Receita de macarrão e hino do Palmeiras em redações
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Receita de macarrão e hino do Palmeiras em redações
12 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, QUARTA-FEIRA, 20 DE MARÇO DE 2013 Cidades ENEM Receita de macarrão e hino do Palmeiras em redações LEONARDO BICALHO - 07/02/13 Candidatos usaram a prova para ensinar o preparo do Miojo e declarar amor a time. Mesmo assim, tiraram mais de 500 pontos Yasmin Vilhena m jovem resolveu inovar na última prova de Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ao falar sobre o “Movimento imigratório para o Brasil no século 21” – tema da prova em 2012 – o estudante Carlos Guilherme Custódio Ferreira, 19, colocou uma receita de Miojo no meio do texto e deu algumas dicas de como preparar o macarrão instantâneo. Mesmo com a brincadeira, o candidato conseguiu somar 560 pontos na prova, cuja nota máxima é 1.000. Já o estudante Fernando Cesar Maioto Júnior, 21, resolveu homenagear o seu time de coração e colocou trechos do hino do Palmeiras no texto. Ele, que tirou 500 pontos na redação, afirmou que quis provar que a correção da prova não era confiável. No texto de Carlos Guilherme, os dois primeiros parágrafos seguiram o tema proposto na prova. O que até então aparentava estar correto, mudou, quando ele resolveu “descontrair” o clima. “Para não ficar muito cansativo vou agora ensinar a fazer um belo miojo, ferva trezentos ml's de água em uma panela, quando estiver fervendo coloque o miojo, espere cozinhar por três minutos, retire o miojo do fogão, misture bem e sirva", disse o trecho de sua prova. Segundo informações do Ministério da Educação (MEC), apesar da receita, o candidato atendeu às competências do tema. “Note-se que o texto possui 24 linhas, sendo vinte referentes ao tema, atendendo às competências, e quatro referentes à receita, com o que sofreu severa penalização. (...) o texto, em sua totalidade, não fugiu ao tema, e não feriu os direitos humanos”, afirmou o MEC. O estudante afirmou que colocou a receita para testar o novo método de avaliação de correção da prova, que em 2012 passaria por três corretores diferentes. Para o professor de Redação do Centro Educacional Charles Darwin, Carlos Manga, o aluno agiu de forma irresponsável. “É lamentável. Há uma irresponsabilidade em relação ao seu futuro. Ele deveria ter tirado zero, pois está desmerecendo uma avaliação nacional”, disse. O coordenador do 3° ano do Colégio Salesiano, Leonardo Gama, acredita que César quis chamar a atenção. “Estava claro que o estudante colocou a receita para desafiar o sistema”, disse. U PARA O PROFESSOR de Redação Carlos Manga, receita em texto mostra que o aluno desmereceu a avaliação O QUE ELES DIZEM ANDRESSA CARDOSO- 06/09/11 É preciso ter uma melhoria no sistema de correção da prova de redação do Enem. Ela deveria ser mais criteriosa para que não ocorresse isso “ ” Leonardo Gama, coordenador do 3° ano do Colégio Salesiano MARCELO ANDRADE - 16/12/11 O aluno quis fazer algum tipo de protesto. De repente, ele quis fazer um teste para saber se a redação seria corrigida ou não “ ” Marcela Amaral, professora de Redação do Centro Educacional Primeiro Mundo Ele teve esse tom de brincadeira com o Miojo, mas escreveu 20 linhas coerentemente. O candidato conseguiu organizar as ideias “ ” Regiany Mattos, professora de Redação do Centro Educacional Primeiro Mundo Estudantes saem das faculdades despreparados A grande repercussão gerada com as provas de redação do Enem - que obtiveram nota máxima de 1.000 pontos mesmo apresentando graves erros de português - deixou em dúvida a real eficiência do aprendizado não só nas escolas, como também nas faculdades. Erros de concordância e grafia como “rasoável”, “trousse” e “enchergar” foram percebidos em alguns textos do exame aplicado no ano passado. De acordo com a mestre em Estudos Literários e professora de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Virgínia Albuquerque, muitos jovens saem das faculdades apresentando os mesmos erros detectados no Ensino Médio. “Pela minha experiência, vejo que somente no curso de Letras é que existe um aprofundamento linguístico, já que ele serve para preparar futuros professores da área. Nos demais cursos, o aluno que entra sem uma preparação no domínio linguístico, sai despreparado da mesma forma”, afirmou. Para Virgínia, a disciplina de Língua Portuguesa que faz parte da grade de alguns cursos não é suficiente para corrigir os erros de aprendizado já existentes desde o Ensino Médio. “Com um semestre, que nesse caso se resume em apenas quatro meses, não dá para corrigir o que já se traz do ensino básico. Se o aluno consegue melhorar é por conta das leituras que ele faz periodicamente e com o contato que ele vai ter com a escrita.” Mesmo que isso não seja uma regra geral, o professor do curso de Letras da Ufes, Santinho Ferreira, acredita que além dos erros de ortografia, a falta de organização das ideias é bastante visível em alguns casos. “Não vamos dizer que isso acontece com a maioria dos alunos, mas um bom número chega com dificuldade de escrita e de exposição oral. Percebemos falta de progressão textual e de organização das ideias, além da dificuldade de definir a argumentação do texto.” Para Santinho, é necessário se dedicar à leitura. “Baixo exercício de leitura e escrita influenciam. Se o aluno não se dedicar, ele pode sair com os mesmos erros cometidos quando entrou na faculdade.” RODRIGO GAVINI - 22/09/11 AS REDAÇÕES “PARA NÃO ficar muito cansativo vou agora ensinar a fazer um belo miojo, ferva trezentos ml's de água em uma panela, quando estiver fervendo coloque o miojo, espere cozinhar por três minutos, retire o miojo do fogão, misture bem e sirva” “QUANDO SURGE o alviverde imponente no gramado onde a luta o aguarda, sabe bem o que vem pela frente e que a dureza do prélio não tarda. E o Palmeiras no ardor da partida, transformando a lealdade em padrão. Sabe sempre levada de vencida e mostrar que de fato é campeão(...) ” VIRGÍNIA: erros no ensino básico