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CRANIOFARINGEOMAS – TRATAMENTO Gustavo Rassier Isolan Paulo Henrique Pires de Aguiar Neste texto, será exposto os conceitos sobre o tumor chamado craniofaringeoma. Este é um tumor benigno da base do crânio que tem na cirurgia seu principal tratamento. No texto a seguir, está descrito em detalhes não somente a conceituação dessa doença, mas também os tipos de tratamento e abordagens cirúrgicas empregados para tratar esse tumor. A equipe do CEANNE tem como filosofia a Microcirurgia com abordagem pterional pré-temporal ou abordagem endonasal endoscópica como tratamento inicial desses tumores. Visando a qualidade de vida no pósoperatório do paciente, bem como a ausência de qualquer sequela neurológica, nos casos em que o tumor está muito aderido às estruturas neurovasculares, optamos por ressecar o tumor parcialmente subtotalmente e complementar o tratamento com radiocirurgia. ou 2 O termo craniofaringeoma foi introduzido por Cushing em 1932, sendo amplamente usado desde então, no entanto, a primeira descrição remonta a Zenker, em 1857. Esse tumor tem uma incidência de aproximadamente 0,13–2/100.000 pessoas por ano, com prevalência de 1-3/100.000 pessoas. Representa 2-5% de todos os tumores cerebrais. Possui distribuição bimodal, com dois picos de incidência, dos 5-10 anos e dos 65-74 anos, sendo que cerca de 50% ocorrem na infância. Esse tumor não apresenta preferência por sexo ou raça (1,2). Em um exame de tomografia ou ressonância magnética, uma lesão suprasselar (acima da glândula hipófise) de conteúdo sólido-cístico deve ser considerada, até prove em contrário, craniofaringeoma (Figura 1). No exame de patologia, o craniofaringeoma é um tumor benigno, encapsulado e de consistência variável, sólido e/ou cístico, com ou sem calcificações. Acredita-se ser um remanescente da Bolsa de Rathke, estrutura mesodérmica da qual se origina a hipófise anterior. Podem ser distinguidas duas formas histopatológicas de craniofaringeoma: Adamantinomatoso e papilar. Nas crianças é mais comum o tipo adamantinomatoso e consiste em cordões de epitélio colunar ou escamoso estratificado mergulhado num retículo-esponjoso. Frequentemente, os ninhos de células escamosas fundem-se numa camada periférica de células colunares. Observa-se a formação de queratina e geralmente esse tumor é calcificado. O craniofaringeoma adamantinomatoso, tipicamente, possui conteúdo cístico rico em colesterol, fibrose e reação inflamatória crônica. Esses tumores emitem pequenas projeções de epitélio no cérebro adjacente, induzindo uma intensa formação glial. Em adultos, o craniofaringeoma papilar é mais comum e carece de queratina, calcificação e conteúdo cístico. As células escamosas dos cortes sólidos do tumor não formam a camada colunar na periferia e, tipicamente, não produzem um retículo esponjoso nas camadas internas (Figura 2 ). 3 Figura 1 A – RNM do encéfalo, corte sagital, T1 sem contraste, em criança de 2 anos, com baixa estatura, e panhipopituitarismo, além de déficit visual, mostra cisto volumoso em região selar ocupando todo assoalho selar e se estendendo até o terceiro ventrículo. Figura 1B – RNM do encéfalo, corte coronal, T1 sem contraste mostra volumoso cisto selar e suprasselar com compressão das vias ópticas (quiasma e nervos) e invaginação no assoalho do terceiro ventrículo. O líquido dentro do cisto mostra um sinal mais evidente sugerindo teor proteico elevado. Figura 1 C – RNM do encéfalo, T1 com injeção de Gadolíneo, mostra volumoso cisto selar e suprasselar com captação na área de pseudocápsula. 4 Figura 2 A Figura 2 B Figura 2 A e 2 B (aumento 200X e 400X, respectivamente, H&E) – As células escamosas dos cortes sólidos do tumor não formam a camada colunar na periferia e, tipicamente, não produzem um retículo esponjoso nas camadas internas Aspectos Clínicos Pelo fato de serem tumores de crescimento lento, geralmente os sinais e sintomas se desenvolvem insidiosamente. As principais manifestações clínicas são de ordem oftalmológicas, endocrinológicas e decorrentes da hipertensão intracraniana. Os distúrbios visuais são os mais frequentes (70%), sendo clássica a hemianopsia bitemporal, mas também pode se apresentar com hemianopsia homônima, escotomas ou atrofia óptica. Sinais de hipertensão intracraniana ocorrem em cerca de 50% dos pacientes com papiledema em 18,5%, devido ao efeito de massa ou à hidrocefalia, que ocorre em até 30% devido à obstrução do forame de Monro, terceiro ventrículo ou aqueduto de Silvius. A disfunção endócrina é muito mais prevalente em maiores de 15 anos, tanto suprimindo a função endócrina normal – com retardo do crescimento (33%), diabetes insipidus (20%), atraso puberal (50%), obesidade (25%), hipotireoidismo, impotência ou amenorreia – como ocasionando uma resposta exagerada, como, por exemplo, puberdade precoce em crianças1,3-6. Diagnósticos diferenciais: • Anomalias congênitas: cistos aracnoides, cisto da fenda de Rathke. 5 • Outros tumores: tumor de hipófise, meningioma, tumor epidermoides, glioma da via óptica, hamartoma hipotalâmico, teratoma. • Processos infecciosos/inflamatórios: granuloma eosinofílico, hipófise linfocítica, sarcoidose, sífilis e tuberculose. • Malformações vasculares: Aneurisma de artéria carótida ou comunicante anterior, malformação arteriovenosa. Classificação Em 1962, Rougerie, foi o primeiro a propor uma classificação para os craniofaringeomas, dividindo os tumores em pré-quiasmáticos, intrasselar, retroquiasmáticos, atípicos e les formes geantes. Desde então muitas classificações foram apresentadas, Pertuiset, em 1975, sugeriu classificar os craniofaringeomas da seguinte maneira: intrasselar, suprasselar, intra e suprasselar e intraventriculares. Konovalov classificou os tumores em endo-suprasselar, suprasselar extraventricular, intraventricular e craniofaringeomas gigantes. Koobayashi classificou em 4 tipos (I, II, III, IV): anterior, intrasselar, ventricular e posterior. Steno classificou intrasselar e suprasselar, e suprasselar: extraventricular, intraventricular, e misto. Hoffman descreveu três tipo : intrasselar, préquiasmático, e retroquiasmático. Há um consenso que o eixo vertical do tumor é determinante na escolha da abordagem cirúrgica, baseando-se nisso, Samii et al.4 sugeriram a seguinte classificação: • Grau I: Puramente intrasselar ou região infradiafragmática. • Grau II: tumor localizado na cisterna, com ou sem componente intrasselar. • Grau III: tumor se estende até metade inferior do terceiro ventrículo. • Grau IV: tumor se estende até metade superior do terceiro ventrículo. • Grau V: tumor alcança o septo pelúcido e/ou se estende até os ventrículos laterais. 6 Os crescimentos laterais, sagitais ou horizontais do tumor podem ser adicionados. Expansão infra-selar destrutiva (S) com invasão do seio esfenoidal pode estar presente. Na expansão sagital pode ocorrer compressão do mesencéfalo ou até crescimento na fossa posterior (P), e invasão da fissura inter-hemisférica ou lobo frontal caracterizando uma expansão anterior (A). Finalmente, a expansão lateral (L) pode incluir a base craniana temporal ou até mesmo o lobo temporal, na invasão paraventricular. Craniofaringeomas atípicos podem estar localizados na faringe ou mesmo na região pineal. Avaliação pré-operatória Avaliações endocrinológica, neuro-oftalmológica e psicológica, assim como TC e RNM de encéfalo, são essenciais para o planejamento cirúrgico713 . Enquanto a RNM com e sem gadolínio é o exame de escolha para o diagnóstico, a TC é fundamental para avaliar estruturas ósseas e calcificações tumorais. Alguns tumores volumosos podem envolver as artérias cerebrais, sendo importante a avaliação com angiografia (ou mais recentemente angioressonância) nesses casos. Tratamento De acordo com a preferência e experiência pessoal de cada cirurgião, diferentes modalidades de tratamento têm sido propostas7-13. Desde a década de 70, e com crescente aceitação atualmente, tem se tentado a ressecção completa do tumor na primeira intervenção neurocirúrgica, sendo a localização determinante da via de acesso e do sucesso da abordagem. A sua localização na região selar, bem como sua extensão para as áreas adjacentes onde passam os principais vasos intracranianos, nervos cranianos responsáveis pela visão e motricidade ocular, além dos centros dos sistemas endocrinológico e autonômico, tornam esse tumor um desafio que requer equipes treinadas, experientes e familiarizadas com esta importante região, principalmente com a sua anatomia microcirúrgica. 7 A via bifrontal é a que preferimos devido ao melhor manejo dos nervos olfatórios e pelo fato de podermos ressecar o tumor completamente com visão bilateral da superfície óptico-carotídea e tumoral. (Figuras 3 A, 3B, 3C, 3 D, 3 E,3F,3G,3H,3I,3J) Figura 3 A Figura 3 B Figura 3 A – Paciente posicionado em pronação com a cabeça fixa em cabeceira de Mayfield, e a incisão bilateral, atrás da linha do cabelo, bicoronal. Figura 3 B – Após a craniotomia bifrontal podemos ver a duramáter bilateralmente exposta, com extensão pterional bilateral. Figura 3 C igura 3 D Figura 3 C – Após a craniotomia realizada, auto retratores são fixados a cabeceira para podemos retrair bilateralmente os lobos frontais. Figura 3 D – A retração bilateral deve ser simultânea e delicada com exposição da inserção dos 2 nervos olfatórios, junto a crista Galli e placa cribiforme. 8 Figura 3 E Figura 3F Figura 3 E – Os 2 nervos olfatórios, após sua dissecção microcirúrgica estão preservados e o passo a seguir é a drenagem liquórica da cisterna olfatória e interhemisférica. Figura 3 F – A visão microcirúrgica mostra nesta fase a visão do tumor globoso (cápsula amarelada) atrás do nervos olfatórios e entre os 2 nervos ópticos. Figura 3 G Figura 3 Figura 3 G – Com punção através de pequeno Butterfly introduzido no campo cirúrgico através de uma pinça, esvaziamos o conteúdo cístico, que mostra normamelmente um líquido escuro amarelado, com cristais de colesterol. Figura 3 H – RNM do encéfalo pré operatória, corte axial, T1 sem contraste mostra cisto de hipersinal em T1 em região selar, em paciente de 19 anos, sexo masculino, com hemianopsia bitemporal e panhipopituitarismo. 9 Figura 3 I Figura 3 J Figura 3 I _ TC de crânio pós –operatória, mostra ressecção radical do tumor com pneumocéfalo pós-operatório. Figura 3 J – Após ressecção verificamos microcirurgicamente a cisterna interpeduncular e artéria basilar ao fundo. O ressecção radical através de microcirurgia é o 14-27 escolha para a cura deste tumor tratamento de e é preconizado pela maioria dos neurocirurgiões. Deve-se salientar, entretanto, que este tipo de ressecção nem sempre é possível sem causar graves déficits neurológicos ao paciente. Esta comprovado que a combinação de tratamento cirúrgico mais conservador (com ressecção parcial) e radioterapia pós-operatória parece obter melhores resultados em relação ao tratamento cirúrgico conservador isolado, entretanto não mostra superioridade em relação à remoção cirúrgica radical, que pode chegar a 100% de sobrevida livre sem tumor em 5 anos. Neste dado reside a razão pela qual a remoção cirúrgica radical é a terapia de escolha7, ressaltando-se o maior benefício de cirurgia o mais precoce possível após o diagnóstico, diminuindo assim os possíveis danos permanentes nas vias ópticas, mesencéfalo e lobos frontais. Anatomia cirúrgica O suprimento arterial do craniofaringeoma é fornecido por ramos perfurantes da artéria comunicante anterior e ramos proximais da artéria cerebral anterior (parte anterior do tumor), ramos da artéria comunicante posterior (porção lateral) e vasos meningo-hipofisários intracavernosos 10 (porção intrasselar). Exceto por algumas variantes anatômicas, os craniofaringeomas não recebem suprimento arterial da circulação cerebral posterior7,10,11,14. Pelo seu crescimento e consequente invasão da sela, comprimindo a hipófise, os craniofaringeomas produzem endocrinopatia por vezes antes de comprimir o nervo óptico18,25,28. Tumores puramente intrasselares são incomuns, frequentemente o tumor cresce e empurra o diafragma da sela superiormente, estendendo-se a partir daí em outra direção. Em relação ao quiasma o tumor pode se estender anteriormente, em direção ao espaço subfrontal. Geralmente isso ocorre com tumores císticos, sendo estes volumosos na época do diagnóstico. O tumor também pode avançar posteriormente, deslocando a haste hipofisária anteriormente e o quiasma antero-superiormente, dando a falsa impressão do nervo óptico estar totalmente aderido ao tumor. Esses tumores retroquiasmáticos podem se expandir para a fossa posterior, chegando a grandes dimensões. O tumor também pode deslocar o quiasma superiormente e a haste hipofisária posteriormente. Já foi descrita extensão tumoral para a medula cervical. Habitualmente os tumores retroquiasmáticos e sub-quiasmáticos são tumores sólidos e podem comprimir o terceiro ventrículo, comprimindo assim o hipotálamo, também podendo ocasionar a obstrução do forame de Monro. Pode-se encontrar o assoalho do terceiro ventrículo mais frágil e fino devido à pressão exercida pela massa, tanto que o tumor pode crescer diretamente para o interior do terceiro ventrículo. O craniofaringeoma pode crescer também intimamente relacionado ao assoalho do terceiro ventrículo. Esse tumor retroquiasmático pode se expandir superiormente para o interior do ventrículo, anteriormente para o espaço pré-quiasmático, posteriormente paras as cisternas interpeduncular e pré-pontina, ou ainda lateralmente para os gânglios da base. Há raros tumores relatados na literatura que são puramente intraventriculares. Curiosamente esses tumores seriam originados da pars tuberalis contendo remanescentes da Bolsa de Rathke ou restos de células escamosas epiteliais que cresceriam pela haste hipofisária para o infundíbulo ou tuber cinerium, 11 Um dos principais empecilhos encontrados para a ressecção total do tumor é a relação do craniofaringeoma com estruturas vasculares20,23,24. Ele pode estar aderido às principais artérias na base do crânio e a pequenos vasos perfurantes da cerebral anterior, comunicante posterior, ramos da artéria coróidea anterior e vasos tálamos-perfurantes. Muitas vezes a tentativa de retirada total do tumor causa lesão da camada adventícia da artéria, lesando a vasa vasorum, com consequente dilatação fusiforme da artéria carótida interna. Abordagens cirúrgicas A escolha quanto a melhor abordagem cirúrgica deve ser feita após meticuloso estudo radiológico e deve ser individualizada de acordo com a localização e expansão do tumor. Algumas abordagens encontram melhor indicação para determinadas situações. Como exemplo tem-se a via transesfenoidal para tumor grau I puramente intrasselar. Enquanto tumores intraventriculares podem ser abordados por via transventricular, pequenos tumores retroquiasmáticos podem ser abordados por via subtemporal ou ainda petrosectomia posterior, e grandes tumores retroquiasmáticos com extensão para o clivus podem ser abordados por via transpetrosa-transtentorial. Visto que seria um tumor originado da Bolsa de Rathke, uma estrutura da linha média, a abordagem fronto-lateral oferece maior acesso medial do que, por exemplo, a abordagem pterional. Além disso, a via fronto-lateral permite uma abordagem rápida e segura, possibilitando um bom acesso ao tumor selar, suprasselar ou parasselar, sendo a preferida por alguns autores para tumores grau II, III, IV. Em casos de tumores retrosselares, invadindo a cisterna interpeduncular-pontina, a lamina terminalis é uma boa “janela cirúrgica” para acesso. Outras abordagens são a endoscópica transesfenoidal com ressecção do tumor ou marsupialização de craniofaringeoma cístico. A abordagem crânio-orbitária tem sido usada por alguns autores visando uma perspectiva mais basal com menor retração cerebral. 12 Shibuya usou com sucesso a abordagem basal inter-hemisférica bifrontal com ou sem a divisão da artéria comunicante anterior em 22 pacientes16. Esta abordagem seria ideal para tumores grandes, pois possibilita ampla visualização de importantes estruturas neurais e vasculares. Shirane17 modificou esta técnica através de uma craniotomia fronto-basal bilateral menor que se combinada com uma abordagem através da lamina terminalis possibilita ressecar lesões de todos os tamanhos. O estudo detalhado dos exames de imagem é crucial na determinação da melhor via de abordagem e muitas vezes na melhor decisão a ser tomada. Por exemplo, tumor suprasselar que cresça posteriormente em direção ao interior do terceiro ventrículo em criança deve ter a região pineal detalhadamente avaliada, pois alterações nesta região, por exemplo, levantarão a hipótese de germinoma e não craniofaringeoma retroquiasmático, mudando o manejo deste paciente, uma vez que craniofaringeomas são responsivos à radioterapia sem necessidade de ressecção total ou mesmo cirurgia, caso se confirme a suspeita no exame de líquor ou sérico de se tratar de germinoma. TÉCNICA CIRÚRGICA Abordagem subfrontal Paciente em decúbito dorsal, com leve flexão do tronco e joelhos. A cabeça é fixada, acima do coração para a drenagem venosa. O vertex é direcionado inferiormente com ligeira extensão do pescoço, o que permite que o lobo frontal “caia” sem retração excessiva. A abordagem subfrontal unilateral inicia com incisão coronal bitemporal. Geralmente três perfurações permitem uma craniotomia suficiente. (1) A trepanação lateral deve ser 1-1,5 cm da sutura fronto-zigomática, na raiz do processo zigomático do osso frontal. Uma pequena desinserção da aponeurose do músculo temporal pode ser realizada para expor parcialmente o osso na fossa temporal. Deve-se proceder com cuidado ao drilar o osso para não adentrar no órbita. 13 (2) A trepanação medial deve ser a 4 cm do lateral, o mais inferiormente (glabela) e próximo da linha média possível. Quando o seio frontal é aberto, a mucosa é descolada inferiormente para abordar a parede posterior do seio sem causar dano a ela e ajudando a prevenir a introdução de micro-organismo para dentro do crânio. Após a abertura do seio frontal a mucosa deve ser removida e o seio recoberto por gaze com antibiótico até o final da cirurgia, quando o seio será cranializado com a gálea aponeurótica. (3) A trepanação superior é feito 3 cm acima e na metade da distância dos buracos lateral e medial. Para intervenções bilaterais devem ser feitos 2 buracos laterais, um terceiro acima da glabela e um quarto buraco 4cm acima do terceiro. Na abordagem unilateral a dura-máter é aberta com incisão frontobasal, lateral ao seio sagital superior. O nervo olfatório é identificado, exposto e preservado, evitando-se tracioná-lo. A microdissecção continua até quando os nervos ópticos são expostos. As cisternas basais são abertas com técnica microcirúrgica para drenagem do líquor e consequente “relaxamento” cerebral. Para melhor acesso, a lâmina aracnoide dos nervos ópticos e do quiasma é dissecada. É vantajoso expor a base do crânio anterior usando a asa menor do esfenóide como limite. Como o quiasma óptico não pode ser avaliado seguramente nos exames radiológicos pré-operatórios, é nessa etapa, com a visualização direta do quiasma óptico, que é definido o melhor corredor cirúrgico por onde seguir. Se o quiasma está pós-fixado, inicia-se ressecando o tumor entre os nervos ópticos. Feito isso, a via óptica ficará descomprimida, possibilitando ao cirurgião visualizar a haste hipofisária, que, se não estiver infiltrada deverá ser preservada. Se há conteúdo cístico o mesmo deve ser puncionado. Qualquer vaso nutrindo a cápsula deverá ser coagulado, tendo sempre em mente que antes de sua coagulação este vaso deve ser seguido em todo o seu trajeto para se assegurar que ele termina na cápsula tumoral e que não seja um vaso que somente esteja relacionado a esta cápsula, mas que esteja se direcionando para suprir estruturas neurais. Nos tumores retroquiasmáticos, o quiasma comumente está pré-fixado e a remoção deverá ser via lamina terminalis, com acesso amplo à parte inferior do terceiro ventrículo. Uma alternativa para melhorar a visualização da tela é 14 drilar o tubérculo da sela. A abertura do seio etmoidal não apresenta maiores problemas desde que seja reconstruída e isolada com músculo e cola biológica ABORDAGEM TRANSESFENOIDAL E TRANSESFENOIDAL ESTENDIDA Muito parecida com a abordagem para tumores de hipófise, requerendo uma abertura maior do seio esfenoidal e do assoalho da sela, a técnica é usada principalmente para tumores grau I e II (20-39% dos casos). Geralmente os craniofaringeomas desta localização são friáveis, tornando-os facilmente ressecáveis, ao contrário dos tumores infundibulares, que frequentemente são calcificados. Uma sela normal ou levemente aumentada no pré-operatório não contraindica esta via. A desvantagem dessa técnica é o deslocamento ventral da hipófise. Fístulas liquóricas não são incomuns. No hospital de clínicas de Porto Alegre temos realizado a abordagem selar por via endoscópica pura e temos combinado esta abordagem com maxilotomia transsantral para aqueles tumores selares que se estendem para o seio cavernoso. Para craniofaringeomas com grande extensão suprasselar, a abordagem transesfenoidal estendida tem sido usada. Essa abordagem tem a vantagem de permitir acesso direto a lesões supra-diafragmáticas, adjacentes ou anterior à haste hipofisária. Procede-se a maior abertura óssea sendo o tubérculo da sela e parte do planum sphenoidali (4-10mm) removidos. A incisão da dura-máter a este nível expõe as cisternas suprasselares. Os limites laterais da exposição são os nervos ópticos. Embora as abordagens convencionais para a região selar sejam excelentes para a ressecção de casos selecionados, não temos encontrado aumento de dificuldade técnica em nossa série inicial de casos operados por abordagem endonasal transesfenoidal endoscópica. As vantagens desta última são a melhor preservação da anatomia e fisiologia das estruturas nasais bem como melhor visualização do campo cirúrgico e das regiões laterais do campo cirúrgico. 15 ABORDAGEM FRONTOTEMPORAL É uma abordagem que, além de relativamente simples e rápida, não necessita abertura de seios paranasais e ainda possibilita ao cirurgião diferentes ângulos e rotas para dissecção e remoção do tumor. Muito utilizada para todos os craniofaringeomas, exceto aqueles com acometimento exclusivo intrasselar ou em casos de lesões que se estendem ao longo do corpo caloso, nesta última a abordagem transcalosa está indicada. Técnica A abordagem frontotemporal direita é preferível pelos cirurgiões destros pela maior praticidade, porém, independentemente da preferência, a abordagem a direita deve ser preconizada com o objetivo de evitar manipulação do lobo frontal esquerdo. O Paciente é posicionado em decúbito dorsal com a cabeça fixada no Mayfield, levemente estendida 35º e rotada 10º a 50º contralateralmente. Esta posição permite um deslocamento parcial da base do crânio anterior, requerendo menor manipulação do tecido cerebral. A incisão inicia 1cm anterior ao arco zigomático e 1cm anterior ao trago, alcançando a linha média no limite anterior da linha dos cabelos. Toda a incisão é “escondida” 1 cm atrás da linha de inserção anterior do cabelo. A elevação do escalpo é realizada em duas camadas, deixando o pericrânio intacto ao longo do osso frontal, para ser utilizado a posteriori caso seja necessário. O escalpo e o pericrânio são rebatidos anteriormente. A parte anterior do músculo temporal é descolada da região frontozigomática e da parte anterior da linha temporal superior. A extensão frontal da craniotomia estende-se até a parte lateral da margem supraorbitária, devendo ser preservados o nervo e a artéria supraorbitária. Lateralmente estendem-se até o Key point. A posição da craniotomia em relação ao seio frontal e à lesão pode ser refinada com o uso da neuronavegação. Com um drill de alta velocidade um único buraco é feito no key point. Uma osteotomia é feita com o craniótomo. Geralmente, com 25 a 35 mm de largura e 20 a 25mm de altura. Deve-se evitar adentrar o seio 16 frontal, apesar de ser inevitável quando se trata de um seio grande. Recomenda-se , para evitar mucocele, a retirada da mucosa se o defeito no seio paranasal for grande. Cranialização do seio frontal com pericrânio deve ser realizada em todos os casos nos quais a integridade do seio frontal tenha sido perdida. Com o uso do microscópio cirúrgico o lobo frontal é delicadamente retraído e as cisternas da base dissecadas, possibilitando drenagem de líquor. A retração do lobo frontal deve ser delicada, não mais que 1.5cm , sendo direcionada e mantida de acordo com a necessidade. Não deve existir tensão sob os nervos olfatórios, devendo o trato olfatório direito ser dissecado do sulco olfatório para evitar avulsão do bulbo olfatório na lâmina crivosa do etmoide. A aracnoide entre a superfície inferior do lobo e o quiasma óptico deve ser dissecada. Pequenos vasos sanguíneos devem ser poupados, abrindo-se delicadamente a cisterna olfatória e expondo o bulbo olfatório e dissecando-se os nervos olfatórios delicadamente pelo plano aracnoide, desde a base do lobo frontal até a sua origem. Craniofaringeomas suprasselares e parasselares podem ser acessados através de janelas anatômicas pré-existentes, subquiasmáticas, óptico-carotídea e retro-carotídea. Se o tumor cresce elevando o quiasma e invadindo esse espaço entre os nervos óticos e o quiasma pode ser usado o acesso subquiasmatico. Se o nervo óptico encontra-se pré-fixado ou o tubérculo da sela é proeminente, sendo difícil expor a área retroquiasmática e selar, pode-se drilar o tubérculo com um drill de lata rotação com broca diamantada ao nível do seio intercavernoso superior. O seio esfenoidal é aberto e a parede anterior da sela é aberta. Visto que 50 % das recorrências se originam nessa região, a abertura e exposição da sela são fundamentais. Também pode ser usado o acesso translamina terminalis, feito acima do quiasma e artéria comunicante anterior e medial aos tratos ópticos, se o tumor cresce através da parede do terceiro ventrículo e o quiasma é préfixado. As artérias perfurantes originárias da artéria comunicante anterior podem e devem ser poupadas devido a possíveis sequelas pós-operatórias de déficit de memória, uma vez que estas irrigam as colunas do fórnix e o corpo caloso. Uma rota subfrontal mais medial permite a visualização do terceiro ventrículo posterior à lâmina terminalis. Partes tumorais na região 17 retro-selar e cisterna interpeduncular e pré-pontina podem ser acessadas. O endoscópico pode ser utilizado a procura de resquícios tumorais. A manipulação dos microinstrumentos e a dissecção devem ser muito delicadas e meticulosas para não lesar os vasos sanguíneos. A lesão de vasos perfurantes que nutrem o tronco cerebral acrescenta grande morbidade à cirurgia. Também se ressalta a importância da preservação da haste hipofisária, se seccionada acarreta déficit endocrinológico severo em 76%, do contrário, é encontrado déficit severo em 48% dos casos. A presença de invasão tumoral do trato óptico, tronco cerebral ou parede do terceiro ventrículo são fatores que limitam a ressecção total do tumor. Se o tubérculo da sela é drilado, deve ser usado tecido muscular ou gordura fixado com cola de fibrina no local. Após a hemostasia final a dura é fechada hermeticamente. Essa abordagem tem a vantagem de ser simples e flexível, não requerer extensa craniotomia, além de evitar lesão do seio sagital superior e veias tributarias. A craniotomia é do tamanho suficiente para expor o campo necessário sem tracionar o cérebro em demasia, reduzindo assim injurias inadvertidas. Abordagem Transcalosa Esse acesso é possível mediante uma pequena craniotomia frontal paramediana. A margem posterior deve ser justamente posterior à linha da sutura coronal e a abordagem é junto à foice, com mínima retração lateral do lobo frontal. O corpo caloso é exposto, geralmente de fina espessura devido à hidrocefalia, e é feita uma incisão de cerca de 2 cm entre as artérias pericalosas ou justamente laterais a elas, sobre o corpo do corpo caloso. Esta abordagem proporciona acesso aos ventrículos laterais e ao terceiro ventrículo através do forame de Monro dilatado e através do corredor anatômico formado pela fissura coroideia posteriormente. A cápsula tumoral é facilmente identificada, lesões císticas podem sem imediatamente esvaziadas por aspiração previamente a ressecção tumoral. A abordagem transcalosa pode ser combinada em um mesmo procedimento com a abordagem transsilviana para volumosos tumores. 18 Principais complicações pós-operatórias Se houver hidrocefalia é aconselhável realizar derivação ventrículoperitoneal antes da cirurgia. Na abordagem transcalosa, no entanto, a hidrocefalia é uma aliada ao facilitar a identificação das estruturas intraventriculares no ventrículo dilatado. O paciente deve receber terapia de reposição hormonal quando necessário, sendo essencial a avaliação por equipe de endocrinologistas. O ramo fronto-orbital do nervo facial, bem como o nervo supra-orbital devem ser preservados. A mucosa do seio frontal bem como sua parede posterior devem ser ressecadas e o seio cranializado se o mesmo for aberto, para prevenir mucocele. Com técnica microcirúrgica, lesões dos nervos ópticos e olfatórios são perfeitamente preveníveis. Após a abertura da dura, é aconselhável muito cuidado na manipulação dos nervos olfatórios, pois estes são susceptíveis a lesões. A aspiração deve ser de baixa intensidade ao se trabalhar próximo ao nervo óptico. A enucleação do tumor, removendo partes sólidas ou puncionando cistos, deve ser realizada antes da abordagem da cápsula ao longo do nervo óptico, por exemplo. A preservação de vasos perfurantes é determinante de uma boa evolução pós-operatória. De grande importância é identificar no transoperatório a haste hipofisária o mais precoce possível, pois qualquer pressão ou retração maior sobre esta estrutura pode resultar em tração do hipotálamo, lesando diretamente o parênquima ou estruturas vasculares, possibilitando complicações pós-operatórios severas. A principais complicações pósoperatórias dos craniofaringeomas são de origem endócrina: são encontradas deficiências de hormônio do crescimento (95%), hormônio da tireoide em (90%), hormônio adreno-corticotrópico(75%) e LH e FSH(95%), diabetes insipidus ocorre em 75%. Distúrbios hipotalâmicos podem ocorrer não apenas por lesão iatrogênica direta, mas também por coagulação de pequenos vasos peritumorais importantes. São descritos: sonolência excessiva, desregulação térmica, distúrbios hidroeletrolíticos e do balanço calórico. 19 CRANIOFARINGEOMA RECORRENTE A maioria das recorrências ocorre nos primeiros 3 anos. Tumores com ressecção subtotal têm recorrência de 57%, enquanto 19% dos ressecados totalmente recorrem. Ressecção subtotal mais radioterapia combinada tem uma recorrência de 29%25,26,28. Há várias modalidades de tratamento para recorrências, variando desde conduta expectante, com RNM de controle, radioterapia, punção cística com implantação de radionuclídeo, até ressecção total da recorrência. Esta última com alta morbidade devido à maior aderência tumoral às estruturas vizinhas. RADIOTERAPIA Possui comprovado beneficio em pacientes com tumor residual ou recorrente, prevenindo o aumento de tumores císticos ou sólidos8,9,19. Tendo em vista a dificuldade em operar um cérebro previamente irradiado, recomenda-se também para adultos não selecionados para tratamento cirúrgico. Dose de 60 Gy pode ser usada em frações de 1.7-1.8 Gy para tumores com ressecção subtotal. Em crianças tem indicação mais restrita, principalmente devido aos para-efeitos da irradiação como radionecrose, déficit intelectual, malignidades secundárias e distúrbios endocrinológicos. Radiocirurgia extereotáxica vem sendo empregada para casos selecionados com resultados satisfatórios a curto prazo. Métodos estereotáxicos de irradiação focal Está comprovada a eficácia da terapia com isótopos emissores de partículas β para o tratamento de pacientes com cistos simples maiores que três cm3. É sugerida por alguns autores como primeira opção ou terapia adjuvante em craniofaringeomas mistos. 20 O isótopo mais promissor tem sido P32, tem maior tempo de meia-vida e aplicado no interior do coloide para libera 250Gy na parede interna do cisto. A limitada penetrância de suas partículas β (1.74-MEV) proporciona risco menor de danos às estruturas adjacentes, como por exemplo a via óptica e estruturas hipotalâmicas, em relação à isótopos usados previamente. Cerca de 71 a 88% dos tumores respondem a essa terapia, cerca de 70 % reduzem de tamanho. A causa de morte na evolução desses pacientes é a progressão do tumor em cerca de 35% dos casos. Alguns tumores císticos se proliferam rapidamente mesmo após instilação repetida do radioisótopo. Recentemente vários estudos têm sugerido que a associação de Bleomicina junto com o isótopo tem melhorado as taxas de sobrevida. O acompanhamento com RNM deve ser mantido no pós-operatório, visto que há o risco de formação de novo cistos. Sobre a possibilidade de vazamento do isótopo, podendo causar danos às estruturas adjacentes ainda não se sabe se tem importância clínica, mas já estão descritos disfunção hipofisária, déficits visuais e paralisia de nervos cranianos após irradiação intracavitária. QUIMIOTERAPIA Bleomicina, como citado anteriormente, parece ter um papel no tratamento desses tumores. Pode ser usada em tumores recorrentes, e muitos autores sugerem administração repetida durante um certo período de tempo, através de um cateter conectando o cisto a um reservatório de Ommaya. Este agente antineoplásico inibe a síntese de DNA, proteínas e em menor grau de RNA, causa uma diminuição do volume tumoral através da diminuição da secreção de fluido cístico e degeneração de células tumorais. Os resultados encontrados na literatura são variáveis, provavelmente por não existir um protocolo definido para o uso da Bleomicina. A taxa de controle do tumor varia de 42% a 94%. O risco complicações é cerca de 10%. O extravasamento da droga ou a ação direta sobre o hipotálamo pode levar hiperinsônia, hipoacusia bilateral, déficit de memória ou até infarto da artéria cerebral media. Esses riscos 21 restringem o seu uso como primeira opção, sendo usada principalmente para tumores recorrentes. DISCUSSÃO A taxa de sobrevida em 10 anos para craniofaringeomas é 92,5% após ressecção total e 85,6% após ressecção subtotal, quando a radioterapia é adicionada à ressecção subtotal há um aumento para 90% na sobrevida(2,6,10,12). Yasargil et al. (7) chegaram a índice de 90% de remoção tumoral total numa amostra de 144 pacientes com os seguintes resultado: para tumores < 2cm a evolução foi boa (melhorado, totalmente independente) em 93%; em tumores de tamanho entre 2 e 4cm 82,1% dos pacientes foram referidos com “boa evolução” no pós-operatório; em tumores de 4 a 6cm, 65% foram considerados com boa evolução e nos tumores gigantes 12,5% dos pacientes tiveram um “bom” resultado. Existe um claro beneficio da cirurgia como conduta inicial na evolução dos pacientes. Os resultados de Yasargil são similares aos de Fahlbush e colegas (16). A taxa de mortalidade variou de 1,2% na cirurgia inicial a 10,5% em reoperações. Em relação à recuperação de déficits visuais no pós-operatório, encontramos na literatura que os pacientes mais beneficiados são aqueles com déficit visual recente (há menos de um ano), melhorando a visão em 87% quando comparados àqueles com déficit há mais tempo, dos quais 33% recuperaram visão. Um novo déficit visual ocorre em 13% após uma primeira cirurgia e em 75% nas reoperações8,18,25,28. Déficits hormonais são encontrados frequentemente: hormônio do crescimento (95%), hormônio da tireoide (90%), hormônio adreno- corticotropo (75%) e LH e FSH ( 95%). (19) Desordens neuropsicológicas são encontradas em 30 a 60% das crianças. A reintegração social é muito mais difícil em crianças que sofreram radioterapia se comparada àquelas que não precisaram deste tipo de tratamento. 22 SUMÁRIO Excisão radical é o tratamento de escolha para o craniofaringeoma. (12-14) A decisão sobre a possibilidade de ressecção total do tumor é objetivamente determinada pelo tamanho do tumor, pela consistência do tumor, e estudando-se as aderências do tumor à estruturas adjacentes. Outro fator de indiscutível importância, devido à complexidade anatômica da região abordada, é a experiência do cirurgião e da equipe, bem como um conhecimento profundo de anatomia microcirúrgica da região (20). A abordagem fronto-lateral é suficiente para amplo acesso à região, até mesmo tumores grandes podem ser removidos através dessa via com baixas taxas de mortalidade e complicações pós-operatórias. A localização suprasselar e parasselar pode ser acessada através dos espaços subquiasmáticos, retro-carotídeo e óptico-carotídeo. O possível componente retroquiasmático pode ser abordado pela abertura da lamina terminalis e/ou espaço óptico-carotídeo. A cirurgia transesfenoidal é a via de escolha para tumores grau I e II. Se há acometimento suprasselar calcificado, a remoção apenas com esta via se torna mais difícil, sendo sugerida uma craniotomia para a remoção completa. Se o acometimento suprasselar, calcificado ou não, for extenso, envolvendo o nervo óptico, hipotálamo e estruturas vasculares, a via transesfenoidal não é aconselhável. As abordagens pterional ou frontotemporal podem permitir uma exposição melhor do espaço interóptico-carotídeo, e se estendida posteriormente e combinada com retração superior do lobo temporal pode expor melhor a porção lateral do mesmo entre o III par craniano e a artéria comunicante posterior inferiormente e o trato óptico superiormente. Entretanto não são raras as paralisias de III par, hemiparesia defeitos homônimos de visão. Petrossectomia podem ser utilizadas para tumores retroquasmáticos com o objetivo de preservar a vascularização do hipotálamo e áreas adjacentes. 23 Terapia combinada de cirurgia e irradiação deve ser encarada como uma segunda escolha em situações desfavoráveis nas quais riscos desnecessários não devem ser tomados e a remoção total não é possível. Referências (1) Bunin GR, Surawicz TS, Witman PA, Preston-Martin S, Davis F, Bruner JM. The descriptive epidemiology of craniopharyngioma. J Neurosurg. 1998;89:547–551. (2) Daly AF, Rixhon M, Adam C, Dempegioti A, Tichomirowa MA, Beckers A. High Prevalence of Pituitary Adenomas: A Cross Sectional Study in the Province of Liege, Belgium. J Clin Endocrinol Metab. 2006;12:12–20. (3) Fahlbusch R, Honegger J, Paulus W, Huk W, Buchfelder M. Surgical treatment of craniopharyngioma: experience with 168 patients. J Neurosurg 1999; 99: 237-250. (4) Samii M, Bini W. Surgical treatment of craniopharyngioma. Zentralbl Neurochirurgie 1991; 52: 17-23. 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