Modelo de Comportamento Viscoelástico de
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Modelo de Comportamento Viscoelástico de
MODELO DE COMPORTAMENTO VISCOELÁSTICO DE ENRIJECEDORES À FLEXÃO Marcelo Caire Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Engenharia Oceânica. Orientador: Murilo Augusto Vaz Rio de Janeiro Agosto de 2011 MODELO DE COMPORTAMENTO VISCOELÁSTICO DE ENRIJECEDORES À FLEXÃO Marcelo Caire TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA. Examinada por: _______________________________________ Prof. Murilo Augusto Vaz, Ph.D. ______________________________________ Prof. Segen Farid Estefen, Ph.D. ______________________________________ Prof. Ilson Paranhos Pasqualino, D.Sc. ______________________________________ Prof.ª Marysilvia Ferreira da Costa, D.Sc. ______________________________________ Prof. Celso Pupo Pesce, D.Sc. ______________________________________ Dr. Carlos Alberto Duarte de Lemos, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL AGOSTO DE 2011 Caire, Marcelo Modelo de Comportamento Viscoelástico de Enrijecedores à Flexão/ Marcelo Caire – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011. XIII, 157 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Murilo Augusto Vaz Tese (doutorado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia Oceânica, 2011. Referências Bibliográficas: p. 142-144. 1. Enrijecedores à flexão. 2. Análise Numérica. 3. Viscoelasticidade não-linear. I. Vaz, Murilo Augusto. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Oceânica. III. Título. iii “Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha”. Confúcio Dedico este trabalho à minha filha Gabriela. Nunca desista de seus sonhos. iv AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Professor Murilo Augusto Vaz pelo incentivo ao ingresso na área acadêmica, pelas incontáveis horas de discussão produtiva e por todo apoio oferecido, tanto no desenvolvimento deste trabalho, quanto profissionalmente. A todos os companheiros de estudo e funcionários do laboratório NEO (Núcleo de Estruturas Oceânicas da COPPE/UFRJ): Felipe Castelpoggi, Nicolau Rizzo, Rômulo Lima Barbosa, Aynor Ariza Gomez, Athos Costa Neves, Rafael Boechat, Luiz Felipe dentre muitos outros. À Professora Marysilvia Ferreira da Costa pelo suporte oferecido na realização dos ensaios experimentais realizados no LabPol (Laboratório de Polímeros do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais). A todos os funcionários do programa de Engenharia Oceânica, em especial à Suely Klajman e Glace Farias. À Agencia Nacional do Petróleo pelo apoio financeiro concedido através do Programa de Recursos Humanos – PRH 03. À CAPES pelo suporte financeiro empregado na bolsa sanduíche, para realização de estágio de Doutorando na universidade Norwegian University of Science and Technology (NTNU) no ano de 2008. Ao Professor Stig Berge pela oportunidade e suporte oferecido na NTNU. Aos pesquisadores e funcionários da empresa Marintek pelo suporte técnico, em especial à Philippe Mainçon. À empresa Marintek do Brasil por disponibilizar tempo e apoiar a conclusão deste trabalho. Aos familiares e amigos que direta ou indiretamente incentivaram o desenvolvimento deste trabalho. v Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.) MODELO DE COMPORTAMENTO VISCOELÁSTICO DE ENRIJECEDORES À FLEXÃO Marcelo Caire Agosto/2011 Orientador: Murilo Augusto Vaz Programa: Engenharia Oceânica Enrijecedores à flexão são estruturas cônicas de poliuretano utilizadas na indústria offshore para suavizar a conexão de dutos flexíveis com a unidade flutuante de produção submarina. O comportamento viscoelástico e a dissipação de energia que ocorre quando o enrijecedor está submetido a carregamento periódico pode gerar resposta diferente da obtida quando se considera material elástico. O presente trabalho apresenta o modelo matemático do sistema composto pelo duto flexível e pelo enrijecedor à flexão considerando a teoria da viscoelasticidade para descrever a resposta do poliuretano. Os modelos são desenvolvidos considerando a teoria linear e não-linear, inicialmente no domínio do tempo e estendidos para o domínio da frequência. Ensaios experimentais de tração e relaxação de tensão são realizados utilizando amostras de poliuretano retiradas de um enrijecedor para caracterização do comportamento mecânico não-linear dependente do tempo. Estudos de caso são apresentados para avaliar o efeito do comportamento viscoelástico e da frequência de carregamento na resposta do sistema de conexão de topo quando este está submetido a carregamento harmônico. vi Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.) VISCOELASTIC BEHAVIOR MODELING OF BEND STIFFENERS Marcelo Caire August/2011 Advisor: Murilo Augusto Vaz Department: Ocean Engineering Bend stiffeners are conical polyurethane structures used in the offshore industry to ensure a smooth transition in the upper connection of flexible risers with the floating production unit. The viscoelastic behavior and the energy dissipation due to periodic loading conditions may lead to different responses when compared to elastic models. This work presents the mathematical formulation to represent the flexible pipe/bend stiffener system considering the viscoelasticity theory to describe the polyurethane behavior. The numerical models are developed considering the linear and the nonlinear theory, firstly in the time domain and then extended to the frequency domain. Tensile and relaxation tests are carried out using samples cut from an actual bend stiffener in order to characterize the non-linear time dependent mechanical behavior. Case studies are presented to assess the effect of viscoelastic behavior and loading frequency on the top connection when subjected to harmonic loading conditions. vii SUMÁRIO 1 2 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1 1.1 Descrição do sistema duto flexível/enrijcedor à flexão .............................. 1 1.2 Dimensionamento e análise ........................................................................... 7 1.3 Estado da arte em análise local ................................................................... 13 1.4 Objetivos específicos e relevância da pesquisa ....................................... 18 1.5 Descrição dos capítulos ............................................................................... 19 RESPOSTA MECÂNICA DO POLIURETANO ........................................... 20 2.1 2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.4 2.2 2.2.1 2.2.2 2.2.3 2.2.4 2.3 2.3.1 2.3.2 Comportamento viscoelástico linear .......................................................... 34 Equação constitutiva na forma integral para resposta unidimensional.................... 34 Equação constitutiva na forma integral para resposta em três dimensões ............ 39 Resposta viscoelástica linear no domínio da frequência ........................................... 41 Limites de aplicação da viscoelasticidade linear ......................................................... 44 Comportamento viscoelástico não-linear .................................................. 46 Modelo de Leaderman .................................................................................................... 49 Modelo de Green-Rivlin .................................................................................................. 53 Modelo baseado no princípio da superposição modificado....................................... 58 Resposta viscoelástica não-linear no domínio da frequência ................................... 65 Ensaios experimentais e ajuste ................................................................... 67 Ensaios de tração ............................................................................................................ 69 Ensaios de relaxação ...................................................................................................... 72 3 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DO SISTEMA DUTO FLEXÍVEL/ENRIJECEDOR À FLEXÃO ............................................................. 84 3.1 Hipóteses simplificadoras ............................................................................ 85 3.2 Relações trigonométricas ............................................................................ 87 3.3 Equilíbrio de forças e momentos ................................................................ 88 3.4 Equações de governo para viscoelasticidade linear ................................ 89 3.4.1 3.4.2 3.5 3.5.1 3.5.2 3.6 3.6.1 3.6.2 4 5 Formulação matemática no domínio do tempo ........................................................... 89 Formulação matemática para resposta harmônica em regime permanente .......... 90 Equações de governo para viscoelasticidade não-linear ........................ 97 Formulação matemática no domínio do tempo ........................................................... 97 Formulação matemática para resposta harmônica em regime permanente .......... 99 Solução numérica........................................................................................ 107 Solução no domínio do tempo ..................................................................................... 107 Solução harmônica em regime permanente .............................................................. 109 ESTUDO DE CASO.................................................................................... 111 4.1 Dimensionamento do enrijecedor ............................................................. 111 4.2 Análise de enrijecedor viscoelástico linear ............................................. 118 4.3 Análise de enrijecedor viscoelástico não-linear ..................................... 128 CONCLUSÕES ........................................................................................... 137 viii 6 5.1 Recomendações finais ............................................................................... 139 5.2 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................. 140 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 142 ix LISTA DE FIGURAS FIGURA 1.1 – CONFIGURAÇÃO DE RISERS [1] .................................................................................... 2 FIGURA 1.2 – DUTO FLEXÍVEL E SUAS CAMADAS [2] ........................................................................... 4 FIGURA 1.3 – CONECTOR (END FITTING) [3]....................................................................................... 4 FIGURA 1.4 – ENRIJECEDOR À FLEXÃO TRADICIONAL [4]..................................................................... 5 FIGURA 1.5 – ENRIJECEDOR À FLEXÃO PARA BOCA DE SINO [3] .......................................................... 6 FIGURA 1.6 – MODELOS DE ANÁLISE DO SISTEMA DUTO FLEXÍVEL/ENRIJECEDOR À FLEXÃO .................. 8 FIGURA 1.7 - FLUXOGRAMA PARA DIMENSIONAMENTO DE ENRIJECEDORES À FLEXÃO ........................ 12 FIGURA 2.1 – ELEMENTOS MECÂNICOS SIMPLES .............................................................................. 22 FIGURA 2.2 – RESPOSTA MECÂNICA DOS ELEMENTOS SIMPLES ........................................................ 23 FIGURA 2.3 – MODELO ELASTO-PERFEITAMENTE PLÁSTICO .............................................................. 24 FIGURA 2.4 – MODELO VISCOELÁSTICO DE MAXWELL ...................................................................... 25 FIGURA 2.5 – MODELO VISCOELÁSTICO DE KELVIN-VOIGT ............................................................... 25 FIGURA 2.6 – MODELO VISCOELÁSTICO DO SÓLIDO LINEAR PADRÃO ................................................ 26 FIGURA 2.7 – RESPOSTA DE RELAXAÇÃO E FLUÊNCIA DO MODELO SÓLIDO LINEAR PADRÃO .............. 28 FIGURA 2.8 – CARREGAMENTO COM TAXA CONSTANTE DE DEFORMAÇÃO E RESPOSTA DE TENSÃO DO SÓLIDO LINEAR PADRÃO ....................................................................................................... 29 FIGURA 2.9 – INFLUÊNCIA DA TAXA DE DEFORMAÇÃO NA CURVA x DO MODELO SÓLIDO LINEAR PADRÃO ............................................................................................................................... 30 FIGURA 2.10 – INFLUÊNCIA DA TAXA DE DEFORMAÇÃO E G() / G(0) NA CURVA x DO MODELO SÓLIDO LINEAR PADRÃO .......................................................................................... 30 FIGURA 2.11 – MODELO VISCOELÁSTICO DE MAXWELL GENERALIZADO............................................. 32 FIGURA 2.12 – APROXIMAÇÃO DE UMA HISTÓRIA DE DEFORMAÇÃO POR SUPERPOSIÇÃO DE SALTOS... 35 FIGURA 2.13 – COMPORTAMENTO VISCOELÁSTICO LINEAR ............................................................... 45 FIGURA 2.14 – RESPOSTAS DE DEFORMAÇÃO DIVERSAS .................................................................. 53 FIGURA 2.15 – RESPOSTAS DE DEFORMAÇÃO PARA SALTOS DE TENSÃO ........................................... 55 FIGURA 2.16 – ILUSTRAÇÃO DO MÉTODO DA SUPERPOSIÇÃO MODIFICADO ........................................ 59 FIGURA 2.17 - GEOMETRIA DOS CORPOS DE PROVA [MM] ................................................................. 68 FIGURA 2.18 – CORPO DE PROVA E EXTENSÔMETRO ....................................................................... 69 FIGURA 2.19 - ENSAIOS DE TRAÇÃO (0-30%) .................................................................................. 70 FIGURA 2.20 - ENSAIOS DE TRAÇÃO (0-5%) .................................................................................... 70 FIGURA 2.21 - INFLUÊNCIA DA TAXA DE CARREGAMENTO.................................................................. 71 FIGURA 2.22 - DESLOCAMENTO ADIMENSIONAL DO TRAVESSÃO ....................................................... 73 FIGURA 2.23 – ESPECTRO DE RELAXAÇÃO ...................................................................................... 75 FIGURA 2.24 – FUNÇÃO DE RELAXAÇÃO G1( t ) ............................................................................... 76 FIGURA 2.25 – FUNÇÃO DE RELAXAÇÃO G2 ( t ) ............................................................................... 76 FIGURA 2.26 – FUNÇÃO DE RELAXAÇÃO G3 ( t ) ............................................................................... 77 x FIGURA 2.27 – FUNÇÃO DE RELAXAÇÃO G4 ( t ) .............................................................................. 77 FIGURA 2.28 - RESULTADOS DO ENSAIO DE RELAXAÇÃO .................................................................. 79 FIGURA 2.29 - RESULTADOS DO ENSAIO DE RELAXAÇÃO (ESCALA LOGARÍTMICA) ............................... 79 FIGURA 2.30 – MÓDULO DE PERDA E ARMAZENAMENTO ................................................................... 80 FIGURA 2.31 – CURVA ISOCRÔNICA ................................................................................................ 81 FIGURA 2.32 – ENSAIO DE TRAÇÃO X AJUSTES VISCOELÁSTICOS DE RELAXAÇÃO (0-15%) ................. 82 FIGURA 2.33 – ENSAIO DE TRAÇÃO X AJUSTES VISCOELÁSTICOS DE RELAXAÇÃO (0-5%) ................... 82 FIGURA 3.1 – DESENHO ESQUEMÁTICO DO SISTEMA DUTO FLEXÍVEL/ENRIJECEDOR À FLEXÃO ............ 84 FIGURA 3.2 – ELEMENTO INFINITESIMAL .......................................................................................... 87 FIGURA 3.3 - FLUXOGRAMA NUMÉRICO – DOMÍNIO DO TEMPO ........................................................ 108 FIGURA 3.4 - FLUXOGRAMA NUMÉRICO – DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA ................................................ 110 FIGURA 4.1 – TRAÇÃO DE TOPO E ÂNGULO ( 15.470 ) ............................................................. 113 FIGURA 4.2 – ESPAÇO DE PROJETO .............................................................................................. 114 FIGURA 4.3 – DIMENSÕES DO ENRIJECEDOR ................................................................................. 115 FIGURA 4.4 – FUNÇÕES I1 E I3 .................................................................................................... 116 FIGURA 4.5 – DEFORMAÇÃO MÁXIMA X TRAÇÃO DE TOPO ............................................................... 117 FIGURA 4.6 – DEFORMAÇÃO MÁXIMA X ÂNGULO DE TOPO ............................................................... 118 FIGURA 4.7 – LINEAR VISCOELÁSTICO NO DOMÍNIO DO TEMPO (CURVATURA NO ENGASTE) ............... 119 FIGURA 4.8 – LINEAR VISCOELÁSTICO NO DOMÍNIO DO TEMPO (COMPARAÇÃO COM ABAQUS) ........... 120 FIGURA 4.9 – INFLUÊNCIA DO HISTÓRICO DE CARREGAMENTO ........................................................ 121 FIGURA 4.10 – MODELO LINEAR VISCOELÁSTICO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA (CURVATURA NO ENGASTE - ORDEM 1, 2 E 3) ................................................................................................. 122 FIGURA 4.11 – MODELO LINEAR VISCOELÁSTICO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA (ENVELOPE-ORDEM 1, 2 E 3) ....................................................................................................................................... 123 FIGURA 4.12 – MODELO LINEAR VISCOELÁSTICO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA (DISTRIBUIÇÃO DE CURVATURA AO LONGO DO TEMPO – ORDEM 3) ..................................................................... 123 FIGURA 4.13 – MODELO LINEAR VISCOELÁSTICO NO DOMÍNIO DO TEMPO X FREQUÊNCIA (ENVELOPE) 10%, 10% ........................................................................................................... 124 FIGURA 4.14 – MODELO LINEAR VISCOELÁSTICO NO DOMÍNIO DO TEMPO X FREQUÊNCIA (ENVELOPE) 45%, 27% .......................................................................................................... 125 FIGURA 4.15 – MODELO LINEAR VISCOELÁSTICO NO DOMÍNIO DO TEMPO X FREQUÊNCIA (ENVELOPE) 50%, 50% ........................................................................................................... 125 FIGURA 4.16 – CURVATURA MÁXIMA X FREQUÊNCIA ( 10%, 10% ) .................................... 127 FIGURA 4.17 – CURVATURA MÁXIMA X FREQUÊNCIA ( 45%, 27% ) ................................... 127 FIGURA 4.18 – CURVATURA MÁXIMA X FREQUÊNCIA ( 50%, 50% ) .................................... 128 FIGURA 4.19 – COMPARAÇÃO VISCOELÁSTICO LINEAR X NÃO-LINEAR ............................................. 130 FIGURA 4.20 – MODELO VISCOELÁSTICO NÃO-LINEAR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA X ELÁSTICO NÃOLINEAR (CURVATURA NO ENGASTE) ...................................................................................... 132 xi FIGURA 4.21 – MODELO VISCOELÁSTICO NÃO-LINEAR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA X ELÁSTICO NÃOLINEAR (CURVATURA NO ENGASTE) ...................................................................................... 133 FIGURA 4.22 – MODELO VISCOELÁSTICO NÃO-LINEAR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA X ELÁSTICO NÃOLINEAR (CURVATURA NO ENGASTE) ...................................................................................... 133 FIGURA 4.23 – MODELO VISCOELÁSTICO NÃO-LINEAR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA X ELÁSTICO NÃOLINEAR 0,05MM/MIN (DIFERENÇA PERCENTUAL DE CURVATURA AO LONGO DE UM PERÍODO) .... 134 FIGURA 4.24 – MODELO VISCOELÁSTICO NÃO-LINEAR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA X ELÁSTICO NÃOLINEAR (VARIAÇÃO DE CURVATURA) ...................................................................................... 134 FIGURA 4.25 – MODELO VISCOELÁSTICO NÃO-LINEAR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA X ELÁSTICO NÃOLINEAR (ENVELOPE DE DEFORMAÇÃO) .................................................................................. 135 xii LISTA DE TABELAS TABELA 2.1 – MÓDULO SECANTE PARA OS ENSAIOS DE TRAÇÃO ....................................................... 72 TABELA 2.2 - TAXA DE CARREGAMENTO PARA CADA NÍVEL DE DEFORMAÇÃO ..................................... 73 TABELA 2.3 - COEFICIENTES DA FUNÇÃO DE RELAXAÇÃO NÃO-LINEAR – AJUSTE LEADERMAN............. 75 TABELA 2.4 - COEFICIENTES DA FUNÇÃO DE RELAXAÇÃO NÃO-LINEAR – AJUSTE PSM ....................... 75 TABELA 2.5 – MÓDULO SECANTE PARA OS AJUSTES VISCOELÁSTICOS .............................................. 83 TABELA 4.1 – DADOS DO DUTO FLEXÍVEL ...................................................................................... 112 TABELA 4.2 - COEFICIENTES DE CARREGAMENTO .......................................................................... 113 TABELA 4.3 - MÓDULO SECANTE (5 MM/MIN) ................................................................................. 115 TABELA 4.4 - COMPARAÇÃO ENTRE DOMÍNIO DO TEMPO E DA FREQUÊNCIA ..................................... 126 TABELA 4.5 - EFEITO DA FREQUÊNCIA DE CARREGAMENTO NA CURVATURA MÁXIMA......................... 128 TABELA 4.6 - COMPARAÇÃO ENTRE MODELO VISCOELÁSTICO LINEAR E NÃO-LINEAR ........................ 130 xiii 1 INTRODUÇÃO Este capítulo apresenta a descrição do sistema mecânico composto pelo enrijecedor à flexão e pelo duto flexível, componentes utilizados na indústria de petróleo offshore e objeto de investigação do presente trabalho. Em seguida, descreve a metodologia de dimensionamento e análise de enrijecedores à flexão adotada como prática atual e o estado da arte da pesquisa, destacando os principais trabalhos publicados no tema. Por fim, a relevância da pesquisa e os objetivos específicos a serem alcançados com o desenvolvimento deste trabalho são apresentados. 1.1 Descrição do sistema duto flexível/enrijcedor à flexão Dutos flexíveis vêm sendo utilizados para transporte de fluidos na indústria de óleo e gás offshore desde o início da década de 1970. As principais aplicações podem ser divididas de modo geral em: a) flowlines utilizadas para conexão de árvores de natal com manifolds ou de poços com unidades fixas de produção; b) jumpers para conexão de unidades fixas com flutuantes e c) risers para conexão de instalações submarinas com a unidade flutuante de produção. São estruturas essenciais aos sistemas de produção atuais, podendo responder por cerca de um terço dos custos de desenvolvimento de um campo em águas profundas. Atualmente cerca de 6000 km de flexíveis se encontram em operação no Brasil, sendo a maioria na Bacia de Campos. Com a crescente expansão das atividades offshore para águas cada vez mais profundas, verifica-se a necessidade de constante ampliação da fronteira do conhecimento em engenharia nesta área, principalmente com as novas descobertas nos campos do pré-sal brasileiro onde está previsto a instalação de cerca de mais 4000 km de dutos flexíveis e 2200 km de umbilicais submarinos. Não só as grandes profundidades implicam aumento de carga na própria estrutura e na conexão de topo com as unidades flutuantes de produção, como também, a presença de contaminantes como o CO2 e H 2 S impõem a necessidade de requisitos especiais na seleção do material a ser empregado no projeto do duto. Uma das principais vantagens de utilização de dutos flexíveis quando comparados com rígidos é a facilidade de transporte e velocidade de instalação, já que o duto é pré-fabricado e armazenado em carretéis. Além disso, é uma estrutura complacente, o que permite a conexão com unidades flutuantes de produção que 1 apresentam grandes amplitudes de movimento. Outra característica importante a ser mencionada é sua versatilidade, pois um determinado duto pode ser recuperado e utilizado em diversos campos sem perda de suas características funcionais, bastando a reavaliação para as novas condições de aplicação, assim como o cálculo do dano acumulado por fadiga. Diversas configurações são possíveis para utilização de um duto flexível como riser, dentre elas: catenária livre, lazy wave, steep wave, pliant wave, lazy S e steep S como mostrado na Fig. 1.1 a seguir. Figura 1.1 – Configuração de risers [1] Dutos flexíveis Um flexível é composto de diversas camadas metálicas e poliméricas, cada uma apresentando funções específicas. Cada sistema de produção submarina exige um requisito específico de projeto, e este tipo de construção modular onde cada camada é dimensionada individualmente, mas considerando o efeito da interação entre elas permite grande flexibilidade ao projetista. A Fig. 1.2 ilustra um duto flexível 2 com algumas das principais camadas, onde suas funções são apresentadas como segue: a) Carcaça intertravada – primeira camada interna de aço do duto flexível. Deve garantir resistência aos esforços causados pela pressão externa e ao esmagamento transmitido pelas armaduras de tração quando estas são tracionadas. É conformada utilizando o aço inoxidável (AISI 304/316) ou duplex e sua geometria gera um intertravamento entre passos sucessivos. b) Camada de estanqueidade – camada polimérica interna que deve garantir a estanqueidade do duto flexível. A composição química do fluido e sua temperatura são os fatores essenciais na escolha do material empregado nesta camada. Poliamida-11, HDPE (polietileno de alta densidade) e PVDF (fluoreto de vinilideno) são alguns dos materiais mais comumente empregados. c) Armadura de pressão – sua principal função é garantir resistência à pressão exercida pelo fluido interno, mas em conjunto com a carcaça intertravada contribui para resistir à pressão externa. O material tipicamente utilizado nesta camada é o aço carbono de alta resistência mecânica. d) Armaduras de tração – utilizada para resistir aos carregamentos de tração e balanceamento à torção. Através do conector, transfere todo o carregamento axial para a unidade flutuante de produção. Para dutos flexíveis, usualmente utiliza-se arames de aço carbono com seção transversal retangular assentados com ângulo variando em torno de 30º a 55º. e) Capa externa – forma uma barreira para evitar o contato das camadas internas com água do mar. Com exceção do PVDF, os mesmos materiais utilizados na camada interna de estanqueidade podem ser utilizados na capa externa. f) Outras camadas – fitas anti-atrito podem ser utilizadas entre as armaduras de tração para reduzir o atrito e o desgaste do aço. Fitas de alta resistência mecânica podem ser adicionadas sobre a camada de tração mais externa para evitar a formação do modo de falha resultante de compressão axial do duto e conhecido como gaiola de passarinho ou birdcaging. 3 Figura 1.2 – Duto flexível e suas camadas [2] Este tipo de configuração estrutural em que as camadas deslizam umas sobre as outras fornece um duto com elevada rigidez axial e torsional, porém baixa rigidez flexional, permitindo que um valor muito menor de raio de curvatura seja alcançado quando comparado com um duto rígido. Conexão com a unidade flutuante de produção A conexão do flexível com a unidade flutuante de produção é uma das partes mais críticas do projeto. Este conector deve garantir que todo o carregamento estático e dinâmico suportado pelo flexível seja transferido para a unidade flutuante. Além disso, deve garantir a continuidade da estanqueidade do duto. A Fig. 1.3 ilustra um tipo de conector (end fitting) utilizado para flexíveis. Figura 1.3 – Conector (end fitting) [3] 4 Esta conexão final do flexível com a unidade de produção é sujeita a grandes esforços cíclicos, consequência da ação aleatória de ondas, ventos e correntes marítimas. Para prevenir dano às linhas flexíveis, tanto por curvatura excessiva como por fadiga, estruturas conhecidas como enrijecedores à flexão ou bend stiffeners são utilizados nesta região. A idéia básica do enrijecedor é fornecer uma suave transição de rigidez entre a estrutura flexível do riser e outra extremamente rígida como a plataforma. A Fig. 1.4 ilustra um tipo de bend stiffener utilizado na indústria offshore. Figura 1.4 – Enrijecedor à flexão tradicional [4] Com relação à geometria do enrijecedor, frequentemente, apresentam uma parte inicial cilíndrica seguida da parte cônica, proporcionando uma transição de rigidez gradual da conexão até o duto flexível. A camada externa do duto flexível, na maioria dos enrijecedores utilizados atualmente, não é aderida à camada interna do corpo do enrijecedor. Existe, consequentemente, um espaçamento radial entre as duas estruturas, onde o atrito devido aos movimentos cíclicos pode causar desgaste em uma ou ambas as partes e ainda contribuir para aquecimento do material. Embora novos conceitos de enrijecedores tenham sido propostos e avaliados, basicamente dois tipos de enrijecedores são usualmente utilizados, os tradicionais e os para bocas de sino ou bell-mouths. Os tradicionais são normalmente utilizados em plataformas fixas ou semi-submersíveis que utilizam suportes de risers convencionais, do tipo cônico ou castelo, conforme descrito por LEMOS [4]. Estes são montados 5 diretamente sobre o conector do duto flexível que por sua vez é conectado ao seu suporte na plataforma. Os enrijecedores para bell-mouth são conectados em unidades de produção que possuem este sistema, como por exemplo, uma unidade flutuante de produção FPSO (Floating Production Storage and Offloading) com turret. O turret é uma estrutura localizada na proa da embarcação que funciona como ponto de amarração para o sistema de ancoragem e como interface entre os sistemas submarinos de produção e a unidade flutuante através da conexão dos dutos flexíveis e cabos umbilicais submarinos. A Fig. 1.5 ilustra este tipo de enrijecedor, onde na ilustração à esquerda, a estrutura metálica acoplada ao enrijecedor fica encaixado diretamente na boca de sino. Alguns enrijecedores não podem ser acoplados diretamente à boca de sino, devido ao seu diâmetro elevado. Uma das soluções adotadas é mostrada na ilustração à direita, onde o enrijecedor é acoplado a um prolongador até o encaixe do capacete na boca de sino. Para esta configuração, o conector do duto flexível (end fitting) é apoiado diretamente no nível do convés. Em ambos os tipos apresentados, a estrutura metálica que suporta o enrijecedor apresenta insertos metálicos no corpo polimérico. Esta interface é um dos pontos críticos com relação à fadiga devido aos pontos de concentração de tensões e problemas de adesão entre o poliuretano e o componente metálico. Figura 1.5 – Enrijecedor à flexão para boca de sino [3] 6 1.2 Dimensionamento e análise O dimensionamento do sistema composto pelo duto flexível e pelo enrijecedor à flexão segue o mesmo princípio adotado para outras estruturas oceânicas. Isto significa que, devido à sua natureza aleatória, as condições ambientais devem ser conhecidas e representadas por parâmetros estatísticos. Esta caracterização é então considerada no cálculo da resposta estrutural dos componentes considerando as condições de carregamento ambientais mais relevantes. Semelhante ao projeto do duto flexível, os enrijecedores à flexão são primeiramente projetados considerando carregamentos extremos e em seguida verificados quanto à vida útil devido ao fenômeno de fadiga por carregamento cíclico. Uma das normas que tratam de dutos flexíveis e enrijecedores à flexão é a API 17 J [5]. De acordo com o Apêndice B desta norma, o carregamento de projeto para enrijecedores à flexão deve ser definido em termos da variação de tração em um ponto do duto próximo ao enrijecedor e da variação do ângulo relativo, resultados obtidos de análises estruturais dinâmicas globais. Estas análises dinâmicas são ilustradas na Fig. 1.6, que mostra os tipos de modelo utilizados no projeto e análise de enrijecedores à flexão. A análise dinâmica é usualmente baseada no método dos elementos finitos, utilizando elementos de viga para representação tanto da estrutura complacente quanto do enrijecedor, quando se considera o modelo completo. Os efeitos de onda e corrente são considerados atuando na estrutura e o movimento da unidade flutuante é representado utilizando funções de transferência (RAO - Response Amplitude Operator) quando se adota a metodologia de análise desacoplada. Estas funções de transferência fornecem as amplitudes de movimento por unidade de altura de onda para uma determinada faixa de frequência e são calculadas utilizando softwares específicos. No modelo completo, tanto o duto quanto o enrijecedor são modelados para representar o sistema. Devido ao tempo computacional utilizado neste tipo de análise, este é aplicado para verificação do dimensionamento e não na fase iterativa de projeto. Já no modelo global, apenas o duto é modelado e as séries temporais de tração, momento e ângulo relativo são os dados de saída utilizados no modelo local do enrijecedor. 7 Figura 1.6 – Modelos de análise do sistema duto flexível/enrijecedor à flexão Análise dinâmica - modelo completo e global O objetivo de uma análise dinâmica global para sistemas compostos por estruturas complacentes como dutos flexíveis e cabos umbilicais submarinos é descrever a resposta estrutural estática e dinâmica quando estes estão submetidos às condições de carregamento ambientais e aos movimentos da unidade flutuante de produção a que estão conectados. A metodologia de análise desacoplada utilizando funções de transferência pode ser aplicada desde que os dutos flexíveis, cabos umbilicais e/ou linhas de amarração não apresentem influência relevante na resposta da unidade flutuante. Caso contrário, uma análise simultânea envolvendo a dinâmica das linhas e da unidade flutuante deve ser realizada. A este tipo de procedimento chama-se análise acoplada. As principais variáveis da resposta de uma análise global, seja ela acoplada ou não, podem ser agrupadas nas seguintes categorias: a) forças na seção transversal (tração efetiva, momento fletor, momento torsional); b) deslocamentos (curvatura, deformação axial, orientação angular); c) posição (co-ordenadas globais, translações, distância para outras estruturas, posição do touch down point, etc.) e 8 d) forças de conexão dos risers com as unidades flutuantes (forças e momentos resultantes). A análise de sistemas complacentes como dutos flexíveis e umbilicais submarinos mostra que a resposta global apresenta forte dependência de efeitos dinâmicos. A resposta de enrijecedores à flexão pode, entretanto, ser considerada dominada por efeitos quase-estáticos sem levar em conta os efeitos inerciais. Esta observação é de grande importância para seleção dos princípios adotados para o projeto e análise destas estruturas. Levando este fato em consideração, pode-se combinar o modelo de análise global com o modelo de análise local do enrijecedor sem perda de relevância nos resultados obtidos. A principal vantagem de se utilizar os resultados da análise global como condições de contorno para a análise local, ao invés da utilização do modelo completo no processo iterativo de projeto é que os resultados de uma única análise global podem ser utilizados como dados de entrada para diversas análises locais com geometrias de enrijecedores e propriedades materiais diferentes. Esta metodologia reduz de forma significativa o número de análises dinâmicas necessárias na etapa de dimensionamento do enrijecedor. A verificação da influência dos efeitos dinâmicos na análise local do enrijecedor, assim como, o efeito da incorporação deste componente na resposta global do duto pode ser posteriormente realizada utilizando o modelo de análise completo. Para este modelo considera-se o enrijecedor como parte integrante do modelo global, sendo este representado por diversos elementos adicionais de viga com rigidez variando ao longo do comprimento para representar sua geometria cônica. De acordo com PESCE [6], o comprimento da região de influência da rigidez flexional na resposta dinâmica global é da ordem de f EI / T , onde EI é a rigidez flexional do duto e T é a tração no topo. Análise quase-estática local Para o dimensionamento preliminar do enrijecedor à flexão, utiliza-se o modelo local com formulação matemática considerando teoria de viga para representar o sistema composto pelo enrijecedor e por um trecho do duto flexível, onde na faixa de frequência de excitação, os efeitos de carregamentos inerciais podem ser desprezados. Este modelo resulta num problema de valor de contorno definido por um sistema de equações diferenciais ordinárias não-lineares e utiliza como dados de entrada os resultados de tração e variação de ângulo obtidos da análise global. Utiliza- 9 se, usualmente, o método das diferenças finitas ou dos elementos finitos para obtenção da solução numérica do problema de viga. Análises detalhadas utilizando o método de elementos finitos em três dimensões podem ser utilizadas quando a teoria de viga se torna insatisfatória para alguns casos específicos. A avaliação de pontos de concentração de tensões no inserto metálico, a ovalização da extremidade do enrijecedor, assim como, a distribuição da pressão de contato ao longo do comprimento são alguns exemplos de aplicação. Requisitos de projeto Um dos requisitos de projeto de enrijecedores à flexão é não permitir que o duto flexível ultrapasse o raio de curvatura mínimo de armazenamento (MBR – Minimum Bend Radius). Este raio deve ser calculado para satisfazer alguns critérios previstos em norma [5], como por exemplo: a máxima deformação de flexão da camada polimérica de pressão não deve ultrapassar 7,7 % para polietileno (PE) e poliamida (PA) e 7,0 % para fluoreto de vinilideno (PVDF) em aplicações estáticas. O MBR para aplicações dinâmicas deve ser no mínimo 1,5 vezes o MBR de armazenamento. Outro requisito importante que deve ser atendido no projeto destas estruturas é o valor de deformação máxima do próprio corpo do enrijecedor. O critério usualmente adotado para definição deste valor é o limite abaixo do qual o número de ciclos para gerar falha por carregamento periódico tende a infinito (treshold de fadiga). Valores experimentais comumente encontrados para enrijecedores estão entre 7 e 15%. De acordo com a norma [5], a metodologia de projeto deve ainda levar em conta algumas considerações importantes, tais como: a) falha na adesão do poliuretano com os componentes metálicos do conector; b) ruptura ou fratura do polímero; c) fadiga; d) falha do conector; e) desgaste (abrasão); f) fluência; g) degradação mecânica, química e térmica. h) efeitos da não-linearidade do material. A avaliação de cada item requer uma metodologia de análise diferente. O modelo local apresentado anteriormente pode ser utilizado para dimensionamento do enrijecedor considerando o critério de MBR e deformação máxima. Neste modelo, os 10 efeitos de fluência e não-linearidade do material podem ser avaliados. Além disso, o modelo local pode ser utilizado para avaliação da vida à fadiga da estrutura. Fluxograma de projeto A Fig. 1.7 sugere um fluxograma que pode ser adotado para o dimensionamento do enrijecedor a ser utilizado em um determinado sistema de produção offshore com dutos flexíveis. A primeira etapa é a análise dinâmica do sistema utilizando o modelo global e considerando o duto com condição de contorno rotulada na unidade flutuante de produção, sem incluir o enrijecedor. Nesta etapa, diversos parâmetros devem ser definidos, tais como: espectro de onda e perfil de correnteza para obtenção da resposta extrema; função de transferência da unidade flutuante (RAO), entre outros. Desta análise, obtém-se o espaço de projeto que contém todas as combinações possíveis de força e ângulo de topo. Vale destacar a necessidade de obtenção do espaço de projeto, pois a utilização de valores máximos de força e ângulo não leva necessariamente aos maiores valores de curvatura e deformação do enrijecedor. Utilizando os dados obtidos na análise global, faz-se o dimensionamento preliminar do enrijecedor e a análise quase-estática com o modelo local de viga. Os resultados de distribuição de curvatura e deformação ao longo do comprimento do sistema são utilizados para verificar a aderência aos requisitos de projeto. Caso os critérios não sejam atendidos, faz-se novo dimensionamento em um processo iterativo. Com as dimensões preliminares definidas, pode-se realizar a análise dinâmica com o modelo completo incluindo o enrijecedor. Esta análise é realizada com o objetivo de avaliar o efeito da inclusão do enrijecedor na resposta do sistema. Caso os resultados de tração e ângulo de topo obtidos nesta etapa apresentem resultados fora de uma determinada tolerância, quando comparados com os resultados da análise global, um novo dimensionamento do enrijecedor é realizado utilizando o modelo local. Este processo iterativo continua até que se obtenha um dimensionamento ideal. 11 Figura 1.7 - Fluxograma para dimensionamento de enrijecedores à flexão 12 1.3 Estado da arte em análise local Diversas hipóteses são adotadas no modelo local do sistema duto flexível/enrijecedor à flexão com o objetivo de simplificar a formulação matemática baseada na teoria de viga. Algumas dessas suposições podem, entretanto, gerar um modelo que não represente a resposta do sistema com a acurácia necessária ao projeto. A análise e projeto de enrijecedores à flexão e os modelos matemáticos utilizados já foram assunto de pesquisa de diversos autores, sendo os principais trabalhos apresentados a seguir. Estes são separados de acordo com a representação adotada para o comportamento do poliuretano. Modelos com material elástico Um dos primeiros trabalhos publicados sobre enrijecedores à flexão foi apresentado por BOEF e OUT [7]. Eles modelaram a conexão de topo da linha flexível submetida a carregamento estático extremo, considerando a teoria de viga de EulerBernoulli e poliuretano com resposta linear elástica. Comparam os resultados com uma análise em elementos finitos, concluindo que o modelo de viga esbelta pode ser aplicado de forma mais prática como ferramenta de projeto devido a sua simplicidade numérica e que modelos em elementos finitos podem ser utilizados para verificação final do projeto. SØDAHL e LARSEN [8] apresentaram um procedimento para projeto de enrijecedores combinando a análise dinâmica global com o modelo local, mostrando as vantagens de se adotar esta metodologia ao invés de utilizar o modelo completo, conforme descrito no item anterior. Para resolução numérica do modelo local utilizaram o método do tiro (shooting method) no sistema de equações diferenciais de governo. LANE et al. [9] realizaram uma revisão no estado da arte em materiais, construção, instalação e projeto de enrijecedores. Compararam os resultados de um programa comercial baseado no modelo de viga esbelta descrito por [7], com modelos de elementos finitos em duas e três dimensões. Relataram que excelentes correlações são obtidas na comparação destes modelos, confirmando o modelo de viga esbelta como ferramenta de projeto. Ainda considerando o poliuretano com comportamento linear elástico, em trabalho apresentado por CAIRE e VAZ [10,11], o modelo matemático de viga esbelta foi estendido para incorporar a resposta não-linear em flexão de linhas flexíveis ou cabos umbilicais submarinos. Além disso, utilizaram o método dos elementos finitos 13 através do software Abaqus [12] para avaliação do efeito do espaçamento radial entre as duas estruturas na resposta de curvatura e deformação. Como descrito nestes trabalhos, a natureza multicamada de linhas flexíveis e cabos umbilicais submarinos leva a uma elevada rigidez axial e torsional, porém baixa rigidez flexional. Estes dutos exibem comportamento histerético quando sujeitos a esforços de flexão devido ao atrito e escorregamento que ocorre entre suas camadas. Este comportamento não-linear pode ser representado considerando-se toda a curva momento fletor x curvatura na formulação matemática, ou de forma simplificada, porém representativa do observado em ensaios experimentais, por uma função bilinear. A resposta em flexão é bastante influenciada pela pressão de contato e pelo coeficiente de atrito entre as armaduras de tração. No estágio inicial de flexão, o atrito impede deslizamento relativo entre camadas e as armaduras de tração podem ser consideradas aderidas ao duto, gerando um elevado valor de rigidez. Com o acréscimo do momento fletor, começa a ocorrer um deslizamento relativo entre as camadas após um valor crítico de curvatura, no qual o atrito estático é vencido e uma queda significativa no valor de rigidez à flexão é observada. Embora esse processo não-linear ocorra na verdade de forma suave, pode ser modelado considerando comportamento bi-linear com transição em determinado valor de curvatura crítica k cr . A estratégia usual para o projeto de enrijecedores é considerar o menor valor de rigidez à flexão, de forma a obter resultados conservativos. Outra questão que surge quando se introduz essa não-linearidade é o efeito do espaçamento radial que existe entre o duto e o enrijecedor. Com esta hipótese, alguns segmentos do riser podem ultrapassar o valor de curvatura crítico de forma diferente do que ocorreria sem folga. Consequentemente, outra forma de não-linearidade é introduzida no modelo, já que diferentes trechos da linha flexível podem apresentar diferentes valores de rigidez à flexão. Para o estudo de caso realizado, observa-se que a consideração da resposta não-linear em flexão, assim como, o espaçamento radial entre as estruturas não afeta significantemente os resultados quando se aplica carregamento extremo. Para condições de carregamento mais brandas, como no caso de avaliação de vida à fadiga, observa-se uma tendência de aumento na diferença de resultados obtidos quando se inclui estas hipóteses no modelo. Em sua dissertação de mestrado CAIRE [13] e em trabalho publicado por VAZ et al. [14] a não-linearidade do comportamento do poliuretano é considerada na formulação matemática do modelo. Além disso, consideram o comportamento assimétrico, ou seja, resposta em tração diferente da resposta em compressão quando 14 submetido a carregamentos de mesma amplitude. Dessa forma, a posição do eixo neutro não coincide necessariamente com o centróide de área e deve, portanto, ser calculada numericamente. Consideraram as estruturas separadamente, permitindo o cálculo da força de contato ao longo do comprimento através de um pósprocessamento do resultado numérico do sistema de equações diferenciais e posterior estimativa das pressões de contato. Concluíram que a não-linearidade material com comportamento assimétrico afeta a resposta do sistema e que caso se queira utilizar o módulo de elasticidade para avaliação de esforços na estrutura, uma metodologia consistente para levantamento desse parâmetro deve ser definida. Modelos com material viscoelástico CAIRE et al. [15] introduzem um modelo para representar o sistema linha flexível/enrijecedor considerando o poliuretano com comportamento mecânico dependente do tempo, ou seja, comportamento viscoelástico. Realizam testes de fluência com aparato desenvolvido especificamente para tal ensaio e fazem o ajuste dos dados utilizando séries de Prony. Um importante aspecto observado pelos autores nos resultados experimentais é o fato de a função de fluência ser muito afetada pelos níveis de tensão aplicados, caracterizando o fenômeno de viscoelasticidade nãolinear. Apesar desta observação, utilizam um modelo matemático considerando a teoria da viscoelasticidade linear no domínio do tempo com o objetivo de simplificar a formulação e o método de solução numérica. O sistema de quatro equações diferenciais não-lineares é resolvido utilizando o método do tiro (shooting method), que consiste em transformar o problema de valor de contorno em um problema equivalente de valor inicial. Apresentam um estudo de caso considerando carregamento estático e mostram que um aumento de até 20% na máxima curvatura observada ao longo do enrijecedor, pode ocorrer quando se considera este tipo de carregamento. Embora esta hipótese não represente de forma adequada o carregamento que deve ser aplicado em um enrijecedor com comportamento viscoelástico, os resultados ressaltam a necessidade de uma melhor compreensão dos fenômenos que regem a resposta do sistema. Em trabalho posterior, VAZ et al. [16] verificam o efeito do carregamento harmônico na resposta da conexão de topo de um sistema com enrijecedor viscoelástico linear utilizando a formulação matemática no domínio do tempo. A formulação matemática é uma extensão de [15] considerando agora, que as condições de contorno do carregamento são funções do tempo. Realizam ensaios experimentais 15 de fluência com o poliuretano utilizando equipamento servo-hidráulico para testes de tração/compressão, onde a medição de deformação é feita utilizando um extensômetro específico para grandes deformações. Desta forma, uma resposta acurada do comportamento em fluência do poliuretano é obtido para curto prazo. Além da formulação matemática e método de solução numérica apresentados, realizam uma análise em elementos finitos utilizando o software Abaqus [12] para verificação dos resultados obtidos. Um estudo de caso é apresentado considerando força e ângulo como carregamento harmônico com determinada diferença de fase. Verifica-se que a resposta de máxima curvatura do sistema ao longo do comprimento varia com a frequência de carregamento imposta, podendo apresentar acréscimo ou decréscimo de valor, dependendo da amplitude da força média aplicada. Os resultados destacam a necessidade de adequada caracterização do comportamento material, assim como a correta determinação do carregamento a ser aplicado como condição de contorno obtida da análise global. Análise de fadiga No que se refere a avaliação de vida à fadiga de enrijecedores à flexão, pouco se encontra na literatura sobre metodologia de análise. A avaliação de acumulo de dano nestas estruturas é dificultada pelo efeito viscoelástico inerente a materiais poliméricos. Os principais enfoques utilizados são: a) realização de testes experimentais em escala real, b) utilização de curva S N (variação de tensão por número de ciclos até a falha) ou curva N (variação de deformação por número de ciclo até a falha) e c) utilização dos conceitos de mecânica da fratura. Um estudo para determinação da vida à fadiga de enrijecedores foi apresentado por MENICONI e LOPES [17]. Realizaram ensaios experimentais para levantamento da curva N , utilizando um enrijecedor que apresentou falha por fadiga quando em operação no campo de Marlim, na bacia de Campos. Estas falhas ocorreram em dois risers de exportação de 9,5’’ conectados a monobóia IMODCO III da Petrobras, operando numa profundidade de 405 metros. Através dos ensaios experimentais realizados verificaram comportamento assimétrico, ou seja, resposta diferente do comportamento em tração e compressão e ainda comportamento viscoelástico. A curva de fadiga foi levantada reproduzindo-se o detalhe de sustentação do enrijecedor na região de falha. Os corpos de prova foram usinados considerando dois orifícios com diferentes níveis de rugosidade e os testes feitos com diferentes níveis de amplitude de deformação, mas sem avaliação do efeito da deformação média. Os resultados obtidos mostraram uma forte dependência da rugosidade superficial, 16 sugerindo a utilização de uma metodologia baseada nos conceitos de mecânica da fratura. Outro trabalho relacionado à fadiga de enrijecedores foi apresentado por DEMANZE et al. [18] no qual foram realizadas análises em elementos finitos para avaliação de deformações em áreas críticas (inserto metálico e área de deformação máxima) e testes em escala real e reduzida com objetivo de propor uma metodologia para determinação da vida à fadiga de enrijecedores. Neste trabalho, os autores utilizam os conceitos da mecânica da fratura para avaliar, em um determinado conjunto de defeitos e deformações, o número de ciclos para falha por propagação de trincas. Realizam diversos ensaios experimentais para descrever a resposta em fadiga do poliuretano, levantando curvas do número de ciclos até falha para diversos fatores de intensidade de deformações. Através de correlação com resultado de diversos ensaios experimentais em escala real, definem os defeitos equivalentes que devem ser utilizados nas áreas de deformação critica na etapa de projeto. Ampliação da fronteira do conhecimento Não foi encontrada, pelo menos na literatura pesquisada, nenhuma metodologia clara e que trate de forma consistente todos os aspectos relacionados ao projeto e análise de enrijecedores à flexão. Um dos pontos essenciais é a correta caracterização do comportamento mecânico do poliuretano específico utilizado na fabricação do enrijecedor. Embora tenha sido verificado por alguns dos trabalhos apresentados anteriormente que o poliuretano apresenta comportamento viscoelástico e, consequentemente, dissipação de energia quando submetido a carregamento cíclico, em nenhum dos trabalhos citados realizou-se a verificação consistente deste efeito na resposta do sistema. O presente trabalho apresenta a formulação matemática do sistema considerando comportamento viscoelástico linear e não-linear para representar o poliuretano. O modelo é apresentado inicialmente no domínio do tempo e posteriormente na frequência, utilizando a teoria da perturbação, para obtenção da resposta em regime permanente. Desta forma, condições de carregamento harmônicas podem ser utilizadas para representar as condições reais nas quais a estrutura está submetida e obter a solução numérica de forma eficiente. Atualmente, com a crescente utilização de materiais poliméricos na indústria offshore e em outras indústrias de forma geral, a compreensão do comportamento mecânico se torna essencial para projeto de estruturas que utilizem esse tipo de 17 material. Os modelos matemáticos apresentados neste trabalho, resultantes da pesquisa realizada, podem ser estendidos com relativa facilidade para outras aplicações similares. Um exemplo de aplicação mais geral é o trabalho publicado por VAZ e CAIRE [19] que trata do problema de grandes deflexões de vigas viscoelásticas e dos conceitos de energia armazenada e dissipada durante um histórico de carregamento específico. 1.4 Objetivos específicos e relevância da pesquisa Os principais objetivos do trabalho realizado, assim como a relevância do mesmo no cenário atual, são apresentados nos itens a seguir. Objetivos específicos da pesquisa Os objetivos específicos a serem alcançados com o desenvolvimento deste trabalho são apresentados como segue, Realização de ensaios experimentais para caracterização mecânica do comportamento viscoelástico de poliuretano utilizado em enrijecedores à flexão; Formulação matemática do sistema duto flexível/enrijecedor à flexão considerando material viscoelástico linear e não-linear no domínio do tempo e, utilizando o método da perturbação, na frequência para obtenção da reposta harmônica em regime permanente. Avaliação da influência da taxa de carregamento e do amortecimento viscoelástico na resposta mecânica do sistema considerando carregamento harmônico e as consequências na análise e projeto do sistema. Relevância da pesquisa Cada conexão de duto flexível ou cabo umbilical submarino com a unidade flutuante de produção deve utilizar um enrijecedor à flexão para evitar possíveis falhas devido a carregamento extremo e por fadiga. As novas descobertas nos campos do pré-sal brasileiro irão exigir diminuição no conservadorismo de novos projetos para redução de custo e viabilização de projetos que antes não seriam possíveis. Neste contexto de novas descobertas, a Petrobras prevê a compra de cerca de 4000 km de dutos flexíveis e 2200 km de cabos umbilicais submarinos o que significa que centenas de enrijecedores à flexão serão necessários para instalação destes risers. 18 Uma das vantagens do uso de dutos flexíveis é que este permite a sua reutilização em um novo sistema de produção submarina, e consequentemente uma re-análise do sistema completo, incluindo o enrijecedor à flexão, deve ser feita para avaliar se o mesmo poderá ser usado na nova aplicação ou se uma nova estrutura deverá ser dimensionada. Todos estes fatores projetam uma forte demanda para os próximos 10 anos no contexto de análise e projeto de enrijecedores à flexão ou bend stiffeners. 1.5 Descrição dos capítulos No Capítulo 2 uma introdução a teoria da viscoelasticidade é apresentada e as equações constitutivas para a teoria linear e não-linear são desenvolvidas no domínio do tempo e da frequência. Os diversos ensaios experimentais realizados para caracterização do comportamento mecânico de amostras retiradas de um enrijecedor à flexão são apresentados e os métodos de ajuste discutidos. No Capítulo 3 a formulação matemática do sistema mecânico composto pelo enrijecedor à flexão e duto flexível é apresentada, considerando a teoria da viscoelasticidade linear e não-linear para representar o poliuretano. O modelo matemático é primeiramente desenvolvido no domínio do tempo e estendido para o domínio da frequência utilizando a teoria da perturbação. As hipóteses simplificadoras assumidas no modelo e suas consequências na resposta são discutidas. No Capítulo 4 diversos estudos de caso são realizados para verificação do efeito viscoelástico do poliuretano do enrijecedor na resposta do sistema de conexão de topo. As conclusões finais obtidas, comentários e sugestões para continuidade do trabalho são apresentados no Capítulo 5. 19 2 RESPOSTA MECÂNICA DO POLIURETANO A primeira parte deste capítulo apresenta a classificação do poliuretano dentro da ampla classe de materiais poliméricos. Em seguida as principais propriedades que devem ser atendidas para utilização do poliuretano como enrijecedor à flexão são discutidas. As características básicas do comportamento viscoelástico são introduzidas utilizando analogias mecânicas com sistemas formados pela combinação de molas e amortecedores e os ensaios experimentais necessários para sua caracterização mecânica são então apresentados. No item 2.1 as equações constitutivas para teoria linear, utilizando a forma da integral hereditária, são apresentadas no domínio do tempo utilizando o principio da superposição e estendidas para o domínio da frequência. Com o objetivo de expandir a faixa de aplicação da teoria linear, no item 2.2, alguns modelos da teoria da viscoelasticidade não-linear são apresentados e discutidos. Por fim, o item 2.3 apresenta os ensaios experimentais e os ajustes realizados para caracterização mecânica do poliuretano. A teoria não-linear que apresenta a melhor correlação com os dados experimentais obtidos é então utilizada para formulação matemática do sistema linha flexível/enrijecedor à flexão desenvolvida no Cap. 3. Classificação O corpo do enrijecedor à flexão é fabricado com poliuretano, um tipo específico de polímero. Polímeros são estruturas formadas por grandes moléculas (macromoléculas), caracterizadas por seu tamanho, estrutura química, interações intramoleculares e intermoleculares. As unidades químicas básicas que formam os polímeros são denominadas meros. Possuem ligações covalentes repetidas regularmente ao longo da cadeia, onde o número de meros da cadeia indica o grau de polimerização. Em geral, graus elevados de polimerização irão assegurar melhores propriedades mecânicas e físicas do produto. Pela atuação de forças externas, as macromoléculas tendem a escoar e quando removida a tensão retornam parcialmente à situação primitiva. Se o material é muito cristalino, é também rígido e resiste mais à deformação. Sempre há, entretanto, uma variação dimensional irreversível quando se ultrapassa o limite elástico de cada material. Quando o polímero é pouco cristalino, ou está acima da sua temperatura de transição vítrea, há maior escoamento (creep) e as peças sofrem deformações mais pronunciadas, até mesmo por escoamento sob a ação de seu próprio peso em alguns casos. 20 Um polímero pode ser classificado de diversas maneiras. De acordo com o critério do comportamento mecânico dos polímeros, os materiais macromoleculares podem ser divididos em três grupos: borrachas, plásticos e fibras. Uma característica que delimita um grupo do outro, embora de forma superficial, é o limite do módulo de elasticidade. Os respectivos intervalos são apresentados a seguir: borrachas ( 10 1 10 2 psi), plásticos ( 10 3 10 4 psi) e fibras (105 106 psi), de acordo com MANO [20]. Os poliuretanos são polímeros produzidos pela reação de poliadição de um diisocianato com um diol e outros reagentes. Os isocianatos podem ser aromáticos ou alifáticos. Os polidióis podem ser poliéteres, poliésteres, ou possuir estrutura hidrocarbônica. A natureza química bem como a funcionalidade dos reagentes deve ser escolhida de acordo com as propriedades finais desejadas. Esta flexibilidade possibilita a obtenção de materiais com diferentes propriedades físicas e químicas. Dependendo dos monômeros e do catalisador pode-se gerar uma grande variedade de materiais, como por exemplo, plásticos ou fibras, de natureza termoplástica ou termorrígida. Propriedades necessárias ao enrijecedor De acordo com a norma API 17 J [5], o material polimérico utilizado no projeto de enrijecedores à flexão deve atender a alguns critérios de projeto específicos, tais como: a) resistência à água do mar e hidrólise - o poliuretano inevitavelmente sofre algum nível de hidrólise com o tempo, mas a resistência a este tipo de degradação pode ser aumentada quando se utiliza poliéter, por exemplo. A absorção de água pode ocorrer em alguns tipos de poliuretano, levando a um pequeno aumento de massa, mas sem efeito significante na rigidez e no comportamento mecânico. b) exposição a produtos químicos - caso exista a possibilidade de exposição do material a produtos químicos, suas consequências devem ser avaliadas, pois líquidos corrosivos, como ácidos em geral, atacam o poliuretano quimicamente. c) exposição à radiação ultravioleta - a resistência de poliuretanos a radiações ultravioletas é relativamente boa. Quando exposto à luz solar pode ocorrer um escurecimento superficial, mas que não necessariamente está associado com a perda de propriedades físicas. d) resistência à temperatura máxima esperada - a temperatura tem grande influência no comportamento do poliuretano devido ao rearranjo das cadeias do polímero e deve ser avaliado para cada tipo de aplicação específica. 21 e) fluência e relaxação de tensões – o poliuretano apresenta continuidade da deformação quando submetido à tensão constante e relaxação de tensão quando submetido à deformação constante, características do comportamento viscoelástico, descrito a seguir. Observa-se que devido a sua grande versatilidade, o poliuretano utilizado na fabricação de enrijecedores à flexão deve ser adequadamente selecionado para atender as propriedades descritas acima, além da necessidade de ser corretamente caracterizado quanto ao seu comportamento mecânico para que o dimensionamento da estrutura não leve a erros de projeto. Analogia da resposta mecânica com sistemas simples No âmbito da mecânica dos sólidos, equações constitutivas caracterizam a resposta de um corpo contínuo aos carregamentos externos impostos e uma compreensão física deste comportamento pode ser obtida utilizando a analogia com elementos fundamentais como a mola, o amortecedor e um sólido rígido deslizando sobre uma superfície com atrito, como ilustrado na Fig. 2.1 a seguir. (a) Mola (b) Amortecedor (c) Sólido com atrito Figura 2.1 – Elementos mecânicos simples O comportamento elástico, por exemplo, pode ser compreendido considerando a aplicação de um carregamento em uma mola. Quando se aplica uma determinada tração, a mola se alonga instantaneamente e se a força aumenta o alongamento também aumenta. A relação entre força e deslocamento é a mesma para carregamento e descarregamento. Se a força é linearmente proporcional ao deslocamento, pode-se escrever a seguinte equação constitutiva relacionando força x deslocamento F k e tensão x deformação E , onde k é o coeficiente da mola e E o módulo de elasticidade ou módulo de Young. A deformação viscosa pode ser caracterizada considerando um amortecedor, ou seja, um pistão perfurado se movendo dentro de um cilindro. Quando uma determinada força é aplicada ao pistão, o líquido flui pelo orifício com um fluxo que 22 depende da pressão aplicada no pistão. Quanto maior a intensidade da força, maior a pressão observada. Desta forma, a taxa de deformação pode ser relacionada diretamente à tensão aplicada utilizando a seguinte relação, , onde é o módulo de viscosidade. O comportamento plástico pode ser compreendido fisicamente fazendo-se a analogia com o deslocamento de um corpo rígido sobre uma superfície rugosa quando submetido à aplicação de uma determinada força horizontal constante. A força irá causar um deslocamento no corpo apenas se sua intensidade for maior do que a força de atrito entre ele e a superfície de contato. Uma vez que o deslocamento é iniciado, este continua a ocorrer sem acréscimo na força aplicada. Quando se retira o carregamento, o corpo não retorna a sua posição inicial e isso significa que todo o trabalho realizado é dissipado em forma de calor com a superfície de contato. A Fig. 2.2 ilustra o comportamento tensão x deformação destes sistemas mecânicos. (a) Elástico (b) Viscoso (c) Plástico Figura 2.2 – Resposta mecânica dos elementos simples Utilizando os elementos básicos descritos acima, modelos com resposta mais próxima do observado em materiais reais podem ser obtidos. Conectando o modelo elástico e plástico em série, por exemplo, obtém-se como resposta o comportamento elastoplástico, ilustrado na Fig. 2.3. Quando se aplica um carregamento externo, o deslocamento da mola aumenta até que a força externa aplicada se iguale a força de atrito entre o corpo e a superfície. A partir deste instante, a força se mantém constante e o deslocamento irreversível p aumenta até o instante da retirada da força. Outro modelo pode ser obtido acoplando o elemento plástico com um amortecedor em paralelo e associando este conjunto com uma mola em série. Desta forma pode-se observar algumas características do modelo viscoplástico. A aplicação de carregamento externo provoca uma resposta elástica instantânea. A partir do instante em que a força externa se iguala a força de atrito do elemento plástico, a deformação irreversível aumenta com uma taxa constante devido à presença do 23 amortecedor. No limite, quando a taxa de carregamento tende a zero 0 , o material responde com comportamento elastoplástico. Figura 2.3 – Modelo elasto-perfeitamente plástico De forma similar ao descrito acima, a analogia com sistemas mecânicos simples permite a fácil compreensão de fenômenos importantes do comportamento viscoelástico. Com o objetivo de simular este comportamento dependente do tempo e derivar equações constitutivas com operadores diferenciais relacionando tensão e deformação, diversas analogias podem ser feitas utilizando combinações de molas e amortecedores lineares. Nesse contexto, a mola representa o trabalho mecânico armazenado e o amortecedor a parcela da energia dissipada em forma de calor. As equações constitutivas obtidas sugerem formas das funções de relaxação e de fluência que podem ser utilizadas para o ajuste de dados experimentais. Dentre as diversas combinações possíveis, algumas das mais relevantes para compreensão deste comportamento viscoelástico, são apresentadas a seguir, a) Maxwell – mola e amortecedor conectados em série, como mostrado na Fig. 2.4. Quando submetido a uma tensão constante 0 no instante t 0 , alcança imediatamente o valor de deformação 0 / E seguido de um estado com taxa de deformação constante. Quando submetido a uma deformação constante 0 no instante t 0 , a tensão alcança instantaneamente o valor E 0 e relaxa completamente até zero ao longo do tempo devido à deformação do amortecedor. Este comportamento é típico da resposta de fluidos. As funções de relaxação e fluência obtidas com este modelo não representam, portanto, o comportamento viscoelástico observado em poliuretanos. 24 Figura 2.4 – Modelo viscoelástico de Maxwell b) Kelvin-Voigt – mola e amortecedor conectados em paralelo, como mostrado na Fig. 2.5. Quando submetido a uma tensão constante 0 no instante t 0 , todo o carregamento é suportado pelo amortecedor já que o mesmo não se deforma instantaneamente. A partir deste instante, com o aumento da deformação com o tempo, a tensão na mola aumenta gradativamente e consequentemente ocorre um decréscimo na tensão do amortecedor. A taxa de deformação se anula quando toda a tensão é transferida para a mola, o que ocorre quando t e a deformação tende a 0 / E . Quando submetido a uma deformação constante 0 no instante t 0 , o amortecedor reage com um salto de força que tende a infinito. A partir deste instante inicial, o amortecedor atinge o equilíbrio e a única força requerida para manter o sistema na sua configuração é uma tensão proporcional a deformação da mola dada por E 0 . Esta resposta de relaxação de tensão não gradual e a resposta em fluência não fornecem uma boa aproximação do comportamento observado em materiais viscoelásticos. Figura 2.5 – Modelo viscoelástico de Kelvin-Voigt 25 c) Sólido linear padrão – pode ser formado pelo modelo de Maxwell e uma mola em paralelo ou pelo modelo de Kelvin-Voigt e uma mola em série, onde ambos os modelos fornecem as mesmas equações constitutivas e indicam uma forma exponencial para as funções de relaxação e fluência. A Fig. 2.6 mostra esquematicamente o modelo. Figura 2.6 – Modelo viscoelástico do Sólido Linear Padrão O equilíbrio de forças do modelo fornece a seguinte relação, (t ) 1(t ) 2 (t ) (2.1) onde o índice 1 se refere a mola com módulo de elasticidade E1 e o índice 2 se refere ao modelo de Maxwell constituído de uma mola com módulo de elasticidade E2 e um amortecedor com módulo viscoso . Para este modelo, a equação de compatibilidade geométrica é dada por, (t ) 1(t ) 2 (t ) (2.2) A relação tensão x deformação é descrita pelas seguintes relações, 1 E1 1 2 2 E 2 2 Utilizando a condição inicial 2 (0) E2 2 (0) (2.3) para resolver a equação diferencial apresentada na Eq. (2.3), obtém-se a seguinte solução para tensão 2 do modelo de Maxwell, 26 t 2 (t ) E2 (t ) E2 exp[ 0 E2 (t )] ( ) d (2.4) Utilizando as Eq. (2.1), (2.3) e (2.4) chega-se a, t (t ) (E1 E 2 ) (t ) E 2 exp[ E2 0 (t )] ( ) d (2.5) Definindo as seguintes constantes, G0 E1 E 2 G E1 / E 2 R (2.6) e definindo a função de relaxação G(t ) como, G(t ) G (G0 G ) exp[t / R ] (2.7) pode-se reescrever a Eq. (2.5) da seguinte forma, G(t ) d 0 t G(t ) G(0) (t ) ( ) d 0 (t ) t (t ) G(0) (t ) ( ) (2.8) Fazendo uso da transformada de Laplace em (2.8) e considerando um salto de tensão (t ) 0 para t 0 pode-se obter a resposta de deformação, como segue, J (t ) d t J (t ) J (0) (t ) ( ) d 0 (t ) t (t ) J (0) (t ) ( ) 0 (2.9) sendo a função de fluência J(t ) descrita por, J(t ) J (J0 J ) exp[t / C ] (2.10) 27 com os seguintes coeficientes, J 0 1 / G0 J 1 / G (G / G ) 0 R C (2.11) A resposta deste modelo para o ensaio de relaxação de tensão ( (t ) 0 , t 0 ) e fluência ( (t ) 0 , t 0 ) é apresentada esquematicamente na Fig. 2.7 a seguir. Quando submetido a uma deformação instantânea 0 , o modelo atinge seu valor máximo de tensão 0G0 e continua sua relaxação de tensão até atingir o valor limite 0G quando t . Quando submetido a uma tensão instantânea 0 , salta para um valor de deformação 0J0 e flui até atingir o valor máximo de 0J quando t . Este é o modelo mais simples capaz de representar as características essenciais do comportamento viscoelástico. (a) Relaxação (b) Fluência Figura 2.7 – Resposta de relaxação e fluência do modelo Sólido Linear Padrão Considerando um histórico de deformação com taxa constante, descrito por (t ) t , e substituindo na Eq. (2.8) com manipulações algébricas obtém-se, t (t ) G( ) d 0 (2.12) 28 Utilizando a Eq. (2.12) verifica-se que a resposta de tensão ao longo do tempo é proporcional à função de relaxação para cada instante, sendo descrito matematicamente por, d (t ) / dt G(t ) (2.13) Desta forma a inclinação inicial é dada por G(0) e quando t decresce continuamente até atingir o valor G() . A Fig. 2.8 ilustra esquematicamente este comportamento. A Fig. 2.9 ilustra o efeito da taxa de carregamento na curva tensão x deformação de um material viscoelástico linear representado pelo modelo do sólido linear padrão. Pode-se verificar que quanto maior a taxa de deformação utilizada no ensaio, maior será o valor de rigidez obtido como resposta. Substituindo t / em (2.12), pode-se ainda escrever, d / d G( / ) (2.14) Esta relação mostra que a inclinação da curva tensão x deformação de um material viscoelástico linear é proporcional a função relaxação de tensão. Consequentemente, o fato desta curva não ser uma reta, não caracteriza o material como viscoelástico não-linear. A Fig. 2.10 mostra a curva x para três combinações de G() / G(0) . A teoria viscoelástica linear é válida, quando, para qualquer taxa de deformação aplicada, as curvas x coincidem. Pode-se verificar ainda, que quanto mais viscoelástico for o material, maior será a nãolinearidade da curva tensão x deformação. (a) Carregamento (b) Resposta de tensão Figura 2.8 – Carregamento com taxa constante de deformação e resposta de tensão do Sólido Linear Padrão 29 1,0 Go = 10 Ginf = 1 R = 1 0,8 1 R = 0,5 0,6 2 R = 0,05 0,4 3 R = 0,01 0,2 0,0 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 Figura 2.9 – Influência da taxa de deformação na curva x do modelo Sólido Linear Padrão 50 R = 1 40 Ginf/Go = 0,9 30 Ginf/Go = 0,5 20 Ginf/Go = 0,1 10 0 0 1 2 3 4 5 Figura 2.10 – Influência da taxa de deformação e G() / G(0) na curva x do modelo Sólido Linear Padrão 30 Outro aspecto importante do comportamento viscoelástico é o conceito de memória. Considere, por exemplo, que inicialmente se aplique o mesmo carregamento 0 ilustrado na Fig. 2.7. Após a aplicação deste, ao invés da retirada em um determinado instante, ocorra a aplicação de outro salto instantâneo de tensão com magnitude c 0 , onde c é uma constante. A resposta a partir desse instante irá depender não apenas da magnitude da tensão alcançada, mas também do histórico do primeiro carregamento. Isto significa que para um determinado carregamento de tensão ou deformação especificado arbitrariamente, a resposta de deformação ou tensão irá depender de todo o seu histórico. Estas características são representadas matematicamente pelas integrais hereditárias apresentadas nas Eq. (2.8) e (2.9). Para um material elástico a resposta seria, simplesmente, a deformação correspondente à tensão total para o instante considerado Muitas outras combinações com molas e amortecedores podem ser formadas, fornecendo as mesmas equações constitutivas relacionando tensão e deformação apresentadas anteriormente, diferindo apenas nas funções de relaxação e fluência obtidas. Os modelos de Lethersich (combinação do modelo de Kelvin-Voigt com um amortecedor em série) e Burgers (combinação do modelo de Kelving-Voigt com o modelo de Maxwell em série) são alguns exemplos. Qualquer forma da função é válida desde que represente o melhor ajuste dos dados experimentais obtidos. Embora ajudem na compreensão de fenômenos essenciais na reposta viscoelástica, suas restrições não permitem o desenvolvimento de uma teoria consistente para este tipo de material. O modelo do sólido linear padrão, por exemplo, apresenta apenas um tempo de relaxação R ou fluência C . Para correta representação de materiais reais, diversos tempos de relaxação ou fluência devem ser utilizados e nesse contexto, generalizações dos modelos descritos acima podem ser obtidas considerando uma série de elementos de Maxwell ou Kelvin-Voigt. Considerando, por exemplo, a generalização do modelo de Maxwell, d) Modelo de Maxwell generalizado – Este modelo é formado por uma série de N elementos de Maxwell em paralelo, como ilustrado na Fig. 2.11 a seguir. O equilíbrio de forças para este modelo fornece a seguinte relação, N (t ) i (t ) (2.15) i 1 A equação de compatibilidade geométrica é dada por, 31 (t ) i (t ) (i 1,.., N) (2.16) Figura 2.11 – Modelo viscoelástico de Maxwell generalizado De modo similar ao modelo de Maxwell com apenas um elemento, a relação tensão x deformação para o modelo generalizado pode ser descrita por, N N 1 1 (t ) i 1 E i i 1 i (t ) (t ) (2.17) Utilizando as Eq. (2.15-17) e as condições iniciais do modelo, obtêm-se as seguintes funções de relaxação e fluência, G(t ) G0 G1 exp[t / R,1 ] ... GM exp[t / R,M ] (2.18) J(t ) J0 J1 exp[t / C,1 ] ... JM exp[t / C,M ] (2.19) onde os tempos de relaxação são descritos por R,i i / Ei e os tempos de fluência por C,i (i 1,.., M ) . A forma das funções de relaxação e fluência apresentadas nas Eq. (2.18) e (2.19) é chamada série de Prony. A generalização destes tempos, quando 32 M , introduz o conceito de espectro contínuo de relaxação ou fluência, como será apresentado no item 2.1. Ensaios experimentais Os principais testes experimentais que podem ser utilizados para caracterização mecânica do comportamento viscoelástico linear observado em poliuretanos são descritos a seguir: a) Teste de relaxação de tensões – diversos níveis de deformação são aplicados nos corpos de prova e o histórico da resposta de tensão medido ao longo do tempo para uma determinada temperatura. Um desenho esquemático deste teste é ilustrado na Fig. 2.7 (a) para um nível de deformação. b) Teste de fluência – diversos níveis de tensão são aplicados nos corpos de prova e o histórico da resposta de deformação medido ao longo do tempo para uma determinada temperatura. Um desenho esquemático deste teste é ilustrado na Fig. 2.7 (b) para um nível de tensão. c) Teste oscilatório – carregamento harmônico é imposto aos corpos de prova com diferentes frequências e amplitudes e a resposta medida ao longo do tempo para uma determinada temperatura. Na análise e interpretação dos resultados experimentais de relaxação e fluência, usualmente se considera que o carregamento é aplicado instantaneamente e mantido constante ao longo do ensaio. O termo instantaneamente, impossível de se obter experimentalmente, pode ser entendido como rápido o suficiente para obter a resposta elástica, mas que ao mesmo tempo não provoque resposta dinâmica no corpo de prova devido a efeitos de inércia do sistema experimental. O efeito da taxa de carregamento adotada para se alcançar o nível de carregamento do ensaio deve ser avaliado, uma vez que a mesma apresenta influência na resposta mecânica do material. A escolha do aparato a ser utilizado depende do material e da caracterização que se quer obter. A utilização de um aparato servo-hidráulico para testes de tração/compressão, por exemplo, fornece resultados precisos, mas não se torna adequada para ensaios de longo prazo. As funções de relaxação e fluência obtidas com os diferentes tipos de ensaios apresentados acima podem ser relacionadas umas com as outras como será visto a seguir. A função de relaxação no domínio da frequência G(w) pode ser obtida diretamente através da função G(t ) obtida com o teste de relaxação, por exemplo. 33 Para comportamento viscoelástico não-linear, o número de testes experimentais para caracterização da resposta material e ajuste dos coeficientes depende da teoria adotada, mas é usualmente muito mais elevado que para a teoria linear. Em alguns casos, diversos saltos de deformação ou tensão devem ser aplicados no mesmo ensaio de relaxação ou fluência, respectivamente. A influência da temperatura é outro aspecto que dificulta a caracterização viscoelástica. 2.1 Comportamento viscoelástico linear Neste item, uma forma geral da equação constitutiva unidimensional para resposta viscoelástica linear é derivada utilizando o conceito da integral hereditária para relaxação e fluência como descrito por WINEMAN e RAJAGOPAL [21]. A relação entre as duas formas é apresentada, assim como, o conceito de espectro de relaxação. As equações obtidas são posteriormente derivadas no domínio da frequência considerando carregamento harmônico. Em seguida são generalizadas para resposta em três dimensões e por fim, alguns critérios para demarcação do limite de aplicação da teoria viscoelástica linear são apresentados. 2.1.1 Equação constitutiva na forma integral para resposta unidimensional Na formulação apresentada a seguir, o tempo atual será denotado por t e um tempo representativo de estados anteriores representado por . Principio da superposição de Boltzman Se uma deformação ( ) 0 1( ) , [0, t ] , é aplicada a um material viscoelástico, a resposta de tensão pode ser descrita por (t ) 0 G(t ) . A função de salto unitária 1(t ) é definida como, 0, t 0 1(t ) 1, t 0 (2.20) A função de relaxação G(t ) será descrita utilizando a série de Prony como apresentado na Eq. (2.18). Considerando agora uma função arbitrária ( ) , [0, t ] , com variação suave ao longo do tempo e possíveis descontinuidades em um 34 determinado tempo T * , como mostrado na Fig. 2.12, pode-se utilizar uma superposição de saltos para aproximação, como segue, n ( ) (t 0 ) 1( ) 1( t i ) i (2.21) i 1 onde t 0 0 e i é definido por, i (ti ) (ti 1) (2.22) Figura 2.12 – Aproximação de uma história de deformação por superposição de saltos De acordo com o principio da superposição de Boltzman, a soma da resposta de tensões individuais devido a componentes de deformação individuais deve ser igual a resposta total de tensão devido a combinação de todos os pulsos de deformação. Desta forma, a resposta de tensão pode ser descrita por, n (t ) (0) G(t ) G(t t i ) i (2.23) i 1 Se for considerado que o número de incrementos de deformação i tende ao infinito, a magnitude de cada termo decresce e pode-se representar o somatório da Eq. (2.23) por uma integral, como segue, 35 t (t ) (0)G(t ) G(t ) d ( ) (2.24) 0 A integral acima é chamada de integral de Riemann-Stieltjes e envolve diferencial da deformação ao invés do tempo, como descrito por WINEMAN e RAJAGOPAL [21]. Considerando que a função (t ) é continua no intervalo de integração, pode-se escrever, d ( ) ( ) d (2.25) de forma que o tempo se torne a variável independente. Substituindo a Eq. (2.25) em (2.24) e considerando a descontinuidade no tempo T * , obtém-se, t (t ) (0)G(t ) G(t ) 0 ( ) d (T* ) (T* ) G(t T * ) (2.26) A Eq. (2.26) é usualmente descrita em sua forma reduzida, t (t ) G(t ) d ( ) 0 (2.27) Equações constitutivas para relaxação A Eq. (2.27) pode ser reescrita de duas formas diferentes utilizando mudança de variáveis, como segue, t (t ) G(t ) d ( ) 0 (t ) d (t ) t ( ) (0) G(t ) G(t ) d 0 t (0) G(t ) G( ) 0 (2.28) Utilizando ainda, integração por partes e a mesma mudança de variáveis adotada anteriormente, pode-se reescrever a equação constitutiva como, 36 t (t ) (t ) dG( ) 0 G(t ) d (t ) t G( ) G(0) (t ) (t ) d 0 t G(0) (t ) ( ) 0 (2.29) A Eq. (2.29) é a mesma obtida com o modelo do sólido linear padrão apresentada anteriormente na Eq. (2.8). A escolha da utilização da equação constitutiva (2.28) ou (2.29) irá depender do problema específico a ser tratado. Equações constitutivas para fluência Utilizando o mesmo procedimento descrito anteriormente para um histórico de tensões, pode-se obter a resposta de deformação em função do tempo. Neste caso a função J (t ) que caracteriza o material é chamada de função de fluência, como apresentado anteriormente na Eq. (2.19). Estas relações são dadas por, t (t ) J (t ) d ( ) 0 (t ) d (t ) t ( ) (0) J (t ) J (t ) d 0 t (0) J (t ) J ( ) 0 (2.30) ou ainda, utilizando integração por partes em (2.30), t (t ) (t ) dJ( ) 0 J (t ) d (t ) t J( ) J(0) (t ) (t ) d 0 t J(0) (t ) ( ) 0 (2.31) Relação entre relaxação e fluência A caracterização do comportamento viscoelástico, seja ele linear ou não, é usualmente feita realizando-se apenas um dos dois tipos de ensaios descritos anteriormente, o de fluência ou relaxação. Desta forma, caso a formulação do modelo matemático utilizado para descrever o comportamento mecânico do problema em questão não utilize a mesma forma da equação constitutiva adotada para descrever o ensaio, torna-se necessário utilizar uma relação matemática para o cálculo da mesma. 37 Esta relação pode ser obtida substituindo o histórico de tensão (t ) 0 1(t ) em (2.28). Levando em conta a teoria da viscoelasticidade linear, a relação para a deformação em função do tempo se torna (t ) 0 J(t ) e, consequentemente a Eq. (2.28) pode ser reescrita como, t 1 J(0) G(t ) G(t ) 0 J( ) d (2.32) Considerando (t ) 0 1(t ) e (t ) 0 G(t ) em (2.30), relação similar pode ser obtida. Se a função de relaxação G(t ) ou de fluência J (t ) forem conhecidas experimentalmente, pode-se resolver numericamente a relação integral dada pela Eq. (2.32) para cálculo da função não conhecida. Algumas considerações importantes podem ser obtidas da relação (2.32). Considerando, por exemplo, o tempo t 0 , pode-se verificar que o valor da função de relaxação é dado pelo inverso da função de fluência G(0)J(0) 1. O mesmo é válido quando se considera t , ou seja, G()J() 1. Para o caso não-linear a relação será apresentada no item 2.2.3. Espectro de relaxação As funções de relaxação e fluência apresentadas anteriormente são utilizadas para caracterização do comportamento viscoelástico linear e são obtidas diretamente através de resultados experimentais utilizando a série de Prony com um determinado número de termos. Outra forma de caracterizar o comportamento é através do uso da função espectro de relaxação H(t ) , definida a seguir, G(t ) G H( ) exp(t / ) d 0 (2.33) A função H(t ) pode ser considerada como uma distribuição contínua dos tempos de relaxação que caracterizam a série de Prony. De forma similar pode-se definir o espectro de fluência L(t ) . Como não podem ser obtidas experimentalmente, seu cálculo deve ser feito numericamente utilizando a Eq. (2.33) ou utilizando aproximações, como a apresentada por CHRISTENSEN [22] e definida a seguir, H(t ) dGln( 2) t dt (2.34) 38 Estas funções são usualmente adotadas para correlacionar as propriedades macroscópicas com os movimentos moleculares. Assim como as funções de relaxação e fluência no tempo podem ser utilizadas para determinação do comportamento na frequência, a função H(t ) pode ser utilizada para determinação de G(w) . 2.1.2 Equação constitutiva na forma integral para resposta em três dimensões As equações apresentadas para o caso unidimensional na forma integral podem ser generalizadas considerando as similaridades entre o comportamento elástico e viscoelástico. Para o caso linear elástico isotrópico, onde as propriedades são idênticas em todas as direções, a relação tensão x deformação pode ser escrita da seguinte forma, ij kk ij 2 ij (2.35) onde e são as duas constantes que caracterizam o comportamento elástico, sendo usualmente denominadas de constantes de Lamé. O termo kk utiliza a convenção de somatório, e consequentemente, kk 11 22 33 . O tensor unitário ij é definido, como segue, 1, i j ij 0, i j (2.36) Considerando E como o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson, pode-se construir as seguintes relações para as constantes de Lamé, E 2(1 ) E (1 )(1 2 ) (2.37) Utilizando a notação da convolução de Stieltjes ( ) e fazendo uso da analogia com o comportamento linear elástico, pode-se escrever para o caso viscoelástico linear a seguinte relação tensão x deformação, 39 ij R d kk ij 2 R d ij (2.38) onde as funções dependentes do tempo R (t ) e R (t ) caracterizam o comportamento viscoelástico. A utilização da convolução de Stieltjes permite que a equação constitutiva para viscoelasticidade linear seja manipulada de forma similar ao utilizado nas equações constitutivas para elasticidade linear. A convolução, d , de duas funções contínuas (t ) e (t ) é definida como, t d (t ) d ( ) 0 t (0) (t ) (t ) ( ) d (2.39) 0 Utilizando esta notação e expandindo a Eq. (2.38), chega-se a, t ( ) ij R (0) kk (t ) kk (t ) R d ij 0 t ( ) 2R (0) ij (t ) 2 ij (t ) R d 0 (2.40) onde as funções R (t ) e R (t ) são definidas como segue, E R (t ) R (t ) 21 (t ) E R (t ) (t ) (t ) R 1 (t )1 2 (t ) (2.41) Algumas considerações especiais quanto ao comportamento volumétrico podem ser definidas. Caso se considere a hipótese de incompressibilidade, onde o coeficiente de Poisson passa a ser descrito por (t ) 0.51(t ) , obtém-se a seguinte relação entre os coeficientes, R (t ) E R (t ) 3 (2.42) 40 Pode-se considerar o coeficiente de Poisson como constante e independente do tempo 0 , ou ainda, que a deformação volumétrica ( (t ) 11(t ) 22 (t ) 33 (t ) ) é independente do tempo. 2.1.3 Resposta viscoelástica linear no domínio da frequência As equações constitutivas apresentadas anteriormente fornecem a resposta de tensão ou deformação com o tempo. Em muitas aplicações de engenharia, a estrutura viscoelástica pode ser submetida a carregamentos harmônicos por um longo período de tempo. Para estas situações se torna mais conveniente reescrever as equações diretamente no domínio da frequência. Considera-se a seguinte história de deformação, (t ) 0 sinw t (2.43) onde 0 é a amplitude, a variação em torno do valor médio e w a frequência de carregamento. Neste ponto, torna-se conveniente reescrever a função de relaxação G(t ) da seguinte forma, G(t ) G0 G(t ) (2.44) onde a parte independente do tempo G0 é o valor da função quando t e G(t ) é o termo que varia com o tempo, podendo ser definido, por exemplo, utilizando a série de Prony de três termos, como segue, G(t ) G1 exp t / R,1 G2 exp t / R,2 G3 exp t / R,3 (2.45) Substituindo o histórico de deformação harmônico descrito na Eq. (2.43) na terceira equação de (2.29) e utilizando a função de relaxação (2.44), obtém-se com manipulações algébricas, t G( ) G(0) 0 cosw d sin(wt ) (t ) 0 G(t ) t sinw G( ) d cos(wt ) 0 (2.46) 41 Com o objetivo de simplificar a Eq. (2.46), pode-se definir as seguintes relações, t G( ) G (w, t ) G(0) 0 cosw d t G (w, t ) sinw G( ) d 0 (2.47) Considerando t para que a função relaxação dependa apenas da frequência de oscilação, G (w , t ) G (w ) lim t G (w , t ) G (w ) lim t (2.48) e utilizando a função definida em (2.44) e (2.45), obtém-se, G3 G1 G2 G ( w ) G(0) 2 2 2 2 2 2 (1 w R ,1 ) (1 w R ,2 ) (1 w R ,3 ) G1 R1 G3 R 3 G2 R 2 G ( w ) w 2 2 2 2 (1 w ) (1 w ) (1 w 2 2 ) R , 1 R , 2 R , 3 (2.49) onde a função G(w ) é definida como módulo de armazenamento e G(w ) como módulo de perda. Considerando t e substituindo a Eq. (2.49) em (2.46), chega-se a seguinte equação constitutiva para material viscoelástico linear submetido a histórico de deformação harmônico dado pela Eq. (2.43), (t ) 0 G() G( w ) sin(w t ) G( w ) cos(w t ) 0 G() G( w )2 G( w )2 1/ 2 sinw t ( w ) (2.50) onde a diferença de fase é definida por tan[ ( w)] G( w) / G( w) . Este resultado mostra que a resposta de tensão devido a uma deformação senoidal, irá oscilar com a mesma frequência w e com uma diferença de fase (w ) . Caso se considere um histórico de deformação descrito por, (t ) 0 cosw t , chega-se a seguinte relação, 42 (t ) 0 G() G( w) cos(w t ) G( w) sin(w t ) (2.51) Seguindo procedimento similar ao descrito anteriormente e utilizando o princípio da superposição, pode-se definir uma relação entre a função de relaxação e de fluência no domínio da frequência, como apresentado a seguir, G(w ) J (w ) G(w )2 G(w )2 G(w ) J (w ) G(w )2 G(w )2 (2.52) Dissipação de energia viscoelástica VAZ e CAIRE [19] apresentaram as equações para cálculo da energia armazenada e dissipada de uma viga viscoelástica linear sujeita a carregamento estático concentrado em uma de suas extremidades. O trabalho total exercido por uma carga concentrada é convertido em uma parcela US (energia potencial) e outra parcela UC (energia dissipada). Introduzindo o conceito de decomposição da deformação, S D (onde S e D estão associadas às deformações armazenadas e dissipadas respectivamente), a equação de potência total pode ser escrita como, W T dV V S dV D dV V (2.53) V U S U D Diferenciando a Eq. (2.31) com relação ao tempo e introduzindo o termo de deformação relacionado à energia armazenada na Eq. (2.53), obtém-se, U S dV V G(0) (2.54) As equações descritas acima podem ser derivadas utilizando a analogia com sistemas mecânicos simples compostos por elementos fundamentais como a mola e o amortecedor linear, sendo estendidas para aplicações em sistemas mais complexos. Estas mesmas equações podem ser utilizadas para o cálculo de energia de 43 deformação quando se considera a formulação matemática do sistema duto flexível/enrijecedor à flexão com comportamento viscoelástico. Substituindo as equações (2.43) e (2.50) em (2.53), por exemplo, pode-se obter o trabalho por unidade de volume realizado durante um ciclo de deformação como segue, T 2 Pi / w WT ( ) T ( ) d (2.55) G (w ) 2 O resultado acima mostra que o módulo de armazenamento, representando o efeito de deformação e recuperação elástica se anula durante um ciclo de carregamento. Apenas a componente do módulo de perda G(w ) , associada ao trabalho convertido em calor, aparece no resultado. O enrijecedor à flexão está sujeito a carregamentos oscilatórios durante sua vida em operação, e consequentemente apresenta dissipação de energia devido ao comportamento viscoelástico. O efeito dessa dissipação na resposta de curvatura e deformação ao longo do comprimento deve ser avaliado no projeto da estrutura. 2.1.4 Limites de aplicação da viscoelasticidade linear Devido à relativa simplicidade de aplicação da teoria da viscoelasticidade linear a problemas práticos de engenharia, muitos componentes poliméricos são modelados considerando esta teoria. Entretanto, uma grande parte dos polímeros exibe comportamento não-linear mesmo para pequenas tensões ou deformações e tempos. Nestes casos, o limite de aplicação da viscoelasticidade linear na análise de componentes estruturais se torna parâmetro importante para correta avaliação de sua resposta mecânica. A utilização da teoria linear para um material altamente não-linear pode incorrer em erros graves de análise e projeto estrutural. A validade da teoria linear é limitada para condições de teste específicas, sendo bastante afetada pelos efeitos da temperatura, umidade, taxa de deformação e diversos outros fatores. A transição de comportamento linear para não-linear ocorre de forma progressiva, não existindo um procedimento padrão bem definido para sua determinação. De acordo com FINDLEY et al. [23], o material viscoelástico é considerado linear se a tensão é proporcional à deformação para um determinado tempo t e o 44 princípio da superposição é valido. Expressa matematicamente, esta hipótese leva às seguintes equações, c (t ) c (t ) (2.56) 1(t ) 2 (t t1) 1(t ) 2 (t t1) (2.57) onde c é uma constante. A Fig. 2.13 ilustra este tipo de resposta linear. Figura 2.13 – Comportamento viscoelástico linear Pode-se observar no desenho esquemático à esquerda da Fig. 2.13 que a resposta de deformação devido à tensão c (t ) é igual à resposta de deformação devido à tensão (t ) multiplicado pela constante c . A Eq. (2.57), baseada no principio da superposição de Boltzmann descrito anteriormente, mostra que a resposta de deformação devido a combinação de dois históricos de tensão diferentes, 1 e 2 , é igual à soma das respostas de deformação atuando separadamente, como pode ser visto no desenho esquemático à direita da Fig. 2.13. Uma consequência do princípio da superposição foi mostrada na curva x da Fig. 2.10. Desta forma, para 45 material não-linear, carregamentos com diferentes taxas irão gerar curvas não coincidentes. Outra forma de avaliar o efeito da variável tempo na não-linearidade, baseado no mesmo princípio da superposição, é o uso de isocrônicas. Curvas isocrônicas de tensão x deformação, são gráficos da deformação aplicada no teste de relaxação versus a tensão para um tempo específico, ou alternativamente, a tensão aplicada no teste de fluência versus a deformação para um tempo específico. Como apenas um ponto da curva é obtido para cada ensaio de relaxação ou fluência, vários níveis de tensão ou deformação constantes são necessários para obtenção de uma curva adequada. Para comportamento viscoelástico linear, a relação tensão x deformação da isocrônica é uma reta cuja inclinação decresce com a evolução do tempo. Esta transição para resposta não-linear é usualmente determinada assumindo uma porcentagem (1 - 3%) de desvio do comportamento linear para um tempo específico. 2.2 Comportamento viscoelástico não-linear No item anterior, o princípio da superposição de Boltzmann foi utilizado para derivar a equação constitutiva para a teoria da viscoelasticidade linear considerando carregamento unidimensional e posteriormente estendido para carregamento tridimensional utilizando a analogia com o comportamento elástico. Para o caso nãolinear este princípio não pode ser aplicado e outras metodologias devem ser utilizadas para representação da resposta mecânica do material. A formulação não-linear proposta por LEADERMAN [24], pode ser considerada como uma extensão da teoria viscoelástica linear apresentada anteriormente. Na descrição de sua teoria, considerou que a resposta viscoelástica poderia ser separada em duas funções, uma dependente do tempo e outra função não-linear dependente da tensão ou deformação. Desta forma para resposta de deformação em função da tensão, pode-se escrever, t (t ) J(t )df [ ( )] 0 (2.58) onde f é uma função não-linear da tensão e J(t ) é a função de fluência dependente do tempo. De forma similar, a resposta de tensão em função de deformação pode ser escrita como segue, 46 t (t ) G(t )df [ ( )] 0 (2.59) onde f é uma função não-linear da deformação e G(t ) é a função de relaxação dependente do tempo. Pode-se verificar que, considerando f [ (t )] (t ) ou f [ (t )] (t ) obtém-se a mesma formulação apresentada anteriormente nas Eq. (2.28) e (2.30) para viscoelasticidade linear. Esta formulação não-linear pode ser utilizada para alguns tipos específicos de polímeros, não sendo em geral, suficiente para cobrir uma grande classe de materiais. A metodologia de obtenção dos coeficientes será apresentada no item 2.2.1 e sua aplicabilidade ao poliuretano utilizado em enrijecedores à flexão será verificada através dos ajustes experimentais no item 2.3. PIPKIN e ROGERS [25], utilizando o princípio da superposição modificado, expandiram a teoria de LEADERMAN [24] para um caso mais geral em que as funções dependentes do tempo de fluência e relaxação não são necessariamente independentes do carregamento de tensão ou deformação. De acordo com esta teoria, para resposta de deformação em função da tensão, pode-se escrever, (t ) d C ( ), t t 0 (2.60) onde C( , t ) é uma função de fluência não-linear dependente da tensão e do tempo. De maneira análoga, para a resposta de tensão em função da deformação, obtém-se, (t ) d R ( ), t t 0 (2.61) onde R( , t ) é uma função de relaxação não-linear dependente da deformação e do tempo. Considerando que as funções ( ) e ( ) sejam contínuas no intervalo de integração, pode-se reescrever as Eq. (2.60) e (2.61) como segue, C ( ), t ( ) d 0 ( ) (2.62) R ( ), t ( ) d 0 ( ) (2.63) (t ) t (t ) t 47 Uma forma mais geral para descrever o comportamento viscoelástico nãolinear e, consistente com os princípios da mecânica do contínuo, foi proposta por GREEN e RIVLIN [26] utilizando a análise funcional para representar a equação constitutiva como uma série de múltiplas integrais hereditárias. Embora mais representativa do comportamento real de materiais viscoelásticos, esta caracterização apresenta muitas dificuldades para caracterização experimental e para resolução de problemas práticos de análise de estruturas. Com o objetivo de simplificar a representação por múltiplas integrais, as funções de fluência e relaxação podem ser redefinidas de forma a limitar a memória da integral hereditária resultando nas mesmas equações constitutivas obtidas considerando o princípio da superposição modificado discutido por PIPKIN e ROGERS [25] e apresentadas nas Eq. (2.62) e (2.63). A formulação de GREEN e RIVLIN [26] como uma função de múltiplas integrais será apresentada no item 2.2.2 e a simplificação para integral simples utilizando o princípio da superposição modificado no item 2.2.3. Outra forma de caracterização do comportamento viscoelástico não-linear utilizando a representação por integrais simples foi apresentada por SCHAPERY [27]. Baseado em considerações termodinâmicas e utilizando o conceito de tempo reduzido, descreveu a seguinte equação constitutiva unidimensional para caracterização do comportamento não-linear de materiais viscoelásticos, t (t ) g0 ( ) D0 g1( ) D( ) 0 dg2 ( ) d d (2.64) onde as funções e são descritas por, dt , 0 a (t ) (t ) t ( ) (2.65) Alternativamente, para descrever a tensão em função da deformação, t (t ) h0 ( ) E0 h1( ) E ( ) 0 dh2 ( ) d d (2.66) onde as funções e são descritas por, 48 (t ) t 0 dt , a (t ) ( ) (2.67) As funções g0 , g1, g2 e a são dependentes da tensão, enquanto h0 , h1, h2 e a variam com a deformação. Definindo g0 g1 g2 a 1, pode-se reduzir a Eq. (2.64) para a formulação viscoelástica linear. De forma análoga, definindo h0 h1 h2 a 1, obtém-se a resposta de tensão para um dado histórico de deformação para o caso linear. SMART e WILLIAMS [28] compararam as teorias baseadas no método da superposição modificado descrita por PIPKIN e ROGERS [25] e em considerações termodinâmicas apresentada por SCHAPERY [27] para caracterização da resposta de dois materiais poliméricos. Os materiais adotados foram o polipropileno e a polivinilclorida devido as suas características altamente não-lineares. Concluíram que, para os casos avaliados, o modelo de PIPKIN e ROGERS [25] apresentou melhor representatividade do comportamento material, levando em conta também a simplicidade de obtenção das funções e coeficientes que caracterizam a resposta. Consequentemente, para caracterização do comportamento viscoelástico nãolinear do poliuretano utilizado na fabricação de enrijecedores à flexão, apenas os modelos de LEADERMAN [24] e a simplificação das múltiplas integrais do modelo de GREEN e RIVLIN [26], que resulta no mesmo modelo de PIPKIN e ROGERS [25], serão utilizados. A comparação dos dois modelos será feita através dos ajustes obtidos com os resultados experimentais apresentados no item 2.3. 2.2.1 Modelo de Leaderman A equação constitutiva para esta formulação é baseada na teoria da viscoelasticidade não-linear sugerida por LEADERMAN [24]. A resposta de deformação utilizando a função de fluência devido a um histórico de tensão e a resposta de tensão utilizando a função de relaxação, devido a um histórico de deformação, são apresentadas a seguir. Equação constitutiva para fluência Considerando continuidade da função ( ) no intervalo de integração e considerando o salto inicial de tensão pode-se reescrever a Eq. (2.58) da seguinte forma, 49 (t ) J(t ) f [ (0)] t 0 f [ ( )] J(t )d (2.68) Utilizando a técnica da integração por partes, pode-se ainda reescrever a Eq. (2.68) da seguinte forma, t (t ) J(0) f [ (t )] f [ ( )] 0 J(t ) d (t ) (2.69) A escolha da função f depende da resposta mecânica do material em questão e deve ser avaliada para cada caso específico de modo a se obter o melhor ajuste. Para polímeros como o poliuretano, esta pode ser representada adequadamente por um polinômio de quarta ordem como segue, f [ (t )] a1 (t ) a2 (t )2 a3 (t )3 a4 (t )4 (2.70) onde ak (k 1,.., 4) são os coeficientes que caracterizam o comportamento material, juntamente com a função de fluência J(t ) que, para o poliuretano, pode ser descrita utilizando a seguinte série exponencial de Prony, N J(t ) J0 Jm exp( t / C,m ) (2.71) m 1 onde J0 e Jm (m 1,.., N ) são os coeficientes que caracterizam o material, devendo ser obtidos experimentalmente, e N é o número de termos da série. Substituindo a Eq. (2.70) em (2.69), obtém-se, (t ) J(0)a1 (t ) a2 (t )2 a3 (t )3 a4 (t ) 4 t a1 ( ) a2 ( )2 a3 ( )3 a4 ( ) 4 0 J((tt)) d (2.72) Considerando o ensaio de fluência, onde se aplica uma tensão constante (t ) i 1(t ) com o índice i se referindo a um determinado nível de tensão constante, chega-se a seguinte função de fluência, 50 J(t ) i (t ) a1 i a2 i a3 i a4 i 2 3 4 (2.73) Pode-se verificar experimentalmente, que para uma determinada classe de polímeros como o poliuretano, a deformação de fluência resultante de carregamento de tração, compressão, torção ou combinados pode ser descrita por uma função exponencial similar à utilizada na função de fluência, como segue, N i (t ) 0 i mi exp( t / C ,m ) (2.74) m 1 onde para cada tensão i , 0i é o coeficiente de deformação independente do tempo, e mi (m 1,.., N ) são os coeficientes de deformação dependentes do tempo. Esta relação representa a fluência de materiais que apresentam deformação constante quando o tempo tende a infinito. De acordo com a Eq. (2.73) deveria existir uma relação entre a resposta de deformação de fluência i (t ) , sujeita a qualquer nível i de tensão constante i , e os coeficientes a1,a2 , a3 e a4 que forneça solução única para a função de fluência J(t ) . Isto não ocorre experimentalmente e a forma utilizada para obtenção dos coeficientes é descrita como segue. Para cada nível i de tensão aplicada, faz-se o ajuste dos coeficientes 0i e mi (m 1,.., N ) da resposta de deformação apresentada na Eq. (2.74). De posse destes dados plota-se a função i x i (0) , onde o número de pontos da curva corresponde ao número i de ensaios realizados. O ajuste dessa curva irá fornecer os valores dos coeficientes a1,a2 , a3 e a4 . Um número de funções de fluência J(t ) igual aos i níveis de tensão aplicados pode consequentemente, ser calculado utilizando a Eq. (2.73). O valor final da função de fluência é simplesmente o valor médio das diversas funções obtidas. Deve-se observar que outra metodologia de ajuste pode ser utilizada desde que apresente melhor correlação numéricoexperimental. Equação constitutiva para relaxação de tensões Considerando continuidade da função ( ) no intervalo de integração e considerando o salto inicial de deformação pode-se reescrever a Eq. (2.59) da seguinte forma, 51 (t ) G(t ) f [ (0)] t 0 f [ ( )] G(t )d (2.75) Utilizando a técnica da integração por partes, pode-se ainda reescrever a Eq. (2.75) como segue, t (t ) G(0) f [ (t )] f [ ( )] 0 G(t ) d (t ) (2.76) Utilizando função semelhante à utilizada para fluência, pode-se descrever a função material f por um polinômio de quarta ordem, f [ (t )] b1 (t ) b2 (t )2 b3 (t )3 b4 (t )4 (2.77) onde bk (k 1,.., 4) são os coeficientes que caracterizam o comportamento material, juntamente com a função de relaxação G(t ) .Substituindo a Eq. (2.77) em (2.76), obtém-se a seguinte equação constitutiva, (t ) G(0)b1 (t ) b2 (t )2 b3 (t )3 b4 (t )4 t b1 ( ) b2 ( )2 b3 ( )3 b4 ( ) 4 0 G(t(t)) d (2.78) Considerando o ensaio de relaxação de tensões, onde se mantém uma deformação constante (t ) 0 1(t ) após o salto inicial de carregamento, e substituindo na Eq. (2.78) chega-se a seguinte função de fluência, G(t ) i (t ) b1 i b2 i b3 i b4 i 2 3 4 (2.79) A resposta de tensão à um nível i de deformação constante pode ser representada utilizando função exponencial similar ao apresentado na Eq. (2.74) para o ensaio de fluência. N i (t ) 0 i mi exp( t / R,m ) (2.80) m 1 52 onde para cada nível de deformação i , 0i é o coeficiente de tensão independente do tempo, e mi (m 1,.., N ) são os coeficientes de deformação dependentes do tempo. O procedimento para realização do ajuste e obtenção dos coeficientes bk (k 1,.., 4) e da função de relaxação G(t ) é análogo ao apresentado anteriormente para fluência. 2.2.2 Modelo de Green-Rivlin Utilizando os conceitos da mecânica do contínuo, pode-se representar a resposta de um material viscoelástico não-linear utilizando funções de múltiplas integrais hereditárias. A derivação formal não será apresentada aqui, e pode ser encontrada em FINDLEY et al. [23]. Ao invés disso, estende-se o princípio da superposição apresentado anteriormente para incluir os efeitos da não-linearidade. Embora menos rigorosa, esta derivação apresenta os mesmos resultados para a equação constitutiva unidimensional que a derivação formal utilizando a mecânica do contínuo. Se um histórico de tensão (t ) 0 1(t ) é aplicado a um material não-linear, como ilustrado na Fig. 2.14 (a), a resposta de deformação pode ser descrita por uma função polinomial como segue, 0 (t ) 0 J1(t ) 0 J2 (t ) 0 J3 (t ) ... 2 3 (2.81) Figura 2.14 – Respostas de deformação diversas 53 onde J1(t ) , J2 (t ) e J3 (t ) são as funções de fluência independentes que caracterizam a resposta do material não-linear. Na Eq. (2.81) apenas três termos são apresentados no polinômio, embora, a princípio, a descrição do comportamento possa ser melhorada com a adição de mais termos. As Fig. 2.14 (b) e (c) ilustram tensões 1 e 2 sendo aplicadas nos instantes t1 e t 2 respectivamente. Utilizando a mesma forma da Eq (2.81), as respostas de deformação para esses carregamentos podem ser descritas por, 2 3 1(t ) 1 J1(t t1) 1 J2 (t t1) 1 J3 (t t1), t t1 1(t ) 0, t t1 2 3 2 (t ) 2 J1(t t 2 ) 2 J2 (t t 2 ) 2 J3 (t t 2 ), t t 2 t t2 2 (t ) 0, (2.82) (2.83) As Eq. (2.82) e (2.83) consideram que a resposta de deformação para uma dada tensão é independente do instante em que ela foi aplicada. Por exemplo, se no instante t 2 o carregamento aplicado fosse 1 , a resposta de deformação seria a mesma para o instante t1 , ou seja, 1 . Este tipo de material que não apresenta envelhecimento pode ser chamado de non-aging. Materiais como o cimento e alguns adesivos, por exemplo, apresentam envelhecimento devido ao processo de cura. Consequentemente, a resposta do material depende do instante em que ele sofreu o carregamento relativamente ao instante em que ele foi criado ou iniciado o processo de cura. A hipótese adotada para o poliuretano do enrijecedor é de que o material não sofre o processo de envelhecimento. Considerando agora um carregamento com três saltos de tensão consecutivos, como mostrado na Fig. 2.15, observa-se que a resposta obtida com a aplicação do primeiro salto de tensão 0 é a mesma que a descrita na Eq. (2.81). Já a resposta para o segundo salto de carregamento não pode considerar apenas a soma das duas respostas 0 1 , como ocorreria no caso linear onde o principio da superposição é válido. 54 Figura 2.15 – Respostas de deformação para saltos de tensão Para o caso não-linear, o princípio da superposição aplicado na teoria linear é modificado e termos cruzados são incluídos, fornecendo a seguinte relação, (t ) 0 J1(t ) 0 J2 (t ,t ) 0 J3 (t ,t ,t ) 2 3 1 J1(t t1 ) 1 J2 (t t1,t t1 ) 1 J3 (t t1,t t1,t t1 ) 2 3 (2.84) 2 0 1 J2 (t ,t t1 ) 3 0 1 J3 (t ,t ,t t1 ) 3 0 1 J3 (t ,t t1,t t1 ) 2 2 Pode-se observar que a função J2 (t ) da Eq. (2.81), quando se considerou apenas um salto de tensão, se tornou J2 (t,t ) em (2.84). O termo 0 2 pode ser considerado como a ação separada de 0 e 0 , consequentemente, um parâmetro do tempo para cada tensão pode ser utilizado na função J2 (t,t ) . Argumento similar pode ser utilizado para as outras funções de fluência da Eq. (2.84). Cabe ainda ressaltar que o efeito cruzado de 0 em 1 é suposto idêntico ao de 1 em 0 . Dessa forma, J2 (t,t t1) J2 (t t1,t ) resultando no fator 2 no termo 2 01 J2 (t,t t1) . A constante 3 nos termos restantes é explicado de forma similar. Estes resultados podem ser expandidos para consideração de N saltos de tensão, como segue, 55 N (t ) J1(t t i ) i i 0 N N J 2 (t t i , t t j ) i j (2.85) i 0 j 0 N N N J3 (t t i , t t j , t t k ) i j k i 0 j 0 k 0 Se as funções de fluência J2 e J3 se anulam na Eq. (2.85), a equação se torna a mesma que para o caso linear, onde o princípio da superposição de Boltzmann é válido. A equação acima pode ser considerada como uma extensão deste princípio para inclusão de termos não-lineares. Considerando agora o caso limite, onde o número de incrementos de tensão tende a infinito, N , e ainda adicionando um quarto termo ao polinômio apresentado em (2.81) para melhor caracterização do comportamento, obtém-se a seguinte representação integral, t (t ) J1(t 1 ) 0 t t t 0 0 0 t 0 ( 1 ) d 1 1 J2 (t 1, t 2 ) t t 0 0 t t t 0 0 0 ( 1 ) ( 2 ) d 1d 2 1 2 J3 (t 1, t 2 , t 3 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) d 1d 2d 3 1 2 3 J 4 (t 1, t 2 , t 3 , t 4 ) (2.86) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) d 1d 2d 3 d 4 1 2 3 4 Considerações similares podem ser feitas para o caso de relaxação de tensões, obtendo-se, t (t ) G1(t 1 ) 0 t 0 t 0 ( 1 ) d 1 1 G2 (t 1, t 2 ) ( 1 ) ( 2 ) d 1d 2 1 2 ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) G3 (t 1, t 2 , t 3 ) d 1d 2d 3 0 0 0 1 2 3 t t 0 t t t t t 0 0 0 G4 (t 1, t 2 , t 3 , t 4 ) (2.87) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) d 1d 2d 3 d 4 1 2 3 4 Vale ressaltar que nas Eq. (2.86) e (2.87) utilizou-se termos de quarta ordem para representação da função polinomial apresentada em (2.81). Termos de ordem 56 superior podem ser utilizados, aumentando, consequentemente, o número de integrais múltiplas das equações constitutivas (2.86) e (2.87). As funções de fluência J1(t ) e relaxação G1(t ) são descritas em função de um único parâmetro de tempo t e podem, consequentemente, ser representadas por uma única curva. Já as funções de segunda ordem J2 (t, t ) e G2 (t, t ) devem ser representadas graficamente por uma superfície. Para as funções de terceira ordem ou superior não é possível apresentar uma representação gráfica. A obtenção experimental das funções que caracterizam o comportamento viscoelástico não-linear utilizando as funções de múltiplas integrais apresentadas em (2.86) e (2.87) requer um número muito elevado de experimentos, como mostrado por LOCKETT [29]. Um estudo na acurácia desta representação, apresentado por GRADOWCZYK [30], ressalta a elevada sensibilidade a erros experimentais. Além da difícil caracterização experimental das funções de relaxação e fluência, ainda existe a dificuldade numérica da resolução de problemas de valor de contorno utilizando múltiplas integrais. Dessa forma, diversos métodos aproximados são sugeridos para simplificar a formulação. Considerando, por exemplo, a aproximação do produto das funções como sugerido por NAKADA [31], obtém-se a seguinte relação para a função de fluência de terceira ordem apresentada na Eq. (2.86), J3 (t 1, t 2 , t 3 ) J3 (t 1) 1/ 3 J (t ) J (t ) 1/ 3 3 2 1/ 3 3 2 (2.88) Relação similar pode ser obtida para a função de relaxação. A forma aditiva também foi sugerida por alguns autores. GOTTENBERG et al. [32] propôs a seguinte forma para uma função de terceira ordem, J3 (t 1,t 2,t 3 ) J3 (3t 1 2 3 ) (2.89) ou ainda, como apresentado por FINDLEY et al. [23] J3 (t 1,t 2,t 3 ) 13 J3 (t 1) 13 J3 (t 2 ) 13 J3 (t 3 ) (2.90) Outra forma de simplificação da teoria não-linear apresentada por GREEN e RIVLIN [26] é a utilização do princípio da superposição modificado nas múltiplas integrais como mostrado no item 2.2.3 a seguir. Esta metodologia leva a mesma representação de integrais simples proposta por PIPKIN e ROGERS [25]. 57 2.2.3 Modelo baseado no princípio da superposição modificado De acordo com o princípio da superposição modificado, a resposta de deformação para uma série de N saltos de tensão pode ser expressa pela seguinte relação, N (t ) f ( i , t t i ) f ( i 1, t t i ), t tN (2.91) i 0 onde f é uma função não-linear da tensão e do tempo. Considerando N 1 , ou seja, apenas uma mudança no nível de tensão aplicada, obtém-se a seguinte resposta de deformação utilizando a Eq. (2.91), (t ) f ( 0 ,t t0 ) f ( 0 ,t t1) f (1,t t1), t t1 (2.92) A Fig. 2.16 ilustra o salto de carregamento e a resposta de deformação. No instante t1 , considera-se que a tensão 0 é removida enquanto 1 é aplicada no mesmo instante, mas como eventos independentes. Desta forma, a recuperação viscoelástica devido à retirada da tensão 0 em t1 pode ser descrita por, r (t ) f ( 0,t t0 ) f ( 0 ,t t1), t t1 (2.93) e a deformação devido a aplicação da tensão 1 no mesmo instante t1 dada por, c (t ) f ( 1,t t1), t t1 (2.94) A superposição das duas respostas irá fornecer a deformação total, ou seja, r c . Dessa forma a resposta de deformação devido a uma série de carregamentos instantâneos de tensão é descrita pela superposição da resposta individual de cada salto. Considerando o caso limite quando N pode-se descrever o somatório da Eq. (2.91) da seguinte forma, f ( ), t d ( ) 0 ( ) (t ) t (2.95) 58 ou seja, a mesma forma da Eq. (2.62) apresentada por PIPKIN e ROGERS [25]. A resposta da tensão em função da deformação pode ser obtida de forma análoga. Figura 2.16 – Ilustração do método da superposição modificado Alternativamente, a Eq. (2.95) pode ser obtida diretamente da representação por integrais múltiplas apresentadas por GREEN e RIVLIN [26]. De acordo com NOLTE e FINDLEY [33], as equações constitutivas de fluência e relaxação (2.86) e (2.87) podem ser redefinidas como função do menor tempo anterior i . Esta redefinição limita a memória da representação por múltiplas integrais, mas simplifica de forma significativa a equação constitutiva. Considerando, por exemplo, a função de fluência de terceira ordem J3 (t 1,t 2,t 3 ) e redefinindo como uma função da ocorrência mais recente ou do menor tempo t 3 pode-se escrever, 59 J3 (t 1,t 2,t 3 ) J3 (t 3 ) (2.96) Aplicando esta metodologia na integral de terceira ordem da Eq. (2.86), chegase a seguinte relação, t t t 0 0 0 J3 (t 1, t 2 , t 3 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) d 1d 2d 3 1 2 3 (2.97) t J3 (t ) ( ) ( ) ( )d J3 (t ) ( )3 d 0 0 t Equações constitutivas para fluência Aplicando este método para todas as integrais múltiplas da Eq. (2.86) e considerando o salto inicial da tensão, obtém-se, (t ) J1(t ) (0) J2 (t ) (0)2 J3 (t ) (0)3 J4 (t ) (0) 4 t ( ) ( )2 d J2 (t ) d 0 0 t t ( )3 ( ) 4 J3 (t ) d J4 (t ) d 0 0 t J1(t ) (2.98) Sabendo que, ( )n ( ) n ( )n1 (2.99) pode-se reescrever a Eq. (2.98) como, (t ) J1(t ) (0) J2 (t ) (0) 2 J3 (t ) (0)3 J4 (t ) (0) 4 t J1(t ) 2J2 (t ) ( ) 3J3 (t ) ( )2 4J 4 (t ) ( )3 0 ( ) d (2.100) Esta é a mesma forma da equação constitutiva obtida por PIPKIN e ROGERS [25] e apresentada na Eq. (2.62), sendo a função C ( ),t descrita pela seguinte relação, C ( ), t J1(t ) ( ) J2 (t ) ( )2 J3 (t ) ( )3 J4 (t ) ( )4 (2.101) 60 Utilizando a técnica de integração por partes pode-se descrever alternativamente a Eq (2.98) como, (t ) J1(0) (t ) J2 (0) (t )2 J3 (0) (t )3 J4 (0) (t )4 t ( ) 0 t t J1(t ) J (t ) d ( )2 2 d 0 (t ) (t ) ( )3 0 (2.102) t J3 (t ) J (t ) d ( )4 4 d 0 (t ) (t ) As funções de fluência J1 , J2 , J3 e J4 são descritas adequadamente para muitos materiais viscoelásticos pelas seguintes séries de Prony, N J ( t ) J Jm1 exp(t / C ,m ) 01 1 m 1 N J ( t ) J Jm 2 exp(t / C ,m ) 02 2 m 1 N J (t ) J J exp(t / ) 03 m3 C ,m 3 m 1 N J (t ) J J exp(t / ) 04 m4 C ,m 4 m 1 (2.103) onde J 01 , J 02 , J03 , J04 e Jm1 , Jm2 , Jm3 , Jm4 , C,m ( m 1,.., N ) são os coeficientes que caracterizam o material e devem ser obtidos experimentalmente e N é o número de termos da série. Deve-se ressaltar que qualquer outra forma das funções de fluência pode ser utilizada desde que o ajuste da deformação com o tempo i (t ) apresente a melhor correlação. Para o ensaio de fluência, quando se aplica uma tensão (t ) i 1(t ) , com o índice i se referindo à tensão constante aplicada, chega-se a seguinte relação, i (t ) J1(t ) i J2 (t ) i J3 (t ) i J4 (t ) i 2 3 4 (2.104) Foi demonstrado por diversos autores, que para uma determinada classe de polímeros, a deformação de fluência i (t ) resultante de carregamento de tração, compressão, torção ou combinados pode ser descrita para uma temperatura específica pela mesma função utilizada no modelo de Leaderman e apresentada em (2.74). Esta relação representa a fluência de materiais que apresentam deformação 61 constante quando o tempo tende a infinito. Os coeficientes são obtidos ajustando diretamente a curva de deformação x tempo obtida nos ensaios de fluência para cada tensão aplicada. Utilizando a Eq. (2.74) e substituindo (2.103) em (2.104) com manipulações algébricas, obtém-se a seguinte relação, 2 3 4 0 i J01 i J02 i J03 i J04 i 2 3 4 mi Jm1 i Jm 2 i Jm 3 i Jm 4 i (m 1,.., N ) (2.105) Os coeficientes J 01 , J02 , J03 e J04 podem ser obtidos fazendo o ajuste da curva 0i x i para os i níveis de tensão ensaiados. De forma semelhante os coeficientes J mi ( m 1,.., N ) podem ser obtidos através do ajuste da curva mi x i . Uma vez obtidos os coeficientes, deve-se verificar a eficácia de representação da Eq. (2.98) para o material viscoelástico não-linear em questão. Isto é feito comparando-se o resultado do ajuste da Eq.(2.98), utilizando a forma da função de fluência apresentada na Eq. (2.103), com os ensaios realizados. Equações constitutivas para relaxação De forma similar à representação matemática de fluência, a relaxação de materiais poliméricos pode ser determinada, considerando o salto da deformação no tempo inicial, pela seguinte expressão, (t ) G1(t ) (0) G2 (t ) (0) 2 G3 (t ) (0)3 G4 (t ) (0) 4 t ( ) ( ) 2 d G2 (t ) d 0 0 t t ( )3 ( ) 4 G3 (t ) d G4 (t ) d 0 0 t G1(t ) (2.106) Sabendo que, ( )n ( ) n ( )n1 (2.107) Pode-se reescrever a Eq. (2.106) como, 62 (t ) G1(t ) (0) G2 (t ) (0)2 G3 (t ) (0)3 G4 (t ) (0) 4 t G1(t ) 2G2 (t ) ( ) 3G3 (t ) ( )2 4G4 (t ) ( )3 0 ( ) d (2.108) Esta é a mesma forma da equação constitutiva obtida por PIPKIN e ROGERS [25] e apresentada na Eq. (2.63), sendo a função R ( ),t descrita pela seguinte relação, R ( ), t G1(t ) ( ) G2 (t ) ( )2 G3 (t ) ( )3 G4 (t ) ( )4 (2.109) Utilizando integração por partes pode-se ainda reescrever a Eq (2.108) como, (t ) G1 (0) (t ) G2 (0) (t ) 2 G3 (0) (t ) 3 G4 (0) (t ) 4 t t G (t ) G2 (t ) ( ) 1 d ( ) 2 d 0 0 (t ) (t ) t t G3 (t ) G4 (t ) ( ) 3 d ( ) 4 d 0 0 (t ) (t ) (2.110) As funções de fluência G1 , G2 , G3 e G4 podem ser descritas por, N G ( t ) G Gm1 exp(t / R ,m ) 01 1 m 1 N G ( t ) G Gm 2 exp(t / R ,m ) 02 2 m 1 N G (t ) G G exp(t / ) 03 m3 R ,m 3 m 1 N G (t ) G G exp(t / ) 04 m4 R ,m 4 m 1 (2.111) onde G01 , G02 , G03 , G04 , Gm1 , Gm 2 , Gm 3 , Gm 4 , R,m ( m 1,.., N ) são os coeficientes que caracterizam o material, obtidos experimentalmente, e N é o número de termos adotados na série de Prony. De maneira similar ao realizado para fluência, as funções de relaxação devem ter a mesma forma que a função utilizada para o ajuste da resposta de tensão com o tempo i (t ) . Para este ensaio, onde se aplica e mantém uma deformação constante (t ) i 1(t ) , tem-se, 63 i (t ) G1(t ) i G2 (t ) i G3 (t ) i G4 (t ) i 2 3 4 (2.112) O cálculo dos coeficientes das funções de relaxação é feito seguindo procedimento similar ao descrito anteriormente para o ensaio de fluência. Relação entre relaxação e fluência Uma vez realizados os ensaios de fluência para diversos níveis de tensão constante, pode-se obter numericamente as relações entre as funções de fluência Jk (t ) (k 1,.., 4) e relaxação Gk (t ) (k 1,.., 4) . Uma forma de se obter a resposta de tensão para uma dada deformação constante conhecendo a função de fluência é resolver numericamente a Eq. (2.100). Isto pode ser feito discretizando a equação e utilizando o método de Euler, por exemplo, como segue, Defi J1(t inc t ) i (0) J2 (t inc t ) i (0)2 J3 (t inc t ) i (0)3 J4 (t inc t ) i (0) 4 J1(t inc inc )t 2J2 (t inc inc )t i (0) i ( inc 1) i ( inc ) 2 t 3J3 (t inc inc )t i (0) 3 t inc 1 4J (t t 4 inc inc )t i (0) 2 inc 0 J1(t inc ( inc 1))t 2J2 (t inc ( inc 1))t i (0) i ( inc 1) i ( inc ) 3J (t ( 1))t (0)2 t 3 inc inc i 4J (t ( 1))t (0)3 4 inc inc i (2.113) onde Defi é a deformação constante para a qual se deseja obter a resposta da tensão variando com o tempo, t é o incremento de tempo utilizado, tinc t / t e inc / t . Deve-se observar que para cada incremento de tempo t inc , deve-se resolver uma equação polinomial de ordem 4 para explicitar a tensão nesse tempo. Além disso, a solução obtida em um tempo anterior é necessária para resolução da equação no tempo atual devido a integral hereditária da equação. Uma vez que os históricos de tensão i sejam calculados numericamente para os i níveis de deformação Defi , obtidos experimentalmente, os coeficientes das equações de relaxação podem ser obtidos seguindo procedimento semelhante ao descrito para obtenção dos coeficientes de fluência. 64 2.2.4 Resposta viscoelástica não-linear no domínio da frequência Procedimento similar ao adotado para o caso da teoria linear no domínio da frequência considerando a história de deformação apresentada em (2.43) pode ser aplicado para o caso não-linear considerando o modelo baseado no princípio da superposição modificado. As funções de relaxação apresentadas na Eq. (2.111) podem ser reescritas da seguinte forma, G1(t ) G01 G1(t ) G2 (t ) G02 G2 (t ) G3 (t ) G03 G3 (t ) G4 (t ) G04 G4 (t ) (2.114) Os termos Gk (t ) (k 1,.., 4) da função relaxação de tensão podem ser definidos utilizando a série de Prony de três termos, como segue, G1(t ) G11 exp t / R,1 G21 exp t / R,2 G31 exp t / R,3 G2 (t ) G12 exp t / R,1 G22 exp t / R,2 G32 exp t / R,3 G3 (t ) G13 exp t / R,1 G23 exp t / R,2 G33 exp t / R,3 G (t ) G exp t / G exp t / G exp t / 14 R ,1 24 R ,2 34 R ,3 4 (2.115) Através de mudança de variáveis, a equação constitutiva (2.110) pode ser reescrita da seguinte forma, (t ) G1(0) (t ) G2 (0) (t )2 G3 (0) (t )3 G4 (0) (t )4 t t dG ( ) dG2 ( ) (t ) 1 d (t )2 d 0 0 d d t t dG3 ( ) dG4 ( ) (t )3 d (t )4 d 0 0 d d (2.116) Com o objetivo de simplificar a equação constitutiva no domínio da frequência, pode-se definir as seguintes relações utilizando as funções de relaxação (2.114) quando t , 65 t Gk ( ) Gk ( w ) Gk (0) 0 cosw d t G ( w ) sinw Gk ( ) d k 0 (2.117) Substituindo (2.115) em (2.117), obtém-se, G1k G2 k G3 k Gk (w ) Gk (0) 2 2 2 2 2 2 ( 1 w ) ( 1 w ) ( 1 w ) R ,1 R ,2 R ,3 G1k 1 G2 k 2 G3 k 3 Gk(w ) w (1 w 2 2 ) (1 w 2 2 ) (1 w 2 2 ) R ,1 R ,2 R ,3 (2.118) Da mesma forma que para o caso linear, as funções Gk (w ) podem ser consideradas como módulo de armazenamento e Gk(w ) como módulo de perda, associado à dissipação de energia. Fazendo uso das equações acima e substituindo o histórico de deformação harmônico, descrito na Eq. (2.43), na equação constitutiva (2.116), obtém-se com manipulações algébricas, 66 (w ,t ) 0G1() 02G2 () 03G3 () 04G4 () 3 G () 3 2 2 0G3 () 3 02G4 () 4 G4 () 2 8 2 G1(w ) 2 0G2 (w ) 3 02 G3 (w ) 4 03 G4 (w ) sinw t 3 3 G3 (w ) 3 0G4 (w ) 4 G1(w ) 2 0G2(w ) 3 02 G3(w ) 4 03 G4(w ) cosw t 3 3 G3(w ) 3 0G4(w ) 4 3 1 1 sin(2wt ) 2 G2(2w ) 0G3(2w ) 3 02G4(2w ) 4 G4(2w ) 2 2 2 (2.119) 3 1 1 cos(2wt ) 2 G2 (2w ) 0G3 (2w ) 3 02G4 (2w ) 4 G4 (2w ) 2 2 2 1 sin3wt 3 G3 (3w ) 0G4 (3w ) 4 1 cos3wt 3 G3(3w ) 0G4(3w ) 4 1 1 sin4wt 4 G4( 4w ) cos4wt 4 G4 ( 4w ) 8 8 O resultado acima se torna idêntico ao caso linear se apenas a função G1(t ) for considerada como propriedade material. Para este caso a resposta de tensão para um histórico de tensão senoidal apresenta componentes harmônicos até sin(4wt ), cos(4wt ). A importância desses componentes pode ser verificada utilizando os resultados experimentais obtidos. 2.3 Ensaios experimentais e ajuste Normas e corpos de prova Para caracterização da resposta mecânica do poliuretano utilizado em enrijecedores à flexão, corpos de prova (CP) retirados de uma estrutura real foram utilizados. A geometria do corpo de prova foi selecionada de acordo com a norma ASTM D 2990 (Standard Test Methods for Tensile, Compressive and Flexural Creep and Creep-Rupture of Plastics) [34] que recomenda o uso dos Tipos I ou II descritos 67 na norma ASTM D 638 (Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics) [35]. As dimensões do Tipo I são adotadas, pois esta apresenta maior largura da seção mais estreita do corpo de prova quando comparada com o Tipo II. Com a adoção da maior área da seção transversal a influência da vibração do sistema na resposta do poliuretano é minimizada, assim como uma possível influência do extensômetro na deformação medida. Um total de 50 CPs foram usinados para realização dos ensaios experimentais. Para cada amostra, as medidas de espessura e largura são registradas em três pontos ao longo da seção mais estreita e sua respectiva área média calculada. A Fig. 2.17 ilustra as dimensões utilizadas nos corpos de prova. Figura 2.17 - Geometria dos corpos de prova [mm] Descrição dos ensaios Os ensaios de tração e relaxação foram realizados em uma máquina Instron (modelo 5567) do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da COPPE/UFRJ. A medição da deformação foi feita com extensômetro apropriado para elastômeros (Instron Long Travel Elastomeric Extensometer, modelo OP-1439). Foram realizados ensaios de tração com três diferentes taxas de carregamento até cerca de 30% de deformação e testes de relaxação de tensões com seis diferentes níveis de deformação ( 2,5, 5,0, 7,5, 10,0, 20,0, 30,0% ) por um período de 4h para cada ensaio, como será visto a seguir. A Fig. 2.18 ilustra o extensômetro colocado no corpo de prova e as garras do aparato de ensaio. Embora a temperatura apresente elevada influência na resposta mecânica do poliuretano, esta não foi avaliada na formulação matemática nem nos ensaios experimentais realizados, onde se manteve uma temperatura laboratorial em torno de 24°C. A umidade relativa do ar, embora monitorada, também não foi controlada durante os ensaios. Os resultados obtidos e os ajustes realizados para os ensaios de tração e relaxação são apresentados, respectivamente, nos itens 2.3.1 e 2.3.2 a seguir. 68 Figura 2.18 – Corpo de prova e extensômetro 2.3.1 Ensaios de tração Os ensaios de tração foram realizados com três taxas de carregamento constantes, ou seja, velocidades do travessão de: 5, 50 e 500 mm/min. Foram utilizadas três amostras para cada taxa, totalizando nove ensaios de tração. As amostras foram tracionadas até atingir uma deformação de aproximadamente 30%, medida através do extensômetro. Os resultados médios obtidos são mostrados até a deformação de 30% na Fig. 2.19 e até 5% na Fig. 2.20. Pode-se observar que quanto maior a taxa de carregamento, maior será a tensão necessária para atingir um mesmo nível de deformação, ilustrando a influência da taxa de carregamento na resposta do poliuretano devido ao seu comportamento viscoelástico. Embora não caracterize necessariamente viscoelasticidade não-linear, verifica-se na Fig. 2.20 que mesmo para valores de deformação menores do que 5% a curva tensão x deformação não apresenta linearidade. 69 7,0 5 mm/min 50 mm/min 500 mm/min 6,0 Tensão [MPa] 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 0 5 10 15 20 25 30 Deformação [%] Figura 2.19 - Ensaios de tração (0-30%) 3,5 5 mm/min 50 mm/min 500 mm/min 3,0 Tensão [MPa] 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 Deformação [%] Figura 2.20 - Ensaios de tração (0-5%) 70 Uma forma de avaliar a validade da teoria da viscoelasticidade linear para caracterização do comportamento mecânico do poliuretano pode ser feita utilizando a Eq. (2.14) que considera o histórico de deformação com taxa constante descrita por (t ) t . Como discutido anteriormente, para material linear a relação / x / não depende da taxa de deformação aplicada. A Fig. 2.21 mostra claramente diferentes resultados para as três taxas de carregamento adotadas, indicando, portanto, comportamento não-linear. 5 mm/min 50 mm/min 500 mm/min 10 1 0,1 0,1 1 10 100 Figura 2.21 - Influência da taxa de carregamento A Tab 2.1 mostra os valores de módulo secante calculados considerando deformações de 1, 2,5, 5, e 10% para as três taxas de carregamento utilizadas nos ensaios de tração.Observa-se uma diferença expressiva de 41%, por exemplo, para o módulo secante calculado a 1% de deformação quando se compara as taxas de 5 e 500 mm/min. Além disso, pode-se verificar que quanto maior o valor de deformação utilizado, menores os valores de módulo secante calculado. 71 Tabela 2.1 – Módulo secante para os ensaios de tração Taxa de Módulo secante [MPa] carregamento [mm/min] 1,0% 2,5% 5,0% 10,0% 5 68 61 52 37 50 70 67 58 42 500 96 80 67 47 Conclui-se, consequentemente, que devido ao comportamento não-linear dependente do tempo do poliuretano, a escolha de um módulo de elasticidade representativo da resposta mecânica do enrijecedor deve ser feita com cautela. Além disso, como mostrado por VAZ et al. [14], o poliuretano apresenta comportamento assimétrico (resposta em tração diferente da resposta em compressão), o que pode dificultar ainda mais a escolha de um valor adequado para este parâmetro já que o enrijecedor pode sofrer compressão devido aos esforços de flexão. 2.3.2 Ensaios de relaxação Procedimento de ensaio Os ensaios de relaxação de tensão foram realizados com os seguintes níveis de deformação constante: 2,5, 5,0, 7,5, 10,0, 20,0, 30,0% . A deformação da amostra é medida através do extensômetro e a tensão é calculada dividindo a força aplicada, medida através da célula de carga, pela área média da seção transversal inicial (tensão de engenharia). Com o objetivo de obter um valor médio, foram utilizadas duas amostras para cada nível de deformação adotado. A Instron é programada através do software próprio do equipamento BlueHill de modo que o deslocamento do travessão se mantenha fixo após atingir um determinado nível de deformação medido pelo extensômetro. O decaimento da tensão é então medido pela célula de carga por um período de 4 h ou 14400 s no ambiente com temperatura constante de 24°C. A Tab. 2.2 mostra as taxas de carregamento adotadas nos instantes iniciais do ensaio até atingir o nível de deformação a ser mantido constante ao longo do ensaio. A Fig. 2.22 ilustra o deslocamento adimensional ( / max ) do travessão para cada uma das deformações aplicadas. 72 Tabela 2.2 - Taxa de carregamento para cada nível de deformação Deformação [%] Taxa [mm/min] 2,50 250 5,00 250 7,50 500 10,00 500 20,00 500 30,00 500 1,2 1,1 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 2.5% 5% 7.5% 10% 20% 30% 0,3 0,2 0,1 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 Tempo [s] Figura 2.22 - Deslocamento adimensional do travessão Resultados do ensaio e ajuste viscoelástico Os resultados dos ensaios de relaxação são ajustados utilizando o modelo de LEADERMAN [24] e o modelo obtido através do princípio da superposição modificado (PSM) apresentado por PIPKIN e ROGERS [25], obtido alternativamente através de simplificações do modelo de múltiplas integrais de GREEN e RIVLIN [26]. A Eq. (2.78) é utilizada para o ajuste do modelo de Leaderman, enquanto a Eq. (2.108) é utilizada para o PSM. 73 Para o modelo de Leaderman, faz-se o ajuste dos coeficientes 0i e mi (m 1,.., 4) da resposta de tensão apresentada na Eq. (2.80) para os seis níveis de deformação aplicados ( i 1,..,6) . De posse destes dados plota-se a função i x i (0) com os seis pontos correspondentes aos ensaios realizados. O ajuste da curva é feito utilizando o método dos mínimos quadrados fornecendo os valores dos coeficientes b1, b2 , b3 e b4 . Utilizando estes coeficientes, seis funções de relaxação podem ser obtidas utilizando a Eq. (2.79). O valor final da função de relaxação é obtido fazendose a média das funções obtidas. Os valores dos coeficientes b1, b2 , b3 , b4 e da função de relaxação são apresentados na Tab. 2.3. Vale ressaltar que para este modelo, outras formas de ajuste podem ser utilizadas. Os coeficientes bk ( k 1,.., 4) , por exemplo, podem ser obtidos considerando os resultados de um ensaio de tração a uma determinada taxa para caracterizar a não-linearidade, e a função de relaxação ajustada considerando apenas um nível de deformação para caracterizar sua dependência no tempo. Para o modelo PSM, a primeira etapa do ajuste consiste em utilizar o método dos mínimos quadrados para obter os coeficientes da resposta de tensão para cada nível de deformação aplicado no ensaio de relaxação. O número de termos utilizados na série de Prony para este ajuste deve ser o mesmo do utilizado no ajuste das curvas de relaxação Gi (t ) . Considerando, por exemplo, 2,5% como o primeiro nível de deformação e a utilização de quatro termos na série de Prony, cinco coeficientes da curva tensão devem ser calculados, ou seja, 01, 11, 21, 31 e 41 . Procedimento similar deve ser utilizado para os outros cinco níveis de deformação adotados (5, 7,5, 10, 20 e 30%), totalizando 30 coeficientes a serem calculados para as respostas de tensão. O Anexo I apresenta o resultado desses ajustes. Os coeficientes R,1, R,2 , R,3 e R,4 são calculados fazendo-se uma média dos valores ajustados em cada nível de deformação. Na segunda etapa do ajuste, deve-se utilizar os coeficientes das curvas de tensão obtidos anteriormente para formar função similar à descrita na Eq. (2.105) para o ensaio de fluência e, utilizando o método dos mínimos quadrados, calcular os coeficientes das funções de relaxação Gk (t ) (k 1,..,4) . Estes coeficientes são apresentados na Tab. 2.4 e a curva para cada função nas Fig. 2.24 – 2.27. Os ajustes foram feitos utilizando a unidade de MPa para tensão e mm/mm para deformação. A Fig. 2.23 apresenta o espectro de relaxação calculado utilizando a aproximação proposta por CHRISTENSEN [22] e apresentado na Eq. (2.34). 74 Tabela 2.3 - Coeficientes da função de relaxação não-linear – ajuste Leaderman k Gk [MPa/ MPa] b k [MPa] k [s ] 0 0,716 --- --- 1 0,136 78,50 3,33 2 0,069 -521,21 66,13 3 0,043 1738,60 659,55 4 0,050 -2117,55 6852,15 Tabela 2.4 - Coeficientes da função de relaxação não-linear – ajuste PSM k G0k [MPa] G1k [MPa] G2k [MPa] G3k [MPa] G4k [MPa] k [s ] 1 57,93 9,153 4,785 3,210 3,429 3,33 2 -394,60 -53,12 -29,83 -21,71 -21,94 66,13 3 1305,91 175,87 103,65 76,59 76,58 659,55 4 -1579,21 -214,45 -129,80 -96,93 -97,17 6852,15 10 1 H() 0,1 0,01 1E-3 1E-4 0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 [s] Figura 2.23 – Espectro de relaxação 75 80 G1(t) [MPa] 75 70 65 60 55 0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 t [s] Figura 2.24 – Função de relaxação G1( t ) -390 -400 G2(t) [MPa] -410 -420 -430 -440 -450 -460 -470 10 100 1000 10000 t [s] Figura 2.25 – Função de relaxação G2 ( t ) 76 1550 G3(t) [MPa] 1500 1450 1400 1350 1300 10 100 1000 10000 t [s] Figura 2.26 – Função de relaxação G3 ( t ) -1550 -1600 G4(t) [MPa] -1650 -1700 -1750 -1800 -1850 -1900 10 100 1000 10000 t [s] Figura 2.27 – Função de relaxação G4 ( t ) 77 A Fig. 2.28, mostrada a seguir, apresenta os resultados obtidos nos ensaios de relaxação. Pode-se observar que o modelo utilizando o PSM apresenta melhor correlação com os dados experimentais obtidos, principalmente para valores mais altos de deformação, quando comparado com o ajuste de Leaderman. Consequentemente, este será o modelo adotado na formulação matemática do sistema duto flexível/enrijecedor à flexão. A Fig. 2.29 mostra os mesmos resultados da Fig. 2.28 utilizando, entretanto, escala logarítmica para o tempo. Verifica-se que mesmo após 4h de ensaio, o material continua apresentando relaxação de tensão, destacando a necessidade de um ensaio mais longo para definição do valor limite quando t . A utilização de aparato servohidráulico para realização de ensaio de relaxação de longo prazo não se torna viável devido ao custo envolvido e a necessidade de mobilização de diversos equipamentos. A solução usualmente adotada é a utilização de um aparato específico para realização de ensaios de relaxação ou fluência onde diversas amostras podem ser testadas por um período que pode durar, em alguns casos, meses ou até anos. A Fig. 2.30 apresenta o módulo de perda G1( w ) e armazenamento G1( w ) da função de relaxação apresentada anteriormente. O módulo de perda está associado à dissipação de energia viscoelástica do material e apresenta seu máximo para um período de oscilação harmônica em torno de 20-25 seg. Para frequências a partir deste valor, a função apresenta decaimento contínuo. 78 7.0 Ajuste PSM Ajuste Leaderman Ensaio 6.5 6.0 5.5 Tensão [MPa] 5.0 30% 4.5 20% 4.0 3.5 10% 3.0 7.5% 2.5 5.0% 2.0 1.5 2.5% 1.0 0.5 0.0 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 Tempo [s] Figura 2.28 - Resultados do ensaio de relaxação 6,0 Ajuste PSM Ajuste Leaderman Ensaio 5,5 5,0 30% Tensão [MPa] 4,5 20% 4,0 3,5 10% 3,0 7.5% 2,5 5.0% 2,0 1,5 2.5% 1,0 10 100 1000 10000 Tempo [s] Figura 2.29 - Resultados do ensaio de relaxação (escala logarítmica) 79 82 G'[MPa] G''[MPa] 5 80 78 4 G1'[MPa] 3 74 2 72 70 G1''[MPa] 76 1 68 0 66 0,01 0,1 1 Frequência [Hz] Figura 2.30 – Módulo de perda e armazenamento Curva isocrônica – verificação da não-linearidade Como descrito anteriormente no item 2.1.4, uma forma de verificação da hipótese de linearidade e interpretação da resposta viscoelástica é o uso do conceito de curva isocrônica. A curva é feita utilizando o valor da resposta de tensão obtida em um determinado tempo para cada nível de deformação adotado. A Fig. 2.31 apresenta esta função para os sete níveis de deformação adotados no ensaio de relaxação realizado, ou seja, 2,5, 5,0, 7,5, 10,0, 20,0, 30,0% . Foram considerados seis instantes de tempo diferentes na determinação das curvas. Verifica-se claramente a não-linearidade para valores de deformação maiores que 5%, embora não se possa determinar um valor acurado para este limite, pois apenas dois pontos são utilizados para definição da curva nesta faixa. Observa-se, como esperado, que quanto maior o tempo decorrido de ensaio menor será a inclinação da curva ou módulo tangente, e ainda que, a maior variação da curva ocorre nos instantes iniciais de ensaio. 80 Isocrônica t=0 t = 30s 6,0 t = 60s t = 1h t = 2h 5,0 t = 4h Tensão [MPa] 7,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 0 5 10 15 20 25 30 Deformação [%] Figura 2.31 – Curva isocrônica Comparação do ajuste viscoelástico linear e não-linear O ajuste viscoelástico realizado no ensaio de relaxação pode ser utilizado para determinação da curva tensão x deformação quando se considera um histórico de carregamento constante. Considerando, por exemplo, as mesmas taxas de carregamento utilizadas no ensaio de tração, ou seja, 5, 50 e 500 mm/min e utilizando a Eq. (2.29) para o ajuste viscoelástico linear e a Eq. (2.110) para o ajuste não-linear, obtêm-se as curvas observadas nas Fig. 2.32-33. Os coeficientes utilizados no caso viscoelástico não-linear são apresentados na Tab. 2.4, enquanto para o caso linear apenas o primeiro termo do ajuste é mantido. Os resultados do ensaio de tração também são apresentados no mesmo gráfico para efeitos de comparação. Verifica-se uma boa correlação quando se compara o resultado do ensaio de tração com a caracterização do ensaio de relaxação, confirmando a escolha da teoria não-linear adotada para representação do comportamento viscoelástico não-linear. Embora o ajuste viscoelástico linear leve em conta o efeito da taxa de carregamento na resposta tensão x deformação, este só apresenta valores próximos ao ajuste nãolinear para pequenos valores de deformação. 81 10,0 9,0 8,0 Taxa [mm/min] 5 50 500 Ajuste visco linear Tensão [MPa] 7,0 6,0 Ensaio de tração 5,0 4,0 3,0 Ajuste visco não-linear 2,0 1,0 0,0 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 Deformação [mm/mm] Figura 2.32 – Ensaio de tração x ajustes viscoelásticos de relaxação (0-15%) 4,0 3,5 Tensão [MPa] 3,0 Taxa [mm/min] 5 50 500 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 Deformação [mm/mm] Figura 2.33 – Ensaio de tração x ajustes viscoelásticos de relaxação (0-5%) 82 De modo semelhante ao apresentado anteriormente na Tab. 2.1 para os ensaios de tração, a Tab. 2.5 mostra os valores de módulo secante calculados considerando deformações de 1, 2,5, 5, e 10% para três taxas de deformação substituídas nos ajustes viscoelásticos linear e não-linear realizados para o ensaio de relaxação. A tabela destaca o observado na Fig. 2.32, ou seja, mesmo para pequenos valores de deformação a teoria da viscoelasticidade linear não representa de forma adequada o comportamento do poliuretano utilizado na fabricação do enrijecedor. O módulo secante calculado a 10% de deformação considerando as curvas obtidas para uma taxa de 500 mm/min, por exemplo, fornecem uma diferença de cerca de 92% entre a teoria linear e não-linear. Tabela 2.5 – Módulo secante para os ajustes viscoelásticos Módulo secante [MPa] Taxa de carregamento 1,0% 2,5% 5,0% 10,0% [mm/min] L NL L NL L NL L NL 5 71 66 69 58 68 48 66 34 50 77 71 75 63 73 52 71 37 500 78 75 78 67 78 56 77 40 Considerando os resultados experimentais apresentados, conclui-se que a teoria da viscoelasticidade não-linear apresentada representa de forma adequada as nãolinearidades e os efeitos da taxa de carregamento observados na resposta de tensão x deformação do poliuretano. A teoria da viscoelasticidade linear, embora capture intrinsecamente o efeito da taxa de carregamento na resposta do poliuretano não apresenta boa correlação com os ensaios experimentais, mesmo para valores moderados de deformação. Como, usualmente, em operação, o enrijecedor à flexão está sujeito a deformações maiores que 10%, recomenda-se o uso da teoria não-linear para caracterização do seu comportamento mecânico. 83 3 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DO FLEXÍVEL/ENRIJECEDOR À FLEXÃO SISTEMA DUTO Os modelos existentes para avaliação de esforços mecânicos em enrijecedores à flexão são baseados na análise de uma viga engastada, com seção variável e sujeita a grandes deslocamentos. A metodologia para obtenção das condições de carregamento a ser aplicada no modelo local foi apresentada anteriormente no Capítulo 1, assim como as propriedades mecânicas do poliuretano utilizado na fabricação do enrijecedor à flexão foram mostradas no Capítulo 2. Um desenho esquemático do modelo utilizado para análise local quase-estática do sistema é mostrado na Fig. 3.1. O sistema é composto pelo duto flexível e pelo enrijecedor à flexão, sendo ambos considerados engastados em sua parte inicial. Na extremidade livre, o duto está sujeito a uma tração F (t ) e um ângulo de contorno L (t ) , ambos variando com o tempo de acordo com as condições ambientais e movimentos da unidade flutuante de produção. Uma parte do duto é incorporada ao modelo para garantir que a condição de contorno do ângulo não seja perturbada por efeitos do enrijecedor no modelo completo do sistema. O modelo de viga é utilizado nas fases iniciais de projeto e análise, quando se deseja uma resposta global do sistema. Quando existe a necessidade de avaliar pontos de concentração de tensões, tais como, a região de interface do enrijecedor com seu suporte, faz-se uso de análises tridimensionais através do método dos elementos finitos. Y O x(s) y(s) X F(t) L Figura 3.1 – Desenho esquemático do sistema duto flexível/enrijecedor à flexão 84 Neste capítulo, a formulação matemática do sistema é apresentada considerando o enrijecedor à flexão com comportamento viscoelástico linear e nãolinear, inicialmente no domínio do tempo e posteriormente estendido para obtenção da resposta harmônica em regime permanente utilizando o método da perturbação. Embora tenha se verificado através dos ensaios experimentais que a teoria linear não representa de forma adequada a resposta mecânica do poliuretano, a formulação matemática do modelo linear é mantida como forma de verificação e validação do modelo não-linear. O item 3.1 apresenta e discute as hipóteses simplificadoras adotadas no desenvolvimento do modelo matemático, o item 3.2 apresenta as relações trigonométricas, enquanto no item 3.3 o equilíbrio de forças e momentos é apresentado. A formulação matemática de cada modelo e os respectivos sistemas de equações diferenciais resultantes são então apresentados nos itens 3.4 e 3.5, para teoria viscoelástica linear e não-linear, respectivamente. 3.1 Hipóteses simplificadoras A formulação matemática para o modelo local do sistema composto pelo duto flexível e pelo enrijecedor à flexão é apresentada neste trabalho considerando as seguintes hipóteses simplificadoras: a) teoria de viga de Euler-Bernoulli, sendo ambas estruturas engastadas em sua parte inicial; b) deformação axial é desconsiderada para as duas estruturas; c) o espaçamento radial entre as estruturas é desconsiderado; d) o duto flexível é considerado com rigidez flexional constante ao longo do comprimento; e) o poliuretano do enrijecedor é considerado com resposta viscoelástica e, consequentemente, amortecimento estrutural; f) comportamento mecânico em tração é igual ao em compressão; g) os efeitos dinâmicos devido à massa do sistema são desconsiderados; h) a força e o ângulo de topo são funções harmônicas. A teoria de Euler-Bernoulli para a flexão de vigas não considera o efeito da deformação de cisalhamento devido à ação do cortante, considerando apenas a deformação causada pelo momento fletor. Quanto mais delgada for a viga, maior será 85 a predominância do momento fletor nas deflexões e menor a parcela do esforço cortante. Os efeitos desta hipótese foram avaliados por CAIRE [13], que considerou inicialmente um modelo com deformação angular única. Posteriormente, avaliou o efeito do cisalhamento utilizando um modelo em elementos finitos utilizando o software Abaqus [12]. Neste modelo considerou diferentes deformações angulares para o enrijecedor e para o duto. Constatou que embora o modelo linha flexível/enrijecedor apresente uma relação diâmetro/comprimento não desprezível, a distribuição de curvatura ao longo do comprimento não é muito afetada pela inclusão das deformações de cisalhamento e, portanto, a inclusão desta hipótese no presente modelo não se torna relevante. A condição de contorno adotada neste trabalho, considerando as duas estruturas engastadas, só é válida para algumas configurações de enrijecedor. Na configuração para boca de sino apresentada anteriormente na Fig. 1.5, por exemplo, a conexão do duto é feita a uma determinada distância do enrijecedor. Neste caso a distribuição de curvatura e deformação das duas estruturas será diferente e, consequentemente, o modelo matemático e suas respectivas condições de contorno devem ser adequadas à configuração utilizada. A linha flexível apresenta elevada rigidez axial quando comparada com o corpo de poliuretano do enrijecedor à flexão, sem incluir o fato de que as duas estruturas apresentam espaçamento radial e, portanto sem adesão. Consequentemente, a inclusão da hipótese de deformação axial da linha flexível não altera significantemente a distribuição de curvatura e deformações do enrijecedor. O modelo matemático incluindo a resposta não-linear em flexão do duto foi desenvolvido por CAIRE e VAZ [10,11], considerando o poliuretano do enrijecedor com comportamento linear elástico. Além disso, o espaçamento radial entre as estruturas foi avaliada por um modelo de elementos finitos utilizando o software Abaqus [12]. Concluíram que, para carregamento extremo, a inclusão das duas hipóteses não altera significantemente a resposta do sistema, embora tenham observado maior influência para condições de carregaento mais brandas. O comportamento não-linear elástico com resposta mecânica do material em tração diferente da resposta em compressão foi avaliada por CAIRE [13] e VAZ et al. [14]. Este comportamento assimétrico leva a uma excentricidade do eixo neutro com relação ao centróide de área. Esta excentricidade e a relação momento fletor x curvatura devem, portanto, ser calculadas numericamente para cada seção transversal ao longo do comprimento, podendo ser ajustadas por uma série de polinômios. Além disso, modelaram o sistema considerando as estruturas separadamente, o que 86 permite o cálculo da força de contato ao longo do comprimento e posterior estimativa das pressões de contato. Concluíram que a não-linearidade material com comportamento assimétrico afeta a resposta do sistema e que caso se queira utilizar o módulo de elasticidade para avaliação de esforços da estrutura, uma metodologia consistente para levantamento desse parâmetro deve ser definida. Com o objetivo de capturar o efeito da frequência de carregamento e do amortecimento estrutural viscoelástico na resposta do sistema é necessário aplicar carregamento harmônico como forma de representar o carregamento ambiental aleatório, e embora o modelo matemático desenvolvido no domínio do tempo possa ser utilizado para estas avaliações, este não se mostra eficiente computacionalmente. Um modelo para obtenção da resposta harmônica em regime permanente, onde os efeitos transientes não são levados em conta, é um dos objetivos do presente trabalho. Além disso, o efeito da resposta não-linear dependente do tempo é posteriormente incluído. Os efeitos inerciais na resposta dinâmica do modelo local não foram avaliados, mas espera-se pouca influência devido à magnitude do carregamento aplicado. 3.2 Relações trigonométricas Na presente formulação, considera-se que o duto flexível e o enrijecedor à flexão apresentam a mesma deflexão, o que pode ser considerado uma hipótese coerente quando o espaçamento radial entre as estruturas é pequeno. A Fig. 3.2 apresenta um elemento infinitesimal do sistema. Y O T V M X dS dx M+dM T+dT dy V+dV Figura 3.2 – Elemento infinitesimal Aplicando relações trigonométricas ao elemento infinitesimal da Fig. 3.2 e considerando a definição geométrica da curvatura, obtêm-se as seguintes equações, 87 x(s, t ) cos (s, t ) s (3.1) y (s, t ) sin (s, t ) s (3.2) (s, t ) k (s, t ) s (3.3) onde s é o arco comprimento medido a partir da origem engastada, x(s,t ), y (s,t ) são as coordenadas cartesianas que variam com o tempo, (s, t ) é o ângulo de inclinação com relação ao eixo x de qualquer ponto ao longo do arco comprimento e k (s, t ) a curvatura. 3.3 Equilíbrio de forças e momentos Considerando equilíbrio para cada instante de tempo t, as reações de força e momento podem ser calculadas na origem do sistema cartesiano considerando a condição de carregamento F(t ), ,L (t ) ilustrada na Fig. 3.1. Os esforços internos de tração T (s, t ) e o momento fletor M (s, t ) podem ser facilmente determinados como segue, T (s, t ) F (t ) cosL (t ) (s, t ) L L M (s, t ) F (t ) sinL (t ) s cos (s, t ) ds cosL (t ) s sin (s, t ) ds (3.4) Diferenciando o momento fletor com respeito à s , verifica-se que o esforço cortante é dado pela sua derivada primeira, M (s, t ) V (s, t ) F (t ) sinL (t ) (s, t ) s (3.5) Assumir que seções planas permanecem planas após flexão, implica que a deformação axial para um determinado instante de tempo t varia linearmente com sua posição em relação ao eixo neutro , sendo descrita por, 88 (, s, t ) k (s, t ) (3.6) Como hipótese simplificadora, considera-se o comportamento viscoelástico com resposta simétrica em tração-compressão. Consequentemente, o eixo neutro passa pelo centróide de área da seção transversal para qualquer tempo e o equilíbrio de momentos pode ser descrito pela seguinte relação, M (s,t ) APIPE PIPE dA ABS BS dA (3.7) onde o índice BS se refere ao enrijecedor à flexão ou bend stiffener e PIPE se refere ao duto flexível. 3.4 Equações de governo para viscoelasticidade linear As equações de governo do sistema duto flexível/enrijecedor à flexão no domínio do tempo e da frequência são obtidas utilizando as equações constitutivas apresentadas no item 2.1 e as relações trigonométricas e equilíbrio de forças e momentos apresentados nos itens 3.2 e 3.3 respectivamente. 3.4.1 Formulação matemática no domínio do tempo Utilizando a Eq. (3.7), considerando rigidez à flexão constante ao longo do comprimento para o duto e introduzindo a Eq. (2.29) chega-se à seguinte relação momento fletor x curvatura para o sistema, t M (s, t ) EIPIPEk (s, t ) IBS (s)G(0) k (s, t ) IBS (s) k (s, ) 0 G(t ) d (t ) (3.8) onde IBS (s) 2dA é o segundo momento de área para o enrijecedor à flexão e ABS EIPIPE é a rigidez a flexão do duto. Diferenciando o momento fletor dado pela Eq. (3.8) com relação à posição, introduzindo a Eq. (3.5) e manipulando algebricamente chegase à seguinte equação de governo, 89 F (t ) sinL (t ) (s, t ) t IBS (s) k (s, ) G(t ) d 0 s (t ) k (s, t ) 1 t s EIPIPE G(0)IBS (s) dIBS (s) G(t ) d G(0)k (s, t ) k (s, ) 0 ds (t ) (3.9) É importante ressaltar que caso se considere t 0 na equação anterior, os termos integrais se anulam e a equação final resultante é a mesma que para o caso linear elástico com G(0) representando o módulo de elasticidade. As relações geométricas dadas pelas Eq. (3.1-3) juntamente com a Eq. (3.9) formam o sistema de quatro equações integro-diferenciais que governam o problema de valor de contorno. Um conjunto de quatro condições de contorno deve ser definido como segue, x(0, t ) y(0, t ) (0, t ) (L, t ) L (t ) 0 3.4.2 Formulação permanente matemática para (3.10) resposta harmônica em regime A Eq. (3.9) apresentada anteriormente para formulação no domínio do tempo pode ser utilizada para obter a solução em estado permanente quando o sistema está sujeito a condições de carregamento harmônicas, mas esse procedimento demanda uma solução numérica com custo computacional muito alto. De forma a obter a solução no domínio da frequência, desconsiderando os efeitos transientes, considerase a seguinte força harmônica aplicada ao sistema, como segue, F(t ) F0 F0 sinw t (3.11) onde F0 é a tensão de topo média, w é a frequência de carregamento e é um pequeno valor de perturbação em torno do valor médio, de modo que a teoria da perturbação possa ser aplicada na formulação do problema. Desta forma, as equações de governo podem ser descritas por uma expansão em série de Taylor utilizando o valor de perturbação para a força e para o ângulo, como será visto a seguir. A resposta da inclinação de um ponto ao longo do arco comprimento com respeito ao eixo x pode ser aproximada pela seguinte relação, 90 (s,t ) 0 (s) (s,t ) (3.12) onde 0 (s) é a função do angulo médio independente do tempo e (s,t ) pode ser expandida considerando uma expansão de terceira ordem como segue, (s, t ) 2 2 2 2 3 3 3 3 2 2 2 2 (3.13) Vale salientar que com a utilização de dois parâmetros de perturbação ( , ), a solução do sistema de equações de governo é independente da variação em torno da média. Dessa forma, uma vez obtida a solução numérica considerando ângulo e tração de topo médios, pode-se obter resultados com diferentes variações em torno da média sem a necessidade de obter uma nova solução numérica para o sistema de equações de governo. Os coeficientes são descritos pelas seguintes funções em forma matricial, para os termos de primeira ordem ( , ), 1 (s ) 2 (s ) sinw t 3 (s ) 4 (s ) cos w t (3.14) para os termos de segunda ordem ( 2 , 2 , ), 1 2 5 (s ) 6 (s ) 7 (s ) 2 8 (s ) 9 (s ) 10 (s ) sin2w t 11 (s ) 12 (s ) 13 (s ) cos2w t (3.15) e para os termos de terceira ordem ( 3 , 3 , 2 , 2 ), 3 14 (s ) 3 18 (s ) 2 22 (s ) 2 (s ) 26 15 (s ) 16 (s ) 17 (s ) sinw t 19 (s ) 20 (s ) 21 (s ) cos w t 23 (s ) 24 (s ) 25 (s ) sin3w t (3.16) 27 (s ) 28 (s ) 29 (s ) cos 3w t 91 onde i (s) 0 i 29 são os trinta coeficientes que devem ser obtidos numericamente para obtenção da solução. Utilizando a Eq. (3.12) para descrição da condição de contorno de ângulo, obtém-se, L (t ) 0 L L (t ) (3.17) onde 0 L é o valor médio do ângulo de topo. A variação angular em torno da média, ou seja, a função L (t ) pode ser descrita pelos termos de primeira ordem da Eq. (3.13) como segue, L (t ) 0 L sinw t (3.18) Desta forma a diferença de fase entre a força e o ângulo de topo é dada por e a variação em torno do valor médio definida pela perturbação . Vale ressaltar que uma representação da condição de contorno de ângulo definidos pelas Eq. (3.17) e (3.18) com mais termos harmônicos, resulta em diferentes termos da função (s,t ) apresentada anteriormente em (3.13). Com o objetivo de simplificar a formulação matemática e reunir termos em comum durante a manipulação algébrica, define-se o seguinte ângulo e variação do ângulo, como segue, 0 (s) 0 L 0 (s) (3.19) (s, t ) L (t ) (s, t ) (3.20) Substituindo a Eq. (3.19) e (3.20) na relação do cortante definida pela Eq. (3.5), considerando 0 e assumindo pequenos valores para a variação angular (s ) , pode-se utilizar uma expansão de terceira ordem para senos e cossenos, o que leva a seguinte aproximação, (s,t ) 2 (s,t ) 3 cos 0 (s ) (s,t ) sinL (t ) (s,t ) sin 0 (s ) 1 2 6 (3.21) 92 As funções esforço cortante V (s,t ) e curvatura k (s,t ) devem ser descritas utilizando a teoria da perturbação, com uma função independente para o valor médio e uma componente dependente do tempo utilizando o mesmo formato apresentado na Eq. (3.13). Substituindo a Eq. (3.11) e (3.21) em (3.5) com manipulações algébricas, resulta uma função com parâmetros de perturbação e com ordem superior a 10. Desprezando todos os termos de ordem superior a três, resulta como esperado, na relação do cortante com 30 coeficientes. Estas funções coeficientes podem ser representadas em forma vetorial V V0 (s ),..., V29 (s ) e são descritas por, T Vi (s) F0 Ai (s) sin0 s Bi (s) cos0 s 0 i 29 (3.22) onde os coeficientes Ai (s) and Bi (s) são descritos no Anexo II. Substituindo a relação de curvatura dada por, k (s, t ) k 0 (s ) k k 2 k 2 2 k 2 k 3 k 3 3 k 3 2 k 2 2 k 2 (3.23) na Eq. (3.8), utilizando os módulos de perda e armazenamento apresentados na Eq. (2.118) com manipulações algébricas e considerando t , chega-se a relação momento fletor x curvatura no domínio da frequência. Igualando os termos com mesma potência dos parâmetros e e de suas respectivas combinações, pode-se achar a relação entre os coeficientes da relação dada por M EI.K . A matriz de rigidez à flexão é então descrita pela seguinte matriz diagonal em bloco, EI diagEI0 ,EI1,EI1,EI2 ,EI2 ,EI2 ,EI3 ,EI3 ,EI3 ,EI3 (3.24) onde as matrizes EI0 , EI1 , EI2 e EI3 para os termos de ordem zero, um, dois e três respectivamente, são dadas por, 93 EI0 EI1 EI2 EI3 C0 (s ) C1 (s, w ) C 2 (s, w ) C 2 (s, w ) C1 (s, w ) 0 0 C0 (s ) 0 C1 (s,2w ) C 2 (s,2w ) 0 C 2 (s,2w ) C1 (s,2w ) (3.25) 0 0 C1 (s, w ) C 2 (s, w ) C 2 (s, w ) C1 (s, w ) 0 0 0 0 C1 (s,3w ) C 2 (s,3w ) 0 0 C 2 (s,3w ) C1 (s,3w ) e os coeficientes C0 , C1 e C2 são descritos por, C0 (s ) EI PIPE G()IBS (s ) C1(s, w ) EI PIPE G (w )IBS (s ) C (s, w ) G (w )I (s ) BS 2 (3.26) Os vetores das funções coeficientes de momento fletor e curvatura podem ser respectivamente descritos por, M M 0 (s ),..., M 29 (s ) T e k k 0 (s ),..., k 29 (s ) . T Considerando que a relação entre os coeficientes da função momento fletor e do cortante é dada por dM/ds V e utilizando a relação linear M EI.K com manipulações algébricas, chega-se à seguinte relação, dk d EI 1 EI1. .k EI .V ds ds (3.27) Substituindo as Eq. (3.22) e (3.24) em (3.27) leva ao seguinte sistema de equações diferenciais não-lineares que governam o problema de valor de contorno, para ordem zero, 94 dk0 D0 (s ) C0 (s )k 0 (s ) D0 (s )V0 (s ) ds (3.28) para os termos de primeira ordem ( 1 i 3 ), dk i ds E1 (s,w ) k i (s ) E 2 (s,w ) k i 1 (s ) D1 (s,w )Vi (s ) D2 (s,w )Vi 1 (s ) , dk i 1 E (s,w ) k (s ) E (s,w ) k (s ) D (s,w )V (s ) D (s,w )V (s ) 2 i 1 i 1 2 i 1 i 1 ds (3.29) para os termos de segunda ordem ( 5 i 11 ), , 2 2 , dki ds dki 1 ds dk i 2 ds E0 (s ) k i (s ) D0 (s )Vi (s ) E1(s,2w ) k i 1(s ) E 2 (s,2w ) k i 2 (s ) D1(s,2w )Vi 1(s ) D2 (s,2w )Vi 2 (s ) (3.30) E 2 (s,2w ) k i 1(s ) E1(s,2w ) k i 2 (s ) D2 (s,2w )Vi 1(s ) D1(s,2w )Vi 2 (s ) e para os termos de terceira ordem ( 14 i 26 ), dki ds dk i 1 ds 3 3 , , 2 , 2 dk i 2 ds dki 3 ds E1(s, w ) k i (s ) E 2 (s, w ) k i 1(s ) D1(s, w )Vi (s ) D2 (s, w )Vi 1(s ) E 2 (s, w ) k i (s ) E1(s, w ) k i 1(s ) D2 (s, w )Vi (s ) D1(s, w )Vi 1(s ) (3.31) E1(s,3w ) k i 2 (s ) E 2 (s,3w ) k i 3 (s ) D1(s,3w )Vi 2 (s ) D2 (s,3w )Vi 3 (s ) E 2 (s,3w ) k i 2 (s ) E1(s,3w ) k i 3 (s ) D2 (s,3w )Vi 2 (s ) D1(s,3w )Vi 3 (s ) onde os coeficientes D0 (s) , D1(s,w) , D2 (s,w) são descritos por, 95 1 D0 (s ) EIPIPE G()IBS (s ) EIPIPE G (w )IBS (s ) D1(s, w ) G (w )IBS (s)2 EIPIPE G (w )IBS (s)2 G (w )IBS (s ) D2 (s, w ) 2 G (w )IBS (s) EIPIPE G (w )IBS (s)2 (3.32) e os coeficientes E0 (s) , E1(s,w) , E2 (s,w) são dados por, G()IBS ' (s ) E 0 (s ) EIPIPE G()IBS (s ) EIPIPE G (w ) G (w )2 G (w ) 2 IBS (s ) IBS ' (s ) E ( s , w ) 1 G (w )IBS (s)2 EIPIPE G (w )IBS (s)2 EIPIPE G (w )IBS ' (s ) E 2 (s, w ) G (w )IBS (s)2 EIPIPE G (w )IBS (s)2 (3.33) O sistema de trinta equações diferenciais (3.28-31) em conjunto com, di (s ) k i (s ) ds 0 i 29 (3.34) formam o sistema de sessenta equações diferenciais não-lineares que governam o problema de valor de contorno do enrijecedor à flexão viscoelástico linear submetido a condições de carregamento harmônicas de tração e ângulo de topo. O seguinte sistema de condições de contorno deve ser especificado para o problema, como segue, 0 (L) 0 L 3 (L) 0 L cos 4 (L) 0 L sin (L) 0 1 i 2, 5 i 29 i (3.35) onde os coeficientes 0 L e são os dados de entrada da função ângulo de topo. Uma vez que o sistema de Eq. (3.28-31, 3.34) seja resolvido numericamente, a distribuição de curvatura é obtida substituindo os coeficientes k0 (s),.., k29 (s) na Eq. (3.23). As coordenadas cartesianas do sistema x(s,t ), y (s,t ) podem ser obtidas integrando as 96 Eq. (3.1) e (3.2). O método de solução numérica adotado é apresentado posteriormente no item 3.6. 3.5 Equações de governo para viscoelasticidade não-linear As equações de governo do sistema duto flexível/enrijecedor à flexão no domínio do tempo e da frequência são agora obtidas utilizando as equações constitutivas para viscoelasticidade não-linear apresentadas no item 2.2.3 (princípio da superposição modificado) e as relações trigonométricas e equilíbrio de forças e momentos apresentados nos itens 3.2 e 3.3 respectivamente. 3.5.1 Formulação matemática no domínio do tempo As equações de governo no domínio do tempo, considerando a teoria nãolinear, através do princípio da superposição modificado, podem ser derivadas considerando o procedimento descrito a seguir. Substituindo a equação constitutiva descrita por (2.110) em (3.7), obtém-se a seguinte relação momento fletor x curvatura, M (s, t ) EIPIPE k (s, t ) G1(t ) d (t ) t G2 (t ) I2 (s )G2 (0) k (s, t )2 I2 (s ) k (s, )2 d 0 (t ) t G3 (t ) I3 (s )G3 (0) k (s, t )3 I3 (s ) k (s, )3 d 0 (t ) t G4 (t ) I4 (s )G4 (0) k (s, t ) 4 I4 (s ) k (s, ) 4 d 0 (t ) t I1(s )G1(0) k (s, t ) I1(s ) k (s, ) 0 (3.36) onde as funções I1 , I2 , I3 e I4 são dadas respectivamente por, I1(s ) IBS (s ) 2 dA A 3 I2 (s ) A dA 4 I3 (s ) A dA I 4 (s ) 5 dA A BS BS (3.37) BS BS 97 Para a seção transversal do enrijecedor, obtém-se as seguintes funções, 4 4 I1(s ) IBS (s ) 64 De(s ) Di I (s ) De(s )6 Di 6 3 512 (3.38) onde De(s ) é o diâmetro externo, que varia ao longo do comprimento devido a sua geometria que usualmente apresenta uma parte inicial cilíndrica, seguida do corpo cônico e Di é o diâmetro interno. Vale ressaltar que o diâmetro interno do enrijecedor não precisa ser necessariamente igual ao diâmetro externo do duto flexível, mesmo com a utilização da formulação considerando as duas estruturas aderidas. Pode-se verificar que para seções simétricas obtém-se, I2 (s) I4 (s) 0 . Derivando a Eq. (3.36) com relação ao arco comprimento, observando que, k (s, t )n k (s, t ) n k (s, t )n 1 s s (3.39) introduzindo a Eq. (3.5) e manipulando algebricamente a Eq. (3.36) para explicitar a derivada primeira da curvatura com relação ao arco comprimento, chega-se à seguinte equação de governo para a formulação não-linear no domínio do tempo, F (t ) sinL (t ) (s, t ) t I1(s ) k (s, ) G1(t ) d 0 s (t ) t 3I3 (s ) k (s, ) 2 k (s, ) G3 (t ) d 0 s ( t ) k (s, t ) 1 t G1(t ) s EIPIPE G1(0)I1(s ) I1(s ) d G (0)k (s, t ) k (s, ) 0 3G (0)I (s )k (s, t ) 2 s 1 (t ) 3 3 t I3 (s ) 3 3 G3 (t ) s G3 (0)k (s, t ) 0 k (s, ) (t ) d (3.40) A Eq. (3.40) em conjunto com as Eq. (3.1-3) formam o sistema de quatro equações diferenciais parciais não-lineares que governam o problema de valor de contorno do sistema linha flexível/enrijecedor considerando o poliuretano com 98 comportamento viscoelástico não-linear. As condições de contorno são as mesmas utilizadas na formulação do problema linear e apresentadas na Eq. (3.10). Observa-se que a Eq. (3.40) se iguala à formulação linear apresentada na Eq. (3.9) caso se considere as seguintes hipóteses: G1(t ) G(t ) e G3 (t ) 0 . As funções G2 (t ) e G4 (t ) não influenciam diretamente a resposta do sistema, mas sim através do ajuste geral para obtenção de forma acoplada de Gi (t ), (i 1,..,4) . 3.5.2 Formulação permanente matemática para resposta harmônica em regime As equações de governo no domínio da frequência considerando a teoria da viscoelasticidade não-linear são descritas incluindo termos de perturbação até segunda ordem. Desta forma o ângulo (s, t ) é descrito utilizando os termos de primeira ordem apresentados na Eq. (3.14) e de segunda ordem mostrados na Eq. (3.15). A descrição harmônica das condições de carregamento de força e ângulo permanecem as mesmas, sendo representadas, respectivamente pelas Eq. (3.11) e (3.17). Utilizando o mesmo procedimento anterior para o caso linear, pode-se obter a relação momento fletor x curvatura no domínio da frequência considerando a teoria da viscoelasticidade não-linear. Substituindo a relação de curvatura dada pela Eq. (3.23) (eliminando os termos de terceira ordem) na Eq. (3.36), utilizando os módulos de perda e armazenamento apresentados na Eq. (2.118), considerando t para eliminação de efeitos transientes e igualando os termos de mesma potência e obtém-se a relação dos coeficientes da função momento fletor x curvatura. Os coeficientes da função momento fletor podem ser descritos em forma matricial como segue, M M 0 (s ),..., M13 (s ) T M 0 , M , M , M , M , M T (3.41) Deve-se ressaltar que, devido à não-linearidade, a matriz de rigidez não pode ser definida por uma matriz quadrada como anteriormente. Desta forma para o termo de ordem zero ordem, obtém-se, M0 EI0 .k 0 (3.42) 99 onde o vetor curvatura k 0 e a matriz de rigidez são descritas respectivamente por , k 0 (s ) k0 3 k 0 (s ) (3.43) EI0 P0 (s) P1(s) (3.44) Para os coeficientes de primeira ordem M (s),M (s),M (s),M (s) 1 2 3 4 representados em forma matricial por, M EI1.k M EI1.k (3.45) utilizam-se os seguintes vetores curvatura e matriz de rigidez respectivamente, k 1 (s ) k 2 (s ) k k 0 (s ) 2 k 1 (s ) k 0 (s ) 2 k 2 (s ) k 3 (s ) k 4 (s ) k k 0 (s ) 2 k 3 (s ) k 0 (s ) 2 k 4 (s ) P (s,w ) P4 (s,w ) 3 P3 (s,w ) 3 P5 (s,w ) EI1 2 P4 (s,w ) P2 (s,w ) 3 P5 (s,w ) 3 P3 (s,w ) (3.46) (3.47) Para os coeficientes de segunda ordem M5 (s),..., M13 (s) representados em forma matricial por, M EI2 .k M EI2 .k M EI .k 22 (3.48) onde os vetores curvatura são apresentados a seguir. Pode-se observar que os coeficientes de segunda ordem M11(s),M12 (s), M13 (s) apresentam dez termos nãolineares enquanto M5 (s),..., M10 (s) apenas nove. 100 k k 5 (s ) k 6 (s ) k 7 (s ) k 0 (s ) k 1 (s ) k 2 (s ) 2 k (s ) k 1 (s ) 0 k (s ) k (s ) 2 2 0 2 k (s ) k (s ) 5 0 k (s ) 2 k (s ) 6 0 k (s ) 2 k (s ) 7 0 k k 8 (s ) k 9 (s ) k 10 (s ) k 0 (s ) k 3 (s ) k 4 (s ) 2 k (s ) k 3 (s ) 0 k (s ) k (s ) 2 4 0 2 k (s ) k (s ) 8 0 k (s ) 2 k (s ) 9 0 k (s ) 2 k (s ) 10 0 k k 11 (s ) k 12 (s ) k 13 (s ) k 0 (s ) k 1 (s ) k 3 (s ) k 0 (s ) k 1 ( s ) k 4 (s ) k ( s ) k ( s ) k ( s ) 2 3 0 k (s ) k (s ) k (s ) 2 4 0 k (s ) 2 k (s ) 11 0 k (s ) 2 k (s ) 12 0 2 k 0 (s ) k 13 (s ) (3.49) A matriz de rigidez à flexão utilizada na Eq. (3.48) para os termos de ordem dois ( 2 , 2 ) é apresentada a seguir, 0 P0 (s ) 0 P2 (s,2w ) 0 P4 (s,2w ) 0 3 P3 (s,2w ) EI2 3 2 P1(s ) 3 2 P5 (s,2w ) 3 P (s ) 3 P (s,2w ) 2 5 2 1 0 3 P1(s ) 3 P3 (s,2w ) 0 3 P5 (s,2w ) 0 T P4 (s,2w ) P2 (s,2w ) 3 P5 (s,2w ) 3 P (s,2w ) 2 3 3 P (s,2w ) 2 3 0 3 P5 (s,2w ) 3 P3 (s,2w ) 0 (3.50) e para o termo cruzado de ordem dois, , é descrita por, 101 T 0 0 P0 (s ) 0 P2 (s,2w ) P4 (s,2w ) 0 P4 (s,2w ) P2 (s,2w ) 3 P1(s ) 3 P5 (s,2w ) 3 P3 (s,2w ) 0 3 P3 (s,2w ) 3 P5 (s,2w ) EI22 0 3 P3 (s,2w ) 3 P5 (s,2w ) 3 P1(s ) 3 P5 (s,2w ) 3 P3 (s,2w ) 0 0 3 P1(s ) 3 P3 (s,2w ) 3 P5 (s,2w ) 0 3 P5 (s,2w ) 3 P3 (s,2w ) 0 (3.51) Os coeficientes P0 ,.., P5 utilizados nas equações acima são descritos por, P0 (s ) EIPIPE G1()I1(s ) P1(s ) G3 ()I3 (s ) P2 (s, w ) EIPIPE G1(w )I1(s ) P3 (s, w ) G3 (w )I3 (s ) P4 (s, w ) G1(w )I1(s ) P5 (s, w ) G3(w )I3 (s ) (3.52) Considerando que a relação entre os coeficientes da função momento fletor M (s, t ) e do esforço cortante V (s, t ) é dada por dM/ds V , utilizando a definição do cortante descrito na Eq. (3.22), e derivando as Eq. (3.42), (3.45) e (3.48) com relação à posição com manipulações algébricas, obtém-se o seguinte sistema de equações diferenciais não-lineares. Para ordem zero, chega-se a, k 0 (s ) dk 0 2Q0 (s ) P0(s ) P1(s ) V0 (s ) 3 ds k 0 (s ) (3.53) Para os termos de primeira ordem, 102 P2(s,w ) 0 P4(s,w ) P4 (s,w ) 6P (s,w ) 3 2Q1(s,w ) 6P (s,w ) 5 P3(s,w ) 0 3P5(s,w ) 3P5 (s,w ) T P4(s,w ) k1 ( s ) P4 (s,w ) k1(s ) P2(s,w ) k 2 (s ) 0 k 2 (s ) 6P5 (s,w ) k 0 (s )k 0 (s )k1(s ) V1(s ) 6P3 (s,w ) k 0 (s )k 0 (s )k 2 (s ) V2 (s ) 2 3P5(s,w ) k 0 (s ) k1(s ) 3P5 (s,w ) k 0 (s )2 k1(s ) 3P3(s,w ) k 0 (s )2 k 2 (s ) 2 0 k 0 (s ) k 2 (s ) (3.54) P2(s,w ) 0 P4(s,w ) P4 (s,w ) 6P (s,w ) dk3 ds 3 2Q1(s,w ) dk 4 ds 6P5 (s,w ) 3P3(s,w ) 0 3P5(s,w ) 3P5 (s,w ) T P4(s,w ) k 3 (s ) P4 (s,w ) k 3 (s ) P2(s,w ) k 4 (s ) 0 k 4 (s ) 6P5 (s,w ) k (s )k 0 (s )k 3 (s ) V3 (s ) 0 6P3 (s,w ) k 0 (s )k 0 (s )k 4 (s ) V4 (s ) 2 3P5(s,w ) k 0 (s ) k 3 (s ) 3P5 (s,w ) k 0 (s )2 k 3 (s ) 3P3(s,w ) k 0 (s )2 k 4 (s ) 2 0 k 0 (s ) k 4 (s ) (3.55) dk1 ds dk 2 ds Os coeficientes Q0 e Q1 são apresentados a seguir, 1 Q0 (s) 2 EI G ( ) I ( s ) 3G3 ()I3 (s ) k 0 (s )2 PIPE 1 1 1 Q (s,w ) 1 2 EI G ( 2 w ) I ( s ) 3G3 (2w )I3 (s ) k 0 (s)2 PIPE 1 1 (3.56) Para os termos de segunda ordem obtém-se o seguinte sistema de nove equações diferenciais não-lineares que governam o problema de valor de contorno do sistema duto flexível/enrijecedor à flexão considerando a teoria da viscoelasticidade não-linear. Para os termos associados à perturbação 2 , 103 T 2P (s ) 0 0 k 5 (s ) 0 0 2P2(s,2w ) 2P4(s,2w ) k 6 (s ) 0 0 2P4 (s,2w ) k 6 (s ) 0 2P4(s,2w ) 2P2(s,2w ) k 7 (s ) 0 2P4 (s,2w ) 0 k 7 (s ) 12P (s ) 0 0 k (s )k 0 (s )k 5 (s ) 1 0 0 12P3 (s,2w ) 12P5 (s,2w ) k 0 (s )k 0 (s )k 6 (s ) 0 12P5 (s,2w ) 12P3 (s,2w ) k 0 (s )k 0 (s )k 7 (s ) 6P3 (s,2w ) k 0 (s )k1(s )k1(s ) 6P1(s ) 6P5 (s,2w ) 0 6P3(s,2w ) 6P5(s,2w ) k 0 (s )k1(s )k 2 (s ) dk 5 ds Q0 0 6P3 (s,2w ) 6P5 (s,2w ) k 0 (s )k1(s )k 2 (s ) dk 6 Q1 0 6P3 (s,2w ) 6P5 (s,2w ) k 0 (s )k1(s )k 2 (s ) ds dk 7 Q1 0 6 P ( s , 2 w ) 6 P ( s , 2 w ) k ( s ) k ( s ) k ( s ) 3 5 0 1 2 ds 6P1(s ) 6P5 (s,2w ) 6P3 (s,2w ) k 0 (s )k 2 (s )k 2 (s ) 0 3P5(s,2w ) 3P3(s,2w ) k 0 (s )k1(s )2 2 0 3P5 (s,2w ) 3P3 (s,2w ) k (s )k1(s ) 0 2 3P (s ) 3P5(s,2w ) 3P3(s,2w ) k 0 (s )k 2 (s ) 1 2 3P5 (s,2w ) 3P3 (s,2w ) k 0 (s )k 2 (s ) 3P1(s ) 2 0 0 k 0 (s ) k 5 (s ) 6P1(s ) 0 6P3(s,2w ) 6P5(s,2w ) k 0 (s )2 k 6 (s ) 0 0 6P5 (s,2w ) k 0 (s )2 k 6 (s ) 0 6P5(s,2w ) 6P3(s,2w ) k 0 (s )2 k 7 (s ) k 0 (s )2 k 7 (s ) 0 6P5 (s,2w ) 0 (3.57) V5 (s ) 2V6 (s ) V7 (s ) Para os termos associados à perturbação 2 , as equações de governo são descritas por, 104 T 2P (s ) 0 0 k 8 (s ) 0 0 2P2(s,2w ) 2P4(s,2w ) k 9 (s ) 0 0 2P4 (s,2w ) k 9 (s ) 0 2P4(s,2w ) 2P2(s,2w ) k10 (s ) 0 2P4 (s,2w ) 0 k10 (s ) 12P (s ) 0 0 k (s )k 0 (s )k 8 (s ) 1 0 0 12P3 (s,2w ) 12P5 (s,2w ) k 0 (s )k 0 (s )k 9 (s ) 0 12P5 (s,2w ) 12P3 (s,2w ) k 0 (s )k 0 (s )k10 (s ) 6P3 (s,2w ) k 0 (s )k 3 (s )k 3 (s ) 6P1(s ) 6P5 (s,2w ) 0 6P3(s,2w ) 6P5(s,2w ) k 0 (s )k 3 (s )k 4 (s ) dk 8 ds Q0 0 6P3 (s,2w ) 6P5 (s,2w ) k 0 (s )k 3 (s )k 4 (s ) dk 9 Q1 0 6P3 (s,2w ) 6P5 (s,2w ) k 0 (s )k 3 (s )k 4 (s ) ds dk10 Q1 0 6P3 (s,2w ) 6P5 (s,2w ) k 0 (s )k 3 (s )k 4 (s ) ds 6P1(s ) 6P5 (s,2w ) 6P3 (s,2w ) k 0 (s )k 4 (s )k 4 (s ) 2 0 3P5 (s,2w ) 3P3 (s,2w ) k 0 (s )k 3 (s ) 2 0 3P5 (s,2w ) 3P3 (s,2w ) k 0 (s )k 3 (s ) 2 3P (s ) 3P5(s,2w ) 3P3(s,2w ) k 0 (s )k 4 (s ) 1 2 3P5 (s,2w ) 3P3 (s,2w ) k 0 (s )k 4 (s ) 3P1(s ) 2 0 0 k 0 (s ) k 8 (s ) 6P1(s ) 0 6P3(s,2w ) 6P5(s,2w ) k 0 (s )2 k 9 (s ) 0 0 6P5 (s,2w ) k 0 (s )2 k 9 (s ) 0 6P5(s,2w ) 6P3(s,2w ) k 0 (s )2 k10 (s ) k 0 (s )2 k10 (s ) 0 6P5 (s,2w ) 0 (3.58) V8 (s ) 2 V9 (s ) V10 (s ) e finalmente para os termos associados à perturbação cruzada , obtém-se, 105 dk11 ds dk 12 ds dk13 ds P (s ) 0 0 0 0 0 6P (s ) 1 0 0 3P1(s ) 3P1(s ) 3P1(s ) 3P1(s ) 0 2Q0 0 2Q1 0 2Q1 0 0 0 0 0 3P1(s ) 3P1(s ) 3P1(s ) 3P1(s ) 3P (s ) 1 0 0 0 0 0 2P2(s,2w ) 0 P4(s,2w ) 2P4 (s,2w ) 0 6P3 (s,2w ) 6P5 (s,2w ) 3P5(s,2w ) 3P5 (s,2w ) 3P5 (s,2w ) 3P5 (s,2w ) 3P3(s,2w ) 3P3 (s,2w ) 3P3 (s,2w ) 3P3 (s,2w ) 3P3(s,2w ) 3P3 (s,2w ) 3P3 (s,2w ) 3P3 (s,2w ) 3P5(s,2w ) 3P5 (s,2w ) 3P5 (s,2w ) 3P5 (s,2w ) 0 3P3(s,2w ) 0 3P5 (s,2w ) 3P5(s,2w ) T k11 (s ) P4(s,2w ) k12 (s ) 2P4(s,2w ) k12 (s ) P2(s,2w ) k13 (s ) 0 k13 (s ) 0 k (s )k 0 (s )k11 (s ) 0 6P5 (s,2w ) k 0 (s )k 0 (s )k12 (s ) 6P3 (s,2w ) k 0 (s )k 0 (s )k13 (s ) 3P3(s,2w ) k 0 (s )k1(s )k 3 (s ) 3P3 (s,2w ) k 0 (s )k1(s )k 3 (s ) 3P3 (s,2w ) k 0 (s )k1(s )k 3 (s ) 3P3 (s,2w ) k 0 (s )k1(s )k 3 (s ) 3P5(s,2w ) k 0 (s )k1(s )k 4 (s ) 3P5 (s,2w ) k 0 (s )k1(s )k 4 (s ) 3P5 (s,2w ) k (s )k1(s )k 4 (s ) 0 3P5 (s,2w ) k (s )k1(s )k 4 (s ) 0 3P5(s,2w ) k 0 (s )k 2 (s )k 3 (s ) 3P5 (s,2w ) k 0 (s )k 2 (s )k 3 (s ) 3P5 (s,2w ) k 0 (s )k 2 (s )k 3 (s ) 3P5 (s,2w ) k 0 (s )k 2 (s )k 3 (s ) 3P3(s,2w ) k 0 (s )k 2 (s )k 4 (s ) 3P3 (s,2w ) k 0 (s )k 2 (s )k 4 (s ) 3P3 (s,2w ) k 0 (s )k 2 (s )k 4 (s ) 3P3 (s,2w ) k 0 (s )k 2 (s )k 4 (s ) 2 0 k (s ) k11 (s ) 0 2 3P5(s,2w ) k 0 (s ) k12 (s ) 2 3P5 (s,2w ) k 0 (s ) k12 (s ) 2 3P3(s,2w ) k 0 (s ) k13 (s ) 2 0 k 0 (s ) k13 (s ) 0 (3.59) V11 (s ) V12 (s ) V13 (s ) T 106 As quatorze equações diferenciais apresentadas nas Eq. (3.53-55) e (3.57-59) em conjunto com di (s) ds ki (s) (0 i 13) formam o sistema de vinte e oito equações diferenciais não-lineares que governam o problema do enrijecedor à flexão viscoelástico não-linear no domínio da frequência. As condições de contorno do sistema são as mesmas descritas para a formulação linear e apresentadas na Eq. (3.35). 3.6 Solução numérica O método de solução numérica adotado para resolver os sistemas de equações descritos anteriormente é apresentado a seguir para a formulação no domínio do tempo e da frequência, respectivamente. A escolha natural para solução dos sistemas apresentados anteriormente é a utilização do método das diferenças finitas ou método do tiro (shooting method). A discretização de ambos é similar, porém o último utiliza um método iterativo de tentativa e erro para cálculo da solução enquanto no método das diferenças finitas o problema de valor de contorno deve ser resolvido de forma simultânea. 3.6.1 Solução no domínio do tempo Para a formulação no domínio do tempo, o sistema resultante de equações íntegro-diferenciais parciais não-lineares é resolvido para cada instante de tempo t, utilizando o método do tiro, que consiste em transformar o problema de valor de contorno em um problema de valor inicial equivalente utilizando um processo iterativo. As curvaturas no engaste são estimadas para um determinado tempo atual t e o sistema de equações é integrado utilizando o método de Runge-Kutta de quarta ordem. Para a integral hereditária das Eq. (3.9) e (3.40) utiliza-se a regra de um terço de Simpson. Esse método é utilizado para resolver o problema desde o tempo inicial t 0 até um determinado tempo final. Um dos fatos que torna a solução no domínio do tempo dispendiosa computacionalmente, é que a solução encontrada em um determinado tempo anterior deve ser armazenada para ser utilizada na solução do tempo atual t , como pode ser observado na Eq. (3.9) da formulação linear e na Eq. (3.40) da não-linear. A Fig. 3.3 mostra o fluxograma numérico para solução no domínio do tempo utilizando o método do tiro. 107 Figura 3.3 - Fluxograma numérico – Domínio do tempo O programa computacional Mathematica [36] foi utilizado para implementação do algoritmo e obtenção da solução numérica. Para discretização das equações diferenciais que regem o problema de valor de contorno, utilizou-se um intervalo de tempo t 1 s e de espaço s 0,01 m , onde a escolha destes parâmetros foi baseada em um estudo de sensibilidade numérica. A cada 1000 incrementos de tempo, a solução era armazenada em arquivo para liberação da memória de acesso aleatório (RAM – Random Access Memory). Dessa forma, 15 arquivos foram gerados com tamanho aproximado de 100 Mb cada. O tempo de análise computacional para a análise viscoelástica linear até o intervalo de tempo de 14400 s, foi de 108 aproximadamente 20 h utilizando um computador portátil (CPU Dual Core 2.8 Ghz, 3GB RAM). A mesma análise utilizando o método dos elementos finitos através do software Abaqus [12] e com os mesmos intervalos de tempo e espaço para discretização do modelo levou cerca de 3 h. 3.6.2 Solução harmônica em regime permanente A solução numérica para o modelo matemático na frequência é obtida utilizando o método do tiro, como descrito anteriormente. Apesar de apresentar um número maior de equações quando comparado com o domínio do tempo, esta não apresenta a dificuldade numérica imposta pela integral hereditária e, portanto, se torna mais eficiente numericamente quando se busca a solução em estado permanente do sistema sujeito a carregamento harmônico. Vale ressaltar que a solução de algumas equações é independente da solução de outras. Por exemplo, a solução das funções k 0 (s) apresentada em (3.28), assim como de k5 (s ) , k8 (s ) e k11(s) em (3.30) para a formulação linear são obtidas sem a necessidade de resolver um sistema de equações. Por outro lado, os seguintes sistemas de equações devem ser resolvidos simultaneamente devido aos termos mutuamente dependentes, para os termos de primeira e segunda ordem: k1(s), k2 (s) , k (s), k 3 4 (s) , k6 (s), k7 (s) , k9 (s), k10 (s) e k12 (s), k13 (s) . O mesmo é válido para os termos de terceira ordem. O fluxograma apresentado na Fig. 3.4 facilita a compreensão do método numérico utilizado. O mesmo procedimento descrito acima é adotado para o modelo viscoelástico não-linear, entretanto a convergência da solução é dificultada devido aos diversos termos não-lineares presentes nas equações de governo. 109 Figura 3.4 - Fluxograma numérico – Domínio da frequência O pacote Mathematica [36] foi empregado para implementação do algoritmo no domínio da frequência com os mesmos intervalos de espaço e tempo utilizados na discretização do sistema de equações ( t 1 s , s 0,01 m ) do domínio do tempo. A obtenção da solução numérica levou cerca de 2-3 min tanto para o caso linear quanto para o não-linear, ou seja, tempo muito inferior quando comparado com as 20 h necessárias para obtenção da solução no domínio do tempo. 110 4 ESTUDO DE CASO Neste capítulo, comportamento apresenta-se viscoelástico na um estudo resposta de caso mecânica para do avaliação sistema do duto flexível/enrijecedor à flexão utilizando os modelos no domínio do tempo e da frequência apresentados no Capítulo 3 e a caracterização mecânica de um tipo de poliuretano específico utilizado na fabricação de enrijecedores como mostrado no Capítulo 2. Análises dinâmicas globais, sem incluir o enrijecedor à flexão, são realizadas no item 4.1 para determinação das condições de carregamento utilizadas nos modelos locais, ou seja, série temporal de tração e ângulo de topo. O dimensionamento do enrijecedor é então apresentado considerando comportamento linear elástico e comparado com a resposta não-linear elástica. Três valores de deformação são utilizados para o cálculo do módulo secante a ser utilizado no caso linear para efeitos de comparação com o caso não-linear elástico ou hiperelástico. Nos itens 4.2 e 4.3 apresenta-se a análise do enrijecedor dimensionado considerando comportamento viscoelástico linear e não-linear, respectivamente, no domínio do tempo e da frequência. O modelo matemático e a solução numérica obtida para o modelo viscoelástico linear no domínio do tempo são comparados com resultados obtidos utilizando o método dos elementos finitos através do pacote comercial Abaqus [12]. Os resultados no domínio do tempo são então utilizados para confirmar a validade do modelo desenvolvido para obtenção da resposta em regime permanente e, devido às limitações impostas pela teoria da perturbação utilizada na formulação matemática, sua representatividade para diferentes níveis de deformação verificada. O efeito da frequência de carregamento e da diferença de fase na resposta de curvatura e deformação são posteriormente verificados. Por fim, o item 4.4 compara o modelo viscoelástico não-linear com os modelos viscoelástico linear e não-linear elástico. Diversas taxas de carregamento são consideradas no ajuste viscoelástico não-linear para caracterizar a curva tensão x deformação utilizada na análise hiperelástica, assim como, diferentes níveis de deformação são empregados na comparação. 4.1 Dimensionamento do enrijecedor Análise dinâmica global – definição das condições de carregamento Como apresentado no item 1.2 do Capítulo 1, as condições de carregamento utilizadas no dimensionamento do enrijecedor podem ser obtidas através da realização 111 de análises dinâmicas globais sem a inclusão do enrijecedor. Para o estudo de caso apresentado, considera-se um duto flexível de exportação acoplado a um FPSO (Floating Production Storage and Offloading) operando em condições ambientais típicas da Bacia de Campos, com lâmina d’água de 800m. O duto está instalado em configuração de catenária livre e apresenta as seguintes propriedades, Tabela 4.1 – Dados do duto flexível Ângulo de topo 7º Rigidez flexional 50 kN.m 2 Comprimento total 1400 m Rigidez axial 400 MN Diâmetro interno 10 '' Rigidez torsional 4,8 MN.m 2rad A análise global foi realizada utilizando o software RIFLEX [37], específico para análise não-linear dinâmica de estruturas complacentes, e implementado utilizando o método dos elementos finitos. O carregamento de corrente e onda foi considerado atuando em linha com a unidade flutuante de produção com um passeio estático (offset) de 120m. O ponto de conexão do enrijecedor é considerado rotulado na unidade flutuante. O espectro de onda irregular JONSWAP definido pela altura significativa de onda Hs e período de pico Tp considerando período de retorno de 100 anos é cruzado com o RAO (Response Amplitude Operator) da embarcação no ponto de conexão para diversas direções de onda. Assumindo uma distribuição de Rayleigh estima-se qual o valor máximo de aceleração vertical e amplitude de rotação neste ponto. A onda irregular (Hs,Tp) que fornece os maiores resultados é selecionada para a análise dinâmica global com mar irregular. Para resolução do problema viscoelástico deve-se fornecer como dados de entrada as séries temporais harmônicas de força e ângulo de topo. A metodologia simplificada adotada para escolha da onda regular é utilizar uma onda equivalente que forneça como resultado da análise dinâmica os mesmos resultados de ângulo e tração de topo máxima obtidos da análise irregular. Utilizando esse procedimento, obtém-se uma onda regular com altura H 6 m e T 25 s . O tempo adotado para cada análise é de cinco períodos de onda, ou seja, 125 s. Os instantes iniciais (equivalente a um período) são retirados dos resultados apresentados a seguir para eliminação de efeitos transientes observados neste tipo de análise. Os resultados de série temporal de tração e ângulo de topo obtidos da análise dinâmica são utilizados para ajustar os coeficientes das funções de carregamento 112 harmônicas descritos em (3.11), (3.17) e (3.18). Os coeficientes ajustados são apresentados na Tab. 4.2, enquanto a Fig. 4.1 ilustra a série temporal de tração e ângulo de topo obtida com o ajuste. Tabela 4.2 - Coeficientes de carregamento F0 660 kN 45 % 0 L 18 0 27 % 15,470 w 2 / 25 rad s O espaço de projeto, contendo todas as combinações de tração e ângulo de topo ao longo de um período é apresentado na Fig. 4.2. O gráfico ilustra ainda, o espaço de projeto para três diferenças de fase 0, 45, 900 . O máximo ângulo de topo observado é dado por max 22,860 , enquanto a tração de topo máxima Fmax 957kN . 24 1000 Tração de topo Ângulo 22 800 20 700 18 600 16 Ângulo [graus] Tração de topo [kN] 900 500 14 400 300 12 0 5 10 15 20 25 Tempo [s] Figura 4.1 – Tração de topo e ângulo ( 15.470 ) 113 min max 1000 Fmax Tração de topo [kN] 900 800 700 =15.47o 600 =45o 500 =90o 400 Fmin 300 12 14 16 18 20 22 24 Ângulo de topo [graus] Figura 4.2 – Espaço de projeto Dimensionamento do enrijecedor Como o objetivo do estudo de caso não é avaliar detalhadamente a metodologia de projeto de enrijecedores à flexão, mas sim o efeito do comportamento viscoelástico na resposta do sistema duto flexível/enrijecedor, um procedimento simplificado é aplicado e apenas os valores extremos de tração e ângulo de topo retirados do espaço de projeto são utilizados como dados de entrada para a etapa de dimensionamento. Os critérios de projeto adotados são: a) curvatura limite do duto flexível (MBR = 2,0m); b) deformação máxima do poliuretano do enrijecedor à flexão (15%). O critério usualmente adotado para definição do valor máximo de deformação do poliuretano é o limite abaixo do qual o número de ciclos para gerar falha por fadiga tende a infinito, enquanto o MBR é um parâmetro bem definido de falha do duto flexível como descrito anteriormente no Capítulo 1. Para esta análise linear elástica utilizou-se um software desenvolvido em linguagem FORTRAN e apresentado na dissertação de mestrado de CAIRE [13]. O sistema de equações diferenciais que regem o problema de valor de contorno do sistema linha flexível/enrijecedor à flexão considerando comportamento linear elástico é resolvido utilizando o método das diferenças finitas. Como dados de entrada o 114 usuário deve fornecer os critérios de MBR do duto flexível e deformação máxima do poliuretano. Como dados de saída o programa fornece as diversas combinações possíveis de geometria do enrijecedor que atendam a estes critérios. Fornece ainda, o volume de material polimérico utilizado em cada combinação e o valor e posição de curvatura máxima e deformação máxima como parâmetros para auxiliar o projetista na escolha da melhor geometria a ser utilizada. Três valores para o módulo secante foram calculados utilizando a curva tensão x deformação obtida através do ajuste do ensaio de relaxação utilizando a teoria da viscoelasticidade não-linear e considerando uma velocidade de travessão de 5 mm/min como mostrado na Fig. 2.33. A Tab. 4.3 a seguir mostra o módulo secante obtido para três valores de deformação (1,0, 2,5 e 5%), Tabela 4.3 - Módulo secante (5 mm/min) Deformação [%] Módulo secante [MPa] 1,0 66 2,5 58 5,0 48 Pode-se observar que a escolha do nível de deformação utilizado para o cálculo do módulo secante apresenta forte influência nos valores obtidos. Verifica-se, por exemplo, uma diferença percentual de 33% entre os valores obtidos com 1 e 5% de deformação. Fazendo uso da metodologia descrita acima, e considerando inicialmente o valor de E p 48 MPa , obtêm-se as seguintes dimensões para o enrijecedor, 1,5 m 1,3 m 0,70 m 0,2 m 3,0 m Figura 4.3 – Dimensões do enrijecedor A Fig. 4.4 apresenta as funções I1(s) e I3 (s) descritas na Eq. (3.38) para o enrijecedor apresentado na figura acima. 115 -2 1,2x10 I1 I3 -2 1,0x10 -4 7,0x10 -4 6,0x10 -3 -4 5,0x10 4 -4 4,0x10 -3 6,0x10 6 -4 3,0x10 I3(s) [m ] I1(s) [m ] 8,0x10 -3 4,0x10 -4 2,0x10 -3 2,0x10 -4 1,0x10 0,0 0,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 Comprimento [m] Figura 4.4 – Funções I1 e I3 Análise não-linear elástica Utilizando o procedimento para análise de enrijecedores com material nãolinear elástico descrito por VAZ et al. [14], pode-se comparar a resposta de deformação máxima do enrijecedor para várias trações e ângulos de topo com o resultado obtido considerando os módulos secantes apresentados anteriormente na Tab. 4.3 e calculados considerando a curva tensão x deformação do ajuste viscoelástico não-linear para uma taxa de 5 mm/min. A Fig. 4.5 apresenta a deformação máxima obtida para o caso linear elástico e não-linear elástico considerando trações de topo variando de 350 até 950 kN e ângulo de topo mantido constante 0L 22,860 . A Fig. 4.6 mostra os mesmos resultados, mantendo a tração de topo constante Fmax 957kN e variando o ângulo de 12 a 240 . Pode-se observar que, para os três valores de módulo secante obtidos para material linear elástico, os valores de deformação são mais conservativos do que os obtidos com material hiperelástico. Estes resultados ressaltam a necessidade de uma adequada escolha do módulo de elasticidade a ser utilizado no dimensionamento do enrijecedor caso não se utilize toda a curva tensão x deformação para caracterização do material elástico. Um valor inadequado pode levar a um dimensionamento excessivamente conservador do 116 enrijecedor, elevando os custos ou impossibilitando sua utilização em um determinado projeto devido as restrições de dimensão da boca de sino, por exemplo. Deve-se ressaltar, entretanto, que o valor do módulo secante depende da curva tensão x deformação utilizada para o seu cálculo, e, além disso, esta depende da taxa de carregamento utilizada para sua caracterização como mostrado anteriormente na Fig. 2.33. Consequentemente, a escolha de um módulo secante adequado para análise e projeto deve partir do princípio de que a curva tensão x deformação foi obtida experimentalmente utilizando uma taxa de carregamento adequada. Como esta taxa não é conhecida a priori, conclui-se que um modelo matemático que considere este efeito no comportamento mecânico do poliuretano deva ser utilizado para uma correta análise de enrijecedores. No item 4.3 uma comparação da resposta entre o modelo viscoelástico linear, que captura intrinsecamente o efeito da taxa, e o modelo hiperelástico considerando diversas taxas será apresentado. 16 Não-linear elástico (5 mm/min) Linear elástico 1,0 % 2,5 % 5,0 % 15 Deformação máxima [%] 14 13 12 11 10 9 8 max 7 6 400 500 600 700 800 900 Tração de topo [kN] Figura 4.5 – Deformação máxima x tração de topo 117 Não-linear elástico (5 mm/min) Linear elástico 1,0 % 2,5 % 5,0 % 16 Deformação máxima [%] 14 12 10 8 Fmax=957 kN 6 12 14 16 18 20 22 24 Ângulo de topo [graus] Figura 4.6 – Deformação máxima x ângulo de topo 4.2 Análise de enrijecedor viscoelástico linear O comportamento viscoelástico não-linear foi caracterizado através dos ensaios de relaxação apresentados no Capítulo 2 utilizando a Eq. (2.116). Os coeficientes ajustados foram apresentados na Tab. 2.4 e as respectivas funções de relaxação nas Fig. 2.25-2.28. Com o objetivo de permitir uma comparação efetiva entre os modelos viscoelástico linear e não-linear, apenas o termo linear G1(t ) é mantido na Eq. (2.116) para caracterizar o comportamento viscoelástico linear. Validação do modelo no domínio do tempo com análise em elementos finitos A equação de governo no domínio do tempo (3.9) é resolvida utilizando o método do tiro como descrito no item 3.6.1. Com o objetivo de validar a formulação matemática e o método de solução numérica adotado, um modelo em elementos finitos é avaliado no software Abaqus [12] utilizando as mesmas hipóteses adotadas na formulação analítica. A análise é dividida em um passo estático e outro quaseestático. A semelhança entre os modelos é alcançada utilizando o seguinte 118 procedimento no software Abaqus [12]: a) o elemento de viga Euler-Bernoulli B23 é utilizado para geração da malha; b) o parâmetro Nlgeom é ativado no comando *Step para indicar que a não-linearidade geométrica deve ser considerada na análise devido aos grandes deslocamentos sofridos pelo sistema; c) no passo quase-estático a opção *Visco é utilizada para obtenção da resposta com material viscoelástico linear; d) o comando *Tie é utilizado para garantir que os graus de liberdade de todos os nós do enrijecedor e do duto flexível sejam os mesmos, ou seja, não existe deslocamento relativo nem folga entre as duas estruturas. Uma sub-rotina utilizando a linguagem de programação FORTRAN é desenvolvida para geração dos nós, elementos e propriedades das seções variáveis ao longo do comprimento, além de permitir o pósprocessamento de resultados dos arquivos de saída gerados. A análise foi realizada até o tempo de 14400 s, ou seja, mesmo intervalo utilizado na realização do ensaio de relaxação com as condições de carregamento apresentadas na Tab. 4.2. A Fig. 4.7 mostra a curvatura no engaste do sistema ao longo do tempo para os dois últimos períodos de análise (50 s). A Fig. 4.8 compara os resultados obtidos no Abaqus [12] com os resultados utilizando o método numérico descrito em 3.6.1 para o intervalo total de análise. Observa-se excelente correlação entre os dois, validando, portanto, a formulação matemática e o método de solução numérico adotado para o modelo viscoelástico linear. 0,40 Curvatura no engaste [1/m] 0,35 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 14350 Numérico ABAQUS 14360 14370 14380 14390 14400 Tempo [s] Figura 4.7 – Linear viscoelástico no domínio do tempo (curvatura no engaste) 119 Curvatura no engaste - Abaqus [1/m] 0,40 0,35 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 Curvatura no engaste - numérico [1/m] Figura 4.8 – Linear viscoelástico no domínio do tempo (comparação com Abaqus) Influência do histórico de carregamento Uma das características do comportamento viscoelástico no domínio do tempo é a dependência da resposta mecânica com o histórico de carregamento ocorrido até o momento atual devido às integrais hereditárias presentes na equação constitutiva. Com o objetivo de avaliar esta influência na resposta mecânica do enrijecedor sujeito a carregamento harmônico, diversas funções temporais foram utilizadas. A Fig. 4.9 ilustra, por exemplo, o efeito de manter carregamento constante com tração e ângulo de topo médio até o instante de 14350 s e então aplicar o carregamento harmônico para os dois últimos períodos da análise utilizando os parâmetros de carregamento apresentados na Tab. 4.2. Observa-se que os resultados obtidos são praticamente idênticos aos resultados quando se considera carregamento harmônico desde o instante inicial. Diversas análises semelhantes foram realizadas considerando, entretanto, instantes diferentes (14275 s – 5 períodos, 14150 s – 10 períodos, 14025 s – 15 períodos) para início de aplicação do carregamento harmônico com período de 25 s. Além disso, análises foram realizadas considerando carregamento harmônico com período de 2 e 50 s até atingir os instantes de 14350, 14275, 14150 e 14025 s, para posteriormente retornar ao carregamento com período de 25 s. Nenhuma das análises mencionadas 120 mostrou influência relevante na resposta de curvatura do sistema. O histórico de carregamento apresenta maior relevância quando o material apresenta elevada taxa de relaxação ou fluência, ou seja nos instantes iniciais. 0,40 Curvatura no engaste [1/m] 0,35 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 14330 14340 14350 14360 14370 14380 14390 14400 Tempo [s] Figura 4.9 – Influência do histórico de carregamento A formulação matemática no domínio da frequência foi apresentada no item 3.4.2. Neste tipo de análise, os efeitos transientes são desconsiderados e o sistema está sujeito a carregamento harmônico de tração e ângulo de topo com uma determinada diferença de fase entre eles. Os tópicos a seguir apresentam os resultados dessa formulação, onde o método de solução numérica foi apresentado no item 3.6.2. Influência da ordem da perturbação utilizada na formulação da frequência A Fig. 4.10 mostra o resultado de curvatura no engaste ao longo de um período considerando termos de ordem um, dois e três para formulação utilizando a teoria da perturbação descrita na Eq. (3.23). Os parâmetros de carregamento utilizados foram apresentados na Tab. 4.2. A Fig. 4.11 ilustra o envelope de distribuição de curvatura ao longo do comprimento, ou seja, distribuição nos instantes em que a curvatura máxima atinge 121 seu valor máximo e mínimo ao longo de um período. Observa-se pouca diferença quando se compara a resposta de curvatura representada com termos de ordem 2 e 3. Conclui-se, consequentemente, que a formulação com termos de ordem 2 pode ser utilizada sem perder a acurácia quando comparada com a formulação utilizando termos de ordem 3, pelo menos para as amplitudes de carregamento utilizadas no estudo de caso em questão. A Fig. 4.12 ilustra a distribuição de curvatura ao longo do comprimento e do tempo, para um período, considerando a formulação com termos de ordem 3. Pode-se verificar que para este estudo de caso, a curvatura máxima sempre ocorre no engaste. 0,40 0,35 Curvatura no engaste [1/m] Ordem 1 Ordem 2 Ordem 3 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0 5 10 15 20 25 Tempo [s] Figura 4.10 – Modelo linear viscoelástico no domínio da frequência (curvatura no engaste - ordem 1, 2 e 3) 122 0,40 Ordem 1 Ordem 2 Ordem 3 0,35 Curvatura [1/m] 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 Comprimento [m] Figura 4.11 – Modelo linear viscoelástico no domínio da frequência (envelope-ordem 1, 2 e 3) Figura 4.12 – Modelo linear viscoelástico no domínio da frequência (distribuição de curvatura ao longo do tempo – ordem 3) 123 Domínio do tempo x domínio da frequência Com o objetivo de verificar a validade da formulação matemática desenvolvida para obtenção da resposta harmônica em regime permanente, comparações com os resultados obtidos no domínio do tempo são apresentados nas Fig. 4.13-15 considerando diferentes níveis de deformação. O envelope de curvatura ao longo do comprimento é apresentado para três diferentes condições de carregamento, ou seja, ( , ) (10%,10%),(45%,27%),(50%,50%) . A análise no domínio do tempo foi realizada até o instante de 14400 s. utilizando o método dos elementos finitos como descrito anteriormente. Termos de ordem 3 foram considerados na análise do domínio da frequência. O envelope no domínio do tempo é obtido considerando a distribuição de curvatura nos instantes em que ocorre o valor máximo e mínimo de curvatura no último período de carregamento, ou seja, no intervalo compreendido entre 14375 e 14400 s. Pode-se observar que as melhores correlações entre a solução obtida no domínio da frequência e do tempo são obtidas, como esperado, para as menores magnitudes de carregamento, ou seja, ( , ) (10%,10%) . Mesmo para valores elevados de perturbação, ( , ) (50%,50%) , excelente correlação entre os dois métodos é obtida, validando, portanto a formulação matemática no domínio da frequência e o método de solução adotado. 0,30 Domínio do tempo (MEF) Domínio da frequência 0,25 Curvatura [1/m] 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 Comprimento [m] Figura 4.13 – Modelo linear viscoelástico no domínio do tempo x frequência (envelope) 10%, 10% 124 0,40 Domínio do tempo (MEF) Domínio da frequênica 0,35 Curvatura [1/m] 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 Comprimento [m] Figura 4.14 – Modelo linear viscoelástico no domínio do tempo x frequência (envelope) 45%, 27% 0,5 Domínio do tempo (MEF) Domínio da frequência 0,4 Curvatura [1/m] 0,3 0,2 0,1 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 Comprimento [m] Figura 4.15 – Modelo linear viscoelástico no domínio do tempo x frequência (envelope) 50%, 50% 125 A Tab. 4.4, apresentada a seguir, ilustra a diferença percentual observada entre o valor de curvatura máxima obtida na análise utilizando o modelo no domínio do tempo e da frequência. A maior diferença (3,36%) ocorre quando se considera as maiores magnitudes de carregamento, ou seja, parâmetros ( , ) (50%,50%) . Tabela 4.4 - Comparação entre domínio do tempo e da frequência ( , ) [%] Dif. percentual [%] Curvat. Máx. Tempo → Freq. (10,10) 1,64 (45,27) 2,48 (50,50) 3,36 Efeito da frequência de carregamento e fase na resposta do sistema viscoelástico O poliuretano utilizado no enrijecedor, quando submetido a carregamento harmônico, apresenta dissipação de energia inerente ao seu comportamento viscoelástico. Consequentemente, diferentes frequências de carregamento impostas no sistema podem gerar diferentes respostas. Com o objetivo de avaliar esta influência, a variação da curvatura máxima com a frequência de carregamento f w / 2 Pi é mostrada nas Fig. 4.16-4.18 para quatro valores de fase ( 0,15,470 , 450 , 900 ) e para três combinações dos parâmetros ( , ) (10%,10%),(45%,27%),(50%,50%) . Os resultados demonstram que, para o estudo de caso em questão, quanto maior a frequência de carregamento, menor será o valor da curvatura máxima. A Tab. 4.5 mostra a variação percentual entre os valores de curvatura máxima obtidos considerando a frequência de carregamento de 0,02 e 0,5 Hz. Verifica-se que quanto maior a magnitude de carregamento mais significativa será a diferença da resposta de curvatura máxima com respeito à frequência de carregamento. Para ( , ) (50%,50%) e 15,470 , por exemplo, observa-se uma diferença de 2,56% enquanto para ( , ) (10%,10%) a diferença cai para 0,82%. A variação da fase gera uma variação mais elevada. Para a frequência de carregamento de 0,04 Hz e 45%, 27% , pode-se observar no gráfico da Fig. 4.17, uma diferença percentual de aproximadamente 12% entre as fases 0 e 900. 126 0,288 0 0 0,286 0 15,47 Curvatura máxima [1/m] 0,284 0 0,282 45 0,280 0,278 0,276 0 90 0,274 0,272 0,270 0,01 0,1 1 Frequência [Hz] Figura 4.16 – Curvatura máxima x frequência ( 10%, 10% ) 0,390 0 Curvatura máxima [1/m] 0,380 0,370 0 0 15,47 0 45 0,360 0,350 0,340 0,330 0,320 0,01 0 90 0,1 1 Frequência [Hz] Figura 4.17 – Curvatura máxima x frequência ( 45%, 27% ) 127 0,460 0 0 0,450 0 15,47 Curvatura máxima [1/m] 0,440 0 45 0,430 0,420 0,410 0,400 0,390 0 90 0,380 0,370 0,01 0,1 1 Frequência [Hz] Figura 4.18 – Curvatura máxima x frequência ( 50%, 50% ) Tabela 4.5 - Efeito da frequência de carregamento na curvatura máxima [graus ] Diferença percentual [%] – Curvat. Máx. 0,02 → 0,5 Hz 10%, 10% 45%, 27% 50%, 50% 0 0,82 2,08 2,55 15,47 0,82 2,07 2,56 45 0,76 1,98 1,82 90 0,59 1,64 2,22 4.3 Análise de enrijecedor viscoelástico não-linear A formulação matemática considerando a teoria da viscoelasticidade não-linear no domínio da frequência foi apresentada no item 3.5.2. Para o modelo viscoelástico linear no domínio do tempo é possível fazer uma comparação direta com o pacote de elementos finitos Abaqus [12], como apresentado anteriormente no item 4.2.1. Para o caso não-linear esta comparação não é possível, a não ser que modelos constitutivos fossem implementados utilizando a sub-rotina UMAT (User Material). Neste trabalho a 128 sub-rotina UMAT não foi implementada para o caso não-linear e, consequentemente, esta comparação não foi realizada. A validação da formulação no domínio da frequência foi feita comparando os resultados obtidos com o modelo no domínio do tempo de forma similar ao que foi apresentado anteriormente para o caso viscoelástico linear. Observou-se excelente correlação entre os resultados e a mesma tendência de resposta, ou seja, melhores correlações para as menores magnitudes de carregamento ( , ) (10%,10%) . Com o objetivo de simplificar a formulação matemática, sem perder a acurácia nos resultados, apenas termos de ordem 2 foram utilizados na teoria da perturbação para o caso não-linear. Como apresentado em 4.2.2 para o modelo viscoelástico linear, os resultados do estudo de caso apresentado considerando ordem 2 e 3 foram praticamente idênticos. Comparação entre o modelo viscoelástico linear x não-linear Uma comparação de resultados obtidos com o modelo viscoelástico linear e nãolinear no domínio da frequência é feita na Fig. 4.19 e na Tab. 4.6. O gráfico mostra a variação da curvatura máxima com a frequência de carregamento para três combinações de parâmetros ( , ) . Na tabela pode-se observar que quanto maior a magnitude do carregamento, e consequentemente maior o valor de curvatura e deformação máxima obtido, mais elevada será a diferença percentual entre os dois modelos. Para ( , ) (10%,10%) verifica-se uma diferença percentual média de 6,73% enquanto para ( , ) (50%,50%) , 11,65%. Como esperado, quanto maior o valor de deformação obtido, maior será a diferença entre a resposta do modelo linear e não-linear. Considerando que a teoria da viscoelasticidade não-linear apresenta a melhor representação da resposta do poliuretano, pode-se concluir que, caso a formulação linear seja utilizada para avaliação da resposta mecânica do sistema, esta deve ser feita com cautela utilizando parâmetros de ajuste que representem a faixa de comportamento esperada. Os resultados mostram, ainda, que a influência da frequência de carregamento na resposta de curvatura máxima apresenta a mesma tendência observada no caso viscoelástico linear. Embora pouco relevante, quanto maior a frequência de carregamento, menor será o valor de curvatura máxima obtido como resposta. A variação da fase implica na mesma tendência observada no caso linear, ou seja, quanto maior o valor de menor será o valor da máxima curvatura obtida para cada frequência de carregamento. 129 0,50 Viscoelástico linear Viscoelástico não-linear Curvatura máxima [1/m] 0,45 0,40 0,35 0,30 0,25 0,01 0,1 1 Frequência [Hz] Figura 4.19 – Comparação viscoelástico linear x não-linear Tabela 4.6 - Comparação entre modelo viscoelástico linear e não-linear Frequencia [Hz ] Dif. percentual [%] – Curvat. Máx. linear → não-linear 10%, 10% 45%, 27% 50%, 50% 0,02 6,79 10,04 11,97 0,04 6,76 9,92 11,80 0,08 6,72 9,79 11,61 0,1 6,72 9,76 11,57 0,2 6,70 9,71 11,50 0,5 6,70 9,70 11,48 Comparação entre o modelo viscoelástico não-linear x hiperelástico Os resultados do estudo de caso apresentados na fase de dimensionamento mostram a importância da escolha de um módulo de elasticidade adequado para representar as condições específicas de carregamento que se deseja representar considerando material elástico. A resposta considerando comportamento não-linear 130 elástico apresentou diferenças significativas quando comparadas com módulos secantes obtidos para três diferentes níveis de deformação. Para o caso viscoelástico, as comparações realizadas mostram diferenças relevantes nos resultados obtidos considerando teoria linear e não-linear. Para os casos apresentados houve uma variação de curvatura máxima de aproximadamente 6 até 12 % entre as duas formulações, ressaltando o comportamento viscoelástico nãolinear observado no poliuretano. Os ensaios experimentais realizados mostraram a forte influência da taxa de carregamento aplicada em um ensaio de tração no resultado da curva tensão x deformação obtida. Esta dependência da taxa é uma característica intrínseca do comportamento dependente do tempo e, consequentemente, está incorporada nos modelos viscoelásticos utilizados, mas não no modelo hiperelástico. Com o objetivo de verificar a possibilidade de utilização de comportamento hiperelástico para análise e dimensionamento de enrijecedores à flexão, os resultados obtidos considerando a formulação viscoelástica não-linear no domínio da frequência são comparados com os resultados obtidos considerando material não-linear elástico. Cinco diferentes taxas de deformação são então utilizadas no ajuste viscoelástico nãolinear para obtenção da curva tensão x deformação empregada na análise hiperelástica. Os resultados de curvatura no engaste ao longo de um período são mostrados nas Fig. 4.20-22 comparando a resposta viscoelástica não-linear e hiperelástica para três diferentes condições de carregamento, ou seja, 15,470 e ( , ) (10%,10%),(45%,27%),(50%,50%) . Pode-se observar, que para todos os casos analisados, quanto menor a taxa de carregamento maior será o valor de curvatura obtido no caso hiperelástico. Para os dois últimos casos, a resposta hiperelástica obtida com taxa de 0,05 mm/min é a que apresenta melhor correlação com o comportamento viscoelástico não-linear. Como mostrado na Fig. 4.20, para ( , ) (10%,10%) , a taxa de 0,005 mm/min é a que apresenta resultados mais próximos. A Fig. 4.23 ilustra a diferença percentual de curvatura entre os dois modelos considerando a taxa de 0,05 mm/min para a curva tensão x deformação utilizada no modelo hiperelástico. Verifica-se que, inicialmente, os valores de curvatura no engaste apresentam uma diferença percentual inferior a 5%, enquanto entre 15 e 20 s. a diferença pode chegar a aproximadamente 24%. A variação de curvatura, diferença entre o valor máximo e mínimo observado ao longo de um período de carregamento, é mostrada na Fig. 4.24. Para o caso 131 hiperelástico, a taxa de carregamento utilizada na obtenção da curva tensão x deformação apresenta uma influência significativa na variação deste parâmetro. Considerando, por exemplo, os valores obtidos com a menor e maior taxa utilizada no estudo de caso, observa-se uma diferença percentual de aproximadamente 30%. A variação de curvatura só coincide com a formulação viscoelástica não-linear para uma frequência de carregamento específico. A Fig. 4.25 mostra o envelope para o caso viscoelástico não-linear e para caso hiperelástico com taxa de carregamento de 0,05 mm/min para o caso de carregamento ( , ) (45%,27%) 0,28 Viscoelástico não-linear Elástico não-linear [mm/min] 0,005 0,26 Curvatura no engaste [1/m] 5 50 0,05 500 0,24 0,22 0,20 0,18 0,16 0 5 10 15 20 25 Tempo [s] Figura 4.20 – Modelo viscoelástico não-linear no domínio da frequência x elástico nãolinear (curvatura no engaste) 132 Viscoelástico não-linear Elástico não-linear [mm/min] 0,35 0,005 Curvatura no engaste [1/m] 5 50 0,05 500 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0 5 10 15 20 25 Tempo [s] Figura 4.21 – Modelo viscoelástico não-linear no domínio da frequência x elástico nãolinear (curvatura no engaste) 0,45 Viscoelástico não-linear Elástico não-linear [mm/min] 0,40 0,005 Curvatura no engaste [1/m] 5 50 0,05 500 0,35 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0 5 10 15 20 25 Tempo [s] Figura 4.22 – Modelo viscoelástico não-linear no domínio da frequência x elástico nãolinear (curvatura no engaste) 133 25 Dif. percentual [%] 20 15 10 5 0 0 5 10 15 20 25 Tempo [s] Figura 4.23 – Modelo viscoelástico não-linear no domínio da frequência x elástico nãolinear 0,05mm/min (diferença percentual de curvatura ao longo de um período) 0,24 Viscoelástico não-linear Elástico não-linear [mm/min] 0,23 Variação de curvatura [1/m] 0,005 0,22 0,21 0,20 0,05 5 0,19 50 0,18 500 0,17 0,01 0,1 1 Frequência [Hz] Figura 4.24 – Modelo viscoelástico não-linear no domínio da frequência x elástico nãolinear (variação de curvatura) 134 13 Viscoelástico não-linear Elástico não-linear (0,05mm/min) 12 11 10 Deformação [%] 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 Comprimento [m] Figura 4.25 – Modelo viscoelástico não-linear no domínio da frequência x elástico nãolinear (envelope de deformação) Os resultados do estudo de caso apresentado, mostram que para fins de dimensionamento com carregamento extremo, a utilização de comportamento nãolinear elástico pode apresentar resultados muito próximos da teoria viscoelástica nãolinear se uma taxa de carregamento adequada for escolhida. Embora recomendações não possam ser generalizadas com base em apenas um estudo de caso e um tipo de poliuretano, a menor taxa utilizada (0,005 mm/min) poderia ser utilizada para levantamento da curva tensão x deformação pois foi a única que apresentou resultados conservadores para as três condições de carregamento avaliadas. Para avaliação de vida à fadiga da estrutura, onde o parâmetro variação de curvatura é o fator mais importante a ser avaliado, conclusões diferentes são obtidas. A escolha de uma taxa de carregamento não se torna evidente, pois valores acima e abaixo da referência viscoelástica são obtidos. Uma variação de cerca de 30% foi observada entre a menor e maior taxa de carregamento utilizada para determinação da curva tensão x deformação. Além disso, a frequência de carregamento, apesar de pequena, influencia a resposta do sistema devido à dissipação de energia do sistema viscoelástico. Dessa forma recomenda-se o uso da teoria viscoelástica não-linear no domínio da frequência para avaliação de vida à fadiga da estrutura. Vale ainda 135 ressaltar que o poliuretano do enrijecedor está submetido a diferentes taxas de carregamento ao longo do comprimento para um ciclo e, consequentemente, a única forma de se avaliar este fenômeno na resposta é a utilização do comportamento viscoelástico na formulação do problema. Alguns comentários e recomendações finais são apresentados a seguir no Capítulo 5. 136 5 CONCLUSÕES Enrijecedores à flexão ou bend stiffeners são componentes críticos em sistemas submarinos de produção, onde sua falha pode induzir a falha do duto flexível e provocar, consequentemente, sérios danos econômicos e ambientais. A crescente demanda de dutos flexíveis e cabos umbilicais submarinos, no contexto das novas descobertas de reservas em águas profundas, impulsionam uma melhor compreensão dos fenômenos que regem a resposta mecânica de enrijecedores para garantir um projeto mais seguro e menos conservador. Usualmente são utilizados dois modelos para análise e dimensionamento de enrijecedores, o global e o local. O primeiro permite a obtenção dos esforços dinâmicos de tração e ângulo de topo a serem utilizados como condições de contorno na análise local. O segundo modelo determina a distribuição de tensões e deformações ao longo do comprimento, obtida utilizando o modelo de viga ou o método dos elementos finitos quando há necessidade de avaliação de pontos de concentração de tensões, por exemplo. Os modelos matemáticos atuais, encontrados na literatura e disponíveis comercialmente através de programas computacionais, consideram o poliuretano do enrijecedor com comportamento não-linear elástico e sujeito a condições de carregamento estático. O sistema duto flexível/enrijecedor está, na verdade, sujeito ao carregamento ambiental aleatório de ondas, correntes e ventos atuantes na unidade flutuante de produção e no próprio sistema. Neste trabalho, a forma adotada para representar o carregamento atuante na estrutura foi à utilização de funções harmônicas de tração e ângulo de topo incorporadas matematicamente em um modelo viscoelástico não-linear para obtenção da resposta harmônica em regime permanente de excitação. Desta forma, tanto a representação das condições de carregamento como a caracterização do comportamento mecânico do poliuretano reproduzem melhor a resposta real do sistema. Devido ao seu comportamento viscoelástico, o poliuretano utilizado na fabricação de enrijecedores à flexão apresenta resposta mecânica dependente da taxa de carregamento imposta e, consequentemente, da frequência de oscilação do carregamento ambiental. Além disso, apresenta dissipação de energia e geração de calor quando submetido a carregamento oscilatório, ou seja, amortecimento estrutural. Com o objetivo de caracterizar este comportamento dependente do tempo, diversos ensaios experimentais de tração e relaxação de tensão foram realizados utilizando amostras de um tipo específico de poliuretano retiradas de um enrijecedor à flexão. Os ensaios realizados com um aparato servo-hidráulico de tração/compressão 137 com extensômetro para medida de deformação do corpo de prova foram utilizados para ajustar os coeficientes da teoria viscoelástica linear e de dois modelos da teoria não-linear. Os modelos de LEADERMAN [24] e PIPKIN e ROGERS [25] (baseado no princípio da superposição modificado) foram utilizados para ajuste dos ensaios experimentais. Os resultados mostraram que o segundo modelo apresentou melhor correlação numérico-experimental com os ensaios de tração e relaxação de tensões. Com relação à formulação matemática e obtenção da solução numérica do problema de valor de contorno, pode-se verificar que as duas representações não-lineares apresentam o mesmo nível de dificuldade para os modelos no domínio do tempo e da frequência. Opta-se, consequentemente, pela utilização do modelo baseado no princípio da superposição modificado para avaliação da resposta viscoelástica nãolinear do enrijecedor à flexão. O modelo matemático para representar o sistema mecânico composto pelo enrijecedor à flexão e parte do duto flexível conectado à unidade flutuante de produção foi formulado considerando a teoria da viscoelasticidade linear e não-linear no domínio do tempo e da frequência. As hipóteses simplificadoras adotadas e uma discussão de suas consequências na resposta do modelo de viga foram apresentadas, assim como, as relações trigonométricas e equilíbrio de forças e momentos utilizados como base da formulação matemática do problema de valor de contorno. Considerando condições de carregamento harmônica para representar as séries temporais de tração e ângulo de topo, utilizou-se a teoria da perturbação para formulação no domínio da frequência. Dois parâmetros ( , ) foram utilizados de modo que, uma vez obtida a solução em torno de um valor médio, a resposta para diferentes variações de tração e ângulo de topo seja obtida sem a necessidade de resolver novamente o sistema de equações diferenciais. Esta nova formulação permite a fácil obtenção da resposta dependente da frequência de carregamento considerando ainda as não-linearidades físicas e geométricas. No estudo de caso apresentado, resultados de uma análise dinâmica global simplificada considerando um duto flexível em catenária livre conectado a um FPSO operando em condições ambientais típicas da Bacia de Campos, foram utilizados para obtenção do espaço de projeto representado pelas séries temporais de tração e ângulo de topo. Aplicando estas séries como condições de contorno do modelo local, comparações da resposta de curvatura e deformação foram apresentadas utilizando o comportamento linear elástico, hiperelástico, viscoelástico linear e viscoelástico nãolinear para representar o poliuretano do enrijecedor. A verificação e validação dos modelos no domínio da frequência foram feitas através dos modelos no domínio do tempo utilizando a formulação apresentada e o método dos elementos finitos (apenas 138 no caso linear). Além disso, avaliou-se o efeito da frequência de carregamento na resposta do modelo viscoelástico. A teoria da perturbação utilizando termos de ordem dois apresentou essencialmente os mesmos resultados da formulação utilizando termos de terceira ordem no modelo viscoelástico linear no domínio da frequência. Utilizando apenas termos de segunda ordem, reduz-se significantemente o número de equações diferenciais não-lineares que governam o problema de valor de contorno. O sistema cai de sessenta (60) para vinte e oito (28) equações diferenciais. Com base nestas observações e com o objetivo de simplificar a formulação do modelo não-linear sem, entretanto, perder sua representatividade, apenas termos de ordem dois foram utilizados. As principais conclusões e recomendações obtidas com o estudo de caso são apresentadas a seguir no item 5.1 e, por fim, algumas sugestões para trabalhos futuros no item 5.2. 5.1 Recomendações finais Nos resultados apresentados no Cap. 4, entre os modelos avaliados verificou-se que o único capaz de incluir intrinsecamente a não-linearidade do poliuretano e o efeito da taxa de carregamento na resposta do sistema foi o viscoelástico não-linear. Especificamente para o estudo de caso apresentado, a utilização do modelo hiperelástico com a menor taxa de carregamento, ou seja, 0,005 mm/min apresentou resultados conservadores quando comparados com o modelo viscoelástico não-linear. Embora não se possa generalizar uma recomendação com base em apenas um estudo de caso e considerando um tipo específico de poliuretano, verificou-se que ensaios de tração realizados com as menores taxas de carregamento disponíveis tendem a apresentar resultados mais conservadores. Desta forma, caso não seja possível utilizar o modelo viscoelástico não-linear para o dimensionamento do enrijecedor à flexão, onde os carregamentos extremos são considerados, deve-se optar por utilizar uma baixa taxa de carregamento para caracterização experimental da curva tensão x deformação utilizada no modelo hiperelástico. Não se recomenda a utilização do modelo linear elástico para determinação final do projeto, podendo, entretanto, ser utilizado como suporte no processo iterativo inicial ou para fins de viabilidade econômica devido a sua relativa facilidade de solução numérica. Para avaliação de vida à fadiga da estrutura, onde se deve avaliar a variação da deformação ou curvatura em um ciclo, os resultados não apresentaram boa correlação entre o modelo hiperelástico e viscoelástico não-linear. Consequentemente, para uma correta avaliação desse fenômeno deve-se utilizar o modelo viscoelástico não-linear 139 no domínio da frequência. Embora, a princípio o modelo no domínio do tempo possa ser utilizado para este fim, o mesmo não apresenta a mesma facilidade de resolução numérica quando comparado com o modelo no domínio da frequência. Além disso, o modelo no domínio da frequência apresenta a vantagem da fácil obtenção da variação de carregamento em torno de um valor médio. Com a obtenção da resposta do sistema para um determinado valor médio e diferença de fase, pode-se utilizar os valores de perturbação ( , ) para variação da tração e ângulo de topo. Para o poliuretano utilizado no estudo de caso, a frequência de carregamento utilizada na tração e ângulo de topo apresentou pouca influência na resposta do sistema, mas mostrou a tendência de diminuição dos valores máximos de curvatura obtidos com o aumento da frequência de carregamento. Para materiais com comportamento viscoelástico mais pronunciado (em temperaturas mais elevadas, por exemplo) espera-se uma maior influência e, consequentemente, esta avaliação deve ser feita para cada material específico. 5.2 Sugestões para trabalhos futuros Algumas sugestões para trabalhos futuros são apresentadas a seguir. Os itens a), b) e c) podem ser considerados como uma extensão do trabalho apresentado. O item d) propõe a utilização do comportamento viscoelástico para avaliação de vida à fadiga da estrutura. Os itens e) e f) são recomendações gerais para trabalhos que podem contribuir para o melhor entendimento de possíveis modos de falha deste componente crítico em sistemas de produção offshore. a) Desenvolvimento de uma metodologia simplificada para caracterização do comportamento mecânico do poliuretano utilizado na fabricação de enrijecedores à flexão; b) Incluir o efeito da temperatura nos modelos viscoelásticos apresentados, uma vez que a resposta do poliuretano apresenta forte dependência deste parâmetro; c) Desenvolvimento de modelo acoplado de análise termo-mecânica em que o aumento da temperatura devido a carregamento harmônico altere as 140 propriedades mecânicas do poliuretano que por sua vez irá apresentar comportamento dissipativo diferente; d) Avaliação da vida à fadiga do enrijecedor à flexão considerando o comportamento viscoelástico do poliuretano e desenvolvimento de metodologia de análise baseado nos conceitos de mecânica da fratura; e) O contato entre a capa externa da linha flexível e a parte interna do enrijecedor pode gerar desgaste nos mesmos. Um modelo matemático para estimar a distribuição das pressões de contato pode ser utilizado para, em conjunto com estudos tribológicos, melhor compreender este modo de falha. Ensaios experimentais e modelos em elementos finitos podem ser utilizados para verificação do modelo matemático desenvolvido. f) A conicidade do enrijecedor à flexão leva a uma variação de rigidez ao longo do comprimento devido à diminuição de espessura até sua extremidade. A ovalização que ocorre nesta região quando o riser é submetido a carregamentos extremos deve ser avaliada considerando dois critérios: i) efeito desta ovalização na resposta do sistema linha flexível/enrijecedor. Esta avaliação pode ser feita através de uma análise em três dimensões utilizando o método dos elementos finitos e comparada com os resultados obtidos utilizando o modelo simplificado de viga; ii) resistência ao rasgamento do poliuretano nesta região na presença de falhas, utilizando os conceitos de mecânica da fratura. g) Testes em escala real com aparato de fadiga para avaliar o aquecimento do material devido a carregamento cíclico, característica do comportamento viscoelástico, e avaliação do contato entre o enrijecedor à flexão e o duto flexível utilizando filme sensível à variação de pressão. 141 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] GUO, B., SONG, S., GHALAMBOR, A., Offshore pipelines. 1 ed. Oxford, Elsevier, 2005. [2] Technip, Engineering and technologies – Flexible pipe, Disponível em: <http://www.technip.com/en/entities/flexi-france/flexi-france-technology> Acesso: 27 de maio de 2011. 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[37] MARINTEK, RIFLEX 3.6 – Program documentation, Trondheim, Norway, 2008. 144 ANEXO I – AJUSTE DOS ENSAIOS DE RELAXAÇÃO (PSM) Para o modelo viscoelástico não-linear baseado no princípio da superposição modificado (PSM), a primeira etapa do ajuste consiste em, utilizando o método iterativo não-linear dos mínimos quadrados, obter os nove coeficientes ( 0M , 1M , 2M , 3M , 4M , R,1, R,2 , R,3 , R,4 ) da resposta de tensão média definida a seguir, i (t ) / 6 i 1 i 6 Medio (t ) 0M t t t t 1M exp 2M exp 3M exp 4M exp R ,1 R ,2 R ,3 R ,4 (AI.1) O objetivo deste ajuste é determinar valores médios para os tempos de relaxação R,1, R,2 , R,3 e R ,4 . Estes valores são então utilizados no ajuste dos históricos de tensão, obtidos como resposta do ensaio de relaxação, para cada um dos seis níveis de deformação aplicados ( i 1,..,6 ). O programa computacional Mathematica [36] foi utilizado para obtenção dos tempos de relaxação, sendo estes apresentados anteriormente na Tab. 2.4. A Eq. (AI.2) apresenta os cinco coeficientes que determinam a resposta de tensão com o tempo, 0 i , 1i , 2 i , 3 i e 4 i , e devem ser calculados para cada nível de deformação aplicado ( i 1,..,6 ). Os resultados do ajuste são apresentados graficamente nas Fig. AI.1-6 e os valores dos coeficientes na Tab. AI.1. t t t t i (t ) 0 i 1i exp 2 i exp 3 i exp 4 i exp R ,1 R ,2 R ,3 R ,4 (AI.2) Tabela AI.1 - Coeficientes de ajuste da função tensão Def [%] i 0 i [MPa] 1i [MPa ] 2 i [MPa] 3 i [MPa] 4 i [MPa ] 2,5 1 1,175 0,247 0,126 0,085 0,110 5,0 2 2,160 0,342 0,177 0,113 0,129 7,5 3 2,701 0,454 0,231 0,153 0,149 10,0 4 2,975 0,541 0,269 0,167 0,191 20,0 5 3,810 0,785 0,394 0,237 0,272 30,0 6 4,297 0,971 0,495 0,289 0,332 145 Os vinte coeficientes G m k ( m 0,..,4 e k 1,.., 4 ) que determinam as quatro funções de relaxação, Gk (t ) (k 1,..,4) , apresentadas anteriormente na Eq. (2.111), são obtidos ajustando diretamente a curva formada pelos coeficientes da função tensão versus os seis níveis de deformação m i x i ( m 0,..,4 e i 1,..,6 ), de acordo com a seguinte relação, m i Gm1 i Gm 2 i Gm 3 i Gm 4 i 2 3 4 (AI.3) As Fig. AI.7-11 mostram os pontos que formam as curvas m i x i e o resultado dos ajustes utilizando a função polinomial da Eq. (AI.3). Os valores dos coeficientes foram anteriormente apresentados na Tab. 2.4 e podem, também, ser observados nos gráficos. 1,7 Def. = 2,5 % Ensaio Ajuste 1,6 Tensão [MPa] 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1 10 100 1000 10000 Tempo [s] Figura AI.1 – Resposta e ajuste de tensão para deformação 2,5 % 146 3,0 Def. = 5,0 % Ensaio Ajuste Tensão [MPa] 2,8 2,6 2,4 2,2 2,0 1 10 100 1000 10000 Tempo [s] Figura AI.2 – Resposta e ajuste de tensão para deformação 5,0 % 3,6 Def. = 7,5 % Ensaio Ajuste Tensão [MPa] 3,4 3,2 3,0 2,8 2,6 1 10 100 1000 10000 Tempo [s] Figura AI.3 – Resposta e ajuste de tensão para deformação 7,5 % 147 4,0 Def. = 10,0 % Ensaio Ajuste 3,8 Tensão [MPa] 3,6 3,4 3,2 3,0 2,8 1 10 100 1000 10000 Tempo [s] Figura AI.4 – Resposta e ajuste de tensão para deformação 10,0 % 5,4 Def. = 20,0 % Ensaio Ajuste 5,1 Tensão [MPa] 4,8 4,5 4,2 3,9 3,6 1 10 100 1000 10000 Tempo [s] Figura AI.5 – Resposta e ajuste de tensão para deformação 20,0 % 148 6,3 Def. = 30,0 % Ensaio Ajuste 6,0 Tensão [MPa] 5,7 5,4 5,1 4,8 4,5 4,2 1 10 100 1000 10000 Tempo [s] Figura AI.6 – Resposta e ajuste de tensão para deformação 30,0 % 5,00 0 i x i (i=1,..,6) Ajuste 0 i - Tensão [MPa] 4,00 57,93.- 394,6. + 1305,91. - 1579,21. 3,00 2,00 1,00 0,00 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 i - Deformação [mm/mm] Figura AI.7 – Ajuste dos coeficientes G0k [MPa] 149 1,00 1 i x i (i=1,..,6) Ajuste 1 i - Tensão [MPa] 0,80 9,15.- 53,12. + 175,87. - 214,45. 0,60 0,40 0,20 0,00 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 i - Deformação [mm/mm] Figura AI.8 – Ajuste dos coeficientes G1k [MPa] 2 i x i (i=1,..,6) 0,50 Ajuste 4,78.- 29,83. + 103,65. - 129,80. 2 i - Tensão [MPa] 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 i - Deformação [mm/mm] Figura AI.9 – Ajuste dos coeficientes G2k [MPa] 150 3 i x i (i=1,..,6) 0,30 Ajuste 3 i - Tensão [MPa] 0,25 3,21.- 21,71. + 76,59. - 96,93. 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 i - Deformação [mm/mm] Figura AI.10 – Ajuste dos coeficientes G3k [MPa] 4 i x i (i=1,..,6) 0,35 Ajuste 4 i - Tensão [MPa] 0,30 3,43.- 21,94. + 76,58. - 97,17. 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 i - Deformação [mm/mm] Figura AI.11 – Ajuste dos coeficientes G4k [MPa] 151 ANEXO II – COEFICIENTES DA FUNÇÃO CORTANTE COEFICIENTES Ai A0 1 A1 1 A2 0 A3 0 A4 0 1 (s ) 2 (s ) 2 4 1 2 1 (s ) (s ) 2 1 2 A5 A6 1 (s ) 2 (s ) 2 4 1 2 A7 2 2 2 1 4 0 L 2 0 L cos( ) 3 (s ) 3 (s ) 2 0 L sin( ) 4 (s ) 4 (s ) A8 A9 1 2 0 L cos( ) 3 (s ) 0 L sin( ) 4 (s ) A 10 14 2 cos(2 ) 2 cos( ) (s ) (s ) 2 2 sin( ) (s ) (s ) 2 0L 0L 3 3 0L 4 4 A 11 1 (s ) A 2 1 0 L cos( ) 3 (s ) 2 (s ) 0 L sin( ) 4 (s ) 12 A 1 (s ) 13 2 2 0 L cos( ) 3 (s ) 1 (s ) 0 L sin( ) 4 (s ) 1 (s ) 2 1 0 L cos( ) 3 (s ) 2 (s ) 0 L sin( ) 4 (s ) A14 18 2 (s ) 2 (s ) 46 (s ) 1 (s ) 31 (s ) 85 (s ) 47 (s ) 1 (s ) (s ) 2 (s ) 2 (s ) 2 (s ) (s ) A15 4 1 2 6 2 5 7 1 (s ) 2 (s ) (s ) 4 (s ) 2 (s ) (s ) A16 8 1 2 2 6 2 7 1 (s ) (s ) 2 (s ) 2 (s ) (s ) A17 4 1 2 6 2 7 152 A18 A19 A20 A21 A22 A23 A24 A25 0 L 12 cos( ) 10 (s ) 28 (s ) 12 sin( )9 (s ) 1 2 3 (s ) 10 (s ) 28 (s ) 4 (s )9 (s ) 0 L 12 sin( ) 10 (s ) 28 (s ) 12 cos( )9 (s ) 12 4 (s ) 10 (s ) 28 (s ) 3 (s )9 (s ) 0 L 12 cos( ) 10 (s ) 12 sin( )9 (s ) 1 (s ) (s ) (s ) (s ) 10 4 9 2 3 0 L 12 sin( ) 10 (s ) 12 cos( )9 (s ) 1 (s ) (s ) (s ) (s ) 10 3 9 2 4 0L 14 sin( ) 2 (s ) 26 (s ) 14 cos( ) 31(s ) 45 (s ) 27 (s ) 4 (s ) 11 (s ) 21(s )13 (s ) 212 (s )2 (s ) 31(s )3 (s ) 1 1 4 (s ) (s ) 4 (s ) (s ) 2 (s ) (s ) 2 (s ) (s ) 2 4 3 5 4 6 3 7 0L 14 cos( ) 2 (s ) 26 (s ) 14 sin( ) 1(s ) 45 (s ) 27 (s ) 2 (s ) 12 (s ) 42 (s )11 (s ) 22 (s )13 (s ) 2 (s )3 (s ) 1 1 4 (s ) (s ) 4 (s ) (s ) 2 (s ) (s ) 2 (s ) (s ) 4 4 5 3 6 4 7 1 0L 14 sin( ) 2 (s ) 26 (s ) 14 cos( )1(s ) 27 (s ) 1 21(s ) 13 (s ) 22 (s )12 (s ) 1(s )3 (s ) 2 (s )4 (s ) 4 24 (s )6 (s ) 23 (s )7 (s ) 1 1 0L 4 cos( ) 2 (s ) 26 (s ) 4 sin( )1(s ) 27 (s ) 1 21(s ) 12 (s ) 22 (s )13 (s ) 2 (s )3 (s ) 1(s )4 (s ) 4 23 (s )6 (s ) 24 (s )7 (s ) 153 A26 A27 A28 A29 0 L 14 cos( ) 411 (s ) 213 (s ) 33 (s ) 14 sin( )212 (s ) 4 (s ) 2 8 (s ) 11 (s ) 43 (s )13 (s ) 33 (s ) 44 (s )12 (s ) 1 3 1 2 2 cos(2 ) 8 8 0L 2 4 (s ) 41(s )10 (s ) 81(s )8 (s ) 42 (s )9 (s ) 14 sin( ) 4 (s ) 2 (s ) (s ) 14 cos( )2 (s ) (s ) 11 13 3 12 4 0L 1 43 (s ) 12 (s ) 84 (s )11 (s ) 44 (s )13 (s ) 23 (s )4 (s ) 1 2 8 0 L sin(2 ) 8 42 (s )10 (s ) 82 (s )8 (s ) 41(s )9 (s ) 1 1 0 L 4 cos( ) 213 (s ) 3 (s ) 4 sin( )212 (s ) 4 (s ) 41(s ) 10 (s ) 43 (s )13 (s ) 3 (s )2 44 (s )12 (s ) 2 18 0 L cos(2 ) 18 2 4 (s ) 42 (s )9 (s ) 0 L 14 sin( ) 213 (s ) 3 (s ) 14 cos( )212 (s ) 4 (s ) 2 ( s ) ( s ) 2 ( s ) ( s ) 2 ( s ) ( s ) 2 10 3 12 4 13 1 14 2 sin( ) cos( ) 4 0 L (s ) (s ) 2 (s ) (s ) 4 1 9 3 154 COEFICIENTES Bi B0 0 B1 B2 B3 B4 1(s ) 2 (s ) 0 L cos( ) 3 (s ) sin( ) (s ) 4 0L 1 (s ) (s ) 2 1 5 1 (s ) (s ) B5 2 2 6 B6 1 2 1 (s ) 7 (s ) B7 8 (s ) B8 B9 9 (s ) B 10 10 (s ) B 11 B 12 0 L cos( ) 2 11 (s ) 3 (s ) 12 B 1 13 2 0 L sin( ) 2 12 (s ) 4 (s ) 1 cos( ) 2 (s ) (s ) 13 3 2 0L 18 1 (s )3 1 (s )2 (s ) 2 85 (s ) 47 (s ) 814 (s ) B14 1 (s ) 2 (s ) (s ) 3 4 (s ) 8 (s ) 8 1 2 2 6 15 B15 B16 1 3 2 24 1 (s ) 31 (s )2 (s ) 127 (s ) 2416 (s ) B17 1 2 3 24 31 (s ) 2 (s ) 2 (s ) 126 (s ) 2417 (s ) 155 B18 B19 B20 B21 B22 B23 B24 B25 0 L 14 sin( ) 3 (s )4 (s ) 18 cos( )33 (s )2 4 (s )2 1 2 2 8 0 L 3 (s ) 2 cos( ) 3 (s ) 2 sin( ) cos( )4 (s ) 3 18 818 (s ) 3 (s )3 3 (s )4 (s )2 18 0 L cos( ) 0 L 14 cos( ) 3 (s )4 (s ) 18 sin( )3 (s )2 34 (s )2 1 2 2 ( s ) 2 cos( ) ( s ) 2 sin( ) cos( ) ( s ) 4 4 4 8 0L 3 2 3 18 819 (s ) 3 (s ) 4 (s ) 4 (s ) 18 0 L sin( ) 1 3 cos(3 ) 1 sin( ) (s ) (s ) 1 cos( ) 3 (s )2 3 (s )2 24 0L 4 3 4 3 4 24 0 L 2 3 2 18 0 L 3 (s ) cos(2 ) 4 (s ) sin(2 ) 124 2420 (s ) 3 (s ) 33 (s )4 (s ) 1 3 2 2 1 1 24 0 L sin(3 ) 0 L 4 cos( ) 3 (s )4 (s ) 24 sin( ) 33 (s ) 34 (s ) 2 18 0 L 3 (s ) sin(2 ) 4 (s ) cos(2 ) 124 2421 (s ) 4 (s )3 33 (s )2 4 (s ) 0 L 14 sin( ) 1(s )2 (s ) 18 cos( )31(s )2 2 (s )2 1 8 (s ) 4 (s ) 8 (s ) 3 (s )2 (s ) (s )2 (s ) 2 (s ) (s ) (s ) 13 22 1 3 2 3 1 2 4 8 11 0 L 14 cos( ) 1(s )2 (s ) 18 sin( )1(s )2 32 (s )2 1 2 2 8 412 (s ) 823 (s ) 1(s ) 4 (s ) 32 (s ) 4 (s ) 21(s )2 (s )3 (s ) 0 L 14 sin( ) 1(s )2 (s ) 18 cos( ) 1(s )2 2 (s )2 1 2 2 4 ( s ) 8 ( s ) ( s ) ( s ) ( s ) ( s ) 2 ( s ) ( s ) ( s ) 8 13 24 1 3 2 3 1 2 4 2 2 0 L 14 cos( ) 1(s )2 (s ) 18 sin( ) 1(s ) 2 (s ) 1 2 2 8 412 (s ) 825 (s ) 1(s ) 4 (s ) 2 (s ) 4 (s ) 21(s )2 (s )3 (s ) 156 B26 B27 B28 B29 0 L 18 cos( ) 22 (s )3 (s ) 21(s )4 (s ) 18 sin( )21(s )3 (s ) 62 (s )4 (s ) 2 1 2 cos(2 ) (s ) 1 sin( ) cos( ) (s ) 4 1 2 0L 8 1 2 2 8 410 (s ) 31(s )3 (s ) 22 (s )3 (s )4 (s ) 1(s ) 4 (s ) 88 (s ) 826 (s ) 1 cos( ) 2 (s ) (s ) 2 (s ) (s ) 1 sin( )2 (s ) (s ) 6 (s ) (s ) 8 2 3 1 4 1 3 2 4 0L 8 2 0 L 18 2 cos(2 )2 (s ) 14 sin( ) cos( )1(s ) 18 32 (s )3 (s )2 21(s )3 (s )4 (s ) 32 (s )4 (s )2 827 (s ) 49 (s ) 0 L 18 sin( ) 22 (s )3 (s ) 21(s )4 (s ) 18 cos( ) 21(s )3 (s ) 22 (s )4 (s ) 0 L 2 18 cos(2 )1(s ) 14 sin( ) cos( )2 (s ) 1 4 (s ) 8 (s ) (s ) (s )2 2 (s ) (s ) (s ) (s ) (s )2 28 1 3 2 3 4 1 4 8 10 18 cos( ) 2 (s ) (s ) 2 (s ) (s ) 18 sin( ) 2 (s ) (s ) 2 (s ) (s ) 2 3 1 4 1 3 2 4 0 L 2 1 1 0 L 8 cos(2 )1(s ) 4 sin( ) cos( )2 (s ) 2 2 18 49 (s ) 829 (s ) 2 (s )3 (s ) 21(s )3 (s )4 (s ) 2 (s ) 4 (s ) 157