A memória da Universidade Federal de Santa Catarina contada em
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A memória da Universidade Federal de Santa Catarina contada em
informe comercial A pesquisa e a criação do conhecimento. A extensão e a difusão do saber Graduação, um mundo em constante expansão 09 de setembro de 2010 A memória da Universidade Federal de Santa Catarina contada em fatos e fotos UFSC 50 ANOS Hospital Universitário - 30 anos de ensino, pesquisa e assistência à população Uma história premiada de iniciativas reconhecidas Programação de aniversário mobiliza a comunidade universitária e a sociedade informe comercial 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos Editorial • Pág 3 Entrevista com o reitor da UFSC, Alvaro Toubes Prata • Pág 4 Entrevista com o vice-reitor da UFSC, Carlos Alberto Justo da Silva (Paraná) • Pág 5 Programação de aniversário: homenagem ao primeiro reitor • Pág 6 Programação de aniversário: Ciclo de Debates O Pensamento no Século 21 • Pág 7 Programação de aniversário: Prêmio Destaque Pesquisador • Pág 8 Programação de aniversário: Livro UFSC 50 Anos • Pág 9 A memória da universidade contada em fatos e fotos • Págs. 10 e 11 A história da universidade contada pelos próprios agentes 2 • Págs. 12 e 13 A UFSC na visão de quem ajuda a mantê-la: servidores, professores e alunos • Págs 14 e 15 A UFSC na visão da comunidade: a internacionalização e as lideranças políticas • Pág 16 A UFSC na visão da comunidade: a sociedade movimentada em torno da universidade • Pág 17 O Hospital Universitário índice A graduação, um mundo em constante expansão • Pág 18 • Pág 19 A pós-graduação, qualificando os mestres • Pág 20 A pesquisa, criando conhecimento • Pág 21 A extensão, difundindo o saber • Pág 22 Uma história premiada: as iniciativas reconhecidas pela sociedade • Págs 23 e 24 EXPEDIENTE Subeditoras: Jana Hoffmann e Hellen Quevedo 3216-3750 / Fotos: Fernando Willadino, Acervo UFSC e Divulgação / Projeto Gráfico: EdsonEgerland 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos UFSC, 50 anos de expansão informe comercial Fotos Fernando Willadino Fatos e imagens de décadas de uma cidade universitária constantemente em obras recapitulam a trajetória histórica da UFSC, em Florianópolis U A UFSC atrai também profissionais de outras instituições que visitam a universidade para partilhar conhecimento sil em 2009 e 2010, no critério Sociedade. Só um entre vários exemplos. Quem transita pelos corredores dos prédios percebe a movimentação de profissionais de outras instituições, do país e do exterior, que vêm à Capital para agregar e partilhar conhecimento. Os depoimentos, aliás, partem de vários setores que, de alguma forma, tiveram seus destinos entrelaçados com a instituição. Comércio, indústria, ensino, estudantes, professores, servidores, pais e filhos, enfim, toda uma comunidade, em seus diferentes setores, acaba sendo, de alguma forma, envolvida com uma universidade desse porte. Esta edição traz, também, em um contexto amplo, uma base do que se produz em três áreas-chave da vida acadêmica: a pós-graduação, a pesquisa e a extensão. Em edições futuras da série de cadernos especiais sobre os 50 anos da instituição, serão detalhados 50 projetos em cada uma dessas três áreas. Portanto, isto é só o começo! 3 Nesta edição, conheça a UFSC, desde os tempos da fundação à visão empreendedora e acadêmica da atual gestão editorial m projeto pode sobreviver do acaso; mas evoluir, só com muito esforço. Para contar a história de 50 anos de vida e crescimento contínuo da Universidade Federal de Santa Catarina o Diário Catarinense produz uma série de cadernos especiais. O primeiro, que tratou exclusivamente da expansão da instituição Estado adentro, com a criação dos campi de Curitibanos, Araranguá e Joinville, já foi veiculado. Nesta edição, o leitor poderá acompanhar mais de perto o trabalho realizado por uma universidade que representa com propriedade a geração de conhecimento e a formação de profissionais qualificados em solo catarinense. Não é à toa que a UFSC é considerada uma das melhores instituições de ensino superior do país. Nas páginas deste caderno, fatos e imagens de décadas de uma cidade universitária constantemente em obras recapitulam a trajetória histórica da UFSC no bairro Trindade, em Florianópolis. É uma história contada em capítulos, desde os tempos em que o visionário João David Ferreira Lima implantou a instituição de ensino, em 1960, à visão de empreendedorismo da atual gestão. Não é por nada que boa parte dos depoimentos colhidos nesta edição menciona o caráter empreendedor da UFSC do Século 21. Os exemplos se multiplicam no noticiário. Como a Ação Júnior Consultorias Socioeconômicas, pioneira no país, em 1990, e que acaba de receber o prêmio de melhor Empresa Júnior do Bra- informe comercial 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos Do mestrado à à reitoria da UFSC Foto Fernando Willadino Gestão busca a consolidação dos projetos dos novos campi e da política de internacionalização A lvaro Toubes Prata convive com a Universidade Federal de Santa Catarina, que hoje dirige, desde 1978. São mais de 30 anos acompanhando o desenvolvimento da instituição. Nesta entrevista, o reitor da UFSC fala sobre evolução, peculiaridades e os desafios que se vislumbram no horizonte acadêmico. Como começou a sua história com a UFSC? Reitor Alvaro Prata - Minha graduação foi em Brasília. Sou formado Engenheiro Mecânico e Eletricista. Vim para cá no início de 1978 para fazer mestrado em Engenharia Mecânica. Era outro tempo. Comecei o mestrado em março e em agosto eu já era professor do Departamento de Engenharia Mecânica. Professor colaborador, é verdade, mas olha que coisa, recém-formado, hoje isso seria impossível! Depois fui para a universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, fiz doutorado lá. Retornei em 1985 à Universidade Federal de Santa Catarina e desde então estou na instituição, envolvido com as atividades e com a vida acadêmica. O reitor Alvaro Prata, que está na UFSC desde 1970, diz fazer parte da evolução da instituição. Foi beneficiado com o crescimento, mas também contribuiu para o mesmo entrevista 4 Então o senhor acompanhou bem o crescimento da instituição, pelo menos, por 30 anos? Prata - Acho que sou parte disso. Eu vivi esse crescimento da UFSC, me beneficiei muito disso e contribuí para isso também. É uma instituição que percebeu, lá atrás, que o caminho certo para você fortalecer a instituição é você formar pessoas, dar oportunidades, contratar pessoas bem educadas nos aspectos científicos, tecnológicos, humanísticos, e dar condições para elas trabalharem. A universidade foi criada e fundada na década de 1960, e eu na década de 1970 já estava aqui. Qual o diferencial da UFSC, hoje? O que faz dela uma instituição tão conceituada? Prata - São vários aspectos. Ela é uma instituição que atua em várias áreas do conhecimento, isso é impressionante. Um aluno, hoje, pode escolher entre 86 cursos diferentes. Em cada um desses cursos você tem uma massa crítica de pessoas muito competentes. Uma infraestrutura bem instalada, com laboratórios e equipamentos sofisticados, referências bibliográficas, literatura, um ambiente próprio para aquela área. O aluno se beneficia disso. É uma instituição madura, com pessoas muito bem formadas, compromissadas. O corpo de professores, pesquisadores, técnicos administrativos, é muito experiente; muitos deles com projeção internacional. Apesar de madura, com seus 50 anos, a UFSC se mantém nova. É bem administrada, o campus é bem cuidado, tem uma vida intensa, agradável. É uma universidade que se preocupa muito com os aspectos culturais, com as oportunidades de cultura e de artes. Ela oferece vários eventos à comunidade. O senhor mencionou os eventos, e me parece que a UFSC tem essa abertura muito grande com a comunidade. Prata - É outro aspecto importante, ela interage muito com a comunidade. Nunca foi uma instituição fechada em si própria, tem um compromisso social muito forte. São inúmeros os nossos projetos de extensão, em várias áreas. É uma instituição que se renova com esse contato, é uma universidade que se enriquece muito com seus projetos de extensão e também contribui muito com a sociedade. Então, ela atua num leque muito diversificado de interesses. Isso traz um amadurecimento, porque cada um desses agentes envolvidos com esse tipo de atividade dá um retorno diferente para a instituição. Você pega, por exemplo, a contribuição social que a universidade deu para a maricultura no nosso Estado. A questão do cultivo do camarão, das ostras, dos mexilhões. Então, a universidade avançou nos seus processos de pesquisa e levou esse conhecimento para a sociedade. Mas é claro que muito do conhecimento e da prática a universidade incorporou em si própria. Então, penso que a interação, essa disposição em fazer parcerias, contribuiu muito para que a UFSC alcançasse essa posição de destaque. Um terceiro aspecto que hoje eu acho muito importante é o dinamismo da instituição. As pessoas não estão acomodadas no seu canto. Então, você convida as pessoas para desenvolverem uma nova atividade, para avançarem em uma nova proposta, seja educacional, seja em pesquisa, e geralmente a resposta é positiva, existe uma motivação, e eu penso que essa é uma atmosfera que permeia a instituição e nos contamina a todos. Isso está associado por esse amor que todos temos pela instituição. Acreditamos na universidade. Lógico, há divergências em muitos aspectos, mas quando precisamos unir forças e seguir juntos conseguimos fazer isso. Podemos errar, mas sempre com a vontade de acertar, de fazer o melhor. Quais são os desafios para o futuro? Prata - Consolidar muitos dos atuais projetos. Avançamos em várias frentes e precisamos consolidar esses projetos, como os novos campi, a nossa política de internacionalização. Recebemos um número muito grande de docentes e técnicos administrativos com o desafio de manter a chama que estamos mantendo ao longo do tempo com essas novas pessoas, dar condições de trabalho para elas. Há projetos ampliados que envolvem outras instituições, o que é um desafio, proporcionar cada vez mais a mobilidade acadêmica, permitir que nossos alunos cada vez mais possam se envolver com várias instituições. Ampliar nossa política de ações afirmativas é outro compromisso. 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos Uma universidade dos sonhos informe comercial As realizações do passado refletem no presente. É importante a ideia da herança como agente motivador para o futuro Como foi seu primeiro contato com a UFSC? Carlos Alberto Justo da Silva - Eu queria sair de casa, como todo jovem. Tinha uma mãe muito preocupada, que não dormia enquanto não chegasse em casa. Morava em Curitiba, no Paraná, e o pessoal comentou: “Vamos fazer vestibular em Florianópolis?”. O vestibular em Florianópolis era exatamente 10 dias antes do vestibular na Federal do Paraná. Eu nunca tinha vindo para cá, não sabia nem onde ficava a universidade. Fizemos a inscrição e viemos para Florianópolis em 1971. Talvez até por não ter tanto compromisso de passar, a gente achava que não conseguiria. Tinha questões sobre a história e a geografia de Santa Catarina que no Paraná não tinham. Fiz o vestibular e no terceiro dia da prova da Federal em Curitiba, eu tive notícia de que tinha passado aqui, em Medicina. Naquela noite já comemoramos, ou melhor, “bebemoramos”, e vim para Florianópolis. Era um sonho que eu nem conseguia expressar. Mas a minha mãe, superprotetora, não queria que eu viesse. Eles me deram o ultimato: “Autorizamos você a ficar um ano fora”. Tinha 17 anos na época e vim para cá. Que lições podem ser tiradas desse passado? da Silva - Esta dificuldade que você tem como estudante serviu para, hoje, a gente valorizar o que a gente tem. Porque a gente viu o que foi construído ao longo dos anos. Nossos alunos hoje fazem exigências: precisamos ter mais disso, mais daquilo. Esta exigência de melhorar é uma coisa que está presente na gente, é um compromisso, porque também entendemos que ao longo desse tempo muita coisa foi feita e agora recebemos o bastão para continuar correndo. Nosso compromisso é deixar melhor do que foi deixado por quem nos antecedeu. O passado me traz isso: muita gente que por aqui passou batalhou para que a universidade chegasse ao que é hoje. Isso é um paradoxo. Ao mesmo tempo, a gente vive com o aumento das necessidades causadas pelo crescimento. Mas o que eu vejo é que as pessoas reclamam com cidadania. Não é uma esmola, uma caridade. É com a perspectiva de crescimento. E nós temos que atender. Uma grande universidade tem que atender ao sonho idealizado desse jovem que nos procura. Aos 17 anos eu encontrei uma universidade que deu uma satisfação ao meu sonho. Tenho saudade de toda essa época. Qual o desafio da UFSC neste momento? da Silva - Hoje nós enfrentamos um grande desafio, com a expansão da universidade para fora, a criação de novos campi, o crescimento dela, as demandas em um nível muito maior. Não é qualquer coisa que serve. Aparentemente, são desafios muito mais difíceis de superar. Quando você tem 2 mil universidades e você está lá embaixo, a cada ano você pode subir um pouquinho. Agora, quando você está entre as 10 melhores, você está lá em sétimo lugar, superar os "Hoje produzimos e exportamos o modelo para o resto do país", orgulha-se o vice-reitor Carlos Alberto Justo da Silva seis que estão à sua frente não é assim tão simples. O que não deixa desanimar, não deixa se abater pelas dificuldades e mantém otimista? É o que a gente fez lá atrás. Se as dificuldades são maiores, já nos entregaram o bastão com uma qualidade de corrida muito melhor. É muito importante a ideia da herança como agente motivador para o próximo salto. Temos o compromisso de sempre fazer melhor. Neste momento é o desafio que a gente propõe: ter uma universidade com alta qualidade, tirando inclusive algumas coisas que a gente tem de desvantagem competitiva, como uma cidade pequena, que não tem um grande volume de indústrias, de aporte financeiro, tudo isso dificulta no começo. Mas conseguimos transformar isso em uma vantagem. A maior arrecadação do município, hoje, é na área de tecnologia, não é em turismo. De onde saíram essas empresas? Saíram de dentro da UFSC. Você consegue dar essa contribuição para a cidade, que pode ter um padrão de desenvolvimento ambientalmente sustentável porque ela conseguiu, por meio da universidade, da tec- 5 nologia, encontrar meios para poder se manter sem essa questão dos processos poluidores. Outro grande exemplo: conseguimos praticamente triplicar a renda dos pescadores da Grande Florianópolis com o projeto de maricultura, fazendo com que acabasse o processo de desaparecimento do pequeno pescador da costa, porque não havia sustentabilidade. Estamos produzindo e exportando este modelo para o restante do país. Criamos um curso para isso, Engenharia da Aquicultura, o primeiro no país nesta área. É a universidade se integrando com a sociedade, aproveitando as características dessa sociedade e criando um modelo que possa responder às expectativas da comunidade. É uma maneira de devolver a pesquisa em forma de extensão. Foi uma universidade que não ficou isolada nela mesma, que passou a se integrar fortemente com a comunidade, com uma identificação muito intensa, e foi reconhecida por isso. Ela, hoje, é um orgulho para a sua população e um espelho para as outras universidades que tentam se esmerar para buscar um fator próprio de crescimento. entrevista N a adolescência na Curitiba do final dos anos 1960 - e por isso mesmo é conhecido no meio acadêmico como “professor Paraná” - Carlos Alberto Justo da Silva certamente nem imaginava que faria parte da história de Santa Catarina. Foi em uma conversa de amigos que decidiu fazer o vestibular na UFSC, que ainda dava os primeiros passos nas trilhas do ensino. Não imaginava que passaria, só queria “sair da pressão de casa”. Mas passou e não saiu mais da Capital. Nesta entrevista, em meio às memórias dos tempos em que jogava futebol na Rua Esteves Júnior, onde era o curso de Direito; dos bailes no Restaurante Universitário; o professor Paraná revela um pouco da própria história da universidade. informe comercial 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos Marco digno de intensas homenagens No dia 9 de agosto de 2010, na Praça da Cidadania, foi celebrado o centenário de nascimento do fundador e primeiro reitor da UFSC, João David Ferreira Lima Da federalização de uma faculdade de Direito para o surgimento de uma instituição ampliada C história 6 Na oportunidade, os filhos do homenageado, Paulo, Murilo e David, todos professores aposentados da UFSC, reviveram a obra do pai ao lado de membros das primeiras equipes administrativas da UFSC de união de forças para simbolizar uma homenagem que não é só pessoal; é de todos. Quando se fala em homenagem, não poderia faltar a maior de todas, a que honra a determinação, a iniciativa, a atitude e a perseverança do homem que vislumbrou, na federalização da Faculdade de Direito de Santa Catarina, ainda nos anos 1950, a possibilidade de criação de uma instituição ampliada, com novos cursos em outras áreas do conhecimento e abrigada sob os cuidados do governo federal. Na tarde do dia 9 de agosto, a emoção das memórias foi levada à Praça da Cidadania na celebração do centenário de nascimento do fundador e primeiro reitor da UFSC, o professor João David Ferreira Lima. Um homem com elogiável visão de futuro, mas também humilde o suficiente para reconhecer o esforço de seus antecessores. No livro em que conta a história da criação da universidade, UFSC: Sonho e Realidade, Ferreira Lima faz reverência a José Artur Boiteux, criador da Faculdade de Direito. Fotos Fernando Willadino omo em toda boa democracia, a comemoração do jubileu de ouro da Universidade Federal de Santa Catarina não foi obra de um só. Uma comissão foi eleita para organizar a extensa programação de aniversário, que começou ainda no ano passado, com um concurso realizado para escolher o slogan do festejo. A comissão, formada por oito pessoas de diferentes áreas (Cléia Silveira Ramos - Presidente, Verônica Martins Malta - Secretária, Soni Silva, Claudete Regina Ferreira, Fernando Crócomo, José Carlos Cunha Petrus, Luiz Roberto Barbosa e Moacir Loth), capitaneada pela presidente Cléia Silveira Ramos, elaborou um programa diversificado, em que se percebe a humanização dos méritos. A UFSC chegou ao patamar em que se encontra pelo esforço de toda uma comunidade de colaboradores. Exemplos foram buscados dentro desse universo O Doutor David, como era chamado, fez questão de lembrar “com justiça e saudade o nome daquele que teve a audácia de pensar, na década de 1930, em criar um estabelecimento de ensino superior na então pequena cidade (por que não dizer aldeia?) Florianópolis”. Um mito agradecendo a outro. No encontro de diferentes gerações que marcou a comemoração do centenário de nascimento de João David Ferreira Lima, os filhos Paulo, Murilo e David, todos professores aposentados da UFSC, reviveram a obra do pai ao lado de membros das primeiras equipes administrativas. Teodoro Rogério Vahl, Aluízio Blasi, Glauco Olinger, Hamilton Schaffer, Zuleika Lenzi, Antonio Grillo, João Nilo Linhares, João Roberto Dutra: sintam-se igualmente homenageados! Destaque A programação de aniversário de 50 anos da UFSC segue com um intenso calendário de atividades, como palestras, debates, exposições, eventos artísticos, aulas de ginástica para a Terceira Idade, entre outras atrações. Quem quiser detalhes sobre o roteiro da festa, que tem atividades programadas até dezembro, pode acessar a página na internet: http://www.50anos.ufsc.br/ programacao_50anos.pdf 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos Agora começa a era da arte informe comercial Foto Fernando Willadino Após investir anos em ciência, na busca por um diferencial, atual gestão quer dedicar-se à arte de forma plena Cultura em debate Entre os eventos que levaram um sopro de cultura às comemorações do jubileu de ouro da UFSC, destaca-se o ciclo "Pensamento no século 21", uma série de palestras com grandes nomes da arte e do pensamento internacionais. Passaram pela universidade mestres como o filósofo italiano Emanuele Coccia, professor de filosofia na Universidade de Freiburg, na Alemanha, que lançou em Santa Catarina o livro A vida sensível. Em julho, o escritor e cineasta Edgardo Cozarinski exibiu quatro de seus filmes, inéditos no Brasil. A obra do argentino radicado na França é tão importante que publicações culturais de circulação internacional elegerem 2010 como “o ano Cozarinsky”. A professora Liliane Meffre, editora da obra de um dos mais irreverentes e criativos críticos de arte do século passado, Carl Einstein; o crítico cultural norte-americano Chris Dumm, especialista em contracultura; os premiados autores Alan Paul (argentino) e Gonçalo Tavares (português) também participaram dos debates. No mês de setembro, quem traz seu conhecimento a Florianópolis é o crítico Paulo Herkenhoff, de respeitada trajetória como curador da Bienal de São Paulo e diretor do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. O professor Hal Forster, diretor do Museu de Arte de Princeton University, em outubro, e o filósofo italiano Mario Perniola, em novembro, encerram a série. Concurso de Música A troca de experiências entre músicos e a comunidade cultural foi um dos objetivos do Festival de Música que embala a festa dos 50 anos no final de agosto. Entre 47 composições inscritas, foram selecionadas 20 músicas, de vários estilos, que se apresentaram na Praça da Cidadania, e ainda vão compor um CD e um DVD. Segundo a secretária de O Ciclo Pensamento no século 21, que integra as comemorações do jubileu de ouro da UFSC, reúne grandes nomes da arte Cultura e Arte da UFSC, Maria de Lourdes Borges, o Festival incentiva o surgimento de novos valores musicais no cenário catarinense. O evento não tem caráter competitivo, a intenção é apenas proporcionar visibilidade a novos talentos musicais. 1. Eucaliptos ao vento, de José Otávio de Caldas Rosa 2. Festa da 991, de Tiago Brizolara da Rosa 3. Cabra da Peste, de Eduardo Hector Ferraro 4. A Nova Casa, de Lucas Nunes Quirino 5. Fille Faille, de Isabelle Quimper 6. Sensato, da Banda Somato 7. Carpe Diem, da Banda Jeremias Sem Cão 8. Ninguém Merece, de Denise de Castro 9. Na Sorte ou no Azar, de Eduardo Wagner 10. Impossível, de Thiago José 11. Jurema, de Francisco Muleka Ngoy 12. Aqui estou Eu, de Kristian Korus 13. Arbusto, de Fernando Rocha da Silva 14. Touro, da Banda Blame 15. Humungus, de Gabriel Felipe Horbatuik Dutra 16. Frio, de Jean Marcelo Mafra 17. Décimo Andar, de Erlon Evaldo Graboviski 18. Escolha, de Jairo André Portela de Oliveira 19. Olhos Negros, de Naya Rodrigues 20. É uma habanera, de Willian Fernandes de Souza 7 arte e cultura E stá lá, no brasão da UFSC: Arte e Ciência. A bússola do desenvolvimento da instituição sempre teve o norte voltado à segunda parte, a do progresso científico. Agora, as atenções voltamse para o “primeiro mandamento”. Não é por acaso que a programação do cinquentenário tenha sido tão recheada com atividades voltadas à cultura e às artes. "Não tínhamos essa tradição e temos compensado e superado esse passado mais focado em ciências e tecnologia. Recentemente criamos os cursos de Cinema e Artes Cênicas, criamos uma secretaria exclusiva para se preocupar com cultura e arte e hoje a intensidade de eventos culturais e a aceitação da universidade me surpreendem", comentou o reitor Alvaro Toubes Prata. A ideia de fortalecer os laços culturais dentro da instituição também pode ser percebida, por exemplo, com o investimento de R$ 600 mil na modernização do Centro de Cultura e Eventos. Ou na criação de um coral na universidade, nos esforços para a finalização das obras do Museu Universitário Oswaldo Rodrigues Cabral, na intenção de implantar uma faculdade de música em um futuro bem próximo. "Nestes 50 anos, investimos fortemente na ciência, como uma maneira de buscar o diferencial, e agora, quando assumimos, discutimos muito isso e chegamos à conclusão de que a universidade só se contemplará de uma forma plena se investirmos na arte", argumentou o vice-reitor Carlos Alberto Justo da Silva. informe comercial 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos Pesquisadores em destaque Foto Divulgação Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão cria prêmio que valoriza e reconhece o trabalho de pesquisadores A UFSC não teria o que comemorar nesses 50 anos de existência se não fosse o esforço das pessoas que fizeram parte da sua história e contribuíram para o seu crescimento. Elas também merecem “parabéns”. Como uma forma de personificar a gratidão da instituição e mostrar que a dedicação não passa despercebida, 11 professores, coordenadores de importantes estudos em suas áreas, estão sendo escolhidos para receber o prêmio Destaq u e Pe s q u i s a d o r UFSC 50 Anos. Como a estrutura da universidade é composta por 11 centros, ou seja, 11 distintas áreas de conhecimento, será homenageado um professor de cada centro, de março a dezembro. "O Prêmio 50 Anos foi uma maneira que a pró-reitoria de pesquisa e extensão viu de tentar reconhecer todo esse trabalho que está sendo feito pelos pesquisadores", revelou o diretor do Departamento de Projetos e Pesquisa, Jorge Campagnolo. - O foco é mostrar que a instituição reconhece o esforço que vem sendo feito. A instituição é o que é pelo esforço dessas pessoas. A pesquisa tem dado uma projeção muito importante à UFSC nos cenários nacional e internacional", comemorou Campagnolo. A ideia partiu de uma sugestão do professor André Báfica, do Centro de Ciências Biológicas. Ele enviou um email à pró-reitoria, contando que a Universidade Federal da Bahia realizava uma entrevista mensal com algum de seus pesquisadores e publicava em sua página na internet. "Como a gente estava pensando em alguma coisa com relação aos 50 anos, a ideia Conhecido como o 'Jaime dos moluscos', Jaime Fernando Ferreira, do Departamento de Aquicultura, foi indicado ao Prêmio Destaque Pesquisador pelo Centro de Ciências Agrárias premiação 8 foi perfeita. Isso dá visibilidade ao professor e a gente premia também. A repercussão que isso está tendo realmente foi muito maior do que eu esperava. O resultado foi tão positivo que queremos transformar isso em uma atitude permanente", revela a pró-reitora de Pesquisa e Extensão, Débora Peres Menezes. Segundo a pró-reitora, a ideia é mostrar que o pesquisador tem uma função fundamental, desde a formação da graduação e de recursos humanos em nível de pós-graduação, até a publicação de artigos e o desenvolvimento de pesquisas. "É fundamental que essas pessoas estejam envolvidas com a formação de alunos, que esse conhecimento seja passado, porque a gente vai embora e o ideal é que a universidade tenha outros professores e outros alunos para continuar tocando", alertou a professora. O Jaime dos moluscos Santa Catarina é o principal produtor de moluscos cultivados do país, e a academia tem um papel import a n t e n i s s o. A s p e s q u i s a s comandadas pelo professor Jaime Fernando Ferreira, do Departamento de Aquicultura, levaram até os pescadores artesanais um precioso conhecimento sobre a maricultura. Jaime viu de perto a implantação das primeiras fazendas marinhas no Estado, que auxiliaram os produtores no sistema de cultivo, no manejo e até na manipulação genética de ostras e mexilhões, principalmente. Por isso ele foi o indicado ao prêmio Destaque Pesquisador 50 Anos pelo Centro de Ciências Agrárias da UFSC. Desde 1997 o pesquisador supervisiona o Laboratório de Moluscos Marinhos da UFSC, que chegou a receber da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia que tem por missão fomentar a pesquisa no país) um prêmio de Inovação Tecnológica, em 1999. O setor é o único no Brasil que produz regulamente sementes de ostras do pacífico, ação essencial para o cultivo da espécie. Raul Antelo (Centro de Comunicação e Expressão) Wagner Figueiredo (Centro de Ciências Físicas e Matemáticas) Markus Vinícius Nahas (Centro de Desportos) Ivete Simionatto (Centro Socioeconômico) Luiz Fernando Scheibe (Centro de Filosofia e Ciências Humanas) Antônio Carlos Wolkmer (Centro de Ciências Jurídicas) Jaime Fernando Ferreira (Centro de Ciências Agrárias) Ainda farão suas escolhas Centro de Ciências Biológicas Centro Tecnológico Centro de Ciências da Saúde Centro de Educação 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos Uma história bem contada informe comercial Fotos Divulgação Livro dos 50 anos da UFSC reunirá textos e um acervo documental de imagens, para contar e ilustrar a história da instituição o passado como uma fotografia. Quando a gente olha para o presente, a gente vê contradição, tensões, movimento. Assim tem sido o trabalho, tentar fazer com que as pessoas percebam a história da universidade como um movimento, com a relação de pessoas com as mais diferentes posições políticas, culturais e por aí vai. A universidade não seria o que é hoje sem as pessoas que seguram as pontas", justifica a coordenadora do projeto. Um projeto, aliás, que começou com uma inquietação, antes mesmo da formatação da programação do jubileu de ouro. A história de uma instituição em movimento: a luta por direitos e o prazer da convivência 9 "Uma das coisas de que eu sentia falta era que quando eu ia falar “eu preciso de prédios” eu não tinha nada registrado, e isso me incomodava. Então eu já tinha começado a fazer uma pesquisa por conta própria sobre a história do CFH. De repente, na possibilidade do interesse da comunidade em saber a história da UFSC, decidimos ampliar a pesquisa", diz a professora. Além da recuperação de dados documentais, foram realiza- das mais de 40 entrevistas. "Algumas questões que nós vamos apresentar são realmente muito interessantes. Durante a pesquisa nós encontramos alguns documentos de que as pessoas nem tinham conhecimento que existiam. No próprio arquivo da universidade encontramos um material riquíssimo principalmente sobre as décadas de 1960 e 1970", relata. O passado recente também será registrado por jornalistas da Agência de Comunicação da UFSC. A Agecom tem um acervo de 35 mil fotos que ilustram a vida na universidade. "São fotos cotidianas, da paisagem, das pessoas no RU, se movimentando, do movimento estudantil, e isso também é muito importante", comemora a professora. Além da parte histórica e das questões contemporâneas dos últimos 10 anos, a atual gestão fará uma apresentando das políticas administrativas atuais dentro da universidade. livro T oda boa história merece ser contada. Uma que alcança 50 anos de constante transformação, então, daria um livro. Daria, não, dará! No dia 15 de dezembro, três dias antes do cinquentenário da Lei 3.849, assinada pelo presidente Juscelino Kubitschek, que oficializava a criação da Universidade Federal de Santa Catarina, um grupo de pesquisadores apresentará à comunidade um relato da trajetória da maior instituição de ensino superior do Estado: o livro UFSC 50 Anos. Foram oito meses de pesquisa intensa, comandada pela professora e historiadora Roselane Neckel, diretora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). Participaram desse rico processo de redescobrimento da entidade, 14 bolsistas do curso de História, que terão um retorno significativo em seu processo de graduação. Três dos bolsistas reuniram informações sobre a história geral da UFSC, enquanto cada um dos outros ficou responsável por levantar os dados relativos à trajetória dos 11 centros de ensino da instituição. Além de produzir textos que visualizem alguns aspectos da história da universidade, o grupo também vai organizar o acervo documental da instituição. "Além do livro, estamos fazendo um site com as fontes documentais que embasaram o livro e poderão embasar outros pesquisadores, historiadores, jornalistas que por acaso tenham algum interesse na história da educação e da cultura escolar. Então, esse trabalho é muito mais do que um livro", comenta a diretora do CFH. Roselane Neckel explica que o objetivo central não era apenas contar os fatos sob a ótica da administração central, mas principalmente trazer à cena o cotidiano dos professores, dos estudantes, dos servidores, agentes que ajudaram a construir esses 50 anos de história. "Quando a gente olha o passado, a gente tende a cristalizar informe comercial UFSC 50 anos 09 de setembro de 2010 Era uma vez a faculdade de Direito Foto Divulgação/Acervo UFSC Em 1937 surgiu o embrião do ensino superior no Estado e, com ele, mais tarde veio a UFSC N ão é difícil imaginar um cenário conturbado para o ensino superior nos anos de 1950. A pioneira Faculdade de Direito de Santa Catarina, fundada em 1937 pelo idealista José Artur Boiteux, sobrevivia da ajuda de apoiadores abnegados. Havia o receio de passar o controle ao governo federal, em plena Era Vargas. A escola ainda foi exposta ao risco de fechar as portas após a lei que proibia o acúmulo de funções no funcionalismo público - a maioria dos professores era fo r m a d a p o r d e sembargadores e juízes. Alguém teria que enfrentar os medos e trabalhar para garantir a sobrevivência da instituição. A federalização era a saída e homens como João David Ferreira Lima assumiram a missão. Em 1956, depois de muitas viagens ao Rio de Janeiro, sede do governo, infindáveis reuniões e um esforço político, ela foi assinada pelo presidente Juscelino Kubitschek. Era um embrião do que seria, mais tarde, a Universidade Federal de Santa Catarina. O próprio Ferreira Lima conta, em seu livro “UFSC: Sonho e Realidade“: foi dentro da Faculdade de Direito, onde foi diretor de 1954 a 1961, que, junto com um “grupo de bons amigos e colegas”, idealizou e criou a UFSC. Com a humildade dos sábios, Ferreira Lima inspirou-se no sonho visionário de Boiteux, sem medo de passar pela mesma desconfiança que encarou com hombridade o fundador da escola de Direito. “Como foi vilipendiado e ridicularizado! Como riam de seus planos, que julgavam malucos e irrealizáveis! Poucos acreditavam na possibilidade de tornar realidade a existência de um estabe- fatos e fotos 10 Prédio da antiga Reitoria da Rua Bocaiúva lecimento de ensino superior na Florianópolis de então. Mas ele enfrentou a tudo: aos escárnios, aos maldizentes de todas as épocas, aos que duvidavam e aos que argumentavam contra, aos invejosos e aos céticos. Trabalhou, lutou e venceu!”. O professor João David Ferreira Lima trilhou o mesmo caminho de espinhos. A exemplo do precursor, ele também trabalhou, lutou e venceu. Travou uma batalha idealista com Henrique Fontes: um queria uma instituiArquiteto ção federal; Burle Marx o outro, uma com o reitor estadual. DriFerreira blou as diverLima gências, uniu a força política dos rivais UDN e PSD e no dia 18 de dezembro de 1960 nascia a tão sonhada Universidade Federal de Santa Catarina. Podia ser igualmente um plano maluco e irrealizável, mas hoje, quando completaria 100 anos de vida, ele deve sorrir, onde quer que esteja, de satisfação pela evolução da semente que fecundou, 50 anos atrás. A UFSC começou com 847 alunos e 49 servidores, entre técnicos e docentes. Tinham 10 opções de curso: Direito, Farmácia, Odontologia, Medicina, Ciências Econômicas, Filosofia, Engenharia, e as Engenharias Industriais Química, Mecânica e Metalúrgica. Os cursos foram rabiscados em um papel pelo então diretor do Ensino Superior do Ministério de Educação e Cultura, Jurandyr Lodi, durante um voo até o Rio de Janeiro. Até o fim de seus d i a s , F e rr e i r a Lima guardaria aquele bilhete como uma relíquia. No início, a reitoria funcionava em um prédio da Rua Bocaiúva, na época cercada de árvores; hoje, a área está totalmente tomada por prédios e estabelecimentos comerciais. Depois da compra do terreno na Fazenda Assis Brasil, em 1964, é que se começou a edificar o campus da UFSC no bairro Trindade. Também foi nessa década que começou a ser construído o Hospital Universitário. O projeto de paisagismo foi assinado por ninguém menos do que Burle Marx. 09 de setembro de 2010 Aula do curso de Odontologia, em 1970 O período do Regime Militar é marcado pelos movimentos estudantis. Tanto que a década marca a inauguração do Diretório Central de Estudantes (DCE), já em 1971. Apesar do clima de repressão, a universidade consegue se expandir. Investe forte no quadro docente, estimulando seus professores a fazerem espacializações, e começa a atuar na pesquisa científica. As faculdades viram centros de ensino e o campus da Trindade começa a ser ocupado. Em 1974, um susto, com um incêndio no prédio da reitoria. De 1976 e 1980, praticamente dobra a área construída no campus e são criados 18 novos cursos de graduação. informe comercial UFSC 50 anos Os movimentos democráticos marcam a década de 1980. É criada a Associação dos Professores e o Hospital Universitário é finalmente inaugurado, depois de quase duas décadas de espera. Em 1987 iniciam as obras para a construção da Moradia Estudantil. Estudantes organizam debate no hall da Reitoria, em 1981 Vista aérea do campus da UFSC Conceituada como uma das melhores universidades do Brasil, a UFSC não para de crescer. Área de excelência científica, ela começa a investir na arte. É criada a Secretaria de Cultura e Arte para fomentar eventos culturais e artísticos. A instituição tem 11 centros, com quase 30 mil alunos, e começou a se espalhar pelo Estado, com os campi de Araranguá, Joinville e Curitibanos. 11 A UFSC encontra sua vocação na pesquisa e na pós-graduação. O investimento em recursos humanos faz com que a universidade chegue a 90% de docentes com pós-graduação. São criados os cursos de Ensino a Distância. A graduação é ampliada e a Federal se transforma em uma das 10 melhores do país. A relação com a comunidade também é estreitada, por meio da oferta de cursos abertos e da ampliação de projetos de extensão. Em 1996, é inaugurada a residência médica. Laboratório de Ensino a Distância informe comercial UFSC 50 anos 09 de setembro de 2010 As histórias de que da Universidade Fede Ninguém melhor para contar a história dos 50 anos da Universidade Federal de Santa Catarina do que os próprios protagonistas. Estas páginas serão destinadas aos atores principais desse espetáculo, as pessoas que ajudaram a trazer a instituição até o jubileu de ouro. Em depoimentos colhidos pelo DC e em entrevistas feitas pela TV UFSC, sob a coordenação do professor Fernando Crócromo, um pouco dos casos e acasos que marcaram as cinco décadas de existência da instituição federal N 12 “O MEC só tem a agradecer à UFSC pelos seus 50 anos. Temos que celebrar as conquistas de uma universidade que se projetou no Estado, no País, e agora se projeta no mundo com excelência de pesquisa em muitas áreas do conhecimento. Tenho certeza de que essa expansão que a UFSC lembranças está vivendo vai repercutir no desenvolvimento regional e nacional.“ Fernando Haddad, Ministro da Educação "É difícil dizer o que ela 'não' representa, porque mais da metade da minha vida eu passei aqui. Minha família também tem um vínculo grande. A universidade me proporcionou uma formação acadêmica sólida. A gente costuma dizer que a gente passa mais tempo dentro da universidade do que em casa, então, ela é a casa, de fato.” Nilto Parma, Procurador-chefe da União na UFSC o ano 2000, os estudantes de jornalismo da UFSC produziram um encontro entre seis dos sete reitores que estiveram à frente da instituição. Foi uma verdadeira aula sobre a trajetória do ensino superior em Florianópolis. O único ausente foi o primeiro reitor, João David Ferreira Lima, que estava com problemas de saúde. Mas um dos filhos dele, o renomado arquiteto David Ferreira Lima, traduziu em suas memórias a vida do pai e sua influência na criação da UFSC. David Ferreira Lima nasceu em 1938 e ficou 36 anos dentro da UFSC. Trabalhou como projetista, professor e administrador. Foi dele o projeto de construção da Biblioteca Central, por exemplo, e do Centro de Convivência, inspirado na Universidade de Houston, no Texas (EUA). "Tem muita coisa criada ali que fui eu que projetei. Convivi com todos os outros projetos até 2002, quando eu saí, como professor da UFSC. Foi uma convivência diária", revela o arquiteto. O projeto da biblioteca foi concebido com uma rapidez absurda, para que o então reitor Roberto Lacerda não devolvesse uma quantia grande de dinheiro vinda do Ministério da Educação para a construção do prédio. "Nós saímos da reunião e eu falei: vamos fazer esse projeto já. Saiu em uma semana. A licitação foi feita em cima de um anteprojeto", diz David. Ele entrou na universidade em janeiro de 1966, no setor de obras e projetos. Mas antes, já acompanhava as articulações do pai para a criação da UFSC. Ele lembra que o pai trabalhou em vários setores da vida pública, inclusive como secretário da Fazenda. Era do PSD, porém, se dava bem com todo mundo. Não tinha inimigos, e até a rival UDN o apoiava. Perdeu uma eleição Primeiro reitor, Ferreira Lima, com uma foto da primeira turma de funcionários da UFSC ao lado de Nereu Ramos (a única derrota de Nereu), mas foi um vencedor, sempre. "Eu lembro que o ato de criação da universidade chegou na mão do Nereu Ra mos, então presidente em exercício, e ele se julgou incapaz de assinar, porque era professor da Faculdade de Direito, como se fizesse coisa em causa própria. Foi Jus celino quem assinou, em 18/12/1960, no mesmo ato que criou a Federal da Paraí ba", lembra David. Ele ia sempre com o pai para o Rio de Janeiro nas tratativas, e acabou fi cando por lá para fazer faculdade. De 1961 a 1965 fez o curso de Arquitetura Voltou para Florianópolis, onde só havia dois arquitetos. Ele lembra que na antiga Fazenda Assis Brasil, o prédio onde hoje é a prefeitura universitária funcionava uma cadeia feminina. "Quando chegamos lá, ainda havia resquícios da antiga cadeia feminina" comenta. Segundo ele, nesse período foram re alizadas coisas interessantes que saíram da imaginação do pai, como a criação de um conselho de reitores, que ficasse fora da esfera federal e se reunia para faze reivindicações junto ao governo. 09 de setembro de 2010 informe comercial UFSC 50 anos em fez a história eral de Santa Catarina “Lembro-me, com saudade, das canseiras e preocupações, minimizadas sempre pela chama de entusiasmo pela notável obra, de todos aqueles que, sob a liderança do professor Ferreira Lima, comungavam do ideal maior, e ativamente dele participaram, aplainando dificuldades criadas por outros que se opunham à criação da nossa Universidade Federal, os quais, felizmente, eram poucos.” Aluízio Blasi, Ex-secretário-geral. Um dos braços direitos de Ferreira Lima na época de implantação da UFSC “Cada administração foi fazendo um esforço enorme, sempre com dificuldades. Entre 1984 para 1996, além da universidade ter crescido sempre, era um período de redemocratização do país e havia uma ebulição muito grande dentro da universidade. Me recordo que assumi e em apenas três dias enfrentei uma greve de 90 dias, até então a maior já existente, por questões salariais.” a a ae a o so í- o ie a. a a e a a ", em e a er 13 Caspar Erich Stemmer - 1976 a 1980 David Ferreira Lima não lembra só da gestão do pai. Ele elogia muito o trabalho do reitor Caspar Erich Stemmer, que dirigiu a instituição de 1976 a 1980. Stemmer foi o segundo diretor da antiga Escola de Engenharia Industrial, que deu origem ao Centro Tecnológico e implantou o primeiro programa de pós-graduação da UFSC, em Engenharia Mecânica. No período dele, foram construídos 55 mil metros quadrados de área, dobrando a estrutura da universidade até então. "Foi uma administração que executou muita coisa. O professor Stemmer era um cara altamente objetivo, quando ele queria uma coisa, ele fazia. Ele tinha um trânsito muito livre no governo federal e conseguiu o dinheiro para finalizar o HU. Criou-se uma grande comissão, que analisou o projeto e aí se começou a levantar o hospital, que foi inaugurado no final do mandato dele. Ele viu entrar no hospital os primeiros pacientes. "A ênfase que eu dei foi na qualificação dos professores e nas condições de trabalho. Porque eu entendo que a coisa mais valiosa que nós temos na universidade são os professores", contou Stemmer no encontro de reitores de 2000. Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, Ex-reitor da UFSC “Pra mim a UFSC foi tudo, o melhor lugar em que eu trabalhei na vida. Desde 1970, fiz muitos amigos e não tenho palavras para dizer quantas coisas boas eu vivi na UFSC. Serve de exemplo para muita gente.” Manoel José Santos, Motorista da UFSC “A UFSC significa a realização do que eu gosto de fazer: ensinar, fazer pesquisa, novos desafios, contínuos. Isso eu só encontro aqui, dentro dessa universidade que está sempre aberta a novas propostas.” Fernando Gauthier, Professor do Departamento de Engenharia do Conhecimento informe comercial 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos A visão de quem ensina Foto Divulgação/Acervo UFSC Mais do que a função de educar, a UFSC é sinônimo de orgulho para professores, alunos e servidores P ara quem está fora, às vezes, há a visão de que a universidade é feita só de ensino, já que é uma instituição de educação. É o carro-chefe, mas não é só isso. No seu dia a dia, ela é muito mais do que sala de aula. Uma universidade é um mundo à parte, e fazer parte desse mundo é motivo de orgulho e realização para professores, alunos e servidores. A mais antiga das relações dos docentes com a Federal pode ser atribuída aos mestres da antiga Faculdade de Direito, fundada por José Arthur Boiteux, Henrique Fontes e um grupo de visionários ilhéus em 1932. Ali nascia a concepção da futura UFSC de Ferreira Lima. "É motivo de orgulho para nós, saber que os estudos universitários começam em nosso Estado com o Curso de Direito. Foi uma alavanca formidável, que propiciou o lançamento dos fundamentos da ciência jurídica por aqui e cujo objetivo maior, então, era a formação de um corpo técnico preparado para gerir este pequeno Estado da Federação", lembra o professor Ubaldo Balthazar, vice-diretor do Centro de Ciências Jurídicas da UFSC. Balthazar está na Federal desde 1970, quando entrou no Curso de Direito. Ele lembra a “reforma universitária” promovida naquela época, baseada no modelo norte-americano, que por pouco não jogou todo um esforço de crescimento por água abaixo. "Graças às lutas dos estudantes, muitos à época vistos como subversivos, conseguimos melhorar tal modelo, adaptando-o à nossa realidade. Desde então, a UFSC vem crescendo e se afirmando como uma instituição de ponta, colaboradores 14 Primeira aula do curso de administração, nos anos 1970 modelo para muitas universidades brasileiras", reflete o professor. Ele acredita que a manutenção da qualidade alcançada é o grande desafio da instituição. O diretor do centro de Comunicação e Expressão, Felício Wessling Margotti, concorda. "Acho que o grande desafio da UFSC hoje é consolidar essa expansão recente, com as novas vagas que foram criadas nos últimos dois, três anos. Obviamente que isso se reflete em uma demanda muito grande de espaço físico, servidores, técnicos administrativos, para que a gente tenha as condições ideais de infraestrutura e pessoal para absorver todo esse crescimento nos níveis de qualidade que a universidade tem alcançado e obviamente há uma preocupação de manter esses níveis de qualidade", argumenta o professor. O retorno à sociedade Quem pensa que professor só trabalha dentro da sala de aula está redondamente enganado. Além do quadro-negro, existem muitas outras atividades com que os docentes se envolvem. São inúmeras as formas de contribuir para o desenvolvimento da sociedade, como a pesquisa e a extensão. "Quanto mais avançada a universidade, mais forte a inserção da pesquisa e da geração de conhecimento. Ela se projeta no meio social como um fator de desenvolvimento, por meio da pesquisa e da extensão, que é como a universidade interage com outros setores da sociedade", avalia Felício Wessling Margotti. Quem pesquisa sabe a força que tem. A professora Luciane Perazzolo é um exemplo. Para ela, a universidade é um dos principais locais onde se gera o conhecimento científico e tecnológico de um país. Assim, a pesquisa é fundamental, desde que o trabalho e o conhecimento gerados sejam repassados para toda a sociedade. "Eu sou bióloga e as duas vertentes fortes na minha profissão são a pesquisa e o ensino. Estar em uma universidade, em um ambiente acadêmico, significa poder participar de maneira ativa na formação de estudantes (futuros profissionais) de diversas áreas que permeiam a Biologia, sendo que pela pesquisa podemos es- timulá-los a usar a mente de maneira científica e auxiliá-los a experimentar o prazer da descoberta. Isso é extremamente gratificante", conta a professora. Ela própria se beneficiou da pesquisa ainda na graduação, em Caxias do Sul (RS), entre 1985 e 1990. Foi quando recebeu a primeira bolsa de Iniciação Científica, que proporcionou um estágio no Instituto de Biotecnologia durante os cinco anos de curso. Não parou mais de pesquisar. Fez o Mestrado na UFSC em Aqüicultura (1992-1994) e o Doutorado na França, em Biologia e Fisiologia Celular (1995-1998). "É importante salientar que para um cientista conhecimento nunca é demais e o seu grande desafio é se manter atualizado. Diria então, que um bom cientista deve obrigatoriamente nunca estar “pronto”, uma vez que própria Ciência é altamente dinâmica", reflete. Hoje, Luciane Perazzolo faz parte do Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética da UFSC. Recentemente, orientando a aluna de Mestrado Cristhiane Guertler, ajudou a trabalhar, pela primeira vez no Brasil, a técnica do RNA de interferência para ativar a defesa dos camarões contra o vírus da mancha branca. A pesquisadora vê boas perspectivas de futuro para o setor no Brasil. 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos O pensamento de quem aprende informe comercial Foto Divulgação Assim como o corpo docente, estudantes primam pela qualidade do ensino, pesquisa e extensão ingressar no curso de Letras, habilitação Francês. "A UFSC representa para mim a concretização de todo um esforço. Eu almejei muito esse curso e estou adorando", declarou, em depoimento colhido em homenagem aos 50 anos da instituição. "A UFSC está abrindo as portas para mim, estou entrando agora. Vai abrir muitas portas na minha área, de educação, porque eu pretendo ser professor de língua portuguesa. Aqui eu tenho tudo para crescer", ponderou o calouro de Letras Daniel César de Andrade. O aprendizado vai além da sala de aula, é extraclasse. Alunos, como Gean Paulo Michel (capa amarela) aliam a teoria a programas de extensão Transformando vidas Celso Ramos Martins está na UFSC desde 1980. Mas a universidade está no sangue do servidor. O pai, Manoel Martins Filho, ex-prefeito, conduziu a instituição quando ainda era uma “fundação”. "Na época, aqui era um deserto, a estrutura nem se compara, a universidade expandiu muito", conta Celso. Ele começou trabalhando como datilógrafo, depois foi auxiliar administrativo e hoje é o coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores da UFSC (Sintufsc). Em meio a toda uma pauta de reivindicações para a melhoria da qualidade do trabalho, legítima em qualquer categoria que pretenda “fazer a máquina funcionar“, Celso avalia que a Federal tem um “ótimo ambiente para se trabalhar“. "Com educação, fica melhor para o cidadão, fica mais esclarecido", comenta. A maturidade que Celso tem dentro da instituição é proporcional às expectativas de futuro de quem acabou de chegar. A servidora Cinthia de Medeiros não escolheu trabalhar ali por acaso. Ela e o noivo queriam dar um rumo diferente à vida deles, em busca de uma melhor qualidade de vida. Quando soube do concurso para o novo campus em Curitibanos, não pensou duas vezes. A família do noivo, advogado, é de lá. Ele foi na frente, e ela foi atrás do sonho. "Antes de mais nada, acreditei muito que essa era a minha chance de estar com o amor da minha vida e alcançar a tão sonhada realização profissional. Foi assim que cheguei à UFSC, num momento especial e de profundas mudanças, de casa, de cidade, porém muito feliz por estar ao lado da pessoa amada, com uma família que me acolheu como filha e num ambiente completamente novo de trabalho", conta a servidora. Ela não tem dúvidas de que tomou a decisão certa. Cinthia acredita no sucesso da interiorização dos campi. "Nós, servidores dos campi do interior, temos o privilégio de participar desse momento histórico da instituição. É possível fazer um paralelo entre a UFSC e uma jovem senhora, que no auge dos seus 50 anos está buscando se reinventar, se redescobrir como nunca antes tivera feito. A mudança dessa senhora veio de dentro para fora, de uma necessidade de se comunicar com o que há de mais moderno no mundo, buscando fazer as mesmas coisas, porém de maneiras diferentes. Não deixando de lado suas convicções, nem mesmo toda sua experiência adquirida ao longo desse meio século de vida." 15 educandos A mesma oportunidade que a pesquisadora Luciane Perazzolo teve no início da graduação, o estudante Gean Paulo Michel está tendo na UFSC. Gean cursa a oitava fase de Engenharia Sanitária e Ambiental e desde cedo participa de atividades extraclasse. Da terceira até a sexta fase fez parte de programas de extensão, e desde então integra o projeto de pesquisa “Prevenção e mitigação de desastres hidrológicos na bacia do Rio dos Cedros; SC”, vinculado ao laboratório de Hidrologia. "Desde que ingressei na universidade me senti entre profissionais que primavam pela qualidade do ensino, pesquisa e extensão. Tanto é verdade, que alguns cursos da UFSC são conceituados como os melhores do país", comenta o estudante. Gean elogia os equipamentos e aparelhos de altíssima tecnologia com que tem a oportunidade de trabalhar, adquiridos com verba destinada à pesquisa. Mas não é só o conhecimento científico que é importante. A possibilidade de viajar para pesquisas de campo e o contato com as pessoas nos projetos de extensão representam um crescimento pessoal de dimensão incalculável. "Para o estudante esta é uma experiência única, pois o contato com as pessoas da comunidade é realmente gratificante, já que cada cidadão tem uma história de vida e pode acrescentar algo à sua formação. Além disso, ambas as atividades, pesquisa e extensão, enobrecem o currículo de qualquer pessoa", argumenta. O q u e e l e e s t á v i ve n d o, muitos outros alunos terão a oportunidade de experimentar. Como a estudante Gabriela Gomes Andrade, que acaba de informe comercial UFSC 50 anos 09 de setembro de 2010 UFSC na visão das lideranças Foto Carlos Mello / SECOM UFSC Em 50 anos de trabalho, UFSC tem seus valores reconhecidos e destacados no meio político E m julho deste ano, u m a c o m i t i va d o governo estadual partiu rumo a nova s p a r c e r i a s n a Europa. A missão visitou a Ucrânia e a República Checa. Entre políticos e empresários, a Universidade Federal de Santa Catarina se fez representada. O convite para integrar a delegação é uma prova de reconhecimento, e não foi a primeira nem será a última atividade de uma instituição cada vez mais internacional. "Hoje nos relacionamos com 46 países, em vários níveis, mas sempre com parcerias muito horizontais. Queremos afirmar nossa cultura, e também queremos aprender diferentes culturas; queremos ser 16 "O governo tem que valorização usar a universidade federal como usa o Banco do Brasil, como uma instituição maior. Ela tem que ser considerada como a instituição maior do ensino. A palavra "federal" chama a atenção do estudante, pela sua amplitude, por ser gratuita, por ter professores de extrema qualidade." Leonel Pavan, governador do Estado Comitiva catarinense em audiência no Ministério do Comércio e Indústria da República Checa, na capital Praga beneficiados por países mais desenvolvidos e ajudar países necessitados", celebra o reitor Alvaro Prata. "A UFSC é fundamental, principalmente na qualificação das pessoas, e tem sido uma parceira de Santa Catarina", reflete o governador Leonel Pavan. O governador ressalta a força das Federais e acredita que a universidade precisa ser mais valorizada e ter maior amplitude. Elogia a atual administração, que considera “democrática e transparente”. "O reitor Prata está acima de questões políticas, a prioridade dele é a educação, e isso valoriza muito mais a nossa universidade", elogia. Alvaro Prata agradece o elogio: "A universidade precisa ser abrangente e tolerante, não pode ter um pensamento único. Ela não pode ter preferências, não pode torcer por um time, não pode defender um partido. Sua preferência é com a verdade, com os valores mais absolutos, com o que é certo, com o que é correto, "Sem a Universidade Federal, a Capital não seria a mesma. Ela forma pessoas cada vez mais educadas, mais preparadas. Isso proporciona uma independência pessoal e da própria nação. O maior tipo de independência do ser humano é aquela conquistada pelo conhecimento." Dário Berger, prefeito de Florianópolis com a moral. O reconhecimento das lideranças políticas também se refletiu em homenagens oficiais. Tanto a Assembleia Legislativa quanto a Câmara de Vereadores de Florianópolis realizaram cerimônias parabenizando a UFSC pelos seus 50 anos. O prefeito de Florianópolis, Dário Berger, formou-se em Administração pela UFSC, em 1983. "Eu tive o prazer de estudar lá. A UFSC é uma instituição preconizada pela excelência. Ela representa um marco histórico no nosso desenvolvimento tecnológico e social. Acho que é um dos e i xo s d e d e s e nvo l v i m e n t o econômico mais importantes de Florianópolis, se não for o mais importante", destaca o prefeito. 09 de setembro de 2010 informe comercial UFSC 50 anos Girando a roda da economia Foto Acervo AGECOM/UFSC Chegada da Universidade Federal de Santa Catarina, nos anos de 1960, é um marco para a cidade e o Estado mais diversas áreas. São pessoas qualificadas pela universidade que depois de formadas aplicam o conhecimento no dia a dia da indústria", reflete o presidente da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), Alcantaro Corrêa. O industrial observa ainda outro ponto importante: os reflexos das atividades de pesquisa e extensão. "A pesquisa, uma vez aplicada no processo produtivo, contribui para o aumento da competitividade das empresas. A atuação em pesquisa e em projetos de extensão torna a UFSC parceira direta das indústrias, contribuindo para o desenvolvimento de novas tecnologias", afirma o presidente da Fiesc. "A virtude de uma universidade reside na geração de conhecimento. A Federal de Santa Catarina cumpre com maestria o dever de contribuir com o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado e corrobora, ainda, com o processo de desen- Campus da Trindade, em 1960, onde tudo começou. No entorno do primeiro prédio, desenvolveu-se a região volvimento político, econômico e social, sobretudo por suas ações de cooperação com a sociedade catarinense", concorda Bruno Breithaupt. Casos de ganhos concretos por meio de parcerias com a universidade se multiplicam. Alcantaro Corrêa lembra do trabalho em conjunto do Instituto Euvaldo Lodi e da UFSC que ajuda a alavancar a inovação no Estado, com mais de 100 empresas de tecnologia da informação e comunicação abrangidas, fortalecendo o segmento e conquistando ganhos consideráveis de competitividade em seus produtos. |Outro projeto citado, ainda em desenvolvimento, é a criação de uma rede de núcleos de inovação tecnológica, com o objetivo de preparar o ambiente das universidades para a inovação tecnológica. 17 Quem não quer fazer parte? Quem não quer fazer parte de uma das maiores universidades do país? Quem já entrou sabe disso, para a alegria dos pais. A empresária e gerente financeira Talita de Souza Martins Macan pôde comemorar o ingresso do filho André Martins Macan, de 22 anos, que está cursando a 7ª fase do curso de Engenharia Civil. "Acho muito bom, é uma universidade pública e possui bons investimentos em equipamentos e laboratórios", conta Talita. Quanto melhor a instituição, maior o nível de exigência. De um lado, quem vive o dia a dia universitário, como André, exige que os professores se preocupem com os alunos; que sejam didáticos e assíduos, para não acabar prejudicando a transmissão do conteúdo programado e assim manter a qualidade da aprendizagem. Do outro lado, está a exigência do estudo para quem ainda não entrou. Nos campi fora de Florianópolis, a chegada da UFSC fez com que a garotada aumentasse o esforço nos estu- dos. Na Capital, também tem quem se dedique. Como o estudante Marcelo Augusto de Oliveira de Melo, que cursa o último ano do Ensino Médio no Instituto Estadual de Educação e pretende fazer vestibular para História ou Geografia. "A UFSC é muito conceituada nessas duas áreas, principalmente em História Geral", diz o estudante. Vai ser fácil passar em um vestibular tão concorrido? "Depende, se eu estudar bastante...", brinca Marcelo, com o mais sério dos otimismos de quem está fazendo a sua parte (estuda de manhã e à noite). Bárbara Lindner também tem se esforçado para passar em Farmácia. "Eu quero ir para o Exército, como oficial na área da saúde", revela. Ambos querem a UFSC. "Não é nem pelo dinheiro, mas porque não existem muitos cursos tão conceituados nas outras universidades", pondera Marcelo. expansão Q uem viveu em Florianópolis nos anos de 1960 sabe o que era a cidade naquela época. Vai lembrar bem do que era a Trindade, um bairro afastado. A instalação da Universidade Federal de Santa Catarina impulsionou o desenvolvimento naquela vizinhança. Hoje, é um dos locais mais movimentados e valorizados da Capital. Tudo porque uma universidade do porte da UFSC ajuda a gerar a roda da economia. Afinal, muitos estudantes que passam no vestibular são de fora da cidade, e eles precisam ter onde morar, onde comer, onde se divertir, como se locomover. Para atender à demanda, toda uma infraestrutura é montada, são criadas empresas, que geram trabalho e renda, transformando a cidade no que ela é hoje. "A chegada da Federal foi um marco para o Estado e para a cidade", lembra Osmar Silveira, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis, que também está comemorando 50 anos de vida. "Simultâneo à expansão da universidade cresce a representatividade dos setores do comércio de bens, serviços e turismo no entorno da Federal catarinense, com a instalação de empreendimentos comerciais e a ampla oferta de serviços nos bairros vizinhos ao campus da UFSC", argumenta o presidente do Sistema Fecomércio de Santa Catarina, Bruno Breithaupt. Mas não é só isso, não é só a região onde o campus original foi instalado que cresceu. A formação de profissionais qualificados fez o Estado todo se desenvolver. "Muitos profissionais formados ali hoje são grandes empresários, que estão gerando desenvolvimento importante por toda a nossa sociedade", declara Osmar Silveira. "A participação da UFSC no setor industrial começa com a formação de profissionais das informe comercial 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos Uma cidade da saúde Foto Fernando Willadino Hospital Universitário oferece estrutura assistencial acoplada à uma estrutura didática S e um aluno da Medicina, hoje, sonhasse com as dificuldades dos primeiros estudantes, talvez valorizasse ainda mais o esforço que a profissão exige. Foram 20 anos de faculdade sem o mais humano e complexo dos “laboratórios”, o Hospital Universitário (HU). Não que não se lutasse por ele. Pelo contrário. Foram duas décadas de reivindicações, atendidas somente em 1980. "O HU acabou sendo inaugurado na década de 1980. Eu lembro porque eu estava lá", recorda o médico Carlos Alberto Justo da Silva, hoje vice-reitor da UFSC, que participou ativamente da batalha para a implantação do hospital na universidade. Este ano, o HU comemora três décadas de formação de médicos e atendimento à comunidade. Uma estrutura gigantesca que demanda um árduo trabalho para administrar. "É como administrar uma cidade. Temos nossas peculiaridades, trabalhamos 24 horas por dia com porta aberta. A grande diferença é essa. Isso muda muita coisa. Há uma demanda maior de esforço e trabalho, com o mesmo ritmo nos dois turnos, que têm seus picos, com reforço de pessoal", explica o diretor do HU, o médico Felipe Felício. Realmente a tarefa não é das mais simples. O investimento mensal gira em torno de R$ 10 milhões: R$ 3 milhões de custeio e mais R$ 7 milhões com outras despesas, como remuneração do pessoal. "Por que o nosso custo é maior? Porque temos embutida a formação dos recursos humanos, que é a principal função do HU, mais até do que atender à população. Temos os cursos de Medicina, Enfermagem, Odontologia, Farmácia, Psicologia, Fisioterapia, tudo aqui dentro. Essa formação hospital 18 Atualmente, o HU tem 1,3 mil servidores, sendo 300 professores. A média é de 181 atendimentos diários de emergência é uma coisa muito forte. Temos uma estrutura assistencial acoplada à estrutura didática, por isso o custo é muito alto", ensina. Segundo o reitor Alvaro Prata, o Hospital Universitário segue esforçando-se para cumprir suas metas embora tenhamos de reconhecer as inúmeras dificuldades encontradas. As dificuldades estão associadas principalmente aos recursos para custeio e à contratação de profissionais. Após 30 anos de utilização, o hospital precisou de um checkup. Os problemas vão aparecendo, e por isso o investimento em infraestrutura é o grande desafio da administração atualmente. Só na reforma da caixa d’água foram investidos R$ 400 mil. A parte elétrica foi renovada, em parceria com uma empresa da iniciativa privada, com economia de consumo de energia de 14% só nas luminárias. "É uma casa velha que você sempre tem que ir arrumando direitinho, não pode deixar cair. O hospital cresceu muito. Ele triplicou o seu tamanho, e a infraestrutura tem que acompanhar; pelo menos dobrar", alerta o diretor. Três décadas atrás, eram 90 pessoas trabalhando no complexo. Hoje, são 1,3 mil servidores, sendo 300 professores. O hospital tem 270 leitos ativos, com números expressivos de cirurgias (só não são feitas a cardíaca e a neurocirurgia) e atendimentos. O atendimento é gratuito, dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), e eles recebem pacientes de todo o Estado. Em 30 de dezembro do ano passado foi feito o primeiro transplante de córnea no HU. A pesquisa também é bastante estimulada. Uma das áreas de ponta é no estudo de asma e bronquite. Outra vertente é o centro de pesquisa de cirurgia experimental. Existe também um laboratório de biomecânica bem desenvolvido, onde fazem análise de prótese para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). "Eles querem entrar com uma prótese no Brasil, eles mandam para cá e a gente vê se pode ou se não pode entrar. O que precisar colocar no corpo humano, eles mandam para a gente e fazemos análise", conta Felício. Tudo isso terá um reflexo intenso na preparação dos futuros médicos catarinenses. Como o estudante Lucas Santiago, de 26 anos. Ele está no 6º ano, é doutorando na internação médica, onde passa por várias áreas, de cirurgia à saúde pública. "É de suma importância o convívio no HU, porque todas as maiores lições da faculdade a gente aprende ali. É a grande abertura para o mundo profissional", garante o estudante. Em 2009 156 mil atendimentos ambulatoriais realizados 95 mil atendimentos de emergência Médias 13.259 consultas marcadas por dia 32 internações por dia 181 atendimentos de emergência por dia Nove cirurgias no Centro Cirúrgico por dia 13 cirurgias ambulatoriais (sem internação) por dia 09 de setembro de 2010 informe comercial UFSC 50 anos A escolha de uma profissão Foto Fernando Willadino Da chegada dos primeiros calouros que iniciaram a história da universidade aos mais de 20 mil alunos ra dos Povos Indígenas do Sul da Mata Atlântica, Guarani, Kaingang e Xokleng, vinculado ao departamento de História. O curso tem duração de quatro anos, com 120 vagas - 40 para cada povo. Serão 3.348 horas, 100% presencial, dividido entre Tempo universidade (os alunos vão até o curso) e Tempo comunidade (o curso vai até os alunos nas aldeias). O curso terá um vestibular específico, provavelmente em novembro, em locais perto das aldeias. "Todos os indígenas do Sul da Mata Atlântica, desde os Guaranis (do ES ao RS), os Xokleng, no Alto Vale, e os Kaingang (presentes em toda a região Sul e em SP), estão aptos a fazer o vestibular", conta a coordenadora do Laboratório de História Indígena, Ana Lúcia Vulfe Nötzold. O curso vai formar por terminal idades: Linguagens (línguas indí- Em 2009 foram 21.594 alunos na graduação presencial, e 2.566 diplomados genas), Humanidades (com ênfase em Direitos Indígenas) e Conhecimento Ambiental (ênfase em Gestão Ambiental). "Nós temos um eixo norteador que é Territórios Indígenas: Questão Fundiária e Ambiental no Bioma Mata Atlântica. Todos os alu- - Centro de Ciências Agrárias (CCA): Agronomia, Ciência e Tecnologia Agroalimentar, Engenharia de Aquicultura e Zootecnia - Centro de Ciências Biológicas (CCB): Ciências Biológicas * e ** - Centro de Ciências Jurídicas (CCJ): Direito - Centro de Desportos: Educação Física * - Centro de Educação (CED): Arquivologia, Biblioteconomia, Educação do Campo e Pedagogia - Centro de Comunicação e Expressão (CCE): Artes Cênicas, Cinema, Design (de Animação, de Produto e Gráfico), Língua e Literatura Brasileiras** e Língua e Literatura Estrangeiras (Inglês**, Espanhol**, Francês, Italiano e Alemão), Língua Brasileira de Sinais * e **, Jornalismo e Secretário Executivo - Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM): Física* e **, Matemática* e ** e Química* - Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH): Filosofia* e **, Ciências Sociais*, História*, Geografia*, Psicologia, Antropologia, Geologia, Oceanografia e Museologia nos terão habilitação em Licenciatura da Infância. Até a quinta fase todos estarão habilitados. Em todas as terras indígenas terão professores do ensino fundamental e poderão optar pelas terminal idades ", explica a professora. - Centro de Ciências da Saúde (CCS): Enfermagem, Farmácia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e Nutrição - Centro Sócio-Econômico (CSE): Administração**, Ciências Contábeis**, Ciências Econômicas**, Relações Internacionais e Serviço Social - Centro Tecnológico (CTC): Arquitetura e Urbanismo, Ciências da Computação, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia Eletrônica, Engenharia de Materiais, Engenharia de Produção, Engenharia Sanitária e Ambiental, Engenharia Química, Engenharia Mecânica e Sistemas de Informação - Campus de Joinville: Engenharia da Mobilidade - Campus de Curitibanos: Ciências Rurais - Campus Araranguá: Tecnologia da Informação e Comunicação, Engenharia de Energia e Fisioterapia * Licenciatura e Bacharelado ** Presencial e à distância 19 graduação Q uando a UFSC dava os primeiros passos sobre o chão ainda cru do universo do ensino superior em Florianópolis, 847 calouros tiveram a honra de começar esta história cinquentenária escolhendo uma profissão entre não mais do que 10 opções, em seis faculdades. Os 50 anos de evolução transformaram aquele parque enlameado no meio da longínqua Trindade em uma cidade populosa. Hoje, mais de 20 mil alunos transitam pelas ruas do campus, e outros mais se espalham Estado afora, em outros campi ou no ensino a distância. O ano de 2009 terminou com 21.594 alunos na graduação presencial, e 2.566 foram diplomados. Na educação a distância, foram oferecidas, em junho do ano passado, 1.830 vagas distribuídas em sete cursos, e 5.389 alunos estão matriculados. Este ano, a iniciativa pioneira da UFSC dá os primeiros frutos: as primeiras colações de grau nos cursos de graduação a distância. Com a criação de novos cursos, a partir de exigências do Reuni (o projeto do governo Federal para a reestruturação das universidades), as vagas no vestibular aumentaram para 6.120, em 82 possibilidades de graduação. Esses números tendem a crescer ainda mais nos próximos anos. "Como desde 2008 temos um acréscimo anual de vagas, deveremos chegar, em 2013, a 32 mil alunos", projeta a pró-reitora de Graduação, Yara Müller. Entre as novas opções de escolha no vestibular estão: licenciatura e bacharelado em Língua Brasileira de Sinais, Educação do Campo, Antropologia, Museologia, Engenharia de Energia, Geologia, Arquivologia, Engenharia Eletrônica e Fonoaudiologia. Os campi recentemente criados fora da Capital também terão aumento de vagas. Para 2011, já está aprovada em todas as instâncias a criação do Curso de Fisioterapia para o campus de Araranguá. Outra novidade é a Licenciatu- informe comercial UFSC 50 anos Crescimento com qualidade 09 de setembro de 2010 Foto Fernando Willadino Programas criados e autorizados a funcionar já iniciaram com mestrado e doutorado E m 2009, a UFSC comemorou 40 anos de ensino na pós-graduação. Hoje a instituição conta com 57 programas (mais de 100 cursos de mestrado e de doutorado), organizados em oito grandes áreas do conhecimento: Agrárias, Biológicas, Engenharias, Exatas, Humanas, Letras/Linguistica, Saúde e Ciências Sociais Aplicadas. Ainda existem mestrados profissionais, cursos interdisciplinares e programas em rede com outras instituições. "Nossa pós-graduação seguiu crescendo e todos os novos cursos foram recomendados com conceito 4. Os novos programas criados e autorizados a funcionar já iniciaram com mestrado e doutorado", lembra o reitor Alvaro Prata. Atualmente a Universidade Federal de Santa Catarina é o maior centro de pós-graduação do Estado, – e muitos de seus cursos são referências nacionais. A última avaliação trienal foi realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pesso- pós-graduação 20 A pós-graduação em Química tem a nota máxima concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior al de Nível Superior (Capes) em 2007 - e a UFSC ficou entre as 20 instituições melhor colocadas no ranking da pós-graduação. Entre os 50 programas da universidade avaliados na época, 75% receberam conceito 4 e 5 e 10% ficaram com conceito 6 e 7 (notas máximas para a Capes, que avalia critérios como número de teses e dissertações defendidas, produção de artigos científicos, qualificação dos docentes e estrutura). As pós-graduações em Di- " O prestígio não vem 'de graça'. A estrutura montada é de primeira linha. Em 1998, o Departamento de Química da UFSC foi o primeiro no país a ter 100% de professores doutores. São 35 professores no programa de pós, todos com orientações concluídas nos últimos três anos, ou seja, estão formando pessoas, orientando e gerando conhecimento. " reito, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica e Farmacologia, com conceitos 6, e Química, com Estrutura humana e laboratorial de primeira linha garantem a excelência da Química conceito 7, representam a UFSC no Programa de Excelência Acadêmica (Proex). Para contextualizar, existem 60 programas de pós-graduação em química no Brasil, e apenas seis têm a nota máxima. Em 2008, incluindo as conceituações emitidas para os novos cursos, a UFSC ficou com um conceito médio de 4,35 – e computando apenas os doutorados, passa a 4,64. "Temos uma boa média em nível nacional, mas também bastante espaço para evoluir qualitativamente e nos colocamos a meta de atingir médias mais próximas de 5”, complementa a pró-reitora de Pós-graduação, Maria Lúcia de Barros Camargo, que agora em setembro receberá a nova avaliação da Capes. Alguns dos cursos melhor colocados, sua estrutura, linhas de pesquisa, conquistas e desafios serão destaques em um dos próximos cadernos desta série. 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos Ciência que qualifica o ensino informe comercial Foto Divulgação/AGECOM A formação vai além da sala de aula. Aliada à pesquisa, contribui para o desenvolvimento de habilidades diferenciadas Formação inicia cedo A iniciação científica na Federal começa na segunda e na ter- ceira fases; uma formação bem diferente da grande maioria das particulares, que basicamente só oferecem aulas.Assim como seus professores, os estudantes concentram sua inteligência tanto na pesquisa básica, sem nenhuma intenção ou cobrança de gerar uma aplicação tecnológica, quanto no desenvolvimento de novas tecnologias. A pró-reitora explica que com a pesquisa os alunos começam a desenvolver habilidades diferentes, pois percebem que o que eles estudam na sala de aula tem realmente uma correspondência prática. "Nossa missão também é formação de pessoal qualificado e a pesquisa contribui para melhorar essa qualificação, mas ela também tem contribuído muito com a comunidade. Há muita pesquisa de impacto social e cooperativa com o setor empresarial. Há uma característica de ter um bom relacionamento, com casos marcantes, como a Embraco e o Polo Tecnológico. Isso mostra que as pesquisa geram frutos dire- A UFSC é a oitava instituição no país em número de equipes envolvidas em pesquisa tos para a sociedade", observa Jorge Campagnolo, diretor do Departamento de Projetos de Pesquisa. Débora concorda, e vai além na análise. No Brasil a pesquisa é produzida principalmente na academia. Nos países do primeiro mundo não é assim. Ela lembra que somente três de seus colegas de turma no doutorado na Universidade de Oxford, na Inglaterra, atuam e universidades. Todos os outros As três melhores do mundo 1 - Harvard – EUA 2 - Massachusetts Institute of Technology – EUA 3 - Universidade de Stanford – EUA As três melhores do Brasil 1 – Universidade de São Paulo (122º no mundo) 2 – Universidade Estadual de Campinas (239º) 3 - Universidade Federal de Santa Catarina (377º) As seis melhores da América Latina 1 – Universidade Nacional Autônoma do México (70ª) 2 - Universidade de São Paulo (122º) 3 – Universidad de Chile (199º) 4 - Universidade Estadual de Campinas (239º) 5 – Universidad de Buenos Aires (274º) 6 - Universidade Federal de Santa Catarina (377º) fazem parte da indústria. "Os países de primeiro mundo contratam doutores, mesmo que eles não trabalhem na indústria com aquilo que desenvolveram na academia. São pessoas com habilidades diferenciadas, para pensar, ir atrás de soluções. É uma questão cultural que passa pela formação dos empresários para chegar a essa visão", conta. 21 Ranking mundial A UFSC está posicionada entre as 400 melhores universidades do mundo, de acordo com a última edição do Webometrics (www.webometrics. info), o ranking mundial de universidades na web (rede de computadores). Enquanto a ciência brasileira é gerada principalmente nas universidades, a UFSC faz a sua parte. E é reconhecida nos levantamentos mundiais. De acordo com a última edição do ranking mundial de universidades na web (Webometrics), está posicionada entre as 400 melhores do mundo. Na pesquisa, ligada ao Ministério da Educação da Espanha e que analisou 12 mil instituições acadêmicas no mundo, aparece como a terceira melhor entre as brasileiras, e como a primeira federal. pesquisa C onhecimento não se repassa com a cátedra; também se cria. Não é por acaso que a Universidade Federal de Santa Catarina é referência, hoje, na produção científica e tecnológica. A UFSC é a oitava instituição no Brasil em número de equipes envolvidas em pesquisa. Entre professores efetivos, pós-graduandos e estudantes de graduação, são 2.862 pesquisadores, divididos em 422 grupos, trabalhando em 1.662 diferentes linhas de atuação. É uma excelência em pesquisa que transborda qualidade também para a graduação "Foi o tempo em que se acreditava que a formação do estudante fosse feita em sala de aula. Hoje as pessoas têm maior consciência de que a formação é uma coisa muito mais completa. A sala de aula é o esqueleto, e o recheio é a pesquisa e a extensão", comenta a pró-reitora de Pesquisa e Extensão, Débora Menezes. O universo de saber contemplado pelos pesquisadores é tão vasto que a pró-reitora teve dificuldade em definir quais seriam detalhados nas edições futuras dos cadernos do cinquentenário que serão veiculados no Diário Catarinense. "Para escolher os 50 projetos, fizemos uma proporção a partir dos grupos de pesquisa de cada centro. Não significa que são os melhores trabalhos, é apenas uma mostra. Para divulgar todos os qualificados precisaríamos de cadernos o ano inteiro", explica. Uma das pesquisas selecionadas foi realizada por nutricionistas e acadêmicos dos cursos de graduação e de pós-graduação em Nutrição. Eles formaram uma equipe para avaliar o peso de estudantes em Santa Catarina, e descobriram que 15,4% têm sobrepeso, e 6%, obesidade. informe comercial UFSC 50 anos Difundindo o saber 09 de setembro de 2010 Foto Divulgação/Agecom A Extensão integra a universidade com as comunidades, governos e empresas U ma universidade que se encolhe em seus limites está desperdiçando a oportunidade de evoluir. As inst i t uiç õ e s que t ra ba lha m o conhecimento têm muito a ensinar, e muito a aprender com as comunidades que as cercam. Por isso é fundamental realizar o que os ingleses chamam de outreach, ou seja, “alcançar o lado de fora”, transpor a fronteira do campus e partilhar ideias. É o que se chama de Extensão. "O que a Extensão se propõe é t ra n s fe r ir p a ra a sociedade um pouco daquele conhecimento desenvolvido na universidade. Mas hoje nós vemos isso como um mecanismo de mão dupla. Quando a transferência é feita, as pessoas que estão fazendo isso lá na ponta também aprendem", argumenta a pró-reitora de Pesquisa e Extensão, Débora Menezes. Tudo começou com o famoso Projeto Rondon, programa criado em 1966, coordenado pelo Ministério da D e fe s a , p a ra e nvo lve r e s - extensão 22 Um dos projetos de destaque é desenvolvido com indígenas. A troca de conhecimento enriquece o currículo do professor e os alunos têm uma vivência do que aprenderam, fora da sala de aula tudantes universitários em projetos de integração social em comunidades carentes, como os longínquos rincões da Amazônia. Hoje as atividades envolvem ações nas comunidades, palestras, cursos e parcerias com empresas e indústrias para transferência de tecnologias, entre diversas outras atividades. “A divulgação e a popularização da ciência também são formas de Extensão, de colaborar para que as pessoas construam outras visões de mundo”, lembra o professor Nelson Canzian, diretor do Departamento de Projetos de Extensão da UFSC. Foto Projeto Kit Diversidade/CCA Em 2009 a Universidade Federal de Santa Catarina realizou 4.344 ações de extensão Em 2009, a UFSC realizou 4.344 atividades de Extensão e concedeu 302 bolsas por mês, números que representam acréscimos de 37% e 33% em relação a 2008. Para que esses números sejam ainda maiores, há uma proposta em discussão no Fórum de pró-reitores de Extensão para que se crie uma agência de fomento desse tipo de projeto. "A gente tem aqui um projeto lindo de Extensão com os indígenas. Não só os professores do CFH vão lá nas aldeias, como eles acabam trazendo muita coisa que os indígenas sabiam", revela. Um desses trabalhos junto à comunidade indígena é denominado de “Projeto Cipó Guambé, Taquaruçu e Anilina: a cultura material Kaingáng como fator de inclusão social”, coordenado pela professora Ana Lúcia Vulfe Nötzold, do Departamento de História. "A vivência e o olhar sobre uma nova cultura têm muito a enriquecer o currículo profissional, tanto como a vida particular do docente e do acadêmico. A possibilidade de compartilhar conhecimento e por em prática a teoria obtida na universidade torna o aluno com um poten- cial ainda maior, pois colocao frente à refletir e pensar na comunidade, saindo do meio acadêmico, reflete Ana Lúcia. "Para o acadêmico a saída a campo possibilita o contato com a realidade indígena em Santa Catarina, permite o acesso à documentação que está nos arquivos das escolas, realização de entrevistas produzidas por meio da Metodologia de História Oral e um breve estágio de vivência, sendo um diferencial na pesquisa e formação profissional. Os integrantes da equipe foram instrumentalizados na vivência de uma realidade que não se aprende/ensina em bancos escolares", garante a coordenadora do projeto. A Série UFSC 50 prevê também um caderno com 50 projetos de Extensão. Assim c o m o no c a s o do c a de r no de Pesquisa, será uma mostra de alguns dos trabalhos da universidade. Ações para a terceira idade; de teste e difusão de sistemas agroecológicos; assistência jurídica e um grupo de ajuda a familiares de idosos portadores da doença de Alzheimer são apenas alguns exemplos que m o s t ra r ã o a i n t e ra ç ã o d a UFSC com a comunidade. 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos Os símbolos da excelência informe comercial Fotos Divulgação Da pesquisa científica vem boa parte dos prêmios recebidos pela universidade ao longo dos seus 50 anos Uma pesquisa como a desenvolvida pelo Laboratório de Moluscos Marinhos, com aplicações práticas na comunidade, tem um importante papel social e ambiental Ademir Neves. A classe de comendador é a primeira oferecida. Acima dela, há a classe Grã-Cruz, que personalidades da UFSC também já receberam. Em 2002, o agraciado com a Grã-Cruz foi ninguém menos do que o ex-reitor e professor emérito Caspar Erich Stemmer, uma sumidade nas áreas de Engenharia e um dos maiores colaboradores que a instituição já teve. Os feitos de Stemmer no passado da UFSC certamente servem de exemplo aos novos administradores, como o próprio reitor Alvaro Toubes Prata, outro condecorado com a ordem da Grã-Cruz, recebida em maio deste ano por serviços prestados na área das Ciências da Engenharia. "É uma distinção que nos honra muito e nos dá uma responsabilidade adicional como pesquisador e cientista. É um reconhecimento que nos motiva e nos lisonjeia", comemorou Prata. É justamente da pesquisa científica que vem boa parte dos prêmios recebidos pela universidade ao longo desses 50 anos. Os exemplos se multiplicam. Um deles vem do Laboratório de Moluscos Marinhos (LMM), vencedor do Prê- O reconhecimento se multiplica. As pesquisas com moluscos marinhos, por exemplo, conquistaram o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica mio Finep de Inovação Tecnológica em 2005, na categoria Inovação Social. O projeto apresentado pela equipe do LMM mostrou que as atividades desenvolvidas pela universidade e o repasse desse conhecimento aos pescadores artesanais estão na base do crescimento da maricultura em Santa Catarina. Inscrito com o título “Cultivo de Moluscos: Uma Revolução Social no Litoral Catarinense”, o projeto descreveu como o trabalho da universidade resultou em benefícios sociais e ambientais. Uma pesquisa como essa, com aplicações práticas que ajudam no desenvolvimento de uma comunidade, tem uma importância social e ambiental. É o caso também do projeto "Água, fonte de alimento e renda: uma alternativa para o semiárido", desenvolvido em uma parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, e com a Fundação Centro de Referência em Tecnologia de Inovação (Certi), que é vinculada à UFSC. No ano passado, o programa conquistou o Prêmio von Martius de Sustentabilidade, na categoria Tecnologia, e foi o único do concurso a receber "menção honrosa". O trabalho premiado está sendo implantado na comunidade Uruçu, localizada no município de São João do Cariri, na Paraíba, para valorizar o uso da água no clima semiárido brasileiro. Que tal imaginar um novo remédio para reduzir a ansiedade, ou diminuir o risco de uma convulsão? Tudo começa com a pesquisa em laboratórios. Foi o que fez o pós-doutorando da UFSC Filipe Silveira Duarte, que em 2008 recebeu o Prêmio José Pedro de Araújo pelo trabalho com as propriedades medicinais da planta Polygala sabulosa. Em testes com roedores, Duarte provou que a planta, conhecida como timuto-pinheirinho, tem propriedades que diminuem a ansiedade e a incidência de convulsões nos animais. 23 premiações E m abril deste ano, o professor Ademir Neves, do Departamento de Química da UFSC, recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Ordem Nacional do Mérito Científico, por suas contribuições prestadas à ciência e à tecnologia do país. Agora, o professor Ademir é também o Comendador Ademir. É apenas um dos exemplos recentes, que se somam à história de incontáveis distinções. Em seus 50 anos de vida, a Universidade Federal de Santa Catarina vem colecionando prêmios, símbolos do reconhecimento do esforço das pessoas que fazem o motor da academia funcionar. Citar todos seria praticamente impossível em tão poucos centímetros de papel. Por isso, aqui, destaque para alguns dos prêmios, como ícones de todo o conjunto de realizações notáveis da instituição. A presença de professores em círculos de excelência, como a Academia Brasileira de Ciências, por exemplo, é constante, assim como as homenagens do Ministério da Ciência e Tecnologia, como a comenda entregue ao professor informe comercial 09 de setembro de 2010 UFSC 50 anos Do laboratório à inclusão social Fotos Fernando Willadino A excelência da pesquisa vai além dos trabalhos dos laboratórios científicos da UFSC U m dos papa-títulos da Universidade Federal de Santa Catarina é o Laboratório de Soldagem, do Instituto de Soldagem e Mecatrônica. Desde 1988, quando o projeto "Banco de ensaios para estudo de controle e automação do processo de soldagem MIG/MAG" recebeu o prêmio Soltronic, oferecido pela Associação Brasileira de Soldagem, o Labsolda não parou mais de se destacar em premiações, nacionais e internacionais. Em 2004, por exemplo, um trabalho ao acadêmico de graduação Billy Alceu de Abreu ficou com o segundo lugar no concurso "South American and Caribbean Student Presentation and Paper Contest". Em agosto deste ano, mais uma "medalha de prata" veio com o trabalho "Elaboração de Parâmetros para a Soldagem Orbital Automá- premiações 24 O Laboratório de Soldagem, desde 1988, quando ganhou o Soltronic, não parou mais de se destacar, seja em prêmio nacionais ou internacionais tica na Construção de Dutovias de Petróleo e Gás", apresentado no XVII CREEM - Congresso Nacional de Estudantes de Engenharia Mecânica, na Universidade Federal de Viçosa (MG). São trabalhos que geralmente têm aplicação na indústria, mas que acabam impactando também, indiretamente, na vida das pessoas. Outros projetos têm relação Os trabalhos, na sua maioria, têm aplicação na indústria, mas eles acabam impactando também, indiretamente, na vida das pessoas. Ou seja, os projetos focam ainda na inclusão social direta com o consumidor. Como o trabalho do aluno de Engenharia de Produção e Sistemas Gustavo Braz Carneiro, vencedor do Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia, concedido pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica. O estudante projetou uma casa 100% ecológica, que procura aproveitar, ao máximo, recursos naturais como vento, sol e chuvas. Mas não é só nos laboratórios científicos que reside a excelência da pesquisa na UFSC. A inclusão social também é uma preocupação, presente em diversos trabalhos de pesquisa e extensão premiados. O aluno do Mestrado em Educação Física Miguel Sidenei Bacheladenski participou do Prêmio Brasil de Esporte e Lazer de Inclusão Social, entregue pelo presidente Lula, pela dissertação "(Re) Significações do lazer em sua relação com a saúde em comunidade de Irati (PR)", classificada em 2º lugar na categoria Dissertações, Teses e Pesquisas Independentes. O gerenciamento e a economia do país e do mundo são outras das áreas de estudo dentro da instituição com um histórico de premiações. Os pesquisadores do Núcleo de Estudos em Simulação Gerencial (Nesig) Moisés Pacheco de Souza e Ricardo Bernard receberam o prêmio "Best Paper Award" no congresso da Associa- tion for Bussiness Simulation and Experiential Learning (ABSEL), realizado em março deste ano em Little Rock, nos Estados Unidos. A ABSEL é reconhecida como a maior associação de simulação de negócios (jogos de empresas) em nível mundial. O artigo é parte da dissertação de mestrado de Moisés Pacheco de Souza, sob a supervisão do professor Ricardo Bernard, e trata da influência da capacidade de previsão dos alunos no resultado das empresas simuladas. Outro pesquisador premiado na área econômica é Daniel Augusto de Souza, formado em Ciências Econômicas pela UFSC em 1994. Ele recebeu o Prêmio Catarinense de Economia 2009 – Economista Carlos José Gevaerd. Vencedor na categoria “Economista”, Souza apresentou o artigo “Elasticidade – Atributo do preço. Uma nova abordagem acerca da sensibilidade – preço – atributo”, fruto de sua tese de doutorado em Engenharia Civil, concluído em 2008. Durante cinco anos ele pesquisou para entender qual a percepção de valor que os consumidores do mercado imobiliário tinham dos produtos. O prêmio é oferecido pelo Conselho Regional de Economia de Santa Catarina, e visa estimular a produção de trabalhos na área econômica que possibilitem contribuir para o desenvolvimento econômico catarinense e brasileiro.