Revista Canavieiros
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1 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 2 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Editorial S 3 Uma Canavieiros especial! empre caprichamos nas edições que circulam na Fenasucro, mas em 2014 a Canavieiros especial da feira está “recheada”. São 76 páginas de muito conteúdo, informações e imagens dos principais acontecimentos do setor sucroenergético. Reunimos opiniões de profissionais renomados e contamos com a colaboração de alguns dos melhores pesquisadores e consultores do setor. Nessa edição, três entrevistas compõem as nossas páginas iniciais: Gustavo Diniz Junqueira, presidente da SRB - Sociedade Rural Brasileira; Leila Dinardo Miranda, Pesquisadora do Centro de Cana IAC; Cid Caldas, coordenador de Açúcar e Etanol do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor da FEA/USP, Marcos Fava Neves, opinam no “Ponto de Vista”: • Arnaldo Jardim, deputado federal • Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer Consulting • Eduardo Daher, diretor da Andef • Octávio Antonio Valsechi, professor da UFSCar • Plínio Nastari, presidente da Datagro • Helder Gosling, diretor comercial e de logística do Grupo São Martinho As pesquisadoras científicas do IEA – Instituto de Economia Agrícola, Marli Dias Mascarenhas Oliveira; Rejane Cecília Ramos e Katia Nachiluk, assinam o artigo “Cenário do Setor Sucroenergético no Estado de São Paulo”. A Reportagem de Capa traz a trajetória do projeto “Caminhos da Cana”, que teve início no dia 10 de julho, em Araraquara - SP. Coordenada pelo professor Marcos Fava Neves, a iniciativa tem como objetivo levantar dados sobre o setor sucroenergético para elaborar uma agenda estratégica para o segmento para o período 2015-2025, com detalhamento regional, e que será disponibilizada aos candidatos que disputam as eleições federais e estatuais em outubro. Além de servir de plataforma para a troca de experiências entre entidades e pequenos produtores de cana-de-açúcar, também será base para o planejamento estratégico da Orplana - Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil. A cobertura de vários eventos terá destaque nesta edição, porém, a principal reportagem é a “Etanol 2G: A grande aposta do mercado”. O que antes era apenas palha e bagaço hoje é garantia de um futuro promissor. A produção de etanol de segunda geração a partir de biomassa de variadas fontes, ou seja, o combustível gerado com o que sobra da moagem da cana-de-açúcar, como a palha e o bagaço, tem sido uma das alternativas mais propícias e sustentáveis para a substituição de combustíveis fósseis. De olho neste futuro promissor, o CTC - Centro de Tecnologia Canavieira, começou a desenvolver, em 2007, uma Planta de Demonstração de Etanol de Segunda Geração, na usina de São Manoel, situada na cidade de São Manuel – SP, que está em fase de comissionamento. A Canavieiros de agosto também conta com as tradicionais notícias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred; artigos técnicos; assuntos legais; informações setoriais; classificados e dicas de leitura e português. Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Carla Rodrigues, Fernanda Clariano e Rafael H. Mermejo A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 [email protected] Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Lueli Vedovato Tiragem DESTA EDIçÃO: 22.500 exemplares ISSN: 1982-1530 Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) [email protected] www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Foto Divulgação 4 Ano VIII - Edição 98 - Agosto de 2014 - Circulação: Mensal Índice: Capa - 34 “Caminhos da Cana” ultrapassa fronteiras do Centro-Sul Projeto visa à disseminação do setor sucroenergético e coleta de informações E mais: Pontos de Vista .....................página 10 05 - Entrevista Coluna Caipirinha .....................página 20 Destaques Farm perspective study .....................página 37 Dra. Leila Dinardo Miranda Pesquisadora do Centro de Cana - IAC Reunião Anual da Fermentec Cigarrinhas das Raízes: um dos grandes problemas enfrentados .....................página 38 pelos agricultores I Workshop Internacional sobre Cadeia Sucroenergética .....................página 40 Informações Setoriais .....................página 42 Acompanhamento da safra .....................página 44 07 - Entrevista II Cid Caldas coordenador de Açúcar e Etanol do Min. da Agricultura “Setor terá de investir R$ 50 bilhões até 2022 para atender à demanda” 22 - Notícias Copercana - Responsabilidade social: Copercana entrega cadeiras de rodas a Campo Florido - Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred entrega cadeira de rodas para entidades de Santa Rita do Passa Quatro e Ocauçu 26 - Notícias Canaoeste - Trabalho realizado por bibliotecário da Canaoeste vem sendo destaque na mídia - Canaoeste e Copercana participam da 4ª EXPAM - Reuniões e treinamentos Canaoeste - Gestão de Relacionamento Recursos e Projetos, mais um canal de serviços da Canaoeste - Área Restrita: mais uma ferramenta da Canaoeste para agilizar o dia a dia do associado - Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred apoia evento em comemoração ao Dia do Agricultor 32 - Notícias Sicoob Cocred - Balancete Mensal Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Climatologia e produtividade canavieira .....................página 48 Agende-se .....................página 50 Pesquisa - produtores de amendoim .....................página 51 Custos de produção .....................página 54 Adubação de soqueiras e uso de fertilizantes .....................página 56 Cenário do Setor sucroenergético no Estado de SP .....................página 58 Novas Tecnologias - Etanol 2G .....................página 60 Novo PLENE .....................página 62 Insectshow .....................página 63 Fenasucro .....................página 64 Classificados .....................página 70 Assuntos Legais .....................página 72 Cultura .....................página 73 5 Entrevista I Cigarrinhas das Raízes: um dos grandes problemas enfrentados pelos agricultores Os produtores de cana-de-açúcar têm sofrido com os ataques de pragas e muitas delas contribuem para a perda da produtividade, dentre elas, as Cigarrinhas das Raízes. A Revista Canavieiros conversou com a pesquisadora do Centro de Cana - IAC, Dra. Leila Dinardo Miranda para falar sobre esse assunto. Acompanhe! Dra. Leila Dinardo Miranda Fernanda Clariano reduz a taxa de fotossíntese, resultando na menor produtividade de colmos e de açúcar, além de causar problemas na área industrial, devido à redução na qualidade da matéria-prima. Revista Canavieiros: A colheita da cana crua tem influenciado a incidência das cigarrinhas das raízes? Leila: A cana crua interferiu nas populações de cigarrinha porque o acúmulo de palha contribuiu para manter a umidade do solo, favorecendo significativamente o crescimento populacional desse inseto. Além disso, a despalha de cana a fogo, antes da colheita, no caso da colheita de cana queimada, contribuía para destruir parte dos ovos depositados no solo e na palhada. Revista Canavieiros: Quais os principais danos e prejuízos que a cigarrinha das raízes causa na cultura da cana-de-açúcar? Leila: Os danos são causados pelas formas jovens e adultos da cigarrinha das raízes. As ninfas sugam as raízes, de onde extraem grande quantidade de água e nutrientes; os adultos se alimentam nas folhas. Ninfas e adultos, ao se alimentarem, injetam saliva na planta; a saliva é rica em enzimas e aminoácidos e auxilia o inseto no processo de ingestão do alimento; entretanto, ela é tóxica para a planta, causando necrose nos tecidos foliares e radiculares, e provocando grande desordem fisiológica. Em consequência do ataque dos adultos e das ninfas, as folhas tornam-se amareladas e, posteriormente, secam, o que Revista Canavieiros: A praga pode ser encontrada com mais frequência na cana soca ou em cana planta? Leila: É mais comum na cana soca, por causa da palha, mas também é comum em cana queimada e em cana planta. Revista Canavieiros: Qual seria a melhor estratégia para o manejo e controle da cigarrinha das raízes? Leila: Cerca de 20 dias depois do início das chuvas, o produtor deve iniciar amostragens para verificar qual a população da praga em suas diferentes áreas. Devem ser amostrados seis pontos por ha, sendo cada ponto constituído por 2m de sulco. Em cada ponto, deve-se afastar com cuidado a palha entre os colmos, dispondo-a na entrelinha, a fim de que os pontos de espuma possam ser visualizados. Com auxílio de um pequeno palito (30 cm de comprimen- to e 0,8 cm de diâmetro), contam-se as ninfas e eventuais adultos nas raízes. É importante que se inicie os levantamentos logo após as primeiras chuvas, pois muitas vezes as populações detectadas nessa primeira geração da praga são bastante elevadas, superiores ao NDE (Nível de Dano Econômico). O NDE da cigarrinha-das-raízes está ao redor de 10 – 12 insetos/m, para canaviais colhidos até julho, quatro cinco insetos/m para canaviais colhidos entre julho e setembro e ao redor de dois - três insetos/m para canaviais colhidos a partir de outubro. Portanto, é preciso fazer controle de modo que as populações não atinjam os níveis citados. Assim, como é necessário entrar com controle antes que o NDE seja atingido, recomenda-se que os produtores que fizerem opção pelo uso do fungo Metarhizium anisopliae, iniciem as aplicações quando as infestações de cigarrinha atingir valores entre 0,5 e um inseto/m. Estas aplicações devem ser feitas no final da tarde, à noite ou em dias nublados, para evitar a incidência de raios ultravioletas, que afetam a viabilidade dos esporos. Visto que o fungo nem sempre é eficiente, as áreas tratadas devem ser continuamente monitoradas para avaliar o desempenho do patógeno. No entanto, em áreas nas quais a eficiência do fungo é baixa, ou as infestações iniciais são muito próximas Revista Canavieiros - Agosto de 2014 6 Entrevista I ou superiores ao nível de dano econômico ou naquelas com histórico de altas infestações, o controle químico é mais vantajoso, especialmente em canaviais colhidos a partir de agosto (meio para final de safra), que sofrem maiores danos devido ao ataque da praga. Revista Canavieiros: Quais as condições propícias ao ataque das cigarrinhas? Leila: Condições de temperatura alta e chuva abundante, portanto, as cigarrinhas são comuns na nossa primavera/verão. Revista Canavieiros: Nos últimos anos, o controle químico aparentemente não tem sido tão eficiente. Isso é verdade? Qual a provável explicação? Leila: Em algumas regiões isto está acontecendo. As razões são várias como aplicações malfeitas, doses erradas de produtos, entre outras. O IAC está conduzindo estudos para identificar corretamente as razões para isso. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Dra. Leila Dinardo Miranda proferiu palestra sobre o tema durante o InsectShow realizado em julho deste ano 7 Entrevista II “Setor terá de investir R$ 50 bilhões até 2022 para atender à demanda” A afirmação é do coordenador de Açúcar e Etanol do Ministério da Agricultura, Cid Caldas, durante evento realizado pelo CEISE Br em Sertãozinho-SP, onde ministrou palestra e na oportunidade falou com a Revista Canavieiros. Acompanhe! Cid Caldas Fernanda Clariano vista na modernização dos seus equipamentos buscando, assim, maior eficiência e melhorias na produção. Revista Canavieiros: As políticas adotadas pelo governo nos últimos anos contribuíram para essa que é a maior crise da história do setor? Cid Caldas: De forma nenhuma. Essa crise do setor começou em 2008 e vem se arrastando e junto a isso os problemas climáticos, seca num ano e cheia no outro. São anos seguidos que o setor não conseguiu se reerguer e acabou fragilizando lá atrás e ainda persiste. Revista Canavieiros: Na sua análise como será o futuro do setor sucroenergético no Brasil nos próximos oito anos, ou seja, em 2022? Cid Caldas: As expectativas são boas, principalmente na questão de geração e cogeração de energia elétrica e utilização de etanol. Para atender ao crescimento de demanda em etanol, o setor vai precisar investir até 2022 cerca de R$ 50 bilhões. Essa é uma estimativa e isso significa uma perspectiva favorável para o setor. Não tem como ser diferente, não adianta dizer que o pré-sal vai fazer, não vai fazer, vai ser necessário o etanol da biomassa. Revista Canavieiros: Para os próximos anos, o que o setor sucroener- gético precisa investir para melhorar e quais serão as prioridades de investimentos? Cid Caldas: Eu diria que no momento é na parte de melhoria de equipamentos para cogeração de energia elétrica. Existe uma necessidade crescente de energia elétrica, essas duas hidrelétricas que estão sendo construídas não da para suprir a necessidade futura de geração de energia, então essa energia da biomassa, ou seja, essa cogeração, ela vai ser importantíssima para o País. Revista Canavieiros: Quais seriam os principais gargalos? Cid Caldas: Os gargalos são muitos, mas neste momento, eles servem como incentivos para que o setor in- Revista Canavieiros: O que este setor poderia almejar já que este é um ano eleitoral? Cid Caldas: Esse setor não pode esperar a eleição para tomar uma decisão. Eu acredito que quem tem milhões investidos numa indústria não vai ficar esperando o Governo tomar uma decisão para investir, ele faz a análise econômica dele. Revista Canavieiros: O que pode acontecer futuramente com o setor caso não haja uma mudança política e econômica? Cid Caldas: Acredito que o setor independe do Governo, pois há um mercado de etanol para mistura, um mercado de etanol de uso direto, mas esse etanol não é competitivo porque a gasolina está com preço atrelado, e isso não vai durar muito tempo. O setor tem que estar preparado para quando essa condição desfavorável for alterada, ele estar pronto para colocar o produto na praça. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 8 Entrevista III “O Brasil está jogando fora uma alternativa energética sustentável e exitosa” A afirmação acima é do presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira), Gustavo Diniz Junqueira. Ele, que é produtor rural em São Paulo, Minas Gerais e Pará, sócio-diretor da BRASILPAR e membro dos conselhos de administração da EZTEC, Banco PINE e SRB, concedeu entrevista exclusiva à Canavieiros e falou sobre a crise que o setor sucroenergético enfrenta, políticas públicas, agronegócio e expectativas. Confira! Gustavo Diniz Junqueira Carla Rodrigues ceira de 2008 que só piorou o cenário do setor, que estava carregando de dívidas em dólar, com vistas à produção interna. Além disso, a manutenção dos preços da gasolina em patamares praticamente estáveis por mais de sete anos, acentuada em 2012, quando o Governo Federal desonerou a gasolina do recolhimento da CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Público, aca-bou com a competitividade do etanol perante a gasolina. Com isso, as vendas de gasolina cresceram 74% e as de etanol caíram 16% no País. Revista Canavieiros: Sabemos que o setor sucroenergético está passando por uma grande crise. Como você avalia a atual situação do setor? Gustavo Junqueira: Avalio que o Brasil está jogando fora uma alternativa energética sustentável e exitosa. O Governo Federal, desde a era Lula, divulgou as vantagens do etanol pelo mundo inteiro e agora não tem política de apoio ao setor, que apesar de gerar um PIB (Produto Interno Bruto) superior a R$ 94 bilhões (o equivalente ao PIB de mais de 100 países), sucumbe a uma dívida estimada em R$ 60 bilhões. Até 2008, os investimentos do setor cresciam 10% ao ano. Hoje em dia, os números são outros: mais de 40 usinas fe- chadas e outras 66 entraram com pedido de recuperação judicial. A descontinuidade das políticas públicas brasileiras na área de energia fez com que o país perdesse a liderança mundial na produção de etanol. Em 2000, os EUA produziam a metade do volume de etanol brasileiro, hoje produzem o dobro. Revista Canavieiros: Sendo o setor sucroenergético tão importante para a economia do País, em sua opinião, por que o Governo “abandonou” este setor? Gustavo: Acredito que o marco da mudança na política do Governo para o etanol foi o descobrimento de petróleo nas camadas do pré-sal em meados de 2007. Adiciona-se a isso a crise finan- Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Revista Canavieiros: O que é necessário acontecer para que o Governo volte a investir no setor? Gustavo: Com todos os ganhos propiciados pelo uso do etanol, fica difícil responder o que falta acontecer para que o Governo volte a olhar com bons olhos para o setor. Revista Canavieiros: Como você vê a posição do Governo diante desta situação? Isto é, o Brasil está preparado para resolver estes problemas, como por exemplo, o etanol? Gustavo: O Governo tem que parar de atrapalhar. É urgente que ele defina a participação do etanol na matriz energética brasileira e que haja uma diferenciação tributária para o combustível renovável. As empresas do setor esperam essa definição para voltarem a investir. Conheço uma que pretende instalar sete plantas de etanol de segunda geração para produzir cerca de 1 bilhão de litros de etanol sem aumentar o plantio de cana. 9 Revista Canavieiros: Falando no agronegócio do País, quais as principais conquistas deste setor que você destacaria? Gustavo: O que caracteriza a moderna agricultura brasileira e sua produção praticamente ininterrupta, ao longo do ano, nas várias regiões do País, é o uso do capital intensivo. Essa mudança teve início a partir de 1970 e hoje coloca o Brasil numa posição praticamente única entre os grandes produtores de commodities mundiais. Este capital foi investido em novas tecnologias, adaptadas à realidade brasileira, na crescente mecanização e na maior eficiência da gestão de propriedades. Antes da década de 1970, o Brasil importava tecnologias de países temperados. Por exemplo, ao desenvolver o plantio direto na palha abandonamos a prática de revolver a terra para plantar, como é feito em países de clima frio para remover a neve. Então, a principal conquista do Brasil foi desenvolver uma moderna agricultura tropical, plenamente adaptada, produtiva e com ótimas perspectivas em termos de crescimento, sem necessidade de ocupação de novas grandes áreas de plantio. Revista Canavieiros: Você acredita que o Brasil sabe reconhecer a importância do agro nas áreas política, ambiental, social e econômica? Gustavo: A valorização do agro passa pela valorização do produtor. O avanço da geração de riqueza por meio do agro exige cada vez mais capital, e remuneração justa para o produtor. Os custos crescem de maneira exponencial, e as margens estão cada vez mais reduzidas. Este estrangulamento da renda do produtor não é um problema da classe, e sim um desafio para toda a sociedade que precisa comer, se vestir, e necessitará cada vez mais de novas fontes de energia limpa e renovável. Se o produtor não for bem remunerado, ele não terá capacidade para empreender novas mudanças, imprescindíveis para atender à crescente demanda inter- na e mundial por produtos agrícolas. A consequência seria voltar ao patamar do gasto de 45% que a família brasileira tinha com alimentos nos anos 70 antes da revolução tecnológica do agro. Hoje, as despesas com alimentos variam entre 15 a 18% do rendimento familiar mensal. O aumento do poder aquisitivo do consumidor na compra de alimentos decorre também do incremento de produtividade do agro. Revista Canavieiros: O que podemos esperar do agro daqui para frente? Gustavo: Hoje temos uma posição privilegiada, com um setor produtivo altamente eficiente, mas cujos ganhos vêm sendo comprometidos por problemas como tributação excessiva, questões trabalhistas, infraestrutura e logísticas ineficientes, questões que extrapolam a política agrícola e colocam um desafio claro ao projeto de crescimento econômico do País. É o momento certo para que o setor se mobilize para conseguir mudar esse quadro. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 10 Ponto de Vista I Etanol: persiste a irresponsabilidade do Governo O etanol ganhou grande impulso na virada do século como combustível ambientalmente correto e economicamente viável. O Brasil despontava no cenário mundial como produtor de um combustível renovável exemplar, mas o etanol foi perdendo a condição de destaque, sobretudo na matriz energética nacional, com a crise financeira mundial que abateu os mercados em 2008 e pela falta de políticas públicas de incentivos ao setor. De alternativa para combater os efeitos climáticos pela característica de ser menos poluente que os combustíveis fósseis, o etanol foi relegado ao segundo plano na agenda governamental, afetado ainda por condições climáticas adversas que provocaram a queda da produtividade dos canaviais. Sem perspectivas de recuperação imediata, os plantadores e fornecedores de cana e os produtores de etanol estão empenhados na busca de soluções para superar a crise. Essa causa tornou-se prioridade do Congresso Nacional com o lançamento da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético (Frente do Etanol), em 2013, colegiado que tenho a honra de presidir. Para chamar atenção da grave crise, a Frente do Etanol promoveu, em conjunto com lideranças do setor, manifestações no interior de São Paulo, em abril, que reuniram em vários atos públicos, plantadores e fornecedores para protestar contra o descaso do Governo Federal; realizou seminário de bioeletricidade – O Dia da Verdade sobre a Bioletricidade – com objetivo de discutir estratégias, perspectivas e a competitividade do setor; além de apresentar propostas legislativas para aliviar esse importante setor da economia nacional. Na condição de parlamentar tenho ainda defendido sistematicamente a adoção de programas para recuperar as usinas de etanol e açúcar, assim como a indústria de base que fornece máquinas e equipamentos aos produtores, também duramente castigada pela crise que atinge toda a cadeia produtiva. Ao mesmo tempo apoio o aumento da participação da bioeletricidade na matriz de energia, que é a geração de energia a partir do bagaço da cana e outros insumos de base vegetal. Uma alternativa barata e muitíssimo mais correta em termos ambientais, que a queima de carvão e petróleo para gerar energia. O incentivo ao etanol, combustível limpo, barato e 100% nacional, deveria ser prioridade da política energética do Governo. O mundo se move em direção a matrizes energéticas limpas e ambientalmente sustentáveis diante do quadro do efeito das mudanças climáticas. Mas o Brasil, infelizmente, nos últimos anos tem privilegiado a importação do petróleo e da gasolina, fruto de uma política totalmente equivocada de nossos governantes, que provocou a perda da competitividade do etanol. Somos frequentemente citados no exterior como exemplo de País com alta participação das energias renováveis, como é o caso do etanol, na matriz energética. Isso ocorre porque as chamadas energias renováveis respondem por 41% da matriz energética brasileira. É por isso que emitimos na atmosfera muito menos gás carbônico – responsável pelo aquecimento global – na comparação com os Estados Unidos, os países europeus e a China. Ao mesmo tempo, o setor sucroenergético, que produz o etanol e gera a bioeletricidade, enfrenta uma das suas piores crises e sofre com a ausência de uma política pública. No rol das medidas legislativas para incentivar o setor, apresentei emenda à Medida Provisória 651/2014 para recuperar a incidência da Cide (Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico) sobre a gasolina. A retomada da Cide possibilitará a arrecadação dos recursos necessários para o combate aos efeitos nocivos da utilização da gasolina, que atualmente estão sendo custeados por toda a sociedade. Revista Canavieiros - Agosto de 2014 *Arnaldo Jardim Outra medida importante é o aumento do teto da mistura do etanol (álcool anidro) na gasolina, de 25% para 27,5%, medida que incorporei no meu parecer sobre a Medida Provisória 647/2014, da qual sou relator. A Frente do Etanol defende também a implantação da desoneração do PIS/ Cofins aos produtores; o incentivo ao desenvolvimento de programas de tecnologia automotiva no programa Inovar-Auto, que aguarda regulamentação por parte do governo federal e foi incorporada na Medida Provisória 638/2014; e o aumento do uso da bioeletricidade. A crise que levou ao fechamento de usinas e à demissão de trabalhadores é mais profunda e exige não apenas medidas pontuais, mas a adoção de estratégias e de planejamento governamental para o setor sucroenergético produzir, gerar empregos e divisas para o Brasil. Estamos fazendo a nossa parte e cobrando do Governo que ele faça a sua para que o setor recupere o seu papel de destaque na matriz energética nacional. *Deputado Federal RC 11 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 12 Ponto de Vista II Quem vai investir no setor? Projeção para seis anos apontam necessidade de 30 bilhões de dólares e 36 novas usinas A falta de transparência na formação de preços da gasolina é ainda a questão que mais afeta o setor. O açúcar, apesar da modesta remuneração atual, é uma commodity e, como tal, está suscetível aos altos e baixos do mercado internacional, regidos pela lei de oferta e procura. Os produtores sabem muito bem usar o mercado futuro para travar a remuneração do açúcar da maneira que melhor lhe convier, usando os derivativos financeiros altamente líquidos e disponíveis no mercado. Com o etanol, a história é outra. No Brasil, como todos estão exaustos de saber, o etanol está sujeito aos reajustes nos preços da gasolina, mantidos sob “severo olhar” do Governo com intuito de controlar a inflação. Esse congelamento de preços distorce os valores reais dos combustíveis, provoca uma sangria ao caixa da Petrobras e, consequentemente, afeta gravemente o setor sucroalcooleiro, afastando novos investimentos. A política do Governo ao subsidiar a gasolina joga o ônus do aumento de preço do etanol em cima da cadeia sucroalcooleira. O consumidor não entende que não é o etanol que está caro, mas a gasolina que é subsidiada. Segundo estimativas do Itaú BBA, o setor sucroalcooleiro tem um endividamento de R$ 99 por tonelada de cana moída (R$ 12 dos quais com o BNDES). Multiplique-se isso pela estimativa de produção, hoje de aproximadamente 575 milhões de toneladas de cana para o Centro-Sul para a safra 2014/2015, e chegamos à quantia de quase R$ 57 bilhões em dívidas. Para se ter uma ideia da perda dos cofres da Petrobras, o preço da gasolina na bomba, para equilibrar com o valor do petróleo WTI, teria que ser de 3.1574 reais por litro. Como a média de preço da gasolina tem estado em R$ 2.8800 na bomba, por um simples exercício de substituição no modelo, chegamos ao preço máximo que a Petrobras poderia pagar para o petróleo WTI: US$ 83.45 por barril. Logo, de maneira simples, concluímos que a Petrobras perde quase 20 dólares por barril que importa a preços de hoje. Segundo estimativa da Archer Consulting, do preço que se paga por um litro de gasolina no posto, 40% referem-se ao custo da gasolina A; 37% são impostos; 11% referem-se ao etanol anidro (que é misturado) e o saldo de 12% refere-se à margem da distribuidora, da revenda e frete. Exaustivamente, falamos sobre o fato de que sem transparência na formação dos preços dos combustíveis e o alinhamento dos preços domésticos com os preços internacionais não haverá salvação. Que investidor colocaria seu dinheiro no setor com tanta falta de transparência por parte do Governo Federal sobre a política de formação de preços dos combustíveis? A ANP (Agência Nacional do Petróleo) mostra que o consumo de combustível no Brasil entre os meses de abril de 2013 até março de 2014 foi de 53,36 bilhões de litros – um crescimento espantoso de 8,13% em bases anuais. O consumo de gasolina A (pura, antes da mistura com o anidro) foi de 31,78 bilhões de litros – apenas 0,17% de aumento em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, quem sustentou essa alta de consumo, cujo incremento corresponde a quatro bilhões de litros, foi o etanol hidratado com 1,52 bilhão de litros (crescimento de 15,69%) e o anidro, com 2,44 bilhão de litros (30% a mais). No mix geral, hoje o etanol responde por 40,4% de todo o combustível consumido no ciclo Otto – o maior percentual desde dezembro de 2011. Se o setor tiver que suprir a cada ano mais quatro bilhões de litros de etanol para atender ao apetite do mer- Revista Canavieiros - Agosto de 2014 *Arnaldo Luiz Corrêa cado interno, isso significa que precisamos crescer em cana, a cada ano, pelo menos 45 milhões de toneladas. Se hoje a capacidade instalada do Centro-Sul é de 620-640 milhões de toneladas, quanto precisaremos investir para atender a essa demanda nos próximos quatro anos? Para ser bem conservador, 20 bilhões de dólares. Numa projeção para o ano de 2020, seriam necessários 30 bilhões de dólares e 36 novas usinas, com capacidade média de moagem em torno de cinco milhões para atender a demanda esperada, considerando que o cenário se mantenha o mesmo. Quem vai investir? * Arnaldo Luiz Corrêa - gestor de riscos em commodities agrícolas, especialista no setor sucroalcooleiro e diretor da Archer Consulting – empresa de assessoria em mercados de futuros, opções, derivativos e planejamento estratégico para commodities agrícolas. [email protected] RC 13 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 14 Ponto de Vista III Redução no preço dos grãos e recuperação da produção interna reduzem importações de etanol no mercado europeu A União Europeia durante anos procurou liderar o mundo no combate às mudanças climáticas através de políticas que estimulassem a produção de biocombustíveis como forma de reduzir as emissões de CO2 no setor do transporte. É por esse motivo que nos últimos 10 anos a bloco europeu tem se empenhado em satisfazer as suas necessidades de combustível para o transporte através de uma política que estabelece a obrigatoriedade entre seus Estados-Membros da utilização de 10% de energias renováveis nos transportes públicos – sobretudo biocombustíveis – até 2020, conforme a Diretriz da Energia Renovável (Renewable Energy Directive – RED) que entrou em vigor em junho de 2009. Entretanto, existia uma pressão crescente para alterar esta política, limitando a utilização de biocombustíveis baseados em matérias-primas também utilizadas para a produção de alimentos. Por esse motivo, no dia 11 de setembro de 2013, o Parlamento Europeu sugeriu a imposição de um limite de 6% para biocombustíveis de primeira geração na matriz de transportes. Já no dia 29 de maio deste ano, o Comitê de Representantes Permanentes (Coreper) da União Europeia sugeriu um novo acordo, que limitaria a utilização de biocombustíveis de primeira geração para que apenas 7% do consumo de combustíveis. A nova proposta é aquém dos originais 10% até 2010, muito embora acima dos 6% e 5% sugeridos pelo Parlamento Europeu e Comissão Europeia no ano passado, respectivamente. O acordo também inclui uma meta não obrigatória de 0,5% para os biocombustíveis de segunda geração. Mesmo diante de propostas que reduzam a obrigatoriedade de utilização de biocombustíveis, a produção de etanol vem crescendo no bloco europeu. Isso foi possível em virtude da queda dos preços dos grãos, possibilitando os produtores domésticos retomarem maior utilização da capacidade instalada. O trigo, por exemplo, também usado na fabricação de etanol, além da cevada e do milho, é negociado hoje no mercado internacional a US$ 6,70-6,78/ bushel, ante US$ 8,80-9,00/bushel em meados de julho de 2012. Espera-se que em 2014 sejam produzidos 5,50 bilhões de litros de etanol combustível, contra 5,10 bilhões de litros em 2013 e 4,60 bilhões de litros em 2012. A maior expansão deve ocorrer na Grã-Bretanha, para 440 milhões de litros (+57,1%). Em contrapartida, as importações de etanol estão em queda. A União Europeia importou apenas 52,57 milhões de litros de etanol em fevereiro, contra 60,43 milhões no mês anterior e 77,04 milhões de litros em fevereiro do ano passado. Este foi, portanto, o menor volume importado desde agosto de 2013. De janeiro a fevereiro, a importação de etanol somou 113,00 milhões de litros, queda de 25,0% sobre igual período de 2013. Revista Canavieiros - Agosto de 2014 *Plínio Nastari Mesmo assim, além da maior produção, alguns outros fatores atuaram como forças indutoras na redução das importações como, por exemplo, a adoção desde fevereiro de 2013 de uma tarifa de US$ 81,80/ton. sobre a importação do etanol norte-americano, após suspeita de dumping. Em adição, como consequência direta da recuperação da produção doméstica, os preços do etanol na UE caíram 27,3% em um ano para € 481,26/m3 (US$ 659,44/m3), o que explica também o menor embarque do Brasil para o mercado europeu *é mestre e doutor em economia agrícola e presidente da DATAGRO. RC 15 Ponto de Vista IV “Perspectivas do Setor Sucroenergético na Visão Acadêmica” H á algum tempo, mais precisamente a partir de 2008, o setor está sofrendo com os reflexos da crise mundial. Nestes últimos anos, algumas unidades foram transferidas para grupos, principalmente para empresas internacionais que visualizaram uma oportunidade ímpar de se investir na produção de biocombustíveis de fontes renováveis, principalmente os provenientes da cana-de-açúcar. Quem atua no setor sucroenergético está acostumado com as oscilações cíclicas ao longo do período, porém esta última se apresenta como a pior que o setor vivencia em toda sua história, comparando-se aos 7x1 que sofremos na Copa, ou seja, jamais esqueceremos. A situação está de tal maneira ruim que necessário se faz definir, com a maior brevidade possível, uma política pública, clara e coerente com o setor, principalmente no que diz respeito aos combustíveis e geração de energia elétrica antes que se perca todo investimento de décadas. Em relação ao primeiro, somos vitrine mundial de um País que conseguiu substituir integralmente a utilização da gasolina nos veículos leves pelo etanol hidratado carburante, além de substituir um quarto da gasolina pelo etanol anidro como aditivo antidetonante. Ou seja, no Brasil todos os veículos leves se movem com etanol da cana-de-açúcar. Infelizmente este fato não está tendo a devida atenção e reconhecimento por parte dos órgãos competentes. Pouco se importam com as externalidades do etanol, como gerador de emprego e renda, importante mitigador das mudanças climáticas, fator de desenvolvimento humano, social e ambiental, entre outros. Já em relação à geração de energia elétrica, dispomos de uma Itaipu no campo que pode perfeitamente, com pouco investimento e tratamento condizente com esta fonte de geração, suprir as necessidades prementes de eletricidade em que passamos atualmente. Dizemos que crise é sinônimo de oportunidade e a partir disto colocamos as mentes para pensar em que a academia pode contribuir para amenizar esta terrível crise que estamos passando. Alguns projetos se tornaram realidade com o passar do tempo e desta maneira e com o sucesso comprovado, saímos um pouco da tríade açúcar, etanol e energia e começamos a tratar as velhas usinas de açúcar e/ou destilarias de álcool como biorrefinarias literalmente. Utilizando-se da cana-de-açúcar, seus produtos, coprodutos e subprodutos, vale salientar que nesta cadeia não possui resíduos, obtemos uma gama de produtos com alto valor agregado, como por exemplo, quando da utilização do caldo da cana-de-açúcar para a produção de aminoácidos, enzimas, vitaminas, polímeros, pro-teínas para alimentação humana e animal, compostos derivados das leveduras cul-tivadas neste meio para suprir as indústrias de cosméticos, aditivos alimentares e outros. No caso da alcoolquímica e da sucroquímica, também é possível produzir material que são oriundos de fontes fósseis, como por exemplo polímeros plásticos utiliza-dos nas indústrias de refrigerantes e outras tantas. Com a vinhaça temos oportunidade de cultivar algas que nos fornecem lipídeos para a produção de biodiesel ou de proteínas para alimentação animal. *Prof. Dr. Octávio Antonio Valsechi Com o bagaço, palhas e pontas, que atualmente encontram-se com valores inflacionados em função da escassez de energia que o Brasil passa, podemos, além de otimizar sua capacidade de fornecer eletricidade, produzir furfural, o sorbitol e muitos outros com alto valor agregado, além de proteína através de cultivos de fungos, para alimentação animal e/ou humana com princípios ativos benéficos à saúde dos que se utilizam destes produtos, como é o exemplo das beta-glucanas, cientificamente comprovado como antioxidante e anticarcinogênico. Em resumo, a academia sempre se ocupou em se adiantar às possíveis crises que ocorrem, fornecendo alternativas de diversificação, se não para sanar a crise como um todo, ao menos para minimizá-las. Acreditamos na capacidade infinita de criação do ser humano que, com seu trabalho possam construir um mundo mais justo e mais perfeito. *[email protected] DTAISER/CCA/UFSCar RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 16 Ponto de Vista V Corrida presidencial e o agronegócio O agronegócio parece ter conquistado espaço na agenda dos candidatos à presidência da República e dos Governos nos estados. Em eleições anteriores, muito pouco se tratou, nos debates e nas propagandas no rádio e na TV, de um dos setores mais importantes da economia brasileira – contribuindo com 26% do PIB, (Produto Interno Bruto), 41% das exportações e 32% da mão de obra empregada – apenas para citar três áreas. Este ano, em apenas dois dias, 04 e 06 de agosto - respectivamente, no Congresso da ABAG (Associação Brasileiro do Agronegócio), e na CNA (Confederação Nacional do Agronegócio), os principais concorrentes ao Planalto ou seus representantes se reuniram com as lideranças do setor para debater propostas. A movimentação sugere que o campo terá, finalmente, vez e voz nos governos do próximo mandatário da nação e governadores. No entanto, quando se aprofundam os debates nota-se a fragilidade da maioria das propostas frente às necessidades do agronegócio brasileiro. Um documento elaborado pela Abag já apontou uma série de ações para que o agronegócio sustentável possa crescer e se consolidar como o motor do desenvolvimento nos próximos anos. As metas são ambiciosas, mas plenamente exequíveis. Vejamos algumas proposições. Pretende-se, por exemplo, até 2020, dobrar a receita gerada por agricultura e pecuária para 130 bilhões de dólares. Isso implicaria em ampliar as exportações de grãos (arroz, feijão, milho, soja e trigo), com ganhos de 20% de produtividade, em 38%; de carnes (frango, bovina e suína), em 38%; de cana-de-açúcar, de 571 para 1.006 milhões de toneladas; e de papel e celulose, de 22,11 para 30,34 milhões de toneladas. Tornam-se fundamentais, neste sentido, os investimentos em infraestrutura, pesquisa e inovação (2% do valor da produção agropecuária seriam investidos em projetos da área), ações institucionais, como agilidade nos processos de registros de novas moléculas de defensivos agrícolas e defesa agropecuária. Os debates eleitorais estão apenas no início, mas preocupam a generalidade de algumas propostas. Para o setor de açúcar e álcool, por exemplo, é preciso ficar mais clara a estratégia dos candidatos para a sua recuperação. De acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), 60 usinas foram desativadas e sessenta estão em recuperação judicial. Contribuirá significativamente para atenuar a crise se o Tesouro Nacional ressarcir de cerca de R$ 1,4 bilhão em resíduos do PIS/Cofins. Outra proposta da indústria sucroalcooleira se refere à CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). O tributo, que incidia sobre a importação e a comercialização de petróleo e derivados, gás natural e álcool etílico combustível, foi extinto em 2012 pelo governo federal como forma de compensar o reajuste nos preços da gasolina e do diesel e evitar que a alta fosse sentida pelo consumidor. O fim da CIDE Revista Canavieiros - Agosto de 2014 * Eduardo Daher eliminou a competitividade do etanol, desestruturando o agronegócio da cana dentro da porteira e da indústria. Os debates dos presidenciáveis e dos candidatos aos governos estaduais são bem-vindos. Mas se tornarão consequentes, de fato, se todos concordarem que o caminho para o crescimento sustentável do País, com geração de emprego e renda, passa necessariamente por políticas estratégicas de aumento da produção e da produtividade no campo. *é economista pela FEA-USP, pós-graduado em administração de empresas pela FGV-SP e diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal, Andef. RC 17 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 18 Ponto de Vista VI A logística faz a diferença no setor sucroenergético O setor de exportação de commodities agrícolas abrange negócios que, via de regra, convivem com produtos de baixo valor agregado e margens de lucro apertadas, sendo que significativa parcela da receita dos agentes é consumida pelas despesas logísticas. Não é raro no agronegócio brasileiro alguns exportadores gastarem com fretes até 40% do preço do produto entregue no porto. da para proporcionar competividade logística. Importantes investimentos foram direcionados para aumentar a participação do modal ferroviário na matriz de transportes. O setor sucroenergético não foge a essa regra, o que justifica os grandes esforços que os “players” desse mercado vêm dedicando para alavancar a eficiência e competitividade da cadeia logística. A escalada dos custos de produção observada nos últimos anos achatou a margem de lucro dos produtores. Por isso, a consolidação de um sistema logístico eficaz tornou-se um fator chave para a garantia de bons resultados. Vale destacar o papel do terminal de transbordo da Usina São Martinho, localizada em Pradópolis/ SP, no escoamento da produção de açúcar e etanol. A unidade é capaz de embarcar mais de meio milhão de toneladas de açúcar diretamente nos trens, sem a necessidade de fazer o transporte nas “pontas rodoviárias”, condição bastante conveniente para os transportadores ferroviários. Além disso, o terminal não embarca apenas a produção das usinas do Grupo São Martinho, mas sua localização favorece a captação do açúcar de importantes produtores da macrorregião de Ribeirão Preto, uma das regiões mais importantes do cenário sucroalcooleiro. O Grupo São Martinho sempre mirou a ferrovia como importante alia- Em razão de tal vocação, o Grupo São Martinho realizou significa- Terminal Ferroviário da Usina São Martinho Capacidade total de armazenagem: 280 mil toneladas de açúcar Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Capacidade de embarque: 1.200 t/h * Helder Gosling tivos aportes no terminal ferroviário de Pradópolis, que foi modernizado e recebeu novo armazém em 2011. A empresa também firmou contrato com a Rumo Logística para garantir capacidade de tração em médio prazo. De lá para cá, os embarques na ferrovia foram crescentes: o transporte por meio do modal ferroviário saltou de 120 mil toneladas na safra 2009/2010 para mais de 1,3 milhão de toneladas na safra 2013/2014, atingindo quase que 80% do total de açúcar exportado pela usina. A meta do terminal é atingir o potencial de captação de açúcar na região de Ribeirão Preto até 2016, estimado em aproximadamente 2,5 milhões de toneladas. Além de ser um canal de escoamento intermodal de nossa produção, também poderá compartilhar esta vantagem logística para a nossa região aumentando a competitividade do açúcar brasileiro. Diretor Comercial e de Logística do Grupo São Martinho RC 19 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 20 Coluna Caipirinha Caipirinha Agro: Em julho, as exportações do agro (US$ 9,61 bilhões) se comparadas com o mesmo período de 2013 (US$ 9,30 bi), aumentaram 3,3%. O saldo na balança do agro foi de US$ 8,10 bi, um crescimento de 4,0% em relação a julho de 2013. O valor exportado acumulado no ano (US$ 58,7 bilhões) por sua vez teve ligeira queda de 0,3% quando comparado com o mesmo período de 2013 (US$ 58,9 bilhões). O saldo positivo acumulado no ano foi de US$ 48,9 bilhões (0,3% menor que o mesmo período em 2013). Os demais produtos brasileiros fora do agro tiveram um expressivo aumento de 16,6% nas exportações (US$ 11,5 bi em 2013, para US$ 13,4 bi em 2014), o que levou a participação do agronegócio nas exportações brasileiras a 41,7% em relação às exportações totais do Brasil. Devemos lembrar que aqui tem aquele velho caso de exportação de plataforma de petróleo da Petrobras, contaminando os números. Se não fosse o agronegócio, a balança comercial brasileira teria um déficit de US$ 49,8 bilhões acumulados no ano, ou seja, mais uma vez o agro evitou um desastre maior na economia brasileira. Cana: Sai projeção da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) estimando a safra em cerca de 40 a 50 milhões de toneladas, menor que 2013/14, que foi de 596 milhões. Portanto, algo ao redor de 550 milhões... No acumulado desta safra até 1º de agosto foram processados 280 milhões de toneladas, contra 270 no ano passado. A queda de produtividade está superando 10%. Já o ATR está 128 kg, alta de 2,41% sobre 2013. Análises das Empresas: Tereos (controla 60,4% da Guarani): ATR da safra deve crescer 2 a 3 kg por tonelada (137kg/t) e deve moer entre 20 a 21 milhões de toneladas de cana, 5% abaixo da expectativa. Só não foi maior devido à renovação de canaviais. GranBio entrou com o pedido de registro (patente) da primeira levedura transgênica, e pretende usar em três anos para a produção de etanol celulósico. Está plantando quase 2 mil ha de cana energia, e experimentos mostraram produtividades acima de 150 t/ha. O objetivo é produzir etanol de segunda geração e bioeletricidade, em parceria com o grupo Carlos Lyra. São Martinho apresentou bons resultados. Moagem deve ser de 19,6 milhões de toneladas, e o processamento nesta safra está 36,8% maior que na safra passada. No primeiro trimestre teve lucro de R$ 60 milhões, puxados pela venda de eletricidade e anidro. A empresa fixou vendas de açúcar a 18,30 cents/libra peso e hedge cambial de 2,46. O recado da São Martinho é que o açúcar deve subir, por isso a empresa até o momento fixou 47% da safra, contra 91% ano passado. Fruto da incerteza do setor, sofremos mais um golpe. A Itochu, que detinha 20% de participação na Bunge, em duas Usinas, decidiu sair do negócio e vender esta participação à Bunge. Mais uma empresa a se retirar, sem sensibilizar Brasília. Açúcar: Segundo a Archer Consulting... “O custo de produção de açúcar posto usina, apurado pelo modelo desenvolvido pela empresa está hoje em R$ 34.9800 por saca de 50kg. Para uma usina localizada na região de Ribei- Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Marcos Fava Neves rão Preto, por exemplo, isso equivale a aproximadamente 16.25 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos. Considerando que o desconto do FOB para embarque agosto é de 75, NY precisa estar em 17 centavos de dólar por libra-peso para empatar.” Etanol: Sindicom (congrega 80% do mercado distribuidor) soltou o anuário de 2013, onde aparece que as vendas de etanol cresceram 22,1% em relação a 2013. Há grande preocupação com o abastecimento de hidratado durante a entressafra. Algumas tradings estimam que no encerramento da safra teremos 3 bilhões de litros em estoque, insuficiente para atender à demanda de praticamente 5 meses. Estima-se em cerca de 10% a defasagem do preço da gasolina no Brasil no mês de julho. O lucro da Petrobras caiu 20% no segundo trimestre deste ano, principalmente devido às importações de gasolina. Porém, foi bem recebida pelo mercado a reação operacional da Petrobras, com aumento de produção diária de Petróleo. O diretor de finanças da empresa declarou em 12/08 ser imprescindível um aumento nos preços da gasolina. 21 Homenagem do mês: Este mês a homenagem vai para o Prof. Evaristo Marzabal Neves. Sou suspeito para homenagear este grande ídolo que tenho e professor de mais de 8 mil agrônomos. Segue firme e forte aos 73 anos dando suas aulas na ESALQ. Como o mês foi do Dia dos Pais, segue a homenagem! Haja Limão: Este mês tivemos limão suficiente para fazer uma caipira global. Diversos fatos mostrando o lodaçal da atual administração, implicando importantes membros do atual Governo naquilo que foi uma das maiores afrontas à democracia brasileira, o teatro armado pelo Governo na CPI da Petrobras, com a combinação de perguntas e respostas, um antro de escândalos. Fora isto, a lastimável informação que partiu de dentro do Palácio da Alvorada a modificação de perfis de importantes jornalistas de economia do nosso País. Ou seja, do “bunker” do País partes ações terroristas. Vivemos no Brasil, ao nosso redor, uma grave deterioração das instituições. Estamos fracassando como organização social e econômica. Coisas antes inimagináveis são descobertas a cada dia. Passamos por um processo de crescimento de quadrilhas, de forças paralelas, em diversas áreas. Valores importantes na construção de uma vida em sociedade, como o traba- lho, o esforço, a ética, a honestidade, a ajuda ao próximo, o coletivismo, o respeito, a paz, entre outros, vêm sofrendo um processo de erosão, gradualmente sendo diminuídos. A culpa... é da imensa maioria, dos bons, que foram omissos e se acomodaram durante todo este tempo, nas suas redomas, no seu individualismo, no seu microcosmo, no seu círculo. Só teremos um resgate moral da nossa sociedade, a construção de um País com elevado IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) se agora sairmos da nossa zona de conforto, da nossa omissão, da nossa acomodação, e lutarmos, com coragem, sem medo, estimulados pelo pensamento do que ficará desta nação, como nosso legado, aos nossos filhos. Não mude do Brasil. Mude o Brasil. Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 22 Notícias Copercana Responsabilidade social: Copercana entrega cadeiras de rodas a Campo Florido Fernanda Clariano C ooperar é acolher e ciente da importância de poder contribuir com quem realmente necessita, no dia 23 de julho, a Copercana, realizou na Câmara Municipal da cidade de Campo Florido a entrega de cadeiras de rodas para o município. Estiveram presentes o diretor da Copercana e membro do Conselho Administrativo da Sicoob Cocred, Pedro Esrael Bighetti, o gerente comercial da Copercana, Frederico Dalmaso, o prefeito de Campo Florido, Ademir Ferreira de Mello, a primeira-dama, Vera Mello, o diretor do Departamento Municipal de Saúde, Paulo Roberto Cunha Araújo, a presidente da Câmara, Divina Manoela dos Santos, vereadores e familiares do jovem Paulo Menezes da Silva, um dos beneficiados com a doação. “Quando fiquei sabendo das necessidades do Paulo, que precisa muito de uma cadeira de rodas, procurei ajuda junto à Copercana, porque sei que é uma cooperativa que se preocupa com a comunidade onde está inserida e logo a minha solicitação foi atendida. A Copercana é uma empresa de grande valor para os moradores de Campo Florido porque contribui muito com a população, gerando empregos e dando oportunidades, por isso só temos que agradecer”, disse o vereador Paulo Antônio da Silva. Mônica Menezes da Silva, irmã de um dos beneficiados com uma cadeira de rodas, falou da importância de poder receber a doação. “Meu irmão tem dificuldades nas pernas para se locomover por causa de uma deficiência e, devido à necessidade, busquei ajuda de um vereador que expôs o problema junto à Copercana e logo ficamos sabendo que a cooperativa havia feito a doação. Ficamos muito felizes e agradecemos ao vereador Paulo e também à Copercana por ter nos ajudado”, ressaltou Mônica. Helvio Andrade Lacerda (agrônomo), Frederico José Dalmaso (ger. comercial da Copercana), Pedro Esrael Bighetti (diretor da Copercana), Lauriane Policarpo Silva (op. de caixa), Ademir Ferreira de Mello (prefeito de Campo Florido), Paulo Antônio da Silva (vereador) e Deyvison Silva Sabino (enc. da loja de ferragens da Copercana de Campo Florido) Na oportunidade, a Copercana também doou outras três cadeiras de rodas que irão ficar na sede do Departamento de Saúde sob a responsabilidade da assistência social e serão disponibilizadas para a população, conforme as necessidades. “Para a Secretaria da Saúde é muito bom poder contar com a vinda dessas cadeiras, embora tenhamos algumas, mas todas já estão emprestadas porque há uma rotatividade muito grande, e as pessoas que necessitam de cadeira de rodas, na grande maioria, são pessoas carentes. Essas cadeiras darão uma cobertura bem interessante para as nossas necessidades e eu gostaria de agradecer à Copercana pela doação e pela disponibilidade que nos deu e abertura que deu ao município de estar ajudando e interagindo com a comunidade que eu acredito ser muito importante”, afirmou o diretor do Departamento Municipal de Saúde, Paulo Roberto Cunha Araújo. A primeira-dama de Campo Florido, Vera Mello, destacou a relevância de ter a Copercana como parceira no município. “Para a cidade essa doação significa muito e poder ter a participação da Copercana é muito importante porque esse município precisa de muitos recursos e a grande maioria depende mui- Revista Canavieiros - Agosto de 2014 to da prefeitura. Esse apoio nos causa muita satisfação, porque irá contribuir para sanar as necessidades da população”, disse a primeira-dama. “A Copercana sabe da importância de poder contribuir com os municípios onde está inserida e sabe das necessidades que muitos deles enfrentam e, ciente disso, procura atender conforme o possível às solicitações. Saber que estamos de certa forma ajudando nos deixa orgulhosos, afinal a responsabilidade social é parte da cultura da Copercana”, ressaltou o diretor da cooperativa, Pedro Esrael Bighetti. Na oportunidade, Bighetti também visitou a instituição Florescer (Centro de Atendimento Social de Campo Florido), que atende crianças e adolescentes em horário inverso ao escolar, onde recebem aulas de reforço, informática, música, dança e esportes, além de atendimento odontológico. Bighetti conheceu as instalações e aproveitou para atender a uma solicitação fazendo uma doação para a instituição que irá contribuir para a realização da festa “A seu gosto, tudo junto e misturado”, evento que acontece em agosto e que faz parte do calendário festivo da entidade para arrecadar fundos. RC 23 Produtores Rurais, fiquem atentos a este comunicado! Garanta sua lavoura com a Copercana Seguros A Seguradora MAFRE, em parceria com a Copercana Seguros, indenizou vários produtores rurais que tiveram suas lavouras afetadas pela seca na safra 2013/14. Foram pagos aproximadamente a quantia de R$ 3 milhões referentes à perda de produção nas culturas de soja e amendoim. O que é valioso exige proteção! Entre em contato com um corretor da Copercana Seguros e garanta sua produção! Revista Canavieiros - Agosto de 2014 24 Notícias Copercana Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred entrega cadeira de rodas para entidades de Santa Rita do Passa Quatro e Ocauçu Fernanda Clariano A través do apoio da BioCoop e da Sucatas São José, o Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred vem desde 2012 contribuindo com várias instituições, doando cadeiras de rodas por meio da Campanha de Arrecadação de Lacres de Alumínio. O projeto tem gerado bons frutos graças à participação dos colaboradores e da população, que arrecadam lacres que são trocados por cadeiras de rodas e, posteriormente, são doadas para entidades assistenciais indicadas pelas filiais sorteadas. Dessa vez as cidades de Santa Rita do Passa Quatro e Ocauçu puderam indicar duas instituições. Santa Rita do Passa Quatro No dia 18 de julho, foi realizada a entrega da cadeira de rodas para a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Santa Rita do Passa Quatro, instituição que há 42 anos vem realizando um excelente trabalho com portadores de deficiências intelectuais, múltiplas e autismo, a partir dos seis meses de idade. Hoje, a instituição presta atendimento a 135 pessoas. Em seus mais de 5.100 m², a instituição oferece atendimentos de saúde, educação, assistência social e conta com médico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo, professores e coordenadores. A APAE também trabalha com equo- A oficina de artesanato faz parte das atividades realizadas na APAE APAE de Santa Rita do Passa Quatro terapia, oficinas de mosaico, tapeçaria, marcenaria, cozinha pedagógica e ainda possui uma brinquedoteca e uma piscina aquecida onde é realizada hidroterapia. Para se manter, a instituição recebe auxílio da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, do Governo Federal com o SUS, da prefeitura Municipal, e também dos sócios APAE Card que são moradores da cidade que contribuem mensalmente e através dos eventos onde são arrecadados fundos. De acordo com a diretora da APAE, Angela Maria Clapis Bello, hoje uma das maiores necessidades da APAE é com a manutenção. “Temos algumas necessidades e estamos nos organizando para fazer campanhas e supri-las, mas a manutenção é uma das maiores dificuldades, pois é cara. Estamos precisando de uma banheira que tenha hidromassagem, porque temos algumas crianças muito comprometidas que precisariam dessa banheira. Temos a piscina para hidroterapia, mas essa banheira faria um serviço diferente e precisamos terminar a nossa quadra esportiva”, afirmou Angela, que também destacou a importância da cadeira de rodas para a APAE. “Receber essa doação do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, foi de ex- Revista Canavieiros - Agosto de 2014 trema relevância para nós, pois temos 25 cadeirantes. Cadeira de rodas quebra e precisamos estar sempre consertando ou trocando. Agradecemos muito essa doação porque para a APAE será de grande serventia”, concluiu Angela. O encarregado da filial da Copercana de Santa Rita do Passa Quarto, José Henrique Corolin, falou sobre a importância de poder contribuir com a APAE de Santa Rita. “Estamos doando a cadeira de rodas para a APAE porque sabemos do trabalho sério e do atendimento que é realizado com as pessoas especiais de Santa Rita do Passa Quatro e também por saber que farão um bom uso”, disse Corolin. Ocauçu Já no dia 25 de julho, a cidade de Ocauçu, foi a contemplada com uma cadeira de rodas. O município que conta com quatro mil habitantes está situado na região Centro-Oeste Paulista e tem sua economia estabelecida nas atividades rurais, especialmente na produção de café e de cana-de-açúcar. Ciente da importância da cadeira de rodas para a cidade, o Posto de Atendimento da Sicoob Cocred de Ocauçú indicou a Secretaria do Bem Estar Social do Município para receber a doação. 25 “Receber essa cadeira de rodas é de grande valia porque na cidade a necessidade é grande e essa doação está vindo ao encontro às nossas necessidades. Iremos estudar os casos e direcionar a cadeira a quem mais necessita no momento. Temos que agradecer o Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, por contribuir com a Secretaria e de certa forma com a população de Ocauçu”, disse a assistente social, Maria Valdelice Menegucci. Presente durante a entrega, a prefeita de Ocauçu, Alessandra Colombo Marano, falou das necessidades do município e agradeceu o Sistema pela doação. “Ocauçu conta com pouca arrecadação e, para nós, essa doação é muito positiva, porque temos pessoas muito carentes e emprestamos cadeiras da área da saúde. É uma maneira de tentar ajudar, mas através dessa doação iremos poder contribuir com quem necessita. Agradeço essa parceria da Sicoob Cocred, achei muito importante a Campanha de Arrecadação de Lacres de Alumínio e faço votos para que Valdelice Menegucci (assist. social), Milena Talamoni (BioCoop), Adelino Carlos Colombo (gerente PA Ocauçu), José Mauro Colombo (vereador), Alessandra Colombo Marana (prefeita de Ocauçu), Celia Menegucci dos Santos (sec. do Bem Estar Social) e Odair Dionísio Pereira (vereador) prossiga e que continuem beneficiando entidades que necessitam dessa parceria”, ressaltou a prefeita. O gerente do Posto de Atendimento de Ocauçu, Adelino Carlos Colombo, enfatizou a importância da campanha. “Ocauçu, sendo uma cidade pequena, carece de ajuda e, para nós do Posto de Atendimento, foi um prazer ter sido contemplado e poder contribuir com uma instituição da cidade. Sempre divulgamos e incentivamos os cooperados e a população que vão até na agência a participarem da campanha arrecadando lacres de alumínio e, com certeza, mesmo sendo contemplados, iremos continuar arrecadando para futuramente ajudar outras cidades que precisam”, afirmou Colombo. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 26 Trabalho realizado por bibliotecário da Canaoeste vem sendo destaque na mídia Da redação A “Geladeiroteca”, como é chamada a geladeira customizada e abastecida por livros, tem chamado a atenção dos veículos de comunicação da região pela forma em que vem incentivando a leitura. Quem tem muito a comemorar é o idealizador do projeto em Sertãozinho, o bibliotecário Haroldo Luís Beraldo que contou com total apoio da Canaoeste, que é mantenedora da Biblioteca “General Alvaro Tavares do Carmo”, para por em prática esse importante meio de promover a leitura, tirar os livros da estante e fazer com que circulem de maneira livre e gratuita. Acompanhe alguns dos veículos onde o Projeto foi notícia: Folha de S. Paulo, Jornal A Cidade, Agência USP de Notícias, Portal IG, Portal USP, EPTV, STZ TV, Rádio CBN, Rádio Comunitária FM, site do CRUESP, Jornal da ABA (Associação Amigos do Bairro Alvorada), Jornal Agora, Jornal Momento Atual e também foi destaque no blog Galeno Amorin e no site da Feira do Livro de Ribeirão Preto. RC As “Geladeirotecas” podem ser encontradas em no Centro Esportivo Mogiana e no CEJUSC (Centro de Solução de Coflitos e Cidadania) em Sertãozinho Revista Canavieiros - Agosto de 2014 27 Canaoeste e Copercana participam da 4ª EXPAM Da redação E ntre os dias 21 a 26 de julho, a Canaoeste e a Copercana participaram da 4ª EXPAM (Expo- sição Agropecuária da Alta Mogiana) realizada no Parque Permanente de Exposições de Ituverava pelo Sindi- João Maciel (agrônomo da Canaoeste de Ituverava e representantes do Grupo Raízen (Unidade Junqueira) cato Rural do Município, onde receberam em seu estande produtores associados e cooperados da região. RC Representantes da Canaoeste e Copercana filial Ituverava, com o presidente do Sindicato Rural de Ituverava, Gustavo Chavaglia e representantes da EXPAM Revista Canavieiros - Agosto de 2014 28 Notícias Canaoeste Reuniões e treinamentos Canaoeste Fernanda Clariano A Canaoeste de Ituverava e a empresa Arysta realizaram em parceria com a Copercana e o Sindicato Rural o “Aplique Bem Arysta”: treinamento direcionado para aplicadores de defensivos agrícolas. Na ocasião foram abordados temas importantes como: o uso correto de EPI (equipamentos de proteção individual) e regulagem de equipamen- Aplique Bem Arysta – aula teórica. A Canaoeste e a Copercana de Barretos com o apoio da empresa Interagro - New Holland, realizaram em parceria com a Guarani/Grupo Tereos uma Reunião Técni-ca para a discussão do tema “Vantagens no Uso da Agricultura de Precisão na Cul-tura da Cana-de-Açúcar. A reunião aconteceu no dia 27 de julho, na Associação Barretense de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Participaram aproximadamente 30 pessoas. tos de aplicação. O treinamento aconteceu no dia 15 de julho, no Parque de Exposição de Ituverava e contou com a presença de aproximadamente 30 pessoas. Aplique Bem Arysta – aula prática. Reunião Técnica em Barretos – Parceria: Canaoeste, Copercana, Guarani e Interagro. Sempre buscando novas tecnologias para melhor atender aos seus associados, a Canaoeste com o apoio da empresa Yara Fertilizantes, realizou um treinamento interno para sua equipe técnica onde foram abordados assuntos referentes a “Nutrição de Plantas e Longevidade do Canavial”. O treinamento foi realizado no escritório da Associação em Viradouro no dia 18 de julho. RC Equipes Técnicas: Canaoeste e Yara Fertilizantes. Revista Canavieiros - Agosto de 2014 29 Gestão de Relacionamento Recursos e Projetos, mais um canal de serviços da Canaoeste Da redação Z elar pelo crescimento e pelo bom relacionamento entre os seus fornecedores de cana-de-açúcar e as usinas faz parte do lema da Canaoeste e, para estreitar esses laços, a Associação está apresentando o mais novo canal de serviços exclusivo para os fornecedores que é a RRP (Gestão de Relacionamento Recursos e Projetos) criada para auxiliar o associado e administrar toda parte burocrática que envolve o fornecedor e a usina através de vários serviços. “A Gestão de Relacionamentos, Recursos e Projetos tem como base a política de acolhimento entre a Canaoeste e seus fornecedores. A intenção é proporcionar uma relação mais próxima dos nossos associados, trazendo benfeitorias e informações que facilitem ao máximo, para que eles possam se sentir seguros, que usem esses serviços e que cheguem até eles de forma fácil e descomplicada. Através deste novo departamento estamos buscando novas parcerias, tudo para facilitar e disponibilizar ao fornecedor uma carteira grande de benefícios”, afirmou o gestor do Departamento de RRP da Canaoeste, Almir Aparecido Torcato. A Canaoeste sempre esteve de portas abertas aos seus associados e, através do RRP, o fornecedor terá o respaldo Equipe de gestão de RRP da Canaoeste: Gabriel Santos (auxiliar administrativo), Almir Torcato (gestor de RRP) e José Alberto Bisson (assistente administrativo) que precisa, seja com acesso a disponibilidade dos custos de produção, planilhas, dentre outros serviços para que tenha parâmetros confiáveis, com informações que precisa e até mesmo o quanto desembolsará para manter suas atividades no campo. Vale lembrar que muitas informações estarão disponibilizadas através da internet, porém se o fornecedor não tiver acesso fácil ele pode se dirigir até a Canaoeste, seja na matriz ou nas filiais, onde terá toda atenção e poderá sanar suas dúvidas. Para contar com os benefícios, bem como a disponibilidade dos cus- tos de produção, planilhas, dentre outros serviços, o associado precisa estar em dia com os recolhimentos da Associação. Por isso, estar regular com a Associação é importante para fortalecer ainda mais a entidade, que tem como principal objetivo superar obstáculos que, individualmente, seriam mais difíceis. Para maiores esclarecimentos, uma equipe está à disposição pelo telefone (16) 3946-3316 ramal 2191 ou 2101 ou pessoalmente no departamento de Gestão de Relacionamento, Recursos e Projetos, que fica anexo ao departamento Agronômico da Matriz. RC As informações estão disponibilizadas através da internet (www.canaoeste.com.br) ou pessoalmente na Canaoeste, seja na matriz ou nas filiais, onde o associado terá toda atenção e poderá sanar suas dúvidas. Revista Canavieiros - Agosto de 2014 30 Notícias Canaoeste Área Restrita: mais uma ferramenta da Canaoeste para agilizar o dia a dia do associado Fernanda Clariano A Canaoeste busca o tempo todo defender os interesses dos seus associados promovendo ações e oferecendo serviços que contribuem e facilitem o trabalho do produtor rural e o seu crescimento. Prova disso são os serviços disponibilizados pela associação através da área restrita, um canal de informações entre a Canaoeste e seus associados. Este projeto foi desenvolvido pela Gestão de RRP (Relacionamento, Recursos e Projetos) em conjunto com o Departamento de Comunicação. Segundo o gestor do Departamento de RRP da Canaoeste, Almir Aparecido Torcato, “a informação de qualidade é um dos alicerces para a sobrevivência e maior competitividade. Pensando nisso desenvolvemos essa ferramenta e uma série de posicionamentos importantes para disponibilizarmos ao nosso associado com maior eficiência e eficácia”, disse. namento de moagem das unidades industriais, projeções de fechamento de preço do ATR, parâmetros técnicos atualizados, entre outros, todos de forma prática em versão PDF, tornando-os mais leves e de fácil acesso. Para isso, o associado precisa entrar no site da Canaoeste onde irá encontrar o ícone (área restrita), se cadastrar e posteriormente receber um e-mail com seu login e senha de acesso e, a partir daí, poder entrar na área restrita onde estiver. Através das suas ações, a Canaoeste espera contribuir cada vez mais com O ícone da área restrita fica localizada abaixo do menu ao lado o sucesso dos seus mais esquerdo do site. Se preferir pode acessar diretamente pelo endereço www.canaoeste.com.br/intranet de 2.400 associados e se coloca à disposição para qualquer dúvida. Vale lembrar que a área restrita é um canal virtual com conteúdo de uso exclusivo para os associados. Porém, se o associado não tiO RRP hoje disponibiliza ver acesso fácil à internet ele pode posicionamentos mensais sobre solicitar essas informações em custo de produção, provisio- qualquer filial da Canaoeste.RC 3) Tela inicial 1) Tela de login Revista Canavieiros - Agosto de 2014 2) Tela de comunicados 31 Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred apoia evento em comemoração ao Dia do Agricultor Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural da cidade de Barretos homenageia agricultores Carla Rodrigues com informações do jornal O Diário de Barretos E m comemoração ao Dia do Agricultor, no dia 28 de julho, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural da cidade de Barretos homenageou oito agricultores de diferentes áreas do setor. O evento aconteceu na sede da ABEAA (Associação Barretense de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, na Região dos Lagos e contou com o apoio do SIRVARIG (Sindicato Rural do Vale do Rio Grande), Unifeb (Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos), Prefeitura, Câmara, CATI (Casa da Agricultura), Instituto Federal Polo Barretos, ABEAA e do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. O Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural é presidido pelo engenheiro agrônomo da Canaoeste, Ricardo Parisoto. Além dele, a equipe técnica e o gerente do Departamento Técnico da Canaoeste, Gustavo Nogueira, também participaram do evento. Entre os homenageados estavam o seringalista José Pedro Domingues Netto, que atua no ramo de látex há 30 anos, o produtor de leite e derivados, Ricardo Parisoto, engenheiro agrônomo da Canaoeste e presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Raul Carlos Guimarães, o produtor de grãos (milho, soja, arroz, feijão, sorgo, amendoim e outros), Gabriel Carvalho Dias, o produtor de cana-de-açúcar associado e cooperado à Canaoeste e Copercana, Mário Rodrigues de Paula, e ainda na citricultura (laranja, limão, tangerina e outros) o produtor João Fajoto, na agricultura familiar, Luis Roberto Marinho Villela e Marli Sanches Vilella, na pecuária e turismo rural, José Jesus Aparecido de Faria e João Roberto da Silva, respectivamente. João Amadeu Giacchetto, secretário do Meio Ambiente O secretário do Meio Ambiente, João Amadeu Giacchetto, que também é membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, falou sobre a importância de prestar a homenagem aos produtores rurais barretenses. Gustavo Nogueira, Gabriel Carvalho Dias (produtor de cana-de-açúcar homenageado) e Ricardo Parisoto “A importância é, acima de tudo, a valorização da nossa tradição. Essas pessoas que nunca receberam uma homenagem hoje se sentem valorizadas e com a alma leve, sabendo que alguém se lembra deles, que eles existem e produzem. É um setor que arrecada próximo a 40% no Brasil entre valor agregado e matéria- prima”, disse. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 32 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Junho/2014 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 30 de junho de 2014. Revista Canavieiros - Agosto de 2014 33 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 34 “Caminhos da Cana” ultrapassa fronteiras do Centro-Sul Projeto visa a disseminação do setor sucroenergético e coleta de informações Andréia Vital O s números já impressionam: são mais de três mil km rodados pelo interior; 500 litros de etanol utilizados; mais de 600 m² de cana consumidas; 17 Associações de Produtores de Cana entrevistadas…9 cidades visitadas e 500 questionários da pesquisa respondidos por produtores de cana…Este é o primeiro balanço do projeto “Caminhos da Cana”, que teve início no dia 10 de julho, em Araraquara - SP. Coordenada pelo professor da FEA-RP/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), Marcos Fava Neves, a iniciativa tem como objetivo levantar dados sobre o setor sucroenergético para elaborar uma agenda estratégica para o segmento para o período 2015-2025, com detalhamento regional, e que será disponibilizada aos candidatos que disputam as eleições federais e estatuais em outubro. Além de servir de plataforma para a troca de experiências entre entidades e pequenos produtores de cana-de-açúcar, também será base para o pla- Reuniões estão sendo realizadas em vários municípios canavieiros nejamento estratégico da Orplana - Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil. “O material, mostrando a ordem de grandeza econômica e social do setor, também servirá como suporte às organizações setoriais na defesa da agroindústria canavieira”, diz Fava Neves. Revista Canavieiros - Agosto de 2014 O projeto tem como metodologia a realização de reuniões com lideranças de associações, onde são ministradas palestras e coleta de informações junto aos associados. “A ideia é ter mais de 1200 questionários respondidos pelos agricultores, que incluem dados desde avaliação do setor, suas perspectivas 35 Matéria de Capa e opinião sobre o desempenho da sua associação”, explica o professor, destacando que o lado acadêmico do projeto conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e está sendo desenvolvida dentro da FEARP/USP. “As atividades externas do “Caminhos da Cana” estão sendo de fundamental importância na aproximação junto às lideranças e produtores rurais para a coleta de dados. Com base nesta pesquisa teremos a publicação de artigos acadêmicos e relatórios para a Fapesp”, argumenta o pesquisador. Inicialmente, a ação se concentraria somente em municípios canavieiros do Centro-Sul, ligados à Orplana, mas devido à relevância do tema, acontecerá também em Recife (PE) e no Rio de Janeiro (RJ). Seu encerramento também foi alterado de setembro, para outubro. O impacto dessa atividade tem mobilizado muitas pessoas, assegura o professor, mas os resultados conseguidos até o momento são preocupantes. “Os depoimentos são de terror e confirmam que produtores de cana estão perdendo patrimônio. É um processo de exclusão, processo de concentração que não faz sentido se você levar em consideração o Governo que temos hoje no Brasil, que é de inclusão e de desconcentração”, conta estarrecido Fava Neves. Além das reuniões realizadas em associações, os encontros também acontecem em universidades, como a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” ESALQ/USP, que recebeu o projeto durante o “I Workshop Internacional sobre Cadeia Sucroenergética”, no final de julho e reuniu profissionais que atuam na agroindústria canavieira. Na ocasião, Fava Neves explanou sobre o desempenho da economia, do agrobrasileiro, sobre a cadeia da cana-de-açúcar, abordando cenário e perspectivas para o segmento, além de apresentar propostas de ações que devem ser feitas para o resgate da eficiência do setor, proporcionando assim nova onda de crescimento para atender à demanda nos próximos anos. O pesquisador apresentou agenda que deveria ser seguida para impulsionar a retomada do setor sucroenergético. Para a área privada as indicações são: desenvolvimento de programa de renovação e melhorias nos tratos canaviais e intensificação de pesquisa em biotecnologia e etanol de segunda geração, entre outros. Já para Marcos Fava Neves autografou a obra no final da palestra em Piracicaba o setor público, ele destacou que é necessário melhorar o sistema de transporte de cargas, portos e infraestrutura logística, como equalizar o preço da gasolina com o preço internacional e leis de na política de preços, entre outros. “Uma maneira de difundir as ideias que foram trabalhadas nos últimos anos no setor de cana foi a elaboração do livro (veja dica de leitura na página 66), que tem o mesmo nome o projeto e é distribuído nas reuniões”, concluiu o professor, que autografou a obra no final da palestra, avisando que a mesma está disponível gratuitamente na internet e pode ser baixada neste link: http://bit.ly/caminhoscana. A editora Canaoeste é parceira na produção do livro. O projeto “Caminhos da Cana” tem o apoio da Fapesp, FEARP/USP, Orplana, Bayer CropScience, Case IH, CEISE Br e UNICA. “É muito importante para a Bayer poder fazer parte destes encontros, estar próximo ao nosso cliente. Cada produtor, participante, contribui com suas experiências nas associações locais, enriquecendo o fluxo de informação. O resultado de tudo isso é bem maior, é o fortalecimento do produtor e da cadeia produtiva da cana”, afirma o gerente de Estratégia de Marketing da Bayer CropScience, Paulo Donadoni. É possível acompanhar as atividades do projeto curtindo a página: www.facebook.com/caminhosdacana As próximas reuniões acontecem nas seguintes cidades: Lençóis Paulista (20/08); Sertãozinho (Fenasucro) (26/08); Bariri (27/08); 02/09); Frutal (03/09); Piracicaba (04/09); Jaboticabal (05/09); Recife (Congresso) 16/09); Piracicaba (Congresso CENA) (14/10) e Rio de Janeiro (Congresso) (21/10). RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 36 Destaques Pesquisa mostra agricultores mais satisfeitos, porém eles querem mais respeito Estudo teve como objetivo mapear a diferença entre a percepção dos consumidores e a realidade dos agricultores Andréia Vital O nível de satisfação do agricultor em relação a sua atividade aumentou, mas ele ainda acha que não tem o prestígio que merece do consumidor. Foi o que apontou a segunda edição do Farm Perspective Study, apresentada pela BASF, no final de julho, em São Paulo. A pesquisa foi feita com 300 produtores e mil consumidores para tentar entender as percepções em relação à agricultura brasileira. O levantamento mostra que 77% dos produtores estão satisfeitos com sua função, contra 74% registrados em 2011, quando ocorreu a primeira edição da pesquisa. Mas aponta também que 46% dos produtores entrevistados não se sentem valorizados pela população, mesmo que 67% dos consumidores afirmam que são reconhecidos. O estudo indicou também que o agricultor se sente mais responsável como provedor de alimento, tendo o índice saltado de 79% para 93%. Já a percepção aumentou em 18% entre os consumidores brasileiros, totalizando 88,6% de concordância. “Os dados mostram que a sociedade começou a entender melhor o Eduardo Leduc, vice-presidente Sênior da Unidade de Proteção de Cultivos da BASF Daniel Marinho, coordenador de Comunicação, Francisco Carlos Verza, vice-presidente da Unidade de Proteção de Cultivos da BASF para o Brasil, Eduardo Leduc, vice-presidente Sênior da Unidade de Proteção de Cultivos da BASF, Oswaldo Gomes, diretor de Marketing da Unidade de Proteção de Cultivos da BASF agricultor, mas ele tem problema de ego, e não percebe. Mesmo assim, ele se sente mais orgulhoso, pois antes sentia vergonha de falar que era produtor agrícola, além de ser mal visto pela sociedade”, disse Eduardo Leduc, vice-presidente Sênior da Unidade de Proteção de Cultivos da BASF para a América Latina e de Sustentabilidade para a América do Sul. “Como uma empresa de pesquisa temos que ajudar as pessoas a terem uma mesma visão, pois é claro o desconhecimento sobre os desafios e a realidade do agricultor”, explicou o diretor, alegando que o consumidor tinha uma grande tendência em achar que o alimento “nasce” atrás da gôndola do supermercado e agora começa a mudar sua percepção. Mesmo assim, o estudo aponta que somente 15% dos consumidores reconhecem os desafios dos agricultores. “Para um País que o PIB (Produto Interno Bruto) dependa da agricultura, não é aceitável que 85% da população não saiba dizer quais são os desafios do agricultor”, alertou o executivo, afirmando que o consumidor tem uma visão romântica da agricultura, associada à enxada e ao Revista Canavieiros - Agosto de 2014 chapéu de palha, sem ter noção da tecnologia aplicada no setor. Ao apresentar a pesquisa, Leduc destacou os desafios dos dias atuais para atender ao consumo, já que ocorreu uma mudança nos hábitos da população urbana, que não para de crescer. “Os desafios globais de impactos na agricultura para atender a demanda em 2050 serão enormes, pois exigirão um aumento de 70% na produção de alimentos com recursos limitados”, disse ele, lembrando que a inovação para uma agricultura sustentável é a chave para alimentar um planeta faminto. “A abundância de hábitos alimentares do que foi até hoje e o que será daqui a 30 anos será dramática, sendo que os alimentos serão a razão do bem-estar das pessoas, que exigirão cada vez mais a qualidade desses alimentos”, alega. Segundo Leduc, este é um direcionamento fundamental para quem trabalha com agricultura, pois terão que aumentar a produtividade, sem aumentar a área plantada, usando para isso a tecnologia, caso contrário, correm o risco de perder a oportunidade de atender a onda de crescimento. 37 De acordo com o diretor, a origem dos alimentos passou a ser um fator determinante na escolha dos consumidores europeus, e agora também, dos brasileiros. “A pesquisa mostra que 82% dos consumidores urbanos das principais capitais brasileiras estão bem preocupados com a origem dos alimentos e se são produzidos com sustentabilidade, embora eles não saibam explicar bem o que isso significa”, ressaltou. Sobre o tema, a pesquisa detectou que embora 67% dos agricultores afirmam utilizar métodos sustentáveis de produção, somente 37% dos consumidores concordam que a agricultura brasileira seja sustentável. “Os estudos mostram que tanto os consumidores quanto os agricultores associam sustentabilidade somente a aspectos relacionados ao meio ambiente”, disse ele, explicando que, na verdade, a sustentabilidade na agricultura também depende dos pilares sociais e econômicos. “Ninguém vai investir no verde, se estiver no vermelho”, constatou. A falta de conhecimento sobre a sustentabilidade é um dado muito importante destaca Leduc, pois se o urbano não entender que o agricultor usa práticas sustentáveis, vai supor que o produtor está prejudicando o meio ambiente. “Portanto, a percepção da agricultura sustentável precisa ser trabalhada, tanto aqui, como lá fora”, afirmou o executivo, lembrando que essa é uma tarefa adicional, pois o agricultor brasileiro já enfrenta barreiras técnicas maiores do que as enfrentadas pelos produtores locais de outros países. Prova dessa necessidade de disseminação de conhecimento sobre a agricultura é que muitas vezes a informação que chega lá fora é bem diferente da realidade nacional. “Sou muito questionado sobre o etanol, se vamos parar de produzir grãos e produzir o combustível para atender a demanda mundial, mas na verdade, não sabem que usamos somente 1 ou 1,5% das nossas terras para produzir etanol”, disse Francisco Carlos Verza, vice-presidente da Unidade de Proteção de Cultivos da BASF para o Brasil, lembrando que o aumento da produção é possível, devido a tecnologia aplicada pela agricultura. “A BASF investe quase dois milhões de dólares por dia em inovação, buscando ajudar o agricultor ter mais produtividade. Um de nossos produtos com este perfil é a AgMusa, uma tecnologia que possibilita a multiplicação de uma cana mais produtiva, seis vezes mais rapidamente do que os métodos tradicionais”, disse o executivo, afirmando que embora o atual cenário político e econômico do setor sucroenergético não seja favorável para investimentos, talvez seja justamente aí que se encontra a solução para sair da crise. “Hoje, as lavouras de cana têm um gap de densidade próximo a 20% e essa tecnologia permite cobrir estas falhas. É com este foco que queremos ajudar o agricultor”, concluiu. A pesquisa apresentada pela multinacional alemã também mostrou que melhorias em tecnologia, mais subsídios do governo, mudanças climáticas, aumento da produtividade e utilização de biotecnologia foram apontados pelos agricultores como as principais tendências para os próximos cinco anos. “Embora tenhamos um cenário positivo, fica clara a necessidade de conscientizar a opinião pública sobre a realidade e desafios dos agricultores. Ainda há uma diferença de entendimento sobre a atividade, mais precisamente no que se refere a métodos sustentáveis de produção e consumo. Porém, também fica evidente o comprometimento do agricultor com a qualidade da produção e é papel da indústria orientá-lo sobre novas tecnologias disponíveis”, afirmou Verza, contando que os resultados globais da pesquisa, que inclui dados coletados em sete países, deverão ser divulgados em setembro. O diretor apresentou também a quarta fase da Campanha “Agricultura, o maior trabalho da Terra”, lançada no dia do Agricultor – 28 de julho – e que visa conscientizar a população sobre a importância do produtor rural e sua atividade. A ação iniciou em 2010 com a campanha “Um Planeta Faminto e a Agricultura Brasileira” e já impactou mais de 30 milhões de pessoas. Em 2013, essa mensagem também foi transmitida por meio do patrocínio ao Grêmio Recreativo de Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, que conquistou o 1º lugar no desfile do grupo especial das Escolas de Samba do Carnaval do Rio de Janeiro em 2013. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 38 Destaque II Inovar para não perecer: esta é a chave para garantir a sobrevivência Especialistas afirmam que a integração de tecnologias é a saída para vencer desafios Andreia Vital “ Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adaptar às mudanças” afirmou o presidente da Fermentec Assistência Técnica em Fermentação Alcoólica, Henrique Amorim, ao abrir a 35ª edição da Reunião Anual da empresa, que é especializada em novas tecnologias para o setor sucroenergético. A alusão à teoria de Charles Darwin foi feita para explicar que só sobreviverá na indústria canavieira aqueles que se adaptarem às exigências tecnológicas e de mercado dentro de uma integração entre diversas áreas. “Integrando as tecnologias mais adequadas vamos conseguir sobreviver e continuar crescendo”, explicou Amorim, afirmando que embora a crise atual enfrentada pelo segmento seja a pior que presenciou nos 37 anos que está no setor, ele acredita que irão sair dela. “Nós não precisamos de ajuda do Governo, precisamos é que ele não atrapalhe e dê políticas públicas, o problema não é financiar, não é subsidiar, e sim impedir um livre comércio, o que está acontecendo hoje, colocando o preço da gasolina lá em baixo”, disse. Com o tema “Integrando Tecnologias e Henrique Amorim, presidente da Fermentec Guilherme Nastari, diretor da DATAGRO, fez uma explanação sobre os mercados de açúcares e etanol no Brasil e as perspectivas para os próximos anos Vencendo Desafios”, o encontro reuniu centenas de profissionais de diversas regiões do país, nos dias 16 e 17 de julho, em Ribeirão Preto-SP. Na ocasião, Guilherme Nastari, diretor da DATAGRO, fez uma explanação sobre os mercados de açucares e etanol no Brasil e as perspectivas para os próximos anos. Ele mostrou que o avanço da produção de cana no Brasil passou de 60 milhões de toneladas na década de 70 para mais de 600 milhões de toneladas, nos dias atuais, e advertiu que este mesmo nível de crescimento será necessário para atender à demanda futura. “Para manter seu market share, o Brasil precisa moer em 2020, um bilhão de toneladas de cana, isso num cenário não muito bom”, anunciou o executivo, explicando que para atender a essa exigência será necessário a construção de 80 a 120 novas usinas. “A visão da DATAGRO é que terá um excesso de demanda estrutural nos próximos 10 anos, isso significa que não estamos investindo em usinas e o consumo está crescendo tanto no mercado doméstico como no internacional”, enunciou o diretor. De acordo com Revista Canavieiros - Agosto de 2014 ele, é necessário se preocupar com eficiência porque o Brasil não está investindo em processo para recuperar seu rendimento agrícola industrial. “Então é preciso focar, do lado operacional na continuidade de grande eficiência; e do lado estratégico, é tentar convencer, ou demostrar para o Governo Federal, os benefícios que o setor traz para o Brasil, tanto para alimentos quanto para energia, então tem dois trabalhos, operacional e estratégico”, afirmou. O executivo ressaltou também que independente do cenário político, seja na manutenção do Governo atual ou mudança, é provável o aumento do preço da gasolina. “O esforço social da manutenção do preço está muito grande e o risco disso, é aumentar no mesmo nível o preço do álcool”, alertou Nastari. “Este Governo atual, que é diferente do anterior, tem mostrado que não tem claramente a noção de externalidade (que é o impacto das ações de alguém sobre o bem-estar dos que estão em torno) do etanol na sociedade brasileira. O país produz álcool e petróleo, e importa os dois, então se destrói valor, balança comercial, renda, e desenvolvimento para tentar controlar 39 a inflação”, afirmou ou completou: “a externalidade positiva, que gera a utilização de etanol é tão maior que o incremento de curto prazo de inflação que é irracional este controle”, constatou lembrando que os investimentos internacionais só retornarão, se for recuperada a confiança de que a intervenção se encerrará e não retornará. O consultor disse também que a atual safra será afetada pela seca, que reduziu a disponibilidade de cana, piorou a qualidade da matéria-prima e aumentou a infestação de pragas e impureza vegetal, além do impacto potencial do El Niño no ATR da cana e no aproveitamento do tempo das usinas. “Devido a estes fatores, já revisamos três vezes a estimativa da safra 14/15, sendo que a atual é de que a região Centro-Sul processe 560,5 milhões de toneladas de cana neste ciclo”, contou. No painel “Gestão e Redução de Custos Agroindustriais e Usina Flex”, o consultor Carlos Araújo, da Mackensie Agribusiness, afirmou que tecnologias agregadas às áreas agrícolas e industriais possibilitam reduzir gastos nas usinas e que esta redução dos custos deve ser feita em todos os ambientes de produção. Como exemplo, o consultor mostrou dados sobre os custos da mecanização (plantio mecanizado, CCT e trato), que somados aos custos dos insumos agrícolas, representam 75% do custo total da cana, sendo que este percentual poderia ser menor com ajustes feitos. De acordo com Araújo, pesquisas feitas pela consultoria revelam que as usinas estão alocando equipamentos superdimensionados nas operações agrícolas e fazendo aplicação de insumos agrícolas acima do recomentado tecnicamente, em função de determinados ambientes de produção. “Portanto, é necessário fazer um diagnóstico e avaliar onde é possível reduzir custos, usando métodos, como o plantio direto e a aplicação mais eficiente de insumos agrícolas”, esclareceu Araújo. Já o pesquisador da UFSCar, Hermann Paulo Hoffmann, explicou que as variedades de cana acompanharam a demanda da evolução do setor e seus desafios, como a necessidade de aumentar a produtividade em áreas não tradicionais e a implantação da colheita mecanizada, que trouxe além da tecnologia, a exigência de novas ações no combate às pragas, entre outras. Atualmente, existem cinco programas de melhoramento, no Brasil: IAC, CTC, RB, CV e Syngenta, sendo que as variedades mais plantadas são as RB´s com uma participação acima de 65% nos novos plantios. De acordo com o pesquisador, mais de vinte variedades estão sendo estudadas visando ao aumento da produtividade no setor sucroenergético. Para José Tadeu Coleti, da Coleti Consultoria e Planejamento, que participou do painel “Influência do Sistema de Plantio e Colheita sobre as Impurezas da Matéria-Prima”, toda inovação tecnológica em cana-de-açúcar, principalmente ligada a processos mecanizados, precisa ser iniciada no plantio. “Hoje o foco principal da atividade canavieira está voltado para a colheita mecanizada integral” assegurou explicando que o sistema de plantio pode interferir na qualidade final da matéria-prima, como consequência o sistema de colheita é o grande definidor de maior ou menor grau e impurezas da matéria-prima. “Tudo fica evidenciado na colheita, desde um traçado maldimensionado, fluxo viário de carreadores - muitas vezes ignorados no planejamento, mobilidade canavieira, rotas, obstáculos e conciliação de ambientes”, afirmou o consultor, alegando que “a implantação de um canavial exige um projeto de engenharia com todas as indicações normalmente empregadas na engenharia civil visando a um trabalho sistematizado”. Mário Lúcio Lopes, diretor Científico na Fermentec, abordou o uso de novas tecnologias para fermentação de milho e o controle da contaminação bacteriana nos processos de fermentação alcóolicos. “Estamos avaliando novas tecnologias e produtos que servirão para reduzir custos, aumentando e melhorando a oportunidade de uso da capacidade instalada das destilarias no Brasil”, disse Lopes. O desenvolvimento de novas tecnologias (Usinas Flex) para utilização de diferentes matérias-primas, como o milho e outras à base de amido para o processo de fermentação, permitem aumentar a produção de etanol, estendendo o período operacional das usinas, bem como reduzindo os custos industriais da produção de etanol. “Uma usina que processa mais de cinco milhões de litros de mosto obtido a partir do amido de milho, poderia produzir algo em torno de 650 mil litros de etanol anidro por dia e produzir este álcool no período de entressafra, quando a usina está parada”, explicou o diretor. Lopes também explanou sobre a contaminação bacteriana, mostrando os resultados de um estudo feito com o sistema de geração de dióxido de cloro, produzido pela empresa Beraca. “A contaminação pode trazer um impacto da ordem de R$ 7 a R$ 30 mil de prejuízo para a usina se ela não for bem controlada. Com o controle podemos reduzir o prejuízo causado pelas bactérias na fermentação industrial”, ensinou o executivo. Outros temas foram debatidos no evento, como os impactos da palha na indústria e a importância do seu monitoramento nos processos; segurança no trabalho; possibilidades no uso do biogás de vinhaça, entre outros, além da entrega do Prêmio Excelência. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 40 Destaque III ESALQ/USP discute desafios e perspectivas para o setor sucroenergético Novas tecnologias e cases de empresas do setor fizeram parte da programação do evento Andreia Vital O I Workshop Internacional sobre Cadeia Sucroenergética realizado entre os dias 22 a 24 de julho, em Piracicaba-SP, reuniu a ala acadêmica nacional e internacional e profissionais da agroindústria canavieira para debater novas tecnologias disponíveis para o setor sucroenergético. O evento foi organizado pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” ESALQ/ USP – Piracicaba – SP/Brasil, pela Sugar Processing Research Institute (SPRI) – New Orleans –USA, pela Dedini Indústria de Base S.A. e pela The University of Georgia (UGA) – Athens - USA. De acordo com o coordenador do evento, o professor da área de Tecnologia do Álcool e Açúcar, Antonio Sampaio Baptista, o workshop teve como objetivo a troca de ideias, experiências e debate sobre o cenário atual, apontando tendências e propondo soluções para contribuir com a retomada do setor canavieiro. “Sentimos a necessidade de realizar este evento neste momento crítico e verificar quais são os anseios dos envolvidos no setor”. Segundo ele, há bastante interesse dos alunos pelo segmento, embora devido à crise, foi constatada uma diminuição de cerca de 30% na procura por cursos voltados à área, contou o professor, que afirmou acreditar na recuperação da indústria da cana-de-açúcar. “Há uma tendência de crescimento devido à demanda mundial de alimentos, combustível e energia”, alegou. As universidades internacionais parceiras da iniciativa apresentaram estudos sobre a formação de flocos em açúcar, com palestra do diretor do Sugar Processing Research Institute - SPRI- New Orleans –USA, Charley Richard, e apresentação de pesquisa sobre a produção de metano a partir de vinhaça, pelo Dr. K.C. Das, Diretor do Biorefining & Carbon Cycling Program da The University of Georgia – UGA/USA. Palestrantes debatem o futuro do setor Um dos temas destaque do evento se referia às opções e soluções para vinhaça, evitando o desperdício do produto, visando assim a geração de lucro. O gerente de Desenvolvimento da Dedini Indústria de Base S.A, Fernando César Boscariol, citou como exemplo uma planta de methax - biometano da Dedini, instalada na Usina São João (São João da Boa Vista- SP), que em 1986, abastecia a frota canavieira da unidade composta por 29 caminhões, 17 veículos leves, um trator e um ônibus, através da produção de biogás/biometano a partir de 1/3 da vinhaça. “O projeto não teve continuidade devido a alguns fatores, entre eles, pela limitação da potência dos motores, mas atualmente, algumas empresas estão desenvolvendo soluções para que possam usar o produto novamente”, afirmou Boscariol. “Hoje, existem diversas e lucrativas soluções para a vinhaça a serem usadas de acordo com o objetivo do investidor e elas atendem às necessidades atuais do mercado” ressaltou o executivo, lembrando que novos desenvolvimentos surgirão, ampliando as opções assim que o mercado demande outras alternativas. O engenheiro também explanou sobre as novas tecnologias para produção de açúcar de alta qualidade. No evento, o consultor Ericson Marino, que foi Superintendente de Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Fernando Boscariol, Dedini Operações do Grupo São Martinho Bioenergia S.A, apresentou as novas tendências em questão de caldeiras e estudo feito a partir de uma demanda da Usina São Martinho, que passou a ter como propósito vender energia elétrica produzida com a queima de excedentes de bagaço, que chegavam a 400 toneladas por safra. Foi feita então uma análise para verificar qual melhor tecnologia deveria ser aplicada, para atender às implicações do “novo bagaço” resultante do processamento das novas variedades de cana, como também do processo de mecanização. O estudo resultou na escolha de uma caldeira com queima de bagaço em “Leito Fluidizado Borbulhante”, que foi implantada na usina há dois anos. O equipamento, que pode queimar bio- 41 massas de diversas origens e com teores de umidade de até 65%, é indicado também para ser utilizado na entressafra gerando eletricidade com geradores dotados de turbina com condensação ou condensação “caipira”. “A cana crua, se cortada de forma adequada, se apresenta com qualidade melhor do que a cana queimada. Nos casos de corte basal muito próximo à superfície do solo, desponte e despalha inadequados, há comprometimento do processo”, explicou o professor de Tecnologia Sucroenergética da Unesp/ Jaboticabal, Marcos Omir Marques, ao abordar os fatores que influenciam a qualidade da cana. Ele advertiu que a presença de terra, palhada, especialmente folhas verdes na m.p. também comprometem a eficiência do processo. Já Fernando Vicente, diretor industrial da Usina Alta Mogiana, ministrou palestra mostrando as boas práticas para se ter um produto de qualidade. “A qualidade do açúcar final está atrelada a uma série de questões, entra elas, podemos destacar a implantação de proje- tos de gestão e a busca de certificações, pois a produção do açúcar não é uma atividade independente. Não estamos falando somente do produto e sim de uma filosofia que existe por trás do produto que a gente produz”, afirmou Vicente, argumentando que esse processo inclui também o envolvimento da cadeia de fornecedores desde os produtos primários até às indústrias fabricantes de alimentos. “A implantação de uma cultura de alimentos foi essencial para a Usina Alta Mogiana chegar onde está nos dias atuais. A qualidade profissional é essencial e contribui para o sucesso do negócio, alinhada a um conjunto de atividades que asseguram as boas práticas, garantem a eficiência do processo”, disse Vicente. Atualmente a usina tem quatro mil colaboradores, faturou R$ 700 milhões em 2013 e devem moer 5.270 milhões de toneladas de cana, neste ciclo, contou o diretor. Outros assuntos marcaram a primeira edição do seminário, como apresentações de cases de empresas envolvendo novos processos e no- Fernando Vicente, Usina Alta Mogiana vos produtos, como a produção de etanol celulósico integrada à usina sucroenergética, com palestra de Antonio Alberto Stuchi, diretor da Raízen, entre outros. Segundo Stuchi, a primeira planta de etanol 2G da empresa deverá entrar em operação em outubro de 2014, um ano após o início da construção da obra. A mesma fica localizada na Usina Costa Pinto, em Piracicaba - SP, e terá capacidade para produzir 42.200 m3 e consumo de 313.000 t/ano de biomassa. A intenção da empresa é ter oito unidades de produção até 2024 para produzir 1.000.000m³. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 42 Informações Setoriais Chuvas de julho e previsões climáticas para agosto a outubro de 2014 Quadro 1: Chuvas observadas durante o mês de julho de 2014. Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Consultor A média das chuvas de julho de 2014 (41mm), quase que uniforme em todos os locais observados, foi quase o dobro das normais climáticas (22mm) e das chuvas observadas em julho de 2013 (24mm). Merece lembrar que, nesta região de abrangência Canaoeste, no período Dezembro de 2013 a Julho de 2014, os desvios negativos de chuvas ocorreram em quase todos estes meses, menos em dezembro, abril e julho. Vide também o Quadro 2. O Mapa 1 mostra que, em meados (17 a 20) de julho, a DAAS (Disponibilidade de Água no Solo) apresentava-se em nível baixo a crítico em (quase) toda área sucroenergética do Estado, com exceção das regiões de Assis, Ourinhos e no extremo sudoeste do Estado. Os Mapas 2 e 3, correspondentes aos finais de julho de 2013 e 2014, mostram grande diferencial entre as DAAS, pois ao final de julho de 2013 praticamente toda região sucroenergética, na faixa Central-Norte do Estado de São Paulo, encontrava-se entre nível baixo a crítico. Enquanto que, no final (na última semana) de julho de 2014, mesmo com chuvas em todo Estado, aquela faixa de baixa DAAS foi deslocada para a região Central, além das Regiões de Barretos, CampinasPiracicaba - Sorocaba. Mapa 1: Água Disponível no Solo entre 16 a 18 de julho de 2014 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Os artigos de Informações Climáticas estão contando com o trabalho diário de anotações de chuvas dos Escritórios Regionais e que são condensados em Viradouro. Estes dados são disponibilizados diariamente pelo site Canaoeste e, as suas médias mensais e as normais climáticas, também são apresentadas no Quadro 2. OBS: Normais climáticas (ou médias históricas) são dos locais enumerados de 1 a 9 e a do Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto. Mapa 2:- Água Disponível no Solo ao final de julho 2013 43 Quadro 2: Médias mensais e normais climáticas das chuvas de Para planejamentos prójaneiro a julho de 2013 e 2014, anotadas pelos escritórios regionais. ximo-futuros, a Canaoeste 3. Os dados do Quadro 2 mostram, no destaque (canto inferior direito), as expressivas diferenças observadas entre os meses de Janeiro a Julho dos anos 2014 e 2013. A diferença, entre as Médias mensais (951mm) dos dados locais e as respectivas Normais climáticas (918mm) (1 a 9, mais IAC) do ano de 2013, foi pouco mais de 30mm; enquanto que, no mesmo período de 2014, as Médias mensais (422mm) “foram” quase a metade das Normais climáticas (826mm). Estas Normais climáticas (918mm em 2013 e 826mm em 2014) foram diferentes em função das ponderações das chuvas nos meses destes dois anos. resume o prognóstico de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses agosto a outubro, como descritos abaixo e ilustrado no Mapa 4, a seguir: • Nestes meses, as temperaturas tendem a ser acima das respectivas normais climáticas para toda Região Centro-Sul do Brasil, exceto nos estados de Goiás e Mato Grosso, onde as temperaturas poderão ser próximas das médias históricas; • O consenso INMET-INPE prevê que as chuvas poderão ocorrer com iguais probabilidades para as três categorias (acima, próxima e abaixo das normais climáticas) na área cinza. Na área verde, que corresponde à faixa sul e sudoeste do Estado de São Paulo, sul do Mato Grosso do Sul e estados da Região Sul, as chuvas poderão ficar entre próximas a acima das respectivas médias; • Tendo-se como referência o Centro de Cana-IAC, as médias históricas das chuvas em Ribeirão Preto e municípios (bem) próximos são de 20mm em agosto, 55mm em setembro e 125mm em outubro. Mapa 3:- Água Disponível no Solo ao final de julho 2014. Mapa 4: Elaboração CANAOESTE do Prognóstico de Consenso entre INMET-INPE para final de agosto e os meses de setembro e outubro Já o prognóstico climático da SOMAR Meteorologia, face ao estabelecimento mesmo que em curta duração do fenômeno El Niño, prevê que de agosto a dezembro estarão ocorrendo bloqueios das frentes frias no Sul do Brasil, fazendo com que as chuvas nestes meses venham a ser próximas abaixo das respectivas médias históricas nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste. A Canaoeste recomenda especial atenção aos produtores de cana, que os solos estão por demais de secos, fazendo com que os cultivos mecânicos demandem mais potência e provoquem acentuados desgastes das máquinas e implementos, além das formações dos indesejáveis torrões. Torrões estes, que acentuam perdas de umidade da sua já baixa disponibilidade, provocando (ainda mais) falhas. Estes prognósticos serão revisados nas edições seguintes da Revista Canavieiros. Fatos climáticos relevantes serão noticiados em www.canaoeste.com. br e www.revistacanavieros.com.br. Persistindo dúvidas, consultem os técnicos mais próximos pelo Fale Conosco Canaoeste. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 44 Safra Acompanhamento da safra 2014/2015 S ão apresentados a seguir os dados obtidos pelos fornecedores de cana até a segunda quinzena de julho, referentes à safra 2014/2015, em comparação com os da safra 2013/2014, no mesmo período. Na Tabela 1, encontra-se o ATR médio acumulado (kg/tonelada) do início da safra até a segunda quinzena de julho desta safra em comparação com o obtido na safra 2013/2014, sendo que o ATR da safra 2014/2015 está 7,94 Kg acima do obtido na safra 2013/2014 no mesmo período. Tabela 1 – ATR (kg/t) médio da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da CANAOESTE das Safras 2013/2014 e 2014/2015 Tabela 2 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste, até a segunda quinzena de julho, da safra 2013/2014. Tabela 3 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste, até a segunda quinzena de julho, da safra 2014/2015 O BRIX do caldo da safra Thiago de Andrade Silva 2014/2015 fi- Gestor de Planejamento, Controle e Topografia da Canaoeste cou equiparado no mês de mar-ço e na segunda quinzena de maio, ficando acima no mês de abril, na primeira quinzena de maio, no mês de junho e no mês de julho, com maior acentuação a partir da segunda quinzena de junho em relação ao da safra 2013/2014. Na média, o BRIX do caldo obtido nesta safra está 6,9% superior ao da safra 2013/2014. O Gráfico 2 contém o comportamento da POL do caldo na safra 2014/2015 em comparação com a safra 2013/2014. Pode-se observar que a POL do caldo apresentou o mesmo comporta-mento do BRIX do caldo, sendo que na média, nesta safra de 2014/2015, a POL do caldo está 6,4% superior a da safra 2013/2014. As tabelas 2 e 3 contêm detalhes da qualidade tecnológica da matéria-prima nas safras 2013/2014 e 2014/2015, respectivamente. O Gráfico 1 contém o comportamento do BRIX do caldo da safra 2014/2015 em comparação com a safra 2013/2014. Gráfico 1 – BRIX do caldo obtido nas safras 2014/2015 e 2013/2014 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 O Gráfico 3 contém o comportamento da Pureza do caldo na safra 2014/2015 em comparação com a safra 2013/2014. Gráfico 2 – POL do caldo obtida nas safras 2014/2015 e 2013/2014 45 Gráfico 3 – Pureza do caldo obtida nas safras 2014/2015 e 2013/2014 Gráfico 4 – Comparativo da fibra da cana Gráfico 5 – POL da cana obtida nas safras 2014/2015 e 2013/2014 Gráfico 6 – ATR obtido nas safras 2014/2015 e 2013/2014 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 46 A pureza do caldo da safra 2014/2015 ficou muito abaixo da obtida na safra 2013/2014 no mês de março, ficando acima nas duas quinzenas do mês de abril, ficando próximo no mês de maio e pouco abaixo nos meses de junho e julho. O Gráfico 4 contém o comportamento da fibra da cana na safra 2014/2015 em comparação com a safra 2013/2014. A fibra da cana na safra 2014/2015 ficou muito acima daquela obtida na safra 2013/2014, com menor acentuação no mês de maio, abaixo no mês de junho e acima no mês de julho, ficando na média 0,2% superior a observada na safra 2013/2014. O Gráfico 5 contém o comportamento da POL da cana na safra 2014/2015 em comparação com a safra 2013/2014. A POL da cana na safra 2014/2015 ficou muito abaixo da obtida na safra 2013/2014 no mês de março, ficando acima no mês de abril, na primeira quinzena de maio e nos meses de junho e julho, se equiparando na segunda quinzena de maio e na média encontra-se 6,4% superior a da safra 2013/2014. Safra o teor de ATR desta safra está 6,2% superior ao da safra anterior. Gráfico 7 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) registrada em 2013 e 2014 O Gráfico 7 contém o comportamento da precipitação pluviométrica registrado na safra 2014/2015 em comparação com a safra 2013/2014. A precipitação pluviométrica média observada nos meses de janeiro, fevereiro, março, maio e junho de 2014 ficou muito abaixo da obtida em 2013, e abaixo no mês de abril. A precipitação pluviométrica ficou acima somente no mês de julho. Gráfico 8 – Precipitação pluviométrica por Trimestre, em 2013 e 2014. O Gráfico 8 contém o comportamento da precipitação pluviométrica acumulada por trimestre na safra 2014/2015 em comparação com a safra 2013/2014. O Gráfico 6 contém o comportamento do ATR na safra 2014/2015 em comparação com a safra 2013/2014. Em 2014, tem-se um volume de chuva muito abaixo no primeiro trimestre, muito abaixo no segundo trimestre e equiparado no terceiro trimestre até o momento, se comparado aos volumes médios de 2013. O ATR, expresso em kg/t de cana na safra 2014/2015, ficou muito abaixo do obtido na safra 2013/2014 no mês de março, muito acima nos meses de abril, junho e julho, se equiparando no mês de maio, apresentando, portanto, um comportamento semelhante ao da POL da cana, tendo em vista que a mesma participa com 90% do ATR. Na média, O baixo índice de precipitação pluviométrica de 2014 continua impactando diretamente no crescimento vegetativo do canavial e também na brotação de novos plantios. Ocorreu precipitação na segunda quinzena de julho, porém poderá refletir na primeira quinzena de agosto. Com isso, segue com queda de produtividade, devido Revista Canavieiros - Agosto de 2014 ao estresse hídrico ocasionado pela estiagem, po-rém o aumento do teor de ATR, anteriormente observado, devido à concentração de sacarose, continua subindo, aumentando um pouco mais no mês de julho, se equiparando ao teor médio de ATR registrado na safra 2013/2014. Levando em conta todo o cenário, o ATR médio ficou 7,94 kg acima do obtido na safra 2013/2014, até a segunda quinzena de julho. RC 47 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 48 Artigo Técnico I Climatologia e produtividade canavieira Regiões de abrangência Canaoeste, Abag RP e Estado de São Paulo Oswaldo Alonso - Consultor T endo-se como referências dados climatológicos Ciiagro - Departamento de Climatologia IAC (Instituto Agronômico) de Campinas e de produtividades médias (t cana/ha) pela Orplana, ambos com abrangência para o Estado de São Paulo, buscou-se correlacionar as médias, em mm-milímetros de ETP (Evapotranspiração Potencial) (evaporação d’água do solo e a transpirada pelas plantas) e Precipitações (chuvas) de série histórica (1993 até junho de 2014) e de anos recentes, 2012 a 2014, com as produtividades obtidas pelos Produtores de Cana filiados às Associações de Classes e à Orplana. Almejava-se, sim, obter informações semelhantes de outros Estados de abrangência Orplana. Entretanto, ou não havia dados climáticos com os mesmos parâmetros ou não se dispunham de históricos de produtividades de iguais períodos que as do Estado de São Paulo. Como os órgãos IAC - Ciiagro, CATI e IEA, da Secretaria da Agricul- tura e Abastecimento do Estado, estão organizados por EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Regional) e RAs (Regiões Administrativas), adotou-se estas regionalizações para os levantamentos e estratificações dos dados climáticos. Especificamente para a área sucroenergética do Estado de São Paulo, condensou-se ponderadamente (pelos percentuais de produções de cana IEA) os dados climáticos apenas das regiões paulista que constasse cana para indústria, subtraindo-se as RAs de Registro, Santos, São José dos Campos e a Metropolitana de São Paulo. Ainda assim, nas demais regiões havia (cerca de 20% em) áreas e contingentes de matéria-prima para produção de cachaça, açúcar mascavo e outros fins industriais, mas sem condição de separá-las das exclusivas produções de cana para sucroenergia. Comentários e discussões de condições climáticas sobre produtividades serão efetuados em seguida ao Quadro 3 - Estado de São Paulo, uma Quadro 1: - ETPs e Chuvas, em mm, para a abrangência Canaoeste que, aproximadamente, compreende as RAs de Barretos, Franca/Orlândia, Jaboticabal e Ribeirão Preto. Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Oswaldo Alonso Consultor vez que existem interfaces entre Associações de Classe, mesmo dentro de mesmas RAs e EDRs. Exemplificando, nesta abrangência (Quadro 1) há interfaces entre as Associações Agrovale, Alfoci, Canaoeste e Socicana, sediadas em Serrana, Igarapava, Sertãozinho e Guariba, respectivamente. Observando-se os dados climáticos expostos no Quadro 1, nota-se que: a) exceto em 2014, nos primeiros semestres, as somas de ETP não foram tão diferentes entre a média 19932013 e dos anos 2012 e 2013 e que as chuvas foram superiores às ETPs; b) nos segundos semestres, sem diferenças consideráveis das chuvas entre os períodos, mas foram inferiores às ETPs, evidenciando serem estes meses importantes para assegurar produtividade para a mesma safra e garantir bom desenvolvimento das áreas renovadas e das soqueiras para a safra seguinte. Irrigação, desde que possível, será uma das técnicas econômicas a ser aplicada após julho (fator temperatura); c) neste primeiro semestre de 2014 e para esta região de abrangência, as somas das chuvas foram aquém da metade dos períodos anteriores e 242mm inferior à ETP do período. Diferença esta que pode impactar em redução de produtividade 49 (242/17t cana/mm) em cerca de 15% em relação a da anterior, além de falhas em brotações (cana-planta e soqueiras) e menor desenvolvimento dos canaviais recém-plantados e das soqueiras para a safra seguinte; e, d) se somar à negativa expectativa do setor, baixa disponibilidade financeira própria e os pesados impactos fitossanitários, poderá ainda necessitar de bom período de tempo para recompor as boas e econômicas produtividades (obtidas entre as safras 2005/06 a 2008/09). Os comentários e discussões dos dados climáticos apresentados no Quadro 2 são praticamente os mesmos que foram efetuados com os do Quadro 1, pois os dados climáticos são muito semelhantes e porque a região de abrangência Canaoeste está inserida na da ABAG RP. Os dados de evapotranspiração apresentados no Quadro 3 mostram que quase não foram diferentes nos primeiros semestres dos períodos 1993-2013 e dos anos 2012 e 2013 e, do mesmo modo, para as chuvas. Nos segundos semestres dos mesmos períodos, notou-se poucas variações em ETPs, mas observou-se significativas diferenças, a menor, de chuvas entre os anos 2012 e 2013 com as da média de 1993-2013. Destaca-se que, desde o segundo semestre de 2013 e primeiro semestre de 2014, os diferenciais de chuvas e ETP foram bem pronunciados. Diferenças estas, que podem resultar em redução percentual de produtividade, semelhante à anteriormente comentada para as regiões de abrangências da Canaoeste e ABAG RP. Em termos de produtividades médias, obtidas pelos Produtores Independentes paulistas e filiados à Orplana, foram quase que estáveis em 83t cana/ha no intervalo entre as safras 2005/06 a 2008/09, mas houve redução para 77t cana/ha médias no período entre as safras 2010/11 a 2013/14, também resultantes de instabilidades climáticas, além do envelhecimento dos canaviais por razões financeiras da atividade. Deve-se ressaltar, porém Quadro 2: - ETPs e Chuvas, em mm, para a região de abrangência ABAG RP, compreendendo as RAs que compõem a área da Canaoeste e mais a RA - Araraquara (Central). Quadro 3: - ETPs e Chuvas, em mm médios ponderados pelas produções de cana no Estado, de todas as RAs que tenham produções de cana para indústria, exceto as referidas anteriormente. que, dadas as diferenças entre ETPs e chuvas no segundo semestre de 2013 e primeiro semestre de 2014, as produtividades acima apresentadas poderão sofrer reduções da ordem de 15 a 17%. Processando-se os dados de ETPs e de chuvas das diferentes regiões do estado de São Paulo, chamou a atenção para as que ocorreram nas RAs Araçatuba e São José do Rio Preto, que são apresentados no Quadro 4, a seguir. Regiões Administrativas correspondentes ao Oeste e Noroeste do Estado. Os dados de ETPs e chuvas apresentados no Quadro 4 mostram que nos primeiros semestres dos períodos que constam no cabeçalho, as somas em mm de evapotranspiração potencial ETP foram semelhantes, mas foram notadas diferenças em soma de chuvas Revista Canavieiros - Agosto de 2014 50 Artigo Técnico I e foi muito desigual e inferior no primeiro semestre de 2014. As mesmas observações são válidas para os segundos semestres, porém acentuando-se o diferencial de chuvas no semestre de 2013, que somado aos do primeiro semestre de 2014, deixam evidentes as severidades climáticas que ocorreram naquelas regiões do Estado de São Paulo. Vale destacar as somas anuais (última linha), mostrando valores de chuvas inferiores (e bem inferiores em 2013) que às de ETP, diferentemente do observado no todo do Estado de São Paulo (vide Quadro 3). Quadro 4: - ETPs e Chuvas, em mm médios ponderados pelos percentuais de produções de cana das RAs - Regiões Administrativas de Araçatuba e São José do Rio Preto. Embora não tenham sido obtidos semelhantes dados climáticos e nos mesmos períodos, permite-se dizer que estas severidades climáticas também ocorreram no Pontal do Triângulo Mineiro, em Goiás (São Simão) e Mato Grosso do Sul (Paranaíba), divisando em faixas adjacentes às regiões Noroeste e Oeste do Estado de São Paulo. RC Eventos de setembro de 2014 MBA em Agronegócios Esalq/USP – Piracicaba Duração: 20 meses Início das Aulas: 05 de Setembro de 2014 Período: Aulas quinzenais: sextas-feiras (19h às 22h30) e sábados (das 8h às 12h e das 13h às 17h) Mais informações: http://www.pecege.org.br Telefone: (19) 3377-0937 / 3375-4250 Curso de Projetos de Sistemas de Irrigação Organização: CPT Cursos Presenciais Tipo de Evento: Curso / Treinamento Período: 16/09/2014 a 18/09/2014 Cidade: Viçosa / MG Localização: Unidade de Ensino CPT Cursos Presenciais Informações com: CPT Cursos Presenciais Site: www.cptcursospresenciais.com.br/ Telefone: (31) 3899-8300 E-mail: [email protected] Revista Canavieiros - Agosto de 2014 8º Grande Encontro sobre Variedades de Cana-de-Açúcar Período: 24/09/2014 e 25/09/2014 Cidade: Ribeirão Preto - SP Localização: Centro de Convenções Informações com: Grupo IDEA e Hóros Eventos Site: www.ideaonline.com.br Telefone: (16) 3514-0631 E-mail: [email protected] Seminário de Adequação Socioeconômica e Ambiental em Propriedades Rurais Início do evento: 25/09/2014 Fim do evento: 27/09/2014 Responsável Profª. Drª. Teresa Cristina Tarlé Pissara Local: Centro de Convenções da Unesp/FCAV Cidade: Jaboticabal/SP Mais informações: http://www.funep.org.br 51 Artigo Técnico II A Satisfação dos produtores de amendoim da região de Ribeirão Preto em relação aos serviços prestados pela cooperativa agrícola da qual são associados Sueli Ferreira Soares Faculdade São Luis Jaboticabal [email protected] André Eduardo Lapria Faria Faculdade São Luis - Jaboticabal - SP [email protected] Fernando Rodrigues de Amorim UFSCar campus de Araras / assistente técnico DMB [email protected] Leonardo Augusto Amaral Terra Universidade de São Paulo Universidade de Ribeirão Preto [email protected] O cooperativismo possui grande relevância para a economia brasileira, na medida em que atua apoiando o desenvolvimento econômico e social, principalmente das pequenas propriedades rurais. As cooperativas agropecuárias atuam no fomento e na comercialização dos produtos agrícolas, inclusive implantando novos cultivos e agregando valor aos produtos por meio de complexos agroindustriais. O presente trabalho tem como objetivo a análise da satisfação dos produtores de amendoim da região de Ribeirão Preto em relação aos serviços prestados pela cooperativa agrícola da qual são associados, abordando a qualidade e a importância dos serviços prestados pela cooperativa. A pesquisa utilizada foi a metodologia qualitativa, de forma exploratória, utilizando dados secundários de artigos científicos, livros, revista científica e outros. A coleta de dados foi feita através de um levantamento com a aplicação de um questionário com questões semiestruturadas para 27 cooperados de uma cooperativa da região, visando obter informações do seu perfil e da satisfação que eles têm em relação aos serviços prestados pela cooperativa da qual são associados. A amostra foi baseada em exemplos por conveniência, onde a seleção dos indivíduos entrevistados fez-se de acordo com a livre apreciação do pesquisador, considerando os elementos adequados à finalidade do objetivo da pesquisa. Ao analisar a pesquisa realizada, concluiu-se que os serviços prestados, apesar de ainda precisarem de algumas melhorias na qualidade de atendimento têm gran- de reconhecimento por parte dos entrevistados, o que valoriza a atuação da cooperativa. INTRODUÇÃO Para Santos & Lima (2001), as cooperativas agropecuárias ganharam força considerável em 1990, período em que os pequenos empresários e produtores rurais tiveram que recorrer à união com o intuito de permanecer no mercado nacional e ter parâmetros fortes e sólidos para concorrer com o mercado internacional que se tornava cada vez mais globalizado economicamente. Por sua vez, os princípios cooperativistas são: adesão voluntária e livre, autonomia, independência, educação, formação e informação, gestão democrática, participação econômica dos membros, intercooperação e interesse pelas comunidades. As cooperativas são constituídas por produtores rurais que procuram uma melhor condição de comercialização de sua produção e de compra de insumos e produtos. Dessa forma, apresenta-se: de um lado, o associado que busca a maximização da prestação de serviços; e, no outro extremo dessa relação, está o mercado, competitivo, oligopolizado em alguns setores, exigindo dos dirigentes cooperativistas estratégias mais agressivas para fazer frente a empresas de capital. Estas cooperativas agrícolas têm o objetivo de apoiar o crescimento sustentável e o aprimoramento tecnológico dos cooperados, oferecendo insumos agropecuários em condições favoráveis e uma assistência técnica efetiva, atuando no processamento, armazenamento e comercialização de grãos, garantindo aos cooperados um diferencial competitivo para os seus produtos. Segundo Ferreira et al. (2006), para formar uma Revista Canavieiros - Agosto de 2014 52 cooperativa são necessárias vinte pessoas ou mais para constituir uma cooperativa singular, considerada de primeiro grau, pode ser constituída em qualquer segmento, ou seja, em qualquer atividade humana. Nela, cada sócio pode votar e ser votado, tendo direito a um voto, independente do número de quotas-partes, para eleger os membros do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal. A sua área de ação é limitada, ou seja, estabelecida de acordo com o controle de operações e reuniões. A formação do capital se dá pelas quotas-partes dos cooperados. Esta pesquisa teve como objetivo analisar a satisfação dos produtores de amendoim da região de Ribeirão Preto - SP em relação aos serviços prestados pela cooperativa da qual são associados. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Com base no objetivo, a pesquisa é de caráter exploratório, sendo utilizados dados primários, obtidos por meio de um questionário semiestruturado e dados secundários, artigos científicos, livros, revista científica e outros, para proporcionar uma visão geral sobre o tema. O estudo exploratório, é designado por alguns autores como pesquisa quase científica ou não científica, é normalmente, o passo inicial no processo de uma pesquisa [...]” (CERVO; BERVIAN, 2002, p.69). A escolha de uma pesquisa de base qualitativa se deu com o objetivo de delinear a complexidade da hipótese ou problema, analisando certas variáveis, compreendendo e classificando processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, contribuindo no método de transformação formando e criando opiniões, e interpretando os comportamentos com maior profundidade, sendo que existem problemas que só podem ser analisados pela metodologia quantitativa enquanto outros só podem ser analisados pela qualitativa. Com relação ao delineamento da pesquisa, ou seja, o desenvolvimento da pesquisa com base no procedimento técnico de coleta e análise de dados a presente pesquisa será classificada como estudo de caso que consiste: Artigo Técnico II No estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento [...] tendo diferentes propósitos: preservar o caráter unitário do objeto estudado; descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; formular hipóteses ou desenvolver teorias [...]. (GIL, 2009, p. 54). TÉCNICA DE COLETA DE DADOS A coleta de dados foi feita através de um levantamento dos elementos com a aplicação de um questionário com questões semiestruturadas. O questionário foi enviado a vinte e oito cooperados da cooperativa estudada, sendo que vinte e sete destes cooperados se dispuseram e responderam ao questionário. O questionário teve como objetivo a satisfação deles em relação aos serviços prestados pela cooperativa da qual são associados. A seleção destes cooperados foi baseada em uma amostragem por conveniência, em que a escolha dos indivíduos entrevistados fez-se de acordo com a livre apreciação do pesquisador, considerando os elementos adequados à finalidade do objetivo da pesquisa. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS Iniciamos nossa pesquisa analisando o período de tempo em que os cooperados fazem parte do quadro social da cooperativa, no entanto, nota-se que, destes entrevistados, 42% são associados da cooperativa há mais de vinte anos, 29% estão associados à cooperativa entre 15 e 20 anos e os outros 29% estão associados à cooperativa há menos de 5 anos. Posteriormente, foram analisados os motivos que levaram os produtores de amendoim a se associarem à cooperativa, sendo constatado que a localização é o principal motivo que levou os produtores a se associarem à cooperativa, pois de todos os entrevistados, 43% apontaram a localização como principal motivo de sua associação à cooperativa; 29% dos entrevistados apontaram que, além da localização, os outros motivos que os levaram a se associarem à cooperativa foram: a qualidade dos serviços prestados, a Revista Canavieiros - Agosto de 2014 qualidade dos produtos, o atendimento, a facilidade na entrega do produto, a qualidade do armazenamento oferecido, o custo cobrado pela armazenagem, o preço pago pelos produtos; e 14% apontaram a qualidade do armazenamento como principal motivo e outros 14% apontaram a qualidade dos produtos como principal motivo que os levaram a se associarem à cooperativa. Foi pesquisado se a cooperativa oferece todos os produtos que os produtores de amendoim necessitam para desenvolver sua lavoura de maneira adequada; e o resultado apontou que 71% dos entrevistados avaliaram que a cooperativa oferece todos os produtos necessários para o desenvolvimento da cultura do amendoim, no entanto, 29% responderam que a cooperativa não oferece todos os produtos necessários para o desenvolvimento de sua lavoura. Observa-se que mesmo com uma enorme variedade de produtos e serviços oferecidos pela cooperativa, alguns cooperados relatam ter dificuldade para encontrar alguns defensivos específicos para a cultura do amendoim. Neste sentido, Tasso Junior, et al. (2004), confirma que a prevenção de doenças no amendoim começa no campo, se estende durante a colheita e secagem, indo até a armazenagem dos grãos. Para evitar a contaminação, devem-se adotar técnicas agrícolas adequadas para que a planta se desenvolva em ambiente propício e sem estresse, podendo citar o espaçamento entre as plantas, utilização correta de fertilizantes, solo adequado e ausência de ataque de insetos e roedores. Foram analisados se a cooperativa oferece todos os serviços necessários para o desenvolvimento adequado desta cultura, e o resultado constatou que para 57% dos entrevistados a cooperativa oferece todos os serviços necessários para o desenvolvimento de suas lavouras. Em contrapartida, nota-se que 43% destes entrevistados, alegam que a cooperativa não oferece todos os serviços de que necessitam, para o desenvolvimento adequado da sua lavoura. Alguns serviços que eles gostariam que a cooperativa oferecesse seriam: aração, gradagem e confecção de terraços. 53 Foram analisados os benefícios obtidos pelos produtores de amendoim depois que se associaram a cooperativas, e o resultado apontou que 57% dos entrevistados consideram que depois que se associaram à cooperativa, além de terem um local adequado para armazenar os seus produtos e de ter uma assistência técnica adequada, eles obtiveram todos os benefícios necessários para a melhoria da sua produtividade, como: classificação dos grãos, loja agropecuária, preço pago pelos produtos, serviços de campo, tratos culturais, treinamentos, insumos, plantio, colheita entre outros; já 29% dos entrevistados apontaram que o principal benefício obtido depois da filiação à cooperativa foi o armazenamento, enquanto que 14% dos entrevistados relataram a assistência técnica como principal benefício. No entanto, o resultado confirma que as empresas que buscam alternativas diferenciadas, como oferecer serviço pós-venda, tem chances de reduzir o abandono de clientes, estabelecendo uma relação duradoura e de fidelização entre ambas as partes (KOTLER, 2006). Em outras palavras, em pesquisas mais atuais “um bom serviço pós-venda faz com que o cliente se sinta mais amparado pelo fabricante, caso necessite de um apoio numa eventual adversidade. São esses diferenciais que fazem a diferença na hora da aquisição de qualquer produto” AMORIM, F. R, et al. (2013, p.7). Foi pesquisado também, o que os associados não gostam no atendimento da cooperativa, e evidenciou que 43% dos entrevistados responderam que a falta de produtos na cooperativa é o principal fator que eles não gostam no atendimento da cooperativa; 29% responderam sendo a má vontade dos atendentes, enquanto que outros 14% responderam que é a demora no atendimento. Os demais 14% não souberam responder o que eles não gostam na forma como são atendidos pelos atendentes da cooperativa. Ainda ficou constatado que 58% dos entrevistados consideram a atenção dos atendentes, como sendo o fator predominante que eles mais gostam em re- lação ao atendimento da cooperativa, pois, 14% destacam a rapidez no atendimento e 14% consideram a variedade dos produtos como sendo o item principal; os demais 14% não souberam classificar o que eles mais gostam no atendimento da cooperativa. No entanto, o resultado confirmou o que a literatura relata, pois segundo Chiavenato (2000), a qualidade no atendimento é a satisfação das expectativas do cliente, e que se deve dar ao cliente a atenção necessária para que eles possam satisfazer os seus anseios e desejos de consumo. Sendo importante também que os funcionários estejam atentos, evitando discriminar as pessoas. Portanto, os dados obtidos na pesquisa estão de acordo com os dados citados na literatura. CONSIDERAÇÕES FINAIS É significativa a importância da cooperativa para a economia da região. Nota-se que o armazenamento é o principal benefício que o produtor de amendoim tem ao se associar a esta cooperativa; sendo este um fator muito importante para esses cooperados, pois a maioria dos entrevistados é pequeno agricultor e não tem onde armazenar o produto depois da colheita. Um dos fatores que ajuda na captação e fidelização de clientes é o atendimento, devendo ser feito com maior cortesia pela cooperativa, com isso, a cooperativa deveria ampliar o horário de atendimento aos seus cooperados para deixá-los mais satisfeitos. Apesar de todos os entrevistados destacarem as vantagens da cooperativa, nota-se que alguns cooperados estão insatisfeitos com a falta de produtos/insumos. Com isso, nota-se que a cooperativa não supre todas as necessidades dos cooperados, pois os mesmos não encontram determinados produtos na cooperativa. Sendo assim, seria de grande importância realizar novos estudos que mensurassem o quanto a cooperativa perde financeiramente e perde com relação à satisfação dos seus cooperados, ao deixar de atender a todas as necessidades dos seus associados. Conclui-se que os produtos e serviços prestados têm grande relevância para os entrevistados, pois eles citam benefícios relacionados ao atendimento, à qualidade dos serviços, à segurança e à comodidade em obter produtos e serviços especializados, valorizando a atuação da cooperativa na região. É através da cooperativa que estes produtores têm acesso a esses produtos e serviços de qualidade a um preço acessível, quando comparado com o que é oferecido pelo mercado. O produtor pode cultivar as suas lavouras com mais segurança, maior produtividade e a um custo mais baixo e, com isso, pode vender os seus produtos e permanecer com suas atividades, pois está competindo de igual para igual com os grandes latifundiários. REFERÊNCIAIS AMORIM, F. R.; ARTONI, C. B.; TERRA, L. A. A. As vantagens do marketing de relacionamento no setor de pós-venda em uma empresa de equipamentos agrícolas In: Convidra, X congresso virtual brasileiro administração. Anais online 2013. Disponível em: http://www.convibra.org/upload/ paper/2013/37/2013_37_7248.pdf . Acesso em: 19/julho 2014. CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Campos, 2000 6ª ed. 700p. FERREIRA, W. J. et al. Organização de Cooperativas Agropecuárias. São Paulo: ICA, 2006. 38p (Série Orientação, 02/06). Disponível www. codeagro.sp.br/ica/pdf/cooperativa.pdf . Acesso em junho de 2011. GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. KOTLER, P. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e dominar mercados. São Paulo: Futura, 2006. SANTOS, A. C.; LIMA, J. B. Gestão da Moderna Cooperativa. Viçosa: CPT, 2001. 68p TASSO JUNIOR, L. C.; MARQUES, M. O.; NOGUEIRA, G. A. A. A cultura do amendoim. Jaboticabal: editora FUNEP, 2004, 2004. 220 p. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 54 Artigo Técnico III Custos de produção de Cana-de-Açúcar Alessandra Durigan - Gestora Técnica da Canaoeste Almir Torcato - Gestor de Relacionamento, Recursos e Projetos André Bosch Volpe – Engenheiro Agrônomo da Canaoeste D ando continuidade ao projeto de descrição dos Custos de Produção, iniciado na edição anterior da Revista Canavieiros com a etapa de Preparo de Solo, abordaremos neste momento a etapa de Plantio. O dicionário Aurélio já define plantar como introduzir um vegetal na terra para aí criar raízes, cultivar, amanhar, semear, o que define bem o plantio da cana-de-açúcar. Porém, essa operação tem uma especificidade, devendo ser previamente planejada em todos os Com o objetivo de esclarecer cada operação, segue um descritivo simples para cada fase citada nesta planilha: 1) SULCAÇÃO: a operação de sulcação está relacionada com os seguintes aspectos: espaçamento da cultura, profundidade e largura do sulco de plantio (espaço no solo destinado para a aco- detalhes e sentidos, pois o plantio bem realizado é o diferencial para o sucesso da lavoura, inclusive nos cortes sucessivos, podendo interferir significativamente na longevidade do canavial. O plantio é a etapa mais onerosa dentre todas as etapas do ciclo produtivo da cana-de-açúcar, entretanto a relação custos inerentes às fases de plantio versus quantidade de cortes definem o potencial de amortização do investimento realizado nesta etapa. modação da muda de cana-de-açúcar). Geralmente, os implementos utilizados para a sulcação também são capazes de efetuar a adubação, simultaneamente. 2) CORTE, TRANSPORTE E DESCARREGAMENTO DE MUDA: considerando que o corte da muda foi feito previamente de forma manual, Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Conforme metodologia de custo já descrita no artigo passado, elaborada de acordo com entrevistas nas diversas regiões de abrangência da Canaoeste, traçou-se um modelo para a simulação de um plantio padrão, neste caso o modelo convencional, também chamado de semimecanizado, onde algumas operações são feitas através de máquinas como: sulcação e cobrição e outras de forma manual: corte, distribuição e picação de mudas. Este contempla as atividades descritas na planilha abaixo: com a utilização do facão (podão), esta muda deve ser transportada para o local do plantio para então ser descarregada com o uso de carregadora de maneira a formar porções (montes) pelo talhão, para que em seguida seja distribuída no sulco de plantio, haja vista que a NR 31, normativa que regula a segurança do trabalhador rural, não permite a dis- 55 tribuição de cima do caminhão. Toda operação: corte, transporte e descarregamento, deve ser realizada com cautela para minimizar o dano causado às gemas da cana. 3) DISTRIBUIÇÃO E PICAÇÃO DE MUDA: a distribuição é o ato de colocar a cana inteira no sulco, de forma manual. Em seguida é realizada a picação da muda em tamanhos de aproximadamente 40 centímetros, utilizando-se de facão, com o objetivo de quebrar a dominância apical para que a brotação seja uniforme. 4) COBRIÇÃO: esta operação consiste em fechar o sulco que até então estava aberto com a muda picada, promovendo o contato do solo com a muda para dar seguimento a brotação. Nesta operação, é realizada a aplicação de defensivos agrícolas, geralmente inseticidas, fungicidas, nematicidas e às vezes estimulantes e micronutrientes. 5) REPASSE OU RECOBRIÇÃO: esta operação consiste em averiguar manualmente as falhas de cobrição, a fim de corrigi-las e melhorar a qualidade do plantio e, consequentemente, a brotação. É válido salientar que neste artigo contemplamos as operações mais utilizadas para a cultura canavieira, de maneira generalizada, porém, a ordem dos fatores dependerá das técnicas e peculiaridades e necessidades de cada produtor e respectiva lavoura. E, para finalizar, de maneira resumida, podemos concluir que a fase de plantio custa ao produtor de cana os valores listados de forma condensada na planilha seguinte: É importante ressaltar que a Canaoeste vem, por meio do Departamento Técnico Agronômico em conjunto com o Departamento de Gestão de Relacionamento Recursos e Projetos, disponibilizar esta planilha de forma personalizada aos nossos associados. Nossos agrônomos estão preparados para atendê-los em nossos escritórios (filiais), para o preenchimento desta planilha de forma que com uma breve entrevista poderão personalizar os custos de produção de acordo com a peculiaridade de cada associado. RC A Após 14 anos trabalhando com diversos clientes e desenvolvedores de tecnologia, temos hoje a mais completa linha de produtos para atender aos mais exigentes mercados no segmento agroflorestal, como viveiros para eucaliptos (papel e celulose, siderurgia), construção civil, geração de mudas nativas para reposição de florestas em áreas degradadas, citricultura, moveleiros, usinas hidroelétricas, cafeicultores, etc. Dentro do setor sucroenergético, a Aluminox já participa há 8 anos na busca conjunta de soluções que visam maior eficiência e melhoria de resultados na produção de açúcar e álcool fornecendo para empresas de ponta que estão preocupadas com o melhor custo-benefício. Atualmente está com o mais moderno modo de plantio em mudas pré-brotadas em viveiros (MPB) estamos com componentes que certamente estão entre os melhores do mercado, fornecendo a linha completa, como tubetes, bandejas, linhas de produção de mudas, esteiras de transporte, misturadores de substrato, lavadores de tubetes, máquinas de desinfecção, estufas de germinação, casas de sombra, irrigação, etc. Também está em fase de conclusão o mais novo tubete para o segmento com 100cm³ de substrato, onde resultará em sistema possível de mecanização e menor tempo na produção das mudas dentro do viveiro. Vá conferir e comprovar este mais novo lançamento! Telefones: (11) 44965722 // 45223022 [email protected] www.aluminox.com.br Revista Canavieiros - Agosto de 2014 56 Artigo Técnico IV Adubação de soqueiras e uso de fertilizantes de forma racional Maneira eficiente de aumentar a produção agrícola Ivan Burjaili - Engenheiro Agrônomo da Canaoeste de Severínia com apoio da gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan. O setor canavieiro atravessa uma fase que se torna justificável todo e qualquer esforço para o aumento de produção sem precisarmos aumentar a área da cultura (verticalização de produção), objetivando atingir ganhos em produtividade que permitam tornar o processo produtivo mais rentável, garantindo assim a permanência destes fornecedores na atividade canavieira. Neste sentido, entre vários fatores, as operações de correção e adubação são de suma importância, pois são responsáveis por grande parte no ganho de produtividade. Entretanto, muitas vezes, quando se pensa principalmente em adubação, a maior preocupação ocorre em relação às dosagens e aos custos de fertilizantes. Por este motivo, esta operação deve ser realizada da maneira mais eficiente possível, de forma racional, criteriosa e equilibrada, respeitando a fertilidade natural dos solos e o meio ambiente. Para que isso aconteça é preciso que o produtor tenha um bom conhecimento sobre os fertilizantes que serão utilizados, como: o modo de aplicação, a regulagem dos implementos, a dose e época de aplicação e o comportamento dos mesmos em seu ambiente de produção. O que se observa é que muitas vezes não são obedecidos os conceitos básicos, le-vando a resultados não sa- tisfatórios, elevando assim, os custos de produção. Para iniciarmos o manejo do solo temos que fazer um diagnóstico da sua fertilidade para calcularmos quanto aplicar de determinado fertilizante, quanto a cultura necessita de cada elemento, quanto o solo fornece e quais são os nutrientes que deverão ser supridos e a etapa mais importante é a amostragem de solo. Além disso, temos que analisar a necessidade da utilização de práticas corretivas (calagem, gessagem e fosfatagem) e práticas conservacionistas (adubação verde e orgânica) e, finalmente, a recomendação de aplicação do fertilizante mineral. O sucesso de todo o ciclo da cultura está ligado diretamente a estas práticas agrícolas. Mas é oportuno citar que só alcançaremos todo o potencial produtivo da cultura se tivermos gestão sobre todas as variáveis envolvidas no processo de produção da cana-de-açúcar como: escolha da variedade adequada ao ambiente de produção da área, controle de plantas invasoras, doenças e pragas, controle da compactação do solo, entre outros. E, ainda assim, dependemos também das condições climáticas, as quais não conseguimos intervir. A cultura da cana-de-açúcar tem passado por grandes transformações nos Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Ivan Burjaili Engenheiro Agrônomo da Canaoeste últimos anos e mais recentemente com o corte mecanizado, sem a eliminação prévia da palhada através do fogo, tem ocorrido muitas alterações no manejo da cultura. Uma delas foi na adubação de soqueira com a presença da palha. Em área de corte mecanizado, com cana sem queima, a quantidade de nutrientes acumulados na palha é apreciável, principalmente em relação a nitrogênio, com 4,6 kg/t de massa seca; potássio, com 4,7 kg/t na forma de K2O; cálcio, com 1,8 kg/t; e magnésio, com 0,93 kg/ t (OLIVEIRA et al., 1999). Nestas áreas o potássio é o elemento mais facilmente disponibilizado logo após as primeiras chuvas, em quantidade correspondente 57 a 40 kg de K2O a cada 10 t /ha de palha. Esta quantidade pode ser deduzida da formulação de soqueira. • Aplicação de vinhaça. • Teor de P2O5 disponível no solo na camada de 0-25 cm: De maneira resumida podemos citar que a produtividade nas canas socas é altamente influenciada pela aplicação do nitrogênio e potássio, sendo comum a utilização de 80 a 150 quilos por hectare de N e K2O, dependendo do ambiente de produção, da expectativa de produtividade e do manejo de colheita das áreas. Áreas colhidas sem queima (crua) necessitam de dosagens maiores de nitrogênio devido à alta relação C/N presente na palhada e dosagens menores de potássio, haja vista que a palha pode contribuir com parte deste nutriente. Com relação ao fósforo, maiores respostas são verificadas quando a aplicação é realizada no plantio. Adubações em soqueiras com este nutriente são sempre questionadas. Preferencialmente realizar esta recomendação em solos com % de argila < que 25% e teor de P2O5 na camada de 0-25 cm < que 15 mg/dm3. Ao lado, apenas para exemplificar, segue uma recomendação de adubação para soqueira de cana-de-açúcar baseada na expectativa de produtividade agrícola de 90 toneladas/hectare. Neste exemplo, para a situação de áreas com vinhaça, foi considerada a aplicação de 70 m3/ha com o teor de 3,0 kg de K2O por m3 aplicado, o que equivale a aplicação de aproximadamente 210 kg de K2O/ha e 20 kg de N/ha. Para áreas sem palha ou palha aleirada foi considerado a adubação com 1,0 kg de nitrogênio (N) por tonelada de cana produzida e para áreas com palha, 1,3 kg de nitrogênio (N) por tonelada de cana produzida. As recomendações de adubação para canas socas devem levar em consideração: • Presença de palhada (colheita cana crua) ou não (colheita cana queimada). • Quantidade de nutrientes necessários por tonelada de cana a cada ciclo (corte). • Produtividade esperada da área. Opções de fórmulas para áreas sem palha (cana queimada) ou palha aleirada Considerações Finais Opções de fórmulas para áreas com palha (cana crua) Produzir cana-de-açúcar com qualidade e alta produtividade só é possível com investimento em tecnologia, manejo e conservação das propriedades físicas e químicas do solo e aplicação de técnicas agronomicamente sustentáveis. O uso racional de fertilizantes é fundamental para a melhoria da fertilidade do solo e dos ambientes de produção para a cultura da cana-de-açúcar e contribui de maneira significativa para a obtenção de maiores produtividades. Reduzir adubações de soqueiras em situações de crise econômica com o objetivo de diminuir custos de produção é uma estratégia que não deve ser adotada isoladamente e sem parâmetros técnicos. O que podemos fazer é discutir ações a serem tomadas tentando minimizar custos sem comprometer a produtividade das lavouras. Consulte sempre o Engenheiro Agrônomo nos escritórios da Canaoeste. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 58 Artigo Cenário do Setor sucroenergético no Estado de São Paulo Pesquisadoras Científicas do Instituto de Economia Agrícola – IEA/APTA/SAA Marli Dias Mascarenhas Oliveira, Rejane Cecília Ramos e Katia Nachiluk A cana-de-açúcar ocupa cerca de 5,88 milhões ha no Estado, com aproximadamente 100 mil UPAs (Unidades de Produção Agropecuária), distribuídas em 79,06% dos municípios do Estado e sua participação no valor da produção agropecuária total do Estado em 2013 foi de 45,5% (R$ 26 bilhões), de acordo com dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola) e CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Dos 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs), divisão administrativa de Municípios do Estado, considerada pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, 20 deles são responsáveis por 84,4% da produção de 375 milhões de t produzidas em 2013 da cana-de-açúcar. Nesse mesmo período, a produção paulista representou 56,2% da produção nacional de cana-de-açúcar, 50,6% da produção de etanol e 63,5% da produção do açúcar do total do País. No passado recente, o crescimento da demanda interna e a potencialidade de crescimento da demanda externa, principalmente por etanol, abriram caminho para avanços tecnológicos em busca de ganhos de eficiência e maiores níveis de produtividade no campo e na indústria. Porém, a visibilidade dessa expansão trouxe como consequência a preocupação da sociedade brasileira e também estrangeira dos impactos econômicos, sociais e ambientais advindos desse boom expansionista. Com o advento do Protocolo Agroambiental no Estado de São Paulo, termo de adesão voluntária com a UNICA (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), em 2007, e com os fornecedores representados pela ORPLANA (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), em 2008, o setor evoluiu em ganhos ambientais ligados à redução da queima para colheita, como também no processo industrial, na diminuição do consumo de água para o processamento de cana, resultado de fatores da colheita crua, limpeza da cana a seco e o fechamento de circuitos de circulação de água. Os dados do Protocolo Agroambiental apontam uma grande mudança, uma vez que em seu início, na safra 2006/2007, 65,8% da cana eram colhidos com queima contra 34,2% colhidos sem o uso do fogo, evoluindo nesta safra 2013/2014 para 83,7% da cana sem queima e 16,3% com queima. As signatárias do Protocolo são responsáveis por aproximadamente 94% da produção paulista e 48% da produção nacional de etanol. Além da produção de açúcar e etanol, a cultura possibilita entre outras aplicações a inserção do setor na produção de energia elétrica no período de inverno, considerado período de seca. Essa complementaridade entre diversas fontes de energia é importante para evitar períodos críticos e de riscos de desabastecimento. As usinas paulistas são produtoras e exportadoras de energia elétrica a partir da queima do bagaço da cana. As usinas signatárias do Protocolo Agroambiental produziram, na safra 2013/2014, cerca de 14.731 Gwh (unidade de consumo) de energia elétrica. A energia que já é exportada anualmente para a rede por essas usinas, em torno de 8.341 mil Gwh, é equivalente a aproximadamente 22% do consumo residencial paulista, de 37.694 mil Gwh. A capacidade instalada das usinas signatárias na safra 2013/2014 foi de 5 mil MW de potência, representando cerca de 35,7% da potência instalada da usina de Itaipú (14 mil MW). Na atual safra de 2014/15, a cultura foi afetada pela anomalia climática que ocorreu na maior parte do Estado. Com a diminuição da precipitação pluviométrica e as altas temperaturas ocorridas no final de 2013 até a primeira quinzena de fevereiro de 2014, a cana poderá não atingir seu potencial de crescimento. Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Em 2013, segundo dados do cadastro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 42,4% das usinas produtoras de açúcar e álcool estão no Estado de São Paulo. Porém, desde a crise de 2008 observa-se que o número de usinas diminuiu 7,4% no Brasil e 17% no Estado de São Paulo, passando de 418 para 387 unidades de produção e de 199 para 164 unidades de produção, respectivamente. Em relação aos fornecedores de cana-de-açúcar, recentes estudos realizados pelo IEA (Instituto de Estudos Avançados) junto aos fornecedores ligados a Orplana, verificaram que os custos de produção de cana-de-açúcar podem variar até 105% dependendo da região e do sistema de produção adotado pelo produtor. Os dados apresentados mostram a pujança do setor canavieiro no Estado, setor que produz e investe maciçamente, que movimenta a agroindústria paulista em seu crescimento econômico, sendo líder nesse setor. Porém, nos últimos anos o setor vem atravessando uma crise com incertezas em relação ao preço interno dos combustíveis fósseis e da política pública para biocombustíveis nos principais países consumidores; contribuindo para o aumento do endividamento e das despesas financeiras. É necessário que sejam adotadas políticas públicas adequadas de longo prazo como melhorias no sistema de transporte, infraestrutura logística, avanços no sistema tributário e judiciário e que valorizem uma matriz energética diversificada e de baixo carbono, reconhecendo as contribuições ambientais do etanol e da bioeletricidade.RC 59 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 60 Novas Tecnologias I Etanol 2G: A grande aposta do mercado A tecnologia está fundamentada no moderno conceito do aproveitamento de bagaço e palha e permite aumentar a produção do biocombustível sem a necessidade de expandir a área plantada de cana-de-açúcar Fernanda Clariano O que antes era apenas palha e bagaço hoje é garantia de um futuro promissor. A produção de etanol de segunda geração a partir de biomassa de variadas fontes, ou seja, o combustível gerado com o que sobra da moagem da cana-de-açúcar como a palha e o bagaço, tem sido uma das alternativas mais propícias e sustentáveis para a substituição de combustíveis fósseis. De olho neste futuro promissor, o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), começou a desenvolver, em 2007, uma Planta de Demonstração de Etanol de Segunda Geração, na usina São Manoel, situada na cidade de São Manuel – SP, que está em fase de comissionamento. O capital investido para o desenvolvimento da planta de etanol de segunda geração foi de R$ 80 milhões e o CTC contou com financiamento do BNDES e da FINEP, através do programa PAISS, um programa de inovação do governo brasileiro. Com capacidade de processamento de 100 toneladas por dia de biomassa, o projeto será comercial a partir de 2016. A Planta entrou em fase de pré-operação e será concluída nos próximos meses Através da planta, o CTC tem trabalhado com a missão de trazer um etanol celulósico mais viável e com custo menor que do etanol de primeira geração. “Acreditamos que será mais barato sendo que, para chegar lá, ainda existem alguns desafios, principalmente redução do capital investido nas plantas e redução do custo operacional, sobretudo na redução do custo de enzimas, que é um insumo bastante importante e hoje responsável por 40% dos custos operacionais da planta”, disse o diretor de negócios de Etanol Celulósico do CTC, Robson Freitas. Com tecnologia desenvolvida desde o início para atender às necessidades e peculiaridades do setor sucroenergético nacional, a Planta de Demonstração de Etanol de Segunda Geração do CTC é completamente integrada ao parque nacional de primeira geração existente no Brasil e usa muitos dos insumos vindos da usina e, com isso, baixa-se o custo de operação, o custo energético e o custo da produção total de etanol. Hoje, o etanol de segunda geração permite aumentar a produção sem aumentar a área plantada de cana. Isso certamente é um salto tecnológico que o setor está precisando há muito tempo. Nos últimos 30 anos o setor aumentou de 1 a 1,5 % a produtividade do canavial. “O nosso objetivo através dessa planta é demonstrar a investidores, acionistas e clientes o potencial Robson Freitas, diretor de negócios de Etanol Celulósico do CTC da tecnologia que pode representar um aumento da produção de etanol de até 50%, sem aumentar a área plantio de cana-de-açúcar”, afirmou Freitas. E o CTC não para aí, um dos seus principais pilares é a área de melhoramento genético e o etanol celulósico e, para 2017, a empresa pretende lançar a primeira cana-de-açúcar transgênica do mundo. O Brasil e o mundo investindo neste mercado A China, não poderia ficar de fora desse mercado e até o fim de 2016 terá a maior usina de etanol de segunda geração do mundo. A nova unidade será construída na cidade de Fuyang e terá capacidade para produzir cerca de 235 milhões de litros de etanol celulósico por ano. Aqui no Brasil, até o fim de 2014, duas usinas de etanol de segunda geRevista Canavieiros - Agosto de 2014 ração estarão operando. A primeira unidade é a usina da Granbio instalada em Alagoas, na cidade de São Miguel dos Campos, e terá capacidade para produzir 82 milhões de litros por ano. Já a outra fábrica está sendo construída em Piracicaba pela Raízen, grupo formado entre a Cosan e a Shell, e pretende produzir 40 milhões de litros por ano. RC 61 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 62 Novas Tecnologias II Novo PLENE para o plantio comercial de cana-deaçúcar no Brasil • Acesso exclusivo à tecnologia inovadora CEEDS™ • Melhoria significativa na velocidade de plantio e qualidade • Complementa as tecnologias PLENE Evolve e PLENE PB para viveiros Assessoria de Imprensa Syngenta A Syngenta anunciou em julho seus planos para ampliar e aumentar a plataforma PLENE® de soluções integradas de cana-de-açúcar. Por meio de um acordo de licenciamento exclusivo com a New Energy Farms, a Syngenta terá acesso a um sistema inovador para o plantio de cana-de-açúcar no Brasil: Novo PLENE. A tecnologia permite a produção de PLENE em escala comercial. É complementar à PLENE Evolve e PLENE PB, lançados no ano passado, que são utilizados para a produção de viveiros e para preenchimento de falhas. A nova oferta de PLENE é baseada em um tecido encapsulado da planta, produzido em um ambiente controlado. Ele fornece uma taxa de multiplicação mais elevada e um menor custo por tonelada em comparação com sistemas de plantio convencional. O novo PLENE usa plantas de alta qualidade produzidas na biofábrica da Syngenta em Itápolis e vai oferecer uma mudança de patamar na velocidade e qualidade do plantio de cana-de-açúcar. Com vida útil significativamente mais longa em comparação ao conceito original de PLENE, o novo produto deve melhorar a logística e tornar a tecnologia Diretoria do Sistema participa do lançamento da nova tecnologia da Syngenta amplamente disponível. O mercado-alvo é cerca de dois milhões de hectares plantados anualmente no Brasil, com comercialização a partir de 2017. O Chief Operating Officer da Syngenta, John Atkin, disse: “Nós adicionamos outra tecnologia inovadora para a nossa plataforma PLENE. Isso tornará o processo de plantio mais eficiente para os produtores, trazendo um material genético de alta qualidade em grande escala. Por ser multiplicado em um ambiente controlado, podemos eliminar as incertezas de produção de campo e os riscos econômicos relacionados”. Dr. Paul Carver, CEO da New Energy Farms, afirmou: “Estamos desenvolvendo a tecnologia CEEDS™ desde 2009, que tem demonstrado ser muito eficaz em uma série de culturas de propagação vegetativa. Estamos entusiasmados porque a experiência e infraestrutura da Syngenta irá permitir a comercialização desta tecnologia em cana-de-açúcar no Brasil”. Revista Canavieiros - Agosto de 2014 O portfólio da Syngenta para cana-de-açúcar já oferece amplos benefícios aos produtores no Brasil, o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. Produzindo mais de 40 por cento da cana-de-açúcar mundial, o Brasil aumentou a produção em mais de 100 por cento nos últimos 10 anos. Um crescimento maior é esperado, suportado pelo papel de liderança do Brasil em atender a um aumento na demanda global de açúcar. Sobre a Syngenta A Syngenta é uma das maiores empresas do mundo, com mais de 28.000 funcionários em mais de 90 países dedicados ao nosso propósito: trazer o potencial das plantas para a vida. Por meio de ciência de ponta, alcance global e compromisso com nossos clientes, ajudamos a aumentar a produtividade das plantações, proteger o meio ambiente e melhorar a saúde e a qualidade de vida. Para mais informações sobre nós, acesse www.syngenta.com RC 63 Eventos Insectshow traz palestras sobre o controle das principais pragas da cana-de-açúcar Fernanda Clariano O Brasil possui mais de 9,5 milhões de hectares com cana plantadas nos mais diversos ambientes de produção e localidades, e que têm enfrentado problemas sérios de ataques de pragas que contribuem significativamente para a perda da produtividade. Há uma década, o Grupo IDEA, por meio do Insectshow, vem trazendo informações através da divulgação de procedimentos para o controle de pragas da cana, apresentação de resultados de pesquisas, recomendações, novos produtos e casos de sucesso de algumas usinas e, nos dias 23 e 24 de julho, o Grupo realizou no Centro de Convenções de Ribeirão Preto-SP o 10ºInsectshow- Seminário Nacional sobre Controle de Pragas da Cana-de-Açúcar. Na abertura, o diretor do Grupo IDEA, Dib Nunes falou sobre os dez anos do evento e da importância do Insectshow para o setor. “Estamos completando 10 anos consecutivos deste importante evento para o setor canavieiro, onde já reunimos mais de 5 mil participantes. Por ele passaram os mais renomados pesquisadores do setor, inúmeros profissionais do agronegócio e os principais produtores de cana-de- açúcar deste País e de países vizinhos. Esses dez anos são frutos de uma somatória de esforços e experiência, onde buscamos novidades e problemas que afligem o setor. Temos uma noção muito grande do que o setor Dib Nunes, diretor do Grupo IDEA Profissionais lotaram o Centro de Convenções de Ribeirão Preto/SP está passando e procuramos agrupar isso, trazer o problema, a solução, os interesses e, principalmente, o público jovem que o setor renovou muito e que é ávido por conhecimento. Temos uma missão que é transmitir e eu faço isso com o maior idealismo porque é fantástico poder fazer com que as pessoas consigam num evento de dois dias tirarem tantas informações práticas”, afirmou Nunes. no plantio da cana-de-açúcar; manejo de pragas para aumento de competitividade, dentre outros. O seminário reuniupesquisadores, produtores, representantes de empresas do setor, agrônomos, estudantes e, para falar sobre as pragas que tiram o sono dos agricultores, o evento contou com uma programação bastante interessante onde palestrantes renomados como: o consultor Newton Macedo, a pesquisadora do Centro de Cana - IAC, Dra. Leila Dinardo Miranda e o Dr. José Eduardo de Almeida, do Instituto Biológico de Campinas, dentre outros, que apresentaram soluções para controledas pragas da cana-de-açúcar, utilizando o que há de mais moderno em combate e abordaram temas como Cigarrinhas das raízes: novas espécies e manejo; Fungos entomopatogênicos como ferramenta no manejo integrado de pragas da cana; estratégias de controle de infestações e disseminação de sphenophorus levis; a importância do uso de fungicida para a cana-de-açúcar; inovação tecnológica para manejo de pragas “O sphenophorus levis praticamente já avançou em todas as áreas de cana-de-açúcar e é o problema mais crítico em termos de controle, as pragas estão aí e vêm causando prejuízos e esse encontro é muito importante para discutir esses problemas, apresentar novas informações e somar informações, principalmente as relacionadas aos agentes naturais”, disse Dr. José Eduardo de Almeida, do Instituto Biológico de Campinas. Participantes deram depoimentos sobre as dificuldades que estão encontrando, e se mostraram preocupados com a nova praga que está infestando todos os canaviais do Centro-Sul, que é o sphenophorus levis, de difícil controle. “Se hoje recuperássemos as perdas que as pragas estão causando na cultura de cana-de-açúcar, teríamos aproximadamente um lucro ou um retorno nos caixas das empresas de R$ 2 bilhões. É um número extremamente significativo de um valor que é perdido por conta do ataque de pragas e se não tivéssemos toda essa vigilância que é feita pelos profissionais que trabalham nas usinas, aos produtores de cana, a situação seria muito pior.”, ressaltou Dib Nunes.RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 64 Eventos Fenasucro 2014 representa novo ciclo para setor canavieiro Principal feira do setor sucroenergético deve movimentar R$ 2,2 bilhões Andréia Vital A Fenasucro (Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética) virou sinônimo de esperança para os envolvidos com cana-de-açúcar, visto que a feira, considerada o principal evento do setor sucroenergético no mundo, concentra as principais inovações tecnológicas voltadas ao segmento, além de ser um tradicional encontro profissional com potencial enorme para a concretização de negócios. A feira acontece entre os dias 26 e 29 de agosto, em Sertãozinho – SP e deve receber 33 mil profissionais do País e do exterior, gerando cerca de R$ 2,2 bilhões em negociações. “A Fenasucro acontece em um momento oportuno, porque a crise tem a característica de pressionar o empresário a investir na qualidade de seus produtos e/ou serviços. A feira reúne tecnologia de ponta em máquinas, equipamentos e serviços para a agroindústria da cana – tudo o que o setor precisa para voltar a ser competitivo, amparado também, é claro, por medidas que garantam sua participação efetiva na matriz energética do País”, assegura Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis), entidade realizadora do evento. Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do CEISE Br Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Fenasucro 2014 Para o empresário, a retomada do setor, que contribui para manter a liderança do Estado de São Paulo no ranking das exportações do agronegócio brasileiro, que representaram US$ 3,74 bilhões entre janeiro e julho deste ano, deve acontecer mais cedo do que muitos esperam. “Acredito que, no médio prazo, algumas medidas de incentivo ao setor serão tomadas, como flexibilização de crédito e disponibilização de recursos financeiros, gerando possibilidades de novos investimentos e, consequentemente, criando condições para a retomada do crescimento de toda a cadeia produtiva sucroenergética”, diz o executivo. “Porém, a principal expectativa é a criação de condições para planejamento de longo prazo, e que os preços dos produtos correlatos (energia), não sofram intervenções de políticas de Governo. A retomada também encontrará fôlego na valorização da energia cogerada a partir do bagaço da cana, como fonte limpa e mais barata em relação às de origem hídrica e eólica”, pondera o presidente do CEISE Br. Opinião compartilhada com o presidente da Copercana e Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo, que é o pre- Revista Canavieiros - Agosto de 2014 sidente de honra da Fenasucro. “O cenário de crise é oportuno para o aprendizado, seja ele voltado às mudanças na gestão ou na implantação de novas tecnologias, e a Fenasucro é uma vitrine de oportunidades que possibilitam a melhoria de nossos procedimentos”, diz, reforçando que o momento é ideal para buscar soluções, pois somente com inovações tecnológicas é possível aumentar a produtividade do setor. Ambos participaram da coletiva de imprensa realizada pela organizadora do evento, a Reed Exhibitions Alcantara Machado, no final de julho, em Ribeirão Preto - SP. Na ocasião, Paulo Octávio Pereira de Almeida, vice-presidente e Gabriel Godoy, diretor da promotora, apresentaram as novidades da 22ª edição, que deverá contar com 550 expositores. Um dos destaques é que os eventos paralelos acontecerão dentro do recinto da feira, em um local montado exclusivamente para a realização das palestras e debates. O Espaço de Conferências Fenasucro com capacidade para receber 1.600 convidados. Como nos últimos três anos, a Conferência DATAGRO CEISE Br será o 65 evento oficial de abertura da feira. Plinio Nastari, presidente da consultoria DATAGRO, adiantou, durante coletiva de imprensa, que questões dos mercados doméstico e internacional, relacionadas ao setor sucroenergético serão debatidas na ocasião. “Vamos discutir o que pode ser feito para que o setor volte a ser competitivo; a representatividade do Brasil no setor no cenário mundial, como também a atual safra e seus desafios; as comercializações da gasolina e da energia elétrica”, destacou. Segundo Nastari, a crise da cadeia produtora canavieira tem provocado consequências econômicas como a redução de investimentos, demissões e até fechamento de empresas. “Essas distorções políticas praticadas pelo Governo não poderão perdurar, porque esses fatores estão afetando a economia como um todo”, argumentou. “O subsídio de 17,7% da gasolina tem sido objeto de Paulo Octávio Pereira de Almeida, vice-presidente da Reed Exhibitions Alcantara Gabriel Godoy, diretor da promotora Plínio Nastari, presidente da consultoria DATAGRO Revista Canavieiros - Agosto de 2014 66 Eventos preocupação para o Governo Federal. Essa defasagem, influenciada pela taxa de câmbio, vai sofrer correções nos preços em breve, assim como a energia elétrica, e é aí que entra a revalorização do etanol”, explicou, alertando que a cogeração tem um grande potencial no futuro. “Ano passado, o setor canavieiro colocou no grid 1,72 GW de energia elétrica num país que consome 65 GW. Nós estimamos que até 2020, o potencial do setor sucroenergético, somente com o bagaço, seja de 10,8 GW, se incluirmos 50% de palha, aumenta para 15,6 GW e, se levarmos em conta o potencial de biogás e biometano e sua transformação em energia elétrica, chegamos a 20,9 GW de potencial”, afirma. Para o deputado federal Newton Lima (PT-SP), um dos palestrantes da conferência, o setor sucroenergético é estratégico para o Brasil, porque gera milhares de empregos e utiliza maquinário 100% nacional. “Vou abordar a importância do etanol na matriz energética brasileira durante a conferência e falar também da crise por que passa a cadeia produtiva do setor e das medidas corretivas que o Governo Federal tem adotado para o setor de bens de capital e da indústria em geral”, explicou, ressaltando que outro ponto que debaterá será o aumento do percentual do etanol na gasolina para até 27,5%. “Isso foi objeto de uma emenda minha à Medida Provisória 647, aprovado no início de agosto pela Câmara dos Deputados”, contou. A mudança na composição do combustível proporcionaria acréscimo de 1,1 bilhão de litros na produção de álcool anidro, já considerando o aumento estimado do consumo de combustíveis, de 4%. “Consequentemente, teríamos 13,3 milhões de toneladas de cana a menos para produção de etanol hidratado e açúcar. Dessa forma, haveria um melhor equilíbrio entre oferta e demanda, a recomposição do preço desses dois produtos e uma substancial recuperação da margem de lucro no setor”, argumentou o deputado. A conferência contará também com palestras ministradas por Marcos Fava Neves, Professor Titular FEAC/USP RP; Deputado Federal Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB); Paulo Zancaner Castilho, DATAGRO Alta Performance – RP; Luiz Nitsch, Grupo de Motomecanização (GMEC); Diego Nyko, Economista do Departamento de Biocombustíveis do BNDES; Sérgio Salles Filho, professor Titular do Departamento de Política Científica; Plínio Nastari, presidente da DATAGRO e Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, presidente da Canaoeste e da Orplana. Além de Juan Pablo de Vera, presidente da Reed Alcantara e do prefeito de Sertãozinho, José Alberto Gimenez, Tonielo e Tonielo Filho. A abertura oficial da Fenasucro 2014 acontece após o encerramento da Conferência, por volta das 12h30, no Espaço de Conferências. Outros eventos ocorrem simultaneamente à feira como o Prêmio MasterCana, a reunião do Gerhai (Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria), o Seminário Agroindustrial GEGIS (Grupo de Estudos em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro), Seminário Agroindustrial STAB; 2º Congresso de Automação e Inovação Tecnológica Sucroenergética e “I Expedição Cana Substantivo Feminino”. Rodadas de Negócio - O Apla (Arranjo Produtivo Local do Álcool) e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), por meio do Projeto Setorial Brazil Sugarcane Bioenergy Solution, realizará rodadas de negócios durante a Fenasucro, com a participação de 50 empresas brasileiras e 20 convidados estrangeiros. “Trata-se de uma oportunidade única para gerar negócios de alcance global, atrair empresas estrangeiras e fomentar a economia do setor em um espaço onde receberemos representantes vindos de países como Argentina, Belize, Colômbia, Cuba, Guatemala, Honduras, México, Peru, República Dominicana, Estados Unidos e Venezuela”, afirmou Flávio Castelar, diretor executivo do Apla. Logística - Apontada como um dos principais obstáculos para o crescimento do Brasil, a infraestrutura também será um dos temas discutidos na Fenasucro durante o II Seminário de Transporte e Logística ESALQ-LOG, que acontece na sexta-feira (29). A “Logística Sucroenergética” será abordada pelo diretor da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), prof. Dr. José Vicente Caixeta Filho. Os principais obstáculos na logística da cana-de-açúcar e seus produtos serão apresentados pelo diretor da Raízen, Pedro Mizutani. Já os custos de produção e Logística CCT, no setor sucroenergético, serão apresentados respectivamente por Carlos Xavier e João Henrique M. Rosa, ambos da Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (Pecege ESALQ/USP). Cooperativismo – Já o “XIV Encontro Anual de Produtores de cana-de-açúcar”, organizado pela Canaoeste e Orplana, também realizado no último dia do evento (29), contará com a participação de diversas autoridades, empresários, entidades e produtores rurais. O evento tem como objetivo reunir a classe produtiva do setor canavieiro, parlamentares e líderes de classe envolvidos no segmento para debater os mecanismos estratégicos para o futuro da cana-de-açúcar e seus subprodutos. Na ocasião, o professor titular da USP, Alberto Matias Borges fará uma palestra com o tema “Desafios da Economia do Setor Sucroenergético”. RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 67 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 68 Eventos Revista Canavieiros participa de palestra com o coordenador geral de Açúcar e Etanol do MAPA O evento trouxe Cid Jorge Caldas e Octávio Antonio Valsechi que palestraram para empresários, associados e imprensa Fernanda Clariano N o dia 24 de julho, o CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis), em parceria com a coordenação do curso de MTA em Gestão de Tecnologia Industrial Sucroenergética da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), trouxe para Sertãozinho - SP o coordenador geral de Açúcar e Etanol do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cid Jorge Caldas, que juntamente com o professor da UFSCar, Octávio Antônio Valsechi, ministrou palestras sobre o tema “Perspectivas do Setor Sucroenergético na Visão Governamental e Acadêmica”, com o objetivo de expor uma visão ampla e macroeconômica do atual e futuro cenários da cadeia produtiva da cana-de-açúcar e as possibilidades de retomada do crescimento. O evento aconteceu no hotel Comfort em Sertãozinho - SP e reuniu empresários, associados, parceiros do CEISE Br e a imprensa. “É muito importante poder contar com a presença do professor Octávio e do Cid Caldas junto aos empresários para falar com a indústria de base. Essa é a primeira vez que o Cid vem a Sertãozinho para nos passar um pouco da visão que o Governo tem sobre o setor e também para apresentar projeções importantíssimas sobre combustível. É claro que com a crise, o pessoal tem certa desconfiança a nível político, mas passando as eleições, tenho certeza que esse cenário em que nos encontramos vai mudar”, disse com otimismo o presidente do CEISE Br, Antonio Eduardo Tonielo Filho. Durante sua apresentação, o professor Octávio, lembrou que apesar do momento difícil de crise, o setor precisa buscar inovação e otimização “Estamos vivendo a pior crise de um dos setores que é vitrine mundial. Sertãozinho basicamente vive da cana-de-açúcar não só em termos de usina, de associação, mas principalmente da área de bens de capital que está passando por uma situação extremamente crítica. O setor tem uma Itaipú no campo gratuitamente, precisamos começar a pensar em inovar e aperfeiçoar, almejando um amanhã melhor, pois a nossa matriz energética é invejada no mundo inteiro”, afirmou o professor. Cid Caldas em sua palestra apresentou projeções sobre combustível, meios para viabilizar o abastecimento até 2022, algumas linhas de créditos disponíveis pelo governo nos últimos três anos para o setor. “A previsão de consumo é da ordem de 54,5 bilhões de litros, o dobro do registrado em 2013, que foi de 27,3 bilhões. Para atender a essa demanda, vamos precisar de mais de 1 bilhão de toneladas de cana-de-açúcar, assim seria necessário construir mais 28 usinas mistas e 11 destilarias, somando um investimento de R$ 50 bilhões e, para isso, serão necessários investimentos. O Governo tem disponibilizado várias linhas de financiamentos para a indústria e para o produtor rural, pois nós acreditamos neste setor”, afirmou o coordenador geral de Açúcar e Etanol do MAPA. Após a apresentação do coordenador geral de Açúcar e Etanol do MAPA, os empresários presentes manifestaram suas opiniões, onde demonstraram o descontentamento pela situação em que o setor se encontra e solicitaram o apoio do Ministério da Agricultura junto ao Governo. “Em Sertãozinho, as empresas têm capacidade, know hall, tecnologia e parque industrial para fazer cogeração para o Brasil e para o mundo. Os nossos clientes querem os nossos serviços e nós precisamos vender só que ninguém tem dinheiro. Eles não têm para nos pagar e nós não temos nem para comprar matéria-prima. O que precisamos é que as Revista Canavieiros - Agosto de 2014 linhas de créditos do governo realmente funcionem”, desabafou a empresária e Conceição Turini, primeira vice-presidente do CEISE Br. Presente no evento, o presidente da Copercana e Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo, aproveitou a oportunidade e comentou sobre as linhas de créditos oferecidas pelo governo aos produtores. “Não existe jeito do pequeno ou médio produtor conseguir créditos para expandir os seus negócios, ele sempre precisa fazer através de um agente financeiro e é uma dificuldade enorme. As linhas de créditos do Governo estão disponíveis, mas a burocracia é muito grande e o tempo de espera acaba prejudicando quem precisa de recursos para plantar e colher no tempo certo”, destacou Tonielo. Já o presidente da Canaoeste e Orplana, Manoel Ortolan, ressaltou a importância de receber um representante do Ministério da Agricultura como um interlocutor num momento delicado como o que o setor vem atravessando. “É de extrema importância que alguém que esteja junto ao Governo possa estar conosco e conhecer a realidade em que estamos vivendo, ouvir as nossas necessidades e dizer para o pessoal lá em Brasília que as coisas não são e nem estão tão fáceis e tão bonitas como eles pintam, que na prática as coisas são e estão bem diferentes. Quando falamos em mais de 60 unidades já fechadas, e de outras que estão à beira de fechar, o problema é mais em cima. O setor está se acabando. O financiamento para garantir a produtividade e os trabalhos é ótimo, pesquisa nem se fala, porém, dentro de uma situação de normalidade, mas hoje o que acontece é que ninguém quer investir, pois não há um retorno e nem um rumo. Se esse País não tiver uma política que garanta, que sinalize um rumo, nada vai mudar porque as coisas precisam mudar é lá em cima”, pontuou Ortolan.RC 69 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 70 VENDEM-SE - Caminhão VW 26310, ano 2004 canavieiro 6x4, cana picada; - Carreta de dois eixos, cana picada Rondom. Tratar com João pelos telefones: (17) 3281-1359 ou (17) 99732-3118. VENDE-SE - Cama de frango Tratar com Luiz Martins pelo telefone: (16) 9 9967-7153 ou José Jovino Borges pelo telefone: (16) 3839-5350 Ituverava/SP. VENDEM-SE - Duas casas, no mesmo terreno, com três cômodos cada, localizada à Rua Pedro Biagi, 789, em Sertãozinho-SP. Valor: R$ 230.000,00; - 01 estabelecimento comercial, montado com base para Academia, em um terreno de 200m², contendo uma casa de laje com dois quartos, sala, cozinha, copa e banheiro e, ainda, uma sala comercial para escritório. O estabelecimento fica localizado à Rua. Ângelo Pignata, 23, em Sertãozinho-SP. 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Possui área de 1818 alqueires, 360 alqueires de reserva legal, 900 alqueires para agricultura, 566 alqueires para pastagens, confinamento para 3.000 cabeças, quatro currais completos, terra mista com prática de agricultura de soja e milho, estrutura completa (casas de caseiro, oficina, borracharia, tanque de diesel) e pista de pouso asfaltada. Tratar pelo telefone: (16) 9 9281-8932. VENDEM-SE - Colheitadeira Case A7700, ano 2009, - 7700, esteira, motor Cummins M11, máquina utilizada na última safra. Valor: R$ 145.000,00; - Colheitadeira Case A8800, ano 2011, esteira máquina na colheita de cana funcionando 100%, rolos preenchidos. Valor: R$ 270.000,00; Revista Canavieiros - Agosto de 2014 - Colheitadeira Case A7700, ano 2007, série 770678, motor Scania, motor novo, máquina revisada e trabalhando. Valor: R$ 130.000,00; - Colheitadeira Case 8800, ano 2010, motor refeito em julho de 2014, máquina revisada e pronta para trabalhar. Valor: R$ 260.000,00. Tratar com Marcelo pelos telefones: (16) 9 8104-8104 ou 9 9239-2664. VENDEM-SE - 02 uniport. Modelos disponíveis: 2500 EJ (anos 2003/2004); 3000 EJ (anos 2003/2004); 2500 Star (anos 2009/2010) e 3000 Hidro 4x4 EJ (ano 2004). Tratar com Moacyr pelo telefone: (16) 9 8112-0770. 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Anuncie no classificados da Canavieiros entre em contato pelo fone (16) 3946-3300 - ramal: 2208 ou e-mail: [email protected] Revista Canavieiros - Agosto de 2014 72 Assuntos Legais DITR – Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) A través da Instrução Normativa RFB nº 1.483, de 18 de julho de 2014, a Secretaria da Receita Federal disciplina o prazo, a forma e o procedimento para entrega da DITR (Declaração do Imposto sobre a Propriedade Rural) do exercício 2014, requisito obrigatório para manter devidamente regularizada a propriedade rural. Está obrigada a apresentar a DITR toda pessoa física e/ou jurídica que, em relação ao imóvel a ser declarado seja, na data da efetiva entrega da declaração: proprietária ou possuidora, condômina, expropriada entre primeiro de janeiro de 2014 e a data da efetiva apresentação da declaração, inventariante, compossuidora, etc., independentemente de estar imune ou isenta do ITR (Imposto Territorial Rural). No caso de morte do proprietário do imóvel, como já dito, a declaração deverá ser feita pelo inventariante, enquanto não terminada a partilha ou, se ainda não foi nomeado inventariante, está obrigado o cônjuge, o companheiro ou o sucessor do imóvel a qualquer título. Cumpre informar que na referida DITR está obrigada a apurar o ITR toda pessoa física ou jurídica, desde que não seja imune ou isenta, sendo certo que a DITR corresponde a cada imóvel rural e é composta dos seguintes documentos: DIAC (Documento de Informação e Atualização Cadastral) do ITR, mediante o qual devem ser prestadas à Secretaria da Receita Federal as informações cadastrais correspondentes a cada imóvel rural e a seu titular (obrigatório para todos os proprietários rurais); DIAT (Documento de Informação e Apuração) do ITR, onde devem ser prestadas à Secretaria da Receita Federal as informações necessárias ao cálculo do ITR e apurado o valor do imposto correspondente a cada imóvel (que se torna dispensável em caso de o imóvel ser imune ou isento do ITR). O valor do imposto é apurado aplicando-se, sobre o VTNt (Valor da Terra Nua Tributável) uma alíquota (variável de 0,02% a 4,50%), levando-se em consideração a área total do imóvel e o GU (grau de utilização) desta, não podendo ser o valor nunca inferior a R$-10,00 (dez reais). Demais disso, a propriedade rural localizada no Estado de São Paulo que possuir área de até 30 hectares estará imune do ITR desde que o seu proprietário a explore só ou com sua família, além deste não possuir outro imóvel (urbano ou rural). Por seu turno, estão isentos de ITR os imóveis rurais compreendidos em programa oficial de reforma agrária oficial, bem como o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total não exceda os 30 hectares e desde que o proprietário os explore só ou com sua família (admitida ajuda eventual de terceiros) e não possua imóvel urbano. A DITR deve ser elaborada com o uso de computador, mediante a utilização do PGD (Programa Gerador da Declaração) do ITR, relativo ao exercício de 2014, disponível no sítio da RFB na Internet, no endereço http://www. receita.fazenda.gov.br. O prazo para a apresentação da DITR de 2013 será de 18 de agosto a 30 de setembro de 2014, podendo ser feita de duas maneiras: (i) pela Internet, (www.receita. fazenda.gov.br) ou (ii) por mídia removível (pen drive ou CD) a ser entregue nas unidades da Receita Federal. Se a declaração for apresentada após o prazo, o proprietário terá de pagar multa de 1% do valor do imposto ao mês. Nos casos de imóvel rural imune ou isento do ITR, a multa será de R$ 50,00. O pagamento do imposto (ITR) apurado poderá ser realizado em até quatro quotas, mensais e sucessivas, desde que: nenhuma quota possua valor inferior a R$ 50,00; o imposto de valor inferior a R$ 100,00 será pago de uma só vez; a primeira cota ou cota única deverá ser paga até 30.09.2014 as demais quotas serão pagas até o último dia útil de cada mês, acrescidas de juros com base na taxa Selic, cal- Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste culada a partir de outubro de 2013 até o mês anterior ao do pagamento e, ainda, de 1% no mês do pagamento. Por fim, deve ainda o contribuinte preencher e protocolizar o ADA (Ato Declaratório Ambiental) perante o IBAMA, observando-se a legislação pertinente, com a informação de áreas não-tributáveis, inclusive no caso de alienação de área parcial. Isto porque as áreas consideradas como sendo de preservação permanente (mata ciliar) e de Reserva Florestal Legal (20% da propriedade averbada na matrícula do imóvel ou inscrita no Cadastro Ambiental Rural) são isentas da tributação do ITR, desde que devidamente informadas no formulário ADA, que, a desde o exercício de 2007, é obrigatoriamente enviado por meio eletrônico, via internet (ADAweb), através do site www.ibama.gov.br/adaweb/. Portanto, para efeito de obtenção do benefício da isenção tributária do ITR em áreas de preservação permanente e de reserva florestal legal, segundo a Receita Federal, basta ao proprietário rural preencher e enviar ao IBAMA o formulário do ADA, informando referidas áreas de uso restrito. Importante enaltecer, ainda, que visando um maior controle administrativo das propriedades rurais, o IBAMA começou a cruzar suas informações com a Receita Federal e o INCRA, responsáveis pelo controle e recolhimento anual do ITR. RC 73 Como desenvolver uma estratégia eficiente em meio a um novo mercado, cada vez mais exigente? As respostas podem ser encontradas no novo livro de Marcos Fava Neves Andréia Vital C olunista da Revista Canavieiros, desde a sua criação, o professor titular da FEA/USP em Ribeirão Preto, Marcos Fava Neves, lançou recentemente o livro “Planejamento - A arte de criar e compartilhar valor”, que traz uma visão estratégia para líderes e empresários. Com base em sua experiência em projetos nacionais e internacionais e no estudo das tendências de mercado, o autor mostra como as empresas podem estruturar melhor o planejamento para manter o crescimento e a estabilidade para a próxima década. Fava Neves acredita em um modelo triangular de criação de valor alicerçado nos seguintes fatores: custos, diferenciação e ações conjuntas. Esses três pontos juntamente às questões levantadas pelo autor mostrarão como o leitor pode ampliar e melhorar seus canais e as possibilidades no mercado, explorando todos os recursos e agregando aos seus projetos conceitos como inovação, criatividade e vantagem competitiva. “A obra destaca alguns fatores que poderão ajudar a analisar o macro ambiente, os riscos e incertezas existentes no mercado e como também preparar as empresas para serem verdadeiramente orientadas pela demanda”, explica o autor. Nascido em Lins (SP), Fava Neves é engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), mestre em Administração (Estratégias de Arrendamento Industrial na Citricultura, FEA/USP), e doutor em Administração (Planejamento de Canais de Distribuição de Alimentos, FEA/USP). Autor e organizador de 50 livros publicados no Brasil, Argentina, Estados Unidos, África do Sul, Uruguai, Inglaterra, Cingapura, Holanda e China, também é articulista de diversos jornais. Além disso, já orientou mais de 30 teses de doutorado e mestrado na USP, tendo publicado mais de 100 artigos científicos internacionais e ministrado mais de 800 palestras em 22 países. O livro pode ser adquirido no site da Editora Gente: http://www.editoragente.com.br/ livro/292/planejamento-a-arte-de-criar-e-compartilhar-valor RC Revista Canavieiros - Agosto de 2014 74 Biblioteca “General Álvaro Tavares Carmo” Caminhos da Cana Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português. “Essa é a missão da poesia: Recuperar os pedaços perdidos de nós.” Rubem Alves 1. O churrasco será na “chácara” de Pedro! Feliz escolha!!! E mais feliz com a forma correta da escrita! Renata Sborgia REGRA: Não muda a regra das palavras proparoxítonas. Todas as proparoxítonas da Língua Portuguesa continuam com acento. 2. Eles farão uma “tramóia”? Caso usem a Nova grafia correta: sim! O correto é: tramoia. Regra fácil: Segundo a Nova Grafia, o acento Agudo: Perdem o acento as PAROXÍTONAS com os ditongos abertos EI e OI. 3. Maria foi visitar o lindo “recém nascido”! Parabéns, Maria!!! Porém, precisa “visitar” as regras da Nova Grafia!!! O correto é: recém-nascido (com hífen) Regra fácil: O hífen é mantido com o prefixo “recém”. “Caminhos da Cana é uma linha do tempo com artigos opinativos publicados em jornais do Brasil e do exterior sobre o setor sucroenergético. Os artigos propõem uma agenda estratégica visando o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Brasil impulsionado pela cana e anteciparam problemas que aconteceram no setor nos últimos 15 anos.” PARA VOCÊ PENSAR: “É mais fácil amar o retrato. Eu já disse que o que se ama é a ‘cena’. ‘Cena’ é um quadro belo e comovente que existe na alma antes de qualquer experiência amorosa. A busca amorosa é a busca da pessoa que, se achada, irá completar a cena. Antes de te conhecer eu já te amava.... E então, inesperadamente, nos encontramos com rosto que já conhecíamos antes de o conhecer. E somos então possuídos pela certeza absoluta de haver encontrado o que procurávamos. A cena está completa. Estamos apaixonados.” (Trecho extraído da contracapa do livro) Referência: NEVES, Marcos Fava. Caminhos da Cana. Sertãozinho, SP: Canaoeste, 2014. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste. [email protected] www.facebook.com/BibliotecaCanaoeste Fone: (16) 3524-2453 Rua Frederico Ozanan, nº842 Sertãozinho-SP Revista Canavieiros - Agosto de 2014 Rubem Alves, in Retratos de Amor Coluna mensal * Advogada, Profa. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria. 75 Revista Canavieiros - Agosto de 2014 76 Revista Canavieiros - Agosto de 2014