Um Estudo sobre Modelagem Conceitual Baseada em
Transcrição
Um Estudo sobre Modelagem Conceitual Baseada em
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS ESCOLA DE INFORMÁTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA Um Estudo sobre Modelagem Conceitual Baseada em Agentes por Rosaura Espírito Santo da Silva Trabalho Individual I TI–2006/2–08 Pelotas, dezembro de 2006 Rosaura Espírito Santo da Silva Um Estudo sobre Modelagem Conceitual Baseada em Agentes Trabalho Individual referente ao 2º período do Curso de Mestrado em Ciência da Computação da Universidade Católica de Pelotas Orientador: Professor Antônio Carlos da Rocha Costa Pelotas Novembro de 2006 Agradecimentos Acredito que nada na vida nada é por acaso. O que executamos, ou as pessoas que conhecemos durante a nossa caminhada são oportunidades para que possamos crescer, conhecer, aprender e nos tornarmos pessoas melhores. Neste momento estou dando mais um passo para o meu crescimento pessoal e profissional, o mestrado além de abrir portas profissionais também tem me dado à oportunidade de conhecer novas pessoas e de reencontrar outras. Obrigado a todos os meus novos amigos e aos que voltei a encontrar. Os dias no mestrado são sempre mais agradáveis quando vocês estão. Quero nesse momento agradecer a todos os professores, sei que não estou na reta final, ainda tenho muita coisa pela frente, mas gostaria de externar o meu mais sincero agradecimento a todos. Ao meu orientador, Professor Rocha, não tenho palavras para agradecer a paciência, o respeito e todo o conhecimento que me proporcionou, obrigado. Como não poderia deixar de ser, quero agradecer a minha família que sempre se mostrou presente, não só neste momento mas em todos os momentos da minha vida. Especialmente agradeço a minha mãe pelo exemplo de vida, pela educação e pelo apoio em todos os momentos. Muitas vezes saí de casa com o coração apertado, deixando os meus filhos, por esse motivo quero pedir desculpas a eles por não ter estado mais presente, vida de mestranda não é fácil, mas vamos sobreviver. Ao meu esposo, amigo, companheiro, por ser o meu maior incentivador e por estar comigo em todos os momentos, mesmo os mais difíceis. Sandro, obrigado. Te amo! Resumo Os problemas encontrados em aplicações industriais são por natureza complexos. Esta classe de aplicações é tipicamente caracterizada por um grande número elementos com muitas interações. A engenharia de software tem buscado prover estruturas e técnicas para mais facilmente tratar esta complexidade. A Inteligência Artificial Distribuída, através de Sistemas Multiagentes tem procurado minimizar tais problemas. A busca de uma metodologia que represente de forma concreta e fidedigna esta realidade é o foco do presente estudo. O presente trabalho tem por objetivo o estudo de algumas das metodologias que estão sendo adotadas para a modelagem de SMA e a aplicação das mesmas a um estudo de caso, qual seja, a modelagem conceitual baseada em agentes da indústria global da construção naval. Através do estudo aprofundado das características e aplicações será possível identificar a metodologia que mais se aproxima da realidade na qual o estudo de caso se baseia. Title: A Study on Conceptual Modeling Based on Agents Abstract The problems found in industrial applications are naturally complex. This set of applications are typically characterized by a great number of elements with many interactions. Software engineering has attempted to provide structures and techniques to deal with this complexity more easily. Distributed Artificial Intelligence, through the Multi-agent systems, has searched to minimize such problems. The search for a methodology which represents this reality in a more concrete and trustworthy way is the focus of the present study. This work aims to investigate some of the methodologies which have been adopted for MAS modelling as well as their application into a case study, namely the conceptual modelling based on agents of the naval construction global industry. Through the study of its features and applications, it will be possible to identify the methodology which best approaches the reality in which the case study is based on. Key Words: agent, naval construction, ship Sumário Lista de figuras Lista de abreviaturas Lista de tabelas 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................12 1.1. OBJETIVOS..........................................................................................................................................................12 1.2. ESTRUTURA DE TEXTO .......................................................................................................................................13 2 .AGENTES E SISTEMAS MULTIAGENTES.....................................................................................................14 2.1. SISTEMAS MULTIAGENTES .................................................................................................................................14 2.1.1 Organização.................................................................................................................................................15 2.1.2. Coordenação ...............................................................................................................................................15 2.1.3. Cooperação .................................................................................................................................................15 2.1.4. Comunicação ..............................................................................................................................................16 2.1.5. Interação .....................................................................................................................................................16 2.2. AGENTES ............................................................................................................................................................17 3. MODELAGEM DE SISTEMAS BASEADA EM AGENTES E TECNOLOGIA DE SISTEMAS DE AGENTES...................................................................................................................................................................19 3.1. MODELAGEM DE SISTEMAS BASEADA EM AGENTES ..........................................................................................19 3.2. TECNOLOGIA DE AGENTES PARA CONSTRUÇÃO DE SISTEMA ...............................................................................21 4.ORGANIZAÇÃO DE SISTEMAS DE AGENTES ..............................................................................................23 4.1. MOISE+ ..............................................................................................................................................................23 4.1.1. Especificação Organizacional (EO)............................................................................................................24 Especificação estrutural (EE) é composta pelos seguintes níveis:........................................................................24 4.1.2. Entidade organizacional (EnO)...................................................................................................................25 4.2. INSTITUIÇÕES ELETRÔNICAS ...............................................................................................................................26 4.3. MODELO POPULAÇÃO-ORGANIZAÇÃO ...............................................................................................................28 5. METODOLOGIAS DE MODELAGEM BASEADA EM AGENTES ..............................................................31 5.1. METODOLOGIA GAIA ........................................................................................................................................31 5.2.METODOLOGIA MAS-COMMONKADS ...............................................................................................................33 5.3. METODOLOGIA JADE ........................................................................................................................................35 6. A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NAVAL.....................................................................................................42 6.1.VISÃO GERAL ......................................................................................................................................................42 6.2. O MERCADO GLOBAL .........................................................................................................................................42 6.3. OS CONSTRUTORES .............................................................................................................................................43 6.4. O PRODUTO FINAL ..............................................................................................................................................43 6.5. ESTRATÉGIAS DOS CONSTRUTORES ....................................................................................................................44 6.5.1.Estratégia voltada para um país principal (country centered)......................................................................44 6.5.2. Estratégia de iniciar em um país principal (simple global strategy) ...........................................................44 6.5.3. Barreiras ao crescimento e à globalização..................................................................................................45 6.6. IDENTIFICAÇÃO DOS AGENTES DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NAVAL .............................................................45 6.6.1. Classes de agentes ......................................................................................................................................46 6.6.2. Concorrentes na indústria naval..................................................................................................................46 6.6.3. Entrantes potenciais....................................................................................................................................47 6.7. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DOS CONCORRENTES DA INDÚSTRIA NAVAL .......................................................47 6.7.1. Objetivos e estratégias ................................................................................................................................48 6.7.2. Ações decisivas ..........................................................................................................................................49 6.7.3. Trocas entre agentes ...................................................................................................................................49 6.8. OBJETIVOS E ESTRATÉGIAS TÍPICOS DE CADA CLASSE DE AGENTE ......................................................................50 6.8.1. Estaleiros ....................................................................................................................................................50 6.8.2. Armadores ..................................................................................................................................................51 6.8.3. Fornecedores...............................................................................................................................................51 6.8.4. Substitutos ..................................................................................................................................................52 6.8.5. Governo ......................................................................................................................................................52 6.8.6. Organizações internacionais .......................................................................................................................52 6.8.7. Sistema financeiro ......................................................................................................................................53 6.9. AÇÕES DECISIVAS TÍPICAS DAS PRINCIPAIS CLASSES DE AGENTES ......................................................................53 6.9.1.Ações dos estaleiros ....................................................................................................................................53 6.9.2. Ações dos armadores ..................................................................................................................................54 6.9.3. Ações dos fornecedores ..............................................................................................................................54 6.9.4. Ações dos substitutos..................................................................................................................................54 6.9.5. Ações do governo .......................................................................................................................................54 6.9.6. Ações do sistema financeiro .......................................................................................................................55 6.10. TROCAS TÍPICAS ENTRE AS PRINCIPAIS CLASSES DE AGENTES ...........................................................................55 6.10.1. Trocas envolvendo estaleiros....................................................................................................................55 6.10.2. Trocas envolvendo armadores ..................................................................................................................56 6.10.3. Trocas envolvendo fornecedores ..............................................................................................................56 6.10.4. Trocas envolvendo substitutos..................................................................................................................56 6.10.5. Trocas envolvendo o governo...................................................................................................................56 7. REGIÕES................................................................................................................................................................57 7.1. EUROPA ..............................................................................................................................................................57 7.1.1. Características Gerais .................................................................................................................................57 7.1.2. Tipos de embarcação ..................................................................................................................................57 7.1.3. Políticas e Subsídios ...................................................................................................................................57 7.1.4. Sistema de alianças.....................................................................................................................................58 7.1.5. Principais agentes .......................................................................................................................................58 7.2. ESTADOS UNIDOS ...............................................................................................................................................59 7.2.1. Características Gerais .................................................................................................................................59 7.2.2. Tipos de embarcação ..................................................................................................................................60 7.2.3. Políticas e Subsídios ...................................................................................................................................60 7.2.4. Sistema de alianças.....................................................................................................................................61 7.2.5. Principais agentes .......................................................................................................................................61 7.3. JAPÃO .................................................................................................................................................................62 7.3.1. Características Gerais .................................................................................................................................62 7.3.2. Tipos de embarcação ..................................................................................................................................63 7.3.3. Políticas e Subsídios ...................................................................................................................................63 7.3.4. Sistema de alianças.....................................................................................................................................63 7.3.5. Principais agentes .......................................................................................................................................64 7.4. CORÉIA ...............................................................................................................................................................65 7.4.1. Características gerais ..................................................................................................................................65 7.4.2. Tipos de embarcação ..................................................................................................................................66 7.4.3. Políticas e Subsídios ...................................................................................................................................66 7.4.4. Sistema de alianças.....................................................................................................................................67 7.4.5. Principais agentes .......................................................................................................................................67 7.5. CINGAPURA ........................................................................................................................................................68 7.5.1. Características Gerais .................................................................................................................................68 7.5.2. Tipos de Embarcação..................................................................................................................................68 7.5.3. Políticas e Subsídios ...................................................................................................................................69 7.5.4. Sistema de alianças.....................................................................................................................................69 7.5.5. Principais agentes .......................................................................................................................................69 7.6. CHINA ................................................................................................................................................................70 7.6.1. Características gerais ..................................................................................................................................70 7.6.2. Tipos de embarcação ..................................................................................................................................71 7.6.3. Políticas e Subsídios ...................................................................................................................................71 7.6.4. Sistema de alianças.....................................................................................................................................71 7.6.5. Principais agentes .......................................................................................................................................72 7.7. BRASIL ...............................................................................................................................................................72 7.7.1. Características Gerais .................................................................................................................................72 7.7.2. Tipos de embarcação ..................................................................................................................................73 7.7.3. Políticas e Subsídios ...................................................................................................................................73 7.7.4. Sistema de alianças.....................................................................................................................................75 7.7.5. Principais agentes .......................................................................................................................................76 8. ESTUDO DE CASO: MODELAGEM DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NAVAL ................................79 8.1. TABELAS DESCRITORAS DAS REGIÕES ................................................................................................................79 8.2. TABELAS DESCRITORAS DOS TIPOS DE AGENTES ................................................................................................87 9. CONCLUSÃO ........................................................................................................................................................90 10. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................................................91 Lista de figuras Figura 1 - Visão simplificada dos constituintes de um SMA segundo o modelo Moise+ [8]....... 26 Figura 2 - Relacionamento entre os modelos Gaia, Retirado de [22]............................................ 33 Figura 3 – Modelo CommonKADS retirado de [20]..................................................................... 35 Figura 4 - Visão Geral da Metodologia retirado de [18]. .............................................................. 36 Figura 5 - Exemplo de tabela de responsabilidades retirada do SisRecAC................................... 40 Figura 6 - Exemplo de tabela de tabela de responsabilidades retirada do SisRecAC. .................. 41 Figura 7 - Mercados Globais. ........................................................................................................ 43 Lista de tabelas Tabela 1 - Tabela descritora Europa.............................................................................................. 79 Tabela 2 - Tabela descritora dos Estados Unidos.......................................................................... 80 Tabela 3 - Tabela descritora do Japão ........................................................................................... 81 Tabela 4 - Tabela descritora da Coréia.......................................................................................... 82 Tabela 5 - Tabela descritora da Cingapura.................................................................................... 83 Tabela 6 - Tabela descritora da China ........................................................................................... 84 Tabela 7 - Tabela descritora do Brasil (Parte I)............................................................................. 85 Tabela 8 - Tabela descritora do Brasil (Parte II) ........................................................................... 86 Tabela 9 - Tabela dos estaleiros estabelecidos .............................................................................. 87 Tabela 10 - Tabela dos armadores estabelecidos........................................................................... 88 Tabela 11 - Tabela dos estaleiros entrantes potenciais.................................................................. 89 Tabela 12 - Tabela dos armadores entrantes potenciais ................................................................ 89 Lista de abreviaturas ANP AUML ED EE EF EnO EO FMM JADE Moise OA OCDE OMC ONIP OO SisRecAC SMA TPB TSL UML - Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustivel - Agent Unifed Modeling Language - Especificação Deôntica - Especificação Estrutural - Especificação Funcional - Entidade Organizacional - Especificação Organizacional - Fundo da Marinha Mercante - Java Agent Development Framework - Modelo f Organization for Multiagent Systems - Orientado a Agentes - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico - Organização Mundial de Comércio - Organização Nacional da Indústria do Petróleo - Orientação a Objetos - Sistema Recomendação de Artigos Científicos - Sistema Multiagente - Toneladas de Porte Bruto - Techno Superliner - Unified Modeling Language 1. Introdução Cada vez mais, sistemas multiagentes estão sendo utilizados para a resolução de problemas, isto tem ocorrido devido a algumas características que a abordagem multiagente tem para a resolução de problemas complexos e de natureza descentralizada, utilizando unidades autônomas denominadas agentes. Ao agrupamento de agentes que trabalham de forma cooperativa onde cada um resolve uma parte do problema damos o nome de Sistema Multiagente (SMA). O desenvolvimento de Sistemas Multiagentes transformou-se em um fator importante para a indústria, e a preocupação com a qualidade desses sistemas se faz necessária. Do ponto de vista da Engenharia de Software, para a construção de um software produtivo e de alta qualidade é necessário um conjunto de métodos, ferramentas e procedimentos que se façam presentes em todas as etapas de desenvolvimento. Inserido neste contexto é necessário que o paradigma Orientado a Agentes (OA) seja também suportado por técnicas e métodos que garantam a qualidade do processo de produção de software. 1.1. Objetivos Geral O presente trabalho tem como objetivo o estudo e avaliação de metodologias para modelagem de Sistemas Multiagentes. Específicos - Estudo da metodologia orientada a agentes chamada GAIA; - Estudo da metodologia orientada a agentes chamada MAS-CommonKADS; - Estudo da metodologia orientada a agente chamada JADE (Java Agent Development framework) - Desenvolvimento de exemplo de modelagem conceitual baseada em agentes utilizando a metodologia JADE; - Estudos dos diversos tipos de diagramas utilizados em outras metodologias, para a representação de modelos Orientados a Agentes; - Complementação do exemplo de modelagem conceitual JADE com diagramas utilizados em outras metodologias. - Complementação do modelo conceitual da indústria naval com diagramas propostos por outras metodologias. 1.2. Estrutura de Texto Este texto está organizado da seguinte forma. A Seção 2 contém um resumo dos conceitos de agentes e de sistemas multiagentes. A Seção 3 apresenta as diferenças entre os conceitos de modelagem baseada em agentes e de tecnologia de sistemas de agentes. A Seção 4 faz um resumo do modo como o conceito de organização é utilizado no contexto dos sistemas multiagentes e apresenta dois modelos de organização. A Seção 5 resume as principais metodologias de modelagem baseada em agentes. A Seção 6 caracteriza o ambiente da indústria da construção naval. A Seção 7 define as características de cada uma das regiões. A Seção 8 apresenta o estudo de caso realizado no trabalho, a modelagem conceitual baseada em agentes da indústria global da construção naval. A Conclusão está na Seção 9. 2 .Agentes e Sistemas Multiagentes 2.1. Sistemas Multiagentes Um Sistema Multiagente (SMA) é um tipo de sistema de Inteligência Artificial Distribuída no qual é utilizado um conjunto de componentes de inteligência artificial, chamados agentes. Os agentes são componentes autônomos com objetivos particulares que se interrelacionam em um ambiente, interagindo, negociando e coordenando esforços para resolução de tarefas. As características dos agentes estão diretamente relacionadas com o ambiente onde está inserido, o ambiente define se os agentes são homogêneos ou heterogêneos, se os objetivos são comuns a todos os agentes ou não, se os agentes têm caráter competitivo ou colaborativo, etc. Basicamente um SMA é composto por um ambiente, um conjunto de objetos (sensores, atuadores), um conjunto de agentes, um conjunto de relações que ligam os objetos, um conjunto de operações (tarefas), operadores que representam os resultados das operações e as reações do ambiente a eles e um conjunto de interações possíveis entre os agentes. A característica essencial da abordagem SMA é a filosofia de resolução distribuída de problemas, utiliza a estratégia de dividir para conquistar. A resolução cooperativa distribuída de problemas diz que um problema é dividido em subproblemas e cada um é solucionado separadamente por um agente ou grupo de agentes, cada um destes comunicando ou cooperando entre si quando necessário, com a idéia básica de que a soma dos resultados locais corresponderá à solução do problema geral [10]. Desta forma é possível constatar que aplicar uma abordagem orientada a agentes para a resolução de um problema significa decompô-lo em múltiplos componentes autônomos com objetivos particulares e que se inter-relacionam. Para contemplar esta abordagem é possível perceber que a organização, coordenação, cooperação, comunicação e interação são características fundamentais em um SMA. 2.1.1 Organização Segundo [17], organização refere-se ao conjunto de compromissos globais, crenças mútuas, e intenções comuns aos agentes quando agem juntos para atingir um dado objetivo. A organização garante a realização dos objetivos gerais do SMA pois define um conjunto de diretrizes que descrevem as interações entre os agentes, criando padrões comportamentais. 2.1.2. Coordenação Coordenação é o processo pelo qual um agente raciocina sobre suas ações locais e as ações (antecipadas) de outros agentes com o objetivo de garantir que a comunidade funcione de maneira coerente [11]. A necessidade de coordenação entre múltiplos agentes é necessária pois [11]: existem dependências entre as ações dos agentes, ou seja, a ação de um agente pode ser pré-requisito da ação de outro agente; nenhum indivíduo tem competência, recursos ou informação suficientes para resolver um problema completo de forma independente; deve ser garantido o respeito à restrições globais à solução do problema; devem ser viabilizados procedimentos que garantam a harmonia quando da execução de uma tarefa de forma conjunta por mais de um agente. A coordenação é um fator vital para o funcionamento de um Sistema Multiagente, pois sem coordenação os benefícios advindos da resolução distribuída de problemas desaparecem e a comunidade pode evoluir para coleção de indivíduos que agem de forma incoerente em relação ao sistema como um todo. 2.1.3. Cooperação Conforme [16] ,“cooperação acontece quando vários agentes planejam e executam suas ações de uma forma coordenada”, sendo que é requerida quando: o agente não consegue encontrar um plano local que contemple o objetivo; o plano adequado ao objetivo envolve ações de outros agentes; o agente considera que um plano pode ser melhor (de menor custo ou mais eficiente) do que um plano local. Na fase de planejamento: o agente encontra planos incompletos, que podem ser completados em cooperação com outros agentes; ou o agente encontra eventos para os quais não está habilitado a responder, mas sabe que outros agentes estão. Os objetivos genéricos para a cooperação entre agentes são [17]: diminuição do tempo de execução de uma tarefa através do paralelismo; aumento do escopo de tarefas executáveis através do compartilhamento de recursos; maior probabilidade de finalização de uma tarefa em função de sua dupla incumbência, a ser realizada possivelmente através de distintos métodos de execução; e diminuição da interferência entre tarefas evitando interações prejudiciais. 2.1.4. Comunicação A capacidade de comunicação de um agente o habilita a trocar informações com outros agentes, a troca de mensagem se caracteriza por um agente que envia a mensagem e outro agente que recebe a mensagem. A comunicação possibilita aos agentes a coordenarem suas ações e comportamentos sempre objetivando o cumprimento de alguma tarefa. A comunicação pode ser feita através de um protocolo binário, que envolve um único remetente e um único destinatário, ou de um protocolo n-ário, que envolve um único remetente e vários destinatários (por exemplo, multicast e broadcast), sendo que nos dois casos é especificado por uma estrutura de dados contendo elementos básicos [9]: remetente; destinatário(s); linguagem; funções de codificação; ações a serem tomadas pelo receptor. 2.1.5. Interação A interação possibilita a combinação de esforços entre um conjunto de agentes na busca de soluções para problemas globais, pressupondo ações de coordenação de ao menos dois agentes. Os aspectos a serem considerados no processo de interação de agentes são [1]: entre quem a interação deve ocorrer; quando a interação deve ocorrer; qual deve ser o conteúdo da interação ou comunicação; como a interação deve ser realizada, definindo os processos e recursos a serem utilizados; porque a interação é necessária; e com base em que mecanismo será estabelecida a compreensão mútua (linguagem comum, interpretação baseada no contexto, etc). 2.2. Agentes Agentes são os elementos fundamentais em um SMA, é são os objetos que conferem autonomia, dinamicidade e interatividade aos SMAs . Não existe uma definição única para agente, um dos motivos mais evidentes é que normalmente as características dos agentes são definidas a partir da definição do domínio da aplicação onde tais agentes irão atuar. Basicamente um agente deve ter certo grau de autonomia para tomada de decisões, deve interagir com outros agentes e executar ações na busca da solução de problemas. Os agentes estão divididos em dois grandes tipos: os reativos e os cognitivos. Os agentes reativos baseiam-se em modelos de organização biológica ou etológica, como por exemplo, as sociedades de formigas ou cupins. O modelo de funcionamento de um agente reativo é o de estímulo-resposta onde os agentes possuem um conjunto de regras que mapeiam percepções do ambiente diretamente em ações. Em geral, estes agentes não apresentam uma percepção explicita do estado do ambiente e dos outros agentes, não planejam suas ações futuras e não se comunicam com outros agentes, tomando conhecimento das ações dos outros agentes pelas mudanças ocorridas no ambiente. Normalmente existem em grande quantidade no sistema e possuem baixa complexidade. Os agentes cognitivos são baseados nos modelos de organização social, de sociedades humanas: grupos, hierarquias, mercados etc. Os Agentes Cognitivos possuem uma representação explícita do ambiente e dos membros da comunidade e podem raciocinar sobre as ações tomadas no passado e planejar ações futuras. Os Agentes Cognitivos podem interagir com os demais membros da comunidade através de linguagens e protocolos de comunicação complexos, estratégias sofisticadas de negociação etc. São agentes que apresentam elevada complexidade computacional e se caracterizam por apresentar um comportamento inteligente tanto em comunidade quanto isoladamente. As comunidades de agentes geralmente são compostas por um pequeno número de participantes. Os agentes autônomos possuem um alto grau de determinação, eles podem decidir por motivações próprias, quando as ações devem ser tomadas e em quais condições. Na maioria dos casos estes agentes precisam interagir com outros agentes para atingir seus objetivos, por não possuírem habilidades ou recursos suficientes para solucionar seus problemas sozinhos ou ainda pela interdependência em relação a outros agentes. Os objetivos destas interações são fazer outros agentes assumirem um determinado sentido de suas ações (como por exemplo executar um serviço em particular), modificarem uma linha de ação planejada, ou ainda atingir um acordo sobre ações conjuntas. Uma vez que estes agentes não possuem um controle direto sobre os outros se faz necessário utilizar uma estratégia de cooperação para alcançar objetivos globais. Os agentes devem assumir algumas características, são elas [7]: posicionamento (situatedness): o agente recebe sinais de entrada dos seus sensores vindos do ambiente no qual está localizado e pode executar ações contextualizadas que modifiquem o ambiente de alguma forma; autonomia: o agente deve ter a possibilidade de agir sem a intervenção direta de usuários ou de outros agentes, além de poder controlar totalmente suas ações e seu estado interno; pró-atividade (pro-activeness): os agentes não devem apenas agir em resposta ao seu ambiente, mas devem agir oportunamente por iniciativa própria de acordo com seus objetivos; sociabilidade: os agentes devem poder interagir, quando apropriado, com outras entidades do ambiente de forma a melhor resolver seus problemas e ajudá-las nas suas atividades; adaptabilidade (adaptiveness): os agentes devem poder mudar o seu comportamento devido a uma experiência anterior; receptividade (responsiveness): os agentes devem poder perceber o seu ambiente e responder adequadamente a mudanças que ocorram nele; mobilidade: os agentes podem estar aptos a transportar-se de uma máquina para outra. 3. Modelagem de Sistemas Baseada em Agentes e Tecnologia de Sistemas de Agentes 3.1. Modelagem de Sistemas Baseada em Agentes A pesquisa em Engenharia de Software Orientada a Agentes tem como ponto de partida a possibilidade de se modelar um sistema de software usando abstrações do nível de agentes. Entretanto, há de se considerar que nem todas as abstrações de um sistema podem ser capturadas na forma de agentes. Em alguns casos existe a necessidade de utilizar outras metodologias que irão auxiliar na modelagem efetiva de um SMA. Tratar sistemas como sendo compostos de agentes autônomos que interagem entre si tem sido considerada uma promissora abordagem para o desenvolvimento de aplicações em domínios complexos. Essa abordagem introduz novas abstrações e desafios e, portanto, novas metodologias são necessárias, sobretudo no que concerne às atividades de análise e projeto. São muitos os estudos realizados nessa área e, a cada dia, novas soluções são propostas. A maioria dessas soluções, no entanto, está focada somente no desenvolvimento de sistemas baseados em agentes e desconsidera que, na grande maioria das vezes, um sistema não deve ser visto como sendo composto apenas de agentes de software. Ao contrário, agentes atuam em um ambiente e, portanto, é muito importante modelar esse ambiente. O ambiente é o fator principal na modelagem de agentes, os agentes serão modelados em relação a um ambiente específico, portanto o ambiente define os objetivos, papéis e as interações que devem existir entre os agentes. Uma metodologia orientada a agentes deve representar o ambiente real e os agentes devem ser identificados e inseridos no contexto do ambiente que esta sendo modelado. No paradigma orientado a agentes, a metodologia deve suportar os conceitos de autonomia, reatividade, racionalidade, capacidade social que são as características básicas dos agentes em um SMA, esses fatores determinam a complexidade e o grande volume de interações que devem ser representadas . A modelagem deve ser capaz de representar as interações existentes entre os tipos de agentes, definirem protocolos de troca de mensagem, identificar grupos de agentes, agentes individuais, os papéis que os agentes assumem no contexto, as responsabilidades de cada um dos papéis identificados para o agente alcançar seus objetivos, os planos que devem ser executados para alcançar os objetivos gerais. A maioria das metodologias de SMA está estrutura em duas fases básicas: Análise e Projeto, análise que é responsável pelo levantamento dos requisitos e caracterização do ambiente e a fase de projeto onde são identificados os agentes, papeis, interações etc. De modo geral uma metodologia de desenvolvimento de software deve permitir compreender: um processo, como por exemplo; uma seqüência de fases e passos que guiam o desenvolvedor na construção de sistemas; um conjunto de regras heurísticas de suporte ao desenvolvedor em fazer escolhas relevantes; um número de instrumentos, por exemplo; diagramas, esquemas ou representação de documentos em gráficos ou textos para um ou mais modelos de sistema; uma notação adequada para ser usada nestes instrumentos; um conjunto de padrões que podem ser aplicados para resolver situações comuns; uma ou mais ferramentas que: automatize as muitas possibilidades, e especifique fases e passos no processo, force consistência entre os modelos produzidos, salientar o aparecimento de problemas pela escolha de projetos incorretos, quando possível gerar código e documentação, etc. 3.2. Tecnologia de agentes para construção de sistema A tecnologia de agentes inteligentes é um campo abrangente dentro da Inteligência Artificial, podendo ser aplicada nos mais diversos tipos de problemas. Conforme aumenta a complexidade dos sistemas de software a serem desenvolvidos, novas abordagens de Engenharia de Software são propostas, visando resolver os novos problemas que surgem. Em se tratando das abstrações usadas para gerenciar a complexidade, é possível perceber a constante evolução que vai desde a abstração de procedimentos, tipos abstratos de dados, objetos, componentes e mais recentemente, agentes, neste caso fazem-se necessário o desenvolvimento de metodologias adequadas a este paradigma. Os sistemas multiagentes são bastante flexíveis, podem ser formados por diversos e distintos elementos, chamados de agentes. Os agentes podem executar diferentes funções e modificar seu comportamento dinamicamente, podem ser vistos como entidades de software capazes de realizar ações autônomas baseadas na sua experiência ou conhecimento do ambiente onde estão inseridos, buscando alcançar os seus objetivos. Os agentes podem trabalhar isoladamente ou de forma integrada com outros agentes, neste caso deve-se observar características como negociação, coordenação de tarefas e cooperação [24]. A aplicação da tecnologia de agentes se justifica quando observadas algumas características, tais como [12]: o domínio envolve uma inerente distribuição de dados, capacidades para resolução de problemas e responsabilidades; há a necessidade de se manter a autonomia das partes envolvidas, bem como a estrutura organizacional; as interações são razoavelmente sofisticadas, incluindo negociação, compartilhamento de informações e coordenação; e a solução para o problema não pode ser inteiramente descrita do princípio ao fim, devido às diversas mudanças ambientais que podem ocorrer, além da imprevisibilidade e dinamicidade dos processos de negócio. A orientação a agentes é um paradigma de engenharia de software e, portanto, requer metodologias adequadas, dependendo do nível de abstração podendo estar alavancada no paradigma da orientação a objetos. A Engenharia de Software Orientada a Agentes tem como ponto de partida a possibilidade de se modelar um sistema de software usando abstrações do nível de agentes, atualmente a falta de notações diagramáticas e ferramentas de projeto podem impedir a exploração dos benefícios que estes agentes podem agregar em sistemas para resolução de problemas complexos. A possibilidade de utilizar a AUML (Agent Unified Modeling Language) que estende a UML (Unified Modeling Language) como ferramenta de apoio se deve ao fato da AUML suportar os conceitos básicos da orientação a agentes, tais como agentes, papéis, ambiente, ontologias, protocolos de interação entre outros. Um aspecto importante a ser considerado em um SMA é o fato de um agente estar inserido em um ambiente, o que torna a modelagem deste ambiente um dos pontos críticos do desenvolvimento de sistemas multiagentes. A modelagem do ambiente determinará os tipos de agentes, os papéis que os agentes irão assumir no ambiente e as relações e interações entre os agentes buscando alcançar os objetivos finais. 4.Organização de Sistemas de Agentes O conceito de organização é importante para os sistemas de agentes, porque a partir dele é possível estruturar sistematicamente o modelo baseado em agentes que se quer elaborar, seja para realizar a modelagem de uma realidade dada, seja para realizar a modelagem de um sistema que se quer implementar utilizando a tecnologia de agentes. Nesta seção, apresentam-se três modelos de organização de sistemas de agentes: o modelo Moise+, o modelo das Instituições Eletrônicas e o modelo de População-Organização. 4.1. Moise+ Modelo organizacional Moise+ estabelece os componentes que formam uma organização e como estes componentes contribuem para um SMA, este modelo também considera a idéia de reorganização. Moise+ é uma derivação do modelo Moise (Model of Organization for multI-agent SystEms), que está centrado na organização e apresenta de forma clara as três formas de representar restrições organizacionais: papéis; planos e normas. Por ter uma visão centrada na organização, o Moise+ aborda a especificação organizacional e a entidade organizacional como noções principais. Conforme [8], o modelo é abordado sobre três aspectos: o estrutural que define os papéis e como estes se relacionam na organização; o funcional que se refere aos objetivos globais que devem ser atingidos que são definidos por metas, missões e planos mais gerais da organização; o deôntico que liga o estrutural e o funcional definindo as responsabilidades dos papéis nos planos globais. 4.1.1. Especificação Organizacional (EO) Especificação Organizacional (EO) é composta produto das especificações estruturais, pelo conjunto das especificações funcionais e pelo conjunto das especificações deônticas. Podendo ser representada pela formula abaixo: OS = SS x FS x DS onde: OS – conjunto de todas as especificações organizacionais possíveis SS – conjunto das especificações estruturais FS – conjunto das especificações funcionais DS – conjunto das especificações deônticas A seguir detalharemos as três especificações: 4.1.1.1. Especificação estrutural (EE) Especificação estrutural (EE) é composta pelos seguintes níveis: Nível individual – é o nível dos papéis, tem a função de fazer a ligação entre o agente e a organização. As ligações podem ser estruturais quando um agente assume um determinado papel e são definidas restrições para o comportamento desse papel em relação aos demais e as ligações podem ser funcionais quando representam o comprometimento do agente com a missão da organização, restritas por um do conjunto de objetivos que o agente pode ou deve ter. Nível social – pressupõe ligações e compatibilidades, quando um papel se relaciona com outros papéis existem restrições que são impostas nas relações entre eles. As ligações restringem o comportamento dos agentes depois que eles assumem um papel, já a compatibilidade limita os papéis que um agente pode desempenhar em função dos papéis que ele já desempenha. Nível coletivo – os papéis só existem dentro de um grupo. Existe um conjunto de agentes com afinidades maiores e objetivos mais próximos agindo como se fossem um único agente cujo comportamento busca atingir objetivos comuns. 4.1.1.2. Especificação funcional (EF) Especificação funcional (EF) compreende: Metas globais – representa um estado do mundo que é desejado pelo SMA. Uma meta global caracteriza-se por ser uma meta do SMA como um todo. Nível individual – são as missões com as quais os agentes se comprometem. Uma missão é um conjunto coerente de metas globais de um papel, que são atribuídos a um agente. Nível coletivo – é a decomposição de metas globais através de planos que indicam uma forma de satisfazer a meta. Um agente pode assumir uma missão e delegar suas metas para outros agentes, o que interessa é a meta alcançada e não a maneira como ele foi satisfeita. Preferência entre missões – necessidade de especificar uma ordem de preferência entre as missões. As preferências entre as missões devem ser representadas por uma relação de ordem parcial. 4.1.1.3. Especificação deôntica (ED) Especificação deôntica (ED) ocorre no nível individual e define quais as missões que um papel tem permissão ou obrigação de se comprometer. 4.1.2. Entidade organizacional (EnO) Entidade organizacional (EnO)é formada por uma finalidade que deve ser mantida por um conjunto de agentes que instanciam uma Especificação organizacional. Em uma especificação organizacional composta por especificação estruturada, especificação funcional e especificação deôntica não existem a representação dos agentes e sim dos papéis. Um SMA necessita que a especificação organizacional seja instanciada por um conjunto de agentes onde fica estabelecida a posição de cada agente em um contexto dando origem a uma Entidade organizacional. O modelo organizacional proposto por [8], caracteriza a organização considerando a sua utilidade em um SMA, priorizando a estrutura de ligações entre papéis e um conjunto de planos globais. Moise+ prioriza a organização da sociedade e não os agentes que a compõe, possibilitando descrever a organização de sociedades formadas por agentes reativos, este fato garante que um observador consiga descrever a organização mas não possibilita que um projetista estabeleça a organização que deverá ser respeitada pelos agentes. Uma visão geral do modelo Moise+ é mostrado na figura 1. Figura 1 - Visão simplificada dos constituintes de um SMA segundo o modelo Moise+ [8]. 4.2. Instituições eletrônicas Uma instituição eletrônica auxilia o gerenciamento de transações eletrônicas de acordo com um conjunto explícito de regras e normas institucionais. A noção de instituição eletrônica tem tornado-se uma extensão natural de instituições humanas permitindo não somente humanos mas também agentes autômatos para interagir com algum outro. As instituições eletrônicas são compostas por 4 elementos básicos: estrutura dialógica; cenas; estrutura performativa e normas [4]. Estrutura dialógica: define as ilocuções que os agentes podem trocar e quais são os perfis de cada agente e seus relacionamentos. No caso mais geral, cada agente em um ambiente multiagente é favorecido por uma linguagem interna e uma ontologia. As instituições estabelecem as ilocuções aceitáveis através de uma ontologia (linguagem comum para representar o mundo) e uma linguagem comum para comunicação e representação do mundo, também define quais os perfis dos agentes que participarão da instituição e como estes se relacionarão entre si, bem como um padrão de relacionamento entre as intituições e os agentes . Cenas: grupos de agentes com protocolos de comunicação bem definidos e com um conjunto de regras de transição e de interação para cada atividade na instituição Estrutura performativa: coleção de várias cenas concorrentes. Normas: um conjunto de regras institucionais que determinam compromissos (ações obrigatórias) em cada contexto de interação. As atividades em uma instituição eletrônica são composições de múltiplas, distintas e possivelmente concorrentes, atividades dialógicas, cada uma envolvendo diferentes grupos de agentes representando diferentes perfis. Para cada atividade, as interações entre agentes são articuladas em cenas, que seguem protocolos de comunicação bem definidos. Nenhuma interação do agente dentro de uma instituição ocorre fora do contexto de uma cena. São utilizados protocolos para cada cena que modelam as interações dialógicas possíveis entre perfis ao invés de agentes. Uma característica das cenas é que permitem que os agentes entrem ou deixem uma cena em alguns momentos particulares (estados) de uma conversação avançada dependendo de seu perfil. Através de uma estrutura performativa os agentes podem se descolar entre as cenas observando as regras e os relacionamentos definidos entre elas. As normas que governam uma organização definem a nível de confiança dos participantes no momento em que definem suas obrigações, comprometimentos e direitos. A estrutura performativa restringe o comportamento dos agentes em dois níveis de: intra-cena – protocolos de cenas ditam para cada papel do agente dentro de uma cenas o que pode ser dita, por quem e quando; inter-cena – a conexão entre as cenas de uma estrutura performativa define os caminhos possíveis que os agentes podem seguir dependendo de seus perfis. 4.3. Modelo População-Organização O modelo de População-Organização se aplica à sistemas multiagente abertos, onde existe uma plataforma comum em que sistemas multiagentes diferentes são construídos, surgindo a necessidade de agentes migrarem de um sistema multiagente para outro a fim de executar as atividades que não podem ser executadas no sistema multiagente onde foram colocados originalmente. Conforme [3], um sistema multiagente (uma sociedade) pode ser analisado de acordo com dois aspectos: sua população e sua organização. População de um sistema multiagente consiste no conjunto de agentes que o habitam, um conjunto de comportamentos que os agentes são capazes de executar e um conjunto de todos os processos de interação que podem ser estabelecidos entre eles. Basicamente uma população é a soma dos agentes e suas interações. A organização de um sistema pode ser considerada uma abstração da presença de agentes particulares no sistema, e pode ser definida como um jogo de papéis organizacionais (relativo a algum processo global em que o agente participa) e ligações organizacionais (são as influências mútuas entre os agentes que participam em um processo global especifico), com os papéis que capturam as características dos processos globais (processos sociais, ou, processos de interação, que ocorrem no sistema) que são devido aos processos locais (comportamentos) dos agentes, e com as ligações que capturam as características dos processos globais que correspondem às influências mútuas entre agentes. População-Organização para [2], é uma estrutura constituída por um par de subestruturas, a estrutura populacional e a estrutura organizacional, juntamente com uma relação de implementação estabelecida entre elas. Segundo [2] a estrutura populacional de um sistema multiagente é uma tupla Pop = (Ag, Act, Bh, Ep, bc, ec) onde: Pop – estrutura populacional T – estrutura de tempo em que o sistema multiagente está sendo analisado Ag – é o conjunto de agentes, chamado de população Act – é o conjunto de todas as ações que podem ser realizadas pelos agentes do sistema Bh ⊆ T→ ℘(Act) – é o conjunto de todos os comportamentos que os agentes são capazes de realizar Ep ⊆ T→ ℘(Bh) – é o conjunto de todos os processos de troca que quaisquer dois agentes podem realizar ou em conjunto e/ou entrelaçando apropriadamente suas ações bc: Ag → ℘(Bh) – é a função de capacidade comportamental tal que, para cada agente a ∈ Ag, bc(a) é o conjunto de comportamentos que o agente a é capaz de realizar ec: Ag x Ag → ℘(Ep) é a função de capacidade de troca tal que, para cada a1, a2 ∈ Ag, ec(a1, a2) é o conjunto de processos de troca que os agentes a1 e a2 podem realizar entre si. A estrutura organizacional é dividida em estrutura micro e macro-organizacional. Estrutura Micro-organizacional: corresponde ao nível das interações sociais em que indivíduos desempenham papéis, uns frente aos outros, mas papéis de caráter individualizado, personalizado: papéis de caráter intra-grupo (família, grupos de amigos, etc.). Definem agentes dotados de traços psicológicos onde predominam as regras sociais de caráter moral. Estrutura Macro-organizacional: corresponde ao nível das interações sociais em que grupos de indivíduos (subsistemas) desempenham papéis frente a outros grupos de indivíduos. Define agentes dotados de traços econômicos onde predominam as trocas diretas, e as regras de caráter jurídico. Relação de implementação diz respeito ao fato de uma determinada estrutura organizacional estar operando sobre uma dada estrutura populacional, restringindo as trocas que os agentes podem ter entre eles. Na relação de implementação muitos agentes podem desempenhar um mesmo papel e o mesmo agente pode assumir inúmeros papéis, um processo de troca pode suportar várias ligações organizacionais e muitos processos de troca podem suportar uma ligação organizacional específica. Em uma relação de implementação incompleta pode ocorrer quando alguns papéis não sejam atribuídos a nenhum agente, agentes podem não ter papéis atribuídos a eles, algumas ligações podem não ser suportadas, alguns processos de troca podem suportar nenhuma ligação [1]. Uma relação de implementação própria é uma relação de implementação que é um homomorfismo relacional entre organização e população, no sentido de que respeita papeis e as ligações organizacionais traduzindo-as corretamente em termos de agentes, comportamentos e processos de troca. 5. Metodologias de Modelagem Baseada em Agentes Esta seção apresenta uma visão geral das principais metodologias de modelagem baseada em agentes. 5.1. Metodologia GAIA O processo de projeto Orientado a Agentes (OA) proposto por [22], denominado Metodologia Gaia, difere dos processos tradicionais, que visam transformar um modelo derivado do processo de análise em modelos de mais baixo nível de abstração que possam ser implementados, objetivando derivar um modelo de análise em um modelo com baixo nível de abstração sobre o qual possam ser aplicadas técnicas de projeto tradicionais (incluindo técnicas OO). Esta metodologia apresenta dois modelos para a fase de análise: - Modelo de Papéis - identifica os papéis existentes no sistema, sendo estes descrições abstratas de uma função pretendida por uma entidade. Este modelo descreve dois elementos básicos: permissões/direitos associados ao papel, que relacionam o tipo e a quantidade de recursos que podem ser explorados; responsabilidades do papel, que determinam a funcionalidade do agente dentro da sociedade. - Modelo de Interação - é constituído de um conjunto de definições de protocolo, um para cada tipo de interação entre papéis. As definições de protocolo consistem da definição dos seguintes atributos: propósito, que é uma breve descrição da natureza da interação; iniciador, que é o papel responsável por iniciar a interação; respondedor, papel com o qual o iniciador interage; entradas, que é a informação utilizada pelo iniciador enquanto executando o protocolo; saídas, que é informação fornecida pelo/para o respondedor durante o curso de interação. Desta forma, o que de fato se almeja é garantir que aspectos como estrutura, organização, cooperação e interação sejam definidas no nível de modelagem. Estes aspectos dependeriam da forma pela qual a rede de relações entre os agentes estaria estabelecida. Devido à autonomia ser uma característica intrínseca ao próprio conceito de agente, a forma pela quais as interações se processam dentro do sistema depende fundamentalmente das atitudes tomadas por cada um dos agentes que o compõem, sendo que a garantia da coesão do grupo depende fundamentalmente dos objetivos adotados por cada um de seus indivíduos, que refletem seus desejos e crenças. A partir disso, se a etapa de projeto do sistema tem por objetivo viabilizar a aplicação de diretrizes definidas durante o processo de modelagem, projetar um Sistema Multiagente consiste em definir quais tipos de agentes o comporão, o que passa pela definição de estereótipos (ou papéis) para cada um deles. Na pesquisa de [22], estes estereótipos são definidos por três modelos: - Modelo de Agente - define os tipos de agente que irão fazer parte do sistema, e as instâncias de agente que serão instanciadas a partir destes; - Modelo de Serviços - define os principais serviços que serão atribuídos a cada tipo de agente; - Modelo de Conhecimento - define conhecimentos para cada tipo de agente. A figura 2 a seguir mostra as etapas da fase de análise e a etapa de projeto da metodologia GAIA e os relacionamentos entre elas. Figura 2 - Relacionamento entre os modelos Gaia, Retirado de [22]. 5.2.Metodologia MAS-CommonKADS A metodologia MAS-CommonKADS é uma derivação da metodologia estruturada de suporte à engenharia do conhecimento, chamada CommonKADS, e propõe os seguintes modelos: - Modelo do Agente (AM) - especifica as características do agente, tais como capacidade de raciocínio, percepção e ação, serviços, grupos e hierarquias do agente (modeladas no modelo organizacional). - Modelo de Tarefas (TM) - descreve as tarefas que o agente pode realizar. - Modelo de Habilidades (EM) - descreve o conhecimento que os agentes necessitam para atingir os seus objetivos. - Modelo de Organização (OM) - descreve a organização na qual o SMA está sendo introduzido e a organização social da sociedade de agentes. - Modelo de Coordenação (CoM) - descreve as conversações entre agentes (interações, protocolos e capacidades requeridas). - Modelo de Comunicação (CM) - descreve detalhes das interações entre humanos e agentes de software, e fatores humanos a serem considerados no desenvolvimento de interfaces de usuário. - Modelo de Projeto (DM) - coleta os modelos anteriores e consiste de três submodelos: - Projeto da Rede - descreve aspectos relevantes da infra-estrutura da rede de agentes. Esta infraestrutura pode fornecer algumas facilidades para os agentes: - Facilidades de Rede - serviço de nomes de agente, páginas amarelas (yellow pages), serviço de registro, nível de segurança, encriptação e autenticação, protocolo de transporte e aplicação, serviço de contas, etc. - Facilidades de Conhecimento - servidores de ontologia, tradutores de linguagem de representação de conhecimento, etc. - Facilidades de Coordenação - protocolos e primitivas de coordenação, servidores de protocolo, facilidades de gerenciamento de grupo, facilidades para assistência em coordenação de objetivos compartilhados, agentes de policiamento para detecção de comportamentos indesejados e controle de utilização de recursos compartilhados, etc. - Projeto do Agente - divide ou compõe agentes de análise, de acordo com critérios pragmáticos, e seleciona a arquitetura mais adequada para cada agente. - Projeto da Plataforma - seleciona a plataforma de desenvolvimento de agentes para cada arquitetura. Um diagrama dos modelos desta metodologia é mostrado na figura 3. Figura 3 – Modelo CommonKADS retirado de [20]. 5.3. Metodologia JADE A metodologia JADE apresentada por [18], combina uma abordagem top-down e bottom-up de forma que ambas existam na capacidade do sistema de forma a satisfazer as necessidades das aplicações mais complexas. A metodologia proposta tenta formalizar a fase de analise e projeto do ciclo de vida de desenvolvimento de software baseado em agente. A formalização das fases de planejamento e implementação do ciclo de vida do desenvolvimento do software está atualmente fora do escopo da metodologia. As fases de análise e projeto caracterizam a metodologia e serão descritas abaixo, a figura 4 representa uma visão ampla da metodologia. Figura 4 - Visão Geral da Metodologia retirado de [18]. Fase de análise: esta fase aponta claramente o problema sem preocupação sobre a solução. Passos: 1 - Caso de Uso: permitem capturar os requisitos funcionais potenciais para um novo sistema. Cada caso de uso apresenta um ou mais cenários que demonstram como o sistema pode interagir com o usuário final ou com outro sistema para alcançar os objetivos específicos. Popularmente utiliza-se a Linguagem de Modelagem Unificada (UML). 2 - Identificação inicial de tipos de agentes: Este passo envolve identificação dos principais tipos de agentes e subseqüente formação de um primeiro rascunho do diagrama de agente. As seguintes regras poderiam ser aplicadas neste passo: - Adiciona um tipo de agente por o usuário/dispositivo. - Adicionar um tipo de agente por o recurso (que inclui o software legado). 3 - Identificação de responsabilidade: Neste passo, para cada tipo de agente identificado, uma lista inicial é feita das principais responsabilidades de uma maneira intuitiva e informal. O produto como conseqüência deste processo é a tabela de responsabilidade. As regras seguintes deveriam ser aplicadas neste passo: - Derivar o conjunto inicial de responsabilidades para o caso de uso identificado no passo1. - considerar os agentes onde estas responsabilidades são transparentes primeiro e atrasar a identificação de responsabilidades para outros agentes para passos posteriores. 4 - Identificação dos conhecimentos: Nesta etapa, o foco está em quem necessita interagir com quem e o diagrama do agente é atualizado adicionando as relações apropriadas do conhecimento que conectam os agentes que necessitam ter um ou mais interações. 5 - Refinamento do Agente: Neste passo, o conjunto de tipos de agentes inicialmente identificados no passo 2 é refinado aplicando um numero de considerações. Estes são relacionados à: - Suporte: que suporte de informação de agentes necessitam para executar suas responsabilidades, e como, quem, e onde esta informação é gerada/armazenada. - Descoberta: como agentes ligados por uma relação de conhecimento descobrem um ao outro. - Gerenciamento e monitoramento: sistema requerido para manter-se a par de agentes existentes, ou começar ou parar os agentes sob demanda. 6 - Informação da distribuição do agente : Um outro instrumento que pode ser útil de produzir é o diagrama da distribuição do agente, aonde os anfitriões/agentes físicos (hosts/devices) dos dispositivos estão sendo desenvolvidos (referenciam os domínios em algumas metodologias) é indicado. Fase de projeto: esta fase aponta para a solução do problema. Passos: 1 - Agente dividido/unido/renomeado: Esta etapa envolve observar os instrumentos produzidos na fase do projeto e determinar se os tipos do agente produzidos no diagrama do agente devem ser divididos ou unidos. Esta etapa é considerada importante, desde que tem um efeito direto na eficiência e na complexidade do sistema total. 2 - Especificação das interações: para cada tipo do agente, todas as responsabilidades que são relacionadas a uma relação do conhecimento com um outro agente (baseado na tabela da responsabilidade produzida na análise) é feito exame no cliente e em uma tabela da interação é produzida para cada tipo do agente 3 - Definição ad hoc do protocolo da interação: Sempre que os protocolos possíveis, existentes na interação devem ser definidos pela FIPA. Entretanto, é frequentemente o caso que uma interação requerer a definição de um protocolo ad hoc (isto ocorre quando nenhum dos protocolos de interação definidos pela FIPA são julgados adequados). Nesses casos, o protocolo da interação deve ser definido por meio de um formalismo apropriado. 4 - Moldes da mensagem: todos os papéis do protocolo da interação identificados na etapa precedente são executados como comportamentos do JADE. Nesta etapa, os objetos apropriados de MessageTemplate são especificados para ser usados nestes comportamentos de recebimento de mensagens, e estes moldes são adicionados às fileiras da tabela da interação. 5 - Descrição registada/procurada (Yellow Pages): nesta etapa, nas convenções nomeando e nos serviços registrado/procurarado por agentes nas Yellow Pages que o catálogo mantido pelo facilitator do diretório do JADE que formalizou (quando relevante). 6 - Interação Agente-Recurso: é frequentemente o caso que um ou o mais agentes no sistema devem interagir com os recursos externos tais como bases de dados, arquivos que armazenam a informação, ou software legado. Em alguns casos alguns dispositivos de hardware devem ser controlados ou monitorados, mas este acontece sempre através de algum software dedicado que esconde realmente o hardware atrás dele. 7 - Interação Agente-Usuário: Em muitos casos, um agente necessita interagir com um usuário. Há diversas maneiras em que um usuário humano pode interagir com uma parte de software tal como um agente do JADE. Aqui, o foco está na interface gráfica de usuário (GUI), que é o tipo mais usado de interface com o usuário. 8 - Comportamento interno do Agente: O trabalho que um agente tem que fazer é realizado tipicamente dentro dos “comportamentos” do agente. Nesta etapa, o projetista do sistema deve olhar as responsabilidades do agente (através da tabela da responsabilidade) identificadas na fase de análise e traçá-las aos comportamentos do agente. 9 – Definir uma ontologia: quando os agentes no sistema interagem, trocam informação que consulta às entidades, abstrata ou concreta, que existem nos agentes que residem no ambiente. Estas entidades podem ser primitivas, como uma corda ou um número, ou podem ter estruturas complexas definidas pelos moldes especificados nos termos de um nome e de um jogo dos entalhes cujos valores devem ser de um tipo dado. Estes moldes complexos da entidade são consultados como aos conceitos. 10 – Seleção do conteúdo da linguagem: JADE fornece códigos para duas linguagens, a linguagem LS e a linguagem LEAP, (através do pacote de jade.content). Além disso, um código pode ser definido por um programador se desejarem que os agentes “falarem” uma língua diferente. JADE utiliza um conjunto de diagramas, esquemas ou representação em documentos em gráficos ou textos para representar um modelo, como descrito a seguir: - Diagrama de uso de caso: lista preliminar de cenários possíveis após entrevista com os usuários do sistema. - Diagrama de Estados: usado para representar os cenários possíveis e os diversos tipos de agentes identificados no modelo. - Diagrama de Agentes O diagrama do agente é um dos artefatos principais produzidos na fase de análise este diagrama inclui quatro tipos de elementos: - Tipos de agentes – representados por círculos; - Humanos – pessoas que interagem com desenvolvimento do sistema, representado pelo símbolo ator da UML; - Recursos – sistemas externos que interagem com o sistema, representado por retângulos; - Conhecimentos – representado por setas, define a interação entre os elementos do sistema. Um exemplo de diagrama de agentes está representado na figura 5. Figura 5 - Exemplo de tabela de responsabilidades retirada do SisRecAC. Tabela de Responsabilidades: Lista as responsabilidades de cada um dos agentes identificados no modelo. A figura 6 é um exemplo de tabela de responsabilidades que foi construída para um sistema específico. Tipo de Agente Responsabilidades Agente Palavras-chave - ler a tabela do banco de dados com as palavras-chave dos documentos armazenados - enviar uma mensagem para o agente Extrator com as palavras-chave de cada documento Agente Extrator - recebe mensagem do Agente Palavras-chave contendo as palavras-chave e o identificador do documento - submete as palavras-chave ao motor de busca - recebe a informação de retorno do motor de busca - extrai os links resultantes no formato pdf - armazena os links em uma tabela Agente Download - monitora a tabela de links - verifica se já existe o documento no servidor - caso não encontre o documento no servidor, realiza o download do documento para diretório específico Agente Pdf2txt - monitora o diretório dos documentos pdf extraídos - verifica se já existe o documento correspondente no formato txt - caso não exista o formato txt do documento o Agente converte o documento para txt possibilitando a extração das palavras-chave Figura 6 - Exemplo de tabela de tabela de responsabilidades retirada do SisRecAC. 6. A Indústria da Construção Naval 6.1.Visão geral A indústria naval é estratégica para o mercado global, trata-se de um indústria fornecedora da base de transporte para a hegemonia econômica e militar dos países [6]. Este segmento da indústria caracteriza-se por processos altamente complexos com inúmeras interações entre eles, estes dois fatores são relevantes para os estaleiros no momento da construção das embarcações que dependendo de características como porte (tpb), tipo de embarcação, mão-de-obra qualificada, entre outras, podem transformar-se em sérios problemas. Um dos fatores relevantes para o crescimento da indústria naval é a padronização das embarcações, a rapidez na entrega, alta tecnologia utilizada juntamente com o custobenefício agregado ao produto final. Um processo de produção bem conhecido e modelado pode garantir o sucesso do projeto. 6.2. O Mercado global Nesta seção, resumem-se as características globalizadas da indústria da construção naval que são relevantes para permitir a modelagem deste ambiente. As regras do jogo são tipicamente estabelecidas e alteradas por negociações bilaterais, multilaterais e por acordos entre empresas, setores indústriais, financeiros, governos e organismos internacionais. A posição competitiva de uma empresa em um país tanto afeta como é afetada pela sua posição em outros países. No caso da indústria da construção naval, acrescente-se que ela é, de modo geral, fortemente subsidiada, controlada e protegida por seus países. Na figura 7 está representado o cenário dos mercados globais segundo [5]. Figura 7 - Mercados Globais. 6.3. Os construtores Os mesmos grupos de construtores de classe mundial competem entre si de forma repetitiva, na maior parte dos contratos. Os maiores estaleiros estão concentrados em um único país por causa das economias de escala na infra-estrutura, das facilidades de fabricação, das aquisições em geral e da logística. 6.4. O produto final As embarcações (produto final) devem ser construídas com o maior grau de padronização possível, pois com economia de escala os componentes (equipamentos e acessórios) necessários à montagem podem ser mais competitivos em termos de custo e qualidade. O poder do setor de vendas do estaleiro deve estar centralizado em áreas sob seu controle operacional. A concentração do marketing é necessária, pois o mercado caracteriza-se por um reduzido número de mega-empresas com encomendas tipicamente grandes. Os maiores competidores são muito bem informados e reagem rapidamente a mudanças competitivas em qualquer parte do mundo. 6.5. Estratégias dos construtores Diversas estratégias de negócio podem ser adotadas pelos construtores, conforme suas características próprias e o mercado em que atuam. Observa-se que competidores com estratégias diferentes podem coexistir num mesmo tipo de indústria, mas estratégias globais de alguns competidores freqüentemente forçam outras empresas a lhes seguirem de perto. As estratégias básicas podem ser caracterizadas como: 6.5.1.Estratégia voltada para um país principal (country centered) Para construtores de caráter nacional ou regional, que utilizam como fonte de vantagens competitivas a proteção da indústria local, incluindo aí não só fornecedores de matérias-primas, mas também fornecedores de equipamentos e acessórios. Trata-se de uma estratégia internacional de baixa dimensão (baixa coordenação e configuração de atividades). Ex. Brasil. 6.5.2. Estratégia de iniciar em um país principal (simple global strategy) Concentrar o máximo possível das atividades em um único país, que serve ao mundo através de sua base exportadora, trabalhando com uma coordenação justa através da padronização daquelas atividades. À medida que a configuração de atividades se concentra geograficamente e a coordenação dessas atividades tende a elevar-se a um grau mais alto, a tendência do país construtor será trabalhar com estratégia cada vez mais global. Aspectos complementares da estratégia de globalização da atuação do construtor dizem respeito a: - conquista de investimentos estrangeiros com extensiva coordenação entre as subsidiárias (alta coordenação e baixa configuração de atividades) - descentralização da base exportadora e marketing (baixa coordenação e alta configuração de atividades) 6.5.3. Barreiras ao crescimento e à globalização Há diversos tipos de barreiras que precisam ser superadas pelos estaleiros dos diversos países para que se tenha uma verdadeira coordenação global de suas atividades: - barreiras sobre a nacionalização das compras (materiais, acessórios e equipamentos) - barreiras relativas à reserva de mercado - barreiras relativas ao protecionismo governamental sob a forma de subsídios operacionais para as indústrias de navegação e construção naval. Estima-se que aproximadamente 40% da demanda global sejam absorvidos pelos estaleiros domésticos, indicando com isso a preferência dos armadores por estaleiros locais, que normalmente recebem suporte e condições de assistência financeira dos respectivos governos, por meio de políticas protecionistas que levam em consideração a importância estratégica dessas indústrias para o desenvolvimento de seus países. Isso gera a existência de estaleiros ineficientes e não lucrativos na maioria das vezes. 6.6. Identificação dos agentes da indústria da construção naval Nesta seção inicia-se a identificação mais detalhada dos aspectos específicos da indústria da construção naval que permitirá sua modelagem como um sistema multiagente. 6.6.1. Classes de agentes As principais classes de agentes identificadas em [5] são: - concorrentes da indústria naval - entrantes potenciais - substitutos - governo - organizações internacionais - sistema financeiro A referência [5] considera entre os concorrentes da indústria naval basicamente os estaleiros. Já os entrantes potenciais são divididos em [5] entre: - estaleiros - armadores - fornecedores 6.6.2. Concorrentes na indústria naval Os agentes caracterizados como concorrentes da indústria naval são os estaleiros com tradição estabelecida. A seguir, eles são categorizados conforme o local de origem: a) Estaleiros nacionais: - na referência bibliográfica [5] não são identificados os principais estaleiros nacionais b) Estaleiros internacionais: - Coréia - Daewoo Shipbuilding and Heavy Industries - Hyundai Heavy Industries - Samsung Heavy Industries - Japão - Kawasaki - Reino Unido - Cammell Laird (CL) - Europa Ocidental: (não há identificação de estaleiros na referência [5] - China: (idem) - Países em desenvolvimento: (idem) 6.6.3. Entrantes potenciais Entrantes potenciais são novas empresas que querem entrar no mercado. Estas empresas ao entrarem para a indústria levam nova capacidade, o desejo de obter parcela de mercado e freqüentemente recursos substanciais: - estaleiros - armadores - fornecedores Hoje em dia o Brasil é considerado um entrante potencial. 6.7. Características principais dos concorrentes da indústria naval Nesta seção, as principais características dos concorrentes da indústria naval, indicadas em [5] são resumidas. 6.7.1. Objetivos e estratégias Os diversos agentes identificados anteriormente, na classe dos estaleiros concorrentes da indústria da construção naval, têm o objetivo geral de melhorar sua posição no mercado global, adotando diversas estratégias para tanto. Entre essas estratégias, a referência [5] identifica: a) Aprimoramento dos recursos tecnológicos de produção O estaleiro tem o objetivo de se destacar pela incorporação de modernas tecnologias em automação de montagem, tecnologias de informatização dos processos de produção e de projetos, etc. b) Estratégia de liderança global de custos baixos O estaleiro tem o objetivo de manter o baixo custo geral de construção de embarcações atraentes para uma grande faixa de armadores; c) Estratégia de diferenciação do produto O estaleiro tem objetivo de diferenciar a embarcação em termos de qualidade, avanço tecnológico, preço, financiamento de custo-mínimo e pontualidade de entrega; d) Estratégia de segmentação de mercado global O estaleiro tem o objetivo de concentrar-se em um segmento de mercado mais estreito, ou seja, numa categoria de embarcações que sejam vendidas em nível mundial. Embarcações altamente especializadas, com elevado padrão de construção. Esta estratégia tem dois segmentos: 1 segmento do mercado baseado em custos menores, procurando superar as rivais em custo, 2 segmento baseado na diferenciação, procurando oferecer aos membros do segmento uma embarcação personalizada. e) Estratégia de proteção de mercado O posicionamento do estaleiro no mercado não está baseado em suas vantagens econômicas, mas na disposição do governo em querer protegê-lo. f) Barreiras de saída elevadas Barreiras de saída são fatores econômicos, estratégicos e emocionais que tendem a manter os estaleiros ativos, competindo mesmo que estejam obtendo retornos baixos, ou até negativos sobre seus investimentos, usualmente operando com subsídios governamentais, além de persistentemente travarem guerra de preços que levem à redução da lucratividade da empresa. 6.7.2. Ações decisivas Ações decisivas são ações e comportamentos que podem ser tentados para definir ou alterar determinada situação de mercado, possivelmente modificando para melhor a posição do estaleiro que a realiza: - obtenção de custos mais baixos que os dos rivais - menor tempo de construção de uma mesma embarcação - pontualidade na entrega - produção de embarcação de alto grau de sofisticação com melhor qualidade - atração de clientes através de diversas ações em negócios - conquistar lealdade dos clientes com repetição de vendas - suportar pressões competitivas - reforçar suas posições no mercado global 6.7.3. Trocas entre agentes Trocas entre agentes caracterizam combinações de ações entre agentes diferentes com a finalidade de melhorar a posição de um deles, ou dos dois, no mercado global: - o governo pode estimular um ou outro competidor, através de regulamentações, subsídios ou outros meios intervencionistas, possivelmente impondo limites ao comportamento dos concorrentes; - a Organização Mundial de Comérico (OMC) pode igualmente inibir ações de governos e estaleiros, tais como práticas anti-competitivas. 6.8. Objetivos e estratégias típicos de cada classe de agente 6.8.1. Estaleiros O principal objetivo dos entrantes potenciais é entrar no mercado da indústria naval. As estratégias de que podem se valer são usualmente relacionadas aos problemas da economia de escala, envolvendo diversas ações específicas: a) Reduções de custos associados ao tamanho do projeto podem ser reais (técnicas) ou financeiras. Reduções de custo reais (técnicas) são ligadas diretamente à produção, ou seja ao fator trabalho (especialização e habilidade, tempo das tarefas, etc.) e ao fator capital (a relação entre volume de equipamento e insumos, reserva de capacidade técnica, etc.). b) Reduções de custos financeiros representam os ganhos com aquisições das matérias-primas em maior escala, menor custo financeiro, maior poder na determinação dos salários, vantagens advindas do prestígio do país como construtor naval ou de seu estaleiro, etc. - Obs.: Fatores a serem considerados na determinação da escala do projeto: tamanho do mercado e sua dinâmica, fontes de financiamento, custos de produção, disponibilidade de mão-de-obra e tecnologia. - Obs.: no contexto da globalização da economia, a adoção de tecnologias de produção e de gestão adequada constitui-se na principal fonte de economias de escala. c) Diferenciação do produto: projetos de embarcação pouco ou nada padronizados que atendem à necessidade exclusiva de cada armador. - Obs.: a padronização é uma das maneiras para reduzir custos de produção. d) Redução de custos de mudanças: incluem custos de treinamento da mão-de-obra, de mudança de fornecedores, e de novo projeto de embarcação, os novos entrantes que precisam oferecer um aperfeiçoamento substancial em custo ou desempenho para que um armador decidase a abandonar um construtor naval já estabelecido. e) Avanço na curva de aprendizagem ou de experiência: quanto maior a experiência acumulada na fabricação, os custo unitários tendem a diminuir (curva clássica da aprendizagem). 6.8.2. Armadores Os armadores têm por objetivo a exploração comercial das embarcações. Entre as estratégias de que podem se valer estão: a) aquisição de grandes volumes: define o poder dos armadores mercado. Armadores de grandes volumes são particularmente poderosos, pois a indústria naval se caracteriza por custos fixos altos, o que implica na necessidade de manter elevada a taxa de utilização de sua capacidade de produção. b) poucos custos de mudança: o poder do armador é fortalecido se o estaleiro se defronta com custos de mudança. c) negociação sobre preço, prazo de entrega e qualidade da embarcação; d) influência sobre a política governamental: exerce influência considerável sobre a construção de plataformas e navios comerciais e militares. 6.8.3. Fornecedores A classe dos fornecedores inclui os agentes que fornecem qualquer tipo de insumo para a indústria naval: sindicatos de trabalhadores, produtores de aço, produtores de motores, produtores de máquinas, produtores de componentes. Os fornecedores têm por objetivo fornecer bens e serviços para os armadores e estaleiros e tem à disposição, entre outras, as seguintes estratégias: - qualidade de mão-de-obra - elevação ou redução de preços de bens e serviços - elevação ou diminuição da qualidade de bens e serviços 6.8.4. Substitutos Os substitutos são agentes de outros ramos de atividade que não a indústria naval, mas que competem fortemente com as empresas da indústria naval, porque seus produtos e serviços são substitutos das embarcações e do transporte naval (p.ex., os oleodutos). Os substitutos em por objetivo a venda de produtos e serviços alternativos aos da indústria de construção naval. A principal estratégia de que dispõem é: - pressionar o mercado para substituir o transporte naval por um tipo alternativo de transporte. 6.8.5. Governo O Gorveno é constituído por diversas instâncias: - Governo Federal - Governo Estadual - Governo Municipal e também por diversas agências (reguladoras, fiscalizadoras, etc.). Têm por objetivo, entre outros, regular as forças competitivas e fortalecer a indústria naval. Conta, entre outras, com as seguintes estratégias: - afetar a rivalidade entre os concorrentes, influenciando o crescimento da indústria, a estrutura de custos e outros aspectos da estrutura da indústria. 6.8.6. Organizações internacionais As duas principais organizações internacionais que influem a indústria da construção naval são: - OMC Organização mundial de comércio - OCDE Organização para a Cooperação e o desenvolvimento econômico As organizações internacionais tem por objetivo regular a estrutura econômica da indústria naval. Entre as estratégias de que dispõem está a de tentar inibir práticas de negociação anticompetitivas. 6.8.7. Sistema financeiro O sistema financeiro tem por objetivos, entre outros: financiamentos, garantias de crédito e seguro de crédito em contratos de importação e exportação para armadores e estaleiros. Os principais agentes desse tipo são bancos e outros órgãos financiadores (como agentes financeiros governamentais). Entre suas estratégias está: - Criação de fundos para financiamento, como o Fundo da Marinha Mercante (FMM), criado no Brasil para proteção do mercado e que se constituiu na principal fonte de financiamento dos armadores brasileiros para a aquisição de embarcações. 6.9. Ações decisivas típicas das principais classes de agentes 6.9.1.Ações dos estaleiros Entre as ações decisivas ao alcance dos estaleiros entrantes potenciais estão: - a padronização das embarcações - a diversificação da produção padronizada nos estaleiros - a indução ao aumento de demanda de construção de navios por meio de um programa que crie uma plataforma de exportação de embarcações - a indução ao aumento de demanda por serviços de reparo naval como forma de remover restrições de volume impostas pelo tamanho da indústria naval no mundo - a capacitação da mão-de-obra - a escolha de fornecedores - a busca ou geração de capital - a manutenção de projetos em segredo 6.9.2. Ações dos armadores Entre as ações decisivas ao alcance dos armadores estão: - aquisição de novas tonelagens de embarcações relativamente grandes em relação às vendas do estaleiro. - manter elevada a taxa de utilização de sua capacidade de produção (custos fixos altos) - manter-se informado sobre a demanda - parcerias com trabalhadores e fornecedores 6.9.3. Ações dos fornecedores Entre as ações decisivas ao alcance dos fornecedores estão: - qualificação da mão-de-obra - qualificação de bens e serviços - o destino dos fornecedores está firmemente ligado à indústria naval e eles tendem a protegê-la através de preços, de assistência à pesquisa e desenvolvimento. 6.9.4. Ações dos substitutos Entre as ações decisivas ao alcance dos fornecedores estão: - diminuição dos preços - aumento da qualidade dos produtos 6.9.5. Ações do governo Entre as ações decisivas ao alcance do governo estão: - regulamentações, subsídios ou de outros meios intervencionistas, - imposição de limites ao comportamento das empresas e das indústrias de construção naval; - fornecimento de subsídios para a indústria da construção naval 6.9.6. Ações do sistema financeiro Ações: - Financiar compra de embarcações - Proteger o mercado 6.10. Trocas típicas entre as principais classes de agentes Além das trocas identificadas acima, envolvendo os concorrentes da indústria naval, outros tipos de trocas se estabelecem envolvendo os entrantes potenciais: 6.10.1. Trocas envolvendo estaleiros -as economias de escala forçam o estaleiro entrante a ingressar em larga escala e arriscar-se a uma reação dos concorrentes já estabelecidos, ou a ingressar em pequena escala e sujeitar-se a uma desvantagem de custo; - a necessidade de investir vastos recursos financeiros para competir na indústria gera uma barreira de entrada. Se o país, como é o caso do Brasil, não financia capital de giro é necessário um acordo entre armador e construtor embutindo esse capital no preço da construção, o que eleva o preço gerando a perda de mercado; - os custos de mudança envolvendo treinamento da mão-de-obra, mudança de fornecedores, e novo projeto de embarcação, contribuem para a elevação de custos e constituemse em barreiras aos novos entrantes que precisam oferecer um aperfeiçoamento substancial em custo ou desempenho para que um armador decida-se a abandonar um construtor naval já estabelecido. - reação dos concorrentes já existentes (p.ex., retaliação através de práticas anticompetitivas) - ações do Governo: através das políticas governamentais, definindo critérios para a escolha de um estaleiro (preço, prazo de entrega, qualidade); - fornecedores podem elevar ou reduzir preços e ou a qualidade de serviços e bens fornecidos, afetando assim a competitividade - o lucro pode ser acordado entre os trabalhadores e os construtores sob forma de custos de mão de obra ou regras restritivas do trabalhador. 6.10.2. Trocas envolvendo armadores - qualificação da mão-de-obra - maior qualidade de bens e serviços - proteger a indústria da construção naval - os fornecedores estão firmemente ligados à indústria naval e tendem a protegê-la através de preços razoáveis e de assistência à pesquisa e desenvolvimento. 6.10.3. Trocas envolvendo fornecedores - Trocas com trabalhadores , estaleiros e armadores 6.10.4. Trocas envolvendo substitutos - os substitutos reduzem os retornos potenciais da indústria naval, colocando um teto nos preços que as empresas podem fixar com lucro; - quando existe uma pressão competitiva é necessário que o governo desempenhe um papel regulador. 6.10.5. Trocas envolvendo o governo - reduzir ou aumentar incentivos fiscais para a indústria marítima local - reduzir ou aumentar isenções tributárias. 7. Regiões Atualmente a indústria global da construção naval está dividida em sete regiões cada uma delas com características próprias, a seguir apresentaremos cada uma delas: 7.1. Europa 7.1.1. Características Gerais Os países da Europa são os segundos centros de construção naval do mundo. A Alemanha, o Reino Unido, Espanha e França são os maiores construtores navais no ranking. Na Espanha e Itália os maiores estaleiros são do governo e sofrem a pressão para serem privatizados. O nicho de mercado dos navios europeus representa a construção de navios de maior valor agregado e com maior conteúdo tecnológico. Os estaleiros têm limitações de espaço para a produção de alguns navios de grande porte o que limita a maior participação no mercado internacional. Por se tratar de uma indústria estratégica a produção de navios para o comercio internacional é necessária para competir no mercado mundial. A construção naval para fins militares também é importante para manter as condições indústriais essenciais e aperfeiçoar os sistemas existentes. Os estaleiros buscam organizar-se para competir com a Ásia, para tanto foi criada a Associação de Estaleiros da Europa (AWES - Association of West-European Shipbuilders). 7.1.2. Tipos de embarcação A Europa caracteriza-se pela construção de navios sofisticados para transporte de passageiros, cargas especiais, conversão e reforma de navios e estruturas para a indústria de petróleo offshore. Esse nicho representa a construção de navios de maior valor agregado e com maior conteúdo tecnológico. 7.1.3. Políticas e Subsídios Não existe a informação sobre subsídios atuais. 7.1.4. Sistema de alianças Aproximadamente 40% da frota mundial de navios pertencem a empresas da Europa. A relação entre estaleiros e armadores é baseada em regras comerciais e de competição tradicionais. A Europa conta com uma tradicional e eficiente rede de fornecedores para construção naval, fornecendo para os Estados Unidos e alguns países da Ásia. Na Itália e na Espanha a construção naval e o transporte marítimo são considerados estratégicos, as empresas são do Estado. 7.1.5. Principais agentes 7.1.5.1. Estaleiros Aker Área de atuação: Finlândia, Noruega, Alemanha e Romênia Kvaerner Área de atuação: Finlândia, Alemanha e EUA Damen Área de atuação: Holanda, Romênia, Ucrânia, Reino Unido, Suécia, Cingapura, China e Cuba HDW Área de atuação: Alemanha e Suécia Odense/AP Moller Área de atuação: Dinamarca, Alemanha, Lituânia & Estônia ThyssenKrupp Área de atuação: dois estaleiros na Alemanha GEC Área de atuação: França e Reino Unido Izar Área de atuação: Espanha (empresa estatal com estaleiros, construindo para a marinha mercante e militar) Fincantieri Área de atuação: Itália (empresa estatal construindo para a marinha mercante e militar) 7.2. Estados Unidos 7.2.1. Características Gerais Em 1981 existiam 22 grandes estaleiros construindo navios para o governo e para a marinha mercante, atualmente são apenas seis. Três razões contribuíram para a redução dos estaleiros: o fim dos subsídios do Maritime Administration; o fim da guerra fria e a competição com os preços do Japão e Coréia do Sul, estes fatores contribuíram para que a indústria descesse a patamares de produção abaixo das exigências de segurança nacional. A partir de 1990, uma série de subsídios foi reeditada e ampliada, e a exigência na substituição da frota de petroleiros de casco simples por casco duplo. Com o apoio do Congresso e os subsídios os estaleiros conquistaram encomendas de petroleiros americanos e estrangeiros. De 2000 a 2005 foi iniciado um programa de construção naval de 47 navios militares, os navios seriam construídos com um nível de tecnologia e automação superiores aos que existiam, promovendo aperfeiçoamento de tecnologias de produção e desenvolvimento de novos sistemas. A indústria americana sai da crise e torna-se uma das mais eficientes e avançadas do mundo, mesmo detendo apenas 1% do mercado mundial. Surge uma indústria mais enxuta, com foco no processo de modernização e concentração como nunca existiu na sua história, também discute a mudança no eixo da liderança dos contratos, assistindo as integradoras de sistemas eletrônicos, assumirem o papel tradicional dos estaleiros. A indústria é beneficiada pelo mercado representado pela navegação interior (rios e lagos) e costeira, protegida pela legislação especifica. Aproximadamente 13 milhões de pessoas trabalham neste setor, transportando 2 bilhões de toneladas anuais de frete doméstico e internacional, incluindo a importação de 3,3 barris de petróleo. A atividade de construção e reparo naval é formada por 280 empresas privadas, de diversos tamanhos, empregando 98 mil pessoas. Nesse conjunto, existem 43 estaleiros com carreiras capazes de construir ou reparar navios de 122 metros e maiores. Apenas os seis maiores, os Big Six, têm capacidade de construir navios de guerra. 7.2.2. Tipos de embarcação Navios para marinha mercante e de passageiros. Aproximadamente 50 empresas de construção naval menores operam aproximadamente 100 estaleiros, espalhados por 21 estados e produzem barcaças, rebocadores, empurradores, navios e estruturas para a indústria de petróleo offshore, navios de pesca e navios da Guarda Costeira. 7.2.3. Políticas e Subsídios Jones Act e Passenger Vessel Services Act - Obriga que toda a operação marítima em território dos EUA seja realizada por empresas americanas, com embarcações construídas nos Estados Unidos e operadas por americanos. Title XI – Ship Loan Guarantee Program – Gerenciado pelo MARAD (Maritime Administration), avalia empréstimos de longo prazo a armadores americanos e estrangeiros. Foi ampliado e reeditado, em 1993, permitindo condições aos estaleiros americanos de conquistar contratos para a substituição da frota de petroleiros de casco simples para casco duplo. Merchant Marine Act – Concede reserva de mercado para cargas com frete pago pelo governo dos EUA a armadores americanos, com navios construídos nos EUA. Oil Pollution Act of 1990 (OPA-90) – Todos os petroleiros devem ser convertidos para casco duplo, num programa de 25 anos, por motivos de proteção ambiental. National Shipbuilding and Shipyard Conversion Act – Reeditado em 1993, passou a incluir o financiamento à modernização dos estaleiros, além do financiamento a construção de navios para a exportação. Exigência de frota mínima para a Segurança Nacional – O MARAD é responsável por observar a participação relevante para a segurança nacional no total de cargas transportadas por via marítima, preservando, no país, uma capacidade mínima de mobilização de frota, de construção naval e de reparos e mantendo empregos e pessoal qualificado, para o que os EUA não percam a capacidade de responder a exigências, em caso de guerra. 7.2.4. Sistema de alianças A aliança mais relevante é com o próprio governo americano e a manutenção e modernização da frota de navios de guerra. No mercado interno, existe competição com os estaleiros de menor porte lutando para romper a predominância do Big Six. Fornecedores estrangeiros pressiona o mercado para aumentar o fornecimento para a construção naval e comercial mas existe uma poderosa articulação e união de todos os setores em torno da questão da segurança nacional e da defesa da hegemonia dos EUA. 7.2.5. Principais agentes 7.2.5.1. Estaleiros Newport News Área de atuação: Seu principal negócio são os navios a energia nuclear. Possui uma parceria com o Electric Boat, controlado pela General Dynamics, para a construção de 30 submarinos de ataque da classe Virginia. Bath Iron Works Área de atuação: É líder no projeto e construção do destróier Aegis. Controlado pela General Dynamics, desde 1995, tem parceria com o Avondale para um programa de construção do LPD-17, anfíbio de ataque, no valor de US$ 9 bilhões. NASSCO Área de atuação: Instalado em San Diego, é o único estaleiro da costa Oeste construindo navios de guerra. Está estrategicamente posicionado para reparos de toda a frota do Pacífico. Ingalls Área de atuação: Fundado em 1938, é o maior construtor de navios de guerra convencionais. Está construindo o destróier Aegis e diversos outros navios de ataque. Avondale Área de atuação: Venceu, em 1996, em conjunto com o estaleiro Bath, a concorrência para construir a próxima geração do navio de assalto anfíbio LPD-17. 7.3. Japão 7.3.1. Características Gerais Desde 1999, os japoneses estão envolvidos no esforço de intensificar sua competitividade, reconhecendo a existência de uma capacidade mundial de construção naval superior à demanda. As recomendações aos maiores estaleiros japoneses são integrar os recursos gerenciais e criar firmes fundamentos operacionais para a nova fase da competição internacional. Os japoneses estão trabalhando na criação de um Techno Superliner (TSL), porta contêineres de alta velocidade e grande capacidade de carga, direcionado para o mercado de Hub Ports – portos concentradores e distribuidores de carga. O TSL satisfaz a necessidade de obter menor preço de frete para conquistar e abrir mercados, mas é mais caro que os navios tradicionais do mesmo tipo e ter um custo de manutenção mais elevado, algumas inovações estão sendo estudadas para diminuir custos de produção e manutenção. A busca de um certo equilíbrio entre oferta e demanda é o foco principal. Para isso, o Japão está disposto a oferecer cooperação técnica a outros países, amparado no sucesso das práticas produtivas dos seus estaleiros. Estes entendimentos ocorrem na OCDE, com a participação da Europa e Coréia. Existe um grupo de trabalho monitorando a oferta e a demanda no mercado mundial e a definição de regras para a competição internacional. 7.3.2. Tipos de embarcação O Japão constrói navios de passageiros, petroleiros, graneleiros, navios para transporte de produtos químicos, gás, porta-contêineres, submarinos, navios especializados, de pesquisa oceanográfica e para colocação de cabos submarinos de comunicação e dutos, Ferry boats para carros, catamarans, quebra-gelos, dragas, plataformas e navios de perfuração e produção 7.3.3. Políticas e Subsídios O Japão é conhecido por manter a mais ampla política de apoio e subsídios a suas indústrias e manter essas práticas cuidadosamente dissimuladas em decisões pontuais e resoluções, jamais explicitadas em legislação sujeita à análise internacional. Atualmente, com a proposta de um acordo amplo no bojo da OCDE, essas práticas podem se tornar mais claras e universais, para as indústrias de todos os países. 7.3.4. Sistema de alianças Existe uma estrutura informal que levou o país a ser capaz de produzir 100% de tudo que a indústria da construção naval necessita para construir navios. Desde aço ao sistema de controle, incluindo o parafuso, a indústria japonesa produz tudo. Está em andamento uma nova análise sobre a competitividade na indústria naval japonesa que, certamente, levará ao estabelecimento de um novo sistema de alianças. O Japão dentro todas as nações desenvolvidas, tem o menor ciclo do processo de decisão entre a necessidade da indústria e a emissão de uma medida de apoio do governo. 7.3.5. Principais agentes 7.3.5.1. Estaleiros O núcleo central da construção naval a japonesa consiste em 19 empresas, que formam o SAJ (Shipbuilding Association of Japan). São 7 empresas de grande porte e 12 estaleiros de médio e pequeno porte, respondendo por 95% do total da construção naval no país. Os estaleiros maiores são chamados de os “7 Grandes” (Seven Majors): Mitsubishi Heavy Industries, Ltd. (MHI) É um conglomerado de atuação mundial, envolvido em energia, indústria aeroespacial, equipamentos, estruturas de aço, automóveis, serviços e projetos à construção naval. Está desenvolvendo navios de contêineres e de passageiros de alta velocidade, respondendo às demandas do mercado. É tradicional fabricante de navios para transportes de químicos e para a indústria de petróleo offshore. Trabalha a partir dos seguintes estaleiros: Nagasaki Shipyard & Machinery Works – navios de passageiros, petroleiros, graneleiros, navios para transporte de produtos químicos, gás e navios de passageiros. Kobe- The Shipbuilding Division – porta-contêineres, navios de passageiros e submarinos. Especialista em reparos e conversões. Shimonoseki Shipyard – navios especializados, de pesquisa oceanográfica e para colocação de cabos submarinos de comunicação e dutos. Yokohama Dockyard and Machinery Works - realiza reparos, conversões, sendo um dos líderes em reparos para a frota da Ásia. Mitsui Engineering and Shipbuilding Área de atuação: construção naval, área de energia, logística, projetos indústriais, mecatrônica e sistemas de reciclagem e proteção ambiental. NKK Área de atuação: construção naval e na produção de estruturas offshore. A linha de produtos inclui: Petroleiros e graneleiros Navios para LNG, LPG e ethileno Navios de passageiros Ferry boats para carros, catamarans, quebra-gelos, dragas e navios de pesquisa. Plataformas e navios de perfuração e produção Ishikawajima Shipyard Área de atuação: estruturas offshore, FPSO – navios de produção de petróleo, navios de guerra, dragas, toda a linha de navios mercantes, navio para recuperação de óleo derramado, petroleiros de casco duplo. Sumitomo / Oshima Shipbuilding Área de atuação: especializado na fabricação de navios graneleiros. Já fabricou 330 deles e entrega, regularmente, cerca de 20 graneleiros, ao ano, para armadores do mundo todo. 7.4. Coréia 7.4.1. Características gerais A construção naval na República da Coréia conta com 11 indústrias, reunidas na Associação de Construção Naval da Coréia (Korea Shipbuilders’ Association). A Coréia entrou na disputa do mercado internacional, na metade de 1970, com a fabricação de um petroleiro pela Samsung. Na metade dos anos 1980, a Coréia concentrava cerca de 30% do total das entregas de navios ao mercado internacional. Estaleiros do mundo inteiro entraram com representações internacionais alegando práticas injustas de comércio e excesso de subsídios. Os estaleiros da Coréia triplicaram sua capacidade, entre 1994 e 1996, apesar de saberem da existência de uma superoferta de capacidade de produção para uma demanda média, estabilizada em torno das 30 milhões de TPB / ano, de 1985 a 1995. O risco que a Coréia assumiu foi realizar a expansão e cortar drasticamente os preços para conquistar espaços num mercado onde, anteriormente, não tinha presença relevante. Em 1996, a Coréia entrou na disputa pelo mercado de navios e plataformas para a indústria de petróleo offshore, deslocando empresas americanas tradicionais e conquistando contratos nesse segmento. Essa tática rendeu cerca de US$ 300 milhões de dólares às empresas coreanas, segundo estimativas dos americanos. Os equipamentos offshore da Coréia chegaram ao Golfo do México, apesar dos elevados custos de transporte incorridos na conquista desses contratos. A principal acusação contra a Coréia é a de usar recursos do FMI para subsidiar as empresas de construção naval. 7.4.2. Tipos de embarcação A Coréia constrói navios do tipo: transportador de gás, Aframax, porta–container médio e grande, navio para perfuração de poço de petróleo e petroleiros VLCC e ULCC, graneleiros, plataformas para offshore. . 7.4.3. Políticas e Subsídios Os estaleiros da Coréia realizam um programa de indústrialização orquestrado e apoiado pelo Governo, visando acelerar o processo de indústrialização. A rápida conquista de relevantes parcelas do mercado deve-se a três fatores principais: apoio do governo para instalação e ampliação dos estaleiros, implantação de modernas unidades de produção usando experiências bem sucedidas e técnicas no estado da arte e escolha de operar no nicho de navios de grande porte, principalmente VLCC’s, que representam grande volume em termos de TPB produzida, sem necessariamente representar grande valor agregado. Para conquistar o mercado, ocorreram subsídios governamentais não declarados. A crise das economias asiáticas atingiu a economia da Coréia e expôs a fragilidade do sistema de subsídios, diante do orçamento fiscal sendo necessário recorrer aos recursos do FMI. 7.4.4. Sistema de alianças O sistema da Coréia apresenta pontos similares com sistema japonês e existe integração entre as empresas e seus negócios. A indústria de construção naval cria demanda na indústria siderúrgica e na rede de suprimentos, gerando um dinamismo indústrial próprio da indústria de bens de capital. A construção naval é vista como um projeto de longo prazo. Por isso, as empresas desconheceram o fato de que já existia a superoferta mundial. 7.4.5. Principais agentes 7.4.5.1. Estaleiros Cerca de 95% do total da construção naval estão concentrados nas 4 maiores empresas: Hyundai Heavy Industries; Daewoo Shipbuilding & Heavy Machinery; Samsung Heavy Industries e Hanjin Heavy Industries. Samsung Heavy Industries Co., Ltd. Área de atuação: transportador de gás, Aframax, porta–container médio e grande, navio para perfuração de poço de petróleo e petroleiros VLCC e ULCC. Hyundai Área de atuação: constrói a linha de navios graneleiros, petroleiros VLCC, porta-contêineres e plataformas para offshore. Trabalha com elevado nível de automação. Hanjin Heavy Industries Área de atuação: petroleiros VLCC de até 150 mil TPB e realizar a produção anual de 900 mil TPB. Navios fabricados pela Hanjin recebem, já há nove anos seguidos, prêmios da imprensa especializada sobre os melhores navios do ano. Opera a partir dos estaleiros Youngdo Shipyard, Ulsan Shipyard e Masan Shipyard. 7.5. Cingapura 7.5.1. Características Gerais Cingapura é um país emblemático do conjunto das economias emergentes batizadas como“Tigres Asiáticos”. Apresenta o fenômeno de ser um país pequeno onde a geração de poupança interna desafia a compreensão. Na pesquisa sobre a competitividade internacional do World Economic Forum, Cingapura ficou em 4o lugar, inserido no núcleo central da melhores economias do mundo, com os melhores fundamentos macro-econômicos, as melhores práticas governamentais e relevante aplicação de tecnologias. Até recentemente, a economia de Cingapura era alvo de um debate acadêmico sobre as origens do seu crescimento econômico (cerca de 8% durante mais de uma década); se era devido a geração de poupança interna, exclusivamente, ou se havia a contribuição de ganhos de produtividade. Recentemente o debate centrado na questão das medições encaminhou-se para um consenso, reconhecendo-se um aumento de produtividade de 2%, na década passada. Estaleiros de Cingapura estão presentes no Brasil (SembCorp / Keppel Fels e o Jurong), atraídos pela demanda da indústria de petróleo offshore, uma especialidade da construção naval daquele país. 7.5.2. Tipos de Embarcação Construção de plataformas de exploração e produção para águas rasas e profundas e a construção de navios especializados para a atividade offshore, incluindo reparos e conversões, reparos de petroleiros VLCC’s, plataformas offshore. 7.5.3. Políticas e Subsídios Com uma poupança interna mais que suficiente para capitalizar seus empreendimentos, as empresas de Cingapura contam, com certa facilidade, com acesso ao capital de risco. Mesmo assim, a estrutura societária, no país, tem 45% de participação do Estado, no total. Esta realidade indica que existe um grau de relação muito grande na estrutura produtiva, permitindo o desenvolvimento de ações coordenadas com facilidade. O fato de o país ter selecionado o segmento offshore para especializar sua construção naval indica uma elevada percepção das oportunidades, já que o Japão e a Coréia eram competidores na construção naval de grande porte, principalmente petroleiros VLCC. 7.5.4. Sistema de alianças Observa-se que existe a inclusão da construção naval em grandes conglomerados. Como as praticas governamentais são consideradas acima da média, essa opção indica um projeto em execução, ocupando mão-de-obra e formando recursos humanos, ocupando um nicho do mercado de alto valor agregado e com a demanda elevada. A aliança com a China coloca Cingapura como porta de entrada de um novo e pouco explorado ambiente de negócios. 7.5.5. Principais agentes 7.5.5.1. Estaleiros PPL Shipyards Private Limited Área de atuação: construção de plataformas de exploração e produção para águas rasas e profundas e a construção de navios especializados para a atividade offshore, incluindo reparos e conversões. Yantai Raffles Área de atuação: especializado no segmento offshore e trabalha 24 horas por dia, em turnos, todos os dias do ano. Sembawang Shipyard Área de atuação: mercado de reparos de petroleiros VLCC’s, desenvolvendo um procedimento indústrial e técnico para consertar as bases dos motores de grande porte que impulsionam esses navios gigantes Keppel FELS Energy & Infrastructure Ltd Área de atuação: pioneiro na construção de plataformas offshore. Jurong Consultants / JTC Corporation Área de atuação: É um grupo com atividades multidisciplinares que empreendem negócios em diversos setores, incluindo a construção naval. 7.6. China 7.6.1. Características gerais A China ocupa a terceira posição, depois do Japão e da Coréia, no ranking mundial dos países líderes na construção naval. Os fatores que afetam a China são: a crise das economias asiáticas diminuindo encomendas de navios; o ingresso na OMC e a adequação às regras do comércio mundial; o compromisso com os trabalhadores, dificultando a formação de preços competitivos. Uma nova estrutura de construção naval esta sendo criada na China, a China Shipbulding Trade Co., responsável pelos negócios internacionais, enquanto a produção fica sob o controle da China Shipbuilding Industry Association. O desenvolvimento da infra-estrutura foi entregue para empresas com controle do Estado mas funcionam dentro das regras do mercado, estas empresas passam para o governo toda a tecnologia de construção naval militar (para a Comissão de Ciência, Tecnologia e Indústria do Ministério da Defesa). A necessidade de importar peças equipamentos e alguns tipos de aço, encarece e torna menos competitiva a produção para o mercado internacional, outro fator são as licenças para uso de projetos e processos que devem ser pagas. Durante quase 80 anos, os estaleiros chineses produziram pouco, principalmente para atender a navegação fluvial interior. Em 1950, o regime comunista estatizou os estaleiros e iniciou um programa de expansão indústrial capaz de atender às necessidades de construção da frota mercante chinesa. Em 1970, com a abertura da economia da China, armadores de Hong Kong, interessados em estreitar laços com o continente, encomendaram navios graneleiros de 27 mil TPB, simples e básicos, aos estaleiros chineses. Em 1980, armadores europeus já haviam encomendado graneleiros, atraídos pelo preço baixo. Logo, os estaleiros começaram a produzir navios mais sofisticados. (Fonte: Paul Woodward diretor da consultoria Asian Strategies Ltd., sediada em Hong Kong) 7.6.2. Tipos de embarcação Petroleiros de até 250.000 TPB, graneleiros. 7.6.3. Políticas e Subsídios A China dava subsídios à exportação de navios, compensando diferenças de preço de até 17%. O grupo de trabalho da OMC à China identificou uma lista de subsídios proibidos, estabelecendo um prazo para sua eliminação que vai, em alguns casos, até 2003 e 2004. Mesmo assim, diversos membros do grupo de trabalho consideram que a lista obtida é incompleta. Foram identificados subsídios em diversas fases do processo de construção e aquisição de suprimentos, em diversos níveis do governo. 7.6.4. Sistema de alianças A China acredita que a indústria de navegação e construção naval, é um setor estratégico e portanto, deve ficar sob o controle do país (no momento do Estado). Diversos acordos e associações com empresas de outros países tem se tornado possíveis, visando à produção de equipamentos, peças, motores e equipamentos de comunicação na busca de maior qualidade e tecnologia. A indústria é do Estado e, portanto, protegida, acompanhada de perto e relacionada ao restante da estrutura produtiva e às empresas de transporte marítimo chinesas, que operam, internacionalmente, sem esquecer de atender às promessas feitas ao grupo de trabalho da OMC. A cuidadosa criação de novas parceiras visa a atender questões produtivas pontuais, como é o caso do empreendimento conjunto da China Ocean Shipping Corp. (COSCO) com a japonesa Kawasaki Heavy Industries, visando desenvolver um estaleiro de reparos, com investimentos de US$100 million, na província de Jiangsu. Outro exemplo é o investimento, com empresas de Cingapura, de uma unidade indústrial para produzir estruturas à indústria de petróleo, em Yantai, Província de Shandong. 7.6.5. Principais agentes 7.6.5.1. Estaleiros North Shipbuilding Group Área de atuação: constrói os Very Large Crude Carriers (VLCCs), petroleiros de até 250,000 TPB. South Shipbuilding Group - formado a partir do estaleiro Shanghai's Jiangnan, que, em 2000, terminou a construção do estaleiro, em Pudong, num investimento estimado em US$ 500 milhões, tornando-se o maior estaleiro chinês. 7.7. Brasil 7.7.1. Características Gerais O setor de petróleo e gás continuará a ser, nos próximos anos, um dos setores mais dinâmicos da economia nacional, indutor de crescimento indústrial e de geração de empregos de mão-de-obra qualificada. A ANP (Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustivel) precisa atuar em coordenação com outras áreas dos governos federal, estadual e municipal, visando, além da ampliação da produção do petróleo e da atividade de prospecção, promover o desenvolvimento científico e tecnológico em toda a cadeia produtiva do petróleo e do gás. Os investimentos na exploração de petróleo offshore estão promovendo uma retomada das atividades de fornecedores deste segmento. Até o momento é a Petrobrás a líder dos investimentos, com um plano estratégico que pretende transformá-la em uma empresa de energia, ancorada em investimentos na exploração de petróleo e gás. O foco é a exploração de petróleo offshore, fazendo-se necessários equipamentos e serviços associados ao segmento naval. No plano estratégico para o período 2000-2005, estavam previstos US$ 30 bilhões de investimentos, sendo 68% para a exploração e produção. Neste cenário, a indústria fornecedora de bens e serviços encontra amplas oportunidades, mas também ameaças. A Petrobrás já está necessitando de reparos e conversões e novas construções para a exploração e produção de petróleo. Neste sentido a indústria brasileira tem três desafios; 1realizar rápido processo de aprendizado; 2 – ampliar a participação no fornecimento de bens, serviços e tecnologia; 3 – enfrentar a concorrência de produtores não localizados no país. As plataformas encomendadas e já entregues não apresentam níveis de nacionalização altos. Entretanto existe uma disposição política de realizar encomendas à indústria local, desde que esse setor se prepare e reduza custos. No entanto, com apoio da ONIP (Organização Nacional da Indústria do Petróleo), a indústria local vem aumentando seu fornecimento. 7.7.2. Tipos de embarcação Navios gaseiros, petroleiros, FPSO’s, porta containers, módulos para plataformas de petróleo offshore, barcos de apoio offshore, navios de apoio tipo LH e PSV, barcos de pesca, rebocadores e empurradores, embarcações de laser e aplicação militar, reparo naval. 7.7.3. Políticas e Subsídios Os principais instrumentos de financiamento e fomento à marinha mercante e à construção naval são o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) e o Fundo de Marinha Mercante (FMM). Criados em 1958, continuam constituídos e legalmente disponíveis para essas indústrias. Um novo modelo de controle da arrecadação do AFRMM está implantado, na Secretaria de Transporte Aquaviário (STA), através do seu Departamento de Marinha Mercante (DMM). O novo modelo de gerenciamento utiliza convênios com a Secretaria da Receita Federal e com a rede bancária, através da Federação da Associação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), ampliando o recolhimento do adicional ao frete, por meio de uma função automatizada e operada pelos próprios usuários. Em julho de 2002 a ANP estava propondo ao BNDES a assinatura de um convênio entre as duas instituições, visando à troca de informações e ao desenvolvimento de estudos, já que o BNDES possui linhas de créditos como o Finame, agente operador dos recursos do Fundo de Marinha Mercante (FMM). A colaboração entre as duas instituições visa criar os instrumentos que poderão oferecer a contribuição necessária para o aumento da participação do fornecimento da indústria local. A Marinha Mercante e a Indústria de Exploração de Petróleo, efetivamente, conseguem isenção tributária e de impostos indiretos, na etapa de investimentos, beneficiando a Construção Naval e seus fornecedores. Para os armadores, ao se conseguir o Registro de Embarcação Brasileira (REB), são, de fato, conquistadas isenções tarifárias e fiscais para os insumos importados, utilizados na produção de embarcações no país. 7.7.4. Sistema de alianças Com pesada e negativa herança, bem conhecida do público em geral, a indústria naval está iniciando um processo de retomada das atividades, mas ainda sem contar com empreendedores de porte, capitalizados e integrados aos grandes conglomerados brasileiros. Nesta nova fase, as empresas em operação são de três tipos: 1. Alianças entre antigos donos de estaleiros, ex-executivos e técnicos, para atender demandas prementes de reparos e novas obras. Estão, nesta categoria a Promar / Mac Laren e a SNO / Mac Laren (recentemente a Mac Laren informou que pretende retomar as instalações usadas pela Promar, em 2004). 2. Arrendamento de estaleiros ou venda do fundo de comércio a empresas internacionais. Estão nessa categoria o arrendamento do Mauá pelo Jurong e do Verolme pelo Fels, ambos de Cingapura, e a venda do Promar ao Aker, da Noruega. 3. Empreendimentos na indústria naval, com pequeno investimento, para atender a contratos já existentes. Estão neste caso Emaq /Eisa (recentemente vendido ao Jurong), a Transnave, o SNO e a Superpesa, que embora registrada como estaleiro tem apenas unidade indústrial longe da orla marítima. 4. Estaleiros que produzem para empresas do grupo. Estão neste caso o Estaleiro Itajaí, construindo navios de transporte de gás para a controladora Metalnave, e o Wilson & Sons, estaleiro em Santos, que constrói rebocadores para a controladora do mesmo nome. 7.7.5. Principais agentes 7.7.5.1. Estaleiros Eisa -Estaleiro da Ilha É o antigo Emaq, foi adquirido pela Sequip, do empresário Nelson Tanure (ver a seguir) e depois vendido aos diretores. Mauá Operado pelo Mauá Jurong S.A., que tem 99,93 % do seu capital sob controle do Jurong Shipyard Inc, uma “venture company” com sede nas Bahamas. Essa empresa nas Bahamas, por sua vez, é controlada em 65% pelo Synergy Group e em 35% pelo Jurong Pte. Ltd., subsidiária integral do SembCorp Marine, com sede em Cingapura. Verolme / IVI Angra Arrendado ao Fels Settal, uma sociedade entre a Settal, com sede em São Paulo, e o grupo Keppel Fels, de Cingapura. O estaleiro foi adquirido pela Sequip, uma empresa controlada pelo empresário Nelson Tanure (depois adquiriu a Cia. Docas, criando a DocasNet e adquirindo o direito de uso da marca JB e seu conteúdo). adquiriu o Emaq, a Ishikawajima do Brasil e o Verolme. Vendeu o Emaq aos diretores. Consolidou o Verolme e o Ishi como Indústria Verolme-Ishikawajima, com estaleiros em Angra dos Reis e no Caju, no Rio de Janeiro, respectivamente. Este último está desativado; suas máquinas foram vendidas e o anteiro de obras vem sendo utilizado como depósito de containers. Apenas seu dique continua em operação, para fins de construção e reparo naval. Mac Laren O estaleiro da Ilha de Conceição, Niterói, está arrendado ao Promar, recentemente vendido ao Aker, em contrato com vigência pelos próximos anos. O estaleiro de Ponta da Areia, Niterói, foi, em parte, arrendado ao SNO. Mac Laren e SNO anunciaram recentemente a formação de um consórcio para atuar conjuntamente em reparo e construção naval, manifestando a intenção de retomar as instalações arrendadas a Promar. Itajaí Estaleiro Itajaí S/A, localizado em Santa Catarina, pertence à Metalnave S/A Comércio e Indústria (controlada pelo empresário Frank Wlasek). O Estaleiro Itajaí constrói os navios gaseiros usados pela Metalnave. Foi selecionado por armadores para construir barcos de apoio offshore. Enavi-Renavi O estaleiro Enavi-Renavi é o resultado da fusão de duas empresas de reparos navais, ocorrida em 1995. O estaleiro é controlado pelo Grupo Reicon, do Norte do país, cujas principais empresas são transportadoras de gás (Reicon), transportadoras de combustíveis (PetroAmazon), turismo (Funtur) e vale-refeição (AmazonCard).A conquista das encomendas da empresa De Lima, para a construção de navios de apoio tipo LH e PSV, lança o estaleiro no mercado de novas construções, além do reparo naval que é sua atividade tradicional. Este estaleiro integra os ativos de um grupo empresarial com interesses diversificados. Ebin-Teclabor Estaleiro em Niterói, RJ, que está sendo reativado, para atender as demandas dessa nova fase da construção naval. A massa falida foi adquirida pela Teclabor e vai especializar-se na construção de apoio marítimo. Caneco Indústrias Reunidas Caneco S/A, estava paralisado devido a dificuldades financeiras, foi arrendado para operar como pátio de armazenagem e a Superpesa arrendou instalações indústriais para construir dois navios de apoio do tipo LH, cujos contratos coma Petrobrás foram conquistados em recente licitação internacional. Inace Indústria Naval do Ceará S/A, produz navios de até 4.000 TPB, fabricava barcos de pesca, atualmente produz embarcações de lazer e de aplicação militar. Ebrasa Empresa Brasileira de Construção Naval S/A, localizada em Itajaí, constrói e faz reparos de embarcações de menor porte, barcos de pesca, rebocadores e empurradores. Pode construir barcos para apoio marítimo ao offshore. Sermetal Sermetal Rio Serviços Metalúrgicos Ltda., localizado em Niterói, tem capacidade de construir navios de até 10.000 TPB. Está produzindo módulos para plataformas de petróleo offshore. Transnave Transnave Estaleiro de Reparos e Construção Naval S/A, localizado na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, com capacidade de construir embarcações de apoio de pequeno porte para o setor offshore. 8. Estudo de caso: modelagem da indústria da construção naval O presente trabalho considera sete regiões como principais no cenário global da construção naval: Europa, Estados Unidos, Japão, Coréia, Cingapura, China e Brasil. A seguir, estão tabelados os principais dados colhidos a respeito das mesmas. 8.1. Tabelas descritoras das Regiões Países Tipos de navios produzidos Características do mercado: Dinamarca , Alemanha, Espanha, França, Itália, Holanda, Finlândia e Reino Unido Navios sofisticados para transporte de passageiros e carga,Navios militares Conversão e reforma de navios e estruturas para indústria de petróleo offshore. - A relação entre estaleiros e armadores é baseada em regras comerciais e de competição tradicionais; - A Europa conta com tradicional e eficiente rede de fornecedores para a construção naval, fornecendo aos Estados Unidos e alguns países da Ásia;. - As empresas de construção naval são do governo; - Mercado interno de embarcações menores muito dinâmico. Característica dos estaleiros Estaleiros sofrem limitações de espaço para a produção de alguns navios de grande porte. Ex. VLCC de 150 e 160 mil tpb. Características dos armadores: Cerca de 40% da frota mundial pertencem a empresas européias, possibilitando o fortalecimento do bloco econômico. Características do governo: Processos específicos: Governo é empreendedor. A atividade é considerada importante para os objetivos estratégicos. Nacionais Políticas que permitem que conglomerados paguem menos imposto de renda sobre lucros obtidos em indústrias eletrônicas ou de alimentos compensando perdas sofridas nas suas empresas de transporte marítimo e construção naval Características dos Construção de navios com maior valor agregado e com maior conteúdo tecnológico produtos: Tabela 1 - Tabela descritora Europa País Tipos de navios produzidos Características do mercado: Característica dos estaleiros: Características do governo: Processos específicos: Características dos produtos: Estados Unidos Navios a energia nuclear, Submarinos, Navios de guerra, Navios de assalto anfíbio LPD-17, Construção de barcaças, rebocadores, empurradores, navios e estrutura de petróleo offshore, navios de pesca e navios da Guarda Costeira. - A segurança nacional é fator determinante. - Necessidade de manter uma capacidade mínima de mobilização de frota (total de cargas transportadas por via marítima) para não perder a capacidade de responder a exigências em caso de guerra. - A indústria é beneficiada pelo mercado representado pela navegação interior (rios e lagos) e costeira que é protegido por legislação especifica. - Articulação de todos os setores para garantir a segurança nacional e a hegemonia do país. - Toda a operação marítima em território nacional seja realizada por empresas americanas, e operadas por americanos (Jones Act e Passenger Vessel Services Act). Apenas os 6 maiores estaleiros (Big Six), podem construir navios de guerra. Estaleiros com carreiras capazes de construir ou reparar navios de 122 metros e maiores. Criação de políticas e subsídios garantindo o crescimento da indústria. A atividade é considerada importante para os objetivos estratégicos nacionais. Exigência de frota mínima para a Segurança Nacional Indústria focada no processo de modernização e concentração Indústria é beneficiada pelo orçamento militar Indústria está mobilizada para defender a legislação de apoio ao setor Navios com alto nível tecnológico e de automação Tabela 2 - Tabela descritora dos Estados Unidos País Tipos de navios produzidos Características do mercado: Característica dos estaleiros: Características do governo: Processos específicos: Japão Navios de passageiros, Petroleiros, Graneleiros, Navios para transporte de produtos químicos, Navios para transporte de gás, Porta-contêineres, Submarinos, Navios especializados,de pesquisa oceanográfica e para colocação de cabos submarinos de comunicação e dutos, Catamarans, Dragas, Ferry boats para carros, Quebra-gelos, Plataformas, Navios de perfuração e produção - Capacidade mundial de construção naval superior à demanda. - Busca do equilíbrio entre oferta e demanda é o foco principal. - Menor ciclo do processo de decisão entre a necessidade da indústria e a emissão de uma medida de apoio do governo. - Exemplo de conglomerização, organização indústrial e de confiança mútua com a cadeia de fornecedores. Os estaleiros integram recursos gerenciais para criar firmes fundamentos operacionais. Mantém a mais ampla política de apoio e subsídios a suas indústrias e manter essas práticas cuidadosamente dissimuladas em decisões pontuais e resoluções, jamais explicitadas em legislação sujeita à análise internacional. Atualmente, com a proposta de um acordo amplo no bojo da OCDE, essas práticas podem se tornar mais claras e universais, para as indústrias de todos os países. Política de ampliar o entendimento com outras nações líderes na construção naval buscando uma cooperação internacional, evitando a guerra de subsídios do passado. Oferecer cooperação técnica a outros países. Os japoneses estão trabalhando na criação de um novo conceito e um novo produto para transporte de contêineres, o Techno Superliner (TSL), porta contêineres de alta velocidade e grande capacidade de carga, direcionado para o mercado de Hub Ports – portos concentradores e distribuidores de carga. Diversos estaleiros implantam portais na Internet para apoio de pós-venda. Existe um grupo (OCDE, Europa e Coréia) trabalhando para definir de regras para a competição internacional Características dos produtos: O TSL tem a limitação de ser mais caro que os navios do mesmo tipo tradicionais e ter um custo de manutenção mais elevado. Tabela 3 - Tabela descritora do Japão País Coréia Tipos de navios produzidos Navios do tipo: transportador de gás, Aframax , Porta–container médio e grande, Navio para perfuração de poço de petróleo, Petroleiros VLCC e ULCC, Graneleiros, Plataformas para offshore. Características do mercado: - A rápida conquista de relevantes parcelas do mercado deve-se a três fatores principais: apoio do governo para instalação e ampliação dos estaleiros, implantação de modernas unidades de produção usando experiências bem sucedidas e técnicas no estado da arte e escolha de operar no nicho de navios de grande porte, principalmente VLCC’s. - Mercado internacional alega práticas injustas de comércio e excesso de subsídios. - Valores da construção naval são de 13% a 14% mais baixos que os custos de produção. Característica dos estaleiros: Características do governo: Processos específicos: Os estaleiros da Coréia realizam um programa de indústrialização orquestrado e apoiado pelo Governo, visando acelerar o processo de indústrialização. Subsídios governamentais não declarados. Utilização de recursos do FMI para subsidiar as empresas de construção naval. Integração entre as empresas e seus negócios. A indústria de construção naval cria demanda na indústria siderúrgica e na rede de suprimentos, gerando um dinamismo indústrial próprio da indústria de bens de capital. A construção naval é vista como um projeto de longo prazo. Por isso, as empresas desconheceram o fato de que já existia a super-oferta mundial. Características dos produtos: Estado da arte para construção de navios de grande porte, principalmente VLCC´s, que representam grande volume em termos de TPB produzida, sem necessariamente representar grande valor agregado. Tabela 4 - Tabela descritora da Coréia País Tipos de navios produzidos: Cingapura Plataformas de exploração e produção para águas rasas e profundas Construção de navios especializados para a atividade offshore Reparos e conversões, reparos de petroleiros VLCC’s, plataformas offshore. Características do mercado: Melhores fundamentos macroeconômicos, melhores práticas governamentais e relevante aplicação de tecnologias. Uma das melhores economias do mundo. Grande geração de poupança interna Aliança com a China coloca Cingapura como porta de entrada de um novo e pouco explorado ambiente de negócios Característica dos estaleiros: Os estaleiros da Cingapura estão presentes no Brasil, atraídos pela demanda da indústria de petróleo offshore uma especialidade da construção naval daquele país. Os estaleiros especializaram-se no segmento offshore. Estaleiros trabalham 24 horas por dia em todos os dias do ano. Características do governo: A estrutura societária, do país, tem 45% de participação do Estado. Processos específicos: Praticas governamental acima da média, existe um projeto em execução, ocupando mão-de-obra e formando recursos humanos, ocupando o nicho do mercado de alto valor agregado e com demanda elevada. Cingapura tem limitações físicas importantes para sua expansão, gerando a necessidade de se instalar em outros países. Características dos produtos: Especializada em navios de grande porte do segmento offshore. Tabela 5 - Tabela descritora da Cingapura País Tipos de navios produzidos China Petroleiros de até 250.000 TPB, Very Large Crude Carriers (VLCCs) Graneleiros Navios especiais para transporte de gás Características do mercado: - Desde 1980, a exportação de navios é uma das fontes de receita em moeda forte. - Ocupa a terceira posição no ranking mundial dos países líderes na construção naval. - Crise da economia asiática diminui as encomendas de navios - O compromisso com os trabalhadores dificulta a formação de preços competitivos. Característica dos estaleiros: Estaleiros importam peças, equipamentos e até mesmo alguns tipos de aço, visando manter os navios de exportação no padrão desejado pelos armadores. Características dos armadores: Os armadores de Hong Kong encomendaram navios graneleiros de 27 mil TPB, simples e básicos. Características do governo: Armadores europeus encomendaram navios graneleiros, atraídos pelos preços baixos O Estado tem o controle sobre a indústria de navegação e construção naval por ser considerada uma indústria estratégica. A indústria é acompanhada de perto e protegida pelo Estado. Processos específicos: A China dava subsídios à exportação de navios, compensando diferenças de preço de até 17%. O grupo de trabalho da OMC à China identificou uma lista de subsídios proibidos, estabelecendo um prazo para sua eliminação que vai, em alguns casos, até 2003 e 2004. Mesmo assim, diversos membros do grupo de trabalho consideram que a lista obtida é incompleta. Foram identificados subsídios em diversas fases do processo de construção e aquisição de suprimentos, em diversos níveis do governo. Licenças para uso de projetos e processos, muitos deles desenvolvidos pelos japoneses, devem ser pagas. Características dos produtos: A necessidade de importar equipamentos, e peças encarece o produto. Produção de navios de maior valor tecnológico. Produção de navios mais sofisticados Tabela 6 - Tabela descritora da China País Brasil Tipos de navios produzidos Navios gaseiros, Petroleiros, FPSO’s, Porta containers, Módulos para plataformas de petróleo offshore, Barcos de apoio offshore, Navios de apoio tipo LH e PSV, Barcos de pesca, Rebocadores e empurradores, Embarcações de laser, Embarcações de aplicação militar, Reparo naval. Características do mercado: - O foco é a exploração de petróleo offshore, fazendo-se necessários equipamentos e serviços associados ao segmento naval. Característica dos estaleiros: A indústria naval está iniciando um processo de retomada das atividades, mas ainda sem contar com empreendedores de porte, capitalizados e integrados aos grandes conglomerados brasileiros Características dos armadores: Os armadores, ao conseguir o Registro de Embarcação Brasileira (REB), conquistam isenções tarifárias e fiscais para os insumos importados, utilizados na produção de embarcações no país. Características do governo: Governo é empreendedor Processos específicos: Os investimentos na exploração de petróleo offshore estão promovendo uma retomada das atividades de fornecedores deste segmento. A atividade é considerada importante para os objetivos estratégicos nacionais A indústria brasileira enfrenta três grandes desafios: 1 - realizar rápido processo de aprendizado; 2 - ampliar a participação no fornecimento de bens, serviços e tecnologia; 3 - enfrentar a concorrência de produtores não localizados no país. Características dos produtos: Objetivos possíveis: A Marinha Mercante e a Indústria de Exploração de Petróleo, efetivamente, conseguem isenção tributária e de impostos indiretos, na etapa de investimentos, beneficiando a Construção Naval e seus fornecedores. Para os armadores, ao se conseguir o Registro de Embarcação Brasileira (REB), são, de fato, conquistadas isenções tarifárias e fiscais para os insumos importados, utilizados na produção de embarcações no país. - manter-se no mercado - novos contratos Tabela 7 - Tabela descritora do Brasil (Parte I) País Estratégias possíveis: Brasil - menores preços - alta tecnologia, automação das embarcações, informatização dos processos e projetos - prazos menores para entrega - políticas e subsídios - Padronização da embarcação - Custos mais baixos - Pontualidade na entrega - Suportar pressões competitivas - Estratégias de negócio Objetivos possíveis: Estratégias possíveis: - Capacitação da mão-de-obra - exploração comercial das embarcações - aquisição de grandes volumes - poder de negociação - influência sobre políticas governamentais - manter elevada a taxa de utilização da capacidade de produção dos estaleiros - total informação sobre a demanda, preços reais de mercado e custos dos fornecedores Objetivos possíveis: Obter uma parcela do mercado para construção de embarcações Estratégias possíveis: Receber subsídios Levar nova capacidade para o mercado Objetivos possíveis: - Obter uma parcela do mercado para exploração comercial de embarcações Estratégias possíveis: Levar nova capacidade para o mercado Observar o mercado Tabela 8 - Tabela descritora do Brasil (Parte II) 8.2. Tabelas descritoras dos Tipos de Agentes Agentes Objetivos possíveis Estaleiros Estabelecidos - manter-se no mercado - novos contratos Estratégias possíveis - menores preços - alta tecnologia, automação das embarcações, informatização dos processos e projetos - prazos menores para entrega - políticas e subsídios - padronização da embarcação - custos mais baixos - pontualidade na entrega - suportar pressões competitivas - estratégias de negócio - capacitação da mão-de-obra Tabela 9 - Tabela dos estaleiros estabelecidos Agentes Objetivos possíveis Estratégias possíveis Armadores Estabelecidos - exploração comercial das embarcações - aquisição de grandes volumes - poder de negociação - influência sobre políticas governamentais - manter elevada a taxa de utilização da capacidade de produção dos estaleiros - total informação sobre a demanda, preços reais de mercado e custos dos fornecedores Tabela 10 - Tabela dos armadores estabelecidos Agentes Objetivos possíveis Estaleiros entrantes potenciais - obter uma parcela do mercado para construção de embarcações - receber subsídios Estratégias possíveis - levar nova capacidade para o mercado Tabela 11 - Tabela dos estaleiros entrantes potenciais Agentes Objetivos possíveis Estratégias possíveis Armadores entrantes potenciais s - obter uma parcela do mercado para exploração comercial de embarcações - levar nova capacidade para o mercado - observar o mercado Tabela 12 - Tabela dos armadores entrantes potenciais 9. Conclusão Esta monografia apresentou um estudo da indústria global da construção naval e o início de sua modelagem conceitual baseada em agentes. Foi realizado um estudo da área de agentes e sistemas multiagentes. Foram apresentadas as principais noções de organização de sistemas multiagentes e analisadas as principais metodologias de modelagem conceitual baseada em agentes. A indústria global da construção naval foi caracterizada em termos dos principais tipos de agentes que a compõem e das regiões do globo em que esses agentes se encontram concentrados. As principais características operacionais dessas regiões foram identificadas, assim como os principais objetivos, estratégias e ações decisivas que costumam ter os agentes dessas diversas regiões. Um modelo semi-estruturado da indústria global da construção naval foi apresentado como estudo de caso de modelagem conceitual baseada em agentes. Esse modelo semi-estruturado pode servir de base para futuros modelos formais e, também, para sistemas experimentais capazes de permitir a definição e a animação de funcionamentos simulados da indústria global da construção naval. 10. Bibliografia [1] Bond, A. H.; Gasser, L. Readings in distributed artificial intelligence. San Mateo: Morgan Kaufmann, 1988. [2] Costa, A. C. R – Introduzindo Níveis Micro e Macro-Organizacionais no Modelo População-Organização de Sistemas Multiagentes. Escola de Informática/PPGINF – UCPEL. [3] Demazeau,Y.; Costa, A. C. R. – Populations and Organizations in Open Multi-agent Systems. In: PROCEEDINGS OF THE i National Symposium on Parallel and Distributed AI (PDAI’96), 1996, Hyderabad, Índia. [4] Esteva, Marc; Cruz, David de la; Sierra, Carles. ISLANDER: na Eletronic Institutions Editor]. [5] Fadda, Eliane A. , Construção Naval - Uma Indústria Global As Estratégias para Retomada do Crescimento. Sobena, DMM/STA/MT. [6] Ferraz, João C.; Leão, Ivan; Santos, Renato L C; Portela, Luiz Mauricio. Estudo da Competitividade de Cadeias Integradas no Brasil: Impactos das zonas de livre comércio. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia. Campinas, Brasil, 2002. [7] Frigo, Luciana; Pozzebon, Eliane; Bittencourt, Guilherme. O Papel dos Agentes Inteligentes nos Sistemas Tutores Inteligentes. World Congress on Engineering and Tecnology Education. 2004, São Paulo, Brasil. [8] Hubner, J.F. – Um Modelo de Reorganização de Sistemas Multiagentes. Tese Doutorado – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais. São Paulo. 2003. [9] Huhns, Michael N.; Stephens, Larry M. Multiagent Systems and Societies of Agents. In: Weiss, Gerhard (Ed.).Multiagent Systems – Amodern Approach. [S.l.]: MIT Press, 1999. [10] Scientific, 1994. Jennings, N. R. “Cooperation in Indústrial Multi-agent Systems”, World [11] Jennings, Nicholas R. Coordination Techniques for DAI. In: O’hare, Greg; Jennings, Nicholas (Eds.). Foundations of distributed artificial intelligence. [S.l.]: John Wiley and Sons, 1996 [12] Juchem, M.R. Bastos. “Projetando Sistemas Multiagentes em Organizações Empresariais”. XVI Simpósio Brasileiro de Engenharia de Software, Brasil 2002. [13] Kingston, John K.C.; Doheny, Jim G.; Filby, Ian M. Evaluation of workbenches which support the CommonKADS methodology. Artificial Intelligence Applications Institute, University of Edinburgh,University Edinburgh, Edinburgh, 1996. [14] Kingston, John; Shadbolt, Nigel; Tate, Austin. CommonKADS Models for Knowledge Based Planning. Artificial Intelligence Applications Institute, University of Edinburgh.Edinburgh, United Kingdom. [15] Luck, Michael; Ashri, Ronald; d’Inverno, Mark: Agent-Based Software Development. Artech House Computing Library, 2004. [16] Lux, A.; Steiner, D. Understanding cooperation: an agent’s perspective. In: PROCEEDINGS OF THE INTERNATIONAL CONFERENCE ON MULTI-AGENT SYSTEMS, 1995, Menlo Park, San Francisco. Anais. . .AAAI Press, 1995. [17] Moulin, Bernard; Chaib-draa, Brahim. An Overview of Distributed Artificial Intelligence. In: O’HARE, Greg; Jennings, Nicholas R. (Eds.). Foundations of distributed artificial intelligence. [S.l.]: John Wiley and Sons, 1996. [18] Nikraz, Madig; Caire, Giovanni; Bahri,A. Parisa. A Methodology for the Analysis and Design of Multi-Agent Systems using JADE. School of Engineering Science and Parker Center, Murdoch University,Rockingham, Australia. Telecom Italia Lab, Turin, Italy. [19] Russel, Stuart; Norvig, Peter. Artificial Intelligence . Elsevier Editora [20] Schreiber, A.T., Wielinga, B.J., & Van de Velde, J.M.A.W. (1994). Ltda, 2004 CommonKADS: A comphehensive methodology for KBS development. Deliverabel DM1.2ª KADS-II/M1/RR/UvA/701.1, University of Amsterdam, Netherlands [21] Weih, Hans-Peter; Schü, Joachim; Calmet, Jacques. CommonKads and Cooperating Knowledge Based Systems. Institut für Algorithmen und Kognitive Systeme. Unisersity of Karlsruhe, 1994. [22] Wooldridge, Michael; Jennings, Nicholas R.; Kinny, David. The Gaia Methodology for Agent-Oriented Analysis and Design. Journal of Autonomous Agents and Multi-Agent Systems, v.3, n.2000, 2000. [23] Wooldridge, M.; Jennings, N. R., Kinny, D. A methodology for agent- oriented analysis and design. In: O. Etzioni, J. P. Muller, and J. Bradshaw, editors: Agents '99: Proceedings on.. Autonomous Agents, Seattle, WA, 1999. [24] .Zambonelli, N.R. Jennings, M. Wooldridge. “Developing Multiagent Systems: The Gaia Methodology”, ACM Transactions on Software Engineering and Methodology, vol. 12, No. 3, July 2003, pp. 317-370.