Formar Professores Hoje - e-bief
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Formar Professores Hoje - e-bief
1 Autor: Xavier ROEGIERS com a colaboração de Tahar El Amri Formar Professores Hoje Tradução: Margarida Santos (BIEF) Sílvia Evora Revisão e validação desta edição: Odete Carvalho (BIEF) Emanuel Pinto, Hernani Gonçalves, Pedro Fernandes, Cristina Amaro, Cafuquena, Andreia Huatanha, Caetano Domingos e Josefina Sambo (Ministério da Educação de Angola) 2 PREFÁCIO Hoje, a formação de professores constitui, em qualquer sistema de educação um factor decisivo para implementar e consolidar a reforma educativa na medida em que incentiva a participação dos mesmos na inovação e na melhoria da qualidade de ensino. A formação contínua sendo o meio mais simples e mais eficaz para espalhar rapidamente os princípios e orientações das reformas educativas e das inovações escolares, urge actuar no aperfeiçoamento permanente dos professores adaptando inovações que induzem à melhoria do desempenho do pessoal docente. O Ministério da Educação de Angola, contando ainda com um grande número de professores que dão aulas sem a agregação pedagógica e mesmo sem a formação mínima exigida, tem necessidade de reforçar e aperfeiçoar a formação contínua e em serviço dos professores em todos os níveis de ensino. Neste preciso momento, a organização da formação contínua do pessoal docente do ensino primário e secundário depende do processo da Reforma Educativa em curso onde estão a ser realizadas acções de formação e de actualização nas fases de experimentação para os professores experimentadores e a de generalização, para todos os professores envolvidos na Reforma. Pretende-se com essas acções de formação contínua suscitar nos professores o desejo de adaptar-se às inovações, actualizar-se e superar-se permanentemente. Este manual “Formar os Professores Hoje” é um guia destinado a todos os responsáveis para a formação de professores, quer estejam em formação inicial ou em formação contínua. Ele dá-nos as bases de uma formação hoje considerada eficaz, isto é, uma formação pensada e aplicada numa perspectiva de integração que produz efeitos nas escolas e, sobretudo, nas salas de aula. Para além de algumas considerações teóricas e metodológicas, ele propõe um conjunto de instrumentos e práticas, tanto para o formador como para o gestor de formação. Sendo um guia de acção, este manual quer ser uma ferramenta entre as mãos dos que estão preocupados com a formação de formadores e não só. Ele é uma 3 ferramenta de auto – formação que lhes permitirá apropriar-se da cultura do mundo de formação. O nosso desejo é de ver este manual largamente difundido e que responda de uma maneira eficaz às necessidades de todos que foram chamados a jogar o papel quanto exaltante de formar formadores de formadores. Esta ferramenta terá grande utilidade se for efectivamente utilizada pelos formadores, usando correctamente as suas orientações e os instrumentos necessários para a melhor condução e reorganização das actividades em prol da formação de agentes de ensino que queremos que seja de qualidade e pertinente. A formação é a fonte de mudança para cada um dos actores, isto é, o formador e o formando. Ela deve ser considerada como um instrumento, como uma ferramenta estratégica para acompanhar as mudanças e inovações dentro do nosso sistema de educação. Para que as inovações em curso no nosso sistema educativo possam corresponder às expectativas da sociedade que mostra ser cada vez mais exigente. O Ministério da Educação põe nas mãos de todos os formadores este manual que deve ser a referência obrigatória da sua acção. Pinda Simão (Vice- Ministro da Educação para a Reforma Educativa) 4 CAPÍTULO 1 UMA FORMAÇÃO DE QUALIDADE PARA UM PROCESSO DE MUDANÇA A FORMAÇÃO MUDA Os sistemas educativos deveriam responder a vários desafios, nomeadamente : definir o papel e a função da escola na sociedade, proporcionar o acesso de todos à escola, diminuir os desníveis entre os resultados escolares e melhorar os desempenhos dos alunos fracos, e desenvolver a capacidade de todos os alunos para prosseguirem os seus estudos, ou para se integrarem na vida activa. Para responder a esses desafios, é preciso, antes de mais, melhorar a qualidade da formação de todos os actores, particularmente a dos professores. Está provado que a formação constitui um veículo muito importante para assegurar a adesão de todos os actores à mudança, fazer evoluir as representações dos professores, fazer evoluir as suas práticas profissionais e garantir a transferência das competências adquiridas, no terreno. Se a formação comporta todos esses aspectos, como encará-la, como orientá-la e como assegurar a transferência para o terreno das competências adquiridas ao longo da formação? Para responder a esta questão, examinemos ponto por ponto : 1. O lugar que a formação ocupa num processo de mudança. 2. As diferentes formas de encarar uma formação. 3. O lugar da análise numa concepção integrada da formação. 4. As características de uma formação de sucesso. 5. Os diferentes tipos de formação. 6. Os obstáculos e as dificuldades que podem pôr em causa o sucesso de uma formação. 1. QUE LUGAR OCUPA A FORMAÇÃO NUM PROCESSO DE MUDANÇA? Para melhor compreender o que se segue… : a noção de reforma, a noção de inovação Uma reforma é uma mudança importante verificada num sistema educativo que é decidida de cima para baixo, e que é generalizada à escala de um país, de uma região, ou de uma província. Uma inovação é uma mudança que vem de baixo: ela provém de um grupo de professores de uma escola, de um município. Ela é sempre de pequena dimensão. A formação ocupa um lugar importante num processo de mudança. Com efeito, toda inovação ou toda reforma em educação deve assegurar uma mudança concreta. Para fazer isso, seria necessário desenvolver, de forma articulada, cada um dos seguintes níveis: 5 • Nível 1 : Assegurar a adesão dos professores à mudança. • Nível 2 : Fazer evoluir as suas representações. • Nível 3 : Fazer evoluir as suas práticas profissionais. • Nível 4 : Fazer progredir os indicadores de qualidade do sistema educativo. Estes quatro níveis estão estreitamente ligados. Cada um depende do que se conseguiu no nível anterior. É preciso garantir a adesão dos professores para fazer evoluir as suas representações sobre a suas formas de encarar a sua profissão de professor. A evolução das representações dos professores é necessária para fazer evoluir as suas práticas profissionais. Com um seguimento e acompanhamento de proximidade, pode-se garantir o arranque dessas novas práticas profissionais, e a obtenção de resultados concretos no terreno que se repercutem através dos indicadores. Os quatro níveis complementam-se e articulam-se. Não se desenvolvem linear ou separadamente. Examinemos nível por nível. 1.1 Assegurar a adesão dos professores Trata-se de convencer os professores do interesse, da legitimidade e da viabilidade da reforma ou da inovação. Este trabalho tranquiliza-os e ajuda-os a apropriarem-se da mudança assumida: • (1) O interesse da reforma ou da inovação: levar os professores a verem em que aspecto a inovação é interessante, necessária e útil para o sistema e em que aspecto respeita os valores da sociedade. Eles deveriam participar, ou na reflexão sobre as escolhas, ou nas sessões de informação. • (2) A legitimidade da reforma ou da inovação: levá-los a ver em que aspecto se propõe resolver os problemas concretos que se lhes colocam e por que ela chega no momento certo. • (3) A viabilidade da reforma: ajudar os professores a ver que a reforma é viável, tendo em conta os objectivos definidos e os recursos disponíveis. Eis um exemplo para ilustrar essas propostas : Se quisermos fazer com que os professores avaliem os conhecimentos dos seus alunos com base em situações complexas, em vez de uma série de questões, é preciso que, em primeiro lugar, sejam convencidos de que esta é a melhor forma de o fazer: (1) que é interessante para o sistema educativo, pois aqueles que irão passar para uma classe superior, são os que verdadeiramente terão atingido o nível desejado para continuar as suas aprendizagens; (2) que isso lhes irá permitir serem mais eficazes perante os seus alunos, porque poderão identificar melhor as suas dificuldades, e (3) que é viável e realista tendo em conta os meios disponíveis. 6 1.2 Fazer evoluir as representações dos orientadores e dos professores Para melhor compreender o que segue … : A noção de representação Uma representação é a imagem que uma pessoa tem de um conceito, de uma pessoa, de um objecto ou de uma situação. Por exemplo, uma criança pode representar os braços de um adulto, prolongando-os até ao chão. O seu desenho traduz esta representação. Representações como estas serão corrigidas com o tempo pelas próprias crianças. Outras representações são mais difíceis. Por exemplo, um aluno pode estar convencido de que um quadrado não pode assentar sobre um ponto, porque, nas suas aprendizagens, ele sempre viu quadrados assentar sobre um lado. É uma representação inexacta. Se não modificar as suas representações, este aluno terá dificuldades, mais tarde, em resolver problemas de matemática nos quais existam quadrados em diferentes posições. Os professores também têm as suas representações sobre o acto de aprender. Se não tivermos em conta essas representações durante a formação, as contribuições dos formadores não terão impacto nos participantes, e não serão assimiladas por eles. É como se regássemos uma planta, mas toda a água caísse ao lado. A simples adesão dos professores à reforma ou à inovação é necessária, mas não é suficiente. Um professor pode estar teoricamente de acordo sobre a necessidade de colocar o aluno no coração da sua aprendizagem e continuar a pensar que um bom professor é aquele que faz um ensino magistral, ou faz exposições. Para ser prático… Existe uma maneira de verificar se o professor mudou a sua representação sobre as aprendizagens: quando ele fala de aprendizagens, ele próprio e espontaneamente, evoca um professor que dialoga, ou alunos que trabalham? Ao lado da adesão, seria preciso estar atento à mudança das representações dos professores. Exemplo : fazer evoluir, a sua maneira de ver e de encarar : 1. Uma aprendizagem de qualidade (da acumulação de aprendizagens à integração das aprendizagens) 2. Avaliação das aprendizagens (da restituição das aprendizagens para responder a uma tarefa simples à mobilização de recursos para resolver uma situação complexa). Para fazer evoluir estas representações durante uma formação, convém recorrer a técnicas de animação apropriadas, a saber: 7 • começar por recolher as actuais representações dos participantes : o que significa, para eles, uma aprendizagem? Uma avaliação? Um método activo ? etc. • diversificar as técnicas de formação como: proporcionar momentos de reflexão aos participantes, e limitar-se a curtas exposições de apoio a esses momentos de reflexão; proporcionar interacções entre os participantes através de trocas de práticas e de actividades de produção; mergulhar os participantes em situações significativas e estimulantes que os levem, individualmente, ou em pequenos grupos, a soluções apropriadas que podem confrontar entre eles, para validação. Tomemos o exemplo de um formador que ensina a um grupo de professores a corrigir os trabalhos dos alunos segundo um conjunto de critérios (trata-se de referir os critérios para corrigir as produções, por aluno, de um texto escrito ou oral, tais como: a adequação do texto à situação de comunicação, a utilização correcta dos recursos adquiridos, a qualidade da apresentação). O formador dá os trabalhos para serem corrigidos sem critérios, e seguidamente, com critérios. Ele propõe uma comparação entre as notas obtidas nas correcções feitas com e sem critérios, no sentido de realçar os desníveis entre as duas notas, frequentemente significativos. Os professores, tendo aplicado a correcção segundo os critérios, aperceber-seão que esta permite sublinhar os aspectos que valorizam as aprendizagens do aluno, e determinar as aprendizagens que ainda não foram adquiridas, visando a sua consolidação ou remediação. • completar a formação através de cruzamento de leituras... trocas, de trabalhos pessoais, do 1.3 Fazer evoluir as práticas profissionais dos professores A adesão dos professores à inovação ou à reforma assumida, assim como a mudança das suas representações, são indispensáveis para a implementação e a manutenção de toda a inovação portadora de melhorias. Porém, se os professores não alterarem as suas práticas profissionais, a mudança permanecerá ao nível da superfície, ela será apenas teórica. É o caso de um professor que, formado na abordagem por competências, se limita a introduzir no seu diário o termo «competência» no lugar de «objectivo» para impressionar os inspectores e responder às suas determinações. A mudança que mais interessa ao sistema educativo é uma mudança profunda, duradoira, e que conduz a melhorias dos resultados escolares, das competências dos alunos, com vista ao prosseguimento dos seus estudos, ou à sua integração na vida quotidiana. 8 Vários factores podem contribuir para que uma mudança aconteça e se instale por muito tempo: • a produção de instrumentos apropriados que ajudem os professores a mudar as suas práticas; • um seguimento e um acompanhamento rigoroso da mudança das práticas ao longo da realização do projecto (seguimento dos professores pelos orientadores e supervisão pelos especialistas nacionais e/ou internacionais); • momentos de partilha entre os professores de uma mesma escola, de várias escolas e o director; • momentos de formação complementar, para responder às suas questões, e ajudar a resolver os problemas que se lhes colocam; • avaliações regulares das mudanças empreendidas, culminando eventualmente, na revisão dos objectivos, ajustamento de recursos ou dos meios colocados à disposição, por forma a trabalhar, ainda mais, a adesão, as representações dos actores, ou a colocação em prática dos conhecimentos adquiridos na formação. Para uma mudança que surja do alto da pirâmide, como por exemplo, a revisão dos programas escolares, os textos reguladores e as medidas institucionais são indispensáveis. 1.4 Fazer progredir os indicadores de qualidade do sistema educativo Toda mudança deve ser objecto de avaliações regulares através de um levantamento de dados. Trata-se de verificar se os dados realmente traduzem: 1. Melhoria dos resultados dos alunos, se a mudança visava a eficácia interna. 2. A progressão dos alunos fracos, se a mudança visava a equidade. 3. Comportamentos que demonstrem o respeito pelos valores dos cidadão, se a mudança visava a educação para a cidadania. No entanto, se os dados não fornecerem informações sobre as melhorias esperadas, as regulações devem contribuir para: 1. Repensar as metas, as orientações e os objectivos da mudança. 2. Rever os recursos institucionais, materiais, financeiros, pedagógicos e humanos disponibilizados. 3. Ajustar as estratégias de organização, de informação, de pilotagem, de avaliação colocadas à disposição… Para concluir o ponto relativo ao lugar da formação no processo de mudança, convém apresentar um quadro que retoma os quatro níveis acima desenvolvidos. 9 Nível 1 Aderir à mudança Nível 2 Mudar as representações relativas ao objecto da mudança esperada : o lugar do aluno na aprendizagem, os métodos de aprendizagem... Nível 3 Mudar as práticas na sala de aula: levar os alunos a pesquisar (adoptar um papel de animador), instituir novos procedimentos de avaliação… Nível 4 Verificar se as mudanças de práticas na sala de aula são visíveis nos desempenhos dos alunos (melhores resultados, resultados mais justos...) Este quadro diz respeito à formação dos professores. Poderíamos elaborar o mesmo tipo de quadro para os outros actores a formar: os directores de escola, ou os inspectores. 2. EXISTEM DIFERENTES FORMAS DE CONCEBER UMA FORMAÇÃO? Para melhor compreender o que se segue… : a noção de integração Quando falamos de integração, não estamos a falar de integração social, como a integração de alunos com dificuldades numa turma, ou a integração de alunos de uma outra nacionalidade. O termo integração significa que tentamos articular diversos elementos de forma coerente, visando agir de forma eficaz : • na turma, integrar os conhecimentos (saberes, saber-fazer…) significa levar os alunos a utilizá – los nas situações complexas. • na formação, integrar significa ter em consideração, simultaneamente , as necessidades do sistema, as necessidades dos participantes, as condições de trabalho, as contribuições dos formadores… e fazer dela um todo coerente e portador de mudança. Existem duas formas principais de conceber uma formação. Podemos distinguir as práticas que se relacionam com uma formação segundo a concepção habitual e as práticas que se aproximam de uma formação segundo uma concepção de integração. 10 2.1. Uma concepção habitual de formação Geralmente, a formação dos professores em contexto escolar tem lugar durante um dia ou meio-dia, e desenvolve-se da seguinte forma : 1. Uma exposição teórica seguida de perguntas/respostas. 2. Uma aula-modelo sobre o assunto de uma dada aprendizagem. 3. Um trabalho de grupo sobre uma questão prática, ou relacionada com uma aula dada. 4. Distribuição de documentos de formação a todos os participantes. 5. Apenas um tipo de avaliação relativa ao grau de satisfação no fim da formação. 2.2. Uma concepção de integração A formação tradicional tende a ser substituída por uma concepção de integração. Esta baseia-se nos pontos seguintes: • Implicar os professores ou um grupo representativo de professores na definição das grandes linhas da formação. Trata-se de recolher e de analisar as necessidades dos professores em formação. Podemos completálas com propostas dos seus superiores hierárquicos (inspectores ou directores) quanto às prioridades de formação dos professores; • Definir de forma operacional uma ou duas competências profissionais de base a serem desenvolvidas no quadro de uma formação. Exemplo : tornar um professor competente para planificar as aprendizagens numa perspectiva de integração, ou ainda, para pôr à disposição um dispositivo de remediação depois da correcção de uma produção de um aluno. • Começar a formação por uma situação -problema ou por um estudo de caso. Exemplo de uma situação-problema : numa formação de professores sobre a competência « planificar as aprendizagens numa perspectiva de integração dos saberes », o formador apresenta-lhes duas planificações : (1) uma planificação que consiste em escalonar todos os conteúdos do programa ao longo de um ano de escolaridade, e (2) uma outra, na qual, em cada 5 semanas, o professor pára de trabalhar conteúdos novos, mas convida os alunos, durante uma semana, a resolver situações-complexas nas quais eles devem mobilizar os seus recursos (saberes adquiridos). O formador pede aos participantes para identificarem as semelhanças e as diferenças entre as duas planificações. Exemplo de um estudo de caso: O formador explica o caso de um professor de uma turma da 4.ª classe que ensinou aos seus alunos as quatro operações sobre números inteiros. Mais de três-quartos dos alunos sabem resolver as operações que lhes são apresentadas pelo professor. Porém, logo que ele lhes apresenta um problema em que devem efectuar as operações, apenas 10% dos seus alunos conseguem. O formador pede 11 aos participantes que formulem hipóteses sobre as razões que estarão na base desta situação, e que proponham soluções para a remediar. Numa formação concebida sob a perspectiva de integração, as exposições ocupam uma pequena parte. Convém consagrar a maior parte do tempo às aprendizagens: os trabalhos de grupo para o domínio dos conteúdos de formação, os trabalhos em ateliês para as produções individuais. Estas, logo que finalizadas, deveriam ser devolvidas aos seus autores (autocorrecção). • Pedir aos participantes que efectuem uma produção complexa, durante ou no fim da formação, como forma de demonstrar que a competência foi adquirida. Se retomarmos o exemplo acima referido, pediríamos, por exemplo, a cada participante que, no fim da formação, elaborasse uma planificação na perspectiva da integração dos conhecimentos dos alunos. Para evitar a simples restituição, deveríamos escolher uma disciplina diferente daquela que foi trabalhada durante a formação. • Privilegiar três tipos de avaliação : A avaliação durante a formação com a finalidade de regular as aquisições/aprendizagens ; a avaliação das competências adquiridas no fim da formação; a avaliação das transferências dos conhecimentos no terreno, depois do término da formação (ver capítulo 6). Consideramos que uma formação teve sucesso se ela provoca mudanças concretas nas práticas profissionais dos actores, nas semanas ou nos meses que se seguirem à formação. O quadro seguinte retoma, uma a uma, as práticas em termos de preparação, de condução, ou de avaliação, segundo uma, ou outra concepção: Concepção habitual da formação Concepção integradora da formação Preparação Convocar os participantes. Definir as grandes linhas da formação a partir da análise das necessidades. Objectivos Articular a formação em Articular a formação em torno dos objectivos da torno de uma ou duas formação. competências. Métodos pedagógicos Exposições, seguidas de À partida , propor uma debates, com alguns situação-problema; trabalhos de grupo. privilegiar os trabalhos de grupo e sobretudo ateliês, intercalados com pequenas exposições estruturantes. 12 Aplicação dos Exercícios, aplicações por Solicitar a elaboração de conhecimentos grupos, distribuição de uma situação complexa adquiridos documentos de formação. individual, durante ou no fim da formação, que comprove o domínio das competências esperadas. Avaliação Avaliação no fim da Avaliação da formação em formação, através de um diferentes momentos questionário. (antes, durante, e no fim de…), bem como a avaliação da transferência dos conhecimentos adquiridos na formação, no terreno. 3. PARA QUE SERVE A ANÁLISE DAS NECESSIDADES EM FORMAÇÃO ? Uma análise das necessidades serve para orientar a formação, defini-la e precisá-la. 3.1 Porquê analisar as necessidades ? Uma análise das necessidades visa atingir quatro objectivos: • Determinar a mudança esperada no terreno nas práticas de sala de aula. Exemplo de mudança esperada no terreno : reduzir o número de repetentes. • Verificar se convém o recurso à formação, ou a outras acções para fazer evoluir a situação constatada. Por exemplo, face à situação de um professor que chega sempre atrasado, a formação de nada servirá para resolver o problema : é necessário concertar com ele, ou tomar medidas administrativas se a concertação não produziu resultados. Se é esta a formação que convém, definir a competência profissional de base1 que realmente vai provocar a mudança esperada no terreno, e assegurar que a competência pretendida poderá ser, efectivamente, concretizada no 1 Conjunto integrado de saberes, de procedimentos, de técnicas e de comportamentos que devem ser adquiridos por uma pessoa no fim de um ciclo de formação e que lhe permite melhorar a sua qualificação profissional de acordo com as suas necessidades pessoais, ou de uma mudança esperada num grupo (definição parcialmente adaptada de um texto sobre os tipos de formação profissional, ministério da educação nacional e de formação profissional, Luxemburgo, 2006) http://www.men.public.lu/priorites/formation_professionnelle/index.html 13 terreno. Eis alguns exemplos de competências : gerir as actividades de integração 2 ; utilizar métodos activos nas formações. • Determinar o perfil e o número de pessoas a formar; • Determinar a natureza da formação que permite equilibrar a distância entre a situação actual e a situação desejada. 3.2 Existem várias formação? abordagens para a análise das necessidades de Existem duas abordagens em matéria de análise das necessidades de formação: - uma abordagem objectivista que postula que a necessidade pode ser medida de forma objectiva, imparcial; é o especialista ou o inspector que diz em que matéria é necessário formar os professores, observando as suas práticas em sala de aula e sem lhes pedir a sua opinião: trabalhamos sobre os desníveis objectivos entre a situação actual e a situação esperada. - uma abordagem construtivista que se baseia nas representações dos actores. As necessidades não são observadas por um especialista externo, mas são expressas pelos próprios professores e pelo ambiente em que trabalham. Em vez de se trabalhar o desfasamento entre os objectivos traçados e os atingidos, entre uma situação esperada e uma situação actual, trabalha-se sobre as representações que as pessoas têm relativamente a este desnível (como percebem essa diferença?). 3.3 Qual das duas abordagens privilegiar ? As duas abordagens são complementares. Recomenda-se que, numa concepção de uma formação integrada, se identifiquem a (s) competência (s) a desenvolver na formação, em função: 1. Da realidade objectiva do contexto de trabalho e das necessidades do sistema educativo. 2. Daquilo que os professores de terreno exprimem e estão prontos a investir. 3.4 Como vencer a resistência à mudança? Numa lógica de mudança que vem do alto da pirâmide, a resistência é muito forte. Ela manifesta-se em toda a gente, seja nos professores, seja nos próprios orientadores. Pode ser desagradável, mas é normal: é preciso vê-la como um sinal de uma melhoria a introduzir. 2 Actividades que um professor propõe aos seus alunos, visando uma mobilização conjunta dos seus saberes e saberfazer, para resolver uma situação (definição adaptada de Xavier Roegiers, Des situations pour intégrer les acquis scolaires, Glossaire, 2003) 14 Para ser prático… De nada serve ignorar uma resistência à mudança. É importante identificar as suas origens (um problema de participação na definição das orientações e dos objectivos, um problema de informação, um problema material, um problema administrativo, um problema de investigação ou de gestão profissional), e estudar as formas de as resolver. 4. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DE UMA FORMAÇÃO DE ADULTOS? Um das preocupações de um formador é a de motivar os participantes na formação. Para o sucesso deste objectivo, convém ter em conta um certo número de características da formação de adultos, na sua preparação, execução e avaliação: 4.1 Saber o que quer É importante, para um participante adulto, saber o que ele espera da formação, nomeadamente estar informado previamente sobre o conteúdo da formação, para que ele possa se preparar. Existem duas maneiras de informar: 1. Os participantes informam-se, se estão implicados na formação. 2. São informados através de uma convocatória que deverá precisar o assunto da formação, assim como a competência a desenvolver ao longo da mesma. 4.2 Partir do seu contexto profissional O adulto em formação exige que se estabeleça a relação entre o que ele aprende e o que ele pratica no seu contexto profissional. Isto ajuda-o a apropriar-se das novas aprendizagens, com vista a melhorar as suas qualificações profissionais. 4.3 Implicar-se na formação O adulto em formação gosta de aprender pela acção. Convém, por isso, diversificar os métodos e as técnicas activas de animação: os trabalhos de grupo, o jogo de papéis, as exposições que os participantes são convidados a realizarem. 4.4 Partilhar a sua experiência O adulto em formação aprecia, quando se lhe pede para partilhar as suas práticas profissionais e escutar as experiências dos outros. Trata-se de verdadeiras trocas que se estabelecem entre as pessoas. É sempre estruturante 15 e tranquilizador:aprendemos enquadrados. 4.5 melhor e sentimo-nos mais apoiados e Bem-fazer e procurar a excelência Um adulto em formação gosta de compreender, produzir bem e realizar os melhores desempenhos. Como qualquer pessoa em formação, ele aprecia muito ser valorizado. 4.6 Utilizar os conhecimentos A motivação do adulto em formação aumenta se ele constatar que vai poder concretizar as suas aprendizagens no seu contexto profissional. Gosta de aproveitar os documentos de formação, e de dar a sua opinião sobre as metodologias utilizadas pelo formador. 4.7 Ter em conta o que ele faz fora da formação O adulto em formação não gosta de se sentir afastado da sua vida privada. Reservar um espaço para falar do seu ambiente envolvente, das suas preocupações, do apoio dos participantes, assim como do formador, são aspectos que o motivam ainda mais. 5.EXISTEM NOVAS FORMAS DE FORMAÇÃO? Hoje, cada vez mais, aparecem outras formas de formação diferentes das de sala de aula. Podemos citar as seguintes : 5.1 A tutoria no local da formação Trata-se de acompanhar uma (ou várias) pessoa (s) em formação por um (ou vários) formador (es), de forma a assegurar o desenvolvimento das suas competências profissionais. Distinguimos a tutoria individual (um tutor para um formando), a tutoria de grupo (um tutor com um grupo de alunos), e monitoramento (troca mutua entre pares de formandos), a tutoria a distância (com base em documentos, «papel» por exemplo). Temos ainda a tutoria aos pares. É quando cada professor fornece aos seus colegas uma prática, um instrumento, ou uma experiência que ele possui, ou que ele utiliza na sala de aula. Às vezes, as formações deste tipo desenvolvem-se mesmo sem formador. 16 5.2 A tutoria no local de trabalho É uma formação que é feita mesmo no local de trabalho. Trata-se de acompanhar uma pessoa em formação por uma outra mais competente. 5.3 A formação pela Internet Hoje em dia, propõem-se cursos pela internet, para formação a distância. Entretanto, é difícil aprender se limitarmos unicamente a seguir estas aulas na internet. Para que a aprendizagem seja eficaz, é preciso que a formação através da internet seja complementada com sessões de trocas e de discussão com um animador ou formador. 5.4 O fórum ou aprendizagem colaborativa (na internet) Os participantes colocam questões sobre um dado assunto. Procuram responder às questões que colocam uns aos outros. O próprio animador responde às questões não resolvidas, faz sínteses, estabelece ligações... 5.5 O portfólio O portfólio é um dossier que reagrupa, de forma estruturada, as produções pessoais da pessoa em formação: as respostas aos exercícios de aplicação, as situações de avaliação que ele elaborou, as planificações de uma aprendizagem segundo os princípios da integração3… O portfólio não é uma forma particular de formação, mas um instrumento. Ele pode servir para guardar os traços do domínio progressivo dos objectivos visados: é um portfólio das aprendizagens. Ele pode também servir para validar, a partir de um referencial de competências, as aquisições da pessoa em formação: é um portfólio de validação das aprendizagens. 6. PODE UMA FORMAÇÃO FRACASSAR? Uma formação fracassa sempre que não é pensada. Com efeito, pensamos sempre que uma formação que fracassa é uma formação que não foi realizada. Ora, mesmo que tenha sido realizada, uma formação pode fracassar. Podemos dizer que uma formação que fracassa é, antes de mais, uma formação que não produz a mudança esperada no terreno: formar professores e não constatar melhorias significativas nas práticas em sala de aula, ou nos resultados escolares dos seus alunos. 3 Ver página 7 17 6.1 Quais poderão ser as causas do insucesso de uma formação? Há razões imprevisiveis sobre as quais temos pouco domínio a priori: razões pessoais ligadas aos formandos, como a falta de concentração devido a um falecimento, ou razões contextuais, como as condições climáticas que impedem os participantes de se deslocarem. Mas, há sobretudo razões que podem ser previstas à partida : razões organizacionais, pedagógicas e institucionais. Examinemos estas razões. 6.1.1 Razões organizacionais É quando os organizadores negligenciam: 1. verificar se a formação responde, realmente, às necessidades dos participantes. 2. Se, efectivamente, a formação resolve os problemas que se colocam. 3. Se a formação foi organizada no momento certo : dificilmente se pode transferir para o terreno as competências adquiridas numa formação realizada três meses antes do início das aulas. 4. Se a formação dispõe de um bom formador e de condições materiais apropriadas. 5. Se a transferência de competências para o terreno foi bem preparada. 6.1.2 Razões pedagógicas É quando o formador negligencia: 1. Levar em conta as condições de aprendizagem da pessoa em formação: informá-la sobre a competência a desenvolver a partir do seu contexto profissional, implicá-la no trabalho, ajudá-la a ver a utilidade das suas aprendizagens. 2. Praticar métodos e técnicas de animação activas: quando ele(a) não se limita à competência profissional a desenvolver, quando não reserva tempo suficiente para os trabalhos de grupo, para a produção. 3. Conduzir as avaliações durante a formação, para detectar as dificuldades que se apresentam, e remediá-las. 6.1.3 Dificuldades ligadas ao contexto institucional Quando as autoridades dos países negligenciam : 1. Apoiar, através de discursos e acções concretas, as iniciativas que reforçam a promoção, a implementação e a manutenção da reforma ou da inovação almejada. 2. Valorizar os conhecimentos da formação junto dos professores. 3. Trabalhar para a perenização dos projectos de formação. 4. Valorizar os especialistas nacionais ao lado dos internacionais. A ausência desta valorização pode levar os nacionais a desinteressarem-se relativamente ao enquadramento e ao seguimento das mudanças empreendidas. 18 CAPÍTULO 2 FORMAR PARA AS APRENDIZAGENS DE QUALIDADE NAS SALAS DE AULA APRESENTAÇÃO No primeiro capítulo, vimos as características de uma formação segundo a concepção de integração. O presente capítulo propõe aos professores um certo número de adaptações a serem aplicadas às suas próprias práticas para uma melhor qualidade das aprendizagens escolares dos alunos. Com efeito, se queremos que uma formação de professores seja eficaz, é preciso fazer referência a um modelo de aprendizagem na sala de aula, que seja sólido e que tenha dado provas, em função de um dado contexto. De nada serve dar formações, utilizando práticas de sala de aula ultrapassadas. Para atender a este objectivo desenvolvemos duas concepções de aprendizagem na sala de aula. DUAS CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA: Para melhor compreender o que se segue… : a noção de situação de integração Uma situação de integração é uma situação complexa que para ser resolvida faz apelo aos conhecimentos e ao saber-fazer que já foram abordados pelo aluno, mas de forma separada, numa outra ordem, num outro contexto. Uma situação de integração não é a simples aplicação de um conceito, de uma regra, de uma fórmula. Falamos, por isso, de « situação - alvo ». Por exemplo, depois de termos abordado algumas regras gramaticais de conjugação, o professor pede a cada aluno que escreva uma pequena carta a um amigo, convidando-o para o seu aniversário. O termo complexo significa que o aluno deve mobilizar vários saberes e saberfazer para resolver a situação. Uma situação de integração é proposta depois de um conjunto de lições relativas às aprendizagens pontuais (aprendizagens de conceitos, de regras, de técnicas de cálculo…). Geralmente, o professor propõe ao aluno a resolução de situações de integração, depois de 5 semanas de aprendizagens pontuais. É preciso não confundir « situação de integração » e «situação-problema didáctica», pois esta é utilizada para levar uma nova aprendizagem. O professor que, para ensinar aos seus alunos a relação entre o metro e o centímetro, propõe a cada aluno que se meça, faz recurso a uma situação-problema didáctica. 19 Assim como há duas maneiras de assumir a formação, existem duas concepções principais segundo as quais podemos encarar as aprendizagens ao nível dos alunos. Na primeira concepção, o professor ensina e avalia os conhecimentos, numa lógica de conteúdos ou de objectivos isolados. Numa segunda concepção, o professor começa por desenvolver os saberes e saber-fazer e, seguidamente, habitua os seus alunos a utilizá-los na resolução de situações complexas. Esta concepção é chamada pedagogia de integração. É actualmente uma das formas mais conhecidas e uma das mais promissoras na abordagem por competências. Começaremos por relembrar em que consiste a primeira concepção, para uma melhor compreensão da segunda concepção. Propomos, de seguida, alguns dos ajustamentos a introduzir nas suas práticas pedagógicas para a concretização da segunda concepção. 1. Primeira concepção : dos saberes à aplicação Esta concepção assenta essencialmente no desenvolvimento de um grande número de saberes, de saber-fazer e de saber-ser isolados. A avaliação dos conhecimentos dos alunos faz-se em termos de conteúdos. As etapas seguintes descrevem as grandes linhas de um caminho que o professor habitualmente segue no ensino e avaliação dos conhecimentos dos seus alunos. 1.1. Planificar e ensinar as aprendizagens numa lógica de conteúdos-matérias ou de objectivos isolados De uma maneira geral, o professor planifica as aprendizagens dos seus alunos, determinando um conjunto de conteúdos-matérias ou de objectivos múltiplos. Conforme os programas em vigor, ele desenvolve-os de forma separada, uns em relação aos outros. Na sala de aula, de forma colectiva e frontal, o professor faz uma exposição ou uma demonstração sobre um dado conteúdo (como adicionar dois números inteiros ? Como conhecer, reconhecer as palavras e os verbos? Como ler textos, ou escrever frases…). A seguir, ele propõe aos seus alunos que efectuem um certo número de exercícios de aplicação, tendo em vista a consolidação das suas aprendizagens. Para corrigir, ele pede a um dos seus melhores alunos que apresente o resultado correcto. Ele pede àqueles que fracassaram na resolução dos exercícios, para corrigir os seus trabalhos. Para explicar certos erros dos alunos, os professores, têm a tendência, por vezes, de considerar que os alunos estiveram desatentos, enquanto ele dava as explicações, ou fazia as demonstrações. 1.2 Avaliar em termos de conteúdos e de objectivos Para avaliar os conhecimentos dos alunos, o professor propõe exercícios idênticos àqueles que habitualmente apresenta ao longo das aprendizagens ou nos momentos de aplicação: em Português, fazer a concordância entre os elementos da frase, as frases para completar, os verbos para conjugar; em Matemática, as 20 operações a efectuar. Trata-se de um conjunto de questões que faz apelo à restituição ou à aplicação dos saberes e saber-fazer adquiridos. Esta prática de avaliação é uma consequência lógica das aprendizagens, uma vez que o ensino dos saberes se faz numa lógica de conteúdos-matérias ou de objectivos separados. Isto termina, quase sempre, com uma avaliação sumativa e/ ou a classificação dos alunos com base na média, fixada geralmente em 50%. Os alunos que não tenham atingido esta média são considerados reprovados e devem repetir o ano. 2. Segunda concepção : Dos recursos às competências Para melhor compreender o que se segue…: a noção de recurso Os recursos são todos os elementos que o aluno mobiliza para resolver uma situação-problema: os saberes, o saber-fazer, o saber-ser. Estes recursos, o aluno aprende-os no quotidiano, na sua família, no seu bairro, mas também, e principalmente, na escola, aquando das diferentes aprendizagens propostas pelo professor. Antigamente, os pedagogos perdiam muito tempo e energia a distinguir os termos: «saber», «conhecimento», «habilidade», «saber-fazer», «saber-ser», etc. Na abordagem por competências, consideramos que todos são recursos ao serviço da instalação de uma competência. Temos necessidade de fazer um inventário, para saber que aprendizagens levar a cabo; porém, as aprendizagens de recursos não constituem um fim em si mesmo. Os recursos são, por conseguinte, os saberes, saber-fazer e saber-ser (atitudes) necessários ao domínio da competência. Podemos tomar o exemplo do futebol: para exercer esta competência, o jogador de futebol mobiliza os saberes (o conhecimento das regras…), o saber-fazer (driblar, marcar um penalty…) e o saber-ser (espírito de equipa). Da mesma maneira, um formador deve mobilizar os saberes (como os conteúdos relativos à formação que ele ministra), o saberfazer (como as técnicas de animação) e o saber-ser (uma atitude de escuta, o respeito pelos participantes…). Ao lado dos saberes, do saber-fazer e do saber-ser que podemos chamar de « recursos internos», há também os recursos externos: um jogador de futebol não poderá exercer a sua competência, se ele não tiver uma bola. Se a primeira concepção consiste em incutir numerosos saberes, saber-fazer e saber-ser sem os relacionar entre si, a aplicá-los e a restituí-los, respondendo a questões, ou efectuando os exercícios, a segunda concepção consiste em desenvolver nos alunos a possibilidade de resolver situações-problemas, mobilizando os recursos que eles adquiriram. Mobilizar os recursos adquiridos quer dizer 1. Identificá-los em função da situação-problema a resolver. 2. Utilizálos, aplicá-los. 2.1. A pedagogia de integração: uma pedagogia eficaz 21 A passagem da primeira à segunda concepção não significa pôr em causa todo o edifício das práticas pedagógicas dos professores. Exige, todavia, que se interrogue sobre: 1.O que um aluno deverá dominar no fim de um ciclo de aprendizagem. 2. O que poderá dar sentido às suas aprendizagens. 3. O que um aluno deverá fazer das aprendizagens adquiridas na sua vida quotidiana, ou no prosseguimento dos seus estudos. Para a realização de tudo isso, o professor deve ajustar as suas práticas, através da formação e da transferência para o terreno das competências profissionais adquiridas; ele deve ensinar aos seus alunos a identificar os recursos que intervêm na resolução de uma dada situação-problema, a estruturar os seus recursos, e a utilizá-los na resolução de situações complexas. Estas práticas constituem a pedagogia da integração, que é definida através dos princípios que se seguem: 1. Basear-se naquilo que o aluno deve dominar no fim de cada ciclo de aprendizagem, e no fim da escolaridade obrigatória, em detrimento de uma lista de conteúdos-matérias, ou um conjunto de objectivos isolados uns dos outros que o professor deve ensinar ou realizar; 2. Dar sentido às aprendizagens dos alunos, mostrando-lhes para que serve tudo o que ele aprende na escola. Para isso, é necessário distanciar-se das listas de conteúdos-matérias (a adição, a subtracção, o futuro, a frase interrogativa, a respiração…) a memorizar, o saber-fazer (multiplicar, escrever frases afirmativas, interrogativas ou exclamativas, indicar as doenças infecciosas…) que não estão ligadas a situações de vida e que quase sempre aborrece o aluno, e não lhe dá vontade de aprender. Pelo contrário, trata-se de situar continuamente as aprendizagens em relação às situações que fazem sentido para ele, e a utilizar os seus conhecimentos nestas situações. 3. Pensar as aquisições do aluno em termos de resolução de situações concretas, e jamais em termos de uma soma de saberes e de saber-fazer que o aluno não saberá como utilizar na sua vida quotidiana ou na sua vida profissional. Isto implica, por um lado, que o professor deva prever, regularmente, momentos privilegiados para ensinar o aluno a resolver situações-problemas complexas nas quais é chamado a mobilizar os conhecimentos apropriados (situações de integração), e por outro lado, a pensar a avaliação formativa e certificativa, em termos de situações complexas. 2.2. A pedagogia de integração : uma mudança progressiva e realista A pedagogia proposta não faz tábua rasa das práticas profissionais do professor, dos seus métodos pedagógicos, ou do seu estilo de ser professor. Ao contrário, ela pode facilmente adaptar-se às suas práticas actuais, por constituir um todo harmonioso e articulado, capaz de responder ao contexto no qual o professor trabalha. O que convém fazer é ajustar as suas práticas em conformidade com as características que definem esta pedagogia, a saber: determinar as aprendizagens em função do que o aluno deverá dominar, dar sentido ao que ele deverá aprender, e habituá-lo a identificar e a utilizar, de forma pertinente, os seus conhecimentos nas situações complexas e concretas. Examinemos alguns dos ajustes a introduzir nas suas próprias práticas pedagógicas, para uma melhor qualidade da aprendizagem. 22 3. ALGUNS AJUSTES NECESSÁRIOS ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES Para melhor compreender o que se segue… : a noção de competência, de competência de base, de Objectivo terminal de integração. Uma competência é «a possibilidade que um aluno tem de mobilizar um conjunto de saberes, saber-fazer e saber-ser, para resolver situações pertencentes a uma família de situações».4 Uma competência de base «designa para uma dada disciplina, um conjunto de saberes, saber-fazer e saber-ser que um aluno deve dominar no fim de um ciclo de aprendizagem, para que possa passar de um dado nível a outro imediatamente superior.»5 Um Objectivo Terminal de Integração (OTI) é uma macro competência que cobre um conjunto de competências esperadas, e por conseguinte, um conjunto de saberes, saber-fazer e saber-ser no fim de um ciclo (em geral de 2 anos). Ele traduz o perfil esperado, no fim de um ciclo, numa determinada disciplina, ou num determinado campo disciplinar. 3.1 Ajustar a planificação das aprendizagens: articular os recursos em torno das competências. Para trabalhar dentro do espírito desta nova pedagogia, é preciso parar de planificar as aprendizagens numa lógica de conteúdos-matérias como se faz habitualmente, na primeira concepção. É indispensável planificar as aprendizagens em função daquilo que o aluno deveria dominar no fim de um bimestre, um trimestre, de um ou dois anos. Para isso, seria preciso determinar um OTI para cada disciplina a desenvolver no fim de um ciclo de aprendizagem de dois ou três anos, e definir duas ou três competências de base por disciplina. Exemplos em Matemática para o fim do primeiro ciclo do ensino básico: Um Objectivo Terminal de Integração (OTI): «No fim do 3.º ano de escolaridade do ensino básico, o aluno deve poder resolver uma situação-problema, fazendo apelo às quatro operações com os números que vão de zero a 1000, às medidas de comprimento (m, cm) e de capacidade (l, cl) e à reprodução de figuras geométricas simples». Uma competência de base em Geometria: «O aluno deve poder resolver uma situação-problema significativa, que necessita do reconhecimento e da reprodução de figuras geométricas simples (quadrado, rectângulo, triângulo, 4 Roegiers, 2003, Aprendizagem integrada : situações do quotidiano escolar, glossário. 5 Adaptado de Roegiers, 2006 circunferência), a partir de diferentes suportes (papel quadriculado, papel ponteado, figura para completar…)» 23 Uma competência de base em numeração «O aluno deve poder resolver uma situação-problema significativa, fazendo apelo à comparação de números que vão de zero a 1000, assim como às quatro operações com estes números, a partir de diferentes suportes (textos, quadros, dados brutos…)». Para uma competência de base de uma dada disciplina, estabelecemos uma lista de recursos que o aluno deve possuir para dominar a competência de base: os saberes, o saber-fazer e o saber-ser. Exemplos : Disciplina : Língua Portuguesa Competência de base: Numa situação de comunicação, o aluno deve poder manter uma conversa telefónica elementar na sua língua de aprendizagem. Recursos: 1. Saberes, tais como o conhecimento de um vocabulário de base para uma conversa telefónica, as formas de tratamento… 2. Saber-fazer, como a formulação de uma questão, a formulação de uma resposta a uma pergunta que é colocada, fazer a sua apresentação, utilização do futuro, do imperfeito, dar as informações necessárias à compreensão da mensagem por um ouvinte que não vê o seu interlocutor (impossibilidade de utilizar o gesto)... 3. Saber-ser, como adaptar-se ao seu interlocutor ou conversar com àvontade com alguém que nós não conhecemos… Em geral, é ao nível dos serviços centrais do Ministério da Educação que se efectua todo este trabalho: os sistemas educativos encarregam as equipas de conceptores de definir, para cada disciplina, o OTI, as competências de base e os recursos correspondentes. Hoje, em numerosos países, os programas são definidos desta forma: Para cada disciplina e cada ano: - O OTI - 2 ou 3 competências de base - Os recursos de cada competência de base. 3.2 Ajustar uma prática familiar aos professores : ensinar os recursos durante uma parte do período escolar Não há nada de novo a fazer na prática de ensino dos recursos. O professor continua a instalar os recursos conforme os programas oficiais, com os métodos pedagógicos em vigor e dentro do seu próprio estilo de ensino. Deve-se considerar dois ajustes. Em primeiro lugar, deve-se consagrar apenas uma parte do tempo escolar à instalação dos recursos. A seguir, o professor 24 dedica-se a tornar as aprendizagens significativas, mostrando aos alunos para que servem, e ajudando-os a combinar progressivamente os conhecimentos entre si. Ele pode variar os modos de gestão da turma: alternância entre o trabalho individual e o trabalho de grupo, isto é, o ir-e-vir entre a indispensável pesquisa, onde cada um deve aprender a mobilizar os seus próprios recursos e as interacções entre os alunos (é o que se denomina de conflito sócio- cognitivo). Um outro ajuste pode ser efectuado pelos professores que querem ir mais longe. É o de conduzir as aprendizagens dos recursos em termos de situaçõesproblemas : uma pequena pesquisa, um inquérito, um enigma a resolver. É o que designamos por « situações-problemas didácticas ». Elas aparecem no início das aprendizagens, enquanto que as situações de integração surgem no fim de um conjunto de aprendizagens. 3.3 Introduzir um outro tipo de aprendizagem: o de aprender a utilizar os conhecimentos para resolver situações-complexas Na primeira concepção, o professor prevê apenas um tipo de aprendizagem. Aquele que consiste em ensinar os recursos. Na segunda concepção, o professor não se contenta apenas em pedir aos alunos que utilizem os seus conhecimentos em exercícios idênticos aos que eles trabalharam ao longo das aprendizagens, ou em pedir aplicações simples dos conceitos vistos. Ele torna os alunos capazes de utilizar, conjuntamente, os seus conhecimentos, para resolver situações complexas, denominadas «situações de integração» ou « situações – alvo ». Dito de outra forma, agora que o aluno adquiriu um certo número de recursos, ele deve ser confrontado com uma situação complexa. Esta forma de aprendizagem consolida o potencial do aluno na mobilização de recursos pertinentes e articulados, face a uma situação-problema a resolver, ou a uma tarefa complexa a realizar. Exemplos de situações de integração serão apresentados mais abaixo. 3.4 Variar as suas técnicas de acompanhamento dos alunos que aprendem a utilizar os seus conhecimentos na resolução de situações de integração Resolver uma situação-problema é uma tarefa complexa. O aluno deve habituarse a desenvolver estratégias de resolução. Para isso, o professor deve reservar um tempo suficiente, geralmente uma semana sobre dez, chamada de semana de integração. Ao longo desta semana, não se faz mais nada senão ensinar os alunos a resolver situações complexas. Ao longo desta semana, ele pode recorrer a diferentes modos de resolver situações de integração. Em geral, esta aprendizagem para resolver situações complexas, faz-se segundo duas modalidades, e em três tempos: - Tempo 1: um trabalho interactivo, no seio de um pequeno grupo de alunos; - Tempo 2: um trabalho individual. - Tempo 3: um trabalho individual para avaliação. 25 3.4.1 tempo 1: trabalho interactivo O trabalho de grupo tem a vantagem de favorecer uma aprendizagem interactiva, nomeadamente nas turmas compostas e/ou numerosas. É importante formar pequenos grupos de alunos: 3 ou 4 alunos, não mais. O professor propõe a cada grupo uma situação de integração que faz parte de um conjunto de situações correspondentes a uma dada competência de base. Tomemos o exemplo de uma situação de integração6 relativa a uma competência de base quanto à numeração: Pedro vai ao mercado O que o Pedro tem no seu porta-moedas A lista das suas compras: Uma nota uma nota de de 200 KZ 1OOO KZ 2 Kg de tomates a 200 KZ o kg; 3 Kg de arroz a 100 KZ o kg; 12 pães a 15 KZ cada um. Uma nota de 5OO KZ Uma Uma nota nota de de 50 KZ 100 KZ 1. Qual é o preço de compra de cada um dos três artigos? 2. Com o dinheiro que o Pedro tem ele pode pagar todas as suas compras? Concretamente, o professor deve: • Cuidar, ao longo de todo o trabalho, para que cada aluno participe activamente na resolução da situação. Trabalhar em grupo não significa que um ou dois alunos monopolizem a palavra, excluindo os outros. • Definir, com os alunos, as tarefas requeridas para resolver a situação-problema em grupo: 1. Compreender o sentido das palavras e das expressões inacessíveis aos alunos. 2. Identificar aquilo que se pede. 3. Assinalar, de forma interactiva, os recursos mobilizados para a resolução do problema. 4. Construir, de maneira colegial, as estratégias de resolução. 5. Resolver o problema. 6. Comentar a produção no grupo.7. Pedir aos alunos 6 Kit de avaliação das competências em Matemática, 1 ciclo, Líbano, 2006 para melhorar as suas produções em função dos comentários de toda a turma, bem como dos comentários do professor. 26 • Acompanhar os seus alunos nas suas estratégias de resolução da situação. O professor muda de atitude. Ele incentiva cada um deles a progredir ainda mais. Para aqueles que não conseguirem construir uma solução, ele propõe sugestões, estimulando-os a se comprometerem com as novas pistas de resolução. • Apreciar a qualidade do trabalho de grupo. O professor reúne os alunos para discussões entre eles sobre as diferentes formas de fazer e corrigir em conjunto os erros que certos alunos cometeram. 3.4.2 Tempo 2 : trabalho individual O objectivo deste modo de trabalho é o de ensinar ao aluno a gerir, individualmente, a resolução de um problema, ou a produção de uma mensagem oral ou escrita. O professor propõe, para a realização deste objectivo, uma segunda situação complexa7 pertencente ao mesmo conjunto de situações da competência de base em numeração. Três amigos,Hernâni, Emanuel e Josefina, vão a uma lanchonete ao domingo. Banana-pão 200 Josefina comprou uma banana-pão e uma gasosa. O Sandes 100 Hernâni pediu batata-doce e o Emanuel um pacote de Batata assada 150 Ginguba 150 ginguba. A seguir, Hernâni e Emanuel dividiram uma batata assada. No fim da refeição, Hernâni tomou um gelado de múcua e Emanuel um sumo natural. Gasosa Sumo natural Chamuça 50 100 50 Descobre o que cada um deve pagar e calcula o Gelado 80 montante da conta. Café 25 Aqui é sobretudo importante que o professor adopte uma atitude encorajadora e vigilante face ao aluno: • Tranquilizar o aluno, explicando-lhe que não se trata de uma situação de controlo nem de exame. As tarefas que lhe são apresentadas servem para ele utilizar os seus conhecimentos para resolver uma situação. 7 Kit de avaliação das competências em Matemática, 1º ciclo, Líbano, 2006 • 27 Apoiar o aluno na aquisição de uma estratégia pessoal face às situações-problemas. O aluno deve certificar-se: 1. Da compreensão do contexto e das instruções. 2. Da identificação precisa das tarefas pedidas. 3. Da identificação, nos suportes, das boas informações. 4. Da mobilização pertinente dos recursos. 5. Da construção de uma estratégia que vai do sentido da resolução à produção. 6. Da articulação entre os recursos identificados para a resolução. 7. Da validação do trabalho por um colega ou pelo professor (e). 8. Da correcção, caso necessário, tendo em vista a melhoria do seu trabalho. • Apreciar a qualidade do trabalho do aluno. Ainda que uma vez mais, o professor tenha que reunir os alunos para resolver a situação ele deve permitir que cada aluno compreenda os seus erros, se questione, e faça a sua auto-correcção. 3.5 Ajustar as suas práticas de avaliação : avaliar os conhecimentos dos alunos, através de situações complexas De uma maneira geral, o professor tem o hábito de avaliar os conhecimentos dos alunos em termos de recursos. Continua a fazê-lo. Deve, entretanto, propor uma situação com o mesmo nível de dificuldade que as anteriores, para avaliar as competências dos alunos. Isto é feito ao longo da mesma semana de integração. Esta avaliação é o tempo 3 das modalidades referidas em 3.4.. Numa aprendizagem de resolução de situações - complexas em pequenos grupos ou individualmente, o professor está sempre presente ao lado dos alunos para os acompanhar no seu processo de resolução. Numa avaliação, o professor deixa os alunos trabalharem sozinhos, sem o apoio de ninguém. Isto para : • Responsabilizar o aluno dando-lhe oportunidades de chamar a si todo o percurso que o conduzirá à resolução: compreensão dos enunciados, levantamento antecipado das informações e dos dados, mobilização de recursos para a selecção das etapas do seu percurso. O professor está sempre presente para motivar um aluno em dificuldade. • Dar-lhe um feedback sobre os aspectos positivos do seu trabalho assim como sobre os aspectos deficitários, visando corrigi-los, consolidá-los ou remediá-los. • Ajudá-lo a perceber o trajecto percorrido e o que falta percorrer em termos de resolução de situações problemas. • Apreciar o trabalho do aluno, valorizando os seus sucessos e divulgando as suas progressivas evoluções. Não está o professor melhor colocado para perceber, no meio das dificuldades de um aluno que se constrói, os indícios de uma competência que se desenvolve? A seguir, um exemplo de situação que pode servir para avaliar as competências dos alunos através de uma situação complexa8 : 8 Kit de avaliação das competências em Matemática, 1 ciclo, Líbano, 2006 28 A directora da escola precisa de 10 sacos de cimento para mandar reparar o muro da escola. Ela pode escolher entre três lojas que vendem cimento a preços diferentes, e que se encontram em lugares diferentes. Eis um quadro que mostra os preços de venda do cimento em cada loja. Lojas Taxa de entrega Peso do saco Preço do saco Loja A 4% 50 Kg 700 KZ Loja B 5% 25 Kg 400 KZ Loja C 3% 30g 450 KZ Para ajudar a directora: 1. Calcula o preço de venda do cimento em cada um dos três vendedores; 2. Mostra-lhe qual dessas três escolhas é a melhor, para comprar os 10 sacos de cimento. 29 CAPÍTULO 3 A FORMAÇÃO COMO SISTEMA DINÂMICO E COMPLEXO APRESENTAÇÃO No primeiro capítulo, vimos como acompanhar, através de formações com base na concepção de integração, os processos de mudança nos professores, para uma melhor qualificação profissional. No segundo capítulo, identificámos os ajustamentos e as mudanças que os professores deveriam introduzir nas práticas pedagógicas, para uma aprendizagem de qualidade. O presente capítulo põe a tónica nos actores da formação. Para alcançar este objectivo, convém examinar : 1. As diferentes fórmulas de formação : plano de formação, programa e projecto de formação. 2. O estatuto e as funções de cada um dos actores, particularmente numa formação baseada na concepção de integração. 1. PLANO DE FORMAÇÃO, PROGRAMA DE FORMAÇÃO E PROJECTO DE FORMAÇÃO9 Existem várias fórmulas de formação no seio de um sistema educativo? A resposta é sim. Podemos propor: 1. Seja uma formação que se torna obrigatória para uma categoria de actores, como por exemplo, o plano anual de aperfeiçoamento pedagógico dos professores. 2. Seja uma formação encomendada que sugerimos aos actores, como é o exemplo de um programa de actualização que se sugere aos professores de Língua Portuguesa, com a oferta de um módulo que é escolhido entre vários. 3. Seja ainda uma formação que é construída pelos actores. É o caso de um projecto de formação da iniciativa dos professores de uma comuna que querem aprender a colaborar melhor com a comunidade local. Como se tomam as decisões, quanto à escolha de um tipo de formação que convém? É aos decisores do sistema educativo que cabe escolher este ou aquele tipo de formação em função da cultura de formação privilegiada. Detalhemos um pouco estas três fórmulas possíveis. 9 Adaptado de Roegiers, 1997 30 1.1 O plano de formação Para melhor compreender o que se segue… : a noção de caderno de encargos de uma formação. Um caderno de encargos de uma formação é um documento que descreve todas as características da formação e os aspectos que devem ser respeitados pelo formador : o número de dias que deve durar a formação, as competências que ele deve desenvolver nos participantes, o número de participantes que ele deve aceitar, os métodos pedagógicos que ele deve adoptar, etc. Um caderno de encargos serve para escolher um formador: um exemplar é enviado a vários formadores. Estes entregam uma proposta técnica e um preço, e o comanditário escolhe aquele que apresenta a melhor qualidade relativamente ao preço. O caderno de encargos serve também de base para o contrato que será assinado com os formadores. Num plano de formação, antes de mais, colocamos toda a tónica nas competências a desenvolver de acordo com um perfil profissional que almejamos para todos os professores. Um plano de formação é decidido de cima: partimos de um dado conteúdo da formação, para um conjunto de professores a formar. A seguir, elaboramos um caderno de encargos e escolhemos o (s) formador (es) em função das especificações do caderno de encargos. Vantagens e inconvenientes Esta fórmula é, sem dúvida, a mais eficaz e a mais económica para um sistema comprometido com a mudança. Ela é também a mais simples de gerir no plano administrativo, porque cada professor recebe a mesma formação. Mas também ela é bastante rígida: acontece sempre que os professores seguem uma formação ainda que alguns deles não tenham necessidade. Por conseguinte, convém completá-la com outras formas de formação, tais como o programa de formação ou/e o projecto de formação que são mais adequados às necessidades específicas de certos professores, ou de um contexto particular. 1.2 O programa de formação Num programa de formação a óptica é diferente. Propomos uma lista de várias formações, ou vários módulos de formação, com tal conteúdo, tal formador, tais datas. Os professores inscrevem-se numa ou noutra formação, segundo as suas necessidades ou competências a desenvolver. É a formação por « catálogo», a formação por encomenda. 31 Vantagens e inconvenientes O interesse desta fórmula é o de permitir que cada professor tenha acesso a uma formação que responda às suas necessidades e que é do seu nível. Quanto à gestão administrativa, ela é mais exigente que o plano de formação, porque é preciso personalizar o seguimento das formações de cada professor, ao nível de cada escola, ou de cada comuna, ou ainda ao nível central. 1.3 O projecto de formação Num projecto de formação não há conteúdos predeterminados, pois trata-se de uma formação por iniciativa dos actores: os professores de uma escola, de um estabelecimento, de uma comuna. Estes negoceiam com o formador ou a formadora uma formação que responde aos problemas que se lhes colocam (como por exemplo aprender a gerir uma biblioteca de turma no quadro de um projecto de escola). O conteúdo da formação não vem, por conseguinte, de cima, mas sim da base: ele é ditado pelo contexto e negociado por um conjunto de pessoas pertencentes ao projecto. Esta noção de parceria é central num projecto de formação. Vantagens e inconvenientes Esta fórmula de formação é aquela que é a mais próxima de uma concepção de formação em termos de integração. Ela permite atender aos dois objectivos seguintes: 1. Implicar os participantes e seu superior hierárquico na preparação da formação. 2. Favorecer a aplicação no terreno das competências adquiridas, pois que a formação responde aos problemas reais dos actores. A principal dificuldade desta fórmula reside no facto de ela exigir flexibilidade: flexibilidade nos contactos entre as pessoas, mas também flexibilidade no plano orçamental e administrativo, pois que os orçamentos devem ser geridos de forma flexível, rápida e autónoma. 1.4 Uma comparação entre as três fórmulas Plano Programa Projecto Análise das Análise global das necessidades necessidades, de formação ditadas sobretudo pelas necessidades (ABF) do sistema; Análise das necessidades levadas a cabo por uma amostra do público-alvo potencial; Análise das necessidades levadas a cabo pelos próprios actores, e culminando na construção da formação; Escolha dos formadores Formadores designados sempre a priori; Formadores implicados desde o início, e em ligação com os participantes; Formadores escolhidos com base num caderno de encargos; 32 Gestão da formação Gestão hierarquizada, por delegação; Gestão das inscrições, do tipo administrativo; Gestão participativa e concertada; Métodos pedagógicos Métodos predeterminados, por um caderno de encargos. Métodos próprios dos formadores. Métodos decididos em concertação com os participantes e os formadores. 2. OS ACTORES DE UMA FORMAÇÃO10 Numa formação dinâmica e complexa, há diversos actores : os participantes, os formadores, o comanditário, o analista, o promotor, o piloto, o gestor da formação ou do currículo … Quem são eles ? Que funções desempenham? Qual a sua importância? Examinemos a seguir o estatuto e a função de cada um deles na concepção da formação em termos de integração. 2.1 Os participantes São pessoas que, a título de alunos, pertencem a um sistema educativo e participam das actividades de formação. Qual é o estatuto dos participantes numa formação ? Podemos identificar dois tipos de estatuto do participante em função da concepção segundo a qual encaramos uma formação. Numa formação de concepção clássica, o participante é geralmente alguém que é receptivo e está na defensiva. Numa formação em termos de integração, o participante é solicitado em todas as etapas da formação:antes da formação, na análise das necessidades; durante a formação, para participar nos trabalhos de grupo, ou para elaborar uma produção pessoal que mostre o seu domínio da competência profissional a adquirir; após a formação, para garantir a transferência das competências adquiridas. 2.2 Os formadores Um formador é uma pessoa com formação específica que anima uma formação. Um formador pode agir em seu nome, ou em nome de um organismo de formação, público ou privado. Qual é o papel dos formadores numa formação? 10 Roegiers, 1997 33 Aqui, de novo, o papel do formador difere segundo a concepção da formação, e segundo a forma como encaramos a formação. Numa formação do tipo tradicional, um formador é um «conferencista»: ele faz as exposições e assume os debates do tipo perguntas/respostas. Numa concepção de integração, o papel do formador tende a evoluir no sentido de um organizador de situaçõesproblemas, um animador que estimula os participantes, e procura mantê-los activos durante a formação. 2.3 O analista Um analista é uma pessoa que intervém em termos da análise, da avaliação e/ou de aconselhamento, para garantir o sucesso de uma formação. Sempre que o orçamento permite, devemos recorrer a um analista para garantir a qualidade da formação, assim como um médico que faz o diagnóstico antes de mandar o doente à farmácia, ou um arquitecto que faz as plantas e um caderno de encargos antes que o cliente contacte um empreiteiro. O analista é, por conseguinte, uma terceira pessoa que ajuda a distanciar-se, e a garantir que as decisões que são tomadas, são feitas com base na qualidade da formação que deve prevalecer, e não nos interesses pessoais dos actores. E que funções desempenha? Conforme os casos, ele desempenha as funções de conselheiro, de controlo ou de avaliação11. Um analista pode intervir em vários momentos da formação: - antes da formação, para dirigir a análise das necessidades ; é sempre o seu papel mais importante; - durante a formação, se queremos que a avaliação seja conduzida de forma neutra; com efeito, o formador não é sempre o melhor avaliador: é um actor da formação, e com esta função, por vezes orienta os resultados de uma avaliação, consciente ou inconscientemente; - depois da formação, se queremos verificar o impacto da formação nas salas de aula. 2.4 O comanditário É ele que controla os recursos para a realização de uma formação (o ministério que organiza a formação dos orientadores ou dos professores, o estabelecimento escolar que financia a formação de um dos seus professores, …). Também é a pessoa que assina sempre os documentos oficiais (contratos, autorizações…). Não se pode confundir o comanditário com o «financiador» que fornece um orçamento para financiar uma formação. Par exemplo, o Ministério da Educação pode organizar uma formação com fundos do UNICEF. É o director da formação do Ministério da Educação que é o comanditário, porque é ele que garante que 11 De Ketele & Roegiers, 1993 34 haverá financiamento, mesmo que o financiamento venha de um financiador externo (neste caso, o UNICEF). Reconhecemos também o comanditário uma vez que é ele que dá a autorização para iniciar a formação ; ele pode também parar uma formação se ele constatar que existe um problema. 2.5 O promotor É a pessoa ou grupo de pessoas de quem provém a iniciativa da realização da formação. Ele pode ser, conforme os casos: 1. Um (uma) professor (a) de um estabelecimento de ensino que viveu uma experiência positiva de formação, e que quer que os seus colegas também a vivam. 2. Um inspector que ouviu falar de um novo método de leitura, e quer formar os professores de que é responsável. 3. Um pai de um aluno que propõe que os professores sejam sensibilizados para os problemas da droga. 4. Uma agência da ONU que quer desenvolver a educação ambiental nos sistemas educativos. Numa concepção de integração da formação, o promotor é uma pessoa importante, porque trata-se sempre de uma pessoa de base, um (ou uma) professor(a), um (ou uma) director (a)…), que procura dinamizar o sistema. 2.6 O guia ou gestor da formação O guia (ou gestor) de uma formação é a pessoa que tem a tarefa de fazer avançar a formação: garantir o bom desenvolvimento das operações, fazer os relatórios sobre o andamento da formação para dar ao comanditário, obter, em seu nome, as autorizações... ele pertence à esfera do comanditário e é designado por ele. No caso de um projecto de formação, não existe um gestor, mas um grupo de pessoas que asseguram a gestão da formação : falamos do grupo de pilotagem ou do comité de pilotagem. Numa concepção de integração de formação, o comité de pilotagem ocupa um lugar importante, pois é ele que gere as negociações entre o conjunto dos actores. Nas formações com vários formadores, identificamos dois gestores: 1. O gestor que faz a gestão da formação (no plano administrativo, financeiro, material) e 2. Aquele que faz a gestão do currículo, no plano pedagógico, isto é, aquele que coordena os diferentes módulos da formação e os diferentes formadores. 2.7 O superior hierárquico E a pessoa de quem cada participante depende directamente, e à qual ele deve prestar contas sobre a qualidade da sua actividade profissional, particularmente dos efeitos da formação no terreno: é o director de um estabelecimento de ensino relativamente a um dos seus professores que está em formação. Para que 35 todas as possibilidades de transferência das competências adquiridas, para as salas de aula, sejam garantidas, cada director de escola que manda um professor para formação deveria estar ao corrente do que se passa na formação, e das implicações da formação no terreno. Idealmente, ele próprio deveria participar na negociação dos objectivos da formação. 2.8 O (s) beneficiário (s) de uma formação Há dois tipos de beneficiários de uma formação: 1. Os beneficiários directos que são os participantes; 2. Os beneficiários indirectos que são os alunos, isto é, aqueles para quem toda formação deve desembocar: melhorar a qualidade e as condições de aprendizagem, do prosseguimento dos seus estudos, da sua integração na vida activa… Podemos também estender a noção de beneficiário aos pais, que vêem progredir os seus filhos e que estão interessados que os seus desempenhos escolares melhorem, e mesmo à comunidade local, na medida em que todo crescimento das competências dos professores pode beneficiar o conjunto da colectividade. 36 CAPÍTULO 4 FORMAR PARA RESULTADOS APRESENTAÇÃO Nos três capítulos anteriores desenvolvemos os pontos seguintes: 1. O lugar de uma formação no acompanhamento dos processos de mudança. 2. A evolução das práticas pedagógicas dos professores, tendo em vista o desenvolvimento de uma aprendizagem escolar de qualidade. 3. O papel dos diferentes actores de uma formação numa perspectiva de integração. O presente capítulo interessa-se pelas questões fundamentais relativas à gestão de uma formação, nomeadamente, as características da gestão de uma formação orientada para resultados. Examinamos sucessivamente: 1.O que significa gerir uma formação; 2. O papel do gestor nas diferentes etapas da formação ; 3. A diferença entre a gestão de uma formação baseada nos conteúdos e a gestão de uma formação orientada para resultados; 4. Alguns instrumentos para o gestor. 1. EM QUE CONSISTE A GESTÃO DE UMA FORMAÇÃO? 1.1. O que é a gestão de uma formação? O termo gestão de uma formação deve ser entendido como a organização de um conjunto de actividades (ou operações) que conduz ao êxito de uma formação: a definição da (s) competência (s) que procuramos instalar nos participantes, a elaboração de um currículo de formação baseado nesta (s) competência (s); a mobilização e afectação de recursos humanos, financeiros e materiais nos locais exactos da actividade e de despesa, o desenvolvimento das actividades de formação, a avaliação da formação. 1.2. Gestão organizacional e gestão pedagógica da formação Entre as actividades, algumas são de natureza organizacional e outras de natureza pedagógica. A gestão organizacional da formação diz respeito ao conjunto das operações não pedagógicas ligadas à formação: gestão administrativa, financeira, logística, gestão de recursos humanos e a gestão dos resultados. Em compensação, a gestão pedagógica da formação interessa-se pelos aspectos pedagógicos: a coerência entre os diferentes módulos, a adaptação dos 37 conteúdos ao nível dos participantes, os métodos pedagógicos, a coordenação entre os organismos da formação, se houver vários intervenientes… 2. O PAPEL DO GESTOR 2.1 A função do gestor da formação Quem é este gestor da formação? O que reconhecemos nele? Ele é, geralmente, uma pessoa próxima do comanditário, e que goza da sua confiança: um colaborador do director de ensino, o responsável do serviço de formação do ministério … Para um óptimo funcionamento de uma formação é importante a constituição de um grupo de pilotagem. É um órgão participativo que apoia o gestor da formação. 2.2 As principais tarefas de um gestor da formação São inúmeras as tarefas de um gestor de uma formação: elas são de natureza organizacional e pedagógica (ver mais abaixo). Dois casos podem-se colocar: 1. Ou se trata de uma formação complexa, na qual actuam vários formadores e existem vários módulos diferentes. Neste caso, o gestor da formação limita-se aos aspectos organizacionais. É sempre uma outra pessoa que assegura a gestão pedagógica. Todavia, compete ao gestor da formação gerir as interfaces com a gestão pedagógica, particularmente a análise das necessidades de formação e a transferência dos conhecimentos da formação para o local de trabalho. 2.Ou se trata de uma formação mais simples. Neste caso, é a mesma pessoa que faz a gestão dos aspectos pedagógicos e organizacionais. 3. A GESTÃO DE UMA FORMAÇÃO CENTRADA NOS RESULTADOS O que é uma formação centrada nos resultados ? Comecemos, em primeiro lugar, por apresentar a forma tradicional que consiste em centrar a formação nos conteúdos, antes de considerar uma forma mais actual de proceder, e que consiste em centrar a formação nos resultados. 38 3.1. Uma formação centrada nos conteúdos Que significa uma formação centrada nos conteúdos? É uma formação que coloca o formador (a formadora) na situação de transmitir um certo número de conteúdos aos participantes, como vimos no capítulo1. Neste caso, a formação inscreve-se numa lógica quantitativa. Aqui, o que prevalece é a categoria e o volume dos conteúdos a transmitir aos participantes, e não a transformação das suas práticas profissionais, e muito menos ainda, a sua capacidade de transferir as competências adquiridas para os seus locais de trabalho. Em que consiste a gestão deste modelo de formação? Ela limita-se a desenvolver operações similares às da organização de uma conferência: a escolha de um (a) formador (a), a convocação dos participantes, o aluguer de uma sala… O que falta a este modelo de formação? Faltam-lhe vários elementos: 1. A ausência de uma análise das necessidades que garanta a utilidade da formação para os participantes. 2. Inexistência da planificação da formação em função de resultados precisos, expressos em termos de mudanças no terreno. 3. A pouca preocupação dos formadores em ensinar aos participantes a resolver situações-problemas ligadas ao seu contexto profissional. 4. A ausência de uma avaliação que se preocupa em saber se os participantes podem fazer face a novas situações profissionais (pouca preocupação com a transferência). 3.2 Uma formação centrada nos resultados Gerir uma formação centrada nos resultados permite a remediação das deficiências constatadas numa formação centrada nos conteúdos? A resposta a esta questão é sim. Ela fundamenta-se no desenvolvimento que se segue. 3.2.1 A noção de resultado de uma formação Chamamos resultado de uma formação, toda a mudança observada nos participantes, durante ou depois da formação, que podemos relacionar com a formação. Os resultados de uma formação variam de um participante para outro. Eles dependem de inúmeros factores: a forma de trabalhar do formador, a forma como a formação foi preparada, o estado de espírito de cada participante durante a formação, o efeito que a formação terá neles, as condições de trabalho, a documentação, a forma como o seu ambiente de trabalho lhe vai permitir começar a aplicar o que ele aprendeu… 39 3.2.2 Como reconhecer que os resultados são os melhores? Uma formação dá sempre resultados, mas estes podem ser de natureza diferente : previstos ou imprevistos, profundos ou superficiais, permanentes ou transitórios, visíveis ou invisíveis… Não podemos aceitar quaisquer resultados. Os resultados que procuramos obter são: 1. Os resultados esperados, ou seja, os resultados directos da formação. 2. Os resultados visíveis no terreno a curto prazo. 3. Os resultados interiorizados e permanentes. 4. Os resultados atribuíveis à formação, e 5. Os resultados mensuráveis. Examinemos, ponto por ponto, estas características: a) Primeira característica : os resultados esperados Os resultados de uma formação podem, em primeiro lugar, serem previstos ou imprevistos, relativamente aos objectivos da formação. Exemplo : uma formação dos professores de uma escola sobre a remediação dos desempenhos dos alunos pode ter resultados previstos (os professores praticam a remediação nas salas de aula), ou resultados imprevistos (os professores partilham, ainda mais, as suas experiências). Neste exemplo, o resultado imprevisto é positivo, porque graças à formação, os professores habituaram-se a partilhar as suas experiências entre si. Isto não é sempre assim. Entre os resultados imprevistos, alguns podem ser positivos e outros negativos. Tomemos o exemplo de uma formação de professores para a utilização da máquina de filmar na sala de aula. Esta formação pode trazer os resultados esperados, mas também resultados imprevistos, como mostra o quadro seguinte. Resultados previstos (esperados) Resultados imprevistos Um professor que frequentou a formação utiliza efectivamente a máquina de filmar na sala de aula, com fins pedagógicos. • Um professor que frequentou a formação utiliza a máquina de filmar para realizar um filme que apresente a escola a uma TV local (Resultado positivo). • Um professor formado procura valorizar as competências adquiridas, mudando de profissão (Resultado negativo). • Um professor formado organiza na escola cursos pagos nos quais ele utiliza a máquina de filmar (Resultado negativo). 40 Há sempre resultados imprevistos numa formação. Algumas vezes são positivos e outras vezes negativos. Os resultados imprevistos são sempre mais numerosos do que os resultados esperados. Que tipo de resultados é preciso privilegiar numa formação conduzida numa óptica de integração? A resposta é a de aumentar a parte dos resultados esperados, pois é para obter resultados que organizamos a formação: são os resultados directos da formação. Isto mostra, uma vez mais, a necessidade de definir, de forma clara e precisa, os resultados esperados num currículo de formação: a (as) competência (s) profissionais a desenvolver. Se, para uma boa gestão da formação, podemos agir sobre os resultados previstos, em compensação, temos pouco domínio sobre os resultados imprevistos. Procuramos evitar os que têm um carácter negativo, antecipandoos. Por vezes é possível, mas nem sempre isso acontece; não podemos dominar todos os factores que contribuem para isso. b) Segunda característica : os resultados a curto e médio prazo Será necessário pesquisar os resultados a curto prazo (1 ou 2 meses), a médio prazo (6 meses 1 ano), ou a longo prazo (vários anos)? Exemplo : formar professores para corrigir os trabalhos dos alunos com base em critérios poderá produzir vários tipos de resultados : • Uma mudança de representação sobre a avaliação, pelos professores (resultado a curto prazo), • Uma mudança sobre a forma de corrigir os trabalhos dos alunos (resultado a médio prazo), • ou ainda uma mudança nas taxas de aproveitamento (resultado a longo prazo). A resposta é que devemos privilegiar os resultados a curto e médio prazo: os que são rapidamente visíveis no terreno, rapidamente visíveis aos olhos dos participantes e aos olhos do sistema educativo. E esta, pelas razões que se seguem: 1. Os resultados a curto e médio prazo permitem estabelecer a ligação entre a formação e as práticas do terreno. 2. Os resultados a curto e médio prazo preparam o terreno para as mudanças que se inscrevem nas de longo prazo. 3. A mudança a longo prazo é importante, mas é muito perigoso contar apenas com ela, porque as obrigações mudam, os contextos mudam, e depois, sempre as mudanças nos alunos exigem modificações rápidas. Aspirar resultados a longo prazo pode ser compreendido como uma vontade de adiar as mudanças. 41 c) Terceira característica : resultados interiorizados e permanentes Uma mudança inesperada, depois de uma formação, pode ser uma mudança interiorizada ou uma mudança superficial, uma mudança permanente ou transitória. Por exemplo, se na sequência de uma formação, um professor mudar as suas práticas unicamente no dia da visita do inspector, trata-se de uma mudança superficial. Se, pelo contrário, ele muda as suas práticas no dia-a-dia, é porque esta mudança permanece no tempo, a mudança é interiorizada e permanente. d) Quarta característica : os resultados relacionados com a formação Um resultado deve estar ligado à formação ? A resposta é sim, pelo menos em parte. O exemplo seguinte evidencia o contributo da formação e o contributo de outros factores nos resultados: os professores organizam concretamente os módulos de integração nas salas de aula, depois de terem sido formados na gestão de um módulo de integração, mas também depois de terem sido acompanhados nas aulas pelos conselheiros pedagógicos, durante os módulos de integração. Neste exemplo, a mudança da prática é atribuída à formação, mas também ao seguimento da formação que foi dirigido pelos conselheiros pedagógicos. Se os professores mudam as suas práticas de integração, pode-se tratar de um resultado que podemos atribuir: 1. Seja apenas à formação. 2. Seja apenas ao seguimento dos professores pelos conselheiros pedagógicos. 3. Ou ainda à combinação dos dois factores. À partida, a resposta a esta questão é que os resultados devem ser atribuídos à formação, senão, ela não se justificaria. Porém, muitas vezes a formação não é suficiente: é necessário um seguimento da formação, e outras medidas devem ser tomadas para a complementar, se quisermos que as mudanças no terreno se verifiquem a tempo. e) Quinta característica : os resultados mensuráveis Podemos medir os resultados de uma formação? Sim, ainda que certos resultados da formação, como por exemplo uma formação para novas atitudes ou novos sentimentos, não sejam directamente quantificáveis. Tomemos o exemplo seguinte: Procuramos que um professor, no fim de uma formação, mude as suas representações e/ou as suas práticas profissionais em relação ao estatuto do erro. Podemos avaliar esta mudança de duas maneiras: 1. De uma maneira indirecta, podemos medir se as suas representações mudaram deliberadamente, quando ele fala do erro dos seus alunos. Por exemplo, ele passa a admitir que o erro não 42 tem como única origem o aluno, mas que existem múltiplas origens: o aluno, a escola, o meio familiar, mas também o próprio professor e a sua maneira de conduzir as aprendizagens. 2. De maneira directa, podemos medir as mudanças que ele introduz nas suas práticas de sala de aula: passa a prever momentos de remediação e propõe actividades de remediação em função dos erros relevantes nas produções dos seus alunos. 3.3 Algumas precisões sobre os diferentes tipos de resultados De acordo com o momento em que os medimos, utilizamos sempre diferentes termos para designar os resultados de uma formação. Assim, falamos de: 1. Resultados esperados (antes da formação) 2. Produtos da formação (no fim da formação) 3. Efeitos da formação (quando o professor regressa à sua sala de aula) 4. Impacto da formação (alguns meses depois). R esul t a dos esperados E fei tos I m pa cto De regresso ao local de trabalho Vários meses depois da formação P r odu tos Antes da formação Durante a formação No fim da formação 4. OS INSTRUMENTOS PARA O GESTOR DA FORMAÇÃO Propomos, aqui, quatro instrumentos práticos para que o gestor possa preparar bem a formação: - um um um um instrumento instrumento instrumento instrumento relativo relativo relativo relativo à análise das necessidades de formação; ao caderno de encargos; à concepção pedagógica da formação; à concepção técnica e logística da formação. 4.1. Um instrumento para a análise das necessidades A análise das necessidades de formação pode ser feita, seja a partir de uma conversa com os (futuros) participantes, seja através de um questionário. O presente documento propõe algumas pistas para ambos. 43 Instrumento 1 : Análise das necessidades de formação Instrumento 1-a: Guião de conversa com os beneficiários da formação 1. Introdução Foi informado (a) da formação e dos seus objectivos? O que é que lhe foi dito a este respeito? 2. Experiência e competências profissionais Onde se situa em relação a estes objectivos? Já teve ocasião de abordar este género de actividades? No seu trabalho actual? Ao longo de uma experiência anterior? O que quer melhorar? 3. Ganhos e expectativas Quais são as suas expectativas relativamente a esta formação? Com que estado de espírito a encara? Para si, o que é importante em matéria de formação? Como aprende melhor? De que precisa para aprender bem? Na sua opinião, como é preciso proceder para que a formação seja um êxito? Instrumento 1-b: Exemplo de questionário necessidades junto dos participantes Província: .............. Município: ………….. para recolha das Escola : ………………… Nome : …………………. • Entre as seguintes competências profissionais a adquirir, assinale as que pensa serem necessário desenvolver. Marque uma cruz em cada linha. Competência Competência Competência adquirida adquirida não adquirida em parte 1. Planificar as aprendizagens em termos de competências 2. Construir uma situação de integração 3. Gerir um módulo de integração 4. Corrigir um trabalho do aluno com ajuda de critérios 5. Conduzir uma aprendizagem pontual a partir de uma situação-problema. • Sente uma outra necessidade de formação relativamente à abordagem pelas competências de base? Indique-a. ………………………………………………………………………………………….. 44 4.2. Um instrumento relativo à elaboração de um caderno de encargos O caderno de encargos é um documento que define o conjunto das especificações do programa de formação e constitui uma referência. Antes da formação, ele permite, entre outros, seleccionar o (s) formador (es). Durante a formação, ele permite verificar ao conjunto de actores se o que foi previsto está a ser realizado, e delimitar as responsabilidades de cada um. Instrumento 2: Os principais componentes de um caderno de encargos Um caderno de encargos contém essencialmente : 1. A mudança esperada no terreno, e o seu impacto no sistema educativo 2. A (as) competência (s) profissional (ais) esperada (s) no fim da formação • Explicitação das novas competências desejadas no fim da formação dos participantes. • Estas competências poderão conduzir à mudança desejada em situação de sala de aula. Esta está ligada à acção de formação. Por exemplo: « Os participantes deverão poder organizar uma acção de remediação. Os formadores apoiar-se-ão nos trabalhos dos alunos para propor um dispositivo concreto de remediação.» 3. As características do público-alvo (os beneficiários directos da formação). • O seu perfil (estatuto, função, nível de formação…) 4. O perfil desejado do formador: seu grau de especialização em matéria de formação de formadores, as suas experiências e competências exigidas, a sua disponibilidade …. 5. Estabelecer as modalidades de formação e as modalidades de funcionamento da formação: • O lugar ou o site da formação: (capacidade das instalações : número de salas disponíveis para os trabalhos em plenária, em subgrupos, capacidade de alojamento, alimentação …) ou (equipamentos informáticos, ligação à Internet...); • A duração e as datas (prazo): ter em conta os constrangimentos profissionais dos participantes ; • Os métodos pedagógicos: por exemplo, « eles devem ser participativos, alternando exposições/discussões e trabalhos de grupo» ; • Os suportes pedagógicos : quadro preto, flip chart, retroprojector, videoprojector (data show), documentos, módulos de formação, currículo… • As principais actividades a serem desenvolvidas, em função das competências profissionais esperadas no fim da formação. 45 4.3 A concepção pedagógica da formação A concepção pedagógica consiste essencialmente em determinar o programa de formação (currículo). Instrumento 3 : Elaboração do programa da formação Eis alguns pontos de referência para a elaboração de um programa de formação: 1. Apoiar-se na análise das necessidades, mudanças devem ter lugar no terreno. para determinar que 2. Definir as competências profissionais a desenvolver nos participantes • Determiná-las participantes. de forma precisa, em função do nível dos • Limitar o número das competências (uma ou duas competências) para a formação. 3. Precisar qual será a actividade de integração no fim da formação • Determinar as actividades de integração, através das quais vai poder verificar se os participantes adquiriram as competências. 4. As exposições e os trabalhos de grupo • Prever, pelo menos, 3 ou 4 momentos para os trabalhos de grupo: os participantes desenvolvem as competências essencialmente quando eles produzem. • Evitar exposições longas do tipo magistral; é preferível exposiçõesdiscussões curtas sugerindo-se o máximo de 20 minutos. • • Não prever nenhuma exposição para depois de uma refeição. Articular as exposições e os trabalhos de grupo com a actividade de integração (ver n°3). 5. A logística • • 12 Precisar o material necessário para cada actividade (documentos, fotocopiadoras, retroprojector…). Determinar a duração de cada actividade de formação. 6. A avaliação • Prever a avaliação da formação (ver o capítulo 6) . 12 Por «logística », entendemos o conjunto de meios materiais necessários para iniciar a formação. 46 4.4. Um instrumento para a logística da formação Para além da concepção pedagógica da formação, o sucesso de uma formação está igualmente ligada à sua concepção no plano técnico e logístico. Instrumento 4 : Um «check-list» para preparação da logística de uma formação Eis algumas actividades a serem previstas pelo gestor, no quadro da preparação material de uma formação. 1. Identificar os participantes • Seleccioná-los em função de critérios precisos: evitar os participantes que vão mudar de função, ou os que são demasiado velhos, preferindo aqueles que poderão formar os colegas à sua volta… • Enviar convites aos participantes e aos seus superiores hierárquicos (o director, o inspector) ; avisá-los com antecedência, para que possam se organizar ; 2. Identificar o (s) formador(es) • Em caso de necessidade, começar por redigir um caderno de encargos, e lançar um concurso; • Identificar o (s) formador (es) de acordo com as suas competências, a sua compreensão sobre a formação, a sua disponibilidade e seus honorários; 3. Período e cronograma • • Fixar o período da formação, tendo em conta os períodos cruciais para as actividades dos participantes ; Elaborar um calendário da formação; 4. Local da formação • Escolher um local de formação (espaçoso, longe de barulho…), e organizar materialmente a formação (transporte, alojamento, alimentação…) 5. Gestão administrativa, financeira e logística • Prever as modalidades de pagamento das deslocações dos participantes, bem como as modalidades de responsabilização do pessoal de apoio. • Prever as modalidades de acolhimento documentos, palavras de boas-vindas… • Prever o material necessário (provisão de papel, fotocopiadora, flip chart, retroprojector, videoprojector, cartazes …) • Preparar os documentos da formação e enviá-los atempadamente. aos participantes : 47 CAPÍTULO 5 OS INSTRUMENTOS PARA O TRABALHO DE FORMADOR 1. AS FICHAS TÉCNICAS PARA PREPARAR A FORMAÇÃO Ficha 1 : a dimensão de um grupo e o número de formadores Ficha 2 : a ficha de preparação de uma formação Ficha 3 : os estilos de aprendizagem Ficha 4 : o aperfeiçoamento de uma análise das necessidades no início de uma formação Ficha 1: A dimensão de um grupo e o número de formadores Eis alguns pontos de referência para a constituição de um grupo de participantes e o número de formadores: • O número ideal de efectivos situa-se entre os 15 e 25 participantes. • Todavia, nos contextos onde os formadores não têm muita experiência (sempre o caso de formadores formados no quadro de uma reforma), é possível adoptar uma fórmula segundo a qual uma equipa de formadores (2) gere um grupo de participantes. Neste caso, o grupo de participantes pode ser maior ( não ultrapassar 45 pessoas). • As equipas de formadores são constituídas segundo dois critérios: 1) É precispo haver um formador experiente na equipa. Este pode acompanhar um ou dois formadores menos experientes; 2) Os formadores podem ter competências complementares: um será mais competente para acompanhar os trabalhos de grupo, e um outro mais competente para gerir as harmonizações e para conduzir as pequenas exposições-discussões. Depois de terem trabalhado em equipa, os formadores tornam-se mais experientes. Podem, então, tomar a seu cargo um grupo de participantes. 48 Ficha 2 : Ficha de preparação de uma formação 1. Questões a colocar PORQUÊ ? O QUÊ ? QUANDO ? ONDE ? COMO ? QUEM ? 2. Medidas a tomar 2.1 Completar um quadro (ver em baixo) : uma linha por actividade e uma página por dia. 2.2 Instrução importante : não mais que duas ou três exposições de 20 minutos por dia; o tempo restante será consagrado aos trabalhos de grupo. 3. Organizar a ficha de preparação sob a forma de um quadro. 1. COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS A DESENVOLVER (OTI – PORQUÊ esta formação?) … COMO? O QUÊ? QUE TÉCNICAS DE Que QUANDO? QUEM ? ANIMAÇÃO UTILIZAR? objectivo? 5. Recursos e suportes a pôr 2. A competência desejada 3.Momento … … … … … … 4. ACTIVIDADES … em prática … 6. ANIMADOR … 49 Que colocar em cada coluna ? Eis alguns exemplos: • Linha 1 : Competência de base 1 (CB1): corrigir um trabalho de um aluno utilizando critérios ; Competência de base 2 (CB2) :organizar uma remediação ». • Coluna 1 : « CB1 », ou « CB2 » • Coluna 2 : « 9h15 – 10h00 » • Coluna 3: « Trabalho de grupo sobre as diferentes formas de corrigir um trabalho de um aluno », ou « Exposição-discussão sobre o papel da remediação». • Coluna 4 : « 4 trabalhos de Português, 4 trabalhos de Matemática », ou « retroprojector, acetatos, canetas para acetatos». • Coluna 5: « Fátima », ou « Pedro e Fátima » 50 Ficha 3: Os estilos de aprendizagem Cada participante tem um estilo próprio de aprendizagem. Isto implica que, conforme o método pedagógico do formador lhe agradar ou não, ele vai aprender mais ou menos. À escala de um grupo de participantes, isso significa que o formador deve diversificar ao máximo os seus métodos pedagógicos, para que cada um possa tirar daí o maior proveito. Estilos de aprendizagem Características Comportamentos durante a formação 1. Os «auditivos» Eles privilegiam a escuta. - Preferem uma apresentação sob forma literária. - Não têm necessidade de tomar notas durante a formação. - Pedem sempre explicações sobre aquilo que é dito. - Preferem uma apresentação com quadros, textos, gráficos. - Tomam notas durante a formação. - Procuram as imagens, os diagramas… - Envolvem-se activamente na concretização dos conteúdos. - Movimentam-se, levantam - se para falar, fazem gestos para explicar. 2. Os « visuais» Privilegiam a visão. 3. Os «Cinestésicos» Preferem manipular e experimentar. 51 Ficha 4: Aperfeiçoar uma análise das necessidades no início da formação 1. Definição Uma análise das necessidades no início de uma formação é uma análise limitada que consiste em ajustar certos elementos da formação às expectativas dos participantes: o programa, os métodos pedagógicos, os horários. 2. Descrição A análise das necessidades que foi levada a cabo antes da formação é sempre uma análise geral. Ela não diz respeito aos próprios participantes. Estes podem ter necessidades específicas que não foram tidas em conta: necessidades próprias de um contexto preciso, de uma região, de uma população.... 3. Aplicação prática da técnica 3.1 O que é que o formador pode negociar? Pode negociar apenas os aspectos sobre os quais existe uma certa margem de manobra: - os horários de trabalho ; - certos métodos pedagógicos ; - certas condições materiais, desde que seja possível… 3.2 Como? Par contacto directo, e não por escrito: mesa redonda. 3.3 Quanto tempo ? Num tempo limitado. Não tome muito tempo: ir rapidamente ao essencial, à volta de uma mesa. 3.4 Que temas abordar ? - As expectativas dos participantes (as suas necessidades, os seus constrangimentos) - Os seus receios 4. Pontos fortes 4.1 A análise das necessidades constitui um momento único para o formador tomar contacto com o seu grupo, de uma forma positiva, e através de um diálogo construtivo. 5. Pontos fracos 5.1 Um «líder» do grupo pode impor ao seu grupob uma ideia que apenas ele defende. 6. As chaves do sucesso 6.1 Colocar a mesma pergunta a três pessoas, verificando se ela está ao alcance de três pessoas, pelo menos. 52 2.AS FICHAS TÉCNICAS PARA ANIMAR UMA FORMAÇÃO Ficha 5 : brain-storming (chuva de ideias) Ficha 6 : a resolução de problemas Ficha 7 : a exposição – discussão Ficha 8 : a troca de papéis/simulações Ficha 9 : o trabalho de grupo Ficha 10 : a técnica de tríades Ficha 5 : brain-storming ( chuva de ideias) 1. Definição Brain-storming (chuva de ideias) é uma técnica que consiste em fazer um pequeno grupo de pessoas reflectir, por um período limitado, à volta de uma questão introdutória. Exemplo: «Para vocês, o que significa, uma escola de amanhã em Angola? » 2. Descrição A partir de uma questão, pedimos aos participantes para se exprimirem: - livremente (sem censura) ; - em grande número (quantidade) ; - ideias novas (originalidade). 3. Momentos 3.1 Quando se trata de desbravar uma questão ou um domínio pouco conhecido dos participantes. 4. Etapas de aplicação 4.1 Formular uma questão, nem demasiado vasta, nem demasiado restrita, que exprima o problema a resolver. 4.2 A produção de ideias. Para melhor conduzir estas etapas, é preciso que sejam respeitadas quatro regras: - aceitar todas as ideias ; - produzir o máximo de ideias ; - produzir ideias originais ; - melhorar as ideias dos outros, ou combiná-las entre si para produzir outras ideias. 4.3 Priorizar as ideias a partir de uma escolha do tipo: importância, urgência… 5. Pontos fortes 5.1 Quando bem praticado, esta técnica permite ao grupo uma produção rápida e intensa. 53 5.2 O respeito pelas quatro regras (no ponto 4.2) suscita uma grande criatividade no grupo 5.3 O grande dinamismo da técnica engendra um enorme estímulo no grupo. 6. Pontos fracos 6.1 A dificuldade de um animador em conciliar a qualidade e o rigor do dinamismo. 6.2 O desrespeito às quatro regras transforma a técnica num debate estéril. 6.3 O facto de não explorar as ideias pode resultar em frustrações. 7. As chaves do sucesso 7.1 Escolher uma questão, nem muito aberta, nem muito fechada. 7.2 Trabalhar com um grupo de dimensão média (5 a 10 pessoas) 7.3 Trabalhar com um grupo de pessoas com estatutos aproximados: evitar incluir no mesmo grupo um director e os professores de uma mesma escola, porque corremos o risco de estes não se atreverem a exprimir as suas ideias. Ficha 6 : A resolução de problemas 1. Definição A resolução de problemas é uma técnica de animação na qual os participantes são divididos em pequenos grupos para encontrarem uma solução para um problema preciso que lhes é submetido. Por vezes, chamamo-la de « estudo de caso ». 2. Descrição A partir de um caso prático, o mais próximo possível da realidade, dar aos participantes a oportunidade de confrontar: - o que eles sabem (ou acreditam saber) ; - com as novas ideias dadas. Exemplo : « Um director de escola em formação põe o seguinte problema, que ele viveu: alguns meses depois da generalização da abordagem pelas competências, ele apercebe-se de que os professores, em vez de mudarem efectivamente as suas práticas, fingem mudá-las de forma superficial (afixam os documentos nas paredes, substituem certos termos na preparação das suas lições ou nos seus diários de turma...). Ora, o director não é um especialista na abordagem pelas competências, e a escola encontra-se muito afastada para chamar o inspector ou o conselheiro pedagógico. » 54 O formador põe o problema aos participantes e estes procuram, em pequenos grupos, uma solução para o problema do director. A seguir, passa-se à confrontação das propostas de solução. 3. Etapas da aplicação 3.1 Antes de começar, o formador deve: - assegurar-se do seu domínio sobre o problema; - escolher bem o problema (dosear o grau de dificuldade, centrá-lo no objectivo a atingir, cuidar para que o problema tenha várias soluções, com vista a suscitar discussão) ; - apresentar as instruções por escrito; - preparar o material para os participantes (fichas, documentos, casos a estudar, quadros…), e indicar-lhes aqueles que vão utilizar. 3.2 No momento da apresentação, o formador deve: - ler as instruções com os participantes ; - perguntar aos participantes se compreenderam bem as instruções. 3.3 Durante o trabalho de grupo, o formador deve: - ajudar os que têm dificuldades; - Porém, não lhes deve apresentar a solução. 3.4 Como harmonizar? Trata-se, para o formador, de não aceitar as produções exactamente como são apresentadas pelos participantes, mas de reagir a elas, de forma compreensiva. 1. Se se trata de uma produção fechada (problema que desemboca numa resposta única) Para cada grupo, o formador: 1.1. Valida a que é exacta, e identifica a que não é. 1.2. Determina se a produção está completa. 2. Se se trata de um produção aberta O formador espera que todos os grupos apresentem os seus trabalhos, e a seguir : 2.1. Examina se os contributos estão relacionados com aquilo que ele pediu. 2.2. Ele compara as diferentes formas como os grupos trabalharam. 2.3. Ele organiza os pontos de convergência entre as produções dos diferentes grupos (os pontos de acordo). 2.4. Ele organiza eventuais pontos de divergência entre as produções dos diferentes grupos (os pontos em desacordo). 2.5. Completa com uma contribuição pessoal, mas sem dar a impressão de que é a única verdade.2.5. Completa com uma contribuição pessoal, mas sem dar a impressão de que é a única verdade. 3.5 Aquando da partilha dos resultados, o formador deve: 55 - comparar as produções dos participantes (cf. em cima) ; - apresentar as fundamentações teóricas a partir das produções dos participantes; - fixar certas aquisições no quadro, e estruturá-las. 4. Pontos fortes Apropriação, pelos participantes, dos conteúdos e das competências a desenvolver 5. Pontos fracos 5.1 Dificuldades em gerir as contribuições dos participantes, por vezes imprevisíveis, por um formador inexperiente. 5.2 Dificuldades em aplicar a técnica aos grandes grupos. 6. As chaves do sucesso - Propor uma situação-problema que poderá se colocar no meio sócio profissional dos participantes. O formador não deve aceitar as produções tal como foram elaboradas nos grupos. Pelo contrário, ele deve lançar um olhar crítico, embora benevolente. Ele não se deve esquecer que é o especialista: deve mostrar que traz uma mais valia às produções dos participantes. 56 Ficha 7 : Exposição-discussão 1. Definição A exposição-discussão é uma contribuição teórica ou metodológica sobre um dado tema que deve ser realizada em interacção com os participantes. Exemplo de uma contribuição teórica: « a diferença entre a revisão e a remediação» Exemplo de uma contribuição metodológica: « como conduzir uma remediação numa turma numerosa? » 2. Descrição Para o êxito da interacção, convém: - recolher as representações dos participantes como estímulo; Exemplo : « Para vocês, o que significa o termo competência? O que é um bom avaliador?»... - Implicar os formandos durante a formação; Exemplo : « De acordo com a vossa perspectiva, quais serão as respostas a este problema?» ; - fazer apelo às experiências dos participantes relativamente ao tema abordado; - suscitar questões no fim da exposição; - suscitar um debate no fim da exposição. 3. Etapas de aplicação 3.1 Quando prepara a exposição-discussão, o formador deve: - assegurar-se do seu domínio sobre o conteúdo; - assegurar-se do seu domínio sobre o material (retroprojector, videoprojector…); - assegurar-se de que o material existe e é funcional; - limitar o tempo de uma exposição a 20 minutos, e de uma exposiçãodiscussão a ¾ h ; - partir de exemplos concretos para chegar à teoria (abordagem indutiva). 3.2 No início, o formador deve: - reorganizar o local (privilegiar a disposição em U) ; - criar um clima convivial (chamar os participantes pelos seus nomes, estimulá-los através do humor…) ; - apresentar o quadro de forma breve, mas com firmeza: designar um «responsável pelo tempo», os momentos em que colocamos as questões, precisar se existem notas, e o momento em que serão distribuídas… 3.3 Durante o desenvolvimento da exposição-discussão, o formador deve: - estabelecer e manter um contacto visual com os participantes; 57 - articular bem as palavras, falar de forma a ser entendido por todos ; - verificar se a mensagem passou bem ; - fazer explicitar o que não está bem; - evitar falar se houver barulho ou murmúrio. 3.4 Durante os momentos de discussão, o formador deve: - ocupar-se de todos os participantes, sobretudo dos mais tímidos e dos mais reservados; - evitar um monólogo, tanto dele como de um participante; - não rejeitar de forma brusca uma questão que um participante coloca; - evitar passar muito tempo com uma questão que interessa apenas a uma minoria; - tranquilizar os participantes, mostrando-lhes que conhecem o que fazem; - em compensação, deixar espaço para as propostas dos participantes ; - valorizar as questões e as « Interessante… e acrescentaria… » 4. intervenções dos participantes: Pontos fortes As exposições-discussões de base são incontornáveis no início da formação, nomeadamente para introduzir um quadro conceptual e metodológico comum ao grupo de participantes. 5. Pontos fracos Os participantes aprendem pouco com uma exposição-discussão. Eles aprendem sobretudo quando participam de forma activa (técnica de resolução de problemas, trabalhos de grupo…). 6. As chaves do sucesso Limitar as exposições e as próprias exposições-discussões. Pelo contrário, deve-se articular o essencial da formação com as actividades de resolução de problemas, os trabalhos de grupo, as discussões, os estudos de caso… 58 Ficha 8 : A simulação 1. Definição A simulação é uma técnica de animação que coloca em cena uma situação que é representada por certos participantes, como no teatro, visando a identificação de certos comportamentos a melhorar. A sua particularidade em relação às outras técnicas advém do facto de ela visar a expressão das atitudes através da encenação de comportamentos. Esta técnica interessa particularmente à formação dos orientadores ou dos directores de escola. Podemos utilizá-la também na formação de professores, por exemplo, para simular um encontro entre o professor e os pais dos alunos. 2. Descrição Através de um exemplo: « Aquando de uma formação dos orientadores pedagógicos, eles exprimem uma situação difícil: os professores de uma escola recusam-se a entrar no processo da reforma. » Um participante representa o papel do conselheiro pedagógico, um outro o do director da escola, e outros três ou quatro, o papel dos professores. Os participantes escolhem representar a situação, e em seguida, analisamos as reacções com todo o grupo: os argumentos utilizados pelo conselheiro pedagógico, a forma como ele reage às atitudes dos professores, etc. 3. Etapas de aplicação 3.1 Antes de começar, o animador: - define com clareza e precisão o objectivo a perseguir; - concebe e descreve os diferentes papeis que serão representados pelos participantes. 3.2 Durante o desenvolvimento do jogo : - os actores representam, cada um, um papel de um personagem; - os outros participantes procuram compreender e analisar cada papel representado, mas sem intervir no desenvolvimento da cena ; - o animador pode fazer pequenas intervenções para reorientar ou relançar os actores em caso de necessidade. 3.3 No fim do tempo previsto para o jogo : - o animador estabelece a discussão(directa ou em ateliê) sobre o desempenho dos actores. 3.4 No decorrer da discussão, o animador, as pessoas de recurso, os actores, o grupo do auditório: - discutem, com espírito critico, os diferentes papeis representados pelos 59 actores; - procuram esclarecer pontos obscuros, apreciar a qualidade dos desempenhos, e compreender melhor as reacções relativamente aos objectivos previamente estabelecidos. 4. Pontos fortes 4.1 As vantagens da simulação são: - expor e ilustrar no palco interpessoal ; diversos aspectos de um problema 4.2 - facilitar a compreensão das opiniões e atitudes de outras pessoas sobre um dado assunto; 4.3 - permitir aos membros de um grande grupo elucidarem-se sobre as suas próprias atitudes e comportamentos e adquirir novas atitudes e novos comportamentos face a situações-problemas bem precisas; 4.4 - sensibilizar uma determinada pessoa comportamento indesejável na vida social; para uma atitude ou um 4.5 - verificar as causas de uma atitude ou um comportamento, e permitir a sua remediação com conhecimento de causa. 5. Pontos fracos 5.1 Não convém a um grande grupo. 5.2 Aqueles que representam a situação aproveitam sempre mais do que aqueles que observam. 6. As chaves do sucesso 6.1 A simulação não é eficaz, e pode mesmo ser perigosa, nos casos que se seguem : - o objecto de uma representação não está bem definida ou apropriada, ou não possui a aprovação dos actores e /ou do auditório; 6.2 - os actores não dominam suficientemente o papel que representam; 6.3 - o auditório não se implica realmente na representação; 6.5 - o animador não representa correctamente o seu papel; 6.6 - o meio físico não é adequado (barulho ou um outro fenómeno prejudicial). 60 Ficha 9 : O trabalho de grupo 1. Definição O trabalho de grupo consiste em fazer realizar, em pequenos grupos de participantes, uma tarefa proposta pelo formador (a formadora). 2. Descrição O trabalho de grupo oferece aos participantes: - a oportunidade de avançar no seu próprio ritmo ; - de colocar aos outros membros do grupo questões úteis para clarificação; - de confrontar a sua compreensão com a dos outros, e trocar as suas experiências; Exemplo : « Em grupos, reconstruam a preparação desta lição para que o aluno seja colocado no centro da aprendizagem». 3. Etapas de aplicação 3.1 Aquando do trabalho de grupo, o formador pode: - dividir, ele mesmo, o grupo em função do lugar que os participantes ocupam: os três lados de um « U », as duas pessoas de um banco com as duas do banco de trás, os quatro cantos de um lugar, etc. - deixar que os reagrupamentos se façam espontaneamente : é preciso então designar uma pessoa à volta da qual se vai fazer o reagrupamento; - dividir o grupo em função de critérios previamente definidos, com base numa lista de participantes, da sua proveniência, do nível hierárquico... 3.2 Durante o trabalho de grupo, o formador deve: - passar, no mínimo, duas vezes junto dos participantes (uma primeira vez para se assegurar que a instrução foi bem compreendida, uma segunda vez para ver se não têm dificuldades e se as suas produções estão bem orientadas) ; - prevenir os grupos quando faltam apenas 10 minutos de trabalho, permitindo-lhes organizar o tempo que lhes resta, e preparar a apresentação do trabalho; - observar a dinâmica de grupo no seio de cada um deles e levar os ajustes necessários; - começar a reunião de partilha , assim que o tempo atribuído tenha esgotado. Se neste momento, vários grupos não tiverem terminado, deixar mais 10 minutos ou 1/4h, e pedir aos atrasados que se despachem. 3.3 Aquando da partilha de resultados, o formador deve : - determinar que não se exceda no tempo: 2 a 3 minutos são suficientes para a apresentação de um grupo; - evitar que o apresentador seja interrompido antes que tenha terminado; 61 - no fim da apresentação, privilegiar as questões de clarificação antes de passar ao debate; - limitar estritamente o tempo de discussão com intervenções do tipo « Somente 3 questões. Agora, uma última questão». 3.4 O formador deve reagir às produções dos participantes de forma crítica e eficaz (ver a ficha 7: a maneira de conduzir um nivelamento). 3.5 Aquando da exploração das produções dos grupos, o formador deve: - não deixar uma questão suspensa, ou então dizer porquê; marcar num canto do quadro uma ideia que será retomada logo de seguida; - abster-se de mostrar previamente aos participantes que eles detêm única boa resposta; a - reagir às produções dos participantes, não para as sancionar, mas para fazer progredir o grupo. . 4. Pontos fortes 4.1 Torna os participantes activos. 4.2 Desenvolve ou reforça as qualidades morais e sociais dos participantes (tolerância, honestidade, sentimento de pertença no grupo, solidariedade e de auxílio, gestão dos colegas quando somos moderadores). 4.3 Encoraja os tímidos a participar. 4.4 Responsabiliza os participantes. 4.5 Permite ao formador personalizar a sua relação com os grupos. 5. Pontos fracos 5.1 A técnica pode não agradar a todos: certos participantes preferem escutar o formador, e não se implicar no trabalho de grupo. Todavia, é preciso não entrar no jogo desses participantes, porque a eficácia da formação passa pelos trabalhos de grupo. 5.2 Ela pode causar alguma insegurança aos formadores pouco habituados a este tipo de animação, e pode dar-lhe a impressão de perda de controlo. 5.3 Esta técnica pode causar problemas de gestão ou de organização de espaços, quando estes não estão adaptados. 6. As chaves do sucesso 6.1 Redigir, por escrito, a instrução (folhas fotocopiadas, quadros, acetatos, ecrã, Power Point) 6.2 O trabalho de grupo não deve ser uma actividade mecânica: o formador deve pensá-lo cuidadosamente como uma contribuição, ou desenvolvimento da competência (as competências) visada (s) pela formação. 62 Ficha 10: A técnica das tríades 1. Definição A técnica das tríades é uma técnica de animação segundo a qual os participantes são divididos em subgrupos de 3 (tríades) a fim de examinar, durante um tempo limitado, um problema preciso. Exemplo : « Em grupos de três, dêem três conselhos a um professor que não tenha obtido uma boa percentagem de aproveitamento na sua turma, para que ele possa melhorar os seus resultados.» 2. Descrição É uma técnica que solicita aos participantes a produção de ideias num tempo reduzido, em subgrupos de três pessoas (tríades). Depois de um reagruparem em sobre a redução tríade produziu 3 4 conselhos. certo tempo, o formador pede às tríades para se três, apreciarem as suas produções, e entenderem-se dos conselhos que produziram: por exemplo, se cada conselhos (9 no total), as três tríades devem reduzi-los a Se houver um grande número de participantes (mais de 30), passamos a um segundo reagrupamento : desta vez as tríades reagrupam-se em 6, e devem reduzir, por exemplo, os 4+4 conselhos a 5 conselhos. Trio 1 Trio 2 Trío 3 Trio 4 Trio 5 Trio 6 Trio 7 Trio 8 Trio 9 Trio 10 Trio 11 Trio 12 3 conselhos 3 conselhos 3 conselhos 3 conselhos 3 conselhos 3 conselhos 3 conselhos 3 conselhos 3 conselhos 3 conselhos 3 conselhos 3 conselhos Primeira Reagrupamento T1/2/3 Reagrupamento T4/5/6 Reagrupamento T7/8/9 Reagrupamento T10/11/12 Redução 4 conselhos 4 conselhos 4 conselhos 4 conselhos Segunda Redução Reagrupamento de T1 até T6 Reagrupamento de T7 até T6 5 conselhos 5 conselhos O formador cuida, desde o último agrupamento, para que sejam distribuídos acetatos ou uma ficha, para que cada grupo escreva as suas produções finais. 63 3. Etapas de aplicação Num primeiro momento, cada participante produz individualmente uma ideia para ser discutida na sua tríade, a qual produz um número dado de conselhos, sugestões, de pistas de tarbalho. Num segundo momento, estas produções são reduzidas, na sequência de um reagrupamento e de uma confrontação entre as diferentes tríades. Num terceiro momento, tem lugar uma nova redução, em consequência de um novo reagrupamento. Enfim, o formador procede ao nivelamento das produções finais (ver ficha 7 por forma a gerar consensos). 4. Pontos fortes 4.1 Esta técnica é eficaz, porque ela permite que cada participante produza na sua tríade ; o facto de haver três pessoas é o ideal : é um pequeno grupo, no qual cada um se pode implicar, e o facto de haver 3 pessoas permite evitar o confronto entre duas pessoas que poderiam, cada uma, fixar-se na ideia que avançou. 4.2 A técnica é motivadora, pois ela permite implicar cada participante que se revê em alguma parte da produção final. 5. Pontos fracos Existe o risco de se formarem grupos de acordo com as afinidades em detrimento do trabalho. 6. As chaves do sucesso 6.1 Deve-se evitar o reagrupamento directo das tríades em 6: primeiro reagrupámo-los de 3 em 3. Desta forma, a redução é progressiva, e bem assimilada por cada um. 6.2 Evitar que os participantes constituam os grupos, por afinidades. 6.3 Facultar ao trabalho de subgrupo o tempo necessário à produção. 64 3. UMA FICHA TÉCNICA PARA GERIR O ESPAÇO DA FORMAÇÃO Ficha 11 : A sala da formação 1. A escolha e a organização do material da sala 1.1 Uma boa escolha da sala de formação constitui uma das condições necessárias para a realização de uma formação de qualidade. 1.2 A escolha de uma sala far-se-á em função do número de participantes (que não deverá exceder 20 a 25 pessoas, ver ficha 1). 1.3 A sala deverá ser suficientemente espaçosa, limpa, arejada e calma. 1.4 Importa prever 2 ou 3 salas anexas para os trabalhos de grupo. 1.5 O formador assegura-se que o conjunto do dispositivo material e logístico da formação está disponível e acessível (tomadas, extensões, cadeiras, mesas….) 2. A disposição dos participantes na sala de formação 2.1 Ao iniciar a formação, o formador deve: - dispor os participantes de forma a favorecer as trocas : mesas em «U»; - oferecer aos participantes um espaço pessoal de trabalho de forma que haja o mínimo de barreiras e distâncias entre ele e os participantes ; - assegurar-se de que os participantes vêem bem o quadro ou o ecrã; - assegurar-se de que os participantes conhecem o lugar onde se encontra o material, bem como os sanitários. 2.2 Durante a formação, o formador deve : - separar as actividades incompatíveis(ex. calmas/barulhentas…) ; - colocar os participantes menos atentos o mais perto possível do formador; - gerir eficazmente a mobilidade dos participantes, para evitar que o ir e vir perturbe os trabalhos; - pedir que desliguem os telemóveis, ou então interditar o seu uso; - Aquando de um trabalho individual ou de equipa, procurar fazer com 65 que o nível sonoro permaneça aceitável na sala. 2.3 No fim da formação, o formador deve: - arrumar todo o material e o mobiliário que tenha servido para a realização da formação; - assegurar a limpeza e a segurança do local. 4. AS FICHAS TÉCNICAS PARA UTILIZAR O MATERIAL DE FORMAÇÃO A escolha do material para a formação deverá sempre ser feita, tendo em conta a realidade do lugar onde a mesma vai ser realizada. Ficha 12 : a preparação do material para a formação Ficha 13 : a utilização do quadro preto Ficha 14 : a utilização do quadro de papel (flip chart) Ficha 15 : a utilização do retroprojector Ficha 16 : a utilização da videoprojector Ficha 17 : a utilização do gravador e do projector Ficha 12 : Preparar o material para a formação 1. Material a prever : Para o gestor da formação Para o formador ou a formadora Rolos de papel para cartazes (para o quadro de papel ou flip-chart) Um ou dois marcadores grossos 1.2 Fotocopiadora e consumível (pacotes de 500 folhas) & tinta (tonner) Algumas folhas brancas A4 1.3 Agrafador e agrafos Tesoura, fita-cola (rolos de fita cola), pioneses, clips, pastas de 1.1 Giz branco e de cor (num pequeno estojo rígido) 66 arquivo 1.4 Sete marcadores grossos de 4 cores para cartazes (atenção, evitar os marcadores secos !) 2. Material adicional informatizado para Fita-cola para cartazes ou «bostic» (borrachas) uma formação num ambiente Para o gestor da formação Para o formador ou formadora 2.1 Computador com tratamento de textos e programas usuais Computador portátil 2.2 Extensões e extensões com várias tomadas Extensões com várias tomadas (e adaptador para o formador que viaja) Caixas de disquetes / CD-ROM Uma ou duas disquetes, e « pendrive » (memória USB) 3. Material adicional para uma formação com retroprojector Para o gestor da formação Para o formador ou a formadora 3.1 Retroprojectores em número suficiente (prever sempre um retroprojector de reserva) Extensões com várias tomadas (e adaptador para o (a) formador (a) que viaja) 3.2 Extensões e extensões com várias tomadas Estojo de 4 marcadores finos e de cores para acetatos 3.3 Lâmpada de recarga para o retroprojector Alguns acetatos para escrita manual e para fotocópias (distingui-los bem!) 3.4 Caixa de acetatos para escrita manual (caixas de 100), para os trabalhos de grupo 3.5 Estojos de marcadores finos para acetatos (marcadores permanentes e/ou não permanentes) N.B. Se não queremos nenhum risco de confundir os acetatos para escrita a mão e os para fotocópias, podemos trabalhar apenas com os últimos. Anulamos o risco de fundir um acetato na fotocopiadora, mas aumentamos o custo. 67 4. Material adicional para uma formação com videoprojector Para o gestor da formação Para o formador ou a formadora 4.1 Computadores com tratamento de texto et Power Point Computador portátil e fichas de ligação 4.2 Videoprojector Extensões com várias tomadas (e adaptador para o (a) formador/ a formadora que viaja) 4.3 Extensões e extensões com várias tomadas Memória (USB) Ficha 13 : O quadro preto 1. Função O quadro preto é, ainda hoje, o material de suporte da formação mais largamente conhecido. Ainda é preciso explorar todo o seu potencial numa formação de adultos. 2. Etapas da utilização do quadro 2.1 Preparação do quadro: algumas precauções a tomar pelo formador. 2.2 - Assegurar-se da limpeza do quadro; de acordo com o tipo de superfície, o quadro pode ser limpo com uma esponja seca ou húmida. - Dividir o quadro ao meio se ele for muito grande. - Escrever as ideias principais da exposição no quadro, se possível, antes do início da formação ; não queira escrever tudo. - Escrita legível e com letras grandes para que o conteúdo possa ser visto por todo o grupo, e compreendido por todos os participantes mesmo por aqueles que estejam ao fundo da sala. Não escreva nada na parte inferior do quadro! - Prever um espaço do quadro que seja bem estruturado, mas também um espaço que fique livre, sobre o qual ele pode escrever livremente (espaço de ensaio, de ilustração, de rascunho), e apagar ( com a mão que não utiliza para escrever e no sentido de cima para baixo) sem que se perca o fio da sequência da aprendizagem. Durante a apresentação: algumas precauções a serem tomadas pelo 68 formador - Não sobrecarregar o quadro com indicações que podem eliminar as palavras-chaves - Sublinhar as palavras-chaves com giz de cor. - Não fique ‘agarrado’ ao quadro durante a apresentação. - Não reserve muito tempo para escrever no quadro, a não ser para escrever ou desenhar certos elementos muito importantes durante a exposição. - Para aquele (aquela) que não tenha uma voz forte, parar de falar, enquanto escreve ou desenha no quadro, porque os participantes correm o risco de perder uma parte da sua exposição. Ficha 14 : O quadro-papel (flip chart) 1. Função O quadro-papel é cada vez mais utilizado na formação de adultos. É um suporte muito flexível, porque pode ser colocado em qualquer lugar da sala. Além do mais, relativamente ao quadro-preto, ele permite guardar aquilo que foi produzido. No entanto, ele apresenta dois grandes inconvenientes: - as folhas são relativamente pequenas : se queremos que todos os participantes leiam, é preciso escrever letras grandes; logo, consumimos muito papel. - os marcadores para o quadro-papel secam-se depressa, sobretudo nos países quentes. 2. Etapas de utilização do quadro-papel 2.1 Preparação do quadro : algumas recomendações para o formador. - Colocar o quadro num sítio visível por todos, e o mais próximo possível dos participantes. - Escrever com letras grandes (letras maiúsculas nos títulos) e fazer desenhos visíveis para que o texto e as imagens possam ser vistos por todos. - Deixar livre a parte inferior da folha, porque os participantes do fundo da sala dificilmente vêem o que aí se encontra escrito. - Não escrever frases completas. Transcrever o essencial, enumerando os elementos com pontos. - Utilizar canetas de feltro de cores vivas e traçar os quadros para sublinhar certos elementos (nada de cores pálidas) 69 2.2 - Exercitar em levantar e passar as folhas. - Levar um rolo de adesivo se o formador tem a intenção de retirar algumas folhas para afixar na parede. Ele pede a um colaborador que se ocupe de as afixar. - Assegurar-se de que os marcadores contêm tinta suficiente. Durante a apresentação : algumas recomendações para o formador - As observações são iguais às de um quadro tradicional. - Chamar a atenção dos participantes, virando a folha completa, para deixar visível uma folha branca. - Manter visível as produções das etapas precedentes, afixando-as na parede. Ficha 15 : O retroprojector 1. Função Apesar da evolução da tecnologia, o retroprojector convencional continua ainda a ser uma ajuda visual muito utilizada nas salas de formação. Se for utilizada durante uma exposição permite aumentar a atenção dos participantes. Se for utilizada durante a apresentação de um trabalho de grupo, permite ao conjunto de participantes visualizar as produções, logo, compreendê-las melhor. 2. Etapas de utilização de um retroprojector 2.1 Na preparação, O acetato deve : - ser legível («tamanho 24» pelo menos); - ser simples (máximo de 50 palavras por acetato) ; - atrair a atenção do público ; - ser colorido e agradável à vista (escrever o texto em negro ou em azul; sublinhar, circular e colorir com uma outra cor) ; - evidenciar a informação –chave; - concentrar a atenção do auditório no essencial. 2.2 Antes de apresentar, o formador deve : - assegurar-se do bom funcionamento e da regulação do retroprojector ; - prever o material necessário, logo à partida (ponteiro, porta-mina,...) para ajudar a seguir a exposição sobre o acetato, uma ou duas canetas de feltro, bem como um acetato limpo para completar a informação, uma 70 folha branca para esconder uma parte do acetato com o qual se trabalha). 2.3 P P SI NO P NO - servir-se de uma caneta para indicar a parte que é comentada (ver o esquema abaixo) ; - descobrir o acetato, pouco a pouco, se se pretende provocar o efeito surpresa. - ficar de pé, sempre voltado para o auditório e dirigir-se a ele; evitar olhar para o ecrã, a não ser com uma olhadela para verificar se está centrado e visível ; - evitar deslocações excessivas, e evitar passar entre o retroprojector e o ecrã; - procurar desligar o retroprojector durante uma discussão; - evitar transportar o retroprojector quando ele está ligado ou quente, porque uma lâmpada quente é muito frágil; - prever uma lâmpada de recarga . 71 Ficha 16 : O videoprojector 1. Função Tal como o retroprojector, a videoprojector constitui um auxílio visual à aprendizagem. O utilizador da videoprojector constrói os diapositivos no seu computador, particularmente com a ajuda do programa Power Point. Estes diapositivos são projectados através da videoprojector, a partir do computador ou de outra fonte, sobre um ecrã, ou sobre uma parede, por meio de feixes luminosos. 2. Etapas de utilização da videoprojector 2.1 Na preparação da exposição, o formador deve : - utilizar, pelo menos, a letra “tamanho 24” ; - à partida, escolher uma apresentação com contrastes: texto branco ou amarelo num fundo negro ou azul-escuro, texto negro com fundo branco ou amarelo, etc. ; - limitar a sua mensagem a alguns pontos de referência essenciais ; não ultrapassar 30 palavras por diapositivo (5 a 6 linhas no máximo); - recorrer a uma apresentação homogénea: utilizar a cor, o itálico, o negrito … sempre com a mesma função; - apresentar as informações com sobriedade: muitos diapositivos aborrecem, demasiada animação é atordoadora e fatigante, muitas cores confundem, e evidenciar muito, mata a evidência; - antecipar uma impressão dos diapositivos a preto e branco (nada de muitas cores por exemplo, ou então cores bem contrastadas); para facultar aos participantes o conteúdo dos ecrãs sem ter de os imprimir, podemos copiar apenas o texto sob o « esquema de leitura » e colar estes num texto tratado. 2.2 Antes de apresentar, o formador deve: - antes do início da cena, assegurar-se do bom funcionamento e regulação do videoprojector; - regular ao máximo a distância entre o aparelho e o ecrã e a luminosidade; se assim for, jogar com a função « negro e branco » para disfarçar a falta de luminosidade, ou com a função «grande-plano». 2.3 Durante a apresentação, o formador deve : - projectar, se possível, para o centro de uma parede (ver a ficha 15) ; - resolver a questão da distribuição dos ecrãs (diapositivos) impressos antes ou depois da projecção ; neste último caso, informar que eles 72 estarão disponíveis (ver ficha 19); - evitar estar sentado durante a apresentação. Fique de pé, sempre em frente ao auditório ; - procure estar presente no seu auditório e dirigir-se a ele; - evitar olhar o ecrã, se não for com uma pequena olhadela, para verificar a sua centralidade e visibilidade ; - evitar deslocar-se de forma excessiva, de passar entre o videoprojector e o ecrã; - manipular o computador à distância, ou a partir do rato; - não hesitar em jogar com a complementaridade do retroprojector, se tivermos possibilidade (abordagem multimédia) ; - não esquecer que o «Power Point»13 é um programa, entre outros, para o videoprojector: podemos utilizar Word para uma partilha dos trabalhos de grupo, Excel para o tratamento de dados na sua verdadeira grandeza, etc. 73 Ficha 17: O gravador e o projector 1. O gravador O gravador pode ser utilizado na formação para o registo e a escuta de um elemento sonoro (extracto musical, entrevista, …). 2. O projector O projector permite visualizar as cassetes vídeo. Ele pode ser substituído por um leitor de DVD, ou por um computador ligado a um videoprojector. 3. Utilização do material (o gravador, o projector) 3.1 Aquando da preparação, o formador deve : - assegurar-se do bom funcionamento do aparelho, da sua disponibilidade e da qualidade dos acessórios (cassetes) ; - fazer um ensaio completo antes do momento da utilização do material; - verificar se os registos e as imagens são de boa qualidade; - regular o som para que ele possa ser percebido por todos; - limitar o tempo de escuta ou de visionamento (não exceder 15 minutos). 3.2 Durante a apresentação, o formador deve : - dispor os participantes de uma outra forma: concentrá-los à volta do aparelho ; - precisar os objectivos perseguidos pela actividade; - anunciar aos participantes a duração da escuta ou do visionamento; - dar aos participantes uma instrução de trabalho para aumentar a sua atenção « procurem, no extracto seguinte, as passagens que evocam … », « identifiquem, no extracto seguinte, as convergências e as divergências com as vossas práticas… », etc. ; - pedir aos participantes que tomem as notas mais importantes durante a escuta ou o visionamento, para que não percam as passagens importantes; - Eventualmente, rever uma segunda vez, as passagens importantes. 74 5. AS FICHAS PARA A GESTÃO DOS DOCUMENTOS DE FORMAÇÃO Ficha 18 : redigir um documento de formação Ficha 19 : utilizar um documento de formação Ficha 18: Redigir um documento de formação 1. Redacção de um documento de formação Os documentos a enviar aos participantes são, simultaneamente, o reflexo do essencial dos conteúdos e dos métodos que o formador quer fazer passar, mas também a imagem que eles dão e que difundirão. 2. Medidas a tomar na redacção do documento de formação 2.1 Ao nível do conteúdo, o formador deve : - fazer com que os conteúdos estejam relacionados compreensão dos participantes; com o nível de - pedir a um especialista de conteúdos que releia as notas. 2.2 Ao nível do estilo, o formador deve : - evitar as frases muito longas e os parágrafos muito longos ; - fazer com que o mesmo termo conserve o mesmo significado ao longo de todas as notas ; - respeitar as mesmas convenções para os títulos, para as ilustrações, etc.; - verificar a ortografia, e pedir a uma outra pessoa que a verifique. 2.3 Ao nível do conteúdo pedagógico, o formador deve : - procurar aperfeiçoar a apresentação : cabeçalho, paginação, numeração dos parágrafos, índice dos conteúdos, índice alfabético, glossário... ; - inserir os exemplos; - colocar os logotipos, as disposições anteriores (anunciamos o que vamos abordar), e eventualmente as disposições posteriores(resumos, sínteses, quadro...), cores, ilustrações ... ; - evitar a introdução de termos que não foram definidos anteriormente; - reforçar o aspecto visual para a paginação, a tipografia, o logotipo, as ilustrações, as cores. 2.4 Ao nível da paginação, o formador deve : - utilizar, pelo menos, o tamanho 12 e entrelinhas de 1.5 ou de 1.6 ; - deixar alguns espaços brancos, e por vezes uma margem, a fim de 75 permitir que os participantes tomem notas ; - evidenciar, com moderação, a formatação (negrito - itálico – sublinhado – PEQUENAS LETRAS MAIUSCULAS) de palavras ou ideias. Ficha 19 : utilizar um documento de formação 1. Identificar a função do documento de formação A principal questão que se coloca é a de saber qual o é momento para se fazer a distribuição do documento da formação aos participantes : antes da formação, no início da formação, durante a formação, depois da formação. Para responder a esta questão, é preciso examinar a função do documento. 1.1 Categoria A Categoria B Categoria C Documentos necessários a uma actividade de formação : suporte do exercício, documento de análise, suporte visual… Documentos complementares da formação: documentos facultativos, para um aprofundamento… Documentos de apoio que retomam os conteúdos da formação: resumo, ilustração, exemplo… 1.2 Distribuir o documento no início da actividade : os participantes devem ter o documento na mão para trabalhar, pois faz parte integrante da formação. Preferível distribuir depois da formação, se não os participantes começam a ler o documento durante a formação, e ficam distraídos. Alguns participantes preferem receber o documento antes, para anotá-lo, outros depois, para completar as suas notas. O quadro abaixo permite ao formador decidir. 2. O melhor momento para distribuir um documento da categoria C Antes da actividade Depois da actividade 2.1 Quando o documento é lacunar (o participante deve completá-lo); Quando os documentos são muito completos; 2.2 Quando todo o documento, ou parte deve ser explorado pelos participantes; Quando os documento não são destinados à exploração pelos participantes; 2.3 Quando a atenção dos participantes Quando há tendência para uma falta 76 é muito elevada; de atenção; 2.4 Quando os documentos vêm apoiar o desenvolvimento do saber-fazer ou do saber-ser; Quando é uma achega ao conteúdo que o evidencia; 2.5 Quando os documentos não encadernados, e podem distribuídos por partes; 2.6 Quando há esquemas complexos a Quando não há reproduzir. complexos a reproduzir. são Quando os ser encadernados; documentos são esquemas 77 Bibliografia BIPOUPOUT, J.-C., BOULHAN, N., DIALLO, I.N., MANDA KIZABI, T.M., ROEGIERS, X., ZIDA TRAORE, C. (2007). Former pour changer l’école. Paris : Edicef COULON, M.-F., MERCIER, M., STROBBE, J.-P., VAN REUST, B. (1993). Communication et Organisation. Première STT, Dunod COURAU, S. (1993a). Les outils de base du formateur, Paroles et supports, Paris : ESF Éditeur. DIALLO, I. N. (2004). Le jeu de rôles. Note inédite, Séminaire de perfectionnement des membres du Pool multilatéral des experts francophones en sciences de l’Education, Rabat. GERARD, F.-M. & ROEGIERS, X. (2003), Des Manuels scolaires pour apprendre, Bruxelles : De Boeck Université LANNOYE, C. (2005). Boîte à outils (doc). Louvain-la-Neuve : Séminaire de gestion de groupe et relation interpersonnelle (agre.2320 – UCL). LEGENDRE, R. (1993, 2e édition). Dictionnaire actuel de l’éducation. Montréal : Guérin, Paris : ESKA. 78 CAPITULO 6 A AVALIAÇÃO DE UMA FORMAÇÃO APRESENTAÇÃO No capítulo 4, demos ênfase às principais características dos resultados de uma formação centrada nos resultados: privilegiar os resultados esperados e perspectivados e, a curto prazo, os que estão relacionados com a formação, e os que são avaliáveis no terreno de maneira qualitativa ou quantitativa. Esta última característica, ligada à avaliação dos resultados, representa um dos principais aspectos da avaliação da formação: o que toca a eficácia e a eficiência da formação. Avaliar o «quê», quer dizer, a posição segundo a qual nos colocamos para avaliar. Ao lado da eficácia e eficiência da formação, podemos avaliar a pertinência, a viabilidade bem como outras dimensões que ainda vão ser desenvolvidas neste capítulo. Colocar a questão do « quê » avaliar não é suficiente. É preciso também evocar: • O «quando» avaliar (antes da formação, durante a formação, no fim da formação ou depois da formação), e o «porquê» avaliar : nós avaliamos para orientar, regular, certificar ou validar. Estes dois aspectos estão intimamente ligados. • O «como» avaliar, quer dizer os métodos e as técnicas que são utilizadas para recolher e tratar as informações. O presente capítulo procura realçar os múltiplos aspectos da avaliação da formação. Nós propomos, no fim do capítulo, três instrumentos : uma grelha e um questionário para conduzir uma avaliação no fim da formação, e um outro questionário, para avaliar o impacto da formação no terreno. 1. O «QUÊ» AVALIAR : o que é que avaliamos numa formação ? Para melhor compreender o que se segue… : os diferentes tipos de recursos num projecto. Num projecto, o termo « recursos » deve ser entendido num sentido diferente de saberes, saber-fazer e saber-ser a mobilizar. Aqui, trata-se de: 79 - Os recursos humanos : as pessoas, os actores que intervêm no projecto - Os recursos materiais : o material de que dispomos - Os recursos espaciais : as instalações de que dispomos para a formação - Os recursos financeiros: os realmente disponíveis - Os recursos institucionais : o apoio dos responsáveis no projecto - Os recursos temporais : o tempo de que dispomos para realizar o projecto 1.1 Uma metáfora… Para melhor compreender as diferentes avaliações possíveis, podemos comparar uma formação com uma caixa aberta sobre o seu ambiente14. O contexto da formaçâo A mudança esperada no terreno As necessidades dos actores Objectivos (as competências a desenvolver) Os recursos e estratégias previstas A formaçâo 14 Roegiers (1997) O quadro normativo Os produtos Os recursos e estratégias existentes 80 1.2 …Uma legenda Para compreender este esquema, convém ver: 1.2.1 O que está dentro da caixa • Os objectivos da formação, ou as competências a desenvolverem • Os recursos e as estratégias previstas, • Os recursos e as estratégias existentes, • E os produtos da formação. 1.2.2. O que está no exterior da caixa : • O contexto no qual se desenvolve a formação, • As necessidades dos actores (ver capítulo 1), • A mudança que procuramos introduzir no terreno (ver capítulo 1), • O quadro normativo que rege a formação (as leis, os regulamentos, os estatutos…) 1.2.3 Duas aberturas da caixa (a formação) no seu ambiente, que são: • os objectivos da formação (as competências esperadas), • e os produtos da formação (as competências adquiridas). 1.3 … E as relações Podemos lançar dois tipos de olhar sobre esta formação (a caixa), que definem duas categorias de relações : 1.3.1 As relações externas Trata-se das relações que a formação (a caixa) mantém com o seu ambiente, sem decompor o que se passa no interior desta caixa. São as relações externas. A figura seguinte ilustra alguns aspectos das avaliações de uma formação baseada nas relações externas. 81 O contexto da formaçâo A mudança esperada no terreno As necessidades dos actores O quadro normativo PERTINENCIA ADESAO EFFICACIA EXTERNA CONFORMIDADE Os produtos Os objectivos (as competências a desenvolver) Os recurssos e as estratégias previstas Or recursos e as estratégias existentes A formaçâo O quadro seguinte sintetiza as principais relações externas da avaliação de uma formação e propõe alguns indicadores. Ponto de vista segundo o qual nos colocamos para avaliar Explicação Tipos de questão Exemplos de indicadores Adesão Ela reflecte a adequação entre os componentes da formação e as necessidades dos actores. A mudança esperada no terreno, as competências, os recursos postos à disposição vão ao encontro das necessidades dos - Os professores foram prevenidos a tempo sobre os objectivos da formação - Eles opinaram sobre as competências a desenvolver - Os directores de escola que são os superiores hierárquicos 82 Pertinência Ela determina em que medida a formação está bem orientada. actores ? dos participantes estão preparados para que os participantes concretizem as competências adquiridas no local de trabalho… As competências a desenvolver ao longo da acção de formação são pertinentes em relação à mudança esperada no terreno? - A concepção da formação foi precedida de uma análise das necessidades junto das diferentes categorias de actores visados (sobretudo os professores e seus directores) - A formação antecipa as condições de transferência das competências adquiridas. - Um analista, tendo um olhar exterior independente ajudou a elaborar a formação Eficácia externa, ou rendimento externo, ou transferência, ou impacto Ela põe essencialmente a questão de saber se, uma vez terminada a formação, podemos observar a mudança esperada no terreno. A formação permitiu realizar a mudança esperada no terreno? - Existe uma importante percentagem de participantes que utilizam no seu local de trabalho a competência profissional adquirida - O prazo no qual conhecimentos da postos em prática trabalho é inferior semanas os formação no local de a2 - A qualidade com que as aquisições da formação são aplicadas no local de trabalho é suficiente. Conformidade Ela põe a questão da adequação dos componentes da formação ao quadro normativo Os produtos respeitam o quadro legislativo, ético e deontológico? - As tarefas que os participantes aprenderam executar são as que estão previstas no quadro do exercício da sua função - Não existe contradição entre os instrumentos que foram desenvolvidos na formação e os instrumentos oficiais. 83 1.3.2 As relações internas Trata-se das relações que se estabelecem no interior da formação (na caixa), independentemente do que se passa no exterior, isto é, independentemente do contexto. São as relações internas. A figura seguinte ilustra alguns aspectos das avaliações de uma formação baseada nas relações internas. O contexto da formaçâo Mudanças esperadas no terreno As necessidades dos actores Os objectivos (as competências a desenvolver) O quadro normativo EFFICACIA INTERNA VIABILIDADE Os recursos e estratégias previstos Os produtos EFFICIENCIA MEIOS EXISTENTES Os recursos e estratégias existentes A formaçâo O quadro seguinte sintetiza as principais relações internas da avaliação de uma formação e propõe alguns indicadores Ponto de vista segundo o qual nos colocamos para avaliar Explicação Tipos de questões Exemplos de indicadores 84 Viabilidade Ela põe a questão de saber se os objectivos são realistas tendo em conta os meios mobilizados. - As competências profissionais perspectivadas podem ser esperadas tendo em conta os meios disponíveis ? - Não é necessário rever os objectivos em consequência ? - As competências a desenvolver ao longo da formação são realistas em relação à duração prevista para a formação - os recursos materiais e financeiros são suficientes para garantir o desenvolvimento das competências - A disponibilidade dos formadores e dos participantes permite manter o calendário da formação, etc. Efectividade de meios (estratégias e recursos) Ela põe a questão de adequação entre os meios previstos e os meios efectivos - Os meios efectivos (estratégias e recursos) são aqueles que foram previstos ? - São suficientes face às necessidades do desenvolvimento da formação? - Os locais são bem aqueles que foram anunciados - O material corresponde ao que estava previsto - As avaliações previstas têm lugar - O programa previsto é respeitado, ou as mudanças de programas são argumentadas - Os métodos pedagógicos correspondem bem às competências profissionais almejadas, etc. Eficácia interna (ou performance ou rendimento interno) Ela é o reflexo da relação entre o produto da formação tendo em vista competências fixadas As competências profissionais desejadas são efectivamente adquiridas pelos participantes? - os participantes provaram que adquiriram as competências profissionais de base que estavam previstas - Os participantes estão satisfeitos com as competências que adquiriram - O formador (a formadora) pode se pronunciar sobre as competências adquiridas efectivamente por cada participante, etc. Eficiência Ela é o reflexo da relação entre os As competências profissionais foram - A formação não é muito longa comparativamente às 85 meios disponibilizados e os resultados obtidos 2. O «QUANDO» AVALIAR desenvolvidas com o mínimo de recursos humanos, de tempo, de energia, de dinheiro ? competências profissionais de base a desenvolver - Cada momento da formação é bem utilizado - Não há gastos inúteis … : o momento de uma avaliação Qual é o momento mais importante para avaliar uma formação? Frequentemente, pensamos que este momento se situa no fim da formação. Ora, este é, sem dúvida, o momento menos importante, porque no fim da formação, não podemos rectificar mais nada. Numa concepção de integração, consideramos que os momentos mais importantes são os que se situam antes da formação, durante e depois da formação. Examinemos ponto por ponto estes momentos: 3.1. Antes da formação É o momento que precede o início da formação. Trata-se sobretudo de avaliações de orientação. As avaliações da formação informam sobre a sua pertinência (é necessário organizar esta formação?), a viabilidade da formação (podemos ter sucesso, tendo em conta os meios de que dispomos?), a adesão dos actores (os actores aderem à formação?). O gestor tem tempo suficiente para introduzir os ajustes convenientes. 3.2. Durante a formação Trata-se de avaliações de regulação. Elas contêm informações de dois níveis : 1. O do grupo em formação, com vista a melhorar a eficácia da formação, ou a sua eficiência (adaptação das estratégias, dos recursos) 2. O de cada pessoa, com vista a remediar as dificuldades constatadas. Ela pode ser conduzida, quer pelo formador sobre os aspectos pedagógicos, quer pelo gestor, se necessário, ao nível da organização. 2.3. No fim da formação Este tipo de avaliação é uma avaliação de certificação, ou de validação. Ela pode ter efeito sobre a eficácia interna (as competências podem ser esperadas por todos os participantes?), ou sobre a eficiência, (as competências podem ser 86 esperadas com custos mínimos, em termos de tempo, de energia, de recursos financeiros ?). 2.4. Depois da formação É a avaliação da eficácia externa, ou avaliação da transferência que se baseia, ou sobre os efeitos da formação, se nos interessamos por aquilo que é utilizado imediatamente depois da formação, ou sobre o impacto desta, se nos interessamos por aquilo que fica depois de um determinado tempo. 3. O «COMO» AVALIAR : os métodos e técnicas de avaliação Trata-se de rever os métodos, as técnicas, e as formas de utilizar estas, para recolher as informações, visando uma decisão. 3.1 As categorias de informação a recolher Há duas categorias de informações15: as realizadas (exemplo : colocar os participantes em situação para verificar se as competências profissionais a adquirir estão efectivamente adquiridas), e as representações (exemplo : fazer preencher um questionário para avaliar a satisfação dos participantes no fim da formação). 3.2 Os métodos e técnicas de recolha de informação Existem, sobretudo, três métodos principais para a recolha de informações no quadro da formação de professores: a observação das práticas dos professores para avaliar a transferência das aquisições num local de trabalho (eficácia externa), o questionário que serve a qualquer o tipo de avaliação (de orientação, de regulação et de validação), a entrevista para conduzir qualquer tipo de avaliação. 3.3 O tratamento da informação É uma operação que convém conduzir com muita flexibilidade. Convém antecipála (no momento da elaboração dos instrumentos), definir as prioridades (privilegiar os tratamentos que culminam nos resultados úteis), dar sentido às informações (compreender porque é que obtemos tais resultados), completar a 15 (De Ketele & Roegiers, 1993 ; Gerard, 2003) 87 recolha de informações (para explicar, ainda mais, tal ou tal ponto que não está suficientemente claro.) 4. A AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE UMA FORMAÇÃO 4.1 Eficácia interna e eficácia externa Há dois aspectos: aquele que diz respeito à eficácia interna (no fim da formação : as competências são adquiridas por todos os participantes ?) e aquele que está ligado à eficácia externa (depois da formação : os formandos puseram em prática, no terreno, as competências adquiridas ?) 4.2 Avaliar a eficácia interna de uma formação A avaliação da eficácia interna de uma formação pode ser analisada em dois sentidos: • Através de um questionário para a recolha das representações sobre a eficácia interna (produtos do seminário). • Através de situações complexas que correspondem às competências a adquirir. Por exemplo, para a competência a desenvolver « construir uma situação de integração », dar ao participante uma competência de base, os parâmetros da família de situações, eventualmente um ou dois exemplos de situações, e pedir-lhes que produzam uma nova situação complexa da mesma família de situações. 4.3 Avaliar a eficácia externa de uma formação Trata-se de verificar que a transferência da competência adquirida é real e que produz um efeito observável no terreno. Para atingir este objectivo, é preciso recolher as informações : • Através da observação das práticas dos participantes no seu local de trabalho, algumas semanas depois do fim da formação; ou um questionário. • Através de um questionário aplicado aos participantes, algumas semanas depois do fim da formação, ou de conversas com eles; • Através de um questionário ou de conversas junto dos seus colegas e seus superiores hierárquicos. 88 5. ALGUNS INSTRUMENTOS 5.1 Exemplo de grelha de avaliação de uma formação 89 5.2 Exemplo de questionário de avaliação de uma formação 1. Como se sente à saída desta formação? Não aprendi nada. Aprendi pouco. Aprendi de forma satisfatória. Aprendi muito. 2. Pensa que a alternância teórico-prática permitiu uma eficácia máxima? Nada Parcialmente Suficientemente Completamente 3. Está satisfeito(a) com os conteúdos propostos? Nada satisfeito Pouco satisfeito Satisfeito Muito satisfeito 4. Está satisfeito (a)com as competências que adquiriu? Nada satisfeito Pouco satisfeito Satisfeito Muito satisfeito 5. Por cada competência, estime o seu nível de desempenho. 0 = nada capaz Antes a formação No fim da formação a) Corrigir um trabalho do aluno de forma criteriosa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 b) Construir uma situação de avaliação 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 c) Elaborar um dispositivo de remediação 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 10 = muito capaz 6. Pensa que as competências adquiridas na formação são as que o/a ajudarão melhor a ser mais competente no seu trabalho? Nada Parcialmente Suficientemente Totalmente 7. Está satisfeito(a) com as possibilidades de utilização dos conhecimentos no seu local de trabalho? Nada satisfeito Pouco satisfeito Satisfeito Muito satisfeito 90 8. Que a parte dos conhecimentos pensa poder aplicar no seu local de trabalho? Nenhuma parte Uma pequena parte dos conhecimentos Uma parte aceitável dos conhecimentos Uma grande parte dos conhecimentos 9. Dentro de quanto tempo terá oportunidade de utilizar os seus conhecimentos no seu local de trabalho? Nunca antes de 1 ano Nunca antes de 3 meses Dentro de três meses No mês que se segue à formação 10. Está optimista quanto às possibilidades de transferência dos conhecimentos? Céptico Com dúvida Confiante Optimista 91 5.3 Exemplo de questionário para avaliar a eficácia externa de uma formação 1. As competências desenvolvidas são aplicadas logo à saída da formação? Nunca Cerca de um mês mais tarde Uma ou duas semanas mais tarde Imediatamente 2. As competências desenvolvidas foram partilhadas com outros colegas depois do regresso da formação? Nada Pontualmente O essencial, informalmente Imediatamente, num momento previsto para o efeito 3. Das técnicas aprendidas na formação, que proporção é utilizada hoje, no quotidiano? Nenhuma Uma pequena parte Cerca de metade Uma grande parte 4. Um mês depois da formação, as técnicas aprendidas na formação são utilizadas de forma espontânea? Nunca Raramente Por vezes Sempre 5. Para cada competência, estime o nível da sua performance, um mês depois da formação 0 = Nada capaz 10 = Muito capaz No fim da formação Um mês depois da formação a) Corrigir um trabalho de um aluno de forma criteriosa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 b) Construir uma situação de avaliação 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 c) Elaborar um dispositivo de remediação 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 6. Na aplicação das competências adquiridas na formação, encontra dificuldades ligadas à própria formação? Grandes dificuldades Certas dificuldades Dificuldades ultrapassáveis Nenhuma dificuldade Diga quais : …………………………………………………………………….. 92 7. Na aplicação das competências adquiridas na formação, encontra dificuldades ligadas ao seu contexto profissional? Grandes dificuldades Certas dificuldades Dificuldades ultrapassáveis Nenhuma dificuldade Diga quais : …………………………………………………………………….. 8. Sente-se acompanhado (a) na utilização das competências adquiridas? Nada Parcialmente Suficientemen te Muito 93 5.4 Exemplo de questionário para avaliar a eficácia externa de uma formação 1. As competências desenvolvidas são aplicadas logo à saída da formação? ❒ Nunca ❒ Cerca de um mês mais tarde ❒ Uma ou duas ❒ Imediatamente semanas mais tarde 3. As competências desenvolvidas foram partilhadas com outros colegas depois do regresso da formação? ❒ Nada ❒ Pontualment O essencial, e informalmente ❒ Imediatamente, num momento previsto para o efeito 3. Das técnicas apreendidas na formação, que proporção é utilizada hoje, no quotidiano? ❒ Nenhuma ❒ Uma pequena ❒ Cerca de parte metade ❒ Uma grande parte 4. Um mês depois da formação, as técnicas apreendidas em formação são utilizadas de forma espontânea? ❒ Nunca ❒ Raramente ❒ Por vezes ❒ Sempre 5. Para cada competência, estime o nível da sua performance, um mês depois da formação 0 = Nada capaz 10 = Muito capaz No fim da formação Um mês depois da formação a) Corrigir um trabalho de um aluno de forma criteriosa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 b) Construir uma situação de avaliação 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 c) Elaborar um dispositivo de remediação 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 6. Na aplicação das competências adquiridas na formação, encontra dificuldades ligadas à própria formação? ❒ Grandes dificuldades ❒ Certas dificuldades ❒ Dificuldades ultrapassáveis ❒ Nenhuma dificuldade 94 ❒ Diga quais : …………………………………………………………………….. 2. Na aplicação das competências adquiridas na formação, encontra dificuldades ligadas ao seu contexto profissional? ❒ Grandes dificuldades ❒ Certas dificuldades ❒ Dificuldades ❒ Nenhuma dificuldade ❒ ultrapassáveis ❒ Diga quais : …………………………………………………………………….. 8. Sente-se acompanhado(a) na utilização das competências adquiridas? ❒ Nada ❒ Parcialmente ❒ Suficientemen ❒ Muito te 95