dermatologia 53 - Sistema de Controle de Matrículas
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dermatologia 53 - Sistema de Controle de Matrículas
AUTORIA E COLABORAÇÃO Alexandre Evaristo Zeni Rodrigues Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Clínica Médica e em Dermatologia pela Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ). Professor assistente do Serviço de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Taubaté (UNITAU). Atualização 2015 Alexandre Evaristo Zeni Rodrigues APRESENTAÇÃO O estudante de Medicina, pela área escolhida considerado um apai- xonado por desafios, depois de anos submetido a aulas teóricas e plantões em diversos blocos deve enfrentar uma maratona ainda maior: a escolha de uma especialização, seguida da conquista do ingresso em um centro e programa de Residência Médica de renome. Mas isso só é possível com o auxílio de um material didático prático, bem estruturado e preparado por quem é especialista no assunto, e a Coleção SIC Principais Temas para Provas de Residência Médica 2015, da qual fazem parte os 31 volumes da Coleção SIC Extensivo, foi desenvolvida nesse contexto. Os capítulos baseiam-se nos temas exigidos nas provas dos principais concursos do Brasil, ao passo que os casos clínicos e as questões são comentados a fim de oferecer a interpretação mais segura possível de cada resposta. Bons estudos! Direção Medcel A medicina evoluiu, sua preparação para residência médica também. reserial são e se do de, ça! egre m.br ÍNDICE Capítulo 1 - Dermatologia normal ....................................... 19 1. Da anatomia à fisiologia................................................. 19 2. Lesões elementares ....................................................... 21 3. Cicatrização normal ....................................................... 24 4. Queloides ....................................................................... 25 5. Resumo .......................................................................... 26 Capítulo 6 - Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses profundas ............................................................... 59 1. Introdução...................................................................... 59 2. Esporotricose ................................................................. 59 3. Cromomicose ................................................................. 60 4. Paracoccidioidomicose .................................................. 61 5. Resumo .......................................................................... 62 Capítulo 2 - Doenças infectocontagiosas virais .......... 27 1. Introdução...................................................................... 27 2. Verrugas ......................................................................... 27 3. Herpes ............................................................................ 28 4. Molusco contagioso ....................................................... 31 5. Nódulo dos ordenhadores ............................................. 31 6. Doenças exantemáticas ................................................. 32 7. Doença mão–pé–boca ................................................... 35 8. Manifestações cutâneas na dengue ............................ 36 9. Resumo .......................................................................... 36 Capítulo 7 - Doenças infectocontagiosas – protozoárias e parasitárias .............................................. 63 Capítulo 3 - Doenças infectocontagiosas bacterianas agudas ....................................................................................... 37 Capítulo 8 - Doenças eczematosas................................... 69 1. Introdução...................................................................... 37 2. Impetigo e ectima .......................................................... 37 3. Furúnculos, carbúnculos e abscessos ........................... 38 4. Erisipela ......................................................................... 39 5. Celulite .......................................................................... 40 6. Síndrome estafilocócica da pele escaldada ................... 40 7. Resumo .......................................................................... 41 Capítulo 4 - Doenças infectocontagiosas bacterianas crônicas ................................................................................... 43 1. Hanseníase ..................................................................... 43 2. Sífilis ............................................................................... 46 3. Sífilis congênita .............................................................. 49 4. Resumo .......................................................................... 51 Capítulo 5 - Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses superficiais ............................................................ 53 1. Introdução...................................................................... 53 2. Dermatofitoses ............................................................. 53 3. Micoses por leveduras ................................................... 55 4. Resumo .......................................................................... 57 1. Introdução...................................................................... 63 2. Leishmaniose ................................................................. 63 3. Escabiose........................................................................ 65 4. Pediculose ...................................................................... 66 5. Miíase ............................................................................. 67 6. Tungíase ......................................................................... 68 7. Resumo .......................................................................... 68 1. Introdução...................................................................... 69 2. Eczema de contato ......................................................... 69 3. Eczema atópico .............................................................. 71 4. Eczema seborreico ......................................................... 73 5. Eczema numular ............................................................ 74 6. Eczema disidrótico ......................................................... 75 7. Fotoeczemas .................................................................. 76 8. Resumo .......................................................................... 78 Capítulo 9 - Doenças eritematodescamativas ............. 79 1. Psoríase .......................................................................... 79 2. Pitiríase rósea de Gilbert ............................................... 82 3. Pitiríase rubra pilar ........................................................ 84 4. Parapsoríases ................................................................. 85 5. Eritrodermias ................................................................. 86 6. Eritemas figurados ......................................................... 87 7. Resumo .......................................................................... 89 Capítulo 10 - Doenças inflamatórias .................................. 91 1. Doenças papulopruriginosas ......................................... 91 2. Pitiríase liquenoide ........................................................ 92 3. Prurigo............................................................................ 93 4. Doenças bolhosas........................................................... 94 5. Penfigoides...................................................................... 98 6. Doenças de vasos e lesões ulceradas........................... 100 7. Resumo......................................................................... 108 Capítulo 11 - Reações alérgicas e farmacodermias – lato sensu.. ............................................................................... 109 1. Farmacodermias........................................................... 109 2. Eritema multiforme...................................................... 111 3. Síndrome de Stevens-Johnson/NET............................. 112 4. Urticárias....................................................................... 113 5. Resumo......................................................................... 114 Capítulo 12 - Medicina interna . . ............................................ 115 1. Introdução..................................................................... 115 2. Sarcoidose..................................................................... 115 3. Amiloidoses................................................................... 116 4. Porfirias......................................................................... 118 5. Pelagra........................................................................... 121 6. Doenças do colágeno.................................................... 122 7. Resumo......................................................................... 130 Capítulo 13 - Tumores malignos. . ........................................ 131 1. Pré-malignos................................................................. 131 2. Carcinoma basocelular................................................. 134 3. Carcinoma espinocelular.............................................. 135 4. Melanoma cutâneo....................................................... 137 5. Linfomas e leucemias................................................... 139 6. Resumo......................................................................... 141 Cap. 8 - Doenças eczematosas......................................... 170 Cap. 9 - Doenças eritematodescamativas........................ 171 Cap. 10 - Doenças inflamatórias....................................... 174 Cap. 11 - Reações alérgicas e farmacodermias – lato sensu.......................................................... 181 Cap. 12 - Medicina interna............................................... 187 Cap. 13 - Tumores malignos............................................. 189 Outros temas.................................................................... 196 COMENTÁRIOS Cap. 1 - Dermatologia normal.......................................... 201 Cap. 2 - Doenças infectocontagiosas virais...................... 202 Cap. 3 - Doenças infectocontagiosas bacterianas agudas................................................................. 203 Cap. 4 - Doenças infectocontagiosas bacterianas crônicas............................................................... 205 Cap. 5 - Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses superficiais........................... 206 Cap. 6 - Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses profundas............................................................ 208 Cap. 7 - Doenças infectocontagiosas – protozoárias e parasitárias.......................................................... 208 Cap. 8 - Doenças eczematosas......................................... 211 Cap. 9 - Doenças eritematodescamativas........................ 211 Cap. 10 - Doenças inflamatórias....................................... 213 Cap. 11 - Reações alérgicas e farmacodermias – lato sensu.......................................................... 216 Cap. 12 - Medicina interna............................................... 219 Cap. 13 - Tumores malignos............................................. 221 Outros temas.................................................................... 224 Referências bibliográficas................................................227 Casos clínicos......................................................................... 143 QUESTÕES Cap. 1 - Dermatologia normal.......................................... 151 Cap. 2 - Doenças infectocontagiosas virais...................... 152 Cap. 3 - Doenças infectocontagiosas bacterianas agudas................................................................. 155 Cap. 4 - Doenças infectocontagiosas bacterianas crônicas............................................................... 158 Cap. 5 - Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses superficiais.......................................................... 161 Cap. 6 - Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses profundas............................................................ 164 Cap. 7 - Doenças infectocontagiosas – protozoárias e parasitárias.......................................................... 165 CAPÍTULO 1 DERMATOLOGIA Dermatologia normal Alexandre Evaristo Zeni Rodrigues 1. Da anatomia à fisiologia A - Introdução Longe de ser um tratado para esses 2 temas, neste capítulo são consideradas informações relevantes que aparecem com maior frequência em questões de provas para Residência. B - Histologia e fisiologia A pele divide-se em 3 camadas distintas, sendo a epiderme de origem embrionária ectodérmica, e a derme e o subcutâneo de origem mesodérmica (notar que o sistema nervoso central também tem origem ectodérmica, daí a provável relação dos quadros dermatológicos com aspectos emocionais). Figura 1 - Principais estruturas da pele a) Epiderme A epiderme é um epitélio escamoso pluriestratificado, formado basicamente por ceratinócitos que vão se maturando e diferenciando, gerando, assim, as 4 camadas que a compõem. Tabela 1 - Camadas que compõem a epiderme - Basal (mais profunda); - Espinhosa (logo acima da basal); - Granulosa (penúltima); - Córnea (a mais externa/superficial). - Camada basal: composta por células colunares ancoradas à membrana basal. A maturação das células epidérmicas consiste na transformação das células colunares da camada basal em células achatadas e ceratinizadas na córnea. O tempo que uma célula leva a partir da formação na camada basal, por meio de divisões mitóticas, até chegar ao desprendimento final na camada córnea, é de 15 a 30 dias, sendo o turnover celular epidérmico. Em algumas doenças, como a psoríase, esse turnover fica reduzido para 4 a 5 dias (doença hiperproliferativa). As células da camada basal ficam aderidas à derme por hemidesmossomos (Figura 2), que se encontram na zona da membrana basal (lâmina lúcida); - Camada espinhosa: recebe esse nome porque é nela que ficam mais evidentes as pontes intercelulares (como se fossem espinhos), responsáveis pela adesão entre os ceratinócitos, e são chamadas desmossomos (Figura 2). Integrinas é o nome geral que se dá às moléculas de adesão entre os ceratinócitos que compõem os desmossomos. Estes, por sua vez, ancoram os fila- 19 mentos intermediários, que são estruturas proteicas (ceratinas). Quando essas aderências são quebradas, ocorrem bolhas como no pênfigo e na epidermólise bolhosa; na epiderme, diferentes pares de ceratina são produzidos conforme as células se diferenciam em direção à superfície: ceratinas 5 e 14 são expressas na camada basal, e 1 e 10, na camada espinhosa; Figura 2 - Mecanismos de adesão dos ceratinócitos - Camada granulosa: a granulosa é denominada dessa forma porque nela são mais visíveis os grânulos de cerato-hialina que serão liberados envolvendo as células epidérmicas e gerando, assim, a corneificação. Também se encontram no citoplasma dessas células os grânulos lamelares, responsáveis por parte do manto lipídico da pele (Figura 3); Tabela 2 - Figuras celulares importantes na epiderme Derivadas da crista neural e residentes na camada basal, onde produzem a melanina e a distribuem para cerca de 30 ceratinócitos. O substrato para a elaboração da melanina é a tirosina. Todos os Melanócitos humanos têm o mesmo número de melanócitos, porém os afrodescendentes têm maior produção de melanina, ao passo que os albinos, nenhuma produção. Células de Langerhans Derivam de monócitos oriundos da medula óssea que residem na camada espinhosa, sendo apresentadoras de antígenos para os linfócitos T, desenvolvendo importante papel em quadros alérgicos e na imunidade celular. Células de Merkel Residem na camada basal; são ceratinócitos modificados que assumem atividades neurossensoriais táteis. b) Derme A derme é um tecido conectivo denso, composto sobretudo de colágeno (maior parte tipo I), elastina e glicosaminoglicanos. Essas fibras colágenas e elásticas oferecem proteção mecânica de barreira e mantêm a coesão da epiderme. Tabela 3 - Partes da derme Papilar É a porção mais superficial, que se apresenta como “dedos” (papilas) que invadem a epiderme. Nela estão a lâmina basal, que suporta a última camada da epiderme, figuras celulares (mastócitos, macrófagos e fibroblastos) e estruturas sensoriais. Reticular Possui poucas células e é composta, basicamente, pelo tecido conectivo amorfo (colágeno e fibras elásticas). Observações: ainda fazem parte da derme as estruturas vasculares (capilares que formam o plexo profundo junto à hipoderme e o superficial na derme papilar), fibras musculares do folículo piloso e neurônios que interagem com receptores sensoriais (os de Meissner, responsáveis pelo tato, os de Pacini, pela pressão, os de Ruffini, pela sensação térmica de calor, e os de Krause, pelo frio – Figura 4). Figura 3 - Padrão estrutural “em tijolos e cimento” da epiderme - Camada córnea: nesta, as células ficam fortemente ligadas por pontes de sulfeto e cerato-hialina; além disso, grânulos lipídicos cobrem as membranas celulares, e tudo isso confere uma capacidade de 98% de retenção de água, uma importante função cutânea. Outra destacada função que acontece na epiderme é a conversão da vitamina D pela luz solar. 20 Figura 4 - Receptores sensoriais na pele: destacam-se os de Meissner, de Pacini e de Ruffini CAPÍTULO 5 DERMATOLOGIA Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses superficiais Alexandre Evaristo Zeni Rodrigues 1. Introdução Os fungos são seres anaeróbios, saprófitas, que fazem uma parede celular estável de quitina e são capazes de se reproduzirem sexuada e assexuadamente, formando colônias. Os fungos patogênicos podem levar a quadros infecciosos que podem ser classificados em superficiais e profundos. Das micoses superficiais, as mais importantes e que serão abordadas neste capítulo são as dermatofitoses e as micoses por leveduras (candidíase e pitiríase versicolor). 2. Dermatofitoses A - Introdução O grupo de fungos conhecidos como dermatófitos é formado por elementos hialinos micelianos que têm grande afinidade pela ceratina e, portanto, infectam a epiderme e seus anexos (unhas e pelos), sendo as manifestações clínicas dependentes da localização em questão. Não são capazes de levar a quadros sistêmicos por disseminação. Os gêneros englobados nesse grupo são Trichophyton sp., Epidermophyton sp. e Microsporum sp. B - Epidemiologia A transmissão ocorre por contato com fontes contaminadas, que podem ser por meio de fungos antropofílicos (inter-humano), zoofílicos (animais domésticos) e geofílicos (solo contaminado). Estados de imunossupressão, como diabetes mellitus, HIV e transplantados, causam aumento da incidência. As faixas etárias de acometimento dependem da apresentação clínica. Tabela 1 - Dermatófitos classificados quanto ao modo de transmissão Antropofílicos - Trichophyton rubrum; - Trichophyton sp. Geofílicos Microsporum gypseum Zoofílicos - Microsporum canis; - Microsporum gallinae. C - Fisiopatologia Não é necessária a porta de entrada para haver contágio por esses fungos; devido à presença de enzimas que digerem a ceratina, elas são capazes de propagar a infecção na epiderme e em seus anexos. Alguns fatores no sangue do hospedeiro protegem contra a infecção: transferrina e alfa-2-macroglobulina. A imunidade celular Th1 é muito importante no controle dos fungos. D - Quadro clínico, métodos diagnósticos e tratamento Classicamente, as infecções por dermatófitos são denominadas “tinhas”. Assim, têm-se as seguintes variantes clínicas: - Tinha de corpo, face e barba: caracterizadas por placas eritematodescamativas com bordas elevadas e bem delimitadas e clareamento central, com aspecto de lesão anular; em alguns casos de tinha da barba, os achados podem simular foliculite. No corpo, uma área frequentemente acometida é a região inguinal, devido à umidade e maceração local; nesse caso, o diagnósti- 53 co diferencial é com o eritrasma, causado por uma corinebactéria. Para o diagnóstico, o exame micológico direto (raspagem da lesão para análise em microscopia após a clarificação com hidróxido de potássio) é rápido e tem boa acurácia. O diagnóstico diferencial é feito com eczemas e psoríase, e o tratamento pode ser feito apenas com cremes de imidazólicos (cetoconazol, isoconazol etc.) nos casos mais localizados e com medicações sistêmicas (terbinafina ou itraconazol) nos disseminados; A lâmpada de Wood (luz negra) provoca fluorescência verde-azulada em infecções por M. canis e M. audoinii. O diagnóstico diferencial em crianças é feito com a psoríase e a pseudotinha amiantácea (placas descamativas presentes em atópicos). Nos adultos, deve-se diferenciar da psoríase e da dermatite seborreica. Antifúngicos orais são indicados na maioria dos casos. Desses, a griseofulvina é o padrão-ouro para crianças, com altas taxas de cura e menos efeitos colaterais. Os adultos podem ser tratados com itraconazol e terbinafina por 2 a 4 semanas, dependendo da melhora clínica; Figura 1 - Tinha da face: placas eritematosas e descamativas com aspecto anular na região mentoniana Figura 3 - Tinha do couro cabeludo: forma tonsurante com placa de alopecia apresentando descamação simples Figura 2 - Tinha do corpo: placas eritematosas e descamativas com bordas elevadas e tendência de cura no centro - Tinha do couro cabeludo (Tinea capitis): muito frequente em crianças e rara em adultos e idosos, pode ter manifestações mais brandas, com placas descamativas com alopecia e cotos pilosos, denominada tinha tonsurante, ou uma variante mais inflamatória e exuberante, chamada Kerion celsi, normalmente associada a fungos zoofílicos e geofílicos (menos adaptados à pele humana, como M. canis). A tinha favosa é a mais grave de todas, pois pode cursar com alopecia cicatricial irreversível, e é causada pelo T. schoenleinii. O exame micológico direto em hidróxido de potássio dos pelos pode dar o diagnóstico, e a cultura leva ao agente causador: • Tinha tonsurante: T. tonsurans e M. audoinii; • Tinha favosa: T. schoenleinii; • Kerion celsi: M. canis e T. violaceum. 54 Figura 4 - Tinha do couro cabeludo: forma Kerion com placa de alopecia apresentando intensa inflamação e crostas por infecção - Tinha dos pés: popularmente chamada de frieira, tem diferentes apresentações: pode manifestar-se apenas com descamação e maceração interdigitais, ou com espessamento e fissuras plantares, com progressão para a região dorsal do pé (padrão “mocassim”) ou com quadros vesicobolhosos agudos e pruriginosos. O acometimento de 2 pés e 1 mão é altamente sugestivo (síndrome dos 2 pés e 1 mão). O T. rubrum e o T. mentagrophytes são os agentes mais envolvidos. O CASOS CLÍNICOS CASOS CLÍNICOS MEDCEL 2. N.A.C., 57 anos, branca, divorciada, trabalhadora au- tônoma (vendas), natural de Minas Gerais e procedente de Rondônia há 30 anos, vem ao consultório com queixa de fraqueza generalizada há 1 semana, com presença de dor localizada na região toracodorsal esquerda de intensidade 7 em 10, refratária a analgesia. Apresentou, nesse período, episódios de febre não aferida. Relata que há 3 dias, no local da dor, surgiu vermelhidão e que há 1 dia apareceram “bolinhas” nessa mesma área (Figura). Nega demais alterações sistêmicas. Ao exame dermatológico, observaram-se lesões vesiculares múltiplas, algumas confluentes em base eritematosa que acompanha um dermátomo na região toracodorsal no hemicorpo à esquerda. Observam-se algumas lesões com superfície coberta por crostas melicéricas. a) Quais são o provável diagnóstico e o agente envolvido? b) Cite 1 exame ambulatorial inicial para confirmação do quadro. 146 c) Qual é a principal complicação que pode surgir? d) Qual é o tratamento indicado? DERMATOLOGIA Caso 1 a) Nódulos eritematosos contusiformes, profundos, nos membros inferiores. b) Sindromicamente, temos síndrome de paniculite. O eritema nodoso é o diagnóstico etiológico. Cerca de 50% dos casos são idiopáticos, porém, neste, suspeita-se de eritema nodoso como manifestação de doença sistêmica (tuberculose, sarcoidose, micose profunda). Em nosso meio, é comum eritema nodoso pós-infecção estreptocócica, bem como pelo uso de anticoncepcionais orais. Entretanto, a anamnese descarta as 2 possibilidades. c) - Hemograma com contagem de plaquetas; - Biópsia da lesão cutânea; - Proteína purificada derivada; - Raio x de tórax. d) Micoses profundas (paracoccidioidomicose, histoplasmose) e sarcoidose. Ambas cursam com comprometimento do estado geral e sintomatologia pulmonar semelhante. As micoses profundas devem sempre fazer parte do diagnóstico diferencial da tuberculose, sendo importante achar o fungo no exame direto. A sarcoidose constitui diagnóstico de exclusão, assim que descartamos as demais possibilidades em um paciente com adenomegalia hilar bilateral tipicamente associada a sintomatologia pulmonar. e) Pesquisa de Bacilo Álcool-Ácido-Resistente (BAAR) e fungos no escarro; lavado broncoalveolar com pesquisa de fungos e micobactéria. O diagnóstico da causa do eritema nodoso depende da história clínica e do exame físico, associados a exames direcionados para a suspeita. A maioria dos casos não tem etiologia definida. Entretanto, devemos sempre questionar sobre o uso de medicações e infecções estreptocócicas prévias. Cerca de 30% dos pacientes com tuberculose podem cursar com eritema nodoso, e, como no Brasil há alta prevalência dessa micobactéria, devemos sempre pensar nessa possibilidade diagnóstica. No caso de suspeita clínica importante, devemos pesquisar BAAR no escarro, pela maior prevalência de tuberculose pulmonar. Entretanto, a tuberculose pode afetar qualquer órgão. Outro exame complementar importante é o lavado broncoalveolar com pesquisa de BAAR, principalmente nos casos com essa pesquisa no escarro negativa e história clínica sugestiva. Em virtude da possibilidade de micoses profundas no diagnóstico diferencial, a pesquisa de fungos tanto no escarro como no lavado broncoalveolar também se faz necessária. f) Esquema I: rifampicina, isoniazida e pirazinamida por 2 meses + rifampicina e isoniazida por 4 meses. O tratamento deve ser orientado para tuberculose com rifampicina 600mg/d nos primeiros 6 meses, associada a isoniazida 400mg/d por 6 meses e pirazinamida 2g/d nos 2 primeiros meses. O quadro cutâneo melhora conforme o controle do quadro infeccioso. Caso 2 a) Nesse caso clínico, o mais provável é que seja herpes-zóster (sendo o agente o vírus varicela herpes-zóster – VZV ou HHV-3), pois a paciente apresenta quadro típico dessa patologia (dores nevrálgicas antecedendo as lesões cutâneas). Como características, temos vesículas sobre base eritematosa, erupção unilateral que raramente ultrapassa a linha mediana, seguindo um nervo (distribuição dermatômica), surgindo gradualmente entre 2 e 4 dias. Cerca de 53% dos casos acometem a região toracodorsal, que é o caso dessa paciente. O VZV, em geral, infecta o homem na infância, causando a varicela. Após a fase de disseminação hematogênica, atinge a pele e caminha pelos nervos periféricos até os gânglios nervosos, onde poderá ficar em latência por toda a vida, até que diversos estímulos imunossupressores façam que o vírus seja reativado e desenvolva quadro patológico de herpes-zóster. Sendo este o meio mais frequente de desenvolvimento da doença, também pode surgir após o contato com doentes de varicela ou até mesmo com outro doente de zóster, o que indica a possibilidade de reinfecção em paciente previamente imunizado. É também possível uma criança adquirir varicela por contato de doente com zóster. A infecção é mais comum em adultos e idosos, mas também é encontrada em adolescentes e adultos jovens, nos quais se deve sempre investigar imunossupressão. b) O diagnóstico é basicamente clínico, a partir da análise da história clínica e das lesões. Para verificar a histologia das lesões cutâneas é realizado o esfregaço de Tzanck. Mas o diagnóstico definitivo só é obtido pelo isolamento do vírus em cultura de células inoculadas com o líquido de vesícula, sangue, líquido espinal, tecido infectado ou por identificação direta dos antígenos ou do ácido nucleico do VZV. c) A complicação mais frequente é a infecção secundária bacteriana das vesículas, geralmente por Staphylococcus ou Streptococcus, que podem produzir impetigo, furúnculo, celulite, erisipela e até gangrena. Mas muitas pessoas confundem como sendo a mais frequente (anterior) com a neuralgia pós-herpética, que é, na realidade, a complicação mais severa, acometendo 8 a 15% dos casos de herpes-zóster, em que o dano ao nervo periférico e aos neurônios do gânglio dispara sinais aferentes de dor. A inflamação da pele desencadeia sinais nociceptivos, que amplificam a dor cutânea. 147 CASOS CLÍNICOS RESPOSTAS QUESTÕES QUESTÕES Quais são o diagnóstico e a conduta adotada nesse caso? a) paroníquia aguda – cantoplastia b) paroníquia crônica – prescrever antibiótico c) paroníquia aguda – drenagem e curativo d) unha encravada – cantoplastia e) unha encravada – prescrever antibiótico e calor local Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2013 - UNICAMP - CLÍNICA MÉDICA 148. Uma mulher de 36 anos tem lesões papulares e placas pruriginosas e migratórias que acometem o tronco e os membros e que se iniciaram há 3 meses. Refere que o prurido é muito intenso e que responde parcialmente à hidroxizina. Não há relação com consumo de determinados alimentos, medicações ou exposição a produtos químicos. Qual é o diagnóstico clínico e quais exames devem obrigatoriamente ser solicitados? a) dermatite atópica; IgE total e hemograma b) urticária aguda; protoparasitologia, hemograma e IgE c) urticária crônica; IgE, hemograma, TSH e T4 livre d) urticária crônica; IgE, complemento sérico C3/C4 e hemograma Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2013 - UFPR - CLÍNICA MÉDICA 149. Correlacione as descrições de pele às respectivas doenças e enumere a 1ª coluna de acordo com a sua correspondência: I - Placa eritematosa, de 1cm de tamanho, pruriginosa, com vesículas de 1 a 2mm com conteúdo claro, drenagem de secreção serosa, pruriginosa, em lateral do pescoço à esquerda, com 5 dias de evolução II - Placa ovalada, eritematodescamativa, com 2cm, assintomática, localizada no cotovelo esquerdo, com crosta prateada e sinal de Koebner, com 3 anos de evolução III - Pápulas eritematovioláceas, achatadas, com estrias brancas de entremeio, com 1 a 5mm de tamanho, localizadas na face flexora dos punhos, pruriginosas, com 15 dias de evolução 176 IV - Placa anular, de 5cm, com bordos circinados, eritematodescamativas, pruriginosas, no membro superior esquerdo, presente há 2 semanas V - Placa eritematosa com vesículas pequenas agrupadas em cacho no interior, com cerca de 6mm, queixa de ardência local, localizada no canto direito da boca com 3 dias de evolução ( ) Tinea corporis ( ) Herpes-simples ( ) Psoríase vulgar ( ) Líquen plano ( ) Dermatite de contato aguda Assinale a numeração correta: a) IV, I, III, II, V b) II, III, IV, V, I c) III, I, II, V, IV d) IV, V, II, III, I e) I, II, III, IV, V Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2013 - UFSC - CLÍNICA MÉDICA 150. Assinale a alternativa correta com relação às doenças bolhosas da pele: a) o descolamento da camada mais superficial da epiderme após a fricção (sinal de Nikolsky) é o achado patognomônico de pênfigo vulgar b) habitualmente, observamos acometimento mucocutâneo no pênfigo vulgar, enquanto no pênfigo foliáceo as mucosas são menos acometidas c) a acantólise (perda de coesão entre as células da epiderme), que leva à formação de bolhas superficiais, é uma das características do penfigoide bolhoso d) o pênfigo vulgar habitualmente é uma manifestação paraneoplásica e) a biópsia das lesões bolhosas, quando da suspeita de pênfigo, não está indicada na fase aguda, em virtude do alto risco de infecção secundária, sendo iniciado tratamento empírico Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2013 - UFRN 151. Uma mulher, de 30 anos, apresenta quadro cutâneo de início abrupto, caracterizado por lesões eritematopapulobolhosas simétricas, polimorfas, localizadas predominantemente no dorso dos pés e das mãos e na face extensora dos membros. Esse quadro é sugestivo de: a) eritema multiforme b) eritema anular centrífugo c) urticária policíclica d) eritema migratório necrolítico Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder COMENTÁRIOS DERMATOLOGIA Questão 21. A forma clássica manifesta-se com verrugas planas e tem herança autossômica recessiva. Não é ceratose seborreica, não está associada a HPV 6 e 11 e, nos imunossuprimidos, não é herdada (é adquirida). Gabarito = A Questão 22. Pleurodinia, chamada também doença de Bornholm, é uma infecção relacionada ao vírus do coxsackie que causa espasmos dolorosos nos músculos da caixa torácica e do abdome superior e pode fazer diferencial com o zóster sine herpete (neuralgia pelo herpes-zóster). O herpes-simples faz diferencial com o zóster na forma localizada (este último se diferencia, pois raramente é recorrente). Gabarito = A Questão 23. A doença exantemática em adolescente, iniciando-se no seguimento de cabeça e pescoço com disseminação centrípeta e adenomegalia retroauricular, está a favor de rubéola. Para mononucleose, faltaram as hepato e esplenomegalias. Sarampo cursa com quadros gripais catarrais, febre alta e manchas de Köplik. Roseola infantum tem um exantema mais fugaz e menos disseminado. A doença de Lyme, uma borreliose, na forma aguda cursa com o eritema figurado localizado e artrite. Gabarito = B Questão 24. A varicela é causada pelo herpes tipo III (o tipo I causa o herpes-simples). Todas as demais são aproveitáveis para o seu aprendizado. Gabarito = A Questão 25. O herpes-vírus 3 é exclusivo de humanos. Sua primoinfecção é a varicela, e a recorrência é o zóster (lesões vesiculosas em distribuição de dermátomo). O tratamento é feito com antivirais como aciclovir, fanciclovir e outros, e pode acelerar o tempo de cicatrização se começado nas primeiras 24 horas, o que é raro na prática. A vacina é eficaz nos adultos e pode prevenir complicações como pneumonia viral e encefalite herpética. Outra complicação é a neuralgia pós-herpética, mais comum nos idosos. O teste de Tzanck dá o diagnóstico de infecção pelo herpes-vírus, mas não diferencia os subtipos. Gabarito = B Questão 26. Numa criança hígida, tal quadro caracterizado por pápulas umbilicadas assintomáticas é altamente sugestivo de molusco contagioso. Melanose pustulosa é um quadro de hiperpigmentação (manchas); dermatite atópica cursa com placas eczematosas; impetigo se apresenta com lesões crostosas melicéricas, e estrófulo, com lesões papulovesiculosas altamente pruriginosas. Gabarito = E Questão 27. O quadro é típico de herpes-zóster cursando com neuralgia. Impetigo e dermatite venenata não cursam com dor importante, notalgia parestésica percorre com prurido e disestesia, mas não tem vesículas, e neurite e celulite seriam uma associação pouco provável. Gabarito = D Questão 28. Todas as características relacionadas nas alternativas de “a” a “e” são comuns às infecções herpéticas, exceto a recorrência periódica numa mesma área (“d”), que é uma peculiaridade das infecções pelos herpes-vírus 1 e 2 (herpes-simples). O zóster tem um acometimento em dermátomo, mas não sendo recorrente num mesmo dermátomo. Gabarito = D Questão 29. A criança apresenta um quadro infeccioso agudo que lembra IVAS, porém as manchas puntiformes na mucosa oral dão sinais de sarampo (manchas de Köplik). Gabarito = B DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS BACTERIANAS AGUDAS Questão 30. Todo paciente tuberculoide é capaz de montar uma boa resposta contra o bacilo, já que sua linhagem Th1 é mais predominante. Consequentemente, teremos poucas lesões (não ocorre disseminação) e poucos bacilos (baciloscopia negativa) e o teste de Mitsuda, que mostra uma boa imunidade celular, será positivo. Gabarito = B Questão 31. O enunciado descreve um quadro de celulite que evoluiu com abscesso de partes moles. Sempre os agentes mais frequentes são os cocos Gram positivos (estafilococo e estreptococo). Nesse caso, como o paciente é diabético e tem algum grau de imunossupressão, o S. aureus torna-se mais provável. Também pela própria agressividade do quadro, em que houve evolução para partes mais profundas com formação de abscessos. Gabarito = B 203 COMENTÁRIOS Questão 20. A correta é a alternativa “a”, pois o molusco contagioso, causado por um poxvírus, com a quebra da barreira cutânea devido à xerose do inverno acaba tendo maior facilidade de penetração na pele. A síndrome mão– pé–boca tem aumento de incidência no fim do verão e da primavera, e pode estar associada a diversos vírus, entre eles coxsackie A16 ou enterovírus 71. O penfigoide bolhoso raramente acomete as mucosas, e os antígenos envolvidos são o BP-180 e BP-230. Já o penfigoide paraneoplásico é bem mais dramático, sendo frequente nas mucosas oral e ocular, e como mostra polimorfismo, descobriu-se que pode estar associado a diversos antígenos proteicos da pele (desmogleínas, envoplaquinas, filamentos intermediários etc.). Ambos são mais frequentes nos idosos. Gabarito = A
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