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‘COMUNICAÇÕES AUDIOVISUAIS PARA PESSOAS CEGAS E AMBLÍOPES’ Pedro M. S. Pereira nº 52146 Instituto Superior Técnico Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa, Portugal E-mail: [email protected] RESUMO Com o evoluir constante da tecnologia e da medicina, faz sentido, tanto num contexto negocial como social, uma livre distribuição de informação por todas as pessoas com incapacidades físicas. Este documento, não pretende estudar novos métodos de comunicação audiovisual específicos para pessoas com deficiências físicas, nomeadamente a visual, mas antes descrever o estado da arte nesta área dentro e fora de Portugal e possivelmente, refutar ideias pré-concebidas, para dar azo a futuros desenvolvimentos tecnológicos por parte da comunidade cientifica jovem. É também feita uma abordagem comercial de interesse à camada gestora. Index Terms— Comunicações, Audiovisual, Cegos, Amblíopes, Text-To-Speech, Braille, Telemóveis, Internet 1. INTRODUÇÃO “No princípio quando Deus criou os céus e a terra, a terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas. E Deus disse: «Faça-se luz.» E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas.” [1] Este primeiro parágrafo pertence a um dos textos mais antigos que chegou até Nós, após traduções, comparações, transformações e sem qualquer questionável dúvida, biliões de impressões! Nele, são descritos os dois pilares ou se preferirem verdades da consciência Humana: o bom (luz) e o mau (trevas). No entanto, esta perspectiva é uma perspectiva visual que para quem nunca teve a capacidade de ver, não faz qualquer tipo de sentido (antes se tivesse optado pelo “calor” e o “frio”)! Podemos fazer o transporte do problema anterior para a problemática em discussão: O que falta à tecnologia, para ser “compreendida” por pessoas invisuais ou amblíopes1? Para além de responder a essa pergunta podemos avançar ainda mais perguntando: Que tecnologias existem? Quais delas é que são comercializadas e de que 1 Pessoa com capacidade reduzida de visão maneira? São muitas ou poucas? Porquê? O que nos reserva o futuro? Ao longo deste documento tentaremos responder a muitas dessas perguntas importantes e colocar outras, no entanto, para conseguir “atacar” qualquer uma das soluções teremos que ir novamente ao Génesis, ou antes, à génese da questão: O que caracteriza cientificamente uma pessoa cega ou amblíope? Esta questão leva-nos à segunda parte deste documento. 2. MOTIVAÇÃO As tecnologias audiovisuais tal como o nome indica estão intimamente relacionadas com a capacidade de visão de um sujeito e sem dúvida que a caracterização desta é um factor chave! Veremos mais à frente que os factores que mais vão influenciar o estado da arte não são factores científicos, mas antes geográficos, económicos e sociais. Quer-se, também, dar a conhecer a ordem de grandeza do problema, comparativamente com o crescimento explosivo actual das tecnologias de informação (Internet de Banda Larga, Televisão interactiva por assinatura, comunicações moveis de terceira geração etc..) para demonstrar a viabilidade de adaptação de planos de negócio existentes… …mas como dizem os ingleses, “first things first…” 2.1. Caracterização da Cegueira e Amblíopia A cegueira é definida pela OMS como a “incapacidade de ver.” [2] e a amblíopia, é descrita pela Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) por “baixa-visão, e uma reduzida capacidade visual - qualquer que seja a origem - que não melhora através de correcção óptica. No caso de a amblíopia se traduzir numa redução acuidade visual2 abaixo de 1/10, é costume classificá-la de amblíopia profunda.” [3]. Tendo estes dois conceitos presentes poderemos agora avançar para localização geográfica do problema. 2 Característica do olho de reconhecer dois pontos muito próximos 1 2.2. Um pouco de estatística Seguidamente são apresentadas algumas estatísticas representativas da localização da comunidade com problemas de visão (não só cegos e amblíopes!) no mundo e em Portugal, visto ser um factor importante de motivação para a criação de planos de negócio. 2.2.1. No mundo No mundo existem mais de 161 milhões de pessoas com problemas de visão, entre elas 124 milhões são amblíopes e 37 milhões são cegas, outros 153 milhões sofrem de problemas de visão diversos devido a erros refractivos (miopia, hipermetropia e astigmatistmo), no entanto a sua distribuição está longe de ser homogénea (ver tabela 1 e figura 1). Mais de 90% de pessoas com problemas de visão estão em países subdesenvolvidos. [5] Logo, podemos extrapolar que uma das razões pelas quais as tecnologias adaptativas não se encontram mais desenvolvidas é porque os países em que há mais capacidade de as desenvolver são de facto países em que as pessoas com problemas de visão são uma pequena minoria. No entanto, não deveremos descuidar o impacto económico global (muito importante para países desenvolvidos!) devido à perda de produtividade pessoal para pessoas com problemas de visão. No ano 2000 foi de US$ 42 biliões com previsão para aumentar para US$ 110 no ano 2020. [6] Figura 1 – Estimativa Global de pessoas com problemas de visão por região da OMS [4] 2.2.2. Em Portugal Apesar dos esforços de contacto por telefone e correio electrónico a ACAPO, apenas se conseguiu estimar por fontes externas a esta a existência de uma comunidade de cerca de 160 mil pessoas com este tipo de deficiência – 20 mil cegos e 140 mil amblíopes. [7] É no entanto segundo o Instituto Nacional de Estatísticas representante de 1,5% da população. 2.3. O crescimento tecnológico Paralelamente aos dados anteriores, analisamos também evolução tecnológica dos últimos anos. 2.3.1 No mundo Africa Américas Este Med Europa SE Ásia O Pacifico Total População 672.2 852.6 502.8 877.9 1,590.80 1,717.50 6,213.90 # Pessoas cegas 6.8 2.4 4 2.7 11.6 9.3 36.9 % cegos 18% 7% 11% 7% 32% 25% 100% É em seguida demonstrada estatisticamente (tabela 2) o crescimento das tecnologias de comunicação e como isso pode ser factor de alavanca para o desenvolvimento de tecnologias mais abrangentes. Linhas fixas de telefone # amblíopes # problemas Visão 20 13.1 12.4 12.8 33.5 32.5 124.3 telefónico 15.5 16.5 15.5 45.1 41.8 161.2 Tabela 1 – Estimativa global para 2002 de distribuição de pessoas com problemas de visão por região da OMS (em milhões) [4] 01 02 03 04 05 06 07 08 975 1'034 1'083 1'135 1'204 1'262 1'263 1'278 1'267 738 961 1'157 1'417 1'763 2'219 2'757 3'305 4'100 500 555 615 650 775 808 ... ... ... 390 489 616 721 867 989 1'168 1'344 1'542 Assinantes serviço 26.8 00 móvel Computadores pessoais Utilizadores de Internet Tabela 2 – Evolução de diferentes tipos de serviços de comunicações (resultados em milhões). [8] 2 2.3.2 Em Portugal No último relatório estatístico de 2008 [9], a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), indicava a existência em Portugal de cerca de 2,13 milhões de utilizadores com acessos à Internet em banda larga móvel e cerca 1,64 milhões de clientes com acessos à Internet fixos, o que representava (em relação à banda larga móvel) face ao trimestre anterior um crescimento de 10% e face ao ano anterior um crescimento de 77%. (figura 2) Figura 4 – Taxa de penetração de telefones móveis na união europeia versus Portugal [10] Figura 2 – Evolução do número de clientes de banda larga em Portugal [9] Em relação ao serviço telefónico móvel a ANACOM indica que no final do 3.º trimestre de 2008 (3T08) existiam 14,5 milhões de assinantes, o que representa um aumento de 1,5 por cento face ao trimestre anterior e de 12,4 por cento face ao trimestre homólogo do ano anterior (figura 3), vendo a isto e de acordo com a informação disponível, referente ao 2T08 a taxa de penetração então registada em Portugal (134,9 por 100 habitantes) mantinha-se acima da média da U.E. (117,9 por 100 habitantes) (figura 4) Apesar deste trabalho não tentar ser nenhum estudo filosófico sobre a cegueira é muito importante ter em conta que, para além de todos os benefícios económicos associados à criação de planos de negócios, neste mercado nicho, existem factores sociais evolutivos extremamente interessantes e valiosos. Uma sondagem pela Harris Interactive (Taylor 2000, a) descobriu que a Internet pode ter um impacto positivo em adultos com incapacidades. Era mais provável estes indicarem um melhoramento significativo de qualidade das suas vidas do que os que não tinham incapacidades (48% vs 27%). Os adultos com incapacidades também relatavam mais que a Internet os tinha ajudado a obter mais informação acerca do mundo (52% vs 39%), ligação ao mundo (44% vs 38%), conhecerem pessoas com interesses e experiências similares. Estes dados sobre indivíduos com incapacidades demonstram a importância em assegurar acessibilidade para todos independentemente da sua deficiência. Também foi verificada a grande probabilidade destes indivíduos se sentirem isolados, à parte das suas comunidades e com desejos de participar mais (Taylor, 2000b). [11] 3. ADAPTAÇÃO DO MUNDO VISUAL “Nós, os cegos, estamos em dívida para com Louis Braille como a Humanidade está para Gutenberg.” [12] Figura 3 – Evolução dos assinantes e taxas de crescimento de telefones móveis em Portugal [10] Tanto no contexto técnico como negocial é lógico, ao desenvolverem-se ferramentas para utilização humana utilizarem-se pressupostos mais abrangentes, neste caso que a visão do utilizador é “normal”, mas já alguma vez pensou como um cego entende as entrevistas do telejornal quando decidem por legendas em vez de traduzirem as mesmas? Como acede à informação que está num computador? Como avança para a música que quer ouvir no seu mp3 ou como manda uma mensagem pelo seu telemóvel? Pretende-se agora reforçar a ideia de que se uma pessoa não consegue ver ou vê muito mal, todo o tipo de informação que é transmitida ao cérebro através dos olhos, 3 partindo do pressuposto que a pessoa tem a “visão normal”, senão for adaptada, é inútil! Como é que se vai adaptar? O Homem tem 5 sentidos, visão, audição, tacto, olfacto e paladar, se um deles não estiver disponível (visão) iremos ter que recorrer aos outros 4. Partido do princípio que 2 deles não parecem obter nenhuma solução directa e/ou minimamente agradável (paladar e olfacto) iremos concentrar-nos apenas na audição e no tacto. 3.1. Tacto A primeira maneira que a civilização humana arranjou de conseguir transmitir informação foi através de palavras e desenhos, a história era transmitida de boca em boca ou através de símbolos escritos em paredes O braille (nome derivado do seu criador), inicialmente apresentado através de um artigo [13] em 1839, tornou-se o método mais utilizado para escrita e leitura por pessoas cegas. Este código baseado num sistema usado por soldados para ler mensagens à noite, descreve símbolos (letras, números, …) através de pontos em relevo (experimentar Sensação 1). No entanto, e apesar de hoje ser muito difundido teve bastante resistência com a morte do seu inventor, devido ao facto de não ser inteligível por pessoas com visão. [14] Figura 5 – Display Braille [16] Sensação 1 – “Hello World”3 Hoje em dia existem vários produtos no mercado (ver exemplos na tabela 3) que exploram a linguagem braille para variados tipos de comunicações, desde o mais básico teclado e display braille (que exibe dinamicamente a informação do monitor quando ligado a uma porta de saída do computador – figura 5) até ao super avançado e “awardwinning” telemóvel de mensagens da Samsung (ver figura 6) e anotadores independentes de computador com tecnologia áudio e táctil (figura 7). Preço aprox. Display Braille “focus 404” 3360€ Display Braille “focus 80” 5815€ Display Braille portátil “PACMATE20” 1190€ Display Braille portátil “PACMATE40” 2682€ Anotador “Braille Lite M40” 4174€ Anotador “Braile Lite M40 dual language” 4323€ Tabela 3 – Soluções típicas associadas ao tacto e preços médios. [15] Figura 6 – Interface do Samsung Touch Messenger [17] Nome do produto 3 Traduzido do ingles “Olá Mundo” – Frase típica em exemplos no mundo digital 4 Referência do número de células braille disponíveis 4 Figura 7 – Anotador Braile Lite [16] Existem também investigações para tornar os ecrãs sensíveis ao toque presentes em dispositivos como o IPHONE ou o Nokia 770 com capacidade para “transmitir” braille. Jussi Rantala, da universidade de Tampere na Finlândia e os seus colegas, usaram um Nokia 770 Internet Tablet que tem um material piezoeléctrico embutido no ecrã, sensível ao toque, que vibra quando um sinal eléctrico é aplicado a ele. A equipa instalou o software que representa um ponto em relevo, como um só impulso de vibração intensa e a ausência de ponto, como uma vibração mais lenta de impulsos mais fracos (ver figura 8). [18] Figura 8 – Diagrama de impulsos no ecrã sensível ao toque. [18] O tacto é ainda no entanto, uma solução que passa pela compra de objectos físicos (hardware) e eventualmente alguma formação sendo por isso, a mais onerosa e provavelmente a que menos pessoas recorrem, restando-nos agora apenas o sentido da audição. 3.2. Audição A exploração do sentido da audição passa por um software de interpretação de caracteres que ao serem apresentados num ecrã, os lê com voz humana, esta solução é também conhecida por Text-to-Speech e/ou Screen-Reading. Esta solução pode ser aplicada na maioria dos dispositivos que disponham de capacidade para esse processamento e armazenamento, seja em tempo real (para comunicações em directo, telemóveis, conversação on-line, etc…) ou pré-geradas (documentos áudio, tradução de legendas para formato audível, etc..). 3.2.1 Computadores Existem vários produtos disponíveis de Text-toSpeech e leitura de ecrã (pagos e gratuitos) para diferentes plataformas. (ver tabela 4) Nome SO Preço DOSVOX Windows Gratuito Jaws Windows 1200€ LINVOX Linux Gratuito Orca *nix Gratuito Proloquo Mac OS X 249€ Microsoft Narrator Windows No SO Window Eyes Windows 934€ Tabela 4 – Exemplos de software disponível. [19] 3.2.2 Telemóveis Nos telemóveis é geralmente usado um auricular para permitir que a pessoa interaja com o aparelho juntamente com o software de interpretação para ler/escrever mensagens, escolher números e saber quem nos liga. Geralmente também é dada assistência na navegação de menus e obtenção de informação genérica (horas, data, calculadora). Os softwares mais usados e fiáveis são o “talks” da Nuance Communications que corre sobre o sistema operativo Symbian (Séries 60 ou 80), p.v.p. 180€ e o Mobile Speak da Code factory que corre sobre Symbian ou Windows Mobile, ambos são soluções proprietárias. Nos novos modelos de telemóveis que têm o Sistema de Posicionamento Global incorporado (GPS) já existem interfaces entre o “talks“ (Wayfinder Access powered by Nuance talks) e estes para ajudarem a mobilidade da pessoa invisual. 3.3. Baixa visão Já para as pessoas amblíopes a solução é diferente e passa por tentar amplificar a informação visual o suficiente para que possa ser compreendida. Isto é, através de selecção por parte do utilizador, o software aumenta o tamanho do objecto quantas vezes necessário até que este consiga ver o que deseja (figura 9). Existem vários produtos no mercado que são seguidamente referenciados, assim como os seus preços (ver tabela 5). A grande variação dos preços geralmente está associada à utilização ou não desse software juntamente com hardware específico, da sua qualidade e o número de funcionalidades que dispõe. Nome Magic Pró Scripting Edition Magic Pró w/ Speech Magic Professional Magic Standard ZoomWare Virtual Magnifying Glass SO Windows Windows Windows Windows Windows Windows Linux Windows Windows Preço 742€ 443€ 294€ 257€ 170€ Gratuito Dolphin Lunar ? Andromeda Windows 16.50€ Magnifier Tabela 5 – Soluções típicas de hardware/software e preços médios. [15][20][21][22] 5 Relativamente à Internet e televisão por assinatura não existem, tanto quanto consegui apurar, soluções unificadoras de software/hardware que se possa comprar em pacote, sendo, por isso necessário o utilizador fazer assinatura de um serviço normal e depois comprar as soluções adaptativas. 5.1. Planos de negócio existentes Figura 9 – Exemplo do software Andromeda Windows Magnifier [23] 4. TECNOLOGIAS DE VISÃO Em anos recentes foram feitos grandes progressos na área de dispositivos de substituição sensorial para os cegos. Esta tenta colmatar a falta de visão para que se possam utilizar os mesmos meios que uma pessoa que vê, ou que tem baixa capacidade de visão. Um implante cerebral providencia uma entrada para os dados obtidos através da câmara até aos eléctrodos em contacto com o cortéx visual na nuca. Um computador é usado de seguida para processar a informação como um típico interface cérebro-computador. É uma solução de alto risco. Outra solução existente é a vOICe que transforma imagens captadas por uma câmara instalada nuns óculos, em bips para serem interpretados pelo utilizador. [24] Ambas têm grandes custos associados, mas bastante diferenciados, sendo que a primeira é da ordem dos 90 000€ e a segunda dos 1200 €. 5. ESTADO DA ARTE EM PORTUGAL Para além do software e algum hardware referenciado anteriormente a Tiflotecnia Informática e Acessibilidade a operar em Portugal desde 1999 (http://www.tiflotecnia.com/) dispõe de várias soluções de diferentes fornecedores para os deficientes visuais. Existem também outras empresas cujo foco principal é este mercado como: • Compensar: http://www.compensar.net • MAM/Megaserafim: http://www.megaserafim.pt/ • Electrosertec: http://electrosertec.pt/ • Ataraxia: http://www.ataraxia.pt Neste momento a tecnologia do estado da arte referida (software/hardware) encontra-se disponível em Portugal, através de encomenda on-line (Compensar) ou nas lojas da especialidade, com a excepção do Samsung touch-messenger que ainda não se encontra à venda. 6 Após o licenciamento dos telemóveis de 3ª geração (UMTS) foram solicitados compromissos dos operadores de telecomunicações móveis nacionais em projectos para cidadãos com necessidades especiais (pessoas com deficiência e idosos), avaliados em 2000 no valor de 100 milhões de Euros, no âmbito do concurso público de atribuição destas licenças. Dois serviços encontram-se no âmbito deste estudo e são descritos em seguida.[25] 5.1.1. Vodafone Say O Vodafone Say é um serviço gratuito, criado com base num software Text to Speech, o qual permite transformar em voz todo o texto que aparece no ecrã do seu telemóvel. Assim, pessoas cegas e amblíopes passarão a usufruir totalmente das funcionalidades do seu telemóvel. É instalada, actualmente, a versão 3.60 do Talks (software de leitura) com as vozes portuguesas europeias. Contempla também tarifários de voz e dados com 50% de desconto, tais como o Vodafone Say Total, o Vodafone Say 91, o Vodafone Say ao Segundo e o Plano SMS, designado por Vodafone Say Dados; contempla ainda o mesmo desconto nos tarifários de banda larga móvel: Vodafone Say Net Móvel e T1 Net; e no Vodafone Say Net ADSL que junta Internet de banda larga com telefone fixo. Conta também com formadores da Associação Promotora do Ensino dos Cegos que em várias regiões do País, dão a conhecer as vantagens do serviço. Poderá saber facilmente quem lhe está a ligar; enviar e receber mensagens escritas, mensagens multimédia e e-mails, aceder ao portal Vodafone live!, ouvir e escrever notas, editar e consultar a agenda, consultar o nível de rede e a carga da bateria, modificar as definições do seu telemóvel, entre outros. Para ter o Vodafone Say necessita apenas de um telemóvel compatível, a vodafone tem actualmente disponíveis os Nokia 6124, 6210 Navigator, E65, N73 Black Edition, N78, N81 8Gb e N95 8Gb. Na compra de um destes telemóveis, beneficia da oferta do serviço Vodafone Say e um auricular. No entanto, se já possui um telemóvel compatível, também pode usufruir da oferta. Basta contactar os serviços da Vodafone para que se proceda à instalação da aplicação no seu telemóvel. São vários os modelos compatíveis, bastando para tal, terem a função de alta voz, mínimo de 4 Mb de memória e sistema operativo Symbian Série 60. Actualmente as aplicações instaladas são compatíveis com as 2ª e 3ª séries do Symbian da série 60. [26] 5.1.2 TMN DIX O DIX é um telemóvel especial que lê em voz alta tudo o que de importante aparece no seu ecrã, no entanto, é parecido com qualquer outro. Mas, uma pequena particularidade faz a diferença: recorrendo a uma aplicação de síntese de voz, o telemóvel "lê em voz alta" ao seu utilizador todo o texto escrito no visor. É aquilo a que vulgarmente se chama um "leitor de ecrã". Com este novo telemóvel da TMN, todos podem receber e enviar SMS, assim usufruindo dos inúmeros benefícios inerentes. Podem igualmente tirar partido de muitas outras funcionalidades úteis, até aqui dificilmente acessíveis, como a agenda, o bloco de notas, a calculadora e o relógio. Também a navegação pelos menus se apresenta facilitada. O DIX é um telemóvel Nokia 6600 com a aplicação Mobile Speak pré-instalada. Trata-se de um software desenvolvido pela Code Factory e adaptado, em parceria com a TMN e a ACAPO, para a língua portuguesa. O preço é de 299,90 euros, ou seja, exactamente ao mesmo preço que o produto sem esta aplicação.[25] 5.1.3 118 Braille O 118 Braille é um serviço lançado pela Portugal Telecom (PT) para facilitar a contratação de deficientes visuais, pois elimina uma das dificuldades inerentes a profissões com atendimento telefónico. Efectivamente se um ou uma telefonista, por ser invisual, consulta muito o número de informações – 118 – a entidade patronal considerará que suporta um custo adicional por ter admitido um trabalhador com deficiência. Para utilizar este serviço, o cliente regista-se apresentando um comprovativo da sua deficiência. Seguidamente a PT envia-lhe um contrato impresso em tinta e em Braille. Depois disso o utilizador deste serviço liga para o 12133, passando pela rede inteligente da PT, que lhe pede um código de acesso, sendo o cliente informado do crédito disponível. A fase seguinte é o atendimento geral do 118, mas a custo zero. O 118 Braille nasceu em 1996 e conta já com cerca de mil clientes. A PT pensa agora desenvolver um pacote comercial para a conversão de texto em voz para que os invisuais possam consultar a Internet. [27] 6. UM PEQUENO PASSO PARA O HOMEM.. UM PASSO GIGANTESCO PARA A HUMANIDADE! Há, até aos dias de hoje, uma tentativa de aumentar, melhorar e uniformizar os métodos de representação visual para os cegos, sendo que a medicina e a tecnologia tentam fundir-se no limite para tornar esta dura realidade apenas um problema de interface.Um exemplo concreto disso é também a W3C Accessibility que define directrizes para a acessibilidade de páginas web, podendo usar examinadores como o Hera para as avaliar. [28][29] Por ser uma área de estudo de minorias é mais negligenciada, mas como se viu anteriormente a sua importância é tremenda e base dos mais variados tipos de negócio. Foram também apresentados diferentes sistemas de adaptação e podemos observer que cronológicamente desde a escrita e leitura em braille até ao implante de sensores no cérebro, houve uma evolução muito grande, mas sera que suficiente? Existe espaço para planos de negócio no que respeita a soluções unificadoras de Internet adaptada (computador+software/hardware) e TV por assinatura adaptada (com leitura de legendas de reportagens, filmes, etc..) que simplesmente juntariam a solução habitual com um software/hardware adaptativo a um preço mais convidativo, sendo uma situação WIN-WIN para todos os actores (o operador de comunicações, o fornecedor de software/hardware e o utilizador invisual.) Poderia também haver maior competitividade no que respeita ao serviço de telefonia móvel, visto o terceiro operador presente em Portugal (Optimus), não responder aos planos de negócios apresentados pelos seus concorrentes (Vodafone e TMN) e destes dois um destacando-se a Vodafone. Seria muito interessante, a curto prazo, realizaremse mais investigações, trabalhos e estudos, nomeadamente pelos alunos de engenharia informática, electrotécnia e biomédica das faculdades portuguesas demonstrando o potencial destes, não só técnico, mas empreendedor e socialmente responsável. Resta saber qual será o papel que devem desenrolar os docentes, as faculdades e o governo para que isto se torne uma realidade. Acredito que estaremos no rumo certo. Apesar de tudo… já perguntou a si próprio porque é que as letras ‘F’ e ‘J’ do seu teclado têm um relevo na base? ☺ 7. BIBLIOGRAFIA [1] Moisés, “Génesis”, Bíblia., 3 AC, p1. [2] World Health Organization.“Blindness”. Disponível: http://www.who.int/topics/blindness/en/ [3] Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, “Amblíopia”. Disponível: http://www.acapo.pt/information.asp?op=ambliopia 7 [4] World Health Organization.”Distribution of visual impairment”. Disponível: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs282/en/ [5] World Health Organization. “Ten Facts about blindness and visual impairment”. Disponível: http://www.who.int/topics/blindness/en/# [6] World Health Organization. “State of World’s Sight VISION 2020: The Right to Sight, 1999-2005, pp coluna 15,2da Disponível:http://www.who.int/pbd/blindness/vision_20 20/v2020_therighttosight.pdf [7] Cyberia, “Vodafone lança serviço para cegos e amblíopes”, 2005 Disponivel: http://ciberia.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&foke y=id.stories/3036 [8] INTERNATIONAL TELECOMMUNICATION UNION, 2009 Disponivel:http://www.itu.int/ITUD/ict/statistics/at_glance/KeyTelecom99.html [9] ANACOM, Serviço acesso à Internet 3º Relatório Trimestral 2008 [10] ANACOM, Serviço telefónico móvel, 3º Relatório Trimestral 2008 [11] Susanne M. Bruyere, William Erickson†, Sara VanLooy‡, “Information Technology and the Workplace: Implications for Persons with Disabilities”, Cornell University, 2005 [12] Hellen Keller, Speech on Louis Braille’s centennial at the Sorbonne University, 1952, Paris Disponível: http://www.afb.org/LouisBrailleMuseum/braillegallery. asp?FrameID=192 [13] Braille, Louis, “Nouveau procédé pour représenter par des points la forme meme des letters”, 1839, Paris. Disponível: http://www.bookmine.org/memoirs/braille.html [14] Royal National Institute of Blind People, “Resistance to braile”, 2009 Disponível: http://www.rnib.org.uk/xpedio/groups/public/documents /publicwebsite/public_lbrnib.hcsp [15] Freedomscientific.com [16] Image copyright of http://www.freedomscientific.com/ [17] Image copyright of http://www.Samsung.com [18] Anil Ananthaswamy, New Scientist Magazine, “Vibrating touch screen puts Braille at the fingertips”, 31 Março 2009. [19] Leitores de ecrã Disponivel: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_screen_readers [20] Zoomware Store Disponível: http://getzoomware.com [21] SourceFourge Disponível: http://sourceforge.net/projects/magnifier/ 8 [22] Dolphin Computer Access Disponível: http://www.yourdolphin.com/ [23] Image copyright AndromedaApps [24] Peter B.L. Meijer, “Artificial Vision for the Blind” Disponível: http://www.seeingwithsound.com/etumble.htm [25] Jornal SOL, “Petição 344/X/2”, Março, 2004 Disponível: http://sol.sapo.pt/blogs/peticao344/ [26] ASSOCIAÇÃO PROMOTORA DO ENSINO DOS CEGOS, “Vodafone Say Disponível: http://www.apec.org.pt/vodafonesay.htm [27] Revista Convergir, nº40, Abril 2005, Página 7 [28] World Wide Web Consortium, Web Accessibility Initiative, 28/04/2008 [29] Hera Examinador Disponível: http://www.sidar.org/hera Pedro. M. S. Pereira nasceu em Lisboa, Portugal, dia 8 de Maio de 1984. Frequenta neste momento o último ano de Mestrado Integrado em Eng. Electrotécnica e de Computadores, especialização em electrónica e telecomunicações, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa. Está actualmente a realizar a sua tese em reengenharia de software e bilhética de transportes na Link Consulting, Av. Duque de Ávila, nº23,1000-138, Lisboa, Portugal.
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