Acessar o arquivo - Fórum de Ongs Aids do Estado de São Paulo
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Aids Ativismo ano vIiI 30 Jan - Jun Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo Fechamento da Casa da AIDS gera mobilização por qualidade no atendimento página 12 Seminário discute sustentabilidade e fechamento de ONG’s página 04 Livro conta 15 anos do FOAESP página 03 Movimento AIDS se reúne em Natal página 06 Expediente editorial AIDS & ATIVISMO N° 30 Janeiro a Julho/2012 Coordenaçao Geral Rodrigo Pinheiro Conselho Editorial Rodrigo Pinheiro Cláudio Pereira Jornalista Responsável Liandro Lindner – MTB 7836/RS Reportagem e Redação Liandro Lindner Ediçao de Arte e Edição Eletrônica Convert Publicidade Impressão Stampato Financiamento Edição com financiamento de recursos ED 00598/2012, SA925/2012 do Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais da SVS do Ministério da Saúde em convênio financiado pela UNESCO. Tiragem: 7000 DIRETORIA Presidente Rodrigo de Souza Pinheiro - (GHIV – Ribeirão Preto) Vice Presidente Margarete Preto (PROJETO BEM-ME-QUER – São Paulo) 1º Secretária Irmã Margarete Crispim (CEFRAN – São Paulo) 2º Secretário Arnaldo Barbosa - (SONHO NOSSO – Nova Guataporanga) 1º Tesoureiro Maria Lucila Magna (GEPASO - Sorocaba) 2º Tesoureiro Claudio Pereira - (GIV – São Paulo) Conselho Fiscal Titular Regina Célia Pedrosa (ALIVI – São Paulo) Emilio Hugo Graeser (GAAVER – São Paulo) Conselho Fiscal Suplentes Marta Macbritton - (INSTITUTO CULTURAL BARONG – São Paulo) Aids Ativismo Assessoria Jurídica Claudio Pereira 2 Assessoria de Projetos Marta Santos Contatos: Avenida São João, n° 324, 7° andar, sala 701, CEP: 01036-000 - São Paulo – SP Telefone: (11) 3334-0704 Fax: (11) 3331-1284 [email protected] Edições Anteriores forumaidssp.org.br/publicacoes Fale com o Presidente [email protected] Contato para Parcerias [email protected] A falta de apoio governamental é responsável pelo massacre, que ameaça o controle social da epidemia da AIDS A luta pelo controle da epidemia da AIDS ultrapassa o universo da saúde pública. Suas bases estão na organização comunitária e nas instâncias de gestão, visando à qualificação do serviço oferecido ao usuário/ paciente, a seus familiares e entorno social. Aliando direitos humanos, num conceito amplo que envolve desde acesso à garantia de participação na formulação de políticas pública, lutar na frente da AIDS é lutar por um mundo melhor, mais justo e participativo. No entanto, os últimos tempos tem se apresentado bem difíceis na continuidade destas respostas e na busca da qualidade do atendimento. ONGs, serviços e gestores sofrem com dificuldades de ordem diversas e, no final desta corrente, o paciente é quem encara estas limitações. Por todo o Brasil organizações com atuação tradicional e importante têm reduzidos seus serviços, limitado o atendimento e algumas, numa atitude extrema, fechado as portas. A limitação de recursos, as dificuldades de financiamento e a falta de apoio governamental tem sido responsáveis por este massacre, que ameaça o controle social efetivo e fragiliza a resposta brasileira a epidemia da AIDS. A alegada elevação do padrão de vida no Brasil, divulgada a exaustão pela mídia oficial dentro do país e no exterior, reflete no encolhimento da presença de agências de apoio que voltam sua atenção para o continente africano, o leste europeu e outros países da América Latina. Enquanto isto não há compensação da falta destes recursos e as organizações, em grande parte dependente destes financiamentos, se esforçam em criatividade para continuar os atendimentos, que se mantêm crescente contrastando com a imagem de pais sem pobreza vendida pelo Governo Federal. Enquanto a demanda cresce com o avanço da AIDS junto a populações empobrecidas e vulneráveis e o atendimento prestado pelas ONG se reduz diante do horizonte restrito de financiamento, o que se esperava era ampliação dos serviços e sua garantia de qualidade, mas infelizmente nem isto está sendo garantido. A AIDS é a principal causa de morte entre pessoas na faixa de 35 a 44 anos no estado de São Paulo, somente em 2010 foram 4.890 novos casos de AIDS. Diante desta realidade a abertura e qualifi- no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo Foto: Arquivo Pessoal Rodrigo de Souza Pinheiro Presidente do Fórum de ONG/AIDS do Estado de São Paulo cação dos serviços deveria ser uma diretriz de gestão, mas o governo do estado fechou a Casa da AIDS, transferindo os mais de 3.300 pacientes para o Hospital Emílio Ribas, que passou a atender quase 10 mil pacientes (somente atendimentos para AIDS). Da mesma forma em outros estados muitos serviços se encontram sucateados, com carência de profissionais e com atendimento ineficiente e pacientes carentes que buscam no serviço público a sua única alternativa. A badalada elevação do padrão de vida do brasileiro precisa se refletir na qualidade do atendimento dos serviços de saúde. O programa de AIDS, que já foi referência mundial, passa por uma crise de gestão e de influência política nunca vista nestas três décadas de epidemia. A publicação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Secretaria de Assuntos Estratégicos, integrante do projeto Saúde Brasil 2030, faz severas críticas ao Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais, afirmando que a resposta governamental “arrefeceu”, e dá fortes indicativos da falta de entusiasmo oficial diante dos novos dilemas que a epidemia da AIDS tem apresentado. Além da moeda estável e da elevação do nível de renda, junto com a inflação controlada e ao lado da participação do Brasil nas grandes decisões mundiais, o que se quer é que internamente condições de vida e saúde sejam garantidas e respeitadas. Enquanto houver avanço da epidemia da AIDS em populações vulneráveis e excluídas socialmente, haverá necessidade de implementação de serviços de qualidade e de fortalecimento de organizações de base comunitária que influenciem no sistema de formulação de políticas públicas. A balança do controle da AIDS no Brasil tem estes dois pêndulos: movimento social e ações governamentais, juntas que formam a resposta brasileira. Se um deles balança o outro se abala e no final das contas é na ponta, nos serviços, nos ambientes sem informação e junto a ignorância, a necessidade e carência que os resultados acabam se sentindo. País rico é país sem pobreza, diz o slogan governamental, mas também é país com saúde eficiente, com diálogo constante entre sociedade civil e principalmente com elevação da qualidade de vida de todos os que contribuem para a formação desta riqueza. capa Livro conta os 15 anos do FOAESP Dividido em 25 capítulos conta a história, lutas e vitórias deste espaço de controle social. U ma década e meia de trabalho, lutas, conquistas e muito esforço estão retratados no livro “15 anos na promoção de direitos”, lançado durante o seminário “O Fechamento das ONG e o retrocessos no combate à AIDS no Brasil”, no mês de maio. A publicação, escrita pelo jornalista Aureliano Biancharelli, narra momentos que marcaram a criação do Fórum de ONG AIDS do estado de São Paulo O Fórum, que hoje reúne 102 entidades filiadas nasceu da necessidade de organização do movimento social no estado de São Paulo e serviu de modelo para vários outros fóruns criados pelo país. Dividido em 25 capítulos, conta os primeiros tempos vividos na emergência, a necessidade de formação constante e a conquista gradativa dos espaços de controle social atem se tornas uma referencia nacional e internacional. Merece destaque os capítulos dedicados aos encontros de ONG do interior, valorizando a experiência e a realidade fora da capital e região metropolitana de São Paulo. Lutas históricas como a reivindicação pela quebra de patentes para medicamentos antiretroviais e disputas coma Igreja Católica em função de campanhas sobre o uso do preservativo também são contadas a partir de interlocutores que protagonizaram estes momentos. JAA “O Fórum nasceu da necessidade de tomada de novos rumos e se consolidou num modelo participativo e de construção.” Rubens Duda presidente entre 1997 a 2001 e 2004 a 2005 “Não importa o local onde você trabalha, mas sim o compromisso, a transparência e a honestidade em prol do combate da AIDS” seguridade, prevenção e acesso a medicamentos e dificuldades nos debates que circulam a epidemia da AIDS como direitos humanos, saúde sexual e reprodutiva e estado laico." Rodrigo Pinheiro, presidente entre 2008 e 2013 Eduardo Barbosa presidente entre 2001 e 2004 “ A consolidação do SUS é o nosso objetivo maior e trazer a realidade das comunidades distantes dos centros urbanos, das periferias e dos usuários do sistema é um desafio constante e um exercício cotidiano.” Os interessados em adquirir o livro Américo Nunes, presidente entre 2006 e 2007 pode entrar em contato com o Fórum “Chegando aos quinze anos, precisamos identificar fragilidades nas questões de saúde pública, de ONG AIDS do estado de São Paulo, pelo e-mail: [email protected]. Aids Ativismo | no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo 3 capa Seminário discute fechamento e sustentabilidade das ONGs Debates no encontro foram intensos e críticos O Fórum de ONG/AIDS do Estado de São Paulo promoveu o seminário “O Fechamento das ONG e o retrocessos no combate à AIDS no Brasil”. Cerca de 60 representantes da sociedade civil estiveram reunidos para discutir alternativas para enfrentar a crise financeira que atinge a maioria das organizações. Aids Ativismo Na primeira mesa, a advogada Renata Reis, da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), destacou a “grave crise estrutural” que vivem as organizações. Segundo ela, existem duas situações a serem enfrentadas nesta crise: “a falta de recursos financeiros para manutenção das ações e as dificuldades de diálogo com o Governo Federal.” 4 O diretor-adjunto do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Eduardo Barbosa, discordou de Renata, reafirmando que “o diálogo e o debate do governo têm sido permanentes e constantes com as organizações da sociedade civil, embora nem todas sejam acessadas no mesmo nível“. Eduardo destacou ainda que o tema da sustentabilidade está sendo tratado constantemente nas instâncias representativas do movimento. Os debates que se seguiram no encontro também foram intensos. Carlos Duarte, do Grupo de Apoio à Prevenção à AIDS (GAPA) do Rio Grande do Sul, cobrou uma discussão mais ampla sobre sustentabilidade e financiamento da sociedade civil. Ele propôs uma reflexão sobre o papel das ONGs diante da gestão, enfatizando seu caráter usuário dos serviços de saúde e não de prestadores de serviço, como é exigido para certificação no CEBAS/Saúde (Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social). O médico Paulo Teixeira, consultor sênior do Programa Estadual de DST/AIDS de São Paulo, defendeu uma melhor preparação da sociedade civil para pleitear os recursos financeiros internacionais. A burocracia estatal foi destacada pelo ativista Américo Nunes Neto, da ONG Instituto Vida Nova, como fator complicador de acesso aos fundos de financiamento. A burocracia estatal foi destacada pelo ativista Américo Nunes Neto, da ONG Instituto Vida Nova, como fator complicador de acesso aos fundos de financiamento. Em reposta às questões levantadas, Eduardo Barbosa informou que são repassados pelo governo à sociedade civil anualmente R$ 22 milhões através do incentivo fundo a fundo, seis milhões em editais (eventos, paradas, assessoria jurídica, redes e outros) e cerca de quatro milhões destinados à atender demandas de participação e organização de eventos solicitados por ativistas. no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo O diretor-adjunto do Departamento de AIDS também destacou que são crescentes as demanda que o órgão recebe de origem financeira e poucas tratam de questões de acesso e melhorias das políticas públicas. Por fim, lamentou que o programa deste encontro tivesse tido “um caráter pessimista”, principalmente relacionado ao título das mesas: “Crise e dificuldade das ONGs, O que o governo tem a dizer, Desmonte da Resposta Brasileira e Onde foi que Erramos”. Mario Scheffer, Presidente do grupo Pela Vidda (Valorização, Integração e Dignidade do Donte de AIDS), afirmou que entende a discussão desta crise, a que chamou sem precedentes, como uma oportunidade de reavaliação de todo o trabalho que se desenvolve há quase três décadas na reposta nacional contra a epidemia. Renata Reis encerrou a mesa destacando que a reivindicação da sociedade civil não se resume apenas em questões financeiras, mas que servem, além disto, como acompanhamento e exigência de mais transparência nas ações governamentais, inclusive com o compromisso assumido pela atual presidente em documento assinado antes das eleições. A segunda mesa começou com o articulador com a sociedade civil do Programa Estadual de DST/AIDS, Jean Carlos Dantas, fazendo um histórico das parcerias e ações de sustentabilidade das ONG/AIDS no Estado de São Paulo, desde a década de 1990. Apresentou gráfico e números e ao final deixou alguns questionamentos para o debate. capa Segundo ele, sem apoio internacional (diante da imagem de país que agora é rico e que resolveu o problema da AIDS, o que não é verdade); sem ajuda das comunidades, com uma causa que não consegue mais doadores, as ONGs não conseguem mais assegurar recursos institucionais, pois os projetos não admitem essa possibilidade de cooperação. Esses recursos são fundamentais para a manutenção das ONGs, sem eles vários grupos estão fechando as portas. Destacou que identifica certo desprezo dos gestores, sobretudo municipais, que reconhecem as parcerias, mas não se preocupam com a crise institucional das ONGs, muitos não repassam os recursos. Segundo Scheffer não há mais consenso entre os programas sobre o papel e a importância das ONGs. Também fez uma autocrítica ao movimento, admitindo erros principalmente no momento em que se perdeu a força do trabalho voluntário e, no lugar, as ONGs aderiram à dinâmica dos projetos e muitas abandonaram o ativismo crítico, mudaram a missão e os objetivos na busca de oportunidades financeiras. Em relação a alternativas para enfrentamento desta crise o expositor refletiu sobre os riscos de propostas de projetos estratégicos que podem desvirtuar ainda mais o pa- “ pel das ONGs, transformando as ONGs em prestadoras de serviços, terceirizando para ONGs, por exemplo, parte da testagem e do diagnóstico do HIV. Também sugeriu uma discussão em novos patamares de relacionamentos e financiamentos, resgatando o conceito público de ONG/AIDS. Acrescenta ainda que a discussão que está ocorrendo na Casa Civil, de novo marco legal das ONGs, deve ser acompanhada pelo movimento de AIDS. “Há um diálogo deteriorado, sobretudo com o programa nacional. Não há sensibilidade nem determinação dos programas para perceber e para contribuir com a superação da crise, que passa a ser problema de cada ONG (“cada ONG que se vire”) e não um problema da resposta brasileira à AIDS”, afirmou. Lembrou que ONGs fortalecidas poderão ser mais decisivas nesse momento em que estão ameaçados princípios essenciais que forjaram o combate à AIDS no Brasil. Referiu-se diretamente à censura do Governo Federal ao vídeo destinado aos homossexuais, na campanha do carnaval. Para o expositor, fechadas ou enfraquecidas, as ONGs não terão como defender o Sistema Único de Saúde, sem o qual não há futuro para o programa de AIDS brasileiro. Segundo Scheffer o SUS nunca esteve tão ameaçado, sobretudo no estado e na cidade de São Paulo, com séria ameaça da entrega da rede assistencial de AIDS a Organizações Sociais. Por fim, disse que o movimento de luta contra a AIDS é maior que a crise das ONGs, que não devemos nos debruçar sobre glórias do passado e que cabe às ONGs demonstrar a atual lentidão e perda da capacidade técnica e política dos programas, que não estão conseguindo dar respostas à altura das novas dinâmicas e desafios da epidemia. E, mesmo os problemas antigos, conclui Mário, estão mal resolvidos, pois nem sequer melhoramos alguns indicadores estacionados há mais de uma década, como a mortalidade, diagnóstico tardio e número de novas infecções. As participações no segundo momento do debate começaram com um chamamento para a construção de propostas efetivas que o momento crítico exige para isto as relações de responsabilidade precisa ser compartilhadas, não apenas pelo governo, mas também por outros setores. Outros participantes questionam se neste momento o papel das ONGs já não estaria cumprido, devendo os governos assumir na integralidade a responsabilidade pelas ações de saúde. Um diagnóstico quase unânime foi que a curto prazo o movimento social só vai se manter com recursos públicos, considerando o horizonte difícil de financiamentos externos e a falta de cultura da iniciativa privada brasileira em apoiar as ONG/AIDS. Outras análises apontaram para a dificuldade de pensar em parcerias estratégicas, principalmente considerando o modelo de que estas são resultado de um fortalecimento político bem incrementado JAA “ O segundo expositor Mario Scheffer, iniciou destacando que ao mesmo tempo em que devemos denunciar retrocessos buscamos compreender de que forma as ONGs e grupos irão seguir com a luta contra a AIDS daqui em diante. Há um diálogo deteriorado, sobretudo com o programa nacional. Não há sensibilidade nem determinação dos programas para perceber e para contribuir com a superação da crise Aids Ativismo | no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo 5 capa Articulação Nacional se reúne em Natal A 12ª reunião da ANAIDS aconteceu entre os dias 25 a 28 de abril, em Natal, Rio Grande do Norte, coordenada pela Articulação de luta contra AIDS do estado. Participaram representantes da coordenação nacional das redes, fóruns e articulações de todos os estados. Durante os dois dias foram discutidas pautas referentes ao atual momento das organizações, além das mudanças e desafios do cenário nacional de luta contra a AIDS. O tema da sustentabilidade foi tratado discutindo-se questões técnicas e políticas visando ampliar a sustentabilidade financeira das organizações. As problemáticas que envolvem a Política de Incentivo e a crise pela qual passa a gestão da AIDS no país se refletem na Programação Anual de Ações e Metas para HIV/AIDS (PAM). Além disto, segundo os ativistas, a oposição a esta política também dificulta sua implementação, exemplo disto é a postura do CONASS e CONASEMS que são expressamente contrários a PAM. Atualmente existem mais de 135 milhões de reais parados nos estados brasileiros, que não conseguem demandar esse recurso para onde deveria ser destinado. Os ativistas concluíram que é imprescindível a realização de denúncias aos órgãos competentes de fiscalização a fim de averiguar e tentar solucionar o problema em questão. país, resultando no enfraquecimento político e até mesmo na extinção de diversas organizações, surgiu a necessidade de se realizar um levantamento numérico objetivando identificar quantas e quais instituições estão atuando, e em que campo estão desenvolvendo ações, assim, conseguindo obter um mapeamento das ONG/AIDS no Brasil, no período de dez anos verificando quantas em média deixaram de existir ou destinar ações na área do HIV/AIDS. Frente a crise que assola o Movimento social de AIDS no Foi debatido também, sobre a importância de se listar as poten- Aids Ativismo A 6 cialidades existentes no Movimento Social de AIDS reafirmando a importância histórica do mesmo na resposta brasileira, pontuando que os ganhos sociopolíticos que se tem hoje existem graças as lutas do movimento social por acesso universal a medicamentos, prevenção e tratamento. Tratou-se ainda, da necessidade de contextualizar o cenário da crise, analisando as diferentes realidades, na qual antes, havia grandes somas de recursos destinados as Organizações da Sociedade Civil (OSC), e recentemente houve uma diminuição. Para enfrentar os problemas constatados e fortalecer o Movimento Nacional de luta contra AIDS, foi deliberado que se formasse um Grupo de Trabalho para atuar na elaboração de estratégias e ações que dêem respostas positivas frente as complicações atuais, por meio de um Plano de ação que preveja ações de curto, médio e longo prazo que possibilite a reversão da situação atual. Uma das funções do Grupo de Trabalho é condensar os documentos já existentes, planejar as ações, pensar em momentos de discussões. O Grupo é composto por sete pessoas escolhidas na reunião são eles: Verianto Terto (ABIA/RJ), Carlos Duarte (GAPA/RS), Moysés Toniolo (RNP-BA), Jair Brandão (Gestos/PE), Márcia Leão (Fórum/ RS), Marcia Ribas (Fórum/DF), Amujaci Brilhante (Fórum Pará) e Marcio Vilard (Pela Vida/RJ). JAA ANAIDS legitima representação no Conselho Nacional de Saúde s discussões sobre o CNS iniciaram-se com a exposição de Carlos Duarte sobre o envio de uma Carta, assinada pelo movimento regional de luta contra AIDS do Centro-Oeste. Nela consta o questionamento e a não legitimação por parte dessa região da eleição dos representantes do Movimento social de Luta contra AIDS eleito no Encontro Nacional de ONG/ AIDS (ENONG – 2011) para compor o CNS. A carta foi encaminhada para diversas instâncias inclusive para os Conselheiros de Saúde. Os posicionamentos dos representantes do Centro-Oeste que estavam na reunião, onde todos afirmaram não terem as- sinado o documento, sendo que o Fórum de ONG/AIDS de Brasília se colocou formalmente, contrário a carta e não reconhecendo a mesma como legítima. As outras representações também afirmaram não apoiar a carta enviada. Todas as representações presentes legitimaram a votação ocorrida no ENONG, reconhecendo o processo democrático que considerou a vontade da maioria presente no evento, seguindo o que constava no regimento. Assim, como deliberação foi proposto e aprovado o envio de uma carta resposta legitimando a eleição dos representantes do Movimento Nacional de Luta Contra AIDS para o CNS. no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo Depois de cessada essa primeira discussão sobre a carta, deu-se início às considerações sobre o atual momento por qual passa o CNS e a necessidade de estratégias para que o Movimento de luta contra AIDS continue protagonizando e ocupando a titularidade na cadeira de usuário desta instância. ENONG – 2013 Em relação ao ENONG-2013 se discutiu a necessidade de criação de um novo modelo do encontro, a exemplo do que acontece no ERONG nordeste desde 2009, no qual é construído um documento político que norteia as ações do Movimento sociais nos anos seguintes. A proposta sugerida é que a comissão política e organizadora do ENONG-2013 faça também, o monitoramento das propostas do encontro de 2011, desta forma, obtendo respostas sobre o resultado das propostas encaminhadas. Para isto se propôs que a comissão política seja formada por representantes indicados de cada região, mais as redes e movimentos sociais, também serão convidadas pessoas que sejam referências e tenham experiência reconhecida na luta contra AIDS, para que auxiliem na organização do evento. JAA capa CNS se manifesta sobre dupla porta em São Paulo E m reunião ordinária, no mês de maio, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) recomendou que, ao julgar a entrega de leitos de hospitais públicos para particulares e planos de saúde, os juízes de São Paulo mantenham a decisão de não permitir a venda para planos de saúde e particulares de até 25% da capacidade dos hospitais públicos administrados por organizações sociais. O conselho manifestou-se contrariamente à lei complementar 1.131 de 2010, conhecida como Lei da Dupla Porta em São Paulo, que fere o caráter público do Sistema Único de Saúde, previsto na Constituição de 1988. No ano passado, o plenário do CNS aprovou duas moções, uma recomendação e uma resolução a respeito da lei da dupla porta. A CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE RECOMENDAÇÃO DE 10 DE MAIO DE 2012. O Plenário do Conselho Nacional de Saúde, em sua 233ª Reunião Ordinária, realizada nos dias 09 e 10 de maio de 2012, no uso de suas competências regimentais e atribuições conferidas pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, pela Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990 e pelo Decreto nº 5.839, de 11 de julho de 2006, e Considerando que a Lei Complementar 141, de 13 de janeiro de 2012, que regulamenta o § 3º do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde, é clara no seu Art. 2º, ao afirmar que considerar-se-ão como despesas com ações e serviços públicos de saúde aquelas voltadas para a promoção, proteção e recuperação da saúde que atendam, simultaneamente, aos princípios estatuídos no art. 7 o da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e que, dentre outras diretrizes, “sejam destinadas às ações e serviços públicos de saúde de acesso universal, igualitário e gratuito”. Já o Art. 4º da LC 141 reafirma que “não constituirão despesas com ações e serviços públicos de saúde, para fins de apuração dos percentuais mínimos de que trata esta Lei Complementar, aquelas decorrentes dentre outras da assistência à saúde que não atenda ao princípio de acesso universal”; considerando a Resolução do Conselho Nacional de Saúde Nº 445, de 11 de agosto de 2011, em que manifestou a posição contrária à lei estadual de São Paulo que reserva até 25% dos leitos de hospitais públicos do Estado de São Paulo, geridos por Organizações Sociais, para os planos de saúde e particulares. Considerando que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) julgará o agravo de instrumento proposto pelo governo do Estado de São Paulo contra as Decisões que concederam a liminar ao Ministério Público, por meio de Ação Civil Pública, impedindo a entrega de 25% dos leitos de Hospitais públicos para particulares e planos de saúde. Considerando que a lei complementar nº 1.131/2010, aprovada pela Assembleia Legislativa e regulamentada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), mediante o decreto nº 57.108/2011, institui a prática de “dupla porta” de entrada, selecionando beneficiários de planos de saúde privados para atendimento nos hospitais públicos, promovendo, assim, a institucionalização da atenção diferenciada com preferência na marcação e no agendamento de consultas, exames e internação e melhor conforto de hotelaria. Considerando a Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público de São Paulo, contrária à venda de 25% dos leitos dos hospitais públicos, em atenção à representação de dezenas de entidades da sociedade civil , entre elas a do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo – COSEMS/SP e a do Conselho Estadual de Saúde de São Paulo; moção 9 dá “total apoio aos Conselheiros Estaduais de Saúde juntando-se aos mesmos na defesa intransigente de um Sistema Único de Saúde 100%”. A moção 10 manifesta “total apoio na defesa intransigente que o Ministério Público do Estado de São Paulo tem feito por um Sistema Único de Saúde 100% público na gestão e na prestação de serviços”. A recomendação 8 destinou-se “Ao Ministério Público Federal, ao Poder Judiciário e a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo ações no sentido de garantir um SUS 100% público na gestão e na prestação de Serviços”. Veja a recomendação na íntegra: Considerando que, por previsão da Lei Federal 9656/98 cabe à Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS cobrar o ressarcimento ao SUS, bem como fiscalizar as coberturas obrigatórias e a conformação de redes próprias e particulares credenciadas capazes de suprir todo o atendimento dos clientes de planos de saúde privados, considerando que a população usuária exclusivamente do SUS perderá até 25% dos leitos públicos dos hospitais estaduais de alta complexidade, que já são, notoriamente, insuficientes para o atendimento da demanda desta população. RECOMENDA: Reiterar o apoio à Ação Civil Pública do Ministério Público Estadual questionando a entrega, para planos de saúde e particulares, de 25% da capacidade dos hospitais públicos administrados por Organizações Sociais no Estado de São Paulo. Apoiar as respeitáveis decisões que acataram a Ação do MPE: do juiz Marcos de Lima Porta, da Quinta Vara da Fazenda Pública Estadual de São Paulo, que conclui pela “evidente afronta ao Estado de Direito e ao interesse público primário da coletividade”; e do desembargador José Luiz Germano, da segunda Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo, ao concluir que “a institucionalização do atendimento aos clientes dos planos particulares, com reserva máxima de 25% das vagas, nos serviços públicos ou sustentados com os recursos públicos, cria uma anomalia que é a incompatibilização e o conflito entre o público e o privado, com as evidentes dificuldades de controle” Apelar ao Tribunal de Justiça de São Paulo que posicione-se no sentido de impedir que o governo estadual celebre contratos de gestão, alterações e aditamentos entre organizações sociais e planos de saúde, e que declare a ilegalidade do Decreto Estadual número 57.108, de 6 de julho de 2011, que regulamentava a Lei 1131, bem como a ilegalidade da Resolução da Secretaria de Estado da Saúde (REs. SES Nº 148 – DOE de 06/08/11 – Seção 1 – p.30) que autoriza os primeiros hospitais a ofertar até 25% de sua capacidade a particulares e aos usuários de planos de saúde privados: o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira; e o Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo Dr. Euryclides de Jesus Zerbini. Conforme a Lei Complementar 141, de 13 de janeiro de 2012, não constituem despesas com ações e serviços públicos de saúde aquelas decorrentes da assistência à saúde que não atenda ao princípio de acesso universal; cabendo, portanto o entendimento da suspensão de recursos. Plenário do Conselho Nacional de Saúde, em sua 233ª Reunião Ordinária. Aids Ativismo | no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo 7 acontece Sonho Nosso investe em prevenção A ONG Sonho Nosso amplia suas ações de prevenção das DST/ HIV/AIDS, além da região da Alta Paulista. “Com o deslocamento contínuo da equipe de educadores pelas estradas do estado afora, detectou-se uma importante alternativa para o trabalho de prevenção às DST, junto ao público viajante, sobretudo de caminhoneiros” afirma o advogado Arnaldo Barbosa, diretor da entidade. Neste sentido a Instituição inaugurou pontos de distribuição de preservativos, materiais educativos, cartazes, panfletos e adesivos nos postos de combustíveis com grande procura. A Instituição efetua este trabalho há 2 anos pelas estradas, em aproximadamente vinte postos, principalmente ao longo das Rodovias Cmte. João Ribeiro de Barros (SP 294) e Castelo Branco (SP 330) que ligam São Paulo à Mato Grosso do Sul. O trabalho conta com o apoio material do Ministério da Saúde, secretaria Estadual de Saúde, Gerência de Vigilância epidemiológica de Presidente Venceslau, obtendo excelente aceitação e compromisso dos profissionais na dispensação dos insumos diversos. JAA GHIV, de Ribeirão Preto, realiza oficina sobre Comunicação, Saúde e Mídias Sociais D Aids Ativismo urante o dia 6 de Julho, o Grupo Humanitário de Incentivo a Vida (GHIV), de Ribeirão Preto realizou uma oficina sobre comunicação e saúde englobando aspectos de informação, educação e redes sociais. Participaram das atividades ativistas da ONG, conselheiros de saúde, técnicos da Secretaria Municipal de Saúde e ativistas de outros segmentos da saúde pública como saúde mental, pacientes com câncer, LGBTs e terceira idade. 8 A oficina foi coordenada pelo jornalista Liandro Lindner, que é mestre em Comunicação e Saúde pela Fiocruz e aluno do curso de doutorado em Saúde Pública na USP. O programa da oficina trabalhou os conceitos de comunicação e saúde associados à realidade vivida, procurando encontrar pontos em comum na sua realização na rede pública. Através de um contexto histórico se trabalhou os estigmas com doenças ao longo dos séculos e posteriormente se verificaram as potencialidades de trabalho midiático de prevenção e promoção da saúde nos dias atuais. Os participantes avaliaram a necessidade de trabalho próximo à juventude principalmente em relação aos efeitos colaterais ocasionados pela infecção do HIV e o uso constante dos medicamentos. A qualidade do viver com AIDS e a perda da importância que a doença tinha junto à grande mídia também foi destacado pelos militantes. O GHIV completou onze anos em junho e realiza mais de 800 atendimentos diretos à população, além de uma série de ações de no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo articulação entre ONGs/AIDS cuja amplitude tem um impacto indireto em mais de 1500 pessoas soropositivas na cidade e região. Ribeirão Preto é a oitava cidade mais populosa do estado de São Paulo e ocupou, em 2012, o 3º lugar no ranking de número de casos JAA registrados em HIV/AIDS em São Paulo. acontece Fórum de São Paulo se posiciona sobre Novas Tecnologias de Prevenção Diante do fiasco da censura na última Campanha de Carnaval, se evidencia o clientelismo eleitoral que não duvida em sacrificar o direito à saúde pública. E m reunião das ONGs integrantes do Fórum de ONG/AIDS de São Paulo, os representantes discutiram a incorporação de novas tecnologias de prevenção, a partir do anteriormente debatido no Fórum de Dirigentes do Estado de São Paulo. Ao final da reunião foi elaborado um documento tratando do tema. O objetivo inicial do texto foi lembrar de algumas atividades desenvolvidas pela sociedade civil sobre o tema que tem sido, ao longo do tempo, reconhecidas pelos gestores, academia e sociedade. O documento alerta que a terceirização da gestão de saúde tem trazido vários pro- blemas. Citando como exemplo os governos do Estado e Municípios de São Paulo os ativistas afirmam que “não se preenchem as vagas de médicos e enfermeiros que se demitem ou aposentam tentando asfixiar deste modo o serviço público. “Há anos que a Secretária Municipal de Saúde promete a realização de concurso para mais de 1.700 médicos, sem nada ter feito até o momento. Ao mesmo tempo, não oferecem salários adequados para preencher estas vagas”, destaca. Finalmente o FOASEP contesta o rótulo de “conservador” afirmado por um técnico do Ministério da Saúde na referida reunião e admite que poderia ter sido mais arrojado na pressão pela adoção de novas tecnologias de prevenção para o HIV. “ Mas depois dos fiascos protagonizados pelo Ministério da Saúde, onde as campanhas para a prevenção no dia primeiro de dezembro de 2011 e no Carnaval de 2012 que visavam os jovens HSH foram censuradas não se pode chamar o Movimento Social de AIDS de conservador.” A nota foi encaminhada ao Ministério da Saúde, ao Movimento Social e às Secretarias JAA Estadual e Municipal de Saúde. GIV promove curso de Direitos Humanos O Grupo de Incentivo à Vida realizou, no período de 13/03 a 26/04, o “Curso de Atualização em HIV e Direitos Humanos”, direcionado aos membros da sociedade civil organizada, agentes de campo, assistentes sociais, conselheiros gestores e operadores do direito. Durante as 40 horas do curso, foram abordados os seguintes temas: 1. 2. 3. 4. HIV: epidemia e perspectivas; Vulnerabilidade; Prevenção em populações + vulneráveis e marginalizadas; Estigma, Preconceito e Discriminação; 5. Direitos Humanos e HIV; 6. Direitos dos Portadores, Garantias Legais e Judiciais; 7. Infância, Juventude e HIV; 8. Criminalização da Transmissão Não Intencional; 9. Direito do Trabalho e Previdência Social; 10. Atuando com Parceiros. A procura foi grande obrigando a organização a ampliar vagas. O curso integrou o projeto “Cidadania Plena V”, financiado pelo Departamento de DST/AIDS e HIV do Ministério da Saúde. JAA Aids Ativismo | no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo 9 acontece Declaração de Oslo sobre a Criminalização do HIV Um grupo de indivíduos e representantes de organizações da sociedade civil internacional se reuniu em Oslo, Noruega, em 13 de fevereiro de 2012, a fim de discutir e formular um abaixo assinado em repúdio a Criminalização do HIV, redigindo desta reunião a Declaração de Oslo que tem sua tradução abaixo. B asicamente colocou-se em pauta a preocupação do portador de HIV/AIDS nos casos de contágio de parceiros eventuais ou fixos, que diante deste impasse social de busca e incentivo à punição criminal se encontra na situação de vítima da doença e da discriminação daqueles que se envolvem física e emocionalmente com ele. A exposição e o pré-julgamento colocariam o caráter físico e moral à prova da sociedade, os suspeitos seriam criminosos catalogados e fichados para eventuais consultas, apesar de estabelecida sua inocência. A reparação por atos libidinosos ou em desacordo físico e emocional, descritos tais quais estupro ou violência sexual que o valha devem e merecem punição, mas generalizar a contaminação por descuido individual ou escolha ocasional, com tratamento jurídico, na maioria das vezes passará a promover uma segunda punição a este ser humano de erros sociais ou precipitações emocionais. A Declaração de Oslo sobre a Criminalização do HIV sugere que as leis penais específicas para o HIV existentes devem ser revogadas, de acordo com as recomendações da ONUSIDA. E, principalmente, que as autoridades competentes assegurem relacionamento humanitário, diante de assuntos ligados ao HIV para a polícia, promotores, advogados de defesa, juízes, júris e a mídia. Além desta visão, ainda existe o fato da comprovação pelos quais os julgamentos criminais avaliam a pena, analisando provas e ações periciais. Como identificar a ação criminosa nos atos executados em comum acordo e/ou sã consciência? Para assinar acesse: www.hivjustice.net/oslo/oslo-declaration. Depois clique em SIGN THE PETITION. A seguir preencha os dados de seu nome e/ou organização, país e endereço de correio eletrônico. Finalmente clique em SUBMIT. JAA Aids Ativismo Declaração de OSLO 10 1. Um corpo crescente de evidências sugere que a criminalização da não revelação da infecção pelo HIV, da exposição potencial ao HIV e da transmissão não intencional do HIV está trazendo mais danos do que benefícios em termos de seu impacto na saúde pública e direitos humanos. 2. Medidas criadoras de um ambiente que permita às pessoas procurar apoio, testagem e tratamento oportuno, e que possam revelar a sua seropositividade com segurança constituem uma melhor alternativa que o uso do direito penal. 3. Embora possa haver um papel limitado para o direito penal nos raros casos em que as pessoas transmitam o HIV dolosamente, preferimos ver as pessoas vivendo com HIV apoiadas e empoderadas a partir do momento do diagnóstico, de modo que até mesmo esses casos raros possam ser prevenidos. Isso requer uma abordagem da prevenção do HIV não punitiva, nem penalizadora, centrada no seio das comunidades, onde são encontradas as competências e o entendimento mais apropriados das questões relacionadas ao HIV. 4. As leis penais específicas para o HIV existentes devem ser revogadas, de acordo com as recomendações da ONUSIDA. Se, após uma profunda revisão nacional baseada em evidências, os processos judiciais relacionados com o HIV ainda forem considerados necessários, eles devem estar baseados em princípios de proporcionalidade, de previsibilidade, de intencionalidade, causalidade, e não discriminação; devem estar informados pela ciência e informação médica mais atualizadas relacionadas com o HIV; baseados no dano, em vez de baseados no risco do dano, e serem consistentes tanto com os objetivos de saúde pública e como com as obrigações internacionais de direitos humanos. 5. Sempre que a lei geral possa ser ou estiver sendo usada para processos judiciais relacionados com o HIV, a natureza exata dos direitos e responsabilidades das pessoas vivendo com HIV devem ser clarificadas, nos termos da lei, de preferência através de diretrizes do Ministério Público e da Polícia produzidas em consulta com as principais partes interessadas, para assegurar que as investigações policiais sejam apropriadas e garantir que as pessoas com HIV tenham acesso adequado à justiça. Solicitamos respeitosamente que os Ministérios da Saúde e da Justiça e outros relevantes formuladores de políticas e atores do sistema de justiça penal também levem em conta os seguintes pontos, em qualquer no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo consideração sobre se deve-se ou não usar a lei penal em casos relacionados com o HIV: 6. A epidemia de HIV é nutrida pelas infecções por HIV não diagnosticadas, e não pelas pessoas que conhecem seu status positivo para o HIV. O sexo sem proteção inclui riscos de muitas eventualidades possíveis, positivas e negativas – incluindo o risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis, como o HIV. Devido ao elevado número de infecções não diagnosticadas, confiar na revelação do diagnóstico de HIV pelo parceiro(a) como meio de proteção – e processar as pessoas pela ausência de revelação – pode e leva a uma falsa sensação de segurança. 7. A infecção pelo HIV é apenas uma das muitas doenças sexualmente transmissíveis ou transmissíveis que podem causar danos a longo prazo. Ressaltar o HIV com leis específicas ou procedimentos criminais aprofunda a estigmatização das pessoas vivendo com o HIV e afetadas pelo HIV. O estigma relacionado ao HIV é a maior barreira para a testagem, a captação para tratamento, a revelação e o sucesso de um país em “chegar a zero novas infecções, mortes relacionadas à AIDS e discriminação zero”. 8. As leis penais não mudam o comportamento enraizado em complexas questões sociais, especialmente o comportamento baseado no desejo e impactado pelo estigma relacionado ao HIV. Tal comportamento é alterado pelo aconselhamento e apoio para as pessoas vivendo com HIV que visem alcançar a saúde, dignidade e empoderamento. 9. Em alguns países do mundo, nem o sistema de justiça criminal nem os meios de comunicação estão bem equipados, na atualidade, para lidar com casos criminais relacionados com o HIV. As autoridades competentes devem assegurar a formação adequada relacionada com o HIV para a polícia, promotores, advogados de defesa, juízes, júris e a mídia. 10.Uma vez que o status sorológico para o HIV de uma pessoa for involuntariamente divulgado na mídia, ele estará sempre disponível através de uma pesquisa na internet. As pessoas acusadas de ‘crimes’ relacionados ao HIV dos quais eles não são (ou não deveriam ser declarados) culpados, têm direito à privacidade. Não há nenhum benefício de saúde pública na divulgação da identidade destas pessoas nos meios de comunicação; se houver a necessidade de informar os parceiros anteriores para fins de saúde pública, devem ser seguidos protocolos de notificação de parceiros éticos e confidenciais. acontece Rede de Jovens amplia estratégias de comunicação na internet C om o objetivo de fortalecer suas estratégias de divulgação e integração da juventude na internet, a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/AIDS (RNAJHVA) lançou o site oficial da organização jovenspositivos.org.br. No lançamento, que aconteceu em Brasília, também foi apresentado um projeto voltado para a formação de ativistas virtuais. Na apresentação do site, o coordenador da RNAJVHA, José Rayan, falou da proposta de utilizar a internet para dialogar com adolescentes e jovens soropositivos que vivem no anonimato. Segundo ele, a ideia é que o espaço virtual sirva como ferramenta de acolhimento e interatividade para este público, ampliando o número de membros filiados à Rede. “No site, o jovem poderá conhecer nossas ações, se identificar com a juventude que vive com AIDS e, consequentemente, saber que não está sozinho nessa luta”. O lançamento contou com a participação de representantes do Ministério da Educação, Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Unesco. Quem também esteve presente foi a oficial de projetos do Unicef – órgão que financiou o site – Christianne Moreira. “Ficamos impressionados com a qualidade do produto, mas não foi surpresa nenhuma, pois sabemos do compromisso e da seriedade que a Rede de Jovens está direcionando suas ações”, comentou. Ativismo virtual Além do site, outra ação de comunicação que a Rede de Jovens está desenvolvendo é o #Projeto Ativist@s, que pretende formar ativistas para atuar nas redes sociais, como o Facebook e o Twitter. O grupo vai contar com quinze jovens, que vão passar por uma capacitação sobre ativismo virtual. Os ativistas virtuais terão a missão de divulgar informações sobre DST, HIV/AIDS e Hepatites Virais (prevenção, tratamento e direitos), acolher e integrar adolescentes e jovens soropositivos, além de monitorar e denunciar casos de violações dos direitos humanos e discriminação às pessoas vivendo com HIV/AIDS. “O jovem passa grande parte do tempo nas redes sociais, recebendo todo o tipo de informação, na maioria das vezes, de forma errada. Os ativistas virtuais vão poder esclarecer dúvidas, denunciar mensagens discriminatórias e acolher a juventude soropositiva”, afirmou o coordenador da RNAJVHA, José Rayan. Saiba mais ATIVIST@S : sobre o #PROJETO http://jovenspositivos.org.br/index.php/ativistas V Fórum da RNP+ / Nordeste Tendo como organizador o Núcleo Natal da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS – RNP+ aconteceu entre 14 e 16 de junho, o V Fórum da RNP+ / Nordeste na cidade de Natal (RN). A programação iniciou com o monitoramento das ações encaminhadas no Fórum anterior realizado em Campina Grande, sob a competente organização da Missão Nova Esperança. Os debates posteriores se orientaram pelo questionamento “Que Movimento Nacional de PVHA queremos?”, na qual proposta de estreitamento de diálogo Inter Redes foi acatada por unanimidade, assim como a reafirmação do compromisso com a ética, a transparência e o comprometimento de todos os membros da RNP+ com os valores contidos em nossa Carta de Princípios. O representante Regional, Vando Oliveira, falou sobre a formalização da Frente Parlamentar de Luta Contra a AIDS pela Câmara de Vereadores de Fortaleza – CE, objetivando instruir nossos ativistas na busca da efetivação desse importante espaço em seus municípios. Seguiu-se as explanações de Elias Nobre e Silvestre Maia sobre suas vivências frente às Casas de Apoio de Sobral – CE e Campina Grande – PB. Jair Brandão, representante junto à CNAIDS, e Edson Flávio Santos Lopes, assistente jurídico da RNP+ / CE, trouxeram informes sobre Direitos Humanos e PVHA e Moises Toniolo da RNP+ / BA, apresentou o material da “Campanha AIDS no mundo do trabalho”, desenvolvida a partir das discussões na Organização Internacional do Trabalho – OIT, com o objetivo de divulgar a Recomendação nº 200 dessa importante Organização cujo teor busca garantir o direito ao trabalho aos portadores. O painel sobre “Saúde mental, HIV e AIDS”, teve a participação da psicóloga Solange Setta, e foi dividido em quatro eixos: vulnerabilidade das pessoas com deficiência, o impacto de sorologia positiva para HIV na saúde mental das PVHA, interações medicamentosas entre ARVs e drogas lícitas e ilícitas e transtornos mentais e sequelas neurológicas em consequência de doenças oportunistas. JAA Aids Ativismo | no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo 11 política Dirigentes de ONGs e Frente Parlamentar se reúnem com Secretário Estadual de Saúde Qualidade no atendimento Aids Ativismo “É o que exige o Fórum de ONG/ AIDS diante do fechamento da Casa da AIDS” N a manhã de 12 de junho, o presidente do Fórum de ONG/AIDS de São Paulo, Rodrigo Pinheiro, juntamente com o presidente da Frente Parlamentar Estadual de DST/AIDS, Deputado Fernando Capez (PSDB), da Conselheira estadual de Saúde Regina Pedrosa e da Coordenadora de DST/AIDS do Estado de São Paulo Maria Clara Gianna estiveram em audiência com o secretário Estadual de Saúde de São Paulo, Giovanni Cerri, a fim de discutir a iniciativa do governo estadual de fechamento da Casa da AIDS, instituição que existe há 18 anos e atende atualmente 3,2 mil pacientes. Os argumentos principais apresentados pelo secretário são que, devido ao crescimento do preço dos imóveis na região do bairro Cerqueira César, o valor cobrado pela locação do prédio cresceu de forma exorbitante, além disto os interesses comerciais com o imóvel – muito bem localizado – tem gerado uma procura de empreendedores com a intenção de adquiri-lo. Também frisou o secretário, há cerca de dois anos está em discussão uma iniciativa de fusão dos serviços de saúde concentrando-os num local com maior estrutura e capacidade instalada. “É importante dizer que 12 no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo Política Davis Uip, diretor do Emílio Ribas, garantiu empenho no processo de transferência dos pacientes este processo de vinda da Casa da AIDS para o Hospital Emílio Ribas vai ser acompanhado em todos os seus passos e caso seja verificada uma dificuldade maior, nada impede de se retornar ao modelo anterior”, destacou Cerri. O deputado Fernando Capez enfatizou que além das questões técnicas e políticas o que se quer acertar é uma garantia de qualidade do atendimento aos pacientes e de acompanhamento de todo o processo de junção. Após a reunião a comitiva foi fazer uma visita no Hospital Emílio Ribas, onde foi recebida pelo diretor técnico David Uip. O médico admitiu que trata-se de um processo complexo e que eventuais dificuldades podem ocorrer, “mas estamos atentos e dispostos em resolver todas elas”, afirmou. O diretor da divisão científica do hospital, Luiz Carlos Pereira Júnior, também afirmou que a integração da Casa da AIDS com o Emílio Ribas, irá gerar uma necessidade de reforço na assistência, e que este ponto talvez seja o que demandará mais esforços nesta fase inicial. Já Maria Clara Gianna, coordenadora estadual de DST/AIDS reconheceu o bom momento de trabalho conjunto entre a coordenação e o hospital e acredita que este entrosamento resultará em “ um fator a mais para o enfrentamento de eventuais problemas que possam ocorrer.” Segundo o último boletim epidemiológico do estado de São Paulo, entre os anos de 2003 e 2010, o número de pessoas com AIDS no estado cresceu de 65 mil para 100 mil, isto não incluindo as que são assintomáticas. Além disso, a AIDS é a principal causa de morte entre pessoas na faixa de 35 a 44 anos e a primeira doença entre homens e mulheres entre 24 e 25 anos. AIDS como os do Emílio Ribas sejam atendidos de forma digna e que o ambiente de tratamento contribua para sua qualidade de vida”, enfatizou. O grupo também visitou as instalações da Casa da AIDS, na Rua Frei Caneca, recebidos pela diretora Eliane Guitierrez que apresentou as instalações administrativas, operacionais e de tratamento, em especial o hospital-dia atualmente com baixa ocupação. Segundo ela, a maior parte dos funcionários será transferido para o Emílio Ribas, com algumas exceções de desligamentos ou aposentadorias que, acredita, não tenham e ver com esta nova diretriz. Pinheiro reforçou ainda a necessidade de “uma gestão inovadora” diante da necessidade de incrementar a política de enfrentamento da AIDS no estado de São Paulo. Ao final da reunião ficou acertada a participação do chefe de gabinete do Secretário de Saúde, Reynaldo Mapelli Junior, em uma reunião do FOAESP a fim de discutir o panorama da AIDS em São Paulo e as ações de enfrentamento. JAA Atendimento de qualidade e diálogo constante O presidente do Fórum de ONG/AIDS do Estado de São Paulo (FOAESP), Rodrigo Pinheiro, ressaltou que o fechamento da Casa da AIDS e a transferência dos pacientes para o Emílio Ribas, ocasionará um incremento na demanda desta unidade que passará a somar mais de 10 mil pacientes, “aumentando a sobrecarga e ariscando a qualidade do atendimento”. Para ele, dois pontos são fundamentais para que não haja prejuízo aos pacientes atendidos na Casa da AIDS: primeiro que a qualidade do tratamento seja garantida e segundo que os usuários acompanhem todas as etapas deste processo de integração. “ Nossa preocupação é que tanto os pacientes da Casa da Depois de 18 anos a Casa da AIDS vai fechar Aids Ativismo | no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo 13 debate Governo e ONGs questionam isenção de ICMS para preservativos F abricante de preservativo não conseguiu convencer governo e ONGs de prevenção e controle de DST e AIDS de que isenção de ICMS para camisinha reduz, de fato, preço final do produto para o consumidor. O tema foi discutido em audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família. Aids Ativismo Desde 1998, um convênio entre o Ministério da Fazenda e as secretarias estaduais de Fazenda permite a isenção de ICMS para os preservativos. O benefício vale até 2014. De acordo com o diretor no Brasil do fabricante de preservativos DKT, Daniel Marun, sem o benefício, o preço do preservativo aumentaria, em média, de R$ 0,78 para R$ 0,84 a unidade. 14 midor não vê isso, mas é por uma questão da legislação brasileira que não permite a abertura dos impostos”, declarou. Transparência Para representantes do Ministério da Saúde e de ONGs de prevenção e controle de DST e AIDS, a conta não está tão clara assim. E, para a prorrogação do acordo de isenção, o governo precisa ter condições de monitorar os custos e receitas das empresas, segundo Leandro Safatle, do ministério da Saúde. “O acordo seria: a gente faz essa redução do ICMS, mas queremos garantias de que esse desconto de ICMS estaria sendo repassado para o consumidor final. É preciso sentar com as empresas fabricantes e ver qual é o preço realmente que inclui margem de lucro das empresas”, sugeriu. Segundo Marta Mcbritton, do Instituto Cultural Barong, as cerca de 500 ONGs que trabalham com prevenção e controle das DSTs e AIDS no Brasil apoiam a prorrogação da isenção do ICMS para as camisinhas, desde que haja mais transparência nos números. “Fiquei muito preocupada nesta audiência quando percebi que, realmente, a gente não tem esse parâmetro”, afirmou. Acordo A Comissão de Seguridade Social, de acordo com o deputado Chico D’angelo (PT-RJ), vai contribuir para a construção de um acordo. Ele foi autor do pedido para realização da audiência. “Essa é a discussão: qual é o impacto que tem concretamente no enfrentamento da epidemia a isenção de ICMS nos preservativos”. Segundo o Ministério da Saúde, o governo responde por metade das compras de preservativos, distribuindo anualmente à população cerca de 500 milhões de camisinhas. Segundo dados apresentados por Marum, em 2011, foram R$ 22,5 milhões em isenção de ICMS para o setor. Em contrapartida, calculou o empresário, o uso da camisinha possibilitou ao Sistema Único de Saúde (SUS) economizar com o tratamento de, pelo menos, 25 mil casos evitados de doenças sexualmente transmissíveis. “A discriminação do benefício é feita na emissão da nota fiscal para os distribuidores, as farmácias, o que deixa claro onde está o benefício. O consuno 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo Reportagem - Ana Raquel Macedo | Edição - Rachel Librelon A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura Agência Câmara de Notícias DEBATE GT Casas de Apoio se reúne e discute prioridades Aumento do número de leitos e condições de funcionamento foram os principais pontos do debate Vida) enfatizou a necessidade de se realizar uma conversa mais ampla entre gestores e ONGs a fim de priorizar este atendimento que vive cercado de demandas frequentes. N a manhã de 27 de junho o GT Casas de Apoio do Fórum de ONG/AIDS de São Paulo se reuniu discutindo a situação destas instituições e vendo prioridades para a garantia da qualidade dos atendimentos prestados. A retomada das discussões pretende viabilizar e fortalecer as Casas de Apoio, sobretudo na ampliação de leitos. De acordo com portaria do Ministério da Saúde de 2011, as Casas de Apoio se dividem em dois grupos: nas de tipo 1 são abrigados adultos, crianças e/ou adolescentes assintomáticos do HIV ou que apresentem os primeiros sinais e sintomas da AIDS e que necessitem de abrigo de curta duração. Já as de tipo 2 oferecem abrigo aos que apresentam sintomatologia da AIDS, com maior grau de dependência para realizar ativida- des e cuidados da vida diária, com necessidade de cuidados especiais, porém sem demandar o uso de equipamentos de assistência à saúde de caráter contínuo. Para Márcia Pereira Silva, da SAPAB (Associação de Apoio a Pessoas com AIDS de Bauru), a demanda de população de rua usuário de álcool e outras drogas, tem sido crescente. “Temos condições de receber até 12 pessoas com qualidade, a média tinha se mantido entre 8/9, mas agora estamos com 13 pacientes”, afirma. A SAPAB completará vinte anos de atividades em novembro e atende ainda cerca de 130 famílias com cestas básicas e medicamentos. Completando o diagnóstico, Alessandra dos Santos, da ALV (Associação Liberdade e Vida) de São Mateus alertou para as burocracias dos municípios que impedem de realizar ações necessárias como reformas e manutenção dos prédios. “Os planos de ação são restritivos e dificultam necessidades que temos”, desabafou. Os técnicos do Programa Estadual de DST/AIDS Jean Dantas e Sônia Pizzaro informaram que o levantamento realizado entre os municípios obteve um retorno muito baixo e que é preciso “ampliar a visão de realidade para se conhecer o cenário e suas dificuldades”. Luciméia Santos do Grupo Vida de Campinas, criticou a forma com que o levantamento foi feito afirmando que “deveria ser realizada uma pesquisa mais minuciosa, principalmente junto às organizações que coordenam as casas, o que permitiria uma visão alem da gestão municipal”. Regina Pedrosa da ALIVI (Associação Aliança pela Ao final da reunião o presidente do FOAESP, Rodrigo Pinheiro, sugeriu a realização de uma ampla oficina reunindo as Casas de Apoio, os municípios e a gestão estadual e federal de AIDS, para discutir alternativas dos problemas. No dia 12 de julho pela manhã, véspera da reunião ordinária do FOAESP, o GT tornara a se reunir para elaborar o planejamento desta oficina. “As Casas de Apoio são agenda prioritária para o Fórum e seu funcionamento com qualidade para os pacientes e pessoas atendidas e com condições de trabalho para os técnicos e voluntários é o que queremos”, declarou o presidente. JAA Na Rio+20, ativistas propõem criação da “taxa Robin Hood” para combate da AIDS e defesa do meio ambiente C om a finalidade de apoiar a criação da Taxa Internacional sobre as Transações Financeiras, a chamada de “taxa Robin Hood”, representantes de organizações de defesa do meio ambiente, do setor de saúde, sindicalistas de várias partes do mundo entre outros, que participam de eventos paralelos à Rio+20, se reuniram na capital fluminense, para uma mobilização global a favor da taxa. especulação e investimentos, e que não gera nada de positivo, a não ser o lucro para o seu proprietário”, ressaltou. A campanha tem como objetivo pressionar os chefes de Estado a se comprometerem com a criação do imposto, que será destinado à promoção de postos de trabalho dignos e sustentáveis; ao combate à pobreza e a desigualdades; ao fortalecimento das ações contra as mudanças climáticas; além da promoção de serviços públicos, como de saúde e educação. De acordo com estudo da Confederação Sindical Internacional (CSI), feita em 13 países, 63% das pessoas consultadas apoiam a criação da taxa Robin Hood. O economista da organização não governamental Conselho Latino Americano e Caribenho de Organizações com Serviços em AIDS, Cláudio Fernandes, disse que os recursos obtidos por meio da taxa também poderiam ampliar o tratamento e a prevenção da AIDS nos países mais necessitados, que atualmente só recebem investimentos maciços na época do carnaval. Para o secretário regional da InterAméricas da Internacional de Serviços Públicos (ISP), Jocélio Drummond, “esse seria um imposto sobre o capital que é usado para a “Nosso objetivo é conseguir a aprovação deste imposto, e depois vinculá-lo ao desenvolvimento humano e ambiental sustentável. Com a taxa, as contribuições deixariam de ser filantrópicas para se tornarem políticas públicas internacionais, de forma sistêmica”, disse. Agência Brasil Aids Ativismo | no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo 15 acontece FOAESP vai ao Ministério Público por campanha de carnaval censurada A censura sofrida numa das peças da campanha de prevenção do carnaval de 2012, motivou o Fórum de ONG/AIDS do Estado de São Paulo a ingressar, através de sua assessoria jurídica, como uma representação no Ministério Publico Federal. Em um dos vídeos da campanha, os personagens interpretavam um casal gay e com o veto esta acabou não sendo exibida em televisão aberta. Aids Ativismo Antes do início da campanha, o Ministério da Saúde tirou de seu site na internet o vídeo, sendo alvo de críticas de diversas entidades. A explicação do Governo Federal foi de que houve um erro ao colocar o filme em sua página na internet, porque seria veiculado apenas em ambientes fechados e frequentados por jovens homossexuais de 15 a 24 anos de idade, público-alvo da campanha. No comercial, um casal homossexual aparece trocando carícias em uma boate e quando decidia ter uma relação sexual, uma fadinha aparecia com o preservativo. Em rede nacional de TV, a campanha exi- biu, durante o carnaval, vídeo com dois jovens – um homem e uma mulher – falando sobre a taxa de incidência da AIDS no país e o uso de preservativo. No documento encaminhado ao MPF, a organização cobra esclarecimentos sobre horários e os locais onde o filme foi veiculado e se houve fiscalização, além de alegar que boates e saunas gays não podem ser frequentadas por menores de idade, que integram a JAA faixa etária da campanha. www.forumaidssp.org.br 16 no 30 | Janeiro - Junho | 2012 | Publicação do Fórum de ONG / AIDS do Estado de São Paulo