relato de experiências sobre o curso de formação de professores e
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relato de experiências sobre o curso de formação de professores e
RELATO DE EXPERIÊNCIAS SOBRE O CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL FERREIRA, APARECIDA DE JESUS Diante da realidade da educação e da escola brasileira e do quadro de desigualdades raciais e sociais do Brasil já não cabe mais aos educadores e às educadoras aceitarem a diversidade étnico-cultural só como mais um desafio. A nossa responsabilidade social como cidadãs e cidadãos exige mais de nós. Ela exige de todos nós uma postura e uma tomada de posição diante dos sujeitos da educação que reconheça e valorize tanto as semelhanças quanto as diferenças como fatores imprescindíveis de qualquer projeto educativo e social que se pretenda democrático. (Nilma Lino Gomes e Petronilha Gonçalves Silva, 2002, p. 30) ININTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Este capítulo tem a intenção de oferecer um relato de experiências do projeto de extensão “FORMAÇÃO DE PROFESSORES E DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL”, que ocorreu durante o período de setembro a outubro de 2005. Originalmente o projeto de extensão teve a intenção de propiciar aos professores da rede pública, privada, professores em formação e demais interessados a possibilidade de discutir assuntos relacionados à formação de professores e diversidade étnico-racial. Esta proposição se deu pensando nos PCNs (BRASIL, 1998), nas Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental (SEED, 2005) e na Lei 10.639, de janeiro/2003 (BRASIL, 2003) que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, e na falta de preparo das/os professoras/es em lidar com esta temática. O projeto pretendeu dar embasamento teórico-prático em tal temática enfocando uma forma interdisciplinar de trabalho, bem como entender, através dos relatos dos professores, como se dá o entendimento da diversidade étnicoracial no contexto sóciocultural dos professores. Este documento tem a intenção em primeiro lugar, de descrever a metodologia. Em segundo, descrever lugar os objetivos do projeto. Algumas reflexões sobre o projeto são trazidas em terceiro lugar. Em quarto lugar ocorre a discussão dos resultados da pesquisa e finalmente algumas reflexões finais. METODOLOGIA A metodologia utilizada foi em forma de vários workshops com professoras/es, acadêmicos e demais interessados e teve a duração de 60 horas. Os encontros aconteceram sempre às quintasfeiras, com atividade em dia todo, com início às 8:00 horas e término as 17:30 horas, com intervalo para o almoço. O projeto foi desenvolvido durante o período letivo. Foram discutidos textos, bem como foi realizada análise teórico-prática de materiais e aplicação de material que enfocasse a temática. Este projeto teve a intenção de preparar professoras/es para discutirem questões teórico-práticas relacionadas à diversidade étnico-racial, bem como prepará-las/los para ensinar tal temática em sala de aula. Este projeto de extensão foi desenvolvido com professoras/es do Ensino Fundamental Médio e professores em formação, pois quis priorizar um aspecto particular, que é a formação continuada dos professoras/es e a reflexão do processo ensino-aprendizagem, currículo e questões étnico-raciais. Nos encontros foram discutidos textos que as/os professoras/es leram. Trata-se dos textos que se encontram na seção dos resultados. Houve também algumas atividades reflexivas, que foram propostas para os professores com a intenção de uma maior reflexão sobre a relação da formação de professores e diversidade étnico-racial. Informações sobre essas atividades também se encontram na seção dos resultados. OBJETIVOS Objetivo Geral: Este projeto de extensão teve como objetivo dar embasamento teórico-prático para ser incorporado no currículo escolar à discussão da diversidade étnico-racial e identidade no Ensino Fundamental e Médio. Objetivos Específicos: • Dar embasamento teórico-prático aos professores para ser incorporado no currículo escolar à discussão da diversidade étnico-racial e identidade no Ensino Fundamental e Médio. • Colaborar com o processo de formação continuada dos professores e refletir sobre como o racismo foi construído historicamente e socialmente e como o racismo pode ser desconstruído. • Possibilitar informações para a melhora do processo de ensino/aprendizagem em sala de aula a partir de reflexões sobre diversidade étnico-racial, identidade, embranquecimento, racismo, racismo institucional e anti-racismo. • Discutir os documentos oficiais tais como: Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), Lei 10639/2003, Obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana no ensino básico público e privado e a Lei 7716/1989 – Define os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor. • Refletir sobre as possibilidades de incorporar nas aulas o tema diversidade étnicoracial, racismo, identidade através de vários gêneros como por exemplo: filmes, documentários, poemas, contos, autobiografias, livros de literatura infantil e infanto-juvenil, textos de jornais e revistas, etc. ALGUMAS REFLEXÕES Desde 1998, através dos PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais, foi feita a inserção da temática Pluralidade Cultural e, conseqüentemente, assuntos como Raça e Etnia começaram a ser discutidos com mais intensidade dentro e fora do sistema escolar. As Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental do Paraná também trazem, na sua discussão o ensino/aprendizagem de línguas com enfoque para cidadania, desigualdade social e uma preocupação com a diversidade cultural (SEED 2005). Outro aspecto importante é a Lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003, que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura AfroBrasileira e Africana (BRASIL, 2003). Os conteúdos referentes à História e Cultura AfroBrasileira e Africana serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História. De acordo com Ferreira (2006), a partir dessas inclusões ficam alguns questionamentos: • • • Como as universidades que formam de professores tem discutido tais inserções? Essas inserções têm sido incluídas nas discussões pedagógicas internas dos cursos de formação? Como as escolas do Ensino Fundamental e Médio têm discutido tais inserções uma vez que estão formando cidadãos para interagir socialmente? De que forma o sistema escolar, através de seus currículos, planejamentos pedagógicos, tem se preocupado com a integração de assuntos que discutam problemas como o racismo, sexualidade, integração de pessoas com necessidades especiais, idade e assuntos de gênero? Através dos resultados de pesquisa obtidos por Ferreira (2004) foi possível perceber que muitas/os professoras/es não tinham clareza da necessidade de discussão de questões que discutam formação de identidade étnico-racial dos alunos, bem como façam reflexões sobre o processo de formação da própria identidade de professor e o quanto isto pode influenciar no processo ensino/aprendizagem (MOITA LOPES, 2003). Os resultados ainda apontam discussões sobre como professoras/es têm lidado com as questões étnico-raciais em sala de aula (FERREIRA, 2004). Desta forma, este projeto foi de extrema importância, pois possibilitou que professoras/es do Ensino Fundamental, Médio, Universitário e professores em formação discutissem questões que até então não tiveram oportunidades de discutir no município de Cascavel, considerando o projeto de extensão na Unioeste. Entendo que o espaço escolar tem que estar aberto à discussão sobre o respeito à diversidade, e principalmente em ambientes em que existem diversos grupos étnicos, que é o caso das escolas e universidades. Conforme registros na Pró-Reitoria de Extensão da Unioeste, os cursos de extensão feitos em Cascavel sobre o tema foram: • Formação de professores de línguas e diversidade étnico-racial (junho a agosto, 2005). Coordenação e docência: Aparecida de Jesus Ferreira (autora deste relato). • Formação de professores e diversidade étnico-racial (setembro e outubro, 2005). Coordenação e docência: Aparecida de Jesus Ferreira. • Reflexão sobre o ensino de língua inglesa – pluralidade cultural – raça/etnia no ensino de língua inglesa – análise de material – produção e análise do material didático produzido. (junho a agosto 2002). Coordenação e docência: Aparecida de Jesus Ferreira. Estes dados, portanto, mostram que, no município de Cascavel havia uma emergência de discussão deste tema em que a universidade estivesse presente. ALGUMS RESULTADOS Esta seção tem a intenção de primeiramente fazer uma descrição mostrando os objetivos, conteúdos e a bibliografia discutida em cada encontro. Em segundo lugar, pretende-se fazer um mapeamento do perfil dos participantes. E, em terceiro lugar, trago alguns depoimentos de professores coletados durante as oficinas. ENCONTROS, CONTEÚDOS E CARGA HORÁRIA1 O curso teve uma carga horária de 60 horas/aula, sendo 4 encontros de 10 horas/aula e mais 20 horas/aula de leituras orientadas. As leituras orientadas neste curso tiveram o objetivo de que cada participante fizesse uma reflexão escrita sobre o que estava sendo discutido no curso. Passo neste momento a descrever cada encontro com os conteúdos, as atividades reflexivas desenvolvidas e a bibliografia recomendada para cada encontro. 1º. Encontro Conteúdos • • • Discussão de terminologias: raça, etnia, identidade, racismo, discriminação, preconceito, mito da democracia racial, embranquecimento, branquidão e racismo institucional. Estudo dos PCNs. Lei 10.639/2003. Atividades Reflexivas • • • 1 Quais são suas expectativas com relação ao Curso de Formação de Professores e Diversidade Étnico-Racial Como e quando você se deu conta de que o racismo existe e faça relação com suas experiências pessoais. De que forma a questão racial /étnica permeia sua vida profissional. Houve a participação e a colaboração de dois professores, que ministraram cada um uma oficina de quatro horas. O professor José Carlos da Costa ministrou a oficina sobre “Cultura e Literatura Afro-Brasileira”, e do Prof. Dr. Nilceu Jacob Deitos sobre “Negro na História do Brasil Colônia, Império e República”. As demais oficinas foram ministradas pela professora coordenadora do projeto de extensão. Bibliografia utilizada BRASIL. Parecer No. CNE/CP 3/2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: MEC Ministério da Educação: Conselho Nacional de Educação: 2004, 17 p. MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia. Rio de Janeiro: palestra proferida no 3.o Seminário Nacional de Relações Raciais e Educação - PENESBE-RJ, 5/11/2003, p. 1-17. ROSSATO, Cesar & GESSER, Verônica. A experiência da branquidade diante de conflitos raciais: estudos de realidades brasileiras e estadunidenses. In: Eliane CAVALLEIRO (ed.) Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossa escola, São Paulo: Selo Negro, 2001, p. 11-37. SCHWARCZ, Lilia Moritiz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na intimidade, (ed.). In: Lilia Moritiz SCHWARCZ. História da vida privada no Brasil: contrastes da intimidade, 1998, p. 175-243. SOUZA, Elisabeth Fernandes. Repercussões do discurso pedagógico sobre relações raciais nos PCNs. In: Eliane Cavalleiro (ed.). Racismo e anti-racismo na educação: repensando a escola, São Paulo: Selo Negro Edições, v. 2001, p. 39-63. 2º. Encontro Conteúdos • • • • Cultura e Literatura Afro-brasileira2. Formação de Professores e Diversidade Étnico/Racial. Reflexões étnico-raciais utilizando vários gêneros: autobiografias, poemas e músicas, filmes, documentários, artigos de jornais e revistas, entrevistas e livros de literatura infantil e infanto-juvenil. Reflexões sobre Raça e Classe. Atividades Reflexivas Apoiada/o nos textos que foram sugeridos como leitura prévia para o primeiro e segundo encontros, reflita sobre as questões abaixo relacionadas: 1. De que forma a formação de professores pode contribuir para uma formação que dê suporte para o ensino voltado para a inclusão racial e étnica? 2. Como você considera que foi sua formação de professor com relação às questões étnicoraciais? O seu curso de formação de professor preparou você para trabalhar com uma comunidade diversa? Se a resposta for negativa, por que você acha que isto ocorreu? Embase teoricamente sua resposta utilizando os textos sugeridos para leitura. 2 Trabalho desenvolvido pelo Professor Especialista José Carlos da Costa. 3. Como você pode incluir a discussão da diversidade étnico-racial na sua disciplina específica? Dê exemplos. 4. O projeto político pedagógico (PPP) da sua escola contempla o tema racial e étnico? Dê um exemplo de como isso ocorre. 5. Você já trabalhou com a temática étnico-racial em sala de aula? Se a resposta for afirmativa, o que você fez? Quais recursos que utilizou? Dê exemplos (ou então sugira o que pode ser feito). Bibliografia Utilizada CARVALHO, Marília Pinto de. Quem são os meninos que fracassam na Escola? Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 121, p. 11-40. 2004. LIMA, Maria Nazaré Mota. Escola plural, a diversidade está na sala. Formação de Professoras em História e Cultura Afro-brasileira e Africana. V. 3. São Paulo: Cortez, 2005. MUNANGA, Kabengele. Políticas de ação afirmativa em benefício da população negra no Brasil: um ponto de vista em defesa de cotas. In: SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e & SILVÉRIO, Valter Roberto (ed.). Educação e ações afirmativas: entre a injustiça simbólica e econômica, Brasília: Inep/MEC, p. 117-128. 2003. SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves. Prática do racismo e formação de professores. In: DAYRELL, Juarez (ed.) Múltiplos Olhares sobre a educação e cultura. Belo Horizonte, MG: Editora UFMG, 1996, p. 168-178. SILVÉRIO, Roberto Valter. Ação afirmativa e o combate ao racismo institucional no Brasil. Cadernos de Pesquisa, v. 117, p. 219-246. 2002. 3º. Encontro Conteúdos • Discussão e análise de terminologia: ações afirmativas (cotas), identidade étnico-racial. • Análise da Constituição Federal e lei contra o racismo. • Negro na História do Brasil Colônia, Império e República3. • Discussão e análise material de ensino. Atividades Reflexivas • • 3 Por favor, contribua com um exemplo de uma experiência de racismo que tenha ocorrido com você, ou situação que tenha presenciado ou ouvido. Os exemplos podem ser dentro e fora do sistema escolar. Nos exemplos, deve ficar claro o seguinte: Onde ocorreu, quando (data), quem eram os envolvidos? Trabalho desenvolvido pelo Prof. Dr. Nilceu Jacob Deitos. • Após ter exemplificado, relacione e analise este exemplo como sendo: racismo, racismo institucional, mito da democracia racial, embranquecimento ou branquidão, embase teoricamente de acordo com os textos que você leu. Bibliografia Utilizada COSTA, Emilia Viotti da. Da Monarquia a República: momentos decisivos. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985. GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Ações afirmativas para a população negra nas universidades brasileiras. In: SANTOS, Renato Emerson Dos & LOBATO, Fátima (Ed.). Ações afirmativas: políticas públicas contra as desigualdades raciais. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2003, p. 75-82. GOMES, Nilma Lino. Educação, Identidade negra e formação de professores/as: um olhar sobre o corpo negro e o cabelo crespo. Educação e Pesquisa, v. 29, n. 1, p. 167-182. 2003. ORTIZ, Renato. Memória coletiva e sincretismo científico: as teorias raciais do século XIX. Cadernos CERU, n. 17, p. 13-35, 1982. ROSEMBERG, Flúvia; BAZILLI, Chirley & SILVA, Paulo Vinícius Baptista Da. Racismo nos livros didáticos brasileiros e seu combate: uma revisão da literatura. Educação e Pesquisa, v. 29, n. 1, p. 125-146. 2003. SILVA, Ana Célia da. (2002). A representação social do negro no livro didático: O que mudou? Disponível em: <http://www.anped.org.br/inicio.html>. Acesso em: 11 Dez. 2002. 8 p. 4º. Encontro Conteúdos • • Avaliação da experiência do uso de material de ensino voltado para uma reflexão étnicoracial em sala de aula. Reflexões sobre identidade profissional e relações étnico-racias. Atividades Reflexivas Nós estamos finalizando o curso de Formação de Professores e Diversidade Étnico-Racial. Gostaria que refletissem sobre os aspectos de identidade relacionados à: • De que forma sua identidade como professora se transformou e/ou está em transformação com a possibilidade de estar fazendo o curso de Diversidade ÉtnicoRacial? • Como e onde você acha que poderá estar utilizando os conhecimentos adquiridos no curso? • Para você implementar tais conhecimentos na escola em que trabalha e na sua disciplina/currículo, o que você acha que será necessário? Bibliografia Utilizada CAVALLEIRO, Eliane. Educação anti-racista: compromisso indispensável para um mundo melhor. In: CAVALLEIRO, Eliane (ed.) Racismo e anti-racismo na educação: repensando a escola. São Paulo: Selo Negro Edições, p. 141-160. 2001. MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa. Multiculturalismo, currículo e formação de professores. In: MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa (ed.) Currículo: políticas e práticas. Campinas, SP: Papirus Editora, 1999, p. 81-96. A avaliação que faço com relação ao curso foi extremamente positiva, principalmente porque a cada encontro mas se percebia a inquietação e o descortinamento/desconstrução das crenças das professoras/es em formação e professoras/es em exercício sobre a questão raça/etnia. As atividades reflexivas, tiveram um papel muito importante, através deste exercício as professoras/es puderam refletir sobre questões antes não pensadas. MAPEAMENTO DO PERFIL DOS PARTICIPANTES O projeto contou com a participação de 44 professores em formação e professores em exercício de várias áreas do conhecimento. Neste curso estiveram presentes professoras/es de seis municípios do Estado do Paraná (Cascavel, Catanduvas, Corbélia, Itaipulândia, Santa Teresa e Toledo). Passo neste momento a relatar as características dos participantes do curso, ou seja, com relação ao perfil cor/raça/etnia, gênero, bem como formação universitária, número de horas/aulas semanais. No momento da inscrição solicitei que os professores incluíssem seus dados com relação à sua cor/raça de acordo com os critérios do IBGE. Abaixo fiz a categorização por cor/raça/etnia em que coloquei agregados os que se identificaram como pretos e pardos na categoria afro-descendente, como podem ser observados na tabela que segue: Tabela 2: Categorização dos participantes cor/raça/etnia Critérios não informou branco afro-descendente Total Número de participantes 2 24 18 44 Porcentagem 4.5 54.5 40.9 100.0 Tabela 3: Categoriazação dos participantes cor/raça (IBGE) Critérios Número de Porcentagem participantes não informou 2 4.5 branco 24 54.5 preto 4 9.1 pardo 14 31.8 Total 44 100.0 Um outro dado que considero importante e que trago é a classificação por cor/raça/etnia e os cursos de graduação que cada participante do completou. Tabela 4: Graduações (área de atuação) e cor/raça/etnia Curso de Graduação Letras História Educação Artística Pedagogia Matemática Geografia Filosofia Educação Física Total Cor/raça/etnia não informou 1 0 Total Afro descendente branco 7 9 4 7 12 16 0 2 1 3 0 0 0 1 2 1 3 0 2 0 3 0 4 1 6 1 0 0 1 1 2 24 18 44 Dos professores que participaram, na sua maioria eles têm cursos de pós-graduação em nível de especialização. Os resultados informam que 39 professoras/es (88,6%) completaram suas especializações. Os resultados demonstram que as/os professoras/es estão procurando por atualizações. Com relação a gênero, as/os professoras/es que participaram são: Tabela 5: Área de atuação e gênero Curso de Graduação Gênero feminino masculino Letras 10 História 14 Educação 3 Artístico Pedagogia 4 Matemática 1 Total 2 2 12 16 0 3 0 0 4 1 Geografia Filosofia Educação Física Total 6 0 0 1 6 1 1 0 1 39 5 44 A faixa etária dos participantes variou de: Tabela 6: Faixa etária Número de Faixa Etária participantes 20-25 4 26-30 7 31-35 8 36-40 11 41-45 10 46 e acima 4 Total 44 Percentagem 9.1 15.9 18.2 25.0 22.7 9.1 100.0 No que se refere à experiência na docência, os resultados demonstram que: Tabela7: Experiência na docência Número de participant Porcentagem Experiência na Docência es Nenhuma (professoras/es em 3 6.8 formação) menos que 5 8 18.2 5-10 12 27.3 11-15 12 27.3 16-20 2 4.5 mais que 20 7 15.9 Total 44 100.0 A maioria dos professores que participaram do curso de “Formação de Professores e Diversidade Étnico-Racial” estão em uma ou duas escolas. Estes resultados nos revelam que as/os professoras/es, estando em um número menor de escolas, podem pensar em fazer um trabalho em conjunto com outros professores e há um nível maior de envolvimento com a escola em que estão. De certa forma houve uma melhora significativa se compararmos com um estudo feito por Ferreira (2004). Nos resultados de pesquisa de Ferreira (2004), foi possível perceber que, há quatro anos, quando os dados da pesquisa foram coletados, foi possível observar que o número de professores trabalhando em mais de 3 escolas era maior do que no momento. Embora o estudo tenha sido feito somente com professores de língua inglesa, no entanto, a partir daquele estudo é possível perceber mudanças. Ou seja, durante este período (nos últimos quatro anos) houve mais concursos e desta forma possibilitando que mais professores fossem contratados. Quero enfatizar que este relato não tem a intenção de fazer um estudo profundo sobre o contrato dos professores. É importante, no entanto, estar mostrando estes dados, pois há uma possibilidade de comparação. Tabela 8: Número de escolas em que cada professor trabalha Número de Número de Escolas participantes Porcentagem Nenhuma (professoras/es 3 6.8 em formação) 1 escolas 19 43.2 2 escolas 14 31.8 3 escolas 5 11.4 4 escolas 1 2.3 5 escolas 1 2.3 não informou 1 2.3 Total 44 100.0 Número de aulas que os participantes ministram por semana. Conforme demonstram os resultados, é um número significativo, considerando que estas aulas dadas são de permanência em sala de aula, com apenas 4 aulas para preparação por período de 20 horas. O número de horas/aulas ministradas variou de acordo com o quadro abaixo. Tabela 9: Número de horas/aulas por semana Número de participantes Porcentagem Faixa Etária Nenhuma (professoras/es em 3 6.8 formação) 20-29 4 9.1 30-39 2 4.5 40-44 24 54.5 45-47 5 11.4 47-55 1 2.3 56-61 3 6.8 não informou 2 4.5 Total 44 100.0 Os locais em que os professores ministram suas aulas variaram desde o ensino da 1ª a 4ª Séries do Ensino Fundamental (1º e 2º Ciclos), aulas no Ensino Fundamental (5ª a 8ª , 3º e 4º Ciclos), professores de exercem cargos de coordenação e função como direção e biblioteca, bem como professores que atuam no ensino universitário e graduandos. Como pode ser observado na tabela abaixo: Tabela 10: Nível escolar em que os participantes ministram suas aulas e funções que exercem Número de participantes Percentagem Nível de Atuação Professoras/es em 3 6.8 formação 1ª a 4ª série 7 15.9 Ens. Fund. e Médio 25 56.8 Coordenação ou Função 4 9.1 (direção e biblioteca) 1ª a 4ª - EF e EM, Ensino 5 11.4 Universitário Total 44 100.0 Os dados acima tiveram o objetivo de mapear quem são estas/es professoras/es para que, assim, possamos visualizar os participantes. Passo agora a descrever pequenos relatos dos professores que participaram, relatos que foram coletados durante o decorrer do curso através de questões reflexivas que os professores fizeram em conjunto com as leituras orientadas. Relatos dos participantes Neste relato dos participantes trarei as contribuições considerando os seguintes aspectos: 1. Preocupações dos professores sobre o tema. 2. Reflexões dos professores quanto à contribuição que o curso trouxe. 1. Preocupações dos professores sobre o tema As preocupações dos professores abaixo relacionadas (coletadas no 1º. dia do curso) demonstram aspectos específicos de professores que não tiveram preparo para discutir o tema em sala de aula. • Não saber como responder à reação do aluno. • Ofender um aluno sem perceber. • Insegurança quanto à forma de abordar o assunto em sala. • Influenciar negativamente a formação da identidade do aluno. • Tentar defender e acabar constrangendo o aluno. • Na tentativa de amenizar um problema, acabar piorando-o e ser mal interpretado. • Insegurança quanto à forma de abordar o assunto. • Medo de que haja conflito com os próprios professores. • Medo de não superar o senso comum. • Medo de não saber como agir diante da situação do racismo. 2. Reflexões dos professores quanto à contribuição que o curso trouxe As contribuições apontadas pelos professores foram principalmente com relação à formação profissional, prática em sala de aula e a desconstrução de estereótipos e preconceito. Contribuições com relação à formação profissional: “Este curso contribuiu muito com minha formação como professor afro-descendente. Agora me sinto mais encorajado para continuar a fazer esse trabalho nas escolas e na minha comunidade.” “Foi um momento valioso para me repensar como pessoa e profissional e sobre meus preconceitos. Também ajudou a me motivar e ter mais conhecimentos para trabalhar em sala de aula.” Contribuições com relação ao dia-a-dia em sala de aula “O curso contribuiu para o dia-a-dia em sala de aula, além dos esclarecimentos de determinadas nomenclaturas que surgiram dúvidas para o debate sobre ela. Hoje me sinto mais segura ao ter que trabalhar este tema em sala.” “Aprendi muita coisa em relação à temática, aprendi ouvindo experiências. Me preparou para discutir questões polêmicas em sala de aula.” “Maior embasamento para trabalhar em sala de aula e poder para argumentar.” Desconstrução de preconceitos “O curso me trouxe e está trazendo uma visão ampla em relação ao tema. Aprendi a observar mais a questão da discriminação em todo o âmbito escolar.” “A principal contribuição do curso foi poder perceber que as questões polêmicas, os conflitos devem ser encarados, debatidos para que possam ser superados.” “Foi muito bom, no sentido de me situar e reconhecer preconceituosa, poder me desarmar dele, desconstruir este conceito e ver a situação com olhar crítico. Tomar posição e disseminar a idéia anti-racista.” REFLEXÕES FINAIS Como foi exemplificado pelo, PCNs e também pelo Lei 10.639/2003, há uma necessidade de cursos de formação de professores que estejam preocupados com as relações étnico-raciais e inclusão social. Vários têm sido os exemplos que comprovam que as escolas e as universidades não estão sabendo lidar com situações que reflitam sobre o direito à cidadania, igualdade étnicoracial, justiça social e inclusão social (APPLE, 1999; GILLBORN, 1995; FERREIRA, 2004, GOMES, 2003; GOMES E SILVA, 2002; ROSEMBERG et al., MOITA LOPES, 2003; OLSER & STARKEY, 2000). Foi com essas reflexões que organizei o projeto de extensão, para que fosse possível propiciar aos professores em serviço e em pré-serviço uma formação que esteja preocupada em formar professores comprometidos com assuntos que observem de forma crítica, a relação entre o sistema escolar e as desigualdades raciais e étnicas e a questão de identidade (HALL, 2000; WOODWARD, 1997). Vários foram os exemplos dados pelos professores, no decorrer do projeto, que mostraram a necessidade deste projeto, bem como o quanto o projeto trouxe esclarecimento e embasamento teórico aos professores para que pudessem estar trabalhando com tal temática em sala de aula. Os acadêmicos em formação também demonstraram a importância do curso para sua formação docente. REFERÊNCIAS APPLE, Michael W. Ideology and curriculum. New York/London: Routledge, 1990. APPLE, Michael W. The absent presence of race in educational reform. Race Ethnicity and Education, v. 2, n. 1, p. 9-16, 1999. ARCHER, Louise. Race, masculinity and schooling: Muslim boys and education. London: Open University Press, 2003. BRASIL. Lei Federal n.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Ensino sobre História e Cultura AfroBrasileira. Brasília: MEC, 2003. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Área de Linguagens e Códigos e suas Tecnologias. O Conhecimento em Língua Estrangeira Moderna. Brasília: MEC/SEF, 1998a. BRASIL. 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