identificação dos genotipos gep de rotavírus suíno - EAIC
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IDENTIFICAÇÃO DOS GENOTIPOS G E P DE ROTAVÍRUS SUÍNO GRUPO A POR MULTIPLEX RT-PCR Livia Bodnar (CNPq-Balcão), Brigida Kussumoto de Alcantara (PIBIC/CNPqUEL), Bruna Letícia Domingues Molinari (Fundação Araucária-UEL), Fernanda Abdulack Lopes (Fundação Araucária-UEL), Patricia Filippsen (CNPq/Balcão), Rafael Cascales (PIBIC/CNPq-UEL), Elis Lorenzetti (Pósgraduação-Mestrado-UEL), Thaís Neris da Silva Medeiros (Colaborador), Amauri Alcindo Alfieri (Orientador), e-mail: [email protected]. Universidade Estadual de Londrina/Centro de Ciências Agrárias/Departamento de Medicina Veterinária Preventiva (DMVP) – Londrina – PR Palavras-chave: suíno, diarréia, rotavírus grupo A, Multiplex RT-PCR, genotipos. Resumo Os genotipos G (VP7) e P (VP4) de rotavírus grupo A de origem suína foram determinados pela técnica de Multiplex RT-PCR. Foram avalidadas 74 amostras de fezes de leitões lactentes, com ou sem quadro clínico de diarréia. Todas as amostras foram previamente identificadas como positivas para rotavírus grupo A por meio da técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida (EGPA). A genotipagem completa através da identificação dos genotipos P e G foi realizada em 58,1% das amostras. O genotipo G4P[6] (Gottfried-like) ocorreu como infecção singular em 10,8% da amostragem. A frequência de infecções mistas foi de 17,6% e as infecções com características de recombinação gênica (singular e mista) ocorreu em 29,7% das amostras. Introdução A diarréia neonatal em suínos é caracterizada como uma síndrome multifatorial e multietiológica. Fatores nutricionais e fisiológicos, manejo, alterações ambientais, imunidade do hospedeiro e agentes infecciosos podem estar envolvidos tanto na presença quanto na intensidade da diarréia em leitões. O rotavírus (RV) é o principal agente etiológico das gastroenterites virais em suínos lactentes e recém-desmamados, ocasionando grandes perdas econômicas (JANKE; MOREHOUSE; SOLORZANO, 1988). O Rotavírus pertence à família Reoviridae, tem aproximadamente 85nm de diâmetro e seu genoma é constituído por 11 segmentos de RNA fita dupla. O RV não é envelopado e seu capsídeo é formado por três camadas protéicas concêntricas (capsídeos externo, intermediário e interno). De acordo com a proteína estrutural VP6, o RV pode ser classificado Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 em sete sorogrupos (A-G) sendo o sorogrupo A o mais freqüentemente detectado em animais jovens de várias espécies, incluindo leitões. Por meio da técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida (EGPA), torna-se possível observar o perfil de migração dos 11 segmentos genômicos do dsRNA, possibilitando a classificação do RV em sete grupos (A-G), chamados de eletroferogrupos (HERRING et al., 1982). O RV eletroferogrupo A pode ser classificado em sorotipos e/ou genotipos G e P, de acordo com a especificidade antigênica das proteínas estruturais VP7 e VP4, localizadas no capsídeo externo. O RV possui um sistema binário para sua classificação, de acordo com os G tipos da proteína VP7 (glicoproteína) e P tipos da proteína VP4 (protease sensível) (KAPIKIAN; HOSHINO; CHANOCK, 2001). Utilizando métodos sorológicos ou moleculares são descritos atualmente pelo menos 18 G tipos e 27 P tipos em estirpes de RV, demonstrando a ampla diversidade antigênica do rotavírus sorogrupo A (RVgpA). Os G tipos mais comumente detectados em suínos tem sido G3, G4, G5 e G11 associados com os P tipos P[6] e P[7] (RÁCZ et al., 2000) que são considerados os P tipos mais comuns nessa espécie animal. Os genotipos mais comuns em suínos são o G5P[7] e G4P[6]. A técnica de Multiplex RT-PCR (GOUVEA; SANTOS; TIMENETSKY, 1994) é o método molecular mais utilizado para realizar a genotipagem do RVgpA. A técnica possibilita a identificação dos genotipos mais freqüentes de estirpes virais que ocasionam episódios de diarréia. A genotipagem tem importância na epidemiologia da rotavirose e na adoção de medidas profiláticas para o controle dos quadros de diarréia neonatal. O objetivo do trabalho foi identificar os G e P tipos de RV suíno grupo A em amostras de fezes de leitões, utilizando a técnica de Multiplex RTPCR. Material e Métodos Amostras As 74 amostras de fezes de leitões lactentes de uma a quatro semanas de idade, com ou sem quadro clínico de diarréia, foram selecionadas da coleção do Laboratório de Virologia Animal/DMVP/CCA/UEL. As amostras foram previamente triadas como positivas para RVgpA pela técnica de EGPA. Extração do RNA viral A extração do ácido nucléico foi realizada de acordo com a técnica descrita por Alfieri et al. (2006). O RNA foi eluído em 50μL de água tratada DPEC e mantido à -20ºC até seu uso. RT-PCR (Transcrição reversa - Reação em Cadeia pela Polimerase) Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 Foram utilizados 5μL do RNA eluído para a realização da técnica RT-PCR com primers consensuais, de acordo com as descrições de Alfieri et al. (2006). A amplificação dos produtos do gene VP4 (P) resulta em um fragmento com 876pb (GENTSCH et al.,1992), e do gene VP7 (G) resulta em um fragmento de 1062pb (GOUVEA et al., 1990). Em todas as reações foram utilizadas uma amostra de água ultrapura autoclavada como controle negativo. Multiplex RT-PCR Para a identificação dos G e P tipos, foram utilizados 5μL do produto da RTPCR e um “pool” de primers tipo específicos, sendo para o genotipo G: SBeg9, G1, G2, G3, G4, G5, G6, G8, G9, G10 e G11 e para o genotipo P: 4con2, P1, P4, P5, P6, P7, P8, P9 e P11 (ALFIERI et al., 2006). Análise dos produtos Os produtos amplificados na RT-PCR e na Multiplex RT-PCR foram avaliados por eletroforese em gel de agarose 2% com brometo de etídeo (0,5 µg/mL), em tampão TBE pH 8,4 (89 mM Tris; 89 mM ácido bórico; EDTA 2 mM) sob voltagem constante (90v) e visualizados sob luz ultravioleta. Resultados e Discussão Nas 74 amostras avaliadas foi possível detectar as bandas consensuais de G e P, o que ratifica o resultado do EGPA indicando a presença do RVgpA. A genotipagem de G e P tipos foi obtida em apenas 58,1% das amostras. Alfieri et al. (2006) obteve 100% de genotipagem em 50 amostras de suínos. Do total de amostras genotipadas, em 10,8% foi possível detectar somente um G e um P tipo, G4P[6] que é considerada a associação mais freqüente na espécie suína (RÁCZ et al., 2000). Em 47,3% das amostras genotipadas foi observada a presença de mais de um G ou P tipos, indicando a presença de RV diferentes em fezes de um mesmo animal. A infecção mista possibilita a troca de segmentos genômicos entre os RV, o que pode resultar em recombinação e o aparecimento de G e P tipo não identificados até o momento. Isso justifica a falha dos primers para G e P tipo usuais não anelarem na sequência desejada e assim resultar em 41,9% de amostras onde só foi possível detectar o G ou P tipos. Associações de G ou P tipos, singulares ou múltiplas, de diferentes espécies animais como G7P[6] (bovino e suíno, respectivamente) ou G5P[6] (estirpes diferentes de RV) foram detectadas em 29,7% das amostras, sendo que esses genotipos virais podem apresentar potencial zoonótico (ALFIERI et al., 2006). Conclusões Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 Por meio da Multiplex RT-PCR utilizando primers específicos foi possível detectar diferentes P e G tipos em amostras de rotavírus suíno sorogrupo A, sendo que a estirpe mais encontrada neste estudo foi a G4P[6] além de infecções mistas e recombinações. Referências Alfieri, A.A.; Parazzi, M.E.; Takiuchi, E.; Médici, K.C.; Alfieri, A.F. Frequency of group A rotavirus in diarrheic calves in Brazilian cattle herds, 1998-2002. Trop. Anim. Health. Prod., v.38, p.521-526, 2006. Gentsch, J.R.; Glass, R.I.; Woods, P.; Gouvea, V.; Gorziglia, M.; Flores, J.; Das, B.K.; Bhan, M.K. Identification of group A rotavirus gene 4 types by polymerase chain reaction. J. Clin. Microbiol., v.30, p.1365-1373, 1992. Gouvea, V.; Santos, N.; Timenetsky, M.C. Identification of Bovine and Porcine Rotavirus G Types by PCR. J. Clin. Microbiol., v.32, n.5, p.13381340, 1994. Gouvea, V.; Glass, R.I.; Woods, P.; Taniguchi, K.; Clark, H.F.; Forrester, B.; Fang, Z.Y. Polymerase Chain Reaction amplification and typing of rotavirus nucleic acid from stool specimens. J. Clin. Microbiol., v.28, p.276-282, 1990. Herring, A.J.; Inglis, N.F.; Ojeh, C.K.; Snodgrass, D.R.; Menzies, J.D. Rapid Diagnosis of Rotavirus Infection by Direct Detection of Viral Nucleic Acid in Silver-Stained Polyacrylamide Gels. J. Clin. Microbiol., v.16, n.3, p.473-477, 1982. Janke, B.H.; Morehouse, L.G.; Solorzano, R.F. Single and Mixed Infections of Neonatal Pigs with Rotaviruses and Enteroviruses: Clinical Signs and Microscopic Lesions. Can. J. Vet. Res., v.52, p.364-369, 1988. Kapikian, A.Z.; Hoshino, Y.; Chanock, R.M. Rotaviruses. In: Knipe, D.M.; Howlley, P. M. (ed) Fields Virology, Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia, p.1787-1833, 2001. Rácz, M.L.; Kroeff, S.S.; Munford, V.; Caruzo, T.A.R.; Durigon, E.L.; Hayashi, Y.; Gouvea, V.; Palombo, E.A. Molecular Characterization of Porcine Rotaviruses from the Southern Region of Brazil: Characterization of an Atypical Genotype G [9] Strain. J. Clin. Microbiol., v.38, n.6, p.2443-2446, 2000. Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009
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