Lidando com o Desafio da Energia O Papel da IEC “Eletrificação
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Lidando com o Desafio da Energia O Papel da IEC “Eletrificação
Lidando com o Desafio da Energia O Papel da IEC “Eletrificação inteligente – a chave para a eficiência energética” Sumário A Comissão Eletrotécnica Internacional (International Electrotechnical Commission – IEC) é a organização líder mundial que prepara e publica as Normas Internacionais para todas as tecnologias elétricas, eletrônicas e afins – conhecidas coletivamente como “eletrotecnologia”. As Normas Internacionais da IEC englobam uma vasta gama de tecnologias de geração, transmissão e distribuição de energia para equipamentos domésticos e comerciais, semicondutores, fibra ótica, baterias, nanotecnologias, conversores de energia solar e energia marítima, para mencionar apenas alguns. Em todos os lugares onde existe eletricidade e eletrônica, você encontrará a IEC apoiando a segurança e o desempenho, o meio ambiente, a eficiência energética e as energias renováveis. A IEC também administra Sistemas de Avaliação de Conformidade que certificam que os equipamentos, sistemas ou componentes estão conformes às suas Normas Internacionais. A demanda por energia está crescendo depressa e, no caso da eletricidade, ainda mais rápida. Os métodos atuais de produção de energia são insustentáveis, tanto por motivos relacionados com os recursos como com o meio ambiente. A IEC acredita que a eletrificação inteligente, o uso inteligente e econômico da eletricidade como principal fonte de energia, será um dos fatores mais significativos para a resolução do desafio da energia. A eletricidade é a forma de energia mais versátil e controlável, a maneira mais fácil e eficiente de a distribuir. Nos locais de uso final, é praticamente isenta de perdas e essencialmente não poluente, e também pode ser gerada de forma limpa. A IEC identificou áreas-chave em que podem ser obtidas reduções significativas de emissões e aumentos de eficiência sem conter o desenvolvimento econômico. Isto exige uma geração eficiente e economia de uso. A economia de uso depende crucialmente de uma perspectiva de sistema, permitindo eficiências que não estão disponíveis quando se considera apenas um produto de cada vez. Conseqüentemente, a IEC pretende modificar sua orientação de maneira a enfatizar as normas necessárias para atingir eficiências sistêmicas e, mais especificamente, para desenvolver um conjunto de especificações que forneçam regras de desempenho mínimo aceitável e opções para a operação de pequenas redes elétricas. Como uma estratégia fundamental para o futuro, a IEC pretende reforçar seus laços com um leque de organizações internacionais e governamentais e convidá-las a unir forças num esforço que combine política e tecnologia para fomentar o progresso da eletrificação inteligente. Contar com a competência técnica e a capacidade da IEC para envolver todos os interessados é um fator entre muitos outros que permitirão à comunidade global construir um futuro melhor. 1. Energia limpa e eficiente para satisfazer uma demanda crescente Todos os dias, a gama e a quantidade das atividades que precisam de energia estão aumentando. No entanto, 1,6 bilhões de pessoas ainda não têm acesso à eletricidade e, por volta do ano 2030, 1/9 a população mundial terá aumentado em mais 1,7 bilhões de pessoas, com um aumento correspondente nas necessidades de energia. Além deste desafio, existe o fato que a maioria dos métodos atuais de produção e uso de energia são insustentáveis, porque estão ou exaurindo os recursos do planeta ou perturbando o clima. Estes efeitos inaceitáveis serão intensificados com o aumento do número de usuários de energia e a quantidade que eles usam. Precisamos portanto de maneiras mais eficientes de responder às nossas necessidades de energia. Dentro do aumento global de demanda de energia, a necessidade por eletricidade irá crescer ainda mais depressa e deverá triplicar por volta de 2050. Conforme veremos a seguir, isto não é necessariamente uma má notícia. Destaca no entanto a importância de produzir a eletricidade necessária sem um impacto ambiental inaceitável e de enviar a eletricidade produzida tão longe quanto possível. Este documento apresenta os princípios gerais pelos quais a IEC e seus parceiros podem contribuir com alguns dos novos métodos necessários para este efeito. 2. A importância estratégica da eletricidade A eletricidade é a forma mais versátil e mais facilmente controlada de energia. No ponto de uso é praticamente isenta de perdas e essencialmente não poluente. No ponto de geração estão disponíveis métodos inteiramente renováveis, tais como a utilização do vento, água e luz solar, e estes podem ser complementados por técnicas e investimentos de capital que são relativamente econômicos na sua utilização de recursos e produzem pouca poluição. A eletricidade é a forma de energia que é mais fácil e mais eficiente de distribuir e é também a forma principal que se presta a uma distribuição “em dois sentidos”, na qual os consumidores podem também ser produtores. Tudo somado, a energia elétrica é a mais flexível e seria difícil imaginar soluções ao desafio da energia que não envolvam um papel crucial para a eletricidade. A eletrificação – a conversão da utilização de outra forma de energia para o uso da eletricidade – é uma ferramenta central. Em especial a eletrificação de transporte por veículos, que é hoje em dia insignificante, promete permitir reduções enormes das emissões de gases de efeito estufa, caso se aproveitem as oportunidades de geração “limpa”. A eletrificação promete também melhorias em outros usos principais, tais como aquecimento e resfriamento, principalmente porque a programação e a quantidade de energia usada pode ser controlada de forma inteligente e o desperdício pode ser reduzido. Podemos concluir que uma estratégia essencial para responder ao desafio da energia é a concentração na geração e no uso da eletricidade. É necessária uma abordagem em duas frentes: • Em primeiro lugar, os métodos mais eficientes 1 e menos danosos de produção de eletricidade devem ser desenvolvidos e aplicados. Isto será realizado com a produção renovável, grandes aumentos na eficiência da geração baseada em combustíveis fósseis (incluindo a captura de carbono) e energia nuclear avançada, bem como a otimização da cadeia de entrega de eletricidade. • Em segundo lugar, a energia elétrica fornecida deve poder ir o mais longe possível; ou seja, todas suas utilizações devem ser altamente eficientes2 e eficazes. Um objetivo realista é uma redução de 30% a curto prazo na energia necessária para realizar uma tarefa e, a 1 Na geração de eletricidade, a eficiência aplica-se à produtividade de rendimento, o que significa o máximo de eletricidade gerada com um aporte determinado de energia primária e os efeitos colaterais, minimizando os gases de efeito estufa e outros poluentes emitidos. 2 Na utilização da eletricidade, a eficiência tem dois aspetos complementares: minimizar a energia necessária para realizar uma determinada tarefa e mudar ou modificar as tarefas consideradas necessárias, de maneira a reduzir a energia necessária. Documento IEC sobre eletrificação inteligente 2/9 Copyright © IEC, Genebra, Suíça, 2010 longo prazo, melhorias muito maiores. Estas serão baseadas em repensar as próprias tarefas, junto com avanços devido à pesquisa e desenvolvimento ao longo das linhas que já podem ser traçadas hoje.. 3. A perspectiva sistêmica A maioria dos produtos e aplicações do mundo de hoje foram desenvolvidos um por um, conforme a necessidade e a tecnologia de cada um deles se tornou visível. Sua utilização hoje em dia, contudo, apresenta em praticamente todos os casos, um problema de sistemas, o que requer que todas as partes do complexo sejam consideradas em conjunto. Os exemplos incluem a Internet, a rede elétrica, a infra-estrutura industrial e as empresas inteligentes e, cada vez mais, as casas, com sua necessidade de funcionamento coordenado de aparelhos e eletrônica. A perspectiva sistêmica resultante é uma das principais alavancas para a eletrificação e a eficiência. Quando um sistema é considerado como um todo, as próprias técnicas presentes poderão reduzir a necessidade global de energia, mas não estarão disponíveis se forem considerados apenas os componentes individuais. Um bom exemplo é o uso de software inteligente para controlar quais as áreas em um prédio precisam de aquecimento (ou resfriamento) e durante quanto tempo, como uma função da ocupação e do uso de outras áreas. Esta abordagem de sistema total deve ser comparada à otimização do aquecimento ou resfriamento de uma única área. Talvez a oportunidade mais óbvia para se repensar a eficiência e os sistemas é o uso final da energia. Os sistemas eletrificados de veículos, sejam eles carros individuais, transporte público ou de cargas, irão permitir grandes economias em emissões e também provavelmente no uso total de energia, especialmente em associação com estradas “inteligentes”. Um pré-requisito essencial para o uso eficiente de veículos elétricos (e também muitas outras otimizações de sistemas) é o progresso e o investimento em armazenamento de eletricidade. As novas tecnologias de baterias irão aumentar o alcance e diminuir o tempo de carga dos veículos e, de forma mais geral, ajudar a equilibrar a oferta e a demanda de eletricidade em todo o mundo. Desta forma, nos momentos em que está disponível energia elétrica extra, esta poderá ser armazenada em instalações de armazenamento ou até mesmo em baterias de veículos individuais que não estão sendo usados. Então, nos picos de demanda, a energia armazenada pode ser liberada. O resultado é uma menor necessidade total de eletricidade gerada e de capacidade de pico, bem como de toda a infraestrutura pertinente. Os sistemas de armazenamento de grande escala são também um componente essencial da maioria das oportunidades de energias renováveis, cuja capacidade de geração é intermitente (p.ex., energia eólica e solar). 4. Maior potencial para a eficiência energética A cadeia da energia elétrica, da geração até o uso final, é um sistema vital que apresenta oportunidades para a eficiência em todos seus aspectos. A geração em larga escala centralizada que usa combustíveis fósseis e nucleares continuará tendo um papel-chave na produção de eletricidade. Porém da quantidade teórica de energia presente no combustível, dois terços são, hoje em dia, perdidos na geração e outros 9% na transmissão/distribuição e, assim da energia primária consumida apenas cerca de 30% está disponível como eletricidade no ponto de utilização (ver a Figura 1). Existem tecnologias que podem ser desenvolvidas para melhorar a eficiência de geração térmica em pelo menos 10 pontos percentuais e diminuir simultaneamente de forma considerável as emissões de usinas geradoras de combustível fóssil (potencialmente através da captura e armazenamento de carbono em larga escala). A geração centralizada de alta capacidade, incluindo usinas de energia de fontes renováveis, irá coexistir com a geração decentralizada de capacidade unitária mais baixa, mas com um número maior de instalações. Documento IEC sobre eletrificação inteligente 3/9 Copyright © IEC, Genebra, Suíça, 2010 Energia primária para eletricidade 60 000 TWh Fator de perda transformação-geração = 3, perda = 40 000 TWh Eletricidade gerada 20 000 TWh Perda T&D = 9 % Perda = 1 800 TWh Eletricidade distribuída 18 200 TWh Figura 1 – Perdas na cadeia energética atual A geração renovável deve ser desenvolvida ao máximo visto que produz pouco ou nenhum gás do efeito estufa. A figura 2 mostra os três principais cenários para emissões de CO2 3 associadas à eletricidade: 1) Não fazer nada (“manter os negócios como estão”): isto leva a um aquecimento inaceitável do clima. 2) Aplicar tecnologias atuais, produzindo produtos ou veículos mais eficientes e expandindo tipos atuais de geração de energia renovável: isto significa um menor aumento de emissões, mas um aumento é ainda assim inaceitável. 3) Aplicar tecnologias planejadas, mas não ainda totalmente prontas. Isto envolve inovações tais como a Rede Inteligente (ver abaixo), seqüestro de carbono e sistemas de produção integrados para eficiência, resultando em uma diminuição de emissões que podem limitar de forma suficiente as alterações climáticas. Nível de emissão de CO2 3 29 Gt Uma aplicação total de tecnologias maduras apenas limitará o aumento 2 16,1 Gt 1 8,9 Gt A aplicação rápida e total de tecnologias inovadoras é crucial para reduzir o nível de emissões 2050 2010 3 Em um cenário “deixar as coisas como estão” (ou seja, “tendência”) o nível de emissão devido à eletricidade irá aproximadamente triplicar O cenário “deixar as coisas como estão” é baseado em projeções realizadas pela Agência Internacional de Energia na sua publicação Perspectivas em Tecnologias Energéticas 2008 - Energy Technology Perspectives 2008 e uma previsão razoável para a proporção de eletricidade no conjunto da energia; o cenário tecnológico atual é baseado em uma melhoria de eficiência de 30% e a previsão da IEA para renováveis. A opção tecnologias renováveis utiliza o cenário de política 450 (450 Policy Scenario) e a projeção da IEC para o potencial tecnológico. Documento IEC sobre eletrificação inteligente 4/9 Copyright © IEC, Genebra, Suíça, 2010 Figura 2 – Representação esquemática dos efeitos da aplicação de diferentes níveis de tecnologia Para a transmissão, podem ser aplicadas estratégias para diminuir a perda em dois a três pontos percentuais. Com distâncias cada vez maiores separando a geração e o uso da eletricidade, isto é significativo em termos absolutos. Algumas tecnologias como a transmissão em ultra-alta tensão e cabos supercondutores podem ajudar a atingir este objetivo. Na distribuição, a contribuição de pequenos produtores de energia distribuídos – incluindo consumidores individuais – será significativa, não só como fonte de eletricidade mas também como atores numa rede elétrica “inteligente” complexa (ver a Seção 5). Já está disponível tecnologia para reduzir o consumo de eletricidade de dispositivos individuais, tais como eletrodomésticos e instalações industriais em cerca de 30%. São necessárias abordagens sistêmicas que possam eliminar inteiramente algumas tarefas e otimizar outras em termos globais. Os motores elétricos, que podem chegar a representar 70% da eletricidade usada na indústria, são um bom exemplo de ambas. O investimento em tecnologia conhecida irá melhorar o desempenho de motores individuais e a otimização energética de fábricas e outras usinas podem levar a um redimensionamento significativo do sistema, tanto para menos uso de energia quanto para o uso de formas mais limpas. Os sistemas de bombas de calor, outro excelente exemplo, usam uma pequena quantidade de eletricidade para a bomba e conseguem gerar calor e resfriar prédios eficientemente. Em resumo, repensar aquilo que deve ser feito e quando – e especialmente aproveitar a controlabilidade e flexibilidade da eletricidade para eletrificar mais funções – levará a economias globais. 5. Arquiteturas de referência e a Rede Inteligente Os três cenários de emissão de gases de efeito estufa da Figura 2 demonstram a necessidade de ir além das abordagens atuais e aplicar agressivamente tecnologias em desenvolvimento. Isto depende de mudanças significativas no design global da cadeia de energia, bem como de muitas interações entre uso final e geração. Como qualquer outra tarefa de sistema complexo, a reformulação do sistema da cadeia de energia e seus vários sub-sistemas exigem um planejamento competente que, por analogia com o sistema de edifícios, chamamos “arquitetura”. Para conseguir um resultado final útil, a arquitetura deve ser mapeada peça a peça numa implementação no mundo real e o termo “arquitetura de referência” expressa esta ligação entre cada parte do design e a etapa de implementação correspondente realizada em referência a ela. A abordagem que usa arquiteturas de referência pode ser entendida como colocar a perspectiva dos sistemas em prática. Documento IEC sobre eletrificação inteligente 5/9 Copyright © IEC, Genebra, Suíça, 2010 A arquitetura de referência das redes elétricas deverá integrar pequenas redes elétricas baseadas em geração descentralizada (basicamente energias renováveis, tais como a fotovoltaica, eólica e pequenas hidroelétricas). Isto deve ocorrer dentro de redes elétricas de grande escala conectando usinas centralizadas. Serão necessárias interconexões de alto desempenho e flexíveis entre as grandes redes, bem como entre elas e as pequenas redes. A rede elétrica ótima resultante é amplamente conhecida como Rede Inteligente, devido à extensa incorporação de tecnologias de informação e comunicação para permitir o controle inteligente do sistema – por exemplo medição inteligente, na qual os consumidores fornecem e usam informações sobre disponibilidade e preço e também sistemas avançados de controle e segurança para garantir a estabilidade em condições flutuantes. As arquiteturas de referência são também necessárias para o uso final da energia e da eletricidade: para edifícios, indústria e para domicílios (não apenas eletrodomésticos e carros elétricos consumindo ou por vezes armazenando energia, mas também equipamento gerador de energia). As questões colocadas pela cadeia energética do futuro, que devem ser abordadas através de arquiteturas e tecnologias inovadoras, incluem: o equilíbrio entre demanda e geração, seja centralizada ou distribuída; qualidade de energia, por exemplo as flutuações de tensão; prevenção de condições de sobrecarga que podem levar a rupturas consideráveis e coordenação de sistemas de controle entre a rede das empresas e a geração descentralizada. O que é necessário para alcançar o sucesso, criar as arquiteturas de referência e aplicá-las para realizar a Rede Inteligente e as eficiências requeridas? São claramente necessários pesquisa, desenvolvimento e um investimento massivo. No entanto, o pré-requisito para o investimento massivo e a instalação é um acordo mundial substancial sobre “o quê, onde, quando e porquê”. A abordagem por sistemas somente funcionará se existir uma abordagem global coerente – o objetivo geral é um objetivo mundial; muitos dos sistemas precisam envolver vários países; o desenvolvimento das inovações necessárias necessitará freqüentemente a escala de mercados globais para justificar o risco e o custo imediato; é fundamental que as tecnologias participantes possam interagir para permitir abordagens sistêmicas. É neste ponto que surgem as normas. 6. O papel das normas O papel das normas, e portanto da IEC, é o de um facilitador técnico e um canal para a expressão do conhecimento coletivo sobre uma questão específica. Isto está longe de garantir que as etapas concretas necessárias serão de fato realizadas, ou que o desafio da energia será efetivamente resolvido – na verdade, esse não é de forma alguma o papel da IEC. Contudo, podemos caracterizar as normas como absolutamente essenciais, mesmo que não sejam suficientes, para o processo de responder ao desafio que nós todos enfrentamos. Isto porque não existe mecanismo melhor para atingir um acordo mundial entre todos os participantes, nos principais assuntos técnicos. Em toda as áreas em que é necessária uma arquitetura de referência, os especialistas mundiais pertinentes devem ser reunidos para a desenvolver e o resultado deve ser publicado como uma norma internacional. Isto poderá garantir o consenso mais amplo possível e participação dos interessados, quer sejam indústrias, serviços públicos, mercados de uso final, pesquisadores ou reguladores. Será necessário um investimento considerável por parte da comunidade de engenharia. As arquiteturas são particularmente necessárias para a indústria, domicílios e é claro, para a própria rede de energia. Um benefício adicional importante é que o próprio processo de normalização é idealmente adequado para determinar as fronteiras das arquiteturas e notavelmente se a rede elétrica necessita principalmente um sistema geral ou várias arquiteturas mais detalhadas. Deve também Documento IEC sobre eletrificação inteligente 6/9 Copyright © IEC, Genebra, Suíça, 2010 notar-se que as arquiteturas bem sucedidas, especialmente para edifícios e indústria, irão provavelmente incluir outros tipos de energia e não somente a eletricidade, de forma a atingir uma otimização global. Uma vez instaladas as arquiteturas, a tarefa das normas não estará de forma alguma terminada. Além das muitas normas existentes para produtos elétricos e eletrônicos e sistemas menores, são necessárias inovações importantes se as arquiteturas forem aplicadas para fornecer soluções. Esta lacuna entre arquiteturas e produtos é o campo da abordagem por aplicações, conforme ilustrado na Figura 3. Uma arquitetura fornece as principais interdependências e as considerações de concepção para seus subsistemas, mas não especifica conclusões definitivas quanto a todas as futuras funções de produtos e subsistemas nele contidos. Estas são fornecidas pela descrição de uma solução, ou aplicação, que é necessária para fornecer uma solução que pode ser implementada por uma gama de serviços, tecnologias e produtos possíveis. No universo das normas, isto implica em um novo começo: • Até agora, os sistemas complexos foram desenvolvidos como soluções únicas. • A concepção e o desenvolvimento são tipicamente realizados pelo usuário final do sistema, tal como um fornecedor de serviços públicos ou, como na indústria, por uma empresa integradora do sistema; as multinacionais e consultoras de TI desempenham freqüentemente um papel significativo. • Conseqüentemente, o mercado ainda não percebeu a necessidade de normas para sistemas complexos. • Um certo número destes sistemas devem agora ser normalizados para se atingir a eficiência energética ótima. Isto decorre inevitavelmente da necessidade do acordo mundial mencionado na seção anterior, pelo menos no que diz respeito àquelas características que a arquitetura mostra terem uma influência no uso da energia. Aplicação (solução) Produto Produto Produto Produto Tecnologia Produto Tecnologia Produto Tecnologia Produto Serviço Produto Serviço Produto Serviço Figura 3 – A abordagem por aplicações Barra lateral Como exemplos da abordagem por aplicações, podemos citar a empresa de fabricação integrada e o edifício inteligente. Para a primeira, a arquitetura de referência é necessária para descrever a “fábrica digital” do ponto de vista da energia, incluindo aquecimento, resfriamento e outras formas de uso da energia; fontes de energia incluindo eletricidade e elementos de armazenamento de energia. As aplicações ou soluções correspondem às funções principais, tais como estações de fabricação automática e transporte de peças e as características de cada uma dessas aplicações relevantes para a arquitetura de referência devem ser descritas em uma norma (que podem ser para resfriamento ou Documento IEC sobre eletrificação inteligente 7/9 Copyright © IEC, Genebra, Suíça, 2010 produção de excesso de calor disponível para uso em outro local). Somente então os serviços necessários por cada aplicação e as melhores tecnologias para as implementar podem ser escolhidos e normatizados. Para o segundo exemplo dos edifícios inteligentes, uma arquitetura irá mostrar a rede energética do edifício; uma aplicação será a exigência para temperaturas ambientes mínima e máxima em vários espaços do edifício e os serviços (aquecimento, resfriamento), tecnologias e produtos podem ser normalizados como uma função das exigências arquiteturais para a eficiência energética. 7. Próximos passos Para lidar com o desafio energético descrito neste documento, a IEC está planejando uma evolução na sua orientação fundamental. • Tradicionalmente, a IEC concentrou-se em segurança e compatibilidade. • Agora, pretendemos assumir a liderança em novas áreas em que é necessária uma abordagem comum: Eficiência energética, Produtividade, Meio ambiente. • Tradicionalmente, desenvolvemos principalmente normas de produtos. • Devemos agora entender e ampliar nossa atividade para atingir sistemas e arquiteturas de referência como uma base para soluções globais. A mensagem deste documento é que a reflexão deve começar no sistema e daí seguir para as partes, em vez de começar nos produtos individuais e progredir possivelmente para o sistema, como é o caso hoje em dia. Isto deve incluir a revisão de normas de produtos existentes, se necessário, quando forem preparadas novas normas de sistemas. As soluções são definidas pelo mercado conforme suas necessidades e não estão necessariamente limitadas às áreas de competência da IEC. É função da IEC, em primeiro lugar, escutar e colocar perguntas ao mercado de maneira a entender e descrever as soluções (sistemas) que o mercado exige e determinar quais aspetos destas soluções pertencem ao campo da IEC. Pretendemos convidar todas as organizações pertinentes para cooperarem em trabalhar nestas soluções e, por fim, definir exigências de normalização no campo da IEC para os serviços e produtos necessários para essas soluções. Especificamente para o problema central da transmissão, distribuição e uso da eletricidade, a IEC pretende desenvolver rapidamente um conjunto completo e detalhado de especificações que forneçam regras de desempenho aceitáveis e um conjunto completo de opções para a operação de redes. Isto é concebido como uma parte de um conjunto de normas necessárias para as Redes Inteligentes. As especificações permitirão as diferenças necessárias na abordagem e nas escolhas feitas pelos diferentes países; assim sendo, algumas das publicações resultantes podem ser não normativas. Para facilitar a implementação, é proposto que a IEC e as organizações cooperantes realizem um simpósio público sobre aquilo que as especificações necessárias e outras publicações da IEC sobre a Rede Inteligente devem conter. Devem ser realizados progressos em todos os projetos de pesquisa e desenvolvimento que envolvem tecnologias emergentes necessárias para a eficiência da energia elétrica e a descarbonização. É opinião da IEC que todos devem responder a isto, seja no campo dos capacitadores de tecnologias, decisores políticos ou provedores de fundos. Documento IEC sobre eletrificação inteligente 8/9 Copyright © IEC, Genebra, Suíça, 2010 As soluções de eficiência energética da IEC podem contribuir de forma útil para a agenda política e planos públicos de incentivo, para mostrar a exeqüibilidade e uma abordagem técnica bem fundamentada. A cooperação com autoridades reguladoras e políticas é obviamente de grande importância, de forma a que as soluções de eficiência de energia elétrica possam ser implementadas em tempo útil para servirem ao interesse público. Para esta finalidade, a IEC pretende reforçar seus laços com uma gama de organizações internacionais e governamentais pertinentes e convidá-las a unir forças com ela num esforço que associe política e tecnologia para fazer progredir a eletrificação inteligente. Contar com a competência e capacidade técnica da IEC para envolver todos os interessados importantes é um dos fatores, entre muitos outros, que irão permitir à comunidade mundial construir um futuro melhor Tradução oficial do documento sobre a posição da IEC quanto à eletrificação inteligente – Setembro 2010 Documento IEC sobre eletrificação inteligente 9/9 Copyright © IEC, Genebra, Suíça, 2010