n - Competir Sports Marketing
Transcrição
n - Competir Sports Marketing
ISSN 2177-8612 Publicação mensal de marketing aplicado ao esporte preto no branco | Corinna Souza Ramos #05 | outubro2010 #05 | outubro2010 As NOVAS Wilson® BLX PRO Super Six e Six agora nos principais torneios, utilizadas por Juan Martin Del Potro, Feliciano Lopez e muitos outros jogadores que usam a família de raquetes BLX PRO. Preto no branco Como o marketing do centenário clube Corinthians ajudou a levá-lo da série B à maior arrecadação do futebol brasileiro ENTREVISTA: Corinna Souza Ramos | softbol: Na base do desafio | Copa do Mundo. A bola já está com o Brasil. Agora é pra valer | Marketing esportivo ganha primeiro prêmio do setor | Kitesurfe: alçando voos no Brasil | Mercado superaquecido | E MAIS... Capa Outubro.indd 1 1 anuncio_blx2b.indd 31/8/2010 15:41:22 09/11/10 23:18 Akkar-210x275.indd 1 4/23/10 7:22 PM Revista Competir Sports Marketing Caro leitor, Uma publicação mensal da Editora dos Andes Pelé uma vez afirmou que o jogador que mais se aproximou dele foi Zico. Publisher Marcos Muanis Rocha Afirmou explicando que o flamenguista era veloz, driblava muito bem e chutava Diretora Izabel Muanis Rocha com as duas pernas. Só não foi um Pelé porque não sabia cabecear. Redação Todavia, Zico apesar de reconhecido como um dos melhores do mundo Editora Daddy Mallagoli aqui no Brasil, não figura nas listas dos times dos sonhos ou dos jogadores Repórteres Caio Dib, Éder Sguerri, Mariana Sayad, Neto inesquecíveis mundo afora. Em nosso País ele é reconhecido pelo que fez pelo Bach e Oldair de Oliveira Flamengo; e pela seleção, como sabemos, não foi campeão mundial. Apesar da Colunistas Amir Somoggi, Andressa da Silva, Augusto equipe de 1982 ter sido uma das melhores e mais belas, ficou no quase. Nunes, Lucia Kouri, Marco Antonio Siqueira, Marco Túlio de Mello e Wesley Cardia Cansei de ouvir comentaristas e torcedores reclamarem da postura da seleção Colaboradores do Respiro Alexandre Sayad, Ana Lúcia que se expos demais. Só precisávamos do empate para prosseguir e falhamos. Severo, Hugo Penteado, Izabel Rocha, Kevin Kraus, Marce- Perdemos para uma Itália do inspirado Paolo Rossi. lo Copello, Márcio “Teriya” Rebelo, Paulo Bueno, Sylvio do Amaral Rocha e Zé Helder Giba é o maior jogador de todos os tempos no vôlei. Ganhou tudo o que Articulista José Estevão Cocco disputou. É reconhecido mundo afora. E agora, a imprensa adora perguntar para ele sobre o jogo da vergonha, um jogo do mundial na Turquia em que o Arte Brasil perdeu por 3x0 para a Bulgária. Ora, o Brasil foi campeão mundial! Tri Direção de Criação Meu Estúdio (www.meuestudio.com.br) na verdade. Ao contrário da seleção de 1982, que não soube empatar, o Brasil Ilustrações Meu Estúdio de Giba e Murilo soube usar o regulamento e venceu todas as adversidades, Projeto gráfico Estúdio Guará (www.estudioguara.com.br) inclusive a falta de condições de alguns jogadores. Comercial O País tem que louvar os doze campeões mundiais mais a comissão técnica Comercial por essa conquista. Lógico que todos preferimos sermos campeões ganhando ([email protected]) todos os jogos e não escolhendo adversários. Achar que o Brasil amarelou ou Diretor Comercial Roberto Ochiai optou por perder sem conhecer o histórico da seleção é ser ingênuo e mal ([email protected]) intencionado. Temos que ver que o time foi um excelente competidor e soube vencer todas as dificuldades. Assinaturas [email protected] Não reconhecer os valores destes jogadores é injusto. Prefiro classificar o jogo Brasil e Bulgária como o do planejamento ou o do regulamento embaixo no braço. O vôlei é o Impressão InterGraf esporte que mais precisa de preparação e organização. Não se pode fazer corpo mole Distribuição e logística JJDS (www.jjds.com.br) ou cera e muito menos ser repetitivo. Neste esporte, temos somente três toques, três Tiragem 12 mil exemplares oportunidades para criar e vencer o oponente e se não houver estudo, estatística, conhecimento, elaboração, ordem e liderança, não haverá grandes competidores e Revista Competir Sports Marketing conquistas. Não haverá a possibilidade de ser campeão mundial. Às vezes, perder Endereço Rua Joaquim Cândido de Azevedo Marques, pode ser cruel ou, como foi no caso, necessário para ser vencedor. 1097, 2º andar, Morumbi, São Paulo, SP. Site www.revistacompetir.com.br Parabéns ao Brasil pelo tri. Parabéns a seleção por competir com Inteligência e E-mail [email protected] qualidade. É proibida a cópia, divulgação ou reprodução do conteúdo ou Boa leitura!! parte dele sem autorização prévia e formal da Editora dos Andes. 2010 Propriedade Intelectual e Direito de Publicação: Editora dos Andes. Editorial e expediente.indd 1 Marcos Muanis Rocha 09/11/10 19:50 Cartas Gostaria de parabenizá-los pela qualidade da revista e das reportagens. Como coordeno o MBA de Gestão e MKT de Entidades Esportivas-chancela Real Madrid, aproveito para deixar este curso à disposição. Sucesso! Líbia Macedo, Universidade Anhembi Morumbi/ Laureate International Universities Bons momentos devem ser divididos, por isso escrevo para dividir minha satisfação ao receber as últimas edições da Competir. Fico mesmo muito feliz em ver, além da realização em si, a qualidade do material que a revista tem apresentado, material humano, intelectual, artístico. Quero mais uma vez parabenizar toda a equipe e aproveitar para agradecer por nos ofertar uma leitura com conteúdo enriquecedor e prazeroso. Fernando Bentivoglio, Pró Esporte Brasil Parabéns pelo lançamento e pela qualidade do conteúdo editorial da revista. Eric Eroi Messa, São Paulo – SP Recebemos a nova Competir! Gostei muito da capa! Dá orgulho ver novos 20 Capa Preto no branco veículos nascendo em um país onde a mídia sofre por grande falta de qualidade! Parabéns pelo belo trabalho! Rodrigo Righetti, Righetti BrandSolutions 26 Em foco Na base do desafio C a r ta s e S u m á r i o Cartas e sumário.indd 2 09/11/10 16:14 fotos: Eduardo Colesi, Maurício Val, Divulgação / Ass. imprensa da CBBS e Hector Echebast 13 04 14 38 Entrevista Corinna Souza Ramos 40 41 44 12 16 18 foto: Acervo Pessoal 34 42 Modalidade Kitesurfe: alçando voos no Brasil Ponto de vista O que precisa ser feito para fortalecer o basquete nacional? Opinião Copa do Mundo. A bola já está com o Brasil. Agora é pra valer Negócios Mercado superaquecido Reconhecimento Marketing esportivo ganha primeiro prêmio do setor 46 49 Carque nas Letras Livros Campeões Giro Saúde e bem-estar Influência do exercício físico no sono de atletas Marketing esportivo Adote um elefante Marketing esportivo Financiamento de novos estádios e arenas Raio x Fontes de receitas dos clubes brasileiros Gol de placa A felicidade a um palmo e meio da mão (parte 2) Perfil Karen Jonz 51 Respiro 50 Viagem 52 Literatura 53 Música 54 Menu: Vinhos 55 Menu: Cultura de mesa 56 Fotografia 58 Teatro 59 Cinema 60 Artes visuais 62 Moda 64 Sustentabilidade o u t u b r o 2 0 1 0 | 2 -3 Cartas e sumário.indd 3 09/11/10 16:14 Entrevista Interação, relacionamento e comprometimento A diretora de projetos especiais da Mitsubishi conta a importância que o esporte tem para a empresa, quais modalidades ela está interessada em patrocinar e como administra o trabalho com patrocinadores de seus próprios eventos texto Marcos muanis Entrevista.indd 4 09/11/10 16:23 C orinna Souza Ramos é diretora de projetos especiais da Mitsubishi Motors do Brasil. Há mais de 15 anos na empresa, ela tem, atualmente, muito trabalho e responsabilidade nas mãos. Além de investir em modalidades diferenciadas do esporte, sempre buscando aproximação e continuidade de relacionamento com seu específico público alvo, a empresa tem nomeado competições e eventos do setor. Pensando no fortalecimento da comunicação, essencial para manter os clientes, “reconhecidamente mais barato do que conquistar novos”, a empresa entrou de cabeça no mundo da mídia – edita revista e possui TV e rádio com sua marca. Durante a etapa do Mitsubishi Moto Sports 2010 realizada no início de outubro em Itaipava, um dos cinco distritos de Petrópolis (RJ), Corinna conciliou suas diversas atividades simultâneas com esta entrevista para a Revista Competir. Aqui ela fala sobre os desafios dos inúmeros projetos especiais, relacionamento com a concorrência, do quão importante para a marca é patrocinar determinados segmentos do esporte e qual o posicionamento da Mitsubishi frente aos grandes eventos que o Brasil hospedará. Revista Competir – Por que associar a marca Mitsubishi ao esporte? Corinna Souza Ramos – Assumimos a marca Mitsubishi no Brasil como um estilo de vida, paixão, um “way of life” mesmo. Somos carros, mas trazemos muito mais junto. Queremos re- presentar aventura, belas paisagens, natureza, o conceito “out door”; pretendemos ser uma marca que passe valores. Não é somente um veículo de locomoção. E por isso o posicionamento 4X4, que representa tudo o que pretendemos. É uma filosofia: sucesso sempre. foto: Hector Echebast Competir – Cada evento e patrocínio tem uma estratégia diferenciada ou todos buscam esportes com o mesmo perfil? Qual seria? CSR – Buscamos sempre o mesmo perfil, queremos sempre ser exclusivos e associar os eventos a belas paisagens, interação com a natureza: veja a paisagem do mar e essa interação nos eventos de vela, aqui em Itaipava (etapa do Mitsubishi Moto Sports 2010, etapa de Itaipava), no meio da montanha. Além disso, os eventos têm que ter identificação com o nosso público alvo, por isso patrocinamos esportes de nichos específicos. Competir – Com o crédito mais facilitado hoje, muitas pessoas conseguem comprar um Mitsubishi: pretendem com isso mudar alguma estratégia e patrocinar outros esportes para divulgar a marca? CRS – Não, não pretendemos. A parcela de pessoas que, com a ajuda do crédito fácil, comprou um Mitsubishi é pequena. Não somos carros de massa, somos exclusivos. Logo, patrocinamos esportes exclusivos, como a vela, os ralis, golfe, hipismo, polo, ciclismo. E com o orçamento que temos já está suficiente. Na vela, como o Eduardo [Souza Ramos, presidente do Conselho da Mitsubishi] lhe falou [na edição de setembro de 2010], fazemos até mais do que deveríamos. O esporte inclusive é o que mais trouxe medalhas olímpicas ao Brasil, e a Mitsubishi, por meio do Eduardo, é um dos o u t u b r o 2 0 1 0 | 6 -5 Entrevista.indd 5 09/11/10 16:23 foto: Pedro Bicudo foto: Henrique Ribas grandes incentivadores do esporte no País. Até um tempo atrás, os diretores da empresa eram todos velejadores que praticavam com o Eduardo. Eu vim da vela também. O Eduardo buscava este espírito e o amor ao esporte. Competir – A Mitsubishi é um carro exclusivo. Como que os concorrentes, como Volkswagen com a Amarok (novo utilitário da montadora alemã) e a Hyunday podem interferir na estratégia da Mitsubishi? CSR – A Hyunday é uma marca mundial, interfere no mercado, mas é difícil medir. A verba que eles têm é maior do que a nossa. A Amarok ainda não fez estrago, mas veja: a Volkswagen vende por mês uns 50 mil carros, nós vendemos isso por ano. Temos um orçamento menor. Competir – Qual o impacto que os eventos patrocinados e os realizados pela Mit trazem em curto e médio prazo? CSR – Principalmente fidelização e satisfação. Competir – Falando dos ralis, cujas provas são realizadas por vocês, qual é o principal objetivo e a importância deles para a empresa? CSR – Além de serem muito importantes, servem para marketing de relacionamento e, por outro lado, temos a divulgação na imprensa. Há ainda interação com os clientes. Há famílias que só se encontram nos ralis, já que cada um trabalha e mora numa cidade. E a exposição de marca; como somos nós que fazemos, vendemos patrocínios para outras empresas. Além de fazer o relacionamento com clientes específicos, elas têm outras vantagens: a Gol se interessa porque dá muita Grupo tem hoje as equipes Itaipava Racing Team, TNT Energy Team e Crystal Racing Team corinna Souz a R a mos Entrevista.indd 6 09/11/10 16:23 exposição de marca para ela e quem faz o rali e quer vir de avião pode voar de Gol com uma tarifa de desconto; a Pirelli tem tudo haver: quando alguém for trocar pneus tem na cabeça como primeira opção sua marca; a Dupont tem tintas para pintar os carros; a W. Truffi Blindados é a maior blindadora do país e fala diretamente com seu público alvo; a Daslu Homem é parceira antiga e nos dá todos os uniformes da equipe, além da exposição da marca; a Mapfre Seguros busca fazer seguros com nossos clientes; a Castrol fica na cabeça dos clientes e é a primeira lembrança na hora de trocar o óleo; Filtros Tecfil o mesmo motivo; o Itaú Cartões faz parceria com nossos clientes que podem acumular pontos para trocar por produtos e serviços na Mitsubishi, seja numa revisão ou até mesmo descontos na troca do carro; a Stella Artois é servida no almoço de confraternização e atinge também um público de seu interesse. Competir – E como fazem para garantir a exposição dos patrocinadores na mídia? CSR – Fazemos de duas maneiras: há a mídia espontânea, que vem participar dos ralis, e uma mídia contratada. Por quê? Infelizmente no Brasil a imprensa só liga para futebol, e como nosso evento é mono-marca, apesar de ter n casos de histórias de comportamento, esporte e relacionamento para contar aqui dentro, a imprensa encara isso como evento mono-marca e temos muita dificuldade em conseguir matéria em algumas mídias, como Globo e Abril. Resolvemos comprar espaço para garantir a visibilidade do evento, dos patrocinadores e da marca Mit; por isso, compramos 1090 programas por ano na televisão, mais de 100 horas de TV anuais. Competir – Como você escolhe quais eventos patrocinar? ou t u bro 2010 | 8 -7 Entrevista.indd 7 09/11/10 16:23 CSR – Muitos eventos dos quais participamos, o fazemos há anos e já conhecemos o padrão e a qualidade. Por conta destes fatores, gostamos de ser proprietários deles. Mas sempre olhamos qual o público participante, tanto o direto, quem vai ao evento, como o público indireto, onde será feito, quem faz e se está de acordo com a nossa política e posicionamento. Às vezes chegam propostas para patrocinarmos futebol e vôlei e descartamos direto. Já sabemos muito bem onde queremos trabalhar e a qualidade do evento. Competir – Patrocinam atletas individualmente, além do Torben Grael (velejador e o maior ganhador de medalhas olímpicas para o Brasil)? CSR – Já patrocinamos o Robert Scheidt (iatista), atletas de paraglider, kite surfe, wind surfe, wakeboard, atletas de esportes radicais – já que os carros têm tudo a ver com o espírito desses esportes –, alguns surfistas e alguns cavaleiros (hipismo), mas hoje só o Torben mesmo. Competir – Pensaram em patrocinar o nacional de rali? CSR – O rali nacional praticamente não existe, não tem mídia, a exposição é nula. Além do mais, a maioria dos carros é da Mitsubishi. Agora entrou outra marca, e mesmo assim a maioria ainda é Mitsubishi. Vendemos os carros para os pilotos com desconto e este ano acabamos de lançar outro carro com etanol para ralis – já são dois. E imagina, se fôssemos patrocinar ralis, a fila de pilotos pedindo patrocínios. No passado, patrocinamos o [Reinaldo] Varella e, no Dakar deste ano, patrocinamos o Guilherme Spinelli com a equipe Mitsubishi Brasil. Ele ficou em décimo, melhor brasileiro. No Rally dos Sertões, levamos um caminhão de apoio para os pilotos. E patrocinamos o nosso rali, nas três categorias. Competir – Com a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil, pretendem fazer alguma inserção nas entidades ou nos esportes? CSR – Na CBF e FIFA definitivamente não. No COB ou em algum esporte olímpico é provável. Olha que não falamos para ninguém. Mas ainda não sabemos o que e em qual esporte. Temos que estudar, pensar... Competir – A Mitsubishi tem rádio, TV. Qual o objetivo desses projetos? CSR – A Mitsubishi no Brasil é a primeira em 168 países em satisfação e fidelização de clientes. É mais barato manter um cliente do que conquistar um novo. Sabemos que o relacionamento traz comprometimento, fazemos isso por meio do esporte, por exemplo. E sabendo da importância do relacionamento, criamos uma diretoria de projetos especiais. Quando criei a área, assu- mi esta diretoria e mantive a de marketing. Mas por temos tantos corinna Souz a R a mos Entrevista.indd 8 09/11/10 16:23 foto: Haroldo Nogueira Além de patrocinar categorias, Grupo Petrópolis empresta marca Itaipava para nomear competição eventos e ações, saí da diretoria de marketing e fiquei exclusivamente na de projetos especiais. Temos a Revista da Mitsubishi com cem mil de tiragem, um livro especial dos ralis, que já editamos há 18 anos, a rádio Mitsubishi, com o espírito 4x4, e agora a TV Mit, que cobre nossos eventos. Enfim, tudo para se relacionar com nossos clientes. Criar um clube, uma família: total estratégia de marketing de relacionamento. Competir – O que é competir para você? CSR – É fazer seu melhor, respeitando seus limites e valores; buscar o melhor fazendo o melhor e garantindo ou buscando 100% de satisfação dos clientes. o u t u b r o 2 0 1 0 | 10 -9 Entrevista.indd 9 09/11/10 16:23 Giro Morumbi em camiseta O estádio Cícero Pompeu de Toledo do SPFC será tema da camiseta licenciada desenvolvida pela Gatto de Rua Sports. Para homenagear o Morumbi, a empresa convidou o artista plástico Paulo Consentino para assinar o design do produto. O estádio ganhou, assim, uma leitura própria no estilo pop art, uma visão moderna e figuras geométricas em vermelho sob o fundo preto da camiseta. A camisa em malha 100% algodão está disponível nas lojas Times Mania, Net Shoes, São Paulo Mania (saopaulomania.com.br), Sou Maluco por Futebol (soumalucoporfutebol.com.br) – onde custa R$ 49,90 – e em outras boutiques e magazines esportivos. Jeans para malhar A Obbia, marca de moda fitness, aliou design a tecnologia para lançar a malha jeans. Trata-se de um tecido tecnológico com textura de jeans que conta com elastano em sua composição e assegura extremo conforto e ajuste perfeito. Na coleção de Verão 2011, chamada Obbia Fiction, a marca aposta em shapes futuristas com recortes especiais e formas que alongam a silhueta e ressaltam as formas do corpo. Suas peças podem ser encontradas nas principais multimarcas de todo o país. Outras informações no endereço www.obbia.com.br. O Mano e a Kaiser A Kaiser anunciou parceria inédita com o técnico da seleção brasileira de futebol Mano Menezes, que se tornou embaixador da marca no país. Esta é a segunda grande ação da Cervejaria Heineken Brasil para a Kaiser, após o maior teste cego já realizado no Brasil e a recente campanha com o ex-jogador Romário. Segundo a empresa, a aposta em Mano ocorre por ele ter características que vão ao encontro de sua marca: seriedade e credibilidade. Como embaixador da Kaiser, o técnico participará de campanhas, materiais promocionais, ações e eventos da marca, além de filmes publicitários. Mano foi convidado para comandar a seleção brasileira no dia 23 de julho de 2010, após liderar o Corinthians por 10 rodadas à frente do Campeonato Brasileiro. Em 24 de julho, seu nome foi confirmado como o novo técnico. Giro Giro.indd 10 09/11/10 14:57 imagens: divulgação Conforto e discrição A Tryon apresenta o lançamento feminino que promete agradar quem procura estilo com um toque de discrição: o modelo Pluma traz linhas leves e é perfeito para combinar com os mais variados looks casuais, além de ser recomendado para caminhadas e corridas leves. O tênis tem cabedal elaborado em material laminado, detalhes em serigrafia e aplique, que realçam o visual clean e delicado. Além do modelo em destaque nas cores oil e rosa velho, o Pluma está disponível nas combinações branco/prata, branco/oliva, e com ares mais modernos, o branco/cerise. O produto conta com tecnologias como a Comfort Air, que é produzida com uma camada de tecido de dupla frontura com microestruturas de maior abertura, oferecendo ventilação para os pés, e a placa estabilizadora DSS, que proporciona proteção, centralizando a pisada e diminuindo o risco de lesões. O preço sugerido é de R$ 119,90. Claro apoia ciclismo A Claro, que escolheu o ciclismo este ano como plataforma de marketing esportivo, levou seu apoio à modalidade para a 12ª edição da Adventure Sports Fair, realizada em São Paulo no fim de setembro. A operadora esteve presente com o Circuito Claro Bike, uma pista de bike onde o público da feira pôde participar de testes e diversas atividades com bicicletas, e também aproveitou o evento para divulgar a Claro 100K e a Claro Brasil Ride. A Claro 100K é uma copa de ciclismo de estrada que reúne ciclistas profissionais e dá oportunidade a ciclistas amadores também competirem em sua categoria. Já a Claro Brasil Ride é uma ultramaratona de mountain bike, que desafiará atletas nas trilhas da Chapada Diamantina, de 14 a 19 de novembro. Serão 200 duplas disputando os títulos nas categorias Open, Feminino, Mista e Master. E falando em bike... O Yahoo! anunciou o Yahoo! Social Bike – www.yahoo.com.br/socialbike, canal de informações criado com dicas e matérias sobre saúde, segurança, trânsito e melhores pontos da cidade para pedalar, entre outros dados. O endereço apresenta novidades e serviços exclusivos para os apaixonados por bikes, principalmente para aqueles que desejam compartilhar com o mundo suas aventuras e curiosidades enquanto pedalam. O conteúdo do Yahoo! Social Bike ainda conta com a participação dos colunistas Carlos Kiwi, publicitário e amante de bike desde a infância, e que há quatro anos faz parte de grupos de cicloativistas de São Paulo, e Felipe Meireles, jornalista que utiliza nas suas reportagens as aptidões esportivas do mountain bike, rapel e trekking. Eles trazem também dicas para o internauta que também curte se divertir em cima de duas rodas. o u t u b r o 2 0 1 0 | 10 -1 1 Giro.indd 11 09/11/10 14:57 P.A. Desenvolvendo talentos Conquistando títulos Formando cidadãos Pão de Açúcar Esporte Clube e Sendas Esporte Clube. Mais que times, um programa de inclusão social. Se um time é feito de conquistas, os times do Grupo Pão de Açúcar têm muitas vitórias para comemorar. Nos campos e na história de vida de centenas de garotos que participaram e ainda participam do projeto social que oferece toda a assistência necessária para eles se tornarem jogadores profissionais. Dos nossos times e de grandes times no Brasil e no exterior. Você também pode torcer por estes meninos. Acompanhe nossos times pelos sites: www.paec.com.br e www.sendasec.com.br e pelo twitter: www.twitter.com/paodeacucarec e www.twitter.com/sendasec CO_0143_10_AN_PAEC_REV_COMPETIR_21x27.5.indd 1 10/19/10 11:36:35 AM Em foco Kitesurfe: alçando voos no Brasil Desafios da modalidade, relativamente nova, parecem ser pequenos diante do encantamento que sua prática causa texto Mariana Sayad K it esu r fe: a lç a ndo voos no Br asil Kite Surf.indd 12 09/11/10 00:56 j á ouviu falar do kitesurfe? Talvez seja hora dar saltos, usa-se uma barra. Para aprender de se informar, escolher seus ídolos e preparar a voar, é sugerido procurar uma escola, com a torcida: além de ser um candidato a se tornar professores experientes e/ou credenciados à esporte olímpico em 2016, trata-se de uma IKO (International Kiteboarding Organization). A modalidade plasticamente bonita e emocionante. vantagem é a possibilidade do aprendiz utilizar equipamentos diferenciados que variam conforme O esporte chegou ao Brasil em 1999 e estima- seu desenvolvimento, como pipas menores ou se que já conquistou 20 mil praticantes. “O linhas mais curtas, e a possibilidade de prática kitesurfe é uma modalidade à vela com grande em uma lagoa antes de ir ao mar. fotos: Divulgação e Maurício Val / FOTOCOM.NET potencial de crescimento”, diz o diretor geral da Dream Factory Sports, Duda Magalhães. “É Trata-se de um esporte barato; o valor dos a mais barata, a mais fácil de aprender, a mais equipamentos é bem menor do que de outros radical, a mais prática de transportar, a de maior esportes da mesma modalidade. “Costumo dizer apelo junto ao público jovem e, sem dúvida, a que ele fica entre o surfe e o windsurfe”, explica mais plástica de todas. Por essas características, o presidente da ABK (Associação Brasileira de acreditamos que irá crescer muito no Brasil e no Kitesurf), Wander Alcantelado. Para gastos de mundo”, continua. um praticante iniciante, a pipa (usada) sai em torno de US$ 800, o trapézio por R$ 400 e uma Vamos à parte didática: uma pessoa sobre uma prancha de surfe reforçada fica por R$ 600. prancha de surfe presa pela cintura em uma KITETOUR 2008 Piauí, RJ, Brasil - Cayque pipa que é impulsionada pelo vento – assim O reconhecimento do kitesurfe como um esporte se pratica. Para controlá-la, fazer manobras e à vela veio em 2009. “Demorou porque existia outubro 2 0 1 0 | 12 -13 Kite Surf.indd 13 09/11/10 00:56 foto: Maurício Val um preconceito pela classe, principalmente, tenho dúvidas de que o Volkswagen Kite Tour já dos mais tradicionais. Nós não precisamos de é um dos maiores circuitos nacionais do mundo”, um clube, e isso dá liberdade, autonomia para explica Magalhães. explorar novos lugares”, afirma Alcantelado. Mas este passo foi importantíssimo para Segundo Wander Alcantelado, apenas a elite começar uma campanha, encabeçada pela IKA consegue patrocínio para competir e isso não (International Kiteboard Association) para que passa pela Associação; trata-se de ações a modalidade regata desta prática vire esporte individuais. A empresa Mormaii, atualmente, é olímpico em 2016. a única fabricante nacional de pipas e patrocina alguns atletas da categoria. Outro ponto que chama a atenção é o crescimento do número de praticantes; estima- A ABK existe há pouco tempo, desde 2009. se que a cada ano no mundo, aumente em Ainda não tem muita atuação dentro do 15%. “Ainda temos um bom mar pela frente, de esporte, até por uma falta de poder econômico. padronização de equipamentos e regras. Mas já Seu site presta muitas informações sobre estão pensando nisso e acredito que em 2016, escolas: “Como é um esporte novo, de o teremos como modalidade de apresentação organização ainda insipiente, a gente enfrenta no Rio de Janeiro”, torce Alcantelado. Se isso se alguns problemas cotidianos com muita concretizar, pode dar uma guinada no quesito dificuldade, como a falta de recursos e pouca patrocínio ao esporte, pois, atualmente, poucos gente para trabalhar”, diz Alcantelado. atletas têm patrocinadores. “A Volkswagen está entrando este ano, patrocinando o circuito de Apesar das barreiras, o kitesurfe apresenta a kitesurfe que se compõe de três modalidades: vantagem de ser muito bonito de se apreciar, e freestyle, wave e regada”, reforça. esta é uma das principais características que atraem cada vez mais atletas, provocando aquele Estima-se que, anualmente, o número mundial de praticantes cresça em 15% Até 2007, o Circuito Brasileiro era considerado crescimento de 15% no número de praticantes ao a maior competição nacional do mundo, mas ano no mundo. “Na praia, chama muita a atenção; “em função das crises de 2008 e 2009 e com a as pessoas ficam envolvidas pela beleza e pela saída de patrocinadores, o circuito foi reduzido e plástica”, relata Alcantelado. Agora é esperar que agora em 2010, com a entrada da Volkswagen, o belo conquiste lugar na preferência dos atletas e volta ao lugar de destaque que sempre teve. Não nos orçamentos dos patrocinadores. K it esu r fe: a lç a ndo voos no Br asil Kite Surf.indd 14 09/11/10 00:56 Ponto de vista A Seleção Brasileira de Basquete perdeu o Mundial final, para a Argentina – classificou-se em 9º lugar entre história como a seleção do “quase”. O que precisa ser feito basquete nacional? “Já tivemos mudanças importantes, mas implantar três ações: necessitamos de mudanças estruturais e no trabalho de base. Isto só acontecerá em longo prazo.” Zé Boquinha Comentarista dos canais ESPN 1 – Em curto prazo, melhorando e divulgando os Campeonatos Adultos, com competições de alto nível, propondo intercâmbio com técnicos e trazendo jogadores estrangeiros para competir internamente, assim poderemos pensar nas Olimpíadas em 2012 em Londres, pois na de “Fomos com nossa equipe completa; faltou 2016 já estamos garantidos. o Nenê Hilário, uma ausência sentida, mas se fizermos um levantamento dos nossos 2 - Em médio prazo, um trabalho de base jogadores, o plantel relacionado pelo técnico (até 15 anos) nas escolas e instituições Rubén Magnano, nele existia um buraco muito esportivas; campeonato com os menores, grande e temos vagas para serem preenchidas festivais esportivos, com oportunidades para futuramente. Ao olhar de um observador, todos participarem, marcações variadas sem podemos selecionar de 7 a 8 jogadores em nível preocupação de sagrar campeão, o que não de defender a Seleção Brasileira. O restante foi nos leva a lugar nenhum; minto, leva somente à para adquirir experiência (poucos por sinal) e vaidade de dirigentes despreparados. outros comprovaram total falta de condição para suportar um campeonato de tal envergadura. 3 – Em longo prazo, aprimoramentos dos fundamentos da base até o adulto, capacitação A vitória dos Estados Unidos, já classificado para de profissionais, clínicas nos Estados brasileiros, as Olimpíadas, foi muito favorável à nossa Seleção, ações de marketing esportivo para divulgação do pois no Pré-Olímpico das Américas, que será basquete, principalmente na TV aberta. realizado em 2011 na Argentina, serão duas vagas em disputa, com os americanos classificados. Partindo de 2016, começaremos uma nova era Resta-nos brigar contra a própria Argentina, de profissionalismo, porque a gestão é que faz mais Porto Rico, Canadá, Venezuela e Uruguai; a diferença.” disputaríamos uma vaga, os hermanos não vão deixar a bola cair, e a outra vaga será deles. Fausto Giannecchini Professor, palestrante motivacional, jogador de Para melhorar o basquete brasileiro, podemos basquete que por 12 anos defendeu a Seleção Brasileira O q u e p r e c i s a s e r f e i t o p a r a f o r ta l e c e r o b a s q u e t e n a c i o n a l ? Ponto de Vista.indd 16 09/11/10 14:05 Masculino na Turquia em setembro, ainda nas oitavas-de16 países. Já são alguns anos somando derrotas e fazendo para fortalecer o “O basquete nacional está em um processo muito profissional e mudanças significativas na CBB. bom de evolução devido ao advento da nossa Liga e à autonomia para organizar campeonatos. Hoje Em 2009, o Brasil foi campeão da Copas os atletas estão no auge de suas carreiras, mas Américas Feminina e Masculina, garantindo a competindo com muitos outros clubes de peso. participação nos Mundiais. Na base, em 2010, o Brasil foi vice-campeão na Copa América Sub-18 Antes só existiam quatro potências – União Masculina e Feminina, se classificando para os Soviética, Brasil, Estados Unidos e Iugoslávia. Mundiais Sub-19 de 2011. As seleções revelaram Hoje não, temos 12, como a Sérvia, a Turquia, novos talentos. Na preparação das equipes de Croácia, Estados Unidos e Argentina. Como temos base está sendo feito um intenso intercâmbio 12 potências niveladas, tudo pode acontecer, internacional com torneios na Europa, qualquer uma delas pode pegar medalha de ouro treinamentos em Las Vegas e jogos preparatórios ou ficar em décimo lugar. O Brasil ficou em nono, antes das competições. mas não deixa de ser considerado uma potência mundial, e isso nos gratifica muito. Pela primeira vez desde 2003, a seleção masculina contou com todos os jogadores que A busca por melhores colocações vai ser uma atuam na NBA na fase de preparação para ânsia de todos os países. O Brasil está mal o Mundial. Foi contratado o técnico Rubén acostumado porque foi bicampeão do mundo, Magnano, campeão olímpico e vice-campeão vice-campeão do mundo, foi medalha de ouro mundial, para levar a seleção masculina à em Jogos Panamericanos e a gente acha que tem Olimpíada. A CBB também contratou um novo continuar sendo. A busca é essa, o objetivo é esse, técnico para o time feminino, Carlos Colinas, mas temos que respeitar que há outras equipes nas buscando resultados cada vez melhores.” mesmas condições, com possibilidades de vencer.” Hélio Rubens Garcia Técnico do VIVO/Franca Luis Felipe Monteiro de Barros Diretor executivo da Confederação Brasileira de Basquetebol “Estamos trabalhando para o desenvolvimento do basquete no Brasil. A modalidade passa por um processo de reestruturação, com um modelo o u t u b r o 2 0 1 0 | 16 - 1 7 Ponto de Vista.indd 17 09/11/10 14:05 Opinião Copa do Mundo. com o Brasil. As oportunidades de mercado para as médias e pequenas empresas texto José Estevão Cocco i Invariavelmente, quando se fala em substancialmente no período que antecede o Copa do Mundo de Futebol, todos se voltam para Mundial. A infraestrutura necessária já está julho de 2014, período de realização dos jogos do começando a ser construída. Aí, já existem maior evento internacional. Mas, quem ainda não inúmeras oportunidades também para as pequenas começou a pensar em aproveitar as oportunidades e médias empresas como co-fornecedoras. geradas pelo evento e, principalmente, pela expectativa gerada no mercado, está perdendo Embora não possa ser considerado o maior do muito e precioso tempo. Especialmente, as mundo em termos financeiros e econômicos, o pequenas e médias empresas, que poucas futebol brasileiro, pelos milhões de torcedores oportunidades terão durante o período dos jogos. apaixonados, é de suma importância no País. Os clubes brasileiros vêm aumentando, ano a A Copa do Mundo no Brasil já começou desde ano, suas receitas com patrocínios, licencing e o sorteio do país pela FIFA. Mesmo os grandes outras ações mercadológicas. Aí, também, já se patrocinadores e empresas fornecedoras e licenciadas vislumbra mais uma grande oportunidade para pela FIFA, apesar de terem toda a exclusividade e pequenas e médias empresas terem produtos proteção de marca, já se movimentam para aproveitar licenciados, por exemplo. o expressivo mercado gerado. A área de Esporte Total da Crowe Horwath Durante os jogos, o período é extremamente curto RCS publicou uma análise, segundo a qual o para que quaisquer projetos ou ações sejam mercado brasileiro de clubes de futebol teve uma rentáveis. É preciso esticar esse período. As vendas movimentação de cerca de R$ 800 milhões, em de Natal, por exemplo, embora sejam anuais, 2003, chegando a mais de R$ 1,7 bilhão, em começam bem antes do dia 25 de dezembro. 2008. E prevê que poderá superar a marca de R$ 3 bilhões no final de 2014. A Ernst&Young divulgou Assim precisa ser encarada a Copa. O mercado um relatório onde prevê que, de 2010 até 2014, de marketing esportivo está crescendo serão injetados na nossa economia R$ 142 bilhões, C o pa d o M u n d o . A b o l a j á e s tá c o m o B r a s i l . A g o r a é p r a va l e r Artigo.indd 18 09/11/10 19:11 A bola já está Agora é pra valer R$ 62 bilhões de renda no mercado de trabalho e Mas como aproveitar todas as oportunidades criação de 3,6 milhões de empregos por ano. que esses números proporcionarão às pessoas e empresas? Portanto, a realização da Copa do Mundo no Brasil é uma perspectiva excelente para o Aí está a grande oportunidade dos profissionais mercado esportivo, desde a construção de de marketing e das médias e pequenas estádios, infraestrutura, clima gerado entre os empresas. Como interpretar essa grande consumidores, torcedores ou não, principalmente quantidade de informações. São quatro anos de pelo grande interesse da mídia. chances e oportunidades: transporte, turismo esportivo, turismo receptivo, arenas, espaços Tempos atrás, antes do desenvolvimento da comunitários, treinamento e qualificação de mão informática, os funcionários e colaboradores de obra, cursos, faculdades, escolas, marketing, mais importantes das empresas eram aqueles comunicação, segurança em eventos, captação que dispunham e detinham as informações. As de recursos (leis de incentivo), entretenimento, informações da própria empresa e do mercado alimentação, licenciamento, telecomunicação, eram de difícil obtenção e eram manipuladas e mídia entre muitos e muitos outros. comercializadas como produtos. Só as grandes empresas internacionais detinham dados de Quatro anos até a Copa. Seis até os Jogos mercado, de consumo, de mídia, de tendências Olímpicos Rio 2016. E décadas depois disso. de hábitos de consumo entre muitos outros. Porque, a partir de 2017, o Brasil estará num patamar muito mais alto em marketing esportivo. Hoje, os funcionários e colaboradores das empresas Teremos um mercado muito mais desenvolvido e mais requisitados, valorizados e disputados são profissionalizado. aqueles que sabem tirar o melhor proveito das informações. Os criativos. Em planejamento, As empresas mais observadoras, profissionais desenvolvimento de produtos, comunicação, e criativas terão os melhores resultados. Os comercialização em toda a abrangência do marketing. números estão na internet. A criatividade, na mente de cada um. Praticamente todas as matérias, artigos e opiniões publicadas sobre a Copa de 2014 falam e exibem números. Isso é o que eu chamo de informação. José Estevão Cocco é diretor presidente da J. Cocco Dados. Referências. Comunicação Integrada de Marketing. o u t u b r o 2 0 1 0 | 18 -1 9 Artigo.indd 19 09/11/10 19:11 Capa Preto no EU NU Como o marketing do centenário clube Corinthians ajudou a levá-lo da série B à maior arrecadação do futebol brasileiro texto Éder Sguerri pr eto no br a nco Materia de Capa.indd 20 09/11/10 19:07 o branco UNCA f im de 2007. Corinthians em frangalhos, o pior momento da história do clube. Afundado em parte do quadro geral de decadência em que o clube se encontrava”, afirma Rosenberg. dívidas, metido em páginas policiais e rebaixado à segunda divisão do futebol brasileiro. Naquela época, o clube tinha dívida de R$ 100 milhões e receita de apenas R$ 40 milhões, Cenário ideal para tudo dar errado para a diretoria estava na segunda divisão, em que os direitos de que então assumia com o presidente eleito, TV são menores e, consequentemente, a auto- Andrés Sanches. Nessa renovação, Sanches estima do torcedor se encontrava em baixa. Era convidou o renomado economista Luis Paulo preciso pensar em uma saída, e foi pensando em Rosenberg para dirigir o departamento de seu público que o marketing a encontrou: o clube marketing do clube, ou o que tinha sobrado dele. reconheceu que a torcida era seu diferencial, e “Ele tinha uma equipe, de seis pessoas, muito que deveria gerar receita por meio da Fiel, dos boa, tão boa que eu não contratei nem demiti corinthianos – não respeitando as regras da ninguém, mas o marketing do clube tinha sido gramática, que diz que é sem “h”, mas redigindo privatizado. Gerava uma comissão de 25% dos como os próprios gostam. contratos para uma pessoa física e totalmente inerte. Não tinha criatividade, era só reativo, se “Como economista, impus a restrição de que eu aparecia alguma oferta, ele analisava. Isso fazia nunca pediria dinheiro ao clube para projetos, o u t u b r o 2 0 1 0 | 2 0 -21 Materia de Capa.indd 21 09/11/10 19:07 nessa fase, foram muito intensas”, como o caso da campanha Eu Nunca Vou Te Abandonar. Mesmo na Série B, o departamento travou discussões acaloradas para conseguir melhor patrocínio para a camisa e cota de televisão com a TV Globo, equivalente a de clubes da Série A. Além disso, desenvolveu projetos que levantavam sua auto-estima e incentivavam a união, como o Sangue Corinthiano, de doação de sangue. O objetivo era mexer com a moral da torcida. “O segredo do sucesso está aí: você nunca vai ver o marketing do Corinthians endeusando ídolo. Essa história de colocar fotografia de jogador ampliada em loja é coisa de outras nações, não da nossa. Ou usamos algo do passado, pois esse reconhecimento é muito educativo, ou usamos a torcida, a Fiel. Nosso primeiro filme não se chamou ‘Timão’, mas ‘Fiel’, e retratava o sofrimento com a queda para a Série B e o porque acho que se faço o que a Fiel quer, tenho retorno”, relembra Rosemberg. que ter viabilidade econômica. Tenho que vender esses serviços referendados por alguém do setor O departamento trabalhou sete dias por semana, privado, e não recorrer aos cofres do Corinthians, 24 horas por dia, com alto grau de motivação. que tem usos bem mais nobres para o seu Entre as ações criadas, estava o Fiel Torcedor, dinheiro”, explica Rosemberg. programa de sócio-torcedor que garante o lugar do consumidor no estádio, evitando filas Para evitar esse tipo de tática, considerada e aglomerações. Para Marco Antonio Siqueira, “preguiça mental e intelectual” pelo diretor de sócio-diretor da Zebra Marketing Esportivo e marketing do Corinthians, o departamento teve diretor da ABRAL (Associação Brasileira de que reinventar a marca do clube, com novos Licenciamento), esta é uma medida precisa: licenciamentos, para valorizar o escudo. Para o “O torcedor fanático sente prazer em consumir jornalista Elias Awad, “as ações de divulgação, produtos e serviços do seu clube; há total vou t pr eto no br a nco Materia de Capa.indd 22 09/11/10 19:08 fotos: Net Shoes e divulgação sinergia entre os dois papéis. Pensar que o torcedor é obrigado a enfrentar filas, tumultos, insegurança como prova de amor à camisa é um grande erro”, defende. O programa vai tão bem que o clube estuda, para o próximo ano, não vender mais ingressos em bilheterias, mas apenas pelo programa. Outras medidas que vêm gerando resultado são a rede de lojas Poderoso Timão e sua versão virtual. O clube possui mais de 2500 produtos licenciados e, certamente, há compradores para isso; não poderia, assim, desperdiçar a oportunidade de venda. São 89 lojas espalhadas por São Paulo, Paraná e Distrito Federal, e cada uma possui suas próprias ações de marketing – geralmente, convidam ídolos do passado, como Neto, Marcelinho Carioca e Biro- Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), Biro, para chamar a torcida. à campanha de combate à violência contra a mulher, da ONU, e ao Começar de Novo, na O marketing encontrou nos projetos sociais outra recuperação de jovens que cometeram crimes e maneira de estar em contato direto com seu estão na Fundação Casa. público: além do Sangue Corinthiano, criou a campanha 100 árvores por gol, em que o time Para Amir Somoggi, diretor da área Esporte passou a plantar 100 mudas de espécies da Total da empresa de auditoria e consultoria Mata Atlântica por gol feito na cidade de Salto Crowe Horwath RCS, “as ações de marketing do de Pirapora, com o objetivo de criar uma reserva SCCP (Sport Club Corinthians Paulista) foram florestal. Já o programa Time do Povo trabalha muito boas no geral e refletiram na receita com crianças carentes; por jogo, alcança 100 recorde gerada pelo clube em 2009, R$ 181 crianças moradoras de favelas – busca-as em milhões, figurando no topo do ranking do futebol casa, lhes dá alimentação, elas assistem ao jogo brasileiro”. Rosemberg afirma que, hoje, do total do Corinthians no Parque São Jorge e voltam com arrecadado pelo clube, 80% é resposta às ações uma cesta básica. Por meio do departamento de criadas pelo marketing. te marketing, há ainda apoio ao GRAACC (Grupo de Materia de Capa.indd 23 Nem tudo deu certo; alguns projetos naufragaram, como a TV Timão e o TimãoCap, o título de capitalização. “A TV Timão tem algum problema que a gente não identificou. Fizemos agora uma associação com a TV+, que está construindo um estúdio no Corinthians, e vai operar, com a gente, um canal de TV a cabo. Ainda não desisti; perdi a batalha, mas vamos à luta. Já o TimãoCap não deu certo porque não conseguimos resolver a questão da distribuição dos títulos”, admitiu Rosemberg. Marco Antonio concorda que o marketing do Corinthians evoluiu muito nos últimos anos, e o considera um dos melhores do País, mas não deixa de alertar: “Muitas ações interessantes A marca Corinthians: foram desenvolvidas para o centenário, como modalidades e produtos para a campanha voltada ao meio ambiente, e é todos os gostos e classes sociais o u t u b r o 2 0 1 0 | 22 -23 09/11/10 19:08 aband preciso criatividade para isso, coisa que o clube vindo, o Corinthians venderia camisa, calção, tem. Porém, deve haver consistência também; boneco como nunca antes, e que com essas as ações não podem ser isoladas, devem fazer receitas somadas, ele teria um ganho semelhante para de um planejamento, sob o risco de haver ao que os árabes queriam lhe pagar. Ele topou”, desperdício de recursos. E isso, infelizmente, lembra Rosemberg. ainda não consigo enxergar”. Para ter Ronaldo, o time vendeu todos os espaços Quando tudo estava aparentemente tranquilo de sua camisa e, para muitos, isso poluiu a e o clube parecia apenas se preparar para peça. Rosemberg se explica: “Acho muito mais as comemorações de seu centenário, surgiu bonito só o escudo do Corinthians e acho mais a possibilidade de contratar Ronaldo. Mas nobre jogar com AACD no peito. Agora, devo ser como pagar o salário dele? “Prometi um salário realista: preciso de um grande esquadrão, que razoável, mas nem 10% do que ele poderia ganha a Libertadores, que paga dívida. Às vezes, ganhar lá fora. O desafio foi convencê-lo de que, a estética se submete à racionalidade”. Produto 2007 2008 2009 2010* TV 20 24 39 45 Nike 5 10 12 18 Uniforme 12 17 33 45 Lojas Poderoso Timão 0 3 5 9 Fiel Torcedor 0 0 2 5 Licenciamentos 0,5 3 6 9 Seguro / capitalização 0 0 2 5 Ingressos 5 8 16 22 TOTAL 42,5 65,5 114,5 156 Fonte: Sport Clube Corinthians Paulista | *Projeção Resultados financeiros (Em milhões de reais) pr eto no br a nco Materia de Capa.indd 24 09/11/10 19:08 donar Recentemente, o Corinthians surgiu com novos equipe, que frequentam o clube, o estádio. Então, produtos licenciados, como chip de celular, jogos essa campanha da República veio naturalmente, de tabuleiro e tênis. Rosemberg afirma que há não teve um briefing. Nosso relacionamento no produtos que o próprio clube procura lançar, mas clube é muito bom, a equipe trabalha à vontade. há também a procura inversa: “O empresário é Não posso dizer que seja tranquilo, pois é um corinthiano e vem atrás do clube; algumas vezes, dos maiores clubes do país, mas é muito bom se vemos que é inviável, não damos continuidade. trabalhar com ele”, afirma Tiago Pinto, diretor de No mais, o Corinthians não coloca dinheiro em marketing da Nike no Brasil. nenhum projeto; se eu analisei, vi que a empresa é seria e o cara está investindo, quem sou eu Com as comemorações do centenário, o pra vetar, né?”. Admirador das iniciativas do Corinthians anunciou a construção de seu tão Corinthians, Marco Antonio ainda vê as atitudes aguardado estádio. Conversas sobre venda de da instituição com certa ressalva, carentes de espaços e naming rights já começaram, mas aprimoramento: “O clube valoriza muito o seu nada oficial. “Prefiro destinar meus reforços para torcedor, mas enquanto torcedor. Para tratá- algo que já exista. Quero um naming rigths para lo como consumidor é preciso de algo mais, o novo CT, que foi lançado agora. É mais fácil produtos e serviços de qualidade. O torcedor vender o que já existe do que algo que ainda não deve ser um fim e não um meio de sustentar saiu do papel”, explica Rosemberg. o clube. Como os demais clubes brasileiros, o Corinthians não trata com profissionalismo, o que Não há dúvidas de que o clube saiu de time realmente importa para o torcedor”. desacreditado para se tornar referência no cenário nacional, em apenas três anos. Mas, claro, há muito República Popular do Corinthians, estádio e internacionalização o que conquistar ainda. O Corinthians é um time Para a comemoração do centenário, o Corinthians sua internacionalização está em planejamento – até e a Nike lançaram a campanha “República jogo na China está sob negociação. provinciano, que não tem expressão internacional, e Popular do Corinthians”, em que o torcedor pode adquirir documentos como RG e certidão de Rosemberg enfatiza que o Corinthians tem nascimento com o timbre do clube, o que o torna tudo para ser o maior time do mundo em cidadão dessa nova República. Ele pode ainda arrecadação: “Pulamos de R$ 50 milhões, em tirar seu passaporte, que receberá carimbos dos 2007, para R$ 180 milhões, em 2010. Em três jogos do time que ele frequentar. anos, chegaremos a R$ 500 milhões. Todos esses projetos em andamento não são um A Nike trabalha com a F/Nazca, e a união com tiro só, pelo contrário; estão todos crescendo o clube fez surgir a campanha inovadora. “Não simultaneamente e, ainda tenho toda uma área foi uma conversa específica; trabalhamos todos internacional para agregar”, sinaliza. A nação os dias no Corinthians, temos corinthianos na corinthiana espera, assim, se globalizar. o u t u b r o 2 0 1 0 | 24 -25 Materia de Capa.indd 25 09/11/10 19:08 Em foco Na base d Contra todos os obstáculos, times de softbol sobrevivem, exportam atletas e colocam o Brasil no mundial da África do Sul, em 2011. Agora sonham com a chegada de patrocinadores. Alguém se habilita? e m uma partida emocionante, o texto Oldair de Oliveira “Foi um grande passo, pois, pela primeira vez, Coopercotia derrotou o Nippon Blue Jays por o Brasil está indo por mérito próprio e não por 3 a 2 e se sagrou bicampeão brasileiro de... convite”, ressalta a técnica Maritza Sória. Nascida Softbol? A informação é verídica, mas o leitor que em Cuba, onde jogou oito anos pela seleção local, acompanha o caderno de esporte dos grandes ela comandou o time a essa conquista, no pan- jornais e veículos especializados não ficou americano da modalidade realizado na Colômbia, sabendo. A menos, claro, que seja um entusiasta em junho, quando ficou em quarto lugar. Trata-se dessa prática, bastante incomum no Brasil. de uma façanha e tanto, sobretudo quando se Mas, apesar de todos os obstáculos e da falta pensa que todos que ali estavam não contavam de incentivo, o softbol resiste como modalidade com nenhum tipo de patrocínio, nem de universo esportiva no País, com direito a federações, ou material esportivo, nem de transporte até o local uma confederação nacional e um campeonato da competição ou gastos decorrentes da viagem. brasileiro, que este ano chegou à 30ª edição e Dessa forma, tudo é na base do “pai-trocínio”, contou com a participação de dez equipes, sendo tendo os familiares de arcar com todas as despesas sete de São Paulo e três do Paraná. Além disso, e desembolsando entre R$ 3,5 mil e R$ 4 mil. no ano que vem, o Brasil será uma das seleções que brigará pelo título mundial na categoria sub- A esperança dos amantes e defensores do 18 na África do Sul, ao lado de potências como softbol é que, à medida que o esporte se tornar Estados Unidos e Japão. mais competitivo no país e surgirem resultados na base do des a fio softball.indd 26 09/11/10 15:38 do desafio em eventos de alto nível, apareçam pessoas e representa a Universidade da Flórida, recebendo empresas interessadas em investir na modalidade. US$ 253 mil por ano. Trata-se de situação ainda “O softbol no Brasil ainda está engatinhando. impensável por aqui. Além disso, a Amateur Estamos tentando dar uma nova forma a ele, Softball Association (ASA), que controla o esporte porque hoje, ainda só existe como esporte de nos Estados Unidos, tem 240 mil times membros colônia. Estamos querendo abrir esse leque. A e estima em 3 milhões o número de norte- ideia não é sair da colônia, mas integrar outros americanos que praticam a modalidade. E uma interessados”, explica Silvio Portiolli, vice- das pioneiras a desembarcar nos Estados Unidos presidente da Confederação Brasileira de Beisebol foi Juliana Pires Shibata, a Guga, que em 2008, e Softbol (CBBS). Atualmente, apenas 30% dos ganhou uma bolsa da Northwest Florida State praticantes não têm ascendência nipônica. College. “O pessoal me recebeu muito bem e, depois de mim, levei mais três amigas para lá”, Mais qualidade diz a atual jogadora do Gigante-Gecebs, de Arujá. O nível competitivo da modalidade também vem subindo. E mais uma vez, créditos para a cubana Dessa forma, o êxodo em direção a outros Maritza, que está em São Paulo desde 1999 e países é encarado como uma esperança pelas é também técnica do Nippon Blue Jays. Aliás, atletas e pelos demais profissionais ligados ao se hoje o Brasil virou vitrine para os Estados esporte. Além dos Estados Unidos, há também Unidos e muitas das nossas atletas estão em pelo menos duas softbolistas brasileiras universidades e colleges norte-americanos jogando no Japão. Inclusive, a atibaiense Mika jogando em ligas locais, parte significativa do Someya se naturalizou japonesa e jogou as mérito cabe a ela. “Tinha contato com um amigo últimas olimpíadas (Pequim-2008) pelo país do treinador do (college) Miami-Dade. Ele ficou Sol Nascente, se sagrando campeã, no último sabendo que estava trabalhando no Brasil e respiro do esporte como modalidade olímpica pediu que eu indicasse meninas para algumas (não fará parte dos jogos de Londres e nem do posições que ele precisava. A partir daí iniciamos Rio). “A saída delas é algo totalmente positivo. uma parceria, que já dura três anos. Isso é bom, Serve para que elas aperfeiçoem sua técnica, porque ajuda a melhorar o nível das atletas que a partir do convívio com as demais atletas e vão. Se aqui jogariam quatro partidas por ano, corpo técnico e da participação em eventos de lá jogam cerca de 40. Faz diferença, pois é alto nível”, ressalta Olívio Sawasato, presidente praticando que se aprimora”, destaca Maritza. da Federação Paulista de Beisebol e Softbol, a mais antiga do país. Sim. Temos mais de uma dezena de jovens brasileiras na terra do Tio Sam estudando e Legislação a favor jogando lá. E não poderiam estar em lugar A nova esperança para os amantes do softbol melhor, afinal, ali esse esporte é muito praticado, vem de uma lei estadual paulista de incentivo ao com direito a transmissão pela TV e um treinador, esporte, por meio de renúncia fiscal. Ela permite como Tim Walton, do Florida Gators, time que que empresas possam repassar até 3% do valor o u t u b r o 2 0 1 0 | 12 -27 softball.indd 27 09/11/10 15:38 foto: Divulgação / Ass. imprensa da CBBS anual devido do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), desde que o volume total não ultrapasse R$ 1 milhão por projeto. O objetivo é favorecer as diversas modalidades esportivas e promover inclusão social e formação de novos atletas. “Queremos ir à escola e não esperar que ela venha a nós. Na Argentina, existem mais de 200 times de softbol e lá o começo se deu na escola. Eles não são uma potência, mas estão na nossa dianteira. Podemos também seguir nesta mesma direção”, acredita Olívio. O que você precisa saber sobre softbol A modalidade existe desde 1887 e é uma variação do beisebol, podendo ser praticada por homens e mulheres. Surgiu nos Estados Unidos, mas, no Brasil, começou a ser praticada pelos imigrantes japoneses, daí a sua associação à colônia nipônica no País. São sutis as diferenças entre beisebol e softbol. O campo tem o mesmo formato, mas, no caso do segundo, tem dimensões reduzidas, bola maior Os avanços já são significativos. Basta lembrar (30,4 cm contra 22,8 cm) e mais leve. Outra que a primeira competição importante do qual diferença está no arremesso. No beisebol, a participou uma seleção brasileira foram os Jogos bola pode ser atirada por cima da cabeça. Já Pan-Americano do Rio, em 2007. Não por mérito, no softbol essa jogada é feita obrigatoriamente mas por que o País, como sede, tinha direito a ser de baixo para cima. Mas, no geral, a mecânica representado em todas as categorias esportivas. é a mesma ou semelhante. Os times têm nove Era um time que reforçava o estereótipo que se jogadores e a partida é disputada em nove tem do esporte aqui, tendo apenas uma jogadora, innings (entradas), no caso do beisebol, e em a pitcher (arremessadora) Elayne Cristina Simon, sete, no softbol. Em ambos, tem sempre ataque que não era descendente de japoneses. Hoje, contra defesa e vence quem faz mais pontos. acredita-se que 30% dos praticantes também modalidade vem de lei estadual No caso de igualdade de placar, há novas estejam nesta condição de Elayne, não tendo paulista de incentivo ao esporte rodadas para o desempate. antepassados no país do Sol Nascente. Nova esperança para a na base do des a fio softball.indd 28 09/11/10 15:38 O que é Competir para você? Competir é um estado de espírito. É estar sempre um pouco insatisfeito e almejar algo a mais de si próprio. A competição traz isso. Quando se vai bem, quando não se vai bem, sentimos que é sempre necessário se aprimorar mais e se preparar para a etapa seguinte. Isso é competir. Eduardo Souza Ramos Categorias: Empresa Privada Instituição Esportiva Instituição Pública Inclusão Social Mídia www.competirsportsmarketing.com.br www.premiocompetir.com.br [email protected] Anúncio Competir_ed04.indd 1 09/11/10 19:12 Marketing Esportivo Financiamento de novos estádios e arenas texto Wesley Cardia Há 12 anos lancei à venda os primeiros no local: é uma sala de reuniões fora da empresa. camarotes do Estádio Beira-Rio, do Internacional Por isso a resposta à pergunta do primeiro (RS), como forma de subsidiar sua construção. parágrafo é: sim! Vai vender. Na época, o preço era de R$ 20 mil por camarote. Há algumas semanas, o Inter lançou A modalidade de financiamento chamado de uma nova leva de suítes, muito melhores, mais naming rights explora espaços que receberão equipadas e muito mais luxuosas por cerca de os nomes de produtos, serviços e marcas de R$ 1 milhão cada. ‘Vai vender?’, perguntariam empresas. Estes ganharão um local privilegiado alguns. A resposta segue abaixo. para expor suas marcas, com a garantia de retorno seguro, duradouro, que gera empatia O que o Internacional está fazendo para custear com o público e identificação com o time parte de suas obras para adequação do estádio ou espetáculos que ocorrerem na arena. para a Copa é um dos caminhos utilizados Os exemplos bem sucedidos de grandes nos Estados Unidos e Europa para financiar a corporações, principalmente nos Estados Unidos, construção ou reforma de arenas, estádios e crescem todos os anos com novas arenas praças esportivas. Os caminhos de financiamento ganhando nomes de empresas. Alguns desses são cinco: verbas oficiais de Estados, da União negócios estão na casa dos milhões de dólares. ou municípios (muito utilizada nos Estados No Brasil só há um exemplo recente de estádio, Unidos, onde as cidades disputam o privilégio de a Arena Kyocera, que dava nome ao estádio do sediar novas arenas); verbas do próprio clube, Atlético Paranaense. Por outro lado, já se veem como quando ele vende ativos para empregar teatros identificados com o nome de empresas – na construção de instalações mais modernas; todos eles referidos unicamente pelos nomes de financiamento de ligas ou entidades federativas; seus patrocinadores. verbas advindas da venda de espaços no novo estádio, como cadeiras, camarotes, tribunas e É uma tendência que veio para ficar. Em face de suítes; e os direitos chamados de naming rights. necessidade de investimentos em novas praças esportivas no Brasil nos próximos anos, há que A venda de espaços consagrados como cadeiras se observar, com muita atenção e interesse, e camarotes é uma prática antiga. O que mudou essas duas modalidades de financiamento, neste quesito é a qualidade desses locais. especialmente a venda de naming rights. Os camarotes e suítes de arenas modernas são pontos nobres dos estádios onde seus proprietários (empresas ou pessoas físicas) têm conforto, segurança e até luxo. Nesses camarotes se recebem amigos e clientes com serviço de bar e restaurante. Esses espaços podem funcionar o Wesley Cardia é consultor de marketing esportivo e Diretor ano inteiro, independentemente de haver eventos da Maestro Marketing. M a r k eting e sp ortivo Mkt Esportivo_wesley.indd 40 09/11/10 00:30 Adote um elefante texto Marco Antonio Siqueira Você já deve, de certa forma, estar se deveria estar à frente, sob o risco de sucumbir acostumando ao debate sobre estádios de diante do mercado. E não se trata, apenas, de futebol, muito por conta das dimensões sociais, um conceito ideológico ou acadêmico; me refiro políticas e comerciais envolvidas. Porém, mais a estádios economicamente viáveis e rentáveis, do que isso, os estádios representam uma face a quem quer que seja. importante do marketing esportivo, que não pode ser pensada de forma isolada. Uma arena A localização geográfica é outro fator ‘moderna’ não envolve, necessariamente, alta determinante. Como qualquer ponto-de- tecnologia, nem mesmo projetos faraônicos. venda, existe maior propensão de audiência Aliás, acredito que ‘contemporâneo’ seria daqueles torcedores – logo consumidores – mais o termo mais conveniente para aquilo que próximos. No longo prazo, influência direta no buscamos: espaços adequados às necessidades perfil da torcida, que tende a se concentrar dos torcedores, patrocinadores, mídia, poder na região. A experiência ao vivo costuma, ou público, investidores e tantas outras pessoas costumava, ser parte determinante na formação e entidades envolvidas diretamente com um de torcedores, ao menos os mais ativos, grande evento esportivo. comercialmente falando. Talvez mais crítica seja a questão dos convidados corporativos. Em Um estudo recente, na Inglaterra, por um estádio ‘contemporâneo’, mais da metade exemplo, pesquisou o motivo que impulsionava das receitas costumam vir da comercialização os torcedores a ficarem espremidos nas de camarotes. Neste caso, tanto o comprador entradas e saídas de um determinado estádio. (a empresa) quanto o usuário (o convidado) Chegaram à conclusão que a falta de espaço insistem em ser mais exigentes e apressados. A de circulação interna era o fator-chave para partir desta nova perspectiva, o que você sabe que os torcedores ficassem dentro do estádio sobre os estádios que vêm por aí? o menor tempo possível. Além do tumulto, que nós brasileiros conhecemos bem, isto reduzia consideravelmente as receitas de serviços agregados dentro da arena, como lanchonetes e lojas, que valorizam consideravelmente o tíquete médio. Podemos ir além. Certamente, a movimentação em bando reflete diretamente na (falta de) segurança, no tráfego e no caos do transporte público, afastando ainda mais os torcedores. Em outras palavras, significa que um Marco Antonio Siqueira - www.marketingesportivodeverdade. empreendimento destes deva ser concebido de blogspot.com - é radialista e publicitário, sócio-diretor da forma a atender integralmente às necessidades Zebra Marketing Esportivo e diretor da ABRAL (Associação de seus clientes. Nenhum outro interesse Brasileira de Licenciamento). o u t u b r o 2 0 1 0 | 3 0 -3 1 Mkt Esportivo_marco antonio.indd 31 09/11/10 00:44 Saúde e bem-estar Influência do exercício físico no sono de atletas texto Marco Túlio de Mello e Andressa da Silva O sono é uma manifestação biológica na qual se lentas. No entanto, alguns estudos têm demonstrado observa a alternância periódica entre atividade um aumento na latência para o sono REM e uma elétrica cerebral sincronizada e dessincronizada diminuição no percentual deste estágio, enquanto de aproximadamente oito horas de sono alterna- outros estudos notaram um aumento em seu tempo das com um período de 16 horas de vigília. total e redução na latência para seu início. Mas com a adaptação ao treinamento equilibrado, estas altera- Durante esse período, normalmente ocorrem de ções tendem a retornar a um padrão normal. quatro a seis ciclos de sono com duração de 90 a 100 minutos cada, sendo cada um dos ciclos É sabido que uma boa noite de sono está mais composto pelas fases de sono NREM, com du- relacionada à qualidade do que à quantidade de ração de 45 a 85 minutos, e pela fase de sono horas dormidas, mesmo porque a quantidade REM, com predominância de 5 a 45 minutos. pode variar de pessoa para pessoa conforme seu biotipo. É necessário passar por todos os estágios Dentre os distúrbios, a insônia pode estar presente do ciclo de sono, de quatro a seis vezes por noite. em atletas de alta performance. A ansiedade précompetitiva pode provocá-la, o que prejudica a Dormir demais também pode ser prejudicial; a pes- recuperação do atleta. Pode ser desencadeada, soa pode acordar com menos disposição, desânimo também, por excesso de treinamento (overtraining). e até mesmo mal-humorada. O melhor termômetro é o estado em que despertamos. Sentir-se revigorado e Quase todos os distúrbios de sono são prejudiciais energizado ao acordar significa que as horas de des- para o processo de recuperação. Sua fragmentação canso cumpriram sua função. A regularidade é im- e a redução de sua qualidade e eficiência aumen- portante para a higiene do sono; ter hora para dormir tam a irritabilidade, reduzem o desempenho físico e e levantar-se é indispensável para manter uma boa cognitivo. Ocorrem prejuízos tanto na recuperação qualidade e quantidade de horas dormidas. física quanto na redução do processo anabolizante, o que diminui a capacidade do atleta em recuperar- Prof. Dr. Marco Túlio de Mello é diretor técnico do se entre uma sessão e outra de treinamento. Se a Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício – fase de sono REM estiver prejudicada, pode acar- CEPE (www.cepebr.org) e pesquisador do CNPq. retar aumento da irritabilidade, perda de memória e Ft. Andressa da Silva é Mestre em Psicobiologia prejuízo para atletas de alto rendimento. pela UNIFESP e Pesquisadora do CEPE. Muitos estudos experimentais têm sido realizados Prof. Dr. Marco Túlio de Mello é diretor técnico do Centro de com o objetivo de verificar a relação entre o exercício Estudos em Psicobiologia e Exercício – CEPE (www.cepebr. físico e a qualidade do sono. A mudança mais co- org) e pesquisador do CNPq. Ft. Andressa da Silva é Mestre mumente observada é o aumento do sono de ondas em Psicobiologia pela UNIFESP e Pesquisadora do CEPE. S a ú d e e b e m - e s ta r Saude e bem estar.indd 38 09/11/10 16:03 Agora ficou fácil se dar bem nos futuros eventos esportivos O Brasil será o centro das atenções do mundo com a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e com isso surgirá uma enorme demanda de profissionais qualificados a partir desses grandes eventos esportivos. A Trevisan Escola de Negócios em parceira com a Brunoro Sports Business é pioneira na qualificação profissional na área de gestão esportiva, formando turmas desde 2002 no curso MBA Gestão e Marketing Esportivo. SP - Rua Bela Cintra, 934 • (11) 3138 5200 RJ - Rua Primeiro de Março, 33 • 11º andar • (21) 2223 0863 São Paulo www.trevisan.edu.br • meadiciona.com/trevisan Ribeirão Bonito GRADUAÇÃO anuncio_210x275_esporte_v2.indd 1 | PÓS-GRADUAÇÃO | MBA | Rio de Janeiro CURSOS E TREINAMENTOS | IN COMPANY 13/10/2010 18:30:05 Em foco Mercado superaquecido Com o Brasil sediando os dois maiores eventos esportivos da Terra, empresas de marketing esportivo arregaçam as mangas e partem para ofensiva. Entre elas a 9ine, do jogador Ronaldo texto Neto Bach e O mercado de marketing esportivo 2008. A China investiu cerca de US$ 40 bilhões, já está a todo vapor, e não é para menos. Com apenas em infraestrutura. E, além de construir a previsão de investimentos multimilionários, um dos mais belos estádios do mundo, o Ninho por conta de Copa do Mundo e Olimpíadas no do Pássaro, durante anos preparou seus atletas Brasil, as agências e consultorias especializadas de base, o que os levou ao topo do ranking no veem a oportunidade de aumentar o faturamento quadro de medalhas, com 51 conquistas de ouro. e, naturalmente, tornaram-se alvo certo para empresas que buscam alternativas para explorar Aqui a expectativa é enorme. De acordo os benefícios que as competições têm a oferecer. com o ministro do Esporte, Orlando Silva, os investimentos em infraestrutura para a Copa Para se ter uma idéia da importância de um do Mundo de 2014 devem alcançar R$ 22 evento desta magnitude, basta analisar os bilhões. Já para os jogos Olímpicos do Rio números da Olimpíada realizada em Pequim, em 2016, o gasto previsto é de cerca de R$ 29 merc a do su per aquecido Oportunismo mkt esportivo.indd 34 09/11/10 00:22 foto: Ricardo Zinner - ativo.com bilhões, provenientes do setor público. Mas não política nacional do esporte, todos querem fazer para por aí; empresas nacionais e estrangeiras negócios e atuar no Brasil. Somos um mercado devem injetar quantias exorbitantes em em pleno crescimento”, afirma. um setor que, segundo dados divulgados pela consultoria PricewatterhouseCoopers, E foi exatamente este mar de possibilidades deve crescer 40% nos próximos três anos e que atraiu o craque Ronaldo para o mercado movimentar cerca de US$ 140 bilhões. de marketing esportivo. Em setembro, o jogador corintiano anunciou a fundação da Com todos querendo uma pequena fatia deste empresa 9ine, referência ao número de sua bolo, empresas como a SSTUDIO – Marketing camisa, em sociedade com o grupo inglês e Entretenimento já começam a colher os WPP (Wire and Plastic Products), maior frutos. “Somos procurados regularmente por conglomerado global de propaganda e serviços parceiros do mercado, fornecedores, agências de marketing, com mais de 100 empresas e empresas que buscam entender o que é espalhadas pelo mundo e receita que sediar estes eventos e como podem fazer ultrapassou os 8 bilhões de libras em 2009. parte deles”, comenta Roberto Gomes Silva, principal executivo. Além de promover eventos, a empresa pretende ajudar marcas, dar nomes a estádios e gerenciar Como o mercado esportivo engloba plataformas carreira de jogadores que, segundo Ronaldo, são diversas de negócios, toda a cadeia produtiva mal assessorados no Brasil. Em entrevista ao será afetada – fabricantes de produtos jornal O Estado de S. Paulo, o jogador afirmou esportivos, consumidores finais, atletas amadores que quer “concorrer e dominar”. A expectativa e profissionais, fãs de esporte, entidades inicial de receita da 9ine é de R$ 40 milhões. esportivas, gestores públicos e profissionais da mídia. Só no período que antecede a Fusões e parcerias Copa, deverão ser gerados 332 mil empregos Para fazer frente às pretensões de Ronaldo, permanentes e mais 381 mil temporários, de outras mega empresas prometem agitar o acordo com dados do ministério do Esporte. mercado. A Sport Strategy é uma parceria entre o empresário José Carlos Brunoro, da À esquerda, Christian Kittler, Para Ricardo Silva, estamos vivendo um momento BSB, e do publicitário Alexandre Gama, da da Ativo Sports Marketing: novo e único. “O esporte finalmente é moda. Investmark, controladora de agências como “Este é um segmento em que Temos um Ministério do Esporte, existe uma Neogama/BBH e Ínsula. A nova empresa atuará você lida com muita paixão” o u t u b r o 2 0 1 0 | 34 -35 Oportunismo mkt esportivo.indd 35 09/11/10 00:22 no desenvolvimento estratégico para marcas, produção de conteúdos esportivos e consultoria para setores públicos e privados. O faturamento previsto até as Olimpíadas de 2016 é de R$ 500 milhões. Em março, a Globo Comunicação divulgou parceria com o grupo gaúcho RBS para criar a Geo Eventos, empresa dedicada à realização de eventos, também esportivos. Na ocasião, ambas afirmaram investir juntas R$ 240 milhões na iniciativa. Já a ReUnion Sports & Marketing, que desde 2007 é parte do Grupo ABC, holding de Bazinho Ferraz, Guga Valente e Nizan Guanaes, anunciou este ano abertura de escritório em Miami, EUA, para capitalizar negócios especificamente para a Copa e as Olimpíadas em terras tupiniquins. acionária na ReUnion que, segundo ele, vem Especializada em running, ciclismo, triatlhon e em crescendo fortemente nos últimos anos – teria esportes radicais como skate, a Milk vê na Copa alcançado expansão de 217% apenas em 2008. e nas Olimpíadas a oportunidade de expandir os negócios. “O mercado será receptivo para quem Em setembro, foi a vez da Octagon anunciar entender com profundidade de esportes e para novo modelo de atuação no Brasil – ela adquiriu quem começar a atuar a partir de agora. Somos a agência B2S, com escritórios no Rio e em São privilegiados por nascermos antes desse ‘barulho’ Paulo, o que a transformou em Octagon Brazil. A esportivo”, comenta o publicitário e diretor da diretoria executiva explicou que a aproximação das agência, Ricardo Santos. foto: Ricardo Zinner - ativo.com O Grupo ABC ampliou, ainda, sua participação duas empresas ocorreu durante a criação de uma apresentação para um patrocinador da Copa na Sem citar nomes, ele revela que pretende se África do Sul. Mundialmente, a Octagon gerencia unir a outras empresas do meio para aumentar mais de 5 mil eventos anualmente e é responsável sua participação. “Para termos atuação mais pela carreira de mais de 800 atletas. Com a fusão abrangente, estamos nos juntando a mais duas no Brasil, as expectativas de se alinhar ao líder empresas que atuam no esporte, porém em global deste mercado já foram afirmadas. modalidades diferentes da nossa. Com esse acordo operacional, o grupo poderá atuar de forma Experiência comprovada consistente também em futebol, golfe, basquete e Elas estão há mais tempo no mercado e não se rúgbi”. Além disso, a Milk embarcou para Londres, limitam apenas a modalidades tradicionais como em setembro, para saber como os ingleses estão futebol, vôlei e basquete. Talvez por isso, empresas se preparando para as Olimpíadas de 2012. como a Milk Comunicação Integral, Life Sports Brands e Ativo Sports Marketing sejam boa opção Outra empresa experiente que se prepara para para quem quer investir em esportes participativos. crescer é a Life Sports. Para Dayyan Morandi, sócio-diretor, este é o momento de investir, mas O mercado de running, por exemplo, tem não se preocupando apenas com a captação de movimentado cerca de R$ 3 bilhões por ano, com patrocínios; o importante é preparar os atletas para 4 milhões de praticantes e um crescimento anual o que o mercado vai oferecer. “Nosso foco é ver a de 30%. E a Milk é uma das empresas que vem evolução do esporte brasileiro como um todo. Nós crescendo nessa área. trabalhamos a imagem dos atletas, fazendo-os se merc a do su per aquecido Oportunismo mkt esportivo.indd 36 09/11/10 00:22 foto: Divulgação tornarem pessoas mais conhecidas e que tenham que se investe uma quantia visando lucros uma interação maior com o público. Valorizando exorbitantes, o que para ele não é certo. o atleta nós fazemos com que determinados “Este é um segmento em que você lida com esportes fiquem mais conhecidos”. muita paixão, e este oportunismo gera perda de qualidade e criatividade, pois não existe Acreditando que tanto Copa como Olimpíadas envolvimento emocional. O esporte tem que deixarão um legado sem precedentes para ser visto como uma ferramenta de inclusão o País, Dayyan revela que a Life já tem social e cultural, o que ocorre lá fora e aqui nós planos pós-grandes eventos. “Fizemos um esquecemos”, desabafa. planejamento que vai até 2016. Depois disso, a empresa vai visar o mercado internacional. Christian acredita que o esporte pode perder Pretendemos fazer gestão de carreiras e muito após a Copa do Mundo e as Olimpíadas produção de eventos também na América no Brasil, pois muitas empresas que agora Latina”, fala confiante. Grande perspectiva estão surgindo desaparecerão com o fim das para quem, há anos, trabalha para fomentar o competições. O que seria péssimo para a esporte em terras brasileiras. manutenção do esporte, já que atletas e clubes ficarão sem patrocínio: “Se a empresa não tem Oportunismo DNA esportivo, a parceria fica muito formal. Ela Assim como todo setor em ascensão, o vai colocar a marca dela em uma camisa, sem marketing esportivo também corre o risco de se noção do que isso significa. Então, não adianta tornar alvo de pessoas e empresas que buscam cair de paraquedas. O envolvimento gera os benefícios do mercado sem ter o preparo conhecimento. Se você conhece os detalhes de necessário para desenvolver e implantar como a coisa funciona, tem a chance de fazer projetos com seriedade. E é exatamente isso uma ação muito mais rica. Caso contrário, o que preocupa os empresários que há tempos resultado é menos gente incentivada a praticar atuam nesta área. esportes”, afirma o empresário. O desafio, assim, é preparar as pessoas e o País não para Para Christian Kittler, triatleta e diretor da Ativo os dois grandes eventos esportivos, mas para Sports Marketing, muitas empresas tratam conquistar o permanente amadurecimento Ricardo Santos e Rodrigo Raso, o esporte como um negócio qualquer, em profissional no setor esportivo. da Milk Comunicação Integral o u t u b r o 2 0 1 0 | 3 6 -37 Oportunismo mkt esportivo.indd 37 09/11/10 00:22 Raio x Fontes de receitas dos clubes brasileiros a texto Amir Somoggi Crowe Horwath RCS, por meio de Em 2009, a participação das transferências sua área de consultoria em gestão esportiva, sobre o total gerado foi de 19%, frente ao Esporte Total, apresentou em 2009 análises recorde de 2007, quando essa participação e projeções sobre a situação financeira e atingiu 37% do total gerado. Já as cotas de TV mercadológica dos clubes brasileiros. apresentaram evolução na participação sobre o total no mesmo período, passando de 23% para O que se constatou foi que no ano passado o 28% do volume gerado. mercado brasileiro de clubes de futebol produziu R$ 1,9 bilhão em receitas. Entre 2003 e 2009, Os recursos com clube social e esporte amador houve incremento substancial de diferentes fontes apresentaram evolução na participação nos de receitas dos clubes brasileiros, provando que o últimos três anos e representam atualmente 14% mercado evoluiu muito nesse período. O principal dos recursos gerados pelos clubes brasileiros, causador foi o desenvolvimento dos recursos frente aos 11% de 2007. gerados com as principais receitas dos clubes, excluídas as transferências de atletas. Essa fonte Já a receita que mais se ampliou em termos apresenta característica particular e extrema percentuais foi a de bilheteria, que representava dependência do mercado internacional. 7% em 2003, atingiu 8% em 2007, 11% em 2008 e 13% do total em 2009. Nos últimos três anos, os Em 2009, em virtude da crise financeira global recursos com a venda de ingressos nos jogos dos iniciada no ano anterior, as receitas com transferências clubes se ampliaram de forma contundente. de atletas sofreram retração. Os recursos gerados foram reduzidos em cerca de 40% em dois anos. As receitas que mais evoluíram em termos Por outro lado, as receitas, desconsiderando-se percentuais são aquelas que estão mais estes intercâmbios de jogadores no mesmo período, associadas à melhora do ambiente de negócios apresentaram elevação de mais de 50%. do mercado brasileiro, como a exploração dos F o n t e s d e r e c e i ta s d o s c l u b e s b r a s i l e i r o s RaioX.indd 38 09/11/10 18:26 recursos gerados com projetos de marketing, evolução consolidada de 266% nos últimos sete captação de sócios e venda de ingressos. anos e podem superar em 2014, R$ 1,4 bilhão, segundo projeção inédita da Crowe Horwath Em 2003, essas três fontes de receitas geraram R$ RCS. Caso esse dado se confirme, as três fontes 216 milhões, valor que representava 27% do total de receitas representarão mais de 47% do total gerado pelo mercado brasileiro de clubes de futebol. gerado pelo setor. Em 2009, as três fontes foram responsáveis por R$ 790 milhões em recursos, saltando para 41% do Amir Somoggi é diretor da área Esporte Total total gerado pelos clubes brasileiros. da empresa de auditoria e consultoria Crowe Horwath RCS, que tem projetos com clubes, As três fontes de receitas apresentaram investidores e patrocinadores. o u t u b r o 2 0 1 0 | 3 8 -39 RaioX.indd 39 09/11/10 18:26 Craque nas Letras Livros campeões campeonatos e competições Livros sobre esporte, marketing esportivo,site toras brasileiras e – lançamentos ou não – garimpados nos s de edi estrangeiras texto Lucia Koury desrias inimagináveis. Quem não gosta, vai Quem gosta de futebol vai encontrar histó livro O m. em um campo diferente da vida comu cobrir exemplos de amor e superação Dastry. ideia de Silvia Bruno Securato e Ellen Nós, mulheres do futebol nasceu de uma com a vida, direta ou indiretamente, envolvida Elas entrevistaram 23 mulheres que têm torce euta, erap fisiot ora, treinadora, repórter, o futebol, dentro ou fora do campo: jogad que es ro, do goleiro... Este é um time de craqu dora fanática, mãe do craque, do árbit rte! vai fazer você curtir ainda mais o espo ra, 168 páginas, R$ 42. Edito na Ofici , -58-1 ISBN 978- 85-8 8698 da Silva. nunca tenham ouvido falar em Leônidas Os jovens torcedores brasileiros talvez sta, foi um eão pelo Botafogo e pentacampeão pauli Inventor do gol de bicicleta, tetracamp eu o apereceb as jogad . Pela categoria de suas dos maiores ídolos da história do São Paulo nagem. home sua tornando nome de chocolate, em lido de Diamante Negro, que acabou se imos e negro, de baixa estatura, dentes branquíss Vale a pena conhecer a história desse 20 anos, na de nossos gramados durante mais de sorriso largo, considerado o primeiro rei o. o título de Diamante etern biografia escrita por André Ribeiro, com hus, R$ 34. ISBN: 978- 85-8 54-6961- 0, Editora Gryp to no livro Em dissecados em teoria e métodos quan Os esportes radicais nunca foram tão izado por Cleber organ sobre esporte, lazer e natureza, busca da aventura – múltiplos olhares projeto do Drummond Alves Júnior, a partir de um Augusto Gonçalves Dias e Edmundo de , montanhismo, Universidade Federal Fluminense. Surfe departamento de Educação Física da o como uma ades que evocam a aventura e o perig voo livre e rafting são algumas das ativid esportes dos ão relaç a m. O livro também aborda experiência inerente à evolução do home áreas das o e as cisões de classes na distribuiçã com a natureza como o impacto ambiental verdes de lazer. UFF, 166 páginas, R$ 20. ISBN: 978- 85-228-0519- 8 Editora da Comentários para esta seção podem ser enviados para [email protected] m.br. livros ca mpeões Craque nas letras.indd 40 09/11/10 19:19 Gol de Placa A felicidade a um palmo e meio da mão (parte 2) texto Augusto Nunes (Continuação do texto publicado na edição de E Garrincha? Ele viera de um miserável grotão do setembro.) Brasil, parecia lesado pela escassez de neurônios. Tinha ambas as pernas arqueadas para a Descobri num certo crepúsculo que apenas 15 direita, circunstância que fazia do seu andar um centímetros me haviam separado, durante quase apelo quase irresistível à pronta intervenção de vinte anos, da felicidade absoluta. Ao longo dessa ortopedistas. Pois esse anjo torto operaria, além eternidade, eu fora proibido pela estatura de co- do milagre do equilíbrio, a improvável conjugação nhecer o orgasmo do basquete: enterrar uma bola do drama e da comédia sobre um par de chutei- na cesta com as duas mãos, proeza virtualmente ras, em espetáculos inesquecíveis que o transfor- inalcançável para quem mede 1m85. Até que, mariam no maior de todos os solistas. num inesquecível fim de tarde, sozinho numa quadra, topei com uma tabela adaptada para Ao menos em tese, portanto, o mundo mágico equipes infantis, meio metro abaixo da oficial. dos estádios é acessível a gordos e magros, ricos Então, ao longo de quarenta minutos fantásticos, e miseráveis, altos e baixos. Está, enfim, ao alcan- eu soube o que é ser Michael Jordan. ce do povo brasileiro. Tanto o peso quanto a altura não configuraram Não é assim no basquete, tampouco no vôlei jamais requisitos essenciais para a identificação e em outros esportes hoje restritos a atletas de um craque, conforme têm atestado, desde que que alcançam altitudes nem sequer sonhadas a primeira bola rolou num gramado, esplêndidas pelo brasileiro padrão. Talvez seja o caso de exibições oferecidas por gênios cujos biotipos emendar a Declaração dos Direitos do Homem, decididamente recomendariam – em tese – sua e decretar que todos temos direito à felicida- imediata transferência para outras profissões. de independentemente de centimetragens. A A silhueta do grande Maradona, por exemplo, materialização do sonho pode estar a poucos perfeita para ornamentar o balcão de algum palmos das nossas cabeças. Numa enterrada, açougue num subúrbio de Buenos Aires, convida por exemplo. Com as duas mãos. ao sonho os que se acham gordos demais para a glória - como antes dele haviam sido convidados ao sonho pelo perfil do grande Pagão os que para a glória se achavam magros demais. Augusto Nunes é jornalista. Gol de p l aca Gol de placa.indd 46 09/11/10 00:49 Sua marca poderia estar aqui. Categorias: ANUNCIE [email protected] Perfil Karen Jonz Perfil.indd 49 09/11/10 13:51 Única mulher a competir em campeonatos masculinos no Brasil e no exterior, Karen Jonz pratica skate vertical há dez anos e já deixou sua marca na modalidade: é considerada o maior nome feminino e já foi duas vezes campeã mundial. Filme Nome Karen Jonz Donnie Darko, de Richard Kelly Livro Nascimento Santos (SP), 29 de setembro de 1985 Qualquer um do J. D. Salinger Prato Esporte e categoria Arroz, feijão, ovo, salada e proteína e pudim Skate vertical Cidade brasileira Altura e peso 1,63 m, 57 kg São Paulo Cidade estrangeira San Diego Horas de treino 3 a 4 horas por dia Estudos Graduada em Rádio e TV e Design Gráfico Patrocinadores Element, Nixon, Monstra Maçã, Bones, Pro-Tec, Naras e Osiris Local onde treina Santo André (SP) Se não fosse atleta... Seria musicista ou artista Ídolo na vida Meus pais Desde que idade/ano pratica o esporte Um sonho Desde 2000 Ter meu próprio skatepark Campeã Europeia 2005, Bicampeã Mundial (2006 e 2008), Campeã X Games 2008 e Vicecampeã X Games 2009 fotos: Felipe Lente Títulos Perfil Perfil.indd 50 09/11/10 13:51 Viagem 50 // Literatura 52 // Música 53 // Menu - Vinhos 54 // Menu - Cultura de mesa 55 // Fotografia 56 // Teatro 58 // Cinema 59 // Artes visuais 60 // Moda 63 // Sustentabilidade 64 Respiro-Capa.indd 1 09/11/10 19:20 Viagem Quem disse que o feio não pode ser interessante? texto Izabel Rocha q uem imagina que La Paz seja somente a cidade de Evo Morales, a sas pobres da região de El Alto; para onde olha- que fecha seus dutos de gás e não permite a entrada da Petrobras, está engana- mos, vemos casebres como as nossas favelas. do. A cidade pode ser considerada um universo interessantíssimo para quem vai Casinhas e mais casinhas de alvenaria subindo disposto a conhecer uma cultura completamente diferente. a montanha em direção ao céu, que está bem perto. Lembrem-se de que estamos a quase No trânsito, sempre caótico, ônibus e vans lotados param para pegar passa- 4.500 m de altitude. ônibus é objeto raro. Táxis são carros identificados apenas com o luminoso no A feira é um universo paralelo. As frutas, verdu- teto. Taxímetro? Não existe. O preço da corrida deve ser combinado antes de ras, legumes e carnes (isso mesmo, carne!) são se entrar no veículo. Faixa de pedestres é uma sinalização em extinção; mes- colocados dentro de uma bacia, algumas em mo as que resistem ao tempo, quase apagadas no asfalto, não são respeitadas bancadas, outras no chão, ao lado de crianças e tampouco os veículos param gentilmente para que você chegue ao outro lado brincando, água suja descendo pelo meio fio, da avenida. Para não ser atropelado, atravessa-se sempre pelo meio da rua, cachorros vira-latas buscando uma boa refeição junto com as outras tantas e tantas pessoas locais, que acham que essa con- e moscas. Muitas moscas. E as carnes, de porco, fusão toda é mais do que normal. vaca ou frango, são vendidas a quilo ou pedaços, que os clientes pegam com suas próprias mãos. Com exceção da Zona Sur, o bairro de classe média alta de La Paz que lem- Mas tudo ‘muito higiênico’: a mão está dentro dos bra, se tivermos muito boa vontade, a Vila Madalena paulistana, a capital da sacos plásticos que acondicionarão o alimento. Bolívia não é uma cidade nada bonita. Fica em um vale e é cercada por ca- Produtos embalados existem somente em super- imagens: Arquivo pessoal geiro, não importa se em fila dupla, tripla, ou até mesmo quádrupla. Ponto de r espiro Respiro - Viagem.indd 50 09/11/10 19:30 mercados chiques. Para a maioria das pessoas, para se tomar Paceña é feito por todos os que estão na praça, que ficam a feira é o local mais fácil, barato e prático de se muito ofendidos se você não aceita um copo da cerveja feita com a água comprar comida. dos Andes. É preciso cuidado apenas para não se embebedar – com a altitude, o álcool pode causar estragos muito rapidamente. Mas nem tudo em La Paz tem esse ar, digamos, trágico. A 70 km da cidade, pode-se Para os que gostam de mais aventuras e menos história, a opção é Chakal- visitar as Ruínas de Tiwanaku e conhecer a taya. A montanha está a 5.400 m de altitude e se pode subir a pé ou com história de uma cultura pré-inca, com tradi- uma van, que ajuda muito aos despreparados. Com a altura elevada, o oxigê- ções e costumes avançadíssimos para a épo- nio desaparece e o cansaço surge depois de apenas dois passos em direção ca. Profundos conhecedores da astronomia e ao cume. Chakaltaya é a pista de esqui mais alta do mundo. Antigamente, da geografia que os cercava, a civilização pré- podia-se esquiar em qualquer época do ano, mas hoje, com o aquecimento colombiana de 2.300 anos desenvolveu toda global, a prática do esporte é feita somente no verão, quando o ar está mais uma arquitetura baseada no nascer e pôr-do- úmido e a montanha coberta de gelo. De cima, a vista é deslumbrante e, sol, nos solstícios e quinócios de verão, in- após se alcançar o pico, a natureza te presenteia com o esquecimento do verno, primavera e outono, nas estrelas e nas esforço feito para se chegar até lá. constelações. A presença de um guia é mais do que necessária para que se entenda toda a Em seguida a Chakaltaya, há ainda o Valle de la Luna. Com uma geografia que complexidade arquitetônica. O museu recém muda de ano em ano por conta dos ventos e da chuva, a região lembra o solo, inaugurado, apesar de em fase final de obras, as crateras e o relevo lunar. Um passeio de 45 minutos é o suficiente para co- é parada obrigatória; em meio à simplicidade e nhecer esse parque de terra argilosa a 15 km da Zona Sur de La Paz. aridez da região, um prédio de primeiro mundo surge com uma arquitetura deslumbrante. Ainda na Bolívia pode-se viajar até o Lago Titicaca, Solar de Yuni e Santa Cruz Após caminhar pela história, a Vila de Tiwa- de la Sierra, a cidade mais desenvolvida do país. E o melhor, tudo muito barato. naku merece uma visita com partida somente Basta entrar no espírito aventureiro e estar disposto a conhecer um lugar pobre, no dia seguinte. O povo local adora os turistas mas de cultura fascinante e povo gentilíssimo, que faz despertar e alimenta nos- e os trata como pessoas da família. O convite sa curiosidade social, econômica, artística e antropológica. o u t u b r o 2 0 1 0 | 5 0 -5 1 Respiro - Viagem.indd 51 09/11/10 19:30 Literatura Bukowski d texto Kevin Kraus uas traduções do escritor norte-americano Charles Bukowski, muito posso ver ½ boca, um olho e conhecido no Brasil por seus romances e contos, publicados principalmente nas dé- quase um nariz. cadas de 80 e 90. Sua poesia, pouco e mal traduzida aqui, vem sendo tratada a pão o restante de você está escondida de ló nos últimos 15 anos pelo autor desta página. O primeiro poema é do livro The fora da vista days run like wild horses over the hills, e o Segundo, de Mocking bird wish me luck. mas sei que você é contemporânea, uma obra viva mulher dormindo moderna me sento na cama à noite e escuto você talvez não imortal roncar mas que te conheci numa rodoviária amamos. e agora eu me maravilho com tuas costas branquelas e manchadas por favor, continue de sardas de criança roncando. enquanto a luz mergulha na indissolúvel tristeza do mundo rapidinha que cobre teu sono levei minha amiga na sua última leitura de poesia, disse ela. não vejo seus pés sim, e daí? perguntei. mas imagino que sejam ela é jovem e bonita, disse. os mais charmosos. e? perguntei. ela te a quem você pertence? odiou. você é real? penso em flores, animais, pássaros então ela se recostou no sofá todos parecem mais que bom e tirou as e tão botas. reais. minhas pernas não são tão boas, então não adianta você ser uma ela disse. mulher. cada um de nós é escolhido pra ser algo. aranha, cozinheiro. tá bom, pensei, minha poesia não é tão o elefante. como se cada um fosse boa; as pernas dela não são tão um quadro pendurado nalguma boas. galeria. empatados. - e agora a pintura se vira mostra as costas, e pelo cotovelo virado Kevin Kraus é professor e tradutor. r espiro Respiro - Literatura.indd 52 09/11/10 02:29 Música João do Vale (Pedreiras – MA, 1934 – 1996) “A aranha tece puxando o fio da teia A ciência da abelha, da aranha e a minha Muita gente desconhece” e texto Zé Helder sses versos da canção Na asa do vento (João do Vale/Luís Vieira) lado de Zé Keti e Nara Leão, a qual Bethânia decifram um verdadeiro enigma. Conhecer a trajetória desse compositor viera a substituir. O Opinião era de forte maranhense faz a gente pensar que ele compunha como as aranhas tecem conteúdo político e estreava junto com o regime suas teias. Sem ninguém nunca ter ensinado como e por quê. A canção Além do AI 5. A canção Carcará se tornaria um dos de Olinda, de José Eduardo Gramani, também diz o mesmo sobre as rendeiras maiores sucessos de João do Vale. de Pernambuco: “Se alguém pergunta o porquê do se fazer, responde-se o porquê de perguntar”. Taoísmo? Talvez. A verdade é que figuras como João Foi uma das figuras mais controvertidas, do Vale trazem de volta uma beleza perdida, uma brasilidade apagada nos genialmente simples e dono de uma insossos ídolos fabricados que dominam o cenário musical de agora, pelo musicalidade autêntica e sincera, apesar menos o que a maioria dos brasileiros conhece pela insistente e irritante de não tocar nenhum instrumento. Autor de exposição na mídia. grandes sucessos que a maioria dos brasileiros sequer sabe lhe atribuir a autoria. Carismático, De origem humilde, negro e semianalfabeto (foi retirado da escola pra dar encantador no palco e um cidadão dos mais lugar a um filho de um coletor recém nomeado pra cidade), mal sabia escrever comuns na vida, mas protagonista de histórias seus versos, de uma qualidade poética que o alçou para um patamar onde incríveis que renderiam um belo filme. Esse estão eternizados todos os gênios da música brasileira. Mas estamos falando é mais um talento de que o Brasil precisa de um ex-vendedor de pirulito, ajudante de caminhão e servente de pedreiro. aprender a se orgulhar. Como a aranha deve se E foi nessa condição que ele chegou ao Rio de Janeiro aos 17 anos e fugido orgulhar por tecer sua teia. de casa, para trabalhar em uma obra em Ipanema, onde também dormia. E era assim, todo sujo do barro e da massa de cimento, que ele frequentava a Rádio Tupi depois do expediente, na esperança de mostrar seus baiões, sua especialidade, para os cantores da época. A evidente qualidade de suas músicas não foi ignorada, e João teve composições gravadas por cantores como Marlene, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jackson do Pandeiro, Tim Maia, Cássia Eller, Dolores Duran, Maria Bethânia e por aí vai. Aliás, essa última foi revelada no espetáculo Opinião, que João estrelava ao Zé Helder é músico. s e t e m b r o 2 0 1 0 | 52 -5 3 Respiro - Musica.indd 53 09/11/10 02:42 Menu - Vinhos O pequeno príncipe do vinho p texto Marcelo Copello ublicado em 1943, O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint- dar mil ordens, mas apenas que podem ser Exupéry, é muito mais que um livro infantil. O teor poético e filosófico da obra cumpridas, nos lembra que “é preciso exigir de conquistou adeptos de todas as idades. Com cerca de 500 edições, é o livro cada um o que cada um pode dar”. Assim, é francês mais vendido no mundo (mais de 80 milhões de exemplares) e um dos preciso buscar em cada terroir e em cada vinho mais traduzidos da história (180 línguas). o que ele pode dar. Não adianta tentar produzir no Brasil um Cabernet chileno, nem buscar A obra é sucinta (pouco mais de 90 páginas), mas contém entrelinhas que complexidade em um Beaujolais. mereceram análises sob a ótica de diversas áreas do conhecimento. Por que então não enxergá-las através de uma taça de vinho? A ligação entre a obra e o vinho já se materializou em ao menos um rótulo. O “Pi Cít” (“Pequeno A história começa com um aviador contado do seu primeiro desenho quando Príncipe” em dialeto piemontês) hoje é raridade, criança: uma jibóia digerindo um elefante. Ao mostrar o desenho para os de produção pequena, esteve representado no adultos, foi incompreendido. Pois essas pessoas provavelmente veriam no vinho Brasil pela World Wine até 2007. Tive sorte de apenas uma bebida alcoólica ou um mero suco de uva fermentado. conseguir uma garrafa: Cabernet Sauvignon (60%) e Nebbiolo. Rubi muito escuro. Aroma Já adulto, o aviador conhece o principezinho, que pede a ele que desenhe intenso de cassis, menta, tostados, especiarias. um cordeiro, e só fica satisfeito quando, após muitos cordeiros rabiscados, o Encorpado, taninos finos, boa acidez, 14,5% de desenho mostra apenas uma caixa. A mensagem aqui é “abstração”, a essência álcool, longo e macio. Bom amálgama das duas da arte e também da degustação de vinhos, sem a qual jamais poderíamos cepas, com personalidade. Nota: 90 pontos. reconhecer aromas de frutas ou flores que nunca estiveram dentro da garrafa. Como a caixa guarda um cordeiro imaginário, que será como cada um quiser, o Antoine de Saint-Exupéry e Baco nos mandam vinho é apenas um líquido dentro de uma garrafa. A emoção e a cultura estão mensagens semelhantes e universais: em cada um de nós. autoconhecimento, partilhar, amar o próximo e simplesmente ser feliz. Ao mesmo tempo em que regras inquestionáveis fazem mal ao vinho, os rituais o valorizam. Como bem lembrou a raposa, outra personagem. “É preciso ritos” diz ela. “Que é um rito?”, pergunta o príncipe. “É o que faz com que um dia seja diferente dos outros”. Marcelo Copello - [email protected] – é editor Até mesmo o respeito ao terroir o livro nos ensina. A personagem do rei, ao do site Mar de Vinhos. r espiro Respiro - vinhos.indd 62 09/11/10 00:57 Menu - Cultura de mesa Mímica gastronômica texto Alexandre Le Voci Sayad d ependendo da interlocução, a comparação entre São Paulo e Nova York chega a ser óbvia e até petulante, em muitos aspectos. Pra mim, os fatores que justificam essa aproximação de cidades-irmãs são tão somente três – todos ligados à sobrevivência de quem vive nelas: a arquitetura que faz as cidades inventarem-se entre enormes arranha-céus de concreto e vidro e casas bucólicas, a capacidade criativa de seus moradores e, por fim, a diversidade gastronômica disponível para arriscar-se por infindáveis almoços e jantares. De resto quase tudo é mito; ou mimetização. Uma, por vezes, torna-se camaleoa da outra, deixando correr pelas mãos o que mais tem de interessante somente para se parecer com sua parceira. Quando o assunto é mesa, a tradição gastronômica e a inventividade são deixadas de lado para se fazer, em cópia grotesca, o que a outra faz. Bebendo nas imagens da televisão e do cinema, as ondas de cupcakes e cosmopolitans inundaram São Paulo graças às mulheres: Sarah Jessica Parker tem sido mais responsável pela erotização feminina que Marilyn Monroe. Iniciou as paulistanas no sexo verbal, no suco de cranberry e nos bolinhos coloridos com cobertura. 700) oferece o drink na medida certa; o melhor cupcake que já experimentei é o da A falta de originalidade começa aqui. Não há nada mais prosaico que um bolo. Wondercake – tente o simples, de chocolate E isso fazemos bem, desde sempre: úmidos e saborosos. Em casa ou em (R. Augusta, 2542). padarias simples. Bolo de laranja ou fubá são clássicos do interior paulista ou mineiro, por exemplo. Mas, definitivamente são receitas que pouco absorveram a cultura local; vieram Os cupcakes que por aqui baixaram, pós-Sex and the City, são, sem sua encaixotadas e feitas para durar pouco maioria, muito secos, com excesso de açúcar e glacê, e caros. Paga-se – e fazer dinheiro rápido. A próxima por belas e criativas embalagens. Já o cosmopolitan, por ser bem difícil de tendência? Resta aguardarmos as cenas ser feito, vem na maioria das vezes enjoativo, de tão doce – mesmo com o dos próximos seriados. propósito de ser seco. Alexandre Le Voci Sayad é educador, jornalista e um Pesquisando bem é possível curtir boas receitas: o Dry (R. Pe. João Manuel, aventureiro na cozinha. o u t u b r o 2 0 1 0 | 5 4 -5 5 Respiro - Cultura de mesa.indd 55 09/11/10 02:27 Fotografia Às vezes, somente às vezes... O ofício! r espiro Respiro - Fotografia.indd 56 09/11/10 14:01 p texto e fotos Marcio “Teriya” Rebelo ara sua reflexão – a minha, faço todos os dias. Acordamos – quase todos nós – diariamente com um objetivo: o de sermos às vezes me sinto exultante em a justiça ser feita e não em a lei ser aplicada”. Aí está o verdadeiro caminho entre o “hummm” e o “aahh”... produtivos e eficientes em nosso trabalho. É um bom objetivo. É o melhor? Neste texto falo, a contragosto, de mim... MosAlguns chegam a um momento no qual este gol não é suficiente. Aliás, de tro algumas das únicas e pouquíssimas ima- vez em quando, você não se vê com aquela sensação de que tudo está gens que me permitiram, em 26 anos, unir meu bem, a família, o trabalho, as finanças, mas... Hummm... Mesmo assim, o trabalho ao meu ofício. Ao término de sua pro- peito aperta? dução, troquei o “hummm” pelo “aahh”... Na minha experiência, descobri que entre vários motivos (e percebam que Não se desesperem: realmente, pouquíssimas para cada pessoa o grau de importância é diferenciado, o que faz sentido), vezes ou até nunca conseguiremos isso. O os que mais provocam esse “hummm” são a falta do exercício puro de nosso mundo coorporativo e competitivo de hoje sim- ofício (no sentido literal da palavra) ou, pelo menos, a combinação deste com plesmente nos arrancou essa parte importante nosso trabalho e o direito ao ócio, como descreveu Paul Lafargue, genro de de nossa coragem. E assim será. Karl Marx, em seu ensaio O Direito à Preguiça. Posso falar novamente por mim: larguei tudo Em meus 26 anos de trabalho como fotógrafo dedicado à fotografia de publi- que me causava “hummm” para tentar viver cidade, poucas vezes consegui qualquer satisfazer uma sequer dessas duas a vida com o “aahh”. Não é fácil e talvez nem necessidades que geravam em mim aquele “hummm”... No discurso de Tom consiga. Poderia ser menos prolixo, mas com Hanks, em Philadelphia, quando de sua pendenga contra o escritório que o escreveu Pascal a um amigo, “Queria escrever demitiu por ter desenvolvido AIDS, ele afirma: “Às vezes, nem sempre, mas menos, mas não tive tempo.”! Marcio “Teriya” Rebelo foi fotógrafo de publicidade por 26 anos, presidente da ABRAFOTO (Associação Brasileira dos Fotógrafos de Publicidade) e membro da Comissão de Fotografia da Secretaria Estadual da Cultura. Hoje, dedicado a trabalhos mais autorais, sua obra une fotografia, cinema, música, artes plásticas e literatura. o u t u b r o 2 0 1 0 | 5 6 -5 7 Respiro - Fotografia.indd 57 09/11/10 14:01 Teatro A ação dramática e o acontecimento a texto Paulo Bueno ação dramática é um dos conceitos básicos que estudantes de pela ação dramática no teatro. Quem escreve teatro – e alguns atores – mais têm dificuldade de compreender. Ao contrário do um texto deve saber distribuir de forma que parece, não está diretamente ligada a um deslocamento físico, como seria interessante as ações e acontecimentos para lógico no nosso cotidiano, mas ao cumprimento de um objetivo. Essa ideia está que a dramaturgia se torne interessante. O associada a uma transformação psicológica ou moral de uma personagem em diretor deve ter habilidade para identificá-las cena, segundo o estudo do professor Patrice Pavis, da Université Paris VIII. e aplicá-las da forma mais atraente possível. E o ator, ao compreendê-las, consegue executar Explicando, a ação dramática tira a personagem de um estado cotidiano sua personagem de maneira que prenda a ou de repouso para iniciar o cumprimento do objetivo em cena, que marca atenção do público. um acontecimento. Nenhum ator sobe ao palco sem um objetivo na história contada. Ele pode ter importância secundária – ou de apoio –, como é Portanto, a ação dramática é fundamental para o caso dos coadjuvantes, ou ter um papel fundamental na história, o de identificarmos um bom espetáculo. Aquele que protagonista, onde suas ações são fundamentais para o cumprimento do cria o suspense antes de um acontecimento acontecimento principal da peça. trabalha com o contraste de tempo-ritmo e torna uma história, por mais simples que seja, Um texto dramático é inteiro costurado por ações, que estão associadas a interessante de se assistir. A novela, por exemplo, acontecimentos. São eles que definem o tempo-ritmo de um espetáculo teatral costuma encerrar seu episódio no meio de uma e seu interesse. Quando um espectador na plateia acha que “nada acontece ação dramática ou de um acontecimento. É isso nessa história”, pode ter certeza de que a montagem está com problemas de que desperta no telespectador a vontade de identificação da ação dramática, objetivos e acontecimentos. assistir ao próximo capítulo. Desde o autor, passando pelo diretor e pelo ator, todos são responsáveis Paulo Bueno é jornalista, ator e locutor. r espiro Respiro - Teatro.indd 58 09/11/10 18:30 Cinema O cinema maduro texto Sylvio do Amaral Rocha d avid Llewelyn Wark Griffith é um dos mais conturbados diretores de cinema da América do Norte. Nasceu em Kentucky em 1875, filho de um herói confederado, que perdeu toda a fortuna na guerra civil em defesa dos ideais sulistas. Sonhava em ser dramaturgo e, para sobreviver, alternou diversos trabalhos com o de ator e escritor. Somente uma de suas peças, Fool and a Girl, foi encenada e, por questões financeiras, aceitou atuar no filme Rescue from the Eagles Nest, da Biograph Company (uma das primeiras empresas de produção e distribuição O diretor que filmou na pequena vila de de filmes dos Estados Unidos). Hollywood se afastaria da Biograph para realizar seu filme mais importante e mais controverso. Em 1908, depois do afastamento de um dos diretores da Biograph, Griffth O Nascimento de uma Nação, de 1915, seu é chamado para realizar o primeiro dos mais de 400 filmes que dirigiu pela segundo longa metragem, prende o expectador empresa. The Adventures of Dolie marcou o nascimento do diretor que, a cada do início ao fim com cenas excitantes e trabalho, reformulava a forma de se fazer cinema no mundo. envolventes, mostrando as batalhas de uma forma nunca antes vista. O filme se passa na Em parceria com o câmera G. W. “Billy” Bitzer, aprimorou e criou formas Guerra das Confederações e é recheado com os narrativas usadas ainda hoje: a montagem paralela – quando duas ou mais ideais sulistas, evidenciando a herança paterna. ações separadas acontecem terminando em um desfecho comum –, o close up O enaltecimento da Klu Klux Klan fez com que o (a tela inteira ocupada pelo rosto do ator), as vistas panorâmicas, o uso mais filme fosse rotulado de racista e provocasse uma consciente da iluminação, o flash back e as locações externas para fugir dos grande discussão social nos Estados Unidos. cenários. Tudo com o objetivo de criar a tensão necessária para que a trama se A película revelou outra grande descoberta de desenvolvesse e prendesse o espectador à ação do filme. Griffith: o poder que o cinema tem de formar opiniões e causar mudanças sociais. foto: Reprodução A mudança na performance do ator foi outra grande contribuição de Griffith. A atuação voltada para a câmera e não para a plateia. Por isso, o diretor O lugar de Griffith estava garantido na história da escolhia atores com pouca ou nenhuma experiência em teatro, garantindo um Sétima Arte. desempenho sem os vícios do palco. Estava criado o star system: a empatia pela figura do ator, uma ferramenta para prender o público aos filmes. A importância do elenco cresceu, os cachês aumentaram e vieram os contratos milionários Sylvio do Amaral Rocha é diretor da Confraria Produções e com as produtoras. Os mitos estavam nascendo. professor de cinema. o u t u b r o 2 0 1 0 | 5 8 -5 9 Respiro - Cinema.indd 59 09/11/10 00:48 imagens: Reprodução Ar tes Visuais Impression Soleil Levant, 1873 | Óleo sobre tela - 48 x 63 cm. Coleção Museu Marmottan, Paris O nascer do sol de Claude Monet texto Izabel Rocha r espiro Respiro - Artes visuais.indd 60 09/11/10 14:03 n a Alta Normandia de 1872, na França, quando o sol começava a conjunto. A cor foi aplicada tão escassamente nascer no horizonte, era o momento em que o impressionista Claude Monet virava em algumas áreas que se deixa ver o fundo o seu cavalete para o leste e pintava os primeiros raios que iluminavam o dia. da tela; somente o reflexo da luz vermelha alaranjada se eleva pastosa sobre o quadro. Considerado por muitos como o pai do impressionismo, suas ideias levaram a dinâmica pretendida às imagens parcialmente abstratas e uniram um grupo de O caráter superficial e o livre tratamento dos pintores composto por diferentes artistas. objetos de formas diluídas, o colorido forte e claro, assim como a renúncia do claro escuro Durante a alvorada de algumas das manhãs deste ano de 72, Monet abria sua tradicional, foram o ponto de arranque da janela de hotel com vista para o Porto de Le Havre e pintava a pequena tela crítica. E Monet chamou a atenção para suas de 48 x 63 cm. Entre a névoa, pincelou com óleo a imagem do estaleiro, dos telas pequenas, suas paisagens, sua luz e sua barcos, das chaminés da cidade e do nascer do sol. Ao quadro, daria o nome de pintura ao ar livre. Ele foi essencialmente um Impression, soleil levant. pintor de paisagens, apesar de ter realizado Mais tarde, explicaria o tema: “Paisagem não é nada além de uma impressão, e uma impressão instantânea. Eu tinha enviado uma coisa feita em Le Havre pintada pela minha janela, o sol na neblina e alguns mastros de barcos apontando para cima no primeiro plano. Eles me pediram por um título para o catálogo, e, realmente, a tela não passava de uma visão de Le Havre. Então eu disse: coloque Impressão”. cenas de interior e de exterior com figuras. Suas buscas estavam sempre voltadas para a luz, a transparência da água e a atmosfera, características essas que constituem o fio condutor de seu trabalho. Pintor prolífico, ao longo de sua carreira não cessou nunca de por em prática as teorias impressionistas; suas telas marcariam não somente as pinturas de uma época, mas de toda uma geração futura. Inspirado pelo título da obra exposta em 1874 na Sociedade dos Pintores, Escultores e Gravadores, salão que mais tarde se chamaria dos Independentes, o jornalista Louis Leroy escreveu um (agora) famoso artigo no jornal Le Charivari no qual usou o termo “impressionismo”. Apesar de o crítico ter usado o termo deliberadamente, o grupo decidiu adotá-lo como nome do movimento. Izabel Rocha é historiadora de arte, professora e produtora cultural. A arte impressionista preocupa-se com a luz e a cor no exato momento da captura da imagem. Monet, sobretudo, se interessava em fornecer os efeitos da luz sobre os diferentes objetos pintados. Associadas à síntese das formas e pinceladas de toque rápido e espontâneo, a luz é sua principal referência. A novidade nesta tela consiste na concepção abstrata da paisagem, mas em cuja representação resta, no entanto, ainda algo de figurativo: algumas rápidas pinceladas bastaram para devolver à imagem do porto a atmosfera brumosa do amanhecer. Percebemos que seu objetivo não foi criar uma paisagem precisa, mas sim o registro das impressões formadas enquanto olhava para o horizonte. As cores cinza azulada e laranja surgem ao fundo, fazendo nascer das brumas o porto de Le Havre. A luz do sol saliente, que aparece no horizonte em forma de bola de fogo, se reflete na água encantando a prosaica atmosfera do porto. Os espectadores desse cenário são as silhuetas dos barcos escuros que se destacam do fundo em contraluz. No quadro, a impressão de distância espacial emana, essencialmente, da fileira diagonal de pequenos barcos, que atraem o olhar até o centro da tela. O tratamento dos objetos, reduzidos a umas quantas pinceladas, é incrivelmente livre. Claude Monet, 1901 Os detalhes parecem como que fora do lugar. Trata-se da impressão de Fotografia de Gaspar Félix Nadar o u t u b r o 2 0 1 0 | 6 0 -6 1 Respiro - Artes visuais.indd 61 09/11/10 14:03 Moda Moda que veio das ruas m texto Ana Lúcia Severo oda e música são formas de expressar arte, que andam ligadas há bastante tempo. Um exemplo desta união é o hip hop e as roupas inspiradas nesta cultura pop. No fim dos anos 1960, os subúrbios de Nova York (o Bronx, em especial) eram habitados principalmente por negros e latinos. Mais do que hoje, aquelas áreas eram verdadeiros guetos e enfrentavam inúmeros problemas de ordem social como a pobreza, a violência, o racismo, o tráfico de drogas, a carência de infraestrutura e de educação, entre outros. A rua era o único lugar que os jovens tinham como espaço de lazer – mesmo que também fosse o ambiente de gangues. E estas se confrontavam constante e violentamente pelo domínio territorial, com regras próprias impostas a seus membros e a quem estivesse de fora. Nesse cenário, nasceram diferentes manifestações artísticas, com formas próprias de se fazer música, dança, poesia e pintura – entre as quais, o hip hop. Quase 20 anos depois de seu surgimento, este ritmo musical transcendeu as festas de rua e clubes nova-iorquinos e se tornou uma força cultural mundial, influenciando inclusive a moda. Por se tratar de uma cultura essencialmente musical, o conforto das roupas foi um dos primeiros elementos em consideração. A palavra de ordem é oversize: calças baggy, camisetões, moletons, casacos e jaquetas imensas. Nos acessórios, óculos também estilo influenciado pelos gângsteres das décadas gigantes, bonés, toucas de meia e joias, muitas joias – inclusive para os homens. de 30 e 40, e pelos mafiosos – prevalece do outro Tudo em cores vivas, chamativas. lado do país, na costa leste. Chapéus de boliche, paletós com abotoamento duplo, camisas de Designers independentes vestiam a comunidade hip hop por meio de pequenas lojas seda e sapatos em couro de crocodilo são suas locais. A maioria destes jovens designers tende a ser mais antenada com a cultura máximas. Entre seus adeptos, Jay-Z (dono da hip hop por ter mais contato com a rua e, além desenhar suas criações, também as marca Rocawear) e Sean “Puff Daddy” Combs costura. E, uma vez que as peças se tornam populares, fica muito mais fácil montar a (da Sean John). Estes, aliás, levaram essa moda própria marca ou trabalhar para uma marca já consolidada no mercado. para o centro dos holofotes, juntamente com marcas como a FUBU, Ecko e G-Unit. Esta moda se tornou tão forte que hoje pode ser subdividida em duas categorias. Uma, conhecida como Gangsta Style (ou estilo gângster), predomina na costa Ana Lúcia Severo é jornalista com especialização em oeste dos Estados Unidos e suas características são as calças baggy, camisetas Marketing, Merchandising e Mídia de Moda, pela Esmod de extra-large, bandanas e tatuagens. Entre seus seguidores ou lançadores de Paris. Foi responsável pela Coluna de Moda Masculina no tendências, estão Dr. Dre, 50 Cent, Eminem e os Beastie Boys. A outra – com site Meninas da Moda e colabora com o Modalogia. r espiro Respiro - Moda.indd 62 09/11/10 02:32 ANUNCIO_CHACARA_210x275mm.indd 1 62-Competir-Anúncio Chácara.indd 40 4/13/10 2:39:01 PM 09/11/10 19:34 Sustentabilidade Planeta, pessoas e economia: o que vem primeiro? texto Hugo Penteado a discussão sobre sustentabilidade está a todo vapor, em função das economia. Na verdade, a economia depende do descobertas das ciências da Terra sobre o funcionamento dos ecossistemas e nossa planeta e das pessoas, e não o contrário. Temos só dependência e vulnerabilidade em relação a eles. Não dá mais para ignorar que um planeta para obter paz entre os povos, equilíbrio nossos corações só batem porque há um ser vivo na Terra que armazena luz do sol, e para poder compartilhá-lo com os demais que nossos pulmões se enchem de oxigênio porque há um ser vivo no oceano que ocupantes, ao invés de destruí-los, processo que produz um excedente, que a comida chega a nossos pratos através das abelhas, acabará destruindo a nós mesmos. A economia do e por aí vai. Todos os seres vivos dependem de todos os seres vivos, declaram os descarte e do desperdício ligada a uma montanha cientistas. Charles Darwin escreveu que nada diferencia o ser humano dos demais de mitos injustificáveis é também uma grande animais, mas temos a capacidade de separar as causas das consequências. barreira à sustentabilidade e, nesse modelo mental, Possuímos o nosso “exossomatismo”, que torna o impacto das populações sobre os quando há fome, dizemos que falta produção de ecossistemas muito maior. Um urso vem à Terra e vive só com seu próprio corpo, alimentos, e não que há desperdício. nós vivemos com carro, casas, celulares, hotéis, barcos: um monte de trecos. A sustentabilidade é uma mudança profunda, Todos os seres vivos mantêm uma comunhão em prol da vida; sem ela, toda interna, voltada para novas atitudes e para novos a teia desmorona e todos desaparecerão. Do ponto de vista da biologia, atores no cenário econômico, social e político. somos um. Os ecossistemas e sua biodiversidade não estão aí só para A boa notícia é que depende de muito pouco: serem transformados em atividades agrícolas ou econômicas; existem como depende da vontade de cada um de nós. E quanto reguladores químicos do solo, do ar e da água e, sem eles, a Terra seria uma mais esse grupo aumentar, mais o impacto do tocha incandescente. Toda espécie que não for capaz de compartilhar o nosso pensamento fará diferença. Lembre que ecossistema com outras espécies está fadada a desaparecer. tudo que existe à nossa volta esteve um dia na mente de alguém. Vamos começar a pensar em Os ecossistemas, se forem consumidos além dos limites que garantem a como ter um mundo limpo, com pessoas felizes sustentação de toda a vida na Terra, deixarão de funcionar. Infelizmente, o ser e em equilíbrio, sem pressões desnecessárias e humano no seu sistema de consumo e produção, que precisa ser refeito, destrói onde as relações entre nós e com o planeta sejam os ecossistemas a ponto de termos produzido a maior extinção da vida na Terra de respeito e humildade. Só assim podemos dos últimos 65 milhões de anos. E é muita ingenuidade achar que essa extinção caminhar em direção ao nosso futuro comum. jamais irá se voltar contra os causadores. O planeta é muito maior que a economia e as pessoas são muito maiores que a Hugo Penteado é ecoeconomista. r espiro Respiro - Sustentabilidade.indd 64 09/11/10 06:20 Não deixe para decidir seu futuro aos 45 minutos do segundo tempo. ESPM: MAIS DO QUE CONHECIMENTO NO MUNDO DOS NEGÓCIOS. > PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO E MARKETING DO ESPORTE Só uma escola especialista em inovação, e reconhecida pela sua prática de mercado, pode oferecer cursos como o Pós-Graduação em Administração e Marketing do Esporte, em que você aprende a identificar e aproveitar as novas oportunidades na gestão dos negócios do esporte. Você passará a fazer parte de um grupo que lidera as transformações do mundo corporativo. Não espere o final do jogo para valorizar o seu passe. Inscreva-se já. MBA EXECUTIVO > MASTER > PÓS-GRADUAÇÃO www.espm.br/candidato – [email protected] – (11) 5081-8225 Competir-Anúncio ESPM.indd 62 MBA /MASTER /PÓS-GRADUAÇÃO EDUCAÇÃO EXECUTIVA 09/11/10 19:33 As NOVAS Wilson® BLX PRO Super Six e Six agora nos principais torneios, utilizadas por Juan Martin Del Potro, Feliciano Lopez e muitos outros jogadores que usam a família de raquetes BLX PRO. anuncio_blx2b.indd 1 31/8/2010 15:41:22