Características físico-químicas e antioxidantes de
Transcrição
Características físico-químicas e antioxidantes de
Características físico-químicas e antioxidantes de cultivares de morangueiro no Vale do Jequitinhonha 1 2 3 Amanda Gonçalves Guimarães , Gilmar Vieira , Ângela Giovana Batista , Nísia Andrade Villela Dessimoni Pinto4 e Daniel José Silva Viana1 Engenheira Agrônoma - UFVJM, Mestre em Produção Vegetal - UEVJM/UFLA, Doutoranda em Genética e Melhoramento de Plantas UENF - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. Rodovia MGT 367, Km 583, nº 5000, Alto da Jacuba, Campus JK, Diamantina-MG, CEP 39.100-000, E-mail: [email protected], [email protected] 2Engenheiro Agrícola, Professor Doutor da UFVJM, E-mail: [email protected] 3Nutricionista UFVJM. E-mail: [email protected] 4 Bióloga, UFVJM. E-mail: [email protected] Resumo - Em virtude da dificuldade de escolha de cultivares de morangueiro na região de Datas, Minas Gerais, o estudo sobre análise pós-colheita se torna importante permitindo determinar a qualidade nutricional do morango aos consumidores. Objetivou-se avaliar as características físico-químicas e antioxidantes do morango in natura em seis cultivares na cidade Datas-MG, no Vale do Jequitinhonha. As cultivares testadas foram: Oso Grande, Festival, Albion, Camarosa, Ventana, Palomar. As análises pós-colheita realizadas foram: diâmetros longitudinal e transversal dos frutos, umidade, pH, sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT), relação SS/AT, fibra, pectina total e solúvel, açúcares totais, redutores, flavonóide, compostos fenólicos, carotenóides e antocianinas. A cultivar Oso Grande apresentou em média melhores valores nas análises sólidos solúveis, açúcares, relação sólidos solúveis/acidez titulável, pectina solúvel, além de ter teores antioxidantes consideráveis em relação as outras cultivares. Palavras-chave: Fragaria x ananassa, pós-colheita, qualidade, caracterização. Physico-chemical and antioxidants characteristics of strawberry cultivars in Jequitinhonha Valley Abstract - Because of the difficulty of choosing culivares of strawberry in the region of Datas, Minas Gerais, Brazil, the study on post harvest analysis becomes important, enabling to determining of quality nutritional of the strawberry to consumers. The objective was to evaluate the physico-chemistry and antioxidants of strawberry cultivars in natura on six cultivars in city of Datas-MG. The cultivars were: Oso Grande Festival, Albion, Camarosa, Ventana, Palomar. The postharvest analyzes were performed: longitudinal and transverse diameters of fruits, humidity, pH, soluble solids (SS), titratable acidity (TA), SS/TA ratio, fiber, pectin and total soluble sugars, reducing sugars, flavonoids, phenolic compounds, carotenoids and anthocyanins. Cultivar Oso Grande showed on average the best values in the analyzes soluble solids, sugars, soluble solids / titratable acidity, soluble pectin, and has considerable antioxidant levels compared to other cultivars. Keywords: Fragaria x ananassa, postharvest, quality, characterization. Introdução A cultura do morangueiro (Fragaria ananassa Duch.) é apreciada em muitos países por apresentar características sensoriais atrativas e nutricionais bem definidas, sendo assim muito valorizados na comercialização (Gimenez et al., 2008). O sabor e as propriedades nutricionais são características do fruto que vêm sendo incrementadas e ganhando importância, tanto nos programas de melhoramento, quanto nos sistemas produtivos (Brackmann et al., 2011). O morango faz parte de uma dieta equilibrada e balanceada, pois são importantes fontes de vitaminas e minerais, nutrientes indispensáveis para uma vida saudável (Franco, 2002). Em relação às características nutricionais, é considerado um fruto de baixo conteúdo calórico, por -1 possuir baixos teores de lipídeos (0,6 g.100g ), carboidratos -1 -1 (7,4 g.100g ) e proteinas (1,0 g.100g ), podendo ser consumido por indivíduos que necessitem de dietas com restrições calóricas (Françoso et al., 2008). A difusão pelas propriedades antioxidantes dos morangos vem aumentando o número de consumidores interessados em adquirir, consumir e saber mais a respeito de suas qualidades (Nickel et al., 2004). São vários benefícios à saúde humana, como o poder anti-inflamatória, efeito anticarcinogênico e antineurodegenerativo, redução do colesterol, entre outros (Degáspari & Waszczynskyj, 2004). Dentre os mais conhecidos desta ação são: β-caroteno, vitamina C e vitamina E, carotenoides e compostos fenólicos (engloba antocianina e flavonoides) (Atkinson et al., 2006). O acúmulo destas podem variar dependendo da cultivar, do grau de maturação dos frutos, deficiências nutricionais, danos, defesa contra herbívoros ou fungos patogênicos, além da temperatura e exposição à radiação ultravioleta (Anttonen et al., 2006). Na cidade de Datas (região do Alto Vale do Jequitinhonha Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.35-40, jun. 2013 35 em Minas Gerais), o cultivo do morangueiro deu inicio no ano de 2005 (EMATER, 2012) e vem ganhando espaço devido às condições climáticas e ambientais favoráveis, semelhantes às encontradas nas principais regiões produtoras de morango, sendo o clima tropical ameno, de altitude elevada, entre 1000 a 1300 metros (Conti et al., 2002). O objetivo deste estudo é avaliar as características físicoquímicas, químicas e antioxidantes de seis cultivares de morangueiro no Município de Datas-MG. Material e Métodos Os morangos utilizados foram provenientes da safra 2010 e 2011 da Fazenda Mape Frutas, localizada no Município de Datas-MG, situada a latitude 18º 26´45”, longitude 43º 39´21” e atitude 1.231 m. As cultivares de morangueiro utilizadas foram: Oso Grande, Festival, Albion, Camarosa, Ventana e Palomar. Foram colhidos frutos entre os estágios de 50 a 75% maduros e levados para o Laboratório de Tecnologia Biomassa do Cerrado da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri em Diamantina-MG para realizar as análises. Foram retirados os pecíolos e sépalas dos frutos, higienizados por imersão em hipoclorito de sódio a 200 ppm durante 1 minuto, posteriormente lavados em água destilada. Análises físico-químicas: - Umidade: determinada por secagem em estufa a 105C, até peso constante Aoac (2000). Os resultados foram expressos em % base úmida. - Diâmetro longitudinal e transversal: utilizou-se paquímetro digital (Digital Caliper 0-15 cm) e analisados 30 frutos de cada cultivar. Os resultados expressos em milímetros (mm). - pH: foi obtido com auxílio de um peagâmetro digital (PH/ION METER 450) ondes eletrodos foram mergulhados na polpa de morango de cada repetição (Ial, 2008). - sólidos solúveis: foi determinado por leitura em refratômetro de bancada portátil (QUÍMIS ISSO-9002), escala 0-32 ºBrix e os resultados expressos em ºBrix (Ial, 2008). - acidez titulável: determinada por titulação (Ial, 2008). Os resultados foram expressos em g ácido cítrico/100 g de morango. Análises químicas: - Fibras: extraídas por hidrólise ácida e determinadas segundo Von de Kamer &Van Ginkel (1952) segundo Aoac (2005). - Pectina solúvel: extração segundo a técnica de Mac cready & Mac Comb (1952) e a determinação calorimétrica segundo a técnica de Bitter & Muir (1962). Os resultados foram expressos em mg de ácido galacturônico/100 g de polpa. - Açúcares redutores totais: foi extraído pelo método de Somogyi (Nelson, 1994). Os resultados foram expressos em g/100g de polpa. 36 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.35-40, jun. 2013 Análises antioxidantes: - Carotenoides: utilizou-se solução extratora de álcool isopropílico:hexano (3:1), de acordo com a AOAC (2000). Os resultados foram expressos em µg de β-caroteno g-1. - Vitamina C: determinado por método colorimétrico baseado na redução do 2,6-diclorofenolindofenol-sódico (DFI), padronizado com ácido ascórbico (AOAC, 2000). Os resultados foram expressos em mg ác. ascórbico/100g morango. - Compostos Fenólicos: extração segundo Goldstein e Swain (1963) em metanol 80% e doseados pelo método de Folin-Denis, utilizando-se a curva analítica de ácido tânico (Folin & Denis, 1912). Os resultados foram expressos em mg ácido tânico/100g de morango. - Antocianinas: foi realizada pelo método pH diferencial descrito por LEE et al. (2005) em 2 pHs distintos: pH 1.0 -1 (tampão cloreto 0,025 mol.L ) e pH 4.5 (tampão acetato 0,4 -1 mol.L ). Os resultados foram expressos em cianidina-3glicosídeo mg.L-1. - Flavanoides: mesmo extrato dos fenólicos, com a curva analítica de pirocatequina (ZHISHEN et al., 1999). Os resultados expressos em mg pirocatequina /100 g de morango. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com seis variedades e três repetições. Realizou-se a análise de variância, e quando foi identificado diferença significativa pelo teste F, as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade. Nas análises foi utilizado o software Sisvar (Ferreira, 2003). Resultados e Discussão Nas análises físico-químicas, a umidade, diâmetro longitudinal, pH e acidez titulável não foi observada diferenças significativas pelo teste F entre as cultivares, já para o diâmetro transversal, sólidos solúveis e relação SS/AT esta diferença foi observada (Tabela 1). O teor de umidade, entre as cultivares, teve média de 92,7% de base úmida. Pinto (2008) encontrou valores teores de umidade próximos aos encontrados neste trabalho para a cultivar Oso Grande (90,6%) e Camarosa (91,0%). Cordenunsi et al. (2002) também obtiveram valores semelhantes ao presente estudo para a cultivar Oso Grande (90,5%) na região de Atibaia-SP. O tamanho grande dos frutos é valorizado pelo mercado consumidor in natura resultando (Conti et al., 2002). Como não teve diferença estatisticamente entre as cultivares o diâmetro longitudinal teve em média 30,70 mm, não beneficiando nenhuma cultivar. O diâmetro transversal do morango existe uma classificação, que segundo o Mercosul/Gmc/Res 85/96 (1996), a classe 1 é maior que 25 mm e a classe 2 entre 10 a 25 mm. No presente estudo todas as cultivares foram classificadas para a classe 1, com média de 27,50 m, sendo as cultivares Palomar (28,90 mm), Camarosa (28,50 mm) foram as de maiores valores não diferindo da Festival (28,00 mm). Tabela 1. Valores médios de umidade, diâmetro longitudinal e transversal, pH, sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT) e relação SS/AT dos frutos de morango das diferentes cultivares, safra 2010/11. Cultivares Oso Grande Festival Ventana Palomar Albion Camarosa Média CV (%) Teor umidade (% base úmida) 92,29 93,77 91,50 94,68 92,67 91,29 92,70 1,80 Diâmetro longitudinal (mm) 29,90 31,60 31,10 31,00 30,60 30,10 30,70 2,25 Diâmetro transversal (mm) 27,00 bc 28,00 ab 26,40 c 28,90 a 26,30 c 28,50 a 27,5 1,60 pH SS AT SS/AT 3,23 3,50 3,34 3,43 3,49 3,49 3,39 3,52 6,17 a 5,00 c 5,83 ab 4,92 c 5,17 c 5,67 b 5,46 3,02 0,65 0,69 0,67 0,89 0,81 0,73 0,74 14,36 9,49 a 7,24 ab 8,70 ab 5,53 b 6,38 ab 7,76 ab 7,63 19,21 Médias seguidas de mesmas letras, nas colunas, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. (% base úmida), SS - sólidos solúveis (°Brix), AT - acidez titulável (g a.cítrico/100 g de morango). 1 O pH fornece a quantidade de íons H+ presentes na amostra, e ter o poder de tamponar a solução (Vilas Boas, 1999). O pH teve valor médio entre as cultivares com 3,39. Este valor é inferior ao encontrados por Conti et al. (2002), que foi de 3,77 e superior aos trabalhos de Fumis et al. (2003) com 3,04 para diferentes cultivares. O teor de sólidos solúveis indicam a quantidade de açúcares existentes na fruta, considerando que outros compostos, em menores proporções tais como ácidos, vitaminas, aminoácidos e pectinas também podem estar presentes (Kluge et al., 2002). A cultivar Oso Grande (6,17°Brix) foi de maior valor não diferindo da Ventana (5,83°Brix). Fumis et al. (2003) na região de Bauru-SP encontraram valores maiores para a cultivar Camarosa (7,50°Brix), e semelhante para a Oso Grande (6,30 °Brix). A acidez tituável indica a quantidade de ácidos orgânicos presentes na amostra (Vilas Boas, 1999), importante para as características sensoriais, às propriedades de geleificação da pectina e a síntese de pigmentos, além de atuar no controle do pH celular (Cordenunsi et al., 2002). Os valores obtidos no presente trabalho teve valor médio de 0,74 g de ácido cítrico/100g de polpa. Mangarim et al. (2006) observaram valor superior da acidez titulável em frutos de morangos da cultivar Camarosa de 0,92 g de ácido cítrico/100g de polpa. A acidez elevada pode depreciar a fruta, principalmente quando não está balanceada com um alto teor de sólidos solúveis (Chitarra & Chitarra, 2005). A razão entre sólidos solúveis e acidez é considerada um índice de qualidade, um equilíbrio entre o doce e o ácido, conferindo sabor mais agradável, tornando-as mais atrativas (Cordenunsi et al., 2002), sendo a cultivar Oso Grande obteve maior valor (9,49). Resende et al. (2008) encontraram valores superiores para a cultivar Oso Grande (12,00). Quando esta razão é muito baixa, o produto é insípido e perde qualidade (Aked, 2002). Para as análises químicas foram observadas diferenças significativas pelo teste F entre as cultivares de morangueiro (Tabela 2). A pectina solúvel é um polissacarídeo resultado da hidrólise parcial da protopectina insolúvel constituinte da parede celular, sendo responsável pelas mudanças de textura dos frutos e hortaliças (Françoso et al., 2008). O teor de pectina solúvel a Palomar junto com a Camarosa teve maiores valores com 310,00 mg a. galacturônico/100g polpa indicando que são menos firmes em relação as outras, o que podem dificultar no tempo de conservação pós-colheita. Este amolecimento pode ser proveniente da ocorrência de transformações durante o amadurecimento que liberou cálcio e a solubilizou a protopectina das paredes celulares, por ação enzimática (Chitarra & Chitarra, 2005). Françoso et al. (2008) encontraram valores do teor de pectina total e solúvel superiores ao obtidos nesta pesquisa, na cultivar Sweet Charles (0,642 mg a. galacturônico/100g polpa). Os açúcares estão entre os principais componentes solúveis dos morangos e atuam como fontes de energia para transformações metabólicas (Chitarra & Chitarra, 2005). As Tabela 2. Valores médios de pectina solúvel, açúcares redutores totais e fibra nas amostras dos frutos de morangos de seis cultivares, safra 2010/11. Cultivares Oso Grande Festival Ventana Palomar Albion Camarosa Média CV (%) Pectina Solúvel1 180,00 d 260,00 c 260,00 bc 310,00 a 290,00ab 310,00 a 28,00 3,90 Açúcares Redutores2 1,91 a 1,26 b 1,20 b 1,95 a 0,89 b 1,81 a 1,50 10,30 Fibra (%) 0,82 bc 1,34 ab 1,19 abc 0,65 c 1,76 a 1,12 bc 1,15 19,44 Médias seguidas de mesmas letras, nas colunas, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 1(mg a. galacturônico/100g polpa); 2(g/100g de amostra) Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.35-40, jun. 2013 37 cultivares Oso Grande, Palomar e Camarosa foram as que tiveram maiores teores de açúcares totais e redutores. Camargo (2008) encontrou teores superiores ao presente estudo na região de Guarapuava-PR para a cultivar Oso Grande (5,00 g/100g de amostra). A percentagem de fibra teve destaque para a cultivar Albion com 1,76% de fibra total e a cultivar Palomar com menor teor de fibra total com 0,65%. Valores próximos, aos verificados nesta pesquisa, também foram encontrados por Mendez et al. (1995) em amostras dos frutos de morangos da cultivar Albion que foi na faixa de1,82% de fibra total. Para as análises antioxidantes foram observadas diferenças significativas pelo teste F entre as cultivares de morangueiro (Tabela 3). Tabela 3. Valores médios de carotenoides, vitamina C, compostos fenólicos, flavonoides e antocianinas nas amostras dos frutos de morangos de seis cultivares, safra 2010/11. Cultivares Carotenoides Vitamina C Fenólicos Flavanóides Antocianina (mg pirocatequina/ 100g) (mg de cianidina-3glicosídeo/100g) (µg de β-caroteno/g) (mg ác. ascórbico/ 100g morango) Oso Grande Festival Ventana Palomar Albion Camarosa 0,33 b 0,13 c 0,92 a 0,36 b 0,10 c 0,03 c 60,74 c 76,59 a 58,98 c 60,74 c 67,79 b 76,59 a 876,10 b 1.112,31 ab 938,84 b 1.115,17 ab 1.759,92 a 1.430,36 ab 23,82 a 13,46 c 12,86 c 17,02 b 10,74 d 16,93 b 12,73 a 5,77 d 4,81 e 6,51 c 3,25 f 9,46 b Média CV (%) 0,31 13,17 66,91 3,08 1.205,45 19,72 15,81 1,65 7,09 2,04 (mg ac. tânico/100g) Médias seguidas de mesmas letras, nas colunas, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade. Os carotenoides tem a função de promover a atividade da provitamina A e estão associados à proteção de doenças crônicas e cancerígenas (Souza et al., 2004). A cultivar Ventana que obteve maior teor de carotenóides totais com 0,92 µg de β -caroteno/g. Souza et al. (2004) encontraram em Viçosa 0,21 de β-caroteno µg/g. Não se conhece a concentração normalmente ingerida na dieta humana, mas acredita-se que altas dosagens a pele pode ficar laranjadaamarelada, mas não há toxicidade (Amaya-Farfa et al., 2001). A vitamina C desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e regeneração dos músculos, pele, dentes e ossos, na formação do colágeno e na regulação da temperatura corporal (Andrade et al., 2002). A Quantidade Dietética Recomentada - RDA para mulheres acima de 75 mg/dia e para homens 90 mg/dia de vitamina C pode levar distúrbios gastrintestinais, a arteriosclerose e perda nos rins (Amaya-Farfa et al., 2001). Somente as cultivares Camarosa e Festival, ambas com 76,59 mg ácido ascórbico/100 g, estariam acima do permitido para as mulheres. PINTO (2008) encontrou valores superiores para Oso Grande (65 mg/100g), e valores menores para Camarosa (65 mg/100g). Os compostos fenólicos estão relacionados com a atividade antimicrobiana de frutas vermelhas frente às bactérias patogênicas do trato digestivo (Puupponen-Pimiä et al., 2005). É considerado nocivo à saúde é acima 1% (Corrêa et al., 2000). No presente estudo somente as cultivares Ventana (938,84 mg ac. tânico/100g) e Oso 38 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.35-40, jun. 2013 Grande (876,10 mg ac. tânico/100g) estariam dentro dos limites permitidos. Pinto (2008) encontrou valores menores de fenólicos para cultivar Oso Grande (230mg ác. gálico/100g). Cordenunsi et al. (2002) também observaram para a mesma cultivar na região de Atibaia-SP valores de 249,8 mg/100g. Os flavonoides tem efeito de proteção de raios UV-B para as plantas (Yuan et al., 2000), são capazes de inibir a oxidação de lipoproteínas de baixa densidade – LDL (Degáspari & Waszczynskyj, 2004). A cultivar Oso Grande se destacou com 23,82 mg pirocatequina/100g de flavonoides. Pinto (2008), ao avaliar amostras de frutos da cultivar Oso Grande obteve valor superior de flavonoides (27,1 mg/100g). Pouco é conhecido sobre a absorção, biodisponibilidade e metabolismo dos flavonoides na concentração normalmente ingerida na dieta humana, mas acredita-se que eles não apresentam toxicidade (Yunes & Calixto, 2001). Os pigmentos antocianos são preconizados como preventivos de caráter degenerativo da macular, sistema nervoso, e são responsáveis pela coloração dos frutos (Ramos et al., 2000). A cultivar Oso Grande foi a que obteve maior valor com 12,73mg de cianidina-3-glicosídeo/100g e a de menor valor a Albion (3,25mg de cianidina-3glicosídeo/100g). Cordenunsi et al. (2002) obtiveram valor superior para Oso Grande (42,2 mg/100g). Pinto (2008) também encontrou valores para a mesma cultivar com 13,8 mg/100g. Não se conhece a concentração normalmente ingerida na dieta humana (Yunes & Calixto, 2001). Conclusões A cultivar Oso Grande apresentou em média os melhores valores nas análises sólidos solúveis, açúcares, relação sólidos solúveis/acidez titulável, pectina solúvel, além de ter teores antioxidantes consideráveis em relação as outras cultivares. Agradecimento Os autores agradecem a fazenda Mape Fruta pela concessão dos frutos de morango e pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo financiamento de bolsa de iniciação científica do primeiro autor. de armazenamento. Revista Ceres, Viçosa, MG, v.58, n.5, p.542-547, 2011. BITTER, V.; MUIR, H.M.A. A modified uronic acid carbazole reaction. Analytical Biochemistry, New York, v.4, p.330-334, 1962. CAMARGO, L.K.P. Produtividade, caracterização físicoquímica e análise sensorial de frutos de morangueiro obtidos de diferentes sistemas de cultivo. Guarapuava: UNICENTRO, 2008. 69p. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava. 2008. Referências CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutas e hortaliças: Fisiologia e Manuseio. 2 ed. ver. e ampl. Lavras: UFLA, 2005. 785 p. AKED, J. “Maintaining the postharvest quality of fresh fruits and vegetables”. In: Fruit and vegetable processing: Improving quality, JONGEN, W. (ed). CRC Press, Boca Raton. 388p. 2002. CONTI, J.H.; MINAMI, K.; TAVARES, F.C.A. Produção e qualidade de frutos de morango em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. Horticultura Brasileira, v.20, n.1, p.10-17, mar. 2002. AMAYA-FARFAN, J.; DOMENE, S.M.A.; PADOVANI, S.R.M. DRI: síntese comentada das novas propostas sobre recomendações nutricionais para antioxidantes. Revista Nutrição, Campinas, v.14, n.1, p.71-78, jan./abr. 2001. CORDENUNSI, B.R.; NASCIMENTO, J.R.O.; GENOVESE, M.I.; LAJOLO, F.M. Influence of cultivar on quality parameters and chemical composition of strawberry fruits grown in Brazil. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Los Angeles, v.50, n.9, p.2581-2586, 2002. ANDRADE, R.S.G. de; DINIZ, M.C.T.; NEVES, E.A.; NÓBREGA, J.A. Determinação e distribuição de ácido ascórbico em três frutos tropicais. Eclética Química, São Paulo, v.27, n. especial, 2002. ANTTONEN, M.J.; HOPPULA, K.I.; NESTBY, R.; VERHEUL, M.J.; KARJALAINEN, R.O. Influence of fertilization, mulch color, early forcing, fruit order, planting date, shading, growing environment, and genotype on the contents of selected phenolics in strawberry (Fragaria x ananassa Duch.) fruits. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Los Angeles, v.54, n.7, p.2614-2620, 2006. AOAC - Association of Official Analytical Chemists. Ofiicial Methods of Analysis of Association of Official Analytical Chemists. 17 ed. Arlington, 2000. ATKINSON, C.J.; DODDS, P.A.A.; FORD, Y.Y.; LE MIÈRE, J.; TAYLOR, J.M.; BLAKE, P.S.; PAUL, N. Effects of cultivar, fruit number and reflected photosynthetically active radiation on Fragaria x ananassa productivity and fruit ellagic acid and ascorbic acid concentrations. Annals of Botany, Londres, v.97, n.3, p.429-441, 2006. BRACKMANN, A.; PAVANELLO, E.P.; BOTH, V.; JANISCH, D.I.; SCHMITT, O.J.; GIMÉNEZ, G. Avaliação de genótipos de morangueiro quanto à qualidade e potencial CORRÊA, A.D.; ABREU, C.M.P. de; SANTOS, C.D.; RIBEIRO, L.J. Determinação de alguns constituintes químicos de interesse nutricional da fruta-de-lobo (Solanum lycocarpum St.Hil.). Ciências agrotécnicas, Lavras, v.24, n.1, p.130-135, 2000. DEGÁSPARI, C.H.; WASZCZYNSKYJ, N. Propriedades antioxidantes de compostos fenólicos. Visão Acadêmica, Curitiba, v. 5, n.1, jan./jun. 2004 EMATER. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Estado de Minas Gerais. Emater-MG: incentiva agregação de valor na produção de morango. Disponível em:<http://www.emater.mg.gov.br/portal.cgi?flagweb= site_tpl_paginas_internas&id=1363 text/html>. Acesso em: 08 out. 2012. FERREIRA, D.F. Sistema para análise de variância para dados balanceados - SISVAR. Versão 4. 6 (build 61) Software. Lavras: Dex/UFLA, 2003. FOLIN, O.; DENIS, W. On phosphotungsticphosphomolvbdic compounds as color reagents. Journal of Biological Chemistry, Boston, 12, 239-43, 1912. FRANCO, G.V. de. Tabelas de composição química dos alimentos. São Paulo: Atheneu, 2002. 303p. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.35-40, jun. 2013 39 FRANÇOSO, I.L.T.; COUTO, M.A.L.; CANNIATTIBRAZACA, S.G.; ARTHUR, V. Alterações físico-químicas em morangos (Fragaria ananassa Duch.) irradiados e armazenados. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.28, n. 3, p.614-619, set. 2008. FUMIS, T. de F.; SAMPAIO, A.C.; PALLAMIN, M.L.; OLIVEIRA, O.M. de. Avaliação tecnológica de nove cultivares de morango na região de Bauru-SP. Horticultura Brasileira, Brasília, v.21, n.2, jul. 2003. GIMENEZ, G.; ANDRIOLO, J.; GODOI, R. Cultivo sem solo do morangueiro. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, p. 273-279, 2008. GOLDSTEIN, J.L.; SWAIN, T. Changes in tannins in ripening fruits. Phytochemistry, Oxford, v.2, p.371-383, 1963. IAL - Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para Análise de Alimentos. 4ª ed., 1ª Ed. Digital, São Paulo, 2008. KLUGE, R.A. et al. Fisiologia e manejo pós-colheita de frutas de clima temperado. 2 ed. Campinas Livraria e Editora Rural, 2002. 214p. LEE, J.; DURST, R.W.; WROLSTAD, R.E. Determination of total monomeric anthocyanin pigment content of fruit juices, beverages, natural colorants, and wines by the pH differential method: collaborative study. Journal of AOAC International, New York, v.88, n.5, p.1269-1278, 2005. MAC CREADY, R.M.; MAC COMB, E.A. Pectic constituents in ripe and unripe fruite. Food Research, Oxford, v. 19, n.5, p. 530-533, Sept./Oct., 1952. M A N G A R I M , M . B . ; C A N T I L L I A N O , R . F. F. ; COUTINHO, E.F. Sistemas e condições de colheita e armazenamento na qualidade de morangos cv. Camarosa. Revista Brasileira de Fruticultura, Jabuticabal – SP, v.28, n.2, p.185-189, ago. 2006. MENDEZ, M.H.M.; DERIVI, S.C.N.; RODRIGUES, M.C.R.; FERNANDES, M.L. Tabela de composição de alimentos: amiláceos, cereais e derivados, frutas, hortaliças, leguminosas, nozes e oleaginosas. Niterói: EDUFF, 1995. 41p. NICKEL, O.; HOFFMANN, A. ANTUNES, L.E. Pequenas frutas, grandes perspectivas. Cultivar, Pelotas, n.25, p.2123, 2004. PINTO, M. da S. Compostos bioativos de cultivares brasileiras de morango (Fragaria x ananassa Duch): Caracterização e estudo da biodisponibilidade dos derivados de ácido elágico. 2008. 138p. Tese doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. PUUPPONEN-PIMIÄ, R.; NOHYNEK, ALAKOMI, H.; OKSMANCALDENTEY, K. The action of berry phenolics against human intestinal pathogens. Biofactors, Amsterdam, v.23, n.4, p.243-251, 2005. RAMOS, L.A.; LUPETTI, K.O.; CAVALHEIRO, E.T.G.; FATIBELLO-FILHO, O. Utilização do extrato bruto de frutos de Solanum Nigrum L no ensino de química. Eclética Química, São Carlos, v.25, p.229-240, 2000. R E S E N D E , J . T. V. d e ; C A M A R G O , L . K . P. ; ARGANDONA, E.J.S.; MARCHESE. A.; CAMARGO, C.K. Sensory analysis and chemical characterization of strawberry fruits. Horticultura Brasileira, v.26, n.3, p.371374, 2008. SOUZA, L.S.; MOREIRA, A.P.B.; PINHEIROSANT'ANA, H.M.; ALENCAR, E.R. Conteúdo de carotenos e provitamina A em frutas comercializadas em Viçosa, Estado Minas Gerais. Acta Scientiarum Agronomy, v. 26, n.4, p. 453-459, 2004. VILAS BOAS, E.V. de B. Técnicas para diversas análises de alimentos. Lavras: UFLA/FAEPE/DCA, 1999.74p. VON de KAMER, S.B.; VAN GINKEL, L. Rapid determination of erude fiber in cereals. Cereal Chemistry, Saint Paul, v. 19, n.4, p. 239-251, July/Aug. 1952. YUAN, L.; YUANGUN, Z.; JIANJUN, C.; HAIYAN, C.; JILONG, Y.; ZHIDE, H. Intraspecific differences in physiological response of 20 wheat cultivars to enhanced ultraviolet-B radiation under field conditions. Environmental and Experimental Botany, Londres, v.44, n.2, p.95-103, 2000. MERCOSUL/GMS/RES n° 85/96. Regulamento Técnico do Mercosul de Identidade e Qualidade do Morango. Documentos, XXIII GMC, Brasília, 6p. 1996. YUNES, R.A.; CALIXTO, J.B. Plantas Medicinais: sob a ótica da Química Medicinal Moderna. Chapecó: Argos, 2001. NELSON, N.A. A photometric adaptation of Somogy method for the determination of glucose. The Journal of Biological Chemistry, Baltimore, v.135, n.1, p.136-175, may 1994. ZHISHEN, J.; MENGCHENG, T.; JIANMING. The determination of flavonoid contents in mulberry and the scavenging effects on superoxide radicals. Food Chemistry, v.64, p.555-559, 1999. 40 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.35-40, jun. 2013
Documentos relacionados
Baixar este arquivo PDF - Revista Agrogeoambiental
rosa, com produções de 665,51 (safra 2002) e 470,06 (safra 2003) gramas de frutos comerciais por planta, no primeiro e segundo ano consecutivo, contra 263,38 da cultivar Fern (safra 2002) e 146,11 ...
Leia mais