REVISTA N.º 22 · PUBLICAÇÃO PERIÓDICA · NOVEMBRO 2015
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REVISTA N.º 22 · PUBLICAÇÃO PERIÓDICA · NOVEMBRO 2015
REVISTA N.º 22 · PUBLICAÇÃO PERIÓDICA · NOVEMBRO 2015 O DESEMBAR UE índice ficha técnica Editorial Fuzileiro... Para Sempre! 3 Dia do Fuzileiro Dia do Fuzileiro 4 Eventos Inauguração do Monumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar – Santarém III Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo Inauguração do Monumento aos Antigos Combatentes – 10.º Aniversário – Lourinhã Inauguração do Monumento aos Combatentes – Vila Franca de Xira 10 10 11 12 Notícias Director-Geral da DGAM VAlm António Silva Ribeiro – Apresentação de Cumprimentos da AFZ – Visita à Sede da Associação de Fuzileiros 13 Guião da Associação de Fuzileiros Fuzileiros Portugueses e a CTM em Cabo Verde Museu na Relva Reunião com as Delegações – Juromenha 14 13 14 16 17 Cultura & Memória Momentos de Terror SPM 0468 – Primeira experiência com as ALG’s 18 Dez de Junho “O 10 Junho” de 2015 – Homenagem aos Combatentes – XXII Encontro Nacional Comemorações do 10 de Junho de 2015 – Lamego 19 23 Contos & Narrativas A Base de uma Estória Estórias por Contar 24 26 Homenagem Voto de Pesar AFZ (Dr. Marques Pinto) Marques Pinto – Um Camarada do 8.º CEORN Texto de homenagem à memória do CMG SEF António Fernando Salgado Soares 27 28 30 Corpo de Fuzileiros Intercâmbio Bilateral Fuzileiros – US Marines 31 Delegações Delegação do Algarve Delegação do Douro Litoral Delegação de Juromenha/Elvas 33 34 36 Propriedade Associação de Fuzileiros Rua Miguel Pais, n.º 25, 1.º Esq. 2830-356 Barreiro Tel.: 212 060 079 • Telem.: 927 979 461 email: [email protected] www.associacaofuzileiros.pt Edição e Redacção Direcção da Associação de Fuzileiros Director José Ruivo Directores Adjuntos Leão Seabra e Benjamim Correia Editor Principal Benjamim Correia Colaborações Delegações da AFZ, CM, JR, LS, BC, Ribeiro Ramos, Miranda Neto, José Horta, Paulo Gomes da Silva e Adelino Couto Fotografia: Ribeiro, Afonso Brandão, Pedro Gonçalves e Mário Manso Capa (Fotografias): AFZ, MLS Capa (Arranjo): Manuel Lema Santos Divisões Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas 38 Cadetes do Mar Unidade do Corpo de Cadetes do Mar Fuzileiros 40 Convívios Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 12 – 47.º Aniversário – Guiné 1967/69 Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 10 – Angola 1969/71 Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 2 – Angola (Lunguébungo)1973/75 Companhia de Fuzileiros Especiais N.º 3 – Angola 1972/74 Encontro Anual do 18.º CFORN – 44.º Aniversário Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 13 – Guiné 1968/70 Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 2 – Angola 1965/67 Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 4 – Guiné 1965/67 1.º CFORN FZ/RN 1985/86 – 30.º Aniversário 41 42 43 44 45 47 48 49 50 Obituário 51 Diversos 51 Fotos de Capa: Publicação Periódica da Associação de Fuzileiros Revista n.º 22 • Novembro 2015 O Dr. Marques Pinto na assinatura do Livro de Honra da Escola Naval por ocasião do 40.º Aniversário do ingresso do 8.º CEORN naquela Instituição (relevo); Dia do Fuzileiro 2015 (fundo). Coordenação e produção gráfica Manuel Lema Santos [email protected] Impressão e acabamento GMT Gráficos, Lda. Rua Sebastião e Silva, n.º 79, Piso O Massamá – 2745-838 Queluz Tel.: 214 382 960 email: [email protected] Tiragem 2.000 exemplares Depósito legal n.º 376343/14 ISSN 2183-2889 Não reconhecemos qualquer nova forma de ortografia da língua portuguesa mas, no respeito por diferente opção, manteremos os textos de terceiros aqui publicados que configurem outra forma de escrita. O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt editorial José Ruivo O lema dos Fuzileiros “Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre” não é apenas uma frase que se lança da boca para fora. É uma realidade, uma constatação. É mesmo assim, é uma coisa que está dentro de nós, não há nada a fazer. O percurso de vida do Dr. Marques Pinto, Vice Presidente da Direcção Nacional da Associação de Fuzileiros, é mais um de muitos exemplos dessa realidade. Cumpriu o serviço militar obrigatório na Marinha, como Oficial da Reserva Naval, na classe de Fuzileiros e nunca mais, ao longo da sua vida, deixou de ser fuzileiro. O que leva um homem a não esquecer? O que marca e agarra um homem à memória de alguns (por vezes poucos) anos de uma experiência militar especial – ser fuzileiro? Como pode o simples facto de ser ou de ter sido algo, que é tão passageiro mas se torna tão definitivo, marcar uma vida, mesmo que ela seja longa e diversificada, uma vida plena de desafios profissionais, de saberes, de vivências acumuladas, uma vida de afetos familiares construída ao sabor de um mar de alegrias e desventuras, como são todas as nossas vidas? Para muitos de nós, fuzileiros no cumprimento do serviço militar, esta passagem foi breve se comparada com o tempo global. No entanto, ela ficou registada na nossa pele como especial, definitiva, total … Quantos de nós já se interrogaram – porquê? Porque não esqueci, porque ficou a marca de ser fuzileiro, porque sou diferente por um dia ter feito parte deste grupo? Foram os valores inculcados, foi o sentimento de pertença a um grupo com objetivos e valores comuns que, pela sua grandeza, transcendem a nossa vivência e as nossas metas individuais? Foram as amizades cimentadas numa época em que tudo se vive com mais intensidade, no alvor da vida adulta, a dureza das missões, quando a solidariedade é um gosto e uma necessidade para ultrapassar os desafios que sobre o fuzileiro impendem? O que nos faz sentir que somos fuzileiros… para sempre? Cada um de nós terá certamente uma resposta diferente para esta pergunta. Muitos não terão encontrado uma resposta, outros prescindem de se interrogar, porque simplesmente sentem e sabem que são fuzileiros, que sempre o serão… porque é assim a vida de um homem – há coisas que temos, há coisas que fazemos e há outras que somos, simplesmente. Ser fuzileiro é um estado de passagem (foi-se uma dia…) que se torna duradouro… para sempre. O nosso camarada Marques Pinto, que nos deixou em Agosto e ao mar retornou como acontece à alma de um marinheiro, foi o exemplo de um homem bom e de um fuzileiro integral. Alguém que sempre o foi, mesmo quando deixou de o ser formalmente, colaborando ativamente – na Associação de Fuzileiros como VicePresidente, durante quase três mandatos, na AORN, Associação de Oficiais da Reserva Naval, como Presidente, em múltiplas atividades relacionadas com os fuzileiros e as suas causas, oferecendo à causa dos fuzileiros todo o seu empenho e saber, com dedicação e entusiasmo. Ser fuzileiro é um estado que permanece ao longo da vida, que fez de cada um de nós um ser diferente e melhor. Todos sabemos e sentimos que ser fuzileiro é o resultado de um mergulho num quadro de valores que nos marcou o carácter de uma forma especial e que, a par do mergulho na pista de lodo de Vale do Zebro, nos tornou mais fortes e mais limpos. O Marques Pinto fica na nossa memória como um dos nossos melhores, porque tão bem soube encarnar o espírito do fuzileiro e nunca perdeu esta bandeira ao longo da sua vida longa e variada, renovando e revivendo na idade madura o seu sonho de jovem fuzileiro – não se nasce fuzileiro, o Marques Pinto viveu e morreu fuzileiro! Um homem vale por aquilo que é, não por aquilo que tem ou por aquilo que fez. O Marques Pinto foi um homem bom, generoso, cheio de energia e entusiasta nos seus projetos, ser fuzileiro era a sua segunda pele; vale por isso, por ser quem foi – um Fuzileiro... Para Sempre!. José Ruivo Presidente da Direcção O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt Fuzileiro... Para Sempre! N.R.: Neste número, são publicados textos editados ou preparados pelo Dr. Carlos Marques Pinto 3 dia do fuzileiro Dia do Fuzileiro 4 de Julho de 2015 O 4 de Julho de 2015 foi, sem dúvida, um dia especial para os FUZILEIROS que afluíram em massa à casa mãe, a Escola de Fuzileiros, vindos de todo o país e do estrangeiro. Comemorava-se o Dia Nacional do Fuzileiro que, há uns anos a esta parte, ocorre no primeiro Sábado do mês de Julho de cada ano. Com todas as emoções a virem ao de cima, e o caso não era para menos, os Fuzileiros, mais antigos e mais modernos, todos juntos, partilhando do mesmo espaço, das mesmas instalações e da mesma refeição… estavam em casa. Muitos quiseram mesmo atolar-se na mítica pista de lodo para lhe sentir o cheiro como que para recarregar baterias para mais um ano. Com todo o respeito pelos santuários do mundo, este, a Escola de Fuzileiros, é o nosso Santuário. Foi aqui que fomos talhados como muito bem ilustra a estátua do escultor Tolentino de Lagos colocada em frente ao edifício que alberga o magnífico Museu do Fuzileiro. As palavras elogiosas recebidas após o evento, quer no Corpo de Fuzileiros (CF) quer na Associação de Fuzileiros (AFZ), não deixam margem para dúvidas. Foi um sucesso! A organização do evento, como está acordado, foi conjunta entre o Corpo de Fuzileiros e a Associação de Fuzileiros. As duas Instituições uniram esforços para que tudo funcionasse e decorresse da melhor forma. Ao longo do ano, vários grupos de Fuzileiros reúnem-se em centenas de eventos de índole mais restrita (Destacamentos, Companhias, Pelotões, Incorporações, Escolas, etc.), muitos deles tendo como palco, também, a Escola de Fuzileiros. Mas este é, sem dúvida, o encontro mais marcante para todos os que se orgulham de envergar a boina azul ferrete, símbolo de união entre todos os Fuzileiros. O planeamento foi pormenorizado e procurou prever todas as situações o que indiciava que “as coisas” se iriam desenrolar como previsto, o que aconteceu, sendo que tudo assentou em quatro pontos essenciais: – a festa/o convívio; – a segurança; – a empatia; – a mística. Com efeito o Corpo de Fuzileiros deu as directivas e delegou, como é normal, na Escola de Fuzileiros, as questões de planeamento detalhado, em articulação com a AFZ. No que à segurança diz respeito foram estabelecidas regras claras que, assentes na disciplina, vieram a funcionar perfeitamente. As actividades físicas, as que requerem maiores cuidados face ao entusiasmo dos participantes, foram objecto de especial atenção. Prevenir acidentes que possam ofuscar uma grande festa, é sempre um mote que não pode ser esquecido. Assim, conhecidos os riscos, foram tomadas todas as medidas para que os praticantes percebessem o enquadramento e assumissem por escrito a responsabilidade dos seus actos. Quanto aos passeios de LARC, de LAR e de bote Tipo III, seguiram-se as habituais normas de segurança de forma a limitar alguns riscos e controlar os perigos que a actividade envolve. 4 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt dia do fuzileiro Além de toda as informações previamente divulgadas, foram distribuídas pela Unidade “equipas” disponíveis para facultar esclarecimentos aos visitantes/participantes sobre o que estava a decorrer e onde, incluindo sobre aspectos logistico/ administrativos O “Espírito de Corpo” dos Fuzileiros e a mística que o envolve estiveram presentes em todos os momentos; desde a cerimónia militar, onde os nossos mortos foram evocados com as honras que lhes são devidas, passando pela Santa Missa, muito participada, onde, mais uma vez, os camaradas que já nos deixaram foram lembrados com todo o respeito que lhes devemos. Nos discursos do senhor Contra-Almirante Comandante do Corpo de Fuzileiros e do senhor Presidente da Associação de Fuzileiros, as palavras proferidas reforçaram a importância do espírito de corpo e da sã camaradagem que esta comemoração transporta desde a sua génese. O almoço, distribuído a quase mil pessoas, estava, como sempre, impecável. Algum tempo de espera, inevitável nestas situações, não desanimou aqueles que vieram para festejar, rever amigos de longa data, conviver e reviver episódios que ocorreram em contextos marcantes das nossas vidas. De louvar o grande esforço levado a efeito pela Escola de Fuzileiros para aumentar o espaço coberto que permitiu que toda a gente pudesse usufruir de lugar sentado, debaixo de uma sombra, para tomar calmamente a sua refeição e conviver com os amigos. Os petiscos regionais também apareceram e são sempre bem vindos porque fazem parte do espírito de partilha que cimenta a amizade entre todos. Na cerimónia militar que, como habitualmente, teve lugar junto ao monumento ao Fuzileiro, foi especialmente tocante ver os nossos veteranos desfilar, garbosamente, com os guiões das antigas unidades em simultâneo com uma força operacional da estrutura actual do Corpo de Fuzileiros, assim como foi igualmente significativo, ver os guiões da Associação de Fuzileiros e das suas Delegações integrados na mesma cerimónia. São realidades que atestam da nossa vitalidade e auguram futuro para os presentes e vindouros. O programa das comemorações foi este ano enriquecido com uma interessante exposição de modelismo coordenada pelo senhor Comandante Silva Rocha, Presidente da Associação de Modelismo de Almada. Uma novidade que registamos com muito agrado e que ocorreu na ala nascente do Museu do Fuzileiro. Por considerar de interesse cito aqui, com a devida vénia, a referência que a esta exposição foi feita pelo Blog “Barco à Vista”: “Esta exposição abrangeu modelos à escala associados à Marinha de Guerra Portuguesa, Fuzileiros Navais e Modelismo Naval, num total de 41 modelos expostos. Foi coordenada pelo CCF, Comando da Escola de Fuzileiros e pela Associação de Fuzileiros, contando com um inestimável contributo e apoio organizacional da AMA - Associação de Modelismo de Almada. A exposição esteve presente na Sala-Museu dos Fuzileiros durante 7 horas, recebendo 888 visitantes, na sua maioria Fuzileiros, respetivos familiares e amigos, fazendo as delícias de miúdos e graúdos!” Além da exposição de modelismo o programa contou ainda com a Exposição de Viaturas do “Núcleo Museológico de Viaturas Antigas da Marinha” que estiveram em exposição estática na rua que circunda a parada principal, a norte. De referir que estas preciosidades, que então pudemos apreciar, se deslocaram para o local da exposição pelos seus próprios meios o que diz bem do interesse com que a Marinha, através da sua Direcção de Transportes, trata o seu património automóvel antigo e que também faz parte da história da Marinha contemporânea. À laia de conclusão, e como referiu o nosso querido amigo Dr. Marques Pinto, recentemente falecido, “a perfeição não é fácil de atingir mas com a experiência adquirida é sempre possível melhorar alguma coisa”. Será isso que certamente se fará no próximo ano levando em consideração as lições aprendidas de forma a continuar a fazer do Dia do Fuzileiro um encontro de camaradas de grande referência nacional. Benjamim Correia Sóc. Orig. 1351 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 5 dia do fuzileiro Discurso do Comandante do Corpo de Fuzileiros, CALM Luís Carlos de Sousa Pereira Quando pensei naquilo que hoje gostaria de dizer, uma dúvida assaltou-me de imediato: como se começa um discurso numa ocasião como a de hoje? O dia do fuzileiro é sobre pessoas: pessoas, que nas palavras nos habituamos a ouvir como sendo o mais importante das instituições, mas que, depois, as suas ações desmentem, por razões cuja razão não percebemos. Mas são as pessoas que fazem as instituições, é para as pessoas que as instituições existem, e é por causa das pessoas que as instituições prosperam. Permitam-me assim que não faça distinções e me dirija a todos por igual, agradecendo a vossa presença neste dia de enorme significado para os fuzileiros. Tal como as instituições, é da participação individual que se constrói esta extraordinária moldura humana, este grupo excecional de pessoas com quem me orgulho de poder partilhar este momento. Na nossa vida de militares convivem permanentemente três universos: o indivíduo, o grupo e a missão. E é em nome do grupo e em prol da missão que muitas vezes se têm de fazer sacrifícios pessoais. Humanizar as forças aramadas não é o mesmo que as «civilizar», no sentido de as tornar mais próximas da vida civil, pelas regras ou pelos comportamentos. Aceitar esta diferença é essencial para todos e a única forma de servirmos bem aqueles que temos, por missão, defender. Ser fuzileiro é, e terá sempre de ser, motivo de união, independentemente da personalidade de cada um, das naturais diferenças de opinião, ou da diversidade de perspetivas sobre a realidade que nos cerca. Ser fuzileiro é ser Homem, define um grupo e descreve uma missão na vida «Um fuzileiro nunca fica para trás», é um bom mote para a um dia de memória, de partilha, e de união. – Dia de Memória, para que não esqueçamos o sacrifício dos que morreram em defesa daquilo que a Pátria lhes ensinou ser justo. São exemplo do que o homem é capaz, algo que nos tempos que correm é tantas vezes esquecido, senão mesmo desvalorizado, como próprio de tempos longínquos. Os fuzileiros honram e recordam os seus camaradas que caíram em combate, e os seus nomes estão gravados num memorial no Museu do Fuzileiro, onde todos podereis testemunhar que mesmo tendo partido, estes homens não deixam, também hoje, de estar aqui presentes; – Dia de Partilha, de ideais, de valores, e de uma atitude que definem o ser fuzileiro, e cuja presença aqui de diferentes gerações de fuzileiros é a melhor prova. Relevo, a este propósito, a presença dos antigos combatentes, referências incontornáveis na coragem, altruísmo e sentido do dever. Partiam aceitando que podiam não regressar, mas faziam-no sabendo que era esse o seu dever. Muito obrigado por um exemplo que não pode deixar de ser uma lição de vida para toda a nossa sociedade; Assinalo também a presença dos fuzileiros da era das «missões de paz», designação que terá induzido a sociedade numa falsa noção sobre o contexto em que os nossos militares são empenhados, e da qual resultou uma enorme incompreensão, e uma muito injusta perceção, sobre a perigosidade de tais empenhamentos. Tal como no passado os fuzileiros respondem e continuarão a responder «prontos», partindo sem certezas sobre se aqueles que hoje vão auxiliar se irão transformar nalguém que lhes quer o mal. Obrigado pela vossa disponibilidade, e por permitirem que outros usufruam da liberdade que vós, em todas as missões, ajudais a fortalecer; – Dia de União, força maior da ação, da entreajuda e da promoção de laços de confiança e de lealdade; união muitas vezes forjada na adversidade, que gera necessidade e interdependência. Mas a atitude, os laços e a dedicação, assentam numa disponibilidade mental e numa estabilidade psicológica só possível com o enorme apoio que nos é dado pelas famílias. Este suporte é, de facto, intemporal, porque é comum a todas as gerações. E é das famílias também este dia: das nossas mulheres, que educaram os nossos filhos; que silenciaram medos e preocupações para que pudéssemos ser felizes no nosso retorno. Dos nossos filhos que ficam gratos pelos, muitas vezes, poucos momentos que partilham connosco, fazendo-nos acreditar que tais momentos possam ser, ou ter sido, suficientes. Dos nossos pais e das nossas mães, cuja preocupação connosco é permanente, mas que disfarçam as suas apreensões na esperança de que possamos partir com a ilusão de que quem deixamos fica em paz. Nada paga o que a família faz por nós, e nós, quiçá dando-o por garantido, nunca agradecemos vezes suficientes. Proteger a família é não só um dever moral mas o garante de que o País pode continuar a contar com aqueles, poucos e cada vez menos, que colocam a Pátria à frente de tudo mais. Os Fuzileiros estão entre esses muito poucos; mas tanto ou mais importante do que reconhecer o papel dos que fizeram essa escolha, é reconhecer e valorizar devidamente a importância que a família tem para que tal escolha possa acontecer. Termino, com um agradecimento a um grupo muito especial de pessoas, que são as que pensaram, planearam e trabalharam para tornar este dia possível. Sem vós não haveria o Dia do Fuzileiro. Agradeço a todos o tempo, a dedicação e o excelente trabalho que nos vão permitir a todos desfrutar de mais uma celebração que, tenho a certeza, recordaremos com enorme saudade e orgulho por muito tempo. A todos um bom dia do Fuzileiro. 6 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt dia do fuzileiro Discurso do Presidente da Direcção da Associação Nacional de Fuzileiros José António Ruivo Fuzileiros! Comemoramos hoje, mais uma vez o Dia do Fuzileiro. Neste dia tão especial para todos nós fuzileiros, não vou distinguir ninguém em particular. Hoje somos todos fuzileiros. O “Dia do Fuzileiro”, como é presentemente comemorado, teve origem no “Encontro Nacional de Fuzileiros”, evento promovido pela Associação de Fuzileiros e que permitiu, ano após ano, até 2008, o convívio entre Fuzileiros de todas as gerações, acompanhados de familiares e amigos para, numa amálgama de reconfortante nostalgia, alegria e orgulho, “matarem” saudades. O 1.º Dia do Fuzileiro ocorreu em 2009, numa iniciativa conjunta do Comando do Corpo de Fuzileiros e da Associação de Fuzileiros. Esta iniciativa, em boa hora tomada, pretendia juntar anualmente, na “Casa Mãe”, todos os militares da boina azul-ferrete. De uma ideia simples, evoluiu-se para uma “festa” grande, do tamanho da dignidade que os Fuzileiros merecem. Como habitualmente o encontro tem lugar na Escola de Fuzileiros, a casa por onde todos nós entrámos para servirmos Portugal na Marinha e nos Fuzileiros, e que nos encheu deste orgulho e deste inexplicável sentimento de pertença. A passagem dos anos torna este encontro cada vez mais importante e mais significativo nas nossas vidas. É por demais evidente o respeito e a admiração que merecem todos aqueles que, sacrificando a sua família e a sua vida, quando não mesmo perdendo a própria vida, se entregaram a servir e a combater por Portugal. Esses serão também hoje aqui homenageados. Criado para unir a grande Família dos Fuzileiros, fuzileiros que se encontram distribuídos por todo o território nacional. Do Minho ao Algarve, nos Açores e na Madeira, não existe terra, por mais pequena que seja, que não tenha e não honre aqueles que serviram na Marinha e nos fuzileiros. Foi esta a família que desde o início nos acolheu e nos ensinou a dar os primeiros passos. Este encontro sempre teve o convívio entre gerações como aquilo que motivará esta romaria anual até à Escola de Fuzileiros. E foi neste sentido que as duas organizações juntaram esforços para que todos os fuzileiros, novos e menos novos possam tomar parte nesta festa. É na base deste relacionamento que se conseguirá unir a tal geração mais antiga, do tempo do ultramar aos que, desde então, continuam a honrar a mesma boina tão duramente conquistada. E serão os mais novos que terão sobre si a responsabilidade de darem continuidade a esta família. A família junta-se mais uma vez, nesta inexorabilidade tão nossa para matar saudades, sentir nostalgias, contar e voltar a contar histórias. A história é feita também de memória e de exemplos. Alguns estão já afastados do serviço activo há algumas décadas, mas continuam a exibir o mesmo sentido de camaradagem, o mesmo espírito e o mesmo orgulho na boina de fuzileiro. Com eles mais me convenço que o nosso lema “Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre” é mesmo assim, verdadeiro, e que tem outro sentido e outra profundidade neste cenário e nesta fase da nossa vida. Recusamo-nos a ser velhos. O nosso tempo será sempre aquele em que por cá andarmos, independentemente da idade. E o afastamento da vida activa não tem que implicar um alheamento daquilo que tanto nos diz. Se a Escola de Fuzileiros é a casa de entrada, podemos considerar a Associação de Fuzileiros a casa de saída, na medida em que nos permite manter a ligação à Marinha e aos Fuzileiros. O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 7 dia do fuzileiro A Associação de Fuzileiros continua a crescer de mês para mês através da adesão de novos associados. As iniciativas sucedem-se com sucesso, tanto ao nível da Direcção Nacional como das suas Delegações. Os exemplos falam por si e têm sido vários, como aquele recentemente ocorrido em que, durante mais um almoço de confraternização, e de forma espontânea, os presentes se cotizaram e ofereceram uma cadeira motorizada a um camarada de todos conhecido e estimado. Ou o do sócio 2340, José Luís que, sofrendo há cinco anos de doença prolongada, liga frequentemente para a Sede da Associação onde é atendido pela voz amiga da secretária ou do Secretário Geral. Estes exemplos, e por sugestão de um nosso associado, levam-nos a constituir um Fundo de Solidariedade, constituído com base em donativos especialmente dedicados a esse fundo, de forma que nos permita acorrer a situações de manifesta urgência e necessidade. Relembro também aqui o evento dos contadores de histórias – cada história tem seu fado, assim como as inúmeras provas desportivas realizadas ao longo do ano. A prova Amphibious Chalenge, realizada há poucos dias na Escola de Fuzileiros, contou com a participação de cerca de um milhar de atletas. As nossas Delegações, do Douro Litoral, Jorumenha/Elvas, e Algarve estão igualmente muito activas, bem inseridas nas respectivas sociedades e com um excelente relacionamento com as autoridades locais, fruto do prestígio que têm vindo a grangear. Esperamos que, em breve, a Delegação do Douro Litoral possa instalar-se de novo no Farol de Leça da Palmeira, através de um protocolo que irá ser estabelecido entre a Direcção Geral da Autoridade Marítima e a Associação de Fuzileiros. Também o programa deste Dia do Fuzileiro proporcionará certamente um dia cheio de actividades e emoções. Este ano, como já tiveram oportunidade de constatar, temos duas novidades: a exposição de viaturas antigas utilizadas na Marinha, da responsabilidade da Direcção de Transportes e a exposição e workshop de modelismo. Muitos colaboram – sem cuidar recompensa – para que o Dia do Fuzileiro seja, de facto, o dia de todos nós. A Associação de Fuzileiros vem, ano após ano, oferecendo o seu prestígio, empenhando os seus associados, emprestando o seu saber, garantindo o seu apoio incondicional e a participação significativa dos seus sócios. Cumpre aqui referenciar o esforço do Corpo de Fuzileiros e da Escola de Fuzileiros que colocam neste dia o melhor do seu saber de organização e do espírito do fuzileiro. Aqueles que, até hoje deram o seu tempo, a sua disponibilidade, o seu empenho e o seu saber a esta organização merecem de todos nós toda a estima, consideração e respeito. FUZILEIRO UMA VEZ, FUZILEIRO PARA SEMPRE 8 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt dia do fuzileiro PROTOCOLOS SUBSCRITOS PELA AFZ (Com vantagens para os Sócios) KéroCuidados Open Smile Presta Serviços a idosos e Famílias Clínica Médica – Presta Serviços Médicos, inclui Méd. Dentista Associação Recreativa e Desportiva Bons Amigos (ARDBA) Convívio Social e desenvolvimento de diversas Modalidades Desportivas Grupo Desportivo e Recreativo Unidos da Recosta (GDRUR) Convívio Social e desenvolvimento de diversas Modalidades Desportivas Editora Náutica Nacional, Lda. (ENN) Editora de Capitais privados – Edita a Revista de Marinha e também livros Manuel J. Monteiro & Cª, Lda (MJM) Especializada na Comercialização de Electrodomésticos, representa as Marcas: Junex, Vaillant, Gorenje, Dito Sama, Gisowatt e Stiebel Eltron Funerária Central Vila Chã Associação Nacional de Agentes de Segurança Privada ANASP 30% desconto em todos os serviços Formação e Credenciação Ariston Thermo Group ARISTON Painéis solares e Bombas de calor, Termoacumuladores eléctricos, a gás e Esquentadores, Caldeiras a gás Casa de Repouso São João de Deus Acolhimento em regime interno, possui dois estabelecimentos: Lagoa da Palha, Pinhal Novo e Cabeço Verde, Barreiro Casa de Repouso Quinta da Relva Acolhimento de idosos, lar e cuidados continuados MH Wellness Club Motricidade Humana Prestação de Serviços na área do desporto, saúde e lazer – Santo André, Barreiro Kangaroo Health Clube Prestação de Serviços na área do desporto, saúde e lazer – Quimiparque, Barreiro GAMMA Grupo de Amigos do Museu de Marinha Universidade Lusófona COFAC – Cooperativa de Formação e Animação Cultural – Lisboa e Porto 10% desconto nas propinas Universidade Lusófona ISES – Instituto Superior de Segurança - Conferências Funerária São Marçal 20% – Canha Montijo SITAVA Instituto Médico Dentário do Barreiro (IMDB) Ortopaulos Parque Campismo – Brejo da Zimbreira, Vila Nova de Mil Fontes Medicina dentária e geral Fabrico e comercialização de próteses e de ortóteses Para mais pormenores, podem consultar o Site da AFZ, o Secretariado Nacional (Tel.: 212 060 079 –Telm.: 927 979 461) ou as nossas Delegações O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 9 eventos Inauguração do Monumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar Santarém E m representação da Associação de Fuzileiros esteve presente, no passado dia 10 de Junho, na inauguração do Monumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar, em Santarém, o Vogal da Direcção, António Couto. 4.º Destacamento de Fuzileiros Especiais, na Guiné, em 1970/72, falecido em 16 de Outubro de 1971. Cerimónia relevante da Liga dos Combatentes, com as honras devidas, teve a particularidade de, também ser homenageado, a título póstumo, o 1.º Grumete FZE – 976/69, José António Moreira Santos, que prestou comissão de serviço no Presentes na cerimónia, muitos familiares e amigos de antigos combatentes e, também, antigos fuzileiros do Concelho de Santarém de entre os quais o actual Comandante da Guarda Nacional Republicana do Distrito de Santarém. No memorial do Monumento ficou registado o seu nome. Cerimónia simples mas eivada de significado, onde estiveram presentes autoridades civis e militares e onde ficaram consagrados, mais uma vez, o respeito e a admiração que as populações sempre nutrem pelos combatentes e, designadamente, por aqueles que defenderam, com convicção, dando, muitas vezes, a saúde e a própria vida em defesa da Pátria. António M. Caldeira Couto Sóc. Orig. n.º 448 III Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo O III Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo realizou-se, entre Vila Velha de Ródão e Oeiras, em honra de Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo, entre 30 de Maio e 14 de Junho deste ano. O Cruzeiro tem como objectivos celebrar a religiosidade das comunidades ribeirinhas do Tejo, promover a Cultura Avieira a Património Nacional Imaterial e da Unesco, bem como evidenciar as potencialidades do Rio Tejo. 10 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt eventos Trata-se de uma peregrinação fluvial que percorre o curso do Tejo e tem a característica de que alguns dos barcos que fazem todo o cruzeiro, desde o seu início até ao final, serem barcos tradicionais avieiros (as bateiras) em madeira. Uma destas embarcações tem perto de 50 anos de idade e transporta o andor de Nossa Sr.ª dos Avieiros e do Tejo. De salientar que o cruzeiro é sempre acompanhado, em todo o seu percurso, por dois botes com Fuzileiros. A AFZ esteve representada pelo Vogal da Direcção, António Couto, na 5.ª etapa, em 10 de Junho, com partida às 09h00 de Valada do Ribatejo (Cartaxo) e chegada às 10h00 à Palhota. Cerca das 11h30, a peregrinação partiu para o Porto da Palha (Azambuja) onde o representante da AFZ, António Couto testemunhou por parte dos Avieiros o enorme carinho que têm pelos Fuzileiros e a total segurança em que se sentem, acompanhados por estes “homens de ferro em botes de borracha”. António M. Caldeira Couto Sóc. Orig. n.º 2279 Inauguração do Monumento aos Antigos Combatentes 10.º Aniversário Lourinhã N o passado dia 28 de Julho, ocorreu o 10.º Aniversário da inauguração do Monumento aos Antigos Combatentes, na Lourinhã, organizado pela AVECO, evento para o qual a AFZ foi convidada. A Direcção da nossa Associação designou o Secretário-Geral Mário Gonçalves para a representar. Integraram-se na delegação da AFZ, os 5.º e 6.º Vogais da Direcção, Jaime Ferro e António Couto e os Sócios Mário Manso, Manuel Parreira, Fazeres e Martins que se fizeram deslocar na viatura da AFZ, que chegou ao local cerca das 09h00 e partiu de regresso, cerca das 17h00. Como se pode verificar – e as imagens dirão mais do que quaisquer relatos – foi um dia cheio de camaradagem e emoções. A Cerimónia decorreu de forma muito emotiva, com discursos do Presidente da O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt Câmara Municipal da Lourinhã e do Presidente da AVECO, a que se seguiu uma Missa, pelos Combatentes já desaparecidos, aliás, muito frequentada. No Almoço/Convívio, patrocinado pela organização do evento, trocaram-se as habituais histórias de outros tempos e novos discursos, encerrando as comemorações com particular brilho e dignidade. Mário Gonçalves Sóc. Orig. n.º 1932 11 eventos Inauguração do Monumento aos Combatentes Vila Franca de Xira N o passado dia 5 de Setembro, a convite do Senhor Presidente do Núcleo de Vila Franca de Xira da Liga dos Combatentes, a Associação de Fuzileiros esteve representada na inauguração de um monumento aos combatentes erigido naquela localidade. Nesta cerimónia, estiveram presentes o Presidente e Vereadores da Câmara Municipal, o Presidente da Liga dos Comba- tentes e muitas outras entidades. Muitos Fuzileiros, residentes neste Concelho, quiseram também associar-se, tendo comparecido em grande número. O Monumento, implantado na entrada Sul da cidade de Vila Franca de Xira, no Largo 5 de Outubro, pretende ser uma homenagem a todos os combatentes do Concelho que perderam a vida em defesa do País e que, nas palavras do Senhor Presidente da Câmara, “se impõe como justa e merecida”. Resta acrescentar que o Monumento ora inaugurado é da autoria do escultor João Duarte e é mais um justo contributo para o devido reconhecimento e imortalização dos heróis deste Concelho e da sua memória que, de forma tão valorosa, serviram o nosso País. Um exemplo a seguir, sem dúvida! A VOSSA ASSOCIAÇÃO VIVE DAS VOSSAS QUOTAS Prezados Camaradas: Pela estima que temos por todos os Sócios, Fuzileiros ou não, aqui estamos de novo, a dizer-vos quanto é importante, a Vossa participação. Todos somos herdeiros de um património de que nos orgulhamos. Mas, para que tenhamos condições de levar em frente a tarefa a que nos propusemos, é determinante podermos contar com a quotização de todos nós, desta grande Família que, à volta da sua Associação, se vai juntando. Temos a consciência de que o atraso no pagamento de quotas pode ter várias leituras, quiçá “razões” diversas, algumas das quais evidentemente ponderosas. Porém, para todas elas haverá uma solução desde que, em conjunto, nos dispusermos a resolver o problema. Esperamos pela vontade e disponibilidade desta família de Fuzileiros, no sentido de ultrapassarmos esta dificuldade já que as portas da Associação e a dos membros da sua Direcção estão permanentemente franqueadas. Pensamos que uma das razões, de menor importância, porque alguns sócios têm as suas quotas em atraso será por puro esquecimento. Para obstar a que o quantitativo das quotas se acumule aconselhamos e incentivamos a que optem pelo débito, em conta bancária, de 6 em 6 ou de 12 em 12 meses. Já pensaram que o valor de um ano de quotas representa apenas cerca de quatro cafés por mês? Por razões de custos – e desta vez será em definitivo – vamos suspender o envio da revista “O Desembarque”, que custa muito dinheiro à Associação, para os camaradas sócios com quotas em atraso por período superior a um ano. Solicitamos a todos os Sócios que preencham o impresso para autorização de pagamentos das quotas por débito bancário, sistema que é muito mais cómodo e evita o pagamento de quotas acumuladas. NIB da AFZ 0035 0676 0000 8115 8306 9 (CGD) Informem-se junto do Secretariado Nacional (tel.: 212 060 079, telem.: 927 979 461, email: [email protected]) Consideramos ser este um acto de justiça, uma vez que os que assiduamente pagam não devem suportar as despesas dos que não pagam. Cordiais e amigas saudações associativas. A Direcção Nacional 12 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt notícias Textos de Marques Pinto Director-Geral da DGAM Vice-Almirante António Silva Ribeiro Apresentação de Cumprimentos da AFZ N o passado dia 27 de Maio, uma delegação da Associação de Fuzileiros deslocou-se ao gabinete do Sr. Vice-Almirante Director-Geral da Autoridade Marítima para apresentação de cumprimentos. A delegação – constituída pelos Presidentes da Mesa da Assembleia-Geral, Contra-Almirante Leiria Pinto, do Conselho Fiscal, Capitão-de-Mar-e Guerra José Cardoso Moniz, da Direcção, Capitão-de-Mar-e-Guerra José António Ruivo e do Vice-Presidente da Direcção Dr. Carlos Marques Pinto – foi recebida pelo Sr. Vice-Almirante Silva Ribeiro e pelo seu Chefe de Gabinete Comandante Vizinha Mirones de forma particularmente informal e amiga. As conversas desenrolaram-se à volta da ascendência do Director-Geral toda ela com tradições militares, designadamente, do seu Avô que participou no Batalhão de Infantaria de Marinha integrado na força que actuou na pacificação do Sul de Angola comandada pelo General Pereira D’Eça, tendo sido condecorado com a Medalha da Torre Espada. De facto, o ambiente foi tão informal que “o fotógrafo oficial” foi o Comandante Mirones, Chefe de Gabinete, pelo que existe apenas uma fotografia, editável, a registar o acto, na qual “o fotógrafo” obviamente não aparece. Temos para nós AFZ que estes actos, rodeados de menores formalismo são os que encerram maior significado, como aliás se virá a verificar quando o Sr. Vice-Almirante visitar a Associação de Fuzileiros – a Sua Associação. Visita do Director-Geral da DGAM, Vice-Almirante Silva Ribeiro à Sede da Associação de Fuzileiros Correia, Secretário Nacional; Mário Gonçalves, Tesoureiro; José Talhadas, membro do Conselho de Veteranos; o Adjunto do Capitão do Porto na Delegação Marítima do Barreiro; e Pedro Marques da Luz, Sócio de Mérito que ofereceu à AFZ a climatização do seu Salão Polivalente que, nesse mesmo dia, foi inaugurada. Servido que foi um aperitivo, o Presidente da Direcção apresentou em um “briefing” indicativo da estrutura estatutária e organizativa – central e regional – da AFZ. Após conversa aberta e muito agradável, onde foi possível expor alguns problemas com que a AFZ se debate, designadamente, ao N o passado dia 15 de Junho e a nosso convite, a AFZ teve a honra de receber na sua sede, no Barreiro, a visita do Sr. Director-Geral da Direcção-Geral da Autoridade Marítima, Vice-Almirante António Silva Ribeiro. Cerca das 12h30, o Vice-Almirante foi recebido pelos Presidente e Vice-Presidente da Direcção, respectivamente, CMG José Ruivo e Dr. Carlos Marques Pinto, “ao portaló”, sendo encaminhado para a Sala de Reuniões onde o esperavam os seguintes elementos da AFZ: CMG Cardoso Moniz, sócio Honorário, membro do Conselho de Veteranos e Presidente do Conselho Fiscal; CFR Benjamim O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 13 notícias nível de instalações para as suas Delegações Regionais, v.g., do Douro Litoral e do Algarve rumou-se à esplanada do Restaurante da Associação onde foi servido um almoço que teve sobretudo de significativo convívio mas que foi também de trabalho. Abertas algumas possibilidades no âmbito da cedência, a título precário, de instalações devolutas, tuteladas pela DGAM, para servirem de sedes das Delegações do Douro Litoral e do Algarve . Manifestada foi também a disponibilidade do Sr. Vice-Almirante se inscrever como Sócio da AFZ – o que nos honrou particularmente – convidámo-lo a descerrar pequena placa com o seu nome, cujo acto teve como significado a inauguração da climatização do Salão Polivalente da nossa Associação, sendo que ele próprio fez questão de connosco se fotografar, registando-se a efeméride. Guião da Associação de Fuzileiros agraciado com a flâmula da Associação de Praças N o passado dia 20 de Junho, a Associação de Fuzileiros fez-se representar com uma delegação no Encontro Nacional de Praças, organizado pelo Clube de Praças da Armada, que teve lugar na Base Naval de Lisboa. Com uma adesão particularmente significativa – cerca de 850 pessoas – o Encontro teve a presença de S.ª Ex.ª o Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada que fez a aposição da flâmula da Associação de Praças no Guião da AFZ, com que fomos distinguidos. A AFZ esteve representada, com os seus Guiões – o da Associação Nacional e o da Delegação do Algarve – transportados pelo nosso Sócio de Mérito n.º 59, José Manuel Parreira e pelo Dirigente da Delegação do Algarve, Mendes, respectivamente. Tratou-se de uma efeméride importante e significativa. A Redacção Fuzileiros Portugueses e a CTM em Cabo Verde C abo Verde, oficialmente República de Cabo Verde, é um país insular localizado num arquipélago formado por dez ilhas vulcânicas na região central do Oceano Atlântico, a cerca de 570 quilómetros da costa da África Ocidental. As ilhas cobrem uma área total de pouco mais de 4.000 quilómetros quadrados. A economia cabo-verdiana é principalmente fincada nos investimentos estrangeiros e no crescente turismo, que beneficiam do clima quente o ano todo, da paisagem diversificada e da riqueza cultural, especialmente na música. Historicamente, o nome “Cabo Verde” tem sido usado para se referir ao arquipélago e, desde a independência, em 1975, ao país. 14 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt notícias Em todos os seus aspectos, a cultura de Cabo Verde caracteriza-se por uma miscigenação de elementos europeus e africanos. Não se trata de um somatório de duas culturas, convivendo lado a lado, mas sim, de um “terceiro produto”, totalmente novo, resultante de um intercâmbio que começou há quinhentos anos. O povo cabo-verdiano é conhecido, entre outros, pela sua musicalidade, dispondo de diversos géneros musicais próprios, dos quais se destacam a morna, o funaná, a coladeira e o batuque. A língua oficial é o português, usada nas escolas, na administração pública, na imprensa e nas publicações. A língua nacional de Cabo Verde, a língua do povo, é o crioulo cabo-verdiano (kriolu) falado, de forma diferente, em todas as Ilhas. É na Ilha de Santiago, a maior e a mais populosa do arquipélago, que o signatário se encontra desde o início de Junho de 2015, numa missão de Cooperação Técnico-Militar (CTM). Inicialmente na formação e posteriormente no apoio técnico à formação e treino, os Fuzileiros portugueses têm contribuído com meios materiais e, acima de tudo, têm emprestado o seu “know-how”, não só através da troca de experiências profissionais, mas também de valores, princípios e emoções. Pese embora me encontre a desempenhar uma função na estrutura superior das forças armadas e que pouco ou nada tem a ver com os projectos da Marinha e dos Fuzileiros, entretanto extintos por decisão superior, chegar e poder constatar que os Fuzileiros de Cabo Verde possuem um elevado nível de aprontamento operacional, comungam dos mesmos princípios e valores que os Fuzileiros portugueses e, mais que isso, cultivam o mesmo “Espírito de Corpo”, é algo que me satisfaz e me emociona. Como expectável, os camaradas da Marinha e dos Fuzileiros que por cá têm passado, têm deixado as suas marcas positivas e um trabalho, que só é obra, porque tem apostado no futuro. Por ser novato nestas paragens não dispõe, ainda, de uma opinião sólida sobre a geografia e a cultura das outras ilhas. No entanto, do que leu, ouviu e já teve a oportunidade de constatar, arrisca dizer que se encontra num dos paraísos terrenos, não tanto pela beleza paisagística, aqui pouco beneficiada pela escassa visita da chuva, mas principalmente pelo povo e pela sua cultura. A República de Cabo Verde dispõe de Forças Armadas, destinadas a garantir a soberania do estado. Para que estas atinjam elevados níveis de eficiência e simultaneamente, reforcem a sua capacidade operacional, o governo de Cabo Verde tem vindo, desde 1988, a celebrar com Portugal, Acordos de Cooperação Técnica no domínio militar envolvendo, entre outros, a Marinha e os seus Fuzileiros. Por cá, os Fuzileiros são em pequeno número correspondendo, aliás, à dimensão das Forças Armadas de CV. Mesmo sendo poucos, cumprem a sua missão com valentia, dedicação e profissionalismo merecendo, também por isso, a consideração, o respeito e grande admiração das entidades militares, públicas e dos populares em geral. Para reforçar os ainda escassos meios de desembarque existentes e, consequentemente, as capacidades operacionais dos Fuzileiros Navais de CV, no passado dia 26 de Junho de 2015, S.ª Exª o MDN de Portugal, Dr. Pedro Aguiar-Branco, deslocou-se a Santiago, Cidade da Praia e numa cerimónia formal que decorreu a bordo do NPO Figueira da Foz, fez a entrega a S.ª Ex.ª o MDN de Cabo Verde, Dr. Rui Mendes Semedo, de dois Botes Tipo III, ambos totalmente equipados com motores fora de borda e respetivas palamentas. O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 15 notícias No Mindelo – Ilha de São Vicente, os Fuzileiros continuam a ser formados no Centro de Instrução Militar do Morro Branco, quase sempre apoiados por Fuzileiros portugueses que aqui se deslocam para esse efeito, inicialmente constituindo um Projecto dedicado e permanente e, nos últimos tempos, em Assessorias Técnicas Temporárias. Mesmo com algumas limitações que vêm interferindo com o seu treino específico, designadamente ao nível de infra-estruturas de apoio (Pista de Combate) e de meios de desembarque (Botes de assalto), os Fuzileiros Cabo-Verdianos são bem o exemplo do rigor, da perseverança, do empenho e dedicação à causa e daquele “espírito de corpo” raramente encontrado noutras “tropas especiais”. Aqui, como em qualquer parte do mundo: “FUZILEIRO UMA VEZ, FUZILEIRO PARA SEMPRE”. CMG FZ Leão de Seabra CTM RCV - ATP1 & Vice-Presidente da AFZ Museu na Relva Destroçado e cheio de raiva penetra terra adentro, com um remo na mão, querendo chegar onde o mar não fosse conhecido. E, exibindo o remo, ia perguntando a quem encontrava: sabem o que é isto? E se respondiam “um remo” o marinheiro continuava o seu caminho. Até que um dia entrou numa aldeia bem no interior e, à mesma pergunta, um grupo de pastores finalmente ripostou “parece uma pá de forno”. N o passado dia 15 de Agosto, acompanhado do fuzileiro e ilustre viseense, sócio da Associação de Fuzileiros, Luís Castro e de muitos outros militares da região que quiseram marcar a sua presença, tive a honra de representar a nossa Associação na cerimónia de inauguração de um Museu na localidade de Relva. Relva, a aldeia que tão condignamente nos recebeu, pertence à freguesia de Monteiras no concelho de Castro Daire, distrito de Viseu, e fica situada entre os planaltos de Montemuro e de Leomil a cerca de 920 metros de altitude. Esta região, tão bonita quanto agreste, tem dado à Marinha e aos Fuzileiros muitos e bons marinheiros que, habituados às dificuldades do viver serrano, muito bem se adaptam às agruras da vida do mar. Ali ficou, longe do mar e da sua fúria, esquecendo porém que ao mar regressamos ou regressaremos todos, sempre! Talvez esta ambivalência justifique, então, que numa aldeia serrana, húmida e fria no rigor do Inverno e de calor insuportável no pino do Verão, tão distante do mar, surja um museu dedicado a estas temáticas. Não sabemos se o marinheiro da lenda catalã recolheu outros objectos para mostrar aos seus vindouros (tal não era a intenção, munindo-se apenas de um remo) mas sabemos que este Museu na Relva, foi idealizado e edificado por um marinheiro filho da Voltando ao “Museu na Relva”, talvez estejamos perante o único museu no mundo cuja temática mistura, em harmoniosa síntese, objectos tradicionais de uso ancestral nas actividades agrícolas e pecuárias da região com artigos militares, peças antigas e já em desuso, relacionados com a Marinha e com os Fuzileiros. O inédito desta situação traz-me à memória, de forma espontânea, a lenda catalã do marinheiro de Sant Pau que conta a história de um embarcadiço que, com terra à vista, é colhido por um temporal súbito e violento e que, agarrado a um remo, consegue chegar à costa e, já em terra, chora toda a família morta e a casa destruída pelo temporal. 16 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt notícias museu na sua terra, tudo venceram e assim conseguiu reunir um acervo interessante que ainda pretende melhorar, ficando aqui o nosso apelo a quem tenha outros materiais e com eles queira contribuir. A Associação de Fuzileiros, com a colaboração de vários associados, ajudou com o que lhe foi possível mas continua disponível para ajudar nesta louvável iniciativa do senhor Ilídio Magueja, pessoa muito acarinhada pelos seus conterrâneos e que muito tem feito para que a sua terra saia do anonimato a que estão votadas muitas das localidades do interior. A estima que lhe dedicam os seus amigos ficou bem expressa na massiva presença de pessoas da sua terra e das povoações vizinhas e de todas as autoridades locais, encabeçadas pelo senhor Presidente da Câmara de Castro Daire. terra, o Sr. Ilídio Magueja, que prestou serviço na Marinha durante vários anos e é, também, um ilustre sócio da nossa Associação, mantendo assim a ligação sua Marinha. Sabemos ainda das dificuldades que teve em obter os materiais agora expostos mas a paciência e persistência do homem que um dia sonhou ter um O museu, dadas as características e temáticas que aborda serve também, e muito, os interesses da Marinha e dos Fuzileiros no que respeita à sua divulgação por terras do interior. Benjamim Correia Sóc. Orig. n.º 1351 Reunião com as Delegações Juromenha 20 de Setembro de 2015 N o passado dia 20 de Setembro de 2015, nas instalações da Delegação da Associação de Fuzileiros de Juromenha/Elvas, teve lugar a reunião anual das Delegações. Nesta reunião estiveram presentes, entre outros elementos, os Presidentes das três Delegações: Licinio, Mendes e Pereira. Por parte da Direcção Nacional, participaram o Presidente, José Ruivo e o Secretário Nacional, Mário Gonçalves, que secretariou a reunião. Em 2014, a primeira destas reuniões já se tinha realizado na Sede Nacional, no Barreiro, tendo então ficado acordado que se passariam a efectuar anualmente, de forma rotativa, na Sede de cada uma das Delegações. Assim, a próxima reunião de 2016 deverá ter lugar na Sede da Delegação do Douro Litoral e, em 2017, na Sede da Delegação do Algarve. Oa assuntos abordados foram previamente agendados de acordo com as propostas enviadas pelas próprias Delegações, com diversos temas tais como: – a questão das instalações para as Sedes das Delegações; – a percentagem do valor das quotas que são atribuídas às Delegações; – a participação da Associação nas despesas de deslocação das Delegações; – a criação de um Stand Modelo para exposição em feiras e outros eventos, e procedimentos para o pedido de meios de apoio à Marinha e/ou ao Corpo de Fuzileiros. A reunião decorreu de forma participada e cordata tendo-se seguido um almoço convívio muito bem organizado pela Delegação de Juromenha/Elvas. A Direcção Nacional O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 17 cultura & memória Momentos de Terror SPM 0468 Primeira experiência com as ALG’s A lgures, num dia de Dezembro de 1965, o DFE 4 e o DFE 9 foram treinar e experimentar uma nova arma que tinha chegado dias antes à Guiné, e que consistia numa granada ofensiva que era lançada pelas espingardas G3. Esse treino efectuar-se-ia no Ilhéu dos Pássaros, em frente de Bissau. Esta arma seria de grande eficiência para atingir o IN em emboscadas que sofressemos à queima-roupa, facto que posteriormente verificámos trazer-nos grandes vantagens operacionais em matas abertas como eram, por exemplo, as das margens do rio Cacheu. Posso dizer que a vontade de utilizar esta arma pelos DFE’s que estavam a terminar a comissão não era muita, pois a verdade era que se eles tinham resolvido os problemas da guerra até esse momento, perguntavam por que razões se iriam meter na aventura do desconhecido? E foi assim que os dois DFE´s partiram naquela manhã para um primeiro treino com esta nova arma que se revelou fatídico para alguns elementos. Recordo que estavam os dois DFE’s no ilhéu e um marinheiro do DFE9, o Eliseu era o que iria disparar a primeira ALG. Estavam a seu lado um ou dois marinheiros e os dois imediatos dos DFE’s, Ten. Oliveira Monteiro e Carvalho Rosado. A seguir e muito rapidamente desenrolou-se o drama. Julgo que o Eliseu precipitadamente descavilhou a granada já montada na G3, e o Ten. Oliveira Monteiro gritou “todos para o chão” e para o Eliseu largar a G3. Mas os dias passaram e tínhamos de volta a realidade da guerra que tínhamos inevitavelmente que cumprir. E aqui acho interessante relembrar o esforço que todos no DFE 4 tivemos que fazer para voltar a treinar o disparo das ALG’s e, sobretudo, estarmos bem aptos a usá-las em operações frente ao IN. Posso dizer que este período não foi fácil, pois estamos a falar de homens marcados por um desastre que, de um modo ou de outro, acabou por atingir psicologicamente todos os fuzileiros na Guiné desses tempos. Os meses rolaram, as operações em matas abertas foram passando, e as ALG’s foram-se revelando como uma arma de muito interesse operacional para nós, pois alguns meses depois de as começarmos a usar deixámos de ter ataques a curta distância. Tenho pena da memória não me ajudar com mais detalhes desta história, que teve um tristíssimo princípio mas que, talvez sem exagero, acabou por se revelar de muita utilidade nas nossas andanças operacionais. “Pelo que somos e pelo que fomos”. O DFE 4 Francisco Rosado Sóc.Orig. n.º 1900 CMG Todos mergulhámos para o chão ao mesmo tempo que a granada rebentava no cano da G3 empunhada pelo Eliseu, que obviamente ficou gravemente ferido. Todos os que o rodeávamos ficámos ilesos e de imediato procurámos socorrer o nosso camarada marinheiro muito ferido. Encurtando o relato, e do pouco que nos lembramos, recordo que nos minutos seguintes alguém me veio chamar porque o Mar. Baptista do DFE 4 estava longe desta cena e se encontrava ferido. Rapidamente fui observar o estado do Baptista que se encontrava numa ponta do Ilhéu dos Pássaros, e me dizia que não estava a ver nada do olho esquerdo (salvo o erro). Contava-me ele: “Sr. Imediato, eu atirei-me ao mar mas tinha a cara virada para o sítio do desastre”. De facto quando olhei bem para o seu olho o Baptista que nem sequer deitava muito sangue, mas tinha a parte central do olho parcialmente destruída e logo vimos que o seu olho tinha sido atravessado por um pequeno estilhaço da granada que tinha inopinadamente rebentado na ponta do cano da G3 do Eliseu. Seguiu-se todo o drama humano centrado principalmente no Eliseu e também no Baptista, que todos desejávamos obviamente ajudar. Podemos hoje dizer que, miraculosamente, o Eliseu sobreviveu a um terrível acidente que teoricamente seria de sentença de morte, pois uma granada defensiva rebentar a um metro da cara só poderia ter um fim, o pior, concerteza. 18 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt dez de junho Sousa, também ele combatente, cerca das 12h15 teve lugar a abertura da cerimónia civil/militar, seguida de cerimonial interreligioso, católico e muçulmano, já tradicional neste Encontro Nacional e cada vez com mais significado nestes mundos de radicalismos que se aproveitam da elevação religiosa para desencadear verdadeiros genocídios, às portas da Europa, a que os seus cidadãos já não assistiam desde a Segunda Guerra Mundial. Por volta do meio-dia e meia hora ocorreu o ponto, porventura, mais nobre deste nosso Encontro: a homenagem as Enfermeiras Paraquedistas, a que, aliás, todos os que tomaram a palavra fizeram particular e relevante referência. O Prof. Doutor Nuno Garoupa, “ex-aluno do Colégio Militar; filho, sobrinho, neto e bisneto, quer do lado materno, quer do lado paterno, de militares que serviram e combateram por Portugal em momentos diferentes da nossa história contemporânea”, proferiu o discurso alusivo ao XXII Encontro Nacional, sendo que as suas palavras que - por sua cortesia publicamos - calaram fundo em todos quantos, combatentes e familiares o escutaram. “O 10 Junho” de 2015 Homenagem aos Combatentes XXII Encontro Nacional O Encontro Nacional de 2015, em Belém, junto do Monumento aos Combatentes do Ultramar, teve este ano particular relevância e um marcado significado pela homenagem prestada às Mulheres Enfermeiras Paraquedistas, homenagem que já tardava. A presença de mais de trinta Enfermeiras Paraquedistas, de várias gerações, ostentando, com garbo, as suas boinas verdes, tornou-se verdadeiramente nostálgico, suscitando saudades e muitas emoções vê-las perfiladas e em continência, a que uma ou outra bengala não retirou a postura que sempre se lhes conheceu. O Presidente da Comissão Executiva, Tenente-General, Leonel Jorge Silva Carvalho proferiu, de seguida, o seu discurso, – que também por sua cortesia publicamos – aliás curto mas muito significativo, terminando com: “Honra e Glória aos Combatentes!” e com um “Viva Portugal”. Ao discurso do Presidente da Comissão Executiva seguiu a homenagem aos mortos com a já costumada deposição de coroas de flores no Monumento, pelas diversas organizações militares, paramilitares e Associações, tocou-se e cantou-se o Hino Nacional ouvindo-se, em fundo, uma salva por navio da Armada Portuguesa e vendo-se a passagem de Aeronaves da Força Aérea. Desfilaram com os seus guiões a liga dos Combatentes e as Associações, designadamente, a dos Fuzileiros, dos Comandos, dos Paraquedista e dos Deficientes das Forças Armadas. Finalmente, após passagem pelas lápides dos mortos em combate, assistiu-se ao lançamento de Paraquedistas do Exército e às nostálgicas e saudosas manifestações de solidariedade, no decurso do Almoço-Convívio. As cerimónias que se iniciaram por uma Missa solene “por intenção de Portugal e de sufrágio pelos seus mortos” rezada na Igreja de Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos, presidindo à liturgia Sua Iminência o Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, com a colaboração do Coro «Christus Ensemble» e do terno de clarins da GNR – marcaram ponto alto no conjunto do cerimonial. Marques Pinto Sóc. Orig. n.º 221 Vice-Presidente da Direcção da AFZ Entretanto, do lado de lá do Mosteiro ia-se fazendo a concentração de milhares pessoas, antigos combatente e famílias (filhos e netos e bisnetos) desenhando um bonito quando humano de afirmação de que, em Portugal, todas as gerações – pelo menos aquelas que descendem dos nossos combatentes – ainda se querem perfilar perante a Pátria e a Bandeira Nacional. Com locução feita – como habitualmente – pela magnífica voz do Sócio de Mérito da Associação de Fuzileiros, José Campos e O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 19 dez de junho Alocução do Prof. Doutor Nuno Garoupa Combatentes, Minhas Senhoras e meus Senhores, Amigas e Amigos: Bom dia. A organização do Encontro de Combatentes 2015 convidou-me por vos dirigir umas breves palavras. Sou ex-aluno do Colégio Militar; filho, sobrinho, neto e bisneto, quer do lado materno, quer do lado paterno, de militares que serviram e combateram por Portugal em momentos diferentes da nossa história contemporânea; sei por isso que estou entre amigos. o que vos possa dizer, por muito profundo que seja, será sempre bem pouco quando comparado com os sacrifícios que todos aqueles que combateram tiveram de passar longe da sua casa, da sua terra e dos seus entes queridos. É pois para mim uma honra e um orgulho ter a oportunidade de vos falar neste 10 de Junho de 2015. É por demais evidente o respeito e a admiração que merecem todos aqueles que, sacrificando a sua família e a sua vida, quando não mesmo perdendo a sua vida, se entregaram a servir e a combater por Portugal. Não se trata de saudosismo sem sentido, nem abraçar ou abnegar esta ou aquela ideologia; não se trata de ajuizar quem defendeu ideias diferentes; não se trata de refazer a história para agradar a quem seja. Trata-se sim de, respeitando e admirando os nomes nestas lápides, projetar os exemplos para o nosso presente, para a minha geração e para as gerações vindouras. Combatentes, Portugal vive momentos complicados e está numa encruzilhada complexa. Mas acima de tudo todos nós portugueses precisamos de uma esperança. Uma esperança que nos abra horizontes e nos permita servir o país nos novos combates que temos pela frente, combates sem dúvida de natureza diferente, combates que vão para além dos partidos, das ideologias, dos modelos, mas combates que temos que saber ganhar, combates a que não podemos virar as costas como os combatentes não viraram as costas quando foram chamados a servir a Pátria. A nossa história é a que é. Uma história feita por homens e mulheres, de carne e osso, e por isso mesmo imperfeita. Não é uma gesta heroica de feitos gloriosos e corajosos, de líderes sobredotados. Mas também não é uma vergonha que mereça o desprezo ou o esquecimento das novas gerações. A nossa história enquanto Nação é o produto das qualidades e dos defeitos dos nossos antepassados. Não nos compete julgar aqui e agora os nossos Avós mas sim aprender que não podemos viver o nosso presente e futuro sem compreender o passado. Teremos uma história imperfeita porque é necessariamente humana mas não podemos entregar-nos ao cinismo de pensar que chegámos onde chegámos sem o sacrifício de muitos. Somos uma Nação multissecular, mas pequena e sempre com recursos limitados. Nem sempre fomos bem governados. As nossas elites falharam-nos muitas e muitas vezes. Mas o português anónimo lá esteve sempre para responder à chamada. E assim os novos Avós foram chamados à tomada de Ceuta, a 22 de Agosto de 1415, há precisamente 600 anos, data que marcou o início da expansão marítima e ultramarina portuguesa. Não sei se fechámos ou não fechámos esse ciclo há trinta anos, porque entre 1415 e 1975 tanta coisa aconteceu que faz pouco 20 sentido arrogar-nos o direito de pensar que somos melhores que os nossos antepassados. Mas sei que infelizmente 1415 foi esquecido nas muitas comemorações oficiais que se fazem em Portugal em 2015. E, no entanto, Ceuta deve fazer-nos pensar. Fomos a primeira potência global do mundo moderno, fizemos a primeira globalização do nosso planeta, ligámos muitos povos, exportámos a nossa língua e a nossa cultura. E hoje, no ano de 2015, temos a sensação que somos um país falhado que não sabe viver ‘no mundo global. Se termos uma relação complicada, quando não esquizofrénica com o nosso passado, o nosso presente parece-nos simplesmente determinado ao fracasso. Combatentes, Portugal mudou, os valores da nossa sociedade mudaram. O Portugal soberano de 2015 é diferente. Não vale a pena alimentar e viver de mitos do passado. Cedemos soberania dentro da União Europeia e foram cedências democráticas e respaldadas pela grande maioria dos portugueses. Cedemos soberania porque vivemos num mundo globalizado, onde as fronteiras mudaram de sentido e onde os projetos nacionais se transfiguraram. Como Nação, o nosso combate hoje tem que ser aproveitar o futuro em vez de lamentar o presente. Cultura, língua, história são um importante património mas exigem a cada um de nós uma atitude de compromisso, e não uma mera retórica ou um alheamento das nossas obrigações como cidadão ou cidadã. Não basta queixar-nos que estamos hoje pior, não basta culpar as elites que nos governam, não basta lamentar a sorte que nos coube neste momento da nossa história. Temos um combate pelo nosso futuro e não podemos faltar à chamada. Temos hoje uma Lusofonia que nos pode dar esperança. É parte do nosso património, da nossa história, mas também do nosso futuro. A Lusofonia pode voltar a ser o nosso desafio, certamente muito distinto dos 600 anos que nos separam da tomada de Ceuta, mas não por isso longe das nossas raízes e dos nossos espaços de referência cultural. E temos o mar. O mar que queremos que vá para além do discurso politicamente correto que se repete mas que tarda em acontecer, da conversa que entretém as elites mas não tem consequências práticas, o tal mar da epopeia portuguesa que alimenta discursos sem que se vislumbrem as políticas concretas que abram um ciclo de riqueza e prosperidade. Combatentes, em 2015, temos que ser combatentes por um Portugal melhor e mais consequente, de palavras menos bonitas mas com mais concretização das políticas que nos são prometidas. Não nos podemos envergonhar da nossa história, mas temos que combater pelo nosso futuro comum com esperança. Os nomes destas lápides comprometem-nos a todos nessa missão. Cada um na sua vida, cada um da sua forma, mas não podemos desistir. Recordar sempre a lição de nunca virar as costas. No momento atual, como em todos os momentos, é preciso lutar por Portugal. Aceitar o presente, mudar o futuro, ser exigente com o nosso dever e cumprir a missão de cada português. Viva Portugal! O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt dez de junho Alocução do Ten-Gen. Leonel Carvalho Exm.as Entidades civis, militares e religiosas; Digm.ºs Convidados, minhas Senhoras e meus Senhores, Combatentes: É especialmente para vós que dirijo estas palavras. Aos combatentes de Portugal, de todas as raças e credos, aos que aqui estão presentes e também aos ausentes, aos vivos, e de um modo muito sentido aos que no cumprimento da sua missão e ficaram diminuídos na sua condição física ou mental, mas sobretudo lembro os que, como divinamente escreveu Camões, “por obras valorosas se vão da lei da morte libertando”. As minhas palavras não esquecem também os familiares e entes queridos que, enfrentando medos, angustias e sofrimentos, souberam constituir um suporte de retaguarda feito de amor e de carinho, alicerçado na esperança de um bom regresso daqueles que a Nação tinha chamado a servir. Neste dia especial e dando seguimento à notável alocução que ouvimos há pouco, é também meu privilégio salientar e agradecer a presença das nossas generosas Enfermeiras Paraquedistas, hoje tão justamente homenageadas, pelos relevantes serviços e excepcional desempenho na Guerra do Ultramar, nunca esquecendo que estas corajosas Mulheres, ultrapassando ancestrais preconceitos, anteciparam, em cerca de 30 anos, no nosso País, a abertura formal ao serviço militar feminino. Portugal, não é de agora, como Estado-Nação tem perto de nove séculos de história. Nasceu pequeno em território e população, mas nunca se sentiu diminuído na sua dimensão e por isso, ao “dar novos mundos ao mundo” deixou laços perenes que, não obstante a globalização, persistem, e assim continuarão, através do legado da língua, da cultura e também dos laços de amizade entre toda a vasta comunidade lusófona. Devemos sentir orgulho do nosso passado histórico para melhor podermos enfrentar o difícil presente. Em nome de princípios, valores e ideais, encontraram os combatentes portugueses o adubo moral e a coragem para aceitar o perigo, o sacrifício e tantas vezes a incompreensão. Assim aconteceu ao longo de muitos séculos da Monarquia nas suas diversas dinastias, assim prosseguiu na 1.ª e 2.ª Repúblicas. Assim continuará através das gerações presentes e futuras se formos dignos do legado dos nossos antepassados. Estamos conscientes dos desafios que a moderna sociedade nos apresenta, numa trajectória em velocidade alucinante, impulsionada pela tecnologia e pelos apelos económico-financeiros de toda a ordem. Contudo, compreendendo e aceitando esta realidade marcadamente materialista e tantas vezes egoísta e interesseira, jamais devemos pôr em causa a primazia dos valores morais, estes sim, os verdadeiros suportes das nações humanizadas e livres. Combatentes: Na reforma, na reserva ou no activo, do quadro permanente ou do serviço militar obrigatório ou voluntário! Ao terem envergado os uniformes das nossas Forças Armadas, soubestes apreciar o valor da camaradagem, a responsabilidade do acto de servir e do cumprimento da missão, o sentido da lealdade e da obediência consciente, o encontrar da força de vontade que supera as fraquezas e do espírito de corpo que torna mais forte e coeso o colectivo, no propósito do bem comum. É nosso dever continuar a pugnar por tudo o que, em consciência, nos conduz à valorização e afirmação da Nação Portuguesa, não pactuando com demagogias nem com a depreciação de conceitos e princípios fundamentais. Vejamos o conceito de Pátria, que é muito mais que um sistema ou forma de Governo. E o território, o povo, a língua, a comunhão da lei, o património espiritual e moral, as tradições, o berço dos nossos filhos e túmulo dos antepassados, o modo peculiar de ser, como povo secular e autónomo. E foi por amor à Pátria e em consequência da defesa de tudo o que ela representa que, ao longo dos séculos, centenas de milhares de soldados portugueses, fizeram dela o seu lema, o seu destino ou o seu martírio. Diante de nós, estão gravados os nomes de muitos deles que, no cumprimento do seu dever, tombaram em sacrifício supremo. Perfilemo-nos em sua homenagem. Honra e Glória aos Combatentes! Viva Portugal! O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 21 dez de junho 22 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt dez de junho Comemorações do 10 de Junho de 2015 Lamego A s comemorações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas tiveram lugar, este ano, na cidade de Lamego. A origem e história da cidade de Lamego parece estar ligada aos Celtas, pois já seria uma povoação importante no século IV a.C.. Muito antes da independência de Portugal, as terras de Lamego eram povoadas e constituíam um ponto de passagem importante nos fluxos e trocas comerciais. Com o passar dos séculos, Lamego foi ganhando cada vez mais importância para a qual muito contribuiu o incremento do comércio do vinho generoso do Douro. No dia 9 de Junho, às 10h00, procedeu-se à cerimónia do içar da Bandeira Nacional na Avenida Visconde Guedes Teixeira, seguida da cerimónia de homenagem a D. Miguel de Portugal, Bispo de Lamego que, há 374 anos, foi enviado a Roma por D. João IV com o objectivo de obter o reconhecimento do Papa Urbano VIII para a independência de Portugal, conseguida a 1 de Dezembro de 1640. No dia 10 de Junho, às 10h00 horas, no Largo da Feira, teve lugar a cerimónia militar. Como vem sendo hábito, o desfile militar integrou um conjunto de antigos combatentes, pertencentes a várias Associações de Combatentes, em representação de todos os militares que combateram por Portugal. A Associação de Fuzileiros foi uma das nove organizações convidadas pela Liga dos Combatentes para integrar o desfile, tendo participado com 10 elementos pertencentes à Delegação do Douro Litoral. O Presidente da Direcção, José Ruivo, foi convidado da Presidência da República para assistir às cerimónias. O bloco constituído pelos antigos combatentes desfilou à frente das Forças em parada, tendo sido muito ovacionado pela população que assistia à cerimónia. José Ruivo Sócio Orig. n.º 836 Presidente da Direcção da AFZ O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 23 contos&narrativas A Base de uma Estória Adelino Couto E m 18 de Fevereiro de 1971, iniciei, na Escola Naval, a frequência do 18.º Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval (CFORN). Logo após a conclusão do mesmo, em Outubro desse ano, cada um de nós seguiu o seu rumo. Uns, partiram quase de imediato para o então Ultramar, a fim de serem intérpretes de uma guerra cruel que, além de decepar vidas, deu cabo de muitos sonhos da juventude de então. Outros foram ficando, mas a breve trecho eram igualmente chamados ao teatro de guerra. Outros ainda, eu incluído, cumpriram o restante tempo de serviço militar em território continental, onde tiveram oportunidade de desempenhar e cumprir variadas missões. Neste âmbito, estive a comandar pelotões nas instalações do Marco do Grilo e na Base Naval de Lisboa, no Alfeite. O Depósito de Munições NATO de Lisboa, sito no Marco do Grilo, a cerca de 20 km do Alfeite, constituía uma área tecnológica de manutenção e testes de torpedos, mísseis e minas. Estas instalações abrangiam uma extensa área territorial, cercada por vedações em arame farpado, permanentemente vigiadas por fuzileiros. À data, vivia-se um As instalações do Marco do Grilo, por razões óbvias, eram igualmente um alvo potencial, pelo que o nível de segurança era bastante apertado. Daí que fosse absolutamente necessário testar, de forma permanente, se os postos de sentinelas estavam operacionais e em prontidão e se os códigos secretos funcionavam. Por dever de ofício, tinha que fazer diversas rondas de jipe, obviamente acompanhado do motorista. Mas, muitas vezes, também as fiz ao volante, como forma de descompressão do stresse, o que, do mesmo passo, me facultou larga experiência na área do todo-o-terreno… Por falar em experiências, a que vivi na Base Naval de Lisboa (BNL) não foi fácil. A BNL, criada em 3 de dezembro de 1958, constitui a única grande base operacional da Marinha Portuguesa, estando ali baseada a maioria dos navios da sua Esquadra. Era também ali que estava sedeado o então chamado Comando Naval do Continente, como comando operacional da Marinha. A estrutura de cúpula era encabeçada pelo Vice-Almirante Francisco Ferrer Caeiro, Comandante Naval do Continente (de 25-07-1968 a 06-06-1973). Certa manhã sou chamado ao gabinete do 2.º Comandante Virgílio da Cruz. Apercebi-me de imediato que este seria mais um encontro para bater no ceguinho. Base Naval de Lisboa clima social e político bastante conturbado, como que premonitoriamente anunciando que a Revolução de Abril não estaria longe. Refira-se, a título de exemplo, os atentados às instalações do Comando da Área Ibero-Atlântica em Oeiras e do Comando da base da NATO na Fonte da Telha. 24 Nesta qualidade, reportava directamente ao 2.º Comandante Virgílio da Cruz. O Vice-Almirante Ferrer Caeiro era uma figura de grande prestígio, mas controversa. Muito respeitado, mas igualmente “odiado”. Dotado de personalidade forte e cariz austero, algumas das chefias militares tinham por ele um respeito exagerado, a roçar a subserviência. Dele diziam ser uma personalidade tão simples e humana quanto determinada e imprevisível, embora de controverso perfil. Neste seu perfil humano enquadra-se o facto de ter confiado à AORN a guarda de todas as suas medalhas e condecorações, incluindo as asas de prata da Aviação Naval. O ambiente na Base era complexo e pesado. A BNL constituía uma estrutura de grande relevância estratégica e uma boa dose do poder estava ali. Respirava-se disciplina, respeito rigoroso pela hierarquia militar e muita exigência nas suas variadas vertentes. Parece que éramos permanentemente vigiados (e excessivamente controlados) por uma espécie de big brother orwelliano. Facilmente se constata que a vida dos fuzos (e, claro, do seu comandante conjuntural) se tornava muito complicada. Grande parte deles tinha feito recentemente comissões no chamado Ultramar e não estava acostumada, nem psicologicamente preparada, para uma tão grande exigência disciplinar, mormente ao nível do fardamento e da apresentação pessoal. Problemas com as âncoras (ou falta delas) com as boinas e colarinhos das camisas, cabelo e barba, botas deficientemente engraxadas, faziam parte do rol dos reparos. Por muito que insistisse e chamasse a atenção do “pessoal”, obviamente que havia sempre transgressores profissionais. Nada disto era irreversivelmente grave se enquadrado na família dos fuzileiros, mas estávamos na Base… sO 1.º Comandante era um Comodoro, cujo nome não retenho, sendo 2.º Comandante o Capitão de Mar-e-Guerra Virgílio Rodrigues da Cruz. Eu estava a comandar dois pelotões de fuzileiros que faziam vigilância às instalações da Base, com especial ênfase aos navios. E assim foi. Sr. Tenente, mais uma vez lhe digo que é preciso atenção máxima com o seu pessoal, é muito indisciplinado e a apresentação deixa muito a desejar. As âncoras, alguns não as têm, as botas, os cabelos… e já agora Sr. Tenente o seu cabelo também está a precisar de um corte, O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt contos&narrativas não acha? Oh Sr. Tenente, isto não é a Faculdade de Direito, isto é a MARINHA, uma coisa bem mais difícil! Pois, Senhor Comandante… murmurava eu. Virgílio da Cruz era de estatura meã, roliço e, quando nervoso, ruborizavam-se-lhe as faces. Estou tramado, cogitava. Entrementes toca o telefone. Virgílio da Cruz atende, acena com a cabeça e, de forma apressada, agora bem mais vermelhusco, pega no boné, do mesmo passo que vai desaparecendo pela porta fora do gabinete, balbuciando: Sr. Tenente, agora não tenho mais tempo para o atender, depois falamos. Bendito telefone! Apercebi-me logo que se tratava da chegada ao portão verde do Almirante Ferrer Caeiro. Era absolutamente necessário que, em curto espaço de tempo, tudo ficasse em ordem para as devidas honras militares. Não havia espaço para lapsos, falhas ou quejandos. E o 2.º Comandante sabia-o como ninguém! Daí que desaparecesse, de supetão. Quedei-me na janela do seu gabinete a observar – de forma privilegiada – o espectáculo. Agarrado ao boné, Virgílio da Cruz corria esforçadamente na direcção do seu posto na cerimónia. Em poucos instantes tudo estava pronto para receber o Comandante Naval do Continente. E eu, em ocasião única, tudo pude ver do melhor ângulo. Mas, logo de seguida, desapareci para o meu gabinete, antes que tropeçasse no vulto. Diga-se que esta “conversa” nunca mais foi retomada, pois a minha ”comissão” na Base estava prestes a terminar. Tinha sido “salvo” pelo gong… Adelino Couto Sóc. Orig. n.º 2382 Comando Naval do Continente O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 2.º TEN FZ RN 25 contos&narrativas Estórias por Contar José Horta T ermino hoje a série de crónicas (foram seis) em que tive a honra de estar convosco. Estou-vos grato por esta oportunidade e pela paciência que tiveram em me ler. Já antes, pensava, estariam esgotados todos os temas da minha passagem pelos fuzileiros e mais em particular, da minha passagem pela Guiné, integrando, com orgulho, o Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 5. Disso dei conta ao Dr. Marques Pinto, ao que ele me dissuadiu argumentado que “o comer e o coçar… estão no começar!”. Não foram estas as suas palavras, mas foi este o seu pressuposto. Há quem diga, também, que “as conversas são como as cerejas…”; é um facto e a prova disso está no n.º 21 da nossa revista. Folheando esta, duas páginas à frente da minha crónica dou, com surpresa (não tanto porque já é a segunda vez), com uma crónica do sargento enfermeiro António Figueiredo, que integrou o nosso Destacamento e tão bem relatou a sua cronologia. Nunca mais o vi, desde então. Perguntei por ele, em tempos, ao Comandante Albano e este não estava certo da sua continuidade na Marinha. Até à data em que o leio na revista… Resolvi escrever um pouco sobre ele. E dele se dizia, na altura e com alguma justiça, ser o melhor “médico” do Cantanhez! O Capitão, comandante da guarnição do exército em Cafine e outros, a ele recorriam quando qualquer mal estar os apoquentavam. Fomos testemunhas, por diversas vezes, duma competência incomum da sua parte e a primeira que quero realçar, afectou-o a si próprio. Nessa ocasião, o Albano e eu éramos os únicos oficiais presentes e o sarg. enfermeiro aparece-nos com convulsões faciais, esgares horríveis e em dificuldade. Eu e o Albano ficámos aterrados… nunca tínhamos visto uma coisa assim! Nem sequer de tal ouvíramos falar! Foi ele que nos tranquilizou, era paludismo cerebral e necessitava de plena urgência no tratamento. O Albano, acto contínuo, pede uma evacuação Zulu e em pouco mais de meia hora lá estava o helicóptero. Passados 3 ou 4 dias, o Figueiredo regressa, já tratado e bem refeito! Parece que aquela estirpe dá forte e é letal mas, com tratamento pronto e adequado, é muito rápida a respectiva cura e restabelecimento. E assim foi, eu e o Albano respirámos de alívio pois, a presença do enfermeiro dava-nos muito conforto. Mas não foi só, outras até haveria que eu não tive conhecimento… recordo uma vez em que ele me removeu, com sucesso, dois pequenos e duros caroços abaixo do joelho. Sentei-me numa caixa de granadas de morteiro, à porta da enfermaria (onde havia mais luz) e ele empunhando o bem afiado bisturi, tratou de os eliminar sem ter sentido o menor desconforto (dor). Não eram, assim, tão pequenos, sei é que hoje não consigo perceber onde os ditos se localizavam. Por mais de uma vez, a ele me queixei que os meus intestinos eram um pandemónio e ele, calmamente, me dizia “Não há nada a fazer (ou receitar), mas não se preocupe sr. tenente que, quan26 do chegar à metrópole, isso passa! É da água! Lá passa num instante!”. E assim foi! Mas a melhor estória, aquela que mais me impressionou, passou-se num impreciso dia duma enluarada noite de Cafine. Muitos dos dias passados no aquartelamento eram duma ociosidade e duma monotonia, atrozes. Já aqui o referi, em crónicas passadas e passo a citar o que antes vos escrevi: Não é fácil acordar de manhã e vislumbrar, invariavelmente, a mesma paisagem, os mesmos edifícios, precários, o local onde quase tudo está ausente, onde falta quase tudo e o sonho se mistura com a realidade e com o pensamento longínquo… a inacção dói, o “dolce fare niente” entorpece a alma e envilece o corpo e a mente… Para ajudar a passar as horas e os dias, tudo valia, inclusive as maiores parvoeiras. A acefalia impunha-se em crescendo, fazia parte da ordem do dia e era ela que ditava leis… Uma das “traquinices” mais em voga era caçar ratazanas (várias e em concurso), regá-las com gasolina e pegar-lhes fogo… Faziam apostas para ver quantas voltas davam até caírem (a arderem os animais andavam em círculo). Uma vez, um desses rapazes, achou que a gasolina que tinha posto era insuficiente e resolveu despejar um pouco mais, de um frasco. O resultado não foi o melhor, pegou fogo o pobre bicho e, pegou fogo o “inteligente”. Sentindo-se este a arder, se mal raciocinou, pior executou. Foi-se meter debaixo do chuveiro e puxou a água, que ainda mais espalhou o fogo sobre si. Ao aperceber-se da asneira, deitou-se em correria desenfreada até que os companheiros o alcançaram e o abafaram, com mantas e roupa. No fim da “brincadeira”, tinha mais de setenta por cento do corpo queimado, com queimaduras feias e graves. Lembro-me de ter entrado, entretanto, na enfermaria e testemunhar o empenho, a prontidão e a dedicação do enfermeiro Figueiredo, no tratamento daquele rapaz e com que competência o fez! Só assim conseguiu chegar (accionados os meios) com vida ao Hospital Militar de Bissau, onde o visitei e o vi, pela última vez. Sei que foi evacuado para a Metrópole e que sobreviveu. Do mais não reza a História. Todos nós cidadãos, militares e civis, cuidamos de servir sem olhar a recompensas e honrarias, mas também é digno que, entre nós, sejam louvados e exaltados, aqueles que melhor servem, porque a Pátria nem sempre os contempla. É fazê-lo enquanto as pessoas estão entre nós! José Horta Sóc. Orig. n.º 485 2TEN FZE/RN O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt homenagem Voto de Pesar AFZ Pelo falecimento do sócio n.º 221 da Associação Nacional de Fuzileiros, Dr. Carlos Alberto Marques Pinto 24 de Agosto de 2015 A pagou-se uma estrela no firmamento da Associação Nacional de Fuzileiros! Homem Bom! Culturalmente Brilhante! Multifacetado! Trabalhador perseverante e criterioso! Estabelecia objectivos que invariavelmente alcançava. Eticamente irrepreensível, duma integridade moral e cívica acima de qualquer congeminação! Assumia com frontalidade as suas responsabilidades. Legalista obstinado, sempre respeitou os demais, com cortesia e elevação, mesmo quando eram manifestas as tentativas para lhe criarem embaraços. Houve-se sempre com galhardia, tenacidade, firmeza e, sobretudo, com seriedade. O seu alvo era a excelência. Para a atingir, trabalhava com pertinácia, simplicidade e respeito: por si próprio e por todos aqueles que partilhavam e contribuíam para atingir os objectivos propostos. Em tudo o que produzia deixava transparecer naturalidade e humildade, nunca abdicando da sua auto estima. Não se considerava superior mas tinha a perfeita noção das suas capacidades. A Associação Nacional de Fuzileiros teve a honra e o privilégio de o ter como sócio e como seu Vice-Presidente da Direcção em três legislaturas. Deixou uma obra notável no que concerne a Estatutos e Regulamentos. Igualmente foi admirável a sua acção no que respeita ao estabelecimento de Acordos e Protocolos com várias Entidades externas, de que resultarão benefícios para os associados e familiares. A sua vida foi um sucedâneo de êxitos, invariavelmente reconhecidos por aqueles que tiveram o condão de consigo colaborarem. Depois de concluir a Licenciatura em Ciências Socias e Políticas, fez o serviço militar nos Fuzileiros em bases sediadas no norte de Angola e em Cabinda. As chefias reconheceram os seus altos serviços, dando do facto publico testemunho. Após ter passado à disponibilidade e até bem depois do 25 de Abril esteve ao serviço do Governo Provincial do Huambo, de que Nova Lisboa era a capital. As perseguições de que foram alvo os estrangeiros residentes e os naturais que não abraçavam as doutrinas impostas, fizeram com que o Dr. Marques Pinto assumisse a responsabilidade operacional de organizar e gerir a Ponte Aérea que trouxe para Lisboa centenas de milhares de refugiados. Dessa epopeia deu amplo conhecimento nos artigos publicados na nossa Revista “O Desembarque”. Terminada a odisseia da fuga de todos para a Europa, assumiu a responsabilidade de, através do IARN (Instituto de Apoio aos Refugiados), apoiar todos quantos foram obrigados a fugir, abandonando os patrimónios frutos das suas actividades profissionais. Quando em 1977 a situação dos Refugiados ficou estabilizada, foi colocado no Gabinete da Área de Sines, como Director Administrativo, com responsabilidades, incomensuráveis em meios humanos e financeiros. De seguida passou pela Direcção das Lotas e Vendagem, terminando a sua carreira como Director da Prisão de Pinheiro da Cruz. Foi aqui que atingiu a plenitude do reconhecimento das actividades desenvolvidas. O Estado Maior da Armada, também reconhecido, condecorou-o com a Medalha de “Vasco da Gama”. Quando da sua aposentação, o Município de Grândola promoveu um jantar de homenagem, aberto a todos que quiseram participar. Estiveram presentes muitas centenas de pessoas, o que constituiu o testemunho inolvidável de quanta admiração e respeito granjeou no exercício de tão espinhoso e complicado cargo. Gentes de todas as condições sociais (políticos dos mais diversos quadrantes, juristas, magistrados, militares de altas patentes, homens e mulheres da cultura, das finanças, administradores e gestores de empresas, presidiários, ex-presidiários, guardas, gente anónima, etc. etc.) Este Homem que nos deixou é indubitavelmente merecedor das Manifestações de Pesar que chegaram e continuam a chegar à nossa sede, consequência do quanto continua a ser admirado. Também a Direcção da Associação Nacional de Fuzileiros, por tudo o que fica expresso, exprime o seu mais profundo pesar pela perda do seu Sócio, Vice-Presidente e Amigo, dando público testemunho desse sentimento através de todos os meios de que dispõe. Expressa os mesmos sentimentos junto de todos os que lhe foram queridos, nomeadamente a Sr.ª D. Cecília, nossa sócia, e seus três filhos. Destes, em especial, a Sr.ª Dr.ª Ana Carla, também nossa sócia e apreciada colaboradora com artigos de natureza jurídica, que a Revista “O Desembarque” vem publicando. A todos as nossas profundas condolências. A Direcção O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 27 homenagem Marques Pinto Um Camarada do 8.º CEORN A Reserva Naval da Marinha de Guerra Portuguesa encarnou, para todos os Oficiais que por lá desfilaram, muito mais do que uma forma, dita civilizada, de cumprimento do serviço militar obrigatório. Ao tempo, uma opção pessoal possível num percurso universitário completo ou em vias de o ser, passagem obrigatória no rumo de vida traçado, ao serviço da cidadania. Diria melhor e mais correctamente da Pátria. A evasão temporária ao amplexo paternalista, algum inconformismo e a necessidade inadiável de transpor aquela linha no horizonte terão sido algumas das motivações. Outras tantas, eventualmente condicionadas por aspectos pessoais, profissionais, familiares e também económicos. De um lado, incertezas, anseios, dúvidas tumultuosas, sentimentos contraditórios e algumas perspectivas goradas, mas também natural confiança e esperança. Do outro, o salto no desconhecido, arrojado mas sonhador, a aventura e o desejo de bem cumprir. Se para muitos configurou uma escolha alternativa no desempenho de um dever cívico, para outros terá representado uma ponte provisória para a vida profissional. Ainda para alguns, em menor número, a própria carreira profissional, mais tarde. Escola Naval, viagem de instrução e juramento de bandeira marcaram, em sucessão, formação, camaradagem e também crescimento. Em cenários de guerra como Moçambique, Angola e Guiné, mas igualmente em S. Tomé, Cabo Verde e no Continente, quase quatro mil Oficiais da Reserva Naval desempenharam funções ao serviço da Marinha de Guerra Portuguesa. A navegar, em terra ou nos fuzileiros, todos fazendo parte do transbordante testemunho de solidariedade, generosidade e convívio partilhado com as Unidades e Serviços onde permaneceram. Ganhando acrescido sentido de responsabilidade e maturidade. Grangeando pelo cumprimento, pelo exemplo e pela dedicação, a amizade, admiração, respeito e camaradagem de superiores, subordinados e populações com que contactaram. Na memória que o tempo não apaga, esfumam-se relatos, acontecimentos, documentos, registos, afinal História. No espírito da Reserva Naval, um passado comum a preservar. Uma palavra para todos aqueles que nos deixaram prematuramente, chamados para a última viagem. Estarão sempre connosco! Ombreando com militares e camaradas de outros ramos das Forças Armadas. Manuel Lema Santos 1.º TEN RN – 1965/72 Sóc. Efect. n.º 2189 Carlos Alberto Marques Pinto Pereira foi Oficial da Reserva Naval do 8.º CEORN – Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval, tenho ingressado na Escola Naval em 9 de Outubro de 1965, na Classe de Fuzileiros. Promovido a Aspirante a Oficial em 29 de Abril de 1966, foi destacado para Angola, integrado na Companhia de Fuzileiros n.º 10 onde desempenhou diversas missões durante os dois anos de comissão em que ali permaneceu, ascendendo ao posto de 2.º TEN da Reserva Naval. No regresso foi licenciado, regressando à vida civil. Entre 2002 e 2004, desempenhou as funções de Presidente da Direcção da AORN – Associação dos Oficiais da Reserva Naval onde foi determinante a sua capacidade de liderança, competência pessoal e espírito de equipa. Tendo eu pessoalmente integrado a seu elenco directivo, recordo especialmente a autonomia e confiança com que distinguia os colaboradores, incentivando e apoiando iniciativa e dinâmica pessoais. 28 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt homenagem Na revista da AORN n.º 17 de Março de 2004 no Editorial por ele assinado afirmou: HINO DA ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS “... É esta a primeira vez que, no decurso de uma vida já relativamente longa, aceito subscrever um editorial, em publicação de carácter institucional, na qualidade de representante ou primeiro responsável, lembrando-me dos vários jornais e revistas (e até de um programa de rádio) que tive ao lado, na carreira profissional e que nunca utilizei. Como outrora cruzámos os mares e lutámos em terras sem fim, almas fortes na clara alvorada entre um rio de lodo e capim. Nossas boinas são a cor das trevas, que rasgámos de noite ao luar. Negras trevas manchadas de sangue dos amigos mortos além-mar. Desfilai oh fuzileiros mortos e juntai-vos ao nosso cantar, há mil sonhos ainda a viver, mil batalhas ‘inda por ganhar. Recordai companheiros Bolama, recordai Cantanhez e o Cacheu onde um dia acendemos a flama que nos céus da Guiné se perdeu. Carlos Marques Pinto, enquanto Presidente da AORN, 2004 De facto, sempre entendi que este tipo de órgãos de comunicação e os seus feitores e leitores devem estar suficientemente libertos das tutelas institucionais e muito menos se devem transformar em correias de transmissão. E o Zaire ‘inda ao longe nos chama Chilombo pergunta por nós. Nessa Angola onde a dor se derrama fomos dignos dos nossos avós. Pese embora um ou outro percalço, continuo a pensar que só assim se podem credibilizar as publicações, os seus responsáveis e os responsáveis pelos responsáveis – permitam-se-me os pleonasmos – e fazer respirar as instituições, mesmo correndo os riscos de existirem aproveitamentos não correspondentes a esta postura de boa fé...” Moçambique nunca esqueceremos: quanto sangue deixámos por ti! Do Zambeze às terras do Niassa, tua voz nos dizia “Venci”. Sobre a imagem e post aqui publicados, replicados dum blogue meu tendo como temática a Reserva Naval – a que Marques Pinto sempre pertenceu “de corpo e alma” –, em seguida transcrevo um extracto de uma recente mensagem, por ele enviada, escassos dias antes de deixar o nosso convívio: Quer na paz, quer na guerra cantemos o Orgulho de quem sabe ser marinheiro e soldado na terra que jurámos querer defender. “... Mas como nós partilhamos “em sociedade” a Associação Nacional de Fuzileiros, gostaria que permitisses que esta Associação o adopte e faça publicar na 22.ª edição da nossa revista “O Desembarque”. Grande abraço, Carlos Marques Pinto” Onde quer que nos chamem estaremos onde quer que nos mandem lutar nossas almas na noite sem medo nossas boinas de novo ao luar. Letra: Diogo Pacheco de Amorim Música: José Campos e Sousa Até breve, Camarada... Na sede da AORN, junto de um modelo da LFP Bellatrix, construído no Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz enquanto ali foi Director O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt Como sempre gritemos “presente” como sempre marchemos a par. Só tem pátria quem sabe morrer, só tem pátria quem sabe lutar. Onde quer que nos chamem estaremos Onde quer que nos mandem lutar Nossas almas na noite sem medo Nossas boinas de novo ao luar. 29 homenagem Texto de homenagem à memória do CMG SEF António Fernando Salgado Soares E m Julho passado faleceu o nosso camarada e amigo António Fernando Salgado Soares (CMG SEF), após prolongada situação de doença, com profunda diminuição física e muito sofrimento, a qual enfrentou com muita coragem e dignidade e não perdendo o seu proverbial sentido de humor. O Salgado Soares nasceu, estudou e viveu na “sua cidade de Setúbal”. Alistado na Marinha em 1962, como Oficial da Reserva Naval (FZ), entrou para os QP’s em 1967, e foi promovido a Capitão-de-Mar e Guerra em 1989. Da sua extensa carreira refiro alguns dos principais cargos desempenhados: – Oficial da CF3 (Guiné) – Secretário Escolar na Escola de Fuzileiros – Comandante do PF1 (Cabo Verde) – Comandante da CF3 (Angola) privada exercia acções de voluntariado em prol de pessoas carenciadas) e muito considerado por todos que com ele privaram. – Chefe da Divisão ou Informações do EM/CCF – Oficial Imediato da Escola de Fuzileiros (9 anos!) – Chefe da 8.ª Repartição DSP – Chefe da Repartição dos Militarizados e Civis da DSP em acumulações com Gab. Heráldica (EMA) Recebeu numerosos louvores e as condecorações MM Serviços Distintos – prata, 2MM Mérito Militar (1.ª e 2.ª classes), Cruz Naval (2.ª classe), MN Vasco da Gama, MM Comportamento Exemplar – ouro e Comemorativas das Campanhas F.A.’s – Guiné, Cabo Verde e Angola. Na Associação de Fuzileiros, exerceu cargos directivos até a doença o impedir de continuar. Casou com Isabel Maria (também já falecida) e tiveram duas filhas. Comunicativo, com invejável memória e apurado sentido de humor, promovia permanentemente ambiente de boa disposição, tal como, já próximo do seu final, em alegre e última confraternização na Associação de Fuzileiros. Os amigos mais próximos, “os que importam” como ele dizia, e que o acompanharam sempre, despedem-se do Salgado Soares com profunda tristeza e já saudosa amizade. Para as filhas Sofia e Rosário as nossas muito sentidas condolências. Partiu um Homem bom e um Amigo. O Cmdt Salgado Soares foi um Oficial competente, dedicado, culto, leal, com elevada formação moral e humanista (na sua vida Vasco Brazão Sócio n.º 277 CMG FZE (REF) RECOMENDAÇÕES/INFORMAÇÕES/PEDIDOS da Direcção Endereços Electrónicos A Direcção Nacional da AFZ solicita a todos os Sócios que possuam endereços electrónicos (email) o favor de os remeterem ao Secretariado Nacional ([email protected]) para facilitar as comunicações/informações que se pretende assumam a natureza de constantes e permanentes. É também importante que os sócios mantenham actualizados os seus contactos, as suas moradas, telefones e telemóveis. Assim, estarão os Sócios sempre informados, em tempo quase real, de todas as regalias de que poderão usufruir, bem como das datas e locais dos convívios e eventos, da iniciativa da Associação ou dos Associados. Documentos de despesa com saúde A Associação de Fuzileiros, através do seu Secretariado Nacional, disponibiliza aos seus associados o serviço de recepção e encaminhamento, para os serviços competentes, dos documentos de despesas com saúde. 30 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt corpo de fuzileiros Intercâmbio Bilateral Fuzileiros – US Marines 26 de maio de 2015 N a sequência do intercâmbio bilateral entre os Estados-Unidos da América (EUA) e Portugal, iniciado em 2014 sob proposta da sua Embaixada em Lisboa, realizou-se entre 06 e 13 de abril de 2015 um exercício combinado1 com a participação de uma Companhia do Símbolo da SPMAGTF-CR-AFR Batalhão de Fuzileiros N.º 2 (a CF22) e de elementos do Ground Combat Element2 do Special Purpose Marine Air-Ground Task Force Crisis Response – Africa (SPMAGTF-CR-AFR) do United States Marine Corps (USMC). Esta força norte-americana, atualmente sediada em Morón, Espanha, foi criada no decorrer dos incidentes da Primavera Árabe pela sequência de um ataque ocorrido ao Consulado dos EUA em Benghazi, na Líbia, em setembro de 2012, conduzido por rebeldes ao regime de Muamar Kadafi e do qual resultou a morte do Embaixador Chris Stevens e de mais três funcionários diplomáticos. Esta nova força tem como missão atuar no continente africano, reforçando a segurança de instalações diplomáticas norte-americanas, podendo ainda conduzir operações de evacuação de não-combatentes (NEO), apoio a catástrofes e ajuda humanitária (HADR) entre outras tarefas que lhe venham a ser atribuídas pelo AFRICOM3. Constituída por mais de 600 militares e tendo organicamente atribuídas 04 aeronaves KC-130 (Hercules) e 12 aviões MV-22 (Osprey) cumprem um ciclo de seis meses de prontidão em Espanha, tendo já sido ativada em dezembro de 2013 para o Djibuti e Uganda, com a crise no Sudão do Sul. Vem, ainda, estabelecendo vários intercâmbios de treino e cooperação, nomeadamente com países do sul da Europa, no qual Portugal prontamente acedeu também para participar. Foi neste âmbito que em maio de 2014 se (re)iniciou o intercâmbio entre Fuzileiros 1 2 3 Exercício que conta com a participação de forças provenientes de diferentes países. Companhia de Atiradores. US Africa Command localizado em Estugarda, Alemanha. e US Marines que já na década de 80 e 90 do século passado marcaram várias gerações de Fuzileiros e cujos exercícios se revelaram muito proveitosos pelo conhecimento e experiências partilhadas entre ambas as forças. O planeamento para o exercício deste ano iniciou-se logo em janeiro com uma reunião preliminar na Base de Fuzileiros e um site survey (SiSu) às potenciais áreas de treino, contando com a presença de militares daquela força norte-americana, de elementos do Estado-maior do BF2 e da própria CF22. Em finais de março realizou-se outro SiSu com as delegações intervenientes no exercício, e onde se ultimaram os detalhes para a edição deste ano que viria a contar com uma demonstração final de capacidades a altas entidades no Campo de Tiro, em Alcochete (anteriormente designado por Campo de Tiro de Alcochete - CTALC). O exercício iniciou-se com a chegada da força norte-americana à Base Aérea nº 6, no Montijo e o seu deslocamento para o Ponto da Apoio Naval de Troia (PANTROIA). pelotões treinavam no CTPC, os restantes praticavam Combate em Áreas Edificadas (CAE) nas antigas instalações da desmagnetização, na península de Troia. No dia seguinte o planeamento foi similar, havendo apenas lugar à rotação dos Pelotões pelas várias estações, de modo a que todos tivessem a oportunidade de treinar e trocar experiências nas diversas áreas. No quarto dia de exercício realizou-se a retração da força para a Escola de Fuzileiros (EFZ), tendo o período da manhã sido aproveitado para a acomodação e certificação dos militares na execução de técnicas de fast-rope, na Torre Anfíbia, junto ao cais da UMD. Após o almoço estava previsto um novo treino de fast-rope, agora partir da aeronave MV-22 Osprey; no entanto, e face às más condições climatéricas que se faziam sentir nesse dia, o voo proveniente de Morón foi interrompido e implicou o cancelamento da série. Assim, e nessa tarde, apenas se realizou o planeamento e treino para a demonstração que se iria realizar no dia seguinte. A demonstração realizou-se no dia 10 de abril no Monte Belchior (CTALC), consistindo na condução de um raide a um campo de treino insurgente; teve a presença do Embaixador norte-americano em Lisboa, Robert Sherman, do Vice-almirante Comandante Naval Pereira da Cunha e do Coronel USMC Savage, comandante da SPMAGTF-CR-AFR. Contou, ainda, com a participação de outras ilustres entidades, civis e militares, bem como uma relevante presença de jornalistas que fizeram a cobertura deste evento. Troca experiências no tiro de metralhadoras Serviu, ainda, este primeiro dia, para juntar e alojar toda a força (portuguesa e americana) naquele local e, também, para todos se conhecerem, terminando a jornada com um ice breaker convívio. No segundo dia, um dos pelotões norte-americanos juntamente com outro da CF22 dirigiram-se para o Campo de Tiro de Pinheiro da Cruz (CTPC) a fim de realizarem treino conjunto como explosivos, fogo de apoio, atiradores designados e tiro de combate. Enquanto aqueles dois O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt Treino CAE 31 corpo de fuzileiros Troca experiências entre atiradores Para a ação foram constituídos três grupos distintos, formados com militares de ambos os países, designadamente um grupo de assalto, um grupo de apoio e um grupo de segurança. Além disso, foram também criadas elementos de cenário que simularam forças insurgentes no local e que conferiram uma dinâmica mais real àquela demonstração. Enquanto os grupos de segurança e apoio haviam sido inseridos durante a madrugada anterior e movimentados/posicionados junto ao objetivo para garantir as condições de segurança e projeção ao grupo de assalto, estes ultimavam na EFZ o seu planeamento para o raide que iriam executar. teve a oportunidade de assistir à inserção da força a partir do Osprey. De seguida a aeronave regressou à EFZ por forma a embarcar o segundo grupo de assalto tendo a restante ação no objetivo decorrido conforme planeado. O êxito alcançado, sobretudo através da coordenação, das semelhanças nas técnicas, táticas e procedimentos utilizadas por ambas as forças e da grande interoperabilidade demonstrada, foram alvo de elogiosas referências, quer pelo comando português quer pelo norte-americano. Nessa mesma manhã, o primeiro grupo de assalto embarcou na aeronave, juntamente com a comitiva de altas entidades que O resto do dia de sexta-feira foi empregue para visitas ao Museu do Fuzileiro e para a realização da pista de lodo, dois locais emblemáticos da nossa Escola, quer pela sua história quer pelo simbolismo que lhe estão associados, obtendo-se assim um grande impacto junto aos Marines que ficaram agradados com as experiências que lhes foram proporcionadas. O dia terminou com um jantar de convívio entre as duas forças e com as respetivas trocas de lembranças. Durante o fim-de-semana foram realizadas atividades culturais a pontos Treino de fast-rope na Torre Anfíbia Treino de fast-rope a partir de um MV-22 Visita efetuada ao Museu da Marinha simbólicos da cidade de Lisboa, tais como o Museu de Marinha, a Baixa Pombalina, a zona de Belém, entre outros, sendo a força norte-americana enquadrada por militares da CF22. O exercício terminou com a regeneração da CF22, no dia 13 de abril, na Base de Fuzileiros e com o regresso dos militares da SPMAGTF-CR-AFR a Espanha. Este exercício, devido às suas características e à forma como o seriado foi conduzido, constituiu uma excelente oportunidade de treino e uma troca de experiências inolvidáveis. Além disso, a interação efetuada aos mais baixos escalões permitiu que todos os militares participantes pudessem interagir com as suas contrapartes, salientando-se o bom ambiente e laços de amizade que foram estabelecidos entre os nossos Fuzileiros e os US Marines. O sucesso e a satisfação alcançados com este exercício fazem-nos antever que se venha a aumentar a frequência destes intercâmbios, eventualmente um por cada rotação da força norte-americana (semestral) bem como a possibilidade de alargar a participação à Força Aérea Portuguesa, não só na utilização das suas infraestruturas como em treino cruzado com as tripulações das várias Esquadras e aeronaves. Colaboração do Batalhão de Fuzileiros N.º 2. Fotografia de grupo com a presença de todos militares participantes no EXER e dos ilustres convidados 32 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt delegações Delegação do Algarve Descida do Rio Arade Este evento contou com a presença do Sr. Comandante Ruivo, Presidente da Associação de Fuzileiros, que nos honrou ao efetuar a descida com a nossa tripulação. Contou ainda com as honrosas presenças da esposa do falecido Dr. Marques Pinto; da Drª Ana Fazenda, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Portimão; do Sr. Comandante Lhano Preto e do representante do Clube Naval de Portimão. Este ano contaram também com algumas tripulações do Grupo de Operações Táticas, Grupo de Operações (Alemanha), Associação de Paraquedistas e outros camaradas, familiares e amigos que preencheram o leito do Rio Arade num passeio repleto de grandes momentos de boa disposição e camaradagem. E m 6 de Setembro de 2015, a Delegação de Fuzileiros do Algarve voltou a organizar a já “regionalmente famosa” Descida do Rio Arade que vai na sua 5.ª Edição. Este ano, o evento deu um salto quantitativo e qualitativo contanto com a presença de 185 camaradas e um total de 24 Botes “a remar” dentro de água, mais alguns kayaks. Contou com o apoio de 2 Botes da UMD – Corpo de Fuzileiros, uma lancha do ISN e uma embarcação da Polícia Marítima. A 5.ª Descida teve quatro pontos altos: uma paragem para reabastecimento no Clube Naval de Silves, onde se refinaram as provas dos queijinhos e enchidos da terra; uma emboscada anfíbia, a meio da descida, levada a cabo pelo Grupo de Operações Táticas de que não podemos acrescentar pormenores; o “já muito esperado” almoço (porco no espeto) e a finalizar uma homenagem ao nosso eterno “filho da escola” e grande Camarada, Dr. Marques Pinto que nos deixou recentemente. Homenagem ao Dr. Marques Pinto P or ocasião da 5.ª Descida do Rio Arade 2015, a Delegação de Fuzileiros do Algarve prestou uma sincera homenagem ao nosso Camarada e “Filho da Escola” Dr. Marques Pinto que nos deixou recentemente de forma muito inesperada. Foi entregue uma lembrança à sua esposa e realçado um profundo agradecimento por todo o trabalho desenvolvido em prol da Associação de Fuzileiros, da Delegação de Fuzileiros do Algarve e sobretudo pela estima, consideração e amizade com que privou com a DFZA. Este momento especial contou também com a presença do seu Irmão, do Presidente da Associação de Fuzileiros e do CMDT Lhano Preto. O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 33 delegações FATACIL 2015 A Delegação de Fuzileiros do Algarve esteve presente, com 18 Associados, na 36.ª FATACIL que se realizou-se em Lagoa entre os dias 21 e 30 Agosto 2015. Durante estes 10 dias, receberam a visita de cerca de 450 filhos da escola, camaradas de outras armas, familiares e amigos para além de muitos curiosos a solicitarem informações sobre os Fuzileiros e sobre a Marinha de Guerra Portuguesa. Foi um êxito em termos de marketing e de divulgação das nossas instituições assim como dos valores que defendemos e procuramos transmitir diariamente aos mais novos. Delegação do Douro Litoral Convívio na Barragem do Torrão N o dia 17 de Maio de 2015 realizou-se um convívio na barragem do Torrão em Entre-os-Rios em parceria com a Canoagem do Douro. Foi um convívio para mais tarde recordar e repetir pois foi neste evento que a nossa Delegação baptizou de “ZEBRO” este primeiro de muitos outros “raides anfíbios” que tencionamos organizar, assim haja condições para tal. Descida em botes a remos no rio Douro N o dia 13 de Junho de 2015, a DFZDL organizou uma descida de bote a remos no rio Douro. Foi um convívio cheio de simbolismo e emoção. Recrear uma situação operacional de Fuzileiros, aliada ao lazer, no Douro Vinhateiro, foi motivo de grande satisfação para todos os participantes, Fuzileiros, mais antigos e modernos e seus familiares e amigos. 34 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt delegações Queremos agradecer à Direcção da Associação o esforço que desenvolveu para que este evento se realizasse e tivesse o êxito que teve. Igual agradecimento ao Comando Zona Marítima do Norte, na pessoa do Sr Comandante Martins dos Santos, pela excelente ajuda e participação. Neste agradecimento queremos também incluir a Câmara Municipal de Gaia, na pessoa do Sr. Dr. Delfim de Sousa, Vereador da cultura, cuja colaboração e companheirismo fizeram com que o evento tivesse uma divulgação e brilho extraordinários. Esperamos contar com todos em próximos eventos desta natureza. Aniversário do Núcleo de Combatentes da Lixa N o dia 20 de Junho, a Delegação da AFZ do Douro Litoral esteve representada no aniversário do Núcleo de Combatentes da Lixa pelo seu Presidente Henrique Mendes, pelo Vice-Presidente Augusto Teixeira e pelo Tesoureiro Aires Pinto. Foi um aniversário celebrado no mesmo dia em que a cidade da Lixa foi elevada a cidade e, como tal, o impacto e simbolismo desta cerimónia foram acrescidos face a esta feliz coincidência. O seu presidente muito elogiou a nossa participação enaltecendo a nosso brio e profissionalismo. Aniversário do Núcleo de Combatentes de Felgueiras C omo já vem sendo habitual, a Delegação da AFZ do Douro Litoral, esteve presente neste dia tão especial para o Núcleo de Combatentes de Felgueiras, no dia 13 de Setembro. No evento estiveram presentes os senhores Presidente e Vice-presidente da DFZDL e respectivas esposas. O senhor Presidente da Câmara de Felgueiras e o senhor Presidente do Núcleo de Combatentes daquela cidade, agradeceram pessoalmente a nossa presença. O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 35 delegações Delegação de Juromenha/Elvas Delegações da AFZ integram-se nas Comunidades Locais Um exemplo A tradicional Procissão dos Pendões marcou, como em todos os anos, o início das Festas do Senhor Jesus da Piedade e da tradicional Feira de São Mateus em Elvas, 2015. participação com um Stand de divulgação na Feira de S. Mateus, surgiu o convite da Câmara Municipal para que a DJE participasse com o seu Guião heráldico na Procissão dos Pendões. Nesta procissão, só de pendões, sem andores, os pendões representam a vida civil, religiosa e administrativa – as paróquias, as associações, confrarias, freguesias, localidades do concelho e, por vezes, dos concelhos vizinhos. Desde então a DJE não mais deixou de participar e procurou, junto da Direcção da Associação de Fuzileiros (AFZ), conjugar a oportunidade de desfilarem naquele evento todos os guiões, da AFZ e das suas actuais três Delegações. Desde que foi criada a Delegação da Associação de Fuzileiros de Juromenha/Elvas (DJE), há cerca de 5 anos, e na sequência da Nesse sentido, a Direcção Nacional tem feito coincidir a estatutária reunião anual das Delegações em Juromenha, propiciando assim a oportunidade de ali estarem presentes todos Presidentes e respectivos guiões que desfilam com todo o garbo na referida Procissão. A Procissão deste ano de 2015 ocorreu a 20 de Setembro sendo a participação da AFZ, como sempre, muito apreciada constituindo, também, um amplo campo de divulgação dos Fuzileiros junto de milhares de romeiros que ali se deslocam de todo o País e do estrangeiro. Por várias entidades e órgãos de informação, a Procissão dos Pendões é considerada o “ponto alto” das cerimónias religiosas em Elvas e a Associação de Fuzileiros saiu, mais uma vez, muito prestigiada com a sua participação. Colaboração da AFZ 36 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt delegações 5.º Aniversário Cerca de 100 convidados, entre camaradas, filhos da Escola, familiares e amigos partilharam connosco este momento cheio de significado. D O dia começou com a recepção aos convidados na nossa sede, na vila de Juromenha, onde foi servido um aperitivo enquanto se foram pondo em dia as conversas atrasadas entre camaradas e filhos da Escola e se aproveitou para apreciar a esplêndida vista observada da fortaleza de Juromenha sobre o vale do Alqueva. ecorreram no passado dia 13 de Junho de 2015 as celebrações do 5.º aniversário da Delegação de Fuzileiros de Juromenha/Elvas, que se realizaram entre a vila de Juromenha e a cidade de Elvas. O evento contou com as ilustres presenças do Sr. Manuel Valério, Vice-presidente da Câmara Municipal de Elvas, da Sr.ª D. Ana Coelho, Presidente da Junta de Freguesia de Seguiu-se o almoço, realizado em Elvas, no restaurante Vinha da Amada onde reinou a boa disposição e a camaradagem o que fez com que o tempo decorresse demasiado rápido. Apesar disso não nos esquecemos de recordar os nossos camaradas já falecidos com um minuto de silêncio e em honrá-los com a execução do nosso grito do Fuzileiro. Juromenha, do Sr. Comandante do Corpo de Fuzileiros, Contra-almirante Sousa Pereira, do saudoso Doutor Marques Pinto, em representação da Associação de Fuzileiros, do Sr. Contra-almirante Cortes Picciochi, grande amigo desta Delegação e do camarada António Pereira, presidente da Delegação da Associação de Fuzileiros do Algarve que se apresentou com uma numerosa representação. No final do almoço foram trocadas algumas lembranças e proferidos discursos, alguns plenos de emoção para todos. O resto da tarde foi de recordações… muitas recordações, histórias de Fuzileiros e anedotas da nossa vida militar, onde sobressaiu, como sempre, o camarada José Manuel Parreira. Até ao próximo ano camaradas. Contamos com todos. Jorge Clérigo O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 37 divisões Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas Troféu de Tiro – Dia da Marinha 2015 Textos de Espada Pereira Sóc. Orig. n..º 445 Chefe de Divisão do MALD Classificações Modalidade: PPC-HS 1.º Class. – Filipe Neves 2.º Class. – Francisco Silva 3.º Class. – Francisco Algarvio Modalidade: PPC-HV 1.º Class. – José Marracho 2.º Class. – António Durães 3.º Class. – Carlos Pereira Modalidade: P25-SS 1..º Class. – Filipa Marracho 2.º Class. – Susasna Silva 3.º Class. – Ana Batista I nserido nas comemorações do Dia da Marinha 2015 realizou-se no passado 16 e 17 de Maio, na Carreira de Tiro do Centro de Educação Física da Armada (CEFA) a prova de tiro “Troféu de Tiro Dia da Marinha 2015”. Disputado nas modalidades de Pistola de Percussão Central (PPC) e de Pistola 25 m (P25), este torneio, fruto da organização conjunta dos três clubes de marinha com ligação ao tiro desportivo (CPA, AFZ e CNOCA), teve este ano a coordenação a cargo do CNOCA. Modalidade: P25 – HJ 1.º Class. – Diogo Nora 2.º Class. – Diogo Coelho 3.º Class. – Oscar Coelho Com a participação de cerca de trinta e três atletas, as diferentes modalidades decorreram num agradável ambiente desportivo onde a competitividade esteve ao mais alto nível. De salientar o agradável e simples almoço de convívio que decorreu na Messe de Sargentos na Base Naval de Lisboa (Alfeite). INFORMAÇÃO aos Sócios Salão Polivalente e de Refeições Informamos os nossos Associados que o Snack-Bar da AFZ, da nossa Sede Social, está em pleno funcionamento após obras de conservação e manutenção. O Salão Polivalente e a cozinha do Snack-Bar foram totalmente remodelados incluindo o mobiliário. Daqui exortamos todos os Sócios a que frequentem a nossa/Vossa Sede, o Bar e o Salão Polivalente e de Refeições e a que, os Camaradas organizadores dos habituais Almoços/Convívios, consultem sempre a AFZ e/ou o respectivo Concessionário do espaço, porque encontrarão, por certo, condições de relação qualidade/preço muito favoráveis, para além de um ambiente agradável e de muito nível, propício à realização de eventos de qualquer natureza, em que as nostálgicas saudades, as alegrias, a amizade, a solidariedade, as nossas histórias e o espírito do fuzileiro se podem revelar em toda a sua plenitude. Sugerimos que as marcações de pequenos eventos ou os almoços/convívios sejam, em princípio, marcados com a intervenção do Secretariado Nacional da AFZ (telefone: 212 060 079; telemóvel: 927 979 461, email: [email protected]) por razões que têm a ver com a programação dos eventos da iniciativa da Direcção. O Concessionário, cujo novo telefone é o 210 853 030, tem instruções para dar conhecimento à Direcção de todos os eventos e/ou convívios que venham a ocorrer na Sede Nacional, antes de se comprometer na sua realização. Saudações a todos os Sócios e suas Famílias. A Direcção Nacional da AFZ 38 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt divisões Escalada em Monsanto N o passado dia 30 de Maio, lançámos uma modalidade piloto na nossa Área Desportiva com o objectivo de proporcionar, no futuro, a prática de uma modalidade de superação pessoal que é a “Escalada”. Com cerca de quinze participantes, a actividade realizou-se em Monsanto, no bloco de escalada artificial que mostrou possuir desafios bastante interessantes para quem decidiu desfiar as suas paredes. Uma actividade bastante acessível a todas as idades e, acima de tudo, bastante agradável para se realizar com a família. Esta experiência foi palco de uma agradável manhã passada em Monsanto, onde a vertente didática esteve também presente para aqueles que, pela primeira, tiveram a possibilidade de conhecer e praticar a modalidade. Com a satisfação visível em todos os presentes, ficou certo de que foi uma boa aposta e que, de futuro, mais actividades de escalada serão realizadas. O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 39 cadetes do mar Unidade do Corpo de Cadetes do Mar Fuzileiros 2.ª Actividade 10 de Outubro de 2015 N a Escola de Fuzileiros, os alunos foram recebidos pelo Senhor STEN TSN (DESP) António Fernandes, Coordenador e Oficial de Ligação entre a Escola de Fuzileiros e a Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros, o qual apresentou as boas vindas em nome do Comando da Escola de Fuzileiros. Os alunos iniciaram a primeira aula na área de Aptidão Física, coordenados pelo Formador da Escola de Fuzileiros, a formação realizou-se baseada em exercícios de flexibilização e de musculação, adaptados ao valores físico de cada um dos alunos, com o objectivo de fortificação muscular do seu trem superior. No período da manhã os alunos continuaram com actividades de formação. Na área do Cerimonial Marítimo, fizeram uma revisão de movimentos de Ordem Unida da aula anterior, seguindo a aprendizagem de novos Procedimentos e Atitudes Navais: a continência, o tratamento e a deferência com os superiores hierárquicos, assim como, os movimentos e posições com o Guião/Flâmula, do Corpo de Cadetes do Mar. As aulas da tarde, iniciaram-se na área da Ciências Militares, os Cadetes dirigiram-se para o Hangar da Unidade de Meios de Desembarque, onde pela primeira vez tiveram a oportunidade de conhecer as embarcações dos Fuzileiros. Aprendendo as principais características dos botes Zebro III, assim como; onde se encontram localizadas as camaras de flutuação, os paneiros e as longarinas, e proceder à montagem e desmontagem dos mesmos. Terminando esta formação com a aprendizagem de remo neste tipo de embarcação, no rio Coina. Depois de um banho retemperador, os Cadetes seguiram para a sala de aulas onde, com apoio vídeo, foi ministrada uma aula inserida na Área Comunidade Cívica, sobre a História Naval. O tema abordado foi o das embarcações utilizadas neste feito histórico da Expansão Marítima Portuguesa. Os alunos tiveram oportunidade de conhecer a Barca/Caravela, em que Gil Eanes passou o Cabo Bojador, depois as Caravelas, de velas latinas e redondas, utilizadas no século XV, seguindo-se as Naus, de vela redonda, navios já de grande porte utilizados no comércio de especiarias e mercadorias, de e para a Índia. Seguiram-se, os Galeões, navios com missão bi-funcional com a finalidade de transporte de mercadoria e igualmente com capacidade de combate, assim como, as Caravelas Redondas, navios considerados na época para combate naval, que aliavam enorme capacidade de manobra e de artilharia com um ritmo de disparo superior a outra embarcação existente nos mares. Estes navios tinham como missão, a escolta das frotas e de sua proteção contra os ataques da pirataria, nos séculos XVI e XVII. No final das actividades, os alunos foram transportados para a Estação Fluvial do Barreiro. José Talhadas Afonso Brandão Sóc. Orig. n.º 95 Sóc. Orig. n.º 1277 Comte UCMF Mestre da UCMF 40 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt convívios Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 12 47.º Aniversário da Formação Manuel Ramos (Porto) Sóc. Orig. n.º 90 Guiné 1967/69 15 de Novembro de 2014 O DFE 12 de 1967/1969 celebrou, no dia 15 de Novembro de 2014, o 47.º aniversário da sua Formação e, como não podia deixar de ser, foi o evento comemorado na “Casa Mãe” com honras militares a que assistiu o Comandante da Escola de Fuzileiros, CMG FZ Teiceira Moreira a quem, mais uma vez, expressamos o nosso muito obrigado não esquecendo também de mencionar todo o grupo de oficiais, sargentos e praças que estiveram presentes nesta tão especial cerimónia. Neste encontro foram lembrados os vinte anos sobre o falecimento do nosso saudoso Comandante Rebordão de Brito, que foi o 3.º Oficial do nosso DFE 12. Estiveram presentes mais de 70 pessoas, contando com a sempre agradável companhia das famílias. Sócio da AFZ Participa, colabora e mantém as tuas quotas em dia. O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 41 convívios Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 10 Angola 1969/71 18 de Abril de 2015 “Lúcia, 45 anos depois de nos teres aparecido” N o passado dia 18 de Abril de 2015, na Associação de Fuzileiros, realizou-se mais um encontro anual da grande família do DFE 10, 45 anos depois do nosso regresso do Leste de Angola. Desta feita tivemos a Lúcia entre nós, vinda do lado de lá do Canal da Mancha, onde trabalha e reside. As palavras não são bastante para descrever os momentos vividos e, segundo vontade de todos, o encontro irá repetir-se todos os anos.O texto, que então foi colocado num placard junto de fotografias alusivas, é suficiente para vos apresentar a nossa Lúcia. O sorriso é o mesmo de há 45 anos atrás e, como ele nos continua a fazer tão bem!!!... Os Fuzileiros do DFE 10. Os que estão e os que já nos deixaram. “LÚCIA” Apenas um nome, tão nobre quanto humilde, o qual completavas com um sorriso lindo e sereno de criança, criança que estava bem, rodeada de paz e do carinho de todos os que te receberam. A guerra sempre trouxe destruição, perda de vidas, infelicidade. Mas, foi no combate que uma criança surgiu assustada e as armas, próximas, se voltaram para cima. Alguém te protegeu com o seu corpo e não mais te largou na continuação dos confrontos. Alguém seria o teu escudo protector caso uma bala aparecesse. Depois, quando as armas se calaram, a custo, conseguimos fazer-nos ouvir muito longe e um helicóptero veio ao nosso encontro para evacuar dois feridos: - o nosso Patrício e um combatente do MPLA. Não seria bom para ti, assim o entendemos então, que ficasses exposta, numa pequena caixa voadora, onde uma equipa de saúde fazia o seu trabalho, com sangue e alguns sons de dor e de sobressalto à mistura. Estavas calma, quanto possível, aconchegada, comias um daqueles doces das nossas rações de combate e, não tivemos qualquer dúvida: ficarias connosco durante o dia e meio que faltavam até conclusão da missão. Também, não queríamos que te sentisses só, sem referências, nos apertados corredores do hospital do sofrimento. Não mais choraste, senão quando o combate surgiu de novo, horas depois. Mas, uma vez mais, acreditaste no aconchego de quem te abraçava. Foram momentos não muito longos, mas demasiado longos para quem te queria proteger. Uns ficaram para trás, contigo. Outros avançaram com coragem e com crença. No dia seguinte, cinco helicópteros levaram-nos de volta à base temporária de operações. Dias depois, foste conhecer a nossa casa, a casa onde cresceste um pouco mais e onde todos te entendiam como... a nossa menina. 42 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt convívios Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 2 Angola (Lunguébungo)1973/75 9 de Maio de 2015 daqueles fuzileiros que se reencontravam com as suas juventudes já longínquas. Em cada um sentia-se o grande orgulho de terem feito parte de um destacamento de fuzileiros especiais, das emoções vividas no dia-a-dia de uma força especial. Sentia-se o valor de pertença a uma equipa. Recordavam-se as histórias dos homens da MG´s. Falou-se das coisas do presente e das dificuldades da vida. Falaram os Homens que agora são Pais, Avôs e que se preocupam com o futuro. Eram as conversas das noites passadas no Lunguébungo só que agora noutras dimensões da vida individual. A verdade é que o espírito de corpo mantinha-se presente. A união vivida no DFE2 projetava-se naqueles momentos. T al como tem sido tradição o DFE 2, versão Angola 1973-1975, voltou a reunir no 5.º convívio e,desta vez, em Samora Correia. Foi no passado dia 9 de Maio. e conhecido, entre a família dos fuzileiros, como o Samora precisamente por ser da localidade onde o DFE2 se reuniu. Cinquenta pessoas reuniram-se com dois grandes objetivos e que corresponderam ao programa do encontro. Após a reunião de todos os que puderam participar, ao vivo, no convívio realizou-se um desfile até à campa onde jaz um dos nossos. No momento, o Comandante do DFE2, CAlm Gonçalves Cardoso, fez uma intervenção lembrando, um a um, todos aqueles que tendo integrado o Destacamento de Fuzileiros Especiais 2, já partiram. Foi naturalmente um momento de grande emoção que ficou marcado pela colocação de uma coroa de flores, na campa do Samora. Aí, o Destacamento prestou homenagem aos Fuzileiros mortos guardando um minuto de silêncio junto da campa do camarada Dário Romano, recentemente falecido A segunda parte do Encontro, tal como em todo os outros, falou-se, e muito, dos tempos passados juntos e das peripécias que fazem parte da história de vida de cada um O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt A solidariedade, apanágio dos fuzileiros especiais fervilhava nas conversas sobre o estado de saúde daqueles que por falta dela, não poderam estar presentes no encontro. 43 convívios Foram longas e muito agradáveis aquelas horas em que se falou dos fuzileiros e da vida. Foi neste contexto, de partilha de emoções e de recordações que o FZE Fernando Cardoso de Sousa preparou, com todo o cuidado, um texto que pela força que traz em cada palavra merece ser partilhado com todos os nossos camaradas Fuzileiros. Durante o convívio foi oferecido a todos os presentes uma gravura que é a réplica do quadro com a foto do Posto de Marinha de Fuzileiros Especiais do Lunguébungo e que foi oferecido pelo DFE 2 ao Museu do Fuzileiro na Escola de Fuzileiros. Por sua vez o Destacamento ofereceu ao Comandante uma fotografia que contém a imagem da presença dos Fuzileiros Especiais cumprindo uma missão nos num dos Rios do Leste de Angola: o Rio Luena. Relembre-se que foi precisamente este destacamento o último que marcou a presença dos fuzileiros especiais numa missão, quer nos rios do Leste quer mesmo nas matas do Leste de Angola, em Julho de 1974. Companhia de Fuzileiros Especiais N.º 3 Angola 1972/74 30 de Maio de 2015 O convívio realizou-se no restaurante da Associação de Fuzileiros, no passado dia 30 de Maio de 2015. Compareceram cerca de cem pessoas, incluindo os elementos da Companhia e os seus Familiares. Esta Companhia de Fuzileiros fez a comissão em Angola de 1972 a 1974 em Vila Nova da Armada – Angola. O almoço decorreu de forma muito agradável, não havendo reparos a fazer sobre a forma como decorreu o serviço e, no final, todos se despediram com vontade de voltar. O almoço foi organizado pelo elemento da Companhia, SMOR João Manuel Patrício. 44 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt convívios Encontro Anual do 18.º CFORN 44.º Aniversário 6 de Junho de 2015 M ais um ano passou! O tempo flui e voa ao compasso do virar duma página do livro da vida. O passado foi ontem e há que preparar o próximo Encontro que o tempo urge e vai-se esvaindo de forma inexorável. Temos a sensação, bem assimilada, que os dias vão passando bem mais ligeiros do que desejaríamos. Nós, que estamos na fronteira do ocaso da nossa existência. É verdade, meus caros, estamos já na fase descendente duma caminhada imparável – a que chamamos VIDA – que, face à turbulência com que decorre, devora tudo o que a afronta e prossegue, impante, rumo à morada eterna. Não nos deixemos vencer pelo pessimismo da idade e façamos dos nossos Encontros, o que desde sempre fizemos: um hino à camaradagem e por que não dizer à amizade construída na argamassa do esforço, da entrega e da solidariedade da juventude. Com a visita ao Clube Militar Naval, palco da comemoração do 44.º aniversário do 18.º CFORN, procurou dar-se seguimento à ideia – que temos vindo a cumprir – de visitarmos instituições ligadas à Marinha que, por via disso, nos foram familiares e cuja recordação, nas palavras escritas pelo nosso camarada Gomes Lima, “ajuda a contextualizar episódios vividos num esforço de despertar memórias que cimentam os cada vez mais sólidos laços de amizade e camaradagem apurados e solidificados com o passar dos tempos”. O Clube Militar Naval (CMN) é uma instituição cultural, sem fins lucrativos, da qual podem ser sócios todos os que escolheram servir a Marinha como oficiais de carreira. Busca as suas raízes a 8 de Setembro de 1866, data da primeira reunião de oficiais com o fim de discutir o problema das promoções por escolha, que já então constituía preocupação. Os objectivos que têm norteado a actuação do CMN, plasmados nos seus Estatutos, são essencialmente de natureza cultural, de que se destaca a publicação dos Anais, de agregação da classe e conservação das gloriosas tradições da Marinha. O CMN tem actualmente a sua sede num edifício solarengo da Avenida Defensores de Chaves, após ter deixado as instalações da Praça Marquês de Pombal, que todos tivemos oportunidade de bem conhecer e onde funcionou mais de meio século. Como se enfatizou, mais uma vez as gentes do 18.º CFORN souberam dizer presente e dar resposta condigna a esta iniciativa. Daí que, à hora marcada fossemos chegando, vindos do norte e do sul, mesmo dos Açores, transportando a sofreguidão de dar um novo abraço, se possível mais forte que o do ano anterior, em sinal de regozijo por nos vermos de novo. Como sabe bem o reencontro! No período pré-prandial os camaradas Adelino Couto e Oliveira Braga leram um texto que, de forma escorreita e bem humorada, deu conta da forma como decorreu o Encontro do ano passado que teve lugar em Cacilhas. Por entre recordações e memórias desse dia, foram-se soltando sonoras gargalhadas, testemunho da boa disposição que se ia instalando. O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 45 convívios Ainda antes do almoço e, perfeitamente enquadrado no tema deste Encontro, teve lugar um momento literário, com a apresentação aos presentes do livro Dois Amigos, Dois Destinos, da autoria do camarada José Alvarez. Com prefácio do Prof. Adriano Moreira, o livro, em forma romanceada, situa-se no triângulo Cabo Verde, Guiné e Lisboa e desenvolve a história de dois jovens, um deles guineense, que embora oriundos de ambiências e culturas diferentes, criam uma amizade fraterna, não obstante as suas divergências políticas. Esta amizade nasce e cresce em Lisboa, ganhando, porém, contornos dramáticos na Guiné como combatentes em barricadas opostas. Com efeito, o jovem guineense, que sonhava com a independência da sua terra, integra as hostes do PAIGC, enquanto o seu amigo de peito cumpre o serviço militar na Marinha Portuguesa. A luta armada que então se travava, e que os fez protagonistas de causas díspares, embora dando-lhes igualmente destinos diferentes, não foi, contudo, capaz de destruir os sagrados códigos duma amizade verdadeiramente sanguínea. Coube ao camarada Tabanez Ribeiro, autor do posfácio, fazer uma breve apresentação do livro, usando um tom leve e bem disposto de molde a propiciar um clima de salutar convívio. Seguiu-se a venda de alguns exemplares do livro e uma curta sessão de autógrafos. A jornada prosseguiu com a retoma do tema O Caminho de África passa pelo Mar, pelo que a Cabo Verde se seguiu agora a Guiné-Bissau, que se encontra novamente nas bocas do Mundo, devido à conturbada crise política que vive actualmente e que vai fragilizando cada vez mais a débil economia deste país irmão e, consequentemente, agravando sobremaneira as já precárias condições sociais em que vive o seu povo. Evocando um pouco da sua cultura, neste caso gastronómica, fez-se constar da ementa o “Sigá de Carne de Porco”, prato indígena cuja confecção mereceu unânime aprovação. Não faltou também o “Bacalhau à Brás”, o portuguesíssimo pitéu tão querido das gentes marinheiras que, numa perfeita simbiose de sabores e culturas, deu azo a um excelente almoço, a que não foi alheio o profissionalismo das pessoas da casa que nos recebeu. Por entre derradeiros abraços e saudações calorosas, a jornada aproximava-se do seu termo. Foi tempo de chegar e, num sopro, fez-se tempo de partir. Para uns, o aconchego familiar seria encontrado ali bem perto. Para outros, todavia, sê-lo-ia bem mais longe, daí que urgisse pôr mãos ao caminho que muitas léguas teriam que ser galgadas. Os sinais da despedida deixavam transparecer no rosto dos camaradas a vontade do reencontro. Até breve. Até sempre! Adelino Couto Sóc. Orig. n.º 2382 2.º TEN FZ RN 46 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt convívios Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 13 Guiné 1968/70 6 de Junho de 2015 N o passado dia 6 de Junho, o DFE 13 (Fuzileiros e Famílias) comemorou, em Elvas, o 47.º Aniversário da sua constituição e início da comissão na Guiné. Do programa constou uma homenagem aos Fuzileiros Mortos, junto do Monumento aos Combatentes do Ultramar, com as presenças de representantes da Junta de Freguesia, da Liga dos Combatentes e da Associação de Fuzileiros, após o que foi celebrada Missa na muito interessante Igreja do Senhor Jesus da Piedade. INSTITUTO MÉDICO & DENTÁRIO DO BARREIRO Dr. Pedro Mota A S S O CI ATÉ 30 DESCONTO* A ÇÃ O DE F EIROS OTOCOLO A minha confiança... A minha segurança... O meu médico! *Condições especiais ao abrigo do Protocolo com a Associação de Fuzileiros até 30% do preço de tabela. IL PR UZ Seguiu-se o convívio que teve lugar em excelente restaurante da zona, em ambiente de grande alegria e camaradagem, reforçando uma amizade de 47 anos e, também, revelando Fuzileiros orgulhosos do dever bem cumprido, conforme salientado pelo Comandante (Almirante Vieira Matias) na sua alocução. A organização do evento esteve a cargo, de forma competente e muito dedicada, do FZE José Capitão. Para a sua deslocação, o DFE 13 contou com os prestimosos apoios do CCF e da DT. O DFE 13 teve relevante actuação operacional na Guiné, obtendo importantes resultados, e também se evidenciou como Unidade coesa e disciplinada, conforme consta do louvor atribuído pelo Comandante-Chefe daquela Província Ultramarina. Vasco Brazão Sóc. Orig. n.º 277 CMG FZE (Ref) PROTOCOLOS subscritos pela DFZA Rua Miguel Bombarda nº 215 Alto Seixalinho • 2830-089 Barreiro T 212 141 145 • M 968 734 073 • [email protected] AquaShow - Quarteira 50% desconto (entradas no parque) para sócios e familiares de 1.º grau 15% sobre tarifa balcão (Hotel) para sócios e familiares de 1.º grau Ginásio do Sul - Olhão Passe mensal free acessos: 25%/mês para sócios e familiares de 1.º grau www.facebook.com/imdbarreiro www.imdbarreiro.pt O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 47 convívios Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 2 Angola 1965/67 27 de Junho de 2015 R ealizou-se, no passado dia 27 de Junho, o habitual almoço de convívio do Destacamento N.º 2 de Fuzileiros Especiais que, este ano, completou o 50.º Aniversário da sua partida para Angola. Foi realizado num restaurante na região de Fátima sendo magistralmente, organizado pela mão do camarada Joaquim de Almeida Campos, a quem estamos muito gratos. No final foi dito por Cesarina Brandão, irmã do Sócio, Afonso Brandão o poema que se destaca. Afonso Brandão Almoço do Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 2 Angola 1965/1967 50 Anos Sóc. Orig. n.º 1277 Neste ano dois mil e quinze Com muita satisfação Aqui estou, mais uma vez A acompanhar meu irmão! De defenderem a Pátria Para o nosso “bem-estar”; Talvez fossem receosos Do que iriam encontrar! É um convívio tão lindo… De tanta, tanta amizade… Mas acredito que haja Uma ponta de saudade! Mas os bravos Marinheiros De fracos não deram parte E esconderam o receio Com todo o engenho e arte! Foi já há cinquenta anos Que umas crianças ainda, Partiram para Angola Com uma missão tão linda. E lá foram p´lo Mar fora Sempre, sempre a navegar… O que eles por lá passaram Eu nem posso imaginar! Um mundo de soluções para o seu lar... Deixaram para trás os pais Os irmãos e os avós; E sabe Deus a saudade No peito de todos nós! Mas quando chegou a hora De voltarem, que alegria… Só para os irmos esperar Era ver quem mais corria! E assim, não é para estranhar Esta tão grande amizade Cimentada nos trabalhos Na lonjura e na saudade! Mas quero dizer, aqui, Que gosto muito de vir; Pois a amizade sincera Muito gosto de sentir! Também gosto do silêncio Pelos “do lado de lá”… A amizade não termina Por eles não estarem cá! E agora para terminar Dizer-vos, aqui, eu quero A todos que estão presentesUm obrigado sincero. 48 Cesariana Brandão Estrada das Palmeiras, 55 | Queluz de Baixo 1004 | 2734-504 Barcarena | Portugal | T.(+351) 214 349 700 | F. (+351) 214 349 754 | www.mjm.pt Por tudo aquilo que foram E o que ainda hoje são… Também por serem amigos Do Afonso, meu irmão! O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt convívios Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 4 Guiné 1965/67 - 3 de Outubro de 2015 E m 3 de Outubro 2015, o DFE 4 festejou as bodas de ouro da sua partida para a Guiné. Estiveram presentes 30 elementos do DFE 4, que com as famílias e convidados somaram 76 pessoas. Destaco os convidados presentes: o Alm. Sousa Pereira, Comandante do Corpo de Fuzileiros; o Alm. Gomes Teixeira, ex-Comandante da LFG Hidra; o Comte Carlos Pecoreli, ex-Comandante do DFE 10; e ainda o Comte Benjamim Correia, Vice Presidente da Associação de Fuzileiros. Decorreu a comemoração institucional na Escola de Fuzileiros com o descerramento da placa comemorativa. Seguiu-se uma Missa por intenção dos 16 elementos já falecidos no Destacamento, e uma visita a uma exposição fotográfica dos tempos de Guiné no Museu do Fuzileiro. Decorreu depois um almoço de intenso convívio na Associação de Fuzileiros, onde se fez a “estreia mundial”… do “fado do DFE 4” e a entrega a cada elemento de um pequeno livro de memórias e do respectivo CD com o referido fado. No fim aconteceram algumas sentidas palavras do Imediato e Comandante, tendo fechado o almoço de confraternização o Alm. Sousa Pereira, com palavras singelas e muito simpáticas para o nosso Destacamento. Pelo que fomos e pelo que somos! Até sempre! O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt 49 convívios 1.º CFORN FZ/RN 1985/86 30.º Aniversário da Incorporação na Escola de Fuzileiros 30 de Setembro de 2015 N o passado dia 30 de Setembro de 2015, o 1.º CFORN FZ/RN 1985/86 fez 30 Anos de Incorporação na Escola de Fuzileiros. Com a presença de 20 Camaradas de Curso, as comemorações desta efeméride realizaram-se nos dias 2 e 3 de Outubro, com os seguintes tema e programa: “ Os que ausentes estão, sempre presentes estarão!” • 2OUT Alojamento na Quinta da Valenciana e Golpe de Mão nocturno na Quinta da Apostiça tendo terminado com Jantar/Convívio na Aldeia do Meco. • 3OUT 09h00 – Visita à Escola de Fuzileiros, com Homenagem a TODOS os Fuzileiros e aos 4 Camaradas de Curso, entretanto falecidos, com colocação de Coroa Flores no Monumento Fuzileiro; momento solene a colocação de 4 rosas brancas aos Camaradas falecidos e descerramento de placa alusiva ao tema. No final da Cerimónia, que contou a Digníssima Presença do Sr. Comandante Teixeira Moreira, 2.º Comandante do Corpo de Fuzileiros, foram feitos os devidos agradecimentos aos Comandos do Corpo de Fuzileiros e Escola de Fuzileiros para que tal cerimónia fosse possível. 13h00 – Almoço/convívio na “Tasca da Baracinha” em Vale do Guiso (Alcácer do Sal) 16h00 – Raid Anfíbio: descida do Sado em semi-rígido de Alcácer do Sal até Setúbal 20h00 – Jantar/Convívio no Museu do Choco em Setúbal Todo o evento decorreu num ambiente de sã camaradagem com momentos emocionantes e marcantes, tendo sido possível, uma vez mais, consolidar a franca Camaradagem que une todos os Fuzileiros… Jaime Pina Ferreira 1.º CFORN FZ 1985/87 50 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt obituário Aqui se presta homenagem aos que nos deixaram A Associação Nacional de Fuzileiros e a Revista “O Desembarque” apresentam sentidas condolências às Suas Famílias, publicando-se as respectivas fotografias que correspondem às que encontrámos nos nossos ficheiros. Estes nossos Camaradas e Amigos permanecerão para sempre entre nós! João Manuel Carvalho António Fernando Salgado Ludovico Soares Sócio n.º 885 - SMOR FZE REF Sócio n.º 162 - CMG SEF REF 23/02/1938 a 06/2015(*) 31/03/1941 a 1/07/2015 Domingos Manuel Vicente Janota Sócio n.º 286 - 1GR FZ 18/09/1941 a 9/07/2015 Carlos Alberto Marques Pinto Sócio n.º 221 - VPres AFZ 2/05/1940 a 24/08/2015 Raul de Almeida Viegas Sócio n.º 514 - 2SARG GRD 16/03/1945 a 1/09/2015 Manuel de Ribeiro Melo e Cunha Sócio n.º 227 - CFR FZE REF 3/11/1935 a 2/09/2015 diversos Novos Sócios Nome do sócio Novos Sócios N.º Nome do sócio N.º Assinatura Anual da Revista António Álvaro Ribeiro dos Santos 2428 António Silva Ribeiro 2445 António Francisco Ramos Palma 2429 António José Chaveiro Palma 2446 Nome do sócio N.º 2015 Rogério Paulo Magro Copeto 2430 Luís Vieira Gomes 2447 José Bernardes Monteiro 1225 10,00 € Pedro Alexandre Martins Santos 2431 António José Leal Marques 2448 Elísio Marques Godinho 2432 António Francisco Caseiro Marques 2449 João Manuel B. Saldanha da Bandeira Ennes 2433 Manuel Joaquim Costa Gabriel 2450 Renato Fernando Marques Pinto 2434 José Luís dos Santos Cruz 2451 Marcelo António Cazassa 2435 Luís Horta 2452 Edgar Jorge dos Santos Moreira 2436 Francisco Rosado Grosso 2453 Sérgio Henrique do Nascimento Teixeira 2437 Nuno Miguel Figueiredo Nunes 2454 Adérito Francisco Ferreiro Ventura 2438 Natalino António Madeira 2455 Nelson Cardoso de Sousa 2439 Fernando Agripino Leiria da Conceição 2456 Carlos Manuel Godinho Valada 2440 Rui Miguel Cabrita dos Reis António Manuel Mestre Coelho Figueira 2441 Miguel Jorge Vieira Ribeiro Fernandes Donativos à AF Nome do sócio N.º Donativo Dr. Pedro Marques da Luz 1308 440,00 € * CMG FZ Francisco Mendes Fernandes 546 90,00 € Francisco Neves Jordão 1634 5,00 € Henrique P. Fernandes 2398 10,00 € Jorge Valdrez 1313 10,00 € 2457 Inácio Joaquim Simões 1816 2,00 € José Domingos Cabrita Gomes Assis 2458 Dr. Pedro Marques da Luz 1308 30,00 € 2442 Mário Pinto Martinho 2459 António José Alves de Rocha 2443 Alfredo António Sampaio dos Santos 2460 Manuel Rodrigues Pereira 2444 O DESEMBARQUE • n.º 22 • Novembro de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt * Proteção para aparelhos do Ar Condicionado 51
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