Almargia - A Fonte de toda Energia Teoria e Prática da Meditação

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Satsang Semanal, Semana: n° 8
Teoria e Prática da Meditação na Luz e Som Interior
Almargia - A Fonte de toda Energia
Sant Darshan Singh Ji Maharaj
Nesta leitura Sant Darshan Singh Ji Maharaj explica a origem da Luz e Som, e como são
encontradas referências a este poder nas escrituras das religiões. Referindo-se à energia espiritual
latente na alma, Sant Darshan Singh Ji criou o termo (soulergy) almargia para descrever o poder que
existe dentro de cada um de nós.
Santos e profetas têm nos ensinado desde tempos imemoriais que Deus, em Seu estado
absoluto, não tem forma nem nome. Está além da concepção e além da descrição. Evidentemente, só
podemos falar da realidade suprema em termos metafóricos. Ela pode ser descrita como um oceano
infinito de plena consciência. Os santos e os místicos nos dizem que Deus, que era Um, pensou em se
tornar muitos. Esse impulso produziu uma vibração, que se manifestou na forma de Luz de Deus e
Música das Esferas. Essas duas manifestações combinadas são denominadas, na Bíblia, Palavra
Sagrada: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (João - 1:1).
Chamam-na Kalma nas Escrituras Muçulmanas; Naad, Shabd e Naam nas Escrituras Hindus; Luz
Sonora nas Escrituras Budistas; Sraosha nas Escrituras Zoroastrianas; Tao nas Escrituras Chinesas e
Logos pelos antigos filósofos gregos e Baang-i-Asmani pelos sufis. As Escrituras Sagradas de todo o
mundo estão cheias de referências à Luz e Som. De fato, se você prestar atenção, perceberá que nos
locais de devoção das várias religiões, usam-se símbolos de Luz e Som.
A Palavra ou Verbo ou Naam é a manifestação mais direta do Criador e é puramente
espiritual. À medida que foi descendo, criou região por região: a Supracausal, a Causal, a Astral e a
Física. Também criou a humanidade e todas as outras espécies de vida.
A mente, que se origina na região causal, e a matéria, que é responsável pelas substâncias das
quais o universo é constituído, são criações da Palavra ou Verbo. Vivendo no mundo físico, pensamos
que somos compostos de mente e matéria. Mas santos e Mestres nos lembram que mente e matéria são
criações do espírito. Dizem-nos que, embora tenhamos feito grandes avanços nos campos material e
intelectual, infelizmente negligenciamos o campo espiritual. É por isso que, a despeito de nosso
progresso espetacular, freqüentemente nos sentimos frustrados e infelizes. Seja lá o que for que
façamos, parece terminar em desapontamento e desilusão.
Falhamos em reconhecer que somos essencialmente espírito. A não ser que nos
desenvolvamos espiritualmente, não poderemos encontrar a paz interna e a satisfação duradoura.
Como Sant Kirpal Singh costumava dizer: “Os santos vêm para dizer-nos: ‘Homem, conhece-te a ti
mesmo’”. Eles nos dão a capacidade de perceber nossa verdadeira identidade e desenvolvê-la.
Ensinam-nos o meio pelo qual podemos tocar essa ilimitada fonte de energia espiritual dentro de nós.
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Visto que toda energia nasce do espírito, os santos nos convidam a explorar essa infinita fonte
de almargia. Dão-nos uma experiência prática de primeira mão, pondo-nos em contato com essa
energia inata. A utilização dessa força da alma leva-nos a mais profunda transformação. Na Índia, o
termo para denominar a exploração dessa energia que existe dentro de nós é “yoga”. Literalmente,
significa ligar ou unir nossa alma com Deus. A palavra “religião” significa quase a mesma coisa. Se
estudarmos sua etimologia, veremos que é derivada do prefixo “re”, que significa “regressar”, e da
raiz “ligio”, que significa “ligar”. Dito em outras palavras, a religião provê os meios para nos ligar a
nossa Fonte Suprema. No caso dos seres humanos, a centelha do espírito que anima cada pessoa é
conhecida como alma, que é essencialmente consciente, uma gota do oceano de consciência total. A
alma distribui sua corrente energética no corpo através de um ponto situado entre e atrás das
sobrancelhas. Esse ponto representa o centro mais elevado da alma no corpo humano.
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[Meditação na Luz e Som interiores] é a forma de meditação mais acessível no nosso tempo.
Pode ser praticada por crianças de cinco anos ou por pessoas centenárias. Os Mestres do Sant Mat
apresentam uma técnica essencialmente simples e direta. Eles nos ensinam um método natural para
retirar de nosso corpo a corrente da alma, sem de nenhuma forma interferir com as funções corporais
normais. Ensinam-nos a começar concentrando-nos diretamente no terceiro olho.
Para ajudar nesse processo, o Mestre que nos inicia dá um impulso para nossa concentração,
através de sua própria atenção. Desse modo, a tarefa da retirada completa do corpo, que em outras
formas de ioga requereria uma vida inteira de esforços, pode ser efetuada em um período de tempo
relativamente curto.
Assim como o fogo produz fogo, a luz vem da luz e a vida da vida. Um Mestre espiritual pode
ser compreendido como a figura de Prometeu, que havendo se elevado aos céus trouxe para a
humanidade o fogo dos deuses. É o portador da eterna chama, através da qual pode reacender a chama
que agora está adormecida dentro de nós. Para fazer isso, o Mestre ensina ... simran [e] bhajan ... O
simran refere-se à repetição dos cinco Nomes esotéricos de Deus. Devemos fazer essa prática
mentalmente e não com a língua. Esses cinco Nomes energizados, que estão infundidos com a atenção
especial do Mestre, ajudam o pesquisador a focar a atenção e a aquietar a mente.
Diariamente, vemos que, enquanto nossa língua física recita hinos de diversas escrituras, nossa
mente vaga de um lugar para outro. Mas quando fazemos o simran com a língua do pensamento, nossa
mente é calada e podemos nos concentrar. À medida que o processo da concentração avança, as
correntes sensoriais que estão espalhadas pelas extremidades do corpo, começam a se retirar para
cima. O resultado é uma sensação de entorpecimento físico. À medida que a concentração aumenta, na
escuridão que normalmente aparece quando cerramos os olhos, começam a surgir pontos de luz.
No começo, esses pontos de Luz são instáveis. Não que estejam se movendo, é que nossa
atenção é instável. Ao se obter êxito na concentração, os pontos de Luz se estabilizam e dão passagem
a um firmamento de estrelas. A seu devido tempo, a estrela maior ofusca as outras e por sua vez retirase para contemplarmos a lua interior. A lua, por sua vez, cede lugar ao sol.
Do mesmo modo que a corrente elétrica produz luz, passando através de um circuito, a
corrente da almargia também produz Luz. Mas a Luz manifestada pela almargia é muito mais radiante
e brilhante e tem o poder de nos encher de paz e êxtase. Se nos apegarmos a essa corrente, ela nos
guiará acima da consciência do corpo até os mais elevados planos internos.
Quando vemos a Luz interior, começamos a compreender a verdade que os santos e profetas
sempre têm sustentado – o macrocosmo está contido no microcosmo.
Normalmente, pensamos que a percepção somente é possível através dos órgãos dos sentidos.
No entanto, quando nos elevamos, não estamos vendo com os olhos físicos, mas com o espírito. E ao
ingressarmos no mundo espiritual, nossa percepção visual interior é igualmente acompanhada pela
audição interior.
A segunda prática de meditação que os Mestres nos ensinam é o bhajan ou contato com a
Harmonia das harmonias. Nesse caso, também centramos nossa atenção no terceiro olho ou olho único
e escutamos a Corrente de Som reverberando incessantemente em nosso interior. Se formos capazes
de nos concentrar, pelo menos por quinze ou vinte minutos, poderemos ouvir os sons da Música
Celestial: o repique de um grande sino, como o das igrejas; o som de pequenos sinos, de flautas ou de
diversos instrumentos de corda, como violinos e violas; o som de tambores ou do trovão ou o das
trombetas usadas na tradição judaica.
A princípio, a Corrente de Som parece vir de ambos os lados, mas devemos nos concentrar
unicamente nos sons que vêm do lado direito. À medida que progredimos, percebemos que o Som que
parece vir do lado direito, em verdade, descem do centro. Quando a força da Corrente de Som cresce,
ela tem um poder irresistível que nos puxa rapidamente para cima. O processo da retirada é
grandemente acelerado através da Corrente de Som. Ao transcendermos completamente o corpo físico,
cruzamos as estrelas, a lua e o sol, e nos encontramos com a forma resplandecente do Mestre, o
Adepto que nos guiará na jornada interior. §
(Fonte: As Maravilhas do Espaço Interior - cap.1)
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Preservando a Beleza Natural da Alma
Sant Rajinder Singh Ji Maharaj
Nesta leitura Sant Rajinder Singh Ji Maharaj identifica alguns dos fatores para o êxito na
meditação, incluindo regularidade e vida ética.
A partir do momento em que temos a experiência da Luz e Som interiores, compreendemos
que não somos corpo, somos alma. Compreendemos que há uma Realidade mais elevada em nós. É o
começo de nossa jornada para o verdadeiro Lar.
Os Mestres espirituais ensinam as práticas que ajudarão a purificar-nos mais rapidamente da
poeira das eras. Há duas coisas que ajudam a purificar-nos mais rapidamente: a água purificadora do
Naam e a vida ética.
Uma vez que nos foi ensinado o método da meditação e nos foi dado um contato com a Luz e
Som de Deus, precisamos nos dedicar às práticas interiores, todos os dias. Precisamos estipular algum
tempo de nossa vida diária para comungar com a corrente de Luz e Som interiores. Quanto mais
escutarmos a Corrente Sagrada do Som, mais nossa alma estará limpa, livre das impressões do mundo.
O segundo fator de ajuda que eles ensinam é levar uma vida ética. A fim de progredirmos em
nossa jornada espiritual, temos de superar a raiva, a luxúria, a ambição, o apego e o ego. Esses são os
cinco poluentes que cobrem a pureza da alma. Eles arrastam nossa atenção para o mundo. Se
analisarmos esses cinco traços negativos, descobriremos que são todos motivados por nosso desejo
pelos transitórios prazeres do mundo.
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Para nos ajudar a superar essas cinco qualidades negativas, precisamos rever nossos
pensamentos, palavras e ações, todos os dias. Isso nos dá um quadro realista dos poluentes que
maculam a alma, então podemos resolver melhorar no dia seguinte.
Os Mestres espirituais colocam muita ênfase na vida ética e falam disso como um passo
fundamental para a espiritualidade. Sant Kirpal Singh Ji costumava dizer que é difícil tornar-se um ser
humano no verdadeiro sentido; porém, desde que tenhamos chegado a isso, é relativamente fácil
encontrar Deus. O que se exige é nada menos que a transformação total da vida da pessoa. §
(Fonte: Paz Interna e Externa por meio da Meditação - cap. 6)
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Referências à Luz e Som de Deus
No Siquismo, Guru Nanak declara:
Todo conhecimento e meditação nascem do Dhun
(o princípio de Luz e Som),
Mas o que Isso é desafia qualquer definição.
Maulana Rumi, místico sufi, disse:
Elevando-se acima do horizonte, escutando a Melodia Divina,
O Profeta se entrega a Isto como qualquer outra tarefa.
O Guru Arjan Dev disse:
A Música que a Tudo permeia ressoa por toda a parte,
No coração de tudo flui a Divina Música.
São João expressa:
E a luz brilhou na escuridão;
e as escuridão não a compreendeu.
No Velho Testamento é dito:
O Verbo é a lâmpada para meus pés e uma luz no meu caminho.
Kabir disse:
A melodiosa trombeta de Tua porta
Soa no meio de minha testa.
Maomé disse:
A Voz de Deus vem a meus ouvidos como qualquer outro som.
O místico muçulmano Shah Niaz disse:
Ó Deus, conduza-me ao lugar de onde flui o inefável
Kalma sem palavras.
Guru Nanak disse:
De dentro da Luz celestial, o Bani ou Som provem
Sintonizando a alma com o verdadeiro Senhor.
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Histórias e Contos
Os Mestres espirituais dizem que atualmente nossa atenção está focada no mundo externo
através dos órgãos dos sentidos. Os sentidos da visão, da audição, do paladar, do olfato e do tato
informam-nos sobre o mundo a nossa volta, mas quando retiramos a atenção do mundo externo e a
focalizamos no assento da alma dentro de nós, percebemos uma realidade diferente. Percebemos
reinos além desta existência e podemos viajar por estes reinos através do veículo da Luz e Som
interiores.
Uma história famosa da vida do santo sufi Bulleh Shah ilustra esta verdade mística; ele era
aluno de Inayat Shah. Sant Rajinder Singh Ji Maharaj nos conta esta história assim:
“Bulleh Shah procurou seu professor, Inayat Shah, para que lhe ensinasse como encontrar
Deus. Inayat Shah buscou um exemplo na jardinagem para responder a seu aluno. Disse-lhe: “Assim
como no jardim mudamos uma planta de um lugar para outro, transplante sua atenção daqui para lá”.
Para encontrarmos os reinos interiores, simplesmente precisamos mudar nossa atenção para os reinos
espirituais interiores. Em vez de pensarmos no mundo e no corpo, focalizamos nossa atenção num
ponto específico, no terceiro olho ou olho único. Concentrando a atenção neste ponto podemos ver a
Luz resplandecente de Deus”.
(Fonte: Conhecendo o Poder da Alma por meio da Meditação, cap.)