a tomada de decisões. Este é o cenário em que está vivendo todos os contadores atualmente, existindo um cultura mais apurada e internacionalizada, onde o contador deve ficar atento a todas as novas mudanças que estão sendo exigidas, principalmente pelo governo e consequentemente por sua clientela, de um novo perfil profissional contábil frente aos novos acontecimentos tecnológicos que estão modificando o exercício da profissão contábil no Brasil. O presente trabalho teve como objetivo evidenciar o processo de adequação dos profissionais contábeis a nova realidade vivencia pela atividade contábil, bem como identificar as metodologias que esses profissionais vêm adotando, e ainda verificar se os mesmos estão se beneficiando com os novos recursos disponibilizados pela revolução digital para o profissional de contabilidade. Foi constatado que os contadores do município de Mossoró estão aptos e reciclados para exercerem a profissão contábil, tendo vista que os mesmos disponibilizam de um considerável conhecimento dos novos recursos incorporados a atividade contábil como; SINTEGRA, SPED Contábil e Fiscal, Nota Fiscal Eletrônica, dentre outros. Entretanto, foi verificado também, um significativo equilíbrio entre os contadores que estão encontrando dificuldades e os que não estão em se adaptarem as novas metodologias de trabalho introduzidas na profissão contábil por meio da revolução digital. Para isso, os profissionais vêm se utilizando de diversas metodologias de aprendizagem como; Cursos, seminários, palestras, pesquisas, livros, revistas especializadas, especialização e órgãos competentes. No entanto, foi evidenciada junto aos profissionais entrevistados, pouca atuação do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Norte no processo de desenvolvimento de programas junto à classe, com vistas a facilitar a adequação desses profissionais ao novo cenário vivenciado pela classe contábil. Quanto à utilização dos recursos disponibilizados aos profissionais contábeis decorrentes da revolução digital, sobretudo, em relação à nova carteira profissional do contador, pode-se verificar um equilíbrio significativo entre os profissionais que já disponibilizam desse recurso, e os que ainda não disponibilizam. Com base nesses dados mostrou-se que a nova realidade do contador esta voltada na era digital que exige grande conhecimento teórico, dos sistemas e principalmente das legislações que os regem, pois, com essas mudanças a responsabilidade do contador aumenta devido a resolução 1.020 do CFC, sobre a certificação digital e seu uso. 291 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Por fim, o contador passa atualmente por uma fase que deverá haver uma reflexão muito cuidadosa, pois, com o grande desenvolvimento da tecnologia da informação associado ao grande avanço das telecomunicações em nosso país, muita coisa está se transformando dentro das organizações contábeis, que buscam cada vez mais utilizar-se da tecnologia para aprimorar a prestação de serviços contábeis, melhorando cada vez mais a qualidade dos serviços prestados a sua cartela de clientes. REFERÊNCIAS ATHENIENSE, Alexandre. O direito e as novas tecnologias: Modalidades de assinatura digital. 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( ) sim ( ) não 2. Como você classifica seu nível de conhecimento técnico em relação aos novos recursos incorporados pelo governo a profissão contábil, como SINTEGRA, SPED, Nota Fiscal Eletrônica, dentre outros? ( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim 293 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 3. Em sua opinião, estas modificações ocorridas na metodologia de trabalho da contabilidade, simplificaram o trabalho do profissional desta área de conhecimento? ( ) sim ( ) não 4. Você vem tendo dificuldades em se adequar a essa nova realidade da profissão em contabilidade? ( ) sim ( ) não 5. Qual a metodologia que você vem utilizando para se adequar aos novos recursos introduzidos pela revolução digital, a qual foi incorporada a profissão contábil pelas instituições públicas e privadas? ( ) cursos ( ) seminários ( ) palestras ( ) pesquisas ( ) outros: _______________________________________________________________________. 6. Você já se adaptou a utilização do SPED Contábil e SPED Fiscal? ( ) sim ( ) não 7. Você conhece a Resolução CFC Nº. 1.020 de 18/02/2005 que trata do reconhecimento da Certificação Digital para a escrituração contábil das empresas? ( ) sim ( ) não 8. Você sabe para que serve um Certificado Digital? ( ) sim ( ) não 9. Você já possui a nova carteira de identidade profissional do contador? ( ) sim ( ) não 10. Você conhece o e-CPF e o e-CNPJ A1 e A3? ( ) sim ( ) não 11. Você utiliza os serviços disponibilizados no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte – e-CAC da Receita Federal do Brasil? ( ) sim ( ) não 294 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN ANÁLISE DOS IMPACTOS DO SPED EM UMA EMPRESA DO RAMO SUPERMERCADISTA DO MUNICÍPIO DE ASSU/RN ¹Francisco Felipe da Silva ²Joaquim de Siqueira Furtado Neto RESUMO Com a integração e o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, a administração tributária objetiva racionalizar e modernizar suas atividades e processos, removendo os entraves burocráticos e facilitando o cumprimento das obrigações tributárias, além de fortalecer o controle e a fiscalização. Para tanto, alterou a Constituição Federal em seu art. 37, abrindo caminho para o início dos processos digitais no Brasil. A partir de então, o modo de escrituração fiscal e contábil vigente no país sai da escrituração manual ou mecanizada para a escrituração digital com a instituição do projeto do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Diante dessa nova realidade, este trabalho possui como objetivo principal verificar os impactos ocasionados pela implantação do SPED em uma determinada empresa do ramo supermercadista do município de Assu/RN. Para alcance desse objetivo, foi aplicado um questionário com quatro perguntas fechadas e de múltipla escolha aos gestores e colaboradores que estão diretamente ligados ao processo de implantação do SPED na entidade. De modo geral, a partir da análise dos dados, foi constatado que para os entrevistados o maior desafio na implantação desse projeto foi à falta de controles internos na empresa, ocasionando assim, muito mais trabalho do que reconhecimento profissional. Portanto, é notório que a inovação das esferas governamentais com a instituição do SPED, foi de muita valia, especificamente para a empresa estudada, contribuindo para uma maior organização e controles em seus processos internos. Palavras-chave: SPED, Impactos, Empresa. Área Temática: Contabilidade Tributária. 295 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1 INTRODUÇÃO Atualmente o Brasil é um dos países mais burocráticos e detentor da carga tributária mais elevada do mundo. Neste contexto, as organizações empresariais, além de pagarem altos tributos, são submetidas a inúmeras obrigações acessórias que visam alimentar as administrações tributárias de informações relevantes sobre suas atividades operacionais, econômicas e financeiras. Como a exigência do cumprimento destas obrigações demanda a aplicação de recursos financeiros, tecnológicos e intelectual, é tendência que os contribuintes, principalmente aqueles classificados como Microempresas ou Empresas de Pequeno Porte, busquem alternativas para driblar tais obrigações, o que pode se constituir numa tentativa de enganar o fisco e de caracterização a sonegação fiscal. Assim, com o aumento da sonegação fiscal, as administrações tributárias têm buscado encontrar alternativas de combatê-la. O fisco tem inovado e se modernizado, fazendo da tecnologia informacional sua principal aliada na tentativa de acompanhar, praticamente em tempo real, todos os passos e caminhos percorridos pelas empresas. Partindo deste cenário, as administrações tributárias federal, estaduais e municipais pensando e agindo de forma integrada, lançaram o projeto Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), oficialmente instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, objetivando a unificação das obrigações acessórias, a aproximação da relação do fisco com o contribuinte e posteriormente o combate da grande massa dos empreendimentos irregulares quanto à arrecadação dos impostos. Agora, os contribuintes não precisam mais enviar suas informações, muitas vezes em duplicidade, para cada órgão responsável, no intuído de cumprir com as obrigações acessórias perante cada um deles. A partir do SPED, basta enviar um único rol de informações, através de um único arquivo digital, que será recepcionado, validado e armazenado pelo ambiente do SPED. Este mesmo arquivo ficará à disposição dos órgãos fiscalizadores em suas esferas de competência. Esta nova realidade faz surgir uma série de benefícios para os fiscos, os contribuintes e a sociedade como um todo, tais como a simplificação do cumprimento das obrigações acessórias, economia com a redução de impressão de documentos e armazenamento destes e, consequentemente, um ambiente mais propício para o desenvolvimento dos negócios. No entanto, com isto, nasce também a necessidade de investimentos mais acentuados em tecnologia de informação, mão-de-obra especializada e maiores controles internos por parte dos contribuintes. Diante deste contexto e dada a importância da criação do Sistema Público de Escrituração Digital, foi desenvolvido um estudo mais aguçado em uma empresa do ramo supermercadista localizada no município de Assú/RN, com o propósito de elucidar a seguinte questão: quais os impactos produzidos com a implantação do SPED na empresa objeto de pesquisa? É provável que dentre os impactos causados na empresa estudada, com a implantação do SPED, destaque-se a necessidade de mais investimentos em tecnologia de informação e de controles internos mais eficientes, o que se constitui na hipótese deste trabalho. Por se tratar de um tema atual, torna-se relevante estudar os prováveis impactos causados com a implantação do SPED a partir da constatação in loco, o que também possibilita verificar o alcance dos objetivos propostos pelo Projeto SPED. 296 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Além disso, um estudo dessa natureza tem sua importância por contribuir para a inclusão da sociedade nas discussões que envolvem o assunto e consequentemente para o aperfeiçoamento do referido Projeto, ao mesmo tempo em que pode servir de referência para fomentar outras pesquisas sobre o tema. Portanto, esta pesquisa possui como objetivo principal demonstrar os impactos produzidos com a implantação do SPED na empresa objeto de pesquisa, e de modo de mais específico, apresentar uma conceituação teórica do SPED, relatando seu funcionamento e suas principais características a partir da análise da legislação pertinente e demais produções correlacionadas. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A CONTABILIDADE NA ERA DIGITAL A difusão social das tecnologias informacionais em larga escala, tem afetado diretamente o ambiente empresarial brasileiro, que, continuamente, torna-se cada vez mais complexo em suas transações. Para Mattar (2008), há pouco tempo que a sociedade está inserida na era da informática, surge uma ruptura, saindo da tranquila linguagem representada pelos livros impressos para a conturbada e oscilante linguagem eletrônica. Ele continua dizendo que se a Revolução Industrial substituiu a força manual do homem pelas máquinas, a revolução eletrônica veio para ampliar a capacidade intelectual humana e substituir por autômatos, passando do livro impresso ao livro eletrônico, não estando mais como antigamente, submissa ao papel, onde agora a informação é totalmente digitalizada. As transformações corporativas decorrentes da globalização dos negócios e do uso da tecnologia da informação têm intensificado os investimentos em hardware e eficientes sistemas de gestão integrados. Batista (2006) concorda que muitos são os benefícios originados da utilização da tecnologia, mas para o autor, o computador não passa de uma mera máquina eletrônica, por trás da qual está a capacidade intelectual do ser humano. Há de se admitir que os computadores executem operações comandadas por pessoas e somente geram informações se alimentados por profissionais, que são detentores da capacidade intelectual de compreender a representatividade de cada informação. E, especificamente no que tange à Ciência Contábil não tem sido diferente. A Contabilidade no Brasil caminha a passos largos na busca pela convergência aos padrões internacionais e na modernização de seus procedimentos técnicos e operacionais. A Contabilidade, tida como a linguagem dos negócios, que até então utilizava de procedimentos rudimentares, como a escrituração manual e a utilização de máquinas de datilografar, hoje contribui de forma mais eficiente e eficaz para o desenvolvimento das organizações. De acordo com Oliveira (2006), a utilização da informática na Contabilidade, faz surgir diversos benefícios, como o aumento de produção nos serviços prestados, pois com o auxílio do computador a geração de relatórios ficou bem mais rápida proporcionando uma melhoria da qualidade dos serviços, possibilitando maior confiabilidade nas informações e menor probabilidade de erros. Conforme o autor, os profissionais na área contábil sentem-se mais prazerosos com os serviços, em virtude das facilidades decorrentes do uso computador e a da internet, como a leitura antecipada de relatórios antes mesmos de serem impressos. 297 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Ainda de acordo com Oliveira (2006) ficou mais fácil o atendimento aos órgãos fiscalizadores, o desenvolvimento de cálculos complexos para recolhimento de tributos se tornaram mais práticos com o uso de máquinas, as informações empresarias mais acessíveis, há reforço na segurança das informações com geração de cópias de segurança, conhecidos comumente como backup; e por último uma diminuição no espaço físico nos ambientes de trabalho, substituindo os diversos e espaçosos arquivos em papéis, por arquivos digitais. Além da informatização da Contabilidade brasileira, muitos outros acontecimentos importantes para a Contabilidade têm ocorrido nos últimos anos. Hoje, a realidade dos negócios globalizados força a profissionalização dos serviços contábeis e fortalece a Contabilidade enquanto ciência social aplicada. Atualmente os profissionais que atuam nos departamentos de contabilidade das empresas, além de se preocuparem em elaborar uma escrituração contábil em conformidade com as normas e padrões internacionais, devem estar atentos aos prazos e exigências do fisco em termos de obrigações fiscais, tributárias e contábeis, cujo nível complexidade tem sido ampliado consideravelmente. 2.2 CERTIFICAÇÃO DIGITAL A certificação digital, instituída pela Medida Provisória nº 2.200/2001, constitui-se em mais uma tentativa de inserção do Brasil na realidade e tendência dos países desenvolvidos. As informações que antes se apresentavam apenas na forma física impressas em papel, agora podem possuir existência também digital, com os mecanismos de proteção e validade jurídica, possibilitados com a utilização do certificado digital. O certificado digital, na forma de documento eletrônico, permite ao usuário se comunicar e efetuar transações na internet de forma mais rápida, sigilosa e segura. Em conformidade com o Instituto Nacional de Tecnologia de Informação (2005), a certificação digital é algo que dá uma maior segurança nas trocas de informações eletrônicas entre os diversos usuários (cidadãos, entes federais e organizações), existindo dentro deste campo, um documento eletrônico chamado de certificado digital. O certificado digital, para Young (2009), é uma assinatura digital em qualquer tipo de documento eletrônico, por uma parte terceira confiável, associando uma entidade a uma chave pública, podendo ser pessoa física ou jurídica. É tanto que, Duarte (2008) compara o certificado digital com um passaporte, que contém meios de identificação do usuário, como nome, data de nascimento, CPF, e etc. e o identifica no mundo virtual. A certificação digital possui algumas características fundamentais e requisitos de suma importância para os documentos eletrônicos, pois como afirma Duarte (2008) e Young (2009), é através do certificado digital que as informações contidas nos documentos eletrônicos possuirão garantia de autoria reconhecida, sigilo, integridade e confiabilidade. Assim o método tradicional de redigir, imprimir, assinar e reconhecer firma em um cartório vai cedendo lugar à certificação digital que assina digitalmente os documentos eletrônicos conferindo-lhes a mesma validade jurídica e muito mais segurança nas transações. Com o dispositivo de certificação digital, nos padrões da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil), e com um computador conectado à internet é possível, por exemplo, acessar os serviços da Receita Federal como obter certidões e situação fiscal; efetuar declarações e obter cópias destas; consultar e retificar pagamentos de tributos; acompanhar 298 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN processos através de meios eletrônicos; emitir digitalmente livros diários e fiscais; acompanhar os processos de nota fiscal eletrônica; e solicitar agendamento eletrônico para atendimento em órgãos públicos, sem a necessidade de enfrentar fila. 2.3 SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL (SPED) O fisco brasileiro, conhecedor da intensa sonegação fiscal existente em seu território, e consciente de que seria preciso atuar firmemente no sentido de coibir tais práticas ilícitas, tem inovado e modificado a sua forma de fiscalização para enfrentar os desafios da globalização e digitalização do comércio. A fim de compreender o motivo das mudanças, deve-se, preliminarmente, buscar a Emenda Constitucional nº 42, de 2003, que alterou a Constituição Federal introduzindo o inciso XXII ao art. 37, que determina às administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a atuar de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais. Com a Emenda Constitucional, o inciso XXII do art. 37 da Constituição Federal passa a ter a seguinte redação: As administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio (BRASIL, 2003). Assim, a alteração da Carta Magna abre os caminhos para a modernização e otimização do sistema tributário brasileiro. O primeiro passo importante nesse sentido foi a criação do Cadastro Nacional Sincronizado e do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), formado por basicamente três grandes subprojetos: a Nota Fiscal Eletrônica (NFE), a Escrituração Fiscal Digital (EFD) e a Escrituração Contábil Digital (ECD). Na tentativa de encontrar soluções conjuntas e práticas para o que determina a nova redação constitucional, em julho de 2004, na cidade de Salvador, ocorreu o I Encontro Nacional de Administradores Tributários (ENAT), formado pelos principais secretários das três esferas de governo. Mas, foi apenas no II evento do ENAT, em agosto de 2005, que foram assinados os Protocolos de Cooperação nº 02 e nº 03, objetivando o desenvolvimento e a implantação do SPED e da NFE. Esses projetos, em tópicos específicos fazem parte do Projeto de Modernização da Administração Tributária e Aduaneira, da Receita Federal, consistente na implantação de novos processos integrados com apoios tecnológicos, e do Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC), do Governo Federal, relacionado ao aperfeiçoamento do sistema tributário brasileiro, proporcionando um melhor ambiente de negócios aos brasileiros e, consequentemente, diminuindo os diversos entraves burocráticos existentes no país. Desse modo, somente em 22 de janeiro de 2007, o Decreto de nº 6.022 oficialmente instituiu o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e suas especificidades. Em seu art. 2º aparece à definição do SPED, como: Instrumento que unifica as atividades de recepção, validação, armazenamento e autenticação de livros e documentos que integram a escrituração comercial e fiscal dos 299 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN empresários e das sociedades empresárias, mediante fluxo único, computadorizado, de informações. É a partir do SPED que, de acordo com Ilarino e Souza (2010, p. 8), “com a modernização das exigências atuais de Legislação fiscal e comercial, os registros escriturados e impressos em papel dão lugar à escrituração e armazenamento digital”. Com isso: As empresas obrigadas à apresentação do SPED deverão aperfeiçoar a avaliação da qualidade de suas informações e dos seus procedimentos contábeis e fiscais, pois, com a entrega dos arquivos eletrônicos, elas estarão mais expostas a maiores questionamentos pela eventual adoção de procedimentos fiscais em desacordo com a legislação. (CARVALHO, 2008) Essa nova sistemática simplifica as obrigações acessórias dos contribuintes para com o governo, e é através da certificação digital, que se torna possível a autenticação, a validação e a integração dos livros e documentos integrantes do SPED, que é confirmado por Faria et al. (2010, p. 4): Com a implantação do SPED, o cumprimento das obrigações acessórias junto as administrações tributarias e aos órgãos fiscalizadores tende a ficar mais moderno; as empresas deixarão de enviar essas obrigações em papel, e passarão a enviar essas informações por meio digital online. As mesmas serão assinadas digitalmente utilizandose de um certificado digital para sua validação. Um dos grandes objetivos do SPED, conforme Aires e Lima (2010), é a integração do fisco em suas três esferas governamentais, uniformizando as obrigações acessórias, para que dessa forma seja mais fácil identificar os ilícitos tributários. Em conformidade com o Portal do SPED, os objetivos do SPED resumem-se a: Promover a integração dos fiscos, mediante a padronização e compartilhamento das informações contábeis e fiscais, respeitadas as restrições legais. Racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes, com o estabelecimento de transmissão única de distintas obrigações acessórias de diferentes órgãos fiscalizadores. Tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários, com a melhoria do controle dos processos, a rapidez no acesso às informações e a fiscalização mais efetiva das operações com o cruzamento de dados e auditoria eletrônica. Mas para tornar possível a implantação de um projeto de tamanha magnitude e de alcance nacional, a administração tributária contou com a participação parceiros como algumas empresas do setor público e privado que foram participantes do projeto piloto e colocaram seu aparato tecnológico e intelectual à disposição: Ambev, Banco do Brasil S.A., Brasil Veículos Companhia de Seguros, Caixa Econômica Federal, Cervejarias Kaiser Brasil S.A., Cia. Ultragaz S.A., Disal Administradora de Consórcios Ltda - Grupo Assobrav, Eurofarma Laboratórios Ltda., FIAT Automóveis S.A., Ford Motor Company Brasil Ltda., General Motors do Brasil Ltda., Gerdau Aços Longos S.A., Petróleo Brasileiro S.A., Pirelli Pneus S.A., Redecard S.A., Robert Bosch, Sadia S.A., Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Siemens Vdo Automotive Ltda., Souza Cruz S.A., Telefônica Telecomunicações de São Paulo S.A., Tokio Marine Seguradora, Toyota do Brasil Ltda., Usiminas – Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A., 300 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN VarigLog - Varig Logística S.A., Volkswagen do Brasil Ltda. e Wickbold & Nosso Pão Indústrias Alimentícias Ltda. Ainda de acordo com o Portal do SPED, são membros e parceiros do Projeto: Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais (ABRASF), Banco Central do Brasil (BACEN), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNRC), Encontro Nacional dos Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (ENCAT), Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), Secretarias de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal, Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA), Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviço (ABECS), Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (ANDIMA), Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (FENACON), Federação Nacional das Empresas de Serviços Técnicos de Informática e Similares (FENAINFO) e a Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (JUCEMG). O Sistema Público de Escrituração Digital, simplesmente chamado de SPED, é composto por três principais subprojetos: a Nota Fiscal Eletrônica (NFE), a Escrituração Fiscal Digital (EFD) e a Escrituração Contábil Digital (ECD). Sebold, Pioner L. e Pioner J. (2011, p. 6) assim definem os subprojetos: - Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) – É emitida e armazenada eletronicamente com o intuito de documentar, para fins fiscais, uma operação de circulação de mercadorias ou de prestação de serviços; - Escrituração Fiscal Digital (EFD) – Compreende um arquivo digital composto por um conjunto de documentos fiscais de escrituração, bem como de registros e apurações de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelos contribuintes; - Escrituração Contábil Digital (ECD) – É uma escrituração em forma digital dos livros Diários e Razão, e seus auxiliares, se existirem, e do livro Balancetes, Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórias dos assentamentos neles transcritos. A Nota Fiscal Eletrônica consiste num documento de existência apenas digital que documenta as operações de circulação de mercadorias e de serviços prestados, cuja validade jurídica é reconhecida pela assinatura digital do emitente, e que permite o fisco conhecer a natureza da operação antes mesmo da ocorrência do fato gerador. Isto é, com a Nota Fiscal Eletrônica, somente é possível realizar o transferência do bem ou serviço para o destinatário, se o arquivo digital, em formato XML, tiver sido enviado para a Secretaria Fazendária Estadual e de acordo com o leiaute padrão definido para a Nota Fiscal Eletrônica. Somente depois da recepção e validação da NFE pelo fisco é que este autorizará a impressão do Documento Auxiliar de Nota Fiscal Eletrônica (DANFE), que é uma mera representação gráfica da NFE e que tem como principal finalidade o acompanhamento das mercadorias durante transporte e suporte à escrituração fiscal do destinatário ainda não obrigado à NFE. Assim, a Nota Fiscal Eletrônica permite o fisco conhecer “em tempo real quais os produtos que estão sendo comercializados, o destinatário, os impostos incidentes naquela 301 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN transação, havendo a comunicação entre os órgãos de fiscalização da União, Estado, Município e Distrito Federal” (OLIVEIRA 2010, p. 20). Um grande benefício da Nota Fiscal Eletrônica para os contribuintes consiste na eliminação dos erros de digitação, já que o sistema emissor da NFE é altamente criterioso e não permite a transmissão da NFE caso haja campos de preenchimento obrigatório em branco ou ainda preenchidos de forma incorreta ou incompleta. No que tange à escrituração de documentos fiscais, muitos erros podem ser eliminados já que não há mais a necessidade de digitação das notas fiscais. Com acesso à internet e de posse de um equipamento leitor de código de barras, é possível fazer a leitura da chave de acesso da Nota Fiscal Eletrônica e importar do Ambiente Nacional da Nota Fiscal Eletrônica todos dados da nota fiscal, tornado ágil e prático o trabalho da Escrituração Fiscal Digital (EFD). A Escrituração Fiscal Digital (EFD) ou SPED Fiscal, em resumo, são todas as escriturações dos documentos fiscais de entradas e de saídas, bem como as apurações de impostos conforme as operações realizadas, reunidas em um único documento digital, validado e assinado no Programa de Validação e Assinatura (PVA) antes da transmissão para o fisco. Já a Escrituração Contábil Digital (ECD), também chamada de SPED Contábil, é a escrituração digital dos livros diário e razão e seus auxiliares e não auxiliares, bem como dos balanços, balancetes e de demais demonstrações contábeis. Essa escrituração veio para substituir os antigos e volumosos livros impressos, como também diminuir os custos com a sua impressão, encadernação e a autenticação e diminuir o espaço de ocupação. A partir do sistema de contabilidade, dentro das peculiaridades exigidas, a empresa deve gerar o arquivo digital contendo toda sua escrituração contábil e submetê-lo ao Programa Validador e Assinador (PVA) fornecido pelo SPED, em seguida deverá assiná-lo digitalmente e transmiti-lo para o SPED. É perceptível que as autoridades fiscais estão convencidas de que o sistema irá gerar significativa melhoria no processo de controle e auditoria fiscal eletrônica das empresas, reduzindo expressivamente a informalidade e a adoção de procedimentos em desacordo com a legislação fiscal, o que certamente resultará em aumento na arrecadação de tributos. 3 METODOLOGIA A metodologia, de acordo com as ideias de Cervo (1978), envolve a descrição dos instrumentos e a definição da forma utilizada para coleta e análise de dados. A metodologia, portanto, são os procedimentos, regras, e caminhos trilhados para o alcance dos objetivos desta pesquisa, que é de verificar os impactos produzidos com a implantação do SPED numa empresa do ramo supermercadista localizada no município de Assu, no Estado do Rio Grande do Norte. De acordo com Beuren et al. (2004), uma pesquisa descritiva tem como meta apresentar características de determinadas populações ou fenômeno. Portanto, quanto aos objetivos, a presente pesquisa apresenta-se tipicamente descritiva, pois procura descrever os fenômenos observados a partir de dados obtidos in loco, no período de observação e constatação, que foi de janeiro a junho de 2011. Quanto aos procedimentos adotados, a pesquisa classifica-se como estudo de caso caracterizando-se principalmente pelo estudo concentrado de um único caso. Já em relação à abordagem do problema, como não foram utilizadas ferramentas estatísticas, mas foram feitas análises profundas relacionadas ao caso abordado, caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, 302 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN pois procura demonstrar as peculiaridades, bem como compreender os processos particulares e específicos do fenômeno em estudo. O universo da pesquisa é composto pelos gestores e colaboradores que estão diretamente ligados ao processo de implantação do SPED na empresa do ramo supermercadistas utilizada para o estudo de caso. Para rendimento dos dados necessários à compreensão do caso estudado, a coleta de dados in loco deu-se através da aplicação de questionários com quatro pessoas chave na empresa: o administrador, o contador, o responsável pelo departamento fiscal, e o responsável pelo suporte tecnológico. Para o alcance dos objetivos propostos, os questionários aplicados possuíam quatro perguntas do tipo fechadas e de múltipla escolha. Foram impressos e entregues aos entrevistados, de forma deixá-los à vontade e não exercendo nenhuma pressão ou qualquer tipo de influência em suas respostas. Os dados obtidos foram analisados a partir de um comparativo com as observações diretas feitas pelos pesquisadores nas visitas feitas in loco, e traçando-se um paralelo com a literatura sobre o assunto. Finalmente, as fontes secundárias de investigação, constituídas em meio impresso e virtual, como livros, periódicos, artigos, dissertações, sítios na internet e demais publicações, subsidiaram o referencial teórico no sentido de ampliar os conhecimentos e dar sustentação temática de acordo com os objetivos estabelecidos. 4 RESULTADOS Uma vez cumpridas as etapas de coleta de informações, à luz do referencial teórico e dos dados obtidos na pesquisa realizada, relaciona-se a seguir, as principais conclusões obtidas pelo trabalho. Uma incursão nas questões que compõem o questionário aplicado permitiu identificar qual o setor da empresa, que na opinião dos entrevistados sofreu maior impacto com a implantação do SPED. Embora cada entrevistado seja conhecedor da realidade do departamento onde desempenha suas atividades, na opinião do Administrador e do Contador da empresa, o departamento fiscal foi o setor que mais impacto sofreu. Isto se justifica pela série de novos controles internos que a empresa precisou adotar no departamento fiscal, a partir de janeiro de 2011, quando adotou o regime de apuração do Imposto de Renda e da Contribuição Social pelo Lucro Real, cujas obrigações fiscais e contábeis tornam-se mais complexas, inclusive com a obrigação de implantação do SPED Fiscal e Contábil. Já para o responsável pelo departamento fiscal, o setor contábil foi o mais afetado, contrariando a opinião do responsável pelo suporte tecnológico que saiu em defesa do seu campo de atuação, talvez justificado pela série de adequações de leiautes dos sistemas preparando-os para geração de arquivos para o SPED. Indagados sobre o principal benefício ocasionado pela implantação do SPED na empresa, todos os entrevistados foram unânimes em suas respostas. A implantação do SPED possibilitou uma organização maior na empresa, havendo um sincronismo entre os setores fiscal, contábil e da tecnologia da informação. A obrigatoriedade do SPED exige da empresa informações minuciosas e sincronizadas. Hipoteticamente exemplificando, se todas as operações com mercadorias são documentadas por 303 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Nota Fiscal Eletrônica e/ou cupons fiscais, é possível realizar o inventário de mercadorias, sem necessariamente fazer a contagem física. Basta apurar as entradas e as saídas de mercadorias, a diferença representa o saldo do inventário em determinada data. Este mesmo saldo é o que deve constar no Livro de Registro do Inventário e no saldo na conta de estoques no Balanço Patrimonial para a mesma data. Em relação ao principal desafio na implantação do SPED na organização em estudo, o administrador, o contador e o responsável pelo departamento fiscal possuíram o mesmo entendimento. Na opinião deles, a falta de controles internos nos setores de compras, vendas e estoque constituiu o principal desafio, pois, meio que abruptamente, a empresa teve que adotar uma série de novos controles internos, como já dito anteriormente. Na opinião do profissional em tecnologia, o principal desafio foi encontrar funcionários capacitados quanto às exigências deste projeto, o que constitui uma realidade enfrentada por muitas empresas, tendo em vista que o Projeto SPED, em sua complexidade e ainda em fase de implantação, ainda sofre ajustes e exige constante atualização profissional. A pesquisa também procurou investigar dos entrevistados, os impactos causados pelo SPED na vida deles enquanto profissionais. Para o administrador, para o contador e para profissional responsável pelo suporte tecnológico, a implantação deste projeto trouxe muito mais trabalho do que reconhecimento profissional. Diferentemente, o responsável pelo do setor fiscal, acredita que obteve um conhecimento maior e mais profundo do projeto do SPED e seus subprojetos. É natural que a evolução tecnológica mude o comportamento dos recursos humanos na empresa, por isso, eles, sob pena de ficarem alijados do próprio mercado de trabalho, se adaptam, corpo e mente, aos novos padrões de desempenho definidos pela própria sociedade capitalista, extremamente mutante. 5 CONCLUSÃO Na era da informação e da inovação tecnológica, não somente as empresas, como também as esferas governamentais, representadas pelo governo Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal, estão na busca do acompanhamento célere dos novos e sofisticados acontecimentos diários, através das modernizações nas suas rotinas, até então ultrapassadas. Diante deste contexto, em relação ao SPED, infere-se que a responsabilidade dos contadores também é bastante abrangente, pois as informações fiscais e contábeis relativas à pessoa jurídica ficam totalmente a seu cargo, inclusive responsáveis pelos dados informados e pelo cumprimento dos prazos. Aos representantes da pessoa jurídica resta a incumbência do fornecimento de documentos idôneos, para uma correta elaboração das obrigações. Portanto, a realização de uma pesquisa desta natureza permite conhecer o tamanho da responsabilidade das entidades empresariais obrigadas a implantação do SPED. Na empresa estudada, ficou perceptível que o departamento fiscal que mais foi o afetado pela implantação do SPED, trazendo como principal benefício, um maior sincronismo entre os setores fiscais, contábeis e da tecnologia de informação na empresa. Inicialmente, como relatado pelos entrevistados, o maior desafio destas mudanças consistiram na falta de controles internos nos setores de compras, vendas e estoques, trazendo assim muito mais trabalho do que reconhecimento profissional para eles. Das hipóteses levantadas de um bom investimento em tecnologia da informação e de um controle interno eficiente, só foi aceita a última, podendo ser confirmada através das respostas 304 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN dos entrevistados referentes ao principal desafio da implantação do SPED, que foi a falta de controles internos nos setores de compras, vendas e estoque. Por último, neste raciocínio, os resultados obtidos neste estudo de caso não podem ser generalizados, porém, podem ser tomados como base para realização de outros estudos em estabelecimentos diferentes, de mesmo ramo, ou até mesmo de ramos diferentes. Para a realização de trabalhos futuros, fica, portanto, a sugestão de um estudo mais aprofundado que possa servir para complementação deste, como por exemplo, a abordagem da implantação do SPED no segmento supermercadista do Rio Grande do Norte, comparando o estudo realizado nesta empresa com as demais. 6 REFERÊNCIAS AIRES, Isabella Costa da Silva; LIMA, Luana Karissa Duarte de Oliveira. Sistema público de escrituração digital – sped contábil e sua aplicabilidade: um estudo nos escritórios de contabilidade localizados na cidade de Mossoró-RN. 2010, 53 f. Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) – Universidade Potiguar, Mossoró, 2010. BATISTA, Emerson de Oliveira. Sistemas de Informação: o uso consciente da tecnologia para o gerenciamento. 3 tiragem. São Paulo: Saraiva, 2006. BEUREN, Ilse Maria (Org.). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2004. BRASIL. Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007. 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MOISÉS OZÓRIO DE SOUZA NETO1 JOSUÉ BEZERRA DA COSTA2 FRANCISCO TAVARES FILHOS3 RESUMO No cenário empresarial moderno, a existência das empresas não pode se justificar exclusivamente pela capacidade de gerar lucros e riquezas aos seus proprietários, mas também pela capacidade de contribuir ativamente para o desenvolvimento e o bem estar social da sociedade, reconhecendo que, para a empresa crescer economicamente, é preciso dar importância ao que deve ser feito pela coletividade. Nesse entendimento, o principal objetivo deste estudo é analisar qual a percepção dos gestores das indústrias do município de Catolé do Rocha-PB sobre a importância da responsabilidade social. A metodologia utilizada aborda o método exploratório, utilizando-se de pesquisa bibliográfica e um questionário, com perguntas abertas e fechadas, como instrumento de coleta de dados, objetivando identificar percepções positivas e negativas sobre o que está sendo analisado. Os resultados obtidos a partir da pesquisa de campo indicam que os gestores questionados são conhecedores da importância da responsabilidade social e dos benefícios advindos dessa prática, assim como das perdas advindas pela falta de responsabilidade social e da importância do balanço social para as empresas; porém, precisam intensificar sua responsabilidade social interna, investindo no bem estar dos funcionários, para fortalecer sua atuação e contribuição para o desenvolvimento social junto à sociedade. Palavras-Chave: Empresa Privada. Responsabilidade Social. Balanço Social. 123- 1 Professor Especialista do Curso de Ciências Contábeis do CAJIM(Campus avançado João Ismar de Moura - UERN) e da UNP(Universidade Potiguar-Mossoró-RN). Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Professor Mestre do Curso de Ciências Contábeis do CAJIM(Campus avançado João Ismar de Moura - UERN). INTRODUÇÃO Nos últimos anos, diversos fatores contribuíram para significantes transformações socioeconômicas no mundo empresarial. Os avanços tecnológicos, a quebra de monopólios comerciais, a integração econômica, social e cultural entre as sociedades dos diversos países, aceleraram significantemente o cenário econômico mundial. A rapidez com que as informações circulam e a possibilidade de se obter, processar e transmitir essas informações, fez surgir um novo mercado, mais competitivo e com a atuação de consumidores mais exigentes no que diz respeito ao compromisso da empresa em questões de ordens econômicas, sociais e ambientais. Entende-se que a base de sustentação da empresa poderá ser alcançada através do equilíbrio entre essas questões, fortalecendo-se na medida em que a empresa demonstra em suas ações o compromisso de contribuir ativamente para o bem estar da sociedade. Essas iniciativas de compromissos podem ser classificadas como responsabilidade social, que é, essencialmente, um 307 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN conceito segundo o qual a empresa decide espontaneamente pela integração das questões sociais e ambientais em suas atividades. A responsabilidade social não é mais um assunto restrito a um determinado país, estando no centro das discussões das principais economias do mundo, levando estudiosos e pesquisadores a se aprofundarem no assunto, no intuito de mobilizar os gestores de empresas a atentarem para a importância desse assunto e assumirem obrigações de caráter social, além das obrigações legais de respeitar as leis e pagar impostos. Diante disso, o problema que ora se apresenta é: Qual a percepção dos gestores das indústrias do município de Catolé do Rocha-PB sobre a importância da responsabilidade social? Para esta análise, fez-se necessário um estudo mais específico da temática abordada, direcionando o problema a um universo específico, no caso, as indústrias do município de Catolé do Rocha, no Estado da Paraíba. O principal objetivo deste trabalho é, portanto, analisar qual a percepção dos gestores das empresas industriais do município de Catolé do Rocha-PB sobre a importância da responsabilidade social na empresa. No intuito de enriquecer mais o estudo, foram formulados os seguintes objetivos específicos: analisar quais os benéficos advindos de práticas socialmente responsáveis e as perdas pela falta dessa prática; demonstrar a importância da realização do balanço social para empresa. A importância desta pesquisa concentra-se no fato de apresentar discussões a respeito de questões sociais no âmbito empresarial, principalmente por evidenciar que a empresa possui potencial suficiente para contribuir para uma melhor qualidade de vida da coletividade. O trabalho está organizado em três capítulos, além da introdução e conclusão. O primeiro capítulo trata de conceitos sobre a empresa privada e responsabilidade social empresarial, enfatizando-se o balanço social como forma de prestação de contas das ações sociais da empresa perante a coletividade. O segundo capítulo explica os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa. Por último, o terceiro capítulo analisa e discute os questionamentos da pesquisa de campo sobre a percepção dos gestores das indústrias catoleenses sobre responsabilidade social empresarial. 2 EMPRESA PRIVADA Entende-se que toda organização que se constitui juridicamente para exploração de atividades econômicas e prestação de algum tipo de serviços no intuito de troca ou retorno, caracteriza-se como empresa privada. Para Franco (1991, p. 14), “Empresa privada é toda entidade econômica com fim lucrativo, são aquelas que se constituem com o fim de exercer atividade mercantil, caracterizada pelo objetivo de lucro”. É provável que na literatura diversos conceitos possam ser citados sobre empresa privada, porém todos devem ser direcionados para um raciocínio lógico de compreensão de que as empresas privadas são produtoras de bens e serviços e geradoras de riquezas, resultado de uma união de interesses entre diferentes grupos sociais: acionistas, fornecedores, empregados, estado, clientes e comunidade. 308 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Para Tinoco (2001, p. 24), a entidade empresa: [...] aparece cada vez mais como sendo o resultado de uma colisão de interesses entre diferentes grupos sociais. A intensidade de seu poder é diretamente função de sua organização, isto é, de sua identificação enquanto grupo. As exigências desses grupos estão relacionadas com seu poder e por isso têm necessidade de exercitar informação, cujas modalidades são adaptadas as suas exigências. Na visão dos sócios e acionistas, as empresas são fontes de lucros e maximização de riquezas. O lucro é o resultado mais almejado, partindo do princípio de que são os lucros o retorno ou aumento do capital aplicado, da mesma forma que os prejuízos significam perda desse capital. 2.1 FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA No meio empreendedor moderno, há uma mudança significativa no que diz respeito a função social da empresa perante a sociedade. Atualmente no mercado altamente competitivo, a lucratividade da empresa está associada ou traduzida no seu desempenho econômico e no desenvolvimento social indo além da obrigação de respeitar as leis e pagar impostos. O aumento e a melhoria da produção, de modo a satisfazer às necessidades das pessoas, é o objetivo econômico da empresa. O objetivo social está na integração comunitária, na promoção e no aperfeiçoamento humano dos que nela trabalham. Com o advento da Constituição de 1988, o principal preceito que expressa a moderna visão da função das empresas é o artigo 170 da Carta Constitucional: Art. 170 – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I – soberania nacional; II – propriedade privada; III – função social da propriedade; IV - livre concorrência; V – defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII – redução das desigualdades regionais e sociais; VIII – busca do pleno emprego [...]. 309 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Diante disso, a função socializadora da empresa se legaliza quando ela promove a justiça social, contribuindo para redução da desigualdade social, cooperando para a dignidade humana, oferecendo algo em troca ao que por ela foi usurpado da sociedade. O raciocínio é simples, a partir do momento em que a empresa utiliza-se de recursos que pertencem a sociedade, faz-se necessário restituí-los não apenas sob a forma de produtos e serviços comercializados, mas principalmente, através de atitudes responsáveis voltadas para a solução dos problemas sociais que atingem a sociedade. 2.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL O surgimento das sofisticadas tecnologias e a velocidade em se obter e processar informações impõe ao empresariado moderno uma nova postura na realização de suas atividades. As empresas estão sendo cada vez mais cobradas pelos seus funcionários e pela sociedade em geral em termos de compromisso, por isso, é notável o crescente avanço e reconhecimento, por parte das empresas, em redefinir seu papel e sua missão na sociedade. Especialmente nas últimas décadas, vem crescendo o interesse e o conseqüente investimento do empresariado na área social. Atualmente, já se discutem temas sobre o gerenciamento social, elaboração de projetos sociais e comunitários, o gestor ético e a responsabilidade social. Para o Instituto Ethos (2010), a noção de responsabilidade social decorre; [...] da compreensão de que a ação das empresas deve, necessariamente, buscar trazer benefícios para a sociedade, propiciar a realização profissional dos empregados, promover benefícios para os parceiros e para o meio ambiente e trazer o retorno para os investidores. Todavia, é importante buscar um esclarecimento mais abrangente do conceito de responsabilidade social para se analisar sobre como as empresas podem integrar as questões sociais nos seus objetivos. O termo responsabilidade social é considerado como uma postura voltada para promover o bem, devido a isso, cresce por parte da empresa a conscientização e o interesse pela cidadania. O Instituto Ethos (2010) utiliza-se e aponta as sete diretrizes da responsabilidade social empresarial: 1ª Adote valores e trabalhe com transparência. 2ª Valorize empregados e colaboradores. 3ª Faça sempre mais pelo meio ambiente 4ª Envolva parceiros e fornecedores. 5ª Proteja clientes e consumidores. 6ª Promova sua comunidade. 310 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 7ª Comprometa-se como bem comum. As diretrizes acima citadas são de grande importância para uma empresa tornar-se socialmente responsável. Adotar valores e trabalhar com transparência, é corresponder as expectativas da empresa e da sociedade, é expressar suas metas e atingir seus objetivos agregando valores como honestidade, ética, respeito ao próximo, compromisso, integridade e solidariedade a todos os envolvidos no ambiente empresarial; proprietários, funcionários, clientes, fornecedores, comunidades e o próprio ambiente, e acima de tudo ser coerente naquilo que fala e pratica. 2.2.1 Benefícios da responsabilidade social empresarial A responsabilidade social traz ganhos expressivos para empresa, e diversos são os beneficios resultantes de práticas socialmente responsáveis por parte da empresa. Cita-se: o reforço de imagem e marca, o aumento das vendas, o retorno publicitário voluntário, entre outros. Faz-se importante ressaltar, que desenvolver programas sociais apenas para divugar a empresa, não traz resultados positivos sustentáveis, é preciso que a empresa tenha a cultura da responsabilidade social incorporada as suas atividades. Segundo Frões (1999 apud GUEDES, 2000, p. 56), esses ganhos com a responsabilidade social resultaria no chamado retorno social instituicional. O retorno social instituicional ocorre quando a maioria dos consumidores privilegia a atitude da empresa de investir em ações sociais, e o desempenho da empresa obtém o reconhecimento público. Como consequência a empresa vira notícia, potencializa sua marca, fideliza clientes, reforça laços com parceiros, conquista novos clientes, aumenta sua participação no mercado, conquista novos mercados e incrementa suas vendas. ( FRÕES, 1999, p. 162). Conforme o autor, os benefícios advindos dessas práticas são a valorização da imagem da empresa, maior lealdade do consumidor na escolha dos produtos, capacitade de manter talentos, flexibilidade e longevidade, melhoria dos resultados econômicos e os diferenciais competitivos. Entende-se que a empresa pode desenvolver com cada uma das partes interessadas atividades específicas e criativas, assim como projetos em diversas áreas e diversos públicos de diferentes maneiras. 2.2.2 Perdas advindas para empresa pela falta de responsabilidade social Este tópico, tem como objetivo evidenciar as perdas empresariais advindas para empresa por comportamentos não éticos e pela falta de responsabilidade social. Atualmente, as empresas estão sendo mais exigidas a assumir uma conduta ética e responsáveis nas suas relações com os clientes, funcionários , acionistas, fornecedores, governo comunidade e com todos os 311 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN interessados, e quando isso não acontece a empresa enfrenta as consequências dos seus próprios atos. Na sociedade moderna, o consumidor já tem noção do seu poder e do impacto transformador do seu ato de consumo, ou seja, faz em suas escolhas levando em consideração as atitudes sociais e ambientais adotada por determinada empresa. A empresa pautada na gestão de responsabilidade social, deve assumir uma postura de comportamentos, na intenção de proporcionar o bem estar de seus colaboradores. Assim, a empresa pode ser entedida como uma colisão de interesses entre diversas partes, e dentro desse contexto, os interessados estão sendo vistos como uma espécie de sócios interessados no sucesso dos negócios da empresa, prontos para compartilhar resultados. Dessa forma, uma empresa que age sem ética, sem compromisso, não respeita o consumidor e não preserva o meio ambiente, pode sofrer inúmeras perdas empresariais, conforme pontua Silva (2006, p. 25): a) baixa produtividade pela maior exploração , ou desmotivação dos funcionários; b) publicidade negativa, consequências de denúncias e propagandas enganosas, advindas da mídia e de denúncias e propagandas contrárias às ações da empresa. c) má imagem de diminuição nas vendas, pelo enfraquecimento e boicote à marca; d) queda das ações e afastamento dos investidores, pela desvalorização da empresa na sociedade e no mercado; e) pagamentos de multas e indenizações, ocasionadas por desastres ao meio ambiente, danos físicos ou morais aos funcionários e consumidores; desobediência às leis e escândalos econômicos políticos; f) reclamaçoes de clientes, perdas de futuros consumidores, devido a propaganda enganosa, falta de qualidade e segurança dos produtos. 2.3 BALANÇO SOCIAL Basicamente, o balanço social tem sua origem na contabilidade das empresas, tornando-se um instrumento de comunicação com todos os grupos que interagem com ela, proporcionando informações úteis para a tomada de decisões. A importância do balanço social para os fornecedores e investidores é que ele informa como a empresa supera suas responsabilidades em relação aos recursos humanos e com o meio ambiente. O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE, 2010), define o balanço social “como um demonstrativo que deve ser publicado anualmente pela empresa.” Esse demonstrativo deve reunir informações claras sobre projetos , benefícios e investimentos em ações sociais direcionados aos empregados, investidores, acionistas e a comunidade em geral. É considerado, também, como um instrumento estratégico para avaliar o exercicio da 312 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN responsabilidade social. Nessa peça contábil, a empresa torna público as ações que buscam melhorar a qualidade de vida para todos. Iudicibus e Marion ( 2001, p. 25), refletindo sobre o balanço social, afirmam que: É um relatório que contém dados, os quais permitem identificar o perfil da atuação social da empresa durante o ano, a qualidade de suas relações com os empregados, a participação dos empregados nos resultados econômicos da empresa e as possibilidades de desenvolvimento pessoal, bem como a forma de sua interação com a comunidade e sua relação com o meio ambiente. O balanço social pode ser considerado ainda como um demonstrativo indispensável para as empresas que desejam superar seus concorrentes, já que este relatório atende a um número diversos de usuários, dentre estes, a comunidade. O objetivo principal do balanço social, é estreitar a relação da empresa e sociedade, divulgando informações e indicadores dos investimentos e das ações realizadas pela empresa, tanto no âmbito interno, quanto externo. 3 METODOLOGIA Adotar uma metodologia significa escolher um caminho, uma direção, que possibilite criatividade e possibilidade para se atingir um objetivo. Marconi e Lakatos (2003, p. 83) conceituam método como: [...] o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança, permite alcançar um objetivo conhecimentos válidos e verdadeiros traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. A figura abaixo mostra os estágios percorridos para realização deste trabalho. PESQUISA NA LITERATURA SOBRE O TEMA RESPONSABILIDADE SOCIAL ESCOLHA DO UNIVERSO DA PESQUISA CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE A SER UTILIZADO NO TRABALHO POPULAÇÃO E AMOSTRA INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ANÁLISE DO RESULTADO DA PESQUISA SOBRE A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DAS INDÚTRIAS DO MUNÍCIPIO DE CATOLÉ DO ROCHA SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL. Figura 1 – Esquema metodológico da pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor (2010) 313 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A classificação da pesquisa é o conjunto de ações que possibilita encontrar soluções para um problema ou respostas para indagações propostas. Esta seção tem como objetivo classificar a pesquisa quanto a natureza, objetivos, procedimentos e apresentar o universo da pesquisa, a população e amostra, bem como os instrumentos da coleta de dados. Quanto a sua natureza, esta pesquisa classifica-se como qualitativa, em razão de não utilizar procedimentos estatísticos sofisticados. Quanto aos objetivos, a pesquisa classifica-se como descritiva, visando descrever as características de determinada população e, por envolver o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, utilizando-se de padrões textuais, como por exemplo, questionários para a identificação do conhecimento, com finalidade de observar, registrar e analisar os fenômenos. Na pesquisa descritiva não há interferência do pesquisador, que apenas procura analisar os fatos com o necessário cuidado, para registrar a frequência com que o fenômeno acontece e chegar a uma conclusão. Os procedimentos na pesquisa referem-se à maneira pela qual se conduz o estudo e, portanto, se obtém os dados. No presente estudo, foi utilizada, inicialmente, uma pesquisa bibliográfica, haja vista que contempla a revisão da literatura para a elaboração da fundamentação teórica. A pesquisa bibliográfica se deu mediante coleta de material já elaborado e publicado sobre o tema da pesquisa como teses, dissertações, monografias, artigos eletrônicos, livros, revistas e internet. Em um segundo momento, realizou-se a coleta de dados através de fontes primárias, onde se recorre à solicitação de informações diretamente a um grupo de pessoas sobre um determinado problema. Para a análise dos dados, buscou-se o detalhamento da informação de forma a obter as conclusões relativas ao fato ou fenômeno estudado. O universo de pesquisa são os gestores das empresas industriais do município de Catolé do Rocha, cidade situada na região oeste do estado da Paraíba, limitando-se ao Norte com Almino Afonso (RN) e Patu (RN), ao Leste com Belém do Brejo do Cruz (PB) e Brejo do Cruz (PB), ao Sul com a cidade de Riacho dos Cavalos (PB) e Jericó (PB), e ao Oeste com João Dias (RN) e Brejo dos Santos (PB). O tenente coronel Francisco da Rocha Oliveira e sua esposa dona Brasídia, iniciaram as primeiras edificações, no de ano de 1774. Foi municipalizada em 1835 e conforme dados do IBGE (2010), a população atual é de 28.766 habitantes e tem uma área territorial de 552.092KM2. Tem como principal atividade econômica, desde o ano de 2006, as indústrias de transformação que somam 87 unidades. Conforme dados fornecidos pela Gerência de Informações Econômico-Fiscais do estado da Paraíba, as indústrias encontram-se cadastradas e ativas sendo classificadas, de acordo com a lei 12306, como microempresas. A população da pesquisa restringiu-se aos estabelecimentos industriais localizados no município de Catolé do Rocha (PB). A amostragem foi do tipo sistemático, haja vista que os seres da população já estão ordenados, nesse caso, a seleção dos elementos que formaram a amostra foram feitas por um sistema aplicado pelo próprio pesquisador, através de uma seleção aleatória, selecionando 30 gestores, ou seja, empresários e gerentes das indústrias. 314 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O instrumento de coleta de dados para este estudo foi um questionário pré-estruturado com questões abertas e fechadas, sendo este um dos procedimentos mais utilizados para se obter informações. Os dados foram coletados de fontes primárias, de forma direta aos empresários das indústrias do município de Catolé do Rocha - PB, e o referencial teórico foram embasados em fontes secundárias, pesquisas em livros, revistas, sites, artigos e monografias. 4 ANALISES E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS As demonstrações dos principais questionamentos serão feitos através de gráficos que evidenciarão a percepção dos gestores sobre a importância da responsabilidade social empresarial no âmbito atual da empresa privada. No que se refere a função dos gestores entrevistados, 86,7% apresentou-se como proprietários das indústrias e 13,3% como gerentes administrativos. Quanto ao grau de escolaridade dos entrevistados, 3% informou nível de escolaridade em grau superior e 97% informou que concluiu apenas o 2º grau. O questionamento quanto ao tempo de existência da empresa, foi evidenciado entre 6 e 10 anos. Quanto ao número de funcionários contratados, a média fica entre 10 a 130 funcionários. A segunda parte constitui-se de um questionário abrangendo práticas de responsabilidade social empresarial. O objetivo do questionário foi identificar percepções quanto ao nível de conhecimento e a utilização de práticas socialmente responsáveis. De acordo com dados fornecidos pela Gerência de Informações Econômico-Fiscais do estado da Paraíba, o município de Catolé do Rocha-PB possui cadastradas e ativas um total de 87 indústrias, destas, foram selecionados aleatoriamente 30 gestores, que corresponde a 34,5% do total. A seguir, serão demonstrados através de gráficos os resultados mais detalhados dos principais questionamentos. 26,7% 73,3% SIM NÃO Gráfico 1 – Percepção dos gestores sobre lucratividade Fonte: Pesquisa de campo (2010) 315 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A existência da empresa não pode se justificar apenas pela capacidade de gerar lucros e riquezas, mas pela capacidade de contribuir para o bem estar da coletividade e para o desenvolvimento social. Neste contexto, perguntou-se: A sua empresa é ciente de que o lucro não é mais o único objetivo a ser alcançado? O gráfico 1 evidencia que 73,3% dos gestores afirmaram que são cientes de que o lucro não é mais o único objetivo a ser alcançado e que a empresa pode contribuir muito mais para o bem estar social da coletividade, integrando em suas atividades as questões de caráter sociais e ambientais; 26,7% dos gestores responderam que não são conhecedores de que a empresa tem uma função social, além do lucro. 20% SIM NÃO 80% Gráfico 2 – Percepção dos gestores sobre responsabilidade social empresarial Fonte: Pesquisa de campo (2010) A responsabilidade social pode ser entendida como toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Cherques (2003) enfatiza que as empresas do cenário atual moderno estão vendo na responsabilidade social a possibilidade de reavaliar o peso dos efeitos das suas atividades e corrigir a sua conduta, contribuindo para o futuro da economia e da sociedade. Com essas atitudes, as empresas conquistam uma nova identidade, integrando as práticas de responsabilidade sociais as áreas estratégicas, logísticas, operacionais, financeira e comercial. Quanto ao questionamento sobre o conhecimento da responsabilidade social empresarial, 80% dos gestores afirmaram que são conhecedores da importância da responsabilidade social, enquanto, 20% afirmou que nunca ouviu falar no tema abordado. 316 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 46,7% 53,3% SIM NÃO Gráfico 3 - Percepção dos gestores sobre os impactos ambientais e recursos escassos Fonte: Pesquisa de campo (2010) Ao longo dos anos, os recursos naturais foram vistos apenas como matéria-prima para o processo produtivo industrial, e essa maneira não é sustentável, tornando os recursos naturais esgotáveis, finitos, se mal utilizados. Nesse contexto, perguntou-se: A sua empresa considera os impactos ambientais de seu negócio e preocupa-se com os recursos escassos na natureza? O gráfico 3 evidencia que 53,3% corresponde aos gestores que responderam sim, ou seja, que buscam reduzir os impactos ambientais no desenvolvimento de suas atividades, principalmente pelos recursos escassos na natureza; 46,7% não dá importância para os impactos causados ao meio ambiente no desenvolvimento de suas atividades. 40% SIM NÃO 60% Gráfico 4 – Percepção dos gestores sobre projetos culturais, ambientais, educação, saúde Fonte: Pesquisa de campo (2010) O respeito, o compromisso e o apoio a projetos direcionados à questões sociais e ambientais proporcionam melhores vendas e fortalece a lealdade da clientela, assim como melhora a imagem da empresa. Quanto a esse assunto, foi perguntado aos gestores: A sua empresa realiza projetos culturais, ambientais, educação e saúde? Nesse sentido, 60% dos gestores responderam que são 317 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN conhecedores da importância em se apoiar projetos culturais, ambientais e de educação, porém não desenvolvem e nem apóiam projetos culturais, ambientais, educação e saúde, enquanto que 40% dos gestores responderam que apóiam, desenvolvem e que os retornos dessa prática são favoráveis a empresa. 40% SIM 60% NÃO Gráfico 5 – Investimento dos gestores na satisfação de seus funcionários Fonte: Pesquisa de campo (2010) Quanto ao questionamento se os gestores investem na satisfação de seus funcionários, 60% dos gestores responderam que sim, e citaram alguns exemplos, como: liberdade de expressão e associação em sindicatos, refeitório na empresa, segurança, uniforme, banco de horas, salários em dia e plano de saúde; 40% respondeu que simplesmente cumpre com suas obrigações legais estabelecidas por lei. 46,7% SIM 53,3% NÃO Gráfico 6 – Percepção dos gestores sobre o conhecimento do balanço social Fonte: Pesquisa de campo (2010) Para Sousa (2004), a realização do balanço social significa uma grande contribuição para consolidação de uma sociedade verdadeiramente democrática. 318 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Quanto ao conhecimento da importância do balanço social, 53,7 % dos gestores das indústrias de Catolé do Rocha-PB responderam que são conhecedores do balanço social e que é através dessa peça contábil que se evidencia as ações sociais a favor do crescimento da economia e do desenvolvimento da sociedade; 46,7% dos gestores disseram que não têm conhecimento dessa peça contábil. 13,3% SIM NÃO 86,7% Gráfico 7 – Questionamento sobre a realização do balanço social Fonte: Pesquisa de campo (2010) Apesar de o balanço social ser uma peça contábil que disponibiliza uma diversidade de informações, com enfoque contábil, social e econômico e que a sua realização traz benefícios para a empresa, apenas 13,3% dos gestores responderam que já realizaram o balanço social, enquanto que 86,7% não realizou e não demonstrou interesse por essa prática. Ao interpretar os gráficos a cerca da percepção dos gestores do município de Catolé do Rocha-PB, sobre os aspectos: lucratividade, responsabilidade social, impactos ambientais, projetos culturais, educação e saúde; investimentos na satisfação de seus funcionários, conhecimento do balanço social e realização do balanço social, obtivemos os seguintes resultados: são cientes de que o lucro não é mais o único objetivo a ser alcançado pela empresa; (re) conhecem a importância da responsabilidade social; consideram os impactos causados pelas suas atividades operacionais; não investem em projetos culturais, ambientais, educação e saúde; investem na satisfação de seus funcionários; têm conhecimento do balanço social, porém não realizam o mesmo. De modo geral, os resultados obtidos evidenciaram que os empreendedores desse setor industrial apresentam um conhecimento sobre a importância da responsabilidade social ainda em processo de desenvolvimento, embora seja um assunto bastante propagado nos principais meios de informações. 5 CONCLUSÃO O estudo proposto teve como principal objetivo analisar a percepção dos gestores das empresas industriais do município de Catolé do Rocha - PB sobre a importância da responsabilidade social na empresa, e como objetivos específicos analisar quais os benéficos advindos de práticas socialmente responsáveis; as perdas pela falta dessa prática e demonstrar a importância da realização do balanço social para empresa. Para esta análise foi realizado uma 319 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN pesquisa de campo, onde foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário com questões abertas e fechadas aplicadas aos gestores das indústrias deste município, no intuito de identificar qual a percepção desses sobre a importância do tema abordado. Pôde-se concluir, com os dados obtidos na pesquisa, que todos os objetivos foram alcançados, a percepção dos gestores das indústrias do município de Catolé do Rocha (PB), é propícia a relevância do tema, ou seja, estes são conhecedores da importância da responsabilidade social. Todavia, é importante ressaltar que, o assunto ainda está em processo de desenvolvimento e aceitação, pois, apesar de demonstrarem conhecimento sobre o assunto e serem cientes da importância de práticas responsáveis, a maioria dos gestores ainda não se propuseram a desenvolver projetos de ação social. Outro ponto observado, é que a realização do balanço social ainda é uma prática ausente na visão dos gestores das indústrias desse município. Esse fato denota que estes gestores precisam intensificar e contribuir mais para o bem estar de seus funcionários, contribuindo mais ativamente para o desenvolvimento social e econômico, assim como, amenizar os impactos causados ao meio ambiente. É através do balanço social que a empresa mostra se faz uso de práticas sociais. Alguns benefícios advindos dessas práticas são a valorização da imagem da empresa, maior lealdade do consumidor na escolha dos produtos, capacitade de manter talentos, já a falta de responsabilidade social pode acarretar desmotivação dos funcionários, puplicidade negativa da empresa, despesas com multas e idenizações. A pesquisa teve algumas limitações por se restringir apenas às indústrias do município de Catolé do Rocha (PB), e também pelo fato de não ter sido possível o acesso aos balanços sociais das empresas, assim como pela falta de interesse dos respondentes para com os questionários. Neste estudo, fica registrado o estímulo para que novas pesquisas sejam desenvolvidas sobre responsabilidade social e suas ramificações, porque, sem dúvida, é uma ferramenta de extrema importância para a organização e para o desenvolvimento social, não se tratando de um modismo, mas de uma conscientização que deve ser vinculada a administração e aos objetivos da empresa. REFERÊNCIAS ALVES, João Patrício Vieira. Responsabilidade social da empresa privada: um foco histórico e social. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Patu, Rio Grande do Norte, 2007. 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Universidade Federal de Campina Grande, Sousa, Paraíba, 2008. DIPIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias na administração pública: concessão, permissão, franquia, terceirização, parceria pública privada e outras formas. São Paulo: Atlas, 2008. FRANCO, Hilário. Contabilidade comercial. São Paulo: Atlas, 1990. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio eletrônico – Versão 5.12. 7 edição. 2004. Sistema Positivo GUEDES, Rita de Cassia. Responsabilidade social e cidadania empresarial: conceitos estratégicos para as empresas face a globalização. 2000. Trabalho de Conclusão de Curso PUC/SP, São Paulo, 2000. GRAYSON, David; HODGES, Adrian. Compromisso social e gestão empresarial: o que é necessário saber para transformar questões de responsabilidade social em oportunidades de negócio. São Paulo: Publifolha, 2002. IUDICIBUS, Sergio de; MARION, José Carlos. Dicionário de termos da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2001 INSTITUTO ETHOS. As sete diretrizes da responsabilidade social. 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A enciclopédia livre - Empresa – Evolução Histórica- Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/empresa> Acesso em: 23/10/2010 322 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO Marcar apenas uma alternativa para cada questão. 1) Em qual setor da empresa você acha que o SPED mais afetou, com as suas diversas mudanças? a) setor fiscal; b) setor contábil; c) setor da tecnologia da informação (TI); 2) Qual principal benefício que você acha que o SPED ocasionou para a empresa? a) a simplificação do cumprimento das obrigações acessórias, padronização e unificação das informações prestadas ao fisco; b) uma organização maior na empresa, havendo um sincronismo entre os setores fiscais, contábeis e da tecnologia da informação; c) a redução de custos consideráveis, uma vez que, tornou desnecessária a impressão de livros fiscais, contábeis e entre outros. 3) Para você qual foi o principal desafio na implantação do SPED nesta organização? a) os equipamentos de informática e emissores de cupons fiscais encontrados na empresa, não estavam adequados a recepção deste projeto; b) encontrar funcionários capacitados quanto às exigências deste projeto; c) a falta de controles internos nos setores de compras, vendas e estoque. 4) A implantação do SPED nesta empresa, em sua opinião, lhe trouxe: a) um maior reconhecimento profissional; b) muito mais trabalho do que reconhecimento profissional; c) um conhecimento maior e mais profundo do projeto do SPED e seus subprojetos. 323 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE BALANCED SCORECARD COMO AUXILIO À TOMADA DE DECISÃO: Estudo de caso na empresa Acron Tecnologia em Saneamento Ltda. sediada em Nata/RN, 2011. João Maria Xavier da Silva* Natalia Niege da Silva* Juliana Karla Vasconcelos da Silva* RESUMO O Balanced Scorecard É uma ferramenta da Gestão Estratégica que mede todos os indicadores de desempenho na organização, com metas e tarefas claramente definidas. Trata-se do trabalho de conclusão de curso com pesquisa aplicada na área de contabilidade gerencial. Este trabalho apresenta o desenvolvimento de uma proposta de implantação do Balanced Scorecard em uma indústria norte-rio-grandense Acron Tecnologia em saneamento. Foi utilizada uma metodologia na forma de estudo de caso, que englobou pesquisas bibliográficas, análise de documentos, coleta de dados eletrônicos e visitas técnicas. Devido à grande necessidade das empresas em busca de uma gestão estratégica mais eficiente, o presente trabalho tem por objetivo propor um modelo de gestão, baseado no Balanced Scorecard, propondo analisar a estrutura organizacional com a análise dos indicadores estabelecidos para o mesmo dentro das quatro perspectivas do Balanced Scorecard: Financeira, Clientes, Processos Internos e Aprendizado e Crescimento. Palavras-chave: Balanced Planejamento Estratégico. Scorecard. Contabilidade Gerencial. Gestão Estratégica. 324 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1 INTRODUÇÃO Diante da competitividade acirrada no mercado, é necessário que as empresas se preocupem com o seu gerenciamento, necessitando assim de planejamento estratégico, voltados para a gestão do negócio. Com isso vimos a possibilidade de implantar na empresa Acron Tecnologia o Balanced Scorecard, que se trata de uma ferramenta voltada para a gestão o negócio, focalizada na implementação estratégica que vêm se mostrando como alternativas eficazes de modelo de sistema de gerenciamento. O Balanced Scorecard, apresentado inicialmente como ferramenta de monitoramento da performance e controle da estratégia, evoluiu em seu potencial, passando a ser tratado como uma ferramenta de gestão de organizações de grande, médio e pequeno porte, além da possibilidade de aplicação inclusive para indivíduos e equipes. Pouco tempo após sua criação, o conceito tornou-se amplamente disseminado e aplicado por executivos em todo o mundo. A tradução da expressão “Balanced Scorecard” do idioma inglês para o português, significa: “cartão de pontos equilibrados”. Trata-se de uma expressão que o idioma original contém diversos significados e qualquer tentativa de tradução pode implicar imperfeições na interpretação. Como o termo vem sendo usado com freqüência no Brasil, em sua forma original, optou-se pelo uso do termo inglês ou de sua sigla (BSC). O Balanced Scorecard procura decompor a estratégia de uma forma lógica, baseada em relações de causa e efeito, vetores de desempenho e relação com os fatores financeiros (KAPLAN & NORTON, 1997:155). Deve ser decomposto em objetivos, indicadores, metas e iniciativas, em quatro dimensões de negócio: financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento. Para poder obter a excelência dos serviços é preciso ser estratégico e a sabedoria de ser preciso para as melhorias de cada entidade a ser trabalhada, e no caso da Acron Tecnologia o ideal foi a implantação do Balanced Socorecard como auxílio na tomada de decisão, para melhoria nos processamento da industrialização dos produtos e no repasse para comercialização. Poderíamos começar preparar nossa ferramenta de trabalho, atuar diretamente aos problemas encontrados, aplicar o BSC e cometeríamos um erro por essência, pois é de extrema importância estudar a empresa desde sua constituição, a missão, vocação, planejamento estratégico etc. e estudar se o BSC é eficaz ou não. O balanced Scorecard existe a apenas duas décadas e seria fundamental se todas as empresas sem exceção, adotasse o BSC, além de ser uma ferramenta de gestão como foi dito anteriormente, é um auxílio que o empresário tem antes de tomar qualquer decisão. O mercado está cada vez mais exigente, é preciso saber trabalhar todos os pontos estratégicos para existir a continuidade dos negócios, é por falta desses estudos que muitas empresas não tem durabilidade no mercado e muitas vezes quando querem voltar ao mercado, tem a dificuldade por perderem a credibilidade. 325 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O objeto de estudo será Acron Tecnologia Ltda, uma empresa marcada pelo seu pioneirismo e visão de futuro, no qual fizeram dela uma empresa reconhecida em todo o setor de saneamento, pela coragem de inovar, pelo tratamento diferenciado oferecido às mais de 180 empresas, públicas e privadas, da sua carteira de clientes, e pela qualidade dos seus equipamentos e eficácia das soluções tecnológicas oferecidas. A Acron Tecnologia, conta com varias tecnologias de tratamento, tais como: Biológico (anaeróbia e aeróbia), Físico - químico (floculação, decantação, flotação, filtração e desinfecção), aplicando esses processos, com varias alternativas que atendem integramente os requisitos da Legislação Ambiental; com preço justo e facilidade operacional. Portanto, o problema desse objeto de pesquisa é desenvolver um estudo para evidenciar as dificuldades de gestão operacional e definir através de um Sistema de informação de gestão as variáveis de controle, metas e interpretações para que a organização apresente desempenho positivo e crescimento ao longo do tempo. Buscando a solução para procedimentos internos (rotinas existentes) e no repasse do produto para finalização é que estamos implantando o BSC na Acron Tecnologia Ltda O objetivo desse trabalho será aplicar um procedimento de gestão (BSC) para melhora a tomada de decisão, com ênfase na organização dos processos de industrialização, baseado no estudo de caso da empresa Acron Tecnologia no estado do Rio Grande do Norte 2 METODOLOGIA O método utilizado na elaboração deste trabalho será o estudo de caso, que é o método aplicado em ciências sociais e aplicadas. O objetivo do estudo de caso é compreender o evento em estudo e ao mesmo tempo desenvolver teorias mais genéricas a respeito dos aspectos característicos do fenômeno observado. [Fidel, 1992]. (Geocities 2009, Cláudia). A coleta de dados utilizou dados primários (pesquisa de campo) e secundários (bibliográficos) nesta pesquisa. Os dados primários foram coletados mediante a realização de estudos dentro da empresa Acron Tecnologia utilizando informações econômicas, financeiras, patrimoniais e organizacionais. Os dados secundários foram coletados mediante a realização de consultas em alguns livros e sites especializados em Balanced Scorecard. 3 EMBASAMENTO TEÓRICO 3.4 BALANCED SCORECARD - BSC 326 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN O Balanced Scorecard surgiu no início dos anos 90 implantado por um grupo de pesquisadores da Universidade de Harvard, liderados por Robert Kaplan e David Norton. Norton e Kaplan (1977) asseveram que o Balanced Scorecard nasceu com um novo sistema de medição de desempenho com base em indicadores financeiros e não financeiros e acabou tornando-se um novo sistema gerencial. Segundo NIVEN (2005, p. 17), o Balanced Scorecard permite que uma organização traduza sua visão e estratégia oferecendo uma nova estrutura que conte a história da estratégia da organização através dos objetivos e medidas escolhidas. O BSC é uma proposta de como definir sistematicamente o que deve ser medido e gerido, de forma a acompanhar o cumprimento da estratégia da empresa. A necessidade de essas informações serem definidas por quem gere e não por quem as gera é inerente à lógica desse sistema. Para Kaplan e Norton (1997, p. 15), o Balanced Scorecard permite também que uma empresa integre seu planejamento estratégico ao processo anual de orçamentação. Quando definem metas de superação de 3 (três) a 5 (cinco) anos para as medidas estratégicas, os executivos projetam também marcos de referência para cada medida no próximo ano fiscal – até onde pretende ir durante os 12 (doze) meses do primeiro ano do plano. Esses referenciais de curto prazo, dentro da trajetória estratégica de longo prazo da unidade de negócios. O Balanced Scorecard está ligado diretamente ao planejamento estratégico da empresa onde mostra traduzir as metas e objetivos esperados pelos gestores, para assim mostrar resultados positivos. 3.4.2 Objetivos do Balanced Scorecard Segundo (COSTA, p. 12, 2006), estratégia no BSC, é definida como um conjunto de hipótese sobre os relacionamentos de causa e efeito: (a) entre os objetivos e as ações necessárias para que eles sejam alcançados; (b) entre os objetivos e as medidas de desempenho obtido no esforço de alcançá-los. O BSC enfatiza a necessidade de o corpo diretivo estar em concordância sobre a estratégia da empresa e sobre seus desdobramentos em táticas e ações, pois o que deve ser mantido e gerido é identificado a partir do desdobramento da estratégia à ação. O Balanced Scorecard tem como objetivo o alinhamento do planejamento estratégico com as ações operacionais da empresa. Esse objetivo é alcançado pelas seguintes ações: Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia; Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas; Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico. 327 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 3.4.3 Perspectivas O Balanced Scorecard combina indicadores financeiros e não-financeiros permitindo à empresa utilizar somente informações relevantes em suas atividades, que são agrupadas em quatro perspectivas: financeira, cliente, processos internos e aprendizado e crescimento. Cada uma das quatro perspectivas tem os seus próprios objetivos, indicadores, metas e iniciativas para operacionalizar a estratégia e avaliar o desempenho. A seguir serão apresentadas as quatro perspectivas do Balanced Scorecard Fonte: (KAPLAN e NORTON, 1977) Figura 01 – Perspectivas do Balanced Scorecard 3.4.3.1 Perspectiva Financeira A perspectiva financeira é a forma habitual de analisar os métodos aceitos pela coordenação, e é no BSC que elas visualizam de forma necessária a comprovação dos resultados da estratégia ali aplicada. Os fatores decisivos para que esse sistema obtenha sucesso são as informações atualizadas e precisas, sendo essa, uma área onde as decisões têm grande conflito na empresa devido p ritmo acelerado da economia atual. Através desta perspectiva financeira é possível verificar se a empresa está obtendo sucesso com as estratégias definidas, implementadas e executadas. Kaplan e Norton (1997) afirmam que o Balanced Scorecard conserva a medida financeira, devido essa medida ser valiosa para sintetizar as consequências econômicas imediatas de ações consumadas. De acordo com Kaplan e Norton (1997, p. 64), os Objetivos financeiros representam a meta de longo prazo da empresa: gerar retornos superiores a partir do capital investido na unidade de negócios. O uso do Balanced Scorecard não conflita com essa meta vital. Na 328 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN realidade, o Balanced Scorecard permite tornar os objetivos financeiros explícitos, e ajustar os objetivos financeiros às unidades de negócios nas diferentes fases de seus ciclos de vida e crescimento. Exemplos para indicadores: redução dos custos, melhor utilização dos ativos, lucratividade, etc. 3.4.3.2 Perspectiva Clientes É através desta perspectiva que as empresas poderão identificar quais os segmentos de Mercado e de clientes que irão concorrer, onde esses segmentos representarão as fontes de produção dos elementos de resultados dos objetivos financeiros da empresa. Para Kaplan e Norton (1997, p. 67), na perspectiva dos clientes do Balanced Scorecard, as empresas identificam os segmentos de clientes e Mercado no quais desejam competir. Esses segmentos representam as fontes que irão produzir o componente de receita dos objetivos financeiros da empresa. A perspectiva dos clientes permite que as empresas alinhem suas medidas essenciais de resultados relacionados aos clientes – satisfação, fidelidade, retenção, captação e lucratividade – com segmentos específicos de clientes e Mercado. Ou seja, nessa perspectiva geralmente incluirá indicadores que hoje já são bastante utilizados. 3.4.3.3 Perspectiva Processos Internos De acordo com Kaplan e Norton (1997) as medidas dos processos internos estão voltadas para os processos internos que terão maior impacto na satisfação do cliente e na consecução dos objetivos financeiros da empresa. Para Kaplan e Norton (1997, p. 99), no Balanced Scorecard, os objetivos e medidas para a perspectiva dos processos internos derivam de estratégias explicitas voltadas para o atendimento às expectativas dos acionistas e clientes-alvo. Essa análise sequencial, de cima para baixo, costuma revelar processos de negócios inteiramente novos nos quais a empresa deverá buscar a excelência. Essa perspectiva permite que os administradores identifiquem os processos mais críticos para a concretização dos objetivos dos acionistas e dos clientes. São os processos internos que condicionam o funcionamento da empresa e estão orientados no sentido de satisfação do cliente. A perspectiva dos processos internos revelam duas diferenças e tem seu foco nas operações internas, porém geram resultados significativos nas relações externas da empresa, uma vez que contribuem para criação de valor aos clientes (perspectiva dos clientes) e para o aumento da rentabilidade da empresa (perspectiva financeira). 329 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 3.4.3.4 Perspectiva Aprendizado e Crescimento Segundo Kaplan e Norton (1997), os objetivos desenhados pelo Balanced Scorecard trazem, em geral, uma grande defasagem entre a capacitação necessária para se alcançar esses objetivos, promovendo o desempenho esperado. Por isso se faz necessário o investimento em capacitação de pessoas, tecnologia, sistemas de informação e alinhar os procedimentos e rotinas da organização para eliminar essa defasagem. Para Kaplan e Norton (1997, p. 131), os objetivos da perspectivas de aprendizado e crescimento oferecem a infra-estrutura que possibilita a consecução de objetivos ambiciosos nas outras três perspectivas. Os objetivos da perspectiva de aprendizado e crescimento são os vetores de resultados excelentes nas três primeiras perspectivas do Scorecard. Esta perspectiva é o alicerce para que se alcancem os objetivos das outras três perspectivas. Podemos identificar uma estrutura necessária para que seja possível o crescimento e o desenvolvimento em longo prazo. 3.4.4 Mapa Estratégico O Mapa estratégico é um diagrama que descreve a estratégia da organização. É formado por um conjunto de objetivos estratégicos ligados por relações de causa e efeito distribuídos em 4 perspectivas do negócio da organização. É importante lembrar que a elaboração do Mapa Estratégico, segundo Kaplan e Norton (1997), é um processo que demanda análise estratégica de uma empresa, envolvendo missão, visão e objetivos genéricos. Portanto, antes de qualquer aplicação deste mapa devem ser levados em considerações diversos aspectos, como cultura, e estratégia da organizacional. Fonte: http://www.zollern.com.br/MapaEstrategico/tabid/164/Default.aspx 330 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Figura 02 - Mapa Estratégico do BSC Essa ferramenta estratégica é o resultado de muito estudo dos autores Robert Kaplan e David Norton. A motivação dos estudiosos era descobrir uma maneira de mensurar os ativos empresariais, até então se usava apenas a contabilidade financeira. 4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS Essa seção apresenta um estudo de caso da empresa Acron Tecnologia: seus objetivos, Valores, Missão, Visão e demais elementos necessários à construção do BSC. 4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA A história de sucesso da indústria norte-rio-grandense Acron Tecnologia é marcada pelo pioneirismo e visão de futuro, que fizeram dela uma empresa reconhecida em todo o setor de saneamento, pela coragem de inovar, pelo tratamento diferenciado oferecido aos cerca de 200 clientes, entre órgãos públicos e empresas privadas, da sua carteira, e pela qualidade dos seus equipamentos e eficácia das soluções tecnológicas oferecidas. Juntas, as mais de 500 Estações produzidas e implantadas pela Acron Tecnologia tratam diariamente cerca de 1,86 bilhões de litros, entre águas e efluentes, beneficiando uma população de aproximadamente 12,4 milhões de habitantes em 20 estados do país. Uma empresa ingenuamente potiguar é hoje uma das mais respeitas fabricantes nacionais de estações de tratamento de águas e fluentes. A empresa estalada no distrito de Extremos tem seus equipamentos em operação por todo Brasil. A Acron Tecnologia oferece produtos, serviços e apoio técnico adequado para garantir as melhores soluções para tratamento de água e efluentes. A empresa é reconhecia no setor de saneamento pela capacidade de inovação e pela eficiência das soluções tecnológicas oferecidas. O tratamento das águas e efluentes passa por varias etapas, inclusive a sistemas desenvolvidos pela própria Acron. Para manter-se neste nível de qualificação, a indústria potiguar mantém parcerias com diversas empresas de consultoria e desenvolvimento de projetos ligados ao saneamento, centros de pesquisas de Universidades e fabricantes de equipamentos e softwares, utilizados em conjunto com os seus equipamentos nos sistemas que desenvolve, fabricam e implantam. A Acron Tecnologia desenvolve equipamentos em PRFV, modulares, com modelos que atendem às mais diversas capacidades nominais, permitindo composições que atendem às necessidades de tratamento de água e efluentes com a melhor relação custo-benefício. Uma opção extremamente vantajosa em relação às soluções convencionais ou soluções compactas desenvolvidas com outros materiais. 331 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN A Acron Tecnologia oferece completo diagnóstico e formulação de soluções tecnológicas adequadas às necessidades de sua empresa: da elaboração do projeto à análise precisa do tratamento de águas e efluentes já existente. Através do diagnóstico elaborado, ela elabora um plano de recuperação e melhoria das estações de tratamento de águas e efluentes, utilizando as mais modernas tecnologias que atendem integralmente os requisitos da Legislação Ambiental. Além de desenvolver e fabricar seus próprios equipamentos, a Acron faz a implantação das estações de tratamento de águas e efluentes. Isso gera não só economia, mas também rapidez e controle absoluto sobre todo o processo, evitando erros e desperdícios. Com a estação de tratamento implantada é necessária uma manutenção periódica, adequada e constante. A mesma fornece treinamento especializado para os funcionários de sua empresa e operação assistida por técnicos capacitados. A Acron é desenvolvida para operação em ambiente PC, oferecendo qualidade, confiabilidade, controle e facilidade na operação, possibilitando operar de forma autônoma, isto é, sem a interferência do operador, ou ainda de forma remota, sendo controlada à distância, via internet. Sua abrangência é determinada na fase de projeto, na qual o sistema permite monitorar e controlar não apenas o processo de tratamento como também a qualidade da água em todas as fases, a dosagem de produtos químicos e seus estoques, a lavagem dos filtros e o sistema de recuperação de águas de lavagem. 5 PROPOSTA DO MAPA ESTRATÉGICO DO BALANCED SCORECARD PARA ACRON TECNOLOGIA O mapa estratégico do Balanced Scorecard é o alinhamento do planejamento estratégico com as ações operacionais da empresa descrevendo sua estratégia através dos objetivos relacionados e distribuídos nas quatro perspectivas de acordo com os seguintes componentes: Objetivos Estratégicos: implica a tradução da visão de futuro em objetivos organizados em relação de causa e efeito, de forma clara. O mapa da estratégia auxilia a fazer com que todos os indivíduos na organização entendam estratégia e como transformar ativos intangíveis em resultados tangíveis. Indicadores chave de desempenho: Como será medido e acompanhado o sucesso de cada objetivo. Metas de longo prazo: Trata-se do nível de desempenho esperado ou taxa de melhoria necessária para cada indicador. Iniciativas Estratégicas: Associadas ao desafio colocado pelas metas de longo prazo, dispostas ao longo do tempo, planos de ação e projetos deverão ser estabelecidos a fim de 332 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN viabilizar seu alcance. Trata-se de “ações de intervenção” para fazer com que as metas sejam alcançadas. A Acron Tecnologia em Saneamento utiliza de alguns indicadores para verificar se as políticas propostas dentro de sua missão e visão estão sendo executadas a fim de alcançar os objetivos propostos pela organização. Estas medidas fazem parte de sua política da qualidade, de acordo com o seguinte mapa estratégico. Fonte: dados elaborados pelas autoras, 2010. Figura 05 – Mapa Estratégico para implantação do BSC na Acron Tecnologia. A partir das mesmas, fez-se inicialmente uma classificação desses indicadores aplicando as quatro perspectivas do BSC. 5.2.1 Perspectiva Financeira Esta pesquisa propõe indicadores que permitirá que os usuários da informação vejam que a perspectiva financeira contribuirá para melhorar a parte financeira da Acron Tecnologia, onde seu objetivo é avaliar tudo que influi sobre o lucro e que se faz considerado nesta perspectiva. É através dela que a estratégia organizacional obterá sucesso, pois indicam os índices de rentabilidade, indicando se a estratégia da Acron e as intervenções adicionam valores aos proprietários. Foram propostos quatro indicadores para esta perspectiva: crescimento da receita, inadimplência, margem líquida e redução de custos operacionais. Perspectiva Financeira 333 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Objetivos Estratégicos Maior Rentabilidade Indicadores Estratégicos Crescimento da Receita Reduzir Inadimplência Inadimplência Maior Lucratividade Margem Líquida Redução de Custo Redução de custos operacionais Fonte: dados elaborados pelas autoras, 2010. Iniciativas Avaliar o crescimento da receita Reduzir o percentual da inadimplência Gerenciamento de caixa Diminuir os Custos de logísticas Quadro 03 – Perspectiva Financeira aplicada na Acron Tecnologia O crescimento da receita, a avaliação das fontes de receitas e seu direcionamento são indispensáveis para o sucesso da gestão, verificamos a necessidade dos dados serem detalhados por cada cliente, produto e serviços. Verifica-se que a inadimplência deixa os empresários desprotegidos, que é preciso antes conhecê-la sabendo quais foram os fatores que ocasionaram. Com isso poderá utilizar praticas preventivas, podendo desta forma controlá-la. Na margem líquida, terá que verificar junto a sua receita e os custos variáveis, se a realmente a necessidade desses custos variáveis, para uma melhor obtenção de Margem liquida. Por ser uma indústria de grande porte necessita de grandes custos para geração da receita, por tanto terá que verificar as ocorrências dos custos, no setor operacional dos produtos que ocorrerá grande parte dos custos, são indispensável os custos, já no setor administrativo poderá diminuir os custos, racionalizando certos custos, desde que não atrapalhe o ambiente favorável para os funcionários. Portanto, a Acron Tecnologia para atingir as metas propostas por esta perspectiva financeira deverá buscar incrementos na sua receita, administrar melhor as despesas, trabalhar a redução de inadimplências e verificar os custos variáveis. 5.2.2 Perspectiva Clientes A perspectiva clientes possui a finalidade de identificar os segmentos nos quais a Acron Tecnologia deseja competir. Para esta perspectiva, foram propostos indicadores que irão possibilitar aos gestores acompanhar à satisfação dos clientes da Acron Tecnologia. Foram propostos três indicadores para esta perspectiva: índices de satisfação de clientes, retenções de clientes e captação de novos clientes. Objetivos Estratégicos Perspectiva Clientes Indicadores Estratégicos Iniciativas 334 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Satisfação de Clientes Retenção de Clientes Investir na proximidade da relação com o cliente Criar um departamento de apoio Número de Contratos renovados ao cliente Índices de Satisfação de Clientes Capitação de Novos Clientes Número de Contratos realizados Construir o plano de Marketing Fonte: dados elaborados pelas autoras, 2010. Quadro 04 – Perspectiva Cliente aplicada na Acron Tecnologia È impossível falar em satisfação sem falar em qualidade, atender aos clientes com qualidade é indispensável para diferenciação no mercado. Visando manter um índice de satisfação elevado, foi proposto um trabalho de levantamento junto aos clientes da Acron Tecnologia por meio dos funcionários para detectar os problemas existentes, lembrando que nem todo cliente passa claramente a sua insatisfação. Não só buscando a satisfação dos seus clientes como principalmente superar as suas expectativas para poder se manter sempre no mercado. A satisfação do cliente é entendida como um dos principais antecedentes da retenção e da lealdade para uma empresa. Para retenção de clientes na Acron tecnologia, será necessário a busca da satisfação do cliente e buscar soluções personalizadas, de forma mais eficiente, pois será possível evitar a perda de clientes, no qual o que os clientes buscam hoje é qualidade, atendimento diferenciado e redução de custos. Para a realização da retenção de clientes, foi proposto a criação de um departamento de apoio ao cliente tratando junto com o cliente a sua satisfação para melhor avaliação da empresa. Buscando o objetivo de captação de novos clientes, foi proposta a criação de um novo plano de marketing levando em conta a imagem, a marca e as necessidades imediatas, que são extremamente importantes para o mercado em constante mutação. Lembrando que o setor administrativo da Acron Tecnologia tem que está com os olhos voltados para dentro da empresa e para mercado externo. 5.2.3 Perspectiva Processos Internos Esta perspectiva irá fornecer a Acron Tecnologia diretrizes para que se alcancem os objetivos, possibilitando a identificação das necessidades até a satisfação dos clientes. A melhoria dos processos internos no presente é o indicador chave do sucesso financeiro no futuro. Foram propostos três indicadores para esta perspectiva: diminuição do tempo de resposta ao cliente, satisfação dos funcionários e melhores condições de trabalho. 335 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Objetivos Estratégicos Perspectiva Processos Internos Indicadores Estratégicos Diminuir o tempo de Resposta ao cliente Tempo que demoramos a dar resposta aos clientes Satisfação dos Funcionários Satisfações internas Funcionários Melhores condições de infra-estrutura de sistemas – trabalho administração Fonte: dados elaborados pelas autoras, 2010. Iniciativas Implementar o controle de recursos para a responta junto ao cliente avaliar satisfação dos funcionários por meio de pesquisa melhorar as condições de trabalho para os funcinários Quadro 05 – Perspectiva Processos Internos aplicada na Acron Tecnologia A redução do tempo em torno aos questionamentos do cliente é de importância fundamental, pois aprimoramos a necessidade cobrada do cliente com as melhoras a serem implementadas internamente na Acron Tecnologia. Quando mais rápido solucionarmos os problemas estaremos garantindo a permanência do cliente na empresa, bem como adaptando as mudanças necessárias para o sucesso externo. O objetivo para manter a satisfação dos funcionários é verificar se a Acron Tecnologia tem as condições de fazer com que seus funcionários realizem as tarefas, e as faça com satisfação. Foi proposto que deverá ser mantido um bom relacionamento entre colaboradores e gerentes, sempre conservando o respeito em seus postos, solicitando mais o comprometimento deles nas decisões pertinentes ao seu setor de trabalho. Melhores condições de trabalho para a equipe da Acron Tecnologia proporcionará bem estar em seu ambiente de trabalho refletindo na realização do trabalho. Propomos a realização de uma pesquisa entre os funcionários para avaliar as condições de trabalho da Acron Tecnologia para avaliação de melhoras. 5.2.4 Perspectiva Aprendizado e Crescimento Através desta perspectiva que pode-se analisar a estrutura da empresa onde será medida a sua capacidade de crescimento, aplicando as determinadas metas de planejamento. Foram propostos três indicadores para esta perspectiva: motivação dos funcionários, permanência de pessoal e treinamentos. Perspectiva Aprendizado e Crescimento Objetivos Estratégicos Indicadores Estratégicos Iniciativas 336 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Melhorar o desempenho Motivação dos funcionários Evitar rotatividade Permanências de pessoal Investimento em qualificação Treinamentos Fonte: dados elaborados pelas autoras, 2010. Participação dos funcionários na melhoria da empresa Identificar o tempo médio de casa Qualificar seus funcionários Quadro 06 – Perspectiva Aprendizado e Crescimento aplicada na Acron Tecnologia A perspectiva do aprendizado e crescimento identifica qual a infra-estrutura necessária para a empresa crescer e melhorar no longo prazo, pois a intensa competição do mercado exige das organizações um desenvolvimento contínuo dos produtos e processos existentes e habilidade para introduzir novos produtos no mercado. Para isso, foi proposto a Acron Tecnologia em investir na reciclagem de funcionários, no aperfeiçoamento da tecnologia da informação e dos sistemas e no alinhamento dos procedimentos e rotinas na organização. Para se ter uma permanência de pessoal mais tempo na empresa é preciso que se tenha uma cooperação entre ambos (empresa e funcionário), verificar se os salários estão compatíveis com a função exercida, é fazer reuniões para que se possa perceber o grau de satisfação dos funcionários. Foi proposto que o mesmo precisa de um modelo de administração para que se tenha uma melhor política de recursos humanos. A empresa terá que investir em mais treinamentos arcando com os gastos, fazer um processo de seleção para manter uma mão-de-obra qualificada exigindo uma escolaridade adequada para um bom desempenho na função exercida. A qualificação aos seus funcionários trará um grande investimento em sua empresa, pois um funcionário satisfeito terá um atendimento mais ágil satisfatório e com certeza o retorno de seus clientes novamente a empresa. 5.3 MAPA ESTRATÉGICO APLICADO NA ACRON TECNOLOGIA O mapa estratégico ajudará a Acron tecnologia a visualizar as suas estratégicas de forma clara e objetiva, de forma a desenvolver um painel de demonstre através de medidas a situação organizacional, antes, durante e depois da execução do serviço e venda dos produtos, essas medidas de ação ou direcionadores de desempenho serão projetadas para medir as atividades que conduzem os resultados desejados. Os fatores chaves para o sucesso da Acron tecnologia devem ser considerados no planejamento estratégico e incorporados no planejamento operacional, fazendo parte do dia a dia da instituição. Para sua elaboração as pesquisadoras nestes processos gestores da Acron Tecnologia para poder se iniciar o trabalho de desenvolvimento baseado nas perspectivas do Balanced Scorecard, evidenciando os indicadores estratégicos e as ações a serem realizadas para poder acompanhar, propor melhorias e discutir as dificuldades. 337 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Fazendo assim com que os executivos possam lançar mão da utilização de vários indicadores, para centralizar a uma só de forma que este aponte o progresso dos negócios e permita confrontá-lo com as metas estabelecidas, proporcionado a aplicação de ações corretivas no desenvolvimento da empresa. Baseado nos indicadores das quatro perspectivas do Balanced Scorecard estabelecidas para o desenvolvimento deste trabalho monta-se a sua estrutura aplicada na indústria Acron Tecnologia traduzindo as estratégias a serem desenvolvidas. Objetivos Estratégicos Perspectiva Financeira Indicadores Estratégicos Maior Rentabilidade Crescimento da Receita Reduzir Inadiplência Inadimplência Maior Lucratividade Iniciativas avaliar o crescimento da receita reduzir o percentual da inadimplência gerenciamento de caixa Diminuir os Custos de logísticas Margem Líquida Redução de custos Redução de Custo operacionais Total da Perspectiva Financeira Perspectiva Clientes Objetivos Estratégicos Indicadores Estratégicos Iniciativas Índices de Satisfação de Investir na proximidade da Satisfação de Clientes Clientes relação com o cliente Número de Contratos Criar um departamento de Retenção de Clientes renovados apoio ao cliente Número de Contratos Construir o plano de Capitação de Novos Clientes realizados Marketing Total da Perspectiva Clientes Perspectiva Processo Internos Objetivos Estratégicos Indicadores Estratégicos Iniciativas Implementar o controle de Diminuir o tempo de Tempo que demoramos a recursos para a responta Resposta ao cliente dar resposta aos clientes junto ao cliente avaliar satisfação dos Satisfações internas Satisfação dos Funcionários funcionários por meio de Funcionários pesquisa Melhores condições de infra-estrutura de sistemas - melhorar as condições de trabalho administração trabalho para os funcinários Peso 40% 20% 10% 30% 100% Peso 50% 30% 20% 100% Peso 30% 40% 30% 338 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Total da Perspectiva Processos Internos 100% Perspectiva Aprendizado e Crescimento Objetivos Estratégicos Indicadores Estratégicos Iniciativas Peso Participação dos Melhorar o desempenho Motivação dos funcionários funcionários na melhoria da empresa 50% Identificar o tempo médio Evitar rotatividade Permanências de pessoal de casa 10% Investimento em qualificação Treinamentos Qualificar seus funcionários 40% Total da Perspectiva Aprendizado e Crescimento 100% Fonte: dados elaborados pelas autoras, 2010. Quadro 07 – Mapa Estratégico aplicado na Acron Tecnologia Portanto, diante do apresentado, apesar da Acron tecnologia possuir diversos sistemas de informação, a utilização do Balanced Scorecard trará uma sistematização e mensuração dessas informações, com as diversas perspectivas apresentadas: Financeira, cliente, processo interno e aprendizado e crescimento, permitindo o planejamento mais eficaz da sua gestão, possibilitando o estabelecimento de metas e o confronto dos resultados. 6 CONCIDERAÇÕES FINAIS Com a utilização do Balanced Scorecard na Acron Tecnologia como modelo de gestão estratégica permitirá o acompanhamento mais eficaz em níveis financeiros, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento, através do estabelecimento de metas operacionais com o devido acompanhamento de sua realização. A Acron Tecnologia passará a ter uma visão estratégica com a implantação do Balanced Scorecard, aumentando o seu controle de gestão a curto prazo através dos indicadores propostos, agregando conhecimentos para melhorar o se desempenho gerencial na organização, oferecendo melhores serviços aos seus clientes. O Mapa Estratégico elaborado para a indústria Acron Tecnologia irá servir como apoio para analisar os indicadores estabelecidos para as quatro perspectivas do Balanced Scorecard que serão utilizados pela empresa, dando a ela uma visão mais abrangente do seu empreendimento e dos benefícios que ele irá proporcionar. Foi elaborado um modelo de planilha baseado nas quatro perspectivas que servirá como modelo para a implantação do Balanced Scorecard para a Acron tecnologia. Esta planilha traduz os indicadores propostos para a mesma e com essa ferramenta a Acron Tecnologia poderá 339 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN realizar o seu acompanhamento das metas para ele estabelecido, contribuindo com informações relevantes para um bom gerenciamento, podendo este a posterior ser implementado no sistema informatizado da empresa. REFERÊNCIAS ALEXANDRE, Mário J. O. A Construção do trabalho científico: um guia para projetos, pesquisas e relatórios científicos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. CARNEIRO, Erima. Biblioteca do Contador: Contabilidade Geral Vol. 1. Ed. Financeiras. Rio de Janeiro, 1960. 265p. CATELLI, Armando ET AL. Controladoria, Uma abordagem da Gestão Econômica – GECON. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2001. COLLINS, J. C., PORRAS, J. I. Construindo a visão da empresa. In: Mudança, Harvard Business Review. Rio de Janeiro: Campus, 1999. COSTA, Ana Paula Paulino. Balanced Scorecard: Conceito e Guia de Implementação, São Paulo: Atlas, 2006. 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Maria Regidiana da Conceição21 Ernando Manoel Filho22 Dr. Jozenir Calixta de Medeiros23 II - ÁREA TEMÁTICA: RESPONSABILIDADE SOCIAL RESUMO: As sociedades, atualmente, vêm sofrendo profundas transformações nas mais diversas áreas. As empresas, em geral, por sua vez, estão atuando de uma forma que afeta cada vez mais diretamente a sociedade e seus componentes. É neste cenário que surge um novo perfil para a figura do contabilista que o mercado e a sociedade atuais exigem para o século XXI, o qual se encontra baseado na transparência, na ética e na responsabilidade social. O profissional da contabilidade tem que ser um elemento crítico, ético e de grandes responsabilidades, porque acima de tudo, a contabilidade é uma ciência social. A contabilidade social não só busca medir resultados no processo monetário, mas também toma o recurso humano desde a ótica humana vendo-o como um ser que sente e que tem necessidades a satisfazer. E sendo a contabilidade uma ciência social, este trabalho, portanto, objetiva mostrar a responsabilidade social do contabilista diante de um novo perfil profissional neste novo século. E para enfatizar esta questão, adota-se como metodologia para o referido trabalho, uma revisão bibliográfica incluindo nesta, artigos, textos, revistas, livros e materiais coletados na internet. É um trabalho de caráter qualitativo. PALAVRAS-CHAVES: Responsabilidade Social; Contabilista; Atualidade. 21 Aluna do 10º Período do Curso de Ciências Contábeis do NAESA/UERN 22 Aluno do 10º Período do Curso de Ciências Contábeis do NAESA/UERN 23 Professor da UERN 342 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN 1 INTRODUÇÃO Esse trabalho tem por finalidade mostrar a responsabilidade social do profissional da área contábil e a importância da figura desse profissional no mundo atual. A razão da escolha do tema foi pela necessidade de analisar e mostrar quão importante é a profissão contábil, e desmistificar a figura do “guarda-livros”, que na atualidade não existe mais espaço no mercado de trabalho para o contador possuidor do perfil tradicional, isto é, aquele profissional que passa a maior parte do tempo dentro da sua sala ou de um escritório, limitando-se a efetuar lançamentos a débitos e a créditos, posteriormente emitindo balancetes de verificação, omitindo-se de assumir riscos de qualquer natureza. O mercado exige profissionais empreendedores, dispostos a assumir riscos calculados, bons tecnicamente, ávidos em adquirir novos conhecimentos, que queiram trabalhar em equipes e saibam motivar seus subordinados. Atualmente, o mundo encontra-se em constantes e severas modificações, sejam elas no aspecto da existência humana, econômico, social ou político. Essas transformações são causadas pelos avanços tecnológicos, científicos como também pela globalização, e exigem uma nova postura de todos os profissionais inseridos no mercado de trabalho. Não tem sido diferente com o profissional da área contábil. A contabilidade vem sofrendo modificações e precisa estar sempre acompanhando as necessidades das empresas, pois é ela quem registra, calcula, controla e serve de apoio para muitas decisões empresariais, sendo considerada a linguagem universal dos negócios. Nos dias atuais, a necessidade de um sistema contábil nas empresas é uma realidade e esse sistema deve possibilitar um controle eficaz e fornecer à administração todas as informações referentes à situação patrimonial e financeira, de forma clara e objetiva. Diante de todas essas transformações, o conhecimento contábil se torna mais importante, na medida em que os gestores das organizações necessitam de mais informações, e estas, por sua vez, cada vez muito mais complexas. É o contabilista o responsável por produzir as informações necessárias aos usuários da contabilidade. É de sua responsabilidade não só manter a entidade em ordem contábil, mas trazer informações úteis para a tomada de decisões. O contabilista do século XXI é aquele profissional que conhece um pouco de todos os setores de uma empresa, pelo menos as noções e conceitos básicos. Ao participar de reuniões, ele deve ter condições mínimas de entender os assuntos abordados. O profissional contábil é aquele que detém as informações em primeira mão das entidades, porém o mercado tem exigido deste uma adequação as novas necessidades, exigindo que tenha habilidades empreendedoras necessárias a atender a nova demanda do competitivo mercado de trabalho. Com a vigência do novo código civil suas responsabilidades, tanto social como técnica, aumentaram muito, uma vez que o contabilista tornou-se co-responsável e responde solidariamente pelos seus atos dolosos. O contabilista é parte fundamental do desenvolvimento da sociedade, portanto, buscar atualização profissional e ter um comportamento ético, é a resposta para o sucesso, e para o mesmo se manter no mercado de trabalho. Em meio a todas essas transformações, é de fundamental importância a abordagem deste tema, já que a pesquisa demonstra que exercer a sua função com responsabilidade social é o caminho para o fortalecimento do futuro profissional da contabilidade. O próprio título “A Responsabilidade Social do Contabilista Como Instrumento Primordial para um Novo Perfil Profissional no Século XXI.” sugere a atualidade do tema, sendo este bastante abordado nos dias atuais, tanto no âmbito acadêmico como em todos os setores da sociedade. 343 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Este artigo objetiva mostrar a responsabilidade social do contabilista, diante de um novo perfil profissional neste novo século, em um novo cenário econômico. Os objetivos específicos, neste caso, foram: identificar a importância do profissional de contabilidade para as entidades; levantar o perfil do contabilista na atual sociedade; e identificar a responsabilidade social do mesmo, neste novo cenário globalizado. A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho fora o de verificar através de pesquisa bibliográfica em livros, jornais, artigos científicos, monografias, revistas especializadas internet e sugestões do orientador, para composição do referencial teórico. É por fim é um trabalho de caráter qualitativo. 2 A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE CONTABILIDADE No cenário mundial atual, a globalização e os avanços da tecnologia trouxeram muitas transformações em todas as esferas da sociedade, e no mundo dos negócios essas mudanças não só afetaram o perfil das relações empresariais, como também vieram acarretar mudanças no perfil do profissional contábil, cujo trabalho se diferencia tanto no uso das informações como também na relevância de suas atividades. Esse novo milênio exigirá muito esforço e determinação para mudanças, e a corrida na disputa dos mercados internacionais e o mercado competitivo não aceitam indecisões. O profissional que se busca atualmente é aquele que tem iniciativa, coragem, ética, visão de futuro, habilidade de negociação, agilidade, segurança para resolver os problemas, capacidade de aprender a lidar com mudanças, idéias de melhoria, flexibilidade, capacidade de inovar e criar (sobretudo na sua área de atuação) interage e estuda as realidades políticas, sociais e financeiras, saber orientar as empresas para o melhor caminho de forma que elas sobrevivam aos fortes abalos gerados pela globalização da economia. O poder de manipular conhecimentos é o ponto chave das grandes decisões, fazendo com que o profissional qualificado tenha êxito em suas atividades. A conjuntura atual, de mudança e recuperação das economias de diversos países, sugere uma oportunidade muito grande para a o desenvolvimento da Contabilidade. E para Iudícibus e Marion (2002, p. 34), “o que toda história tem mostrado é que a Contabilidade torna-se importante à medida que há desenvolvimento econômico”. Para a Contabilidade, o cenário de dificuldades deverá ser encarado como uma grande oportunidade. Sabe-se que se exige cada vez mais do profissional contábil. Segundo Toffanelo (2009, p. 12), “estamos vivendo um momento sublime de valorização da profissão contábil e com muitas oportunidades de desenvolvimento e aprendizado”. E este novo cenário trouxe com ele muitas responsabilidades para o profissional de contabilidade. 344 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN De acordo com Sá (2002), aqueles profissionais que, hoje, ainda ficam presos ao passado e só conhecem, exclusivamente, a contabilidade, em termos de partidas dobradas, debitando e creditando sem agregar nenhum valor à empresa, estarão com seus dias contados. Uma nova visão da profissão contábil é necessária e requerida pela sociedade, pois a complexidade das relações sociais e econômicas torna o mundo dos negócios mais competitivo e exige dos profissionais contábeis a mesma evolução. A ciência contábil é uma conquista da inteligência humana. O avanço da profissão tornouse uma tendência natural da evolução e das necessidades do contexto socioeconômico atual. É preciso que o profissional entenda a organização e sua razão de ser, compreendendo seus modelos de gestão, seus objetivos, políticas e suas inter-relações com o ambiente externo. Só assim ele terá condições de ajudar a empresa a crescer, orientando adequadamente seus dirigentes a tomarem decisões acertadas. Conforme Cavalcante (2009, p. 52), O contador contribui para o desenvolvimento das organizações, trazendo informações importantes, como, por exemplo, desempenho dos produtos e serviços; melhores alternativas de investimentos; preço de venda; decisões sobre pedidos especiais; custos das diversas atividades; produtos e serviços, entre outras. As decisões tomadas com base nas informações contábeis não se restringem apenas aos usuários internos das empresas, quais sejam os administradores e gerentes. Existem diversos outros usuários externos (partes interessadas ou Stakeholders) na contabilidade e suas informações, sejam eles investidores, fornecedores de bens ou serviços, clientes, governo, bancos, sindicatos, funcionários, dentre outros interessados. Contudo, Iudícibus e Marion, (2002, p. 43). Em nosso país, em alguns segmentos da nossa economia, principalmente na pequena empresa, a função do contador foi distorcida (infelizmente), estando voltada quase exclusivamente para satisfazer às exigências do fisco. Podemos ver que a imagem do contabilista por muitos e muitos anos foi mistificada como uma figura que apenas servia para dar informações ao fisco, o que na atualidade isso está sendo superado e o contabilista está sendo visto como um profissional com muitas responsabilidades. No que se refere ao contador e sua importância no contexto atual, Fernandes (apud FILHO, 2009, p. 01) diz que “o contador está para uma entidade como o médico está para o ser humano. Nenhuma empresa pode abrir mão dele antes da sua existência, durante ela e até na sua morte”. Podemos dizer que o contabilista é o detentor da informação em primeira mão, é ele que tem conhecimento do diagnóstico da saúde das entidades. Para Marion (apud CAVALCANTE, 2009, p. 52), “são excelentes as perspectivas para a profissão contábil, considerando que a sociedade concentra sua atenção no novo recurso – a informação e a Contabilidade, por excelência, é a ciência da informação”. Como se sabe, está nas mãos do atual contabilista um grande percentual do sucesso de uma entidade. 345 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Cabe aos profissionais da contabilidade, portanto, conhecerem muito bem sua área de atuação e todas as técnicas que permeiam a profissão, pois a situação atual não comporta mais profissionais descontextualizados, que não enxergam as diversas interligações da sua área de conhecimento com outras. 3 PERFIL DO CONTABILISTA ATUAL O contabilista moderno é um ser humano de valor que precisa acumular muitos conhecimentos, que tem um mercado de trabalho garantido. Todavia, é preciso que esse profissional tenha consciência de que a maior remuneração exige qualidade de trabalho e que esta se consegue com o melhor conhecimento, com estudo e com aplicação. Esse profissional tem que ser tecnicamente inteligente e ter capacidade criativa, ser proativo, ter alta integridade, não pode ter medo de arriscar, não pode ser egoísta, ter boa capacidade de comunicação, compreender a sistemática econômico-financeira, política e social, em nível local, regional, nacional e até mesmo internacional; entender os aspectos técnicos dos negócios, e para isto tem que estar sempre se atualizando e estudando a situação da empresa a qual irá prestar assessoria ou consultoria. Sem essa concepção e consciência, o desenvolvimento profissional fica bastante prejudicado. A presença do contabilista é cada vez mais imprescindível para a sociedade e para as organizações, sejam elas de finalidade lucrativa ou não. A principal característica desta profissão, no século XXI, será o conhecimento aplicado. Não menos importante, é que o contabilista precisa ser um profissional flexível, autodidata e preparado para enfrentar desafios de uma profissão na qual a competição e exigências crescem a cada dia. Sua função, neste século, pode ser considerada a de um gestor de informações. Seu conhecimento deve ser amplo, compreendendo as normas internacionais de contabilidade, legislação fiscal, comercial e correlatas. Outras habilidades imprescindíveis são: capacidade de se expressar de forma clara e sintética, ótima redação, domínio de recursos de informática (planilhas, textos, internet) e conhecimentos de estatística. O contabilista precisa conhecer e utilizar-se de relações humanas, além de técnicas de administração. Não pode ficar alheio ao mundo que o cerca, e precisará ler continuamente, tornando-se um autodidata por excelência. Precisa ser ético, ter capacidade de inovar e criar, desenvolvendo também sua capacidade de adaptação - pois mudanças fazem parte do cenário empresarial e corporativo. Além disso, outro aspecto muito importante para o profissional contábil nos dias de hoje é a sua capacidade para lidar com tecnologias, já que, no mundo atual, o mesmo tem que lidar diariamente com a informática. A visão do contabilista de hoje não restringe-se à técnica, e seu papel na sociedade é muito mais amplo. Na busca desse perfil, o profissional contábil também realizará sua função de responsabilidade social, cumprindo com suas atribuições de forma ética e confiável, conquistando melhor valorização no mercado atual. Até chegar ao cenário atual, a Contabilidade sofreu uma grande evolução desde a forma manual de escriturar, tendo que acompanhar quase paralelamente o desenvolvimento de cada nova tecnologia que ia surgindo ao longo da história, culminando hoje com a informática. 346 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Segundo Oliveira (2003, p. 09), “O processo manual de escrituração contábil foi substituído pelo mecânico e, logo em seguida, pelo eletrônico”. Essa informação comprova de que com o tempo, a Contabilidade sofreu os reflexos do avanço científico e tecnológico, sendo forçada a evoluir. Todas essas mudanças trouxeram consigo a necessidade do profissional da contabilidade evoluir na mesma medida, já que era inevitável não se adaptar às mudanças tecnológicas. Para Oliveira (2003) Id. Ibid., “as melhorias na forma de fazer a contabilidade de uma empresa, utilizando-se a tecnologia da computação, trouxeram enormes benefícios para os profissionais da área”. Na verdade, cada mudança, embora implicasse sempre uma nova adaptação, significava, também, mais facilidade na sua forma de trabalhar, reduzindo assim, o tempo de cada serviço a ser executado. A era da informática trouxe também para o contador um aumento das suas responsabilidades e necessidade de maior atenção no seu trabalho. Antes da era digital, toda escrituração da empresa que era feita em papel e ficava guardada a espera de uma visita, agora é eletrônica e fica viva nos computadores da Receita Federal. Nesta nova dinâmica, o papel do contador deixa de ser o de um mero guarda-livros. Erros na escrituração sob sua responsabilidade, que podiam nunca ser descobertos, agora não passarão mais despercebidos e o contador será punido por seus atos, no mínimo perdendo o cliente Essas mudanças exigem que o profissional contábil esteja sempre atualizado, tanto em termos tecnológicos como em matéria de legislação. Segundo Oliveira (Id. p. 12.), “A profissão de contador é considerada muito trabalhosa, por causa das complexidades criadas pelos governantes para controlar as operações das grandes empresas e cobrar os impostos decorrentes dos lucros de suas atividades.” E enfatiza ainda que o sucesso da profissão contábil atualmente “depende de alguns fatores importantes, como: capacidade de interpretar corretamente a legislação, incluindo a societária e a tributária, senso de organização e controle, conhecimento em informática e visão gerencial”. A referida profissão está regulamentada pelo Decreto-lei Nº. 9.295/46, de 27 de maio de 1946 e posteriores resoluções complementares. As prerrogativas profissionais tratadas no artigo 25 do Decreto-lei Nº. 9.295/46 estão especificadas pela Resolução CFC n.º 560, de 28 de outubro de 1983. O mundo moderno exige que os profissionais busquem melhorar a cada dia, pessoalmente e tecnicamente. Os contabilistas não se excluem deste grupo e passam a ser exigidas certas características além do conhecimento técnico. Devido às fortes influências de uma cultura globalizada, o profissional contábil exigido atualmente, tem um perfil muito diferente dos contadores das décadas anteriores. O contabilista que só informava os tributos a pagar, as obrigações fiscais e realizava a abertura das empresas está caminhando para o fim. Além de todas essas funções, o novo 347 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN contabilista tem que andar junto com a empresa, levando-a para o caminho do sucesso, e passando os conhecimentos sobre a Responsabilidade Social integrada ao meio. Hoje o profissional da contabilidade está voltado para uma formação humanística, com visão macro e entendedor do meio social, político e cultural do qual faz parte. O profissional de contabilidade não pode mais ater-se apenas à sua profissão, tem que estar informado quanto às outras áreas pertinentes, ou seja, um profissional aberto para todos os setores de informações. Hoje, o Contabilista é considerado “um sujeito poderosíssimo numa empresa, por quem passam informações de todos os departamentos” Fernandes (apud FILHO, 2009, p. 01). Nos últimos anos a mudança do perfil do profissional de contabilidade se modificou e assim até mesmo o conceito de emprego passa por uma profunda e irreversível transformação, que traz consigo novos padrões comportamentais e de qualificação e de desempenho. Para Sá (apud CAVALCANTE, 2009, p. 53), “a função moderna e verdadeira do profissional da Contabilidade é, pois, a de um consultor sobre assuntos da riqueza das empresas”. E completa: “o futuro da profissão contábil [...] é um dos mais promissores e ninguém poderá detê-lo, porque está atado à história da riqueza e esta à do bem-estar material da humanidade”. A profissão contábil se destaca não só pelo pequeno índice de desemprego como também pelos altos salários, como afirma uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) em 2008 mostra que, “quatro anos após a formatura, a remuneração média mensal varia de R$ 4.000,00 a R$ 8.000,00, e em concursos públicos o salário inicial é de cerca de R$ 7.000,00. Claro que para se obter sucesso profissional deve-se estar preparado. O mercado não absorve profissionais despreparados e sem qualificação à altura de suas empresas e instituições. Profissionais assim estão fadados a ficarem fora do mercado de atuação, sendo forçados a migrarem para outras áreas ou até mesmo ficando desempregados. Na área contábil essa realidade não é diferente, ou ainda é até mais acentuada, já que se exige muito do profissional da contabilidade, mais até do que outros profissionais, pois há uma necessidade enorme de atualização, sobretudo em termos de normas e legislações, que mudam muito rapidamente. 4 A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO CONTABILISTA As campanhas de valorização para a existência de uma vida melhor a todos os seres, principalmente o homem, podem parecer utopia. No entanto, caso não sejam levadas a sério, a vida no planeta estará seriamente ameaçada. Em decorrência, não podemos mais considerar o crescimento sem benefícios sociais e a sua distribuição equitativa para todas as parcelas da população. Essa conscientização nos conduzirá ao desenvolvimento sustentável, definida no Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum) elaborado pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e 348 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Desenvolvimento, como aquele que “satisfaz às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, apud CRC-RS, 2009, p. 21). Atualmente, vem crescendo a cultura da responsabilidade social no intuito de promover ações que melhorem a qualidade de vida da sociedade, tornando o mundo um lugar melhor para se viver. Essa prática tem sido muito difundida pelas empresas, no objetivo de tornar-se mais atraente e promovendo uma boa imagem de si para o mercado e para a sociedade. Para o Instituto Ethos (2007, apud CRC-RS, 2009, p. 12): A Responsabilidade Social é uma forma de conduzir os negócios da empresa de tal maneira que a torna parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, consumidores, comunidade, governos e meio ambiente) e conseguir incorporá-los nos planejamentos de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários. Com relação à atuação das empresas quanto à sua responsabilidade social, Martinelli (1977, apud JUNIOR, 2009, p. 163) afirma que: [...] há organizações que atuam no campo da responsabilidade social porque visualizam nisso oportunidades de negócio; outras parecem atuar como ‘organizações sociais’ por se preocuparem em manter um relacionamento harmonioso e ético com todos os que compõem os seus grupos de interesse, sejam estes clientes, fornecedores, governo, acionistas; e existem aquelas que atuam como empresas cidadãs ao contribuírem para o desenvolvimento social e por assumirem esse compromisso. O papel do contabilista para as empresas, que já era muito importante, a partir das iniciativas de responsabilidade social tornou-se ainda mais relevante, pois as empresas necessitam dos relatórios contábeis para divulgarem suas práticas. Na verdade, o contabilista possui uma responsabilidade social muito grande, pois todos os usuários da contabilidade todos lidam com as informações por ele repassadas. Na visão de Sá (2002, p. 95), “a responsabilidade social da informação é enorme”. Quando os elementos contábeis falham, também falha a segurança, com vultosos prejuízos para o mercado, como muitos têm sido detectados, originando escândalos no mundo financeiro e social. Quando tal fato ocorre o efeito é desastroso tanto para a economia como para a sociedade em geral, já que estão intimamente ligados. São muitas as finalidades da informação contábil, dentre elas: orientação para credores e instituições de crédito; orientações sociais e trabalhistas; instrumentos de provas 349 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN judiciais e perícia contábil; investigação sobre regularidade da gestão; dados e pesquisa social e econômica. Na área ambiental, atualmente, a Contabilidade vem sendo muito utilizada, pois sendo “[...] a ciência das células sociais, como conseqüência lógica, está a mesma assumindo a responsabilidade que lhe compete em tratar desses assuntos ligados aos fenômenos ambientais como uma de suas importantes finalidades” Sá (2002, p.102). Assim, o profissional contábil provará sua importância para a sociedade, não apenas pela profissão que exerce, mas também pelo exemplo de profissionalismo e de conduta ética e moral. Não será valorizado aquele que não se valoriza, pois responsabilidade social é o cumprimento com seriedade da relação contratual entre o profissional, o cliente e a sociedade. Atualmente, a própria sociedade passa a ter a Contabilidade como uma ciência que contribui para o seu desenvolvimento. Como ensina Sá (2002, p. 98): A prosperidade das nações depende da prosperidade de suas empresas e instituições e como a ciência contábil é a que produz modelos de comportamento racional dos patrimônios, é ela, sem dúvida, um ramo de saber competente para ensejar o bem-estar material das sociedades humanas. Portanto, o contabilista, pode executar sua responsabilidade em todas as áreas de atuação. O profissional de contabilidade autônomo encontra sua possibilidade de ação socialmente responsável quando consegue suprir a necessidade de articuladores; isto porque os escritórios de Contabilidade possuem, geralmente, várias empresas clientes. Essas empresas clientes não se conhecem nem se comunicam entre si e, por isso, não sabem dos projetos sociais umas das outras. Porém, elas possuem um elo, que é o Contador, que pode, após identificar as empresas interessadas no desenvolvimento de projetos de Responsabilidade Social Empresarial, atuar ajudando-as a trabalharem de forma articulada. Em síntese, o Contabilista faria o papel de uma “ponte”, aproximando, ligando as empresas para uma ação conjunta. Esse esforço resultaria na diminuição da fragmentação do atendimento, no aumento da eficiência dos recursos e na ampliação do alcance da ação. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) possui um programa direcionado aos Contadores que atuam junto às micro, pequenas e médias empresas chamado “Contabilizando o Sucesso”, capacitando o profissional de Contabilidade a assessorar melhor pequenas empresas no gerenciamento do seu negócio, engajando-se em ações e programas sociais, incorporando a responsabilidade social na sua organização e em seus clientes. Este esforço do SEBRAE é um comprovante de que o Contador autônomo tem o seu papel a cumprir no âmbito da Responsabilidade Social da Contabilidade. A responsabilidade social está 350 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN cada vez mais difundida, assim, os gestores passaram a preocupar-se não somente com a gestão do negócio, mas com as pessoas e o meio em que interagem. Concomitantemente, a contabilidade deve incluir-se nesse contexto. O tema responsabilidade social modernamente integra-se ao da governança corporativa, devido à administração das relações contratuais e institucionais estabelecidas pelas companhias e as medidas adotadas para o atendimento das demandas e dos interesses dos diversos participantes envolvidos. A responsabilidade social passa a incluir a necessária preocupação do bem-estar da sociedade, envolvendo a inclusão social e reconhecendo os problemas sócio-culturais e econômicos como um todo. Segundo Tinoco (2001, p. 116) “A responsabilidade social pressupõe o reconhecimento da comunidade e da sociedade como partes interessadas da organização, com necessidades que precisam ser atendidas [...]”. No contexto da responsabilidade social, as empresas interagem de tal forma com a sociedade, que devem satisfação não somente aos seus acionistas, mas também aos funcionários, ao Governo, ao setor não-governamental e ambiental e, por fim, às comunidades em que estão inseridas. A sociedade globalizada traz consigo demandas por transparência. Para as empresas não bastam mais os livros contábeis. Elas são gradualmente obrigadas a divulgar sua performance social e ambiental, ou seja, os impactos de suas atividades à sociedade. Para a sociedade não basta apenas críticas, é preciso de coerência e conhecimento ético, para que assim, dentro desse processo, seja possível agir e exigir com ética e responsabilidade social. Responsabilidade social é também o exercício da consciência moral e cívica, resultante da compreensão do papel de cada cidadão na relação sócio-econômica e cultural. São muitos os caminhos já percorridos por algumas empresas brasileiras que estão operando com programas socialmente responsáveis. No entanto, ainda há muito para fazer. A responsabilidade social deve ser incorporada pelas empresas, transformando-a em estratégia de atuação para com seus clientes e funcionários, pois os consumidores ditam o desempenho mercadológico de cada setor, escolhendo seus produtos não só pelo preço, mas principalmente pela qualidade e pelas atitudes que a empresa tem com a sociedade. Segundo Nakagawa (1993, p. 17) “Accountability é a obrigação de se prestar contas dos resultados obtidos, em função das responsabilidades que decorrem de uma delegação de poder”. Na língua inglesa accountability significa responsabilidade. Tocar a “alma das organizações”, mexer com a governança coorporativa, tem sido a melhor ferramenta no despertar da consciência social. Compreender que o papel atual das empresas vai muito além da obtenção do lucro, que além de seus muros há um problema social em cada esquina e metro quadrado, torna-se uma conquista em relação a inclusão social. 351 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Neste contexto, cabe ao Estado a responsabilidade de políticas públicas coletivas, um grande acordo entre governos – federal, estadual e municipal – poderia levar à criação de incentivos tributários para todas as empresas que basearem suas ações em programas socialmente responsáveis, pois, a responsabilidade fiscal está junto com a responsabilidade social. O valor pela vida, a consciência-cidadã e inclusão são os alicerces do despertar desta nação, que pode, assim e afinal, dar certo. O que vale é a causa, o combate à miséria e à pobreza de uma forma ampla, completa e irrestrita. Hoje, não é só o empresariado que faz a diferença, mas, principalmente, os profissionais que estão ocupando cargos estratégicos na gestão das empresas, como os contabilistas, por exemplo, que conhecem toda a anatomia da empresa e as alternativas mais adequadas para resolução dos conflitos e problemas internos e externos das corporações. Nenhum profissional pode, nos dias atuais, pretender ser uma ilha e trabalhar isolado dos objetivos maiores da empresa. São os Administradores Financeiros e Contadores que sabem o valor dos impostos devidos pela sua contratante e uma recomendação dos mesmos para aproveitamento dos incentivos fiscais será decisiva para que a empresa destine parte desses impostos aos investimentos sociais. Já no âmbito público o Contabilista deverá primeiramente se inteirar dos projetos socialmente responsáveis que sua empregadora esteja tentando desenvolver e, a partir daí, se colocar à disposição, em condição de participação pró-ativa, incentivando, colaborando e buscando se envolver ao máximo em alguma das atividades propostas. Como reflexo dessa nova postura comportamental, se espera o abandono do sentimento individualista ao encontro da noção de coletivismo, parceria e responsabilidade social. Dado que o Contabilista exerce suas atividades seguindo as leis e colaborando com outros agentes da sociedade, se percebe que existe uma dependência do trabalho deste profissional em relação às ações governamentais e às ações das Organizações Não-Governamentais (ONG’s), sendo importante o papel que se espera do Governo e das ONG’s, para esclarecer sobre a união dos esforços para a consecução de um objetivo comum: a implantação da Responsabilidade Social nas instituições nacionais. As exigências aos profissionais e às empresas contábeis, já que estamos no epicentro da gestão e das decisões, são crescentes e desafiadoras, porém, precisa-se aliar a capacidade técnica a uma permanente renovação e a um alto padrão de criatividade como elementos-chave para poder enfrentar os desafios e ter êxito em seus ofícios. Impõe-se a preocupação constante em acompanhar vigilantemente tudo que vai surgindo de novo na atividade econômica e administrativa, assim como na tecnologia da informação, seja no Brasil, seja em qualquer outro país, para que se possa cumprir corretamente seu papel. 352 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN No Brasil, as entidades ainda têm muitas carências na área gerencial, o que torna as decisões dos dirigentes fragmentadas, principalmente na dimensão socioambiental. Segundo (CRC-RS, 2009, p. 23), “para as entidades é necessário desmistificar a visão sustentada pelo conceito triple botton line, isto é, o econômico, o social e o ambiental precisam sempre caminhar juntos, sendo, para tanto, fundamental a participação do profissional da Contabilidade”. Uma vez que, com o tripé desses três campos a contabilidade será uma ciência social mais completa. Vivemos um momento de mudanças e transições na contabilidade, pois a mesma não para de evoluir, mantendo atualizados seus usuários. O mercado exige hoje um profissional cada vez mais gabaritado e competente a fim de atender o ambiente social que utilizam suas informações, esses profissionais devem admitir de certa forma os valores presentes no ambiente onde se juntam as pessoas. O jogo do conhecimento nos dias de hoje é o novo jogo do mercado, nada melhor do que compartilhar esses valores, gerando estímulo entre as pessoas para o autoconhecimento e ao conhecimento do outro, fortalecendo o espírito de, o respeito mútuo e a solidariedade aos demais agentes de desenvolvimento. A Contabilidade tem evoluído significativamente através dos tempos, dentro desse contexto é inegável a influência da tecnologia sob a nova visão e desenvolvimento da profissão contábil. A introdução de sistemas e aplicativos computacionais possibilitou entre outras coisas, maior flexibilidade na manutenção e armazenamento dos dados, bem como na ampliação do conjunto de informações, eliminando a lentidão dos processamentos apresentados em décadas anteriores. Entretanto, o advento da informática na área contábil propõe que o contador, assim como todo e qualquer profissional, participe de um processo de atualização de seus conhecimentos, buscando constantemente compreender as inovações tecnológicas, a fim de produzir com qualidade os serviços prestados a sociedade. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Definitivamente, chegou o momento de todos os seres humanos redirecionarem suas relações com o planeta. Este direcionamento passa fundamentalmente pela implantação de uma nova ética aquisitiva, um código a ser assumido pela coletividade. Por toda a parte isso vem acorrendo, em ritmo maior ou menor, dependendo, fundamentalmente, do grau de evolução e conscientização das nações envolvidas. A consciência da Responsabilidade Social da Contabilidade impõe mudanças comportamentais individuais e coletivas, que geralmente são acompanhadas de resistências que precisam ser vencidas pela argumentação inteligente e pelo exemplo prático dos seus próprios defensores. 353 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Assim é que, tanto o ramo da Contabilidade Social retomará a sua trajetória de desenvolvimento e alcançará os objetivos máximos a que se propõe de redução das desigualdades econômicas e de remodelagem da função empresarial, quanto cada Contabilista poderá exercer seu papel social com liberdade e competência, com o mesmo zelo e dedicação que já desempenha em todas as suas áreas de atuação profissional. A Contabilidade não pode mais simplesmente ignorar os problemas ambientais que ocorrem no planeta Terra, como se nenhuma responsabilidade tivesse. Entendemos que as questões ambientais, amparadas pela nova ordem mundial “Desenvolvimento Sustentável”-, impõem que a Contabilidade assuma, imediatamente, seu compromisso maior de representar, além das informações contábil-financeiras das pessoas jurídicas, por meio de suas demonstrações, um “elo” de ligação entre as empresas e a comunidade, fazendo com que um dos seus requisitos básicos – a necessária transparência que deve existir entre a pessoa jurídica e a sociedade – seja verdadeiramente cumprido. Neste trabalho procuramos demonstrar a importância dessa nova postura inovadora, que, inclusive, possibilita novos espaços de trabalho para todos os Profissionais da Contabilidade, levando-o a pensar numa sociedade na qual o homem seja o centro e onde a sua ação racional, em harmonia com a consciência, seja considerada uma qualidade fundamental e necessária ao alcance dos objetivos que se propõe; uma sociedade que promova a solidariedade humana, a atividade produtiva de todos no seu trabalho, e estimule o desenvolvimento da razão e permita ao homem dar também expressão a todas as necessidades interiores, consubstanciadas na realização das suas potencialidades afetivas, estéticas, morais, intelectuais e principalmente éticas. Mudar é preciso. As mudanças, no entanto, precisam estruturar-se no desenvolvimento da consciência crítica e cidadã. Para questionar é preciso conhecer, e o conhecimento é a chave do desenvolvimento. O contabilista precisa adotar noções de lateralidade e assim assumir uma nova postura, na qual esteja engajada a responsabilidade social e fiscal. Sabe-se que o caminho é difícil, e a sociedade ainda está longe de atingir uma tributação justa e equalizada, que só será alcançada se a própria população entender seu papel social, e atuar junto com profissionais dinâmicos e comprometidos com a responsabilidade social. Conclui-se então que o contabilista é o agente propagador da conscientização tributária, e seu papel social é auxiliar a sociedade na conquista de um desenvolvimento social justo e melhor distribuído, em que todos contribuam de forma justa. Portanto, mesmo que o processo seja difícil, idéias precisam ser trabalhadas, discutidas e engajadas,visualizando as conseqüências da profissão contábil no campo social e econômico. Ao desenvolver o presente estudo, avalia-se a importância do profissional contábil junto à sociedade, porque seu papel não restringe-se a questões tributárias ou gerenciais, mas sim, assume importante papel social voltado às questões de conscientização, planejamento e responsabilidade social. O resultado que se espera é aquele em que cada cidadão atue de forma autêntica, responsável e que possa aprender noções básicas que visem à responsabilidade social. Busca-se 354 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN também instigar aos leitores à necessidade de desenvolver outros trabalhos que visem à responsabilidade social e atuação cidadã do contabilista. 6 REFERÊNCIAS CAVALCANTE, C. H. L. Percepçao dos alunos iniciantes e concluintes do curso de Ciências Contábeis sobre a profissão contábil. Revista Brasileira De Contabilidade - RBC. Brasília-DF. Ano 48. n. 177, maiojulho/2009. CAMPOS, D. Dimensão jurídica do tributo. Rio de Janeiro: Forense, 1988. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL – CRC/RS. Demonstração da Responsabilidade Social. Rio Grande do Sul - RS, 2009. FILHO, W. H. Contabilidade: oportunidades e mercado de trabalho. O Globo, 2009. FONTANELLA, F. R. Finanças Públicas: lições introdutórias destinadas aos docentes do Programa de Educação Fiscal. Florianópolis, SEF, 2001. FRANCO, H. A contabilidade na era da globalização: temas discutidos no XV Congresso Mundial de Contadores em Paris, 26 a 29-10-1997. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Introdução à teoria da contabilidade para o nível de graduação. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003 MORAES, B. R. Compêndio de direito tributário. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996. NAKAGAWA, M. Introdução à Controladoria. São Paulo: Atlas, 1993. OLIVEIRA, E. Contabilidade informatizada: teria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. REBOUÇAS, L. Contabilidade: revolução cultural. Revista Razão Contábil. Sd. Disponível em: http://www.revistarazaocontabil.com.br. Acesso em: 24/02/2011. SÁ, A. L. de. As grandes modificações do século que influem sobre a contabilidade. Disponível em: http://www.sindicont-rio.org.br/artigo1402.htm. Acesso em: 21/02/ 2011. SÁ, A. L. de. Teoria da Contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. SILVA, A. C. R. da. Metodologia da pesquisa aplicada à contabilidade:orientações de estudos, projetos, relatórios, monografias, dissertações, teses. São Paulo: Atlas,2003. SOARES, N. Ciências Contábeis - Lógica importa mais que cálculo. Folha de São Paulo - Especial – Guia das Profissões – Ciências Contábeis. São Paulo: 20/Set. 2009. 355 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN TINOCO, J. E. P. Balanço Social: uma abordagem da transparência e da responsabilidade pública das organizações. São Paulo: Atlas, 2001. TOFFANELO, G. Revista Brasileira de Contabilidade, janeiro/fevereiro 2009. CONTABILIDADE DE CUSTOS APLICADA EM UMA EMPRESA DO SETOR FARMACÊUTICO Resumo No Brasil existe um parque público de laboratórios, de abrangência nacional, voltado para a produção de medicamentos primordialmente destinados aos programas de saúde pública em assistência farmacêutica que visa produzir medicamentos a um baixo custo denominados de laboratórios oficiais. Para tanto, é importante que os custos de produção do laboratório sejam sempre monitorados. O intuito do artigo é auxiliar no custeio. Para cumprir com esse objetivo, coletou-se os dados na prórpia empresa no período referente à Novembro de 2010. Palavras-Chave: Precificação; Custos; Mark-up Abstract: 356 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN In Brazil there is a public park in laboratories nationwide, dedicated to the production of drugs intended primarily for public health programs in pharmaceutical care which aims to produce drugs at low cost so called official laboratories. Therefore, it is important that the production costs of the laboratory are always monitored. The purpose of the article is to assist in funding. To meet this objective, the data collected in own little company during the period referring to November 2010. Keywords: Pricing; Costs; Mark-up 1. Introdução No mercado em que as empresas estão inseridas atualmente existe a necessidade que elas utilizem técnicas no processo para tomadas de decisões com o intuito de se diferenciar das entidades concorrentes. Umas dessas técnicas que auxilia as organizações é a contabilidade de custos, que objetiva suprir a gestão empresarial no que tange ao controle interno capaz de desenvolver a competência operacional na atividade fabril e da prestação de serviços dessas organizações. A contabilidade de custos possui diversas ferramentas que auxilia as organizações, entre elas observa-se o custeio por absorção, o qual absorve todos os custos da empresa para rateá-los entre os produtos. Assim sendo, chega-se a seguinte questão: qual a importância do custeio de absorção para a definição do preço de venda do produto? A pesquisa justificou-se pela importância do uso do custeio de absorção, visto que esse procedimento auxilia no controle dos custos da entidade e na alocação do preço de vendas. Com a efetivação do presente trabalho, os gestores tomarão conhecimento do estudo realizado e verificarão a significância do custeio de absorção para a alocação do preço de vendas. 2. Referencial Teórico 2.1 Custeio Dentre as diversas técnicas de custeio, pode-se destacar o custeio por absorção que, segundo Martins (2003), deriva dos princípios contábeis usualmente aceitos, onde se baseia na apropriação dos custos de produção diretamente aos bens fabricados. Noutra perspectiva contábil semelhante, Horngren; Foster, Datar (2000, p 211) afirmam que “custeio por absorção é o método de custeio do estoque no qual todos os custos de fabricação, variáveis e fixos, são considerados custos inventariáveis. Isto é, o estoque absorve todos os custos de fabricação”. Ao se adotar essa metodologia, os custos dos produtos estarão absorvendo todos os custos de manufatura (LEONE, 2000). Assim, os gastos relacionados a outros departamentos, que não 357 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN os de produção, são considerados como despesas. Estas não são alocadas aos produtos, sendo seus montantes contabilizados diretamente no resultado do período que se está analisando. Essa metodologia origina-se da aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade, que prevê através do que a empresa deverá “registrar suas mutações patrimoniais segundo o regime de competência”, onde tal regime tem por base o princípio de competência, quando contabiliza como custos dos produtos, somente os referentes aos produtos vendidos, onde os estoques representam todos os custos de fabricação, sejam fixos ou variáveis, sendo considerados custos inventariáveis. No Brasil, essa é a metodologia aceita pela legislação fiscal para a apuração dos custos dos produtos e, por consequência, do lucro tributável das empresas. Conforme Perez Jr; Oliveira; Costa (1999), na visão fiscal os gastos da empresa devem ser distribuídos em custos e despesas, devendo ser atribuídos todos os custos aos produtos fabricados enquanto que as despesas devem ser levadas diretamente ao resultado do período (DRE). O sistema de custeio por absorção pode ser com ou sem departamentalização. A seguir veremos o esquema de custeio por absorção sem departamentalização: 358 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Fonte: Martins (2003, p.62) No exemplo acima, percebe-se que este esquema de custeio sem departamentalização passa por três passos básicos que são: separação entre custos e despesas; apropriação dos custos diretos e apropriação dos custos indiretos. Como o critério de rateio por absorção sem departamentalização propicia valores de custos diferentes e custos totais diferentes para cada produto, passa então a ser utilizado quase que obrigatoriamente, a departamentalização que, conforme Martins (2000, p.83), propicia uma distribuição mais racional dos custos indiretos. Com a departamentalização, os custos indiretos são rateados entre os Departamentos de Produção, atuando assim sobre os produtos e apropriando custos a eles. 359 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Fonte: Martins (2003, p.62) Conforme observado, o esquema de custeio por absorção com departamentalização possui seis passos básicos: separação entre custos e despesas; apropriação dos custos diretos ao produto; apropriação dos custos indiretos aos departamentos; rateio dos custos indiretos comuns e da Administração Geral da produção aos departamentos; escolha da seqüência de rateio dos custos acumulados nos departamentos de serviços e distribuição aos demais departamentos e atribuição dos custos indiretos dos departamentos de produção aos produtos, de acordo com o(s) critério(s) escolhido(s). O sistema de custeio por absorção, serve para avaliar os estoques das empresas e ajudar nas decisões de preço para os produtos e serviços, além de poder auxiliar empresas que conseguem facilmente alocar seus custos aos produtos, devido a uma pequena parcela para rateio. 2.2 - Precificação 360 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Estabelecer o preço de venda é um dos mais importantes momentos nas decisões a serem implantadas na empresa. Ela pode representar o sucesso, a rentabilidade, a competitividade ou não da empresa, e ,consequentemente, sua existência ou não. “Podese afirmar que, a fixação de preços de dos produtos e serviços é uma questão que afeta diariamente a vida de uma empresa, independentemente de seu tamanho, da natureza de seus produtos ou do setor econômico de sua atuação. Esta dificuldade de formar preço de venda pode atingir toda uma cadeia produtiva, desde o fornecedor da matéria-prima, passando pelo fabricante, distribuidores, varejistas até o consumidor final.” (SANTOS 1995, p.4): Inúmeros são os fatores que influenciam a determinação do preço de venda, tais como: mercado; custos; concorrência; e outros. Partindo de tais fatores surgem alguns modelos para determinação de preço de venda. Uma das formas de se determinar o preço é se baseando nos custos da empresa. Nesse procedimento, o conhecimento da estrutura do processo produtivo poderá se constituir como vantagem competitiva. Se aplicarmos essa técnica em processos rotineiros, qualquer alteração para reavaliação do preço de venda torna-se fácil e estruturada, economizando tempo e esforços. O Custeio por Absorção define que o custo dos produtos serão constituídos por todos os gastos no processo produtivo, desta forma, o preço de venda deverá cobrir os custos totais (somatória da matéria prima consumida, mão-de-obra direta e os custos indiretos alocados), obtendo-se o lucro bruto, e este deverá cobrir as despesas fixas e variáveis, além de proporcionar o lucro líquido. Para Shapiro e Sawyer (2003), os preços não são determinados apenas pelos custos de produção, isto porque os preços dependem também do mark up (uma decisão estratégica). Com isso, quando os custos se alteram, não necessariamente os preços se alteram, o mark up sobre os custos pode se alterar ao invés dos preços. Desta forma, quando os preços de venda utilizam o custo como base de sua formação, o objetivo passa a ser a definição de um mark-up divisor ou multiplicador. Esse mark-up é um valor ou percentual que aglutina os elementos que compõem o preço de venda, ou seja, o custo, as despesas e o lucro. O objetivo deste cálculo é uma primeira 361 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN aproximação do preço; ele poderá sofrer modificações posteriores, decorrentes das alterações no mercado, sendo assim, qualquer alteração nas condições de mercado impactam este cálculo, forçando a empresa até a reprojetar o produto, adequando seus custos aos preços aceitos. 2.3 Componentes do custo O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda incluirá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos não recuperáveis devidos na aquisição ou importação (RIR/1999, art. 289 e seus §§). O custo da produção dos bens ou serviços compreenderá, obrigatoriamente (RIR/1999, art. 290): 1. o custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, inclusive os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos não recuperáveis devidos na aquisição ou importação; 2. o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive na supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; 3. os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; 4. os encargos de amortização, diretamente relacionados com a produção; 5. os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. 2.4. Quebras e perdas Consideram-se como integrantes do custo as perdas e quebras razoáveis, de acordo com a natureza do bem e da atividade, ocorridas na fabricação, no transporte e no manuseio, bem assim as quebras e perdas de estoque por deterioração, obsolescência ou pela ocorrência de riscos não cobertos por seguros, desde que comprovadas por laudos ou certificados emitidos por autoridade competente (autoridade sanitária, corpo de bombeiros, autoridade fiscal etc.) que identifiquem as quantidades destruídas ou inutilizadas e as razões da providência (RIR/1999, art. 291). 2.5 Mercado farmacêutico e os laboratórios oficiais brasileiros segundo BERMUDEZ (2006) A indústria farmacêutica pode ser descrita como um conjunto de oligopólios com multiprodutos diferenciados em segmentos de classes terapêuticas específicas, cujo consumo é fortemente mediado pela necessidade de prescrição médica. A diferenciação dos produtos por classe terapêutica, princípio ativo, composição química e embalagens gera um leque variado de apresentações direcionadas ao consumidor, dificultando a escolha do produto de forma racional . É, portanto, um setor baseado em ciência, cuja principal fonte de inovação e diferenciação dos produtos resulta de novos conhecimentos gerados a partir da infra-estrutura de ciência e tecnologia (C&T) e das atividades de P&D das empresas . 362 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Bermudez argumenta que, apesar de a dependência externa em matéria de medicamentos ser um problema comum aos países em desenvolvimento, o Brasil é um dos poucos países a possuir um parque público estatal de produção de medicamentos, instalado em várias regiões do território nacional. Constitui, portanto, um importante patrimônio público formado por 18 laboratórios, alguns com quase duzentos anos de fundação, os quais vêm contribuindo no abastecimento de medicamentos ao setor público, especialmente daqueles destinados a importantes doenças endêmicas que afligem a população, sem grande interesse comercial para o setor privado. Para esse autor, seu fortalecimento e consolidação são vistos como instrumento efetivo de apoio às ações governamentais e uma referência para a regulação do mercado nacional. No seu entender, todas as ações relacionadas com a produção e o abastecimento de medicamentos envolvem aspectos da política industrial, científica, tecnológica e de saúde. Assim, e dada essa característica de envolver diferentes setores, as políticas públicas do setor de medicamentos devem, para ele, ser desenvolvidas no âmbito de diferentes ministérios. Uma característica peculiar da indústria farmacêutica no Brasil é a existência de um parque público de laboratórios, de abrangência nacional, voltado para a produção de medicamentos primordialmente destinados aos programas de saúde pública em assistência farmacêutica. De uma maneira geral, o conjunto de laboratórios públicos é capaz de produzir, aproximadamente, 11 bilhões de unidades farmacêuticas/ano, com 195 apresentações farmacêuticas, abrangendo mais de 107 princípios ativos. A produção desses laboratórios representa cerca de 3% da produção nacional em valor e 10% em volume equivalente a cerca de 10% do total de compras em medicamentos do Ministério da Saúde (MS) Uma outra peculiaridade do processo brasileiro é o lugar que o Estado vem desempenhando no setor farmacêutico. Nesse caso, merece destaque a atividade regulatória, envolvendo o acompanhamento e o estabelecimento de limites para os preços praticados pelas empresas privadas pari passu o fortalecimento dos produtores oficiais, de modo a oferecer medicamentos a preços mais baixos e a reduzir os custos dos programas públicos de saúde. Além disso, a produção de medicamentos pela rede pública pode contribuir para minorar problemas no suprimento de determinados medicamentos, sobretudo daqueles de menor interesse para o setor privado. Os efeitos dessa política se fizeram sentir rapidamente. Uma outra conseqüência do aumento da produção pública pode ser percebida com a redução dos preços de medicamentos, particularmente com os anti-retrovirais. Apesar do potencial de produção dos laboratórios oficiais, alguns problemas são identificados. Merecem destaque aqueles de ordem gerencial e administrativa. De acordo com a Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil (ALFOB) , os laboratórios se ressentem da falta de flexibilidade no processo de compras e da rigidez e deficiência na contratação e qualificação de pessoal. Esses fatores teriam repercussão na capacidade de resposta desse setor às demandas do mercado e do setor público. Em suma, o panorama da produção de medicamentos no Brasil é dominado pela indústria transnacional, que, apesar da alta margem de lucro, praticamente não investe em P&D. Além disso, os preços dos produtos dificultam o acesso da maioria da população ao seu consumo. 363 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Quanto à produção nacional, embora residual, nela se destacam os laboratórios oficiais por serem responsáveis por cerca de 75% das unidades dispensadas no SUS, no Programa de Assistência Farmacêutica Básica. Esse fato faz com que o Brasil se destaque entre os países em desenvolvimento. 3. Objetivo O objetivo geral desse trabalho é verificar qual a importância do custeio de absorção para a definição do preço de venda do produto. Para o desenvolvimento do estudo, estabeleceram-se os seguintes objetivos específicos: a) efetuar um estudo teórico sobre o tema; b) efetuar um estudo sobre a empresa; c) fazer o rateio dos custos por absorção; 4. Metodologia Em um primeiro momento, buscou-se entrar em contato com a empresa com o intuito de marcar uma visita e entrevista com o responsável pelo Planejamento e Controle da Produção. Durante a entrevista coletou-se alguns dados necessários para o custeio, como a produção do mês, o processo de fabricação, os custos dos insumos. As informações de mão-de-obra foi facilmente obtida com o departamento de gestão de pessoas, pois por se tratar de uma empresa federal, não houveram tentativas por parte dos colaboradores em ocultar as informações. As potências das máquinas para cálculo do consumo de energia elétrica, os custos de manutenção e depreciação do maquinário foi obtido junto à empresa de manutenção que é terceirizada. Iniciouse os cálculos para custeio do período de novembro de 2010. 5. a. Estudo de Caso Caracterização da Empresa Originário do Laboratório Farmacêutico de Produção Industrial (LAFAPI), o Núcleo Industrial Químico Farmacêutico (NIQUIFAR) foi criado em 1972 como orgão suplmentar da universidade Federal do Rio Grande do Norte. Vinculado à Faculdade de Farmácia desde então, integrou o sistema de Laboratórios Oficiais do Brasil produtores de medicamentos para o Ministério da Saúde. No dia 1° de Novembro de 1977, o NIQUIFAR tornou-se fundação, passando a se chamar Fundação Universitária do Alimento e do Medicamento (FUNAM), e em 30 de Abril de 1991, foi extinta a FUNAM e criado o Núcleo de Pesquisa em Alimentos e Medicamentos (NUPLAM), que passou a integrar a estrutura orgânica da UFRN como orgão suplementar Vinculado à Reitoria. Localizado no Campus Universitário da UFRN, em área aproximada de 27.000 m 2, o laboratório pretence ao setor scundário e, por se tartar de um laboratório official, não visa lucros, apenas a produção de medicamentos a um baixo custo para apoio ao Sistema Único de Saúde 364 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN (SUS), Hospital Universitário (HUOL) e Secretarias Municipais de Saúde (SMS) e constroi campo de estágios supervisionados específicos e relativos a diferentes cursos de graduação. Em maio de 2003, o laboratório sofre um interdição pela ANVISA por ter permitido que fossem comercializadas cápsulas de medicamento vazias, mas no mesmo ano, o NUPLAM e a Faculdade de Farmácia reiniciam sua parceria estabelecendo projetos inovadores em que o ensino, a pesquisa e a extensão estejam indissociados que levou 4 anos. Assim, o NUPLAM transforma-se em espaço acadêmico privilegiado, onde o conhecimento seja pruduzido e difundido em função e através das atividades de fabricação e distribuição de medicamentos. Somente em 2007 que o laboratório voltou a produzir medicamentos, mas dessa vez, com ênfase em medicamentos para tuberculose, limitando então sua carteira de portifólio a um único medicamento, Isoniazida + Rifampicina nas concentrações 100 + 150 ou 200 + 300, respectivamente. No ano de 2010, o NUPLAM fecha um contrato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), onde seu almoxarifado que estava sendo subutilizado e gerando despesas altíssimas, uma vez que precisa ser mantido sob condições de temperatura e humidade específicas para manter as características físico-químicas dos medicamentos, alugou seu volume sobressalente de estocagem para armazenar os medicamentos da SMS e distribuí-los entre os postos de saúde. b. Definição do Objeto de Custeio (OC) O objeto de custeio escolhido pelo grupo trata-se da associação de Isoniazida e Rifampicina (medicamentos para tuberculose) na concentração de 200 miligramas (mg) e 300 mg, respectivamente, uma vez que o estudo foi realizado no mês de novembro de 2010, e que nesse período, esse foi o único tipo de medicameno produzido pelo laboratório. A descrição a seguir aplica-se à produção de cápsulas de isoniazida + rifampicina na concentração de 200 + 300 mg do setor de produção de medicamentos sólidos. O Departamento de Planejamento e Controle da Produção (PCP) é o responsável por emitir a Ordem de Produção (OP). O almoxarifado de insumos, por sua vez, se encarrega de pesar as matérias-primas enviá-la para o setor de produção. O almoxarifado também é responsável pela gravação do alumínio destinado à produção com o lote e a data de validade, além de separar ao materiais de embalagem. Uma vez no setor de produção, os operadores devidamente paramentados fazem a mistura dos componentes da formulação. Esse processo é chamado de manipulação. O medicamento em pó é então levado para o encapsulamento, onde são colocados em cápsulas de cor rubra e devem obedecer um limite mínimo e máximo de peso médio. As cápsulas já preenchidas com o pó são então levados para o envelopamento onde ficam em strips de 10 cápsulas cada, que são revisados e colocados em caixas unitárias hospitalar contendo 50 strips. As caixas unitárias são colocadas em caixas de embarque, que são levadas ao almoxarifado de produto acabado e então enviadas ao seu destino uma vez por mês. A Figura 3 mostra detalhadamente este processo. Todo o processo é mantido sob condições de temperatura e umidade controladas, é todo previsto em Procedimentos Operacionais Padrão com o intuito de garantir a qualidade e ainda 365 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN controlado pelo laboratório de análises físico-químicas e pelo controle em processo que são todos feitos antes do produto ser tido como “acabado”, sendo assim, gerando custos de controle de qualidade. Figura 3 – Fluxograma Padrão do Processo Produtivo c. Seleção do Método para Custear Será utilizado o método de custeio por absorção, uma vez que ao final de cada mês, a produção do período é despachada para seu destino, em outras palavras, não gera estoque de um período para o outro, o que não causa variação entre os custeios por absorção e por custeio variável. O NUPLAM opera por portarias que são abertas para a compra, principalmente pelo Ministério da Saúde, de uma grande quantidade de medicamentos onde o preço unitário da cápsula já é estipulado pelo comprador, e se o laboratório tiver condições de atender, é fechado o pedido, e o valor referente ao total da compra é imediatamente repassado à instituição que fica agora responsável por entregar o pedido à um prazo determinado. d. Apuração dos Custos Energia Elétrica para Produção Mão-de-Obra Depreciação dos Equipamentos Fabris Depreciação da Área de Produção Insumos para Produção R$ 9.999,93 R$ 61.215,45 R$ 3.674,84 R$ 3.308,45 R$ 257.024,43 366 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal - RN Manutenção do Setor Produtivo Limpeza da Área de Produção Controle de Qualidade Unidades Produzidas Custo Total Custo Unitário R$ 8.205,63 R$ 984,10 R$ 3.765,35 2247750 cápsulas R$ 350.194,07 R$ 0,1558 e. Análise Comparativa: Custo Unitário X Preço de Venda O preço unitário praticado pela instituição é de R$ 0,1654 para cada cápsula comercializada. Portanto, no mês de novembro, o NUPLAM entregou o equivalente a R$ 371.777,85 em cápsulas, que lhe custaram R$ 350.199,45, de forma que lhe restou R$ 21.578,40 para cubrir as despesas e apurar o resultado líquido, uma vez que o mesmo não paga impostos. A maior desepesa desnecessária do NUPLAM é o equivalente à depreciação de seus equipamentos, uma vez que dois de seus três setores produtivos estão desativados. Em depreciação, a despesa do laboratório no mês de novembro foi o equivalente à R$ 11.804,68 em equipamentos e maquinário, e mais R$ 10.627,71 em estrutura física, totalizando R$ 22.432,39. Sem considerar outros tipos de despesas, já nos é possível determinar que o preço praticado pela instituição não é suficiente para cobrir seus gastos. Por outro lado, o NUPLAM possui outra forma de renda que é funcionando como almoxarifado de medicamentos para a Prefeitura do Natal que são distribuídos entre os postos de saúde, o que lhe rende uma renda extra que equivale à R$ 174.441,42, o que lhe dá um gasto mensal de R$ 56.014,00 Os anexos ao artigo estão contendo as planilhas com todos os dados utilizados para o custeio e para o demonstrativo de resultados. f. Demonstrativo de Resultado (DRE) por Absorção DRE – Novembro/2010 Receita Bruta R$ 107.884,11 - Impostos R$ 45.510,89 Receita Líquida - CPV Resultado Bruto - Despesas Resultado Líquido R$ 546.219,27 R$ 0,00 R$ 546.219,27 R$ 392.824,27 R$ 153.395,00 367 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN 6. Recomendações Para recomendar uma nova precificação do medicamento estudado, partiu-se da metodologia do Mark-up, para que assim seja possível estabelecer um preço capaz de zerar os gastos e garantir um lucro mínimo para melhor absorver variações no custo do produto unitário. Para esse cálculo foi levado em consideração o custo total unitário, calculado a partir do custeio por absorção, e o preço atual. Ou Markup% = (Lucro Desejado + Despesas Administrativas e de Vendas)/ Custo Fabricação Mark-up Atual = 0,1654 = 1,061% 0,1558 94491,93 x 100 Mark-up Sugerido = 1 + 371777,85 x 100 = 28,04% 350199,45 x 100 371777,85 P Venda – P Venda x Encargos = CU + CU x Markup P – P x 0 = 0,1558 + 0,1558 x 0,2804 P = R$ 0,1995 Recomenda-se à empresa tentar negociar com o comprador um valor unitário de R$ 0,1995 para cada cápsula com o intuito de não ter prejuízo com a produção do medicamento, gerando o valor simbólico de 1% de lucro que servirá apenas para absorver um mínimo de variações no custeio unitário do produto, uma vez que o laboratório não visa gerar grandes lucros. Outra recomendação que se faz é tentar colocar em funcionamento ou outros setores produtivos para aumentar a produção e então reduzir os custos dos produtos fabricados, ou vender o maquinário que não é utilizado para reduzir as despesas com depreciação. 7. Conclusão 368 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN O seguinte estudo de caso mostrou a importancia de avaliação do custeio de absorção aliada a técnica do Mark-up. Pôde-se concluir que o preço praticado pela indústria farmacêutica estudada é inviável, já que não é suficiente para cobrir os gastos. Ao ser analisado, este cenário foi proposto, que a empresa tentasse adotar um novo preço que viesse ser suficiente para não gerar prejuízo. 8. Referencial Bibliográfico OLIVEIRA, Egléubia Andrade de; LABRA, Maria Eliana; BERMUDEZ, Jorge. A produção pública de medicamentos no Brasil: uma visão geral. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 11, nov. 2006 Regulamento do Imposto de Renda - RIR/99 - Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2003 PEREZ JUNIOR, José Hernandez; OLIVEIRA, Luís Martins de; COSTA, Rogério Guedes. Gestão estratégica de custos. São Paulo: Atlas, 1999. HORNGREN, Charles T.; FOSTER, George; DATAR, Srikant. Contabilidade de custos. 9ª. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. LEONE, S. G. George. Curso de contabilidade de custos. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2000. SANTOS, Roberto Vatan dos. Modelos de decisão para Gestão de Preço de Venda. Dissertação de mestrado apresentada a FEA – USP. São Paulo, 1995. SHAPIRO, N., SAWYER, M. (2003) “Post Keynesian price theory”. Journal of Post Keynesian Economics, Vol. 25, No. 3: 355, spring 2003. 369 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN ADERÊNCIA ÀS NORMAS DE AUDITORIA INTERNA EMANADAS PELO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE MÉDIO PORTE DA CIDADE DE ARACATI/CE Ana Karoline dos Santos de Lima Aluna da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi Cícero Luiz Câmara Júnior Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi RESUMO O presente estudo tem como objetivo geral verificar se os procedimentos de auditoria interna adotados pela empresa em estudo estão sendo executados de acordo como especifica a regulamentação existente, verificando a aderência na execução do trabalho e a contribuição da auditoria interna na melhoria dos procedimentos de controle interno, fazendo uma análise entre as normas de auditoria emanadas pela NBC – Normas Brasileiras de Contabilidade e os procedimentos que são utilizados pela empresa. E tem como objetivos específicos explicitar as exigências da NBC quanto às normas internas, discorrer sobre controle interno em empresas privadas e analisar a aderência da NBC às práticas dos postos de combustíveis. A pesquisa considerada exploratória, descritiva, qualitativa e estudo de caso foi realizada em uma empresa de médio porte da cidade de Aracati/CE. Busca-se apresentar os conceitos de auditoria interna, controle interno e normas específicas. Para coleta de dados foi realizado um check list composto por trinta e quatro (34) questões que foram aplicadas ao responsável pela auditoria interna da empresa objeto de estudo, sendo esses extraídos da NBC TI 01 e NBC TA 265. Como resultado verificou-se que grande parte dos procedimentos de auditoria interna que foram abordados no check list têm sido aplicados pela empresa estudada, destacando assim a aderência as exigências as normas relativas à auditoria interna e a eficácia do sistema de controle interno da empresa. Palavras-chave: Auditoria interna. Controle Interno. Normas. Área Temática: Auditoria interna 370 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN 1. INTRODUÇÃO O mercado competitivo, o aumento dos negócios e a necessidade de segurança vêm exigindo das empresas a diversificação dos processos administrativos, no tocante aos procedimentos internos e controle das operações realizadas dentro da empresa para o alcance dos resultados organizacionais. Assim as empresas procuram estratégias de administração diferentes para facilitar o controle das atividades realizadas em busca dos resultados para os decorrentes problemas ocorridos nas empresas tais como erros e fraudes. A auditoria interna tem se destacado nesse contexto como instrumento de controle, pois auxilia a administração na detectação de irregularidades e na condução ordenada das atividades da empresa garantindo qualidade e confiabilidade nos resultados. Segundo Pereira e Nascimento (2005, p. 48), “a auditoria interna é a especialização contábil voltada à garantia de qualidade, transparência e segurança dos controles internos implantados com o fim de salvaguardar o patrimônio dos acionistas, cuja estrutura está diretamente ligada a setor interno da empresa auditada”. A auditoria interna é de fundamental importância em uma empresa porque verifica se os procedimentos internos estão sendo executados de forma correta e se estão sendo eficazes para os resultados organizacionais. Os trabalhos de auditoria interna são realizados mediante exames e investigações que são utilizados para verificar a exatidão dos procedimentos internos de forma a prevenir e resguardar a organização de qualquer distorção que possa ocorrer. Nesse contexto o controle interno também é um grande instrumento para prevenir erros, irregularidades e fraudes. Segundo Lemes e Reis (2005, p.924), “O objetivo do controle interno é padronizar procedimentos com o intuito de evitar desperdícios e fraudes, aumentando, assim, as possibilidades de lucro e crescimento da empresa”. De acordo com o exposto, levanta-se o questionamento sobre a aderência de normas internas em empresa de médio porte em relação a própria auditoria interna realizada pela empresa e ao sistema de controle interno, na forma de execução e se os resultados. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo geral verificar se os procedimentos de auditoria interna adotados pela empresa em estudo estão sendo executados de acordo como especifica a regulamentação existente e como objetivos específicos explicitar as exigências da NBC quanto às normas internas, discorrer sobre controle interno em empresas privadas e analisar a aderência da NBC às práticas dos postos de combustíveis. Especificando também as responsabilidades do auditor em relação a realização de seu trabalho e a comunicação das deficiências à administração. 371 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. A Auditoria como ferramenta de controle interno O termo auditoria é "de origem latina (vem de audire), foi utilizado pelos ingleses para rotular a tecnologia contábil da revisão (auditing), mas hoje tem sentido mais abrangente (SÁ, 2002, p.23). Para Attie (2007, p.25), “auditoria é uma especialização contábil voltada a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado”. Assim, a mesma deve ser considerada como especialização contábil é tida como parte da própria contabilidade, pois em todas as áreas de atuação está sempre preocupada com o patrimônio ou parte dele, no sentido de analisá-lo e garantir sua existência futura. Ou seja, auditoria é uma tecnologia, uma ferramenta aplicada ao sistemático exame dos registros, demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de consideração contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais da riqueza pública ou privada, quer ocorridos, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados. Auditoria interna é uma atividade de avaliação independente e de assessoramento da administração, voltada para o exame e avaliação da adequação, eficiência e eficácia dos sistemas de controle, bem como da qualidade do desempenho das áreas, em relação às atribuições e aos planos, às metas, aos objetivos e às políticas definidos para as mesmas (Jund, 2004). O objetivo geral da auditoria interna é assessorar a administração no desempenho eficiente de suas funções, fornecendo-lhe análise, avaliações e recomendações. No que se refere às normas de auditoria relativas ao âmbito do trabalho, estas asseguram que a auditoria interna deve proceder ao exame e à avaliação da adequação e da eficácia do sistema de controle interno, e da qualidade do desempenho na realização do trabalho (Attie, 2000). Pode-se considerar a auditoria interna como uma peça de grande importância para as organizações porque ajuda a eliminar os erros e desperdícios, serve como ferramenta de apoio à gestão e passa informações aos administradores sobre o que ocorre dentro da empresa. O Controle Interno representa em uma organização o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com os objetivos de proteger os ativos, produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração na condição ordenada dos negócios da empresa (Almeida, 1996). Este tem como finalidade criar normas e procedimentos necessários para o bom funcionamento da empresa, ditando normas e tomando as decisões. Para Jund (2004) O objetivo do controle interno é garantir informações adequadas, visando à tomada de decisões; estimular o respeito e a obediência às políticas da administração; proteger os ativos e promover a eficiência e eficácia operacional. Pode-se dizer que o controle interno corresponde a todos os planos da organização usados para aumentar a eficiência operacional seguindo as normas estabelecidas. Dessa forma pode-se determinar com clareza a certeza de que os objetivos da organização estão sendo cumpridas de forma eficiente e eficaz, ou mesmo se não estão. 372 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN Para Toledo e Reis (2005) “As empresas possuem cultura e características próprias, de forma que não há um modelo de controle interno pré-fixado para cada uma”. O mesmo diz que o ideal é que se faça um levantamento das atividades desenvolvidas dentro da empresa e com as informações obtidas montar um sistema de controle interno bem elaborado que atenda a todas as necessidades dentro da empresa. Segundo Oliveira e Diniz Filho (2001), “Não adianta a empresa implantar um excelente sistema de controle interno sem que alguém verifique periodicamente se os funcionários estão cumprindo o que foi determinado no sistema, ou se o sistema não deveria ser adaptado às novas circunstâncias”. O mesmo quer dizer que a empresa deve ter, mesmo que não seja um sistema de auditoria interna, uma pessoa responsável por verificar se os controles internos estão sendo seguidos. Para o bom desempenho do trabalho de auditoria é necessário que o auditor tenha conhecimento sobre os sistemas e procedimentos efetuados dentro da organização, bem como os tipos de características básicas de fraudes ou erros possíveis de ocorrerem na área de atividades de seus exames. Na execução da auditoria, verificam-se todos os procedimentos efetuados dentro de uma empresa, em específico, o trabalho é voltado para os procedimentos de controle interno, avaliando se todos os trabalhos e procedimentos para execução do mesmo foram realizados e se todas as informações foram fornecidas com clareza, se chega ao resultado através desta avaliação. O resultado mostrará se a empresa está trabalhando de forma correta, se os procedimentos internos estão sendo seguidos, ou se tem irregularidades. Nesse contexto o controle interno tem seu trabalho voltado para a auditoria no sentido de desenvolver informações seguras e fornecer dados necessários para a avaliação dos procedimentos e busca dos resultados. Tendo este, alcance suficiente para detectar qualquer irregularidade que ocorra dentro da empresa. 2.2. Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) As Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) e suas interpretações constituem corpo de doutrina contábil que estabelece regras de procedimentos técnicos a serem observadas quando da realização de trabalhos. A Resolução CFC n° 986/03 aprova a NBC TI 01 – Da Auditoria Interna. Esta Norma Trata da atividade e dos procedimentos de auditoria interna contábil, doravante denominada Auditoria Interna. Quanto ao trabalho da auditoria na detectação de fraude erro a NBC TI 01 (2003), orienta: 12.1.3.1 – A Auditoria interna deve assessorar a administração da entidade no trabalho de prevenção de fraudes e erros, obrigando-se a informá-la sempre por escrito, de maneira reservada, cobre quaisquer indícios ou confirmações de irregularidades detectadas no decorrer de seu trabalho. 373 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN 12.1.3.2 – O termo “fraude” aplica-se a ato intencional de omissão e/ou manipulação de transações e operações, adulteração de documentos, registros, relatórios, informações e demonstrações contábeis, tanto em termos físicos quanto monetários. 12.1.3.3 – O termo “erro” aplica-se a ato não-intencional de omissão, desatenção, desconhecimento ou má interpretação de fatos na elaboração de registros, informações e demonstrações contábeis, bem como de transações e operações da entidade, tanto em termos físicos quanto monetários. As normas estabelecem que a auditoria interna deve trabalhar na detectação de erros e fraudes, com o intuito de assessorar a administração para o bom desempenho das atividades operacionais da organização. A Resolução CFC n° 1.210/09, aprova a NBC TA 265 – Comunicação de Deficiências de Controle Interno. Esta norma trata da responsabilidade do auditor de comunicar apropriadamente, aos responsáveis pela governança e à administração, as deficiências de controle interno que foram identificadas na auditoria. Quanto à comunicação de deficiência significativa de controle aos responsáveis pela governança a NBC Ta 265 (2009), especifica: A5. A importância de uma deficiência ou de uma combinação de deficiências de controle interno não depende somente se a distorção realmente ocorreu, mas, também, da probabilidade de que a distorção poderia ocorrer e a possível magnitude da distorção. Portanto, podem existir deficiências significativas mesmo que o auditor não tenha identificado distorções durante a auditoria. A12. A comunicação de deficiências significativas por escrito aos responsáveis pela governança reflete a importância desses assuntos e auxilia os responsáveis pela governança a cumprirem suas responsabilidades de supervisão geral. Dentro do Contexto pode-se determinar que a identificação pelo auditor das deficiências existentes e sua comunicação auxiliarão a prevenção adequada das eventuais irregularidades que venham a ocorrer na empresa, sendo esta também de suma importância, pois faz parte da execução do trabalho do auditor interno, sendo este o responsável pela verificação e comunicação das informações obtidas. 2.3. Práticas de auditoria interna nas empresas de médio porte Tentou-se verificar trabalhos que discutam a aplicação da auditoria em empresas de médio porte. Os estudos abaixo demonstram como a aplicação da auditoria interna auxilia a direção ordenada da empresa e a detectação de erros e fraudes, e que a mesma é de fundamental importância para eficácia organizacional. Segundo Pereira e Nascimento (2005, p.55), “A atuação da área de auditoria interna é fundamental para o sucesso dos trabalhos cujo escopo envolve a investigação e o combate ás fraudes ocorridas e aquelas que poderão ocorrer. Constatou-se que a auditoria interna constitui 374 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN uma unidade dentro das empresas que possui melhor visão dos seus negócios, além de acesso a dados e informações. Tais fatores, se trabalhados eficazmente, mediante procedimentos de auditoria e com o auxílio das tecnologias de informática disponíveis no mercado, poderão contribuir nos trabalhos de detectação de fraudes, independente de seus tipos. Este trabalho de pesquisa alcança o seu objetivo, comprovando que os procedimentos de auditoria aliados às novas tecnologias dão suporte aos trabalhos da auditoria interna na detectação de fraudes no ambiente da empresa em que atuam”. Segundo Lélis e Mario (2009, p.11), “Verifica-se uma forte aderência da auditoria interna da empresa pesquisada à maioria dos aspectos previstos pelo IIA no que tange à capacidade da área de contribuir para o alcance dos objetivos organizacionais a partir de seu tripé de atuação: gestão de riscos, controles internos e governança corporativa. Na maioria dos pontos, há uma adequação total às recomendações do IIA”. Para Trisciuzzi e Cardozo (2009, p.14), “Baseado nas provas documentais analisadas, e, respaldado no referencial teórico selecionado, observa-se que o controle interno da empresa obteve uma significante melhoria após a implementação da Área de auditoria interna na empresa estudada. Que implementou, promoveu e apoiou entre outras ações, um projeto de estruturação de controles, baseados no modelo do COSO. A melhoria dos controles internos foi, inclusive, atestada por empresa de auditoria independente, em ambos os momentos utilizados para comparação. Neste contexto, os objetivos preconizados no modelo implementado foram alcançados na empresa estudada, como o aumento da eficiência e eficácia das operações; melhoria da confiabilidade e integridade das informações financeiras e gerenciais; conformidade às leis e regulamentos aplicáveis”. Os estudos acima citados mostram que a auditoria interna é um forte instrumento de controle, capaz de detectar falhas, tendo como auxílio os controles internos estabelecidos nas empresas e até mesmo a aderência a normas estabelecidas por órgãos reguladores do trabalho da auditoria interna. A empresa estudada tratará da auditoria interna na aderência ás normas estabelecida pelo CFC (Conselho Federal de Contabilidade), se as mesmas estão sendo seguidas, como isto influencia o combate aos erros e fraudes e como o controle interno se torna um importante instrumento para realização da mesma. 2.4 Normas de Auditoria Geralmente aceitas Segundo Almeida (2010) Representam as condições necessárias a serem observadas pelos auditores externos no desenvolvimento do serviço de auditoria.Estão classificadas em normas relativas a pessoa do auditor,a execução do trabalho e ao parecer de auditoria. 2.4.1 Normas Relativas a pessoa do auditor Para Almeida (2010) A auditoria dever ser executada por pessoa legalmente habilitada,perante o CRC,O auditor deve ser independente em todos os assuntos relacionados 375 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN com seu trabalho,O auditor deve aplicar o máximo de cuidado e zelo na realização de seu exame e na exposição de suas conclusões. 2.4.2 Normas Relativas a pessoa do auditor Almeida (2010) diz que o trabalho deve ser adequadamente planejado,quando executado por contabilistas-assistentes,estes devem ser convenientemente supervisionados pelo auditor responsável,O auditor deve estudar e avaliar o sistema contábil e o controle interno da empresa,como base para determinar a confiança que eles pode depositar,bem como fixar a natureza,a extensão e a profundidade dos procedimentos de auditoria a serem aplicados e os procedimentos de auditoria devem ser estendidos e aprofundados até a obtenção dos elementos comprobatórios necessários para fundamentar o parecer do auditor; 2.4.3 Normas Relativas ao parecer do auditor De acordo com Almeida (2010) O parecer deve esclarecer se o exame foi efetuado de acordo com as normas de auditorias geralmente aceitas,se as demonstrações contábeis examinadas foram preparadas de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade geralmente aceitos e se os referidos princípios foram aplicados,no exercício examinado,com uniformidade em relação ao exercício anterior. 3. METODOLOGIA O presente estudo será realizado através de pesquisas exploratória, descritiva e qualitativa, com fontes bibliográficas, a fim de se analisar os temas que serão abordados nesta pesquisa. As fontes de pesquisa foram artigos científicos e livros. Para fazer o delineamento desta pesquisa foi consultado o site do CFC - Conselho Federal de Contabilidade, extraindo as Normas Brasileiras de Contabilidade. O trabalho se classifica como pesquisa exploratória porque se familiariza com o fenômeno que está sendo investigado. Segundo (Gil, 2008 p.41) “estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-la mais explícito ou a construir hipóteses”. O trabalho possui características descritivas porque busca verificar como vêm sendo executados os procedimentos de auditoria interna. Segundo (Gil, 2008 p. 42) “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relação entre variáveis”. Na pesquisa vai ser realizado um estudo de caso para verificar os procedimentos realizados para o exame da auditoria interna, e se os mesmos estão de acordo com as normas regulamentadoras. 376 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN 3.1 Objeto de Estudo A pesquisa tem como objeto de estudo os procedimentos adotados pela auditoria interna de uma empresa de médio porte da cidade de Aracati. Nesta empresa a auditoria é realizada a mais há cinco anos, é própria e sua metodologia de trabalho se utiliza de um check list, sua periodicidade de aplicação é trimestral. O trabalho vai utilizar como base para estudo três pontos em que são realizados os procedimentos de auditoria na empresa, são eles caixa, estoque e faturamento. 3.2 Procedimentos metodológicos A pesquisa foi realizada através da aplicação de questionário. Para coleta de dados foi realizado um check list composto por trinta e quatro (34) questões que foram aplicadas ao responsável pela auditoria interna da empresa objeto de estudo, sendo esses extraídos da NBC TI 01 e NBC TA 265. Para obtenção do resultado vai ser realizado um cruzamento de dados entre as informações da empresa estudada com o das normas acima especificadas para verificar quais os procedimentos utilizados para realização da auditoria e se são relevantes ao sistema de controle interno adotado pela empresa. O check list foi elaborado contendo seis quadros, sendo eles: Quadro 1 - Os fatores relevantes na execução dos trabalhos de auditoria; Quadro 2 – Procedimentos dos testes de observância que visam à obtenção de razoável segurança de que os controles internos estabelecidos pela administração estão em efetivo funcionamento, inclusive quanto ao seu cumprimento pelos funcionários e administradores da entidade; Quadro 3 – Aspectos abordados no relatório da Auditoria Interna; Quadro 4 Deficiências significativas de controle interno; Quadro 5 - Comunicação de deficiências de controle interno; Quadro 6 - Comunicação de deficiência significativa de controle interno à administração. 4. RESULTADOS 4.1. O planejamento da auditoria Será apresentado neste quadro o planejamento da auditoria através do check list aplicado na empresa pesquisada. (Quadro 1). O planejamento da auditoria: VERIFICAÇÕES CAIXA SSIM NNà O ESTOQUE SSIM NNà O FATURAMENTO SSIM NNÃO 377 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN Conhecimento detalhado da política e dos instrumentos de gestão de riscos da entidade Xx Xx Xx Conhecimento detalhado das atividades operacionais e dos sistemas contábil e de controles internos e seu grau de confiabilidade da entidade Xx Xx Xx A natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos de auditoria interna a serem aplicados, alinhados com a política de gestão de riscos da entidade Xx Xx Xx Existência de entidades associadas, filiais e partes relacionadas que estejam no âmbito dos trabalhos da Auditoria Interna Xx Xx Xx O uso do trabalho de especialistas Xx Xx Xx Os riscos de auditoria, quer pelo volume ou pela complexidade das transações e operações Xx Xx Xx O conhecimento do resultado e das providências tomadas em relação a trabalhos anteriores, semelhantes ou relacionados Xx Xx Xx As orientações e as expectativas externadas pela administração aos auditores internos Xx Xx Xx O conhecimento da missão e objetivos estratégicos da entidade Xx Xx Xx De acordo com as informações coletadas no quadro acima, observa-se que a maioria das respostas foi SIM, demonstrando que no planejamento da auditoria fatores relevantes são considerados para a execução da mesma, ou seja, a empresa estudada, no âmbito do trabalho de auditoria, tem conhecimento da política da entidade, das atividades operacionais e dos sistemas de controle, da natureza dos procedimentos de auditoria, dos riscos da auditoria, do conhecimento dos resultados e das providências tomadas, de todas as orientações e expectativas aos auditores internos e do conhecimento da missão e objetivos da entidade. Com essas informações o trabalho de auditoria interna se torna eficaz, pois o auditor que executa o trabalho de auditoria conhece todos os procedimentos básicos necessários para que este seja realizado na obtenção de resultados significativos para a empresa. Com relação as respostas NÃO, significa que não existe entidades associadas junto ao trabalho de auditoria e que o trabalho não é realizado por especialistas, ou seja, esses pontos não tem grande relevância pelo fato da empresa atender a maioria dos requisitos exigidos. 4.2. Testes de observância 378 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN Será apresentado neste quadro os Testes de observância através do check list aplicado na empresa pesquisada. (Quadro 2). Os testes de observância VERIFICAÇÕES CAIXA SSIM NNà O ESTOQUE SSI M NNà O FATURAMENTO SSIM Inspeção – verificação de registros, documentos e ativos tangíveis Xx Xx Xx Observação – acompanhamento de processo ou procedimento quando de sua execução Xx Xx Xx Investigação e confirmação – obtenção de informações perante pessoas físicas ou jurídicas conhecedoras das transações e das operações, dentro ou fora da entidade Xx Xx Xx NNÃO De acordo com as respostas obtidas no quadro acima, observa-se que todos os testes de observância são seguidos de acordo como especifica as normas, ou seja, a empresa tem segurança de que os controles internos são seguidos tanto pelos funcionários quanto pelos administradores. Neste caso a auditoria interna está avaliando os procedimentos internos e minimizando as possibilidades de erros. 4.3. Relatório da Auditoria Interna Será apresentado neste quadro o Relatório da Auditoria Interna através do check list aplicado na empresa pesquisada. (Quadro 3). O relatório da Auditoria Interna VERIFICAÇÕES CAIXA SSIM NNà O ESTOQUE SSI M NNà O FATURAMENT O SSIM O objetivo e a extensão dos trabalhos Xx Xx Xx A metodologia adotada Xx Xx Xx NNÃO 379 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN Os principais procedimentos de auditoria aplicados e sua extensão Xx Eventuais limitações ao alcance dos procedimentos de auditoria A descrição dos fatos constatados e as evidências encontradas Os riscos associados aos fatos constatados As conclusões e as recomendações resultantes dos fatos constatados Xx Xx Xx Xx Xx Xx Xx Xx X x Xx Xx Xx Xx Xx O quadro acima demonstra que o relatório da auditoria interna aborda aspectos necessários para a sua realização, observa-se que apenas um requisito não é seguido pela empresa, mas que no relatório o auditor especifica a clareza das informações tendo em vista a aderência às normas, ou seja, o auditor além de conhecer minuciosamente as operações da empresa ele deixa claro em seu relatório de auditoria e com isto ele avalia e melhora a efetividade dos processos dentro da empresa. 4.4. Deficiências significativas de controle interno Será apresentado neste quadro as Deficiências significativas de controle interno através do check list aplicado na empresa pesquisada. (Quadro 4). Deficiências significativas de controle interno CAIXA NÃO ESTOQUE SIM NÃO FATURAMENTO VERIFICAÇÕES SIM SIM Controle de monitoramento geral (tais como supervisão da administração) X X X Controle sobre a prevenção e a detecção de fraude X X X Controle sobre a seleção e a aplicação das principais práticas contábeis X X X Controle sobre transações significativas com partes relacionadas X X X NÃO Controle sobre transações significativas fora do curso normal dos negócios da entidade X X X Controles sobre o processo de elaboração de demonstrações contábeis de final de período (tais como controle sobre lançamentos não recorrentes ou não usuais) X X X 380 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN Os dados sobre deficiências significativas de controle interno indicam que no trabalho de auditoria interna são observados pontos significativos para assegurar a observância dos procedimentos internos na efetiva aplicação pela empresa, ou seja, para o trabalho de auditoria existem sistemas de controle interno que dão subsídio ao auditor na detectação de erros, irregularidades e fraudes, porém os controles sobre transações significativas fora do curso normal dos negócios da entidade e sobre o processo de elaboração de demonstrações contábeis de final de período (tais como controle sobre lançamentos não recorrentes ou não usuais) não são seguidos pela empresa, demonstrando assim que se observam apenas controles que estejam dentro do curso normal da empresa, a falta de enfoque para estes dois itens pode proporcionar a empresa distorção nas informações, pois estes são de fundamental importância para assegurar informações precisas. 4.5. Comunicação de deficiências de controle interno Será apresentado neste quadro a Comunicação de deficiências de controle interno através do check list aplicado na empresa pesquisada. (Quadro 5). Comunicação de deficiências de controle interno CAIXA NNà O ESTOQUE SSI M NNà O FATURAMENTO VERIFICAÇÕES SSIM Comunicação verbalmente em primeira instância à administração e, quando apropriado, aos responsáveis pela governança Xx Xx Xx Comunicação de deficiências significativas por escrito aos responsáveis pela governança Xx Xx Xx Considera a natureza da entidade Xx Xx Xx Considera o porte e a complexidade da entidade Xx Xx Xx Considera a natureza das deficiências significativas que o auditor identificou Xx Xx Xx Considera a composição da governança da entidade Xx Xx Xx Considera requisitos legais ou regulatórios relativos à comunicação de tipos específicos de deficiência de controle interno Xx Xx SSIM NNÃO Xx A análise feita através do quadro acima demonstra que na comunicação das deficiências de controle interno a maioria das comunicações e considerações que devem ser seguidas no trabalho de auditoria são realizadas, apenas não considera quesitos legais para 381 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN tipos específicos de controle interno, podendo com isso trazer deficiências ás informações, pois todas os tipos de deficiências devem ser considerados. 4.6. Comunicação de deficiência significativa de controle interno à administração Será apresentado neste quadro a Comunicação de deficiência significativa de controle interno à administração através do check list aplicado na empresa pesquisada. (Quadro 6). Comunicação de deficiência significativa de controle interno à administração CAIXA NNÃO ESTOQUE SSIM NNà O FATURAMENTO VERIFICAÇÕES SSIM SSIM Leva em consideração a probabilidade e a possível magnitude de distorções que podem surgir nas demonstrações contábeis em decorrência das deficiências na determinação sobre quais dessas deficiências de controle interno merecem a atenção da administração Xx Xx Xx Discute os fatos e as circunstâncias das suas constatações com a administração Xx Xx Xx Inclui na comunicação por escrito, suas sugestões para medidas corretivas das deficiências, as ações implementadas ou propostas pela administração, assim como informação sobre se o auditor verificou se as ações da administração foram implementadas Xx Xx Xx NNÃO Os resultados obtidos no quadro acima indicam que para o trabalho da auditoria na comunicação de deficiências significativas de controle interno à administração a empresa considera a probabilidade de que possam ocorrer distorções nas demonstrações contábeis em decorrência das deficiências de controle interno que venham a existir, é feito discussão com a administração de todos os fatos encontrados durante a execução do trabalho, sendo incluído na comunicação por escrito a sugestão do auditor para a correção de eventuais deficiências, ou seja, a comunicação está sendo feita de acordo com especifica as normas, desempenhando assim todos os procedimentos para melhorar o assessoramento à empresa. 5. CONCLUSÕES 382 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN A auditoria interna é considerada uma ferramenta de desenvolvimento organizacional, no sentido de que ela trabalha para apoiar a administração e ajuda a evitar eventuais erros e irregularidades que possam ocorrer dentro da empresa. Com base nos resultados obtidos pode-se perceber que são poucas as normas de auditoria interna que não são seguidas, percebe-se com isso que o trabalho de auditoria interna realizada pela empresa estudada é eficaz na detectação de erros e fraudes pelo fato de haver aderência às normas de auditoria interna emanadas pelo CFC-Conselho Federal de Contabilidade. Esse trabalho teve como objetivo principal verificar se os procedimentos de auditoria interna adotados pela empresa em estudo estão sendo executados de acordo como especifica a regulamentação existente. Para alcançar o objetivo da pesquisa foi aplicado um check list para coleta de dados de acordo com o que especifica as normas de auditoria interna com o intuito de confrontar as normas de auditoria emanadas pela NBC – Normas Brasileiras de Contabilidade e os procedimentos que são utilizados pela empresa. Esta pesquisa foi importante para o aprofundamento do conhecimento sobre controle interno e auditoria interna e como estes influenciam no resultado organizacional através das informações obtidas e dos procedimentos realizados para obtenção dos mesmos. O estudo mostra que os procedimentos de auditoria interna executados pela empresa estudada apresentam aderência as normas de auditoria interna estabelecidas pelo CFCConselho Federal de Contabilidade. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 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M.; FILHO, D, A. Curso básico de Auditoria. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2001. PEREIRA, A. C.; NASCIMENTO, W.S. Um estudo sobre a atuação da auditoria interna na detectação de fraudes nas empresas do setor privado no estado de São Paulo. Revista Brasileira de Gestão de Negócios – FECAP, n. 19, p. 55, set./Dez. 2005.] SILVA, Antônio Carlos Ribeiro. Metodologia da Pesquisa Aplicada à Contabilidade: orientações de estudos, projetos, artigos, relatórios, monografias, dissertações, teses. 1. Ed. São Paulo: Atlas, 2003. TOLEDO, F. R.; REIS, J. A. G. Controle interno. IX Encontro Latino Americano de iniciação Científica e V Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade de Vale do Paraíba, p. 976, 2005. TRISCIUZZI, C. R. F.; CARDOZO, J. S. A Auditoria interna como ferramenta de melhoria dos controles internos de uma organização: Estudo de caso em uma empresa do segmento industrial do Rio de Janeiro. Artigo Acadêmico. Universidade Federal do Estado do Rio de janeiro – UFERJ, Rio de Janeiro, 2009. 384 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN AS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS COMO FATOR DECISIVO NA CONCESSÃO DE CRÉDITO NA CIDADE DE ASSÚ/RN Danilo Felipe Teixeira da Silva24 Kléber Formiga Miranda25 RESUMO A pesquisa objetivou identificar quais os fatores determinantes para a concessão de crédito nas instituições financeiras da cidade de Assú/RN, procurando identificar qual a relevância da informação contábil nesse processo. Foram realizadas pesquisas bibliográficas, de campo e documental objetivando: a) discorrer sobre a contabilidade como fonte de informação; b) apurar qual a relevância da informação da contabilidade para a decisão de concessão de crédito; c) analisar as políticas de concessão de créditos pelas instituições. A amostra da pesquisa contou com 3 instituições bancárias da cidade, identificadas na pesquisa como A, B e C, preservando sua identificação. Os resultados obtidos indicaram, considerando a metodologia utilizada, que as informações contábeis não são decisivas ou determinantes para a concessão de crédito, justificando-se a falta de robustez em seu conteúdo ou o porte das empresas que tomam empréstimo na cidade. Sugere-se que outras pesquisas sejam realizadas ampliando o universo da pesquisa utilizando esta ou outras metodologias. Palavras chaves: Informação contábil, instituições financeiras, concessão de crédito Área Temática: Contabilidade para usuários externos. 1 INTRODUÇÃO 24 Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi. 25 Bacharel em Ciências Contábeis com especialização em Auditoria Contábil pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Mestrando pelo programa de Administração e Controladoria da Universidade Federal do Ceará. Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi. 385 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN Alencar (2005) constata que o mercado brasileiro tem hoje como sua principal fonte de recursos o setor bancário. Em consulta realizada no site da BOVESPA em 17 de Junho de 2011 ficou constatado que 533 empresas possuem suas ações negociadas na bolsa de valores, confirmando um número ínfimo de empresas que recorrem ao mercado acionário como fonte de financiamento. Neste contexto as empresas cada vez mais buscam recursos em instituições financeiras que diversificam seu portfólio de serviços, disponibilizando linhas de crédito que atendem aos diversos tipos de clientes, considerando o faturamento, o porte, o sistema tributário, dentre outros. Inerente a essa diversidade de oferta de recursos financeiros emerge a figura do risco na concessão de empréstimos e financiamentos. Para redução desse risco as instituições contam com procedimentos próprios como solicitação de documentos e verificação do histórico financeiro de seus clientes, permitindo a elaboração de uma classificação para avaliação do risco que cada operação representa. Dentre as fontes de informação que demonstram o reflexo da situação financeira das empresas destacam-se as demonstrações contábeis que propiciam uma visão ampla quanto ao saldo disponível em caixa e o seu fluxo, endividamento, imobilização, desempenho operacional e financeira, além da possibilidade de gerar índices que permitam uma análise comparativa da empresa no tempo e sua comparação com outras empresas. Alencar (2005) julga o fato de as empresas priorizarem os bancos como fonte de recurso uma determinante para que a informação contábil perca qualidade. Para o autor, a concessão de crédito nem sempre utiliza a contabilidade como suporte para sua decisão em conceder crédito. Esta pesquisa propõe-se, portanto, em analisar se as informações contábeis estão sendo decisivas na concessão de empréstimos e financiamentos nas instituições financeiras de Assú/RN. Para atingir a proposta da pesquisa objetivou-se: a) discorrer sobre a contabilidade como fonte de informação; b) apurar qual a relevância da informação da contabilidade para a decisão de concessão de crédito; c) analisar as políticas de concessão de créditos pelas instituições. Para a pesquisa selecionou-se, dentre as instituições financeiras, as instituições públicas com atividades na cidade de Assú/RN, justificando-se a escolha pelas exigências impostas pelo governo no momento da concessão de crédito por estarem lidando com dinheiro público. A metodologia da pesquisa foi desenvolvida com uma pesquisa bibliográfica para entendimento e exposição da contabilidade como fonte de informação. Posteriormente foi aplicado um questionário semi-estruturado junto aos analistas de crédito das instituições pesquisadas a fim de catalogar as suas percepções sobre o quão decisivas são as informações contábeis durante a sua análise, caracterizando uma pesquisa de campo. Complementarmente foi desenvolvida uma pesquisa documental que tratou de traçar um panorama sobre as 386 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN exigências dos bancos nas variadas linhas de crédito, demonstrando a política de crédito das instituições após verificação de quais informações são mais importantes para a concessão de crédito. Espera-se como o resultado para a presente pesquisa que as informações contábeis desempenhem seu principal objetivo, ao qual consiste fornecer informações relevantes para as tomadas de decisões, assim como (IUDÍCIBUS, 2000, p.20) enfatiza dizendo que a contabilidade consagrou-se em “[...] prover os usuários dos demonstrativos financeiros com informações que o ajudarão a tomar decisões”. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A informação contábil no contexto brasileiro A contabilidade Brasileira é marcada por diversos acontecimentos ao longo dos anos, onde estes podem ser divididos em duas etapas, a antes da década de 70 e os após a década de 70 (SCHMIDT, 2000). Como aborda Schmidt (2000), não existe uma escola de pensamento contábil totalmente brasileira, porém foram muitas as contribuições de colaboradores ao desenvolvimento da contabilidade no Brasil, atrelando a isto a legislação também se manteve presente neste desenvolvimento. Iudícibus (2000) diz que devido à inoperância da classe contábil no passado, a legislação passou a interferir de forma direta nas normatizações e procedimentos a serem adotados. Onde a primeira grande manifestação feita pela legislação foi a criação do código comercial de 1850, que abordou e impôs a obrigatoriedade da escrituração contábil e da elaboração periódica do balanço geral. Desde então foram várias as influências apresentadas pela legislação à contabilidade, o decreto-lei nº 2627/1940 instituiu a primeira lei das Sociedades por Ações, onde segundo Schmidt (2000) foi com este decreto que os procedimentos contábeis passaram a ser padronizados no âmbito nacional e com isso as classes contábeis obtiveram um instrumento norteador na execução de suas atividades. Percebesse que o desenvolvimento da contabilidade no Brasil esta fortemente ligada à legislação, no entanto ela também se atrela ao desenvolvimento econômico do Brasil onde no período de 1970 o país passou por elevadas taxas econômicas e forte crescimento das taxas de inflação, fazendo com que o governo interviesse na forma pelo qual os contadores iriam reconhecer tais perdas cambiais provocadas pela alta na inflação, não deixando assim que houvesse a dedutibilidade fiscal no balanço das empresas. Até mesmo neste período, pós 70, que a contabilidade apresentou um grande desenvolvimento, a legislação se mostrou mais uma vez presente nas normatizações e procedimentos contábeis vigentes. Foi com a publicação do Banco Central do Brasil de nº 387 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN 179/72 que houve padronização da estrutura das demonstrações contábeis das companhias abertas uniformizando assim a forma pelo qual elas deveriam ser apresentadas. Logo em seguida aconteceu a divulgação da lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas) que desempenhou grande papel na área contábil, pois foi a partir dela que se passou a se exigir registros auxiliares para atender as exigências fiscais e as necessidades dos princípios geralmente aceitos para fins de escrituração mercantil. Somente em 1981, com a resolução 530 publicada pelo CFC a classe contábil viu seu órgão regente definir os princípios fundamentais, porém Niyama (2005) aborda que não houve muito significado prático, já que a preocupação dos profissionais contábeis e das empresas ainda eram atender a legislação. É importante ressaltar que a Comissão de Valores Mobiliários (CMV) também exerceu forte interferência na contabilidade, onde foi determinado pelo órgão em 1987 com a instrução 64, a elaboração de demonstrações contábeis complementares em moeda de poder aquisitivo constante para as companhias abertas. Neste período a contabilidade foi regida basicamente pela legislação tributária, onde os contadores por falta de esclarecimentos sobre os limites da contabilidade científica e a contabilidade fiscal, passaram a confundir os critérios técnicos com os fiscais. Com toda a interferência dos órgãos fiscais e governamentais, a contabilidade passou a sofrer inibição ao seu próprio desenvolvimento, onde a partir do momento que há a criação de restrições as alternativas contábeis, o fisco passa a agir como inibidor a novos procedimentos (NIYAMA, SILVA; 2008). Com isso as demonstrações contábeis e financeiras deixam de evidenciar informações importantes e necessárias para os diversos usuários que buscam nestas o suporte para tomadas de decisão e uma ferramenta redutora de riscos. Então, se as informações contábeis estão tão vinculadas ao fisco, abre-se uma questão a ser discutida, a demonstração contábil está sendo realmente decisiva nas diversas tomadas de decisões já que elas estão tendenciosas a atender o fisco, deixando de evidenciar assim a real situação da empresa? Para Iudícibus e Oliveira (2003), já há percepção por parte do mercado de que as demonstrações contábeis não representam a realidade da estrutura contábil e financeira das empresas e Szüster, Szüster e Szüster, (2005) reforça dizendo que por ser ampla a quantidade de usuários da informação contábil, inclusive o fisco, há a inibição dos fatos reais pelas empresas de contabilidade. Hooper et al. (2009) apud Fernandes (2010) Abre outra questão, onde coloca em ênfase a imagem da contabilidade e do contador perante os diversos usuários da informação, em que pesquisas realizadas demonstraram o papel fundamental do contador como satisfazendo os requisitos de caráter obrigatório da entidade, sendo assim um mal necessário. Pode-se concluir então que a interferência e a influência da legislação no desenvolvimento da contabilidade foram de extrema importância no Brasil, porém criou-se ao longo do tempo um vinculo inibidor por parte do fisco, fazendo com que as demonstrações contábeis deixassem de retratar fatos reais das empresas e com isso não atendessem as necessidades dos investidores e passasse a se dedicar aos credores. Szüster, Szüster e Szüster 388 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN (2005) citam a entrevista de Bennet Stewart à Revista Exame, em outubro/2003, quando aborda que a contabilidade é estruturada do ponto de vista do credor e não dos acionistas, visto que as atuais práticas surgiram quando a principal fonte de capital das empresas eram os Bancos. 2.2 Análise de risco pelas instituições financeiras Em Junho de 1988 foi celebrado um acordo na Basiléia, Suíça, que definiu mecanismos para a mensuração de risco de crédito pelo sistema financeiro, o acordo denominado de Basiléia I estabeleceu segundo Capelleto, Corrar (2006) “a aferição do valor em risco pela relação entre os ativos e o patrimônio líquido. Modificando o conceito vigente que considerava o endividamento calculado pela razão entre o passivo e patrimônio líquido”. Com o tempo as instituições passaram a estudar novas formas de mensurar os riscos das operações cotidianas, como os relacionados aos riscos de crédito, os inerentes ao sistema financeiro, sistêmico, entre outros. Sobre risco de crédito é definido por Rogante (2009, p.18) apud Fernandes (2010) como sendo, “o risco básico ao qual uma instituição financeira está exposta e representa a possibilidade de não recuperar o dinheiro emprestado”. Capelleto, Corrar (2006) enfatiza que “o risco de crédito é a probabilidade de o tomador dos recursos não pagar ou honrar as obrigações assumidas”. Sujeitas a este de tipo de risco, de não pagamento de dívida, as instituições financeiras buscam diferentes formas de mensurar e diminuir o risco de crédito. Fernandes (2010) diz que a avaliação do risco de crédito vai da análise de documentação e relatórios contendo informações das empresas a análise qualitativa das empresas, onde envolve informações sobre os sócios, capacidade de produção, existência de conselho de administração, etc. Nos riscos inerentes ao sistema financeiro as instituições necessitam ter uma capacidade gerencial e um sistema de controle adequado. Por serem intermediadoras financeiras de recursos entre investidores e tomadores de créditos as instituições são colocadas no centro do fluxo econômico onde estes são permeados por riscos (CAPELLETO, CORRAR; 2006). Já o risco sistêmico é definido por (CAPELLETO, CORRAR; 2006) como sendo: O grau de incerteza existente no sistema resultante de variações no nível de risco de crédito, da taxa de juros e do câmbio. A mensuração é feita pelo impacto da variação do risco sobre o patrimônio líquido do sistema. Quanto maior a perda não-esperada potencial, maior o risco sistêmico. 389 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN Fernandes (2010) discorre sobre o risco sistêmico identificando como inerente ao sistema, o risco de mercado, ou seja, um risco que independe de estratégias internas e que afetam sistematicamente as empresas. Um dos maiores problemas encontrados pelas instituições bancárias é a assimetria de informação encontrada nos tomadores de crédito, a falta de informação principalmente nas médias e pequenas empresas impossibilita os bancos a conhecer de forma confiável a “saúde” da empresa. Fernandes (2010) Explica que os dados sobre empresas que não emitiram instrumentos de dívidas negociados em bolsa de valores, são de qualidade duvidosa e menos confiável, dificultado assim a extração de informações necessárias para concessão de crédito por parte das instituições. Godbillon-Camus e Godlewski (2005) apud Fernandes (2010) esclarecem que os bancos podem adquirir dois tipos de informações para tentar resolver a assimetria de informação encontrada nas operações de crédito: hard information, onde é caracterizada por ser uma informação rígida e de forma quantitativa, via balanços contábeis, etc. e soft information, informação não resumida a números e obtida através do relacionamento bancotomador do empréstimo, tendo caráter qualitativo, como julgamentos, opiniões, etc. É notável a importância da informação contábil para o processo de crédito, tendo em vista que fornece informações financeiras importantes sobre o tomador de recurso diminuindo o risco aos quais os bancos estão submetidos, ou seja, ao não cumprimento das obrigações financeiras nos termos pactuados pelo tomador de crédito. A informação qualitativa, que valida e cria uma relação mais próxima do agente tomador do crédito e os bancos também influência de forma positiva quanto a concretização da operação, pois coleta-se informação da empresa através de contato pessoal, seja por meio de telefone, visita, etc. 2.3 Contribuição das informações contábeis na redução do risco A contabilidade é tida para Niyama, Silva (2008) como sendo um fundamental instrumento de comunicação para os agentes na busca de oportunidades de investimento e no sistema de avaliação de risco. Para Fernandes (2010), “A contabilidade é agente de informação do mercado financeiro. É através das demonstrações contábeis que as empresas ou entidades apresentam formalmente informações relativas à situação financeira e por vezes, ao formato da operação”. A informação contábil vem sendo utilizada pelas instituições financeiras como uma ferramenta redutora de risco na concessão de crédito já que as demonstrações financeiras ajudam investidores e credores a avaliar quantias, tempo e incerteza (AMORIM, 2010). Porém um dos problemas encontrados pelos os analistas de crédito é o fato das empresas não listadas nas bolsas de valores elaborarem somente os balanços, demonstrações de resultados do exercício e balancete de verificação, não emitido assim nenhuma informação 390 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN complementar, como notas explicativas, para explicar as variações ocorridas nas contas contábeis da empresa, com isso esses balanços passam a ser conhecidos como “balanços papel de pão” pelos analistas de crédito. (FERNANDES, 2010). Valido ressaltar que o nível de conhecimento contábil e a falta de familiaridade por parte dos analistas de crédito com os seus aspectos e normatizações contábeis podem levar a falta de entendimento e interesse em relação às demonstrações contábeis, levando assim a se ter uma analise superficial da empresa. Fernandes (2010) diz que quanto menor for o conhecimento sobre contabilidade tido pelos analistas de crédito, menor será a importância dada por eles as demonstrações contábeis, onde essas devem ser tidas como instrumento de entendimento da situação financeira da empresa. Com isso quando o analista se depara com demonstrações contábeis pouco informativas, motiva-se a baixar a classificação de risco da empresa, tendo que ter um aumento na percepção de risco em relação à empresa. Assim como o pouco conhecimento contábil pode influenciar negativamente nos processos de crédito, o aumento deste resulta na melhora da compreensão. Como as demonstrações contábeis configuram-se como representações sociais das empresas, quando julgadas pelos analistas de boa ou má qualidade, o analista cria uma realidade refletindo assim sobre o risco de crédito envolvido e por consequência sendo formalizada essa percepção no relatório pelo qual se atribui um rating (FERNANDES, 2010). Apesar de a informação contábil ser tida por diversos autores como importante ferramenta de informação, percebesse que as mesmas não estão sendo totalmente aproveitas, seja por falta de conhecimento de quem as utiliza ou por não ser bem analisada e avaliada quanto as informações nelas contidas, deixando evidente que existe uma resistência em se utilizar a contabilidade como uma ferramenta redutora de risco. 3 METODOLOGIA Esta pesquisa foi realizada em função de seus objetivos como uma pesquisa descritiva dentro da classificação de Gil (1999), a fim de averiguar como vem sendo concedido o crédito pelas instituições financeiras da cidade de Assú/RN, especificamente identificar se o fornecimento de informações contábeis é fator decisivo na concessão do crédito. Preliminarmente, foram realizados levantamentos bibliográficos no intuito de buscar o aprofundamento nos conceitos e teorias já existente sobre o problema pesquisado, realizando pesquisas em artigos científicos, web sites, revistas científicas, teses entre outros atendendo ao primeiro objetivo específico do estudo, qual seja o de discorrer sobre a contabilidade como fonte de informação. Adotando um caráter descritivo-exploratório, conforme Gil (1999), a pesquisa segue seu principal objetivo de aprimoramento de ideias, onde são utilizados diversas técnicas que vão desde o levantamento bibliográfico a entrevistas com pessoas envolvidas no problema pesquisado. Aplicou-se um questionário semi-estruturado com os analistas de crédito das 391 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN instituições financeiras da cidade de Assú/RN, procurando apurar se as informações contábeis são fatores decisivos na concessão de crédito, atendendo aos preceitos do segundo objetivo específico da pesquisa. O questionário era composto de 19 questões sendo subdivido em 3 (três) grupos: a) política de concessão de crédito; b) contabilidade como fonte de informação e; c) fatores decisivos para concessão de crédito. Nos questionários aplicados aos analistas de crédito de cada instituição financeira, com o propósito de se colher informações e dados com relação ao tratamento feito por eles às informações contábeis, foram feitas análises sobre quais os procedimentos são adotados para que seja concretizada a operação de empréstimo e financiamento as empresas, ou seja, se há algo a mais a ser levado em consideração além da informação contábil da empresa, já que ela representa a situação patrimonial da empresa. Desta forma os dados do questionário foram submetidos à avaliação subjetiva a fim de identificar o quanto a informação contábil esta sendo decisiva nas instituições financeiras e com isso poder fundamentar o resultado da pesquisa. A pesquisa também tem características descritivas, onde por meio das informações coletadas se buscou a existência de variáveis que se associam. A exemplo verifica-se a relação entre a concessão de crédito e financiamento e outras variáveis como o faturamento da empresa, atividade econômica, sistema tributário, quantidade funcionários, relatórios contábeis etc. Foi realizada, também, uma análise documental em material fornecido por cada instituição e/ou extraídos dos seus sites. As informações constantes nos documentos receberam o mesmo tratamento analítico dos questionários aplicados, sendo planificado, para se chegar ao objetivo de identificar quais informações contábeis estão sendo solicitadas nas diversas linhas de créditos oferecidas por cada instituição financeira, permitindo um comparativo entre as informações prestadas pelos analistas. Tratou-se, dessa forma, de uma pesquisa de abordagem qualitativa que conforme Neves (1996), nessa abordagem o pesquisador procura entender os fenômenos, segundo a perspectiva dos participantes da situação e com isso interpretar os fenômenos estudados. 3.1 População e amostra A população do estudo ao qual a amostra é selecionada compreende todas as instituições financeiras, seja ela pública ou privada da cidade de Assú/RN em 2011. Sendo a amostra da pesquisa estabelecida pelas instituições financeiras públicas na cidade de Assú/RN no ano de 2011, denominadas na pesquisa de Banco A, Banco B e Banco C, onde nelas, será estudado o problema pretendido pela pesquisa, ao qual se propõe a questionar quais informações contábeis são decisivas na concessão de crédito e financiamentos. O motivo da escolha do grupo pesquisado se deu ao fato das instituições públicas utilizarem nas suas operações de crédito recursos originários em sua grande maioria do governo e com isso subentendesse que passam a utilizar mecanismos diferenciados de análise de crédito exigindo assim um nível maior de informação das empresas tomadoras de crédito. 392 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN 4 RESULTADOS 4.1 Política de concessão de crédito Nesta seção serão apresentados os resultados obtidos após aplicação da pesquisa documental direcionada a verificar quais os fatores estão sendo decisivos para a concessão de crédito e qual a relevância da informação contábil nesse processo. O Quadro 1 dispõe o perfil e as características dos tomadores de crédito identificados através do questionário aplicado nos três bancos pesquisados da cidade de Assú/RN. QUESTÕES APLICADAS BANCOS Banco A (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) MPE* e EMP** MPE EMP 41 a 60 21 a 40 Sim Capital de Giro MPE MPE 41 a 60 Acima de 60 Sim Misto MPE MPE Acima de 60 Acima de 60 Sim Misto MPE e Banco B EMP MPE e Banco C EMP Quadro 1: Política de concessão de crédito. Fonte: Dados da pesquisa. Legenda: (1) Concessão de crédito, (2) Maior representatividade em quantidade (porte da empresa), (3) Maior representatividade em volume (porte da empresa), (4) Volume de empréstimo a micro e pequenas empresas (%), (5) Quantidade de empréstimo a micro e pequenas empresas (%), (6) Linhas de créditos específicas para micro e pequenas empresas, (7) Finalidade das linhas de crédito para micro e pequenas e empresas. *MPE: Micro e pequenas empresas. **EMP: Empresa de médio porte. De acordo com as informações coletadas e demonstradas no Quadro 1, percebe-se que as maiores representatividade em questão de quantidade de créditos concedidos são em sua totalidade a micro e pequenas empresas, chegando a ser superior a 60% das operações de empréstimos e financiamentos concedidos. Os perfis dos clientes dos bancos demonstram que o recurso requerido tem por finalidade básica a utilização para capital de giro ou investimento fixo ou mesmo misto, os dois. Com isso os bancos, segundo a pesquisa, passam a disponibilizar em seus serviços, linhas de créditos direcionadas ao principal perfil de cliente na cidade de Assú/RN, ou seja, linhas voltadas para as micros e pequenas empresas. Em pesquisa realizada pelo SEBRAE no ano de 2008, na cidade de Assú/RN, constatou-se que a falta de capital de giro e a falta de crédito não correspondem aos principais problemas encontrados pelas empresas nas diversas atividades produtivas, sendo que estes variam entre 1,68% a 5,99% nos vários tipos de segmento do mercado dos problemas 393 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN apontados, onde os maiores responsáveis pelas dificuldades se concentraram em questões de mercado, cliente e estrutura operacional. 4.2 Fatores decisivos para concessão de crédito Nesta seção serão expostos os resultados obtidos através da aplicação de questionário semi-estruturado com os analistas de crédito das instituições financeiras de Assú/RN. Os resultados são dispostos nos itens 4.2.1 a 4.2.3. 4.2.1. Políticas de concessão de crédito Com intuito de verificar quais pontos são importantes para que seja concretizada a operação de crédito entre banco e cliente, no questionário aplicado aos gerentes e analista de crédito de cada instituição foram abordadas questões subjetivas relativas à políticas de créditos adotadas por estas a fim de tratar possíveis informações importantes. 8 – Como o faturamento influencia na concessão de crédito Banco A Com o faturamento é possível identificar as melhores linhas de crédito para o perfil do cliente. Banco B São utilizados dois tipos de faturamento, o mensal e o fiscal, uma divergência acentuada entre eles contribui negativamente para a operação. Banco C De forma indireta, já que se utiliza de outras informações como: contas a pagar, margem de lucros, endividamentos etc. Quadro 2: Influência do Faturamento na concessão de crédito Fonte: Dados da pesquisa. No quadro 2 identifica-se que o faturamento exerce um papel importante para 2 (duas) das 3 (Três) instituições pesquisada quando feita a análise de crédito, destacando que segundo o gerente entrevistado do Banco B “se houver uma disparidade superior a 10 vezes o valor do faturamento fiscal, identificado por ser aquele cujo é apresentado a Receita Federal, e o faturamento mensal, entendido como o real da empresa, a proposta não é analisada, pois se subentende haver uma sonegação de impostos muito alta. Leva-se em questão ainda, a atividade exercida pela empresa, onde os critérios ficam mais rígidos e as exigências aumentam, como é o caso das farmácias, postos de gasolinas e lotéricas, que deve haver o mínimo de divergências entre os faturamentos, quase que 0 (zero)”. Com isso é possível perceber que apenas um fator ou informação contábil, a receita da empresa, exerce influência de tal forma à concessão de crédito que pode se tornar decisivo. Porém observando por outro ponto, dada tal importância a somente o faturamento da empresa, cria-se uma facilidade para as empresas conseguirem o recurso desejado e passasse a ter um maior risco para as instituições de crédito que se utiliza apenas de poucas informações econômicas da empresa em suas operações. 394 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN 9 – Que elementos identificam uma empresa como potencial tomadora de empréstimo Banco A Endividamento, relacionamento, faturamento. Banco B Relacionamento, endividamento e faturamento. Banco C Mercado/Setor, experiência creditícia (na unidade local e outras instituições) e informações (referências). Quadro 3: Potencial cliente. Fonte: Dados da pesquisa. De acordo com o observado nas respostas, o relacionamento e o endividamento que as empresas têm são informações de grande valor para que sejam vistas como um potencial cliente deixando de lado as informações que demonstram a situação econômica das empresas, como as demonstrações financeiras e contábeis. Segundo a gerente do Banco C, “uma das principais dificuldade e motivo para que as demonstrações contábeis não sejam solicitadas é o fato das empresas não demonstrarem em seus balanços o endividamento da empresa e o ativo imobilizado que a empresa tem; e uma das maneiras de suprir essas carências encontradas, é mediante a entrevista com o cliente fazer perguntas sobre seu endividamento e seu patrimônio e com isso se formar um balanço através de programa utilizado internamente”. 10 – Que fatores contribuem para a alteração do nível de exigência das informações solicitadas Banco A Disponibilidade do crédito, volume em questão, capacidade de pagamento. Banco B Faturamento acima de 15 milhões, construções civis voltadas para empreendimentos. Banco C Regime tributário Quadro 4: Alteração das exigência das informações. Fonte: Dados da pesquisa. Os fatores que contribuem para o aumento na exigência documental e informacional são diversos variando de banco para banco, como se observa no quadro 4 acima, vão desde o volume solicitado ao regime tributário da empresa. Porém nenhuma das contribuições para alterações de exigência informacional apresentadas pelos bancos é voltada aos demonstrativos contábeis, evidenciando assim outros critérios que os bancos julgam ser necessárias, novas exigências a serem adicionadas para a análise. 11 – Quando a analise não é realizada em Assú, quais são as exigência adicionais solicitadas? As informações contábeis tornam-se mais decisivas? Banco A Faturamento, perfil do cliente, grau do endividamento, risco, histórico do cliente. E As informações contábeis não são decisivas. 395 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN Banco B Análise dos bens dos sócios. Banco C As exigências são as mesmas, muda apenas a alçada de decisão em virtude do valor solicitado. Quadro 5: Exigências adicionais. Fonte: Dados da pesquisa. Como se percebe as respostas são variadas, porém em nenhum dos casos é solicitado mais alguma informação contábil, além das já apresentadas, surgindo inclusive uma afirmação feita pelo gerente do Banco A de que “as informações não são decisivas neste novo processo de exigências adicionais”, deixando transparecer assim que fatores como relacionamento e inadimplência, exercem uma maior interferência no ato de conceder o crédito do que mesmo as demonstrações contábeis, que tem como um de seus principais papeis transparecer a posição patrimonial da empresa. 12 - Pontos não abordados sobre a política de crédito do banco Banco A Rentabilidade das carteiras de clientes PF e PJ e cobrança na obtenção de metas prédeterminadas. Banco B Atividade que não podem ter sonegação, ex.: farmácias, postos de gasolina, lotéricas, etc. Banco C Aplicação de formulário específico para as empresas com faturamento até 2,4 milhões, para análise da situação econômico-financeira. Quadro 6: Informações adicionais sobre políticas de crédito. Fonte: Dados da pesquisa Algumas questões que não vieram a ser tratadas diretamente no questionário foram tratadas de forma aberta aos gerentes e analistas de cada instituição financeira, e com as respostas apresentadas no quadro 6 se pôde perceber que os bancos adotam seus próprios meios de se precaver de riscos não identificados na abordagem inicial, como foi o caso do Banco C, que sentido uma carência das informações contábeis apresentadas pelos clientes com faturamento até 2,4 milhões, aplicam um formulário que neste são abordadas questões sobre dividas, imobilizado e entre outras, para formarem um balanço da empresa, que por fim cria-se uma avaliação da empresa, sendo ela positiva ou negativa, onde influência diretamente no processo de decisão de conceder o crédito. 4.2.2 Contabilidade como fonte de informação Este item abordará como as instituições financeiras visualizam a informação contábil como fonte de informação. O Quadro 7 demonstra um panorama de como a contabilidade influencia na concessão de crédito. 396 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN QUESTÕES APLICADAS BANCOS (13) (14) (15) (16) (17) (18) Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim 1. Faturamento 2. Balanço Banco A Não Sim 3. Balancete 4. DRE. 1. Faturamento 2. DRE Banco B Sim Sim 3. Balanço 4. Balancete 1. DRE 2. Balanço Banco C Sim Sim 3. Faturamento 4. Balancete. Quadro 7: Contabilidade como fonte de informação. Fonte: Dados da pesquisa. Legenda: (13) Informação contábil é decisiva na concessão, (14) Há meios de Validação de dados, (15) Ordem de relevância da informação contábil, (16) Porte da empresa é decisivo para maior exigência de informação, (17) Sistema tributário é decisivo para maior exigência de informação, (18) Informação contábil é imprescindível na concessão. Os bancos foram questionados o quanto a informação é importante para o processo de concretização da concessão de crédito solicitado pelas empresas. O quadro acima demonstra que as informações contábeis são importantes sim no processo de analise de crédito, no entanto há controvérsias no quanto ela se torna importante, onde em nível de relevância abordado no questionário ficou evidente que o faturamento, para dois dos três bancos pesquisados, é primordialmente o mais relevante, sendo inclusive em muitos casos o único a ser solicitado como informação contábil pelo o banco. Como apresenta o quadro 8 com as informações coletadas através dos sites das instituições financeiras entrevistadas, que dependendo de seu sistema tributária a empresa não encontra muita exigência de informação contábil, tendo assim facilidade para ter o recurso financeiro almejado nos banco. 397 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN Informações contábeis solicitadas de acordo com o sistema tributário da empresa. BANCOS Simples Nacional Lucro Presumido Lucro Real Banco A Faturamento Faturamento Faturamento Banco B Faturamento Faturamento Faturamento e Balancete Banco C Faturamento Faturamento Faturamento, Balanço e DRE Quadro 8: Informações contábeis solicitadas pelos bancos. Fonte: Sites do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste do Brasil. Assú/RN têm, segundo pesquisa realizada pelo SEBRAE em 2008, um total de 580 empresas formais funcionando, onde estas se distinguem por suas atividades produtivas. Segundo ainda a mesma pesquisa, três empresas apenas, sendo 2 (duas) do segmento de agronegócio e (1) uma do segmento de construção, têm seus faturamentos superior a 2,4 milhões, ou seja, 0,53% das empresas pelo seu faturamento já pertencem ou ao sistema tributário lucro presumido ou lucro real. Com isso, apenas estas empresas, onde seu regime tributário é definido pelo seu faturamento, estão sujeitas a uma documentação contábil mais detalhada, e não apenas ao faturamento, como demonstra o quadro 8 acima. É interessante ressaltar que não apenas estas empresas sejam do regime lucro presumido e lucro real, pois há outros fatores, além do faturamento que interfere neste enquadramento, como é o caso das atividades listadas pelo órgão da Receita Federal, o que necessitaria de um estudo mais aprofundado para se especificar melhor o mercado de Assú/RN e assim poder identificar o sistema tributário de cada empresa formal da cidade. Portanto o que o quadro 8 deixa bem claro é que possivelmente mais de 90% das empresas encontradas na cidade de Assú/RN só necessitam de uma informação simples para poder requerer o empréstimo nas instituições concessoras, que é o faturamento. Não precisando assim se ater a elaborar muitas informações contábeis, já que sua principal fonte de recurso, o banco, cria facilidade e não exige muitos dados contábeis informacionais da empresa. 4.2.3 Fatores decisivos para concessão de crédito No questionário, se utilizando de vários fatores possivelmente relevantes para a concessão de crédito, foi solicitado que esses fatores fossem enumerados de 1 a 10, onde colocados em ordem crescente estes fatores indicariam a importância dada a eles por cada banco. O resultado é apresentado a seguir no quadro 9. 398 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN 19 – Fatores relevantes de acordo com a preferência informacional BANCOS 1-2 - Relação de faturamento; Banco A - Movimento bancário do cliente. - Adimplência em empréstimos anteriores; Banco B 3-4 - Histórico de registros positivos no SCR; 4. Lucros. - Histórico de registros positivos no SCR; - Movimento bancário do cliente. - Relação de faturamento. - Conhecer como funciona a empresa; - Dados gerenciais; Banco C - Adimplência em empréstimos anteriores. - Índices financeiros. 5-6 - Adimplência em empréstimos anteriores; - Tempo de fidelização do cliente. - Lucros; - Tempo de fidelização do cliente. - Histórico de registros positivos no SCR; - Dados contábeis. 7-8 - Dados contábeis; - Índices financeiros. - Índices financeiros; - Conhecer como funciona a empresa - Relação de faturamento; - Lucros. 9-10 - Dados gerenciais; - Conhecer como funciona a empresa. - Dados contábeis; - Dados gerenciais. -Movimento bancário do cliente; - Tempo de fidelização do cliente Quadro 9: Fatores relevantes. Fonte: Dados da pesquisa. Seguindo a linha de resultado dos quadros anteriores, onde a informação contábil não se torna um fator decisivo para os bancos quando a questão é concessão crédito, o quadro 9 evidenciou que para os bancos da cidade de Assú/RN, os fatores mais relevantes informacionais são aqueles cujos dados representam o comportamento da empresa, tanto operacional como em questão de movimentações financeiras. Sendo o Banco A, o único a demonstrar relevância em ordem 1 (um) para uma informação contábil, que é o faturamento, porém, outros dados contábeis, diga-se os mais informacionais no sentido de sua elaboração e demonstrações dos fatos, foram qualificados pelas instituições em uma ordem que demonstra pouca utilidade e importância nas analise realizadas, tendo assim uma dualidade de conflitos, onde as empresas tem uma ferramenta que proporciona conhecimento sobre si a quem a tem, que é as demonstrações contábeis, mas o bancos não procuram e não tem nessas informações, em sua grande maioria, um redutor de risco relevantes, se atendo muitas vezes a um simples faturamento, que para alguns bancos, como é o caso do Banco B que diz na pesquisa, “haver dois tipos de faturamento, o real e o fiscal”, ou seja, não há confiança por parte dos bancos nos dados contábeis apresentados pelas empresas e elaborados pelos contadores. Percebeu-se 399 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN ainda que apenas 50% das informações contábeis listadas, entendidas as informações contábeis como sendo a relação de faturamento, lucros, índices financeiros e dados contábeis, estão entre 1-5 no grau de relevância para os Bancos A e B, porém as informações escolhidas por estes bancos são tidas como informações contábeis simples, que demonstram fatos pontuais e restritos, como é o caso do faturamento e lucro, e não os dados contábeis que de forma geral e ampla expões todas as informações das empresas. O caso mais preocupante é no Banco C, onde 75% das informações contábeis listadas no quadro 9 estão no grau de 6-10, deixando transparecer por este banco, que não há busca de informações nos dados contábeis a fim de conhecer melhor a situação econômica da empresa e assim poder se precaver de riscos futuros que a operação de crédito esta submetida. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O sistema de financiamento das empresas brasileiras se mostra preponderantemente operado através de instituições financeiras. O número de empresas com capital aberto no país é muito pequeno quando comparado ao número de empresas total. A informação contábil nesse ambiente tende a perder sua influência e importância, visto que as instituições financeiras podem adotar critérios para concessão de crédito que não passem pela análise da informação contábil. O estudo buscou investigar quais os fatores determinantes para concessão de crédito pelos bancos públicos da cidade de Assú/RN. Pretendeu-se verificar como a informação contábil é vista durante a análise de crédito e qual a política de crédito adotadas pelas instituições estudadas. A pesquisa, de abordagem qualitativa, classificou-se quanto aos seus objetivos como exploratória, utilizando os procedimentos de pesquisa bibliográfica, de campo e documental. A pesquisa bibliográfica tratou de descrever como a informação contábil pode servir para a tomada de decisão, especialmente quanto à concessão de crédito. Fez-se necessário a aplicação de um questionário junto aos analistas de crédito das instituições pesquisadas, caracterizando o estudo de campo que foi confrontado a posteriori com a pesquisa documental onde se realizou um análise em documentos de concessão de crédito fornecidos pelos bancos ou disponíveis em seus site. Aplicada a metodologia da pesquisa foi possível observar que são poucas as informações contábeis solicitadas para análise da operação de crédito, e quando solicitadas não apresentam uma maior segurança para os analistas e para as instituições por não conterem um conteúdo informacional rico a ser agregado, pois não refletem, em alguns casos, as operações reais da empresa. Ao analisar os fatores decisivos para a concessão de crédito, através da aplicação de questionário aos analistas de crédito dos bancos estudados, constatou-se que as informações do histórico financeiro das empresas e de seus sócios são mais relevantes que a informação contábil. Dentre as informações contábeis mais solicitadas destacou-se a relação de faturamento, sendo inclusive mencionada como uma solicitação pró-forma. Quanto a política de crédito das instituições, foi possível detectar, por meio de análise documental, que as instituições possuem linhas de crédito específicas para as diversas formas 400 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN de organização empresarial existentes na cidade de Assú/RN. Como as empresas da cidade são, predominantemente, de micro e pequeno porte, as informações contábeis solicitadas são simplificadas, tornando o crédito para essas empresas viável, independente das informações contábeis. Considerando a metodologia e instituições analisadas, é possível afirmar que as informações contábeis são, de uma forma geral, indispensáveis na análise de crédito, visto que são pouco solicitadas e quando o são não apresentam a qualificação exigida para que se gere a credibilidade necessária a informação contábil. Não são, dessa forma, decisivas para a concessão de crédito. O estudo limitou-se a estudar instituições financeiras públicas que atuam na cidade de Assú/RN, atuando, portanto, no interior do estado do Rio Grande do Norte onde as empresas possuem pouca expressão quanto ao seu porte e faturamento, contribuindo para uma menor importância dispensada à informação contábil. Sugere-se que novos estudos sejam realizados em outras instituições, cidades ou estados buscando revelar a utilização da contabilidade pelas empresas brasileiras, em especial as de micro e pequeno porte, visto que o país passa por um momento de convergência ao padrão internacional onde se apresenta uma normativa específica para essas empresas. Referências Bibliográficas ALENCAR, Roberta Carvalho. Custo do capital próprio e nível de disclosure nas empresas brasileiras. Brazilian Business Review – BBR. Vitória – ES, v.2, n.1, p.01-12, Jan/Jun.2005. AMORIM, Ana Luísa Gambi Cavallari de. Análise da relação entre a informação contábil e o risco sistemático. 2010. 199f. Tese (Doutorado em Controladoria e Contabilidade) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2010. BANCO DO BRASIL. Linhas de créditos. Disponível em: http://www.bb.com.br/portalbb/page3,108,3194,8,0,1,2.bb?codigoNoticia=151&codigoMenu =113. Acesso em: 01 de Abril de 2011. BANCO DO NORDESTE DO BRASIL. Linhas de créditos. Disponível em: http://www.bnb.gov.br/content/Aplicacao/Grupo_Principal/Home/conteudo/home_empresa.as p. Acesso em: 02 de Dezembro de 2011. BM&FBOVESPA. Empresas listadas. Disponível em: http://www.bmfbovespa.com.br/CiasListadas/Empresas-Listadas/BuscaEmpresaListada.aspx?idioma=pt-br. Acesso em: 17 de Junho de 2011. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Linhas de créditos. Disponível em: http://www.caixa.gov.br/pj/pj_comercial/mp/linha_credito/index.asp. Acesso em: 01 de Abril de 2011. 401 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN CAPELLETO, Lucio Rodrigues; CORRAR, Luiz João. Índices de risco sistêmico para o setor bancário. Revista Contabilidade & Finanças – USP. São Paulo, v. 19, n.47, p.6-18, Maio/Ago.2008. Dado estatístico do município de Assú/RN. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/uf/riogrande-do-norte/acesse/estudos-e-pesquisas/cemp/sebraern_cemp_assu.pdf. Acesso em: 20 de Dezembro de 2010. FERNANDES, Eloane Naiare Lopes. O impacto da informação contábil de empresas fechadas na percepção de risco dos analistas de crédito. 2010. 111f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2010. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, Sergio de. Teoria da Contabilidade. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2000. ______; OLIVEIRA, Alexandre. Por uma nova estrutura conceitual básica da contabilidade. Boletim do IBRACON, p. 1-14, Novembro 2003. NEVES, Luis José. Pesquisa qualitativa: características, usos e possibilidades. Caderno de pesquisas em administração. 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UM ESTUDO DE CASO NA PREFEITURA MUNICIPAL DE GOV.DIXSEPT ROSADO-RN Nicélia Ana da Silveira Medeiros2 Aluna da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi Antônio Erivando Xavier Júnior Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi Resumo A Administração Pública visando a satisfação da coletividade desenvolve, dentre outras ações, o controle da aplicação do dinheiro público. A partir do ano 2000 entrou em vigor a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, que passou a cobrar um maior rigor no controle com os gastos públicos. Não obstante a este fato é através da controladoria que se pode e deve corrigir possíveis erros, falhas ou equívocos ocorridos durante o processo administrativo, diante desse controle é que se pode evitar que os gestores tenham suas contas reprovadas diante dos órgãos responsáveis por examiná-las. É nesse contexto que situa-se o objetivo geral desse trabalho que é, analisar se a controladoria da Prefeitura Municipal de GDR possui práticas que protejam seu gestor de futuras sanções.Sendo que como percurso metodológico foi empregado a pesquisa bibliográfica e de campo. Como instrumento para a coleta de dados foi utilizado uma entrevista. Os resultados indicam que apesar de ter sido criada recentemente, apenas no ano de 2009 e de ainda não está funcionando totalmente, esta controladoria está sempre buscando seguir as normas que regem a administração pública além de está trabalhando com vistas à proteger o gestor público de enfrentar futuras penalidades,na medida em que adota práticas eficientes de controle interno,buscando atingir a máxima eficiência administrativa para que não haja nenhum problema durante a prestação de contas da gestão. Palavras-chave: Controladoria. Gestor Público. Administração Pública. Área Temática: Contabilidade Pública 403 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN 1 INTRODUÇÃO É dever do administrador público gerir a máquina administrativa em prol da coletividade,cumprindo com o seu dever de representante do povo,desse modo o mesmo deve agir com bastante precaução quando do trato com o dinheiro público,aplicando este da melhor forma e de acordo com o que especifica a legislação vigente. É crescente a fiscalização exercida em torno dos atos dos gestores públicos, as leis estão cada vez mais severas e diante da maior publicidade dada a esses atos, condutas desonestas antes impunemente praticadas na administração pública hoje não passam despercebidas aos olhos da população muito menos das autoridades. A função do controle interno como o próprio nome já enfatiza é indispensável para acompanhar a execução de programas apontando possíveis falhas e desvios antes não identificados, zelando assim pela perfeita utilização dos recursos bem como pelo cumprimento das normas vigentes no país sobre a aplicação desses bens. Justifica-se ainda o debate do tema em questão por se considerar que o papel da controladoria é de verificar procedimentos tendo como foco análises de ações praticadas pela gestão pública e por se tratar de um sistema que contribui de modo a salvaguardar os recursos financeiros e patrimoniais além de corrigir possíveis erros ou descaminhos ocorridos durante a execução de trabalhos e projetos, possa, portanto, proteger o gestor em suas ações livrandoo de possíveis sanções quando das suas prestações de contas. Diante do exposto pergunta-se: Quais as práticas adotadas pela controladoria do Município de Gov.Dix-sept Rosado - RN para eliminação de sanções ao gestor? O estudo será feito com base nas ações praticadas pela controladoria no ano de 2010 no município de Gov.Dix-sept Rosado – RN, que receberá nesta pesquisa a sigla de GDR. Neste sentido esse estudo apresenta como objetivo maior, analisar se a controladoria da Prefeitura Municipal de Gov.Dix-sept Rosado – RN possui práticas que protejam seu gestor de futuras sanções; e como objetivos secundários os seguintes: Analisar de que modo funciona a controladoria municipal de Gov.Dix-sept Rosado – RN e se esta atende as exigências da legislação que rege a administração pública; descrever o papel da controladoria na gestão pública e conhecer de forma mais detalhada o funcionamento da controladoria no que se diz respeito às políticas de ação do governo municipal de Gov.Dix-sept Rosado – RN. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A CONTROLADORIA NO SETOR PÚBLICO Por se tratar a administração pública como o próprio nome já esclarece de uma gestão voltada para o povo, os administradores públicos devem sempre buscar gerir os recursos de forma correta e em prol do interesse da coletividade. Não obstante a esse fato, consiste em um grande desafio para esses gestores gerir a máquina administrativa utilizando e otimizando os recursos disponíveis, cada vez mais escassos frente às despesas públicas cada vez mais crescentes, sendo que os mesmos devem procurar cumprir com o princípio da moralidade que de acordo com Carvalho Filho (2009; p.20): “Impõe que o administrador público não dispense os preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta. Deve não só averiguar os critérios de conveniência, oportunidade e justiça em suas ações, mas também distinguir o que é honesto do que é desonesto”. Diante desse fato é comum as discussões em torno da credibilidade administrativa de alguns gestores que muitas vezes repercute negativamente perante a opinião pública, algumas vezes ocorre que existem falhas durante a gestão administrativa dos recursos, sendo, portanto imprescindível que haja um sistema de controle durante esse processo. 404 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN Com o objetivo de tornar a administração transparente, reduzir os gastos públicos, proteger o gestor e promover a eficiência e a eficácia das atividades no setor público, é que a Controladoria foi criada, pois de acordo com Tung (1997, apud CARVALHO JUNIOR, 2008, p. 04): A controladoria surgiu para ampliar e disseminar o entendimento do processo de gestão, identificando a razão de ser de uma organização e quais fatores estão contribuindo ou não, para a eficiência e eficácia de suas operações, de forma que se assegure a continuidade do negócio pela geração contínua de resultados econômicos favoráveis. Já para Slomski (2005, p. 15): “a controladoria é a busca pelo atingimento do ótimo em qualquer ente, seja ele público ou privado”. “Assim, a Controladoria possui o papel de integrar todas as áreas da organização e instigá-las a caminhar em busca do cumprimento da missão da organização e, consequentemente, garantir sua continuidade” (RONCALIO, 2009, p. 21). Diante da explanação dos autores, percebe-se que a controladoria proporciona ao gestor público salvaguardar recursos dando a este a possibilidade de corrigir possíveis desvios ocorridos durante o processo de gestão, visando atingir a máxima eficiência no uso do dinheiro público. Existe um profissional específico que exerce as funções de controladoria dentro da administração, O controller que segundo Koliver (2005), vem do francês comptroller, cuja origem está no substantivo compte, que significa conta. O controller possui como principal função efetuar o controle das contas públicas corrigindo possíveis falhas e desvios. Como descrito por Castro (2009, pag. 27): “a palavra Controle deriva da expressão “Contre – role” e provém da França, significa registrar, inspecionar, examinar e proteger o ato de controlar”. O conceito de controle é bastante amplo, pois pode contemplar diversas áreas de uma organização, tais como: contabilidade, orçamento, administração e finanças já que Conforme menciona Cruz e Glock (2006, p. 20): O controle é caracterizado por qualquer atividade sistemática que verifica um registro de forma permanente ou periódica, baseada em documento ou meio, que expressem ação, situação ou resultado, objetivando a verificar a existência de conformidade com o padrão estabelecido com resultados esperado, e ainda, conforme determina a legislação e as normas. Já Chiavenato (2003, p.64) garante que: “A administração científica considerava o controle como função de “controlar” o trabalho, para certificar que o mesmo estava sendo executado de acordo com as normas estabelecidas e segundo o plano previsto”. Apesar de transcorrido um século de descobertas e estudos no campo da administração, o pensamento da Administração Científica ainda se considera de certa forma válido nos dias atuais, já que a função controle continua ligada a função de planejamento, pois cabe a primeira analisar se as metas estabelecidas pela segunda estão sendo cumpridas, corrigindo possíveis falhas e desvios. 2.1.1 Controle Interno na Gestão Pública Diante da maior preocupação dos gestores públicos em manter o controle dos recursos financeiros por ele administrados, isso devido à crescente fiscalização dos órgãos como poder judiciário e tribunais de contas e principalmente da criação de leis que tornam obrigatórias as 405 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN prestações de contas por parte desses administradores é que foram criados os sistemas de controle interno nos órgãos públicos. De acordo com Castro (2009, p. 64), o controle interno compreende o conjunto de métodos e procedimentos adotados pela entidade para dar segurança aos atos praticados pelo gestor e salvaguardar o patrimônio sob sua responsabilidade, conferindo fidelidade aos dados contábeis e segurança as informações deles decorrentes. Contudo o controle interno deve acompanhar a organização pública, para que esta seja conduzida com ações econômicas e eficientes principalmente no que se diz respeito a aplicação de recursos.A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 70, definiu a responsabilidade do sistema de controle interno. Art. 70 A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. No mesmo sentido CRUZ e GLOCK (2006, p.17) enfatizam que: No caso do tema controle interno nos municípios brasileiros, não existe um referencial histórico, um marco que identifique uma época, um local a partir do qual se possa dizer que o processo de controle interno foi iniciado, porém ele integra o conjunto das atividades exercidas por qualquer organização, a partir da sua existência . A gestão pública em seu processo evolutivo, acompanhando as transformações ocorridas impõem ao estado o acompanhamento das mudanças, buscando a transparência no uso dos recursos financeiros, e dos bens públicos pertencentes ao estado, visando por sua vez, atender aos anseios da sociedade. 2.2 A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL E A CONTROLADORIA Com a efetivação da globalização, tornou-se necessário também a modernização do estado, mostrando a transparência nos atos que venha exercer. Sancionada em 04 de Maio de 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal reúne, em um único dispositivo, normas de planejamento, orçamento, receita divida pública e endividamento. É uma lei que busca o controle dos atos da administração pública. (Lei Complementar nº 101/ 2000). A lei 101/2000 em seu art.1º inciso I afirma que: “A responsabilidade na Gestão Fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas”. Dessa forma torna-se visível que a Lei de Responsabilidade Fiscal fixa uma gestão fiscal responsável, que deverá ocorrer mediante cuidadoso planejamento, cuja execução busque o equilíbrio das contas públicas, a prevenção de riscos, a correção de desvios verificados em sua execução, seja feito o cumprimento de metas propostas e, principalmente a transparência de todos os atos da administração pública. Nesse sentido é imprescindível a atuação da controladoria por meio de um sistema de controle interno no âmbito da administração pública, já que este atuará de forma a garantir que as contas públicas estejam em conformidade com a lei 101/2000-Lei de Responsabilidade Fiscal. 406 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN 2.3 O CONTROLE INTERNO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO GESTOR Na administração pública, o gestor deve buscar através dos seus atos, satisfazer o interesse da coletividade, evitando aplicar os recursos públicos de forma errada ou indevida, pois caso contrário o mesmo estará sujeito a responder criminalmente por improbidade administrativa. A expressão improbidade administrativa foi criada para especificar aquela conduta antiética que fere ou se distancia dos padrões morais admitidos por um código de conduta...em geral,é empregada para definir toda e qualquer violação ética no trato com a coisa pública.(MATIAS,2010,p.178) Um sistema de controle interno poderá atuar protegendo o gestor de possíveis falhas exercendo o controle da execução orçamentária, financeira, operacional, contábil e patrimonial dos órgãos do poder executivo municipal seguindo os princípios da legalidade, legitimidade e economicidade. Isso ocorre por que esse tipo de controle poderá proceder ao exame prévio dos processos originários dos atos de gestão desses órgãos orientando e supervisionando as atividades de fiscalização orçamentária, contabilidade e de auditoria, tornando-se assim um instrumento de proteção ao gestor público no momento em que ocorrer as suas prestações de contas diante dos órgãos responsáveis. 3 METODOLOGIA 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA A metodologia adotada neste trabalho consiste de pesquisa descritiva realizada através de fontes bibliográficas, além de um estudo de caso que busca avaliar informações importantes sobre a controladoria no setor público. De acordo com estudos de Andrade (2002) a pesquisa exploratória possui algumas finalidades primordiais: como proporcionar maiores informações sobre o assunto que se vai investigar, facilitar a delimitação do tema da pesquisa e orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses. Vale salientar que optou-se pelo estudo de caso pelo fato de a pesquisa restringir-se a uma unidade de análise, visto que ele proporciona ao pesquisador uma verificação do fenômeno com uma maior profundidade. A pesquisa descritiva “tem como objetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno, estabelecendo relações entre as variáveis”. (SILVA, 2003, p.65). Neste caso, será observada a relação entre a controladoria e os benefícios que esta traz ao gestor público. O estudo em debate será explorado através do método qualitativo e a pesquisa será feita através de uma entrevista, além disso, torna-se fundamental também o levantamento bibliográfico em autores pertinentes. Para Silva (2003, p.60) “pesquisa bibliográfica é um tipo de pesquisa realizada pela maioria dos pesquisadores, é um excelente meio de formação cientifica quando realizada independentemente ou como parte da pesquisa empírica”. A pesquisa bibliográfica desse trabalho buscará informações já publicadas sobre o assunto em questão, em livros, periódicos e através de fontes virtuais. 3.2 COLETA E ANÁLISE DE DADOS Para coleta dos dados, foi aplicada uma entrevista pré -estruturada com o controlador da Prefeitura municipal de GDR, sendo que as perguntas foram feitas com base no referencial teórico. Esta estrevista objetiva analisar o funcionamento e a importância dessa controladoria 407 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN para a gestão pública além das práticas adotadas por esta, que possam proteger o gestor público de possíveis sanções diante das constantes fiscalizações. A análise dos dados foi realizada por meio qualitativo e através de quadros explicativos, identificando-os de forma mais objetiva. 3.3 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA CONTROLADORIA PESQUISADA O Objeto desse trabalho é o setor de controladoria da Prefeitura Municipal de Gov.Dix-sept Rosado-RN. É indispensável relatar que essa controladoria é bastante nova tendo sido criada apenas no ano de 2009 e que assim sendo pode-se considerar que ela ainda está em fase de implantação. Portanto, a mesma foi criada com o intuito de viabilizar o acompanhamento efetivo de controle no desempenho administrativo e financeiro dos programas, atividades e projetos da administração municipal, sendo que esta funciona em uma sala de um prédio público municipal no qual funciona também a secretaria de finanças e de administração do município citado e é composta apenas por um funcionário, o próprio controlador que executa os procedimentos de controle interno da referida prefeitura. Sendo assim, pode-se considerar que o bom desempenho das atividades mencionadas protegerão o gestor municipal de cometer possíveis irregularidades, evitando futuras sanções ao mesmo. 4 RESULTADO DA PESQUISA Para análise deste trabalho foi realizada uma entrevista pré-estruturada, no setor da controladoria da Prefeitura Municipal de Gov.Dix-sept Rosado-RN, entrevista esta feita com o controlador responsável pelo referido setor, a fim de se saber sobre a importância da controladoria para esta prefeitura e principalmente se a mesma possui práticas que protejam o gestor público de futuras sanções. 4.1 QUALIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO A entrevista foi realizada com o Sr. Aurélio Honorato, 47 anos, graduado em matemática e bacharel em ciências contábeis (ambas as formações pela Universidade Estadual do Rio Grande do Rio Grande do Norte – UERN), pós - graduado em contabilidade e gestão pública. Com experiência na área de controladoria, já tendo atuado também na contabilidade de outras prefeituras. A experiência do controlador é um fato bastante positivo para o desenvolvimento deste órgão, pois com tais conhecimentos esse profissional pode exercer um papel importante junto à gestão pública municipal com vistas à proteção ao gestor público. 4.2 CARACTERÍSTICAS DA CONTROLADORIA Quadro 1 – Aplicação do quesito 3 do questionário Quais as características da controladoria de Gov. Dix-sept Rosado – RN? (nº de funcionários e de contadores existentes, periodicidade de reuniões com o prefeito, e se adotou sistemática própria ou de outras prefeituras): Relação com Objetivo da Informações Esperadas Respostas pesquisa A controladoria é realizada com Acredita-se que o funcionamento vistas a analisar procedimentos da controladoria estudada É esperado que esta controladoria criados pela administração pública apresenta-se negativamente por ser esteja equipada com funcionários municipal. O setor no momento muito carente de funcionários. qualificados e uma sistemática de conta apenas com um funcionário, Porém um ponto positivo trabalho moderna. o próprio controlador, obtendo, no apresentado é a comunicação com entanto a colaboração do setor de o gestor público, já que a mesma é 408 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN contabilidade. A comunicação com o gestor público municipal se dá através de reuniões quinzenais. No tocante a sistemática foram usados os conhecimentos que o controlador e a equipe que elaborou a lei já tinham sobre controladoria além de tomar como exemplo o setor de controladoria de outras prefeituras. feita periodicamente. Fonte: Dados da pesquisa Observou-se aqui a constante interação dos setores de contabilidade e controladoria além de uma boa comunicação do controlador com o gestor municipal, já que os repasses dos procedimentos realizados pela controladoria a este gestor são feitos periodicamente, afinal é interessante que este participe ativamente do controle exercido dentro da prefeitura, pois mais tarde esse administrador terá que prestar contas dos seus atos diante dessa gestão,além do que, tal interação poderá também contribuir para o processo de administrativo da prefeitura já que o controlador deverá analisar quais os fatores estão gerando bons frutos ou não para a administração. Quadro 2 – Aplicação do quesito 4 do questionário A controladoria possui algum regimento ou manual de procedimentos? Relação com Objetivo da Informações Esperadas Respostas pesquisa Espera-se que a controladoria Não existe regimento próprio, A resposta é vista negativamente, possua um manual que especifique apenas a lei nº388/2009 que criou a pois apesar da recente criação, este todos os procedimentos de controladoria, na qual é descrito o órgão já deveria ter seus controle. papel desta. procedimentos pré-estabelecidos. Fonte: Dados da pesquisa Verifica-se aqui um ponto bastante negativo para qualquer tipo de empresa seja ela privada ou pública, a não existência de manual de procedimentos, pois isto caracteriza certa falta de planejamento nas operações executadas, neste caso as falhas ou equívocos poderão passar despercebidas aos olhos do controlador já que quando não se existe ordenamento nos procedimentos o trabalho tende a não ser realizado com a máxima eficiência, e, portanto o gestor público estará desprotegido e sujeito a sofrer penalidades. Quadro 3 – Aplicação do quesito 5 do questionário Como controlador o Sr. Poderia descrever qual a importância da controladoria para a gestão pública,usando como exemplo a prefeitura municipal de Gov. Dix-sept Rosado – RN ? Relação com Objetivo da Informações Esperadas Respostas pesquisa A controladoria é importante para administração pública à medida O papel do controlador é de que possibilita uma maior análise fundamental importância para a dos processos administrativos, gestão pública, pois através da É importante aqui a colocação do buscando pela otimização dos análise dos procedimentos dos controlador, pois, observa-se que o recursos públicos e processos administrativos se busca mesmo tem consciência do conseqüentemente pela eficácia evitar erros, equívoco e falhas, importante papel da controladoria dos processos, pois de acordo com dando suporte ao gestor público para a gestão pública. o art59 da LRF: O Poder municipal. Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de 409 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar. Fonte: Dados da pesquisa É perceptível também uma questões muito importante, como profissional da área o controlador conhece perfeitamente a importância que a controladoria tem para a gestão pública, o que pode facilitar o seu trabalho, pois quando se reconhece a importância do que se faz , o profissional tende à executar suas funções com um maior zelo,e dessa forma contribuir para proteger o seu gestor maior de sofrer futuras sanções causadas por erros administrativos ou qualquer outro equívoco. Quadro 4 – Aplicação do quesito 6 do questionário De que modo funciona a controladoria municipal de Gov. Dix-sept Rosado – RN?O Sr. poderia descrever seus procedimentos. Relação com Objetivo da Informações Esperadas Respostas pesquisa Apesar de sua criação a Fica evidente através da reposta do controladoria ainda passa por um controlador que o setor de controle É esperado que esta controladoria período de estruturação física e de ainda não está funcionando funcione de modo efetivo e eficaz. pessoal (existindo uma carência de eficientemente, sendo assim um pessoal qualificado). ponto negativo observado. Fonte: Dados da pesquisa Neste caso, no entanto fica bastante claro também que o órgão em questão ainda não está funcionando efetivamente, fato este bastante negativo, pois apesar do pouco tempo de criação o mesmo até por se tratar de um órgão tão importante para a administração pública já deveria contar com uma melhor estrutura física e de pessoal de apoio, este fato não colabora com o objetivo desse estudo já que se a controladoria não trabalhar com toda eficácia estará o gestor público sujeito a sofrer possíveis sanções. Quadro 5 – Aplicação do quesito 7 do questionário Esta controladoria atende as exigências da legislação que rege a administração pública?Poderia citar exemplos de como isso ocorre. Relação com Objetivo da Informações Esperadas Respostas pesquisa A controladoria segue sim as normas que regem a administração pública, na medida em que analisa os procedimentos administrativos realizados por esta prefeitura procurando atender as leis vigentes como: a constituição federal, a lei Observa-se aqui um ponto bastante Espera-se que este sistema de complementar 101/2000 conhecida positivo, pois a controladoria deve controle siga todas as normas como lei de responsabilidade acima de tudo seguir as normas vigentes na administração pública. fiscal, a lei nº 4.320/64 que estatui estabelecidas para a gestão pública. normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços, a lei 8.666/93 que estabelece as normas de licitações e contratos da administração pública, e a própria lei municipal nº 388/09 que criou a 410 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN controladoria no município. Fonte: Dados da pesquisa O entrevistado também relatou que a controladoria procura atender o que reza as normas que regem a administração pública, tais como a lei complementar 101/2000 (lei de responsabilidade fiscal), a lei nº 4.320/64, a lei 8.666/93, e a própria lei municipal nº 388/09 que criou a controladoria no município, fato este bastante importante para qualquer órgão público, principalmente porque todo gestor público deve prestar contas dos seus atos e agindo de acordo com a lei o mesmo estará evitando futuras punições. Quadro 6 – Aplicação do quesito 8 do questionário O que faz a controladoria hoje pra proteger o gestor de sanções, ou seja, para não permitir falhas nos processo? Relação com Objetivo da Informações Esperadas Respostas pesquisa A controladoria procura analisar os processos administrativos na íntegra, investigando se esses processos estão organizados da forma correta e devolvendo para o É perceptível nessa questão um setor responsável para execução no ponto bastante positivo, pois, A controladoria deverá atuar caso de encontrar possíveis através da resposta do controlador fazendo o exame prévio dos irregularidades, pois quando se percebe que a controladoria da processos e fiscalização das demais ocorrerem às prestações de contas Prefeitura Municipal de Gov.Dixatividades de gestão evitando aos tribunais de contas tanto do sept Rosado-RN está atuando de falhas em uma possível prestação estado como da união, não ocorram modo a evitar erros e falhas nos de contas pelo gestor público. falhas ou equívocos na execução seus processos, buscando assim administrativa ou financeira da proteger o seu gestor de futuras prefeitura, sendo assim a Sanções. controladoria trabalha visando também proteger o gestor público de modo que este não venha a enfrentar futuras sanções. Fonte: Dados da pesquisa Por fim, analisando a questão que é considerada o objetivo maior desse trabalho, constatou-se de acordo com as palavras do próprio controlador que a controladoria da Prefeitura Municipal de Gov.Dix-sept Rosado-RN está buscando proteger o seu gestor de futuras sanções na medida em que analisa os processos administrativos procurando corrigir ou evitar possíveis falhas que possam prejudicar as prestações de contas desse gestor diante dos órgãos fiscalizadores, desempenhando assim uma das inúmeras funções do controle na administração pública. Sendo assim, a pesquisa de campo realizada através desse estudo é considerada satisfatória já que respondeu aos objetivos propostos, conseguindo observar a controladoria no setor público como um instrumento de proteção ao gestor. No entanto, ao se analisar a controladoria da Prefeitura Municipal de Gov.Dix-sept Rosado-RN entende-se que essa ainda deve passar por melhorias no que diz respeito a uma melhor organização administrativa, estrutural e no quadro de pessoal para que possa vir a funcionar com a máxima eficiência. 5. CONCLUSÕES 411 22 a 24 de setembro de 2011 - Natal RN Este estudo apresentou como principal objetivo analisar o sistema de controladoria no setor público como instrumento de proteção ao gestor na medida em que este funciona como mecanismo que avalia e controla toda a parte burocrática seja ela administrativa ou financeira de um órgão público. Vale-se salientar que a gestão de um órgão público deve ser realizada seguindo os interesses coletivos, parte daí a importância de se ter um controle interno eficiente que possa avaliar quais os fatores estão contribuindo para atender a esses interesses. Em um primeiro momento foi realizado nesse estudo um levantamento bibliográfico em autores pertinentes que relataram sobre o real significado da controladoria e do controle interno e a importância destes para a gestão pública, bem como a função do controle relatada pela lei de Responsabilidade Fiscal. Além disso, foi debatido de que modo a controladoria poderá proteger o gestor público de possíveis sanções. A análise bibliográfica serviu neste caso como sustentáculo para a pesquisa de campo que por sua vez objetivou saber se a controladoria do Município de GDR - RN adota práticas que possam proteger o seu gestor de futuras sanções. É conclusivo, portanto, que apesar de não está funcionando em sua totalidade, por não está ainda totalmente estruturada, a controladoria em debate está buscando proteger o seu gestor de futuras sanções na medida em que adota práticas eficientes de controle