Consumo de combustível em função da textura do híbrido de milho
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Consumo de combustível em função da textura do híbrido de milho
V Simpósio de Ciências da UNESP – Dracena VI Encontro de Zootecnia – UNESP Dracena Dracena, 22 a 24 de setembro de 2009. Consumo de combustível em função da textura do híbrido de milho e estádio de colheita na ensilagem 1 Marco Aurélio Factori2, André Satoshi Seki3, Ciniro Costa4, Paulo Roberto de Lima Meirelles4, Paulo Roberto Arbex Silva5, Pedro Gibim Castelo6 1 Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pela FAPESP; Programa de Pós-graduação em Zootecnia FMVZ/ UNESP – Botucatu/SP E-mail: [email protected] ; 3 Programa de Pós-graduação em Energia na Agricultura FCA/ UNESP – Botucatu/SP; 4 Professor da FMVZ/UNESP – Botucatu/SP, Depto. de Melhoramento e Nutrição Animal - Botucatu/SP ; 5 Professor da FCA/UNESP – Botucatu/SP, Depto. de Engenharia Rural - Botucatu/SP; 6 Graduando do curso de Zootecnia – FMVZ/UNESP, Botucatu/SP. 2 Resumo: A inclusão de novas cultivares de milho para a ensilagem é uma importante linha de pesquisa. O objetivo deste estudo foi avaliar o consumo de combustível na colheita de híbridos de milho no processo de ensilagem de planta inteira em função do estádio de colheita, compondo os tratamentos, dois híbridos de milho, dentado e duro, colhidos em dois estádios 1, ½ leitoso e 2, início da maturação fisiológica (MF). Utilizou-se um trator com 86 cv, com colhedora de forragem, e carreta de 1 eixo com capacidade de 4 toneladas acopladas. Para a avaliação do consumo de combustível, utilizou-se um fluxômetro, com precisão de 0,01 ml. A produtividade de massa seca (MS) foi maior para a MF. Encontrou-se maior valor no consumo de combustível por área para o híbrido dentado no estádio 1. Houve interação do fator híbrido*estádio para consumo de combustível por kg de MS. O híbrido dentado teve maior consumo no estádio 1 em 17%. Para a textura dentada e dura respectivamente, prevaleceu o estádio 1, com 68 e 66% em relação à MF. No processo de ensilagem, recomenda-se o estádio de MF por apresentar menor consumo por kg de MS produzida. Palavras–chave: maturação fisiológica, mecanização, rendimento operacional, silagem, textura Fuel consumption as a function of the texture and crop stadium in corn hybrid ensilage Abstract: The inclusion of new cultivars of corn hybrids for silage production is an important research line. The objective of this study was to evaluate the consumption of fuel in the crop of corn hybrid in the whole plant silage production in function of the crop stadium. The treatments used were two hybrids of corn, dent and flint, harvested in two maturity stages ½ milk (stage1) and beginning of the physiologic maturation (PM - stage 2). A tractor with 86 cv engine power, equipped with forage harvester, and cart of 1 axis with capacity of 4 tons were used. For the evaluation of the consumption of fuel, a fluxometer with accurately of 0,01 ml were used. The productivity of dry mass (MS) was larger for MF. The consumption of fuel was higher for the dent hybrid in the stadium 1. There was interaction of the factor hybrid*crop stadium for fuel consumption per kg of MS. The dent hybrid had larger consumption in the stadium 1 in 17%. In relation to MF the fuel consumption of dent and flint textures in stadium 1 were respectively 68 and 66%. For the silage making process, the stadium of MF is recommended by presenting smaller consumption for kg of MS produced. Keywords: black layer maturity stage, mechanization, operational income, silage, texture Introdução Por apresentar características desejáveis de uma planta para ensilagem, o milho é a cultura mais utilizada. São encontrados no mercado, cultivares que se diferem em características morfofisiológicas. Segundo Cruz et al. (2004), as cultivares de milho podem ser agrupadas de acordo com a textura dos grãos, classificando-se em: V Simpósio de Ciências da UNESP – Dracena VI Encontro de Zootecnia – UNESP Dracena Dracena, 22 a 24 de setembro de 2009. dentadas, duras, semiduras ou semidentadas. Em relação ao estádio de colheita, o enchimento do grão e a perda de aproveitamento da planta são eventos concomitantes. A eficiência do processo não deve ser avaliada somente pelo valor nutritivo do produto final, mas também pelos custos por kg de massa seca (MS) produzida. No processo de ensilagem, a colheita das plantas de milho demanda a maior parte do consumo de combustível. Para tanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o consumo de combustível na colheita por área e por kg de MS útil processada de híbridos de milho no processo de ensilagem da planta inteira em função de duas texturas (dentada e dura) e dois estádios de colheita (½ leitoso e início da maturação fisiológica). Material e Métodos O experimento foi realizado na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP-Botucatu/SP, em área experimental da Fazenda Lageado - FCA/UNESP. Os híbridos utilizados foram o AG 4051 (textura dentada) e DOW 2B 710 (textura dura) cultivados sob sistema convencional, 0,85 m entre linhas e 6,2 s/m, com 1 ha para cada híbrido. Os tratamentos consistiram em dois híbridos de milho, dentado e duro, colhidos em dois estádios sendo 1, para o ½ leitoso e 2, para início a maturação fisiológica (34 e 47% de matéria seca, respectivamente). Para determinação da produtividade foram feitas quatro amostragens das plantas a 20 cm de altura do solo em 1,20 m de linha correspondendo a 1 m2 (1,20 x 0,85 m) para cada estádio de colheita. Foi utilizado um trator da marca Massey Ferguson, modelo MF 610, tração dianteira auxiliar (4x2 TDA) de 86 cv no motor com rotação da TDP de 540 rpm a 1900 rpm. Para colheita e corte da forragem, utilizou-se a colhedora de forragem, marca JF Máquinas, modelo JF92 Z10, provida de 10 facas (granulometria ajustada para 11 mm) e recolhimento da forragem por meio de rolos. Para armazenagem do material, utilizou-se uma carreta de 1 eixo (Triton) acoplada à barra de tração, com capacidade de 4 toneladas. Para a avaliação do consumo de combustível, foi utilizado um fluxômetro, marca “Flowmate oval”, modelo Oval M-III, com precisão de 0,01 mL, que gera uma unidade de pulso a cada mL de combustível consumido pelo trator, o qual foi registrado em um painel com instrumentos eletrônicos indicadores. O sistema de aquisição de dados foi acionado mediante balizamento no início e no final de cada parcela medida na área (5 metros de estabilização e 10 metros de coleta, com quatro repetições). Para cada estádio, foram utilizados 60 m de linha da cultura, descontando-se as bordaduras. Os valores de consumo de combustível por área (L.ha-1) foram obtidos por meio do consumo horário, multiplicado pelo tempo demandado por área obtidos em cada tratamento. Os consumos de combustível por kg de MS (L.ha-1.MS-1), foram encontrados dividindo-se o consumo de combustível por área pela produtividade de cada híbrido nos respectivos estádios. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 2X2 (híbridos e estádios de colheita) analisados com o auxílio do programa estatístico SISVAR, de acordo com Ferreira (1998), e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). Resultados e Discussão As produtividades foram maiores nos estádios de colheita, sendo superior no estádio 2 (Tabela 1). Para o consumo de combustível por área foram encontrados maiores valores para o híbrido de textura dentada no estádio ½ leitoso. Houve interação do fator híbrido*estádio de colheita no consumo de energia por kg de MS útil processada. O híbrido de textura dentada assumiu maior valor no estádio ½ leitoso sendo superior em 17%. Para ambos os híbridos, houve diferença em relação aos estádios de colheita, sendo encontrados maiores valores para o estádio ½ leitoso, sendo de 68 e 66% maiores, respectivamente para as texturas dentada e dura. Pode-se inferir que a textura do grão, não foi suficiente para influenciar o aumento do consumo de combustível, observando-se maiores valores de consumo para o híbrido de textura dentada. Segundo Factori et al. (2008), embora trabalhando com a moagem de grãos de milho, observaram aumento de 14% na demanda de energia elétrica quando se utilizou grãos de textura dura com 570 mm de DGM. No entanto, Seki (2007), embora V Simpósio de Ciências da UNESP – Dracena VI Encontro de Zootecnia – UNESP Dracena Dracena, 22 a 24 de setembro de 2009. não trabalhando com texturas de híbridos, verificou consumo de combustível por área de 34,2 L.ha-1 em relação a demanda energética no processo de ensilagem de milho, o que concorda com o presente experimento. Tabela 1. Produtividade, consumo de combustível por área e por kg de massa seca (MS) útil processada em função da textura de híbrido e estádios de colheita no processo de ensilagem Produtividade (kg de MS/ha) ½ leitoso Estádio de maturação fisiológica Estádio 14620 b 22383 a Consumo de combustível por área (L.ha-1) Dentada Dura Textura 34,27 a 32,21 b ½ leitoso Maturação fisiológica Estádio 33,97 a 32,50 b Consumo de combustível por kg de MS útil processada (L.kg-1.MS-1) Textura dentada Textura dura Estádio ½ leitoso 0,002525 a A 00,002150 b A Estádio de maturação fisiológica 0,001500 a B 00,001425 a B Letras minúsculas diferentes na mesma linha e maiúsculas, na mesma coluna diferem entre si (P<0,05). Embora os dados de consumo de combustível indiquem a utilização da textura dura, deve-se atentar-se com o aproveitamento dos mesmos na alimentação animal. Segundo Pereira et al. (2004), a correta utilização dos híbridos resulta em menores perdas na digestão ruminal do amido em situações de colheita tardia dos grãos. Conclusões Recomenda-se para o processo de ensilagem o estádio de maturação fisiológica por apresentar menor consumo de combustível por kg de MS útil processada, para ambos os híbridos. São pertinentes mais estudos que visem o consumo de energia na colheita em relação ao aproveitamento deste material para o consumo animal para e a melhor escolha da textura do híbrido a ser utilizada na ensilagem. Agradecimentos À FAPESP pelo apoio a realização deste trabalho por meio de concessão da bolsa de Doutorado. Referências CRUZ J.C.; CORRÊA L.A.; PEREIRA FILHO I.A.; PEREIRA F.T.F.; GUISCEM J.M.; VERSIANI R.P. Cultivares de Milho disponíveis no mercado de sementes do Brasil para a safra 2004/05, ISSN 01020099 Dezembro, 2004 Sete Lagoas, MG. FACTORI, M.A.; COSTA, C.; BIAGGIONI, M.A.M.; SALEH, M.A.D. Avaliação do consumo de energia elétrica em duas granulometrias de moagem de grãos de milho de textura dentada e dura. Boletim da Indústria Animal, N. Odessa, v.65, n.2, p.83-88, abr./jun. 2008. FERREIRA D.F. Programa Sisvar.exe. Sistema de Análises de Variância. Versão 3.04, 1998. PEREIRA, M.N.; PINHO, R.G.V.; BRUNO, R.G.S.; CALESTINE, G.A. Ruminal degradability of hard or soft texture corn grain at three maturity stages. Scientia. Agricola. v.61, n.4, p.358-363, July/August 2004. SEKI, A.S. Demanda energética no processo de ensilagem de milho, Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas, 101 f. Botucatu, 2007.