sinais psicofisiológicos e vocais de ativação por stress no
Transcrição
sinais psicofisiológicos e vocais de ativação por stress no
1 MARIA APARECIDA BERNARDO CAVALCANTI COELHO SINAIS PSICOFISIOLÓGICOS E VOCAIS DE ATIVAÇÃO POR STRESS NO TELEJORNALISMO AO VIVO UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 2002 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE PSICOLOGIA DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA SOCIAL E DO TRABALHO 2 SINAIS PSICOFISIOLÓGICOS E VOCAIS DE ATIVAÇÃO POR STRESS NO TELEJORNALISMO AO VIVO Candidata: Maria Aparecida Bernardo Cavalcanti Coelho Orientador: Prof Dr. Esdras Guerreiro Vasconcellos Tese apresentada à Comissão de Pós Graduação do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Psicologia – Área de concentração Psicologia Social e do Trabalho COMISSÃO JULGADORA ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________ Defesa - 2002 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE PSICOLOGIA DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA SOCIAL E DO TRABALHO 3 SINAIS PSICOFISIOLÓGICOS E VOCAIS DE ATIVAÇÃO POR STRESS NO TELEJORNALISMO AO VIVO Orientador: Profº Dr. Esdras Guerreiro Vasconcellos Orientanda: Maria Aparecida Bernardo Cavalcanti Coelho Tese apresentada à Comissão de Pós Graduação do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Psicologia – Área de concentração Psicologia Social e do Trabalho São Paulo 2002 4 Aos meus pais, Hércules e Cacilda À Jonas À Thales e Thomas 5 AGRADECIMENTOS AGRADEÇO Ao prof° dr Esdras Guerreiro Vasconcelos, por me receber, mais uma vez, como sua orientanda e por seu carinho, confiança e incentivo sem limites durante todo o percurso do trabalho. À profª dra Mara Behlau, pelas sugestões durante o Exame de Qualificação e por sua disponibilidade, presteza e carinho no auxílio, sempre que solicitei. À profª dra Leny Kyrillos, pelas sugestões durante o Exame de Qualificação e por me receber tão carinhosamente na Central Globo de Jornalismo. Às fonoaudiólogas Débora Feijó, Ana Cristina Gama, Mara Bonora e Maria Lucia Torres, pela gentil participação como juízes na avaliação perceptivo-auditiva das vozes. Às fonoaudiólogas Gisele Gasparini análise acústica da voz. e Samira Schneider Matheus, pela colaboração na etapa de Ao jornalista Ivan Renato Rodrigues, editor regional da TV Tribuna Santos pela consultoria na área de telejornalismo, e por facilitar o meu acesso aos sujeitos, tanto na TV Tribuna, quanto na TV Globo. À jornalista Carmem, Chefe de Reportagem na TV Globo SP por sua alma amiga e generosa, e por ter facilitado enormemente o meu trabalho no período de coleta de dados. Ao prof° Luis Heraldo Braga de Oliveira, pela consultoria na área de estatística. À profª Kátia Patela, pela consultoria na área de Língua Portuguesa. À Jean e Cláudio, pelo apoio técnico no estúdio de áudo da TV Tribuna, onde foram realizadas as edições das vozes em minidisks. À CRIESP, pelas análises bioquímicas de cortisol. Às fonoaudiólogas Luciana Azevedo Rajabaly e Mônica Faim, pela amizade, carinho e sugestões À Kate, pelo auxílio na área de informática A todos os jornalistas que gentilmente participaram como sujeitos da pesquisa. A todos os jornalistas que não participaram como sujeitos, assim como cinegrafistas e outros técnicos dos quais recebi inúmeras sugestões e depoimentos que me ajudaram a encaminhar o experimento e compreender seus resultados e implicações. À FAPESP cujo apoio foi fundamental para o desenvolvimento desta pesquisa. 6 COELHO, Maria Aparecida B.C. – Sinais psicofisiológicos e vocais de ativação por stress no telejornalismo ao vivo. São Paulo, 2002, 247p. Tese (Doutorado) Instituto de Psicologia da USP RESUMO O objetivo da presente pesquisa foi investigar a influência da tarefa de falar ao vivo sobre a freqüência cardíaca, os níveis de cortisol, e a voz de jornalistas que trabalham em televisão. Pretendeu-se, paralelamente, traçar um perfil de avaliação subjetiva do stress que tal tarefa representava para os sujeitos. Para tanto, foram obtidas medidas objetivas de freqüência cardíaca, de cortisol e de voz durante uma situação real de atividade ocupacional, através do monitoramento do período em que repórteres e apresentadores se utilizavam da fala ao vivo e também o momento que antecedeu e sucedeu tal período. Os resultados revelaram que há mobilização fisiológica, indicativa de ativação por stress, a partir da tarefa de falar ao vivo, a qual é expressa pela alteração significante dos valores dos parâmetros investigados. Os resultados também indicaram que essas alterações acontecem de forma diferente , de acordo com a situação de trabalho dos sujeitos, isto é, a atividade cardíaca e vocal de repórteres no link é mais intensa do que a de apresentadores. Esta mobilização, comparável à mobilização existente em algumas atividades físicas, é um retrato de como se processa fisiologicamente o enfrentamento de uma tarefa comunicativa profissional habitual. Acreditamos poder fornecer alguns subsídios para compreensão dos custos somáticos de uma atividade profissional, cuja categoria tem um índice de morbi-mortalidade alto relacionado a problemas cardiovasculares. 7 SUMÁRIO I. Introdução....................................................................................... II. Revisão de literatura.................................................................. a. Stress............................................................................................... b. Dimensão fisiológica...................................................................................... 1. mecanismo neuroendocrinológico do stress...................................................... 2. função da medula da supra-renal ...................................................................... 3. função do córtex da suprarenal......................................................................... 4. cortisol ................................................................................................................ 5. cortisol e saliva ................................................................................................. 6. vantagens e desvantagens da utilização da saliva para dosagens de cortisol... b. Dimensão psicológica..................................................................................................... c. Dimensão social................................................................................................ d. Fases do stress............................................................................................................... III. Voz................................................................................................... a. Considerações básicas............................................................................................... b. Processo de produção da voz ................................................................................... c. Anatomia e fisiologia laríngea .................................................................................... d. Psicodinâmica Vocal .................................................................................................. e. Considerações sobre a avaliação da voz................................................................... 8 V. Telejornalismo..................................................................................... a. Breve história do telejornalismo...................................................................................... b. Características do trabalho no jornalismo televisivo....................................................... c. Funções básicas e requisitos do repórter de televisão................................................... d. Stress no telejornalismo ................................................................................................. e. Tarefa diária do jornalista que está no vídeo ................................................................. f. Características das emissoras que participaram da pesquisa........................................ VI. Objetivo................................................................................... VII. Metodologia............................................................................. a) Amostra b) c) d) e) ............................................................................................................................ .. Materiais e instrumentos..................................................................................................... Procedimento da coleta de dados....................................................................................... Abordagem detalhada......................................................................................................... Escolha das provas estatísticas.......................................................................................... VIII. Resultados............................................................................... a. Parte 1................................................................................. 1) Variáveis demográficas......................................................................................... • Idade................................................................................................ • Sexo......................................................................................................... .. • Tempo de profissão.................................................................................... • Tempo na função........................................................................................ • Experiência prévia .................................................................................... 3) Apresentação em nível geral – amostra total....................................................... • Variáveis fisiológicas .................................................................................... o Freqüência cardíaca....................................................... o Cortisol.......................................................................... .. 9 o o o Voz masculina................................................................. Voz feminina................................................................... Presença de maior pico de valor no momento ao vivo... • Variáveis psicológicas.................................................................................... o Situacionais................................................................... .. o Estruturais ....................................................................... c. Parte 2 ................................................................................ Apresentação em nível específico ....................................................................... i. Variáveis fisiológicas............................................................................... 1. Freqüência cardíaca................................................................. 2. Cortisol................................................................................... 3. voz............................................................................................ 2. variáveis psicológicas............................................................................. 1. nível situacional ................................................................. 1. 1. ansiedade-estado................................................. 3. nível de stress geral.............................................. 5. nível de stress antes............................................ 7. nível de stress depois........................................... 9. nível de satisfação com a performance................ 2. nível estrutural............................................................................... a. sintomas de stress........................................................ c. comportamento Tipo A ................................................. IX. Discussão............................................................................. X. Conclusão............................................................................ XI. 10 XII. Referências Bibliográficas................................................. XIV. Anexos................................................................................. Protocolo de caracterização da amostra.......................................................... 3. Protocolo de Avaliação da Emissão Profissional............................................. 5. Protocolo de Avaliação da Presença/Ausência de alterações nos 3 parâmetros em relação ao tempo..................................................................................................... 7. Avaliação Perceptivo auditiva da emissão ao vivo em telejornalismo 9. Protocolo STAI – State-Trait Anxiety Inventory………………………………… 11. Protocolo NSA – Nível de Stress Atribuído ................................................... 13. Protocolo NSP – Nível de Satisfação com a peformance ............................... 15. Protocolo LSS – Lista de Sintomas de Stress................................................. 17. Protocolo BEPATYA – Behavior Patterns Type A…….................................... 19. Termo de Consentimento ............................................................................... 21. Resultado análise estatística (Freqüência Máxima, Mínima e Extensão Melódica em Semitons)................................................................................................................ 1. XIII. XV. 11 PREFÁCIO O presente trabalho contempla prioritariamente o tema psicofisiologia do stress1, focado sob o prisma da psicologia do trabalho. Ao investigar os efeitos do stress sobre a voz, estabelece uma interface entre a psicologia e a fonoaudiologia. E ao tomar como sujeitos de pesquisa, profissionais da área de jornalismo, aborda também o tema saúde ocupacional Dessa forma sua temática bem como seu modelo experimental tem uma característica multidisciplinar. Aliás, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade representam uma preocupação conceitual da psiconeuroimunologia, conforme ela vem sendo desenvolvida no Brasil (VASCONCELLOS, 2000) A apresentação do trabalho obedece à ordem tradicional, ou seja, os capítulos iniciais se prestam a fundamentação teórica, os seguintes à apresentação dos objetivos gerais e específicos deste estudo e à descrição do modelo experimental. Finalmente, os últimos capítulos apresentam os resultados obtidos, seguidos de discussão e conclusão. Entretanto, para facilitar o entendimento de temas específicos das três áreas (psicologia, fonoaudiologia e telejornalismo), , foram elaborados três capítulos complementares. São eles: STRESS, VOZ E PSICODINÂMICA VOCAL e TELEJORNALISMO. Pretendemos, assim, propiciar uma compreensão mais abrangente do significado e das implicações da presente pesquisa. 1 Optou-se, no presente trabalho pela utilização da nomenclatura internacional para a grafia das palavras stress e coping, As palavras delas derivadas serão apresentadas em sua forma aportuguesada (estressor, estressasnte, etc) 12 INTRODUÇÃO O processo psicofisiológico de stress é complexo e envolve ações neuroendócrinas e psicológicas. O senso comum acostumou-se a associá-lo apenas a eventos de vida negativos e desgastantes. Entretanto, eventos positivos (nascimento de filhos, promoção no emprego, casamento, férias, etc) são também geradores do mesmo processo. Dessa forma, o mecanismo psico-neuroendocrinológico gerado pelo stress não aparece somente em situações ruins, mas, pelo contrário, está presente e pode até contribuir para que muitas de nossas ações sejam bem-sucedidas. Seja por sua capacidade de impulsionar algumas de nossas ações, seja por seu custo somático, esse mecanismo psiconeuroendocrinológico tem despertado o interesse de inúmeros pesquisadores em diversas áreas do conhecimento . Por ser um tema bastante abrangente, tem permitido o desenvolvimento de diferentes formas de investigação. Uma delas é a que analisa os efeitos de situações de stress sobre o sistema neuroendócrino e imunológico e ainda sobre o sistema cardiovascular LARSON, ADER & MOYNHAN (2001). Para investigar os efeitos do stress sobre tais sistemas, inúmeras pesquisas têm sido desenvolvidas. A finalidade principal de grande parte delas é avaliar o impacto fisiológico que alguns estímulos psicológicos podem desencadear no organismo. Por influência do paradigma das ciências biológicas, as pesquisas sobre stress e seu impacto psicofisiológico têm se caracterizado, na esmagadora maioria dos casos, por pesquisas que induzem stress em laboratório. BORKOVEC; WALL & STONE (1974) GIESEN & MCGLYNN (1977KNIGHT & BORDEN (1979) DIMSDALE & MOSS (1980a). DIMSDALE & MOSS (1980bANDERSON & BORKOVEC (1980), THOMAS; LYNCH; FRIEDMANN; SUGINOHARA; HALL & PETERSON (1984), MATTHEWS, MANUCK & SAAB (1986) BASSET; MARSHALL & SPILLANE (1987), BOLM-AUDORFF; SCHWAMMLE; EHLENZ & KAFFARNIK (1989) BORKOVEC & SENQI (1990) KIRSCHBAUM, WÜST & HELLHAMMER (1992). Tais pesquisas conseguem isolar as variáveis experimentais de maneira bastante satisfatória e ainda ter um controle metodológico exemplar, o que facilita a generalização de seus achados. Não obstante a inegável contribuição desse modelo de pesquisa, alguns autores têm apontado para as limitações impostas por ele, as quais inviabilizam uma avaliação que considere os aspectos psicológico e social (HOLROYD & LAZARUS, 1982; ABSI et al 1997). Dessa forma, apesar de confiáveis, os resultados obtidos apresentam validade dentro do contexto experimental, mas não permitem uma aproximação com o 13 contexto de vida real e, portanto, impõem sérias limitações à discussão do tema saúde x doença nas pesquisas de stress. Nos últimos anos, tem crescido o número de pesquisadores interessados em aproximar os estudos de psiconeuroendocrinologia das situações onde elas de fato acontecem (HOLROYD & LAZARUS, 1982; ABSI et al, 1997). Evidentemente, as dificuldades metodológicas são maiores, porém a riqueza dos achados parece compensá-las. Há inúmeros locais onde as situações de stress acontecem. O ambiente de trabalho na sociedade ocidental, por exemplo, aparece citado por vários autores como um ambiente propício ao desenvolvimento de algumas doenças relacionadas ao stress, na medida em que disponibiliza ao indivíduo um contato próximo e diário com a necessidade de empenho constante, com a urgência de atingir metas cada vez mais altas em períodos de tempo cada vez mais curtos, com o desafio permanente. Esses são ingredientes essenciais ao desenvolvimento, sobretudo de doenças cardiovasculares (ROSENMAN & CHESNEY, 1982; KRANTZ & RAISEN, 1988; CARRUTHERS, 1982) . O mundo moderno favorece o surgimento, cada vez mais de segmentos profissionais com esse perfil. A categoria profissional dos jornalistas, por exemplo, reúne estas e outras características bastante peculiares relacionadas ao stress, tanto do ponto de vista negativo quanto do positivo. Do ponto de vista positivo, verifica-se que há um perfil de personalidade (idealizado ou real) que acompanha o jornalista típico: é arrojado, determinado, capaz de desenvolver múltiplos projetos e, em alguns casos, há um carisma evidente que realça suas produções jornalísticas. Podemos supor que tal realce seja resultante de uma ativação positiva de stress, ou eustress. Do ponto de vista negativo do stress, ou distress, observa-se que a adesão irrestrita a esse perfil ideal implica uma intensa dedicação, com clara repercussão na vida pessoal do repórter. É considerada básica, por exemplo, a disponibilidade integral ao jornalismo. O jornalista “deve estar disponível 24 horas por dia, sempre atento a um fato que pode se tornar notícia. Esta é uma atitude considerada profissional, no meio jornalístico” (PRADO, 1996). Algumas das conseqüências, a médio e longo prazo, desse tipo de comportamento são descritas em pesquisas recentes as quais apontam um alto índice de doenças relacionadas ao stress e à morte precoce entre jornalistas, considerados independentemente do veículo para o qual trabalham (AGUIAR, 1996; TRAVANCAS,1993). Entre as características inerentes ao próprio trabalho, destaca-se a pressão de tempo como a mais perversa para o jornalismo diário. Adicionam-se a tais características a competitividade e a insegurança no emprego, o que leva esses profissionais a uma convivência diária com stressores bastante nocivos, como a irregularidade nos horários de trabalho (alternância nas escalas de trabalho), que implicam irregularidades na alimentação e no sono, e a necessidade de executar o trabalho com o máximo de precisão e acerto no menor tempo possível. 14 Essa é a realidade também do jornalista que trabalha numa emissora de televisão, mas, nesse caso, a pressão do tempo é ainda maior, na medida em que o imediatismo obriga-a a procurar ser sempre o primeiro veículo a transmitir uma notícia importante. O jornalista que exerce a função de repórter televisivo, portanto, está sujeito a todos os stressores relacionados anteriormente e a alguns outros adicionais, sobretudo se tem a tarefa de falar ao vivo durante uma entrada (link) ou apresentar um telejornal. Nesse caso, ele sabe que precisa ser claro e objetivo na elaboração de sua comunicação, criativo na organização das idéias, correto e fidedigno com os fatos e que deve errar o mínimo possível, uma vez que sua performance final é de sua responsabilidade e risco .Assim, falar ao vivo torna-se, na maioria das vezes, uma tarefa que requer algum treinamento prévio. Ou seja, jornalistas iniciantes dificilmente são expostos a responsabilidade de falar ao vivo, sendo esta uma tarefa, preferencialmente, restrita a profissionais com algum treinamento. Por outro lado, além dessas fontes internas geradoras de stress, na situação ao vivo o jornalista é submetido a inúmeras outras pressões que fogem ao seu controle (cobranças de sua chefia, adversidades técnicas relacionadas ao ambiente do link ou aos entrevistados e, sobretudo, à contínua pressão de tempo – dead-line) . Essas pressões externas configuram o que se denomina fontes externas geradoras de stress. Como se vê, o dia-a-dia de um repórter que tem atuações ao vivo no vídeo, não obstante pareça tão glamourosa ao telespectador, reserva inúmeros confrontos com situações bastante adversas. Nos dias atuais, estes confrontos tendem a aumentar, na medida em que no telejornalismo moderno não há espaço para telejornais pré-gravados. A tendência hoje, é colocar o jornal no ar da forma mais palpitante possível , refletindo, com a maior veracidade, o “calor” dos fatos. E isso só é possível apresentando-se o telejornal ao vivo e com um grande número de entradas também ao vivo. No entender dos editoreschefes, o jornal fica mais atraente, mais emocionante. Mas a emoção que toca o telespectador carrega consigo parte da emoção de quem está inevitavelmente refletindo o seu próprio envolvimento a cada palavra articulada: o jornalista que empresta sua imagem e sua voz ao vídeo. . Isso fica bastante evidente, quando observamos na prática clínica que, apesar de ser uma tarefa tão corriqueira, a comunicação oral de um jornalista demanda uma preparação e ativação que extrapola os limites dos órgãos fonoarticulatórios. Acreditamos, por um lado, que tal envolvimento seja positivo tanto para o jornalista quanto para sua chefia e ainda para o telespectador. Por outro lado, cremos também que esse envolvimento, se intenso ou prolongado, possa ter um custo somático alto ao jornalista. As pesquisas relatadas anteriormente apontam para isso. Procurando acompanhar a tendência atual de aproximar as investigações sobre psiconeuroendocrinologia do contexto psico-social onde os fatos ocorrem, e ao mesmo tempo buscando contemplar o ambiente de trabalho como potencial gerador de doenças, pretendemos na presente pesquisa, monitorar o funcionamento psicofisiológico ao longo de um período de tempo de uma atividade 15 profisssional. Encontramos nos jornalistas que se expõem através do vídeo um perfil que julgamos fecundo a esse tipo de investigação. Pesquisas que relacionam a teoria de stress aos distúrbios da voz revelam que grande parte destes se devem a dificuldades dos indivíduos em relação à forma de lidar com situações de stress. (COELHO, BEHLAU & VASCONCELLOS, 1996). No entanto, existem poucas pesquisas investigando as variações da voz numa situação real de fala profissional, durante as quais, como vimos há uma deliberada ou inconsciente intenção de acertar e/ou preocupação com conseqüências negativas. Dessa forma, objetivo principal da presente pesquisa consiste em investigar, entre jornalistas, a influência da tarefa de falar ao vivo em televisão sobre a freqüência cardíaca, os níveis de cortisol, e sobre a voz, numa situação profissional real. Busca-se também, correlacionar tais achados psicofisiológicos e vocais a testes subjetivos de stress. 16 REVISÃO DE LITERATURA BORKOVEC; WALL & STONE (1974) avaliaram os efeitos do feedback fisiológico durante uma situação de medo, em pessoas com ansiedade de fala. Utilizaram-se cinco falsos feedbacks: (1) batimento cardíaco diminuído; (2) nenhuma alteração no batimento cardíaco; (3) batimento cardíaco aumentado; (4) controle do feedback e (5) sem controle do feedback. Previamente, foram selecionados sessenta sujeitos através da escala GEER-1965 (foram escolhidos os sujeitos que assinalaram os escores 5, 6 ou 7 no item “Falar diante de um grupo”). Os resultados levaram os autores a suporem que o “comportamento de medo pode ser mantido não obstante as repetidas apresentações à situação de medo e na ausência de qualquer estimulação aversiva externa, se o feedback atual é elicitado e se outras pistas da situação(ex. falso feedback, ou atribuição errônea da fonte de feedback atual) não conflitam com a interpretação do sujeito do feedback atual. “(p.168). Em outras palavras, as pistas fisiológicas têm a função de “evitar a extinção do medo humano”(p.168). GIESEN & MCGLYNN (1977) selecionaram sujeitos com e sem medo de falar em público, autodeclarados a partir da escala de GEER(1965) . Nesse experimento, analisaram as respostas de ambos os grupos a partir do monitoramento dos batimentos cardíacos e da condutância de pele numa situação de fala em público simulada. Os resultados apontaram maior responsividade fisiológica entre os sujeitos auto-declarados com alta ansiedade diante da situação de fala em público. WALKER; RIAD-FAMY & READ (1978) referem em seu estudo que as alterações na concentração de cortisol plasmático são imediatamente refletidas na concentração do cortisol salivar, o que, segundo os autores, facilita sensivelmente as investigações clínicas. KNIGHT & BORDEN (1979), num estudo comparativo entre as reações psicofisiológicas frente a um perigo físico ou originado por ansiedade social, monitoraram 16 sujeitos durante período antecipatório a uma situação de fala em público (período instrucional, período antecipatório e período de performance e pós performance). Os autores encontraram respostas similares quanto aos batimentos 17 cardíacos e condutância de pele, tanto para sujeitos com alta quanto com baixa ansiedade de fala durante o período antecipatório. As respostas só diferiram no momento em que a performance se tornou iminente, ocasião durante a qual os sujeitos com alta ansiedade social evidenciaram vasoconstrição aumentada e reportaram um nervosismo maior que os sujeitos com baixa ansiedade social. De modo geral, os autores concluíram que independente do grau de ansiedade avaliado ou do tipo de estímulo perigoso (físico ou social), os padrões autonômicos de respostas apresentam-se significantemente acelerados. JAREMKO (1980) submeteu 62 sujeitos, os quais apresentaram escores altos para ansiedade de fala no MAACL (Multiple Affect Adjetive Checklist – ZUCKERMAN & LUBIN, 1965), a um programa de controle de ansiedade e compararam tais sujeitos a um grupo controle, o qual também apresentou escores altos, mas não participou do programa de controle de ansiedade. O autor encontrou redução da ansiedade para fala e aumento do encorajamento para o enfrentamento das situações de fala no grupo que foi submetido ao programa de redução de ansiedade. O estudo das respostas fisiológicas ao stress psicológico atual foi tema, também, da pesquisa de DIMSDALE & MOSS (1980a). Segundo os pesquisadores, os avanços nas técnicas radioenzimáticas para avaliação de catecolaminas no plasma permitiram que se pudesse monitorar as alterações fisiológicas ocorridas durante stress agudo, o que não era possível anteriormente, devido à curta vida das catecolaminas, (epinefrina e norepinefrina). Os autores escolheram a fala em público como situação de stress, por ser uma experiência genuinamente estressante para a maioria das pessoas, e enfatizaram que, quando se trata de um stressor de curto prazo (como o stressor “fala em público”), é de extrema importância o momento exato da coleta de amostras, o que não é necessário com um stressor crônico. Os pesquisadores obtiveram amostras de sangue em vários momentos diferentes: numa situação baseline, e mais duas durante a situação de fala: durante os 3 primeiros minutos de fala e 15 minutos após o início da fala. Em suas conclusões, sugerem que a epinefrina é mais sensível ao stress emocional do que a norepinefrina, embora haja um aumento nos níveis de ambas, quando se compara esses valores com a medida baseline e os momentos iniciais de fala e um decréscimo no nível de ambas quando se relaciona os momentos iniciais e os momentos do meio da fala. Em um outro estudo, DIMSDALE & MOSS (1980b) compararam as respostas de catecolaminas no plasma obtidas em duas diferentes situações de stress: stress físico, provocado por exercícios, e stress psicológico, provocado por uma situação ansiógena (fala em público). Os autores verificaram que, durante a situação de fala em público, os níveis de epinefrina duplicam, ao passo que durante exercício físico, os níveis de norepinefrina triplicam (comparados a uma medida baseline). Dessa forma, concluíram que o stress físico é caracterizado por uma resposta do sistema nervoso simpático, enquanto o stress psicológico induz uma resposta adrenal. 18 ANDERSON & BORKOVEC (1980), num estudo sobre redução do medo e processamento imagético, também utilizaram em sua metodologia o monitoramento dos batimentos cardíacos numa situação de fala em público (laboratório). Partindo da premissa segundo a qual o medo de falar em público está associado ao traço de personalidade e que o traço de personalidade está, por sua vez, associado a crenças irracionais, LOHR & REA (1981) investigaram a correlação entre medo de falar em público e crenças irracionais. Os autores concluíram que medo de falar em público não é função de crenças irracionais. Dentre 10 possíveis crenças irracionais, apenas uma delas (Demanda por Aprovação) apresentou correlação positiva com o medo de falar em público. GUECHOT; FIET; PASSA; VILLETTE; GURMEL; TABUTEAU; CATHELINEAU & DREUX (1982) determinaram os valores normais do cortisol salivar e os compararam com o cortisol plasmático sob várias condições fisiológicas e patológicas. Homens adultos apresentaram uma concentração de cortisol salivar média às 8h de 14.50 (SD=7.10) e à meia noite de 1.40 (SD=1.21). PETERS; WALKERS; RIAD-FAHMY & HALL (1982) encontraram um ritmo circadiano no cortisol salivar semelhante ao do plasma, não obstante os valores absolutos do cortisol na saliva tenham se apresentado menores. A média de concentração do cortisol na saliva em sujeitos normais foi de 11 nmol/l contra 28 nmol/l no plasma. LANG, LEVIN ,MILLER, & KOZAK (1983), em seu estudo intitulado “Comportamento de medo, imagem de medo e psicofisiologia da emoção: o problema da integração da resposta”, buscaram examinar a consistência dos padrões de resposta frente a diferentes estímulos (medo real e imaginação da situação fóbica), diferente população de sujeitos, tipo de medo e contexto da tarefa. Os autores basearam a pesquisa na teoria da emoção e da imaginação de LANG (1977,1979,1983). Segundo essa teoria apesar do estímulo (externo – exposição a agente fóbico -, ou interno - imaginação), a mesma estrutura de informação fóbica é acessada e o mesmo padrão de resposta é observado. O estudo busca comprovar os efeitos do treinamento do controle de medo. Numa pesquisa cujo foco principal foi o estudo da hipertensão arterial, THOMAS; LYNCH; FRIEDMANN; SUGINOHARA; HALL & PETERSON (1984) estudaram as alterações de pressão sangüínea e ritmo cardíaco entre crianças de 5ª série numa situação de leitura em voz alta na sala de aula. Os autores encontraram significante aumento na pressão sangüínea e batimentos cardíacos e apontaram para os efeitos cardiovasculares que tal situação, tão corriqueira na vida escolar, pode gerar na vida adulta. GRAEFF; ZUARDI; GIGLIO; LIMA FILHO & KARNIOL (1985) se valeram da situação de fala em público simulada como uma situação geradora de ansiedade, a fim de avaliar os efeitos da Metergolina. Os autores utilizaram o STAI (State-Trait Anxiety Inventory – Spielberg – 1970) para medir ansiedade como estado e como traço. Usaram, ainda, uma escala para medir sintomas corporais, a fim 19 de detectar possíveis efeitos somáticos das drogas. Como medidas fisiológicas, foram usadas a condutância de pele e a velocidade cardíaca. Os autores utilizaram, em condições duplo-cega, metergolina, diazepan ou placebo e verificaram que a metergolina tem um efeito inibidor sobre a ansiedade subjetiva. MATTHEWS, MANUCK & SAAB (1986) examinaram as características psicofisiológicas (pressão sanguínea e velocidade cardíaca) e comportamentais (comportamento Tipo A; hostilidade e raiva; traço de ansiedade e história familiar de hipertensão) de 23 adolescentes pré e pós-ocorrência de stressor natural – solicitação de 5 minutos de fala numa aula de inglês no ensino médio. Os resultados indicaram que adolescentes ansiosos atingiram níveis elevados de pressão sangüínea sistólica e aceleração cardíaca, enquanto adolescentes com características de raiva atingiram níveis elevados de pressão diastólica. Esses resultados sugerem que as respostas de adolescentes ansiosos são caracterizadas por resposta cardíaca elevada, enquanto as de adolescentes com raiva caracterizam-se por resistência periférica durante stress de fala em público. Em linhas gerais, tal estudo enfatiza que as respostas fisiológicas ao stress estão fortemente relacionadas às diferentes características psicológicas dos sujeitos. BASSET; MARSHALL & SPILLANE (1987) monitoraram algumas medidas fisiológicas de bancários em treinamento numa situação de stress de fala em público. Os parâmetros fisiológicos medidos foram índices de adrenalina, noradrenalina, dopamina e cortisol urinário, proporção noradrenalina-adrenalina, níveis de cortisol salivar, além de pressão sangüínea e velocidade cardíaca. Os autores destacam, entre os resultados, que “considerando que a resposta do cortisol salivar é mais imediata e considerando a maior facilidade para coletar a saliva, o cortisol salivar, mais do que o cortisol urinário e que o cortisol serum, parece ser a medida de escolha em estudos de stress humano”(p.270). Especificamente, quanto aos níveis de cortisol salivar, os autores constataram que houve um aumento significantemente maior no período do teste do que no dia-controle. MELENBERG, ROSS, SWINKENLS & BENRAAD (1987) investigaram os efeitos dos contraceptivos orais sobre o cortisol e cortisona tanto no plasma livre quanto no salivar. Uma de suas principais conclusões foi que, em ambos os grupos (experimental e controle), o cortisol salivar foi equivalente ao cortisol no plasma livre, sendo que no grupo experimental os níveis de cortisol e de plasma apresentam-se consideravelmente aumentados . LAUDAT; CERDAS; FOURNIER; GUIBAN & LUTON (1988) investigaram o ciclo circadiano do cortisol salivar entre sujeitos normais e encontraram valores elevados pela manhã e valores baixos à noite. A média de cortisol salivar, às 8h, é 15.0-+0.8 nmol/l e, às 20h, 3.9-+0.2 nmol/l . Além das medidas padrão para normalidade, os autores investigaram, também, sujeitos com a síndrome de Cushing e pacientes com insuficiência adrenal. Eles concluíram que as medidas de cortisol salivar são um excelente 20 índice da concentração do cortisol livre plasmático, sendo uma técnica muito prática para avaliar a função pituitária-adrenal. BOLM-AUDORFF; SCHWAMMLE; EHLENZ & KAFFARNIK (1989) obtiveram medidas de adrenalina e noradrenalina, assim como de colesterol total, HDL, LDL e triglicérides de sujeitos num dia em que teriam a tarefa de fala em público e num outro dia controle. Todas essas variáveis foram obtidas a partir de amostra de sangue dos sujeitos. Os autores encontraram um aumento de adrenalina e noradrenalina durante a tarefa e também um aumento no colesterol total em comparação ao dia controle. Não houve aumento significativo nos valores de triglicérides. Tais resultados, segundo os estudiosos, estão compatíveis com a hipótese de aumento do nível de lipídios após stress emocional agudo. BORKOVEC & SENQI (1990) monitoraram as respostas cardiovasculares de 45 estudantes de psicologia frente ao stress psicológico de fala em público e investigaram os efeitos fisiológicos da imagética na redução da ansiedade para falar em público. BLUMENTHAL; FREDIKZSON; MATTHEWS; KUHN; SCHNIEBOLK; GERMAN; STEEGE & RODIN (1991) RIFAI; examinaram a influência da função ovariana sobre as respostas psicofisiológicas de stress e verificaram se exercícios aeróbicos reduziriam a reatividade do stress. Para tanto, os autores separaram grupos de mulheres no período pré e pós-menopausa, e, ainda separaram as que tinham treinamento aeróbico das que não tinham, submetendo-as a duas situações de stress: (1) fala em público e (2) gelo na testa. Durante o teste a pressão sangüínea e os batimentos cardíacos foram monitorados e amostras de sangue foram obtidas. Os autores observaram que as mulheres pósmenopausa exibiram menor nível de epinefrina em repouso, porém maior reatividade da epinefrina para a tarefa de fala , quando comparado as mulheres em pré- menopausa. Não encontraram diferenças entre as mulheres pré e pós-menopausa no que diz respeito às respostas cardiovasculares e catecolaminas durante a tarefa do gelo. KIRSCHBAUM, WÜST & HELLHAMMER (1992), apresentam quatro estudos nos quais investigam a presença de diferenças sexuais na resposta de cortisol sob stress psicológico. Os autores verificaram que há diferenças entre as respostas de cortisol de homens e mulheres e atribuíram tal diferença mais a fatores psicológicos do que a biológicos. Em outras palavras, considerando que a simples antecipação de um evento stressante pode elevar os níveis de cortisol, pode-se dizer que o processamento cognitivo emocional do estímulo, que parece ser diferente entre os sexos, pode alterar diferentemente a atividade do eixo hipotálamo-hipófise-suprarenais. KIRSHBAUM; BARTUSSEK & STRASSBURGER (1992) monitoraram as respostas ao stress psicológico de uma situação de fala em público (laboratório) através das medidas de cortisol salivar e as compararam com medidas de personalidade. Os autores não encontraram qualquer correlação significante entre as variáveis de personalidade e medidas de cortisol salivar, mas atribuem este fato a uma possível inadequação dos instrumentos de avaliação de personalidade. Eles acreditam que somente 21 um instrumento que considerasse elementos psicoendócrinos e psicoimunológicos estaria mais apropriado à avaliação da personalidade. CHEN; CINTRON & WHITSON (1992) referem-se ao cortisol salivar como um excelente indicador da concentração de cortisol no plasma. Neste estudo, investigaram formas de armazenar amostras de saliva à temperatura ambiente, considerando que nem sempre é possível a armazenagem sob refrigeração, sobretudo em vôos espaciais, onde o espaço é bastante reduzido. Testaram, então, vários tipos de ácidos (cítrico, ascórbico, bórico e cítrico) como agentes preservadores e concluíram que o “cortisol salivar foi estável na presença de ácido cítrico, 10g/l ou preservado num rolete de algodão tratado com ácido cítrico pelo tempo de 6 semanas em temperatura ambiente.”(p.304) KIRSCHBAUM; WÜST; FAIG & HELLHAMMER (1992) investigaram o papel da hereditariedade nas respostas de cortisol ao stress físico (ergometria) e stress psicológico (fala em público e tarefa aritmética) e à injeção de hCRH. Tiveram como sujeitos 13 pares de gêmeos monozigóticos e 11 dizigóticos. Os autores encontraram que há uma influência decisiva de fatores genéticos para os três níveis de cortisol baseline. Contudo, os fatores genéticos desempenharam papel menor quando se tratou de estimulação pelo stress psicológico do que pela injeção de hCRH. KIRSCHBAUM; PIRKE & HELLHAMMER (1993) apresentaram um protocolo para indução de stress em laboratório, o TSST – Trier Social Stress Test. Nesse trabalho tiveram como objetivo avaliar a confiabilidade das alterações no cortisol salivar induzidas pelo TSST e discutir as variáveis responsáveis pela variação interindividual nas respostas adrenocorticais de stress. Os sujeitos do presente estudo foram submetidos a breve avaliação médica, visando descartar doenças crônicas ou agudas. Todos os sujeitos deveriam estar sem medicação e abster-se de fumo, exercício físico, refeições, bebidas alcoólicas por pelo menos uma hora antes do teste. O protocolo do TSST inclui um período de 30 minutos de repouso (após a inserção de um cateter intravenoso) ou 10 minutos (sem amostra de sangue) numa sala reservada. Após esse período, os sujeitos mudam para outra sala na qual há quatro pessoas já sentadas numa mesa e uma vídeo câmera e um gravador já instalados. É solicitado, então, ao sujeito que assuma o papel de um candidato a um emprego que foi convidado para um entrevista de seleção, e que deve se apresentar e convencer os gerentes de que é o candidato perfeito para a vaga, durante uma fala livre de 5 minutos. Após estas orientações, os sujeitos tinham 10 minutos para preparar sua fala e 5 minutos para falar. Terminada a fala, o comitê solicita ao sujeito que subtraia serialmente o número 13 de 1.022 tão rápida e acertadamente quanto possível. A cada erro o sujeito deveria recomeçar do nº 1.022. Só então os pesquisadores revelavam ao sujeito o objetivo da pesquisa e solicitavam o repouso do sujeito por mais algum tempo. Foram monitorados os ACTH, o GH , a prolactina e o cortisol (serum e salivar) , assim como a velocidade cardíaca. Foi utilizado, também, um procedimento controle no qual os sujeitos foram submetidos à injeção de solução salina no tempo zero e não foram submetidos a nenhum teste subseqüente. Foi observado que todos os hormônios sofreram elevação em diferentes magnitudes 22 e em diferentes momentos, com a utilização do TSST e que este oferece a possibilidade de promover a antecipação de conseqüências negativas e envolvimento do ego, fundamentais para as respostas de cortisol ao stress psicológico. A fala em público foi também utilizada por HETEM; SOUZA; GUIMARÃES; ZUARDI & GRAEFF (1993) como ferramenta para induzir ansiedade. Os autores, no referido estudo, pretenderam investigar a função da d-fenfluramina na redução da ansiedade e concluíram que a droga é eficaz e não altera de maneira significativa os parâmetros fisiológicos , nem causa sedação física ou mental. MILLER; LIGHT; BRAGDON; BALLENGER; HERBST; MAIXNER; HINDERLITER; ATKINSON; KOCH & SHEPS (1993) submeteram pacientes com doença cardíaca a stress físico e psicológico (fala em público) e, entre suas conclusões, há a constatação de que a resposta de beta endorfina ao stressor de fala (psicológico) é maior do que para o stressor de exercício físico . KIRSCHBAUM; STRASBURGER & LANGKRÄR ( 1993) investigaram as respostas de cortisol salivar a stress psicológico, à injeção de hCRH e à bicicleta ergométrica de fumantes e as compararam a de não fumantes. Concluíram que, após stress psicológico, os níveis de cortisol dos fumantes foram mais baixos de que os de não-fumantes. Tal fato indica menor responsividade do córtex adrenal de fumantes. Os autores apontam para a importância de se considerar este fato como uma variável importante a ser controlada . A fala em público foi utilizada, também, por KAPEZINSKI; CURRAN; GRAY & LADER (1994) para teste da droga flumazenil, sobre o controle da ansiedade nesta situação de stress. Os autores concluíram que o flumazenil antagonizou o efeito ansiolítico da situação de fala em público, particularmente nas medidas de ansiedade antecipatória. HENNIG, LASCHEFSKI & OPPER (1994) monitoraram as funções fisiológicas e emocionais de sujeitos, antes , durante e depois de salto em bungee jump. Os autores verificaram que a ansiedade apresenta-se aumentada antes do salto e decresce após, assim como os níveis de cortisol salivar. A euforia aumenta após o salto e permanece alta durante os 30 minutos seguintes, assim como os níveis de beta-endorfina que têm um aumento de mais de 200% . KIRSCHBAUM; KLAUER; FILIPP & HELLHAMMER (1995) investigaram respostas subjetivas e de cortisol a uma situação de stress psicológico agudo (fala em público) e os efeitos do suporte social nesta condição . Os níveis de cortisol foram medidos através da saliva, e a avaliação subjetiva , através de questionários próprios para este fim. Em seu texto, os autores falam da concordância na literatura de que sujeitos que contam com suporte material e psicológico da família e amigos, por exemplo, parecem gozar de melhor saúde que aqueles que não contam com tal suporte (p.23). Na presente pesquisa, foi utilizado o suporte do parceiro (namorado/a) ou de um estranho. A hipótese inicial era a de que haveria uma relação inversa entre as respostas de cortisol e a condição de suporte, ou seja: maiores níveis de cortisol respectivamente para as seguintes condições: sem suporte > suporte de estranho > (suporte do 23 parceiro). Sessenta e seis sujeitos saudáveis com idade média de 23.6 aos foram divididos em 2 grupos experimentais (suporte de estranho e suporte de parceiro) e um grupo controle ( sem suporte) . Os sujeitos foram submetidos ao TSST (Trier Social Stress Test). Por causa da variação circadiana do cortisol, os experimentos foram realizados sempre entre 4:00 e 7:30 p.m. A avaliação subjetiva foi realizada através da versão adaptada de um protocolo alemão da Crowne- Marlowe Social Desirability Scale. Foram utilizados ainda dois protocolos de bem-estar (Bf-S e Bf-S’ - Die Befindlichkeits – Skala von Zersen D. – Weinhein, Beltz,1946) , um protocolo de stress percebido ( PS – Lakey and Heller) e ainda um protocolo de avaliação do suporte social (efetividade percebida do suporte). A avaliação objetiva foi realizada através da medição dos níveis de cortisol salivar , uma vez que o cortisol salivar reflete adequadamente os níveis de cortisol no sangue. Foram obtidas seis amostras de saliva durante o experimento (TSST), nos seguintes momentos: -3min, +10min,+20min, +30min, +40min e +50min. “Estudos prévios em laboratório mostraram que os níveis de pico de cortisol aconteceram 10 a 20 minutos após a conclusão do TSST e retorna aos níveis de concentração da pré-estimulação, aproximadamente 60 a 70 minutos após a cessação do stress (p.26). As amostras foram coletadas com o Salivette e congeladas até a análise.Os resultados indicaram menor responsividade de cortisol entre os homens , independente do tipo de suporte que recebiam (estranho ou parceiro) e maior responsividade entre as mulheres. Não houve correspondência entre esses achados e a avaliação subjetiva: o stress percebido não foi diretamente proporcional aos níveis de cortisol ( mulheres referiam stress percebido baixo, embora estivessem apresentando níveis altos de cortisol ), bem como a avaliação da efetividade do suporte foi mencionada como favorável, a despeito dos níveis de cortisol. HÖLD, BOER, ZUDEIMA & MAES (1995) avaliaram a eficácia do Salivette como dispositivo de coleta para monitorar drogas bloqueadoras de beta – adrenoceptor na saliva. Inicialmente os autores se referem às vantagens da saliva sobre os outros fluidos e da larga utilização do Salivette para coleta de saliva para posterior análise do cortisol. Enfatizam, no entanto, a ausência de estudos sobre a utilização do Salivette para monitorar drogas bloqueadoras de beta adrenoceptor. Os autores concluíram que o uso do Salivette mostra-se uma técnica não invasiva , capaz de coletar um fluido prontamente acessível e livre dos riscos de infecção e que o mesmo é eficaz para quantificar drogas beta-bloqueadoras. CACIOPPO et al (1995) investigaram o efeito de stressores breves sobre a atividade adrenal medular (respostas cardiovasculares) e cortical (respostas neuroendócrinas – cortisol). Em sua introdução afirmam que vários autores têm encontrado pouca alteração no cortisol para estressores breves, o que, segundo eles está de acordo com a hipótese segundo a qual as respostas de norepinefrina estão relacionadas à quantidade de esforço requerido na tarefa, enquanto as respostas de cortisol estão relacionadas à quantidade de perigo ou distress produzido pela tarefa. Seu objetivo principal na presente pesquisa é determinar se a variabilidade individual na atividade cardíaca poderia predizer diferenças nas respostas imunológicas e neuroendócrinas. Utilizaram como stressores breves uma tarefa de fala e outra 24 tarefa matemática e como sujeitos, mulheres idosas. Em seus resultados, encontraram correspondência entre as respostas de reatividade cardíaca e de cortisol apenas para sujeitos caracterizados como de alta responsividade cardíaca, ou seja, alta responsividade cardíaca é acompanhada de alta responsividade de cortisol. Os autores encontraram ainda elevação no ACTH maior que no cortisol, provavelmente porque o cortisol só sofre elevação cerca de 10 minutos após o início da secreção de ACTH. Os autores concluem, afirmando que a natureza, intensidade e duração dos stressores são fatores de extrema importância, à luz dos quais os resultados devem ser analisados. ABSI; BONGARD; BUCHANAN; PINCOMB; LICINIO & LOVALLO ( 1997) monitoraram respostas cardiovasculares e neuroendócrinas aos stressores de fala em público e aritmética mental. Em sua introdução, os autores enfatizam os riscos de doenças em casos de stress exagerado e duradouro e a importância de se investigarem stressores mais próximos do stress da vida diária, acreditando que a fala em público se presta bem a isto. Os pesquisadores avaliaram a pressão sangüínea e os níveis de cortisol e ACTH no sangue. Utilizaram também um questionário de perfil do estado de humor (POMS – Profile of mood state questionaire). Em suas conclusões, os autores destacam que as respostas hemodinâmicas aos dois stressores foram caracterizadas principalmente pelo aumento do ritmo cardíaco e da contratilidade (maior para o stressor de fala em público e menor para a aritmética). Encontraram, ainda, alta correlação entre os dados: quanto maior os níveis de ACTH e cortisol, maior as respostas cardiovasculares e o humor negativo. Quanto á função do cortisol, destacam que “o cortisol aumenta a atividade do sistema nervoso simpático na preparação do coração e vasos sangüíneos para responder ao stress ...“(p.274) WOOD; WESSELY; PAPADOULOS; POON & CHECKLEY (1998) monitoraram o cortisol salivar de pacientes com a Síndrome da Fadiga Crônica e compararam os valores a sujeitos normais. Os autores enfatizaram as vantagens do cortisol salivar , destacando a possibilidade de coleta em condições naturais, sem stress e sem alterar a rotina de atividades diárias. Seus achados apontam para uma concentração de cortisol levemente superior nos pacientes do que nos controles, o que vai contra os achados de pesquisas prévias, as quais apontam um estado hipocortisolêmico na Síndrome da fadiga crônica. Esse estudo sugere, dessa forma, que os sintomas típicos da síndrome não são causados pela hipocortisolamia. SCHMID-OTT et al (1998) analisaram a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos assim como a presença de cortisol , catecolaminas ,concentração de plasma DHEA e distribuição de linfócitos T e NK, antes, durante e após situação de stress em sujeitos com psoríase e compararam-nos como sujeitos saudáveis. Esses autores encontraram um aumento da resposta autonômica induzida por stress e uma diminuição da atividade pituitária-adrenal em pacientes com psoríase. SUAREZ, KUHN; SCHANBERG; WILLIAMNS & ZIEMERMMAN (1998) realizaram estudo utilizando tarefas de laboratório para induzir stress com objetivo de verificar os efeitos da hostilidade 25 sobre as respostas neuroendócrinas (níveis plasmáticos de epinefrina, norepinefrina e cortisol) sobre as respostas cardiovasculares (pressão arterial e batimentos cardíacos) e ainda sobre as respostas emocionais. Dentre suas conclusões destacam-se a confirmação da hipótese de que a hostilidade está positivamente relacionada com hiper-responsividade fisiológica prolongada e excessiva e, ainda, que em homens apresentando o comportamento do tipo A , os níveis elevados de norepinefrina estão associados a sentimentos de irritação. MENDONZA & CARBALLO (1999) investigaram os efeitos do stress induzido em laboratório sobre alguns parâmetros vocais. Utilizaram-se de três tarefas diferentes de fala (trava-línguas, travalínguas com retorno retardado e alfabeto em ordem reversa), em dois experimentos. No primeiro, os sujeitos foram convidados a participar, sem conhecer o verdadeiro objetivo do mesmo. No segundo, eles participaram, tendo praticado antes, as tarefas. Os autores concluíram que, nessas tarefas, ocorrem microtremores durante a fala, os quais se manifestam no sinal acústico e são induzidos ou modificados pelo stress psicológico. KIRSCHBAUM; KUDIELKA; GAAB; SCHOMMER & HELLHAMMER (1999) investigaram a atividade da hipófise e das supra-renais ao stress provocado em laboratório (TSST – Trier Social Stress Test), em diferentes fases do ciclo menstrual . Os autores utilizaram como parâmetros o cortisol plasmático e salivar, o ritmo cardíaco (avaliação contínua durante todo o experimento , através do freqüencímetro POLAR e avaliação subjetiva (depressão, queixas físicas, alterações de humor e stress percebido). Os resultados apontaram , para o grupo total, um aumento de 60% a 100% nos níveis de cortisol salivar e plasmático,e ACTH, em relação aos valores basais. A resposta cardíaca máxima foi obtida entre 6 a 13 minutos após o início do experimento). Os autores concluíram que mulheres usando contraceptivos orais podem produzir e secretar quantidades similares de ACTH e de cortisol plasmático ao stress psicossocial e à injeção de ACTH, mas apresentam níveis mais baixos de cortisol salivar em ambas as condições. OHIRA, WATANABE, KOBAYASHI & KAWAI (1999) investigaram os efeitos de um stressor breve (tarefa de matemática associada a ruído aversivo) entre sujeitos pré-classificados como Tipo A e Tipo B sobre as respostas de imunoglobina A secretada na saliva e medidas autonômicas (ritmo cardíaco e piscar de olhos). Em seus resultados encontraram que os sujeitos do Tipo A apresentam níveis de imunoglobina mais altos já no momento pré-teste, o que poderia indicar atividade crônica do sistema imune, provavelmente por seu estilo de vida. O grupo Tipo A também apresentou maior tensão e maior motivação para a tarefa. A atividade autonômica (ritmo cardíaco) é maior entro o tipo ª MEYER ET AL (2000) monitoraram jogadores de cassino em diversos estágios de severidade patológica. O objetivo dos autores foi examinar os efeitos do jogo sobre a atividade cardiovascular (ritmo cardíaco) e neuroendócrina (cortisol salivar) numa situação real de jogo. Eles utilizaram o freqüencímetro Polar para registro da freqüência cardíaca antes, durante e depois do jogo e ainda o Salivete (Sarstedt) 26 para coleta de saliva. Os sujeitos foram monitorados em uma sessão experimental ( na qual utilizaram o próprio dinheiro) e em outra controle ( na qual nenhum dinheiro estava em jogo, apenas pontos) .Os resultados apontaram maior reatividade na situação experimental do que na situação controle e ainda que os níveis de cortisol salivar acompanham a elevação do ritmo cardíaco. ROY; KIRSCHBAUM & STEPTOE (2001) afirmam que os glicocorticoides desempenham um papel central nas respostas de stress e que a possibilidade de avaliar o cortisol a partir da saliva facilitou a pesquisa em psicobiologia humana. Segundo os autores, “a concentração de cortisol livre na saliva aumenta tipicamente em resposta a estressores psicológicos agudos, tais como tarefas de resolução de problemas e fala em público, com a elevação sendo retardado por alguns minutos em comparação com as respostas eletrodérmicas ou cardiovasculares. A magnitude das respostas de cortisol é influenciada por características situacionais, tais como dificuldade da tarefa, perda de controle , suporte social durante o stress e incômodo durante o desafio comportamental. Fatores individuais também afetam as respostas de cortisol, incluindo sexo e idade”. (p.376). Com relação às diferenças individuais, há bastantes controvérsias, segundo os autores. Não há associação significativa entre nível de cortisol e depressão, nem com depressão, stress percebido ou fatores de personalidade.Sobre a relação entre a reatividade do cortisol e as respostas cardiovasculares, os autores afirmam o seguinte: “A ativação cardiovascular e a descarga de cortisol são ambas parte da resposta ao stress agudo e há uma inter-relação funcional substancial entre o eixo hipotálamo-hipóficse-supra-renais e as respostas simpático-adrenais. “ ( p.376) Entretanto, vários estudos realizados no período de 1990 a 1995 não encontraram associação positiva entre cortisol e reatividade cardíaca. No presente estudo, o qual tinha como propósito compreender as diferenças individuais na responsividade do cortisol ao stress agudo, os autores também não encontraram associação positiva entre respostas cardiovasculares e o nível de cortisol para um momento de restabelecimento de stress (pós-tarefa) . Em sua opinião, isso se deve ao fato de as respostas cardiovasculares ao stress serem muito mais rápidas que as de cortisol e que, portanto, não são dependentes delas. Dessa forma, comprovaram a hipótese, segundo a qual os níveis de glicocorticóides (entre eles o cortisol) exercem uma ação permissiva sobre a reatividade cardiovascular. LARSON; ADER & MOYNHAN (2001) também utilizaram um modelo de monitoramento fisiológico a partir de um estímulo estressante de laboratórios (tarefa de fala) para identificar os correlatos neuroendócrinos e imunológicos da reatividade cardiovascular. Os autores concluíram que as respostas cardiovasculares ao stress de curto prazo podem estar diretamente relacionadas às modulações neuroendócrinas de longo prazo. PALMERO; DÍEZ & ASENSIO (2001) investigaram a correlação entre ativação cardíaca e padrões de comportamento (Tipo A e Tipo B). Segundo os autores, tradicionalmente, o comportamento do Tipo A tem sido associado ao risco de doenças cardíacas, uma vez que a ativação simpática desse grupo, enquanto trabalha ou executa tarefas desafiantes é maior do que a dos indivíduos do Tipo B. 27 Entretanto, os autores criticam a generalização dessa afirmação, sobretudo porque há controvérsias relativas à diversidade de instrumentos para se caracterizar um indivíduo como Tipo A ou Tipo B. Em sua opinião, só deveriam ser caracterizados como Tipo A, aqueles indivíduos que apresentam risco de desenvolver problemas cardíacos. Seu objetivo no trabalho foi determinar a ativação cardíaca em dois grupos pré-classificados, como Tipo A ou Tipo B, durante uma tarefa de stress. Essa tarefa consistia em 10 estímulos na forma de perguntas de múltipla escolha apresentados em projetor de slides para os quais a resposta deveria ser oral. Em seus resultados, encontraram valores superiores de ritmo cardíaco (bpm) entre os sujeitos considerados como “alto escore” nos três momentos experimentais ( antes da tarefa – adaptação; durante – tarefa; e depois - recuperação). Seu achado mais relevante, entretanto, diz respeito à diferença de resposta cardíaca na fase de recuperação. Tanto o grupo Tipo A quanto o Tipo B apresentaram valores similares na fase de adaptação e tarefa. Entretanto, o grupo Tipo A foi mais lento na fase de recuperação do que o Tipo B. Em outras palavras, quando o grupo Tipo B já havia retornado aos valores basais, o grupo Tipo A ainda apresentava valores aumentados. Os autores concluem que este é um diferencial importante para caracterizar o Tipo A: ele tem rápida ativação e lenta recuperação enquanto o Tipo B tem rápida ativação e rápido retorno. A lenta recuperação dos valores basais entre os Tipos A os tornaria mais propensos a problemas cardíacos do que os Tipos B. 28 STRESS O termo stress foi primeiramente utilizado por Selye (1936), para se referir a questões de saúde. Na ocasião, o vocábulo apresentava uma conotação genérica e correspondia a uma série de alterações específicas observáveis, provenientes de agentes não específicos. VASCONCELLOS (1992) caracteriza o stress de uma forma mais precisa, considerando-o “uma alteração fisiológica que se processa no organismo quando este se encontra em uma situação que requeira dele uma reação mais forte que aquela que corresponde à sua atividade orgânica normal”. (p.28). Didaticamente, é possível dividir o conceito de stress em três dimensões independentes: a fisiológica, a psicológica e a social. DIMENSÃO FISIOLÓGICA: VASCONCELLOS (1992) apresenta um modelo psico-neuro-imunológico de stress. Segundo o autor, o stress pode ser desencadeado por inúmeros fatores (stressores) tanto positivos (paixão, férias, promoção no trabalho) quanto negativos (morte, separação, desemprego). Assim que chega ao tálamo a informação de que estamos diante de um stressor, é disparado o processo de stress, o qual ocorrerá, inexoravelmente, através do eixo hipotálamo-hipófise-supra-renais (HHSR). Tal processo é disparado independentemente de nossa vontade, mas pode ser intensificado ou interrompido pela ação do aparelho psíquico, após avaliação cognitiva. A presença do stressor é informada aos núcleos hipotalâmicos pelo tálamo através de neurônios monoaminérgicos e neurotransmissores. Um dos núcleos hipotalâmicos mais importantes nesse processo é a eminentia-medialis, responsável pela liberação do ACTH (Adrenocorticotropic Hormon) e de uma série de outros hormônios trópicos, os quais tornarão efetiva a reação de stress, através da ativação da glândula supra-renal. Esta resposta adrenal é diferente conforme a região ativada, ou seja, o córtex ou a medula. Mecanismo neuro-endocrinológico do stress: As glândulas supra-renais têm importante papel na reação de stress. São bilaterais e localizam-se na parte superior dos rins. Cada uma possui um córtex e uma medula, os quais se diferenciam embriológica 29 e funcionalmente. Embriologicamente, “o córtex deriva de células mesodérmicas esplâncnicas e está capacitado para a esteroidogêncese na 10ª semana de gestação...a medula da supra renal provém de células da crista neural que podem se diferenciar em células nervosas pós-ganglionares ou tecido cromafim.” (GREKIN, 1988;p.198). Segundo VALDEZ & FLORES (1985), há algumas diferenças cronológicas na ativação neuroendócrina, o que torna possível a identificação de três sistemas seqüenciais de reações: o sistema de reação rápida, representado pelas catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), a prolactina, o hormônio do crescimento (GH), o sistema de reação semi-rápida, constituído pelo ACTH-cortisol; e o sistema de reação lenta, representado pelo hormônio da glândula tireóidea (p.80) Função da medula da supra-renal A estimulação da medula supra-renal acontece através da estimulação dos nervos simpáticos. Essa estimulação provoca a liberação de grande quantidade de catecolaminas, entre elas a adrenalina e a noradrenalina, neurotransmissores importantes na mediação entre as funções do Sistema Nervoso Central e dos nervos autônomos, e importantes reguladores do sistema cardiovascular (GREKIN, 1988; p. 231). A adrenalina, em especial, tem sido considerada como indicador bioquímico da atividade emocional do sujeito (VALDEZ & FLORES,1985). As catecolaminas são liberadas continuamente em pequenas quantidade na circulação, mas aumentam consideravelmente, em resposta aos estímulos adrenérgicos, entre eles, o stress, os exercícios , a insulina e a hipotensão (GREKIN, 1988). Esse aumento reflete uma tentativa do organismo de se adaptar a um evento novo e tende a retornar rapidamente a seus valores basais em indivíduos psicologicamente mais equilibrados e mais eficazes. Tal situação é correlata a um bem-estar físico e psicológico. (VALDEZ & FLORES, 1985), PALMERO et al ( 2001) afirmam que indivíduos que têm rápida ativação adrenérgica e lento retorno aos valores basais, são mais propensos a desordens cardiovasculares. Considerando os efeitos desta estimulação para a atividade cardíaca, que é nosso interesse no presente trabalho, a adrenalina tem maior efeito sobre a estimulação cardíaca, acelerando os batimentos cardíacos. Já a noradrenalina causa constrição de praticamente todos os vasos sanguíneos, provocando aumento da pressão arterial.(GUYTON,1993). Há algumas diferenças nas respostas relacionadas ao sexo: Segundo VALDEZ & FLORES, 1985 “as mulheres são menos propensas que os homens a responder com altas excreções de catecolaminas frente a estímulos emotivos e as demandas do ambiente,” (p.61). Há também indicações de que os sujeitos com comportamento do TIPO A apresentam excreção de catecolaminas mais intensas do que os do TIPO B (p.113) Função do córtex da supra-renal O ACTH ativará, imediatamente, o córtex da glândula supra-renal, a qual, por sua vez, será responsável pela liberação de uma série de hormônios importantes na reação de stress (VASCONCELLOS, 1992) . 30 Esses hormônios podem ser divididos em dois grandes grupos: os mineralocorticóides e os glicocorticóides. O primeiro grupo é representado, principalmente, pela Aldosterona e tem como função principal “alterar o metabolismo dos órgãos (rins, baço, glândulas sudoríparas e salivar, etc.), reorganizando todo o organismo no objetivo de concentrar suas funções na reação ao stressor “. (VASCONCELLOS , 1992 p. 29). O segundo grupo, representado pela Cortisona e o Cortisol , mobilizará as energias de que o organismo dispõe, elevando a concentração de glicose no sangue, e as colocará a serviço dos músculos, coração, cérebro, estômago, pulmões e demais órgãos vitais, para que esses se organizem e estejam aptos para agir em combate ao stressor. Cortisol O cortisol é o principal glicocorticóide, sendo produzido pelo córtex adrenal e liberado de várias formas diferentes: espontaneamente, estimulado por agentes bioquímicos ou por estimulação psicossocial. Sua principal função é aumentar a atividade do Sistema Nervoso Simpático na preparação do coração e vasos sangüíneos para responder ao stress. ABSI; BONGARD; BUCHANAN; PINCOMB; LICINIO & LOVALLO (1997). O cortisol, ainda, exerce efeitos sobre várias funções metabólicas do corpo, sobretudo o metabolismo protéico: ele reduz a quantidade de proteína na maioria dos tecidos, liberando aminoácidos para o sangue circulante, que podem ser utilizados em outras partes do corpo, quando necessários para reparar tecidos lesados. “Por essa razão, e também por outras, o cortisol é um hormônio muito útil para ajudar o corpo a reparar a destruição tecidual durante o stress” (GUYTON, 1991 p.328). Por esse motivo, são considerados hormônios com valor adaptativo e restaurador (VALDEZ & FLORES, 1985). Em condições normais, o cortisol é secretado em episódios pulsáteis ao longo do dia, em sistema on-off (mais ou menos 15 pulsos diferentes ao longo do dia). A maioria desses pulsos ocorre nas primeiras horas da manhã, sendo quase inexistentes à noite (GREKIN, 1988). Os valores da manhã são mais estáveis; e os da tarde e da noite fortemente influenciados por estimulação externa. Ao se referirem às condições nas quais é possível identificar-se as respostas de stress pelo córtex adrenal, KIRSCHBAUM & HELLHAMMER (1989) destacam que é necessária a presença de duas variáveis principais: (a) envolvimento emocional do ego e (b) antecipação de evento nocivo, associado à imprevisibilidade, à incontrolabilidade e à novidade. Para pesquisa científica em laboratório, esses autores ressaltam que convém se obter uma medida baseline de 1 a 3 semanas antes ou após o período de stress, respeitando o mesmo horário de coleta. A situação de fala em público é destacada como paradigma de pesquisa com stress psicológico. Segundo os pesquisadores, essa situação pode desencadear stress agudo e promover o envolvimento do sujeito e/ou antecipação de potencial conseqüência negativa da situação, condições essenciais para a resposta do cortisol como indicador de stress. (KIRSCHBAUM & HELLHAMMER (1989). Cortisol e saliva 31 A presença de hormônios na corrente sangüínea é facilmente detectada e mensurada, tendo sido o sangue, até recentemente, o fluido de escolha quando se tratava de dosagem hormonal para fins clínicos ou de pesquisa. Entretanto, avanços tecnológicos recentes permitiram o desenvolvimento de técnicas mais sensíveis, o que permitiu a dosagem de alguns hormônios em amostras de saliva. VINING & MC GINLEY (1986) acreditam que a avaliação de hormônios da tireóide, proteínas e esteroides conjugados, por exemplo, não tem valor clínico ou de pesquisa. Porém, a avaliação de esteróides não conjugados, como, por exemplo, o cortisol, através da saliva, é útil tanto para propósitos clínicos quanto de pesquisa. Os primeiros estudos de avaliação do cortisol salivar utilizavam métodos pouco sensíveis e requeriam grande quantidade de saliva. Graças aos avanços das técnicas de radioimunoensaio (RIA), o cortisol pôde, posteriormente, ser, de maneira confiável, medido com um volume menor do fluido da parótida ou da saliva total. Atualmente, o cortisol permite avaliação de várias formas: alguns pesquisadores têm obtido resultados satisfatórios, adaptando kits comerciais originalmente dirigidos para avaliação do sangue. Outros se utilizam de métodos de radioimunoensaio ou polarização fluorimunoensaio. Segundo VINING & MC GINLEY (1986), em condições normais, os níveis de cortisol salivar apresentam-se cerca de 10 a 35% mais baixos do que o cortisol do plasma livre. Já KIRSCHBAUM & HELLYHAMMER (1989), afirmam que o cortisol salivar é 50% menor do que o encontrado na molécula ativa no sangue, sendo que a taxa de salivação tem pouco ou nenhum efeito sobre a concentração de cortisol salivar, ou seja, nem a máxima fluidez, causada pela estimulação com ácido cítrico, nem a mínima fluidez, causada por drogas anticolinérgicas, alteram os níveis de cortisol. Os valores de cortisol na saliva são observados 1 –2 minutos após concentração máxima no plasma. Convém destacar, ainda, que, em se tratando de estimulação por stress psicológico, o cortisol salivar aparece com pico de concentração 20 a 30 minutos após a estimulação. (KIRSCHBAUM & HELLYHAMMER ,1989) A velocidade de entrada do cortisol na saliva é muito rápida, quase imediata, e em testes pósestimulação com ACTH, os níveis de cortisol salivar têm se mostrado mais pronunciados nos níveis salivares que nos plasmáticos. Os níveis de cortisol exibem, ainda, um ritmo circadiano bem marcado, no qual a concentração média é bem maior pela manhã e vai diminuindo ao longo do dia, semelhantemente ao ritmo plasmático. Vantagens e desvantagens da utilização da saliva para dosagens de cortisol: Segundo VINING & MC GINLEY (1986), há algumas vantagens e desvantagens na utilização da saliva para dosagens de cortisol. Como desvantagens, destacam a barreira emocional decorrente da necessidade de cuspir, a avaliação sensível requerida para análise (avaliação da saliva requer mais volume de amostra ou avaliação mais sensível) e, ainda, a possível interferência da velocidade do fluxo salivar para alguns hormônios (os autores reforçam que o cortisol, a testosterona, o estriol e a progesterona têm concentrações salivares que não são afetadas pela velocidade do fluxo da saliva). 32 Como vantagens, apontam que (1) a coleta de saliva evita o stress da perfuração por agulha, (o qual pode causar elevação de muitos hormônios, particularmente, do cortisol), (2) que os níveis salivares refletem uma fração do plasma livre, e (3) que pode ser coletado facilmente em crianças, permitindo estudos sobre o desenvolvimento puberal e sobre o eixo hipotálamo – hipófise –supra-renais em crianças, os quais de outra forma ficariam limitados por fatores éticos. Há, ainda, outras vantagens práticas, como a facilidade na coleta de amostra. A esse respeito, KIRSCHBAUM & HELLYHAMMER (1989) destacam as vantagens do SALIVETTE (SARSTEDT), um rolete de algodão para ser mascado durante 30-60 segundos, a fim de coletar, de forma fácil, rápida e higiênica, a saliva para análise. A possibilidade de obtenção de múltiplas amostras e o baixo custo também facilitam os estudos da fisiologia normal. (VINING & GINLEY (1986). VALDEZ & FLORES (1985) afirmam que o cortisol livre tem maior importância para a pesquisa em psiconeuroendocrinologia do que o cortisol plasmático total, na medida em que o sistema nervoso central regula mais diretamente o cortisol livre. Segundo os autores essa forma de cortisol estaria mais presente na saliva, o que a torna o fluido mais indicado para pesquisa. As vantagens citadas acima, “têm levado muitos grupos a propor que a avaliação do cortisol salivar deveria tornar-se o método de escolha para a avaliação da função cortical adrenal e há poucas dúvidas de que a avaliação do cortisol salivar se tornará aceita globalmente como uma ferramenta clínica e de pesquisa valiosa.”(p.110). (VINING & MC GINLEY (1986). DIMENSÃO PSICOLÓGICA DO STRESS HOLROYD & LAZARUS(1982) defendem a idéia de que a reação de stress está diretamente ligada à avaliação e ao julgamento que fazemos dos stressores. É essa dimensão que merece aprofundamento, e não a dimensão da causa ou da conseqüência. Na verdade, o stress deveria ser considerado mais à luz da demanda colocada sobre o organismo para responder adaptativamente ao estímulo do que à natureza objetiva do estímulo em si. ZEGANS(1982) MAGNUSSON (1982) usa uma nomenclatura diferente para tratar do mesmo tema. Ele faz uma distinção entre ambiente atual e ambiente percebido, quando se refere à avaliação cognitiva. O ambiente atual é o ambiente no sentido físico e sócio-cultural, antes de ser interpretado pelo indivíduo, e o ambiente percebido é o ambiente que já passou pelo processo de significação do sujeito e, portanto, inclui sua percepção, interpretação e representação cognitiva. Ao mesmo tempo em que os núcleos hipotalâmicos são informados pelo tálamo, os centros cognitivos do córtex cerebral são também informados da presença do stressor. Dessa forma, tem início a avaliação psicológica do stressor, momento em que será decidido se o processo orgânico deverá ser intensificado ou interrompido. 33 LAZARUS & FOLKMAN (1984) dividem a avaliação cognitiva em três momentos: (a) avaliação primária;(b) avaliação secundária; e (c) reavaliação. A avaliação primária, menos cortical e mais límbica, grosseiramente classifica o evento stressor como irrelevante, bom ou mau. Quando o stressor é classificado como irrelevante ou bom, o processo de stress é interrompido, pois não existe perigo iminente e, portanto, não há necessidade de se recrutarem forças adaptativas. Por outro lado, se o evento é classificado como mau, ele deve incluir (1) situações de perda ou dano, quando o evento negativo já ocorreu; (2) situações de perigo, quando perdas iminentes são antecipadas pelo indivíduo; e (3) situações de desafio, quando envolvem prejuízo e lucro potenciais e o resultado final pode ser influenciado pelo indivíduo. Nesse último caso, ou seja, quando o evento é classificado como mau, o processo de stress é intensificado e a avaliação cognitiva tem prosseguimento com a avaliação secundária. Esta avaliação é predominantemente cortical e analisará a situação, levando em conta os recursos disponíveis pelo indivíduo para controle e domínio frente à situação stressora. Importante destacar que desafio ou perigo implicam respostas fisiológicas distintas e, conseqüentemente, desencadeiam o que chamamos stress construtivo (eustress) ou destrutivo ( distress). Em tese, o desafio seria menos danoso ao organismo do que o perigo, na medida em que a mobilização necessária é menor. Entretanto, se o desafio for intenso ou constante em demasia poderá também desencadear alguns tipos de distúrbios: “O senso comum sugere que o individuo desafiado pode lidar mais persistentememte ou efetivamente e desse modo experimenta menos stress do que o que se sente ameaçado. Estados psicológicos como desafio podem também estar associados com padrões de respostas hormonais que são mais adaptativas ou tem custo somático menor do que aqueles associados com o perigo. Considerando esta última possibilidade, pesquisas recentes sugerem que perigo está associado com elevações nos níveis de catecolaminas e cortisol, enquanto desafio está associado somente com elevações nos níveis de catecolaminas, com os níveis de cortisol permanecendo normais ou mesmo diminuindo. Contudo o individuo que é constantemente desafiado por uma demanda social ou ocupacional mesmo relativamente inócua , e o qual está conseqüentemente mobilizado constantemente para empenho ou esforço, pode estar particularmente vulnerável a certos distúrbios.” (HOLROYD & LAZARUS, P.24) Para ilustrar esta situação, apresentaremos, a seguir, um caso de um indivíduo do sexo feminino, apresentadora de um telejornal, que teve seus níveis de cortisol monitorados no dia de sua estréia (dia experimental) e comparados a um dia de folga (dia controle). Foram considerados três momentos: 1 hora 34 antes da entrada ao vivo (pré), imediatamente após o término do telejornal (ao vivo) e uma hora após (pós), expressos em ug/100ml: Comparação dos valores de cortisol obtidos em três momentos: 1 hora antes da entrada ao vivo (pré), imediatamente após o término do telejornal (ao vivo) e uma hora após (pós), expressos em ug/100ml: pre Ao vivo pos Dia experimental 0,3 0,9 1,0 Dia controle 0,3 0,3 0,4 Podemos observar que apenas no período pré os valores são iguais. No momento ao vivo e no momento pós os valores apresentam-se bastante superiores no dia experimental quando comparados ao dia controle. O gráfico abaixo ilustra esta distribuição de dados: comparação dos valores de cortisol dia experimental x dia controle 1,2 1 1 Ug/100ml 0,9 0,8 Dia experimental 0,6 Dia controle 0,4 0,4 0,3 0,3 0,2 0 pre Ao vivo pos Comparação dos valores de cortisol obtidos em três momentos: 1 hora antes da entrada ao vivo (pré), imediatamente após o término do telejornal (ao vivo) e uma hora após (pós), expressos em ug/100ml: A avaliação cognitiva, portanto, é fundamental e levará em conta, quanto risco envolve uma determinada situação e quantas fontes e opções internas dispomos para lidar com o stressor. A partir daí, terá início o desenvolvimento de um “plano de ação” para administração do stressor, denominado COPING. Ele pode estar focado no problema em si (coping racional ) ou na emoção que o problema nos causou (coping emocional). Ambos são formas de abordar um mesmo problema, mas a opção por um deles terá efeitos bastante diferentes, na medida em que uma é mais cortical e a outra mais límbica. O coping é tão importante que, segundo HOLROYD & LAZARUS(1982), nossa saúde depende mais de um coping bem sucedido do que da presença/ausência de stress. Para que um coping alcance o objetivo desejado, entretanto, é fundamental que tenha sido feita uma correta avaliação do estímulo 35 (riscos implícitos) de modo que seja possível um balanceamento entre o que a situação demanda e o repertório do indivíduo, pois mesmo uma situação perigosa em si pode não gerar stress se for considerada controlável pelo sujeito, sobretudo se sua experiência prévia incluir êxitos em situações semelhantes. “...Um estímulo nocivo percebido como perigoso que pode ser manipulado por uma estratégia de coping disponível e pouco dispendiosa não criaria o mesmo stress para um indivíduo submetido ao um estímulo similar para o qual a pessoa não tenha adequada resposta de coping”( HOLROYD & LAZARUS,1982 p.140) Além da avaliação correta e da experiência prévia, concorre também para a efetividade do coping, o suporte ambiental que pode ser social (família, amigos, etc) ou psicológico ( características de personalidade) . Quando não há uma combinação desses fatores, teremos reações de stress prolongadas e/ou inadequadas, as quais serão inefetivas no combate do stressor e que, portanto, não serão capazes de minimizar ou interromper a mobilização. Mantida a mobilização por tempo prolongado, teremos um terreno fértil para que se instalem doenças relacionadas ao stress. ZEGANS(1982) Finalmente, após ter escolhido a melhor forma de lidar com a situação stressora, o indivíduo verifica a eficácia ou não das estratégias por ele utilizadas, podendo reformulá-las ou intensificá-las (reavaliação). DIMENSÃO SOCIAL KRANTZ & RAISEN (1988) apontam o nível sócio econômico como um fator importante para doenças coronarianas relacionadas ao stress, as quais estão inversamente relacionadas ao nível sócio econômico. Os autores falam ainda da importância do suporte social que o indivíduo apresenta. Eles consideram como suporte social as possibilidades de apoio emocional, instrumental e informacional obtidas através de seus laços sociais. Dessa forma, pessoas com laços sociais fortes (como, por exemplo, grandes grupos religiosos), teriam menor tendência a doenças relacionadas ao stress. Os autores falam também da importância positiva para a saúde, do suporte social entre casais e das conseqüências negativas da falta desse suporte. O trabalho também é citado pelos autores como um fator de grande influência sobre as condições de saúde. Segundo os autores, os principais fatores relacionados ao trabalho seriam a demanda, a autonomia e a satisfação como o trabalho. A combinação mais nociva, segundo os 36 pesquisadores é a combinação de baixos níveis de controle sobre o trabalho e a excessiva carga de trabalho FASES DO STRESS Como já vimos anteriormente, a primeira reação do organismo, quando confrontado a uma situação de stress, é a preparação para ataque ou fuga através de uma intensa descarga de hormônios. Essa reação inicial configura a reação de alarme, composta por uma fase de alerta, outra de reação e outra refratária, durante a qual ocorre intensa mobilização de todo o organismo - “Síndrome de Adaptação Geral” – (SAG), e podem aparecer sintomas de natureza predominantemente física, como taquicardia, sudorese, dor de cabeça e pressão alta. Essa reação é considerada uma reação adaptativa do organismo, portanto uma reação saudável, podendo ser denominada EUSTRESS, sempre que o organismo puder retornar a sua condição de homeostase em seguida. Quando este retorno à homeostase não é possível, pois o confronto com uma situação de stress permanece, e/ou as estratégias de combate a ela não estão sendo eficazes, o organismo passa a buscar uma maneira com a qual possa lidar melhor com tal situação. É a chamada fase de resistência. Nesse caso, ao invés de uma mobilização geral do organismo, teremos uma mobilização corporal localizada, ou Síndrome de Adaptação Local – (SAL) - e conseqüentemente a centralização de toda a reação interna de stress em um único órgão do corpo humano, geralmente o mais vulnerável. Durante esta fase há uma pseudo-sensação de bem estar, uma vez que há uma elevação do nível regular de ativação do organismo. Desaparecem os sintomas físicos, os quais dão lugar a sintomas de natureza psicossociais, como irritabilidade, incapacidade de desligar-se, isolamento, entre outras. Uma vez perdurando essa situação, passamos à fase de exaustão, durante a qual o órgão vulnerável que até então estava mobilizado em combate ao stressor, entra em colapso e surgem os sintomas específicos de uma patologia vinculada a este órgão . Tanto a fase de resistência quanto a fase de exaustão são consideradas DISTRESS, ou mau stress, uma vez que as estratégias utilizadas para lidar com o stressor serão danosas ao organismo(SELYE, 1976). 37 VOZ Mesmo em tempos de profundos avanços tecnológicos, a voz humana mantém um lugar de destaque como instrumento através do qual a maioria de nós projeta sua personalidade e influencia seus semelhantes. Por esse motivo, é crescente o número de pesquisadores interessados em compreender a função e a disfunção da voz humana (SATALOFF, 1998) A voz humana manifesta-se na vida do indivíduo desde o momento do nascimento, através do choro. Durante o primeiro ano de vida, quando não há ainda a palavra articulada, a voz tem importância comunicativa fundamental. Nesse período é possível perceber-se diferenças entre os choros de bebês, os quais expressam diferentes estados emocionais e fisiológicos, os quais são facilmente percebidos e identificados pelo cuidador (BOONE & Mc FARLANE, 1994). Ao longo do segundo ano de vida a comunicação verbal vai se sobrepondo à voz, que perde parte de seu status. A partir da instalação da linguagem falada, a palavra, que carrega o conteúdo intencional, passa a figurar em primeiro plano. No entanto, em qualquer idade, “a voz é responsável por grande parte das informações contidas numa mensagem, revelando muita coisa de nós mesmos “ (BEHLAU & PONTES, 1999). A voz é produzida graças à interação de órgãos de diferentes sistemas os quais devem trabalhar de maneira harmoniosa, para que haja eficiência. Ela se desenvolve ao longo de toda vida, sendo, em parte determinada pelas características anatomo-funcionais do indivíduo e, em parte, pelos aspectos emocionais de sua história pessoal (BEHLAU, 2001). A voz que ouvimos é o resultado do som que é produzido pela laringe (fonação), acrescido da modificação que recebe das cavidades de ressonância, situadas acima e abaixo delas. A fonação, processo que se caracteriza pela geração de um som vocal, é realizada pela laringe, a qual está ligada ao topo da traquéia. É o caminho pelo qual o fluxo respiratório passa rumo às vias aéreas superiores (PERKINS & KENT, 1987) 38 Entretanto, vale destacar que o ato de fonação nos seres humanos é uma aquisição recente do ponto de vista filogenético. Para que essa função fonatória se estabelecesse, foi necessário o desenvolvimento de complicados controles neurais (BOONE, 1983). A produção do som pela laringe envolve a participação do sistema respiratório, do órgão laríngeo e das estruturas que compõem a cavidade oral (língua, dentes, palato, etc) Além da função de fonação, a laringe tem também outras funções, consideradas como funções primárias, por estarem relacionadas a mecanismos vitais. São elas: (a) proteção das vias aéreas inferiores, uma vez que a glote se fecha durante a deglutição, impedindo a passagem de substâncias estranhas e (b) esfincteriana, auxiliando esforços físicos dos membros superiores e atividades fisiológicas como defecar, dar à luz, etc. ANATOMIA E FISIOLOGIA LARÍNGEA A estrutura da laringe é composta por nove cartilagens, sendo três ímpares (tireóidea, cricóidea e epiglote) e três pares ( aritenóideas, corniculadas e cuneiformes). Tais cartilagens estão interligadas entre si através de membranas. Fazem parte da estrutura laríngea, ainda, cerca de seis pares de músculos que movem essas cartilagens em diferentes posições. Das cartilagens, a cricóidea é a que forma a base da laringe, à qual outras cartilagens laríngeas se ligarão. A tireóidea é a maior e a mais proeminente delas, conhecida popularmente como “Pomo de Adão”. As aritenóideas são duas pequenas cartilagens pares em formato de pirâmides e possuem a habilidade de realizar dois movimentos principais: rotação e deslizamento, os quais acontecem concomitantemente. Com esses dois movimentos, elas possibilitam o afastamento das pregas vocais durante a respiração ou na realização dos fonemas surdos, e ainda a aproximação das pregas vocais durante a fonação. Já a epiglote é a cartilagem laríngea menos importante para a fonação. Quanto à musculatura intrínseca da laringe, PERKINS & KENT (1987) salientam a sua importância para a fonação. Com exceção de um músculo (aritenóideo transverso), todos os outros são pares e têm como principal papel o de tensionar, aproximar ou afastar as pregas vocais. Esses autores admitem a importância da musculatura laríngea extrínseca, sobretudo na movimentação vertical da laringe, mas limitam-se descrever a ação dos intrínsecos. A seguir, veremos a descrição de cada um deles, agrupados por esses autores, conforme sua função durante a fonação. Dos músculos vibradores, o tiroaritenóideo, composto por uma porção interna e outra externa, é seu principal representante. A porção interna, também denominada “Vocalis”, tem papel fundamental na vibração das pregas vocais. Insere-se no processo vocal das cartilagens aritenóideas. A porção externa insere-se no processo muscular, sendo seu papel mais secundário e indireto. Os músculos cricotireóideos são considerados alongadores das pregas vocais. Originam-se na porção anterior da cartilagem cricóidea e se inserem na borda inferior da cartilagem tireóidea. 39 Os músculos cricoaritenóideos posteriores originam-se na parede posterior da cartilagem cricóidea e inserem-se no processo muscular das cartilagens aritenóideas. São responsáveis pelos movimentos de rotação e deslizamento das cartilagens aritenóideas, afastando as pregas vocais, sendo, portanto, abdutores. Os músculos cricoariteonóideos laterais originam-se nas bordas laterais das cartilagens cricóidea, inserindo-se, também, no processo muscular das cartilagens aritenóideas. Tem ação e efeito opostos ao cricoaritenóideo posterior e, portanto, aproximam as pregas vocais, sendo, por isso, adutores. Já os interaritenóideos são compostos por dois músculos: o aritenóideo transverso, o único músculo impar do conjunto de músculos intrínsecos da laringe, que se estendem horizontalmente entre as aritenóides e os aritenóideos oblíquos, os quais se estendem do processo muscular de uma aritenóide ao ápice da outra. As principais membranas laríngeas são as pregas ventriculares, o ventrículo laríngeo e o cone elástico. As pregas ventriculares, também denominadas falsas pregas vocais, consistem de pregas de membrana mucosa que se projetam na passagem aérea. Em condições de normalidade, essas estruturas são passivas, não devendo entrar em vibração. O ventrículo laríngeo é o espaço localizado entre as falsas e as verdadeiras pregas vocais. Nesse ventrículo, existe um generoso suprimento de glândulas mucosas que provê a lubrificação das pregas vocais verdadeiras. O cone elástico é a parte inferior da membrana que reveste a parede interna da laringe. Estende-se da borda glotal até a cartilagem cricoidea. HIRANO (1990) compara a mucosa que reveste o músculo vocal a um vibrador multilaminado, uma vez que nesta mucosa podem distinguir-se quatro camadas distintas: a primeira camada e a mais superficial é o epitélio. Depois, inicia-se a lâmina própria, composta pelas três camadas seguintes: a camada superficial, quase gelatinosa, a camada intermediária, que contém fibras elásticas e a camada profunda, que contém fibras colágenas. Essas duas últimas formam o ligamento vocal. A organização desta membrana mucosa é que permite o movimento vibratório das pregas vocais e a produção do som vocal. Observada com a vista desarmada, a vibração glótica parece ser realizada com a adução completa e permanente das pregas vocais. Entretanto, se verificarmos essa mesma vibração com recursos tecnológicos, como a laringoestroboscopia ou a eletromiografia, veremos que as pregas vocais vibram centenas de vezes por segundo a cada produção sonora. Por isso, para compreendermos como se processa a produção da voz é necessário desmembrarmos o movimento completo e entendermos uma única vibração – o ciclo glotal. Cada ciclo glotal é composto por uma fase de abertura e outra de fechamento que traduz um jogo de forças entre a pressão muscular oferecida pelas pregas vocais e outro impelido pela pressão aérea subglótica. Esta interação entre forças aerodinâmicas e forças musculares é a essência da teoria aerodinâmica-mioelástica, que é a que mais se aproxima de uma explicação completa e satisfatória da produção do som vocal (PERKINS & KENT, 1987) 40 PSICODINÂMICA VOCAL Habitualmente, avaliamos e somos avaliados pela nossa voz nas mais diferentes situações do dia-a-dia. Esta “análise” é inconsciente, mas acontece inexoravelmente, sobretudo quando a voz é a única pista disponível para o ouvinte, como quando falamos ao telefone. O precursor dos estudos sobre este tema foi MOSES (1948), que deu o nome de audição criativa a esta habilidade natural do ser humano de fazer correlações entre os parâmetros vocais e elementos psicogênicos. Posteriormente, o mesmo autor estabeleceu os padrões básicos da chamada psicodinâmica vocal e enfatizou o papel da voz enquanto elemento da comunicação e do seu papel fundamental no restabelecimento da homeostase do organismo.(MOSES,1954) Inúmeros outros autores vêm tratando da correlação entre voz, emoção e personalidade (SEARGENT,1962; ARONSON, PETERSON & LITTIN, 1964; E WOLSKI & WILLEY, 1965; ARONSON PETERSON & LITTIN, 1966; ARONSON, BROWN, LITTIN & PEARSON, 1968; ARONSON,1969, BLOCH & GOODSTEIN, 1971; BRODNITZ, 1981; MONDAY, 1983; MORRISON;RAMAGE;BELISLE; PULLAN & NICHOL,1983; MORRISON & RAMAGE, 1986; SCHERER, 1986 ; FREEMAN, 1986; ARONSON, 1990; BEHLAU & PONTES, 1988,1992,1995.) Os marcadores vocais de estados psicológicos foram extensamente estudados por SCHERER, (1979 a, 1979 b, 1981 a, 1981 b). Suas pesquisas apontam a freqüência fundamental como o maior indicador vocal de estados psicológicos e como o mais poderosos indicador de stress. O autor propõe algumas correlações que estão sujeitas a variações culturais: vozes tensas estão relacionadas a indivíduos mais ativos e vozes menos tensas estão relacionadas a indivíduos mais passivos. Freqüências fundamentais mais altas (sons mais agudos ) estão relacionados a situações de desprazer e freqüências fundamentais mais baixas (sons mais graves) estão relacionados a situações de prazer. Situações de poder e controle estão também relacionadas a freqüências fundamentais mais baixas. A intensidade vocal (vozes mais fortes ou mais fracas ) está relacionada ao grau de extroversão. As alterações vocais produzidas por stress foram estudadas por SCHERER (1981c) em situações de laboratório (estudos de vozes de sujeitos expostos a situações extremamente desagradáveis ou aversivas) e em situações reais ( estudos de vozes de pilotos de aviões acidentados, diante do perigo iminente, através das caixas pretas das aeronaves). Dentre as diversas alterações observadas sob stress, o autor enfatiza as alterações respiratórias e o aumento do tônus muscular, os quais são responsáveis pelo aumento da intensidade e da freqüência fundamental da voz. WILLIANS & STEVENS (1981) investigaram os correlatos vocais de estados emocionais e concluíram que a ativação do sistema nervoso simpático que ocorre durante a emoção de raiva e medo provoca um aumento do ritmo cardíaco e da pressão sangüínea. Eles verificaram que esse aumento na 41 atividade provoca alterações na velocidade, na profundidade e no padrão dos movimentos respiratórios, o que pode afetar a pressão subglótica e modificar o contorno da freqüência fundamental. Observa-se, também, uma diminuição na secreção de glândulas salivares, levando a um aumento na viscosidade da saliva e secura na boca, o que pode modificar as características da fonte de excitação acústica do trato vocal. SPENCE ( 1982) tece algumas reflexões relacionadas à fragilidade da fala e à sua vulnerabilidade ao stress. Afirma que isso se deve ao fato de ser um comportamento altamente organizado, sujeito às mais diferentes adversidades. O autor fala, ainda em quatro tipos de marcadores de stress na fala : (1) marcadores visíveis, representados pela quantidade e velocidade de fala; (2) marcadores quase visíveis, relacionados à função motora, representados pela troca de sentenças, repetição, gagueira, omissão, não completação de sentenças, contaminações ou deslizes (tongueslip) e introdução de sons incoerentes; (3) os marcadores menos visíveis , que seriam as pausas preenchidas e pausas não preenchidas e (4) os marcadores invisíveis: vazamento de léxico. SIEGMAN (1982 ), aborda a relação existente entre personalidades do tipo A e algumas características de fala bem específicas, como tempo de latência para resposta mais curto, velocidade de articulação mais rápida e loudness aumentada. Tais características parecem estar de acordo sobretudo com a característica de urgência de tempo , típica do comportamento do tipo A . O autor fala ainda sobre os correlatos vocais do stress, destacando a tendência ao aumento de intensidade e freqüência fundamental sob stress, que se devem ao aumento no tônus muscular geral que ocorre sob stress, assim como alterações na respiração. Segundo o autor, os principais estudos relacionando stress e alterações no sinal vocal aconteceram graças aos estudos que utilizaram a análise da comunicação entre aeronaves e a base em terra em vôos em circunstâncias perigosas. Embora os autores reconheçam a tendência para o aumento da freqüência fundamental e da intensidade, eles ponderam que pode haver diferenças individuais nesse tipo de resposta, porque tanto a avaliação cognitiva do estímulo quanto as estratégias de coping são absolutamente individuais e podem levar a correlatos vocais diversos. FREEMAN, 1986 refere que é crescente o interesse dos pesquisadores sobre a influência do estilo de vida e da personalidade sobre as doenças em geral. Refere ainda, que o stress está presente na maioria das doenças, e cita como sintomas principais o cansaço constante, alterações no apetite ou problemas gástricos relacionados, tensão muscular, dores de cabeça, pressão alta, além e irritabilidade. Segundo a autora, raramente há uma causa única quando se trata de doenças. ROSEN & SATALLOF, 1997 referem que o stress tem numerosas conseqüências físicas. O sistema nervoso autônomo pode alterar as secreções orais e das pregas vocais, o ritmo cardíaco e a produção de acido gástrico, sob circunstâncias de stress. Segundo os autores o stress prolongado ou severo está comumente associado com o aumento da tensão corporal e, sobretudo de cabeça e pescoço. A fadiga crônica é um sintoma comum. Essas alterações fisiológicas podem levar, não somente a uma 42 qualidade vocal alterada mas também a patologias físicas. A secreção de acido gástrico aumentada está associada com úlceras assim como com laringite de refluxo e irritação de aritenóide. O stress também está relacionado com enfarte do miocárdio, asma e depressão do sistema imunológico. Os autores alertam para o fato de que, quando a exposição aos estressores é constante e inevitável, deve-se procurar implantar algumas modificações para que não haja o desgaste que gerará doenças. Os estressores podem ser físicos ou psicológicos, porém na maioria das vezes há uma combinação de ambos. Em casos onde há períodos de sobrecarga de trabalho e pressão de tempo, os autores recomendam que se procure obter repouso e nutrição apropriados, assim como a hidratação. Segundo eles, quando o corpo é privado desses itens essenciais, torna-se mais fácil a instalação de doenças entre elas infecções de vias respiratórias , fadiga vocal, rouquidão e outras disfunções vocais. ROSEN & SATALLOF,1998 afirmam que são bastante comuns, entre os mais diferentes profissionais da voz, problemas relacionados ao stress. Denominam como nível de stress, o grau de stress experenciado, resposta de stress a reação fisiológica do organismo e estresssor o estímulo externo ou interno , percepção imagem ou emoção que gera o stress. Falam também do conceito de coping (processo de administrar as demandas externa ou internas , as quais são avaliadas de acordo com as fontes internas do indivíduo. 43 CONSIDERAÇOES SOBRE A AVALIAÇÃO DA VOZ Uma avaliação completa da voz inclui vários procedimentos entre os quais estão: a anamnese completa, a análise perceptivo auditiva da qualidade vocal, medidas fonatórias temporais, avaliação corporal básica, análise acústica da onda sonora e avaliação in loco nas vozes ocupacionais e profissionais. Na prática fonoaudiológica, a avaliação tem por objetivo conhecer o comportamento vocal de um indivíduo (BEHLAU 2001). No presente trabalho avaliamos as vozes profissionais de jornalistas televisivos em situação real de fala ao vivo e as comparamos com a reprodução dessas mesmas emissões nos momentos pré e pós (veja metodologia). AVALIAÇAO PERCEPTIVO-AUDITIVA Em nossa avaliação utilizamos a análise perceptivo–auditiva de parâmetros selecionados, buscando uma descrição dos padrões predominantemente utilizados pelos sujeitos, baseados no julgamento subjetivo de quatro juizes treinados. Denominamos esses parâmetros de convencionais (qualidade vocal, ressonância, pitch, loudness, articulação, coordenação pneumo-fono-articulatória) interpretativos (velocidade, modulação , pausas e ênfases) e psicodinâmicos (agradabilidade, confiabilidade, naturalidade e segurança). Esse tipo de análise, que utiliza como instrumento fundamental a audição, “baseia-se no julgamento pessoal de determinadas vozes, o que é feito através da comparação de tais vozes a um sistema de referências pessoais do avaliador”. BEHLAU, 2001.(p99) A seguir apresentamos uma breve conceituação desses parâmetros: Qualidade vocal: refere-se ao conjunto de características que identificam uma voz, estando relacionada à impressão total criada por uma voz. Pode ser avaliada em deferentes dimensões: a biológica, que diz respeito às características anatômicas e fisiológicas do indivíduo (sexo, idade, saúde geral, estrutura e sincronia de funcionamento entre os componentes da laringe), a psicológica, que se refere às características de personalidade e estados emocionais e a dimensão sócio-educacional, que está relacionada à aceitação e incorporação de determinados parâmetros de atuação. 44 Ressonância: O som que é produzido pelas pregas vocais é reforçado ou atenuado pelas cavidades de ressonância situadas acima e abaixo delas: pulmões, faringe, laringe, boca, cavidade nasal, (seios paranasais). Em condições normais, não deve haver concentração de energia em nenhuma dessas cavidades, havendo, portanto, equilíbrio ressonantal. Quando existe um predomínio em uma delas, diz-se que a ressonância tem um foco específico, relacionado a cavidade em questão. Pitch: é a sensação psicofísica da freqüência fundamental, de maneira que em geral, o pitch aumenta conforme o aumento da freqüência. Entretanto, esta elevação não é linear, uma vez que o ouvido humano é mais sensível a umas freqüências do que a outras Assim, diferenças de freqüências mais baixas são mais facilmente percebidas que as de freqüências mais altas. As variações de pitch refletem a intenção do discurso. Tons mais agudos, maior gama tonal, ênfase marcada e maior velocidade de fala associam-se a um clima alegre de discurso. Já um clima triste, associa-se a tons mais graves gama tonal restrita, intensidade reduzida e menor velocidade de fala. Vozes mais graves relacionam-se a autoridade, à dominância a poder. Vozes mais agudas, por sua vez, estão relacionadas a submissão, a dependência e a fragilidade. O pitch é o parâmetro vocal que mais se altera sob stress emocional. GAMA TONAL: Refere-se ao número de notas acima e abaixo da freqüência fundamental ( cerca de 3 a 5 semitons) que são utilizados na fala encadeada. Está fortemente relacionado à intenção e ao contexto do discurso. LOUDNESS: é o correlato psicoacustico da intensidade vocal, podendo ser considerado forte, fraco ou adequada ao ambiente ou o contexto em questão. Do ponto de vista psicodinâmico a loudness está relacionada a noção de limite próprio e do outro, podendo transmitir a idéia de franqueza, vitalidade e energia. A Ênfase no discurso, em geral é conseguida através do aumento da loudness. ARTICULAÇÃO: Refere-se produção de formação dos sons da fala através dos órgãos fonoarticulatórios. Deve-se apresentar clara e definida para uma boa inteligibilidade. Quando isso acontece, passa-se ao ouvinte a sensação de franqueza e clareza de idéias. Quando não acontece, transmite-se a idéia de que há falta de organização mental ou uma não preocupação ou desejo de ser compreendido. COORDENAÇÃO PNEUMOFONOARTICULATÓRIA: Refere-se a inter-relação entre a respiração , às forças mioelasticas da laringe e musculares da articulação. É preciso que haja harmonia e sincronia temporal na combinação da passagem do ar pela laringe que opõe resistência e coloca o ar em vibração, transformando-o em som e finalmente que esse som se transforme em palavras através da ação dos órgãos fonoarticulatórios. Quando esse processo é harmonioso, transmite-se a sensação de estabilidade. Como está fortemente relacionada à respiração, a qual, por sua vez, é afetada por alguns estados emocionais, a coordenação pneumofonoarticulatória é facilmente afetada quando se fala sob stress emocional. 45 VELOCIDADE: Refere-se ao número de palavras que são emitidas por minuto. Quando a velocidade de fala está abaixo do padrão, transmite a impressão de falta de organização das idéias, desânimo e lentidão. Quando está rápido demais, transmite ansiedade, tensão, além de limitar o espaço de fala do interlocutor. MODULAÇÃO , PAUSAS E ENFASES: Essas três variáveis estão relacionadas com a intenção do discurso, podendo ser usadas a critério do falante voluntariamente para se obter o brilho desejado em sua fala. A modulação e as ênfases já foram mencionadas anteriormente. As pausas podem ser voluntárias, com finalidade interpretativa, ou involuntárias, indicando hesitação ou necessidade de reorganizar o pensamento. È referida por vários autores como sensível a alguns estados emocionais, aumentando a quantidade de pausas quanto maior a ativação emocional. AGRADABILIDADE, CONFIABILIDADE, NATURALIDADE E SEGURANÇA: Essas quatro variáveis representam requisitos desejáveis à fala profissional de jornalistas que trabalham em televisão. Elas resultam da combinação da presença harmoniosa das variáveis citadas anteriormente, com um estado emocional e físico equilibrados. Para que se obtenha êxito na no resultado final da comunicação o jornalista deveria ter sido capaz de transmitir essas sensações subjetivas ao ouvinte. AVALIAÇAO ACUSTICA Em nossa análise utilizamos também a avaliação acústica da voz. Através dela é possível realizar-se mensurações a partir do sinal sonoro e obter-se diversas medidas. Uma das mais importantes medidas na avaliação acústica vocal é a medida de Freqüência Fundamental expressa em Hertz (Hz) ou ciclos por segundo. BEHLAU (2001), refere-se a ela como “ a velocidade na qual uma forma de onda se repete por unidade de tempo”(p139). Essa medida reflete as condições estruturais e dinâmicas das pregas vocais, e varia conforme o comprimento das pregas vocais. Ela sofre modificações conforme a massa comprimento e tensão à vibração. Dessa forma, há claras diferenças entre seus valores relacionadas ao sexo: homens possuem uma faixa de distribuição que vai de 80 a 150 Hz, sendo a média 113Hz e mulheres apresentam suas vozes na faixa que vai de 250 a 250 Hz, com média em 205 Hz). Conforme já mencionado, a freqüência fundamental é considerada o parâmetro acústico que mais se altera sob stress emocional, sendo também o mais resistente aos diferentes sistemas de análise acústica e aos sistemas de gravação de voz. A avaliação da Freqüência Fundamental da fala possui duas propriedades fundamentais: media de freqüência e variabilidade. Isso porque a fala não acontece numa só freqüência, não sendo, portanto, monótona. Espera-se que o falante se utilize uma extensão variada de freqüências fundamentais, a fim de obter o efeito comunicativo desejado, através da ênfase em palavras ou sentenças. (BAKEN & ORLIKOFF, 2000) A MÉDIA DE FREQUENCIA FUNDAMENTAL representa, portanto, a soma das medidas de freqüências obtidas divididas pelo número de ondas, num dado trecho de fala. É possível também se obter a 46 Freqüência Fundamental mediana e a moda, sendo essa última a que melhor reflete a freqüência fundamental habitual, na medida em que indicará o valor de freqüência que mais aparece. De maneira geral, a média é uma boa medida quando se trabalha com uma distribuição mais ou menos simétrica. (BAKEN & ORLIKOFF, 2000) É esperado que haja variabilidade na Freqüência Fundamental da fala. Entretanto quando há excesso ou falta de variabilidade, torna-se inadequado. Para expressar a variabilidade da freqüência fundamental, é registrada a mais alta (freqüência fundamental máxima) e a mais baixa (mínima) freqüência obtida no trecho em análise. Esse valor pode ser expresso em Hertz ou ainda em semitons. . (BAKEN & ORLIKOFF, 2000) A comparabilidade dos estudos é bastante problemática na medida que, o material de fala utilizado, o método de captação da voz, o método de análise utilizado, entre outros interferem no resultado final. Assim é extremamente importante o cuidado quando ao se tirar conclusões nesses casos. Alem dessas medidas de Freqüência Fundamental é possível obter-se ainda, numa avaliação acústica completa, índices de perturbação da freqüência fundamental (jitter) e da amplitude (shimmer), medidas de ruído, perfil da extensão vocal e a espectografia acústica. 47 TELEJORNALISMO Breve história do telejornalismo As primeiras incursões na busca de se criar o que hoje chamamos de televisão aconteceram ainda no início século XIX na Suécia (1817), Inglaterra (1873) e nos Estados Unidos (1875). Já no final do século, os alemães incrementam um pouco mais a evolução das experiências (PRADO, 1996). Já por volta de 1925, Baird, um inglês, conseguiu algumas façanhas no que diz respeito à projeção de imagens. No Brasil, a televisão foi introduzida por Assis Chateaubriand, em fevereiro de 1949. A primeira transmissão aconteceu em São Paulo, no dia 18 de setembro de 1950 e, a partir de então, outras transmissões continuaram acontecendo, sempre no período da noite e ao vivo, de forma bastante artesanal e incipiente. Como não havia especialistas, profissionais de varias áreas afins, como teatro, cinema, radio e jornal, vieram trabalhar no veículo. Com o tempo, foi possível a habilitação de vários profissionais através de intercâmbio com os Estados Unidos, o que foi, cada vez mais, melhorando a então TV TUPI, que se transformou na grande escola da televisão brasileira (PRADO,1996). A década de 50 foi marcada pela expansão da televisão para outros estados brasileiros. Já no início dos anos 60, o videoteipe veio revolucionar a qualidade da programação, possibilitando a gravação prévia dos programas. Porém, como se tratava de equipamentos ainda muito rudimentares e pesados, a televisão não tinha grande mobilidade, o que fazia com que sua programação parecesse muito com a programação de rádio. Somente no final da década de 60, foi possível se verificar um verdadeiro avanço, o qual foi proporcionado, entre outras coisas, pelo interesse político dos governos militares pós 1964. Foi nessa época que surgiu a TV Globo (1965), e com ela um novo conceito empresarial, que alavancou o 48 desenvolvimento da televisão no Brasil. Nesse cenário de crescimento da TV Globo, começa a queda de prestígio e de força das outras emissoras. A TV Excelsior teve sua concessão cassada por divergências com o regime militar em 1969; a TV Tupi perdeu bastante força com a morte de Assis Chateuaubrian em 1968, e as TVs Record e Bandeirantes tiveram prejuízos irreparáveis, devido a incêndios sofridos (PRADO,1996). A TV Globo continuava crescendo e foi a primeira a incorporar o sentido de Rede no Brasil. Ainda no final da década de 1960, expandiu-se para diversas regiões do Brasil, criando uma linguagem única e despontando no mercado com uma tecnologia de ponta. Todo esse crescimento só foi possível graças a facilidades permitidas pelo governo militar, tolerante com ações consideradas inconstitucionais. A Constituição brasileira, por exemplo, não permitia a participação de capital estrangeiro em empresas nacionais de comunicação, mas o governo permissivo, pois tinha, em troca, forte apoio da emissora, foi “que com essa injeção de recursos internacionais ia se transformando na voz mais forte do país”.(PRADO, 1996, p.16) Além do capital, a rede Globo se beneficiou também da tecnologia e do senso de profissionalismo americanos, e com isso crescia ainda mais, criando o Padrão Globo de Qualidade, baseado na força das imagens, o que ainda não acontecia no telejornalismo nessa época (PRADO, 1996). Nessa época, os telejornais tinham como seu principal representante o Repórter Esso, no qual um locutor narrava as notícias. Com a chegada das câmeras portáteis e da conseqüente facilidade de se ter mais imagens, passou-se a investir na participação dos envolvidos na notícia, e na fusão imagemtexto. Esse novo modelo não foi facilmente absorvido pelos telespectadores, que preferiam ainda o modelo do tipo Repórter Esso, com o qual estavam mais acostumados. Passaram-se cerca de dois anos até que o novo modelo começasse a agradar e conseguisse seu espaço. Após esse período, já no início da década de 70, o telejornalismo da Rede Globo passou a servir de modelo para as outras emissoras, sendo um importante responsável para o desenvolvimento do telejornalismo no Brasil (PRADO,1996) . Características do trabalho no jornalismo televisivo 49 O jornalismo em televisão, desde então, não pára de crescer. Hoje possui características próprias bastante específicas, relacionadas ao aparato tecnológico que envolve, à sua abrangência, à sua característica imediata e envolvente, de modo que impõe características bastante peculiares ao trabalho das pessoas que se dedicam ao telejornalismo diário. Isso inclui uma série de profissionais, entre eles jornalistas, cinegrafistas, técnicos e outros. Uma das características que distingue o jornalismo televisivo do jornalismo impresso, por exemplo, é a sua capacidade de levar ao telespectador a notícia ainda acontecendo ou acabando de acontecer: “ A televisão é contemporânea ao fato. Pelas suas próprias características técnicas, ela proporciona possibilidades de mostrá-lo logo depois de ele ter acontecido, quase instantaneamente. Em vez de relatar o fato, ela o mostra em toda a sua dimensão. Ela pode assim, atingir quantidade muito maior de sentidos humanos, já que se utiliza do movimento, da cor, do som e de toda a dramaticidade do acontecimento quase ao mesmo tempo em que ele se deu. Por isso , pode-se dizer que a televisão é cômoda já que ela não exige esforço por parte do telespectador” (SQUIRRA, 1990 p.51) Esta distinção é, e deve ser sempre, uma de suas marcas principais. Por esse motivo, toda a equipe envolvida na tarefa de levar um telejornal ao ar num determinado horário, tem, no tempo, o seu maior algoz. O tempo, em verdade, é responsável por uma boa parte do stress do repórter, na medida em que é esperado da televisão, que informe antes um fato do que o jornal , o qual só chegará às bancas na manhã seguinte. Portanto, cada reportagem deve ser feita com os fatos ainda bastante recentes. Isso faz com que todos da equipe de telejornalismo trabalhem de forma diferenciada dos colegas de outros veículos e impõe ao repórter de TV de um ritmo de trabalho que é, em si mesmo, uma das primeiras e principais fontes de stress. CUNHA, 1990, refere que o repórter tem que estar preparado para tudo, afirmando que sua vida profissional é e será sempre marcada por correria, tensão, angústia, sendo a pressão uma constante em sua vida. Outra característica importante é a comodidade e facilidade com que a informação pela televisão é absorvida pelo telespectador. O único pré-requisito para se desfrutar do que é produzido para a televisão é a integridade sensorial auditiva e visual, não sendo necessário nenhum conhecimento prévio. Já no caso do jornalismo impresso, requer-se minimamente a alfabetização e algum domínio da língua escrita, alem de esforço para a compreensão, e da possibilidade de ser manipulado por apenas uma 50 pessoa de cada vez (SQUIRRA,1990). Além disso, “a imagem não tem fronteiras. Apesar de algumas diferenciações regionais, ela pode ser decodificada por qualquer cidadão, de qualquer parte do planeta sem muitas dificuldades”(SQUIRRA,1990, p53). Outra característica marcante, e considerada por muitos autores como a mais importante, é a imagem. A imagem tem tamanho poder de expressão e capacidade de convencimento que ocupa lugar fundamental na comunicação eletrônica, sendo, por muitos autores, considerada como o principal elemento no telejornalismo (SQUIRRA,1990., BADARÓ, 1987). Não obstante a importância cabal delegada à imagem, ela, em geral, deve vir acompanhada sincronicamente da palavra. Se elas tiverem em desacordo, podem se converter em desinformação “(KLOSS, 1985, p.26). Temos aqui mais uma responsabilidade e preocupação do repórter que deverá sempre estar trabalhando de forma bastante sincronizada com o cinegrafista, responsável pela imagem. Tudo o que ele disse, além de estar correto, e ser fruto de um trabalho minucioso de apuração, deve estar de acordo com a imagem que está sendo veiculada. Isto se torna ainda mais difícil quando não é possível a edição, como no caso das transmissões ao vivo. Apesar de todo trabalho final de reportagem, que levou várias horas para ser produzida e executada, ter sido fruto do trabalho de uma equipe que envolve várias pessoas (pauteiro, produtor, chefe de reportagem, editores, etc) quem assina essa reportagem é o repórter. Ele empresta sua imagem e sua voz para veiculá-la e está indissociavelmente ligado a ela. A fala do repórter, portanto, é de inteira responsabilidade dele mesmo ( CUNHA, 1990, p.23;CASTRO, 1986). Tudo o que o repórter disser está , em tese, colocando-o em risco. Mais uma vez aqui, outra característica importante do trabalho do repórter, que se configura em fonte geradora de stress. Mesmo com todas essas características, que em tese tornariam a tarefa do repórter tão penosa, o telejornalismo atrai cada vez mais adeptos. BADARÓ (1987) tenta explicar esta atração um tanto contraditória pela tensão: “ Vale perguntar, porque o jornalismo eletrônico, fábrica de constantes tensões é tão atraente. Onde mora essa magia que faz os jornalistas abrirem mão da também fascinante tarefa que é escrever e descrever os fatos com palavras, títulos e entretítulos? Talvez essa magia esteja no imediatismo da TV , que mesmo perdendo para o rádio, reproduz a maior das ameaças ao nosso sagrado texto: a imagem. A verdade é que a imagem , desde que bem tratada, transforma-se na grande aliada do verbo.” (BADARÓ, 1987,p.15) Funções básicas e requisitos do repórter de televisão 51 Como já dissemos, o produto final de uma reportagem é fruto do trabalho integrado de uma equipe que envolve inúmeras pessoas. Ainda assim, considera-se o repórter como a “célula básica de todos os veículos de comunicação” (PRADO, 1996, p.25). É o repórter que se confronta com o fato, que o transforma em notícia e que, finalmente a conta para o telespectador. Como já mostramos também, a responsabilidade final do produto é atribuída a ele. Isso impõe a seu trabalho um desgaste adicional, pois um erro de interpretação pode provocar distorções e colocá-lo em situação bastante desconfortável. Por esse motivo, sua preparação cultural e informativa é preconizada por vários autores (PRADO,1996, SQUIRRA, 1990) Além da preparação cultural e da manutenção da informação atualizada diuturnamente, os requisitos de um repórter de telejornal são, no geral, semelhantes ao do jornal impresso: garra, informação,bom texto, boa apuração, boas fontes de informação. Agregam-se a tais características, comuns aos vários veículos de informação, outras específicas do repórter de telejornal. É desejável, por exemplo, que ele próprio tenha uma boa imagem, considerando-se o papel que a imagem ocupa para o telejornalismo. Em outras palavras, a própria imagem do repórter, faz parte do produto que “vende” (PRADO, 1996, SQUIRRA, 1990.; CUNHA,1990). Dessa forma o cuidado com a aparência saudável, com a higiene pessoal impecável, com um vestuário adequado , devem ser também uma preocupação desse profissional. “É importante, também, que ele não pareça inibido, indeciso ou inseguro” (SQUIRRA, 1990 p.82). É recomendável que seja humilde, simples, tenha equilíbrio plástico e qualidade de comunicação verbal. Deve ainda ser hábil em suas relações interpessoais e usar, com sabedoria, de certa dose de psicologia para poder ser um agente facilitador da entrevista, visto que muitos entrevistados se sentem inseguros diante das câmeras. (SQUIRRA, 1990, p.86) Como vemos, não são poucos os atributos pessoais que concorrem para o bom desempenho do repórter. Algumas dessas características fazem parte da sua própria personalidade e outras vão sendo assimiladas ou cultivadas ao longo do tempo. Mas parece certo que a adesão ao perfil ideal de repórter implica uma intensa dedicação, com clara repercussão na vida pessoal do repórter. É considerada básica, por exemplo, a disponibilidade integral ao jornalismo. O jornalista “deve estar disponível 24 horas por dia, sempre atento a um fato que pode se tornar notícia. Esta é uma atitude considerada profissional, no meio jornalístico” (PRADO, 1996). Ele deve ter boas fontes e cultivar sua credibilidade: mesmo com fontes seguras, é preciso sempre checar as informações, para não colocar em risco sua credibilidade. Deve ser sempre imparcial e emocionalmente controlado, mesmo diante das situações mais inusitadas ou estressantes.(PRADO,1996, p.26) A comunicação verbal é adicionada aqui como compondo o conjunto da imagem do repórter. A clareza verbal, por exemplo, é considerada fundamental , pois dado o imediatismo do veículo, não é possível para o telespectador “reler” o texto para compreender algo que não tenha ficado claro. KLOSS, 52 1985, afirma que a palavra na televisão é tão importante como no jornal impresso, existindo uma diferença que está na elaboração do texto. No jornal, ele é para ser lido. E lido a qualquer hora do dia ou da noite. Na televisão, porém, ele é escrito para ser ouvido. Ouvido uma só vez e entendido em segundos. CUNHA, 1990, refere que não há padrão de locução nas televisões do Brasil, devido ao tamanho de nosso país, mas considera que seja básico para o repórter saber falar corretamente e sem inibição. Segundo o autor, a expressão verbal do repórter deve ser determinante, firme e envolvente, não devendo a voz contradizer jamais o conteúdo; ao contrario, deve caminhar a seu serviço. Na verdade, para o autor, mais importante que a voz está a fala, que deve ser clara e definida, com uma articulação precisa. Ele enfatiza, ainda, o poder da comunicação implícita ou não-verbal, através da qual informamos uma série de dados de forma paralela ao conteúdo desejado. A mensagem pode ter diferentes significados, dependendo da entonação, modulação e volume de voz.“O sexo, a idade, o nível cultural, status, emoções, traços de personalidade e outras variações particulares de cada indivíduo descobrimos e julgamos intuitivamente e com muito acerto por intermédio da voz”.(p.47) Dessa forma, espera-se que o jornalista televisivo construa um texto objetivo e fácil de ser entendido e que ele tenha a preocupação de transmitir essa clareza e toda a sua intenção pessoal quando fala, pois ”os olhos têm mais paciência que os ouvidos. Os ouvidos ficam desorientados quando nós os enchemos de detalhes ou lhes contamos uma história de forma monótona” (SQUIRRA,1990, p.54). Portanto, fazer-se entender deve ser um dos principais objetivos de quem fala para TV (PATERNOSTRO, 1989 p.21), pois o erro pode ser “cruel e fatal”. A importância atribuída à palavra fica evidente, também, quando se diz que o repórter deve ser capaz de, com ela, despertar o público da poltrona “, o que o torna quase um ator “cujo texto, quase sempre escrito por ele mesmo, tem que ser bem dito, não importa onde se instale o palco (BADARO, 1987). Os cuidados com a comunicação verbal, portanto, implicam um cuidado com o quê dizer, com o como dizer e com o quando dizer. Associa-se a esses cuidados implícitos uma das mais importantes características peculiares ao próprio veiculo, que é a urgência de tempo. Temos, assim, como resultado, um aumento da responsabilidade do repórter e, conseqüentemente, do stress. Todos esses poontos devem estar presentes no comportamento diário do repórter, mas não devem jamais transparecer para o telespectador como uma preocupação, e sim como um elemento a mais que participou do sucesso de uma reportagem. Caso contrário, quando tal preocupação é excessiva ou transparece para o telespectador, pode reverter contra o próprio repórter. “A força, a emoção, o conteúdo, a hesitação, o nervosismo, a verdade e a mentira se ampliam e repercutem de forma dinâmica e excepcional. (PATERNOSTRO, 1989) 53 STRESS NO JORNALISMO Recentemente, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) publicou uma coletânea de pesquisas e estudos elaborados por sindicatos de jornalistas do país e pela Federação Internacional dos Jornalistas e algumas universidades brasileiras denominado STRESS E VIOLÊNCIA NO LEAD DA NOTÍCIA, organizada por AGUIAR,1996. Em seu prefácio, traz algumas afirmações bastante contundentes, no que diz respeito ao grau de insalubridade relacionado à profissão de jornalista, que divergem bastante da imagem glamourosa comumente atribuída a ela. Segundo o autor, o jornalismo é uma profissão de morte precoce, com elevado índice de morte súbita ainda no exercício da profissão, sobretudo por doenças cardiovasculares. Dentre os vários resultados das pesquisas, destacamos: • A prevalência de hipertensão entre jornalista é muito superior à de outras profissões pesquisadas (40,8% contra 25,7%) - estudo apresentado no IV Congresso Brasileiro de Hipertensão Recife (PE) - agosto 1995. • As doenças mais freqüentemente encontradas entre os jornalistas são as cardiovasculares, neuroses e doenças do aparelho digestivo e, mais recentemente, a LER (lesões por esforços repetitivos), a qual tem relação direta com a pressão do tempo (Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais – 1995). • Os stressores típicos da profissão são: horários irregulares de trabalho, o que implica horários irregulares para o sono e alimentação, descanso semanal reduzido e plantões para feriados e fins de semana, ansiedade constante, prazo de fechamento dos jornais – dead-line - , competição e frustrações. A característica do próprio trabalho leva à manutenção de tal situação, na medida em que é esperado do jornalista que esteja na vanguarda da informação, que realize seu trabalho no menor tempo e com o maior grau de acerto possível (pesquisa realizada pela organização Internacional do trabalho - OIT – 1984) . • A presença do stress foi verificada em 44,12% de 136 jornalistas e a da insatisfação no trabalho em 66,91% dos entrevistados (pesquisa realizada pelo Sindicato dos Jornalistas do Ceará, em outubro 1992). • 79,5% dos 200 jornalistas entrevistados consideram que o jornalismo favorece o stress (pesquisa encomendada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais). • Dentre os riscos ocupacionais do jornalismo, destacam-se o stress e a sobrecarga psíquica, inerentes à atividade profissional, o ritmo acelerado e prolongado da jornada de trabalho, a sujeição a uma divisão hierárquica das tarefas, cujo conteúdo é fiscalizado e conduzido, e o controle das relações humanas. Acrescentam-se, ainda, a exposição ao ruído e a radiações, os riscos ergométricos e a exposição a situações periculosas em suas atividades de rua (COUTO 1996) . 54 • No perfil de morbi-mortalidade da categoria dos jornalistas, o stress figura como fator etiológico preponderante e incluem-se os distúrbios comportamentais (vícios, angústias, neuroses), a hipertensão arterial e as doenças cardiovasculares, além de úlcera péptica, asma e tenossinuvites (COUTO 1996). TAREFA DIÁRIA DO JORNALISTA QUE ESTÁ NO VÍDEO TAREFA PRÉ-GRAVADA REPORTAGEM SQUIRRA, (1990), define reportagem como o “conjunto de providencias necessárias à elaboração de uma matéria. É composta de pesquisa, trabalho de checagem dos dados, entrevista externa e edição das informações essenciais do fato ocorrido”(p.170} Os riscos de que acontecimentos que fogem ao seu controle aconteçam e entrem no ar, são menores quando o repórter sai para fazer uma reportagem de rua. Há um relativo controle por parte do repórter. O sincronismo entre repórter e cinegrafista está mais garantido e a possibilidade de editar imagem e som traz mais segurança ao repórter. Entretanto, a pressão de tempo é praticamente a mesma observada em outras funções. Quando o repórter sai, há um agendamento previamente estabelecido entre a produção e os entrevistados, que ele deve respeitar. São as chamadas “marcações”. Dessa forma, numa mesma manhã, por exemplo, ele pode ter 3 ou 4 marcações. Problemas com a primeira marcação podem comprometer as demais e por em risco a finalização do trabalho no prazo estabelecido. Este prazo recebe, no meio jornalístico, a denominação “dead-line” que significa corresponde ao prazo final, necessário para que a matéria esteja pronta de modo a ser aproveitada na próxima edição. TAREFAS AO VIVO APRESENTAÇÃO A atividade do jornalista que apresenta um telejornal é, sempre, acumulada a pelo menos mais uma função. Em geral, o apresentador também tem a função de editor, durante o período em que não está apresentando. Isso fornece a ele maior intimidade e comprometimento com a notícia que veiculará, o que é uma tendência do jornalismo moderno. A apresentação de um telejornal é realizada dentro de um estúdio próprio para tal fim e envolve um aparato técnico e de serviços especializados bastante grande. A tarefa do apresentador é anunciar ou comentar as notícias que fazem parte daquela edição. Para essa atividade, há uma preparação prévia de 55 texto, ao qual o apresentador tem acesso com antecedência. Ele pode ler e até “ensaiar”. No momento do “ao vivo” ele terá este mesmo texto para ler da forma mais natural possível, através do tele-prompter, ou seja, uma tela onde é projetado o texto para que seja lido pelo apresentador. LINK A palavra “link”, em tradução direta para o português, significa ligação, conexão. É usada no telejornalismo, sem tradução, para definir tecnicamente a comunicação existente entre o estúdio e o transmissor e entre dois transmissores. Trata-se de serviço técnico que permite o envio de sinal de televisão para transmissão. É também a ligação da emissora com uma unidade geradora de sinal (imagens ao vivo de uma transmissão de futebol, por ex). (SQUIRRA, 1990, p. 167). Para que seja possível essa transmissão, é necessária uma Unidade Externa, uma “viatura do gênero furgão, ônibus ou microônibus, onde é montada uma espécie de miniestação de TV. Tem antena de microondas para enviar à emissora, ao vivo, imagens captadas pelas câmeras.”(SQUIRRA, 1990, p.172) As transmissões ao vivo impõem um aumento na responsabilidade do repórter já que não há como voltar e repetir se algo der errado, como se faz quando uma matéria é gravada. De modo geral, o repórter deve ser claro, objetivo e correto em curto tempo, sem cometer enganos gramaticais ou perder a fluência. Para tanto, ele se prepara previamente e procura livrar-se o mais rápido possível daquela situação. (CUNHA,1990) . Além da preocupação com sua própria performance, o repórter é também responsável por todo o resto, na medida em que é diretamente atingido se algo não der certo. Todo o aparato técnico que envolve uma transmissão ao vivo relacionado à imagem e ao som deve funcionar sem intercorrências. O espaço onde se dará a entrada ao vivo deve ser o mais adequado possível, do ponto de vista operacional e estético. As incertezas quanto à performance do entrevistado, as mudanças de última hora, comunicadas pela redação ao repórter, as adversidades climáticas, as adversidades técnicas, as possíveis falhas humanas de um dos técnicos envolvidos, tudo isso, em última análise, põe em risco o sucesso da performance. CARACTERISTICAS DAS EMISSORAS QUE PARTICIPARAM DA PRESENTE PESQUISA2 TV GLOBO SÃO PAULO A área de cobertura da TV Globo São Paulo vai além da região metropolitana. Seu sinal alcança 61 municípios, atingindo quase 17 milhões de pessoas. Atualmente localizada na zona oeste da capital em modernas instalações, sua sede espelha a grandeza do município que a abriga. São Paulo, hoje, não 2 As informações aqui apresentadas foram obtidas a partir de material de circulação interna da Central Globo de Jornalismo e da consultoria do jornalista Ivan Renato Rodrigues (editor regional Tv Tribuna Santos) 56 pode ser considerada apenas como uma cidade, mas como uma metrópole que comporta outras pequenas metrópoles, com características e problemas peculiares. Conta com cerca de 54 jornalistas trabalhando internamente, na redação, e mais 39 repórteres na rua, para produzir vários jornais. Alguns desses jornais tem transmissão local, como o Bom dia São Paulo e SPTV1 e 2, alguns tem transmissão estadual (Globo Esporte e Antena Paulista) e outros tem transmissão nacional (Jornal Hoje e Jornal da Globo) TV TRIBUNA SANTOS Fundada em 01/02/92, a Tv Tribuna Santos cobre 26 municípios da baixada santista, vale do ribeira e litoral sul, contando, hoje, com uma sucursal em Registro. Essa área de cobertura permite que sua transmissão atinja perto de 2 milhões de pessoas. Possui uma Unidade Móvel de Jornalismo para transmissões ao vivo e mais três pontos fixos também para transmissões ao vivo. Um deles, está instalado em uma das praias da cidade de Santos , outros dois, localizados no campo de futebol da Vila Belmiro (Santos Futebol Clube) e mais um localizado na Ilha Porchat, em São Vicente. O departamento de jornalismo da TV Tribuna produz duas edições diárias do Jornal da Tribuna, previsão do tempo e uma edição diária do Tribuna Esporte. Além disso, produz, em média, 2 boletins diários e um resumo das notícias do dia, e, ainda, mais dois programas semanais: o Corpo em Ação (esporte) e o Rota do sol (meio ambiente). Orientações editoriais dos telejornais locais 1ª edição - SPTV1 e JT1 O telejornal do meio dia recebe, em São Paulo, o nome de SPTV 1ª edição e, em Santos, JORNAL DA TRIBUNA 1ª edição. Ambos tem, basicamente, a mesma orientação editorial e o mesmo perfil, na medida em que ambos enquadram-se no conceito denominado JORNALISMO COMUNITÁRIO. Esse conceito é definido como o canal de comunicação entre cidadãos e autoridades, consistindo em uma prática democrática e saudável na busca da solução dos problemas e na consolidação da cidadania, sendo o jornalismo específico da cidade. Pretende dar voz ao cidadão na luta pela garantia de direitos elementares dos moradores. Esse conceito foi criado e implantado pelo jornalista Amauri Soares, em São Paulo, em 1997, ocasião em que importantes mudanças aconteceram na Central Globo de Jornalismo (CGJ). Cada uma das nove emissoras afiliadas existentes até então (Campinas, São Carlos, Ribeirão Preto, Bauru, Sorocaba, São Jose do Rio Preto, São Jose dos Campos, Presidente Prudente e Santos) foram reformuladas e reequipadas, com um alto investimento financeiro, para que pudessem ter a autonomia de produzirem seus próprios jornais locais. Até então o jornal que ia ao ar ao meio dia na cidade de São Paulo, era produzido com a contribuição das cidades do interior e deveria , portanto, 57 contemplá-las em sua pauta. Com a autonomia das afiliadas, tanto a capital paulista quanto as emissoras afiliadas foram beneficiadas. São Paulo pôde produzir um jornal dirigido especificamente à realidade de uma grande metrópole e as afiliadas puderam produzir, nos mesmos moldes um jornal que melhor espelhasse a realidade de suas respectivas comunidades. O SPTV 1ª edição estreou em 30/03/98 em São Paulo, e o JORNAL DA TRIBUNA 1ª edição estreou em 1999. Ambos têm, em média, 45 minutos de duração e privilegiam informações locais, a prestação de serviços e a defesa do consumidor. São contemplados, também, temas como cultura, comportamento, profissão/pequenos negócios, economia, política e turismo, sempre com o foco no interesse da comunidade. 58 OBJETIVO OBJETIVO GERAL O objetivo principal da presente pesquisa é investigar a influência da tarefa de falar ao vivo sobre a freqüência cardíaca, os níveis de cortisol, e sobre a voz. Pretende-se, paralelamente, traçar um perfil de avaliação subjetiva do stress que tal tarefa representa para os sujeitos. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Considerando toda a amostra: 1. Comparar a variação fisiológica ocorrida no momento ao vivo com os parâmetros de normalidade para situação análoga. Considerando os grupos experimentais: 2. Investigar a variação fisiológica ocorrida nos três tempos experimentais (pré – ao vivo- pós} 3. Investigar a variação fisiológica e psicológica de acordo com a procedência geográfica dos sujeitos 4. Investigar a variação fisiológica e psicológica de acordo com a situação de trabalho dos sujeitos 59 5. Investigar a variação fisiológica e psicológica de acordo com o gênero (quando houver diferenças significantes entre os grupos de acordo com a procedência geográfica ou situação de trabalho). METODOLOGIA AMOSTRA Participaram desta pesquisa, 32 jornalistas3 (8 apresentadores e 24 repórteres) funcionários de duas empresas de telecomunicações, uma localizada na cidade de São Paulo e outra localizada na cidade de Santos, interligadas pelo sistema de rede. Buscando obter uma maior uniformidade na amostra, decidimos investigar uma única Rede de Televisão, considerando que garantiríamos, assim, o mesmo padrão de qualidade técnica, o mesmo padrão de cobrança por qualidade de serviços e, ainda, a mesma direção editorial. Optamos, por facilidade de acesso, pela REDE GLOBO DE TELEVISÃO, através da CENTRAL GLOBO DE JORNALISMO (CGJ), sediada na cidade de São Paulo (TV GLOBO - SÂO PAULO). Os sujeitos provenientes desta empresa compuseram o que denominamos GRUPO SÃO PAULO. Para verificarmos os efeitos de uma possível sobrecarga de stress, típica das grandes metrópoles, entre sujeitos da capital paulista, incluímos em nossa amostra também um grupo oriundo de uma cidade de médio porte, pertencente a uma emissora afiliada da mesma rede e que cobre o litoral paulista (TV TRIBUNA - SANTOS) . Os sujeitos que compuseram esse grupo foram denominados 3 Como utilizamos variáveis fisiológicas que apresentam variações circadianas ao longo do dia, como o cortisol e a freqüência cardíaca (GUECHOT et al, 1982; PETERS et al, 1982; LAUDAT et al, 1988), a quantidade total de sujeitos na presente amostra ficou limitada ao número de sujeitos disponíveis dentro da situação experimental proposta. Em outras palavras, podemos dizer que nossa amostra é composta pela quase totalidade de sujeitos disponíveis que se enquadraram nos critérios amostrais. 60 GRUPO SANTOS. Dessa forma, mantivemos padronizados os critérios amostrais que dizem respeito à qualidade técnica, profissional e editorial. Além da divisão por procedência geográfica, pudemos dividir os sujeitos em mais dois grupos, considerando a situação de trabalho na qual se encontravam . O primeiro grupo, denominado GRUPO APRESENTAÇÃO, incluiu os sujeitos que tinham a função de apresentar o jornal a partir do estúdio localizado na própria emissora. O segundo, chamado GRUPO LINK contemplou a situação de link, na qual o sujeito tem a função de atuar como repórter numa situação ao vivo, fazendo entrevistas ou transmitindo uma notícia importante, diretamente do local onde ela está acontecendo ou acabando de acontecer. Dessa forma, esses sujeitos atuaram sempre fora da emissora. A proporcionalidade da composição desses dois grupos reflete o universo do qual foram extraídos os sujeitos , no qual há sempre mais repórteres do que apresentadores. Foram considerados critérios de inclusão para participação neste experimento: (a) gozarem de boa saúde física e mental, (b) serem funcionários da REDE GLOBO DE TELEVISÃO (São Paulo) ou da TV TRIBUNA (Santos) (c) trabalharem como repórteres para o telejornal local no horário de 12h, e (d) terem sido escalados para tarefa de fala ao vivo no dia do experimento. 61 MATERIAIS e INSTRUMENTOS: Para a coleta de dados, foram utilizados alguns materiais , (como frequencímetro, coletor de saliva, gravador de voz em MD, entre outros) , e alguns instrumentos (como o protocolo de Ansiedade-Estado, a Lista de Sintomas de Stress, o Bepatya, entre outros) , os quais serão descritos a seguir: 1) PARA CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA (ANEXO 1) Trata-se de um protocolo que se presta a identificar os sujeitos e verificar os critérios amostrais, através de questões preenchidas pela própria examinadora. Permite levantar dados sobre idade, sexo, tempo de profissão, tempo na função e experiência previa com função similar (rádio) 2) PARA AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS Foram consideradas variáveis fisiológicas a Freqüência Cardíaca, o Cortisol e a Voz 2.1) FREQÜÊNCIA CARDÍACA: Para a avaliação da freqüência cardíaca durante todo o período (antes, durante e depois da situação ao vivo) foi utilizado o Freqüencímetro POLAR modelo S410, o qual captou o ritmo de batimentos por minuto (bpm) e os registrou a cada 2 minutos. Ele é composto por um transmissor instalado em uma tira de material emborrachado dotada de eletrodos que é colocada diretamente sobre a pele do tórax do sujeito e fixada por uma tira elástica. Além desse “cinturão” transmissor, o equipamento também é composto por um receptor, uma espécie de relógio o qual, além de registrar os batimentos por minuto, armazena os dados. Esse receptor foi instalado no pulso esquerdo do sujeito no momento pré (11h) e desligado e retirado no momento pós (14h). Esse equipamento vem acompanhado de um CD que contém um programa (SONIK LINK) que permite que os dados registrados durante todo o período, sejam descarregados posteriormente em um micro-computador, e organizados na forma de um gráfico que correlaciona o número de batimentos por minuto ao tempo de registro. Dessa forma, nos foi possível obter valores a cada 2 minutos, a partir do momento da instalação (momento pré) até o momento da desativação (pós). Assim, nos ficaram disponíveis as 62 medidas numéricas de um período aproximado de 3 horas (figura 1). Esses registros foram posteriormente organizados e considerados os momentos correspondentes ao período antecipatório, experimental e de recuperação. Inúmeros autores, KNIGHT & BORDEN, 1979; KIRSCHBAUM, PIRKE & HELLHAMMER, 1993, HENNIG, LASCHEFSKI & OPPER, 1994, SHIMIDT OTT et al (1988) ROY, KIRSCHBAUM & STEPTOE (2001); PALMERO et al (2001) , organizam assim sua coleta e avaliação de dados. No nosso modele, consideramos: 2.1.1 FREQUENCIA CARDÍACA NO MOMENTO PRÉ: consideramos a primeira medida obtida a partir da ativação do frequencímetro . O momento pré corresponde ao que a literatura chama de período preparatório , (análogo ao “estado de alerta” na teoria de stress), e ocorreu sempre em torno de 11h da manhã, o que equivale a aproximadamente 1 hora antes da performance ao vivo. 2.1.2 FREQUENCIA CARDÍACA NO MOMENTO AO VIVO: consideramos a maior medida obtida no período em que o sujeito se encontrava falando ao vivo , e a denominamos “medida de pico”. O momento ao vivo corresponde ao que a literatura chama de período experimental, (ou “estado de reação” na teoria de stress), e ocorreu sempre em algum momento entre 12h e 12h 45m, dependendo da ordem de entrada ao vivo do sujeito, no telejornal. 2.1.3 FREQUENCIA CARDÍACA NO MOMENTO PÓS: consideramos a última medida obtida antes da desativação do frequencímetro. O momento pós corresponde ao que a literatura chama de período de recuperação (também denominada “fase refratária” na teoria de stress), e aconteceu, sempre, pouco mais de 1 hora após o término do jornal, ou seja, às 14h). 2.1.5 PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQUENCIA CARDÍACA NO MOMENTO “AO VIVO”: : nessa variável procuramos verificar se o maior pico de freqüência cardíaca acontecia exatamente no momento da fala ao vivo ou não. 63 FIGURA 1: Gráfico obtido pelo oprograma PC COACH SONIK LINK com registros de freqeuncia cardíaca de um repórter a cada 2 minutos. É possível observar um pico de maior valor , aproximadamente no tempo 1h30m. Esse tempo corresponde ao exato momento de entrada ao vivo do repórter. 2.2 CORTISOL:Para a obtenção das amostras de cortisol, foi utilizado um dispositivo apropriado para coleta denominado SALIVETTE - Sarstedt®. Este dispositivo é composto por um rolete de algodão esterilizado, o qual fica contido em um tubo plástico. O sujeito foi instruído a mastigar o rolete de algodão por um minuto, período após o qual o rolete foi recolocado no tubo plástico e congelado a –20°C. Posteriormente, estas amostras foram enviadas a um laboratório especializado em dosagens hormonais (CRIESP – Central de Radioimunoensaio de São Paulo ) onde foram descongeladas, centrifugadas e dosadas quanto ao nível de cortisol salivar , através do método radioimunoensaio “like” – agente marcador: “Európio”. Foram coletadas amostras de saliva em três momentos diferentes 2.2.1 CORTISOL NO MOMENTO PRÉ: esta amostra foi obtida às 11h, concomitantemente à ativação do frequencímetro 2.2.2 CORTISOL NO MOMENTO AO VIVO: Apesar de ter sido obtida imediatamente após (às 12h45, horário em que o telejornal era finalizado), e não durante o ao vivo , essa amostra foi considerada e denominada por nós como CORTISOL NO MOMENTO AO VIVO .Esta foi a única medida fisiológica que não permitiu a coleta no exato momento ao vivo. As outras duas medidas (freqüência cardíaca e voz) permitiram. 2.2.3 CORTISOL NO MOMENTO PÓS: essa amostra foi obtida às 14h, concomitantemente à desativação do freqüencímetro (ver procedimento detalhado, a 2.2.3 PRESENÇA DE MAIOR PICO DE CORTISOL NO MOMENTO “AO VIVO”: : nessa variável procuramos verificar se o maior pico de CORTISOL acontecia exatamente no momento da fala ao vivo ou não. 2.3 VOZ: 64 Devido a problemas técnicos, não pudemos contar com as vozes de 6 (seis) de nossos sujeitos que haviam participado do experimento. Portanto, ao contrario da outras análises que tiveram 32 sujeitos, a análise de voz é baseada no total de 26 sujeitos. Instrumentos para a coleta : Foram utilizados como instrumentos para a coleta das amostras de voz : a) gravador profissional em MINI-DISK marca SONY modelo MZ-R37 b) “minidisks” regraváveis marca SONY c) microfone LE SON Condenser MP68 o qual foi mantido suspenso na altura da boca do sujeito pela examinadora, a uma distância de 10 cm, num ângulo de 45º para a coleta. Procedimento da coleta: Às 11h - momento pré - foi solicitado aos sujeitos que emitissem um pequeno trecho de fala (cerca de 20 seg) o qual seria utilizado por eles durante a entrada ao vivo , e que procurassem falar da mesma maneira que pretendiam falar no momento ao vivo, ou seja, como se estivessem na situação ao vivo. O mesmo procedimento foi repetido após o período de repouso (14h – momento pós), Posteriormente, obtivemos o trecho de fala “ao vivo” (momento ao vivo) , através da cópia para o minidisk, da parte de áudio da fita em BETACAM utilizada para os registros da emissora. Finalmente, os três momentos foram editados na ordem temporal ( momento pré - ao vivo - pós) no minidisk para que pudessem ser utilizados para a análise acústica e perceptivoauditiva . Análise acústica Instrumentos para análise A análise acústica foi realizada pelo software DR SPEECH SCIENCE versão 4.0 a partir das amostras de vozes coletadas durante o experimento. Essas amostras, originalmente, contavam com cerca de 20 segundos, em média, cada uma. Para a avaliação acústica, consideramos apenas parte deste material, tendo como critério a escolha de trechos que cujo conteúdo se repetisse exatamente da mesma forma nos três tempos. Dessa forma, contamos no final com trechos de cerca de 5 segundos em cada amostra, com o mesmo conteúdo de fala nos momentos pré, ao vivo e pós. Esses trechos foram analisados pelo módulo REAL ANALYSIS, a partir do qual obtivemos quatro medidas: Freqüência Fundamental Média, Freqüência Fundamental Mínima e Freqüência Fundamental Máxima, alem da Extensão Melódica em Semitons. Essas medidas foram posteriormente subdivididas por sexo, uma vez que as vozes femininas e masculinas apresentam faixas de distribuição bem específicas, [devido a diferenças estruturais anatômicas entre os gêneros. Para o propósito da presente pesquisa, optamos por privilegiar a apresentação dos resultados obtidos pela FFREQUENCIA FUNDAMENTAL MÉDIA , no capítulo RESULTADOS. As demais subvariávies (freqüência fundamental máxima, mínima e semitos) são apresentadas no ANEXO 12. 65 A fim de obtermos dados mais descritivos relacionados à utilização da voz e da fala na situação “ao vivo”, foi realizada também, paralelamente à avaliação acústica, uma análise perceptivo auditiva a partir das amostras originais de voz ( com cerca de 20 segundos cada). Esta avaliação foi realizada por um grupo de 4 juízes treinados com formação em fonoaudiologia, e responsáveis pelo serviço de fonoaudiologia das emissoras da Rede Globo de Televisão nos estados de Pernambuco, Minas Gerais, Brasília e Rio de Janeiro. Todas possuíam experiência profissional média de 15 anos, com tempo de trabalho médio na área de voz de 13 anos e na área de voz profissional, de 7 anos. Os juízes receberam dois protocolos desenvolvidos para esse fim e os preencheram individualmente após ouvirem cada voz separadamente. Primeiramente, ouviram o momento ao vivo e preencheram o primeiro protocolo “AVALIAÇÃO DA EMISSÃO PROFISSIONAL” (ANEXO 2), o que nos permitiu traçar um perfil da emissão ao vivo do grupo. Esta avaliação contemplou três parâmetros principais: Os parâmetros convencionais (qualidade vocal, ressonância pitch, loudness, articulação, coordenação pneumo-fono-articulatória e fluência) , os parâmetros interpretativos ( velocidade, pausas, ênfases e curva melódica) e os parâmetros psicodinâmicos ( agradabilidade, confiabilidade, naturalidade e segurança) . Após o preenchimento do primeiro protocolo , passou-se ao segundo, denominado “PRESENÇA/AUSÊNCIA DE ALTERAÇÕES NOS PARÂMETROS ANTERIORMENTE AVALIADOS, EM RELAÇÃO AO TEMPO (PRÉ – PÓS) “(ANEXO 3) . Os juizes deveriam avaliar se a voz do momento pré e do momento pós apresentavam alterações em algum parâmetro em relação ao momento ao vivo. Por se tratar de avaliação subjetiva e por apresentar um conteúdo técnico bastante específico da fonoaudiologia, ,os resultados da análise percetivo-auditiva, não serão apresentados no capítulo RESULTADOS. Neste capítulo, apresentaremos apenas os resultados da avaliação acústica, uma vez que se utiliza de medição objetiva e, portanto, apresenta valores comparáveis aos obtidos pelas medições de freqüência cardíaca e de cortisol. Os resultados e discussão comentada da avaliação perceptivo auditiva encontram-se no ANEXO 4. 2.3.1 PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQUENCIA FUNDMENTAL MÉDIA NO MOMENTO “AO VIVO”: : nessa variável procuramos verificar se o maior pico de FREQUENCIA FUNDAMENTAL MÉDIA acontecia exatamente no momento da fala ao vivo ou não. 66 3) PARA AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS A avaliação cognitiva foi realizada, considerando-se dois níveis: o nível situacional, (o qual buscou quantificar o nível de ansiedade e o de stress subjetivos, relacionados à situação experimental, portanto considerando prioritariamente o momento presente) e o nível estrutural (o qual buscou levantar um perfil psicológico com informações sobre os estilos característicos de comportamento perante determinadas situações de vida. • 3.1 NÍVEL SITUACIONAL: 3.1.1. STAI- State-Trait Anxiety Inventory (ANEXO 5) Esse instrumento compõe-se de uma escala de auto-relatório elaborada para medir traço ou estado de ansiedade. No presente estudo, utilizamos o inventário de ansiedade-estado (STAI-STATE), composto de 20 afirmações que requerem dos sujeitos a descrição de como se sentem no momento atual, concordando ou não com as afirmações, da seguinte forma: 1=não , 2=um pouco, 3= bastante, 4=totalmente. A amplitude de escores possíveis para esse formulário varia de um mínimo de 20 até o máximo de 80 pontos, sendo que os escores altos indicam alta ansiedade e os escores baixos, baixa ansiedade. SPIELBERG; GORSUCH & LUSHENE (1979) 3.1.2 NSA - Nível de Stress Atribuído (ANEXO 6) Trata-se de pequeno questionário elaborado exclusivamente com a finalidade de levantar dados sobre o nível de stress atribuído pelo sujeito à tarefa de falar ao vivo. É composto por 3 questões que solicitam do sujeito a quantificação subjetiva do stress que sente, considerando três situações distintas: : 1 – NÍVEL DE STRESS GERAL:: (os sujeitos deveriam considerar quanto stress a situação de falar ao vivo lhes causava, de uma maneira geral, considerando a média de stress vivenciado em situações similares em sua carreira. Esse protocolo foi aplicado no momento pré , ou seja às 11h - 2 – NÍVEL DE STRESS ANTES : os sujeitos deveriam considerar quanto stress estavam sentindo no presente momento, ou seja, uma hora antes de sua entrada ao vivo, baseados na percepção de si mesmos e na pauta dos assuntos a serem tratados no ao vivo. Esse protocolo foi aplicado no momento pré; 3 – NÍVEL DE STRESS DEPOIS : deveriam 67 avaliar quão stressante foi, de fato, a situação de fala ao vivo que acabou de acontecer, baseados na percepção de si mesmos e nas adversidades ocorridas. Tal protocolo foi aplicado no momento imediatamente após o encerramento do telejornal e concomitantemente à coleta da segunda amostra de saliva. Esse instrumento oferece cinco possibilidades de respostas: nenhum pouco, razoável, muito e extremo stress. 3.1.3 NSP - Nível de Satisfação com a Performance (ANEXO 7) – Com apenas uma única questão, solicita-se ao sujeito que atribua o nível de satisfação com sua própria performance. Tal questão foi respondida pelos sujeitos no momento imediatamente após o ao vivo, e concomitante a coleta da segunda amostra de saliva. Da mesma maneira que o anterior, oferece cinco possibilidades de respostas: nenhuma satisfação, pouca satisfação, razoável, muita ou extrema satisfação. 3.2 NÍVEL ESTRUTURAL 3.2.1 LSS - Lista de sintomas de stress –LSS / VAS (ANEXO 8): Trata-se de uma lista contendo 59 itens referentes a possíveis sintomas de stress. Ela abrange sintomas fisiológicos, emocionais, cognitivos e sociais. O sujeito deverá indicar a freqüência com que ocorrem os sintomas que sentem, utilizando a escala de (0) nunca, (1) raramente (2) freqüentemente e (3) sempre. Após indicar a freqüência, o sujeito deverá indicar também a intensidade desses sintomas marcando um “x” numa escala digital medindo 10 centímetros. Os dois pólos dessa reta devem ser entendidos como a mínima e a máxima possibilidade, ou seja, o pólo da esquerda indica a mínima intensidade e o pólo da direita, a máxima intensidade. O valor numérico em centímetros é obtido posteriormente, com auxilio de uma régua. Esse instrumento nos fornece dados sobre a presença de sintomas ( até 10 sintomas assinalados = baixo; 11 a 20 sintomas assinalados = médio e mais que 20 sintomas assinalados = alto); a freqüência de sintomas ( 0 a 12 pontos = inválido; 13 a 59 pontos = baixa; 60 a 118 = média e mais que 118 pontos = alta ) e finalmente a intensidade dos sintomas (0 a 3,33 = baixa; 3,34 a 6,66 = média e mais que 6,66 = alta). O nível geral de stress é obtido a partir de uma tabela com as combinações possíveis de presença , freqüência e intensidade. Esse instrumento foi desenvolvido por VASCONCELLOS (1982) a partir de uma lista elaborada e validada no Max Planck Institut da Alemanha e, posteriormente acrescida de alguns itens do “QUESTIONÁRIO DE STRESS DO PSICÓLOGO NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL” de COVOLAN (1989). Sua mais recente atualização foi feita por VASCONCELLOS (2001). Ø 3.2.2 BEPATYA - Behavior Patterns Type A (ANEXO 9): Trata-se de um instrumento desenvolvido pelo Projeto Stress do Instituto Alemão para o avanço da Ciência (Max Planck) –( 68 VASCONCELLOS & BRENGELMANN, 1985), traduzido e adaptado para o português e validado para a população brasileira por VASCONCELLOS (1991). Tal questionário, que investiga padrões de comportamento frente a situações gerais da vida teve por base as pesquisas de ROSEMAN e col (1975) sobre o comportamento Tipo A e as doenças cardiovasculares. É composto por uma lista de 21 afirmações com as quais os sujeitos podem ou não concordar, assinalando seu grau de concordância da seguinte maneira : 0=nunca, 1= bem pouco, 2= pouco, 3 = médio, 4 = bastante e 5 = totalmente. PROCEDIMENTO DA COLETA DE DADOS SITUAÇÃO DE APRESENTAÇÃO Para monitorar o processo psico-fisiológico de stress entre jornalistas numa situação de apresentação não foi necessária a saída da redação, uma vez que a apresentação do jornal é emitida ao vivo a partir do estúdio localizado na própria emissora. A abordagem e todo o procedimento, entretanto, foram exatamente os mesmos executados com os repórteres no link, conforme descrição, a seguir: SITUAÇÃO DE LINK Para que fosse possível monitorar o processo psico-fisiológico de stress entre jornalistas numa situação de fala ao vivo eminentemente real, foi preciso que a pesquisadora acompanhasse cada um dos sujeito em sua atividade profissional de rotina, ou seja, durante todo o processo que antecede e sucede o link. Dessa forma, chegávamos à redação por volta de 9h , saíamos com a equipe de reportagem às 10h , dirigíamo-nos ao local previamente designado pela produção e retornávamos por volta de 15h. Todas as atividades desenvolvidas pelo sujeito, durante o período em que estava monitorado, foram anotadas pela examinadora de modo a identificar possíveis variações devido a fatores externos (como esforços físicos ou reações emocionais decorrentes de problemas alheios ao contexto experimental). 69 ABORDAGEM DETALHADA A coleta de dados deu-se no período de agosto de 2001 a fevereiro de 2002. A participação dos sujeitos foi voluntária , expressa verbalmente e por escrito através da assinatura do Termo de Consentimento ( ANEXO 10) após convite da pesquisadora. O contato era feito algumas horas antes de sua saída para sua tarefa de fala ao vivo (no caso do link) ou logo após sua chegada na redação (no caso dos apresentadores). A seleção do sujeito baseou-se apenas na disponibilidade da escala preparada pela produção no dia anterior, de modo que nem o jornalista nem a pesquisadora sabiam quem seria sujeito naquele dia. Vale salientar que, além de não ter havido escolha prévia de sujeitos, também não houve seleção de pautas, uma vez que nosso interesse era retratar o cotidiano da atividade jornalística. Dessa forma, não foram previamente escolhidos as pautas mais interessantes ou mais “emocionantes” nem tampouco os repórteres tidos como mais reativos psicologicamente. Todo o procedimento aconteceu no curso da jornada de um dia de trabalho do jornalista. A abordagem dos sujeitos foi realizada em QUATRO momentos distintos, em um modelo adaptado, nesta pesquisa, a partir do protocolo TSST (Trier social stress test) de KIRSCHBAUM; PIRKE & HELLHAMMER, (1993) : 1º momento: (1 hora anterior à situação de fala) 11h - momento pré Ø Colocação do medidor de freqüência cardíaca Freqüencímetro POLAR. Ø Coleta de amostras de voz a partir de pequeno trecho de elocução profissional, o qual seria usado posteriormente na situação real para posterior análise acústica. O sujeito foi solicitado a emitir o trecho conforme o faria na situação real. Ø Coleta de amostra de saliva. Ø Aplicação do instrumento para caracterização da amostra Ø Aplicação do instrumento que avalia o grau de stress atribuído na presente situação (NSA – GERAL e NSA - ANTES) Ø Aplicação dos instrumentos que avaliam a ansiedade- estado (Stai-STATE) 2º momento (durante o discurso) – entre 12h e 12:45 - momento do ao vivo Ø Registro do jornal em fita BETACAM 3º momento (imediatamente após o discurso) 12h45 - momento imediatamente após Ø Coleta de amostra de saliva. 70 Ø Aplicação do instrumento de avaliação subjetiva da performance: (NSA – DEPOIS e NSP) 4º momento ( 1 hora após a situação experimental) 14h - momento pós Ø Coleta de amostras de voz a partir de pequeno trecho de elocução profissional o qual foi usado na situação real para posterior análise acústica e perceptivo-auditiva . Da mesma forma que a primeira amostra, o sujeito foi instruído a emitir o trecho como na situação real. Ø Coleta de amostra de saliva. Ø Aplicação dos instrumentos LSS e BEPATYA 71 ESCOLHA DAS PROVAS ESTATÍSTICAS Como nossas variáveis experimentais foram genuinamente intervalares (freqüência cardíaca, cortisol e freqüência fundamental da voz) ou possuíam um correspondente intervalar numérico (STAI, NSA, NSP, LSS e BEPATYA), optamos pela utilização do teste t de Student . Por se tratar de um teste paramétrico, e, portanto um teste mais poderoso no que diz respeito à verificação das hipóteses, julgamos acertada sua utilização para verificação das diferenças de Médias ou de Porcentagens. Considerando que o modelo experimental da presente pesquisa não utilizou métodos invasivos nem dolorosos, nem tem poder decisório foi utilizado o nível de significância alfa = 0,05 nos testes de hipóteses. Embora eleito o nível alfa = 0,05, para a decisão dos Testes de Hipótese, ao se fornecer os resultados dos mesmos, sempre será apresentada a probabilidade a eles associadas, de modo que se permita a aceitação ou rejeição da hipótese nula ,conforme seu próprio julgamento . Para a comparação dos grupos formulamos a seguinte hipótese: HIPÓTESE NULA: A hipótese nula procurou verificar se as amostras pertenciam à mesma população , propondo que não houvessem diferenças significantes entre elas em relação aos tempos experimentais (pré – ao vivo – pós), nem por procedência geográfica (GRUPO CAPITAL X GRUPO INTERIOR) e nem por situação de trabalho (GRUPO APRESENTAÇÃO X GRUPO LINK). Os índices gerais da AMOSTRA TOTAL, e as variáveis demográficas, assim como a listagem de itens mais ou menos prevalentes em alguns instrumentos (STAY, LSS e BEPATYA), compõe uma dimensão especificamente descritiva. 72 RESULTADOS A seguir, apresentamos os resultados obtidos durante o experimento. Para melhor organização dos dados, dividimos a apresentação em duas partes. Na PARTE 1, que busca dar uma visão panorâmica do grupo e do experimento, apresentamos os dados demográficos e os resultados das variáveis experimentais obtidos quando consideramos a AMOSTRA TOTAL, comparados aos parâmetros de normalidade, citados pela literatura para fins exclusivamente descritivos e ilustrativos. Dessas forma, esses dados não são acompanhados de análise estatística. A PARTE 2 é mais específica e minuciosa. Nela são apresentados os resultados das variáveis experimentais. Considerou-se, nessa parte, a relação entre os tempos experimentais (análise intragrupos), buscando a verificação da influência da tarefa. Também considerou-se a divisão de grupos por PROCEDENCIA GEOGRÁFICA e por SITUAÇÃO DE TRABALHO (análise intergrupos) , buscando diferenças específicas entre os grupos. Todos os resultados da Parte 2 são acompanhados de análise estatística. 73 RESULTADOS PARTE 1 Apresentamos a seguir os resultados obtidos para as VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS, os quais serviram para caracterizar a amostra, seguido dos resultados em NÍVEL GERAL (considerando-se toda a amostra, ou seja, considerando-se todos os sujeitos procedentes de São Paulo e de Santos, independente da situação de trabalho em que se encontravam), obtidos em cada uma das variáveis experimentais. Para análise dos resultados em Nível Geral, consideramos os resultados obtidos no momento tarefa, ou seja, no momento ao vivo, ocasião na qual os sujeitos se encontravam na posição em pé (grupo Link) ou sentados (grupo Apresentação), porém de forma estática, sem movimento. A única tarefa, no momento experimental, era “falar”, não havendo qualquer interferência de estimulação física ou bioquímica. Dessa forma, selecionamos os resultados obtidos nessas condições e os comparamos ao que é esperado em situação análoga (ou seja, em situação corporal estática, porém sem tarefa de fala) . 74 RESULTADOS PARTE 1 VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS Para caracterização da amostra, foram consideradas na presente pesquisa as variáveis, idade, sexo, tempo de profissão e tempo na função e, ainda, experiência prévia em função similar. Passaremos, a seguir, a descrição de cada uma dessas variáveis, considerando sempre, primeiramente, a procedência geográfica dos sujeitos (os sujeitos provenientes da capital paulista constituíram o que denominamos grupo São Paulo e os sujeitos provenientes da cidade de Santos, constituíram o grupo Santos) e, posteriormente, a situação de trabalho em que se encontravam os sujeitos quando participaram do experimento (os sujeitos que apresentavam o telejornal constituíram o grupo Apresentação e os que estavam no “link” constituíram o grupo Link). As tabelas apresentadas, aqui, obedecem, portanto, a esta ordem de apresentação e todas são identificadas por uma letra que antecede o número da mesma. Tal letra corresponde à variável a que diz respeito, no caso , letra A de Amostra: 75 1) IDADE As idades dos sujeitos variaram de 24 a 55 anos. Apresentamos, na tabela A1, as médias e desvios padrão das IDADES, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: Tabela A1: Média e desvio padrão das IDADES, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: SÃO PAULO SANTOS TODA A AMOSTRA (em anos) (em anos) (em anos) M 35,4 31,2 33,7 DP 8,89 5,56 7,53 N 19 13 32 Observa-se que as médias de idades dos sujeitos do grupo São Paulo e do grupo Santos são bastante parecidas, estando o grupo São Paulo com valores um pouco superiores . A seguir, apresentamos na tabela A2 a comparação estatística desses valores. Tabela A2: Análise estatística das médias e desvios padrão das idades, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: G.L> /t/ P conclusão 30 1,643 P>0,10 n.s4. Conforme observamos na tabela A2, as diferenças de idade entre os grupo não são significantes. Quando se analisa a distribuição da média das idades, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos (grupo Apresentação x grupo Link), encontramos a seguinte distribuição dos dados, conforme a tabela A3: 4 Será utilizada a sigla n.s. sempre que os resultados obtidos foram considerados estatisticamente não significantes 76 TABELA A3: Média e desvio padrão para a variável IDADE, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: APRESENTAÇÃO LINK (em anos) (em anos) M 33,3 33,9 DP 8,38 7,90 N 8 24 Observa-se que as médias das idades verificadas para o grupo Apresentação e para o grupo Link são bastante parecidas, estando ambas na faixa de 33 anos. A seguir, apresentamos a comparação estatística desses dados. TABELA A4: Análise estatística das médias e desvios padrão para a variável IDADE, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: Conforme G.L. /t/ P Conclusão 30 0,178 P>0,10 n.s. podemos observar na tabela acima , a diferença de médias das idades dos grupos Apresentação e Link, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, não é estatisticamente significante. 2) SEXO 77 Apresentamos, na tabela A5, a distribuição dos sujeitos por SEXO , considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: TABELA A5: Distribuição dos sujeitos por SEXO, considerando a procedência geográfica: SEXO SÃO PAULO SANTOS TODA A AMOSTRA % % % Feminino 21,1 53,8 34,4 Masculino 78,9 46,2 65,6 19 13 32 N Observa-se que a participação dos sexos no grupo Santos é equilibrada (53% feminino e 46,2% masculino) . Já no grupo São Paulo a participação masculina é bem maior do que a feminina (78,9%e 21,1%, respectivamente). A figura A1 ilustra a distribuição dos sexos entre os grupos: Sexo procedência geográfica 80 70 60 50 % 40 30 20 10 0 78,9 53,8 46,2 Feminino Masculino 21,1 São Paulo Santos Figura A1: Distribuição do sujeitos para a variável SEXO, conforme a procedência geográfica A seguir, apresentamos, na tabela A6, os resultados da comparação estatística desses valores: 78 Tabela A6: Análise estatística da distribuição dos sujeitos por SEXO, considerando a procedência geográfica. G.L. /t/ P conclusão 30 1,909 P>0,005 n.s. Conforme observamos na tabela A6, a diferença de distribuição dos sujeitos por sexo, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos, não é estatisticamente significante. Quando se analisa a distribuição dos sexos, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos (grupo Apresentação x grupo Link), encontramos a seguinte distribuição dos dados, conforme a tabela A7: TABELA A7: Distribuição dos sujeitos por SEXO, considerando a situação de trabalho: SEXO APRESENTAÇÃO LINK % % Feminino 50,0 29,2 Masculino 50,0 70,8 8 24 N Conforme podemos observar na tabela anterior, o grupo Apresentação tem uma distribuição equilibrada entre os sexos (50% de cada sexo). Já o grupo Link tem a maioria dos seus sujeitos pertencentes ao sexo masculino (70,8%) e apenas 29,2% ao sexo feminino. A figura A2 ilustra esta distribuição: 79 Sexo situação de trabalho 80 70 60 50 % 40 30 20 10 0 70,8 50,0 50,0 Feminino Masculino 29,2 Apresentação Link Figura A2: Distribuição dos sujeitos para a variável SEXO, conforme a situação de trabalho. A seguir, apresentamos, na tabela A8, os resultados da comparação estatística desses dados: TABELA A8: Análise estatística da distribuição dos sujeitos por SEXO, considerando-se a situação de trabalho: G.L> /t/ P conclusão 30 1,042 P>0,10 n.s. Como podemos observar na tabela acima, a diferença de distribuição por sexos, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, não é estatisticamente significante. 80 3) TEMPO DE PROFISSÃO Os sujeitos pesquisados estavam formados em jornalismo há um período de tempo que variou entre 3 e 35 anos. A seguir, apresentamos, na tabela A9, as médias e desvios padrão obtidos para a variável TEMPO DE PROFISSÃO, conforme a procedência geográfica dos sujeitos: Tabela A9: Média e desvio padrão obtidos para a variável TEMPO DE PROFISSÃO, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: SÃO PAULO SANTOS TODA A AMOSTRA (em anos) (em anos) (em anos) M 14,8 7,8 11,9 DP 8,99 5,00 7,36 N 19 13 32 Observam-se valores maiores para o grupo São Paulo do que para o grupo Santos , os quais estão ilustrados na figura A3: Tempo de Profissão em anos 15 14,8 10 7,8 anos 5 0 São Paulo Santos Figura A3: Médias obtidas para a variável TEMPO DE PROFISSÃO, conforme a procedência geográfica 81 Apresentamos, na tabela A10, o resultado do estudo estatístico das diferenças de Tempo de Profissão apresentadas anteriormente: Tabela A10: Análise estatística das médias e desvios padrão obtidos para a variável TEMPO DE PROFISSÃO, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: G.L. /t/ P conclusão 30 2,817 0,01>p>0,002 significante Conforme os dados apresentados na tabela anterior, podemos observar que a diferença de tempo de profissão verificada entre os grupos São Paulo e Santos são significantes. Quando se analisa a distribuição da média do TEMPO DE PROFISSÃO, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos (grupo Apresentação x grupo Link), encontramos as seguinte distribuição dos dados, conforme a tabela A11: Tabela A11 : Médias e desvios padrão obtidos para a variável TEMPO DE PROFISSÃO , considerandose a situação de trabalho dos sujeitos: APRESENTAÇÃO LINK (em anos) (em anos) M 9,6 12,8 DP 9,69 7,83 N 8 24 Observa-se que a média de TEMPO DE PROFISSÃO verificada para o grupo Apresentação é menor que para o grupo Link. A seguir, apresentamos, na tabela A12, a comparação estatística desses dados. Tabela A12 : Análise estatística das médias e desvios padrão obtidos para a variável TEMPO DE PROFISSÃO , considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: G.L. /t/ P conclusão 30 0,846 P>0,10 n.s. 82 Conforme a tabela anterior, verificamos que as diferenças de TEMPO DE PROFISSÃO entre os grupos Apresentação e Link não são estatisticamente significantes. 4) TEMPO NA FUNÇÃO Os sujeitos pesquisados estavam atuando na função de apresentadores (grupo Apresentação) ou de repórteres de link (grupo Link) há um período de tempo que variou entre 5 dias e 35 anos. A seguir, apresentamos as médias e os desvios padrão obtidos pelos dois grupos para a variável TEMPO NA FUNÇÃO: Tabela A13: Média e desvio padrão obtidos para a variável TEMPO NA FUNÇÃO, considerando-se procedência geográfica dos sujeitos:: SÃO PAULO SANTOS TODA A AMOSTRA (em anos) (em anos) (em anos) M 12,2 5,0 9,3 DP 8,41 4,55 6,84 N 19 13 32 Podemos observar, na tabela A13, que o grupo São Paulo apresenta valores de TEMPO NA FUNÇÃO bastante superiores ao grupo Santos, conforme está ilustrado da figura A4: Tempo na função em anos 15 12,2 10 anos 5 5 0 São Paulo Santos Figura A4: Médias obtidas para a variável TEMPO NA FUNÇÃO, conforme procedência geográfica dos sujeitos 83 A seguir, na tabela A14, apresentamos o resultado da análise estatística que comparou esses valores. Tabela A14: Análise estatística das médias e desvios padrão obtidos para a variável TEMPO NA FUNÇÃO: G.L. /t/ P conclusão 30 3,123 0,01>p>0,002 Significante Podemos observar na tabela acima que a diferença de valores entre o grupo São Paulo e o grupo Santos para a variável TEMPO NA FUNÇÃO, é estatisticamente significante. Quando se analisa a distribuição da média do TEMPO NA FUNÇÃO, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos (grupo Apresentação x grupo Link), encontramos as seguinte distribuição dos dados, conforme a tabela A15: Tabela A15 : Médias e desvios padrão obtidos para a variável TEMPO NA FUNÇÃO , considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: APRESENTAÇÃO LINK (em anos) (em anos) M 5,6 10,5 DP 5,95 8,15 N 8 24 Observa-se que o grupo Apresentação possui valores inferiores aos do grupo Link para a variável tempo na função, conforme ilustra a figura A5: 84 Tempo na função em anos 15 10,5 10 anos 5,6 5 0 Apresentação Link Figura A5: Médias obtidas para a variável TEMPO NA FUNÇÃO, conforme situação de trabalho dos sujeitos A seguir, apresentamos a comparação estatística desses dados, na tabela A16: Tabela A16: Análise estatística das médias e desvios padrão obtidos para a variável TEMPO NA FUNÇÃO, conforme situação de trabalho dos sujeitos. GL /t/ P Conclusão 30 1,827 P > 0,05 n.s. Conforme podemos observar na tabela anterior, a diferença de médias observadas entre os grupos de Apresentação e Link para a variável TEMPO NA FUNÇAO não é estatisticamente significante. 85 5) EXPERIÊNCIA PRÉVIA: A Tabela A17 apresenta a distribuição dos sujeitos conforme a existência ou não de EXPERIÊNCIA PRÉVIA (tarefa similar em rádio): TABELA A17: Distribuição dos sujeitos para a variável EXPERIÊNCIA PRÉVIA, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: SÃO PAULO SANTOS TODA A AMOSTRA % % % Não 52,7 53,7 53,1 Sim 47,3 46,3 46,9 19 13 32 N Conforme observamos na tabela A17, quase a metade de ambos os grupos já havia tido alguma experiência prévia com tarefa similar em rádio. Apresentamos, na tabela A18, a comparação estatística desses dados: TABELA A18: Análise estatística da distribuição dos sujeitos para a variável EXPERIÊNCIA PRÉVIA, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: G.L. /t/ P conclusão 30 0,056 P>0,10 n.s. Observa-se na tabela acima que a diferença de participação nas categorias sim e não da variável EXPERIÊNCIA PRÉVIA, entre os grupos São Paulo e Santos, não é .estatisticamente significante. Quando se analisa a participação na variável EXPERIÊNCIA PRÉVIA considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos (grupo Apresentação x grupo Link) , encontramos a seguinte distribuição dos dados, conforme a tabela A19: 86 Tabela A19 : Distribuição dos sujeitos conforme sua participação na variável EXPERIÊNCIA PRÉVIA, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: Apresentação Link % % Não 50,0 54,2 Sim 50,0 45,8 N 8 24 Aqui também podemos observar que cerca da metade dos sujeitos de ambos os grupos já havia tido alguma experiência prévia com tarefa similar em rádio. A seguir, apresentamos na tabela A20 a comparação estatística desses valores: Tabela A20 :Análise estatística da distribuição dos sujeitos, conforme sua participação na variável EXPERIÊNCIA PRÉVIA, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: G.L. /t/ P conclusão 30 0,206 P>0,10 n.s. Observa-se que a diferença de participação dos sujeitos dos grupos Apresentação e Link nas categorias sim e não da variável EXPERÊNCIA PREVIA, não é estatisticamente significante. 87 RESULTADOS PARTE 1 NÍVEL GERAL – AMOSTRA TOTAL A seguir, apresentamos os resultados obtidos considerando-se Toda a Amostra. Serão comparados os valores encontrados para o momento ao vivo (tarefa), a média dos valores obtidos nos momentos pré e pós e os valores esperados em situação análoga (ou seja, em situação corporal estática porém sem tarefa de fala) , para simples descrição e ilustração : FREQÜÊNCIA CARDÍACA A tabela G1 apresenta os resultados obtidos para a variável FREQÜÊNCIA CARDÍACA, considerando-se toda a amostra: TABELA G1: Média obtida para a variável FREQÜÊNCIA CARDÍACA, considerando-se toda a amostra: Média momento Média nos momentos Média citada pela Freqüência cardíaca 5 Valor obtido em Barros Neto,1999 ao vivo pré e pós literatura5 (bpm) (bpm) (bpm) 123,2 88,2 70 88 Podemos observar que o valor médio obtido por toda a amostra no momento ao vivo é 26% superior à média dos momentos pré e pós e 76% superior ao valor citado pela literatura em situação análoga (ou seja, em situação corporal estática porém sem tarefa de fala). A figura G1 ilustra esses dados: FREQÜÊNCIA CARDÍACA comparação dos níveis obtidos 140 120 100 80 bpm 60 40 20 0 123,2 88,2 70 Média momento ao vivo Média nos momentos pré e pós Média citada pela literatura Figura G1: Comparação dos valores de freqüência cardíaca encontrados para toda a amostra no momento ao vivo, nos momentos pré e pós com os parâmetros esperados em situação análoga A seguir, apresentamos na figura G2 uma ilustração dos valores obtidos, individualmente, por cada um dos sujeitos para a variável Freqüência Cardíaca, comparados à média citada pela literatura: 89 FREQÜÊNCIA CARDÍACA evolução para cada sujeito 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 pré ao vivo pós Figura G2: Valores obtidos pelos sujeitos para a variável Freqüência Cardíaca, comparados à média citada pela literatura 90 CORTISOL A seguir, apresentamos, na tabela G2, os resultados obtidos para a variável CORTISOL: TABELA G2: Média obtida para a variável CORTISOL considerando-se toda a amostra: Média momento Média nos momentos Média obtida em Cortisol ao vivo pré e pós situação controle6 Ug/100ml Ug/100ml Ug/100ml 0,39 0,34 0,55 Observa-se, na tabela G2, que os valores de cortisol obtidos, tanto na situação ao vivo, quanto nos momentos pré e pós, estão abaixo do esperado em situação análoga. O valor ao vivo está 14,7% acima dos momentos pré e pós e 41% abaixo da média obtida em situação controle. Apresentamos a seguir na figura G3, uma ilustração destes dados: CORTISOL comparação dos níveis obtidos 0,6 0,4 Ug/100ml 0,55 0,39 0,34 0,2 0 momento ao vivo momento pré - pós controle Figura G3: Comparação dos valores de cortisol encontrados para toda a amostra, no momento ao vivo e nos momentos pré e pós com os parâmetros esperados em situação análoga 6 Como as referências a valores de normalidade para cortisol na literatura são escassas (a maioria refere-se aos valores plasmáticos) e como os poucos valores encontrados utilizam-se de diferentes unidades de medida, obtivemos o valor apresentado, após análise de cortisol salivar de um grupo de 18 sujeitos, com características demográficas análogas ao grupo experimental, no mesmo horário do experimento (12h50). 91 A seguir, apresentamos, na figura G4, uma ilustração dos valores obtidos, individualmente, pelos sujeitos experimentais para a variável Cortisol, comparados à média obtida pelo grupo controle: CORTISOL evolução para cada sujeito 1,2 estréia em 1 ug/100ml 0,8 0,6 0,4 0,2 0 pré ao vivo pós Figura G4: Valores obtidos pelos sujeitos para a variável Cortisol, comparados à média obtida pelo grupo-controle 92 VOZ MASCULINA A tabela G3 apresenta os resultados obtidos para a variável VOZ - FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA MASCULINA: TABELA G3: Média obtida para a variável VOZ - FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA MASCULINA considerando-se toda a amostra: Média momento Média nos momentos Média citada pela ao vivo pré e pós literatura 7 Hz Hz Hz 180,5 165,4 113 VOZ - FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA MASCULINA Podemos observar que o valor médio obtido por toda a amostra no momento ao vivo é 9,2% superior à média dos valores obtidos nos momentos pré e pós e 59,7% superiores aos valores citados na literatura. A figura G5 ilustra esses dados: 7 Valor obtido em BEHLAU,2001 (p.139). Apesar de não ter valor estatístico, uma vez que os valores controle e experimental foram obtidos em circunstancias diferentes e com material de fala diferentes, apresentamos este valor como referência, já que representa a média para o português brasileiro falado em São Paulo para ilustrar a tendência da amostra experimental. 93 VOZ MASCULINA comparação dos níveis obtidos com valor controle 200 180,5 150 165,4 113 Hz 100 50 0 Média momento a vivo Média nos momentos pré e pós Média citada pela literatura Figura G5: Comparação dos valores FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA MASCULINA encontrados para toda a amostra com os parâmetros médios de normalidade. A seguir, apresentamos, na figura G6, uma ilustração dos valores obtidos, individualmente, pelos sujeitos para a variável Freqüência Fundamental Média Masculina, comparados à média citada pela literatura: 94 VOZ MASCUNINA procedência geográfica 300 250 200 150 100 50 0 pré ao vivo pós Figura G6: Valores obtidos pelos sujeitos para a variável Freqüência Fundamental Média Masculina, comparados à média citada pela literatura 95 VOZ FEMININA A tabela G4 apresenta os resultados obtidos para a variável VOZ - FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA FEMININA: TABELA G4: Média obtida para a variável VOZ - FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA FEMININA, considerando-se toda a amostra: Média momento Média nos momentos Média citada pela ao vivo pré e pós literatura8 Hz Hz Hz 236,4 220,9 205 VOZ - FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA FEMININA Podemos observar que o valor médio obtido por toda a amostra no momento ao vivo, é 7% superior à média dos valores obtidos nos momentos pré e pós e 15,3% superiores aos valores citados pela literatura. A figura G7 ilustra esses dados: VOZ FEMININA comparação dos níveis obtidos com valor controle 250 200 236,4 220,9 205 150 Hz 100 50 0 Média momento ao Média nos Média citada pela vivo momentos pré e literatura pós Figura G7: Comparação dos valores FREQUENCIA FUNDAMENTAL MÉDIA FEMININA encontrados para toda a amostra com os parâmetros médios de normalidade. 8 Valor obtido em BEHLAU,2001 (p.139). Apesar de não ter valor estatístico, uma vez que os valores controle e experimental foram obtidos em circunstancias diferentes e com material de fala diferentes, apresentamos este valor como referência apenas para ilustrar a tendência da amostra experimental, já que representa a média para o português brasileiro falado em São Paulo. 96 A seguir apresentamos na figura G8 uma ilustração dos valores obtidos, individualmente, pelos sujeitos para a variável Freqüência Fundamental Média Feminina, comparados à média citada pela literatura: VOZ FEMININA evolução para cada sujeitos 300 250 Hz 200 150 100 50 0 pré ao vivo pós Figura G8: Valores obtidos pelos sujeitos para a variável Freqüência Fundamental Feminina, comparados à média citada pela literatura 97 PRESENÇA DE MAIOR PICO DE VALORES NO MOMENTO AO VIVO A seguir, apresentamos os valores obtidos quando investigamos se o maior valor apareceu no momento ao vivo ou não: Tabela G5: Distribuição da presença de maior pico no momento ao vivo entre as variáveis fisiológicas PRESENÇA DE MAIOR PICO NO MOMENTO AO VIVO % Freqüência cardíaca 83,9 Cortisol 25,0 Voz 64,0 Observamos, aqui, que 83,9% dos sujeitos teve seu maior valor de freqüência cardíaca registrado exatamente no momento ao vivo . Para os níveis de cortisol, o pico ocorreu no momento ao vivo, apenas entre 25% dos sujeitos. Para a variável voz, 64% dos sujeitos apresentou seu maior valor no momento ao vivo. A figura G9 ilustra esses dados: 98 Pico no momento ao vivo 100 80 60 % 40 83,9 64 20 Freqüência cardíaca Cortisol Voz 25 0 Freqüência cardíaca Cortisol Voz Figura G9: Distribuição da presença de maior pico de valores no momento ao vivo, nos diferentes variáveis fisiológicas 99 VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS SITUACIONAIS A seguir, apresentamos os resultados obtidos para as variáveis ANSIEDADE-ESTADO e STRESS ATRIBUÍDO, considerando-se toda a amostra: TABELA G6: Média obtida para as variáveis ANSIEDADE-ESTADO e STRESS ATRIBUÍDO, considerando-se toda a amostra: Variáveis Classificação geral Valor - Controle Ansiedade-estado Baixa Baixa Stress atribuído Pouco>razoável Pouco Podemos observar que a avaliação subjetiva dos sujeitos, considerando-se toda a amostra para as variáveis ansiedade-estado e stress atribuído é baixa ou pouco-razoável, semelhante ao que é esperado em situação análoga. . 100 ESTRUTURAIS A seguir, apresentamos os resultados obtidos para as variáveis SINTOMAS DE STRESS e COMPORTAMENTO TIPO A, considerando-se toda a amostra: : TABELA G7: Média obtida para as variáveis SINTOMAS DE STRESS e COMPORTAMENTO TIPO A, considerando-se toda a amostra: : VARIÁVEIS CLASSIFICAÇÃO GERAL VALOR - CONTROLE Sintomas de stress Médio Baixo Tipo A Alto Baixo Podemos observar que, considerando-se toda a amostra, a maioria dos sujeitos do grupo experimental foi classificada como tendo nível alto para o COMPORTAMENTO TIPO A e médio para sintomas de stress, ambos acima do que é esperado, considerando-se parâmetros de saúde. 101 RESULTADOS PARTE 2 A seguir, apresentamos os resultados obtidos em cada uma das variáveis experimentais, considerandose a divisão por grupos (procedência geográfica e situação de trabalho). Como se trata de análise mais minuciosa e detalhada, denominamos este subcapítulo apresentados, inicialmente os resultados obtidos para as NÍVEL ESPECÍFICO. Nele serão VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS (freqüência cardíaca, cortisol e voz), e, na seqüência, os obtidos para as VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS (situacionais e estruturais ). 102 RESULTADOS - PARTE 2 NÍVEL ESPECÍFICO VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS A seguir, apresentamos as médias e os desvios padrão obtidos para as três variáveis fisiológicas experimentais (freqüência cardíaca, cortisol e voz), considerando-se sempre a procedência geográfica dos sujeitos (grupo São Paulo X grupo Santos) e a situação de trabalho dos sujeitos (grupo Apresentação x grupo Link). Todas as tabelas são identificadas por uma letra que antecede o número da mesma. Esta letra corresponde à variável a que diz respeito, conforme descrito a seguir: F = Freqüência cardíaca C = Cortisol V = Voz A análise estatística foi realizada, considerando-se as diferenças intergrupos em cada um dos momentos e intragrupos, considerando-se as diferenças existentes em cada um dos grupos separadamente em relação ao tempo experimental (pré x ao vivo, ao vivo x pós, e pré x pós). A apresentação das tabelas obedece a uma organização regular, na qual os dados referentes a cada uma das variáveis aparecerão sempre primeiramente, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos seguida da análise estatística intergrupos e depois da intragrupo. Posteriormente, os dados são apresentados, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, também seguidos da análise estatística intergrupos e intragrupos. Apresentamos, a seguir, um diagrama ilustrativo da organização de apresentação dos resultados: 103 DIAGRAMA ILUSTRATIVO DA ORGANIZAÇÃO DE APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS FREQÜÊNCIA CARDIACA VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS CORTISOL SÃO PAULO X SANTOS intra APRESENTAÇÃO X LINK intra SÃO PAULO X SANTOS APRESENTA ÇÃO VOZ SÃO PAULO X SANTOS APRESENTAÇÃO X LINK inter inter intra inter intra inte intra inter intra inter 104 RESULTADOS - PARTE 2 NÍVEL ESPECÍFICO VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS FREQÜÊNCIA CARDÍACA Evolução nos 3 momentos experimentais A freqüência cardíaca dos sujeitos no momento pré (1 hora antes da entrada ao vivo) variou de 65 até 116 batimentos por minuto (bpm). No momento ao vivo, variou de 88 até 185 batimentos por minuto (bpm) e no momento pós variou de 60 até 108 batimentos por minuto (bpm). A tabela F1 apresenta as médias e desvios padrão obtidos (apresentados com as siglas M e DP, respectivamente), para a variável FREQÜÊNCIA CARDÍACA nos 3 momentos experimentais, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: TABELA F1: Média e desvio padrão da FREQÜÊNCIA CARDÍACA nos 3 momentos, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos PRÉ AO VIVO PÓS N São Paulo Santos M 86,8 123,5 87,1 DP 14,19 23,16 12,24 M 89,1 122,6 89,9 DP 11,65 28,00 9,91 19 12 Observa-se que os valores do grupo São Paulo e do grupo Santos são similares nos 3 tempos experimentais, iniciando-se na faixa de 87 bpm no momento pré , subindo para a faixa de 120 bpm ao vivo e retornando para a média de 87 bpm no momento pós. A figura F1 ilustra esta distribuição. 105 EVOLUÇÃO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA procedencia geográfica 140 BPM 120 100 80 60 123,5 89,9 89,1 122,6 São Paulo Santos 87,1 86,8 40 20 0 Pré Ao vivo Pós TEMPO Figura F1: Evolução da freqüência cardíaca dos grupos São Paulo e Santos nos 3 momentos experimentais. A seguir, apresentamos, na tabela F2 a análise estatística intergrupos dos dados, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. TABELA F2 – Análise estatística intergrupos da FREQÜÊNCIA CARDÍACA nos 3 momentos considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos acompanhada dos resultados dos Testes de Hipótese: Procedência Geográfica G.L. /t/ P Conclusão SP pré x SANTOS pré M 86,8 89,1 DP 14,19 11,65 N 19 12* 29 0,491 p>0,10 n.s. 0,093 p>0,10 n.s. 0,698 p>0,10 n.s. SP ao vivo x SANTOS ao vivo M 123,5 122,6 DP 23,16 28,00 N 19 12 29 SP pós x SANTOS pós M 87,1 89,9 DP 12,24 9,91 N 19 12* 29 106 Observa-se que, em nenhum dos 3 momentos experimentais, a diferença de valores entre os grupos São Paulo e Santos é estatisticamente significante. Na tabela F3, apresentamos os resultados da análise intragrupos, na qual se considerou cada um dos grupos separadamente e se comparou seus valores em relação ao tempo (pré x ao vivo , ao vivo x pós e pré x pós). TABELA F3 – Análise estatística intragrupos da FREQÜÊNCIA CARDÍACA nos 3 momentos considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos acompanhada dos resultados dos Testes de Hipótese: Procedência Geográfica G.L. /t/ P Conclusão SP pré x SP ao vivo M 86,8 123,5 DP 14,19 23,16 N 19 19 36 5,890 P<0,001 Significante 6,057 P<0,001 Significante 0,070 P>0,10 n.s. 3,827 P<0,001 Significante 3,814 P<0,001 Significante 0,181 P>0,10 n.s. SP ao vivo x SP pós M 123,5 87,1 DP 26,16 12,24 N 19 19 36 SP pré x SP pós M 86,8 87,1 DP 14,19 12,24 N 19 19 36 SANTOS pré x SANTOS ao vivo M 89,1 122,6 DP 11,65 28,00 N 12 12 22 SANTOS ao vivo x SANTOS pós M 122,6 89,9 DP 28,00 9,91 N 12 12 22 SANTOS pré x SANTOS pós M 89,1 89,9 DP 11,65 9,91 N 12 12 22 107 Observa-se que, quando se compara a evolução de cada um dos grupos separadamente, considerandose os momentos experimentais, as diferenças são significantes em todos os casos, ou seja , são significantes as diferenças entre o momento pré (menor valor) e o momento ao vivo (maior valor), assim como a diferença entre o momento ao vivo (maior valor ) e o momento pós (menor valor). Quando a divisão dos grupos é feita considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, ou seja, considerando-se se no momento do experimento eles se encontravam na situação de apresentação ou na situação de link, as médias dos batimentos cardíacos encontradas e seus respectivos desvios padrão se distribuem conforme apresentamos na tabela F4 : TABELA F4: Média e desvio padrão da FREQÜÊNCIA CARDÍACA nos 3 momentos, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: PRÉ AO VIVO PÓS N Apresentação M 84,9 101,3 86,3 7 Link DP 6,34 14,91 6,70 M 88,5 129,5 88,8 DP 14,50 23,43 12,39 24 Observam-se, aqui também, valores menores nos momentos pré e pós, e um pico de aumento no momento ao vivo para ambos os grupos. Entretanto, observa-se que, no momento ao vivo, o valor encontrado para o grupo Link é bastante superior ao encontrado para o grupo Apresentação. A figura F2 ilustra esta distribuição: 108 EVOLUÇÃO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA situação de trabalho 129,5 140 a p r e 120 100 88,8 88,5 101,3 80 Apresentação 86,3 84,9 Link 60 40 20 0 Pré Ao vivo Pós Figura F2 : Evolução da freqüência cardíaca dos grupos apresentação e link nos 3 momentos experimentais. Apresentamos, a seguir, na tabela F5, o resultado da análise estatística das diferenças intergrupos observadas na tabela anterior, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos. 109 TABELA F5 – Análise estatística intergrupos da FREQÜÊNCIA CARDÍACA nos 3 momentos considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos acompanhada dos resultados dos Testes de Hipótese: Situação de trabalho G.L. /t/ P Conclusão APRES pré x LINK pré M 84,9 88,5 DP 6,34 14,50 N 7 24 29 0,945 P>0,10 n.s. 3,815 P< 0,001 Significante 0,699 p>0,10 n.s. APRES ao vivo x LINK ao vivo M 101,3 129,5 DP 14,91 23,43 N 7 24 29 APRES pós x LINK pós M 86,3 88,8 DP 6,70 12,39 N 7 24 29 Podemos observar que a diferença verificada no momento 2 entre os grupos Apresentação (menor valor) e Link ( maior valor) é estatisticamente significante. Na tabela F6 apresentamos os resultados do teste estatístico para a análise das diferenças observadas em cada um dos grupos separadamente, considerando-se os 3 momentos experimentais (análise intragrupos). 110 TABELA F6 – Análise estatística intragrupos da FREQÜÊNCIA CARDÍACA nos 3 momentos, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos acompanhada dos resultados dos Testes de Hipótese: Situação de trabalho G.L. /t/ P Conclusão LINK pré x LINK ao vivo M 88,5 129,5 DP 14,50 23,43 N 24 24 46 7,290 P< 0,001 Significante 7,523 P<0,001 Significante 0,077 P>0,10 n.s. 2,678 P<0,04 Significante 2,428 P<0,04 Significante 0,402 P>0,10 n.s. LINK ao vivo x LINK pós M 129,5 88,8 DP 23,43 14,50 N 24 24 46 LINK pré x Link pós M 88,5 88,8 DP 14,50 12,39 N 24 24 46 APR pré x APR ao vivo M 84,9 101,3 DP 6,34 14,91 N 7 7 12 APR ao vivo x APR pós M 101,3 86,3 DP 14,91 6,70 N 7 7 12 APR pré x APR pós M 84,9 86,3 DP 6,34 6,70 N 7 7 12 Observa-se que as diferenças de valores verificadas no momento pré em relação ao momento ao vivo e no momento ao vivo em relação ao momento pós são estatisticamente significantes para ambos os grupos 111 PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊNCIA CARDÍACA NO MOMENTO AO VIVO Apresentamos na tabela F7 a distribuição dos sujeitos (em porcentagem), considerando-se se o maior pico de freqüência cardíaca aconteceu exatamente no momento ao vivo, ou não, variável que foi denominada PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊNCIA CARDÍACA NO MOMENTO AO VIVO, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: TABELA F7 - Distribuição dos sujeitos para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQUENCIA CARDÍACA NO MOMENTO AO VIVO, considerando-se a procedência geográfica : SÃO PAULO SANTOS TODA A AMOSTRA % % % Sim 84,2 83,3 83,9 Não 15,8 16,7 16,1 N 19 12 31 Observamos que para a maioria dos sujeitos , seja para o grupo São Paulo seja para o grupo Santos, o maior pico de freqüência cardíaca aconteceu exatamente no momento de entrada ao vivo. Na tabela F8, apresentamos os resultados da análise estatística: Tabela F8: Resultados da análise estatística da distribuição percentual da variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊNCIA CARDÍACA NO MOMENTO AO VIVO, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: G.L. /t/ P Conclusão 29 0,066 p>0,10 n.s. Observa-se que a diferença de valores, quando se considera a procedência geográfica dos sujeitos, não é estatisticamente significante.Apresentamos na tabela F9 a distribuição dos sujeitos (em porcentagem) 112 para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊNCIA CARDÍACA NO MOMENTO AO VIVO, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: TABELA F9 - Distribuição dos sujeitos para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO NO MOMENTO AO VIVO, considerando a situação de trabalho dos sujeitos: Apresentação Link Toda a amostra (%) (%) (%) Sim 57,1 91,7 83,9 Não N 42,9 8,3 16,1 7 24 31 Observa-se que a maioria absoluta dos sujeitos que se encontravam na situação de Link apresentaram o seu maior pico de freqüência cardíaca na situação ao vivo. Já entre os sujeitos do grupo Apresentação, apenas pouco mais da metade teve seu maior pico na situação de entrada ao vivo. O restante teve o maior pico em outra situação. A figura F3 ilustra esta distribuição: Presença de maior pico no momento ao vivo 100 90 80 70 60 % 50 40 30 20 10 0 91,7 57,1 Apresentação Link Figura F3 : Quantidade de sujeitos (em porcentagem) que apresentaram seu maior pico de freqüência cardíaca no momento ao vivo 113 A tabela F10 mostra os resultados da análise estatística dos dados da tabela anterior. TABELA F10- Resultados da análise estatística para a distribuição dos sujeitos para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊNCIA CARDÍACA NO MOMENTO AO VIVO, considerando a situação de trabalho dos sujeitos: G.L. /t/ P Conclusão 41 2,066 P<0,05 Significante Podemos observar na tabela anterior que as diferenças entre os grupos Link e Apresentação para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊNCIA CARDÍACA NO MOMENTO AO VIVO são estatisticamente significantes. 114 RESULTADOS - PARTE 2 NÍVEL ESPECÍFICO VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS CORTISOL Evolução nos 3 momentos experimentais Os níveis de cortisol dos sujeitos no momento pré (1 hora antes da entrada ao vivo) variou de 0,2 a 0,7 ug/100ml . No momento ao vivo, variou de 0,2 a 0,9 ug/100ml e no momento pós, variou de 0,1 a 1,0 ug/100ml. A tabela C1 apresenta as médias e desvios padrão (apresentados com as siglas M e DP, respectivamente) obtidos para a variável CORTISOL nos 3 momentos experimentais, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. TABELA C1: Média e desvio padrão do CORTISOL nos 3 momentos, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos PRÉ AO VIVO PÓS N São Paulo Santos M 0,42 0,39 0,33 DP 0,146 0,120 0,067 M 0,28 0,38 0,35 DP 0,080 0,182 0,218 19 13 Observam-se valores similares para ambos os grupos, porém com tendências de evolução diferentes. O grupo São Paulo começa com valores mais altos no momento pré, diminui no momento ao vivo e termina com menor valor no momento pós. Já o grupo Santos inicia no momento pré com valor menor, tem um 115 pico de aumento no momento ao vivo e cai um pouco para um valor menor no momento pós. A figura C1 ilustra esta distribuição: E V O L U Ç Ã O D O S N ÍV E IS D E C O R T IS O L p ro c e d ê n c ia g e o g rá fic a 0 ,4 5 0 ,4 2 0 ,4 0 ,3 9 0 ,3 8 0 ,3 5 0 ,3 5 0 ,3 3 0 ,3 0 ,2 8 0 ,2 5 S ã o P a u lo S a n to s 0 ,2 0 ,1 5 0 ,1 0 ,0 5 0 P ré A o v iv o P ós Figura C1 Evolução das médias do CORTISOL nos três momentos experimentais, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. A seguir, apresentamos, na tabela C2, os resultados da análise intergrupos dos dados, considerando-se a procedência geográfica e o sexo dos sujeitos. TABELA C2 – Análise estatística intergrupos do CORTISOL nos 3 momentos considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos acompanhada dos resultados dos Testes de Hipótese: Procedência geográfica G.L. /t/ P Conclusão SP pré x SANTOS pré M 0,42 0,28 DP 0,146 0,080 N 19 13 30 3,485 0,002>p>0,001 significante 0,174 p>0,10 n.s. 0,321 p>0,10 n.s. SP ao vivo x SANTOS ao vivo M 0,39 0,38 DP 0,120 0,182 N 19 13 30 SP pós x SANTOS pós M 0,33 0,35 DP 0,067 0,218 N 19 13 30 116 Observa-se que a diferença entre os valores do grupo São Paulo e do grupo Santos no momento pré são estatisticamente significantes. Após a verificação desta significância, buscamos informações mais específicas com relação aos grupos, sobretudo com relação ao comportamento das respostas quando se considera o sexo dos sujeitos. Buscamos, então, diferenças por sexo dentro de cada uma das localizações geográficas. Encontramos diferenças significantes relacionadas ao comportamento do cortisol para o sexo masculino entre as localizações geográficas. A tabela C3 apresenta as médias e desvios padrão obtidos nessa comparação no momento pré: Tabela C3: Média e desvio padrão dos sujeitos do grupo Santos e do grupo São Paulo , quando se consideram apenas os sujeitos do sexo masculino para a variável CORTISOL no momento pré: MASCULINO – SP pré MASCULINO – SANTOS pré 0,41 0,28 M DP 0,144 0,041 N 15 6 Observa-se que os valores de cortisol do grupo São Paulo são superiores aos valores encontrados para o grupo Santos, quando se considera apenas o sexo masculino, no momento pré. Na tabela C4 apresentamos o resultado do estudo estatístico dessa diferença entre os dois grupos: Tabela C4: Análise estatística das médias e desvios padrão dos sujeitos do grupo Santos e do grupo São Paulo , quando se considera apenas os sujeitos do sexo masculino para a variável CORTISOL no momento pré: G.L. /t/ P conclusão 19 3,188 0,01>p>0,002 significante Conforme verificamos na tabela C4, as diferenças entre o grupo São Paulo e o grupo Santos para o sexo masculino na variável cortisol no momento pré são significantes. A tabela C5 apresenta as médias e desvios padrão encontradas para a mesma variável no momento ao vivo: 117 Tabela C5: Média e desvio padrão dos sujeitos do grupo Santos e do grupo São Paulo , quando se consideram apenas os sujeitos do sexo masculino para a variável CORTISOL no momento ao vivo: MASCULINO – SP ao vivo MASCULINO – SANTOS ao vivo 0,39 0,30 M DP 0,133 0,063 N 15 6 Podemos observar que os valores obtidos pelo grupo masculino de São Paulo são superiores ao grupo masculino de Santos. A tabela C6 apresenta os resultados da análise estatística para a comparação dessas diferenças de valores: Tabela C6: Análise estatística das médias e desvios padrão dos sujeitos do grupo Santos e do grupo São Paulo , quando se considera apenas os sujeitos do sexo masculino para a variável CORTISOL no momento ao vivo: G.L. /t/ P Conclusão 19 2,098 0,05>p>0,04 significante Conforme os dados apresentados na tabela C6, as diferenças entre os grupos São Paulo e Santos, quando se consideram apenas os sujeitos do sexo masculino, para a variável CORTISOL no momento ao vivo são significantes. A figura C2 ilustra a evolução dos níveis de cortisol nos 3 momentos , considerando apenas os sujeitos do sexo masculino, do grupo São Paulo e do grupo Santos. 118 EVOLUÇÃO DOS NÍVEIS DE CORTISOL MASCULINO procedencia geográfica 0,45 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 0,41 0,39 0,33 0,28 Pré 0,3 Ao vivo 0,27 São Paulo Santos Pós Figura C2 : Evolução dos níveis de cortisol , considerando-se apenas os sujeitos do sexo masculino, para os grupos São Paulo e Santos. Apresentamos, na tabela C7, os resultados da análise estatística intragrupos, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. 119 TABELA C7: Análise estatística das diferenças intragrupos de CORTISOL nos 3 tempos, considerandose a procedência geográfica dos sujeitos , acompanhada dos resultados dos Testes de Hipótese: Procedência geográfica G.L. /t/ P Conclusão 0,706 P>0,10 n.s. 1,269 p>0,10 n.s. 2,442 P<0,02 significante 1,814 P > 0,05 n.s. 0,381 P > 0,10 n.s. 1,087 P>0,10 n.s. SP pré x SP ao vivo M 0,42 0,39 DP 0,141 0,120 N 19 19 36 SP ao vivo x SP pós M 0,29 0,33 DP 0,120 0,067 N 19 19 36 SP pré x SP pós M 0,42 0,33 DP 0,146 0,067 N 19 19 36 SANTOS pré x SANTOS ao vivo M 0,28 0,38 DP 0,080 0,182 N 13 13 24 SANTOS ao vivo x SANTOS pós M 0,38 0,35 DP 0,182 0,218 N 13 13 24 Santos pré x Santos pós M 0,28 0,35 DP 0,080 0,218 N 13 13 24 Observa-se que, quando se compara a evolução de cada um dos grupos separadamente, considerandose os momentos experimentais (pré x ao vivo , ao vivo x pós e pré x pós), as diferenças encontradas são significantes apenas quando se comparam os valores pré e pós do grupo São Paulo. Quando a divisão 120 dos grupos é feita considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, ou seja , considerando-se se, no momento do experimento, eles se encontravam na situação de Apresentação ou na situação de Link, as médias do nível de cortisol encontradas e seus respectivos desvios padrões se distribuem, conforme apresentamos na tabela C8: . Tabela C8: Média e desvio padrão da variável CORTISOL nos 3 momentos, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: PRÉ AO VIVO PÓS N Apresentação M 0,30 0,36 0,35 8 Link DP 0,093 0,239 0,273 M 0,38 0,40 0,33 DP 0,146 0,104 0,076 24 Observamos que, em ambos os grupos, os valores de cortisol no momento ao vivo apresentam-se um pouco superiores aos verificados nos momentos pré e pós . Observa-se, também, que os valores do grupo Link estão quase sempre um pouco acima dos valores do grupo Apresentação (exceto no momento pós). A figura C3 ilustra esta distribuição: 121 EVOLUÇÃO DOS NÍVEIS DE CO RT ISOL situação de trabalho 0,45 0,4 0,4 0,38 0,36 0,35 Ug/100ml 0,3 0,35 0,33 0,3 0,25 Apresentação Link 0,2 0,15 0,1 0,05 0 Pré Ao v iv o Pós Figura C3: Evolução dos níveis de CORTISOL nos 3 momentos experimentais, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos Apresentamos na tabela C9 a análise estatística intergrupos dos dados, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: 122 TABELA C9 – Análise estatística intergrupos do CORTISOL nos 3 momentos, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos acompanhada dos resultados dos Testes de Hipótese Situação de trabalho G.L. /t/ P Conclusão APRES pré x LINK pré M 0,30 0,38 DP 0,093 0,146 N 8 24 30 1,803 0,10>P>0,05 n.s. 0,459 P > 0,10 n.s. 0,205 P > 010 n.s. APRES ao vivo x LINK ao vivo M 0,36 0,40 DP 0,239 0,104 N 8 24 30 APRES pós x LINK pós M 0,35 0,33 DP 0,273 0,076 N 8 24 30 Observa-se que as diferenças verificadas para os níveis de cortisol entre os grupos Apresentação e Link não são estatisticamente significantes em nenhum dos 3 momentos. A seguir, apresentamos, na tabela C10, a análise estatística intragrupos, considerando-se a situação experimental dos sujeitos: 123 TABELA C10: Analise estatística das diferenças intragrupos para a variável CORTISOL nos 3 tempos, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos , acompanhada dos resultados dos Testes de Hipótese: Situação de trabalho G.L. /t/ P Conclusão APRES pré x APRES ao vivo M 0,30 0,36 DP 0,093 0,239 N 8 8 14 0,662 P > 0,10 n.s. 0,078 P > 0,10 n.s. 0,490 P>0,10 n.s. 0,547 P > 0,10 n.s. 3,662 P < 0,02 significante 1,488 P>0,10 n.s. APRES ao vivo x APRES pós M 0,36 0,35 DP 0,239 0,273 N 8 8 14 APRES pré x APRES pós M 0,30 0,35 DP 0,093 0,273 N 8 8 14 LINK pré x LINK ao vivo M 0,38 0,40 DP 0,146 0,104 N 24 24 46 LINK ao vivo x LINK pós M 0,40 0,33 DP 0,104 0,076 N 24 24 46 LINK pré x LINK pós M 0,38 0,33 DP 0,146 0,076 N 24 24 46 A tabela C10 revela que, das diferenças verificadas entre os momentos pré x ao vivo , ao vivo x pós e pré x pós em cada um dos grupos separadamente (análise intragrupo), apenas é significante a comparação dos valores dos momentos ao vivo x pós para o grupo Link. 124 PRESENÇA DE MAIOR PICO DE CORTISOL NO MOMENTO AO VIVO Apresentamos na tabela C11 a distribuição dos sujeitos (em porcentagem), considerando-se se o maior pico de cortisol aconteceu no momento ao vivo ou não, variável denominada PRESENÇA DE MAIOR PICO DE CORTISOL NO MOMENTO AO VIVO, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: TABELA C11: Distribuição dos sujeitos para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE CORTISOL NO MOMENTO AO VIVO, considerando-se a procedência geográfica: SÃO PAULO SANTOS TODA A AMOSTRA % % % Sim 21,1 30,7 25,0 Não 78,9 69,2 75,0 N 19 13 32 Observamos que, para a maioria dos sujeitos, seja para o grupo São Paulo seja para o grupo Santos, o maior pico de cortisol não aconteceu no momento ao vivo. Na tabela C12, apresentamos os resultados da análise estatística que comparou as respostas da categoria sim: Tabela C12 : Resultados da análise estatística das médias e desvio padrão obtidas para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE CORTISOL NO MOMENTO AO VIV,O considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: G.L. /t/ P Conclusão 30 0,606 p>0,10 n.s. 125 Apresentamos, na tabela C13, a distribuição dos sujeitos (em porcentagem) para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE CORTISOL NO MOMENTO AO VIVO, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: TABELA C13: Distribuição dos sujeitos levando em conta a PRESENÇA DE MAIOR PICO DE CORTISOL NO MOMENTO AO VIVO, considerando a situação de trabalho dos sujeitos: APRESENTAÇÃO LINK TODA A AMOSTRA (%) (%) (%) Sim 25,0 25,0 25,0 Não N 75,0 75,0 75,0 8 24 32 Observa-se que a maioria dos sujeitos, independente da situação de trabalho em que se encontravam, não apresentaram o seu maior pico de CORTISOL na situação ao vivo. A tabela C14 mostra os resultados da análise estatística dos dados da tabela anterior. TABELA C14: - Resultados da análise estatística para a distribuição dos sujeitos para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE CORTISOL NO MOMENTO AO VIVO, considerando a situação de trabalho dos sujeitos: G.L. /t/ P Conclusão 30 0,000 P>0,10 n.s. Conforme a tabela anterior, não há diferenças significantes entre os valores apresentados na tabela C13. 126 VOZ A seguir, apresentamos os resultados obtidos para a variável VOZ. Devido a problemas técnicos, não pudemos contar com as vozes de 7 (sete) de nossos sujeitos que haviam participado do experimento. Portanto, ao contrario da outras análises que tiveram 32 sujeitos, a análise de voz é baseada no total de 25 sujeitos. Através de análise acústica, foram obtidas as subvariáveis FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA, FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÍNIMA, FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÁXIMA e extensão melódica em SEMITONS. Como nas variáveis anteriores, os resultados serão apresentados, considerando-se sempre a procedência geográfica dos sujeitos (grupo São Paulo X grupo Santos) e a situação de trabalho dos sujeitos (grupo Apresentação x grupo Link) . A análise estatística comparou as diferenças intergrupos em cada um dos momentos e intragrupos, considerando-se as diferenças existentes em cada um dos grupos separadamente em relação ao tempo experimental (pré x ao vivo, ao vivo x pós, e pré x pós). Como as vozes masculinas e femininas apresentam faixas de distribuição de Freqüência Fundamental bem específicas, devido a diferenças estruturais orgânicas entre os gêneros, elas serão consideradas separadamente para cada uma das subvariáveis. No presente capítulo, apresentaremos os resultados obtidos para cada uma das subvariáveis, apontando as diferenças de valores consideradas estatisticamente significantes, porém apresentando nas tabelas apenas os resultados da análise estatística obtidos para a freqüência fundamental média. Os resultados detalhados da análise estatística das demais subvariáveis são apresentados no anexo 11. 127 RESULTADOS - PARTE 2 NÍVEL ESPECÍFICO VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS VOZ FREQUENCIA FUNDAMENTAL MASCULINA A seguir, apresentamos, na tabela V1, a evolução nos tempos experimentais (pré – ao vivo – pós) das médias e desvios padrão obtidos para a variável FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MASCULINA, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. Além da freqüência fundamental média (méd), são apresentados também os valores obtidos para a freqüência fundamental mínima (min) e máxima (max), todos expressas em Hz. A extensão melódica em semitons (ST) é expressa pela quantidade de semitons. Tabela V1: Evolução da média da FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MASCULINA (mínima, média,máxima e extensão em semitons) nos três tempos experimentais, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos : PRÉ AO PÓS N VIVO Min SP M Méd Máx ST Min Méd Máx ST Min Méd Máx ST 117,1 178,0 233,8 12,3 122,9 183,5 242,0 12,3 112,7 160,4 207,0 10,6 9 DP 30,81 34,59 36,40 4,09 40,64 26,20 36,25 5,48 22,27 24,10 39,89 3,68 SANTOS M 107,8 164,0 216,3 12,5 97,68 176,0 263,9 15,2 105,5 163,6 229,3 13,5 6 DP 28,46 38,94 51,79 4,23 15,27 32,93 46,67 3,82 21,00 33,09 46,39 3,89 128 Observam-se valores de freqüência fundamental MÉDIA masculina (assim como os de mínima e máxima) ligeiramente superiores para o grupo São Paulo, exceto para o momento pós. Observa-se, ainda, que o valor da freqüência fundamental MÉDIA masculina obtido no momento ao vivo é superior aos obtidos nos momentos pré e pós, para ambos os grupos, conforme ilustra a figura V1: FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA MASCULINA procedência geográfica 250 200 183,5 176 163,6 160,4 SÃO PAULO SANTOS Hz 150 178 164 100 50 0 Pré Ao vivo Pós Figura V1: Evolução da freqüência fundamental média masculina nos 3 tempos experimentais, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. A seguir, apresentamos os resultados da análise estatística dos valores obtidos para a freqüência fundamental MÉDIA masculina. 129 TABELA V2: Análise estatística intergrupos das médias e desvios padrão obtidos para a variável FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA MASCULINA nos 3 momentos considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos Procedência geográfica G.L. /t/ P Conclusão SP pré x SANTOS pré M 178,0 164,0 DP 34,59 38,94 N 9 6 13 0,722 P > 0,10 n.s. 0,467 P > 0,10 n.s. 0,210 P > 0,10 n.s. SP ao vivo x SANTOS ao vivo M 183,5 176,0 DP 26,20 32,93 N 9 6 13 SP pós x SANTOS pós M 160,4 163,6 DP 24,10 33,09 N 9 6 13 Observa-se que em nenhum dos 3 momentos as diferenças verificadas entre o grupo São Paulo e o grupo Santos são estatisticamente significantes. A seguir, apresentamos, na tabela V3, os resultados da análise estatística intragrupos, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: 130 TABELA V3: Análise estatística intragrupos das médias e desvios padrão obtidos para a variável FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA MASCULINA nos 3 momentos, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos Procedência Geográfica G.L. /t/ P Conclusão SP pré x SP ao vivo M 178,0 183,5 DP 34,59 26,20 N 9 9 16 0,371 P > 0,10 n.s. 1,917 0,10>P> 0,05 n.s. 1,262 P>0,10 n.s. 0,579 P > 0,10 n.s. 0,647 P > 0,10 n.s. 0,013 P>0,10 n.s. SP ao vivo x SP pós M 183,5 160,3 DP 26,20 24,10 N 9 9 16 SP pré x SP pós M 178,0 160,4 DP 34,59 24,10 N 9 9 16 SANTOS pré x SANTOS ao vivo M 164,0 176,0 DP 38,94 32,93 N 6 6 10 SANTOS ao vivo x SANTOS pós M 176,0 163,6 DP 32,93 33,09 N 6 6 10 SANTOS pré x SANTOS pós M 164,0 163,6 DP 38,94 33,09 N 6 6 10 Observa-se que nem para o grupo São Paulo nem para o grupo Santos, as diferenças de valores entre os momentos pré x ao vivo, ao vivo x pós e pré x pós são estatisticamente significantes. Quando a divisão dos grupos é feita considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, ou seja, considerando-se se, no momento do experimento, eles se encontravam na situação de Apresentação ou na situação de Link, as 131 médias obtidas para a variável FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA MASCULINA se distribuem conforme apresentamos na tabela V4: TABELA V 4: Evolução da média da FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MASCULINA (mínima, média,máxima e extensão em semitons) nos três tempos experimentais, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos PRÉ AO PÓS N VIVO Min APRES. M M Máx ST Min 86,1* 134,5* 203,2 15,0 84,7* DP 11,74 LINK Méd 8,01 36,26 3,61 2,64 Méd Máx ST Min Méd Máx ST 135,6* 196,4* 14,7 87,4* 128,3* 205,9 14,7* 9 5,65 5,85 2,08 14,36 1,53 6,53 36,67 120,3* 181,9* 232,2 11,8 119,9* 191,7** 250,8** 13,3 115,4* 170,0** 218,4*** 11,0* 6 DP 28,43 33,53 43,05 3,96 35,26 17,81 35,63 5,53 19,97 23,20 4,93 * diferença intergrupo (Apresentação x Link) é estatisticamente significante – veja coluna **diferenças intergrupo e intragrupo (pré x ao vivo x pós) são estatisticamente significantes – (veja coluna e veja linha) ***diferença intragrupo é estatisticamente significante (veja linha) Observam-se valores sempre maiores para o grupo Link e ainda um valor sempre maior no momento ao vivo para ambos os grupos. A figura V2 apresenta uma ilustração da distribuição dos dados: 3,98 132 FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA MASCULINA situação de trabalho 220 200 180 181,8 191,6 169,9 160 Hz 140 134,5 135,5 128,3 120 100 Apresentação Link 80 60 40 20 0 Pré Ao vivo Pós tempo Figura V2: Evolução da freqüência fundamental média masculina nos 3 tempos experimentais, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos. A seguir, apresentamos na tabela V5 os resultados do teste estatístico para a comparação intergrupos dos dados, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: TABELA V5: Análise estatística intergrupos da média e desvio padrão dos valores de FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA MASCULINA, obtidos nos 3 momentos experimentais, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: Situação de trabalho G.L. /t/ P Conclusão APRES pré x LINK pré M 134,5 181,9 DP 8,01 33,53 N 3 12 13 4,410 P<0,002 Significante 9,214 P<0,001 Significante 5,555 P< 0,001 Significante APRES ao vivo x LINK ao vivo M 135,6 191,7 DP 5,65 17,81 N 3 12 13 APRES pós x LINK pós M 128,3 170,0 DP 5,85 23,20 N 3 12 13 133 Observa-se que as diferenças de valores intergrupos para a variável FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA MASCULINA são estatisticamente significantes nos 3 momentos experimentais. A seguir, apresentamos os resultados da análise intragrupos, considerando a situação de trabalho dos sujeitos: TABELA V6: Análise estatística intragrupos da média e desvio padrão dos valores de FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA MASCULINA,, obtidos nos 3 momentos experimentais, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: Situação de trabalho G.L. /t/ P Conclusão APRES 1 x APRES 2 M 134,5 135,5 DP 8,01 5,65 N 3 3 4 0,177 P > 0,10 n.s. 1,541 P > 0,10 n.s. 1,089 P>0,10 n.s. 0,854 P > 0,10 n.s. 2,568 0,02>P>0,01 Significante 0,885 P>0,10 n.s. APRES 2 x APRES 3 M 135,6 128,3 DP 5,65 5,85 N 3 3 4 APRES pré x APRES pós M 134,5 128,3 DP 8,01 5,85 N 3 3 4 LINK 1 x LINK 2 M 181,9 191,7 DP 33,53 17,81 N 12 12 22 LINK 2 x LINK 3 M 191,7 170,0 DP 17,81 23,20 N 12 12 22 LINK pré x LINK pós M 181,9 1700 DP 33,53 23,20 N 12 12 22 134 VOZ FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL FEMININA A seguir, apresentamos, na tabela V7, a evolução nos tempos experimentais (pré – ao vivo – pós) das médias e desvios padrão obtidos para a variável FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL FEMININA, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. Além da freqüência fundamental média (méd), são apresentados também os valores obtidos para a freqüência fundamental mínima (min) e máxima (max), todos expressos em Hz. A extensão melódica em semitons (ST) é expressa pela quantidade de semitons. TABELA V7: Evolução da média da FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL FEMININA (mínima, média,máxima e extensão em semitons) nos três tempos experimentais, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos PRÉ AO PÓS N VIVO Min SP SANTOS Méd Máx ST Min Méd Máx ST Min Méd Máx M 145,8 235,8 341,9 14,3 168,5* 257,5 355,8* 13,7 99,4 221,7 303,6 20,0 3 DP 17,56 36,12 48,36 2,52 37,41 24,03 44,90 5,69 41,27 11,05 9,83 M 150,3 229,8 291,8 12,1 107,8* 215,3 280,0* 17,1 134,4 220,2 277,3 12,9 7 DP 40,50 21,00 13,23 4,74 35,55 35,4 26,23 5,05 5,05 6,93 17,03 28,08 4,41 * diferença intergrupo (São Paulo x Santos) é estatisticamente significante – veja coluna Observa-se que os valores de Freqüência Fundamental média do grupo São Paulo estão sempre um pouco acima dos valores do grupo Santos, e ainda que o valor do momento ao vivo para o grupo São Paulo apresenta-se acima dos valores do momento pré e do momento pós. Já para o grupo Santos o valor do momento ao vivo apresenta-se inferior aos demais. A figura V3 ilustra esta distribuição dos dados: ST 135 F R E Q U E N C IA F U N D A M E N T A L M É D IA F E M IN IN A p r o c e d ê n c ia g e o g r á fic a 300 250 Hz 200 2 5 7 ,5 5 2 2 1 ,7 3 2 3 5 ,8 1 2 2 9 ,8 2 1 5 ,3 1 2 2 0 ,2 s ã o p a u lo 150 s a n to s 100 50 0 P ré A o v iv o Pós te m p o Figura V3 : Evolução da freqüência fundamental média feminina nos 3 tempos experimentais, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. A seguir, apresentamos, na tabela V8, os resultados da análise estatística intergrupos, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: 136 TABELA V8: Análise estatística intergrupos das médias e desvio padrão obtidos para a variável FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA FEMININA nos 3 momentos, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. procedência geográfica G.L. /t/ P Conclusão SP pré x SANTOS pré M 235,81 229,80 DP 36,12 21,00 N 3 7 8 0,270 P> 0,10 n.s. 2,189 P> 0,05 n.s. 0,168 P >0,10 n.s. SP ao vivo x SANTOS ao vivo M 257,55 215,31 DP 24,03 35,46 N 3 7 8 SP pós x SANTOS pós M 221,73 220,20 DP 11,05 17,03 N 3 7 8 Observa-se que as diferenças verificadas entre o grupo São Paulo e o grupo Santos não são estatisticamente significantes em nenhum dos 3 momentos. A seguir, apresentamos, na tabela V9, os resultados da analise estatística intragrupos, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: 137 TABELA V9 : Análise estatística intragrupos das médias e desvio padrão obtidos para a variável FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA FEMININA nos 3 momentos, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos Procedência Geográfica G.L. /t/ P Conclusão SP pré x SP ao vivo M 235,81 257,55 DP 36,12 24,03 N 3 3 4 0,860 P> 0,10 n.s. 2,345 0,10>P>0,05 n.s. 0,646 P>0,10 n.s. 0,930 p>0,10 n.s. 0,329 p>0,10 n.s. 0,938 P>0,10 n.s. SP ao vivo x SP pós M 257,55 221,73 DP 24,03 11,05 N 3 3 4 SP pré x SP pós M 235,81 221,73 DP 36,12 11,05 N 3 3 4 SANTOS pré x SANTOS pós M 229,80 215,31 DP 21,00 35,46 N 7 7 12 SANTOS ao vivo x SANTOS pós M 215,31 220,20 DP 35,46 17,03 N 7 7 12 Santos pré x Santos pós M 229,80 220,20 DP 21,00 17,03 N 7 7 12 Observa-se que também não são significantes as diferenças de valores em cada um dos grupos separadamente, em relação ao momento experimental (análise intragrupos). Quando a divisão dos grupos é feita considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, ou seja, considerando-se se, no momento do experimento, eles se encontravam na situação de Apresentação ou na situação de Link,as 138 médias da FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA FEMININA encontradas se distribuem conforme apresentamos na tabela V10: TABELA V 10: Evolução da média da FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL FEMININA (mínima, média,máxima e extensão em semitons) nos três tempos experimentais, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos PRÉ AO PÓS N VIVO Min APRESENTAÇÃO M Méd Máx ST Min Méd Máx ST Min Méd Máx ST 142,5 226,6 289,0 12,5 108,6 202,1 277,1 16,8 144,8 225,2 290,7 12,0 4 DP 23,25 25,12 17,69 2,89 42,59 34,75 32,40 5,97 14,41 14,37 14,53 2,16 LINK M 153,2 234,6 318,6 13,0 137,6 244,7 320,0 15,2 109,8 217,6 281,6 17,0 6 DP 41,49 25,1 39,94 5,14 46,19 30,50 43,30 5,16 43,1 15,70 33,30 7,01 Observa-se que os valores do grupo Link estão sempre superiores aos do grupo Apresentação, exceto no momento pós, quando se tornam menores. Observa-se, ainda, um pico de aumento no momento ao vivo em relação aos momentos pré e pós para o grupo Link e um valor menor que os demais para o grupo Apresentação. Tais diferenças não se mostram estatisticamente significantes. A figura V4 ilustra esta distribuição: 139 FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA FEMININA situação de trabalho 300 250 Hz 200 234,61 226,59 244,67 202,96 225,21 217,64 150 100 Apresentação Link 50 0 Pré Ao vivo Pós tempo Figura V4 : Evolução da freqüência fundamental média feminina nos 3 tempos experimentais, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos. A seguir, apresentamos, na tabela V11, os resultados da análise estatística intergrupos, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos para a variável FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA FEMININA: 140 TABELA V11: Análise estatística intergrupos das médias e desvio padrão obtidos para a variável FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA FEMININA nos 3 momentos, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos. Situação de trabalho G.L. /t/ P Conclusão APRES 1 x LINK 1 M 226,59 234,61 DP 25,12 25,14 N 4 6 M 202,96 244,67 DP 34,75 30,50 N 4 6 8 0,494 P> 0,10 n.s. APRES 2 x LINK 2 1,951 P>0,05 n.s. 0,785 P>010 n.s. 8 APRES 3 x LINK 3 M 225,21 217,64 DP 14,37 15,70 N 4 6 8 Observa-se que as diferenças verificadas entre os grupos Apresentação e Link para a variável FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA FEMININA não são significantes em nenhum dos 3 momentos. A seguir, apresentamos, na tabela V12, os resultados da análise estatística intragrupo, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: 141 TABELA V12: : Análise estatística intragrupos das médias e desvio padrão obtidos para a variável FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA FEMININA nos 3 momentos, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: Situação de trabalho G.L. /t/ P Conclusão APRES pré x APRES ao vivo M 226,59 202,96 DP 25,12 34,75 N 4 4 6 1,102 P>0,10 n.s. 1,183 P> 0,10 n.s. 0,095 P>0,10 n.s. 0,623 P>0,10 n.s. 1,930 0,10<P> n.s. APRES ao vivo x APRES pós M 202,96 225,21 DP 34,75 14,37 N 4 4 6 APRES pré x APRES pós M 226,59 225,21 DP 25,12 14,37 N 4 4 6 LINK pré x LINK ao vivo M 234,61 244,67 DP 25,14 30,50 N 6 6 10 LINK ao vivo x LINK pós3 M 244,67 217,64 10 0,05 DP 30,50 15,70 N 6 6 LINK pré x LINK pós M 234,61 217,64 DP 25,14 15,70 N 6 6 10 1,402 P>0,10 n.s. Observa-se que também quando se analisa a diferença de valores existentes em cada um dos grupos separadamente, em relação ao tempo (análise intragrupos), ele não é estatisticamente significante. 142 PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQUENCIA FUNDAMENTAL MÉDIA NO MOMENTO AO VIVO Apresentamos na tabela V13 a distribuição dos sujeitos (em porcentagem), considerando-se se o maior pico de freqüência fundamental média aconteceu exatamente no momento ao vivo, ou não, variável que foi denominada PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL NO MOMENTO AO VIVO, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: TABELA V13 Distribuição dos sujeitos para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA NO MOMENTO AO VIVO, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: SÃO PAULO SANTOS TODA A AMOSTRA % % % Sim 66,8 61,5 64,0 Não 33,2 38,5 36,0 N 12 13 25 Observamos que, para a maioria dos sujeitos , seja para o grupo São Paulo seja para o grupo Santos, o maior pico de freqüência fundamental média aconteceu no momento de entrada ao vivo. Na tabela V14, apresentamos os resultados da análise estatística: 143 Tabela V14 : Resultados da análise estatística das médias e desvio padrão obtidas para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊNCIA CARDÍACA NO MOMENTO AO VIVO, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: G.L. /t/ P conclusão 23 0,752 p>0,10 n.s. Apresentamos, na tabela V15, a distribuição dos sujeitos (em porcentagem) para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA NO MOMENTO AO VIVO, considerandose a situação de trabalho dos sujeitos: TABELA V15: Distribuição dos sujeitos para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊCIA FUNDAMENTAL NO MOMENTO AO VIVO, considerando a situação de trabalho dos sujeitos: Apresentação Link Toda a amostra (%) (%) (%) Sim 42,8 72,3 64,0 Não 57,2 27,7 36,0 7 18 25 N Observa-se que a maioria dos sujeitos que se encontrava na situação de Link apresentou o seu maior pico de freqüência fundamental média no momento ao vivo. Já entre os sujeitos do grupo Apresentação, pouco menos da metade teve seu maior pico na situação de entrada ao vivo. O restante teve o maior pico em outra situação. A tabela V16 mostra os resultados da análise estatística dos dados da tabela anterior. TABELA V 16: - Resultados da análise estatística para a distribuição dos sujeitos para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA NO MOMENTO AO VIVO, considerando a situação de trabalho dos sujeitos: G.L. /t/ P conclusão 23 1,374 P>0,10 n.s. 144 Podemos observar na tabela acima que as diferenças entre os grupos Link e Apresentação para a variável PRESENÇA DE MAIOR PICO DE FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL DA VOZ NO MOMENTO AO VIVO, não são estatisticamente significantes. ] 145 RESULTADOS – PARTE 2 NÍVEL ESPECÍFICO VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS A seguir, apresentamos as médias e desvios padrão obtidos para as variáveis psicológicas, considerando o NÍVEL SITUACIONAL (que contemplou as percepções da situação presente) e o NÍVEL ESTRUTURAL ( que contemplou percepções num nível geral). Também aqui, a apresentação das tabelas obedece a uma organização regular, na qual os dados referentes a cada uma das variáveis aparecerão sempre primeiramente considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos seguida da análise estatística intergrupos. Posteriormente, os dados são apresentados, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, seguidos, também, da análise estatística intergrupos. (ver diagrama a seguir) Não haverá análise intragrupos, visto que não houve investigação dessas variáveis em três tempos, como no caso das variáveis fisiológicas. As tabelas referentes ao NÍVEL SITUACIONAL recebem a letra “S” antes do número, e as referentes ao NÍVEL ESTRUTURAL recebem a letra “E”. 146 DIAGRAMA ILUSTRATIVO DA ORGANIZAÇÃO DE APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ANSIEDADE ESTADO SP X STOS AP X LINK NÍVEL DE SITUACIONAIS GERAL SP X STOS AP X LINK STRESS ANTES SP X STOS AP X LINK DEPOIS SP X STOS AP X LINK VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE SINTOMAS DE STRESS ESTRUTURAIS SP X STOS AP X LINK SP X STOS AP X LINK COMPORTAMENTO TIPO A SP X STOS APX LINK 147 RESULTADOS – PARTE 2 NÍVEL ESPECÍFICO VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS NÍVEL SITUACIONAL ANSIEDADE-ESTADO A tabela S1 apresenta as médias e desvios padrão obtidos para a variável ANSIEDADE-ESTADO, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. TABELA S1: Média e desvio padrão obtidos para a variável ANSIEDADE-ESTADO, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos SÃO PAULO SANTOS M 35,3 41,2 DP 9,07 8,85 N 18 13 Observa-se que os valores médios obtidos para o grupo Santos (classificados como média ansiedadeestado) são superiores aos obtidos para o grupo São Paulo (classificados como baixa ansiedade-estado). A seguir, apresentamos os resultados da análise estatística para a comparação dos dados destes dois grupos: Tabela S2: Análise estatística das médias e desvio padrão obtidos para a variável ANSIEDADEESTADO, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: G. L. /t/ P Conclusão 29 1,813 P > 0,05 n.s. 148 Como se pode observar na tabela acima, as diferenças de valores verificados entre os grupos São Paulo e Santos não são estatisticamente significantes. A seguir, apresentamos, na tabela S3, as médias e desvios padrão obtidos para a variável ANSIEDADE-ESTADO, considerando-se a divisão de grupos orientada pela situação de trabalho dos sujeitos: Tabela S3 : Média e desvio padrão obtidos para a variável ANSIEDADE-ESTADO, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: APRESENTAÇÃO LINK M 38,6 37,5 DP 10,31 9,24 N 7 24 Observa-se que, quando se analisa a variável ANSIEDADE-ESTADO, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, o grupo Apresentação aparece com valores apenas discretamente superiores aos apresentados pelo grupo Link (ambos se enquadram na categoria baixa ansiedade-estado). A tabela S4 apresenta o resultado da comparação estatística desses valores. Tabela S4: Análise estatística da média e desvio padrão obtidos para a variável ANSIEDADE-ESTADO, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: G. L. /t/ P Conclusão 30 0,413 P > 0,10 n.s. Observa-se que a diferença de valores verificada entre os grupos Apresentação e Link não são estatisticamente significantes. Apresentamos, a seguir, uma tabela com o ranking dos itens mais pontuados para a variável Ansiedadeestado: TABELA S5 : Ranking dos itens mais pontuados para a variável Ansiedade-estado: COLOCAÇÃO ÍTEM AFIRMAÇÃO 1° 8 Sinto-me descansado 2° 10 Sinto-me em casa 3° 19 Sinto-me alegre 4° 15 Estou descontraído 5° 1 Sinto-me calmo 149 A figura S1 ilustra esta distribuição: Ranking dos ítens mais pontuados Ansiedade - Estado -STAI 87 sinto-me descansado 78 sinto-me em casa 75 sinto-me alegre 73 estou descontraido 72 sinto-me calmo 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Figura S1: Ranking dos itens mais pontuados para a variável Ansiedade-estado 150 RESULTADOS – PARTE 2 NÍVEL ESPECÍFICO VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS NÍVEL SITUACIONAL NÍVEL DE STRESS GERAL A seguir, apresentamos, na tabela S6, as médias e desvios padrão obtidos para a variável NÍVEL DE STRESS GERAL, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: Tabela S6: Média e desvio padrão obtidos para a variável NIVEL DE STRESS GERAL, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: SÃO PAULO SANTOS M 1,37 1,69 DP 0,831 0,947 N 19 13 Observa-se que ambos os grupos apresentam valores que os incluem na categoria pouco-razoável stress, sendo que os valores do grupo Santos são discretamente superiores aos apresentados pelo grupo São Paulo. A seguir, apresentamos o resultado da análise estatística intergrupos dos dados: Tabela S7: Análise estatística da média e desvios padrão obtidos para a variável NÍVEL DE STRESS GERAL, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: GL /t/ P Conclusão 30 0,986 p>0,10 n.s. Pode-se observar que as diferenças de médias obtidas para a variável NÍVEL DE STRESS GERAL, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos, não são estatisticamente significantes. Quando a divisão dos grupos é feita considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, ou seja, considerando-se se, no momento do experimento eles se encontravam na situação de Apresentação ou na situação de 151 Link, as médias para a variável NÍVEL DE STRESS GERAL encontradas se distribuem conforme apresentamos na tabela S8 : TABELA S8: Média e desvio padrão obtidos para a variável NÍVEL DE STRESS GERAL, considerandose a situação de trabalho dos sujeitos: APRESENTAÇÃO LINK M 1,63 1,46 DP 1,061 0,833 N 8 24 Observa-se que ambos os grupos se inlcuem na categoria pouco-razoavel stress geral. Observam-se, também, valores discretamente superiores para o grupo Apresentação. Na tabela S9, apresentamos a análise estatística desses dados. TABELA S9: Análise estatística das médias e desvio padrão obtidos para a variável NÍVEL DE STRESS GERAL, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: GL /t/ p Conclusão 30 0,413 P>0,10 n.s. Observa-se que as diferenças entre os valores apresentados pelos grupos Apresentação e Link não são estatisticamente significantes. 152 RESULTADOS – PARTE 2 NÍVEL ESPECÍFICO VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS NÍVEL SITUACIONAL NÍVEL DE STRESS ANTES A tabela S10 apresenta as médias e desvios padrão obtidos para a variável NÍVEL DE STRESS ANTES, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. TABELA S10: Média e desvio padrão obtidos para a variável NÍVEL DE STRESS ANTES, considerandose a procedência geográfica dos sujeitos SÃO PAULO SANTOS M 0,89 1,23 DP 0,875 1,092 N 19 13 Observa-se que o grupo São Paulo apresenta valores que o incluem na categoria nenhum-pouco stress enquanto o grupo Santos apresenta valores um pouco superiores, que o incluem na categoria poucorazoavel stress. A seguir, apresentamos, na tabela S11, o resultado da análise estatística da comparação desses dados: TABELA S11: Análise estatística das médias e desvios padrão obtidos para a variável NÍVEL DE STRESS ANTES, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos GL /t/ P Conclusão 30 0,936 P>0,10 n.s. Observa-se que as diferenças verificadas para a variável NÍVEL DE STRESS ANTES, entre os grupos São Paulo e Santos, não são estatisticamente significantes. Quando a divisão dos grupos é feita considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, ou seja, considerando-se se no momento do 153 experimento eles se encontravam na situação de Apresentação ou na situação de Link, as médias para a variável NÍVEL DE STRESS ANTES encontradas se distribuem conforme apresentamos na tabela S12: TABELA S12: Média e desvio padrão obtidos para a variável NÍVEL DE STRESS ANTES, considerandose a situação de trabalho dos sujeitos: APRESENTAÇÃO LINK M 1,13 1,00 DP 0,641 1,063 N 8 24 Observa-se que ambos os grupos apresentam valores que os incluem na categoria pouco-razoável NÍVEL DE STRESS ANTES, havendo pouca diferença entre os valores do grupo Apresentação quando comparado ao grupo Link. A seguir, apresentamos, na tabela S13, o resultado da análise estatística desses dados: TABELA S13: Estatística das médias e desvio padrão obtidos para a variável NÍVEL DE STRESS ANTES, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: GL /t/ P Conclusão 30 0,414 p>0,10 n.s. Podemos verificar que as diferenças observadas entre os grupos Apresentação e Link para a variável NÍVEL DE STRESS ANTES, não são significantes. 154 RESULTADOS – PARTE 2 NÍVEL ESPECÍFICO VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS NÍVEL SITUACIONAL NÍVEL DE STRESS DEPOIS A tabela S14 apresenta as médias e desvio padrão obtidos para a variável NÍVEL DE STRESS DEPOIS, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. TABELA S14: Médias e desvios padrão obtidos para a variável NIVEL DE STRESS DEPOIS, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos SÃO PAULO SANTOS M 1,16 2,08 DP 0,898 1,115 N 19 13 Observa-se que os valores encontrados para o grupo São Paulo ( classificados como pouco-razoável NÍVEL DE STRESS DEPOIS) são inferiores aos encontrados para o grupo Santos (classificados como razoável-muito NÍVEL DE STRESS DEPOIS). A seguir, na tabela S15, apresentamos os resultados da análise estatística para a comparação desses dois valores: TABELA S15: Análise estatística das médias e desvio padrão obtidos para a variável NÍVEL DE STRESS DEPOIS, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos GL /t/ p Conclusão 30 2,476 0,02>P>0,01 significante Observa-se que as diferenças verificadas entre o grupo São Paulo e o grupo Santos para a variável NÍVEL DE STRESS DEPOIS são estatisticamente significantes. Apresentamos, na figura S2, uma ilustração da evolução dos NÍVEIS DE STRESS ANTES E DEPOIS, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: 155 EVOLUÇÃO DOS NÍVEIS DE STRESS AUTO-ATRIBUIDOS procedencia geográfica media dos pontos 2,5 2,08 2 1,5 1,23 1 1,16 0,89 São Paulo Santos 0,5 0 antes tempo depois Figura S2: Evolução dos NIVEIS DE STRESS auto-atribuídos, no momento antes e no momento depois, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos. A seguir, apresentamos, na tabela S16, a média e o desvio padrão para a variável NÍVEL DE STRESS DEPOIS, considerando-se a divisão dos grupos por situação de trabalho: Tabela S16: Médias e desvio padrão para a variável NÍVEL DE STRESS DEPOIS, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos APRESENTAÇÃO 1,38 1,302 8 M DP N LINK 1,58 1,018 24 Observa-se que ambos os grupos apresentam valores similares (estas médias os incluem na categoria pouco-razoável stress), sendo que o grupo Link apresenta valores discretamente superiores para a variável NÍVEL DE STRESS DEPOIS, comparados ao grupo Apresentação. Na tabela S17,, apresentamos o resultado da análise estatística para a comparação desses valores. Tabela S17: Análise estatística das médias e desvio padrão para a variável NÍVEL DE STRESS DEPOIS, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos GL /t/ p Conclusão 30 0,396 P>0,10 n.s. 156 Os dados apresentados pela tabela S17 mostram que as diferenças observadas entre os grupos de Apresentação e Link para a variável NÍVEL DE STRESS DEPOIS não são estatisticamente significantes. 157 RESULTADOS – PARTE 2 NÍVEL ESPECÍFICO VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS NÍVEL SITUACIONAL NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE Apresentamos, a seguir, na tabela S18, as médias e desvio padrão obtidas para a variável NIVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos; TABELA S18: Médias e desvio padrão obtidos para a variável NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos SÃO PAULO SANTOS M 2,63 2,15 DP 0,761 0,555 N 19 13 Podemos observar que os valores do grupo São Paulo são superiores aos do grupo Santos. Este valor inclui o grupo na categoria razoável–muita satisfação. A tabela S19 apresenta o resultado da análise estatística para a comparação desses valores intergrupos. TABELA S19: Análise estatística das médias e desvios padrão obtidos para a variável NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos GL /t/ p Conclusão 30 2,062 0,05>p>0,04 Significante 158 Podemos observar que as diferenças verificadas entre os grupos São Paulo e Santos para a variável NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE são estatisticamente significantes. Após esta verificação, buscamos informações mais específicas com relação aos grupos, sobretudo com relação ao comportamento das respostas, quando se considera o sexo dos sujeitos. Inicialmente, buscamos diferenças dentro do grupo São Paulo, considerando-se o sexo. As médias e desvios padrão encontrados para os sujeitos do sexo feminino e os do sexo masculino do grupo São Paulo, são apresentados na tabela S20 Tabela S20: Média e desvio padrão dos sujeitos do sexo feminino e masculino, dentro do grupo São Paulo para a variável NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE: FEMININO - São Paulo MASCULINO - São Paulo M 3,25 2,47 DP 0,500 0,743 N 4 15 Podemos observar que os valores do sexo feminino são superiores aos do sexo masculino, incluindo-os na categoria muita-extrema satisfação. Já os valores do sexo masculino encontram-se um pouco abaixo, na categoria razoável-muita satisfação. A tabela S21 apresenta os resultados da análise estatística destes dados: Tabela S21: Análise estatística das médias e desvios padrão dos sujeitos do sexo feminino e masculino, dentro do grupo são Paulo, para a variável NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE: G.L. /t/ P Conclusão 17 2,475 0,04>p>0,02 significante Podemos observar que as diferenças verificadas entre o sexo feminino e os sexo masculino dentro do grupo São Paulo para a variável NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE são significantes. Considerando-se, finalmente, apenas o sexo feminino e comparando-se os sujeitos procedentes de São Paulo e de Santos, obtiveram-se as seguintes médias e desvios padrão, apresentados na tabela S22: Tabela S22: Média e desvio padrão obtidos apenas pelos sujeitos do sexo feminino, comparando-se sua procedência geográfica, para a variável NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE: SÃO PAULO - feminino SANTOS – feminino M 3,25 2,00 DP 0,500 0,577 N 4 7 159 Observa-se que os sujeitos do grupo SÃO PAULO- feminino apresentam valores mais altos que os encontrados para o grupo Santos. Dessa forma, temos o grupo São Paulo feminino incluído na categoria muito-extremo stress e o grupo Santos, na categoria razoável. A tabela S23 apresenta os resultados da análise estatística: Tabela S23: Análise estatística das médias e desvio padrão obtidos apenas pelos sujeitos do sexo feminino, comparando-se sua procedência geográfica, para a variável NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE: GL /t/ p Conclusão 9 3,768 0,01>p>0,002 Significante Observa-se que a diferença entre os grupos Santos e São Paulo, considerando-se a penas o sexo feminino para a variável NIVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE é estatisticamente significante. Apresentamos, a seguir, na tabela S24, as médias e desvios padrão obtidos para a variável NIVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE, quando se consideram os grupos pela situação de trabalho dos sujeitos. Tabela S24: Média e desvio padrão obtidos para a variável NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: APRESENTAÇÃO LINK M 2,25 2,50 DP 0,463 0,788 N 8 24 Observa-se que o grupo Link apresenta uma média discretamente superior à do grupo Apresentação. Ambos incluem-se na categoria razoável-muita satisfação. Os resultados da analise estatística são apresentados na tabela S25: Tabela S25: Análise estatística das média e desvio padrão obtidos para a variável NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE , considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos GL /t/ p Conclusão 30 1,089 P>0,10 n.s. Observa-se que as diferenças verificadas para o grupo Apresentação e Link não são significantes. 160 RESULTADOS – PARTE 2 NÍVEL ESPECÍFICO VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS NÍVEL ESTRUTURAL LSS – LISTA DE SINTOMAS DE STRESS PRESENÇA DE SINTOMAS DE STRESS A seguir, apresentamos, na tabela E1, as médias e desvios padrão obtidos para a variável PRESENÇA DE SINTOMAS DE STRESS, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: Tabela E1: Média e desvios padrão obtidos para a variável PRESENÇA DE SINTOMAS DE STRESS , considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: SÃO PAULO SANTOS M 34,6 37,3 DP 8,56 10,83 N 18 13 Observa-se que os valores do grupo Santos são um pouco superiores aos encontrados para o grupo São Paulo, estando ambos incluídos, com estes valores, na categoria alta presença de stress. A seguir, na tabela E2, apresentamos os resultados da comparação estatística desses valores. Tabela E2: Análise estatística das médias e desvios padrão obtidos para a variável PRESENÇA DE SINTOMAS DE STRESS, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: GL /t/ p Conclusão 29 0,746 P > 0,10 n. s. 161 Conforme verificamos na tabela anterior, as diferenças observadas entre as médias dos grupos São Paulo e do grupo Santos não são estatisticamente significantes. A seguir, apresentamos as médias e desvios padrão para a mesma variável (PRESENÇA DE SINTOMAS DE STRESS), considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos. Tabela E3: Média e desvio padrão obtidos para a variável PRESENÇA DE SINTOMAS DE STRESS, conforme a situação de trabalho dos sujeitos: APRESENTAÇÃO LINK M 32,9 36,5 DP 12,60 8,55 N 7 24 Observa-se que os valores do grupo Link são superiores aos valores apresentados pelo grupo Apresentação, porém ambos se incluem, com esses valores, na categoria alta presença de stress. A tabela E4 apresenta os resultados do estudo estatístico: Tabela E4: Análise estatística das médias e desvio padrão obtidas para a variável PRESENÇA DE SINTOMAS DE STRESS, conforme a situação de trabalho dos sujeitos GL /t/ p Conclusão 29 0,710 P > 0,10 n. s. A análise estatística dos dados referentes à variável PRESENÇA DE SINTOMAS DE STRESS, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, revelou que as diferenças entre o grupo Apresentação e o grupo Link não são estatisticamente significantes. FREQÜÊNCIA DE SINTOMAS DE STRESS A seguir, apresentamos, na tabela E5, as médias e desvio padrão obtidos para a variável FREQÜÊNCIA DE SINTOMAS DE STRESS, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: Tabela E5: Média e desvio padrão obtidos para a variável FREQÜÊNCIA DE SINTOMAS DE STRESS, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: SÃO PAULO SANTOS M 45,2 48,9 DP 14,50 21,24 N 18 13 162 Observa-se que os valores do grupo Santos são um pouco superiores aos encontrados para o grupo São Paulo, estando ambos incluídos, com estes valores, na categoria baixa freqüência de stress. A seguir, apresentamos os resultados da comparação estatística desses valores. Tabela E6: Análise estatística das médias e desvio padrão obtidos para a variável FREQÜÊNCIA DE SINTOMAS DE STRESS, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: GL /t/ p Conclusão 29 0,543 P > 0,10 n. s. Conforme verificamos na tabela anterior, as diferenças observadas entre as médias dos grupos São Paulo e do grupo Santos não são estatisticamente significantes. A seguir, apresentamos as médias e desvios padrão para a mesma variável (FREQÜÊNCIA DE SINTOMAS DE STRESS ), considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos. Tabela E7: Média e desvio padrão obtidas para a variável FREQÜÊNCIA DE SINTOMAS DE STRESS, conforme a situação de trabalho dos sujeitos: APRESENTAÇÃO LINK M 42,6 48,0 DP 27,78 13,67 N 7 24 Observa-se que os valores do grupo Link são superiores aos valores apresentados pelo grupo Apresentação, porém ambos se incluem, com esses valores, na categoria baixa freqüência de stress. A tabela E8 apresenta os resultados do estudo estatístico: Tabela E8: Análise estatística das médias e desvio padrão obtidas para a variável FREQUENCIA DE SINTOMAS DE STRESS, conforme a situação de trabalho dos sujeitos GL /t/ p Conclusão 29 0,497 P > 0,10 n. s. A análise estatística dos dados referentes à variável FREQÜÊNCIA DE SINTOMAS DE STRESS, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, revelou que as diferenças entre o grupo Apresentação e o grupo Link, não são estatisticamente significantes: 163 INTENSIDADE DE SINTOMAS DE STRESS A segui,r apresentamos, na tabela E9, as médias e desvio padrão obtidos para a variável INTENSIDADE DE SINTOMAS DE STRESS, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: Tabela E9: Média e desvio padrão obtidos para a variável INTENSIDADE DE SINTOMAS DE STRESS, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: SÃO PAULO SANTOS M 1,86 2,27 DP 1,204 1,480 N 18 13 Observa-se que os valores do grupo Santos são superiores aos encontrados para o grupo São Paulo, estando ambos incluídos, com estes valores, na categoria baixa intensidade de stress. A seguir, apresentamos os resultados da comparação estatística desses valores. Tabela E10 Análise estatística das médias e desvio padrão obtidos para a variável INTENSIDADE DE SINTOMAS DE STRESS, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: GL /t/ p Conclusão 29 0,822 P > 0,10 n. s. Conforme verificamos na tabela anterior, as diferenças observadas entre as médias dos grupos São Paulo e do grupo Santos não são estatisticamente significantes. A seguir, apresentamos as médias e desvio padrão para a mesma variável (INTENSIDADE DE SINTOMAS DE STRESS), considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: Tabela E11: Médias e desvio padrão obtidas para a variável INTENSIDADE DE SINTOMAS DE STRESS, conforme a situação de trabalho dos sujeitos: APRESENTAÇÃO LINK M 1,77 2,11 DP 1,863 1,156 N 7 24 Observa-se que os valores do grupo Link são superiores aos valores apresentados pelo grupo Apresentação, porém ambos se incluem, com esses valores, na categoria baixa intensidade de stress. A tabela E12 apresenta os resultados do estudo estatístico: 164 Tabela E12 : Análise estatística das médias e desvio padrão obtidas para a variável INTENSIDADE DE SINTOMAS DE STRESS, conforme a situação de trabalho dos sujeitos GL /t/ p Conclusão 29 0,583 P > 0,10 n. s. A análise estatística dos dados referentes à variável INTENSIDADE DE SINTOMAS DE STRESS, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, revelou que as diferenças entre o grupo Apresentação e o grupo Link não são estatisticamente significantes. CLASSIFICAÇÃO GERAL A tabela E13 apresenta a CLASSIFICAÇÃO GERAL na lista de SINTOMAS DE STRESS, após análise dos resultados obtidos nas subvariáveis PRESENÇA, FREQÜÊNCIA e INTENSIDADE dos sintomas de stress, considerando-se a procedência geográfica : TABELA E13: CLASSIFICAÇÃO GERAL dos sujeitos na variável SINTOMAS DE STRESS, conforme a procedência geográfica dos sujeitos, acompanhada do resultado do teste de hipótese: SÃO PAULO SANTOS TODA A AMOSTRA /t/29 P Conclusão % % % - 15,4 6,5 1,538 P>0,10 n.s. Médio 94,5 76,9 87,1 1,368 P>0,10 n.s. Médio>alto 5,5 7,7 6,5 0,241 P>0,10 n.s. N 18 13 31 - - - Baixo>médio Observa-se que a maior concentração de sujeitos está na categoria médio da LISTA DE SINITOMAS DE STRESS, tanto para o grupo São Paulo quanto para o grupo Santos. No grupo São Paulo, não há nenhum sujeito classificado como baixo-médio nível de sintomas de stress e apenas 5,5% se enquadram na categoria médio-alto. Já no grupo Santos, há uma pequena parcela de participação na categoria médio–baixo (15,4%). Na categoria médio>alto, há 7,7%dos sujeitos do grupo Santos. As diferenças intergrupos, porém, não são estatisticamente significantes.A figura E1 ilustra esta distribuição: 165 100 90 80 70 60 SÂO PAULO % SANTOS 50 40 30 20 10 0 Baixo>médio Médio Médio>alto Figura E1: Distribuição dos sujeitos pela classificação geral no LSS , de acordo com sua procedência geográfica A seguir, na tabela E14, apresentamos a CLASSIFICAÇÃO GERAL na lista de SINTOMAS DE STRESS, obtidas após análise dos resultados colhidos nas sub-variáveis PRESENÇA, FREQÜÊNCIA e INTENSIDADE dos sintomas de stress, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: TABELA E14: CLASSIFICAÇÃO GERAL dos sujeitos na variável SINTOMAS DE STRESS, conforme a situação de trabalho dos sujeitos:, acompanhada do teste de hipóteses: APRESENTAÇ LINK TODA A AMOSTRA /t/29 P Conclusão ÃO % % % Baixo>médio 28,6 - 6,5 1,674 P>0,10 n.s Médio 57,1 95,8 87,1 2,021 P>0,10 n.s. Médio>alto 14,3 4,2 6,5 0,729 P>0,10 n.s. 7 24 31 - - N 166 Observa-se que a maior participação dos sujeitos está na categoria médio, sobretudo para o grupo Link, que possui 95,8% dos sujeitos nesta categoria e apenas 4,2 na categoria médio-alto. Já o grupo Apresentação possui 57,1% na categoria médio, 28,6% na baixo>médio e 14,3% na médio>alto. Estudando-se a significância estatística das diferenças de participação entre as situações de trabalho (apresentação ou link), dentro das categorias, verifica-se que as diferenças não são significantes.A figura E2 ilustra esta distribuição: Classificação geral do lss situação de trabalho 100 90 80 70 60 % de sujeitos 50 40 30 20 10 0 APRESENTAÇÃO % LINK % Baixo>médio Médio Médio>alto nível de sintomas de stress Figura E2: Distribuição dos sujeitos pela classificação geral no LSS, de acordo com sua situação de trabalho Apresentamos, a seguir, a título de ilustração, um ranking dos itens do protocolo de sintomas de stress mais pontuados, considerando-se toda a amostra: 167 TABELA E15: Ranking dos itens mais pontuados na Lista de Sintomas de Stress COLOCAÇÃO ÍTEM SINTOMA CATEGORIA 1° 5 No final de um dia de trabalho, estou desgastado. Fisiológico 2° 33 Sinto sobrecarga de trabalho. Emocional 3° 9 Tenho pensamentos que me deixam ansioso. Cognitivo 21 Tenho cansaço. Fisiológico 7 Como demais. Fisiológico 35 Esqueço-me das coisas. Cognitivo 55 Meus músculos estão sempre tensos. Fisiológico 5° 16 Fico esgotado emocionalmente. Emocionais 6° 38 Sinto os olhos lacrimejantes e a visão embaçada. Fisiológico 7° 17 Sinto angústia. Emocional 8° 26 Qualquer coisa me irrita. Emocional 39 Tenho sono exagerado. Fisiológico 9° 59 Tenho vontade de ficar sozinho. Social 10° 13 Quando me levanto de manhã, já estou cansado. Fisiológico 4° A figura E3 ilustra essa distribuição: 168 RANKING DOS ÍTENS MAIS PONTUADOS LISTA DE SINTOMAS DE STRESS - LSS no fim de um dia de trabalho, estou desgastado sinto sobrecarga de trabalho tenho cansaço tenho pensamentos que me deixam ansioso meus músculos estão sempre tensos esqueço-me das coisas como demais fico esgotado emocionalmente sinto os olhos lacrimejantes e a vsão embaçada sinto angústia qualquer coisa me irrita tenho sono exagerado tenho vontade de ficar sozinho quando me levanto de manhã, já estou cansado 0 10 20 30 40 Figura E3 : Ranking dos itens mais pontuados na Lista de Sintomas de Stress - LSS 50 60 169 RESULTADOS – PARTE 2 NÍVEL ESPECÍFICO VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS BEPATYA - Padrão de comportamento do Tipo A A tabela E16 apresenta as médias e desvios padrão obtidos pelos sujeitos, considerando-se a sua procedência geográfica, para a variável COMPORTAMENTO TIPO A: TABELA E16: Média e desvio padrão para a variável COMPORTAMENTO TIPO A, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: SÃO PAULO SANTOS M 70,1 71,5 DP 11,59 12,54 N 18 13 Observa-se que as médias encontradas são similares, com valores um pouco mais altos para o grupo Santos, incluindo-se ambas na categoria alto nível de comportamento Tipo A . O gráfico E4 ilustra a distribuição dos valores entre os grupos. 170 Como tipo A - São Paulo x Santos 100 90 80 70 70,1 71,5 60 pontos 50 40 30 20 10 0 São Paulo Santos Figura E4: Média dos pontos obtidos para a variável COMPORTAMENTO TIPO A, conforme procedência geográfica dos sujeitos. A seguir, apresentamos o resultado da análise estatística para esses dados: TABELA E17: Análise estatística das médias e desvio padrão para a VARIÁVEL COMPORTAMENTO TIPO A, considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos: GL /t/ p Conclusão 29 0,317 P>0,10 n.s. De acordo com a tabela E17, as diferenças de médias encontradas para a variável COMPORTAMENTO TIPO A , considerando-se a procedência geográfica dos sujeitos, não são estatisticamente significantes. Quando a amostra é dividida considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos, encontramos as seguintes médias e desvio padrão, os quais são apresentados na tabela E18: 171 TABELA E18: Média e desvio padrão obtidos para a variável considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: APRESENTAÇÃO M 68,0 DP 15,15 N 7 COMPORTAMENTO TIPO A, LINK 71,5 10,91 24 Observa-se que as médias permanecem na categoria alto nível de comportamento tipo A, com um valor um pouco maior para os sujeitos pertencentes ao grupo Link. A figura E5 ilustra esta distribuição: Como tipo A apresentação x link 100 90 80 70 60 pontos 50 40 30 20 10 0 68 Apresentação 71,5 Link Figura E5: Média dos pontos obtidos para a variável COMPORTAMENTO TIPO A, conforme situação de trabalho dos sujeitos. Na tabela E19, encontramos os resultados da análise estatística desses dados: TABELA E19: Análise estatística das médias e desvio padrão obtidos COMPORTAMENTO TIPO A, considerando-se a situação de trabalho dos sujeitos: GL /t/ p 29 0,540 p>0,10 para a variável Conclusão n.s. Observa-se, na tabela 80, que a diferença de valores verificada entre os grupos Apresentação e Link não são estatisticamente significantes. 172 A seguir, apresentamos um ranking dos itens mais pontuados no protocolo de avaliação do Comportamento Tipo A, para ilustração: TABELA E20 Ranking dos itens mais pontuados no protocolo BEPATYA COLOCAÇÃO ITEM AFIRMAÇÃO Categoria 1° 5 Eu levo muito a sério as minhas obrigações. Senso de competência 2° 21 Ainda tenho muitas coisas importantes a Ambição realizar na vida. 3° 4 Quando os outros são vagarosos, prefiro eu Nervosismo mesmo fazer o trabalho. 4° 11 Fico irritado quando pessoas preguiçosas Nervosismo atrasam o trabalho. 5° 16 Enquanto todas as tarefas não estiverem Incapacidade de desligar-se cumpridas, não consigo relaxar adequadamente. A seguir apresentamos na figura E6 uma ilustração desses dados: R A N K IN G D O S ÍT E N S M AIS P O N T U A D O S c o m p o rtam en to T ip o A - B E P A T Y A e u lev o m u ito a sé rio a s m in h a s o b riga çõ es a in da te n ho m u ita s co isas im po rtan tes a rea liza r n a v id a qu a nd o o s ou tros sã o va ga ro so s p re firo e u m e sm o fa ze r o tra b alh o fico irritad o qu a n do p e sso a s p re gu iço sa s atra sa m o tra b a lho e n qu an to to da s a s ta re fa s n ã o e stive re m cu m p rid a s, nã o co n sigo rela xar a d equ a d am e n te 0 20 40 60 80 100 1 20 140 160 Figura E6: Ranking dos itens mais pontuados no protocolo BEPATYA – Comportamento Tipo A 173 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os resultados do presente estudo confirmaram a expectativa inicial de que há mobilização fisiológica, indicativa de ativação por stress, a partir de uma situação específica de fala. Essa mobilização se expressa na alteração dos valores das variáveis experimentais (freqüência cardíaca, cortisol e voz), quando se consideram os tempos experimentais, ou seja, pré x ao vivo, ao vivo x pós e pré x pós (análise intragrupos). Os resultados revelaram que o comportamento dessa alteração em cada variável se processa por diferentes caminhos. Contudo, houve sempre pelo menos uma alteração entre os tempos experimentais, sendo os valores do momento ao vivo, sempre superiores aos demais. Esta mobilização, comparável à mobilização existente em algumas atividades físicas, é um retrato de como se processa fisiologicamente o enfrentamento de uma tarefa comunicativa profissional, ainda que habitual. Vale ressaltar, aqui, o fato de que nossos sujeitos eram, em sua maioria, pessoas experientes na profissão, com mais de 5 anos na função, sendo que pelo menos a metade deles já havia tido experiência anterior com comunicação em rádio. Ainda assim, os resultados confirmaram nossa expectativa de que haveriam diferenças significativas originadas pela situação de trabalho. Com efeito, a mobilização fisiológica é sempre maior para repórteres no link do que para apresentadores em todos os parâmetros avaliados. Os resultados revelaram também, haver diferenças significantes por procedência geográfica, apenas para a variável cortisol, no momento pré, o que indica que o comportamento fisiológico está mais fortemente relacionado à situação de trabalho do que à procedência geográfica dos sujeitos. A seguir, discutiremos os resultados obtidos para cada variável: 174 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS FREQUENCIA CARDÍACA HOUVE MOBILIZAÇÃO (amostra total): quando se comparam os valores obtidos durante o experimento e o que é esperado em situação análoga sem tarefa, observa-se que, mesmo nos momentos pré e pós, os valores de freqüência cardíaca já se encontram discretamente aumentados (26% acima) . No momento ao vivo, há um aumento bem maior (cerca de 76%), o que indica que a tarefa gera mobilização fisiológica. HOUVE INFLUÊNCIA DA TAREFA (análise intragrupo): quando se consideram os tempos experimentais, os resultados revelaram que há um aumento estatisticamente significante da freqüência cardíaca no momento de entrada ao vivo, em relação ao período pré e pós - ao vivo, tanto para apresentadores quanto para repórteres em link (independente de suas procedências geográficas), o que confere à situação de fala ao vivo o status de mobilizadora da fase de alarme de stress, em ambos os grupos, e confirma nossas expectativas iniciais baseadas na literatura e na observação clínica. HOUVE DIFERENÇAS ENTRE OS GRUPOS: Os resultados indicaram, também, que a magnitude desse aumento de freqüência cardíaca é diferente quando se compara os grupos por situação de trabalho. Os valores são significantemente maiores entre os repórteres que estão no link (em média 41 batimentos por minuto - bpm – acima dos valores pré ou 46,3% de aumento no momento ao vivo) do que entre apresentadores ( em média 16,8 bpm acima dos valores pré - ou 19,8%), o que parece indicar que a tarefa de falar ao vivo tem uma repercussão maior sobre a atividade cardíaca dos repórteres do que dos apresentadores. Quando se compara os sujeitos por procedência geográfica, verifica-se que não há diferenças significantes entre São Paulo e Santos, mas para ambos os grupos a diferença de valores nos tempos experimentais (pré – ao vivo – pós) é significante, sendo os valores do ao vivo cerca de 40% superiores aos tempos pré e pós). 175 PALMERO, DIEZ & ASENSIO (2001) , em modelo de pesquisa semelhante, porém com stressor de laboratório (tarefa de fala e aritmética), encontraram aumento de 18,5% entre os sujeitos com alto escore para o TIPO A e 8,5% para os baixo escore de Tipo A. . ROY, KIRSCHBAUM, STEPTOE, (2001) também em modelo experimental semelhante , porem com stressor de laboratório (tarefa aritmética e de fala) encontraram um valor de 11.4 bpm na primeira tarefa e de 16,2 bpm na tarefa de fala). Já MEYER et al (2000) em experimento semelhante, em situação real com jogadores de cassino (porém sem tarefa de fala) , encontraram aumento de cerca de 18 bpm na situação experimental). Segundo GREKIN (1988), as catecolaminas (grupo ao qual pertence a adrenalina) são liberadas continuamente em pequenas quantidades na circulação sanguínea, mas aumentam consideravelmente em resposta a estímulos adrenérgicos, entre eles, os stress, os exercícios físicos e a insulina) Considerando que em ambas as situações de trabalho (apresentação e link) os sujeitos encontravam-se em posição estática, (sem atividade física, portanto) , e que não houve nenhum outro estímulo que pudesse justificar o aumento da atividade cardíaca, podemos inferir que o aumento da freqüência cardíaca no momento ao vivo verificado foi fruto da ativação por stress. Considerando-se, também, que a descarga de adrenalina, considerada como indicador bioquímico da atividade emocional (VALDEZ & FLORES, 1985), é responsável pela aceleração do ritmo cardíaco, nossos resultados nos permitem inferir que ha atividade psico-emocional do jornalista atuando ao vivo em televisão, e que essa atividade é significantemente diferente entre apresentadores e repórteres no link. Entre os sujeitos que estavam no link, o aumento da freqüência cardíaca foi significantemente maior e o maior valor obtido para a freqüência cardíaca (pico de freqüência) ocorreu, em mais de 80% dos casos, exatamente no momento da entrada ao vivo, diferentemente do grupo apresentação. Apesar de ambos os grupos (apresentação e link) terem a tarefa de falar ao vivo , existem algumas peculiaridades próprias da tarefa de cada um deles: o repórter no link fala em cada entrada por cerca de 1 a 2 minutos, um conteúdo que ele mesmo preparou e que é falado (pelo menos um trecho) sem ser lido. Já o apresentador pode ou não ter escrito o texto que lerá, mas ele será quase sempre lido. Em outras palavras o grupo apresentação tem maior apoio da leitura do que o grupo link. O pouco controle sobre as situações que o repórter no link tem, também pode ser outro fator. O apresentador tem sempre um roteiro, que pode ser mudado, mas ele tem uma visão mais panorâmica do que acontecerá no jornal. Já o repórter que está na rua não. Mesmo depois de sua entrada ele deve de ficar de prontidão para uma possível entrada adicional, a qual ele não sabe se, e quando acontecerá. 176 Enfim, a mobilização fisiológica expressa pelo aumento significante da freqüência cardíaca nos permite concluir que, se houve aumento da freqüência cardíaca houve também descarga de adrenalina pela medula da glândula supra-renal. Se houve descarga é porque a tarefa foi classificada como “relevante”. A categoria “relevante” inclui três possibilidades de avaliação do evento: perda, perigo ou desafio. O aumento da freqüência cardíaca acompanha as três possibilidades, mas só é acompanhado do aumento do cortisol na mesma medida, na avaliação de perigo. Como na presente pesquisa tivemos aumento significante da freqüência cardíaca e aumento discreto de cortisol (veja a seguir) , podemos inferir que a tarefa foi classificada como relevante, na sub-categoria “desafio”. 177 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS CORTISOL HOUVE MOBILIZAÇÃO (amostra total): Quando comparamos os valores obtidos para a variável cortisol durante o experimento com os valores obtidos em um grupo controle, verificamos (com surpresa) que os valores do grupo experimental encontram-se abaixo dos do controle. Acreditamos que os valores mais baixos de cortisol do grupo experimental se devam ás características típicas do trabalho jornalístico, o qual exige alta atividade cognitiva e de atenção . BOHUS & KOOLHASS, 1993, referem que nessas circunstâncias o coping costuma se caracterizar por ser um coping ativo. Nesse caso, há um aumento da freqüência cardíaca e da noradrenalina e uma baixa dos níveis de cortisol, o que facilita a manutenção da atenção e sobretudo da atividade cognitiva. HOUVE INFLUÊNCIA DA TAREFA (análise intragrupos): Quando se comparam os tempos experimentais entre si, os resultados revelaram que houve diferença significante entre o momento ao vivo e o momento pós para o grupo Link. O pico de cortisol no momento ao vivo só ocorreu para 25% do grupo. Isso significa que, entre os repórteres que estavam no Link, os níveis de cortisol já estavam mais altos desde o momento pré, permaneceram assim logo depois da atuação ao vivo, e baixaram significantemente uma hora após, o que sugere a influência da tarefa 178 HOUVE DIFERENÇAS ENTRE OS GRUPOS (análise intergrupos) : Quando se comparam os grupo entre si, verifica-se que se, por um lado as diferenças de freqüência cardíaca entre os sujeitos de São Paulo e de Santos não foram significantes, elas o foram quando se trata da variável CORTISOL. Os resultados apontaram que os sujeitos de São Paulo apresentam níveis de cortisol significantemente superiores aos de Santos, sobretudo no momento pré-tarefa e entre os homens (nesses o aumento de valor acontece no momento ao vivo e no momento pré, quando comparados aos homens de Santos). Ainda que os níveis se apresentem mais baixos do que os do grupo-controle para todos os sujeitos, esses resultados parecem indicar que a tarefa de falar ao vivo afeta de forma mais expressiva os níveis de cortisol dos sujeitos de São Paulo do que dos de Santos ( apesar dos sujeitos de São Paulo se atribuírem, subjetivamente, menos stress). Pode-se explicar tal diferença, por exemplo, pelo fato dos sujeitos de São Paulo estarem mais em contato com factuais de violência , miséria, e outras adversidades típicas de uma metrópole com mais de 15 milhões de habitantes. A realidade vivida pelos sujeitos de Santos, com relação a estes temas é mais branda, na medida em que a Baixada Santista com cerca de 20 municípios não perfaz um milhão de habitantes. Conforme descrito no capítulo sobre Stress, o cortisol é liberado espontaneamente ao longo do dia em quantidades maiores pela manhã, diminuindo ao longo do dia, estando quase inexistente à noite. Além dessa produção espontânea, pode haver liberação adicional por estimulação bioquímica ou psicossocial (ABSI; BONGARD; BUCHANAN; PIINCOMB; LICINIO & LOVALO (1997). Dessa forma, supomos que ao longo de um período de três horas os valores deveriam declinar. Como não houve estimulação bioquímica, e como observamos picos de aumento do cortisol, acreditamos que este aumento seja devido à tarefa experimental (falar ao vivo) , que aconteceu de uma forma semelhante para ambos os grupos. 179 Os resultados revelaram também que, quando se compara os sujeitos pela situação de trabalho, os níveis de cortisol, tanto para apresentadores quanto para repórteres no link, estão maiores no momento ao vivo para ambos, não havendo diferenças significantes entre os grupos. Observa-se em ambos, um pico de aumento bem mais discreto (entre 5 e 20%de aumento em média, no momento ao vivo) que o observado para a freqüência cardíaca (entre 20 e 40% em média), com traçado mais marcado, no entanto, para o grupo link. Essa diferença de magnitude entre as respostas de freqüência cardíaca e de cortisol, podem ser explicadas por duas maneiras distintas. Uma que considera que os valores são de fato baixos e outra que considera que possíveis valores mais altos não foram adequadamente captados. Em primeiro lugar consideremos a primeira hipótese, ou seja que os valores de cortisol foram baixos. Pode-se explicar esse fato considerando-se algumas características situacionais, como as citadas por ROY; KIRSCHBAUM & STEPTOE (2001). Segundo os autores, dificuldade da tarefa, perda de controle, suporte social durante a tarefa e incomodo durante o desafio comportamental, são fatores que aumentam a descarga de cortisol. No entanto, como vimos anteriormente quando tratamos da freqüência cardíaca, a situação experimental do presente trabalho parece configurar-se mais como uma situação de desafio de que como uma situação de perigo. Nesse caso, a descarga maior é de catecolaminas e não de cortisol (HOLROYD & LAZARUS,1982; CACCIOPO, 1995). , o que parece estar mais de acordo com o que encontramos em nossa pesquisa. Além da principal característica da tarefa, que é configurar-se em desafio, há uma outra característica que também pode explicar a magnitude da resposta: a brevidade . .. CACCIOPO (1995) refere pouca alteração no cortisol para stressores breves, como a tarefa que investigamos. Em segundo lugar devemos considerar a segunda hipótese para a resposta menos exacerbada do cortisol. Nesse caso devemos considerar as diferenças cronológicas na ativação neuroendócrina. Segundo VALDEZ & FLORES (1985), tanto o ACTH quanto o cortisol incluem-se no chamado sistema de resposta semirápida, (ao contrário das catecolaminas, que se incluem no sistema de ação rápida), apresentando seu pico de concentração cerca de 20 a 30 minutos após a estimulação (KIRSCHBAUM & 180 HELLHAMMER(1989). Nesse caso, talvez nosso modelo de pesquisa, que contou com apenas 3 momentos de coleta de saliva, não tenha contemplado adequadamente o período onde o pico apareceria. 181 CORRELAÇÃO ENTRE FREQUENCIA CARDÍACA E CORTISOL Pudemos verificar que a magnitude das respostas de freqüência cardíaca e de cortisol não são comparáveis. A freqüência cardíaca aumenta muito mais do que os níveis de cortisol. Ao nosso ver, essa diferença de valores se justifica, principalmente, pela avaliação cognitiva da tarefa. Segundo HOLROYD & LAZARUS (1982), a reação de stress está diretamente ligada a avaliação e julgamento que fazemos dos stressores. Por exemplo, quando um stressor, ou uma tarefa, é considerada como um desafio, há uma elevação apenas das catecolaminas, permanecendo o nível de cortisol igual ou menor ao momento anterior a tarefa. a mobilização fisiológica, em tese é menor, sendo portanto menos danosa ao organismo. Já quando o stressor ou a tarefa é considerada como um perigo há uma elevação tanto das catecolaminas quanto do cortisol. VALDEZ & FLORES, 1985, encontraram resultados semelhantes em pesquisa com paraquedistas. Segundo os autores, com o treinamento na prática de paraquedismo, diminuem os níveis de cortisol mas não os de adrenalina, “sugerindo uma ativação que cabe supor, necessária para enfrentar com êxito a situação (p.26) Dessa forma, concluímos que a tarefa de falar ao vivo, por ser uma tarefa habitual, rotineira não é considerada pelos sujeitos como stressante na medida em que não se correlaciona a uma situação de perigo para ao sujeito. Porém a manifestação fisiológica dos sujeitos é compatível com a classificação da tarefa como desafiante. Assim, a tarefa de falar ao vivo embora não represente nenhum tipo de perigo ao sujeito, também não é considerada como irrelevante. Ela é considerada como um desafio com o qual se confronta diariamente, e o qual deve ser vencido, também diariamente. Por ser uma reação considerada adaptativa, a mobilização que existe num estado de desafio, em si, não traz danos para a saúde, sendo pelo contrario, considerada “stress construtivo” ou “eustress” . Isso porque o individuo desafiado enfrenta mais persistente e efetivamente a situação, vivenciando a sensação de pouco stress. Aliás é este tipo de perfil desejjável para as empresas . Um anúncio procurando um profissional na área de jornalismo expressa bem o que é considerado ideal para a empresa: TEXTO DE ANÚNCIO PUBLICADO NO JORNAL ESTADO DE MINAS em 28/01/96, comprova a pressão no trabalho exigida nas redações. “Somos uma empresa nacional de grande porte, líder no mercado de atuação. Estamos identificando profissionais de JORNALISMO EM TELEVISÃO. Buscamos profissionais com experiência jornalística desejável de 2 anos, com vontade de se desenvolver em uma empresa de sucesso. A posição requer formação superior em Comunicação Social e proficiência em segundo idioma flexibilidade de horário e disponibilidade para viajar. Completa o perfil solicitado: capacidade de atuar sob pressão, responder proativamente a situações novas e desafios, disponibilidade para trabalhar em equipe. Oferecemos condições competitivas de contratação e oportunidades de desenvolvimento profissional. Os interessados devem enviar Curriculum Vitae para portaria desse jornal sob o número TV/01. ( extraído de AGUIAR, 1996)} Não obstante o desafio, em tese, não traga danos a saúde, se for intenso ou constante em demasia, pode desencadear doenças (distress). Qual a freqüência e intensidade dessas alterações fisiológicas 182 podeeia ser considerada saudável e a partir de quanto poderíamos pressupor desgaste do organismo, são temas que requerem, ainda, maior investigação. De qualquer forma devemos pensar que a tarefa de falar ao vivo atinge de forma diferente apresentadores e repórteres em link, estando estes últimos mais propensos a um desgaste progressivo do organismo, sobretudo os relacionados a atividade cardíaca, uma vez que a “lei da vulnerabilidade orgânica” postula que cada organismo termina expressando seu Distress através de uma patologia, a qual vai se manifestar no órgão mais vulnerável desse organismo (COELHO, BEHLAU & VASCONCELLOS, 1993). 183 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS VOZ – FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA HOUVE MOBILIZAÇÃO (amostra geral): Quando se comparam os valores obtidos para a variável Freqüência Fundamental Média com o valor que serviu como parâmetro de normalidade, verifica-se que, para todos os sujeitos, independentemente dos tempos experimentais e independentemente do sexo, os valores do grupo experimental se encontram sempre mais altos. Embora não se possa atribuir o aumento de valor exclusivamente à ativação por stress, uma vez que a variável Voz é a única das três variáveis experimentais sobre a qual se tem controle volitivo, acreditamos que não se pode desvincular a voz das outras variáveis fisiológicas, de modo que o aumento de valores deve ser atribuído, em parte, à ativação por stress e, em parte, à intenção interpretativa. HOUVE INFLUÊNCIA DA TAREFA (análise intragrupos): Quando se comparam os valores obtidos para a variável Freqüência Fundamental Média, verifica-se que há elevação de valores típica de ativação por stress entre os sujeitos que estavam no Link (semelhante ao que foi verificado no comportamento do cortisol). A diferença entre o valor ao vivo e o pós foi estatisticamente significante. Observa-se que, no momento pré, a Freqüência Fundamental Média já estava alta, próxima à verificada no ao vivo. Atribuímos tal elevação à expectativa e à preparação prévia necessária para a performance. Nessa ocasião (cerca de uma hora antes) o sujeito encontra-se organizando e preparando sua entrada ao vivo com os técnicos e com os entrevistados, elaborando o que falará em sua entrada ao vivo e decorando alguns trechos. Somente se verifica o declínio dos valores de Freqüência Fundamental no momento pós, momento esse em que, provavelmente, o relaxamento pós-tarefa, propicia o rebaixamento da Freqüência 184 Fundamental. Esses dados confirmam nossa expectativa inicial baseada na literatura, segundo a qual a Freqüência Fundamental se eleva sob ativação emocional, sobretudo por stress. (SCHRER, 1981b,WILLIAMS & STEVENS, 1981; MENDONZA & CARBALLO,1998). A explicação para essa elevação considera as implicações que algumas emoções podem desencadear sobre o ritmo cardíaco e a pressão sangüínea. Essas alterações provocariam alterações na velocidade, profundidade e no padrão dos movimentos respiratórios, o que afeta a pressão subglótica, podendo modificar o contorno da freqüência fundamental. Outra alteração relacionada à ativação emocional é a diminuição da secreção das glândulas salivares, que aumentam a viscosidade da saliva, provocando secura na boca e, conseqüentemente, modificando as características da fonte de excitação acústica do trato vocal (WILLIAMS & STEVENS, 1981). A elevação da Freqüência Fundamental no momento ao vivo também pode estar relacionada às características de personalidade dos sujeitos, uma vez que existem algumas características típicas de fala e voz relacionadas ao comportamento Tipo A, o qual, como vimos anteriormente, é típico entre jornalistas. SIEGMAN, (1982) discorre sobre os correlatos vocais do stress entre os sujeitos com altos escores para o TIPO A e destaca a tendência ao aumento de intensidade e freqüência fundamental , o que se deve, segundo ele, ao aumento no tônus muscular geral e às alterações de respiração. Considerando que, muitas vezes, os jornalistas que trabalham em TV adquirem seu modelo vocal intuitivamente, baseados em modelos consagrados (STIER,1995; COELHO, 1995), a percepção e o controle dessas alterações de freqüência nem sempre são possíveis. HOUVE DIFERENÇA ENTRE OS GRUPOS (análise intergrupos): Quando se comparam os sujeitos do sexo masculino pela situação de trabalho, a FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL MÉDIA do grupo Link apresenta valores significantemente maiores que os do grupo Apresentação, nos 3 momentos. Observase um traçado linear nos 3 momentos para o grupo Apresentação e um pico discreto no momento ao vivo para o grupo Link, com diferença de valores maior quando se compara o ao vivo com o momento pós. Como afirmamos anteriormente, a freqüência fundamental da voz, está sujeita a controle volitivo. Portanto, a compreensão dos resultados que apontam a freqüência fundamental média mais alta para 185 repórteres no link deve considerar a combinação, sobretudo, desses dois fatores : (1) a ativação por stress, associada às alterações das outras variáveis fisiológicas, e (2) a ênfase interpretativa. Contudo, devemos ponderar, por um lado, que, tanto apresentadores quanto repórteres no Link tinham intenções interpretativas semelhantes; por outro lado, vimos que entre repórteres no Link a ativação fisiológica mostra-se mais intensa. Dessa forma, podemos inferir que essa ativação fisiológica mais intensa seria o diferencial que facilitaria a elevação maior da Freqüência Fundamental entre eles. Outro dado adicional foi obtido com a análise perceptivo-auditiva (anexo 4), que revelou que há mais alterações perceptíveis entre os repórteres em link do que entre os apresentadores. Não obstante as medidas de freqüência fundamental da voz obtidas através da fala encadeada sejam questionadas pela literatura, em função das variações inerentes ao material de fala e às características de prosódia do texto (HIRANO, 1981; COLTON & CASPER,1990; BEHLAU,2001), ainda assim acreditamos que as análises contidas neste estudo apresentam uma tendência de variação bastante sistemática (sobretudo para o sexo masculino), que nos permitiram tecer as reflexões acima. Os resultados de média de freqüência fundamental, além de compatíveis com o que observamos no trato com esses profissionais, revelam como os repórteres e apresentadores usam, de fato, suas vozes em situação de trabalho, qual a faixa e a variação da freqüência em relação aos tempos experimentais e quais as peculiaridades entre repórteres e apresentadores. Os resultados permitiram- nos, não só confirmar a hipótese da utilização de freqüência maior no ao vivo para repórteres como também saber que repórteres e apresentadores têm comportamento de freqüência fundamental diferente (repórteres tendem a aumentar a freqüência e apresentadores tendem a diminui-la). Com efeito, a análise perceptivoauditiva (anexo 4) revela que são perceptíveis as alterações no pitch (correlato psico-acústico da freqüência fundamental) tanto no momento pré (entre cerca de 62% dos sujeitos) quanto no pós (mais de 70%), tanto entre apresentadores quanto entre repórteres. Naturalmente, essas informações facilitam o trabalho do fonoaudiólogo que se ocupa desses profissionais e servem como referência, sobretudo, na prevenção de distúrbios relacionados ao uso ocupacional inadequado e até mesmo para fins de estética de comunicação verbal. Lamentavelmente, os poucos estudos que utilizam material de fala previamente definido, para avaliação dos efeitos do stress sobre a voz (MENDONZA&CARBALLO, 1998), geralmente 186 só são possíveis em situação de laboratório, tendo como disparador de stress, por exemplo, a repetição do alfabeto em ordem reversa. Tal tarefa, a nosso ver, está longe de refletir os efeitos da utilização da voz sob stress real. Outra grande quantidade de estudos, como vimos na revisão de literatura, utiliza-se da fala para provocar stress, mas nenhuma análise das variações da própria fala e da voz é feita. Enfim, entre utilizar os dados de fala e voz de nossos sujeitos conhecendo as restrições ou desprezálos, optamos pela primeira hipótese. Acreditamos, contudo, que devamos perseguir, ao máximo, uma maior proximidade dos estudos sobre a variação da freqüência fundamental em situação real . Certamente, num futuro próximo, poderemos encontrar um paradigma para tal tipo de análise. 187 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS VARIÁVEIS SITUACIONAIS De forma geral, os resultados indicaram que os sujeitos se auto-atribuem pouco stress, tanto em geral, como antes, quanto depois, mas há algumas diferenças, sobretudo relacionadas à procedência geográfica dos sujeitos: O NIVEL DE STRESS GERAL é considerado pouco>razoável para ambas as divisões grupais (procedência geográfica e situação de trabalho). Em outras palavras, pode-se dizer que tanto os sujeitos provenientes de São Paulo quanto os de Santos, e ainda, tanto os apresentadores quanto os repórteres em Link atribuem a mesma média de”stress em geral” . Já considerando o momento pré, através da análise da variável NÍVEL DE STRES ANTES, verificamos que os sujeitos procedentes de São Paulo atribuem nenhum ou pouco stress antes do ao vivo, enquanto os de Santos atribuem em média pouco ou razoável stress. Quando se comparam os grupos por situação de trabalho, verifica-se que não há diferença, ou seja, tanto apresentadores quanto repórteres em Link referem sentir pouco>razoável stress. Porém observa-se que esses valores aumentam tanto para São Paulo (de nenhum >pouco passam para pouco>razoável) quanto para Santos (de pouco>razoável passam para razoável>muito), no momento pós. Em outras palavras, observa-se um aumento dos valores para a variável NÍVEL DE STRESS DEPOIS. Como a avaliação de NÍVEL DE STRESS ANTES é baseada na percepção do momento presente e na previsão de como será o momento ao vivo, e a avaliação do NÍVEL DE STRESS DEPOIS é baseada no que, de fato, aconteceu, podemos inferir que a atribuição anterior sofreu modificação em função de intercorrências durante o momento ao vivo, o que , aparenta estar relacionado às alterações fisiológicas verificadas . Isso parece ser mais perceptível entre os sujeitos do grupo Santos, para os quais o aumento de valor foi bem maior, tornando a diferença com o grupo São Paulo estatisticamente significante. 188 Os resultados para a variável NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE apontaram um nível maior de satisfação para os sujeitos procedentes de São Paulo do que para os procedentes de Santos. Considerando-se apenas os sujeitos de São Paulo , verifica-se que são as mulheres as que apresentam maior índice de satisfação. De maneira geral, parece que os sujeitos procedentes de Santos se atribuem uma sensação de stress depois do ao vivo maior que os procedentes de São Paulo e, ainda, ficam menos satisfeitos com sua performance. Essa diferença pode ser compreendida, considerando-se fatores econômicos, visto que os recursos materiais e humanos parecem ser mais fartos para os sujeitos de São Paulo. Talvez a escassez de recursos obrigue o sujeito a se adaptar a trabalhar em condições não tão favoráveis, o que o faz viver maior stress. Pode-se explicar a diferença também, lembrando que os sujeitos de São Paulo têm mais tempo de profissão e mais tempo na função , o que poderia dar a eles uma percepção de stress vivenciado menor. O nível de ansiedade-estado, obtido através do protocolo STAI-STATE, foi classificado na categoria baixa, para toda a amostra, embora haja uma tendência de valores maiores de ansiedade para o grupo Santos e para o grupo Link.Esse resultado confirma nossa expectativa, uma vez que investigamos uma atividade profissional habitual para a qual houve preparo prévio e possibilidade de escolha por parte do sujeito. Dessa forma, é esperado que a ansiedade, de modo geral, seja baixa, exceto frente a assuntos (pautas) de maior peso ou relevância, o que não configura o cotidiano. Como não houve seleção de pautas para a inclusão em nossa amostra, os assuntos tratados eram, em sua maioria, bastante habituais aos sujeitos, de modo que não geravam, em si, ansiedade. O que, ocasionalmente, gerava ansiedade eram as intercorrências que fugiam ao controle deles antes e durante o momento ao vivo. Dessa forma, podemos inferir que a baixa ansiedade atribuída pelos sujeitos no momento pré classifica a tarefa, cognitivamente com “irrelevante”, portanto não demandando ativação fisiológica. No entanto, como vimos na discussão das variáveis fisiológicas, apesar de cognitivamente ser classificada como irrelevante, a ativação fisiológica ocorre. Parece incongruente que a tarefa de falar ao vivo seja cognitivamente classificada como gerando baixa ansiedade (irrelevante) e que fisiologicamente ocorra como se houvesse sido classificada como desafio (relevante). Na verdade, acreditamos que os sujeitos não se percebem nem ameaçados nem desafiados. Talvez haja aqui uma dificuldade de classificação semântica relacionada à palavra “ansiedade” a qual é costumeiramente relacionada a sensações negativas. Como não havia sensações negativas, os sujeitos não atribuíam ansiedade à tarefa. Talvez se tivessem sido indagados quanto ao nível de desafio que a tarefa lhes impunha, tivéssemos um retrato um pouco mais aproximado do que a tarefa representa para eles. Essa situação é inversamente proporcional ao que se verifica quando a tarefa de falar gera ansiedade. COELHO & VASCONCELLOS (2001) investigaram a incidência do medo de falar em público entre universitários e verificaram que , ainda nos dias de hoje, 189 esse medo social ainda ocupa lugar importante entre outros medos, gerando alta ansiedade entre boa parte dos discentes. 190 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS VARIÁVEIS ESTRUTURAIS Os resultados para a variável SINTOMAS DE STRESS apontaram para uma alta presença de sintomas de stress, em baixa freqüência e intensidade, o que levou a uma classificação geral MÈDIA, para ambos os grupos, tanto na divisão São Paulo Santos, quanto na divisão Apresentação e Link. Observa-se uma tendência de o grupo Santos e o grupo Link apresentarem sempre valores mais altos, em todas as subvariáveis (presença, freqüência e intensidade de sintomas). Os resultados indicaram ainda que, entre os dez sintomas mais assinalados, cerca da metade são tipicamente fisiológicos e relacionados quase que exclusivamente a sensações de extremo cansaço, sendo os dois primeiros colocados itens relacionados diretamente ao desgaste causado pelo trabalho (“No final de um dia de trabalho, estou desgastado”; “Sinto sobrecarga de trabalho”). Isso reforça a hipótese de que a atividade profissional dos sujeitos tem um custo somático importante. A outra metade são sintomas emocionais e cognitivos, indicativos da fase de resistência do stress, o que sugere que o processo de stress já está em curso há algum tempo. Os sintomas de fadiga são fartamente citados na literatura como uma da conseqüências da ativação por stress, sobretudo as relacionadas à atividade adrenal. (FREEMAN, 1986; ROSEN & SATALLOF, 1997 ROSEN & SATALLOF,1998) Já o PADRÃO DE COMPORTAMENTO TIPO A apresentou classificação nível alto para ambos os grupos. Isto significa que o padrão de comportamento típico dessa categoria profissional é o TIPO A. SIEGMAN (1982) refere-se às várias características típicas do TIPO A, enfatizando as características de fala. Segundo o autor, a urgência de tempo do TIPO A faz com que o tempo de latência para resposta seja mais curto, a velocidade de articulação seja mais rápida e a loudness, aumentada. Encontramos este tipo de características entre os jornalistas investigados, através da avaliação perceptivo auditiva (ver anexo 4.). ROSENMAN & CHESNEY (1982) afirmam que os indivíduos TIPO A estão cronicamente empenhados em atingir mais e mais em cada vez menos tempo. Faz parte da rotina do telejornalista este 191 tipo de situação. Por um lado, é esperado que ele produza muito; por outro lado ele próprio busca esta alta produção e perfeição. Dessa forma, essa situação não é vista como algo que lhe foi imposto e que é nocivo a ele. A cobrança parece combinar perfeitamente com o perfil de personalidade dos sujeitos. A competição é, também, motivadora para eles, e o desafio é visto com muito prazer. Talvez por esse motivo a tarefa de falar ao vivo em si não seja vista como ansiógena, sendo, para eles considerada um desafio. Segundo ROSENMAN & CHESNEY (1982), o comportamento tipo A está fortemente relacionado com doenças cardiovasculares sobretudo porque sua descarga de catecolaminas em situações de desafio ou perigo é mais intensa. “As catecolaminas provavelmente desempenham um importante papel na mediação da relação entre o TIPO A e as doenças cardiovasculares e. arterioesclerose cornariana”. PALMERO; DÍEZ & ASENSIO (2001) também investigaram a correlação entre ativação cardíaca e padrões de comportamento (Tipo A e Tipo B). Segundo os autores, tradicionalmente, o comportamento do Tipo A tem sido associado ao risco de doenças cardíacas, uma vez que a ativação simpática desse grupo, enquanto trabalha ou executa tarefas desafiantes, é bem maior do que a dos indivíduos do Tipo B. Tal situação, verificada na presente pesquisa, torna os jornalistas que trabalham em televisão um grupo de risco para problemas coronarianos. 192 CONCLUSÃO Buscou-se, no presente trabalho, investigar o custo somático de uma tarefa profissional, que compõe, junto a outras atividades, o dia a dia de um jornalista. Os resultados revelaram que a tarefa de falar ao vivo influencia os níveis de freqüência cardíaca, cortisol e voz. Indicaram, ainda, que a atividade cardíaca e vocal dos repórteres no Link é mais intensa do que a dos apresentadores e que , portanto, eles estariam mais expostos a problemas relacionados a essas duas áreas. Apresentamos, a seguir, um resumo das conclusões finais: 1) Os sinais positivos encontrados indicam ativação por stress típicas da fase de alarme. Certamente esses sinais não são, em si mesmos, negativos, mas podem ter efeitos tardios negativos, se forem intensos ou prolongados. Nesse caso, o sistema cardiovascular e o aparelho fonador deveriam ser considerados como elementos vulneráveis a distúrbios entre os profissionais jornalistas. 2) Não há correspondência positiva entre o que se verifica fisiologicamente e o que os sujeitos atribuem subjetivamente. As atribulações relacionadas a sua própria função e até mesmo as intercorrências nem sempre são percebidas como negativas. Parece haver, aqui, uma certa atração entre o profissional e o stress da profissão, de forma que as sensações advindas da ativação psicofisiológicas não são vivenciadas como negativas. Às vezes, são vivenciadas até com certo prazer. Isso indicaria que a percepção de um possível desgaste corporal em função de atividade intensa não acontece em tempo real, ou seja, os sinais de desgaste serão provavelmente percebidos apenas quando o desgaste já tiver uma extensão maior. 3) O padrão de comportamento da maioria absoluta dos sujeitos é do TIPO A , o qual segundo a literatura apresenta uma forte correlação com problemas cardiovasculares e vocais, tendo em vista a intensidade e voracidade de seu comportamento. 193 4) Os sintomas de stress já estão presentes num nível geral médio, e com prevalência maior para os sintomas típicos da fase de resistência do stress (emocionais e cognitivos) , o que sugere desgaste somático. 5) A combinação de fatores estruturais (padrões de comportamento) com as exigências inerentes à função (pressão por produção, pressão de tempo, etc) e com o envolvimento corporal inerente à tarefa verificado na presente pesquisa indicaria cuidados redobrados quanto à saúde. Por fim, acreditamos que a verificação do peso que a tarefa de falar ao vivo tem sobre os parâmetros fisiológicos de jornalistas nos remete a pensar no peso que a utilização da fala e da voz teria também para inúmeros outros profissionais da voz, sobretudo os que atuam sob tensão, como cantores e atores. Assim, além de apontar alguns subsídios quanto ao custo somático de uma atividade profissional, que tem um índice de morbi-mortalidade alto relacionado a problemas cardiovasculares, como a dos jornalistas, acreditamos apontar, também, para a complexidade do objeto de trabalho do fonoaudiólogo. Em outras palavras, acreditamos que uma atuação fonoaudiológica que considere a voz e a fala como parte de uma engrenagem psico-fisiológica mais ampla terá mais chances de ser bem sucedida. 194 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • ABSI,M.: BONGARD,S.; BUCHANAN,T.;PINCOMB,G.A.; LICINIO,J. & LOVALLO, W.R. – Cardiovascular and neuroendocrine to public speaking and mental arithmetic stressors – Psychophysiology, 34:266-275,1997 • AGUIAR, R. – Stress e violência no lead da notícia – Brasília – FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), 1996 • ANDERSON, M. P. & BORKOVEC, T.D. - Imagery processing and fear reduction during repeated exposure to two types of phobic imagery – Behav. Res. & Therapy - vol 18 pp537-540 - 1980 • ARONSON, A. E. , PETERSON, H. W. & LITTIN, E.M. – Voice symptomatology in functional dysphonia and aphonia – J. speech hear. Disord. 9:367-80,1964 • _____________ - Psychiatric symptomatology in functional dysphonia and aphonia – J. Speech hear. Disord. 31:115-27,1966 • ARONSON, A.E.; BROWN, J.R.; LITTIN, E.M.; PEARSON, J.S. – Spastic Dysphonia I – Voice, Neurologic and psychiatric aspects – J. Speech hear. Disord - 33:203-18,1968 • ARONSON, A.E – Speech Pathology and symptom therapy in interdisciplinary treatment of psychogenic aphonia – J.speech hear. Disord 34:321-41,1969 • ARONSON, A.E - Clinical voice disorders – New York – E. Thieme – 1990 • BADARÓ, A . M. – Venturas e desventuras do repórter eletrônico – Revista de Comunicação - ano 3 – n°9;1987 • BAKEN, R.J. & ORLIKOFF, R.F. – Clinical Measurement of speech and voice – Ed Singular Thomson Learning – 2nd ed. - 2000 • BARROS NETO, T. L. – O exercício – Preparação Fisiológica – Avaliação Médica – Aspectos Especiais e Preventivos – São Paulo - Atheneu - 1999 195 • BASSET, J.R.; MARSHALL, P. M. & SPILLANE, R. – The physiological measurement of acute stress (public speaking) in bank employees – International Journal of psychophysiology, 5:265-273,1987 • BEHLAU, M. & ZIEMMER, R. – Psicodinâmica da voz – in FERREIRA, L.P. )org) – Trabalhando a voz – São Paulo – Summus Editorial – 1988 • BEHLAU, M. & PONTES, P. – Disfonias Psicogênicas – in FERREIRA, L.P. (org) Um pouco de nós sobre voz – São Paulo – Pro-Fono – 1992 • BEHLAU, M. & PONTES, P. – Avaliação e tratamento das disfonias – São Paulo – LOVISE – 1995 • BEHLAU, M. & PONTES,P. Higiene Vocal – Cuidando da Voz – 2ª ed.- RJ - Revinter –– 1999 • BEHLAU, M. - Voz – O livro do Especialista (vol 1) – Revinter – RJ - 2001 • BLOCH, E.L. & GOODSTEIN, L.D. – Functional speech disorders and personality: a decade of research – J. speech hear. Disord. - 36(3):295-314,1971 • BLUMENTHAL, J.A .; FREDRIKSON,M.;MATTHEWS, K.A . KUHN C. M.; SCHNIEBOLK S. ;GERMAN,D.;RIFAI, N.;STEEGE,J.;RODIN,J. – Stress reactivity and exercise training in premenopausal and postmenopausal women. –Health psychology – 10(6), p.384-391 – 1991 • BOHUS & KOOLHAAS, 1983 - - Características Neuroendócrinas, Fisiológicas e comportamentais no Coping, in NITSCH, J.R. – Stress – Theorien Verlag Hans Huber – Bern – Sttugart – Wien - 1993 • BOLM-AUDORFF, U. ; SCHWÄMMLE,; EHLENZ,K. & KAFFARMIK, H. - Plasma level of catecholamines and lipids when speaking before na audience - - Work and stress, vol 3 p. 249-253, 1989 • BOONE, D. R. – La voz Y el tratamiento de sus alteraciones {The voice ande the voice therapy} – Trad Sofia Golman – Buenos Aires – Editorial Medica Panamericana – 1983 • BORKOVEC, T. D. ; WALL, R.L. & STONE, N.M. - False physiological feedback and the maintenance of speech anxiety – Journal of abnormal psychology, vol 83, nº2, 164-168 – 1974 • BORKOVEC, T. D & SENQI, HU. - The effect of worry on cardiovascullar response to phobic imagery – Behav. Res. Ther. Vol. 28 nº1p. 69-73, 1990 196 • BOUGHAL, T.;WEIDNER, G., PIEPER, C.; CONNOR, S.L. & MENDELL, N.R. – Relationship of Job strain to santdard coronary risk factores and psychological characteristics in women and men of the Family Heart Study. – Health Psychology, vol. 16 n°3,329-247, 1997 • BRODNITZ, F.S. – Psychological considerations in vocal reabilitation – J.speech hear. Disord. – 46:21-26, 1981 • CACIOPPO, J.T.; MALRKEY, W.B.;KIECOLT-GLASER,J.K. UCHINO,B.N.;SGOUTAS-EMCH,S.A. ; SHERIDAN,J.F. BERNTSON,G.G.; GLASER,R. Heterogeneity in neuroendocrine and immune responses ot brief psychological stressors as a function of autonomic cardiac activations – Psychosomatic Medicine – 57:154-164; 1995 • CASTRO, V. O texto na TV – Revista de Comunicação- ano 2;n° 8,p.14, 1986 • CHEN, Y,;CINTRON,N.M.;WHITSON, P.A . – Long-term storage of salivary cortisol samples at room temperature. – Clinical Chemistry –vol 38 p. 304 – 1992 • COELHO, M.A; BEHLAU, M. & VASCONCELLOS - Stress e disfonias funcionais – Anais do II Congresso Interno do Instituo de Psicologia – Universidade de São Paulo - 1993 • COELHO , M.A . ;BEHLAU,M .& VASCONCELLOS, E.G. “Da relação entre stress e distúrbios da voz” - in Tópicos de fonoaudiologia - org. MARCHESAN,IQ., GOMES, I.C.D.,ZORZI,J.L. São Paulo LOVISE – 1996 • COELHO , M. A . & VASCONCELLOS, E.G. – Public speech fear incidence among students from the speech therapy course – 25th World congress of the international association of logopedics and phoniatrics annals – IALP – Montreal - 2001 • COELHO , M. A - Trabalho fonoaudiológico junto a uma equipe de telejornalismo in Anais do III Congresso Brasileiro de Lariingologia e Voz – Rio de Janeiro 1995 • COLTON , R.H. & CASPER, J.K. – Understanding voice problems – a physiological perspective for diagnosis and treatment – Baltimore, Williams & Wilkins -1990 • COVOLAN, M. A O stress ocupacional do psicólogo clínico: seus sintomas, suas fontes e as estratégias usadas para controlá-lo - Campinas - 1989 - Dissertação de Mestrado 197 • CUNHA, A. A. Telejornalismo – São Paulo – Ed Atlas - 1990 • DIMSDALE, J.E. & MOSS, J. - Short-term catecholamine response to psychological stress – Psychosomatic Medicine – vol 42 nº5 – p. 493-497 - - 1980a • -------------- - Plasma catecholamines in stress and exercise - JAMA – jan 25 vol 243 nº4 - p.340- 342 - 1980b • FREEMAN, M. – Psychogenic voice disorders: a multifactorial problem in: FAWCEY, M. Voice disorders and their management – London Ed Croon - 1986 • GEER, J. The development of a scale to measure fear. Behaviour Research and Therapy 1965, 3, 45-53 • GIESEN, J. M. & MCGLYNN, F.D. - Skin conductance and heart –rate responsivity to public speaking imagery among students with high and low self-reported fear: a comparative analysis of “response” definitions. • Journal of clinical psychology, january, vol 33 nº1 – p. 68-76 – 1977 GRAEFF, F.G.;ZUARDI,A .W.; GIGLIO, J.S. LIMAFILHO, E.C. & KARNIOL, I.G. – Effect of metergoline on human ansiety – Psychopharmacology vol. 86: p. 334-338 – 1985 • GREKIN, R. – A Supra – Renal - in MAZZAFERRI, Ernest (ED)-Endocrinologia - 3ª ed - Rio de Janeiro Editora Guanabara, 1988 • GUECHOT, J.; FIET, J.; PASSA, P.; VILLETE, J.M.; GOURMEL, B.; TABUTEAU, F.; CATHELINEAU, G. & DREUX, C. – Physiological and pathological variations in saliva cortisol – Hormone Res., 16:357364, 1982 • GUYTON, A.C. – Neurociência Básica – Anatomia e Fisiologia 2ed - Rio de Janeiro – Guanabara Koogan, 1993 • HENNIG, J.; LASCHEFSKI, U. & OPPER, C. – Biopsychological changes after Bungee Jumpping; B – Endorphin Immunoreactivity as a mediator of Euphoria? – Neuropsychobiology – 29;28-32; 1994 • HETEM, L.A. B. ; SOUZA, C.J. ; GUIMARÃES, F.S.; ZUARDI A .w. & GRAEFF, F. G. – Efeito da d- fenfluramina na ansiedade induzida pou uma simulação de falar em público – Revista ABP-APAL 15(4): 139-145,1993 198 • HIRANO, M. Clinical Examination of Voice – Wien – Springer – Verlag - 1981 • HIRANO, M . – Laryngeal Histopathology – in COLTON, R.H.; CASPER, J.K. & HIRANO, M. – Understanding voice problems, Baltimore, Williams & Wilkins, 1990 • HÖLD, K. M. ; BOER, D. ; ZUIDEMA,J. MAES, R.A .A . – Evaluation of the Salivette as sampling device for monitoring beta-adrenoceptor blocking drugs in saliva - Journal of cromatography B, 663 pp 103-110, 1995. • HOLROYD, K. A. & LAZARUS, R.S. – Stress, coping, and somatic adaptation – in GOLDBERGER, L. & BREZNITZ, S. (ed) - Handbook of stress – New York – The Free Press - 1982 • JAREMKO, M. E. , The use of stress inoculation training in the reduction of public speakinf anxiety – Journal of Clinical Psychology, july, vol 36, nº 3 - p. 735-738 – 1980 • KRANTZ, D. S. & RAISEN, S.E. – Enviromental stress, reactivity and ischaemic heart disease – Britsh Journal of medical Psychology – 61:3-16;1988 • KAPCZINSKI, F. ; CURRAN, H.V.; GRAY, J. & LADER, M.- Flumazenil has na anxiolytic effect in simulated stress – Psychopharmacology – vol 114 , pp187-189, 1994 • KIRSCHBAUM, C. & HELLHAMMER, D.H. Salivary cortisol in psychobiological research: na overview – Neuroopsychobiology - vol. 22 p. 150-169 – 1989 • KIRSCHBAUM, C.; WÜST , S. & HELLHAMMER, D.H. – Consistent Sex differences in cortisol response to psychological stress –Psychosomatic Medicine, 54,649-657; 1992 • KIRSCHBAUM, C.; WÜST , S.; FAIG, H.G. & HELLHAMMER, D.H. – Heritability of cortisol responses to human corticotropin-realeasing hormone, ergometry, and psychological stress in humans Jourmal of clinical endocrinological and metabolism - vol 75 p. 1526-1530 – 1992 • KIRSCHBAUM, C.; BARTUSSEK,D. & STRASSBURGER, C.J. – Cortisol responses to psychological stress and correlations with personality traits – Person. Individ. Diff.. vol13;n°12;pp.1353-1357; 1992 • KIRSCHBAUM, C.; PIRKE, K.. & HELLHAMMER, D.H. - The TRIER SOCIAL STRESS TEST – A tool for investigating psychobiological stress responses in a laboratory setting - Neuropsychobiology , vol 28 p. 76-81 – 1993 199 • KIRSCHBAUM, C.;STRASBURGER, C.J. & LANGKRÄR, J. – Attenuated cortisol response to psychological stress but not to CRH or ergometry in young habitual smokers – Pharmacology Biochemistry and Behavior, vol 44 , pp 527-531, 1993 • KIRSCHBAUM, C.; KLAUER, T. ; FILIPP, S.. & HELLHAMMER, D.H. – Sex-specific effects of social support on cortisol and subjective responses to acute psychological stress – Psychosomatic medicine 57: 23-31, 1995 • KIRSCHBAUM, C.; KUDIELKA, B. M. ; GAAB, J. ; SCHOMMER, N.C. & HELLHAMMER, D.H –Impact of gender , menstrual cycle phase, and oral contraceptives on the activity of the hypothalamus-pituitaryadrenal axis – Psichosomatic Medicine – 61:154-162;1999 • KLOSS, R. – Dinâmica do jornalismo na televisão - Revista de Comunicação – ano 1,n°1,1985 • KNIGHT, M. L. & Borden, R. J. – Autonomic and affective reactions of high and low socially-anxious indivuduals awaiting public performance - - The society for psychophysiological research - vol 16 nº3 – p. 209-213 – 1979 • KRANTZ, D.S. & RAISEN, S.E. - Enviromental stress, reactivity and ischaemic heart disease – British journal of Medical Psychology, 61;3-16, (1988), • LANG, P. J., LEVIN, D,N, MILLER, G. A . & KOZAK, M. J. - Fear behavior, fear imagery, and psychophysiology of emotion: The problem of affective response integration - Journal of abnormal Psychology, vol 92(3) p. 277-306 – 1983 • LARSON, M.R.;ADER,R. MOYNIHAN, J.A .- Heart rate, neuroendocrine, and immunological reactivity in response to an acute laboratory stressor. Psychosomatic Medicine – 63:493-501;2001 • LAUDAT, M.H.; CERDAS, S.; FOURNIER, C.; GUIBAN, D.; GUILHAUME, B. & LUTON, J. P. – Salivary cortisol measurement: A prectical appoach to assess pituitary – adrenal function – Journal of clinical endocrinology and metabolism – vol 66 nº2pp343-348,1988 • LAZARUS, R.S, & FOLKMAN, S. - Stress, appraisal and coping, New York – Springer Publishing Company -1984 200 • LOHR , J.M. & REA, R.G. - A disconfirmations of the relationship between fear of public speaking and irrational beliefs – Psychological reports, vol 48 – p. 795-798 – 1981. • MAGNUSSON, D. – Situacional determinants of stress: an interactional perspective. - – in GOLDBERGER, L. & BREZNITZ, S. (ed) - Handbook of stress – New York – The Free Press - 1982 • MATTHEWS, K.A ., MANUCK S. B. & SAAB, P.G. – Cardiovascular responses of adolescents during a naturally occurring stressor and their behavioral and psycho physiological predictors - Psychophysioogy - vol 23 nº2 –p.198-209 – 1986 • MEULENBERG , P.M.M.; ROSS, H. A . ;SWINKELS, L.M.J.W. and BENRAAD, T.J. - - The effect of oral contraceptives on plasma-free and salivary cortisol and cortisone – Clinica Chimica Acta - , 165 p. 379-785 – 1987 • MEYER, G.;HAUFFA,B.P.;SCHEDLOWSKI,M.;PAWLAK,C.;STADLER,M. & EXTON,M.S. - Casino gambling increases heart rate and salivary cortisol in regular gamblers – Biol Psychiatry – 48;948953;2000 • MENDONZA,E.& CARBALLO,G. – Acooustic Análisis of induced vocal stress by means of cognitive worload tasks – Journal of Voice ; vol 12;n°3;pp263,273;1998 • MILLER P.F.; LIGHT,K.C.;BRAGDON,E.E.;BALLENGER,M.N.; HERBST,M.C., MAIXNER,W., HINDERLITER,A.L.; ATKINSOL, S.S.; KOCH,G.G. & SHEPS.D.S. – Beta-endorphiun response to exercise and mental stress in patients with ischemic heart disease – Journal of psychosomatic research, vol 37 nº5 , pp455-465, 1993 • MONDAY, L.A. – Clinical evaluatiohn in functional dysphonia – Folia Phoniat. 12:307-10,1983 • MORRISON, M.D.; RAMAGE,L.A.; BELISLE, G.M.; PULLAN, C.B. & NICHOL, H. – Muscular tension dysphonia – J. Otolaryngol , 12:302-6,1983 • MORRISON, M.D.& RAMAGE,L.A. – Diagnostic criteria in functional dysphonia – Laringoscope – 91:1-8,1986; • MOSES, P. – Vocal Analyses – Arch. Otolaryngol. 48:171-86 – 1948 • MOSES, P – The voice of neurosis – Grune & Stratton – New York - 1954 201 • MUSTAFA A . ; BONGARD, S .; BUCHANAN,T. ; PINCOMB, G.A . LICINIO, J. & LOVALLO, W.R. - Cardiovascular and neuroendocrine adjustment to public speaking and mental arithmetic stressors – Psychophysiology - 34: 266-275, 1997 • OHIRA,H.;WATANABE,Y.;KOBAYASHI, K.;KAWI,M. – The type A behavior pattern and immune reactivity to brief stressor: change of volume of secretory imunoglobina inn saliva – Perceptual and motor skills; 89; 423-430;1999 • PALMERO, F. ; DÍEZ, J.L. & ASENSIO, A.B. – Type A behavior pattern today: relevance of the JAS-S factor to predict heart rate reactivity – Behavior Medicine – 27(1);26-36;2001 • PATERNOSTRO, V.I. – A arte de falar na TV – Revista de Comunicação, ano 6, n°22,p.21,1989 • PRADO, F. – Ponto Eletrônico – São Paulo ; Publisher Brasil, 1996 • PERKINS, W. H. & KENT, R.D. – Functional anatomy of speech, language and hearing – Boston - Massachusetts – College Hills – 3ed – 1987 • PETERS, J.R.; WALKER, R. F.; RIAD-FAHMY, D. & HALL, R. – Salivary cortisol assay for assessing pituitary-adrenal reserve – Clinical endocrinology – 17, 583-592,1982 • PORTNOI, A . G. Validação para o português do teste LSS (List of Stress Symptoms) de acordo com os conceitos de VASCONCELLOS (VASCONCELLOS , 1985) - Stress e disfunção dolorosa da ATM - Relação entre relações psico-sociais de stress e a manifestação e intensidade da disfunção dolorosa da ATM - Instituto de Psicologia, 1993 - Dissertação de Mestrado • PRUESSNER,J.C>;, HELLH AMER,D.H. & KIRSCHBAUM,C. – Burnout, perceived stress, and cortisol responses to awakening – Psychosomatic Medicine 61:197-204 (1999) • ROSEMAN, R.H. et al - Coronary heart disease in western collaborative group study. Final follow up experience of 8.5 years. J. Amer.Med. Assoc. 233:872-877,1975 • ROSEMAN, R.H & CHESNEY, M. A. – Stress, type A behavior, and coronary disease – in GOLDBERGER, L. & BREZNITZ, S. (ed) - Handbook of stress – New York – The Free Press – 1982 • ROSEN, D. C. & SATALOFF, R. T. - Psychology of voice disorders – Singular Publishing Group – San Diego – 1997 202 • ROSEN, D. C. & SATALOFF, R. T- Psychological Aspects of voice disorders –in SATALOFF - R. T. Vocal Health and Pedagogy –Sigular Publixhing Group - San Diego – 1998 • ROY, M. P.; KIRSCHBAUM, C. & STEPTOE, A. – Psychological, cardiovascular, and metabolic correlates of individual differences in cortisol stress recovery in young men – Psychoneuroendocrinology 26:375-391; 2001 • SATALOFF - R. T. Vocal Health and Pedagogy –Sigular Publixhing Group - San Diego – 1998 • SCHERER, K.R. – Personality markers in speech – in SCHERER, K. R. & GILES, H (ed) Social markers in speech – Cambridge – Cambridge University, 1979a • SCHERER, K.R. – Non Linguistic vocal indicators of emotion and psychopathology – in IZARD, C.E. (ed) Emotions and personality in psychopathology – New York – Plennum – 1979b • SCHERER, K.R. - Speech and emotional states, in DARBY , J.K. (ed) Speech evalutation in psychiatry – New York – Grune & Straton, Inc. New York, 1981 a • SCHERER, K.R & SCHERER, U. Speech behavior and personality – in DARBY , J.K. (ed) Speech evalutation in psychiatry – New York – Grune & Straton, Inc. New York, 1981 b • SCHERER, K.R. - Vocal indicators of stress - in DARBY , J.K. (ed) Speech evalutation in psychiatry – New York – Grune & Straton, Inc. New York, 1981 c • SCHERER, K.R - Vocal affect expression: A review and a model for future researdh – Psychological Bulletin, 92(2), 143-65, 1986. • SCHMID-OTT, G.;JACOBS, R.;JÄGER, B.;KLAGES, S.;WOLF,J.; WERFEL,T.;KAPP,A .;SCHÜRMEYER,T.; LAMPRECHT, F., SCHMIDT, R.E. & SCHEDLOWSKI, M. - Stress –induced endocrine and immunological changes in psoriasis patients and healthy controls – a preliminary study – Psychoter Psychosom ; 67:37-42, 1998 • SEARGEANT, R. L. – A n investigation of response of speech defective adults on personality inventories – Columbus , 1962- Tese de doutorado – Ohio Sate University • SELYE, H. – A syndrome produced by diverse nocous agent –Nature – July 4 - 1936 • SELYE, H. – Stress in healt and disease - Boston – Butternworth Publishres - 1976 203 • SIEGMAN, A.W. – Nonverbal correlates of anxiety and stress - – in GOLDBERGER, L. & BREZNITZ, S. (ed) - Handbook of stress – New York – The Free Press – 1982 • SPENCE, D. P. Verbal indicator of stress – in 1982 – in GOLDBERGER, L. & BREZNITZ, S. (ed) - Handbook of stress – New York – The Free Press – 1982 • SPIELBERG, GORSUCH & LUSCHENE, - Inventário de ansiedade Traço-estado [State-Trait Anxiety Inventory] – Trad. Ângela M. B. Biaggio e Luiz Natalíio – - Rio de Janeiro - Ed Cepa, 1979. • SQUIRRA, S.C.M. – Aprender Telejornalismo – São Paulo – Brasiliense – 1990 • STIER, M.A. ; BEHLAU, M. & MACEDO F°. A voz profisssional do repórter de TV – Análise do Modelo Vocal –Anais do III Congresso Brasileiro de Laringologia e Voz - 1995; • SUAREZ, E.C.; KUHN, C. M.; SCHANBERG, S.M. WILLIAMS, R. B. and ZIEMMERMANN, E. A. – Neuroendorine, cardiovascular, and emotional responses of hostile men: the role of interpersonal challenge. Psychosomatic Medicine – 60:78-88;1988 • THOMAS, S. A .; LYNCH, J. J.; FRIEDMANN,E.; SUGINOHARA, M.; HALL, P.S. & PETERSON, C. – Blood pressure and heart rate changes in children when thei read aloud in school – Public health reports, vol. 99 p. 77-84 – 1984 • TRAVANCAS, I.S. – O mundo dos jornalistas – São Paulo – Summus - 1993 • VALDEZ , M. & FLORES, T. – Psicobiologia del stress (conceptos y estratégias de investigación) – Barcelona – Martinez Roca - 1985 • VASCONCELLOS , E . G. O modelo psiconeuroimunológico de stress In SEGER, L. Psicologia e Odontologia - uma abordagem integradora - São Paulo - Ed. Summus, 1992 • VASCONCELLOS, E. G. Stresa, Stress und Angst: Project von Max Planck Institute, Alemanha,1982 • VASCONCELLOS, E. G. - Stress, coping ummd soziale kompetenz beii kardiovasculalren erkrankungen - 1985, • Tese de Doutorado - Universidade of Munique VASCONCELLOS. E.G. O modolo psicoendocrinológico de stress – in SEGER, L. Psicologia e odontologia, 3ª edição (ampliada)Editora Santos. São Paulo, 1988 • VASCONCELLOS & BRENGELMANN – Veja VASCONCELLOS, 1982 204 • VASCONCELLOS, E.G. – Tópicos De Psiconeuroimunologia – Editorial Ipê São Paulo, 2000 • VINNING, R.F. & McGINLEY , R.A . - Hormones in saliva – CRC Critical Reviews in Clinical Laboratory Sciences – vol 23, Issue 2 - p.95-146 – 1986 • WALKER, R.F.; RIAD-FAHMY, D. & READ, G. F. – Adrenal status assessed by direct radioimmunoassay of cortisol in whole saliva ou parotid saliva – Clin.Chem. –24/9,1460-1463,1978 • WILLIAMS, C.E. & STEVENS, K.N. - Vocal correlates of emotional states in DARBY, J.K. (ed) Speech evaluation in psychiatry – Grune & Stratton, Inc – New York, 1981 • WOLSKI, W. & WILLEY, J. - Functional aphonia in fourteen years old boy : A case report - J. speech hear disord – 30(1) – February - 1965 • WOOD, B. ; WESSELY,S. ;PAPADOPOULOS,A . POON, L. CHECKLEY,S. – Salivary cortisol profiles in chronic fatigue syndrome – Neuropsychobiology, 37:1-4, 1998. • ZEGANS, L.S. – Stress and development of somatic disorders - – in GOLDBERGER, L. & BREZNITZ, S. (ed) - Handbook of stress – New York – The Free Press – 1982 205 ANEXO 1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA NOME:________________________________________________________________ IDADE:_______________________________________________________________ SEXO:________________________________________________________________ TEMPO DE PROFISSÃO:________________ TEMPO NA FUNÇÃO:___________________ EXPERIÊNCIA PRÉVIA COM FUNÇÃO SIMILAR: ( ) sim ( ) não SITUAÇÃO EXPERIMENTAL: ( ) Link ( ) Apresentação LOCAL DE TRABALHO ( ) TV Globo ( ) TV Tribuna DATA:_________________________ 206 207 ANEXO 3 AVALIAÇÃO DA PRESENÇA/AUSÊNCIA DE ALTERAÇÕES NOS 3 PARÂMETROS EM RELAÇÃO AO TEMPO PÓS PRÉ Alterou Qualidade vocal Pitch Loudness Convecionais Foco ressonantal Padrão articulatório CPFA Fluência Interpretativos Velocidade da fala Pausas Ênfase Curva melódica psicodinâmicos Agradabilidade Confiabilidade Naturalidade Segurança Não alterou Alterou Não alterou 208 ANEXO 4 AVALIAÇÃO DA EMISSÃO PROFISSIONAL EM SITUAÇÕES AO VIVO RESULTADOS A avaliação perceptivo-auditiva das emissões profissionais dos sujeitos da presente pesquisa teve por objetivo, obter dados mais descritivos e que permitissem compreender melhor as características típicas da utilização da comunicação oral em situação ao vivo diferenças entre os grupos divididos por situação de trabalho. Dessa forma obtivemos dados complementares à avaliação acústica. O protocolo de AVALIAÇÃO DA EMISSÃO PROFISSIONAL EM SITUAÇÕES AO VIVO (ANEXO 2) apresenta os itens a serem avaliados, divididos em 3 parâmetros: 1) Parâmetros convencionais 2) Parâmetros interpretativos 3) Parâmetros psicodinâmicos As amostras de voz utilizadas para esta avaliação foram obtidas através da cópia da parte de áudio da fita BETACAM utilizada para registro e documentação da emissora. Esta fita continha o momento de fala ao vivo que foi utilizado também para comparação com os momentos antes e depois (ver avaliação das alterações, a seguir) e também para a avaliação acústica da voz. Cada um dos 4 juizes avaliou cada uma das amostra de voz, individualmente, após ouvi-las por 3 vezes consecutivas. As respostas foram tabuladas posteriormente foi obtida uma média das respostas considerando o grupo todo, da seguinte forma: Cada item de avaliação oferecia um determinado número de possibilidades de resposta. As respostas para cada possibilidade foram somadas e posteriormente divididas pela possibilidade de escolha, no caso 52 (13 sujeitos multiplicado por 4 avaliadores). Dessa forma obtivemos uma média de resposta para cada possibilidade e, conseqüentemente, pudemos obter quais as respostas mais prevalentes, ou qual a freqüência percentual de cada um dos itens, o que nos permitiu traçar um perfil e emissão dos sujeitos na situação ao vivo. As respostas obtidas para os grupos apresentação e link, foram comparadas duas a 209 duas, em cada um dos itens através da prova t de Student, para porcentagens. Serão apresentados os resultados dos testes estatísticos, apenas para os quais a diferença foi considerada significante. PARÂMETROS CONVENCIONAIS: Qualidade Vocal : Esse item oferecia 2 possibilidades de resposta; Neutra e Não neutra. A seguir apresentamos a distribuição das respostas para essa variável: TABELA 1 : Distribuição das respostas para a variável QUALIDADE VOCAL: APRESENTAÇÃO LINK % % NEUTRA 78,5 81,5 NÃO NEUTRA 21,5 18,5 7 19 N Observa-se que tanto entre o GRUPO APRESENTAÇÃO quanto entre o GRUPO LINK, predomina a qualidade vocal neutra (78,5 e 81,5%, respectivamente). O gráfico xx ilustra esta distribuição: 210 QUALIDADE VOCAL 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 21,5 18,5 78,5 81,5 NÃO NEUTRA apresentador NEUTRA link GRÁFICO 1: Distribuição das respostas para a variável QUALIDADE VOCAL Ressonância: Esse item oferecia 9 possibilidades de resposta: equilibrada, posterior, laringo-faríngica, nasal, denasal, laríngica baixa, faríngica e oral. A seguir apresentamos na tabela 2 as distribuição das respostas pelas categorias: TABELA 2: Distribuição das respostas para a variável RESSONÂNCIA APRESENTAÇÃO LINK % % Equilibrada 50 53,9 Posterior 0 11,8 /t/102=3.189 P<0,002 significante Laringo-faringica 14,2 7,8 Nasal 21,4 17,1 Denasal 3,6 0 Laringica 0 2,7 Baixa 3,6 2,7 Faringica 3,6 2,7 oral 3,6 1,3 7 19 N 211 Observamos que o tipo de ressonância mais prevalente é o equilibrado, tanto para o GRUPO APRESENTAÇÃO quanto para o GRUPO LINK. Para o grupo LINK aparece em segundo lugar a ressonância Nasal (17,1%) , seguida da posterior (11,8%). A diferença de ffrequencia de aparecimento de ressonância posterior no grupo link em relação ao paresentação é significante estatisticamente (/t/102 = 3,189 ; p<0,002) . Para o grupo APRESENTAÇÃO, aparece também a nasal em segundo lugar (21,4%) seguida da ressonancia laringo-fariingica (14,2%). A seguir apresentamos uma ilustração da distribuição de todas as categorias da variável Ressonância, conforme sua distribuição considerando a situação de trabalho dos sujeitos RESSONÂNCIA 100 90 80 ORAL FARÍNGICA 70 BAIXA 60 LARÍNGICA DENASAL 50 NASAL LARINGO - FARÍNGICA 40 POSTERIOR EQUILIBRADA 30 20 10 0 apresentador link GRÁFICO 2: Distribuição das respostas dos juízes para a variável RESSONANCIA PITCH: A categoria de pitch oferecia 3 possibilidades de resposta: médio, agudizado e agravado. A seguir apresentamos na Tabela 3 a distribuição das respostas conforme a situação de trabalho dos sujeitos: Tabela 3: distribuição das respostas para a variável PITCH APRESENTAÇÃO LINK Médio 53,5 43,4 Agudizado 35,7 46 Agravado 10,8 10,6 7 19 N 212 Podemos observar que predomina o pitch médio tanto para o grupo APRESENTAÇÃO quanto para o grupo LINK (53,5 E 43,4%, respectivamente) ) , seguido do agudizado (35,7 E 46%, respectivamente). O gráfico 3ilustra esta distribuição: PITCH 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 10,8 35,7 10,6 46 AGRAVADO AGUDIZADO MÉDIO 53,5 apresentador 43,4 link GRÁFICO 3: Distribuição das respostas para a variável PITCH LOUDNESS: A categoria de LOUDNESS oferecia 3 possibilidades de resposta: médio, forte e fraco. A seguir apresentamos, na tabela 4 a distribuição das: TABELA 4: Distribuição das respostas para a variável LOUDNESS Médio APRESENTAÇÃO LINK 75 53,9 /t/102=2.114 P,0,04 significante Forte 25 43,4 fraco 0 2,7 N 7 19 Podemos observar que prevalece a categoria de loudness médio tanto para o grupo ARESENTAÇÃO quanto para o grupo LINK (75 e 53,9%}, seguido do loudness forte, sobretudo para o grupo LINK(43,9%). No gráfico 4 , apresentamos a ilustração dos dados acima . 213 LOUDNESS 0 2,7 100 90 25 43,4 80 70 FRACO 60 FORTE 50 40 MÉDIO 75 53,9 30 20 10 0 apresentador link GRÁFICO 4 : Distribuição das respostas para a variável LOUDNESS. ARTICULAÇÃO: A categoria de ARTICULAÇÃO oferecia 5 possibilidades de resposta: precisa, imprecisa, exagerada, indiferenciada e travada. A seguir, na tabele 5 apresentamos a distribuição das respostas conforme a situação de trabalho dos sujeitos: TABELA 5 : Distribuição das respostas para a variável ARTICULAÇÂO: Apresentação Link Precisa 75 51,3 Imprecisa 14,2 28,9 Exagerada 0 2,7 Indiferenciada 7,2 15,7 travada 3,6 0 Não respondeu 0 1,4 Observa-se que prevalece para ambos os grupos, a categoria precisa /t/102=2.372 P<0,02 (75% para o grupo APRESENTAÇÂO e 51,3% para o grupo LINK). O gráfico 5 ilustra a distribuição das respostas pelas categorias. 214 ARTICULAÇÃO 100 0 1,4 3,6 0 7,2 0 15,7 90 14,2 2,7 80 28,9 70 TRAVADA NÃO RESPONDEU 60 IINDIFERENCIADA EXAGERADA 50 IMPRECISA 40 75 PRECISA 51,3 30 20 10 0 apresentador link GRÁFICO 5 : Distribuição das respostas para a variável ARTICULAÇÃO COORDENAÇÃO PNEUMO-FONO-ARTICULATÓRIA: A categoria de CPFA oferecia 2 possibilidades de resposta: adequada e com alteração. A seguir apresentamos a distribuição das respostas conforme a sitiuação de trabalho dos sujeitos: TABELA 6: Distribuição das respostas para a variável COORDENAÇÃO PNEUMO-FONOARTICULATÓRIA APRESENTAÇÃO LINK Adequada 67,8 27,6 /t/102=3.937 P<0,001 Com alteração 28,6 71 /t/102 =4,240 P<00,001 Não respondeu 3,6 1,4 n 7 19 Observa-se que o maior índice de alterações na coordenação pneumo-fono-articulatória está no grupo LINK (71%), contra 28,6% do grupo APRESENTAÇÂO. Esses dados estão ilustrados pelo Gráfico 6. 215 CPFA 1,4 3,6 100 90 28,6 80 70 71 60 NÃO RESPONDEU COM ALTERAÇÃO 50 ADEQUADA 40 67,8 30 20 27,6 10 0 apresentador link GRÁFICO 6 : Distribuição das respostas para a variável CPFA. FLUÊNCIA: A categoria de CPFA oferecia 2 possibilidades de resposta: manteve e não manteve. A seguir apresentamos a distribuição das respostas conforme a situação de trabalho dos sujeitos: TABELA 7: Distribuição das respostas para a variável FLUÊNCIA: Manteve APRESENTAÇÃO LINK 89,2 48,6 /t/102= 4.950 P<0,001 Não manteve 7,2 48,6 /t/102= 5.497 P<0,001 Não respondeu n 3,6 2,8 7 19 Podemos observar que a categoria não manteve , da variável FLUENCIA, teve maior incidência para o grupo LiNK, (48,6%), que teve o mesmo valor para a categoria manteve. Já o grupo APRESENTAÇÃO, apresentou uma incidência bastante expressiva para a categoria manteve (89,2%). O gráfico 7 ilustra esses dados 216 FLUÊNCIA 2,8 3,6 100 7,2 90 80 48,6 70 60 NÃO RESPONDEU NÃO MANTEVE 50 89,2 MANTEVE 40 30 48,6 20 10 0 apresentador link GRAFICO 7: Distribuição das respostas para a variável FLUENCIA. PARÃMETROS INTERPRETATIVOS PAUSAS: Esta categoria oferecia 5 possibilidades de resposta: adequadas, inadequadas, insuficientes, insuficientes e inadequadas, excessivas, excessivas e inadequadas. A seguir apresentamos a distribuição das respostas: TABELA 8: Distribuição das respostas para a variável PAUSAS; APRESENTAÇÃO LINK % % Adequadas 50 17,2 /t/102= 3,156 P<0,01 Inadequadas 25 48,6 /t/102=2,362 P<0,02 insuficientes 17,8 18,4 Insuficientes e inadequadas 3,6 5,3 excessivas 0 2,7 Excessivas e inadequadas 0 3,9 3,6 3,9 7 19 Não respondeu N 217 Podemos observar que o GRUPO APRESENTAÇAO possui mais pausas consideradas adequadas (50%), seguida das inadequadas (25%) e das insuficientes (17,8%). Já o grupo LINK, possui a maioria de suas pausas consideradas inadequadas (48,6%), seguidas pelas insuficientes, (18,4%) e das adequadas (17,2%).. O gráfico xx ilustra essa distribuição: PAUSAS 100 90 80 70 NÃO RESPONDEU EXCESSIVAS E INADEQUADAS 60 EXCESSIVAS INSUFICIENTES E INADEQUADAS 50 INSUFICIENTES INADEQUADAS 40 ADEQUADAS 30 20 10 0 apresentador link GRÁFICO 8: Distribuição das prespostas para a variável PAUSAS. ENFASES: A categoria ENFASES oferecia 6 possibilidades de resposta: adequadas, inadequadas, insuficientes, insuficientes e inadequadas, excessivas e inadequadas, excessivas. A seguir apresentamos a distribuição das respostas conforme a situação de trabalho: TABELA 9: Distribuição das respostas para a variável ÊNFASES: APRESENTAÇÃO LINK % % Adequadas 46,4 30,3 Inadequadas 17,8 30,3 Insuficientes 7,2 5,2 218 Insuficientes e inadequadas 0 0 Excessivas e inadequadas 3,6 3,9 excessivas 25 23,7 Não respondeu 0 6,6 N 7 19 Podemos observar que prevalecem as enfases consideradas adequadas, para o GRUPO APRESENTAÇÃO (46,4%). Para o GRUPO LINK as enfases adequadas e inadequadas apresentam a mesma incidência (30,3%). As enfases excessivas também aparecem para ambos os grupos com incidência semelhante (25% para o Grupo APRESENTAÇÃO e 23,7 para o GRUPO LINK. Em menor escala aparecem as que foram consideradas como insuficientes e inadequadas, as excessivas e inadequadas e as insuficientes.(GRÁFICO 9) ENFASES 0 6,6 100 25 90 23,7 NÃO RESPONDEU 3,6 0 7,2 80 3,9 0 5,2 70 EXCESSIVAS EXC. E INADEQUADAS 17,8 60 INSUF. E INADEQUADAS 30,3 50 INSUFICIENTES IINADEQUADAS 40 ADEQUADAS 46,4 30 30,3 20 10 0 apresentador link GRÁFICO 9: Distribuição das respostas para a variável ÊNFASES. CURVA MELÓDICA: A categoria CURVA MELÓDICA oferecia 4 possibilidades de resposta: adequadas, EXCESSIVAMENTE ASCENDENTE, inadequadas,e excessivamente descendente. A seguir apresentamos na Tabela 10 a distribuição das respostas : TABELA 10: Distribuição das respostas para a variável CURVA MELÓDICA APRESENTAÇÃO LINK Adequadas 53,5 40,7 Excessivamente ascendente 35,7 51,3 0 2,7 Excessivamente descendente 7,2 3,9 Excessivas 3,6 0 0 1,4 Inadequadas Não respondeu 219 7 N 19 CURVA MELÓDICA 100 80 N/AO RESPONDEU EXCESSIVAS EXCESSIVAMENTE DESC. 60 INADEQUADAS EXCESSIV. ASCENDENTE 40 ADEQUADAS 20 0 apresentador link GRÁFICO 10: Distribuição das respostas para a variável CURVA MELÓDICA VELOCIDADE: A variável VELOCIDADE oferecia 3 possibilidades de respostas : lenta, média e rápida . Apresentamos na tabela 11 a distribuição das respostas: TABELA 11: Distribuição das respostas para a variável CURVA MELÓDICA: APRESENTAÇÃO LINK % % Lenta 3,5 9,2 Média 64,3 48,7 Rápida 32,2 39,5 Não respondeu 0 2,6 n 7 19 Observa-se que a maioria dos sujeitos de ambos os grupos utilizam-se predominantemente da velocidade média. O gráfico 11 ilustra a distribuição dos dados 220 velocidade 100% 32,2 39,5 64,3 48,7 3,5 9,2 80% % 60% Rápi 40% 20% 0% % % APRESENTAÇÃO LINK Média Lenta Gráfico 11: Distribuição dos dados para a variável VELOCIDADE. PARÂMETROS PSICODINÂMICOS AGRADABILIDADE: A categoria AGRADABILIDADE oferecia 4 possibilidades de resposta: nenhuma, pouca, média e muita . A seguir apresentamos Na Tabela 12 a distribuição das respostas: TABELA 12: Distribuição das respostas para a variável AGRADABILIDADE: APRESENTAÇÃO LINK % % Nenhuma 10,7 2,7 Pouca 42,8 55,2 Média 35,8 39,4 muita 10,7 2,7 7 19 n Observa-se que tanto para o GRUPO APRESENTAÇÃO quanto para o GRUPO LINK, os maiores valores estão na categoria pouca. (42,8 e 55,2% respectivamente)., seguido da categoria média (35,8 e 39,4, respectivamente). O gráfico 12 ilustra esta distribuição dos dados: 221 AGRADABILIDADE 2,7 100 10,7 39,4 80 35,8 MUITA MÉDIA 60 POUCA NENHUMA 40 42,8 55,2 20 10,7 2,7 0 apresentador link GRÁFICO 12 : Distribuição das respostas para a variável AGRADABILIDADE CONFIABILIDADE: A categoria CONFIABILIDADE oferecia 4 possibilidades de resposta: NENHUMA, pouca, média e muita . A seguir apresentamos a distribuição das respostas : (TABELA 13): TABELA 13 Distribuição das respostas para a variável CONFIABILIDADE APRESENTAÇÃO LINK % % Nenhuma 7,2 1,3 Pouca 35,7 31,5 Média 42,8 60,7 muita 14,3 6,5 7 19 n Podemos observar que a categoria da variável CONFIABILIDADE mais prevalente para o grupo APRESENTAÇÃO é a média (42,8%), seguido da pouca (35,7) e para o grupo LINK a mais prevalente é também a média (60,7%), seguido pela pouca (31,5%). (GRÀFICO 13) 222 CONFIABILIDADE 6,5 100 14,3 90 80 70 42,8 60,7 MUITA MÉDIA 60 POUCA 50 NENHUMA 40 30 35,7 31,5 20 10 7,2 1,3 0 apresentador link GRÁFICO 13: Distribuição das respostas para a variável CONFIABILIDADE NATURALIDADE: A categoria NATURALIDADE oferecia 4 possibilidades de resposta: NENHUMA, pouca, média e muita . A seguir apresentamos NA Tabela 14 a distribuição das respostas conforme a situação de trabalho: TABELA 14 : Distribuição das respostas para a variável NATURALIDADE APRESENTAÇÃO LINK Nenhuma 7,1 3,9 Pouca 53,6 39,5 Média 25 42,1 muita 14,3 14,5 7 19 N Observa-se o predomínio da categoria pouca naturalidade par o PGRUPO APRESENTAÇÃO (53,6%), e o da categoria média para o GRUPO LINK (42,1). O gráfico 14 ilustra a distribuição dos dados. 223 NATURALIDADE 100 14,3 14,5 90 80 25 42,1 70 MUITA MÉDIA 60 POUCA 50 40 NENHUMA 53,6 39,5 30 20 10 7,1 3,9 0 apresentador link GRÁFICO 14 : Distribuição das respostas para a variável NATURALIDADE SEGURANÇA: A categoria SEGURANÇA oferecia 4 possibilidades de resposta: NENHUMA, pouca, média e muita . Na tabela 15 apresentamos a distribuição das respostas : Tabela 15: Distribuição das respostas para a variável SEGURANÇA: APRESENTAÇÃO LNK % % Nenhuma 3,6 2,6 Pouca 17,8 36,8 Média 71,4 51,3 Muita 7,2 9,3 7 19 N /t/102= 2,087 P<0,04 Podemos observar que a maioria dos sujeitos de ambos os grupos apresentaram média segurança. Há porem, uma diferença significante entre os sujeitos para a categoria pouca segurança. Há mais sujeitos do grupo Link do que do grupo Apresentação, classificados na categoria pouca, e essa diferença é significante. O gráfico abaixo ilustra essa distribuição: 224 segurança 100% 7,2 80% 60% 71,4 9,3 51,3 40% 20% 17,8 3,6 36,8 Muita Média Pouca Nenhuma 2,6 0% % % APRESENTAÇÃO LNK GRÁFICO 14 : Distribuição das respostas para a variável SEGURANÇA 225 DISCUSSÃO Os dados apresentados acima nos levam a crer que, em alguns parâmetros, há uma grande similaridade entre os grupos e em outros não. Considerando, primeiramente os parâmetros convencionais, observamos uma homogeneidade entre os grupos, para a maioria das variáveis: a qualidade vocal predominante é a neutra, a ressonância, equilibrada e a loudness média..Atribuímos essa homogeneidade nos parâmetros convencionais ao fato de se tratarem se sujeitos sem queixas e treinados para a utilização da voz e fala profissionais. Já o pitch é predominantemente médio para o grupo apresentação e agudizado para o grupo link, está de acordo com o que foi observado na avaliação acústica (valores de freqüência fundamental média mais baixos para apresentadores e mais altos para os repórteres em link). O pitch agudizado dos repórteres em link pode ser considerado mais um elemento indicador de ativação por stress, associado aos outros parâmetros fisiológicos que se alteraram. Isso porque o pitch é o correlato perceptual da freqüência fundamental, que , segundo a literatura, é o parâmetro vocal que mais se altera sob stress. Observa-se também maior predominância de alterações na coordenação pneumo-fono-articulatória no grupo link do que no apresentação, o que pode se justificar também como resultado da ativação fisiológica , sobretudo do aumento da freqüência cardíaca que implica alteração no ritmo e coordenação respiratória. As maiores diferenças entre os grupos estão nos parâmetros interpretativos, com maior porcentagem de adequação para o grupo apresentação do que para o grupo link. A fluência é mantida pela maioria absoluta do grupo apresentação. Já no grupo link observa-se que praticamente a metade manteve e a outra metade não manteve. As pausas, .as ênfases e as curvas melódicas foram classificadas predominantemente como adequadas entre o grupo apresentação , mas não entre o grupo link. A maior adequação dos apresentadores se deve, no nosso entender, em parte ao fato de que os apresentadores estão lendo na maioria absoluta do tempo. Já o grupo link, uma parte do texto é falada sem que se possa 226 ler ( de forma decorada ou pré-planejada) Por outro lado o repórter na rua necessariamente deve contagiar o telespectador com o “calor” do fato que ele narra, de maneira que a intenção interpretativo do repórter, leva, algumas vezes a um resultado não satisfatório, segundo os juizes. Finalmente os parâmetros psicodinâmicos receberam classificações semelhantes: a agradabilidade de ambos os grupo foi considerada pouca, a confiabilidade, média, a segurança média. Apenas a variável naturalidade foi considerada pouca para o grupo apresentação e média para o grupo link. 227 CONCLUSÃO Os resultados apresentados indicam que, no momento ao vivo, há uma similaridade entre os parâmetros convencionais de qualidade vocal , padrão ressonantal, loudness, padrão articulatório entre apresentadores e repórteres em link. Porém, o pitch apresenta-se mais agudizado entre os repórteres em link e a coordenação pneumo-fono-articulatória e a fluência sofrem mais alterações entre eles também. Esses três últimos parâmetros são citados pela literatura como mais sensíveis ao stress emocional. A maioria das diferenças entre os grupos ocorrem nos parâmetros interpretativos de pausas, ênfases, curva melódica e velocidade, os quais, na maioria das vezes, foram considerados pelos juizes como adequados para os apresentadores e inadequados para os repórteres em link. Entre os parâmetros psicodinâmicos não há diferenças entre os grupos quando se trata de agradabilidade, confiabilidade e segurança. Contudo, a naturalidade foi considerada maior entre os repórteres em link. Tais resultados nos levam a crer que há diferenças especificas na fala ao vivo de repórteres e apresentadores e que a maioria dessas diferenças aconteceu em parametros considerados pela literatura como mais sensíveis ao stress emocional. Dessa forma, acreditamos que a comunicação oral profissional ao vivo apresneta marcadores bem definidos de ativação emocional , que estão associados as outras variáveis fisiológicas e que, assim como elas, manifestam-se de forma mais intensa entre repórteres no Link do que entre apresentadores. 228 AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DA AVALIAÇÃO PERCEPTIVO-AUDITIVA NOS MOMENTOS ANTES E DEPOIS RESULTADOS Para a avaliação perceptivo-auditiva das alterações observadas nos padrões de voz e fala dos sujeitos nos momentos 1 ( 1hora antes do ao vivo) e 3 ( 1 hora depois do ao vivo), utilizamos procedimento semelhante ao utilizado para AVALIAÇÃO DA EMISSÃO PROFISSIONAL. Dessa forma, participaram os mesmos 4 juízes . O protocolo de AVALIAÇÃO DA PRESENÇA/AUSENCIA DE ALTERAÇÕES NOS PARÂMETROS EM RELAÇÃO AO TEMPO (ANEXO 8) também apresentava os itens de avaliação divididos em 3 parâmetros: 4) Parâmetros convencionais 5) Parâmetros interpretativos 6) Parâmetros psicodinâmicos Após terem ouvido as vozes no momento 2 (momento do ao vivo) e preenchido o protocolo de AVALIAÇÃO DA EMISSÃO PROFISSIONAL, os juizes ouviram o trecho correspondente ao momento 1 (1 hora antes do ao vivo) por 3 vezes consecutivas. Após esse procedimento, os juízes deveriam anotar no protocolo de PRESENÇA/AUSÊNCIA DE ALTERAÇÕES NOS 3 PARÂMETROS EM RELAÇÃO AO TEMPO , se percebiam alguma diferença em cada parâmetro, em relação ao momento do ao vivo. Posteriormente as respostas foram tabuladas e uma média das respostas foi obtida considerando –se cada um dos grupos (APRESENTAÇÃO ou LINK), da seguinte forma: Cada item de avaliação oferecia um determinado número de possibilidades de resposta, considerando – se o número de sujeitos em cada grupo e o número de juízes. As respostas para cada possibilidade foram somadas e posteriormente divididas pela possibilidade de escolha, no caso 28 para o GRUPO APRESENTAÇÃO (07 sujeitos multiplicado por 4 avaliadores) e 76 para o GRUPO LINK (19 sujeitos multiplicado por 4 avaliadores. Dessa forma obtivemos uma média de resposta para cada possibilidade e conseqüentemente pudemos obter quais as respostas mais prevalentes. Assim os números expressam a porcentagem de alterações percebidas e assinaladas pelos juízes.A seguir apresentamos os resultados dessa análise: 229 ANTES A seguir apresentamos na tabela 1 a quantidade de alterações percebidas pelos juizes nos 3 parâmetros quando ouviram o trecho de fala obtido no momento 1 (antes), comparado ao momento 2 (ao vivo), para cada um dos grupos de sujeitos avaliados. As variáveis referentes aos parâmetros convencionais apresentam-se em letra azul, os interpretativos, em vermelho e os psicodinâmicos em verde. Os resultados da comparação estatística entre os valores são apresentados apenas quando se mostraram significantes. Foram consideradas não significantes as diferenças que obtiveram um valor de /t/ <= .........................: Tabela 1: Distribuição das alterações percebidas pelos juízes nos parâmetros vocais dos sujeitos no momento 1(ANTES):: APRESENTAÇ LINK Análise estatística conclusão ÃO % % 67,8 57,8 PITCH LOUDNESS 85,7 73,6 RESSONANCIA 46,4 31,5 ARTICULAÇÃO 25 36,8 CPFA 35,7 46 FLUENCIA 14,2 39,4 75 77,6 CURVA MELÓDICA 19,7 63,1 ENFASES 64,2 63,1 PAUSAS 21 AGRADABILIDADE /T/102=2.911 P<0,01 Significante /T/102=4.649 p<0,001 Significante 68,4 /T/102 = 5.062 P<0,001 Significante 14,4 48,6 /T/102=3.900 P<0,001 Significante CONFIABILIDADE 28,5 39,4 NATURALIDADE 13,1 40,7 /T/102 = 3.243 P<0,002 Significante SEGURANÇA 11,8 52,6 /T/102 = 4.877 P<0,001 significantes VELOCIDADE 230 Observa-se que em quase todos os itens de avaliação, valores maiores de alterações percebidas , para o GRUPO LINK. Essas diferença de valores é menor para os parâmetros convencionais (pitch, loudness, ressonância, articulação, CPFA e fluência) , um pouco maior para os parâmetros psicodinâmicos (agradabilidade, confiabilidade, naturalidade e segurança) e bastante expressiva para os parâmetros interpretativos (velocidade, curva melódica, ênfases e pausas). Apresentamos a seguir a ilustração das alterações antes primeiramente para o grupo de APRESENTAÇÃO (gráfico 1), depois para o grupo LIINK (gráfico 2) e depois a comparação entre os dois grupos (gráfico 3). ALTERAÇÕES APRESENTADORES ANTES (%) 11,8 SEGURANÇA 13,1 NATURALIDDAE 28,5 CONFIABILIDADE 14,4 AGRADABILIDADE 21 PAUSAS 64,2 ENFASES 19,7 CURVA MEL. Seqüência1 75 VELOCIDADE 14,2 FLUENCIA 35,7 CPFA 25 ARTICULAÇÃO 46,4 RESSONANCIA 85,7 LOUDNESS 67,8 PITCH 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 GRAFICO 1: Quantidade de alterações percebidas pelos juizes no grupo Apresentação no momento Antes, quando comparado ao momento ao vivo. 231 ALTERAÇÕES LINK ANTES SEGURANÇA NATURALIDDAE CONFIABILIDADE AGRADABILIDADE PAUSAS ENFASES CURVA MEL. LIINK VELOCIDADE FLUENCIA CPFA ARTICULAÇÃO RESSONANCIA LOUDNESS PITCH 0 10 20 30 40 50 60 70 80 GRAFICO 2: Quantidade de alterações percebidas pelos juizes no grupo link no momento Antes, quando comparado ao momento ao vivo. 232 ALTERAÇÕES ANTES APRESENTADOR X LINK SEGURANÇA NATURALIDDAE CONFIABILIDADE AGRADABILIDADE PAUSAS ENFASES CURVA MEL. LIINK VELOCIDADE APRESENTADOR FLUENCIA CPFA ARTICULAÇÃO RESSONANCIA LOUDNESS PITCH 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 GRÁFICO 3 : Comparação das alterações observadas entre os grupos APRESENTAÇÃO X LINK, no momento 1(antes) DEPOIS A seguir apresentamos na tabela xx a quantidade de alterações percebidas pelos juizes nos 3 parâmetros quando ouviram o trecho de fala obtido no momento 3 , comparado ao momento 2 (ao vivo), para cada um dos grupos de sujeitos avaliados. As variáveis referentes aos parâmetros convencionais apresentamse em letra azul, os interpretativos, em vermelho e os psicodinâmicos em verde. Os resultados da comparação estatística entre os valores são apresentados apenas quando se mostraram significantes. Foram consideradas não significantes as diferenças que obtiveram um valor de /t/ <= .........................: 233 Tabela 2: Distribuição das alterações percebidas pelos juízes nos parâmetros vocais dos sujeitos no momento 3:: APRESENTAÇÃO LINK Análise estatística conclusão % % PITCH 78,5 64,4 LOUDNESS 71,4 71 RESSONANCIA 46,4 78,5 ARTICULAÇÃO 21,4 38,1 CPFA 17,8 FLUENCIA /t/102=3.046 p<0,01 Significante 46 /t/102=3.060 p<0,01 significante 7,1 42,1 /t/102=4.693 p<0,001 significante VELOCIDADE 75 76,3 CURVA MELÓDICA 21 72,3 /t/102=5.545 p<0,001 Significante ENFASES 64,2 75 PAUSAS 19,7 69,7 /t/=5.446 p<0,001 significante AGRADABILIDADE 14,4 51,3 /t/102=4.208 p<0,001 significante CONFIABILIDADE 14,2 28,9 NATURALIDADE 28,5 43,4 SEGURANÇA 14,4 47,3 /t/102=3.754 p<0,001 Significante Observa-se, aqui também, em quase todos os itens de avaliação, valores maiores de alterações percebidas , para o GRUPO LINK. Essas diferença de valores é menor para os parâmetros convencionais (pitch, loudness, ressonância, articulação, CPFA e fluência) , um pouco maior para os parâmetros psicodinâmicos (agradabilidade, confiabilidade, naturalidade e segurança) e bastante expressiva para os parâmetros interpretativos (velocidade, curva melódica, ênfases e pausas). O gráfico 4 ilustra a distribuição dos das alterações no momento 3 para o grupo APRESENTAÇÃO, o gráfico 5 ilustra a distribuição das alterações para o grupo LINK e ,finalmente o gráfico 6 ilustra a resultados obtidos entre os grupos. comparação dos 234 ALTERAÇÕES APRESENTADOR DEPOIS SEGURANÇA NATURALIDDAE CONFIABILIDADE AGRADABILIDADE PAUSAS ENFASES CURVA MEL. VELOCIDADE Seqüência1 FLUENCIA CPFA ARTICULAÇÃO RESSONANCIA LOUDNESS PITCH APRESENTADOR 0 10 20 30 40 50 60 70 80 GRÁFICO 4: Distribuição das alterações para o GRUPO APRESENTAÇÃO no momento 3 ALTERAÇÕES LINK DEPOIS SEGURANÇA NATURALIDDAE CONFIABILIDADE AGRADABILIDADE PAUSAS ENFASES CURVA MEL. Seqüência1 VELOCIDADE FLUENCIA CPFA ARTICULAÇÃO RESSONANCIA LOUDNESS PITCH 0 10 20 30 40 50 60 GRÁFICO 5: Distribuição das alterações para o GRUPO LINK no momento 3 70 80 235 ALTERAÇÕES DEPOIS APRES. X LINK SEGURANÇA NATURALIDDAE CONFIABILIDADE AGRADABILIDADE PAUSAS ENFASES CURVA MEL. LINK VELOCIDADE FLUENCIA CPFA ARTICULAÇÃO RESSONANCIA LOUDNESS PITCH 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 GRÁFICO 6 : Comparação das alterações observadas no momento 3 entre os grupos APRESENTAÇÃO X LINK 236 DISCUSSÃO E CONCLUSAO Quando solicitados a reproduzir o padrão do ao vivo fora do contexto (antes e depois do momento ao vivo), o resultado final, é percebido pelos juízes de forma diferente para ambos os grupos. Tanto no momento antes quanto no momento depois, o grupo apresentação manteve-se mais próximo do padrão utilizado no momento ao vivo. Já o grupo link apresenta uma quantidade de alterações bem maior tanto no momento antes quanto no momento depois, se comparado ao grupo apresentação. Parece que os apresentadores são capazes de reproduzir com maior fidedignidade o padrão de fala ao vivo, de forma intencional. Já o padrão de fala dos repórteres no link parece não ser tão facilmente reproduzido por eles em outro contexto (antes ou depois). Ao nosso ver, isso indicaria que o peso do envolvimento emocional com o contexto situacional é mais significante para os repórteres do que para os apresentadores . Isso indicaria, por um lado que a ativação emocional no momento ao vivo talvez seja mais intensa, e portanto mais indissociável da comunicação do reporter do que do apresentador. Dessa forma a reprodução do padrão de comunicação utilizado no ao vivo fora do contexto, é mais fácil para os apresentadores do que para os repórteres. 237 ANEXO 5 ESTADO DE ANSIEDADE / STATE ANXIETY INSTRUÇÃO Nome:______________________________________________________ Sexo: ( ) M ( ) F Idade: ______anos Pesquisador(a).:________________ Código da pesquisa: ________ Data:________ Leia cada pergunta e faça um X no número, à direita, que melhor indicar como você se sente agora, nesse momento de vida. Não gaste muito tempo numa única afirmação, mas tente dar a resposta que mais se aproximar de sua opinião.Para responder à FREQÜÊNCIA utilize a escala NÃO = 1; UM POUCO = 2; BASTANTE = 3; TOTALMENTE = 4. ( NÃO=1; UM POUCO=2; BASTANTE=3; TOTALMENTE=4) CONCORDO 1 2 3 4 Nºº 01 Sinto-me calmo 02 Sinto-me seguro 1 2 3 4 03 Estou tenso 1 2 3 4 04 Estou arrependido 1 2 3 4 05 Sinto-me à vontade 1 2 3 4 06 Sinto-me perturbado 1 2 3 4 07 Estou preocupado com possíveis infortúnios 1 2 3 4 08 Sinto-me descansado 1 2 3 4 09 Sinto-me ansioso 1 2 3 4 10 Sinto-me em casa 1 2 3 4 11 Sinto-me confiante 1 2 3 4 12 Sinto-me nervoso 1 2 3 4 13 Estou agitado 1 2 3 4 14 Sinto-me uma pilha de nervos 1 2 3 4 15 Estou descontraído 1 2 3 4 16 Sinto-me satisfeito 1 2 3 4 17 Sinto-me preocupado 1 2 3 4 18 Sinto-me superexcitado e confuso 1 2 3 4 19 Sinto-me alegre 1 2 3 4 20 Sinto-me bem 1 2 3 4 238 ANEXO 6 NÍVEL DE STRESS ATRIBUIDO (NSA) GERAL 1) A tarefa de falar ao vivo em geral lhe causa: ( ) nenhum stress ( ) pouco stress ( ) razoável stress ( ) muito stress ( ) extremo stress ANTES 2) Quanto stress você está sentindo no presente momento: ( ) nenhum stress ( ) pouco stress ( ) razoável stress ( ) muito stress ( ) extremo stress DEPOIS 3) Quanto stress você vivenciou durante esta apresentação/link? ( ) nenhum stress ( ) pouco stress ( ) razoável stress ( ) muito stress ( ) extremo stress 239 ANEXO 7 NÌVEL DE SATISFAÇÃO COM A PERFORMANCE (NSP) Que nível de satisfação você atribuiria a sua performance: ( ) nenhuma satisfação ( ) pouca satisfação ( ) razoável satisfação ( ) muita satisfação ( ) extrema satisfação 240 ANEXO 8 Lista de sintomas de stress – LSS/VAS Nome: ____________________________________________ Sexo: ( ) M ( ) F Pesquisador(a): ___________________________ Idade: _____ anos Data: ___________ Sinto a respiração ofegante Qualquer coisa me apavora Tenho taquicardia Tenho a sensação que vou desmaiar No fim de um dia de trabalho, estou desgastado(a) Sinto falta de apetite Como demais Rôo unhas 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 0 Nunca 1 Raramente FREQÜÊNCIA Freqüente mente 2 3 Sempre Intensidade Avalie os sintomas que se seguem, conforme a sua freqüência e intensidade na sua vida nesses últimos tempos. Para responder sobre à FREQUÊNCIA utilize a escala NUNCA=0; RARAMENTE=1; FREQUENTEMENTE=2; SEMPRE=3. Para responder sobre INTENSIDADE média, de cada uma dessas afirmações, assinale um X num ponto da linha ao lado. Observe o gráfico à direita que indica o sentido crescente e decrescente. Código de pesquisa:________ 1. ____ INSTRUÇÃO 241 Ranjo os dentes Aperto as mandíbulas Quando me levanto de manhã, já estou cansado(a) Tenho medo Tenho desânimo Fico esgotado(a) emocionalmente Sinto angústia Noto que minhas forças estão no fim Minha pressão se altera 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. Sinto-me alienado(a) Tenho pensamentos que me deixam ansioso 11. 10. 9. 0 Nunca 1 2 Rarament Freqüente e mente FREQÜÊNCIA 3 Sempre Intensidade 242 Sinto dores nas costas Tenho insônia Sinto raiva 23. 24. 25. Sinto náuseas Fico afônico(a) Não tenho vontade de fazer as coisas Tenho dificuldade de relacionamento Ouço zumbidos no ouvido Fumo demais 27. 28. 29. 30. 31. 32. 26. Qualquer coisa me irrita Costumo faltar no trabalho 22. 21. Apresento distúrbios gastrointestinais (acidez estomacal, colite, úlceras, etc) Tenho cansaço 20. FREQÜÊNCIA 243 Esqueço-me das coisas Sinto o corpo coberto de suor frio Sinto os olhos lacrimejantes e a visão embaçada Sinto exaustão física Tenho sono exagerado Sinto insegurança Sinto pressão no peito 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. Sinto insatisfações com meu trabalho Tenho dor de cabeça Tenho as mãos e/ou pés frios 43. 44. 45. Sinto provocações Sinto-me deprimido(a) 34. 42. Sinto sobrecarga de trabalho 33. 0 Nunca 1 2 Rarament Freqüente e mente 3 Sempre Intensidade 244 Tenho a boca seca Sinto que meu desempenho no trabalho está limitado Tenho pesadelos Tenho um nó no estômago Tenho dúvidas sobre sobre mim mesmo(a) Sofro de enxaqueca Meu apetite oscila muito Tem dias que, de repente, tenho diarréia Minha vida sexual está difícil Meus músculos estão sempre tensos Tenho vontade de abandonar tudo que estou fazendo 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 0 Nunca 1 2 Rarament Freqüente e mente FREQÜÊNCIA 3 Sempre Intensidade 245 Tenho vontade de ficar sozinho(a) Evito festas, jogos e reuniões sociais Tenho discutido freqüentemente com meus amigos e familiares Caso você tenha um ou mais sintomas que não tenham sido mencionados acima, descreva-os. 59. 58. 57. 246 247 ANEXO 9 BEPATYA Behavior Pattern Type A Faça um X no número à direita, que melhor exprime sua concordância com as afirmações abaixo e, conseqüentemente, com sua vida. Não = 0 Bem Pouco = 1 Pouco = 2 Médio = 3 Bastante = 4 Totalmente = 5 CONCORDO 0 1 Não Bem pouco 1 7 Eu me encontro constantemente sobre pressão do tempo. Comparando-me com outras pessoas no mesmo estado que o meu, eu me levanto mais cedo do que elas. Eu fico aborrecido(a) quando meu (minha) companheiro(a) me deixa esperando por longo tempo. Quando os outros são vagarosos, prefiro fazer, eu mesmo o trabalho. Eu levo muito a sério as minhas obrigações. Determinadas tarefas da minha vida me sobrecarregam muito. A sobrecarga me deixa nervoso. 8 Eu tenho muitas ambições. 9 Eu me sobrecarrego freqüentemente. 10 Quando alguém está explicando algo e não sabe prosseguir, eu interrompo e o ajudo. Fico irritado quando as pessoas preguiçosas atrasam o trabalho. Fico aborrecido quando tenho que esperar muito num escritório ou numa loja. Eu tenho constantemente o sentimento que o tempo voa. No trabalho eu faço as coisas com mais precisão que os outros. Eu estou sempre com pressa, quando tenho algo a fazer. Enquanto as tarefas não estiverem todas adequadamente. Quando faço a mesma tarefa que os outros, eu produzo mais. Eu fico sempre tenso, quando tenho muitas coisas para fazer ao mesmo tempo. Eu faço questão, de que minhas obrigações sejam realizadas, sempre o mais depressa possível. Mesmo nas horas de lazer, eu penso freqüentemente nas tarefas, que ainda tenho que cumprir. Ainda tenho muitas coisas importantes para realizar na vida. 2 3 4 5 6 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 2 pouco 3 médio 4 bastante 5 totalmente 248 ANEXO 9 TERMO DE CONSENTIMENTO TÍTULO DO ESTUDO (provisório) : Falar sob stress: Considerações sobre as variações vocais e psicofisiológicas em repórteres numa situação de entrada ao vivo. INSTITUIÇÃO ONDE ESTÁ SENDO DESENVOLVIDO O ESTUDO : Programa de Pós- graduação nível Doutorado Departamento de Psicologia Social e do Trabalho - Instituto de Psicologia – Universidade de São Paulo . FINALIDADE DO ESTUDO: O presente estudo representa parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de doutor em psicologia social pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. NOME DOS PESQUISADORES: Maria Aparecida B. C. Coelho – Fonoaudióloga graduada pela PUC-SP em 1983, Especialista em Voz pelo CFFa (692/99), Mestre em Psicologia Social - Tel: (13) 3238-1081 e (13) 9785-1645 - e-mail: [email protected] Dr Esdras Guerreiro Vasconcellos: Psicólogo, professor doutor vinculado ao Departamento de Psicologia Social do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo , orientador da presente pesquisa- Tel: (11) 5506-7560 – email: [email protected] INFORMAÇÃO SOBRE A PARTICIPAÇÃO: Você está sendo convidado a participar dessa pesquisa. É muito importante que você compreenda todos os princípios desta pesquisa: a) você só participa se desejar; b) você pode deixar de participar a qualquer momento, sem sofrer qualquer tipo de retaliação por causa disto; c) você poderá , em qualquer momento entrar em contato com a pesquisadora para tirar qualquer dúvida que tiver a respeito desta pesquisa; d) sua identidade não será revelada pela pesquisadora durante ou após a pesquisa. INTRODUÇÃO: Stress é um processo psicofisiológico complexo que envolve ações neuro-endócrinas e psicológicas. O senso comum acostumou a associa-lo a eventos negativos e desgastantes. Entretanto, inúmeras pesquisas apontam que eventos positivos (nascimento de filhos, promoção no emprego, casamento, férias, etc) são também geradores do mesmo processo de stress. Dessa forma, entende-se hoje que o mecanismo psico-neuro endocrinológico gerado pelo stress, não está presente somente em situações ruins, mas pelo contrário, pode estar presente e contribuir muito para que algumas de nossas ações sejam bem-sucedidas. Transmitir de maneira clara e objetiva uma idéia, com a intenção de convencer o ouvinte e ainda carregar a responsabilidade pelas conseqüências positivas ou negativas daquilo que disser, impõe um caráter bastante específico às elocuções “profissionais”, e as distingue claramente das elocuções “casuais.” Em outras palavras, uma tarefa absolutamente corriqueira como o falar, sob certas circunstâncias, pode se tornar, em si mesma, fonte (interna, subjetiva) geradora de stress. 249 O jornalista que exerce a função de repórter e tem a tarefa de falar ao vivo durante um link ou durante a apresentação de um telejornal é um exemplo bastante típico desta situação. Ele sabe que precisa ser claro e objetivo em sua comunicação, criativo na organização de suas idéias, correto e fidedigno com os fatos. Por outro lado, além dessas fontes internas geradoras de stress, na situação de link o jornalista é submetido a inúmeras outras pressões que fogem ao seu controle (urgência de tempo, cobranças de sua chefia, adversidades relacionadas ao set do link ou aos entrevistados, entre outras) , e que portanto, configuram fontes externas geradoras de stress. OBJETIVO DO ESTUDO: Na presente pesquisa, o interesse central é verificar se o processo de stress está presente entre repórteres durante uma situação de fala ao vivo, buscando verificar se ocorrem variações e de que forma essas variações se manifestam na voz. Além disso, busca-se correlacionar tais achados psicofisiológicas e vocais a testes subjetivos de stress. PROCEDIMENTO: Baseada no Protocolo TSST (Trier social stress test) de KIRSCHBAUM; PIRKE & HELLHAMMER, (1993) a abordagem dos sujeitos será feita em QUATRO momentos distintos:: 1º momento: (1 hora anterior à situação de fala) 11:00h - período preparatório Ø Colocação do medidor de freqüência cardíaca - Frequencímetro POLAR Ø Coleta de amostras de voz a partir de pequeno trecho de elocução profissional o qual com certeza será usado na situação real para posterior análise perceptivo-auditiva. Ø Coleta de amostra de saliva. Ø Aplicação do instrumento para caracterização da amostra Ø Aplicação do instrumento que avalia o grau de stress atribuído na presente situação Ø Aplicação dos instrumentos que avalia a ansiedade- estado (Stai-STATE) 2º momento (durante o discurso) – entre 12:00 e 12:50 - momento do ao vivo 3º momento (imediatamente após o discurso) 12:50h - final do jornal • Coleta de amostra de saliva. • Aplicação do instrumento de avaliação subjetiva da performance: (nível de stress vivenciado e nível de satisfação com o discurso). 4º momento ( 1 hora após a situação experimental) 14:00 - período de repouso Ø Coleta de amostras de voz a partir de pequeno trecho de elocução profissional o qual foi usado na situação real para posterior análise perceptivo-auditiva. Ø Coleta de amostra de saliva. Aplicação dos instrumentos LSS e BEPATYA DURAÇÃO DO ESTUDO: cerca de 03 horas de acompanhamento de cada repórter em campo. RISCO: É considerado um estudo de risco mínimo SIGILO: Sua identidade não será revelada. Ao invés do seu nome, constará nos questionários um código numérico de identificação. Uma ficha com seus dados pessoais será guardada separadamente em lugar seguro. 250 NÚMERO DE VOLUNTÁRIOS: 32 Se você não entendeu alguma parte deste documento , solicite explicações à pesquisadora. Somente assine abaixo após a completa compreensão do estudo. TERMO DE CONSENTIMENTO Eu,______________________________________________ em pleno gozo de minhas faculdades mentais, com idade superior a 18 anos, faço-me voluntário para participar desta pesquisa. Os objetivos, a natureza, a duração e os procedimentos de pesquisa foram a mim esclarecidos pela pesquisadora Maria Aparecida B. C. Coelho. Concedo à mesma pesquisadora permissão para o uso dos meus dados obtidos através desta pesquisa para fins de publicação desde que a minha identidade seja mantida em sigilo. Sei que a qualquer momento posso deixar de participar e não sofrer qualquer dano. Assinatura do voluntário ____________________________________Local e data_________ Nome completo_________________________________________________ Eu assisti aos esclarecimentos sobre a pesquisa descritos acima, atestando que foi dado à voluntária o direito de formular perguntas e testemunhei a assinatura deste documento pelo voluntário. Assinatura da testemunha________________________________________________ Nome completo_________________________________________________________ Assinatura da pesquisadora______________________________________________________ Nome completo________________________________________________________________