ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO | JULHO 2015

Transcrição

ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO | JULHO 2015
GRÊMIO GAVIÕES DA FIEL TORCIDA
www.gavioes.com.br
O Gavião
EDIÇÃO Nº 62 | ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO | JULHO 2015
O GAVIÃO | ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO | JULHO 2015
// GAVIÕES DA FIEL - 46 ANOS
EDITORIAL
IMAGENS DA NOSSA HISTÓRIA
PARABÉNS GAVIÕES DA FIEL!
Parabéns a todos os associados que desde
1969 são os verdadeiros protagonistas desta
HISTÓRIA.
Diretoria Gaviões da Fiel Torcida
Jornal
O Gavião
PRESIDENTE Rodrigo Fonseca - Diguinho | VICE PRESIDENTE Rodrigo Gonzales Tapia - Digão
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Fotos: Acervo Gaviões
Há exatos três meses
assumimos a responsabilidade
de estar a frente e administrar
uma das maiores torcidas
organizadas
do
mundo
durante o triênio de 2015 a
2018.
Estamos
fazendo
de
tudo para que as nossas
ações ocorram como o planejado e que você,
associado, continue frequentando o nosso
espaço, trazendo a sua família e colaborando
com as ações desenvolvidas na sede e nas
arquibancadas.
Não estamos trabalhando por uma gestão
e, sim, pela entidade que está completando
46 anos de existência. Flávio, Joca e todos os
fundadores deixaram um patrimônio grandioso,
e nós temos a obrigação de cuidar da nossa
torcida e prosseguir com essa história.
São muitas lutas e desafios enfrentados
diariamente e que ainda vamos encarar, um novo
momento para a história da entidade e também
com novas pessoas, mas estamos empenhados
para atingir os objetivos dessa gestão com a
contribuição de todos os associados, pois são
vocês, o elo mais importante para continuarmos
os trabalhos e mantermos os Gaviões da Fiel
ainda mais forte.
No mês do nosso aniversário, queremos
destacar que temos mais um motivo para
comemorar: alcançaremos o número de 105 mil
associados – representando mais um marco da
torcida.
ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO | JULHO 2015 | O GAVIÃO
46 ANOS - GAVIÕES DA FIEL \\
UM NOVO TEMPO PARA O FUTEBOL BRASILEIRO
As arquibancadas pedem liberdade
Fotos: Reprodução / Érika Papangelacos
O que mais se ouve, se escreve e é dito nas redes
sociais e na imprensa esportiva são as queixas sobre
esse processo de modernização do futebol no país.
Não é só o torcedor “povão” que infelizmente
está a cada dia mais distante dos estádios e que sente
o reflexo dessa nova realidade. Quem frequenta os
estádios sabe que o clima e o público não são mais
os mesmos, já no caso das torcidas organizadas, a
situação está ainda pior.
Já citamos em outras edições a questão dos
ingressos, que contribuiu assertivamente com a
mudança de público das arquibancadas, inclusive
o espaço destinado às organizadas.
A grande imprensa, ao invés de ajudar a
pressionar esse fator crítico, está definitivamente
fazendo um caminho contrário ao das torcidas apoiando os clubes, esquecendo das classes menos
favorecidas e deixando a sociedade contra nós. São
raras as pautas que trazem algo positivo a favor das
ações feitas pelas organizadas ou que tenham uma
informação imparcial, as vozes das arquibancadas
foram excluídas e a forma como esses profissionais
atuam está bem longe da nossa realidade, pois tudo
que sai hoje na mídia sobre nós está relacionada
apenas a questão da violência.
A verdadeira violência no futebol
Quando o assunto é torcida organizada, logo
fala-se em violência, vandalismo, mortes e sempre
no contexto mais perverso e pejorativo. Acabam
esquecendo ou não se importando do papel de
uma torcida organizada de fato, como no caso
dos Gaviões da Fiel, com uma história de 46 anos,
construída com muitas lutas desde sua fundação.
Nascemos, crescemos e continuamos com o
mesmo ideal de torcer, vibrar, lutar e apoiar o
Sport Club Corinthians Paulista seja onde e como
for, na vitória, na derrota e nas adversidades. Em
1969, o país vivia um momento bem complicado
- um dos períodos mais repressivos da ditadura
militar, mas nossos jovens fundadores, apesar das
dificuldades, não deixaram de reivindicar o que era
o melhor para o clube e de contribuir com as lutas
da sociedade naquela época.
Atualmente, vivemos em um Brasil democrático,
aberto para debates, discussões e participação
da sociedade, mas as dificuldades e problemas
continuam, hoje, eles são outros. No caso do futebol,
podemos citar vários acontecimentos, mas o que
mais tem afetado os amantes da bola é o simples
fato de quererem transformar a partida de futebol
e tudo que envolve a nossa paixão em um produto
caro e segmentado.
Presidente Diguinho participa da MP do Futebol
Quem ainda não percebeu que o povão já
são a minoria nos estádios, que as festas não são
mais as mesmas, que a alegria e a forma de torcer
mudaram? A nossa luta contra o futebol moderno
já começou! Primeiro com a retirada das cadeiras
do setor Norte da Arena Corinthians (até o nome
do estádio já causou discussões), lutamos pela
gratuidade dos idosos e crianças, estamos na luta
pela redução dos valores dos ingressos, pois quem
não consegue comprar pelo Fiel Torcedor ou no
setor das organizadas, vai gastar no mínimo 150
reais para ver o Corinthians jogar. Os exemplos
citados são apenas uma parcela de uma luta infinita,
que começa por nós, passa pelo clube e chega às
entidades que comandam o esporte.
No mês de maio, fomos à Brasília e participamos
da audiência pública da MP 671 do Futebol.
Levamos nossas ideias e pautas que julgamos
pertinentes para o futebol e a torcida como um todo.
Entre elas, uma cota de ingressos populares que se
enquadrem dentro da realidade do trabalhador
brasileiro.
Voltando para a violência - apesar de o “futebol
moderno” constituir a violência de várias formas,
a violência que a imprensa e alguns defensores
do fim das organizadas abordam é leviano e de
muita falta de responsabilidade, pois persistem em
afirmar que ela parte das torcidas organizadas. A
grande imprensa só sabe dizer isso, mas a violência
e os problemas em volta dela vão muito além.
É fato que os nossos jovens estão muito carentes
de educação, saúde, trabalho e em muitos casos,
crescem em meio a uma família desestruturada e
sem acesso as informações que podem contribuir
com o seu desenvolvimento. Nós, enquanto uma
entidade que abriga todo tipo de torcedor, sem
querer se importar com suas origens e status social,
conseguimos contribuir com sua formação. Por
meio da torcida, o jovem se sente inserido, tem
tratamento igual e percebe que agora faz parte de
algo importante e grandioso, ele é doutrinado a ter
suas responsabilidades, deveres e direitos. Além
disso, auxiliamos as famílias e comunidades por
meio dos projetos sociais de doação de alimentos,
sangue, agasalho, aulas de informática, entre outras
atividades que são oferecidas a todos.
Somos marginalizados desde a nossa existência
e não vai ser a pressão midiática e de alguns
opositores que vai fazer com que deixemos de
lutar e reivindicar pelos nossos direitos. Todos que
vão aos estádios gostam de ver a festa, o canto e o
ritmo que as organizadas dão para o jogo - nesses
momentos a torcida organizada é bem-vinda
até para aqueles que as olham como marginais,
bandidos e vândalos.
Iniciamos os nossos 46 anos com o mesmo
ideal da fundação, continuaremos com os nossos
carnavais, com a nossa batucada nas arquibancadas,
mas agora com o combate contra o futebol moderno
e só venceremos essa batalha se todos nós lutarmos
juntos.
Pelo Corinthians, com muito amor, até o fim!
O GAVIÃO | ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO | JULHO
//Gaviões da Fiel - 46 anos
A ESTREIA OFICIAL DOS GAVIÕES NAS ARQUIBANCADAS
O jornal “O Gavião” resgata uma relíquia histórica de nossa fundação. Há 46 anos, o primeiro jogo
dos Gaviões com seu patrimônio e a primeira matéria que retrata a existência de nossa torcida
O
fundador
Chico
Malfitani, na época um
jovem de 19 anos, estava
neste memorável jogo e nos
conta como foi participar
deste grande momento.
“Dia 1 de outubro de
1969 foi um dia de muita
alegria para mim. Era o
primeiro jogo que estávamos
no Pacaembu com nossas
camisetas brancas, nossas
bandeiras e tambores, todas
com o símbolo da Gaviões.
Muita emoção em recordar
desse dia hoje, 46 anos
depois. E a segunda alegria
daquele dia foi derrotar
os bambis mais uma vez!
Com os jovens Gaviões
vibrando e dando show nas
arquibancadas”.
Chico também relata que
o patrimônio era guardado
na casa dos diretores na
época e a maioria ainda
se reunia no bairro da
Bela Vista, em São Paulo.
“Éramos em doze na primeira reunião na casa do
meu avô, dias depois já éramos em cem, alguns
meses mais de mil e em julho de 2015 somos em
105 mil associados. Me orgulho de ter ajudado a
fundar a Gaviões e com a nossa força, a força das
arquibancadas, termos derrubado o Wadih Helu,
um presidente ditador que estava na direção do
Corinthians havia 11 anos”.
Aqueles jovens já tinham a missão de ser a
torcida que seria a percussora em fiscalizar e torcer
pelo Sport Club Corinthians Paulista.
Sobre o jogo, Malfitani relata: “Lembro que
fomos comemorar a vitória contra o time da Vila
Sônia no vestiário com os jogadores e lá falamos
com os jornalistas”.
A ARQUIBANCADA É DE TODOS NÓS
por Mauro Cezar Pereira
As torcidas organizadas são importantes no universo
do futebol. Não só por serem os grupos de aficionados
que seguem o time sempre, em todas as partes, mesmo
nas fases difíceis, como pela participação que podem
ter. Como outras nascidas nos anos 1960 e 1970, a
Gaviões da Fiel tem na sua origem a proposta de
atuar e participar da vida política do Corinthians. Um
movimento que surgiu no pior momento da história do
clube, que não ganhava títulos e decepcionava sua gente.
Ninguém aqui é ingênuo para ignorar o aspecto
negativo das organizadas. A participação de integrantes
das mais diversas torcidas em brigas, em ações de
violência, provocou em parte significativa da opinião
pública uma imagem negativa. E na imprensa também,
por mais contraditória que seja a mídia ao rotular as
torcidas. E que apesar disso exibe seus espetáculos nas
arquibancadas, hoje mais restritos devido à onda de
proibições, como a de bandeiras com mastros em São
Paulo.
Isso mesmo. Equivocadamente, generalizam as
organizadas se pautando pelo lado negativo, mas
também mostram as belas imagens que proporcionam.
Fica evidente que nem tudo é ruim nesse universo como
propagam alguns. Mudar é preciso, melhorar a imagem
diante da população é necessário, mas defender o fim das
torcidas é como tentar proibir o cidadão de se reunir a
outros que, como ele, amam e seguem um time de futebol.
Na prática nem possível isso é.
O amadurecimento do movimento de torcedores
organizados se faz urgente. As rivalidades à flor da pele
inviabilizam, por exemplo, que elas se unam na luta
pelo objetivo comum, como o combate à elitização dos
estádios. Ingressos caros e preços proibitivos para a
maioria da população se tornaram rotineiros. Um jogo
em Itaquera para 25 mil presentes significa mais de 20
mil lugares vazios. Mais de 20 mil corintianos barrados
pelo bolso, distantes de sua paixão.
Mesmo que os estádios brasileiros tivessem 100%
de ocupação, essa política, que não é exclusiva do
Corinthians; seria questionável. Ela é excludente e
impede que milhões sonhem em conhecer a casa de
seu clube de coração. Preferem cadeiras vazias a esse
torcedor nela sentado pagando o que pode. Fica evidente
que os preços são distantes da realidade da massacrante
maioria, e que a divisão de setores populares, médios,
caros e muito caros é mal feita.
A batalha contra a elitização dos estádios é da
Gaviões da Fiel. E de alguns rivais também. Lutar,
pacífica e democraticamente, para que o futebol volte a
ser do povo é uma das missões da torcida organizada.
Como é papel dela, e de todos nós que amamos a cultura
da arquibancada, combater o avanço do chamado
“futebol moderno”. Querem estádios sem bandeiras,
sem instrumentos, sem festa, sem vibração. Aos poucos,
asfixiam nosso esporte.
O grito que empurra o time não pode calar. Que a
festa e a paixão pelo clube seja o sinal mais forte, com
os confrontos desaparecendo das páginas policiais.
Que o espaço do torcedor seja diversificado, os vips nos
lugares vips, e o povo onde gosta. Pode ser ali mesmo, de
pé, cantando, saltando, vibrando atrás do gol. Agitando
uma bandeira, em meio aos seus, no habitat natural de
quem ama um clube e não abre mão de segui-lo. Pois a
arquibancada é de todos nós.
- Mauro Cezar Pereira é jornalista esportivo. Atua como
comentarista esportivo da ESPN Brasil