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Informativo Oigalê Ano 7 Edição 11 1º Semestre de 2015 Porto Alegre/RS Distribuição Gratuita www.oigale.com.br Informativo 2 Editorial Muchas gracias, hermanos nordestinos! Por Giancarlo Carlomagno prática da publicação constante e periódica tem nos ensinado que temos muita coisa a falar e o espaço sempre é curto. Tentaremos, nessa edição, comemorar o tri campeonato da Oigalê no Prêmio Braskem Em Cena – Melhor espetáculo Júri Popular (2008/2013/2014), a continuidade da coluna “Tem gosto pra tudo nessa vida” e principalmente relatar nossa circulação pelo nordeste do Brasil na realização do V Corredor Cultural de Teatro de Rua, contemplado pelo Prêmio Myriam Muniz Funarte 2013. Como o nome bem diz, essa já era a 5ª edição, mas foi uma das mais extensas (42 dias na estrada), intensas e incríveis experiências que vivenciamos juntos. Uma overdose de beleza natural. De belas praias, do velho Chico e de um povo batalhador, gentil e, acima de tudo, generoso. Que venham mais Corredores Culturais, preferencialmente no nordeste. Oigalê, hermanitos. A Foto: Paulo Brasil Foto: Paulo Brasil “...foi uma das mais extensas (42 dias na estrada), intensas e incríveis experiências que vivenciamos juntos”. Foto: Giancarlo Carlomagno Foto: Paulo Brasil “Que venham mais Corredores Culturais, preferencialmente no nordeste”. Tem GOSTO pra TUDO nessa VIDA! Expediente Boa noite pessoal. Hoje eu estava mexendo em algumas coisas antigas e acabei achando o CD Trilogia Pampiana e resolvi escutá-lo. Creio que faz quase 10 anos que tive a oportunidade de assistir à peça O Negrinho do Pastoreio em Cachoeira do Sul, RS. Fiquei super feliz de poder relembrar e resolvi procurar vocês no facebook. Que maravilha ver que vocês continuam na ativa! Eu não tinha muita maturidade naquela época para entender a dimensão do trabalho de vocês e hoje me sinto privilegiada por amar teatro e por ter assistido vocês. Desejo muito sucesso para o grupo e espero poder assisti-los novamente algum dia. Abraço! Jornalista Responsável: Renato Mendonça - MTRS nº 6671 Revisão: Vera Parenza Coordenação: Giancarlo Carlomagno Projeto Gráfico e Diagramação: Sheila Trettin Colaboradores da edição: Vera Parenza Vener Aliardi Paulo Roberto Farias Paulo Brasil Hamilton Leite Giancarlo Carlomagno Diana Manenti André Feltes Impressão: Pioneiro Via facebookAna Carolina Buske/GrupoOigalê Tiragem: 5.000 Coluna destinada aos devaneios cometidos pelo nosso público querido. PARABÉNS A TODOS PELA BELÍSSIMA APRESENTAÇÃO FEITA NA MINHA CIDADE DE PROPRIÁ/ SE.FICAMOS MUITO ORGULHOSOS DE TÊ-LOS CONOSCO. Via facebookCícero Chaves Santos/Grupo Oigalê Oie td bom? assisti hoje o espetaculo de voces em Penedo, e me apaixonei..... não pude ficar para o bate-papo infelizmente... Via facebookLary Cristina/Grupo Oigalê MARAVILHA!!!!!!Amamos o espetáculo! Via facebookAnna Celina/Grupo Oigalê Informativo 3 Colecionando cactos, nuvens e pedras Por Diana Manenti Foto: Vener Aliardi Fui convidada pela Oigalê para escrever um texto sobre o V Corredor Cultural, projeto do Grupo que percorreu 06 Estados do Nordeste nos meses de Agosto e Setembro desse ano. Na ocasião, fui convidada (na verdade “me” convidei) a substituir uma das atrizes que não tinha disponibilidade para viajar por 42 dias com a trupe. Inicialmente torceram o nariz, pois como mulher de um dos integrantes receavam que a mistura pudesse não dar certo. E na verdade, até agora, eu nem sei no que deu... Mas sei o que vivemos. Trabalhar com a Oigalê foi uma experiência generosa de aprendizado. Por ser um grupo com mais de 15 anos de estrada (e bota estrada nisso!) eles tem clareza em seus ideais e método na sua prática, e essa sistemática de trabalho auxilia muito quem está chegando ao grupo. No Projeto V Corredor Cultural aconteceram Oficinas e Seminários, além de apresentações do Espetáculo O Baile dos Anástacio. Assim, além da convivên- Foto: Vener Aliardi cia, do dia a dia, pude ter contato com várias facetas do coletivo e isso foi enriquecedor pra mim. Durante os seminários a troca de ideias, a forma como eles contavam a história do grupo e como defendiam suas posições políticas foram me preenchendo de sentimentos e conflitos. Eles gentilmente me conduziram para a rua, espaço sagrado de sua encenação, e me alimentaram com a técnica própria dessa linguagem para que eu pu- desse acompanhá-los na tarefa árdua de tocar, cantar e atuar. Parece fácil fazer o teatro da Oigalê, mas não é. Durante as horas (muitas vezes infindáveis) na Van, eu colecionei cactos, nuvens e pedras. Percorrer o Nordeste e adentrar ao Agreste e depois ao Sertão é um impacto sobrenatural para quem vem do Sul do país: uma paisagem bucólica rasgada por vezes por um gigante de águas verdes, o Rio São Francisco. A população ribeirinha disse não à transposição, já seus vizinhos mais distantes tem outra visão. Imbuídos dessa dicotomia chegamos ao litoral e tonteamos de tanta beleza, mas ainda assim a maior delas está nas pessoas, que abriram suas casas, suas vidas e seus corações. E particularmente em Alagoas abriram sua boca e deixaram soltar o Grito do povo político: Fora Collor!!! Ao vivo. Em uma convivência de 42 dias seguidos não dá pra manter o personagem da vida real, e por isso tiramos a máscara, a casca e a roupa. Deixamo-nos levar pela magia daqueles lugares e pelas histórias daquelas pessoas até onde fôssemos capazes de imaginar. E aprendemos que mesmo com a chuva podemos celebrar. Projetos como esse que permitem que um grupo de teatro de rua atravesse o país com a sua arte colaboram para a compreensão da nossa diversidade cultural. Aproximar diferentes culturas enfraquece preconceitos, e por essa iniciativa a Oigalê está de parabéns. Oigalê do PorSul ao Nordeste Paulo Roberto Farias Aeroporto. Selfie. Escala. Rio Grande do Norte. Gaúchos no calor do inverno nordestino. Apresentação no escuro das cinco e meia da tarde. Quinto corredor cultural. Hotel. Sol na janela às cinco da madrugada. Crianças enchem a praça em pleno sol. Bastões. Oficina. Fim da missa no sábado à noite, escadaria da igreja, silêncio. Artistas invadem o parque no domingo de manhã. Figurino rasgado em cena. Voz arranhada. Estrada. Ilha. Terra de Lampião. Chuva de meteoros. Café da manhã. Pernambuco. Festa do teatro em Petrolina. Público e artistas vaiando o político importuno. Bate-papo. Mercado público. Artesanato. Estrada. Paraíba. Oigalê Beach. Praia deserta batizada. Distância da família. WhatsApp. Facebook. Montagem. Teatro de arena. Desmontagem. Quem tem boca é pra gritar. Porto do Capim, domingo, noite. Saudade de casa. Notícias ruins. Tambaba. O mar de Tambaba. Falésias. Naturismo. Bilu e sua arca. Deslocamento, van. Chuva. Teatro do sesc, escola. Olivedos. Público e atores se protegem da chuva. Re- no meio da rua. Ator que tropeça e cai em cena. Balsa atravessa o São Francisco. Usina hidrelétrica de Paulo Afonso. Estrada. Bode. Jegue. Sergipe. Banho de mar. Piscina. Sagui. Roda de erva no chão, prédio da prefeitura. Coentro. Praça vazia se enchendo aos poucos à beira do Chico. Pôr do sol nas águas do rio. Colega de quarto. As igrejas de Penedo, as ruas de Penedo, a bela Penedo. Estrada. Livro. Fones de ouvido. Alagoas. Passeata interrompendo apresentação, público cepção na prefeitura. Show de teatro é muito lindo de se ver (quando não chove). Santo Antônio, seu riacho e suas muitas crianças lotando a praça de risadas. Estrada. Ceará. Serra. Friozinho (quem diria). Festival em Guaramiranga. Encerramento. Pousada dos capuchinhos. Memória do ator surpreendida pela música na capela. Os maníacos do imã de geladeira. Fortaleza. O mar de Fortaleza. A partida de madrugada. O voo. O sobrevoo no Rio de Janeiro. Quarenta e um dias na estrada se fazendo memória. Memória. Memórias. Foto: Vera Parenza Porto Alegre em Cena Prêmio Braskem Em Cena Oigalê - Tri Campeã – 2008, 2013 e 2014 Por Hamilton Leite Foto: Giancarlo Carlomagno No ano em que foi aprovada a Lei do Artista de Rua de Porto Alegre, como um reconhecimento a esta arte vem mais uma boa notícia do público do Teatro de Rua: a Oigalê é pela terceira vez agraciada pela população com o Prêmio Braskem Em Cena de melhor espetáculo pelo Júri Popular. Em 2008 com a primeira participação nesta premiação, a Oigalê com o espetáculo ‘Miséria Servidor de Dois Estancieiros’ teve a honra de ser escolhida pelo Júri Popular entre 10 participantes, veio assim o primeiro prêmio. Em 2013 a segunda participação foi com o espetáculo ‘O Baile dos Anastácio’, onde além do prêmio de melhor espetáculo pelo Júri Popular, Hamilton Leite recebeu o prêmio de melhor ator sendo a primeira vez que um artista de rua é reconhecido pelo seu trabalho com tal premiação. E agora em 2014 a Oigalê participou pela terceira vez desta premiação com o espetáculo “Circo de Horrores e Maravilhas” e... não deu outra: ganhou a terceira estatueta de Melhor Espetáculo pelo Júri Popular no 9º Prêmio Braskem Em Cena. É tri campeã eleita pelo Júri Popular. Este reconhecimento pelo trabalho e pelo teatro de rua mostra o quanto a população da cidade aprecia tal arte e mostra também que devem haver mais Foto: André Feltes iniciativas de circulação destes espetáculos pela periferia da cidade durante o ano, algo que poderia ser fomentado na atual administração e no Projeto Descentralização da Cultura. Este ano mais um dado maravilhoso para a Oigalê: quando participou do 21º Porto Alegre em Cena em 13 de setembro com o espetáculo de teatro de rua “Circo de Horrores e Maravilhas”, neste mesmo dia fechou o 21º Festival Nordestino de Teatro de Guaramiran- ga com o espetáculo de teatro de rua “O Baile dos Anastácio”. Sul e Nordeste do País. Esta apresentação também culminou com o final do VI Corredor Cultural de Teatro de Rua da Oigalê – Nordeste 2014, circulação que passou por seis estados desta magnífica região brasileira que recebeu tão bem a Cia., que pôde propiciar 18 apresentações, debates, seminários e oficinas. A Oigalê em agosto também esteve em dois lugares ao mesmo tempo, ou melhor, em dois países ao mesmo tempo. Durante o VI Corredor, participou também da II Mostra Binacional de Teatro de Rivera, Uruguai, com ‘Circo de Horrores e Maravilhas’. A apresentação aconteceu no Largo Internacional, metade Brasil, metade Uruguai. Dupla Felicidade por poder estar em dois lugares ao mesmo tempo, e Tripla Felicidade pelos prêmios da população no principal festival do Estado.