Prof. Dr. Arthur Kaufman CRM 17.274 Psiquiatra e Nutrólogo
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Prof. Dr. Arthur Kaufman CRM 17.274 Psiquiatra e Nutrólogo
ARTIGO xuais; algumas ficam obesas, como forma de neutralizar sua identidade sexual perante as outras pessoas; para estas, o peso constitui-se uma proteção, por trás da qual se escondem. Ambiente obesogênico: É o ambiente promotor de obesidade. Ele promove o acesso amplo e facilitado a alimentos de alta densidade energética, repletos de carboidratos e gorduras, e Tratamento: Para uma doença tão multifatorial é necessário um longo tratamento interdisciplinar, que promova o emagrecimento e, sobretudo, a manutenção do peso baixo. Os tratamentos psiquiátricos de obesidade mais tradicionais envolvem medicamentos contra episódios compulsivos, psicoterapia individual e psicoterapia grupal. Nesta última, são relevantes os grupos constituídos exclusivamente de obesos, onde são abordados temas como relacionamentos amorosos, familiares e profissionais, os preconceitos, as dificuldades enfrentadas nas situações cotidianas. p o bres em micronutrientes. Algumas famílias são obesogênicas, na medida em que desconhecem ou desprezam regras de alimentação saudável e de prática de atividades físicas. “Facilitação social”: em grupo, pode ocorrer maior desinibição da pessoa, acrescida de maior duração das refeições (com consequente maior exposição aos alimentos calóricos, comuns, por exemplo, em bares). Obesidade e sexualidade: Algumas pessoas fazem uma ligação inconsciente entre comer doce e o prazer sexual. Elas falam em “orgasmo gastronômico”, ao se referirem aos prazeres proporcionados por suas comidas prediletas. Várias mulheres engordam com medo de serem transformadas em objetos se- Obesidade e casamento: Engordar após o casamento é um fato bastante comum; é extremamente raro ver um casal que caiba nas roupas da lua-de-mel após alguns anos das bodas. Muitas pessoas engordam após o casamento, devido à vida mais sedentária, ao relaxamento de interesses e por um padrão de sincronicidade com o cônjuge. E a insatisfação conjugal pode chegar a um ponto em que as carências emocionais e sexuais são confundidas com a fome física, e assim podem ser atendidas concretamente, através de alimentos com alta densidade calórica. Aspectos motivacionais para o emagrecimento: Grande parte das pessoas obesas mostra desejo de fazer um tratamento rápido e emagrecer. Entretanto, a maioria delas não quer realmente “emagrecer”, mas, sim, “ser emagrecida”, sem ter que fazer esforço (dieta, atividade física, psicoterapia) e renúncia. O tratamento envolve medidas que visam a mudanças de hábitos inapropriados (hiperingestão, dieta inadequada, sedentarismo, parte psicológica desequilibrada). O DIÁRIO ALIMENTAR O estudo das dietas comuns mostra que é de grande importância atingir a parte emocional do paciente, de modo a se obter resultados duradouros. O diário alimentar completo (com as emoções e sentimentos) fará uma correlação cognitiva e emocional entre cotidiano e alterações da conduta alimentar. Algumas perguntas que devem ser respondidas antes de entrar na questão do diário: a) do que eu realmente preciso neste momento? b) de que eu estou carente? c) qual alimento realmente me falta? d) quem é esse (a) outro (a) em mim que me faz comer “errado” e me boicota? e) se não estivesse preocupado com a comida, estaria me preocupando com o quê? Como fazer o diário alimentar - O paciente é orientado a utilizar um caderninho onde vai anotar tudo o que come e bebe, marcando também o horário; procura dar uma nota de 0 a 5 para a sua fome naquele momento. Assim terá um “mapa” da sua necessidade alimentar. O “Diário” é um dos melhores métodos coadjuvantes para emagrecer, na medida em que traça um “gráfico” envolvendo emoção e alimentação. Proposta de diário alimentar 1. Anotar dia e hora. 2. Qual nota (de zero a cinco) você dá à sua fome e/ou sede naquele momento? 3. Anotar os alimentos consumidos, juntamente com os acompanhamentos ingeridos. 4. Anotar as bebidas consumidas. 5. As comidas e/ou bebidas foram consumidas sozinho (a) ou em companhia? Na segunda situação, quem era a companhia? (Verificar se com aquela companhia é mais frequente a ingestão de comidas e/ou bebidas, de que tipo, e por qual motivo). 6. O que o (a) leva a consumir aquela comida ou bebida? 7. O que sente quando está consumindo aquela comida ou bebida? 8. O que sente após consumir aquela comida ou bebida? A alimentação adequada deve sempre estar associada ao equilíbrio psicológico e à prática de atividades físicas. É a soma alimentação adequada + exercício físico + boa qualidade de sono + equilíbrio psicológico + higiene pessoal que decidirá entre o estilo de vida saudável ou o patológico, entre a dieta que visa à saúde e a dieta que visa simplesmente um emagrecimento rápido inevitavelmente seguido de uma engorda rápida, características do chamado “efeito sanfona”. Prof. Dr. Arthur Kaufman CRM 17.274 Psiquiatra e Nutrólogo Professor Doutor do Departamento de Psiquiatria da FMUSP Fevereiro 2015 - APM - Regional Piracicaba 11 Foto Arquivo Pessoal .voracidade com grande rapidez. Estão sempre “em dieta” ou pretendem começá-la na “próxima segunda-feira”. Para complicar, as facilidades da vida moderna levam também à diminuição da atividade física cotidiana, à custa de televisão, elevador, computador, levando ao sedentarismo em geral. A parte psicológica das fissuras alimentares origina-se, com frequência, de: a) estresse, tensão, ansiedade, medo, impaciência; b) depressão ou melancolia; c) cansaço e falta de energia; d) necessidades não satisfeitas de alegria, jogo, excitação, ou recreação; trabalho excessivo e pouco divertimento; e) desejo por amor, afeto, romance, ou satisfação sexual; f) raiva, ressentimento, amargura, ou frustração; g) sensação de vazio, insegurança, ou um desejo de conforto.
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