Dragagem do Porto da Beira Uma luz ao fundo do canal Dragagem
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Dragagem do Porto da Beira Uma luz ao fundo do canal Dragagem
xitimela Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, E.P. # Ano 13 # Nº 19 # Agosto 2009 Rui Fonseca: “Actividade em Estação Ferroviária de Maputo crescendo, apesar das dificuldades” A sétima mais bela do mundo Rui Fonseca: “Activity growing, Maputo Rail Station -The seventh most beautiful in the world despite difficulties” Dragagem do Porto da Beira Uma luz ao fundo do canal Dredging the Beira Port access channel A light at the bottom of the channel Linha de Sena 25 anos depois The Sena line 25 years later 40 26 50 Sumário>Contents XITIMELA Agosto 2009 Director António Libombo Redacção e Colaboração Editorial and Collaborators António Sopa, Jeremias Langa Júlio Manjate, Francisco Carmona, Isaías Muhate, Salim Cripton Valá, Sigaúle Manhiça Fotografia Photography Artur Ferrira, Carlos Calado, João Costa, Naíta Ussene, BRLS, Arquivo Editando Tradução Translation Ken Hansen, Mugama Matolo, Paul Fauvet Publicidade Publicity Irene Inroga Design João Marques/Editando Produção Gráfica DTP Editando-Edição e Comunicação, Lda. [email protected] Foto de Capa/Cover photo João Costa Edição Publisher Gabinete de Comunicação e Imagem dos CFM Communications and Image Office of CFM Endereço Address C.P./ P.O.Box - 2158 Praça dos Trabalhadores Maputo • Moçambique/Mozambique Telefones Phone Numbers 429 659 (Fax) 301 390 E-Mail [email protected] Número de Registo Registry Number 7/GABINFO-DE/96 Investimento em tempo de crise 2 Actividade em crescendo, apesar das dificuldades 7 Investment in a time of crisis Activity growing, despite difficulties Terminal de combustíveis com mais capacidade em 2010 17 Banco Europeu de Investimento financia obras do Corredor da Beira 20 CFM regista lucros de 163,5 milhões de Meticais 22 Estação Ferroviária de Maputo - A sétima mais bela do mundo 24 CFM reforça transporte interurbano de passageiros 26 Dragagem do canal de acesso ao Porto da Beira 28 Novo sistema de informação integrado 34 Linha de Sena 25 anos depois 40 Água e energia para o Corredor do Limpopo 44 Porto de Dobela - Por uma visão estratégica da integração regional 46 Globalização, Integração Regional e Corredores de Desenvolvimento Que ganhos pode obter a economia rural moçambicana? 50 Ponte Dona Ana - A bailarina dos arcos de ferro 68 The fuels terminal is to increase capacity in 2010 European Investment Bank finances Beira Corridor work CFM records profits of 163.5 million Meticais Maputo Rail Station - The seventh most beautiful in the world CFM strengthens urban passenger transport Dredging the Beira Port access channel New integrated information system The Sena line 25 years later Water and energy for the Limpopo Corridor The Ponta Dobela Port - For a strategic view for regional integration Globalisation, Regional Integration and the Development Corridors What benefits can be gained for the Mozambican rural economy? The Dona Ana Bridge - The dancer with the iron arcs João Costa Carta do PCA>Letter from the Chaiman Investimento em tempo de crise Investment in a time of crisis “A actual crise demonstra quão erradas estavam as teorias propaladas por Bretton Woods e por outras grandes potências económicas internacionais, que, durante décadas, levantaram a bandeira da ideologia de Milton Friedman, que assume que os mercados se regulam a si próprios e que os governos representam o problema e não a solução.” por/by Rui Cirne Fonseca > A actual conjuntura económica obriganos a fazer uma profunda reflexão sobre as nossas realizações empresariais e, sobretudo, sobre os desafios que temos pela frente, numa altura em que o mundo sofre uma crise económico-financeira apenas comparável à Grande Depressão (1929), muito embora a mesma revele um impacto global. A crise mundial assemelha-se, assim, a um tsunami que atinge todo o universo e que não pode ser subestimada. Nesse sentido, exige-se a todos uma boa dose de engenho e criatividade para que possamos minorar o impacto desta crise internacional, originada pela ocorrência da ganância e de práticas pouco éticas no sector financeiro das maiores economias do mundo. O mercado internacional encontra-se retraído, havendo por isso uma redução substancial de importações por parte das 2 chamadas grandes economias. Facto que, por sua vez, se reflecte no abrandar paulatino das produções de minerais e demais recursos estratégicos gerados no hinterland da África Austral. Moçambique, enquanto país de trânsito por excelência, irá, certamente, ressentir-se desse abrandamento da economia global, evidenciando igualmente reflexos negativos no sector ferro-portuário. Temos plena consciência de que esta crise só poderá ser contornada por países e empresas que melhor aproveitem a infinita capacidade humana para inovar e superar obstáculos. Todos aqueles que recorrerem à capitalização do uso das ferramentas tecnológicas e que além da correcta identificação das áreas e dos projectos de investimento - pelo seu carácter estratégico - sejam capazes de gerar resultados assinaláveis e elevados retornos, a curto e médio “The current crisis shows how wrong were the theories advanced by Bretton Woods and by other great international economic powers who, for decades, flew the banner of Milton Friedman’s ideology which assumes that markets regulate themselves and that governments are the problem and not the solution.” > The current economic conjuncture obliges us to reflect deeply on our business achievements and particularly on the challenges ahead of us, at a time when the world is undergoing an economic and financial crisis only comparable to the Great Depression of 1929. The world crisis thus resembles a tsunami which hits everywhere, and cannot be underestimated. Thus a good deal of ingenuity and creativity is required from all of us so that we can lessen the impact of this international crisis, caused by greed and unethical practices in the financial sector of the world’s largest economies. The international market is in retreat, and there is therefore a substantial reduction in imports by the large economies. This is, in turn, reflected in the gradual slackening in the production of minerals and other strategic resources generated in the hinterland of southern Africa. Mozambique, as a transit country par excellence, will certainly feel this slackening of the world economy, which will have equally negative effects on the rail and port sector. We are fully aware that this crisis can only be faced by countries and companies that make best use of the infinite human capacity to innovate and to overcome obstacles. All those who capitalise on the use of technology and who, apart from correctly identifying investment areas and projects – because of their strategic character – are able to generate noteworthy results and high returns, in the short and medium terms, will have unique opportunities of economic growth and social development. If in the past we adopted measures of austerity and great rigour, today, more then ever, this rigour and this austerity must be an individual and collective effort. We must be attentive to the unfolding of the crisis in all its aspects, gathering information, processing it and transforming it into knowledge so that we are not taken by surprise. We must have detailed knowledge of trade, the movement of international shipping, the typology of commodities and the evolution of the economic and financial situation, both in the region and in the great pillars of the world economy, so that we may assess pragmatically what impacts may be reflected, in the short and medium terms, on our economy. The current crisis shows how wrong were the theories advanced by Bretton Woods and by other great international economic powers who, for decades, flew the banner of Milton Friedman’s ideology which assumes that markets regulate themselves and that governments are the problem and not the solution. We say how wrong they were because today it is fundamental that governments and their institutions play a vital role in overcoming this crisis of incalculable and highly complex dimensions. Naíta Ussene prazos, irão proporcionar oportunidades únicas de crescimento económico e de desenvolvimento social. Se, no passado, adoptamos medidas de austeridade e de grande rigor, hoje, mais do que nunca, a prática desse rigor e dessa austeridade deve representar uma atitude individual e colectiva. Devemos estar atentos ao evoluir da crise em todas as suas vertentes, colhendo informação, processando-a e transformando-a em conhecimento para que não sejamos apanhados de surpresa. Temos de conhecer em detalhe as trocas comerciais, o movimento dos navios internacionais, a tipologia dos commodities e o evoluir da situação económico-financeira, quer na região quer nos grandes pilares da economia mundial, para podermos avaliar com pragmatismo quais os impactos que, a curto e médio prazos, poderão reflectir-se na nossa economia de forma determinante. A actual crise demonstra quão erradas estavam as teorias propaladas por Bretton Woods e por outras grandes potências económicas internacionais que, durante décadas, levantaram a bandeira da ideologia de Milton Friedman, que assume que os mercados se regulam a si próprios e que os governos representam o problema e não a solução. Dizemos quão erradas estavam porque, hoje, é fundamental que os governos e suas instituições joguem um papel vital no superar desta crise de dimensões incalculáveis e altamente complexas. É importante que o Banco Mundial, e demais instituições de crédito internacionais, assumam a necessidade de apoiarem os governos e o sector público, para que estes possam também estimular o desenvolvimento do sector privado. Devemos, entretanto, enaltecer o apoio que os nossos parceiros de financiamento nos têm prestado, sem o qual não teríamos concretizado alguns dos nossos programas. Os sectores público e privado, como referimos, precisam de apoios multifacetados dos governos e suas instituições, através de mecanismos de natureza fiscal e orçamental que fomentem a criação de emprego numa economia como a nossa que ainda é frágil. Estejamos atentos porque não queremos desemprego no nosso sector e nos sectores com os quais interagimos. A prudência e a moderação sempre nor- 3 Carta do PCA>Letter from the Chaiman “É importante que o Banco Mundial e demais instituições de crédito internacionais assumam a necessidade de apoiarem os governos e o sector público, para que estes possam também estimular o desenvolvimento do sector privado.” tearam esta casa na aplicação eficiente de planos e programas definidos pelo nosso Governo. Daí a nossa importância como Empresa Pública. Com a crise internacional que se abateu sobre a economia global, temos plena consciência de que alguns dos nossos investimentos poderão sofrer deslizes, sendo necessário que repensemos neles bem como no nosso plano de negócios para que os mesmos sejam mais realistas e exequíveis. As estatísticas internacionais divulgadas pelas grandes agências mostram uma queda acentuada do tráfego marítimo internacional. Para contornarmos estes obstáculos, exige-se que sejamos mais rigorosos e pró-activos de modo a que os nossos objectivos e metas empresariais sejam alcançados. O sinal da crise é claro. Maus dias se auguram. Contudo, abrem-se janelas de oportunidades, uma vez que alguns dos portos concorrentes se encontram bastante congestionados e apresentam níveis de eficiência muito longe do desejável. Nós temos a obrigação de tirar proveito comercial dessa ineficiência. Devemos seguir de perto os nossos clientes, pois são a razão da nossa existência. Devemos racionalizar ao máximo os recursos disponíveis e incutir o espírito de disciplina, austeridade e responsabilidade nos nossos colaboradores e gestores, a todos os níveis. Terminada a reestruturação da Empresa e num quadro de um CFM totalmente racionalizado, podemos, finalmente, contar com um novo Regulamento Interno, um importante instrumento de gestão, que resultou desta dinâmica sócio-laboral de discussão interna e de participação colectiva a todos os níveis. O novo Regulamento Interno é produto do esforço e da contribuição de todos os trabalhadores, e resulta de inúmeras discus- 4 sões e debates pois a intenção era que o mesmo reflectisse, exactamente, as preocupações e os anseios dos trabalhadores ferro-portuários. A sua rigorosa e correcta aplicação por todos - e a todos os níveis - afigura-se crucial para atingirmos os objectivos empresariais e sociais que desejamos ver alcançados. A introdução de novos instrumentos normativos visa estabelecer novos procedimentos na gestão dos recursos humanos, onde a progressão nas carreiras profissionais irá obedecer a critérios de concurso e avaliação de desempenho, com base em normas a serem previamente estabelecidas. Para que a avaliação de desempenho seja realizada de forma estruturada e rigorosa, criámos uma Comissão de Trabalho, que integra profissionais experientes, com a responsabilidade de garantir a sua efectiva implementação. Esperamos uma grande entrega e dedicação de todos de modo a que, cada um, se sinta parte do sucesso que possamos alcançar. Esta nova filosofia de avaliação de desempenho permite que desenvolvamos o conceito de responsabilização profissional de cada um, a fim de distinguir e estimular os mais empenhados. É preciso recompensar os profissionais que trabalham mais, os que rasgam a camisola e não olham para o relógio quando é necessário trabalhar, mas também é preciso penalizar quem não tem desempenho e quem não se aplica. Só com o empenho, trabalho árduo e muita dedicação, poderemos melhorar a nossa vida individual e colectiva. Hoje temos uma empresa estável e sustentável e, por isso, embarcámos num programa de investimentos para dar resposta ao nosso plano estratégico. O CFM está em processo de consolidação do sistema informatizado integrado de gestão - PHC, que constitui, sem dúvida, It is important that the World Bank and other international credit institutions take on board the need to support governments and the public sector, so that these can also stimulate the development of the private sector. We should, however, praise the support that our funding partners have granted us, without which we would not have implemented some of our programmes. The public and private sectors, as we mentioned, need multi-faceted support from governments and their institutions, through fiscal and budgetary mechanisms that stimulate job creation in an economy such as ours which is still fragile. Let us be attentive, since we do not want unemployment in our sector and in the sectors with which we interact. Prudence and moderation have always guided this company in the efficient application of the plans and programmes defined by our Government. Hence our importance as a Public Company. With the international crisis that has struck the world economy, we are fully aware that some of our investments may suffer setbacks. We must rethink them as well as our business plan, so that they are more realistic and achievable. The international statistics published by the large agencies show a sharp drop in international maritime traffic. Overcoming these obstacles demand that we be more rigorous and pro-active so that our business objectives and targets may be achieved. The signs of crisis are clear. These are auguries of bad days ahead. However, windows of opportunities are opening, since some of the competing ports are very congested and have levels of efficiency which are far from those desired. We have the duty to take commercial advantage of this inefficiency. We must follow our clients closely, since they are the raison d’etre of our existence. We should rationalise to the maximum the available resources, and inculcate the spirit of discipline, austerity and responsibility in our workers and managers at all levels. With the restructuring of the Company at an end, and in the framework of a totally rationalised CFM, we can finally count on a new set of internal regulations, an important management instrument, resulting from this dynamic of internal discussion and collective participation at all levels. The new Internal Regulations are the product of the efforts and contribution of all the workers and result from countless discussions and debates since the intention was exactly that they should reflect the concerns of the rail and port workers. Their rigorous and correct application by all of us - and at al levels – is crucial for us to attain the business and social objectives that we wish to achieve. The introduction of new normative instruments seeks to establish new procedures in the management of human resources, where progress along professional careers will obey criteria of competition and performance assessment, based on norms to be previously established. For performance assessment to be undertaken in a structured and rigorous fashion, we have set up a Working Commission which includes experienced professionals with the responsibility of guaranteeing its effective implementation. We are expecting great commitment and dedication from all, so that each and every one of us feels part of the success that we can achieve. This new philosophy of performance assessment allows us to develop the concept of holding each worker professionally responsible, in order to distinguish and encourage the most committed. We must reward the professionals who work hard, who tear their shirts and don’t look at the clock when it is necessary to work – but we must also penalise those whose performance is poor, and who don’t apply themselves. Only with commitment, hard work and a great deal of dedication will we be able to improve our individual and collective life. Today, we have a stable and sustainable company and so we are embarking on an investment programme in response to our strategic plan. CFM is consolidating the computerised integrated management system (PGC) which is, without a doubt, an important pillar for the development of the quality and efficiency of our management. This 5 Carta do PCA>Letter from the Chaiman um importante pilar para o desenvolvimento da qualidade e eficiência da nossa boa gestão. Este sistema está a ser implementado com sucesso em todas a direcções executivas, possibilitando o exercício rigoroso de uma gestão humana, financeira, operacional e patrimonial. Investimos cerca de 20 milhões de dólares de recursos próprios para reabilitar a linha de Ressano Garcia e outras infra-estruturas importantes para o nosso pleno funcionamento. Procedemos, igualmente, a investimentos na área dos equipamentos de suporte tecnológico, quer de gestão quer de exploração operacional. É imprescindível que melhoremos a nossa capacidade de tracção para podermos responder à demanda de tráfego proveniente de todos os países sob a zona de influência do Porto de Maputo. Estamos a investir no sentido de aumentar a capacidade do Terminal de Petróleo do Porto de Maputo para oito milhões de metros cúbicos/ano. Também temos que criar uma reserva estratégica neste porto e em Ponta Dobela, que é um dos projectos de expansão portuária que temos em carteira. Paralelamente ao esforço em curso de dragagem do canal de acesso ao Porto da Beira, concluímos, com sucesso, negociações que visam o financiamento para a aquisição de uma nova draga oceânica e a reabilitação do trem naval do Porto da Beira, no valor de 35 milhões de euros. Por outro lado, foram já mobilizados os financiamentos requeridos para os trabalhos de dragagem de emergência do canal de acesso àquele importante e estratégico porto. Todos os esforços estão sendo desenvolvidos no sentido de aprofundarmos os canais de acesso e construir um terminal dedicado ao manuseamento do carvão de Moatize, que irá ser exportado - segundo projecções dos operadores do sector - em quantidades equivalentes a 20 milhões de toneladas por ano, uma meta a ser atingida num horizonte de 10 anos, aproximadamente. Uma palavra de apreço vai, com certeza, dedicada ao Banco Europeu de Investimentos, pela sua flexibilidade e prontidão na análise dos projectos e mobilização dos financiamentos requeridos, no montante de cerca de 65 milhões de euros. Ainda no plano dos investimentos, devo salientar que reabrimos, em 2008, a ligação ferroviária entre o Porto da Beira e a Vila de Marromeu, na estratégica Linha Férrea de Sena. A reconstrução desta linha representa o desencravar do Vale do Zambeze e a concretização de um sonho de 26 anos. Continuamos a trabalhar arduamente na perspectiva de que as obras de reconstrução daquela via férrea venham a ser concluídas ainda no decurso de 2009, conforme o previsto. Como tal, a empresa concessionária do Sistema Ferroviário do Centro deve imprimir uma maior dinâmica por forma a cumprir com os prazos estabelecidos. É fundamental para o País e para a Região que esta Linha seja inseminadora do desenvolvimento económico, social e humano, de que tanto necessitamos. O futuro da nossa empresa depende das decisões que tomamos no presente. Temos de ser bastante prudentes face à crise que paira na economia internacional. Em todos os nossos actos de gestão deverão estar presentes a austeridade e a racionalidade. # system is being implemented successfully in all the executive directorates, making possible the rigorous exercise of human, financial, operational and asset management. We have invested about 20 million dollars of our own resources to rehabilitate the Ressano Garcia Line and other infrastructures that are important for our complete functioning. We are also undertaking investments in technological support equipment, both for management and for operations. It is indispensable that we improve our traction capacity so that we can respond to the demand of traffic from all the counties that fall within the influence of the Port of Maputo. We are investing to increase the capacity of the Maputo Port Fuel Terminal to eight million cubic metres a year. We must also create a strategic reserve in this port and at Ponta Dobela, which is one of the port expansion projects that we have in our portfolio. Alongside the efforts under way to dredge the Beira Port Access Channel, we have successfully concluded the negotiations seeking finance to acquire a new, oceanic dredge and to rehabilitate the Beira Port naval equipment to the value of 35 million euros. Furthermore, the funding has already been mobilised for the emergency dredging of the access channel to that important and strategic port. All efforts are being made to deepen the access channels and build a dedicated terminal to handle exports of the coal from Moatize. Within 10 years the amounts of coal to be exported will be 20 million tonnes a year, according to the projections made by the mining companies. Certainly a word of appreciation is owing to the European Investment Bank, for its flexibility and readiness to analyse projects and mobilise the required funds, to the sum of around 65 million euros. Also in the investment plan, I should stress that we reopened, in 2008, the rail link between the Port of Beira and the town of Marromeu, on the strategic Sena Rail Line. The rebuilding of this line means unblocking the Zambezi Valley, and is the achievement of a 26 year old dream. We are continuing to work hard so that the reconstruction of the Sena Line will be completed in 2009, as envisaged. To this end the company holding the concession on the Central Rail System should impress greater dynamic on the work in order to comply with the established deadlines. It is fundamental for the country and for the region that this line should stimulate the economic, social and human development that we so greatly need. The future of our company depends on the decisions we take in the present. We must be very prudent faced with the crisis hanging over the international economy. Austerity and rationality must be present in all our acts of management. # 6 João Costa Entrevista>Interview Actividade em crescendo, apesar das dificuldades Activity growing, despite difficulties por/by António Libombo Rui Fonseca, PCA dos CFM, sublinha as opções estratégicas e as apostas feitas, a médio e longo prazos, no âmbito das comunicações alimentadas pelos portos e caminhos de ferro, analisando o actual contexto económico-financeiro, bem como o resultado do programa de concessões de infra-estruturas ferro-portuárias, encetado em prol do desenvolvimento do país. Xitimela - Como tem decorrido a actividade dos portos e caminhos de ferro em Moçambique? Rui Fonseca - Nos últimos dez anos, o movimento dos nossos portos tem vindo sempre a crescer. Mesmo este ano, apesar dos problemas que existem ao nível de comércio internacional pela quebra de produção dos países importadores mais importantes, da Europa, da Ásia ou da América, e consequentemente da diminuição dos seus volumes de importação, denotamos que tanto as importações como as exportações de Moçambique e da Região continuam a subir nos portos moçambicanos. Rui Fonseca, the chairman of CFM, stresses the strategic options and the decisions made, in the medium and long term, in the context of the communications fed by the ports and railways, analysing the current economic and financial context, as well as the result of the programme of leasing out rail and port infrastructures, undertaken for the development of the country. Xitimela – How has the activity of the ports and railways in Mozambique developed? Rui Fonseca – Over the last ten years, the traffic in our ports has always 7 João Costa Entrevista>Interview 8 Em 2008, movimentámos nos portos moçambicanos um total de cerca de 12 milhões de toneladas. Já nos primeiros três meses deste ano, verificámos um crescimento de 16% em relação ao período homólogo do ano transacto. Deste modo, o cenário é positivo embora tenhamos de nos manter atentos. A crise internacional já está a afectar a África do Sul, que, embora não seja o único país cliente do Porto de Maputo, uma vez que também servimos a Swazilândia, o Zimbabwe e o Botswana, a carga em trânsito é a que maior peso assume neste porto, para além do nosso próprio país. Quanto ao Porto da Beira, que serve o Zimbabwe, o Malawi, a Zâmbia, a República Democrática do Congo e o Botswana, tem-se verificado igualmente um crescimento. O Porto de Nacala é o único onde não se tem verificado crescimento. O tráfego do Malawi é incipiente e, apesar do tráfego interno de Moçambique ter crescido, o somatório resulta num ligeiro decrescimento. Na generalidade, os principais três portos moçambicanos têm registado um franco crescimento nestes primeiros meses, face ao período homólogo do ano passado. X - Pode dizer-se que este crescimento é proporcional ao volume de investimentos que a empresa tem estado a realizar na modernização das suas infra-estruturas? RF - Acabámos de reabilitar a Linha de Ressano Garcia que liga o porto de Maputo à África do Sul, reabilitámos, há dois anos, a Linha do Limpopo, que nos liga ao Zimbabwe e ao Botswana. Há cinco anos, reabilitámos completamente a Linha de Goba, que nos liga à Swazilândia, e ainda estamos a reabilitar na Beira a Linha de Machipanda, que nos liga ao Zimbabwe, e que tinha sido reabilitada há 15 anos. É evidente que todas estas intervenções estão ligadas ao desenvolvimento das infraestruturas de ligação ferroviária e dos próprios terminais portuários. Visando um desenvolvimento a médio prazo, cerca de 15 anos, temos em curso a reconstrução de raiz da Linha de Sena, que liga o porto da Beira à vila de Moatize onde se encontra localizado o grande potencial de carvão. De acordo com os estudos que possuímos, esperamos que em cinco anos o carvão atinja cerca de 10 a 12 milhões de toneladas e, nesse sentido, já lançámos o concurso para a constru- been growing. Even this year, despite the problems in international trade caused by the drop in production in the most important importing countries, in Europe, Asia or America, and hence a drop in the volume of goods they import, we have noted that both imports and exports, from Mozambique and from the region, are continuing to rise in Mozambican ports. In 2008, Mozambican ports moved a total of about 12 million tonnes. But already in the first three months of this year, we noted a growth of 16% compared with the same period last year. Thus the scenario is positive, although we have to remain watchful. The international crisis is now affecting South Africa. Although South Africa is not the only country that uses Maputo Port, since we also serve Swaziland, Zimbabwe and Botswana, it should be noted the South African transit cargo has the greatest weight in the port, apart from the cargo of our own country. As for the Port of Beira, which serves Zimbabwe, Malawi, Zambia, the Democratic Republic of Congo and Botswana, there has also been growth, Nacala is the only port where there has not been growth. The Malawian traffic is incipient and although the Mozambican domestic traffic has grown, the sum shows a slight decline. In general, the three main Mozambican ports have recorded growth in these first months, compared with the same period of last year. X – Can it be said that this growth is proportional to the volume of investments that the company has been making in modernising its infrastructures? RF – We have just rehabilitated the Ressano Garcia Line which links the Port of Maputo to South Africa. Two years ago we rehabilitated the Limpopo Line, which links Maputo to Zimbabwe and to João Costa “O caso da Beira deve ser enfatizado, pois há um acréscimo de valor e a parceria é bastante positiva, o que não sucede com as restantes.” ção de um terminal completamente novo e independente para o manuseamento do carvão no Porto da Beira. Ainda este ano, iremos iniciar as dragagens do Porto da Beira de modo que possam atracar naquele porto navios de grande calado. X - Qual a dimensão dos navios que está a ser considerada para o Porto da Beira? RF - Estamos a considerar entre 70 a 80 mil toneladas – o chamado panamax size. Não consideramos ir às 120 mil toneladas, pois o Porto da Beira é um porto estuário e como tal, do ponto de vista de dragagens, dragar até esse nível é tecnicamente possível mas proibitivo em termos de custos, não fazendo qualquer sentido económico ou financeiro. X - O CFM é um forte promotor da economia regional. Qual o envolvimento do Governo? RF - A totalidade das acções do CFM desenvolve-se no quadro do programa de governação do Governo. Todos os nossos projectos acompanham a realização desse programa. Há uma sintonia e harmonização completa entre o programa do Governo e o programa de investimentos que estamos a levar a cabo. Contamos com o apoio do Governo a nível dos investimentos, pois apesar de sermos nós quem negoceia os financiamentos, estes são dados ao país e o Governo repassa-os através de acordos subsidiários de financiamento que subscreve connosco. A empresa não recebe subsídios governamentais e tem de funcionar numa óptica comercial, através de uma gestão que permita gerar o rendimento necessário para fazer face aos investimentos e ao reembolso dos financiamentos que foram mobilizados para investir nas infra-estruturas. X - Como é que o CFM encara as parcerias público-privadas que se têm desenvolvido no sector ferro-portuário? RF - Desde há muito tempo que estamos a fazer parcerias e somos pioneiros em África, diria até que em grande parte do mundo, pois são muito poucos aqueles que incorrem neste tipo de parcerias nas Botswana. Five years ago we completely rehabilitated the Goba Line, which links us to Swaziland, and in Beira were are still rehabilitating the Machipanda Line to Zimbabwe, and which had been rehabilitated 15 years ago. It’s obvious that all these interventions are linked to the development of rail link infrastructures and of the port terminals themselves. Looking to development over the medium term, about 15 years, we have under way the complete rebuilding of the Sena Line, which links the Port of Beira to the town of Moatize where there is enormous coal potential. According to the studies we possess, we expect that within five years coal exports could reach 10 to 12 million tonnes a year, and so we have already launched a tender to build a completely new and independent coal handling terminal in Beira Port. Also this year, we shall start dredging the Port of Beira so that large ships can dock there. 9 Entrevista>Interview sitivos e a de casos negativos? RF - A percentagem de casos negativos é predominante. Dos quatro casos, apenas um é positivo: o Porto da Beira. Estes processos são muito complicados, assentes em modelos bastante complexos e torna-se imperativo saber escolher o parceiro. Se fizermos uma metáfora, é como quando se escolhe uma noiva para a vida, achamos que acrescentamos valor mutuamente, no entanto pode dar errado. E foi o que aconteceu nesta situação - não resultou como desejávamos em três casos e resultou muito bem em um. X - Mas, apesar disso, continuam interessados em fomentar parcerias? RF - Obviamente que sim, pois nós somos orientados comercialmente para o negócio e, como tal, somos partidários deste modelo. Continuamos a defender que as parcerias público-privadas são positivas, requerendo apenas que se atente nas escolhas e modelos das mesmas. Temos de ser bastante cuidadosos ao garantir que os parceiros são sérios e que acrescentam valor, caso contrário, a parceria fracassa. X - Qual é a mais-valia do CFM nas parcerias que constitui com os actores do sector privado nacional e estrangeiro? RF - A nossa mais-valia é o valor que te- X – What ship dimension is being considered for the Port of Beira? RF – We are considering between 70,000 and 80,000 tonnes – the so-called panamax size. We are not thinking of going up to 120,000 tonnes, because Beira is an estuary port, and as such dredging up to this level is technically possible, but prohibitive in terms of costs. It would not make any economic or financial sense. X - CFM is a strong promoter of the regional economy. What about the involvement of the Government? RF – All CFM’s activities take place within the framework of the government’s programme. All our projects are in line with achieving this programme. There is complete harmonisation between the government’s programme and the investment programme that we are undertaking. We count on support from the government in investment, because although we negotiate the investments, they are given to the country and the government passes them on through the subsidiary financing agreements that it signs with us. The company does not receive government subsidies and has to operate commercially, through a management that allows it to generate the necessary revenue to face the investments and reimburse the funding that was mobi- lised to invest in the infrastructures. X – How does CFM view the publicprivate partnerships which it has been developing in the rail and port sector? RF – We have been making partnerships for a long time, and we are pioneers in Africa, and indeed I would say in much of the world, because there are very few others who have embarked on this kind of partnership in ports and railways. In the region there are no others. In South Africa, for example, the sector is totally state-owned. There were some experiences in other African countries, but they were not positive. Our experience is mixed: in João Costa áreas dos portos e caminhos de ferro. A nível regional não existem nenhuns actores, a África do Sul, por exemplo, é totalmente estatal. Foram feitas algumas experiências noutros países africanos mas não se revelaram positivas. A nossa experiência é mista: na área das parcerias público-privadas temos casos positivos e outros negativos, dependendo fundamentalmente se os parceiros acrescentam valor, ou não. O caso da Beira deve ser enfatizado pois há um acréscimo de valor e a parceria é bastante positiva, o que não sucede com as restantes parcerias. X - Qual é a percentagem de casos po- 11 “Visando um desenvolvimento a médio prazo, cerca de 15 anos, temos em curso a reconstrução de raiz da Linha de Sena, que nos ligará da Beira até Moatize, onde se encontra localizado o grande potencial de carvão. De acordo com os estudos que possuímos, esperamos que em cinco anos o carvão atinja cerca de 10 a 12 milhões de toneladas e, nesse sentido, já lançámos o concurso para a construção de um terminal completamente novo e independente para o carvão”. 12 João Costa Entrevista>Interview João Costa mos. O valor que temos actualmente quer na economia nacional, nos activos da empresa, nos fundos próprios da empresa, quer no negócio que geramos como na rentabilidade que temos, esse é o melhor indicativo para se estabelecerem parcerias. É o valor do nosso negócio, e há quem pense nele para obter benefícios pessoais, achando que o sector público pode ser negligenciado. Actualmente, se considerarmos a crise económica mundial à escala global, verificamos o quão importante isto é e como teorias como as de Milton Friedman ou do Banco Mundial não estavam correctas. Já constatámos que o mercado não se regula a ele próprio, sendo cada vez mais importante a intervenção dos governos e das suas instituições. É, igualmente, importante um sector privado sério, empreendedor e não diletante para que não se destrua a economia. Neste momento, a economia de mercado encontra-se em risco graças a um grupo de indivíduos que foram diletantes, não respeitaram os interesses dos outros biliões de pessoas. Não deixa de ser interessante verificar isto... Note-se que não estou contra a economia de mercado. Eu sou um seu defensor mas a mesma tem de ser controlada e prudencial. A economia de mercado tem de ter procedimentos prudenciais muito claros, sob pena de se tornar um desastre. Já há muitos anos atrás John Galbright e Samuelson defendiam a tese recentemente reiterada pelo Nobel Paul Kruman. X - A médio prazo quais são os projectos do CFM e quais as suas principais prioridades e estratégias? RF - Há uma estratégia delineada e traçada que acompanha outros sectores infraestruturais e da economia. O sector dos transportes e comunicações deve ser encarado como um sector que, por vezes, está a montante de outros. É necessário pensar na expansão mais a Sul. Nesse sentido, é uma prioridade construir a Sul de Maputo o Porto de Ponta Dobela, que é um porto de águas profundas e que visa, fundamentalmente, estabelecer uma base sólida e estratégica de produtos energéticos derivados do petróleo. Gostaríamos, igualmente, de ver presente nesta zona a construção de uma central energética, produtora de energia não somente para suprir as necessidades the area of public-private partnerships, we have positive cases and negative ones, depending fundamentally on whether the partners add value or not. The case of Beira should be stressed, because here there is added value, and the partnership is very positive, but the same cannot be said for the other partnerships. X – What is the percentage of negative and positive cases? RF – The negative cases are predominant. Of four cases, only one is positive: the Port of Beira. These processes are very complicated. They rest on very complex models, and it is imperative to know how to choose your partner. To use a metaphor, it is like when you choose a bride for life. We think we are adding value mutually, but it might be a mistake. That’s what happened in this situation – it didn’t work out as we wanted in three cases, but it worked very well in one. X – But despite this, are you still interested in encouraging partnerships? RF – Obviously yes, because we are oriented commercially towards the business, and as such, we are partisans of this model. We still argue that public-private partnerships are positive, requiring only that care be taken in the choices and models. We have to be very careful in guaranteeing that the partners are serious and that they add value, otherwise the partnership fails. X – What is the added value of CFM in the partnerships it forms with national and foreign private stakeholders? RF – Our added value is the value that we have. The value we have currently in the national economy, in the company’s assets, in the company’s own funds, both in the business we generate and in the profitability we have, that is the best indicator we have for establishing partnerships. It’s the value of our business, and there are those who think about it just to obtain personal benefits, thinking that the public sector can be neglected. Currently when we think about the world economic crisis, we see how important it is that the theories of Milton Friedman or of the World Bank were not correct. We have found that the market does not regulate itself, and that the interventions of governments and their institutions are increasingly important. Also important is a serious enterprising private sector that is not full of dilettantes, so that the economy is not destroyed. Currently, the market economy is at risk, thanks to a group of people who were dilettantes and did not respect the interests of billions of other people. It’s very interesting to note this... Note that I am not opposed to a mar13 Entrevista>Interview termos de Governo está a apostar fortemente na indústria automóvel como mecanismo de apoio à crise, pois este sector tem um peso muito forte na sua economia e no número de empregos que gera. Do mesmo modo, o sector da construção também é gerador de empregos, tal como o do turismo, que tem um efeito multiplicador fantástico na regeneração da economia ao criar muitas empresas à sua volta e que contribuem para o funcionamento de todo o sistema. E Moçambique pode aproveitar esta vantagem dado este sector ter uma grande valência e potencial. Voltando aos projectos dos CFM: Neste momento, está em fase de prospecção no Botswana um carvão de grande qualidade e, ainda que os números sejam algo especulativos, fala-se em 40 milhões de toneladas por ano. Apesar de indicativo, o terminal do Porto de Ponta Dobela está a ter em consideração estes valores pois o Porto de Maputo, mesmo expandido, não terá capacidade de absorver tamanha carga, sendo o seu máximo de 25 milhões de toneladas. Ao falarmos nesta escala, e considerando os mercados que vão importar esse carvão, temos de pensar em navios grandes – cape size e o Porto de Maputo apenas comporta navios de 5.ª geração. É fundamental a expansão do Terminal de Contentores de Maputo e como Durban está congestionado, temos de ket economy. I am in favour of it, but it must be controlled and prudent. The market economy must have very clear prudential procedures otherwise it becomes a disaster. Many years ago, John Galbraith and Samuelson argued this thesis, which more recently has been repeated by the Nobel laureate Paul Kruman. X – In the medium term, what are CFM’s projects, its main priorities and strategies? RF – A strategy has been outlined and laid down that accompanies other infrastructural sectors of the economy, and the transport and communications sector should be viewed as a sector which is sometimes upstream of the others. It is necessary to think of expansion further south. Thus it is a priority to build the Port of Ponta Dobela, south of Maputo. This is a deep water port which fundamentally seeks to establish a solid and strategic base for petroleum-derived energy products. We would also like to see a power station built in this area, producing energy not only to meet the needs of Mozambique and its development, since the energy which is currently produced in the country is completely committed. If we want to advance, there must be other power stations, whether hydroJoão Costa de Moçambique e do seu próprio desenvolvimento, dado a energia que actualmente é produzida a nível nacional estar completamente esgotada. Se queremos avançar é necessário que existam outras centrais, sejam hidroeléctricas, térmicas, a gás ou a carvão, mas importa haver mais produção de energia. Agora temos de nos focar na região Sul, onde há grandes projectos como o de titânio que se encontra suspenso e não é por falta de demanda, pois é um minério estratégico no mercado internacional. A nível mundial a procura e o preço do titânio não oscilaram muito, ao contrário do que sucedeu com o alumínio que sofreu bastante. No entanto, estou convencido que esta oscilação será por pouco tempo e que depois de 2012 a crise estará ultrapassada. Quanto a mim, esse será o ano limite para vencermos a crise desde que todos saibamos aplicar bem os nossos recursos. Se estes forem devidamente aplicados, especialmente os financeiros, em projectos de grande viabilidade, de geração de emprego (fundamental para criar uma boa base de consumo), as indústrias terão necessariamente de se reestruturar, como é o caso do Japão, um mercado claramente em recessão, ou da indústria automóvel dos Estados Unidos, que do ponto de vista tecnológico é algo antiga. Existem países com uma economia muito forte, como é o caso da alemã, que em 14 aproveitar esta oportunidade estratégica de expandir o terminal de modo a termos direct calls dos grandes navios ao Porto de Maputo. Além do mais, através do nosso market research, sabemos que estão a ser desenvolvidos grandes projectos na África do Sul que apontam para volumes que, nos próximos 15 anos, poderão atrair cerca de 25 milhões de toneladas para o Porto de Maputo, bem como não podemos esquecer que a zona de influência deste Porto é uma zona de magnetite e de carvão. Desta forma, para além da expansão do Porto com um terminal dedicado, é prioritário expandir o actual terminal de carvão e construir um terminal especializado só para magnetite. Um projecto que já se encontra em curso, também ele estratégico e orientado para as necessidades do hinterland nacional e internacional, é a expansão do terminal de petróleos do Porto de Maputo, onde há investimento estrangeiro - por exemplo, a Odfjell, que é o maior armador e operador de produtos petrolíferos ou derivados de produtos de petróleo e petroquímicos, vai fazer aqui um grande investimento em conjunto com os CFM na construção de um segundo terminal só para esse efeito. Também o IPG, um grupo do Kuweit, vai-se envolver em investimentos conjuntos na expansão da tancagem, que exige este investimento que estamos a fazer agora pois o terminal actual tem uma capacidade de três milhões de toneladas e com o novo vamos aumentar a sua capacidade para oito milhões. Iremos ainda construir mais um terminal para produtos petrolíferos, químicos, de petroquímica, ou óleos vegetais que posteriormente poderão derivar em biocombustíveis que têm tido uma grande demanda. Aqui está uma grande parceria público-privada em cur- electric or gas or coal fired, but it is important that there should be more energy generation. Now we have to focus on the south, where there are large projects such as the titanium mining which is suspended, and not for lack of demand, since this is a strategic mineral on the world market. Internationally, titanium demand and prices do not oscillate much, unlike what has happened with aluminium which has suffered greatly. However, I am convinced that this oscillation will be temporary and that after 2012 the crisis will be overcome. For me, this year will be the deadline for us to overcome the crisis, as long as we all know how to use our resources properly. If these, particularly the financial resources, are properly applied in viable projects, which generate employment (fundamental for creating a good basis of consumption) industries will necessarily have to be restructured, as in Japan, a market clearly in recession, or the automobile industry in the United States, which from the technological point of view is rather outdated. There are countries with a very strong economy, such as Germany, where the government is betting heavily on the automobile industry as a support mechanism, since this sector has a very strong weight in its economy and in the number of jobs it creates. Similarly the building sector also generates employment, as does tourism, which has a fantastic multiplier effect in regenerating the economy by creating many companies around it that contribute to the functioning of the entire system. And Mozambique could make use of this advantage since this sector has such great value and potential. Getting back to CFM’s projects: right now, high quality coal is being explored in Botswana and, although the numbers are still somewhat speculative, there is talk of 40 million tonnes a year. Although indicative, the terminal at the Ponta Dobela Port must take these figures into consideration, since the Port of Maputo, even expanded, will not have the capacity to absorb so João Costa “A construção de um quilómetro de linha férrea custa entre 200 a 400 mil dólares e, caso o terreno seja acidentado e implique a construção de túneis e pontes, este custo ascende até aos 10 milhões de dólares por quilómetro. Estas são as obras públicas mais caras que existem e os seus custos são exorbitantes, o que torna tudo muito complicado!” 15 Entrevista>Interview so. E é desta forma que se deve fazer: modelos muito claros e orientados para assuntos muito específicos. Em termos ferroviários o nosso foco tem sido a segurança ferroviária, à qual estamos, actualmente, a modernizar e a introduzir sistemas de comunicação e controlo de circulação via-satélite. Almejamos ainda o aumento da nossa frota de vagões e locomotivas. X - A construção de uma linha que ligue o Norte ao Sul do País é uma realidade ou ficção? O que está previsto? RF - Para nós, esse é um projecto a longo prazo. A curto, médio prazo, antes de começarmos a construir novas linhas, é prioritário pôr a funcionar as actuais infra-estruturas ao seu máximo rendimento e capacidade. A construção de um quilómetro de linha férrea custa entre 200 a 400 mil dólares e, caso o terreno seja acidentado e implique a construção de túneis e pontes, este custo ascende até aos 10 milhões de dólares por quilómetro. Estas são as obras públicas mais caras que existem e os seus custos são exorbitantes, o que torna tudo muito complicado! Numa visão de futuro, daqui a 50 anos gostaria muito que o meu país estivesse unido por uma linha férrea de Norte a Sul e deixarmos de ter uma orientação Este-Oeste nas nossas linhas. Mas isto é um sonho, e todos devemos sonhar mas com realismo, pois o mais importante a fazer é colocar as infra-estruturas existentes a funcionarem ao serviço da sociedade, da nação, da economia nacional e regional ao máximo da sua eficiência e capacidade. A duplicação da Linha de Ressano Garcia já está a ser planeada e temos um projecto pelo que, quando virmos que há volumes garantidos e que o investimento tem retorno, avançaremos. Devemos fazer somente aquilo que vale a pena. O nosso plano estratégico é a 15 anos. Já se realizaram muitos estudos nesta casa para unir o Sul ao Norte do País. No entanto, teremos de avaliar quando será o momento mais oportuno para avançarmos. # 16 much cargo, since its maximum is 25 million tonnes a year. When talking on this scale, and considering the markets that will import this coal, we have to think about large ships – cape size - and the Port of Maputo can only take 5th generation ships. It is fundamental to expand the Maputo Container Terminal. Since Durban is congested, we have to take advantage of this strategic opportunity to expand the Terminal so that we have direct calls of large ships at Maputo Port. Furthermore, through our market research, we know that large projects are being developed in South Africa which point to volumes that, in the next 15 years, could attract about 25 million tonnes to the Port of Maputo, and we cannot forget that the zone of influence of this Port is a zone of magnetite and coal. Thus, apart from expanding the Port with a dedicated terminal, it is a priority to expand the current coal terminal and build a specialised terminal solely for magnetite. A project that is already under way, and is also strategic and oriented to the needs of the national and international hinterland, is the expansion of the Maputo Port Fuel Terminal, where there is foreign investment - for example, Odfjell, which is the largest owner and operator of fuel tankers will make a major investment here with us in building a second terminal just for this purpose. Also IPG, a Kuwaiti group, will be involved in joint investment to expand tank capacity, which requires this investment we are undertaking now, because the current terminal has a capacity for three million tonnes, and with the new one we shall expand its capacity to eight million tonnes. We shall also build a further terminal for oil, chemical and petrochemical products or vegetable oils that can later be turned into biofuels, which have been in great demand. Here a major public-private partnership is under way. And this is how things should be done: very clear models, oriented towards very specific goals. As for the railways, our focus has been on rail safety, which we are currently modernising. We are introducing systems of communication and traffic control via satellite. We also want to increase our fleet of wagons and locomotives. X – The construction of a line linking the north and south of the country is reality or fiction? What is envisaged? RF – For us, this is a long term project. In the short and medium term, before we start building new lines, the priority is to ensure that the current infrastructures are operating to their maximum income and capacity. The construction of a single kilometre of railways costs between 200,000 and 400,000 dollars, and if the terrain is uneven and implies the building of tunnels and bridges, this cost rises to 10 million dollars per kilometre. These are the most expensive public works that exist. Their costs are exorbitant, which makes everything very complicated! In a future vision, 50 years in the future, I would greatly like my country to be united by a north-south railway, and for us to cease to have an eastwest orientation of our lines. But this is a dream. We should all dream, but realistically, since the most important thing to do is to make the existing infrastructures work at the service of society, of the nation and of the national and regional economy to the maximum of their efficiency and capacity. The doubling of the Ressano Garcia Line is now being planned, and we have a project so that, when we see there are volumes guaranteed, and that the investment will have a return, we shall advance. We should do only that which is worth while. Our strategic plan is for 15 years. Many studies have already been held to unite the south to the north of the country. However, we must assess when will be the most opportune moment to do this. # João Costa Investimento>Investment Terminal de Combustíveis com mais capacidade em 2010 por/by Júlio Manjate The Fuels Terminal is to increase capacity in 2010 Em Maio de 2009 iniciou-se o projecto de ampliação da capacidade de manuseamento do Terminal de Combustíveis do Porto da Matola para 8,5 milhões de toneladas por ano. Espera-se que se iniciem ainda este ano as obras de remodelação e ampliação, que se prevêem durem 12 meses e custem cerca de 7 milhões de dólares. > A remodelação e ampliação deste terminal tem em vista responder à crescente demanda local e regional. As obras consistirão na reparação ou substituição dos seus sistemas defectivos de forma a repor a sua operacionalidade e aumentar a capacidade de bombagem, permitindo a exploração do Terminal com fiabilidade, segurança e eficiência, em linha com a regulamentação aplicável e as recomendações internacionais. Assim, durante 12 meses serão revistos, reparados ou substituídos braços articulados de carga e descarga, condutas e equipamentos associados, sistema de alívio de pressões, prevenção e combate à corrosão, infra-estrutura de cais, rede de distribuição eléctrica e sistema de iluminação. Serão igualmente renovados os sistemas de protecção e segurança, em estrita ob- servância das recomendações emitidas pelos organismos internacionais, em particular os de prevenção, detecção e combate a incêndio, contenção e mitigação de poluição marítima e controlo de acessos. Beneficiará também de reparação ou substituição o sistema de bombagem de recolha de produtos para os ‘slops’; o sistema de energia, incluindo os quadros de comando, protecção e controlo e a rede de distribuição associada. As obras incluirão a transferência da conduta de combustível que corre ao longo do parque de armazenagem de minérios para o exterior do perímetro da TCM; construção de uma estrada de serviço para a nova conduta; provisão de pessoal adequado, sua formação e treino, bem como a introdução de programas de capacitação e treino contínuo. The Fuels Terminal in the Port of Matola increased its handling capacity to 8.5 million tons per annum since May 2009. The renovation and expansion of the Terminal will began during this year and are expected to take 12 months to complete at an estimated cost of US$7 million. > The renovation and expansion of this Terminal has the final aim of satisfying the ever increasing demands of both the national and regional traffic. The works will include the repair or substitution of its systems which are defective so that they can once more be fully operational and to increase the pumping capacity, thus rendering its operation to be reliable, safe and efficient in accordance with the relevant regulations and international standards. Thus, during the period of the implementation of the Project, there will be the repair substitution of the loading and offloading articulated arms, pipes and other associated equipment, the pressure mitigation system, prevention and elimination of erosion, the quay’s 17 infrastructure, the electricity distribution network and the lighting system. Also, the protection and safety systems will be revamped in line with the international standards, especially in relation with prevention, detection and fight against fire, the containment and mitigation of maritime pollution and the control of accesses. The pumping system for products to the slops, electricity system (including the protection, protection and control panels) as well as the associated distribution network will also be repaired or totally replaced. The fuel pipeline running along the minerals stacking area will be transferred to outside the TCM perimeter and a road servicing the new pipeline will be built. There will be the recruitment and regular training of the appropriate staff. The Terminal is located in the Port of Matola near the Minerals Terminal at Lat.25º 58’5” and Long. 23º 34’ 2”. It has a berth covering an area of 150 m² and d’Alba defences which are positioned in such a way that they can permit the berthing of vessels of up to 240 m in length and its minimum depth is -12 m. Este Terminal de Combustíveis fica situa-do no Porto da Matola, junto ao Cais de Minérios, com as seguintes coordenadas: Lat. 25º 58’5” Long. 23º 34’2”. Dispõe de uma plataforma de acostagem com uma área de 150 m2 e duques d’Alba posicionados de forma a permitir a atracação de navios com 240 m de LOA, sendo a profundidade mínima de -12 m. O Terminal está equipado com 4 braços articulados de carga e descarga e um sistema de condutas que encaminha os produtos para os depósitos de armazenamento de firmas gasolineiras localizados a cerca de 1,600 m de distância. É propriedade dos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, E.P., sendo operado exclusivamente por pessoal do CFM-Sul. Em paralelo com a ampliação do Terminal de Combustíveis, decorrem, desde Janeiro deste ano, outras obras no Porto Industrial da Matola, nomeadamente a 18 construção de uma cerca no perímetro, conforme as disposições emanadas através do Código ISPS, prevendo-se que seja electrificada e parcialmente vigiada com cabo de fibra óptica, sendo os 2 portões de acesso controlados por câmaras de TV e a introdução de um sistema de controlo de acessos. Também consta das obras em curso e a concluir a construção de um Centro de Resposta de Emergência, dispondo de dispositivos para a vigilância do perímetro e controlo de acessos; recursos básicos para intervenção em caso de qualquer emergência – riscos de acidente, incêndio, intrusão e ambientais, bem como informação privilegiada sobre todos os operadores do Porto, i.e., recursos e capacidades conduzindo a sinergias na intervenção. Estas obras têm um custo estimado de um milhão cento e cinquenta mil dólares e um prazo de execução de doze meses. # It is equipped with 4 handling articulated arms and a piping system which leads to the tanks of the Oil Companies which are situated about 1.600 m away. It belongs to CFM and is exclusively operated by CFM-S’s employees. Meanwhile, other works are being carried out since January in the Industrial Port of Matola, namely, the construction of a wall going around the perimeter in accordance with the ISPS Code, which will be electrified and partially equipped with a fibre optic cable, 2 access gates controlled by TV cameras and a system for the control of accesses will be introduced. Also, an Emergency Control Centre equipped with the necessary material for the surveillance of the accesses, the necessary basic resources for responding to emergencies – accidents, fire, intrusion and environmental catastrophes as well as all information about the Port’s operators, i.e. their resources and capacities which will determine the form of intervention whenever necessary. The cost of these works is estimated at US$1, 150 thousand and the Project is expected to be completed within a period of twelve months. # João Costa João Costa Investimento>Investment Investimento>Investment Investimento>Investment Banco Europeu de Investimento financia obras do Corredor da Beira European Investment Bank finances Beira Corridor work por/by Júlio Manjate > O Banco Europeu de Investimento (BEI) colocou à disposição 65 milhões de Euros para reforçar o financiamento do projecto de reabilitação do Corredor da Beira, 42 milhões dos quais se destinam à conclusão das obras em curso na Linha Férrea de Sena, e os restantes 23 milhões à dragagem de emergência do canal de acesso ao Porto da Beira. O vice-presidente do BEI, Plutarchos Sakelaris, esteve recentemente em Moçambique e, na audiência concedida pelo presidente da República, Armando Guebuza, deu garantias sobre a disponibilidade daquela instituição financeira de apoiar outros projectos ligados ao desenvolvimento do sector de infra-estruturas no país. A contribuição do BEI é parte da resposta da comunidade internacional aos apelos lançados pelo Presidente da República durante as suas visitas de trabalho à Europa, durante as quais sempre procurou despertar o interesse dos empresários e agentes económicos locais pelo reforço dos investimentos em curso no sector ferro-portuário moçambicano. A reabilitação da Linha Férrea de Sena arrancou com um financiamento inicial de 152 milhões de dólares norte americanos, 104 milhões dos quais disponibilizados pelo Banco Mundial e os restantes 48 comparticipados pelos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM, E.P.) e pelo consórcio indiano Rites and Ircon. A propósito da sua visita a Moçambique, o vice-presidente do BEI assumiu que a sua instituição dá particular atenção às operações no nosso país, razão por que garantiu muito mais apoio será destinado aos mais variados sectores de desenvolvimento, sobretudo quando se trate de financiar projectos na componente desenvolvimento de infra-estruturas. A sua visão é de que, ajudando Moçambique a desenvolver as suas infra-estruturas o BEI estará não só a contribuir para o fortalecimento do país nesse aspecto, como também a estimular o crescimento da região como um todo. Essa, segundo Sakelaris, é uma das principais motivações da sua instituição no projecto do Corredor da Beira. Sobre o crédito concedido pelo BEI o Ministro das Finanças, Manuel Chang, disse que se trata do corolário de um processo iniciado há cerca de três anos, visando assegurar a reabilitação de toda a logística do Corredor da Beira. Segundo Chang, o financiamento adicional concedido vai permitir que a Linha de Sena chegue a Moatize até 2010, e garantir a dragagem do Porto da Beira. # 20 João Costa > The European Investment Bank (BEI) has made 65 million Euros available to strengthen the financing for the project to rehabilitate the Beira Corridor. 42 million euros are intended to conclude the work under way on the Sena Railway Line, and the other 23 million for emergency dredging of the Beira Port access channel. The deputy chairman of the BEI, Plutarchos Sakelaris, was recently in Mozambique and, in the audience granted by the President of the Republic, Armando Guebuza, gave guarantees of the willingness of that financial institution to support other projects linked to the development of infrastructures in the country. The contribution from the BEI is part of the international community’s response to the appeals made by the President of the Republic during his working visits to Europe, in which he always tried to awaken the interest of local businessmen and economic agents to step up the investments under way in Mozambican ports and railways. The rehabilitation of the Sena Railway Line took off with an initial funding of 152 million US dollars, 104 million of which were provided by the World Bank. The remaining 48 million came from Mozambique Railways (CFM,E.P.) and from the Indian Rites and Ircon consortium. With regard to his visit to Mozambique, the BEI deputy chairman said that his institution pays particular attention to operations in our country, which is why he guaranteed that much more support will be provided to the various sectors of development, particularly in terms of financing infrastructure projects. His vision is that by helping Mozambique develop its infrastructures, the BEI will not only contribute to strengthening the country in this area, but will also stimulate the growth of southern Africa as a whole. This, according to Sakelaris, is one of the main motivations of his institution in the Beira Corridor project. Speaking of the loan granted by the BEI, the Minister of Finance, Manuel Chang, said that it is a corollary of a process begun about three years ago, seeking to ensure the rehabilitation of the entire Beira Corridor logistics. According to Chang, the additional funding granted will allow the Sena Line to reach Moatize by 2010, and guarantee the dredging of the Port of Beira. # 21 Institucional>Institutional Desempenho operacional e financeiro CFM regista lucros de 163,5 milhões de Meticais Operational and financial performance CFM records profits of 163.5 million Meticais João Costa > No plano operacional, de Janeiro a Dezembro de 2008, o CFM teve um desempenho positivo na área portuária, tendo registado um crescimento de 5,0%, ao manusear 11.643,3 mil toneladas métricas, contra 11.086,0 mil toneladas métricas registadas no ano anterior. No que respeita à área ferroviária, foram transportadas 4.351,9 mil toneladas líquidas, contra 3.822,4 mil em 2007, o aue representou um crescimento de 13,9%. Nas linhas sob gestão dos CFM transportaram-se 3.806,1 mil toneladas líquidas (representando um aumento de 27.3%, comparativamente a igual período do ano anterior. Nas linhas sob a gestão de concessionários (CFM-Centro e CFM-Norte) foram tranportadas 545,8 mil toneladas. A nível do transporte ferroviário de passageiros foram transportados, du- 22 rante 2008, 2.078.209 passageiros, contra 1.720.456, em 2007, o que representa um crescimento de 20,8%. Os resultados financeiros provisórios, referentes ao exercício económico de 2008, indicam que a empresa facturou 2.241,60 milhões de Meticais e teve custos na ordem de 2.078,10 milhões de Meticais, sendo que obteve um resultado operacional de cerca de 163,51 milhões de Meticais. Os resultados positivos que a empresa tem vindo a registar poderão ser significativamente melhorados com o empenho e envolvimento de todos os trabalhadores. A rede ferroviária do Sul e as diversas unidades produtivas (ainda sob responsabilidade directa do CFM) estão sendo geridas com extremo rigor e eficiência. O rigor e a austeridade dentro da Empresa são hoje um princípio e uma prática assumida. # Desempenho nas Linhas sob gestão do CFM Desempenho nas Linhas sob gestão dos Concessionários Unidade: 103 Ton. líquidas Linha de Goba Linha de Ressano Garcia Linha do Limpopo Total Unidade: 103 Ton. líquidas 2008 2007 variação 673,1 463,9 +45,1% Linha de Machipanda 2.571,7 2.006,7 +28,2% Linha do Norte 244,9 290,5 -15,7% Total 545,9 833,5 -34,5% 561,2 518,3 +8,3% 3.806,1 2.988,9 +27,3% 103 Tonelas líquidas 103 Net Tonnes 3.500,0 R. CAR R. CAR 2.571,7 2.006,7 2.571,7 2.006,7 10 3 Tonelas métricas 10 3 Metric Tonnes -34.5% 16,2% 150.000 CFM-S CFM-S 3.806,1 2.988,9 3.806,1 2.988,9 CFM-C CFM-C 300,9 543,0 300,9 543,0 CFM-N CFM-N 244,9 290,5 244,9 290,5 50.000 TOTAL TOTAL 4.351,9 3.822,4 4.351,9 3.822,4 0,0 2008 2007 Manuseamento de Carga Manuseamento de Carga Handling of Cargo Handling of Cargo MAPUTO 74.792 63.764 BEIRA 85.716 71.167 5,0% 5,0% 6.000,0 6.000,0 4.000,0 4.000,0 2.000,0 2.000,0 QUELIM. 4.172 4.870 PEMBA M. DA PRAIA TOTAL 1.674 225.419 9.295 1.332 194.064 8.244 Manuseamento de Carga Handling of Cargo 12.000,0 8.000,0 8.000,0 NACALA 49.770 44.687 10.000,0 8.000,0 6.000,0 4.000,0 3 3 3 1010 Tonelas métricas Tonelas métricas 3 10 310 Metric Tonnes Metric Tonnes LIMPOP. LIMPOP. 561,2 518,3 561,2 518,3 10 Tonelas métricas 10 3 Metric Tonnes 3 10310 Tonelas líquidas Tonelas líquidas 3 Tonnes Net 10310 Net Tonnes TEU’S TEU’S GOBA GOBA 673,1 463,9 673,1 463,9 10.000,0 10.000,0 2008 2007 2008 2007 833.5 100.000 12.000,0 12.000,0 0,0 0,0 545.9 200.000 1.000,0 500,0 500,0 0,0 0,0 -44,6% 250.000 2.000,0 1.500,0 1.500,0 1.000,0 2008 2007 2008 2007 543,0 Manuseamento de Contentores Handling of Containers 13.9% 13.9% 3.000,0 2.500,0 2.500,0 2.000,0 300,9 3.000,0 1,720,456, in 2007, which is an increUnit: 103 net tonnes 2.500,0 ase of 20.8%. 2.000,0 Item 2008 2007 change 1.500,0 The provisional financial results for the 2008 financial year 1.000,0 show that the Goba line 673.1 463.9 +45.1% 500,0 company invoiced 2,241.6 0,0 million MeRessano 2,571.7 2,006.7 +28.2% TOTAL GOBA CFM-S CFM-C CFM-N R. CAR LIMPOP. ticais and had costs of 2,078.1 million2.571,7 Garcia 2008 673,1 561,2 line 3.806,1 244,9 300,9 4.351,9 2007 an 463,9 518,3 2.988,9 290,5 543,0 3.822,4 Meticais. Thus CFM made opera-2.006,7 Limpopo 561.2 518.3 +8.3% tional profit of about 163.51 million line Meticais. Manuseamento de Carga TotalHandling of Cargo 3,806.1 2,988.9 +27.3% The positive results that12.000,0 the company has been recording could be signifi10.000,0 cantly improved with the commitment Performance of the lines managed 5,0% and involvement of all 8.000,0 the workers. by concessionary companies The southern rail network 6.000,0 and the Unit: 103 net tonnes various productive units still under 4.000,0 2008 2007 change the direct responsibility of CFM are 2.000,0 Machipan300.9 543.0 -44.6% being managed with great rigour and da line 0,0 efficiency. Rigour and austerity within BEIRA QUELIM. M. DA PRAIA TOTAL NACALA MAPUTO 244.9PEMBA 290.5 -15.7% the Company is today a principle and 3.036,9Northern 1.045,9 19,6 11.643,3 2008 7.374,6 65,7 100,6 line 1,100,2 2007 15,6 11.086,0 6.826,0 2.961,1 85,7 97,4 a practice.# Transporte Ferroviário de Carga Transporte Ferroviário de Carga Rail Freighyt Transport Rail Freighyt Transport 4.000,0 3.500,0 3.500,0 3.000,0 variação Performance of the Lines under CFM management 13.9% 4.000,0 Total 4.500,0 4.500,0 4.000,0 2007 Transporte Ferroviário de Carga Rail Freighyt Transport 4.500,0 > On the operational level, from January to December 2008, CFM performed positively in the port area, recording growth of 5.0% in handling 11.6 million metric tonnes, against 11.09 million tonnes the previous year. As for the railways, 4.35 million net tonnes were transported compared to 3.82 million in 2007, which is a growth of 13.9%. In the lines under CFM management, 3.81 million net tonnes were transported an increase of 27.3%, when compared to the same period the previous year. While those managed by the concessionary companies (CFM-Centre and CFMNorth) moved 545,800 tonnes. Turning to rail passenger transport, in 2008 a total of 2,078,209 passengers were transported, against 2008 MAPUTO MAPUTO 7.374,6 6.826,0 7.374,6 6.826,0 BEIRA BEIRA 3.036,9 2.961,1 3.036,9 2.961,1 NACALA NACALA 1.045,9 1,100,2 1.045,9 1,100,2 QUELIM. QUELIM. 65,7 85,7 65,7 85,7 PEMBA M. DA PRAIA TOTAL TOTAL PEMBA PRAIA 11.643,3 100,6 M. DA19,6 15,6 11.086,0 97,4 19,6 11.643,3 100,6 15,6 11.086,0 97,4 2.000,0 0,0 Cab. / Coastal Int. Moç./Int. Moz. Trânsito/Transit Bald./Tranship Total MAPUTO 80,8 4.397,7 2.896,2 7,374,6 BEIRA 72,4 1.069,5 1.895,0 3.036,9 NACALA 58,5 699,4 252,6 35,3 1.045,9 QUELIM. 16,7 49,0 0,0 65,7 PEMBA M.DA PRAIA TOTAL 0,0 248,1 19,7 19,6 6.316,1 80,9 5.043,8 0,0 35,3 19,6 11.643,3 100,6 João Costa Institucional>Institutional Estação Ferroviária de Maputo A sétima mais bela do mundo por/by António Sopa Maputo Rail Station The seventh most beautiful in the world A Gare da Estação Central dos Caminhos de Ferro em Maputo foi considerada, pela revista americana «Newsweek», como a mais bela de toda a África e a sétima colocada numa lista que compreende nove estações ferroviárias eleitas, mediante monitoria especializada feita em todos os continentes. > A honrosa menção conferida por um dos mais prestigiados órgãos de informação internacionais, apresentando a estação ferroviária de Maputo como uma das mais belas do mundo, obriga-nos a recordar, em poucas linhas, a história da mesma. Os planos para a construção da actual estação ferroviária datam de 1904. Assim, sabe-se que no orçamento dos Caminhos de Ferro de 1906-1907 já se encontrava estabelecida uma verba de 24 40.000$000 réis para o novo edifício e tinha-se igualmente conhecimento que o plano do mesmo já tinha sido enviado para Lisboa para aprovação. Pelo que, repetidamente, é apresentado pela imprensa da época, estes planos iniciais foram elaborados pelo arquitecto Mário Veiga, da Direcção das Obras Públicas, «ajudado pelo Sr. Maroni, um construtor bem conhecido que estava nesta cidade por aquela ocasião». Lisboa viria a intro- > The American magazine “Newsweek” has described the Maputo Central Railway Station as the most beautiful in all of Africa, and lists it as seventh in a list of nine railway stations, chosen through specialist monitoring in all continents This honourable mention by one of the most prestigious of the international media, presenting the Maputo railway station as one of the finest in the world, obliges us to recall, in a few lines, its history. The plans for the construction of the current rail station date from 1904. In the budget for the railways for 1906- João Costa duzir profundas alterações nestes planos iniciais. Dizia-se então que o seu estilo era «idêntico ao da estação dos caminhos de ferro de Joanesburgo», com a diferença que a estação ferroviária de Lourenço Marques tinha um «frontispício mais vistoso e no interior uma passagem comunicando com a gare da estação». Para complemento da sua elegância e bom-gosto, a mesma está adornada com 3 cúpulas, sendo uma delas de grandes dimensões. A cúpula central, que encima a estação, tem sido erroneamente atribuída a Gustave Eiffel. Na verdade, aquele engenheiro construiu muito, e há a tendência de lhe atribuir de tudo um pouco e não importa o que quer que seja. Mas, no nosso caso, há a prova documental que a mesma foi executada na África do Sul, devido às dificuldades da mesma ser feita na Inglaterra devido aos efeitos da I Guerra Mundial. As obras da nova estação, em tijolo cozido e cimento, com uma frente de 51 metros, iniciaram-se em 1908, vindo a nova estação substituir a primitiva, de madei- ra e zinco (localizada um pouco mais baixo), e inaugurada em 1895 por Paulo Kruger. A sua conclusão viria a ocorrer em 19 de Março de 1910, sendo inaugurada em cerimónia informal, com a presença do governador-geral da altura. Nessa ocasião, as mais altas autoridades da colónia, e outras individualidades, deslocar-se-iam até à missão de S. José de Lhanguene, onde decorriam festividades destinadas à obtenção de fundos para as suas actividades. Obras importantes viriam ainda a ocorrer a partir de 1913, tendo-se alterado profundamente a fachada do mesmo, da autoria do arquitecto Ferreira da Costa (autor também do edifício do «Banco Nacional Ultramarino», demolido em 1958 e da 1.ª Esquadra, na rua Consiglieri Pedroso). A execução destas obras foi administrada pela Secção de Via e Obras dos Caminhos de Ferro, sob a direcção daquele arquitecto. Só a ornamentação do frontispício foi feita sob contrato, estando dela encarregado Pietro Buffa Buccellato. Estas viriam a ficar concluídas em 1916. # GARES ELEITAS PELA NEWSWEEK STATIONS CHOSEN BY NEWSWEEK 1. St. Pancras, Londres/ London 2. Grand Central Terminal, Nova York/ New York 3. Chhatrapati Shivaji, Mumbai/ Mumbai 4. Central Station, Antwerp, Bélgica/ Belgium 5. Dare des Bénédictins, Limoges, França / France 6. Lahore Railway Station, Paquistão/ Pakistan 7. Gare da Estação Central dos Caminhos de Ferro, Maputo, Moçambique/ Maputo Central Railway Station, Mozambique 8. Hua Hin Railway Station, Tailândia/ Thailand 9. Atocha Station, Madrid, Madrid 1907 there was an allocation of 40,000 réis for the new building. The plan for the building had been sent to Lisbon for approval. According to the press of the time, these initial plans were drawn up by architect Mário Veiga, of the Public Works Directorate, «assisted by Mr. Maroni, a well known builder who was in the city for the occasion». Lisbon made profound changes in these initial plans. It was said then that its style was «identical to that of the Johannesburg railway station», with the difference that the Lourenço Marques rail station has «a more ostentatious facade and in the interior a passage communicating with the station terminal». To complement its elegance and good taste, the station is adorned with three domes, one of them extremely large. The central dome, which crowns the station, has been wrongly attributed to Gustave Eiffel. In fact, Eiffel built a great deal, and there is a trend to attribute a little of everything to him. But in our case, there is documentary evidence that the dome was built in South Africa, given the difficulties of making it in England, because of the effects of World War I. Work on the new station, in fired brick and cement, with a facade of 51 metres, began in 1908. The new station replaced the timber and zinc station (located a little lower down) that was inaugurated in 1895 by Paul Kruger. It was concluded on 19 March 1910, and was inaugurated in an informal ceremony, with the presence of the governor-general of the time. The highest authorities of the colony, and other figures, then went to the Sao José de Lhanguene mission, where festivities took place to raise funds for its activities. Important work was still happening as from 1913, profoundly changing the station facade. This was the work of architect Ferreira da Costa (who also designed the building of the Banco Nacional Ultramarino, demolished in 1958 and the First Police Precinct in Rua Consiglieri Pedroso). The building work was administered by the Track and Building Section of the Railways, under the management of that architect. The ornamentation of the facade was done under contract by Pietro Buffa Buccellato. This work was concluded in 1916. # 25 Naíta Ussene Institucional>Institutional CFM reforça transporte interurbano de passageiros CFM strengthens urban passenger transport por/by Júlio Manjate > Seis carreiras diárias regulares de transporte ferroviário de passageiros estão disponíveis ao público desde Maio último nas rotas Maputo – Marracuene e Maputo – Matola Gare, onde já estão a operar três automotoras triplas adquiridas pelos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), no quadro dos seus programas de responsabilidade social. A cerimónia de inauguração das três automotoras foi presidida pelo Ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, e contou com a presença do Ministro das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias, do Presidente do Município de Maputo, David Simango, para além de destacados quadros do Governo e do Conselho de Administração dos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique. A cerimónia de inauguração culminou com uma agradável viagem para o distrito de Marracuene. Introduzido com o objectivo de reduzir a demanda de transporte interurbano de passageiros, sobretudo nas horas de ponta, o serviço regular de automotoras 26 é efectivo nos dias úteis da semana, com duas carreiras diárias, uma de manhã e outra à tarde na rota Maputo-Marracuene, com partidas às 9:00 e às 14:00 horas, respectivamente, da Estação Central dos CFM, na baixa da cidade de Maputo, e às 10:40 e 15:45 horas da estação de Marracuene. As tarifas aprovadas para aquele serviço atingem um máximo de quinze Meticais para o trajecto Maputo-Marracuene, e dez meticais para a ligação entre Maputo e Matola Gare. A decisão de introduzir aquele serviço, segundo o Ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, tem como fundamento a política aprovada do Governo para o sector dos transportes, que dá prioridade à criação de condições e meios que facilitem a movimentação de pessoas e bens. “O CFM respondeu a este desafio iniciando, em meados de 2005, contactos com diferentes parceiros e, no caso vertente, com a CP - Caminhos de Ferro Portugueses, para a aquisição de três automotoras triplas, as quais temos > Six regular daily passenger trains have been available to the public since May on the Maputo – Marracuene and Maputo – Matola Gare routes. On these routes, three triple railcars are operating, acquired by Mozambique Railways (CFM) as part of its social responsibility programmes. The inauguration ceremony for the three rail cars was chaired by the Minister of Transport and Communications, Paulo Zucula, and was attended by the Minister of Public Works and Housing, Felício Zacarias, and the Mayor of Maputo, David Simango, as well as senior staff from the government and the Board of Directors of Mozambique Railways. The inaugural ceremony culminated with a pleasant trip to Marracuene district. Introduced with the objective of reducing the demand for urban road passenger transport, particularly at rush hours, the regular railcar ser- competitive, rapid and comfortable means of transport. Paulo Zucula appealed to community leaders, to the police, to the administrative structures and to the community at large, for a rational use of these resources so that they will have the longest possible life span, ensuring that they carry out effectively their role in alleviating the suffering of the public with regard to transport. According to the Minister, other investments in rail passenger transport will depend on the correct use and conservation of these railcars. CFM Executive Director, Domingos Bainha stressed on the occasion “We must remember that, under current conditions, passenger rail transport is not a profitable activity for CFM. The tickets paid by passengers cover only 15 per cent of the costs, and the remaining 85 per cent are wholly supported by the Company, which invested about 1.6 million euros of its own funds in buying the railcars, thus complying with its social responsibility in improving living conditions and the quality of life of the public and promoting the development of the country and the region”. # vice runs every working day of the week, with two daily services, one in the morning and one in the afternoon on the Maputo-Marracuene route, departing at 9:00 and at 14:00, respectively from the Maputo Central CFM rail station, and at 10:40 and 15:45 from Marracuene station. The fares approved for this service are a maximum of 15 meticais for the Maputo-Marracuene route, and 10 meticais for the journey between Maputo and Matola Gare. According to the Minister of Transport and Communications, Paulo Zucula, the decision to introduce this service is based on the policy approved by the government for the transport sector, which prioritises the creation of conditions and resources that facilitate the movement of people and goods. “CFM responded to this challenge by initiating, in mid 2005, contacts with various partners, and in this case with CP-Portuguese Railways, for the acquisition of three triple railcars, which today we have the great pleasure and honour to place at the service of our clients and users in general...”, explained the Minister of Transport and Communications, who described the railcars as very safe, Naíta Ussene hoje o grato prazer e honra de colocar ao serviço dos nossos clientes e utilizadores em geral...”, explicou o Ministro dos Transportes e Comunicações, que caracterizou as automotoras como meios de transporte altamente seguros, competitivos, rápidos e de grande comodidade. Aos líderes comunitários, à Policia, às estruturas administrativas e à comunidade em geral, Paulo Zucula apelou a uma utilização racional dos meios por forma a terem o maior tempo possível de vida, assegurando que cumpram eficazmente o seu papel no alívio do sofrimento das populações no que ao transporte público diz respeito. Segundo o Ministro, de uma correcta utilização e conservação destes meios vai depender a realização de outros investimentos no domínio do transporte ferroviário de passageiros. O administrador Executivo do CFM, Domingos Bainha, sublinhou na ocasião que “é preciso lembrar que, nas actuais condições, o transporte ferroviário não é uma actividade rentável para a Empresa. O bilhete pago pelo passageiro cobre, apenas, 15 por cento dos custos, sendo que os restantes 85 por cento são integralmente suportados pelo CFM, que investiu cerca de 1.6 milhões de euros de fundos próprios para a compra das automotoras, cumprindo a sua responsabilidade social na melhoria das condições e qualidade de vida das populações e promoção do desenvolvimento do país e da região”. # 27 Institucional>Institutional Dragagem do canal de acesso ao Porto da Beira Uma luz ao fundo do canal Dredging the Beira Port access channel por/by Jeremias Langa A light at the bottom of the channel Enquanto aguardam por um desenlace nas negociações com financiadores para a concretização da “Dragagem de emergência do canal de acesso ao Porto da Beira, Cais e Bacias de Manobras” e “Aquisição de uma nova draga oceânica”, Governo e CFM continuam a envidar todos os esforços tendentes a mobilizar fundos com o objectivo de permitir o acesso de navios de grande calado ao Porto da Beira, presentemente a operar abaixo da sua capacidade instalada. > O único projecto de investimento em aprofundamento de um canal de acesso a um Porto Moçambicano, realizado após a Independência Nacional ocorreu, precisamente, no Porto da Beira, em finais da década de 80. Na altura, o Canal de Macuti estava à cota de -6,00m (CD), tendo sido aprofundado para -8,00m, com excepção da chamada curva de Macuti que passou a -9,2m e a uma largura de 200m. Dada a sua localização, o Porto da Beira, situa-se na foz do Rio Púnguè e tem como acesso o Canal de Macuti, numa extensão de cerca de 28 km. As correntes dos Rios Púnguè e Buzi depositam no canal sedimentos na ordem de 2,5 milhões de metros cúbico, por ano, tornando a sua manutenção complexa em meios de dragagem. Foi esta por falta 28 de capacidade em meios que o canal foi sendo assoreado a níveis tais que, hoje, necessita de uma dragagem de emergência, sobretudo na curva de Macuti (cerca de 6 km) onde se concentram os maiores constrangimentos aos navios. Estão em curso dois projectos, sendo que um deles envolve a dragagem de emergência para a remoção de cerca de 8 milhões de m3 de sedimentos e outro a aquisição duma draga oceânica com capacidade de 2.500 m3 e a reabilitação do trem naval dos CFM, nomeadamente rebocadores, barcos de pilotos e assistência técnica à EMODRAGA. Para estes projectos, em vias de concretização, estão envolvidos financiamentos da DANIDA (Governo da Dinamarca), ORET (Governo da Holanda) e o Banco Europeu de Investimento (BEI). > While awaiting an outcome from the negotiations with funding agencies concerning emergency dredging of the Beira Port access channel, quays and manoeuvring area, and the acquisition of a new oceanic dredge, the government and CFM are continuing to make every effort to mobilise funds with the aim of allowing access by large ships to Beira Port, which is currently operating below its installed capacity. The sole investment project in deepening an access channel to a Mozambican port after Mozambican independence took place precisely in Beira at the end of the 1980s. At the time the Macuti Channel was six metres deep, and it was deepened to eight metres, João Costa Ao mesmo tempo, a empresa pública EMODRAGA (com as suas duas dragas de pequena capacidade, oferecidas pelo governo japonês), em parceria com os CFM, tem vindo a minimizar os nefastos efeitos de assoreamento, mantendo um canal alternativo operacional, ainda que com bastantes restrições em termos de calado 10 a 11 metros ou seja navios até 25 ou 30 mil toneladas, situação que se espera ser ultrapassada internamente. A demora da dragagem do canal prendese com avultados custos que as propostas recebidas de dois concursos abertos trouxeram, tendo obrigado o Governo e os CFM a solicitarem ao BEI que se juntasse à ORET, com o objectivo de aumentarem os fundos inicialmente conseguidos para fazer face à subida de preços, à qual não esteve alheia à crise nos preços dos combustíveis. O tempo e as oportunidades de negócio não esperam, os prejuízos para a comunidade empresarial são enormes, mas a convicção de que é possível voltar a ter o canal de acesso à cotas do projecto e, por consequência, a demanda de navios até 60.000 a 70.000 DWT, como na década de 90, mantém-se firme. except for the Macuti curve, which was deepened to 9.2 metres, with a breadth of 200 metres. The Port of Beira is located at the mouth of the Pungue river, and is approached by the 27 km long Macuti Channel. Currents from the Pungue and Buzi rivers deposit some 2.5 million cubic metres of sediment in the channel every year which makes its maintenance complex in terms of dredging equipment. Because of this lack of capacity, the channel has been silting up to such levels that today it needs emergency dredging, particularly in the Macuti Curve (over a distance of about 6 kms) where the major constraints for ships are concentrated. Two projects are currently under way. One of them involves emergency dredging to remove about eight million cubic metres of sediment, and the other is the acquisition of an oceanic dredge with a capacity of 2,500 m3 and the rehabilitation of the CFM naval equipment, namely tugs, pilot boats and technical assistance for EMODRAGA. These projects, now being finalised, involve funding from DANIDA (Danish government), ORET (Dutch government) and the European Investment Bank (BEI). At the same time, the public company EMODRAGA (with its two small capacity dredges, donated by the Japanese government), in partnership with CFM, has been minimising the damaging effects of silting by keeping an alternative channel operational, although with severe restrictions in terms of draught (30,000 DWT). It is expected that this situation will be overcome internally. The delay in dredging the channel results from the heavy costs of the proposals made in two tenders, which have obliged the government and CFM to request that the BEI join up with ORET, in order to increase the funds initially obtained, in order to deal with the rise in prices, which is not unconnected with the crisis in fuel prices. Time and business opportunities do not wait, and the losses for the business community are enormous, but we remain firm in the belief that the access channel can be deepened again to receive ships of up to 60,000 DWT, as in the 1990s. # 29 30 Institucional>Institutional Vem aí a revolução na gestão ferroviária no país Revolution in railway management on the way Na esteira do investimento realizado no sistema integrado de gestão, a empresa introduziu recentemente o projecto de remodelação do Sistema de Controlo de Tráfego e Gestão de Frota. Com a introdução deste sistema, orçado em cerca de 4 milhões de dólares, virado essencialmente para a área de exploração ferroviária, o CFM está em condições de informar, em tempo real, os seus clientes sobre a localização exacta das suas cargas e do momento preciso em que estas chegarão ao seu destino. Este projecto revela a firmeza da empresa em lançar a semente para a modernidade, com a necessária mudança na gestão e operação ferroviária. Do ponto de vista de gestão, este sistema permitirá ainda reduzir os custos de operação, em especial de combustível e de aluguer de material circulante. Permitirá ainda que o CFM facture tudo o que transporta com o máximo de exactidão e prontidão; que possa medir o desempenho sectorial e individual e, assim, remunerar os seus colaboradores na mesma proporção em que trabalham. De igual modo, permitir-lhe-á esboçar as necessidades da sua mão-de-obra em termos de formação profissional. Outra vantagem deste novo sistema é que os comboios > Obviously it is not enough to invest in communications and signalling equipment. It is fundamental that the area of track, traction and rolling stock accompany this growth, by responding in a timely and effective way to operational needs. CFM intends to revolutionise the rail operation control system, in the near future, with the introduction of quality João Costa > Obviamente que não basta investir em infra-estruturas de comunicações e de sinalização é fundamental que a área da via, da tracção e do material rebocado acompanhem esse crescimento, dando resposta atempada e eficaz às necessidades da operação. O CFM pretende revolucionar o sistema de controlo da operação ferroviária, nos próximos tempos, com a introdução de normas de controlo de qualidade. O objectivo é colocar o cliente como fulcro do processo, informando-o em tempo real sobre a situação da sua carga. In the wake of investment in the integrated management system, the company recently introduced the project to remodel the Traffic Control and Fleet Management System. With the introduction of this system, budgeted at around 4 million dollars, directed essentially at the area of rail operations, CFM is able to inform, in real time, its clients about the exact location of their cargoes and the precise moment they will reach their destination. This project shows the Company’s determination to sow the seeds of modernity, with the necessary changes in rail management and operation. 31 Institucional>Institutional “ (…) com este sistema, o CFM passa a estar em condições de informar os seus clientes sobre o paradeiro da sua mercadoria e o momento exacto em que a vão receber.” João Costa passam a operar com maior segurança e eficiência, observando rigorosas normas de circulação. Alguns dos maiores operadores ferroviários do mundo já utilizam este sistema de gestão com resultados extraordinários. O sucesso da sua implementação implica garantir um sistema de comunicações fiável, criar uma equipa controladora da implementação dos diferentes sistemas, adaptar a estrutura às novas tecnologias e filosofias e subordinar as manutenções dos activos aos requesitos operacionais. O sistema de operação ferroviária é sustentado por tecnologias de ponta. Todas as locos dispõem de computadores de bordo. O dispositivo assenta no planeamento da procura de meios, optimização dos comboios, registo histórico, indica- 32 dores de produção, controlo de activos (locos e vagões), controlo gráfico de áreas de manobras que permite com antecedência de quatro horas definir o comboio. “Do ponto de vista de gestão, este sistema permite ainda que controlemos com precisão os custos de operação, em especial de combustível, lubrificantes e aluguer de material circulante. O sistema permitirá ainda que possamos facturar tudo o que transportamos com o máximo de exactidão e prontidão e que possamos medir o desempenho sectorial e individual. Outra vantagem deste novo sistema é que os comboios passam a operar com maior segurança e eficiência, observando rigorosas normas de circulação”, de acordo com o Eng. Rui Fonseca. # control norms. The objective is to place the client as the fulcrum of the process, informing him in real time about the situation of his cargo. From the management point of view, this system will also make it possible to reduce operational costs, particularly in fuel and in hiring rolling stock. It will also allow CFM to invoice everything that it transports with the maximum of precision and promptness, so that it can measure sector and individual performance, and thus remunerate its workers to the same proportion that they work. Likewise, it will allow CFM to draw up its labour needs in terms of professional training. A further advantage of this new system is that trains will operate with greater safety and efficiency, observing rigorous norms of circulation. Some of the largest rail companies in the world already use this management system with extraordinary results. Success in implementing it implies guaranteeing a reliable communications system, setting up a controlling team to implement the various systems, adapting the structure to new technologies and philosophies, and subordinating maintenance of assets to operational requirements. The rail operation system is sustained by up-to-date technology. All the locomotives have on-board computers. The device rests on planning the demand of resources, optimising trains, the historical record, production indicators, control of assets (locomotives and wagons), graphic control of manoeuvring areas which allows the train to be formed four hours in advance. “From the management point of view, this system also allows us to control with precision operational costs, particularly on fuel, lubricants, and hire of rolling stock. The system will also allow us to invoice everything that we transport with the maximum of precision and promptness, and to measure sector and individual performance. A further advantage of this new system is that the trains operate with greater safety and efficiency, observing strict norms of circulation”, according to Eng. Rui Fonseca. # Editando Institucional>Institutional CFM informatiza Gestão por/by Jeremias Langa Novo sistema de informação integrado CFM’s complete management based on an integrated information system > A Empresa CFM está, desde Janeiro de 2007, a implementar um sistema de informação de gestão integrado. Logo que concluído, este sistema irá manter os gestores da empresa, aos vários níveis, permanentemente informados sobre a situação da organização, garantindo-lhes em simultâneo uma maior fiabilidade da informação e facilitando-lhes, por isso, a tomada de decisões informadas. Por outro lado, o nosso sistema garante transparência na gestão e na relação com o fisco e com os clientes. A implementação deste sistema é um assumir, por parte do CFM, de que a informação é o elemento chave para o sucesso na gestão de qualquer organização. Nesta primeira fase, este sistema vai dar suporte a toda a actividade administrativa e financeira da empresa, permitindo que os gestores passem a dispor deste tipo de informação em tempo útil. Neste contexto, estão a ser implementados módulos específicos para as áreas de Contabilidade, Gestão de Custos, Proveitos e Tesouraria; 34 Imobilizado, Pessoal (processamento de salários), Recursos Humanos e Controlo Documental. Contas em dia Durante estes primeiros 2 anos já foi possível obter ganhos da implementação deste sistema: pela primeira vez, em vários anos, o CFM voltou a ter a sua contabilidade em dia. Esta realidade decorre do facto de que o exercício contabilístico desde Janeiro de 2007 está lançado no novo sistema e encontra-se actualizado; o módulo de Pessoal foi implementado e os salários são processados no novo sistema desde Agosto de 2007; o módulo de Imobilizado entrou em funcionamento no mês de Março de 2007; o módulo de Gestão está numa fase bastante avançada de desenvolvimento e desde Setembro de 2007 a Gestão da Tesouraria e da Despesa é feita no novo sistema; a Gestão dos Proveitos arrancou na Sede e CFM-S em Junho de 2008 e encontra-se em fase de consolidação; a implementação da Ges- > CFM has been implementing a integrated information management system since January 2007. Once this process has been fully implemented, the system will enable the Company’s Managers at all levels to be always informed about the Organisation’s situation as well as it will ensure that the information is reliable and thus allow the Managers to take appropriate decisions. On the other hand, the System guarantees transparency in management and in our relations with the Government Departments and Clients. In implementing this System, CFM assumes that information is a crucial element for the successful management of any Organisation. During the first phase, the System will mainly provide support to all the Company’s Administrative and Financial activities so that the Managers can timely have this type of information. To this end, specific Modules are being implemented in the Accounting, Cost Management, Revenue/Treasury, Human Resources (including the processing of salaries) and Documents Control Departments. Accounts up to date It has been possible during these past 2 years to reap benefits from the implementation of this System and CFM has, for the first time after a number of years, been able to have its Accounts ready on time. This has been as a result of the Financial Accounts having been introduced into the System since January 2007 and are updated: the Human Resources Module is being implemented and the wages are being processed through the new System since August 2007; the Assets Module started operating as from March 2007 while the Management Module is now in an advanced stage of implementation and the management of the Treasury and Costing is now being carried out through the new system as from September 2007. The management of revenue was initiated in CFM-South in June 2008 and was recently completed. Meanwhile, the implementation of the Human Resources Module is almost concluded, thus enabling the Manage- Naíta Ussene tão dos Proveitos em toda a empresa foi recentemente concluída. Por outro lado, a implementação do módulo de Recursos Humanos está practicamente concluída, o que significa que já será possível fazer-se uma eficaz avaliação de desempenho, recrutamento e formação, bem como o Controlo Documental (gestão documental, arquivo digital). Depois de consolidada a primeira fase, o Sistema de Informação de Gestão (MIS), também designado por ERP (Enterprise Resource Planning), irá dar suporte à actividade operacional da empresa para assegurar a gestão e o controlo dos processos que suportam as operações ferroviárias. Assim, serão numa primeira fase integradas todas as actividades operacionais com impacto nos processos financeiros e posteriormente as relacionados com a gestão do material circulante como são os vagões, as locomotivas e os encerados. De acordo com o cronograma elaborado pelo consultor, o arranque da integração no novo sistema da componente financeira da gestão operacional do CFM-S está em fase de implementação. O ERP é uma plataforma estruturante sobre a qual deverão assentar os principais processos de negócio da Empresa. A implementação de um sistema desta natureza resulta em benefícios apreciáveis para a Empresa, particularmente no que respeita à disponibilidade de informação de gestão de elevada qualidade, pois permite a tomada de decisões informadas e em tempo útil. A implementação do ERP está a decorrer na Sede, na Direcção Executiva dos CFM-S, na Direcção Executiva do CFM--C, na Direcção Executiva do CFM-N. O ERP deverá ser também implementado nos Centros de Resultados(CR)/Unidades de Negócio à medida que estes vão sendo criados. O servidor central do ERP está sedeado em Maputo e através da infra-estrutura de transmissão de dados, em desenvolvimento, está acessível, de forma gradual e em regime on-line, à sede e a todas as Direcções Executivas e Centros de Resultados(CR’s)/Unidades de Negócio (UN’s). No entanto, no futuro, estará acessível através da Internet, o que permitirá que os seus utilizadores possam aceder-lhe a partir de ‘qualquer lugar’ onde se encontrem. Ou seja, mesmo sem estarem no escritório, os gestores da empresa terão acesso a toda a informação de gestão, podendo tomar decisões sobre o funcionamento da organização a partir do local onde estejam. Principais Desafios A implementação do sistema de informação de gestão integrado traz desafios à empresa, nomeadamente os de garantir a sua utilização por todos os colaboradores. Este facto implica massificar a formação a todos os níveis da empresa, em termos de utilização do sistema e de introdução de novos procedimentos administrativos e financeiros. Implica igualmente garantir que os utilizadores recém-formados tenham as condições criadas para imediatamente ment to review with more efficiency the performance, recruitment and training processes as well as the Documentation Control (documentation management and the digital filing system). Once this first phase for the overall implementation of the Management Information System (MIS), also known as the ERP (Enterprise Resources Planning), is completed, it will then serve as an instrument of support in the management and control of the Company’s Railways Operational area. Thus, as a first step, all the operational activities which have a bearing on the financial processes and, later, those that are related with the management of the rolling stock will be integrated. According to the programme which has been designed by the Consultant, the integration of the financial component 35 Institucional>Institutional operarem no sistema, bem como ganharem o pleno domínio do mesmo, no mais curto espaço de tempo. Este facto coloca à empresa CFM o desafio de criar capacidade de suporte adequada ao nível do CFM-C e CFM-N. Uma realidade nova A introdução do sistema de informação de gestão integrado vem responder a uma necessidade nova no CFM, decorrente da reforma institucional em curso na empresa. Com a política de concessões que abraçou, o CFM concentra-se, doravante, na gestão do seu património, das suas participações financeiras e das unidades não concessionadas, através da criação de centros de resultados e da promoção e do desenvolvimento de infra-estruturas ferro-portuárias e de serviços. Por outro lado, a Empresa vira-se para a diversificação das suas actividades, alargando a base da sua intervenção para outras áreas, rentabilizando desta forma o seu imenso activo de modo a assegurar a sua sustentabilidade, a médio e longo prazos. Neste contexto, o sistema de informação de gestão integrado surge como um importante instrumento para o CFM responder adequadamente a estes novos desafios, pois permitirá que os seus gestores recebam informação mais fiável de todos os negócios da empresa e em tempo real. Recorde-se que em 2006 os processos de gestão contabilística e financeira do CFM eram ainda manuais ou semi-manuais, o que não permitia que se produzisse informação com fiabilidade. Por outro lado, a empresa possuía diversas aplicações informáticas dispersas e não integradas, o que fazia com que os gestores não recebessem informação em tempo útil para a tomada de decisões importantes. A partir de agora, a Empresa faz uma viragem e abraça um sistema moderno de gestão, adequado à nova realidade empresarial, como sublinha o Director do Serviço de Informática da empresa, Avito Francisco da Cruz Jequicene. # 36 of the System is being implemented. The ERP is an instrument for structuring on the basis of which the Company’s business will be established. The implementation of a system of this nature will significantly benefit the Company, especially insofar as the availability of reliable management information is concerned so that informed decisions can be taken at the appropriate time. The implementation of the ERP is currently being undertaken through the infrastructure for the transmission of data, which is still being developed in the Company’s Headquarters in Maputo where the Central Server is located CFM-South, Centre and North Executive Directorates and will also be introduced in the Business Units, known as the Result Centres, as they are being established. In the very near future, the System will be available to the users through the Internet so that they can access the product from any place where they may be, that is, even when they are not in the office, the Company’s Managers will be able to have all management information at their disposal anytime. The Main Challenges The implementation of the Integrated Management Information will definitely usher in new challenges for the Company, namely by facilitating its use by all the employees which will then imply their training at all levels as well as the introduction of new Administrative and Financial procedures. Further, it will ensure that appropriate conditions will be available to recently graduated users for them to operate the System in the short term. This means that the Company will be faced with the challenge of creating the necessary supportive capacity at the level of CFM-Centre and North. A New Reality The introduction of an Integrated Information Management System is as a result of new need for CFM due to the Institutional Restructuring Process that is currently underway. With the Concessions Policy which CFM has adopted, the main emphasis now is for the Company to manage its property, shareholdings and the management of the units which have been concessioned through the establishment of Result Centres as well as the promotion and the development of the Port and Railway Infrastructures and Services. On the other hand, CFM is already concentrating in diversifying its activities, widening the basis of its operations into other areas so as to render its assets more profitable and thus ensure their sustainability both in the mid and long terms. It is important to note that the accounting and financial management processes in 2006 were operated semi or wholly manually thus not guaranteeing a completely reliable information. Also, the Company had various and scattered computerised applications which were not integrated thus making it difficult for the Managers to receive information on time for the purposes of taking important decisions. According to the Company’s Director for the Computer Services, Avito Francisco da Cruz Jequicene, CFM has from now onwards embarked on a new course and has adopted a modern management system which corresponds to the new business reality.# It is important to note that the accounting and financial management processes in 2006 were operated semi or wholly manually thus not guaranteeing a completely reliable information. Naíta Ussene Institucional>Institutional Gestão de Recursos Humanos Uma aposta forte na formação Human Resource Management A strong commitment to training > Consciente de que o principal activo de uma organização empresarial é o seu capital humano, com um papel decisivo para o presente e o futuro da empresa, o CFM decidiu apostar num Plano de Desenvolvimento de Recursos Humanos (PDRH). O objectivo deste plano é o de melhorar o desempenho da empresa através da elevação contínua das habilidades e competências da sua força de trabalho, alinhando assim os recursos humanos à estratégia empresarial. O Plano de Desenvolvimento de Recursos Humanos é um instrumento que estabelece formas para suprir as lacunas que possam existir ao nível das capacidades e/ou habilidades da força de trabalho. Além disso, impõe aos gestores a necessidade de responder às expectativas relativas à transparência das políticas empresariais, cometimento e eficiência económica. O PDRH faz parte do Plano de Gestão de Recursos Humanos do CFM e tem como objectivo assegurar a existência de capacidades para a prossecução da estratégia empresarial; o desenho de um plano de sucessões nas carreiras profissionais e nos quadros de gestão; a identificação e redução dos riscos de perda de capacidades com a fuga de quadros; o desenvolvimento das habilidades e políticas de formação que estejam alinhadas com as estratégias da empresa e a prossecução da missão, visão, 38 valores e o plano de negócios da empresa. A revisão dos quadros das carreiras específicas da empresa, bem como as respectivas tarefas por categoria profissional foram já feitas, tal como previsto no Plano de Gestão de Recursos Humanos. Esta revisão contou com o envolvimento dos técnicos e responsáveis das áreas operacionais. Relativamente às Carreiras Comuns, foram inventariadas as categorias e carreiras profissionais existentes no CFM, feita a revisão dos quadros de algumas destas carreiras, bem como as respectivas tarefas por categoria profissional. Para efeitos de revisão das restantes, foram enviadas para cada área específica as estruturas de carreiras e descrições de tarefas de cada categoria profissional, aguardando-se pela reacção das áreas. No âmbito deste plano, a empresa entende ser estratégico que todos os novos ingressos passem por um curso formal de formação teórica e prática dirigido para uma determinada categoria profissional para o preenchimento das vagas existentes nas áreas operacionais. No que tocante à progressão nas carreiras profissionais, o PDRH determina que a mesma seja feita em função da avaliação de desempenho e de concurso de promoção dentro das regras estabelecidas em regulamentos específicos e constantes do Manual de Procedimentos. > In the awareness that a business organization’s principal asset is its human capital, which has a decisive role in the company’s present and future, CFM has decided to commit to a Human Resource Development Plan (HRDP). The objective of this plan is to improve the company’s performance through the ongoing raising of the skills and competencies of its workforce, thereby aligning the human resources with the business strategy. The Human Resource Development Plan is an instrument that establishes ways to fill the gaps as may exist in terms of the workforce’s capacities and/or skills. It presses on the managers the need to respond to the expectations for transparency in the company policies, and for commitment and economic efficiency. The HRDP is part of CFM’s Human Resource Management Plan, having as its objective to ensure: the existence of the capacities for pursuing the business strategy; the design of a plan for advancement within the occupational career ladders and within the management staff complements; identification and reduction of the risks of loss of capacities with the departure of qualified staff; development of edu- Novas necessidades de formação Enquanto isso, em workshop realizado na Direcção Executiva CFM-Sul, em que participaram colaboradores de várias áreas operacionais da empresa, foram identificadas necessidades de formação e dadas instruções para a revisão dos manuais de formação para cursos de iniciação e de reciclagem. Na sequência desse workshop, foram revitalizados os drafts dos currículos e planos temáticos para os cursos de Via, Movimento e sinalização. Na área de Tracção, terminou há cerca de um ano o primeiro curso de Maquinistas para o CFM-Sul, após o encerramento das Escolas Nacionais, na sequência da reestruturação empresarial. Este curso foi administrado por consór- cational levels and training policies aligned with the firm’s strategies, and pursuit of its mission, vision, values and business plan. Within the context of the Human Resource Management Plan, the CFM has already undertaken review of the staff complements within the companyspecific career paths, as well as the respective jobs by occupational career path. This review included the involvement of the technical staff and those in charge of the operational areas. In relation to the Common Career Paths, the job grades and occupational career ladders that exist within CFM have been inventoried and the review undertaken of the staff complements of some of these career paths, as well as the respective job duties by professional grade. For purposes of review of the others, the career path structures and job descriptions of each occupational career path have been sent to each specific area, with one awaiting the their reaction. Within the context of this plan the firm sees as strategic that all new entrants go through a formal course of theoretical and practical training, directed toward a particular professional grade, for the filling of the vacancies that exist cio externo e foram formados 19 colaboradores. A formação durou dois anos e os formandos estão actualmente na fase terminal de práticas profissionais, sob supervisão de monitores do CFM seleccionados para o efeito. O segundo curso de formação de 9 candidatos iniciou-se em Fevereiro de 2006. A formação teórica durou 53 semanas e foi orientada por instrutores da Companhia. Outra forma adoptada pelo CFM para garantir formação aos seus quadros é a da concessão de bolsas de estudo e do estatuto de trabalhador-estudante aos seus colaboradores. Esta medida permite a trabalhadores sem recursos próprios frequentarem no país e no es- within the operational areas. As regards advancement within the occupational career ladders, the HRDP determines that this be undertaken as a function of performance assessment and of a promotion competition, within the rules set out in specific regulations and found in the Procedures Manual. New training needs Meanwhile, in a workshop held in the CFM-South Executive Directorate, in which colleagues from various operational areas of the company participated, training needs were identified and instructions given for review of the training manuals for initiation and retraining courses. Following that workshop, the draft curricula and thematic plans were revitalized for the courses in the areas of Track, Rail Movementand Signalling. In the Motive Power area, around a year ago the first course concluded for Engineers for CFM-South, after the closing of the National Schools following the business restructuring. This course was given by an outside consortium,with 19 colleagues being trained. The training lasted two years and the trainees are presently in the concluding phase of pre-service occupational workstudy, under the supervision of monitors trangeiro cursos de formação nas mais diversas áreas, obtendo graus académicos e competências profissionais que concorrem para a elevação da qualidade dos serviços que prestam ao CFM. Por outro lado, os gestores da empresa entendem que, os últimos anos, foram de um grande esforço no domínio da formação superior. Tendo presente as condições específicas da empresa e do país, há necessidade de um esforço adicional no campo da formação e qualificação técnico-profissional e da área profissionalizante e vocacional, dotando os trabalhadores ferro-portuários, muitos deles com uma formação empírica forte e importante, de instrumentos que lhes possibilitem obter mais e melhores valências profissionais. # from the CFM selected to that end. The second training course for nine candidates began in February 2006. The theoretical training lasted 53 weeks, under the guidance of CFM instructors. Another form adopted by CFM to see to the training of their staff, is through the granting of bursaries and of the status of student-worker. This measure allows workers who lack resources of their own to attend courses inside and outside the country in the most varied of areas, obtaining academic degrees and occupational competencies that contribute to raising the quality of the services that they provide to CFM. On the other hand, the company’s managers understand that the last few years were ones of great effort in the area of higher-level education/training. Bearing in mind the specific conditions of the firm and the country, there is a need for additional effort in the field of education/training and technicalprofessional qualification, as well as in the skills-development and occupational area, endowing the rail and port workers—many of which have strong and important empirical training—with the instruments to make it possible for them to obtain more and better professional competencies. # 39 BRLS Parceria>Partnership Linha de Sena 25 anos depois > O fascínio do comboio por/by Francisco Carmona The Sena Line 25 years later The fascination of the train 25 anos depois, o comboio voltou a apitar na estratégica Linha de Sena, paralizando literalmente a vida dos habitantes dos distritos de Muanza, Cheringoma e Marromeu, na província central de Sofala. Várias comunidades acorreram para as estações e apeadeiros ferroviários ao longo de cerca de 300 quilómetros do troço Dondo/Marromeu, na Linha de Sena, para testemunhar o primeiro comboio de passageiros depois de paralizado em 1983 devido à guerra. > Em Novembro último chegou o primeiro comboio de passageiros e carga, 25 anos depois, deixando eufóricos vários populares. Carruagens com capacidade para 90 passageiros quase que rebentavam pelas costuras. Viajavam cerca de 150 pessoas em cada carruagem. Muitas delas iam matar saudades. “Faço parte daquele grupo de pessoas que tem um carinho especial pelo comboio”, acrescentou Maria. É que muitos dos habitantes daquela zona, de todas as idades, cresceram habituados a ver passar um comboio, um meio de transporte outrora importante na economia da região, mas também algo que criava em cada criança um certo misticismo. 40 Os populares dos distritos de Dondo, Muanza, Cheringoma, Inhamitanga e Marromeu apontam duas razões para a sua satisfação: matar saudades de ver um comboio a voltar a deslizar pelos carris e a facilidade nas deslocações através de um meio de transporte acessível e barato. “Já ouviamos o apito do comboio quando estava a transportar trabalhadores e material para a obra. Mas agora estamos satisfeitos porque começou a transportar pessoas e mercadorias”, frisou Alberto Pondo, 52 anos. Manifestou igualmente grande interesse em voltar a fazer-se transportar de comboio. “É um meio de transporte das massas. Recordo-me com paixão dos tempos passados em que ninguém ficava nas > 25 years later, the train whistled again on the strategic Sena Railway, literally halting the life of residents in the districts of Muanza, Cheringoma and Marromeu, in the central province of Sofala. Several communities rushed to the rail stations and halts along the 300 kilometres of track between Dondo and Marromeu, on the Sena line, to witness the first passenger train since the line was paralysed in 1983 due to the war. Last November, the first passenger and freight train arrived, after 25 years, making much of the public eupho- BRLS paragens, por alegada falta de espaço nas carruagens e toda a gente carregava consigo as suas mercadorias”, anotou Pondo. Pondo acrescentou que desde 1983 que os habitantes não voltaram a ver o comboio a circular. “As crianças que nasceram depois, nunca tinham visto nenhum comboio a circular. Deste modo, passam a saber que existe outro tipo de transporte para além do carro”. Aliás, muitas crianças acorriam em massa às várias paragens que o comboio inaugural efectuou, supreendidos com um objecto estranho a deslizar pelos carris. A Linha Férrea de Sena parte de Dondo, na província de Sofala, até à vila carbonífera de Moatize, em Tete. A estratégica Linha ferroviária tem um ramal para Marromeu, onde funciona a açucareira de Sena. Atravessa os distritos de Muanza, Cheringoma e Caia, em Sofala, e Mutarara, na província de Tete. Companhia de Sena Aliás, o director fabril da Companhia de Sena, Nivaldo Ferreira, disse que a reabertura da Linha significa um passo gigantesco para a sua empresa. Possibilitará ric. Carriages with a capacity for 90 passengers were bursting at the seams. About 150 people were travelling in each carriage. Many of them went there out of nostalgia. “I am one of those people who have a special affection for the train”, added Maria. Many people living in that area were used to seeing the train pass as they grew up. In those days it was an important means of transport in the economy of the region, but also something regarded as magical by each child. The people living in Dondo, Muanza, Cheringoma, Inhamitanga and Mar- romeu give two reasons for their satisfaction: nostalgia at seeing the train glide along the rails again, and ease of travel through an accessible and cheap means of transport. “We used to hear the whistle of the train when it was carrying workers and building materials. Now we’re pleased because it has begun to transport people and merchandise”, stressed 52 year old Alberto Pondo. He was also very hopeful that he would once again be able to travel by train. “It’s a means of mass transport. I remember vividly the days of the past, when nobody was left behind at the Desenvolvimento à vista Adelino Mesquita, administrador executivo dos Caminhos de Ferro de Moçambique, disse que a reabertura do troço Dondo/Muanza/ Dondo/Marromeu é o culminar da reconstrução de uma parte da Linha de Sena. Mesquita indicou ainda que esta importante reabilitação vai servir de catalisador e terá um um impacto directo no crescimento sócio-económico do Vale do Zambeze. Abrir portas para mais investimentos pelo sector privado no Vale, reduzir custos de transportes das exportações na região centro, assim como promover o comércio e uma maior integração regional, destacam-se entre os principais objectivos que se pretende atingir. Neste momento, no troço Dondo-Marromeu, num troço de 270 quilómetros, há um comboio de passageiros/semana. 41 Parceria>Partnership “O futuro melhor está a chegar” Alberto Vaquina, Governador de Sofala A chegada do comboio era aguardada com enorme expectativa no distrito de Marromeu. Numa descomunal manifestação de euforia, os populares das estações de Dondo, Savane, Inhaminga, Inhamitanga e Marromeu apresentavam as tradicionais actividades culturais. Foram invocados os espíritos dos antepassados para que protejam os utilizadores daquela Linha. O Governador da província de Sofala, Alberto Vaquina, membros do seu Governo e destacados quadros da empresa Caminhos de Ferro de Moçambique, viajaram no comboio inaugural. “Olhamos a linha com muita esperança. Portanto, o futuro melhor está a chegar”, frisou Vaquina. Vaquina convidou os habitantes de Marromeu, Cheringoma, Muanza e Dondo, no sentido de produzirem mais. “Produzam muito, porque o comboio está aqui para vos servir”, referiu Vaquina, o qual insistia na necessidade de cada cidadão pensar no que deve produzir para vender nas várias regiões, aumentando deste modo os seus rendimentos. “Olhem para a linha férrea como uma forma de combater a pobreza. O comboio vai ser um meio importante para melhorar as nossas condições de vida, haverá facilidades no transporte de diversos bens e também pessoas”, sublinhou o governante sofalense. Salientou ainda que as taxas razoáveis praticadas nos comboios foram feitas para a população sem recursos financeiros, porque segundo explicou, todos devem se sentir donos do comboio. 42 Development in sight Adelino Mesquita, executive director of Mozambique Railways, said that the reopening of the Dondo/Muanza/Marromeu stretch is the culmination of rehabilitating part of the Sena Line. Mesquita added that this important rehabilitation will serve as a catalyst, and will have a direct impact on the socio-economic growth of the Zambezi Valley. Among the main objectives are to open the doors for more private investment in the Valley, to reduce the transport costs of exports from the central region, and to promote trade and greater regional integration. Currently, along the 270 kilometres of the Dondo-Marromeu stretch, there is only one passenger train a week. BRLS o escoamento de grandes quantidades de acúcar, a custos relativamente baixos para o porto da Beira. Este ano, a Companhia de Sena produzirá 70 mil toneladas de açúcar. Porém, Nivaldo disse que o escoamento daquele produto dependerá da disponibilidade da Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira (CCFB). O escoamento da sua mercadoria, desde a inauguração da fábrica, em 2001, tem sido efectuado por via fluvial para o Porto da Beira. Recorde-se que a reconstrução da Linha de Sena, com uma extensão de cerca de 670 quilómetros, deverá terminar ainda este ano. O açúcar da Companhia de Sena, madeiras de Cheringoma e o calcário de Muanza destacam-se entre os principais produtos que deverão ser transportados via ferroviária. # BRLS “The better future is arriving” Alberto Vaquina, Governor of Sofala The arrival of the train was awaited with enormous expectation in Marromeu district. In an unusual expression of euphoria, the people at Dondo, Savane, Inhaminga, Inhamitanga and Marromeu stations presented their traditional cultural activities. The spirits of the ancestors were invoked to protect the users of the Line. The Governor of Sofala Province, Alberto Vaquina, Members of the Provincial Government and Staff of Mozambique Railways travelled in the inaugural train. “We look at this line with great hope, thus the better future is arriving”, stressed Vaquina. Vaquina invited the inhabitants of Marromeu, Cheringoma, Muanza and Dondo to produce more. “Produce a lot, because the train is here to serve you”, said Vaquina, who insisted on the need for every citizen to think about what they should produce to sale in the various regions, thus increasing their income. “Look at the railway as a way of fighting against poverty”, stressed the governor of Sofala. “The train will be an important means for improving our living conditions, and there will be facilities to transport goods and people”. He also stressed that the reasonable fares charged in the trains were made for people without much money, since everyone should feel that they are owners of the train. stations for lack of space in the carriages, and everybody was carrying their goods with them”, added Pondo. Pondo noted that since 1983 the residents have not seen any trains circulating. “The children who were born later, they’ve never seen any trains pass by. Now they will know there are other forms of transport besides the car”. Many children ran en masse to the various stops that the inaugural train made, surprised to see a strange object moving along the tracks. The Sena Railway starts in Dondo, in Sofala province, and goes to the coal town of Moatize, in Tete. This strategic railway has a branch line to Marromeu, where the Sena sugar factory operates. It crosses the districts of Muanza, Cheringoma and Caia, in Sofala, and Mutarara, in Tete province. Sena Company The Factory Manager of the Sena Company, Nivaldo Ferreira, said that the reopening of the line is gigantic step for his company. It makes possible the movement of large amounts of sugar at relatively low prices to the port of Beira. This year, the Sena Company will produce 70,000 tonnes of sugar. But Nivaldosaid that the movement of this sugar by rail will depend on the willingness of the Beira Railroad Company (CCFB). Since the sugar mill was inaugurated in 2001, its merchandise has been taken on barges down the Zambezi river to the Port of Beira. The reconstruction of the Sena Line, with a length of about 670 kilometres should be completed this year. The Sena Company sugar, the timber from Cheringoma and the limestone from Muanza are among the main products that should be moved by this railway. # 43 João Costa Parcerias>Partnership Responsabilidade Social do CFM - E.P. Água e energia para o Corredor do Limpopo CFM’s social responsibilities Water and energy for the Limpopo Corridor > Oito comunidades ao longo do Corredor Ferroviário do Limpopo dispõem de sistemas renovados de abastecimento de água e electricidade no âmbito de uma iniciativa de Responsabilidade Social da empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), associada ao projecto de reabilitação de estações ferroviárias naquele eixo que liga o vizinho Zimbabwe ao Porto de Maputo. No total, 44 foram investidos seis milhões de Euros, disponibilizados pela União Europeia, valor que, além das obras físicas, cobre também despesas com actividades de fiscalização e auditoria. Graças a este projecto, os povoados da Manhiça e Magude, na província de Maputo e de Chókwè, Mabalane, Combomune, Mpuzi, Mapai e Chicualacuala voltam a ter água e electricidade com regularida- > Eight Villages along the Limpopo Corridor have rehabilitated water and electricy supply systems which have been rehabilitated within the context of an initiative by CFM as its social responsibility and linked to the Project for the rehabilitation of the Stations along this Railway Line which connects Zimbabwe to the Port of Maputo. A total of six million Euros from the European Union was invested. This sum, in addition to the works per se covered also the costs related with the supervision and audit of the Project. Thanks to the Project that the population of Manhiça and Magude in the Province of Maputo, Chókwè, Mabalane, Combomune, Mpuzi, Mapai and Chicualacuala once again have water and electricity on a regular basis after many years of hardships. The undertaking is part of a CFM-S general programme which, besides the Limpopo Corridor, also includes the as coberturas, pavimento, vidros, portas, sistemas eléctricos e de drenagem, pinturas interior e exterior, entre outras intervenções. Os sistemas de abastecimento de água foram concebidos para satisfazer futuras demandas daquele líquido, calculadas com base numa taxa de crescimento da população estimada em dois por cento ao ano. Pela sua natureza, o projecto envolve tanto os habitantes como os operadores dos mais variados negócios ao longo do Corredor. São mulheres, crianças e outros grupos vulneráveis que vão desfrutar dos benefícios da reabilitação das estações e dos sistemas de abastecimento de água e de electricidade, e à volta dos quais se vão gerar outras oportunidades de desenvolvimento económico e social. A linha férrea do Limpopo foi uma das mais afectadas pelas cheias de 2000, que causaram estragos em pelo menos 213 dos seus 534 quilómetros de extensão, particularmente no troço entre Maputo e Chókwè. Depois das cheias, o eixo beneficiou de uma reabilitação com financiamento da Agência Norte Americana para o Desenvolvimento (USAID), que disponibilizou cerca de 55 milhões de dólares. Após esta intervenção a linha do Limpopo voltou a desempenhar o seu papel de relevo no tráfego de carga entre o Zimbabwe e o Porto de Maputo, detendo potencial ocioso capaz de responder a eventuais situações de fim da crise política económica naquele país e consequente reabertura do negócio com o resto do mundo. # Graças a este projecto, os povoados da Manhiça e Magude, na província de Maputo e de Chókwè, Mabalane, Combomune, Mpuzi, Mapai e Chicualacuala voltam a ter água e electricidade com regularidade, ao fim de vários anos de privações ou deficiências no fornecimento. Editando de, ao fim de vários anos de privações ou deficiências no fornecimento. O empreendimento é parte de um programa geral de reabilitação do sistema ferroviário Sul, que além do Corredor do Limpopo integra a linha férrea de Goba, que liga o vizinho reino da Suazilândia ao Porto de Maputo. Como fundamento para esta iniciativa, o CFM sustenta que as vias férreas reabilitadas só estarão em condições de servir melhor o transporte de passageiros e de carga se as comunidades ao longo dos corredores tiverem acesso a serviços sociais essenciais como são o abastecimento de água e de electricidade. Os novos sistemas de abastecimento de água e electricidade àqueles povoados vão responder a uma preocupação que remonta há longos anos atrás, nomeadamente à escassez de água que assola as regiões Centro e Norte da província de Gaza, onde se localizam seis dos oito sistemas renovados. Como em qualquer outro lugar do planeta, a disponibilidade de água e de electricidade estimula a criatividade do Homem, facilitando a implantação de projectos de desenvolvimento, o que na realidade moçambicana fará jus à filosofia de tomar o distrito como célula base do desenvolvimento do país. Estudos realizados no âmbito deste projecto estimam em cerca de cem mil o número de pessoas que vai beneficiar dos sistemas em todos os povoados, onde as necessidades suplementares de água rondam os 1200 metros cúbicos por dia. Ao nível das estações, foram renovadas Goba Railway Line which serves the neighbouring Kingdom of Swaziland. As a motive for this initiative, CFM is of the opinion that, for the rehabilitated railway lines to be able to better serve passenger and cargo traffic, it is necessary that the communities along the Corridors should have access to essential social services, such as water and electricity supply. Like anywhere in the world, these stimulate man’s creativity and facilitate the implementation of development projects, especially given the Mozambican reality and philosophy that the District is the basic cell of the Country’s development. Studies undertaken within the context of the Project, estimate that approximately a hundred thousand people in all the Villages will benefit from such initiatives and that the daily consumption of water is, on average, 1.200 cubic metres per day. The water systems have been projected so that they can satisfy the future needs, calculated at the population’s growth rate of 2% per annum. Those benefiting from the Project include the operators of businesses along the Corridor, women, children and all other vulnerable groups thus promoting many economic and social development opportunities. The Limpopo Railway line was greatly affected by the 2000 floods which resulted with much damages to at least 213 kilometres of its 534 kilometres, especially between Maputo and Chókwè. Later, the Line was rehabilitated with financing by the USAID at an estimated cost of US$55 million. After the rehabilitation, the Line once again resumed its role, transporting traffic to and from Zimbabwe. # 45 Análise>Analysis Porto de Dobela Por uma visão estratégica da integração regional The Ponta Dobela Port For a strategic view for regional integration João Costa por/by Isaías Muhate > Estudos de mercado mais recentes, confirmados pela In Went (Capacity Building International) em fóruns internacionais de peritos portuários, revelam a tendência universal de crescimento até 2015 do tráfego marítimo internacional, que vai requerer novos desafios para o desenvolvimento sustentável da indústria portuária ao nível mundial e, por consequência, para o nosso país, em particular. Moçambique, situado que está no maior corredor marítimo do mundo é, por imperativo geográfico, um país de trânsito do Ocidente para Oriente e vice-versa, assim 46 > The most recent Market Studies, confirmed by In Went (Capacity Building International) in international forums of port experts, indicate a global growth until 2015 in the international maritime traffic which will pose new challenges for the sustainable development of the port industry at the world level and, consequently, for our Country especially. Mozambique, located as it is along the greatest maritime corridor, the Maritime Channel with the same name and due to a geographic imposition, is a transit country from the West to the East and vice versa as well as for the Regional Hinterland and cannot therefore afford to avoid to reflect and debate about the perspective of the systematic development of the national Ports, especially during this decisive phase which is regional integration. The Ports of Nacala, Beira and Maputo continue to play their historic role of being commercial trading and transit centres for the Hinterland, the navigability of the channels whose difference of level, for Beira and Maputo, vary between 8 and 9,4 metres in depth for 15.000 and 30.000 DWT, respectively. Análise>Analysis como para o Hinterland Regional, não podendo furtar-se à reflexão e ao debate sobre a perspectiva do desenvolvimento sistémico dos Portos nacionais, especialmente numa fase tão decisiva quanto é a da integração regional. Os Portos de Nacala, da Beira e de Maputo vêm desempenhando o papel histórico de entrepostos comerciais e de trânsito para o Hinterland, à escala da navegabilidade dos canais, cujas quotas, para a Beira e para Maputo variam de 8 para 9,4 metros de profundidade, para navios de 15.000dwt a 30 000 Dwt, respectivamente. Daí que, exceptuando o Porto de Nacala, no Norte, que é de águas profundas, e tem o canal franqueado para navios de grande porte, nada garante que as operações nos Portos de Maputo e da Beira venham a corresponder, de forma sustentável à demanda futura dos navios da 4ª e 5ª gerações de passagem pelo Canal de Moçambique, tais como os VLCC (Very Large Crude Carriers), ULCC (Ultra Large Crude Carriers) e Post- Panamax, entre outros. É chegada a hora de, quem de direito, se manifestar, ponderar e decidir sobre o audacioso projecto do Porto de Dobela, na Província de Maputo, Distrito de Matutuíne. Será que ainda prevalecem as dúvidas dos investidores, as emoções dos latifundiários ou ganhará a razão pro-desenvolvimento integrado do Porto, ao serviço do benefício público com as oportunidades que se poderiam abrir de emprego, para se manusear mais tráfego e obterem-se mais receitas para a economia das Nações? Em nosso entender, mas sensatamente, hoje, mais do que nunca, urge promover- 48 se um debate, senão uma auscultação de entendidos desinteressados, em fórum nacional, regional ou internacional para revalidar a visão estratégica que tem estado por detrás da decisão do Governo de Moçambique em promover de forma equitativa a realização do tão gigantesco empreendimento, que Dobela representa para o Sul do país particularmente e, extensivamente, para as respectivas zonas de influência no Hinterland. Dobela, sendo um porto oceânico é ainda um potencial adormecido para o desenvolvimento económico de Moçambique e um dos instrumentos incontestáveis para a sobrevivência da África Austral, numa perspectiva estratégica do país para a integração regional e, particularmente, nas relações económicas bilaterais com a África do Sul, se tivermos em conta os volumes diversificados de tráfego regional estimados em cerca de 15 biliões de USD/ano para além da extensão dos mercados das indústrias petroquímicas que, ultimamente, apostam em instalar-se ao longo da costa moçambicana. Não há nada, para além da vontade dos homens (políticos ou de negócios), que possa impedir a coexistência de interesses para o desenvolvimento, que possa ter escapado a um estudo tão cuidadoso como foi sendo conduzido, durante vários anos, o projecto de Dobela, promovido pelo CFM e a mando do nosso Governo, na incumbência de cumprir a missão do interesse público para mitigar os eventuais impactos negativos sobre as comunidades humanas e faunísticoturísticas ou ambientais, a bem de todos e de cada um de nós. # João Costa Hence, excepting the Port of Nacala in the North, which is a deep sea Port and can receive ships of all sizes, there is no guarantee that operations in the Ports of Maputo and Beira will satisfy the future demands of the 4th and 5th generation ships that pass through the Mozambique Channel, such as the VLCC (Very Large Crude Carriers); ULCC (Ultra Large Crude Carriers); Post- Panamax, among others. It is high time that the appropriate authority should express, analyse and decide about the ambitious Project about Ponta Dobela in the District of Matutíne, Province of Maputo. Is it possible that there still exist doubts by the investors, the emotions of landowners, or those in favour of the integral development of the Port have finally been proved right, at the service of the public benefit with the possibilities of creating jobs, to handle more traffic and obtain more revenue for the economy of Nations? In our humble opinion, though prudent, today, more than ever, it is imperative to promote a debate or to hear those who are unbiased and are experts on the issue in a national, regional or international forum so as to revalidate the strategic view which serves as a basis for the Government of Mozambique to have taken to promote in an equitable manner the implementation of such a significant undertaking, which Dobela represents for the South of the Country particularly and for the respective zones of the Hinterland in general. Dobela, being an off-shore Port, is still an unexplored potential for the economic development of Mozambique and one of the unquestionable instruments for the survival of Southern Africa viewed from the Country’s strategic perspective regarding regional integration and especially in the bilateral economic relations with South Africa if we consider the volumes of the diversified regional traffic which is estimated at US$15 billion/per annum plus the expansion of the petrol and chemical industries which of late plan to install themselves along the Mozambican coast. There is nothing, in addition to men’s will (politicians and businessmen), that can prevent the co-existence of interests for the development which might been overlooked in the detailed study regarding the Dobela Project undertaken during many years by CFM as ordered by our Government with the aim of complying with public interest so as to mitigate the potential negative impact on the human communities and wildlife, tourist or environmental for the benefit of all and each of us. # 49 Carlos Calado Análise>Analysis Globalização, Integração Regional e Corredores de Desenvolvimento Que ganhos pode obter a economia rural moçambicana? Globalisation, Regional Integration and the Development Corridors What benefits can be gained for the Mozambican rural economy? por/by Salim Cripton Valá1 > Globalização, integração re- gional e o lugar de Moçambique A sociedade global, nestes primeiros nove anos do século XXI, debate-se com uma multiplicidade de transformações em velocidade jamais vista, impondo rupturas com o passado recente e a emergência de novas questões, desafios e perspectivas. Diante dessa nova realidade, há uma 50 necessidade urgente de reequacionar os velhos paradigmas do passado e pensar o país no quadro da ‘Aldeia Global’, utilizando a expressão de Marshall McLuhan (McLuhan & Power, 1989), da região da SADC e dos condicionalismos concretos da agenda de desenvolvimento nacional. Embora o processo de globalização não seja recente, teve um forte impulso de- > Globalisation, Regional Integration and Mozambique’s Position During these past nine years of the XXI Century, the global society has been confronted with the multiplicity of transformations which have never occurred before and which are provoking splits with the recent past and the emergence of new issues, challen- Carlos Calado Análise>Analysis pois de meados da década de 1970 com o aprofundamento da concentração e da centralização do capital, a estruturação de um sistema financeiro internacional, a revolução técnico-científica baseada na informação e na automação dos processos produtivos, a tendência para a promoção da homogeneidade cultural e a adopção de valores globais que devem ser aceites pela humanidade, como a democracia, a economia de mercado, os direitos humanos, entre outros. Não acredito que estejamos na senda do que Francis Fukuyama denominou como ‘O Fim da História’, sinalizado pelo triunfo do liberalismo económico e político e pelo facto de se estar a universalizar o modelo de democracia liberal ocidental como forma final de governo humano. Do ponto de vista económico faz cada vez menos sentido apontar o Estado-Nação como agente ou entidade económica. Por outro lado, a teoria económica não en- 52 contra argumentos particularmente fortes a favor da integração regional (Green, 1981; Hughes, 1983 e Robson, 1980). Na verdade, a autonomia económica não tem de facto validade por si, mas serve outros interesses que passam pela preservação da cultura, dos laços sociais ou da identidade histórica. Apesar de fazer sentido um alargamento dos mercados e o estreitamento das relações económicas com terceiros, é em muitos casos preferível criar um grupo restrito formado por poucos países para a intensificação dos laços económicos do que propriamente aderir sem contemplações ao conceito e à lógica de funcionamento do mercado global. Os acordos de integração regional têm vantagens e desvantagens evidentes, que é necessário ponderar. Estes efeitos resultam basicamente da criação de comércio que se gera no interior da comunidade e do eventual desvio do comércio face ao resto do mundo. ges and perspectives. Given this new reality, there is an urgent need to review the old models of the past and to analyse the Country within the context of the “Global Village”, to use Marshall McLuhan’s expression (McLuhan & Power, 1989), of the SADC Region and the concrete constraints to the national development agenda. Although the globalisation process is not entirely new, it has been accelerated significantly as from the mid 70’s as a result of the concentration and centralisation of capital, the structuring of the international banking system, the technical and scientific revolution which is based on information and the automation of the productive processes, the trend towards the promotion of cultural homogeneity as well as the adoption of global values that have to be accepted by humanity, such as democracy, the market economy, human rights, etc. I do not Carlos Calado believe that we are on our way towards what Francis Fukuyama describes as “The End of History”, as reflected by the triumph of economic and political liberalism and the universalization of the model of liberal democracy of the West as the final form of human governance. From an economic point of view, it becomes even less meaningful to consider the Nation State as an economic agent or entity. On the other hand, in economic theory there are no really strong arguments in favour of Regional Integration (Green, 1981; Hughes, 1983 and Robson, 1980). In fact, economic autonomy does not have validity by itself but serves other interests, such as the preservation of culture, social links or historical identity. Although there is some sense in the expansion of markets and the reinforcement of economic relations with third parties, in most cases it is more 53 Carlos Calado Apesar de se reconhecer que existem alguns problemas com os acordos de integração regional (favorecem os países que têm uma vigorosa base industrial e exportam muitos bens, a indústria manufactureira tende a polarizar-se nos países economicamente mais fortes e os países menos desenvolvidos perdem a sua soberania fiscal, um dos instrumentos mais importantes da política macroeconómica), a não aderência à integração regional significaria um autêntico “suicídio económico” na actual conjuntura económica mundial. A globalização significa a liberalização das trocas levada ao extremo. Conhecidas as vantagens teóricas desta, mas também os potenciais perigos para quem não se prepara convenientemente para a inviabilidade dos mercados globais, faz cada vez mais sentido que os Estados independentes se unam com certos propósitos económicos de modo a enfrentar um jogo que é cada vez mais protagonizado por grandes blocos económicos. Não é por acaso que mesmo países economicamente estáveis aderem a esquemas de integração regional, e que hoje as experiências existentes dão conta de que através desses blocos os países tiram dividendos concretos no jogo económico global, como se pode atestar nos casos da UE, NAFTA, MERCOSUL, LAF- 54 Carlos Calado Análise>Analysis TA, APEC, ASEAN, CEDEAO, SADC, Comunidade Andina, Mercado Comum das Caraíbas, entre outros. Esse parece não ser o caminho ideal, mas certamente é o mais apropriado para os países enfrentarem actualmente os desafios da globalização. Porém, sejam quais forem as decisões em termos de integração regional ou cooperação, permanece obrigação de todos os países serem individualmente atractivos no quadro do sistema económico internacional e não “atrelar-se”, impávida e serenamente, num bloco que vai reservar sempre lugar distinto para “ganhadores e perdedores”. Moçambique é, claramente, um país viável e em progresso evidente e, segundo Ratilal (2007: 5), pode tornar-se, nos próximos dez a quinze anos, um país com uma economia multifacética, assente nos seguintes eixos principais: i) energia com base no seu potencial hídrico; ii) agronegócio, com destaque para o açúcar, algodão, tabaco e nos grãos e cereais; iii) minerais; iv) destino turístico de eleição; v) florestas com grande valor económico; vi) prestador de serviços aos países do hinterland, com os corredores ferroportuários de Nacala, Beira e Maputo. O desafio de criar mais oportunidades de desenvolvimento para as famílias rurais passa, na nossa óptica, por articular três elementos-chave da economia nacional, que, presentemente, estão a funcionar de forma relativamente isolada: os mega-projectos, os corredores de desenvolvimento e a economia agrária e a agro-indústria. Esses três vectores bem articulados podem reforçar-se mutuamente e contribuir para tornar mais bem sucedida a estratégia de combate à pobreza, integrando e potenciando o interface entre a economia local, a nacional, a regional e a global. Na segunda metade dos anos 90, a ‘Era dos Corredores de Transporte’, que prevaleceu durante a existência da SADEC (década 80 e início de 90) foi substituída pela ‘Era dos Corredores de Desenvolvimento’, marcada por um forte cometimento político regional, promoção da parceria público-privada e a exigência de avultados investimentos de capitais de que Moçambique não dispunha. Essa etapa iniciou com o lançamento do Corredor de Desenvolvimento de Maputo (CDM), em Maio de 1996, e o enfoque principal foi de mostrar maior flexibilidade no que concerne à necessidade duma gestão privada dos sistemas ferro-portuários. Para os sul-africanos interessava que existissem iniciativas económicas concretas que alimentassem o negócio dos corredores, enquanto os interesses internacionais punham em relevo a necessidade de os investimentos nos corredores justificarem os rendimentos do sistema. Tendo como campo de análise seis megaprojectos (Mozal, HCB, Mpanda Uncua, gás natural de Pande e Temane, fundição de ferro e aço de Maputo e areias pesadas de Chibuto e Moma), Andersson (2002: 532) aponta que essas iniciativas vão ter um largo impacto no PIB e na balança comercial, tendo, em contrapartida, um impacto mais reduzido no rendimento nacional e na balança de pagamentos, em virtude da compensação dos fluxos financeiros, pagamento do serviço da dívida e repatriação dos lucros. Mas esses projectos de grande dimensão são importantes para o país sob vários aspectos: estão orientados para a exportação e, desse modo, trazem benefícios ao ligar Moçambique à economia internacional, sendo também mostruários das oportunidades de investimento em Moçambique; melhoram as infra-estruturas, disseminam muitos benefícios para os cidadãos e proporcionam oportunidades de formação para a força de trabalho moçambicana. Os caminhos de ferro e o transporte rodoviário afectam todos os aspectos da vida económica e social num determinado território, resultando numa maior dinâmica e interacção entre as actividades económicas como o comércio, a agricultura e a pesca, a indústria, o turismo, entre outros preferable to create a restricted group that is composed of a few countries rather than to blindly adhere to the concept and logic of the functioning of the global market. The Agreements for Regional Integration have obvious advantages and disadvantages which need to be analysed. The effects basically result from the establishment of trade which occurs within the community and the eventual diversion of trade from the rest of the world. Despite the fact that some problems do exist with regard to the Agreements on Regional Integration (they are more advantageous to those countries which have a vigorous industrial base and which export many products, the manufacturing industry tends to be polarised in the countries which are economically stronger and the least developed countries lose their fiscal sovereignty, one of the most imCarlos Calado Os corredores de desenvolvimento podem alavancar a economia nacional? 55 Carlos Calado Análise>Analysis 56 portant instruments of macro-economic policy), non-adherence to Regional Integration represents an authentic “economic suicide” in terms of the world economy. Globalisation signifies the liberalisation of trade taken to the extreme. Once its theoretical advantages and the potential dangers [13] are known for those who do not properly prepare themselves for the inevitability of the global markets, it makes sense that Independent Countries are becoming more united for determined economic purposes so that they can successfully face a game which is becoming dominated more and more by large economic blocks. It is not per chance that even those countries which are economically stable are adhering to Regional Integration programmes and today existing experiences indicate that countries do positively benefit from the global economic environment through these blocks, such as is the cases of EU, NAFTA, MERCOSUL, LAFTA, ASEAN, CEDEAO, SADC, the Andean Community, the Caribbean Community, etc. This does not seem to be the right option but it is certainly the most appropriate for the countries to currently meet the challenges resulting from globalisation. However, be as they may the decisions taken regarding Regional Integration or Cooperation, there still exists the imperative for all the countries to be individually attractive within the context of the international economic system and not be simply serene and impassive spectators in a block which will always reserve a different place for the “winners and losers”. Mozambique is definitely a viable Country and is experiencing visible progress. According to Ratilal (2007: 5), the Country has the potential of becoming a Country with a multifaceted economy within the next ten to fifteen years based on the following main points: i) electricity based on its hydro-potential; ii) agro-business with emphasis to sugar, cotton, tobacco, corn and grain; iii) minerals; iv) preferred tourist destination; v) forests with a great economic potential; and, v) provider of services to the hinterland countries through 57 Carlos Calado Análise>Analysis sectores. Foi isso que Chilundo (2001: 363) mostrou no seu trabalho sobre ‘Os Camponeses e os Caminhos de Ferro e Estradas em Nampula’, não obstante a revolução nos transportes ter trazido mais pobreza e subdesenvolvimento ao nível do campesinato local. Parece consensual que as infra-estruturas de transportes e comunicações favorecem as ligações intersectoriais na economia. Esse facto foi provado igualmente por Covane (2001), ao mostrar que as infra-estruturas de transporte, no Sul de Moçambique, criaram um ciclo dinâmico entre o trabalho migratório para as minas sul-africanas, o desenvolvimento da agricultura e a expansão de tecnologias de produção rural, como a tracção animal e a irrigação agrícola. O que é importante é que os corredores de desenvolvimento (linhas férreas e estradas principais) sirvam um propósito de crescimento e de desenvolvimento económico em que os pequenos produtores joguem um papel decisivo, usufruindo das oportunidades que se vão gerando. 58 the Nacala, Beira and Maputo Port and Railway Corridors. The challenge is to create more development opportunities for the rural families and, in our opinion, this is possible by linking three key elements of the national economy which are operating in a relatively isolated manner: the Mega-Projects, the Development Corridors, and the AgroEconomy/Agricultural Industry. If these three sectors are well coordinated, they can mutually reinforce one another and contribute towards the success of the strategy against poverty and the integration and strengthening of the interface among the local, national, regional and global economies. Can the Development Corridors serve as levers to the National Economy? During the second-half of the 90’s, the “Era of Transport Corridors” that prevailed when it was SADCC (during the 80’s and beginning of the 90’s) was replaced by the “Era of Development Cor- ridors”, which was characterised by a strong regional political commitment, the promotion of the Public-Private Partnership and the need for huge capital investments for which Mozambique did not have the necessary funds. The latter Era began with the inauguration of the Maputo Development Corridor (CDM) in May 1996 and the main emphasis was to demonstrate more flexibility in the attempt to involve Private Participation in the management of the Port and Railway Systems. To the South Africans, what was more important was that there should be concrete economic initiatives which would stimulate the business of the Corridors while the international interests put an emphasis on the need for the investments in the Corridors to justify the System’s profitability. Taking as a basis for his analysis six mega-projects (Mozal, HCB, Mpanda Uncua, the Natural Gas of Pande and Temane, the Maputo Iron and Steel Smelter Plant and the Heavy Sands of Chibuto and Moma), Andersson (2002: Carlos Calado Desenvolvimento económico impulsionado pelas PME rurais Tal como Andersson, Magid Osman defende que os grandes projectos não vão resolver o problema da pobreza, das desigualdades sociais e do desemprego em Moçambique. São projectos de capital intensivo e somente um número limitado de empregos directos está sendo criado, uma vez que cada posto de trabalho requereu investimentos no valor de 100 mil USD. Ele refere que o Centro e o Norte do país têm grandes potencialidades e uma grande vantagem competitiva sobre o Sul, pelo facto de disporem de um recurso relativamente abundante: a água. Para o autor, é fundamental implementar estratégias de desenvolvimento que explorem o potencial agrário e agro-industrial existente, fomentando culturas como o algodão, o chá, o açúcar, a castanha de caju, o arroz, o coco, o tabaco, a fruta, etc..., que serão produzidas por milhões de camponeses nas zonas rurais. Essa engenharia de produção assente no sector familiar criaria um acrescido poder de 532) concludes that these initiatives will have a very significant impact on the Country’s GDP and Trade Balance but, however, the impact will not be felt so much with regard to the National Income and the Balance of Payments due to compensations for the financial flows, servicing of debts and the repatriation of profits. However, these huge Projects are important for the Country in many aspects: they are geared towards the exports and therefore link Mozambique to the International Economy; they are “showcases” of the investment opportunities which Mozambique represents, they improve the infrastructures, they afford many benefits to the citizens and provide training opportunities to the Mozambican labour-force. The Railways and Road Transport affect all aspects in the economic life of a given territory resulting with more dynamics and interaction among the economic activities such as trade, agriculture and fishery, industry, tourism, etc. This is what Chilundo (2001: 363) demonstrates in his book about “The Peasants and the Railways and Roads in Nampula”, despite the revolution in transport having brought along with it poverty and underdevelopment to the local peasantry. It seems to be an accepted fact that transport and communications infrastructures facilitate inter-sector links in the economy. Covane (2001) also attests to this when he states that transport infrastructures in the Southern part of Mozambique created a dynamic cycle among the labour migration to the mines in South Africa, the development of agriculture and the expansion of rural production technologies such as traction using animals and agricultural irrigation. What is significant is that the Development Corridors (the Railway Lines and the main Roads), bringing about growth and development so that the small producers can have a central role to play, benefiting from the opportunities that will be gradually generated. 59 Análise>Analysis compra, viabilizaria a indústria ligeira e daria uma maior sustentabilidade financeira para as infra-estruturas, ao dotar o Estado de recursos para a manutenção e expansão. Obviamente que esse esforço de organização social e produtiva tornaria mais complexa e dispendiosa a teia de sistemas, relações, instituições e dinâmicas a fortalecer ao nível local (Magid Osman, 2000: 26), mas os resultados, a longo prazo, justificariam o esforço. Advogamos que os Corredores de Desenvolvimento e outras infra-estruturas de transportes e de comunicações devem trazer benefícios concretos para a economia rural, em particular para o desenvolvimento das Pequenas e Médias Empresas (PME). Em termos estratégicos importa, com urgência, reforçar as ligações entre os vários sectores da economia, ao nível local, e adoptar medidas indutoras sobre a economia para ser benéfica para os pequenos e médios produtores rurais, em termos de financiamento, mercados, tecnologias e infra-estruturas. Por exemplo, a integração das áreas económicas sob coordenação duma só entidade, os Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAE), foi um passo positivo, mas é fundamental reforçar a sua capacidade de intervenção ao nível dos Distritos e avançar para a adopção duma abordagem similar ao nível provincial, para que se transite duma governação baseada essencialmente em lógicas sectoriais e verticais para uma outra assente em abordagens integradas e territorialmente sensíveis. A integração económica territorial, sectorial e social tem o potencial de trazer ganhos na redução da pobreza de forma mais rápida, abrangente e sustentável. Presentemente, do total de 20,5 milhões de habitantes do país, mais de 35% vive nas zonas urbanas e todas as indicações disponíveis são de que o processo de urbanização continuará a um ritmo acelerado no futuro. Isso não significa que a urbanização seja um fenómeno predominantemente negativo. A urbanização deriva e origina efeitos principalmente positivos, porque é determinada pelo progresso e diversificação de infra-estruturas, melhoria das condições de vida e das oportunidades de trabalho, bem como da recreação e bem-estar social. Todavia, os problemas surgem quando a urbanização 60 Economic Development stimulated by the Rural SMI’s Just like Andersson, Magid Osman defends the idea that the huge Projects will not resolve the problem of poverty, social inequalities and unemployment in Mozambique. On the contrary, they are capital intensive Projects and only a limited number of jobs are being created since each vacancy has requires an investment of US$ 100 thousand. He states that the Central and Northern parts have enormous potential and a significant competitive advantage over the Southern part. They have a resource which is in abundant supply, which is water. To the author, it is essential to implement development strategies which maximise the exploitation of the existing agricultural and agroindustrial potential and to encourage the cultivation of, inter alia, cotton, tea, sugar, cashew, rice, coconuts, tobacco, fruits, etc. which can be produced by millions of peasants in the rural areas. This production engineering, having as its base the family sector, can increase the buying power, ensure the feasibility of a light industry and ensure more financial sustainability of the infrastructures by providing the State with resources for their maintenance and expansion. Obviously, this effort of social and production organisation will render the network of the systems, relations, institutions and dynamics to be developed at the local level more complex and costly (Magid Osman, 2000: 26). But, in the long term, the results will be worth the exercise. We advocate that the Development Corridors and other transport and com- munications infrastructures should usher in concrete benefits to the rural economy, especially for the development of the Small and Medium Industries (SMI’s). In terms of strategy, it is important to urgently reinforce the linkage among the various economic sectors at the local level and to adopt inductive measures with regard to the economy so that it can be beneficial to the small and medium rural producers in terms of funding, markets, technologies and infrastructures. For example, the integration of the economic areas under one authority, the District Economic Activities Services (SDAE) was a positive step but it is essential that their capacity to intervene at the level of the Districts must be reinforced and proceed with the adoption of an approach that is similar to that which is being applied at the Provincial level so that there can be a transition from a governance that is fundamentally based on sector and vertical logics to one that is based on holistic and integrated approaches and territorially sensitive. Currently, of the total of 20, 5 million Country’s habitants, 35% live in the urban areas and all available indications point out that the urbanisation process will accelerate at a faster rate in the future. This, of course, does not mean that urbanisation is phenomenon that is basically negative. Urbanisation produces results that are definitely positive since it is determined by the progress and the diversification of infrastructures, the improvement in the conditions of life as well as employment opportunities and, further, in the recreation and social well-being facilities. De um total de 20,5 milhões de habitantes do país, mais de 35% vive nas zonas urbanas e todas as indicações disponíveis são de que o processo de urbanização continuará a um ritmo acelerado no futuro. Análise>Analysis Carlos Calado se concentra, de forma desequilibrada e desordenada, num pequeno número de zonas metropolitanas (Maputo, Beira e Nampula), sem condições de absorção dos novos imigrantes, nem oportunidades de emprego, habitação e saneamento. Há uma tendência natural de deslocamento da população da agricultura para a indústria e os serviços, movimento esse que não é possível estancar absolutamen- 62 te. O que o país não pode dar-se ao luxo é de continuar a ter índices de produção e de produtividade extremamente baixos na agricultura, mesmo em relação aos países da região da SADC. Privilegiar, como estratégia de desenvolvimento rural, grandes projectos industriais e de exploração de recursos minerais e seguir à risca as prescrições inerentes aos programas de ajustamento estrutural, que fomentam os sectores mais dinâmicos da economia e estão orientados para as exportações, pode ser uma ‘faca de dois gumes’ com consequências desastrosas a longo prazo. É possível refrear o afluxo migratório das zonas rurais para os centros urbanos e os países vizinhos com estratégias que convidem a maior parte da população do país a participar activamente na exploração do potencial económico encravado nos Distritos. Os ganhos dos mega-projectos e as oportunidades que os corredores de desenvolvimento e outras infra-estruturas de transportes e de comunicações proporcionam devem orientar-se para o fomento de zonas com potencial agro-pecuário e florestal, agro-industrial, promoção turística e pesca sustentável. Essas actividades ‘arrastam’ milhões de produtores e suas famílias, ampliando as oportunidades de auto-emprego, estimulando a produção de alimentos e gerando renda acrescida. Precisamos, sim, de sistemas financeiros inclusivos e de proximidade; também necessitamos de ampliar os acessos ao mercado, às infra-estruturas produtivas e às tecnologias. Mas o que muitas vezes achamos que não precisamos, mas que é a chave do sucesso das PME, são os serviços de apoio ao desenvolvimento de negócios, reforço das capacidades de gestão e a capacitação para despoletar o vírus do empreendedorismo entre os moçambicanos rurais. Melhorar a qualidade da procura de financiamento e promover a bancarização dos produtores rurais são objectivos tão fundamentais como alargar a oferta de serviços financeiros para as zonas rurais. Precisamos de fomentar as escolas de artes e ofícios pelos distritos, e que a Sociedade e o Estado valorizem profissões como as de carpinteiro, pedreiro, electricista, latoeiro, ferreiro, canalizador, serralheiro, mecânico, etc... A extensão However, problems emerge when urbanisation is concentrated in an unbalanced and uncoordinated manner in a small number of urban zones (Maputo, Beira e Nampula) which does not have the capacity of catering for new immigrants or with no opportunities of employment, housing and preservative of a public health scheme. There is a natural tendency for the agricultural population to migrate to places where there are industries and services, a movement which cannot be completely stopped. What the Country cannot afford is to continue having very low production and productivity rates in agriculture, even in relation to the SADC Member Countries. To privilege huge industrial projects and the mining of mineral resources, as well as to strictly follow the prescriptions that go with the Structural Adjustment Programme which encourage the most dynamic sectors of the economy to give priority to exports, as a strategy for rural development can be a “double-edged knife” with disastrous consequences in the long term. It is possible to stem the migratory flow from the rural areas to the urban centers and to the neighbouring countries by adopting strategies which entice the majority of the Country’s population to actively participate in the exploitation of the economic potential that is locked up in the Districts. The benefits from the mega-projects and the opportunities which the Development Corridors and other infrastructures offer must be directed at the zones that have the sustainable potential for animal husbandry, forests, agro-industry, promotion of tourism and fishery. These activities attract millions of producers and their families, increase the possibilities of self-employment, encourage food production and generate more income. Yes, what we need are inclusive and neighbourhood finance systems as well as to extend access to the market, infrastructures and technologies. Most of the time, what we consider as not necessary but which are in fact the key to the success of the SMI’s are the support services to the development of business, capacity building and efforts aimed at awakening the virus of creativity rural deve induzir o plantio de árvores de fruta e de sombra, promover a criação de hortas familiares e mostrar que a criação de animais de pequena espécie é uma estratégia para garantir a segurança alimentar e gerar renda para a família. É preciso resgatar a visão de que as micro-iniciativas de desenvolvimento, bem calibradas e sustentáveis, trazem desenvolvimento socioeconómico global para o país. São essas carências de visão e de perspectiva que não permitem que possamos enxergar que as zonas rurais são espaços atractivos para nelas habitarmos e trabalharmos, e em vez de serem consideradas ‘regiões marginais a cargo do país’, são espaços de oportunidade para exaltar a nossa competitividade económico-social. Os corredores de desenvolvimento devem jogar o seu papel histórico na promoção do potencial rural, fomentar a economia inter-sectorial e ligar os Distritos e os produtores de Mavago, Meluco, Lalaua e Pebane aos compradores das cidades de Joanesburgo, Frankfurt, Genebra e Tóquio. Assim, em 2025, poderemos dizer orgulhosamente, alto e bom som, que os corredores de desenvolvimento estiveram no centro das mudanças em Moçambique e contribuíram, de forma axial, para o fortalecimento da economia multissectorial rural. Quando daqui a 15 ou 20 anos os nossos netos nos perguntarem “afinal como resolveram vocês os problemas que o país enfrentava nos anos 2005-10?”, queremos responder, sem pestanejar, que a integração regional e a globalização não foram termos ocos ou miragens, mas ‘fenómenos’ que catapultaram Moçambique para patamares de desenvolvimento humano altos, encubaram e despoletaram os sucessos económicos a que hoje assistimos e que geraram interesses económicos e sociais concretos que permitem encarar o nosso país como sendo de ‘múltiplas maravilhas, bem como de ricas e diversificadas oportunidades já em exploração’. Nessa altura, a voz do Povo não vai servir para esconder a sua miséria, privações e pobreza, mas para gritar a sua riqueza material, cultural, espiritual e intelectual. Acontecendo isso, a nossa geração terá cumprido, modestamente mas com afinco e abnegação, a sua missão. # in the rural Mozambicans. To promote the quality for the need for funding and to promote the ‘bankability’ of the rural producers are objectives which are as essential as widening the offer for financial services in the rural areas. We need to stimulate the construction of handicraft and workmanship institutions in the Districts and that Society and the State should respect professions such as those of a carpenter, bricklayer/mason, tinsmith, electrician, plumber, locksmith, mechanic, etc. Rural extension should encourage the planting of fruit trees and others for the shade, promote the cultivation of family gardens and demonstrate that the rearing of small animals is a sure way of guaranteeing food security and a source of income for the family. We have to uphold the vision that well conceived and sustainable development microinitiatives do contribute towards the Country’s global socio-development. It is these shortcomings in the view and perspective which make us not be able to perceive that the rural zones are attractive spaces for habitation and work instead of considering them as “marginal regions which are the responsibility of the Country”. In fact, they are spaces of opportunity through which we can proudly exhibit our economic and economic competitiveness. The Development Corridors must play their historic role in the promotion of the rural potential, stimulate the inter-sector 1 Salim Cripton Valá é licenciado em História e mestre em Desenvolvimento Agrário. É investigador da Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural (DNPDR) do Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD) e docente da Faculdade de Letras e Ciências Sociais (FLCS) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Actualmente é o Director da DNPDR. 2 No seu livro, Kassotche (1999: 68-69) apresenta cinco críticas à globalização, a saber: i) o desenvolvimento é sobretudo e exclusivamente orientado para a economia; ii) negligencia os pobres e os marginalizados; iii) o desenvolvimento visa a industrialização como prioridade e negligencia a agricultura; iv) as instituições financeiras internacionais e as potencias dominantes impõem uma filosofia de endividamento que é, na prática, percebida como contra-desenvolvimento, e; v) a liberalização e as forças poderosas do mercado livre é que assumem as “regras do jogo”. economy and link the Districts and the producers of Mavago, Meluco, Lalaua and Pebane to the buyers in Johannesburg, Frankfurt, Geneva e Tokyo. Thus, we can proudly state in a loud voice in 2025 that the Development Corridors have been at the centre of the changes in Mozambique and have immensely contributed towards the consolidation of the rural multi-sector economy. When our grandchildren ask us in 15 to 20 years time: “Actually, how did you resolve the problems which the Country was confronted with during the period 2005-10?” We want to respond without blinking an eye that Regional Integration and Globalisation were not empty concepts or a delusion but were “phenomena” which catapulted Mozambique to the heights of human development, nurturing and unveiling the economic successes which we witness today and generating concrete economic and social interests that make it possible for us to consider our Country as a country of “multiple wonders as well of rich and diversified opportunities which are already being exploited”. During this time, the People’s voice will not be used to hide the misery, shortages and poverty but will announce loudly about their material, cultural, spiritual and intellectual well-being. Once this occurs, our generation would have in a modest way, but with determination and self-sacrifice, fulfilled its mission. # Salim Cripton Valá has a B.A. (Honours Degree) in History and a Master’s Degree in Agricultural Development and is a Researcher in the National Directorate for the Promotion of Rural Development (DNPDR), Ministry of Planning and Development (MPD). He is also a Lecturer in the Faculty of Arts and Social Sciences (FLCS) at the Eduardo Mondlane University (UEM) as well as occupying the position of Director of the DNPDR. 1 Kassotche, in his book (1999: 68-69), presents five criticisms with regard to globalisation, namely: i development is above all and exclusively directed towards the economy; ii) it does not pay attention to the poor and the disfavoured; iii) development gives priority to industrialization and neglects agriculture; iv) the international finance institutions and the world economic powers impose a policy that encourages debts which, in reality, is seen as being against development; and, v) liberalization and the powerful forces of the free market are the ones who actually define the “rules of the game”. 2 63 Editando Análise>Analysis A ‘guerra’ dos direitos de transmissão de eventos desportivos The ‘war’ for sports transmission rights por/by Sigaúle Manhiça > A aquisição de direitos de transmissão de eventos e acontecimentos desportivos, de interesse universal, é cada vez mais problemática nos chamados países do terceiro do mundo. A questão pode ser colocada a dois níveis: o da competição interna de cada país, entre os vários operadores, e o da competição, mais universal, entre o free to air e os serviços codificados, ou pay per view. Devido à reconhecida fragilidade das economias do ‘terceiro mundo’, os conteúdos desportivos são normalmente negociados em regime barter, ou seja, de exibição a troco de publicidade: uma determinada multinacional custeia os direitos de aquisição e, como contrapartida, recebe o correspondente em publicidade. 64 Pressupõe-se, correctamente, que o capitalismo emergente dessas nações não é suficientemente vibrante para patrocinar custos tão elevados e que os orçamentos estatais, financiados em mais de metade por parceiros externos, não podem, sequer, acomodá-los. Foi na base dessa visão que a FIFA ofereceu o Mundial 2006 a toda a África Subsahariana e Ilhas do Oceano Índico, exceptuando a Nigéria e a África do Sul, consideradas ‘outros mercados’. A região supracitada pagava apenas os custos de acesso ao sinal, geralmente simbólicos. Este regime de cedência de direitos pode acomodar outros patrocinadores locais, desde que de marcas não conflituosas com as dos patrocinadores oficiais, per- > The acquisition of rights for the transmission of sporting events and occurrences which are of a universal interest, is more and more constituting a problem in the so-called Third World Countries. The issue may be viewed from two perspectives: the internal competition within each country – among the various operators – and competition per se, which is more universal, between “free to air” and the encoded services or “pay per view”. Due to the already known fragility of the economies of the Third World, the sporting contents are normally negotiated on the basis of barter or, in other words, broadcasting in exchange for advertisements: a particular Análise>Analysis garding broadcasting are not very clear and everything has been left to the market forces, this type of barter as we know it is in a critical condition. The war for listeners/viewers has subverted it almost completely. In our countries, especially in Mozambique, there exists a false perception that there is enough money to easily support the costs for the acquisition of sporting rights. If Mozambique were to be charged the same amount of €1 million which Angola paid in 2006 through an agency for the transmission rights in connection with the World Cup Games in Germany, the Country would be paying at once and for one product almost one third of what the State gives to the public service broadcasting for the three consecutive years of the Contract-Programme. In this case of the free market, the encoded service or “pay per view” poses new challenges to the “public interest”. Last year, the SABC and Supersport became entangled in an interesting dispute with regard to the PSL’s (Premier Soccer League) transmission rights and ended up in Court. Instead of it being simply a commercial wrangle, what was actually was a policy issue. Until June 2007, only 1.0 million people of the 47 million had regular access to satellite/cable TV at home. A study published in Johannesburg by the Independent Communications Authority, revealed that despite the fact that 4.3 million people had stated that they had watched during the last week through the M-Net or the DSTV, the number had decreased to 1.9 million when they were asked: at home? Obviously, access to a TV through subscriptions is still limited to a few. However, its trans-national impact on the vast market of consumers in South Africa, Mozambique, Angola and other countries will be significant. The operators of closed TV are convinced that, for example, covering topclass football games extensively will ensure more subscriptions and thus attracting more viewers who will stimulate sponsorships and revenue. This was the reason why Sub-Saharan Africa only managed to secure a package of eight games for Euro 2008. # mitindo, desse modo, a produção de receitas alavancadoras das estruturas orçamentais e financeiras das estações contratantes. Nos países sem uma lei clara de radiodifusão, e onde se deixou tudo ao critério das forças do mercado, este regime barter, no formato a que nos habituámos, está em perigo. A guerra das audiências subverteu-o quase que completamente. Criou-se nos nossos países, e em Moçambique particularmente, a falsa percepção de que há dinheiro suficiente para custear, sem sobressaltos, a aquisição de direitos desportivos. Se a Moçambique fosse pedido o valor cobrado a Angola, em 2006, por uma agência intermediária (1 milhão de euros pelos direitos de transmissão do Mundial da Alemanha) o país estaria a pagar, duma só vez, e para um só conteúdo, quase a décima parte do que o Estado dá ao serviço público de radiodifusão em três anos consecutivos de contrato-programa. Neste cenário de livre concorrência, o serviço codificado, ou pay per view, tam- bém coloca novos desafios ao ‘interesse público’. No ano passado, a SABC (South African Broadcasting Association) e a Supersport protagonizaram uma disputa interessante à volta dos direitos da PSL (Premier Soccer League), que foi decidida em tribunal. Mais do que uma disputa meramente comercial, estava-se perante uma questão política de fundo. Na África do Sul, até Junho de 2007, apenas 1,9 milhão de pessoas, num universo de 47 milhões de habitantes, é que tinham acesso à televisão por satélite/cabo, numa base regular, em casa. Um estudo publicado em Joanesburgo pela Independent Communications Authorithy revela que, apesar de 4,3 milhões de pessoas afirmarem que assistiram à MNet ou à DSTV, na última semana, o número baixa para 1,9 milhões, quando lhes é colocada a questão: em casa? Claramente, o acesso à TV por subscrição é ainda uma possibilidade de poucos, porém, o impacto transnacional deste media sobre grandes universos de consumidores em sinal aberto, na África do Sul, Moçambique, Angola e outros lugares, será cada vez maior. Os operadores em circuito fechado acreditam, por exemplo, que uma cobertura mais extensiva de jogos de futebol topode-gama, pode angariar mais subscrições, dando-lhes, desse modo, audiências que catalisam patrocínios e receitas. Foi assim que a África Subsaariana ficou apenas com um pacote de oito jogos do Euro 2008. # Editando multinational will bear the cost of the transmission rights and, in exchange, will receive the corresponding amount through advertising. It is correct to assume that the emergent capitalism of these countries is not sufficiently vibrant enough to bear such high costs and that the state budgets, which are more than half, are financed by external partners, cannot even accommodate them. It was on this basis that FIFA offered the World Cup 2006 was offered to the whole of Africa and the Indian Ocean Islands, except Nigeria and South Africa which were considered as “other markets”. The abovementioned region paid the costs for connecting to the signal, which were generally symbolic. This type of cession of rights might be able to satisfy the local patrons so long as the brands do not enter into conflict with those of the official sponsors thus generating significant revenue for the budgetary and financial structures of the contracting television/radio stations. In those countries where the laws re- 67 Artur Ferreira História>History Ponte Dona Ana A bailarina dos arcos de ferro por/by António Sopa The Dona Ana Bridge The dancer with the iron arcs 15 anos depois, Dona Ana volta a ter vida. A ponte que liga as duas margens do Zambeze é mais do que uma ponte: é uma das obras de engenharia mais importantes construídas no antigo período colonial e património arqueológico industrial de grande valor do nosso país. Ao largo dos seus 3.677 metros de comprimento, Dona Ana já foi a maior ponte ferroviária de África e a terceira do mundo. Em Setembro, os comboios voltaram a apitar nesta ponte, apesar de terem sido apenas comboios de materiais de via para início dos trabalhos de assentamento da linha no troço Dona Ana/Moatize. > De facto, está praticamente concluída a beneficiação de grande vulto na Ponte de Dona Ana. As obras realizadas visaram, fundamentalmente, restituir-lhe a sua vocação inicial, de ponte ferroviária, facilitando a ligação entre as duas margens do rio Zambeze. Encerrada há cerca de 15 anos, em virtude do conflito armado em que esteve mergulhado o país, os passos decisivos foram 68 dados quando o Governo moçambicano aprovou a reconstrução da Linha de Sena, em 1996. Perante o desinteresse dos parceiros internacionais, decidiu-se avançar então com as obras, a partir de fundos próprios da Empresa CFM e da Agência Internacional de Desenvolvimento (IDA), que decidiu juntar-se ao projecto. A Ponte Ferroviária de Dona Ana, apesar dos seus mais de 70 anos de existência, > The bridge which they were planning to build was basically a commitment – with the costs, history and mainly with the River. (Regarding the Bridge’s drawings which were prepared by the Liversey & Son and Henderson in September 1923). 15 years later, the Bridge has recovered a new life. In fact, the Bridge joining the two banks of the Zambeze River is Nas origens: a linha férrea A ideia da construção duma linha ferroviária ligando Moçambique a Niassalândia (actual República do Malawi) nasceu ainda no final do século XIX, após a construção do caminho-de-ferro que uniu a Beira ao actual Zimbabwe (1896). Um primeiro estudo viria a ser feito pelo engenheiro Danford, director dos Serviços de Agrimensura da Companhia de Moçambique, estabelecendo um primeiro traçado desde Lacerdónia, descendo pela margem esquerda do rio Zambeze até ao Dondo e daí até à Beira. A majestática viria a contratar o engenheiro Leopold Porcheron para a concessão do caminhode-ferro, entre a Beira e um ponto situado entre as regiões de Sena e Lacerdónia. Estas iniciativas não tiveram seguimento, ainda que aquele engenheiro tenha transmitido a concessão à Compagnie du Chemin de Fer de Beira au Zambèze, constituída em Bruxelas, e cujos estatutos foram apresentados para aprovação em 20 de Janeiro de 1899. Novos desenvolvimentos viriam a registar-se em 1912, quando um contrato entre a Companhia de Moçambique e a Compagnie du Chemin de Fer de Beira au Zambèze autorizou esta última empresa a transferir os seus direitos e obrigações para uma nova companhia. Um novo contrato, no seguimento do anterior, viria a ser assinado em 16 de Agosto de 1919, estabelecendo as condições e as cláusulas para o financiamento da Companhia, definindo igualmente o capital considerado necessário para a construção e exploração do caminho-de-ferro. Nesse mesmo ano, em 24 de Dezembro, viria a constituir-se finalmente a nova Companhia – Trans-Zambézia Railway Company, com sede em Londres. Os estudos da linha foram feitos por en- more than a simple bridge. Despite the fact that it is more than 70 years, it is one of the most important engineering masterpieces which were constructed during the colonial period and it constitutes a very valuable industrial archeological asset of our Country. With its length of 3.677 metres and divided into 33 principal arches which are 80 metres high, the Dona Ana Bridge has been considered at the time it was constructed the largest Railway Bridge in Africa and the third in the World. In September this year, trains will once again run along this Bridge albeit the fact that they will only be carrying railway material for the reconstruction of the Railway Line Dona Ana – Moatize Section. In fact, the major reconstruction works on the Bridge are almost completed. The intention has been to restore its original role of being a Railway Bridge and securing the link between the two banks of the Zambeze River. Having been closed for about 15 years owing to the armed conflict that was imposed on the Country, the first decisive steps that were taken was when the Mozambican Government decided in 1996 on the reconstruction of the Sena Railway Line. Given the lack of interest on the part of the international partners, it was decided to go ahead with the Project, with CFM applying its own funds and in coordination with the International Development Agency which had decided to join in the Project. The Background: The Railway Line The idea of constructing a Railway Line that would link Mozambique with Nyasaland (now the Republic of Malawi) arose during the end of the the XIX Century, following the construction in 1896 of the Line linking Beira to now Zimbabwe. The first studies were undertaken buy Engineer Danford, the Director of the Land Survey Department of the Mozambique Company, which resulted with the definition of the first outline starting from Lacerdónia, descending along the left bank of the Zambeze Bridge up to Dondo and from there to A ideia da construção duma linha ferroviária ligando Moçambique a Niassalândia (actual República do Malawi) nasceu ainda no final do século XIX, após a construção do caminho-de-ferro que uniu a Beira ao actual Zimbabwe (1896) Artur Ferreira continua a ser uma das obras de engenharia mais importantes construídas no antigo período colonial, sendo igualmente uma das peças mais valiosas do nosso património arqueológico industrial. Com os seus 3.677 metros de comprimento, distribuídos por 33 arcos principais com 80 metros de altura cada, foi, na altura da sua construção, considerada a maior ponte ferroviária de África e a terceira a nível mundial. 69 História>History Beira. The Company then contracted Engineer Leopold Porcheron for the concessioning of the Railway Line from Beira up to a point located between Sena and Lacerdónia. However, there was no progress from these initiatives even though Porcheron had transferred the concession to the «Compagnie du Chemin de Fer de Beira au Zambèze» which was a Company that was registered in Brussels on 20 January 1899. A new development occured in 1912 when an Agreement between the Company of Mozambique and «Compagnie du Chemin de Fer de Beira au Zambèze» was signed authorizing the latter to cede its rights and obligations to a new Company. A new Agreement, as a follow-up to the one referred to above, was entered into on 16 August 1919, defining the conditions and the terms for the funding the Company as well as specifying the capital that was considered as necessary for the construction and operation of the Railway Line. During that same year, on 24 December, the new Company was finally constituted and was to be designated as the Trans-Zambézia Railway Company and with its Headquarters to be based in London. The Studies regarding the Line were undertaken by Engineering Consultants from the Casa Pauling & Cº and who were famous Railway Contractors of that time. Eng. Alfred Lawley, who had distinguished himself during the construction of the Beira Railway Line was appointed to head the construction works of the Line from Dondo to the banks of the Zambeze River. The works began from Dondo on 14 September 1920 and it was opened to traffic on 1 July 1922 and, at this time, crossing the River between Sena and Dona Ana was by using old vessels with wheels which were operating then. The Trans-Zambézia Railway Company Limited was awarded the right to operate the Beira Railway Line from Dondo up to the Beira Terminal A desired Bridge constructed In June 1922, the Liversey Son & Hendersen, a Civil Engineering Company, sent Seager Berry, who was already 70 well-known for his achievements in Buenos Aires. Installed on the sandy bank of the River near Mutarara, he spent about four months studying the River and even went up to the gorge at Lupata. In his report, he rejected the first location between Murraça and Chindio which had been suggested as well as another at Inharuca, four kilometres before Sena, as an alternative. He opted for a place near Sena, which is the Dona Ana village. The increase of railway traffic and the difficulties in the transshipment determined the dire need for the construction of a bridge at that very place became a constant concern of the Central Africa Railways. Hence, a commission composed of English experts, who were General Hammond, Colonel Newcomb, Major Warren King and W. Carter, visited the place in March 1927 to study the Bridge Project. The constitution in 1930 of a new Company, designated the Nyasaland Railway Ltd, established the need to directly link Central Africa Railway Cº Ltd to the Trans-Zambézia Railway Company so as to guarantee a continuous flow of traffic between Nyasaland and Beira. As a result, the construction of the Bridge was initiated from the Sena side in January 1932 after having been designed by G. A. Hobson and the construction company was the English Firm, Cleveland Bridge & Engineering Cº Ltd from Darlington. The construction of the Bridge presented extreme hardships since there was no hard rock at the bottom of the River and about 6000 workers were recruited. The Zambeze Bridge was finally opened to traffic on 14 January 1935 under the management and control of the Nyasaland Railways Limited through its subsidiary, the Central Africa Railway Cº Ltd. Meanwhile, as from the 50’s, the Portuguese Government was gradually acquiring the subscribed capital of the Trans-Zambezia Railways’ shareholders which resulted with it controlling 93% of the Company’s share capital. The Company’ Headquarters were then transferred to Lisbon on 26 February 1969. genheiros consultores da Casa Pauling & Cº, naquele tempo empreiteiros ferroviários de renome. O engenheiro Alfred Lawley, que muito se distinguira na construção do caminho-de-ferro da Beira, foi o encarregue de dirigir os trabalhos de construção também desta linha férrea do Dondo à margem do Zambeze. Os trabalhos de assentamento da via tiveram início no Dondo no dia 14 de Setembro de 1920 mas a sua abertura ao tráfego só viria a ocorrer em 1 de Julho de 1922. Nessa altura a travessia do rio Zambeze fazia-se entre Sena e D. Ana, com a utilização de velhos barcos de rodas que prestavam serviço naquele rio. A Trans-Zambézia Railway Company Limited ficou com o direito de utilização da linha de caminho-de-ferro da Beira, desde o Dondo até ao terminal da Beira. A ponte sonhada e construída Em Junho de 1922 a empresa de engenharia civil Liversey Son & Hendersen enviou Seager Berry, já conhecido pelos trabalhos realizados no Porto de Buenos Aires. Instalado num banco de areia, perto de Mutarara, dedicou-se durante cerca de quatro meses ao estudo do rio, tendo chegado a visitar a garganta do rio, na Lupata. No seu relatório, ele viria a rejeitar o primeiro local sugerido, entre a Murraça e o Chindio e, em segunda alternativa, em Inharuca, a quatro milhas abaixo de Sena, fixando a sua opção num local próximo de Sena, no vilarejo de Dona Ana. O desenvolvimento do tráfego por via férrea e as dificuldades de transbordo fizeram pensar na necessidade absoluta da construção naquele local da referida ponte, que passou a ser a preocupação constante da Central Africa Railways. Assim, em Março de 1927, uma comissão de peritos ingleses constituída pelo general Hammond, coronel Newcomb, major Warren King e W. Carter esteve no local a estudar o projecto da ponte. Em 1930, a constituição duma nova companhia, denominada Nyassaland Railway Lt., decidiu estabelecer uma ligação directa entre as linhas da Central Africa Railway Cº Lt. e da Trans-Zambezia e garantir o tráfego ferroviário contínuo entre a Niassalândia e a Beira. A construção da ponte iniciar-se-ia do lado de Sena, em Janeiro de 1932, tendo Artur Ferreira A ponte que eles se propunham construir era essencialmente um compromisso – com os custos, com a história e principalmente com o rio. (A propósito dos desenhos da ponte apresentados pela empresa Liversey Son & Henderson, em Setembro de 1923). 71 História>History As estações destas duas localidades exerceriam o controlo do tráfego nesta rodovia, disciplinando a passagem dos veículos mediante a cobrança de uma taxa de portagem. A Road Bridge as well In order to avoid heavy expenses and delays provoked by vehicles which had to use railway wagons to cross the River as well as the need to bring more development to the Municipality of Mutarara, a District of Tete, there had been demands for the provision of a passage for the vehicles between Dona Ana and Sena ever since the 60’s, even though this was considered a temporary but feasible solution. The Railway Stations of these two places controlled and disciplined the movement of vehicles through charging a road toll and the ensuing collections constituted more revenue for the Company as well as promoted economic progress to the Region where the Bridge was situated. The construction of a Road Bridge in the Town of Tete in 1972 would later put an end for this demand. 72 los vários accionistas da Trans-Zambezia Railway Cº Lt., o que o levou a controlar 93% do capital da dita companhia, tendose então transferido a sua sede para Lisboa, em 26 de Fevereiro de 1969. Uma ponte rodoviária também... Desde a década de 1960 que se pedia como solução de recurso, embora perfeitamente viável, o lançamento de uma passadeira rodoviária na ponte, entre Dona Ana e Sena, para evitar onerosas e demoradas travessias de automóveis em cima de vagões e permitir assim um maior desenvolvimento do concelho de Mutarara, no distrito de Tete. As estações destas duas localidades exerceriam o controlo do tráfego nesta rodovia, disciplinando a passagem dos veículos mediante a cobrança de uma taxa de portagem. As tarifas cobradas permitiriam o aumento das receitas da empresa, que se confinavam apenas à exploração ferroviária, como também contribuiriam para o progresso económico da região onde aquela ponte estava construída. A construção da ponte rodoviária, na cidade de Tete, em 1972, levaria ao abandono desta reivindicação. Artur Ferreira sido projectada por G. A Hobson e construída pela empresa Cleveland Bridge & Engineering Cº Lt., de Darlington (Inglaterra). O trabalho de construção foi muito difícil, em virtude de não se terem encontrado fundos de rocha no leito do rio, tendo-se empregado cerca de 6.000 trabalhadores, durante a realização desta obra. A ponte do Zambeze foi aberta ao tráfego em 14 de Janeiro de 1935, ficando a ser explorada e controlada pelo Nyassaland Railways Limited através de uma sua subsidiária, a Central Africa Railway Cº Lt. O Governo português foi, desde a década de 1950, adquirindo o capital subscrito pe- A origem dum nome... A que deu nome ao local e à ponte, conhecida por D. Ana Cativa, era senhora do grande prazo de Mutarara, que abrangia as terras férteis das margens do Zambeze, Ziuziu e, porventura, do Chire. Era filha do arrendatário do prazo Absinto, na margem direita do Zambeze, e tornou-se célebre pela sua estranha beleza. A memória popular retrata-a ostentando braceletes de oiro, brincos de brilhantes e colares de margaritas. A sua mochila tinha também correntes de oiro e, provavelmente, alguns rubis se encastoavam nas ferragens dos extremos das respectivas canas. Hostilizou os portugueses no Alto ou Médio Chire, tendo sido presa e enviada para a Ilha de Moçambique, onde parece ter sido ilibada de todas as culpas. Voltou às suas terras, onde morreu miseravelmente. Through which the Bridge and the Place are both known as Dona Ana, was a very wealthy landlady whose name was D. Ana Cativa and who owned the vast Mutarara lands, which included the fertile lands of the Zambeze margins, Ziuziu and possibly Chire. She was the daughter of the leaseholder of the Abstinta “prazo” located on the right side margin of the Zambeze. She became famous for her extraordinary beauty. According to the local legend, she used to flaunt gold bracelets, sparkling earrings and margarite necklaces. It was also said that her rucksack contained golden chains and, probably, some rubies which were inlaid in the extreme iron fittings of the respective rods. She had made enemies with the Por- The origin of the name... tuguese of Higher and Lower Chire as a result of which she was exiled to the Mozambique Island. However, it seems as if she had been cleared of all the charges against her and, when she returned to her Village, died a miserable death. The Bridges over the Zambeze River The D. Ana Railway Bridge was the first to be constructed, linking the two margins of this famous African River. It was only after nearly 40 more years had passed that a new bridge was inaugurated in Tete and which was the first that had characteristics which were appropriate for road traffic. The inauguration took place precisely at midnight on 20 July 1972. With its construction, the “era 73 História>History As pontes sobre o rio Zambeze A ponte ferroviária de D. Ana foi a primeira a ser construída, ligando as duas margens do grande rio africano. Foi preciso esperar mais cerca de 40 anos para que em Tete se abrisse ao tráfego uma nova ponte do Zambeze e a primeira com características rodoviárias, o que viria a ocorrer às zero horas de 20 de Julho de 1972. Com a sua construção terminou a ‘era dos batelões’, junto à cidade de Tete, que tinha durado quase meio século, já que a primeira destas embarcações, ligando Matundo a Tete, tinha começado a funcionar na década de 1920. Esta ponte, de betão armado, com tabuleiro suspenso de 760 metros de extensão, foi concebida pelo Prof. Eng. Edgar Cardoso (já falecido), tendo custado cerca de 80 mil contos. A sua construção teve início em Março de 1968, mas diversos problemas fizeram com que levasse mais tempo a concluirse do que a ponte ferroviária, construída muitos anos antes. Esta ponte inscrevia-se então no mais importante eixo rodoviário da África Oriental, que, partindo da cidade do Cabo, no extremo Sul do continente, atravessa a África do Sul, 74 of the barges” in the Town of Tete, a century-old operation that had started by linking Matundo to Tete during the 20’s, was about to come to an end. The Bridge, built of reinforced concrete and with a suspended platform of 760 metres long, was designed by the late Eng. Edgar Cardoso and the cost of its construction was 80 thousand contos. The construction began in March 1968 but owing to various problems, it took longer for it to be completed when compared to the Railway Bridge which had been built earlier. It constitutes the most important axis in terms of road transport in Eastern Africa, starting from Cape Town in the Continent’s most Southern point, going through South Africa, Zimbabwe, Mozambique (through the Province of Tete – between Zóbue and Changara), Malawi, Zambia, Tanzania, Uganda and proceeds beyond Kenya. In Mozambique, it serves Regions with a lot of agricultural and animalbreeding and mineral potential thus ensuring that the products from the areas that are in the North of the Zambeze River, such as Angónia, Macanga, Marávia and Zumbo are transported rapidly and economically. Due to the technical problems which are affecting the structure of what now bears the name “Samora Machel Bridge”, have resulted with restrictions being imposed, especially with regard to heavy vehicles thus prompting long queues on both the Tete and Matundo ends, respectively. Currently, there is talk of the construction of a new bridge in the Town of Tete being in the offing so as to cater for the increased traffic. A third Bridge, whose outline was undertaken during the 70’s but had to be abandoned in 1982 due to the war that affected the Country, is currently under construction in the Regions of Caia and Chimuara in the Sofala and Zambézia Provinces, respectively, through the Nº 1 National Road. Its construction began by the erection of the poles on 27 October 2006. The referred Bridge will be 2443 metres long, 720 metres of which Artur Ferreira Uma terceira ponte está actualmente em construção, ligando o Zambeze, na região de Caia, na província de Sofala, e Chimuara, na província da Zambézia, através da Estrada Nacional nº 1. Zimbabwe, Moçambique (no distrito de Tete, entre o Zóbué e Changara), Malawie Zâmbia, seguia além do Quénia. Em Moçambique serve regiões com as maiores potencialidades agro-pecuárias e mineiras, permitindo o escoamento rápido e económico das produções a Norte do Zambeze, como a Angónia, Macanga, Marávia e Zumbo. Problemas técnicos, afectando a estrutura da agora Ponte Samora Machel, obrigaram a condicionar a circulação na mesma, sobretudo no que se refere aos grandes camiões que por ela circulam, levando à formação de grandes filas tanto à entrada da cidade de Tete como em Matundo. Fala-se já numa nova ponte, a ser construída na cidade de Tete, ligando o rio, para se evitarem os atrasos na sua travessia. Uma terceira ponte, ainda esboçada na década de 1970 e abandonada em 1982, devido ao conflito armado em que vivia o país, está actualmente em construção, ligando o Zambeze, na região de Caia, na província de Sofala, e Chimuara, na província da Zambézia, através da Estrada Nacional nº 1. O início da construção deu-se em 27 de Outubro de 2006, com a fundação das estacas. A ponte em referência deverá ter 2.443 metros de comprimento, sendo 720 na ponte principal e os restantes 1.723 no viaduto. A sua estrutura física está concebida para um total de 36 pilares, sendo 29 no viaduto e seis na ponte principal, ou seja, no rio propriamente dito. Na globalidade, vão ser fundadas 16 estacas num dos dois encontros com um metro de diâmetro cada uma. O viaduto vai compreender 120 estacas de 1,5 metros de diâmetro e 36 estacas na ponte principal de dois metros de diâmetro. Aqui, cada pilar deverá ter seis estacas, enquanto em terra firme são necessárias apenas quatro para suportar a estrutura. Cada estaca tem uma profundidade que varia entre 53 e 58 metros, o equivalente a um prédio de 20 andares e leva uma média de oito metros cúbicos de cimento, sendo igual a seis metros de altura. O consórcio Mota-Engil/Soares da Costa é quem executa as obras, com o término previsto para 2009, estando avaliadas em 78.657.225,90 euros, disponibilizados pela União Europeia e pelos Governos de Itália, Suécia, Japão e Moçambique. # will support the Bridge itself while the remaining 1723 the viaduct. Its physical structure is designed for 36 pillars, with 29 being for the viaduct and 6 for the main Bridge or, in other words, in the River itself. On the whole, 16 poles will be erected in each of the abutments, each having a diameter of 1 metre. The viaduct will have 120 poles, each 1,5 metre in diameter while the main Bridge will have 16 2 metre diameter poles. Here, each pillar will have 6 poles while on the firm ground 4 will be necessary to support the structure. The depth of each pole will vary between 53 and 58 metres, almost corresponding to 20 floor high building, and will each on average consume about eight cubic metres of cement. The Contractor is the Consortium Mota Engil/Soares da Costa and the construction is expected to be concluded in 2009. The cost of the Project is estimated at E78.657.225,90, funded by the European Union, and the Italian, Swedish, Japanese and Mozambican Governments. # 75 Notícias>News Concluída renovação da estação de Ressano Garcia Naita Ussene The renovation of the Ressano Garcia Station completed abrigo do mesmo projecto foram igualmente construídas duas residências para o pessoal da empresa, uma torre de controlo das agulhas e a nave das oficinas de revisão. Naita Ussene A Estação ferroviária de Ressano Garcia, na província de Maputo, acaba de ser entregue à Direcção Executiva do CFM-Sul, concluída que foi a sua reabilitação realizada no âmbito do projecto de reactivação da linha de Ressano Garcia. Orçada em cerca de 380 mil dólares norte americanos provenientes de fundos próprios da empresa, a obra consistiu na construção de uma vedação em todo o perímetro da estação, reabilitação completa do edifício principal, que inclui o restaurante, uma sala de espera, casas de banho e outras facilidades para os trabalhadores e outros utentes da Estação. Ao The Ressano Garcia Railway Station in the Province of Maputo was recently handed over to the Management of CFM-South after having been rehabilitated within the Project for the Revitalisation of the Ressano Garcia Railway Line. The rehabilitation of the Station involved the erection of fencing around the whole perimeter of the Station, the total rehabilitation of the main building, including the restaurant, the waiting room, toilets and other facilities for the employees and others who use the Station. Also, two houses for the Station employees, a Switch Control Tower and a space for the revision of the rolling stock were constructed. CFM reabilita escola no Zimpeto Naita Ussene CFM Rehabilitates a school at Zimpeto Os Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) estão a investir cerca de 240 mil dólares norte americanos na reabilitação completa da Escola Primária Wiriamu, no bairro do Zimpeto, em Maputo, uma das infra-estruturas atingidas pelas explosões do paiol de Malhazine, a 22 de Março de 2007. A obra inscreve-se no âmbito da Responsabilidade Social do CFM e contempla a construção de raiz de um bloco de salas de aulas e a reabilitação de outros três blocos com quatro salas de aula, bem como a construção de um campo polivalente de jogos e um centro social. 76 CFM is investing approximately US$ 240 thousand in the complete rehabilitation of the Wiriamo Primary School in the Suburb of Zimpeto, Maputo. The school was affected by the Mahlazine explosions of 22 March 2007. This Project is being implemented within the context of CFM’s social responsibility and will involve the construction from scratch of a block of classrooms and the rehabilitation of another 3 with 4 classrooms each. In addition, a multi-purpose playfield and a social centre are also going to be built.