19 -Museu da Marinha

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19 -Museu da Marinha
Museu da Marinha
Horário e Condições de Acesso
HORÁRIO DE ABERTURA
Das 10.00 às 17.00 horas (01 Out / 30 Abril)
Das 10:00 às 18:00 horas (01 Maio / 30 Set)
ENCERRAMENTO
Segundas-Feiras e Feriados Nacionais
CONDIÇÕES DE ACESSO
Adultos
Dos 6 aos 18 anos
Estudantes
Menores de 6 anos
Maiores de 65 anos
Lisboa Card
5,00 €
2,50 €
2,50 €
Grátis
2,50 €
3,00 €
10,00 € / 12,00 € /12,50
Bilhete familiar
Grupos escolares
ACP - Automóvel Clube de Portugal
Agências Turísticas (Grupos +15 visitantes)
Grátis
Visita livre
Visita guiada
1€
Sócios e Cônjuges
3,00€
Clube "Jovem e Jovens" 2,00 €
2,25 €
VISITAS GRATUITAS
Aos domingos e dias feriados, entre as 10:00 e as 14:00 horas.
DURAÇÃO MÉDIA DA VISITA
Entre uma hora e meia a duas horas.
FOTOGRAFIA E/OU FILMAGENS
É permitida a utilização de câmaras desde que não se recorra à utilização de tripés nem a sistemas de
iluminação artificial, e sem que daí resulte incómodo para os restantes visitantes.
Site:
http://museu.marinha.pt/museu/site/pt
Localização e Acessos
Para chegar ao Museu de Marinha, dispõe de inúmeras opções de transportes: táxis, autocarros,
elétricos, comboios ou barco fluvial.
Autocarros e elétricos
A companhia de transportes de Lisboa efetua uma série de viagens para as mais variadas direções.
Escolha entre os autocarros ou os famosos elétricos amarelos e deixe-se levar até Belém.
Poderá viajar no elétrico 15 ou nos autocarros 714, 727, 28, 729, 751 e 201.
Comboios
Ao longo do rio Tejo existe uma linha ferroviária quer liga Cascais ao centro da cidade de Lisboa
(Cais do Sodré). Este terminal lisboeta encontra-se articulado com a rede de metropolitano e localizase junto à estação dos barcos para Cacilhas.
Estação Fluvial
Se se encontrar na margem sul do Tejo (Porto Brandão e Trafaria) pode optar por apanhar o barco
que efetua a travessia do rio. Desembarque na Estação Fluvial de Belém e desfrute de um agradável
passeio até ao museu.
Táxis
Em qualquer ponto da cidade de Lisboa encontrará um táxi disponível para o levar até ao Museu de
Marinha. Seguramente, não terá a menor dificuldade em fazer-se deslocar (à ida e ao regresso) até à
conhecida Praça do Império, em Belém, onde se encontra o Museu.
Planta do Museu da Marinha
1.Entrada
2.Oriente
3.Marinha de Recreio
4.Marinha Mercante
5.Construção Naval
6.Descobrimentos
7.Século XVIII
8.Séculos XIX e XX
9.Henrique Maufroy de Seixas
10.Tráfego Fluvial
11.Pesca Longínqua
12.Pesca Costeira
13.Camarinhas Reais
14.Pavilhão das Galeotas
1 - Sala de Entrada
A primeira sala do Museu proporciona uma reflexão sobre a ligação entre Portugal e o Mar, durante
os Descobrimentos portugueses, e o seu impacto na formação do mundo moderno.
Aqui encontramos as estátuas dos primeiros Descobridores, como Diogo Cão, João de Santarém,
Diogo Gomes, Pedro de Sintra, Gonçalves Zarco, Gil Eanes e Nuno Tristão, responsáveis pelas
incursões atlânticas e a exploração da costa ocidental de África. Estes navegadores rodeiam o Infante
Dom Henrique, arquiteto dos Descobrimentos portugueses.
A ousadia e o rasgo das expedições portuguesas no século XV, romperam com uma visão fechada do
mundo e do mar, fundamentada em mitos e lendas. A escultura "Alegoria a Neptuno" representa
essa visão do mar, remetendo para o imaginário da mitologia greco-romana.
Como pano de fundo, encontra-se um planisfério, feito por colaboradores do próprio Museu, já na
década de sessenta. Ilustra os horizontes da expansão marítima portuguesa, rasgando as rotas das
principiais viagens marítimas. Pretende ser uma ponte entre o imaginário das Descobertas e o mundo
moderno - um quadro visual do diálogo civilizacional que é, ainda hoje, uma realidade linguística e
cultural, unificadora de diferentes nacionalidades em dezenas de territórios espalhados pelos "quatro
cantos" do mundo.
2 - Sala do Oriente
A sala do Oriente reúne um conjunto muito heterogéneo de objetos, de fontes e épocas variadas.
Todos eles possuem, porém, uma origem comum - o Oriente.
Personalidades marcantes e cidadãos anónimos apaixonaram-se pelo Extremo Oriente e trouxeram,
através de objetos e hábitos, novas formas de estar. As porcelanas e o mobiliário chinês, aqui
apresentados, resultam desse encontro. O exotismo continua presente nas duas magníficas armaduras
samurai , dos finais do século XVI, assim como na sinistra «espada que corta cabeças».
A expansão portuguesa no Índico fundamentava-se numa política de feitorias, ligando o comércio ao
reino. Através de alianças comerciais trocavam-se, não só objetos, como conhecimento científico e
filosófico. Veja-se a carta náutica que ilustra um combate naval entre portugueses e piratas chineses,
e onde estão assinalados os nomes dos navios e os diferentes níveis de profundidade (batimétricas).
A chegada de Vasco da Gama à Índia, em 1498, eleva, pela primeira vez, um império à escala
planetária. Não se tratou, pois, de uma simples vitória do homem sobre o mar ou a descoberta de um
mercado novo. Com a chegada a Calecute, inicia-se um verdadeiro diálogo civilizacional que
transparece não só nas várias peças existentes nesta sala, como na nossa cultura atual.
3 - Sala da Marinha de Recreio
A história da navegação de recreio em Portugal confunde-se com a história da Coroa portuguesa,
sendo até meados do século XIX uma modalidade praticada, quase exclusivamente, pela família real.
A primeira peça que se destaca no espaço dedicado às embarcações de recreio, é uma sereia que
adornava o iate «Nereida», conforme se pode documentar na fotografia de 1932. Esta figura de proa,
fluida e leve, representa um grande contraste, em comparação com outras existentes no Museu.
Como testemunhos da ligação da família real portuguesa ao mar e às atividades náuticas,
encontramos aqui o modelo do iate «Sírius», que pode ser visitado no Pavilhão das Galeotas, bem
como o do palhabote «Maris Stella», construído em 1901 e oferecido à Rainha D. Amélia por D.
Carlos, em 1905.
A primeira «carreira de barcos» no rio Tejo é organizada em 1850 e tem o patrocínio de D. Maria II.
Em 1853, os objetivos tornam-se mais ambiciosos, com a concretização da «Regata do Tejo», para a
qual se preparou o «Regulamento das Regatas do Tejo». Publicado em 1854, passou a ser adotado
como a primeira regulamentação de provas náuticas, escrita em Portugal.
A Real Associação Naval, criada em 1856, é o clube naval mais antigo da Península Ibérica, contandose entre os trinta mais antigos da Europa. Após a implantação da República, o clube vir-se-ia a
designar por Associação Naval de Lisboa. Contou ao longo da sua história com membros tão ilustres
como Henrique Maufroy de Seixas, o mais importante colecionador português de modelismo naval.
Nos últimos 50 anos, tem-se verificado em Portugal um aumento significativo de clubes e associações
dedicados aos desportos náuticos. Tal incremento tornou o desporto náutico mais acessível refletindose, principalmente, no número e idade média dos praticantes e nos resultados desportivos alcançados
a nível internacional.
4 - Sala da Marinha Mercante
As companhias de navegação portuguesas nasceram no final do século XIX, impulsionadas pela
massificação da máquina a vapor, vivendo o seu apogeu e declínio no século XX.
As primeiras grandes companhias de navegação nascem em Portugal no século XIX.
No início do século XX , apenas duas - a Empresa Insulana de Navegação e a Empresa Nacional de
Navegação subsistem, dividindo entre si a posse de uma pequena frota mercante.
Com a I Guerra Mundial, o apresamento de navios alemães refugiados nos nossos portos, propicia o
aumento da vitalidade deste sector.
No período pós-guerra são constituídas duas das mais importantes companhias - a Sociedade Geral e
a Companhia Colonial de Navegação, presidindo à sua criação o propósito de estabelecer ligações
regulares entre Portugal e as suas possessões Ultramarinas.
No entanto, entre as duas Guerras Mundiais, a frota mercante portuguesa era, ainda obsoleta e
desatualizada.
No período da II Guerra Mundial, as companhias de navegação vêem-se confrontadas com sérias
dificuldades de abastecimento e com a necessidade de transportar um grande número de refugiados.
As numerosas viagens efetuadas durante esse período, vão permitir um grande aumento de capital e a
aquisição novas unidades.
Em 1945, através do célebre Despacho 100 do Almirante Américo Thomaz preconiza-se a construção
de várias unidades e prevê-se que 60% das necessidades de transporte sejam supridas por navios
portugueses.
Na década de 50 inicia-se a renovação da frota mercante com a aquisição dos paquetes "Niassa",
"Uíge", "Vera Cruz" e "Santa Maria".
O apogeu das companhias de navegação portuguesas, verifica-se nos anos sessenta sendo este um
período de grande tráfego para as colónias e resto do mundo. Os paquetes “Príncipe Perfeito” e
“Infante D. Henrique”, da Companhia Nacional de Navegação e da Companhia Colonial de
Navegação, respetivamente, ilustram não apenas o crescimento da frota mercante portuguesa em
termos de número absoluto, como também ao nível do conforto e sofisticação técnica.
Esse crescimento verificou-se, não apenas no transporte de passageiros, mas também no
aparecimento de enormes navios de carga e navios-tanque, sendo o "Neiva", um dos maiores navios
portugueses de sempre
O desenvolvimento da aviação comercial e a perda das possessões de África, aliados a
condicionalismos nacionais e internacionais, vão provocar na década de setenta a perda de
importância das companhias de navegação portuguesas verificando-se a fusão de algumas delas.
Em 1985 o Governo procede à liquidação das últimas grandes companhias - a Companhia Portuguesa
de Transportes Marítimos e a Companhia Nacional de Navegação.
5 - Sala da Construção Naval
Nesta sala recorda-se a história do Arsenal da Marinha, fundado em 1759, em Lisboa, no antigo
espaço da Ribeira das Naus.
Aqui encontram-se maquetas dos espaços mais relevantes, como a sala do Risco, o dique e a caldeira
do bréu. Ferramentas de trabalho e aparelhos de elevação e força, construídos nas suas oficinas,
testemunham o pioneirismo do que foi, durante séculos, o mais importante polo de construção naval
português.
Até ao século XX, a construção nascia do chão da sala do Risco, espaço onde se traçavam os riscos
que viriam dar origem a modelos de madeira e, mais tarde, à embarcação. Como é o caso de uma nau
do fim do século XVIII, terminada, colocada na carreira e pronta a ser lançada.
Através de vários cascos seccionados, demonstra-se a evolução tecnológica e científica do sector, caso
do cruzador "Rainha D. Amélia", construído em ferro. O aviso de 2.ª classe "João de Lisboa", por
seu lado, tornou-se o último navio a ser construído no Arsenal da Marinha de Lisboa.
Inaugurado pela construção do inovador navio hidrográfico "D. João de Castro", o novo arsenal do
Alfeite será o polo tecnológico do século XX.
6 - Sala dos Descobrimentos
Os Descobrimentos serão, porventura, o período mais universal e emblemático da História de
Portugal. Não se trata apenas de um período glorioso de hegemonia política e religiosa de um país
ocidental, mas, principalmente, um dos principais contributos para o nascimento do mundo moderno,
transformando os oceanos em canais comunicantes.
A expansão portuguesa foi feita por homens e navios. Torna-se assim lógico que o visitante seja
recebido pelas estátuas dos reis D. João II e D. Manuel, ladeando as pedras de Ielala. A esfera armilar
simboliza uma conceção antiga do mundo, posta em causa pelos navegadores portugueses e
espanhóis.
Cada embarcação representada conta uma história. Através dos modelos da barca e da barca
pescareza, da caravela latina, da sua congénere redonda, e do caravelão, conhece-se toda a aventura
atlântica.
A revolução científica espelha-se na cartografia e nos instrumentos de navegação. Eram mantidos em
grande secretismo, tal como a construção naval.
O binómio espada-cruz marcou todo o discurso político da expansão portuguesa. A grande
capacidade militar pode ser vista através de armaduras, peças de artilharia e na construção militar e
naval.
A religião está presente em peças emblemáticas como o Padrão, marco institucional de soberania e de
fé, e na vida dos homens que fizeram os Descobrimentos. Este é o caso de figuras religiosas aqui
expostas, como a Santa Maria de África que acompanhou o Infante Dom Henrique na conquista de
Ceuta, e o arcanjo São Rafael, protetor de Vasco da Gama em todas as suas viagens marítimas.
Uma "viagem" pelos Descobrimentos não estaria completa sem falar sobre a rede comercial
estabelecida pelos portugueses, testemunhado pelo modelo da "Madre Deus" e os potes de
especiarias. Antes de continuar a viagem no tempo, o expositor dedicado aos vestígios de uma nau de
pimenta, a "Nossa Senhora dos Mártires", lembra o risco inerente a esta vocação marítima.
7 - Sala do Século XVIII
Em pleno século XVIII, Portugal era um império caracteristicamente marcado pela descontinuidade
espacial. O oceano, ao invés de constituir um limite territorial, era o elo que assegurava a união e a
articulação entre as demais partes, espalhadas pelo mundo, que constituíam este império.
Por esta razão, tratando-se de uma potência oceânica, Portugal necessitava de uma estratégia que
assegurasse a sua soberania no mar. Tal só seria possível se esta estratégia se fundamentasse na
permanente vigilância dos mares, no desenvolvimento das técnicas de defesa e combate naval, e na
própria renovação da armada.
É neste contexto que surge um novo tipo de navio, assumidamente maior, mais possante, fortemente
armado e profusamente decorado, e retratado em quadros da época. Estamos, pois, perante navios
que, mais do que meios de transporte ou armas de guerra, constituíam símbolos de ostentação e
poder por parte das respetivas casas reais.
Inseridos neste espírito de afirmação de soberania real no mar, encontram-se os exemplos da nau
«Príncipe da Beira», da fragata «Ulysses», da fragata «Rainha de Portugal» e da emblemática fragata
«D. Fernando II e Glória».
Nesta sala, dedicada ao século XVIII e meados do século XIX, encontram-se peças referentes a
inúmeros episódios que assinalaram a nossa história marítima. É o caso da batalha naval do cabo
Matapan e da batalha do cabo de S. Vicente. Algumas importantes individualidades, como o
almirante Marquês de Nisa, marcam também o seu lugar neste espaço. Aqui, poderá ficar a conhecer
duas imponentes fragatas do século XIX, destinadas à instrução de marinharia na Escola Naval e,
ainda, deslumbrar-se com uma bela e interessante coleção de fardas da Marinha portuguesa dos
séculos XVIII e XIX.
8 - Sala dos Séculos XIX e XX
Atravessando dois séculos distintos, a Marinha de Guerra Portuguesa é o fulcro desta sala em que se
podem encontrar mais de 60 modelos de navios e peças que vão das pinturas às condecorações, das
armas aos navios, das fardas aos instrumentos de navegação e a todo um conjunto de vestígios que
testemunham a sua atividade naval.
Desta vasta coleção de exemplares, destacam-se alguns dos que assistiram aos momentos históricos
mais significativos, como é o caso das corvetas «Mindelo» e «Afonso de Albuquerque», do cruzador
«Adamastor», da canhoneira «Pátria», da canhoneira «Bengo», do caça-minas «Augusto de
Castilho», do aviso de 1.ª classe «Afonso de Albuquerque», e ainda, da lancha de fiscalização «Vega» .
Verdadeira embaixada itinerante da Marinha portuguesa, o navio-escola "Sagres", conta aqui,
igualmente, a sua história.
Não se esgotando na componente bélica e estratégica, a Marinha portuguesa esteve presente em
importantes capítulos da História diplomática e científica. As célebres expedições dos oficiais Roberto
Ivens e Hermenegildo Capelo, unindo Angola a Moçambique por via terrestre, são um dos muitos
exemplos que, a par da atividade do Instituto Hidrográfico, reiteram o importante trabalho de
investigação desenvolvido por esta instituição.
9 - Sala Henrique Maufroy de Seixas
A Henrique Maufroy de Seixas (1896-1948), benemérito, investigador, e homem do mar, deve-se
grande parte do levantamento e preservação das embarcações portuguesas.
Senhor de grande rigor e persistência, Maufroy de Seixas reproduziu modelos de enorme qualidade,
preservando pormenores de ordem tecnológica e artística. Recrutou uma notável equipa de artífices,
maioritariamente oriunda do Arsenal da Marinha e investiu, de forma consistente, na investigação
das embarcações e do seu contexto.
Por essas razões, um imperativo que marca a coleção é o facto do modelo em escala ser uma réplica
perfeita do original.
Para garantir este rigor, Maufroy de Seixas recorria a diversas fontes de informação: documentos
escritos, imagens, longas conversas com interlocutores privilegiados (fossem pescadores ou oficiais da
Marinha) e, ainda, a aquisição de miniaturas de embarcações. Assim se explica, o motivo pelo qual
não figuram aqui as reproduções de todas as embarcações conhecidas, dos Descobrimentos
portugueses.
À data da sua morte, legou à Marinha Portuguesa as suas coleções de modelos de navios e
embarcações, fotografias, desenhos, planos e outros documentos, um importante espólio de valor
incalculável.
O visitante pode encontrar ao longo das salas do museu, modelos oriundos da Coleção Seixas. Nesta
sala em particular, o Museu de Marinha assinala o seu reconhecimento por esta individualidade,
destacando alguns dos modelos mais emblemáticos, como a galeota grande e o bergantim real,
embarcações de recreio da Casa Real.
10 - Sala do Tráfego Fluvial
Até ao aparecimento das estradas de macadame e do caminho-de-ferro, em meados do século XIX, o
tráfego fluvial era o meio mais seguro, rápido e económico, de transporte de pessoas e de
mercadorias.
Os rios sempre determinaram as condições propícias à fixação de populações e ao desenvolvimento de
atividades como a pesca e a agricultura. Tal é a sua importância, que os materiais transportados e as
funções cumpridas por cada embarcação denunciam a história económica e social da região onde se
insere.
Este é o caso do barco rabelo, do rio Douro, cuja história é impossível separar do vinho do Porto,
assegurando durante séculos, o transporte dos cascos. No Tejo, à vista de Lisboa, o varino dedicou-se
ao transporte de mercadorias e o bote cacilheiro garantiu, até ao início do século XX, o transporte das
pessoas entre as margens norte e sul.
Nesta sala, ainda se podem observar outras atividades. Aponta-se o moliceiro, embarcação alegre,
usado na apanha e transporte do moliço, na ria de Aveiro. A barcaça da areia , mais discreta, é
utilizada na recolha da areia, no rio Tejo, na região da Constância. Ambos recorrem ao rio como
fonte de matéria-prima e de via de comunicação.
Ao observar a versatilidade do carocho do Rio Minho, ficamos a conhecer o lugar que estas
embarcações de trabalho ocupam nas tradições regionais. Muitas delas, obsoletas tecnologicamente,
ainda hoje animam os rios, mantendo vivo um mundo de memórias.
11 - Sala da Pesca Longínqua
Aqui conhecemos a história das "Campanhas do Bacalhau". A pesca do bacalhau remonta ao fim do
século XV e confunde-se com as primeiras expedições dos navegadores portugueses à Terra Nova.
O século XX é o tema central desta sala, destacando-se o "Gazela Primeiro" como um dos poucos
modelos anteriores a este período. Aqui, através dos grandes bacalhoeiros como o "Argus" e os seus
navios irmãos, "Creoula" e "Santa Maria Manuela" , conta-se a aventura da pesca à linha. Os
arrastões, ainda hoje presentes nos mares do Norte, também se encontram representados, caso do
"João Corte Real" .
Pescadores-marinheiros, os homens do bacalhau passavam grande parte do ano fora. Partindo de
Lisboa no fim de Março, um veleiro seguia para os bancos da Terra Nova, Nova Escócia e St. Pierre
et Miquelon, onde pescava, se o clima permitisse, até ao final de Maio. Nesta altura, tornava-se
necessário o reabastecimento de isco fresco, mantimentos, combustível e aguada. Então rumava para
a Gronelândia onde, em meados de Junho, retomava a faina. Um bom ano poderia representar cerca
de 800 toneladas de captura.
Sector com enorme carga simbólica, a pesca do bacalhau assiste, na década de trinta, a uma profunda
reorganização encetada pelo Estado Novo. A nova estratégia atinge não só as pescas e os pescadores,
como outras atividades periféricas.
A capela que se encontrava instalada no navio-apoio "Gil Eanes" tornou-se em 1993, parte integrante
da exposição permanente, tendo sido alvo de cuidadoso restauro.
12 - Sala da Pesca Costeira
O clima e a geografia do litoral português, favoreceram o desenvolvimento de uma intensa atividade
piscatória que, desde a época Romana, originou inúmeros aglomerados populacionais. A par destas
comunidades que foram surgindo, a pesca costeira conheceu diferentes artes e embarcações que, pela
sua peculiaridade, enriqueceram as tradições regionais.
Tendo origem muito antes da fundação do país, a pesca costeira assume, desde cedo, um importante
significado na tradição marítima portuguesa.
Ao percorrer o mapa das regiões costeiras, esta sala relata diferentes tradições, nascidas de uma
realidade comum: o mar - território íntimo mas ambíguo, fonte de riqueza e de luto, onde o tempo e
os recursos são incertos.
A lancha Poveira, o galeão da Nazaré, o saveiro da Costa da Caparica, a muleta do Tejo, o caíque do
Algarve e o bote baleeiro dos Açores, são alguns dos exemplares que testemunham, à semelhança das
pinturas, um modo de vida vulnerável, talhado pelo risco e a imprevisão do mar.
Através de modelos que ilustram a sua traça original ou representam embarcações já extintas, esta
sala retrata a história de uma atividade artesanal que tem procurado resistir aos sinais do tempo.
13 - Sala das Camarinhas Reais
Nesta sala podemos apreciar as camarinhas utilizadas pelo rei D. Carlos e pela rainha D. Amélia,
preservadas após o desmantelamento do iate «Amélia» em 1938, assim como porcelanas, cristais e
faqueiros que fizeram parte da palamenta daquele iate real.
No mais genuíno estilo inglês, as camarinhas proporcionavam um ambiente acolhedor e privado,
mesmo num navio que não ultrapassava os 70 metros de comprimento. Os objetos pessoais, os
quadros e a escrivaninha permitem um olhar quase intrusivo sobre a vida íntima da família real
portuguesa.
O "Amélia IV" tornou-se, por circunstâncias históricas, um dos navios portugueses mais
emblemáticos. Adquirido por D. Carlos para responder às necessidades das campanhas científicas,
também foi protagonista de viagens de Estado da família real. Contudo, só entrou no imaginário
coletivo quando da fuga de D. Manuel II para o exílio.
Aqui também pode ver outras peças, como as pertencentes ao iate «Sírius», que testemunham a
ligação próxima entre os monarcas portugueses e o mar, renovada dentro do contexto do século XIX.
O mar torna-se um espaço de lazer, sob o patrocínio de D. Luís, pai de D. Carlos. Com este último,
um eminente naturalista, um novo olhar, agora científico, traduz-se no nascimento da oceanografia
em Portugal.
14 - Pavilhão das Galeotas
Neste amplo espaço materializam-se, nas suas dimensões originais, muitos dos modelos que
contemplámos anteriormente: as galeotas reais, algumas embarcações de tráfego fluvial e de pesca.
Após a entrada podemos observar, à nossa direita, o imponente iate real Sirius. Pela frente,
encontramos seis magníficas galeotas (cinco das quais construídas ainda no século XVIII, como é o
caso da Saveira Dourada), embarcações a remos ricamente decoradas, utilizadas por membros da
família real e altos dignitários em passeios no rio Tejo. A mais imponente de todas é o bergantim real,
construído em 1780.
Aqui encontramos igualmente vários exemplares de embarcações tradicionais, de entre os quais
salientamos o valboeiro, utilizado no rio Douro, a netinha, embarcação típica da Nazaré, o moliceiro
de Aveiro, a baleeira, protagonista dessa multissecular modalidade de pesca da baleia praticada nos
Açores, e o pequeno dóri, utilizado na pesca do bacalhau.