Vol 01 ANAIS FAEF Veterinaria 2014 FINAL 2
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Vol 01 ANAIS FAEF Veterinaria 2014 FINAL 2
S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF VOLUME 01 MEDICINA VETERINÁRIA Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 1 ISSN 1676-6814 XVII VOLUME 01 MEDICINA VETERINÁRIA GARÇA/SP - 2014 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Exemplares desta publicação podem ser solicitados à: SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE GARÇA FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR E FORMAÇÃO - FAEF Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso a Garça, km 1, CEP 17400-000, Garça/SP www.grupofaef.edu.br / [email protected] Telefone: (14) 3407-8000 EDIÇÃO, EDITORAÇÃO ELETRÔNICA, ARTE FINAL e CAPA Aroldo José Abreu Pinto Ficha Catalográfica elaborada pela biblioteca da Faculdade de Ensino Superior e Formação - FAEF 630 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF. S621a XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF. Anais... – Garça: Editora FAEF, 2014. 427 p. vol 01 - (07 vols.) 15x22cm. ISSN 1676-6814 1. Ciências Agrárias 2.Ciências Contábeis 3. Administração 4. Agronomia 5. Engenharia Florestal 6. Medicina Veterinária 7. Pedagogia 8. Psicologia 9. Direito. 10 Turismo. 11 Comércio Exterior Os autores são responsáveis pelo conteúdo das palestras e trabalhos científicos. Reprodução permitida desde que citada a fonte. Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso a Garça, km 1. CEP 17400-000, Garça/SP www.grupofaef.edu.br / [email protected] (14) 3407-8000 4 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII SUMÁRIO Apresentação ............................................................... 13 Comissão Organizadora ................................................... 15 Agradecimentos ............................................................ 17 Programação ................................................................ 19 TRABALHOS APRESENTADOS MEDICINA VETERINÁRIA .................................................. 21 ADENITE EQUINA – REVISÃO DE LITERATURA MARZOLA, Nayara Colombo; ZAPPA, Vanessa ........................ 23 BEM-ESTAR ANIMAL EM ANIMAIS DE PRODUÇÃO – REVISÃO DE LITERATURA Jéssica C. D. MENCK; João Pedro TOSIN; Suzana Más ROSA ........ 27 CADEIA PRODUTIVA DO LEITE – REVISÃO DE LITERATURA Luara Maria BORDA; Ana Paula PINAS, Thiago Ferreira da SILVA .. 35 CADEIA PRODUTIVA DO MEL – REVISÃO DE LITERATURA SCARAMUCCI, Cynthia Pirizzotto; SILVA, Thiago Ferreira da ....... 43 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 5 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA EM FELINOS – REVISÃO DE LITERATURA Vanessa Yurika MURAKAMI; Felipe Gazza ROMÃO; Gisele Fabrícia Martins dos REIS3 ......................................................... 53 CARDIOPATIAS CONGÊNITAS: ESTENOSE PULMONAR EM CÃES REVISÃO DE LITERATURA Isabela Regina de Oliveira HONÓRIO; Isabella Rio FELTRIN; Roque RAINERI NETO ............................................................. 61 CINOMOSE EM CÃES – REVISÃO DE LITERATURA Sara Regina Tonon BARROS; Marina Chaves CABRINI; Vanessa ZAPPA ...................................................................... 71 COMPLEXO RESPIRATÓRIO FELINO – REVISÃO DE LITERATURA Flávia Tavares Sampaio PAULA; Adriana Resmond Cruz ROMERA; ................................................................... 79 CRIPTOCOCOSE EM FELINOS – POTÊNCIAL ZOONÓTICO Francyelle TOYAMA; Raquel Beneton FERIOLI; Gisele REIS ........ 87 DEFORMIDADE FLEXURAL CONGÊNITA DO BOLETO EM POTROSREVISÃO DE LITERATURA Marcelo Fagali ARABE FILHO; Roque RAINERI NETO2 ................ 95 DEGENERAÇÃO MIXOMATOSA DA VALVA MITRAL EM CÃES – RELATO DE CASO Reinaldo Kazuiti SHIOSI; Gisele F. Martins REIS ..................... 105 DEMODICOSE CANINA – REVISÃO DE LITERATURA Lara Cristina Alcalde ANDRADE; Angélica Cristina Mourão GUIMARÃES; Vanessa ZAPPA ............................................ 113 DERMATOFITOSE FELINA - RELATO DE CASO Tatiana Cristina Longo FREDERICO; Yuri Sandei INFANTE; Gisele Fabrícia Martins REIS .................................................... 125 DESEMPENHO DE TOURINHOS JOVENS EM PASTEJO COM DUAS ESTRATÉGIAS DE SUPLEMENTAÇÃO MINERAL Ricardo Silva LUIZ; Vitor Andrade FRANCISCANI; Daniel Aparecido MARZOLA; Ernani Nery de ANDRADE .................................. 131 6 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DIARRÉIA VIRAL BOVINA – REVISÃO DE LITERATURA Patrícia Serignoli FRANCISCONI; Vanessa Yurika MURAKAMI; Vanessa ZAPPA3 .................................................................... 137 DIOCTOPHYMA RENALE – REVISÃO DE LITERATURA Matheus Daniel Burato BERNO; Vanessa ZAPPA ..................... 145 DIROFILARIOSE EM CÃES - REVISÃO DE LITERATURA Vanessa Yurika MURAKAMI; Patrícia Serignoli FRANCISCONI; Victtor José MAGRO; Vanessa ZAPPA ........................................... 153 DOENÇA INFECCIOSA DA BOLSA DE FABRÍCIO (DIB) – REVISÃO DE LITERATURA Suzana Más ROSA; Fabrício Zoliani ARAÚJO ......................... 161 ENTERÓLITOS EM EQUINOS – REVISÃO DE LITERATURA Maithê Bazaglia ALVES; Nataly Chimini SOBRAL; Fernanda T. N. Mobaid A. ROMÃO ........................................................ 171 FEBRE AFTOSA – REVISÃO DE LITERATURA Ana Claudia SITTA; Marina Gonçalves AVANTE; Vanessa ZAPPA ... 179 GLAUCOMA EM ANIMAIS DE COMPANHIA – REVISÃO DE LITERATURA Jaqueline Aparecida MARTINS; Letícia Sponton de CARVALHO; Roque RAINERI NETO .................................................... 187 HORMONIOTERAPIA APLICADA EM EGUÁS CICLICAS - REVISÃO DE LITERATURA SOUZA, Jessica F. O.; TEIXEIRA, Flavia R.; DELFIOL, Diego J. Z. ....................................................................... 203 LEISHMANIOSE CANINA – REVISÃO DE LITERATURA Yasmin Garcia MARANGONI; Reinaldo Kazuiti SHIOSI; Fernanda Ignácio SAULES3 ......................................................... 219 LEPTOSPIROSE – REVISÃO DE LITERTURA Lara C. Alcalde ANDRADE; Angélica C. Mourão GUIMARÃES; Vanessa ZAPPA ...................................................................... 229 LEPTOSPIROSE, UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA – REVISÃO DE LITERATURA Fabrício Zoliani de ARAUJO; Fernanda Saules IGNÁCIO ........... 235 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 7 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA MANEJO E CONSERVAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES EM CATIVEIRO – REVISÃO DE LITERATURA João Pedro Tosin da SILVA; Jéssica C. D. MENCK; Suzana Más ROSA ...................................................................... 247 MANEJO PRÉ ABATE DE BOVINOS NO PANTANAL: TRAJETOFAZENDA/FRIGORÍFICO Lucas Bispo BOTARI; Ernani Nery de ANDRADE ...................... 259 MÉTODOS DE INSENSIBILIZAÇÃO EM BOVINOS DE CORTE Nataly Chimini SOBRAL; Maithê Alves BAZAGLIA; Ernani Nery de ANDRADE .................................................................. 267 MICOBACTERIOSE CANINA – RELATO DE CASO Fabiana Pereira RIBEIRO; Adriana Resmond Cruz ROMERA ........ 275 MORMO EM EQUINOS Débora J. MARQUES; Diego José Z. DELFIOL ........................ 283 NOVAS PERSPECTIVAS EM DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO MASTOCITOMA CANINO – REVISÃO DE LITERATURA Matheus Daniel Burato BERNO; Analy Ramos MENDES ............. 293 NUTALIOSE – REVISÃO DE LITERATURA Luiz Felipe de AZEVEDO NETO; João Guilherme SOUZA; Vanessa ZAPPA ...................................................................... 305 OSTEOSSARCOMA EM CÃES - REVISÃO DE LITERATURA Damaris CARVALHO; Gisele Fabrícia Martins dos REIS ............. 313 OTITE MÉDIA EM CÃO – RELATO DE CASO Maria Gabriela Picelli de AZEVEDO; Gisele Fabricia Martins dos REIS .................................................................. 319 PIOMETRA CANINA – REVISÃO DE LITERATURA Reinaldo Kazuiti SHIOSI; Yasmin Garcia MARANGONI; Roque RAINERI NETO ....................................................................... 327 PODODERMATITE ASSÉPTICA DIFUSA EM EQUINOS - REVISÃO DE LITERATURA Carolina de Brito,GRANDINO; Joice Franciele, SOARES; Roque, RAINERI NETO ............................................................ 345 8 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF RAIVA EM PEQUENOS ANIMAIS – REVISÃO DE LITERATURA Matheus Daniel Burato BERNO; Vanessa ZAPPA ..................... 363 SÍNDROME DA DILATAÇÃO VÔLVULO-GÁSTRICA EM CÃES – RELATO DE CASO Yasmin Garcia MARANGONI; Angélica Cristina Mourão GUIMARÃES; Raquel Beneton FERIOLI ............................................... 371 TOXOPLASMOSE – REVISÃO DE LITERATURA Marina Chaves CABRINI; Sara Regina Tonon BARROS; Vanessa ZAPPA ..................................................................... 383 TRÍADE NEONATAL EM PEQUENOS ANIMAIS Giovana Paula Antunes Ribeiro de SOUZA; Gisele Fabrícia Martins do REIS .................................................................... 389 UROLITÍASE EM CÃES – REVISÃO DE LITERATURA Natália Gallerani CAMILO; Gisele F. Martins dos REIS .............. 399 UTILIZAÇÃO DA PRESSÃO VENOSA CENTRAL NA CLÍNICA DE ANIMAIS DE COMPANHIA SIQUEIRA, Tabatha Vivielle; REIS, Gisele ............................. 407 TÉTANO EM EQUINOS – REVISÃO DE LITERATURA Luiz Felipe de AZEVEDO NETO; João Guilherme SOUZA; Vanessa ZAPPA ...................................................................... 415 Normas para elaboração de artigo científico do Simpósio da FAEF ....................................................................... 423 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 9 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 10 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII APRESENTAÇÃO O décimo sétimo Simpósio de Ciências Aplicadas é um marco histórico para todos os membros da nossa prestigiada FAEF. Chegamos às vésperas de duas décadas de existência, tratandose do mais relevante evento anual de ensino, pesquisa e extensão da nossa IES, momento em que todos os membros da direção, coordenações, corpo administrativo, funcionários, colaboradores, docentes e discentes estão unidos para um único objetivo, qual seja, a construção e a divulgação do conhecimento. Prova dessa assertiva é a inscrição de aproximadamente 2000 pessoas entre alunos e profissionais das diversas áreas e um número elevado de trabalhos científicos, entre artigos, comunicações científicas e técnicas, relatos de casos, revisões de literatura e outros. A cada ano, felizmente, majora o volume e a qualidade dos trabalhos inscritos e aprovados para publicação nos anais. Todavia, para quem pensa que alcançamos tudo, vale aguardar para participar desses quatro dias de evento, pois, aspiramos continuar “mudando a história” da melhor maneira que sabemos: produzindo e divulgando conhecimento (tríade: ensino, pesquisa e extensão de excelência). Assim sendo, com muita dedicação, paixão e profissionalismo ao que fazemos, temos a certeza de que a décima sétima edição do Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF, leva-nos, a cada ano, a buscar o conhecimento como Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 11 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA que pela primeira vez, pois objetivamos atingir a nossa parcela neste processo essencial para a formação dos nossos alunos, profissionais que já estão no mercado de trabalho e a população externa que nos visita para abrilhantar este grandioso evento científico. Sejam todos bem-vindos! PROF. MSC. OSNI ÁLAMO PINHEIRO JÚNIOR PRESIDENTE EXECUTIVO 12 DO XVII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS APLICADAS DA FAEF Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII COMISSÃO ORGANIZADORA Presidente de Honra do Simpósio Profª. Drª. Dayse Maria Alonso Shimizu Presidente Executivo do Simpósio Prof. MSc. Osni Alamo Pinheiro Junior Vice Presidente Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto Comissão Científica do Simpósio Prof. MSc. Felipe Camargo de Campos Lima Profª. MSc. Priscilla dos Santos Bagagi Profª. MSc. Vanessa Zappa Profª. Drª. Letícia de Abreu Faria Comissão de Infraestrutura do Simpósio Prof. Esp. Daniel Aparecido Marzola Sra. Lirya Kemp Marcondes de Moura Prof. MSc. Márcio Roberto Agostinho Prof. Esp. Fernando Rocha Prof. Esp. Alexandre Luis da Silva Felipe Prof. Dr. Ernani Nery de Andrade Sr. Rodrigo Pinheiro de Azevedo Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 13 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Prof. MSc. Felipe Camargo de Campos Lima Sra. Maria Aparecida da Silva Comissão de Captação de Parceiros Prof. MSc. Márcio Roberto Agostinho Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto Profª. MSc. Gisleine Galvão Bosque Sr. Mateus Souza Avelar Prof. Esp. Paulo César Jacobino Sra. Lirya Kemp Marcondes de Moura Comissão de Marketing, Comunicação Visual e Mídias Sociais Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Srta. Andréia Travenssolo Mansano Profª. MSc.Vanessa Zappa Sr. Rodrigo Pinheiro de Azevedo Sr. Anderson de Oliveira Cardoso Moraes Comissão de Documentação e Expedição de Certificados Profª. MSc. Gisleine Galvão Bosque Profª. MSc. Priscilla dos Santos Bagagi Prof. MSc. Márcio Roberto Agostinho Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Profª. MSc. Raquel Beneton Ferioli Srta. Ana Stela Agostinho Costa Srta. Andréia Travenssolo Mansano Srta. Suellen Sossolote Comissão de Cultura e Entretenimento Profª. MSc. Gisleine Galvão Bosque Profª. MSc. Priscilla dos Santos Bagagi Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo 14 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Prof. MSc. Márcio Roberto Agostinho Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto Sra. Lirya Kemp Marcondes de Moura Srta. Andréia Travenssolo Mansano Prof. Dr. Ernani Nery de Andrade Sra. Maria Aparecida da Silva Profª. MSc. Gisele Fabricia Martins dos Reis Prof. Msc.Diego José Zanzarini Delfiol Comissão de Secretaria e Tesouraria do Simpósio Profª. Msc. Priscilla dos Santos Bagagi Profª. Msc. Gisleine Galvão Bosque Prof. Msc. Augusto Gabriel Claro de Melo Profª. Esp. Amaly Pinha Alonso Srta. Rosilene Pedroso de Oliveira Srta. Ana Stela Agostinho Costa Sr. Wilson Shimizu Comissão Editorial do Simpósio Prof. Dr. Aroldo José de Abreu Pinto Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 15 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA COMISSÃO CIENTÍFICA DOS CURSOS Administração Prof. MSc. Ricardo Alves Perri Prof. Esp. Jorge Toshio Fushimi Agronomia Prof. Dr. Edgard Marino Júnior Prof. Esp. Giovana Paiva Azevedo Profª. Drª. Letícia de Abreu Faria Ciências Contábeis Prof. Esp. Nildemar Andrade Gonçalves Gonzaga Prof. Esp. Cristiano dos Santos Dereça Direito Prof. Esp. Diogo Simionato Alves Prof. Dr. Silvio Carlos Alvares Profª. MSc. Simone Doreto Campanari Profª. Drª. Érika Cristina de Menezes Vieira Costa Tamae Profª. MSc. Claudia Telles de Paula Engenharia Florestal Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Prof. MSc. Murici Carlos Candelaria Prof. Esp. Victor Lopes Braccialli Medicina Veterinária Profª. Esp. Fernanda Tamara Neme Mobaid Agudo Romão Profª. Msc. Raquel Beneton Ferioli Profª. Msc. Vanessa Zappa Pedagogia Prof. MSc. Odair Vieira da Silva Profª. MSc. Neuci Leme de Camargo Profª. MSc. Priscilla dos Santos Bagagi Psicologia Prof. MSc. Rangel Antonio Gazzolla Profª. MSc. Juliana Baracat Turismo Profª. Msc. Talita Prado Barbosa 16 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII AGRADECIMENTOS A Comissão Organizadora e a Administração Superior da Sociedade Cultural e Educacional de Garça agradecem imensamente a todos aqueles que participaram do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e, em especial, aos palestrantes, apoios e/ou patrocínios das empresas e órgãos públicos que contribuíram para o sucesso do evento. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 17 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 18 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII PROGRAMAÇÃO Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 19 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA MINICURSOS XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF - Entretenimento Além de enriquecer o conhecimento profissional, no XVII Simpósio de Ciências Aplicadas os participantes puderam participar de atividades culturais, de entretenimento, de lazer e de educação ambiental. Confiram a programação: - Dia 6 de maio, a partir das 19h, na Estância FAEF: Concurso Miss e Mister FAEF e Nossos Talentos; - Dia 7, 8 e 9 de maio, das 17h30 às 19h, no campo: Campeonato de futebol; - Dia 9 de maio, das 15 às 17h50, no Haras: Atividades Equestres; - Dia 9 de maio, das 15 às 17h50, na Estância FAEF: Dog Fashion Day; - Dia 9 de maio, das 15 às 17h50, no NUEMA: Oficina Ambiental. 20 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII TRABALHOS APRESENTADOS Medicina Veterinária Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 21 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 22 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ADENITE EQUINA – REVISÃO DE LITERATURA MARZOLA, Nayara Colombo1 ZAPPA, Vanessa2 1 Discente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP-Brasil. [email protected] 2 Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP-Brasil. [email protected] RESUMO A Adenite Equina popularmente conhecida como garrotilho, é uma doença infecto-contagiosa que afeta o trato respiratório de equideos, com maior prevalência em animais jovens, ela é causada por uma bacteria denominada: Streptococcus equi, onde sua entrada se dá pelas vias aéreas. É relatada no mundo inteiro, proporciona perdas econômicas e um custo para tratamento. Deve-se utilizar de meios de controle para evitá-la. Palavras-chave: Adenite bactéria, respiratório. ABSTRACT The Equine Strangles popularly known as Strangles is an infectious disease that affects the respiratory tract of equine, with higher prevalence in young animals, it is caused by a bacteria called Streptococcus equi, where entry is given by the airways. It is reported worldwide, provides economic losses and a cost for treatment. You must use the means of control to prevent it. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 23 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Keywords: adenitis, bacteria, respiratory. 1. INTRODUÇÃO A Adenite Eqüina, ou Garrotilho como é conhecida, recebe este nome devido à aparência que o animal acometido assume, parecendo estar sendo estrangulado (garroteado) devido ao aumento de volume dos linfonodos (SANTOS, 2011). Esta doença é específica de dos equideos, e atinge o trato respiratório, causando abcessos nos linfonodos retrofaringeano e submandibular, pode invadir a mucosa oral da nasofaringe causando anorexia, queda de temperatura e descarga nasal purulenta. Esta situação, sem que se faça um tratamento adequado, pode evoluir para uma infecção das bolsas guturais, pneumonia por aspiração, entre outras complicações, podendo levar o animal á óbito (THOMASSIAN, 2005). Geralmente, acomete animais mais jovens, mas também pode acometer os animais adultos (THOMASSIAN, 2005). Aparece, geralmente em locais de agrupamento animais, pois o microorganismo é facilmente transmitido através em recipiente com agua e comedouros de uso comum, pois chega ao o organismo com os alimentos e água contaminados. Há animais resistentes portadores, que não apresentam sintomas da doença, mas a disseminam, dando origem a surtos inesperados. Os animais doentes precisam ser isolados (TORRES,1981). O diagnóstico é geralmente realizado de acordo com os sinais clínicos, ou com a presença do agente em culturas a partir do exsudato nasal ou do pus(THOMASSIAN, 2005). O objetivo deste trabalho, foi produzir uma revisão de literatura, sobre a Adenite eqüina e mostrar a importância de tratar os animais infectados. 2. DESENVOLVIMENTO A Adenite Eqüina, ou garrotilho é um escandescência purulenta catarral das mucosas da cabeça, garganta e trato respiratório, onde os linfonodos , formam inchaços que podem drenar e produzir seios 24 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF cutâneos, ou sofrer rompimento para a bolsa gutural. Estão comprometido principalmente os nodos retrofaríngeanos e mandibulares (WINTZER, 1990). É ocasionada pela bactéria Streptococcus equi, e acomete os animais mais jovens pelas freqüentes baixas na resistência, especialmente nas alterações climáticas, desmama, transporte e treinamento intensivo. Então o contágio e a proveniencia de infecção do garrotilho é o corrimento nasal de animais infectos, pois quando relincham, tossem ou espirram, espalham pus como se fossem um jato sobre a água e os alimentos, facilitando a propagação da enfermidade (THOMASSIAN, 2005). O período de preparação da doença vai de 4 a 10 dias, após contágio de outro animal. Começa com anoxeria, abatimento e hipertermia (40-41ºC), respiração ofegante e acelerada, mucosa avermelhada, aparecendo depois de 2-3 dias uma descarga mucopurulenta eem seguida purulenta, pelas narinas. Podendo haver tosse, por várias semanas. Os gânglios da face apresentamse firmes, aquentados e doloridos, transformando-se em abcessos que supuram e liberam pus amarelo e cremoso (TORRES,1981). O Diagnóstico, geralmente é clinico e baseia-se nas características de surto da doença, idade dos animais, rinorréia purulenta e tosse. E os animais infectados devem ser isolados (THOMASSIAN, 2005). O tratamento é relativamente simples e eficaz, e o antibiótico mais utilizado é a penicilina benzatina na dose de 20.000 a 40.000 UI/Kg, por VI, repetindo se a dose 72 horas após a primeira aplicação (THOMASSIAN, 2005). Eventualmente, no decorrer da doença, quando se tem um grande aumento do volume dos linfonodos, pode haver asfixia por compressão laríngea, levando o animal a dispnéia e descoloração azulada das mucosas (cianose). Nestas condições deve ser realizada a traqueotomia, sob pena de acontecer a morte por asfixia (THOMASSIAN, 2005). Discute-se o uso da vacina profilática, porem encontrou-se pouca evidencia de sua eficácia clinica (WINTZER,1990). Mas, quando o animal é vacinado e contrai a doença, ela se manifesta de forma amena (THOMASSIAN, 2005). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 25 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base no que foi desenvolvido neste trabalho, pode-se considerar que é de extrema importância isolar o animal infectado do restante dos animais sadios, pois a enfermidade é facilmente transmitida, e o tratamento da doença é simples mas deve ser feito assim que descoberto a doença. E a vacina profilática pode amenizar a gravidade da enfermidade quando contraída. 4. REFERENCIAS Ciência Rural, Santa Maria, v.39, n.6, p.1944-1952, set, 2009 : http:/ /www.scielo.br/pdf/cr/v39n6/a220cr851.pdf Acesso em Março de 2013 Mundo dos Cavalos, Saline Santos dos Santos, Médica Veterinária CRMV 10314/RS: http://www.mundodoscavalos.com.br/artigo/ adenite-equina-ou-garrotilho . Publicado em: 28/06/2011. Acesso em Março de 2013. Portal Crioulos 08/06/2009: http://www.portalcrioulos.com.br/ por_artigos.php?etp_id=TDET&arar_id=13&PRgdid=1 Acesso em Março de 213 THOMASSIAN, Armen. Enfermidades dos Cavalos. 4ª Edição. São Paulo: Livraria Varela, 2005. 465-466 p. TORRES, Alcides di Paravicini. Criação de Cavalo e de outros eqüinos. 2ª Edição. São Paulo: Nobel, 1981. 610 p. Universidade Federal de Pelotas. XVII Congresso de Iniciação Cientifica. http://www.ufpel.edu.br/cic/2008/cd/pages/pdf/CA/ CA_01304.pdf. Acesso em Março de 2013. WINTZER, Hans-Jürgen. Doenças para os eqüinos: um manual para alunos e veterinários. São Paulo: Manole, 1990. 360-361 p. 26 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF BEM-ESTAR ANIMAL EM ANIMAIS DE PRODUÇÃO – REVISÃO DE LITERATURA Jéssica C. D. MENCK1 João Pedro TOSIN2 Suzana Más ROSA3 1 Discente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – [email protected] 2 Discente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – BRASIL3 Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – [email protected] RESUMO A saúde animal envolve questões relacionadas a enfermidades dos animais, saúde pública, controle dos riscos na cadeia alimentar, assegurando a oferta de alimentos e bem-estar animal. Por isso compreender a relação entre reprodução, comportamento e bem-estar vêm sendo um desafio. A principal razão é a dificuldade em estabelecer e avaliar o bem-estar. Alguns autores sugerem a análise do estado geral de saúde, do nível de estresse e dos padrões comportamentais como medidas indiretas. Vários pesquisadores acreditam que o enriquecimento ambiental parece ser efetivo na redução de condições estressantes e de comportamentos anormais, podendo propiciar melhor desempenho reprodutivo em diferentes espécies. Palavras-chave:Bem-estar, Animais, Produção. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 27 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Animal health, involves issues related to animal diseases, public health, controlling risks across the food chain, ensuring the supply of safe food and animal welfare. Therefore understanding the relationship between reproduction, behavior and well-being has been a challenge. The main reason is the difficulty in establishing and evaluating welfare. Some author ssuggest the analysis of general health, level of stress and behavioral patterns as indirect measures. Several researchers believe that environmental enrichment may be effective in reducing stressful conditions and abnormal behavior, and may provide better reproductive performance in different species. Key-words:Welfare, Animal, Production. 1. INTRODUÇÃO O avanço da ciência do bem-estar animal aguçou o senso crítico da necessidade de prevenção e tratamento da dor em animais, adicionado ao olhar atento do consumidor, às boas práticas de produção e a preservação ambiental. Desta forma, o bem-estar animal agrega valor ao produto e pode favorecer a produtividade. É dever do ser humano prover condições para que os animais não sejam submetidos a procedimentos dolorosos sem a devida anestesia e analgesia e repensar o uso de práticas que causam dor e sofrimento em animais de produção (LUNA, 2008). O termo bem- estar pode ser utilizado aos animais silvestres ou a animais cativos em fazendas produtivas, a zoológicos, à animais de experimentação ou à animais domésticos. Os efeitos sobre o bemestar incluem aqueles provenientes de doença, traumatismos, fome, estimulação benéfica, interações sociais, condições de alojamento, tratamento inadequado, manejo, transporte, procedimentos laboratoriais, mutilações variadas, tratamento veterinário ou alterações genéticas através de seleção genética convencional ou por engenharia genética (BROOM; MOLENTO, 2004). É forte a relação existente entre bem estar animal e outros temas relacionados com a produção animal intensiva, principalmente o uso 28 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF de promotores de crescimento e outras drogas. Como é de conhecimento geral, a produção de animais contemplando os conceitos de bem estar custa mais caro, por isso este tem sido o principal fator diminuidor da velocidade de avanço do movimento (CRUZ, 2008). O objetivo deste trabalho é demonstrar o sofrimento que muitas vezes acomete os animais de produção para nosso próprio benefício, e fazer-nos repensar se muitas das técnicas usadas são realmente necessárias, e se sim, quais seriam alternativas para diminuir a dor e o estresse causado. 2. DESENVOLVIMENTO Atualmente o consumidor está atento para o alimento que respeite as boas práticas e a preservação ambiental. Fazendo o bemestar animal passar de um empecilho às práticas de produção, a um aliado importante para viabilidade financeira do agronegócio, agregando maior valor ao produto. Algumas práticas realizadas em animais de produção têm sido questionadas, aumentando a preocupação com o bem-estar animal e o controle da dor nestas espécies pode ser vantajoso para a própria produtividade (LUNA, 2008). No Brasil, as preocupações com o bem-estar animal crescem paralelamente ao desenvolvimento socioeconômico, mudando o perfil dos consumidores aos quais estão cada vez mais preocupados com a qualidade do produto, a segurança do alimento e o respeito ao meio ambiente e ao animal (ROCHA, 2008). Os animais de produção são os que mais sofrem dor, pois sempre são submetidos a diversos procedimentos cruéis sem a devida anestesia ou analgesia. As principais causas de dor são a marcação à quente ou frio, orquiectomia, descornia, a debicagem, caudectomia e o corte de dentes (LUNA, 2008). Adicionalmente, o próprio manejo dos animais pode desencadear um estímulo nocivo, como em casos de traumas durante o transporte e a falta de espaço pelo confinamento, neste caso principalmente em aves de postura e de corte e em criações intensivas de suínos e “baby beef” (LUNA, 2008). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 29 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA No lado da produção de alimentos, pelo fato de serem criadas em gaiolas, aves de postura são percebidas como a espécie que mais sofre com as praticas predominantes no mercado. Suínos provavelmente em segundo lugar, e na sequência frangos e perus de corte (CRUZ, 2008). 2.1 Avaliação de bem estar A avaliação do bem-estar envolve uma abordagem multidisciplinar, que considera as características comportamentais, a sanidade, a produtividade, as variáveis fisiológicas e as preferências dos animais pelos diversos componentes do ambiente que os rodeiam. O estresse fisiológico é um dos principais indicadores usados na avaliação do bem-estar animal, pois de maneira geral, é considerado a resposta fisiológica do organismo a um estímulo do ambiente, na tentativa de manter a homeostasia.O estresse prolongado ou crônico pode causar falhas no sistema imunológico, reprodutivo e no crescimento, pode interferir com a memória dos animais e acarretar uma menor capacidade cognitiva, gerando comportamentos que irão afetar negativamente o bem estar (HOTZEL; MACHADO FILHO, 2004). Através da incidência de comportamentos anômalos também é possível avaliar o bem estar, pois são considerados um redirecionamento de desempenhos para os quais o animal tem forte motivação, mas cuja realização está impedida por fatores ambientais. Outras vezes, o comportamento dos animais numa situação é comparado com o de animais que têm a possibilidade de desenvolver um repertório comportamental mais próximo do considerado natural para a espécie em condições ambientais apropriadas (HOTZEL; MACHADO FILHO, 2004). Em um estudo realizado por Broom e Molento (2004), foram observadas as preferências dos animais como forma de obter a opinião dos mesmos em relação a certas situações de manejo ou ambiente, como por exemplo, porcas pré-parturientes que pressionavam um painel para ter acesso a uma sala contendo palha ou à outra sala contendo alimento. Até dois dias antes do parto as porcas pressionaram muito mais frequentemente para ter acesso ao alimento do que à palha. Neste momento, o alimento era mais importante para as porcas do que a palha para manipulação ou construção do 30 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ninho. Entretanto, no dia anterior ao parto, quando normalmente seria construído um ninho, as porcas pressionaram o painel com similar frequência para obtenção de palha e de comida. Galinhas preferem bater suas asas de vez em quando; porém, este comportamento é impossível em gaiolas industriais. Bezerros criados para produção de vitela e alguns animais de laboratório engaiolados tentam exaustivamente limpar-se, porém isto não é possível em baias ou gaiolas muito pequenas, ou em gaiolas metabólicas e aparelhos de contenção (BROOM; MOLENTO, 2004). 2.3 Enriquecimento ambiental Quando um animal se encontra em desajuste homeostático real ou potencial, ou quando tem de executar uma ação devido a alguma situação ambiental, diz-se que este animal tem uma necessidade. Quando essas necessidades não são satisfeitas, o bem-estar é mais pobre do que em situações nas quais as necessidades são satisfeitas. Existem necessidades de recursos em particular, tais como água ou calor; entretanto, os sistemas de controle nos animais evoluíram de tal forma que o modo de obtenção de um objetivo específico tornouse importante (BROOM; MOLENTO, 2004). Algumas necessidades são associadas a sentimentos, que provavelmente se alteram quando a necessidade é satisfeita. Se a existência de um sentimento aumenta as chances de realização de uma ação adaptativa por parte do indivíduo, aumenta as chances de sobrevivência. Os sentimentos são parte de um mecanismo para se atingir um objetivo, exatamente da mesma forma que respostas adrenais ou regulação comportamental da temperatura corporal também são. Outras informações sobre necessidades são obtidas pela observação de anormalidades comportamentais ou fisiológicas, as quais resultam de necessidades não satisfeitas (BROOM; MOLENTO, 2004). Enriquecimento ambiental é sinônimo de aumento de complexidade de ambientes, possibilitando uma melhoria da funcionalidade biológica dos animais. Consiste em uma série de medidas que modificam o ambiente físico ou social, melhorando a qualidade de vida dos animais cativos, permitindo a mensuração do bem-estar, considerando os efeitos do ambiente no crescimento e no desenvolvimento (GUIMARÃES et al., 2009). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 31 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Ambientes que lembram o habitat natural mostram uma maior facilidade de expressão de comportamentos típicos da espécie e um aumento da reprodução, no caso da criação das aves, as gaiolas eliminam o contato com as fezes, e melhoram o ambiente de trabalho, com a diminuição dos níveis de poeira e amônia, permitem reduzir o grupo de aves alojadas, minimizando assim o canibalismo e previnem o consumo dos ovos pelas galinhas, já que estes rolam para o aparador após a postura, ficando longe do alcance das mesmas (ROCHA et al., 2008). No entanto, as aves apresentam comportamentos naturais causando estresse, sendo que o espaço limitado ainda restringe a movimentação e as atividades das aves, contribuindo para a “osteoporose por desuso”, que torna o osso mais frágil e susceptível a fraturas dolorosas. Pesquisas recentes têm desenvolvido gaiolas enriquecidas ou convencionais modificadas visando atender às necessidades de bem-estar. Dentre estas se observam a incorporação de poleiros para melhorar a resistência óssea, a utilização de repartições inteiras entre as gaiolas para reduzir os danos ao empenamento, colocação de fita ou pintura abrasiva junto à base do aparador de ovos para permitir que as aves reduzam o tamanho das unhas, enquanto se alimentam, e consequentemente as lesões de pele, área para ninhos e banhos de areia (ROCHA et al., 2008). 2.4 Alguns resultados positivos proporcionados através do bem estar animal Observou-se maior ganho de peso em leitões castrados sob o efeito de anestesia local na semana após a cirurgia, em relação àqueles não anestesiados, superando inclusive os gastos com o procedimento anestésico (LUNA, 2008). Na área de bovinocultura, muitos trabalhos demonstram que as práticas operativas e de manejo corretas asseguram um maior bemestar do animal e obtêm melhores resultados econômicos, evitando ineficiência e perda de valor em toda a cadeiade corte e produzindo um produto que não deixa de ser uma commodity, mas que apresenta diferenciação por sua qualidade melhorada, pois o manejo inadequado pode passar despercebido e ocasiona deficiência do 32 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF sistema produtivo, por falhas na alimentação, enfermidades, etc (BORTOLI, 2008). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Os animais estão sob nossa responsabilidade, por isso é dever do ser humano e particularmente do médico veterinário, prover condições para que os animais não sejam submetidos a procedimentos dolorosos sem a devida anestesia e analgesia. Animais de produção sofrem muito, então deve-se repensar o uso de práticas que causam dor e sofrimento considerando que eles são criados para o nosso benefício. Por isso, o mínimo que se deve ser feito é tratá-los de forma digna e com respeito. Muitas práticas deveriam ser reavaliadas quanto à necessidade, a forma de realização e o custo do sofrimento animal deve ser levado em consideração, já que a emoção e inteligência animal podem ser questionadas, mas é inquestionável que os animais sofram. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LUNA, S. P. L. Dor, senciência e bem-estar em animais. In: Ciênc. Vet. Tróp., v. 11. Suplemento 1. Recife-PE. 2008. p. 17-21. CRUZ, C. R. Bem-estar animal no cenário internacional. In: IV Simpósio Brasil Sul de Avicultura. Chapecó – SC. 2003. PIZZUTTO, C. S. GUIMARÃES, M. A. B. V. SGAI, M. G. F. G. O enriquecimento ambiental como ferramenta para melhorar a reprodução e o bem-estar de animais cativos. In: Rev. Bras.Reprod. Anim. v.33. 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Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CADEIA PRODUTIVA DO LEITE – REVISÃO DE LITERATURA Luara Maria BORDA¹ Ana Paula PINAS¹ Thiago Ferreira da SILVA² RESUMO O leite teve sua história iniciada há 20 mil anos a.C a partir do primeiro contato humano com o mesmo. No RIISPOA o leite é o produto vindo da ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. O leite é uma fonte de vitaminas A, E e K. Também são encontradas no leite as vitaminas hidrossolúveis como: B1, B2, B6, B12, ácido pantotênico e niacina. O objetivo desta revisão de literatura é descrever pontos importantes sobre a cadeia produtiva do leite, ramo crescente no Brasil que cria emprego para a população, renda para produtores, além de ser um alimento que participa da rotina das pessoas por possuir um alto poder nutritivo. Palavras-chave: higiene, produtores, renda, vitamina. ABSTRACT The milk had his story started 20,000 years BC from the first human contact with it. In RIISPOA milk is the product from the complete, uninterrupted milking, in conditions of hygiene, well fed and rested healthy cows. The milk is a source of vitamins A, E and K Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 35 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA are also found in milk water-soluble vitamins such as B1, B2, B6, B12, niacin, and pantothenic acid. The aim of this review is to describe important points about the milk chain, increasing branch in Brazil that creates jobs for the population, income for producers, besides being a food that part of the routine of the people have a high nutritional value. Keywords: hygiene, producers, income vitamin. 1.INTRODUÇÃO O leite teve sua história iniciada a 20 mil anos a.C a partir do primeiro contato humano com o mesmo. Somente por volta de 3 mil anos a.C. é que passa a ser usado como alimento. Desenhos rupestres testemunham a aproximação do homo sapiens com o leite que teria ocorrido provavelmente com as cabras. A primeira ordenhaé na data de 10 mil anos a.C.. A partir de 3100 a.C. acontece o primeiro registro histórico e concreto da utilização do leite como alimento. Durante as grandes navegações do século XVI, bovinos, cabras e ovelhas serviam para fornecer o leite, e o queijo. Por volta de 1650 enquanto as classes mais abastadas preferiam o café puro, a mistura de café com leite era popular. Durante o século XVII o leite teve importante papel nas preparações culinárias na alimentação da maior parte da população (SOARES & NICOLAU, 2012). No Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal, leite é o produto vindo da ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. Assim, fatores como: espécie, raça, indivíduo, idade da vaca, estágio da lactação, alimentação, estações do ano, estado de saúde do animal, dentre outros, afetam a composição do leite (BRASIL, 2012). A cadeia produtiva do leite é uma das mais valiosas do complexo agroindustrial brasileiro. Movimenta por ano cerca de US$10 bilhões, possuem mais de 1 milhão de produtores, e produz aproximadamente 26 bilhões de litros de leite anualmente, provenientes de um dos maiores rebanhos mundiais, com grande potencial para abastecer o mercado interno e externo (PACHECO et al., 2012). 36 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A Bovinocultura Leiteira exerce um importante papel no desenvolvimento econômico nacional de países em desenvolvimento, principalmente nas regiões que predominam a agropecuárias, isso tem ocorrido devido a crescente inserção do Agronegócio na “Economia Globalizada”. Contudo, para atingir bons resultados, as atividades agropecuárias, estão cada vez mais expostas aos desafios impostos pela mundialização da economia de modo que é preciso manter um elevado nível de competitividade em termos de custos, preços, qualidade, condizente com os padrões do dinâmico mercado atual, o que, por sua vez, tem tornado cada vez mais importante à eficiência na gestão dessas atividades (VIANA & FERRAS, 2007). Dados obtidos da apuração dos custos de produção são utilizados para várias finalidades, como: estudo da rentabilidade da atividade do leite, redução dos custos, planejamento e controle das operações do sistema de produção leiteira, identificação e determinação da rentabilidade do produto, identificação do ponto de equilíbrio. A cadeia produtiva do leite: um estudo sobre a organização da cadeia e análise de rentabilidade de uma fazenda com opção de comercialização de queijo ou leite do sistema de produção de leite, e instrumento de apoio ao produtor no processo de tomada de algumas decisões certas (LOPES et al., 2001). Acrescentando-se a importância nutritiva do leite como alimento, pode-se estar diante de um dos produtos mais importantes da agropecuária brasileira. O leite é rico em nutrientes essenciais ao crescimento e à manutenção de uma vida saudável. A indústria de laticínios tem potencializado o valor nutritivo deste produto. Existe no mercado uma série de bebidas lácteas enriquecidas com vitaminas, minerais e ômegas 3 e 6, assim como leites especiais para as pessoas que não podem digerir e metabolizar a lactose. Além da sua importância nutritiva, o leite desempenha um relevante papel social, principalmente na geração de serviços e empregos (PACHECO et al., 2012). O objetivo desta revisão de literatura é descrever pontos importantes sobre a cadeia produtiva do leite, ramo crescente no Brasil que cria emprego para a população, renda para produtores, além de ser um alimento que participa da rotina das pessoas por possuir um alto poder nutritivo. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 37 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2.DESENVOLVIMENTO O leite é uma importante fonte de vitaminas A, D, E e K. Também são encontradas no leite as vitaminas hidrossolúveis como: B1, B2, B6, B12, ácido pantotênico e niacina. Quanto aos sais minerais, o leite possui os essenciais à dieta humana e concentra em maior quantidade os fosfatos, citratos, carbonato de sódio, cálcio, potássio e magnésio (SOARES & NICOLAU, 2012). O País tem, hoje, acima de um milhão e cem mil propriedades que vivem do leite, ocupando diretamente 3,6 milhões de indivíduos. Para ter-se uma ideia mais clara do impacto deste setor na nossa economia, a elevação na demanda final por produtos lácteos em um milhão de reais gera 195 empregos permanentes. Este impacto supera o de setores automobilístico, o de construção civil, o siderúrgico e o têxtil. A expectativa é de que se tenha produzido próximo a 21 bilhões de litros em 2001 (PACHECO et al., 2012). A indústria de laticínios no Brasil é composta de empresas multinacionais, cooperativas e empresas nacionais, sendo este um dos maiores produtores mundiais de leite, mas com baixa produtividade devido à utilização de vacas de raças impróprias para a produção de leite e pela não utilização de confinamento. No caso da modernização da pecuária leiteira, os grandes pecuaristas pressionam as cooperativas para a adoção de novas tecnologias usadas com fim de valorizar o produto final. A coleta a granel representa esse esforço, embora não tenha sido totalmente implantada no país (RIBEIRO, 1999) O Censo Agropecuário do IBGE indica que no Brasil existem aproximadamente 5,2 milhões de produtores rurais e em 25% deles ocorre a produção de leite. O maior percentual de propriedades com leite em relação ao número total de estabelecimentos rurais ocorre nas Regiões Sul (41%) e no Centro-Oeste (39%). No Sudeste 33% do total de estabelecimentos trabalham com leite, no Norte 18% e no Nordeste apenas 16% deles se dedicam à atividade (BARROS et al, 2010). O leite está entre os seis primeiros produtos mais importantes da agropecuária brasileira, ficando a frente de produtos como café beneficiado e arroz. O agronegócio do leite e seus derivados desempenham um papel relevante no suprimento de alimentos e na 38 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF geração de emprego e renda para a população (PACHECO et al., 2012). Tradicionalmente o Brasil sempre foi um grande importador de produtos lácteos, chegando a registrar um déficit anual de quase meio bilhão de dólares no final dos anos 90. A partir de 2004, com o cenário mundial favorável o País passou a fazer parte do mercado internacional, como exportador líquido de produtos lácteos. Com o aumento da renda da população nacional, principalmente das classes C e D, o consumo de produto laticínios aumentou e a balança comercial voltou a ser negativa. Em 2011, até outubro, já importamos meio bilhão de dólares com 132.457 toneladas de produtos lácteos e exportamos aproximadamente US$ 100 milhões (BARROS et al, 2010). No caso do leite, existem cerca de cinco figuras que podem vir a desempenhar o papel de ligação entre produtores e consumidor final do produto: cooperativa, indústria, representante, distribuidores e varejista. O fluxo pode ser considerado ainda de duas maneiras: o fluxo por canais mais comuns da mercadoria, situação esta que ocorre predominantemente durante a comercialização do produto e liga todos os elos da cadeia, desde o produtor até as cooperativas, indústrias e distribuidores; e o fluxo por meio de canais alternativos, o qual ocorre em menor proporção, podendo ligar intimamente o produtor ao consumidor final (VIANA & FERRAS, 2007). O volume de leite produzido em nosso país é suficiente para que cada pessoa tenha disponível diariamente 0,441 litros. Para atender o consumo recomendado pelo Ministério da Saúde, que é de 210 litros/ano ou 0,575 litros/dia, o volume total da produção leiteira deveria ser de 40 bilhões de litros, considerando a população brasileira constituída de 190,8 milhões de habitantes (BARROS et al, 2010). A renda gerada pela atividade também incentiva a demanda interna por outros produtos, gerando empregos também de forma indireta. Finalmente, a atividade também é importante na geração de recursos públicos, através da agregação de valores, contribuindo para a disponibilidade de recursos que podem também ser revertidos em investimentos (VIANA & FERRAS, 2007). A constituição das cadeias produtiva não segue padrões préestabelecidos. Pois, cada arranjo depende de inúmeras variáveis, que normalmente estão associadas aos contextos regionais e as Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 39 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA exigências de mercado. Isto significa que fluxos de insumos, matérias primas, produtos e capitais, bem como, os repasses de tecnologia ocorrem sob regências contratuais. E estes são estabelecidos para garantir a fidelidade entre os segmentos e elementos da cadeia (DA SILVA, 2010). 3.CONCLUSÕES Tendo em vista a importância do leite enquanto produto alimentício para todas as sociedades, é necessário um melhor acompanhamento das atividades produtivas. Com isso pode-se concluir que o Brasil está cada vez mais incentivando os produtores de leite, isso gera rendas altas para o pais e emprego para a população. Com isso aumenta a demanda deste produto já é considerado um alimento altamente nutritivo e essencial para a saúde dos indivíduos. Para tanto, a análise da história dos dados é de suma importância estratégica para a cadeia produtiva do leite, na medida em que servirá para apoiar a tomada de decisão para investimentos no setor. 4.REFERÊNCIAS BARROS, Fabiano Luiz Alves; DE LIMA, João Ricardo Ferreira, FERNANDES, Rosangela Aparecida Soares. Análise Da Estrutura De Mercado Na Cadeia Produtiva Do Leite No Período. De 1998 A 2008. Aceito Em: 09/08/2010. Graduado Em Economia Pela Universidade Federal De Campina Grande - Ufcg. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal, 2012. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/19501969/D30691.htm>. LOPES, M. A.; MAGALHÃES, G.P. Rentabilidade na terminação de bovinos de corte em condições de confinamento: um estudo de caso em 2003, na região oeste de Minas Gerais. Ciências Agrotécnica, Lavras, v. 29, n. 5, p. 1039-1044, Set./Out. 2004. COSTA, R. G.; QUEIROGA, R. C. R.; PEREIRA, R. A. G. 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Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CADEIA PRODUTIVA DO MEL – REVISÃO DE LITERATURA SCARAMUCCI, Cynthia Pirizzotto¹ SILVA, Thiago Ferreira da² ¹Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da FAEF- Garça – SP - Brasil. email: [email protected] ²Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEF- Garça – SP - Brasil. email: [email protected] RESUMO O agronegócio vem sendo uma das ferramentas de extrema importância para o Brasil e para o Mundo, com isso o estudo das cadeias produtivas estão sendo de grande valia para o desenvolvimento do mercado interno e externo. A cadeia produtiva do mel é bastante visada no mercado externo, porem ainda exista uma grande dificuldade para o Brasil em ambos os mercados. O Brasil possui uma grande capacidade territorial e uma excelente qualidade técnica para o avanço da produção de mel e seus derivados, contudo ainda é um mercado novo para o país, possuindo muitos gargalos a serem solucionados. Este trabalho tem como finalidade o estudo da cadeia produtiva do mel, os produtos e subprodutos e os aspectos desta a cerca do agronegócio no Brasil e no mundo. Palavras-chave: agronegócios, abelhas, cadeia, mercado, mel. ABSTRACT Agribusiness has been one of the very important tools for Brazil Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 43 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA and the world, therefore the study of production chains are of great value to the development of domestic and foreign market. The productive chain of honey is quite targeted in the foreign market, however there is still a great difficulty for Brazil in both markets. Brazil has a large territorial capacity and an excellent technical quality to advance the production of honey and its derivatives, however, is still a new market for the country, owning many bottlenecks to be solved. This work aims to study the productive chain of honey, products and by-products and about aspects of agribusiness in Brazil and worldwide. Keywords: agribusiness, bees, chain market, honey. 1. INTRODUÇÃO O conhecimento sempre foi um insumo importante para o agronegócio, tanto na produção quanto na comercialização, e com o crescimento do porte e da competitividade e consequente a isso a complexidade da agricultura brasileira ao passar dos anos, este virou uma ferramenta ainda mais essencial (BUAINAIN & BATALHA, 2007). O conceito de cadeias produtivas é um processo de maior complexidade do desenvolvimento da agricultura, onde esta passa a ter um conjunto de relações de dependência cada vez mais estreita com outras condições para a sua realização, tais como, o uso de insumos industrializados como o uso de fertilizantes sintéticos, máquinas e equipamentos, agrotóxicos, medicamentos e outros, para a produção propriamente dita. Esta nova forma de fazer agricultura vem acompanhada do processamento, em maior ou em menor grau, das matérias primas produzidas, para o consumo humano e animal e está sujeita a canais cada vez mais sofisticados e distantes para a chegada aos consumidores finais, onde se estabelece uma integração crescente com o mundo da cidade e dos negócios (SILVA & PEIXE, 2006). Das cadeias produtivas que cresceram em importância mais recentemente, esta a de orgânicos e mel. Nos últimos 25 anos, os mercados de produtos alimentares vêm sofrendo grandes transformações, de um lado emerge uma nova institucionalidade, marcada por consumidores mais conscientes do seu poder, e que buscam nos alimentos atributos específicos desde a qualidade, sabor, 44 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF cor, segurança nutricional, identificação de origem e associação com a natureza e assim por diante. De outro, as tecnologias de produção, gestão e comercialização registraram progressos substanciais, seja no quesito de atendimento às novas demandas dos consumidores, ou seja, para adequação em exigências da sociedade como um todo, resultando em um novo espaço aberto para a diferenciação dos produtos agropecuários que aos poucos vem deixando de ser tratados como commodities (BUAINAIN & BATALHA, 2007). Essas mudanças favoreceram a expansão de um conjunto de produtos que tem apelo natural, funcional e relação com a saúde dos consumidores. O consumo do mel, produto tradicionalmente associado ao padrão de consumo das camadas de renda mais elevada e ao uso como insumo pelas indústrias de alimentos, cresceu de forma sustentável nas ultimas décadas, estimulado principalmente pelas chamadas qualidades terapêuticas, nutricionais e funcionais (BUAINAIN & BATALHA, 2007). Este presente trabalho tem como finalidade a abordagem de um breve histórico sobre a cadeia produtiva do mel, discorrendo sobre o mercado de consumo deste produto e de seus subprodutos, destacando os principais produtores internos e externos, suas dificuldades dentro do mercado e a projeção deste produto no mercado futuro 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Apicultura: breve histórico As abelhas fazem parte do planeta terra há milhões de anos. Elas são descendentes das vespas, e se alimentavam de pequenos insetos, sendo que posteriormente estas passaram a consumir pólen das flores silvestres. Muitos povos primitivos se alimentavam dos produtos das abelhas sem uma classificação adequada, comendo o favo misturado com mel, cera, pólen e larvas (SILVA & PEIXE, 2006). Há 2.400 anos a. C., cultivando abelhas em colmeias de barro, o Egito foi um dos primeiros apicultores mundiais, os Gregos e Romanos aperfeiçoaram o processo de cultivo. A importância das abelhas para estes povos podia ser evidenciada no comércio e na literatura, já que eram estampadas em roupas, medalhas e moedas. O filósofo Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 45 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Aristóteles foi o primeiro a realizar um estudo sobre esta espécie, mesmo assim, durante séculos foram mantidas em estado rudimentar e primitivo. Após o desenvolvimento do microscópio, no século XVII, começam as primeiras investigações sobre os aspectos biológicos das abelhas, criando-se equipamentos especiais para a sua cultura racional e exploração econômica (SILVA & PEIXE, 2006). A apicultura caracteriza-se pela exploração econômica e racional da abelha do gênero Apis e espécie Apis mellifera. Sua introdução no Brasil ocorreu por volta da data de 1939 (CAMARGO, 1972). É praticada com mais intensidade a partir da imigração dos europeus (italianos e alemães) que, em meados do século XIX, trouxeram as abelhas européias. Em 1956, ocorreu à introdução de uma espécie africana (Apis mellifera scutellata), que se multiplicou e se disseminou rapidamente na natureza, cruzando-se com as espécies europeias de várias origens, alterando-lhes as características (FLECK & BELLINASO, 2008). No Brasil, todas as abelhas encontradas na natureza são mestiças (polihíbrido chamado de abelha africanizada) entre as raças europeias e a africana. A apicultura é a atividade de criação racional de abelhas do gênero Apis, com o intuito de obter produção dos diversos produtos que as abelhas podem nos fornecer de forma sustentável. Dentre esses produtos destaca-se o mel, como sendo o principal produto explorado mundialmente pela prática da apicultura (SOUZA et. al., 2009). 2.1 Produtos e Subprodutos do mel O produto “mel de abelhas” é diferenciado em duas categorias: o mel de mesa e o mel industrial. O mel consumido in natura misturado com frutas, cereais ou mesmo em preparações culinárias pela dona de casa é o mel de mesa. O mel industrial é utilizado na industria alimentar (como adoçante ou aromatizante), farmacêutica, cosmética e tabacarias. O mel de abelhas é composto por uma rica composição de vitaminas e nutrientes minerais que ajuda no suplemento alimentar, como fonte de calorias. O mel de abelhas é também usado na fabricação de xampus e no tratamento de beleza (cartilha). Outros produtos tais como, o própolis, a cera de abelha, a geleia real, também são comercializados (SOUZA et. al., 2009). 46 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Para estimar o consumo de mel é usado o conceito de cosumo aparente, que é a soma da produção interna, mais as importações, menos s exportações. Ao pensar em cosumo aparente de mel no Brasil é importante lembrar que no período de 1996-2003 houve uma mudança drástica, pois se saiu de um patamar em que a produção não era suficiente para atender o consumo interno, para em menos de dez anos corresponder a apenas 36% da produção (JUNIOR & SILVA, 2007). O consumo de mel no Brasil é estimado em aproximadamente 200g/pessoa/ano, o que é considerado muito baixo se comparado a alguns países da Europa, como a Alemanha e Suíça, onde se calcula um consumo de 2,400g/pessoa/ano. O consumidor do mel no Brasil é muito exigente e pertencente à classe A e B, sendo o mel consumido principalmente como medicamentos, os consumidores não se preocupam com marcas comerciais e prefere adquirir diretamente do produtor. O principal local de compra é o supermercado e grande parte adquire os produtos em estabelecimentos que exigem certificação (SIF ou SIE), rótulos e demais exigências. O maior fator de decisão de compra é o aspecto/cor/densidade, o consumidor geralmente sente ausência de informações sobre os produtos apícolas e considera que o mel como medicamento não é caro, mas o mel como alimento é caro (JUNIOR & SILVA, 2007). 2.2 A produção no Brasil O Brasil figura entre o 11º e 17° produtor mundial de mel e ocupa a 5ª posição no ranking mundial de exportação. Na década de 50, o Brasil produzia apenas 4 mil toneladas de mel por ano e, atualmente, produz entre 32 e 50 mil toneladas (IBGE, 2006; CBA, 2006). O valor das exportações brasileiras de mel em 2007 foi de US$ 21,2 milhões, com uma queda em relação a 2006 na ordem de 9,3% em consequência de uma redução de 11,6% na quantidade exportada em 2006 (12,9 mil toneladas de mel). Vários estados se destacam como maiores exportadores brasileiros, principalmente da região sudeste (São Paulo), sul (Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e nordeste (Piauí e Ceará) (SOUZA et. al., 2009). A apicultura no Brasil é predominantemente familiar, são no geral pequenos apiários mantidos por famílias de agricultores com base Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 47 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA de produção da agroecologia e inseridos nas dinâmicas da economia solidaria. Uma das características da atividade é que ela é pouco exigente em Mao de obra e em recursos. Desta forma, a apicultura vem sendo desenvolvida como uma atividade que gera possibilidades de renda adicional e que favorece o consumo mais frequente de mel na dieta familiar, sem falar nos benefícios da polinização das plantas nativas, frutíferas e exóticas que induz a ampliação do volume de frutos e sementes, e, consequentemente crescimento da cobertura vegetal de maior produtividade (JUNIOR & SILVA, 2007). Embora a apicultura esteja passando por uma fase de grande desenvolvimento a partir do início das exportações em 2001, ainda existe um grande potencial apícola (flora e clima) a ser explorado e grande possibilidade de se maximizar a produção, com a melhoria das práticas de manejo e produção, de forma a melhorar nossa produtividade por colméia/ano, que ainda é muito baixa em função do potencial apícola que o país dispõe (SOUZA et. al., 2009). Para a garantia da qualidade do mel, durante a extração e decantação é necessária a utilização de equipamentos específicos de aço inox, além dessas praticas serem realizadas em ambientes exclusivos, como casa de mel e entreposto de mel, o que muitos produtores ainda não possuem. A fase de extração do mel é feita normalmente na propriedade e a maioria das vezes esta não é feita dentro das condições de higiene, devido à falta de um espaço apropriado para esta finalidade, correndo então riscos de contaminação do produto (JUNIOR & SILVA, 2007). No estudo conduzido por VILELA, (2000) o autor definiu o apicultor e o consumidor como os dois principais elos na cadeia produtiva do mel, em torno dos quais se encontra estruturado um conjunto de outros sujeitos com funções intermediarias, normalmente vinculadas a atividades de prestação de serviço, objetivando o aperfeiçoamento da qualidade do produto do apicultor ao consumidor final (SILVA & PEIXE, 2006). É indispensável que se proceda à detecção dos principais gargalos (entraves ou problemas), que afetam cada elo da cadeia produtiva, procedimento que se passa a fazer na sequência deste artigo (FLECK & BELLINASO, 2008). A flora apícola que é determinada pelo conjunto de plantas que fornecem alimento (néctar e pólen) as abelhas em uma determinada região no Brasil tem como base a vegetação nativa, portanto as 48 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF vegetações nativas carecem de políticas de defesa e preservação (FLECK & BELLINASO, 2008). Outro ponto a ser discutido é o baixo consumo interno do produto, inibindo o crescimento da produção, bem como também a conquista definitiva do mercado externo, especialmente se as vendas forem em forma de produtos fracionados (marcas) e não a granel como ocorres nos dias de hoje. Assim os atuais gargalos do elo mercado interno são: o consumo do mel, mais como medicamento e menos como alimento, falta de campanhas publicitárias, visando o aumento do consumo de mel como alimento nas refeições diárias da população, baixa qualidade do produto, devido à manipulação deficiente, que deixa o consumidor insatisfeito, preços baixos e desestimulantes aos apicultores, falta de organização na produção (redução dos custos de produção com a compra coletiva de insumos e fatores de produção) e comercialização (venda direta aos consumidores, criação de marcas, embalagens especiais, outros produtos, etc.) falta de diferenciação do mel para o consumo humano direto e para as indústrias (produção de alimentos, medicamentos, cosméticos, etc.) (FLECK & BELLINASO, 2008). Ate recentemente praticamente toda produção nacional de mel era destinada ao mercado interno, a mudança radical desta realidade deveu-se a fatores externos (problemas com China e Argentina), que acabaram por beneficiar a apicultura nacional, com a elevação abrupta das exportações a partir de 2002. Segundo NETO et. al. (2006), citando dados da CBA, o embargo internacional á China e Argentina criou um déficit de 50.000 toneladas de mel no mercado internacional (SILVA & PEIXE, 2006). Assim o ingresso do Brasil no mercado internacional de mel e produtos apícolas é muito recente, o país também exporta, mas ainda em pequenos volumes, a cera de abelha, a própolis, o pólen, a geleia real e a própria apitoxina. Assim os gargalos que acometem este elo da cadeia produtiva do mel são: desconhecimento da legislação e mecanismos para a exportação, a demanda do mercado externo de me a granel ao invés de produtos fracionados, baixo nível tecnológico, falta de tradição no mercado e pequena demanda, retorno na China e Argentina ao mercado internacional, com méis de baixa qualidade e preço baixo, dificuldade em comercializar o mel embalado (FLECK & BELLINASO, 2008). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 49 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Outros entraves na cadeia produtiva do mel estão situados em outros elos tais como: a profissionalização do produtor, treinamento e capacitação dos funcionários, linhas de creditos, insumos e fatores de produção, indústrias de máquinas e equipamentos, pesquisa agropecuária, inspeção sanitária, defesa e fiscalização dos produtos, entre outros (FLECK & BELLINASO, 2008). 2.2 Produção Interna e Externa Estima-se que a produção mundial de mel durante o a no de 2001 foi em torno de 1.263.000 toneladas, sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas). Segundo os dados do IBGE, a produção de mel em 2005 no Brasil foi de 33.749.666,00 kg, gerando um faturamento de R$169.542.943,00. A região Sul foi a que mais se destacou, com 15.815.522,00 quilos seguida do Nordeste com 10.910.916,00 quilos, observada na tabela abaixo (JUNIOR & SILVA, 2007). Tabela I: Situação das regiões brasileiras Quantidade do valor da produção de mel de abelha, segundo as grandes regiões – 2005 Regiões Quantidade (kg) Valor (reais) Brasil 33.749.666 169.542.943 Norte 653.467 3.899.963 Nordeste 10.910.916 37.201.751 Sudeste 5.272.302 36.781.309 Sul 15.815.522 82.291.778 Centro-Oeste 1.097.459 9.368.142 Fonte: IBGE, 2005. O Brasil vem nos últimos anos conquistando novos mercados, apesar do embargo da união europeia (2006-2007), a exportação de mel segue crescendo. Os principais compradores de mel o pais são: Alemanha, Espanha, Canadá, Estados Unidos, Porto Rico e México (JUNIOR & SILVA, 2007). Considerando a produção e a exportação brasileira no ano de 2007, observa-se que o País comercializou internacionalmente em 50 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF torno de 37% da sua produção. A produção de mel nos Estados Unidos vem declinando ao longo da última década. Em parte, essa diminuição ocorreu por uma doença denominada colony colapse disorder, que ataca as abelhas daquele país e que causou a destruição de um terço de suas colmeias, sendo que outros países também detectaram problemas devido a essa enfermidade. Esse país se alterna com a Alemanha como principal importador mundial (BORGES & LEONARDI, 2014). Dinamismo singular acontece com a Alemanha, na medida em que não é grande produtora, porém, aparece como a quinta maior exportadora e segunda maior importadora de mel no ano de 2007. Esse país pratica a reexportação, importando méis a um determinado preço, agregando valor ao produto e o exportando a um preço mais elevado (BORGES & LEONARDI, 2014). Por fim, identifica-se que pelas características produtivas o Brasil apresenta enorme potencial de se estabelecer como importante player nesse mercado. Ações vêm sendo realizadas para o desenvolvimento da cadeia apícola brasileira. Cita-se, por exemplo, o plano de Sanidade Apícola, ainda em fase de implementação, e que representa um avanço considerável para garantia da qualidade do produto brasileiro (BORGES & LEONARDI, 2014). 3. CONCLUSÕES O estudo sobre a cadeia produtiva do mel e dos produtos apícolas no Brasil revela a existência de potencialidade, seja pela grande área territorial disponível com sua cobertura vegetal, pelo volume de tipos de abelhas existentes na natureza. Porem o mercado interno ainda é um grande desafio para essa cultura, pois há falta de incentivo para os consumidores ao consumo do mel e seus derivados, este é um dos grandes problemas, sem a exigência do produto no mercado interno, não há exigência na produção. Falta então um grande apoio ao marketing para que o produto seja introduzido à mesa do consumidor. Quanto ao mercado externo, após o embargo dado aos produtores mundiais o Brasil aumentou as suas exportações em grande quantidade, porém ainda é pequena em relação à capacidade deste país em território e em qualidade técnica. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 51 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Conclui se que a cadeia produtiva do mel é uma das cadeias que podem ter uma projeção de excelentes resultados para o Brasil, mas a falta de investimento, tanto na parte de manejo, quanto de incentivo na parte financeira e na parte legislativa em adequação das normas técnicas e exigências para o comercio interno e externo, ainda são grandes barreiras para que essa cultura seja alavancada no país. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGES, J. A. R.; LEONARDI, A. Mel Natural: Brasil no mercado Mundial. Artigo publicado em: AgroAnalysis: A revista de agronegócios da FGV. Disponível em: http://www.agroanalysis.com.br/ materia_detalhe.php?idMateria=843. Acesso em 13 de fevereiro de 2014. BUAINAIN A. M.; BATALHA M. O. Série Agronegócios: Cadeias Produtivas de Flores e Mel. v. 09, Brasília: MAPA, 2007. FLECK, L. F.; BELLINASO, J. A. Estudo da cadeia do mel e derivados: Território Central RS. Ministério do Desenvolvimento AgrárioSecretaria de Desenvolvimento Territorial. Porto Alegre-RS, Julho, 2008. JUNIOR, E. S. F.; SILVA, P. R. P. Cartilha: Olhando a cadeia produtiva do mel e dos produtos apícolas no Brasil. Natal-RN, 2007. NETO, R. M. de P.; PAULA, F. L. de; NETO, A. Principais mercados apícolas mundiais e a apicultura brasileira. Banco do Nordeste do Brasil. Fortaleza- CE. Revista mensagem Doce n. 84, p.1-20, ApacameSP, 2005. SILVA, R. C. P. A.; PEIXE, B. C. S. Estudo da cadeia produtiva do mel no conteto da apicultura paranaense: uma contribuição para a Identificação de Políticas Públicas Prioritárias. Paraná, 2006. SOUZA, D. C.; CAMARGO, R. C. R.; MURATORI, M. C.; ROBBS, P. G. Manual de Segurança e Qualidade para Apicultura: Série qualidade e segurança dos alimentos. SEBRAE. Editora eletrônica. 1. Ed., 2009. VILELA, S. L. de O. Cadeia produtiva do mel no Estado do Piauí. Teresina: Embrapa Meio-Norte, p.121, 2000. 52 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA EM FELINOS – REVISÃO DE LITERATURA Vanessa Yurika MURAKAMI1 Felipe Gazza ROMÃO2 Gisele Fabrícia Martins dos REIS3 1 Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da FAEF Garça-SP. E-mail: [email protected] 2 Docente do Curso de Medicina Veterinária da FIO – Ourinhos-SP. Email:[email protected] 3 Docente do Curso de Medicina Veterinária da FAEF Garça-SP. Email:[email protected] RESUMO A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é a cardiopatia mais comum em felinos domésticos, classificada como uma enfermidade primária ou secundária do músculo cardíaco, onde uma das principais causas primárias é a falha congênita nas estruturas contráteis de alguns miócitos, o que sobrecarrega os miócitos normais, provocando sua hipertrofia concêntrica. Pode ser secundária a outras doenças, como estenoses valvulares e hipertireoidismo. A maior complicação da CMH é a ocorrência de tromboembolismo arterial, principalmente na região aórtica a trifurcação ilíaca.O objetivo do presente trabalho foi abordar em uma revisão de literatura sobre a cardiomiopatia hipertrófica. Palavra – Chave: Cardiopatia, Tromboembolismo, Aorta, Trifurcação, Ilíaca. Tema – Central: MedicinaVeterinária. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 53 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Hypertrophic cardiomyopathy (HCM) is the most common heart disease in domestic cats, classified as a primary or secondary disease of the heart muscle, where one of the main causes is the primary congenital flaw in the contractile structures of some myocytes guzzling the normal myocytes, causing their concentric hypertrophy or may be secondary to other diseases, such as valvular stenosis and hyperthyroidism. The biggest complication of CMH is the cases of arterial thromboembolism, mainly in the iliac region aortic trifurcation. The objective of this study was to address in a review of literature on hypertrophic cardiomyopathy. Key - Word: Cardiopathy, Thromboembolism, Aorta, Iliac, Trifurcation. Theme-Central: Veterinary Medicine. 1.INTRODUÇÃO As especialidades na medicina veterinária vêm crescendo muito nos últimos anos, facilitando desta forma o diagnóstico e terapia de doenças antes despercebidas. Com isso, podemos ressaltar o grande desenvolvimento na área de emergência clinica de pequenos animais, onde é de grande importância o tratamento das cardiopatias (SALIBA et al., 2010). Entre as cardiopatias de felinos, as doenças miocárdicas são as mais comuns. A cardiomiopatia ocorre quando há comprometimento funcional ou uma anormalidade no músculo cardíaco. Ela pode ser de origem primária (idiopática) ou secundária, esta última identificada quando há uma alteração metabólica, sistêmica ou uma deficiência nutricional (SILVA, 2013). A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é uma doença primária do miocárdio caracterizada por aumento da massa cardíaca associada à hipertrofia do ventrículo esquerdo (VE), e ausência de dilatação ventricular. Há o desenvolvimento de disfunção diastólica aumentando a pressão de enchimento do ventrículo esquerdo (VE), culminando com a possibilidade de desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) (NÓBREGA, 2011). 54 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O diagnóstico de CMH é realizado pelos achados de anamnese e exame físico, com auxílio de exames complementares, como ecocardiograma, radiografias torácicas e eletrocardiograma, quando existe a possibilidade e suspeita de arritmias decorrentes da cardiomiopatia. Os gatos com CMH discreta podem permanecer assintomáticos por anos, sendo que estes muitas vezes são atendidos apenas quando apresentam manifestações respiratórias ou sinais de tromboembolismo (TE) agudo (VIANA, 2011). O tratamento descrito na literatura é bem vasto, porém não existe um consenso sobre a melhor conduta terapêutica, ficando então a critério do veterinário avaliar as condutas para cada paciente individualmente (VIANA, 2011). Tentativas terapêuticas para esta enfermidade incluem o uso de diuréticos, inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) como o benazepril, bloqueadores dos canais de cálcio como a anlodipina ou diltiazem e betabloqueadores como carvedilol, sotalol (PION e RISHNIW, 2011). 2.DESENVOLVIMENTO As cardiomiopatias constituem um grupo heterogéneo e bastante importante de doenças cardíacas, caracterizadas pelo comprometimento estrutural e funcional do músculo cardíaco. Elas acometem tanto os cães quanto os gatos. estas podem ser classificadas em quatro categorias –cardiomiopatia hipertrófica (CMH), cardiomiopatia dilatada (CMD), cardiomiopatia restritiva (CMR) e cardiomiopatia arritmogênica ventricular direita. Mais recentemente, surgiu a categoria de cardiomiopatia indeterminada ou “não classificada”, representativa dos casos cujas características não se enquadram em nenhuma outra categoria (NÓBREGA, 2011). 2.1. CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA A cardiomiopatia hipertrófica em felinos é uma doença miocárdica primária ou secundária, geralmente de etiologia idiopática e ainda desconhecida, caracterizada por uma hipertrofia concêntrica dos músculos papilares e das paredes do ventrículo esquerdo, sem ocorrência de dilatação desta câmara cardíaca (MARQUES, 2010). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 55 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Uma hipertrofia cardíaca concêntrica é a consequência de uma sobrecarga ventricular e aumento da pressão nesta câmara. Neste tipo de hipertrofia, ocorre um aumento regular da espessura da parede ventricular com diminuição do tamanho das câmaras cardíacas. Ela está frequentemente associada a patologias, como estenose valvar/subvalvar ou outra obstrução ao fluxo ventricular, hipertensão arterial sistêmica, e a doenças metabólicas, como hipertireoidismo ou insuficiência renal. Pode ainda estar associada a causas primárias, como em casos de cardiomiopatia hipertrófica (BRANQUINHO et al., 2010). A disfunção diastólica do ventrículo esquerdo, caracterizada por relaxamento miocárdico prejudicado e redução da complacência ventricular, é considerada como hipótese para a ocorrência de alterações estruturais e funcionais do miocárdio nestes pacientes (LYRIO e LOPES, 2008). Esta condição resulta em insuficiência cardíaca congestiva (ICC) em casos avançados, a qual é caracterizada por edema pulmonar, efusão pleural e até mesmo ascite. Ocasionalmente, identificam-se, pelo ecocardiograma, trombos aderidos ao endocárdio especialmente no átrio esquerdo, os quais podem se desprender e acarretar em obstrução da artéria aorta abdominal, na região da trifurcação ilíaca, resultando em neuromiopatia isquêmica dos membros pélvicos. Tromboembolismo e infarto subseqüente também podem ocorrer nos rins, cérebro, intestinos e aténo próprio coração (SILVA et al., 2009). 2.2 SINAIS CLÍNICOS Gatos com cardiomiopatia hipertrófica leve ou moderada podem ser assintomáticos, assim como alguns pacientes com grau mais severo da doença. Geralmente, as cardiomiopatias em felinos são identificadas em exames de rotina, que durante a auscultação cardíaca são auscultados sons de arritmia, sons de galope ou sopro sistólico mitral, ou quando apresentam sintomatologia de tromboembolismo ou ICC esquerda (SILVA, 2013). Os sinais clínicos mais comuns incluem anorexia, náuseas, vômitos e dispneia aguda. No entanto, paresia ou paralisia causada por doenças tromboembólicas podem ser o único sinal clínico presente nestes pacientes (LYRIO e LOPES, 2008). 56 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Quando há ocorrência de tromboembolismo arterial, as manifestações mais comuns são paresia ou paralisia aguda do membro posterior, pulso femoral fraco ou inexistente, palidez ou cianose nas extremidades, rigidez dos músculos gastrocnêmios e dor aguda à palpação (SILVA, 2013). 2.3 DIAGNÓSTICO O diagnóstico é considerado um grande desafio na rotina da clínica médica felina, pelo fato de ser uma das mais importantes cardiomiopatias felinas. O diagnóstico da CMH não é difícil, mas requer métodos especiais para confirmação das suspeitas clínicas. Felizmente, o vasto melhoramento técnico dos métodos de diagnóstico no campo dos exames de imagem e no campo laboratorial, juntamente com outros métodos mais recentes vem facilitando o diagnóstico de CMH felina (NÓBREGA, 2011). A radiografia torácica simples pode ser útil no diagnóstico da cardiomiopatia hipertrófica felina, pois torna possível a avaliação do tamanho e formato cardíaco, além do parênquima e vasculatura pulmonar. Em estágios iniciais da doença, os achados radiográficos de limites de câmara cardíaca interna podem se apresentar normais em decorrência de hipertrofia concêntrica. No entanto, em alguns casos, a hipertrofia pode não estar aparente. Com a evolução do quadro, há uma tendência de aumento de átrio e ventrículo esquerdo, congestão venosa pulmonar, edema pulmonar e efusão pleural (LYRIO e LOPES, 2008). O ecocardiograma é o meio preferencialmente utilizado para o diagnóstico de gatos com CMH, na tentativa de diferenciação entre outras hipertrofias cardíacas secundárias a doenças metabólicas,infiltrativas ou sistêmicas. Ele permite a avaliação anatômica, mensuração da espessura das paredes do septo interventricular e dos ventrículos, detectar a presença de trombo cardíaco em átrio ou em aurícula e avaliação da função sistólica e diastólica (SILVA, 2013). 2.3 TRATAMENTO A terapia instituída na CMH objetiva a melhora da qualidade de vida do paciente e aumento de sobrevida. A melhor maneira de Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 57 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA concretizar estes objetivos é a redução da carga de trabalho cardíaco e a restituição da função cardíaca através do controle da frequência cardíaca, facilitando a pressão de enchimento do VE. O controle de arritmias, minimização da isquemia (melhorando a oxigenação), diminuição da obstrução da via de saída do VE, e, finalmente, o controle da insuficiência cardíaca congestiva presente, são medidas importantes para o sucesso terapêutico em cada paciente (NÓBREGA, 2011). A principal complicação da CMH é o tromboembolismo aórtico (TEA), a qual é uma síndrome que ocorre em felinos, estando geralmente associado a uma cardiomiopatia, o que facilita a formação do trombo dentro do ventrículo esquerdo. Este trombo segue pela circulação sistêmica instalando-se na trifurcação ilíaca da artéria aorta abdominal caudal, impedindo o fluxo sanguíneo para os membros pélvicos, uni ou bilateral(QUINTANA, 2013). 2.4 PROGNÓSTICO O tempo de sobrevida em gatos com CMH é muito variável. Vários fatores parecem influenciar o prognóstico, incluindo a velocidade da progressão da doença, a ocorrência de tromboembolismo e/ou arritmias e a resposta à terapia instruída (SILVA, 2013). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A cardiomiopatia hipertrófica em felinos, afecção de etiologia idiopática, éuma enfermidade que ocorrer exclusivamente em felinos. Devido aos sinais clínicos serem inespecíficos comoanorexia, vômitos, dispnéia, ou paresia de membros pélvicos, deve-sesuspeitála como diagnóstico diferencial em felinos. Os exames eletrocardiográficos e radiográficos são apenascomplementares, porém de extrema importância. Contudo o diagnósticodefinitivo apenas é obtido por meio do ecocardiograma. A terapia instituída na cardiomiopatia hipertrófica objetiva a melhora da qualidade de vida do paciente e aumento de sobrevida, já que a progressão da doença pode culminar em ICC ou na formação de tromboembolismo nos gatos, condições que podem comprometer a vida dos mesmos. 58 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 4. REFERÊNCIAS BRANQUINHO, J.; MONZO, M.; CLÁUDIO, J.; ROSADO, M.; CARVALHO, J.; LACERDA, R.; RODRIGUES, K. Diagnóstico imagiológico de cardiomiopatia hipertrófica. Revista Lusófona de Ciência e Medicina Veterinária, v. 3, p. 36 – 44, Lisboa, 2010. LYRIO, L.L.; LOPES, V.A. Cardiomiopatia Hipertrófica Felina – Revisão de Literatura. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Clínica Médicade Pequenos Animais) - Qualittas Instituto de PósGraduação – UCB, Vitória, 2008. MARQUES, A.M.G.N.; Contribuição para o estudo de alguns parâmetros na avaliação do trabalho cardíaco em cães e gatos. Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina Veterinária) - Faculdade De Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2010. NÓBREGA, S.C.C. Cardiomiopatia Hipertrófica Felina: A Propósito de 5 Casos Clínicos. Tese(Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2011. 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Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 59 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Animal Brasileira, v. 10, n. 1, p. 335 – 341, Distrito Federal, 2009. SILVA, L.S.A. Tromboembolismo Arterial em Felino Doméstico com Cardiomiopatia Hipertrófica: Relato de Caso. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Clinica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais) - Universidade Federal Rural do Semi - Árido, Curitiba, 2013. VIANA, F.F. Aspectos Fundamentais do Tromboembolismo em Felinos: Revisão de Literatura e Relato de Caso. Trabalho de Conclusão do Curso (Graduação em Medicina Veterinária) – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Brasília, 2011. 60 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CARDIOPATIAS CONGÊNITAS: ESTENOSE PULMONAR EM CÃES - REVISÃO DE LITERATURA Isabela Regina de Oliveira HONÓRIO1 Isabella Rio FELTRIN1 Roque RAINERI NETO2 1 2 Acadêmicas do curso de Medicina Veterinária e Zootecnia da FAEF Garça - SP - Brasil. Email: [email protected] / [email protected] Professor da disciplina Anatomia Descritiva dos Animais Domésticos FAEF - Garça - SP - Brasil. Email: rr_neto@hotmail. RESUMO Cardiopatias Congênitas são anomalias presentes desde o nascimento do animal que alteram a fisiologia e morfologia do coração. Na maioria das vezes as causas são desconhecidas. Dentre as diversas cardiopatias congênitas, considerada o segundo defeito cardíaco que mais acomete cães é a estenose pulmonar; que é o estreitamento anormal da valva pulmonar, um espessamento dos folhetos, que impede a saída do sangue de dentro do ventrículo direito para os pulmões, causando problemas cardíacos ao animal, impedindo-o de ter uma vida normal. Soluções cirúrgicas são muito úteis e podem ser feitas para melhoria da saúde do animal diagnosticado com estenose pulmonar. PALAVRAS-CHAVE: Diagnóstico, Doença cardíaca, Tratamento cirúrgico. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 61 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Congenital heart defects are anomalies present at birth that alter animal physiology and morphology of the heart. Most often the cause is unknown. Among the various congenital heart defects, considered the second most heart defect that affects dogs is pulmonary stenosis, which is the abnormal narrowing of the pulmonary valve, one leaflet thickening, which prevents the outflow of blood from the inside of the right ventricle to the lungs, causing the animal heart problems, preventing him from having a normal life. Surgical solutions are very useful and can be made to improve the health of the animal diagnosed with pulmonary stenosis. KEYWORDS: Diagnosis, Disease heart, Treatment surgical. 1- INTRODUÇÃO Os distúrbios congênitos do coração e grandes vasos encontramse entre as anomalias mais frequentemente encontradas e mais importantes em animais. As anomalias mais graves podem não ser compatíveis com a vida fetal; outras, embora completamente compatíveis com a sobrevivência fetal, tornam-se evidente com a mudança da circulação fetal para a circulação pós-natal (JONES, 2000). Os defeitos congênitos podem ser causados por fatores genéticos, toxicológicos, nutricionais, infecciosos, ambientais e farmacológicos. A maioria desses fatores já foi estudada em laboratório, mas pouco se sabe sobre o papel dos fatores não genéticos na ocorrência de cardiopatias congênitas espontâneas nos cães e gatos (SISSON, 2004). No caso de vários defeitos, suspeita-se de uma base herdada em predileções raciais. Os defeitos cardíacos congênitos são importantes, não somente pelo efeito que produzem nos animais afetados, como também pelo seu potencial de afetar populações reprodutivas inteiras. Além dos defeitos cardíacos clássicos, muitos outros distúrbios cardiovasculares apresentam provavelmente uma base genética, dentre estes a valvulopatias degenerativas em cães de raças de pequeno porte que podem ter um componente hereditário importante. (MERCK, 2001). 62 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O exame físico do paciente cardiopata (identificação do animal, anamnese, inspeção, palpação, percussão e auscultação) é o começo da avaliação clínica do paciente e, indubitavelmente, o procedimento mais importante, pois é o crivo que determinará se o paciente será rotulado como cardiopata ou não (CAMACHO, 2004). A compreensão das alterações fisiopatológicas que acompanham os defeitos cardíacos congênitos é um importante aspecto para seu diagnóstico e tratamento, visto que o diagnóstico nem sempre é direto, uma apreciação das alterações fisiológicas exibidas por um paciente enfermo poderá ser útil na avaliação dos sintomas clínicos, achados físicos e resultados de outras práticas diagnosticas. A história natural de determinados defeitos cardíacos congênitos é fator importante na compreensão de como um animal específico pode responder a distúrbio específico (ANDERSON, 1996). Estenose pulmonar (EP) é o defeito cardíaco congênito comum em cães, sendo ocasionalmente identificada em gatos. Embora a obstrução do escoamento no ventrículo direito possa ocorrer no infundíbulo, região subvalvular, no local acima da valva pulmonar, a displasia da valva pulmonar é o defeito mais frequente observado em cães (ETTINGER e FELDMAN, 1997). Muitos cães com EP apresentam-se assintomáticos no momento do diagnostico, embora possam ter sinais de insuficiência congestiva direita ou história de intolerância ao exercício ou síncope (NELSON e COUTO, 1994). Presente desde o nascimento e pode ser detectada como sopro em filhotes de cão; se o sopro não for detectado os animais acometidos poderão não ser identificados até que os sinais clínicos se desenvolvam mais tarde na vida (TILLEY e SMITH JR, 2008). A forma de tratamento mais utilizada seria intervenção cirúrgica, sendo poucos os procedimentos para o alivio da estenose pulmonar: valvuloplastia com balão da área estenosada da valva, angioplastia por enxerto fragmentar, Implantação de um conduto, fechamento venoso e arteriotomia pulmonar (BORJRAB, 1996). 1- DESENVOLVIMENTO O coração é um órgão muscular oco que bombeia sangue continuamente através dos vasos sanguíneos para todo o organismo. Seu tamanho é variável entre as espécies, está localizado na cavidade Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 63 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA torácica, ocupa o mediastino médio, 60% do seu volume estão voltados mais para o lado esquerdo da cavidade e se localiza entre a terceira e sexta costelas, ficando cranialmente ao diafragma. Realiza os movimentos de sístole e diástole nas câmaras cardíacas sem sintonia. Está divido em dois átrios e dois ventrículos (DYCE et al, 2004 ). O sangue ao átrio direito através das veias cavas (cranial e caudal) passa para o ventrículo direito através da válvula tricúspide e sai do mesmo atrás da artéria pulmonar para os pulmões. Após a hematose (troca gasosa) sai dos pulmões através das veias pulmonares ate o átrio esquerdo, passa para o ventrículo esquerdo através da válvula bicúspide ou mitral e sai do mesmo pela arteira aorta para todo o corpo (DYCE et al,2004). A valva pulmonar (também conhecida como valva pulmônica) evita o fluxo reverso de sangue das artérias pulmonares para o ventrículo direito quando o ventrículo direito relaxa e a pressão cai dentro do ventrículo. Como a valva tricúspide, a valva pulmonar tem três folhetos aderidos a suas extremidades externas ao anel anular fibroso. Como o ventrículo direito é envolvido pelo ventrículo esquerdo, a valva tricúspide e a valva pulmonar estão praticamente próximas em lados opostos do coração, a valva tricúspide está à direita do ventrículo direito enquanto a valva pulmonar está de fato localizada mais do lado esquerdo do que a direita. Os efeitos combinados unidirecionais das valvas tricúspide e pulmonar asseguram que o ventrículo direito somente se preencha de sangue proveniente do átrio direito e ejete sangue somente para as artérias pulmonares (COLVILLE e BASSERT, 2010). Estenose valvar pulmonar é o estreitamento congênito da valva pulmonar, da artéria pulmonar ou do trato de escoamento ventricular direito (FOSSUM e DUPREY, 2005). Resulta em uma elevação ventricular direita, que causa aumento nas exigências e no rendimento de oxigênio ventricular direito. O ventrículo direito, ao contrário do ventrículo esquerdo, é primariamente mais uma bomba de volume do que de pressão, ele responde a elevações na pressão por meio de uma combinação de dilatação e hipertrofia. A dilatação pode esticar o comprimento da fibra do miócito além do máximo de 2,2 |i de comprimento para um desempenho miocitário ideal e resulta em uma insuficiência muscular. Ocorre uma insuficiência cardíaca 64 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF direita quando falham miócitos suficientes e os que se hipertrofiam não podem mais compensar. A hipertrofia muscular concêntrica pode atenuar posteriormente o fluxo sanguíneo no coração direito e, em uma forma de retroalimentação positiva, piorar a EP. Além disso, uma hipertrofia muscular cardíaca severa pode reduzir significativamente a perfusão capilar arterial coronária e promover uma insuficiência muscular. As observações clínicas sugerem que quando uma insuficiência de tricúspide acompanha a EP, eleva-se o esforço miocárdico, o que pode ampliar o início da insuficiência miocárdica (BORJRAB, 1996). A maior parte das pesquisas demonstra a EP como o terceiro defeito cardíaco congênito mais comum nos cães, compreendendo 21% dos defeitos cardíacos congênitos em um estudo. Rara nos gatos, especialmente como defeito isolado; compreendeu 3% dos defeitos cardíacos congênitos em um estudo. No caso dos cães as raças predominantes são: Buldogue inglês, Scottish terrier, Fox terrier de pelo duro, Schnauzer miniatura, West highland White terrier, Chihuahua, Samoieda, Mastife, Cocker spaniel, Beagle e Boxer (TILLEY e SMITH JR, 2008). Muitos cães com EP apresentam-se assintomáticos no momento do diagnostico, embora possam ter sinais de insuficiência congestiva direita ou historia de intolerância ao exercício ou síncope. Os achados físicos característicos incluem um impulso precordial direito proeminente, com frêmito na base esquerda alta, pulsos femorais normais a ligeiramente diminuídos, mucosas rosadas e, em alguns casos, pulsos jugulares. Á auscultação, um sopro de ejeção sistólica é mais audível no alto da base esquerda. Esse sopro pode irradiar-se em direção crânio ventral e para a direita em alguns casos, mas em geral não é ouvido sobre as carótidas. Às vezes, identifica-se um clique sistólico precoce, que talvez resulte da interrupção abrupta de uma válvula fusionada no inicio da ejeção. O sopro da insuficiência tricúspide secundária também pode ser audível e, em alguns casos, pode haver arritmias (NELSON e COUTO, 2001). O eletrocardiograma em casos leves pode ser normal, já em casos graves pode-se observar padrão sugestivo de aumento do ventrículo direito, bloqueio do ramo direito ou de ambos. O exame radiológico pode-se apresentar normal, mas nos casos graves observa-se cardiomegalia ventricular direita e dilatação pós estenótica da artéria Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 65 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA pulmonar. Com presença ou não de hipoperfusão pulmonar. Através do ecocardiografia bidimensional observa-se hipertrofia concêntrica e dos músculos papilares do ventrículo direito, alem de hipertrofia septal. No eixo curto da janela paraesternal direita, pode-se apreciar a dilatação pós estenótica da artéria pulmonar. A valva pulmonar é de difícil visualização, portanto a lesão estenótica nem sempre é bem demarcada (BELERENIAN, 2003). Fonte: SERRANO, 2012 Figura 1. Radiografia torácica (projeção laterolateral) de uma cadela com estenose pulmonar, evidenciando dilatação cardíaca e perda de definição da cintura cardíaca cranial, devido à dilatação do átrio direito e da artéria pulmonar principal. Fonte: SERRANO, 2012 Figura 2. Imagem ecocardiográfica 2D do coração de um cão com estenose pulmonar evidenciando aplanamento do septo interventricular. 66 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A EP é uma das cardiopatiais mais comuns e felizmente é facilmente tratável com manipulações cirúrgicas. Indica-se a cirurgia para EP se houver evidencias de esforço cardíaco direito (por exemplo, uma hipertrofia severa, uma insuficiência cardíaca, uma sincope ou um desvio axial direito). Os critérios objetivos baseados na cateterização do coração direito que indicam a cirurgia são uma hipertenção ventricular direita abordando os níveis sistêmicos ou um gradiente de pressão transversal a valva pulmonar de 100 mmHg. Alguns autores recomendam que não se realize nenhuma cirurgia nos pacientes com gradientes de pressão menores que 50 mmHg a menos que existam evidências concomitantes de esforço cardíaco direito progressivo (BORJRAB, 1996). Vários procedimentos cirúrgicos têm sido empregados em cães com EP moderada à grave. Uma técnica recém-desenvolvida é a valvuloplastia com balão da área estenosada da valva. Tal procedimento é realizado durante o cateterismo cardíaco e envolve a dilatação da valva estenótica por meio de um cateter especial com balão grande e firme na extremidade. A valvuloplastia por balão é útil em alguns cães com EP, mas em outros pode não trazer nenhum beneficio significativo porque a maioria dos cães com EP apresenta displasia valvular, que mais difícil de dilatar efetivamente que a simples fusão das cúspides da valva pulmonar (como é comum em seres humanos) (NELSON e COUTO, 1994). Angioplastia por enxerto fragmentar: pode-se remodelar o trato de escoamento ventricular direito por meio de uma angioplastia de enxerto fragmentar para aumentar a área transeccional do trato de escoamento estreitado do lado direito do coração e da artéria pulmonar. Esse procedimento que é aplicável em pequenos cães e gatos apresenta uma taxa de mortalidade baixa e poucas complicações. O material fragmentar pode ser um tecido autólogo proveniente do paciente (por exemplo, o pericárdio e a fáscia lata) ou sintético (por exemplo, Dacron transado ou uma folha de politetrafluoroetileno) (BORJRAB, 1996). Implantação de um conduto: pode-se implantar em condutos de Dacron com ou sem válvula entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar nos cães e gatos com hipertensão ventricular direita proveniente de uma obstrução do trato de escoamento pulmonar. Esse procedimento é especial vantajoso nos animais com estenose Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 67 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA de túnel (hipertrofia muscular ventricular direita severa). O dispositivo de três partes consiste de um conduto vascular de Dacron (geralmente de baixa porosidade); um tubo ventricular torcido em forma de “S” para evitar o contorcimento do conduto de Dacron onde ele entra em contato com o esterno. Além disso, deve-se prender o tubo para evitar o fechamento do influxo do conduto por meio das paredes musculares do ventrículo direito durante a sístole; os tubos ventriculares soltos tendem a se fechar. Para evitar a distorção que poderia predispor a formação de um trombo, pode-se envolver o conduto de Dacron com o arame (BORJRAB, 1996). Fechamento venoso e arteriotomia pulmonar: pode-se aliviar cirurgicamente uma estenose valvar pulmonar por meio de uma arteriotomia pulmonar com o fechamento venoso. Como é exigido frequentemente mais de três minutos para se aliviar a doença obstrutiva, uma hipotermia suave (25 à 30 o C) reduz a morbidade e a mortalidade. Para explorar completamente a lesão obstrutiva, essa técnica necessita de garrotes de rumel ao redor da veia cava cranial e caudal e um garrote ou uma ligadura da veia ázigos. O fluxo sanguíneo da veia ázigos pode atingir 40 mL/min/kg com a terminação do fluxo da veia cava e pode levar a uma perda de sangue significativa e a uma má visualização das lesões se não for eliminado. Pode-se abordar a veia ázigos a partir de uma toracotomia lateral esquerda desde cranial e dorsalmente até a base do coração dorsalmente ao esôfago, Deve-se ter cuidado em se identificar se o vaso encontrado nessa localização é verdadeiramente a veia ázigos e não um ramo da artéria pulmonar (BORJRAB, 1996). O prognóstico em animais com EP varia e depende da gravidade da estenose. Nos casos leves o animal pode ter vida normal, ao passo que aqueles com estenose grave em geral morrem nos primeiros três anos após o diagnostico. Morte súbita ou surgimento de insuficiência cardíaca congestiva são comuns. Prognóstico é consideravelmente pior em animais que tem regurgitação tricúspide, fibrilação atrial ou outras taquiarritimias ou insuficiência cardíaca congestiva (NELSON e COUTO, 2001). Quando ocorre a ICC ou fibrilação atrial, o prognóstico é sombrio, devendo ser efetuado o tratamento clínico, valvuloplastia, e estabilização clinica antes de qualquer intervenção cirúrgica (ETTINGER e FELDMAN, 1997). 68 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 3- CONCLUSÃO Os cães de pequeno porte que são diagnosticados com Estenose Pulmonar têm sido tratados através de intervenções cirúrgicas que têm surtido efeito. O prognóstico é variado levando em consideração a gravidade da estenose. Em alguns casos os animais que passaram pelo tratamento cirúrgico podem ter uma vida normal, no entanto, em casos mais graves o animal morre dentro dos três primeiro anos após o diagnóstico. Independentemente da gravidade da estenose pulmonar que o cão apresente, o mesmo deve ser retirado do meio de reprodução para não passar geneticamente a doença. A escassez de material, principalmente nacional, sobre tratamento e diagnóstico preciso, leva a dificuldade do clínico em identificar a Estenose Pulmonar. 4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, L. K. Defeitos Cardíacos Congênitos. In: BORJRAB, M. J. Mecanismos da Moléstia na Cirurgia dos Pequenos Animais. São Paulo: Manole, 19966, p. 387-389. BELERENIAN, G. C. Estenose Pulmonar. In: BELERENIAN, G. C.; MUCHA, C. J.; CAMACHO, A. A. Afecções Cardiovasculares em Pequenos Animais. São Paulo: Interbook, 2003, p. 126-129. BORJRAB, M. J. Técnicas Atuais em Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 1996, p. 482-491. CAMACHO, A. A.; MUCHA, C. J. Semiologia do Sistema Circulatório de Cães e Gatos. In: FEITOSA, F. L. São Paulo: Roca, 2004, p. 282300. COLVILLE, T. P.; BASSERT, J. M. Anatomia e Fisiologia Clínica para Medicina Veterinária. 2a. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010, p. 207211. DYCE; SACK, W. O.; WENSIMG, C. J. G. Tratado de Anatomia Veterinária. 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Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CINOMOSE EM CÃES – REVISÃO DE LITERATURA Sara Regina Tonon BARROS1 Marina Chaves CABRINI2 Vanessa ZAPPA3 3 1 Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – Brasil. e-mail: [email protected] 2 Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – Brasil. e-mail: [email protected] Docente do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – Brasil. e-mail: [email protected] RESUMO A cinomose é uma doença contagiosa, comumente importante em cães domésticos causado por um vírus, da família Paramyxoviridae e pertence ao gênero Morbillivirus.Os sinais clínicos mais comum são diarréia, anorexia, desidratação, e perda de sangue com debilitação. Seu diagnóstico é feito através do histórico, sinais clínicos e exames complementares, onde deve ser feito o mais rápido possível, diminuindo assim suas complicações. Palavras – Chave: Canideos, morbilivírus, paramixovírus. ABSTRACT Distemper is a commonly important in domestic dogs caused by a virus of the Paramyxoviridae family and belongs to the genus Morbillivirus.Os most common clinical signs contagious disease are Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 71 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA diarrhea, anorexia, dehydration, and blood loss with impairment. The diagnosis is made by history, clinical signs and laboratory tests, which should be done as quickly as possible, thereby decreasing its complications. Key words: Canids, morbillivirus, paramyxoviruses. 1.INTRODUÇÃO Cinomose é uma doença viral altamente contagiosa que afeta o sistema tegumentar, sistema gastrointestinal, sistema nervoso central (SNC) e o sistema respiratório. É causado pelo vírus da cinomose canina (VCC), um Morbillivirus da família Paramyxoviridae. Ocorre em várias espécies de carnívoros. O principal reservatório para o vírus da cinomose é o cão e serve como fonte de infecção para os carnívoros selvagens. Acomete cães de qualquer idade, raça e sexo, com maior predileção por filhotes e cães não-vacinados. Os cães infectados pelo VCC podem manifestar sinais clínicos e lesões respiratórias, oftalmológicas, dermatológicas, gastrointestinais e neurológicas, que podem ocorrer em seqüência, simultânea ou isoladamente (SILVA, 2009). A transmissão ocorre por aerossóis e gotículas infectantes provenientes de secreções e excreções oculares, respiratórias, digestivas e urinárias (SANTOS, 2006). A manifestação clínica da infecção depende de vários fatores, como por exemplo, da estirpe viral infectante, do título, da idade e perfil imunológico do animal. Sinais epiteliais da doença são freqüentes e precedem ou ocorrem simultaneamente aos sinais neurológicos, sendo que estes últimos podem ocorrer sem sinais sistêmicos associados (SANTOS, 2006). O diagnóstico baseia-se nos sinais clínicos típicos em um cão jovem (2-6 meses) que tenha uma história de vacinações inadequadas e possibilidades de exposição ao vírus. O diagnóstico clínico em cães sem sinais sistêmicos precedentes ou concomitantes é difícil, porém essa manifestação clínica não é tão freqüente. De acordo com estudos, de 80 a 100% dos animais com encefalomielite acometidos pela cinomose apresentam vários sinais extra-neurais, mas quando esses não ocorrem, o apoio laboratorial é necessário para confirmar a doença (SANTOS, 2006). 72 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A terapia para a infecção é inespecífica e de suporte, e as infecções bacterianas secundarias devem ser tratadas com antibióticos apropriados e eficazes. Anticonvulsivantes são administrados quando necessário, e glicocorticóide pode ser benéfica em alguns casos de cães com doenças do SNC oriunda de infecção crônica pelo vírus da cinomose. O prognóstico para cães com cinomose no SNC é desfavorável (OLIVEIRA e ANTONIO, 2009). A acupuntura é uma ótima terapia que tem sido utilizada para o tratamento de distúrbios neurológicos em cães (COSTA, 2009). 2.DESENVOLVIMENTO A cinomose é uma doença contagiosa com grande índice de mortalidade e transtornos oculares, respiratórios e neurológicos. Sendo comum em cães, onde se não for diagnosticada a tempo ela poderá atingir o Sistema Nervoso Central (NOGUEIRA et al., 2009). No sistema nervoso central (SNC) está relacionada com infecção persistente pelo vírus da cinomose canina (VCC) resultando em doença desmielinizante multifocal progressiva (SILVA, 2009). O vírus da cinomose canina (Canine Distemper Vírus – CDV) pertence à família Paramyxoviridae e ao gênero Morbillivirus, é um vírus envelopado, pleomórfico, relativamente grande, variando de 150 a 250 nm. O genoma viral consiste de uma fita de RNA de polaridade negativa, não segmentada (SANTOS, 2006). Em relação às características físico-químicas, o envelope do virion não possui hemoaglutininas e neuraminidase, é sensível aos solventes lipídicos e éter, instável a pH inferiores que 4,5, é inativado pelo calor, permanecem viáveis a temperatura de 20 ºC por 1 hora, nos exudatos por 20 minutos, por várias semanas entre 0 – 4 ºC e a - 76 ºC ou liofilizado por 7 anos ou mais (SANTOS, 2006). A principal via de transmissão do vírus de um animal acometido para um suscetível se dá pela via aerógena, por meio da inalação proveniente de secreções corporais de animais infectados. O vírus pode ser eliminado por até 90 dias após a infecção. A doença não tem predileção por raça ou sexo, porém ocorre com maior frequência na fase da perda da imunidade passiva em filhotes seguindo ao desmame, entre 12 a 16 semanas de vida. Possui alta morbidade e mortalidade Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 73 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA em cães não vacinados de todo o mundo (NAKAGAVA, 2009). Sua disseminação ocorre em ambientes onde os cães são mantidos em grupos, como lojas de animais, canis, clínicas veterinárias abrigos e colônias de pesquisas (SANTOS, 2006). As partículas inaladas chegam ao epitélio do trato respiratório superior e em 24 horas multiplicam-se nos macrófagos teciduais causando uma infecção inicial das tonsilas palatinas e dos linfonodos bronquiais. Entre o segundo e quarto dia pós–infecção, através de macrófagos e linfócitos infectados, o vírus dissemina para outros órgãos linfóides, como baço, timo, linfonodos retrofaríngeos e medula óssea. Entre o quarto e sexto dia o vírus replica-se na lâmina própria do estômago, intestino delgado, linfonodos mesentéricos e células de Kuppfer‘s no fígado. A disseminação e proliferação do vírus nos órgãos linfóides levam ao início da elevação da temperatura corporal e leucopenia (NAKAGAVA, 2009). Entre o sétimo e nono dia ocorre a viremia, com a disseminação do vírus para as células epiteliais e Sistema Nervoso Central (SNC) através da via hematógena. O status imunológico (humoral e celular) do cão nesta fase pode controlar a infecção. Cães com adequado estado imunológico podem se curar e não evoluir sinais clínicos. Já em animais, com pobre estado imunológico, que sofrem algum atraso ou falha na formação de anticorpos, ocorre a disseminação do vírus com manifestações multissistêmicas severas. O período de incubação ocorre de 14 a 18 dias após a exposição e contaminação pelo vírus da cinomose (NAKAGAVA, 2009). A infecção dos tecidos epiteliais promove sinais e sintomas clínicos que variam de moderados a severos. Os cães acometidos apresentam febre, diarréia, vômitos, anorexia, desidratação, descarga nasal e ocular, bronquite e pneumonia, resultante de infecções bacterianas secundárias, hiperqueratose de coxins, erupções cutâneas e pústulas abdominais (NAKAGAVA, 2009). Os sinais clínicos variam de acordo com a virulência da cepa viral, condições ambientais, idade e estado imunológico do hospedeiro, sendo que tosse, diarréia, anorexia, desidratação, e perda de sangue com debilitação são observadas em cães com cinomose aguda (OLIVEIRA e ANTONIO, 2009). Secreção óculo-nasal mucopurulento e pneumonia resultam de infecções bacterianas secundárias. Uma erupção cutânea, 74 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF progredindo para pústulas, pode ocorrer especialmente no abdômen e os sinais neurológicos começam uma a três semanas após a recuperação da doença sistêmica e incluem rigidez cervical, convulsões, hiperestesia, sinais cerebelares e vestibulares e ataxia (OLIVEIRA e ANTONIO, 2009). Os sinais neurológicos incluem alterações no comportamento, convulsão, apatia, sinais cerebelares (tremores de intenção, ataxia da cabeça e do tronco, e hipermetria), sinais vestibulares (inclinação da cabeça, andar em círculos, quedas e nistagmo), déficits visuais, atrofia muscular, paraplegia, tetraplegia, hiperestesia, mioclonia e coma (SILVA, 2009). O diagnóstico é baseado na história do animal (idade, ingestão do colostro, contato com outros animais) e nos sintomas clínico (MATTHIESEN, 2004). A cinomose tem um suporte de diagnostico laboratorial através da visualização de corpúsculos de Lenz em esfregaços sangüíneos, no líquor e em impressões das mucosas nasal, vaginal, prepucial, e principalmente conjuntival (NOGUEIRA et al., 2009). No líquido encefaloraquidiano (LCR) encontra-se aumento de proteínas e pleocitose com predomínio de linfócitos, que são achados não específicos, mas que sugerem etiologia viral (SANTOS, 2006). Na hematologia podemos encontrar leucopenia por linfocitopenia, durante a fase aguda. Trombocitopenia pode estar presente no início (NAKAGAVA, 2009). Na bioquímica é observada uma diminuição da albumina e elevação de alfa e gama globulinas. Alterações pulmonares intersticiais e alveolares podem ser observadas no exame radiográfico com o avanço da infecção e associação bacteriana (NAKAGAVA, 2009). Testes sorológicos como ELISA, imunofluorescência indireta, e teste de anticorpos fluorescentes podem ser utilizados, mas apresentam valor diagnóstico limitado, uma vez que os animais acometidos podem ou não apresentar títulos de anticorpos mensuráveis (NAKAGAVA, 2009). Diversas etiologias (degenerativas, imunomediadas, inflamatórias, neoplásicas, tóxicas, metabólicas e infecciosas) são capazes de causar disfunções neurológicas nos cães (SANTOS, 2006). Deve-se levar em conta o diagnóstico diferencial a parainfluenza, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 75 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA broncopneumonia verminótica, neosporose, dipilidiose, estrongiloidose, toxoplasmose, isosporose e intoxicações (SANTOS, 2006). Não há medicamentos anti-virais ou agentes quimioterápicos de valor prático para o tratamento específico da cinomose em cães, para controle de infecções bacterianas secundárias são indicados antibióticos de amplo espectro, líquidos, eletrólitos, vitaminas do complexo B e complementos nutricionais são indicados para terapia auxiliar (SANTOS, 2006). Anticonvulsivantes são administrados quando necessário e glicocorticóide pode ser benéfica em alguns casos de cães com doenças do SNC oriunda de infecção crônica, mas é contra indicado em casos de cães com infecção aguda. O prognóstico para cães com cinomose no SNC é desfavorável (OLIVEIRA e ANTONIO, 2009). A vacinação ainda é o melhor método para o sucesso na prevenção das principais doenças virais em cães, como a cinomose. Os filhotes devem ser vacinados entre 6 a 8 semanas de idade e receber reforço a cada 3 semanas até completarem 14 semanas de idade. A vacina deve ser reforçada anualmente (NAKAGAVA, 2009). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS A cinomose canina é uma doença endêmica no Brasil com grande índice de mortalidade que acomete cães de qualquer idade, raça e sexo. Sendo indispensável o diagnostico precoce e o tratamento de suporte adequado, diminuindo suas complicações e consequentemente um prognóstico favorável. 4.REFERÊNCIAS COSTA, W.P. Cinomose em cães. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Clínica Medica e Cirurgica de pequenos animais) –Universidade Paulista, Juiz de Fora, 2009. MATTHIESEN, A.D. Acupuntura no tratamento da cinomose canina. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Acupuntura Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da 76 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2004. NAKAGAVA, A.H.C. Cinomose canina e acupuntura: relato de caso. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Acupuntura Veterinária) - Instituto Homeopatico Jacqueline Peker, Belo Horizonte, 2009. NOGUEIRA, D.J; MELO, T.C; TONET, A.B; SILVA, A.L.S; BERNARDELLO, G. Aspecto clínicos e tratamentos da cinomose canina no hospital veterinário das FIO. n.8, Ourinhos, 2009. OLIVEIRA, A.C; ANTONIO, N.S. Cinomose canina – relato de caso. Revista Científica Eletrênica de Medicina Veterinária, n.12, Garça, 2009. SANTOS, B.M. Cinomose canina – revisão de literatura. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Clínica Medica e Cirurgica de pequenos animais) –Universidade Castelo Branco, Goiânia, 2006. SILVA, M.C. Neuropatologia da cinomose canina. Trabalho de Conclusão de Curso (Doutorado em Medicina Veterinária) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2009 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 77 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 78 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF COMPLEXO RESPIRATÓRIO FELINO – REVISÃO DE LITERATURA Flávia Tavares Sampaio PAULA1 Adriana Resmond Cruz ROMERA2 1 Discente do curso de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça / SP – FAEF 2 Médica Veterinária do Hospital Veterinário da FAEF – Garça RESUMO O complexo respiratório felino é uma doença altamente contagiosa que acomete as vias respiratórias superiores dos felinos. A combinação de vários agentes patológicos (vírus e bactérias) dificulta a distinção da doença por confundir os sinais clínicos. Os animais apresentam apatia, hipertermia, congestão nasal, coriza, processos inflamatórios mucopurulentos e conjuntivites. Os gatos não vacinados podem ser contaminados, e os filhotes são os mais susceptíveis. Sua transmissão é através da descarga nasal, oral e ocular, assim como os alojamentos, consultórios, tratadores, roupas, comedouros, etc. A única prevenção é a vacinação. O tratamento é inespecífico, sendo indicado o uso de antibióticos de amplo espectro, antivirais e provimento adequado da dieta e hidratação. Palavra Chave: calicivirose, Chlamydia, felinos, Herpesvírus, rinotraqueíte, Tema Central: Medicina Veterinária. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 79 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The feline respiratory disease complex is a highly contagious disease that affects the upper respiratory tract of cats. A combination of several pathogens (viruses and bacteria) blurs the distinction of the disease by confusing clinical signs. The animals lethargy, hyperthermia, nasal congestion, nasal discharge, conjunctivitis and inflammatory processes catarrh. The unvaccinated cats can become contaminated, and puppies are the most susceptible. Its transmission is via the nasal, oral and ocular discharge, as well as the accommodation, offices, handlers, clothes, feeders, etc. The only prevention is immunization. The treatment is non-specific, the use of broad-spectrum antibiotics, antivirals and appropriate provision of diet and hydration is indicated. Keyword: calicivirus, Chlamydia, feline, herpesvirus, rhinotracheitis. Theme: Veterinary Medicine. 1. INTRODUÇÃO O complexo respiratório felino (CRF) é uma doença infecciosa causada, freqüentemente, por dois tipos de vírus: o Herpesvírus e o Calicivírus. O termo “complexo” se refere quando há mais de um agente causador envolvido, confundindo os sinais clínicos (MATTES, 2011). O CRF é o responsável por mais de 80% das doenças do trato respiratório superior em gatos (ALVES, 2014). É conhecido como “a gripe do gato”, pois apresenta sintomas como espirros, febre, pneumonia, tosse, falta de apetite, conjuntivite e úlceras de córnea e boca (MEDEIROS, 2014). Alguns sinais clínicos ocorrem sem nenhuma correlação com o sinal respiratório. É uma doença altamente contagiosa entre os felinos, sendo que os filhotes e os imunodeprimidos são os mais susceptíveis, podendo levar á morte. São transmitidas pelo contato com gatos infectados. Com freqüência surgem as infecções bacterianas oportunistas, como a clamidiose, que provoca dos sinais oculares graves, que somando aos outros sintomas, agravam o quadro (MATTES, 2011). 80 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O tratamento tem por objetivo melhorar a respiração do felino, fornecer uma base adequada na alimentação e hidratação, tratar as infecções secundárias e empregar medicações antivirais e estimulantes da imunidade (ALVES, 2014). A doença não é uma zoonose ou transmissível para os cães, e o melhor meio de prevenção contra os dois tipos de vírus é a vacinação (MEDEIROS, 2014). 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 ETIOLOGIA E SINAIS CLÍNICOS O Complexo respiratório felino refere-se a um conjunto de doenças infecto-contagiosas que atinge os olhos e as vias aéreas superiores dos felinos (nariz, faringe, laringe, traquéia) e que podem complicarse em outros níveis podendo chegar aos brônquios. (PRATS, 2005). O Herpesvírus origina a doença denominada rinotraqueíte. Este vírus provoca sintomas como espirros, conjuntivite, febre, falta de apetite, tosse, lesões na boca, pneumonia (MEDEIROS, 2014). O envolvimento corneano ocorre pela ceratite ou úlceras herpéticas. A infecção no período gestacional pode resultar em abortamento ou em forma generalizada severa de infecções nos gatinhos neonatos, distinguida por encefalite fatal ou hepatite necrosante focal (BIRCHARD; SHERDING, 1998). Na rinotraqueíte a persistência do vírus é tipicamente longa e leva à diminuição da produção de imunidade, havendo a possibilidade de uma reinfecção a curto período (BEER, 1999). Na Calicivirose, os sintomas são semelhantes com os da rinotraqueíte, porém aparecem úlceras na boca que podem alcançar as narinas e agredir os pulmões, causando edema pulmonar e pneumonia (MATTES, 2011). O Calicivírus acomete o epitélio orofaríngeo e os pneumócitos alveolares pulmonares. A infecção se demonstra mais freqüentemente com ulceração oral, rinite suave (espirros) e conjuntivite ou pneumonia intersticial viral (BIRCHARD; SHERDING, 1998). A Calicivirose é menos crítica, porém se qualifica pela presença de infecção bucal seguida de estomatite e ulcerações na língua (PRATS, 2005). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 81 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA As úlceras orais são manifestações do Calicivírus no plano nasal e nos lábios, assim como a gengivite e a perda dos dentes incisivos. As úlceras orais acometem mais a região do palato duro e língua. São bastante dolorosas e ocasionam salivação, fazendo com que diminua a ingestão alimentar (ALVES, 2014). Existem várias cepas sorologicamente relacionadas do calicivírus felino. Duas dessas cepas podem gerar a “síndrome de claudicação” transitória, não apresentando sinais de ulceração oral ou pneumonia. Estas ocasionam febre transitória, claudicação de perna alternante, e dor na palpação das articulações afetadas. Esses sinais acontecem com mais freqüência em filhotes de 8 a 12 semanas de idade e normalmente desaparecem sem nenhum tratamento. A síndrome pode ocorrer em filhotes vacinados contra a Calicivirose viral felina, por não existir vacina que proteja contra as duas cepas calicivirais que produzem a “síndrome de claudicação” (MERK, 2001). Os calicivírus são resistentes ao clorofórmio e éter e instáveis a pH3 (BEER, 1999). A Chlamydia psittaci é uma causa bacteriana de sinais respiratórios superiores suaves, freqüentemente agrupada neste complexo de doença, no entanto, sua manifestação predominante é a conjuntivite persistente. Outros patógenos respiratórios potenciais (como o Reovírus, o Mycoplasma ssp e a Bordetella branchiseptica) possuem uma menor importância (BIRCHARD; SHERDING, 1998). Este agente também pode causar a pneumonite felina (MERK, 2001). A pneumonia felina é uma doença potencialmente contagiosa dos tratos respiratórios que, muitas vezes, culmina na morte dos animais afetados (BEER, 1999). Os sinais oculares predominam com conjuntivite mucopurulenta aguda ou crônica que pode começar unilateralmente e mais tarde tornar-se bilateral (BIRCHARD; SHERDING, 1998). No início, a secreção ocular é de aparência serosa e evolui para secreção mucopurulenta, formando edema conjuntival e intenso incômodo. As lesões oculares podem evoluir até chegarem à ruptura do globo ocular com perda da visão uni ou bilateral. A infecção dos ductos lacrimais obstrui os mesmos, levando ao umedecimento persistente da face, causado pelo lacrimejamento (REDAELLI, 2012). Os micoplasmas são capazes de infectar os olhos e as vias 82 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF respiratórias superiores, produzindo edema conjuntival grave e rinite menos grave (MERK, 2001). A secreção nasal com muco ocasiona a oclusão das vias aéreas superiores, de maneira que o animal perde o olfato e começa a respirar com a boca aberta. O apetite vai diminuindo até cessar. A tosse é uma expressão da laringotraqueíte (REDAELLI, 2012). Vários animais podem estar gravemente desidratados e caquéticos devido a pouca ingestão de alimentos e de líquidos, podendo evoluir para Lipidose Hepática Secundária (ALVES, 2014). 2.2 TRANSMISSÃO Filhotes, gatos não vacinados, e os confinados em gatis ou em residência doméstica com muitos gatos, exibem um risco maior de infecção. A transmissão ocorre através de descargas nasais, orais e oculares, mesas de exame, comedouros, bebedouros, mãos e roupas humanas infectadas. Espirros e tosse podem impulsionar o vírus em até 1,2 metros no ar (BIRCHAR; SHERDING, 1998). A distância entre esses gatos deve ser superior a 1,5 metros, de modo a evitar o contágio pelas microgotículas (aerossóis). Uma vez que os animais contraírem os vírus poderão tornar-se portadores da doença e isso representa que poderão manifestar sintomas da doença inúmeras vezes durante a vida (ALVES, 2014). O maior número dos gatos que se recuperam das infecções por Herpesvírus e Calicivírus continua como portadores subclínicos por meses a anos, podendo infectar outros gatos, sendo estes os principais responsáveis pelos surtos em gatis, ambientes com muitos gatos, colônias de pesquisas, Hospitais Veterinários e abrigos (BIRCHARD; SHERDING, 1998). O Calicivírus é expelido continuamente, enquanto o vírus da Rinotraqueíte viral felina infeccioso é liberado alternadamente. Estresse pode antecipar um curso de enfermidade secundário (MERK, 2001). 2.3 DIAGNÓSTICO O diagnóstico baseia-se nos sinais clínicos e na probabilidade de que a exposição seja adequada para o manejo do paciente. A virologia é o único meio de diagnóstico definitivo (BIRCHARD; SHERDING, 1998). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 83 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA A rinotraqueíte normalmente afeta as conjuntivas e as vias nasais; o calicivírus afeta a mucosa oral e o trato respiratório inferior. A clamidiose decorre em conjuntivite de grau baixo crônica. Essas características podem se perder em infecções mistas (MERK, 2001). Gatos imunodeficientes desenvolvem sinais persistentes ou recorrentes de infecção respiratória superior. É importante avaliar os gatos quanto a infecções implícitas pelo vírus da imunodeficiência felina. (BIRCHARD; SHERDING, 1998). 2.4 TRATAMENTO O combate à doença consiste em melhorar a respiração do animal, prover um suporte de alimentação e hidratação adequados, tratar as infecções secundárias e empregar medicações antivirais e estimulantes da imunidade (ALVES, 2014). O tratamento é de suporte e a internação dos gatos somente quando exigirem fluidoterapia parenteral, oxigenoterapia ou hiperalimentação entérica. Os cuidados essenciais consistem em limpar as descargas oriundas das narinas e olhos sempre que necessário; nutrição de suporte e consumo de fluídos; proporcionar repouso e aquecimento; evitar espessamento das secreções promovendo a descongestão nasal; lavar as lesões orais com clorexidina 0,2% (Nolvasan®); controlar infecções secundárias com antibióticos; tratar lesões oculares com medicações oculares tópicas (BIRCHARD; SHERDING, 1998). Esofagostomia e alimentação com sonda tornam-se apropriadas para a dieta de gatos criticamente debilitados. Os anti-helmínticos auxiliam beneficamente no início do curso da doença (MERK, 2001). 2.5 PREVENÇÃO Para um efetivo controle da doença é necessário programas de vacinação, quarentena, segregação por faixa etária, identificação e intervenção precoce e manejo ambiental, com baixa população felina, local limpo e ventilado para evitar a concentração do microrganismo (REDAELLI, 2012). 84 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A vacinação deve ser realizada a partir dos 60 dias de vida com a vacina tríplice felina. Sendo necessária duas doses com intervalo de 30 dias e efetuar um reforço anual (ALVES, 2014). Caso não haja certeza de que o filhote ingeriu o colostro de uma gata imune, a administração da primeira vacina pode ser com seis, sete ou oito semanas de idade, com dois reforços subseqüentes a três semanas de intervalo (NELSON; COUTO, 2001). Há também a vacina quádrupla, que previne contra a rinotraqueíte, calicivirose, panleucopenia e clamidiose (JOCKYMANN). O segundo tipo de vacina deve ser administrado em felinos saudáveis por meio de instalação no fundo de saco conjuntival e nas vias nasais. Há a possibilidade dos gatos inoculados oronasalmente espirrarem durante quatro a sete dias após a vacinação (MERK, 2001). Gatos clinicamente debilitados e gatas prenhes não devem ser vacinados (NELSON; COUTO, 2001). Ao adquirir um novo gato, mantê-lo isolado e observar possíveis sinais de enfermidade por três semanas ou mais e testá-los para FIV e FELV respectivamente. Filhotes provenientes de mães infectadas devem se separar precocemente das mesmas, por volta da quarta ou quinta semana, idade quando os níveis de anticorpos maternais declinam (REDAELLI, 2012). A vacina contra a Chlamydia deve ser limitada para gatos com alto risco de exposição a outros gatos e gatis com doença endêmica. A durabilidade da imunidade para esta vacina pode ser momentânea, de modo que os gatos de alto risco devem ser imunizados antes de uma exposição potencial (NELSON; COUTO, 2001). A vacina contra o Calicivírus pode ser administrada sozinha (monovalente) ou associada com vacinas contra rinotraqueíte felina (vacinas bivalentes) e contra a panleucopenia (vacinas trivalentes) (BEER, 1999). A desinfecção do ambiente deve ser realizada com água sanitária, na diluição de um litro de alvejante para nove litros de água. As superfícies devem ser bem secas após a desinfecção para que o animal seja introduzido. A solução elimina os vírus e não é irritante para os felinos (REDAELLI, 2012). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 85 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O complexo respiratório felino é uma doença altamente contagiosa, causada por diversos agentes etiológicos que causam danos, muitas vezes irreversíveis, ao trato respiratório dos felinos. Como não existe um tratamento específico para a doença, somente o de suporte, o ideal é prevenir que os animais adoeçam. Para isso, é importante vacinação dos gatos, fazer a quarentena de animais adquiridos e a desinfecção do ambiente. 4. REFERÊNCIAS ALVES, Priscila. http://www.drapriscilaalves.com.brartigos.pdf. Acessado em 17 de Março de 2014. BIRCHARD, Stephen J.; SHERDING, Robert G. Manual Saunders: Clínica de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 1998. JOCKYMANN, Luelyn. Filhotes de Persa. Revista Pulo do Gato. ed.29. São Paulo: Top.Co. p.4. Manual Merk de Veterinária. Editor AIELLO, Susan E. Editor associado Asa Mays. 8ª ed. São Paulo: Roca, 2001.p.917-919. MATTES,Beatriz. http://veterinariadegatos.blogspot.com.br/2011/ 06/complexo-respiratorio-felino-gripe-do.html.Publicado em 14 de junho de 2011.Acessado em 17 de Março de 2014. MEDEIROS,SheiladeOliveira. http://www.webanimal.com.br/gato/ index2.asp?menu=rinocalici.htm. Acessado em 17 de Março de 2014. NELSON, Richard W; COUTO, C. Guillhermo. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.p.998. PRATS, Antônio. Neonatologia e Pediatria Canina e Felina. p.168171. São Caetano do Sul, SP: Inerbook, 2005. REDAELLI, Raquel. http://blogfelino.wordpress.com/category/ saude/. Publicado em 16/03/2012. Acessado em 22 de Março de 2014. 86 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CRIPTOCOCOSE EM FELINOS – POTÊNCIAL ZOONÓTICO Francyelle TOYAMA1 Raquel Beneton FERIOLI2 Gisele REIS3 1 Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] 2 Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] 3 Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO Micoses são doenças infecciosas causadas pelo desenvolvimento e multiplicação de fungos patogênicos em diferentes tecidos e órgãos com manifestações clínicas bastante variadas. Alguns fungos tem potencial para desenvolver doenças que em contado com a ferida ou esporos, podem ser transmitidas para o ser humano, determinadas então como zoonoses, a infecção com Cryptococcus é observado regularmente em gatos e como frequentemente associada à fezes de pombos, é de grande importancia seu estudo. Palavras-chave: micoses, zoonoses, cryptococcus, gatos. ABSTRACT Mycoses are caused by infectious development and proliferation Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 87 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA of pathogenic fungi in various tissues and organs quite diverse clinical manifestations. Some fungi have potential for developing diseases in contact with the wound or spores can be transmitted to humans so determined as zoonoses, infection with Cryptococcus is regularly observed in cats and how often associated with the feces of birds is of great importance their study. Keywords: fungal infections, zoonosis, cryptococcus, cats. INTRODUÇÃO Zoonose são doenças de animais transmitidas para o homem. A maioria dos agentes pode infectar pessoas imunocompetentes e causar doença, mas a doença é geralmente mais grave em pessoas imunodeficientes (NELSON e COUTO, 2001). A criptococose é a única infecção zoonótica fúngica e sistêmica observada mais comumente em gatos do que em cães. Cryptococcus neoformans esta associada à decomposição das fezes de aves, embora muitos gatos infectados não tenham nenhum contato com excretas de pombos. As aves raramente são infectadas por causa de sua alta temperatura corporal (NORSWORTHY et al, 2011). No momento, este gênero inclui duas espécies importantes para a medicina veterinária : Cryptococcus neoformans, que tem uma distribuição global, e C. gattii, que tem uma distribuição mais limitada (NORSWORTHY et al, 2011). O reservatório habitual dos fungos que infectam o homem pode ser o próprio homem, animais ou um sítio no solo, onde o fungo se desenvolve como saprófito (TRABULSI et. al, 2002). Os gatos contaminados comumente produzem números elevados do microrganismo nas fezes, em tecidos e em exsudatos; Assim, as pessoas que exercem cuidados veterinários estão sob alto risco quando tratam os gatos infectados, estando mais expostos ao risco zoonótico (NELSON e COUTO, 2001). A principal fonte de infecção micótica sistêmica são os esporos soprados pelo vento a partir do solo, não existindo meio prático de prevenção nas áreas endêmicas. Podem se encontrar altas concentrações do Cryptococcus nas excreções dos pombos; consequentemente deve-se evitar a exposição a essas fontes (BICHARD e SHERDING, 1998). 88 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Os gatos trazem muita alegria para os seres humanos . A maioria dos gatos são mantidos como membros da família e bons companheiros. Assim, as infecções zoonóticas em pessoas imunodeprimidas podem ser graves. A prevenção de zoonoses é uma área importante da saúde pública, sendo assim veterinários e seus funcionários têm um papel significativo no apoio à interação homem - gato. Isto pode ser feito por meio do aumento do conhecimento de agentes zoonóticos felinos, incluindo como reconhecer, gerenciar e preveni-los (NORSWORTHY et al, 2011). DESENVOLVIMENTO A criptococose é a infecção fúngica sistêmica mais comum de gatos e deve ser considerada diagnóstico diferencial em gatos com doenças do trato respiratório superior, nódulos subcutâneos, linfadenopatia, inflamação intraocular, febre ou doença no sistema nervoso central (SNC). Os gatos podem se infectar a partir dos 6 meses de idade e os machos são super-representados na maioria dos estudos (NELSON e COUTO, 2001). Sugere-se que os Siameses, Birman, e Ragdoll são raças que podem ser mais acometidas (NORSWORTHY et al, 2011). O gênero Cryptococcus possui 17 espécies, sendo C. neoformans a única considerada patogênica para o homem (TRABULSI et al., 2002). O modo exato de infecção é desconhecido, mas provavelmente ocorre por meio de inalação de organismos transportados pelo ar desde o trato respiratório superior, sendo este, o principal local de infecção (NORSWORTHY et al, 2011). O fungo tem sido isolado do solo e de material orgânico, principalmente quando contém excrementos de pombos. Também foi encontrado no leite, nas cascas e sucos de diferentes frutas. Estes microrganismos não fazem parte da microbiota normal do homem ou dos animais (TRABULSI et al., 2002). Os microrganismos são leveduras que se multiplicam por brotamento, possuindo uma cápsula polissacarídica proeminente. A cápsula permite que os microrganismos sejam identificados em preparações citológicas coradas, constituindo a base para o teste diagnóstico do antígeno capsular criptococócico (BICHARD e SHERDING, 1998). A cápsula pode induzir um certo grau de Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 89 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA imunossupressão do gato hospedeiro (NORSWORTHY et al, 2011). A forma que se encontra na natureza é a encapsulada, geralmente de diâmetro pequeno, o que favorece a sua penetração nos alvéolos pulmonares. O fungo sobrevive em material dessecado por vários meses, no qual diversos substratos contaminados podem agir como fontes de infecção durante tempo prolongado (TRABULSI et al., 2002). Com relação ao Cryptococcus neoformans, sabe-se que a cápsula exerce ação protetora do mesmo contra fagocitose. O fungo tem a capacidade de produzir a enzima urease, que hidrolisa a uréia, levando à produção de amônia, que inativa o sistema complemento facilitando a sua proliferação. Esta levedura produz também a enzima fenol-oxidase, relacionada com a patogenicidade da mesma (TRABULSI et al., 2002). C. neoformans é transmitido por inalação de esporos tendo as manifestações de doença pulmonar e nasal os sinais clínicos de importância nesta afecção. O microrganismo provavelmente se dissemina por via hematógena para locais extrapulmonares, assim o SNC pode também ser infectado por extensão direta por meio da placa cribriforme da cavidade nasal (NELSON e COUTO, 2001). Nos gatos, o C. neoformans possui predileção pela cavidade nasal, onde os microrganismos aerógenos depositam-se inicialmente, respondendo pela rinite e sinusite granulomatosas crônicas observadas em pelo menos 50% dos gatos com a doença. Os principais sinais do envolvimento nasal são descarga nasal mucopurulenta ou sanguinolenta uni ou bilateral, espirros, dispneia inspiratória, deformidade dos ossos nasais sobrejacentes e granulomas nasais mucinosos nas narinas (BICHARD e SHERDING, 1998). Ao contrário dos seres humanos, as vias aéreas inferiores geralmente permanecem clinicamente normal nos gatos, embora as lesões possam ser encontradas nos pulmões durante a necropsia (NORSWORTHY et al, 2011). Neoformações cutâneas e subcutâneas, isoladas ou múltiplas, pequenas (menores que um centímetro) ocorrem em aproximadamente 30 a 50% dos gatos infectados. As lesões podem ser firmes ou flutuantes e se ulceradas, apresentam secreção serosa. Uveíte anterior, coriorretinite ou neurite do nervo óptico ocorrem em associação com infecção ocular; luxações do cristalino e glaucoma são sequelas comuns (NELSON e COUTO, 2001). 90 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Condições imunossupressoras preexistentes são documentadas em aproximadamente 50% das pessoas com criptococose e foram documentadas em alguns cães e gatos infectados. Evidência sorológica de coinfecção com o vírus de imunodeficiência felina (FIV) ou com o vírus da leucemia felina (FeLV) ocorre em alguns gatos com criptococose. Em um estudo, a prevalência de criptococose foi maior em gatos soropositivos para FIV do que em gatos soronegativos para este mesmo vírus (NELSON e COUTO, 2001). O diagnóstico é realizado através de radiografias, onde pode indicar lise ou expansão do osso nasal ou densidade de tecido mole anormal dentro da cavidade nasal ou do seio frontal. A sorologia proporciona um diagnóstico sugestivo com base na detecção do antígeno capsular no soro, no fluido cerebroespinhal ou na urina. A citopatologia, a biópsia e cultura em ágar Sabouraud para o diagnóstico definitivo requer a identificação dos microrganismos nas citologias e como material podem ser usados o exsudato nasal, fluido cerebroespinhal, exsudato ou as impressões cutâneas, aspirados linfonodais, urina e a oculocentese, utilizando corantes de Gram, PAS (ácido periódico de Schiff) ou argênteos (BICHARD e SHERDING, 1998). O fungo apresenta desenvolvimento rápido em meio de cultura com ou sem antibiótico. É possível em três a sete dias a visualização colônias úmidas brilhantes, mucóides, cuja cor varia do branco-creme ao amarelo-marrom. As leveduras têm forma esférica, se reproduzem por brotamento, geralmente unipolar, que se separam rapidamente da célula mãe. Por isso, ao microscópio são visualizadas células de diferentes tamanhos (TRABULSI et al., 2002). Como tratamento pode ser feito redução cirúrgica de grandes massas de fungos ou tecidos infectados (incluindo nódulos linfáticos). O itraconazol historicamente tem sido considerado o medicamento anti -fúngico de escolha para gatos com doença leve a moderada , sem envolvimento do SNC . Ele é dosado a 5 mg/kg/ via oral, a cada 12 horas e administrado com uma refeição pois o ambiente ácido no estômago aumenta a absorção da droga. Embora o itraconazol seja bem tolerado, deve ser verificada periodicamente as enzimas séricas do fígado durante o tratamento para avaliar a hepatotoxicidade. O fluconazol demonstra ser menos hepatotóxico do que o itraconazol e o cetoconazol, este também é considerada uma terapia altamente Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 91 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA eficaz, embora sua eficiência para acometimento do SNC ainda está sendo avaliada (NORSWORTHY et al, 2011). A anfotericina – B se destaca como a droga antifungica mais eficaz contra criptococose. Associada a fluorocitosina-5, deve ser utilizada em casos de doença grave disseminada e envolvimento do SNC. A anfotericina-B administrada por via intravenosa tem um maior potencial para nefrotoxicidade do que a administração subcutânea. Melhores resultados de casos disseminados ocorrem quando a flucitosina é dada ao mesmo tempo. A flucitosina é administrado em doses de 250 mg por gato, via oral, a cada 08 horas. É geralmente bem tolerado pelos gatos, exceto aqueles com insuficiência renal. A duração do tratamento é de 1 a 9 meses (NORSWORTHY et al, 2011). Em geral, o prognóstico para gatos infectados é bom com itraconazol, fluconazol, anfotericina – B, ou anfotericina – B associada a fluorocitosina-5. No entanto, os gatos severamente debilitados com doença sistêmica avançada e gatos com envolvimento do SNC devem ser considerados como tendo um prognóstico reservado (NORSWORTHY et al, 2011). CONSIDERAÇÕES FINAIS A doença discutida nesse trabalho possui alto potencial zoonótico, sendo portando, de extrema importância para saúde pública. Tanto quanto os cães, nos dias de hoje, os gatos estão cada vez mais presentes nas residências e em contato direto com o ser humano, dessa forma é importante conhecer a patogenia e os sintomas da criptococose. Ao adquirir um animal de estimação, estes, devem ser avaliados quanto a presença do agente zoonótico, dos sinais clínicos e se necessário encaminhados a uma clínica para possível diagnóstico e tratamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BICHARD, S.T.; SHERDING, R.G.; Micoses sistêmicas. Manual Saunders Clínica de Pequenos Animais. 1° edição. Cap.12. Editora Roca. p. 148-156. 1998. CARNEIRO, R.A.; LAVALLE, G.E.; ARAÚJO, R.B. Histoplasmose cutânea 92 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF em gato: relato de caso. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ abmvz/v57s2/28317.pdf. Acesso em: 10/05/2013. NELSON, R.W.; COUTO, C.G. Doenças micóticas polissistêmicas. Medicina Interna de pequenos animais. 2ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p.1024-1048. 2001. NORSWORTHY, G.D.; GRACE, S.F.; CRYSTAL, M.A.; TILLEY, L.P. The Feline Patient. 4° edição. Editora Wiley-Blackwell. 2011. TRABULSI,L.R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 4° edição. editora Atheneu. p. 377- 412. 2005. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 93 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 94 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DEFORMIDADE FLEXURAL CONGÊNITA DO BOLETO EM POTROS-REVISÃO DE LITERATURA Marcelo Fagali ARABE FILHO1 Roque RAINERI NETO2 1 Discente do curso de Medicina Veterinária e Zootecnia da FAEF – Garça – SP – Brasil. Email: [email protected] 2 Professor da disciplina Anatomia Descritiva dos Animais Domésticos – FAEF – Garça – SP – Brasil. Email: [email protected] RESUMO Deformidades flexurais congênitas estão presentes nos potros desde a vida intra uterina e se caracteriza pelo desvio dos membros no plano de estação. As manifestações clínicas são claras, mas devese diagnosticar tal deformidade com cautela, onde na avaliação da articulação metacarpofalangeana ou articulação do boleto, o potro apresentará o projetamento dorsal da mesma, conhecida como “emboletamento”. Sua terapêutica varia conforme o grau da deformação, onde evidenciamos a imobilização com talas e a administração de oxitetraciclina (IV) em casos brandos e inicias e em casos mais agressivos, optamos pela abordagem cirúrgica que consiste na tenotomia ou desmotomia. Palavras- chave: Desmotomia, Emboletamento, Tenotomia. ABSTRACT Congenital flexural deformities are present in foals from intraGarça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 95 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA uterine life and is characterized by misuse of the members on the station plan. The clinical manifestations are clear, but it should be carefully diagnose the deformity, where the assessment of metacarpophalangeal joint or the fetlock joint, the foal will present the dorsal projetamento the same, known as “emboletamento”. His therapy varies according to the degree of deformation, which evidenced the immobilization splints and administration of oxytetracycline (IV) in mild and initial cases and in more aggressive cases, we chose the surgical approach consisting of tenotomy or desmotomy. Keywords: Desmotomy,Emboletamento Tenotomy. 1.INTRODUÇÃO Deformidades flexoras congênitas ou contratura dos membros sob a forma congênita, são alterações artrológicas, que tem como resultado, o posicionamento anormal das articulações afetadas, elas estão presentes no potro desde seu nascimento e sua causa é multifatorial como: mal posicionamento intra uterino, deficiência nutricional da égua durante a gestação, agentes teratogênicos, bem como fatores hereditários herdados do garanhão. Pode-se observar sinais da deformidade simplesmente ao colocar o potro em posição de estação ou mesmo observando seu andar, onde em ambos, o potro apresentará dificuldade na posição quadrupedal pelo fato da dependência dos tendões que deveriam estar desempenhando suas devidas funções (STASHAK, 2006). Tais tendões afetados pela deformidade flexural da articulação metacarpofalangeana ou simplesmente articulação do boleto são: Tendão Flexor Digital Superficial (TFDS) e Tendão Flexor Digital Profundo (TFDP), onde de acordo com seu grau de contratura, podemos classificar a deformidade em graus, que vai de uma escala de 1-3, nessa classificação podemos observar desde uma branda projeção cranial da articulação do boleto, até ao grau que permite a locomoção do potro pelo apoio da região do boleto sobre o solo, formando nesse grau de comprometimento, lesões no tecido do membro e agravar o caso em uma artrite infecciosa (THOMASSIAN, 2005). É de relevante importância os métodos de correção da deformidade, para que ela seja corrigida o mais breve possível e 96 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF não progrida ao ponto de alcançar o seu grau 3. Leva-se totalmente em consideração o grau da deformidade para que o médico veterinário conclua qual será o melhor procedimento para sua correção. Em casos discretos de deformidade, opta-se pelos métodos conhecidos como conservadores, traz a administração de oxitetraciclina IV que apresenta resultados de forma rápida e também existem os métodos que auxiliam no tratamento como as massagens diárias, talas, bandagens, fisioterapia, natação, o uso de ferraduras corretivas mantém a extensão do membro e a analgesia não esteroidal. (NOGUEIRA e SANTOS, 2013). Já nos casos onde o grau de deformidade onde a hiperextensão é severa ou o tratamento conservador foi inútil, o tratamento cirúrgico é aplicado e consiste nas técnicas conhecidas como desmotomia, que é o procedimento onde o ligamento relacionado com a deformidade é cortado, no caso seria a secção do ligamento acessório do flexor digital profundo, e a outra técnica seria a tenotomia, que consiste em secção dos tendões relacionados com a deformidade, que no caso são os tendões flexores digitais superficial e profundo, no pós cirúrgico recomenda-se a administração de antiinflamatórios não esteroidais, ambas técnicas mantém a capacidade funcional do membro no pós operatório, com exceção em futuros atletas (STASHAK, 2005). 2. DESENVOLVIMENTO Em potros, a deformidade é caracterizada pelo desvio do membro no plano de estação, onde as causas são multifatoriais como: agentes teratogênicos, fatores hereditários herdados pelo garanhão, mal posicionamento intra uterino, placentite, gestação gemelar, deficiências nutricionais da égua no período gestacional, alterações neuromusculares, prematuridade e defeitos nas fibras de colágeno. A maioria dos potros nascem com tal deformidade mas de maneira branda, que pode apresentar uma correção espontânea da articulação dentro de suas primeiras horas de vida, nestes casos de correção espontânea é comum que um par de membros ou mesmo os quatro membros sejam afetados e está relacionada com o fator de mal posicionamento intra uterino. Nesse caso é envolvido o TFDP que irá resultar em uma contratura com elevação dos talões (CORRÊA e ZOPPA, 2007). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 97 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Em casos mais severos da deformidade que obrigue o apoio involuntário do potro sob a articulação do boleto, é comum a formação de lesões cutâneas que podem desencadear artrite infecciosa de alta gravidade caso não tratada de forma precoce, nesse caso o potro possui uma grave contratura do TFDP (STASHAK, 2006). A avaliação clínica deve ser realizada de forma criteriosa para a ela elaboração das formas de tratamento. A articulação metacarpofalangena deve ser palpada e manipulada, mantendo o potro em estação e o membro afetado em flexão. Observa-se um certo grau de imobilidade na articulação, onde pela radiografia se determina se há o envolvimento de estruturas ósseas. Na avaliação necroscópica em potros que apresentaram grave deformidade em que era impossível a extensão do membro, mesmo com a remoção de tais tendões e músculos relacionados com a articulação do membro, o alinhamento continuou de fora do desvio normal (CORRÊA e ZOPPA, 2007). Outro fator importante é a alteração no ângulo da articulação do boleto, que sai da normalidade de 135º podendo ultrapassar 180º, essa angulação é medida a partir da superfície dorsal do membro e envolve intimamente o TFDP podendo associar em casos graves com o ligamento suspensor do boleto (STASHAK, 2006). Nas avaliações neonatais, caso diagnosticada a deformidade flexural no boleto e não haver correção espontânea da articulação, ou mesmo resposta aos métodos conservadores, indica-se a cirurgia com preferência de realização antes do 4º mês de vida, que é o tempo de fechamento da placa de crescimento, após esse tempo, a correção se torna mais complexa (GUASTELLA, 2009). Podemos avaliar a deformidade de acordo com o tendão afetado e grau de angulação do boleto em escalas de 1-3. Na contratura do TFDS de grau 1, observamos o discreto aumento do ângulo anterior com desvio cranial do boleto. No grau 2 ocore a perpendicularização do eixo da articulação metacarpofalangena e no grau 3, é evidente o ângulo cranial da articulação, essa projeção é conhecida como “emboletamento”, nesse grau pode haver tensão do tendão extensor digital lateral na face crânio-lateral do 3º metacarpiano. Nas contraturas do TFDP, o grau 1 é caracterizado pela discreta elevação do talão, a muralha tende a se perpendicularizar ao eixo solo/ 98 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF podofalângico onde o ângulo do boleto permanece inalterado. O grau 2 já leva a perpendicularização da muralha ao eixo solo/ podofalângico, levando ao desgaste da pinça e crescimento anormal dos talões. E por fim no grau 3 observa-se a evidente projeção cranial da muralha, que em casos graves ocorre participação do ligamento suspensor do boleto, levando ao apoio total da região cranial das articulações interfalangeanas sob o solo, havendo crescimento exagerado do casco (THOMASSIAN, 2005). Fonte: AUER e STICK, 2006 Figura 1. Potro de 2 semanas de idade apresentando deformidade de grau 3, onde se evidencia o ato de caminhar pelas articulações interfalangeanas, o tornando susceptível à artrite infecciosa decorrente das lesões nessa região. O tratamento varia conforme o grau de comprometimento da articulação, em leves deformidades, a resposta à fisioterapia obteve bons resultados onde se empregou a extensão manual do membro em sessões de duração de 15 minutos a cada 5 horas, que induziu o reflexo miotático inverso decorrendo em um relaxamento dos músculos flexores (CORRÊA et al, 2007). A correção nutricional também é de relevante importância de modo que mantenha a quantidade necessária de nutrientes para o desenvolvimento normal do esqueleto e da ossificação endocondral, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 99 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA a alimentação deve ser regulada assim que for diagnosticada a deformidade (CORRÊA et al, 2007). Outra técnica empregada é o casqueamento terapêutico de modo a corrigir principalmente os talões sem retira-los excessivamente e é usado principalmente nas contraturas do TFDS , objetivando o retorno do casco ao alinhamento normal. No caso de comprometimento do TFDP, o emprego de ferraduras corretivas com aplicação de extensores nas pinças é uma das formas mais efetivas do tratamento, com o objetivo de evitar seu desgaste e atrasando o momento de saída do casco do solo, causando maior tensão sobre os tecidos moles plantares ou palmares da região falangeana. Deve-se sempre higienizar o casco 2 vezes por dia e observar quaisquer abcessos na pinça, que podem ser a porta de entrada de infecções pela linha branca (STASHAK, 2006). A aplicação de talas de tubo de PVC, deve ser de extremo cuidado pelo clínico pelo fato das consequências que ela pode causar ao membro como lesões por compressão. Devem ser utilizadas por um curto período, em média de 5 horas e retira-las do potro por um período de mais 5 horas, o emprego de gesso mostrou resultado benéfico por resultar em menores incidências de feridas por compressão e também por exigir menores cuidados em relação a tala de PVC. Após a obtenção do posicionamento desejado da articulação, o potro deve ser submetido a exercícios diários, associados a administração de fármacos antiinflamatórios não esteroidais como a fenilbutazona(2,2 mg/kg) e o cetoprofeno(2 mg/kg). Altas doses de oxitetraciclina obteve resultados satisfatórios nos casos de hiperflexão, onde é administrado 3g do fármaco em 250 a 500 ml de solução salina via intra venosa de forma lenta, deve-se primeiramente analisar o exame de bioquímica, com ênfase nos valores de creatinina sérica, caso os valores estiverem alterados, não se deve optar pela administração do fármaco, principalmente em neonatos. É utilizada uma vez ao dia, ou a cada dois dias até que se alcance o total de três a quatro doses (CORRÊA et al,2007). O uso de altas quantidades de oxitetraciclina atua no organismo como quelante de cálcio, possuindo propriedades bloqueadoras neuromusculares, resultando no relaxamento dos 100 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF tendões flexores. Seu resultado é rápido, podendo ser observado em 24 a 48 horas após sua primeira aplicação. Observamos potros retomar a sustentar o peso dos seus membros, o que auxilia no desenvolvimento dos ligamentos e tendões da região metacarpofalangeana. Complicações pela superdosagem podem ocorrer como a insuficiência renal, relaxamento excessivo das articulações não afetadas pela deformidade, diarreia, choque anafilático e proliferação de bactérias resistentes a oxitetraciclina (SANTOS et al,2013). Caso o potro não responda a terapêutica conservadora dentro de 10 a 14 dias, quando se trata de uma deformidade leve, optase pelo tratamento cirúrgico, onde o objetivo é diminuir o ângulo de 180º do boleto pelas técnicas de tenotomia do TFDS e TFDP e pela desmotomia do ligamento acessório do TFDP associada a ferradura corretiva, onde a seleção do melhor procedimento ou mesmo pela combinação dos procedimentos para correção cirúrgica metacarpofalangeana pode ser difícil, pois o clinico deve determinar qual das estruturas estão associadas a articulação, para isso deve-se forçar o boleto em posição normal de estação e palpar acima do boleto os tendões flexores e ligamento suspensor, nessa forma é fácil de palpa-los pois todos os tendões estão esticados (STICK, 2006). A tenotomia do TFDS é a mais indicada nos casos de contratura de grau 3, podendo fazer com que o paciente retorne seu membro ao alinhamento normal. Essa técnica pode ser realizada com analgesia local ou anestesia geral colocando o paciente em decúbito lateral e então preparar a região mediana do metacarpo, tem-se preferência pela incisão lateral, evitando desse modo a artéria palmar medial. A tenotomia pode ser realizada as cegas por uma incisão perfurante usando um bisturi de tenotomia, ou realizada sob visualização direta com uma incisão alargada da pele (TURNER et al, 2002). A realização da tenotomia na forma de visualização direta iniciase com uma incisão de 2cm sobre a articulação do TFDS e TFDP no meio do metacarpo, o paratendão é cortado e separamos o TFDS do TFDP por meio de pinças. Quando se separa o TFDS, ele é cortado por um bisturi e então sutura-se a pele com material inabsorvível(TURNER et al, 2002). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 101 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Fonte: TURNER e MC ILWRAITH, 2002. Figura 2. Técnica ilustrativa da tenotomia do flexor digital superficial. A tenotomia do TFDP, tem sido viável por não causar sequelas pós operatórias e com restabelecimento do eixo podofalangico no 3º dia pós operatório. Na cirurgia, realiza-se uma incisão de 6cm de comprimento na face lateral do terço médio proximal do metacarpo na região do TFDP, secciona a pele e fáscia subcutânea de modo a identificar o TFDP, deve-se então isola-lo com uma pinça Kelly curva e secciona-lo, logo após, suturar a fáscia com categute 2-0 na técnica festonada e suturar a pele com pontos Wolf com fios de náilon 2-0, deve-se retirar os pontos no 10º dia do pós operatório (HUSSNI et al, 1999). Na desmotomia do ligamento acessório, coloca-se o paciente sob anestesia geral em decúbito lateral, prepara-se o campo operatório e logo se inicia uma incisão de 5cm que se estende da região proximal até a medial do metacarpo, ao nível do TFDP faz-se a incisão das bainhas dos tendões, identificam-se o TFDP, TFDS e o 102 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ligamento acessório que vai ser usado para fazer a separação de ambos usando uma pinça Kelly, com o bisturi, corta-se o ligamento acessório e o membro do paciente deve ser extendido para que haja uma separação dos limites do corte, assim confirmando que o ligamento foi totalmente cortado, logo após, suturar a bainha do tendão, tecido subcutâneo e por fim a pele. No pós operatório colocase bandagem desde o metacarpo proximal até o córion perióplico, administrar analgésicos como a fenilbutazona para amenizar a dor, permitindo o apoio do talão no solo e usar ferraduras com extensão de pinças, a sutura é retirada no 12º dia (VELHO, 2010). Fonte: VELHO, 2010. Figura 3. Desmotomia: secção do ligamento acessório distal. Sobre a funcionalidade dos membros pelas técnicas preconizadas de desmotomia e tenotomia no período pós operatório, os potros apresentam andar normal, com evidente redução no grau de claudicação e reestabelecimento da posição do eixo podofalângico (HUSSNI et al, 1999). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 103 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora apresente uma série de fatores que induzem à deformidade flexural congênita, é de relevância a apropriada avaliação para que, por meio dela possamos indicar o grau de comprometimento dos tendões bem como a terapia a ser empregada, onde a precocidade do diagnóstico mostra resultados mais significantes no realinhamento e funcionalidade do membro. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS STASHAK, T. S.; Claudicação em equinos segundo Adams. 5.Ed. São Paulo: Roca, 2006, p.557-566. CORRÊA, R. R.; ZOPPA, A. L. V.; Deformidades flexurais em equinos: revisão bibliográfica. São Paulo, 2007. THOMASSIAN, A.; Enfermidades dos cavalos. 4.Ed. São Paulo: Varela, 2005, p.145-150. STICK, J.; AUER, J.; Equine surgery. 3.Ed. Missouri: Elsevier Saunders, 2006, p.1153. NOGUEIRA, C. E. W.; SANTOS, F. C. C.; Estudo de casos sobre deformidade flexural congênita em potros. Pelotas: A Hora Veterinária, 2013. 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[email protected] RESUMO A degeneração mixomatosa da valva mitral (DMVM) consiste na degeneração progressiva dos folhetos da valva mitral, presente em cães geriátricos de pequeno porte. Os sinais clínicos comuns são tosse por compressão brônquica e Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) secundária. O diagnóstico é feito pelos dados de anamnese e exame físico, exame radiográfico e ecocardiográfico. O tratamento consiste no uso de diurético e inibidores da ECA, e variam conforme a gravidade dos sinais de ICC. O presente relato descreve uma cadela geriatra com sinais clínicos e radiográficos de DMVM, descrevendo sua importância na clínica de pequenos animais. Palavras-chave: Cães, Cardiovascular, Insuficiência, Mitral. ABSTRACT Myxomatous degeneration of the mitral valve (DMVM) is progressive degeneration of the mitral valve leaflets, present in Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 105 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA geriatric small animal dogs. Common clinical signs are coughing, bronchial compression and congestive heart failure (CHF). The diagnosis is made by history and physical examination data, radiographic and Doppler echocardiographic examination. The treatment consists in the use of diuretics and ACE inhibitors and it depends of clinical signs. The present report describes an old dog with clinical and radiographic signs of DMVM, describing its importance in small animal clinic. Keywords: Dogs, Cardiovascular, Insufficiency, Mitral. 1.INTRODUÇÃO O coração mantem o sangue em movimento por meio do sistema vascular, liberando oxigênio e nutrientes necessários as células, transportando hormônio e removendo produtos de excreção do metabolismo dos tecidos (COLVILLE e BASSERT, 2010). Entre as cardiomiopatias de interesse em clínica de animais de pequenos animais, a degeneração mixomatosa da valva mitral é a mais importante em raças de pequeno porte. Ela consiste em uma degeneração primária valvar adquirida, levando a incompetência valvar, resultando em aumento das câmaras cardíacas e em alguns casos, insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Os termos degeneração mixomatosa valvar, transformação mixomatosa, degeneração mucoide, endocardiose e doença valvar crônica são sinônimos para DMVM (TILLEY e GOODWIN, 2002). Entre os sinais clínicos, a presença de tosse não produtiva, tem sido descrito na maioria dos pacientes, pela compressão de raiz brônquica, associado à intolerância ao exercício. A expectativa de vida para estes animais é bastante variável e este relacionado às complicações presentes quando sinais de ICC são envolvidos (NELSON e COUTO, 2001). Os principais objetivos da terapia medicamentosa são o controle dos sinas clínicos como o controle do ICC, a redução do volume regurgitante e o débito cardíaco (KVART et al., 2004 e CHAMAS et al. 2011). Devido ao avanço da medicina preventiva em clínica de pequenos animais e melhorias na qualidade de vida destes pacientes, a 106 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF expectativa de vida aumentou e com isto, um número maior de cães geriatras estão sendo atendidos na grande maioria das clínicas e hospitais escolas. Sendo a DMVM uma doença de cão idoso, o presente trabalho visa esclarecer pontos importantes no desenvolvimento desta doença e relatar um caso clínico, destacando os sinais clínicos e a terapia para esta mio cardiopatia. 2. DESENVOLVIMENTO A degeneração mixomatosa da valva mitral (DMVM) é uma doença primária degenerativa adquirida presente nos folhetos da valva mitral. Acomete cães de pequeno porte, sendo as raças comumente afetadas o Chihuahua, Cavalier King Charles Spaniel, Schnauzer, Whippe, Poodle, Pinscher, Dachshund, e Cocker Spaniel (NELSON e COUTO, 2001). Apesar de estudos defenderem uma base genética, a etiologia da doença permanece incerta. Ela consiste na mudança dos constituintes celulares assim como da matriz intercelular do aparato valvar, portanto, nos folhetos valvares e nas cordoalhas tendíneas. Estas mudanças envolvem tanto a característica do colágeno, quanto o alinhamento das fibrilas de colágenos dentro da valva. Estas alterações estruturais alteram o coaptação dos folhetos, induzindo a regurgitação sanguínea pela valva mitral. A presença de regurgitação aumento o trabalho cardíaco, ocasionado áreas de remodelamento cardíaco, principalmente, uma hipertrofia excêntrica e disfunção ventricular (FEED et al., 2002 e ABBOTT, 2006 e RESENDE et al., 2010). A incidência da DMVM é mais comum em cães acima de nove anos, sendo os machos mais acometidos que as fêmeas (CHAMAS et al., 2011). Os sinais clínicos de DMVM são variados. Como há o desenvolvimento de regurgitação sanguinea, sopro cardíaco é um sinal comum em cães portadores. A maioria dos animais é assintomática, sendo o sopro um achado acidental no exame físico (MUZZI, 2005). Este sopro é melhor audível, no hemisfério torácico esquerdo, entre o quarto e sexto espaço intercostal. Quando a intensidade de regurgitação pela valva mitral fica excessiva, induzindo o remodelamento cardíaco, a compressão bronquica levará Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 107 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA a sinais clínicos de tosse seca e não produtiva. Vale ressaltar que na presença de insuficência cardíaca congestiva, com sinais evidentes de edema pulmonar, a tosse do paciente vem associada a sinais clínicos de intolerância ao excercício e taquipneia (ABBOTT, 2002). Eventualmente, síncope de origem cardica pode ser associada à DMVM, pois em casos de remodelamento cardiaco grave, áreas de arritimias poderão surgir, induzindo síncope associadas ao excercício (NELSON e COUTO, 2001). Em casos mais graves da doença, é possível observar o desenvolvimento de hipertensão pulmonar secundária, levando a ICC do lado direito do coração, sendo comuns sinais clínicos de efusão pleural, ascite ou edema de membros pélvicos.(CHAMAS et al., 2011). A asucultação pulmonar de animais portadores de DMVM poderá estar normal ou não. Quando constadas a presença de creptações pulmonares, principalmente em lobos pulmonares ventrais, deve-se investigar a presença de edma pulmonar (TILLEY, GOODWIN, 2002). Entre os métodos de diagnóstico para DMVM, anamnese e exame físico constitui a base inicial para investigação. Os exames complementares, como eletrocardiografia, exame radiográfico do tórax para visualização da área cardíaca e dos campos pulmonares. A ecocardiográfica é o exame mais importante para diagnosticar o espessamento das cúspides, determinação do tamanho e contratilidade dos ventrículos, o grau de regurgitação e dilatação do átrio esquerdo, todos estes recursos são importantes instrumentos utilizados para diagnóstico e acompanhamento destes cães (OHARA e AGUILAR, 2003 e SILVA et al. 2003). Como forma de tratamento, é importante lembrar aos proprietários, que toda terapia até o presente momento estudada, melhora a qualidade de vida do animal, mas não promove a cura do paciente. Assim, o objetivo da terapia consiste no controle dos sinais clínicos presentes na ICC, aumento do débito cardíaco, diminuição da área regurgitante e modulação da ativação neurohormonal presente (ABBOTT, 2002 e CHAMAS et al., 2011). A escolha do fármaco a ser prescrito pelo clínico veterinário deve ser feita com base na categoria funcional de ICC que o animal se encontra, sendo comumente prescritos medicamentos diuréticos, vasodilatadores, antitussígenos, digitálicos e terapias dietéticas (FRANCO et al. 2011 e HENRIQUE et al. 2013). 108 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Entre as categorias de diuréticos utilizados, os diuréticos classificados como diurético de alça (Henle), representado pela furosemida, são os mais indicados em cães com evidências clínicas e radiográficas de edema pulmonar. São indicadas doses altas e mais frequentes no edema pulmonar agudo, devendo ser ajustado conforme os sinais clínicos do paciente. (NELSON e COUTO, 2001). A utilização dos inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) é indicada em animais com sinais imaginológicos de aumento evidente de átrio esquerdo, seja pela ecocardiografia e/ou pela radiografia torácica. Eles estão relacionados ao controle da ativação neurohormonal presentes, sendo enalapril e benazepril os mais prescritos em cães (ABBOTT, 2002 e CHAMAS et al., 2011). O prognóstico de cães com DMVM costuma ser variado e dependente da presença de sinais de ICC e da resposta terapêutica individual. De uma forma geral, a expectativa de vida não ultrapassa 8-14 meses após o inicio dos sinais clínicos (ABBOTT, 2002). 3. RELATO DE CASO Foi atendido no serviço de clinica médica de pequenos animais da Sociedade Educacional e Cultural de Garça (FAEF), um animal da espécie canina, sem raça definida, com 4 quilos, de 14 anos, com histórico de tosse não produtiva e baixa há uma semana, associada à dispneia inspiratória, cansaço físico, apatia, prostração e anorexia. Pelo exame físico foi constatada hidratação normal, aumento dos linfonodos inguinais, a mucosa oral cianótica, aumento na frequência cardíaca e pulso coincidente. Além disto, foi visualizada doença periodontal branda e opacidade da córnea bilateral. A auscultação dos campos pulmonares indicou presença de crepitações em lobos pulmonares dorsais e um foco de sopro sistólico audível em valva mitral, com intensidade de V/IV. Ainda, foi possível constatar posição ortopneica durante a execução do mesmo. Pela resenha e exame físico, suspeitou-se de DMVM, com edema pulmonar secundário. Pela gravidade dos sinais clínicos, optou-se em estabilizar o paciente, sendo este encaminhado a oxigenioterapia ambulatorial, sendo prescrito diurético furosemida na dose de 4,0 mg/Kg, via intravenosa e como broncodilatador, escolheu-se aminofilina na dose de 10 mg/Kg, via intravenosa. Após um período de observação Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 109 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ambulatorial, o animal foi liberado, sendo prescrito para uso oral a furosemida, na dose de 2,0 mg/Kg, a cada 12 horas e o maleato de enalapril, na dose de 0,5 mg/Kg, a cada 12 horas durante 7 dias. Após este período, o animal retornou ao Hospital com melhora significativa dos sinais clínicos, não sendo observada dispneia, cansaço fácil e retorno de suas atividades habituais. Somente então foi possível realizar o exame radiográfico do tórax (FIGURA 1), sendo possível observar áreas de opacidade em regiões de carina, cardiomegalia e deslocamento dorsal da traqueia torácica, sugestivo de DMVM. Optou-se manter a terapia prescrita e reavaliações semanais até melhora dos sinais radiográficos. Figura 1: Radiografia torácica de um cão doméstico com DMVM, evidenciando cardiomegalia com desvio dorsal de traqueia. (Fonte: HV/FAEF) 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A DMVM é uma doença de progressão lenta, de inicio súbito, que acomete com maior frequência cães de porte pequeno e geriatras. O inicio dos sinais clínicos pode ser agudo e sua pior complicação é o desenvolvimento de sinais clínicos de ICC, podendo levar o animal 110 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ao óbito. Apesar de sua gravidade, quando bem manejada, utilizando diferentes grupos farmacológicos, melhoram-se os sinais clínicos, permitindo uma qualidade de vida maior ao paciente. 4. REFERÊNCIAS ABBOTT, J. A. Valvulopatia degenerativa. In: Abbott. J.A. Segredos em cardiologia de pequenos animais. Porto Alegre: Artmed, 2006, p. 96-281. ABBOTT, J.A. Doença valvular adquirida. In: Tilley P; Goodwin JK. Manual de cardiologia. 3ª ed. Tradução José Jurandir Fagliari. São Paulo: Roca, 2002, p.109-25. ATKINS, C.; BONAGURA, J.; ETTINGER, S.; FOX, P.; GORDON, S.; HAGGSTROM, J.; HAMLIN, R.; KEENE, B. (Chair); LUIS-FUENTES, V.; STEPIEN, R. Guidelines for the Diagnosis and Treatment of Canine Chronic Valvular Heart Disease. Consensus Statements of the American College of Veterinary Internal Medicine (ACVIM), v. 23, 2009, p. 1142–1150. CHAMAS, P. C.; SALDANHA, L.R.R.; COSTA, R.L.O. Prevalência da doença degenerativa valvar crônica mitral em cães. 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Devese evitar o uso de drogas imunossupresoras, deve ser retirado o macho da reprodução e nas fêmeas deve ser realizada a ovário salpingo histerectomia.Devem ser realizadas as raspagens especialmente nas áreas de em que ocorre a transição entre pele saudável e lesionada. Palavra – chave: Demodex canis, cães, filhotes. Tema central: Medicina Veterinária Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 113 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT It is a large parasitic skin disease often not infectious, propagation caused by mite Demodex canis species, in which a part of the skin microflora cães.A mite transmission occurs through feeding, that is, direct contact occurs when the mother with newborns. One should avoid using imunossupresoras drug should be withdrawn and the male reproductive females should be performed ovarian salpingo the scrapings histerectomia.Devem be performed especially in areas where the transition between healthy and damaged skin occurs. Key - word:Demodexcanis, dogs, puppies. 1. INTRODUÇÃO É uma dermatopatia parasitária de grande frequência, não contagiosa, causada pela multiplicação dos ácaros da espécie Demodex canis, na qual faz parte da microbiota cutânea dos cães (TOLEDO, 2009). Pequenos ácaros, possuindo um aspecto vermiforme, são levemente coloridos, com opistossomaextinto (pseudosegmentação), possuem pernas em um total de oito, com cinco segmentos, sendo estas encontradas na parte anterior do corpo, pois o opistossoma é longo em forma de charuto (TOLEDO, 2009). O ciclo inteiro deste ácaro acontece no hospedeiro e baseia – se em quatro estágios principais: ovo, larva, ninfa (vários estágios) e adulto. Acredita-se que para se completar o ciclo leva - se em torno de 20 e 35 dias (TOLEDO, 2009). A transmissão do ácaro ocorre por meio do aleitamento, ou seja, quando ocorre contato direto da mãe com os recém-nascidos (FAGUNDES, 2012). O contágio intra-uterina parece não haver pois associação da demodicose com outras doenças hereditárias em Beagles (ex. deficiência em fator VII) e introduzi – los nas ninhadas afetadas parte ou a totalidade dos cachorros podem apresentar demodicose generalizada (LEITÃO e LEITÃO, 2008). Foram identificadas nos cães três espécies: D. canis, D. cornei e D. injai (CURY, 2010). O ácaro se estabelece ao folículo piloso e com menor frequência está presente nas glândulas sebáceas (CORTES, 2011). Animais com menos de um ano são frequentemente mais acometidos. As lesões têm uma característica de áreas alopécicas e eritema frequentemente em região cefálica e/ou membros torácicos 114 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF (TOLEDO, 2009). Os sinais clínicos relacionados à demodicose possuem uma grande variedade e implicam em perda de pêlo, vermelhidão da pele e recidivas de infecções cutâneas bacterianas (GUERETZ, 2005). Podem ser importante em determinados casos otricograma e a histopatologia de biópsias de pele, também como dados epidemiológicos (idade, raça, existência de outros membros da ninhada afetados, história familiar da doença) e a anamnese (idade em que surgiu a doença, evolução, resposta a terapêuticas anteriores) (LEITÃO e LEITÃO, 2008). Ainda é um desafio o tratamento que leve a cura da demodiciose, não existe um tratamento 100% de eficácia contra esta patologia, e sim devemos ter um controle, consequentemente muitos cães apresentarão uma excelente resposta por períodos longos (TOLEDO, 2009). Em casos de demodicose persistente em cães, pode ser efetivada tratada em 50% dos casos com ivermectina (0,4-0,6 mg/Kg 1x dia)oumilbemicina (0,5 mg/Kg 1-2x dia) através de via oral, durante alguns meses (CENTENARO et al., 2011). Tradicionalmente o tratamento acaricida mais frequente é com a utilização de solução de amitraz. Deve se realizar a tosa totalnos animais com pelame longo e médio e com a realização de banhos semanais com xampú de peróxido de benzoíla 2,5 a 3% em seguida a aplicação da solução de amitraz 0,03 a 0,05% em todo o corpo do animal (ALMEIDA NETO, 2012). 2. CONTEÚDO A sarna demodécica canina, conhecida também como demodicose canina ou demodicidose canina (DA SILVA, 2008). A demodicose é uma patologia que acomete os cães que tem como característica areação cutânea inflamatória manifestada por duas condições principais e obrigatórias: um estado de imunodeficiência do animal e consequentemente a presença de uma quantidade supranormal dos ácaros Demodex canis (CONTE, 2008). A demodicose não é considerada uma doença infecto-contagiosa, mesmo possuindo uma riqueza parasitária, exceto para filhotes recém-nascidos que entre em contato com a mãe doente durante a amamentação nos três primeiros dias de vida (ALMEIDA NETO, 2012) Quando os animais apresentam estados de imunodeficiência geral por motivos variados, e por consequência uma falha nos mecanismos Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 115 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA de defesa próprios da derme, a pele do cão torna-se ecologicamente favorável à reprodução e crescimento da sarna demodécica. Os ácaros aproveitam essa oportunidade para colonizar os folículos pilosos, multiplicando sua população em milhares de parasitas (CONTE, 2008). No folículo piloso colonizado, o Demodex canisapresenta a resposta imunológica na parede folicular que pode ocorrer por reação linfocitária contra ceratinócitos portadores de antígenos próprios alterados ou de antígenos do próprio ácaro, também por foliculite mural linfocitária reativa ao ácaro. A demodicose tem como característica a reação de hipersensibilidade tardia, encontrandose linfócitos T CD3+ e CD8+ citotóxicos (FAGUNDES, 2012). Nos folículos pilosos dos cães é o local onde se encontram os parasitas, estes se alimentam da secreção sebácea e das células epiteliais (GUIOTet al.,2007). É um parasita espécie específica, onde pode ser encontrado normalmente fazendo parte da microbiota da pele dos cães, porém em um menor número nos cães mais sadios (CONTE, 2008). No cão foram descritos mais duas espécies de Demodexalém daDemodexcanis, são elas: uma forma curta denominada Demodexcornae, e uma forma longa denominada Demodexinjai. Expressando características morfológicas distintase de preferência habitando o estrato córneo da epiderme, assim se apresenta a “forma curta”, na qual esta se encontra em associação com D. canis na maioria dos casos. Parecendo habitar os folículos pilosos e as glândulas sebáceasse apresentam os ácaros da espécie Demodexinjai(LEITÃO e LEITÃO, 2008). ODemodex canis se apresenta como a espécie mais comum clinicamente(CORTES, 2011). Através de raspados cutâneos conseguimos observar o ácaro em lâmina de microscopia, onde podemos visualizar quatro estágios do seu ciclo evolutivo: ovos fusiformes, larvas com apenas seis patas, ninfas e adultos, estes com quatro pares de patas. É comprovado que o tamanho do macho é menor quando comparado com o da fêmea (CONTE, 2008). Através do contato direto durante os primeiros 2 ou 3 dias após o nascimento do animal, na fase inicial da amamentação ocorre a transmissão dos ácaros,primeiramente os parasitas são evidenciados no focinho dos cães devido ao contato direto com a mãe (GUIOT et al.,2007). O contágio através da via transplacentária é descartado (FAGUNDES, 2012). 116 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A retirada dos animais que apresentam sarna demodécica ou portadores do ácaro (progenitores e crias) dos programas de reprodução permitiu a diminuição ou mesmo a erradicação da patologia em alguns canis de reprodução. Através de pesquisas da incidência de demodicoce em alguns canis de criação (Collies e Beagles) sugere uma transmissão hereditária autossômica recessiva (LEITÃO e LEITÃO, 2008).Os filhotes quando nascem através de cesaria, e recebem a alimentação sem serem pela mãe infectada, eles não se contaminam os ácaros, assim como nos filhotes natimortos, o que significa que a transmissão tranplancentária não ocorre(TOLEDO, 2009).Pode ocorrer a transmissão do ácaro do adulto para o adulto quando há aplicação de soluções carregadas de ácaros à sua pele, ou por confinamento estreito com um cão portador de demodiciose generalizada, porém, não ocorrerá a doença progressiva e as lesões que aparecem terão uma curam espontânea (TOLEDO, 2009). Não existe nenhuma constatação sobre predileção racial, por sexo ou idade, porém em filhotes é observada uma forma mais severa e mais freqüente (CONTE, 2008).Os cães jovens de pelame curto possui uma predisposição, devido esses animais possuir as glândulas sebáceas menos desenvolvidas do que os animais de pelame longo. (FAGUNDES, 2012).Certas raças possuem predisposição para demodicose como: Boxer, Buldog Inglês, Cocker Spaniel, Collie, Dálmata, Doberman, Sharpei, Pit Bull Terrier, e West Highland White Terrier, entre outras (DALL’ASTA, L. B, 2011). Possuem fatores contribuintes para que haja o surgimento das lesões da demodicose, tais como: administração de fármacos imunossupressores, subnutrição, doenças sistêmicas graves, estresse transitório e o parasitismo (DALL’ASTA, L. B, 2011). Os banhos frequentes com sabões alcalinos fazem com que a pele se torne suscetível ao ataque dos ácaros (CONTE, 2008). A forma mais influenciada por estresse, fatores genéticos, nutricionais e raciais é a forma juvenil. Já os distúrbios nutricionais, parasitismo intenso e enfermidades sistêmicas que alterem a resposta imune, são responsáveis por desencadear a forma adulta (PACHALYet al., 2009).São citados como contribuintes para o desencadeamento da patologia fatores como nutrição inadequada, estresse, endoparasitoses, diversas enfermidades debilitantes, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 117 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA imunossupressão medicamentosa e como também as alterações endócrinas femininas durante o ciclo estral,subsistindo também processos idiopáticos sem uma causa específica de imunossupressão (DA SILVA, 2008).Nos animais que apresentam idade entre três a seis meses comumente as lesões se apresentam na face, também podendo ser encontradas por todo o corpo. Geralmente as lesões não são pruriginosas, a menos que ocorra infecção secundária concomitante (GUERETZ, 2005). A doença pode ser classificada em relação ás lesões, bem como no curso e no prognóstico da enfermidade como Demodiciose Localizada (DL) ou Demodiciose Generalizada (DG) e dependendo das primeiras manifestações clínicas, podendo ser de caráter juvenil ou adulto(BATAIER NETOet al., 2009). A forma que se apresenta mais gravemente é ademodicose generalizada (DG), esta mostra se como uma dermatite crônica(CAMPELLO, 2009).É uma infestação parasitária benigna(SANTAREM, 2007). A demodiciose generalizada de modo geral atinge grandes áreas do corpo.Um cão que apresenta cinco ou mais lesões envolvendo regiões inteira do corpo, ou quando mostra envolvimento de dois ou mais membros possui demodiciose generalizada(TOLEDO, 2009). Mas de outra forma a DG é dada como uma das mais severas dermatopatias em cães, apresentando lesões variáveis, podendo ocorrer foliculite severa em casos mais severos, com exsudação hemorrágica e presença de bactérias oportunistas, podendo ocorrer até mesmo o óbito do cão (TOLEDO, 2009). Manifestando se com áreas irregulares de alopecia de uma a cinco áreas, com graus variáveis de eritema, hiperpigmentação com comedões, e alopecia parcial apresenta se demodiciose canina localizada. Podendo apresentar a coloração da pele avermelhada ou cobre, com escamas prateadas revestindo as lesões. É comum apresentar lesões na fase, principalmente na área periocular e as comissuras bucais, o segundo local onde mais se apresenta são os membros torácicos, também podendo ser encontradas por todo corpo, geralmente não são pruriginosas, a não ser que aconteça uma infecção secundária (TOLEDO, 2009).A maior parte dos casos são autolimitante, não necessitando de tratamento. (SANTOS et al., 2008). As lesões mais comuns são feridas eritematosas alopécicas localizadas na cabeça ou membros (CENTENARO et al., 2011).Em 118 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF todos os casos ainda foi observado à presença de hiperqueratose geralmente ortoqueratótica, Paraqueratose e acantose (CAMPELLO, 2009). Podem apresentar um aspecto morfologicamente similar, várias doenças cutâneas, quando estiver seu princípio. O exame clínico cuidadoso e acurado é tão essencial como em nenhum outro sistema corpóreo (GUERETZ, 2005). A Demodicose generalizada é uma das mais difíceis e frustrantes doenças para serem tratadas e para se alcançar sucesso terapêutico pelo clínico veterinário, devido às recidivas das lesões (TOLEDO, 2009). Para a avaliação mais completa do estado do animal é necessário a realização do hemograma, perfil bioquímico sérico, urianálise, exame fecal para helmintos e pesquisa de Dirofilariasp., e mesmo se suspeitar ou diagnosticar uma eventual doença sistêmica concomitante (LEITÃO e LEITÃO, 2008). Para o diagnóstico da demodicioseo exame parasitológico é a técnica de primeira escolha, o raspado cutâneo apresenta uma fácil execução, baixo custo e alta sensibilidade. Como método auxiliar pode se realizar otricograma, principalmente em suspeita de dermatofitose (SANTOS et al., 2008). No local afetado deve se realizar o raspado na direção dos pelos, até ocorrer o sangramento capilar, sendo recomendável uma compressão da pele durante a raspagem, para expulsar os ácaros dos folículos pilosos, sendo que as lesões mais difíceis de raspar são nas patas e na face (PACHALYet al., 2009).Devem ser realizadas as raspagens especialmente nas áreas de em que ocorre a transição entre pele saudável e lesionada, onde ocorra presença de comedões, abrangendo em no mínimo três a seis locais diferentes (PACHALY et al., 2009). A avaliação das raspagens de pele deve ser relativamente ao número aproximado de ácaros (é considerada um resultado positivo, a presença de ácaros mortos ou até fragmentos) e à proporção de ácaros imaturos e adultos (CORTES, 2011).Só deve ser estabelecida a confirmação do diagnóstico de de modicose quando houvera visualização de cinco ácaros por campo da lâmina.(SANTOS et al., 2008). Auxiliando nos casos suspeitos de dermatofitoseesta o tricograma e a histopatologia pode auxiliar no diagnostico quando a pele estiver muito espessada ou enrugada, e nas lesões podais crônicas, as Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 119 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA raspagens podem resultar em falso-negativos nas situações em que os ácaros podem estar localizados muito profundamente (DA SILVA, 2008). Diagnósticos de raspagens de pele positivas para D. canis não devem impedir a realização de outros exames dermatológicos como o exame micológico cultural e a citologia cutânea. Animais com DC e apresentando outras doenças concomitantes têm sido identificados pelos autores (LEITÃO e LEITÃO, 2008). Como principais diagnósticos diferenciais da dermatofitose: alopecia por diluição da cor, adenite sebácea, piodermite superficial ou profunda, piodermite juvenil, dermatite responsiva ao zinco, alopecia pós-injeção, infecção micótica profunda, pênfigo foliáceo, micose fungóide, erupção medicamentosa. Reações de hipersensibilidade como atopia, alergias à picada de pulga e a alimentos (TOLEDO, 2009). O tratamento da demodicose primeiramente é identificar e tratar qualquer fator predisponente. Como medida auxiliar importante deve se realizar a castração dos cães com demodicose, principalmente das fêmeas, pois o cio ou a prenhez podem predispor à reincidência (DALL’ASTA, 2011).Os exames parasitológicos cutâneos, a cada três meses é importante para evitar recidivas. Contudo, o animal devera ser retirado da reprodução (SANTOS et al., 2009). Atualmente sendo mais usado para os tratamentos o amitraz e as lactonasmacrocíclicas. Descrevem o tratamento com Ivermectina 1% na dose de 0,4mg/kg/SC, Cefalexina 20mg/kg/VO/BID/30dias (para casos com piodermitesecundária), e xampu de Peróxido de benzoíla 3% é eficaz. Pode ser incluído também no tratamento terapêutico o uso do amitraz tópico (SANTOS et al., 2009). Na demodicose generalizada é indicada no seu tratamento a associação de banhos com amitraz a 0,025-0,06% por 7-14 dias e diariamente, ivermectina oral (300ìg Kg-1) (CENTENAROet al., 2011).Varia de 4 a 6 meses o período da administração da ivermectina, após três exames de raspado cutâneo negativos pode ocorrer a suspensão da administração do fármaco. Pode necessitar de terapias prolongadas os animais imunossuprimidos ou idosos (TOLEDO, 2009).É contra indicado a utilização deivermectinaem cães das raças: Collies, Pastor deShetland, OldEnglishSheepdog e Bobtails. (CENTENARO et al., 2011). 120 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Sendo mais indicado e especificado em literaturas o amitraz tópico é, entretanto, nem sempre eficaz e bem tolerado, além da dificuldade de sua utilização pelos proprietários apresentando constantes remissões de enfermidade. Devido situações de insucesso no tratamento com o amitraz, têm sido utilizadas outras drogas para a terapia de casos de demodicose generalizada, como alternativas terapêuticas, apresentam se as lactonasmacrocíclicas (DALL’ASTA, 2011). O uso do amitrazé contra indicado para cães diabéticos em altas dosespois possui um efeito hiperglicêmico insulino depressor (TOLEDO, 2009). A MilbemicinaOxima é considerada uma boa escolha por ser uma droga segura para o tratamento da demodicose canina generalizada, com boa eficácia e de fácil administração. É uma considerada uma droga cara, mas esta é utilizada em uma baixa dose e um tempo de tratamento curto tornam o seu preço razoável. A MilbemicinaOxima é administrada na dose de 0,5-1,5 mg/Kg por via oral,uma vez ao dia por 3 meses resultou em uma taxa de cura de 85% em um estudo com 99 casos (ALMEIDA NETO, 2012). São realizados três raspados consecutivos após 60 dias de tratamento com intervalo de 15 dias entre eles, casos todos eles derem negativos, o animal pode ser considerado livre desta dermatopatia(SANTOS et al., 2009). O prognóstico é bom no caso da demodiciose localizada, pois geralmente ocorre cura sem nenhuma intervenção medicamentosa, num período que referente a seis à oito semanas. Como na maioria dos casos não é necessário a intervenção, o tratamento é mínimo. Variando o prognóstico de reservado a bom na demodiciose generalizada, em termos de recuperação, pois afeta cães adultos com mais de dois anos, onde a patologia é somente controlada com medicamentos e terapias, mas nem sempre o organismo responde de maneira positiva a estes tratamentos.Em intervalos de um a dois meses no período de doze meses devemos reavaliar as recidivas após o último raspado de pele negativo. Animais que não apresentarem a doença por doze meses dificilmente apresentarão recidivas, e são convencionalmente declarados como curados. Deve-se evitar o uso de drogas imunossupresoras, deve ser retirado o macho da reprodução e nas fêmeas deve ser realizada a ovário salpingo histerectomia (OSH), para prevenir a demodicioseuma vez que estas poderão ter Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 121 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA recidivas quando estiverem em estro, devido a supressão do sistema imunológico (TOLEDO, 2009). 3. CONCLUSÕES A demodiciose canina é um dos maiores enorme desafio para os clínicos veterinários Embora seja uma doença de fácil diagnóstico, o diagnóstico definitivo de raspados cutâneos da doença é feito através do raspado de pele, onde é visualizado o ácaro Demodex canis, juntamente com sinais dermatológicos do paciente A Demodicose canina é uma doença grave e geralmente se inicia de forma localizada, e orientar o proprietário a proceder de maneira correta, para que haja um restabelecimento da saúde da pele do animal. A demodiciose é uma dermatopatia que não tem cura e que se manifesta associada à imunossupressão. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA NETO, T. S. Demodicose canina. São Paulo, 2012. 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Mai. 2013. 122 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CONTE, A. P. Demodicose canina generalizada: Relato de caso.Braço do Norte, 2008. Disponível em:<http://qualittas.com.br/uploads/ documentos/Demodicose%20Canina%20Generalizada%20%20Ana%20Paula%20Conte.PDF> Acesso em: 08. Mai. 2013. CORTES, A. P.D.;BAPTISTA,C. S. N. F.; MONTENEGRO,L. M. F. Porto, 2011.Clínica e cirurgia de animais de companhia.Disponível em:<http://www.hospvetmontenegro.com/user/teses/tese_11.pdf> Acesso em: 08. Mai. 2013. CURY, G. M. M. Avaliação longitudinal de parâmetros clínicos, hematológicos, bioquímicos e eletroforese de proteínas de cães com sarna demodécica tratados com amitraz.Belo Horizonte, 2010. Disponível em:<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/ bitstream/handle/1843/BUOS-8MUJ4J/disserta__o _gabrielle_m_rcia.pdf?sequence=1> Acesso em: 08. Mai. 2013. DALL’ASTA, L. 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Mai. 2013. 124 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DERMATOFITOSE FELINA - RELATO DE CASO Tatiana Cristina Longo FREDERICO1 Yuri Sandei INFANTE2 Gisele Fabrícia Martins REIS3 1 2 Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária e Zootecnia da FAEF Garça - SP - Brasil. E-mail: [email protected]; [email protected] Docente do curso de Medicina Veterinária e Zootecnia da FAEF - Garça SP - Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO Dermatofitoses são doenças fúngicas superficiais capazes de colonizar e causar lesões no extrato córneo de homens e animais. Os agentes micóticos descritos em cães e gatos são Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton. Relatos indicam ser uma das enfermidades zoonóticas mais comuns do mundo, sendo o gato doméstico (Feliscatus) o portador assintomático mais importante. As lesões macroscópicas apresentam-se como áreas circulares, eritematosas, alopécicas, descamativas, de prurido variável. O diagnóstico definitivo deve ser feito pelo cultivo micológico. Os principais fármacos utilizados são fungicidas classificados como triazóis e imidazóis. Seu período de tratamento é prolongado por duas semanas após remissão dos sinais clínicos. Palavras-chave: dermatofitose, fúngica, gato, zoonótica ABSTRACT Dermatophytoses are fungal diseases able to colonize and cause Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 125 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA lesions in the stratum corneum of men and animals. In dogs and cats the more described Mycotic agents are Microsporum, Trichophyton and Epidermophyton. Reports describe be one of the most common zoonotic diseases in the world, with the domestic cat (Feliscatus) the most important asymptomatic carrier. Gross lesions appear as circular areas, erythematous, alopecia, scaly, itchy variable. The definitive diagnosis should be made by mycological culture. The more important drugs used are fungicides are classified as triazoles and imidazoles derivatives. Its prolonged period of treatment is two weeks after remission of clinical signs. Keywords: cat, dermatophytosis, fungal, zoonotic 1.INTRODUÇÃO A clínica de medicina de felinos é uma ciência em amplo desenvolvimento e interesse, seja por parte dos proprietários, que cada vez mais adotam o gato como animal de companhia, seja por parte dos clínicos veterinários, que enxergam nesta espécie um aumento na sua rotina de trabalho. O estreito convívio entre estes pacientes e os homens favorece a disseminação de agentes considerados zoonóticos, como a dermatofitose. Os fungos estão disseminados na natureza, como o ar, o solo e a água, além da microbiota de humanos e animais. Com a tecnologia avançada e a melhora dos recursos diagnósticos, nota-se um aumento crescente na ocorrência das micoses, especificamente as dermatofitoses em cães e gatos (SIDRIM; ROCHA, 2004). As dermatofitoses são micoses superficiais ocasionadas por fungos filamentosos, hialinos, septados, ceratinofílicos, que têm a capacidade de colonizar e causar lesões no extrato córneo de animais e do humano, podendo invadir os pêlos, a pele e as unhas. Conforme sua evolução adaptativa, esses fungos são classificados em antropofílicos, quando acometem somente humanos e zoofílicos, quando apresentam importância na saúde pública por terem características zoonóticas e geofílicas, esses organismos são capazes de sobreviver em matéria orgânica (SIDRIM; ROCHA, 2004). O s dermatófitos de interesse em medicina veterinária pertecem aos gêneros Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton. O Microsporum canis é um dermatófito zoofílico, sendo o agente mais 126 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF adaptado em felinos domésticos (REES, 2011). A dermatofitose em cães saudáveis e em gatos de pêlos curtos na maioria das vezes sofre remissão espontânea dentro de quatro meses. Gatos de pêlos longos, no entanto, também apresentam resolução espontânea, podendo levar de um ano e meio a quatro anos (MACIEL, 2005). Os dermatófitos classificados como zoonóticos possuem uma alta e rápida disseminação, predispondo a infecção dos homens e animais. São doenças de caráter infectocontagioso e sua contaminação ocorre através do contato direto com os pêlos e crostas presentes em animais infectados. Além disto, fômites contaminados, como caixas de transporte, pentes, escovas, toalhas, tesouras, camas e contato direto entre animais ou pessoas infectadas são outras formas de disseminação destes organismos (NOGUEIRA, 2013). As infecções por dermatofitoses são ocasionadas somente por um tipo de fungo, sendo raras as infecções simultâneas por mais de um desses agentes. Milhares de animais são avaliados como assintomáticos, isso induz que mesmo não apresentando a sintomatologia clínica podem difundir a doença. A presença desses animais assintomáticos é importante devido ao fato de apresentarem uma forma de infecção silenciosa (NOGUEIRA, 2013). Entre estes portadores assintomáticos, o gato doméstico é um reservatório frequente para a disseminação da dermatofitose (REES, 2011). Os sinais clínicos em felinos costumam ser variados e dependem da condição imunológica do animal. Normalmente, como são animais adaptados a presença dos dermatófitos, quase não são vistas lesões dermatológicas. No entanto, em pacientes que não houve completa adaptação, os fungos dermatófitos produzem toxinas e alérgenos, induzindo resposta inflamatória na pele. Assim, as lesões macroscópicas causam alopecia e descamação circulares, com bordas elevadas, sendo que na espécie felina prurido não é comum. Em relação à localização, as áreas de maior acometimento são as extremidades dos membros, cabeça e tronco (BALDA, 2007). O exame direto do animal utilizando a lâmpada de Wood é um método de triagem nestes pacientes. Este método consiste na utilização de uma lâmpada que emite luz ultravioleta, que em contato com os pêlos contaminados, emitirá uma luz fluorescente, sugestivo de dermatofitoses (REES, 2011). O diagnóstico definitivo deve ser estipulado por cultivo micológico Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 127 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA do pêlo, desta forma o clínico consegue estabelecer o gênero e a espécie do fungo. O isolamento do dermatófito é de suma importância para que se determine a fonte de infecção. Caso o gato seja portador do fungo sem expor lesões, a colheita do pelame deve ser efetuada pelo “método do carpete”, que consiste na retirada dos pêlos do paciente por escovação, para detecção de portadores assintomáticos. Alguns autores fortalecem a importância de que esse cultivo deve ser repetido no mínimo duas vezes para que se especifique realmente o animal como portador. A cultura micológica leva de três a quatro semanas para que se adquira o resultado, porém outros exames, como o exame direto, Lâmpada de Wood e exame histopatológico, possuem sensibilidade bem menor em relação ao cultivo micológico, sendo este o método de escolha para diagnóstico definitivo (BALDA, 2007). Caso o diagnóstico seja realizado somente baseado nos sinais clínicos que o animal apresenta, o resultado têm chances de ser falso, superestimando a incidência das dermatofitoses em cães e gatos. É essencial realizar sempre o exame direto dos pêlos e certificar o diagnóstico através da cultura do material para eliminar outras dermatopatias (NOGUEIRA, 2013). Os agentes antimicóticos mais empregados no tratamento de doenças fúngicas superficiais em medicina veterinária são os agrupados nas categorias dos imidazóis e os triazóis. Entre os imadazóis, cetoconazol, miconazol e clotrimazol são os mais prescritos. Da categoria dos triazóis, itraconazol e fluconazol são os mais utilizados em gatos. Também são aplicados antifúngicos, como a griseofulvina, a terbinafina e o lufenuron. A terbinafina é um medicamento lipofílico, de ação fungicida, que administrado via oral é liberado rapidamente no estrato córneo, permanecendo seu efeito local por várias semanas (MACIEL, 2005). Para o tratamento do paciente, indica-se o corte dos pêlos, o isolamento do animal doente dos demais animais, terapia tópica e a administração sistêmica de medicamentos fungicidas ou fungistáticos. O tratamento deve ser prorrogado por quinze dias após a remissão dos sinais clínicos ou até que duas ou três culturas fúngicas negativas ininterruptas sejam alcançadas, devido a cura clínica sempre preceder a cura micológica (MACIEL, 2005). No tratamento das infecções por dermatófitos, devem ser descartados fômites que entraram em contato com os animais 128 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF enfermos, com os portadores e do ambiente. Como medidas sanitárias, o uso de soluções de hipoclorito de sódio, demonstrou ser eficaz no controle e desinfecção ambiental (WILLEMSE, 1998). O presente trabalho tem como intuito relatar o caso de um gato doméstico, portador de dermatofitose, ressaltando a importância zoonótica, os principais sinais clínicos, diagnóstico e tratamento, contribuindo com a literatura ainda tão escassa nesta espécie. 2. DESENVOLVIMENTO Foi atendida no setor de Clínica de pequenos animais, da Sociedade Cultural e Educacional de Garça (FAEF), uma felina doméstica, sem raça definida, com aproximadamente 45 dias, de pelagem branca, não castrada, pesando aproximadamente um kg, encontrada nas ruas da cidade. O animal encontrava-se com as frequências cardíacas, respiratórias, tempo de preenchimento capilar dentro dos valores esperados para este espécie. O exame dermatológico revelou áreas de lesões com bordas irregulares, eritematosas, circunscritas e não pruriginosas. Estas lesões eram alopécicas e continham discreta seborréia seca, principalmente em membros, cauda, face e orelhas. Foi realizado o exame de raspado de pele profundo, em três pontos de lesões que descartou a possibilidade de outros ácaros associados, como sarna demodécia ou sarna notoédrica, ambas comuns em felinos com hábitos de vida livre. Pelo histórico escasso do paciente e pelo aspecto das lesões macroscópicas, suspeitou-se de dermatofitose. Os pelos do animal foram coletados por arrancamento e colocados em meio de cultura comercial, próprio para dermatofitose, para tentativa de crescimento micológico. Como forma de tratamento optou-se pela terbinafina, na dose de 10 mg/kg, a cada 24 horas durante 15 dias. Após 15 dias de medicação, o animal retornou ao serviço hospitalar apresentando crescimento dos pelos, com ausência de crostas nas lesões, porém ainda com pequenos focos de lesões alopécias nas regiões de cauda e membros pélvicos. Por se tratar de uma afecção com importância zoonótica, o animal foi isolado dos demais animais da casa e o tratamento prorrogado por mais 15 dias. Os pelos colocados no meio de cultura, até o presente momento não demonstraram crescimento macroscópico, evidenciando a dificuldade de isolamento e identificação do agente etiológico. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 129 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 3. CONCLUSÃO A dermatofitose felina é uma doença de importância zoonótica que merece destaque pois seu alto poder de disseminação não se relaciona somente na presença de animais doentes, uma vez que, o felino pode ser um disseminador assintomático. O presente relato descreve um animal de rua, que até o momento, não foi isolado o agente etiológico, mas o aspecto macroscópico das lesões e a melhora significativa em pouco tempo de terapia, sugeriu-se dermatofitose felina. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALDA, A.C.; LARSSON, C.E.; OTSUKA, M.; GAMBALE, W.; Estudo restrospectivo das dermatofitoses em cães e gatos atendidos no Serviço de Dermatologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Acta Scientiae, 2004. v. 32, n.2, p. 133-140. BALDA, A.C.; OTSUKA, M.; LARSSON, C.E.; Ensaio clínico da griseofulvina e da terbinafina na terapia das dermatofitoses em cães e gatos. Ciência Rural, 2007. v. 37, p. 133-140. MACIEL, A.S.; VIANA, J.A.; Dermatofitose em cães e gatos: uma revisão – segunda parte. Clínica Veterinária, Ano X, nº 57, julho/ agosto, 2005. p.77-80. NOGUEIRA, M.A.A.; SANTOS, A.S.; LEAL, C.A.S.; LIMA, D.C.V.; OLIVEIRA, E.A.A.; SILVA, L.T.R.; SILVA, L.B.G.; Diagnóstico das dermatites fúngicas em cães e gatos. XIII Jornada de ensino, pesquisa e extensão – UFRPE, São Paulo, 2013. REES, C.A.; Dermatophytosis. In: Norsworthy; GRACE, G.D.; CRYSTAL, M.A.; TILLEY, L.P.; The Feline Patient. Willey Blackwell. Iowa. 4a ed. 2011. SIDRIM, J.J.C.; ROCHA, M.F.G.; Micologia Médica à Luz de Autores Contemporâneos. Ed. Guanabara Koogan. 1ª Edição. 2004. WILLENSE, T.; Dermatologia Clínica de Cães e Gatos. 2ª ed. Manole: São Paulo, 1998. p. 22-23. 130 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DESEMPENHO DE TOURINHOS JOVENS EM PASTEJO COM DUAS ESTRATÉGIAS DE SUPLEMENTAÇÃO MINERAL Ricardo Silva LUIZ1 Vitor Andrade FRANCISCANI2 Daniel Aparecido MARZOLA3 Ernani Nery de ANDRADE4 1 Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da FAEF - Garça – SP Brasil. e-mail: [email protected] 2 Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da FAEF - Garça – SP Brasil. e-mail: [email protected] 3 4 Especialista Engenheiro Agrônomo da FAEF - Garça – SP - Brasil. Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEF - Garça – SP - Brasil. e-mail: [email protected] RESUMO Este trabalho objetivou estudar os efeitos da suplementação mineral proteica da FAEF com uso da suplementação energética enriquecidas com proteínas, vitaminas, minerais e aditivos em composto de melaço desidratado, “sem cristais de açúcar” (MUB10MV + monensina), sobre o ganho de peso de tourinhos, mestiços, Jersey e nelore em pastagem de Coast-Cross (Cynodon dactylon). O experimento foi conduzido com 14 animais, em pastejo contínuo em 1/2 hectare cada (em média), subdivididos em 2 piquetes onde permaneceram por 36 dias. Neste trabalho as médias de ganho diário foram de 0,841 e 0,135 Kg PV ao dia, respectivos ao tratamento Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 131 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA FAEF e o tratamento com MUB, indicando maior ganho de peso para os animais recebendo sal mineral produzido pela FAEF, indicando também possíveis ganhos compensatórios. A suplementação mineral proteica produzida pela Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF é mais indica para tourinhos jovens no período de transição águas-seca onde ocorre um ligeiro decréscimo na qualidade da forragem. Palavras-chave: pastagem, proteínas, suplementação, tourinhos. ABSTRACT This study investigated the effects of protein supplementation of mineral FAEF using energy supplementation enriched with protein, vitamins , minerals and additives composed of dehydrated molasses, “ without sugar crystals “ ( MUB - 10mV + monensin ) on gain weight of bulls , crossbred Jersey and Nellore grazing Coast -Cross ( Cynodon dactylon ) . The experiment was conducted with 14 animals in continuous grazing in half hectare each ( on average ) , subdivided into 2 paddocks where they remained for 36 days. In this study the average daily gain were 0.841 and 0.135 kg BW per day , corresponding to treatment FAEF and treatment with MUB , indicating greater weight gain for animals receiving mineral salt produced by FAEF , also indicating possible compensatory gains . Protein mineral supplementation produced by the Faculty of Higher Education and Comprehensive Training - FAEF indicates is more for young bulls in the transition period of rainy - dry where a slight decrease in forage quality occurs. Keywords: pasture, protein supplementation, bulls. 1.INTRODUÇÃO A pecuária de corte é uma atividade de grande importância social e econômica no Brasil. Os cenários, tanto interno quanto externo, apontam para o fortalecimento dessa atividade, seja como produtora de alimento de alta qualidade seja como geradora de divisas. Entre as vantagens da pecuária nacional, destacam-se a competitividade econômica, a produção de carne sob condições de ambientes naturais 132 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e a tendência de demanda dos mercados mais exigentes. Diante dessas vantagens, a bovinocultura está passando de uma atividade extrativista e extensiva à utilização intensiva de tecnologia e à melhor capacidade de gerenciamento para maior eficiência ao longo de toda a cadeia produtiva (ZERVOUDAKIS, 2000). A produção de bovinos de corte no Brasil está fundamentada na utilização de pastagens que correspondem de 70 a 80% da alimentação. Na maioria das vezes, o sistema apresenta, na região centro-oeste, excesso de forragem durante a primavera e o verão e deficiência de forragem no outono e inverno, resultando em estação úmida marcada por ganhos de peso e estação seca por perdas de peso (OLIVEIRA et al., 2006). Um dos principais componentes do sistema de produção de bovinos é a alimentação, que é também a variável mais importante dentre os fatores ambientais que influenciam o desempenho dos animais (MALAFAIA et al., 2003). No Brasil, as pastagens são consideradas a fonte de alimento mais econômica para a alimentação dos bovinos. Em relação à pecuária de corte, estima-se que mais de 90% dos animais abatidos no Brasil sejam oriundos de sistemas de produção em pastagem (FERREIRA et al., 2012). As pastagens tropicais e subtropicais apresentam períodos de alta produção forrageira (estação de primavera e verão) e períodos de baixa produção forrageira (estação de outono e inverno). Algumas práticas de manejo têm sido adotadas para minimizar as perdas ocorridas durante o período de baixa produção forrageira, como por exemplo, a suplementação protéica ou energética (REIS et al., 1997; GRANDINI, 2001; MOREIRA et al. 2001a). Neste contexto, o uso de suplementos múltiplos que complementem a quantidade de proteína necessária para o melhor aproveitamento da forragem disponível pode ser benéfico para o desempenho animal. Misturas com fonte protéica e ou energética podem levar ao melhor aproveitamento de forragens tropicais, sobretudo quando a relação entre NDT (nutrientes digestíveis totais) e a PB (proteína bruta) da forragem for maior que 7 (MOORE et al., 1999). A suplementação com fontes de proteína verdadeira também permite corrigir a deficiência de energia, pois promove aumento na proporção de microrganismos no rúmen e, consequentemente, eleva a digestibilidade da forragem de menor qualidade e os consumos de matéria seca e energia digestível, resultando em melhor desempenho Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 133 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA dos animais (REIS et al., 1997). O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência da suplementação mineral proteica da FAEF com uso da suplementação energética enriquecidas com proteínas, vitaminas, minerais e aditivos em composto de melaço desidratado, “sem cristais de açúcar” (MUB-10MV + monensina), sobre o ganho de peso de tourinhos, mestiços, Jersey e nelore em pastagem de Coast-Cross (Cynodon dactylon). 2.MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Estância da FAEF, no Município de Garça - SP. Foram utilizados animais mestiços e das raças jersey e nelore, com peso médio de 302 Kg, sendo destinado a cada tratamento 7 tourinhos, totalizando 14 animais em experimento. Os animais permaneceram em pastejo contínuo em 1/2 ha cada (em média), subdivididos em 2 piquetes onde permaneceram por 36 dias. O suplemento do tratamento FAEF era apenas constituído de macro e microminerais essenciais, presentes em um sal proteínado de uso da FAEF de 50g de Fósforo/Kg do produto. O outro tratamento, suplemento mineral proteico enriquecido com vitaminas e macro e microminerais (MUB) em sua formulação acrescida de 1g/ 100Kg de peso vivo dos animais. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados (DBC). 3.RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1, observa-se que houve diferença estatística entre os suplementos para GMD. Observou-se maior ganho de peso para os animais recebendo sal mineral produzido pela FAEF, indicando também possíveis ganhos compensatórios. Neste trabalho as médias de ganho diário foram de 0,841 e 0,135 Kg PV ao dia, respectivos ao tratamento FAEF e o tratamento com MUB. Tabela 1. Ganhos médios dos animais durante os períodos e diferentes tratamentos Sal Mineral Variáveis FAEF MUB p - valor GMD (Kg/animal/dia) 0,841 ± 0,22a 0,135 ± 0,20b 0,01 Médias seguidas de diferentes letras minúsculas nas linhas apresentam diferenças significativas entre si pelo teste Tukey (P > 0,05) e ± erro padrão. 134 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF De acordo com MALAFAIA et al. (2003), o ganho de peso dos animais recebendo suplementos proteico-energéticos sempre atenderá à lei de Mitscherlich (lei dos ganhos decrescentes), isto é, respostas não lineares com ganhos decrescentes, à medida que o consumo dos suplementos aumentar. A figura 1 esta o comportamento de ganho de peso diário dos animais suplementados com minerais produzidos pela FAEF e MUB. 1,400 1,200 1,000 0,800 0,600 0,400 0,200 0,000 -0,200 FAEF FAEF FAEF FAEF FAEF FAEF FAEF 33 26 129 187 138 73 114 MUB MUB MUB MUB MUB MUB MUB 27 186 116 139 51 112 92 -0,400 Figura 1. Ganho de peso em função da ingestão dos suplementos em pastejo. 4.CONCLUSÕES Pode-se concluir que a suplementação mineral proteica produzida pela Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF é mais indica para tourinhos jovens no período de transição águas-seca onde ocorre um ligeiro decréscimo na qualidade da forragem. 5.REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, S. F.; MALAFAIA, P. A. M.; CLIPES, R. C.; ALMEIDA, J. C. C. SUPLEMENTAÇÃO DE NOVILHOS RED ANGUS X NELORE CRIADOS EM PASTAGEM TROPICAL DURANTE A ÉPOCA CHUVOSA. Ci. Anim. Bras., Goiânia, v.13, n.1, p. 15 - 23, jan./mar. 2012. GRANDINI, D.V. 2001. Produção de bovinos a pasto com suplementos Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 135 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA protéicos e/ou energéticos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários “Luiz de Queiroz”, 2001.p.235-245. MALAFAIA, P.; CABRAL, L. S.; VIEIRA, R. A. M.; COSTA, R. M.; CARVALHO, C. A. B. Suplementação protéico-energética para bovinos criados em pastagens: Aspectos teóricos e principais resultados publicados no Brasil. Livestock Research for Rural Development, v.15, n.12. 2003. MOORE, J.E. et al. Effects of supplementation on voluntary forage intake, diet digestibility, and animal performance. J. Anim. Sci., Savoy, v. 77, p. 122-135, 1999 MOREIRA, F.B.; PRADO, I.N.; NASCIMENTO, W.G. et al. Níveis de suplementação de sal proteinado para bovinos nelore terminados a pasto no período do inverno. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2001. p.923-924. OLIVEIRA, E. R.; PAIVA, P. C. A.; BABILÔNIA J. L.; MORON, I. R.; CARDOSO, R. C.; OLIVEIRA, J. A. Desempenho de novilhos suplementados com sal mineral protéico e energético em pastagem no período da seca. Acta Sci. Anim. Sci. Maringá, v. 28, n. 3, p. 323-329, July/Sept., 2006. REIS, R.A.; RODRIGUES, L.R.A.; PEREIRA, J.R.A. A suplementação como estratégia de manejo da pastagem. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 13., 1997, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1997. p.123-150. REIS, R.A.; RODRIGUES, L.R.A.; PEREIRA, J.R.A. A suplementação como estratégia de manejo de pastagem. In: PEIXOTO, A.M.; MOURA, J.C. e FARIA, V.P. (Ed.) Produção de bovinos a pasto. Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários “Luiz de Queiroz”, 1997. p.123-150. ZERVOUDAKIS, J.T. Desempenho, características de carcaça e exigências líquidas de proteína e energia de novilhos suplementados no período das águas. 2000. 84p. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2000. 78p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, 2000. 136 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DIARRÉIA VIRAL BOVINA – REVISÃO DE LITERATURA Patrícia Serignoli FRANCISCONI1 Vanessa Yurika MURAKAMI2 Vanessa ZAPPA3 1 Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça –SP – Brasil - e-mail: [email protected] 2 3 Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça –SP – Brasil - e-mail: [email protected] Docente do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça –SP. – Brasil – e-mail: [email protected] RESUMO O vírus da Diarréia Viral Bovina (BVDV) é um dos principais patógenos de bovinos e causa perdas econômicas significativas para a pecuária bovina em todo o mundo. O BVDV é classificado na família Flaviviridae e é membro do gênero Pestivírus. A manifestação clínica após a infecção pelo BVDV é dependente de múltiplos fatores: agentes, hospedeiro e ambiente. A enfermidade tem sido associada com alteração em inúmeros sistemas incluindo o respiratório, hematológico, imunológico, neurológico e reprodutivo. O diagnóstico clínico de doença é geralmente feito com base na presença de achados clínicos e patológicos característicos. A vacinação contra o BVDV tem sido utilizada com relativo sucesso para proteger animais da enfermidade clínica, reduzir a circulação de vírus e para tentar Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 137 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA impedir a infecção fetal e a consequente produção de bezerros persistentemente infectados. O objetivo maior deste é descrever sobre a diarréia viral bovina, pois é de grande valia na Clínica de Grandes Animais. Palavra- Chave:Bovinos, Cultivo, Diaréia, Neurológico, Patologia, Reprodutivo. Tema- Central: MedicinaVeterinária. ABSTRACT Bovine Viral Diarrhea virus (BVDV) is one of the main pathogens of animals and cause significant economic losses to cattle raising worldwide. The BVDV is classified in the family Flaviviridae, and is a member of the genus Pestiviruses. The clinical manifestation after BVDV infection is dependent on multiple factors: agents, host and environment. The disease has been associated with changes in numerous systems including the respiratory, hematological, immunological, neurological and reproductive. The clinical diagnosis of disease is usually made based on the presence of clinical findings and pathological characteristic. Vaccination against BVDV has been used with relative success to protect animals from disease clinic, reduce virus circulation and to try to prevent fetal infection and the consequent production of calves persistently infected. The main objective of this is to describe about bovine viral diarrhea, since it is of great value in the clinic of large animals Key - Word:Cattle, Farming, Diarrhea, NeurologicalPathology, Reproductive. Theme – Central:Veterinary Medicine. 1.INTRODUÇÃO O vírus da Diarréia Viral Bovina (Bovine viral diarrheavirus, BVDV) é um dos principais patógenos de bovinos e causa perdas econômicas significativas para a pecuária bovina em todo o mundo. O BVDV pertence à família Flaviviridae, gêneroPestivirus, que abriga outros dois vírus estão relacionados: o vírus da Peste Suína Clássica (Classicalswinefevervirus, CSFV) e também o vírus da Doença da 138 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Fronteira, relacionados com os ovinos (Borderdiseasevirus, BDV). Os pestivírus são vírus pequenos(40-60nm), envelopados e contêm uma molécula de RNA linear, fita simples, polaridade positiva, de aproximadamente 12,5kb como genoma (FLORES, 2003). Os isolados do BVDV apresentam uma grande variabilidade antigênica, sendo que dois grupos antigênicos importantes já foram identificados: BVDV tipo 1 e BVDV tipo 2. Os vírus do genótipo BVDV1 representam a maioria dos vírus vacinais e das cepas de referência, enquanto os BVDV-2 foram descobertos há pouco mais de uma década em surtos de Diarréia Viral Bovina[BVD] aguda severa e doença hemorrágica na América do Norte (SILVA et al., 2011). O BVDV possui distribuição mundial e a prevalência de anticorpos chega a atingir 70 a 80% dos animais e até 80% dos rebanhos na América do Norte e em alguns países europeus. Nesses países, que são livres de Febre Aftosa, o BVDV é considerado uns dos agentes virais mais importantes dos bovinos e tem sido alvo de numerosos estudos e de programas de controle e/ou erradicação durante décadas (FLORES, 2003). O primeiro isolamento do vírus no país foi realizado a partir do soro de um bezerro, coletado para ser utilizado em cultivos celulares. O vírus (Gravataí V-48) foi detectado pela citopatologia produzida (isolado CP) e identificado por imunofluorescência (FA). Infelizmente foi perdido devido a problemas de conservação. A escassez de laboratórios com reagentes adequados (SILVA et al., 2011). O objetivo maior deste é descrever sobre a diarréia viral bovina, pois é de grande valia na Clínica de Grandes Animais. 2.DESENVOLVIMENTO 2.1. ETIOLOGIA O vírus da diarréia viral bovina (BVDV) é classificado na família Flaviviridae e do gênero Pestivírus, onde três espécies de pestivírus são reconhecidas, o BVDV, a doença da fronteira (borderdisease) e a peste suína clássica. Normalmente, as manifestações da infecção pelo BVDV são apresentadas em três categorias: infecção pós-natal ou BVD, infecção fetal e doença das mucosas (GONDIM, 2006). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 139 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O BVDV é altamente infeccioso. A morbidade da infecção nos rebanhos é alta e nos bovinos acima de um ano de idade 60 a 80% possuem anticorpos neutralizantes séricos para o BVDV. No entanto, a incidência da doença das mucosas é baixa (SCHMITZ, 2006). O BVDV é sensível a solventes lipídicos como exemplo o éter e clorofórmio e é inativado no tratamento com tripsina. O vírus é mais estável na faixa de pH 5,7 a 9,3, com estabilidade máxima em pH de 7,4. O mesmo é facilmente mantido em estado liofilizado ou congelado (-70 0 C) por vários anos (HIRSH, et al., 2003). 2.2. EPIDEMIOLOGIA Os bovinos podem se infectam de duas maneiras: através da infecção pós-natal de bovinos que não tiveram exposição prévia ao vírus e pela infecção fetal durante a gestação. Quando a infecção fetal ocorre entre os 90 e 120 dias produzirá imunotolerância ao BVDV e o bovino nasce persistentemente infectado (PI). Este animal desenvolve a doença das mucosas que posteriormente é fonte de infecção mais importante em um rebanho (GONDIM, 2006). A manifestação clínica após a infecção pelo BVDV é dependente de vários fatores tais como: agentes, hospedeiro e ambiente. Entre osvários fatores do hospedeiro estão a imunocompetência e a imunotolerância ao BVDV, estado imune (passivo pelos anticorpos colostrais ou ativo pela exposição ao BVDV ou vacinação), gestações nas fêmeas, idade gestacional do feto no momento da infecção, nível de estresse ambiental no momento da infecção e concorrência com outros patógenos. O BVDV tem sido associado com patologia em inúmeros sistemas incluindo o respiratório, hematológico, imunológico, neurológico e reprodutivo(RADOSTITS et al., 2002;). 2.3. SINAIS CLÍNICOS Os achados patológicossão de acordo com o curso e evolução da doença. As lesões são resultados dos conjuntos de fatores como o biotipo do vírus, o genótipo hospedeiro, idade, estado imune do animal no momento da infecção, da resposta imune induzida, e infecções intercorrentes ou outros fatores estressantes (GONDIM, 2006). 140 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O BVDV deve ser diferenciado de etiologias que pode causar a diarreia, erosões e/ou ulcerações no trato gastrointestinal, falhas reprodutivas, efeitos teratogénicos, patologias cutâneas, subdesenvolvimento e patologias respiratórias. Estas etiologias podem incluem vários agentes infecciosos, parasitas e toxinas (GONDIM, 2006) 2.4. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é geralmente feito com base na presença de achados clínicos e patológicos característicos. Vários são os exames laboratoriais que auxiliam no diagnóstico definitivo, como o isolamento ou detecção deantígenos virais e/ou a demonstração da resposta sorológica ao vírus (RADOSTITS et al., 2002). 2.5. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O diagnóstico diferencial para doenças causadoras de diarreia nos animais adultos inclui salmonelose, doença de Johne, parasitismo gastrointestinal, disenteria de inverno, febre catarral maligna, intoxicação por arsénio, micotoxicoses e deficiência em cobre. Entretanto, o diagnóstico diferencial para estas doenças que causam lesões orais nos animais inclui a febre catarral maligna, língua azul, estomatite vesicular, estomatite papular, febre aftosa e peste bovina (GOYAL, 2005). 2.6. TRATAMENTO Não existe tratamento especifico para esta doença (BLOOD et al., 1991). Os bovinos com uma doença clínica suave associada a uma BVDV aguda não requerem nenhuma terapia específica, mas devem receber alimento e água frescos e não ser sujeitos a nenhum estresse exógeno, transporte ou vacinação. Os bovinos com problemas específicos (tais comodiarréia) podem exigir fluidoterapia oral ou intravenosa se uma diarréia prolongada, junto com anorexia relativa ou absoluta, causar desidratação. Não se devem sujeitar os animais clinicamente doentes (ou seja, aos animais com febre, depressão, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 141 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA diarréia e desidratação) a nenhum estresse estranho e eles podemse beneficiar de antibióticos bactericidas profiláticos para minimizar o potencial de infecção bacteriana oportunistas (como a pneumonia). Os bezerros com BVDV aguda são mais prováveis de exigir fluidos e eletrólitos suplementares (REBHUN, 2000). 2.7.CONTROLE E PROFILAXIA A vacinação contra o BVDV tem sido utilizada com sucesso para proteger os animais da enfermidade clínica, reduzir a circulação de vírus e para tentar impedir a infecção fetal e a consequente produção de bezerros PI. Uma das maiores preocupações com a eficácia de vacinas contra o BVDV refere-se à grande variabilidade antigênica do vírus. Alguns estudos realizados no país revelaram que, além da diversidade antigênica entre isolados locais, estes isolados apresentam uma baixa reatividade sorológica cruzada com as cepas norte-americanas utilizadas nas vacinas (FLORES, 2003). A técnica de imunohistoquímica (IHQ) possui algumas vantagens frente às demais técnicas, como a estabilidade das amostras fixadas em formalina em comparação ao sangue, podendo evitar falsos negativos por autólise, permite diferenciar bovinos PI de bovinos com infecção aguda com uma só amostra e permite analisar bezerros neonatos já que os anticorpos colostrais não interferem na técnica (GONDIM, 2006). A biópsia de tecido cutâneo (orelha) fixada em formol é considerada um tecido de escolha para diagnóstico do BVDV pela IHQ, sendo um método meticuloso e altamente efetivo para detecção de bovinos infectados pelo BVDV, a eficiente técnica para diagnóstico de animais PI como já descrito anteriormente. Além de efetiva a técnica permite testar um grande número de bovinos, com rapidez e com tecido de fácil coleta (SCHMITZ, 2006). 3.CONCLUSÃO O BVDV causa perdas significativas à bovinocultura de corte e leite em todo mundo. Estudos têm demonstrado que a infecção pelo BVDV está amplamente difundida no rebanho bovino do Brasil. O 142 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF principal problema econômico é decorrente da infecção intra-uterina, que pode estar associada a uma variedade de sinais clínicos, como morte embrionária. 4.REFERÊNCIAS ALFIERI, A. A.; PITUCO, E. M.; FLORES, E. F.; WEIBLEN, R.; VOGEL, F. S. F.; ROEHE, P. M.;A Infecção pelo Vírus da Diarréia Viral Bovina (BVDV) no Brasil. Pesq. Vet. Bras. 25(3):125-134, jul./set. 2005. Artigo de Revisão- histórico, situação atual e perspectivas. FLORES, E.F..Vírus da Diarréia Viral Bovina (BVDV).Divulgação Técnica. Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Santa Maria - RS, Brasil. E-mail: [email protected], Biológico, São Paulo, v.65, n.1/2, p.3-9, jan./ dez., 2003. GONDIM, A.C. L. 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Ano IX – Número 16 – Janeiro de 2011 – Periódicos Semestral. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 143 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SCHIMITZ, M. Caracterização patológica e imunohistoquímica da infecção pelo vírus da diarreia viral bovina. 2006. Dissertação (Programa de pós-graduação em Medicina Veterinária). Faculdade Federal do Rio Grande do Sul. 144 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DIOCTOPHYMA RENALE – REVISÃO DE LITERATURA Matheus Daniel Burato BERNO 1 Vanessa ZAPPA2 1 Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da FAMED – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] 2 Docente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED – Garça- SP – Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO A dioctofimose é uma doença parasitaria do cão, causada pelo nematódeo Dioctophyma renale. Maior nematódeo conhecido, as fêmeas podem chegar a um metro de comprimento. Os hospedeiros definitivos são normalmente carnívoros domésticos, e os intermediários um anelídeo, peixes e rãs. Os vermes são ovíparos. Os ovos no estádio de célula única são eliminados na urina em grumos ou cadeias e ingeridos pelo hospedeiro intermediário, que então é ingerido pelo hospedeiro definitivo. Os vermes adultos se localizam no interior do rim do hospedeiro definitivo. Comum em áreas temperadas e subárticas, ocorrendo esporadicamente na Europa. Sua principal área endêmica é a região norte da America do Norte. Nenhuma terapia médica é efetiva, o tratamento é apenas cirúrgico. Palavras chave: dioctofimose, nematódeo, ciclo, rim. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 145 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The dioctofimosis is a parasitic disease of dogs, caused by the nematode Dioctophyma renale. Biggest known nematode, females can reach one meter in length. The definitive hosts are usually carnivores, and the intermediate ones are annelids, fishes and frogs. The worms are oviparous. The eggs in the single-cell stage are eliminated in the urine in clumps or chains and ingested by an intermediate host, which is then ingested by the definitive host. The adult worms are located inside the kidney of the definitive host. Common in temperate and subarctic areas, occurring sporadically in Europe. His main area is endemic to northern North America. No effective medical therapy exists, the only treatment is surgical. Keywords: dioctofimosis, nematode, cycle, kidney. 1. INTRODUÇÃO A dioctofimose é uma doença parasitaria do cão, causada pelo nematódeo Dioctophyma renale, afecção rara, ocorrendo quando os cães ingerem larvas ou um hospedeiro intermediário (geralmente um peixe), que contém larvas encistadas (LEITÃO e MAIRELES, 1983; BIRCHARD e SHERDING, 2003). Maior nematódeo conhecido, os machos medem de 14 a 45 centímetros de comprimento por 0,4 a 0,6 centímetros de largura, e as fêmeas de 20 centímetros a um metro (100 centímetros) de comprimento por 0,5 a 1,2 centímetros de largura (LEITÃO e MAIRELES, 1983; FORTES, 1997). Os hospedeiros definitivos do nematódeo são normalmente os cães, as raposas e as martas, e excepcionalmente bovinos, equinos, suínos e o homem (com citações em felinos). O primeiro hospedeiro intermediário é o anelídeo aquático Lumbriculus variegatus (oligoqueta), parasito das brânquias de crustáceos, o segundo hospedeiro são peixes ou rãs (FORTES, 1997; URQHART et al, 1998; PEREIRA et al, 2008). Os vermes adultos se localizam no rim, e mais raramente no peritônio, no fígado e até nos testículos do hospedeiro definitivo. As larvas no segundo estádio são encontradas em cistos no celoma e 146 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF vários outros tecidos de oligoquetas. Larvas no terceiro e quarto estádio em cistos no fígado de peixes (FORTES, 1997). O Dioctophyma é comum em áreas temperadas e subárticas, ocorrendo esporadicamente na Europa, porém nunca foi registrado na Grã-Bretanha. Sua principal área endêmica é a região norte da America do Norte, principalmente o Canadá (URQHART et al, 1998). 2. DESENVOLVIMENTO Esta espécie é comumente chamada de estrôngilo gigante e é o maior nematódeo conhecido. Sua cor é vermelho sangue. A boca é pequena, simples e contornada por seis papilas dispostas em circulo. O macho apresenta na extremidade posterior uma bolsa espessa em forma de campânula, com papilas nas bordas; no centro da bolsa abre-se o orifício cloacal, de onde emerge o único espículo, de 0,5 a 0,6 centímetros de comprimento. A fêmea apresenta a extremidade caudal obtusa, anus terminal e vulva distando de 5 a 7 centímetros da extremidade anterior. Os ovos são elípticos, castanhos, de casca espessa e com depressões, exceto nos polos (FORTES, 1997). Os vermes são ovíparos. Os ovos no estádio de célula única são eliminados na urina em grumos ou cadeias e ingeridos pelo hospedeiro intermediário anelídeo no qual ocorrem as duas mudas préparasitárias. O hospedeiro definitivo infecta-se deglutindo o anelídeo com a água de beber ou por ingestão do segundo hospedeiro intermediário, como uma rã ou peixe, que tenha ingerido o anelídeo infectado. Os vermes migram diretamente através da parede intestinal ao rim. Foi constatado que a prevalência da infecção no rim direito é maior, provavelmente devido a sua vizinhança com o duodeno. O ciclo evolutivo completo, de ovo a ovo, é de dois anos (FORTES, 1997; URQHART et al, 1998). As larvas de terceiro estágio do D. renale, atravessam a cavidade peritoneal para atingirem o fígado, para se tornarem larvas do quarto estágio, que então atravessam a cavidade peritoneal mais uma vez até atingirem a cápsula renal, essa movimentação pode causar dese uma peritonite serofibrinosa, até uma peritonite fibrinosa crônica (BOWMAN, 2010). A poderosa ação histolítica da secreção das glândulas esofagianas, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 147 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA muito desenvolvidas no Dioctophyma renale, explica a facilidade com que penetra e destrói o parênquima renal. O efeito final da infecção é a destruição do rim. Em geral apenas um dos rins é acometido, o direito sendo envolvido mais frequentemente que o esquerdo. O rim sadio sofre hipertrofia para compensar a falta do destruído. O parênquima é destruído deixando apenas a capsula como uma bolsa contendo os ovos; embora possa haver três ou quatro vermes num rim, às vezes há apenas um. O verme pode emigrar dos bacinetes aos ureteres e atingir a bexiga, uretra e ser eliminado através da urina. Raramente, os vermes podem ocorrer na cavidade abdominal e no tecido conjuntivo subcutâneo (FORTES, 1997; URQHART et al, 1998). Os principais sinais clínicos são disúria com alguma hematúria, especialmente ao final da micção; em alguns casos há dor lombar. A maioria dos casos, entretanto, é completamente assintomática, mesmo quando um dos rins está completamente destruído. Não ocorrem sinais de insuficiência renal em casos de envolvimento unilateral. Poderá ocorrer aumento de tamanho abdominal se o verme migrar para o interior da cavidade peritoneal e causar peritonite (URQHART et al, 1998; BIRCHARD e SHERDING, 2003). Como em muitas das infecções parasitárias dos carnívoros domésticos, há um grande reservatório em animais silvestres a partir dos quais se infectam os hospedeiros intermediários.Visons (Mustela vison) são considerados como hospedeiros definitivos . A doença foi relatada em outras espécies silvestres incluindo martas americanas (Martes americana), coiotes (Canis latrans), raposas (Canis vulpes), lobos (Canis lupus), chacais (Canis mesomelas), doninhas (Mustela nivalis), lontras (Lutra longicaudis), ratos almiscarados (Ondatra zibethica), quatis (Nasua nasua, Procyon lotor), furões (Galictis cuja, Mustela putorius), preguiças (Choloepus didactylus), cachorros do mato (Speothos venaticus), ursos (Ursus ursus) e focas (Arctocephalus australis). As martas de viveiros provavelmente adquirem infecção através da carne com que se alimentam, e os cães domésticos por ingestão casual de anelídeos, rãs ou peixes infectados (URQHART et al, 1998; KOMMERS et al, 1999). No Brasil, o parasitismo pelo D. renale foi descrito no cão, quati (Nasua nasua), furão (Galictis cuja), lontra (Lutra longicaudis), preguiça (Choloepus didactylus) e no lobo guará (Chrysocyon 148 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF brachiurus) e atinge animais em vários estados brasileiros, dentre eles, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Pará e Amazonas (KOMMERS et al, 1999). As infecções causadas pelo parasito são diagnosticadas pela constatação e identificação de ovos em exame parasitológico de urina, e de vermes por ocasião de necropsia. Ocasionalmente podem ser eliminados vermes jovens com a urina. A constatação de pus e sangue na urina indica o procedimento de um exame parasitológico de urina, para pesquisa de ovos de Dioctophyma renale (FORTES, 1997). Os parasitas podem infectar um animal com um alto numero de indivíduos, um relato de caso mostrou um cão, por ocasião da necropsia, parasitado por 34 vermes, 28 na cavidade abdominal, e seis no interior do rim direito, com a cavidade peritoneal mostrando sinais claros de inflamação (peritonite) (MONTEIRO et al, 2002). Ao exame necroscópico, vária lesões podem ser observadas, como hipertrofia compensatória do rim esquerdo (já que o parasitismo ocorre principalmente no rim direito), e com o rim direito consistente à palpação, com certa resistência ao corte utilizando-se a faca, sua capsula renal espessa, e com a superfície da pelve renal dilatada e irregular, formando as cavidades onde os parasitas se alojam, também é observada atrofia por compressão do parênquima do rim afetado (LEITE et al, 2005). Nenhuma terapia médica é efetiva, o tratamento é cirúrgico, nefrectomia se ocorrer infecção renal unilateral intensa e nefrotomia se ocorrer infecção renal bilateral. Se houver peritonite, pode-se realizar um procedimento exploratório para identificar e remover todos os parasitas (BIRCHARD e SHERDING, 2003). Sua prevenção é realizada por impedir que cães e outros animais ingiram peixe cru, ou rãs, e água infectada (FORTES, 1997; BIRCHARD e SHERDING, 2003). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Dioctophyma renale é um parasito de mamíferos que infecta principalmente cães, e outros carnívoros, como as martas. Comum Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 149 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA na America do norte, principalmente no Canadá, é um parasita que quase não causa sintomatologia clínica além de hematúria e disúria, sendo muitas vezes achado de necropsias. Seu tratamento é simplesmente a nefrectomia, De difícil diagnóstico, os médicos veterinários devem prestar mais atenção para diagnosticar esta infecção. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIRCHARD, S. J. ; SHERDING, R. G. Manual Saunders, Clínica de Pequenos Animais. 2ª edição. São Paulo SP. Ed. Roca. 2003. Pag. 1022 – 1023. BOWMAN, D. D. Georgis Parasitologia Veterinária. 9ª Ed. Rio de Janeiro RJ. Ed. Elsevier. 2010 FORTES, E. Parasitologia Veterinária. 3ª ed. São Paulo SP. Ed. Ícone. 1997. Pag. 416 – 419. 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PEREIRA, I.C; SILVA, R.C.C. ; WILHELM, G.; MULLER, E.; CAMPELLO, A.; BARBOSA,J.G.M.S.; TIAGO, G.; SILVA, S.S.; SANTOS,T.R.B.; NOBRE, M.O. Achado Acidental De Dioctophyma Renale Livres No Abdômem 150 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF E Em Sub-Cutâneo Em Fêmeas Da Espécie Canina. UFPel. Pelotas, RS. 2008. URQHART, G. M.; ARMOUR, J.; DUNCAN, J. L.; DUNN, A. M.; JENNINGS, F. W. Parasitologia Veterinária. 2ª ed. Rio de Janeiro RJ. Ed. Guanabara Koogan S. A. 1998. Pag. 86 – 87. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 151 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 152 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DIROFILARIOSE EM CÃES - REVISÃO DE LITERATURA Vanessa Yurika MURAKAMI1 Patrícia Serignoli FRANCISCONI2 Victtor José MAGRO3 Vanessa ZAPPA4 1 Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça –SP – Brasil - e-mail: [email protected] 2 Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça –SP – Brasil - e-mail: [email protected] 3 Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça –SP – Brasil - e-mail: [email protected] 4 Docente do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça –SP. – Brasil – e-mail: [email protected] RESUMO A Dirofilariose canina é uma doença que tem como agente etiológico o parasita nematóide Dirofilaria immitis. Sua incidência é mais frequente em cidades litorâneas e de clima quente. A doença pode ser transmitida ao cão, hospedeiro definitivo, por mais de 60 espécies de mosquitos que agem como vetor e hospedeiro intermediário obrigatório na transmissão deste nematóide. O diagnóstico clínico se torna difícil, pois podem ser assintomático ou apresentar alguns sintomas comuns a muitas patologias. O método escolhido para a terapêutica desta patologia implica a melhoria da condição clinica do animal e a eliminação de todas as fases de Dirofilaria com o mínimo de complicações Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 153 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA durante e após o tratamento. Palavras – Chave: Dirofilaria immitis, nematóide, canino. Tema – Central: Medicina Veterinária. ABSTRACT The canine Heartworm is a disease whose Etiologic Agent the nematode parasite Dirofilaria immitis. Its incidence is more frequent in coastal cities and hot climate. The disease can be transmitted to the dog, the definitive host, for more than 60 species of mosquitoes that act as vector and intermediate host required in transmitting this nematode. The clinical diagnosis is difficult as they may be asymptomatic or present some symptoms common to many pathologies. The method chosen for the treatment of this pathology involves the improvement of clinical condition of the animal and the Elimination of all stages of Dirofilaria with minimal complications during and after treatment. Keywords: Dirofilaria immitis, nematode, Dawg. Theme-Central: Veterinary Medicine. 1.INTRODUÇÃO A dirofilariose canina, popularmente conhecida como a doença do verme do coração, é uma enfermidade parasitária cardiopulmonar causada pelo agente etiológico Dirofilaria immitis, um parasita nematóide que acomete cães domésticos e silvestres, considerados os hospedeiros naturais e principais reservatórios desta parasitose, embora outros mamíferos, inclusive o homem, possam também ser infectados, sendo, portanto, considerado uma zoonose (CICARINO, 2009). A dirofilariose canina e felina, ambas são causadas pela Dirofilaria immitis, porém existem diferenças significativas da doença nestas espécies. Nos cães, a infecção é crônica e leva a uma insuficiência cardíaca congestiva, enquanto nos gatos o órgão mais frequentemente afetado é o pulmão, possuindo uma resposta patológica mais exacerbada a presença dos parasitas e exibindo uma variedade de sinais clínicos (ALMEIDA, 2010). 154 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Quanto maior a exposição aos artrópodes vetores, maior o risco a população, tais como os cães não controlados sanitariamente em zonas rurais, os que não possuem abrigo permanente, os de caça, pastoreio, competição ao ar livre e os que são transportados para locais em que a infecção é endêmica (ROCHA, 2010). Na fase moderada os principais sinais clínicos da doença incluem intolerância a exercícios físicos, tosse crônica, queda de apetite e perda de peso progressivo. Já a fase grave compreende características como taquipnéia, falência congestiva do lado direito do coração, ascite, esplenomegalia, hepatomegalia, edema subcutâneo, tromboembolismo pulmonar e síndrome caval aguda ou crônica (NAGASHIMA et al., 2009). Como meio de diagnóstico são realizados os testes sorológicos, radiografias torácicas, ecocardiografia e ocasionalmente teste para a detecção de microfilárias são úteis, mas não uniformemente definitivos. O clinico devera utilizar uma combinação de resultados de testes para determinar a probabilidade de infecção por dirofilariose (ALMEIDA, 2010). No tratamento adulticida da dirofilariose existem três tipos de fármacos, a Melarsomina, Tiacetarsamida e Prednisona (NELSON e COUTO, 2011). A remoção cirúrgica dos parasitas é o único tratamento de emergência recomendado. Este também é o procedimento de eleição nos animais que, mesmo não apresentando síndrome da veia cava, encontram-se severamente infectados ou que estejam de alguma forma, em risco (ROCHA, 2010). O presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma revisão de literatura sobre a dirofilariose, uma vez que esta representa uma enfermidade de ampla importância na saúde pública. 2.DESENVOLVIMENTO O agente etiológico da dirofilariose pertencem a ordem Spirurida, Superfamília Filaroidea, Família Filariidae e gênero Dirofilaria. Neste gênero já foram descritas várias espécies, entre elas a Dirofilaria immitis e a Dirofilaria repens (NAGASHIMA et al., 2009). A Dirofilaria immitis pode ser transmitida ao cão, hospedeiro Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 155 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA definitivo (HD), por mais de 60 espécies de mosquitos que agem como vetor e hospedeiro intermediário obrigatório na transmissão deste nemátoide. Esta transmissão depende essencialmente de três fatores: da população canina, da presença e população dos vetores e das condições ambientais de temperatura, precipitação e umidade da região (PEREIRA, 2010). Em cidades litorâneas e de clima quente, a incidência da enfermidade é mais predominante, porém muitos casos têm sido diagnosticados em regiões interioranas e longe da costa (NAGASHIMA et al., 2009). Os mosquitos fêmeas de várias espécies diferentes agem como hospedeiro intermediário da Dirofilaria immitis e são infectados após uma refeição de sangue feita num cão com microfilárias circulantes (estágio larvar L1) (SHAW e IHLE, 1999). No mosquito as larvas evoluem para L2 e, posteriormente, para L3 que é a forma infectante. Quando o mosquito pica um animal para se alimentar, as larvas L3 são depositadas, junto com a saliva, na pele do mesmo. Estas larvas penetram no tecido subcutâneo e aí permanecem por, aproximadamente, dois meses evoluindo para larvas L4 que penetram na circulação sanguínea e eventualmente na circulação linfática. À medida que migram da circulação sanguínea para o coração passam a larvas de quinto estádio ou adultos jovens, as quais se localizam nas pequenas artérias pulmonares. Aproximadamente seis meses após a penetração das larvas na pele do hospedeiro ocorre à primeira microfilaremia, com quantidade de larvas aumentando nos próximos seis meses. A gravidade da moléstia varia conforme o número de vermes adultos que o cão abriga, podendo variar de 1 até 250. Assim, localizam-se nas artérias pulmonares caudais em infecções com baixo número de adultos. Com o aumento do número de adultos podem ocupar o ventrículo direito, átrio direito e veia cava cranial caracterizando os casos mais graves (NAGASHIMA et al., 2009). No Brasil, há poucos relatos de dirofilariose felina e, embora a infecção humana seja internacionalmente reconhecida como mais rara que a felina, aqui há mais registros de infecções humanas (SANTOS et al., 2011). Apesar de a Dirofilaria immitis ser o agente causal da dirofilariose, canina e felina existe, no entanto, diferenças significativas da doença nestas espécies. Nos cães, a infecção é crônica e leva a uma insuficiência cardíaca congestiva, enquanto 156 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF nos gatos o órgão mais frequentemente afetado é o pulmão, possuindo uma resposta patológica mais exacerbada à presença dos parasitas e exibindo uma ampla variedade de sinais clínicos. Embora os gatos sejam hospedeiros susceptíveis ao parasita, são mais resistentes à infecção por D.immitis adulto comparativamente aos cães. Os gatos infectados geralmente têm um número menor de dirofilárias adultas do que os cães uma vez que a maturação destes parasitas nesta espécie é mais lenta e menos eficaz. Também o tempo de sobrevida dos parasitas é inferior em felinos (cerca de 1 a 3 anos) em comparação com os cães (5 a 7 anos) (ALMEIDA, 2010). Normalmente os animais sem raça definida são acolhidos pela população de baixa renda devido à sua rusticidade, maior resistência em relação a doenças infecciosas e parasitárias, menor exigência de espaço para abrigo e menor exigência alimentar (LEITE et al., 2007). Os cães de porte grande e os que ficam ao ar livre tem maior risco do que os que vivem dentro das casas. O comprimento do pêlo não influencia muito no risco de infecção (NELSON e COUTO, 2001). Quanto maior for à carga parasitária destes animais, estes apresentam doença vascular pulmonar mais grave e hipertensão pulmonar mais severa do que animais levemente infectados. Animais infectados com mais de 100 vermes estão em risco elevado de desenvolver um processo agudo potencialmente mortal conhecido como a síndrome da veia cava. A gravidade das lesões também vai depender do aumento do fluxo sanguíneo associado ao exercício. Animais com cargas parasitárias menores sujeitos a exercício intenso podem desenvolver patologia mais severa. As artérias tornam-se rugosas e apresentam trajetos tortuosos, alterando assim o fluxo sanguíneo. Estas alterações levam à ativação e adesão das plaquetas e aumento da permeabilidade do endotélio permitindo a saída de proteínas e água para o interstício perivascular. Assim, em consequência deste processo, o animal pode vir a desenvolver hipertensão pulmonar que por sua vez leva a um quadro de insuficiência cardíaca (ROCHA, 2010). Nos seres humanos, a Dirofilaria immitis, é geralmente encontrada em forma imatura no interior de nódulos localizados nos pulmões, sendo frequentemente confundido com neoplasia. Os parasitas normalmente passam para a fase adulta e as formas imaturas que morrem no coração são carregadas para os pulmões Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 157 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA pela artéria pulmonar, podendo assim produzir nódulos ou sintomas de tromboembolismo, causando dirofilariose humana. Também foram descritas localizações em cavidade abdominal, coração e veia cava anterior, cordões espermáticos, tecidos periorbital e hepático (NAGASHIMA et al., 2009). A doença é de difícil diagnóstico clínico, pois pode ser assintomática ou apresentar alguns sintomas comuns a muitas patologias (NELSON e COUTO, 2001). Os nematóides tem a capacidade de realizar migrações ectópicas, o que origina sinais clínicos correspondentes aos locais para os quais migram, o que confundi ainda mais o diagnóstico (SILVEIRA, 2010). A patologia é geralmente mais difícil de ser diagnosticada em gatos do que em cães. Os testes sorológicos, radiografias torácicas, ecocardiografia e, ocasionalmente, teste para a detecção de microfilárias, são úteis, mas não uniformemente definitivos. O clínico deverá utilizar uma combinação de resultados de testes para determinar a probabilidade de infecção por dirofilariose (ALMEIDA, 2010). Os objetivos a alcançar, seja qual for o método escolhido para o protocolo terapêutico desta enfermidade, implicam a melhoria da condição clínica do animal e a eliminação de todas as fases da vida de Dirofilaria com o mínimo de complicações durante e após o tratamento (ROCHA, 2010). No tratamento adulticida da dirofilariose existem três tipos de fármacos, a Melarsomina, tiacetarsamida e Prednisona. A melasormina e a tiacetarsamida são usadas em cães e prednisona e tiacertasamida em gatos (NELSON e COUTO, 2001). A remoção cirúrgica dos parasitas é o único tratamento de emergência recomendado. Este também é o procedimento de eleição nos animais que, mesmo não apresentando síndrome da veia cava, encontramse severamente infectados ou que estejam de alguma forma, em risco. Não é necessária a anestesia geral do animal, normalmente usa-se o mínimo ou mesmo nenhuma sedação. O animal deve ser sempre sujeito a uma anestesia local, de modo a permitir a incisão da veia jugular direita. De seguida, é introduzido um longo fórceps flexível ou um laço intravascular com a ajuda de um fluoroscópio, para o átrio direito e para a veia cava de modo a retirar o máximo possível de vermes adultos (ROCHA, 2010). A medicação preventiva é recomendada para animais em áreas endêmicas. A ivermectina na dose 0,6 ml/kg mensalmente, o 158 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF quádruplo da dose utilizada em cães, é completamente eficaz contra os estágios de desenvolvimento da D. immitis. A Ivermectina tem ampla margem de segurança em filhotes de gatos com 6 semanas ou mais e em gatos com infecções patentes. A milbemicina-oxima, administrada na mesma dose usada em cães também é eficaz. Não foram escritos efeitos adversos com a utilização mensal do agente preventivo (NELSON e COUTO, 2001) 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS A Dirofilariose canina é uma zoonose, seu índice epidemiológico vem aumentando com o passar dos anos, onde sua incidência é mais frequente nas cidades litorâneas e de clima quente, sua transmissão depende de três fatores, como, da população canina, da presença e população dos vetores e das condições ambientais de temperatura. Os animais de áreas endêmicas devem ter prioridades na prevenção, pois estes são susceptíveis a adquirirem a enfermidade. 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, C.; Prevalência de Dirofilariose Felina na Região do Sado. Tese (Dissertação de Mestrado em Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2010. CICARINO, C.; Dirofilariose Canina. Trabalho de Conclusão do Curso (Graduação em Medicina Veterinária) – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, São Paulo, 2009. LEITE, L. C.; SILVA, M. A. N.; LUZ, E.; MOLINARI, H. P.; CÍRIO, S. M.; MARINONI, L. P.; DINIZ, J. M. F.; LEITE, S. C.; LUNELLI, D.; SCALET, W. R. Prevalência de Dirofilaria Immitis em Cães do Canil Municipal de Guaratuba, Paraná, Brasil. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade do Paraná – PUC, Paraná. 2007. NAGASHIMA, J. C.; NEVES, M. F. N.; ZAPPA, V.; Dirofilariose. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, Ano VII, n 12, p. 7, Garça – SP, 2009. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 159 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA NELSON, R, W.; COUTO, C. G.; Medicina Interna de Pequenos Animais. 2 Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2001, p. 127 – 139. PEREIRA, S. R. T.; Estudo Transversal de Dirofilariose Canina na Região da Madeira, Portugal. Tese (Dissertação de Mestrado em Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar Portugal 2010. ROCHA, C A. R; Dirofilaria immitis e Dirofilariose canina: um estudo retrospectivo. Tese (Mestrado Integrado em Medicina Veterinária) – Ciências veterinárias, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real 2010. SANTOS, L. A. C.; SILVA, F. C; MONTANHA, F. P.; Dirofilariose em Pequenos Animais – Revisão de Literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, Ano IX, n 17, p. 8, Garça - SP, 2011. SHAW, D.; IHLE, S.; Medicina Interna de Pequenos Animais. 1 Ed; Porto Alegre: Artmed, 1999, p.185 - 192. SILVEIRA, A. R. S.; Dirofilariose em Felinos. Trabalho de Conclusão do Curso (Graduação em Medicina Veterinária) - Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. 160 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DOENÇA INFECCIOSA DA BOLSA DE FABRÍCIO (DIB) – REVISÃO DE LITERATURA Suzana Más ROSA1 Fabrício Zoliani ARAÚJO2 1 Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEF / SCEG – Garça/SPBrasil. e-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Medicina Veterinária da FAEF / SCEG – Garça/SPBrasil. e-mail: [email protected] RESUMO A doença infecciosa da Bolsa, ou Gumboro, ataca o sistema imune das aves, principalmente pela destruição da bolsa de Fabrício, onde há formação e diferenciação de linfócitos B. Ganhou sua importância pelos impactos causados na economia. Descrita por Cosgrove em 1962, após surtos próximo à região de Gumboro e desde então espalhou-se devido sua capacidade em variar. Critérios únicos de controle são inexistentes, só há diferentes denominações, conceitos e tecnologias não padronizadas. Palavras-chave: Aves, gumboro, vacinação, imunidade ABSTRACT The infectious bursal disease or Gumboro, attacks the immune system of the birds, especially the destruction of the Fabrizio bag, with the formation and differentiation of B lymphocytes won its importance for the impacts on the economy. Described by Cosgrove Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 161 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA in 1962 after outbreaks near Gumboro and since then has spread because of its ability to vary. Only control criteria are nonexistent, there are only different names, concepts and technologies nonstandard. Keywords: Poultry, gumboro, vaccination, immunity 1. INTRODUÇÃO A doença infecciosa da Bolsa, também conhecida como Gumboro, é uma virose que ataca o sistema imune das aves. É altamente infecciosa em aves jovens e caracteriza-se pela destruição de órgãos linfóides, especialmente a bolsa de Fabrício, onde ocorre formação e diferenciação de linfócitos B em aves (PADILHA, 2005). O vírus da doença pode resultar em apresentações: clínicas (caracterizada pela mortalidade súbita e alta, em um período curto de 3 a 5 dias, podendo ocasionar perda de 20% das aves) e subclínica (sem manifestações externas visíveis, produz imunossupressão pela destruição de populações de células no tecido linfóide primário) (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). Foi descrita primeiramente por Cosgrove em 1962, após surtos próximos à região de Gumboro, Delaware, Estados Unidos da América. Desde então espalhou-se, sendo que o agente tem capacidade de variar tanto em virulência e antigenicidade como em patogenicidade (PEREIRA, 2004). A doença ganhou importância pela alta mortalidade, redução de produção e suscetibilidade a outras doenças, causando impacto na economia (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). Não existem critérios únicos sobre o controle da doença, existem diferentes denominações, conceitos e tecnologias não padronizadas. As condições epidemiológicas variam bastante (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). 2. DESENVOLVIMENTO A Doença Infecciosa da Bolsa de Fabrício foi inicialmente descrita em 1962, por Cosgrove, próximo ao povoado de Gumboro, estado de Delaware, nos Estados Unidos da América. Foi denominada nefrose aviária, substituída por doença de Gumboro e atualmente é conhecida 162 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF como doença infecciosa da Bolsa de Fabrício (DIB) (JÚNIOR BERCHIERI; MACARI, 2000). O vírus do gênero avibirnaviredae pertence à família birnaviridae é o agente causador da doença que não infecta humanos, por isso não é uma ameaça à saúde pública (PEREIRA, 2004). Seu genoma consiste de uma molécula de RNA de fita dupla composta por um segmento maior denominado A e outro menor denominado B. Vírion formado pelas moléculas de proteína VP1 (codificada pelo segmento A) é a RNA polimerase, sua estrutura parece determinar a capacidade do vírus de se replicar em células específicas; VP2 contém estruturas determinantes da virulência; VP3 contém determinados antigênicos específicos de grupo e adicionais de virulência; VP4 protease viral envolvida no processamento das demais proteínas; VP5 função regulatória do vírus e sua capacidade de disseminação (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). O Teste de soroneutralização cruzada identifica sorotipos de avibirnaviredae1 e 2. O sorotipo 2 foi detectado em frangos e perus, mas apenas o sorotipo 1 é patogênico em frangos (Gallusgallus) que não atingiram a maturidade sexual, com diferenças sorológicas menores, caracterizando subtipos (PADILHA, 2005). A infecção foi comprovada em galinhas perus, patos, galinhas-da-guiné e avestruzes, com evidencias sorológicas em pingüins. A porcentagem de reação cruzada indica que tanto os vírus padrão como os tipos variantes pertencem a um sorotipo único (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). Insetos residentes nas instalações avícolas, como besouros (Alphitobuisdiaperinus), atuam como vetores mecânicos, favorecendo a permanência do vírus durante os períodos de descanso entre lotes (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). O vírus é resistente às condições do meio ambiente (potencializado pela presença de matéria orgânica) e à maioria dos desinfetantes nas concentrações utilizadas. Sua resistência própria, em conjunto com a taxa alta de eliminação fecal, a persistência nas aves e às praticas de manejo, favorecem sua persistência no ambiente dos galpões (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). O grau de suscetibilidade das aves jovens é determinado pela imunidade materna, pela idade das aves e pela gravidade de exposição ao vírus (JÚNIOR BERCHIERI; MACARI, 2000). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 163 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O vírus de Gumboro está distribuído nas populações de frangos e galinhas do mundo inteiro. Na década de 1990, no Brasil, houve o aparecimento de vírus de alta patogenicidade. Regiões de incidência alta são aquelas em que o número de casos novos é muito alto, principalmente naquelas criações nas quais a exposição ao risco de infecção é alta (JÚNIOR BERCHIERI; MACARI, 2000). As aves ingerem material contaminado onde os vírus penetram pela mucosa oral – sua persistência no organismo depende de seu tipo e da idade da infecção –infectam os macrófagos e através desses são transportados para as vias digestivas e locais de concentração de células linfóides, principalmente linfócitos B imaturos (pelo qual possuem uma afinidade), causando uma infecção citolítica que resulta em uma destruição massiva dos mesmos, induzindo a apoptose de linfócitos (PADILHA, 2005). Esses eventos ocorrem devido a produção da VP5, presente somente nas fases intracelulares do ciclo de vida do vírus (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). A diminuição de linfócitos pela replicação viral apresenta-se principalmente na bolsa de Fabrício, localizada na parede dorsal do proctódeo, na cloaca (COLVILLE; BASSERT, 2010), como também na glândula de Harder, no baço (macroscopicamente aumentado, com substituição por tecido fibroso, em alguns casos, formação de cistos), nos agregados linfóides do intestino e no timo, onde a lesão é menor (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). A eliminação da infecção e a recuperação da atividade funcional da bolsa relaciona-se com o desenvolvimento da imunidade humoral e a presença de linfócitos T ativados (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). A gravidade da imunossupressão está relacionada com a alteração do amadurecimento gradual do sistema imune conforme o crescimento da ave. A bolsa é um órgão linfóide que exerce a função de proliferação e maturação dos linfócitos B, que através de estímulos se diferenciarão em plasmócitos e produzirão anticorpos. Essa função é gradativamente substituída pelos centros linfóides periféricos conforme a ave e seu sistema imune amadurecem (PADILHA, 2005). Em infecções de virulência moderada, a bolsa e os tecidos afetados podem recuperar-se depois de 10 a 12 dias após a infecção. Essa capacidade é maior nos tecidos periféricos. Na idade intermediária, a imunossupressão é temporária e podem se recuperar parcial ou totalmente. Quanto mais jovem no momento da infecção, 164 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF mais grave e persistente será a imunossupressão (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). Os vírus de tipo clássico são capazes de induzir quadros clínicos com mortalidade em aves suscetíveis de cinco ou mais semanas de idade. Os vírus de alta patogenicidade – aqueles que se multiplicam mais rápido e infectam um maior número e tipo de células – adquirem a capacidade de induzir mortalidade em aves mais jovens, comumente entre 24 e 30 dias (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). Após o período de incubação de 3 dias, a forma clinica é caracterizada por alta morbidade e mortalidade. As aves apresentamse prostradas, com diarréia branca aquosa, cloaca “suja”, anorexia, plumagem eriçada, letargia e não procuram comer nem beber (JÚNIOR BERCHIERI; MACARI, 2000). As lesões proeminentes das aves mortas são hemorragias intramusculares nas penas, coxas e peito, lesões renais (pela prostração e privação de alimento e água), edema e hemorragia na bolsa de Fabrício, lesões no trato digestório, com hemorragias na junção moela e pró-ventrículo e hemorragia no intestino (PEREIRA, 2004). Na forma subclínica, uma vez que o vírus se estabelece na bolsa e começa se multiplicar, a necrose de linfócitos é evidente desde o primeiro dia, manifestando-se macroscopicamente por uma camada gelatinosa (transudato amarelado). A análise histológica revela mudanças inflamatórias e de infiltração celular e posterior atrofia e fibrose das áreas interfoliculares (JÚNIOR BERCHIERI; MACARI, 2000). A suscetibilidade não está ligada à genética, mas existe uma relação indireta entra a suscetibilidade à doença e a capacidade de gerar concentrações de imunoglobulinas, característica influenciada pela genética. Observa-se que as poedeiras apresentam a forma clínica da doença com freqüência relativamente maior. As aves leves respondem com títulos mais altos e uniformes à vacinação, as reprodutoras leves transmitem esses anticorpos com maior eficiência que as reprodutoras pesadas (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). Aves na fase ativa de replicação viral são fonte de infecção, eliminam o vírus via digestiva com alta concentração nas fezes (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). Animais infectados podem não apresentar sinais clínicos Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 165 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA aparentes e nesses casos é indispensável a realização de análises anatomopatológicas e de testes laboratoriais (JÚNIOR BERCHIERI; MACARI, 2000). O diagnóstico epidemiológico é realizado a partir do conhecimento da cadeia epidemiológica, bem como do levantamento e estudo de todos os dados de sua ocorrência em determinado plantel ou região geográfica, avaliando sua mortalidade, letalidade e morbidade (JÚNIOR BERCHIERI; MACARI, 2000). A presença do vírus em amostras de tecido da bolsa, ou de outros tecidos linfóides, pode ser detectado por imunodifusão em ágar, imunohistoquímica, imunofluorescência, ELISA de captura de antígeno (indicado quando há grande número de soros a serem testados) ou PCR (permite diferenciar cepas do vírus). Possuem especificidade alta e a sensibilidade pode variar, já que dependendo da técnica usada pode ser detectado vírus infeccioso na etapa aguda da infecção ou antígenos virais, tanto na fase aguda quanto durante a convalescência (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). Segundo Júnior Berchieri; Macari (2000), não há uma correlação entre os títulos de anticorpos e a proteção. A existência de títulos de anticorpos superiores aos necessários para uma proteção completa não é capaz de proteger a ave de maneira mais eficaz. Em relação ao diagnóstico diferencial, para a coccidiose estarão ausentes hemorragia e edema muscular ou na bolsa de Fabrício; nefrose, na DIB observam-se lesões de bolsa, mas não afasta a possibilidade das duas estarem associadas; síndrome hemorrágica, há hemorragia muscular e de mucosa na junção proventrículo e “moela”, com ausência de alteração na bursa (JÚNIOR BERCHIERI; MACARI, 2000). Não existe tratamento terapêutico que possa alterar o curso da doença, cuja evolução é muito rápida para cura. Devido à possibilidade de infecções provocadas pela imunossupressão, podese administrar antibióticos (STOLF, 2012). Em cada região geográfica do mundo desenvolveu-se estratégias de controle de acordo com o tipo de vírus presente naquele local. Entretanto, há a necessidade da implantação de boas práticas de biossegurança e de manejo para a prevenção da doença (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). 166 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A imunização é o principal método usado para o controle da DIB em aves (TESSARI et al., 2000). As vacinas mortas são na maioria suspensões oleosas de vírus inativado. Os antígenos para fabricação podem ser multiplicados na bolsa de Fabrício, aumentando o custo da vacina com vantagem de manter a conformação e a expressão antigênica que o vírus apresentaria, ou em embriões ou cultivos celulares, permitindo um maior volume de produção de antígeno a menor custo. Porém, a adaptação a esses meios de produção modifica as propriedades moleculares e imunogênicas do vírus (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). As vacinas vivas consistem em quanto mais longe o vírus vacinal do hospedeiro estiver, maior a atenuação. Seu grau de atenuação pode ser determinado comparativamente pela inoculação em aves para determinar o grau de lesão e imunossupressão e pode ser classificada em: suave, intermediária, intermediária alta (plus) e quente. As vacinas podem ser aplicadas individualmente por injeção ou por via oral, porém a administração na água de bebida é mais fácil e conveniente (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). O objetivo da vacinação é que a imunidade passiva seja transmitida pelas reprodutoras à progênie, através da gema, garantindo uma proteção ao lote pelas 2 a 3 primeira semanas de vida (TESSARI et al.; 2000). Para a vacinação da progênie nas áreas onde o maior problema é a mortalidade, utiliza-se vacinas intermediárias plus ou quentes. Em áreas onde há predominância do vírus clássico, é feito o uso das intermediarias e suaves (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). O monitoramento dos níveis de anticorpos das matrizes e das progênies são importantes para determinar o período ideal para a vacinação (TESSARI et al.. 2000). No entanto, é necessário uma correta interpretação dos resultados pra que dados importantes não sejam perdidos (PADILHA, 2005). Para uma granja receber um lote de pintinhos, as instalações devem ser lavadas e desinfetadsa após a saída do lote anterior. Porém, em razão das características do vírus, uma quantidade persistirá no meio ambiente. Uma vez que a nova população de galinhas é alojada no ambiente contaminado, as subpopulações de pintinhos com menor proteção materna serão suscetíveis. Essas aves infectaram-se precocemente e serviram de multiplicadores e disseminadores do Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 167 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA vírus, resultando em um aumento da carga infecciosa. Sendo assim, as subpopulações de aves suscetíveis posteriormente estarão diante de uma carga infecciosa mais alta (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). Para evitar o problema da multiplicação do vírus em boa parte do lote antes ou no momento em que a vacina for introduzida, deve ser feita a aplicação de uma vacina mais precoce, limitando as oportunidades de multiplicação do vírus, seguida de outra aplicação para aumentar a cobertura às subpopulações que são suscetíveis (REVOLLEDO; FERREIRA, 2009). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa da DIB nos fornece informações a respeito de fatores como a imunossupressão, que favorece o surgimento de outras doenças, gerando perdas ainda maiores. Os programas de prevenção e controle são direcionados a manejar um balanço entre o desafio e a resistência das aves, com objetivos tanto sanitários quanto econômicos. A imunização é considerada um meio bastante eficiente para o controle da doença. O objetivo da vacinação é que a imunidade passiva da reprodutora seja transmitida para sua progênie, através da gema, protegendo contra infecções imunossupressoras precoces. É recomendado a monitorização sorológica periódica para avaliar a resposta imune e a qualidade do processo de vacinação. A implantação das normas de biosseguridade nas instalações aliada à vacinação são fatores considerados fundamentais para a prevenção da doença em aviários. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COLVILLE, T.; BASSERT, J. M. Anatomia e Fisiologia clínica para Medicina Veterinária. 2. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. JÚNIOR BERCHIERI, A.; MACARI, M. Doença das aves. Campinas: Facta, 2000. PADILHA, A. P. Dissertação de Mestrado: Doença infecciosa bursal: 168 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF avaliação da patogenicidade de vacinas comercializadas no Brasil em aves livres de patógenos específicos. Disponível em: http:// w w w. l u m e . u f r g s . b r / b i t s t r e a m / h a n d l e / 1 0 1 8 3 / 4 8 0 7 / 000460331.pdf?sequence=1. Acessado em: 09/02/2014. PEREIRA, V. L. A. Tese de Doutorado: Qualidade de frangos de corte ao abate pela relação entre peso, doença de Gumboro e algumas enfermidades associadas. Disponível em: http://www.uff.br/ higiene_veterinaria/teses/virginia_pereira_completa_ doutorado.pdf. Acessado em: 09/02/2014. REVOLLEDO, L.; FERREIRA, A. J. P. Patologia aviária. 1. Ed. Barueiri: Manoele, 2009. STOLF, L. C. Veterinarian Docs: Doenças das Aves. Disponível em: http://www.veterinariandocs.com.br/documentos/Arquivo/ Doencas%20das%20Aves/Doenças%20das%20Aves%2002.pdf. Acessado em: 09/02/2014. TESSARI, E. N. C.; CARDOSO, A. 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ROMÃO3 1 Acadêmico do curso de medicina veterinária da FAEF - Garça – SP Brasil. e-mail: [email protected] 2 3 Acadêmico do curso de medicina veterinária da FAEF - Garça – SP Brasil. e-mail: [email protected] Docente do curso de medicina veterinária e zootecnia da FAEF - Garça – SP – Brasil. e-mail: [email protected] RESUMO Os enterólitos estão sendo cada vez mais frequentes em clínicas de grandes animais, são pedras intestinais formados principalmente pela ingestão de corpos estranhos e ao tipo de alimento que são oferecidos aos animais geralmente estabulados. Eles podem ser eliminados nas fezes ou permanecer por longos períodos no intestino grosso do animal sem causar danos, por outro lado podem causar obstrução fazendo com que o animal apresente sinais de cólica. O tratamento mais eficaz e definitivo é a remoção cirúrgica do enterólito. O prognóstico é reservado e pode ser alterado de acordo com o estado que o animal se encontra. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 171 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The enteroliths are increasingly more frequent in large animal clinics, intestinal stones are formed mainly by ingestion of foreign bodies and the type of food that are usually offered to the animals stabled. They can be shed in the feces or remain for long periods in the large intestine of the animal without causing damage on the other hand can cause obstruction causing the animal shows signs of colic. The final and most effective treatment is surgical removal of the enterólito. The prognosis and can be changed according to the state that the animal is. 1.INTRODUÇÃO Enterólitos são concreções mineralizadas que se desenvolvem no cólon por deposição concêntrica de sais em torno de um núcleo central, usualmente uma pedra pequena de silício ou objeto de metal. Os enterólitos podem permanecer dentro do intestino grosso durante longos períodos não associados com os sinais da doença, e só quando eles obstruírem pequena ou grande parte da luz do cólon que o cavalo mostrará sinais de dor abdominal (SAUNDERS, 2002). Geralmente a dor é leve a moderada e contínua, o animal fica inquieto, porém controlável (THOMASSIAN, 2005). A pressão do enterólito alojado pode causar necrose ou ruptura da parede intestinal, ou pode haver ruptura do cólon secundário à distensão por gás e líquido que se acumulam proximalmente ao enterólito causador da obstrução (BROWN e BERTONE, 2005). O diagnóstico pode ser confirmado basicamente com os sinais clínicos e exame físico do animal com enterólito (SAUNDERS, 2002). O tratamento definitivo baseia-se na remoção cirúrgica do enterólito. Devem-se estabelecer cuidados de suporte, como analgesia e hidroterapia. Medidas que previnam a ingestão de corpos estranhos, como pequenos pedaços de metal, podem diminuir a incidência da doença (RADOSTITS et al., 2002). O objetivo do presente trabalho é abordar a etiologia, epidemiologia, sinais clínicos, causas, tratamento e prevenção dos enterólitos nos equinos. 172 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2.DESENVOLVIMENTO O sistema digestório do equino é sede de importantes disfunções clínicas que levam os animais à morte; por isso, o conhecimento anatômico e de meios e condutas semiológicas são de fundamental importância para um diagnóstico correto e indicação de um tratamento adequado e precoce evitando, assim, o óbito do paciente (MENDES E PEIRÓ, 2004). O aparelho digestório é composto por um complexo sistema estrutural cuja função básica é a de viabilizar os alimentos para utilização do organismo animal como fonte protéica, energética, vitamínica e mineral. O conteúdo digestório é formado pelos seguintes segmentos consecutivos: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus (THOMASSIAN, 2005). O canal alimentar inicia-se pela boca, que tem como função preensão, mastigação e salivação de alimentos. A faringe é um saco musculomembranáceo, possui formato infundibuliforme, é comum no sistema digestório e respiratório. O esôfago é um órgâo musculomembranoso tubular colabável, que conecta a faringe com o estômago. O estômago é uma grande dilatação do canal alimentar, caudal ao diafragma, entre o esôfago e o intestino delgado, a atividade motora gástrica reduz a matéria sólida a pequenas partículas e solubiliza a maior parte dos conteúdos ingeridos, os quais são liberados num fluxo controlado para o duodeno (MENDES E PEIRÓ, 2004). O intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) é o tubo que liga o estômago com o intestino grosso, inicia-se no piloro e termina na curvatura menor do ceco, a digestão consiste de uma fase luminal e outra mucosa. O intestino grosso inclui todas as porções distais ao orifício ileocecal, ceco, cólon maior (tanto o cólon ventral direito e esquerdo quanto o cólon dorsal direito e esquerdo), cólon transverso, cólon menor, reto e ânus (MENDES E PEIRÓ, 2004). O ceco do equino “corresponde” ao rúmen dos ruminantes, é nele que a celulose é desdobrada e nele é que se dá a decomposição bacteriana. A digestão microbiana e o desdobramento dos nutrientes prosseguem no intestino grosso, composto pelo cólon maior, cólon menor, através do qual o conteúdo movido pelo peristaltismo alcança a ampola retal. É nas porções finais do intestino grosso que a maior Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 173 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA parte dos líquidos presentes na digesta neste segmento, são absorvidos promovendo o formato, a consistência e o odor característico das fezes (THOMASSIAN, 2005). O cólon maior está aderido à parede do corpo apenas nas porções mais proximais e distais do cólon (cólon dorsal e cólon ventral direito). O cólon maior se origina desde o orifício cecocólico, como o cólon ventral direito (dvd) que está aderido à faixa lateral do ceco, pela prega cecocólica. O CVD desloca-se cranialmente até à flexura esternal (FE), continuca caudalmente como cólon ventral esquerdo e gira 180° próximo à entrada da pelve, formando a flexura pélvica (FP). A FP frequentemente está à esquerda da linha média. Após a FP, o cólon continua cranialmente como o cólon dorsal esquerdo, avançando cranialmente para formar a flexura diafragmática, dorsal à FE. O cólon, em seguida, gira 180°, evoluindo caudodorsalmente pela direita, como o cólon dorsal direito (CDD). Na região da raiz do mesentério, o CDD diminui abruptadamente em seu diâmetro, gira medialmente, como o cólon transverso (CT), que passa da direita para a esquerda cranialmente à artéria mesentérica cranial. O CT continua como cólon menor pelo lado esquerdo do abdome unindose ao reto. O reto começa na cavidade pélvica e termina no ânus. A porção cranial do reto é coberta por peritônio e a porção retroperitoneal distal forma uma dilatação chamada de ampola retal (MENDES E PEIRÓ, 2004). O primeiro relato de enterólitos em eqüinos foi feito em 1835. O termo enterólito é derivado do grego entero, que significa intestinal, e lith, que significa pedra (CORRÊA et al., 2006). Nos últimos anos foi observado um aumento na incidência de casos de enterólitos e obstruções por corpos estranhos, não só no Brasil, como em outras partes do mundo (CORRÊA et al., 2006). Ocorrem enterólitos em todas as raças, mas Árabes e seus cruzamentos, Morgans e raças norte-americanas de sela parecem estar representados acima da média. Não há predileção sexual aparente, embora garanhões estejam representados abaixo da média (BROWN e BERTONE, 2005). Os enterólitos podem obstruir a porção terminal do cólon dorsal direito, o cólon transverso ou o cólon menor (CORRÊA et al., 2006), variam em número, peso, tamanho, forma e textura da superfície (ALVARENGA et al., 1987), são estruturas geralmente esféricas, 174 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF formadas por deposição de minerais, tendo como centro de deposição fragmentos de metais, pequenas pedras ou pedregulhos e aglomerados de plantas extremamente fibrosas (THOMASSIAN, 2005). Eles podem ser eliminados com as fezes ou permanecer por longos períodos no intestino grosso sem causar danos, ou ainda, provocar obstrução parcial ou completa do lúmen intestinal, levando o animal a apresentar sinais de cólica (ALVARENGA et al., 1987). Quando o enterólito se localiza no cólon maior e são únicos e de diâmetro grande, ou múltiplos e de diâmetro pequeno, raramente provocam qualquer sintoma clínico perceptível. Porém quando se alojam no cólon transverso ou no cólon menor com diâmetro igual ou superior ao lúmen, pode desencadear manifestações de desconforto abdominal agudo, cuja intensidade é diretamente proporcional ao grau de obstrução e à distensão da alça intestinal. Nos casos de obstrução parcial, a digesta poderá transitar entre o agente causador e a parede intestinal, abrandando consideravelmente os sinais clínicos (THOMASSIAN, 2005). A manifestação clínica mais comum refere-se à crise de cólica suave a moderada de início agudo com incapacidade de defecação. A freqüência cardíaca é de 50 a 70 batimentos/minuto (RADOSTITS et al., 2002), desconforto abdominal discreto a moderado e incluem pateamento, olhar para o flanco, rolar o corpo, deitar e levantar várias vezes, e escoiceamento do abdome. Equinos com múltiplos enterólitos pequenos não-obstrutivos podem ter borborigmos progressivos, resultando em som grave característico audível à auscultação do cólon. Podem desenvolver-se sinais que refletem endotoxemia, em particular quando a integridade da parede intestinal está comprometida (BROWN e BERTONE, 2005). A fase terminal, que pode demorar 72 horas para se instalar, caracteriza-se por dor de intensidade moderada a grave, distensão abdominal, taquicardia, diminuição no tempo de preenchimento capilar, mucosas pálidas, sudorese, fasciculação muscular e morte (RADOSTITS et al., 2002). Os fatores de risco comprovados incluem residência em área endêmica, alimentação à base de alfafa como a forragem predominante ou única e falta de pasto. Além disso, o consumo de água rica em minerais, residência predominantemente em baia ou cercado, exercício limitado e alimentação pobre em grãos podem aumentar o risco (BROWN e BERTONE, 2005). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 175 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA A palpação transretal revelará o reto e o segmento distal do cólon menor, vazios, e presença de grande quantidade de muco. O cólon maior e o ceco poderão estar com sobrecarga alimentar. Ocasionalmente, na dependência da localização da obstrução, a massa poderá ser palpada e o toque retal exacerbar a manifestação dolorosa do animal (THOMASSIAN, 2005). Colocar o equino em rampa para elevar a extremidade frontal facilita a palpação dos enterólitos (BROWN e BERTONE, 2005). A análise do fluído peritoneal também pode auxiliar no acompanhamento da evolução do processo. No início, pode ser incolor, mas ocorrendo o infarto e necrose da parede intestinal, há aumento de leucócitos, tornando o fluído turvo. Com o aumento da gravidade da impactação, com congestão de porção do intestino, a diapedese de eritrócitos e infiltração de leucócitos tornam o fluído peritoneal bastante turvo e avermelhado, podendo até apresentar conteúdo intestinal, se tiver ocorrido ruptura da parede do órgão (ALVARENGA et al., 1987). A radiografia abdominal, de preferência após jejum de 24 horas ou mais (BROWN e BERTONE, 2005), é útil para precisão do diagnóstico de aproximadamente 80% para os enterólitos localizados no cólon maior e 40% para os presentes no cólon menor (RADOSTITS et al., 2002). O sucesso da técnica é maior em equinos de porte menor. Achados radiográficos equívocos em geral podem ser resolvidos por uma ou mais repetições dos exames após jejum contínuo se permitido pela condição clínica do paciente (BROWN e BERTONE, 2005). O tratamento conservador produz apenas alívio temporário da dor, mas esta terapia médica não corrige o problema, principalmente quando o enterólito é grande e está obstruindo completamente o lúmen intestinal (ALVARENGA et al., 1987). A intervenção cirúrgica é o único tratamento comprovado eficaz para enterólitos formados, sendo mais bem feita via celiotomia ventral poucas horas após o início dos sinais ou, de preferência, antes do surgimento dos sinais de obstrução colônica completa. A abordagem preferida consiste em evacuar o cólon via enterotomia criada na flexura pélvica, logo após o enterólito é delicadamente levado para esse local com a mão ou para um segundo local de enterotomia para ser retirado (BROWN e BERTONE, 2005). 176 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O prognóstico é citado como reservado. Os melhores resultados são conseguidos quando o enterólito é removido antes de ocorrerem alterações severas da parede intestinal. O prognóstico pode ser alterado de acordo com o estado do animal e da área intestinal no momento da cirurgia (CORRÊA et al., 2006). 3.CONCLUSÃO Os enterólitos são pedras intestinais que podem ser eliminados nas fezes ou permanecer por longos períodos no intestino grosso dos animais, podem ainda causar danos, como obstrução provocando sinais de cólica. A dor pode ser de leve a moderada com incapacidade de defecação. O tratamento mais eficaz é a remoção cirúrgica do enterólito e o prognóstico é reservado. 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, J.; VIANNA, R.S.; WOLF, T.W.; BANFIELD, J.G; VICENTE, W.R.R. Enterólitos em equinos. ARS: Veterinária. v.3. n.2. Editora Unesp Jaboticabal. 1987. p. 281-285. BROWN, C.M.; BERTONE, J.J. Enterolitíase. Consulta veterinária em 5 minutos: espécie equina. Editora Manole. 2005. p. 382-385. 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A Febre Aftosa é responsável por uma expressiva diminuição da produtividade de todos os rebanhos de mamíferos biungulados, principalmente bovinos, que tem como significativo impacto na segurança alimentar pela redução da oferta de proteínas de origem animal. O objetivo do diagnostico é produzir uma informação rápida e confiável, utilizando procedimentos seguros, a fim de ajudar na tomada de ações apropriadas para conter o avanço da doença. Os animais infectados apresentam rápida perda de peso, febre muito alta, vesículas, aftas na mucosa da boca, glândulas mamárias. Portanto, quando acomete os animais além de causar vários danos fisiológicos aos mesmos, contamina o ambiente, assim como todos os produtos derivados do mesmo, desta forma é sem dúvida nenhuma um grave fator limitantequecaiu para o desenvolvimento econômico da indústria animal Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 179 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Palavra Chave: Quarentena, vírus, zoonose Tema Principal: Medicina Veterinária ABSTRACT Acute viral disease that is highly contagious , reach the cloven hooves of animals , characterized by vesicular lesions , erosions and ulcers in the mouth and muzzle , teats , interdigital area and coronary band . The FMD is responsible for a significant drop in productivity of all herds of mammals bi - ungulates , mainly cattle , whose significant impact on food security by reducing the supply of animal protein . The goal of diagnosis is to produce a fast and reliable information using secure procedures in order to help in taking appropriate actions to contain the spread of the disease . Infected animals show rapid weight loss , high fever , blisters , canker sores in the lining of the mouth , mammary glands . Therefore , when affecting animals besides causing several physiological damage thereto , contaminates the environment , as well as all derivative products in this way is undoubtedly a major factor limitantequecaiu for economic development of the animal industry Keyword: Quarantine , viruses , zoonosis Main theme : Veterinary Medicine 1.INTRODUÇÃO A Febre Aftosa é uma enfermidade viral, de divulgação mundial, muito contagiosa, de evolução aguda, que afeta naturalmente os animais biungulados domésticos e selvagens: bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e suínos. Entre as espécies não biunguladas foi também demonstrada a susceptibilidade de elefantes e capivaras. É considerada zoonose, ou seja, doença que se transmite dos animais vertebrados ao homem em situações muito especiais (JUNIOR. et al, 2008). Apesar de a enfermidade ter sido descrita pela primeira vez em 1546, e dos esforços para o controle e erradicação, continua sendo alvo de permanente pesquisa e preocupação. Nos anos 2000 e 2001, a febre aftosa voltou as manchetes dos jornais de todos os continentes, e as imagens dos milhares de animais sendo sacrificados 180 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ficarão para sempre registrados na memória da população mundial (TRECENTI, 2013). A resposta imune adequada do animal é importante pois permite o desaparecimento da viremia e a recuperação da enfermidade. A recuperação dos animais adultos infectados é completa na maioria das vezes, porem um número variável de animais podem converterse em portadores assintomáticos da doença, transformando-se em verdadeiros reservatórios doença. O estado de portador pode durar de poucos semanas a anos e durante este tempo é possível recuperar vírus infectante na região faríngea. Devido a este fato, pode ocorrer a permanência do vírus no campo, favorecendo o aparecimento de novas variantes por causa do câmbio antigênico que pode ocorrer no vírus durante a replicação. As novas variantes podem escapar da imunidade gerada pela vacina, por isso torna-se primordial a necessidade de vigilância epidemiológica e 22 isolamento/ identificação dos vírus envolvidos em surtos (SCHAUER, 2005). 2.DESENVOLVIMENTO A febre aftosa é uma moléstia viral aguda que é altamente contagiosa, atingem os animais de cascos fendidos, caracterizada por lesões vesiculares, erosões e ulceras na boca e focinho, tetas, área interdigital e faixa coronária. Os hospedeiros naturais são os bovinos, ovinos, caprinos, suínos, búfalo d’água, bisões, cervos, alces, antílopes, ursos, lhamas, camelos, girafas, elefantes, ratos e ouriços. Dentre estes animais os bovinos e ovinos são os mais sensíveis. Animais de todas as idades são susceptíveis. Contudo a mais elevada mortalidade ocorre nos animais jovens devido a lesões cardíacas. O equino é resistente a infecção. Em casos raros o ser humano pode ser acometido (SMITH, 2006). A Febre Aftosa é responsável por uma expressiva diminuição da produtividade de todos os rebanhos de mamíferos bi-ungulados, principalmente bovinos, que tem como significativo impacto na segurança alimentar pela redução da oferta de proteínas de origem animal (HATSCHBACH, 2010). Esta enfermidade é causada por um aftovírus da família Picornaviridae, é um RNA –vírus, que é estável em pH neutro. Há a existência de três cepas principais de enterovírus, A, O e C e subtipos Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 181 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA com diferentes características sorológicas, imunológicas e graus de virulência. As três cepas adicionais, SAT (“Southern African Territories”) 1, 2 e 3 foram isoladas na África e a outra, Ásia-1, foi isolada no extremo leste. Dentro de cada sorotipo, há um grande número de cepas que exibem um espectro de características antigênicas, portanto, exigem-se várias cepas vacinais para cada sorotipo, particularmente O e A, para cobrir a diversidade antigênica. O vírus da febre aftosa é capaz de sofrer mutações indefinidas, podendo gerar então, muitas variações antigênicas que são capazes de surgir. Das três cepas padrões, a cepa O parece ser a mais comum e a C a menos comum, e ainda pode-se observar que não há imunidade cruzada entre cepas e subtipos (ROCHA , 2007). A Febre Aftosa apresenta baixa taxa de mortalidade nos animais adultos. Entre os animais mais jovens, a infecção viral pode provocar miocardites, elevando a taxa de mortalidade para níveis próximos a 50%. A fase aguda é considerada de curta duração, sendo uma das enfermidades que levam a maiores perdas econômicas no mundo. Entre as perdas econômicas diretas está a redução de 25% na produção de carne, leite e outros derivados. Como conseqüência das lesões de boca e patas, os animais afetados apresentam grande perda de peso corporal. A inflamação nos tetos também ocasiona diminuição da produção de leite e muitas vezes perduram anos após a fase aguda. Já foi descrito abortos, casos de infertilidade e infecções crônicas das articulações como efeitos secundários da Febre Aftosa (BARROS,2009) O vírus é excretado nos tecidos e fluidos das lesões, na saliva, ar expirado, secreções nasais, sangue, leite, sêmen e urina. A excreção viral nas secreções e excreções inicia geralmente 24 horas antes do aparecimento dos sinais clínicos, diminuindo consideravelmente até cinco a sete dias após o desenvolvimento das lesões. Quando os sinais clínicos se tornam bem evidentes, a excreção viral já está reduzida. A redução nos títulos de vírus excretados coincide com o surgimento e aumento dos níveis de anticorpos neutralizantes. O pico de excreção em bovinos, suínos e ovinos pode ocorrer antes do aparecimento dos sinais clínicos. Os suínos são os grandes disseminadores do vírus através de aerossóis; os bovinos são animais bastante sensíveis a infecção pelo trato respiratório, e os ovinos são considerados os eliminadores silenciosos, pois as lesões são muito descretas (FLORES, 2008). 182 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O diagnostico é realizado com exames laboratorias como, a cultura tecidual, PCR, ELISA, TFC e ou teste com antígenos associados a infecção viral. O PCR é atualmente o método padrão para detecção do vírus e a tipagem nos laboratórios de referencia (RADOSTITS.et al, 2002). O objetivo do diagnostico é produzir uma informação rápida e confiável, utilizando procedimentos seguros, a fim de ajudar na tomada de ações apropriadas para conter o avanço da doença. Esta caracterisca se torna especial a medida em que os programas nacionais de erradicação da febre aftosa vão progredindo, fazendo necessária adoção de provas complementares de tipificação e caracterização antigênica imunogênica e bimolecular dos agentes envolvidos (SARAIVA, 1995). Para controle da febre aftosa existem diversas maneiras. A Organização Internacional de Epizootias (OIE) define como profilaxia para a febre aftosa algumas medidas como: proteção das zonas livres de febre aftosa, através do controle da circulação de animais; sacrifício dos animais infectados e susceptíveis; desinfecção das instalações e materiais infectados; destruição de cadáveres, resíduos e produtos animais provenientes das zonas infectadas e quarentena (SCHÜTZ; FREITAS, 2003). Nos países em que a febre aftosa foi erradicada, os rebanhos não são vacinados e a entrada de animais vivos ou abatidos, assim como seus subprodutos industrializados, são submetidos à quarentena e testes sanitários rigorosos. Quando há uma ocorrência de surto numa dessas regiões, a legislação exige o abate de todo rebanho (ROCHA, 2007). Para sucesso na erradicação é necessário que seja feito cuidadosamente. Animais com diagnostico estabelecido devem ser imediatamente abatidos e incinerados ou enterrados no local, a carne e leite devem ser descartada para o comércio e o local deve ser desinfectado apropriadamente e realizado a quarentena.(RADOSTITS. et al, 2002). 3.CONCLUSÕES Com tudo é possível concluir que a Febre aftosa é uma enfermidade e importância mundial tanto para saúde publica como Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 183 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA sócio econômica pois, é necessária o abate de todos os animais e vazio sanitário. 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, F.T.M. SITUAÇÃO DA FEBRE AFTOSA NO BRASIL E PRINCIPAIS ENSAIOS ENVOLVIDOS NO CONTROLE DE QUALIDADE DA PRODUÇÃO DE VACINAS. Monografia de pós graduação do departamento de microbiologia, 2009, Belo Horizonte – MG FLORES, E. F. Virologia Veterinária. 1. ed. Santa Maria, RS: UFSM, 2008. HATSCHBACH, P.I. Rev. 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Análisis de Integridade de Las Proteínas Virales estructurales Del Vírus de La Fiebre Aftosa (VFA) em las Distintas Etapas de Elaboración de Vacunas, 2005. Tese (Licenciamento em Biotecnologia) – Instituto de Investigaciones Biotecnológicas, Universidad Nacional de San Martin. SCHÜTZ, G. E; FREITAS, C. M. Enfoque desde la ciencia post-normal 184 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF de la epizootia fiebre aftosa. História, ciências, saúde-Manguinhos: Rio de Janeiro, v.10, n.2, maio/ago, 2003. SMITH, B.P. Tratado de medicina interna de grandes animais Ed. Manole, pág 900, São Paulo, 2006. TRECENTI, A.S. Febre Aftosa – Revisão de Literatura. Revista cientifica eletrônica de medicina veterinária – ISSN: 1679-7353, ano XI , numero 21, julho de 2013, Garça – SP. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 185 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 186 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF GLAUCOMA EM ANIMAIS DE COMPANHIA – REVISÃO DE LITERATURA Jaqueline Aparecida MARTINS1 Letícia Sponton de CARVALHO2 Roque RAINERI NETO3 3 1 Acadêmica do curso de Medicina Veterinária e Zootecnia da FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] 2 Acadêmica do curso de Medicina Veterinária e Zootecnia da FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] Professor da disciplina Anatomia Descritiva dos Animais Domésticos – FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO Glaucoma é uma doença comumente encontrada na clínica de pequenos animais. É causada por uma lesão do nervo óptico, caracterizada por pressão intraocular elevada, com a maioria das causas relacionadas com a drenagem do humor aquoso. Pode ser classificada como primária, secundária ou absoluta de formas crônicas ou agudas. Por ser muito complicada, esta doença geralmente leva à cegueira dos animais, sendo necessário um diagnóstico preciso para um tratamento adequado. O trabalho tem como objetivo demonstrar os principais aspectos de glaucoma, uma vez que, frequentemente, é encontrada em cães e gatos. Palavras-chave: cegueira, drenagem, lesão, pressão ocular Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 187 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Glaucoma is a disease commonly found in clinic small animal. Is caused by an injury to the optic nerve, characterized by high intraocular pressure, with most causes related to the drainage of aqueous humor. Can be classified as primary, secondary or absolute of chronic or acute forms. For being too complicated, this disease usually leads to blindness of animals, being necessary a precise diagnosis for a proper treatment. The work aims to demonstrate the key aspects of glaucoma, since, frequently, is found in dogs and cats. Keywords: blindness, drainage, injury, ocular pressure 1.INTRODUÇÃO Os olhos são muito comuns com as câmeras eletrônicas. Neles existem as coberturas para as lentes (pálpebras), para permitir a entrada de luz possui uma janela (córnea), para controlar a entrada de luz existe um diafragma ajustável (íris), detectores de luz que faz a imagem se formar, uma lente que tem o poder de focar (cones e bastonetes da retina) e existe um cabo (nervo óptico) para carregar as imagens a um gravador. O humor aquoso é sempre produzido e drenado. Sua produção se dá na câmara posterior pelas células do corpo ciliar. Logo após, passa vagarosamente pela pupila para a câmara anterior, local onde é drenado pelo canal de Schlemm, e esse fluído é entregue à corrente sanguínea (BASSERT; COLVILLE, 2010). Continuamente e ativamente pelo epitélio dos processos ciliares é produzida a maior parte do humor aquoso. Pela ultra filtração, difusão e diálise do plasma, o transporte passivo é feito. Há aumento marcado na pressão intraocular (glaucoma) quando há obstrução do fluxo e o processo secretor ativo está funcional (BOEVÉ et al., 1999). A pressão intraocular elevada que conduz à lesão do nervo óptico e das células da retina é conhecida como o termo glaucoma. É uma circunstância dolorosa, com tratamento complicado. A escolha do tratamento depende da causa, da duração da doença e do resultado final em potencial da visão e há diversas causas de glaucoma (TURNER, 2010). 188 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O glaucoma é mais frequente nos cães do que nos gatos. Tem sua classificação como primária ou secundária. O primário é aquele que há uma má-formação congênita na estrutura e, devido a isso, na função do sistema de drenagem do humor aquoso e não é aquele no qual não há doença ocular adquirida previamente. O glaucoma secundário acontece por decorrência da disfunção do ângulo de drenagem, que se apresenta obstruído por doença ocular adquirida previamente. Como o glaucoma é uma doença que normalmente é diagnosticada em estágio avançado, pouquíssimas drogas são capazes de interromper seu desenvolvimento e/ou reverter seus danos teciduais completamente, e por isso, muitas vezes leva cães e gatos à cegueira (FERREIRA et al., 2012). Esse artigo científico apresenta uma revisão de literatura, objetivando descrever os principais conceitos do glaucoma, promovendo assim melhor compreensão sobre as formas predominantes de acometimento da doença na clínica de pequenos animais. 2.DESENVOLVIMENTO 2.1. Considerações anatômicas 2.1.1.Órbita ocular Em posição medial, naso-ventral, no interior da órbita óssea está situado o globo ocular (olho). --- A parede temporal da órbita é formada apenas por tecido conjuntivo. A borda supratemporal da abertura da órbita, no cão e o no gato, não são constituídos por linha óssea, é demarcada por um forte ligamento, ao invés disso (KOSTLIN et al., 1998). Como a órbita delimita o globo ocular do crânio, ela é quem determina a rota que os nervos e vasos sanguíneos vão prosseguir em sua travessia do cérebro para o olho. Fissuras ou forames são as perfurações através dos ossos da órbita (GROSSMAN; SISSON, 1986 a). Envolvendo a órbita, existe uma camada fina de fáscia conjuntiva, chamada de periórbita. É formada a partir do periósteo do anel orbitário e, juntamente com a fáscia orbital superficial, envolve músculos extraoculares, junto com seus vasos, nervos e tecido adiposo (KOSTLIN et al., 1998). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 189 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2.1.2. Globo ocular Transmitindo aos centros superiores do cérebro, esta estrutura transforma em impulsos nervosos os raios luminosos que recebe (GROSSMAN; SISSON, 1986 a). O olho no carnívoro está situado na órbita de um modo que os animais possam ver bem tudo à sua frente. No cão, os ângulos entre os eixos ópticos variam entre 20 e 50 graus, com o bulbo em formato de esfera, com o raio de curvatura da córnea aproximando-se daquele da parte posterior. O campo de visão do cão é de provavelmente 240 a 290 graus. O bulbo do olho do cão é quase uma esfera. No gato, o bulbo do olho ocupa completamente sua órbita óssea (GROSSMAN; SISSON, 1986 b). O bulbo ocular é composto por três camadas (túnicas), que são: túnica fibrosa ou externa, túnica vascular ou média e túnica nervosa, interna ou retina (KOSTLIN; SCHAFFER; WALDE, 1998). 2.1.3. Túnica fibrosa A camada fibrosa externa do globo ocular confere forma e força além de permitir a passagem de luz para o interior do olho. Seus componentes são a esclera e a córnea (KOSTLIN; SCHAFFER; WALDE, 1998). A esclera está composta por fibras elásticas e colágenas, é perfurada por nervos e vasos ciliares e possui uma coloração branca. Na vizinhança do disco óptico é que os vasos ciliares superiores vão penetrar a esclera. A esclera pode apresentar-se mais escuras em alguns locais, porque os vasos coroides que estão subjacentes a ela podem estar mais perto da superfície do olho, onde essa camada é mais fina. Na região das substâncias própria passam, através da esclera, os nervos ciliares (GROSSMAN; SISSON, 1986 b). A córnea é uma extensão da esclera, enquanto a esclera é opaca, a córnea é transparente. Não possui vascularização sanguínea (somente na periferia), entretanto tem um plexo nervoso bem desenvolvido (BASSERT; COLVILLE, 2010). Aproximadamente, um quinto da superfície do globo ocular é coberto pela córnea, que forma a porção anterior da túnica fibrosa. 190 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Em direção à face interna, partindo da face externa, a córnea é composta por camada epitelial, membrana basal, estroma, membrana de Descemet e endotélio (KOSTLIN et al., 1998). No canino, o raio de curvatura é muito maior que o da esclera, pois ela faz parte de uma parte menor da parede do bulbo. A córnea do cão possui as mesmas camadas microscopicamente, das vistas em outras espécies de animais domésticos. Nos felinos, a córnea ocupa aproximadamente 30 por cento da camada fibrosa e tem um formato diferente da esclera, o que faz com que a porção anterior assuma um formato cônico (GROSSMAN; SISSON, 1986 b). 2.1.4. Túnica Vascular A túnica vascular do globo ocular se encontra na túnica fibrosa e possui três porções: coróide, corpo ciliar e a íris. É também chamada de úvea (GROSSMAN; SISSON, 1986 a). . A coróide está localizada entre a esclera e a retina. É constituída principalmente em pigmento e vasos sanguíneos, que distribuem sangue para a retina. O pigmento tem sua maior parte em melanina escura na maioria dos animais domésticos (BASSERT; COLVILLE, 2010). Em corte meridional, o corpo ciliar apresenta forma parecida a um triângulo retângulo, estende-se da base da íris até a ora serrata. É constituído, cranialmente, pela pars plicata que é formada pelos processos ciliares e pela pars plana (KOSTLIN et al., 1998). A íris é a parte mais anterior da úvea; se localiza anterior à lente, pois é como um diafragma e tende a se estender do corpo ciliar. Ventralmente possui uma margem livre (margo pupilaris) que forma uma fenda elíptica (pupilla). Nas suas superfícies anteriores e posteriores são banhadas pelo humor aquoso (GROSSMAN; SISSON, 1986 a). No cão, a íris controla a passagem de luz através de uma pupila, que pode ser amarela ou marrom e pode ter uma borda pupilar escuramente pigmentada. A camada pigmentada da retina dá continuação a camada pigmentada na superfície posterior da íris. No gato é uma fenda vertical quando os músculos da íris são estimulados e quando os músculos dilatadores da íris agem, a pupila do felino possui uma margem circular (GROSSMAN; SISSON, 1986 b). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 191 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2.1.5. Túnica nervosa A túnica nervosa é a retina, que no olho fica na parte de trás. Possui os reais receptores sensoriais da visão, os cones e os bastonetes. É o local onde se é formado a imagem, sentida e convertida em impulsos nervosos que vão ser decodificados no cérebro para retornar de novo a formar, no consciente, a imagem (BASSERT; COLVILLE, 2010). Essa túnica consiste, no adulto, em epitélio pigmentado e a própria retina, que se estende da entrada do nervo óptico até a margem da pupila. A parte ciliar da retina é a que cobre o corpo ciliar e não é sensitiva; a parte irídica da retina é a que cobre a íris (GROSSMAN; SISSON, 1986 b). No cão, os receptores na retina, são predominantemente bastonetes, com poucos cones. Isso mostra que o cão tem melhor visão em condições reduzidas de iluminação do que na luz brilhante do dia. Já no gato, essa disposição de células varia da área da papila para a periferia do olho. Os cones excedem os bastonetes no local da mácula, porém na periferia da retina, os bastonetes superam os cones (GROSSMAN; SISSON, 1986 b). 2.1.6. Câmaras do olho O interior do bulbo ocular é formado por dois compartimentos ocupados por líquido: um na frente da lente e do corpo ciliar e outro por trás deles. O compartimento aquoso está situado na frente do cristalino e do corpo ciliar e tem um fluido claro e líquido, chamado humor aquoso. O compartimento vítreo está atrás do cristalino e do corpo ciliar e possui um líquido de consistência gelatinosa e claro, denominado humor vítreo. O compartimento aquoso é subdivido em dois espaços pela íris, o que fica em frente a ela é a câmara anterior e o que fica atrás dela é a câmara posterior (BASSERT; COLVILLE, 2010). Preenchendo as câmaras anterior e posterior está o humor aquoso que é produzido na área dos processos ciliares e flui ao redor da margem pupilar para a câmara anterior, esse fluido sai pelo espaço no ângulo da íris para o plexo venoso escleral. Tem uma densidade 192 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF que difere da esclera. Esse humor aquoso tem cloreto de sódio, traços de ureia, glicose e pouca quantidade de proteína (GROSSMAN; SISSON, 1986 a). No espaço entre a face posterior da íris e o corpo ciliar está situada a lente ocular (cristalino). Elas estão inseridas pela pars plicata e do corpo ciliar e o equador da lente, e é fixada pela zônula. O cristalino é elástico e biconvexo, de consistência variável e corpo transparente, apresentando alto índice de refração (KOSTLIN et al., 1998). No cão apresenta-se um diâmetro de aproximadamente 10 mm do cristalino, com a espessura. No gato, o cristalino parece ter uma consistência bastante homogênea, com a cápsula mais espessa na superfície anterior do que na posterior (GROSSMAN; SISSON, 1986 b). 2.1.7. Estruturas extraoculares Essas estruturas não fazem parte do olho em si, mas protegem e fazem parte do seu funcionamento. Estão incluídas a conjuntiva; as pálpebras, a produção e o sistema de drenagem lacrimal e os músculos que se movem e se posicionam delicadamente no globo ocular (BASSERT, COLVILLE, 2010). Como nos demais animais, as pálpebras dos cães e dos gatos, consistem de uma parte superior e uma inferior. Elas se unem, formando os ângulos mediais e laterais, sendo que o ângulo medial é maior que o lateral. A face exterior das pálpebras é cobertas por pelos, e a interna (bulbar) pela conjuntiva, que é uma camada de túnica mucosa sublinhada pela fáscia. Nos gatos a pele da pálpebra superior é mais grossa que a inferior. Há poucos cílios encontrados nas pálpebras (GROSSMAN; SISSON, 1986 b). A porção produtora de lágrima (glândula lacrimal e glândula superficial da terceira pálpebra) e o sistema de canais de drenagem formam o aparelho lacrimal. Na região supratemporal abaixo do ligamento orbitário, a glândula lacrimal aproxima-se do globo ocular, e isso acontece tanto no cão como no gato, na região temporal do saco conjuntival é que desembocam seus canais de drenagem (KOSTLIN et al., 1998). Após a abertura da periórbita estão expostos os músculos Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 193 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA extraoculares. O cão e os outros animais domésticos têm o mesmo número de músculos extraoculares. Inseridos na esclera existem os quatro músculos retos, posteriormente ao limbo do olho. Nos gatos existe o mesmo número de músculos identificados nos demais animais: quatro músculos retos, dois oblíquos e um retrator (GROSSMAN; SISSON, 1986 b). 2.2. Glaucoma Glaucoma denomina-se aumento da sustentação da pressão intraocular e as variações que se decorrem em algumas estruturas oculares. O glaucoma é consequente de um aumento na pressão intraocular que resulta da retenção no refluxo do humor aquoso que se localiza o ângulo da câmara anterior e malha trabecular uveal (CARTON; GAVIN, 1998). Histopatologicamente, perda funcional das células ganglionares de retina e de seus axônios no nervo óptico, é a definição do glaucoma, podendo ser diagnosticado mediante padrões histopatológicos específicos (FERREIRA et al., 2012). Na sua identificação, acometem-se cães com glaucoma tanto primário quanto em secundário, já em gatos é rara mente visto o primário, e o secundário é mais visto nos pacientes que tem uveíte ou só sinal, que são de longa duração ou pode ter também luxação do cristalino (SMITH JUNIOR; TILLEY, 2008). 2.2.1. ETIOLOGIA DO GLAUCOMA 2.2.1.1. Glaucoma primário O glaucoma de ângulo fechado predispostas mais as raças SharPei, Cocker Spaniel, Basset Hound, Akita, Springer Spaniel, Samoieda, Golden Retrivier e Flat-Coated Retrievier, já as com ângulo aberto são Beagle, Dinamarquês, Kees-honden, Poodle toy miniatura, Samoieda e Husky Siberiano. Pode ocorrer o glaucoma também bilateral, com os dois olhos infectados, que podem ser diagnosticados com 6-12 meses após o início, sinais clínicos não são vistos ao mesmo tempo em ambos os olhos (DROBATZ et al., 1998). 194 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O glaucoma primário inclui-se tanto no tipo com o ângulo aberto (figura 1) quanto com o ângulo fechado. Ocorre que em posição da córnea, onde há o colapso dos plexos venosos da esclera, a raiz da íris esta deslocada para frente, em aposição com a córnea. Algumas outras alterações e distensões da esclera e colapso da fenda ciliar e da malha trabecular, são encontradas também em globos oculares com glaucoma e incluem sinéquias anteriores externas (CARTON; GARVIN, 1998). 2.2.1.2. Glaucoma secundário O glaucoma secundário (Figura 2) inclui-se diferentes etiologias como: uveíte anterior, a luxação do cristalino anterior, neoplasia, hifema e traumatismo, que assim resulta um evento que acontece dentro do olho. No caso de uveíte anterior, ela pode ser causada por meio de obstrução do fluxo do humor aquoso. A luxação do cristalino anterior pode ocorrer obstrução do fluxo do humor aquoso da câmara posterior para a anterior Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 195 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA e também para o ângulo iridocorneano. As luxações do cristalino anterior podem ser de etiologias inclusive as hereditárias, traumatismos, neoplasias e uveíte anterior. Resulta-se do glaucoma crônico que o aumento de volume do globo, ou seja, buftalmia e de luxação secundária ou rasgo das zônula do cristalino, vem-se da luxação do cristalino anterior. Neoplasia intraocular pode ser tanto primária quanto secundária, e em ambas ocorrem ou pode ocorrer o bloqueio do humor aquoso por eliminação das células neoplásicas que ficam no interior do ângulo iridocorneano, ocorrendo o deslocamento de estruturas intraoculares normais. Hifema pode ser resultado de anomalias oculares congênitas, distúrbio vascular ou distúrbio hemorrágico, traumatismos e hipertensão sistêmica. (BIRCHARD; SHERDING, 1998). Na maioria dos caninos que tem o glaucoma secundário, apresenta o olho com a coloração alterada, cinza-azulada da córnea e muito dolorido. Os cães com glaucoma secundário podem ter também um caso leve de depressão e ficar um pouco quieto. Já em gatos ocorre que, quando apresentam glaucoma, tende-se a ter muitos sinais mais sutis que os dos caninos, que podem ser notados como, por exemplo, a pupila dilatada, ou até mesmo alteração na coloração, um olho aumentado, porém sem sinal nenhum de dor ou distúrbios visual (TURNER, 2010). 196 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2.2.1.3. Glaucoma absoluto Em vários casos as devidas alterações do glaucoma já estão mais agravadas (buftalmo, degeneração retiniana, crescimento de vasos e cicatrizes na córnea, escavação do disco óptico) que não possivelmente pode-se determinar que o glaucoma é primário ou secundário. E esses são chamados glaucoma absoluto (maligno) (Figura 3) (BOEVÉ et al., 1999). 2.2.2. TIPOS DE GLAUCOMA 2.2.2.1. Glaucoma agudo É possivelmente uma emergência cirúrgica e médica. Com base nos sinais clínicos e na anamnese, é feito o diagnóstico de glaucoma agudo. É melhor errar pelo lado do diagnóstico de glaucoma agudo em vez de crônico em caso de dúvida (Figura 4) (BIRCHARD; SHERDING, 1998). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 197 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2.2.2.2. Glaucoma crônico No glaucoma crônico, os seus sinais resultantes que são pouco notados e por um aumento cronicamente recorrente na pressão, usualmente é leve no início, o glaucoma nos gatos é raro, e sempre ou quase sempre na sua forma são crônicos, os sinais crônicos no cão só se tornam mais proeminentes se o glaucoma de agudo se tornar crônico. Portanto, ocorre só esporadicamente glaucoma crônico primário em cães (Figura 5) (BOEVÉ et al., 1999). 2.3. Diagnóstico Antes dos primeiros sinais do glaucoma, é muito importante identificar elevações sutis na pressão. Nos cães, esses sinais são reconhecidos mais facilmente no desenvolvimento agudo, no glaucoma primário (fundamentos da oftalmologia.) 198 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Normalmente, no cão e no gato, a PIO normal é de 15 a 25 mmHg (BIRCHARD; SHERDING, 1998). No glaucoma agudo devem-se incluir causas de exoftalmo, assim como todas as causas de injeção vascular conjuntival e/ou edema de córnea para o diagnóstico diferencial. Conjuntivite, uveíte anterior e formas primárias de ceratite são as patologias mais importantes a serem consideradas. O resultado de glaucoma é quase que exclusivamente, o buftalmo, entretanto, um olho aumentado pode ter como resultado uma neoplasia intraocular grande (BOEVÉ et al., 1999). O aumento do volume do globo ocular é a buftalmia ou mega globo, que causa estriamento das túnicas fibrosas e vascular, com maior frequência em animais jovens do que adultos e idosos, acometendo mais cachorros do que gatos e é bastante observado no glaucoma crônico. Histologicamente, além de aumento do eixo Antero posterior da câmara posterior, observa-se adelgaçamento da córnea, esclera e coroide. Na microscopia óptica, pela presença de metaplasia escamosa no epitélio corneano, essa alteração pode ser evidenciadas. Pode ser vista úlcera na córnea como lesão secundária nos casos mais avançados (FERREIRA et al., 2012). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 199 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA No glaucoma crônico, como no glaucoma agudo, o diagnóstico diferencial é o mesmo (BOEVÉ et al., 1999). Essencialmente para o diagnóstico e tratamento do glaucoma é usada a tonometria, que é a mensuração da pressão intraocular, e torna-se impossível diagnosticar e tratar o glaucoma sem os instrumentos para realizar a tonometria. Como é um distúrbio oftálmico muito comum costuma ser necessário o acesso à tonometria, além da gonioscopia, que é o exame do ângulo (de drenagem) iridocorneal (TURNER, 2010). 2.4. Tratamento No tratamento médico para o glaucoma primário agudo dividese em dois, em tratamento de emergência e o de controle de longo prazo. Após, somente a redução e estabilização da pressão, daí que o tratamento em longo prazo deve ser considerado. A prioridade de um tratamento de glaucoma agudo é aliviar a dor, existem alguns medicamentos para reduzir a pressão intraocular, e o uso de análogos de prostaglandina tópicos que reduzem a duração de perdura por 17-24 horas e a pressão intraocular em 15-30 minutos. No tratamento cirúrgico englobam procedimentos que salvam o bulbo do olho ou enucleações. Na drenagem envolvem-se implantes, que são além dos procedimentos que são utilizados, para redirecionar o fluxo do humor aquoso. As formas de medicação do glaucoma secundário é levado ao tratamento da causa subjacente e pressão intraocular elevada. Mas em muitos os casos os medicamentos não respondem ao tratamento e, portanto necessitam de enucleação. Nos gatos ocorre com todas as doenças secundárias, e também quando ocorre o tratamento inicial ele e direcionada à causa subjacente. Já no tratamento cirúrgico, em alguns casos independentes da causa, mesmo que em um olho glaucomatoso cego, dolorido, deve-se considerar a enucleação, e nem sempre é possível determinar uma causa sem que o exame histopatológico fique pronto. O uso de implantações nos felinos pode ser considerado para drenagem, assim como pode ser utilizado métodos para se obter a diminuição da produção do aquoso, como a ciclofotocoagulação por laser (TURNER, 2010). 200 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2.5. Prevenção Para a prevenção deve-se, como parte do exame físico anual, em todas as raças predispostas ao desenvolvimento de glaucoma primário, avaliar a PIO, pois, mesmo que ainda se encontre dentro dos limites normais, um aumento gradual na PIO, compõe uma causa suficiente para iniciar uma terapia tópica preventiva e se um animal tem glaucoma primário em um olho, deve-se, duas a três vezes por ano, examinar quanto a PIO no olho oposto e também recebe um tratamento preventivo no olho não afetado. Em todos os olhos com uveíte anterior ou hifemia e luxação ou subluxação do cristalino, deve-se determinar a PIO e, na tentativa de evitar glaucoma secundário, se possível, eliminar todo o problema primário (BIRSHARD; SHERDING, 1998). 3. CONCLUSÃO Conclui-se que, devido o glaucoma ser uma doença com grande possibilidade de aparecimento, é mais eficaz utilizar formas de prevenção, e assim, oferecer ao animal uma maior qualidade de vida. Os riscos de cegueira são muito significativos pelo fato de que a doença é diagnosticada, na maioria das vezes, tardiamente, quando grande parte da visão já foi perdida. Devemos considerar a espécie, a raça, a idade do animal, e possíveis recidivas, a fim de aplicar métodos capazes de assegurar o não desenvolvimento da doença. 4. REFÊRENCIAS BASSERT, J. M.; COLVILLE, T. Anatomia e Fisiologia Clínica para Medicina Veterinária. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010, p; 350357. BICHARD, S. J.; SHERDING, R. G. Clínica de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 1998, p. 131 - 136. BOEVÉ, M. H.; NEUMANN, W.; STADES, F. C.; WYMAN, M. Fundamentos de Oftalmologia Veterinária. 1ª Ed. São Paulo: Manole, 1999, p. 128-135. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 201 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA CARTON, W. W.; GAVIN, M. D. M. Patologia Veterinária Especial de Thonson. 2ª Ed. 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Contudo, o desenvolvimento de biotecnologias reprodutivas possibilitou o melhor aproveitamento dos animais, tornando possível acelerar o aprimoramento das raças e seus cruzamentos, sendo a inseminação artificial e a transferência de embrião (TE), as mais utilizadas. Devido às influências do fotoperíodo, a incidência de ovulações varia no decorrer do ano, limitando a utilização reprodutiva das éguas, de modo que a utilização da hormonioterapia aplicada à ginecologia equina desempenha papel primordial. O ciclo estral é definido como uma sucessão, de eventos fisiológicos que ocorrem em duas fases, estro e diestro que são intervaladas. As alterações no trato genital feminino, bem como o Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 203 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA comportamento sexual são controlados através de interações complexas dos hormônios hipotalâmicos, hipofisários, ovarianos e uterinos. Para obtermos o sucesso da manipulação do ciclo estral e implementar biotecnologias reprodutivas, é necessário conhecer os mecanismos de desenvolvimento folicular, assim como da seleção do folículo dominante, com o intuito de propiciar a multiplicação de indivíduos zootecnicamente superiores. O presente estudo objetivou abordar o uso dos agentes indutores da ovulação na espécie equina, com base na fisiologia reprodutiva desta espécie. Palavras chaves:biotecnologia da reprodução,, ovulação, hCG, deslorelina, extrato de pituitária equina ABSTRACT Among the domestic species the equine was long considered as lower fertility, which was attributed to selection characteristics and problems related to reproductive management. However, the development of reproductive biotechnologies enabled better utilization of animals, making it possible to accelerate the improvement of the breeds and their crosses, being artificial insemination and embryo transfer ( ET), the most widely used. Due to the influence of photoperiod , the incidence of ovulation varies during the year, limiting the use mares, so that the use of hormone therapy applied to equine gynecology plays an important role. The estrous cycle is defined as a sequence of physiological events which occur in two phases, estrus and which are intercalated. The changes in the genital tract and sexual behavior are controlled by complex interactions of the hypothalamic hormones, pituitary, ovarian and uterine. To obtain a successful manipulation of the estrous cycle and implement reproductive biotechnologies, it is necessary to know the mechanisms of follicular development, as well as the selection of the dominant follicle in order to provide the multiplication of individuals zootecnicamente superiors. The present study aimed to address the use of ovulation induction agents in equine species, based on the reproductive physiology of this species. Keywords : Biotechnology of reproduction , ovulation, hCG , deslorelin , equine pituitary extract 204 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 1.INTRODUÇÃO A espécie equina foi considerada por muito tempo como a de menor fertilidade entre as espécies domésticas, o que foi atribuído a características de seleção e problemas relacionados ao manejo reprodutivo (GINTHER, 1992). Contudo, o desenvolvimento de novas técnicas reprodutivas possibilitou o melhor aproveitamento dos animais, tornando possível acelerar o aprimoramento das raças e seus cruzamentos, sendo a transferência de embrião (TE) a ferramenta mais promissora para essa finalidade (ARRUDA et al., 2001), tornando-se, cada vez mais comum no mundo equestre (KUMAR et al, 2008). O aumento da eficiência reprodutiva é necessário para maior aproveitamento e intensificação do ritmo de melhoramento genético dos animais. Devido às influências do fotoperíodo, a incidência de ovulações varia no decorrer do ano, limitando a utilização reprodutiva das éguas, de modo que a utilização da (OLIVEIRA E SOUZA, 2003). O estudo da reprodução de equinos tem como meta angariar conhecimentos que levam a produção de animais selecionados, com aplicação de tecnologias modernas a um custo mais baixo. O estudo da reprodução na espécie equina evoluiu bastante com o advento da prostaglandina, da inseminação artificial (I.A.), da ultrassonografia, da transferência de embriões entre outros (COSTA, et al, 2010). O objetivo desta revisão é abordar o uso dos agentes indutores da ovulação na espécie equina, com base na fisiologia reprodutiva desta espécie. 2.CONTEUDO O Ciclo estral das éguas inicia por estimulação luminosa (Solstício de verão) que incide pela retina ocular, estimula seus receptores de rodopsina, conectando com a glândula pineal, responsável por sintetizar e secretar o hormônio melatonina. Com o estímulo luminoso, ocorre a inibição da síntese de melatonina, promovendo um aumento na frequência de liberação do GnRH pelo hipotálamo, onde é sintetizado e armazenado (HAFEZ et al, 2004). Durante o anestro ocorre uma baixa frequência dos pulsos de Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 205 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA GnRH devido a alta concentração de melatonina, ocasionada pela baixa luminosidade nos períodos de outono e inverno (MELO, 2006). O aumento da frequência de liberação do GnRH é o que induz a hipófise anterior a liberar o FSH, que nas gônadas femininas estimula as células da granulosa a produzirem estrógeno e aumentar o número de receptores de gonadotrofinas. A produção de FSH através da frequência do GnRH, é inibida pelo aumento no nível de estrógeno (E2), produzido pelos folículos em desenvolvimento, o estrógeno diminui a frequência de liberação do GnRH, assim, essa nova frequência do GnRH estimula a produção e liberação de LH (hormônio luteinizante) que age no final da maturação folicular e é o responsável por estimular a indução da ovulação (GINTHER, 1992) A liberação de GnRH também se encontra diminuída durante o diestro como resultado do feedback negativo exercido pelas elevadas concentrações de progesterona. (KAs alterações no trato genital feminino, bem como o comportamento sexual são controlados através de interações complexas dos hormônios hipotalâmicos, hipofisários, ovarianos e uterinos (MCKINNON & VOSS, 1993). NOTTENBELT et al., 2003). Segundo Chance e Harvey, (1996) embora as prostaglandinas sejam comparadas aos hormônios, as mesmas diferem destes, pois estão presentes em quase todos os tecidos dos animais e exercem varias funções e normalmente agem localmente, em vez de serem transportadas pelo sangue até a célula-alvo. Quimicamente são parte do grupo chamado eicosanóides derivados do ácido araquidônico, que além de um acido graxo essencial e ainda o precursor das prostaglandinas que são relacionadas à reprodução, e através de estímulos endócrinos, neuronais e físicos são liberadas no trato reprodutivas. Elas participam de diversas ações metabólicas, processos fisiológicos e patológicos, ovulação, função endócrina, entre outras (GONZÁLEZ E SILVA, 2003). Gonzáles, (2003) descreve que para ocorrer a regressão do corpo lúteo durante o ciclo estral é necessário aumento dos pulsos de PGF2á. Esta atua como hormônio luteolítico, modulando a fase luteal, a função e a duração do ciclo estral em éguas (ALLEN & COOPER, 1993). No período médio do ciclo estral os folículos secretam estradiol, que estimulam a síntese de receptores de ocitocina no endométrio. O corpo lúteo secreta ocitocina que age sobre as células 206 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF glandulares do endométrio e estimulam a secreção de PGF2á dessa forma ocorre a lise do corpo lúteo com a subsequente queda dos níveis de progesterona. Ocorre a ovulação do folículo pré-ovulatório e se inicia um novo ciclo estral. Na fêmea prenhe o número de receptores para ocitocina no endométrio são mais baixos e a liberação de PGF2á pelo endométrio se reduz, em resposta a ação da ocitocina exógena, havendo a persistência do corpo lúteo, estrutura fundamental para a manutenção da gestação (GONZÁLES, 2003). Segundo Pate, (1994) a PGF2á age no ovário diminuindo fluxo sanguíneo para o corpo lúteo, através da degeneração dos capilares luteais e não pela vaso constrição que as prostaglandinas podem causar. A PGF2á é considerada,o agente luteolítico primário em éguas, pois, em fêmeas não gestantes, controla a lise do corpo lúteo (CL) que ocorre após sua liberação pelas células endometriais entre os dias 13 e 16 após a ovulação (MILVAE et al., 1996). Mckinnon e Voss (1992) descrevem que está pode ser utilizada para terminar uma fase luteal quando persistente ou anestro lactacional, controlar o tempo de ovulação e induzir a secreção de gonadotrofinas. Ross et al., (1979) e Ousey et al., 1984 relatam ainda a possibilidade de sincronizar o estro, tratar éguas com endometrite, eliminar pseudogestação, estimular a contração uterina além de induzir o parto. Estes conceitos vieram a partir de investigações que comprovaram que picos de concentrações de PGF2á no sangue, tanto pela administração exógena ou pela síntese e liberação fisiológicas foram concomitantes com a regressão do corpo lúteo (STABENFELDT e EDQVIST, 1988). Mas segundo González (2001), o controle da secreção de PGF2á no início da luteólise não está completamente esclarecida, a hipótese mais provável é de que a progesterona seja o principal estímulo para o aumento da secreção de PGF2á, sendo assim os níveis de progesterona nos primeiros dias do ciclo “programariam” o útero para liberar PGF2á sete a oito dias depois da ovulação. Para a sincronização e indução de estro, a PGF2á pode ser aplicada em qualquer fase do ciclo estral em duas doses, com intervalo de 14 dias, ou em dose única, também pode ser usada após a detecção de um CL maduro com 8 a 10 dias do ciclo estral, (IRVINE, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 207 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 1993). Ou ainda associada à administração de progesterona P4 (WILDE et al., 2002; ZUCCARI et al., 2006). Segundo Wilde et al. (2002), 82% das éguas tratadas com dispositivo intravaginal de progesterona (PRID®) por 12 dias, apresentaram sinais externos de estro considerados normais quanto à intensidade e duração, enquanto Zuccari et al. (2006) ressaltaram que pode existir variação entre éguas quanto à frequência e/ou ocorrência de alguns eventos comportamentais nas fases de estro e diestro. Neely, (1983) e Mckinnon e Voss, (1992) afirmam que é possível conseguir promover abortamentos antes da formação dos cálices endometriais 35-40 dias com a administração de PGF2á. Esta atua também no transporte espermático, na motilidade das trompas e na contração do canal deferente (HAFEZ e HAFEZ, 2004). No tratamento de endometrite, a PGF2á aumenta a intensidade das contrações uterinas auxiliando no processo de limpeza do útero, além de apresentar um tempo de ação mais prolongado (5 horas para o cloprostenol) quando comparada à ocitocina (45 minutos). Entretanto, o cloprostenol é capaz de interferir na formação normal do corpo lúteo, resultando numa menor produção de progesterona por este e, assim, numa menor taxa de prenhes quando comparado ao uso de ocitocina. Consequentemente, a suplementação com progesterona é recomendada após o uso de cloprostenol para o fim acima exposto (BRENDEMUEHL, 2002). A indução da ovulação em éguas é uma biotecnia que permite maior sincronismo entre a ovulação, inseminação ou cobertura (GINTHER et al, 2008). Foi sugerido que o uso de GnRH pode ser melhor do que o hCG em induzir ovulação em folículos maduros e maiores por não causar refração de resposta pela formação de anticorpos como ocorre com o hCG, melhorando assim a eficiência na indução da ovulação (MOREL, 2003). O estudo e desenvolvimento de agonistas e análogos de GnRH aumentou a meia vida deste hormônio através de modificações estruturais no GnRH natural, o que permitiu o aumento nos níveis de LH por 12 a 24 horas após a administração dos mesmos (BERGFELT, 2000). Um dos agonistas do GnRH utilizados na espécie equina é a burserelina, a que teve boa ação quando administrada duas vezes ao dia após a detecção de um folículo de 35mm (SQUIRES et al., 1981). 208 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O acetato de deslorelina é um análogo sintético do GnRH eficiente na indução da ovulação por ser semelhante ao LH. Utiliza-se 1 miligrama (mg) via intra-muscular e não se pode utilizar sintéticos de GnRH para bovinos em equinos, pois equinos necessitam de GnRH de meia vida longa devido a sua longa onda de liberação de LH. O produto lançado inicialmente no mercado dos Estados Unidos chamado de deslorelina 2,1-mg (Ovuplant®; Laboratório Fort Dodge), em forma de implante subcutâneo contendo deslorelina deixou de ser usado em éguas por alterar o ciclo estral (ALVARENGA et al., 2010). O GnRH é um decapeptídeo (10 aminoácidos) com peso molecular de 1183 daltons, sintetizado e armazenado na base do hipotálamo. Este hormônio é responsável pela conexão entre o sistema nervoso e endócrino. A liberação de pulsos de GnRH através do sistema porta hipofisário, estimula a síntese e liberação de LH e FSH pela hipófise anterior (HAFEZ, 2000), os quais vão atingir os ovários através do sistema circulatório (MCKINNON e VOSS, 1993). A frequência dos pulsos de GnRH é mediada através da liberação da melatonina. Uma baixa frequência ocorre durante o anestro devido a alta concentração de melatonina devido a menor luminosidade dos períodos de outono e inverno. A frequência da liberação de GnRH também se encontra diminuída durante o diestro como resultado do feedback negativo exercido pelas elevadas concentrações de progesterona. A liberação de gonadotrofinas pela hipófise anterior é mediada pela frequência dos pulsos de GnRH (KNOTTENBELT et al., 2003). Foi sugerido que GnRH pode ser mais bem-sucedido do que o hCG em induzir ovulação em folículos maduros e maiores por não causar refração de resposta pela formação de anticorpos como ocorre com o hCG, melhorando assim a eficiência na indução da ovulação (MOREL, 2003). O hCG é extraído da urina de mulheres grávidas. Depois da fertilização do óvulo, o modo de manter os altos níveis de progesterona varia: no caso da mulher, a implantação do embrião induz o endométrio a produzir a gonadotrofina coriônica humana e passa a manter a atividade luteínica (ARANGO & NEWCOMBE, 2007). E este hormônio tem sido utilizado por muitos anos para diminuir o período de estro e acelerar a ovulação, sua eficiência é amplamente demonstrada na indução da ovulação realizada quando a égua Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 209 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA apresenta um folículo pré-ovulatório de pelo menos 35mm sendo capaz de induzir a ovulação em até 48 horas em 80% dos casos (GINTHER, 1992). Segundo Squires, (2008) o hCG possui um efeito fisiológico semelhante ao hormônio luteinizante (LH), vem tendo utilização como hormônio indutor de ovulação, pois sua ação promove a maturação e ovulação de folículos de forma sincrônica por apresentar meia-vida longa, em torno de 10 horas, sendo este um dos hormônios mais utilizado no manejo da reprodução equina. Quando administrado em éguas, o hCG reduz a duração do estro e aumenta o número de animais que ovulam em até 48h pós-indução. O momento da administração do hCG normalmente é ditado pela associação de alguns fatores, dentre eles: o período do ano, comportamento de estro, eco textura uterina, tônus uterino e cervical, eco textura da parede do folículo pré-ovulatório e diâmetro e formato do maior folículo (MELO, 2005). A égua deve exibir sinais de estro e a cérvix deve estar relaxada, e quando estes critérios são encontrados na hora da administração, normalmente ocorre a ovulação entre 24 a 48 horas (SMITH, 2007). A administração do hCG é realizada quando um folículo atinge 35 mm de diâmetro durante a fase folicular (MELO, 2005). O extrato de pituitária equina é um preparado parcial de gonadotrofina equina que pode ser utilizado em éguas para induzir ovulação (ALVARENGA et al., 2005), antecipar a primeira ovulação do ano em éguas na fase de transição (PERES, 2004), induzir ovulações múltiplas para coleta de ovócitos ou de embriões (ALVARENGA et al., 2005) e para diminuir o intervalo entre a indução e a ovulação, favorecendo, desta forma, o uso de sêmen congelado pela redução do número de doses sem comprometimento da fertilidade (MELO, 2006). Embora o extrato de pituitária equina não induza a formação de anticorpos como a hCG, a heterogeneidade das amostras disponíveis deve ser considerada (PALMER, 1993). Duchamp et al. (1987) demonstraram que uma única administração de 25mg de EPE, na presença de um folículo de 35mm de diâmetro, induziu a ovulação em 75% das éguas no período entre 24 e 48 horas. O EPE tem demonstrado excelentes resultados na indução da ovulação em doses de 10mg, causando a ovulação dentro de 34 a 48 horas após a aplicação (GINTHER, 1992). Porém o tratamento não 210 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF apresenta muito valor prático, visto que as doses necessárias são antieconômicas e poderão provocar ovulações múltiplas, o que é indesejável na égua pelo fato de aumentar a probabilidade da ocorrência de gêmeos e, consequentemente, de abortos (ANDRADE, 1993). A resposta superovulatória de éguas cíclicas ao extrato de pituitária equina é dependente, entre outras, da população folicular no início do tratamento, devendo este começar no início da onda folicular, antes do aparecimento do folículo dominante (CARMO, 2003; SQUIRES et al., 2004). O extrato de pituitária equina induz a uma boa resposta superovulatória, porem os índices de recuperação e a viabilidade embrionária destes, ainda são baixos e pouco consistentes (ALVARENGA et al., 2001; SCOOGGIN et al., 2002; CARNEIRO, 2003). O FSH é o hormônio responsável pelo crescimento dos folículos ovarianos ou de Graaf. Este hormônio na presença do LH estimula a produção de estrógeno (HAFEZ, 2000) através de sua ligação às células da granulosa, inclusive dos folículos pré-antrais e o estradiol por sua vez estimula a produção de mais células da granulosa e aumenta a sensibilidade às gonadotrofinas. Sendo assim, o FSH através do estrógeno é um potente estimulante folicular (GINTHER, 1992). O FSH é parcialmente purificado na hipófise equina que apresenta uma taxa de FSH:LH de 10:1 e pode ser utilizado com as mesmas finalidades que o extrato de pituitária equina. Este apresenta como vantagens o aumento do número de embriões recuperados por lavado (ALVARENGA et al., 2003; MACHADO, 2004; PERES et al., 2007), a diminuição dos custos da transferência de embriões (ALVARENGA et al., 2003) e a antecipação da estação reprodutiva em 11,5 dias (PERES et al., 2007). Além disso, ele não interfere na ciclicidade da maioria das éguas após o tratamento (PERES, 2004), embora tenha sido relatado um maior período de tempo para a ocorrência da segunda ovulação após o tratamento em relação ao grupo não tratado (PERES et al., 2007). 3.CONCLUSÃO A hormonioterapia vem sendo estudada frequentemente nas ultimas décadas, seu avanço significativo vem favorecendo o Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 211 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA aperfeiçoamento de técnicas reprodutivas e surgimento de novas pesquisas. O melhoramento da eficiência reprodutiva de animais de alto valor genético vem aumentando os lucros, agregando valores e benefícios para o médico veterinário e para o proprietário. Para obtermos bons resultados na manipulação hormonal, é de extrema importância o conhecimento do ciclo reprodutivo, regulação endócrina, e função de cada hormônio. Os hormônios nem sempre tem seu mecanismo de ação 100% esclarecido, sendo necessário que os profissionais estejam sempre atentos as novas descobertas, para que possam obter sucesso na aplicação hormonal. 4.REFERÊNCIAS ADAMS, G.P.; BOSU, T.K. Reproductive physiology of the nonpregnant mare. Veterinary Clinics of North America: Equine Pratice, v.4, n.2, 1998. p.161-75. ALLEN, W.R., COOPER, M.J. Prostraglandins. In: McKinnon, A.O. & Voss, J.L. Equine Reproduction. Malvern: Lea & Febiger, 1993. p.69-80. ALVARENGA, M. A; CARMO, M. T; OLVEIRA, J. V. Transferência de Embriões na Espécie Equina. Botucatu – Sp, Abril, 2010. ALVARENGA, M. 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E-mail:[email protected] RESUMO A leishmaniose é uma zoonose, que está presente em todo o mundo e vem fazendo cada vez mais vitimas, isso devido a fala de orientações básicas como saneamentos de e medicamentos preventivos , no Brasil existem 3 tipos principais de leishmaniose a Braziliense, Amazonense e a Visceral , que possui uma letalidade maior, todos os mamíferos podem ser seu hospedeiro, mas o principal e o cão que quando portador tem que ser sacrificado conforme orientação do ministério da saúde. Palavras-Chaves: Hospedeiro, Letalidade , Zoonose. ABSTRACT Leishmaniasis is a zoonosis, which is present throughout the world and has been doing more and more victims, that due to talk about Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 219 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA basic guidelines as preventive medicines and sanitation, in Brazil there are 3 main types of leishmaniasis the Braziliense, Amazonense and Viceral, that has a greater lethality, all mammals can be its host, but the principal and the dog that when positive has to be sacrificed as guidance of the Ministry of health. Key Words: Host, Lethality, Zoonosis. 1.INTRODUÇÃO A leishmaniose é uma infecção zoonótica que afeta animais e o ser humano, causada por protozoário flagelado do gênero Leishmania sp (NEVES, 2006). Antigamente era considerada como uma doença rural e de ambientes silvestres, mas sendo hoje contraída em zonas suburbanas e urbanas (SILVA, 2009). É uma doença que além de infectar diversas espécies de animais, sendo elas cães, animais silvestres, como roedores, infecta principalmente o homem e raramente equinos e gatos. A forma de evolução pode ser de aguda a grave, levando o animal a óbito em poucas semanas ou dias. Quando essa evolução é lenta, o animal pode apresentar ou não sinais e sintomas específicos, podendo ocorrer à cura espontânea em animais que possuem a doença em torno de dois anos no organismo (SILVA, 2009 e GENARO, 1993). Nos hospedeiros sendo eles mamíferos, os parasitas assumem a forma amastigota, ou seja, quando não possui flagelo, arredondada e imóvel medindo cerca de 3 a 6 µm, onde se multiplicam obrigatoriamente dentro de células do sistema monocítico fagocitário, especialmente macrófagos. À medida que as formas amastigotas vão se multiplicando, os macrófagos se rompem liberando parasitas que são fagocitados por outros macrófagos. Nos vetores, as formas promastigotas, ou seja, possui flagelo, medem cerca de 15 a 23 µm, vivem no meio extracelular, na luz do trato digestivo. Ali, as formas amastigotas, ingeridas durante o repasto sanguíneo, se diferenciam em formas promastigotas que são posteriormente inoculadas na pele dos mamíferos durante a picada. Quanto aos insetos vetores, são dípteros da subfamília Phlebotominae, pertencentes aos gêneros Lutzomyia – no Novo Mundo, e Phlebotomus – no Velho Mundo ou conhecidos popularmente como “mosquito palha”, ou flebotomíneo, transmitidos sempre pela 220 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF fêmea do mesmo. Esses vetores possuem hábitos de vida variados, mas em formas de larvas, ou seja, imaturas, vivem em ambientes onde possuem pouca luminosidade, rico em material orgânico ou inorgânico e em terrenos úmidos (SILVA, 2009 e ARRUDA, 2009). As Leishmanias podem ser classificadas em dois grupos distintos, dependendo da espécie do parasito, sendo elas Leishmania viceral que acomete os órgãos internos e a Leishmania Tegumentar acometendo pele e mucosas. Estima-se que as Leishmanias apresentam uma prevalência de 12 milhões de casos no mundo, sendo distribuídas em mais de 80 países e presente nos quatro continentes (ARRUDA, 2009). Mas o maior índice de concentração está nas proximidades do Caribe, em regiões da África subsaariana e no Brasil (BOWMAN, 2010). O presente trabalho tem como objetivo relatar sobre a Leishmaniose Tegumentar e Visceral, sendo uma zoonose que está ligada diretamente com a saúde pública e as condições socioeconômicas debilitadas. A mesma precisa ser prevenida e controlada com antecedência, para que não ocorra o óbito de pacientes. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 LEISHMANIOSE TEGUMENTAR A Leishmaniose Tegumentar é uma enfermidade de evolução crônica, que acomete a pele e mucosas de forma localizada ou difusa, provocada pela infecção das células do sistema monocítico fagocitário, especialmente os macrófagos. À medida que o parasita circulava entre os animais silvestres através dos vetores (flebotomíneos), infectava homens que circulavam por dentro das matas, ou em áreas agrícolas, como diversas plantações (ARRUDA, 2009). A maior concentração de casos já registrados da Leishmaniose Tegumentar está localizado na região Norte do Pará e maranhão, onde a cada mil habitantes cerca de 20 a 100 habitantes estão infectados, é na região Sul do Brasil, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, são as regiões onde possuem menor índice de infestação (ARRUDA, 2009). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 221 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA No Brasil, existem cerca de sete espécies de leishmanias envolvidas nos casos de Leishmaniose Tegumentar, mas as principais são as Leishmania Braziliensis Amazonensis (SILVA, 2009). A Leishmania Brasiliensis está presente em todas as regiões do país, possuindo sua forma cutâneo ou cutânea-mucosa. As principais espécies de animais que servem de reservatórios para os vetores ainda não estão totalmente esclarecidas, mas estão presentes em ambientes rurais, periurbanos e urbanos, onde animais domésticos estão envolvidos em ciclos de transmissões. Já a Leishmania Amazonensis, está localizada principalmente na Bacia Amazônica e nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste os índices são menos frequentes. Está sob a forma cutânea difusa, se apresentando em forma de lesões únicas ou numerosas. Os principais reservatórios dessa doença são roedores e marsupiais (ARRUDA, e SILVA, 2009). O vetor da Leishmaniose Tegumentar é a fêmea do mosquito Lutzomyia, também conhecidos popularmente como mosquito-palha, birigui, cangalhinha, bererê, asa-branca ou asa-dura. São de tamanho pequeno e vivem em locais úmidos e escuros, preferindo regiões onde há acúmulo de lixo orgânico, e movem-se por meio de vôos curtos e saltitantes, portanto, dependendo da área endêmica de uma determinada região da cidade, por possuirem vôos curtos, outra região da mesma cidade pode não ser acometida (MARTINS, 2004). Sendo uma zoonose, os hospedeiros definitivos da Leishmaniose Tegumentar são os cães, homens e animais silvestres (ARRUDA, 2009). Nos seus hospedeiros as formas amastigotas são encontradas parasitando células do sistema mononuclear fagocitário (SMF), principalmente macrófagos. No homem, localizam em órgãos linfóides como a medula óssea, baço e linfonodos. Órgãos como fígado, são também densamente parasitados. Já os rins e intestino são parasitados com menor frequência. Mas raramente podem ser encontradas no sangue e no interior de leucócitos. E seu hospedeiro intermediário é o mosquito-palha, encontrando-se as formas promastigotas e paramastigos no lúmem do trato digestivo (SILVA, 2009). 2.1.1 DIAGNÓSTICO Classicamente, as lesões da Leishmaniose Tegumentar, são bem delimitadas, estando expostas sobre a pele, possuem formas 222 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF arredondadas ou ovaladas com consistência firme, são ulceradas e indolores. Infecções bacterianas ou fúngicas secundárias podem estar presentes causando assim a dor. Em pacientes que procedem em áreas endêmicas, o diagnóstico laboratorial é fundamental, pois é um tipo de lesão patognomônica, ou seja, outros tipos de doenças podem provocar as mesmas lesões (ARRUDA, 2009). 2.1.3 PREVENÇÃO E CONTROLE As medidas preventivas podem ser individualmente ou coletivamente, evitando um maior risco de transmissão da doença. O manejo ambiental por meio de limpezas de terrenos, quintais e áreas pré-dispostas, alterando as condições favoráveis de criadouros das formas imaturas dos vetores (BRASIL, 2010). Implantar condições de saneamento evitando o acúmulo de lixo, ou seja, matéria orgânica e de detritos que possam atrair roedores e pequenos mamíferos somados as melhorias das condições habitacionais (ARRUDA, 2009). Recomendam-se medidas de atuação na cadeia de transmissão, como controle dos flebotomíneos, dos reservatórios animados e inanimados, dos hospedeiros silvestres, medidas educativas e administrativas (REBELO, 1999). 2.2 LEISHMANIOSE VISCERAL A Leishmaniose Visceral, ou Calazar é uma doença sistêmica grave que atinge homens e animais, parasitando principalmente as células do sistema monocítico fagocitário, ou seja, os macrófagos. Sua distribuição é mundial, possuindo um amplo aspecto epidemiológico. Na América Latina a Leishmaniose Visceral está presente em 12 países, sendo que 90% dos casos ocorrem no Brasil (ARRUDA, 2009). Desde então, a transmissão da doença vem sendo descrita em vários municípios, de todas as regiões do Brasil, exceto na região Sul. A doença ocorre em zonas rurais, periurbanas e urbanas de grandes centros comercias, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Araçatuba, Corumbá, entre outras. Registra-se que dos 27 estados brasileiros, 19 estão registrados com a doença. A doença em cães, desde seu primeiro registro já foi detectada Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 223 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA em mais de 40 municípios do estado de São Paulo, onde seis são as mais administrativas: Araçatuba, Bauru, Marília, Centro de São Paulo e São João da Boa Vista. E em seres humanos, os registros são das cidades de Araçatuba, Bauru, Marília, Presidente Prudente e Jaú (NEVES, 2006). Os cães podem ser naturalmente infectados por essa variedade, desenvolvendo leishmaniose visceral, sendo eles os animais mais afetados de todo mundo, porém a Leishmania já foi vista na medula óssea de um gato na região da Argélia, nos equinos foram encontrados no baço na região da Uganda e lesões cutâneas na região do Sudão, além de casos em ovinos nos Estados Unidos (SILVA, 2009). Os agentes causadores da Leishmaniose Visceral são protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania, do subgênero Leishmania, contendo três espécies principais que são Leishmaniose Donovani, Chagasi e Infantum. Estando presentes no continente Asiático, Américas e na Europa e Ásia, respectivamente (ARRUDA, 2009). Como na Leishmaniose Tegumentar, os hospedeiros definitivos são os cães, humanos e animais silvestres e o vetor da Leishmania Visceral é os insetos flebotomíneos. No Brasil, existem duas espécies principais que estão relacionadas com a transmissão do parasito, a Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi. (ARRUDA, 2009). Este é um pequeno mosquito de 2 a 3 mm de comprimento que possui hábitos peridomésticos e intradomiciliares, que seu ciclo larval não se faz na água (SILVA, 2009). O Lutzomyia longipalpis é um inseto que suga várias espécies de animais, sendo que o período de maior intensidade de atividade diária possa variar de local para local, normalmente ocorre de 18 a 22 horas. O inseto pode fazer um ciclo em cerca de 30 dias e o seu período de vida como adulto pode chegar a 29 dias, ou seja, seu período larval é de apenas um dia. Cada fêmea pode depositar cerca de 70 ovos num período de oito dias a cada ovoposição, aonde elas vão se tornarem infectantes de três a quatro dias após o repasto sanguíneo contaminado (SANTA ROSA e OLIVEIRA, 1997). O vetor invade habitualmente as casas de zonas rurais, áreas urbanas e periferia de cidades grandes, vivendo em vegetações de encostas desmatadas dos morros. Quando não possui uma temperatura e umidade ambiental favorável, os mesmos abandonam estes locais e picam indiscriminadamente os animais ou o homem. 224 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Nas regiões semi-áridas, como possui estações chuvosas, bem marcada, são nesse período que ocorre a maior multiplicação dos insetos (SILVA, 2009). 2.2.1 DIAGNÓSTICO As manifestações clínicas são febre por longos períodos de tempo, anemia, perda progressiva de peso e caquexia em seu estágio final, além de verifica-se atrofia muscular que inicialmente começam nos músculos das fossas temporais, seguida, sucessivamente, pelo resto da musculatura do corpo. Muitos animais apresentam diminuição da atividade física, onde está associada a distúrbios de locomoção, que podem ser decorrentes de neuralgia, poliartrite, fissuras nos coxins, úlceras interdigitais, ou mesmo lesões osteolíticas e periostite proliferativa, além do crescimento exacerbado das unhas (SILVA, 2009). Dependendo das condições clínicas do animal, eles podem ser classificados como assintomáticos, oligossintomáticos quando possuem um ou dois sintomas e polissintomáticos contendo três ou mais sintomas. O diagnóstico laboratorial é o mais favorável, realizando exames parasitológicos e sorológicos (ARRUDA, 2009). 2.2.2 PREVENÇÃO E CONTROLE O Ministério da Saúde prioriza como medida de controle três ações básicas que são: Diagnóstico e tratamento dos casos em humanos, controle de vetores e eliminação dos cães positivos. O controle é feito a partir da limpeza de quintais e terrenos, educação sanitária de uma determinada população e a eliminação dos animais positivos é um ponto controverso já que, o cão é o principal reservatório da doença fora de ambientes silvestres (NEVES, 2006). 2.2.3 CICLO EVOLUTIVO Ao picar o hospedeiro definitivo já infectado, o inseto ingere juntamente com o sangue, as células do sistema monocítico fagocitário, especialmente macrófagos, onde estão parasitados pelas Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 225 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA formas amastigotas. Durante o tempo em que o sangue ingerido permanece no lúmen intestinal do vetor, as células parasitadas se rompem, liberando as formas amastigotas. Estas sofrem sua multiplicação e então se transformam em promastigotas que irão se adaptar a formas fisiológicas do organismo. As formas promastigotas multiplicam através de divisão binária, onde uma célula mãe da origem a duas novas células idênticas. Estas se transformam em paramastigotas que são encontradas aderidas no epitélio do esôfago e faringe. Posteriormente, ocorre nova transformação para promastigotas que são extremamente ágeis e de nado livre. Ao exercer novamente o repasto sanguíneo sobre um hospedeiro não infectado, ou seja, o homem, cão ou animais silvestres, o flebotomíneo inocula as formas promastigotas presentes na probóscida, faringe e esôfago (BOWMAN, 2010). No local em que ocorreu a picada do inseto vetor, as formas promastigotas injetadas são fagocitadas pelos macrófagos e no interior dos macrófagos, as formas promastigotas se transformam rapidamente em amastigotas, onde as mesmas iniciam sua multiplicação através de divisões binárias no interior dos macrófagos. Quando os macrófagos estão intensamente parasitados, sua membrana é rompida liberando as amastigotas que são fagocitadas novamente por outros macrófagos (NEVES, 2000). O ciclo de vida destes insetos possui os seguintes estágios: ovo, larva, pupa e adulto. As fêmeas posturam os ovos diretamente no solo, em locais úmidos, sombreados e ricos em matéria orgânica em decomposição. O aumento da quantidade de flebotomíneos está relacionado com os meses quentes e chuvosos, pois as chuvas agem modificando as condições de umidade do solo. Outros fatores a serem considerados são as transformações do meio ambiente causada pelo desmatamento, modificação da vegetação nativa e ocupação inadequada da população em encostas, favorecendo o aparecimento de focos de vetores cada vez mais próximo dos domicílios facilitando a transmissão da doença ao homem (BRASIL, 2012). 2.3 CONCLUSÃO Com o acervo de livros e pesquisa em vários sites, verificou-se que a leishmaniose, vem se espalhando cada vez mais em diversos 226 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF municípios, isso devido à falta de orientação por partes de nossos governantes e a falta de conscientização da população, em relação à prevenção de nossos animais e o saneamento de terrenos desocupados e praças mal conservadas, onde se localizam os maiores criatórios do mosquito palha, atualmente a forma de controle e prevenção é controversa, mas com a elaboração de novos trabalhos e pesquisas neste assunto podemos cada vez mais proporcionar uma tratamento e uma prevenção favorável a todos, tanto para o homem quanto para os animais. 2.4 REFERÊNCIAS ARRUDA, M. M. Leishmanioses. Brasília-DF. 2009. Disponível em: http://www.zoonoses.org.br/absoluto/midia/imagens/zoonoses/ arquivos_1258562831/6365_crmv-pr_manual-zoonoses_ leishmanioses.pdf. Acesso em: 10/03/2014. BROWMAN, D. D. Parasitologia Veterinária. 9ª Edição. Editora Elsevier. Rio de Janeiro, 2010. BRASIL, Estado de Santa Catarina. Leishmaniose Tegumentar Americana. Abril, 2012. Disponível em: http://www.dive.sc.gov.br/ conteudos/zoonoses/Vetores/leishmanioses/Leishmaniose_ Tegumentar_Americana_Para_populacao.pdf. Acesso em: 09/03/ 2014. BRASIL, Ministério da Saúde. Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana. Editora do Ministério da Saúde. Brasília, 2010. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ manual_vigilancia_leishmaniose_tegumentar_americana.pdf. Acesso em: 08/03/2014 GENARO O. Leishmaniose visceral canina esperimental. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 1993. NEVES, V. L. F. C. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral Americana do Estado de São Paulo. São Paulo, 2006. Disponível em: ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/zoo/ lva06_manual.pdf. Acesso em: 05/03/2014. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 227 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA NEVES, D. P. Parasitologia humana. 10 ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2000. MARTINS, L.M. ; ROBÊLO, J.M.M. ; SANTOS, M.C.F.; COSTA, J.M.L; SILVA, A.R.; FERREIRA, L.A. Ecoepidemiologia da leishmaniose tegumentar no Município de Buriticupu, Amazônia do Maranhão, Brasil, 1996 a 1998. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2004. REBELO, J.M.M. Flebótomos vetores das leishmanioses. Manual para técnicos e profissionais de Saúde. São Luis: Universidade Federal do Maranhão/Ministério da Saúde. 1999. SANTA ROSA, I. C. A.; OLIVEIRA, I. C. S. Leishmaniose visceral: breve revisão sobre uma zoonose reemergente. Clínica veterinária. Ano II, n. 11, p. 24-28, 1997. SILVA, F. K. A. Leishmaniose Visceral Canina. Recife-PE, 2009. Disponível em: file:///G:/Meus%20documentos/Downloads/ leshimaniose%20ufrj.pdf. Acesso em: 05/03/2014. 228 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF LEPTOSPIROSE – REVISÃO DE LITERTURA Lara C. Alcalde ANDRADE1 Angélica C. Mourão GUIMARÃES2 Vanessa ZAPPA3 1 Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da FAEF - Garça – SP – Brasil. e-mail:[email protected] 2 Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária da FAEF - Garça – SP – Brasil. 3 Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEF - Garça – SP – Brasil. RESUMO A leptospirose é uma doença infecciosa febril, causada por espiroquetas patogênicas do gênero Leptospira, podendo afetar o homem e os animais. Existem diversos sorotipos de Leptospira, na qual apresenta sensibilidade a qualquer tipo de desinfetante. O principal animal reservatório das leptospiroses é o rato. São apresentadas em três formas: superaguda, subaguda, crônica. Os animais podem se contaminar pelas mucosas dos olhos, vias digestivas e genitais, como também por lesões na pele. A profilaxia das leptospiroses deve ser feita de modo a impedir que o homem e os animais entrem em contatos com seres infectados. Existem vacinas somente para alguns sorotipos. Palavra-chave:Leptospira, zoonose, infecciosa. Tema central:Medicina Veterinária ABSTRACT Leptospirosis is a febrile infectious disease caused by pathogenic Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 229 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA spirochetes of the genus Leptospira, which can affect humans and animals. There are several serotypes of Leptospira, which shows sensitivity to any kind of disinfectant. The animal main reservoir of leptospirosis is the mouse. Are presented in three forms: peracute, subacute, chronic. Animals can contaminate the mucous membranes of eyes, digestive tract and genitals, as well as by skin lesions. Prophylaxis of leptospirosis should be taken in order to prevent humans and animals coming into contact with infected beings. Vaccines exist only for some serotypes. Keyword: Leptospira, zoonotic disease, infectious. 1. INTRODUÇÃO A leptospirose é uma doença infecciosa febril, pode ser aguda ou crônica, de evolução clinica frequentemente inaparente, que afeta o homem e os animais e evolui a abortos, hematúria, anemia e icterícia (BEER,1999). As leptospiras pertencem à ordem Spirochaetales, família Leptospiraceae e gênero Leptospira, que compreende duas espécies: L. interrogans e L. Biflexa (VERANESI e FOCACCIA, 2002). Os agentes morrem velozmente pela ação do calor. As temperaturas entre 76 e 96ºC tem ação letal imediata, aos 50ºC morrem em 10 até 35 minutos. Na urina com ph neutro ou ligeiramente básico resistem durante 24 horas, na urina ácida morrem em instantes. Em água de chuva contaminada as leptospiras sobrevivem até 18 dias. O leite desenvolve rápida ação letal. Apresenta acentuada sensibilidade frente a toda classe de desinfetante (BEER,1999). As leptospiras são eliminadas na urina e penetram no corpo através da pele machucada ou de mucosas intactas. A transmissão também ocorre por feridas de mordidas; contato venéreo; via transplacentaria; e ingestão de tecidos, solo, água, panos de cama, alimentos contaminados e outros fomitos (NELSON e COUTO, 2001). O periodo em que a bacteria permanece encubada no animal dura 4 – 12 dias (SILVA, 2007). É uma doença endemica em regiões de clima tropical, onde ocorre principalmente os seus surtos durante o periodo da chuvas, onde ocorre áreas alagadas (DAHER et. al, 2010). 230 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Constitui uma das mais importantes zoonoses do nosso meio (VERANESI e FOCACCIA, 2002). O tratamento da leptospirose deve ser feito através da antibioticoterapia e o tratamento de suporte. Os principais antibioticos de escolha para a doença são: Na fase de leptospiremia é utilizada penicilina G procaína utilizando a dose de 40.000 UI/Kg a 80.000 UI/Kg de 12 em 12 horas e na fase de leptospiruria a doxiciclina utilizando a dose de 2,5 a 5,0 mg/kg de 12 em 12 horas durante duas semanas (SILVA, 2007). O presente trabalho objetiva realizar uma revisão de literatura sobre a leptospirose, demonstrando a transmissão, os sinais clínicos, diagnósticos e o tratamento. 2. DESENVOLVIMENTO A Leptospirose é uma doença febril, generalizada, causada por espiroquetas patogênicas do gênero leptospira, podendo afetar o homem, animais domésticos e selvagens, sendo caracterizada por uma vasculite generalizada. As leptospiras perencem à ordem Spirochaetales, família Leptospiraceae e gênero leptospira, que compreende duas espécies: L. interrogans e L. biflexa (VERANESI e FOCACCIA, 2002). As leptospiras são espiroquetas móveis e filamentosas (NELSON e COUTO, 2001). As leptospiras são individualizadas em sorotipos ou sorovares baseada em suas características antigênicas (VERANESI e FOCACCIA, 2002). A virulência das leptospiras patogênicas está submetida a grandes variações (BEER, 1999). A sobrevivência de leptospiras no ambiente depende principalmente de umidade, temperatura elevada e pH levemente alcalino (Blazius et al., 2005). As leptospiras são bastante sensíveis à luz solar, aos anti-sépticos e aos desinfetantes comuns (BIAZOTTI, 2006). O principal animal reservatório das leptospiroses é o rato, sendo considerado um dos principais responsáveis pela transmissão ao homem. Por ocorrer no mundo inteiro da sua presença faz com que a leptospirose não conheça limites geográficos, sendo, portanto, de distribuição universal (VERANESI e FOCACCIA, 2002). Os casos clínicos são diagnosticados mais comumente no verão e Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 231 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA no inicio do outono. Alterações clinicopatologicas e radiograicas múltiplas não especificas ocorrem em cães com leptospira e variam conforme o hospedeiro, do sorotipo e da doença ser superaguda, subaguda ou crônica (NELSON e COUTO, 2001). As leptospiras são eliminadas pelo animal hospedeiro infectado contínua ou periodicamente com a urina (BEER, 1999). Alguns cães eliminaram a infecção 2 a 3 semanas após a exposição sem qualquer tratamento. Os gatos podem eliminar o microrganismo para o meio ambiente por períodos de tempo variáveis após a exposição (NELSON e COUTO, 2001). Os agentes causais entram no organismo pelas mucosas dos olhos, vias digestivas e genitais, bem como por lesões na pele (BEER, 1999). A transmissão ao homem pode ocorrer por contato com sangue, tecidos, órgãos ou urina de animais infecados ou, indiretamente, através do contato com a água ou solo contaminado com a urina dos animais portadores. A transmissão acidental em laboratórios também pode ocorrer, e a mordedura de ratos pode casualmente ser responsável pela transmissão. A via transplacentária pode ocorrer no homem e nos animais (VERANESI e FOCACCIA, 2002). Após entrarem pelas mucosas ou pele, as leptospiras a corrente sanguínea e, rapidamente, adentra todos os órgãos e tecidos do organismo, incluindo o liquor e os olhos, porém com localização especial em determinados órgãos, particularmente fígado, rins, coração, musculo esquelético (VERANESI e FOCACCIA, 2002). Os agentes são encontrados no sangue e órgãos parenquimatosos aos 8 dias após a infecção (fase septicêmica). A atividade hemotóxica de determinados tipos provoca, especialmente, a degradação de eritrócitos (BEER, 1999). Em cães a icterícia aparece a partir do quarto dia da doença, primeiro são coradas as mucosas conjuntiva e bucal. Estendendo-se a região abdominal inferior e a face interna das extremidades posteriores. A urina aparece corada de coloração castanha (BEER,1999). As infecções superagudas podem rapidamente evoluir para óbito antes de doença hepática ou renal acentuada ser identificada (NELSON e COUTO, 2001). Poliuria, polidipsia, perda de massa, ascite e sinais de encefalopatia 232 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF hepática causada por insuficiência hepática são manifestações comuns de leptospirose crônica (NELSON e COUTO, 2001). Febre, depressão e sinais clínicos ou achados do exame físico compatíveis com síndrome hemorrágica, doença hepática, doença renal ou uma combinação de doença hepática e renal são comuns em cães infectados de forma subaguda (NELSON e COUTO, 2001). As leptospiras podem ser observadas na urina dos animais domésticos, examinando ao microscópio em campo escuro amostras recentemente obtida de urina natural, sem centrifugar, adicionando 0,5% de formalina, assim como investigando esfregaços de sedimento urinário com a RIF (BEER,1999). A detenção de anticorpos anti-leptospira por teste de aglutinação microscópica (TAM), ensaio imunoabsorvente ligado a enzima (ELISA; IgM e IgG) ou teste de aglutinação microcapsular microscópica pode ser utilizada para documentar a exposição a Leptospira spp. (NELSON e COUTO, 2001). O tratamento terapêutico vai depender do estágio da infecção e dos sinais apresentados, o tratamento inicia-se com fluidoterapia, e após o controle da desidratação, administrar antibióticos como as Penicilinas, e até transfusão sanguínea em casos mais severos, como anemia (SCHMITT e JORGENS, 2011). A profilaxia das leptospiroses deve ser feita de modo que o homem são não entre em contato com a água ou animais contaminados, assim como controlar os animais portadores, especialmente os roedores, animais domésticos e outros (VERANESI e FOCACCIA, 2002). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Através deste trabalho conclui-se que a Leptospirose é uma zoonose de grande importância, tendo o rato como principal vetor e sendo transmitida pela sua urina, podendo causar a morte do animal infectado. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA BLAZIUS, R. D.; ROMÃO, P. R. T.; BLAZIUS, E. M. C. G; SILVA, O. S. Ocorrência de cães errantes soropositivos para Leptospira spp. na Cidade de Itapema,Santa Catarina, Brasil. 2005. Disponivel em: Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 233 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA <http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n6/36.pdf >. Acesso em : 14.mai.2012. BEER, J. Doenças infecciosas em animais domésticos. São Paulo. Editora Roca Ltda. 1999. p. 305 – 321. BIAZOTTI, Ricardo. Leptospirose canina. 2006. Disponível em: <http://www.qualittas.com.br/principal/uploads/documentos/ Leptospirose%20Canina%20-%20Ricardo%20Biazotti.PDF> Acesso em: 22. Mar. 2013. DAHER, E. F.; ABREU, K. L. S.; JUNIOR, G. B. S. Insuficiência renal aguda associada à leptospirose. 2010. Disponivel em: <http:// www.scielo.br/pdf/jbn/v32n4/v32n4a10.pdf>.Acesso em: 10. Abr. 2014. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais. 2 ed. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan S. A. 2001. p. 1002 – 1003. SCHMITT, C. I.; JORGENS, E. N. Leptospirose em cães: uma revisão bibliográfica. 2011. Disponível em: <http://www.unicruz.edu.br/ seminario/artigos/saude/LEPTOSPIROSE%20EM%20C%C3%83ES%20%20UMA%20REVIS%C3%83O%20BIBLIOGRAFICA.pdf> Acesso em : 22. Mar. 2013. SILVA, L. G. Leptospirose Canina. 2007. Disponivel em: <http:// qualittas.com.br/uploads/documentos/Leptospirose%20Canina%20%20Livia%20Gonsalves%20da%20Silva.PDF> Acesso em : 10. Abr. 2014. VERONESI, R.; FOCACCIA, R. Leptospiroses. Tratado de infectologia. 2 º edição. São Paulo. Editora Atheneu. 2002. p.1007- 1021. 234 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF LEPTOSPIROSE, UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA – REVISÃO DE LITERATURA Fabrício Zoliani de ARAUJO ¹ Fernanda Saules IGNÁCIO ² 1 Discente do curso de Medicina Veterinária e Zootecnia da FAEF / SCEG – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] ² Docente do curso de Medicina Veterinária e Zootecnia da FAEF / SCEG – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO A leptospirose é uma doença infecciosa, sistêmica, aguda e febril causada pela bactéria do gênero Leptospira. É uma importante zoonose, amplamente difundida que tem os roedores como principais reservatórios. A infecção é adquirida pelo contato com a urina de animais infectados. Período de incubação de dois dias a quatro semanas, geralmente inicia-se com febre, seguida de calafrios, cefaléia, dores musculares, vômitos ou diarréia. O paciente pode recuperar-se e mais tarde evoluir para segunda fase da infecção caracterizada por insuficiência renal, hepática e até meningite. Cães podem apresentar infecção subclinica ou quadro agudo e febril, com complicações entéricas, hepáticas e renais. No homem, manifestações variam desde infecções inaparentes até a forma íctero-hemorrágica, conhecida como “doença de Weil”. Palavras-chave: Doença de Weil, Leptospirose, Zoonose. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 235 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Leptospirosis is an infectious, systemic, acute, febrile disease caused by bacteria of the genus Leptospira. It is an important zoonosis, which has widespread rodents as main reservoirs. Infection is acquired by contact with the urine of infected animals. Incubation period of two days to four weeks, usually begins with fever, followed by chills, headache, muscle aches, vomiting or diarrhea. The patient can recover and later progress to the second stage of infection characterized by renal, hepatic failure and even meningitis. Dogs may have subclinical or acute infection and fever with enteric, hepatic and renal complications. In humans, manifestations range from inapparent infections to icterohemorrhagic form, known as “Weil’s disease”. Keywords: Weil’s disease, Leptospirosis, Zoonosis. 1. INTRODUÇÃO A leptospirose é uma doença infecciosa, sistêmica, aguda e febril causada por uma bactéria espiroqueta do gênero Leptospira (RADIN et al.; 2009). Constitui uma das mais importantes zoonoses do nosso meio, comum em áreas subtropicais e tropicais úmidas, amplamente difundida (VERONESI e FOCACCIA, 2002) e de grande importância em saúde pública principalmente pela sua forma de contágio, dificuldade de controle de seus principais reservatórios, os roedores, por, na maioria das vezes, ser uma doença que não provoca sinais clínicos e ser causada por vários sorovares. 1 A principal fonte de infecção é através do contato direto ou indireto com a urina de animais infectados, por onde disseminam leptospiras no ambiente contaminando o solo, a água e alimentos destinados ao consumo humano e animal (RADIN et al.; 2009). O presente trabalho visa revisar os tópicos mais relevantes da leptospirose como um problema de saúde pública. 2. DESENVOLVIMENTO Registros da doença são muito antigos, a primeira descrição de 236 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF uma icterícia infecciosa foi feita por Hipócrates e, no Cairo, um médico militar francês chamado Larrey detectou e diferenciou a doença em 1800 no exército napoleônico onde foram observados dois casos de icterícia infecciosa (MORIKAWA, 2010). Em 1886, Weil descreveu a doença em pacientes que apresentavam icterícia, nefrite e fenômeno hemorrágico e, poucos anos depois, em 1907, Stimson, visualizou pela primeira vez o microrganismo em um corte de tecido renal de um paciente falecido durante um surto de febre amarela (VERONESI e FOCACCIA, 2002). Em 1915, no Japão o agente etiológico da leptospirose foi isolado pela primeira vez e em 1917 propôs-se a criação do gênero Leptospira, pelo fato da bactéria possuir forma espiralada. No Brasil, foram descritas pela primeira vez em 1917, quando se constatou a presença do microrganismo em ratos. Em 1940, na cidade do Rio de Janeiro, a presença do agente causador da doença foi constatada em onze cães após a realização da necropsia (MORIKAWA, 2010). A Leptospirose é uma zoonose de ocorrência mundial, causada por bactérias do gênero Leptospira. Trata-se de uma doença infectocontagiosa que acomete o ser humano, animais domésticos e silvestres, amplamente disseminada, assumindo considerável importância como problema econômico e de saúde pública (MORIKAWA, 2010). As leptospiras pertencem à ordem Spirochaetales, família Leptospiraceae e gênero Leptospira, que compreende duas espécies: L. interrogans e L. biflexa. Uma terceira espécie tem sido proposta, mas sua inclusão ainda depende de estudos adicionais. A espécie patogênica para o homem é a L. interrogans (VERONESI e FOCACCIA, 2002). As leptospiras são individualizadas em sorotipos ou sorovares com base nas suas características antigênicas. Dois ou mais sorotipos antigenicamente relacionados formam um sorogrupo. A base taxonômica é o sorotipo ou sorovar (VERONESI e FOCACCIA, 2002). Leptospiras são bactérias espiroquetas, espiraladas, flexíveis e móveis, compostas de um cilindro protoplasmático que se enrola ao redor de um filamento axial central. O envelope externo é composto por lipopolissacarídeos e mucopeptídeos antigênicos (MORIKAWA, 2010). Possuem extremidades dobradas ou em forma de gancho constituídas por um corpo citoplasmático e um axóstilo enrolados Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 237 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA em espiral, envolvidos por uma membrana. Citoplasma envolvido por uma membrana citoplasmática e uma camada de peptidoglicano, formando um complexo membrana citoplasmática-peptidoglicano. O axóstilo é constituído por dois flagelos periplásmicos entre a membrana envolvente e o corpo citoplasmático, responsável pela motilidade da leptospira. São visíveis à microscopia óptica (VERONESI e FOCACCIA, 2002). O principal reservatório das leptospiroses é o rato, Rattus norvegicus, capaz de permanecer eliminando o microrganismo pela urina por toda sua vida. Responsáveis pela transmissão ao homem, sua presença no mundo inteiro faz com que a leptospirose não conheça limites geográficos, portanto, de distribuição universal. Outros animais também estão envolvidos na cadeia epidemiológica. O cão pelo seu hábito domiciliar tem considerável importância na transmissão ao homem devido a sua estreita relação com o mesmo, pode eliminar leptospiras vivas pela urina durante vários meses, mesmo sem apresentar nenhum sinal clinico característico (VERONESI e FOCACCIA, 2002). Os animais peridomésticos e silvestres, constituem também reservatórios importantes de leptospiras, para transmissão da infecção às outras espécies animais e ao homem (NELSON e COUTO, 1992). A infecção por espécies adaptadas ao hospedeiro resulta em infecção subclínica, capazes de eliminar o microrganismo intermitentemente. A infecção por espécies não-adaptadas ao hospedeiro resulta em doença clínica (NELSON e COUTO, 1992). Em países desenvolvidos é considerada uma patologia reemergente e ocupacional, enquanto nos países em desenvolvimento é um problema de saúde pública que necessitam de estrutura sanitária básica. Ineficácia ou inexistência de rede de esgoto e drenagem de águas pluviais e a coleta de lixo inadequada são condições favoráveis à alta endemicidade e a ocorrência de epidemias. Portanto, grupos socioeconômicos menos privilegiados, com dificuldade de acesso à educação e saúde, habitando moradias precárias, em regiões periféricas às margens de córregos ou esgotos a céu aberto, expostos com freqüência a enchentes, são os que apresentam maior risco de infecção (MORIKAWA, 2010). 238 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Nos animais a infecção pode ocorrer por ingestão de alimento ou água contaminados por urina infectada, bem como pela infecção direta por urina dos doentes ou portadores (MORIKAWA, 2010). A transmissão do homem pode ocorrer por contato direto com sangue, tecidos, órgãos ou urina de animais infectados ou através do contato com água ou solo contaminados com a urina dos animais portadores. Transmissão acidental em laboratório também pode ocorrer, e a mordedura de ratos pode, ocasionalmente, ser responsável pela transmissão. A via transplacentária pode ocorrer no homem e nos animais (VERONESI e FOCACCIA, 2002). Humanos envolvidos em serviços de saneamento ambiental apresentam alto risco de contrair a leptospirose, pelo contato direto com ambientes contaminados (MORIKAWA, 2010). Grupos profissionais estão mais expostos ao contágio, tais como trabalhadores de abatedouros, peixeiros, lavradores, criadores de animais, médicos veterinários, mineiros de ouro e carvão, militares durante campanhas em regiões inundadas ou pantanosas, escavadores de túneis, operários de construção civil, lixeiros e trabalhadores de rede de esgoto. Atividades recreacionais podem constituir fontes de aquisição da doença, especialmente a natação, pescarias e as caçadas onde haja água ou solo contaminados. Enchentes e chuvas fortes são grandes fontes favorecedoras do contato do homem com as águas contaminadas. Não existe diferença de suscetibilidade quanto ao sexo, ambos estão igualmente expostos, porém a doença ocorre predominantemente no sexo masculino, fatores hormonais podem contribuir para esta menor incidência no sexo feminino. Atinge com freqüência indivíduos dos 10 aos 39 anos de idade, sendo ainda maior entre os 20 e 29 anos (VERONESI e FOCACCIA, 2002). Exame macroscópico revela fígado grande. A vesícula biliar está geralmente vazia ou com pouca bile suas paredes espessadas por edemas. Os achados de destrabeculação de hepatócitos, são o produto de lesão renal da membrana celular e que se acentua amplamente o período agônico e as horas de morte. Observa-se que as leptospiras, que são microrganismos que usam ácidos graxos como fonte de energia, aderem à membrana celular, o que pode ser interpretado como um passo inicial importante no estabelecimento da infecção leptospirótica. Leptospiras e/ou seus antígenos podem ser detectados aderidos à membrana celular de hepatócitos íntegros Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 239 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA e daqueles soltos das trabéculas. Estes últimos, de maneira semelhante à infecção humana, são visíveis nas fases avançadas da doença. O quadro renal é proeminente na leptospirose, o principal responsável pela morte dos pacientes. A necropsia demonstra rins muito aumentados de volume, superfície externa lisa, e o corte põe em evidência uma cortical espessa, com intensa impregnação biliar, limites precisos, medula congesta, com estrias hemorrágicas. Duas outras constatações merecem reparo no rim. Uma diz respeito à alteração glomerular representada por tumefação e irregularidade da membrana basal com proliferação discreta axial e focos de lesão de pés de células epiteliais. A outra é dada pelos capilares do interstício, que mostram células endoteliais tumefeitas, edematosas, porém, no homem, não separadas entre si. Lesão vascular é visível em pele (contribui para o aspecto rubínico da icterícia, em alguns casos acompanha-se de depósitos plaquetários sobre o endotélio lesado), pulmão (acentuado aumento de permeabilidade capilar, plasma e hemácias extravasam para luz alveolar, dando origem a opacificações) e trato digestorio (a lesão capilar exterioriza-se pelo aparecimento de sufusões hemorrágicas e edema na mucosa gástrica, dando origem a extensas hemorragias em superfície (o mesmo fenômeno é visível, às vezes, no intestino delgado, e o conjunto é responsável, pela hemorragia gastrointestinal e extensa desidratação do paciente, um dos mecanismos da morte, contribuindo para a lesão renal)). Em suma, as leptospiras após penetrarem as barreiras representadas pela pele e mucosas, invadem a corrente sanguínea e se difundem no organismo, afetando múltiplos órgãos produzindo as manifestações da doença. Pode ser considerada como generalizada e sistêmica traduzida principalmente por vasculite infecciosa (VERONESI e FOCACCIA, 2002). Leptospirose pode se desenvolver se não houver imunização prévia. A maioria dos cães com doença clinica superaguda apresentam anorexia, depressão, hiperestesia muscular generalizada, taquipnéia e vômitos, febre, mucosas pálidas e taquicardia normalmente estão presentes, petéquias, equimoses, melena e epistaxe ocorrem freqüentemente por trombocitopenia e coagulação intravascular disseminada. Infecções superagudas rapidamente evoluem para morte antes de doença hepática ou renal acentuada ser identificada. Infecções subagudas em cães causam febre, depressão e sinais clínicos ou achados do exame físico compatíveis com síndrome hemorrágica, 240 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF doença hepática, doença renal ou uma combinação de doença hepática e renal, ocasionalmente conjuntivite, rinite, tonsilite, tosse, dispnéia, insuficiência renal oligúrica ou anúrica. Em alguns cães que sobrevivem à infecção superaguda ou subaguda, desenvolvemse nefrite intersticial crônica ou hepatite ativa crônica com manifestações como: poliúria, polidipsia, perda de peso, ascite e sinais de encefalopatia hepática causada por insuficiência hepática (NELSON e COUTO, 1992). Os suínos e bovinos são mais susceptíveis que os eqüinos, caprinos e ovinos, portanto responsável por consideráveis perdas econômicas, devido a ocorrência de problemas reprodutivos como abortos, retenção de placenta, fetos prematuros, infertilidades e mastites, e conseqüente queda na produção de leite e carne (MORIKAWA, 2010). Em humanos o período de incubação é de três a 13 dias, com extremos de um a 24 dias. Seguindo geralmente uma evolução bifásica. Sendo o primeiro período o de leptospirosemia que se inicia abruptamente após o período de incubação. A febre é alta e remitente, acompanhada de calafrios, cefaléia intensa e mialgia. Os grupos mais freqüentes acometidos são os da panturrilha, podendo afetar os músculos paravertebrais e abdominais, resultando em palpação dolorosa, podendo ser bastante severa. Pode vir acompanhada de sintomas oculares, tais como fotobia, dores ocular e hemorrágica conjuntival. Podendo-se observar dilatação tóxica nãoobstrutiva da vesícula biliar, hemorragias subperitoneais. Os sintomas respiratórios usualmente manifestam por tosse seco ou produtiva, com ou sem escarros hemoptóicos, podendo ocorrer hemoptise franca, dor torácica, desconforto respiratório com cianose, atrito pleural e ausculta pulmonar compatível com consolidação. Lesões cutâneas variáveis, exantemas maculares, máculo-papulares, eritematosos, urticariformes, petequiais ou hemorrágicos. O segundo período é a fase imune, caracterizada pelo recrudescimento da febre, sinais e sintomas em diversos órgãos. Anticorpos específicos começam a ser detectados no soro. Principal manifestação clinica é a meningite, caracterizada por cefaléia intensa, vômitos e sinais de irritação meníngea. Diversas manifestações neurológicas como encefalite, paralisias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos, radiculite, síndrome de Guillain-Barré e mielite. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 241 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Hemorragia cerebral ou meníngea pode ocorrer. Acometimento ocular, caracterizado por uveíte, que pode surgir da terceira semana até um ano após o desaparecimento da sintomatologia, variando de quatro a oito meses. Caracteriza-se por irite, iridociclite e, ocasionalmente, coriorretinite, podendo ser uni ou bilateral, autolimitada, com ou sem episódios recorrentes ou, ainda, como processo crônico, raramente leva à cegueira (VERONESI e FOCACCIA, 2002). A Síndrome de Weil ou Forma Ictérica é a forma grave de leptospirose. A urina é escura. A insuficiência renal, fenômenos hemorrágicos e complicações cardiovasculares são mais comuns. Durante muitos anos, a insuficiência renal aguda foi a principal causa de morte na leptospirose, porém, com o advento dos métodos dialíticos, complicações cardíacas e hemorrágicas tem hoje se constituído nos principais fatores que desencadeiam o óbito. O envolvimento cardíaco como decorrência da miocardite que se instala. Colapso cardiocirculatório e insuficiência cardíaca podem ser encontrados. Alterações da repolarização ventricular, bloqueios atrioventriculares, ritmo juncional, bloqueios de ramo, sobrecargas ventriculares e atriais podem ser encontrados. Clinicamente, hipofenese de bulhas é observada, seguida de ausculta compatível com fibrilação atrial. Fenômenos hemorrágicos são freqüentes, apresentam algum tipo de sangramento de pele e mucosas. Hemorragias pulmonares (podem variar desde simples escarros hemoptóicos até hemorragia pulmonar maciça) e sangramentos gastrintestinais são responsáveis pela morte dos pacientes. O comprometimento pulmonar tem maior intensidade da pneumonite intersticial hemorrágica. Insuficiência respiratória com diminuição da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial, é freqüente nos casos mais graves. Os sinais e sintomas começam decair a partir da terceira ou quarta semana de doença, que pode durar 30 dias ou mais (VERONESI e FOCACCIA, 2002). O diagnóstico é confirmado por exames laboratoriais complementares, através de testes sorológicos, moleculares e bacteriológicos. As técnicas mais comumente utilizadas são: Soroaglutinação microscópica (MAT), indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), possui base diagnóstica formada pela reação de aglutinação entre os anticorpos presentes no soro dos pacientes 242 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e o antígeno-O dos LPS de membrana de vários sorovares, soros dos indivíduos com títulos positivos geralmente apresentam reações cruzadas a uma variedade de sorovares, dificultando a identificação do sorovar infectante; ELISA-IgM, técnica bastante empregada, o teste apresenta sensibilidade e especificidade menores quando comparado com o MAT; Reação em cadeia de polimerase (PCR), detecção e amplificação do DNA de Leptospira sp de diversos tecidos ou fluidos corpóreos, para diagnóstico antes ou após a morte do animal, a limitação está na inabilidade em se identificar o sorovar infectante; Isolamento da bactéria, o isolamento do agente pode ser feito a partir de amostras, principal problema está relacionado à contaminação das amostras por outros microorganismos, inibindo o crescimento da leptospira (MORIKAWA, 2010). O tratamento é baseado em antibioticoterapia específica e tratamento suporte de possíveis complicações do quadro. A penicilina e seus derivados são de escolha para a fase de leptospiremia, mas não elimina o estado portador. A doxiciclina é recomendada para a terapia inicial e para a eliminação do estado portador (MORIKAWA, 2010). Os cães com manifestações de doença grave devem ser tratados com ampicilina (22 mg/kg via intravenosa 3 vezes ao dia) ou penicilina G (25.000 a 40.000 U/kg via intramuscular ou intravenosa 2 vezes ao dia) durante o período de tratamento inicial. Em fase de recuperação administração via oral a amoxicilina (22 mg/kg 2 vezes ao dia) administrada por 2 semanas. Doxiciclina administrada por via oral na dose de 2,5 a 5,0 mg/kg 2 vezes ao dia por 2 semanas seguida por terapia com penicilina deve ser usada para eliminar a fase de carreador renal (NELSON e COUTO, 1992). Na doença grave aguda o paciente deve ficar internado durante o tratamento de suporte; insuficiência renal requer diurese estritamente monitorada (TILLEY e JUNIOR SMITH, 2006). No Brasil, a doença apresenta-se de forma endêmica, cerca de 10.000 casos de leptospirose humana anualmente, com taxa de mortalidade variando de 10 a 15%. As regiões sul e sudeste são as com maior número de casos confirmados de leptospirose humana, nos últimos anos (MORIKAWA, 2010). A profilaxia deve impedir que o homem entre em contato com águas ou animais contaminados, assim como controlar os animais Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 243 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA portadores, especialmente roedores, animais domésticos e outros. As principais medidas para proteger o homem sadio são: (VERONESI e FOCACCIA, 2002). Higienização rigorosa para evitar o contato com a urina infectada, monitorar e remover os cães portadores até que sejam tratados, isolar os animais acometidos durante o tratamento (TILLEY e JUNIOR SMITH, 2006). Os cães infectados devem ser manipulados usando-se luvas, as superfícies contaminadas devem ser limpas com detergentes e desinfetantes (NELSON e COUTO, 1992). Campanhas educacionais com intuito de alertar os grupos ocupacionais de risco sobre o modo de contágio e as conseqüências da doença. Recomenda-se o uso de roupas especiais, luvas, botas à prova d’água, lavagem e desinfecção de ferimentos, evitar certas atividades recreacionais em locais com probabilidade de contaminação. Programas de controle de roedores para impedir a presença e multiplicação desses animais em moradias, depósitos, armazéns, terreno baldios, etc. Medidas de saneamento, como purificação da água e destino adequado aos esgotos, são necessárias no nosso meio. Adoção de medidas concretas que evitem as enchentes durante períodos de chuvas (VERONESI e FOCACCIA, 2002). Limitar o acesso às áreas barrentas/pantanosas, lagoas, áreas de baixada com água superficial estagnada, pastos intensamente irrigados e acesso à vida silvestre (TILLEY e JUNIOR SMITH, 2006). A imunização de animais domésticos, em especial os cães, é disponível e recomendada para que os proprietários vacinem seus animais, vacinação dos cães é de extrema importância como medida preventiva, reduz a prevalência da leptospirose canina e evitar o estado portador. Reduzem a gravidade da doença, mas não o estado de carreador crônico (NELSON e COUTO, 1992). Devem ser vacinados conforme as recomendações atuais da bula; a imunidade induzida pela bactéria dura apenas 6-8 meses e é específica para a sorovariante; revacinação no mínimo anualmente (TILLEY e JUNIOR SMITH, 2006). Vacinas produzidas para o uso humano com leptospiras vivas, preparadas com sorotipos prevalentes em determinada área, têm sido utilizadas em determinadas regiões do mundo em grupos populacionais selecionados (VERONESI e FOCACCIA, 2002). 244 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A leptospirose é uma doença infecto-contagiosa que acomete o ser humano, animais domésticos e silvestres, por exposição a águas contaminadas com urina de animais infectados, amplamente disseminada, importante problema econômico e de saúde publica. O rato doméstico tem papel importante na disseminação das leptospiras em áreas urbanas. Animais peridomésticos e silvestres, também constituem reservatórios importantes para infecção de outras espécies. Implementação de medidas de controle como: investimentos no setor de saneamento básico com melhoria das condições higiênicosanitárias da população, controle de roedores e educação ambiental, auxiliariam na diminuição do potencial zoonotico. Animais domésticos, principalmente os cães, recomenda-se que sejam vacinados. Já a vacinação de humanos é utilizada em algumas regiões do mundo em grupos populacionais selecionados. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MORIKAWA,V.M.Leptospirose. http://www.zoonoses.org.br/ absoluto/midia/imagens/zoonoses/arquivos_1258562903/ 1629_crmv-pr_manual-zoonoses_leptospirose.pdf. Acessado em: 04/ 06/2013. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 2. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992. RADIN, J.; HERNANDES, J. C.; PRESTES, L. F.; RECUERO, A. L. C.; HARTLEBEN, C. P.; BROD, C. S. Leptospirose Humana: Características Epidemiológicas no ano de 2008 na DGE 36. Disponível em: http:/ /www.ufpel.edu.br/cic/2009/cd/pdf/CS/CS_01232.pdf. Acessado em: 04/06/2013. TILLEY, L. P.; JUNIOR SMITH, F. W. K. Consulta Veterinária em 5 minutos : espécies caninas e felinas. 3. Ed. Barueri: Manole, 2006. VERONESI, R.; FOCACCIA, R. Tratado de Infectologia. 2. Ed. São Paulo: Atheneu, 2002. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 245 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 246 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF MANEJO E CONSERVAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES EM CATIVEIRO – REVISÃO DE LITERATURA João Pedro Tosin da SILVA1 Jéssica C. D. MENCK2 Suzana Más ROSA3 1 Discente do curso de Medicina Veterinária da FAEF - Garça – SP [email protected] 2 Discente do curso de Medicina Veterinária da FAEF - Garça – SP. 3 Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – [email protected] RESUMO A criação de animais silvestres auxilia de forma significativa a preservação da fauna e da flora. Os cativeiros devem ser pensados da melhor maneira para que o animal se sinta a vontade e possa viver bem, por isso foram elaboradas técnicas de enriquecimento de ambiente, onde foi comprovada uma grande melhoria no avanço dos animais em relação ao cativeiro, tanto no comportamento quanto na saúde e bem-estar. Por isso devem-se tomar os devidos cuidados para evitar ao máximo mudanças significativas no comportamento dos animais, usufruindo de maneira correta das diversas técnicas existentes para o correto manejo garantindo maior eficiência na preservação. Palavras-chave: Cativeiro, animais, silvestres, conservação e manejo. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 247 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The breeding of wild animals helps significantly, the protection of fauna and flora. The captivity must be thought the best way for the animal to feel comfortable and can live well, so environmental enrichment techniques was elaborated, where was proven a great improvement in the advancement of animals for captivity, both in behavior how on health and well-being. So it is important to take proper care to avoid the most significant changes in the behavior of animals, enjoying the various existing proper way to correct management ensuring greater efficiency in preservation techniques. Keywords: Capitivity, animals, wild, animals, conservation and handling. 1. INTRODUÇÃO De uma maneira geral, todas as espécies da fauna silvestre possuem valores positivos ou trazem benefícios para a sociedade. Muitas pessoas gostam de ver, ouvir e ate caçar espécies dessa fauna, outras, se contentam em apenas saber que essas espécies ainda existem e estão livres da dependência humana. Infelizmente essas mesmas espécies possuem valores negativos, associados aos impactos adversos que elas podem causar como danos a propriedades, à agricultura, a animais domésticos, no caso de predação, ou simplesmente por serem consideradas espécies praga (CULLEN JR et al. 2009). É nesse cenário que a Biologia e a Medicina da Conservação propõem estratégias de amplo espectro de ação, buscando entender os efeitos da atividade humana nas espécies, comunidades e ecossistemas e procurando desenvolver práticas para prevenir a extinção, ao mesmo tempo em que se estudam as múltiplas interações entre patógenos e doenças, e espécies e ecossistemas, promovendo assim a saúde ecológica na natureza e na sociedade por meio da junção da saúde humana, animal e ambiental (CATÃO-DIAS et al., 2007). A manutenção de animais silvestres em cativeiro tem exigido uma boa qualificação profissional em Medicina Veterinária, 248 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF requerendo alguns estudos especializados na área desses animais. Além disso, é necessário o conhecimento sobre o comportamento dos animais em vida livre para que sejam tomadas algumas medidas que possibilitem a adaptação ao cativeiro (COELHO, 1995). O objetivo deste trabalho é mostrar como se pode proporcionar um ambiente adequado para espécies que não podem mais viver em seu habitat natural e as técnicas necessárias para não provocar comportamentos negativos ao animal, melhorando intensamente o seu bem-estar. 2. DESENVOLVIMENTO Como resultado principalmente da ação humana, a diversidade biológica que habita o planeta terra esta vivendo uma onda de extinções sem precedentes, o aspecto mais dramático dessa crise ambiental é a forma irreversível da extinção de uma espécie. Todas as outras agressões ao meio ambiente podem ser reversíveis ou minimizadas, mas uma extinção é para sempre (CULLEN JR et al., 2009). O Brasil detém uma diversidade biológica e cultural muito significativa em termos mundiais, destacando-se também, nesse cenário, a diversidade da fauna (CATÃO-DIAS et al., 2007). 2.1 Categorias de conservação da fauna São definidos os seguintes níveis de ameaça de acordo com os critérios da União Mundial para Conservação da Natureza ( International Union for Conservation of Natural Resourses [IUCN]: Extinta: espécies que estão sabidamente ou presumivelmente extintas, Extinta na natureza: a espécie não é mais encontrada na natureza, mas existem indivíduos em cativeiro ainda. Ameaçada: enquadrada em três níveis de ameaça: criticamente em perigo, em perigo e vulnerável. Quase ameaçada: são espécies que em um futuro breve potencialmente serão classificadas como ameaçadas. Não ameaçadas: geralmente espécies abundantes. Dados insuficientes: quando as informações a respeito da espécie são inadequadas para avaliação do atual estado de conservação ou do seu risco de extinção (CATÃO-DIAS et al., 2007). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 249 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2.2 Objetivos da conservação Nos últimos anos, os especialistas em biologia da conservação desenvolveram inúmeros métodos para detecção do manejo conservacionista de espécies que possuem pequenas populações. São várias as etapas a serem percorridas para a construção de um plano de manejo, sempre com o objetivo de reduzir as ameaças sobre a espécie e recuperar sua viabilidade. Uma questão importante neste caso, é o que vem primeiro: a espécie ou o habitat. Não há como separar o habitat e a espécie em um programa de conservação. O conceito de salvar uma espécie esta relacionado, também, a proteção e conservação do seu habitat, e as ações para isso devem ocorrer simultaneamente (CULLEN JR et al., 2009). Primeiro, há a necessidade de diagnosticar a situação em que se encontra a espécie e o seu habitat, para que se possam definir quais são as ameaças à sua sobrevivência. Outra questão importante é onde se deve pôr mais ênfase primeiramente: no cativeiro ou na natureza. Após o diagnóstico, devem-se buscar soluções adequadas e planejar algumas funções futuras (CULLEN JR et al., 2009). 2.3 Propostas A combinação de técnicas para a conservação pode ser, talvez, a única forma para evitar a extinção e recuperar a população de algumas espécies animais. A Conservação in situ é caracterizada pela manutenção dos animais no seu ambiente original e focando em estratégias como manutenção de áreas protegidas, fiscalização, possibilidade de ampliação e conexão das áreas pequenas, estudos de ecologia, demografia, comportamento alimentar e reprodutivo, genética e estimação de população. Na Conservação ex situ, os animais são criados em cativeiro, em zoológicos e/ou criadouros. Nesse contexto, é priorizada um série de estudos como comportamento alimentar, reprodução orientada para manutenção da variabilidade genética no cativeiro, comportamento e treinamento para possíveis reintroduções, entre outros (CATÃO-DIAS et al,. 2007). 250 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2.4 Manejo integrado em conservação Segundo o IBAMA, “Considera-se fauna silvestre brasileira todos os animais pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outros, aquáticas ou terrestres, reproduzidas ou não em cativeiro, que tenham seu ciclo biológico ou parte dele ocorrendo dentro dos limites do Território Brasileiro e suas jurisdicionais” (CATÃO-DIAS et al., 2003). Portanto, tudo o que envolve manejo de animais silvestres está regulamentado por uma lei. Manejo de fauna em cativeiro é a intervenção humana de forma sistemática, visando manter e recuperar populações silvestres em cativeiro para diminuir a pressão de retirada de espécies da natureza (CATÃO-DIAS et al., 2003). A atração de um animal por uma determinada área pode estar associada a atividades de alimentação, acasalamento, construção de tocas, nidificação, proteção ou pela sua simples presença. A remoção de um ou mais recursos essenciais como água, proteção, alimentação ou espaço pode ser classificada como uma modificação no habitat de determinada espécie e é geralmente associada a modificações de comportamento (CULLEN JR et al., 2009). O manejo compreende o período desde a apreensão do animal até à sua destinação. Há seis tipos básicos de manejo: captura, acondicionamento, transporte, alimentação, sanidade e reprodução. O principal elemento de manejo é a adaptabilidade ao novo meio; se falhar, os fatores de manutenção (a alimentação, a sanidade e a tentativa de procriação da espécie) levarão ao insucesso podendo muitas vezes causar a morte do animal. Essas etapas são processos delicados, pois os animais não estão acostumados a ter contato com seres humanos, barulhos intensos e áreas pequenas, onde muitas vezes acabam ficando (CATÃO-DIAS et al., 2003). 2.5 Técnicas de Manejo Captura: é necessário materiais para a contenção física (luvas de couro, cambão, puçá, rede, cordas e jaula para contenção), química (dardos tranquilizantes e tranquilizantes na comida). Acondicionamento: tomar os devidos cuidados para que o animal Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 251 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA não se machuque ou escape de uma jaula, evitando colocar espécies diferentes em um mesmo lugar para que não haja conflitos entre eles. Transporte: deve ser feito em jaulas adequadas devidamente fixas no veículo e cobertas com papel ou panos. É necessário o acompanhamento de uma Guia de Transporte Animal (GTA) obtida juntamente ao IBAMA. Alimentação: deve-se se ter um amplo conhecimento dos hábitos alimentares e da biologia do animal, tomando cuidados para que não haja superalimentação ou subalimentação. Sanidade: deve ser feita a avaliação rotineiramente da higidez do animal e investigar suspeitas de doenças, controle de insetos, pequenos roedores ou outros animais e manter o ambiente limpo. Reprodução: o animal por estar sob estresse, podendo induzir a fertilidade, reabsorção fetal e aborto, por isso é necessário que haja um ambiente adequado e intervir somente se necessário, como por exemplo, no caso de complicações no parto ou para indução ao acasalamento (CATÃO-DIAS et al., 2003). 2.6 Atividades de cativeiro Identificada a situação da espécie e de seu habitat, parte do manejo integrado é o estabelecimento de uma subpopulação em cativeiro. Pode ser que já exista uma população da espécie em cativeiro, então a nova será incorporada a ele. As etapas a seguir detalham como este manejo deve ser feito. Compilação de dados básicos da colônia: são dados importantes para a análise das populações de colônias de cativeiro. São necessários a identificação dos indivíduos, data de nascimento ou entrada, data da morte ou saída, filiação e local de origem. Análise genética quantitativa: construção do pedigree de cada animal, identificação dos fundadores da colônia, estabelecer a participação dos fundadores na colônia, localização dos possíveis gargalos genéticos, calculo do numero de crias e consequentemente a descendência de cada indivíduos e calculo dos coeficientes de consanguinidade. Analises genética bioquímica: cariotipia, analise de polimorfismo e heterozigose por eletroforese, DNA satélite e DNA mitocondrial ou nuclear. Análise demográfica: determinação do tamanho atual da população, determinação da capacidade de suporte do cativeiro, determinação da estrutura etária e sexual 252 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF da população, elaboração das curvas especificas de idade para sobrevivência e fecundidade, analise da taxa de mudanças e da capacidade de auto-sustentação, organização da estabilização populacional em torno da auto-sustentação e reunião de dados de pesquisas em reprodução, comportamento etc. Padrões de criação: é de extrema importância que seja elaborado um guia de manejo da espécie em cativeiro, conversões anuais, para o programa conservacionista da espécie, além do cuidado genético e demográfico, informações sobre comportamento, nutrição e patologias que são cruciais para a evolução e o aprimoramento da criação em cativeiro (CULLEN et al., 2009). 2.7 Comportamentos que os animais podem desenvolver Os animais adaptam-se a situações previsíveis por meio de modificações fisiológicas e comportamentais, uma vez que seus habitats não são estáticos. Os componentes não previsíveis promovem o chamado “estágio de emergência”, que resulta em mudanças nos parâmetros endócrinos e metabólicos de um organismo (PIZZUTTO et al., 2013). Um dos comportamentos desenvolvidos pelos animais é o estresse, que não pode e nem deve ser evitado, pois permite que indivíduos se preparem para situações em que possa haver a necessidade de enorme gasto energético e recuperação. Durante um curto período de estresse, os glicocorticoides podem facilitar a mobilização energética e alterar o comportamento, entretanto, o estresse crônico podem cobrar altos custos biológicos, como diminuição da aptidão individual por imunossupressão e atrofia dos tecidos, diminuição da capacidade reprodutiva e alterações comportamentais, também conhecidas como estereotipias (PIZZUTTO et al., 2013). Outro comportamento desenvolvido são as chamadas estereotipias, que são geralmente definidas como padrões comportamentais topologicamente invariáveis e repetitivos, sem meta ou função aparente. Estão associadas muitas vezes a ambientes cativos, como o tamanho e a complexidade, a presença de visitantes, ao tempo de alimentação, a ambientes pobres, ao tédio, às disfunções comportamentais do animal, espaços restritos ou isolamento social, conflitos motivacionais, frustrações, à Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 253 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ausência de variabilidade de estímulos, perda de controle de estímulos externos e a situações de redução do bem-estar (PIZZUTTO et al., 2013). 2.8 O enriquecimento ambiental – aplicabilidade e eficácia Os animais silvestres apresentam, em vida livre, comportamentos e adaptações às condições da natureza. Quando são levados para cativeiros, muitas espécies sentem dificuldades em se adaptar, enquanto outras se adaptam facilmente (COELHO, 1995). As condições que propiciam uma boa adaptação ao cativeiro iniciam-se mesmo antes da aquisição dos animais. Ambientação de recintos, normas de segurança, programas de saúde e nutrição são fatores que devem ser estabelecidos previamente para todas as espécies (COELHO, 1995). O grande desafio de um programa de enriquecimento é, no entanto, proporcionar estímulos e opções de escolhas enquanto minimizam potenciais riscos à saúde animal, pois o cativeiro difere significamente do natural em vários aspectos, como temperatura, umidade, iluminação, características estruturais, tipo, quantidade e disponibilidade de alimentação tornam o ambiente cativo menos estimulante. Com algumas técnicas desenvolvidas de enriquecimento ambiental, foi comprovado a diminuição da presença de algum tipo de estereotipia comportamental. O enriquecimento pode ser alcançado por inúmeras modificações físicas e sociais no ambiente do animal, como cordas, troncos, redes, diferentes locais e materiais para descanso ou repouso, itens que estimulem a parte sensorial auditiva, tátil, olfativa, visual e desafios na busca do alimento ea interação social é uma forma simples de incrementar e melhorar as relações entre o profissional e o animal, o treino e o condicionamento diminuem o estresse e facilitam o manejo e os procedimentos clínicos (PIZZUTTO et al., 2013). O enriquecimento ambiental influencia no bem-estar físico, mental e social de animais cativos e, consequentemente, proporciona efeitos benéficos para a saúde geral. Desta forma o enriquecimento pode ser visto como um instrumento de grande importância em um programa de medicina preventiva (PIZZUTTO et al, 2013). 254 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 255 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 256 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS É de fundamental importância a preservação da fauna, pois ela traz inúmeros benefícios para a sociedade, e o grande desafio tem sido encontrar uma maneira de proporcionar o bem-estar dos animais cativos, para que assim, estes possam se reproduzir e perpetuar a espécie, sendo então possível a sua conservação. Para isso é necessário conhecer profundamente as técnicas adequadas, para a proteção não apenas do animal, mas também daqueles que o farão. Já existem medidas que podem ser adotadas para melhorar a vida e a adaptação dos animais nos cativeiros, como o enriquecimento ambiental, que devem ser seguidas, pois o principal objetivo é protegê-los e respeita-los, pois são parte importante do planeta. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CATÃO-DIAS, J. L. CUBAS, Z. S. SILVA J. C. R. Tratado de Animais Selvagens. 1. Ed. São Paulo: Editora Roca LTDA, 2007, p. 20; 23; 24. COELHO, C. M. Manejo Reprodutivo de Animais Silvestres em Cativeiro – Revisãode Literatura.In: Revista Brasileira de Reprodução AnimalISSN: 0102-0803. v.19. Belo Horizonte - MG. 1995.p. 123 – 126. SILVA, C. L. S. P. GUERRA, C. R. S. B. COELHO, M. D. CARIS, C. C. P. Regras para Contenção e Manejo de Animais Silvestres.In: Revista Científica Fundação Educacional de Andradina ISSN: 1676-0492. v. 3. Andradina – SP. 2003.p. 59 – 65. CULLEN JR. L. RUDRAN, R. VALLADARES-PADUA, C. Métodos de Estudos em Biologia da Conservação & Manejo da Vida Silvestre. 2. Ed. Curitiba: Editora UFPR, 2009, p. 203; 208; 635; 642 – 644. PIZZUTTO, C. S. SCARPELLI, K. C. ROSSI, A. P. CHIOZZOTTO, E. N. LESCHONSKI, C. Figura 1; 2; 3; 4. Bem-Estar no Cativeiro: Um desafio a ser vencido.In: mv&z ISSN: 2179-6645. v. 11. São Paulo. 2013.p. 6 – 17. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 257 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 258 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF MANEJO PRÉ ABATE DE BOVINOS NO PANTANAL: TRAJETO- FAZENDA/FRIGORÍFICO Lucas Bispo BOTARI 1 Ernani Nery de ANDRADE 1 2 2 Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da FAEF - Garça – SP Brasil. e-mail: [email protected] Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP Brasil. email: [email protected] RESUMO O presente artigo visa pesquisar os processos de manejo préabate bovino no Pantanal, desde a saída da fazenda ao frigorífico, como é o manuseio, os cuidados e as lesões causadas. O transporte é precário, pois, é uma planície estacionalmente inundável gerando a falta de estradas. Assim, os animais sofrem diversas lesões, gerando falta de bem estar; influenciando na qualidade do produto. Após o abate, no frigorífico as carcaças são avaliadas e enumeradas, as carcaças que contém lesões são submetidas à remoção do tecido afetado, depois da remoção são analisadas e pesadas, observando a perda de carne por animal lesionado. Palavras chave: Manejo pré-abate; Pantanal; Transporte de bovinos. ABSTRACT This article aims to investigate the processes of handling preGarça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 259 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA slaughter of cattle in the Pantanal, since the output from the farm to the fridge, as is the handling, care and injuries. The transportation is precarious because it is a seasonally flooded plain generating lack of roads. Thus, animals suffer various injuries, generating lack of well being; influencing product quality. After slaughter, carcasses in the refrigerator are evaluated and listed, carcasses containing lesions are subjected to removal of affected tissue after removal are analyzed and weighed, noting the loss of meat for injured animals. Keywords: Pre-slaughter management; Pantanal; Transportation of cattle. 1.INTRODUÇÃO Este artigo tem por objetivo principal ampliar discussões e métodos sobre manejo pré-abate bovino. Para uma melhor compreensão da área, evolução, trabalho, formas e defeitos. Observando o comportamento dos animais e das pessoas que fazem esse manejo, de como o transporte rodoviário, comitiva e fluvial contribuem para as lesões, bem como o pessoal despreparado que não visam o bem estar animal gerando mais lesões e interferindo na qualidade final do produto. O assunto é um campo ainda em fase de crescimento, mudanças e até desenvolvimento, que agrega diversos fatores. Principalmente as condições de estradas, nas quais os animais são transportados. Os diversos tipos de transporte e a instrução das pessoas que fazem o transporte são fundamentais para o bem-estar animal e consequentemente a qualidade final do produto. Quando os animais chegam ao frigorífico eles são separados e somente os que estão em pior estado são submetidos a matança de emergência dentro das medidas adequadas para não aumentar o sofrimento, os animais saudáveis vão para os currais até o abate. Após o abate as lesões são separadas, enumeradas e analisadas por escala colorimétrica, cerca de 0,500 KG de carne são perdidas por animal lesionado, e analisando pode-se observar que a maior parte das lesões ocorre 24 horas antes do abate. O presente artigo se propôs a: (1) Pesquisar bibliograficamente como o manejo pré-abate influencia na qualidade final do produto e quais as medidas corretas visando o bem estar animal. Em decorrência do objetivo geral, é visado: (1) Pesquisar 260 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF como ocorre o manejo pré-abate dos bovinos no Pantanal; (2) Pesquisar como é feito o transporte da fazenda ao frigorífico; (3) Observar o tratamento adequado para o bem estar animal; (4) Observar como o animal chega ao frigorífico e a quantidade de lesões e a qualidade final da carne. 2.DESENVOLVIMENTO 2.1 FAZENDA, TRANSPORTE DE BOVINOS E FRIGORÍFICO A pecuária de corte no Pantanal vem a ser a principal atividade econômica. E ao longo dos anos, passou por diversos ciclos, os mais importantes são: “a) 1775/1864 – Desenvolvimento de latifúndios como as fazendas Jacobina e Piraputanga; b) 1879/1914 – Ocupação de novas áreas no Pantanal, em direção à parte sul da região... ... f) 1950/1994 – Desenvolvimento das fazendas em torno da pecuária de cria e recria extensiva de gado de corte, com comercialização de bois magros; g) Necessidade de aumento na eficiência do sistema de produção da região, especialização na fase de cria de bezerros(as) e recria de novilhas. (apud Santos et al, p. 9, 2002) A base alimentar dos animais é o pasto nativo pois são o mais importante recurso natural do Pantanal, e para que o manejo seja feito de maneira sustentável, é necessário conhecer componentes bióticos e os papeis do ecossistema. (SANTOS et al, 2002). De acordo com GUEIRADO (2009) o manejo pré-abate vem a ser a etapa mais importante para a melhoria do produto, são necessários aprimoramentos e instalações adequadas nas propriedades, veículos, formas de condução e manejo no frigorífico. Os problemas de bem estar animal são relacionados à falta de instalações e equipamentos apropriados. As preocupações dessa etapa inicial são principalmente com as pessoas que fazem o transporte, pois normalmente, não apresentam conhecimentos básicos sobre bem-estar animal, dessa forma é comum o uso de métodos não recomendados (ferrões e choque), que geram maior estresse e sofrimento, comprometendo a qualidade da carne pois aumenta o índice de lesões (GUEIRADO, 2009). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 261 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O Pantanal é uma planície estacionalmente inundável, com aproximadamente 139.558km², situando-se mais ou menos entre os paralelos de 16º e 21ºS e os meridianos de 55ºW. Ele está situado nos Estados de Mato Grosso (sudeste) e Mato Grosso do Sul (noroeste), adentrando pequenas partes da Bolívia e vinculando-se com Chaco, em prolongamento natural. (ANDRADE et al, p. 1991, 2008, a). O clima da região é tropical quente, assim uma estação chuvosa e outra de seca. A época de cheias na bacia do Pantanal impede à construção de estradas, dessa forma, a navegação fluvial de animais é muito importante (ANDRADE et al, 2008, b). Para escolher a raça dos animais é necessário observar a que mais se adapta ao Pantanal, como a pecuária e o clima regional, das raças que suportam as condições climáticas enquadram-se as zebuínas, especialmente a Nelore (SANTOS et al, 2002). O transporte deve ser feito da melhor maneira possível, utilizando os métodos e técnicas adequados. Por ser uma planície estacionalmente inundável é frequente a utilização de vários meios de transporte ao longo do escoamento, assim variam as condições de locais e estado do animal. Dessa forma, o manejo pré-abate deficiente reduz, além do bem estar animal, a qualidade do produto, assim, hoje em dia, a maior parte da atenção é totalmente voltada para a saúde e bem estar animal, quando os animais estão prontos para o abate, o transporte se torna a etapa mais importante na criação, cuidado e produção da carne (ANDRADE, SILVA E ROÇA, 2009). No Pantanal existem grandes extensões de terra e o ciclo anual de enchentes, os animais são manejados de uma a duas vezes ao ano, o que depende da facilidade de acesso à fazenda. Em grandes fazendas, para melhorar o manejo, são feitos “retiros” que contém instalações necessárias para o manejo adequado do gado. Essas instalações são construídas em locais com boa drenagem, evitando a formação de lama e acúmulo estercos, assim mantendo o bemestar animal e boas condições sanitárias durante o manejo, essas instalações devem conter: curral, brete, tronco de contenção e galpões/depósitos, além de (no embarque) dimensões adequadas e piso antiderrapante evitando o estresse animal, o que influencia diretamente na qualidade final do produto (SANTOS et al, 2002). Para que o manejo seja efetuado da melhor forma é necessário um acompanhamento do gado, através de fichas de controle, onde 262 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF são anotados os dados de produção, reprodução e os aspectos sanitários; cada animal também irá receber um número de identificação, que serão brincos com código de barras ou numeração, marcas de fogo, tatuagem ou “chip”. Através deste procedimento fica mais fácil o rastreamento de cada animal, o que significa certificação de origem ou a garantia da procedência do produto (SANTOS et al, 2002). O estresse se refere aos ajustes fisiológicos, alterações do ritmo cardíaco, respiratório, temperatura corporal e pressão sanguínea que ocorre durante a exposição a condições diversas. Também pode ser gerado por maltrato físico, transporte, alimentação, diversas temperaturas, qualidade da água e o manejo pré-abate (ISRAEL et al, 2010). O transporte é considerado iniciado quando o animal é carregado de seu lugar de origem e termina somente quando o animal chega o destino, ou seja, ao frigorífico. O transporte também é associado com a mudança do meio físico e social, veículos pesados onde podem sofrer choques físicos e exposição a desfavoráveis condições climáticas que geram o estresse animal (ISRAEL et al, 2010) Baixas densidades permitem que os animais se movimentem, o que gera mais conforto, porém, o espaço maior faz com que os animais se machuquem, batendo em paredes do veículo ou se chocando com os outros animais, em geral no transporte, normalmente o espaço não é suficiente o que gera um gasto maior de energia, gerando um impacto no produto final (ISRAEL et al, 2010). ANDRADE et al (2008, a) analisa que o transporte de animais no Pantanal é problemático e estes problemas aumentam por conta das inundações e a falta de estradas, porém atualmente o transporte rodoviário melhorou significativamente com o surgimento de estradas pavimentadas e novas estradas não-pavimentadas. “Durante a fase pré-abate existem muitos fatores que influenciam no conforto do animal, a exemplo do transporte, jejum e o ambiente. Nesta fase, os animais estão expostos à movimentação de humanos, privação de alimentos e água, mudanças na estrutura social, podendo alterar as funções fisiológicas do animal, uma resposta adaptativa é ativa numa tentativa de restabelecer o equilíbrio. Existe estresse maior quando os animais são alocados com outros animais desconhecidos.” (ISRAEL et al, p. 5, 2010) Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 263 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SILVA (2008) exemplifica como deve ser feito o transporte rodoviário de bovinos; antes do carregamento devem-se analisar os animais e não transportar animais que estejam apresentando problemas de saúde. Visando o bem-estar animal, é necessário fornecer espaço adequado e seguro, não transportando os animais em posição que cause dor ou desconforto. Deve-se tomar cuidado no embarque dos animais para que não batam a cabeça ou membros. Para evitar lesões é ideal que os animais sejam separados em grupos: 1º Separar dos demais, animais com chifres; 2º Separar touros que podem brigar; 3º Separar diferentes classes animais e separar por sexo; 4º Separar os animais de diversos tamanhos; 5º Espécies diferentes não devem ser transportadas no mesmo caminhão. Os animais são transportados de acordo com a distância e condições de estradas (ANDRADE et al, 2008, a). São utilizados diferentes tipos de transporte (rodoviário e fluvial), levando os animais da fazenda de origem ao frigorífico, neste processo todos os animais tiveram o mesmo tratamento de manejo pré-abate: jejum e dieta hídrica de 12 horas. O manejo pré-abate inadequado compromete o bem estar animal, causando desde contusões, fraturas, arranhões, exaustão metabólica, desidratação, estresse de temperatura até a morte, qualquer um destes exemplos podem ocorrer durante o transporte inadequado (ANDRADE, SILVA E ROÇA, 2009). Grande parte dos traumatismos duplicam nas ultimas 6/8 horas de viagem (ISRAEL et al, 2010). De acordo com SILVA (2004) o sistema de abate de bovinos é iniciado com a acomodação dos animais nos currais. Os caminhões que farão o descarregamento devem apresentar o documento de sanidade GTA (guia de trânsito animal), que serão conferidos ao chegar ao frigorífico. O desembarque deve ser feito calmamente, evitando gritos, bastões de choque e maus tratos. Esses animais são encaminhados cuidadosamente para o curral onde permanecem por aproximadamente 24 horas até o momento do abate. Ao chegar ao frigorífico, os animais mais acidentados ou em estado de maior sofrimento são submetidos à matança de emergência 264 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF por meio apropriado, para que não seja gerado um sofrimento ainda maior (GUEIRADO, 2009). No frigorífico (para o abate) todas as carcaças foram avaliadas e numeradas em fichas individuais e anotavam-se as ocorrências conforme formulário próprio. As carcaças com lesões foram submetidas a remoção do tecido afetado (operação toalete), esse procedimento é próprio de cada frigorífico (ANDRADE, SILVA E ROÇA, 2009). Essas lesões são separadas em sacos plásticos, enumeradas de acordo com cada carcaça, todas essas lesões foram pesadas em laboratório e analisadas baseando-se na escala de colorimétrica (ANDRADE et al, 2008, b). Em média, foi observado que são perdidas cerda de 0,500 kg de carne por animal lesionado. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com os artigos pesquisados e analisados pude observar que os autores ressaltam que em qualquer tipo de transporte os animais sofrem lesões, sejam elas mais simples ou graves, e o número de animais lesionados no transporte supera os 80% do total do carregamento. Considero que as lesões ocorrem durante o transporte e de acordo com a coloração das lesões é possível saber que a maior frequência de lesões ocorre aproximadamente 24 horas antes do abate. Quanto maior a distância é maior o índice de lesões. O ideal seriam medidas educativas para reduzir os problemas de manejo pré-abate. Seriam adequados novos estudos implementares para a redução dos problemas de manejo pré-abate (ANDRADE, SILVA E ROÇA, 2009; ANDRADE et al, 2008, a; ANDRADE et al, 2008,b). Para melhorar as condições de transporte dos animais seria ideal começar principalmente pelas pessoas que participam deste processo, visar o bem-estar animal é a etapa fundamental para diminuir o índice de lesões, pois apesar das novas medidas educativas, as pessoas ainda usam armas de choque e instrumentos que machucam os animais, também é fundamental separar todos os animais por raça, sexo e até chifres, para que os mais fortes não machuquem os mais Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 265 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA fracos, também diminuindo o índice de lesões. Penso que como medida educativa, palestras seriam de grande importância para as pessoas que fazem parte do manejo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, E. N.; et all. (a) – Ocorrência de lesões em carcaças de bovinos de corte no Pantanal em função do transporte – Ciência Rural, Santa Maria, v. 38, n. 7, p. 1991-1996, out, 2008. ANDRADE, E. N.; et all. (b) – Prevalência de lesões em carcaças de bovinos de corte abatidos no Pantanal Sul Mato-Grossense transportados por vias fluviais – Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 28(4): 822-829, out.-dez. 2008. ANDRADE, E. N.; SILVA, R. A. M. S.; ROÇA, R. O. – Manejo pré-abate de bovinos de corte no Pantanal, Brasil – Arch. Zootec. 58 (222): 301-304. 2009. GUEIRADO, D. A. – Abate Humanitário – Trabalho de conclusão de curso, apresentado como requisito da pós graduação em higiene e inspeção de produtos de origem animal (HIPOA) – Unigram, 2009. ISRAEL, H. T., et al. – Manejo pré-abate e qualidade da carne – Rev. electrón. Vet. Redvet. Vol. 11, Nº 08, Agosto/2010. SANTOS, S. A.; et al – Sistema de Produção de Gado de corte no Pantanal – Corumbá: Embrapa Pantanal, 2002. SILVA, R. A. M. S. – Pequeno guia para o transporte de bovinos, ovinos e caprinos com segurança e bem-estar – Corumbá: Embrapa Pantanal, 2008. SILVA, S. M. P. M. – Área de Garantia de Qualidade – Departamento de Medicina Veterinária, Trabalho de Conclusão de Curso, Upis, Brasília, Dez. 2004. 266 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF MÉTODOS DE INSENSIBILIZAÇÃO EM BOVINOS DE CORTE Nataly Chimini SOBRAL1 Maithê Alves BAZAGLIA2 Ernani Nery de ANDRADE3 3 1 Acadêmico do curso de medicina veterinária da FAEF - Garça – SP Brasil. e-mail: [email protected] 2 Acadêmico do curso de medicina veterinária da FAEF - Garça – SP Brasil. e-mail: [email protected] Docente do curso de medicina veterinária e zootecnia da FAEF - Garça – SP – Brasil. e-mail: [email protected] RESUMO O abate de bovinos para consumo humano vem sendo praticado há décadas, porém recebeu maior atenção apenas quando se teve conhecimento que este interferia na qualidade final da carne. A primeira etapa do processo consiste na insensibilização, que leva o animal a um estado de inconsciência para que a sangria ocorra sem que haja sofrimento e seja realizada de modo eficiente. Este trabalho teve como objetivo demonstrar as principais técnicas utilizadas e quais os meios mais eficientes e permitidos por normas de bemestar animal para o abate de bovinos. Palavras-chave: abate, bovinos, inconsciência, insensibilização. ABSTRACT Cattle slaughter for human consumption has been practiced Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 267 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA decades will, but received more attention only when it became aware that this interfered with the final quality of the meat. The first step in the process is stunning, which comprises bringing in a state of unconsciousness for bleeding occurs without any suffering of the animal and is carried out efficiently. This study aimed to demonstrate the key techniques used and what the most efficient and allowed by standards of animal welfare for cattle slaughter. Keywords: slaughter, cattle, unconsciousness, stunning. 1. INTRODUÇÃO A produção de carne é uma atividade de extrema importância no Brasil e incentiva a agroindústria nacional. No mundo inteiro, assim como no Brasil, a indústria moderna de carne preconiza ações que garantam animais livres de doenças, corretamente manejados, adequados ao consumo humano e métodos rápidos de abate para que não haja sofrimento e dor aos animais (LANDIM, 2011). Fatores como a dimensão territorial, variedade de ecossistemas e grande diversidade socioeconômica, fazem a pecuária de corte brasileira alcançar altos índices em sistema de produção de carne bovina. A bovinocultura de corte brasileira, em sua grande maioria, é formada por gado zebuíno, estando à raça Nelore em primeiro lugar, sendo que raças como Gir, Guzerá, Indubrasil e Nelore Mocho também estão entre as mais utilizadas no cenário nacional de produção de gado para corte (CANO, 2008). O abate de bovinos de corte para consumo humano vem sendo praticado há décadas, porém os estudos das etapas envolvidas neste processo apenas receberam atenção a nível científico a partir do momento em que se percebeu a importância deste na qualidade final da carne (ROÇA, 2002; CIVEIRA et al., 2006). Há regras para o abate de animais para consumo humano no Brasil que exigem que todos os animais devam ser abatidos de forma humanitária, segundo a Instrução Normativa número 3 de 17 de janeiro de 2000, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento devendo ser insensibilizados previamente à sangria, com exceções aos abates religiosos (NEVES, 2008). 268 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A primeira etapa do processo consiste na insensibilização ou atordoamento, sendo que esses métodos evoluíram consideravelmente desde o início da história do abate em bovinos. Este processo consiste em levar o animal a um estado de inconsciência para que a sangria ocorra sem que haja sofrimento do animal e seja realizada de modo eficiente (ANDRADE et al., 2008). Antigamente eram utilizadas técnicas como choupa, prego ou estilete, martelo de cavilha, máscara de cavilha e armas de fogo. Com a evolução das técnicas, outros instrumentos passaram a ser utilizados no processo do abate (ROÇA, 2002). Este trabalho tem como objetivo de demonstrar os métodos utilizados de insensibilização de bovinos de corte. 2. DESENVOLVIMENTO A insensibilização é considerada como primeira etapa do abate e, quando feita de maneira adequada, coloca o animal em estado de inconsciência, possibilitando assim que o restante do processo seja eficientemente realizado, sem que haja sofrimento do animal. Busca-se nos dias atuais, a garantia do bem-estar animal, para atender às normas exigidas dentro das etapas de abate, criou-se o termo “abate humanitário” que é definido como o conjunto de diretrizes técnicas e científicas que garantam o bem-estar dos animais desde a recepção até a operação de sangria, incluindo também o embarque na propriedade rural. O programa de bem-estar na indústria frigorífica é uma exigência nacional e internacional (ANDRADE et al., 2008; LANDIM, 2011). É uma etapa do abate que requer muita atenção, sendo necessárias instalações adequadas, equipamentos devidamente calibrados e mão de obra qualificada para sua realização. Para que a insensibilização ocorra de maneira eficiente, o atordoamento deve ser feito em local correto no animal, o disparo deve ser feito no plano frontal, na interseção de duas linhas imaginárias, que vão da base do chifre até o olho do lado oposto da cabeça, conforme a figura 1 (LANDIM, 2011). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 269 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Os instrumentos atualmente utilizados são: marreta, martelo pneumático não penetrante, pistola pneumática de penetração, pistola pneumática de penetração com injeção de ar, pistola de dardo cativo acionada por cartucho de explosão, eletronarcose e processos químicos. Também pode ser realizado por meio da degola cruenta, método envolvido em práticas religiosas (ROÇA, 2002). O uso da marreta como instrumento de insensibilização promove grave lesão no tecido ósseo, produz contusão cranioencefálica, hemorragias macroscópicas e microscópicas na ponte e bulbo (figura 2). O martelo pneumático não penetrante leva a uma lesão encefálica difusa devido a pancada súbita e alteração da pressão intracraniana, promove incoordenação motora, porém mantém a atividade respiratória e cardíaca, portanto não é considerado como um método de insensibilização adequado, baseando-se no fato que mantêm funções cardíaca e respiratória, pressão sanguínea e o animal continua apresentando reflexos. A utilização de pistola pneumática de penetração produz laceração encefálica grave e promove inconsciência rápida, sendo considerado como um método mais eficiente para o abate em bovinos. A pistola de dardo cativo acionada por cartucho de explosão é o método que tem recebido mais destaque nas publicações científicas. O dardo atravessa o crânio em alta velocidade e força, produzindo uma cavidade temporária no cérebro, é o método considerado mais eficiente e humano para o abate de bovinos. A eletronarcose e o dióxido de carbono são empregados somente para suínos, sendo inviável para bovinos (ROÇA, 2002). 270 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Segundo Roça (2002), há sinais que indicam falhas durante a insensibilização, como vocalizações, reflexos oculares presentes, movimentos oculares e contração dos músculos dianteiros; também podem ser adotados critérios para analisar o processo da insensibilização, onde se pode considerar a técnica como excelente quando menos de um animal, dentre mil, são insensibilizados parcialmente e aceitável quando menos de um animal, dentre quinhentos são insensibilizados parcialmente. ANDRADE et al. (2008) constatou, em pesquisa onde avaliou a eficiência da insensibilização em bovinos abatidos no pantanal SulMato-Grossense (tabela 1), utilizando pistola pneumática de penetração e boxe de atordoamento metálico, destinado a receber um animal por vez, que a limpeza diária da pistola pneumática de dardo cativo evita a formação de um zinabre no êmbolo da pistola que tira a força do dardo, do contrário, os disparos do dardo cativo são prejudicados, oferecendo assim maior sofrimento e stress aos animais, por não proporcionar a insensibilização imediata. Observouse também que animais com idade mais avançada, entre oito a nove anos, apresentaram as maiores médias de disparos durante a insensibilização; e na tabela 1 podemos observar o número de disparos necessários para insensibilização imediata dos animais. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 271 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 3. CONCLUSÃO Conclui-se que o abate em bovinos é uma prática largamente realizada no Brasil, o que faz do país um dos maiores exportadores mundiais de carne bovina. O sucesso de todo o processo do abate provem de uma eficiente insensibilização, que além de oferecer benefícios na etapa da sangria, também obedece às práticas de bemestar animal, exigida pelo mercado consumidor nacional e internacional. Dentre todos os métodos que podem ser utilizados, a pistola pneumática de penetração e a pistola de dardo cativo acionada por cartucho de explosão são os mais eficazes, oferecendo ao animal uma imediata inconsciência que dura durante toda sangria, proporcionando assim menor sofrimento e stress ao animal. Devemos considerar toda importância e benefícios que temos ao utilizarmos a carne na alimentação humana e assim garantir que os animais não sofram desnecessariamente durante o processo do abate, seguindo rigorosamente as normas pré-estabelecidas para que se preconize o bem-estar dos bovinos. 4. REFERÊNCIAS ANDRADE, E. N., ROÇA, R. O., SILVA, R. A. M. S., GONÇALVES, H. C., PINHEIRO, R. S. B. Insensibilização de bovinos abatidos no Pantanal 272 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Sul-Mato-Grossense e ocorrência de lesões em carcaças. 2008. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/article/ viewArticle/1303>. Acesso em: 08 de abril 2014. ANDRADE, E. N., ROÇA, R. O., SILVA, R. A. M. S., PINHEIRO, R. S. B. Abate de bovinos no pantanal Sul Matogrossente e lesões em carcaças. 2008. Disponível em: . Acesso em: 08 de abril 2014. CANO, C. J. Z. 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Médica Veterinária do Hospital Veterinário de Pequenos Animais da FAEF – Garça-SP – Brasil. e-mail: [email protected]. RESUMO As Micobactérias pertencentes ao gênero Mycobacterium são responsáveis por diversos problemas nos vários sistemas como respiratório, gastrintestinal, tegumentar, linfático, muscular e ósseo. Quando a origem desta afecção é dermatológica o animal apresenta lesões exsudativas, fistulas, úlceras cutâneas ou nódulos. A invasão bacteriana no organismo dos animais acontece por diversas formas, dependendo do agente causal e sua patogenicidade. A penetração do microorganismo na maioria das vezes se dá por via percutânea, através de lesões por arranhadura, mordidas, traumas, aplicações de fármacos injetáveis, transmissão por picadas de animais sugadores e incisões cirúrgicas. O diagnostico é feito através da anamnese, exame fisíco dermatológico e exames complementares como citologia, cultivo e histopatologia. O tratamento exige a antibioticoterapia e, dependendo do caso é feito procedimento cirúrgico Palavras-chave: dermatológico, micobacteriose, cachorro, lesão Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 275 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The mycobacteria belonging to the Mycobacterium genus are responsible for many problems in various systems such as respiratory, gastrointestinal , cutaneous , lymphatic , muscle and bone . While the origin of this disease is the animal dermatology has exudative lesions , fistulas , skin ulcers or nodules . Bacterial invasion in the body of animals occurs in various forms, depending on the causative agent and its pathogenicity . The penetration of the microorganism most often occurs percutaneously through injuries scratch bites , trauma , injection drug applications , transmission bites sucking animals and surgical incisions . Diagnosis is made by history , physical examination and dermatological tests such as cytology, histopathology and culture . Treatment requires antibiotics and , depending on the case is made surgical procedure Keywords : dermatology , mycobacteriosis , dog , injury 1. INTRODUÇÃO As micobactérias de crescimento rápido, eram conhecidas como micobactérias oportunistas ou atípicas, são pertencentes a um grupo de organismos heterogêneos produtores de colônias em meios sintéticos dentro de sete dias. Esses microrganismos conhecidos como fungo-bactéria apresentam natureza hidrofóbica, por possuírem parede celular rica em lipídeos, proporcionando um crescimento na superfície de meios líquidos como ocorre com os bolores. Deste gênero fazem parte bactérias imóveis, aeróbicas, não formadoras de esporos e com variáveis graus de patogenicidade (GREENE e GUNNMOORE, 2006). A distribuição desses microorganismos é mundial e podem ser isolados no solo, sujeira, matérias orgânicas e água. As micobactérias de rápido crescimento incluem as espécies Mycobacterium fortuitum, M. peregrinum, M. chelonae, M. abscessus, M. smegmatis, M. goodii, M. wolinskyi, M. phlei e M. thermoresistibile (MALIK et al., 2006). Ao entrar no organismo, geralmente por via percutânea, os microorganismos acessam tecidos propícios a multiplicação, sendo restringidos por uma resposta imunológica vigorosa que ao encontrar 276 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF um sistema imuno competente pode ser destruído. As áreas anatomicamente mais atacadas por insetos são membros anteriores e cabeça, principalmente pavilhões auriculares (PETERSON e COUTO, 1994). Por isso é muito comum as lesões nodulares granulomatosasa afetarem essas regiões, sendo mais comuns nos membros anteriores e cabeça, principalmente pavilhões auriculares. Animais com pelos curtos são mais acometido, uma vez que isso facilita o encontro do inseto com a pele. (MALIK et al, 1998). As micobactérias de rápido crescimento produzem três diferentes síndromes em caes e gatos: panículite micobacteriana, pneumonia piogranulomatosa e doença sistêmica disseminada (EGGERS et al., 1997). A paniculite micobacteriana é caracterizada por uma infecção crônica do subcutâneo e pele, sendo mais comum em gatos. Ao entrar no organismo através de lesões traumáticas, iatrogênicas (como incisões cirúrgicas e paracenteses) e contaminadas (solo, fômites sujos ou não devidamente esterilizados), migram para o paniculo adiposo do tegumento (LARSSON; MARUYAMA, 2008). Nos felinos, as lesões usualmente são assintomáticas, com presença de abscessos subcutâneos. As múltiplas fistulas aparecem com pouca drenagem, e quando visível, o liquido apresenta aspecto aquoso (GROSS et al., 2005). As infecções iniciam-se na região inguinal, geralmente após contaminação por injúrias ocorridas após brigas. A infecção espalha-se no tecido subcutâneo da parede abdominal. Injurias penetrantes causadas por barras, objetos perfurantes e traumas ocasionados por veículos aumentam o risco de infecção. No início do quadro clinico, as infecções apresentamse como abscessos, sem odor fétido o que caracteriza a presença de pus. Observa-se no local da injuria placas circunscritas, áreas alopécicas,, fistulas onde drenam exsudato aquoso (MALIK et al., 2006). Ha uma rápida progressão, em extensão e profundidade, podendo envolver o abdome e os membros. Porém não existe relação entre a extensão lesional e o quadro sintomático, apenas em animais com quadro generalizado, a doença apresenta sinais clinícos perda de peso, relutância a deambulação, febre e depressão. Como diagnósticos diferenciais estão paniculites esporotricoticas, paniculites criptocococicas, quadros abscedativos por bactérias anaeróbicas (LARSSON; MARUYAMA, 2008). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 277 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Nos cães suspeita-se de infecção por micobactérias de crescimento rápido quando aparecem feridas crônicas que não cicatrizam e não são responsivas a drenagem e ao tratamento antibacteriano convencional (ERWIN et al., 2004). Estas lesões apresentam-se como nódulos firmes ou flutuantes no subcutâneo, ou ulcerados drenantes, com aparecimento de outras feridas ao redor de lesões mais antigas, alopecia, exsudação, as lesões são indolores, não pruriginosas e localizadas em regiões onde geralmente ocorrem mordidas ou aplicações de injeções. O diagnóstico é obtido através da anamnese, inspeção a procura de achados lesionais do exame dermatológico, exames complementares, como citologia, cultivo e histopatologia (KIEHN et al., 1996; WELLMAN, 1996). A dificuldade para se estabelecer um diagnóstico rápido deve-se a cronicidade e a severidade da patologia (MALIK et al., 2006). Os protocolos antimicrobianos apresentam respostas positivas, com exceção nos casos crônicos. Enquanto aguarda-se o resultado do antibiograma, pode iniciar o tratamento com algum desses antibióticos: doxiciclina, claritromicina ou enrofloxacina . A azitromicina também é usada no tratamento sendo indicado a administração de no mínimo sete dias a cada vinte e quatro horas. Quando o pavilhão auricular é afetado recomenda-se a conchectomia com o objetivo de se impedir a disseminação bacteriana (MALIK, et al., 2002; MALIK et al.,2006). É importante ressaltar que especialmente nos felinos o tratamento é longo chegando estenderse por até sete meses (HORNE; KUNKLE 2009). 2. DESENVOLVIMENTO Atendido no Hospital Veterinário de Pequenos Animais da FAMED – Garça/SP um canino, boxer, macho, com aproximadamente dez anos de idade, pesando 15 kg, com a queixa principal de lesões nodulares em pavilhão auricular bilateral, não ulcerada, alopécico, não pruriginoso com evolução de cerca de um ano. Durante a palpação notou-se nódulos com cerca de um centímetro de diâmetro de consistência firme. Segundo proprietário, o animal não apresentava alterações comportamentais uma vez que se alimentava e brincava normalmente. Apenas notou que a área alopecica aumentava e havia a presença de pequenos nódulos no pavilhão auricular. 278 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Foi solicitado ao Laboratório de Patologia Veterinária da mesma instituição a punção aspirativa por agulha fina das neoformações dérmicas. O material foi fixado em álcool metílico e corado pelo método de Giemsa para observação em microscopia óptica. Foi observado células epiteliais redondas com grande reatividade, algumas multinucleadas, com nucléolos evidentes. Notou-se também uma grande quantidade de macrófagos carregados com estruturas descoloridas, em forma de tufos filamentosos, com poucos neutrófilos, sendo característico de bactérias do gênero Mycobacterium. O animal foi tratado com azitromicina 500mg sendo administrada a cada 24 horas durante sete dias ao retornar o mesmo apresentavase sem lesões apenas área alopecica local, o procedimento cirúrgico (conchectomia) não foi necessário uma vez que animal encontravase bem ao retornar para reavaliação. 3. CONCLUSÕES Diante do atual avanço da medicina veterinária é imprescindível que os médicos veterinários se diferenciem buscando aperfeiçoamento para saber diagnosticar e tratar enfermidades consideradas raras, e que são em algumas situações sub diagnosticadas, como o caso das micobacterioses, patologias extremamente importantes e que necessitam ser diagnosticas rapidamente para que dessa forma seja possível estabelecer tratamento adequado. Ainda que seja uma patologia considerada rara em cães a micobacteriose canina deve ser lembrada no diagnóstico diferencial de massas na cavidade abdominal e na avaliação de infiltrados pulmonares encontrados em radiográficas do tórax. O cão cada vez mais domesticado torna o reconhecimento desta infecção de extrema importância para evitar a transmissão desta enfermidade. No relato de caso o animal foi tratado apenas com antibiótico (Azitromicina) não sendo feito o procedimento cirúrgico uma vez que o animal apresentou total remissão dos sinais clínicos. A citologia aspirativa por agulha fina foi muito importante uma vez que auxiliou o clinico veterinário na instituição de um tratamento eficaz, além disso o exame é um método de diagnóstico fácil, barato, rápido e pouco invasivo. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 279 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EGGERS JS, PARKER GA, BRAAF HA, MENSE MG. Disseminated Mycobacterium avium infection in three miniature schnauzer litter maltes. J Vet Diagn Invest. 1997 ERWIN PC, BEMIS DA, MAWBY DI, MCCOMBS SB, SHEELER LL, HIMELRIGHT IM. 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[email protected] RESUMO Mormo é uma doença infecto-contagiosa conhecida também como “catarro de burro” ou “farcino”, é causada pela bactéria g r a m n e g a t i v a , a B u r k h o l d e r i a M a l l e iq u e a c o m e t e principalmente equinos, muares e asininos, também considerada uma zoonose de grande importância publica e que o desconhecimento geral pode levar a confundir com outras doenças infecciosas. É um parasita que rapidamente é distribuída pela luz, pelo calor e desinfectantes comuns e que dificilmente sobrevive em ambientes contaminados por mais de seis semanas. A doença se apresenta de três formas distintas: a nasal, pulmonar e cutânea. E o tratamento não é indicado. A legislação brasileira determina a notificação compulsória ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que interditará a propriedade e fará o sacrifício e a incineração do animal que for constatado positivo. Palavra chave: BurkholdeiriaMallei, Doença infecciosa, Equinos, Saúde publica. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 283 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Glanders is an infectious disease also known as “donkey snot” or “farcy”, is caused by the gram negative bacterium, Burkholderia Malleique mainly affects horses, mules and donkeys, also considered a zoonosis of major public importance and that lack general can lead to confused with other infectious diseases. It is a parasite that is rapidly distributed by light, heat and common disinfectants and can hardly survive in contaminated environments for more than six weeks. The disease presents itself in three distinct forms: a nasal, lung and skin. And the treatment is not indicated. Brazilian law provides mandatory reporting to the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply (MAPA), which interditará property and shall cause the sacrifice and the incineration of animal that is found positive. Keyword: BurkholdeiriaMallei, infectious disease, Equine, Health publishes. 1.INTRODUÇÃO O mormo, também conhecido como lamparão, é uma doença infecciosa causada pela bactéria Burkholderia mallei. A doença acomete solípedes (equinos, asininos e muares), podendo ser transmitida a outros animais como o cão, gato, bode e até mesmo o homem. Ela é conhecida há vários séculos e foi considerada extinta do Brasil em 1968. Sua diminuição foi associada com a progressiva substituição da tração animal pela motorizada. Entretanto, inquéritos sorológicos conduzidos em 1999 e 2000 detectaram a presença da doença em alguns estados do nordeste brasileiro, especialmente Pernambuco, Alagoas, Ceará e Sergipe. Suspeita-se que a doença nunca tenha sido extinta do Brasil e que essas descrições sejam apenas a identificação de casos que vinham ocorrendo normalmente nos últimos anos. No exterior, o mormo foi erradicado dos EUA, mas ainda ocorre com certa frequência na África e na Ásia (GARCIA e MARTINS, 2012). No Brasil, os registros datam no final do Século XIX quando ocorreram casos de mormo tanto em animais de serviço, quanto em humanos do Exército Brasileiro. A doença foi descrita pela primeira vez em 1811, introduzida provavelmente por animais infectados importados da Europa, desencadeando-se verdadeiras 284 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF epizootias em vários pontos do território nacional, vitimando muares, cavalos e humanos que adoeceram com sintomatologia de catarro e cancro nasal. As perdas no plantel foram enormes e levaram, inclusive, à contratação de médicos veterinários franceses para ajudarem a controlar os sucessivos surtos. Após vários relatos da ocorrência da enfermidade em equídeos e humanos, com caracterização dos achados epidemiológicos, clínicos, microbiológicos e anatomo-histopatológicos, a doença parecia ter sido erradicada no Brasil; a última referência a um foco de mormo foi no município de Campos, estado do Rio de Janeiro (MOTA et al, 2000) e em 1968, no município de São Lourenço da Mata, estado de Pernambuco (SANTOS et al., 2007). Em abril de 2010, no Distrito Federal, uma égua com sinais clínicos sugestivos de mormo apresentou resultado positivo na Fixação de complemento, no teste da maleína e no isolamento. O animal foi eutanasiado, foram realizados 8900 exames de fixação de complemento e, como nenhum novo caso foi identificado, o foco foi encerrado no mês de Abril de 2011(MORAES,2011). O objetivo do presente trabalho é abordar a etiologia, epidemiologia, sinais clínicos do mormo, diagnosticado, tratamento e a prevenção da enfermidade. 2.CONTEÚDO ETIOLOGIA O Mormo é uma enfermidade com elevada capacidade infectocontagiosa, acomete equídeos, preferencialmente os muares e asininos, notadamente das regiões norte e nordeste do Brasil, devido a condições favoráveis de calor e umidade dessas regiões associadas a praticas de criação e manejo de animais mantidos agrupados e em ambientes insalubres (THOMASSIAN, 2006). De acordo com a Oficina Internacional das Epizootias (OIE), pertence à classe B, por incluir-se no grupo de doenças transmissíveis, consideradas importantes, sob o ponto de vista sócio econômico e/ ou sanitário, em nível nacional e com repercussões no comércio internacional de animais e produtos derivados. Essas enfermidades são, em geral, de notificação obrigatória, de informe anual, ainda Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 285 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA que, em alguns casos, possam ser objeto de informes mais frequentes (CORREIA, 2001). EPIDEMIOLOGIA O mormo é causado pela Burkholdeira mallei, que é uma bactéria gram- negativa imóvel, aeróbia ou anaeróbia facultativa, não esporulada e redutora de nitrato; sensível a dessecação pelo calor e pela luz, pode sobreviver no meio ambiente por até 2 meses (THOMASSIAN,2006). A principal via de infecção é a digestiva, através de alimentos e água contaminados. Outras vias, tais como a respiratória e a cutânea, são menos frequentemente envolvidas. As bactérias atravessam a mucosa da faringe e do intestino, alcançam a via linfática e, em seguida, a corrente sanguínea, alojando-se nos capilares linfáticos dos pulmões, onde formam focos inflamatórios. Além dos pulmões, a pele, a mucosa nasal e, menos frequentemente, outros órgãos podem estar comprometidos. A imunidade é predominantemente mediada por células (SANTOS et al., 2007). A doença se caracteriza pela presença de infecção do trato do aparelho respiratório e, não raramente, provoca sintomas cutâneos, como nódulos e úlceras. O curso pode ser agudo ou crônico. Casos superagudos têm sido observados, sobretudo em animais já debilitados e submetidos a estresse. O período de incubação pode variar de alguns dias até vários meses. Nos muares e asininos, frequentemente acometidos pela forma aguda, a doença se inicia por febre, dispnéia inspiratória, tosse e secreção nasal catarropurulenta, às vezes, com presença de sangue. Pode ser notadas úlceras na parte inferior dos cornetos e do septo nasal. Posteriormente, observa-se aumento de tamanho dos linfonodos superficiais, tanto da cabeça, quanto de outras partes do corpo. Alguns animais deixam de se alimentar, desenvolvem pleuropneumonia e morrem rapidamente (DIETZ e WIESNER,1984). FORMA DE APRESENTAÇÃO E SINAIS CLÍNICOS Após um período de incubação de duas semanas, os animais afetados geralmente exibem septicemia e febre alta (até 41°C) e, subsequentemente, uma descarga nasal mucopurulenta espessa e sinais respiratórios. Ocorre morte dentro de alguns dias. A doença 286 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF crônica é comum nos equinos e ocorre como uma afecção debilitante com lesões nasais e cutâneas ulcerativas ou nodulares. Os animais podem viver por anos, enquanto disseminam o microrganismo. O prognóstico é desfavorável. Os animais recuperados podem não desenvolver imunidade. Reconhecem-se as formas nasal, pulmonar e cutânea do mormo, e um animal pode se afetar por mais de uma forma ao mesmo tempo (FRASER,1991). Na forma nasal, as lesões ocorrem nas partes inferiores dos turbinados e no septo nasal cartilaginoso. As lesões iniciam-se como nódulos (1 cm de diâmetro), que ulceram e podem-se tornar confluentes. Nos estágios iniciais, ocorre corrimento nasal seroso, que pode ser unilateral e, com o tempo, tornar-se purulento e tingido de sangue. O aumento dos linfonodos submandibulares é acompanhamento comum. No processo de cicatrização, as ulceras são substituídas por uma característica cicatriz em forma de estrela (RADOSTITS et al.,2002) A forma pulmonar é caracterizada por pneumonia crônica com tosse, epistaxe, respiração laboriosa e dispnéia; no início há uma secreção nasal serosa que evolui para purulenta, com estrias de sangue. Outros sinais clínicos menos específicos incluem febre, apatia e caquexia(MOTA, 2006; GALYOV et al., 2010). Já a forma cutânea caracteriza-se pelo aparecimento de nódulos subcutâneos(1 a 2 cm de diâmetro), que ulceram rapidamente e dão vazão a pus de coloração e consistência de mel escuro. Em alguns casos, as lesões são mais profundas, e as secreções saem por trajetos fistulosos. Os vasos linfáticos fibrosos e espessados irradiam-se das lesões e formam redes. Os linfonodos regionais podem ser acometidos e fistular. O lugar principal das lesões cutâneas é a região medial do jarrete; mas também podem ocorrer em qualquer região do corpo (RADOSTITS, 2002). DIAGNÓSTICO O diagnóstico baseia-se na apresentação clinica e na epidemiologia da doença, notadamente pelas condições de insalubridade ambiental e pelos sinais manifestados nas diversas formas de apresentação da enfermidade. Laboratorialmente a suspeita pode ser confirmada pelo teste de maleína e o teste de fixação de complemento, determinados pela legislação brasileira e Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 287 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA pelo código zoosanitáriointernacional (THOMASSIAN,2006). Segundo Bridget et al. (2007), todos os testes sorológicos para mormo em equídeos apresentam reação cruzada com B. pseudomallei. Portanto, onde a melioidose é endêmica, os testes sorológicos podem resultar em falso-positivo. Os animais devem ser submetidos ao teste de fixação de complemento (FC) de acordo com as restrições de trânsito, sendo a coleta do sangue e a requisição do exame realizados por médico veterinário cadastrado. Animais reagentes ao teste que apresentem sinais clínicos da doença devem ser considerados positivos; animais reagentes à fixação de complemento sem sinais clínicos devem ser submetidos ao teste da maleína para conclusão do diagnóstico, sendo necessários dois testes com intervalo de 45-60 dias para considerar o animal negativo. Equídeos não reagentes à fixação de complemento e que apresentem sinais clínicos da doença podem ser submetidos ao teste da maleína. Animais de propriedade reincidente serão considerados positivos apenas com o teste de fixação de complemento (MAPA, 2004). O teste da maleína é um teste intradermopalpebral e substituiu, em larga escala, os testes subcutâneos e oftálmico. A maleína (0,1 ml) é injetada por via intradérmica na pálpebra inferior com uma seringa de tuberculina. O teste é lido após 48 horas. Uma reação positiva mostra edema palpebral significativo com blefaroespasmo e intensa conjuntivite purulenta. E alguns animais infectados apresentam reações de hipersensibilidade generalizada após a inoculação (RADOSTITS et al.,2002). O teste de Fixação de complemento (FC) apresenta alta sensibilidade e boa especificidade e deve ser realizado em laboratório oficial ou credenciado pelo MAPA. Baseia-se na detecção de anticorpos específicos contra a B. malleique pode ser observada uma semana após a infecção, contudo alguns estudos demonstram que o melhor período para a realização do exame situa-se entre 412 semanas após a infecção (MOTA, 2006). Posteriormente, em uma análise incluindo dezenas de milhares de equinos, as reações inespecíficas no diagnóstico de mormo por FC e teste da maleína foram de aproximadamente 1%. Paralelamente, outros pesquisadores comprovaram a estreita relação entre a B. pseudomalleie a B. mallei. A maleína foi utilizada em um teste ELISA 288 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF utilizando um anticorpo LPS-específica anti-B. malleicomo um indicador de anticorpo. Ficou claro que esta técnica pode detectar positivos, mas não os soros de equinos que não foram identificados como positivos na fixação de complemento. A qualidade deste teste, entretanto, depende da especificidade do anticorpo utilizado (NEUBAUER et al., 2005). ACHADOS As lesões macroscópicas observadas com maior frequência foram congestão e hemorragia pulmonar, abscessos hepáticos, aderência da túnica vaginal, túnica vaginal hiperêmica, congesta, com presença de secreção purulenta e testículos hemorrágicos. O exame histológico pode ser encontrada congestão, vacuolização difusa e necrose dos hepatócitos; congestão cortical e medular e vacuolização das células epiteliais; edema, congestão e hemorragias nas túnicas vaginal e albugínea, além de formação de piogranulomas; processo degenerativo tubular com descamação celular, presença de macrófagos e debris celulares, além de células sinciciais na luz dos túbulos do testículo e epidídimo (SILVA et al. 2005). TRATAMENTO O tratamento é contra indicado ou não indicado para os casos de mormo. A legislação brasileira determina a notificação compulsória ao ministério da agricultura, pecuária e do abastecimento, a interdição da propriedade e o sacrifício e incineração dos animais positivos (THOMASSIAN, 2006). PREVENÇÃO Segundo a coordenadoria de defesa e agropecuária do estado de São Paulo, como não há tratamento e vacina contra o mormo, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) recomenda, como medidas de profilaxia e controle, a interdição de propriedades com foco confirmado da doença para saneamento e a eutanásia dos animais positivos por profissional do serviço de Defesa Sanitária. O controle de trânsito interestadual e participação em eventos hípicos, de equídeos provenientes de estados onde há comprovação da existência da doença, deve ser feito acompanhado de exame negativo para mormo, obedecendo-se o prazo de validade Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 289 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA e que estes não apresentem sinais clínicos da enfermidade. O trânsito intramunicipal, intraestadual e internacional deve ser rigorosamente controlado para evitar que animais com a infecção latente sejam comercializados de áreas onde ocorra mormo para áreas livres da doença. Fazendas ou outros centros de equídeos devem ser mantidos sob rigorosa quarentena, por até seis meses ou mais, se possível, quando houverem casos confirmados (KNOWLES ,MOULTON ,1982). De acordo com as normas do Código ZoosanitárioInternacional (resultante de acordo internacional, do qual o Brasil é signatário), no caso de trânsito de animais é obrigatório a apresentação de resultado negativo na prova da maleína e na prova de fixação do complemento para detecção da enfermidade, realizadas, no máximo,até 15 dias antes do embarque (FRASER,1991). 3.CONCLUSÃO Atualmente ocorreram alguns casos de mormo no Brasil, porém todos os animais foram eutanasiados de acordo com a legislação. Portanto devemos nos preocupar em controlar a doença no país e no mundo por ser uma zoonose de grande importância na saúde publica trazendo o sacrifício de muitos animais e por ser de fácil transmissão. E o papel do médico veterinário mediante a enfermidade, é fundamental, tanto na prevenção, detecção precoce e contenção ou controle da doença. Quando se depara com um caso suspeito de Mormo este deve ser notificado imediatamente, para que sejam cumpridos os procedimentos previstos na legislação sanitária. 4.REFERÊNCIAS CORDENADORIA DE DEFESA AGRPÉCUARIA DO ESTADO DE SP. Instrução Normativa N° 24, de 5 de abril de 2004, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: http://www.cda.sp.gov.br/www/legislacoes/ popup.php?action=view&idleg=827. Acesso em: 30 de outubro de 2013. BRIDGET, C.G.; WAAG, D.M. Glanders. In: BORDEN INSTITUTE. Medical 290 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Aspects of Biological Warfare.p. 121-146, 2007. CORREIA, F.R., SCHILD, A.L., MENDEZ, M.D.C., LEMOS, R.A.A. Doença de ruminantes e equinos.2ª edição;v.1.Editora Varela. São Paulo, 2001. DIETZ O., WIESNER E. Diseases of the horse (a handbook forscience and practice). 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E-mail: [email protected] Docente da faculdade de Medicina Veterinária da FAMED – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO Mastocitomas são neoplasias cutâneas, representando boa parte de todos os tumores de pele em cães. Há indícios que existem mutações no gene c-kit, codificador do domínio justamembrana do receptor de tirosina-quinase do fator de células troncos existente em mastócitos neoplásicos, que seriam a causa dos MCTs. O diagnóstico é realizado através da citologia por aspiração. A graduação histopatológica é feita em graus I, II ou II; ou, baixo e alto grau. O tratamento pode ser cirurgia, radioterapia, ou quimioterapia. Recentemente estão sendo utilizados os inibidores de tirosina kinase, com remissão completa em alguns casos. Fatores prognósticos como gênero, idade, tamanho da neoplasia, entre outros, são utilizados. Palavras-chave: fatores prognósticos, histopatologia, mastocitomas, tratamento. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 293 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Mast cell tumors are skin neoplasms, accounting for a large part of all skin tumors in dogs. There are indications that exist mutations in the c-kit gene encoding the juxtamembrane domain of the tyrosine kinase receptor of the existing stem cell factor in neoplastic mast cell, which would be the cause of MCTs. The diagnosis is made by aspiration cytology. The histopathological grading is done in grades I, II or II; or, low and high grade. The treatment may be surgery, radiotherapy or chemotherapy. Recently, inhibitors of tyrosine kinase are being used, with complete remission in some cases. Prognostic factors such as gender, age, size of tumor, among others, are used. Keywords: prognostic factors, histopathology, mast cell tumors, treatment. 1. INTRODUÇÃO Mastócitos são células residentes do tecido conjuntivo, de longa vida e origem hematopoética, que mantêm a capacidade de proliferar após a maturação. O achado característico de células maduras é a presença de grânulos citoplasmáticos que contêm substâncias biologicamente ativas, como a histamina e heparina (RECH et al, 2003). Na maioria das espécies, neoplasias envolvendo mastócitos são relativamente incomuns. Raros são os casos de mastocitoma em seres humanos, no entanto, o mastocitoma é o segundo tumor mais comum no cão (FURLANI et al, 2008). Mastocitomas (MCT) são neoplasias cutâneas e de tecidos moles, representando de 7% a 21% de todos os tumores de pele em cães, e 11% a 27% de todos os tumores cutâneos malignos nesta espécie (MICHELS et al. 2002; PINELLO et al, 2009; KIUPEL et al. 2011; TAKEUCHI et al, 2013). MCTs cutâneos são lesões únicas tipicamente, mas sua aparência clínica pode variar e os cães podem desenvolver mais de um tipo de MCT, sem serem correlacionados, e como apresentam essa grande variedade de aparência e comportamento, o seu tratamento é difícil. Graduação histológica, determinada pelas características 294 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF morfológicas das células do MCT, está estabelecida como fator de prognóstico mais consistente para predizer o comportamento e o resultado clínico (PINELLO et al, 2009; WARLAND & DOBSON, 2013). O MCT tem o comportamento biológico altamente variável, indo desde solitários nódulos cutâneos, que podem ser curados com procedimentos cirúrgicos, a nódulos simples ou múltiplos com metástases (MICHELS et al. 2002). Devido a essa variação, é difícil predizer como essa neoplasia vai se comportar. 2. DESENVOLVIMENTO Não existe uma etiologia completamente elucidada para o MCT, porém há indícios recentes que existem mutações no gene c-kit, codificador do domínio justamembrana do receptor de tirosinaquinase do fator de célula tronco (“stem cell fator” [SCF]), existente em mastócitos neoplásicos. A mutação encontrada é uma duplicação, que causa fosforilação constitutiva do receptor, sem a ligação necessária com o SCF. Assim explicando o crescimento sem controle da neoplasia, e sua relação positiva entre as duplicações e a malignidade do MCT (RECH et al, 2003). Raças braquicefálicas, como Boxer, Boston Terrier, Bulmastiff, Bulldog Inglês, Bull Terrier, Pit Bull Terrier, parecem ter maior risco de desenvolver a neoplasia em questão, porem existem outras raças, como o Labrador Retriever, Fox Terrier, Beagle, Cocker Spaniel, Weimaraner, Rhodesian Ridgeback, Schnauzer e Shar-pei que também estão predispostas (RECH et al, 2003; MOORE, 2005; COUTO, 2007). A prevalência é maior em cães de meia idade a idosos (média de 8,5 anos) e não aparenta ter predisposição sexual. Nos Shar-pei, o MCT tem predisposição a aparecer em cães mais jovens, e esses tumores normalmente são pobremente diferenciados, e biologicamente agressivos (RECH et al, 2003; MOORE, 2005; COUTO, 2007). Podem se apresentar como nódulos dermo-epidérmicos, ou subcutâneos, com aproximadamente 50% localizados no tronco e períneo, 40% nas extremidades e apenas 10% dos tumores estão localizados na região do crânio e cervical (COUTO, 2007). É incomum o diagnóstico desta neoplasia sem o envolvimento da pele. Eles variam muito em aparência, e estimativas de sua Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 295 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA malignidade e predição de seu comportamento não podem ser feitas somente através da aparência clínica. Alguns MCTs podem estar presentes no animal por meses, ou até anos, antes de se disseminarem rapidamente no paciente, e outros podem se mostrar agressivos desde o seu aparecimento (MOORE, 2005). Aproximadamente 6% dos cães irão desenvolver tumores múltiplos. A manipulação mecânica dos nódulos durante o exame físico pode causar a degranulação de mastócitos, produzindo eritema e formações papulares (sinal de Darrier) (MOORE, 2005). Os proprietários podem relatar crescimento rápido seguido de diminuição de volume em um período de aproximadamente vinte e quatro horas, tal histórico deve aumentar a suspeita clínica de MCT (MOORE, 2005). Pode ocorrer linfoadenopatia regional, devido ao envolvimento nodal regional em MCTs invasivos. Podem fazer metástase via linfáticos para baço e fígado, podendo ocorrer, neste caso, esplenomegalia e hepatomegalia (MOORE, 2005; COUTO, 2007). A apresentação clínica dos MCTs é variável podendo mimetizar a maioria das lesões cutâneas, incluindo pápulas, máculas, nódulos, tumores e crostas. Aproximadamente 10% a 15% dessa neoplasia em cães são clinicamente indistinguíveis de lipomas subcutâneos comuns (COUTO, 2007). A maioria dos cães, não apresentam alterações hematológicas, embora eosinofilia, por vezes severa, basofilia, monocitose, neutrofilia, trombocitose e/ou anemia podem ser encontradas. Anormalidades da bioquímica sérica são raras, e incluem principalmente hiperproteinemia, devido a uma gamopatia policlonal em um pequeno número de pacientes (COUTO, 2007). O diagnóstico é preconizado inicialmente através da citologia por aspiração observando-se um espécime citológico caracterizado por células arredondadas que podem ter grânulos citoplasmáticos grandes em bem corados (bem diferenciados) ou podem ser mais anaplásicos, com grânulos menores e pouco corados (pouco diferenciados) (MOORE, 2005). Eosinófilos são comuns, devido à quimiotaxia destes à liberação de histamina (MOORE, 2005). As síndromes paraneoplásicas compreendem um grupo diverso de alterações clínicas associadas a neoplasias e ocorrem em sítios distantes do tumor primário ou de suas metástases (RODIGHERI et al., 2008). Dentre essas alterações encontram-se caquexia, anorexia, 296 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF hipercalcemia, hipoglicemia, síndrome febre, osteopatia hipertrófica, síndrome de hiperviscosidade, coagulopatias, neuropatias, entre outras. A incidência dessas alterações ainda é desconhecida na medicina veterinária, mas aproximadamente 75% dos pacientes humanos com câncer apresentam algum distúrbio paraneoplásico durante a evolução da doença (MORRISON, 1998). Bergman (2008) recomenda o estadiamento clínico que envolve exame físico geral e específico, hemograma, urinálise, aspiração de linfonodo local e ultrassom abdominal, sendo que radiografia torácica e punção de medula óssea também podem ser empregadas. Deve-se considerar que mastócitos também são encontrados em tecidos normais. Tham e Vail (2006) citaram que em 56 cães saudáveis estudados, aproximadamente 24% dos linfonodos aspirados continham mastócitos com uma média de seis mastócitos por campo; dessa forma, deve-se considerar que quando há este achado em um animal com nódulo solitário não se deve interpretar como metástase. Punção de medula óssea e citologia de baço ou fígado não fazem parte da rotina de estadiamento segundo Bergman (2008). A classificação dos MCTs em estadios clínicos é necessária para estabelecer correto tratamento e prognóstico. Foi proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um esquema de classificação por estádios clínicos do MCT canino (Tabela 1) Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 297 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA A histopatologia é necessária para a graduação da neoplasia que tem sido amplamente correlacionada com recidiva tumoral e sobrevida (MOORE, 2005). Todos os MCTs devem ser graduados para determinar a malignidade da neoplasia, especialmente em cães que estão sendo considerados para uma cirurgia agressiva, como a amputação ou radioterapia, ou ainda para terapias adjuvantes como a quimioterapia (MOORE, 2005). Segundo Patnaik et al. (1984) os MCTs são classificados em três graus (Tabela 2): grau I: células altamente diferenciadas, com núcleos regulares, e mitose rara ou inexistente, e um alto numero de grânulos metacromáticos; grau III, são os mais agressivos, são altamente indiferenciados, com núcleos grandes e irregulares, alto numero de figuras de mitose, e poucos grânulos citoplasmáticos. Tumores do grau II são de uma variação intermediaria entre os outros graus (PINELLO et al, 2009). 298 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Tumores do grau I, solitários, têm um baixo potencial tanto metastático, quanto para disseminação sistêmica. Mas não é incomum avaliar um cão com vários MCTs cutâneos, nos quais a avaliação histopatológica relata serem bem diferenciados (COUTO, 2007). Neoplasias do grau II e III tem potencial metastático e de disseminação sistêmica maior, com metástases ocorrendo comumente nos linfonodos regionais, embora, raramente um tumor “pule” o linfonodo de drenagem principal, e apareçam metástases no segundo ou terceiro linfonodo regional. Metástases pulmonares são muito raras (COUTO, 2007). Atualmente uma nova classificação histopatológica tem sido utilizada mundialmente no intuito de evitar erros na classificação, principalmente nos MCTs classificados anteriormente em grau II. Segundo Kiupel et al. (2011) a nova graduação histopatológica dos MCTs deve ser realizada em dois graus (Tabela 3): alto e baixo grau, baseando-se no número de figuras mitóticas, combinadas com cariomegalia, células multinucleadas (células com três ou mais núcleos), ou com núcleos bizarros (altamente atípicos, com indentações, segmentação e formato irregular). Em termos de terapia, os MCTs podem ser tratados com cirurgia, radioterapia, ou quimioterapia, individualmente ou em combinação; podendo ou não alcançar a remissão completa da neoplasia (MOORE, 2005). Um MCT em uma área em que a excisão cirúrgica completa é viável pode ser tratado pela ressecção agressiva em bloco (de 3 a 5 cm de margens tridimensionais). Se a excisão completa for obtida e não existirem metástases a cura pode ser alcançada (COUTO, 2007). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 299 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Se a excisão for incompleta ainda pode ser realizada uma segunda cirurgia para retirar as margens remanescentes, irradiar o local cirúrgico (de 35 a 40 Gy em 10 a 12 frações) ou quimioterapia adjuvante (COUTO, 2007). Em casos de metástases nodais (diagnosticadas citologicamente) ou aumento dos linfonodos regionais próximos à neoplasia, a linfadenectomia deve ser preconizada (BIRCHARD & SHERDING, 2006). Em uma área em que a excisão cirúrgica é difícil ou associada com resultados cosméticos inaceitáveis, o tratamento pode ser realizado com a radioterapia. Mais da metade dos pacientes com um MCT localizado, tratados somente com a radioterapia, são curados (COUTO, 2007). A irradiação também é recomendada para tumores em áreas de alto risco. Pacientes com MCTs de grau baixo respondem melhor à radioterapia do que mastocitomas de alto grau (BIRCHARD & SHERDING, 2006). A radioterapia é efetiva contra MCTs microscópicos e pode ser aplicada nos linfonodos regionais caso seja necessário (BIRCHARD & SHERDING, 2006). Aplicações intralesionais de corticoides (como a Triamcinolona, um miligrama por centímetro de diâmetro do tumor, a cada duas ou três semanas) podem ser utilizadas para reduzir o tamanho do tumor com sucesso, embora sendo uma medida paliativa (COUTO, 2007). Se o paciente desenvolver MCTs disseminados ou metastáticos, a cura é dificilmente obtida. O tratamento nestes casos é direcionado em diminuir as síndromes paraneoplásicas e aumentar a sobrevida por utilizar quimioterapia e terapia de suporte. Dois protocolos são utilizados amplamente, são eles: prednisona ou protocolo CVP (ciclofosfamida, vimblastina e prednisona), sendo que os animais tratados com qualquer um dos protocolos têm taxas de resposta e de sobrevivência muito similares. (COUTO, 2007). A quimioterapia para o MCT nos cães tem sido difícil e sem muitas respostas em longo prazo. O uso de alguns medicamentos como os retinoides (metabólitos ativos da vitamina A) são capazes de inibir o crescimento de tumores em cães e em humanos, através da apoptose e diferenciação das células cancerígenas (PINELLO et al, 2009). O tratamento com ATRA (“all-trans-retinoic acid”) tem inibido o crescimento de células de mastocitomas (PINELLO et al, 2009). Mutações no proto-oncogene c-kit, como deleções e duplicações em paralelo internas (ITD “internal tandem duplication”), estão 300 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF correlacionadas na progressão dos MCTs caninos (ROSSI et al, 2013). Em um estudo, há a evidência que o mesilato de imaitinib, um inibidor de tirosina kinase, tem uma resposta rápida em cães com MCT, chegando à remissão completa ou parcial em curtos períodos de tempo, especialmente em cães com uma mutação no c-kit (mutação que muitos acreditam ser o estímulo primário para o crescimento descontrolado em alguns tumores), já que a metade dos tumores que responderam ao tratamento tinha essa mutação (ISOTANI et al, 2008). Como terapia auxiliar, pode-se utilizar antagonistas H2, como a ranitidina, para diminuir a incidência de úlceras gastrointestinais devido ao MCT, e podem-se utilizar antagonistas H1 (difenidramina), para reduzir prurido e inflamação devido à liberação de histamina (BIRCHARD & SHERDING, 2006). Moore (2005) identificou fatores prognósticos dos pacientes que sofreram terapia cirúrgica e radioterapia, como gênero (machos tem um prognóstico pior após quimioterapia), idade (cães com mais de oito anos são três vezes mais predispostos a morrer de mastocitoma após o tratamento), velocidade de crescimento do tumor (tumores que crescem mais de um centímetro por semana, tem um prognóstico pior), grau do tumor (cães com o grau II tem a taxa de recidiva local menor e tempo de sobrevivência maior que o apresentado por estudos anteriores, e tumores do grau III tem maior chance de serem excisados incompletamente, maiores chances de metástase, e uma chance quatro vezes maior de resultarem em morte), margem cirúrgica (fator importante, se o tumor não foi completamente retirado, cirurgias adicionais ou radioterapia é necessária), localização do tumor (tumores na área perineal e inguinal sempre tiveram maior chance de recidiva, porém, segundo estudos mais recentes, terapia local agressiva resulta em controle em longo prazo, e tumores na região do focinho são comumente do grau III, e com alta taxa de metástases para os linfonodos regionais), tumores múltiplos e metástases (já que pacientes com metástases tem chance oito vezes maior de vir a falecer devido à neoplasia). Outros fatores também utilizados para avaliar o prognóstico incluem classificação histopatológica, estadiamento clínico, regiões de organização nucleolar cromossomal coradas com prata (AgNORs), coloração de antígeno nuclear celular proliferativo (PCNA) e recidiva Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 301 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA tumoral (MICHELS et al. 2002). Embora estes parâmetros sejam de grande ajuda, o comportamento biológico dos mastocitomas ainda é imprevisível (MICHELS et al. 2002). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O mastocitoma é uma neoplasia que tem grande variação clínica, portanto seu diagnóstico não pode ser feito somente com a clínica, mas em conjunto com o exame citológico e histopatológico, para então, dependendo da graduação tumoral, se traçar um protocolo clínico específico para aquele paciente, que pode ser cirúrgico, quimioterápico ou radioterápico. Como a neoplasia tem chances de recidiva, a terapia conjunta entre estes métodos é mais eficaz para obter remissão parcial ou completa da neoplasia. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERGMAN, P. J. Mast cell tumor update: margins & prognostic indicators. Latin America Veterinary Conference (LAVC), 2008, Peru. BIRCHARD, S. J. ; SHERDING, R. G. Saunders Manual Of Small Animal Practice. 3ª Edição. Saint Louis, Missouri. Ed. Elsevier. 2006. COUTO, C. G. Mast cell tumors in dogs. Proceedings of CIVAC congress. Rimini, Itália, 2007. FURLANI, J. M.; DALECK, C. R.; VICENTI, F. A. M.; DE NARDI, A. B.; PEREIRA, G. T.; SANTANA, A. E.; EURIDES, D.; DA SILVA, L. A. F. Mastocitoma Canino: Estudo Retrospectivo. Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 1, p. 242-250, Jaboticabal, SP. jan./mar. 2008. HENDERSON R. A., BREWER, W.G, Jr. Pele e Subcutâneo. In: Slatter, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 2ª edição. 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Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF NUTALIOSE – REVISÃO DE LITERATURA Luiz Felipe de AZEVEDO NETO¹ João Guilherme SOUZA¹ Vanessa ZAPPA² ¹Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da FAMED - Garça – SP - Brasil. e-mail: [email protected] ²Docente da Faculdade de Medicina Veterinária da FAMED - Garça – SP – Brasil. ³ Sociedade Cultural e Educacional de Garça, Faculdade de Medicina Veterináriae Zootecnia – FAMED – Garça/São Paulo – Brasil. Site: www.faef.br RESUMO A babesiose ou nutaliose ou piroplasmose é uma importante afecção parasitária causada por dois protozoários que são parasitas intra-eritrocitários de animais domésticos são eles os hematozoários, a Theieiria equi e Babesia cabali. Ambos têm uma distribuição geográfica por todo o território nacional ocasionando incontáveis perdas econômicas na equideocultura nacional causando prejuízos diretos e indiretos na economia. Os vetores desses protozoários são os carrapatos do gênero Amblyoma, Rhipicefalus, Dermacentor e Hyaloma. Os Boophilus micorplus são um dos principais vetores no Brasil. A afecção pode surgir de três formas quanto aos sinais clínicos, sendo aguda, subclínica ou crônica. Palavras-chave: Babesia Equina, Parasitas, Piroplasmose. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 305 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Babesiosis or piroplasmosis or nutaliose is an important parasitic disease caused by two protozoan parasites that are intra-erythrocytic pets they are the hematozoários to Theileria equi and Babesia cabal. Both have a geographic distribution throughout the country causing untold economic losses in R.equi national direct and indirect damage caused in the economy. The vectors are ticks of protozoa of the genus Amblyoma, Rhipicefalus, Dermacentor and Hyaloma. The Boophilus micorplus are a major factor in Brazil. The disease can arise in three ways for clinical signs, with acute, chronic or subclinical. Keywords: Equine Babesia, Parasites, piroplasmosis. 1.INTRODUÇÃO Segundo SMITH (2005), a babesiose/theileriose dos eqüinos (piroplasmose) é uma doença febril dos eqüídeos transmitida por carrapatos e causada por Babesia caballi e T. equi. Nos Estados Unidos da América o anocentor nitens esta relacionado com a transmissão de B. caballi. (LINHARES, 2002; KRATSCHMER, 2008). THOMASSIAN (2005) Observou que os principais carrapatos são: os o Dermacentor sp, Rhipicephalus sp e hyalomma sp, que ao se alimentarem do sangue de seus hospedeiros transmitem a ele, através de seu aparelho bucal, os protozoários responsáveis pela doença. A Babesia se instala no interior dos glóbulos vermelhos e se reproduz até causar hemólise, isto é, a destruição da hemácia parasitada. A hemólise resulta em anemia grave, icterícia e, excepcionalmente, hemoglobinúria, que às vezes é insignificante. Devido à hemólise, a contagem dos glóbulos vermelhos pode chegar a 1,5 milhões de hemácias por milímetro cúbico de sangue, caracterizando um quadro alarmante de anemia hemolítica. A transmissão de T. equi ocorre, aparentemente, apenas pelas vias transestadial (horizontalmente), isto é, um estágio do carrapato (larva ou ninfa torna-se infectado e o agente causal é transmitido para o hospedeiro vertebrado seguinte, no estágio subseqüente do carrapato (ninfa ou adulto)) (SMITH, 2005). 306 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma revisão de literatura sobre nutaliose em eqüinos. 2.DESENVOLVIMENTO Segundo TIZARD (2009) na Babesiose, os estágios infectivos dos microrganismos (esporozoítos) invadem as hemácias. Essa invasão aparentemente envolve uma ativação do trajeto de complemento alternativo. As hemácias infectadas incorporam os antígenos da Babesia em suas membranas. Isso, por sua vez, induz anticorpos que opsonizam as hemácias e levam a sua remoção pelo sistema mononuclear. Além da resposta mediada por células anticorpodependente também podem destruir as hemácias infectadas. O complexo de anticorpo antígeno opsonizante de Babesia na superfície de hemácias infectadas pode ser reconhecido macrófagos e linfócitos citotóxicos. Estes podem ser importantes no começo da infecção, quando o número de hemácias infectadas é pequeno. Ciclo Evolutivo: A transmissão de vertebrados a vertebrados é através da inoculação da babesia pelo carrapato. No hospedeiro vertebrado os parasitos penetram nos eritrócitos e se transformam em trofozoítos. A multiplicação é por divisão binária ou por esquizogônica. Em determinada espécies, são formados dois trofozoítos piriformes, inicialmente unidos e depois separados, que destruindo o eritrócito ficam livres e penetram em novos eritrócitos. Em outras espécies surgem quatro trofozoítos constituindo tétrades. Este ciclo se propaga indefinidamente e os vertebrados permanecem infectados durante toda sua vida. O desenvolvimento do ciclo no carrapato se processa de dois modos, segundo a espécie da babésia e do carrapato (FORTES, 1997). Nos carrapatos de um hospedeiro, há infestação das babésias pelas fêmeas dos carrapatos, seguindo a penetração e multiplicação nas células epiteliais do intestino, tornando então a forma de clava, caem na hemocele, havendo penetração e multiplicação nas células dos tubos de Malpighi, nos ovários, penetração dos oocistos e conseqüentemente infecção dos ovos; desenvolvimento na hemocele das larvas originárias dos ovos infectados, das ninfas e dos adultos provenientes dessas larvas; penetração e multiplicação nas glândulas salivares e transmissão aos vertebrados por ocasião da sucção de sangue pelo carrapato (FORTES, 1997). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 307 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Os parasitas que se dividem rapidamente nos eritrócitos produzem rápida destruição destas células, com concomitante hemoglobinemia, hemoglobinúria e febre. Este quadro pode ser tão agudo a ponto de causar morte em poucos dias, durante os quais o volume globular cai para menos de 20%. A parasitemia, que usualmente é detectável assim que se manifesta a sintomatologia clínica, pode envolver entre 0,2% e 45% dos eritrócitos, dependendo da espécie da Babesia (URQUHART, et al., 1996). As formas mais moderadas da doença, associada à espécie menos patogênicas da Babesia, ou a hospedeiros relativamente resistentes, caracterizam-se por febre, anorexia e talvez leve icterícia por um período de vários dias (URQUHART, et al., 1996). A manifestação clinica que ocorre após um período de incubação de 5 a 28 dias são febre (39ºC a 42ºC), anemia hemolítica, icterícia, hemoglobinúria e morte. Os sintomas generalizados como depressão, anorexia, incoordenação, lacrimejamento, secreção nasal mucosa, edema das pálpebras e decúbito frequente são observados. O T. equi é considerado o mais patogênico das duas espécies e é responsável pela maior incidência de hemoglobinúria e morte. A B. caballi causa febre mais persistente e anemia (SMITH, 2005). Segundo THOMASSIAN (2005), o apetite pode permanecer presente nas crises menos graves. Os animais adultos podem ficar imóveis, e alguns chegam mesmo a permanecer em decúbito esternal ou lateral, não respondendo quando estimulados. Há edema na região do machinho e, ocasionalmente, nas regiões baixas do corpo e na cabeça. As fezes em todos os animais doentes podem estar cobertas por muco e raramente apresentam estrias de sangue. O diagnóstico se baseia nos achados clínicos e, sobretudo no exame laboratorial do sangue. Quando mais de 5% de hemácias estão parasitadas, diante do quadro clinico descrito, a doença é aguda e deve ser imediatamente tratada (THOMASSIAN, 2005). O diagnostico definitivo de Babesiose baseia-se na demonstração de eritrócitos parasitados em esfregaço sangüíneo ou na sorologia positiva, podendo ser dividido em técnicas diretas e indiretas. O método direto se dá por meio da visualização dos protozoários em esfregaços de sangue ou pela investigação do DNA, por diferentes técnicas de PCR (polimerase chain reaction). Já as técnicas indiretas são realizadas por meio das mensurações das respostas imunológicas. 308 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Como a parasitemia é de curta duração e em geral não há hemólise, é mais comum estabelecer-se o diagnóstico pela sorologia, uma vez que muitos animais apresentam esfregaço sanguíneo negativo. Os anticorpos contra babesia são detectados após 14 dias por um teste de fixação de complemento ou imunofluorecencias indireta (KNOWLES et al., 1994; NANTES 2008). WEILAND (1986) Observou que os anticorpos podiam ser demonstrados por fixação de complemento (TFC), imunofluorecencias indireta (IFI) e ELIZA. A IFI e o teste de ELIZA apresentam resultados positivos durante toda a latência, para um diagnostico seguro devese usar o TFC associado ao IFI. Segundo SMITH (2005) o fármaco de escolha para a eliminação do estado de portador dos animais infectados é o imidocarb. O imidocarb, na dose de 2,2mg/Kg, dado duas vezes com intervalo de 24 horas e eficaz contra B. caballi. dose de 4 mg/kg dadas quatro vezes com o intervalo de 72 horas são eficazes contra T. equi. O tratamento ainda não está muito bem estabelecido, porém, excelentes resultados tem sido obtido com o uso de diazoaminodibenzamídina a 7% na dose de 1 cm/20Kg,que podem ser repetido após 24 horas. Alguns animais tratados com ivermectina podem desenvolver hiperperistalse e consequentemente desconforto abdominal agudo, geralmente tratado com antiespasmódico (THOMASSIAN, 2005). Até certo ponto, depende da espécie de babesia a ser tratada e da disponibilidade de drogas particulares em regiões individuais. O sulfato de quinurônio, a pentamidina, a amicarbalida, o acerturato de diminazeno e o imidocarb são drogas mais comumente utiizadas e o seu uso é discutido com mais detalhes nas seções referentes à Babesiose nas diferentes espécies animais (URQUHART, et al., 1996). A melhor maneira de evitar a infecção é controlando a população de vetores, no caso, os carrapatos. Com a aplicação de carrapaticidas na forma de aspersão em intervalos estratégicos associados à rotação de pastagens (com alguns cuidados adicionais) e a separação da criação bovina da eqüina. A eliminação total dos vetores é muito difícil uma vez que as larvas dos carrapatos são muito resistentes, especialmente as do Amblyomma sp., que permanecem viáveis por até três anos em condições ambientais favoráveis. Outro fator importante é a presença da fauna silvestre, que continua a disseminar Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 309 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA os carrapatos. Além disto, é comum as éguas viajarem com seus potros para fins de reprodução, se contaminando em outras áreas (KERBER, 2005). 3.CONCLUSÕES Observamos que a Babesia equina é uma importante afecção sanguínea onde se tem poucos estudos em torno do tratamento, e até mesmo novas técnicas de diagnosticar o protozoário. Concluímos também que o controle da infestação por carrapatos diminui em muito a incidência da doença. Aumentar o investimento em pesquisa e estudos traria novas soluções para a cura e diagnóstico desta afecção que traz enormes prejuízos principalmente ao equino de competição, com isso seria possível aumentar a competitividade do Brasil no mercado de eqüinos. 4.REFERÊNCIAS FORTES, E. 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Seus sinais clínicos variam de acordo com o estágio da doença em que se encontra o animal, sendo o edema, a claudicação e fraturas espontâneas os principais sinais clínicos apresentados. Geralmente, os cães mais acometidos são de porte grande, de raça pura e de meia idade. O diagnóstico deve ser feito com base no histórico, exame físico, associados a exames de imagem, citologia e histopatologia óssea. A quimioterapia aliada à intervenção cirúrgica tem sido o tratamento de eleição na clínica. Palavras Chaves: Cirurgia, Edema, Neoplasia, Quimioterápicos. ABSTRACT Being one of the most common cancers in dogs, osteosarcoma is a malignant tumor that affects the primary bone tissue. His clinical Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 313 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA symptoms vary with the stage of disease in the animal that is being swelling and lameness major clinical signs presented. Generally, most affected dogs are large and middle- aged. The diagnosis should be made based on history, physical examination, associated with imaging, cytology and histopathology bone. The combined chemotherapy to surgery has been the treatment of choice in the clinic. Chemotherapeutic provide relief from pain and suffering of the animal, besides increasing the expectation of cure. Key Words: Chemotherapy, Neoplasm, Surgery, Swelling. 1.INTRODUÇÃO O osteossarcoma é um tumor ósseo maligno de origem primária, que com frequência afeta os cães, de grande porte e de meia idade, correspondendo a 80-85% dos tumores ósseos e 5-6% das neoplasias reportadas nesta espécie. Ele é caracterizado pela proliferação de células mesenquimais malignas, com diferenciação osteoblástica, sendo formada uma estrutura óssea firme e geralmente indolor a palpação (TEIXEIRA, 2010). Os ossos mais afetados são úmero, rádio, ulna, fêmur e tíbia, tendo a ocorrência maior nos membros pélvicos (TEIXEIRA, 2010). Geralmente machos são mais afetados que fêmeas, com exceção das raças São Bernardo, Rottweiler e Dinamarquês, nas quais as fêmeas são mais acometidas (OLIVEIRA, 2008). Os sinais clínicos mais frequentes são edema no membro afetado, dor local, associada a presença de microfraturas ou fraturas completas espontâneas, induzidas pela osteólise do osso cortical devido a extensão tumoral no canal medular (TEIXEIRA, 2010). Os osteossarcomas são potencialmente metastáticos, sendo que as metástases ocorrem precocemente, principalmente em órgãos parenquimatosos, sendo os pulmões os órgãos mais acometidos, embora já foram constatadas metástases no fígado, rim, tecido ósseo, baço, miocárdio, gânglios linfáticos, diafragma, mediastino, medula, intestinos e tecido subcutâneo (SANTIS et al., 2010). A presente revisão tem como objetivo abordar os principais sinais clínicos, os métodos de diagnóstico, as opções de tratamento e o prognóstico para o osteossarcoma canino. 314 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2.DESENVOLVIMENTO Os osteossarcomas (OSA) são neoplasmas primários mesenquimais malignos que podem conter tecido conjuntivo, cartilagem, osso imaturo e osteóide. O OSA pode ser classificado conforme o tipo de atividade celular envolvida, divididos em osteoblástico, condroblástico, fibroblástico ou telangiectásicos. (SANTIS et al., 2010). O OSA geralmente afeta os ossos longos de cães grande a gigante porte, com peso acima de 15 kg, adultos a idosos, com idade média de sete anos. Em 75% dos casos, acomete os membros pélvicos e torácicos e nos 25% restante afeta o esqueleto axial ou ossos chatos (OLIVEIRA, 2008). Dentre as raças mais acometidas estão o Pastor Alemão, o Rottweiler, Dogue Alemão, Dobermann, São Bernardo, Setter Irlandês, Golden Retriever e Fila Brasileiro. Em machos, a incidência é maior do que em fêmeas, entretanto, o aparecimento de OSA no esqueleto axial é mais frequente acomete nas fêmeas do que os machos (TEIXIERA, 2010). Por ser uma neoplasia extremamente agressiva e de rápida disseminação hematogênica, casos de formação de metástases locais associadas a fraturas patológicas são comuns, normalmente associados a comprometimento orgânico grave. As metástases são muito comuns, ocorrendo principalmente por via hematógena, já que está descrito a formação de agregação plaquetária e liberação de tromboxanos, facilitando a disseminação de células tumorais e a implantação de agregados celulares tumorais. Os pulmões são os principais órgãos alvo para metástases, mas estas podem acontecer em osso, linfonodos e tecidos moles (DALECK et al., 2005). A história clínica de um cão com OSA é relatada pelo aparecimento agudo de claudicação e aumento de volume no membro afetado. O exame físico geralmente revela tumefação dolorosa, com ou sem envolvimento dos tecidos moles. A dor é resultado de microfraturas ou à interrupção do periósteo induzido pela lise óssea proveniente do desenvolvimento neoplásico. Tremores e atrofia muscular por desuso, dificuldade em se levantar, incontinência urinária e fecal, letargia e anorexia também têm sido observadas em pacientes com OSA no esqueleto axial. Esses sinais variam conforme a região Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 315 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA afetada, podendo compreender: disfagia (sitio oral), exoftalmia e dor ao abrir a boca (sítio orbital ou mandíbula caudal), deformidade facial, descargas nasais, espirros (sítio em cavidade e seios nasais), e hiperestesia com ou sem sinais neurológicos (medula espinhal) (MORAES, 2006). O diagnóstico é baseado na anamnese, exame físico, apoiados em exames complementares como exames imaginológicos (radiografias simples, tomografia computadorizada) e punção aspirativa por agulha fina guiada por ultrassonografia e exame histopatológico (DALECK et al., 2005). O exame radiográfico simples é importante para avaliação da extensão da lesão no osso envolvido e, principalmente, para diferenciar de outras afecções não neoplásicas, como fraturas, osteomielites e doenças ósseas metabólicas. As radiografias simples revelam a presença de proliferação óssea e lise na metáfise do osso comprometido pelo OSA, conhecido por “explosão solar”. As radiografias torácicas devem ser conduzidas para investigação de metástases pulmonares, onde serão evidenciadas a presença de regiões nodulares múltiplas em tecidos moles (CHUN e LORIMIER, 2003). A correta obtenção de material para identificação tecidual do OSA pode ser realizada pelo exame de punção aspirativa por agulha fina (PAAF) e histopatologia óssea. A PAAF é um exame de baixo custo, de execução rápida, de simples coleta, não proporcionado risco algum ao paciente, podendo ser realizado no ambulatório. As lesões líticas induzidas por lise óssea no OSA são altamente esfoliativas. O aspirado revela a presença de células mesenquimais grandes e imaturas, com presença de osteoide intracitoplasmático ou extracelular. O exame de PAAF auxilia na diferenciação de osteomielite bacteriana e fúngica. As desvantagens da PAAF incluem a impossibilidade de graduar as neoplasmas e a incapacidade de investigar a invasão de tecidos adjacentes, como vasos linfáticos, dificultando emitir um parecer prognóstico ao paciente (CHUN e LORIMIER, 2003; DALECK et al., 2005). A escolha do tratamento do OSA deve ser realizada conforme a apresentação anatomopatológica do tecido obtido por meio da histopatologia óssea. A histopatologia óssea permite graduar o estágio da lesão, por permitir análises mais específicas e definitivas das lesões. A coleta do material pode ser feita de forma aberta ou 316 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF fechada. Na primeira, há abertura da pele e coleta de material do foco de lesão, permitindo a obtenção de quantidade ideal de tecido. A biópsia incisional, para coleta de fragmentos para histopatologia, tem a desvantagem de ser um procedimento invasivo, para o paciente, pois necessitará de anestesia geral por um tempo prolongado. Além disto, a biópsia pode predispor o desenvolvimento de complicações secundárias, como hematomas, infecção, disseminação de células neoplásicas e fraturas. A coleta de material de forma fechada necessita material específico, agulha de Jamshidi, que permite a retirada de material da zona cortical central da lesão e de uma área de transição, possibilitando a coleta de uma ou mais amostras, pela mesma incisão de pele (CHUN e LORIMIER, 2003; CIPRIANO apoud TEIXEIRA, 2010, p. 145-148). A melhor forma de tratamento é a intervenção cirúrgica, que consiste na amputação do membro, associada à quimioterapia, modalidade terapêutica que proporciona maior sobrevida ao paciente (OLIVEIRA, 2008). Em sua maioria, os cães toleram a amputação do membro de modo satisfatório, apresentando pouco ou nenhum decréscimo na atividade geral. Há indicação de cirurgia com preservação do membro em casos de OSA envolvendo a porção distal de rádio e ulna (CHUN e LORIMIER, 2003; MORAES, 2006). A administração de um quimioterápico diminui a carga total do tumor, prolonga o intervalo livre da doença e melhora a qualidade de vida do paciente, fornecendo alívio dos sintomas associados à neoplasia (DALECK et al., 2005). Existem diferentes protocolos descritos na literatura como forma de quimioterapia para cães portadores de OSA, sendo a cisplatina isolada ou associada à doxirrubicina, a mais eficaz. A cisplatina é empregada no tratamento de OSA, reduzindo a incidência de doenças pulmonares metastáticas, podendo aumentar o tempo de sobrevida destes pacientes. Vale ressaltar a necessidade de controle e acompanhamento laboratorial do paciente, pelos exames hematológicos e de função renal (SILVEIRA et al, 2008). A amputação isolada e administração de medicamentos antiinflamatórios não esteroidais ou opióides pode ser considerada como forma de tratamento paliativo em alguns pacientes. No entanto, dados indicam uma sobrevida de até 19 semanas, sendo a eutanásia solicitada pelos proprietários destes animais (CHUN e LORIMIER, 2003). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 317 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Frente ao que foi pesquisado e abordado na presente revisão concluí-se que o osteossarcoma é uma neoplasia grave, de sinais clínicos agudos, que acomete cães de grande porte, existindo protocolos quimioterápicos seguros e eficientes na sobrevida do animal, que mesmo reduzida, pode proporcionar uma qualidade de vida eficiente aos pacientes. 4.REFERÊNCIAS CIPRIANO, B. D. L. Anais da IV Mostra Científica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Osteossarcoma em cães. Ano de publicação: 2011. CHUN, R.; LORIMIER, L.P. Update on the biology and management of canine osteosarcoma. Kansas State University College of Veterinary Medicine. Ano de publicação: 2003. DALECK, C. R.; CANOLA, J. C.; SCHOCKEN, P. F. L.; NARDI, A. B. Estudo retrospectivo de osteossarcoma primário dos ossos da pelve em cães em um período de 14 meses. Ano de publicação: 2005. MORAES, J. Osteossarcoma canino. Ano de publicação: 2006. OLIVEIRA, F. Osteossarcoma em cães. REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA - ISSN: 1679-7353 - Ano VI - Número 11 Julho de 2008 - Periódicos Semestral. SANTIS, A. P. T.; VIANNA, G. N. O. Osteossarcoma em cães da raça rottweiler: Formas de apresentação clínico-patológicas. Ano de publicação: 2010. SILVEIRA, P.R.; DALECK, C.R.; EURIDES, D.; SILVA, L.A.F.; REPETTI, C. S. F.; NARDI, A. B. Estudo Retrospectivo De Osteossarcoma Apendicular Em Cães. Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 2, p. 487-495, abr./ jun. 2008. TEIXEIRA, L. V.; MARTINS, D. B.; FIGHERA, R.; LOPES, S. T. A. Estudo clínico de osteossarcoma canino. Ano de publicação: 2010. 318 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF OTITE MÉDIA EM CÃO – RELATO DE CASO Maria Gabriela Picelli de AZEVEDO1 Gisele Fabricia Martins dos REIS2 1 2 Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da FAEF - Garça – SP Brasil. e-mail: [email protected] Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEG Garça – SP – Brasil. RESUMO Otite média é uma afecção comum em cães e gatos, normalmente relacionada às infecções do ouvido externo, que quando não bem manejadas clinicamente, podem evoluir, comprometendo estruturas mais internas no paciente. Como sinais clínicos são visto meneios na cabeça, com prurido e otalgia discretos ou inexistentes. Uma das complicações das otites media e interna é envolvimento de estruturas neuronais, pela proximidade anatômica com o sistema vestibular e inervações importantes, como o nervo facial e trigêmeo. O presente relato descreve um Beagle diagnosticado com paralisia facial secundaria a otite média, após anos de otites externas recidivantes. Palavras – Chaves: Cães. Otite média. Paralisia Facial. ABSTRACT Otitis media is a common condition in dogs and cats related whit infections of the external ear and if a wrong clinical treatment is conducted, will involve ear internal structures of the patient. Clinical signs like wiggles of the head, itching mild or nonexistent earache Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 319 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA are seen it. One of the complications of media and internal otitis is the involvement of neural structures, inducing damages in vestibular system and the facial trigeminal nerve .The present report describes a Beagle diagnosed with facial paralysis secondary to otitis media, after years of relapsing otitis media. Key – Words: Dogs. Otitis media. Facial Paralysis. INTRODUÇÃO A orelha tem a função de captação sonora, possibilitando a audição e a manutenção do equilíbrio em animais vertebrados e (GAROSI ET AL., 2012). Anatomicamente a orelha é dividida em três porções, sendo reconhecidas como orelha externa, a orelha média e a orelha interna. A orelha externa engloba o pavilhão auricular, meato acústico externo e a membrana timpânica (LOUREIRO, 2006). A orelha média está localizada no osso temporal, imediatamente após a membrana timpânica, estando separada da orelha interna pelas membranas que cobrem a janela oval e a cóclea. Ela é revestida por membranas de tecidos moles preenchidas por ar, possuindo três ossículos o martelo, a bigorna e o estribo. Estes três ossículos ligam a membrana timpânica cóclea, localizada na orelha interna (COLVILLE e BASSERT, 2010). A orelha interna é a região mais delicada, é nesta que se encontram os canais semicirculares, a cóclea e o nervo acústico, estruturas responsáveis pela manutenção do sistema de equilíbrio do paciente (LOUREIRO, 2006). As otites podem ser divididas em três apresentações, conforme a estrutura anatômica envolvida. Serão chamadas de otite externa quando a orelha externa estiver acometida; otite média quando há comprometimento das estruturas da orelha média e da bula timpânica e a otite interna quando acomete estruturas da orelha interna (SILVA, 2011). A otite média pode ocorrer como uma complicação de uma otite externa, quando não há uma correta identificação de sua origem ou manejo terapêutico inadequado. Scoott et al, (2001) relata que em 16% dos cães a otite média esta relacionada com uma otite externa aguda. As otites médias podem aparecer com ou sem comprometimento da bula timpânica. (SILVA, 2011). Uma outra etiologia frequentemente associada as otites médias é a presença 320 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF de infecções respiratórias ascendentes, que por meio do tubo auditivo ou via propagação hematogênica sistêmica, alcançam as estruturas anatômicas do conduto auditivo médio, comprometendo a integridade dos mesmos (SCOTT et al., 2001). A orelha média possui varias estruturas neuroanatômicas como o nervo facial, e o sistema vestibular, (GAROSI ET AL., 2012). O sistema vestibular é responsável por manter o equilíbrio e a postura normal da cabeça e dos olhos nos animais por meio do sistema nervoso periférico (SNP) e sistema nervoso central (SNC) (CASTRO, 2006).Devido a estreita relação anatômica existente da orelha média com estruturas controladoras do equilíbrio do paciente, muitas vezes são visto sinais neurológicos nestes animais. O nervo facial (VII) é responsável pela inervação motora para os músculos faciais,parte do músculo digástrico, língua e palato mole (GAROSI et al., 2012). A porção parassimpática do nervo facial fornece uma inervação para as glândulas lacrimais, caso esta porção seja afetada pode ocorrer uma disfunção no fornecimento lacrimal, podendo induzir a ceratoconjuntivite seca,que pode ou não estar associada com ulceras de córnea (GAROSI et al., 2012; FEITOSA, 2008). Segundo Feitosa (2008) as infecções de orelha e da orelha interna podem produzir distúrbios de nervos faciais e de nervo vestibulococlear combinados, além disto, podemos observar alterações vestibulares secundarias devido a um envolvimento nos receptores da orelha interna. Quando há envolvimento patológico do nervo facial unilateral, podemos observar assimetria facial envolvendo orelha, focinho, pálpebra, lábios e nariz, gerando uma dificuldade do animal em mover os lábios, a orelha e dificuldade em piscar espontaneamente os olhos (GAROSI ET AL.; 2012). A otite média é de difícil diagnóstico, pois em alguns casos os animais acometidos apresentam apenas sinais clínicos de otite externa quando esta associada com a otite média (SCOTT et al., 2001; GAROSI et al., 2012). Durante o exame físico destes pacientes é importante avaliar os reflexos de pálpebra, reflexo corneal, resposta a ameaça ea produção de lágrimas pelo o teste de Schirmer (GAROSI et a., 2012 A radiografia do crânio do animal constitui – se no método diagnóstico mais confiável para otite média, embora resultados Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 321 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA negativos não descartem o a possibilidade desta afecção estar presente (LEITE, 2003). O posicionamento deve ser feito corretamente para um diagnóstico preciso, pois a variação racial dificulta a formação de um padrão de base, por isto na medicina veterinária deve ser feita uma comparação em ambas orelhas para avaliar padrões relacionados com a simetria e radiopacidade (LEITE, 2003; SCOTT et al., 2001). Segundo Leite (2003) para um posicionamento adequado para o diagnóstico de otite média, as projeções mais indicadas são a Latero – Lateral (LL) e Rostro – Caudal (RCd/ba). Por este exame é possível observar ser o espessamento e esclerose da bula timpânica, preenchimento do espaço intracavitário pela a presença de fluido ou celularidade. (LEITE, 2003). O tratamento contra a otite media deve ser realizado, no intuito de amenizar os sinais clínicos da otite externa e das complicações relacionadas a otite média.O clínico deve proceder uma correta inspeção e visualização das estruturas externas, por meio e inspeção indireta, com o uso de otoscopia, para descartar eventuais processos anatômicos, como pólipos ou neoformações e como tentativa de avaliar a integridade da membrana timpânica. Além disto, é de extrema valia a coleta de swab otológico para cultura bacteriana e antibiograma. Quando na presença de cerume em excesso há indicação de lava otológico, para remoção de debris celulares e sujidades acumuladas no conduto externo.Como terapia coadjuvante, devem ser feitos ,tratamentos tópicos e/ou sistêmicos. O clínico deve escolher a melhor opção de acordo com a gravidade dos sinais clínicos, sendo comumente utilizados a infusão de medicamentos tópicos, como antiinflamatórios esteroidais e antibióticos, além de antibióticos via sistêmica. A avaliação do paciente deve ser semanal. , antibiótico sistêmico e tópico e avaliações semanais (GOTTHELF, 2004). A escolha de um antimicrobiano é mais complicada quando há otite média (MORRIS, 2004), devendo ser conduzido conforme a cronicidade do problema. Pode se utilizar Prednisona oral por 1 – 3 semanas para redução da tumefação dos canais auditivos e assim facilitar a irrigação local, associado a antibioticoterapia sistêmica, com o tempo de terapia variando de 4 - 6 semanas,de acordo com os resultados cultura e do antibiograma da citologia otológica. A terapia tópica devera continuar sendo feita até a resolução total da infecção (ETTINGER e FELDMAN, 1997). 322 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Como tratamento à paralisia facial inclui se a retirada da causa de base, sendo que os outros sinais clínicos decorrentes da otite externa e/ou média deverão ser tratados individualmente, tendo como foco principal os olhos que devem ser lubrificados constantemente para prevenir a formação de úlceras através do uso de colírios lubrificantes (GAROSI ET AL.; 2012). A terapia sistêmica e tópica só poderá ser suspensa quando não houver mais microrganismos no swab otológico, quando os canais auditivos não possuírem edemas e o epitélio da orelha externa estiver totalmente normalizado (MORRIS, 2004). RELATO DE CASO Foi atendido no setor de pequenos animais do Hospital veterinário da Sociedade Educacional e Cultural de Garça (FEF), um cão, macho, aproximadamente 11 anos, raça Beagle, pesando 17, 2 Kg com queixa principal de que há cinco dias apresentar salivação intensa no lado direito da boca, logo após a ingestão de água e/ou comida, associados a meneios esporádicos de cabeça. O animal apresentava normofagia, normoquesia, normodpisia e normoúria. No histórico de doenças anteriores do animal, existiam queixas de otites externas recorrentes, sendo todas sempre tratadas com medicações tópicas, sem realização de cultura e antibiograma Ao exame físico, os parâmetros fisiológicos apresentavam-se normais, sendo visualizada discreta doença periodontal e leve sensibilidade a manipulação de conduto auditivo direito. Ao exame neurológico foi possível observar ausência de reflexo de nervo facial direito por estarem diminuídos os reflexos pupilares e consensual direito, ausência de reflexo a ameaça e sialorréia no mesmo lado destas lesões. Foram solicitados exames laboratoriais de bioquímico e hemograma completo, sendo encontrados valores dentro dos limites para esta espécie. Pelo histórico de otites externas recidivantes e pela clinica apresentada suspeitou – se de otite média, iniciando o tratamento tópico e sistêmico. Para isto, optou-se por antibioticoterapia sistêmica oral, escolhendo o princípio Amoxacilina associado aos ácido Clavulônico,na dose de 10 mg /kg, a cada 12 horas, e pomada oftálmica lubrificante e antibiótica, a cada 12 horas, durante 15 dias. Como tratamento otológico foi utilizada pomada Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 323 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA antibiótica de gentamicina e antiiflamatório esteroidal. Após o período de 15 dias, o animal retornou apresentando discreta melhora na palpação dos condutos auditivos externos e apesar de ainda estar com diminuição dos reflexos pupilares e palpebrais a proprietária relatou retorno na atividade de apreensão dos alimentos e ingestão de água. Decidiu-se prorrogar o período de uso dos medicamentos tópico e sistêmicos por mais 15 dias e aguardar evolução clinica do paciente, conforme sugerido por Ettinger e Feldman (1997), CONCLUSÃO A otite media é uma extensão de casos de otite externa crônica, mesmo a otite não apresentarem risco de morte para o animal não se pode negligenciar esta doença, pois esta causa uma séries de alterações clinicas ao animal. Quando diagnosticada corretamente e seu tratamento é imposto corretamente o prognostico é favorável, por isto o nível de compromisso por parte do cliente não pode ser pequeno, pois envolve um tratamento extenso. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTRO, F. B. DE. Síndrome vestibular periférica. [S.I.] qualittas. 2006. Disponével em: <http://qualittas.com.br/uploads/ d o c u m e n t o s / S i n d r o m e % 2 0 Ve s t i b u l a r % 2 0 Pe r i f e r i c a % 2 0 %20Fernando%20Batista%20de%20Castro.PDF>. Acesso em: 23, Março, 2014. COLVILLE. T.; BASSERT, J. M. Órgãos dos sentidos. Anatomia e fisiologia clínica para Medicina Veterinária. 2. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2010. Pag. 345 ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Seção VI – Olhos, ouvidos, focinho e garganta. Tratado de medicina interna veterinária. 4. ed. V. 1. São Paulo: Manole. Pag. 776-777. 1997 FEITOSA, M. M. Semiologia do Sistema Nervoso de Pequenos Animais. In: FEITOSA, F. L. F. Semiologia Veterinária: a Arte do Diagnóstico. 2. Ed. São Paulo: Roca. 2008. Pag. 480 – 481. 324 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF GAROSI, L. S.; LOWRIE., M. L.; SWINBOURNE, N. F. Neurological Manifestations of Ear Disease in Dogs and Cats. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. Rio de Janeiro: Elsevier. 2012. Pag. 1143 – 1151 GOTTHELF, L. N.; Diagnosis and treatment of otitis media in dogs and cats. 2004. Disponível em: <http://cmapspublic.ihmc.us/ rid=1M8WSYJYY-24K5CSB-21JC/Otitis%20Media.pdf>. Acesso em: 26, Março, 2014. LEITE, C. A. L. A avaliação radiográfica no diagnóstico da otite média em caninos e felinos. Revista Brasileira Medicina Veterinária – Pequenos Animais e Animais de Estimação. Curitiba, V.1, N.1, Pag. 35 - 43, jan / mar. 2003. LOUREIRO, G. J. S. Otite externa em pequenos animais. [ S.I] Qualittas. 2006. 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Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF PIOMETRA CANINA – REVISÃO DE LITERATURA Reinaldo Kazuiti SHIOSI1 Yasmin Garcia MARANGONI2 Roque RAINERI NETO3 1 2 Discente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – [email protected]. Discente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – BRASIL. 3 Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – [email protected] RESUMO A Piometra é um processo inflamatório de origem endócrino-hormonal, associado à infecção bacteriana, caracterizada principalmente por um acumulo muco-purulento nas cavidades e no lúmen uterino. Os principais sintomas da piometra podem ocorrer entre 4 a 6 semanas após o cio. Se não diagnosticada precocemente, a piometra em geral pode resultar em alterações clínicas sérias como insuficiência renal. Em quase todos os casos, o procedimento mais indicado é a ovariectomia. Palavras chaves: Bacteriana, Infecção, Ovariectomia. ABSTRACT A Pyometra is an inflammatory process of hormonal endocrine origin, associated with the bacterial infection, mainly characterized by an accumulation of mucus-purulent and cavities in the uterine lumen the main symptoms of pyometra can occur between 4 to 6 weeks after the heat. If not diagnosed early, pyometra in General Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 327 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA can result in serious clinical changes as kidney failure. In almost all cases, the most appropriate procedure is ovariectomy. Key words: Bacterial, Infection, Ovariectomy. 1. INTRODUÇÃO A piometra é uma patologia que acomete o trato reprodutivo de cadelas, resultante de uma infecção bacteriana aguda ou crônica do útero. Ocorre na fase lútea do ciclo estral, diestro, onde as concentrações de progesterona plasmáticas circulantes estão muito elevadas (EVANGELISTA, 2009), levando assim um crescimento endometrial, estimulando a secreção glandular, suprimindo as contrações do miométrio, permitindo assim um acúmulo de secreções no lúmen uterino, promovendo um ambiente propicio ao crescimento de bactéria (PRESTES et al., 1991 e ALVARENGA et al., 1995). A piometra é uma enfermidade de fêmeas de meia-idade, cerca de oito anos de idade, e que estejam reprodutivamente ativas, mas muitas cadelas jovens que estão expostas a progesterona, podem vir a desenvolver a piometra (EVANGELISTA, 2009). Geralmente a bactéria Escherichia coli é encontrada nos exames citológicos, nem sempre é a desencadeadora da piometra canina, mas é a principal causadora da mortalidade associada à doença (BARBOSA et al., 2008). Clinicamente, a piometra pode ser dividida em piometra de cérvix aberta e piometra de cérvix fechada, de acordo ou não com presença de secreções vaginais (SANTILI, 2005). Em animais idosos o procedimento mais indicado é a ovariectomia, devido à piometra ser uma afecção crônica e secundária a desequilíbrios hormonais, desta forma, o tratamento é a eliminação da fonte produtora (SORRIBAS, 2009). A piometra é uma enfermidade que acomete várias fêmeas independente de raça e tamanho, sua etiologia é muito vasta, onde vários fatores podem desencadear a doença, e a melhor forma de prevenir é a castração. Nos animais utilizados na reprodução a castração acaba sendo o último recurso. Este trabalho tem por objetivo, agrupar um compêndio informativo a respeito das formas de prevenções mais eficientes e quais formas de tratamento possui uma melhor eficácia. 328 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 1. DESENVOLVIMENTO 1.1 ANATOMIA DO SISTEMA REPRODUTOS FEMININO 1.1.1 ÚTERO O útero é um órgão muscular oco, nas cadelas possui um formato parecido com a letra “Y”, com o corpo do útero formando a base do Y e os dois cornos uterinos formando os braços do Y (COLVILLE e BASSERT, 2010). Nas cadelas de tamanho médio, o corpo do útero tem aproximadamente 2 a 3 cm e os cornos aproximadamente 12 a 15 cm de comprimento. O corpo do útero estende-se na direção caudal, ao final se unindo com a cérvix (GETTY, 1986). A parede do útero é espessa e é composta por três camadas: Endométrio: composto por epitélio colunar simples e glândulas tubulares simples que secretam muco e outras substâncias; Miométrio: é a porção mais espessa das camadas, onde sua composição é de musculatura lisa que possui a função de proporcionarem o útero a força para empurrar o feto para fora, durante o parto; Perimétrio: camada mais externa do útero, coberta pela camada visceral do peritônio (COLVILLE e BASSERT, 2010). 1.1.2 OVIDUCTOS Os oviductos, também denominados de trompas de falópio e tuba uterina, são pequenos tubos contorcidos que possuem cerca de 5 a 8 cm de comprimento, se estendem das extremidades dos cornos uterinos até a abertura para o corpo uterino (COLVILLE e BASSERT, 2010). A extremidade cranial que recebe o ovócito liberado na ovulação é denominada de infundíbulo, uma estrutura em forma de funil, onde em sua extremidade possui projeções musculares em forma de dedos, denominadas fímbrias, estas possuem a função de posicionar o infundíbulo corretamente para pegar o óvulo, quando houver a ovulação (LIMA, 2009 ). Após o infundíbulo, observa-se uma pequena dilatação da tuba uterina denominada de ampola da tuba uterina, sendo o lugar onde ocorre a fecundação. Depois que o ovócito permanece alguns dias na ampola ele será transportado para o istmo, que é mais estreito e Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 329 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA contorcido, e que irá desembocar no ápice do corno do útero. As cadelas possuem uma pequena papila que contém um óstio, chamado de óstio uterino da tuba, que é a abertura da tuba para o corno uterino, este age como uma barreira contra infecções ascendentes (KÖNIG e LIEBICH, 2004). A parede dos oviductos contêm fibras musculares lisas, além de possuir muitas pregas da mucosa e as células de revestimento são cobertas por inúmeros cílios móveis, onde os mesmos guiam o ovócito cuidadosamente em direção ao útero (COLVILLE e BASSERT, 2010). 1.1.3 OVÁRIOS Os ovários são gônadas femininas, equivalentes aos testículos masculinos, em cadelas são pequenos, de contorno alongado, oval e achatado. O comprimento médio é de aproximadamente 2 cm (COLVILLE e BASSERT, 2010). Cada ovário está situado à curta distância caudalmente ao polo caudal do rim correspondente, o ovário direito está situada entre as parte direita do duodeno e a parede abdominal lateral. O ovário esquerdo se relaciona lateralmente ao baço. Os ovários e ovidutos são presos às paredes dorsolaterais da cavidade abdominal e a parede lateral da cavidade pélvica por meio de pregas do peritônio, denominadas de bolsa peritoneal. As duas camadas que formam esta bolsa contem gordura e músculo liso (GETTY, 1986 e LIMA, 2009). 330 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 1.1.4 CÉRVIX A cérvix forma uma projeção cilíndrica, onde possui a abertura da cérvix e o corpo da cérvix. Composta por musculatura lisa, localizada entre o corpo do útero e a vagina, tem a função de vedar o útero do ambiente externo. Normalmente a cérvix é bem fechada, exceto nas duas extremidades da gestação, no estro que é o período de cio e no processo de nascimento. (GETTY, 1986 e COLVILLE e BASSERT, 2010). 1.1.5 VAGINA A vagina é a porção do canal do parto localizada dentro da pelve, entre o útero cranialmente e a vulva caudalmente (REECE, 2008). Ela também serve como um revestimento para o acolhimento do pênis do macho, durante a reprodução (FRANDSON, 1979). O fórnix é o espaço ou ângulo formado cranialmente à projeção da cérvix dentro da vagina (REECE, 2008). A submucosa é livre e as camadas musculares formadas pela camada circular interna e pela camada longitudinal externa, ambas formadas por musculatura lisa. A serosa ou peritônio está presente somente na porção cranial da vagina e a porção caudal é revestida por uma fáscia pélvica ou tecido conjuntivo (FRANDSON, 1979). 1.1.6 VULVA A vulva é a única estrutura parte do sistema reprodutor feminino que pode ser vista no meio externo. Nela estão presentes três porções principais: vestíbulo, o clitóris e os lábios (COLVILLE e BASSERT, 2010). Ela é a porção caudal da genitália feminina que se estende da vagina até o exterior, onde o orifício uretral externo é a junção marcadora da vagina com a vulva (REECE, 2008). A palavra vestíbulo, em termos anatômicos, significa entrada em algum tipo de canal, o vestíbulo da vagina é a entrada do ambiente externo para o ambiente interno (COLVILLE e BASSERT, 2010). O clitóris é formado de duas porções: um corpo e uma glande. É formado de tecido erétil com terminações nervosas amplamente sensíveis (FRANDSON, 1979). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 331 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Além disso, o clitóris é o equivalente feminino ao pênis do macho (COLVILLE e BASSERT, 2010). 1.1.7 LIGAMENTOS Os órgãos reprodutivos principais, ovários, oviductos e útero, são presos por folhetos largos de peritôneo originados na parte dorsal da cavidade abdominal. Esses são denominados de ligamento largo direto e esquerdo. Três ligamentos estão presentes entre ovário e ovidutos . O primeiro deles é o 332 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF mesovário que está ancorando o ovário, o mesosalpinge que ancora os oviductos e o mesentério que ancora o útero. Esses ligamentos possuem um canal de irrigação e de fibras nervosas que suprem os ovários, oviductos e útero, além de possuírem gordura (COLVILLE e BASSERT, 2010). 2. CICLO ESTRAL A puberdade é definida como o começo da vida reprodutiva na qual a fêmea é usualmente marcada pelo início da atividade ovariana (REECE, 2008). As fêmeas domésticas entram no cio em intervalos claramente regulares. Esse intervalo, entre o início do período do cio até o início do próximo cio, é denominado de ciclo estral, onde é controlado diretamente pelos hormônios ovarianos que são o estrógeno e a progesterona, e indiretamente pelos hormônios do lobo anterior da hipófise que são o FSH (hormônio folículoestimulante) e LH (hormônio luteinizante). O ciclo estral é dividido em várias fases bem distintas denominadas Proestro, Estro, Metaestro e Diestro (FRANDSON, 1979). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 333 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2.1 Proestro Na fase do proestro o ovário, produz quantidades aumentadas de estrogênio, que causam maior desenvolvimento do útero, vagina, oviductos e folículos ovarianos, por conta de um maior estimulo do hormônio folículo estimulante (FSH). Este aumento de volume é devido ao liquido folicular (FRANDSON, 1979). Quem produz esta secreção são as células da granulosa juntamente com o FSH (REECE, 2008). 2.2 Estro O estro é o período em que a fêmea esta mais receptível ao macho, onde ocorre o rompimento do folículo, a ovulação, o desenvolvimento do corpo lúteo e no útero é produzido a proliferação endometrial e na vagina ocorre a edemaciação e a formação de pregas profundas. O FSH estará reduzido e o LH e a progesterona estarão aumentados (SORRIBAS, 2006). 334 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2.3 Metaestro É o período após a ovulação, quando ocorre o desenvolvimento do corpo lúteo (COLVILLE e BASSERT, 2010). Nesta fase ocorre a redução do estrogênio e o aumento da progesterona formada pelo ovário. Durante o metaestro a cavidade deixada pela ruptura do folículo passa a de reorganizar, onde as células da granulosa começam a se multiplicar sob o estímulo do LH, aumentando-se de tamanho, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 335 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA e tornando-se repletas de gotículas de gordura, deixando a cavidade que houve a ruptura com uma aparência sólida e amarelada. Esta nova estrutura é denominada de corpo-lúteo ou corpo amarelo. Como a progesterona está aumentada, ela inibiu temporariamente o desenvolvimento folicular no ovário, portanto, a ocorrência de novos períodos estrais (FRANDSON, 1979 e COLVILLE e BASSERT, 2010). 2.4 Diestro e Anestro E período de atividade luteinica madura, que começa cerca de 4 dias após a ovulação e termina com a regressão do corpo lúteo (REECE, 2008). E o anestro é um período quiescente longo entre os períodos de reprodução (FRANDSON, 1979). 3. PIOMETRA A Piometra é um processo inflamatório de origem endócrinohormonal, associado à infecção bacteriana, caracterizado principalmente por um acúmulo de muco-purulento nas cavidades e no lúmen uterino (LIMA, 2009). A piometra é uma enfermidade de 336 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF fêmeas de meia-idade, cerca de oito anos de idade e que estejam reprodutivamente ativas, mas muitas cadelas jovens que estão expostas a progesterona, podem vir a desenvolver a piometra (EVANGELISTA, 2009). Os principais sintomas da piometra podem ocorrer entre 4 a 6 semanas após o cio (SORRIBAS, 2006). Durante os ciclos estrais, o útero das cadelas sofre transformações em sua morfologia por influência de hormônios, onde o aparecimento desta patologia ocorre com maior frequência na fase de diestro. Nesta fase do ciclo estral, aquelas cadelas não prenha, o útero possui maior influência de progesterona produzida pelos corpos lúteos ovarianos estimulando o crescimento e a atividade secretora das glândulas endometriais, resultando em acúmulo de líquidos no útero (LIMA, 2009), A etiologia dessa enfermidade está associada à administração de compostos progestágenos e exógenos por longa duração para retardar ou suprimir o estro, potencializando os efeitos estimulatórios da progesterona no útero. Além de que, no estro a cérvix tende-se a se tornar relaxada, formando um meio propício à entrada de bactérias, promovendo a instalação dessa infecção dentro do útero (BARBOSA et al., 2008 e EVANGELISTA, 2009). A infecção é dada pela bactéria Escherichia coli isolada, em condição secundária, já que nem sempre é a desencadeadora da piometra canina, mas é a causadora principalmente da morbidade e mortalidade associada à doença (BARBORA et al., 2008). Bactérias da flora vaginal normal, reto e trato urinário, podem estar associados com o desencadeamento da piometra (EVANGELISTA, 2009). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 337 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Clinicamente, a piometra pode ser dividida em piometra de cérvix aberta e piometra de cérvix fechada, de acordo ou não com presença de secreções vaginais. Os sinais clínicos podem ser observados um ou dois meses após o estro, onde os sintomas da piometra de cérvix aberta são muito discretos, podendo incluir: anemia, perda de peso, poliúria, sensibilidade na região abdominal, vômito e apatia, mas seu principal sintoma é o corrimento vulvar, pois pode ser detectado pelos proprietários, assim sendo diagnosticada precocemente, evitando a morte do paciente. Já a piometra de cérvix fechada, deve-se ter maior cuidado, pois além de ser aguda é grave. Não ocorre corrimento vulvar, mas podem ocorrer septicemia e choque, levando o paciente a óbito (SANTILI, 2005 e EVANGELISTA, 2010). Se não diagnosticada precocemente, a piometra em geral pode resultar em alterações clínicas sérias como insuficiência renal. A insuficiência renal aguda (IRA) está entre uma das mais importantes complicações da piometra, pois quando presente, o índice de mortalidade pode chegar a mais de 70% (FERREIRA, 2006). Algumas causas de piometra induzidas por hormônio podem ser ocasionadas pelos tratamentos hormonais para a prevenção do estro 338 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ou para a interrupção de gestação não desejada, o aumento do nível de progesterona durante o ciclo estral pode acarretar aumento no número e a atividade glandular endometrial, diminuição da circulação uterina, diminuição dos sistemas de defesa do útero, diminuição das contrações uterinas, as quais, somadas ao fechamento do colo uterino, produzem a retenção de líquidos dentro do órgão (SORRIBAS, 2006). A piometra bacteriana pode causar peritonite em razão de seu extravasamento pelas tubas uterinas ou pela ruptura do útero preenchidos com secreção purulenta (BIRCHARD e SHERDING, 2008). Para se ter um diagnóstico favorável e necessário exames laboratoriais que devem incluir bioquímicos completo, uremia, creatininemia, hemograma, bacteriúria e exame de urina. Além destes exames laboratoriais os exames complementares como palpação abdominal, clínico sintomático, radiografia e ultrassonografia (SORRIBAS, 2009). O diagnóstico ultra-sonográfico é de extrema importância, pois ele permite estabelecer um diagnóstico diferencial entre gestação de mais de três semanas e da piometra (SORRIBAS, 2009). No exame citológico vaginal as alterações parecem ser mais pronunciadas nas cadelas que nas outras espécies domésticas e já foram correlacionadas com cada estágio do ciclo estral, além disso, os esfregaços vaginais são uteis para a avaliação do estágio do estro (REECE, 2008). E esse exame citológico vai revelar a presença de um exsudato séptico com células endometriais e uma quantidade anormal de poliformonucleares e bactérias (SORRIBAS, 2009). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 339 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Inicia-se a antibioticoterapia de amplo espectro antes da cirurgia e continua no pós-operatório até 10 a 14 dias (BIRCHARD e SHERDING, 2008). O tratamento de eleição é a ovarioisterectomia sempre no paciente compensado, mas quando se deseja preservar o potencial reprodutivo da fêmea, pode optar-se pelo tratamento médico com antibióticos, prostaglandinas e tiaprost (ilirem) 0,01 micro gramas/ kg, durante cinco dias. Os microorganismos comumente associados à piometra incluem staphylococcus spp., Streptococcus spp., corynebacterium spp e E.coli (SORRIBAS, 2006). Em animais idosos o procedimento mais indicado é a ovariectomia, devido à piometra ser uma afecção crônica e secundária a desequilíbrios hormonais, desta forma, o tratamento indicado é a eliminação da fonte produtora (SORRIBAS, 2009). 340 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A melhor forma de prevenção, ainda é a castração de animais, que não irão servir como reprodutores, mas com o avanço das novas tecnologias, tanto na área de equipamentos quanto na especialização dos médicos veterinários e com novos fármacos, o tratamento sem a castração, poderá ter um prognóstico favorável. 4. REFERÊNCIAS ALVARENGA, F.C.L.; BICUDO, S.D.; PRESTES, N.C.; FERREIRA, J.C.P.; LIMA, M.C.C.; FUCK, E.J.; TAVARES, C.V.N.; LOPES, M.D.; OBA, E. Diagnóstico ultra-sonográfico de piometra em cadelas. V.32, n.2. São Paulo: Roca, 1995, P. 8-105. BARBOSA,J.G.M.; TILLMANN,M.T.; SILVA,P.L.S.; OTERO,L.; MENDES,T.C. Avaliação hematológica de piometra em animais de companhia. Pelotas/RS. 2008. Disponível em: http:// www.sovergs.com.br/conbravet2008/anais/cd/resumos/R02022.pdf. Acesso em: 12/03/2014. BIRCHARD,S.J.; SHERDING,R.G. 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Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF PODODERMATITE ASSÉPTICA DIFUSA EM EQUINOS - REVISÃO DE LITERATURA Carolina de Brito,GRANDINO 1 Joice Franciele, SOARES 1 Roque, RAINERI NETO 1 2 2 Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária - FAEF - Garça - SP - Brasil. e-mail: [email protected]/ [email protected]. Professor da disciplina de Anatomia Descritiva dos animais domésticos - FAEF - Garça - SP - Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO A pododermatite asséptica difusa ou laminite é uma doença que acomete o aparelho locomotor do equino. Consiste num processo inflamatório agudo ou crônico das lâminas dérmicas e epidérmicas da parede do casco podendo evoluir para rotação ou rebaixamento da falange distal. Existem muitas teorias para explicar sua etiologia e patogenia, pois muitos fatores podem levar ao seu desenvolvimento. O diagnóstico é simples e deve ser concluído rapidamente para evitar que o animal tenha lesões permanentes ou venha a ser eutanásiado. Iniciando o tratamento precocemente podemos evitar sua evolução e uma rápida recuperação. Palavras-chave: equinos; aparelho locomotor; laminite. Tema Central: Medicina Veterinária ABSTRACT Diffuse aseptic pododermatitis or laminitis is a disease affecting Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 345 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA the locomotor system of the horse. Is an acute or chronic dermal and epidermal laminae of the hoof wall inflammation may progress to rotation or lowering of the distal phalanx. There are many theories to explain the etiology and pathogenesis, as many factors can lead to its development. The diagnosis is simple and should be completed quickly to avoid the animal has permanent injuries or will be euthanized. Starting treatment early can prevent its development and rapid recovery. Keywords: horses; system locomotor; laminitis. Central Theme: Veterinary Medicine 1.INTRODUÇÃO Nos dias de hoje, criam-se cavalos no mundo ocidental, principalmente, com fins esportivos e de recreação, atividades que na grande maioria das vezes exigem muito dos animais em termos de velocidade e resistência, aduzindo seus membros a tensão consecutiva e riscos de lesões constantes. Mesmo incapacidades relativamente pequenas podem fazer com que um cavalo fique inapto para este trabalho, como diz um antigo provérbio: “Não anda, não é cavalo” (DYCE et al, 1997). A propensão genética tem, ultimamente assumido grande importância nas lesões podais, especialmente em relação a forma do casco, tamanho e elasticidade, responsáveis pela inutilização de centenas desses animais. Além da hereditariedade e de aspectos ambientais, a alimentação do equino é de extrema importância quanto à qualidade do estojo córneo. Animais com deficiências nutricionais apresentam inclinação ao desenvolvimento de enfermidades graves em todos os componentes do casco (THOMASSIAN, 2005). A pododermatite asséptica difusa, popularmente conhecida como laminite é definida grosseiramente como uma inflamação das laminas do casco. Pesquisas atuais sugerem que a laminite é na verdade, uma doença vascular periférica que se manifesta por uma diminuição na perfusão capilar no interior da pata, quantidades significativas de desvios arteriovenosos, necrose isquêmica das laminas e dor (STASHAK, 2002). 346 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Sendo definida também como uma doença metabólica sistêmica que atinge os sistemas cardiocirculatório, renal, endócrino, o equilíbrio do pH, equilíbrio hidroeletrolítico e altera os fatores de coagulação sanguínea (THOMASSIAN, 2005). Pode ocorrer nas quatro patas, só nas patas dianteiras ou ocasionalmente, só nas traseiras. A laminite biomecânica pode acometer apenas uma única pata, comumente como complexidade de uma claudicação grave ou doença ortopédica no membro contralateral (FRASER et al, 1997). Os fatores que levam a laminite são múltiplos e variados, causando portanto uma série de dúvidas sobre sua real etiologia, mas a interação entre eles é o que leva ao aparecimento da enfermidade (STASHAK, 2002). A laminite é considerada uma afecção emergencial, por isso deve ser tratada nas primeiras 12 horas após o diagnóstico para que se obtenha melhores resultados. Mas como em toda e qualquer doença a prevenção é o melhor caminho para que o animal esteja sempre hígido (THOMASSIAN, 2005). 2.DESENVOLVIMENTO 2.1 ANATOMIA DO CASCO A pata forma no equino a estrutura anatômica e funcional mais complexa do aparelho locomotor. É considerado como o centro de sustentação do corpo durante o repouso, e base de impulso do movimento nos membros posteriores e de recepção nos membros anteriores, adquirindo toda resultante física do trabalho muscular e tendíneo sob a forma de força de pressão, tração e torção (THOMASSIAN, 2005). Anatomicamente a pata é constituída por ossos, ligamentos, tendões, vasos sanguíneos, vasos linfáticos, nervos e casco. A extremidade distal do membro é protegida pelo casco, constituído pela queratinização epitelial sobre uma derme grandemente modificada, continua com a derme comum da pele na coroa do casco, o mesmo é dividido em parede, sola, perióplio e ranilha (DYCE et al, 1997). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 347 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O esqueleto do aparelho ungueal é formada por 1/3 da falange média, sesamóides distais e falange distal. A terceira falange ou falange distal (FIII) encontra-se indiretamente envolta pelo casco, do qual toma a forma de um modo geral (SISSON; GROSSMAN, 1986). Tem a aparência de cunha aguda distal e lateralmente, sendo arredondada proximalmente no sentido posterior. A superfície parietal é convexa de lado a lado localizada contra a derme que liga a superfície interna da muralha (DYCE et al, 1997). Lateralmente, a altura diminui e a inclinação torna-se mais íngreme em especial no lado medial. Esta face rugosa e porosa, está perfurada por muitos forames de tamanhos variados. De cada lado o sulco parietal dirige-se do ângulo para terminar num dos forames mais largos (SISSON; GROSSMAN, 1986). Os forames o os sulcos permitem a passagem dos ramos terminais dorsais da artérias digitais e nervos que as acompanham (DYCE et al, 1997). A superfície solar é ligeiramente convexa para ajustar-se a sola do casco. As duas superfícies (solar e parietal) são porosas para permitir a passagem de numerosas e pequenas artérias do interior do osso para o tecido sobrejacente. Essa superfície é dividida em duas partes desiguais por uma linha curva rugosa, a linha semilunar. A parte palmar da linha é pequena e está relacionada com o tendão do musculo flexor digital profundo, sendo denominada de face flexora (SISSON; GROSSMAN, 1986). A superfície é constituída por duas fossas separadas por uma crista axial. Sua borda parietal estreita-se para um processo extensor, onde se insere o tendão extensor comum do dedo. A parte palmar estende-se por uma zona articular afunilada para o osso sesamóide distal que, em oposição aos ossos sesamóides proximais, articula-se logo com os ossos principais da articulação. Distal a esta, dois forames elevados levam a um canal em forma de U dentro do osso, contendo a anastomose (junção) dos ramos palmares terminais das artérias digitais (DYCE et al, 1997). As cartilagens da FIII são lâminas romboides, arqueadas que se sobrepõe aos ângulos de cada lado. São relativamente largas e se estendem acima das margens do casco o suficiente para serem palpáveis, controlando e dando continuidade aos processos (SISSON; GROSSMAN, 1986). 348 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Fonte: DYCE et al, 1997 Figura I - Imagem esquemática da irrigação (rede admirável) e inervação do aparelho ungueal dos equinos. O sesamóide distal (navicular) tem a borda proximal reta e a distal côncava. Sua superfície articular entra em contato com a extremidade distal da segunda falange, uma faceta distal estreita toca na terceira falange. A superfície flexora articula o largo tendão flexor profundo, provendo-o de outra superfície de apoio à medida que se inclina em direção a crista em formato de meia - lua na superfície inferior da FII. O navicular aumenta a superfície articular distal da articulação inter falangeana distal (DYCE et al, 1997). Existem quatro nervos que favorecem a inervação da maior parte das estruturas distais do carpo, os nervos palmares lateral e medial do nervo mediano, os ramos palmar e dorsal do nervo ulnar. Com exceção do ramo dorsal do nervo ulnar, todos localizam-se palmar com relação ao grande osso metacárpico. O nervo palmar medial desce no canal cárpico, ao longo da borda medial do tendão flexor digital superficial e localiza-se dorsalmente a artéria correspondente (SISSON; GROSSMAN, 1986). No meio do III metacárpico, forma uma ramificação comunicante que cruza indiretamente sobre o tendão do flexor digital superficial (onde é palpável), para juntar-se ao nervo palmar lateral. O nervo digital lateral da origem a dois ramos que se fragmentam sobre a vista dorso medial do dedo e da coroa. O tronco principal do nervo digital continua com a artéria de mesma denominação sobre o aspecto Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 349 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA externo do osso sesamóide proximal, passa sob o ligamento esporão, desaparecendo no casco. Pequenos ramos suprem as estruturas caudais as falanges. O nervo termina suprindo as dermes laminar e da sola (DYCE et al, 1997). Os nervos plantares, mediais e laterais derivam da bifurcação do nervo tibial na porção distal da pata. Inicialmente eles seguem na mesma direção e com as mesmas relações que o tronco principal. No jarrete eles divergem, em um ângulo muito agudo, e descem no canal társico, plantar ao tendão flexor digital profundo, acompanhado das artérias plantares correspondentes (SISSON; GROSSMAN, 1986). Ainda que os nervos plantares lembrem os nervos palmares, o ramo comunicante é relativamente pequeno ou mesmo inexistente. Quando presente pode ser palpado à medida que inclinado em direção látero-distal sobre a vista superficial dos tendões flexores. Além disso os nervos metatársicos dorsal e plantar exercem uma função bem maior na inervação sensorial do casco do que os troncos correspondentes do membro anterior (DYCE et al, 1997). A parede ou muralha é formada internamente por trabéculas córneas muito finas que se alongam de alto a baixo, que é o tecido podofiloso. A borda plantar localizada na região inferior da parede, está diretamente ligada a sola. A região anterior é formada pela pinça, as laterais pelos quartos, e a parte posterior pelos talões (THOMASSIAN, 2005). A parede se desenvolve a partir do epitélio que reveste a derme coronária. Consiste em túbulos córneos embutidos em substância córnea inter tubular menos estruturada e disposta sobre a derme que recobre a falange distal e as cartilagens do mesmo, ocorrendo desgaste no contato com o solo. A maior parte compreende o estrato médio geralmente pigmentado. O estrato interno mais profundo e não pigmentado abrange cerca de 600 lâminas córneas que se inter digitam com as lâminas sensoriais da derme laminar subjacente (DYCE et al, 1997). O perióplio consiste em uma parte de tecido córneo macio, parecido com borracha, de alguns milímetros de espessura, perto a coroa do casco, formando uma fina camada brilhante distalmente. A faixa aumenta na direção do aspecto palmar, onde cobre os bulbos 350 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF dos talões em uma mistura de córneo tubular e inter tubular, é formada na estreita derme perióplica, diretamente proximal a derme coronária (DYCE et al, 1997). A sola é a parte do casco que está em contato constante com o chão. É côncava e ocupa o espaço limitado pela parede e pelas barras. As partes entre as barras e os quartos, são conhecidas como ângulos da sola. Igualmente a outras partes mais externas do casco, as porções mais externas da sola são avasculares e desprovidas de inervação, são as camadas mais internas do córion que fornecem moléculas de nutrientes e inervação. O córion liga a sola ao fundo do osso da falange distal (COLVILLE; BASSERT, 2010). Entre a junção da sola e a parede existe um sulco circular, conhecido como linha branca. É formada pelo “capuz córneo” produzida sobre o terço distal da lamina dérmica. A borda interna da linha é onde os ferreiros posicionam os cravos da ferradura, que passam indiretamente através da parede, surgindo alguns centímetros acima da ferradura, onde são cortados e fixados (DYCE et al, 1997). A ranilha tem um formato de cunha constituída de substância córnea elástica, que inicia-se nos talões e avança para o centro da sola formando o ápice. Seus dois sulcos delimitam uma concavidade conhecida como lacuna mediana (THOMASSIAN, 2005). Em baixo da ranilha sensível encontra-se um preenchimento espesso de gordura e tecido fibroso denominado de digito almofada. As cartilagens laterais formam uma importante estrutura de sustentação da pata equina. As cartilagens, a ranilha e a almofada digital funcionam como um tipo de bomba circulatória para auxiliar o fluxo sanguíneo pelas patas. Enquanto o cavalo suporta seu peso a ranilha é comprimida contra as patas e o talão se expande. A almofada digital é comprimida contra as cartilagens laterais e a ranilha, forçando o sangue para fora do córion e da pata, para as veias digitais. A inconstância do peso entre as patas libera a força compressiva permitindo com que o sangue flua de volta ao córion pelas artérias digitais (COLVILLE; BASSERT, 2010). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 351 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Fonte: SPURGEON et al, 2004 Figura II - Imagem esquemática da parede do casco ou muralha, apresentando as laminas epidérmicas e dérmicas. A derme profunda á capsula do casco pode ser dividida em cinco partes: dermes perióplica, coronária e laminar. A derme completa (exceto a parte laminar) contém papilas colaterais entre si e a superfície dorsal do casco na direção do solo (DYCE et al, 1997). O periósteo na área curva da falange distal combina-se com as folhas longitudinais do córion nomeado de córion laminar, por ser muito inervado é conhecido como laminas sensitivas do casco. As lâminas sensitivas se interdigitam com as lâminas epidérmicas que por não serem inervadas são denominadas de lâminas insensíveis. A grande área de superfície adquirida pelas várias lâminas entre os dígitos cria uma conexão forte entre a falange distal e a parede do casco. Grande parte do peso do equino não é transferido diretamente para a sola da pata mas sim para as lâminas na parede do casco (FRANDSON et al, 2005). Naturalmente, o tecido que reveste o córion laminar prolifera o suficiente para que a parede deslize sem problemas, entretanto é capaz de produzir grandes quantidades de substância córnea (cicatricial), quando um defeito da parede precisa ser fechado (DYCE et al, 1997). O córion perióplico localiza-se no sulco perióplico e oferece nutrientes ao perióplio subjacente (COLVILLE; BASSERT, 2010). 352 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF É uma derme fina e elevada que envolve o dedo na altura da coroa do casco. Contém papilas curtas que aumentam no sentido caudal, onde reveste os bulbos e os talões (DYCE et al, 1997). O córion coronário encontra-se encoberto pelo estrato médio, é caracterizado por papilas elevadas que se interdigitam com o tecido coronário. A parede do casco produzida pela epiderme adjacente a essas papilas assume configuração tubular, pode ser distinto como corno tubular em exame microscópio, contribuindo para o estrato médio (FRANDSON et al, 2005). O córion solear é encontrado superior a sola e fornece nutrientes a ela (COLVILLE; BASSERT, 2010). O córion da ranilha está entre a ranilha e o coxim digital, ocupando o espaço do tendão flexor profundo e entre as cartilagens do casco (DYCE et al, 1997).Lâminas epidérmicas da parada Fonte: SPURGEON et al, 2004 Figura III - Imagem esquemática representando o casco nas porções sensíveis e insensíveis da pata. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 353 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Segundo Dyce et al, 1997 o fornecimento sanguíneo da derme vem de três conjuntos de vasos, todos ramificações das artérias digitais que descem no casco de cada lado dos tendões flexores. Aquelas que surgem no nível da coroa suprem as dermes perióplica e coronária, aquelas que surgem do lado oposto da articulação inter falangeana proximal suprem os ramos do coxim digital e a derme do aspecto caudal do casco, incluindo a ranilha; os vasos do terceiro conjunto surgem dos ramos terminais dorsal e palmar (mencionados em conexão com forame da sola da terceira falange) e vão para as dermes laminar e da sola. Veias não acompanham as artérias, porém, ao invés disso formam extensas redes interligadas na derme e na sub cútis subjacente, particularmente na faixa coronária, na derme laminar e sob o aspecto palmar do casco (plexo coronário, dorsal e palmar, respectivamente). Combinam-se para formar as veias digitais medial e lateral, que se tornam satélites das artérias no nível da articulação interfalangeana proximal. 2.2 DESCRIÇÃO DA PODODERMATITE ASSÉPTICA DIFUSA A laminite se refere a uma inflamação que ocorre no tecido laminar do casco. Geralmente ocorre nos membros anteriores e ocasionalmente nos quatro. Também pode ser definida como afecção metabólica sistêmica que afeta os sistemas circulatório, renal e endócrino, equilíbrio ácido-base, eletrolítico e altera fatores de coagulação sanguínea, manifestando-se intensamente nos cascos do cavalo (THOMASSIAN, 2005). A inflamação leva a degeneração e necrose das lâminas dérmicas e epidérmicas da parede do casco que proporcionam sustentação à falange distal. O peso do animal e a degeneração destroem o mecanismo de sustentação, permitindo que a força desloque a falange distal ventralmente (SMITH, 2006). Os animais afetados ficam em decúbito a maior parte do tempo e levantam-se apenas para chegar à água, comida, defecar ou urinar. Quando levantados os cavalos desviam seu peso dos membros anteriores para os posteriores para aliviar a pressão na úngula. Locomovem-se lentamente, com dificuldade e sua frequência cardíaca e respiratória aumenta em consequência da dor (COLVILLE; BASSERT, 2010). 354 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Fonte: CLARK, 2004 Figura IV. - Imagem esquemática representando posição característica para alivio dos membros afetados. Estudos recentes, mostram que as lesões nas laminas são causadas por redução na perfuração arterial do córion e pela abertura das anastomoses arteriovenosas, fazendo o sangue retornar para a circulação venosa, antes de atingir os capilares. A perfusão reduzida aumenta a permeabilidade das paredes capilares, ocorrendo um choque angiogênico. O plasma extravasa dos capilares originando os sinais clínicos de dor e aumento da temperatura na muralha do casco e parte anterior da sola. Esta inflamação desfaz a união entre as lâminas córneas e o córion, inclusive a sustentação da falange distal que afunda e pode girar em direção à sola. Logo a borda cranial do osso pressiona o córion solear, causando uma deformação ou uma atrofia compressiva da extremidade da falange. A atrofia compressiva pode chegar ao ponto que a falange distal poderá perfurar a sola (WINTZER, 1990). Pesquisadores quantificaram o fluxo sanguíneo que chega e sai do dígito. Mediram a pressão arterial, venosa e capilar e avaliaram a permeabilidade capilar pela medição do fluxo linfático e das Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 355 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA concentrações relativas de proteínas no plasma e na linfa do dígito. Os resultados indicaram que as células dérmicas microvasculares do dígito do equino são extremamente permeáveis à proteína, o que tende a favorecer as lesões (STASHAK, 2006). Vários fatores podem desencadear a laminite, um dos casos mais comuns é na alimentação, devido à ingestão excessiva de grãos, principalmente milho, aveia e trigo. Uma indigestão ou gastroenterite também pode desenvolver a doença, pois a histidina produzida na digestão dos grãos é transformada em histamina, principal substância de ação na rede vascular da úngula na fase de instalação do processo (THOMASSIAN, 2005). A ingestão de alimentos que possuem alto teor de carboidratos, em excesso pode levar a endotoxemia, a causa mais comum de laminite aguda. Também resulta excesso de crescimento de bactérias no cólon, acidose láctica, diminuição de pH, desprendimento da mucosa e liberação de endotoxinas (SMITH, 2006). Com o aumento de bactérias produtoras de ácido láctico (Streptococcus sp e Lactobacillus sp) altas concentrações de ácido láctico no ceco reduzem o pH, desencadearia a lise de bactérias gram-negativas que liberam endotoxinas (lipopolissacarídeos vasoativos). Acredita-se que a redução do pH do ceco e a endotoxina seriam os responsáveis pelo desprendimento da mucosa, possibilitando a absorção da toxina e o desencadeamento dos demais fenômenos etiopatogênicos (THOMASSIAN, 2005). Porém, mesmo havendo uma relação casual entre endotoxemia e laminite, clinicamente alguns cavalos com sinais de endotoxemia têm um risco maior de desenvolver a doença. Também pode ocorrer uma forte relação entre alguns processos patológicos e o desenvolvimento de endotoxemia e laminite. Relacionados à endotoxemia são problemas gastrointestinais, metrite, retenção de placenta e sobrecarga de grãos. Alguns estudos comprovaram que 55% dos cavalos que desenvolveram laminite apresentaram problemas gastrointestinais (STASHAK, 2006). Com base na etiologia de ingestão excessiva de carboidratos, a laminite é classificada quanto à sua evolução. A fase de desenvolvimento é caracterizada pela atuação dos mediadores e outros fatores que levam ao ciclo fisiopatológico, até o animal manifestar os primeiros sinais de claudicação, variando entre 16 a 356 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Fonte: PASSOS, 2013 Figura V. - Imagem esquemática representando o equilíbrio gastrointestinal, aumento da bactérias e toxinas. 24 horas. A fase aguda caracteriza-se no momento em que o animal apresenta alguns sinais clínicos de claudicação, até que ocorra o rebaixamento ou rotação da falange distal. A fase crônica tem início quando o rebaixamento ou rotação da falange distal, ou dor intensa por mais de 48 horas (THOMASSIAN, 2005). A laminite aguda é subdividida em subaguda (moderada), forma aguda (grave) e refratária (não responsiva). Laminite subaguda é a forma moderada dos mesmos, com sinais clínicos menos graves. Em equinos pode ser diagnosticada quando o animal encontra-se em superfície dura (aguamento da estrada), possuir cascos cortados muito curtos e que são expostos a aparas de madeirada da nogueira prata. Nesta fase é fácil a resolução da doença sem danos laminares permanentes e a falange distal geralmente não rotaciona. Animais com laminite refratária não respondem ou respondem pouco o tratamento de 7 a 10 dias. Nesta fase a inflamação e degeneração laminar é bem grave de difícil recuperação (STASHAK, 2006). Na forma aguda os sinais clínicos são mais graves, incluem claudicação, depressão, anorexia e relutância em se mover. No início da doença os animais acometidos frequentemente batem o pé contra o solo ou mudam o peso de um membro para outro. É possível palpar Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 357 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA as pulsações aumentadas das artérias digitais e, às vezes vê-las. Exame com a pinça de casco revela a sensibilidade na sola e no digito e a percussão da parede do casco, na altura do dígito, pode eliciar a dor. Nos casos mais graves da doença os animais podem se mostrar sem vontade de erguer um pé anterior ou posterior devido a relutarem em sustentar o peso do corpo (SMITH, 2006). O comportamento locomotor do animal com laminite na forma aguda podem ser classificado em quatro graus que refletem a gravidade dos processos. Grau 1: o cavalo levanta os membros anteriores repetidamente, alterando o apoio no solo em intervalos de alguns segundos. Grau 2: o animal se movimenta voluntariamente ao passo, encurtando mais a primeira fase de apoio (marcha característica de laminite). Grau 3: inicia a locomoção e não permite qualquer tentativa de erguer seus membros. Grau 4: locomoção forçada e ao faze-la projeta os membros anteriores para cima e para frente apoiando por poucos segundos nos membros posteriores. Acima deste grau, o cavalo permanece em decúbito e dificilmente consegue ficar em posição quadrupedal (THOMASSIAN, 2005). A laminite crônica é a continuação do estágio agudo, o animal apresenta claudicação e conformação anormal da úngula. A sola se torna plena ou côncava, ocorre alargamento da linha branca e a parede do casco apresenta sinais de crescimento desigual. Anéis córneos irregulares com espaços próximos ao dígito e largos próximos aos talões circundam a parede do casco (SMITH, 2006). Ocasionalmente a forma crônica se desenvolve insidiosamente, e em outros casos, episódios superpostos ao estágio crônico. É comum observar os cascos dos membros anteriores ou os quatro cascos do animal serem afetados com igual gravidade, embora os membros anteriores sustentarem mais peso, tornando a inflamação mais evidente nessas partes. É comum encontrar sangramento coronário em decorrência da grave ruptura das lâminas, acúmulo de sangue estagnado entre as lâminas sensíveis e insensíveis. A rotação da falange distal é consequência das separações das laminas dorsais e da contínua tensão sobre o tendão flexor profundo (KNOTTENBELT; PASCOE, 1998). O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos e radiografia, em alguns casos é diagnosticada com uso de anestesia local. A anestesia é aplicada nos nervos palmares na superfície abaxial da região do 358 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Fonte: CLARK, 2010 Figura VI. - Imagem esquemática representando a terceira falange normal a esquerda e terceira falange com rotação a direita. sesamóide proximal ou bloqueio de campo da quartela devem eliminar a claudicação. Em animais com laminite crônica não é possível bloquear completamente com a dessensibilização do dígito. Isto pode ser resultado de dor remanescente muscular de membro superior (STASHAK, 2006). Os exames radiográficos são indicados no caso de equinos com suspeita de laminite. Exames iniciais devem conter projeções lateromedial e dorsoproximal- palmardistal de 65°. Estas posições são necessárias para avaliar a falange distal, os tecidos moles da parede do casco e do córion. A projeção lateromedial deve ser periodicamente repetida, para verificar o progresso da enfermidade. Os sinais radiográficos de laminite são o deslocamento ventral do processo extensor em relação ao sulco coronário da parede do casco, maior distância entre o córtex dorsal da falange distal e a superfície da parede do casco e rotação ventral da extremidade da falange distal (SMITH, 2006). O tratamento da laminite exige do médico veterinário e do proprietário do animal consciência da gravidade do caso, conhecimento dos custos do tratamento que será instituído, dedicação integralmente voltada à recuperação plena da capacidade física do paciente. Independente da doença se apresentar de forma aguda ou crônica o grau de classificação em que o quadro clínico se situar, irá envolver procedimentos médicos, físicos, dietéticos e cirúrgicos com o objetivo de reverter as consequências etiopatogênicas (THOMASSIAN, 2005). Os métodos de tratamento atribuídos para a laminite aguda são: Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 359 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 1) prevenir o desenvolvimento da laminite, 2) diminuir a dor ou o ciclo de hipertensão, 3) diminuir ou evitar danos laminares permanentes, 4) melhorar a hemodinâmica capilar laminar dérmica e 5) imobilizar a falange distal. Já a laminite aguda é considerada uma situação de emergência e o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível. (STASHAK, 2006). São utilizadas drogas anti-inflamatórias não esteroides, com o objetivo de eliminar a dor que se constitui em importante estímulo simpático agravante da hipertensão, formação de “shunts” arteriovenosos e da vasoconstrição podal. São utilizadas na rotina terapêutica fenilbutazona, nas doses de 4,4 mg/kg, 2 vezes ao dia. No 2° dia 2,2 mg/kg 1 vez ao dia até a remoção dos sinais. Flunixin meglumine é quatro vezes mais potente que a fenilbutazona e de maior eficácia anti-prostaglandina. Dose recomendada é de 1,1 mg/ kg, 3 vezes ao dia, no 1° dia duas vezes ao dia durante 5 a 7 dias via intramuscular ou intravenosa. Ácido acetil-salicílico possui atividade anti- prostaglandina, é um portente anti-agregador plaquetário, aumentando o tempo de coagulação sanguínea prevenindo a formação de trombos. Dose varia de 5 a 20 mg/kg, 2 ou 3 vezes ao dia (THOMASSIAN, 2005). A prevenção da laminite está associada a várias condições patológicas que podem pré-dispor os equinos. A mais comum é a endotoxina circulante e processos infecciosos, o combate aos efeitos da endotoxemia e da sépsis é importante. Tratamentos recomendados são fluidos intravenosos (se necessário), antimicrobianos parenterais, flunixina e soro plasma hiperimune. Medidas preventivas adicionais incluem administração de drogas anti-inflamatórias não esteroides e vasodilatadores, de heparina e colocar o equino em piso de areia (STASHAK, 2006). 3.CONCLUSÃO De acordo com as constatações acima, há vários fatores que contribuem para o desenvolvimento da laminite. É uma doença de suma importância pelas consequências que pode resultar. A doença deve ser considerada uma emergência clínica, e se tratada antes da rotação da falange distal o animal terá mais chances de recuperação e sobrevivência. Os equinos são animais muito sensíveis e medidas 360 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF preventivas devem ser adotadas durante treinamento, alimentação e o ambiente onde vive. 4.REFERÊNCIAS COLVILLE, T; BASSERT, J. M. Anatomia e fisiologia clínica para medicina veterinária. 2. Ed. São Paulo: Livro, 2010. DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C. J. G. Tratado de anatomia veterinária. 2. Ed. Rio de Janeiro: Livro, 1997. FRANDSON, R.D; WILKE, W. L; FAILS, A. D. Anatomia e fisiologia dos animais de fazenda. 6. Ed. Rio de Janeiro: Livro, 2005. FRASER, C. M; BERGERON, J. A; AIELLO, S. E; Manual Merck de veterinária. 7. Ed. São Paulo: Livro, 1996. KNOTTENBELT, D. C; PASCOE, R.R; Afecções e Distúrbios do Cavalo. 1. Ed. São Paulo: Livro, 1998. THOMASSIAN, A. Enfermidade dos cavalos. 4. Ed. São Paulo: Livro, 2005. SMITH, B. P; Medicina Interna de Grandes Animais. 3. Ed. São Paulo: Livro, 2006 SPURGEON, T. L; KAINER, R. A; MCCRACKEN, T. O. Anatomia de grandes animais fundamentos. 1. Ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2004. SISSON, S; GROSSMAN, J. D. Anatomia dos animais domésticos. 5. Ed. Rio de Janeiro: Livro,1986. STASHAK, T. S. Claudicação em equinos segundo Adams. 4. Ed. São Paulo: Livro, 2002. STASHAK, T.S; Claudicação em Equinos. 5. Ed. São Paulo: Livro, 2006. WINTZER, H. J.; Doenças dos Equinos. 1. Ed. São Paulo: Livro, 1999. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 361 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 362 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF RAIVA EM PEQUENOS ANIMAIS – REVISÃO DE LITERATURA Matheus Daniel Burato BERNO1 Vanessa ZAPPA2 1 2 Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da FAMED – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] Docente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED – Garça- SP – Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO A raiva é uma poliencefalite viral grave causada por um rabdovírus do gênero Lyssavirus, podendo infectar virtualmente todos os animais de sangue quente. A fonte de infecção desta patologia ocorre através da mordida de um animal que contém em sua saliva o vírus patogênico. A raiva existe em todo o mundo, com a exceção da Inglaterra, Austrália, Japão, Suécia, Havaí e outras ilhas. O diagnóstico da doença se dá através da manifestação de sinais clínicos, mas deve ser confirmado pelos exames laboratoriais. O curso clínico da raiva, embora seja variável, é dividido classicamente em três fases: as fases prodrômica, furiosa e paralítica. Não há tratamento para a doença, sendo na maioria das vezes fatal para os animais acometidos. A vacinação em cães e gatos é fundamental para prevenir a doença. O presente trabalho tem por objetivo realizar uma revisão de literatura sobre a raiva em pequenos animais. Palavras Chave: Corpos de Negri, Lyssavirus, Prevenção. Tema Central: Medicina Veterinária Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 363 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Rabies is a serious viral poliencefalitis caused by a virus of the Lyssavirus genus and can infect virtually all warm-blooded animals. The source of infection of this disease occurs through the bite of an animal that contains the pathogenic virus in their saliva. Rabies exists in the world, with the exception of England, Australia, Japan, Sweden, Hawaii and other islands. The diagnosis is through the manifestation of clinical signs, but must be confirmed by laboratory tests. The clinical course of rabies, although variable, is classically divided into three phases: prodromal phases, furious and paralytic. There is no treatment for the disease, and most often is fatal for animals affected. Vaccination of dogs and cats is essential to prevent disease. The present study aims to conduct a literature review on rabies in small animals. Keywords: Bodies of Negri, Lyssavirus, Prevention. 1. INTRODUÇÃO A raiva é uma poliencefalite viral grave, invariavelmente fatal, dos animais de sangue quente, incluindo os seres humanos (TILLEY e SMITH JR., 2008). Trata-se de uma doença causada por um rabdovírus do gênero Lyssavirus, que pode infectar virtualmente todos os animais de sangue quente, ele ataca primariamente o sistema nervoso sendo eliminado pela saliva (BIRCHARD e SHERDING, 2003). A fonte de infecção desta doença em geral é considerada como sendo a mordida de um animal infectado que tem o vírus em sua saliva. Morcegos, quatis jaritatacas e raposas constituem a fonte mais comum da exposição à raiva (NELSON e COUTO, 2001). Esta patologia acomete todo o mundo, com a exceção da Inglaterra, Austrália, Japão, Suécia, Havaí e outras ilhas que estão completamente livres da moléstia (JONES et al., 2000). O diagnóstico se dá através dos sinais clínicos, porém exames laboratoriais são essenciais para confirmação do mesmo (JONES et al., 2000). A raiva pode ter ampla faixa de sinais clínicos, o que dificulta sua diferenciação com outras síndromes de encefalomielite aguda 364 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF progressiva. Ante sua importância em termos de saúde pública, esta doença deve constar na lista de diagnósticos diferenciais considerados em qualquer animal com disfunção neurológica rapidamente progressiva (NELSON e COUTO, 2001). O curso clínico da raiva, embora seja variável, é dividido classicamente em três fases: as fases prodrômica, furiosa e paralítica (BIRCHARD e SHERDING, 2003). 2. DESENVOLVIMENTO A família Rhabdoviridae contém um grande número de vírus envelopados, contendo RNA de filamento único e orientação negativa. Todos possuem uma forma de projétil, com uma largura de cerca de 70 nm (nanômetros) e comprimento de 180 nm. Há um grande número de vírus infecciosos para os seres humanos, animais domésticos, peixes, invertebrados, e plantas. Muitos desses agentes virais são transmitidos por artrópodes, e existem dois gêneros: Vesiculovirus e Lyssavirus. O vírus da raiva é o membro mais importante do gênero Lyssavirus, foram identificados vários outros agentes virais antigenicamente relacionados a este vírus, sendo geograficamente restritos à áfrica (JONES et al., 2000). Fora do hospedeiro, o vírus é muito instável, podendo ser inativado por vários desinfetantes (BIRCHARD e SHERDING, 2003). A transmissão da doença se dá através da saliva dos animais infectados, onde o vírus invade o organismo, havendo replicação nos miócitos, invade o tecido nervoso periférico e dissemina-se centripetamente ao longo dos nervos periféricos pelo fluido intraaxonal até o cordão espinhal e o cérebro, e finalmente, se dissemina de maneira centrífuga dentro dos neurônios periféricos, sensoriais e motores, para os outros tecidos (BIRCHARD e SHERDING, 2003; TILLEY e SMITH JR., 2008). Raros casos de raiva têm ocorrido em seres humanos que respiraram o ar numa caverna, onde viviam milhares de morcegos (JONES et al., 2000). Os animais podem disseminar o vírus pela saliva por até 14 dias antes de exibirem os sinais clínicos da doença. O período de incubação a partir do momento da mordida até o início dos sinais clínicos pode Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 365 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA variar de uma semana até oito meses (NELSON e COUTO, 2001). A doença normalmente apresenta três estágios progressivos: prodrômico, furioso, e paralítico. A morte ocorre geralmente dentro de três a sete dias, podendo chegar a dez dias, a partir do inicio dos sinais; no entanto, alguns animais desenvolvem a raiva atípica e não progridem através desses estágios (BIRCHARD e SHERDING, 2003; TILLEY e SMITH JR., 2008). A fase prodrômica passa frequentemente despercebida, mas podem ocorrer sinais sutis de comportamento errático, febre, reflexos corneanos e palpebrais lentos e mastigação no local da mordedura. Na fase furiosa, o vírus invade inicialmente a região do cérebro anterior do SNC (sistema nervoso central), resultando em sinais de comportamento errático e incomum (tais como irritabilidade, inquietação, latidos, agressão episódica, ataques violentos a objetos inanimados, pica, perambulação inexplicada e comportamento sexual anormal). Podem se desenvolver ataxia, desorientação e ataques convulsivos. Na fase paralítica desenvolve-se uma paralisia progressiva do neurônio motor inferior, causando sinais de paresia ou paralisia ascendentes dos membros (afetando frequentemente primeiro a extremidade mordida) ou sinais de paralisia nervosa cranial, tais como paralisia laringeana (alteração no latido, dispneia), paralisia faringeana (salivação, disfagia) e paralisia mastigatória (queda de maxilar). Esses sinais são acompanhados por depressão, coma e morte decorrente de paralisia respiratória (BIRCHARD e SHERDING, 2003). A análise do líquido cerebroespinhal revela aumento das células mononucleares e proteínas. Os títulos de anticorpos do liquido cerebroespinhal comparados com os títulos séricos podem ajudar no diagnóstico. O achado de um título positivo de IgG para raiva constitui boa evidência de infecção, porque os títulos liquóricos não aumentam apenas com a vacinação. Os testes de anticorpos fluorescentes para a doença podem ser realizados em esfregaços citológicos da mucosa nasal e da córnea ou em biópsias de pele das vibrissas sensoriais na região maxilar. Um resultado negativo nesses testes não elimina a possibilidade de contaminação, em particular nos estágios iniciais da doença (NELSON e COUTO, 2001). Em 1903, corpos de inclusão citoplasmáticos, de forma esférica e com características tintoriais específicas foram descritos por Negri 366 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF em neurônios de cães, gatos e coelhos experimentalmente infectados com o vírus da raiva. Esses corpos de inclusão foram subsequentemente denominados corpos de Negri, e são aceitos como indicações específicas de infecção por vírus da raiva (JONES et al., 2000). O diagnóstico deve ser confirmado pelo exame laboratorial do tecido cerebral obtido após a morte do animal. A demonstração de corpos de Negri típicos é considerada diagnóstica; mas os cérebros de até 30% dos animais infectados podem não conter corpos de Negri demonstráveis. O diagnóstico deve ser confirmado pelo uso do teste de anticorpo imunofluorescente direto para o vírus, se o teste for negativo, será feito teste de inoculação em camundongos, para confirmar sua negatividade. Uma nova técnica de coloração da peroxidase-antiperoxidase também pode ser usada, e substitui amplamente a confiança diagnóstica na presença de corpos de Negri ou na inoculação em camundongos (JONES et al., 2000; NELSON e COUTO, 2001). A raiva não tem tratamento, e é quase sempre fatal nos animais domésticos. Devido ao risco de saúde pública extremo, deve-se quarentenar ou sacrificar todos os animais suspeitos e notificar as autoridades do departamento de saúde local (BIRCHARD e SHERDING, 2003; TILLEY e SMITH JR., 2008). Para prevenir a doença é necessário vacinar os cães e gatos de acordo com as recomendações padronizadas e necessidades locais e estaduais; todos os caninos e felinos com qualquer exposição a animais selvagens e a outros cães devem ser vacinados depois das 12 semanas de vida, em seguida 12 meses depois, e por fim, a cada três anos, utilizando a vacina apropriada para esse período, em gatos, usar somente vacinas inativadas (TILLEY e SMITH JR., 2008). As vacinas com vírus vivos modificados (VVM) e inativados estão disponíveis, sendo relativamente seguros e eficazes quando utilizados de acordo com as instruções (NELSON e COUTO, 2001). Todas as exposições humanas e animais à raiva devem ser relatadas às autoridades locais de saúde pública. Cães e gatos expostos, mas anteriormente vacinados, devem ser revacinados imediatamente, e ser mantido sob o controle do proprietário e em observação por 45 dias. No caso de um canino ou felino não vacinado, este deve ser sacrificado para o exame dos tecidos. Caso o Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 367 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA proprietário recusar a eutanásia, exige-se uma quarentena estrita, sem contato humano ou animal por seis meses, com vacinação um mês antes da liberação (BIRCHARD e SHERDING, 2003). Aproximadamente 15% dos humanos não tratados após uma mordedura de um animal sabidamente raivoso se infectam. Quando se desenvolvem sinais no homem, a raiva é quase sempre fatal, portanto, os seres humanos devem evitar a mordida de um animal raivoso ou assintomático que esteja incubando a doença (BIRCHARD e SHERDING, 2003; TILLEY e SMITH JR., 2008). Em humanos que estão em risco alto de se infectarem com a raiva a prevenção pré-exposição é recomendada, sendo esta a imunização com vacina de células diploides humanas (HDCV) ou outra vacina aprovada pela FDA (food and drug administration). Os proprietários devem quarentenar por dez dias os animais de estimação saudáveis que tenham mordido um ser humano, e durante o confinamento, deve-se isolar os animais do contato com outros e confina-los em um recinto a prova de fugas, exceto quanto a uma caminhada com corrente sob o controle do proprietário. Qualquer sinal da enfermidade no animal confinado deve ser relatada às autoridades de saúde pública locais (BIRCHARD e SHERDING, 2003). Se o humano for mordido, devem-se limpar os ferimentos com uma quantidade abundante de água e sabão para reduzir os vírus do ferimento. O etanol (a 70%) ou o cloreto de benzalcônio (a 1- 4%) são rabicidas. Dependendo das circunstâncias, as autoridades de saúde decidirão imediatamente se indica uma profilaxia pós-exposição. Pessoas anteriormente imunizadas devem receber duas doses da vacina (nos dias 0 e 3), enquanto as não imunizadas devem receber imunoglobulina contra a raiva e cinco doses da vacina (nos dias 0, 3, 7, 14 e 28) (BIRCHARD e SHERDING, 2003). Em países livres desta patologia, os cães e gatos que entram devem ficar em quarentena por longos períodos, geralmente de seis meses. Para desinfetar um ambiente, toda a área, jaula, prato de alimento ou instrumento contaminados devem ser rigorosamente desinfetados, utilizando a diluição de 1:32 (120 gramas por 5 litros) de alvejante caseiro para inativar com rapidez o vírus (TILLEY e SMITH JR., 2008). 368 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A raiva é uma doença de grande importância para a saúde pública e para a medicina veterinária, causada por um vírus, que infecta principalmente o sistema nervoso central. Devido a sua rápida evolução, e a seu potencial zoonótico, que leva tanto os animais, quanto os humanos que exibirem sintomas da doença à morte em pouco tempo. Seu tratamento é inexistente, a prevenção é feita através da vacinação adequada, evitar o contato de animais selvagens com outros animais, higienizar ambientes e fômites com hipoclorito. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIRCHARD, S. J. ; SHERDING, R. G. Manual Saunders, Clínica de Pequenos Animais. 2ª edição. São Paulo SP. Ed. Roca. 2003. Pag. 130 – 132. JONES, T. C.; HUNT, R. D.; KING, N. W. Patologia Veterinária. 6ª edição. Barueri, SP. Ed. Manole. 2000. Pag. 333 – 338. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 2ª edição. Rio de Janeiro RJ. Ed. Guanabara Koogan S. A. 2001. Pag. 793 e 794. TILLEY, L. P.; SMITH JR., F. W. K. Consulta Veterinária em 5 Minutos, Espécies Canina e Felina. 3ª edição. Barueri SP. Ed. Manole. 2008. Pag. 1224 e 1225. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 369 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 370 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SÍNDROME DA DILATAÇÃO VÔLVULO-GÁSTRICA EM CÃES – RELATO DE CASO Yasmin Garcia MARANGONI1 Angélica Cristina Mourão GUIMARÃES2 Raquel Beneton FERIOLI 3 1 2 Discente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – [email protected] Discente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – SP – BRASIL. 3 Docente do curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça – [email protected] RESUMO A síndrome da dilatação vólvulo gástrica (DVG) é uma condição grave, de caráter agudo, que confere alto índice de óbito em pequenos animais, ocorre geralmente em raças de grande porte. A DVG se refere a aumento no volume gástrico no qual o estômago distendido, gira sobre seu eixo, podendo ou não ser agravado por vólvulo, levando a desordens fisiopatológicas e sistêmicas. O seu diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, exame físico e exame radiográfico. Os principais sinais clínicos são distensão abdominal, timpanismo, náusea e angústia respiratória e o tratamento se baseia inicialmente na estabilização do paciente, seguida por gastropexia. O reconhecimento precoce desta enfermidade é de fundamental importância para o tratamento com sucesso desta síndrome. Palavra – Chave: dilatação, distensão abdominal, gastropexia. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 371 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The syndrome of the gastric dilatação vôlvulo (DVG) is a serious condition, of acute character, that confers high index of death in small animals, occurs generally in races of great transport. The DVG if by vol. relates the increase gastric in which the distendido stomach, turns on its axle, being able or not to be aggravated by vólvulo, taking the fisiopatológicas and sistêmicas clutters. Its diagnosis is based on the clinical signals, physical examination and radiográfico examination. The main clinical signals are abdominal distensão, timpanismo, nausea and respiratory anguish and the treatment if it bases initially on the stabilization of the patient, followed for gastropexia. The precocious recognition of this disease is of basic importance for the treatment successfully of this syndrome. Key – Word: dilatação, distensão abdominal, gastropexia. 1. INTRODUÇÃO O sistema digestório dos cães é complexo, composto por órgãos de diferentes estruturas anatômicas e funcionais que atuam coordenadamente na execução do processo de digestão e absorção dos nutrientes e água, necessários à manutenção da homeostase corporal (TOLEDO et al., 2008). Dessa forma, a função digestória adequada depende da atuação correta e coordenada da cavidade oral, esôfago, estômago, intestino delgado e grosso, assim como das glândulas salivares, pâncreas exócrino e fígado, além de uma complexa interação com os outros sistemas corporais como músculo esquelético e neuroendócrino (D´ALKIMIN, 2008). O estômago do monogástrico possui capacidade aproximadamente de 0,7L em um cão médio (TAMS, 2005), anatomicamente é dividido em cinco áreas diferentes. A cárdia é a área que vai envolver a abertura do esôfago para no estômago, onde possui um esfíncter denominado de esfíncter cárdico. O fundo é a porção do estômago que possui um formato de um saco cego, onde sua função é distender a cada alimento ingerido. O corpo está localizado no “meio” do estômago, possui a função de distensão e é onde estão localizadas as glândulas gástricas. O antro piloro é a 372 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF parte distal do estômago e o piloro é o esfíncter muscular que controla o conteúdo estomacal para o início do intestino delgado, ou seja, o duodeno. O estômago possui duas curvaturas parecidas com a letra “C” deitado, a curvatura interna do C é denominada de curvatura menor do estômago e a curvatura externa do C é denominada de curvatura maior do estômago. Sua mucosa possui várias pregas desde a cárdia até o piloro e são denominadas de dobras. A cor de um estômago vazio e normal é róseo brilhante, devido a grande secreção de muco que protege a mucosa do mesmo (COLVILLE e BASSERT, 2010). A dilatação vólvulo-gástrica (DVG) é uma síndrome de distensão aguda que ameaça a vida do animal, A síndrome da dilatação vólvulo gástrica se refere a duas condições, a primeira é a dilatação gástrica (distensão do estômago com gás e líquido) (RIBEIRO et al., 2010) e a Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 373 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA segunda é o vólvulo (CAMERA et al., 2011) na qual o estômago se torna dilatado e deslocado ao longo de seu próprio eixo, sofrendo uma rotação entre 180º e 360° em torno de seu eixo longitudinal (SOUZA et al., 2011). Quando o estômago gira, o piloro e o duodeno movem-se ventralmente e para a esquerda da linha média, e deslocam-se para ficar entre o esôfago e o estômago. Como o baço está fixado na curvatura maior do estômago pelo ligamento gastroesplênico, a torção do estômago quase sempre desloca o baço para o lado direito ventralmente do abdômen, causando congestão e esplenomegalia. Devido à localização de sua inserção na curvatura maior do estômago, o aumento maior geralmente é encontrado cobrindo a porção ventral do estômago de forma mal posicionada (HESS, 2009). O aumento da pressão no interior do estômago desencadeia desordens fisiopatológicas locais e sistêmicas que podem induzir o animal ao óbito (GALVÃO et al., 2010). 374 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Independentemente do grau e do tipo de rotação, a dilatação gástrica provoca vários efeitos fisiopatológicos; entre eles compressão vascular, estase sanguínea e consequentemente hipóxia celular, congestão local e deslocamento de líquido para seu interior. A compressão vascular principalmente de veia cava e veia porta, reduz drasticamente o débito cardíaco e pressão arterial média, resultando em choque hipovolêmico (ASSUMPÇÃO, 2011; SEGATTO, 2006; MELO 2010). A compressão da veia porta também induz edema, congestão e prejuízos à oxigenação do trato gastrointestinal, além de reduzir o volume vascular e comprometer a microcirculação nas vísceras. Estes eventos levam à isquemia de diversos órgãos, entre eles o pâncreas e o miocárdio, à hipóxia celular e ao desvio do metabolismo anaeróbio, dando início à acidose lática que pode ficar acentuada, ocasionalmente resultando em uma insuficiência múltipla de órgãos. Além disso, a oclusão da veia porta reduz a capacidade do fígado de eliminar as endotoxinas absorvidas a partir da mucosa gástrica desvitalizada, levando a endotoxemia. A endotoxemia agrava a hipotensão, a queda no débito cardíaco e o aumento no sequestro venoso. Todas essas alterações predispõem ao aparecimento da coagulopatia intravascular disseminada (CID). A hipóxia tecidual pode acabar evoluindo para necrose da parede dos órgãos afetados (principalmente estômago e baço) e consequentemente sua ruptura, causando hemoperitônio e/ou peritonite. Além disso, a dilatação do estômago restringe os movimentos respiratórios o que somado a queda no débito cardíaco, promove dificuldade respiratória, e consequente, queda na tensão de oxigênio sanguíneo, agravando a hipoxemia (SILVA et al., 2006; SEGATTO, 2006). Numerosos fatores ambientais podem favorecer ao quadro como sexo, raça, idade, conformação corpórea, dieta e exercícios, tem sido implicado como causa da DVG, que predispõem ao acúmulo de gás, fluido e alimento no estômago, o qual com a obstrução da região da cárdia impedem a eructação e êmese seguindo a obstrução do piloro que impede a passagem do conteúdo gástrico para o intestino (D´ALKIMIN, 2008). Não se conhece a causa principal da DVG, mas sugeriu-se que exercícios após a ingestão de grandes refeições como alimento altamente processados ou água podem colaborar. Outras causas Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 375 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA contribuintes incluem predisposição anatômica, íleo paralítico, traumatismo, distúrbios de motilidade gástrica primários, vômitos e estresse (FOSSUM, 2005). O deslocamento esplênico e a torção podem contribuir para dilatação vólvulo gástrica, uma vez que aumenta a tensão do ligamento gastroesplênico e também pode aumentar a tensão nos ligamentos hepatoduodenal e hepatogástrico, resultando em maior mobilidade do estômago, predispondo ao vólvulo (SOARES, 2009). A ocorrência dessa síndrome é mais comum em raças de porte grande e gigante como Dogues Alemães, Pastores Alemães, São Bernardos, Rottweillers, Labradores Retrievers, Malamutes do Alasca, Weimaraners, Goldens Retrievers, Wolfhounds, Bloodhounds, Standard Poodles, Setter Irlandeses e Filas Brasileiros. Raças de pequeno porte já foram relatadas, sendo com maior incidência em Dachshounds (MADSEN, 2008). É rara em gatos sendo que animais com idade entre dois meses a alguns anos, com média de seis anos são mais acometidos, não há predileção sexual (ASSUMPÇÃO, 2011). Os sinais precoces podem incluir náuseas e vômito não-produtivo, ansiedade ou desconforto, progredindo para distensão abdominal (que pode ser sutil a extrema), dor abdominal, aumento da frequência cardíaca, pulsos femorais fracos, sialorréia e inquietude, dispneia e pobre perfusão das membranas mucosas, choque, colapso circulatório (SHAW e IHLE, 1999 e ETTINGER, 1992). O diagnóstico da síndrome DVG baseia-se nos sinais clínicos e na avaliação radiográfica (GUIDOLIN, 2009). Para realização das radiografias é fundamental cuidados no posicionamento do animal para realização do exame, pois poderá comprometer ainda mais a função cardiopulmonar, onde o ideal antes de radiografar o animal é realizar a descompressão se possível. (ETTINGER e FELDMAN, 2004). Através de radiografias abdominais, nota-se um deslocamento do piloro, ou da formação de uma saliência de tecido na sombra gástrica. (NELSON e COUTO, 1994). A avaliação radiográfica é necessária, para diferenciar a dilatação simples, da dilatação mais vólvulo. Prefere-se vistas radiográficas sendo dorso ventral e lateral direita. Em cães normais, o piloro se localiza ventralmente ao fundo, na vista lateral, e no lado direito do abdômen, na vista dorso ventral. Na vista lateral direita de um cão com DVG, o piloro se situa cranialmente ao corpo gástrico e fica 376 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF separado do resto do estômago por tecido mole (sinal de C reverso). Na vista dorso ventral, o piloro aparece como uma estrutura preenchida por gás, à esquerda da linha média (FOSSUM, 2005). O tratamento médico inicial se baseia na descompressão do estômago por sondagem orogástrica e caso esse procedimento não possa ser realizado é recomendado à descompressão com agulha calibre 18 e repetir a sondagem orogástrica. O tratamento para choque deve ser instituído juntamente com a descompressão e monitoramento constante do paciente até sua total estabilização (RIBEIRO et al., 2010). A síndrome DVG é uma enfermidade aguda, que requer tratamento emergencial, o qual consiste na rápida reposição de grandes volumes de liquido, e eletrólitos por meio da fluidoterapia intravenosa em veias de grosso calibre craniais ao diafragma, descompressão gástrica e, assim, que o animal apresentar condições para ser submetido à anestesia, realiza-se, uma laparotomia para desfazer o vôlvulo, e avaliar a viabilidade das vísceras abdominais. Deve-se, realizar uma cirurgia de gastropexia, tão logo o animal fique estabilizado, mesmo que o estômago já tenha sido descomprimido (GALVÃO et al., 2010). Os objetivos do tratamento cirúrgico são: inspecionar o estômago e o baço de maneira a identificar e remover tecidos danificados ou necrosados, descomprimir o estômago e corrigir qualquer mau posicionamento, aderir o órgão à parede corporal para evitar um mau posicionamento subsequente (BRENTANO, 2010). Existem vários tipos de gastropexia: gastropexia com sonda, gastropexia circuncostal, gastropexia com retalho muscular (incisional), e gastropexia em alça de cinto, o método a ser escolhido é dependente da destreza do cirurgião (RIBEIRO et al., 2010). Os métodos de gastropexia devem ser simples e rápidos, permitindo a aderência do estômago na parede abdominal direita, sem interferir na função gástrica e devem também envolver mínimas possibilidades de complicações durante os períodos trans-cirúrgico e pós-operatório. Este método deve ser recomendando mesmo quando o tratamento conservador da DVG apresente êxito (GALVÃO et al., 2010). O baço usualmente segue o estômago durante a sua rotação, assim ele pode apresentar-se congesto, mas depois de restabelecida a posição normal anatômica, usualmente em minutos se resolve esta Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 377 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA congestão. A esplenectomia é indicada somente quando ocorrem avulsão e infarto seguido de necrose tecidual (D´ALKIMIN, 2008). Algumas medidas podem ser adotadas para evitar o aparecimento desta síndrome, como oferecer várias refeições pequenas durante o dia, restringir exercícios pré e pós prandial, evitar estresse durante a alimentação (separar os cães durante as refeições), não utilizar comedouro elevado (evitar a aerofagia) e não procriar animais que tenham tido síndrome DVG ou que tenham parentesco de primeiro grau com histórico desta síndrome (MADSEN, 2008). O prognóstico vai depender do estágio em que a doença for diagnosticada, pois quanto antes for feito o diagnóstico, e o início do tratamento, melhor será o prognóstico do animal (JR VOLPATO et al., 2011). Mas segundo (ETTINGER e FELDMAN, 2004) o prognóstico de DVG é reservado. 2. RELATO DE CASO Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da FAEF - Garça, um cão sem raça definida, macho, com 6 anos de idade, pesando 45kg em agosto de 2012, pertencente ao canil da FAEF. De acordo com o responsável pelo setor, o animal se encontrava em decúbito lateral apresentando exaustão muscular e apatia. Durante o atendimento, foi relatado que o animal estava apático, apresentava dificuldade de locomoção e aumento de volume abdominal. No exame físico, o animal apresentava-se com as mucosas pálidas, frequência cardíaca de 185 batimentos por minuto, frequência respiratória de 52 minutos por minuto, temperatura retal 39,1ºC. Durante a palpação abdominal notou-se um abdome firme e abaulado, percussão abdominal com som timpânico, levando a suspeita de dilatação e vólvulo gástrico. No tratamento ambulatorial foi administrada fluidoterapia com ringer simples 500mL (via intra-venosa IV), 2,5ml de dipirona (25mg/ kg, IV), 1ml de metadona 0,3mg/kg (via subcutânea SC ) e 10ml de ornitil (IV). Foram realizados hemograma completo e exames bioquímicos, que revelaram leucocitose por neutrofilia, hematócrito 40%, proteína plasmática total 7,2 e trombocitopenia, no perfil bioquímico 378 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF notaram-se aumento de uréia (246mg/dL) e de creatinina (7,0 mg/ dL). Em seguida foi realizado exame radiográfico, onde se constatou que haviam achados clássicos de dilatação e vólvulo gástrico; como distensão excessiva do estômago, caracterizado por uma área interna radioluscente mais compartimentalização por tecido mole, compatível com síndrome dilatação vólvulo-gástrica e notou-se também uma intensa esplenomegalia. Após a confirmação da suspeita o animal foi encaminhado à cirurgia, antecedida por uma abdominocentese para diminuir a pressão no interior do estômago provocada pela torção gástrica. O animal foi submetido à sedação com cloridrato de tramadol 4mg/kg, diazepan 0,5mg/kg e induzido à anestesia com propofol 2,0mg/kg e mantido na anestesia inalatória com isoflurano. Durante o período trans-operatório o animal recebeu metronidazol 25mg/kg e infusão venosa com ringer simples. Iniciou-se a cirurgia com uma laparatomia, durante o procedimento cirúrgico, após o reposicionamento anatômico do estômago e estruturas adjacentes, foi possível verificar as condições clínicas destas, onde se evidenciou áreas de necrose esplênica, causada por torção concomitante à torção estomacal, pois estes órgãos estão conectados pelo ligamento gastroesplênico. Devido avaliação do estado macroscópico do baço, o paciente foi submetido à esplenectomia; e notou-se também intensa dilatação gástrica sem áreas de necrose. O animal foi submetido à intubação esofágica para retirada do conteúdo alimentar presente no estômago, em seguida o estômago foi submetido à técnica cirúrgica de eleição para estes casos, a gastropexia com antro pilórico na parede corporal direita, evitando riscos de recidiva. No primeiro dia pós-operatório foram administrados dipirona 25mg/kg, ranitidina 2,2mg/kg, metronidazol 25mg/kg e solução de ringer simples. No segundo dia o animal recebeu alta e foram prescritos dipirona 500mg, a cada 8 horas, durante 7 dias; enrofloxacina 150mg, a cada 24 horas, durante 10 dias e meloxicam 2,5mg a cada 24 horas, durante 5 dias. Foi aconselhado que do 2º ao 6º dia pós-operatório fosse fornecida uma dieta pastosa; do 6º ao 8º dia uma dieta leve contendo apenas arroz, carne e legumes e a partir do 8º dia alimentação de rotina, ou seja, ração. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 379 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O animal retornou no 7º dia de pós-operatório para à retirada dos pontos, se apresentou em bom estado geral e se alimentando normalmente. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A síndrome DVG está relacionada a cães de raças de porte grande e necessita de um atendimento emergencial eficiente, que responde por boa parte da regressão deste quadro clínico. A descompressão gástrica aliada a uma estabilização do paciente no intervalo précirúrgico, são fundamentais para a manutenção da vida do animal. Somando a um período pós-operatório bem monitorado, é possível a recuperação total do animal e evitar a ocorrência de recidivas. 4. REFERÊNCIAS ASSUMPÇÃO, A. E. Abordagem do Abdômen Agudo e Síndrome Dilatação – Torção Gástrica. Porto Alegre – RS. 2011. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/38656. Acesso em: 25/03/ 2014. BRENTANO, L. M.. 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O inicio de sua transmissão ocorre com a saída dos oocistos não esporulados resistentes ao meio ambiente – nas fezes do animal, e, durante certo período de 1 a 5 dias, com a presença de oxigênio, acontece a esporulação dos oocistos que, esporulados, são infectantes para a maioria dos vertebrados de sangue quente. Mulheres grávidas e pessoas imunodeficientes deverão ter uma atenção maior aos cuidados preventivos, pois a infecção pode ser fatal. Palavras-Chave: oocistos, Toxoplasmose, Toxoplasma gondii. ABSTRACT Toxoplasmosis is a zoonosis caused by the protozoan parasite Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 383 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Toxoplasma gondii. Happens in many warm-blooded animals, but the cat family appears to contain the only definitive hosts. The beginning of its transmission occurs with the output of oocysts nonsporing resistant to the environment - in the feces of the animal, and, over a period of 1 to 5 days in the presence of oxygen, happens sporulation of oocysts that sporulated, are infectious for most warmblooded vertebrates. Pregnant women and immunocompromised individuals should have greater attention to preventive care, because the infection can be fatal. Key Word: oocysts, Toxoplasmosis, Toxoplasma gondii. 1.INTRODUÇÃO A Toxoplasmose é uma zoonose que tem uma distribuição mundial muito ampla, podendo ser encontrada em todos os continentes dos mais variados climas, com variabilidade da freqüência e gravidade de infecção, ligada a diversos fatores, tais como: padrões culturais da população, hábitos alimentares, faixa etária, e procedência urbana ou rural sendo a dispersão do protozoário parasita Toxoplasma gondii, que se dá por vários mecanismos de transmissão; ingestão de cistos presentes em carnes cruas ou mal cozidas, ingestão de oocistos presentes em fezes de felinos que contaminam alimentos e água, manipulação de terra contaminada com oocistos entre outros (AMENDOEIRA, 2003). A doença ocorre em diversos animais endotérmicos, porém a família dos felinos são as que possuem os únicos hospedeiros definitivos (únicos hospedeiros onde ocorre o ciclo sexual do parasito) (ETTINGER e FELDMAN, 1997). A Toxoplasmose é de grande importância na saúde pública por ter chances de causar problemas principalmente em gestantes, com a infecção transplacentária, na qual ocorrem partos prematuros e nascimentos de indivíduos assintomáticos ou com problemas oculares. Há também sérios riscos com a infecção tecidual crônica, que acontece em pessoas imunodeficientes causando disseminação e doença clínica grave (ETTINGER e FELDMAN, 1997). O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão de literatura destacando a transmissão e a importância da toxoplasmose nos seres infectados. 384 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2.CONTEÚDO A Toxoplasmose é uma zoonose em que os únicos hospedeiros definitivos conhecidos são os felinos, onde o microrganismo completa o ciclo enteroepitelial (fase sexual) que resulta na passagem nas fezes de oocistos não esporulados resistentes ao meio ambiente (NELSON e COUTO, 1998). A esporulação acontece no ambiente e é dependente de temperatura e umidade (MARTINS e VIANA, 1998). A esporulação dos oocistos ocorre em 1 a 5 dias na comparência de oxigênio; os oocistos esporulados são infectantes para a maioria dos vertebrados endotérmicos (NELSON e COUTO, 1998). A transmissão do Toxoplasma gondii é principalmente por infecção placentária (congênita), ingestão de alimentos ou água contaminados com os oocistos esporulados e ingestão de carne crua ou mal passada contendo cistos teciduais (DUBEY, 1996). A transmissão do Toxoplasma pode ocorrer para o feto se a paciente grávida adquirir a infecção durante a gestação (ANDERSON, 2011). Os hospedeiros definitivos (HD) ingerem tecidos de animais infectados, geralmente roedores, cujos tecidos estão infectados por taquizoítos ou bradizoítos (ETTINGER e FELDMAN, 1997). Nos hospedeiros intermediários (HI) e também nos gatos (HD), o ciclo é extraintestinal, e nestes a infecção pode acontecer de duas maneiras, ingestão de cistos esporulados ou ingestão de bradizoítos e taquizoítos na carne crua ou mal passada (SCHMITT et al., 2012). O Toxoplasma gondii possui um ciclo de vida que intercala entre o hospedeiro definitivo que abriga os estágios sexuados e o hospedeiro intermediário, no qual ocorrem os estágios assexuados (ANDERSON, 2011). O Toxoplasma gondii aparece de diferentes formas em diferentes estágios do seu ciclo, começando pela ingestão dos cistos presentes na carne, pelos felídeos (RASKIN e MEYER, 2003). Na ingestão de oocistos esporulados, os esporozoítos liberados penetram na parede intestinal (SCHMITT et al., 2012). Após cinco dias, começa o processo de reprodução que da origem ao ovo ou zigoto, que após evacuar a parede cística dá origem ao oocisto. Este é liberado com as fezes após nove dias podendo chegar a 500 milhões de oocistos em cada defecação (ANDERSON, 2011). Quando os esporozoítos se propagam pelo sangue e linfa, este estágio de multiplicação rápida é denominado taquizoíto, podem Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 385 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA parasitar qualquer célula em qualquer tecido, e ao adentrar em uma célula, multiplica-se assexuadamente, até houver um acúmulo, assim, a célula rompe e novas células se infectam, esta é a fase aguda da toxoplasmose (SCHMITT et al., 2012). A maioria dos taquizoítos são eliminados pela resposta imune humoral e celular do hospedeiro, algumas dessas formas produzem o cisto, contendo muitos bradizoítos, podendo aparecer em vários órgãos do hospedeiro, mas persistem no SNC e nos músculos. Se o animal for caçado e ingerido por um felídeo, os parasitas dentro do seu intestino são liberados infectando o novo hospedeiro definitivo (ANDERSON, 2011). A toxoplasmose clinica é reconhecida em maior frequência nos gatos do que nos cães, mas os sinais são parecidos em ambas às espécies. São comuns sinais inespecíficos de anorexia, depressão, febre intermitente, outros sinais são nomeados pelo local da lesão a partir da propagação extra intestinal, sendo que os órgãos mais afetados são os pulmões, os olhos, o cérebro, o fígado e a musculatura esquelética (BIRCHARD e SHERDING, 2003). A doença em cães é normalmente mais grave em animais jovens e idosos, sendo comum a presença de outros agentes infecciosos como os da cinomose e hepatite viral canina, uma vez que o Toxoplasma gondii tem caráter oportunista (DIAS e FREIRE, 2005). A infecção adquirida em humanos é geralmente assintomática, mas pode ocorrer febre, linfadenopatia e mal-estar. A infecção transplacentária de seres humanos resulta em manifestações clínicas incluindo natimortos, hidrocefalia, hepatoesplenomegalia e retinocoroidite (NELSON e COUTO, 1998). O diagnóstico sorológico é o meio de diagnóstico mais importante da infecção recente ou ativa, sendo o ELISA o diagnóstico mais utilizado (ETTINGER e FELDMAN, 1997). Não existe um tratamento completamente satisfatório (SCHMITT et al., 2012). Porém a clindamicina é o medicamento de escolha para cães e gatos, a dosagem de 25-50mg/kg/dia, dividido em duas ou três doses, via oral ou intramuscular, por pelo menos duas semanas (BIRCHARD e SHERDING, 2003). Utiliza-se também sulfonamidas, pirimetaina, doxiciclina, azitromicina e claritromicina (ANDERSON, 2011). Em gatos, como terapia adjuvante contra uveíte, pode ser administrado colírio de prednisona a % (SCHMITT et al., 2012). 386 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Os humanos podem se infectar a partir da exposição a oocistos nas fezes do gato, então como profilaxia, as mulheres gestantes não devem limpar as caixas onde os gatos defecam, estas caixas devem ser higienizadas diariamente, para que não se permita que os oocistos se tornem infectantes. Devem tomar cuidado ao praticar jardinagem, e todas as verduras da horta (se houver) devem ser bem lavadas antes de seu consumo (ETTINGER e FELDMAN, 1997). Não fornecer alimentos aos gatos como: carne crua, vísceras ou ossos, leite cru (não pasteurizado), eles devem ser alimentados somente com rações ou outros alimentos cozidos. Manter os gatos de estimação dentro de casa para evitar que pratiquem a caça e revirem o lixo (ANDERSON, 2011). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base no que foi exposto neste trabalho pode-se concluir que esta é uma importante zoonose que compreende um ciclo complexo do Toxoplasma gondii, podendo causar infecções graves principalmente pelo protozoário apresentar caráter oportunista, além de risco abortivo às gestantes. E a importância em ter uma reeducação higiênica e, muitas vezes, mudar o hábito alimentar, podendo ser medidas vitais para o controle e prevenção da doença. 4.REFERÊNCIAS ANDERSON, A.O. Toxoplasmose – Revisão de Literatura. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Curitiba, 2013. AMENDOEIRA, M. R. R.; SOBRAL, C. A. Q.; TEVA, A. Inquérito sorológico para a infecção por Toxoplasma gondii em ameríndios isolados, Mato Grosso. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. Vol.36, no. 6. 2003. p.671-676. BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G.; Manual Saunder: Clínica de Pequenos Animais. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2003. DIAS R. A. F.; FREIRE, R. L.; Surtos de toxoplasmose em seres Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 387 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA humanos e animais. Semina: Ciências Agrárias, Londrina 2005, v. 26, n. 2, p. 239-248. DUBEY, J. P. Estratégias para reduzir a transmissão do Toxoplasma gondii em animais e humanos. Parasitologia Veterinária. 1996. p. 65-70. ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Zoonoses. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 4ª ed. Barueri – SP: Manole Ltda, 1997. p.1495. MARTINS, S. C.; VIANA, J. A. Toxoplasmose - o que todo profissional de saúde deve saber. Clínica Veterinária. n. 15. 1998. p.33-37. NELSON. R.W.; COUTO, C.G. Toxoplasmose Felina e Canina. Medicina Interna de Pequenos Animais. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. p.1084. RASKIN, R. E.; MEYER, D. J. Atlas de Citologia de Cães e Gatos. 1ªed. São Paulo: Roca Ltda, 2003 p.142. SCHMITT, C.; HENRICHSEN, F.; LORENZONI, A.; Toxoplasmose e Seus Aspectos Gerais: Uma Revisão Bibliográfica. Trabalho de Iniciação Científica (XVII Seminário Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão) – Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta, 2012. 388 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF TRÍADE NEONATAL EM PEQUENOS ANIMAIS Giovana Paula Antunes Ribeiro de SOUZA1 Gisele Fabrícia Martins do REIS 2 1 2 Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária e Zootecnia da FAEF – Garça- SP- Brasil. E-mail: [email protected] Docente do curso de Medicina Veterinária e Zootecnia da FAEF – Garça – SP –Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO A Tríade Neonatal é o aparecimento de hipotermia, hipovolemia e hipoglicemia em cães e gatos com menos de duas semanas de vida. Os sinais clínicos mais evidentes são perda de peso, ausência do reflexo de sucção, extremidades frias, mucosas pálidas ou cianóticas e perda do tônus muscular. O objetivo desta revisão é a compreensão do desenvolvimento desta enfermidade, assim como a utilização de algumas medidas profiláticas durante a gestação e após o parto, com o intuito de minimizar as perdas no período neonatal. Palavras-Chave: neonato, hipotermia, hipoglicemia, hipovolemia. ABSTRACT The Neonate Triad is the onset of hypothermia, hypovolemia and hypoglycemia in puppies and kittens less then two weeks of life. The most proeminent clinical signs are weight loss, lack of sucking reflex, cold extremities, pale or cyanotic mucous membranes and loss of muscular Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 389 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA tone. This review aims to understand the development of this disease, as well as, the use of some prophylactic measures during pregnancy and after birth, in order to minimize losses in the neonatal period. Keywords: neonate, hypothermia, hypovolemia, hypoglycemia 1. INTRODUÇÃO O período neonatal em medicina de animais de companhia é definido como o intervalo que vai do nascimento até a segunda semana de vida do filhote (MACINTIRE, 2008). Esse momento é marcado por uma seqüência de eventos fisiológicos para adaptação extra-uterina, por meio do desenvolvimento de funções vitais, como o controle respiratório e cardiovascular, antes realizados via placenta, assim como o término do amadurecimento dos sistemas renal e neurológico (SILVA et al., 2008). A imaturidade com que os filhotes de cães e gatos nascem faz com que sejam extremamente sensíveis às condições ambientais adversas, sendo o índice de mortalidade próximo a 30% (SILVA et al., 2008). As mortes podem ocorrer intra-uterinas, durante expulsão fetal, após o nascimento, nas primeiras semanas de vida ou após o desmame (VERONESI et al., 2009). As perdas ocorridas durante o período neonatal são decorrentes de quadros graves de hipotermia, hipoglicemia e hipovolemia, conhecida por Tríade neonatal, associados às anomalias congênitas, efeitos teratogênicos de medicamentos fornecidos durante gestação, distúrbios nutricionais maternos, baixo peso do filhote ao nascimento, traumatismos físicos e agentes infecciosos (HOSKINS, 2001). Esta revisão busca compreender o aparecimento dos sinais clínicos presentes na Tríade Neonatal, o tratamento e o conhecimento de algumas medidas preventivas durante gestação e logo após o parto. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1HIPOTERMIA Os neonatos são considerados organismos pecilotérmicos até o momento do desmame, aos 35 dias vida pós parto (GRUNDY, 2006). 390 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Após o nascimento a temperatura retal diminui provavelmente como um mecanismo compensatório à hipóxia e à acidose metabólica desenvolvidas durante o parto (LAWLER, 2008). A temperatura normal em cães e gatos neonatos varia entre 35,0°C a 37,0°C, indo para 36,0° C a 37,8°C aos 14 dias de vida (GRUNDY, 2006). O desenvolvimento de hipotermia em neonatos diminui a motilidade intestinal, especialmente abaixo de 34,4°C, cessando também o apetite, possivelmente como um mecanismo protetor contra aspiração pulmonar (LAWLER, 2008). Por existir uma diminuição na absorção intestinal o fornecimento de medicamentos ou alimentação via oral em pacientes hipotérmicos deve ser evitado até estabilização da temperatura corpórea (GRUNDY, 2006). A ausência de tremor corporal e a incapacidade em realizar vasoconstricção periférica acentuam a hipotermia, agravando a bradicardia e a hipóxia tecidual (TRAAS, 2008). A avaliação da coloração das mucosas orais, oculares e a presença do reflexo de sucção voluntária deverão ser monitoradas em pacientes hipotérmicos durante o atendimento emergencial (LAWLER; MUNNICH, 2008). As doenças infecciosas em neonatos são mais intensas nas primeiras semanas de vida, normalmente desencadeadas por agentes bacterianos e responsáveis por diarréias e vômitos intensos, piorando a desidratação e a hipotermia já existentes. Os fatores predisponentes às infecções em cães e gatos incluem o estresse respiratório pós parto, as manobras obstétricas, hipóxia, hipotermia, hipoglicemia, desidratação e anormalidades congênitas (MUNNICH, 2008). 2.2 HIPOGLICEMIA Nas primeiras duas semanas de vida, os neonatos passam a maior parte do tempo dormindo e se alimentando. Quando nascem devem ter o reflexo de sucção bem desenvolvido, com ganho progressivo de peso. Se houver alguma dúvida quanto ao aporte nutricional, eles deverão ser pesados antes e após cada mamada (McMICHAEL, 2005). Em adultos, em resposta aos baixos níveis de glicemia circulante, o organismo dispõe de mecanismos mediados por hormônios, como cortisol, glucagon e adrenalina para aumentar a taxa de glicose. Em Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 391 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA neonatos, os mecanismos responsáveis pelo controle glicêmico estão imaturos ao nascimento. Eles não têm a gliconeogênese hepática competente, possuem baixos níveis de estoque de glicogênio hepático e intensa glicosúria até a terceira semana de vida. Assim, neonatos estão mais predispostos a hipoglicemia porque necessitam de fornecimento alto de glicose, não a sintetizam de maneira suficiente e a perdem com maior facilidade por meio da urina. O miocárdio neonatal e o cérebro utilizam mais carboidratos (glicose) como fonte de energia quando comparados aos adultos, assim, a hipoglicemia induz a lesões cerebrais e cardiovasculares intensas (McMICHAEL, 2005). Os sinais clínicos de hipoglicemia não são específicos. Incluem letargia e anorexia, sendo agravados na presença de vômitos e diarréias (McMICHAEL, 2005). A administração empírica de glicose via oral ou intravenosa em neonatos sadios hipoglicêmicos não apresenta nenhuma resposta clínica. Desta forma, em neonatos sadios hipoglicêmicos obtêm-se melhores resultados clínicos por meio de suplementação alimentar, como o uso de leite materno ou leite artificial, que a utilização de glicose sistêmica, a menos que apresentem alguma doença associada (LAWLER, 2008). 2.3 HIPOVOLEMIA E DESIDRATAÇÃO Fatores intrínsecos e extrínsecos favorecem a desidratação em cães e gatos neonatos. Em relação aos animais adultos, apresentam alta porcentagem de água corpórea e relação corpo/ área de superfície, taxa metabólica acelerada, baixa capacidade de concentração urinária e reserva de gordura corporal. Essas exigências predispõem à desidratação ou hiperidratação (McMICHAEL, 2005). Os neonatos são incapazes de concentrar a urina até aproximadamente na oitava semana de vida em gatos e 12a semana em cães (MACINTIRE, 2008). Outros fatores complicantes são a alta permeabilidade dérmica (MACINTIRE, 2008), a prematuridade fetal, diarréias e vômitos excessivos, aumento na temperatura ambiente, dificuldade de sucção e baixa produção de leite materno (LAWLWER, 2008). As necessidades líquidas e as perdas de fluido em neonatos são maiores que em animais adultos. Assim, a desidratação rapidamente 392 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF predispõe ao choque hipovolêmico se não for adequadamente tratada (McMICHAEL, 2005). Em animais adultos, a hipovolemia é controlada ou parcialmente controlada por meio do aumento da frequência cardíaca e concentração urinária e diminuição do fluxo urinário final. Em neonatos, esses mecanismos estão imaturos ao nascimento. Comparados aos adultos, o miocárdio do neonato apresenta somente 30% de fibras contráteis, enquanto no adulto são 60%, dificultando o aumento da contratilidade cardíaca como resposta a hipovolemia. Outra característica neonatal é a imaturidade da inervação simpática cardíaca, impossibilitando também o aumento da frequência cardíaca na hipovolemia. A formação completa do sistema nervoso autonômico só se dá a partir da 8a semana de vida (McMICHAEL, 2005). Desta forma, a bradicardia desenvolvida nesses pacientes em condições de estresse é proveniente da hipóxia no miocárdio e não por estímulos vagais. Portanto, a oxigenação isolada, sem utilização de fármacos anticolinérgicos, como o sulfato de atropina, é mais efetiva durante a ressuscitação cardiopulmonar (CRESPILHO et al., 2006; TRASS, 2008). A freqüência cardíaca normal oscila em torno de 200 batimentos por minuto e a respiratória entre 15 a 35 movimentos por minuto (McMICHAEL, 2005). Como a pele de neonato é rica em gordura e pobre em água, a avaliação da elasticidade cutânea como parâmetro para determinação da gravidade da desidratação não é confiável, por isto, outros aspectos deverão ser avaliados, como monitoração da densidade urinária (McMICHAEL, 2005). A urina do neonato apresenta baixa densidade específica (1.006 a 1.017), proteína, glicose e vários aminoácidos (GRUNDY, 2006). Na desidratação a densidade urinária pode ultrapassar 1.020 (McMICHAEL, 2005). Na primeira semana de vida, os neonatos sadios apresentam as mucosas mais hiperêmicas. O surgimento de palidez nas mucosas, tempo de preenchimento capilar acima de 1,5 segundos, diminuição da produção urinária, extremidades frias, perda do tônus muscular, choro excessivo, dificuldade em sugar, são sinais clínicos associados à desidratação. (MACINTIRE, 2008). A fluidoterapia é uma ferramenta de fundamental importância em neonatos desidratados, auxiliando também em procedimentos de ressuscitação pós parto, choque, trauma, hipoglicemia, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 393 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA hipotermia, separação materna, sepse e desnutrição. A administração de fluido aquecido auxilia no controle da temperatura corporal (MACINTIRE, 2008). A escolha da melhor via de administração seguirá critérios individuais relacionados à gravidade de cada paciente. Quanto mais debilitado o filhote, mais agressiva deverá ser a reposição volêmica. Neonatos com desidratação média a moderada poderão receber fluidoterapia via oral (por meio de sondas gástricas), por via subcutânea ou intraperitoneal. Pacientes em sepse ou hipovolemia grave, a fluidoterapia deve ser feita via intravenosa ou intraóssea (MACINTIRE, 2008). Conforme Macintire (2008), o fluido a ser utilizado depende de qual via será acessada. A utilização de soluções cristalóides aquecidas, como Ringer Lactato e Cloreto de Sódio a 0,45%, são as mais utilizadas. Em alguns pacientes, essas soluções poderão ser enriquecidas com dextrose a 2,5%, glicose a 10% ou cloreto de potássio. A administração de colostro, plasma materno ou sangue total também poderá ser feita em casos específicos de amamentação incorreta ou anemia grave. O volume a ser administrado é proporcional à via utilizada. Na hidratação por via oral, a capacidade gástrica é de aproximadamente 50 ml/kg, sendo desaconselhável atingir o limite máximo. Em cães, o ideal é que se utilize 10 ml a cada 2 a 3 horas, aumentando 1,0 ml a cada mamada. Em gatos, recomenda-se utilizar 5 ml a cada 2 a 4 horas, aumentando 1,0 ml por dia. Pela via subcutânea, a taxa de manutenção é dobro ou triplo que é exigido ao adulto, variando em torno de 120 a 180 ml/kg/dia, sendo que o total deverá ser fracionado em partes iguais e aplicado no espaço interescapular. Na via intravenosa, o cálculo é de 1,0 ml/g (30 a 45 ml/kg) de peso vivo, lentamente, durante 5 a 10 minutos (MACINTIRE, 2008). 2.4MEDIDAS PROFILÁTICAS Devido aos elevados índices de mortalidade neonatal nestas espécies e ao aumento das relações afetivas entre homens e animais, algumas medidas preventivas podem colaborar com o sucesso da sobrevivência da ninhada (LAWLER, 2008). 394 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2.4 -1 CONTROLE NUTRICIONAL MATERNO O requerimento protéico e lipídico aumenta na alimentação de cadelas e gatas durante a gestação e a lactação, portanto, a manutenção de uma condição corpórea materna adequada previne e auxilia o nascimento de filhotes saudáveis. Durante a gestação na cadela, o requerimento protéico aumenta 70% além da manutenção, assim, uma dieta com deficiência protéica reduz o peso da ninhada ao nascimento e aumenta a mortalidade neonatal. Em gatas, aminoácidos como taurina são importantes na manutenção da gestação (GRECO, 2008). 2.4-2INGESTÃO DE COLOSTRO A placenta de cães e gatos é classificada histologicamente como endoteliocorial, observando-se o íntimo contato do epitélio coriônico fetal com a parede vascular (endotélio) dos capilares maternos. Como consequência, dentre as imunoglobulinas produzidas pelo organismo, somente a imunoglobulina G (IgG,) em porcentagens ao redor de 5 a 10 %,é transferida para o feto no período intra-uterino. Dessa forma, tanto os filhotes caninos como os felinos apresentam-se em estado de imaturidade imunológica nos períodos iniciais do desenvolvimento (CRESILHO et al., 2006). A ingestão de colostro aumenta a concentração sérica de imunoglobulinas em gatos e cães filhotes (LAWLER, 2008). Eles conseguem imunidade passiva ingerindo o colostro dentro das primeiras 24 horas de vida, sendo que 12 horas após o nascimento há uma diminuição na absorção intestinal aos anticorpos (GRUNDY, 2006). 2.4-3 CONTROLE DO PESO AO NASCIMENTO E MANUTENÇÃO ATÉ O DESMAME O peso ao nascimento é um fator determinante para sobrevivência na maioria dos mamíferos. Em cães e gatos ele pode ser influenciado por uma placenta bem formada, tamanho da ninhada, nutrição materna (subnutrição ou obesidade), por agentes infecciosos (parasitas intestinais, viroses) e ambientais (estresse térmico). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 395 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Medidas simples como ingestão do colostro, controle da temperatura ambiental, manutenção de condições de higiene e pesagem dos filhotes duas vezes por semana auxiliam no controle de ganho de peso (LAWLER, 2008). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Tríade neonatal é uma síndrome comum em neonatos, que pode colocar em risco de morte toda a ninhada, portanto, o reconhecimento rápido de seu início e a intervenção imediata pode garantir o sucesso terapêutico. A pediatria veterinária é uma especialidade que necessita de maior atenção e divulgação dentro dos centros hospitalares veterinários. Estes estabelecimentos precisam oferecer profissionais capacitados e especializados nas diferentes necessidades de cada espécie e de cada raça, para maior orientação e esclarecimento aos proprietários dos cuidados maternos e neonatais. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CRESPILHO, A. M; MARTINS, M. I; SOUZA, F. F.; LOPES, M. D.; PAPA,F. O. Abordagem terapêutica do paciente neonato canino e felino: 1.Particularidades farmacocinéticas. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 30, n. 1/2, p. 3-10, jan/jun.2006. GRECO, D. Nutritional supplements for pregnant and lactating bitches. Theriogenology, v. 70, n. 3, p. 393-396, agost. 2008. GRUNDY, S. A. Clinically relevant physiology of the neonate.The Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 36, n. 3, p. 443-459, maio. 2006. HOSKINS, J. D. Puppy and Kittens losses. In: HOSKINS, J. D. (3a ed) Veterinary pediatrics: dogs and cats from birth to six months. Philadelphia, Saunders, 2001, p. 57-61. LAWLER, D. F. 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RESUMO Urolitíase é a formação de cálculos no sistema urinário superior e inferior. A elevada ingestão na alimentação de minerais e proteína e a capacidade dos cães de produzir urina altamente concentrada também contribuem para a hipersaturação da urina. O diagnóstico é clínico, porém, para confirmação do diagnóstico, pode haver a necessidade de exames complementares como: urinálise, urocultura e radiografias. O tratamento médico para dissolver o urólito por oxalato de cálcio ainda não foi desenvolvido, devendo ser retirado cirurgicamente. O objetivo deste trabalho é esclarecer algumas dúvidas freqüentes dos profissionais da área, sobre urolitíase em cães, abrangendo os sinais clínicos comumente encontrados, os meios diagnósticos, os tratamentos disponíveis e viáveis e também as formas de prevenção da urolitiase canina. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 399 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Palavra-chave: cálcio, minerais, proteínas, radiografias, cães. ABSTRACT Urolithiasis is the formation of calculi in the upper and lower urinary system. A high intake of minerals in food and protein and the ability of dogs to produce highly concentrated urine also contribute to hipersaturação urine. The diagnosis is clinical, however, to confirm the diagnosis, there may be the need for additional tests such as urinalysis, urine culture and radiographs. Medical treatment to dissolve the urolith of calcium oxalate has not yet been developed, and must be removed surgically. The objective of this paper is to clarify some common questions from professionals about urolithiasis in dogs, including clinical signs commonly found, the diagnostic means available and viable treatments and also ways of prevention of canine urolithiasis. Keyword:calcium, minerals, proteins, radiographs, dogs. 1. INTRODUÇÃO Urolitíase é a formação de cálculos no sistema urinário superior e inferior. A maioria dos urólitos nos cães é encontrada principalmente na bexiga e na uretra. Apenas 5% ficam localizados nos rins ou nos ureteres. Estes são geralmente denominados de acordo com sua constituição mineral, 38% dos urólitos caninos são de estruvita, 42% de oxalato de cálcio, 5% de urato, 1% de cistina e 14% são mistos (RIET-CORREA, et al.,2009).Os fatores que contribuem para cristalização dos sais e formação de urólitos são: concentração elevada de sais na urina, tempo suficiente no trato urinário, pH da urina favorável para cristalização dos sais, formação de um núcleo central ou foco no qual a cristalização pode ocorrer e redução da concentração de inibidores da cristalização na urina. A elevada ingestão na alimentação de minerais e proteína e a capacidade dos cães de produzir urina altamente concentrada também contribuem para a hipersaturação da urina. Na urina supersaturada há uma tendência para formação de sólidos a partir dos sais em dissolução. Em conseqüência da supersaturação da urina 400 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ocorre a cristalúria e, assim, os urólitos podem ser formados se os agregados de cristais não forem excretados corretamente (OLIVEIRA, 2010). Os urólitos de estruvita respondem por aproximadamente metade dos cálculos que envolvem o trato urinário inferior canino e 33% do trato urinário superior, sendo mais freqüente em fêmeas. Os cálculos de oxalato de cálcio correspondem ao segundo tipo mais comum de urólitos mais encontrado em cães (STURION, et al., 2011). As raças comumente acometidas são os Schnauzers Miniatura e Standard, Poodles Miniatura, Yorkshire terries, Lhasa Apso, Bichon frisé, Shih-tzu principalmente os Dálmatas (RIET; CORREA, 2009). Os urólitos podem ser classificados em função de sua localização (nefrólitos; renólitos; ureterólitos; urocistólitos; uretrólitos); de sua forma (lisos; facetados; piramidais; laminados, ramificados);de acordo com sua composição mineral(fosfato amoníaco magnesiano; oxalato de cálcio; fosfato de cálcio; uratos; cistina)(FERREIRA, 2007). O objetivo deste trabalho é esclarecer algumas dúvidas freqüentes dos profissionais da área sobre urolitíase em cães, abrangendo os sinais clínicos comumente encontrados, os meios diagnósticos, os tratamentos disponíveis e viáveis e também as formas de prevenção da urolitíase canina. 2. DESENVOLVIMENTO A formação dos cálculos urinários depende de dois eventos: a formação de um núcleo cristalino e o crescimento deste núcleo, que determinará o tamanho do cálculo. Várias teorias têm sido propostas para explicar como ocorre o início da formação dos urólitos: teoria da precipitação-cristalização; teoria da matriz de nucleação e teoria dos inibidores da cristalização (FERREIRA, 2007). Os cálculos tendem a ser assintomáticos até causarem obstrução, com sintomas típicos de cólica renal ou ureteral. Nos ureteres, o local mais comum de seu depósito é a junção uretero-vesical, ou acima desta, na porção pélvica do ureter (FERREIRA, 2007). Como as maiores partes dos urólitos estão localizados na vesícula urinária, são observados sinais clínicos de cistite, como polaciúria, disúria/estrangúria, além de hematúria. A irritação da mucosa é Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 401 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA relativamente grave nos cães com urólitos em forma de esfera com pontas rombas, ao contrário daquela observada em cães portadores de urólitos lisos e solitários. Contudo, pode ocorrer irritação da mucosa e infecção secundária do trato urinário no caso de qualquer tipo ou quantidade de urólitos. Os sinais clínicos associados aos urólitos não são específicos para sua composição mineral, por isso, vários métodos têm sido utilizados na avaliação da composição dos urólitos (NELSON; COUTO, 2001). Em cães e gatos a natureza dos urólitos, independente de seu aparecimento anatômico (bexiga ou uretra), apresenta composição diversificada. Dados recentes demonstram que a composição destes urolitos podem ser estruvita, oxalato de cálcio, urato, cistina, silicato, conforme descrito na tabela 1 (NELSON; COUTO, 2001). Exames laboratoriais oferecem resultados específicos para cada tipo de urólito envolvido, de acordo com sua composição. Os urólitos 402 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF de urato se apresentarão com acidúria, cristalúria por urato, azotemia em pacientes com obstrução e níveis diminuídos de uréia em pacientes com desvio portos sistêmico. Para urólitos de oxalato de cálcio pode se realizar avaliação dos sedimentos urinários, podendo revelar cristais de oxalato de cálcio, já para os compostos por estruvita devem-se realizar culturas bacterianas quantitativa da urina colhida por cistocentese, assim como das porções internas dos urólitos de estruvita induzidas por infecção (STURION, et al., 2011). O diagnóstico é clínico, porém, para sua confirmação, pode haver a necessidade de exames complementares como: urinálise, urocultura e radiografias. Através dos exames por imagem como radiográfico ou da ultrassonografia pode-se avaliar a localização, número, tamanho, densidade e forma dos urólitos. Os cálculos radiopacos podem ser detectados por radiografia abdominal simples, enquanto que os cálculos radio lúcidos ou de pequeno tamanho necessitam de radiografia abdominal contrastada (MÖRSCHBÄCHER et al., 2008). Radiografias simples, contrastada, são ferramentas indispensáveis para a identificação do cálculo. Os urólitos de oxalato de cálcio e de estruvita são os mais radiopacos, já os urólitos de urato e cistina possuem densidade radiográfica pouco radiopaca e podem requerer raio-x contrastado (STURION, et al.,2011). O tratamento médico para dissolver o urólito por oxalato de cálcio ainda não foi desenvolvido, devendo ser retirado cirurgicamente. Uma restrição moderada no consumo de proteínas, cálcio, oxalato e sódio, com ingestão normal de fósforo, magnésio, vitamina D e C, é recomendada para evitar recidiva dos urólitos, após a remoção cirúrgica. O aumento de sódio na dieta pode levar ao aumento da excreção urinária de cálcio e, portanto, deve ser evitado. Evitar que o animal fique em restrição de água, de micção, assim deixando a urina concentrada (RIET-CORREA, et al., 2009). A dieta é a principal forma de se evitar recidivas dos urólitos em animais com predisposição a tê-los, já que esta afeta a densidade específica, o volume e o pH urinário. A quantidade de cada nutriente a ser oferecida na dieta deve ser adaptada em função do tipo de urólito do animal (STURION, et al., 2011). Para os urolitos de estruvita, urato e cistina a dissolução com o uso de medicamentos pode ser eficaz. O tratamento clinico nestes Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 403 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA pacientes constituem na redução na concentração na urina de sais com potencial para indução destes urolitos. Entre as opções a utilização de rações consideradas terapêuticas é indicada. Estes alimentos alteram a quantidade de sal presente na urina, mantendo a urina mais isostenurica possível (NELSON; COUTO, 2001). Podem-se utilizar várias técnicas cirúrgicas para o tratamento desses casos de urolitíase, como a uretrostomia e a cistotomia. Para se escolher uma técnica cirúrgica em relação à outra, é necessário avaliar as taxas de sucesso observadas entre diferentes pesquisas, complicações intrínsecas de cada técnica e paciente, dificuldades na realização destas e custo associado com cada um dos procedimentos. Após a cirurgia deve-se sempre utilizar a passagem de cateter para uretra, irrigação retrógrada da uretra e inspeção visual ou táctil do lúmen da bexiga, e encaminhar o paciente para exame radiográfico pós-cirúrgico, para melhor avaliação da remoção completa dos urólitos. (DORIA et al., 2007). Entre as formas de tratamento, clinico e cirúrgico, a possibilidade de recidiva de urolitos em cães e gatos, acontecem independente da escolha feita pelo clínico. Um dos fatores determinante na recidiva em tais pacientes é a presença de infecção no trato urinário inferior. Nestes casos a reavaliação do animal deve incluir urinalise completa, radiografias abdominais simples ou contrastadas, ultrassonografia, cultura e antibiograma da urina. Um grupo especifico de cães deve ser monitorado com maior critério clinico e estes incluem animais com urolitos associados a distúrbios do metabolismo, formadores de urolitos de oxalato de cálcio, urato, cistina, ou animais com predisposição familiar, como vistos em Schnauzer Miniatura em relação aos urolitos de estruvita. 3.CONCLUSÕES O principal objetivo para evitar a formação de urólitos baseiase na saturação da urina, sendo alcançada através da diluição desta, já que na urina diluída além de apresentar-se com menor concentração de minerais precursores dos cristais, também favorece o aumento no volume urinário. Com isso podemos concluir que a nutrição, quando bem administrada, possui fundamental importância 404 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF no tratamento e na prevenção das urolitíases, proporcionando melhor qualidade de vida aos animais. 4.REFERÊNCIAS DÓRIA, R. G. S.; CANOLA, P.A.; DIAS, D.P.M.; PEREIRA, R.N.; VALADÃO, C.A.A. Técnicas cirúrgicas para urolitíase obstrutiva em pequenos ruminantes: relato de casos. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.59, n.6, p.1425-1432, 2007. Aluno de pós-graduação - FCAV-UNESP – Jaboticabal, SP. FERREIRA, R. do N. Manejo De Cães Com Urolitíase. Universidade Castelo Branco. Trabalho De Conclusão De Curso. Rio De Janeiro RJ. 2007. Disponível em: https://www.google.com.br/ ?gfe_rd=cr&ei=LDVDU6ndFeai8wfp34C4Bg#q=urolitiase+em+caes+pdf. Acesso em 05.abr.14. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Urolitíase canina. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina Interna De Pequenos Animais. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2001. cap. 46, p.506–515. OLIVEIRA, ANA C. S. Urolitíase Canina, Universidade Castelo Branco. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.59, n.6, p.1466-1478. Brasília - DF, Fevereiro de 2010. RIET-CORREA, Franklin; SIMÕES, Sara V.D.; VASCONCELOS, Jackson S.. UrolitíaseEm Caprinos E Ovinos. Universidade Federal do RioGrande do Sul (UFRGS), Porto Alegre – RS, 2009. STURION, D J; STURION, M. A. T; STURION, T. T; SALIBA, R; MARTINS, E. L; SILVA, S. J; COSTA, M. R.Urolitíase Em Cães E Gatos - Revisão De Literatura. Curso de medicina veterinária das Faculdades Integradas de Ourinhos- FIO/FEMM.Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP – Jaboticabal, SP, 2011. MÖRSCHBÄCHER, P.D.; CORRÊA, R.K.R.; BARBOSA, F.C.; RIGON, STEDILE,G.M.R.Remoção De Urolitiase Por Nefrotomia Em Um Cão – RelatoDe Caso.2008.Disponível em: https://www.google.com.br/ ?gfe_rd=cr&ei=LDVDU6ndFeai8wfp34C4Bg#q=urolitiase+em+caes+pdf. Acesso em 05.abr.14. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 405 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 406 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF UTILIZAÇÃO DA PRESSÃO VENOSA CENTRAL NA CLÍNICA DE ANIMAIS DE COMPANHIA SIQUEIRA, Tabatha Vivielle¹ REIS, Gisele²1 1 2 Aluna graduação, Medicina Veterinária - FAEF Garça Professora do Curso de Medicina Veterinária - FAEF Garça RESUMO A Pressão Venosa Central (PVC) é a pressão de retorno do sangue ao lado direito do coração e é um importante parâmetro a ser aferido em numerosas situações clínicas, cirúrgicas e experimentais. Para sua realização, utiliza-se um Cateter Venoso Central (CVC) aplicado na veia jugular. Utiliza-se o acompanhamento da pressão venosa central a fim de auxiliar em diagnósticos e para monitorar tratamentos que estão sendo realizados no animal. Além disso, tem uma grande importância em pacientes que apresentam cardiomiopatia e insuficiência renal. Palavras-chave: coração, jugular, retorno venoso. ABSTRACT The Central Venous Pressure (CVP) is the pressure of blood return to the right side of the heart and is an important parameter to be measured in numerous clinical, surgical and experimental situations. For its realization, we use a Central Venous Catheter (CVC) applied to the jugular vein. We use the monitoring of central venous pressure Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 407 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA to aid in diagnosis and to monitor treatments being performed in animals. Furthermore, it has a great significance in patients with renal failure and cardiomyopathy. Keywords: heart, jugular, venous return. 1. INTRODUÇÃO A pressão venosa central (PVC) corresponde ao aumento da pressão hidrostática medida na porção intratorácica da veia cava, que na ausência de sinais de obstrução vascular, é o mesmo que avaliar a pressão no átrio direito. A PVC é utilizada para avaliar a relação entre o volume sanguíneo, a capacidade de armazenamento e bombeamento deste volume (WADDELL, 2000). A Pressão Venosa Central (PVC) é uma medida importante no acompanhamento de pacientes em estado crítico. Ela permite uma estimativa da pressão no átrio direito e pode ser usada tanto como auxílio no diagnóstico quanto na determinação como no monitoramento da resposta ao tratamento imposto (WILSTERMAN et al., 2009). Em unidades de tratamento intensivo em medicina humana, a obtenção da PVC, a dosagem de lactato sérico e a oxigenação venosa central são consideradas medidas importantes na obtenção de informações a respeito do déficit de perfusão tecidual, em pacientes críticos que necessitam de fluidoterapia ou durante procedimentos de reanimação cardiopulmonar (NAPOLI et al., 2010). A PVC é extremamente útil naqueles pacientes com risco de sobrecarga de volume, como os cardiopatas e insuficientes renais em fase oligúrica (BOAG; HUGHES, 2005). Pacientes em estados hipovolêmicos e em choque séptico também se beneficiam da mensuração da PVC (WADDELL, 2000). Em medicina de animais de companhia, a avaliação da PCV é feita por meio de colocação de um cateter em um compartimento venoso central, sendo o mais comum a porção intratorácica da veia cava, através da veia jugular. As leituras podem ser feitas de maneira intermitente (maneira direta) ou pela conexão do cateter a um sistema de transdutor e visor eletrônicos que fornecerão o aspecto das ondas formadas. A unidade utilizada em medicina veterinária é cm de H2O (BOAG; HUGHES, 2005). 408 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Diminuições na PVC estão relacionadas a quadros hipovolêmicos ou a dilatações venosas inadequadas. O aumento na leitura da PVC geralmente é secundário a diminuição na função do bombeamento cardíaco, por sobrecarga de volume, venoconstricção ou pelo aumento na pressão intratorácica (WILSTERMAN et al., 2009). O presente resumo destaca as principais recomendações da PVC, suas limitações e desvantagens na clínica de pequenos animais 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Monitorações da Pressão Venosa Central A PVC varia conforme a fase do ciclo respiratório e cardíaco. Durante a inspiração a pressão intratorácica diminui, caindo a PVC. O contrário acontece durante a fase inspiratória, a pressão intratorácica aumenta, elevando a PVC. Se o paciente apresentar uma obstrução das vias aéreas superiores e dificuldade na inspiração, estas mudanças nos padrões de leitura se agravam. Isto pode ser resolvido com a utilização de ventilação positiva (WADDELL, 2000). Medidas de PVC abaixo de 0 cm H2O indicam hipovolemia, provocada ou pela perda de fluido ou por vasodilatação secundária a diminuição da resistência vascular periférica. Leituras de PVC acima de 16 cm H2O sugerem disfunção cardíaca do lado direito, com risco de formação de edema e efusão. Os distúrbios cardíacos direitos incluem insuficiência cardíaca direita, o tamponamento ou efusão no pericárdio, as pericardites restritivas e a sobrecarga de volume por administração excessiva de fluidoterapia (WADDELL, 2000). Durante o monitoramento da PVC, pequenas mudanças de pressão no tórax podem alterar os padrões de leitura, assim, cabe ao clínico cuidado na avaliação em pacientes submetidos à ventilação por pressão positiva ou em animais dispneicos. Pacientes com hipoperfusão secundária a hipovolemia estão propensos a apresentar diminuição na PVC. Existem algumas evidências experimentais de que a hipovolemia aguda pode levar a diminuição na distensão ventricular e venoconstricção, gerando um aumento na PVC, desse modo, ela é um parâmetro pouco sensível em pacientes com hemorragias agudas. (BOAG; HUGHES, 2005). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 409 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Os valores da PVC podem ser influenciados de acordo com o posicionamento do paciente, assim, as medidas deverão ser tomadas com o paciente sempre mesma posição (WADDELL, 2000). A técnica para mensuração da PVC em pequenos animais consiste na colocação de um cateter pela veia jugular, que pode ser feito por punção percutânea ou por dissecção do vaso, posicionado na porção intratorácica da veia cava cranial. A ponta do cateter é então conectada a uma válvula de três vias e a um sistema de tubos, onde uma saída irá para uma coluna de água acoplada a uma régua e a outra saída irá para um frasco de solução salina a 0,9%. Em seguida, o animal deve ser posicionado e o zero da régua deve ser ajustado na altura em que a veia cava atinge o átrio direito. Todo o sistema deve ser preenchido com a solução salina e a via que sai do frasco fechado em seguida, ficando abertas somente as vias que irão para o paciente e para a coluna de água. O excesso de liquido presente irá para o paciente e a leitura realizada na régua corresponderá a PVC (figura 1) (WADDELL, 2000). Este sistema de leitura por coluna de água não apresenta a mesma sensibilidade que o realizado pelos métodos com transdutores eletrônicos. Os transdutores de pressão eletrônicos convertem as oscilações de pressão em sinais elétricos, que serão ampliados e visualizados em monitores acoplados, por meio de formação de ondas (WADDELL, 2000). 410 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF São formadas três ondas positivas (a, c, v) e duas depleções negativas (x, y). A onda a representa o aumento na PVC gerado pela contração do átrio direito; a onda c corresponde movimentação da valva tricúspide no átrio direito, aumentando a pressão no átrio direito e a PVC. A onda x é originada na diminuição da pressão atrial durante a ejeção ventricular; a onda v corresponde ao aumento de pressão no fluxo sanguíneo dentro do átrio direito antes da abertura da tricúspide. A onda y representa o esvaziamento rápido do átrio direito e a abertura da válvula tricúspide, permitindo a passagem do fluxo sanguíneo para o ventrículo direito (WADDELL, 2000). 2.2 Contra indicações da Pressão venosa central As contra-indicações na avaliação da PVC em animais de companhia estão relacionadas à colocação do cateter de veia central. Isto inclui os pacientes com coagulopatias que apresentam um risco direto na punção da veia jugular; pacientes com alto risco de doenças tromboembólicas como anemia hemolítica autoimune e hiperadrenocorticismo; pacientes com aumento de pressão intracraniana em decorrência de traumas, convulsões ou doenças intracranianas (WADDELL, 2000). A utilização da PVC como método isolado para avaliação do equilíbrio hemodinâmico em pacientes críticos, em medicina humana, vem sendo questionada nos últimos anos. De acordo com Marik, Baram e Vahid (2008), a PVC pode sofrer interferência de uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos, como fluidoterapia intravenosa, posicionamento do paciente, pressão intratorácica, frequência cardíaca, contratilidade do miocárdio, a complacência venosa, presença de sepse, entre outros. A PVC fornece informações somente sobre o lado direito do coração, enquanto o lado esquerdo, responsável pela drenagem da circulação pulmonar e suprimento da circulação sistêmica, não é avaliado por este método (WADDELL, 2000). Sendo assim, a utilização da PVC deveria ser restrita somente em algumas situações, como por exemplo, em humanos que passaram por transplantes cardíacos, que sofreram infarto no ventrículo direito, ou ainda aqueles que desenvolveram embolismo pulmonar agudo. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 411 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Nestes casos, a PVC funcionaria mais como um marcador da função ventricular direita do que como indicador volêmico destes pacientes (MARIK; BARAM; VAHID, 2008). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A PVC é um procedimento invasivo para avaliação da reposição volêmica em pacientes críticos, devendo ser feita somente por pessoal capacitado, evitando futuras complicações hemodinâmicas aos animais. A melhor indicação do seu uso é em associação com outros parâmetros na avaliação da hidratação destes pacientes, como o tempo de preenchimento capilar e peso corporal, sendo um adjuvante na terapia instalada. Portanto, as leituras da PVC sempre deverão ser padronizadas e repetidas em intervalos definidos, a fim de evitar erros de manejo durante a internação. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOAG, A. K.; HUGHES, D. 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Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF in Small Animal Practice, v. 15, n. 03, p. 111-118, agosto, 2000. WILSTERMAN, S.; HACKETT, E. S.; RAO, S.; HACKETT, T.A technique for central venous pressure measurement normal horses.Journal of veterinary emergency and critical care, v.19, n. 03, p. 241-246, junho, 2009. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 413 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 414 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF TÉTANO EM EQUINOS – REVISÃO DE LITERATURA Luiz Felipe de AZEVEDO NETO¹ João Guilherme SOUZA¹ Vanessa ZAPPA² ¹Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da FAMED - Garça – SP - Brasil. e-mail: [email protected] ²Docente da Faculdade de Medicina Veterinária da FAMED - Garça – SP – Brasil. ³ Sociedade Cultural e Educacional de Garça, Faculdade de Medicina Veterináriae Zootecnia – FAMED – Garça/São Paulo – Brasil. Site: www.faef.br RESUMO Tétano é uma doença tóxica infecciosa aguda causada pelas toxinas de clostridium tetani – Clostridiose. Apresentam sinais de paralisia espástica (contrações), altamente fatal, os eqüinos são mais sensíveis, seguidos pelos suínos, ovinos e caprinos; bovinos são mais resistentes. A doença instala em qualquer ferida, principalmente as mais profundas, perfurantes (anaerobiose). Seus sintomas são visto pelo andar diferente, rígido, membros e pescoço esticados; respiração difícil; orelha em tesoura; cauda, em bandeira e paralisia mandibular. As prevenções são feita através da limpeza, desinfecção e tratamento de feridas, desinfecção do umbigo do recém nascido com solução de iodo e fazer a vacinação todo ano. Palavras-chaves: Clostridium tetani, Infecção, Toxinas. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 415 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Tetanus is an infectious poisonous disease sharp caused by the toxins of clostridium tetani–Clostridiose. They present signs of paralysis espástica (contractions), highly fatal, the equine ones are more sensitive, following for the swine, ovinos and bovid; bovine they are more resistant. The disease installs in any hurt, mainly the deepest, perfurantes (anaerobiose). Their symptoms are seen by the walk different, rigid, members and neck stretched out; difficult breathing; ear in scissors; tail, in flag and paralysis mandibular. The preventions are made through the cleaning, disinfection and treatment of wounds, disinfection of the navel of the newly born with iodine solution and to do the vaccination every year. Keywords: Clostridium tetani, Infection, Toxins. 1. INTRODUÇÃO Atualmente a criação de equinos vem ganhando enorme interesse, visto que o cavalo é utilizado em diferentes formas de atividades, como tração e transporte, em segurança pública e até no tratamento de doenças humanas através da Equoterapia. Aliado a isso, o número de animais destinados ao lazer e ao esporte tem aumentado consideravelmente, o que proporciona uma exploração de grande interesse econômico, envolvendo animais de alto valor zootécnico. O crescimento marcante destas atividades com equinos requer cuidados no manejo sanitário destes animais, tendo em vista a prevenção de doenças como o tétano (LAGE, et al., 2007). Etimologicamente, a palavra tétano é originária do verbo grego teínein, que significa esticar, distender. Já em latim, o lexema tetanus quer dizer rigidez de um membro contração espasmódica de um músculo do corpo. A etiologia da doença só foi descoberta pelos italianos Giorgio Rattone e Antonio Carle, em 1884, através de experimentos em coelhos. Um ano depois, Nicoleir reproduziu e confirmou as pesquisas de Carle e Rattone, indo além ao observar a presença do bacilo também na terra. Mais tarde, em 1889, Tizzoni e Catani isolaram o C. tetani em cultivo puro (SILVA, 2009). 416 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O tétano é uma doença infecciosa extremamente fatal a todas as espécies de animais domésticos, causada pela toxina do Clostridium tetani, é encontrada em região de terras férteis de cultura de exploração animal, e apesar de habitar no solo o bacilo também é encontrado nas fezes dos animais (THOMASSIAN, 2005). O tétano é considerado uma toxi-infecção, porque são as toxinas produzidas pelo Clostridium tetani que desencadeiam a doença e por causa dela o animal por vir a óbito. (THOMASSIAN, 2005). Trata-se de doença que acomete todos os animais de sangue quente (homeotermos), inclusive por tanto o homem, e pelo fato da doença na maior parte dos casos serem causada por contaminação de ferimentos da pele ou mucosas por terra é chamada a doença telúrica, ou seja, originária da terra (THADEI, 2011). O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão de literatura destacando o agente causador dessa doença e sua prevenção. 2.DESENVOLVIMENTO O tétano é uma toxi-infecção altamente letal que acomete os mamíferos. A patogenia da doença envolve a penetração de esporos de Clostridium tetani em feridas, com conseqüente multiplicação e produção de uma potente neurotoxina, a tetanopasmina. Essa age no sistema nervoso central bloqueando a liberação de neurotras missores inibitórios nas fendas présinápticas, principalmente a glicina, levando ao quadro de paralisia espástica (LINK et al., 1992). O tétano é considerado uma toxi-infecção, porque na realidade são as toxinas produzidas pelo Clostridium Tetani que desencadeiam a doença. Multiplica-se no local de instalação, que geralmente são feridas cirúrgicas, liberando tetanolisina e tetanospasmina que possuem potente ação neurotóxica. As toxinas liberadas no local de infecção atuam no Sistema Nervoso Central encefálico e medular e nas junções mioneurais, determinando uma diminuição do liminar de excitabilidade, produzindo aumento de sensibilidade, irritabilidade central e contrações espasmódicas ou tetânicas da musculatura (THOMASSIAN, 2005). A toxina tetanoespamina é a responsável pelas manifestações clínicas da doença, sendo produzida pela forma vegetativa do C. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 417 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA tetani nolocal da lesão em condições de baixa tensão de oxigênio (RIBEIRO et al., 2000). Em eqüinos, a taxa de mortalidade por tétano varia entre 50% e 100%, a depender da área em que esses animais vivem (RADOSTITS, et al., 2002). O quadro clínico é baseado na rigidez da musculatura corporal, que se estende, a partir dos músculos da cabeça, em particulares dos mastigadores a totalidade da musculatura esquelética. (BEER, 1999). Um relato indicou que a maioria dos potros de éguas imunizadas (82,9%) perdeu os anticorpos antitóxicos específicos adquiridos passivamente por volta dos quatro meses de vida. Para que sejam asseguradas concentrações protetoras de anticorpos colostrais, as éguas devem receber uma dose de reforço anual do toxóide administrada um a dois meses antes da data provável do parto (THOMASSIAN, 2005). Os músculos aparecem rígidos e o abdome encolhido. O espasmo dos músculos abdominais e peitorais tem como resultado, uma respiração superficial e, como pneumonia por aspiração de alimento tem, de maneira geral, resultado mortal (BEER, 1999). A morte do animal ocorre entre 5 e 15 dias após os primeiros sintomas, devido à asfixia causada pela paralisia dos músculos respiratórios, falta de alimentação e água e, finalmente, por acidose (THOMASSIAN, 2005). É desfavorável, tanto mais quanto antes se apresentam os primeiros sintomas, quanto mais rapidamente se estendem os espasmos musculares e quanto mais gravemente evolui a doença. Nos animais que superam a 2ª semana de doença, o prognóstico é favorável, sempre que não sejam produzidas complicações e fique assegurada a alimentação. O melhor prognóstico ao tétano localizado (BEER, 1999). A mortalidade oscila, no eqüino entre 45 e 90%. (BEER, 1999). Apesar dos graves transtornos funcionais, no tétano não existem lesões anatomopatológicas nem histológicas definidas. Chama à atenção a rápida apresentação da rigidez cadavérica. O sangue deficientemente coagulado e de coloração escura, a hiperemia e o edema pulmonar indicam a produção de morte por asfixia (BEER, 1999). 418 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O diagnóstico é emitido, de maneira geral, de acordo com o quadro clínico. Para a identificação do agente serve a prova do camundongo, em cujo teste torna-se material extraído do ferimento, é triturado e aplicado em camundongos com uma pequena agulha numa prega cutânea da base da cauda (BEER, 1999). A identificação cultural é realizada mediante cultura e direta e semeando o material em estudo em caldo fígado-figado, que é incubado durante 10 dias e, em seguida, é estado em pequenos animais em laboratório para saber se contém Cl. Tetani e suas toxinas. Muitas vezes é conseguida a identificação direta da toxina no material do ferimento e no sangue. (BEER, 1999). É de fundamental importância o tratamento das feridas acidentais visíveis ou cirúrgicas. Elas devem ser abertas e limpas com desinfetantes oxidantes ou oxigenantes como água oxigenada a 10 volumes, já que o Clostridium necessita, para se multiplicar, de ambiente com baixa tensão de oxigênio (THOMASSIAN, 2005). O tratamento auxiliar deve ser feito com injeções de penicilina procaína mais penicilina benzatina em partes iguais na dose de 40.000 UI/kg, por via intramuscular a fim de eliminar o Cl. Tetani do foco; o relaxamento deve ser feito com aplicação de 0,5 mg/kg de clorpromazina, pela via intravenosa, a cada 6 horas, ou 1,0 mg/kg, pela via intramuscular, durante 4 a 8 dias (THOMASSIAN, 2005). Em casos em que a respiração é muito rápida e superficial devido a acidose, injete, pela via venosa, bicarbonato de sódio a 5 a 10%, lentamente, na dose de 0,5 ml/kg, controlando o volume total a ser injetado através do ritmo e da profundidade da respiração (THOMASSIAN, 2005). Mantenha se possível o animal em pé, através de aparelhos de suspensão; a baia deve estar na penumbra e longe de ruídos (THOMASSIAN, 2005). A profilaxia em curto prazo deve ser feita com a aplicação de 1.500 a 3.000 U de soro antitetânico, pela via subcutânea, em todo animal que for operado com antecedência de 24 horas, ou em qualquer cavalo que apresente ferimento, assim ele estará protegido por 15 a 20 dias (THOMASSIAN, 2005). A técnica de inoculação está em aplicar a vacina duas vezes por via SC com um intervalo de 4 semanas. Se forem utilizadas vacinas Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 419 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA melhoradas na sua ação com adição de alúmem ou hidróxido de alumínio, ser aplicada a metade da dose. Aos 15 dias de ter sido feita a primeira aplicação, é evidenciada antitoxina no soro dos animais. A completa proteção é instaurada aos 14 dias da segunda injeção e é mantida, pelo menos, durante um ano. Por isso, a vacina de ser repetida a cada ano (BEER, 1999). Por serem os antibióticos, como a penicilina e tetraciclina, eficazes tanto contra as formas vegetativas do bacilo tetânico como contra os agentes da supuração capazes de favorecer o desenvolvimento do Cl. Tetani nos ferimentos podemos recorrer ao seu emprego a titulo preventivo (BEER, 1999). 3.CONCLUSÕES Com base no que foi exposto este trabalho pode-se concluir que o cuidado com os ferimentos dos eqüinos são essenciais e tem que fazer sua prevenção aplicando o soro antes de fazer cirurgias e a aplicação da vacina anual. 4.REFERÊNCIAS BEER, Joachim. Tradução: CARUSO, Gabriela V. M. Doenças Infecciosas em Animais Domésticos. 1ª edição. Editora Roca LTDA. São Paulo, 1999. p. 253-254. LAGE, R. A., QUEIROZ, J. P. A. F., SOUSA, F. D. N., AGRA, E. G. D., IZAEL, M. A. & DIAS, R. V. C.; Fatores de Risco Para a Transmissão da Anemia Infecciosa Equina, Leptospirose, Tétano e Raiva em Criatórios Equestres e Parques de Vaquejada no Município de Mossoró, RN, Acta Veterinária Brasílica, volume 1, número 3, p.84-88, 2007. Díponivel em: file:///C:/Users/USER/Downloads/459-1323-1-PB.pdf. Acesso em: 29 de março de 2014. LINK, E.; EDELMANN, L.; CHOU, J. H. et al.Tetanus Toxin Action: Inhibition of Neurotransmitter Release Linked to Synaptobrevin Proteolysis. Biochemical and Biophysical Reshearch Communicatons, Oxford, v. 189, n.2, p. 1017-1023, 1992. 420 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF RADOSTITS, O. M., GAY, C. C., BLOOD, D. C. & HINCHCLIFF, K. W.; – Clínica Veterinária - Um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, Suínos, Caprinos e Eqüinos. 9ª ed. Rio de Janeiro – Guanabara Koogan, 2002. p. 667, 668. RIBEIRO, M.G.; MEGID, J.; PAES, A.C.; BRITO, C.J.C. Tétano canino: estudo clínico-epidemiológico. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.22, n.2, p.58-62, 2000. SILVA, J. R. B., Causalidade, Prevenção, Transmissão e Informações Gerais Sobre o Tétano, Infotétano, volume 1, 2009. Dísponivel em: https://sites.google.com/site/infotetano. Acesso em: 29 de Março de 2014. THADEI, C. L.; Tétano, Saúde Animal, 2011. Dísponivel em: http:// www.saudeanimal.com.br/tetano2.htm. Acesso em: 29 de Março de 2014. THOMANSSIAN, A.; Enfermidades dos Cavalos. 4º Edição. Livraria Varela LTDA. São Paulo - SP, 2005. p. 475-477. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 421 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 422 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII MANUAL DE PUBLICAÇÕES DO SIMPÓSIO DA FAEF QUEM SERIAMENTE ESTUDA NO NÍVEL SUPERIOR FAZ PESQUISA... QUEM PESQUISA QUER PUBLICAR 1. Por que quem estuda nível superior deve fazer pesquisa? Porque o ensino superior visa à formação de um profissional liberal e este profissional somente será liberal e autônomo se aprendeu a pesquisar de forma sistemática e científica e se adquiriu este hábito permanentemente em sua vida. 2. E se o universitário não realizar pesquisa, em sua formação superior, será um profissional fracassado? Certamente, primeiro porque não saberá atualizar seus conhecimentos na área profissional e ficará ultrapassado, pois as ciências e as tecnologias evoluem a cada dia e quem não sabe pesquisar não saberá se atualizar, e depois porque não saberá resolver problemas novos na sua área profissional, devendo assim ser comandado e monitorado, ou seja, poderá exercer cargos mais baixos onde seus superiores comandem suas ações profissionais. Resumindo: terá o diploma de nível superior mas exercerá apenas as funções de nível técnico, por absoluta incompetência. 3. Onde posso publicar minhas pesquisas? Uma das opções é nos Anais dos Simpósios de Ciências Aplicadas da FAEF realizados anualmente. 4. O que é “Anais dos Simpósios de Ciências Aplicadas da FAEF”? A FAEF realiza anualmente o “Simpósio de Ciências Aplicadas”, durante o primeiro semestre de cada ano, tratando-se de um evento Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 423 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA científico, devidamente planejado, visando à apresentação de trabalhos científicos de toda comunidade acadêmica: professores e alunos. Os trabalhos aceitos pela Comissão Científica são apresentados oralmente ou em painéis e são publicados nos ANAIS de cada simpósio. 5. Como devo apresentar os trabalhos realizados para serem aprovados e publicados? De acordo com as Normas para Publicação nos “Simpósios de Ciências Aplicadas” descritas abaixo: 1. Encaminhamento: os trabalhos para apreciação, devem ser identificados como para “Simpósio” (especificar a área de conhecimento – Administração, Agronomia, Ciências Contábeis, Direito, Engenharia Florestal, Medicina Veterinária, Pedagogia, Psicologia, Turismo e Sistemas de Informação) e poderão ser enviados pela Internet, no endereço [email protected] (atentando para o tamanho do arquivo que não deverá ultrapassar 3 Mb, já inclusos tabelas e gráficos) ou via correio em CD (devidamente identificado), gravado em editor de texto Word for Windows, para o endereço: Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso à Garça km 1, Campus Rosa Dourada – caixa postal 61, CEP 17400-000, Garça/SP. Os textos devem apresentar as seguintes especificações: página A4, fonte Times New Roman, corpo 12, entrelinhas 1,5, com 3cm de margem superior, inferior, esquerda e direita. Os trabalhos devem conter de 6 a 15 páginas, incluindo as referências bibliográficas. 2. Informar endereço completo, telefone e e-mail para contato futuro. 3. Serão aceitos trabalhos escritos nos seguintes idiomas: espanhol, inglês e português. 4. Apresentação dos trabalhos: 4.1. Título e Identificação do(s) autor(es) 4.1.1 Título completo do artigo em LETRA MAIÚSCULA: em negrito, centralizado e fonte tamanho 12. 4.1.2 Nome completo do(s) autor(es) (por extenso e apenas o SOBRENOME EM MAIÚSCULA): alinhado à direita, fonte tamanho 12, com indicação para nota de rodapé. 424 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 4.1.3 Na nota de rodapé, deve constar filiação científica, na seguinte ordem: Departamento, Instituto ou Faculdade, Universidade – SIGLA – CIDADE/ESTADO – PAÍS e endereço eletrônico, fonte tamanho 10. 4.1.4 Entre o título e os dados de identificação do(s) autor(es), deve existir espaço de uma linha. 4.1.5 Todos os subtítulos devem estar alinhados à esquerda, em CAIXA ALTA, negrito e fonte tamanho 12. 4.2. Resumo e Abstract RESUMO de, no máximo, 100 palavras e de três a cinco palavraschave (termos ou expressões que identifiquem o conteúdo do trabalho). O título, o resumo e as palavras-chaves deverão ser no idioma do texto. O corpo do texto pertencente ao resumo deve estar em espaçamento entre linhas simples e fonte tamanho 10. A seguir, deve constar o ABSTRACT e Keywords, nos mesmos moldes do resumo. 4.3. Corpo do texto: 4.3.1 Subitens destacados em negrito, no mesmo corpo do texto, alinhados à esquerda. 4.3.2 Texto contendo, sempre que possível: a) INTRODUÇÃO (com exposição de objetivos e metodologia); b) DESENVOLVIMENTO (com subtítulo derivado do título; corpo do texto com as reflexões ou ainda Material e Métodos, Resultados e Discussão), c) CONCLUSÃO ou CONSIDERAÇÕES FINAIS e REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. Obs: Os artigos que, por preferência do autor, não tenham a estrutura contida neste item não serão excluídos. 4.3.3 Todo o corpo do texto deve estar em espaçamento 1,5, contendo sempre o espaço de uma linha entre os subtítulos e o texto. 4.3.4 Notas de rodapé devem ser, na medida do possível, incluídas no corpo do texto. 4.3.5 Tabelas e gráficos deverão ser numerados, sequencialmente, em algarismos arábicos e encabeçados por seus respectivos títulos. 4.3.6 Fotografias e ilustrações poderão ser coloridas e deverão ser inseridas no corpo do texto, numeradas, sequencialmente, e com legendas. 4.3.7 Referências no corpo do texto deverão ser feitas pelo sobrenome do autor, entre parênteses e separado por vírgula da data de publicação e da(s) página(s) utilizada(s) tanto para citação direta como indireta.Ex: (SILVA, 1984, p. 123). Caso o nome do autor esteja citado no texto, deverá ser acrescentada a data e paginação entre parênteses. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 425 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Por exemplo, “Silva (1984, p. 123) aponta...”. As citações de diversas obras de um mesmo autor, publicadas no mesmo ano, deverão ser discriminadas por letras minúsculas em ordem alfabética, após a data, sem espaçamento (SILVA, 1984a; 1984b). Quando a obra tiver até três autores, estes deverão ser separados por ponto e vírgula (SILVA; SOUZA, 1987). No caso de três ou mais, indica-se o primeiro, seguido da expressão “et al”. (SILVA et al., 1986). As citações literais, com mais de três linhas devem seguir este modelo, estando o texto entre linhas simples, com fonte tamanho 11, entre aspas e seguida da referência do autor, com nome, data e página referente” (SILVA, 1987, p.82). 4.3.8 Vale ressaltar que, “as citações literais com no máximo três linhas deverão estar entre aspas, como parte do texto, seguidas de sua referência”. 4.3.9 Anexos e/ou Apêndices serão incluídos somente quando imprescindíveis à compreensão do texto. 4.4. Referências bibliográficas: 4.4.1 As referências bibliográficas deverão ser arroladas no final do trabalho, pela ordem alfabética do sobrenome do(s) autor(es), obedecendo às normas da ABNT (NBR 6023, de agosto de 2002). Ex: LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1986. 4.4.2 Para referência de segunda mão, um autor citado pelo autor do texto siga o exemplo: (LAKATOS apud SEVERINO, 1990, p. 25). 5. Os trabalhos de alunos e de orientandos deverão, antes de serem encaminhados, receber a aprovação dos professores em cujas disciplinas, práticas ou estágios eles foram elaborados; ou de seus orientadores de projetos de iniciação científica ou de trabalhos de conclusão de curso. 6. Serão publicados os trabalhos aprovados e recomendados por pareceristas das áreas correspondentes, que constituem a Comissão Científica do Simpósio. 7. É vedada a reprodução dos trabalhos em outras publicações eletrônicas. 8. Os trabalhos que não estiverem de acordo com estas normas de formatação serão devolvidos ao(s) autor(es); podendo ser refeitos e apresentados em outra oportunidade, mediante os critérios 5 e 6. 426 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E E DUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 9. Os casos não previstos por estas Normas serão resolvidos pela Comissão Científica do Simpósio. 10. Os dados e conceitos emitidos nos trabalhos, bem como a exatidão das referências bibliográficas, são de inteira responsabilidade de seus autores. Garça, 3 de março de 2014. COMISSÃO CIENTÍFICA DO SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS APLICADAS DA FAEF. Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420 Via de acesso a Garça, km 1, CEP 17400-000, Garça/SP www.grupofaef.edu.br / [email protected] (14) 3407-8000 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 01 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 427
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